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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA Avaliação de Potencialidade de Implantação de Sistema de Gestão Ambiental Dirigido às Empresas do Setor Farmacêutico Localizadas no Estado do Rio de Janeiro Carlos Alberto Bernardo Cardoso Dissertação submetida ao corpo docente do Instituto de Química da Universidade do Estado do Rio de Janeiro como requisito final para a obtenção do Diploma de Mestre em Engenharia Química. Orientador: Prof. Marco Antonio Gaya de Figueiredo, D. Sc. Rio de Janeiro 2007

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE QUÍMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

Avaliação de Potencialidade de Implantação de Sistema de Gestão

Ambiental Dirigido às Empresas do Setor Farmacêutico Localizadas

no Estado do Rio de Janeiro

Carlos Alberto Bernardo Cardoso

Dissertação submetida ao corpo docente do Instituto de Química da

Universidade do Estado do Rio de Janeiro como requisito final para a obtenção do

Diploma de Mestre em Engenharia Química.

Orientador: Prof. Marco Antonio Gaya de Figueiredo, D. Sc.

Rio de Janeiro

2007

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Ficha Catalográfica

C268 Cardoso, Carlos Alberto Bernardo

Avaliação de Potencialidade de Implantação de Sistema de Gestão Ambiental Dirigido às Empresas do Setor Farmacêutico Localizadas no Estado do Rio de Janeiro . / Carlos Alberto Bernardo Cardoso. - 2007. xv,119 f

Orientador: Marco Antonio Gaya de Figueiredo.

Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Química.

1.Gestão Ambiental – Teses. 2. Medicamentos – Teses. 3. Indústria Farmacêutica – Rio de Janeiro (Estado) – Teses. I. Figueiredo, Marco Antonio Gaya de. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Química. III. Título.

CDU 504.06

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE QUÍMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

Avaliação de Potencialidade de Implantação de Sistema de Gestão

Ambiental Dirigido às Empresas do Setor Farmacêutico Localizadas

no Estado do Rio de Janeiro

Carlos Alberto Bernardo Cardoso

Dissertação submetida ao corpo docente do Instituto de Química da

Universidade do Estado do Rio de Janeiro como requisito final para a obtenção do

Diploma de Mestre em Engenharia Química.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________________ Prof., D.Sc., Marco Antonio Gaya de Figueiredo, IQ / UERJ. ____________________________________________________________________ Prof., D.Sc., Ricardo Isidoro da Silva, IQ / UERJ. ____________________________________________________________________ Prof., D.Sc., Roberto de Barros Emery Trindade, (PETROBRAS). ____________________________________________________________________ Prof., D.Sc., Elmo Rodrigues da Silva, Deptº. de Engª. Sanitária e Ambiental / UERJ

Rio de Janeiro, RJ – Brasil

Agosto / 2007

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Dedico este trabalho a minha filha Nathalia, “in

memorian”. Pelo seu exemplo de força, luta e

perseverança. Enfim, pela grande “escola da

vida” que ela foi.

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Agradecimentos

A “DEUS”, por ter me dado a oportunidade de conviver com seres

humanos tão belos como minha mãe Carmelita, minha esposa Marilia e minhas

filhas Thalita e Nathalia (“in memorian”). A participação fundamental delas em mais

uma vitória na minha vida.

Pela dedicação, paciência e competência do meu orientador Prof. Marco

Antônio Gaya.

À Universidade do Estado do Rio de Janeiro. À Coordenação do

Programa de Pós-Graduação de Engenharia Química. Aos professores do Curso de

Pós-Graduação.

Ao amigo Luiz Alberto da Rocha Torres e sua equipe, pela ajuda nas

informações, através do seu conhecimento e sua rede de contatos.

Ao Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos.

À chefia e aos colegas de trabalho que contribuiram e permitiram a

realização deste trabalho.

A todos os laboratórios farmacêuticos que, de uma forma ou outra,

participaram prestando informações primordiais.

A todos os que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização

deste trabalho.

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“Ficaram para trás os tempos de primeiro, predomínio do econômico e indiferença para com o ambiental; depois, preocupação exclusiva em proteger a natureza da qual o homem, com suas dores e necessidades, parecia alijado. No novo mundo, o paradigma é o da integração de economia, ambiente e sociedade, conduzida e praticada pelo empresariado, governo e sociedade civil organizada.”

(VIEIRA e ROCHA, 2002).

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RESUMO

A indústria farmacêutica, de um modo geral, manipula substâncias tóxicas, desenvolve atividades utilizando como matéria-prima um dos maiores bens da natureza, que é a água. Enfim, para produzir o medicamento em benefício do homem deixa como conseqüências, impactos ambientais consideráveis. Pretende-se mostrar que o segmento em questão, apesar de buscar se adequar às normas legais, como as da vigilância sanitária, ele é muito centrado na qualidade do produto, em detrimento dos aspectos ambientais, ainda que tendo disponível uma importante ferramenta para tal: A certificação de Boas Práticas de Fabricação (BPF) dos produtos farmacêuticos. A escolha do local da pesquisa foi o estado do Rio de Janeiro, por ser este, entre outros aspectos, um sítio onde historicamente se localizam empresas deste setor. O Rio de Janeiro e São Paulo são estados que congregam o maior número de fabricantes de medicamentos do país. Identificadas as indústrias foi realizado um levantamento para selecionar um grupo de empresas com características semelhantes. Como as grandes empresas deste segmento são dotadas de estrutura adequada à implantação de sistema de gestão ambiental, elas ficaram fora deste escopo. Também ficou fora da pesquisa o grupo formado por empresas que importam, embalam, comercializam, mas não fabricam os medicamentos e os produtores de fitoterápicos e veterinários. O resultado da pesquisa foi que as empresas privadas com número de empregados entre 50 e 500 e todas as públicas têm deficiência para atender aos requisitos ambientais legais, em outras palavras, as questões ambientais ficam restritas a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA / RDC-306) e aos processos de obtenção de licenças junto a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA). Apenas uma dentre às vinte e oito pesquisadas tem Sistema de Gestão Ambiental SGA implantado. Como todos os fabricantes de medicamentos têm que cumprir as exigências da RDC-210, para obterem o Certificado de BPF e os registros dos medicamentos, assim eles já possuem a cultura, parte dos requisitos e a ferramenta necessária à implantação de um SGA de acordo com padrões voluntários como a NBR ISO 14001 (2004). Para comprovar tal evidência, o estudo apresentou o caso de uma empresa pública dotada de características inovadoras e cultura diferenciada, porque agrega colaboradores advindos de laboratórios privados. Tal empresa fabrica exclusivamente vacinas, biofármacos e reativos, sendo uma grande exportadora, sujeita à fiscalização internacional, como por exemplo, a da Organização Mundial da Saúde (OMS). Conclui-se que as empresas priorizam as questões da ANVISA e as ambientais precisam ser monitoradas e mitigadas. Um Plano de Ação para melhorias ambientais, visando à implantação de um SGA e a obtenção de um diferencial competitivo pode ser adotado, através da estrutura existente por força das exigências da ANVISA a qualquer empresa do setor farmacêutico.

Palavras-chave: Medicamentos BPF Gestão Ambiental Sistema de Gestão Ambiental Indústria Farmacêutica

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ABSTRACT

The pharmaceutical industry, in general, handling toxic substances, develops activities using as raw material one of the greatest natural resources: the water. Finally, to produce the medicine for the man benefits leave consequences and significant environmental impacts. The work intends to show that referred segment’s in spite is seeking to adapt the legal obligations, such as sanitary surveillance, it is emphasizing on the quality of the product, to the detriment of the environmental aspects, even though having available an important tool for that: The Good Manufacturing Practice (GMP) requirements for pharmaceutical products. The choice of the research’s place was the state of Rio de Janeiro, among any other reasons, a historically site where companies in this section are located. The Rio de Janeiro and São Paulo states are bringing together the largest number of manufacturers of medicines in the country. Once the companies were identified, we proceeded with a preliminary survey, in order to define a group of companies with similar characteristics. As large companies at this segment are gifted with appropriated structure to the implementation of the environmental management system, they were outside this scope. It was out of this research the group formed by companies that import, pack, sell, but not manufacture the medicines and phytotherapeutical and veterinarian producers. The result of this research was that the number of private companies with employees between 50 and 500 and all public have disabilities to attend the legal environmental requirements, in other words, environmental issues are restricted to Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA / RDC-306) and the procedures for obtaining licenses from Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA). Only one out of twenty eight had searched have Environmental Management System (EMS) installed. Like all manufacturers of medicines must implement the requirements of the RDC-210 to obtain the certificate of GMP and the records of medicine, so they already have the culture, part of the requirements and the necessary tool to the settlement of an EMS in accordance with voluntary standards such as NBR ISO 14001 (2004). To prove this evidence, the study presented the case of public company gifted with innovative features and culture differently, because aggregates employees arising from private laboratories. This company manufactures exclusively vaccines, biopharm and reagents for diagnosis been a major export, subject to international inspections, such as the World Health Organization (WHO) for instance. It follows that companies prioritize the issues of ANVISA and environmental need to be monitored e mitigated. An Action plan for environmental improvements, addressing the EMS settlement and the achievement of a competitive differential can be done through the existing structure under the requirements of ANVISA to any company of the pharmaceutical sector. Keywords: Medicines GMP Management Environmental Environmental Management System Pharmaceutical Industry

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Lista de figuras

Figura 1. Áreas de Competência de uma Organização Industrial............... 46

Figura 2. Relações entre o Departamento de Gestão Ambiental e outras

Áreas de Competência das Organizações................................... 49

Figura 3. Estrutura Funcional...................................................................... 53

Figura 4. Estrutura LINHA-STAFF............................................................... 54

Figura 5. Estrutura por Equipes................................................................... 55

Figura 6. Estrutura em Rede....................................................................... 56

Figura 7. Estrutura Divisional....................................................................... 57

Figura 8. Relação das Organizações com as Partes Interessadas............. 59

Figura 9. Tipologia dos Engajamentos Coletivos da Indústria..................... 60

Figura 10. Perfil das Empresas Identificadas do Segmento.......................... 78

Figura 11. Colaboradores da Empresa.......................................................... 87

Figura 12. Mapa Estratégico da Empresa..................................................... 89

Figura 13. Macro Estrutura............................................................................ 90

Figura 14. Gráfico Relacionado às Respostas ao Questionário Aplicado..... 91

Figura 15. Gráfico para a Visualização de Alguns Aspectos Identificados.... 94

Figura 16. Gráfico Percentual de Alguns Aspectos Identificados.................. 94

Figura 17. Gráfico de Alguns Aspectos Associados ao Meio Ambiente........ 97

Figura 18. Gráfico Percentual de Alguns Aspectos Associados ao Meio

Ambiente....................................................................................... 97

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Lista de quadros

Quadro 1. Requisitos Voluntários e Legais Relacionados ao Meio

Ambiente, nas Indústrias Farmacêuticas...................................... 67

Quadro 2. Relação Simplificada das Empresas Farmacêuticas do RJ......... 73

Quadro 3. Quadro das Empresas Selecionadas........................................... 77

Quadro 4. Entrega de Vacinas ao PNI.......................................................... 84

Quadro 5. Entrega de Reativos para Diagnóstico Laboratorial ao PNI......... 85

Quadro 6. Demonstrativo das Empresas Pesquisadas................................. 93

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Lista de abreviaturas e siglas

ABIQUIF Associação Brasileira da Indústria Farmoquímica

ABIQUIM Associação Brasileira das Indústrias Químicas

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRABI Associação Brasileira das Empresas de Biotecnologia

ABRAFARMA Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias

AESTM Assessoria de Segurança do Trabalho e Meio Ambiente

ALANAC Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais

ALFOB Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Oficiais do Brasil

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Bio-Manguinhos Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos

BPF Boas Práticas de Fabricação

BPL Boas Práticas de Laboratório

BSI British Standards Institution

BSC Balanced Scorecard

CBMERJ Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro

CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (SP)

CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

CODIN Companhia de Desenvolvimento Industrial

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

CQB Certificado de Qualidade em Biossegurança

CSA Conselho Superior de Administração

CTA Central de Tratamento de Água

ETE Estação de Tratamento de Efluentes

EUA Estados Unidos da América

Far-Manguinhos Instituto de Tecnologia em Fármacos

FDA Food and Drug Administration

FEBRAFARMA Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica

FEEMA Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz

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FIRJAN Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

ISO International Organization for Standardization

IT Instrução de Trabalho

IVB Instituto Vital Brazil

IVFRJ Instituto Virtual de Fármacos do Estado do Rio de Janeiro

LAQFA Laboratório Químico Farmacêutico da Aeronáutica

LFM Laboratório Farmacêutico da Marinha

LI’s Licenças de Instalação

LO’s Licenças de Operação

LQFE Laboratório Químico Farmacêutico do Exército

MA Meio Ambiente

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MS Ministério da Saúde

NBR Norma Brasileira

OGM Organismo Geneticamente Modificado

OMS Organização Mundial da Saúde

OTC Over the Counter

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

PAM Plano de Auxílio Mútuo

PGRSS Plano de Gerenciamento dos Resíduos dos Serviços de Saúde

PNI Programa Nacional de Imunização

POP’s Procedimento Operacional Padrão

PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

RDC Resolução da Diretoria Colegiada da ANVISA

RH Recursos Humanos

RMNC Relatório de Melhorias e Não Conformidades

SAC Serviço de Atendimento ao Consumidor

SEMA Secretaria Especial de Meio Ambiente

SEA Secretaria de Estado do Ambiente

SGA Sistema de Gestão Ambiental

SGQ Sistema de Gestão da Qualidade

SINFAR Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado do Rio de Janeiro

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SIQUIRJ Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos do Estado do Rio de Janeiro

SSMA Saúde, Segurança e Meio Ambiente

SUS Sistema Único de Saúde

THM Trihalometanos

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

URSS União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

VISA-RJ Vigilância Sanitária do Estado do Rio de Janeiro

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Sumário

INTRODUÇÃO................................................................................... 16

Contexto da Pesquisa...................................................................... 16

O Problema da Pesquisa e Delimitações do Tema........................ 17

1. A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA....................................................... 21

1.1. Alguns Conceitos e Definições....................................................... 21

1.1.1. Farmacologia e Fármacos.................................................................. 21

1.1.2 Relações e Divisões da Farmacologia............................................... 21

1.1.3. Nomenclatura de fármacos................................................................. 22

1.2. Histórico da Indústria Farmacêutica............................................... 23

1.2.1. História da Indústria Farmacêutica no Mundo.................................... 23

1.2.2. História da Indústria Farmacêutica no Brasil...................................... 24

1.2.3. História Recente da Indústria Farmacêutica no Rio de Janeiro......... 31

1.3. Os Processos de Fabricação........................................................... 32

1.3.1. Alguns Tipos de Apresentação e seus Constituintes Básicos............ 32

1.3.2. Finalidade e Classificação do Setor................................................... 33

1.3.3. Etapas da Fabricação......................................................................... 34

1.4. O Meio Ambiente.............................................................................. 34

1.4.1. Regulamentações e Diretrizes............................................................ 35

1.4.2. Gestão Ambiental nas Empresas....................................................... 37

2. SISTEMAS DE GESTÃO – CONCEITUAÇÃO.................................. 39

2.1. Sistema de Gestão Ambiental (SGA).............................................. 39

2.1.1. Considerações Iniciais........................................................................ 39

2.1.2. Histórico.............................................................................................. 40

2.1.3. Formas de Integração da Gestão Ambiental...................................... 44

2.1.4. Outras Formas de Integração da Gestão Ambiental.......................... 52

2.1.5. A Relação da Gestão Ambiental com as Partes Interessadas........... 59

2.1.6. Padrões Normativos Voluntários........................................................ 62

2.2. O SGA na Indústria Farmacêutica................................................... 63

2.2.1. Histórico.............................................................................................. 63

2.2.2. Plano de Ação para Implantação de um SGA na Indústria

Farmacêutica...................................................................................... 66

2.2.3. SGA na Indústria Farmacêutica do Estado do Rio de Janeiro........... 68

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3. METODOLOGIA DE TRABALHO..................................................... 70

3.1. Levantamento do Grupo Geral de Empresas................................. 70

3.1.1. Entidades de Classe........................................................................... 70

3.1.2. Outras Entidades................................................................................ 71

3.1.3. Grupo Geral das Empresas................................................................ 73

3.2. Determinação do Grupo Específico das Empresas

Pesquisadas...................................................................................... 73

3.3. Pesquisa de Campo.......................................................................... 78

3.4. Pesquisa Bibliográfica e Outros Meios de Comunicação............ 80

3.5. A Escolha da Empresa para Estudo de Caso................................ 81

4. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA DO CASO............................... 83

4.1 Geral................................................................................................... 83

4.2. Perfil da Organização....................................................................... 83

4.3. Relacionamento com a Sociedade e o Mercado............................ 84

4.4. Desenvolvimento Tecnológico e Inovação.................................... 85

4.5. Tecnologias de Produção, Garantia e Controle de Qualidade..... 86

4.6. Infra-estrutura................................................................................... 87

4.7. Recursos Humanos.......................................................................... 87

4.8. Planejamento Estratégico................................................................ 88

5. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS.................................................... 91

5.1. Geral................................................................................................... 91

5.2. Avaliação Quanto ao SGA............................................................... 98

5.3. O Sistema de Gestão na Empresa Objeto de Estudo.................... 99

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES............................................ 104

Conclusões....................................................................................... 104

Recomendações............................................................................... 105

REFERÊNCIAS................................................................................................ 107

APÊNDICES..................................................................................................... 111

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16

INTRODUÇÃO

Contexto da Pesquisa

Baseando-se na literatura existente, revistas e artigos especializados,

exposições, congressos e seminários direcionados para o setor, identifica-se que a

indústria farmacêutica tem uma pequena participação nas questões sobre o meio

ambiente. Raramente é mencionada nas publicações especializadas em meio

ambiente e no segmento farmacêutico a correlação entre a produção e os impactos

ambientais a ele associados. É possível que um dos motivos seja o produto,

medicamento, que serve para a cura das espécies humana e animal, assim

preservando a natureza, apesar de parte dos insumos utilizados na fabricação

advirem desta.

Pode-se tomar conhecimento através da mídia, de não conformidades neste

setor industrial. Há casos em que as ações corretivas tornam-se questões

ambientais, como por exemplo, a necessidade de descartes controlados, o

recolhimento e a reutilização de produtos, etc. Estas questões ainda estão muito

contidas nas empresas que produzem medicamentos e um dos motivos pode ser o

foco na qualidade do produto.

A notícia sobre o aumento da informalidade no setor para diminuir custos e a

sonegação de impostos indica que existe um risco à saúde pública. Como os

negócios informais tendem a contratar mão-de-obra desqualificada, a ANVISA atua

para eliminar os riscos. (FELIPE; MELLO; CAPAZ, 2005).

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17

O Problema da Pesquisa e Delimitações do Tema

O setor farmacêutico sofre uma fiscalização sanitária dos órgãos oficiais para

que seja possível comercializar seus produtos. Os processos de fabricação

envolvidos e respectivos procedimentos de limpeza e sanitização, entre outros,

requerem resultados com alto grau de qualidade e confiabilidade. Em geral, este

setor promove a manipulação de substâncias químicas, que em muitos casos são

prejudiciais ao meio ambiente. Neste contexto, existem questões que incentivam a

indústria farmacêutica a procurar sistemas eficazes, de custo acessível e que

promovam a redução de gastos garantindo o atendimento às necessidades do

usuário. Alguns destes pontos são:

− As exigências da ANVISA (para permitir a produção de medicamentos);

− As ações trabalhistas motivadas por utilização inadequada de mão-de-obra;

− A legislação ambiental a cada dia mais rígida e os prejuízos advindos do não

cumprimento desta legislação (apresentando um custo muito alto);

− O consumidor disposto a pagar, por produtos que além de apresentarem boa

qualidade sejam gerados numa linha de produção que não degrade o meio

ambiente;

O tema desta dissertação é o “Sistema de Gestão Ambiental na Indústria

Farmacêutica”. De acordo com Macedo (2000), o SGA é uma ferramenta competitiva

voltada para organizações, que integra práticas administrativas e operacionais

considerando aspectos ambientais dentro do planejamento, implantação, operação,

ampliação, deslocamento ou desativação de empreendimentos, incluindo-se o

produto desde a origem ou matéria-prima até o destino final como resíduo. Um SGA

implantado permite a empresa atingir objetivos e melhorias como, o lucro pela

eficiência na produção, a economia pelo não pagamento de multas, a qualidade de

vida dos funcionários, o nível de emprego, os salários, a relação com a população e

a imagem industrial.

A questão principal da pesquisa é: Como se caracteriza a gestão ambiental

nas indústrias farmacêuticas? Onde a busca da resposta pode ser avaliada, através

das seguintes hipóteses: A maioria das indústrias farmacêuticas de médio e

pequeno porte desconsidera os requisitos legais e não possuem, ou possuem

parcialmente, SGA implantado, apesar da potencialidade para tal.

O estudo tem o objetivo de demonstrar a potencialidade da indústria

farmacêutica em geral, nas diversas linhas de produção (medicamentos sólidos,

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líquidos, injetáveis, cremes, etc.) de implantar SGA. Observa-se que tal segmento

está atento às exigências da ANVISA (RDC-210), mas não às questões legais

relativas ao meio ambiente. A empresa segue diretrizes estabelecidas pela ANVISA,

de modo a obter o certificado BPF, que resumindo é a aplicação de regras e

procedimentos na fabricação dos medicamentos, embora considerem com menor

ênfase os aspectos ambientais. Neste contexto, identifica-se uma ferramenta que

pode contribuir na elaboração de um SGA. Em outras palavras, a exigência para

obtenção de registros de medicamentos, através dos certificados de BPF, obriga a

alta administração a promover ações corretivas continuamente nas linhas de

produção.

Como objetivo específico, pretende-se propor um Plano de Ação para a

Implantação de um SGA, baseado nas resoluções da ANVISA RDC-210 (BPF),

RDC-306 (Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Saúde) e a norma

voluntária da ABNT, a NBR ISO 14001, permitindo a harmonia gerencial entre os

requisitos exigidos pela ANVISA e a legislação ambiental vigente, considerando a

necessidade por parte das empresas de obterem licenças (instalação e operação),

cujos aspectos ambientais devem ser monitorados pelo órgão fiscalizador no Rio de

Janeiro, a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA), que atua

de forma direta obrigando a empresa a cumprir todas as suas diretrizes e

resoluções. As empresas têm ainda que cumprir as exigências de outros órgãos

superiores, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) e o Conselho

Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).

Dentro do escopo do trabalho pretende-se ainda estabelecer qual o

percentual de empresas, dentre as selecionadas para a pesquisa, que apesar de

não possuírem certificações oficiais, cumprem as exigências legais.

Como este segmento industrial é amplo e diversificado restringiu-se à

pesquisa a uma amostra representativa do setor. Os estados do Rio de Janeiro e

São Paulo concentram o maior número de laboratórios farmacêuticos que produzem

e comercializam medicamentos. O Rio de Janeiro foi adotado como campo de

investigação, onde se realizou diversas visitas e entrevistas com os responsáveis. O

foco do trabalho não contempla os fornecedores ou produtores de farmoquímicos,

fitoterápicos, homeopáticos e veterinários. Isto porque, os produtos farmoquímicos

são usualmente empregados como matéria-prima na fabricação de medicamentos,

os medicamentos fitoterápicos e homeopáticos são regulamentados por resolução

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específica da ANVISA e os produtos veterinários são regulamentados pelo Ministério

da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). No levantamento de campo são

identificadas as principais questões ambientais e sendo este setor industrial

diversificado, pois produz sólidos, líquidos, cremes, pós, géis, entre outros, seguindo

linhas de produção diferenciadas em empresas de porte variado, adotou-se para o

estudo as empresas de médio porte, definidas conforme a seguir:

Pequeno porte: Empresas com número de empregados menor que 50.

Médio porte: Empresas com número de empregados entre 50 e 500.

Grande porte: Empresas com número de empregados maior que 500.

A fim de contribuir para a compreensão do tema foi apresentado um estudo

de caso.

O trabalho foi estruturado da seguinte forma:

− No capítulo 1 são apresentados alguns conceitos e definições empregados no

setor, a história da indústria farmacêutica, como este segmento se formou, as

apresentações dos medicamentos, os processos de fabricação e algumas

considerações sobre meio ambiente;

− No capítulo 2 é mostrada a evolução do SGA, através das várias formas de

estruturas organizacionais e a integração do meio ambiente na administração, o

SGA na área de produção de medicamentos, também no Rio de Janeiro;

− No capítulo 3 é a exposição da forma como a pesquisa foi realizada, através da

descoberta de entidades de classe que congregam determinado tipo de indústria,

o estabelecimento do grupo geral e do grupo específico, a apresentação de um

caso, a pesquisa de campo;

− O capítulo 4 delineia a empresa que serviu como caso, indicando suas

características principais, a sua organização, a importância no contexto

farmacêutico e a referência quanto aos aspectos de meio ambiente;

− O capítulo 5 apresenta a avaliação dos resultados, de um modo geral

considerando o grupo “macro” de empresas do segmento estudado e específico

abordando a empresa caso e sua estrutura para o SGA;

− As conclusões e recomendações, a partir da avaliação dos resultados, entre

outros, indica e enfatiza as questões sobre o alcance dos objetivos do trabalho,

dando sinal positivo para que o segmento pesquisado perceba a natureza da

ferramenta já existente em sua estrutura administrativa e recomenda um plano de

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ação para a implantação de um SGA, possível de ser aplicado em qualquer

indústria do setor.

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1. A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

1.1. Alguns Conceitos e Definições

1.1.1. Farmacologia e Fármacos

Segundo De Lucia (2004), a farmacologia (ciência que estuda os fármacos)

surgiu para comprovar a eficácia dos medicamentos. As observações e os

experimentos buscavam o isolamento da principal substância. Para um determinado

medicamento, eram observadas reações em homem e animal. Por exemplo, no

homem, a verificação da freqüência do pulso, o grau da sudação e o diâmetro da

pupila, enquanto nos animais, a salivação e os efeitos antagônicos do princípio ativo.

A partir deste ponto, o desenvolvimento de métodos experimentais com animais em

laboratório associado aos conhecimentos de fisiologia, bioquímica e patologia, a

farmacologia foi se tornando matéria independente e pertinente aos cursos de

farmácia-bioquímica, diferentemente da terapêutica clínica, matéria aplicada mais

apropriadamente aos cursos de medicina, odontologia e enfermagem.

De Lucia (2004, p. 7) conceituando droga, descreve que “droga” (droog, do

holandês) é toda substância, cuja composição química pode ser definida ou não,

que pode ou não ter propriedades terapêuticas. Mas, para a OMS é toda substância

usada no homem para diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças. A droga de

ação paliativa ou curativa, ou ainda que promova efeitos benéficos sobre os seres

vivos, é chamada de medicamento. E remédio é todo agente com ações terapêuticas

ou profiláticas, diferente por exemplo, de banho de sol ou dietas, que não são

medicamentos.

1.1.2. Relações e Divisões da Farmacologia

De Lucia (2004, p. 7) descreve que a farmacologia é desenvolvida através do

conhecimento e aplicação de várias especialidades, tais como, a matemática, a

estatística, química orgânica, biologia molecular, fisiologia, física, bioquímica, entre

outras. Constitui o apoio científico da terapêutica medicamentosa. Têm-se a seguinte

divisão para a Farmacologia:

Farmacodinâmica. É o estudo dos efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos e

seu mecanismo de ação.

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Farmacocinética. É o estudo quantitativo dos fenômenos de absorção, distribuição,

biotransformação e excreção dos fármacos através de modelos matemáticos.

Farmacognosia. É o estudo de matérias-primas naturais (animais, vegetais e

minerais) quanto a obtenção, identificação e isolamento de princípios ativos.

Farmacotécnica. É o estudo do preparo da purificação, da conservação dos

fármacos, de suas compatibilidades fisicas e químicas, e das formas farmacêuticas

(cápsulas, comprimidos etc.) mais adequadas para o uso.

Farmacologia clínica. É o estudo da avaliação da segurança e eficácia dos fármacos

no homem.

Farmacoterapêutica. Ocupa-se do uso de fármacos na prevenção e no tratamento

de doenças.

Farmacoeconomia. É o conjunto de técnicas econômicas analíticas que são

utilizadas para estudar os fármacos (ou produtos farmacêuticos).

Toxicologia. É a parte da Farmacologia que estuda os efeitos adversos dos

fármacos. São estudadas as substâncias que provocam efeitos nocivos ao

organismo.

1.1.3. Nomenclatura de Fármacos

De Lucia (2004, p. 7) define:

Os fármacos apresentam os seguintes nomes: a) nome químico; b) nome registrado; c) nome genérico, nome oficial ou nome comum; d) nome codificado; e) nome não patenteado; f) nome comercial; g) outros nomes. O nome químico é o que descreve a estrutura química do fármaco, e às vezes, por sua complexidade, é inadequado para fins práticos. O nome registrado é aquele dado a um fármaco pelo fabricante, quando o agente entra na fase de comercialização. Ao contrário, o nome não patenteado é de direito público, enquanto que o nome registrado recebe a proteção do direito privado, sendo propriedade exclusiva do fabricante. Entretanto, pode ocorrer muita confusão entre a nomenclatura de fármacos, uma vez que um fármaco pode apresentar vários nomes registrados por diferentes fabricantes. O nome genérico refere-se ao nome comum pelo qual o fármaco é reconhecido (por exemplo, penicilinas). O nome codificado é atribuído ao fármaco pelo fabricante durante as fases de avaliação clínica, deixando de ser utilizado quando for escolhido o nome definitivo do fármaco.

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1.2. Histórico da Indústria Farmacêutica

1.2.1. História da Indústria Farmacêutica no Mundo

Silva (1973) sobre o histórico da farmacologia descreve que no começo do

século XIX o efeito das drogas era pouco conhecido e muitas vezes empregado por

aventureiros. É comum denominar-se médico alopata aos que empregam a medicina

científica em contrapartida aos homeopatas, que são seguidores da doutrina de

Hahnemann surgida no fim do século XVIII considerada por muitos como não

consistente. Mas, o significado da palavra alopatia correspondia a métodos de

tratamento rudes e dolorosos que pela violência abafavam os sintomas do paciente.

A homeopatia então, ainda sem fundamento científico aceitável, desenvolveu-se

naturalmente para correção dos excessos dos alopatas.

De Lucia (2004) sobre a perspectiva histórica da farmacologia registra que as

origens da farmacoterapêutica são muito antigas, uma vez que a luta contra as

doenças é parte integrante de qualquer sociedade humana. Ebers (1550 a. C.)

deixou registros sobre os preparados usados como remédios. Assim também

prosseguiu Hipócrates (460 – 370 a. C.) descrevendo as doenças e os

medicamentos da época. Tais ensinamentos foram continuados por Galeno (131 –

201 d. C.). A chamada tradição galênica registrou a preparação dos medicamentos,

que influenciou a medicina européia até o século XVI. Paracelsus (1493 – 1541)

talvez tenha sido o primeiro a rejeitar a tradição galênica procurando, através de

experimentos, novos medicamentos. E naquele mesmo século surge a primeira

farmacopéia. No século seguinte, a importância da inspeção clínica e da observação

na posologia da doença foi enfatizada por Sydenham (1624 – 1689), que não

progrediu satisfatoriamente, mas deixou um legado que foram os banhos minerais e

de extrato de quinina. Até meados do século XIX a terapêutica evoluiu lentamente.

No século XVIII, Jenner (1749 – 1823) introduziu a inoculação para prevenção da

varíola. E no início do século XIX começou a série de isolamentos de alcalóides

como princípios ativos de plantas, através da morfina obtida do ópio por Sertuener,

mas a arte de curar limitava-se a combater sintomas. O tratamento compreendia

fricções cutâneas, ungüentos e cataplasmas, limonadas purgativas, cIisteres1,

poções eméticas, estimulantes, inclusive aplicações de sanguessugas. Não faltavam

1 Injeção de água simples ou de algum medicamento líquido nos intestinos.

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os indefectíveis calomelanos, o sulfato de quinino, as infusões de sene tartarizadas,

de valeriana alcanforada, de pau-pereira, o cozimento de altéia e, repetidamente,

água inglesa. Essa conduta terapêutica gerou reações, como é o caso da

homeopatia, que, apesar de não ter as bases cientificamente comprovadas,

sobreviveu até os dias de hoje. Muitos erros de lógica que ocorriam persistiram na

era moderna. Por exemplo, o efeito placebo não era conhecido e desta forma alguns

sucessos de eficácia foram atribuídos equivocadamente a medicamentos. A

moderna Farmacologia começa com Buchhein (1820-1879), Magendie (1783-1855)

e seu discípulo Claude Bernard e Schmiedeberg (1839-1921). Este último procurou

correlacionar fenômenos biológicos, tornando-se um defensor do princípio que

estabelece a repetição dos fatos científicos nos corpos inertes e nos seres vivos,

desde que nas mesmas condições. Ele aplicou o raciocínio, a hipótese, a

experimentação e a dedução no desenvolvimento da Farmacologia. Os

medicamentos sintéticos aplicados atualmente apareceram entre o final do século

XIX e início do século XX, e até este período havia poucos produtos desenvolvidos.

Dentre alguns desses, podem ser citados a penicilina e outros antibióticos, surgidos

durante a Segunda Guerra Mundial. Nas décadas de 50 e 60 surgem os

antipsicóticos, antidepressivos, LSD, etc. O acentuado desenvolvimento dos

produtos farmacêuticos é resultado dos conhecimentos adquiridos através da

Farmacologia, Química Orgânica e outras disciplinas afins, que deram suporte à

fabricação dos medicamentos nos últimos 50 anos do século XX.

1.2.2. História da Indústria Farmacêutica no Brasil

1.2.2.1. A Farmacologia no Brasil

De Lucia (2004) sobre a farmacologia no Brasil revela que o progresso tem

sido lento. Primeiro, com o surgimento dos naturalistas (farmacobotânica), os

farmacêuticos e os médicos empregando medicamentos originados dos três reinos

da natureza. E, bem mais tarde, apareceram os seguidores de Buchhein, Magendie,

Claude Bernard e Schmiedeberg, que analisaram os efeitos tóxicos das substâncias.

Deu continuidade aos trabalhos a primeira geração de fisiologistas e farmacologistas

brasileiros (Álvaro e Miguel Ozório de Almeida, Thales Martins, Paulo de Carvalho,

Paulo Galvão e Jayme Pereira). Depois a segunda geração com Charles E. Corbett,

Haiti Moussatché, Lauro Sollero, Mário Viana Dias, Maurício Rocha e Silva e José

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Ribeiro do ValIe e, finalmente, a terceira geração em formação.

1.2.2.2. Os Naturalistas

De Lucia (2004) também registra que anterior a Síntese Química, a nossa

flora medicinal foi estudada por renomados naturalistas (Karl Friedrich Phillip von

Martius, Augusto de Saint-Hilaire, Johan Emmanuel Pohl, Albert Loefgren, Anders

Fredrik Regnell, Friedrich SelIow, Alexandre Rodrigues Ferreira, Bernardino Antônio

Gomes, Frei José Mariano da Conceição Velloso, Frei Leandro do Sacramento e

Francisco Freire Alemão). Frederico Carlos Hoehne (1882 – 1959) escreveu sobre

tais estudiosos e “Plantas e Substâncias Tóxicas e Medicinais”. Assim como

Frederico, destacam-se como estudiosos recentes da nossa farmacologia, Joaquim

Monteiro Caminhoá (1836-1896), notável pelos seus Elementos de Botânica Geral e

Médica (1877), João Barbosa Rodrigues (1842-1909), que escreveu sobre o curare e

as nossas palmeiras, e Theodoro Peckolt (1822-1912).

1.2.2.3. A Farmacologia no Museu Nacional

Segundo De Lucia (2004), João Baptista de Lacerda (1846 -1915) deve ser

considerado o fundador de nossa Farmacodinâmica depois que ingressou no Museu

Nacional, em 1876, face aos seus trabalhos experimentais sobre os efeitos dos

venenos vegetais. A atividade científica de Lacerda torna-se intensa com o

conhecimento da prática experimental francesa e junto com Couty (1854 – 1884)

publica artigos científicos influenciando outros cientistas, inclusive ao início do

ensino universitário em 1912.

1.2.2.4. A Farmacologia no Instituto Oswaldo Cruz

Ainda, segundo De Lucia (2004), Manguinhos, através de Gaspar de Oliveira,

descobriu os efeitos curativos do tártaro emético nas leishmanioses e com o

conhecimento sobre o antimônio usado por Paracelso, passou a empregar o tártaro

emético em injeções intravenosas com muito sucesso. Miguel Ozório e Álvaro Ozório

elaboraram trabalhos que comprovam o interesse de ambos na pesquisa

farmacológica. Álvaro Ozório escreve sobre o uso do café e o emprego do urucum

na proteção da pele contra os raios solares. Miguel Ozório, Viana Dias, Thales

Martins e Arnoldo Rocha contribuíram bastante com seus trabalhos envolvendo a

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farmacologia em Manguinhos.

1.2.2.5. A farmacologia de Venenos Animais

Os estudos dos venenos são motivados pela obra de Vital Brazil (1865 –

1950) no Instituto Butantã. Os trabalhos sobre venenos de cobra foram continuados

por Oswaldo Vital Brazil em Campinas e várias substâncias foram isoladas, com

base na farmacologia e bioquímica. Por exemplo, a crotoxina e a crotamina do

veneno da cascavel, a bradicinina do veneno da jararaca, que depois foi sintetizada

passando a ser de grande interesse farmacológico. Também foram isoladas as

cininas vasoativas, que atraíram a atenção de outros pesquisadores. Neste contexto

as expectativas são promissoras. Destaca-se ainda a obra de Octávio Magalhães

(1890 – 1972), continuada por outros pesquisadores sobre o veneno do escorpião e

a titiustoxina, assim também, o estudo de cerdas de lagartas urticantes por Zuleika

P. Picarelli e J. R. Valle. (DE LUCIA; 2004, p. 5).

1.2.2.6. A farmacologia dos Produtos Naturais

De Lucia (2004) finaliza registrando que somente agora os botânicos,

fitoquímicos e farmacologistas, através do CNPq, demonstraram interesse no estudo

de produtos naturais, visto até então por pesquisadores como Ezequiel Correia dos

Santos (1801-1864), Theodoro Peckolt (1822-1912) com a análise de centenas de

plantas brasileiras e Pedro Batista de Andrade (1848-1937), que aconselharam o

emprego industrial de vários produtos de nossa flora. Simpósios sobre o assunto

comprovam o progresso brasileiro no segmento.

Fernandes (2004) esclarece sobre Fitoterápicos e fitofármacos:

Entende-se por fitoterápicos os medicamentos originados exclusivamente de material botânico integral (geralmente chás) ou seus extratos usados com o propósito de tratamento médico. Fitofármaco é a substância medicamentosa isolada de extratos de plantas (Ferreira, 1998).

O uso de plantas no tratamento de doenças sofreu alterações a partir do meio

do século XX, quando surgiram os medicamentos sintéticos e industrializados. A

maioria das fábricas brasileiras foi desativada ou substituída por multinacionais. Em

função disso, os estudos sobre as plantas medicinais foram colocados de lado, mas

voltaram anos depois (até pouco tempo). Uma das referências neste contexto é o

livro Plantas Medicinais – memória da ciência no Brasil, de Fernandes (2004).

Segundo a autora, as pesquisas no Brasil são feitas pelas Universidades com uma

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industrialização fraca, mas tendendo a mudanças positivas.

De acordo com essa autora, a história da indústria farmacêutica no Brasil com

o surgimento da síntese de fármacos e a crise no setor, inicia-se quando as boticas

trazidas no período colonial por cirurgiões-barbeiros e jesuítas serviram para difusão

de conhecimentos terapêuticos. Estes homens diagnosticavam as doenças e eram

responsáveis pela cura, através de produtos naturais (animais, vegetais ou

minerais). Especificamente os jesuítas, atendiam entre outros, estudantes e a

população do interior, com medicamentos provenientes da metrópole e preparados

naturais resultados da interação com os índios.

Foram instaladas várias boticas em vários estados do Brasil, sendo a da

Bahia a mais importante, porque servia de centro distribuidor de medicamentos para

outras boticas. As boticas aumentaram em número a partir de 1640 porque foram

autorizadas facilmente como lojas e assim também a qualidade dos medicamentos

caiu.

No século XVII (1744 e 1782) foram criadas duas legislações para tentar

moralizar o comércio de drogas e a prática dos boticários, que já era tido como um

negócio bastante interessante e lucrativo. Os medicamentos eram formulados com

base nas farmacopéias conhecidas e conhecimentos populares. Uma das

farmacopéias que já mostravam a utilização de plantas brasileiras era a portuguesa,

que objetivava regulamentar a prática e o uso de medicamentos em Portugal e

colônias, bem como, difundir as plantas encontradas, suas aplicações e

conhecimento nativo. Era uma relevante fonte de consulta.

A prática dos boticários era questionada pelo empirismo adotado, sendo

indicado o conhecimento de botânica aos praticantes. E em 1818 o farmacêutico

português João Caetano de Barros iniciou gratuitamente o ensino de botânica a

médicos, estudantes e boticários no laboratório de sua farmácia, complementando

as aulas no horto do Passeio Público.

Na década de 1830, foram criados os cursos de farmácia nas Faculdades de

Medicina da Bahia e do Rio de Janeiro. Até 1925 o ensino de farmácia sofreu várias

reformas, sendo a partir daí ministrado em quatro anos.

Uma questão importante sobre as práticas de cura com as plantas medicinais

brasileiras era o tempo que levava para chegar ao Brasil as drogas importadas para

complemento, muito longo, acarretando deterioração e possíveis falsificações dos

medicamentos, tornando-os inócuos ou prejudiciais a saúde humana, bem como, o

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desconhecimento sobre a dosagem necessária para receitar.

Até o final do século XIX as boticas que ocupavam com destaque o espaço na

produção de medicamentos, foram substituídas por farmácias e pequenas indústrias.

Os boticários foram substituídos pelos farmacêuticos, já com formação acadêmica e

profissional específica, e devidamente regulamentada.

O desenvolvimento da indústria farmacêutica a partir de produtos naturais

aconteceu no mundo todo. E no Brasil, iniciaram em meados do século XIX, tendo

sido contabilizadas 35 empresas, a maioria no Rio de Janeiro e São Paulo. Dentre

elas, merecendo destaque o Laboratório Farmacêutico e Industrial Freire Aguiar,

produzindo remédios, licores naturais, perfumaria e desinfetantes. Até a década de

1940 houve um crescimento acentuado da indústria farmacêutica internacional com

o Brasil focado em fabricar uma linha similar em termos qualitativos de remédios

populares oriundos do reino vegetal. (FERNANDES; 2004).

1.2.2.7. A Indústria Farmacêutica em Geral

Bermudez (apud FERNANDES, 2004) pontua sobre o interesse do governo

brasileiro no início do século XX pelo controle das doenças transmissíveis e

deixando de lado a pesquisa e produção de medicamentos. Em seu entendimento

esta postura estaria associada às propostas de Oswaldo Cruz direcionadas para a

imunização de doenças transmissíveis com trabalhos em imunologia e microbiologia.

É possível que o fortalecimento da indústria farmacêutica neste período tenha

se dado porque o governo estava focado na prevenção de doenças transmissíveis e

não fomentava o desenvolvimento do setor privado.

Tanto as farmácias e drogarias como as pequenas indústrias tiveram papel fundamental na produção e comercialização dos produtos farmacêuticos no Brasil até a década de 1920, existindo na cidade do Rio de Janeiro, naquele momento, 512 farmácias, 143 drogarias, 100 laboratórios e depósitos e 47 ervanárias. As indústrias nacionais, nessa ocasião, contabilizavam 452 estabelecimentos, ao lado de 42 laboratórios estrangeiros (DANUSA, apud FERNANDES, 2004, p. 31).

Até a década de 1930 o setor industrial farmacêutico no Brasil crescia sem

qualquer pesquisa na área. Nas décadas seguintes o Brasil ficou dependente de

matéria-prima química e outras substâncias medicamentosas, provenientes do

exterior (países mais industrializados). O setor apenas reproduzia fórmulas de

medicamentos conhecidos e com a falta de apoio do governo desestruturou-se a

partir de 1940. As mudanças no segmento farmacêutico, cenário mundial e ao longo

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do século XX, denotaram a dependência do Brasil e o distanciou dos países

industrializados dotados de inovações tecnológicas e de investimento em pesquisas.

Entre o final da década de 1920 e início dos anos 30, os países mais industrializados

desenvolveram no setor químico-farmacêutico novas técnicas de produção sintética

de substâncias empregadas nas formulações farmacêuticas. Muitas destas

substâncias reproduziram produtos naturais e ocuparam ao longo do século XX o

mercado internacional de medicamentos, em face da produção em larga escala, que

não ocorria com os produtos naturais e plantas medicinais. Nos países mais

desenvolvidos e industrializados as empresas produtoras de medicamentos

transformaram-se em instituições de alta tecnologia, o que não aconteceu com o

Brasil por causa das diretrizes políticas e econômicas adotadas, fazendo com que o

país considerasse positiva a transferência de tecnologia e o não investimento. O

Brasil tornou-se obsoleto nas técnicas produtivas e composição dos materiais.

(FERNANDES; 2004).

Com a Segunda Guerra Mundial (década de 1940), foram descobertos novos

produtos. As indústrias européias enfraqueceram e as americanas cresceram sendo

responsáveis pela expansão mundial. Nasceram empresas que foram se instalar em

países de menor capacidade industrial, como exemplo o Brasil, onde incorporaram

algumas empresas nacionais e motivaram a desativação de outras. Entre as

empresas que se mantiveram no mercado, algumas preferiram manter a linha

tradicional de produção, ou investiram em medicamentos similares, pois o Brasil não

reconhecia o direito de patentes, outras ainda optaram pela forma final de

transformação e distribuição do produto. Em entrevistas realizadas com profissionais

da área, foi apontado como um marco do perfil atual do setor, a marcha nos Estados

Unidos para a química na década de 1940 (após guerra) e que o Brasil não

acompanhou. Este período foi denominado como “época da síntese”. Esse quadro

de crescimento da produção de medicamentos sintéticos em 1930 e 1940 resultou

em revisão da Farmacopéia Brasileira no sentido de serem excluídos produtos da

farmácia tradicional e derivados de plantas nativas. Em 1945 foi estabelecida uma

bibliografia referenciando a produção farmacêutica nacional de acordo com os

padrões estrangeiros. A farmacopéia original foi elaborada em 1920 por Rodolpho

Albino no início do período da desvalorização do produto natural e interesse pelo

sintético, cuja versão valorizava a biodiversidade brasileira e apontava para a

conquista de uma auto-suficiência com o uso de substâncias nacionais. Esta

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farmacopéia foi aprovada como um código vigorando até os anos 40. O que se

assistiu foi a desnacionalização da indústria farmacêutica, o crescimento das

multinacionais, e uma conseqüente queda nos estudos para inovações na produção

de medicamentos. O Brasil tornou-se um envasador de medicamentos dependente

das multinacionais, quanto às matérias-primas, fórmulas, equipamentos e mão-de-

obra especializada. (FERNANDES; 2004).

1.2.2.8. A Indústria Farmacêutica Brasileira no Campo Atual

Mais recentemente, de acordo com Pinto (2004), sobre a indústria

farmacêutica brasileira, no Relatório Setorial – Final da FINEP2, temos em destaque:

O setor farmacêutico no Brasil tem mais empresas nacionais do que

multinacionais, que faturam três vezes mais do que aquelas. O motivo de tal

evidência é histórico, mas merece destaque o nível de pesquisa e desenvolvimento

(P&D). As multinacionais investem muito mais neste contexto objetivando melhorias

na capacidade produtiva e lançamentos de novos produtos, que resultam em alto

valor estratégico. As P&D são realizadas, em maioria, nos países de origem e parte

da produção com comercialização é deslocada para outros países.

1.2.2.9. História da Vigilância Sanitária no Brasil

As atividades ligadas à vigilância sanitária foram estruturadas, nos séculos

XVIII e XIX, para evitar a propagação de doenças nos agrupamentos urbanos que

estavam surgindo. A execução desta atividade exclusiva do Estado, por meio da

polícia sanitária, tinha como finalidade observar o exercício de certas atividades

profissionais, coibir o charlatanismo, fiscalizar embarcações, cemitérios e áreas de

comércio de alimentos. (BRASIL, 2006).

No final do século XIX houve uma reestruturação da vigilância sanitária

impulsionada pelas descobertas nos campos da bacteriologia e terapêutico nos

períodos que incluem a I e a II Grandes Guerras. Após a II Guerra Mundial, com o

crescimento econômico, os movimentos de reorientação administrativa ampliaram as

atribuições da vigilância sanitária no mesmo ritmo em que a base produtiva do País

foi construída, bem como conferiram destaque ao planejamento centralizado e à

2 O relatório FINEP aborda detalhamento do setor, que poderá ser consultado para

aprofundamento.

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31

participação intensiva da administração pública no esforço desenvolvimentista.

(BRASIL, 2006).

A partir da década de oitenta, a crescente participação popular e de entidades

representativas de diversos segmentos da sociedade no processo político moldaram

a concepção vigente de vigilância sanitária, integrando, conforme preceito

constitucional, o complexo de atividades concebidas para que o Estado cumpra o

papel de guardião dos direitos do consumidor e provedor das condições de saúde da

população. (BRASIL, 2006).

1.2.3. História Recente da Indústria Farmacêutica no Rio de Janeiro

De acordo com o Instituto Virtual de Fármacos do Estado do Rio de Janeiro

(IVFRJ), o estado entre o final da década de 1970 e início da década de 80 vai

perdendo a identidade de pólo industrial farmacêutico, porque outros estados

promovem políticas econômicas mais interessantes para o setor. Visando mudar

este quadro o governo do estado do RJ criou em 1998 um programa de incentivo,

específico para o setor, o RIOFÁRMACOS, cuja responsabilidade pela

implementação foi da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio

de Janeiro (CODIN), sob supervisão da Secretaria de Estado de Desenvolvimento

Econômico. Como o programa não oferecia nenhum benefício fiscal para quem

quisesse se instalar no RJ, o governo viu a necessidade de criar nova concessão,

pois as empresas aqui instaladas apresentavam ações de mudanças e a

arrecadação fiscal do setor estava em queda. Através de negociações foi assinado,

em 8 de setembro de 2003, um decreto amparado na Lei Estadual 4321 (10 de maio

de 2004) beneficiando o setor com tratamento tributário específico, para competir em

melhores condições com outros estados. O novo modelo oferece benefícios fiscais

às empresas do setor, ao contrário do RIOFÁRMACOS, e as atrai para o estado que

é o segundo maior consumidor de medicamentos com maior competitividade e

oportunidade.

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1.3. Os Processos de Fabricação

1.3.1. Alguns Tipos de Apresentação e seus Constituintes Básicos

Os produtos farmacêuticos são comercializados em várias apresentações,

cujas características são definidas a partir de uma série de aspectos relacionados ao

melhor combate do mal. Dentre as principais apresentações podem ser citadas:

− Injetáveis: soros, vacinas, liofilizáveis, outros.

− Líquidos: orais, nasais, oculares, inalatórios.

− Sólidos orais: comprimidos, drágeas, pastilhas, gomas, efervescentes, balas,

cápsulas.

− Sólido retal: supositórios.

− Emulsões: antibióticos, adoçantes.

− Pós: talcos.

− Cremes / pomadas: anagélsicos, antialérgicos.

− Sprays: analgésicos.

Constituição dos produtos farmacêuticos:

Cápsulas:As cápsulas são receptáculos obtidos por moldagem, em geral, utilizados para ingestão de fármacos em doses pré-estabelecidas. O envólucro da cápsula oferece relativa proteção dos agentes externos, facilita a administração e, devido suas alta solubilidade e digestibilidade no organismo, libera rapidamente o farmáco de seu interior. Pós: São formas farmacêuticas provenientes de drogas vegetais ou animais, assim como substâncias químicas submetidas a um grau de divisão suficiente para lhes assegurar homogeneidade e lhes facilitar a extração ou administração dos princípios ativos. Pastas: São pomadas contendo grande quantidade de sólidos em dispersão. Em geral contém mais de 20% de pós finamente pulverizado na formulação. Apresentam consistência macia e firme, são pouco gordurosas e têm grande poder de absorção de água ou de exsudados. Em geral, as preparações semi-sólidas são obtidas em duas etapas. Inicialmente, são preparadas as bases, conhecidas como excipientes, e, numa segunda fase, os fármacos são incorporados. Géis: São preparações farmacêuticas constituídas por uma dispersão bicoerente e fase sólida em fase líquida. Suspensões: São formas farmacêuticas líquidas, constituídas de uma dispersão grosseira, onde a fase dispersa, sólida e insolúvel (fase interna) é distribuída em um líquido (fase externa). Emulsões: São sistemas dispersos constituídos de duas fases líquidas imiscíveis (oleosa e aquosa), onde a fase dispersa ou interna é finamente dividida e distribuída em outra fase contínua ou externa. Temos emulsões

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do tipo óleo em água (O/A: fase externa aquosa) e água em óleo (A/O: fase externa oleosa). Xaropes: São formas farmacêuticas aquosas, contendo cerca de dois terços de seu peso em sacarose ou outros açúcares. Os xaropes apresentam duas vantagens: correção de sabor desagradável do fármaco e conservação do mesmo na forma farmacêutica de administração. Soluções: São misturas de duas ou mais substâncias e do ponto de vista químico e físico, homogêneas. As soluções farmacêuticas são sempre líquidas e obtidas a partir da dissolução de um sólido ou líquido em outro líquido. (FARMACIA ON-LINE, 2006).

1.3.2. Finalidade e Classificação do Setor

Finalidade: Os produtos farmacêuticos podem ser fabricados para humanos e

animais (produtos veterinários).

Classificação do Setor: De acordo com Pinto (2004), a indústria farmoquímica,

responsável pelo fornecimento da matéria-prima na formulação dos medicamentos,

está ligada intimamente à indústria farmacêutica. Entretanto, alguns aspectos

interessantes são identificados, como a localização de plantas industriais, que no

caso das farmacêuticas está internacionalizada e as farmoquímicas (produção de

fármacos) está centralizada nos Estados Unidos da América (EUA), países da

Europa, Índia e China. Portanto, é mais importante para produção de medicamentos

a proximidade dos mercados consumidores do que para a de fármacos. Os

segmentos de embalagens, equipamentos especiais, “marketing” e distribuição dos

produtos configuram os 3º e 4º estágios da cadeia produtiva e necessitam da

interação com a produção de medicamentos. As grandes multinacionais

farmacêuticas realizam os quatro estágios, sendo os dois primeiros centralizados em

seus países de origem e os outros dois no exterior usando o comércio intrafirmas. O

setor classifica-se quanto a:

Natureza da matéria prima:

− Originária da farmoquímicos;

− Obtida a partir de processos que utilizem a biologia molecular;

− Obtida a partir do isolamento de substância medicamentosa encontrada em

material botânico (fitoterápicos).

Necessidade de receita médica:

− Os que necessitam de prescrição médica (éticos);

− Os que são de venda livre (não éticos ou também chamados OTC, sigla da

nomenclatura inglesa, over the counter).

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Caráter de essencialidade:

− São os medicamentos classificados pela Organização Mundial de Saúde (OMS)

como de máxima importância e indispensáveis à saúde da população.

Características do produto:

− Forma de apresentação - líquida, injetáveis, comprimidos, pomadas;

− Classes terapêuticas (atuação) - cardiovasculares, para o sistema nervoso

central, para o metabolismo alimentar, respiratórios, antiinflamatórios.

1.3.3. Etapas da Fabricação

O objetivo deste item é demonstrar como a fabricação de medicamentos

envolve etapas que indicam a necessidade de cuidados com o meio ambiente,

interno e externo, da fábrica. Pode-se registrar que tais processos se resumem em

muita limpeza e que para garantir a confiabilidade e eficiência nos procedimentos

estão contemplados aspectos de validação. Entre outros, os processos de

fabricação englobam:

− Compressão (transformação de pó em comprimidos);

− Drageamento (transformação de pó em drágeas);

− Liofilização (transformação de líquido em pó);

− Blisterização (produção de embalagens em forma de blister);

− Esterilização;

− Inativação;

− Ativação (promover aceleração da reação);

− Captação e lavagem de pós;

− Formulação (adição de componentes junto ao princípio ativo do medicamento);

− Envase (processamento final do produto);

− Etc.

Os processos de fabricação citados acima geram resíduos sólidos, águas

residuárias e emissões atmosféricas indesejáveis.

1.4. O Meio Ambiente

Os aspectos ambientais mais relevantes na indústria farmacêutica estão

associados ao consumo de água, ao gerenciamento de resíduos e ao tratamento de

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efluentes. De acordo com Palma (2007), os efluentes são gerados através de

atividades como:

− Pesquisa e desenvolvimento;

− Síntese química;

− Extração de produtos naturais;

− Fermentação;

− Preparação e dosagem de medicamentos;

Mas, os principais geradores de poluentes são as atividades de síntese

química, extração de produtos naturais e fermentação.

Chiarello-Ebner (2006) sobre APIs3 mais amigáveis ambientalmente, registra

que a produção destes ingredientes exige longas cadeias de reações químicas e

grandes quantidades de solventes. As empresas desenvolveram métodos de

reciclagem e recuperação, mas obteriam outras vantagens, se a criação das drogas

focasse a preservação do meio ambiente desde o início dos trabalhos. Para as

indústrias farmacêuticas é, economicamente, muito complexo alterar a substância de

um produto já regulamentado. Isto depende de planejamento intenso e consistente.

Há ainda muita incerteza quanto à utilização de produtos que não agridem o meio

ambiente, mas as indústrias farmacêuticas investem nesta perspectiva.

1.4.1. Regulamentações e Diretrizes

Quanto à legislação vigente, que deve ser considerada nos âmbitos

municipais, estadual e federal, temos no Brasil em torno de 30.000 leis ambientais

(IBP, 2004). O processo de licenciamento ambiental, junto ao órgão oficial local, a

FEEMA, permite a identificação da legislação pertinente para cada caso. São alguns

integrantes do sistema nacional legal para o meio ambiente, segundo o IBP(2004):

− Política Nacional de Meio Ambiente: Diretrizes.

− Princípios da Política Nacional do Meio Ambiente.

− Objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente (Art. 4º. Da Lei 6938/81).

− Sistema Nacional do Meio Ambiente.

− Órgão superior: Conselho de Governo (Presidente, Ministros, Secretarias

ligadas à presidência).

3 Ingredientes farmacêuticos ativos – APIs (Active Pharmaceutical Ingredients)

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− Órgão Consultivo: CONAMA. Art. 8º. Da Lei 6938/81 (Composição: Decreto

federal 99.274/90).

− Órgão Central: Ministério do Meio Ambiente (Lei 8490/92).

− Órgão Executor: IBAMA.

− Órgãos Seccionais: Entidades Estaduais, como a FEEMA.

− Órgãos Locais: Entidades municipais, como a SMAC/RJ.

Legislações envolvendo o meio ambiente tem sido implantadas no país ao

longo dos últimos 20 anos, por exemplo, a Resolução 01/1986 do Conselho Nacional

do Meio Ambiente (CONAMA), que conceitua “Impacto Ambiental”. A Resolução

20/1986, também do CONAMA, que classifica as águas doces, salobras e salinas do

território nacional. Destaca-se ainda a Lei 9433, de 08 de Janeiro de 1997 e a Lei

9605/13 de fevereiro de 1998. A Lei 9433, institui a Política Nacional de Recursos

Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Esta lei

em seu artigo 1º ressalta que a água é um bem de domínio público e que é um

recurso natural limitado, dotado de valor econômico, ou seja, a água passa a ser

tratada como uma “commodity”, sendo considerada uma mercadoria, passa a ter

preço. No Capítulo III, apresenta as diretrizes gerais de ação, em seu artigo 3º,

apresenta a necessidade de integração da gestão de recursos hídricos com a gestão

ambiental. Em complementação, o Capítulo IV, considera como instrumentos da

Política Nacional de Recursos Hídricos, dois aspectos que irão afetar diretamente

as indústrias farmacêuticas:

− A outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;

− A cobrança pelo uso de recursos hídricos.

No artigo 12º diz que estarão sujeitos a outorga pelo poder público os direitos

dos seguintes usos de recursos hídricos:

I - Derivação ou captação de parcela de água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento público ou insumo de processo produtivo; II - Extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo; III- Lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos,tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final.

A indústria farmacêutica, também pagará pela água que consumir e pelo

efluente lançado no corpo receptor. O custo final dos produtos será onerado, e a

única forma de redução destes custos será através das ferramentas do SGA.

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(MACEDO, 2000). Na verdade, será uma das formas de redução dos custos.

Na opinião de Macedo (2000), a Lei 9433 é coerente, pois na Seção IV, artigo

19º, cita-se: A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva:

− Reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu

real valor;

− Incentivar a racionalização do uso da água;

− Obter recursos financeiros para financiamento dos programas e intervenções

contemplados nos planos de recursos hídricos.

E a Lei nº 9605, de 13 de fevereiro de 1998, dispõe sobre as sanções penais

e administrativas oriundas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Em

seu artigo 2º, responsabiliza o diretor, o administrador, o membro do conselho e de

órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, ou

seja, todos que fazem parte da empresa se tornam responsáveis pela degradação

ambiental gerada pela firma.

Apesar de a nossa legislação ser considerada moderna, é necessária uma

fiscalização mais rígida e com maior freqüência, mas no ponto de vista de Macêdo

(2000), para um resultado positivo sobre o atendimento à lei, o instrumento eficiente

será a escolha do consumidor por produtos de boa qualidade, de empresas com

linhas de produção que não degradam o meio ambiente e ainda contribuem com

medidas mitigadoras para os impactos ambientais negativos gerados ao redor da

indústria.

No Rio de Janeiro, a legislação ambiental torna-se mais evidente neste

segmento, assim como nos demais, quando da criação da FEEMA. Antes, não

existia qualquer tipo de preocupação por parte das empresas com o Meio Ambiente.

A FEEMA nasceu no ano de 1975, após a Conferência da Organização das Nações

Unidas sobre o desenvolvimento e o meio ambiente, em Estocolmo, 1972.

Atualmente, a FEEMA, sob a direção da Secretaria de Estado do Ambiente (SEA),

segue em busca de alternativas inovadoras de defesa e proteção, de combate à

poluição, de educação ambiental, e de gerenciamento e controle das atividades

impactantes ao meio ambiente do Estado do Rio de Janeiro. (FEEMA, 2006).

1.4.2. Gestão Ambiental nas Empresas

As empresas com mais de quinhentos empregados têm um SGA implantado,

que é modelo próprio, em geral baseado no PGRSS, no atendimento às exigências

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da FEEMA e nas diretrizes da matriz, que quando multinacional traz valores da

cultura do país de origem (por exemplo: a conservação e o uso racional de energia e

água). E deste conjunto, poucas no âmbito nacional, têm implantado um SGA, por

exemplo, de acordo com a NBR ISO 14001. Em alguns pequenos laboratórios, com

número de empregados menor que cinqüenta sequer existe a figura do responsável

pelo meio ambiente. O responsável pela saúde e segurança do trabalhador atua de

forma discreta nas questões do meio ambiente.

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2. SISTEMAS DE GESTÃO – CONCEITUAÇÃO

2.1. Sistema de Gestão Ambiental (SGA)

2.1.1. Considerações Iniciais

Nos últimos 50 anos, as questões ambientais passaram a ser discutidas

amplamente, saindo do universo de pensadores e pesquisadores (preocupados com

a escassez de recursos naturais), para setores da iniciativa pública e privada, bem

como, a sociedade civil. As organizações industriais mobilizaram-se para mudanças,

porque as pressões de agentes externos influenciavam de sobremaneira na forma

de gestão industrial, que precisava rever seus processos produtivos para reduzir os

impactos ambientais. Depois, as organizações verificaram que, além de retorno

financeiro (geração de lucro ou redução de custos), a gestão sob a ótica ambiental

contribui em muito para garantir o uso sustentável dos recursos naturais já escassos.

A evolução da gestão empresarial é positiva, porque ocorreram mudanças no

comportamento de órgãos oficiais, como, governos, e das organizações não-

governamentais e da própria sociedade. (PINTO, 2002).

De acordo com Pinto (2002), enquanto o Estado age com os instrumentos de

comando e controle, fiscalizando, impondo multas e legislando, as empresas devem

buscar a gestão ambiental, como ferramenta gerencial, para garantir melhor

qualidade de vida da população. Vieira e Rocha (2002) ressaltam que o setor

produtivo passou a encarar o meio ambiente como um parceiro na sua proposta de

coexistência para o alcance da sustentabilidade. De acordo com os autores, existe

um compromisso de todos os envolvidos nas questões ambientais que provoca uma

interação entre economia e meio ambiente. Isto desencadeou reformulações nos

aspectos jurídicos, políticos-sociais, econômicos e de mercado. Neste contexto é

apresentada a evolução das questões ambientais paralelamente às modificações

das estruturas organizacionais.

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2.1.2. Histórico

2.1.2.1. As Questões Ambientais

Durante séculos a Humanidade utilizou-se de uma metodologia produtiva, de

certa forma predatória, onde o foco era produzir mais e mais, e não importava como.

Os danos causados para o proletariado e ao meio ambiente eram ignorados ou

tratados com desprezo e irresponsabilidade. (PAZZINATO, 1995).

Historicamente, o processo produtivo da Humanidade começou com a

Primeira Revolução Industrial. Durante a segunda metade do século XVIII a Europa

passou por inúmeras modificações sociais, econômicas e tecnológicas, com a

Inglaterra sendo a grande locomotiva deste processo. (PAZZINATO, 1995).

Neste período a produção artesanal ganha características industriais com

inúmeros equipamentos em grande parte movidos a vapor. Tais equipamentos

alavancaram a agricultura, a indústria têxtil e a metalurgia. Na têxtil e metalúrgica a

geração de efluentes poluidores é marcante, proveniente do tingimento e do grande

volume de carvão, respectivamente. (PAZZINATO, 1995).

O grande impacto deste período está na área social e não na técnica, pois

mesmo com o grande avanço tecnológico, houve muita exploração de trabalho

infantil e feminino, bem como, condições desumanas de trabalho para ambos os

sexos. (PAZZINATO, 1995).

Depois deste período ocorre a Segunda Revolução Industrial, em que a

população da Europa salta dos 190 milhões de habitantes no começo do século XIX

para 430 milhões de habitantes no início do século seguinte. (PAZZINATO, 1995).

Com os progressos obtidos na primeira fase da Segunda Revolução Industrial

(1815-1870), a Europa passou de modo efetivo ao período conhecido por esta

Revolução, que se estende também aos Estados Unidos. (PAZZINATO, 1995).

A partir de 1870, a energia elétrica passou a ser diretamente aplicada no setor

produtivo, estimulando-o, acelerando o desenvolvimento tecnológico das nações,

desenvolvendo a fabricação de aço, de máquinas-ferramentas, de produtos de

engenharia elétrica e produtos químicos. É nesta época que o petróleo ganha lugar

de destaque como novo combustível para motores e suas indústrias de exploração e

refino se desenvolvem nos Estados Unidos, Rússia e Oriente Médio. Como exemplo

temos a Standard Oil Company que em 1904 controlava mais de 86% do petróleo

refinado nos Estados Unidos. As condições humanas em um mundo cada vez mais

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populoso e sedento de produzir não eram diferentes da Primeira Revolução.

(PAZZINATO, 1995).

Atualmente, a população mundial está atenta à exploração indiscriminada dos

recursos naturais utilizados na produção. A mudança de comportamento se dá pela

conscientização de que o planeta tem recursos naturais limitados e que se não

cuidarmos dele poderemos perder a morada. Tem-se que procurar alternativas

tecnológicas que utilizem recursos renováveis. Esta ideologia marca este século e

nosso modo de vida, intrinsecamente, muda os meios de produção nas indústrias.

(PAZZINATO, 1995).

A forma pela qual as questões ambientais foram se desenvolvendo ao longo

tempo foi através de negociações, acordos, tratados, convenções e protocolos. Em

relação ao período passado vemos hoje um grande avanço no que tange a

preocupação com o meio ambiente. (PAZZINATO, 1995).

A preocupação com as questões ambientais, no âmbito internacional, atingiu

primeiramente as regiões de interesse comum de alguns países ou pequenos grupos

de países, bem como, águas internacionais, o Continente Antártico, o espaço aéreo,

regiões costeiras e outros. No entanto, pouco a pouco, as resoluções foram

modificando o sistema jurídico internacional e forçando a criação de organizações

voltadas às questões ambientais. Com as conferências mundiais de 1972 e 1992 a

proteção do meio ambiente passou a ter outro significado e os entendimentos se

tornaram cada vez mais globais. (PAZZINATO, 1995).

A humanidade atravessa um período, no que tange a indústria,

significativamente tecnológico e científico. Evolui-se muito e rápido, mas a

consciência ambiental, em geral, existe e resulta em esforços mundiais para o

equilíbrio entre produção e exploração. Espera-se que o desenvolvimento siga em

direção a uma ordem mundial equilibrada no seu desejo de crescer. (PAZZINATO,

1995).

2.1.2.2. O Sistema de Gestão nas Organizações

Para entender sobre a integração das questões ambientais nos sistemas de

gestão das empresas, é importante um esclarecimento sobre gestão ambiental e

como se encaixa no modo de administrar das organizações ao longo dos últimos 30

anos.

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O que hoje se entende por gestão ambiental nasceu de uma consciência

formada por experiências ao longo dos anos, sendo comum o uso de expressões

como gestão da natureza, gestão da qualidade da natureza, gestão de recursos

naturais, gestão de meio ambiente, entre outras (PINTO, 2002). Ainda segundo a

autora, para tornar o processo de desenvolvimento humano mais equilibrado e

eficaz, com resultados satisfatórios é criada a gestão ambiental. Segundo a definição

de Alexadre D´Avignon (apud PINTO, 2002), um sistema de gestão é um conjunto

de procedimentos para gerir ou administrar uma empresa, de forma a obter o melhor

relacionamento com o meio ambiente. Esta definição, no entanto, soa muito vaga e

pouco precisa para uma organização que pretende incorporar em sua administração

as questões ambientais. Uma definição mais objetiva é:

"Gestão ambiental envolve planejamento, organização, e orienta a empresa a alcançar metas [ambientais] especificas, em uma analogia, por exemplo, com o que ocorre com a gestão de qualidade. Um aspecto relevante da gestão ambiental é que sua introdução requer decisões nos níveis mais elevados da administração e, portanto, envia uma clara mensagem à organização de que se trata de um compromisso corporativo. A gestão ambiental pode se tornar também um importante instrumento para as organizações em suas relações com consumidores, o público em geral, companhias de seguro, agências governamentais, etc.". (NILSSON, apud PINTO, 2002).

Segundo Corazza (2003), desde meados dos anos 70, vem surgindo o cargo

de “responsável pelo meio ambiente” ou o “responsável pelo serviço ambiental”. E

deste período até hoje, muitos conceitos e a percepção do meio ambiente mudaram

pelas organizações.

A partir do final da década de 70, o meio ambiente passou a ser observado

como fator relevante nas tomadas de decisão, motivado pelos problemas ambientais

em escala global. Na década de 80, Groenewegen & Vergragt (apud ARRAES,

2001) relembram que os departamentos eram reduzidos e suas atividades

focalizavam essencialmente a evolução da regulamentação e a produção de

diversos documentos, atestando os esforços realizados pela empresa. As atribuições

do responsável pelo departamento de meio ambiente eram a busca da conformidade

com as normas existentes ou com qualquer outro dispositivo de regulamentação

ambiental. Ainda segundo os autores, durante os anos 80 os departamentos

atuaram progressivamente para a elaboração de programas de prevenção, com a

qualificação de pessoal, avaliação das diferentes unidades ou setores de atividades,

etc. A responsabilidade dos membros da equipe ambiental estendia-se à aplicação

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de medidas internas e de proteção. Só a partir do final dos anos 80 é que a equipe

responsável pelas questões ambientais começa a participar das tomadas de decisão

estratégicas das organizações, elaborando políticas ambientais de caráter pró-ativo

para a busca de oportunidades. (ARRAES, 2001). Nesta evolução, surge na década

de 80 o conceito de Desenvolvimento Sustentável, que serviu para consolidar a

“nova consciência solidária”, como Arraes (2001) mencionou, é uma prática comum

entre os países no que se refere à questão ambiental exigindo das empresas

alteração nos processos produtivos e organizacionais para adequação ao mercado e

à própria legislação ambiental vigente.

Nesta evolução, Corazza (2003) destaca algumas características presentes, a

partir de meados dos anos 90, nas estruturas organizacionais, dando início ao

processo de integração ambiental ao sistema de gestão convencional:

a) Introdução progressiva de uma perspectiva de sustentabilidade;

b) Disseminação dos engajamentos coletivos, tais como os códigos de conduta, os

convênios e os acordos voluntários;

c) A maior interação entre as esferas pública e privada, com a participação dessas

organizações na formulação dos objetivos e escolha de ferramentas de política

ambiental e;

d) Maior envolvimento da sociedade civil organizada.

A forma como as empresas são geridas mudou a partir do momento em que

as questões ambientais passaram a ser abordadas pelas organizações. Na esfera

estratégica, a gestão ambiental fornece avaliações sobre os potenciais de

desenvolvimento e sobre as restrições ambientais emergentes resultantes tanto da

regulamentação quanto da concorrência (CORAZZA, 2003). As organizações,

especialmente as grandes, tendem cada vez mais buscar a integração entre as

gestões: da qualidade, ambiental e da saúde e segurança ocupacional. As

organizações, ao seguirem por este caminho, precisam conhecer o principal motivo

que as levará para o processo integrado das gestões. Identificam-se dois conjuntos

de razões estratégicas que justificam a integração da gestão ambiental pelas

empresas: as defensivas e as pró-ativas. Ao se avaliar as razões defensivas, as

questões ambientais são encaradas como uma forma das organizações

simplesmente se adequarem às regulamentações e legislações vigentes (âmbito

Federal, Estadual ou Municipal). Ou seja, há uma busca tão somente pela

conformidade, caracterizando o tipo de gestão realizado antes da década de 80.

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Quando se trata das estratégias pró-ativas, o meio ambiente é visto como elemento

de competitividade extra-custos, isto é, a gestão ambiental é praticada com o intuito

de prevenir impactos ambientais e de colocar as atividades das empresas sempre

em acordo com o meio ambiente, através do que Godard denominou de gestão

antecipada de uma legitimidade contestável. Esta modalidade de gestão começaria

a ser definida a partir da década de 80. (CORAZZA, 2003).

Segundo Arraes (2001), em um primeiro momento, a legislação ambiental

obrigou as empresas a tomarem medidas que reduzissem os impactos negativos de

suas atividades produtivas. Deste modo, os investimentos na área ambiental

restringiam-se quase sempre a sistemas de tratamento de efluentes líquidos, sólidos

ou gasosos, sem, contudo alterar a linha de produção. À medida que a legislação

tornou-se mais restritiva, as empresas passaram a investir em tecnologia ambiental,

sendo impulsionada a pesquisa por tecnologias limpas, as quais envolvem

modificação ou de produtos ou do próprio processo de produção.

2.1.3. Formas de Integração da Gestão Ambiental

A maneira como se integra a gestão ambiental às demais modalidades de

gestão pode ser realizada através ou da integração pontual ou da matricial. O

primeiro caso caracteriza-se pela criação, dentro de uma empresa, de um cargo ou

departamento dedicado às questões ambientais. Na integração matricial, por sua

vez, as organizações preocupam-se em divulgar sua política ambiental a todos os

colaboradores, fazendo com que a mesma seja entendida e seguida por todos os

seguimentos da empresa, sejam eles o setor de marketing, de vendas, de produção,

etc. Historicamente, a inserção da variável ambiental na empresa ocorre antes

mesmo da integração pontual, como menciona Arraes (2001), a variável ambiental

começou a ser incorporada sob a forma de “segurança no trabalho”, devido à

diminuição de riscos e da qualidade do ambiente de trabalho.

Conforme citado em seu estudo, Llerena (apud CORAZZA, 2003) demonstra

que a criação de departamentos de meio ambiente é um fenômeno comum pelo

menos ao que se refere às grandes empresas. Em um estudo realizado pelo autor,

baseando-se em um trabalho realizado pelo Instituto Francês de Meio Ambiente

(Institut Français L´Environnement), 77% dos grupos da indústria química

internacional com mais de 10 mil funcionários dispõem de um departamento de

gestão ambiental. E, neste caso, o departamento é mais freqüentemente

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subordinado à direção geral, caracterizando a centralização da gestão ambiental nas

empresas.

Este tipo de gestão pode ser verificado em empresas como a Du Pont, na

qual a gestão ambiental foi confiada a um Conselho Superior de Meio Ambiente,

agrupando os principais vice-presidentes das divisões. Este Conselho tem a

atribuição de definir as diretrizes da política ambiental do grupo, sendo auxiliado,

portanto, por uma equipe especializada que supervisiona o desempenho do grupo

bem como analisa a evolução dos problemas ambientais. Rhône-Poulenc, Union

Carbide, Bayer e CIBA também criaram departamentos específicos de gestão

ambiental, seguindo a linha da gestão pontual. Embora esta modalidade de gestão

seja compartilhada por muitas grandes empresas internacionais e, inclusive, por

empresas brasileiras, ela tem sido motivo de muitas discussões.

Donaire (apud CORAZZA, 2003), por exemplo, reforça que a alta

administração é peça-chave para a implementação de uma gestão ambiental,

iniciando a primeira etapa da integração da gestão ambiental: a percepção pela alta

administração da importância de uma política de meio ambiente para a organização.

O compromisso e a ação, estágios subseqüentes, seriam alcançados através da

difusão da política pela cúpula administrativa. Mas o mesmo autor revela sua

preocupação para o caso brasileiro. Para ele, dependendo da importância atribuída

pela alta administração à variável ambiental, a função ou departamento ambiental

poderá ou não ter autoridade dentro das organizações, comprometendo a eficácia

da política ambiental. (DONAIRE, 1991 apud CORAZZA, 2003).

Embora a integração pontual possa, à primeira vista, representar uma certa

fragilidade à implementação da política ambiental dentro das organizações

industriais, a mesma não pode ser encarada com descaso. Muito pelo contrário. Ela

deve ser vista como precursora de um processo de integração pelo qual se pretende

introduzir de forma progressiva a questão ambiental dentro das organizações.

À medida que a aceitação da ISO 14000 aumenta pelas corporações (no

Brasil, a NBR ISO 14000), ocorre o avanço da integração matricial da gestão

ambiental, uma vez que por este tipo de gestão todos os setores da organização são

mobilizados para o planejamento, execução, revisão e desenvolvimento da política

ambiental. Sendo assim, a integração matricial da gestão ambiental nas

organizações pressupõe, segundo Corazza (2003), mudanças não apenas na

estrutura organizacional – criação de um novo cargo ou departamento, mas a

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inserção de novas funções e tarefas dentro das demais áreas de competência,

forçando mudanças de atividades e de rotinas pré-existentes. Se forem analisadas

as organizações como sendo fundamentalmente formadas por grandes áreas

internas de competência (Figura1.), existiria: a área de Recursos Humanos, a de

Produção, a de Gestão e a de Inovação, segundo proposição de Ferraz et all. (apud

CORAZZA, 2003). A necessidade de integração da gestão ambiental em todas estas

atividades vai depender do grau de envolvimento funcional de cada área com as

questões ambientais do grupo, sendo de responsabilidade do cargo ou do

departamento ambiental atuar junto aos demais setores para que os objetivos da

política ambiental sejam atingidos.

Figura 1. Áreas de Competência de uma Organização Industrial (CORAZZA, 2003).

A integração da gestão ambiental nas atividades de gestão industrial envolve

as atividades de planejamento estratégico, de marketing e de compra. No primeiro

caso, a equipe tem o compromisso de avaliar ambiente extraorganizacional,

verificando as exigências previstas nas legislações ambientais, o grau de

consciência dos consumidores e as ações tomadas pela empresa quanto à inovação

tecnológica e à concorrência. Uma vez observados estes principais pontos, a alta

direção terá condições de definir metas para alcançar os objetivos. Para as

atividades de marketing, baseando-se em Donaire, comenta-se sobre a necessidade

da organização em avaliar sua linha de produtos, incluindo embalagens, uso de

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papéis não-reciclados e tintas tóxicas (prejudiciais à imagem da empresa), bem

como, desenvolver uma linha de produtos direcionados ao “mercado verde”. Quanto

à compra, é de fundamental importância que a organização defina junto aos seus

fornecedores que insumos “ambientalmente corretos” serão adquiridos. Esta etapa

poderá representar uma redução no uso de recursos, em custos e em geração de

resíduos. (CORAZZA, 2003).

No setor de inovação, a integração da variável ambiental pode resultar nas

inovações de produtos ou de processos. No primeiro, os produtos são avaliados não

somente no seu desempenho ambiental, mas também em outros critérios: técnicos,

de qualidade, segurança, redução de custos, menor preço de revenda, etc. As

inovações de processo, ao contrário, levariam o processo de produção a ter maior

produtividade, melhor utilização de subprodutos, maior economia de materiais,

menor consumo de energia e maior segurança no ambiente de trabalho. (CORAZZA,

2003).

O setor de inovação dentro de uma organização está diretamente relacionado

com as exigências do mercado, sendo de sua responsabilidade desenvolver

tecnologias que garantam a minimização de resíduos, adequando as empresas às

novas exigências que, de acordo com Arraes (2001), seguem padrões ecológicos

tanto para produtos quanto para processos. Segundo o autor, estes padrões, que

mais tarde dariam origem à Norma ISO 14001 (no Brasil, a NBR ISO 14000), são

responsáveis por criarem barreiras comerciais não tarifárias aos produtos dos países

em desenvolvimento. As barreiras de produtos diriam respeito a qualquer tipo de

restrição as importações decorrentes do não enquadramento aos padrões

ambientais de comercialização internacional daquele produto. Esses padrões

ambientais versam sobre, por exemplo, o tipo de matéria-prima com que o produto é

efeito; o volume de embalagens requerido para sua comercialização; o tipo de

destinação final requerida para o mesmo depois de consumido, entre outros. As

barreiras de processo são aquelas criadas para impedir as importações de qualquer

tipo de produto cujo processo produtivo implique em danos ambientais acima

daqueles padrões previamente especificados, como níveis e qualidade das

emissões, ou que estejam em não-conformidade com certos procedimentos de

produção e gerência.

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Quanto às atividades de recursos humanos, vale ressaltar os comentários de Donaire:

...o desempenho de uma organização está fortemente associado à qualidade de seus recursos humanos (...)"; "(...) se uma empresa pretende implantar a gestão ambiental em sua estrutura organizacional, deve ter em mente que seu pessoal pode transformar-se na maior ameaça ou no maior potencial para que os resultados sejam alcançados. (CORAZZA, 2003).

Para que a inclusão da variável ambiental tenha sucesso, é fundamental que

a organização desenvolva seu próprio programa de treinamento, permitindo que os

colaboradores percebam a questão ambiental como essencial para a tomada de

decisão. Para as atividades de produção, torna-se mais do que clara a sua forte

relação com o meio ambiente, pois é na linha de produção que se observam as

evidências de agressão ambiental: poluição atmosférica, emissão elevada de ruídos

sonoros e condições de segurança no trabalho. Sendo assim, um bom começo para

análise do desempenho ambiental no setor de produção é fazer uso de indicadores,

os quais dizem respeito à qualidade do ar e da água, à quantidade de energia e de

água consumidas, à geração e disposição de resíduo, etc. Para assegurar que o

modelo de gestão matricial seja bem sucedido, é de extrema importância que as

informações e os conhecimentos gerados ao longo do processo de incorporação da

gestão ambiental não permaneçam isolados nas áreas de competência. Pelo

contrário, todas as informações devem ser geridas de forma a permitir que elas

circulem por todos os setores e, conseqüentemente, pelos profissionais da

organização.

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Uma forma de resumir como as áreas de competência relacionam-se com o

setor ambiental pode ser mostrado na Figura 2.

Figura 2. Relações entre o Departamento de Gestão Ambiental e outras Áreas de Competência das Organizações. (CORAZZA, 2003).

A circulação de informações entre as áreas de competência e o conseqüente

entendimento dos colaboradores depende fundamentalmente do responsável pelo

meio ambiente ou do próprio departamento. Neste caso, para facilitar as trocas de

informações e a operacionalização da gestão ambiental dentro das organizações,

muitas das vezes o responsável pelo meio ambiente faz uso dos instrumentos de

gestão ambiental.

Segundo Corazza (2003), estes instrumentos são empregados para que a

gestão ambiental nas organizações “possa ser integrada de forma matricial por todas

as suas atividades e rotinas”. Estes instrumentos podem ser identificados como:

instrumentos de contabilidade ambiental, de análise de balanços materiais, de

análise de balanços de energia, de indicadores de infra-estrutura e de transporte, de

eco-balanço (ciclo de vida), de eco-auditoria e de relatório ambiental.

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Conforme descrição de Corazza (2003), baseando-se nos dados de Faucheux

et al (1997), a Contabilidade Ambiental pode ser de dois tipos:

O primeiro consiste no registro dos custos envolvidos na solução dos problemas ambientais, depois destes terem sido gerados. Contabiliza, por exemplo, os custos nos quais a organização deve incorrer a fim de adotar medidas de despoluição (tecnologias end of pipe). O segundo tipo consiste na monetização das conseqüências das atividades da organização sobre o meio ambiente (trata-se da chamada “internalização neoclássica”, que permite que se impute, por métodos diretos ou indiretos, um valor monetário ao dano ambiental).

As análises de fluxo material e de energia levam em conta os registros

materiais e energéticos, respectivamente, sobre todo o ciclo de vida de um processo,

produto ou insumo. Os indicadores de infra-estrutura e transporte avaliam os

impactos trazidos pelas instalações, novas ou já existentes, e logística, sobre o meio

ambiente. A análise de ciclo de vida avalia o impacto dos fluxos de matéria e de

energia sobre o ciclo de vida de um produto, processo ou insumo sobre o meio

ambiente, sendo o fluxo de matéria o mais explicitamente verificado.

Ainda segundo Corazza (2003), a Eco-Auditoria age como uma ferramenta de

exame e controle das instalações e dos processos de produção. A eco-auditoria,

dentro de um processo de gestão ambiental, pode ser analisada como uma

ferramenta que a organização dispõe para verificar as oportunidades de melhoria

dentro de seu sistema de gestão ambiental. Neste caso, inserido na ISO 14001, esta

auditoria se compromete em avaliar as informações necessárias para se atingir os

objetivos ambientais propostos pela alta direção, através da política ambiental,

controlar o sistema de gestão ambiental que fornece e distribui as informações e, por

fim, analisar o método empregado, a fim de levar em conta todas as informações

coletadas.

A Eco-Auditoria pode ser de dois tipos: a interna e a externa. A primeira

caracteriza-se por um processo documentado, realizado pela própria organização e

cuja comissão é formada pelos próprios colaboradores, com o intuito de mostrar a

alta direção se o sistema de gestão ambiental encontra-se em conformidade com os

objetivos estipulados na Política Ambiental da organização. A ecoauditoria externa

caracteriza-se pelo envolvimento exclusivamente de terceiros, os quais avaliarão os

sistema de gestão ambiental das corporações com o intuito de conduzi-las ao

processo de certificação. O Relatório Ambiental, por sua vez, caracteriza-se pela

compilação de todas as informações recolhidas sobre o processo de gestão

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ambiental das organizações. Assim como as eco-auditorias, o relatório ambiental

também poderá ser interno ou externo. Dentro de um quadro de gestão matricial, no

qual é primordial o envolvimento de todos os colaboradores para a implementação

da política ambiental da empresa, a partir da interpretação de suas metas e definição

de seus objetivos, vale ressaltar a igual responsabilidade do setor de gestão

ambiental diante do comprometimento da organização em integrar as variáveis

ambientais à gestão das empresas.

Conforme Llerena, este setor tem as seguintes atribuições:

− Formalizar uma representação partilhada dos objetivos e das orientações gerais da causa ambiental da empresa;

− Elaborar esquemas de incitação [do pessoal] fundamentados em grande parte sobre a busca de motivação para desenvolver novos conhecimentos;

− Garantir a coerência entre os diferentes processos localizados de aprendizagem e a constituição de um saber coletivo por meio da cooperação entre os diferentes membros da organização. (CORAZZA, 2003).

Procurando imprimir uma responsabilidade mais específica, pode-se atribuir à

figura de gestor ambiental, as seguintes atividades, segundo Donaire, que foram

utilizadas por Corazza (2003):

− Planejamento, organização, direção e controle da política ambiental ditada pela

Alta Administração;

− Controle das operações das fábricas, através de relatórios dos técnicos e visitas

pessoais, evidenciando uma monitoração constante das fontes poluentes;

− Assessoramento técnico das demais unidades da empresa em todos os assuntos

relativos à sua área de especialização;

− Acompanhamento da execução das medidas propostas;

− Garantia da atualização e informação relativas ao desenvolvimento da tecnologia

em seu nível de especialidade;

− Acompanhamento do desenvolvimento da legislação ambiental;

− Responsabilidade pela formação e pelo treinamento dos indivíduos ligados à

atividade de meio ambiente;

− Representar institucionalmente a organização, seja nos órgãos públicos de

controle ambiental, seja na comunidade interna e externa, em todos os assuntos

relacionados com o meio ambiente.

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Apesar das organizações primarem pela gestão ambiental, implementando

sua política ambiental, definindo e desdobrando metas com o intuito de regular suas

atividades produtivas às questões ambientais, tornando para isso a circulação da

informação entre as áreas de competência, é de extrema importância que a própria

organização, representada pela Alta Direção, defina também meios de comunicação

com as demais partes interessadas (poder público, comunidade, imprensa,

acionistas, etc.).

2.1.4. Outras Formas de Integração da Gestão Ambiental

Notadamente no tópico anterior foram destacadas duas modalidades

principais de integração, no entanto, obviamente por ser uma empresa e, por

conseqüência, seu sistema de gestão “entes vivos” existem outras estruturas de

integração mais específicas e que são manifestações das adaptações e mudanças

feitas pelo sistema a fim de preparar para as exigências competitivas de um mundo

em constante evolução. De agora em diante abordaremos algumas destas

modalidades ou estruturas de integração baseando-se fortemente no trabalho

apresentado por Pompermayer (2000).

2.1.4.1. Estrutura funcional

Neste tipo de estrutura a autoridade se exerce pela especificidade do

funcionário, ou seja, pelo conhecimento que o elemento possui para opinar ou

interagir sobre um determinado assunto. Cada subordinado ao executar uma tarefa

pode ter que se reportar a vários superiores, cada qual com sua competência

específica, contrariando o preceito da unidade de comando. A responsabilidade

também é distribuída de acordo com a especialidade do integrante da empresa. A

comunicação é de forma mais direta não havendo o peso da hierarquia rígida da

estrutura pontual, por exemplo, fato este que agiliza a integração de departamentos.

A Figura 3 ilustra uma forma típica deste tipo de modalidade de integração.

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Figura 3. Estrutura Funcional. (POMPERMAYER, 2000).

A múltipla subordinação aqui presente pode, muitas vezes, desorientar os

subordinados do grupo assim como pode causar tensão organizacional, onde numa

decisão cada especialidade do grupo pode tentar impor sua visão sobre o assunto

em detrimento à dos outros.

2.1.4.2. Estrutura LINHA-STAFF

Esta modalidade se encontra muito difundida, pois combina componentes de

duas outras estruturas: pontual e funcional, tentando assim potencializar as

vantagens de cada uma e reduzir suas desvantagens. Aqui existem órgãos em linha

e de assessoria que se relacionam entre si. Os órgãos em linha cuidam das

diretrizes básicas da empresa e os de assessoria exercem sua autoridade sob a

forma funcional, ou seja, os órgãos em linha tomam as decisões baseadas nos

pareceres técnicos de cada órgão assessor. A sua estrutura macroscópica pode ser

representada de forma simplifica na Figura 4.

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Figura 4. Estrutura LINHA-STAFF. (POMPERMAYER, 2000).

Este tipo de estrutura permite comunicações diretas e indiretas, a rede de

comunicações aqui formada se vale das vias formais de comunicação entre

superiores e subordinados e também das linhas diretas entre órgãos de assessoria e

execução. Aqui convivem de forma mais homogênea as autoridades lineares

hierarquizadas e também as autoridades constituídas por conhecimento ou

especialidade (staff). Esta estrutura é predominante nas organizações, pois possui

grandes vantagens em relação às outras e, poucas, ou nenhuma, restrições à sua

aplicação.

2.1.4.3 Estrutura por equipes

Introduzindo o conceito de equipe: um grupo de duas ou mais pessoas de

especialidades, muitas vezes, distintas e complementares, que se une para atingir

uma meta determinada em tempo e em eficácia; esta modalidade procura aumentar

a integração interdepartamental.

Existem dois tipos de equipes possíveis: a funcional-cruzada (cross-

functional) e a permanente. Uma equipe funcional-cruzada é composta por pessoas

de diversos departamentos funcionais, que se reúnem para buscar a solução de

problemas comuns. Não se forma neste tipo de equipe um órgão formal para o

trabalho, os membros continuam vinculados aos seus respectivos departamentos de

origem.

As equipes permanentes, ao contrário do que foi acima citado, são

organizadas de forma sólida como se fossem efetivamente um departamento formal

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da empresa. Tem-se aqui uma estrutura departamentalizada como em qualquer

outro tipo de estrutura com departamentos, porém as equipes são, em geral,

menores e, cada membro atua conforme sua própria especialidade.

A redução de níveis gerenciais é um dos pontos mais marcantes deste tipo de

integração, bem como a maior motivação entre os participantes, pois os mesmos

interagem em muito maior grau com o projeto em pauta. Um problema muito comum

desta modalidade é a sobrecarga dos elementos da equipe, principalmente no caso

da equipe funcional-cruzada, pois os seus membros podem receber tarefas dos seus

departamentos de origem e da própria equipe em questão. Uma ilustração deste

modo de integração encontra-se na Figura 5.

Figura 5. Estrutura por Equipes. (POMPERMAYER, 2000).

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A estrutura por equipes deve ser empregada preferencialmente para

organizações que precisem desenvolver projetos complexos ou adaptar-se com

presteza a mudanças ambientais em seu segmento de atuação.

2.1.4.4. Estrutura em rede

Uma estrutura que opera em rede é uma estrutura que descentralizou suas

funções, transferindo-as para outras organizações que passam a operar de forma

integrada, sob a supervisão e coordenação de um escritório central. Este escritório

central mantém sob seu domínio apenas o nível essencial do negócio, administrando

a rede formada a partir da transferência para terceiros de todas as atividades que

outras empresas puderem desempenhar com mais eficiência e menores custos.

Este tipo de estrutura possui alta flexibilidade para se adaptar, buscando

aproveitar convenientemente as novas oportunidades do mercado, obviamente, aqui

ocorre uma redução significativa de custos administrativos por ser uma forma de

integração enxuta. Segue então um exemplo apenas desta integração, visto a

mesma ser extremante complexa (Figura 6).

Figura 6. Estrutura em Rede. (POMPERMAYER, 2000).

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57

Por ser uma estrutura muito dispersa fica muito difícil manter-se o controle de

todas as atividades da mesma, bem como a manutenção de um sentimento de

unidade, o que diminui a lealdade interna da organização. Cresce também o

potencial de falhas do grupo empresarial intimamente ligado às incertezas geradas

pela dispersão dos núcleos do grupo. Esta organização pode ser encontrada em

empresas que buscam atuar e competir em um mercado globalizado, por meio de

operações internacionais.

2.1.4.5 Estrutura divisional

Quando uma organização busca o perfil organizacional abaixo, ela está

tentando contornar as desvantagens decorrentes da crescente expansão e

diversificação dos seus próprios negócios, caracterizando assim uma estrutura por

divisões ou divisional. Estas divisões podem se apresentar, por exemplo, em

departamentos que agrupem produtos e ou serviços comuns, área geográfica,

clientela, processos produtivos e outros (Figura 7).

Figura 7. Estrutura Divisional. (POMPERMAYER, 2000).

Essa forma de estrutura se torna notadamente útil para organizações cujo

processo de expansão introduza a necessidade de atuar em múltiplos segmentos

produtivos ou em territórios diferenciados, casos em que a fragmentação da

estrutura previamente existente pode aumentar a eficiência global. Novamente, a

dispersão das atividades da empresa pode gerar dificuldades de controle central,

muito embora cada divisão atue no final como uma empresa em separado.

DIVISÃO POR PRODUTO

DIVISÃO DO PRODUTO 1

DIVISÃO DO PRODUTO 2

RECURSOS PRODUÇÃO CONTABILIDADE RECURSOS PRODUÇÃO CONTABILIDADE

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2.1.4.6. Estrutura por projetos

O caráter temporário deste tipo de modalidade é sua característica mais

importante. A duração desta estrutura será a duração do projeto estabelecido e,

mais importante ainda, é que ao término do projeto esta estrutura deverá ser

redefinida. Por ser uma forma de integração que muda a todo instante, ou melhor

dizendo, muda de acordo com o projeto em questão, não é possível conforme foi

feito com os outros tipos de integração, ilustrá-la por um modelo básico. Suas

vantagens estão novamente ligadas a menores custos administrativos pela redução

de níveis gerenciais. A sua maior aplicação está quando as organizações se

deparam com atividades que concentram elevado volume de recursos, com prazos

definidos de execução.

2.1.4.7. Estrutura celular

A nomenclatura deste modelo de integração pode variar na literatura, mas

mantém suas características fundamentais.

É uma forma estrutural de alta flexibilidade e de fronteiras quase inexistentes,

e com grande informalidade. Assim como a estrutura por projetos sua forma

macroscópica é de difícil determinação, pois seu “corpo” é formado por células de

atuação que contém em si pequenos grupos com autonomia de decisão e com

diversidade de competências, resolvendo as questões de interesse da empresa.

Estes pequenos grupos ou células operam como microempresas dentro de

uma “macroempresa”, quase que como as células dentro do corpo humano, daí a

sua denominação celular. Existe também um forte compromisso com o resultado,

pois cada elemento da célula participa ativamente com sua especialidade em todas

as etapas da questão escolhida. Pelo que já foi dito percebe-se que as decisões são

compartilhadas por todos os membros da célula, assim como as responsabilidades,

pois cada empregado pode atuar livremente sobre as questões envolvias no projeto,

não havendo, portanto padrões de desempenho. A autoridade hierárquica pode ser

suplantada pela autoridade do conhecimento e especialização do empregado na

solução de um problema ou tomada de decisão.

Por ser uma estrutura incrivelmente complexa o controle da massa

empresarial pode ficar comprometido por divergências internas entre as células no

que diz respeito à priorização deste ou daquele projeto ou decisão.

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É preciso que fique claro que variações destas modalidades podem e serão

encontradas devido às modificações de tecnologia, mercado consumidor e outras

tantas que influenciam a forma como uma empresa atua. E mais ainda, muito

provavelmente ao se entrar em uma empresa não se conseguirá, como em uma aula

de anatomia, identificar um a um os órgãos responsáveis por esta ou aquela

atividade, a divisão aqui apresentada é uma das divisões possíveis no que diz

respeitos às formas de integração da gestão ambiental, e é mais didática do que

prática.

2.1.5. A Relação da Gestão Ambiental com as Partes Interessadas

A incorporação das questões ambientais pelo sistema “convencional” de

gestão das organizações reflete de sobremaneira as relações das empresas com os

mais variados tipos de interessados em seus negócios: fornecedores, parceiros,

produtores e potenciais concorrentes. Isto se for levado em conta apenas as

relações dentro da cadeia produtiva. Por outro lado, porém, percebe-se o

estreitamento cada vez maior entre a gestão ambiental das organizações e o modo

como ela é gerida e a comunidade, poder público, instituições financeiras e de

seguros, e os acionistas (Figura 8).

Figura 8. Relação das Organizações com as Partes Interessadas. (CORAZZA, 2003).

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De acordo com Corazza (2003), ...as relações que vinculam diversas organizações industriais e as que envolvem essas organizações e os poderes públicos têm se destacado como objeto de análise, seja por sua freqüência, seja por envolverem questões ambientais de maneira explícita. Essas relações podem ser chamadas de "engajamentos coletivos".

Um dos motivos que conduz aos “engajamentos coletivos” é o fato de que, se

para as organizações a gestão ambiental pode levar à redução de custos e riscos,

estes mesmos custos e riscos podem ser minimizados caso sejam levados para a

esfera pública. Estes engajamentos, segundo Börkey e Glachant (apud CORAZZA,

2003), assumem quatro formas distintas: código de conduta, acordo voluntário,

convênio e regulamentação negociada. (Figura 9).

Figura 9. Tipologia dos Engajamentos Coletivos da Indústria (CORAZZA, 2003).

Este relacionamento coletivo das organizações não pode ser motivado

somente visando à pesquisa e ao desenvolvimento de produtos e processos, mas

também por uma maior participação nos avanços de legislação ambiental, tal como

ressalta Corazza (2003). Pois desta forma, “a interferência das organizações (...)

resulta na formulação de metas menos ambiciosas (...)” e passíveis de não serem

atingidas pelas organizações.

A autora também ressalta a conseqüência dos engajamentos coletivos, os

quais conduzem ao processo de criação dos “rótulos ambientais”, que incluem

representantes das indústrias, das instituições ambientalistas e dos consumidores.

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No exemplo do selo alemão (Blauer Engel), conforme a autora comenta, há

representatividade da Federação das Indústrias Alemãs e da Associação das

Organizações de Consumidores. Embora três representantes sejam indicados por

cada grupo, as associações dos consumidores dificilmente conseguem indicar

representantes suficientemente qualificados, havendo apenas um representante

desta categoria.

Caso se faça uma abordagem do ponto de vista jurídico, pode-se encontrar

argumentos que sustentem a participação de todos em defesa de um meio ambiente

sadio e preservado, indo contra a todos aqueles que creditam a responsabilidade

ambiental apenas ao Estado. Segundo Pinto (2002), quando se trata de proteção

ambiental, só a ação estatal não basta. “O Estado não é um ente sobrenatural, cuja

eficiência na permanência vigília vai permitir controlar todas as situações de risco”.

Segundo a autora, o Estado apenas atua por meio de políticas de incentivo, de

facilitação e de promoção de ações desejadas junto à sociedade.

Aos que não são Estado, mas que detêm parcela de poder social, tais como

as empresas, a autora atribui a maior responsabilidade neste mérito, já que são as

empresas as proprietárias dos meios de produção e da parcela de capital derivado.

2.1.5.1. A Questão Ambiental no Brasil

Esta questão no Brasil revela os seguintes aspectos de mudança:

− Reestruturação do espaço competitivo de mercado em função das

transformações do setor produtivo sob o viés ambiental;

− A idéia de sustentabilidade do negócio;

− A participação governamental e,

− A participação das instituições privadas envolvidas com a questão ambiental.

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Em seu trabalho, Vieira e Rocha (2003) reafirmam a posição de Almeida

(apud VIEIRA e ROCHA, 2003), que comenta sobre o reconhecimento do setor

empresarial esclarecido, quanto à mudança de atitude diante das questões

ambientais ser essencial sob o ponto de vista estratégico. Não diferente do resto do

mundo, no Brasil o senso de cooperação entre os agentes econômicos intensificou a

relação das questões ambientais com a dinâmica de mercado, fazendo com que, em

linhas gerais, a situação brasileira fosse resumida pelas seguintes frases expressas

por Almeida (apud VIEIRA e ROCHA, 2003):

Ficaram para trás os tempos de primeiro, predomínio do econômico e indiferença para com o ambiental; depois, preocupação exclusiva em proteger a natureza da qual o homem, com suas dores e necessidades, parecia alijado. No novo mundo, o paradigma é o da integração de economia, ambiente e sociedade, conduzida e praticada pelo empresariado, governo e sociedade civil organizada.

Ou seja, as organizações privadas nacionais precisam, para se manter

competitivas, ingressar na tendência global de inserção da variável ambiental em

seu sistema de gestão, seja para adequação às legislações ambientais ou,

principalmente, por oportunidades de negócio. (VIEIRA e ROCHA, 2003).

2.1.6. Padrões Normativos Voluntários

Em face de crescente pressão por parte de legisladores, consumidores,

grupos de pressão, instituições financeiras e do público em geral, indústrias

chegaram a conclusão que havia uma necessidade urgente de se introduzir algum

tipo de norma nacional que servisse de base para julgar o comportamento ambiental

de suas organizações. A British Standards Institution (BSI) desenvolveu e publicou

um padrão para um sistema de gerenciamento ambiental chamado BS 7750 (1992).

A International for Standardization Organization (ISO) possui como seus

principais objetivos:

− Fixar normas técnicas essenciais de âmbito internacional;

− Estabelecer normas técnicas que representem e traduzam o consenso dos

diferentes países do mundo.

A ISO vem trabalhando em vários aspectos da gestão ambiental,

particularmente nas normas da série ISO 14000 (no Brasil, a NBR ISO 14000). E a

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é forum nacional de

normalização. As Normas Brasileiras, cujo conteúdo é de responsabilidade dos

comitês brasileiros, dos Organismos de Normalização Setorial e das Comissões de

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Estudo Especiais Temporárias, são elaboradas por Comissões de Estudo (CE),

formadas por representantes dos setores envolvidos, delas fazendo parte:

produtores, consumidores e neutros (universidades, laboratórios e outros).

2.2 O SGA na Indústria Farmacêutica

2.2.1 Histórico

Macêdo (2000) divulga um texto sobre as indústrias farmacêuticas e o SGA.

Retrata em resumo o tema sem a especificidade do Rio de Janeiro. O documento

referenciado foi o único trabalho encontrado, exclusivamente direcionado para o

setor. Seu conteúdo foi ratificado pelo autor há dois anos atrás quando indagado

sobre a sua visão.

Macêdo (2000) cita e demonstra através de pesquisas, que a legislação

ambiental e a população em busca de produtos “verdes / limpos ambientalmente”

incentivam a indústria a implementar mudanças de alinhamento com a preservação

ambiental, de custo baixo e sem interferir na capacidade produtiva da unidade. Este

fato é verdadeiro até hoje, entretanto a velocidade com que ocorrem as mudanças é

muito lenta. As empresas que utilizarem o SGA terão uma vantagem competitiva,

face ao reconhecimento por parte do mercado consumidor e o gerenciamento de

suas atividades sem a degradação do meio ambiente ao redor de suas instalações

que contribuirá para uma melhoria da qualidade de vida da população (custo

reduzido com a saúde e aumento da perspectiva de vida). Seria, portanto, a

viabilidade financeira da empresa.

O autor também comenta que, como forma moderna de administrar, o

empresário procura atingir os objetivos diretos, indiretos e mesmo os intangíveis4.

Para o autor o empresário não poderá pensar somente no lucro imediato, deverá

treinar e conscientizar o pessoal para o SGA, que fundamentalmente é

multidisciplinar e envolve todos numa mesma postura. A implantação de um SGA

deve ser considerada em etapas, devidamente planejadas, garantindo em cada uma

delas redução de custo operacional financiador da etapa seguinte, não sendo isso

uma regra sempre verdadeira. E quanto melhor planejada a etapa, menor custo para

4 Objetivos diretos são o aumento do lucro com eficiência da produção, economia em dinheiro, etc.; objetivos indiretos são o aumento do nível de emprego, melhoria de salários, aquecimento do mercado; intangíveis são a boa relação com a população, a melhoria da imagem, melhoria de vida ao redor, etc.

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a implantação do SGA. Macêdo (2000) ainda apresenta etapas na implantação do

SGA, tais como:

− Uso racional / equilibrado da água dentro das diversas etapas da linha produção.

− Uso racional / equilibrado de detergentes e sanificantes nos procedimentos de

higienização.

Macêdo (2000) também afirma que não existe uma harmonia entre a

operação da ETE e os efluentes a serem tratados oriundos de lavagens /

higienização na produção. Como exemplo, o autor cita aquisição de hipoclorito de

sódio que o mercado oferta com aproximadamente 11% de matéria ativa. A escolha

deste produto para desinfecção não contempla aspectos de desperdício, de

economia com a aquisição de um outro produto mais concentrado e de

apresentação sólida, também de economia com a estabilidade maior de cloraminas

orgânicas. Segundo o autor:

...os impactos ambientais gerados pela cloraminas orgânicas são menores, em função, da sua menor capacidade de oxidação da matéria orgânica, estes derivados clorados não geram os chamados “trihalometanos” (THM), quando em contato com matéria húmica, geralmente existente em águas tratadas por processos convencionais. (MACEDO, 2000, p. 4).

Quanto a adoção de tipos de tratamento de efluentes, ele afirma que, no

Brasil, existem poucos trabalhos (muito teóricos) sobre SGA indicando a relevância

das etapas na escolha. O autor entende, por exemplo, que também nas empresas

de menor porte, o dimensionamento de uma ETE deveria contemplar a

caracterização quantitativa e qualitativa do efluente e não apenas o volume de água

consumido, sob pena de inviabilizar economicamente a instalação. Macêdo (2000)

conclui que “pequenas e médias empresas também podem utilizar o SGA, pois

quanto menor for a indústria, mais fácil o planejamento das diversas etapas de

implantação e menor o custo de monitoramento.” Sobre o custo de implantação não

é possível calcular, pois depende da característica de cada empresa. Na opinião do

autor o SGA deve levar a empresa a alcançar três metas, quais sejam: 1) A indústria

irá mitigar os impactos ambientais negativos, gerando com isto uma vantagem

competitiva de mercado, podendo utilizar este fator no seu marketing de venda; 2) A

aproveitar de maneira coerente e racional, toda a estrutura que a empresa já possui,

procurando fazer adaptações técnicas, planejadas, com a finalidade de redução de

custos, em aspectos como por exemplo, no consumo de água, no reaproveitamento

de águas, no consumo de detergentes e sanificantes, no monitoramento e melhor

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funcionamento da ETE e reaproveitamento de sub-produtos, que atualmente são

descartados, como fonte de renda; 3) Compatibilizar a indústria farmacêutica, com

as novas legislações ambientais.

As indústrias farmacêuticas, cosméticas e veterinárias se identificam a cada

dia com o conceito de sustentabilidade, porque os ganhos financeiros são visíveis e

a busca por uma imagem de empresa limpa é um fator de competitividade.

Tocchetto (2006) apresenta uma abordagem clara da situação atual neste segmento

industrial. A autora comenta que face a uma legislação em crescente rigor as

empresas procuram adotar práticas corretas, como o licenciamento ambiental, o

gerenciamento eficaz dos resíduos e a restrição ao emprego de substâncias

perigosas. A adoção de medidas para tratar os resíduos sem a preocupação de

minimizá-los representa um relevante custo adicional, por isso as empresas estão

procurando corrigir os desvios de modo a minimizar quantitativamente e melhorar

qualitativamente tais resíduos. Melhorar a qualidade do resíduo significa diminuir o

emprego de substâncias tóxicas, conseqüentemente não aplicar soluções complexas

de tratamento e proteger o profissional envolvido com o aspecto. Ainda associado a

questão estratégica do meio ambiente bem cuidado as empresas também estão se

mobilizando para a implantação de medidas que visam ganhos expressivos, como o

reuso de água industrial, reaproveitamento de água de chuva, tecnologias de

reciclagem. Outro aspecto que merece destaque é o fato de que a busca pelo

mercado externo inclina o segmento a obtenção de certificados ambientais oficiais,

que por outro lado permite visibilidade favorável ao público consumidor como de

uma empresa compromissada. As medidas oriundas de um planejamento

estratégico com este, de obtenção de certificação oficial, resulta em segurança nos

procedimentos operacionais, procedência de matérias-primas, uso de fontes

renováveis de energia, melhor qualidade de vida dos empregados, também da

comunidade ao redor. A professora cita que a imagem da empresa não é boa

quando seu produto traz a evidência de um mau trato a natureza. A professora

também comenta que o conhecimento de todas as etapas de produção, desde a

aquisição da matéria-prima até o despacho final e consumo do produto é

fundamental para a identificação de todos os aspectos ambientais e,

conseqüentemente, a adoção de medidas mitigadoras quanto àqueles negativos.

Conhecendo-se e tendo-se domínio sobre todos os aspectos ambientais a empresa

pode planejar as ações definindo responsabilidades, prazos e alocação de recursos

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humanos e financeiros, não podendo deixar de estabelecer indicadores de avaliação

de desempenho. Neste ponto, comenta que alguns passos já teriam sido dados para

a implantação de um sistema de gestão que pressupõe a interação entre as partes e

etapas com retroalimentação de informações e melhoria contínua dos aspectos

ambientais não satisfatórios. As empresas devem ter as seguintes prioridades para a

implantação de um sistema de gestão: não geração, minimização, reciclagem,

reutilização e reaproveitamento, tratamento e, por último, a disposição final em

aterros.

2.2.2 Plano de Ação para Implantação de um SGA na Indústria Farmacêutica

Considerando os trabalhos de Ruella (2004) sobre SGA, onde a base é a

NBR ISO 14001 (2004) e o de Ruella e Lima (2004), pode-se identificar um guia para

implantação de um SGA. Este guia pode ser aplicado com a norma NBR 14919

(2002), que associa as questões de BPF com a NBR ISO 9001 (2000). Como esta

norma se harmoniza com a NBR ISO 14001 (2004), construiu-se o Quadro 1, que

orienta a implantação de um SGA considerando os requisitos legais, já atendidos

pelas indústrias farmacêuticas.

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Quadro 1. Requisitos voluntários e legais, relacionados ao meio ambiente, nas

indústrias farmacêuticas. Adaptado da NBR 14919 (2002).

Seção NBR ISO 14001:2004 Seção da RDC-210 4 Requisitos do Sistema de Gestão Ambiental 4.1 Requisitos Gerais 2.1, 14.22, 14.23

4.2 Política Ambiental

4.3 Planejamento

1.2, 1.3, 2.1, 3.2, 6.2, 6.9, 10.1, 10.2, 10.3, 10.5, 10.6, 10.7, 10.8, 10.9, 10.10, 10.21, 10.23, 11.5, 11.11, 17.16

4.3.1 Aspectos Ambientais 4.3.2 Requisitos Legais e Outros Requisitos

4.3.3 Objetivos, Metas e Programas 1.2, 1.3, 2.1, 3.2, 6.2, 6.9, 10.1, 10.2, 10.3, 10.5, 10.6, 10.7, 10.8,

10.9, 10.10, 10.21, 10.23, 11.5, 11.11, 17.16

4.4 Implementação e Operação

4.4.1 Recursos, Funções, Responsabilidades e

Autoridades 1.2, 1.3, 2.1, 3.2, 6.2, 6.9, 10.1, 10.2, 10.3, 10.5, 10.6, 10.7, 10.8,

10.9, 10.10, 10.21, 10.23, 11.5, 11.11, 17.16

4.4.2 Competência, Treinamento e

Conscientização 10.4, 10.11, 10.12, 10.13, 10.14, 10.15, 10.17

4.4.3 Comunicação 4.4.4 Documentação

4.4.5 Controle de Documentos

10.23., 14.1, 14.2, 14.3, 14.4, 14.5, 14.6, 14.7, 14.8, 14.9, 14.10, 14.11, 14.29, 14.30, 14.31, 14.32, 14.33, 14.34, 14.35, 14.37, 14.38, 14.39, 14.40, 14.41, 14.42, 14.43, 14.44, 14.45, 14.46,

14.47, 14.48, 14.49, 15.2, 15.3, 15.16

4.4.6 Controle Operacional

1.1, 1.2, 5.1, 5.2, 5.3, 5.4, 7.8, 10.5, 11.1 a 11.10, 11.11 a 11.19, 11.20, 11.22, 11.23, 11.24 a 11.29, 12.1 a 12.5, 12.8 a 12.11, 13.3, 13.4, 13.5, 13.6, 13.8, 13.10, 13.16, 13.17, 13.21, 13.25, 14.1 a 14.9, 16, 16.11, 16.17 a 16.20, 17.16 a 17.26, 17.28 a 17.33

4.4.7 Preparação e Resposta a Emergências 6.1 a 6.9, 7.1 a 7.8, 13.25, 13.26, 16.14 4.5 Verificação 4.5.1 Monitoramento e Medição 16.6, 14.17, 9.1, 9.2, 9.3, 9.4, 9.5, 9.6, 9.7

4.5.2 Avaliação do Atendimento a Requisitos

Legais e Outros 14.17

4.5.3 Não-Conformidade e Ações Corretiva e

Preventiva 14.17, 6.9

4.5.4 Controle de Registros 14.1 a 14.9 4.5.5 Auditoria Interna 9.1, 9.2, 9.3, 9.4, 9.5, 9.6, 9.7

4.6 Análise pela Administração 1.2, 1.3, 2.1, 3.2, 6.2, 6.9, 10.1, 10.2, 10.3, 10.5, 10.6, 10.7, 10.8,

10.9, 10.10, 10.21, 10.23, 11.5, 11.11, 17.16

2.2.3 SGA na Indústria Farmacêutica do Estado do Rio de Janeiro

Os aspectos deste parágrafo são específicos do sítio Estado do Rio de

Janeiro, pois a proximidade e envolvimento direto com o setor favorecem à

pesquisa. Neste contexto cabe ressaltar que os laboratórios farmacêuticos estão

concentrados nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, caracterizando assim uma

boa amostragem inicial.

A relevância dada por parte das empresas na obtenção dos registros dos

medicamentos, afasta ou dificulta, o alinhamento com a Gestão Ambiental. O que

pode ser observado é que as empresas estão sempre preocupadas em transmitir

com ênfase e primeiramente, o licenciamento ou registro de seus produtos. As

propagandas sinalizam a obtenção de BPF, propagandas intrínsecas sobre

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qualidade de vida. Finalmente, a obtenção das Licenças de Instalação (LI’s) e

Licenças de Operação (LO’s) somadas as BPF e a implementação de alguma ação

social torna, em muitos casos, positiva a identidade social da empresa.

Em destaque, são citadas algumas empresas que têm implementado uma

política ambiental, cujo resultado é observado em visitas ou abordagens mais

diretas, junto aos grupos, constituídos internamente, ligados à segurança do

trabalhador e ao meio ambiente: MANTECORP, ROCHE, MERCK, GSK, ABBOTT,

SANOFI. Observa-se também que a maioria das empresas do segmento atua ou

promove programas sociais. Embora não tenha sido possível incorporar à pesquisa

resultados de entrevistas individuais (em cada empresa), e baseado no que algumas

empresas expõem, através dos meios de comunicação, acredita-se na hipótese de

que a grande maioria tem implantado uma visão de apoio à saúde e segurança do

trabalhador, uma preocupação com o meio ambiente. Um exemplo que denota tal

afirmativa vem da observação de que a política da qualidade segue uma linha

parecida entre as empresas: “Nosso compromisso é, através da busca pela melhoria

contínua, produzir e desenvolver imunobiológicos dentro dos padrões da qualidade,

motivando permanentemente nossos colaboradores, para que venhamos a suprir e

exceder as expectativas dos nossos clientes e comunidades, preservando o meio

ambiente”. (BRASIL, 2005).

A empresa que gera impactos ambientais através de suas linhas de produção,

além de infringir a legislação vigente e ter que pagar os custos desta infração, vai se

desgastar perante o público consumidor, ou seja, outras marcas estarão disponíveis

no mercado se identificando ao público através de um chamado “rótulo ecológico”.

O Laboratório ROCHE encaminhou uma descrição sobre as questões

ambientais e sociais da empresa, que segue em resumo: A indústria localizada no

Rio de Janeiro produz e embala medicamentos dentro das normas de controle

ambiental, buscando exceder os requerimentos da legislação. Com investimentos

anuais de cerca de US$ 400 mil para o aprimoramento constante das práticas

ambientais, a ROCHE busca melhorias nos processos de produção, visando à

redução no consumo de água, energia e de emissão de resíduos. Ao realizar o

monitoramento constante de resíduos perigosos e não perigosos gerados pela

empresa, reduz progressivamente sua geração. A empresa implementa a coleta

seletiva nas diferentes fases de produção e administração. Também contribui na

formação de cidadãos responsáveis com o meio ambiente, coordenando o Programa

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de Educação Ambiental para escolas de 1º Grau. Para o público interno, a ROCHE

possui um programa de treinamento em meio ambiente, que resulta em quatro horas

de treinamento por funcionário a cada ano. Para promover o aprimoramento

constante e inserir a questão ambiental em seu planejamento estratégico, a empresa

integra o Departamento de Meio Ambiente ao de Engenharia Industrial resultados /

benefícios gerados. Como resultado de seu Programa de Meio Ambiente, a ROCHE

reduziu o consumo de água em 33 metros cúbicos diários, por meio do reuso de

parte do efluente industrial nas torres de refrigeração. Gradativamente, também

reduziu a geração de resíduos perigosos, atingindo 40% ao fim de quatro anos de

trabalho (100 toneladas em 1998 contra 57 toneladas em 2002). Construiu também

novas áreas de produção que asseguram a não-emissão de contaminantes para a

atmosfera e o uso racional de água e demais recursos naturais. Em relação à

reciclagem, o aumento da quantidade de resíduos enviados atingiu 58% em cinco

anos (261 toneladas em 1997 contra 412 toneladas em 2002). A ROCHE obteve

reconhecimento interno e externo como empresa ambientalmente correta e

promoveu a interação com a comunidade circunvizinha por meio da adoção do

programa de educação ambiental. A ROCHE acredita que a sustentabilidade do

negócio está diretamente associada à implementação de um programa efetivo de

gerenciamento ambiental. Outro motivo é a consciência de que a adoção de um

sistema de melhoria contínua em termos ambientais reduz diretamente os custos por

meio da implantação de técnicas de reaproveitamento de água e da redução de

consumo energético. O relacionamento entre a empresa e a comunidade é

transparente e construtivo quando a empresa se engaja em ações ambientalmente

responsáveis. A reciclagem de resíduos pode ser uma forma de retorno financeiro,

desde que exista a conscientização de todos os colaboradores e a efetiva separação

dos resíduos na fonte de geração. Da mesma forma, a implantação de programas de

reuso de água e de redução de consumo energético depende da participação de um

grupo multifuncional e da integração dos responsáveis pelas diversas etapas da

produção. (ROCHE, 2005). A ROCHE é a única indústria farmacêutica do Estado do

Rio de Janeiro que conquistou a certificação NBR ISO 14001, em 2006.

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3. METODOLOGIA DE TRABALHO

3.1. Levantamento do Grupo Geral de Empresas

Objetivando determinar um perfil das indústrias farmacêuticas instaladas no

Estado do Rio de Janeiro foram promovidas consultas aos diversos órgãos e/ou

instituições oficiais, para obtenção de dados consistentes. Tais consultas foram

executadas utilizando-se os meios de comunicação mais comuns, quais sejam:

Telefone, Internet, artigos e revistas especializadas do setor.

3.1.1. Entidades de Classe

De acordo com o Boletim da Austin Setorial (2004), Análise do Segmento

Farmacêutico, existe a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias

(ABRAFARMA) que congrega 28 grupos empresariais, mas são de redes

farmacêuticas que comercializam no varejo. Tem-se também a Associação Brasileira

das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró Genéricos), entidade de classe que

congrega os principais laboratórios fabricantes e/ou vendedores de medicamentos

genéricos. A principal entidade de interesse citada no Boletim Austin é a Federação

Brasileira da Indústria Farmacêutica (FEBRAFARMA), que reúne 15 outras

entidades representativas, sendo as de interesse para a pesquisa a Associação dos

Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (ALANAC) e o Sindicato da Indústria de

Produtos Farmacêuticos do Estado do Rio de Janeiro (SINFAR), de onde foi obtida a

relação principal das empresas do segmento de interesse, ou seja, as indústrias

farmacêuticas instaladas no Estado do Rio de Janeiro. Nesta parte inicial da

pesquisa foram identificadas 59 empresas (cadastradas). Em seguida foi consultada

a relação que integra a Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais

(ALANAC) e não surgiu nenhum novo membro.

Como o foco da pesquisa são as indústrias farmacêuticas instaladas no

estado do Rio de Janeiro, procurou-se definir com precisão um grupo representativo.

As empresas do segmento farmoquímico5 não são parte integrante do presente

trabalho, pois segundo a Associação Brasileira da Indústria Farmoquímica

(ABIQUIF) são em menor número comparado à farmacêutica, de 29 associados,

5 Farmoquímicos são substâncias utilizadas como matérias-primas na fabricação de medicamentos.

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sendo 3 no Estado do Rio de Janeiro (Merck S/A, Química e Farmacêutica NIKKHO

do Brasil Ltda e SILVESTRE laboratórios Químicos e Farmacêuticos Ltda).

3.1.2 Outras Entidades

Foram consultadas outras entidades de importância no segmento, e/ou que

interagem de alguma forma, afim de que não fosse desconsiderada nenhuma

empresa na pesquisa.

− Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Oficiais do Brasil (ALFOB)

− Instituto Virtual de Fármacos do Estado do Rio de Janeiro (IVFRJ)

− Associação Brasileira de Empresas de Biotecnologia (ABRABI)

− Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN)

De acordo com a página da ALFOB na internet:

É uma sociedade civil, de âmbito nacional, sem fins lucrativos, dotada de autonomia administrativa, patrimonial e financeira, regida por estatuto e pela legislação que lhe for aplicável. Tem sede e foro na cidade de Brasília/DF.

Seus objetivos são:

− Defender e representar os legítimos interesses de seus associados junto ao Poder Judiciário, a entidades e associações dos setores governamentais e particulares e a seus respectivos órgãos relacionados aos laboratórios farmacêuticos oficiais;

− Estimular a modernização técnica e administrativa da rede de laboratórios farmacêuticos oficiais, visando ao aperfeiçoamento no campo da produção, da pesquisa e do desenvolvimento tecnológico;

− Promover o desenvolvimento de uma política de assistência farmacêutica voltada para o atendimento das necessidades dos programas e atividades de saúde pública, em nível nacional.

No estado do RJ a ALFOB congrega cinco laboratórios:

− Laboratório Farmacêutico da Marinha (LFM)

− Laboratório Químico Farmacêutico da Aeronáutica (LAQFA)

− Laboratório Químico Farmacêutico do Exército (LQFE)

− Instituto de Tecnologia em Fármacos (Far-Manguinhos)

− Instituto Vital Brazil (IVB)

De acordo com a página na internet do Instituto, o IVFRJ foi criado diante da

importância estratégica do setor de fármacos, não apenas para o RJ, mas para todo

o Brasil. O objetivo principal do IVFRJ é potencializar o conhecimento

desenvolvendo pesquisas entre os setores acadêmicos e empresariais, para

recuperar a tradição dos fármacos no Brasil e propor soluções para a questão do

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acesso a população aos medicamentos. Portanto, apesar de sua importância na

pesquisa, a instituição apenas congrega instituições de ensino e pesquisa, bem

como, algumas associações inerentes ao segmento, não laboratórios de produção.

A ABRABI congrega alguns laboratórios farmacêuticos, com ênfase aos

aspectos de biotecnologia, mas nenhum que já não tivesse sido identificado nas

outras organizações como fabricante de medicamentos. No RJ apenas a Fundação

Oswaldo Cruz – FIOCRUZ.

Da consulta a FIRJAN pesquisou-se o Cadastro Industrial do Estado do Rio

de Janeiro, anos 2005 / 2006, setor de atividade 2452-0 (Fabricação de

Medicamentos para uso humano). Neste Cadastro encontram-se as empresas que

pagaram o serviço de divulgação, através do Cadastro FIRJAN, portanto, sem a

abrangência esperada, mas satisfatória quanto ao aspecto de conferência para a

relação até aqui levantada. Não houve contribuição expressiva, entretanto, permitiu

atualizações para contato.

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3.1.3 Grupo Geral das Empresas

No total, foram identificadas 73 empresas, conforme demonstrado na Quadro 2. O

Apêndice B apresenta a relação das empresas com informações para contato.

Quadro 2. Relação simplificada das empresas farmacêuticas do RJ

ITEM NOME DA EMPRESA ITEM NOME DA EMPRESA 1 ARROW 38 LABORIS 2 BARRENNE 39 LUNDBECK 3 CASA GRANADO 40 MAKROFARMA 4 CELLOFARM 41 MAYNE 5 CELLOPRESS 42 MAPPEL 6 CIF 43 M. PEDRÍLSON 7 CIBRAN 44 MEPHA 8 DARROW 45 MERCK 9 DIFFUCAP 46 M. Q. FCTA 10 DR. RENATO DE FARIA 47 MILLER 11 LAB. EXTRATOS ALERGÊNICOS 48 MILLET ROUX 12 FARMABRAZ 49 ROCHE 13 FARMOQUÍMICA 50 NIKKHO 14 FRESENIUS 51 SS WHITE 15 GSK 52 SANOFI/AVENTIS 16 GUERBET 53 SERVIER 17 H. B. FARMA 54 SILVESTRE 18 HEMAFARMA 55 HENFER 19 IMMUNO 56 SOLUFARMA 20 SCHERING/MANTECORP 57 TORRENT 21 INFABRA 58 VAROS 22 IQB 59 DENTSPLY 23 BIOCHIMICO 60 ABBOTT/KNOLL 24 ÍTACA 61 ACHE 25 KOPKINS 62 P. V. MANGUINHOS 26 HANEMANIANA 63 FORLAB 27 MUSA 64 PFIZER 28 BRAVET 65 EUROFARMA 29 CANONNE 66 RANBAXY 30 DAUDT 67 ATAULFO DE PAIVA 31 GROSS 68 IVB 32 SIMÕES 69 FAR-MANGUINHOS 33 B. BRAUN 70 BIO-MANGUINHOS 34 BAGÓ 71 LFM 35 L. B. BIOLOGIA 72 LQFE 36 GOULART 73 LAQFA 37 PRIMÁ

3.2 Determinação do Grupo Específico das Empresas Pesquisadas

Do universo de empresas identificadas, procurou-se caracterizar um grupo

representativo para que os objetivos da pesquisa pudessem ser alcançados. De

posse dos contatos navegou-se, através da internet, nas ”páginas” das empresas em

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busca de informações complementares. Ainda procurando filtrar o grupo pré-

selecionado foram transmitidos “e-mails”, mantidos contatos por telefone para as

áreas de interesse de cada empresa. Concomitantemente, buscou-se a informação

consolidada sobre o perfil das empresas em geral, junto aos órgãos oficiais, como a

Fundação Estadual de Engenharia de Meio Ambiente (FEEMA), Agência Nacional

de Vigilância Sanitária (ANVISA), FIRJAN, Secretarias de Meio Ambiente (Municipal

e Estadual). Houve a colaboração de profissionais conhecidos que estão alocados

nas empresas do Rio de Janeiro, bem como, abordagens junto às empresas

prestadoras de serviços de consultoria em “Engenharia Farmacêutica”6.

A relação global apresentou-se heterogênea, portanto, foi definido um grupo,

cujas características representassem uma amostra mais homogênea. O grupo final

reúne empresas de pequeno ou médio porte, com um número de empregados entre

50 e 500.

A seleção do grupo para a pesquisa considera as seguintes premissas

básicas de caráter excludente:

a) Empresas de grande porte, multinacionais ou nacionais, produtoras, que têm um

SGA implantado, porém sem certificação:

− Glaxo Smith Kline Brasil Ltda

− A Mantecorp Indústria Química e Farmacêutica Ltda

− Laboratórios B. Braun S/A

− Merck S/A

b) Empresas de pequeno porte, produtoras, com nº. de empregados menor que 50:

− Marcos Pedrílson Produtos Hospitalares Ltda

− Laboratório de Extratos Alergênicos Ltda

− Farmabráz Beta Atalaia Farmacêutica Ltda

− I. Q. B. – Instituto de Química e Biologia S/A

− Kopkins do Brasil Industrial Ltda

− Laboratório Hanemaniana Véritas Ltda

− Laboratório Brasileiro de Biologia Ltda

− Laboratório Goulart S/A

− Miller Industrial Farmacêutica Ltda

6 Termo empregado pelas indústrias farmacêuticas para as empresas que prestam serviços de engenharia.

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− Produtos Veterinários Manguinhos

− Pearson Saúde Animal (Eurofarma no RJ)

− Sociedade Ftca Henfer Ltda

c) Empresas que são apenas escritórios administrativos no RJ (a fábrica ou a sede

está localizada em outro estado):

− Fresenius Medical Care Ltda

− Immuno Produtos Biológicos e Químicos Ltda

− Cellofarm Ltda (embaladora)

− Infabra Indústria Farmacêutica Brasileira Ltda (Adquirida pela Cellofarm)

− Laboratórios Bagó Ltda

− Pfizer

d) Empresas que são apenas importadoras, representantes e distribuidoras de

medicamentos (não produz ou embala):

− Ítaca Laboratórios Ltda

− Forlab Chitec S/A – Comércio Internacional

− Solufarma Indústria Comércio Importação Representação Ltda

− Lundbeck Brasil Ltda

e) Empresa que apenas faz a análise química, embala e distribui o produto:

− Mayne Pharma do Brasil Ltda

f) Empresa que no RJ é apenas depósito:

− Achè Laboratórios Farmacêuticos S/A

g) Empresas que estão encerrando suas atividades:

− C. I. F. – Companhia Industrial Farmacêutica

− Laboratórios Primá Ltda (Adquirido pelo laboratório DAUDT)

− Varos Indústria e Comércio de Produtos Farmacêuticos Ltda

h) Empresas que são apenas embaladoras de medicamentos:

− Mappel Rio Indústria e Comércio Ltda

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− Cellopress Embalagens Industriais Ltda

i) Empresas produtoras de medicamentos homeopáticos e fitoterápicos:

− Dr. Renato de Faria Laboratório Comércio Distribuição (homeopatia)

− Makrofarma Química e Farmacêutica Ltda (fitoterápicos)

j) Empresas que estão interditadas, segundo ANVISA:

− Sociedade Ftca Henfer Ltda

− Solufarma Indústria Comércio Importação Representação Ltda

− Farmabráz Beta Atalaia Farmacêutica Ltda

k) Empresa que não foi possível contato:

− Microbiológica Química Ftca Ltda

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Após a exclusão das empresas listadas acima (de “a” até “k”) o grupo de

interesse é demonstrado no Quadro 3.

Quadro 3. Quadro das empresas selecionadas (amostragem da pesquisa).

ITEM EMPRESA 1 ARROW Farmacêutica S/A 2 BARRENNE Indústria Farmacêutica Ltda 3 Laboratório CANONNE Ltda 4 CASA GRANADO Laboratórios Farmácias e Drogarias S/A 5 CIBRAN – Companhia Brasileira de Antibióticos 6 DARROW Laboratórios S/A 7 DIFFUCAP – Chemobrás Química FTCA Ltda 8 FARMOQUÍMICA S/A 9 GUERBET Produtos Radiológicos Ltda 10 H. B. FARMA Laboratórios Ltda 11 HEMAFARMA Comércio e Indústria Farmacêutica Ltda 12 Instituto BIOCHIMICO Ltda 13 Laboratório MUSA Rodolpho Jordano Ltda 14 Laboratório BRAVET Ltda 15 Laboratório DAUDT Oliveira S/A 16 Laboratório GROSS S/A 17 LABORIS Farmacêutica Ltda 18 MAPPEL Rio Indústria e Comércio Ltda 19 Produtos Farmacêuticos MILLET ROUX Ltda 20 Química e Farmacêutica NIKKHO do Brasil Ltda 21 Produtos ROCHE Químicos e Farmacêuticos S/A 22 SANOFI / AVENTIS Ltda 23 S. S. WHITE Artigos Dentários Ltda 24 SILVESTRE laboratórios Químicos e Farmacêuticos Ltda 25 Laboratório SIMÕES Ltda 26 DENTISPLY indústria e Comércio Ltda 27 ABBOTT Laboratórios do Brasil Ltda 28 Laboratórios SERVIER do Brasil Ltda

As empresas que são governamentais têm um caráter diferenciado, pois o

compromisso principal é com as diretrizes do governo para atendimento ao Sistema

Único de Saúde (SUS) e aos acordos internacionais, através da Organização

Mundial de Saúde (OMS). Estas empresas não visam lucro. Como mencionado no

item 4.1.2, as instaladas no RJ são as seguintes:

− Fundação Ataulfo de Paiva

− Instituto Vital Brazil (IVB)

− Fiocruz / Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos)

− Fiocruz / Instituto de Tecnologia em Fármacos (Far-Manguinhos)

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− LFM – Laboratório Farmacêutico da Marinha

− LQFE – Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército

− LAQFA – Laboratório Químico e Farmacêutico da Aeronáutica

Nas entrevistas realizadas pode-se constatar uma proposição destas

organizações em atender as exigências legais, uma vez que a confiabilidade e

garantia do produto finaliza com a exportação para países mais necessitados e

demandas nacionais. Como o recurso financeiro não provém da comercialização

direta dos medicamentos e sim dos cofres públicos, o gerenciamento das atividades

fabris, que muitas vezes passa por transições políticas, é descontínuo promovendo

demora indesejável das ações necessárias para adequações, modernizações e

ampliações da empresa. A Figura 10 mostra um gráfico com o resumo das

características macro dos grupos identificados e a delimitação do foco de pesquisa.

PERFIL DAS EMPRESAS IDENTIFICADAS DO SEGMENTO

28

2

12

1

3

4

4

7

6

3

1

2

0 5 10 15 20 25 30

FABRICANTES CONSIDERADOS NA PESQUISA

PRODUÇÃO DE FITOTERÁPICOS/HOMEOPÁTICOS

PEQUENO PORTE (nº empregados <50)

NÃO CONTACTADAS

INTERDITADAS (ANVISA)

IMPORTADORAS

GRANDE PORTE (nº empregados >500)

GOVERNAMENTAIS

ESCRITÓRIOS

ENCERRANDO AS ATIVIDADES

EMBALAGEM/DISTRIBUIÇÃO

EMBALADORES

Nº. DE EMPRESAS

Figura 10. Perfil das empresas identificadas do segmento.

3.3 Pesquisa de Campo

Para apoio à pesquisa de campo foi elaborado um questionário, Apêndice A

deste trabalho. Em resumo, o questionário procura abordar aspectos principais de

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produção e meio ambiente, afim de que seja possível identificar-se a tendência de

implantação de um SGA.

Num primeiro momento o questionário foi encaminhado, impessoalmente,

através de mensagens eletrônicas, aos setores de Meio Ambiente das empresas. As

respostas não aconteceram. Nova tentativa foi feita a partir de ligações telefônicas

direcionadas as pessoas do setor responsável, mas houve demora ou “não

resposta”, simplesmente. Então, o novo critério adotado foi a referência de

profissionais ligados ao setor que prestam serviços de consultoria e outros

(montagem, treinamento, etc.) a estas empresas, ou ainda, a participação em

eventos de treinamento, comuns neste segmento.

Ciente das dificuldades para obtenção de respostas imediatas e precisas

intensificou-se a busca aos parceiros das empresas. Pode-se destacar a

colaboração de alguns, inclusive participando de entrevistas específicas:

− Entrevista com o Ex-Diretor de Produção da Smith Kline Beckman, Filial RJ,

incorporada pela GSK, Farmacêutico José Carlos Alonso Gonçalves.

− Entrevista com o Diretor Científico do IVB, Veterinário Luiz Eduardo.

− Entrevista com o Diretor da ENGENEWS, Engº. Luiz Alberto Torres.

− Entrevista com a Bióloga Fabiane Lacerda da ENVIRO-CHEMIE.

De posse dos contatos certos pôde ser feita a pesquisa com direcionamento e

confiabilidade. Não obstante as pesquisas serem realizadas através dos meios de

comunicação convencionais foram realizadas visitas técnicas aos seguintes

fabricantes de medicamentos:

− Laboratório BRAVET Ltda

− Produtos ROCHE Químicos e Farmacêuticos S/A

− Indústria Química e Farmacêutica Schering Plough Ltda (Mantecorp)

− Instituto Vital Brazil

− S. S. WHITE Artigos Dentários Ltda

− DENTISPLY indústria e Comércio Ltda

− ABBOTT Laboratórios do Brasil Ltda

− Fiocruz / Instituto de Tecnologia em Fármacos (Far-Manguinhos)

− LFM – Laboratório Farmacêutico da Marinha

Mas, o resultado efetivo da pesquisa veio da colaboração específica do diretor

da Engenews, Engº. Luiz Alberto, que demonstrando interesse no assunto, pois sua

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empresa oferece serviços de consultoria e treinamento, a partir de conhecimentos

pessoais prontificou-se em encaminhar o questionário o endossando e direcionando

para os setores responsáveis pela área de meio ambiente das empresas, quase

sempre responsável também pela saúde e segurança do trabalhador.

3.4 Pesquisa Bibliográfica e Outros Meios de Comunicação

Este item não deve ser confundido com a revisão de literatura acadêmica,

mas sim caracterizar o registro de levantamento feito para identificar preliminarmente

a existência de SGA nas indústrias farmacêuticas em bases comuns de

comunicação do setor.

A revista Controle de Contaminação é uma publicação mensal editada pela

Nova Técnica Editorial Ltda e direcionada aos profissionais que atuam,

principalmente, no segmento farmacêutico. Como tal, ao longo de nove décadas,

aproximadamente, dedica-se a divulgar informações técnicas gerais do setor. Neste

relativamente longo período de divulgação apenas foi identificado assunto referente,

especificamente à gestão ambiental no exemplar de setembro de 2006 (ano 8, nº.

89). O que denota ao longo de muitos anos a distância de harmonizar a questão

ambiental com a produção e a indicação de uma tendência atual de conscientização.

A FCE Pharma e a FCE Cosmetic são eventos paralelos e simultâneos,

padrão “feiras internacionais”, realizados anualmente no mês de maio em São Paulo.

São também realizadas como apêndices das feiras as palestras do setor, como o

Pharma Congress e o Congresso Brasileiro de Cosmetologia. A realização das feiras

este ano foi a 12ª edição. Segundo a Revista Controle de Contaminação (edição de

junho), o evento vem batendo recorde a cada ano. E neste contou com a

participação de cerca de 600 expositores e presença de público 12% a mais que a

edição de 2006. Neste ano o Pharma Congress (5º Congresso Técnico – Científico

de Produção) foi realizado com 50 palestras visando à atualização dos profissionais

do setor. Cabe destacar que não é sensível a exposição de produtos relacionados a

Gestão Ambiental, tampouco a realização de palestras específicas. Nesta edição do

Pharma Congress, apenas uma palestra do evento tratou de tema associado.

O IVFRJ, como instituto de apoio em pesquisa e desenvolvimento tecnológico

para as empresas e academias de ensino, também não apresenta proposição de

interação entre a produção e o meio ambiente.

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81

Foram pesquisadas empresas de consultoria para saber se trabalhos sobre

SGA são ofertados ou negociados para o setor. No Rio de Janeiro as empresas

identificadas não oferecem tal especialidade. Atuam na área de projetos e

qualificação, sob o ponto de vista das regulamentações ANVISA. Uma empresa de

consultoria, especializada em executar serviços na área de gestão da qualidade e

meio ambiente para o segmento em questão, foi consultada e apresentou parecer de

que há pouca ou nenhuma demanda deste produto no mercado nacional, referindo-

se a SGA para a indústria farmacêutica.

O Instituto ETHOS (Responsabilidade Social) e a FIRJAN, também foram

consultados, afim de que fosse sinalizada alguma participação nas questões de SGA

na indústria Farmacêutica, entretanto, não foram encontrados trabalhos realizados.

Foi consultada a empresa Austin Asis Serviços e Comércio Ltda, que presta

serviços de consultoria nas áreas econômica e financeira. A análise do setor resulta

num relatório elaborado pelo estudo dos fatores estruturais e conjunturais deste

setor da economia. O relatório apresenta tendências, fatores positivos e negativos,

características de demanda e oferta, concorrência, faturamento, histórico do setor,

problemas enfrentados, novidades, “ranking”, enfim o panorama econômico com a

apresentação de vários parâmetros, mas contemplando nacionalmente um grupo de

grandes empresas. Neste relatório, elaborado em 2005, com bases de 2004 para o

setor farmacêutico não é revelado qualquer índice ou parâmetro associados às

questões ambientais, portanto caracterizando a inexistência da interação com a

economia.

3.5. A Escolha da Empresa para Estudo de Caso

Para contribuir com a pesquisa e dar consistência às questões apresentadas

foram levantados dados de uma empresa de referência. A escolha desta empresa

deu-se porque:

− Atualmente, é uma instituição de referência mundial;

− Está em fase de ampliação do seu parque industrial;

− Produz, exclusivamente, vacinas para uso humano;

− Exporta grande parte da produção;

− Têm em suas instalações equipamentos modernos;

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− Apresenta uma evolução positiva e significativa no gerenciamento dos aspectos

ambientais;

− Existe, externalizado, o compromisso da alta administração com a gestão

ambiental;

− Trabalha com experimentação animal;

− Tem certificado de BPF (RDC-210);

− Tem Plano de Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde (RDC-306);

− Qualquer outra empresa de menor porte se encaixa na análise apresentada;

− Há facilidade no levantamento de informações locais.

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4. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA DO CASO

4.1. Geral

A empresa completa 30 anos de existência em processo de crescimento e

expansão. É um laboratório oficial do Ministério da Saúde.

Sua missão é: “Contribuir para a melhoria dos padrões de saúde pública

brasileira, por meio da pesquisa, desenvolvimento tecnológico e da produção de

imunobiológicos capazes de atender a demanda gerada pelo quadro epidemiológico

do País”. (BRASIL, 2005). As informações a seguir constam do Relatório de

Atividades de 2005, da Instituição.

Segundo a diretoria o ano de 2005 foi marcado por conquistas que refletiram

nos diversos níveis da estrutura organizacional e um novo ciclo de planejamento

culminou com o estabelecimento do novo Mapa Estratégico e das diretrizes para os

próximos anos, até 2010.

Todos os programas institucionais – produção, desenvolvimento tecnológico,

garantia e controle de qualidade, gestão – foram aperfeiçoados e fortalecidos. O

atendimento às demandas do Ministério da Saúde e, conseqüentemente, da

população brasileira, como não poderia deixar de ser, recebeu prioridade total.

Do total de doses de vacinas nacionais adquiridas pelo Programa Nacional de

Imunizações para atender às suas necessidades, 46% foram produzidas por esta

empresa. Exporta vacina contra febre amarela para as Américas participando

também nos mercados da África e Ásia. Outro destaque: A Unidade atingiu a

classificação no nível três (de um total de cinco) no Programa Nacional de Gestão

Pública e Desburocratização.

4.2. Perfil da Organização

A empresa constitui um complexo fabril dos mais modernos da América

Latina, com capacidade de 200 milhões de doses de vacinas e 5 milhões de reativos

para diagnóstico laboratorial. As atividades desenvolvidas têm como finalidade

estratégica atender ao Serviço Único de Saúde (SUS), no apoio às políticas de

prevenção, de vigilância epidemiológica e sanitária e de controle. A missão está

alinhada ao Plano Nacional de Saúde, aprovado pelo Conselho Nacional de Saúde.

(BRASIL, 2005).

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4.3. Relacionamento com a Sociedade e o Mercado

Esta empresa tem incorporado a sua missão o objetivo principal de atender a

demanda do SUS de forma eficiente e com qualidade. É o maior fornecedor de

vacinas do Ministério da Saúde. Em 2005, mais de 45 milhões de doses de vacinas

foram entregues em atendimento a 46% da demanda pública nacional. Os produtos

têm a qualidade garantida pelas regras do mercado e sistema interno de fabricação.

A instituição investe também em pesquisas que visam ao aprimoramento dos

produtos existentes e ao desenvolvimento dos novos projetos suportados pelos

avanços na área de saúde e biotecnologia. São produzidas as seguintes vacinas:

− DTP7/Hib – difteria, tétano, coqueluche e Haemophilus influenzae tipo b

− Hib - Haemophilus influenzae tipo b

− Meningite A e C

− Poliomielite

− Sarampo, Caxumba e Rubéola

− Febre amarela

No Quadro 4 são apresentadas as entregas de vacinas efetuadas ao PNI,

durante o ano de 2005.

Quadro 4. Entrega de vacinas ao PNI. Fonte: (BRASIL, 2005).

Vacinas / Apresentação Entregas ao PNI

DTP* + Hib (5 doses) 12.394.660

Tríplice Viral (10 doses) 13.584.950

Hib (1 dose) 35.000

Hib (5 doses) 1750

Poliomielite (25 doses) 18.295.250

Total 44.311.610

A vacina contra a febre amarela é certificada pela ANVISA e OMS e exportada

para cerca de 60 países.

7 Produzida em parceria com o Instituto Butantan

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A Instituição também produz:

− Testes para diagnóstico de Dengue, Diarréias, Doença de Chagas, HIV,

Leishmaniose, Leptospirose;

− Biofármacos: Eritropoetina humana, Recombinante / Alfaepoetina, Interferon Alfa

2b Humano Recombinante.

Como pode ser visto no Quadro 5, tal empresa forneceu reações para a

Coordenação Geral de Laboratórios e para o Programa Nacional de Doenças

Sexualmente Transmissíveis e Aids, da Secretaria de Vigilância em Saúde/MS, um

incremento de 15,58 % em relação a 2004. Esse resultado decorreu do lançamento

do Teste Rápido para diagnóstico de HIV ½. O kit representa a oferta à população

residente em localidades de difícil acesso aos sistemas de saúde.

Quadro 5. Entrega de Reativos para Diagnóstico Laboratorial ao PNI. Fonte:

(BRASIL, 2005).

Entrega de Reativos para Diagnóstico

Produto 2005 (reações)

Conjugado Anti-Humano 125.000

Dengue EIE 201.216

HIV IFI 164.000

Leishmaniose Canina EIE 614.400

Leishmaniose Canina IFI 1.212.000

Leishmaniose Humana IFI 185.400

Leptospirose EIE 65.088

Teste Rápido HIV 558.180

Total 3.125.584

4.4. Desenvolvimento Tecnológico e Inovação

As atividades de desenvolvimento tecnológico estão focadas na busca de

produtos que sejam importantes para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de

doenças de grande impacto na saúde pública do país. Atualmente são 36 projetos

ligados a melhorias e desenvolvimento de novos produtos (vacinas, biofármacos e

reativos).

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86

4.5. Tecnologias de Produção, Garantia e Controle de Qualidade.

A empresa tem uma permanente preocupação com a aplicação de

tecnologias de produção contemporâneas, que alinham a atualização de

procedimentos para a garantia da qualidade e métodos para o seu controle. Com

isso, o objetivo é aumentar a confiabilidade de seus produtos.

Nas atividades de produção, são metas: a alta qualidade, o melhor

rendimento, a efetiva produção e a entrega no prazo. Buscando-se garantir a

qualidade, são promovidas melhorias no ambiente de trabalho e nas instalações.

Importantes investimentos foram feitos com a preocupação na competitividade

tecnológica e econômica para a definição da estratégia da produção.

Nas atividades de Garantia da Qualidade, como não poderia deixar de ser, os

processos devem atender aos requisitos das BPF estabelecidos pela ANVISA, e nos

casos de exportação, pela OMS. Existe em torno de 1200 Procedimentos

Operacional Padrão (POP), 400 Instruções de Trabalho (IT), aprovados, que visam

garantir a qualidade das atividades realizadas e um melhor acompanhamento e

solução das não-conformidades.

No ano de 2005 foi implantado o Relatório de Melhoria e Não-Conformidades

(RMNC), em que todos os auditores do Departamento de Garantia da Qualidade

foram treinados para a utilização desta ferramenta, objetivando a melhoria dos

padrões de qualidade da Unidade.

Para também investigar, atuar nas causas e promover melhorias teve início

em 2005 o Programa de Monitoramento Ambiental das suas áreas biolimpas. Um

outro programa também foi criado para os mesmos objetivos, porém referente a sua

principal matéria-prima, o Programa de Monitoramento de Águas. Todos os produtos

fabricados possuem Certificado de BPF emitido pela ANVISA. A instituição também

possui Certificado de Qualidade em Biossegurança (CQB), que serve de referência

para os pedidos de extensão, conforme as necessidades, das atividades com

organismos geneticamente modificados. (BRASIL, 2005).

Em relação ao Departamento de Controle de Qualidade e suas atribuições

tem-se:

Análise de matérias-primas, produtos intermediários, produtos finais de vacinas, kits de diagnóstico e biofármacos produzidos; apoio às atividades de desenvolvimento tecnológico; e melhoria contínua das metodologias de análise e sua validação, além da sua correta aplicação, de forma a garantir a qualidade e confiabilidade dos produtos...(BRASIL, 2005).

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87

4.6. Infra-estrutura

Para a diretoria da empresa, bem como, para muitas outras indústrias do

segmento, “infra-estrutura” é um termo associado ao Departamento de Engenharia e

Manutenção, suas atividades e atribuições. Por isso, no Relatório de 2005 são

citadas em destaque realizações referentes as adequações e reformas, obras,

elaboração de projetos e serviços de manutenção técnica.

4.7. Recursos Humanos

As ações de Recursos Humanos são direcionadas para dar suporte as

seguintes diretrizes:

- Recrutamento e seleção;

- Treinamento e desenvolvimento;

- Gestão de desempenho;

- Incentivo e premiação;

- Valorização e retenção dos recursos humanos.

Os servidores públicos representam aproximadamente 20% do total da força

de trabalho. O quadro permanente, em 2005, contava com 182 funcionários

estatutários e 543 terceirizados. São efetivos os programas de treinamento, as

campanhas de vacinação, os exames médicos periódicos, ações de terapia (Figura

11). (BRASIL, 2005).

77

33 33

4

34

172

7455 60

192

0

50

100

150

200

250

Produção Desenvolvimentotecnológico

Controle deQualidade

Garantia daQualidade

Gestão

Terceirizados

Servidor

Figura 11. Colaboradores da Empresa. Fonte: (BRASIL, 2005).

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Em relação à segurança do trabalho e meio ambiente, há um contingente

formado por um engenheiro de segurança do trabalho e quatro técnicos,

responsáveis pela implantação do PPRA (Programa de Prevenção de Riscos

Ambientais). Entre as atividades mais importantes planejadas até 2010:

Aumento da carga horária dedicada a treinamento em segurança e meio ambiente em 30% (alcançar aproximadamente 150 horas); elaborar POP de todas as atividades realizadas por terceiros; elaborar o Plano de Emergência...2006/2007; disponibilizar informações relativas ao tema através da Intranet; assessoramento à CIPA; obtenção dos Certificados de Aprovação do CBMERJ para todas as Unidades e elaboração e Implantação de Plano Geral de Emergência, entre outros. (BRASIL, 2005).

Sobre a Gestão Ambiental, cabe ao grupo citado acima, que assessora a

vice-diretoria de gestão, o acompanhamento dos processos de obtenção da Licença

de Operações (junto a FEEMA). Essa licença ainda está em fase de análise por

parte da autoridade competente e tem como principais fatores de impedimento a

necessidade de tratamento de esgoto industrial de forma mais adequada para

alguns prédios do complexo, a necessidade de Licença de Instalação para outros e

Requisição de Registro Ambiental no IBAMA para atividade que envolva

manipulação de OGM (organismos geneticamente modificados). (BRASIL, 2005).

4.8. Planejamento Estratégico

A Organização investe na capacitação técnica para atender a demanda do

governo federal no combate às doenças que caracterizam o quadro epidemiológico

brasileiro. O processo de gestão é participativo, considerando o alinhamento entre o

potencial humano e a missão que culminam nos objetivos estratégicos da instituição.

Tais objetivos, no ano de 2005, foram estabelecidos para o período de 2006 a 2010,

a partir da reafirmação da Missão, Visão e Valores da instituição. O mapa

estratégico foi elaborado com base na ferramenta de gestão chamada Balanced

Scorecard (BSC), que é orientada por quatro perspectivas: clientes, financeira,

processos internos, aprendizado e crescimento. Para a iniciativa privada a

perspectiva financeira é diferente, porque orienta a definição dos objetivos. Para a

Organização, a lógica deve considerar a perspectiva do cliente posicionada na

camada superior, como pode ser visto na Figura 16. (BRASIL, 2005).

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Figura 12. Mapa Estratégico da Empresa. Fonte: (BRASIL, 2005).

Esse esquema gráfico permite uma melhor internalização das necessidades em cada nível de atuação, de um ponto de vista não departamental, em função da missão e dos objetivos, através de uma gestão voltada resultados e de um melhor direcionamento do foco de atuação institucional. A definição dos objetivos estratégicos permite traduzir a estratégia da instituição em ações e metas, seja através de projetos ou iniciativas, acompanhado sempre de um processo de priorização. O monitoramento contínuo das metas a serem atingidas através dos indicadores construídos de forma participativa tem como objetivo proporcionar a melhoria contínua dos processos de gestão em todos os níveis, desde o operacional até o nível estratégico. No último Ciclo de Planejamento, em 2005, foram também revisados os indicadores estratégicos da Unidade, bem como propostas e metas para o período de 2006 a 2010. (BRASIL, 2005).

A macroestrutura da Instituição está montada de acordo com as diretrizes

instituídas pelo governo federal. Abaixo das vice-diretorias estão os departamentos

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90

dispostos como a ANVISA recomenda a todos os fabricantes de medicamentos. A

Figura 18 permite visualizar a organização.

Figura 13. Macro-estrutura. Fonte: (BRASIL, 2005).

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91

5. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

5.1 Geral

Como a pesquisa toca numa parte muito sensível para grande parte destes

fabricantes de medicamentos, principalmente nos dias atuais, porque pode apontar

aspectos que a alta administração não deseja externar, o levantamento tem uma

abrangência limitada, mas permite evidenciar que, apesar de algumas empresas

serem multinacionais dotadas de cultura de países mais desenvolvidos (adaptadas à

realidade brasileira), a maioria não dispõe de um SGA implantado, sequer em vias

de implantação. Há uma preocupação intrínseca com o meio ambiente, respeitam a

legislação trabalhista em sua essência e praticam ações Sociais, aspectos tão

importantes na questão da competitividade no mercado. O foco e preocupação são

com os requisitos das BPF (de medicamentos), impostos pela ANVISA, cujo

certificado permite o registro e comércio legal dos seus produtos.

A Figura 14 permite visualizar como se deu a resposta ao questionário

utilizado e a busca de informações adicionais, através de parceiros consultores,

colaboradores conhecidos e páginas dos laboratórios na internet.

PESQUISA DE CAMPO (Questionário)

Empresas que não

responderam, mas que foi possível obter informações de outras fontes.

(57%)

Empresas que responderam

(25%)

Empresas que não

responderam (18%)

Figura 14. Gráfico relacionado às respostas ao questionário aplicado.

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92

As Indústrias Farmacêuticas implantadas no Rio de Janeiro (Apêndice B) têm

sua produção, generalizada, voltada para diversos produtos, conforme indicado

abaixo:

- Sólidos orais;

- Líquidos orais;

- Líquidos nasais;

- Líquidos oculares;

- Líquidos injetáveis;

- Pastas e cremes.

Elas são distribuídas entre nacionais e multinacionais; pequenas, médias e

grandes; regidas pelas regulamentações da ANVISA, monitoradas também pela

VISA-RJ. Isto significa que há uma preocupação prioritária por parte da alta

administração para que todos os produtos fabricados estejam devidamente

registrados. Sistematicamente, as empresas sofrem inspeções da ANVISA, VISA-RJ

e OMS, como é o caso de Bio-Manguinhos, que exporta vacinas.

As empresas no estado do Rio de Janeiro estão instaladas nas regiões norte

e oeste, com uma maior concentração na região oeste, inclusive as grandes

multinacionais. Aproximadamente 60% delas estão situadas próximas a

comunidades carentes, que cresceram junto com o estabelecimento da empresa.

Destas indústrias, 100% estão instaladas em área urbana da cidade e todas as

cadastradas no sindicato da categoria fabricam o princípio ativo dos medicamentos

ou importam da filial multinacional.

A seguir são apresentados o Quadro 6 e a Figura 15, resumo demonstrativo

de algumas informações sobre o conjunto pesquisado. Procura-se indicar aspectos

gerais das empresas objeto da pesquisa. Na coluna “Tem SITE / Menciona MA”, o

significado é “se a empresa tem página na Internet e se menciona questões de meio

ambiente, S / N significa Sim / Não”. A Figura 16 mostra o mesmo resultado da

Figura 15, porém, em termos percentuais.

Vacinas Soros

Alopáticos Homeopáticos Fitoterápicos Veterinários

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93

Quadro 6. Demonstrativo das Empresas Pesquisadas

ITEM EMPRESA Nº. DE

EMPREGADOS NACIONAL /MULTI

TEM BPF

FEEMA (LI / LO) CERTIFICAÇÃO

ETE (Terc)

Tem SITE / Menciona MA

1 ARROW (LA) 59 MULT OK OK X S/N

2 BARRENNE (LA) 122 NAC OK OK X S/N

3 CANONNE 80 NAC S/N

4 CASA GRANADO 400 NAC OK S/N

5 CIBRAN (LA) 120 NAC N/N

6 DARROW (LA) 150 MULT OK OK S/N

7 DIFFUCAP (LA) 200 MULT OK OK S/N

8 FARMOQUÍMICA (LA) 504 NAC N OK X S/S

9 GUERBET 106 MULT OK OK ISO 9001 X S/S

10 HB FARMA 150 NAC N/N

11 HEMAFARMA 40 NAC OK OK X S/N

12 BIOCHIMICO (LA) 250 NAC OK OK S/N

13 MUSA 67 NAC S/N

14 BRAVET (LA) 76 NAC N N N S/N

15 DAUDT (LA) 150 NAC OK OK S/N

16 GROSS (LA) 210 NAC OK OK S/N

17 LABORIS 100 NAC OK OK EM CONSTRUÇÃO

18 MAPPEL (LA) 215 NAC OK OK X S/N

19 MILLET ROUX (LA) 270 NAC S/N

20 NIKKHO 55 NAC OK OK S/N

21 ROCHE 500 MULT OK OK ISO 14001 S/S

22 SANOFI / AVENTIS 400 MULT OK OK S/S

23 SS WHITE (LA) 151 MULT N ISO 9001 N S/N

24 SILVESTRE (LA) 50 NAC OK OK S/N

25 SIMÕES 130 NAC S/N

26 DENTSPLY (LA) 450 MULT N OK S/N

27 ABBOTT 500 MULT OK OK S/N

28 SERVIER 350 MULT OK OK S/N

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94

20

5 4

0

5

10

15

20

25

QUANTIDADE DE

EMPRESAS

Tem LI/LO (FEEMA) Não tem site (internet) Mencionam no site aquestão ambiental

ALGUNS ASPECTOS ASSOCIADOS A LEGALIZAÇÃO E RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

Figura 15. Gráfico para a Visualização de Alguns Aspectos Identificados.

71%

18% 14%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Tem LI/LO (FEEMA) Não tem site(internet)

Mencionam no site aquestão ambiental

RESULTADO PERCENTUAL

Figura 16. Gráfico Percentual de Alguns Aspectos Identificados.

Alguns fatos são indicação de que as empresas do Estado do Rio de Janeiro

estão preocupadas com as agressões ao meio ambiente, principalmente as

provocadas por elas mesmas. Durante a visita à MANTECORP, descobriu-se que

existe na região de Jacarepaguá, onde estão concentradas as maiores indústrias

farmacêuticas do estado, um grupo virtual denominado Plano de Auxílio Mútuo

(PAM) composto de representantes das empresas com o objetivo de discutir

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questões comuns e apoio técnico sobre meio ambiente e segurança / saúde do

trabalhador, inclusive em casos de emergências ambientais.

Um outro fato foi a descoberta da empresa ENVIRO CHEMIE, criada a

aproximadamente 3 anos, localizada na região de Jacarepaguá, com a finalidade de

coletar por batelada e tratar o efluente industrial de empresas que não possuem

ETE. A empresa possui Licenças de Instalação e de Operação (LI e LO) da FEEMA

e tem firmado contratos junto às indústrias farmacêuticas de menor porte, para

recolher e tratar o efluente, e desta forma enquadrando-as na legislação vigente.

Atualmente a empresa coleta e trata o efluente das seguintes empresas

farmacêuticas: GSK (parcial), MANTECORP (parcial), GUERBET, ARROW,

DUPRAT, FAR-MANGUINHOS, VETOR, HEMAFARMA, FARMOQUÍMICO,

BARRENE. A terceirização do tratamento de efluentes eliminou o pagamento de

multas e melhorou a qualidade da empresa, bem como, o seu entorno.

Os Aspectos Ambientais são monitorados apenas nas indústrias com número

de empregados maior que cinqüenta, onde reside uma preocupação por parte da

alta administração quanto ao custo do desperdício e multas. Nas indústrias com

número de empregados menor que cinqüenta os aspectos são observados dentro do

contexto das inspeções da vigilância sanitária.

Apenas uma empresa possui SGA certificado. Aquelas de maior porte tem

implantado um SGA. Apenas três têm certificado de qualidade ABNT ISO 9000.

Não são todas que detêm o certificado de BPF concedido pelo Ministério da

Saúde, mas todos os medicamentos produzidos e comercializados têm registro junto

ao Ministério da Saúde (MS).

Destas empresas, 100% têm planos de coleta de resíduos, ou em vias de

implantação, pois trata-se de uma exigência legal com base na RDC-306, associada

a obtenção do certificado BPF e conseqüente registro de medicamentos. Da mesma

forma em relação as LI´s e LO´s da FEEMA, a RDC-210 vincula a comprovação para

aquelas empresas contra a concessão do certificado de BPF.

Os aspectos ambientais mais evidentes estão associados ao consumo de

água potável, que é bastante utilizada na geração de outros tipos de água e vapor

saturado grau farmacêutico. E é claro, a questão dos resíduos industriais.

Não foi obtida informação segura quanto à existência de planos de

emergência ambiental ou histórico de impactos ambientais. Embora tenha sido

levantada informação de que era prática comum no passado, algumas indústrias

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enterrarem no solo da própria unidade, por exemplo, material rejeitado por qualidade

inadequada ou fora de validade. Sobre os riscos de impacto ambiental foi possível

detectá-los em algumas empresas que não mostraram preocupação em contê-los,

tampouco sensibilidade em admiti-lo.

A maioria das empresas mostra preocupação e atuam, efetivamente, quanto

às ações relacionadas à responsabilidade social. As empresas de maior porte

interagem com a comunidade vizinha de diversas formas, desde a distribuição de

medicamentos até, em alguns casos, por mais incrível que pareça, servindo parte de

suas instalações internas a rotas de fuga para casos de emergência na comunidade.

Constatou-se ainda, uma preocupação com as diretrizes para transportes de

medicamentos e matéria-prima, considerando os riscos de acidentes com impactos

ambientais. Mas é sutil tal preocupação no contexto das exigências legais e

normativas.

A obrigatoriedade no atendimento à legislação ambiental por parte das

empresas está no processo de obtenção das licenças de instalação e operação junto

à FEEMA. Os protocolos a serem preenchidos pelo requisitante trazem uma

abordagem sobre todos os possíveis aspectos e impactos ambientais em formato

padrão, ou seja, se houver detalhes específicos na indústria poderá não ser

identificado porque não há um rastreamento detalhado da FEEMA. Vale o que o

requisitante documentou.

Todas as empresas procuram estar em dia com o cumprimento da legislação

ambiental, porque nas inspeções da ANVISA é verificada a existência das licenças

de operação e instalação, assim como outros itens relacionados ao meio ambiente.

E se a empresa não atende às exigências, não passa na inspeção, não tem o

certificado de BPF, e finalmente, não tem o registro do medicamento. A Figura 17

mostra a situação de alguns aspectos associados ao meio ambiente dentro do grupo

de empresas pesquisado e a Figura 18 o mesmo resultado da pesquisa em termos

percentuais.

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97

26

18

6

28

5

0

5

10

15

20

25

30

QUANTIDADEde

EMPRESAS

Tem águaspurificadas

Possui ETE Possui ETEterceirizada

PossuiPGRSS

Tem auditoriaambiental

ALGUNS ASPECTOS ASSOCIADOS AO MEIO AMBIENTE

Figura 17. Gráfico de Alguns Aspectos Associados ao Meio Ambiente.

93%

64%

21%

100%

18%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Tem águaspurificadas

Possui ETE Possui ETEterceirizada

PossuiPGRSS

Temauditoriaambiental

PORCENTUAL DE EMPRESAS COM ALGUNS ASPECTOS ASSOCIADOS AO MEIO AMBIENTE

Figura 18. Gráfico Percentual de Alguns Aspectos Associados ao Meio Ambiente.

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5.2. Avaliação Quanto ao SGA

Os laboratórios farmacêuticos que têm SGA são os seguintes:

− GSK;

− MANTECORP;

− ROCHE;

− MERCK;

− ABBOTT;

− FARMOQUÍMICO;

Apenas o ROCHE tem SGA com certificação. Enquadrados como elementos

do “conjunto pesquisado” estão apenas o Laboratório ROCHE, o ABBOTT e o

FARMOQUÍMICO (com até 500 funcionários). O SCHERING pretende alcançar seu

certificado ainda este ano, segundo informação do responsável pelo setor, em

entrevista pessoal. O Sistema de Gestão Ambiental desses laboratórios segue a

estrutura da NBR ISO 14001:2004. Os demais pesquisados procuram apenas

cumprir a legislação ambiental vigente, através das ações junto à FEEMA, e atender

a RDC-306 da ANVISA. Num empenho destacado, como não poderia deixar de ser

em qualquer empresa consolidada no mercado, procuram economizar energia e

água, o principal insumo deste segmento industrial.

A partir da pesquisa realizada pode-se afirmar que todas as empresas

instaladas no Rio de Janeiro têm potencialidades para implantação de um SGA,

porque já são obrigadas por circunstâncias legais a cumprirem uma parte do que é

preconizado na NBR ISO 14001, considerada como norma voluntária. Apesar de

71% das empresas pesquisadas terem licenciamento da FEEMA, o percentual

restante está em vias de obtenção, pois ao final de cinco anos (máximo) precisam

comprovar regularidade na renovação dos registros de seus medicamentos, sob

pena de comprometerem a comercialização.

Na constatação de que 24 empresas tratam seus efluentes (18 têm ETE

própria e 6 terceirizam), registra-se o indicador de que 4 do total pesquisado

descartam na rede pública de esgotos. Em relação a estas, na pesquisa não foi

possível aferir a caracterização do efluente descartado, tampouco a situação junto a

FEEMA, mas em pelo menos uma foi mencionado que o efluente industrial

descartado é do tipo sanitário e que existe o licenciamento FEEMA. O fato não pode

ser confirmado.

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Em relação às auditorias, uma das etapas importantes do SGA, apenas 5

empresas responderam que já as praticam. As demais, ou não responderam ou não

fazem. Neste sentido, nada que diminua a potencialidade para a implantação do

SGA.

O Plano de Ação para Implantação do SGA tem sua origem na estrutura

existente, em todas as empresas do segmento, para o atendimento a ANVISA. A

base é a NBR ISO 14001 (2004) e o trabalho de Ruella e Lima (2004), aplicados

com a norma NBR 14919 (2002), que associa as questões de BPF.

5.3. O Sistema de Gestão na Empresa Objeto de Estudo

A questão ambiental na Organização é bem mais complexa do que no grupo

pesquisado e até mesmo em relação a qualquer empresa da iniciativa privada,

porque dentro do terreno em que está situada existem áreas com administrações

diferentes. Embora de alguma forma, as diretrizes sejam convergentes para os

requisitos dos mesmos órgãos oficiais, o efeito geral é de uma instituição que

prioriza os aspectos ambientais associados à viabilidade de comercialização da sua

produção.

A Política de Qualidade da instituição já considera a questão ambiental em

sua essência:

“Nosso compromisso é, através da busca pela melhoria contínua, produzir e desenvolver imunobiológicos dentro dos Padrões de Qualidade motivando permanentemente nossos colaboradores, para que venhamos a suprir e exceder as expectativas de nossos clientes e comunidade, preservando o meio ambiente.” (BRASIL, 2005).

Assim também as Diretrizes de Segurança do Trabalho do Instituto, que

apresenta oito princípios, em seu último faz referência ao Meio Ambiente:

“Os objetivos desses princípios é garantir que nossas atividades produtivas e nossas instalações não ocasionem impacto negativo sobre o meio ambiente e não representem risco para a segurança e saúde das pessoas.” (BRASIL, 2005).

A Instituição em estudo é uma unidade gerenciada administrativamente de

forma independente. Sobre as questões do meio ambiente, a transparência da

diretoria é evidente, assim como, seu total compromisso. Mas, as ações já

implementadas estão longe de um SGA consolidado. Embora, nos últimos dois anos

a estrutura administrativa tenha se transformado significativamente nesta direção. A

Assessoria de Segurança do Trabalhador e Meio Ambiente (AESTM), ligada à Vice-

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100

diretoria de Gestão é hoje a responsável pela atuação nos assuntos referentes ao

Meio Ambiente e presta aos colaboradores, via intranet, serviços para o

gerenciamento de resíduos. Atenta a Missão e Visão da Instituição, bem como, a

manutenção da saudável relação com o entorno e áreas limítrofes, a diretoria da

empresa mobiliza-se para atuar com um grupo, recentemente criado, denominado

Comissão de Responsabilidade Socioambiental. O grupo foi criado através de uma

portaria interna e tem notória atuação no que se pode constatar pelos mecanismos

internos de comunicação. Atualmente, a Gerência de Projetos externa sua intenção

em iniciar atividades de contorno que culminariam em um SGA.

Mesmo estando longe de um SGA, de algum modo, boa parte do que é

necessário para implantar-se um SGA, já é desenvolvida na empresa. Por exemplo,

os certificados de BPF já foram conquistados, então a filosofia e os princípios da

gestão da qualidade estão bem absorvidos pelo pessoal da produção e apoio, como

é o caso da engenharia. Outro ponto importante refere-se ao já implantado Plano de

Gerenciamento dos Resíduos dos Serviços de Saúde (PGRSS), executado de

acordo com a RDC-306 da ANVISA. Uma portaria interna resolveu constituir a

Comissão de Implantação do PGRSS que tem como objetivos específicos:

− Realizar “check list” nas áreas com elaboração de relatório sobre atual situação e sugestões de melhoria.

− Elaborar Mapa de Resíduos. − Realizar treinamento com os funcionários diretamente envolvidos com o

gerenciamento de resíduos. − Realizar verificações periódicas nas áreas implantadas.

O depósito de resíduos está em fase final de construção significando a

centralização e segregação em local apropriado para a preparação e despacho ao

destino final sem interferir na área de produção. O Gerenciamento dos Resíduos,

constitui-se em um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e

implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o

objetivo de:

− Minimizar a produção de resíduos gerados, e;

− Dar um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos

trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do

meio ambiente.

O PGRSS é o documento que aponta e descreve as ações relativas ao manejo

dos resíduos sólidos, observadas suas características, no âmbito dos

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101

estabelecimentos, contemplando os aspectos referentes à geração, segregação,

acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e destinação

final, assim como a proteção à saúde pública.

As licenças de instalação e de operação das unidades estão em processo de

regularização, junto à FEEMA. Os esforços do setor responsável pela intermediação

concentram-se nos tratamentos dos resíduos sólidos e dos efluentes líquidos, bem

como, no consumo de água, que é o insumo principal do Instituto. É positiva a boa

estrutura de comunicação existente, fundamental para um programa de implantação

do SGA.

Um dos pontos que merece atenção criteriosa no desenvolvimento dos

trabalhos voltados para o SGA, é a localização de alguns prédios que estão fora do

Complexo Tecnológico e que funcionam como setores produtivos, e administrativos.

É o caso dos Pavilhões que produzem vacinas contra a febre amarela, sarampo,

poliomielite. Atualmente, o enfoque ambiental é diferenciado para estes prédios,

porque há uma mistura de atividades gerenciais administrativas e de produção,

onde, por exemplo, o tratamento dos despejos é processado na Estação de

Tratamento de Efluentes (ETE) do Campus, em local afastado e sob outra

administração. Neste mês de Julho foi identificado um movimento específico sobre

SGA, demonstrando já uma iniciativa de compromisso com a “causa”.

A Organização está em plena expansão industrial, com a já consolidada

implantação de um Centro de Produção de Antígenos Virais e do Laboratório de

Experimentação Animal, o andamento das obras do Centro Integrado de Protótipos,

Biofármacos e Reativos, a finalizada ampliação do Centro de Armazenamento de

Produtos Acabados e do Núcleo de Saúde do Trabalhador, a previsão iminente das

obras de ampliação e adequação do Departamento de Processamento Final e

Central de Tratamento de Águas, e o SGA sendo implantado, ou até mesmo em vias

de implantação / transição, vai dar um direcionamento planejado e coordenado a

muitas ações de contorno necessárias tecnicamente e, certamente, de efetivo

retorno financeiro.

A infra-estrutura para a implantação do todo moderno Centro Tecnológico

deve acompanhar a crescente demanda sendo necessária a avaliação técnica,

qualitativa e quantitativa, bem como, o estabelecimento da relação custo-benefício,

para intervenção na ETE, no sistema de abastecimento de água (insumo mais

importante na fabricação das vacinas), nos sistemas de drenagem pluvial e

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industrial, que hoje recebe, indevidamente, contribuição de condensado de vapor

saturado e águas residuárias aquecidas oriundas dos processos de lavagem.

Por ser uma instituição pública federal que contribui fortemente para o bom

desempenho da saúde pública nacional, referência indubitável do setor e de

reconhecimento mundial, a empresa é visitada com rigor pelos órgãos fiscalizadores.

Mas, talvez pelo modesto conhecimento técnico dos processos específicos, fogem

aos olhos da inspeção sanitária e da FEEMA, por exemplo, aspectos relacionados

aos ambientes sob risco biológico. Existe um equipamento para ativação de reações

biológicas, onde é utilizado brometo de cianogênio, descartado / exaurido na

atmosfera, em pouca quantidade, que merece atenção específica. Alguns rejeitos

devem ser inativados, antes de serem lançados na estação de tratamento de

efluentes e esta operação para ser segura deve ser controlada e monitorada. Enfim,

a referência em todos estes casos é a saúde e segurança do ser humano, o meio

ambiente fica num plano em que o pessoal da AESTM tem que se esforçar muito

para externar as necessidades e atuar com ações corretivas, porque em primeiro

está a garantia da qualidade do produto final.

Para a implantação de um SGA na empresa objeto do estudo os principais

itens associados ao meio ambiente que merecem uma atenção destacada são os

seguintes:

− Aproveitamento de águas de processo descartadas

− Aproveitamento de águas de chuva

− Exaustão de gases da capela de brometo de cianogênio

− Desinfecção de ambientes com utilização de formoldeído

− Desinfecção de ambientes com utilização de peróxido de hidrogênio

− Desinfecção de redes com ácido peracético

− Decapagem e passivação de redes com utilização de ácido fluorídrico

− Decapagem e passivação de redes com utilização de ácido clorídrico

− Exaustão de capelas químicas

− Operação na central de etanol

− Operação na central de inativação

− Lavagem / higienização diversas

− Rejeitos do refeitório / lançamento indevido

− Regenerações de deionizadores

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− Operação nas centrais de tratamento de água

− Operação na geração de vapor puro

− Operação na geração de vapor industrial

− Descarga dos geradores diesel de emergência

− Gerenciamento de obras

− Gerenciamento de resíduos em geral

− Estações de tratamento de efluentes líquidos

− Coleta e retorno de condensado de vapor saturado

A melhoria contínua está intrínseca no processo regido pela RDC-210, que

obriga as indústrias farmacêuticas, não sendo diferente para a empresa estudada, a

terem um Plano Mestre de Validação (PMV) ou um Manual da Qualidade para dar

suporte a todas as exigências legais do setor.

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CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Conclusões

A implantação de um SGA fica facilitada neste segmento porque já existe uma

ferramenta que pode ser adequada à execução. Trata-se das BPF, utilizada para

garantir a qualidade na produção e fornecer para a alta administração da instituição,

sistematicamente, informações que auxiliem nas decisões, envolvendo: Questões

legais e financeiras, melhorias contínuas, monitoramento dos aspectos ambientais,

apoio na determinação de eficiência nos processos, entre outros.

As estruturas gerenciais são semelhantes entre as empresas, porque elas

seguem os requisitos da ANVISA.

Poucas informações sobre as empresas do segmento, no que tange ao meio

ambiente, estão disponíveis na mídia ou em literatura específica, e a pesquisa

mostrou que um dos motivos deste fato é o empenho gerencial para atender aos

requisitos da ANVISA e como conseqüência a obtenção do alvará para comercializar

sua produção. Tendo tal diretriz como prioridade as empresas de médio porte não se

empenham em ter um SGA.

Um outro ponto a ser comentado é que qualquer empresa do segmento pode

adotar um plano de ação, que se baseie na utilização como apoio das diretrizes

impostas pela ANVISA, onde a gestão da qualidade é o foco principal. O processo

emprega a análise documental de forma semelhante ao que recomenda a NBR ISO

14001, caracterizando um avanço para a implantação de um SGA. Mas, para que o

resultado seja satisfatório é imprescindível que a alta administração esteja de total

acordo e seja responsável no processo.

No estudo de caso, a empresa tem um departamento de engenharia e

manutenção bastante atuante, entretanto isto não é comum no grupo das indústrias

farmacêuticas definidas na pesquisa. Quando há necessidade de serviços de

engenharia, ele é contratado, sejam reformas, ampliações ou modernizações.

Algumas são dotadas de um pequeno grupo de técnicos em manutenção para

atender às emergências.

Em geral, o pessoal da produção está focado na qualidade do produto e cabe

ao setor responsável pela saúde e segurança do trabalhador a preocupação e ações

para com as questões do meio ambiente. Um aspecto determinante, mas que é de

difícil convencimento para a alta administração, pois o custo-benefício não é aferido

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diretamente, é a manutenção de um grupo de técnicos responsáveis pelos projetos

ou uma equipe que tenha a competência de preservar a memória das instalações. A

identificação de alguns aspectos ambientais só é possível com a ajuda do pessoal

de produção. Não há uma estrutura fixa de mão-de-obra especializada.

Conclusivamente também se tem a evidência de aspectos ambientais que

precisam ser monitorados ou mitigados, e não o são por falta de conhecimento dos

processos em que são gerados ou devido à árdua tarefa de demonstrar-se a relação

custo-benefício (que depende de investimentos).

Nos sites da internet as empresas pesquisadas, em parte, dão visibilidade de

seus produtos à comunidade médico-científica, nada se atendo as questões

ambientais.

Considerado, entre as empresas pesquisadas, como o mais importante

insumo, a água é consumida em grandes proporções. No seu tratamento, geração e

distribuição ela é descartada, oriunda de retrolavagens dos componentes,

sanitizações, e na produção é utilizada em lavagens, envases, geração de vapor. A

preocupação dos gestores é grande quanto a este aspecto, entretanto as ações

mitigadoras ainda são sutis.

Recomendações

Como as empresas já absorvem os preceitos das BPF, recomenda-se a

utilização das ferramentas existentes e implantadas para dar suporte às ações de

implementação de um SGA. Por exemplo, dentro dos requisitos de BPF existe o

Plano Mestre de Validação (PMV) e o PGRSS, cuja metodologia pode coordenar as

ações para implantação do SGA. Deve ser adaptada toda a estrutura de

arquivamento e controle de documentos existente.

A razão de ser do SGA deve ser estabelecida pela alta administração das

empresas com uma visão integrada em relação aos objetivos das normas de

sistemas de gestão, a visão e o plano estratégico da empresa, a visão ambiental e a

visão de melhoria contínua.

Por força das questões da ANVISA, as empresas têm estruturas gerencial e

produtiva semelhantes, portanto, as referências de SGA já implantados, devem ser

adotadas num possível plano de ação para o mesmo fim.

A motivação para uma sinergia maior entre o pessoal da produção, da

engenharia e do meio ambiente faz-se necessária para propiciar uma rápida e

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consistente identificação de questões ambientais que necessitem de monitoramento

e controle.

Para implantação de um SGA, considerando que as empresas pesquisadas

não dispõem de equipe de engenharia fixa, recomenda-se a contratação de empresa

especializada, de comprovada reputação. Neste caso, os segmentos internos da

empresa darão sua contribuição à nova contratada (pessoa jurídica), de modo que

não sejam escamoteadas questões relevantes, sob pena de surgirem prejuízos

motivados por um mau planejamento. Também deve ser considerada a análise da

situação inicial existente levando em consideração as orientações das normas.

Como boa prática recomenda-se a realização da avaliação inicial por empresas ou

consultores com comprovada experiência nesta atividade. Deve ser considerada na

íntegra a contribuição do já implantado PGRSS. Como na indústria farmacêutica,

hoje, não se concebe falar de qualidade sem mencionar a questão ambiental,

percebe-se naturalmente o alinhamento entre as duas áreas.

Recomenda-se que, especificamente, em relação ao consumo de água seja

elaborado pela empresa um relatório consistente sobre as características

quantitativas e qualitativas dos descartes, de modo que sejam adotadas medidas

mitigadoras, independentes até da implantação de um SGA.

Pode-se constatar a necessidade de capacitação do pessoal de meio

ambiente, nas interfaces dos processos produtivos, de modo que possam atuar de

forma efetiva.

Finalmente, cabe registrar que as empresas do segmento devem intensificar

os esforços para a concretização das licenças de instalação e operação junto a

FEEMA, tratar adequadamente seus resíduos, conscientizar os colaboradores e

parceiros sobre a importância do SGA e estabelecer programas preliminares de

treinamento.

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REFERÊNCIAS

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BRASIL, Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ANVISA, Resolução RDC-210, Determina a todos os estabelecimentos fabricantes de medicamentos, o cumprimento das diretrizes estabelecidas no Regulamento Técnico das Boas Práticas para a Fabricação de Medicamentos, conforme ao Anexo I da presente Resolução, Brasília, DF, de 04 de agosto de 2003. BRASIL, Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ANVISA, Resolução RDC-306, Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, Brasília, DF, de 07 de dezembro de 2004. BRASIL, Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ANVISA, Institucional, História da Vigilância Sanitária no Brasil, FONTE: EDUARDO, Maria Bernadete de Paula e de MIRANDA, Isaura Cristina S. de Miranda (colaboradora). Saúde & Cidadania – Vigilância Sanitária. p. 3 Instituto para o Desenvolvimento da Saúde - IDS. Núcleo de Assistência Médico-Hospitalar - NAMH/FSP e Banco Itaú. São Paulo, 1998. Disponível em http://www.anvisa.gov.br/institucional/historia.htm / Acesso em 1 de fev. 2006. BRASIL, Ministério da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, FIOCRUZ, Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos, Bio-Manguinhos, Relatório de Atividades de 2005, Rio de Janeiro, 2005. CHIARELLO-EBNER, Kaylynn, A Indústria avança na direção da produção de API ambientalmente mais adequados, Pharmaceutical Technogy, São Paulo, 2006, vol. 10 / nº 1, p. 6-15. CONAMA, Resolução Nº 358, Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências, Brasília, DF, de 29 de abril de 2005. CORAZZA, Rosana Icassatti. Gestão Ambiental e Mudanças da Estrutura Organizacional. Fundação Getúlio Vargas – Escola de Administração de Empresas de São Paulo, 2003. DE LUCIA, Roberto; OLIVEIRA-FILHO, Ricardo Martins. Farmacologia Integrada. Rio de Janeiro: ed. Revinter, 2004. cap. 1, p. 3 a 5, cap. 2, p. 7 e 8, cap. 4, p. 29, cap. 5, p. 38 e 43. FARMACIA ON-LINE: O Universo Farmacêutico está aqui, Disponível em: http://www.portalfarmacia.com.br/farmacia/principal/conteudo.asp?id=272 / Acesso em 1 fev. 2006. FERNANDES, Tania Maria. Plantas Medicinais: Memória da Ciência no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2004. cap. Apresentação, p. 13. FEDERAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA – FEBRAFARMA, Disponível em: http://www.febrafarma.org.br/areas.php?area=ff&modulo=associados&secao=associados Acesso em 20 jul. 2005.

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Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP). Legislação Ambiental Brasileira para não Advogados. Rio de Janeiro, 2004. Curso. INSTITUTO VIRTUAL DE FÁRMACOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – IVFRJ, On Line, 13ª. Edição. Disponível em: http://www.ivfrj.ccsdecania.ufrj.br/ivfonline/edicao_005/rio_farmacos.html Acesso em 3 jul. 2005. LABORATÓRIOS ROCHE – Home Page. Disponível em: http://www.roche.com.br. Acesso em 15 jul. 2005. MACÊDO, Jorge Antonio Barros. As Indústrias Farmacêuticas e o SGA, Revista FÁRMACOS E MEDICAMENTOS, v.1, n.4, Mai/Jun de 2000, p.46-50. Disponível em http://www.aguaseaguas.ufjf.br / www.aguaseaguas.hpg.com.br Acesso em: 23 jul. 2005. PALMA, Mauri. Tratamento de Rejeitos Farmacêuticos e Fármaco-Químicos. In: PHARMA CONGRESS, apresentação, 2007, São Paulo. PAZZINATO, Alceu Luiz, SENISE, Maria Helena V. História Moderna e Contemporânea. Editora Ática S.A., São Paulo, 1995. PINTO, Mara. Relatório Setorial - Final. Setor (FINEP): FARMACÊUTICA - LAB NACIONAIS, 2004, disponível em: http://www.finep.gov.br/PortalDPP/relatorio_setorial_final/relatorio_setorial_final_impressao.asp?lst_setor=22/ Acesso em 1 fev. 2006. PINTO, Tânia R. F. Gonçalves. Direitos Humanos e Gestão Ambiental das Empresas no Brasil Contemporâneo. Monografia (Especialização em Direitos Humanos) - Fundação Universidade de Brasília e Fundação Escola Superior do Ministério Público do Distrito Federal, Brasília, 2002. POMPERMAYER, Cleonice Bastos. Estruturas Organizacionais e Sistemas de Gestão de Custos: Proposta de um Modelo Conceitual de Gestão de Custos para Estruturas Contemporâneas. Dissertação apresentada para obtenção de grau de mestre em Tecnologia, do Programa de Mestrado em Tecnologia do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, Curitiba, 2000. RIO DE JANEIRO, Governo do Estado, Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEA), Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA); História da FEEMA. Disponivel em http://www.feema.rj.gov.br/a-feema.asp?cat=5 / Acesso em 14 jul. 2005. RUELLA, Nildemar Corrêa. Cronograma e Estratégias de Implementação de Sistemas de Gestão Ambiental: 2004. In: 1º. SEMINÁRIO FIOCRUZ DE GESTÃO AMBIENTAL, 4, 2004, Rio de Janeiro. Oficina de Identificação e Avaliação: FIOCRUZ, 2004.

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RUELLA, Nildemar Corrêa; Lima, Gilson B. A.. Sistema de Gestão Integrada: proposta de guia para a indústria de refino de petróleo brasileira. Dissertação de mestrado. Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro. 2004. SARAIVA, Inês de Jesus, CORREIA, João Paulo C.T.N. Gestão Ambiental – Instalações e Serviços Industriais. FCTUC – Licenciatura em Engenharia Química, Portugal, 2002. SILVA, M. Rocha e. Fundamentos da Farmacologia: e suas aplicações à terapêutica. São Paulo: Ed. Edart, 1973, v. 1, 3ª. Ed., cap. Introdução e Histórico, p. 6, cap. 1, p. 19 a 21. Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado do Rio de Janeiro – SINFAR, Disponível em: http://hps.infolink.com.br/sinfar/ Acesso em 20 jul. 2005.

TOCCHETTO, Marta R. L., Indústrias adotam boas práticas ambientais, Controle de Contaminação, São Paulo, 2006, ano 8 / nº 89, p. 12-18. VIEIRA, Rafael, ROCHA, Rogério. Novos Rumos na Relação Economia – Meio Ambiente: A Consolidação de um Paradigma Sócio-Ambiental, 2002. ZUTSHI, Ambika, SOHAL, Amrik . A study of the Environmental Management System (EMS) Adoption Process within Australasian Organisations—2. Role of Stakeholders. Technovation p. 371-386, 2004. ZUTSHI, Ambika, SOHAL, Amrik . Environmental Management System Adoption by Australasian Organisations: Part 1: Reasons, Benefits and Impediments. Technovation p. 335-357, 2004. CENTRAL BRASILEIRA DE NOTÍCIAS (CBN), Estudo revela que o alto grau de informalidade no setor farmacêutico põe em risco a saúde da população. Entrevista com José Saraiva Felipe, ministro da Saúde, Dirceu Raposo de Melo, diretor-presidente da ANVISA, e Emerson Capaz, presidente do Instituto ÉTICO, Rio de Janeiro,15 de dezembro de 2005.

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APÊNDICES

APÊNDICE A – Questionário

Rio de Janeiro, 27 de junho de 2006 Ao Dept°. de Segurança do Trabalho e Meio Ambiente A/C.: Responsável pelo Meio Ambiente e Integração Social REF.: Pesquisa sobre SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) Prezados Senhores:

Sou Engenheiro, aluno do Curso de Mestrado em Engenharia Química (Meio

Ambiente / UERJ), sob orientação do prof. Marco A. Gaya, trabalho na FIOCRUZ e estou

realizando um trabalho sobre GESTÃO AMBIENTAL NAS INDÚSTRIAS DE FÁRMACOS

DO RJ. Este trabalho consiste, entre outros pontos, em uma pesquisa a ser realizada nas

indústrias fabricantes de medicamentos com o objetivo de:

Dar consistência a um tema de tese que considera a proposição de um

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL a partir da importância legal das regulamentações

ANVISA (RDC´s - 210, 306), em alguns casos, também dos dispositivos da Organização

Mundial de Saúde (OMS), bem como, a harmonia obrigatória com as legislações vigentes

nas esferas Municipal, Estadual e Federal (Ex.: CONAMA, IBAMA, FEEMA).

Diante do exposto, solicito a colaboração dos senhores em participar desta

pesquisa, respondendo ao questionário a seguir.

Para que a identidade das empresas seja mantida em sigilo, os nomes serão

substituídos por letras ou números.

Após a conclusão deste trabalho enviarei uma cópia para todos os colaboradores.

Atenciosamente, Carlos A. Bernardo Cardoso Tel: 21-3882-9417 e-mail: [email protected] [email protected]

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Pesquisa:

1. Qual o porte da empresa ?

( ) Pequena ( ) Média ( ) Grande

2. Tipo de produto fabricado ?

( ) Matéria-prima / ativos ( ) Medicamento humano ( ) Medicamento Veterinário

3. Possui quais Certificações ?

( ) ISO-9000 ( ) ISO-14000 ( ) BPF (RDC 210) ( ) Outras: ______________________________________________________________

4. Possui Plano de Coleta de Resíduos Sólidos (RDC-306) e certificado ?

( ) Sim ( ) Não

5. Tem certificado BPF (RDC-210)? ( ) Sim ( ) Não

6. Tem licença ambiental (LI´s / LO´s - FEEMA)? ( ) Sim ( ) Não

7. Em caso de “Sim”, para que tipo de prédio?

( ) Estação de Tratamento ( ) Prédio Industrial ( ) Outro:_______________________________________

8. Tem ETE ?

( ) Sim ( ) Não ( ) Terceirizada

9. Quais os principais aspectos ambientais? ( ) Poluição atmosférica ( ) Contaminação hídrica ( ) Contaminação terrestre ( ) Tratamento efluentes ( ) Reaproveitamento de águas ( ) Outro:_______________________________________

10. Tem Plano de Emergência Ambiental?

( ) Sim ( ) Não

11. Tem histórico de Impacto Ambiental? ( ) Sim ( ) Não

12. Tem risco de Impacto Ambiental? ( ) Sim ( ) Não

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13. Está situada próxima a comunidade carente?

( ) Sim ( ) Não

14. Interage com a comunidade vizinha (responsabilidade social)?

( ) Sim ( ) Não

15. Tem Plano de Transporte de Produtos e/ou matéria-prima? ( ) Sim ( ) Não

16. Tem risco ambiental no transporte de produtos e/ou matéria-prima?

( ) Sim ( ) Não

17. Tem área classificada (sala limpa) ?

( ) Sim ( ) Não 18. Qual produto utiliza para desinfecção desta área ?

( ) Formol ( ) Peróxido de hidrogênio ( ) Outro: _____________ 19. Tem Estação de Tratamento de Água PW ou WFI ?

( ) Sim ( ) Não 20. Aproveita a água descartada / rejeitada dos processos de purificação ?

( ) Sim ( ) Não 21. Tem geração de vapor industrial e puro ?

( ) Sim ( ) Não 22. Tem aproveitamento de condensado ?

( ) Sim ( ) Não 23. Tem sistema de captação de pós / lavador de gases ?

( ) Sim ( ) Não 24. Tem capela de exaustão ?

( ) Sim ( ) Não 25. Tem biotério ou trabalha com animais ?

( ) Sim ( ) Não 26. Qual o número de funcionários (estimado)?

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( ) Menor que 100 ( ) Menor que 500 ( ) Maior que 500 ( ) Outra: ______________________________________

27. Qual o faturamento anual (estimado)?

R$ 28. Tem auditoria ambiental?

( ) Sim ( ) Não ( ) Externa ( ) Interna

29. Gostaria de acrescentar algum comentário relevante?

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APÊNDICE B – Empresas Farmacêuticas do RJ

ITEM EMPRESAS FARMACÊUTICAS ENDEREÇO E CONTATO

1 ARROW FARMACÊUTICA S/A Rua Barão de Petrópolis 311 - Rio Comprido - RJ - 20251-061 Tel : (21) 3293-9541 / 2502-8080 Fax: 2273-6546; E-mail: [email protected]

2 BARRENNE INDÚSTRIA FARMACÊUTICA LTDA.

Rua Antunes Maciel 86 - São Cristóvão - RJ - 20940-010 Tel : 2589-8973 Fax: 2589-9817 E-mail: [email protected] - Site : www.barrenne.com.br

3 CASA GRANADO LABORATÓRIOS FARMÁCIAS E DROGARIAS S/A.

Rua do Senado 50 - Centro - RJ - 20231-000 Tel : 3231-6700 Fax: 2232-8669 E-mail: [email protected] - Site : www.granado.com.br

4 CELLOFARM LTDA. Rua Viúva Claudio 329 - Jacaré - RJ - 20970-030 Tel : 2501-3119 Fax: 3835-4512 E-mail: [email protected] - Site : www.cellofarm.com.br

5 CELLOPRESS EMBALAGENS INDUSTRIAIS LTDA.

Est. do Rio Grande, 3559 - Taquara - Jacarepaguá - RJ - 22723-000 Tel : 3432-5000 Fax: 3432-5002 E-mail: [email protected] - Site : www.cellopress.com.br

6 C.I.F. - COMPANHIA INDUSTRIAL FARMACÊUTICA

Rua Figueira de Melo 301 - São Cristóvão - RJ - 20941-000 Tel : 2589-9631 Fax: 2589-9237 E-mail: [email protected]

7 CIBRAN - CIA. BRASILEIRA DE ANTIBIÓTICOS

Rua da Quitanda 3 / 4º andar - Centro - RJ - 20011-030 Tel : 2220-5944 Fax: 2262-1538 E-mail: [email protected] - Site : www.cibran.com.br

8 DARROW LABORATÓRIOS S/A. Av. Luiz Carlos Prestes 350 loja D salas 116-120 - Barra Trade II - Barra Da Tijuca - RJ - 22775-056; Tel : 3523-8150 Fax : 2523-8334 E-mail: [email protected] - Site : www.darrow.com.br

9 DIFFUCAP-CHEMOBRÁS QUÍMICA FTCA. LTDA.

Rua Goiás 1232 - Quintino Bocaiúva - RJ - 21380-010 Tel : 2593-4223 Fax: 2289-7197 E-mail: [email protected]

10 DR. RENATO DE FARIA LABORATÓRIO COM. DISTRIBUIÇÃO.

Rua São José 70 SL - Centro - RJ - 20010-020 Tel : 2533-4131 Fax: 2533-7901

11 LABORATÓRIO DE EXTRATOS ALERGÊNICOS LTDA.

Av. Rio Branco 277 - Gr. 1101 - Centro - 20040-009 - RJ. Tel : 2220-4763 Fax: 2262-9725 E-mail: [email protected]

12 FARMABRÁZ BETA ATALAIA FARMACÊUTICA LTDA.

Rua Comendador João C. de Almeida 36 - Eng.de Dentro - RJ - 20770-000; Tel : 2597-2045 Fax: 2269-2095; E-mail: [email protected]

13 FARMOQUÍMICA S/A. Av. Luiz Carlos Prestes 410 - Gp.208 - Barra da Tijuca - 208 - 22775-030; Tel : 2430-9609 Fax: 2430-9527; E-mail: [email protected]; Site: www.farmoquimica.com.br

14 FRESENIUS MEDICAL CARE LTDA. Rua do Carmo 8 - 4°andar - Centro - RJ - 20011-020 Tel: 2131-2400 Fax: 2131-2426 E-mail: [email protected] - [email protected]

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15 FUNDAÇÃO ATAULFO DE PAIVA Av. Pedro II 260 - São Cristóvão - RJ - 20941-070 Tel : 2589-8934 Fax: 2589-8934; E-mail: [email protected]

16 GLAXOSMITHKLINE BRASIL LTDA. Estrada dos Bandeirantes 8464 - Jacarepaguá - RJ - 22783-110 Tel : 2444-6050 Fax: 2444-6010 E-mail: [email protected]

17 GUERBET PRODUTOS RADIOLÓGICOS LTDA.

Rua André Rocha 3000 - Jacarepaguá - RJ - 22710-561 Tel : 2445-6686 Fax: 3342-1611 E-mail: [email protected]

18 H. B. FARMA LABORATÓRIOS LTDA. Av. Eugênio Borges 1060 - Arsenal - Niterói - RJ - 24751-000 Tel : 2701-5050 Fax: 2701-0202 E-mail: [email protected]

19 HEMAFARMA COM. IND. FARMACÊUTICA LTDA.

Rua Manoel Bandeira 240 - Tribobó - São Gonçalo - RJ - 24755-210 Tel : 2701-2489 Fax: 2601-3292 E-mail: [email protected] - www.hemafarma.com.br

20 IMMUNO PRODUTOS BIOLÓGICOS E QUÍMICOS LTDA.

Rua Adolfo Lutz 82 - Gávea - RJ - 22451-120 Tel : 2512-9882 Fax: 2259-7149 E-mail: [email protected]

21 INDÚSTRIA QUÍMICA E FARMACÊUTICA SCHERING PLOUGH LTDA.

Estrada dos Bandeirantes 3091 - Jacarepaguá - RJ - 22775-111 Tel : 2444-3000 Fax: 3342-7157 E-mail: [email protected] - Site : www.splough.com.br

22 INFABRA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA BRASILEIRA LTDA.

Av. das Américas 8445 S/803 ou 810 - Barra da Tijuca - RJ - 22793-080; Tel : 2487-6305 Fax: 2429-5149 E-mail: [email protected] - Site : www.infabra.com.br

23 I.Q.B. - INSTITUTO DE QUÍMICA E BIOLOGIA S/A.

Rua A nº 20 - N.S.Fátima - Caramujo - Niterói - RJ - 24140-210 Tel : 2717-6767 Fax: 2625-1702 E-mail: [email protected] - Site : www.iqb.com.br

24 INSTITUTO BIOCHÍMICO LTDA. Rod. Pres. Dutra Km-310 - Penedo - RJ - 27580-000 Tel : (0**24) 3355-9300 E-mail: [email protected] - Site : www.biochimico.ind.br

25 ÍTACA LABORATÓRIOS LTDA. Rua das Oficinas 188 - Eng. Dentro - RJ - 20770-010 Tel : 2597-7011; E-mail: [email protected]

26 KOPKINS DO BRASIL INDUSTRIAL LTDA.

Rua Borja Reis 279 Fundos - Eng. Dentro - RJ - 20745-100 Tel : 2289-1442; E-mail: [email protected]

27 LABORATÓRIO HANEMANIANA VÉRITAS LTDA.

Rua Barbosa 48 - Cascadura - RJ - 21350-020 Tel : 2597-1350 Fax: 2593-4498; E-mail: [email protected]

28 LABORATÓRIO MUSA RODOLPHO JORDANO LTDA.

Rua Pedra Dourada 110 - Jacarepaguá - RJ - 22780-082 Tel : 2441-3000 Fax: 2441-2174 E-mail: [email protected] - Site : www.labmusa.com.br

29 LABORATÓRIO BRAVET LTDA. Rua Visconde de Santa Cruz 276 - Eng. Novo - RJ - 20950-340 Tel : 2501-5858 Fax: 2581-0203 E-mail: [email protected] - Site : www.bravet.com.br

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30 LABORATÓRIO CANONNE LTDA. Av. Canal do Anil 1263 - Jacarepaguá - RJ - 22765-430 Tel : 2445-4666; E-mail: [email protected]

31 LABORATÓRIO DAUDT OLIVEIRA S/A. Rua Simões da Mota 57 - Turiaçu - RJ - 21540-100 Tel : 2450-2878 / 2439-9253 Fax: 3390-7905; E-mail: [email protected]

32 LABORATÓRIO GROSS S/A. Rua Padre Idelfonso Penalba 389 - Todos os Santos - RJ - 20775-020 Tel : 2597-3112 Fax: 2597-3112 E-mail: [email protected] - Site : www.gross.com.br

33 LABORATÓRIO SIMÕES LTDA. Rua Pereira de Almeida 102 - Praça da Bandeira - RJ - 20260-100 Tel : 2502-7000 E-mail: [email protected] - Site : www.labsimoes.com.br

34 LABORATÓRIOS B. BRAUN S/A. Av. Eugênio Borges 1092 - Arsenal - São Gonçalo - RJ - 24751-000 Tel : 2602-3204 Fax: 2602-3189 E-mail: [email protected] - Site : www.bbraun.com.br

35 LABORATÓRIOS BAGÓ LTDA. Av. das Americas, 4200 / bl. 04 / Sl.506 - Barra da Tijuca - Rio de Janeiro - RJ - 20640-102; Tel : 3150-2659 Fax: 3150-2659 E-mail: [email protected] - Site : www.bago.com.br

36 LABORATÓRIO BRASILEIRO DE BIOLOGIA LTDA.

Rua da Perseverança 20 - Riachuelo - RJ - 20961-030 Tel : 2501-9783 Fax: 2281-6598; E-mail: [email protected]

37 LABORATÓRIOS GOULART S/A. Rua Aguapé 56 - Parada de Lucas - RJ - 21010-080 Tel : 2485-1960; E-mail: [email protected]

38 LABORATÓRIOS PRIMÁ LTDA. Rua Juparanã 62 - Andaraí - RJ - 20510-040 Tel : 2572-3855 E-mail: [email protected] - Site : www.primalab.com.br

39 LABORIS FARMACÊUTICA LTDA. Rua das Oficinas, 188 - Engenho de Dentro - RJ - 20770-010 Tel.: 2599-6250 Fax.: 2269-3203 E-mail: [email protected] - Site: www.laborisfarma.com

40 LUNDBECK BRASIL LTDA. Rua Lauro Müller 116 - 22º andar - Botafogo - RJ - 22290-160 Tel : 3873-3000 Fax: 2543-0397 E-mail: [email protected] - www.lundbeck.com.br

41 MAKROFARMA QUÍMICA E FARMACÊUTICA LTDA.

Rua Aristides Lobo 175 Lj. - Rio Comprido - RJ - 20250-450 Tel : 2502-7333 Fax: 2273-1693; E-mail: [email protected] - Site : www.makrofarma.com.br

42 MAYNE PHARMA DO BRASIL LTDA. Av. Guilherme de Almeida 70 - Recreio dos Bandeirantes - RJ - 22790-100; Tel : 2437-6195 Fax: 3326-3652; E-mail: [email protected] - Site : www.maynepharma.com

43 MAPPEL RIO INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA.

Rua Gravataí 16/20/24 - Jacaré - RJ - 20975-030 Tel : 2501-8752 Fax: 2581-2895 E-mail: [email protected] - Site : www.mappel.com.br

44 MARCOS PEDRÍLSON PRODUTOS HOSPITALARES LTDA.

Av. Ataulfo de Paiva 341 sala 208 - Leblon - RJ - 22440-030 Tel : 3205-7036 Fax: 2529-2883 E-mail: [email protected] - [email protected]

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45 MEPHA - INVEST. DESENV. FABR. FARM. LTDA.

Estrada dos Bandeirantes 4015 - Jacarepaguá - RJ - 22775-112 Tel : 2445-2274 Fax: 2445-1032; E-mail: [email protected] - Site : www.mephabrasil.com.br

46 MERCK S/A. Estrada dos Bandeirantes 1099 - Jacarepaguá - RJ - 22710-571 Tel : 2444-2000 Fax: 2445-2263 E-mail: [email protected] - Site : www.merck.com.br

47 MICROBIOLÓGICA QUÍM. FTCA. LTDA. Rua Dr. Nicanor 238 - Inhaúma - RJ - 20765-120 Tel : 3899-0493 Fax: 2591-4399 E-mail: [email protected]

48 MILLER INDUSTRIAL FARMACÊUTICA LTDA.

Rua Magalhães Castro 180 - Riachuelo - RJ - 20961-020 Tel : 2501-7509 Fax: 2241-0949; E-mail: [email protected]

49 PRODUTOS FARMACÊUTICOS MILLET ROUX LTDA.

Praia de Botafogo 440 - 25º andar - RJ - 22250-040 Tel : 2539-0608 Fax: 2286-4644; E-mail: [email protected]

50 PRODUTOS ROCHE QUÍMICOS E FARMACÊUTICOS S/A.

Estrada dos Bandeirantes 2020 - Jacarepaguá - RJ - 22710-104 Tel : 3348-2100 Fax: 3342-5093 E-mail: [email protected] - Site : www.roche.com

51 QUÍMICA E FARMACÊUTICA NIKKHO DO BRASIL LTDA.

Rua Jaime Perdigão 431/445 - Ilha do Governador - RJ - 21920-420 Tel : 3393-4266 Fax: 3393-1343; E-mail: [email protected]

52 S.S.WHITE ARTIGOS DENTÁRIOS LTDA. Rua Senador Alencar 160 - São Cristóvão - RJ - 20921-430 Tel : 2580-9323 Fax: 2580-4237 E-mail: [email protected] - Site : www.sswhite.com.br

53 SANOFI / AVENTIS LTDA. Av. Brasil 22155 - Guadalupe - RJ - 21670-000; Tel : 2450-8300 Fax: 2450-1148; E-mail: [email protected] - Site : www.sanofi-synthelabo.com

54 LABORATÓRIOS SERVIER DO BRASIL LTDA.

Estrada dos Bandeirantes 4211 - Curicica - RJ - 22775-113 Tel : 2142-1414 Fax: 2142-1414 E-mail: [email protected] - www.servier.com.br

55 SILVESTRE LABS. QUIM. & FARM. LTDA. Av. 24, s/n - Cidade Universitária - Ilha do Fundão - 21941-590 - Rio de Janeiro – RJ; Tel : 2560-0830 Fax: 2260-7161; E-mail: [email protected] - Site: www.silvestrelabs.com.br

56 SOCIEDADE FTCA. HENFER LTDA. Rua Pesqueira 68 - Bonsucesso - 21041-150 - Rio de Janeiro - RJ. Tel : 5290-0003 Fax: 5264-8491; E-mail: [email protected]

57 SOLUFARMA IND. COM. IMP. REPRES. LTDA.

Estrada do Campinho 6955 - Campo Grande - RJ - 23066-540 Tel : 2413-6502 Fax: 2413-6502; E-mail: [email protected]

58 TORRENT DO BRASIL LTDA. Rua Fausto Barreto 20 - Pedregulho - RJ - 20910-020 Tel : 3860-5650 Fax: 3860-7992 E-mail: [email protected] - Site : www.torrent.com.br

59 VAROS INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE PRODUTOS FARMS. LTDA.

Rua Viúva Lacerda 203 - Humaitá - RJ - 22261-050 Tel : 2286-4149 Fax: 2286-4093; E-mail: [email protected]

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60 IVB – INSTITUTO VITAL BRAZIL Rua Vital Brazil Filho nº. 64 – Santa Rosa – Niterói – Rio de Janeiro. Tel.: (21) 2711-3131 – E-Mail: [email protected]

61 DENTSPLY INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA.

Rua Alice Hervê – nº. 86 – Petrópolis – Rio de Janeiro – Tel.: (24) 2233-1812.

62 ABBOTT / KNOLL Estrada dos Bandeirantes, nº.

63 ACHÉ LABORATÓRIOS FARMACÊUTICOS S/A

Segundo Luiz Alberto da ENGENEWS, no RJ é somente um depósito, na Estrada dos Bandeirantes, em Jacarepaguá, próximo ao Supermercado MUNDIAL.

64 PRODUTOS VETERINÁRIOS MANGUINHOS

Rua Licínio Cardoso – nº. – Triagem – Rio de Janeiro – Tel.: (21) 3860-6120.

65 FORLAB Rua da Lapa, 180 - 4º andar - Cep: 20021-180 - Rio de Janeiro - RJ – Brasil - Tel.: (21) 2232-0038 • Fax.: (21) 2221-4052 e-mail: [email protected]

66 PFIZER Av. Luis Carlos Prestes, 410 - Sala 207 - Barra da Tijuca - Rio de Janeiro – RJ - Cep: 22775-055 - Fone: (21) 3328-4196 /4206 /4208 4562 /4563 - Fax: (21) 2104-9556

67 FIOCRUZ / BIO-MANGUINHOS Av. Brasil – nº. 4365 – Manguinhos – Rio de Janeiro – Tel.: (21) 3882-9417 – E-Mail: www.bio.fiocruz.br

68 FIOCRUZ / FAR-MANGUINHOS – Instituto de Tecnologia em Fármacos

Rua Sizenando Nabuco – nº. 100 – Manguinhos – e Av. Comandante Guaranys – nº. 447 – Jacarepaguá – Rio de Janeiro – Tel.: (21) 3348-5080 / 3348-5081 – Home Page: www.far.fiocruz.br

69 LFM - LABORATÓRIO FARMACÊUTICO DA MARINHA

Av. Suburbana – nº. 315 – Benfica – Rio de Janeiro – Tel.: (21) 3860-7013 – E-Mail: [email protected]

70 FQFE - LABORATÓRIO QUÍMICO FARMACÊUTICO DO EXÉRCITO

Rua Licínio Cardoso – nº. 96 – Triagem – Rio de Janeiro – Tel.: (21) 2501-1087 – E-Mail: [email protected]

71 LAQFA - LABORATÓRIO QUÍMICO FARMACÊUTICO DA AERONÁUTICA

Estrada do Galeão s/ nº. – Ilha do Governador – Rio de Janeiro – Tel.: (21) 2462-0740 – E-Mail: [email protected]

72 EUROFARMA Rua Viúva Claudio, 150 - Jacaré - Rio de Janeiro-RJ - Cep: 20973-000 Fone: 55 (21) 2501-4712 - Fax: 55 (21) 2501-4234

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