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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA CAMPUS IX DCH DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS COLEGIADO DE ENGENHARIA AGRONÔMICA ÂNGELA BERNARDINO BARBOSA DENISE LEÃO CASSIANO VIEIRA ELOÍSA LEÃO CASSIANO MYLENA RODRIGUES OLIVEIRA SOUZA TAMIRE BRITO DAS CHAGAS INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA (ILP) NA VISÃO DO PECUARISTA BARREIRAS 2018

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – CAMPUS IX

DCH – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS

COLEGIADO DE ENGENHARIA AGRONÔMICA

ÂNGELA BERNARDINO BARBOSA

DENISE LEÃO CASSIANO VIEIRA

ELOÍSA LEÃO CASSIANO

MYLENA RODRIGUES OLIVEIRA SOUZA

TAMIRE BRITO DAS CHAGAS

INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA (ILP) NA VISÃO DO PECUARISTA

BARREIRAS

2018

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ÂNGELA BERNARDINO BARBOSA

DENISE LEÃO CASSIANO VIEIRA

ELOÍSA LEÃO CASSIANO

MYLENA RODRIGUES OLIVEIRA SOUZA

TAMIRE BRITO DAS CHAGAS

INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA (ILP) NA VISÃO DO PECUARISTA

.

BARREIRAS

2018

Trabalho apresentado ao Departamento de

Ciências Humanas da UNEB - Universidade do

Estado da Bahia - Campus IX, como requisito

parcial para a avaliação da disciplina de

Integração Lavoura-Pecuária do Curso de

Engenharia Agronômica, sob orientação do Profº

Dr. Danilo Gusmão de Quadros

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 3

2 MODALIDADES DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA ........................ 4

3 OBJETIVOS DA INTEGRAÇÃO LAVOURA – PECUÁRIA ............................. 5

4 BENEFÍCIOS DA INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA .............................. 7

5 ÍNDICES ZOOTÉCNICOS ...................................................................................... 8

5.1 PRINCIPAIS ÍNDICES ZOOTECNICOS A SEREM AVALIADOS DENTRO DE

UMA PROPRIEDADE .......................................................................................................... 8

6 PERFIL DA PECUÁRIA BRASILEIRA .............................................................. 13

7 IMPACTOS DA INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA NA PRODUÇÃO

DE BOVINOS ......................................................................................................................... 14

8 DEGRADAÇÃO DE PASTAGENS ....................................................................... 15

8.1 COMO SABER SE A PASTAGEM ESTÁ DEGRADANDO............................... 15

8.2 COMO IDENTIFICAR O NÍVEL DE DEGRADAÇÃO DA PASTAGEM ......... 16

8.3 COMO RECUPERAR PASTAGENS DEGRADADAS........................................ 19

8.4 COMO EVITAR A DEGRADAÇÃO DA PASTAGEM ....................................... 20

9 MAPEAMENTO DA DEGRADAÇÃO DE PASTAGENS NO CERRADO ..... 21

10 SISTEMA BARREIRÃO ........................................................................................ 23

11 SISTEMA SANTA BRÍGIDA ................................................................................ 26

11.1 ESTABELECIMENTO DO SISTEMA ................................................................ 29

12 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 33

REFFERENCIAS ............................................................................................................. 34

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1 INTRODUÇÃO

A demanda crescente por alimentos, bioenergia e produtos florestais, em

contraposição à necessidade de redução de desmatamento e mitigação da emissão de gases de

efeito estufa, requer soluções que permitam incentivar o desenvolvimento socioeconômico,

sem comprometer a sustentabilidade dos recursos naturais. A intensificação do uso da terra

em áreas agrícolas e o aumento da eficiência dos sistemas de produção podem contribuir para

harmonizar esses interesses. É nesse cenário que a estratégia de integração

lavoura-pecuária-floresta, que contempla os sistemas integração lavoura-pecuária,

silviagrícolas, silvipastoris e agrossilvipastoris (Balbino et al., 2011), tem sido apontada como

alternativa para conciliar esses conflitos de interesse da sociedade. De acordo com Wilkins

(2008), os sistemas mistos de produção agrícola são mais sustentáveis do que os sistemas

especializados em produção de grãos e fibra.

A integração lavoura-pecuária consiste na implantação de diferentes sistemas

produtivos de grãos, fibras, carne, leite, agroenergia, entre outros, na mesma área, em plantio

consorciado, sequencial ou rotacional (Macedo, 2009). O uso da terra é alternado, no tempo e

no espaço, entre lavoura e pecuária. O interesse, nesse modelo de exploração, apoia-se nos

benefícios que podem ser auferidos pelo sinergismo entre pastagens e culturas anuais, como:

melhoria das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo; quebra de ciclo de doenças e

redução de insetos-pragas e de plantas daninhas; redução de riscos econômicos pela

diversificação de atividades; e redução de custo na recuperação e na renovação de pastagens

em processo de degradação.

O objetivo deste trabalho foi analisar os benefícios e as perspectivas potenciais de

sistemas de integração lavoura-pecuária no processo de intensificação de uso das áreas em

exploração com lavoura de grãos e pastagens, descrevendo os sistemas mais utilizados.

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2 MODALIDADES DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA

No Cerrado, vários sistemas de integração lavoura-pecuária são modulados de acordo

com o perfil e os objetivos da fazenda. As diferenças nos sistemas podem ser atribuídas às

peculiaridades regionais e da propriedade, como condições de clima e de solo, infraestrutura,

experiência do produtor e tecnologia disponível.

Três modalidades de integração se destacam:

Fazendas de pecuária, em que culturas de grãos (arroz, soja, milho e sorgo) são

introduzidas em áreas de pastagens para recuperar a produtividade dos pastos;

Fazendas especializadas em lavouras de grãos, que utilizam gramíneas forrageiras para

melhorar a cobertura de solo em sistema plantio direto, e, na entressafra, para uso da forragem

na alimentação de bovinos ("safrinha de boi");

Fazendas que, sistematicamente, adotam a rotação de pasto e lavoura para intensificar

o uso da terra e se beneficiar do sinergismo entre as duas atividades.

Esses sistemas podem ser praticados por parcerias entre lavoureiros e pecuaristas.

Nessas parcerias, além de se aproveitar a forragem produzida no consórcio, os resíduos da

colheita de grãos ("bandinha e casquinha de soja", "piolho de algodão", palhada de milho,

entre outros) são utilizados como suplementos para a alimentação animal, no período de seca,

em pastejo ou em confinamento.

Por ocasionar competição entre a forrageira e as culturas, o plantio consorciado de

capim com cultura de grãos nem sempre maximiza a produtividade dos componentes. Sem a

adoção da tecnologia correta, mais adequada para as condições da área, podem ocorrer perdas

expressivas de produtividade da lavoura de grãos (Kluthcouski& Aidar, 2003) ou redução na

biomassa de forragem (Jakelaitiset al., 2005), o que compromete a produção animal na

entressafra.

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3 OBJETIVOS DA INTEGRAÇÃO LAVOURA – PECUÁRIA

Os principais objetivos da ILP podem ser enumerados como se segue:

Recuperação ou reforma de pastagens degradadas.

Este é o principal objetivo da integração. Nesse sistema, as lavouras são utilizadas a

fim de que a produção de grãos pague, pelo menos em parte, os custos da recuperação ou da

reforma das pastagens. Na área da pastagem degradada, cultiva-se grãos por um, dois ou mais

anos e, depois, volta-se com a pastagem, que vai aproveitar os nutrientes residuais das

lavouras na produção de forragem. Para evitar outro ciclo de degradação, é necessário

elaborar um cronograma de adubação de manutenção da pastagem recém-implantada

(Alvarenga, 2004). È importante salientar que para a maioria dos solos de Minas Gerais,

assim como do Brasil, caso não sejam feitas adubações de manutenção, esse método dá

resultado nos primeiros dois ou três anos. Após esse período, a pastagem sofre novo ciclo de

degradação, devido ao esgotamento dos nutrientes que entraram no sistema via adubação das

lavouras. Então, é necessário cultivar lavouras novamente na área para reposição de nutrientes

(Moraes, 1993).

Melhorar as condições físicas e biológicas do solo com a pastagem na área de

lavoura.

As pastagens deixam quantidades apreciáveis de palha sobre o solo e de raízes no

perfil do solo. Isso tende a aumentar a matéria orgânica, que é fundamental na melhoria da

estrutura física do solo. Ela também é fonte de carbono para os meso e os microrganismos do

solo. Além disso, a decomposição das raízes cria uma rede de canalículos no solo de

importância nas trocas gasosas e uma movimentação descendente de água (Moraes, 1993,

Macedo e Zimmer, 1993). Esse novo ambiente, criado no solo pela ILP, é fundamental para

impactar positivamente tanto a sua sustentabilidade quanto a produtividade do sistema

agropecuário.

Recuperar a fertilidade do solo com a lavoura na área de pastagens degradadas.

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A correção química do solo e a adubação para cultivo de lavouras recuperam a

fertilidade do solo, aumentando a oferta de nutrientes para o pasto e, por conseguinte, o seu

potencial de produção (Alvarenga, 2004).

Produzir pasto, forragem conservada e grãos para alimentação animal na

estação seca.

Além da produção de silagem e de grãos, a ILP possibilita que a pastagem produzida

no consórcio seja utilizada durante a estação seca. A correção do perfil de solo proporciona

melhor desenvolvimento do sistema radicular da forrageira que, assim, aprofunda-se no perfil

e absorve água a maiores profundidades, conferindo ao solo maior persistência durante a

estação seca (Alvarenga, 2004).

Reduzir os custos, tanto da atividade agrícola quanto da pecuária.

Como há ganho em produtividade tanto das lavouras quanto das pastagens, menor

demanda por defensivos agrícolas e melhor aproveitamento da mão-de-obra, dentre outros

fatores, os custos de produção são reduzidos (Alvarenga, 2004, Maraschin, 1985).

Aumentar a estabilidade de renda do produtor.

A diversificação de culturas nos sistemas de rotação e o aumento de produtividade

conferem maior estabilidade de renda, pois diminuem os riscos inerentes ao cultivo de uma

única cultura (Alvarenga, 2004).

Modelos de renovação ou reforma de pastagens

A reforma de pastagem não é um assunto novo, mas apenas a poucos anos tem sido

abordada de uma forma abrangente, devido à necessidade dos agropecuaristas em melhorar a

rentabilidade de suas operações através da redução dos custos pela melhorias na eficiência de

produção.

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4 BENEFÍCIOS DA INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA

• Aumento na produção de grãos e carne.

• Redução nos custos de produção.

• Produtores mais capitalizados.

• Melhoramento e conservação das características produtivas do solo.

• Desenvolvimento do setor rural.

• Maior estabilidade econômica.

• Geração de empregos diretos e indiretos.

• Sustentabilidade da agropecuária.

Outras vantagens da integração lavoura-pecuária são destacadas por Spain et al.

(1996):

• aumento da atividade biológica do solo;

• maior eficiência na reciclagem de nutrientes; melhoramento das propriedades físicas

e químicas do solo;

• melhor oferta e qualidade das forrageiras na estação seca e agregação de valores com

maior rentabilidade do que em qualquer das atividades isoladas.

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5 ÍNDICES ZOOTÉCNICOS

Segundo Mion et al. (2012) o mercado de leite no Brasil é conhecido por apresentar

tendências instáveis e impor margens estreitas ao produtor, neste contexto é necessário o uso

de ferramentas gerenciais que contribuam para a tomada de decisões por parte do produtor.

A rentabilidade da atividade está diretamente ligada aos indicadores zootécnicos e

econômicos, uma vez que eles têm influência direta na produção e consequentemente nos

lucros (LOPES; CARDOSO, DEMEU, 2009).

Os Índices Zootécnicos (IZ) são dados produtivos e qualitativos, referentes aos

segmentos da exploração. Eles refletem em forma numérica (relação entre dados) o

desempenho dos diversos parâmetros da exploração pecuária.

5.1 PRINCIPAIS ÍNDICES ZOOTECNICOS A SEREM AVALIADOS DENTRO DE

UMA PROPRIEDADE

ÍNDICE DE FERTILIDADE

É a relação do número de fêmeas em cobertura que ficaram prenhes em determinado

período de exposição reprodutiva. Para evitar prejuízos esse índice deve ser igual ou superior

a 80%.

Índice de Fertilidade = nº de fêmeas prenhas x 100 / nº de fêmeas em cobertura

ÍNDICE DE FECUNDIDADE OU NATALIDADE

É a forma de medir o resultado das fêmeas que foram submetidas à cobertura,

emprenharam e quantas levaram a gestação a termo.

Índice de natalidade = nº de bezerros nascidos x 100 / nº de fêmeas em cobertura

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ÍNDICE DE MORTALIDADE INTRA-UTERINA

representa o índice de perdas de animais que foram abortados, reabsorvidos ou

natimortos. Esse índice é muito importante, pois, pode ajudar a identificar problemas

sanitários, através de exames realizados por médicos veterinários, que muitas vezes passam

despercebidos pelo produtor (neospora, brucelose, vibriose, campilobacteriose entre outras).

Índice mortalidade intra uterina = nº de fêmeas – nº de vacas que pariram x 100 / nº de

fêmeas prenhas

% DE VACAS EM LACTAÇÃO

É definido pelo número de animais em produção dividido pelo número total de vacas

da propriedade. Os rebanhos com valores inferiores a 80% indicam uma proporção muito alta

da vacas secas o que, por sua vez, pode indicar inadequado desempenho reprodutivo do

rebanho ou uma baixa persistência na lactação.

% vacas em lactação = (nº de vacas em lactação / nº de vacas total do rebanho) x 100

PRODUÇÃO DE LEITE

A utilização do controle leiteiro é muito importante e pode fornecer parâmetros quanto

à produção média total para cada vaca no rebanho. Além disso, as anotações diárias de

produção total, permite avaliar a eficiência do manejo nutricional e sanitário do rebanho, já

que grandes variações podem estar relacionadas a esses principais fatores.

DURAÇÃO DA LACTAÇÃO

A persistência na lactação é de 305 dias, em média. Porém, esses IZ pode variar

devido ao grau de sangue das raças no rebanho, ou seja, gado mestiços tem em média 280

dias.

IDADE DO PRIMEIRO PARTO (IPP)

Segundo a EMBRAPA, a idade ao primeiro parto é dependente do manejo alimentar

das novilhas durante a recria. O ideal é que o primeiro parto ocorra aos 24 meses de idade.

Entretanto, deve-se respeitar um peso ao primeiro parto mínimo de 90% do peso à idade

adulta. Esse peso adulto é obtido das próprias vacas do rebanho, com mais de três partos.

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Com a meta de peso ao primeiro parto, devem-se estabelecer as metas de ganho de peso

durante a fase de recria. Para novilhas mestiças, recriadas a pasto, o ganho de peso tende a ser

menor, com maior idade ao primeiro parto, que pode variar de 28 a 32 meses.

PERÍODO DE SERVIÇO (PS)

É o número de dias entre o parto e a inseminação ou cobertura de sucesso, que deu

início a uma nova gestação. Recomenda-se que o OS esteja no máximo em 85 dias, já que

esse resultado é influenciador direto do intervalo entre partos.

INTERVALO ENTRE PARTOS (IEP)

É o tempo decorrido entre dois partos consecutivos de uma mesma vaca. O período

ideal seria entre 12 e 14 meses. Porém, quando maior que 12 meses pode estar relacionado a

um período de anestro pós-parto, a falhas na detecção de cios ou a repetição de cios. Quando

prolongado o IEP, este pode diminuir o nº de vacas em lactação, aumentar o intervalo de

gerações e diminuir a intensidade de seleção. Quanto menor for esse período, menor será o

intervalo de gerações e mais rápida será a resposta ao processo de seleção. (RANGEL et al.

2008)

PERÍODO DE GESTAÇÃO

Em média 283 dias. Compreende o período desde a concepção até o parto.

TAXA DE CONCEPÇÃO

Expressa a fertilidade de cada serviço.

TC = (nº de vacas prenhes / nº de vacas inseminadas) x 100

TAXA DE SERVIÇO

Esse valor é calculado levando em conta as vacas aptas no período de 21 dias. Esse

parâmetro é muito complexo, levando em conta o manejo reprodutivo adotado na maior parte

das propriedades.

TS = (nº vacas inseminadas / nº vacas aptas) x 100

TAXA DE PRENHEZ

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Essa taxa mede a velocidade em que as vacas aptas se tornam gestantes a cada

intervalo de 21 dias.

TP = (Taxa de serviço (TS) x Taxa de concepção (TC))

NÚMERO DE SERVIÇOS POR CONCEPÇÃO

É a relação entre o número de animais cobertos (Inseminação artificial – IA ou Monta

Natural – MN) e o número de animais prenhes. Pode ser usado como uma avaliação da taxa

de concepção.

NS = nº de serviços / concepção = 100/TC

Em resumo, na Tabela 1, será apresentado o que se chama de IZ ótimos. Essa tabela

visa auxiliar os produtores para avaliar os índices encontrados nas suas propriedades, e com

isso pode se orientar onde é preciso e atuar de forma a minimizar essas perdas econômicas,

produtivas e reprodutivas.

TAXA DE DESFRUTE

Este índice mensura o quanto se vende do que se tem.

Taxa de desfrute = (estoque final – estoque inicial – compras + vendas) / estoque

inicial

Ou

Taxa de desfrute = nº animais abatidos (vendidos) x 100 / rebanho

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ÍNDICE ZOOTÉCNICO UNIDADE IDEAL

Produção por Lactação

(HPB/Mestica HZ)

1000 KG

6 a 7/3,5 a 4

Duração da Lactação

Meses 10 a 12

Persistência da Lactação

% 89

Vacas em Lactação

% 80 a 83

Período Seco Dias

60

Descarte de vacas/ano %

20 a 25

Idade a cobrição novilhas

(HPB/Mestiça HZ)

Meses

15 a 17/21 a 22

Idade ao 1º parto

(HPB/Mestiça HZ) Meses 24 a 26/29 a 31

Intervalo entre Partos

Meses 12,5

Período de Serviço Dias

Até 100

Primeiro Cio pós-parto

Dias 20 a 30

Prenhez ao primeiro

serviço % 65 a 75

Número de Serviços por

concepção Até 1,5

Tabela 1. Valores considerados ideias para os IZ.

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6 PERFIL DA PECUÁRIA BRASILEIRA

O Brasil possui 209,13 milhões de cabeças de gado distribuídos em 167 milhões de

hectares. Uma lotação de 1,25 cabeça por hectare. Em 2015, a produção brasileira de carne

bovina foi de 39,16 milhões de cabeças abatidas (Figura 1).

A exportação foi de 1,88 milhão de toneladas equivalente carcaça, representando

19,63% da produção. Já o mercado interno foi responsável por consumir 81% da carne

produzida no Brasil em 2015, resultando em um consumo igual a 38,6 kg de carne

bovina/pessoa/ano.

Figura 1 – Perfil da Pecuária Brasileira – 2015

A exportação foi de 1,88 milhão de toneladas equivalente carcaça, representando

19,63% da produção. Já o mercado interno foi responsável por consumir 81% da carne

produzida no Brasil em 2015, resultando em um consumo igual a 38,6 kg de carne

bovina/pessoa/ano.

Contudo, a agropecuária brasileira é uma das mais sustentáveis do mundo e um

exemplo para os outros países. Tendo 64% de áreas de florestas e reservas legais e 28,7% de

áreas produtivas.

Fonte: ABIEC

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O crescimento da agropecuária brasileira, nos últimos cinco anos, foi impulsionado

principalmente pela produtividade, que cresceu à taxa de 4% ao ano. A figura 2 mostra a

relação produtividade por área de pastagem.

Figura 2 – Evolução da área de pastagens no Brasil e produtividade

Fonte: Agroconsult, IBGE – Elaboração ABIEC

7 IMPACTOS DA INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA NA PRODUÇÃO DE

BOVINOS

São diversos os estudos que mostram que a integração lavoura-pecuária apresenta

como uma das vantagens o aumento da capacidade de suporte das pastagens e

consequentemente uma maior produtividade animal, quando comparadas aos sistemas de

pastagens degradadas. O consórcio de grãos com as forrageiras tropicais, como as braquiárias,

aumentam a produtividade anual de ganho de peso vivo dos animais, mesmo na época seca,

apresentando média acima da esperada em situações de pastagens degradadas, permitindo

redução significativa na idade média de abate dos animais (Magnabosco et al., 2003).

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8 DEGRADAÇÃO DE PASTAGENS

A degradação de pastagens ocorre em todas as regiões do Brasil, contribuindo para

que uma proporção considerável das áreas de pastagens no País esteja sendo usada muito

abaixo do seu real potencial.

Os solos, nas áreas agrícolas, mostraram graves problemas de compactação e erosão.

A pecuária, por sua vez, teve reduzido os seus níveis de produtividade devido à degradação,

sendo este um grande problema atual, particularmente nos Cerrados.

Entende-se por degradação de pastagens “o processo evolutivo da perda de vigor, de

produtividade, de capacidade de recuperação natural das pastagens para sustentar os níveis de

produção e qualidade exigida pelos animais, assim como superar os efeitos nocivos de pragas,

doenças e invasoras, culminando com a degradação avançada dos recursos naturais em razão

de manejos inadequados” (Macedo, 1993).

A importância da degradação das pastagens fica evidente para o país quando se

considera a abrangência geográfica do processo. Apenas nos Cerrados, algumas estimativas

indicam que entre 50% e 80% apresentam algum grau de degradação (Vieira &Kichel, 1995).

8.1 COMO SABER SE A PASTAGEM ESTÁ DEGRADANDO

A forma mais prática de avaliar se a pastagem está degradando é acompanhar a sua

“capacidade de suporte” no decorrer do tempo. A capacidade de suporte é o número de

animais que é possível manter, em uma determinada área de pasto, sem ocasionar prejuízo

(perda de peso ou produção de leite) para o desempenho dos animais e para o

desenvolvimento da pastagem (pasto “rapado” ou pasto “passado”). Assim, se ano a ano o

número de animais possível de ser mantido em uma determinada pastagem estiver

diminuindo, muito provavelmente essa pastagem está degradando.

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Outros indícios da degradação da pastagem são o aumento no percentual de plantas

daninhas e de áreas do solo descoberto (sem vegetação) e a consequente diminuição no

percentual de capim (ou de leguminosas forrageiras) na área da pastagem.

8.2 COMO IDENTIFICAR O NÍVEL DE DEGRADAÇÃO DA PASTAGEM

A degradação da pastagem é um processo de declínio de produtividade que avança

com o tempo. Isto é, o nível de degradação da pastagem tende a aumentar, caso nenhuma

medida de recuperação seja aplicada. Normalmente, quanto mais avançado estiver o nível de

degradação da pastagem, mais difícil, cara e demorada será a sua recuperação.

De modo geral, existem dois tipos extremos e principais de degradação da pastagem: a

“degradação agrícola” e a “degradação biológica”.

Na degradação agrícola, ocorre um aumento excessivo do percentual de plantas

daninhas na pastagem. Nesse tipo de degradação, a capacidade produtiva do pasto fica

temporariamente diminuída ou inviabilizada, por causa da competição pelas plantas daninhas

no capim e nas leguminosas forrageiras. Essa competição reduz sucessivamente a produção de

forragem e a eficiência de uso da pastagem pelo gado. Ou seja, o gado tem dificuldade em

selecionar e consumir a forragem, por causa da presença excessiva das plantas daninhas.

Na degradação biológica, a queda de produtividade da pastagem está principalmente

associada à deterioração do solo. Nesse caso, há um aumento na proporção de solo descoberto

(sem vegetação) na área da pastagem, facilitando a erosão, a perda de matéria orgânica e de

nutrientes do solo. A degradação biológica é uma condição mais drástica de degradação da

pastagem, pois também indica a degradação do solo.

Para facilitar a compreensão do fenômeno da degradação da pastagem, é possível

sugerir uma classificação composta por quatro níveis de degradação (Figura 3). Essa

classificação é baseada nas diversas variações de degradação agrícola e biológica possíveis de

ocorrer em uma pastagem.

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Figura 3. Caracterização de níveis de degradação de pastagens. Fonte: Dias-Filho, M. B.

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Dentro dos quatro níveis de degradação, é possível diferenciar dois grandes grupos de

pastagens. O primeiro grupo, denominado de “pastagens em degradação”, é constituído pelos

níveis um e dois de degradação. O segundo grupo, formado pelos níveis três e quatro, é o

grupo das “pastagens degradadas” propriamente ditas. Pastagens no nível três representam a

“degradação agrícola”, enquanto a “degradação biológica” é representada pelas pastagens no

nível quatro.

Figura 3. Caracterização de níveis de degradação de pastagens. Fonte: Dias-Filho, M. B.

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8.3 COMO RECUPERAR PASTAGENS DEGRADADAS

Existem diferentes opções para reverter o processo de degradação das pastagens, isto

é, transformar pastos pouco produtivos ou improdutivos em pastos produtivos. Assim, de

acordo com o nível e o tipo de degradação da pastagem e a capacidade de investimento e

qualificação técnica do pecuarista, as opções são apresentadas a seguir.

RECUPERAÇÃO DIRETA

Recomposição da produtividade da pastagem e da cobertura do solo pelas forrageiras.

É a forma mais simples e relativamente menos onerosa de recuperar um pasto. Geralmente,

consiste em controlar as plantas daninhas e ajustar a fertilidade do solo, por meio de

adubação, com base em resultado de análise de solo. Em certas situações, pode haver a

necessidade de replantio das forrageiras, mas apenas nas áreas de solo descoberto, sem ser

necessário o preparo do solo. Na recuperação direta, pode não ser preciso interromper o uso

da pastagem (retirar os animais do pasto), mas, quando isso é necessário, o período é

relativamente curto (em torno de 30 dias). Esse tipo de intervenção é recomendado para

pastagens nos níveis um e dois de degradação.

RENOVAÇÃO

Formação de uma nova pastagem. Na renovação da pastagem, além da correção da

fertilidade do solo, também é feito o replantio da forrageira com mudança ou não da espécie.

Nesse caso, há necessidade de preparo do solo. Dependendo da situação, a renovação pode ter

um custo, em média, até três vezes maior do que o da recuperação direta. Na renovação, o uso

da área tem que ser interrompido por cerca de 90 dias, tempo necessário para formar a nova

pastagem. Esse tipo de intervenção é recomendado para pastagens nos níveis três e quatro de

degradação.

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RECUPERAÇÃO/RENOVAÇÃO INDIRETA

Integração com lavoura ou floresta. Na recuperação/renovação indireta, a formação da

pastagem é integrada com o plantio de lavoura (ILP), lavoura mais floresta (ILPF) ou apenas

floresta (sistema silvipastoril), como forma de recuperar a fertilidade do solo, obter renda em

curto prazo, ou diversificar a geração de renda. Essa opção requer mais investimentos em

curto prazo, porém, geralmente, tem maior potencial de retorno do capital investido. Tem

ainda a vantagem de agregar outras atividades e novas fontes de renda na mesma área. Antes

de decidir-se por essa opção, é necessário escolher a cultura agrícola ou a espécie florestal

mais adequada e avaliar o mercado para os produtos esperados. Esta alternativa normalmente

exige mecanização total da área, preparo do solo, correção da acidez e nutrientes e novas

semeaduras. Além disso, também requer maior qualificação técnica do produtor e maior

emprego de mão de obra para implantação e manutenção desses sistemas.

A recuperação/renovação indireta pode ser, em média, cinco vezes mais cara do que a

recuperação direta da pastagem. Esse custo, entretanto, pode variar grandemente entre regiões

e de acordo com a conjuntura econômica vigente. A recuperação/ renovação indireta é

geralmente empregada para pastagens sob os níveis três e quatro de degradação.

8.4 COMO EVITAR A DEGRADAÇÃO DA PASTAGEM

O manejo preventivo é a forma mais eficaz para evitar a degradação da pastagem.

Assim, quando o manejo da pastagem é feito profissionalmente, desde a sua formação, isto é,

quando o produtor faz o controle rotineiro da taxa de lotação (número de animais por área de

pasto), analisa anualmente o solo, faz a manutenção periódica da sua fertilidade e controla as

plantas daninhas e insetos-praga, pastagem produtiva passa a ser o cenário dominante na

propriedade rural.

Dois sistemas de recuperação de pastagens são vantagens para o pecuarista no

processo de degradação de pastagens: o Sistema Barreirão e o Sistema Santa Brígida.

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9 MAPEAMENTO DA DEGRADAÇÃO DE PASTAGENS NO CERRADO

Mais da metade das pastagens localizadas no Cerrado brasileiro podem estar em algum

estágio de degradação. São 32 milhões de hectares em que a qualidade do pasto está abaixo do

esperado, comprometendo a produtividade e gerando prejuízos econômicos e ambientais. Este

é o cenário considerado mais realista evidenciado pelo estudo desenvolvido pela Embrapa

Monitoramento por Satélite (SP). A recuperação poderia ajudar até a triplicar a produção de

carne nessas áreas ou contribuir para a expansão da agricultura, além de reduzir as emissões

de gases de efeito estufa.

O bioma Cerrado ocupa 203,4 milhões de hectares, o que corresponde a

aproximadamente 24% do território nacional, abrangendo o Distrito Federal e mais 11

estados. Com características únicas, tem importância estratégica no cultivo de grãos e na

pecuária, sendo o bioma com a maior produção agropecuária do País. Sozinho, responde por

55% da produção de carne. A pecuária tem participação significativa no produto interno bruto

(PIB) e gera 6,8 milhões de empregos diretos e indiretos (8,3% dos postos de trabalho totais).

Em todos os cenários o estudo aponta para uma concentração da ocorrência de

pastagens degradadas. Cerca de 80% dos locais em degradação foram encontrados nos

Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, são justamente aqueles

com as maiores extensões de áreas ocupadas por pastagem. O mapeamento pode auxiliar, por

exemplo, no direcionamento de recursos e na orientação de iniciativas de recuperação em

regiões prioritárias.

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Fonte: Embrapa Monitoramento por Satélite, 2014. Sistema de Observação e

Monitoramento da Agricultura no Brasil (SOMABRASIL).

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"Estima-se que se forem recuperadas de 12,5 a 18,4 milhões de hectares de pastagens é

possível um acréscimo na produção de carne bovina nessas áreas de 2,4 a 3,6 milhões de

toneladas por ano", afirma o pesquisador da Embrapa Ricardo Guimarães Andrade, um dos

responsáveis pela pesquisa. Ele ressalta que o Programa ABC tem por meta, até 2020, induzir

a recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas em todo o País.

10 SISTEMA BARREIRÃO

Esse sistema foi desenvolvido na década de 1980 pela Embrapa Arroz e Feijão (Santo

Antônio de Goiás-GO). Com ele, foi possível recuperar ou reformar imensas áreas com

pastagens degradadas. Ainda hoje ele é usado com essa finalidade servindo como preparação

para implantação da ILP no Sistema Santa Fé.

Primeiramente, deve-se fazer a avaliação do perfil do solo para verificar se há

presença de camada compactada ou adensada e conhecer a espessura do horizonte superficial.

Com base nos resultados das análises, fazer a correção da acidez do solo. É importante que a

aplicação do corretivo seja feita pelo menos 60 dias antes do plantio e que ainda haja umidade

suficiente no solo, para que o calcário reaja.

A cultura do milho é mais adaptada a solos anteriormente cultivados, principalmente

com soja, quando a cultura expressa melhor seu potencial produtivo. Como cultura de

primeiro ano, em solos recém-corrigidos ou após pastagem degradada, os rendimentos de

grãos são menores. Assim, o agricultor pode optar pelo plantio de variedade ou híbridos

duplos de menor custo.

A principal característica do Sistema Barreirão é a aração profunda com arado de

aiveca. As razões para se usar esse implemento são: fazer o condicionamento físico e químico

do solo rompendo camadas compactadas ou adensadas; inverter a camada de solo revolvida

para que haja incorporação profunda de corretivos; incorporar em profundidade o banco de

sementes de plantas daninhas para que essas não germinem ou tenham a emergência retardada

competindo menos com o milho; incorporar o sistema radicular de capins, acelerando a sua

mineralização para minimizar a concorrência com o milho pelo nitrogênio..

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Para se obter um bom desempenho da cultura em áreas com pastagem degradada, onde

predominam solos ácidos e de baixa fertilidade, fazem-se necessários a correção mínima de

acidez e o suprimento de nutrientes adequados. A calagem, nesse caso, pode ser feita antes do

período chuvoso que antecede a semeadura (agosto/setembro). O melhor método consiste em

aplicar de 60% a 70% do calcário, incorporá-lo superficialmente com grade aradora, arar

profundamente (35 cm a 40 cm), aplicar o restante (30% a 40% do corretivo),

nivelar/destorroar e semear o milho e a forrageira.

No sistema Barreirão, os procedimentos de plantio do milho são os tradicionais. No

plantio simultâneo, dependendo da espécie da forrageira, as sementes desta são misturadas ou

não ao adubo do milho. É importante cuidar para que a mistura seja feita no dia do plantio e

regular a profundidade de deposição do adubo + sementes para maior profundidade, cuidando

para que não ultrapasse o limite para que haja emergência das plântulas, o que varia com a

espécie. Geralmente, sementes de braquiária podem ser depositadas até 8 cm e de panicum até

3 cm. As sementes do milho geralmente são depositadas a 3 cm de profundidade no solo.

Segundo Cobucciet al. (2007), este é um sistema que utiliza o plantio simultâneo de

culturas anuais com forrageiras e tem como objetivo principal a recuperação/renovação de

pastagens degradadas. Sua criação tinha como propósito reduzir custos na formação e/ou

recuperação das pastagens. As práticas que compõem o Sistema Barreirão, no entanto,

fundamentam-se na possibilidade de redução de riscos climáticos inerentes à cultura, que no

início centrava-se no arroz, e na correção, pelo menos parcial, das limitações físico-químicas

do solo. O maior benefício do Sistema Barreirão foi em um primeiro momento o de incentivar

os produtores para a necessidade de se recuperar/renovar pastagens degradadas e

posteriormente para as vantagens da integração lavoura-pecuária. Durante os períodos de

1987/88 e de 1990/94, segundo Cobucciet al. (2007) foram implantadas e/ou monitoradas 81

unidades de demonstração e/ou lavouras do Sistema Barreirão, em sete Estados da Federação

(GO, MT, MS, TO, MG, SP e BA).

Os rendimentos obtidos variaram de 600 a 3.415 kg ha-1 para o arroz de terras altas, e

de 2.100 a 7.430 kg ha-1 para o milho. As médias de rendimento, por hectare, foram: para o

arroz 33,5 sacas de 60 kg e para o milho 61,5 sacas de 60 kg (Tabela 2). Nenhuma das

lavouras do Sistema Barreirão, segundo os autores, sofreu perda total devido à má distribuição

das chuvas. As observações sobre as vantagens do Sistema Barreirão descrita pelos autores

eram de que: (i) as culturas anuais consorciadas raramente eram atacadas por doenças ou

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pragas; (ii) não havia necessidade de se controlar plantas daninhas, graças ao ambiente

“pastagem degradada” e ao manejo do solo, utilizando a técnica da aração (profunda)

invertida (Oliveira et al., 1996), e; (iv) havia um controle altamente eficiente de cupins de

montículo até o terceiro ano após a recuperação/renovação da pastagem. Cobucciet al. (2007)

descrevem também que os autores concluíram que: (i) a exploração da pecuária com pasto

recuperado pelo Sistema Barreirão é uma atividade economicamente lucrativa devido à receita

gerada pela venda dos grãos, que cobre parte dos custos da formação da pastagem; (ii) a

recuperação/renovação de pastagem em consórcio com o milho é a melhor alternativa, desde

que se obtenha produtividade do milho em torno da média do Sistema Barreirão (3.600 kg ha-

1 ).

Tabela 2. Produtividades de arroz de terras altas e de milho obtidas em

unidades demonstrativas do Sistema Barreirão, em quatro safras, em

municípios de sete Estados da Federação.

Tabela 3. Produtividade e taxas de retorno diretas obtidas nas unidades demonstrativas do

Sistema Barreirão, implantadas em cinco safras agrícolas em diferentes municípios e Estados

Brasileiros.

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Yokoyamaet al. (1998) avaliaram os impactos econômicos decorrentes da adoção do

Sistema Barreirão. A tecnologia, além de possibilitar rendimentos médios superiores à média

nacional (cerca de 1,7 t ha-1 e 2,0 t ha-1 para o arroz de terras altas e milho, respectivamente),

reduziu drasticamente os riscos de perdas por estiagem (Tabela 3).

Algumas das vantagens que o Sistema Barreirão apresenta são:

• ocupação da área para recuperação e/ou renovação por curto período de tempo

(setembro/outubro a março/abril), coincidindo com o período de possível sobra de pastagens

na propriedade;

• menor necessidade de infra-estrutura de produção, em relação ao sistema de rotação

lavoura-pecuária;

• correção de acidez do solo de acordo com as exigências das espécies a serem

consorciadas;

• redução apreciável de cupinzeiros de monte e plantas daninhas perenes;

• redução dos riscos de perdas por deficiência hídrica, devidos aos veranicos, graças ao

manejo diferenciado do solo;

• desenvolvimento vegetativo das forrageiras por mais tempo, no período seco; e

• retorno parcial ou total do capital aplicado a curto prazo, pela venda dos grãos

produzidos no consórcio.

11 SISTEMA SANTA BRÍGIDA

Em 2006, na cidade de Ipameri, GO, distante 196 km de Goiânia, estabeleceu-se a

parceria entre a Fazenda Santa Brígida, a empresa de máquinas e implementos agrícolas John

Deere e a Embrapa Arroz e Feijão, inicialmente, com o propósito de validar e transferir

tecnologias relacionadas à Integração Lavoura- Pecuária (ILP). A Fazenda Santa Brígida,

apesar de dispor de solos com ótimas propriedades físicas e topografia plana a suave

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ondulada, até 2006, também apresentava um cenário de pastagens degradadas, tendo, porém,

recuperado cerca de 80% até a safra de 2006/2007.

A parceria entre a Embrapa, a Fazenda Santa Brígida e demais parceiros da iniciativa

privada possibilitou, por meio de inúmeros estudos de validação de práticas/técnicas, o

desenvolvimento de um sistema de consórcio de milho, braquiária e leguminosa,

preferencialmente, guandu-anão, denominado “Sistema Santa Brígida” (OLIVEIRA et al.,

2010).

O objetivo do Sistema Santa Brígida é inserir os adubos verdes no sistema de

produção, de modo a permitir um aumento do aporte de nitrogênio no solo, via fixação

biológica do nitrogênio atmosférico. A cultura subsequente pode se beneficiar do nitrogênio

proveniente das leguminosas, permitindo a redução no fornecimento de nitrogênio mineral.

Ainda, podem-se citar como vantagens desse sistema a melhoria na qualidade das pastagens,

quando no consórcio também se cultivam braquiárias, e a diversificação das palhadas, para o

Sistema Plantio Direto.

O diferencial desse sistema é que se trata da primeira oportunidade de inserção das

leguminosas nas pastagens por meio do consórcio com a cultura do milho, de modo que a

implantação segue, basicamente, as premissas dos sistemas de produção convencional de

milho, acrescentando-se as espécies forrageiras (gramínea e leguminosa).

O Sistema Santa Brígida representa, ainda, uma alternativa para o produtor

implementar a fixação biológica de nitrogênio no sistema de produção, que consiste em uma

das metas do Programa de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Programa ABC),

lançado pelo governo federal, em 2010, por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (BRASIL, 2010).

Aidar e Kluthcouski (2003) alertam que um dos mais sérios problemas da pecuária no

Cerrado brasileiro é a degradação das pastagens e dos solos, oriundos do manejo animal

inadequado, baixa fertilidade química do solo, impedimentos físicos, baixos investimentos

tecnológicos, etc., com consequências negativas na sustentabilidade dessa atividade (baixa

oferta de forragem, baixa produtividade de carne e de leite por hectare, baixo retorno

econômico e ineficiência).

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No tocante à pecuária, além da falta de alimento de qualidade para os rebanhos

bovinos durante o inverno, os índices zootécnicos são baixos e muito inferiores ao potencial

genético animal disponível (MAGNABOSCO et al., 2001).

Diante do exposto, sugere-se que as áreas de pastagens degradadas sejam recuperadas

e utilizadas tanto para a produção de forragens, cujo destino é a produção bovina, quanto para

a produção de alimentos.

Nos sistemas de produção de lavouras, tanto o precedente cultural braquiária quanto a

sua palhada de cobertura do solo, têm mostrado vantagens incontestáveis para a produção

vegetal, reduzindo, principalmente, a necessidade de defensivos agrícolas. A decomposição

dos resíduos das culturas graníferas e das leguminosas pode elevar o aporte de N no solo, de

modo que a quantidade de fertilizante nitrogenada no cultivo subsequente seja reduzida.

No caso da Sistema Santa Brígida, o manejo do solo e culturas sob ILP têm promovido

melhorias em praticamente todos os atributos químicos e físicos do solo, muito

provavelmente em razão da presença de forrageiras do gênero braquiária. As pastagens bem

manejadas, em contraste com os cultivos anuais em plantio convencional e até aqueles em

plantio direto, têm a capacidade de aumentar o teor de MOS.

A implantação da forrageira via consórcio com milho, sorgo ou arroz, na época de

disponibilidade hídrica pluvial, viabiliza a produção de fitomassa no período de estiagem nos

Cerrados. A produção da pastagem de primeiro ano é elevada e as plantas permanecem verdes

e fotossinteticamente ativas durante os doze meses. Isso significa que toneladas de carbono

são fixadas pelas forrageiras.

Supõe-se que, caso os 50 milhões de hectares, hoje com pastagem degradadas nos

Cerrados, fossem recuperados para “pasto de média qualidade”, poderiam ser fixadas 528

milhões de toneladas de carbono a mais a cada ano.

Ao recuperar os cerca de 100 milhões de hectares de pastagem degradada o Brasil

seria capaz de duplicar a produção nacional de grãos; triplicar a capacidade de suporte das

pastagens; produzir carne de melhor qualidade a pasto, reduzindo, pela metade o tempo

necessário para o abate dos animais; triplicar a produção de leite; reduzir o uso de defensivos

agrícolas e o efeito dos veranicos; diminuir a demanda por nitrogênio; gerar oferta de

empregos com menores investimentos; reduzir o custo Brasil em fretes e transportes de

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insumos e da produção agrícola; regularizar a distribuição de renda; e melhorar

substancialmente a qualidade ambiental.

A ILP é uma das alternativas mais baratas de se obter novos postos de trabalho. Por

um lado, em uma pecuária convencional, principalmente com pastos de baixa produtividade, é

normal observar que, para cada 1.000 bois, gera-se um novo posto de trabalho. Mesmo assim,

muitas vezes sem qualificação alguma. Na ILP, por outro lado, devido à incorporação da

componente lavoura, tem sido possível gerar até mais de um emprego direto para cada 100

hectares.

11.1 ESTABELECIMENTO DO SISTEMA

A implantação do Sistema Santa Brígida segue, basicamente, as premissas dos sistemas

de produção convencional de milho, acrescentando-se a espécie leguminosa. A dessecação da

área ou o preparo do solo obedecem às recomendações convencionais, sendo feita, pelo

menos, duas a três semanas antes da semeadura do milho e/ou da leguminosa.

A quantidade de sementes obedece às recomendações convencionais em termos de

quilos por hectare. É desejável que se obtenha uma população final entre 4 e 5 plantas por

metro ou 8 a 10 plantas por metro quadrado. No caso da produção de milho com espaçamento

reduzido, a semente da leguminosa pode ser misturada ao fertilizante, desde que a sua

incorporação não seja muito profunda, estabelecendo-se o consórcio na mesma fileira do

milho. Esse mesmo procedimento pode ser usado para espaçamentos maiores de milho (0,8 m

a 1,0 m), sendo, porém, recomendável a adição de uma fileira da leguminosa centralizada nas

entrelinhas do milho. Para o consórcio, as leguminas podem ser estabelecidas cerca de 10 a 15

dias após a emergência das plantas de milho. A colheita do milho não deve ser atrasada, sob

risco de dificuldades operacionais devido ao volume de massa verde acumulada pelas

leguminosas a partir da senescência do milho.

Além da leguminosa, pode-se também introduzir no sistema sementes de forrageiras

gramíneas. As forrageiras, podem ser semeadas imediatamente antes da cultura do milho ou

em pós-emergência da cultura do milho. As sementes podem ser misturadas a superfosfato

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simples com as sementes da leguminosa e da braquiária, e semeá-las incorporando a 2 cm ou

3 cm de profundidade nas entrelinhas do milho. Após a colheita do milho, a área seja vedada

por cerca de 30 a 60 dias para que a forrageira se estabeleça plenamente e garanta boa

pastagem, proporcionando produção de grãos e de forragem de qualidade no período seco do

ano, crítico para a produção bovina a pasto.

Para cultivo dos adubos verdes é fundamental buscar a sincronização entre os ciclos da

leguminosa e da cultura de interesse econômico, visando maximizar o benefício dessa prática.

No cultivo simultâneo da leguminosa e da cultura principal, por exemplo, o adubo verde não

deve exercer grande competição, seu ciclo deverá estar sincronizado com a fase de

crescimento vegetativo da cultura econômica divido a demanda pelos nutrientes essenciais

(ESPINDOLA et al., 2004).

Tabela 4. Características de algumas leguminosas tropicais herbáceas e arbustiva utilizadas para

adubação verde.

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Em novembro de 2014 á junho de 2015 no município de Botucatu-SP, Gomes, 2017

teve como objetivo avaliar um sistema integrado de produção agropecuária para produção de

silagem, com posterior formação da pastagem para os animais, com cultivo da cultura do

milho para silagem com espaçamento de 0,45 m: com e sem guandu cv. BRS Mandarim; e

duas braquiárias: capim-Marandu e o híbrido capim-convert. Sendo avaliadas a produtividade

de massa seca, a composição bromatológica da silagem e das características morfológicas dos

capins, do guandu e do milho, a digestibilidade da silagem e as perdas por efluentes. Os

efeitos estatísticos foram considerados ser significantes ao P < 0,05. A produtividade do

milho não apresentou diferença nos consórcios usados e a silagem proveniente do consorcio

com o guandu teve melhor valor nutritivo. O capim-convert mostrou ser uma opção de melhor

valor nutritivo para esse sistema e o capim-marandu apresentou uma estimativa de maior

ganho animal por área na forragem remanescente do consorcio.

Os valores de MS, MM, FDN e FDA não diferiram (P>0,05) entre os consórcios e os

capins, porém o valor de PB foi maior (P<0,05) nos consórcios com o capim-convert.

Tabela 5. Composição bromatológica do material colhido das braquiárias em

consorcio com o milho e/ou guandu na base em % da MS.

Os valores de MS e MM não tiveram diferenças significativas (P>0,05) entre os

tratamentos e também nos capins utilizados. Todas as silagens apresentaram teores de MS

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dentro da faixa considerada adequada e próxima aos encontrados em silagem de milho devido

à maior proporção desse na massa ensilada.

Tabela 6. Composição bromatológica das silagens advindas dos consórcios de milho

com braquiárias e/ou guandu na base em % da MS.

A produtividade do milho não diferiu quando consorciado exclusivamente com os

capins e/ou com o guandu, demonstrando que a leguminosa não afetou a produtividade.

Portanto, o guandu pode ser uma alternativa para proporcionar maior diversidade na cobertura

de solo e aumentar o teor de proteína do material ensilado. A modalidade de sistema integrado

de produção agropecuária da cultura do milho com braquiárias e guandu constitui a melhor

opção para produção de silagem de maior valor nutritivo.

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12 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em virtude dos aspectos observados, está cada vez mais evidente a necessidade de

considerar a sustentabilidade no setor produtivo e no agronegócio de uma forma geral. O

sistema de integração lavoura-pecuária proporciona benefícios ao eliminar ou mitigar a

degradação física, química e biológica do solo resultantes das explorações

convencionais. Diante disso, abre-se um leque de possibilidades, como a recuperação de

pastagens, manejo e construção da fertilidade do solo, rotação e/ou sucessão de culturas,

produção de alimentos, produção de volumosos, produção de madeira e fibras, como também

a produção de energia.

A ILP favorece a troca de espécies de plantas cultivadas, propiciando a rotação de

culturas favorecendo a diversidade, permitindo a utilização residual de uma espécie em

benefício de outra. Por outro lado, muda-se o conceito, ou seja, a propriedade rural passa para

uma condição de empresa do agronegócio produtora de proteína animal (carne) e proteína

vegetal (grãos), levando em consideração o apelo da sustentabilidade para o sistema produtivo

e com uma grande vantagem, que é a valorização da propriedade.

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