64
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR. HEITOR VIEIRA DOURADO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL MESTRADO EM DOENÇAS TROPICAIS E INFECCIOSAS ASPECTOS CLÍNICOS DA INFECÇÃO PELO VÍRUS DENGUE SOROTIPO 4 DURANTE A EPIDEMIA DE 2011 EM MANAUS, AMAZONAS CLEUDECIR SIQUEIRA PORTELA MANAUS 2012

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR. HEITOR VIEIRA DOURADO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL MESTRADO EM DOENÇAS TROPICAIS E INFECCIOSAS

ASPECTOS CLÍNICOS DA INFECÇÃO PELO VÍRUS DENGUE SOROTIPO 4

DURANTE A EPIDEMIA DE 2011 EM MANAUS, AMAZONAS

CLEUDECIR SIQUEIRA PORTELA

MANAUS 2012

Page 2: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

CLEUDECIR SIQUEIRA PORTELA

ASPECTOS CLÍNICOS DA INFECÇÃO PELO VÍRUS DENGUE SOROTIPO 4

DURANTE A EPIDEMIA DE 2011 EM MANAUS, AMAZONAS

Dissertação apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em Convênio com a Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado, para obtenção do título de Mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas.

Orientadora: Profª Dra. Maria Paula Gomes Mourão

MANAUS 2012

Page 3: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central da Universidade do Amazonas

P843a Portela, Cleudecir Siqueira Aspectos clínicos da infecção pelo vírus dengue sorotipo 4 durante

a epidemia de 2011 em Manaus, Amazonas / Cleudecir Siqueira Portela : UEA, 2013.

44 p.: il.; 30 cm

Orientador: Maria Paula Gomes Mourão Dissertação (Mestrado em doenças tropicais e infecciosas) - Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, 2013. Inclui bibliografia

1. Dengue – aspectos clínicos. 2. Dengue - Manaus. 3. Epidemia. I.

Mourão, Maria Paula Gomes. II. Universidade do Estado do Amazonas. III. Título

CDU 614.4(811.3)(043.3)

Page 4: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

ii

FOLHA DE JULGAMENTO

AVALIAÇÃO DO ENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO EM UM ENSAIO DE IMPLANTAÇÃO DA METODOLOGIA DEZ MINUTOS CONTRA O DENGUE

EM UMA ÁREA ENDÊMICA DE MANAUS

CLEUDECIR SIQUEIRA PORTELA

“Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas, aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em convênio com a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado”.

Banca Julgadora:

_______________________________

Profª. Maria Paula Gomes Mourão, Dra.

________________________________ Prof. Marcelo Cordeiro dos Santos, Dr.

_________________________________ Profª. Lúcia Alves da Rocha, Dra.

Page 5: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

iii

DEDICATÓRIA

Dedico esta obra às três mulheres que mais amo neste mundo, minha querida

esposa Ana Paula Portela, minha mãe Dona Cleonice Portela e minha irmã Cleudenice

Matos.

Page 6: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

iv

AGRADECIMENTO Agradeço primeiramente a Deus, Soberano Senhor Jeová, por permitir a execução deste

trabalho, bem como a todas as pessoas e instituições que de maneira relevante

contribuíram para a realização deste trabalho, meu aprimoramento e formação

acadêmica. Aos meus pais: Sr. Antonio Machado e Dona Cleonice Portela, pelo amor, incentivo e

apoio incondicionais. Também agradeço aos meus irmãos Cleudemi Portela e

Cleudenice Portela, pela compreensão e torcida. À Dra. Maria Paula Gomes Mourão, juntamente com o Dr. Marcus Lacerda, pela

oportunidade e ajuda, pelos ensinamentos e paciência, bem como ao Dr. Wuelton

Monteiro, pela ajuda e disposição. A todos os funcionários do Laboratório de Virologia da FMT-HVD, vitais para a execução

deste trabalho. Ao apoio dado pela secretaria do Programa de Pós-Graduação, Conceição e Iza, pela

eficiência e acessibilidade. À Universidade do Estado do Amazonas e à Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor

Vieira Dourado, pela oportunidade e estrutura laboratorial/técnica dispensada. Ao CNPq e FAPEAM, que financiaram e permitiram assim a execução deste trabalho

através do edital FAPEAM/SUSAM/MS/CNPq/ Nº 007/2009. A CAPES pela bolsa de mestrado.

Page 7: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

v

EPÍGRAFE

Persisti, pois, em buscar primeiro o reino e a Sua justiça, e todas estas [outras] coisas vos

serão acrescentadas.

Mateus 6:33.

Page 8: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

vi

RESUMO

O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, de etiologia viral e

autolimitada, transmitida pela fêmea do mosquito Aedes aegypti, sendo conhecidos

quatros sorotipos do vírus: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Constitui-se um

importante problema de saúde pública no mundo por ser uma doença potencialmente

grave, causadora de epidemias explosivas, com rápida propagação viral e alto impacto

econômico. Em 1998 foram notificados os primeiros casos de dengue no Amazonas e

em 2011 comprovou-se a circulação simultânea dos quatro sorotipos, pela primeira vez

em Manaus e no Brasil. Este trabalho foi realizado no intuito de verificar a existência, ou

não, de diferenças clínicas significativas nas infecções causadas pelos distintos

sorotipos do DENV no Amazonas, particularmente pelo DENV-4. Trata-se de um estudo

do tipo série de casos, em pacientes hospitalizados na FMT-HVD com síndrome febril

aguda, no período de janeiro a abril de 2011. No período do estudo foram realizadas 801

hospitalizações na FMT-HVD e 760 (94,9%) prontuários médicos foram revisados.

Destes pacientes, 217 (28,6%) tiveram infecção confirmada por DENV e foram

considerados para análise, sendo 68 (31,3%) confirmados por RT-PCR e 149 (68,7%),

por NS1 ou ELISA. A idade média foi de 36,1 anos e o sexo feminino foi o mais

frequente com 54,8%. De acordo com a nova classificação da OMS 64 (29,5%)

pacientes foram classificados como dengue não-grave e 153 (70,5%) como dengue

grave. Concluiu-se que os quatro sorotipos circulam simultaneamente em Manaus, que o

DENV-4 foi o segundo mais expressivo, apesar de ter sido o último sorotipo introduzido,

não sendo observada qualquer diferença clínica da infecção causada pelo DENV-4, em

comparação com os demais sorotipos, em pacientes adultos hospitalizados na FMT-

HVD. Palavras-chave: Dengue, Dengue 4, Aspectos Clínicos.

Page 9: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

vii

ABSTRACT Dengue is a major arbovirus in the world, the most important in Brazil. Is a infectious

disease acute febrile not contagious and systemic evolving self limiting in most cases. The

introduction of DENV-4 in Manaus occurred in 2008 after the first record in Brazil occurred

in Boa Vista in 1981. In 2011 Manaus suffers an epidemic circulation of the four serotypes,

becoming hyperendemic. This study aimed to compare the main epidemiological, clinical

and laboratory confirmed cases of dengue fever in hospitalized patients in the FMT-HVD

during the epidemic that occurred in the city of Manaus in 2011, describing the clinical

forms observed and comparing the disease caused by DENV-4 with the other serotypes of

dengue. This is a study of case series in patients with acute febrile syndrome (SFA)

hospitalized between 1 January and 30 April 2011, the Foundation for Medical Tropical - Dr.

Heitor Vieira Dourado during the last epidemic dengue in the city of Manaus. The

prevalence of females (58.8%) with mean age of 36.1 years (SD 15.6), the highest

concentration by age within the groups was 20 and 39 years. Most cases resided in areas

south, north and east of Manaus. Of evaluated, the majority (71.0%) had a clinical

diagnosis of severe dengue and how comorbidities hypertension and diabetes mellitus.

Fever, myalgia and arthralgia were the signs and symptoms frequently. It can be concluded

that the four serotypes circulating simultaneously in Manaus, where the DENV-4 is the

second most expressive, despite being the last serotype introduced and that there were no

differences epidemiological, clinical or laboratory of DENV-4, compared with other

serotypes, being of similar behavior other serotypes.

Palavras-chave: Dengue Dengue 4, Clinical Aspects.

Page 10: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Distribuição do dengue nos hemisférios ......................................................... 3

Figura 2 – Mapa de risco da dengue no Brasil................................................................. 6

Figura 3 – Fases de evolução da doença ........................................................................ 8 Figura 4 – Nova classificação da dengue e seus sinais de alarme. ............................... 10

Figura 5 – Microscopia eletrônica da partícula viral imatura .......................................... 11 Figura 6 – Matriz aberta de leitura codificante das proteínas dos vírus dengue. ............ 11

Figura 7 – Organização estrutural do DENV .................................................................. 12 Figura 8 – Localização geográfica do Estado do Amazonas e da cidade de Manaus. ... 15

Figura 9 – Diagrama do fluxo de seleção dos pacientes................................................ 26

Page 11: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

vii LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes com dengue. .............................. 27

Tabela 2 – Descrição das formas clínicas segundo grupo diagnóstico .......................... 27

Tabela 3 – Distribuição por comorbidades ..................................................................... 28

Tabela 4 – Frequência dos sinais e sintomas ................................................................ 29

Tabela 5 – Exames complementares inespecíficos ....................................................... 30 Tabela 6 – Hemoconcentração e plaquetopenia por categoria ...................................... 30

Page 12: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

viii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADE Amplificação Dependente de Anticorpos (Antibody Dependent

Enhancement)

ALT

Alanino-aminotransferase

AST

Aspartato-aminotransferase

BUSV

Vírus Bussuquara

CNPq

Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico

CPCV

Vírus Cacipacoré

DC

Dengue clássico

DCC

Dengue com complicações

DENV

Vírus Dengue

DENV-1

Vírus Dengue sorotipo 1

DENV-2

Vírus Dengue sorotipo 2

DENV-3

Vírus Dengue sorotipo 3

DENV-4

Vírus Dengue sorotipo 4

ELISA

Ensaio imuno-enzimático em fase sólida

EVB

Espessamento da vesícula biliar

FA

Febre amarela

FAPEAM

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas

FHD

Febre hemorrágica do dengue

FMT-HVD

Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado

Page 13: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

ix

IC Intervalo de confiança

IGUV

Vírus Iguape

ILHV

Vírus Ilhéus

MS

Ministério da Saúde

NS1

Ensaio imunocromatográfico para detecção da proteína não-estrutural 1 do

vírus dengue (teste rápido de dengue)

OMS

Organização Mundial da Saúde

OPAS

Organização Panamericana de Saúde

PA

Pressão arterial

PCR

Reação em cadeia de polimerase

RNA

Ácido ribonucléico

ROCV

Vírus Rocio

RR

Roraima

RT-PCR

Reação em cadeia de polimerase com transcriptase reversa

SCD

Síndrome do choque do dengue

SFA

Síndrome febril aguda

SLEV

Vírus da encefalite de Saint Luis

SUSAM

Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas

TAP

Tempo de atividade de protrombina

UEA

Universidade do Estado do Amazonas

Page 14: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

x

LISTA DE SÍMBOLOS

% Percentual

ºC

Grau Celsius

µL

Microlitro

g/dL

Gramas por decilitro

km²

Quilômetro quadrado

mmHg

Milímetro de mercúrio

nm

Nanômetro

p

Probabilidade de erro alfa

Page 15: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

xi

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 01 1.1 Arboviroses ................................................................................................... 1 1.2 Dengue.......................................................................................................... 2 1.3 Epidemiologia do dengue .............................................................................. 3 1.4 Dengue em Manaus ...................................................................................... 7 1.5 Quadro clínico ............................................................................................... 7 1.6 Gravidade associada ao sorotipo .................................................................. 9 1.7 Classificação da clínica do dengue................................................................ 9 1.8 Aspectos virológicos .................................................................................... 10

3 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 13

3 OBJETIVOS ............................................................................................................ 14

3.1 Geral ........................................................................................................... 14

3.2 Específicos .................................................................................................. 14

4 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................ 15

4.1 Modelo de estudo ........................................................................................ 15

4.2 Definição de termos..................................................................................... 16

4.3 Definição de caso e critérios de exclusão .................................................... 18

4.4 Seguimento clínico e coleta de amostras biológicas .................................... 19

4.5 Métodos de diagnóstico específico .............................................................. 19

4.6 Processamento e análise dos dados ........................................................... 19

4.7 Considerações éticas e financiamento ........................................................ 20

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 21

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 39

7 ANEXOS.................................................................................................................. 45

7.1 Aprovação do Projeto guarda-chuva pelo CEP............................................ 45

7.2 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Pós-Informação ................... 47

Page 16: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

1

1 INTRODUÇÃO

1.1 Arboviroses

Os arbovírus devem seu nome à expressão inglesa arthropod-borne viruses, que

significa vírus transmitidos por artrópodes [1,2]. São constituídos por ácido ribonucléico

(RNA) [3] e classificados em diferentes famílias, como: família Togaviridae (Alphavirus),

Flaviviridae (Flavivirus), Bunyaviridae (Bunyavirus), Rhabdoviridae (Rhabdovirus) e

Reoviridae (Orbivirus) [4,5]. Em todos os continentes as arboviroses são consideradas

um problema de grande importância porque se apresentam de forma endêmica ou

epidêmica [6].

Mosquitos, carrapatos, flebótomos, percevejos e até mesmo pulgas são

artrópodes que transmitem arboviroses [7], por vírus de diferentes famílias mantidos na

natureza através de ciclos complexos envolvendo um ou mais hospedeiro vertebrados-

reservatório, seres humanos ou animais domésticos, e um vetor artrópode infectado [8].

Representam um grave problema de saúde pública no Brasil, onde os Flavivirus são os

mais importantes causadores de surtos e epidemias [9]. Em sua maioria, provocam uma

síndrome febril benigna com ou sem exantema, podendo causar quadros hemorrágicos

ou encefalites, com elevada letalidade, dependendo do tipo da arbovirose responsável

pela infecção [8].

Os Flavivirus possuem mais de 70 espécies, onde muitas causam doenças em

humanos [10] e podem se manifestar de diferentes formas, desde quadros febris agudos

até formas mais graves como febre hemorrágica, hepatite e encefalite [11]. São de

relevância epidemiológica e transmitidos por mosquitos os vírus da Febre Amarela

(FAV), Encefalite de St. Luis (SLEV), Rocio (ROCV) e Dengue (DENV), sendo capazes

de determinar epidemias explosivas. Existem outros Flavivirus silvestres, como o

Bussuquara (BUSV), Caciporé (CPCV), Iguape (IGUV) e Ilhéus (ILHV) [8].

A região amazônica destaca-se pela quantidade de arbovírus isolados, com mais

de 200 identificados, sendo de 30 a 40 relacionados à doença em humanos [12]. O que

favorece a manutenção dos arbovírus nesta região são as condições ideais de clima,

quantidade elevada de mosquitos (vetores) e de animais silvestres (reservatórios)

Page 17: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

2

[1,6,7]. Já a ocorrência destes em área urbana tem causado preocupação, seja pelas

sucessivas epidemias ou pela persistência de forma endêmica [5], onde o mais

importante, a nível mundial e também no Brasil, é o vírus dengue (DENV) [1,4,6-11].

1.2 Dengue

A palavra dengue foi adotada mundialmente para designar a doença e os vírus

que a causam, tendo origem hispano-caribenha. Tem sido usada desde 1827 para

identificar síndromes febris epidêmicas [13,14]. Dengue é uma doença infecciosa não

contagiosa [15], constituindo-se um importante problema de saúde pública no mundo

[4,16]. É uma doença potencialmente grave [17-19], causadora de epidemias explosivas,

com rápida propagação viral e alto impacto econômico e de saúde pública [17].

Aproximadamente 2,5 a 3,0 bilhões de indivíduos estão em risco de contrair a

infecção [21,22] em cerca de 100 países, com estimativa de 100 milhões de casos de

dengue clássico e mais de 500 mil casos de dengue hemorrágico [23], com letalidade

estimada de 10% [24,25]. Estão sob risco de contrair dengue 2/5 da população mundial

[26,27], especialmente em regiões tropicais e subtropicais [28]. É responsável por

grande número de internações hospitalares e por elevada mortalidade, sendo

considerada a maior causa de óbito de crianças no sudeste asiático [29]. Cerca de 550

mil doentes necessitam de hospitalização e 20 mil morrem em consequência da

enfermidade [30].

O vetor, mosquito fêmea do gênero Aedes, está presente em mais de 100 países

nas diferentes regiões do mundo: Sudeste Asiático, Américas (Sul, Central e Norte),

África, Pacífico e Mediterrâneo. O vírus e o mosquito vetor estão distribuídos nos

trópicos há mais de 200 anos [17]. Países não endêmicos têm investigado viajantes que

retornam de áreas endêmicas, com a intenção de que sirvam como sentinelas para

surtos locais de febre por dengue, pois cerca de 120 milhões de pessoas viajam

anualmente para áreas afetadas pelo dengue (Figura 1) [21].

Page 18: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

3

Figura 1 – Distribuição do dengue nos hemisférios ocidental (A) e oriental (B).

Fonte: CDC/Komashek (2012). Disponível em: <http://wwwnc.cdc.gov/travel/yellowbook/2012/chapter-3-inf

ectious-diseases-related-to-travel/dengue-fever-and-dengue-hemorrhagic-fever.htm#2332>. Acessado em:

16/01/2013.

1.3 Epidemiologia do dengue

O mosquito Aedes aegypti foi introduzido na América do Sul através de navios

negreiros oriundos da África, onde desde o período colonial tem-se registrado nas

Américas, com aumento no século XIX pela intensificação do transporte comercial entre

o Caribe e o sul dos Estados Unidos com outros países [31]. Graças ao intenso combate

A

B

Page 19: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

4

ao Ae. aegypti foi possível praticamente controlar o DENV até meados do século XX,

onde a maior disponibilidade de hospedeiros humanos, o surgimento de aglomerados

urbanos com degradação do habitat dos mosquitos acelerou a evolução e dispersão da

doença, propiciando vetores necessários para novas infecções [32].

Vários países das Américas se comprometeram com a Organização

Panamericana de Saúde (OPAS) com a erradicação do Ae. aegypti, onde apenas 21

obtiveram êxito no período de 1848 a 1972. Estados Unidos, Venezuela, Suriname e

ilhas do Caribe não conseguiram, permitindo a reinfestação em países livres do

mosquito [17]. O Brasil conseguiu a erradicação em 1955 [35, 36] e permaneceu livre até

1976 [37], onde houve a reintrodução do DENV-1 com novas epidemias nas Américas

do Sul, do Norte e Caribe, com tendência de ascensão nas últimas três décadas,

especialmente no Brasil, que notificou 70% de todos os casos recentes [17,37].

O vírus foi isolado pela primeira vez em 1943, por Susumo Hotta, durante

epidemia ocorrida em Nagasaki, Japão [20]. Diversos fatores podem ter relação direta

com o ressurgimento do DENV em escala global, sendo os mais importantes: poucas

medidas de controle dos vetores endêmicos; grandes mudanças demográficas no

crescimento populacional humano; áreas urbanas ampliadas de forma desordenada com

deficiência da infraestrutura sanitária; e a dispersão dos vetores e agentes infecciosos

através de intercâmbio comercial internacional [16].

Na América Latina mais de 30 países e regiões relataram circulação do DENV,

com mais 900.000 casos, sendo 26.000 destes de dengue hemorrágico, com 300 mortes

[33]. Tem ocorrido nas últimas décadas na América Latina e no Caribe um aumento

exponencial no número de casos da doença, passando de aproximadamente um milhão

de casos notificados na década de 1980, para 2,7 milhões nos anos de 1990 e mais de

4,7 milhões entre 2000 e 2007 [34], sendo reportado por mais de 30 países [27]. Foram

notificados casos de dengue em todos os países latino-americanos, excetuando a

Argentina, Chile e Uruguai [13].

No Brasil epidemias têm sido registradas desde o século XIX [38,39], onde em

1846, em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e outras cidades, foram feitas as

primeiras referências sobre dengue, conhecida como “polca” e “patuléia”, bem como em

Page 20: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

5

1851 e 1853, conhecida pelo nome “urucubaca” [40]. Os primeiros casos de dengue com

referência na literatura médica foi em 1916, em São Paulo, e 1923 em Niterói [27]. Já a

primeira epidemia confirmada laboratorialmente foi em Boa Vista (RR), na década de

1980, onde após isso o país tem sido acometido por sucessivas epidemias, impactando

na economia e principalmente na saúde pública [41,38,42].

O número de casos confirmados no Brasil de 1981 a 2009 ultrapassou 5 milhões,

com aumento de casos graves nos últimos anos [43], onde 85% dos casos de dengue

registrados na América do Sul e Central ocorreram no Brasil [44], que atinge a

população de todos os estados, independentemente da classe social [45]. No ano de

1986 no Rio de Janeiro ocorreu uma epidemia explosiva de doença febril aguda com

mais de 3 milhões de infecções, onde apenas o sorotipo 1 do vírus dengue (DENV-1) foi

detectado [16,46,47]. Em 1987 o DENV-1 se espalhou pelo nordeste do Brasil, causando

grandes epidemias [48].

O DENV-2 foi isolado pela primeira vez na cidade de Belém (PA), em 1989, de um

paciente procedente de Luanda, Angola, e no Rio de Janeiro em 1990, de pacientes

autóctones [41,46]. Em 1991 inicia-se no Rio de Janeiro um grande surto, onde pela

primeira vez se observa casos de dengue hemorrágica, associados à infecções

anteriores pelo DENV-1, espalhando-se pelo Brasil produzindo epidemias de doença

febril aguda e muitos óbitos. O dengue torna-se endêmico com circulação simultânea em

todas as cidades infestadas pelo Ae. aegypti [48].

O isolamento do DENV-3 ocorreu pela primeira vez em São Paulo em 1998, de

um caso importado, e no Rio de Janeiro em dezembro de 2000 [46,49], ocorrendo nesta

cidade um surto em 2001 [50] e uma gigantesca epidemia no Brasil em 2002, com mais

de 1,2 milhões de casos notificados, com co-circulação dos DENV-1 e DENV-2 [17], e

centenas de casos de dengue hemorrágico com cerca de 100 óbitos, voltando a ocorrer

em 2005, 2006 e 2007 [51].

A introdução do DENV-4 nas Américas aconteceu em 1981, com circulação

contínua na bacia do Caribe e norte da América do Sul, com pouca evidência de

transmissão para o sul do continente [33]. No Brasil o DENV-4 foi identificado pela

primeira vez em Boa Vista (RR) em 1982 [52], onde juntamente com o DENV-1 afetou

Page 21: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

6

cerca de 11.000 pessoas [26,41,53,54]. Pela adoção de medidas de combate ao vetor

não se teve mais informação sobre este sorotipo [55], pelo menos não até o ano de

2008, quando o vírus foi isolado em três casos autóctones de Manaus [56,4].

Em 2010 o DENV-4 volta a ser isolado em Boa Vista (RR) depois de 28 anos sem

circulação [27], sendo detectado também nas regiões Norte (Estado do Amazonas e

Pará), Nordeste (Bahia, Pernambuco e Piauí) e Sudeste (Rio de Janeiro [2011] e São

Paulo [2012]), colocando a população em vulnerabilidade pelo contato com um sorotipo

ainda não circulante [27]. No início de 2011 dezesseis estados brasileiros apresentaram

risco muito alto de enfrentar epidemia (Figura 2), e o Amazonas vivenciou a primeira

epidemia de dengue no Brasil com circulação simultânea dos quatro sorotipos [58].

Figura 2 – Mapa de risco da dengue no Brasil

Fonte: Ministério da Saúde. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/aplicacoes/noticias/default.cf

m?pg=dspDetalheNoticia&id_area=1450&CO_NOTICIA=12073>. Acessado em: 17/01/2013.

Page 22: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

7

1.4 Dengue em Manaus

O mosquito Ae. aegypti é detectado em Manaus desde novembro de 1996 [41],

sendo um dos últimos estados do Brasil a tornar-se infestado [59]. A presença do vetor e

da população suscetível, bem como o intercâmbio com turistas de países do Caribe e de

outras regiões epidêmicas do Brasil, podem ter contribuído para a introdução e

reprodução da doença na capital do Amazonas [8]. Mosquitos infectados coletados em

todas as zonas de Manaus comprovam o potencial epidêmico deste vírus [4].

No primeiro trimestre de 1998 foram notificados os primeiros casos de dengue no

Amazonas pelo sorotipo DEN-1, que acometeu 13.886 indivíduos, confirmando o início

de uma epidemia em Manaus [36,41,52]. Em dois anos foram notificados mais de 26 mil

casos. Já em 2001 foram notificados 19.827 casos, com circulação simultânea dos

sorotipos DENV-1 e DENV-2 [52], surgindo os primeiros casos de febre hemorrágica do

dengue em Manaus, com 52 casos registrados, adquirindo caráter endêmico com

aumento da incidência nos períodos chuvosos [60].

Em 2002 foi isolado pela primeira vez em Manaus o DENV-3 [59], ocorrendo

epidemia desde sorotipo em 2007, quando houve o registro de 2.731 casos. O DENV-4

foi isolado pela primeira vez em Manaus em três casos autóctones no ano de 2008, não

ocasionando epidemia, indicando que o DENV-4 tem circulado em Manaus desde então

[56,4]. Em 2011 foram identificados 137 infecção, sendo 121 monoinfecções, sendo 51

com DENV-2, 31 com DENV-4, 22 com DENV-3 e 17 com DENV-1. Dos 16

coinfectados, 6 tinham DENV-4 e DENV-3, 5 tinham DENV-4 e DENV-1, 3 tinham

DENV-1 e DENV-2 e 2 tinham DENV-2 e DENV-3 [58].

1.5 Quadro clínico

Dengue é uma doença infecciosa febril aguda, sistêmica e de etiologia viral,

autolimitada, porém incapacitante por pelo menos sete dias, causando um

comprometimento geral, com consequências no desempenho das atividades rotineiras

[25]. A maior endemicidade nas Américas está associada com a circulação dos quatro

sorotipos, onde o risco de maior gravidade está relacionado com a sucessiva infecção

por sorotipos diferentes [71].

Page 23: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

8

O homem é o único reservatório vertebrado capaz de desenvolver clinicamente a

doença, muitas infecções são assintomáticas [64] ou com febre indiferenciada, com ou

sem erupção cutânea. O dengue clássico perdura por 2 a 7 dias, começando

abruptamente com febre elevada (39ºC a 40º C), dor retro-orbitária, cefaleia, erupção

maculopapular, dores musculares e articulares [72]. Pode ainda apresentar fenômenos

hemorrágicos, como petéquias, epistaxe e gengivorragia. Sua confirmação é feita

laboratorialmente para os primeiros casos e durante epidemia através de critérios

clínico-epidemiológicos [53,54].

Em pacientes com manifestações clínicas o curso da doença pode-se distinguir

em três fases: febril, crítica e de recuperação (Figura 5). A Fase febril é caracterizada

por febre, mialgia, cefaleia, artralgia e exantema, ou manifestações hemorrágicas

discretas como gengivorragia e epistaxe, com duração de 2 a 7 dias. Na Fase crítica

ocorre aumento da permeabilidade capilar e extravasamento de plasma para o espaço

extravascular, com alterações circulatórias e perfusionais (hipotensão e choque),

derrames serosos (pleural e ascite) e disfunções orgânicas (insuficiência hepática,

encefalite, miocardite e distúrbios de coagulação), com duração de 1 a 3 dias [53,62].

Figura 3 - Fases de evolução da doença: febril, crítica e recuperação.

Fonte: Verdeal, JCR, et al, 2011 (Adaptado de: WHO, 2009).

Page 24: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

9

Na Fase de recuperação ocorre a reabsorção do fluido extravascular,

estabilização do hematócrito e recuperação progressiva das plaquetas. Pode aparecer

exantema, prurido e bradicardia ao eletrocardiograma, com reposição volêmica criteriosa

para evitar sobrecarga, insuficiência cardíaca congestiva e perpetuação da insuficiência

respiratória e dos derrames serosos, dura de 1 a 3 dias [53,62].

1.6 Gravidade associada ao sorotipo

A gravidade da doença pode estar relacionada à presença de um sorotipo novo,

podendo ser uma cepa de maior virulência, encontrando uma população totalmente

susceptível e elevada densidade vetorial. Foi este o cenário da epidemia ocorrida no Rio

de Janeiro em 2001/2002, onde houve predomínio na infecção pelo sorotipo 3, que

apresentou sintomatologia mais grave, sugerindo maior virulência deste sorotipo [16].

Já em Nicaragua, de 1999-2001 a 2003, o sorotipo associado a um perfil clínico

mais grave foi o DENV-2, associado ao choque e manifestações hemorrágicas graves

[72]. Em se tratando de infecção primária ou secundária, pode não haver diferenças

significativas nos sintomas clínicos entre os sorotipos [73]. Na Índia, região

superendêmica para DENV, com circulação dos quatro sorotipos, as manifestações

clínicas graves foram mais frequentes em pacientes com DENV-2 [74]. No Amazonas

não sabemos qual sorotipo tem causado maior gravidade de doença, uma vez que os

quatro sorotipos já circulam no estado [58].

1.7 Classificação da clínica do dengue

Na tentativa de aumentar a aplicabilidade prática, baseada na avaliação clínica e

de exames laboratoriais amplamente disponíveis, a Organização Mundial da Saúde

(OMS) propôs em 2009 dividir os casos de dengue de acordo com a categoria de

gravidade: 1) dengue (com ou sem sinais de alerta) e 2) dengue grave, tendo como base

os resultados do estudo multicêntrico "DENCO" (DENgue COntrol) (Figura 6) [53,62].

Dengue sem sinais de alarme: os sintomas correspondem à fase febril aguda,

caracterizada por mialgias, cefaleia, artralgias e exantemas, que não distinguem casos

que evoluirão de forma benigna ou grave [53,62].

Page 25: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

10

Dengue com sinais de alarme: ocorre a diminuição abrupta da temperatura, dor

abdominal intensa e contínua, náusea e vômitos persistentes, hepatomegalia, redução

do nível de consciência, sangramentos espontâneos, sinais clínicos de acúmulo de

líquidos (derrame pleural, ascite, derrame pericárdico) e o aumento do hematócrito com

a diminuição das plaquetas caracterizam os sinais de alarme, aumenta a permeabilidade

capilar e determina o início da fase crítica, indicando a possibilidade de evolução para

dengue grave [53,62].

Figura 4 - Nova classificação da dengue e seus sinais de alarme.

Fonte: Verdeal, JCR, et al, 2011 (Adaptado de: WHO, 2009).

Dengue grave: ocorre a fase crítica na sua maior intensidade, com importante

extravasamento de plasma levando ao choque e/ou insuficiência respiratória, bem como,

sangramento considerável e ou evolução para disfunção orgânica [53,62].

1.8 Aspectos virológicos

Pertence à família Flaviviridae, gênero Flavivirus [52], com partículas virais

esféricas de 50 a 60 nm de diâmetro, constituídas por um nucleocapsídeo envolto por

uma membrana bilipídica, onde estão ancoradas as glicoproteínas de superfície (Figura

7) [23]. O RNA viral possui uma única fase de leitura que codifica uma grande

Page 26: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

11

A B

poliproteína, sendo esta clivada em 3 proteínas estruturais (C-preM-E) e 7 proteínas não

estruturais (NS1-NS2A-NS2B-NS3-NS4A-NS4B-NS5) (Figura 8) [22].

Figura 5 – Microscopia eletrônica da partícula viral imatura: A) imagem da partícula viral imatura em

diferentes pH e B) crio-microscopia eletrônica da partícula viral imatura. Fonte: Alfonso Castro (2010).

Figura 6 - Matriz aberta de leitura (open Reading frame) codificante das proteínas dos vírus dengue.

Fonte: Cordeiro (2010).

São conhecidos quatros sorotipos do vírus, o DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-

4, onde foram identificados 5 genótipos do sorotipo 1, já para os sorotipos 2 e 3 foram

identificados 5 genótipos de cada e para o sorotipo 4 foram identificados 2 genótipos

[52]. Sua flexibilidade genética e as condições ecológicas adequadas acabam

favorecendo a adaptação do Ae. aegypti, seja pela sua capacidade de procriação ou

pela ausência de competidores autóctones [57].

Os DENV apresentam alta taxa de mutação devido à ausência de atividade de

proofreading (capacidade de correção do erro cometido) da RNA polimerase viral,

consistindo de um grupo de genótipos relacionados denominados quasispecies, sendo

este o fator determinante da alta variabilidade genética [75]. A estrutura organizacional

do DENV é mostrada na Figura 9.

Page 27: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

12

Figura 7 - Organização estrutural do DENV: A) estrutura do genoma viral e B) processamento e clivagens

da poliproteína viral. Fonte: Alfonso Castro (2010).

A

B

B

A

Page 28: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

13

2 JUSTIFICATIVA

A região amazônica possui condições ideais de clima, disponibilidade dos vetores

e criadouros, oferecendo condições ideais para a manutenção e disseminação do

DENV. Aliado ao fato de Manaus possuir os quatro sorotipos do DENV circulantes,

sendo este um dos principais fatores para a ocorrência de formas graves da doença.

Porém, são necessários estudos que comprovem a existência, ou não, de diferenças

clínicas ou laboratoriais significativas nas infecções causadas pelos diferentes sorotipos

do DENV no Amazonas.

Por ser a unidade terciária de referência para doenças infecciosas no Amazonas,

a FMT-HVD atendeu todos os casos suspeitos de dengue em adultos, acompanhando

um número considerável de casos de primoinfecção por DENV-4, que possibilitou a

comparação deste grupo com os demais casos hospitalizados nesta unidade, onde o

acompanhamento destes resultou no presente estudo.

Page 29: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

14

3 OBJETIVOS

3.1 Geral

Estudar os principais aspectos clínicos e laboratoriais dos casos confirmados de

dengue em pacientes adultos hospitalizados na FMT-HVD durante a epidemia ocorrida

na cidade de Manaus de 01 de janeiro a 30 de abril de 2011.

3.2 Específicos

Caracterizar epidemiológica e laboratorialmente os casos confirmados de

infecção por dengue, no período de janeiro a abril de 2011, segundo

diagnóstico;

Descrever as formas clínicas observadas durante o período de janeiro a abril

de 2011;

Comparar a doença causada pelo DENV-4 com os demais sorotipos, quanto à

idade, gênero, gravidade, presença de comorbidades e achados clínico-

laboratoriais.

Page 30: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

15

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Modelo de estudo

Trata-se de um estudo do tipo série de casos, em pacientes com síndrome febril

aguda (SFA) hospitalizados na FMT-HVD, entre 1 de janeiro e 30 de abril de 2011,

durante a epidemia de dengue ocorrida na cidade de Manaus. O estudo foi realizado na

cidade de Manaus, capital do Estado do Amazonas, com 1.802.014 habitantes e área de

11.401 km2, situada à margem esquerda do Rio Negro, a 60.02° de latitude Norte e 3.1°

de longitude Sul (Figura 10).

Figura 8 - Localização geográfica do Estado do Amazonas e da cidade de Manaus.

A FMT-HVD é a unidade terciária de referência para doenças infecciosas no

Amazonas. Desde 2001, adota protocolo bem estabelecido de assistência clínica aos

pacientes com suspeita de dengue, recebendo os casos potencialmente graves,

encaminhados por outras unidades da rede de atendimento, públicas e privadas,

especialmente para a população adulta.

Page 31: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

16

Os pacientes que buscaram a FMT-HVD para receber o primeiro atendimento nos

casos suspeitos de dengue, não tendo sinais de alarme ou manifestações hemorrágicas,

foram medicados, orientados quanto aos sinais de alarme e acompanhados

ambulatorialmente. Aqueles com manifestações hemorrágicas ou sinal de alarme eram

avaliados emergencialmente quanto à hematimetria e plaquetimetria, sendo

hospitalizados os casos potencialmente graves e mantendo em observação os que

apresentavam comorbidades, gestantes, idosos e crianças.

A referida unidade serviu de referência para a hospitalização, e, ao mesmo tempo,

recebeu ambulatorialmente os casos suspeitos de dengue em adultos, dispondo de uma

enfermaria com 20 leitos para internação dos pacientes e sala de hidratação com 40

poltronas para observação. Todos os usuários atendidos ambulatorialmente receberam

um cartão de identificação destinado a pacientes com suspeita de dengue, sendo

garantida a prioridade no atendimento em caso de retorno, por qualquer motivo.

4.2 Definição de termos

Dengue sem sinais de alarme:53 os sintomas correspondem à fase febril aguda,

caracterizada por mialgias, cefaleia, artralgias, exantemas em variados graus de

intensidade, que não distinguem casos que evoluirão de forma benigna ou grave.

Dengue com sinal de alarme:53 ocorre a diminuição abrupta da temperatura, dor

abdominal intensa e contínua, náusea e vômitos persistentes, hepatomegalia, redução

do nível de consciência, sangramentos espontâneos, sinais clínicos de acúmulo de

líquidos (derrame pleural, ascite, derrame pericárdico) e o aumento do hematócrito com

a diminuição das plaquetas caracterizam os sinais de alarme, pois aumenta a

permeabilidade capilar com extravasamento de plasma para o terceiro espaço.

Dengue grave:53 ocorre a fase crítica na sua maior intensidade, com importante

extravasamento de plasma levando ao choque e/ou insuficiência respiratória, bem como,

sangramento considerável e ou evolução para disfunção orgânica.

Page 32: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

17

Sinais de alarme:62 dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes,

hipotensão postural e/ou lipotímia, hepatomegalia dolorosa, sangramento de mucosas,

hemorragias importantes (hematêmese e/ou melena), sonolência e/ou irritabilidade,

diminuição da diurese, aumento repentino do hematócrito, queda abrupta de plaquetas e

desconforto respiratório;

Sinais de choque:62 hipotensão arterial, pressão arterial convergente (PA

diferencial < 20 mmHg), choque, pulso rápido e fino, enchimento capilar lento (> 2

segundos), hipotermia e desorientação;

Comorbidades: são doenças crônicas pregressas como asma, atopias e alergia

a drogas, diabetes mellitus, doenças hematológicas crônicas (principalmente anemia

falciforme), doença renal crônica, doença ácido péptica, hipertensão arterial sistêmica ou

outras doenças cardiovasculares graves, hepatopatias e doenças auto-imunes;

Prova do laço:45 deve ser realizada em todos os pacientes na triagem com

suspeita de dengue com ausência de sangramento espontâneo, repetida nos

acompanhados clinicamente negativados anteriormente; deve-se aferir a PA e calcular o

valor médio (PA sistólica + PA diastólica)/2, insuflar o manguito até o valor manter por

cinco minutos em adultos e três minutos em crianças, desenhar um quadrado de 2,5 cm

de lado no antebraço e contar o número de petéquias formadas dentro dele, será

positiva se houver 20 ou mais em adultos e 10 ou mais em crianças;

Derrame cavitário: extravasamento de plasma para as cavidades naturais

(pleural, pericárdica ou peritoneal), identificado a partir do exame físico e confirmado por

exame de imagem (radiografia de tórax ou ultrassonografia de abdômen);

Hemoconcentração: elevação do hematócrito em 20% do valor estimado para

gênero e faixa etária, ou queda do hematócrito inicial em 20% após fluidoterapia

adequada;

Hipoalbuminemia: dosagem de albumina sérica inferior a 3,0g/dL, pelo método

fotométrico automatizado;

Page 33: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

18

Manifestação hemorrágica: prova do laço positiva (manifestação hemorrágica

induzida) e/ou sangramentos espontâneos (petéquia, equimose, gengivorragia, epistaxe,

metrorragia, hematúria, hematêmese, melena, hematoquezia ou perfusões hemorrágicas

no local da punção venosa);

Plaquetopenia: contagem de plaquetas (plaquetimetria) inferior a 150.000/µL,

pelo método automatizado, sendo categorizada em leve (101.000/µL e 150.000/µL),

moderada (100.000/µL e 50.000/µL) e grave (<50.000/µL);

Variação do hematócrito (Δhematócrito): diferença entre o hematócrito à

admissão e imediatamente antes da alta, em função do primeiro, expressa em

porcentagem.

4.3 Definição de caso e critérios de exclusão

Pacientes hospitalizados na FMT-HVD com síndrome febril aguda, no período de

01 de janeiro a 30 de abril de 2011, que tenham relatado febre, associada a dois ou mais

sinais inespecíficos (cefaléia, mialgia, artralgia, dor retro-orbitária e/ou exantema), pelo

menos um dos seguintes achados: sinal de alarme, plaquetopenia, hemoconcentração

ou choque, com prontuário e exame específico positivo para dengue (NS1, PCR ou

ELISA).

Foram excluídos os pacientes que apresentaram qualquer das seguintes

situações:

Diagnóstico clínico de dengue sem confirmação laboratorial;

Diagnóstico parasitológico de malária;

Diagnóstico específico de outra doença infecciosa que não seja dengue;

Inexistência do prontuário para revisão.

Page 34: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

19

4.4 Seguimento clínico e coleta de amostras biológicas

Os dados epidemiológicos, clínicos e laboratoriais foram registrados em um

protocolo de seguimento hospitalar para pacientes com dengue, elaborado pela unidade

de referência, com manutenção da terapêutica de rotina e critérios de alta hospitalar.

Foram realizados hemogramas em todos os hospitalizados à admissão e a cada 24

horas, bem como radiografia de tórax, dosagem sérica de albumina, AST, ALT e TAP,

quando da admissão, e RT-PCR para os com menos de seis dias de doença.

Também foi realizada a busca de derrame pleural, ascite, espessamento da

parede da vesícula biliar e derrame cavitário através de diagnóstico por imagem,

utilizando ultrassonografia portátil no leito, sendo todos esses dados revisados e

analisados retrospectivamente.

4.5 Métodos de diagnóstico específico

NS1: ensaio imunocromatográfico para detecção da proteína não-estruturante 1

do vírus dengue, realizado em todos os pacientes com suspeita clínica do primeiro ao

terceiro dia após o início dos sintomas.

ELISA: diagnóstico sorológico utilizado pata detecção de anticorpos antidengue,

solicitada a partir do sexto dia do início dos sintomas.

RT-PCR: diagnóstico virológico de identificação do patógeno e monitoramento do

sorotipo viral circulante, solicitada até o quinto dia de doença/início dos sintomas.

4.6 Processamento e análise dos dados

A partir do instrumento “Protocolo de Seguimento Hospitalar dos Pacientes com

Dengue” foi montado o banco de dados, incluindo todos os pacientes hospitalizados no

período de janeiro a abril do referido ano, sendo excluídos os que não preenchessem os

critérios de inclusão.

Page 35: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

20

Após a conferência da consistência dos dados, foi realizada a descrição de todas

as variáveis e seus agrupamentos: categóricas, com cálculo das frequências,

quantitativas de tendência central (média) e desvio padrão (DP). Para comparação das

variáveis categóricas entre os grupos ʽDENV-4ʼ e ʽoutros sorotiposʼ foi utilizado o teste

de Chi-quadrado de Person, ou o Teste Exato de Fisher quando alguma variável tinha

valor <5. Para a comparação de médias das variáveis numéricas foi utilizado o Teste T.

Foi adotado intervalo de confiança (IC) de 95% (p<0,05), quando aplicável. A análise

estatística foi realizada a partir do software SPSS versão 19.0.0 (IMG Company, United

States).

Para realizar as análises os pacientes foram divididos, de acordo com o

diagnóstico laboratorial de dengue, em três grupos: Grupo A, diagnosticados por PCR

com DENV-4 (excluídos os coinfectados); Grupo B, diagnosticados por PCR com outro

sorotipo (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e coinfectados) e Grupo C, diagnosticados por

NS1 e/ou ELISA. O Grupo C foi incluído apenas na análise comparativa das

características demográficas e da classificação clínica a fim de comprovar a similitude

dos pacientes incluídos nos diferentes grupos.

4.7 Considerações éticas e financiamento

Este trabalho faz parte de um projeto maior intitulado "Doenças febris agudas em

uma unidade terciária de saúde da Amazônia Brasileira: estudos de epidemiologia,

caracterização clínica e diagnóstico", aprovado pelo edital FAPEAM/SUSAM/MS/CNPq/

Nº 007/2009, tendo como pesquisadora responsável a Dra. Maria Paula Gomes Mourão.

Uma vez submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da FMT-HVD (Processo N.

2337/2010) foi aprovado em 25 de outubro de 2010 (Anexo A).

Page 36: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

21

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

ASPECTOS CLÍNICOS DA INFECÇÃO PELO VÍRUS DENGUE SOROTIPO 4

DURANTE A EPIDEMIA DE 2011 EM MANAUS, AMAZONAS

Cleudecir Siqueira Portela¹, Michele de Souza Bastos¹ ³, Regina Maria Pinto de Figueiredo³, João

Bosco Lima Gimaque¹ ³, Tigran Francis Chehuan Melo⁴, José Augusto da Silva Onety Júnior⁴, Elizabeth Santos Galusso e Maria Paula Gomes Mourão¹ ² ³

1 – Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical, Universidade do Estado do Amazonas,

Manaus, AM.

2 – Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), Universidade do

Estado do Amazonas (UEA), Manaus, AM.

3 – Laboratório de Virologia, Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, Manaus,

AM.

4 – Curso de Medicina, Universidade Nilton Lins, Manaus, AM.

Endereço para correspondência: Drª Maria Paula Gomes Mourão. Laboratório de Virologia/

FMT-HVD. Av. Pedro Teixeira 25, Dom Pedro, 69040-000 Manaus, AM, Brasil. Tel: 55 92 2127-

3432; 2127-3447; e-mail: [email protected]

RESUMO

O Dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, de etiologia viral e autolimitada,

transmitida pelo mosquito fêmea do gênero Aedes aegypti, sendo conhecidos quatros sorotipos do

vírus: o DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Constitui-se um importante problema de saúde

pública no mundo por ser uma doença potencialmente grave, causadora de epidemias explosivas,

com rápida propagação viral e alto impacto econômico. Em 1998 foram notificados os primeiros

casos de dengue no Amazonas e em 2011 comprovou-se a circulação simultânea dos quatro

sorotipos pela primeira vez em Manaus e no Brasil. Este trabalho foi realizado no intuito de

verificar a existência, ou não, de diferenças clínicas significativas nas infecções causadas pelo

DENV-4 em comparação aos demais sorotipos identificados no Amazonas. Trata-se de um estudo

do tipo série de casos, em pacientes hospitalizados na FMT-HVD com síndrome febril aguda, no

período de 01 de janeiro a 30 de abril de 2011. Durante o período de estudo os quatro sorotipos

Page 37: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

22

circularam simultaneamente em Manaus, onde o DENV-4 foi o segundo mais expressivo, apesar

de ter sido o último sorotipo introduzido e que não houve diferença clínica do DENV-4, quando

comparado com os demais sorotipos, indicando que a infecção pelo DENV-4 não foi mais grave

do que os demais sorotipos.

Palavras-chave: Dengue, Dengue 4, Aspectos Clínicos.

INTRODUÇÃO

O vírus da Dengue é um arbovírus pertencente à família Flaviviridae, gênero Flavivirus,

constituído por ácido ribonucleico (RNA) com partículas virais esféricas de 50 a 60 nm de

diâmetro, formadas por um nucleocapsídeo envolto por uma membrana bilipídica, onde estão

ancoradas as glicoproteínas de superfície [1,2,3,4].

São conhecidos quatros sorotipos do vírus, o DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4

[5]. Tem como vetor o mosquito fêmea do gênero Aedes aegypti, estando presente em mais de 100

países nas diferentes regiões do mundo: Sudeste Asiático, Américas (Sul, Central e Norte), África,

Pacífico e Mediterrâneo [6]. A transmissão ocorre através de dois ciclos, um silvestre e outro

urbano, onde ambos dependem de hospedeiros vertebrados e não-vertebrados (vetor). No ciclo

urbano, ou endêmico/epidêmico, o homem é o hospedeiro definitivo [7].

Caracteriza-se por ser uma doença infecciosa febril aguda [8,9], não contagiosa, sistêmica

e autolimitada [10], porém incapacitante por pelo menos sete dias, causando um

comprometimento geral [11]. Constitui-se um importante problema de saúde pública no mundo

[2,12] por ser uma doença potencialmente grave [6,13,14], causadora de epidemias explosivas,

com rápida propagação viral e alto impacto econômico e de saúde pública [6]. A maior

Page 38: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

23

endemicidade nas Américas está associada com a circulação dos quatro sorotipos, onde o risco de

maior gravidade está relacionado com a sucessiva infecção por sorotipos diferentes [15].

Epidemias têm sido registradas no Brasil desde o século XIX [16,17], onde em 1846, em

São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e outras cidades, foram feitas as primeiras referências sobre

dengue [18]. O número de casos confirmados no Brasil de 1981 a 2009 ultrapassou 5 milhões,

com aumento de casos graves nos últimos anos [19]. O mosquito Ae. aegypti é detectado em

Manaus desde novembro de 1996 [20] sendo um dos últimos estados do Brasil a tornar-se

infestado [21]. A presença do vetor e da população suscetível, bem como o intercâmbio com

turistas de países do Caribe e de outras regiões epidêmicas do Brasil, podem ter contribuído para a

introdução e reprodução da doença na capital do Amazonas [13].

O surgimento dos casos de dengue em Manaus, de acordo com o sorotipo, foram: DENV-

1: em 1998, com 13.886 indivíduos infectados e em dois anos mais de 26 mil caso notificados

[5,20,22]; DENV-2: em 2001, com 19.827 casos notificados, que, simultaneamente com o

sorotipo DENV-1 [5], pela primeira vez foram registrados casos de febre hemorrágica do dengue

em Manaus, com 52 registros [23]; DENV-3: em 2002, isolado pela primeira vez e já causando

epidemia desde sorotipo em 2007, sendo registrado 2.731 casos; DENV-4: três casos autóctones

no ano de 2008 e em 2011 notificados 31 casos de infecção pelo DENV-4 e 6 coinfectados com

DENV-3 e DENV-4, comprovando a circulação simultânea dos quatro sorotipos pela primeira vez

em Manaus e no Brasil [2,21,24].

Considerando que a região amazônica possui condições ideais de clima, disponibilidade

dos vetores e criadouros, que favorecem a manutenção e disseminação do DENV, aliado ao fato

de Manaus possuir os quatro sorotipos do DENV circulantes, contribuindo para a ocorrência de

Page 39: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

24

formas graves da doença, este trabalho foi realizado no intuito de verificar a existência, ou não, de

diferenças clínicas ou laboratoriais significativas nas infecções causadas pelos diferentes sorotipos

do DENV, em pacientes atendidos na FMT-HVD durante epidemia de dengue no ano de 2011 no

Amazonas.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo do tipo série de casos, em pacientes hospitalizados na FMT-HVD

com síndrome febril aguda, no período de 01 de janeiro a 30 de abril de 2011, com relato febre,

associada a dois ou mais sinais inespecíficos (cefaléia, mialgia, artralgia, dor retro-orbitária e/ou

exantema), e pelo menos um dos seguintes achados: sinal de alarme, plaquetopenia,

hemoconcentração ou choque, com prontuário e exame específico positivo para dengue (NS1,

PCR ou ELISA).

Usando o instrumento “Protocolo de Seguimento Hospitalar dos Pacientes com Dengue”

foi montado o banco de dados. Após a conferência da consistência dos dados, foi realizada a

descrição de todas as variáveis e seus agrupamentos: categóricas, com cálculo das frequências,

quantitativas de tendência central (média) e desvio padrão (DP). Para comparação das variáveis

categóricas entre os grupos ʽDENV-4ʼ e ʽoutros sorotiposʼ foi utilizado o teste de Chi-quadrado de

Person, ou o Teste Exato de Fisher quando alguma variável tinha valor <5. Para a comparação de

médias das variáveis numéricas foi utilizado o Teste T. Foi adotado intervalo de confiança (IC) de

95% (p<0,05), quando aplicável. A análise estatística foi realizada a partir do software SPSS

versão 19.0.0 (IMG Company, United States).

Para realizar as análises os pacientes foram divididos, de acordo com o diagnóstico

laboratorial de dengue, em três grupos: Grupo A, diagnosticados por PCR com DENV-4

Page 40: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

25

(excluídos os coinfectados); Grupo B, diagnosticados por PCR com outro sorotipo (DENV-1,

DENV-2, DENV-3 e coinfectados) e Grupo C, diagnosticados por NS1 e/ou ELISA. O Grupo C

foi incluído apenas na análise comparativa das características demográficas e da classificação

clínica a fim de comprovar a similitude dos pacientes incluídos nos diferentes grupos.

Este trabalho faz parte de um projeto maior intitulado "Doenças febris agudas em uma

unidade terciária de saúde da Amazônia Brasileira: estudos de epidemiologia, caracterização

clínica e diagnóstico", aprovado pelo edital FAPEAM/SUSAM/MS/CNPq/ Nº 007/2009,

submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da FMT-HVD em 25 de outubro de 2010.

RESULTADOS

No período de janeiro a abril de 2011 foram realizadas 801 hospitalizações, onde 5,1%

(41/801) dos prontuários foram excluídos por não existirem e foram revisados os demais 94,9%

(760/801). Tiveram confirmaram laboratorial para DENV 28,6% (217/760) e foram excluídos

71,4% (543/760) por não terem confirmação laboratorial, como mostra a Figura 1.

A idade média foi de 36,1 anos, com desvio padrão (DP) de 15,6. A faixa etária com maior

concentração de casos foi de 20 a 29 anos com 27,1% (56/207), seguida pela de 30 a 39 anos com

22,7% (47/207). No Grupo A predominou a faixa etária de 30 a 39 anos com 35,3% (6/17),

seguida pela faixa etária de 20 a 29 anos com 29,4% (5/17), porém esta diferença não foi

estatisticamente significativa. O sexo feminino foi o mais frequente com 54,8% (115/210), como

mostra a Tabela 1.

Page 41: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

26

Figura 19– Diagrama do fluxo de seleção dos pacientes hospitalizados na FMT-HVD, entre

janeiro a abril de 2011.

NS1 (n=9)

ELISA (n=122)

ELISA+NS1 (n=18)

DENV-1 (n=4)

DENV-2 (n=30)

DENV-3 (n=8)

DENV-3+DENV-2 (n=2)

DENV-4 (n=17)

DENV-4+DENV-1 (n=1)

DENV-4+DENV-2 (n=5)

DENV-4+DENV-3 (n=1)

OMS, 2009: 64 (29,5%) Dengue não-grave

153 (70,5%) Dengue grave

801 pacientes hospitalizados na FMT-HVD

(com sinal de alarme ou comorbidades ou

plaquetopenia) Jan 2011 – Abr 2011

760 (94,9%) prontuários médicos revisados

217 (28,6%) pacientes com

infecção confirmada por

DENV

DENV-4 n=24 (11,1%)

Outros sorotipos n=44 (20,3%)

NS1 e/ou ELISA n=149 (68,7%)

149 (68,7%) confirmaram

infecção por NS1 e/ou ELISA

68 (31,3%) confirmaram

infecção por PCR

41 (5,1%) inexistência de prontuário

543 (71,4%) com exames específicos negativos para dengue

(NS1, ELISA ou PCR) ou não foram

realizados

NS1 = Ensaio imunocromatográfico (teste rápido de dengue); PCR = Reação em cadeia de

polimerase; ELISA = Ensaio imuno-enzimático em fase sólida; OMS = Organização Mundial

da Saúde; DENV = Vírus dengue (seguido pelo sorotipo específico).

Grupo A Grupo B Grupo C

Page 42: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

27

Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes com dengue, hospitalizados na FMT-HVD,

entre janeiro a abril de 2011.

Faixa

etária

(anos)

Grupo A Grupo B Grupo C Total

n=207/210 (DENV-4)

n=17

(Outros sorotipos)

n=44

(NS1 e/ou

ELISA)

n=146/149

n (%) %¹ n (%) %¹ n (%) %¹ n (%) %¹

10 a 14 1 (5,9) 5,9 1 (2,3) 2,3 3 (2,1) 2,1 5 (2,4) 2,4

15 a 19 1 (5,9) 11,8 6 (13,6) 15,9 18 (12,3) 14,4 25 (12,1) 14,5

20 a 29 5 (29,4) 41,2 14 (31,8) 47,7 37 (25,3) 39,7 56 (27,1) 41,5

30 a 39 6 (35,3) 76,5 9 (20,5) 68,2 32 (21,9) 61,6 47 (22,7) 64,2

40 a 49 4 (23,5) 100,0 4 (9,1) 77,3 23 (15,8) 77,4 31 (15,0) 79,2

50 a 59 - - 4 (9,1) 86,4 21 (14,4) 91,8 25 (12,1) 91,3

> 60 - - 6 (13,6) 100,0 12 (8,2) 100,0 18 (8,7) 100,0

Média

(DP) 32,5 (10,8) 35,5 (16,9) 36,7 (15,7) 36,1 (15,6)

Sexo

n

(%)

Mas

7

(41,2)

Fem

10

(58,8)

Mas

16

(36,4)

Fem

28

(63,6)

Mas

72

(48,3)

Fem

77

(51,7)

Mas

95

(45,2)

Fem

115

(54,8)

(1) Percentual acumulado

As formas clínicas, de acordo com o grupo de confirmação laboratorial, foram classificadas

em dengue grave e não grave, contendo ou não algum sinal de alarme. O dengue grave foi a forma

clínica predominante em todos os grupos (71,0%),sem diferença estatisticamente significativa,

como mostra a Tabela 2.

Tabela 2 – Descrição das formas clínicas dos pacientes com dengue, segundo grupo diagnóstico,

hospitalizados na FMT-HVD, entre janeiro a abril de 2011.

Forma clínica

Grupo A Grupo B Grupo C Total

(DENV-4) (Outros

sorotipos)

(NS1 e/ou

ELISA)

n (%¹) n (%¹) n (%¹) n (%¹)

Dengue grave 11/17 (64,7) 30/44 (68,2) 108/149 (72,5) 149/210 (71,0)

Dengue não grave 6/17 (35,3) 14/44 (31,8) 41/149 (27,5) 61/210 (29,0)

(1) Percentual de acordo com o grupo diagnóstico

Page 43: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

28

Apresentaram alguma comorbidade 32,9% (69/210), onde o Grupo A apresentou 17,6%

(3/17), sendo o de menor porcentagem. A hipertensão arterial sistêmica (HAS) esteve presente em

53,6% (37/69), seguida pelo diabetes mellitus (DM) em 14,5% (10/69) e obesidade em 8,7%

(6/52), como mostra a Tabela 3.

Tabela 3 – Distribuição por comorbidades dos pacientes com dengue, hospitalizados na FMT-

HVD, entre janeiro a abril de 2011.

Comorbidades

Grupo A Grupo B

(DENV-4)

n=17 (%)

(Outros

sorotipos)

n=44 (%)

SIM 3 (17,6) 14 (31,8)

HAS 2/3 (66,7) 10/14 (71,4)

DM - 4/14 (28,6)

Quanto aos sinais e sintomas, a febre esteve presente em 99,0% (208/210), seguida pela

cefaléia e mialgia com 85,7% cada (180/210) e artralgia com 76,2% (160/210). O sinal de alarme

esteve presente em 83,8% (176/210). Houve maior frequência de dor ocular, sangramento, vômito,

calafrio, diarreia e tosse no Grupo A, com média de 34,1%, do que os 48,2% do Grupo B.

Derrame cavitário predominou no Grupo A, com 35,3% (6/17).

Não houve diferença estatisticamente significativa ao avaliar o espessamento da parede da

vesícula biliar ou os sinais de choque, apresentados na Tabela 4. Os exames complementares

inespecíficos são apresentados na Tabela 5, também sem nenhuma diferença estatisticamente

significativa. E a avaliação da hemoconcentração e da plaquetopenia está na Tabela 6.

Page 44: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

29

Tabela 4 – Frequência dos sinais e sintomas em pacientes com dengue, hospitalizados na FMT-

HVD, entre janeiro a abril de 2011.

Sinais e sintomas

Grupo A Grupo B

p (DENV-4)

n=17 n (%)

(Outros

sorotipos)

n=44 n (%)

Febre 17 (100,0) 43 (97,7) 1.000

Cefaléia 15 (88,2) 37 (84,1) 0.674

Mialgia 15 (88,2) 36 (81,8) 0.568

Artralgia 14 (82,4) 29 (65,9) 0.357

Sinal de alarme1 14 (82,4) 35 (79,6) 1,000

Dor ocular 9 (52,9) 27 (61,4) 0.492

Sangramento2 7 (41,2) 28 (63,6) 0.207

Vômito 6 (35,3) 27 (61,4) 0.177

Calafrio 8 (47,1) 23 (52,3) 0.674

Derrame cavitário3 6 (35,3) 6 (13,6) 0.158

Diarréia 3 (17,6) 11 (25,0) 0.801

Nucalgia 4 (23,5) 7 (15,9) 0.373

Tosse 2 (11,8) 11 (25,0) 0.513

EVB4 1 (5,9) 6 (13,6) 0.432

Sinais de choque5

- 6 (13,6) 0.242

(1) Dor abdominal, lipotimia, sonolência, irritabilidade, vômitos repetidos e oligúria

(2) Exantema, hemoptise, prova do laço positiva, hematúria, hematoma conjuntival, melena,

equimose, metrorragia, hematêmese, epistaxe, gengivorragia e petéquias

(3) Derrame pleural ou ascite

(4) Espessamento da parede da vesícula biliar

(5) Hipotensão, desorientação e hipotermia

Page 45: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

30

Tabela 5 – Avaliação dos exames complementares inespecíficos em pacientes com dengue,

hospitalizados na FMT-HVD, entre janeiro a abril de 2011.

Exames complementares

Grupo A Grupo B

DENV-4

média ± DP

Outros sorotipos

média ± DP

p

Creatinina 1,01 ± 0,41 1,03 ± 0,37 0,88

Bilirrubina direta 0,23 ± 0,13 0,41 ± 1,09 0,61

Bilirrubina total 0,56 ± 0,37 0,70 ± 1,27 0,75

Fosfatase alcalina 203,67 ± 93,82 191,96 ± 88,52 0,77

Desidrogenase lática 562,89 ± 180,34 589,19 ± 233,81 0,75

Creatinofosfoquinase 291,50 ± 309,58 198,94 ± 261,66 0,35

Gama glutamiltransferase 109,67 ± 115,83 124,91 ± 131,54 0,75

Alanina aminotransferase 124,18 ± 87,70 135,47 ± 135,23 0,79

Aspartatoaminotransferase 119,09 ± 91,43 138,34 ± 109,08 0,59

Tabela 6 – Avaliação da hemoconcentração e plaquetopenia, por categoria, em pacientes com

dengue, hospitalizados na FMT-HVD, entre janeiro a abril de 2011.

Exames complementares

Grupo A Grupo B

DENV-4

n (%)

Outros sorotipos

n (%)

p

Δ Hematócrito

≥ 20% 5/9 (55,56) 8/25 (32,00)

0.82 ≥ 15% 2/9 (22,22) 3/25 (12,00)

≥ 10% 3/9 (33,33) 9/25 (36,00)

Plaquetopenia

<100.000/µL 12/17 (70,59) 46/51 (90,20) 0,06

50.000 – 100.000/µL 1/17 (5,88) 6/51 (11,76) 0,13

<50.000/µL 11/17 (64,71) 40/51 (78,43)

Page 46: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

31

DISCUSSÃO

Dos 59 pacientes com DENV confirmados por PCR, não estando coinfectados, o sorotipo

predominante foi o DENV-2, com 50,8% (30/59), seguido pelos 28,8% com DENV-4 (17/59),

13,6% (8/59) com DENV-3 e 6,8% (4/59) com DENV-1. Existem trabalhos que concordam com o

predomínio do DENV-2 [25] ou que apontam outros sorotipos como predominantes, como o

DENV-3, por exemplo [26], variando de acordo com a introdução de um novo sorotipo, população

suscetível e alta densidade do vetor, o que pode aumentar a magnitude da doença [27]. O DENV-4

costuma não ser o de maior predomínio, afetando menos de 2% da população doente [25,26],

tendência não encontrada neste estudo, onde o DENV-4 foi o segundo mais frequente.

A idade média dos pacientes com DENV-4 foi, quando comparada com a dos demais

sorotipos, menor em três anos, não sendo encontrado na literatura pesquisada nenhum dado

semelhante, onde em geral é encontrada uma média de 30 anos, variando de 20 [28,29] até 48 anos

de idade [25,27]. Já a faixa etária com maior número de casos foi de 20 e 49 anos (64,8%),

semelhante ao encontrado por outros estudos [30-35], não havendo diferença significativa entre os

sorotipos. Acima de 50 anos não foi encontrado nenhum paciente com DENV-4, mas 22,7%

(10/44) dos diagnosticados com outro sorotipo.

O sexo feminino prevaleceu com 54,8% (115/210), seguindo a mesma tendência

encontrada em outros estudos [25,30,32-37], que ainda afirma ser prevalente dentre as mulheres

com baixa renda e escolaridade [36]. Isso talvez ocorra por serem maioria na cidade de Manaus e

por passarem mais tempo em casa, tendo maior chance de contrair o DENV. Dentre os menores de

15 anos não houve diferença de proporção segundo o sexo [38], apesar de ocorrer com maior

frequência em crianças [30,35,37] não foi esta a população alvo deste estudo. Ainda outros

estudos encontraram predomínio do sexo masculino [28,29,31].

Page 47: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

32

O dengue grave foi a forma clínica predominante em 71,0% (149/210) dos casos

analisados, podendo estar relacionado à circulação dos quatro sorotipos do DENV, que aumenta a

frequência e magnitude das epidemias [39], bem como o risco de hospitalizações [40], formas

graves da doença e mortalidade [41], tornando regiões hiperendêmicas [31,41], aumentando a

diversidade genética, transmissibilidade, virulência e agravos [42]. Apesar do número elevado de

casos graves não houve óbito dentre os hospitalizados na FMT-HVD, comprovando a atenção

médica oportuna e adequada, além da estrutura organizacional de cuidado aos pacientes,

dispensadas pela rede assistencial pública no Amazonas [27].

Estudos apontam a classificação usada pela OMS [43,44] como sendo eficaz na

identificação de casos graves de dengue [26], apesar de haver casos, em que, mesmo com

sorologia positiva, não seja possível incluir em nenhuma classificação [27]. Este estudo indica a

capacidade de inclusão de casos graves usando a classificação da OMS, que identificou 70,5%

(153/217) dos pacientes com dengue grave, em comparação com os 28,1% (61/217) classificação

como febre hemorrágica do dengue, utilizando a classificação do Ministério da Saúde usada desde

2007.

As comorbidades mais frequentes foram hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus,

de acordo com dados encontrados em um estudo realizado em Taiwan [25,26]. As manifestações

clínicas não diferem se a infecção é causada por um ou mais sorotipos, não causando,

necessariamente, doença mais grave pela presença de coinfecção [45]. Os sinais e sintomas mais

frequentes foram febre, cefaléia, mialgia, artralgia e dor ocular, estando de acordo com vários

outros estudos [26,27,36,37], não havendo diferença significativa entre os grupos.

Page 48: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

33

Sinais de sangramento também estiveram presentes na maioria dos casos (61,9%), como

prova do laço positiva, petéquias, epistaxe, equimose, exantema petequial, hemoptise, hematúria,

hematoma conjuntival, melena, metrorragia, hematêmese e gengivorragia; onde os dois primeiros

também foram os mais citados em estudo realizado no Ceará durante epidemia em 2003 [27] e os

próximos dois os de maior prevalência em estudo realizado no México [37]. Sabe-se que a

patofisiologia do dengue, apesar de não ser totalmente compreendida, atua sobre os mecanismos

imunes, cujos anticorpos reagem com as plaquetas e células endoteliais [46] levando, nos casos

graves, a óbito pelo choque e extravasamento vascular, com presença ou não de sangramento [29].

A significância entre formas clínicas do dengue e marcadores de função hepática é

discordante, visto que em alguns estudos não foram encontradas diferença alguma [32], ocorrendo

o mesmo neste estudo. Já outros encontraram significância e elevação das enzimas hepáticas nos

casos de dengue hemorrágico [36], ocorrendo também aumento dos casos de hepatite sem sinal de

icterícia [29], e presença de hepatomegalia em cerca de 10% dos casos [32].

Não houve diferença nos sinais, sintomas e achados laboratoriais dos pacientes com

DENV-4 em comparado com os demais sorotipos, sendo este o mesmo resultado encontrado em

Taiwan [47] e no Vietnã [48], indicando que, mesmo sendo encarada como uma entidade clínica

distinta [49], a infecção por DENV-4 no Amazonas, em seus aspectos clínicos, não ser diferente

da causada pelos demais sorotipos.

CONCLUSÕES

Trabalhar apenas com adultos fez com que o estudo ficasse limitado em sua capacidade de

expressar a real situação vivida durante a epidemia ocorrida em 2011 na cidade de Manaus,

porém, podemos concluir que:

Page 49: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

34

1) Os quatro sorotipos circularam simultaneamente em Manaus e o DENV-4 foi o segundo

mais expressivo, apesar de ter sido o último sorotipo introduzido;

2) Não houve diferença clínica da infecção causada pelo DENV-4 quando comparada aos

demais sorotipos, indicando que o DENV-4 não se apresentou de forma mais grave do que os

outros sorotipos.

AGRADECIMENTOS

À Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e à equipe da Gerência de Virologia da

Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado.

CONFLITO DE INTERESSE

Os autores declaram não haver nenhum tipo de conflito de interesse.

SUPORTE FINANCEIRO

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de

Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), através do edital N° 007/2009, bem

como a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD).

REFERÊNCIAS

1. Guilarde AO, Turchi MD, Siqueira JB, Jr., Feres VC, Rocha B, Levi JE, et al. Dengue and

dengue hemorrhagic fever among adults: clinical outcomes related to viremia, serotypes, and

antibody response. The Journal of infectious diseases. 2008;197(6):817-24. Epub

2008/02/14.

2. Costa CA, Santos IG, Barbosa Mda G. [Detection and typing of dengue viruses in Aedes

aegypti (Diptera: Culicidae) in the City of Manaus, State of Amazonas]. Rev Soc Bras Med

Trop. 2009;42(6):677-81. Epub 2010/03/09. Deteccao e tipagem de virus dengue em Aedes

aegypti (Diptera: Culicidae) na Cidade de Manaus, Estado do Amazonas.

3. Bedin, F. Le Brésil, une terre d´élection pour les arboviroses? Med. Trop., v.67, p. 281-287,

2007.

Page 50: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

35

4. Dussart P, Lavergne A, Lagathu G, Lacoste V, Martial J, Morvan J, et al. Reemergence of dengue virus type 4, French Antilles and French Guiana, 2004-2005. Emerging infectious

diseases. 2006;12(11):1748-51. Epub 2007/02/08.

5. Figueiredo RM, Naveca FG, Bastos MS, Melo MN, Viana SS, Mourao MP, et al. Dengue

virus type 4, Manaus, Brazil. Emerging infectious diseases. 2008;14(4):667-9. Epub

2008/04/09.

6. Siqueira-Junior JB, Martelli CM. Epidemiologia e desafios no controle do dengue. Revista

de Patologia Tropical. 2008;37:111-30.

7. Gubler DJ. 1998. Dengue and dengue hemorrhagic fever. Clinical microbiology reviews,

11(3), 480-96.

8. Gubler DJ. Dengue and dengue hemorrhagic fever: its history and resurgence as a global

public health problem. In: GUBLER, D. J.; KUNO, G. (Ed), Dengue and Dengue

Hemorrhagic Fever, New York: CAB International, 1997, p. 1-22.

9. Real Academia Española. Diccionario de la lengua española, 19.ed. Madrid, 1970. Apud

Rezende, Joffre Marcondes. Linguagem médica - notas históricas e filológicas sobre a

palavra dengue. Revista de Patologia Tropical. Vol. 26 (2): 375-380. jul-dez. 1997.

10. Siler JF, Hall MW, Kitchens AP. Dengue: Its history, epidemiology, mechanisms of

transmission, etiology, clinical manifestations, immunity and prevention. Philipine J. Sci.,

29:1-304, 1926, apud Gonçalves P. Caracterização genômica de um vírus dengue tipo 3,

isolado de paciente com dengue clássico. [Dissertação (Mestrado em Biociências Aplicadas

à Farmácia)]. Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo; 2007.

11. Ribeiro PC, Sousa DC, Araújo TM. Perfil clínico-epidemiológico dos casos suspeitos de

dengue em um bairro da zona sul de Teresina, PI, Brasil. Revista Brasileira de Enfermagem.

2008;61(2):227-32.

12. Passos MN, Santos LM, Pereira MR, Casali CG, Fortes Bde P, Ortiz Valencia LI, et al.

[Clinical differences observed in patients with dengue caused by different serotypes in the

epidemic of 2001/2002, occurred in Rio de Janeiro]. Revista da Sociedade Brasileira de

Medicina Tropical. 2004;37(4):293-5. Epub 2004/08/31. Diferencas clinicas observadas em

pacientes com dengue causadas por diferentes sorotipos na epidemia de 2001/2002, ocorrida

no municipio do Rio de Janeiro.

13. Feres VC, Martelli CM, Turchi MD, Junior JB, Nogueira RM, Rocha BA, et al. Laboratory

surveillance of dengue virus in Central Brazil, 1994-2003. Journal of clinical virology : the

official publication of the Pan American Society for Clinical Virology. 2006;37(3):179-83.

Epub 2006/09/12.

14. WHO (WORLD HEALTH ORGANIZATION), 2000. Dengue/Dengue Haemorrhagic fever.

Weekly Epidemiological Record. 24:193-200.

15. Temporao JG, Penna GO, Carmo EH, Coelho GE, do Socorro Silva Azevedo R, Teixeira

Nunes MR, et al. Dengue virus serotype 4, Roraima State, Brazil. Emerging infectious

diseases. 2011;17(5):938-40. Epub 2011/05/03.

Page 51: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

36

16. BRASIL. Guia de vigilância epidemiológica. 7. Ed. Brasilia: Ministério da Saúde, 2009,

816p.

17. Teixeira, MG, Barreto ML, Guerra Z. Epidemiologia e medidas de prevenção do dengue.

Informe Epidemiológico do SUS, Brasília, DF, V8, P. 5-33, 1999.

18. FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE (Brasil). Manual de Dengue – Vigilância

Epidemiológica e Atenção ao Doente. 2 ed. Brasília, 1996.

19. PAHO. Dengue in the Americas, 2007.

20. Figueiredo RM, Thatcher BD, De Lima ML, Almeida TC, Alecrim WD, Guerra MV.

[Exanthematous diseases and the first epidemic of dengue to occur in Manaus, Amazonas

State, Brazil, during 1998-1999]. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.

2004;37(6):476-9. Epub 2005/03/16. Doencas exantematicas e primeira epidemia de dengue

ocorrida em Manaus, Amazonas, no periodo de 1998-1999.

21. Pinheiro VC, Tadei WP, Barros PM, Vasconcelos PF, Cruz AC. Detection of dengue virus

serotype 3 by reverse transcription-polymerase chain reaction in Aedes aegypti (Diptera,

Culicidae) captured in Manaus, Amazonas. Memorias do Instituto Oswaldo Cruz.

2005;100(8):833-9. Epub 2006/01/31.

22. Rios-Velasquez CM, Codeco CT, Honorio NA, Sabroza PS, Moresco M, Cunha IC, et al.

Distribution of dengue vectors in neighborhoods with different urbanization types of

Manaus, state of Amazonas, Brazil. Memorias do Instituto Oswaldo Cruz. 2007;102(5):617-

23. Epub 2007/08/22.

23. Rocha LA, Tauil PL. [Dengue in children: clinical and epidemiological characteristics,

Manaus, State of Amazonas, 2006 and 2007]. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical. 2009;42(1):18-22. Epub 2009/03/17. Dengue em crianca: aspectos clinicos e

epidemiologicos, Manaus, Estado do Amazonas, no periodo de 2006 e 2007.

24. Figueiredo RM, Naveca FG, Oliveira CM, Bastos Mde S, Mourao MP, Viana Sde S, et al.

Co-infection of Dengue virus by serotypes 3 and 4 in patients from Amazonas, Brazil.

Revista do Instituto de Medicina Tropical de Sao Paulo. 2011;53(6):321-3. Epub

2011/12/21.

25. Huang CH, Kuo LL, Yang KD, Lin PS, Lu PL, Lin CC, et al. Laboratory diagnostics of

dengue fever: An emphasis on the role of commercial dengue virus nonstructural protein 1

antigen rapid test. J Microbiol Immunol Infect 2012 Oct 4.

26. Tsai CY, Lee IK, Lee CH, Yang KD, Liu JW. Comparisons of dengue illness classified

based on the 1997 and 2009 World Health Organization dengue classification schemes. J

Microbiol Immunol Infect 2012 Sep 27.

27. Cavalcanti LP, Coelho IC, Vilar DC, Holanda SG, Escossia KN, Souza-Santos R. Clinical

and epidemiological characterization of dengue hemorrhagic fever cases in northeastern,

Brazil. Rev Soc Bras Med Trop 2010 Jul;43(4):355-8.

Page 52: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

37

28. Trung DT, Thao le TT, Hien TT, Hung NT, Vinh NN, Hien PT, et al. Liver involvement associated with dengue infection in adults in Vietnam. Am J Trop Med Hyg 2010

Oct;83(4):774-80.

29. Montenegro D, Lacerda HR, Lira TM, Oliveira DS, Lima AA, Guimaraes MJ, et al. [Clinical

and epidemiological aspects of the dengue epidemic in Recife, PE, 2002]. Rev Soc Bras

Med Trop 2006 Jan;39(1):9-13.

30. Cardoso IM, Cabidelle AS, Borges PC, Lang CF, Calenti FG, Nogueira LO, et al. Dengue:

clinical forms and risk groups in a high incidence city in the southeastern region of Brazil.

Rev Soc Bras Med Trop 2011 Jul;44(4):430-5.

31. Bharaj P, Chahar HS, Pandey A, Diddi K, Dar L, Guleria R, et al. Concurrent infections by

all four dengue virus serotypes during an outbreak of dengue in 2006 in Delhi, India. Virol J

2008;5:1.

32. Uehara PM, da Cunha RV, Pereira GR, de Oliveira PA. [Liver involvement in patients with

dengue hemorrhagic fever: a rare phenomenon?]. Rev Soc Bras Med Trop 2006

Nov;39(6):544-7.

33. Costa AG, Santos JD, Conceicao JK, Alecrim PH, Casseb AA, Batista WC, et al. [Dengue:

epidemiological aspects and the first outbreak in the Middle Solimoes Region of Coari in the

State of Amazonas from 2008 to 2009]. Rev Soc Bras Med Trop 2011 Jul;44(4):471-4.

34. Oliveira EC, Pontes ER, Cunha RV, Froes IB, Nascimento D. [Hematological abnormalities

in patients with dengue]. Rev Soc Bras Med Trop 2009 Nov;42(6):682-5.

35. Castanha PM, Cordeiro MT, Martelli CM, Souza WV, Marques ET, Braga C. Force of

infection of dengue serotypes in a population-based study in the northeast of Brazil.

Epidemiol Infect 2012 Jul 17;1-9.

36. Nascimento D, Castro AR, Froes IB, Bigaton G, Oliveira EC, Dal Fabbro MF, et al. Clinical

and laboratory findings in patients with dengue associated with hepatopathy. Rev Soc Bras

Med Trop 2011 Nov;44(6):674-7.

37. Loron Õ Pino, M.A., Farfán ALE JA, Rosado Paredes EP, H Kuno, Gubler DJ. Epidemic

dengue 4 in the Yucatán, México, 1984. Re.Inst.Med.trop. 35 (5), 449-455. 2012. São Paulo,

1993.

38. Rocha LA, Tauil PL. [Dengue in children: clinical and epidemiological characteristics,

Manaus, State of Amazonas, 2006 and 2007]. Rev Soc Bras Med Trop 2009 Jan;42(1):18-

22.

39. Ferreira GL. Global dengue epidemiology trends. Rev Inst Med Trop Sao Paulo 2012 Oct;54

Suppl 18:S5-S6.

40. Brathwaite DO, San Martin JL, Montoya RH, Del DJ, Zambrano B, Dayan GH. The history

of dengue outbreaks in the americas. Am J Trop Med Hyg 2012 Oct;87(4):584-93.

Page 53: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

38

41. Bastos MS, Figueiredo RM, Ramasawmy R, Itapirema E, Gimaque JB, Santos LO, et al. Simultaneous circulation of all four dengue serotypes in Manaus, State of Amazonas, Brazil

in 2011. Rev Soc Bras Med Trop 2012 Jun;45(3):393-4.

42. Figueiredo LT. Dengue in Brazil. Rev Soc Bras Med Trop 2012 Jun;45(3):285.

43. Verdeal JCR, Costa Filho CF, Vanzillota C, Macedo GL, Bossafa FA, Toscano T.

Guidelines for the management of patients with severe forms of dengue. 23 (2), 125-133.

2011. Rio de Janeiro, Rev Bras Ter Intensiva.

44. WHO. Dengue: guidelines for diagnosis, treatment, prevention and control. 2009.

45. Pongsiri P, Themboonlers A, Poovorawan Y. Changing pattern of dengue virus serotypes in

Thailand between 2004 and 2010. J Health Popul Nutr 2012 Sep;30(3):366-70.

46. da Cunha RV, de Oliveira EC. Hematological and biochemical findings in patients with

dengue fever: a current issue. Rev Bras Hematol Hemoter 2012;34(2):78-9.

47. Tsai JJ, Chan KS, Chang JS, Chang K, Lin CC, Huang JH, et al. Effect of serotypes on

clinical manifestations of dengue fever in adults. J Microbiol Immunol Infect 2009

Dec;42(6):471-8.

48. Thai KTD, Phuong HL, Nga TTT, Giao PT, Hung LQ, Nam NV, et al. Clinical,

epidemiological and cirological features of dengue virus infections in vietnamese patients

presenting to primary care facilities with acute undifferentiated feverJournal of infection

(2010) 60, 229-237.

49. Halsey ES, Marks MA, Gotuzzo E, Fiestas V, Suarez L, Vargas J, et al. Correlation of

serotype-specific dengue virus infection with clinical manifestations. PLoS Negl Trop Dis

2012;6(5):e1638.

Page 54: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

39

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Brown, F. The classification and nomenclatures of viruses: summary of meetings of the International Committee on Taxonomy of Viruses in Sendai, September Intervirol., 1986, 25, 141-143.

2. WHO World Health Organization. Dengue and Dengue Haemorrhagic Fever 2009, vol. Fast Sheet No. 117. Geneva.

3. Guilarde AO, Turchi MD, Siqueira JB, Jr., Feres VC, Rocha B, Levi JE, et al. Dengue and dengue hemorrhagic fever among adults: clinical outcomes related to viremia, serotypes, and antibody response. The Journal of infectious diseases. 2008;197(6):817-24. Epub 2008/02/14.

4. Costa CA, Santos IG, Barbosa Mda G. [Detection and typing of dengue viruses in Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) in the City of Manaus, State of Amazonas]. Rev Soc Bras Med Trop. 2009;42(6):677-81. Epub 2010/03/09. Deteccao e tipagem de virus dengue em Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) na Cidade de Manaus, Estado do Amazonas.

5. Bedin, F. Le Brésil, une terre d´élection pour les arboviroses? Med. Trop., v.67, p. 281-287, 2007.

6. Word Health Organization. Dengue [cited in 2006 Jun 22]. Available from: URL: http://www.who.int/ctd/dengue/burdens.htm.

7. Beaty, BJ, Calisher, CH, Shope, RE. Arboviroses. Lennette, E.H.; Lennete, D.A.; Lennete, E.T.; (Editorns). Diagnostic procedures for viral, rickettsial, and chlamudyal infections, Seventh ed., Washington, American Public Health Association., 1995, 189-212.

8. Castro J. Aspectos virológicos do dengue no Estado do Amazonas. [Dissertação (Mestrado em Doenças Tropicais)]. Manaus: Universidade do Estado do Amazonas; 2004.

9. Naveca FG, Souza VC, Silva GA, Maito RM, Granja F, Siqueira T, et al. Complete genome sequence of a Dengue virus serotype 4 strain isolated in Roraima, Brazil. J Virol.86(3):1897-8. Epub 2012/01/17.

10. Kuno, G., Chang, G., Tsuchiya, K., Karabatsos, N., & Cropp, C. 1998. Phylogeny of the genus Flavivirus. Journal of Virology, 72(1), 73.

11. Figueiredo, LTM. The Brazilian Flaviviruses. Microbes and Infection., 2000, 2, 1643-1649.

12. Figueiredo LTM. Emergent arboviruses in Brazil. Rev Soc Bras Med Trop 2007; 40:224-229.

13. GUBLER, D. J. Dengue and dengue hemorrhagic fever: its history and resurgence as a global public health problem. In: GUBLER, D. J.; KUNO, G. (Ed), Dengue and Dengue Hemorrhagic Fever, New York: CAB International, 1997, p. 1-22.

14. Real Academia Española. Diccionario de la lengua española, 19.ed. Madrid, 1970. Apud Rezende, Joffre Marcondes. Linguagem médica - notas históricas e filológicas sobre a palavra dengue. Revista de Patologia Tropical. Vol. 26 (2): 375-380. jul-dez. 1997.

15. SILER, J.F.; HALL, M.W.; KITCHENS, A.P. Dengue: Its history, epidemiology, mechanisms of transmission, etiology, clinical manifestations, immunity and

Page 55: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

40

prevention. Philipine J. Sci., 29:1-304, 1926, apud Gonçalves P. Caracterização genômica de um vírus dengue tipo 3, isolado de paciente com dengue clássico. [Dissertação (Mestrado em Biociências Aplicadas à Farmácia)]. Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo; 2007.

16. Passos MN, Santos LM, Pereira MR, Casali CG, Fortes Bde P, Ortiz Valencia LI, et al. [Clinical differences observed in patients with dengue caused by different serotypes in the epidemic of 2001/2002, occurred in Rio de Janeiro]. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 2004;37(4):293-5. Epub 2004/08/31. Diferencas clinicas observadas em pacientes com dengue causadas por diferentes sorotipos na epidemia de 2001/2002, ocorrida no municipio do Rio de Janeiro.

17. Siqueira-Junior JB, Martelli CM. Epidemiologia e desafios no controle do dengue. Revista de Patologia Tropical. 2008;37:111-30.

18. Feres VC, Martelli CM, Turchi MD, Junior JB, Nogueira RM, Rocha BA, et al. Laboratory surveillance of dengue virus in Central Brazil, 1994-2003. Journal of clinical virology : the official publication of the Pan American Society for Clinical Virology. 2006;37(3):179-83. Epub 2006/09/12.

19. WHO (WORLD HEALTH ORGANIZATION), 2000. Dengue/Dengue Haemorrhagic fever. Weekly Epidemiological Record. 24:193-200.

20. KIMURA, R.; HOTTA, S. On the inoculation of dengue vírus into mice. Nippon Igaku, 3379; 629-663, 1944.

21. Suaya JA, Shepard DS, Siqueira JB, Martelli CT, Lum LC, Tan LH, et al. Cost of dengue cases in eight countries in the Americas and Asia: a prospective study. The American journal of tropical medicine and hygiene. 2009;80(5):846-55. Epub 2009/05/02.

22. Dussart P, Lavergne A, Lagathu G, Lacoste V, Martial J, Morvan J, et al. Reemergence of dengue virus type 4, French Antilles and French Guiana, 2004-2005. Emerging infectious diseases. 2006;12(11):1748-51. Epub 2007/02/08.

23. Pandey BD, Morita K, Khanal SR, Takasaki T, Miyazaki I, Ogawa T, et al. Dengue virus, Nepal. Emerging infectious diseases. 2008;14(3):514-5. Epub 2008/03/08.

24. Iverson, L.B.; Tiriba, A.C. Encefalite por arbovírus. Rocio. In: Veronesi R.; Focaccia R (eds) Tratado de Infectologia, Atheneu, São Paulo, 1997, 233-239.

25. Ribeiro PC, Sousa DC, Araújo TM. Perfil clínico-epidemiológico dos casos suspeitos de dengue em um bairro da zona sul de Teresina, PI, Brasil. Revista Brasileira de Enfermagem. 2008;61(2):227-32.

26. Brasil. Dengue: manual de enfermagem - adulto e criança/ Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Diretoria Técnica de Gestão. Brasília. 2008. 48p.

27. Rocco IM, Silveira VR, Maeda AY, Silva SJ, Spenassatto C, Bisordi I, et al. First isolation of Dengue 4 in the state of Sao Paulo, Brazil, 2011. Revista do Instituto de Medicina Tropical de Sao Paulo. 2012;54(1):49-51. Epub 2012/03/01.

28. Organização Mundial da Saúde (OMS). 2000. Stengthening implementation of the globalstrategy for dengue fever/dengue haemorrhagic fever: Prevention and Control. Geneva.

29. WHO World Health Organization. Dengue haemorragic fever diagnosis, treatment, prevention end control. 2nd edition; Geneva WHO; 1997.

Page 56: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

41

30. GUBLER, D.J. The global emergence/resurgence of arboviral diseases as public health problems. Archives of medical research, México, DF, v. 33, n. 4, p. 330-342, 2002.

31. MONATH, T. P. Dengue: The risk to developed and developing countries. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, Washington, v. 91, p. 2395-2400, 1994.

32. FRAIHA, H. Reinfestação do Brasl pelo Aedes aegypti. Considerações sobre o risco de urbanização do vírus da febe amarela silvestre na região reinfestada. Rev. Inst. Med. Trop., São Paulo, 1968; 10(5): 289-94.

33. Forshey BM, Morrison AC, Cruz C, Rocha C, Vilcarromero S, Guevara C, et al. Dengue virus serotype 4, northeastern Peru, 2008. Emerging infectious diseases. 2009;15(11):1815-8. Epub 2009/11/07.

34. SAN MARTIN, J.L.; BRATHWAITE, O.; ZAMBRANO, B.; SOLÓRZANO, J.O.; BOUCKENOOGHE, A.; DAYAN, G.H, et al. The epidemiology of dengue in the americas over the last three decades: a worrisome reality. Am J. Med. Hyg, 2010; 82(1): 128-35.

35. Siqueira JB, Martelli CM, Maciel IJ, Oliveira RM, Ribeiro MG, Amorim FP, et al. Household survey of dengue infection in central Brazil: spatial point pattern analysis and risk factors assessment. The American journal of tropical medicine and hygiene. 2004;71(5):646-51. Epub 2004/12/01.

36. Rios-Velasquez CM, Codeco CT, Honorio NA, Sabroza PS, Moresco M, Cunha IC, et al. Distribution of dengue vectors in neighborhoods with different urbanization types of Manaus, state of Amazonas, Brazil. Memorias do Instituto Oswaldo Cruz. 2007;102(5):617-23. Epub 2007/08/22.

37. Siqueira JB, Jr., Martelli CM, Coelho GE, Simplicio AC, Hatch DL. Dengue and dengue hemorrhagic fever, Brazil, 1981-2002. Emerging infectious diseases. 2005;11(1):48-53. Epub 2005/02/12.

38. BRASIL. Guia de vigilância epidemiológica. 7. Ed. Brasilia: Ministério da Saúde, 2009, 816 p.

39. TEIXEIRA, M.G.; BARRETO, M.L.; GUERRA, Z. Epidemiologia e medidas de prevenção do dengue. Informe Epidemiológico do SUS, Brasília, DF, V8, P. 5-33, 1999.

40. FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE (Brasil). Manual de Dengue – Vigilância Epidemiológica e Atenção ao Doente. 2 ed. Brasília, 1996.

41. FIGUEIREDO RM, THATCHER BD, DE LIMA ML, ALMEIDA TC, ALECRIM WD, GUERRA MV. [Exanthematous diseases and the first epidemic of dengue to occur in Manaus, Amazonas State, Brazil, during 1998-1999]. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 2004;37(6):476-9. Epub 2005/03/16. Doencas exantematicas e primeira epidemia de dengue ocorrida em Manaus, Amazonas, no periodo de 1998-1999.

42. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Dengue: decifra-me ou devoro-te. Brasília: Ministério da Saúde, 2007.

43. PAHO. Dengue in the Americas, 2007.

44. Teixeira TR, Cruz OG. Spatial modeling of dengue and socio-environmental indicators in the city of Rio de Janeiro, Brazil. Cadernos de saude publica /

Page 57: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

42

Ministerio da Saude, Fundacao Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saude Publica. 2011;27(3):591-602. Epub 2011/04/27.

45. Brasil. Dengue: diagnóstico e manejo clínico - Adulto e criança/ Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Diretoria Técnica de Gestão. 3. ed. Brasília. 2007. 28p.

46. Feres VC, Martelli CM, Turchi MD, Junior JB, Nogueira RM, Rocha BA, et al. Laboratory surveillance of dengue virus in Central Brazil, 1994-2003. Journal of clinical virology : the official publication of the Pan American Society for Clinical Virology. 2006;37(3):179-83. Epub 2006/09/12.

47. SCHATZMAYR, .G.; NOGUEIRA, R.M.R; TRAVASSOS DA ROSA, A.P. Na outbreak of Dengue vírus at Rio de Janeiro. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. 81: 245-246, 1986.

48. FIGUEIREDO, L.T.M. Dengue in Brazil: Past, presente and future perspective. Dengue Bullettin (WHO), 2003, 27, 25-33.

49. ROCCO, I. M.; KAVAKAMA, B. B. & SANTOS, C. L. S., 2001. First isolation of dengue in Brasil from an imported case. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo. 43:55-57.

50. NOGUEIRA, R.M.; MIAGOSTOVICH, M.P.; DE FILIPPIS, A.M.; PEREIRA, M.A.; SCHATZMAR, H.G. Dengue virus type 3 in Rio de Janeiro, Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz, 96 (7): 925-926, 2001.

51. MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL. Informes sobre dengue, 2003, 2007, 2008.

52. Figueiredo RM, Naveca FG, Bastos MS, Melo MN, Viana SS, Mourao MP, et al. Dengue virus type 4, Manaus, Brazil. Emerging infectious diseases. 2008;14(4):667-9. Epub 2008/04/09.

53. World Health Organization. Dengue: guidelines for diagnosis, treatment, prevention and control [Internet]. New edition. Geneva: WHO; 2009. [cited 2012 Oct 25]. Available from: http://whqlibdoc.who.int/publications/2009/978924154787 1_eng.pdf.

54. Brasil. Dengue instruções para pessoal de combate ao vetor: manual de normas técnicas. 3 ed., rev. Brasília: Ministério da Saúde: Fundação Nacional de Saúde; 2001. 84p.

55. Bastos M. Perfil soroepidemiológico do dengue diagnosticado na Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (1998-2001) [Dissertação (Mestrado em Ciências - Saúde Pública)]. Manaus: Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ; 2004.

56. Figueiredo RM, Naveca FG, Oliveira CM, Bastos Mde S, Mourao MP, Viana Sde S, et al. Co-infection of Dengue virus by serotypes 3 and 4 in patients from Amazonas, Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de Sao Paulo. 2011;53(6):321-3. Epub 2011/12/21.

57. Barbosa MG, Fe NF, Jesus RD, Rodriguez IC, Monteiro WM, Mourao MP, et al. [Aedes aegypti and associated fauna in the rural zone of Manaus, in the Brazilian Amazon]. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 2009;42(2):213-6. Epub 2009/05/19. Aedes aegypti e fauna associada em area rural de Manaus, na Amazonia brasileira.

58. Bastos Michele de Souza, Figueiredo Regina Maria Pinto de, Ramasawmy Rajendranath, Itapirema Evaulino, Gimaque João Bosco Lima, Santos Lucilaide Oliveira et al . Simultaneous circulation of all four dengue serotypes in Manaus,

Page 58: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

43

State of Amazonas, Brazil in 2011. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. 45 (3): 393-394, may-jun, 2012.

59. Pinheiro VC, Tadei WP, Barros PM, Vasconcelos PF, Cruz AC. Detection of dengue virus serotype 3 by reverse transcription-polymerase chain reaction in Aedes aegypti (Diptera, Culicidae) captured in Manaus, Amazonas. Memorias do Instituto Oswaldo Cruz. 2005;100(8):833-9. Epub 2006/01/31.

60. Rocha LA, Tauil PL. [Dengue in children: clinical and epidemiological characteristics, Manaus, State of Amazonas, 2006 and 2007]. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 2009;42(1):18-22. Epub 2009/03/17. Dengue em crianca: aspectos clinicos e epidemiologicos, Manaus, Estado do Amazonas, no periodo de 2006 e 2007.

61. Gubler, D. J. 1998. Dengue and dengue hemorrhagic fever. Clinical microbiology reviews, 11(3), 480-96.

62. VERDEAL JCR, COSTA FILHO R, VANZILLOTTA C, MACEDO GL, BOZZA FA, TOSCANO L, et al. Recomendações para o manejo de pacientes com formas graves de dengue. VER. BRAS. TER. INTENSIVA. 2011; 23(2): 125-133.

63. Senanayake, S. 2006. Dengue fever and dengue haemorrhagic fever--a diagnostic challenge. Australian family physician, 11(3), 480.

64. Dussart P, Lavergne A, Lagathu G, Lacoste V, Martial J, Morvan J, et al. Reemergence of dengue virus type 4, French Antilles and French Guiana, 2004-2005. Emerging infectious diseases. 2006;12(11):1748-51. Epub 2007/02/08.

65. CLEMENTS, A. N.The biology of mosquitoes, vol.II. London: Chapman & Hall, 1999.

66. MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL. Informes sobre dengue, 2003, 2007, 2008.

67. Brasil. Dengue instruções para pessoal de combate ao vetor: manual de normas técnicas. 3 ed., rev. Brasília: Ministério da Saúde: Fundação Nacional de Saúde; 2001. 84p.

68. BESERRA, E. B. et al. Biologia e exigências térmicas de Aedes aegypti (L.) (Diptera: Culicidae) provenientes de quatro regiões biocliméticas da Paraíba. Neotropical Entomology, Londrina, v. 35, n. 6, p. 853-860, 2006.

69. Passos MN, Santos LM, Pereira MR, Casali CG, Fortes Bde P, Ortiz Valencia LI, et al. [Clinical differences observed in patients with dengue caused by different serotypes in the epidemic of 2001/2002, occurred in Rio de Janeiro]. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 2004;37(4):293-5. Epub 2004/08/31. Diferencas clinicas observadas em pacientes com dengue causadas por diferentes sorotipos na epidemia de 2001/2002, ocorrida no municipio do Rio de Janeiro.

70. Feres VC, Martelli CM, Turchi MD, Junior JB, Nogueira RM, Rocha BA, et al. Laboratory surveillance of dengue virus in Central Brazil, 1994-2003. Journal of clinical virology : the official publication of the Pan American Society for Clinical Virology. 2006;37(3):179-83. Epub 2006/09/12.

71. Temporao JG, Penna GO, Carmo EH, Coelho GE, do Socorro Silva Azevedo R, Teixeira Nunes MR, et al. Dengue virus serotype 4, Roraima State, Brazil. Emerging infectious diseases. 2011;17(5):938-40. Epub 2011/05/03.

72. Balmaseda A, Hammond SN, Pérez L, Tellez Y, Saborio SI, Cuadra R, Roch J, et al. Serotype-specific differences in clinical manifestations of dengue. Am. J. Trop. Med. Hyg., 74 (3), 2006, pp. 449-456.

Page 59: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

44

73. Thai KTD, Phuong HL, Nga TTT, Giao PT, Hung LQ, Nam NV, et al. Clinical, epidemiological and cirological features of dengue virus infections in vietnamese patients presenting to primary care facilities with acute undifferentiated feverJournal of infection (2010) 60, 229-237.

74. Kumaria R. Correlation of disease spectrum among four Dengue serotypes: a five years hospital based study from India. Braz J Infect Dis. 2010; 14 (2): 141-146.

75. Worobey, M.; Rambaut, A; Holmes, E.C. Evolution Widespread intra-serotype recombination in natural populations of dengue virus. Proc. Natl. Acad. 96: 7352-7357, 1999.

Page 60: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

45

7 ANEXOS

ANEXO A

7.1 Aprovação do Projeto guarda-chuva pelo CEP

Page 61: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

46

Page 62: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

47

ANEXO B

7.2 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Pós-Informação

Page 63: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

48

Doenças febris agudas em uma unidade terciária de saúde da Amazônia Ocidental Brasileira: estudos de epidemiologia,

caracterização clínica e diagnóstico TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PÕS-INFORMAÇÃO

O paciente abaixo assinado ou o seu parente próximo abaixo identificado, sob a responsabilidade do investigador ou médico que assina este documento, declara estar ciente após ter lido ou ouvido o presente Termo de Consentimento que lhe informa o seguinte:

I. Que está participando de um estudo para saber qual a causa do quadro febril que apresenta, a partir da investigação de várias doenças como: malária, dengue, mononucleose, febre por Oropouche, febre por Mayaro, leptospirose, febre tifóide e febre amarela. Além disso, se os testes forem negativos para essas doenças, novos vírus serão pesquisados, como Saint Louis, Oeste do Nilo, Ilhéus, Bussuquara e Cacipacoré;

II. Que a participação neste estudo é voluntária, e que a recusa em participar não provocará qualquer tratamento diferenciado ou perda de benefícios a que o paciente tenha direito;

III. Que, havendo concordância para a participação no estudo, se procederão as seguintes condutas:

1 - Preenchimento da ficha clínica (constando de dados relativos ao paciente e à doença);

2 - Coleta de sangue da veia do braço (10mL para adultos e 3mL para crianças), com uso deagulhas e seringas descartáveis, por profissional qualificado;

IV. Após os primeiros teste de laboratório, se houver necessidade e consentimento doparticipante e/ou seu responsável, o paciente poderá ser contactado para proceder uma novacoleta de sangue;

V. Que o médico assistente poderá pedir outros exames como sangue, fezes e urina,dependendo da necessidade e que não terão qualquer relação com a pesquisa;

VI. Que, participando do estudo, o paciente ou a família não obterão quaisquer benefíciosadicionais além dos já citados (diagnóstico da infecção e/ou doença), podendo desta formabeneficiar outros indivíduos;

VII. Que a participação nessa pesquisa é voluntária e o indivíduo receberá todos os cuidadosquanto ao diagnóstico e tratamento da sua doença.

VIII. Que esse estudo incluirá pacientes que buscam espontaneamente a FMT-AM paraassistência médica e que todos os procedimentos a serem adotados fazem parte da rotina deinvestigação dessa instituição.

Page 64: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · O dengue é uma doença infecciosa febril aguda sistêmica, ... Tabela 1 – Distribuição por faixa etária dos pacientes

49

IX. Que para eventuais danos que forem devidamente comprovados em decorrência dosprocedimentos realizados nesta pesquisa, a Fundação de Medicina Tropical do Amazonas-FMTAM se propõe a atender, ressarcir e/ou indenizar os participantes deste estudo.

X. Que o material retirado do paciente se destina apenas à definição da causa da doença febril.

XI. Que o projeto poderá ser encerrado caso haja discordância por parte do paciente ou quepossam prejudicar o sujeito da pesquisa.

XII. Que a participação neste estudo será confidencial e os registros ou resultados dos testesrelacionados ao estudo serão mostrados apenas aos participantes e aos representantes daFMT-AM, bem como a autoridades normativas estaduais ou nacionais, com o objetivo degarantir informações de pesquisas clínicas ou para fins normativos. A identidade dosparticipantes permanecerá sempre em confiabilidade.

XIII. Que o participante e seus familiares têm direitos aos esclarecimentos que julgaremnecessários a qualquer período do desenvolvimento deste estudo e será notificado sobrequalquer nova informação relacionada. A Dra. Maria Paula Gomes Mourão, médicaresponsável por esta pesquisa, cujos números de telefone são 2127 3447 ou 9142 3411, teráplena disponibilidade para atender e esclarecer possíveis dúvidas dos participantes;

XIV. Que o participante tem o direito de se retirar deste estudo a qualquer momento, sem qualquerretaliação, e também o direito de manter em seu poder cópia assinada deste documento;

XV. Que, por estar devidamente esclarecido sobre o conteúdo deste termo, livremente expressaseu consentimento e/ou do seu responsável para inclusão como participante nesta pesquisa.

Você autoriza que seu sangue seja guardado para outros estudos com vírus?

( ) Sim ( ) Não

Data: ....../....../.................................................................................... Nome

Assinatura do paciente ou responsável legal: ....................................................................

Nome do entrevistador: ...................................................................................................... .

Assinatura do entrevistador: ...............................................................................................

Impressão dactiloscópica