78
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP INSTITUTO DE QUÍMICA DE SÃO CARLOS - IQSC GRUPO DE MATERIAIS ELETROQUÍMICOS E MÉTODOS ELETROANALÍTICOS - GMEME DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE ELETRODOS COM BASE NO NÍQUEL PARA A DETERMINAÇÃO DE ETANOL MICHELE ODNICKI DA SILVA Dissertação apresentada ao Instituto de Química de São Carlos como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ciências (Química Analítica). Orientador: Prof. Dr. Sergio Antonio Spinola Machado SÃO CARLOS Maio 2007

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP INSTITUTO DE QUÍMICA DE ... · universidade de sÃo paulo - usp instituto de quÍmica de sÃo carlos - iqsc grupo de materiais eletroquÍmicos e

  • Upload
    others

  • View
    5

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

  • UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP

    INSTITUTO DE QUÍMICA DE SÃO CARLOS - IQSC

    GRUPO DE MATERIAIS ELETROQUÍMICOS E MÉTODOS

    ELETROANALÍTICOS - GMEME

    DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE ELETRODOS COM

    BASE NO NÍQUEL PARA A DETERMINAÇÃO DE ETANOL

    MICHELE ODNICKI DA SILVA

    Dissertação apresentada ao Instituto de

    Química de São Carlos como parte dos

    requisitos para a obtenção do título de

    Mestre em Ciências (Química Analítica).

    Orientador: Prof. Dr. Sergio Antonio Spinola Machad o

    SÃO CARLOS

    Maio 2007

  • Dedico este trabalho,

    ÀÀÀÀ Deus, Deus, Deus, Deus,

    Aos meus pais, Lúcia e OtávioAos meus pais, Lúcia e OtávioAos meus pais, Lúcia e OtávioAos meus pais, Lúcia e Otávio

    Por todo incentivo, compreensão e amor, sem os quais eu não

    poderia jamais ter chegado até aqui

    Aos meus irmãos, Daniela e AlexAos meus irmãos, Daniela e AlexAos meus irmãos, Daniela e AlexAos meus irmãos, Daniela e Alex

    Por estarem sempre do meu lado em todos os momentos...

    Ao meu namoraAo meu namoraAo meu namoraAo meu namorado, Felipedo, Felipedo, Felipedo, Felipe

    Por todo amor, paciência e apoio ao logo desses anos...

  • AAAAGRADECIMENTOSGRADECIMENTOSGRADECIMENTOSGRADECIMENTOS

    Ao Prof. Dr. Sergio Antonio Spinola Machado, pela orientação,

    amizade, paciência e atenção sempre demonstrada.

    Ao Prof. Dr. Luis Alberto Avaca por ter me aceito no grupo de

    materiais eletroquímicos e métodos eletroanalíticos – GMEME.

    Ao Prof. Dr. Luiz Henrique Mazo pelo conhecimento acerca dos

    métodos eletroanalíticos.

    Ao Sr. João Tiengo e Marcelo Calegaro por toda a ajuda e

    dedicação.

    Ao meu amigo Murilo Cabral pelo apoio e ajuda durante todo o

    trabalho.

    À amiga Sonia Tonimoto por toda paciência nos ensinamentos

    de AFM.

    À amiga Cláudia pelo companheirismo, pelos nossos artigos e

    pela amizade.

    Aos amigos e colegas de trabalho: Andressa, Alexandra,

    Josiane, Inês, Claudia, Eliana, Juliana, Katlin, Andréa, Milena,

    Djenaine, Renata, Raquel, Rita, Jordana, Gustavo, Rafael, Fabiano,

    Giancarlo, Fernando, Robison, Álvaro e Fábio por estarem sempre

    comigo, me ajudando e proporcionando bons momentos de

    descontração e alegria.

    À Sílvia e Andréia da secretaria da pós-graduação pelo bom

    atendimento.

    Ao Grupo de Materiais Eletroquímicos e Métodos

    Eletroanalíticos do IQSC/USP, pela infra-estrutura e oportunidade

    concedidas.

    Ao CNPq pela concessão da bolsa de estudos.

  • “ Não se pode ensinar “ Não se pode ensinar “ Não se pode ensinar “ Não se pode ensinar tudo a alguém, podetudo a alguém, podetudo a alguém, podetudo a alguém, pode----se apenas ajudáse apenas ajudáse apenas ajudáse apenas ajudá----lo a lo a lo a lo a

    encontrar por si mesmo.”encontrar por si mesmo.”encontrar por si mesmo.”encontrar por si mesmo.”

    Galileu Galilei

  • RESUMO

    No presente trabalho foi proposta a construção de eletrodos de níquel e

    algumas ligas (Sn, Ru), assim como de materiais nanoestruturados, para a

    determinação de etanol em amostras de bebidas e medicamentos. Para isto, foram

    utilizadas técnicas como a voltametria cíclica, a cronoamperometria, a

    espectroscopia de impedância eletroquímica, a microscopia de força atômica e a

    microscopia de transmissão.

    O eletrodo da liga Ni-Sn foi preparado por eletrodeposição, utilizando um

    banho de Watts contendo 6,25 g de NiCl2.6H2O e 0,5 g de SnCl2.2H2O em 25 mL de

    solução aquosa. Os depósitos foram modificados com RuO2, utilizando uma solução

    RuCl3 0,1 M. O eletrodo da liga foi deixado na solução em banho de ultrasson e

    posteriormente aquecido a 400ºC em forno em presença de oxigênio, para a

    decomposição térmica. O Ni nanoestruturado foi preparado a partir de uma solução

    contendo 1,8 g NiCl2.6H2O dissolvido em 30 mL etanol, adicionando uma mistura de

    3,5 g de Zn em pó e 10 mL de aminoetanol, em agitação. A separação do pó preto

    foi feita com uma placa magnética. Para a confecção do eletrodo foi adicionada uma

    alíquota 10 µL da solução contendo o pó, náfion e etanol, na superfície do eletrodo

    de grafite pirolítico.

    Os perfis voltamétricos foram analisados em meio de hidróxido de sódio 0,5

    M, podendo-se assim observar as reações de oxi-redução característica do Ni, da

    liga Ni-Sn, da liga modificada com RuO2 e da nanoestrutura. Foi utilizado intervalo

    de potencial de 100 a 700 mV com velocidade de 50 mVs-1.

    As medidas de impedância eletroquímica foram realizadas em sistemas com

    etanol com o intuito único de demonstrar a presença de um loop indutivo, que pode

    ser associado à transformação óxido superior/óxido inferior na superfície do eletrodo.

  • Este loop foi observado para os eletrodos de Ni e liga, não sendo muito evidente

    para o eletrodo modificado com RuO2.

    Foram realizadas medidas de AFM para a caracterização topográfica dos

    eletrodos, mostrando a diferença entre as superfícies, indicando que o Ni liso foi

    modificado com o eletrodepósito da liga Ni-Sn e que esta também foi modificada

    pela deposição do RuO2. A morfologia da nanoestrutura foi observada por

    microscopia eletrônica de transmissão, podendo observar que se obtiveram

    estruturas de níquel em escala nanométrica.

    Os eletrodos foram utilizados na determinação de etanol em meio de NaOH

    0,5 mol L-2, com a construção de curvas analíticas pelo método da adição

    consecutiva de alíquotas de etanol, a partir de uma solução estoque. Após a curva

    analítica ser levantada, foram feitos os tratamentos estatísticos obtendo-se os

    valores para os limites de detecção e quantificação.

    Com o eletrodo Ni nanoestruturado obteve-se o melhor resultado sendo este

    empregado na determinação de etanol nas amostras de conhaque, cachaça e

    enxaguante bucal, utilizando a técnica de cronoamperometria. A excelente

    porcentagem de recuperação obtida mostrou que o efeito da matriz, nestas

    determinações, é praticamente desprezível, o que está de acordo com o mecanismo

    da reação de oxidação do etanol sobre Ni, fortemente catalisado pela superfície dos

    eletrodos em estudo.

  • ABSTRACT

    This objective of this work is related to the development of nickel and some

    nickel-alloys electrodes, as well as some nanostructured nickel surfaces, for ethanol

    determinations in drinks and in pharmacological formulations. For this, some

    experimental techniques were employed, as cyclic voltammetry, cronoamperometry,

    electrochemical impedance spectroscopy, atomic force microscopy and transmission

    microscopy.

    The Ni-Sn alloy electrode was prepared by electrodeposition from a Watts

    bath containing 6,25 g NiCl2.6H2O and 0,5 g SnCl2.2H2O and water in order to

    produce 25 mL of aqueous solution. The electrodeposits were further modified with

    RuO2 obtained from a 0.1 mol L-1 RuCl3 solution. The Ni-Sn alloy electrode were

    allowed in the ruthenium solution in ultrasonic bath and further heated to 400 oC in

    the presence of oxygen, in order to promote the thermal decomposition of ruthenium

    chloride. The nanostructured Ni surface was obtained from a chemical deposition in a

    solution composed by 1.8 g NiCl2.6H2O dissolved in 30 mL ethanol and adding 3.5 g

    of powdered Zn and 10 mL of aminoethanolic solution, under mechanical stirring.

    The black powder precipitated was separated by a magnetic rod. In order to prepare

    the electrode, with such powder, a 10 µL aliquot of solution containing the Ni powder,

    Nafion® and ethanol were dipped in a pirolitic graphite surface and allowed to dry.

    The voltammetric profiles were analyzed in order to evaluate the oxi-

    reduction characteristics of Ni surfaces, as well as the Ni-Sn alloy and the RuO2

    modified surfaces and the nanostructured one. A potential window between 100 and

    700 mV was scanned at 50 mV s-1, in 0.5 mol L-1 NaOH electrolyte.

    The electrochemical impedance spectroscopy measurements were

    performed in electrolytes containing ethanol, in order to observe the presence of an

  • inductive loop, which has been associated to the low/high valences Ni oxides formed

    during ethanol oxidation on such surfaces. This loop was quite evident in Ni surfaces

    but not on the surfaces modified with RuO2.

    AFM measurements were performed in order to obtain the topological

    characteristics of the surfaces, indicating the eventual alterations associated with the

    RuO2 modifications. The nanostructures morphology was investigated by

    transmission microscopy were the nanometric dimensions of Ni phases were evident.

    The developed electrodes were applied in ethanol determinations in 0.5 mol

    L-1 NaOH solutions, prepared with Milli-Q water. The successive standard additions

    were used to obtain an analytical plot. After the analytical plot has been obtained,

    statistical analyses were performed, in order to determine the detection and

    quantification limits, as well as the errors involved in such determinations.

    As the Ni nanostructured electrodes yielded the best results, it was used in

    the determination of ethanol in samples of cognac, “aguardente” (sugar cane distilled

    drink) and mouthwash liquids, using chronoamperometry. The excellent recoveries

    percentages obtained showed that the matrix effect, in such determinations, was

    almost depreciable. This is related with the high catalytic power of Ni surfaces

    towards the ethanol oxidation reaction.

  • LISTA DE FIGURAS FIGURA 1:REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO MECANISMO DE OXIDAÇÃO DO ETANOL EM

    ELETRODO DE NÍQUEL EM MEIO ALCALINO................................................................22

    FIGURA 2:REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA OXIDAÇÃO DE ETANOL EM ELETRODO ÓXIDO

    DE RUTÊNIO EM SOLUÇÃO DE KOH.........................................................................24

    FIGURA 3: REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA CÉLULA ELETROQUÍMICA E ELETRODOS,

    SENDO (1) O ELETRODO DE TRABALHO, (2) O ELETRODO DE REFERÊNCIA, (3) O

    ELETRODO AUXILIAR, (4) ENTRADA DE N2 E (5) SAÍDA DE N2......................................32

    FIGURA 4: VOLTAMOGRAMAS CÍCLICOS DOS ELETRODOS A (―), B (―) E C (―) EM MEIO DE

    NAOH 0,5 M; V=50 MV S-1....................................................................................43

    FIGURA 5: MEDIDA DE IMPEDÂNCIA REALIZADA COM ELETRODO A (―) E B (―) EM SOLUÇÃO

    AQUOSA COM 0,5 M NAOH + 0,02 M ETANOL A 0,50 V, E FREQÜÊNCIA DE 40 KHZ A

    100 MHZ..............................................................................................................45

    FIGURA 6: MEDIDA DE IMPEDÂNCIA REALIZADA COM O ELETRODO C EM SOLUÇÃO AQUOSA

    COM 0,5 M NAOH + 0,02 M ETANOL A 0,55 V, E FREQÜÊNCIA DE 40 KHZ A 50 MHZ. .46

    FIGURA 7: IMAGENS DE AFM EM TRÊS DIMENSÕES DOS ELETRODOS A E B,

    RESPECTIVAMENTE. DIMENSÃO DA VARREDURA 50 X 50 ΜM2....................................47

    FIGURA 8: IMAGEM DE AFM EM TRÊS DIMENSÕES PARA O ELETRODO C. DIMENSÃO DE

    VARREDURA 50 X 50 ΜM2. .....................................................................................48

    FIGURA 9: VOLTAMOGRAMAS CÍCLICOS PARA O ETANOL SOBRE ELETRODO A EM DIFERENTES

    CONCENTRAÇÕES (V= 50 MV S-1). CONCENTRAÇÕES: 0 (―); 0,02 (―); 0,04 (―); 0,06

    (―); 0,08 (―); 0,10 (―); 0,12 (―) MOL L-1. ..........................................................49

    FIGURA 10: DEPENDÊNCIA LINEAR ENTRE A CORRENTE DE PICO E A CONCENTRAÇÃO DE

    ETANOL, SOBRE O ELETRODO A..............................................................................50

  • 2

    FIGURA 11: VOLTAMOGRAMAS CÍCLICOS PARA O ETANOL SOBRE ELETRODO B EM

    DIFERENTES CONCENTRAÇÕES (V= 50 MV S-1). CONCENTRAÇÕES: 0 (―); 0,02 (―);

    0,04 (―); 0,06 (―); 0,08 (―); 0,10 (―); 0,12 (―) MOL L-1....................................52

    FIGURA 12: DEPENDÊNCIA LINEAR ENTRE A CORRENTE DE PICO E A CONCENTRAÇÃO DE

    ETANOL, SOBRE O ELETRODO B..............................................................................53

    FIGURA 13: VOLTAMOGRAMAS CÍCLICOS PARA O ETANOL SOBRE ELETRODO C EM

    DIFERENTES CONCENTRAÇÕES (V= 50 MV S-1). CONCENTRAÇÕES: 0 (―); 0,01 (―);

    0,02 (―); 0,03 (―); 0,04 (―); 0,05 (―); 0,06 (―) MOL L-1....................................55

    FIGURA 14: DEPENDÊNCIA LINEAR ENTRE A CORRENTE DE PICO E A CONCENTRAÇÃO DE

    ETANOL, SOBRE O ELETRODO C. ............................................................................56

    FIGURA 15: IMAGEM DE MICROSCOPIA DE TRANSMISSÃO ELETRÔNICA DO NI

    NANOESTRUTURADO. ............................................................................................58

    FIGURA 16: VOLTAMOGRAMAS CÍCLICOS DE ESTADO ESTACIONÁRIO PARA OS ELETRODOS D

    (―) E E (―) EM MEIO DE NAOH 0,5 M; V=50 MV S-1...............................................59

    FIGURA 17: RESPOSTA AMPEROMÉTRICA DO ELETRODO D PARA DIFERENTES

    CONCENTRAÇÕES DE ETANOL. ADIÇÃO DE ALÍQUOTAS DE 12,5 ΜL ETANOL A CADA 100

    S. ........................................................................................................................60

    FIGURA 18: DEPENDÊNCIA LINEAR ENTRE A CORRENTE E A CONCENTRAÇÃO DE ETANOL

    SOBRE O ELETRODO D. .........................................................................................61

    FIGURA 19: RESPOSTA AMPEROMÉTRICA PARA DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE ETANOL.

    ADIÇÃO DE 12,5 ΜL DE AMOSTRA DE CACHAÇA E SUCESSIVAS ADIÇÕES DE 12,5 ΜL

    ETANOL. E = 540 MV, T = 800S. ............................................................................64

    FIGURA 20: CURVA DE RECUPERAÇÃO PARA AMOSTRA DE CACHAÇA. COM R = 0,9998......65

  • 3

    FIGURA 21: RESPOSTA AMPEROMÉTRICA PARA DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE ETANOL.

    ADIÇÃO DE 12,5 ΜL DE AMOSTRA DE ENXAGUANTE BUCAL E SUCESSIVAS ADIÇÕES DE

    12,5 ΜL ETANOL. E = 540 MV, T = 800 S................................................................66

    FIGURA 22: CURVA DE RECUPERAÇÃO PARA AMOSTRA DE ENXAGUANTE BUCAL. COM R =

    0,9968. ...............................................................................................................67

    FIGURA 23: RESPOSTA AMPEROMÉTRICA PARA DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE ETANOL.

    ADIÇÃO DE 12,5 ΜL DE AMOSTRA DE CONHAQUE E SUCESSIVAS ADIÇÕES DE 12,5 ΜL

    ETANOL. E = 540 MV, T = 800 S.............................................................................68

    FIGURA 24: CURVA DE RECUPERAÇÃO PARA AMOSTRA DE CONHAQUE. COM R = 0,9991. ..68

  • LISTA DE TABELAS TABELA 1: LISTA DE NOMENCLATURA DOS ELETRODOS DE TRABALHO. ..............................33

    TABELA 2: PARÂMETROS ESTATÍSTICOS PARA DETERMINAÇÃO DE ETANOL SOBRE O

    ELETRODO A. .......................................................................................................51

    TABELA 3: PARÂMETROS ESTATÍSTICOS PARA DETERMINAÇÃO DE ETANOL SOBRE O

    ELETRODO B. .......................................................................................................54

    TABELA 4: PARÂMETROS ESTATÍSTICOS PARA DETERMINAÇÃO DE ETANOL SOBRE O

    ELETRODO C. .......................................................................................................56

    TABELA 5: PARÂMETROS ESTATÍSTICOS PARA DETERMINAÇÃO DE ETANOL SOBRE O

    ELETRODO D. .......................................................................................................62

    TABELA 6: COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS ESTATÍSTICOS DOS ELETRODOS. ...................63

    TABELA 7: RESULTADOS DA CURVA DE RECUPERAÇÃO DE ETANOL PARA AMOSTRA DE

    CACHAÇA. ............................................................................................................65

    TABELA 8: RESULTADOS DA CURVA DE RECUPERAÇÃO DE ETANOL PARA A AMOSTRA DE

    ENXAGUANTE BUCAL. ............................................................................................67

    TABELA 9: RESULTADOS DA CURVA DE RECUPERAÇÃO DE ETANOL PARA A AMOSTRA DE

    CONHAQUE...........................................................................................................69

  • 1

    SUMÁRIO

    RESUMO

    ABSTRACT

    LISTA DE FIGURAS

    LISTA DE TABELAS

    1 INTRODUÇÃO........................................................................................................14

    1.1 O etanol.................................................................................................................... 14

    1.1.1 Álcool Combustível ................................................................................................................ 15

    1.1.2 Indústria de alimento ............................................................................................................. 17

    1.3 Indústria farmacêutica ............................................................................................................. 18

    1.1.4 Medicina forense.................................................................................................................... 19

    1.2 Considerações Gerais............................................................................................. 21

    2 ESTADO DA ARTE..................................................................................................25

    3 OBJETIVOS.............................................................................................................31

    4 PARTE EXPERIMENTAL ...........................................................................................32

    4.1 Célula Eletroquímica............................................................................................... 32

    4.2 Eletrodos................................................................................................................... 32

    4.3 Soluções ................................................................................................................... 33

    4.3.1 Solução do Banho de Watts Modificado.......................................................................... 34

    4.3.2 Solução da Síntese da Nanoestrutura de Ni..................................................................... 34

    4.4 Equipamentos .......................................................................................................... 34

    4.5 Metodologia............................................................................................................. 35

    4.5.1 Preparação da liga Ni-Sn...................................................................................................... 35

  • 2

    4.5.2 Modificação com RuO2 ........................................................................................................ 35

    4.5.3 Preparação da Nanoestrutura de Níquel ......................................................................... 36

    4.5.4 Caracterização....................................................................................................................... 36

    4.5.5 Determinação de Etanol ...................................................................................................... 37

    4.5.6 Estatística.................................................................................................................................. 38

    5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................42

    5.1 Obtenção e Caracterização dos Eletrodos .......................................................... 42

    5.1.1 Caracterização Voltamétrica.............................................................................................. 42

    5.1.2 Espectroscopia de Impedância Eletroquímica ............................................................... 44

    5.1.3 Microscopia de Força Atômica........................................................................................... 46

    5.2 Aplicações............................................................................................................... 48

    5.3 Nanoestrutura .......................................................................................................... 57

    5.3.1 Caracterização....................................................................................................................... 57

    5.3.1.1 Microscopia de transmissão eletrônica ..................................................................... 58

    5.3.1.2 Voltametria cíclica ......................................................................................................... 58

    5.3.2 Aplicação ................................................................................................................................ 60

    5.3.2.1 Determinação da curva analítica .............................................................................. 60

    5.3.2.2 Análise de amostras ....................................................................................................... 63

    5.3.2.2.1 Análise de amostra de cachaça ........................................................................ 64

    5.3.2.2.2 Análise de amostra de enxaguante bucal ....................................................... 66

    5.3.2.2.3 Análise de amostra de conhaque ...................................................................... 67

    6 CONCLUSÕES........................................................................................................70

    7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................72

  • 14

    1 INTRODUÇÃO

    1.1 O etanol

    Conhecido desde a antiguidade como componente da cerveja dos egípcios

    ou do vinho dos povos da Mesopotâmia e da Grécia, o álcool etílico ocupou lugar de

    destaque em diferentes culturas.1 Resultado da fermentação do arroz, na China, e

    do milho, no Império Inca, no Peru, os procedimentos para sua fabricação eram

    guardados a sete chaves, para preservar a produção de bebidas e de remédios e

    resguardar os segredos da conservação de plantas medicinais.

    O etanol ampliou suas utilidades tradicionais e saiu dos laboratórios para as

    ruas no final do século XIX, com o advento dos automóveis, especialmente dos

    equipados com o motor de combustão interna do ciclo-Otto.1 Ao proporcionar o

    aumento da renda agrícola, o etanol combustível teve apoio decisivo de Henry Ford,

    Alexander Graham Bell e Thomas Edson, entre outros. O famoso modelo T, da Ford,

    era provido de carburador ajustável e de outros equipamentos que permitiam o uso

    do etanol.1 No início do século XX, o combustível começou a ser utilizado na

    iluminação pública e na indústria química.

    Após a água, o álcool é o solvente mais comum, além de representar a

    matéria-prima de maior uso no laboratório e na indústria química. Na biossíntese do

    etanol é empregado linhagens selecionadas de Saccharomyces cerevisae, que

    realizam a fermentação alcoólica, a partir de um carboidrato fermentável. 2

    A transformação bioquímica realizada pela S. cerevisae é a seguinte:

    Glicose + enzimas da levedura → 2 etanol + 2 CO2.

  • 15

    O etanol pode ser produzido a partir de qualquer carboidrato fermentável

    pela levedura: sacarose, sucos de frutas, milho, melaço, beterrabas, batatas, malte,

    cevada, aveia, centeio, arroz, sorgo, etc. (é necessário hidrolisar os carboidratos

    complexos em açúcares simples fermentáveis, pelo uso de enzimas da cevada ou

    fúngicas, ou ainda pelo tratamento térmico do material acidificado). Material

    celulósico, como madeira e resíduos da fabricação da pasta de papel podem ser

    utilizados. Por causa da grande quantidade de resíduos de material celulósico

    disponível, a fermentação direta desses materiais quando hidrolisados por enzimas

    celulolíticas pode ser de grande importância econômica.1,2

    A produção do álcool etílico envolve três etapas principais: preparação da

    solução nutriente, fermentação e destilação. O etanol é produzido por meio da

    fermentação dos açúcares, os quais são obtidos da cana-de-açúcar. O etanol é

    encontrado em todas as bebidas alcoólicas, assim como no álcool combustível e na

    gasolina como aditivo. Além disso, é também muito empregado nas indústrias,

    principalmente nas farmacêuticas onde é usado na produção de perfumes, loções,

    anti-sépticos e como solvente químico.

    1.1.1 Álcool Combustível

    Desde a primeira crise do petróleo em meio a década de 70, um número de

    países têm adotado políticas de procura para outra fonte de energia mais

    econômica.3 Pioneiro na utilização em larga escala do etanol o Brasil é reconhecido

    por suas respostas às crises de escassez ou de preços do petróleo. Em 1975,

    visando autonomia energética, o Brasil desenvolveu o Programa Nacional do Álcool

    (Proálcool).1 A solução operacional foi criar procedimentos, incentivos e facilidades

  • 16

    que permitissem, num primeiro momento, misturar etanol à gasolina consumida no

    país e posteriormente contar, quase que exclusivamente, com esse combustível

    para abastecer a frota de veículos leves nacionais. O Proálcool é o maior programa

    comercial para o uso de biomassa para a produção de energia no mundo.3 É a

    iniciativa mais bem sucedida no mundo para substituição de derivados do petróleo,

    no setor automotivo, por etanol hidratado como único combustível.4

    Em 1979 surgiu o carro a álcool brasileiro e com ele as raízes de um parque

    produtor com capacidade anual instalada de 18 bilhões de litros de etanol

    combustível, equivalentes a 100 milhões de barris por ano. O desenvolvimento de

    tecnologia específica conquistou os brasileiros e a frota nacional chegou a ser

    formada por 85% de veículos leves movidos a etanol, no final dos anos 80. Ainda

    hoje, aproximadamente 4 milhões de veículos no Brasil, o qual representa 4% da

    frota nacional, usa etanol combustível exclusivamente.1,4

    O Brasil produz álcool etílico ou etanol combustível de dois tipos: hidratado e

    anidro. O hidratado (com 4% de água) é utilizado para mover veículos a álcool e

    “flex fuel”.1,5 O anidro, absoluto, sem água serve de oxigenante da gasolina em

    diversos países, como alternativa a aditivos altamente poluentes como chumbo

    tetraetila e o MTBE – metil-tércio-butil-éter, originário do petróleo.5 A mistura do

    etanol anidro à gasolina, hoje utilizado na proporção de 25%, eliminou totalmente os

    aditivos ambientais venenosos da matriz de combustíveis brasileira e contribui

    significativamente na redução de poluentes como o ozônio nos grandes centros

    urbanos brasileiros, em especial na cidade de São Paulo.6,7

    O etanol hidratado brasileiro, que move no país uma frota de 2,4 milhões de

    veículos e que também alimenta os novos carros “flex fuel”, é uma contribuição

    testada para reduzir a poluição local, considerando seus motores potencialmente

  • 17

    20% menos poluentes do que similares com semelhante eficiência tecnológica

    movidos a gasolina.7 De acordo com dados do Ministério da Agricultura, a produção

    de etanol no Brasil para o biênio 2005/2006 foi de 15,8 milhões de m³. E para cada

    milhão de toneladas adicionais de cana produzida e processada, criam-se 2,2 mil

    empregos diretos.5

    Devido a grande importância do álcool combustível, e do grande crescimento

    desse setor, é cada vez maior a necessidade de desenvolver métodos rápidos e

    precisos para a análise rotineira de etanol.

    1.1.2 Indústria de alimento

    A produção de bebidas alcoólicas, como cervejas, vinhos, bebidas

    fermentadas e solução alcoólica compõem uma significante parte da atual indústria

    de alimento. A análise química de amostras complexas como bebidas alcoólicas é

    convenientemente importante para a realização de adequada qualidade na

    produção, para assegurar uniformidade e evitar falsificação.8

    A determinação de etanol em bebidas alcoólicas é uma tarefa muito

    importante, devido às implicações sociais e econômicas, particularmente em relação

    ao imposto em diferentes países para seu uso.8,9 Esse tipo de análise é feita em

    muitos laboratórios, não apenas por produtores, mas também em laboratórios do

    governo e alfândega.

    Bebidas alcoólicas podem ser definidas como aquelas que contêm menos

    que 60% (v/v) de etanol; e podem ser classificadas em dois tipos: em bebidas

    alcoólicas fermentadas e destiladas.9,10 Os métodos oficiais para determinação do

    teor alcoólico são baseados em medidas físicas efetuadas depois de um destilação

  • 18

    prévia da amostra, para separar o álcool e também por uma simples titulação

    volumétrica redox.9

    O método mais usado para a determinação de etanol em bebidas está

    baseado na separação do composto por meio da destilação para medida adicional

    de uma propriedade física como a gravidade específica. Entretanto, todos esses

    procedimentos são tediosos e consomem tempo. Assim, algumas tentativas têm sido

    feitas para simplificar os métodos para determinar etanol, e para desenvolver novas

    estratégias que podem ser usadas com baixo custo de instrumentação e sem pré-

    tratamento complexo da amostra.9,10

    O monitoramento do álcool etílico é crucial em indústrias de bebidas

    alcoólicas desde que ele seja o principal produto da fermentação alcoólica, e para

    preparação de alguns alimentos quando ele é adicionado como conservante pela

    sua propriedade antibacteriana e habilidade para limitar a deterioração.11

    O desenvolvimento da produção e a alta qualidade requerida na indústria de

    alimento nos últimos anos têm causado um aumento no interesse na invenção de

    sensores capazes de medidas rápidas e baixo custo de análise. Neste contexto a

    determinação de etanol é uma importante tarefa para a sua presença em muitos

    campos da indústria alimentícia.11

    1.3 Indústria farmacêutica

    Comprar para as crianças fortificantes que estimulam o apetite antes das

    refeições pode tornar-se um ato ilegal. Um projeto de lei que proíbe a venda em São

    Paulo de produtos como Biotônico Fontoura® foi aprovado pela Assembléia

    Legislativa.12 Os fortificantes fazem com que os menores se tornem alcoólatras,

  • 19

    caso tenham predisposição à doença. O Biotônico Fontoura®, por exemplo, tem o

    mesmo teor alcoólico do vinho branco, isto é, 9,5% de etanol em sua composição,

    concentração maior que a de uma lata de cerveja, que apresenta 5% de álcool, em

    média. Segundo o Conselho Regional de Farmácia do Distrito Federal (CRF-DF), o

    excesso de álcool no produto pode levar crianças à dependência.12

    Muitos produtos farmacêuticos apresentam álcool etílico em sua

    composição, como loções, perfumes, protetores solares, xaropes, enxaguantes

    bucais, e entre outros. Assim é importante a quantificação desse álcool na indústria

    farmacêutica para o controle de qualidade desses produtos. Como no caso dos

    enxaguantes bucais, em que a alta concentração de etanol pode produzir uma

    sensação ardente nas bochechas, dentes e gengivas, ou pode causar intoxicação se

    engolir ou usar excessivamente.13 Para crianças, até mesmo doses pequenas

    destes podem ser potencialmente letal.

    O controle do etanol utilizado nas indústrias farmacêuticas é feito

    principalmente por técnicas cromatográficas e espectométricas.13 Porém para

    análise rotineira é necessário o uso de análises rápidas e de baixo custo, sendo

    assim interessante o desenvolvimento de novas metodologias para determinação de

    etanol.

    1.1.4 Medicina forense

    Medida precisa e rápida de etanol é muito importante em análise clínica e

    forense para análise de fluídos do corpo humano, por exemplo, sangue, soro, saliva,

    urina, e sua respiração, entre outros.14

  • 20

    O excesso do consumo de bebidas alcoólicas e a embriaguez têm sempre

    provocado a maior parte de acidentes fatais, traumas, afogamentos, suicídio, e

    muitos crimes de violência como evidenciado por relatórios policiais e pelo registro

    do departamento de emergência e acidentes.14,15 Além disso, o aumento no

    consumo de bebidas e a diminuição da capacidade induzida por álcool são fatores

    comuns nas batidas nas estradas, assim como em acidentes no trabalho e em casa.

    A análise e interpretação da concentração de álcool no sangue em autópsia de

    espécimes representa uma grande parte do trabalho da medicina forense e

    laboratórios de toxicologia.15

    A determinação com confiabilidade metrológica de etanol em matriz aquosa

    é de grande importância, uma vez que em diferentes países os órgãos reguladores

    de trânsito determinam o teor máximo permitido de etanol no sangue e no ar

    expirado dos condutores de veículos.16 Os limites de álcool estipulados por

    legislação para motoristas no Brasil são 630 ppm em sangue e 0.3 ppm em

    respiração, correspondendo a relação 2100:1 sangue/respiração.17 Mundialmente,

    não há uma uniformidade quanto ao nível máximo de etanol que indica se um

    condutor de veículo está legalmente habilitado ou não para conduzi-lo, pois de

    acordo com o país, ou até mesmo o estado, a legislação varia.

    No entanto, há a necessidade global de que as medições tenham

    confiabilidade e rastreabilidade, sendo estas pautadas na utilização de materiais de

    referência certificados e equipamentos, cujos modelos tenham sido aprovados e que

    sejam submetidos periodicamente a um controle metrológico. Em todo o mundo,

    seguindo determinações da Organização Internacional de Metrologia Legal (OIML),

    o controle do consumo de álcool pelos condutores de veículos é realizado através de

    testes com etilômetros.16

  • 21

    1.2 Considerações Gerais

    Desta forma, a quantificação de etanol é importante para a medicina,

    fabricação de bebidas, fermentação e controle de consumo de bebidas alcoólicas

    nas estradas. A análise de etanol é também necessária para o controle da qualidade

    do álcool produzido nas indústrias. Métodos instrumentais têm sido relatados para a

    determinação da concentração de etanol incluindo: cromatografia gasosa e líquida;

    refratometria; colorimetria; espectrometria e espectroscopia de infravermelho.18

    Embora estes métodos possam determinar a concentração de etanol precisamente,

    eles não são adotados para análise fora de laboratórios devido ao uso de

    instrumentos complicados e delicados, e operações complexas. Portanto, o

    desenvolvimento de sensores eletroquímicos de etanol vem sendo alvo de várias

    pesquisas na área tecnológica devido a suas vantagens, simplicidade e precisão.

    Os sensores eletroquímicos de etanol são baseados na detecção da

    resposta da corrente resultada da oxidação de etanol.18 Eletrodos com base de

    níquel são muito utilizados nesta função. Esses eletrodos apresentam excelentes

    respostas frente à reação de oxidação de etanol, devido à particularidade desta

    reação ser intermediada pelos óxidos superiores de níquel formados na mesma

    região de potenciais da reação.19 A Figura 1 apresenta o mecanismo de oxidação de

    etanol em eletrodo de níquel, proposto por Manandhar e Pletcher.20

  • 22

    Figura 1:Representação esquemática do mecanismo de oxidação do etanol em eletrodo de níquel em meio alcalino.

    O sensor tendo níquel como eletrodo de trabalho reduz o custo do material e

    proporciona melhor estabilidade por um período mais longo.18,21

    Assim eletrodos de níquel, e também eletrodos que utilizam substrato de

    níquel recoberto com uma liga de níquel modificada, têm uma importante aplicação

    na área de eletrocatálise. A utilização das ligas de níquel esta relacionada,

    principalmente, com a produção de oxigênio e hidrogênio por eletrólise da água.

    Neste caso, eletrodos de níquel de alta área são utilizados como cátodos ou ânodos

    em virtude da alta estabilidade deste metal em meio cáustico em condições de

    circuito aberto e também por razões econômicas.22

    O método mais simples de preparação deste tipo de cátodo é por meio da

    eletrodeposição de níquel, a partir de banhos de Watts a altas densidades de

    corrente (200 mA/cm2), sobre eletrodos de aço-carbono. Outro modo de preparação

    consiste na codeposição de níquel com um metal como Al, Zn ou Sn em excesso.

    Esses metais são posteriormente removidos por ataque químico com hidróxido à

    quente. Esta técnica permite obter eletrodos com área real até 8000 vezes maior

    que a sua área geométrica.22,23

    Ligas metálicas têm despertado grande interesse tecnológico e comercial

    devido ao fato desses materiais apresentarem propriedades magnéticas ou elétricas

    que não são encontradas em seus componentes isolados, uma vez que podem

  • 23

    acentuar certas propriedades individuais dos seus elementos constituintes.24 Em

    geral, a presença de níquel em ligas proporciona ou melhora características como:

    resistência à corrosão, resistência em altas temperaturas, propriedades magnéticas

    e expansão térmica.

    As ligas nanoestruturadas podem apresentar uma melhor sensibilidade

    devido a maior área superficial ativada. Os materiais considerados nanoestruturados

    são todos aqueles que se apresentam, pelo menos em uma dimensão, com

    tamanho na ordem de nanômetros (10-9 m). As propriedades físicas e químicas de

    materiais em escala nanométrica (normalmente definida no intervalo de 1 a 100 nm)

    são de imenso interesse e crescente importância para futuras aplicações

    tecnológicas.25,26

    Materiais nanoestruturados geralmente exibem propriedades diferenciadas

    com relação aos demais materiais. Pode-se encontrar na literatura vários exemplos

    de como propriedades do tipo magnéticas, óptica, ponto de fusão, calor específico e

    reatividade da superfície, podem ser afetadas pelo tamanho da partícula.26

    Desta forma, a utilização de ligas metálicas nanoestruturadas pode trazer

    um avanço significativo para o desenvolvimento de novos materiais com aplicações

    tecnológicas importantes como, por exemplo, os nano-sensores.27

    Neste sentido, devido à oxidação do etanol exibir um alto sobrepotencial em

    eletrodos de carbono e de vários metais convencionais, como o níquel, a

    decomposição da água interfere na corrente anódica do etanol. Muitas tentativas

    têm sido feitas para modificar eletrodos, resultando em uma diminuição do

    sobrepotencial da corrente anódica do etanol. Um método comum para a

    eletroanálise de etanol emprega eletrodos modificados com enzimas.28 Os métodos

    enzimáticos que usam a álcool oxidase ou a álcool desidrogenase foram em grande

  • 24

    parte usados no desenvolvimento de biosensores para a determinação de etanol,

    com a vantagem de ter a seletividade aumentada. Entretanto, o tempo de vida dos

    biosensores é curto e, usualmente, esse eletrodo deve ser armazenado em baixas

    temperaturas, além de ser limitado a amostras alcoólicas relativamente diluídas por

    causa da saturação das enzimas.

    Dos trabalhos realizados para modificar eletrodos, o óxido de rutênio (RuO2)

    também foi relatado para catálise da eletro-oxidação do etanol.21,29 Durante a

    oxidação do etanol, o par redox Ru(VI)/Ru(VII) (rutanato/perrutanato) é observado

    na superfície do eletrodo de RuO2. Para o processo de eletrossíntese orgânica, o

    eletrodo de níquel modificado com RuO2 foi aplicado para oxidação catalítica do

    etanol para ácido acético. As vantagens deste eletrodo foram de acentuar a

    eficiência para oxidação do etanol e operar em potenciais menores que dos

    eletrodos convencionais. A Figura 2 mostra o esquema da reação para a oxidação

    catalítica do etanol a acetaldeído e subseqüente conversão a aldol.29

    Figura 2:Representação esquemática da oxidação de etanol em eletrodo óxido de rutênio em solução de KOH.

    Assim, há um grande interesse na procura de novos materiais que possuam

    atividade eletrocatalítica para a oxidação de etanol.

  • 25

    2 ESTADO DA ARTE

    Esta revisão tem o objetivo de fornecer uma visão geral dos vários trabalhos

    que têm sido relatados para a determinação de etanol em várias áreas, utilizando

    diferentes métodos. Dentre esses podemos citar a cromatografia gasosa e líquida, a

    espectroscopia e a gravidade específica.

    Como exemplo tem o trabalho de Zilly et al. 30 que desenvolveram um

    método de cromatografia gasosa muito sensível e específica para determinação de

    etanol em amostras de urina humana. O método foi realizado sem pré-tratamento e

    usando uma coluna capilar Stabilwax, 30m x 0,53mm x 10µm de espessura do filme.

    Foi usado gás hélio e detector de ionização de chama. Foi relatado uma separação

    cromatográfica limpa do etanol de metanol, acetona, 1-propanol e 2-propanol.

    Rodriguez et al.31 propuseram um método de injeção por fluxo por

    evaporação para a determinação de etanol em diferentes bebidas usando medidas

    de densidades. O método é baseado na separação do etanol da amostra usando o

    módulo por evaporação; o analito é coletado em água como aceptor líquido. A

    densidade dessa mistura água-álcool é medida no detector. O método proposto

    apresentou alta precisão e medida rápida e fácil.

    No trabalho de Souza et al.16, desenvolvido na Divisão de Metrologia

    Química do Inmetro, analisou-se a concentração de etanol em soluções aquosas,

    utilizando um cromatógrafo gasoso com detector de ionização de chama. Foram

    analisadas amostras de soluções de etanol em água em quatro concentrações

    diferentes. A preparação dos padrões de calibração, assim como a manipulação das

    amostras de análise, foram realizadas através do método gravimétrico. Os

    resultados obtidos foram considerados satisfatórios, permitindo inclusive a validação

  • 26

    de toda a metodologia do processo. A determinação com confiabilidade metrológica

    e rastreabilidade ao Sistema Internacional de Unidades da medida de etanol em

    matrizes aquosas é de suma importância, devido a sua utilização na área forense.

    Niven et al.32 descreveram um método pelo monitoramento simultâneo de

    quatro ácidos de cadeia curta (ácido lático, acético, propriônico e butírico), dois

    monossacarídeos (frutose e glicose) e etanol em alimentos líquidos para porcos e

    alimento líquido fermentado com bactérias ácidas láticas. O método envolve uma

    técnica de extração simples, com recuperações comuns entre 83 a 98%. A

    determinação e quantificação de cada combinação foram alcançadas por meio da

    cromatografia isocrática de exclusão de íons, à temperatura ambiente. A análise

    cromatográfica é rápida e não requer derivatização complicada ou eluentes caros.

    No trabalho de Armenta et al.13, um novo múltiplo de fase a vapor junto com

    espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) foi

    desenvolvido para a determinação de etanol em líquidos para limpeza bucal. Foram

    adicionados 2 µL de amostra, sem qualquer pré-tratamento, em um reator aquecido

    à 70ºC, com a fase vapor sendo transportada para o espectrômetro de FTIR. O

    método proposto é simples e rápido, com tempo de análise total de 2 min.

    O trabalho de Fernandes e Rohwedder33 teve como objetivo o uso da

    espectroscopia NIR na determinação simultânea de etanol e metanol (adulterante)

    em gasolina. Para isso, foram preparadas 120 misturas de gasolina, variando a

    concentração de etanol e metanol de 0 a 30 % (v/v). Foram feitos estudos de

    interferentes e verificou-se que a presença de o-xileno e tolueno interferem na

    determinação de etanol, enquanto que óleo diesel, iso-octano, tiner, o-xileno, m-

    xileno e p-xileno interferem na determinação de metanol. O método proposto

    permitiu determinar etanol e metanol simultaneamente.

  • 27

    Outro método bastante comum utilizado na eletroanálise de etanol implica no

    uso de eletrodos modificados com enzima a qual incorpora a álcool desidrogenase

    (ADH) ou a álcool oxidase (AO). Essas enzimas convertem diretamente ou

    indiretamente o etanol em produtos eletroativos, assim como NADH+, H2O2 e O2, os

    quais são determinados eletroquimicamente.

    Desta forma, temos como exemplo o trabalho de Rotariu et al.34, no qual

    usaram um eletrodo potenciométrico de oxigênio para produzir um biossensor

    microbial com aumento da resposta, baseado na imobilização de células de levedura

    (Saccharomyces ellipsoideus). A principal vantagem desse biossensor é a

    simplicidade de construção e baixo custo. A curva de calibração foi obtida utilizando

    o etanol nas concentrações entre 0,02 e 50 mM. Testaram a seletividade do

    biossensor e concluíram que a glicose é um interferente.

    Alkyilmaz et al.35 desenvolveram um biossensor amperométrico para

    determinação de etanol baseado na célula da levedura Candida tropicalis, a qual

    contém a enzima álcool oxidase, imobilizada em gelatina por glutaraldeído. A

    determinação de etanol está relacionada com a análise de diferentes atividades de

    respiração da célula em presença e ausência de etanol. A resposta do biossensor foi

    linearmente dependente da concentração de etanol entre 0,5 e 7,5 mM. Os

    resultados mostraram que o biossensor pode ser usado na determinação de etanol.

    Outro exemplo é o trabalho de Santos et al.36 onde utilizaram o nanotubo de

    carbono como matriz para construção de um biossensor amperométrico baseado na

    álcool desidrogenase. Esse biossensor foi testado para determinação da

    concentração de etanol em diferentes amostras: vinho, uísque e aguardente. A

    resposta amperométrica para o etanol apresentou excelente sensibilidade e

    estabilidade operacional.

  • 28

    Entretanto esses biossensores apresentam tempo de vida curto,

    instabilidade e baixa sensibilidade. Desta forma outros sensores têm sido

    desenvolvidos com o uso de vários metais, ligas e óxidos.

    Como descrito no trabalho de Fidelis et al. 37 no qual estudaram a oxidação

    de etanol em eletrodos de composição nominal Ti/IrO2 para verificar a seletividade

    da eletrossíntese em função do material empregado. Foi verificado que o

    acetaldeído é o único produto da reação, indicando assim a boa seletividade, uma

    vez que a oxidação de álcoois primários a aldeídos é um processo bastante difícil de

    ser realizado em meio homogêneo, tendo em vista a posterior oxidação do aldeído

    ao ácido carboxílico correspondente.

    Paixão et al.38 investigaram a oxidação de etanol em superfície de cobre em

    meio alcalino. A participação de espécies de Cu(III) eletrogerados na eletrocatálise

    da oxidação de etanol em superfícies de cobre foi investigada por voltametria no

    eletrodo rotatório de disco-anel e foi proposto um mecanismo envolvendo a

    participação de radicais. O sensor amperométrico de cobre apresentou um bom

    desempenho na análise em fluxo de amostras de bebidas contendo etanol.

    No trabalho de Oliveira et al.39 foi preparada e caracterizada a bicamada

    Rh/Pt em Pt e aplicada na oxidação de etanol em solução de ácido perclórico. O

    eletrodo foi caracterizado por microscopia de força atômica e voltametria cíclica. A

    oxidação do etanol foi estudada sobre a bicamada Pt/Rh/Pt usando as técnica de

    voltametria cíclica e cronoamperometria. Neste estudo, obteve-se um aumento de

    286% na densidade de corrente para a oxidação de etanol comparado com a Pt. A

    eletroxidação do etanol na bicamada inicia em potencial menos negativo (100 mV)

    comparado com o eletrodo de Pt.

  • 29

    Materiais eletródicos com base no níquel também são bastante utilizados no

    estudo da oxidação de etanol. Assim como no trabalho de Manandhar e Pletcher20

    que estudaram a oxidação de etanol sobre eletrodo de Ni de alta área obtido por

    deposição em banho de Watts com elevada densidade de corrente. Na oxidação de

    etanol, obtiveram valores de densidade de corrente limite cerca de 15 vezes maiores

    que para o Ni polido, o que demonstra a elevada atividade alcançada pelo aumento

    da área efetiva do material.

    Um filme de óxido de Co-Ni foi eletrodepositado no trabalho de Hayes et

    al.40, para ser aplicado como sensor para a determinação amperométrica de etanol.

    O eletrodo teve uma resposta linear com concentrações de etanol entre 1,5 e 7,9

    mM e limite de detecção de 32 µM de etanol. Outros álcoois foram testados como

    possíveis interferentes: 1-propanol, 1-butanol, álcool benzílico e metanol. Os

    resultados mostraram que estes álcoois interferem nas medidas, e concluíram que o

    eletrodo não é específico para o etanol.

    Pang et al.18 utilizaram um eletrodo de filme de níquel como sensor de etanol

    em solução alcalina. Os resultados revelaram que o eletrodo preparado resultou em

    uma relação linear entre a resposta da corrente e a concentração do etanol, numa

    variação de 0 a 100 ppm de concentração do álcool e tempo de meia-vida de pelo

    menos três meses.

    Weng et al.27 desenvolveram um novo filme nanoestruturado para sensor de

    etanol usando Ni/Pt/Ti em substrato de Al2O3 como eletrodo de trabalho em solução

    alcalina. Os resultados mostraram que a oxidação do etanol foi mais eficiente com o

    eletrodo Ni/Pt/Ti que o eletrodo convencional de níquel.

    Novos materiais modificando a superfície do níquel têm sido desenvolvidos

    para a aplicação como sensores de etanol. Estes materiais despertam um grande

  • 30

    interesse por apresentarem uma melhor atividade catalítica em relação à oxidação

    de etanol que para o níquel polido.

    Shieh e Hwang41 investigaram a eletro-oxidação do etanol sobre óxido de

    rutênio preparado termicamente em solução alcalina usando um eletrodo de disco-

    rotário (RDE) e técnicas de polarização. A oxidação do etanol foi mediada por

    perrutanato eletrogerado na superfície do eletrodo. Desta forma foi proposto um

    mecanismo para a oxidação de etanol em óxido de rutênio.

    Kim e Park29 estudaram a oxidação eletroquímica do etanol em solução

    alcalina em eletrodos de Ni liso, Ti modificado com RuO2 e Ni modificado com RuO2

    usando voltametria. A oxidação mais eficiente foi observada com eletrodo de Ni

    modificado com RuO2. Quando o níquel foi usado como material suporte, os

    compostos de Ru-Ni formados podem ter contribuído, melhorando a atividade

    eletrocatalítica da oxidação de etanol.

    Weng e Chou21 desenvolveram um novo sensor de etanol baseado em

    eletrodo de trabalho de Ni modificado com RuO2, com o qual foi obtida uma melhor

    eficiência na oxidação de etanol que em eletrodo de Ni liso.

  • 31

    3 OBJETIVOS

    Desta forma, considerando-se a importância do desenvolvimento e

    caracterização de eletrodos especiais para a determinação de etanol, neste trabalho

    se propõe a construção de eletrodos de níquel e algumas ligas (Sn, Ru), assim como

    de materiais nanoestruturados, para a determinação de etanol em amostras de

    bebidas e medicamentos, por meio da cronoamperometria, em meio alcalino.

    Para isto, serão utilizadas técnicas como a voltametria cíclica, a

    cronoamperometria, a espectroscopia de impedância eletroquímica, a microscopia

    de força atômica e a microscopia de transmissão.

    Com isto, espera-se obter conhecimentos na área da eletrocatálise,

    eletrodeposição, caracterização superficial e eletroanalítica.

  • 32

    4 PARTE EXPERIMENTAL

    4.1 Célula Eletroquímica

    Os experimentos eletroquímicos foram realizados em uma célula

    eletroquímica convencional, conforme representação esquematizada Figura 3. A

    célula foi confeccionada com vidro Pyrex®, possuindo capacidade de 30 cm3 e cinco

    orifícios, sendo dois utilizados para a entrada e saída de N2 e três para os eletrodos

    (eletrodos de trabalho, referência e auxiliar).

    Figura 3: Representação esquemática da célula eletroquímica e eletrodos, sendo (1) o eletrodo de trabalho, (2) o eletrodo de referência, (3) o eletrodo auxiliar, (4) entrada de N2 e (5) saída de N2.

    4.2 Eletrodos

    Para a preparação e caracterização da liga de Ni-Sn modificada com RuO2

    foi utilizada como substrato uma placa de níquel com 2 cm2 de área geométrica.

    Para a preparação do eletrodo de níquel nanoestruturado foi empregado um eletrodo

    de grafite pirolítico embutido em vidro com 0,14 cm2 de área geométrica. As

    superfícies dos substratos foram polidas antes de cada medida com uma lixa com

    granulação decrescente.

  • 33

    O eletrodo de referência utilizado em todos os experimentos foi o de Ag/AgCl

    com solução de KCl 3,0 M.

    O eletrodo auxiliar utilizado nas medidas voltamétricas e de impedância

    eletroquímica foi uma placa de platina de 2 cm2 de área geométrica.

    Tabela 1: Lista de nomenclatura dos eletrodos de trabalho.

    Eletrodos Nomenclatura Área geométrica

    Ni liso A 2 cm2

    Liga Ni-Sn B 2 cm2

    Ni-Sn modificada com RuO2 C 2 cm2

    Nanoestrutura de Ni D 0,07 cm2

    Ni embutido E 0,011 cm2

    4.3 Soluções

    Para o preparo das soluções eletrolíticas e a lavagem do material utilizou-se

    água purificada pelo sistema Milli-Q (Millipore, Inc.), com resistência final de 18 MΩ.

    Todos os reagentes têm padrão analítico.

    Foi utilizado nitrogênio puro (99,9% White Martins) para o arraste do

    oxigênio dissolvido nas soluções. Antes das medidas eletroquímicas o nitrogênio foi

    borbulhado durante 20 minutos e, durante a realização do experimento este foi

    continuamente injetado na célula eletroquímica, para evitar que o oxigênio se

    dissolva na solução.

    Como eletrólito para medidas eletroquímicas foi preparado uma solução de

    hidróxido de sódio (Mallinckroadt) 0,5M e se utilizou padrão de etanol (Synth).

  • 34

    4.3.1 Solução do Banho de Watts Modificado

    Foram preparadas soluções aquosas de Ni-Sn, utilizando cloreto de

    níquel(II) hexahidratado (Rudel-deHäen) e cloreto estanoso bihidratado (Synth) em

    concentrações variadas. Para ativação foi utilizada uma solução de hidróxido de

    sódio 28% (Mallinckrodt). E para modificar a superfície do eletrodo com óxido de

    rutênio foi empregada uma solução de cloreto de rutênio(III) (Aldrich).

    4.3.2 Solução da Síntese da Nanoestrutura de Ni

    A Solução foi preparada utilizando cloreto de níquel(II) hexahidratado

    (Rudel-deHäen), zinco (Rudel-deHäen), aminoetanol (Rudel-deHäen) e etanol

    (Synth). E para lavar o pó obtido foram usadas soluções de hidróxido de sódio 35%

    e 50% (Mallinckrodt). Na preparação do eletrodo foi usada uma suspensão de

    Náfion® (Aldrich).

    4.4 Equipamentos

    Os experimentos de voltametria cíclica, cronoamperometria e espectroscopia

    de impedância eletroquímica foram realizados com o auxílio de um

    potenciostato/galvanostato PGZ 402 Voltalab acoplado a um computador PC padrão

    e interfaceado pelo software Voltamaster 4.0.

    A topografia dos filmes eletrodepositados foi investigada por medidas de

    microscopia de força atômica no modo contato com uma instrumentação

    TOPOMETRIX modelo Explorer (GMEME-IQSC-USP).

  • 35

    E as medidas de microscopia de transmissão foram realizadas utilizando um

    microscópio Philips CM200, operando a 200 KV (IQ – UNESP Araraquara).

    Na preparação dos eletrodos foi usado um banho termostático Nova Ética e

    forno EDGCON 3P da EDG equipamentos.

    4.5 Metodologia

    4.5.1 Preparação da liga Ni-Sn

    Para a eletrodeposição foram preparados banhos de Watts contendo 6,25 g

    de NiCl2.6H2O e 0,5 g de SnCl2.2H2O em 25 mL de solução aquosa.23 A

    eletrodeposição foi conduzida no modo galvanostático, onde foi usada a técnica de

    cronopotenciometria 42 com densidade de corrente 27 mA/cm2. O tempo de

    deposição foi de 20 min e temperatura de 65ºC. A agitação e aquecimento da

    solução foram feitos com um agitador magnético e com banho termostático. Os

    recobrimentos catalíticos foram obtidos sobre substrato de níquel de 2 cm2 de área.

    A ativação do eletrodo foi feita usando uma NaOH 28%, utilizando a técnica

    de cronopotenciometria com densidade de corrente 30 mA/cm2. O tempo de ativação

    foi de 15 min e temperatura de 70ºC. Com a ativação pôde-se obter a dissolução do

    Sn em excesso.

    4.5.2 Modificação com RuO 2

    Os depósitos foram modificados com RuO2, utilizando uma solução RuCl3

    0,1 M.21 O eletrodo da liga foi deixado na solução em banho de ultrasson por 30

  • 36

    segundos, depois secado a 100ºC por 10 min e posteriormente aquecido a 400ºC por

    10 min em forno em presença de oxigênio, para a decomposição térmica. Este

    procedimento foi repetido 10 vezes, até se obter uma camada escura do óxido.

    4.5.3 Preparação da Nanoestrutura de Níquel

    O Ni nanoestruturado foi preparado a partir de uma solução contendo 1,8 g

    NiCl2.6H2O dissolvido em 30 mL etanol. A essa solução foi adicionada uma mistura

    de 3,5 g de Zn em pó e 10 mL de aminoetanol em constante agitação, com auxílio

    de um agitador magnético. Depois de 20 h adicionou-se 10 mL de aminoetanol e 20

    mL de etanol. A solução foi filtrada e tratada com solução NaOH 35% e 50% várias

    vezes, e por último lavada com água destilada. A separação do pó preto foi feita com

    uma placa magnética. 43

    Para confecção do eletrodo foi preparada uma solução com 0,5 mg de pó de

    nanoestrutura, 50 µL de náfion e 950 µL de etanol. Esta solução ficou em ultrasson

    por 20 min para formar suspensão. Adicionou-se uma alíquota de 10 µL dessa

    suspensão na superfície do eletrodo de grafite pirolítico embutido em vidro e deixou-

    se secar.

    4.5.4 Caracterização

    A técnica de voltametria cíclica 44,45 foi utilizada para estudar os processos

    eletroquímicos das camadas eletrodepositadas, podendo-se assim observar as

    reações de oxi-redução característica do Ni, da liga Ni-Sn, da liga modificada com

    RuO2 e da nanoestrutura.44 Além disso, características gerais do sistema, tais como

  • 37

    número de picos de deposição e dissolução pôde fornecer indicações úteis sobre a

    natureza do recobrimento. Nesses experimentos foi utilizado uma solução de NaOH

    0,5 M como eletrólito e intervalo de potencial de 100 a 700 mV com velocidade de 50

    mV/s.

    Os eletrodos foram submetidos à análise por microscopia de força atômica,

    no modo contato.46 Esta técnica foi de grande importância para os estudos de

    textura e topografia, uma vez que permite a obtenção de imagens representativas

    em três dimensões.

    A morfologia do eletrodo da nanoestrutura foi observada por microscopia

    eletrônica de transmissão. 47

    As medidas de impedância eletroquímica 48 foram realizadas em sistemas

    com etanol com o intuito único de demonstrar a presença de um loop indutivo, que

    pode ser associado à transformação do óxido superior/ óxido inferior de Ni na

    superfície do eletrodo. O intervalo de freqüência foi de 40 kHz a 50 mHz, e o

    potencial foi igual a 550 mV para o eletrodo modificado com RuO2. Para o eletrodo

    de Ni e da liga o intervalo de freqüência foi 40 kHz a 100 mHz e o potencial foi 500

    mV, e para a nanoestrutura foi de 40 kHz a 10 mHz e 500 mV. Variou-se a

    concentração de etanol de 0,04 a 0,12 mol/L.

    4.5.5 Determinação de Etanol

    Os eletrodos foram empregados na determinação quantitativa de etanol e

    isto foi feito por meio de técnicas eletroanalíticas como cronoamperometria e

    voltametria linear 42 , e a obtenção de curvas de calibração por meio da técnica de

    adição de padrão. A curva de trabalho foi levantada variando-se as concentrações

  • 38

    de etanol de 0,01 a 0,12 mol/L. Com a curva de trabalho estabelecida foram

    determinados os limites de detecção. Em seguida foi escolhido o melhor eletrodo

    para a determinação de etanol e esta metodologia foi aplicada em análise de etanol

    em amostras de cachaça, conhaque e enxaguante bucal. Utilizando a

    cronoamperometria, foi fixado um potencial de 540 mV e tempo de 800 s, a adição

    de etanol foi feita a cada 100 s. Foram adicionados 12,5 µL da amostra e posteriores

    adições de 12,5 µL de etanol para a obtenção da curva e depois determinada a

    concentração de etanol contida nas amostras.

    4.5.6 Estatística

    Os limites de detecção e quantificação foram calculados a partir do

    procedimento estatístico descrito em Miller e Miller.49 Para estimar quão bem os

    pontos experimentais se ajustam em uma linha reta, foi calculado o coeficiente de

    correlação produto-momento, r, por:

    ( )( ){ }

    ( ) ( ) 21

    22

    r

    −−=

    ∑∑

    ii

    ii

    iii

    yyxx

    yyxx

    (1)

    Onde ( ) y,x é conhecida como centróide de todos os pontos, sendo a média aritmética dos valores de x e a dos valores de y. O coeficiente de correlação pode

    variar no intervalo entre 1r1 +≤≤− . O valor de r=1 descreve uma correlação perfeita,

    isso é, todos os ponto experimentais caem numa linha reta. A equação algébrica que

    satisfaz um gráfico linear é dada por:

  • 39

    bxay += (2)

    Onde b é a tangente da linha e a o intercepto no eixo y, calculados por:

    ( )( ){ }( )∑

    −−=

    ii

    iii

    xx

    yyxx

    b2

    (3)

    xb y −=a (4)

    Os erros aleatórios nos valores para a tangente e intercepto são importantes

    e as equações usadas para calculá-los foram consideradas. Inicialmente foi

    calculada a estatística x

    yS que é dada por:

    ( ) 21

    2

    2

    ˆ

    −−

    = ∑i

    i

    xy n

    yyS

    (5)

    O valor de ŷ para um dado x foi facilmente calculado com a equação de

    regressão. Com um valor x

    yS para pôde-se agora calcular Sb e Sa, os desvios

    padrão para a tangente (b) e o intercepto (a):

  • 40

    ( )∑ −=

    ii

    xy

    b

    xx

    SS

    2

    (6)

    ( )∑∑

    −=

    ii

    ii

    xya

    xxn

    x

    SS2

    2

    (7)

    Com esses desvios padrão, os limites de confiança puderam ser obtidos

    para a tangente ( ( ) bSb t 2-n± ) e para o intercepto ( ( ) aSa t 2-n± ), onde t é o parâmetro

    de Student.

    Uma vez que a tangente e o intercepto de uma curva de regressão tenham

    sido determinados, foi simples calcular um valor de x correspondente a qualquer

    valor medido de y. A determinação do erro no valor x pôde ser dada por:

    ( )( )

    21

    22

    0110

    −++=

    ∑i

    i

    xy

    x

    xxb

    yy

    nb

    SS

    (8)

    Onde y0 é o valor experimental de y, a partir do qual o valor da concentração

    x0 pôde ser determinado, Sxo é o desvio padrão estimado de x0.

    A etapa final foi para determinar o limite de detecção, bem como o limite de

    quantificação. Onde, a definição é dada como:

    bb SyLOD 3+= (9)

  • 41

    Onde yb é o valor do intercepto e Sb é o desvio padrão. O limite de

    quantificação foi obtido por:

    bb SyLOQ 10+= (10)

    A porcentagem de etanol encontrado nas amostras foi calculada usando

    técnica da adição de padrões com o auxílio da equação:

    [ ][ ]adicionada

    recuperada

    etanol

    etanol100% =R

    (11)

    Onde o valor de [etanol]recuperada refere-se a concentração obtida pela

    extrapolação da curva analítica.

  • 42

    5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

    Neste capítulo serão apresentados e discutidos os resultados experimentais

    obtidos para a determinação de etanol utilizando diferentes eletrodos (nano-

    estruturados ou não) desenvolvidos e caracterizados durante o desenvolvimento

    deste projeto.

    5.1 Obtenção e Caracterização dos Eletrodos

    Diferentes eletrodos serão analisados quanto aos seus efeitos catalíticos

    para a reação de oxidação de etanol. Estes eletrodos serão denominados A, B, C e

    D, conforme definidos na secção anterior (Experimental).

    5.1.1 Caracterização Voltamétrica

    Os perfis voltamétricos dos eletrodos A, B, C e D foram analisados em meio

    de hidróxido de sódio (0,5 mol L-1). Os perfis obtidos para os eletrodos A, B e C

    foram comparados e estão apresentados na Figura 4.

    Os eletrodos A e B apresentaram um pico anódico em 0,45 V e dois picos

    catódicos em 0,27 e 0,33 V. A evolução de oxigênio ocorre em potenciais mais

    positivos que 0,56 V. O pico anódico, observado na varredura direta, corresponde à

    oxidação do β-Ni(OH)2 para γ-NiOOH, que é seguido pela reação de desprendimento

    de hidrogênio e a simultânea oxidação do NiOOH para NiO2 e estados de oxidação

    superiores do Ni.27 Na varredura inversa, os picos catódicos em 0,28 e 0,33 V

  • 43

    correspondem às reduções dos óxidos formados na varredura direta para β-

    Ni(OH)2.50

    0,0 0,2 0,4 0,6

    -20

    0

    20

    40

    I / µ

    A

    E / V

    Figura 4: Voltamogramas cíclicos dos eletrodos A (―), B (―) e C (―) em meio de NaOH 0,5 M; v=50 mV s-1.

    Para o eletrodo C (liga Ni-Sn modificada com RuO2) foram observados um

    pico anódico em 0,50 V e dois picos catódicos em 0,24 e 0,28 V. O pico anódico em

    0,50 V é largo, sem um perfil bem definido, o que sugere que podem estar incluídos

    os picos das reações de oxidação de RuO2 a perrutanato, Ni(OH)2 a NiOOH, e

    provavelmente os compostos de Ru-Ni para outros estados de oxidação maiores.21

    Vários pares redox como Ru(II)/Ru(III), Ru(III)/Ru(IV), e Ru(VI)/Ru(VII) tem

    sido relatados por estarem envolvidos na eletro-oxidação na superfície dos eletrodos

    baseados em rutênio. Eletrodos que usam os pares redox de rutênio têm excelente

    reversibilidade e estabilidade. O par redox rutanato (Ru(VI))/perrutanato(Ru(VII)) tem

    sido demonstrado como apropriado para muitas reações eletroquímicas como

    mediador na transferência de elétrons.29

  • 44

    Os eletrodos D e E são, basicamente, de Ni e, assim, sua resposta

    voltamétrica é praticamente idêntica àquelas do eletrodo A.

    5.1.2 Espectroscopia de Impedância Eletroquímica

    As medidas de impedância eletroquímica foram realizadas em sistemas com

    etanol com o intuito único de demonstrar a presença de um loop indutivo, que pode

    ser associado à transformação óxido superior/óxido inferior na superfície do

    eletrodo. Como, nas regiões de potenciais estudadas, a superfície do eletrodo de

    níquel se encontra polarizada em potenciais suficientemente elevados para a

    formação do NiO2 (óxido superior), este é formado e, imediatamente, oxida a

    molécula de etanol, voltando a NiOOH. 51 Esta transformação fora do equilíbrio gera

    um loop indutivo, conforme observado na Figura 5.

    A Figura 5 apresenta um loop indutivo tanto para o eletrodo A como para o

    eletrodo B, em solução de 0,5 M NaOH contendo 0,02 M etanol, conforme esperado

    da discussão acima. Isto atesta a participação do óxido superior de níquel (NiO2) na

    reação de oxidação de etanol.

    A resistência de transferência de carga, dada pela amplitude do semi-círculo

    obtido, foi quatro vezes menor para a liga Ni-Sn (eletrodo B) do que para o Ni (A),

    indicando um possível efeito catalítico deste tipo de liga.

  • 45

    0 3 6 9 12 15

    0

    3

    6

    9

    12

    15

    - Z

    " / Ω

    cm

    -2

    Z' / Ω cm-20 1 2 3 4

    0

    1

    2

    3

    4

    - Z

    " / Ω

    cm

    -2

    Z' / Ω cm-2

    Figura 5: Medida de impedância realizada com eletrodo A (―) e B (―) em solução aquosa com 0,5 M NaOH + 0,02 M etanol a 0,50 V, e freqüência de 40 kHz a 100 mHz.

    Com relação ao eletrodo C, observa-se que o loop indutivo é muito menos

    evidente, apenas com certa tendência de formação. Isto se deve, provavelmente, ao

    recobrimento do substrato com o RuO2, dificultando a participação dos óxidos

    superiores de Ni na oxidação do etanol, sobre esta superfície. Estas informações

    são apresentadas na Figura 6.

    Observa-se ainda que o semicírculo obtido é bastante complexo, sugerindo

    uma possível deconvolução em vários componentes, relacionados com os diferentes

    processos descritos acima e que ocorrem na superfície deste eletrodo modificado. A

    resistência de transferência de carga é, em geral, menor que aquela observada para

    o eletrodo A, entretanto, devido à complexidade do processo superficial global, é

    difícil associá-la a qualquer reação eletródica individual.

  • 46

    0 1 2 3 4 5 6 7

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    - Z

    " / Ω

    cm

    -2

    Z' / Ω cm-2

    Figura 6: Medida de impedância realizada com o eletrodo C em solução aquosa com 0,5 M NaOH + 0,02 M etanol a 0,55 V, e freqüência de 40 kHz a 50 mHz.

    5.1.3 Microscopia de Força Atômica

    Foram realizadas medidas de AFM para a caracterização topográfica dos

    eletrodos. A Figura 7 abaixo mostra a diferença entre a superfície do Ni liso e

    modificado com o eletrodepósito da liga Ni-Sn. Nota-se que o depósito apresenta

    características não cristalinas (sem padrão geométrico) sendo bastante porosos.

  • 47

    Figura 7: Imagens de AFM em três dimensões dos eletrodos A e B, respectivamente. Dimensão da varredura 50 x 50 µm2.

    Após o eletrodo da liga ser modificado com RuO2 foi estudada a topografia,

    podendo-se verificar a formação de grãos que se encontram distribuídos por toda a

    superfície do eletrodo.

  • 48

    Figura 8: Imagem de AFM em três dimensões para o eletrodo C. Dimensão de varredura 50 x 50 µm2.

    As diferentes morfologias observadas, características de diversas amostras

    da superfície dos eletrodos A, B e C, indicam que o substrato de Ni liso foi

    modificado com sucesso pela deposição da liga Ni-Sn e que esta também foi

    modificada pela deposição do RuO2.

    5.2 Aplicações

    Após serem caracterizados, os eletrodos A, B e C foram utilizados na

    determinação de etanol em meio de NaOH 0,5 mol L-2, com a construção de curvas

    analíticas usando as correntes de pico obtidas do segundo ciclo de experimentos de

    voltametria cíclica. A curva analítica em eletrólito puro foi construída pelo método da

    adição consecutiva de alíquotas de etanol, a partir de uma solução estoque. Os

    voltamogramas cíclicos obtidos para cada concentração de etanol utilizando o

    eletrodo A são apresentados na Figura 9. A linha preta representa a resposta

    voltamétrica do eletrodo A apenas no eletrólito, sem qualquer acréscimo deliberado

  • 49

    de etanol (branco). Ao se adicionar o analito, observou-se um pico de oxidação em

    0,55 V, que se desloca para valores mais positivos com o aumento da concentração.

    Observou-se ainda, que a corrente de pico aumentou proporcionalmente com o

    aumento da concentração.

    0,0 0,2 0,4 0,6 0,8

    0

    20

    40

    60

    80

    I /

    µA

    E / V

    Figura 9: Voltamogramas cíclicos para o etanol sobre eletrodo A em diferentes concentrações (v= 50 mV s-1). Concentrações: 0 (―); 0,02 (―); 0,04 (―); 0,06 (―); 0,08 (―); 0,10 (―); 0,12 (―) mol L-1.

    A curva analítica pode ser observada na Figura 10 e o tratamento estatístico

    está presente na Tabela 2. A dependência linear entre a corrente de pico e a

    concentração de etanol foi testada pelo coeficiente de correlação produto-momento

    descrito pela Equação 1. O valor obtido de r = 0,9982, junto com o aspecto visual da

    Figura 10 é conclusivo sobre a linearidade da curva analítica.49

  • 50

    0,00 0,04 0,08 0,12

    0

    20

    40

    60

    I p

    / µA

    [etanol] / mol L-1

    Figura 10: Dependência linear entre a corrente de pico e a concentração de etanol, sobre o eletrodo A.

    A próxima etapa foi o uso dos dados da Tabela 2 para calcular a equação

    linear da reta, seguindo as Equações 3 e 4. Neste caso, b = 0,00049 A mol-1 e a =

    0,00336 mA. Então, a equação da curva analítica pode ser descrita por Ip =

    0,00336x10-3 A + 0,00049 A(molL-1)-1 [etanol]x10-3 mol L-1. Em seguida os erros

    associados aos cálculos de a e b foram avaliados. Assim, os valores ŷ (valores das

    correntes de pico calculadas) são calculados a partir da regressão linear e incluídos

    também na Tabela 2. A partir da Equação 5, o valor do parâmetro estatístico Sy/x é

    obtido como 0,00094. Usando este valor e as Equações 6 e 7, o desvio padrão para

    a inclinação e o intercepto são calculados como Sb = 0,00001 e Sa = 0,00004,

    respectivamente. Agora, o limite de confiança pode ser calculado considerando o

    grau de liberdade do experimento (n-2, isto é, 5) e o parâmetro de Student para o

    nível de confiança 95%, isto é, 2,57. Assim, o valor para o limite de confiança para a

    reta é b = 0,00049 ± 0,00002 A(molL-1)-1 e o intercepto é a = 0,00336 ± 0,00010 mA.

  • 51

    A curva analítica final é descrita por Ip = (0,00336 ± 0,00010)x10-3 A + (0,00049 ±

    0,00002 A) A(molL-1)-1 [etanol]x10-3 mol L-1.

    Tabela 2: Parâmetros estatísticos para determinação de etanol sobre o eletrodo A.

    x

    (mmol L -)

    y

    (mA)

    x-mx y-my (x-mx).

    (y-my)

    (x-mx) 2 (y-my) 2 Ycalc (y-ycalc )2

    0 0,002 -60 -0,031 1,84 3600 0,0009 0,003 1,84E-06

    20 0,013 -40 -0,020 0,79 1600 0,0004 0,013 2,04E-08

    40 0,024 -20 -0,009 0,17 400 0,0001 0,023 1,15E-06

    60 0,034 0 0,001 0,00 0 0,0000 0,033 1,65E-06

    80 0,043 20 0,010 0,21 400 0,0001 0,043 2,50E-07

    100 0,052 40 0,019 0,77 1600 0,0004 0,052 8,16E-08

    120 0,061 60 0,028 1,70 3600 0,0008 0,062 1,15E-06

    Σ 420 0,229 0 0,000 5,48 11200 0,0027 0,229 6,14E-06

    Média 60 0,033

    b = 0,00049; a = 0,00336; S y/x = 0,00094; Sb = 0,00001; Sa = 0,00004;

    LOD = 0,2567 mmol L -1;LOD = 11,8289 mg L -1;LOQ = 35,4867 mg L -1

    O desvio padrão para o intercepto é agora usado para calcular os limites de

    detecção e quantificação. Para isso, são usadas as Equações 9 e 10. Nessas

    equações, yb é a corrente obtida para a concentração de etanol igual a 0 na solução,

    e Sb é o desvio padrão para a corrente do branco medida. Combinando na Equação

    9, esses valores fornecem o sinal do limite de detecção. Usando a equação da reta

    descrita anteriormente, para a curva analítica, esse sinal é convertido a LOD =

    0,2567 mol L-1. Multiplicando este número por 46,07 (massa molar do etanol) é

  • 52

    encontrado LOD = 11,8289 mg L-1. Isso corresponde a um limite de quantificação de

    35,4867 mg L-1. O erro envolvido nos cálculos do LOD pode ser avaliado pela

    combinação de erros dos parâmetros da Equação 9. Assim, o desvio padrão

    associado a essa soma é:

    SLOD = (Sa2 + Sb

    2)1/2 (12)

    Considerando o Sa e Sb valores dados acima, SLOD é 0,0001. Novamente, o

    limite para o intervalo de confiança pode ser obtido como (LOD ± t(n-2) SLOD), ou

    (11,8289 ± 0,0001) mg L-1.

    Em seguida, foi construída a curva analítica em eletrólito puro sobre o

    eletrodo B. Os voltamogramas cíclicos para as diferentes concentrações de etanol

    são apresentados na Figura 11. Pode-se observar um aumento na corrente de pico

    com o aumento da concentração de etanol.

    0,0 0,2 0,4 0,6 0,8

    0

    30

    60

    90

    120

    150

    E / V

    I / µ

    A

    Figura 11: Voltamogramas cíclicos para o etanol sobre eletrodo B em diferentes concentrações (v= 50 mV s-1). Concentrações: 0 (―); 0,02 (―); 0,04 (―); 0,06 (―); 0,08 (―); 0,10 (―); 0,12 (―) mol L-1.

  • 53

    A curva analítica está apresentada na Figura 12 e o tratamento estatístico na

    Tabela 3. Foi aplicado o mesmo tratamento estatístico descrito anteriormente para o

    eletrodo A. O valor obtido de r = 0,9889 comprova a linearidade da curva analítica.49

    A curva analítica pode ser descrita por Ip = (0,00736±0,00046)x10-3 A +

    (0,00064±0,00010) A(molL-1)-1 [etanol]x10-3 mol L-1. Nesse caso o LOD =

    (39,02578±0,00046) mg L-1 e LOQ = (117,07735±0,00046) mg L-1.

    0,00 0,04 0,08 0,12

    0

    20

    40

    60

    80

    I p

    / µA

    [etanol] / mol L-1

    Figura 12: Dependência linear entre a corrente de pico e a concentração de etanol, sobre o eletrodo B.

  • 54

    Tabela 3: Parâmetros estatísticos para determinação de etanol sobre o eletrodo B.

    x

    (mmol

    L-1)

    Y

    (mA)

    x-mx y-my (x-mx).

    (y-my)

    (x-mx) 2 (y-my) 2 ycalc (y-ycal)2

    0 0,002 -60 -0,044 2,62 3600 0,00191 0,007 2,9E-05

    20 0,019 -40 -0,027 1,07 1600 0,00071 0,020 1,3E-06

    40 0,037 -20 -0,009 0,17 400 0,00008 0,033 1,7E-05

    60 0,052 0 0,006 0,00 0 0,00004 0,046 4,0E-05

    80 0,06 20 0,014 0,29 400 0,00020 0,059 2,3E-06

    100 0,071 40 0,025 1,01 1600 0,00064 0,071 8,2E-08

    120 0,079 60 0,033 2,00 3600 0,00111 0,084 2,6E-05

    Σ 420 0,32 0 0,000 7,16 11200 0,00469 0,320 1,1E-04

    Média 60 0,05

    b = 0,00064; a = 0,00736; S y/x = 0,00404; Sb = 0,00004; Sa = 0,00018

    LOD = 0,84710 mmol L -1; LOD = 39,02578 mg L -1; LOQ = 117,07735 mg L -1

    O mesmo estudo foi aplicado ao eletrodo C e os resultados voltamétricos

    para as diferentes concentrações de etanol estão apresentados na Figura 13. Pode-

    se observar que a corrente de pico aumenta com o aumento da concentração de

    etanol, porém não se observa a formação de picos definidos.

  • 55

    0,00 0,15 0,30 0,45 0,60 0,75-40

    0

    40

    80

    120

    160

    I / µ

    A

    E / V

    Figura 13: Voltamogramas cíclicos para o etanol sobre eletrodo C em diferentes concentrações (v= 50 mV s-1). Concentrações: 0 (―); 0,01 (―); 0,02 (―); 0,03 (―); 0,04 (―); 0,05 (―); 0,06 (―) mol L-1.

    A dependência linear entre a corrente de pico e a concentração de etanol foi

    testada pelo coeficiente de correlação produto-momento descrito anteriormente.

    Com o valor r = 0,9938 comprova a linearidade da curva analítica apresentada na

    Figura 14.

    O tratamento estatístico aplicado ao eletrodo C está apresentado na Tabela

    4. A equação da reta é descrita por Ip = (0,0038±0,0010)x10-3 A + (0,0017±0,0003)

    A(molL-1)-1 [etanol]x10-3 mol L-1. Os limites são dados por LOD = (32,3789±0,0010)

    mg L-1 e LOQ = (97,1366±0,0010) mg L-1.

  • 56

    0,00 0,02 0,04 0,06

    40

    80

    120

    I p / µ

    A

    [etanol] / mol L-1

    Figura 14: Dependência linear entre a corrente de pico e a concentração de etanol, sobre o eletrodo C.

    Tabela 4: Parâmetros estatísticos para determinação de etanol sobre o eletrodo C.

    X

    (mmolL -1)

    Y

    (mA)

    x-mx y-my (x-mx).

    (y-my)

    (x-mx) 2 (y-my) 2 ycalc (y-ycal)2

    0 0,03 -30 -0,06 1,66 900 0,0031 0,03 1,4E-05

    10 0,054 -20 -0,03 0,63 400 0,0010 0,05 9,0E-06

    20 0,07 -10 -0,02 0,15 100 0,0002 0,07 3,2E-06

    30 0,08 0 -0,01 0,00 0 0,0000 0,09 2,9E-05

    40 0,111 10 0,03 0,26 100 0,0007 0,10 7,0E-05

    50 0,12 20 0,03 0,69 400 0,0012 0,12 2,0E-08

    60 0,133 30 0,05 1,43 900 0,0023 0,14 1,7E-05

    Σ 210 0,598 0 0,00 4,82 2800 0,0084 0,60 1,4E-04

    Média 30 0,09

    b = 0,0017; a = 0,0338; S y/x = 0,0004; Sb =0,0001; Sa = 0,0004

    LOD = 0,7028 mmol L -1; LOD = 32,3789 mg L -1; LOQ = 97,1366 mg L -1

  • 57

    5.3 Nanoestrutura

    As propriedades físicas das nanopartículas metálicas estão atraindo grande

    interesse por poderem apresentar diferenças significativas como resultado do efeito

    do tamanho ou da superfície. 52,53,54 Entretanto, essas propriedades são altamente

    dependentes do tamanho das partículas e da presença ou não de interações entre

    suas superfícies e ligantes, contaminantes ou suporte. Assim, para esse fim se

    requer a necessidade do controle preciso do tamanho e da distribuição das

    partículas, assim como do estado de sua superfície. Nesta perspectiva, o uso de

    precursores organometálicos tem recentemente gerado interesse de diferentes

    Grupos de Pesquisas, desde que possa conduzir às partículas com uma superfície

    bem controlada e, em alguns casos, um tamanho ajustável. Por isso, neste trabalho,

    tentou-se desenvolver um eletrodo de nanotubo de níquel para ser aplicado na

    oxidação de etanol. A síntese do nanotubo foi reproduzida como descrito no trabalho

    de Zhu et al. (2002). 43

    Os detalhes experimentais desta síntese estão relatados no item

    Experimental, acima.

    5.3.1 Caracterização

    Diferentes técnicas experimentais foram utilizadas para se caracterizar as

    estruturas obtidas. Elas são detalhadas a seguir.

  • 58

    5.3.1.1 Microscopia de transmissão eletrônica

    A morfologia do sólido foi observada por microscopia eletrônica de

    transmissão, e está apresentada na Figura 15.

    Figura 15: Imagem de microscopia de transmissão eletrônica do Ni nanoestruturado.

    Através da imagem podemos observar que não se formou os nanotubos de

    níquel como apresentado no trabalho de Zhu et al. (2006) 43, obtendo-se apenas

    estruturas de níquel em escala nanométrica. Embora não se tenha uma morfologia

    indicativa dos nanotubos, a superfície obtida ainda pode ser utilizada para a

    determinação do etanol, pois apresenta uma grande área superficial.

    5.3.1.2 Voltametria cíclica

    O eletrodo preparado com o sólido de nanoestruturas de níquel (denominado

    eletrodo D) foi caracterizado por voltametria cíclica em meio de NaOH 0,5 M. O perfil

  • 59

    do eletrodo encontra-se na Figura 16, comparado com o perfil obtido para o eletrodo

    de níquel convencional (eletrodo E).

    0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7

    -0,4

    0,0

    0,4

    0,8

    I / m

    A

    E / V

    Figura 16: Voltamogramas cíclicos de estado estacionário para os eletrodos D (―) e E (―) em meio de NaOH 0,5 M; v=50 mV s-1.

    Por meio dos voltamogramas cíclicos pode-se observar que o eletrodo D

    apresenta um perfil voltamétrico bastante diferenciado, em relação ao do níquel liso.

    Uma diferença importante está relacionada com o aumento da espessura dos picos

    voltamétricos, provavelmente associado a uma distribuição energética

    completamente diferente, obtida na superfície nanométrica, conforme era de se

    esperar para as nanoestruturas. Além disto, observa-se ainda um grande efeito de

    área, relacionado com o aumento das densidades de corrente. Assim, este eletrodo

    nanoestruturado é bastante distinto do eletrodo de Ni liso e deve ser avaliado quanto

    à sua utilidade para a oxidação do etanol.