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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – CAMPUS IX
DCH – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
COLEGIADO DE ENGENHARIA AGRONÔMICA
ÂNGELA BERNARDINO BARBOSA
DENISE LEÃO CASSIANO VIEIRA
ELOÍSA LEÃO CASSIANO
MYLENA RODRIGUES OLIVEIRA SOUZA
TAMIRE BRITO DAS CHAGAS
INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA (ILP) NA VISÃO DO PECUARISTA
BARREIRAS
2018
ÂNGELA BERNARDINO BARBOSA
DENISE LEÃO CASSIANO VIEIRA
ELOÍSA LEÃO CASSIANO
MYLENA RODRIGUES OLIVEIRA SOUZA
TAMIRE BRITO DAS CHAGAS
INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA (ILP) NA VISÃO DO PECUARISTA
.
BARREIRAS
2018
Trabalho apresentado ao Departamento de
Ciências Humanas da UNEB - Universidade do
Estado da Bahia - Campus IX, como requisito
parcial para a avaliação da disciplina de
Integração Lavoura-Pecuária do Curso de
Engenharia Agronômica, sob orientação do Profº
Dr. Danilo Gusmão de Quadros
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 3
2 MODALIDADES DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA ........................ 4
3 OBJETIVOS DA INTEGRAÇÃO LAVOURA – PECUÁRIA ............................. 5
4 BENEFÍCIOS DA INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA .............................. 7
5 ÍNDICES ZOOTÉCNICOS ...................................................................................... 8
5.1 PRINCIPAIS ÍNDICES ZOOTECNICOS A SEREM AVALIADOS DENTRO DE
UMA PROPRIEDADE .......................................................................................................... 8
6 PERFIL DA PECUÁRIA BRASILEIRA .............................................................. 13
7 IMPACTOS DA INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA NA PRODUÇÃO
DE BOVINOS ......................................................................................................................... 14
8 DEGRADAÇÃO DE PASTAGENS ....................................................................... 15
8.1 COMO SABER SE A PASTAGEM ESTÁ DEGRADANDO............................... 15
8.2 COMO IDENTIFICAR O NÍVEL DE DEGRADAÇÃO DA PASTAGEM ......... 16
8.3 COMO RECUPERAR PASTAGENS DEGRADADAS........................................ 19
8.4 COMO EVITAR A DEGRADAÇÃO DA PASTAGEM ....................................... 20
9 MAPEAMENTO DA DEGRADAÇÃO DE PASTAGENS NO CERRADO ..... 21
10 SISTEMA BARREIRÃO ........................................................................................ 23
11 SISTEMA SANTA BRÍGIDA ................................................................................ 26
11.1 ESTABELECIMENTO DO SISTEMA ................................................................ 29
12 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 33
REFFERENCIAS ............................................................................................................. 34
3
1 INTRODUÇÃO
A demanda crescente por alimentos, bioenergia e produtos florestais, em
contraposição à necessidade de redução de desmatamento e mitigação da emissão de gases de
efeito estufa, requer soluções que permitam incentivar o desenvolvimento socioeconômico,
sem comprometer a sustentabilidade dos recursos naturais. A intensificação do uso da terra
em áreas agrícolas e o aumento da eficiência dos sistemas de produção podem contribuir para
harmonizar esses interesses. É nesse cenário que a estratégia de integração
lavoura-pecuária-floresta, que contempla os sistemas integração lavoura-pecuária,
silviagrícolas, silvipastoris e agrossilvipastoris (Balbino et al., 2011), tem sido apontada como
alternativa para conciliar esses conflitos de interesse da sociedade. De acordo com Wilkins
(2008), os sistemas mistos de produção agrícola são mais sustentáveis do que os sistemas
especializados em produção de grãos e fibra.
A integração lavoura-pecuária consiste na implantação de diferentes sistemas
produtivos de grãos, fibras, carne, leite, agroenergia, entre outros, na mesma área, em plantio
consorciado, sequencial ou rotacional (Macedo, 2009). O uso da terra é alternado, no tempo e
no espaço, entre lavoura e pecuária. O interesse, nesse modelo de exploração, apoia-se nos
benefícios que podem ser auferidos pelo sinergismo entre pastagens e culturas anuais, como:
melhoria das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo; quebra de ciclo de doenças e
redução de insetos-pragas e de plantas daninhas; redução de riscos econômicos pela
diversificação de atividades; e redução de custo na recuperação e na renovação de pastagens
em processo de degradação.
O objetivo deste trabalho foi analisar os benefícios e as perspectivas potenciais de
sistemas de integração lavoura-pecuária no processo de intensificação de uso das áreas em
exploração com lavoura de grãos e pastagens, descrevendo os sistemas mais utilizados.
4
2 MODALIDADES DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA
No Cerrado, vários sistemas de integração lavoura-pecuária são modulados de acordo
com o perfil e os objetivos da fazenda. As diferenças nos sistemas podem ser atribuídas às
peculiaridades regionais e da propriedade, como condições de clima e de solo, infraestrutura,
experiência do produtor e tecnologia disponível.
Três modalidades de integração se destacam:
Fazendas de pecuária, em que culturas de grãos (arroz, soja, milho e sorgo) são
introduzidas em áreas de pastagens para recuperar a produtividade dos pastos;
Fazendas especializadas em lavouras de grãos, que utilizam gramíneas forrageiras para
melhorar a cobertura de solo em sistema plantio direto, e, na entressafra, para uso da forragem
na alimentação de bovinos ("safrinha de boi");
Fazendas que, sistematicamente, adotam a rotação de pasto e lavoura para intensificar
o uso da terra e se beneficiar do sinergismo entre as duas atividades.
Esses sistemas podem ser praticados por parcerias entre lavoureiros e pecuaristas.
Nessas parcerias, além de se aproveitar a forragem produzida no consórcio, os resíduos da
colheita de grãos ("bandinha e casquinha de soja", "piolho de algodão", palhada de milho,
entre outros) são utilizados como suplementos para a alimentação animal, no período de seca,
em pastejo ou em confinamento.
Por ocasionar competição entre a forrageira e as culturas, o plantio consorciado de
capim com cultura de grãos nem sempre maximiza a produtividade dos componentes. Sem a
adoção da tecnologia correta, mais adequada para as condições da área, podem ocorrer perdas
expressivas de produtividade da lavoura de grãos (Kluthcouski& Aidar, 2003) ou redução na
biomassa de forragem (Jakelaitiset al., 2005), o que compromete a produção animal na
entressafra.
5
3 OBJETIVOS DA INTEGRAÇÃO LAVOURA – PECUÁRIA
Os principais objetivos da ILP podem ser enumerados como se segue:
Recuperação ou reforma de pastagens degradadas.
Este é o principal objetivo da integração. Nesse sistema, as lavouras são utilizadas a
fim de que a produção de grãos pague, pelo menos em parte, os custos da recuperação ou da
reforma das pastagens. Na área da pastagem degradada, cultiva-se grãos por um, dois ou mais
anos e, depois, volta-se com a pastagem, que vai aproveitar os nutrientes residuais das
lavouras na produção de forragem. Para evitar outro ciclo de degradação, é necessário
elaborar um cronograma de adubação de manutenção da pastagem recém-implantada
(Alvarenga, 2004). È importante salientar que para a maioria dos solos de Minas Gerais,
assim como do Brasil, caso não sejam feitas adubações de manutenção, esse método dá
resultado nos primeiros dois ou três anos. Após esse período, a pastagem sofre novo ciclo de
degradação, devido ao esgotamento dos nutrientes que entraram no sistema via adubação das
lavouras. Então, é necessário cultivar lavouras novamente na área para reposição de nutrientes
(Moraes, 1993).
Melhorar as condições físicas e biológicas do solo com a pastagem na área de
lavoura.
As pastagens deixam quantidades apreciáveis de palha sobre o solo e de raízes no
perfil do solo. Isso tende a aumentar a matéria orgânica, que é fundamental na melhoria da
estrutura física do solo. Ela também é fonte de carbono para os meso e os microrganismos do
solo. Além disso, a decomposição das raízes cria uma rede de canalículos no solo de
importância nas trocas gasosas e uma movimentação descendente de água (Moraes, 1993,
Macedo e Zimmer, 1993). Esse novo ambiente, criado no solo pela ILP, é fundamental para
impactar positivamente tanto a sua sustentabilidade quanto a produtividade do sistema
agropecuário.
Recuperar a fertilidade do solo com a lavoura na área de pastagens degradadas.
6
A correção química do solo e a adubação para cultivo de lavouras recuperam a
fertilidade do solo, aumentando a oferta de nutrientes para o pasto e, por conseguinte, o seu
potencial de produção (Alvarenga, 2004).
Produzir pasto, forragem conservada e grãos para alimentação animal na
estação seca.
Além da produção de silagem e de grãos, a ILP possibilita que a pastagem produzida
no consórcio seja utilizada durante a estação seca. A correção do perfil de solo proporciona
melhor desenvolvimento do sistema radicular da forrageira que, assim, aprofunda-se no perfil
e absorve água a maiores profundidades, conferindo ao solo maior persistência durante a
estação seca (Alvarenga, 2004).
Reduzir os custos, tanto da atividade agrícola quanto da pecuária.
Como há ganho em produtividade tanto das lavouras quanto das pastagens, menor
demanda por defensivos agrícolas e melhor aproveitamento da mão-de-obra, dentre outros
fatores, os custos de produção são reduzidos (Alvarenga, 2004, Maraschin, 1985).
Aumentar a estabilidade de renda do produtor.
A diversificação de culturas nos sistemas de rotação e o aumento de produtividade
conferem maior estabilidade de renda, pois diminuem os riscos inerentes ao cultivo de uma
única cultura (Alvarenga, 2004).
Modelos de renovação ou reforma de pastagens
A reforma de pastagem não é um assunto novo, mas apenas a poucos anos tem sido
abordada de uma forma abrangente, devido à necessidade dos agropecuaristas em melhorar a
rentabilidade de suas operações através da redução dos custos pela melhorias na eficiência de
produção.
7
4 BENEFÍCIOS DA INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA
• Aumento na produção de grãos e carne.
• Redução nos custos de produção.
• Produtores mais capitalizados.
• Melhoramento e conservação das características produtivas do solo.
• Desenvolvimento do setor rural.
• Maior estabilidade econômica.
• Geração de empregos diretos e indiretos.
• Sustentabilidade da agropecuária.
Outras vantagens da integração lavoura-pecuária são destacadas por Spain et al.
(1996):
• aumento da atividade biológica do solo;
• maior eficiência na reciclagem de nutrientes; melhoramento das propriedades físicas
e químicas do solo;
• melhor oferta e qualidade das forrageiras na estação seca e agregação de valores com
maior rentabilidade do que em qualquer das atividades isoladas.
8
5 ÍNDICES ZOOTÉCNICOS
Segundo Mion et al. (2012) o mercado de leite no Brasil é conhecido por apresentar
tendências instáveis e impor margens estreitas ao produtor, neste contexto é necessário o uso
de ferramentas gerenciais que contribuam para a tomada de decisões por parte do produtor.
A rentabilidade da atividade está diretamente ligada aos indicadores zootécnicos e
econômicos, uma vez que eles têm influência direta na produção e consequentemente nos
lucros (LOPES; CARDOSO, DEMEU, 2009).
Os Índices Zootécnicos (IZ) são dados produtivos e qualitativos, referentes aos
segmentos da exploração. Eles refletem em forma numérica (relação entre dados) o
desempenho dos diversos parâmetros da exploração pecuária.
5.1 PRINCIPAIS ÍNDICES ZOOTECNICOS A SEREM AVALIADOS DENTRO DE
UMA PROPRIEDADE
ÍNDICE DE FERTILIDADE
É a relação do número de fêmeas em cobertura que ficaram prenhes em determinado
período de exposição reprodutiva. Para evitar prejuízos esse índice deve ser igual ou superior
a 80%.
Índice de Fertilidade = nº de fêmeas prenhas x 100 / nº de fêmeas em cobertura
ÍNDICE DE FECUNDIDADE OU NATALIDADE
É a forma de medir o resultado das fêmeas que foram submetidas à cobertura,
emprenharam e quantas levaram a gestação a termo.
Índice de natalidade = nº de bezerros nascidos x 100 / nº de fêmeas em cobertura
9
ÍNDICE DE MORTALIDADE INTRA-UTERINA
representa o índice de perdas de animais que foram abortados, reabsorvidos ou
natimortos. Esse índice é muito importante, pois, pode ajudar a identificar problemas
sanitários, através de exames realizados por médicos veterinários, que muitas vezes passam
despercebidos pelo produtor (neospora, brucelose, vibriose, campilobacteriose entre outras).
Índice mortalidade intra uterina = nº de fêmeas – nº de vacas que pariram x 100 / nº de
fêmeas prenhas
% DE VACAS EM LACTAÇÃO
É definido pelo número de animais em produção dividido pelo número total de vacas
da propriedade. Os rebanhos com valores inferiores a 80% indicam uma proporção muito alta
da vacas secas o que, por sua vez, pode indicar inadequado desempenho reprodutivo do
rebanho ou uma baixa persistência na lactação.
% vacas em lactação = (nº de vacas em lactação / nº de vacas total do rebanho) x 100
PRODUÇÃO DE LEITE
A utilização do controle leiteiro é muito importante e pode fornecer parâmetros quanto
à produção média total para cada vaca no rebanho. Além disso, as anotações diárias de
produção total, permite avaliar a eficiência do manejo nutricional e sanitário do rebanho, já
que grandes variações podem estar relacionadas a esses principais fatores.
DURAÇÃO DA LACTAÇÃO
A persistência na lactação é de 305 dias, em média. Porém, esses IZ pode variar
devido ao grau de sangue das raças no rebanho, ou seja, gado mestiços tem em média 280
dias.
IDADE DO PRIMEIRO PARTO (IPP)
Segundo a EMBRAPA, a idade ao primeiro parto é dependente do manejo alimentar
das novilhas durante a recria. O ideal é que o primeiro parto ocorra aos 24 meses de idade.
Entretanto, deve-se respeitar um peso ao primeiro parto mínimo de 90% do peso à idade
adulta. Esse peso adulto é obtido das próprias vacas do rebanho, com mais de três partos.
10
Com a meta de peso ao primeiro parto, devem-se estabelecer as metas de ganho de peso
durante a fase de recria. Para novilhas mestiças, recriadas a pasto, o ganho de peso tende a ser
menor, com maior idade ao primeiro parto, que pode variar de 28 a 32 meses.
PERÍODO DE SERVIÇO (PS)
É o número de dias entre o parto e a inseminação ou cobertura de sucesso, que deu
início a uma nova gestação. Recomenda-se que o OS esteja no máximo em 85 dias, já que
esse resultado é influenciador direto do intervalo entre partos.
INTERVALO ENTRE PARTOS (IEP)
É o tempo decorrido entre dois partos consecutivos de uma mesma vaca. O período
ideal seria entre 12 e 14 meses. Porém, quando maior que 12 meses pode estar relacionado a
um período de anestro pós-parto, a falhas na detecção de cios ou a repetição de cios. Quando
prolongado o IEP, este pode diminuir o nº de vacas em lactação, aumentar o intervalo de
gerações e diminuir a intensidade de seleção. Quanto menor for esse período, menor será o
intervalo de gerações e mais rápida será a resposta ao processo de seleção. (RANGEL et al.
2008)
PERÍODO DE GESTAÇÃO
Em média 283 dias. Compreende o período desde a concepção até o parto.
TAXA DE CONCEPÇÃO
Expressa a fertilidade de cada serviço.
TC = (nº de vacas prenhes / nº de vacas inseminadas) x 100
TAXA DE SERVIÇO
Esse valor é calculado levando em conta as vacas aptas no período de 21 dias. Esse
parâmetro é muito complexo, levando em conta o manejo reprodutivo adotado na maior parte
das propriedades.
TS = (nº vacas inseminadas / nº vacas aptas) x 100
TAXA DE PRENHEZ
11
Essa taxa mede a velocidade em que as vacas aptas se tornam gestantes a cada
intervalo de 21 dias.
TP = (Taxa de serviço (TS) x Taxa de concepção (TC))
NÚMERO DE SERVIÇOS POR CONCEPÇÃO
É a relação entre o número de animais cobertos (Inseminação artificial – IA ou Monta
Natural – MN) e o número de animais prenhes. Pode ser usado como uma avaliação da taxa
de concepção.
NS = nº de serviços / concepção = 100/TC
Em resumo, na Tabela 1, será apresentado o que se chama de IZ ótimos. Essa tabela
visa auxiliar os produtores para avaliar os índices encontrados nas suas propriedades, e com
isso pode se orientar onde é preciso e atuar de forma a minimizar essas perdas econômicas,
produtivas e reprodutivas.
TAXA DE DESFRUTE
Este índice mensura o quanto se vende do que se tem.
Taxa de desfrute = (estoque final – estoque inicial – compras + vendas) / estoque
inicial
Ou
Taxa de desfrute = nº animais abatidos (vendidos) x 100 / rebanho
12
ÍNDICE ZOOTÉCNICO UNIDADE IDEAL
Produção por Lactação
(HPB/Mestica HZ)
1000 KG
6 a 7/3,5 a 4
Duração da Lactação
Meses 10 a 12
Persistência da Lactação
% 89
Vacas em Lactação
% 80 a 83
Período Seco Dias
60
Descarte de vacas/ano %
20 a 25
Idade a cobrição novilhas
(HPB/Mestiça HZ)
Meses
15 a 17/21 a 22
Idade ao 1º parto
(HPB/Mestiça HZ) Meses 24 a 26/29 a 31
Intervalo entre Partos
Meses 12,5
Período de Serviço Dias
Até 100
Primeiro Cio pós-parto
Dias 20 a 30
Prenhez ao primeiro
serviço % 65 a 75
Número de Serviços por
concepção Até 1,5
Tabela 1. Valores considerados ideias para os IZ.
13
6 PERFIL DA PECUÁRIA BRASILEIRA
O Brasil possui 209,13 milhões de cabeças de gado distribuídos em 167 milhões de
hectares. Uma lotação de 1,25 cabeça por hectare. Em 2015, a produção brasileira de carne
bovina foi de 39,16 milhões de cabeças abatidas (Figura 1).
A exportação foi de 1,88 milhão de toneladas equivalente carcaça, representando
19,63% da produção. Já o mercado interno foi responsável por consumir 81% da carne
produzida no Brasil em 2015, resultando em um consumo igual a 38,6 kg de carne
bovina/pessoa/ano.
Figura 1 – Perfil da Pecuária Brasileira – 2015
A exportação foi de 1,88 milhão de toneladas equivalente carcaça, representando
19,63% da produção. Já o mercado interno foi responsável por consumir 81% da carne
produzida no Brasil em 2015, resultando em um consumo igual a 38,6 kg de carne
bovina/pessoa/ano.
Contudo, a agropecuária brasileira é uma das mais sustentáveis do mundo e um
exemplo para os outros países. Tendo 64% de áreas de florestas e reservas legais e 28,7% de
áreas produtivas.
Fonte: ABIEC
14
O crescimento da agropecuária brasileira, nos últimos cinco anos, foi impulsionado
principalmente pela produtividade, que cresceu à taxa de 4% ao ano. A figura 2 mostra a
relação produtividade por área de pastagem.
Figura 2 – Evolução da área de pastagens no Brasil e produtividade
Fonte: Agroconsult, IBGE – Elaboração ABIEC
7 IMPACTOS DA INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA NA PRODUÇÃO DE
BOVINOS
São diversos os estudos que mostram que a integração lavoura-pecuária apresenta
como uma das vantagens o aumento da capacidade de suporte das pastagens e
consequentemente uma maior produtividade animal, quando comparadas aos sistemas de
pastagens degradadas. O consórcio de grãos com as forrageiras tropicais, como as braquiárias,
aumentam a produtividade anual de ganho de peso vivo dos animais, mesmo na época seca,
apresentando média acima da esperada em situações de pastagens degradadas, permitindo
redução significativa na idade média de abate dos animais (Magnabosco et al., 2003).
15
8 DEGRADAÇÃO DE PASTAGENS
A degradação de pastagens ocorre em todas as regiões do Brasil, contribuindo para
que uma proporção considerável das áreas de pastagens no País esteja sendo usada muito
abaixo do seu real potencial.
Os solos, nas áreas agrícolas, mostraram graves problemas de compactação e erosão.
A pecuária, por sua vez, teve reduzido os seus níveis de produtividade devido à degradação,
sendo este um grande problema atual, particularmente nos Cerrados.
Entende-se por degradação de pastagens “o processo evolutivo da perda de vigor, de
produtividade, de capacidade de recuperação natural das pastagens para sustentar os níveis de
produção e qualidade exigida pelos animais, assim como superar os efeitos nocivos de pragas,
doenças e invasoras, culminando com a degradação avançada dos recursos naturais em razão
de manejos inadequados” (Macedo, 1993).
A importância da degradação das pastagens fica evidente para o país quando se
considera a abrangência geográfica do processo. Apenas nos Cerrados, algumas estimativas
indicam que entre 50% e 80% apresentam algum grau de degradação (Vieira &Kichel, 1995).
8.1 COMO SABER SE A PASTAGEM ESTÁ DEGRADANDO
A forma mais prática de avaliar se a pastagem está degradando é acompanhar a sua
“capacidade de suporte” no decorrer do tempo. A capacidade de suporte é o número de
animais que é possível manter, em uma determinada área de pasto, sem ocasionar prejuízo
(perda de peso ou produção de leite) para o desempenho dos animais e para o
desenvolvimento da pastagem (pasto “rapado” ou pasto “passado”). Assim, se ano a ano o
número de animais possível de ser mantido em uma determinada pastagem estiver
diminuindo, muito provavelmente essa pastagem está degradando.
16
Outros indícios da degradação da pastagem são o aumento no percentual de plantas
daninhas e de áreas do solo descoberto (sem vegetação) e a consequente diminuição no
percentual de capim (ou de leguminosas forrageiras) na área da pastagem.
8.2 COMO IDENTIFICAR O NÍVEL DE DEGRADAÇÃO DA PASTAGEM
A degradação da pastagem é um processo de declínio de produtividade que avança
com o tempo. Isto é, o nível de degradação da pastagem tende a aumentar, caso nenhuma
medida de recuperação seja aplicada. Normalmente, quanto mais avançado estiver o nível de
degradação da pastagem, mais difícil, cara e demorada será a sua recuperação.
De modo geral, existem dois tipos extremos e principais de degradação da pastagem: a
“degradação agrícola” e a “degradação biológica”.
Na degradação agrícola, ocorre um aumento excessivo do percentual de plantas
daninhas na pastagem. Nesse tipo de degradação, a capacidade produtiva do pasto fica
temporariamente diminuída ou inviabilizada, por causa da competição pelas plantas daninhas
no capim e nas leguminosas forrageiras. Essa competição reduz sucessivamente a produção de
forragem e a eficiência de uso da pastagem pelo gado. Ou seja, o gado tem dificuldade em
selecionar e consumir a forragem, por causa da presença excessiva das plantas daninhas.
Na degradação biológica, a queda de produtividade da pastagem está principalmente
associada à deterioração do solo. Nesse caso, há um aumento na proporção de solo descoberto
(sem vegetação) na área da pastagem, facilitando a erosão, a perda de matéria orgânica e de
nutrientes do solo. A degradação biológica é uma condição mais drástica de degradação da
pastagem, pois também indica a degradação do solo.
Para facilitar a compreensão do fenômeno da degradação da pastagem, é possível
sugerir uma classificação composta por quatro níveis de degradação (Figura 3). Essa
classificação é baseada nas diversas variações de degradação agrícola e biológica possíveis de
ocorrer em uma pastagem.
17
Figura 3. Caracterização de níveis de degradação de pastagens. Fonte: Dias-Filho, M. B.
18
Dentro dos quatro níveis de degradação, é possível diferenciar dois grandes grupos de
pastagens. O primeiro grupo, denominado de “pastagens em degradação”, é constituído pelos
níveis um e dois de degradação. O segundo grupo, formado pelos níveis três e quatro, é o
grupo das “pastagens degradadas” propriamente ditas. Pastagens no nível três representam a
“degradação agrícola”, enquanto a “degradação biológica” é representada pelas pastagens no
nível quatro.
Figura 3. Caracterização de níveis de degradação de pastagens. Fonte: Dias-Filho, M. B.
19
8.3 COMO RECUPERAR PASTAGENS DEGRADADAS
Existem diferentes opções para reverter o processo de degradação das pastagens, isto
é, transformar pastos pouco produtivos ou improdutivos em pastos produtivos. Assim, de
acordo com o nível e o tipo de degradação da pastagem e a capacidade de investimento e
qualificação técnica do pecuarista, as opções são apresentadas a seguir.
RECUPERAÇÃO DIRETA
Recomposição da produtividade da pastagem e da cobertura do solo pelas forrageiras.
É a forma mais simples e relativamente menos onerosa de recuperar um pasto. Geralmente,
consiste em controlar as plantas daninhas e ajustar a fertilidade do solo, por meio de
adubação, com base em resultado de análise de solo. Em certas situações, pode haver a
necessidade de replantio das forrageiras, mas apenas nas áreas de solo descoberto, sem ser
necessário o preparo do solo. Na recuperação direta, pode não ser preciso interromper o uso
da pastagem (retirar os animais do pasto), mas, quando isso é necessário, o período é
relativamente curto (em torno de 30 dias). Esse tipo de intervenção é recomendado para
pastagens nos níveis um e dois de degradação.
RENOVAÇÃO
Formação de uma nova pastagem. Na renovação da pastagem, além da correção da
fertilidade do solo, também é feito o replantio da forrageira com mudança ou não da espécie.
Nesse caso, há necessidade de preparo do solo. Dependendo da situação, a renovação pode ter
um custo, em média, até três vezes maior do que o da recuperação direta. Na renovação, o uso
da área tem que ser interrompido por cerca de 90 dias, tempo necessário para formar a nova
pastagem. Esse tipo de intervenção é recomendado para pastagens nos níveis três e quatro de
degradação.
20
RECUPERAÇÃO/RENOVAÇÃO INDIRETA
Integração com lavoura ou floresta. Na recuperação/renovação indireta, a formação da
pastagem é integrada com o plantio de lavoura (ILP), lavoura mais floresta (ILPF) ou apenas
floresta (sistema silvipastoril), como forma de recuperar a fertilidade do solo, obter renda em
curto prazo, ou diversificar a geração de renda. Essa opção requer mais investimentos em
curto prazo, porém, geralmente, tem maior potencial de retorno do capital investido. Tem
ainda a vantagem de agregar outras atividades e novas fontes de renda na mesma área. Antes
de decidir-se por essa opção, é necessário escolher a cultura agrícola ou a espécie florestal
mais adequada e avaliar o mercado para os produtos esperados. Esta alternativa normalmente
exige mecanização total da área, preparo do solo, correção da acidez e nutrientes e novas
semeaduras. Além disso, também requer maior qualificação técnica do produtor e maior
emprego de mão de obra para implantação e manutenção desses sistemas.
A recuperação/renovação indireta pode ser, em média, cinco vezes mais cara do que a
recuperação direta da pastagem. Esse custo, entretanto, pode variar grandemente entre regiões
e de acordo com a conjuntura econômica vigente. A recuperação/ renovação indireta é
geralmente empregada para pastagens sob os níveis três e quatro de degradação.
8.4 COMO EVITAR A DEGRADAÇÃO DA PASTAGEM
O manejo preventivo é a forma mais eficaz para evitar a degradação da pastagem.
Assim, quando o manejo da pastagem é feito profissionalmente, desde a sua formação, isto é,
quando o produtor faz o controle rotineiro da taxa de lotação (número de animais por área de
pasto), analisa anualmente o solo, faz a manutenção periódica da sua fertilidade e controla as
plantas daninhas e insetos-praga, pastagem produtiva passa a ser o cenário dominante na
propriedade rural.
Dois sistemas de recuperação de pastagens são vantagens para o pecuarista no
processo de degradação de pastagens: o Sistema Barreirão e o Sistema Santa Brígida.
21
9 MAPEAMENTO DA DEGRADAÇÃO DE PASTAGENS NO CERRADO
Mais da metade das pastagens localizadas no Cerrado brasileiro podem estar em algum
estágio de degradação. São 32 milhões de hectares em que a qualidade do pasto está abaixo do
esperado, comprometendo a produtividade e gerando prejuízos econômicos e ambientais. Este
é o cenário considerado mais realista evidenciado pelo estudo desenvolvido pela Embrapa
Monitoramento por Satélite (SP). A recuperação poderia ajudar até a triplicar a produção de
carne nessas áreas ou contribuir para a expansão da agricultura, além de reduzir as emissões
de gases de efeito estufa.
O bioma Cerrado ocupa 203,4 milhões de hectares, o que corresponde a
aproximadamente 24% do território nacional, abrangendo o Distrito Federal e mais 11
estados. Com características únicas, tem importância estratégica no cultivo de grãos e na
pecuária, sendo o bioma com a maior produção agropecuária do País. Sozinho, responde por
55% da produção de carne. A pecuária tem participação significativa no produto interno bruto
(PIB) e gera 6,8 milhões de empregos diretos e indiretos (8,3% dos postos de trabalho totais).
Em todos os cenários o estudo aponta para uma concentração da ocorrência de
pastagens degradadas. Cerca de 80% dos locais em degradação foram encontrados nos
Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, são justamente aqueles
com as maiores extensões de áreas ocupadas por pastagem. O mapeamento pode auxiliar, por
exemplo, no direcionamento de recursos e na orientação de iniciativas de recuperação em
regiões prioritárias.
22
Fonte: Embrapa Monitoramento por Satélite, 2014. Sistema de Observação e
Monitoramento da Agricultura no Brasil (SOMABRASIL).
23
"Estima-se que se forem recuperadas de 12,5 a 18,4 milhões de hectares de pastagens é
possível um acréscimo na produção de carne bovina nessas áreas de 2,4 a 3,6 milhões de
toneladas por ano", afirma o pesquisador da Embrapa Ricardo Guimarães Andrade, um dos
responsáveis pela pesquisa. Ele ressalta que o Programa ABC tem por meta, até 2020, induzir
a recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas em todo o País.
10 SISTEMA BARREIRÃO
Esse sistema foi desenvolvido na década de 1980 pela Embrapa Arroz e Feijão (Santo
Antônio de Goiás-GO). Com ele, foi possível recuperar ou reformar imensas áreas com
pastagens degradadas. Ainda hoje ele é usado com essa finalidade servindo como preparação
para implantação da ILP no Sistema Santa Fé.
Primeiramente, deve-se fazer a avaliação do perfil do solo para verificar se há
presença de camada compactada ou adensada e conhecer a espessura do horizonte superficial.
Com base nos resultados das análises, fazer a correção da acidez do solo. É importante que a
aplicação do corretivo seja feita pelo menos 60 dias antes do plantio e que ainda haja umidade
suficiente no solo, para que o calcário reaja.
A cultura do milho é mais adaptada a solos anteriormente cultivados, principalmente
com soja, quando a cultura expressa melhor seu potencial produtivo. Como cultura de
primeiro ano, em solos recém-corrigidos ou após pastagem degradada, os rendimentos de
grãos são menores. Assim, o agricultor pode optar pelo plantio de variedade ou híbridos
duplos de menor custo.
A principal característica do Sistema Barreirão é a aração profunda com arado de
aiveca. As razões para se usar esse implemento são: fazer o condicionamento físico e químico
do solo rompendo camadas compactadas ou adensadas; inverter a camada de solo revolvida
para que haja incorporação profunda de corretivos; incorporar em profundidade o banco de
sementes de plantas daninhas para que essas não germinem ou tenham a emergência retardada
competindo menos com o milho; incorporar o sistema radicular de capins, acelerando a sua
mineralização para minimizar a concorrência com o milho pelo nitrogênio..
24
Para se obter um bom desempenho da cultura em áreas com pastagem degradada, onde
predominam solos ácidos e de baixa fertilidade, fazem-se necessários a correção mínima de
acidez e o suprimento de nutrientes adequados. A calagem, nesse caso, pode ser feita antes do
período chuvoso que antecede a semeadura (agosto/setembro). O melhor método consiste em
aplicar de 60% a 70% do calcário, incorporá-lo superficialmente com grade aradora, arar
profundamente (35 cm a 40 cm), aplicar o restante (30% a 40% do corretivo),
nivelar/destorroar e semear o milho e a forrageira.
No sistema Barreirão, os procedimentos de plantio do milho são os tradicionais. No
plantio simultâneo, dependendo da espécie da forrageira, as sementes desta são misturadas ou
não ao adubo do milho. É importante cuidar para que a mistura seja feita no dia do plantio e
regular a profundidade de deposição do adubo + sementes para maior profundidade, cuidando
para que não ultrapasse o limite para que haja emergência das plântulas, o que varia com a
espécie. Geralmente, sementes de braquiária podem ser depositadas até 8 cm e de panicum até
3 cm. As sementes do milho geralmente são depositadas a 3 cm de profundidade no solo.
Segundo Cobucciet al. (2007), este é um sistema que utiliza o plantio simultâneo de
culturas anuais com forrageiras e tem como objetivo principal a recuperação/renovação de
pastagens degradadas. Sua criação tinha como propósito reduzir custos na formação e/ou
recuperação das pastagens. As práticas que compõem o Sistema Barreirão, no entanto,
fundamentam-se na possibilidade de redução de riscos climáticos inerentes à cultura, que no
início centrava-se no arroz, e na correção, pelo menos parcial, das limitações físico-químicas
do solo. O maior benefício do Sistema Barreirão foi em um primeiro momento o de incentivar
os produtores para a necessidade de se recuperar/renovar pastagens degradadas e
posteriormente para as vantagens da integração lavoura-pecuária. Durante os períodos de
1987/88 e de 1990/94, segundo Cobucciet al. (2007) foram implantadas e/ou monitoradas 81
unidades de demonstração e/ou lavouras do Sistema Barreirão, em sete Estados da Federação
(GO, MT, MS, TO, MG, SP e BA).
Os rendimentos obtidos variaram de 600 a 3.415 kg ha-1 para o arroz de terras altas, e
de 2.100 a 7.430 kg ha-1 para o milho. As médias de rendimento, por hectare, foram: para o
arroz 33,5 sacas de 60 kg e para o milho 61,5 sacas de 60 kg (Tabela 2). Nenhuma das
lavouras do Sistema Barreirão, segundo os autores, sofreu perda total devido à má distribuição
das chuvas. As observações sobre as vantagens do Sistema Barreirão descrita pelos autores
eram de que: (i) as culturas anuais consorciadas raramente eram atacadas por doenças ou
25
pragas; (ii) não havia necessidade de se controlar plantas daninhas, graças ao ambiente
“pastagem degradada” e ao manejo do solo, utilizando a técnica da aração (profunda)
invertida (Oliveira et al., 1996), e; (iv) havia um controle altamente eficiente de cupins de
montículo até o terceiro ano após a recuperação/renovação da pastagem. Cobucciet al. (2007)
descrevem também que os autores concluíram que: (i) a exploração da pecuária com pasto
recuperado pelo Sistema Barreirão é uma atividade economicamente lucrativa devido à receita
gerada pela venda dos grãos, que cobre parte dos custos da formação da pastagem; (ii) a
recuperação/renovação de pastagem em consórcio com o milho é a melhor alternativa, desde
que se obtenha produtividade do milho em torno da média do Sistema Barreirão (3.600 kg ha-
1 ).
Tabela 2. Produtividades de arroz de terras altas e de milho obtidas em
unidades demonstrativas do Sistema Barreirão, em quatro safras, em
municípios de sete Estados da Federação.
Tabela 3. Produtividade e taxas de retorno diretas obtidas nas unidades demonstrativas do
Sistema Barreirão, implantadas em cinco safras agrícolas em diferentes municípios e Estados
Brasileiros.
26
Yokoyamaet al. (1998) avaliaram os impactos econômicos decorrentes da adoção do
Sistema Barreirão. A tecnologia, além de possibilitar rendimentos médios superiores à média
nacional (cerca de 1,7 t ha-1 e 2,0 t ha-1 para o arroz de terras altas e milho, respectivamente),
reduziu drasticamente os riscos de perdas por estiagem (Tabela 3).
Algumas das vantagens que o Sistema Barreirão apresenta são:
• ocupação da área para recuperação e/ou renovação por curto período de tempo
(setembro/outubro a março/abril), coincidindo com o período de possível sobra de pastagens
na propriedade;
• menor necessidade de infra-estrutura de produção, em relação ao sistema de rotação
lavoura-pecuária;
• correção de acidez do solo de acordo com as exigências das espécies a serem
consorciadas;
• redução apreciável de cupinzeiros de monte e plantas daninhas perenes;
• redução dos riscos de perdas por deficiência hídrica, devidos aos veranicos, graças ao
manejo diferenciado do solo;
• desenvolvimento vegetativo das forrageiras por mais tempo, no período seco; e
• retorno parcial ou total do capital aplicado a curto prazo, pela venda dos grãos
produzidos no consórcio.
11 SISTEMA SANTA BRÍGIDA
Em 2006, na cidade de Ipameri, GO, distante 196 km de Goiânia, estabeleceu-se a
parceria entre a Fazenda Santa Brígida, a empresa de máquinas e implementos agrícolas John
Deere e a Embrapa Arroz e Feijão, inicialmente, com o propósito de validar e transferir
tecnologias relacionadas à Integração Lavoura- Pecuária (ILP). A Fazenda Santa Brígida,
apesar de dispor de solos com ótimas propriedades físicas e topografia plana a suave
27
ondulada, até 2006, também apresentava um cenário de pastagens degradadas, tendo, porém,
recuperado cerca de 80% até a safra de 2006/2007.
A parceria entre a Embrapa, a Fazenda Santa Brígida e demais parceiros da iniciativa
privada possibilitou, por meio de inúmeros estudos de validação de práticas/técnicas, o
desenvolvimento de um sistema de consórcio de milho, braquiária e leguminosa,
preferencialmente, guandu-anão, denominado “Sistema Santa Brígida” (OLIVEIRA et al.,
2010).
O objetivo do Sistema Santa Brígida é inserir os adubos verdes no sistema de
produção, de modo a permitir um aumento do aporte de nitrogênio no solo, via fixação
biológica do nitrogênio atmosférico. A cultura subsequente pode se beneficiar do nitrogênio
proveniente das leguminosas, permitindo a redução no fornecimento de nitrogênio mineral.
Ainda, podem-se citar como vantagens desse sistema a melhoria na qualidade das pastagens,
quando no consórcio também se cultivam braquiárias, e a diversificação das palhadas, para o
Sistema Plantio Direto.
O diferencial desse sistema é que se trata da primeira oportunidade de inserção das
leguminosas nas pastagens por meio do consórcio com a cultura do milho, de modo que a
implantação segue, basicamente, as premissas dos sistemas de produção convencional de
milho, acrescentando-se as espécies forrageiras (gramínea e leguminosa).
O Sistema Santa Brígida representa, ainda, uma alternativa para o produtor
implementar a fixação biológica de nitrogênio no sistema de produção, que consiste em uma
das metas do Programa de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Programa ABC),
lançado pelo governo federal, em 2010, por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (BRASIL, 2010).
Aidar e Kluthcouski (2003) alertam que um dos mais sérios problemas da pecuária no
Cerrado brasileiro é a degradação das pastagens e dos solos, oriundos do manejo animal
inadequado, baixa fertilidade química do solo, impedimentos físicos, baixos investimentos
tecnológicos, etc., com consequências negativas na sustentabilidade dessa atividade (baixa
oferta de forragem, baixa produtividade de carne e de leite por hectare, baixo retorno
econômico e ineficiência).
28
No tocante à pecuária, além da falta de alimento de qualidade para os rebanhos
bovinos durante o inverno, os índices zootécnicos são baixos e muito inferiores ao potencial
genético animal disponível (MAGNABOSCO et al., 2001).
Diante do exposto, sugere-se que as áreas de pastagens degradadas sejam recuperadas
e utilizadas tanto para a produção de forragens, cujo destino é a produção bovina, quanto para
a produção de alimentos.
Nos sistemas de produção de lavouras, tanto o precedente cultural braquiária quanto a
sua palhada de cobertura do solo, têm mostrado vantagens incontestáveis para a produção
vegetal, reduzindo, principalmente, a necessidade de defensivos agrícolas. A decomposição
dos resíduos das culturas graníferas e das leguminosas pode elevar o aporte de N no solo, de
modo que a quantidade de fertilizante nitrogenada no cultivo subsequente seja reduzida.
No caso da Sistema Santa Brígida, o manejo do solo e culturas sob ILP têm promovido
melhorias em praticamente todos os atributos químicos e físicos do solo, muito
provavelmente em razão da presença de forrageiras do gênero braquiária. As pastagens bem
manejadas, em contraste com os cultivos anuais em plantio convencional e até aqueles em
plantio direto, têm a capacidade de aumentar o teor de MOS.
A implantação da forrageira via consórcio com milho, sorgo ou arroz, na época de
disponibilidade hídrica pluvial, viabiliza a produção de fitomassa no período de estiagem nos
Cerrados. A produção da pastagem de primeiro ano é elevada e as plantas permanecem verdes
e fotossinteticamente ativas durante os doze meses. Isso significa que toneladas de carbono
são fixadas pelas forrageiras.
Supõe-se que, caso os 50 milhões de hectares, hoje com pastagem degradadas nos
Cerrados, fossem recuperados para “pasto de média qualidade”, poderiam ser fixadas 528
milhões de toneladas de carbono a mais a cada ano.
Ao recuperar os cerca de 100 milhões de hectares de pastagem degradada o Brasil
seria capaz de duplicar a produção nacional de grãos; triplicar a capacidade de suporte das
pastagens; produzir carne de melhor qualidade a pasto, reduzindo, pela metade o tempo
necessário para o abate dos animais; triplicar a produção de leite; reduzir o uso de defensivos
agrícolas e o efeito dos veranicos; diminuir a demanda por nitrogênio; gerar oferta de
empregos com menores investimentos; reduzir o custo Brasil em fretes e transportes de
29
insumos e da produção agrícola; regularizar a distribuição de renda; e melhorar
substancialmente a qualidade ambiental.
A ILP é uma das alternativas mais baratas de se obter novos postos de trabalho. Por
um lado, em uma pecuária convencional, principalmente com pastos de baixa produtividade, é
normal observar que, para cada 1.000 bois, gera-se um novo posto de trabalho. Mesmo assim,
muitas vezes sem qualificação alguma. Na ILP, por outro lado, devido à incorporação da
componente lavoura, tem sido possível gerar até mais de um emprego direto para cada 100
hectares.
11.1 ESTABELECIMENTO DO SISTEMA
A implantação do Sistema Santa Brígida segue, basicamente, as premissas dos sistemas
de produção convencional de milho, acrescentando-se a espécie leguminosa. A dessecação da
área ou o preparo do solo obedecem às recomendações convencionais, sendo feita, pelo
menos, duas a três semanas antes da semeadura do milho e/ou da leguminosa.
A quantidade de sementes obedece às recomendações convencionais em termos de
quilos por hectare. É desejável que se obtenha uma população final entre 4 e 5 plantas por
metro ou 8 a 10 plantas por metro quadrado. No caso da produção de milho com espaçamento
reduzido, a semente da leguminosa pode ser misturada ao fertilizante, desde que a sua
incorporação não seja muito profunda, estabelecendo-se o consórcio na mesma fileira do
milho. Esse mesmo procedimento pode ser usado para espaçamentos maiores de milho (0,8 m
a 1,0 m), sendo, porém, recomendável a adição de uma fileira da leguminosa centralizada nas
entrelinhas do milho. Para o consórcio, as leguminas podem ser estabelecidas cerca de 10 a 15
dias após a emergência das plantas de milho. A colheita do milho não deve ser atrasada, sob
risco de dificuldades operacionais devido ao volume de massa verde acumulada pelas
leguminosas a partir da senescência do milho.
Além da leguminosa, pode-se também introduzir no sistema sementes de forrageiras
gramíneas. As forrageiras, podem ser semeadas imediatamente antes da cultura do milho ou
em pós-emergência da cultura do milho. As sementes podem ser misturadas a superfosfato
30
simples com as sementes da leguminosa e da braquiária, e semeá-las incorporando a 2 cm ou
3 cm de profundidade nas entrelinhas do milho. Após a colheita do milho, a área seja vedada
por cerca de 30 a 60 dias para que a forrageira se estabeleça plenamente e garanta boa
pastagem, proporcionando produção de grãos e de forragem de qualidade no período seco do
ano, crítico para a produção bovina a pasto.
Para cultivo dos adubos verdes é fundamental buscar a sincronização entre os ciclos da
leguminosa e da cultura de interesse econômico, visando maximizar o benefício dessa prática.
No cultivo simultâneo da leguminosa e da cultura principal, por exemplo, o adubo verde não
deve exercer grande competição, seu ciclo deverá estar sincronizado com a fase de
crescimento vegetativo da cultura econômica divido a demanda pelos nutrientes essenciais
(ESPINDOLA et al., 2004).
Tabela 4. Características de algumas leguminosas tropicais herbáceas e arbustiva utilizadas para
adubação verde.
31
Em novembro de 2014 á junho de 2015 no município de Botucatu-SP, Gomes, 2017
teve como objetivo avaliar um sistema integrado de produção agropecuária para produção de
silagem, com posterior formação da pastagem para os animais, com cultivo da cultura do
milho para silagem com espaçamento de 0,45 m: com e sem guandu cv. BRS Mandarim; e
duas braquiárias: capim-Marandu e o híbrido capim-convert. Sendo avaliadas a produtividade
de massa seca, a composição bromatológica da silagem e das características morfológicas dos
capins, do guandu e do milho, a digestibilidade da silagem e as perdas por efluentes. Os
efeitos estatísticos foram considerados ser significantes ao P < 0,05. A produtividade do
milho não apresentou diferença nos consórcios usados e a silagem proveniente do consorcio
com o guandu teve melhor valor nutritivo. O capim-convert mostrou ser uma opção de melhor
valor nutritivo para esse sistema e o capim-marandu apresentou uma estimativa de maior
ganho animal por área na forragem remanescente do consorcio.
Os valores de MS, MM, FDN e FDA não diferiram (P>0,05) entre os consórcios e os
capins, porém o valor de PB foi maior (P<0,05) nos consórcios com o capim-convert.
Tabela 5. Composição bromatológica do material colhido das braquiárias em
consorcio com o milho e/ou guandu na base em % da MS.
Os valores de MS e MM não tiveram diferenças significativas (P>0,05) entre os
tratamentos e também nos capins utilizados. Todas as silagens apresentaram teores de MS
32
dentro da faixa considerada adequada e próxima aos encontrados em silagem de milho devido
à maior proporção desse na massa ensilada.
Tabela 6. Composição bromatológica das silagens advindas dos consórcios de milho
com braquiárias e/ou guandu na base em % da MS.
A produtividade do milho não diferiu quando consorciado exclusivamente com os
capins e/ou com o guandu, demonstrando que a leguminosa não afetou a produtividade.
Portanto, o guandu pode ser uma alternativa para proporcionar maior diversidade na cobertura
de solo e aumentar o teor de proteína do material ensilado. A modalidade de sistema integrado
de produção agropecuária da cultura do milho com braquiárias e guandu constitui a melhor
opção para produção de silagem de maior valor nutritivo.
33
12 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em virtude dos aspectos observados, está cada vez mais evidente a necessidade de
considerar a sustentabilidade no setor produtivo e no agronegócio de uma forma geral. O
sistema de integração lavoura-pecuária proporciona benefícios ao eliminar ou mitigar a
degradação física, química e biológica do solo resultantes das explorações
convencionais. Diante disso, abre-se um leque de possibilidades, como a recuperação de
pastagens, manejo e construção da fertilidade do solo, rotação e/ou sucessão de culturas,
produção de alimentos, produção de volumosos, produção de madeira e fibras, como também
a produção de energia.
A ILP favorece a troca de espécies de plantas cultivadas, propiciando a rotação de
culturas favorecendo a diversidade, permitindo a utilização residual de uma espécie em
benefício de outra. Por outro lado, muda-se o conceito, ou seja, a propriedade rural passa para
uma condição de empresa do agronegócio produtora de proteína animal (carne) e proteína
vegetal (grãos), levando em consideração o apelo da sustentabilidade para o sistema produtivo
e com uma grande vantagem, que é a valorização da propriedade.
34
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