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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS GUSTAVO SEVEGNANI BENEFÍCIOS DA UTILIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE MONITORAMENTO DE PARADAS DE MÁQUINA EM UMA LINHA DE USINAGEM JOINVILLE – SC – BRASIL 2007

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS

GUSTAVO SEVEGNANI

BENEFÍCIOS DA UTILIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE

MONITORAMENTO DE PARADAS DE MÁQUINA EM UMA LINHA

DE USINAGEM

JOINVILLE – SC – BRASIL

2007

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLOGICAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS

GUSTAVO SEVEGNANI

BENEFÍCIOS DA UTILIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE

MONITORAMENTO DE PARADAS DE MÁQUINA EM UMA LINHA

DE USINAGEM

Trabalho apresentado a Universidade do Estado deSanta Catarina como requisito para a obtenção dograu de Engenheiro, do Curso de Graduação emEngenharia: Habilitação em Produção e Sistemas.

Orientador: Prof. Adalberto J. Tavares Viera

JOINVILLE - SC - BRASIL

2007

GUSTAVO SEVEGNANI

BENEFÍCIOS DA UTILIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE

MONITORAMENTO DE PARADAS DE MÁQUINA EM UMA LINHA

DE USINAGEM

Trabalho aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro, no Curso

de Graduação em Engenharia: Habilitação em Produção e Sistemas, da Universidade do

Estado de Santa Catarina.

Banca Examinadora

Adalberto José Tavares Vieira, Dr.

Orientador

Nilson Campos, Esp.

Ricardo Kirchhof Unfer, Msc.

Joinville, 08 de novembro de 2007

Não apenas este trabalho, mas a todas as

minhas conquistas pessoais e profissionais

são dedicadas a Deus e a que tudo ele

representa, a minha família e a minha

namorada Tacila.

“A diferença entre a grandiosidade e

mediocridade está frequentemente, em

como um indivíduo enxerga um erro”.

Nelson Boswell

GUSTAVOS SEVEGNANI

BENEFÍCIOS DA UTILIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE

MONITORAMENTO DE PARADAS DE MÁQUINA EM UMA LINHA

DE USINAGEM

No mercado competitivo atual, as empresas cada vez mais buscam o melhor aproveitamentodo parque fabril reduzindo assim investimentos e custos de produção. Para isso a gestão daprodução necessita evoluir, utilizar novas tecnologias e conceitos de gerenciamento demáquina. Portanto, é proposto um sistema de monitoramento de máquina que consiste nacoleta de dados automática, no processamento desses dados e a disponibilização deles comoinformação precisa e rápida, para auxiliar a gestão da produção no processo de tomada dedecisão e identificação de perdas.

Palavras-Chave: Gestão da Produção; Sistema de Monitoramento; Identificação de Perdas

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS...............................................................................................................9

LISTA DE QUADROS...........................................................................................................10

LISTA DE ABREVIAÇÕES .................................................................................................11

CAPÍTULO PRIMEIRO .......................................................................................................12

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................121.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA......................................................................................131.2 OBJETIVO GERAL.......................................................................................................131.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .........................................................................................131.4 JUSTIFICATIVA ...........................................................................................................131.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO.....................................................................................141.6 METODOLOGIA...........................................................................................................141.7 ESTRUTURA DE TRABALHO....................................................................................15

CAPÍTULO SEGUNDO ........................................................................................................16

2 SISTEMAS DE PRODUÇÃO ............................................................................................162.1 TIPOS DE OPERAÇÕES DE PRODUÇÃO .................................................................172.2 TIPOS DE PROCESSOS EM MANUFATURA ...........................................................18

2.2.1 Processos de Produção em Massa ou Linha ............................................................202.3 CENTRO DE USINAGEM NO PROCESSO DE MANUFATURA ............................21

CAPÍTULO TERCEIRO.......................................................................................................22

3 GESTÃO DA PRODUÇÃO................................................................................................223.1 PROCESSOS DE PLANEJAMENTO, PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DAPRODUÇÃO (PPCP) ...........................................................................................................243.2 SISTEMAS DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO ..............................................243.3 SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO – ERP (ENTERPRISE RESOURCEPLANNING) ........................................................................................................................253.4 MANUFATURA INTEGRADA POR COMPUTADOR (COMPUTER INTEGRATEDMANUFACTURING CIM) .................................................................................................273.5 INDICADORES DE DESEMPENHO DO SISTEMA PRODUTIVO..........................283.6 PRODUTIVIDADE........................................................................................................293.7 MONITORAMENTO E SUPERVISÃO DA PRODUÇÃO..........................................313.8 MANUFACTURING EXECUTION SYSTEMS (MES) ..............................................343.9 DEFINIÇÃO DE TEMPOS............................................................................................35

3.9.1 Takt Time .................................................................................................................353.9.2 Tempo de Ciclo .......................................................................................................363.9.3 Tempo Padrão..........................................................................................................37

3.10 GARGALOS DE PRODUÇÃO ...................................................................................373.11 PERDAS SEGUNDO FILOSOFIA MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL (TPM)..............................................................................................................................................383.12 ÍNDICE DE EFICIÊNCIA GLOBAL DO EQUIPAMENTO ( OVERALLEQUIPMENT EFFECTIVENESS – OEE) ..........................................................................403.13 FILOSOFIA OPTIMIZED PRODUCION TECHNOLOGY (OPT) ...........................42

8

3.14 FILOSOFIA JUST IN TIME (JIT)...............................................................................433.14.1 Técnicas JIT para Identificar Desperdícios. ..........................................................44

CAPÍTULO QUARTO ..........................................................................................................45

4 SISTEMA INJET DE COLETA DE DADOS ..................................................................454.1 ARQUITETURA DO SISTEMA...................................................................................46

4.1.1 Aquisição de Dados das Máquinas..........................................................................464.1.2 Servidor ...................................................................................................................474.1.3 Computador Mestre .................................................................................................474.1.4 Terminal de Monitoração (TM)...............................................................................47

CAPÍTULO QUINTO............................................................................................................51

5 METODOLOGIA CIENTÍFICA.......................................................................................515.1 METODOLOGIA UTILIZADA ....................................................................................51

5.1.1 Identificação do problema .......................................................................................525.1.2 Delimitação do estudo de caso ................................................................................525.1.3 Coleta de Dados.......................................................................................................525.1.4 Análise e interpretação dos Dados...........................................................................535.1.5 Avaliação dos resultados .........................................................................................53

CAPÍTULO SEXTO ..............................................................................................................54

6 ESTUDO DE CASO............................................................................................................546.1 APRESENTAÇÃO DA LINHA DE USINAGEM........................................................54

6.1.1 Demanda do Cliente ................................................................................................556.1.2 Turnos de Trabalho..................................................................................................556.1.3 Capacidade de Produção da Linha Vista .................................................................56

6.2 SISTEMA DE COLETA DE DADOS MANUAL (CASO 1) .......................................586.2.1 Função dos Operadores na Coleta de Dados ...........................................................586.2.2 Função dos Técnicos de Linha na Coleta de Dados ................................................596.2.3 Função dos Líderes de Produção na Coleta de Dados.............................................606.2.4 Coleta dos Dados e Resultados Obtidos Através do Sistema Manual (caso 1). ......61

6.3 SISTEMA DE COLETA DE DADOS AUTOMÁTICA (CASO 2)..............................646.3.1 Estrutura do Sistema Injet na Empresa....................................................................646.3.2 Função dos Operadores e dos IPÊS na Coleta de Dados.........................................656.3.3 Função dos Líderes e os TM na Coleta de Dados ...................................................676.3.4 Informações Fornecidas pelo TM............................................................................676.3.5 Coleta dos Dados e Resultados Obtidos Através do Sistema Automático (caso 2).67

6.4 COMPARAÇÃODOS RESULTADOS OBTIDOS ENTRE O CASO 1 E CASO 2 ....716.4.1 Comparação Entre os Indicadores de Desempenho do Caso1 e Caso 2). ...............716.4.2 Comparação Entre os Dados Disponíveis do Caso1 e Caso 2). ..............................73

CAPÍTULO SÉTIMO............................................................................................................74

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................74

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................76

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Modelo de Sistema de Produção...............................................................................16

Figura 2: Tipologia de operações .............................................................................................18

Figura 3: A influência da customização e do volume na escolha do processo.........................19

Figura 4: Evolução dos Sistemas ERP .....................................................................................27

Figura 5: Objetivos de desempenho e seus efeitos internos e externos....................................29

Figura 6: Perdas escondidas devido à falta do monitoramento ................................................32

Figura 7: Cálculo do “takt time”...............................................................................................35

Figura 8: Instalação física e lógica do sistema Injet .................................................................46

Figura 9: Tela de monitoramento em tempo real do Injet ........................................................48

Figura 10: Gráfico de paradas por área responsável.................................................................49

Figura 11: Gráfico da situação da fábrica.................................................................................49

Figura 12: Layout Linha Vista..................................................................................................55

Figura 13: Gráfico de tempos por operação. ............................................................................57

Figura 14: Centro de Usinagem da OP90.................................................................................57

Figura 15: Caderno RAP preenchido........................................................................................59

Figura 16: Caderno de CDP preenchido...................................................................................60

Figura 17: Foto do quadro de CDP...........................................................................................61

Figura 18: Estrutura do sistema Injet na empresa.....................................................................65

Figura 19: Gráfico de paradas por área responsável.................................................................68

Figura 20: Gráfico ABC dos motivos de paradas.....................................................................68

Figura 21: Gráfico dos últimos tempos de ciclo.......................................................................69

Figura 22: Gráfico ABC dos motivos de paradas.....................................................................70

Figura 23: Gráfico da porcentagem de contribuição do OEE. .................................................72

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Tempos e capacidade horária por Operação............................................................56

Quadro 2: Informações coletadas no RAP e CDP....................................................................62

Quadro 3: Indicadores desempenho. ........................................................................................63

Quadro 4: Códigos para auxílio dos operadores.......................................................................66

Quadro 5: Indicadores desempenho. ........................................................................................71

Quadro 6: Comparação entre indicadores desempenho. ..........................................................72

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

OEE – “Overall Equipment Effectiveness”

ERP – “Enterprise Resource Planning”

TI - Tecnologia da Informação

GRI – “Information Resource Management”

SI – Sistemas de Informação

MRP – “Material Requirements Planning”

MRPII – “Manufacturing Resource Planning”

CIM – “Computer Integrated Manufacturing”

P&D – Pesquisas e Desenvolvimentos

MÊS – “Manufacturing Execution Systems”

TPM – Manutenção Produtiva Total

ID – Índice de Disponibilidade

TO – Tempo de Operação

TTD – Tempo Total Disponível

IE – Índice de Eficiência

IQ – Índice da Qualidade

Cb – Capacidade Bruta de Produção

Te – Tempo de Ciclo da Operação

Cl – Capacidade Líquida

s – segundos

h – hora

pç – peça

OPT – “Optimized Producion Technology”

JIT – “Just In Time”

TM – Terminal de Monitoração

CLP`s – Controladores Lógicos Programáveis

IPÊ – Nome atribuído ao CLP que possui interface com operador no sistema Injet

OP – Operação

RAP – Registro de Acompanhamento de Processo

CDP – Controle Diário de Produção

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CAPÍTULO PRIMEIRO

1 INTRODUÇÃO

O panorama mundial impõe que as indústrias de manufatura sejam competitivas para

se manter no mercado. Para tal existem várias possibilidades como, redução de custos de

produção, melhorias na qualidade, redução do lead time, aumento da produtividade,

eliminação de desperdícios e melhoria no processo de tomada de decisão. Essas alternativas

quando bem utilizadas influenciam diretamente no preço final do produto, permitindo que a

empresa seja mais competitiva.

Para uma indústria, o departamento onde estão concentradas as maiores perdas e

também o maior potencial de ganho, é no processo produtivo, podendo citar os refugos,

paradas de produção e decisões erradas. Portanto, a evolução do sistema de monitoramento de

produção, utilizando novas tecnologias é fundamental para facilitar a identificação dessas

perdas.

O sistema de monitoramento de máquina automático elimina os apontamentos

manuais, que possuem grandes potenciais de erros e facilita a coleta de dados, pois a mesma é

feita instantaneamente via computador. Também fornece para o gestor diversas informações

sobre o desempenho e status de cada máquina, além de gerar relatórios e históricos dos

equipamentos.

O sistema pode fornecer diversos tipos de relatórios como, por exemplo, o de paradas

de máquina, motivo de cada parada, o comparativo entre o tempo padrão e o realizado, a

eficiência, a taxa de utilização, a produtividade, a produção realizada e também o indicador de

eficiência global (OEE) de cada equipamento. Essas informações quando estão disponíveis

para o gestor facilita o processo de tomada de decisão, pois a mesma se baseia em dados

históricos coletados pelo sistema.

13

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA

O tema deste trabalho de conclusão de curso é identificar os benefícios da utilização

de um sistema de monitoramento automático que supervisiona o equipamento. Este sistema

gera relatórios que facilitam a identificação de perdas e também o processo de tomada de

decisão através do controle dos processos produtivos, evitando-se desvios de informação.

1.2 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral deste trabalho é realizar uma análise conceitual da gestão da

produção, pela importância de uma fonte de informações segura e rápida para apontamento de

paradas de máquina. Demonstrar quais foram os ganhos que uma empresa obteve com

utilização do sistema de monitoramento automático de máquina em uma linha de usinagem.

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos são os seguintes:

• Facilitar a coleta de dados do chão de fábrica;

• Gerar relatórios sobre o desempenho do sistema produtivo;

• Identificar perdas via sistema de monitoramento;

• Reduzir os tempos de paradas desnecessárias;

• Aumentar o OEE das máquinas;

• Avaliar a utilização desse sistema em uma linha de usinagem e apresentar os

resultados obtidos via estudo de caso.

1.4 JUSTIFICATIVA

14

Esse trabalho se justifica, pois na gestão da produção, caso as informações de chão de

fábrica não sejam tratadas da forma adequada, uma série de problemas pode ocorrer, sendo

que o principal deles é a impossibilidade de recuperação de informações para consultas. Isto

faz com que decisões sejam tomadas com base em informações desatualizadas e que podem

conter erros e imprecisões. No caso da disponibilização das informações não ser adequada,

poderá ocorrer atrasos e também ser necessário esforço para obtê-las. Este esforço é

relacionado à necessidade de tempo que as pessoas terão, para entrar em contato com outras

pessoas, deslocar-se ou procurar estas informações.

1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

O estudo proposto neste trabalho é direcionado para uma empresa de Joinville, que

implantou em uma de suas linhas de usinagem de peças automotivas um sistema que monitora

automaticamente os centros de usinagem, existentes nesse processo de produção. Baseia-se

em identificar os benefícios e ganhos que essa empresa obteve com a utilização deste sistema.

Esses sistema está associado aos estudos de, administração da produção, sistemas de

informações gerencias e manutenção industrial em nossas disciplinas no curso de Engenharia

de Produção e Sistemas.

1.6 METODOLOGIA

Para que se alcance a identificação dos benefícios do sistema de monitoramento

automático, será elaborada uma pesquisa classificada como Descritiva, assumindo a forma de

Estudo de Caso. O desenvolvimento do estudo de caso será realizado através da coleta de

dados e também da comparação dos resultados obtidos com dois tipos de sistemas de

monitoramento de máquina.

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1.7 ESTRUTURA DE TRABALHO

No primeiro capítulo do trabalho de conclusão de curso, são apresentados os objetivos

gerais do trabalho, os objetivos específicos, a justificativa da escolha deste tema, a

delimitação do trabalho além dos procedimentos metodológicos aplicados.

O segundo e terceiro capítulos apresentam a revisão da literatura de assuntos

referentes ao tema geral do trabalho como: sistemas de produção, gestão da produção,

indicadores de desempenho e também outros pontos necessários para um bom entendimento

sobre o assunto abordado no trabalho.

O quarto capítulo descreve o funcionamento do sistema de monitoramento de paradas

de máquina Injet. Este é o sistema instalado na empresa onde será feito o estudo de caso,

tornando-se extremamente importante o conhecimento das particularidades do mesmo.

O quinto capítulo relata todas as fases da pesquisa, relacionada com o tema base do

trabalho de conclusão do curso.

O sexto capítulo relata brevemente a empresa, local onde ocorreu o estudo de caso.

Comenta sobre o sistema manual e automático de coleta de dados e também todos os dados

coletados e os resultados obtidos em cada sistema.

Os demais capítulos apresentam as considerações finais, sugestões para trabalhos

futuros e as referências utilizadas neste trabalho.

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CAPÍTULO SEGUNDO

2 SISTEMAS DE PRODUÇÃO

De acordo com Moreira (2004), defini-se “Sistemas de Produção” como o conjunto de

atividades e operações inter-relacionadas envolvidas na produção de bens ou serviços.

Já para Martins & Laugeni (2006) a conceituação de sistema tem sido utilizada no

desenvolvimento de várias disciplinas, tanto nas ciências exatas como nas humanas, mas para

nossas aplicações, sistema é um conjunto de elementos inter-relacionados com um objetivo

comum. A figura 1 apresenta uma representação clássica de sistemas.

Figura 1: Modelo de Sistema de Produção

Fonte: Martins & Laugeni (2006)

Todo sistema é composto de três elementos básicos: as entradas (inputs), as saídas

(outputs) e as funções de transformação:

Os inputs são os insumos, ou seja, todo o conjunto de recursos necessários como

máquinas, matéria prima, energia, mão de obra, informações e outros. Esses são

transformados em outputs durante as funções de transformação tendo como resultado um

produto manufaturado ou serviços.

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Para Slack, Chambers & Johnston (2002) qualquer operação que produz bens ou

serviços, ou um misto dos dois, faz isso através de um processo de transformação ou sistema

de produção.

2.1 TIPOS DE OPERAÇÕES DE PRODUÇÃO

Embora as operações sejam similares entre si na forma de transformar recursos de

input em output de bens e serviços, apresentam diferenças em quatro aspectos importantes

(Slack, Chambers & Johnston (2002):

• volume de output:

• variedade de output

• variação da demanda do output

• grau de “visibilidade” (contato com o consumidor) envolvido na produção do output.

Todas as quatro dimensões possuem implicações para o custo de criação de produtos a

serviços (processos produtivos). De forma simples: alto volume, baixa variedade, baixa

variação e baixa visibilidade (contato) com o consumidor, todos ajudam a manter os custos de

processamento baixos. De forma inversa, baixo volume, alta variedade, alta variação e alta

visibilidade (contato) com o consumidor geralmente carregam algum tipo de penalidade em

custos para a produção. Por isso, a dimensão volume é desenhada com sua extremidade

“baixa” à esquerda, ao contrário das outras dimensões, para manter todas as implicações de

“baixo custo” à direita. A figura 2 resume as implicações desse posicionamento, ou seja, qual

seria o melhor processo produtivo.

18

Figura 2: Tipologia de operações

Fonte: Slack, Chambers & Johnston (2002)

2.2 TIPOS DE PROCESSOS EM MANUFATURA

Para Slack, Chambers & Johnston (2002) cada tipo de processo em manufatura

implica uma forma diferente de organizar as atividades das operações com diferentes

características de volume e variedade. Na manufatura, esses tipos de processo são em ordem

de volume crescente e variedade decrescente:

• processo de projeto;

• processo de jobbing ou tarefa;

• processos em lotes ou bateladas;

19

• processos de produção em massa ou linha;

• processos contínuos.

De acordo com Ritzman & Krajewski (2005) a melhor escolha de um processo

depende do volume do grau de customização exigido. A escolha pode ser aplicada ao

processo inteiro ou apenas a um de seus sub-processos. Conforme demonstrado na figura 3.

Figura 3: A influência da customização e do volume na escolha do processo

Fonte: Ritzman & Krajewski (2005)

20

2.2.1 Processos de Produção em Massa ou Linha

Para Ritzman & Krajewski (2005) o processo em linha é caracterizado pelo fluxo em

linha, com pouco estoque armazenado entre as operações, cada operação executa o mesmo

processo repetidamente, com pequena variação dos produtos ou serviços oferecidos.

A linha de produção proporciona a possibilidade de fabricação de produtos em

elevadas quantidades, a custo individual extremamente baixo, utilizando-se para isso a

reprodutibilidade de operações, em detrimento da sua variabilidade. Propiciam-se grandes

volumes de produção, porém em um número extremamente restrito de opções de produtos ao

consumidor. Este conceito foi implementado pela primeira vez por Henry Ford.

O conceito fundamental da linha de produção está na disposição linear de operações

subseqüentes, onde a realização de uma operação depende da conclusão da operação anterior.

Desta maneira, realizam-se diversas operações paralelamente, em uma grande

quantidade de produtos, permitindo-se uma elevada produtividade na linha.

Já para Moreira (2004), o sistema de produção contínuo ou fluxo em linha representam

uma seqüência linear para se fazer o produto ou serviço, os produtos são bastante

padronizados e fluem de um posto de trabalho a outro numa seqüência prevista. As diversas

etapas do processo devem ser balanceadas para que as mais lentas não retardem a velocidade

do processo. Às vezes, os sistemas de fluxo em linha aparecem subdivididos em dois tipos:

• A produção em massa, para linhas de montagem de produtos ou mais variados

possíveis e produção contínua propriamente dita, nome reservado nessa classificação

para as chamadas indústrias de processo. Esses processos contínuos tendem a ser

altamente automatizados e a produzir produtos com elevado grau de padronização,

sendo qualquer diferenciação pouco ou nada permitida.

De uma forma geral, os sistemas de fluxo de linha são também caracterizados por uma

alta eficiência e acentuada inflexibilidade. Essa eficiência é derivada de uma substituição

maciça de trabalho humano por máquinas, bem como a padronização do trabalho restante em

tarefas altamente repetitivas.

21

2.3 CENTRO DE USINAGEM NO PROCESSO DE MANUFATURA

Os centros de usinagem são extremamente importantes em processos de manufatura de

usinagem. Esse tipo de máquina possui alta flexibilidade e pode ser utilizados em

praticamente todos os tipos de processo de manufatura que envolvam remoção de cavaco.

Para Costa & Caulliraux (1995) os centro de usinagem são máquinas equipadas com controle

numérico e dispositivos de troca automática de ferramenta. Estas máquinas são capacitadas a

desempenhar diversas rotinas de usinagem diferentes ao mesmo tempo ( fresar, furar, roscar e

mandrilhar) na mesma máquina. Para esses autores, a integração de diferentes funções na

mesma máquina fazem com que ela seja extremamente versáteis e flexíveis.

22

CAPÍTULO TERCEIRO

3 GESTÃO DA PRODUÇÃO

Para Slack (1993), se uma função de manufatura potente é o alicerce do sucesso

estratégico, então todas as empresas deveriam ter visão estratégica das suas operações de

manufatura. Pensar estrategicamente sobre o lado operacional dos negócios não é mais a

contradição que um dia pareceu ser. É um reconhecimento de que a forma pela qual uma

organização administra a sua operação de manufatura, tem um significativo efeito sobre sua

possibilidade de proporcionar aquelas coisas que significam sucesso no mercado. Para Costa

& Caulliraux (1995) o fundamento da necessidade de uma estratégia de produção é que

“todo sistema tecnológico tem sua atuação limitada pelas tecnologias de equipamentos,

processos, materiais e de sistemas gerenciais e de informação que utiliza”. É preciso escolher

entre opções tecnológicas diversas, pois cada combinação produz a diferentes desempenhos

nos diversos parâmetros operacionais de um sistema produtivo.

Slack, Chambers & Johnston (2002) a primeira responsabilidade de qualquer equipe de

administração da produção é entender o que se está tentando atingir. Ou seja, saber quais são

os objetivos organizacionais para os termos: desempenho da produção, qualidade,

velocidade, confiabilidade, flexibilidade e custo.

A gestão da produção envolve todos os processos relacionados à produção em uma

empresa de manufatura. O ambiente competitivo destas empresas está se tornando cada vez

mais disputado, para Souza & Ires (1999), fazendo com que a busca por melhorias no

processo de gestão da produção se dê em várias iniciativas. Entre estas melhorias, a busca

por uma alta eficiência dos recursos produtivos, como forma de maximizar o rendimento

operacional, é freqüentemente perseguida em muitas empresas. Este modo de pensar está

fundamentado na idéia de que, ao se utilizar todos os recursos ao máximo, os ganhos

econômicos são maiores. Para (VOLLMANN et. al., 1993) uma alternativa para obtenção de

uma boa posição competitiva é a utilização de um processo estruturado de gestão da

produção e inventários.

23

Para Slack (1993) a manufatura é importante demais para ser gerenciada de forma

estanque, segura no conforto de sua própria rotina. Ela precisa de direcionamento estratégico,

caso se espera que seu potencial como motor competitivo da empresa, seja completamente

realizado.

Segundo Porter et. al. (1999), outra alternativa para obtenção de vantagens

competitivas, que praticamente todas organizações perseguem, é a mudança da produção

contínua para uma produção "intermitente para contínua", alcançando benefícios da

economia de escala, e ao mesmo tempo, oferecendo grandes possibilidades de customização

para seus produtos.

Por outro lado Souza & Ires (1999) relatam que, existe uma defasagem entre as reais

necessidades competitivas das empresas de manufatura e suas práticas usuais, geralmente

substanciadas por seus indicadores de desempenho adotados.

Outra forma encontrada por algumas empresas para obter melhores respostas e

conseqüentemente posições no mercado, é possuir um elemento de suporte à decisão que

trabalhe em tempo quase real, fornecendo conselhos inteligentes e informações para as

funções de programação e liberação de ordens, no caso de distúrbios e eventos imprevistos

no processo de produção controlado.

As principais atividades do processo de gestão da produção são o planejamento, a

programação e o controle da produção (CORRÊA, 2001). A integração das funções de

planejamento e programação da produção pode introduzir melhorias significativas para a

eficiência das condições de produção, através da redução de conflitos de programação,

redução do tempo de fluxo e dos materiais em processo, aumento da utilização dos recursos

de produção e adaptação a eventos irregulares do chão de fábrica. Embora a estratégia para

alcançarmos objetivos e metas de produção da organização seja baseada em melhorias

contínuas de longo prazo, no curto prazo, gerentes têm que tomar decisões de como reagir

aos problemas diários.

24

3.1 PROCESSOS DE PLANEJAMENTO, PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DA

PRODUÇÃO (PPCP)

Para Slack, Chambers & Johnston (2002) o planejamento e controle da produção é a

atividade de decidir o melhor emprego dos recursos de produção, assegurando, assim, a

execução do que foi previsto. Já para Martins & Laugeni (2006) é um sistema de

transformação de informação, pois recebe informações sobre estoques existentes, vendas

previstas, linha de produtos, modo de produzir e capacidade produtiva. Tendo como

incumbência transformar essas informações em ordens de fabricação. Segundo Porter et. al.

(1999), para que uma empresa encontre uma boa solução para o planejamento, programação

e controle da produção, é necessário que seus principais processos de negócio sejam

compreendidos. Martins & Laugeni (2006) relatam que a programação da produção deve

assegurar uma alta taxa de utilização das instalações.

Segundo Slack, Chambers & Johnston (2002) cada parte da operação precisa ser

monitorada para assegurar que as atividades planejadas estão de fato ocorrendo.

Completando Corrêa, Gianesi & Caon (2001) afirmam que o ambiente de manufatura é

confrontado com mudanças freqüentes no mix de produção, quebras de equipamentos e

prazos de entrega curtos. Neste ambiente, é essencial que o controle da produção seja

realizado em tempo hábil, que em alguns casos pode ser em tempo real. Tais funções de

controle e monitoramento devem ser realizadas pelos gestores da produção.

3.2 SISTEMAS DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO

De acordo com Corrêa, Gianesi & Caon (2001) os sistemas de administração da

produção são genericamente chamados os sistemas de informação utilizados para apoio à

tomada de decisão. Independente da lógica a ser utilizada pela empresa, os sistemas de

administração da produção para cumprirem o seu papel de suporte ao cumprimento dos

objetivos estratégicos da empresa, devem ser capazes de apoiar o tomador de decisões a:

25

• Planejar as necessidades futuras de capacidade produtiva da organização;

• Planejar os materiais comprados;

• Planejar níveis adequados de estoques de matérias-primas, semi-acabados e

produtos finais, nos pontos certos;

• Programar atividades de produção para garantir que os recursos produtivos

envolvidos estejam sendo utilizados, em cada momento, nas coisas certas e

prioritárias;

• Ser capaz de informar corretamente a respeito da situação corrente dos recursos

(pessoas, equipamentos, instalação, materiais) e das ordens de compra e de

produção;

• Ser capaz de prometer os menores prazos possíveis aos clientes e depois fazer

cumpri-los;

• Ser capaz de reagir eficazmente.

Para Costa & Caulliraux (1995) o conceito de sistema de administração da produção

revela severas limitações quanto à resposta a eventos de curto prazo, tais como quebra de

máquinas ou materiais defeituosos. Para solução desse problema é necessário a utilização de

sistemas de coleta de dados operacionais para garantir a alimentação de informações

atualizadas sobre o que está ocorrendo na produção. Já Yusuf (1998) acredita que a estratégia

de integração tem o potencial para facilitar a realização da escolha correta para alcançar uma

disponibilidade ampla de informações em tempo real, para ter uma vantagem competitiva

sobre seus competidores.

3.3 SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO – ERP (ENTERPRISE RESOURCE

PLANNING)

Para Martins & Laugeni (2006) estamos passando pela era da informação. Ela faz com

que as empresas utilizem cada vez mais as técnicas e a Tecnologia da Informação (TI). Esta

era da informação exige mudanças no modo de gestão das empresas, que passam a utilizar, de

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maneira intensa, computadores para processamento de dados, redes de comunicação e

automação de processos produtivos com o objetivo de gerar informações para suas operações.

Surge um novo conceito de gestão empresarial, denominado de Gestão de Recursos de

Iinformação ou GRI (Information Resource Management) fundamentado em três

componentes:

1. Informação, como sendo o modo organizado para apresentar e usar conhecimento das

pessoas para a gestão empresarias;

2. Sistemas de informação (SI), que criam um ambiente integrado e consistente capaz de

tratar e fornecer informações necessárias a todos os usuários;

3. Tecnologia da informação (TI), entendida como a adequada utilização da ferramentas

de informação, comunicação e automação, juntamente com as técnicas de organização

e gestão alinhadas com a estratégia de negócio para aumentar a competitividade da

empresa.

Os sistemas de informação Enterprise Resource Planning (ERP), denominados de

sistemas integrados de gestão, ou de sistemas para planejamento dos recursos da corporação,

têm sido implantados largamente pelas empresas para atender a essas novas necessidades.

O ERP é um modelo de gestão corporativo baseado num sistema de informações, com

o objetivo de promover a integração entre os processos de negócios da organização e fornecer

elementos para decisões estratégicas. O sistema ainda possibilita à empresa automatizar e

integrar a maioria de seus processos de negócio, compartilhar dados e práticas em toda a

empresa e produzir e acessar as informações em tempo real.

Segundo Martins & Laugeni (2006), o ERP é um sistema que facilita o fluxo de

informação dentro de uma empresa, integrando as diferentes funções, quais sejam:

manufatura, logística, finanças, recursos humanos e engenharia, entre outras. Ainda apresenta

uma base de dados que opera em uma única plataforma e que consolida todas as informações

em um único ambiente computacional.

O surgimento do ERP pode ser considerado a evolução do MRP e MRPII. Conforme a

figura 4 o MRPII foi ampliado para cobrir áreas de engenharia, finanças, vendas, suprimentos,

empreendimentos e recursos humanos, denominando-se ERP.

27

Figura 4: Evolução dos Sistemas ERP

Fonte: Martins & Laugeni (2006)

No mercado brasileiro, estão presentes ERPs mundialmente utilizados, por exemplo, o

SAP R/3, Oracle ERP, I2. Os ERPs brasileiros de destaque são o Starsoft/Siscorp, Datasul e

Microsiga.

3.4 MANUFATURA INTEGRADA POR COMPUTADOR (COMPUTER INTEGRATED

MANUFACTURING CIM)

Para Slack, Chambers & Johnston (2002) a manufatura integrada por computador pode

ser definida como o “monitoramento baseado em computador e controle de todos os aspectos

do processo de manufatura, baseado num banco de dados comum e comunicando por meio de

28

alguma forma de rede de computadores”. Apesar de o termo CIM ser agora freqüentemente

usado para indicar formas muito menos ambiciosas de manufatura integrada.

3.5 INDICADORES DE DESEMPENHO DO SISTEMA PRODUTIVO

Qualquer sistema produtivo necessita de parametros que expressem seu desempenho

em números. Estes parâmetros são utilizados pela gerência para identificar disperdícios e

perdas. A melhoria destes indicadores são tratados como objetivo da gestão da produção. Para

Slack, Chambers & Johnston (2002) existem cinco objetivos de desempenho da produção que

se aplicam a todos os tipos de operações produtivas. São divididos em:

• Qualidade - fazer certo as coisas. A qualidade reduz custos e aumenta a confiabilidade

do produto.

• Rapidez - entregar no tempo certo. A rapidez enriquece a oferta. Quanto mais rápido

estiverem disponíveis para o consumidor, mais provável é que este venha a comprá-

los. Rapidez reduz estoques internos tornando as operações mais enxutas e o risco de

estoques de produtos acabados acima da média de giro normal ou ideal menor.

• Confiabilidade – cumprir prazos. A confiabilidade economiza tempo que geralmente é

gasto com procedimentos de emergência; economiza dinheiro uma vez que o uso

ineficaz de tempo será transformado em custo operacional extra; dá estabilidade,

previsibilidade.

• Flexibilidade – capacidade de mudar o que se faz. Aplica-se, geralmente, a produtos e

serviços, mix de produtos, volume e entrega. Na operação interna, agiliza a resposta,

economiza tempo, e mantém a confiabilidade.

• Custo – proporciona competitividade e deixa margem. Ganha-se dinheiro, geralmente,

em custos de funcionários, instalações, tecnologia e equipamentos e materiais. Varia

os ganhos de organização para organização, onde numa a tecnologia é o carro chefe,

29

em outra é o número de funcionários. É altamente afetada pelos outros objetivos de

desempenho.

Esses cinco objetivos devem ser atendidos para satisfazer os stakehoders e que

formam o pano de fundo para todo processo decisório da produção. Para melhor entendimento

dos objetivos de desempenho e seus efeitos internos e externos ver figura 5.

OBJETIVOS DE DESEMPENHO DA MANUFATURABAIXO PREÇO,

ALTA MARGEM OU AMBOS

BAIXO TEMPODE ENTREGA

ENTREGA CONFIÁVEL

PRODUTOSLIVRES DE ERRO,

DE ACORDO COMAS ESPECIFICAÇÕES

NOVOS PRODUTOS

FREQUENTES,LARGA FAIXA

DE PRODUTOS,AJUSTES DE

VOLUME E ENTREGA

ALTA PRODUTIVIDADE TOTAL

OPERAÇÂO CONFIÁVEL

HABILIDADE PARA MUDAR

PROCESSO SEM ERRO

FLUXORÁPIDO

ASPECTOS EXTERNOS

ASPECTOS INTERNOSQUALIDADE

VELOCIDADE

CUSTO

CONFIABILIDADE

FLEXIBILIDADE

BAIXO PREÇO, ALTA MARGEM OU

AMBOS

BAIXO TEMPODE ENTREGA

ENTREGA CONFIÁVEL

PRODUTOSLIVRES DE ERRO,

DE ACORDO COMAS ESPECIFICAÇÕES

NOVOS PRODUTOS

FREQUENTES,LARGA FAIXA

DE PRODUTOS,AJUSTES DE

VOLUME E ENTREGA

ALTA PRODUTIVIDADE TOTAL

OPERAÇÂO CONFIÁVEL

HABILIDADE PARA MUDAR

PROCESSO SEM ERRO

FLUXORÁPIDO

ASPECTOS EXTERNOS

ASPECTOS INTERNOSQUALIDADE

VELOCIDADE

CUSTO

CONFIABILIDADE

FLEXIBILIDADE

Figura 5: Objetivos de desempenho e seus efeitos internos e externos

Fonte: Adaptado de Slack, Chambers & Johnston (2002)

3.6 PRODUTIVIDADE

Conforme Martins & Laugeni (2006) a produtividade é assunto importante para

qualquer nível da organização. O objetivo final de todo gerente é aumentar a produtividade da

unidade organizacional sob sua responsabilidade, sem, entretanto, descuidar da qualidade.

30

Aumento na produtividade fornece os meios para o aumento da satisfação do cliente, redução

dos desperdícios, redução dos estoques de matéria-prima, produtos em processos e de

produtos acabados, redução nos preços de venda, redução dos prazos de entrega, melhor

utilização dos recursos humanos, aumento dos lucros, segurança no trabalho e maiores

salários. Aumentos de produtividade requerem mudanças na tecnologia, na qualidade ou na

forma de organização do trabalho, ou em todas em conjunto.

Para Martins & Laugeni (2006) a conceituação de produtividade tem abrangência

ampla, uma delas, talvez a mais tradicional, é a que considera a produtividade como a relação

entre o valor do produto e/ou serviço produzido e o custo dos insumos para produzi-lo. Assim,

a produtividade depende essencialmente do output, ou seja, o numerador da fração, e do input,

isto é, o denominador. O valor obtido na venda do produto e/ou serviço tem componente

primordial, que é o mercado, muitas vezes totalmente fora do controle da empresa. O outro

fator, a gestão dos custos dos insumos, pode ser controlado pela empresa. As empresas têm

sofrido pressão do mercado no sentido de baixarem os preços de vendas, vale dizer, o valor do

output, forçando, dessa forma, a baixarem na mesma proporção, ou de forma mais acentuada,

os custos dos insumos. Isso tem levado a uma verdadeira guerra pela produtividade. Podemos

afirmar que todas as técnicas modernas ou antigas, modismos ou não, atualmente divulgadas

por meio de cursos, seminários, palestras etc. visam, em sua essência, o aumento da

produtividade, seja em âmbito pessoal, departamental, empresarial ou macroeconômico.

Conforme Martins & Laugeni (2006) vários são os fatores que determinam a

produtividade nas empresas:

a) Relação capital-trabalho: indica o nível de investimentos em máquinas, equipamentos

e instalações em relação a mão-de-obra empregada.

b) Escassez de alguns recursos: tem gerado problemas de produtividade, como a energia

elétrica, em que aumentos de custos geram grande impacto nos processos industriais

que utilizam à eletrólise.

c) Mudanças na mão-de-obra: decorrente de alterações de processos produtivos, em que

o pessoal com maior grau de instrução faz-se necessário. Hoje, não adianta ter mão-

de-obra barata se não for produtiva. Na era do trabalhador do conhecimento, seus

elevados custos são mais do que recompensados por sua produção.

31

d) Inovações e tecnologias: são grandes responsáveis pelo aumento da produtividade nos

últimos anos. Assim, investimentos em pesquisas e desenvolvimentos (P&D) dão

indicativos das perspectivas de aumento da produtividade a médio prazo.

e) Restrições legais: têm imposto limitações a certas empresas, forçando-as a implantar

equipamentos de proteção ambiental, com impactos na produtividade.

f) Fatores gerenciais: relacionados com a capacidade dos administradores de se

empenharem em programas de melhoria de produtividade de sua empresa.

g) Qualidade de vida: que refere a cultura do ambiente em que a empresa se situa. Muitas

empresas se preocupam em melhorar a qualidade de vida dos seus funcionários.

Muitas vezes o termo produtividade é confundido com uma alta produção, nem

sempre uma superprodução estará garantindo uma alta produtividade, porém a produtividade

é escrita da seguinte forma:

Produtividade = Output = Qualidade = Faturamento Input Custos Custos

A produtividade depende essencialmente do output, ou seja, o numerador da fração, e

do input, isto é o denominador, pois o objetivo de toda empresa é aumentar a produtividade,

sem, entretanto diminuir a qualidade de seus produtos e/ou serviços. Para Ritzman &

Krajewski (2005) a produtividade é o valor dos resultados (produtos e serviços) dividido pelo

valor dos insumos (salário, custos) utilizados. O resultado produtivo depende do constante

acompanhamento de seus gestores

3.7 MONITORAMENTO E SUPERVISÃO DA PRODUÇÃO

Somente através do monitoramento e supervisão da produção pode-se avaliar o

desempenho de um sistema produtivo. Para isso é necessário coletar os dados da produção e

controlá-los. Quanto maior o grau de informação controlada pela gestão da produção, maior a

capacidade do time para visualizar as perdas que ficam escondidas atrás de indicadores que

não são controlados (figura 6).

32

Figura 6: Perdas escondidas devido à falta do monitoramento

Fonte: Adaptado de Slack, Chambers & Johnston (2002)

Mesmo com o crescente desenvolvimento tecnológico, as técnicas de monitoramento

da produção ainda são bastante deficientes. Os apontamentos de produção e dados das

máquinas, na maior parte dos casos são coletados de forma manual gerando uma disparidade

em relação à realidade do chão de fábrica. Conseqüentemente, as informações geradas a partir

desses apontamentos manuais são inseridas nos sistemas ERP, que por sua vez geram

respostas irreais para análises em um processo de tomada de decisão.

Em um ambiente produtivo, a falta de informações confiáveis de chão de fábrica cria

uma perspectiva que não retrata a realidade. Um monitoramento que forneça informações de

forma rápida e confiável pode ser um grande diferencial para manter a competitividade das

empresas de manufatura (CAETANO et. al., 1999)

Os sistemas de monitoramento da produção que são responsáveis pela geração de

informações do chão de fábrica estão se tornando inevitáveis, devido à demanda por

qualidade e rapidez destas informações (JEMIELNIAK, 1999). A utilização de sensores

instalados nos equipamentos de produção podem ser integrados a sistemas que criam

33

informações em forma gráfica e em tempo real para monitoramento do processo (SIEGEL,

1997).

Os dados coletados e informações fornecidas utilizando este tipo de sistema podem ser

de vários tipos:

• Soares et. al. (2000) cita como exemplos análises reais de produtividade e situação (status)

da produção;

• Meireles (2000), afirma que um sistema de supervisão pode coletar informações

tecnológicas e de produção. Referindo-se a alguns exemplos de dados tecnológicos

coletados, cita os tempos de ciclo e de paradas, número de peças produzidas e motivos de

paradas.

• Caetano et. al. (1999), comenta que para cada ordem de produção podem ser coletados

conjuntos de informações sobre o que foi realizado, como: tempos de execução e de

máquinas paradas e quantidades produzidas.

Para Jemielniak (1999) o monitoramento pode ser feito utilizando os seguintes

componentes industriais: atuadores, sensores, condicionadores, amplificadores e monitores. O

monitor possui função de apresentar as informações.

Para Soares et. al. (2000) os sinais que são utilizados como dados podem ser coletados

através de sensores ou diretamente através dos painéis de controle e botões dos equipamentos

e máquinas. O uso de sensores para monitoramento fornece informações precisas e confiáveis

pois não sofrem manipulação.

A instalação desse sistema em alguns modelos de máquinas pode ser mais simples do

que outros. Siegel (1997), afirma que equipamentos com controle computadorizado, como os

equipamentos de controle numérico, facilitam a instalação de sensores para monitoramento de

algumas variáveis do processo produtivo.

Caetano et. al. (1999) apresenta uma solução denominada Sistema de Monitoramento,

Supervisão e Diagnóstico da Produção, composta dos seguintes módulos funcionais:

• Monitoramento da produção: faz o sensoreamento e coleta em tempo real dos dados de

produção;

• Supervisão da produção: análise dos dados coletados;

34

• Repositório de informações da produção: armazena as informações da produção e

• Diagnóstico do chão de fábrica: trata as informações tecnológicas.

3.8 MANUFACTURING EXECUTION SYSTEMS (MES)

As informações que são coletadas através do sistema de monitoramento automático de

paradas de máquina, podem ser utilizadas em outros sistemas da empresa, como por exemplo,

programação e alocação da produção.

Segundo Corrêa, Gianesi & Caon (2001) o sistema de execução e controle de chão de

fábrica (MES – Manufacturing Execution System) é um sistema orientado para a melhoria de

desempenho que complementa e aperfeiçoa os sistemas integrados de gestão da produção. Um

MES coleta e acumula informações do realizado no chão de fábrica e os realimenta para o

sistema de planejamento, fazendo a ligação deste sistema com o chão de fábrica.

Entre as funções do MES está o controle, liberação e alocação da produção. As

funcionalidades principais destes módulos são as seguintes:

• Gerência dos lotes de produção;

• Gestão detalhada de recursos, incluindo seqüenciamento, liberação e monitoramento

de equipamentos;

• Alocação e coordenação de recursos humanos e ferramental;

• Instruções de trabalho;

• Rastreabilidade;

35

3.9 DEFINIÇÃO DE TEMPOS

Os sistemas de produção necessitam de tempo para executar as tarefas que envolvem a

manufatura de um produto ou serviço. O entendimento de como as industrias definem metas

de produção pelo tempo de trabalho é extremamente importante para que o gestor controle a

produção e identifique as perdas que ocorrem no sistema.

3.9.1 Takt Time

Para Rother & Harris (2002) “Takt Time” é a velocidade na qual os clientes solicitam

os produtos acabados. Ela é determinada pela divisão do tempo total disponível de produção

por turno pela necessidade do cliente (veja a equação na figura 7). (“Takt” é uma palavra

alemã para velocidade, com passo ou ritmo, figurativamente comparada à “batuta do

maestro”).

Figura 7: Cálculo do “takt time”

Fonte: Rother & Harris (2002)

“Takt time” é um número de referência utilizado para ajudar a vincular a taxa de

produção em um processo puxador ao ritmo de vendas.

Takt time = tempo de trabalho disponível por turno

demanda do cliente por turno

36

Isto significa: o cliente está comprando este produto a uma taxa de 1 a cada X segundos.

Existe um ponto adicional muito importante para o cálculo do próprio “takt time”, a

quantidade de variação nas solicitações dos clientes. Se a demanda média de longo prazo e a

demanda real do dia-a-dia forem diferentes? Sugerimos que você reveja as variações na

demanda diária do cliente olhando para as entregas efetivas (não as ordens de fabricação) dos

últimos doze meses. A sua célula deve ser capaz de operar de acordo com uma demanda

sustentada. Para variações ocasionais na demanda, geralmente é melhor operar com um “takt

time” constante e, ou manter um pequeno estoque de produtos acabados ou fazer um pouco de

hora extra diariamente para assegurar a capacidade de fornecimento ao cliente. Mudanças

freqüentes no “takt time” são ineficientes, interrompem o ritmo de trabalho e aumentam o

potencial de surgimento de problemas de qualidade.

3.9.2 Tempo de Ciclo

Segundo Martins & Laugeni (2006) o tempo de ciclo é definido como o período de

ações que compreende todas as etapas para a execução de um projeto ou de um processo ou

de uma etapa do processo.

Tempo de ciclo é a freqüência com que uma unidade acabada sai do final da célula no

processo puxador. Muitas vezes, encontramos processos operados com tempos de ciclos

menores que o “takt time”. Quando o tempo de ciclo for muito menor do que o “takt time”,

você aumenta as chances de gerar excesso de produção e pode estar utilizando operadores a

mais.

Para Rother & Harris (2002) o tempo de ciclo é a freqüência com que uma unidade

acabada sai do final da célula no processo puxador. Muitas vezes, encontramos processos

operados com tempos de ciclos menores que o takt time. Por exemplo, se você está operando

as suas instalações em três turnos cheios (ás vezes, para obter um elevado grau de utilização

de máquina), provavelmente você deve precisar sempre de templos de ciclo pouco abaixo do

“takt time”, porque nunca haverá tempo disponível para recuperar atrasos, se o equipamento

ou sistema de materiais falhar.

37

Para Slack, Chambers & Johnston (2002) o tempo de ciclo é definido pelo tempo que

decorre entre a finalização de dois produtos. O tempo de ciclo é um elemento vital no projeto

do arranjo físico da produção.

3.9.3 Tempo Padrão

Segundo Martins & Laugeni (2006) a eficiência e os tempos padrões de produção são

influenciados pelo tipo do fluxo de material dentro da empresa, processo escolhido,

tecnologia utilizada e características do trabalho que está sendo analisado. Os tempos de

produção de linhas automatizadas variam muito pouco, e quanto maior a intervenção humana

na produção, maior é a dificuldade de se medir corretamente os tempos, uma vez que cada

operador possue habilidades diferentes e são influenciados por acontecimentos externos ao

posto de trabalho. Veja para que é importante o tempo padrão de cada operação.

• Estabelecer padrões para programas de produção para permitir o planejamento da

fabrica, utilizando com eficácia os recursos disponíveis e, também, para avaliar o

desempenho de produção em relação ao padrão existente;

• Fornecer dados para determinação dos custos padrões, para levantamento de custos de

fabricação, determinação de orçamentos e estimativas de custo para novos produtos;

• Fornecer dados para estudo de balanceamento de estrutura de produção, comparar

roteiros de produção e fabricação e analisar o planejamento de capacidade;

3.10 GARGALOS DE PRODUÇÃO

Em linhas ou células produtivas é comum a existencia de operações que possuem o

tempo de ciclo ou a indisponíbilidade de máquina superior as demais operações do sistema,

quando isso ocorre essa operação passa a ser conciderada o gargalo.

38

Para Martins & Laugeni (2006) um gargalo numa linha de produção é o equipamento

ou a etapa de fabricação com o maior tempo unitário de fabricação, ou seja a mais demorada

do fluxo.

Para Slack, Chambers & Johnston (2002) operações que possuem variação de tempo

de ciclo dentro de um fluxo podem causar filas e perda de tempo disponível para trabalho.

Assim a operação que delimita o fluxo da produção é considerada gargalo.

Uma ferramenta importante para minimizar os efeitos das operações garagalos é o

balanceamento de linha. Para Moreira (2004) a tarefa do balanceamento de linha é atribuir as

tarefas aos postos de trabalho ao ponto de atingir uma dada taxa de produção e de forma que o

trabalho seja dividido igualmente entre os postos de trabalho. Segundo Slack, Chambers &

Johnston (2002) o balanceamento de linha consiste em equilibrar os tempos de operações.

A utilização do sistema de monitoramento automático de paradas na máquina gargalo

pode facilitar a visualização e identificação das perdas.

3.11 PERDAS SEGUNDO FILOSOFIA MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL (TPM)

O sistema de monitoramento de máquina visa melhorar a performance da produção,

para isso é utilizado como ferramenta de identificação de perdas. As perdas identificadas pela

filosofia TPM podem ser combatidas desde que sejam identificadas pelo administrador da

produção.

Para Martins & Laugeni (2006) a manutenção de instalações tem por objetivo básico

mantê-las operando nas condições para quais foram projetadas, e também fazer com que

retornem a tal condição, caso tenham deixado de exercê-la. A cada dia aumenta mais nossa

dependência dos equipamentos e instalações. A interrupção do processo produtivo gera uma

série de problemas, como reclamações dos clientes, que não serão atendidos no prazo

especificado, receitas que deixaram de ser auferidas e custos de reparos nos quais se incorre

aumento nos índices de acidentes no trabalho e outros.

39

Uma instalação bem mantida, com baixíssimas interrupções, acaba por trazer á

empresa uma vantagem competitiva sobre seus concorrentes.

A concepção de que todo equipamento quebra está sendo reformulada, pois hoje

dentro dos conceitos modernos, já se adota o princípio de zero quebra, isto é, não se admite

mais interrupção do processo produtivo em decorrência da parada de um equipamento.

A manutenção produtiva total (TPM) visa atingir o que se chama de zero falha ou zero

defeito. Isto é atingir uma situação aparentemente impossível, de que nenhum equipamento

venha a quebrar em operação. É uma condição muito difícil de ser atingida, porém não

impossível. O TPM surgiu no Japão na década de 1960, a partir de conceitos desenvolvidos

nos Estados Unidos, e está se espalhando pelo mundo todo.

Segundo Slack, Chambers & Johnston (2002) para aumentar a produtividade dos

equipamentos e, conseqüentemente, de toda a empresa a filosofia do TPM recomenda o

ataque á seis grandes perdas:

Perda 1 – quebras: a quantidade de itens que deixa de ser produzida porque a

máquina quebrou. É a mais conhecida e mais facilmente calculada. Deve ser combatida com

uma manutenção preventiva eficaz;

Perda 2 – ajustes (setup): a quantidade de itens que deixa de ser produzida por que a

máquina estava sendo preparada e/ou ajustada para fabricação de um novo item. Deve ser

combatida com técnicas de redução de setup (trocas rápidas);

As perdas 1 e 2 definem a disponibilidade – ou índice de disponibilidade (ID)

do equipamento. Assim:

ID = TO/TTD

em que:

TO = tempo de operação

TTD = tempo total disponível

Valem as seguintes relações:

TTD = disponibilidade possível – paradas programadas

TO = TTD – paradas por quebras e por ajustes

ou:

TO = TTD – (perda 1 + perda 2)

40

Perda 3 – pequenas paradas/tempo ocioso: a quantidade de itens que deixa de ser

produzida em decorrência de pequenas paradas no processo para pequenos ajustes, ou por

várias ociosidades, como bate papo dos operados e paradas não apontadas;

Perda 4 – baixa velocidade: a quantidade de itens que deixa de ser produzida em

decorrência do equipamento estar operando em uma velocidade mais baixa do que a nominal

especificada pelo fabricante;

As perdas 3 e 4 definem a eficiência – ou índice de eficiência (IE)– do

equipamento. Assim:

IE = [TO – (perda 3 + perda4)]/ TO

Perda 5 – qualidade insatisfatória: é a quantidade de itens que é perdida (para todos

os efeitos é como se eles não tivessem sido produzidos) por qualidade insatisfatória, quando o

processo já entrou em regime;

Perda 6 – perdas com start-up: é a quantidade de itens que é perdida (para todos os

efeitos, é como se eles não tivessem sido produzidos) por qualidade insatisfatória, quando o

processo ainda não entrou em regime. No start-up ou partida, o índice de perda é em geral

maior.

As perdas 5 e 6 definem a qualidade – ou índice da qualidade (IQ) – do

equipamento. Assim:

IQ = [quantidade de itens conformes – (perda 5 + perda 6)]

quantidade de itens conformes

3.12 ÍNDICE DE EFICIÊNCIA GLOBAL DO EQUIPAMENTO ( OVERALL EQUIPMENT

EFFECTIVENESS – OEE)

O Índice de Eficiência Global do Equipamento (OEE – Overall Equipment

Effectiveness) é uma ferramenta importante na linha de produção para se conhecer o

desempenho de seus equipamentos. Com um adequado tratamento de dados, verifica-se a

41

evolução do índice, o reflexo das ações implementadas nos equipamentos e eventuais falta de

peças ou re-trabalhos, permitindo assim uma análise crítica e detalhada sobre os processos de

produção.

O cálculo do indicador OEE envolve três fatores: disponibilidade, eficiência e

qualidade (www.oee.com).

• A disponibilidade é dada pela porcentagem do tempo em que o equipamento é

utilizado efetivamente em atividade produtiva. Essa medida aponta todas as perdas por

avarias, troca de ferramentas, manutenção preventiva e corretiva, e quaisquer outras

paradas de produção.

• A eficiência da máquina ou da operação, segundo fator do indicador OEE, é dada pela

relação percentual entre a produção real e a produção padrão, ou ainda, pela relação

percentual entre o tempo padrão da operação e seu tempo real de execução.

• E a qualidade é medida pela porcentagem de peças produzidas pela máquina que

cumpriu todos os requisitos e exigências de qualidade.

O indicador OEE é calculado por:

OEE = EFICIÊNCIA x DISPONIBILIDADE x QUALIDADE.

Para análise da capacidade líquida de produção da máquina é preciso antes conhecer a

capacidade bruta de produção (Cb), definida como aquela capacidade que seria alcançada caso

não existisse quaisquer tipos de perdas durante todo o tempo de operação do equipamento. A

capacidade bruta da máquina, em peças por hora, pode ser calculada por:

Cb = 3600(s/h)/Te(s/pç), onde Te é o tempo de ciclo da operação.

Conhecendo-se o OEE e a Cb, obtém-se a capacidade líquida (Cl):

C l = Cb x OEE

A capacidade líquida de produção é a quantidade de peças que a operação vai

efetivamente produzir. Obviamente, quanto mais próximo de 1 (100%) for o índice OEE,

mais eficiente será a linha. Empresas que aplicam com freqüência os conceitos de melhoria

contínua – Kaizen conseguem obter índices OEE entre 85 a 90% (www.oee.com).

42

A empresa que identifica rapidamente os problemas que estão influenciando de

maneira negativa o índice OEE, pode resolvê-los com mais rapidez e melhorar seu

desempenho. A utilização de um sistema automático de monitoramento de paradas pode

facilmente identificar estas perdas.

Segundo Slack, Chambers & Johnston (2002) as empresas que utilizam seus recursos

acima da média de seus concorrentes provavelmente terão conquistado uma vantagem

competitiva na produção.

Para Martins & Laugeni (2006) a denominação OEE (de averall equipment

effectiveness) é bem mais usada nos meios de manutenção do que a abreviatura da tradução,

que poderia ser EGE (eficiência global do equipamento).

3.13 FILOSOFIA OPTIMIZED PRODUCION TECHNOLOGY (OPT)

Para Slack, Chambers & Johnston (2002) o OPT é uma técnica computadorizada que

auxilia a programação de sistemas produtivos, ao ritmo ditado pelos recursos mais fortemente

carregados, ou seja, os gargalos. O foco do OPT é utilizar ao máximo o equipamento gargalo,

pois cada minuto parado representa o sistema completo parado ao mesmo tempo.

A eliminação das paradas no equipamento gargalo, leva uma melhor utilização de todo

o sistema produtivo. A identificação dessas paradas e seus apontamentos via sistema de

monitoramento de máquina automático pode facilitar o processo de tomada de decisão e

também fornecer informações para grupo de melhorias continuas.

43

3.14 FILOSOFIA JUST IN TIME (JIT)

A filosofia JIT visa atender à demanda instantaneamente, com qualidade perfeita e

sem desperdícios. O Just in time (JIT) é uma abordagem disciplinativa que visa aprimorar a

produtividade global e eliminar desperdícios. (BICHENO, 1991)

A Toyota identificou sete tipos de desperdícios nos processos produtivos que formam

a base da filosofia Just in time.

• Superprodução: produzir mais do que é necessário;

• Tempo de Espera: eficiência de máquina e da mão-de-obra são medidas para avaliar o

tempo de espera em processo;

• Transporte: as movimentações de estoque e de produtos em processo são operações

que não agregam valor.

• Processo: no próprio processo, pode haver desperdícios muitas vezes devido a projetos

ruins que devem ser eliminados.

• Estoque: para o JIT todo estoque de ser eliminado. Entretanto, somente podem-se

reduzir os estoques pela eliminação das suas causas.

• Movimentação: a simplificação do trabalho é uma rica fonte de redução do desperdício

de movimentação desnecessária.

• Produtos defeituosos: os refugos são uma fonte de desperdícios sendo extremamente

importante atacar as suas causas.

O sistema de monitoramento de parada é uma ferramenta que pode ser utilizada na

identificação e medição do desperdício por Tempo de Espera em cada equipamento de uma

linha ou sistema produtivo.

44

3.14.1 Técnicas JIT para Identificar Desperdícios.

A utilização de informações precisas é de extrema importância para o processo de

identificação e eliminação dos desperdícios. Para Slack, Chambers & Johnston (2002) a base

do JIT é uma coleção de ferramentas e técnicas que representam os meios para a eliminação

do desperdício. Algumas das principais práticas e ferramentas utilizadas pelo JIT na redução

dos desperdícios são: manutenção produtiva total (TPM) e redução do set-up.

A filosofia JIT utiliza a visibilidade como ferramenta de comunicação e também como

identificadora de desperdícios para qualquer colaborador. As medidas de visibilidade incluem:

• Exibição de gráficos de desempenho no local de trabalho.

• Luzes, sistemas que indicam paradas de equipamentos.

• Exibição de gráficos de controle da qualidade.

Para identificar com maior precisão os desperdícios, pode-se atuar com sistemas de

monitoramento de paradas. O sistema proposto é o sistema Injet, pois além de coletar os

dados de paradas também os disponibiliza como informação para o gestor da produção

analisar.

45

CAPÍTULO QUARTO

4 SISTEMA INJET DE COLETA DE DADOS

O sistema Injet é uma solução integrada de hardware e software desenvolvidos para

monitorar a produção em tempo real. Quantificando e qualificando as perdas de produção por

áreas responsáveis e causas. Estas perdas são contabilizadas por: paradas (manutenção, falta

de operador, setup e outras) , tempo de ciclo elevado e falta de programação para máquina.

Além disso, o sistema Injet apresenta um diagnóstico instantâneo da eficiência, eficácia e

efetividade da produção realizada em cada máquina em relação a sua capacidade padrão

programada. O sistema é capaz de gerar relatórios precisos dos históricos de produção por

produto, bem como de todo processo produtivo.

A proposta do sistema Injet vai além da monitoração do processo no chão de fábrica.

Grande parte de sua contribuição está no suporte a decisão gerencial. Pois basta lembrar que

trata-se de um sistema de controle em tempo real. Os dados são obtidos e processados no

momento em que as atividades acontecem. Esse processamento gera informações precisas que

podem ser apresentadas em forma de relatórios e gráficos que facilitam a análise e a

interpretação necessárias para às tomadas de decisão imediatas (YOSHIKAWA 2006).

Para a MAP CARDOSO empresa que criadora do sistema, o aumento da

produtividade está muitas vezes relacionado a detalhes imperceptíveis pelo homem, mas que

quando tratados adequadamente podem levar a resultados surpreendentes.

46

4.1 ARQUITETURA DO SISTEMA

A arquitetura física e lógica que o sistema Injet necessita para que o fluxo de dados

ocorra é:

1. Aquisição de Dados das Máquinas

2. Servidor

3. Computador Mestre

4. Terminal de Monitoração (TM)

Para visualizar como é feita a instalação física e lógica do sistema Injet ver figura 8.

Figura 8: Instalação física e lógica do sistema Injet

Fonte: www.mapcardoso.com.br

4.1.1 Aquisição de Dados das Máquinas

A aquisição de dados das máquinas é baseada na utilização de IPÊS (CLP`s –

Controladores Lógicos Programáveis) que além das interfaces para sensores e atuadores

(responsáveis pelas coletas de dados automáticas) também, possuem teclado e display para

coleta de dados manuais e visualização de informações

47

Em cada máquina monitorada deve existir um IPÊ. A interligação do sistema se dá

através de uma rede industrial (YOSHIKAWA 2006).

4.1.2 Servidor

O software do sistema Injet é baseado na arquitetura cliente-servidor, ou seja, as

principais rotinas de processamento de análise dos dados coletados do processo produtivo

estão escritas em store procedures no banco de dados. Isso permite que apenas os dados de

consulta, feitos pelo software dos terminais de monitoração, trafeguem na rede corporativa,

enquanto o processamento, que exige mais performance de hardware, seja feito no servidor de

banco de dados. Assim é possível maior confiabilidade na integração dos dados e melhor

performance para acessos feitos por terminais de monitoração remotos, com ligações de baixa

velocidade de transmissão de dados com rede corporativa. É o caso de um TM que se conecte

a rede corporativa através da Internet (YOSHIKAWA 2006).

4.1.3 Computador Mestre

O computador mestre é o que gerencia o recebimento de dados, que são coletados

pelos IPÊS em tempo real, e os escreve no banco de um servidor da rede corporativa. Os

dados armazenados no banco de dados do servidor serão processados e analisados pelos

programas escritos no próprio banco de dados e cujos resultados serão apresentados nos

programas do terminal de monitoração, que são processados nas estações da rede corporativa

(YOSHIKAWA 2006).

4.1.4 Terminal de Monitoração (TM)

Os TMs são computadores que já são estações de trabalho da rede corporativa

existente. Nestes computadores irão ser processados os programas de monitoração em tempo

real, que acessam o banco de dados do servidor para apresentar as análises de performance de

produção das máquinas em tempo real e apresentar relatórios de resultados já realizados, em

forma gráfica ou descritiva. (YOSHIKAWA 2006).

48

O software do Sistema Injet usa telas gráficas com linguagem simbólica por ícones e

cores para adensar de forma inteligente as informações que fazem o diagnóstico do

desempenho de cada máquina que está sendo monitorada, em tempo real. As cores do ícone

identificam a situação atual de desempenho da máquina (ex: vermelha está parada com perda

de eficiência) conforme figura 9.

Figura 9: Tela de monitoramento em tempo real do Injet

Fonte: www.mapcardoso.com.br

Este software possui integrado várias ferramentas da qualidade tais como o gráfico de

pareto de perdas por paradas e refugos, com definição de tendência de ocorrências e

histograma de cada tipo de perda.

O supervisório do Sistema Injet oferece também diversos relatórios analíticos e

gerenciais que auxiliam na definição do foco de ação de melhoria do processo produtivo (ver

figura 10), seja numa visão do desempenho por máquina, seja numa visão de desempenho por

produto.

49

Figura 10: Gráfico de paradas por área responsável

Fonte: www.mapcardoso.com.br

Figura 11: Gráfico da situação da fábrica.

Fonte: www.mapcardoso.com.br

50

Estes gráficos oferecem um diagnostico em tempo real do desempenho do turno atual,

com todos indicadores quantitativos de desempenho, e apresenta um gráfico de pareto vertical

com uma classificação da máquina, ou produto, de melhor para pior desempenho, segundo o

índice escolhido (ver figura 11). Assim sendo, pode-se definir focos para os planos de ações

de melhoria contínua, com prioridade em relação aos piores desempenhos de máquina ou

produto. Este procedimento analítico tornar-se uma rotina de apoio para a gestão de melhorias

do dia a dia do processo produtivo.

51

CAPÍTULO QUINTO

5 METODOLOGIA CIENTÍFICA

A ciência se apresenta como um processo de investigação que procura atingir

conhecimentos sistematizados e seguros. Para que se alcance esse objetivo é necessário que se

planeje o processo de investigação cientifica. Conforme Gil (2002) as pesquisas podem ser

classificadas em três grupos:

• Exploratória: na pesquisa exploratória não se trabalha com a relação entre variáveis,

mas com o levantamento da presença das variáveis e da sua caracterização quantitativa

e qualitativa.

• Descritiva: estuda as relações entre duas ou mais variáveis de um dado fenômeno sem

manipulá-las.

• Explicativa: preocupa-se em identificar os fatores que influenciam na ocorrência de

fenômenos.

5.1 METODOLOGIA UTILIZADA

Como o pesquisador não participou da implantação do sistema de coleta de dados e

não vivenciou o processo de gestão antes da implantação do sistema, optou-se por

desenvolver uma pesquisa descritiva assumindo a forma de estudo de caso visando identificar

os benefícios da utilização deste sistema (CERVO, 2002).

52

5.1.1 Identificação do problema

Segundo Gil (2002), problema é uma questão não resolvida, que é elemento de

discussão, em qualquer grau de conhecimento.

O problema a ser analisado neste trabalho é como identificar os benefícios que se

obteve com a utilização de um sistema de monitoramento automático de paradas de máquina

em uma linha de usinagem.

5.1.2 Delimitação do estudo de caso

Para Lakatos & Marconi (2005) delimitar a pesquisa é estabelecer limites para

investigação.

Por se tratar de uma linha de produção onde que é o gargalo que delimita o ritmo de

produção, o estudo de caso será feito apenas na operação gargalo da linha.

Os períodos definidos para coletas de dados para avaliação dos benefícios são os

meses de Março (caso 1) e Setembro (caso 2) de 2007 representando o antes e o depois da

implantação do sistema respectivamente. As áreas envolvidas são; planejamento da produção,

produção, gestão da produção e manutenção dessa linha de usinagem.

5.1.3 Coleta de Dados

A coleta de dados da máquina gargalo foi feita de maneira diferente para os dois

casos:

• Março de 2007 (caso 1); coletaremos dados de paradas de máquina e de

produção nos cadernos utilizados na empresa como meio de comunicação e

registro.

• Setembro de 2007 (caso 2); coletaremos os dados de parada de máquina e de

produção utilizando um Terminal de Monitoração do sistema Injet.

53

5.1.4 Análise e interpretação dos Dados

Nesta etapa, através dos dados coletados serão calculados os indicadores de

desempenho da produção dos dois sistemas de coleta de dados.

5.1.5 Avaliação dos resultados

A avaliação dos resultados será feita através da comparação dos resultados obtidos na

fábrica utilizando os indicadores, e também das informações disponíveis para gestão da

produção em cada sistema de coleta de dados.

54

CAPÍTULO SEXTO

6 ESTUDO DE CASO

O objeto deste estudo de caso é um sistema de monitoramento de paradas de máquina

automático, que foi instalado em uma linha de usinagem de cabeçotes de motor de uma

empresa do setor metalúrgico. Esta empresa visa utilizar este sistema como fonte de

informação para tomada de decisão e melhoria do desempenho do sistema produtivo.

A empresa aqui estudada não será identificada por solicitação da mesma.

6.1 APRESENTAÇÃO DA LINHA DE USINAGEM

A linha Vista, nome da linha de usinagem que foi estudada, foi projetada e instalada

no ano de 2005 com o objetivo de atender a uma montadora estrangeira. O projeto foi

concebido utilizando conceito de produção em linha gerando um fluxo entre as operações. A

linha é composta de:

• quatro fresadoras;

• duas furadeiras especiais;

• três lavadoras;

• duas máquinas de montagem de componentes;

• uma cabine de inspeção final e embalagem;

• quatro centros de usinagem verticais;

• três centros de usinagem horizontais;

• uma máquina de teste de estanqueidade

55

É predominante a utilização de máquinas que trabalham em automático, porém

necessitam do operador para abastecer, desabastecer, controlar a qualidade e trocar

ferramentas. Para visualizar o layout Vista ver figura 5.

Figura 12: Layout Linha Vista.

Fonte: Primária (2007)

6.1.1 Demanda do Cliente

Pelo fato da linha ser projetada especialmente para o cliente, existe um contrato que

garante uma demanda mínima por ano, este é utilizado para garantir o retorno do investimento

feito pela empresa ao implantar o projeto. Este valor de demanda mínima por ano foi utilizado

Engenharia de Manufatura para estipular os tipos de máquinas, a quantidade de máquina e o

takt-time de fabricação no projeto.

O cliente também possui uma linha de usinagem deste cabeçote em sua planta, porém

sem contrato de demanda. Caso sua linha apresente problemas, parte da demanda é oferecida

como acréscimo para a empresa que possui a linha Vista.

Desde o mês de Janeiro de 2007 são constantes os acréscimos de produção, totalizando

até o mês de setembro uma média de 21% de demanda acima do programado.

6.1.2 Turnos de Trabalho

Como a empresa estudada não planeja ampliar a capacidade com a inclusão de novas

máquinas, para aproveitar este bom momento de vendas foi necessário utilizar um sistema de

turnos extra para que a linha trabalhe 24 horas por dia, 7 dias por semana, buscando a melhor

utilização dos equipamentos disponíveis para esta linha.

56

6.1.3 Capacidade de Produção da Linha Vista

A capacidade de produção da linha é definida através do departamento de Engenharia

de Manufatura que cronometra todos os tempos de ciclo e juntamente com o departamento de

padrões definem os tempos padrões e a quantidade de operadores. A capacidade produção

horária de cada operação é definida pela formula;

Capacidade (peças/hora) = 60 (minutos) / Tempo padrão (minutos).

A operação que possuir o maior tempo padrão é considerada o gargalo da linha, toda e

qualquer parada neste equipamento resultarão em uma perda em todo o sistema. A operação

gargalo deve ser altamente monitorada visando identificar rapidamente as paradas e

minimizar as perdas por paradas desnecessárias.

Para visualizar o tempo padrão, capacidade de produção horária de cada operação e da

operação gargalo ver quadro 1 e figura 13.

TEMPOS POR OPERAÇÃO CABEÇOTE VISTAOperação Descrição das operações Tempo de Ciclo Padrão(min) Peças/Hora

OP10 Fresar face de fogo 4,42 13,58OP20 Furações face da tampa 4,56 13,16

OP30 Furar furos de fixação 3,22 18,65OP40 Fresar faces laterais 4,07 14,75OP45 Lavadora intermediaria 1,50 40,00

OP60 Vela e bico 4,74 12,65OP70 Fresar torres 2,43 24,66

OP50 Faces laterais 4,96 12,11OP80 Furar furo inclinado 2,67 22,50OP90 Alojamento das sedes e guias 5,23 11,46

OP100 Lavadora intermediaria 0,83 72,00OP110 Montar componentes 2,67 22,50

OP120 Fresar face de fogo 3,45 17,39OP130 Sedes e Guias 4,92 12,20

OP140 Lavadora final 4,50 13,33OP150 Sopro 4,50 13,33OP160 Montar selos 2,25 26,67

OP170 Teste de estanqueidade 3,42 17,56OP180 Inspeção 4,50 13,33

OP190 Oleação e embalagem 3,33 18,00

Quadro 1: Tempos e capacidade horária por Operação.

Fonte: Primária (2007)

57

Tempos Por Operação

4,424,56

3,22

4,07

1,50

4,74

2,43

4,96

2,67

5,23

0,83

2,67

3,45

4,924,504,50

2,25

3,42

4,50

3,33

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

OP10

OP20

OP30

OP40

OP45

OP60

OP70

OP50

OP80

OP90

OP10

0

OP11

0

OP12

0

OP13

0

OP14

0

OP15

0

OP16

0

OP17

0

OP18

0

OP19

0

Operações

Tem

pos

(min

)

Figura 13: Gráfico de tempos por operação.

Fonte: Primária (2007)

De acordo com as informações coletadas, operação gargalo é a OP90, pois apresenta o

maior tempo de ciclo. A máquina utilizada nessa operação é um Centro de Usinagem

Mazak.(ver figura 14).

Figura 14: Centro de Usinagem da OP90.

Fonte: Primária (2007)

58

6.2 SISTEMA DE COLETA DE DADOS MANUAL (CASO 1)

O sistema de coleta de dados manual necessita da interação entre as pessoas

envolvidas no processo para que a informação flua. Na empresa estudada as pessoas

envolvidas no processo de coleta e apresentação das informações são:

• Operadores

• Técnicos de Linha

• Líderes de Produção

Cada nível possui uma função no processo de coleta de dados.

6.2.1 Função dos Operadores na Coleta de Dados

Os operadores são a principal fonte de informação, eles sabem de tudo que aconteceu

com o equipamento durante seu turno. Na empresa existe o caderno de Registro de

Acompanhamento de Processo (RAP) que deve ser preenchido pelo operador, neste caderno

devem estar registradas as seguintes informações;

• peças produzidas

• paradas por manutenção

• trocas de ferramenta de corte

• controles de qualidade realizados

Para visualizar um exemplo de caderno RAP preenchido e as informações contidas ver

figura 15.

59

Figura 15: Caderno RAP preenchido.

Fonte: Primária (2007)

6.2.2 Função dos Técnicos de Linha na Coleta de Dados

No final de cada turno de produção os técnicos de linha passam por todas as operações

verificam as anotações, filtram alguns dados de possível irrelevância e repassam as

informações para outro caderno, o caderno de Controle Diário de Produção (CDP). Neste

caderno deve conter a quantidade produzida e as paradas de produção. Para visualizar um

exemplo de caderno CDP preenchido ver figura 16.

60

Figura 16: Caderno de CDP preenchido.

Fonte: Primária (2007)

6.2.3 Função dos Líderes de Produção na Coleta de Dados

Os líderes de produção são os responsáveis pela apresentação do desempenho da linha

de produção nas reuniões diárias. Para isso utilizam as informações do caderno CDP. As

informações contidas neste caderno são repassas para um quadro de CDP, onde é possível

visualizar o histórico do mês (ver figura 17).

61

Figura 17: Foto do quadro de CDP.

Fonte: Primária (2007)

Nessas reuniões diárias de produção participam todas as equipes de apoio como;

coordenadores de manutenção, ferramentas, qualidade, produção, manufatura e Gerência. A

função da participação das equipes de apoio é identificar problemas ou perdas e no mesmo

momento, tomar decisões e definir pendências para serem corrigidas.

6.2.4 Coleta dos Dados e Resultados Obtidos Através do Sistema Manual (caso 1).

Através dos registros de todos os cadernos RAP e CDP da operação 90 de março de

2007, foi criada uma tabela que contem nome do operador, quantidade produzida, data, turno

de trabalho, ocorrência de paradas e tempos de parada. Parte da tabela pode ser vista no

quadro 2.

62

Operador Peças Produzidas Data Turno Tempo de Parada (h) Motivo da ParadaMarco / Alex 90 1/3/2007 6° Não Houve

Ribeiro 75 1/3/2007 1° Não Houve0,5 Falta de peça devido a CU0032

4 Iniciando TPM Cu0074Alexsandro 61 2/3/2007 6° 2 Troca de Ferramenta

0,66 Aguardando peça 3D0,41 Ajuste de Ferramenta0,5 Batimento de ferramenta

1,16 ManutençãoPalhano 80 2/3/2007 2° Não HouveMarco 86 3/3/2007 6° Não Houve

0,5 Revezamento de operador0,33 Manutenção0,33 Falta de peça 0,25 Troca de Ferramenta0,33 Manutenção0,5 Revezamento para refeição

0,08 Ajuste de Ferramenta1,16 Falta de energia elétrica0,5 Ajuste de Ferramenta

Ribeiro 63 4/3/2007 1° 2,08 Falta de energia elétrica0,5 Revezamento para refeição0,5 Ajuste de Ferramenta

Marco 90 5/3/2007 6° Não Houve1,83 Manutenção0,16 Problemas com apalpador

Palhano 75 5/3/2007 2° 0,33 Manutenção

Palhano 77

Ribeiro 70

67

Ribeiro 77

Palhano 80

Registros Linha Vista Março de 2007

2°3/3/2007

1/3/2007 2°

2/3/2007 1°

6°4/3/2007Marco 68

1°5/3/2007

3/3/2007

2°4/3/2007

Renato Avanci 18

Ribeiro

Quadro 2: Informações coletadas no RAP e CDP.

Fonte: Primária (2007)

Utilizando a tabela 2 e outros dados apresentados, extraímos as seguintes informações:

Produção horária padrão (pç/h) 11,46Quantidade de peças boas produzidas 6365

Quantidade refugos produzido 39Tempo total disponível TTD (h) 744

Paradas apontadas (h) 87,09Paradas não apontadas (h) 101,50

Através dessas informações, calculamos os indicadores de desempenho da produção

do mês de março da linha Vista conforme demonstrado no quadro 3:

63

ID = 656,9 744,0ID =

IE = 656,9 101,5 656,9IE =

IQ = [quantidade de itens conformes – (perda 5 + perda 6)]

IQ = 6365 39 6365IQ =

OEE = 88,29% 84,55% 99,39%OEE =

Índice de DisponíbilidadeID = TO/TTD

88,29%

Índice de EficiênciaID =[ TO - (paradas não apontadas)]/TO

99,39%

84,55%

Índice de Qualidade

74,19%

CASO 1

Índice de Eficiência Global do Equipamento OEE= ID * IE * IQ

quantidade de itens conformes

Quadro 3: Indicadores desempenho.

Fonte: Primária (Março de 2007)

64

6.3 SISTEMA DE COLETA DE DADOS AUTOMÁTICA (CASO 2)

O sistema de coleta de dados automático foi instalado na empresa com a função de;

1. identificar problemas,

2. registrá-los

3. e demonstrá-los como informação

Desta forma os problemas ficam visíveis e com essas informações as equipes de apoio

podem solucioná-los.

O sistema instalado na empresa foi o sistema Injet do fornecedor MAP Cardoso pois, o

mesmo utiliza uma estrutura hardware simples e para operar os sistema não é necessário alta

qualificação em informática.

A supervisão do equipamento é feita automática pelos IPÊS em tempo integral e a

única interação humana necessária é com o operador que deve informar a causa das paradas.

Com este sistema as pessoas envolvidas da coleta até a apresentação dos dados foi alterada

ficando da seguinte forma;

• Operadores e IPÊS

• Líderes e terminais de monitoramento

6.3.1 Estrutura do Sistema Injet na Empresa

O sistema Injet instalado na empresa conta com a seguinte estrutura;

• sete IPÊS

• um Computador Mestre

• um Servidor

• terminal de monitoramento, (software disponível na rede coorporativa).

Para melhor visualização da estrutura de funcionamento do sistema na empresa ver

figura 18.

65

Figura 18: Estrutura do sistema Injet na empresa.

Fonte: Primária (2007)

6.3.2 Função dos Operadores e dos IPÊS na Coleta de Dados

Com este sistema, quando o equipamento pára de funcionar o IPÊ gera um alarme

visual e começa a apontar no sistema como equipamento parado, tendo o motivo da parada

como Parada Não Informada. Para que o status de Parada Não Informada seja alterado, o

operador deve atribuir alguma causa para esta parada, Para isso existe uma tabela que

correlaciona todos os tipos de paradas com números (ver quadro 4). Esse número deve ser

digitado no IPÊ, e quando isso ocorre o status da parada muda de acordo com a informação

digitada pelo operador. Assim que o equipamento voltar a trabalhar o alarme deixa de atuar

automaticamente e o sistema considera que o equipamento voltou a trabalhar

66

F1F2F3F4F5F6

281 Preenchendo Carta Farol

277 Troca de Turno278 Férias / Máquina Inativa279 Ajuste de Ferramenta / Teste de Fer.280 Manutenção Preditiva

273 Altura da sede não conforme274 Falta de Bruto

272 Treinando Novo Operador

276 Análise de Vibração

221 Aguardando Técnico da Qualidade

269 Revezamento de Operador270 Retrabalhando Peça 271 Estouro de Ciclo

265 LV005 Lavadora Parada266 Peça Desalinhada

Finalizar Parada AtualOperador ( login / logout)Abrir / Fechar Alerta

264 TPM

234 Falta de Peça Devido CU0032235 Falta de Peça Devido CU0058

228 Aguardando Auditor da Qualidade 231 Falta de Instrumento de Medição232 Falta de Peça Devido FR0076233 Falta de Peça Devido CU0070

236 Falta de Peça Devido CU0060

Tabela de auxílio a utilização do ipê

219 Correções de Programa / Ferramentas220 Aguardando Técnico de Processo

223 Realizando Batimento de Ferramenta224 Troca de Ferramenta

01 Refugo de Usinagem02 Refugo de Fundição03 Peça para Retrabalho

208 Banheiro215 Limpeza de Máquina / Área de Trabalho216 Falta de Operador218 Recuperação de Peças / Retrabalho

Produção205 Intervalo de Café / Refeição206 Falta de Peça na Linha207 Reunião

211 Manutenção de Dispositivo 212 Aguardando Manutenção/Lubrificação213 Manutenção Devido a Colisão214 Manutenção Preventiva

Tabelas de Auxílio aos Operadores

Manutenção

210 Manutenção elétrica/eletrônica corretiva209 Manutenção Mecânica Corretiva

237 Falta de Peça Devido CU0056238 Falta de Peça Devido CU0064239 Falta de Peça Devido LV0045240 Falta de Peça Devido EQ0033241 Falta de Peça Devido CU0074242 Falta de Peça Devido FU0097

Ferramentas225 Falta de Ferramenta227 Teste de Ferramenta

Outros217 Set up da Máquina222 Ambulatório226 Try out de Máquina

Alertas

249 Falta de Peça Devido PR0079250 Medindo Peça

243 Falta de Peça Devido FR0077244 Falta de Peça Devido FR0078245 Levando Peça para 3D246 Aguardando Peça da 3D

260 Finalizar Ordem de Produção261 Inicializar Ordem de Produção262 Parada para Final de Semana

255 Teste de Ferramenta256 Limpeza das Vedações 257 Reprovando Peças258 Trabalhando com Operação 50

228 Aguardando Auditor de Qualidade229 Falta ou Queda de Energia Elétrica230 Falta de Ar Comprimido

259 Trabalhando com Operação 60

251 Carga e Descarga Manual252 Tempo de Carga e Descarga Esgotado253 Problemas com Apalpador254 Revezamento para Refeição

247 Falta de Peça Devido FU0058248 Falta de Peça Devido LV0039

267 Manutenção Elétrica na Talha

263 Linha Cheia / Excesso de Peça

01 Falta de Ferramenta04 Aguardando Técnico

Corrigir Última Parada Digitada

282 Troca da Fresa / Broca283 Quebra de Broca / Ferramenta284 Troca de óleo / Limpeza no Tanque

05 Aguardando Relatório02 Falta de Bruto

Refugos

275 Furo Inclinado

Digitar RefugoCancelar o Último Refugo

268 Falta de Óleo

Quadro 4: Códigos para auxílio dos operadores.

Fonte: Primária (2007)

67

6.3.3 Função dos Líderes e os TM na Coleta de Dados

Os líderes de produção deixaram de ser a única fonte de informação. Com este sistema

toda a equipe de apoio pode acessar ao sistema Injet por um computador ligado a rede

cooperativa. Cada computador se torna um Terminal de Monitoramente, onde nele pode-se

verificar o desempenho de cada equipamento.

6.3.4 Informações Fornecidas pelo TM

Através do TM todos os dados coletados são apresentados na forma de informação. O

sistema permite a elaboração de inúmeros relatórios que demonstram o desempenho dos

equipamentos. Os relatórios podem ser:

• Tempo de paradas

• Motivo das paradas

• Histórico dos tempos de ciclo

• Quantidade produzida

• Utilização do equipamento

• OEE do equipamento

A empresa utiliza esses relatórios com identificação das perdas e desenvolve ações de

melhoria contínua para que o mesmo problema não volte a se repetir e prejudicar o

desempenho da produção

6.3.5 Coleta dos Dados e Resultados Obtidos Através do Sistema Automático (caso 2).

O procedimento de coleta dos dados através do sistema Injet é simples e rápido.

Utilizando um computador ligado a rede coorporativa, podemos acessar ao banco de dados e

solicitar ao software a elaboração dos gráficos conforme a necessidade.Veja alguns exemplos

a seguir.

68

A figura 19 demonstra o gráfico de paradas por área responsável e a porcentagem que

cada uma contribui para o total de horas paradas.

Figura 19: Gráfico de paradas por área responsável.

Fonte: Primária (Setembro de 2007)

A identificação dos motivos de paradas que mais influenciaram no tempo total das

paradas pode ser visto no TM através do gráfico ABC acumulado. (ver figura 20).

Figura 20: Gráfico ABC dos motivos de paradas.

Fonte: Primária (Setembro de 2007)

69

Divergências entre o tempo de ciclo padrão e o realizado podem ser identificadas

através da tela de monitoramento de ciclo. A figura 21 demonstra em amarelo quais ciclos

tiveram um tempo acima do programado no padrão do software.

Figura 21: Gráfico dos últimos tempos de ciclo.

Fonte: Primária (Setembro de 2007)

A rastreabilidade dos operadores também pode ser feita através do Terminal de

Monitoração conforme figura 22.

70

Figura 22: Gráfico ABC dos motivos de paradas.

Fonte: Primária (Setembro de 2007)

Utilizando as informações contidas no banco de dados do sistema Injet foram retiradas

as seguintes informações.

Produção horária padrão (pç/h) 11,46Quantidade de peças boas produzidas 7009

Quantidade refugos produzido 30Tempo total disponível TTD (h) 720

Paradas apontadas (h) 81Paradas não apontadas (h) 27,39

Através dessas informações calculamos os indicadores de desempenho da produção do

mês de setembro da linha Vista (ver quadro 5).

71

ID = 639,0 720,0ID =

IE = 639,0 27,4 639,0IE =

IQ = [quantidade de itens conformes – (perda 5 + perda 6)]

IQ = 7009 30 7009IQ =

OEE = 88,75% 95,71% 99,57%OEE =

Índice de DisponíbilidadeID = TO/TTD

88,75%

Índice de EficiênciaID =[ TO - (paradas não apontadas)]/TO

99,57%

95,71%

Índice de Qualidade

84,58%

CASO 2

Índice de Eficiência Global do Equipamento OEE= ID * IE * IQ

quantidade de itens conformes

Quadro 5: Indicadores desempenho.

Fonte: Primária (Setembro de 2007)

6.4 COMPARAÇÃODOS RESULTADOS OBTIDOS ENTRE O CASO 1 E CASO 2

6.4.1 Comparação Entre os Indicadores de Desempenho do Caso1 e Caso 2).

Através da comparação dos indicadores dos dois períodos (ver quadro 6), será possível

identificar qual foi a variável que influenciou nos resultados obtidos.

72

ID = 656,9 744,0 ID = 639,0 720,0ID = ID =

IE = 656,9 101,5 656,9 IE = 639,0 27,4 639,0IE = IE =

IQ = [quantidade de itens conformes – (perda 5 + perda 6)] IQ = [quantidade de itens conformes – (perda 5 + perda 6)]

IQ = 6365 39 6365 IQ = 7009 30 7009IQ = IQ =

OEE = 88,29% 84,55% 99,39% OEE = 88,75% 95,71% 99,57%OEE = OEE =

Índice de Disponíbilidade Índice de DisponíbilidadeID = TO/TTD ID = TO/TTD

88,29% 88,75%

Índice de Eficiência Índice de EficiênciaID =[ TO - (paradas não apontadas)]/TO ID =[ TO - (paradas não apontadas)]/TO

99,39% 99,57%

84,55% 95,71%

Índice de Qualidade Índice de Qualidade

74,19% 84,58%

CASO 1 CASO 2

Índice de Eficiência Global do Equipamento Índice de Eficiência Global do Equipamento OEE= ID * IE * IQ OEE= ID * IE * IQ

quantidade de itens conformes quantidade de itens conformes

Quadro 6: Comparação entre indicadores desempenho.

Fonte: Primária (2007)

O melhor resultado do Índice de Eficiência Global OEE foi obtido no caso 2, onde foi

utilizado o sistema Injet para registro de apontamento de paradas. O ganho obtido em relação

ao caso 1 foi de 14%.

Para melhor identificação das variáveis que influenciaram na melhora do OEE a figura

23 demonstra em porcentagem quanto cada índice (ID, IE e IQ) contribuiu nos 14% de ganho

em OEE no caso 2.

Porcentagem de contribuição na melhora do OEE

4%

95%

1%

Índice deDisponíbilidade

Índice de Eficiência

Índice de Qualidade

Figura 23: Gráfico da porcentagem de contribuição do OEE.

Fonte: Primária (2007)

73

Após da análise da figura 23 fica claro que o principal fator que determino o ganho de

14% de OEE foi o Índice de Eficiência (95% do total). A melhora deste indicador que no caso

1 foi de IE=84,55% para IE=95,71 no caso 2 é atribuída ao sistema Injet, pois, através do

acompanhamento instantâneo da operação gargalo o gestor pode identificar as perdas 3 e 4 da

filosofia do TPM (Perda 3 – pequenas paradas/tempo ocioso, Perda 4 – baixa velocidade)

e tomar ações para eliminá-las.

6.4.2 Comparação Entre os Dados Disponíveis do Caso1 e Caso 2).

Na empresa, é de cultura a utilização de registros manuais para a produção. Estes são

considerados eficientes quando é necessário um maior detalhamento de informações, porém

quando é preciso analisar o histórico ou um acompanhamento de minuto à minuto os registros

manuais perdem competitividade.

Pelo contrário o sistema de apontamentos de paradas automático Injet se destaca em

vários aspectos;

• no monitoramento instantâneo,

• na análise dos históricos registrados,

• nas várias opções gráficas de divulgação de informações,

• utiliza a visibilidade como ferramenta para identificação de desperdícios,

• reduz a possibilidade de conter informações a divergentes pois, a quantidade de

pessoas envolvidas no fluxo de dados é menor,

• auxilia a gestão da produção no processo de tomada de decisão,

• e dá fluxo as informações via rede coorporativa para todos departamentos que

á necessitam.

Apesar de todas as qualidades do sistema o mesmo não dá resultados sozinho, a

função do Injet não é resolver problemas e produzir mais, sua função é coletar dados e

demonstrá-los de maneira que as perdas fiquem visíveis. As ações de melhoria que são

desenvolvidas com base nessas informações é que dão produtividade para empresa.

74

CAPÍTULO SÉTIMO

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No mercado competitivo atual, as empresas cada vez mais buscam o melhor

aproveitamento do parque fabril reduzindo assim investimentos e custos de produção. Ao

final desta pesquisa fica claro, que a utilização do sistema de monitoramento automático de

paradas contribuiu para o melhor aproveitamento da máquina gargalo da linha de usinagem. A

utilização do sistema Injet proporcionou uma melhora em 14% do OEE. Este valor é

representativo, pois ocorreu um aumento de produção sem investimentos em novas máquinas

ou mão de obra.

O sistema Injet não melhora os resultados operacionais sozinho, não é de sua função

resolver problemas e produzir mais, sua função é coletar dados e demonstrá-los de maneira

que as perdas fiquem visíveis. As ações de melhoria que são desenvolvidas com base nessas

informações é que dão a melhor produtividade para empresa.

A evolução da gestão da produção é um caminho sem volta, os métodos antigos com

registros 100% manuais apresentam inúmeros problemas como, necessidade de tempo para

que os operadores façam os apontamentos, fluxo de dados lento, envolvimento de muitas

pessoas, risco de apontamentos incorretos, sem acompanhamento histórico e também a falta

de apontamentos.

O sistema Injet se destaca em relação ao modelo antigo, pois com a qualidade e a

rapidez que as informações sobre os apontamentos são disponibilizadas na tela do

computador, facilitam o fluxo e a gestão da informação da empresa. O gestor da produção e

todos da equipe de apoio possuem acesso às mesmas informações do banco de dados. A

grande variedade de gráficos que sistema disponibiliza são extremamente úteis para o

processo de tomada de decisão e identificação de perdas.

A adoção de sistemas mais avançados de comando eletrônico tem encontrado grandes

justificativas em fatores não muito objetivos, pois de uma forma geral, não se pode justificar a

75

automação quando se deseja continuar produzindo a mesma quantidade, e o mesmo produto

com a mesma qualidade, mas encontram-se justificativas claras quando o objetivo é melhorar

a qualidade, aumentar a flexibilidade e a produtividade. Enfim melhorar a qualidade,

competitividade dos produtos da empresa. A empresa onde foi realizada a pesquisa obteve

sucesso com a utilização da nova tecnologia de monitoramento de máquina. O aumento da

eficiência da sua produção na manufatura tornou-se mais um diferencial competitivo em

relação a seus concorrentes.

Para trabalhos futuros, recomenda-se:

• Melhorar a visibilidade do status de cada máquina e os indicadores de

desempenho através da instalação de painel eletrônico ou uma televisão ligado

ao banco de dados do sistema Injet para apresentar os valores de todos

equipamentos da linha para todas as pessoas que passam pelo corredor em

tempo real.

• Instalar o sistema Injet em outras linhas ou até mesmo em células e verificar se

a melhora da eficiência irá se repetir.

76

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