Upload
others
View
4
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico
Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes
Stela Lina Magalhães Bergiante Ferreira
A importância do Diário de Bordo na formação docente: uma
experiência no projeto PIBID de Nova Friburgo, RJ
Nova Friburgo
2016
Stela Lina Magalhães Bergiante Ferreira
A importância do Diário de Bordo na formação docente: uma experiência no
projeto PIBID de Nova Friburgo, RJ
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado pelo Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas à Distância do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Orientadora: Profª. Dra. Fátima Kzam Damaceno Lacerda
Rio de Janeiro
2016
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ/REDE SIRIUS/CBA
Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta
monografia, desde que citada a fonte.
__________________________________ ____________________________
Assinatura Data
A ficha catalográfica deve ser preparada pela equipe da Biblioteca e
ficará pronta em quatro dias úteis. Não deve ser contada para fins de
paginação.
Será elaborada após a normalização do trabalho acadêmico.
O aluno deverá avisar o bibliotecário caso haja alguma correção,
alteração de título ou paginação a fazer.
Na versão impressa, deverá constar no verso da folha de rosto.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao Colégio Municipal Odette Penna
Muniz por ter sido a base da realização desta pesquisa e a
todos os profissionais da área da educação, desejando
que possam se inspirar e buscar sempre por além de
ensinar, também aprender.
AGRADECIMENTOS
Ao Ser maior e repleto de luz que me possibilitou acreditar que seria capaz
desta conquista.
Agradeço por não ter perdido a fé em mim mesma e ter persistido até o fim.
Aos meus pais, José Zumair, Lilia e a meus irmãos Liliane e Rodolpho.
Ao meu marido Bruno, pelo suporte, incentivo e compreensão
incondicionalmente oferecidos no decorrer da minha formação acadêmica, não
deixando que eu me desviasse deste caminho.
À Universidade do Estado do Rio de Janeiro e ao Consórcio CEDERJ, pela
oportunidade de realizar o Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas em Nova
Friburgo, com qualidade e apoio aos estudantes.
A todos os tutores e demais funcionários do Polo CEDERJ de Nova Friburgo,
pela dedicação, seriedade, compromisso e competência.
Aos meus queridos companheiros do estágio de iniciação à docência, Jessye,
Leila, Lucas e Nathália por toda compreensão, apoio e incentivo em todos os
momentos de desenvolvimento deste trabalho.
Ao meu supervisor Mauro Pereira Estelita Júnior por todos os ensinamentos e
incentivos.
Aos meus amigos por serem tão especiais em minha vida e me apoiarem em
todos os momentos.
À direção e equipe do Colégio Municipal Odette Penna Muniz por ter me
acolhido durante o estágio de iniciação à docência.
A pesquisadora da PESAGRO-RIO Maria Fernanda Fonseca por todo auxílio
e ensinamentos, mesmo não fazendo parte deste trabalho.
Minha eterna gratidão a minha orientadora Fátima Kzam, por toda paciência,
ensinamentos, carinho, dedicação, apoio, atenção e eficiência, não apenas durante
a orientação deste trabalho, mas em todo o período de realização do estágio de
iniciação à docência.
Ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho
caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar.
Paulo Freire
RESUMO
FERREIRA, Stela Lina Magalhães Bergiante Ferreira, A importância do Diário de Bordo na formação docente: uma experiência no projeto PIBID de Nova Friburgo, RJ, 2016 Monografia de Licenciatura. Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016
Na constante busca pela qualidade na formação docente, o Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) tem se mostrado de extrema
importância por antecipar o vínculo do futuro professor com a realidade escolar e, ao
mesmo tempo, possibilitar a aproximação entre teoria e prática, contribuindo para a
construção do perfil profissional do licenciando. O presente trabalho se propõe a
discutir sobre a importância do diário de bordo como caminho investigativo para se
pensar a escola e a formação docente, a partir do que é vivenciado no cotidiano
escolar, durante o estágio de graduandos de licenciatura inseridos no PIBID no
município de Nova Friburgo/RJ. Este trabalho utiliza os registros dos diários de
bordo que vêm sendo elaborados, desde março de 2014, no Colégio Municipal
Odette Penna Muniz, durante o estágio de iniciação à docência, como fonte para
pesquisa (auto)biográfica. Foram analisadas as observações de aulas, os encontros
de estudo, planejamento, reuniões e atividades formais e informais realizadas na
escola, a fim de sistematizar e refletir sobre a prática docente cotidiana de
professores em formação. O hábito de desenvolver a escrita nos diários de bordo
pôde ajudar a formalizar e organizar o pensamento, a aprendizagem, a
sistematização e a autoavaliação da prática docente desenvolvida, a partir das
experiências vivenciadas no ambiente escolar. Ao reler o relato das atividades
desenvolvidas em sala de aula, se tornou mais fácil identificar possíveis problemas e
refletir sobre eles buscando o seu aperfeiçoamento. Sendo assim, a escrita nos
diários de bordo funcionou como uma bússola, orientando sobre qual rumo tomar
nas próximas atividades a serem desenvolvidas a partir das experiências
registradas. A utilização do diário de bordo contribui para a formação do professor-
pesquisador, possibilitando que este pesquise sobre a sua própria prática docente.
Ao buscar os seus registros para reflexão, o futuro docente é estimulado a
desenvolver uma aprendizagem significativa que permite a exploração do
pensamento crítico e reflexivo.
Palavras-chave: Pesquisa autobiográfica, Iniciação à Docência, Professor
pesquisador, Cotidiano escolar.
ABSTRACT
FERREIRA, Stela Lina Magalhães Bergiante Ferreira, The importance of the Logbook in teacher education: an experience in the PIBID project of Nova Friburgo, RJ, 2016. Monograph de Graduation. Roberto Alcantara Gomes Institute of Biology, Rio de Janeiro State University, Rio de Janeiro, 2016
In the constant search for quality in teacher education, the Institutional
Scholarship Program Introduction to Teaching (PIBID) has proven extremely
important to anticipate the bond of the future teacher with the school reality and at
the same time enabling the approximation between theory and practice, contributing
to the construction of the professional profile of licensing. This paper aims to discuss
the importance of the logbook as an investigative way to think about school and
teacher training, from what is experienced in everyday school life during the
undergraduate undergraduate stage inserted in PIBID in the municipality of Nova
Friburgo / RJ. This work uses the records of logbooks that have been developed
since March 2014, the Municipal College Odette Penna Muniz, during the stage of
initiation into teaching as a source for research (auto) biographical. The class
observations were analyzed, the study meetings, planning meetings and formal and
informal activities in school in order to systematize and reflect on the daily teaching
practice of teachers in training. The habit of developing writing in logbooks could help
formalize and organize thinking, learning, systematic and self-assessment of
teaching practice developed from the experiences of the school environment.
Rereading the report of the activities developed in the classroom, it became easier to
identify potential problems and reflect on them looking for its improvement. Thus,
writing in logbooks worked as a compass, guiding on which direction to take in the
next activities to be developed from the recorded experiences. Using the logbook
contributes to the formation of the teacher-researcher, enabling it to search on their
own teaching practice. When searching their records to reflect the future teacher is
encouraged to develop a meaningful learning that allows the exploration of critical
and reflective thinking.
Keywords: Autobiographical research, Initiation to Teaching, Researcher professor,
School daily.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1- Apresentação do trabalho “A verdade sobre o mundo das drogas”, paras
as turmas de oitavo e nono ano no Colégio OPM com a participação do Dr. Salomão
Bernstein, diretor técnico do Instituto Girasol de tratamento para dependentes
químicos. ................................................................................................................... 32
Figura 2 - Jogos cooperativos realizados na quadra esportiva do colégio OPM com a
turma 804. ................................................................................................................. 51
Figura 3 - Grupo PIBID/OPM. Stela Lina (biologia), Nathália (pedagogia), Lucas
(geografia), Mauro (professor-supervisor, educação física), Jessye (biologia) e Leila
(biologia). .................................................................................................................. 55
Figura 4 - Atividade "A teia" realizada na quadra esportiva do colégio OPM, com a
turma 703 em comemoração ao dia do Planeta Terra. ............................................. 59
Figura 5 - Atividade 'Abacate-abacaxi' realizada com na quadra esportiva do colégio
OPM com a turma 801... ........................................................................................... 62
Figura 6 - Aferição de pressão e verificação da taxa de glicemia dos alunos da EJA
no Evento “Noite da Saúde na escola” realizado em parceria com o Projeto
Humanitária, no pátio do colégio OPM.. .................................................................... 64
Figura 7 - Apresentação do meu pôster "A importância do 'Diário de Bordo' na
formação docente" na III ETARSERRA 2015. .......................................................... 69
Figura 8 - Apresentação oral do meu trabalha "A importância do 'Diário de Bordo' na
formação docente" na III ETARSERRA 2015. . ......................................................... 70
Figura 9 - Apresentação do pôster “A inserção do Projeto PIBID no colégio Municipal
Odette Penna Muniz: trazendo uma nova perspectiva sobre educação em ciências,
saúde e esporte” pelo bolsista Lucas na IV ETARSERRA 2016. ............................. 71
Figura 10 - Apresentação do meu pôster “A importância do diário de bordo na
formação docente: uma experiência no Projeto PIBID” na IV ETARSERRA 2016....71
Figura 11 - Apresentação pôster do grupo PIBID/OPM no evento USM 2015 sobre o
trabalho “A experiência interdisciplinar de educação em ciências, meio ambiente e
saúde no Colégio Municipal Odette Penna Muniz em Nova Friburgo, RJ”. ............... 72
Quadro 1 - Trabalhos desenvolvidos no OPM de março de 2014 a setembro de 2016
pelos bolsistas PIBID na área de educação em ciências, meio ambiente saúde ...... 74
LISTA DE SIGLAS
CAPES - Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal
CEDERJ - Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro
CEFET - Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca
MEC - Ministério da Educação
EJA - Educação de Jovens e Adultos
ETARSERRA - Exposição de Trabalhos Acadêmicos da Região Serrana
OPM - Colégio Municipal Odette Penna Muniz
PIBID - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência
UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro
UFF - Universidade Federal Fluminense
UENF - Universidade Estadual do Norte Fluminense
USM - UERJ Sem Muros
PVS - Pré Vestibular Social
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 18
1 O QUE É UM DIÁRIO DE BORDO? ...................................................................... 22
1.1 A história do diário de bordo ........................................................................... 22
1.2 O diário de bordo na formação docente .......................................................... 26
1.3 O uso do diário de bordo como potencializador da formação do professor-
pesquisador ............................................................................................................. 35
2 O PROJETO PIBID INTERDISCIPLINAR DE NOVA FRIBURGO, RJ ................. 42
3 A EXPERIÊNCIA DA INICIAÇÃO DOCENTE NO COLÉGIO MUNCIPAL ODETTE
PENNA MUNIZ ......................................................................................................... 55
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 77
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 80
APÊNDICE A – Pôster 2014 intitulado "A vivência da prática docente de estudantes
dos Cursos de Licenciatura UERJ nas turmas do ensino fundamental através do
Projeto PIBID-CAPES" .............................................................................................. 89
APÊNDICE B – Pôster 2015 intitulado “A experiência interdisciplinar de educação
em ciências, meio ambiente e saúde no Colégio Municipal Odette Penna Muniz em
Nova Friburgo, RJ” .................................................................................................... 90
APÊNDICE C – Pôster 2015 intitulado “A importância do Diário de Bordo na
formação docente” .................................................................................................... 91
APÊNDICE D – Pôster 2016 intitulado “A inserção do Projeto PIBID no colégio
Municipal Odette Penna Muniz: trazendo uma nova perspectiva sobre educação em
ciências, saúde e esporte”......................................................................................... 92
APÊNDICE E – Pôster 2016 intitulado “A importância do diário de bordo na
formação docente: uma experiência no Projeto PIBID” ............................................. 93
ANEXO A – Menção honrosa conferida ao trabalho “A experiência interdisciplinar de
educação em ciências, meio ambiente e saúde no Colégio Municipal Odette Penna
Muniz em Nova Friburgo, RJ” ................................................................................... 94
ANEXO B – Menção honrosa conferida ao trabalho “A importância do Diário de
Bordo na formação docente” .................................................................................... 95
18
INTRODUÇÃO
Visando a construção do saber, agir e pensar de modo crítico, aliado à
reflexão da prática docente diária dos professores na formação, juntamente com a
necessidade de desenvolver um ensino mais reflexivo que promova e agregue
valores éticos e sociais à formação dos cidadãos, este trabalho teve como objeto de
pesquisa os diários de bordo desenvolvidos durante o estágio no Subprojeto
Interdisciplinar da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) no Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) em uma escola municipal de
Nova Friburgo, RJ. O principal objetivo foi discutir sobre a importância do diário de
bordo como caminho investigativo para se pensar a escola e a formação docente, a
partir do que é vivenciado no cotidiano escolar, durante o estágio de graduandos de
licenciatura inseridos no PIBID no município de Nova Friburgo/RJ. Este trabalho teve
como metodologia a revisão dos registros dos meus diários de bordo elaborados, de
março de 2014 a setembro de 2016, no Colégio Municipal Odette Penna Muniz
(OPM), durante o estágio de iniciação à docência, como fonte para pesquisa
(auto)biográfica. As discussões de alguns pesquisadores da área como El Hammouti
2002; Alves (2001); Bertoni (2004); Zabalza (1994); Canete, (2010); Pórlan e
Martin(2004); Furter (1987); Schon, (1992); Demo (1196, 1997, 2004); Dewey,
(1959) e Freire, (1980, 1996, 2001) compõem a fundamentação e o embasamento
teóricos desta pesquisa. Busquei relacionar os diários de bordo aos níveis de
reflexão apresentados por esses teóricos. Procurei compreender e analisar a
importância de relatar tudo o que é vivenciado no ambiente de estágio nos diários de
bordo e relacionar a escrita dos mesmos à reflexão da prática docente e o
desenvolvimento do pensamento crítico.
O objeto de estudo surgiu a partir da minha dedicação e escrita espontânea
dos diários de bordo no ambiente escolar, motivado pela coordenadora do Projeto
PIBID. Sempre fui muito observadora em meus estágios obrigatórios, estava no
início do Projeto e era o meu primeiro contato com a escola, anotava tudo o que
observava, escutava e acontecia durante o período em que me encontrava na
escola. Com o passar do tempo fui aprimorando a minha escrita e me tornando mais
19
analítica e reflexiva. Desde então, carrego comigo o hábito de relatar os passos na
minha formação profissional.
Quando iniciei a utilização do diário de bordo não reconhecia ou compreendia
a sua importância, sendo minhas primeiras escritas marcadas pela visão
simplificada, pouco descritiva e reflexiva sobre a realidade escolar. Mas à medida
que ele foi sendo construído diariamente, adquiri aptidão pela escrita analítica e
observação do ambiente em que estava inserida, começando, assim, a desenvolver
um processo de reflexão. Quero ressaltar aqui a utilização do diário de bordo como
um meio de facilitar os processos reflexivos e não a sua utilização como um método
ou instrumento.
Este trabalho está organizado em três capítulos, além desta introdução. No
primeiro capítulo discuti o surgimento do termo diário de bordo e sua importância
para grandes descobertas no período das navegações, a sua relação com a
literatura e como foi trazido à educação. Busquei alguns autores que discorrem
sobre o uso do diário de bordo como El Hammouti (2002), Alves (2001), Bertoni
(2004), Zabalza (1994, 2004) para que fosse possível ter um panorama da visão de
outros autores. Discuti a relação do uso do diário de bordo no período de estágio
com o aprimoramento do ato reflexivo e o desenvolvimento do pensar criticamente
para a construção de uma docência engajada com um ensino de qualidade. Reiterei
a necessidade de uma formação docente centrada em atos reflexivos numa
abordagem didática mais crítica e a importância do uso dos diários de bordo para
reflexão enquanto presente no ambiente de estágio. Propus-me a compreender os
conceitos de reflexão e pensamento crítico e a relevância da posterior consulta e
análise de atividades registradas, que poderão ser realizadas novamente,
mantendo-as ou aprimorando-as, de acordo com os relatos de erros e acertos.
Apresentei que, unidos aos diários de bordo, também se encontram os portfólios,
que se caracterizam como uma metodologia importante para a compilação e
avaliação dos trabalhos realizados no decorrer do ano letivo, demonstrando que os
diários de bordo são excelentes apoios à memória. Então, o capítulo é finalizado
abordando a influência do uso do diário de bordo para a formação do professor
pesquisador e da relevância da união entre pesquisa e educação.
20
No segundo capítulo, apresentei o que é o Projeto PIBID, destacando sua
principal função e objetivos, dando ênfase para o Subprojeto Interdisciplinar da
UERJ em Nova Friburgo, RJ. Tendo como enfoque a Educação em Ciências,
Ambiental e Saúde, o Subprojeto almeja promover a sensibilização da comunidade
escolar frente aos problemas que afligem a população. Sendo o PIBID um projeto de
referência em capacitação de qualidade dos educadores em formação, discuti a
importância da inserção dos graduandos no ambiente escolar em estágios que
tenham uma participação intensa dos estagiários, para o desenvolvimento de
metodologias e práticas que visem à construção do saber didático, e a experiência
para a superação das dificuldades que surgirão no cotidiano escolar. Destaquei a
contribuição do Projeto PIBID para a articulação entre teoria e prática e para a união
das Secretarias de Educação Municipais e Estaduais com a Universidade, buscando
a superação da defasagem profissional no sistema de ensino brasileiro. Abordei
também, neste capítulo, as contribuições do uso dos diários de bordo para os
estudantes que estão inseridos no Programa PIBID, estabelecendo o processo de
autoformação, avaliação da aprendizagem e o desenvolvimento da prática reflexiva
a partir dos relatos. Ficou evidenciado neste capítulo que os futuros professores são
capazes de estabelecer um olhar mais crítico sobre a realidade da maioria dos
alunos de escola pública, se tornando mais sensíveis para as questões que estão
voltadas aos alunos, quando estão inseridos no espaço escolar. Finalizei o capítulo
ressaltando o caráter interdisciplinar dos trabalhos que são realizados com as
turmas e a fundamental relevância da contextualização para a melhoria da educação
brasileira, destacando que as atividades realizadas, vão além de ensinar e aprender,
sendo vivenciados com veemência.
No terceiro capítulo, apresentei como o Projeto PIBID foi desenvolvido no
Colégio OPM, de março de 2014 a setembro de 2016. Destaquei a relevância da
observação das aulas no início do ano letivo para fazer o diagnóstico das turmas e
discutir o que será trabalhado e qual a abordagem metodológica utilizada. No intuito
de trabalhar de forma contextualizada e interdisciplinar, os trabalhos desenvolvidos
visam sempre despertar a curiosidade e o interesse pela busca do saber, além de
promover a sensibilização, tanto do aluno da educação básica, quanto de nível
superior. Evidenciei a importância do ato de ensinar ir além dos conteúdos e das
21
paredes da escola, proporcionando um conhecimento para a vida que irá ajudar os
alunos em seu cotidiano. Analisei o valor da realização de trabalhos que promovam
uma melhoria na qualidade de vida dos alunos da Educação de Jovens e Adultos
(EJA). Neste capítulo foi possível notar que através de estágios, como o do Projeto
PIBID, se torna possível desenvolver habilidades necessárias para ensinar e
aprender, sendo este processo responsável pelo surgimento da verdadeira
criticidade e dos atos reflexivos que permitem uma maior análise das necessidades
de cada aluno. Destaquei o valor que o espaço de formação possui, como meio de
experimentação de metodologias e práticas dos futuros professores. Também
realcei a relevância da propagação do conhecimento e das experiências vivenciadas
no período de estágio de iniciação à docência. Finalizei este capítulo analisando as
participações nos eventos UERJ Sem Muros (USM) e Exposição de Trabalhos
Acadêmicos da Região Serrana (ETARSERRA), de 2014 a 2016.
Em todos os capítulos podem ser encontrados recortes dos relatos que
compõem os meus diários de bordo preenchidos no período de inserção no
Programa PIBID.
Nas considerações finais, resgatei alguns conceitos discutidos ao longo do
texto, destacando os principais aspectos da pesquisa, relacionando-os com a
importância da escrita diarística para a tomada de consciência dos atos didáticos e
formação dos processos reflexivos docente. Por fim, apresentei uma nova
possibilidade de ampliação das pesquisas educativas.
22
1 O QUE É UM DIÁRIO DE BORDO?
1.1 A história do diário de bordo
No primeiro contato com a expressão diário de bordo, a definição que nos
vem à mente é de um caderno onde o autor faz as suas anotações e relatos do que
está vivenciando no ambiente em que esteja inserido, tendo como principal função
garantir o diálogo intrapessoal. Nele são registrados fatos ocorridos e sentimentos
inerentes a alguns acontecimentos, como dificuldades, facilidades, dúvidas,
surpresas, conquistas, entre outros. No entanto, para entender a sua importância,
precisamos retomar a origem de seu surgimento na época das navegações.
Os diários estão presentes na vida das pessoas há bastante tempo. Sempre
foram empregados para descrever os mais diversos tipos de relatos em diferentes
épocas, circunstâncias e situações. Historicamente a expressão diário de bordo teve
sua origem no período das navegações, por ser um caderno que estava a bordo dos
navios servindo à escrita dos capitães sobre tudo o que se vivenciava em alto mar.
Antes da Revolução Industrial eles eram utilizados tradicionalmente por viajantes,
navegadores e exploradores em suas viagens, sendo muito aplicado como registro
de descoberta de novas terras (SMILJANIC, 2001). Cristóvão Colombo, por
exemplo, utilizou o diário de bordo para relatar tudo que observou em sua viagem
exploratória entre 1492 e 1493. Em seu diário de bordo ele relata as suas
descobertas fascinantes por terras virgens, onde mais tarde se tornaria referência de
posteriores conquistas. (COLOMBO, 1984). Diante de seu valor histórico fica claro a
sua importância para a construção dos conhecimentos que temos acesso
atualmente. O campo industrial também passou a utilizar o diário de bordo como
ferramenta de registro, auxiliando assim os caminhos da produção e até mesmo de
invenções (BRAZ et al, 2006).
Para Charles Darwin, o naturalista recém-formado que aos 24 anos viajava
pelo mundo a bordo do navio H.M.S. Beagle, seu diário de bordo teve grande
importância, pois sem ele não seria possível, posteriormente, perceber e entender
como funcionava o mecanismo natural que levava ao processo de evolução das
espécies. A partir de suas anotações em seu diário de bordo foi possível observar,
23
por exemplo, que certo tipo de pássaro, que era comum em várias ilhas de
Galápagos, dispunha de algumas diferenciações, que teriam sido selecionadas
pelas condições físicas e climáticas de cada ilha. Assim, ele teorizou o conceito da
Seleção Natural, em que indivíduos variantes de uma população são selecionados
pelas dificuldades de sobrevivência impostas pelo ambiente. E desta forma pôde
formular e fundamentar a Teoria da Evolução das Espécies. O resultado de todos os
seus relatos, sobre o que viu e vivenciou durante quase cinco anos de viagem, anos
mais tarde se tornaram o clássico livro “A Origem das Espécies”, publicado em 1859
(DARWIN, 1981).
No início do século XX, os diários de bordo utilizados nas navegações
serviram de modelo para os “diários de campo” utilizados pelo antropólogo Bronislaw
Malinowski. Nessa época, os “diários de campo” eram utilizados pelos antropólogos
sociais modernos para registrar os passos de suas pesquisas empíricas. Ao mesmo
tempo em que o antropólogo Malinowski descrevia os dados coletados em sua
pesquisa de campo sobre a estrutura social na Nova Guiné, ele também registrava,
em polonês, no seu diário pessoal, suas observações, dúvidas, opiniões e
sentimentos diante do que estava vivenciando durante a sua pesquisa. Após a sua
morte, seu diário pessoal foi publicado por sua esposa nos Estados Unidos se
tornando de grande importância para a academia literária (EL HAMMOUTI, 2002).
Direcionando o olhar para a literatura, também é possível notar a importância
da presença dos diários, sejam eles íntimos intencionais, ou seja, quando o autor
que escreve sabe que seu diário é passível de publicação, ou íntimos não
intencionais, aqueles que são trancados com um cadeado, por exemplo. Mediante a
isso, podemos notar que os diários íntimos de muitos autores literários servem à
obra literária com suas histórias, contos e relatos da época em que viveram. A esse
exemplo temos “Machado de Assis que utiliza a escrita nos diários como estratégia
em Memorial de Aires e a autobiografia ficcional em Dom Casmurro” (DUMAS, 1994,
p. 126). Outro exemplo de relatório íntimo que tempos depois veio a se tornar uma
grande obra literária foi o diário íntimo escrito por Anne Frank durante a Segunda
Guerra Mundial. Em seu diário Anne Frank relata os seus dias e pensamentos
enquanto esteve no esconderijo. Após a sua morte, seu pai resolveu publicar o seu
24
diário para que se tornasse de conhecimento público os horrores dos tempos de
guerra (PRADO BIEZMA; CASTILLO; PICAZO, 1994).
Segundo El Hammouti, existem diferente maneiras de utilização para o diário:
a) método de investigação, método de coleta de dados, de descrição dos processos e estratégias da própria pesquisa e análise das implicações subjetivas do pesquisador; b) método de formação dos docentes, análise de práticas pedagógicas e desenvolvimento profissional e pessoal; c) método
de intervenção, pesquisa-ação (El Hammouti, 2002, p. 11).
A psicanálise também trouxe grandes contribuições para a educação,
encontrando-se a origem de sua teoria na prática clínica, a partir de alguns relatos
de Freud, que já se posicionava a respeito da introdução de suas teorias na
educação (FREUD, 1936). "Sua contribuição está na possibilidade de trazer ao
consciente, a partir da análise das práticas educativas, conteúdos do inconsciente
do professor de forma a elucidar o porquê de algumas ações em sala de aula"
(MOURA, 2006, s/p.).
Analisando o diário de bordo a partir da perspectiva psicanalítica observada
por Pedroza, pude notar uma de suas características: a escrita e análise dos dados
observados no espaço educacional, vão de encontro com as características clínicas
das orientações psicanalíticas. Mantendo o sujeito que escreve como o analista de
suas práticas diárias conectando o seu subconsciente com o mundo real, permitindo
ao educador analisar a si próprio (PEDROZA, 2010).
Não é possível saber ao certo quando e por quem o diário de bordo foi
inserido na educação. O que se pode especular é que, a partir dos conhecimentos
da psicanálise, introduzidos por Freud, tenha se notado a utilidade de seu
aproveitamento como meio de autoanálise da prática docente e das experiências
escolares, uma vez que, Freud afirma no texto Éclaircissements, applications et
orientations, na Sexta Conferência que o ideal seria que,
25
o educador tenha sido submetido ele próprio a uma análise, visto que, sem experiência pessoal, não é possível assimilar a análise. Mais que a análise de crianças, aquela dos mestres, dos educadores, parece ser uma medida profilática eficaz e a sua realização apresenta menos dificuldade.
(FREUD, 1936, p. 197)
Concordo com Freud quando ele pontua que esta pode ser "uma medida
profilática". Assim, sendo o professor o sujeito que analisa o seu próprio processo
formativo, a partir do que ele mesmo escreve, ele terá mais sensibilidade para levar
em consideração as particularidades do processo de aprendizagem de cada aluno,
tratando-os como seres capazes de encontrar o seu próprio caminho para chegar ao
conhecimento. Dessa forma, o diário de bordo vem com a perspectiva de retomar os
caminhos clínicos de orientação psicanalista, possibilitando a sua aplicação no
campo educacional.
Seja para qual objetivo for, os diários relatam as experiências, características,
vivências, descobertas, trajetórias, processos, acontecimentos, segredos e
sentimentos que configuram um registro valioso para aquele que reler e refletir sobre
ele. De cunho desta importância, os diários de bordo foram trazidos para a educação
no intuito de ajudar o professor a se organizar, orientar e refletir sobre a sua prática
docente, trazendo uma contribuição significativa na autoformação profissional dos
docentes (EL HAMMOUTI, 2002). Neste contexto, o hábito de desenvolver a escrita
nos diários de bordo pode ajudar a organizar o pensamento que, na maioria das
vezes, está solto e incoerente. Ao reler o relato de suas atividades desenvolvidas em
sala de aula, o professor poderá identificar possíveis problemas e refletir sobre eles
de modo a buscar o seu aperfeiçoamento. Diante disso, Warschauer (2001, p. 62)
também nos mostra que o diário pode ser um meio "que vai alimentando a ligação
entre a teoria e a prática”. Sendo assim, quando são feitas as anotações sobre o que
se vivenciou em sala de aula, se torna possível fundir a teoria que se aprende na
universidade e nos livros pedagógicos com a prática cotidiana das salas de aula.
A importância dos diários de bordo fica evidenciada nos relatos históricos das
grandes navegações por trazer conhecimento sobre algo ou algum lugar, e também
fica afirmada por alguns autores como Alves (2001), Bertoni (2004) e Zabalza (1994;
2004) diante de seu poder de reflexão. Além do mais, também será uma forma de
26
fundamental apoio à memória, uma vez que irá funcionar como uma bússola,
orientando o futuro professor sobre qual rumo tomar a partir de suas anotações das
vivências anteriores no âmbito escolar. Ao ser utilizado nos processos de
autoformação dos docentes, permitirá repensar a prática docente e refletir sobre a
resolução de problemas e incidentes críticos, ensaiar estratégias de antecipação e
possibilitar a análise mais profunda da construção de seu perfil profissional
(BRAZÃO, 2007).
A escrita do diário de bordo pode conter descrições simples do que se
vivencia no cotidiano escolar, relatos de atividades, comentários de algum
acontecimento na escola, procedimentos de elaboração de atividades e
principalmente, suas estratégias, as impressões e a confissão de sentimentos bons
ou ruins inerentes ao processo de estágio que podem contribuir para o futuro
professor desenvolver sua história de vida e sua trajetória de formação pessoal e
profissional. Quando o diário é posteriormente lido por seu autor, ele poderá ver a
importância de seus esforços e o caminho percorrido que poderão desencadear
diferentes etapas de construção do conhecimento, de apoio motivacional,
compreensão de assuntos, resolução de conflitos e mudanças de perspectivas.
1.2 O diário de bordo na formação docente
Atualmente a profissão de docente tem se tornado um ofício que exige o
desenvolvimento do pensamento crítico e da constante reflexão sobre a sua prática
didática, para aqueles que almejam desencadear processos de mudanças de
comportamentos, posturas e mentalidades nos cidadãos em formação (MORIN,
2003). Ao analisarmos o significado da palavra reflexão nos deparamos com a
definição de LARROSA, (2004) que nos diz:
Reflexão (ou “reflectere”) significa virar ou “dar a volta”, “voltar para trás” e, também, “jogar ou lançar para trás”. O autoconhecimento, pois, aparece como algo análogo à percepção que a pessoa tem de sua própria imagem na medida em que pode receber a luz que foi lançada para trás de um espelho. Para que o autoconhecimento seja possível, então, se requer uma certa exteriorização e objetivação da própria imagem, um algo exterior, convertido em objeto, na qual a pessoa possa se ver a si mesma (LARROSA, 2004, p. 59).
27
Aliado a este ato reflexivo desenvolvemos o pensamento crítico. Mas para
compreendermos o que é pensar criticamente, temos que ter em mente que pensar
é uma habilidade do ser humano que o diferencia dos outros animais. Porém, existe
uma diferença entre pensamento e pensamento crítico. Para Alfaro-Lefevre (1996) o
fato de termos o controle do que pensamos é a grande diferença, pois
o pensamento é basicamente qualquer atividade mental – ele pode ser sem objetivo e descontrolado. Ele pode servir a um propósito, mas nós frequentemente não estamos cientes dos seus benefícios. Não poderíamos lembrar exatamente todos os nossos pensamentos. Por outro lado, o pensamento crítico é controlado, proposital e mais apropriado para levar
aos benefícios óbvios resultantes (ALFARO-LEFEVRE, 1996, s/p).
Assim, só através da estimulação da ação reflexiva que seremos capazes de
pensar criticamente, e para que isso ocorra, é necessário desenvolver a capacidade
de observação, de analisar os fatos e ter autonomia de pensar e de produzir ideias
que ampliem os horizontes e de tornar-se agente ativo nas transformações da
sociedade, buscando interagir com a realidade (SORDI, BAGNATO, 1998). Deste
modo, os diários de bordo são ótimos aliados para o desenvolvimento do
pensamento crítico através da reflexão de uma leitura atenta e profunda dos relatos
de vivências anteriores.
Diante disso, temos que ter em mente que a prática educativa exige o
constante exercício de saber pensar e buscar por novos meios de mudanças nos
modos de ensinar (FREIRE, 1996). Também temos que reconhecer que, às vezes, a
prática educativa ocorre antes da reflexão, e que esta se efetua depois que os atos
já foram perpetuados. Dessa forma, o professor é capaz de atuar sem refletir, sem
que a reflexão seja um estado inerente da ação (FURTER, 1987). Porém, diante do
enfrentamento de grandes desafios e dificuldades do cotidiano escolar, aliado ao
importante papel que o professor exerce no sistema de ensino, há uma exigência
que este profissional, tenha como propósito de ensino a reflexão inovadora que
ocorre antes, durante e após a sua prática educativa, para que ocorra a constante
reelaboração e aperfeiçoamento de suas práticas docentes, uma vez que, a sala de
28
aula é o local que permite o desenvolvimento e aprimoramento de sua prática
(SUDBRACK, 2012).
Segundo Furter (1987, p. 27), “a reflexão deverá tornar a ação pedagógica
mais lúcida [...] deverá empenhar-se no estudo e nas ponderadas possibilidades de
realização duma ação prevista.” Logo, a reflexão do que foi vivenciado poderá ajudar
a ser mais objetivo nas próximas ações a serem desenvolvidas, a ter
responsabilidade e confiança diante das consequências que poderão surgir. A este
fato, Furter diz:
A reflexão é, portanto, um pensamento ao segundo grau, no qual o homem re-pensa o que está fazendo. Assim, refletir é olhar a própria ação de uma maneira particular e a distância. É tomar uma certa distância para melhor julgar o que se está fazendo, ou o que se fez, ou o que se fará. Esta distância é necessária, se se pretende dar uma significação às próprias ações, isto é, medir as dimensões e as consequências dos próprios atos: coloca-los em totalidades maiores, orientar-se neles. Este esforço de coerência e lucidez abre o horizonte da ação, permitindo sentir melhor os limites e as possibilidades da ação.” (FURTER, 1987, p. 28).
Nesta perspectiva, a reflexão é uma qualidade muito necessária ao educador,
sobretudo quando este se encontra comprometido com uma educação
transformadora e com a constante busca de seu aperfeiçoamento permanente. É um
esforço persistente de autocrítica, que concede o aprimoramento da prática didática,
a mudança da ação, a tomada de consciência, a libertação de velhos conceitos e a
segurança na escolha de novas possibilidades de trabalho. Assim, Furter nos mostra
que “refletir não é alienar-me, mas distinguir-me para melhor sujeito do que faço”
(FURTER, 1987, p. 29).
Assim, o diário de bordo tem ganhado cada vez mais espaço na educação,
por ser um meio que estabelece um vínculo com as experiências vividas,
reconstruindo e restaurando o vivenciado para fundamentar o processo de
aprendizagem e de avaliação didática do licenciando. Isso permite a ele ver a
imagem da sua prática através da manifestação dos seus pensamentos e
sentimentos na forma escrita. Na medida em que os relatos vão preenchendo os
29
diários de bordo, esses vão ganhando forma e dimensão do processo de formação
dos graduandos. Consequentemente à ação reflexiva está a criticidade
proporcionada através da utilização destes relatos, que irão compor a base do
conhecimento necessário para um ensino de qualidade, centrando o saber docente
na realidade cotidiana dos alunos.
Fica evidente que o reconhecimento e a compreensão dos caminhos
utilizados para o desenvolvimento de seus métodos de ensino, enquanto professor
em formação, possibilita a transformação da própria prática, sendo a reflexão
entendida como um compromisso educativo e social. Ao analisar seus erros e
acertos, investigando a sua própria prática de ensino, a fim de melhorá-la
cotidianamente, diante da complexidade do trabalho docente, e frente às incertezas
pedagógicas que surgem, requer do licenciando o comprometimento persistente e
cuidadoso com suas ações durante o processo de formação, tendo a consciência de
seu papel na sociedade.
O desenvolvimento do diário de bordo vem sendo evidenciado como um
importante meio reflexivo na formação docente por diversos autores, principalmente
para Alves (2001) que nos diz que:
O diário pode ser considerado como um registro de experiências pessoais e observações passadas, em que o sujeito que escreve inclui interpretações, opiniões, sentimentos e pensamentos, sob uma forma espontânea de escrita, com a intenção usual de falar de si mesmo (ALVES, 2001, p. 224).
Pertinente ao exposto, estes relatos constituem histórias de formação dos
educadores que configuram o exercício reflexivo da reconstrução da trajetória
didático-pedagógica que frequentemente é esquecida pelos professores após a sua
formação. Portanto, os relatos dos diários de bordo também constituem uma forma
de memorial de formação, fundamental para criar um repertório de soluções às
situações complexas do cotidiano escolar. Nesta lógica, relatar o que foi vivenciado
no período de formação desenvolve a capacidade de gerenciar o seu percurso
30
profissional, pois "todo sujeito se constrói através dos fragmentos de sua história
pessoal" (CIFALI, 2001, p. 131).
No início os relatos são poucos reflexivos e bastantes descritivos. Mas,
conforme o futuro professor vai adquirindo prática e aptidão pela escrita diarística, os
relatos que antes eram meras anotações descritivas vão ganhando um caráter
crítico sobre as experiências vivenciadas a cada dia no ambiente escolar. De acordo
com Alves (2001), através dos relatos no diário, o professor pode transformar o
pensamento em registro escrito, documentando assim tudo aquilo que pensa ou
sente no momento em que se planejam as suas aulas ou em qualquer outra
atividade ligada ao magistério. Podemos notar isso no relato do meu diário de bordo:
“Fizemos uma reunião em uma sala que estava vazia, pois hoje é dia de conselho de classe e nossa supervisora está participando, para decidir sobre o workshop que estamos tentando fazer. Conversávamos sobre quais atividades iriam compor o workshop quando uma das integrantes do grupo teve uma atitude imatura e criou uma discussão, brigando com todo mundo. No calor do momento, ela acabou me falando algumas palavras ruins que me deixaram muito magoada. Ela teve a coragem de me chamar de antiética e dizer que roubei as ideias dela, só porque também dei a ideia de trabalharmos algumas atividades voltadas para a mesma área que ela tinha dado algumas ideias, que foi a área de educação ambiental. Achei totalmente desnecessário o que ela fez e infantil, uma vez que, existem inúmeros temas dentro da área e educação ambiental que dá para todo mundo trabalhar. E outra, somos um grupo, uma equipe, então ninguém está “roubando” a ideia de ninguém quando sugere algo parecido. Acho que ela é muito imatura e não está pronta para fazer parte de um projeto como este. Estou realmente chateada com ela pelas coisas ruins que me disse e pelo mal estar que gerou no grupo sem nenhuma necessidade.” (Stela, diário de bordo, 2014).
A partir do momento em que o graduando relata um fato como este, no
momento em que estava participando de uma ação de planejamento, ele consegue
transpor na forma escrita todo o sentimento inerente ao fato acontecido, permitindo
assim, que ele seja capaz de analisar, pensar e se questionar sobre a sua posição
em determinada situação. De modo que, a partir da troca e o compartilhamento de
experiências com pessoas que também estão inseridas no mesmo processo de
formação, seja possível dar origem a uma atitude reflexiva. (NÓVOA, 2009). Ao
analisarmos o relato exposto, chegamos à conclusão de que a reflexão do grupo tem
31
a intenção de compreender o processo de autoconstrução do saber como
instrumento de desenvolvimento do pensamento e da ação. Também é necessário
levar em consideração que o hábito do licenciando estar descrevendo tudo o que
está vivendo, enquanto presente no ambiente escolar, caracteriza um processo de
reflexão na e sobre a ação (SCHÖN, 1992).
Diante da histórica crise da educação brasileira, o desenvolvimento do
pensamento crítico-reflexivo tem se tornado fundamental para que permita o avanço
de uma educação centrada nos princípios de tomada de consciência que busque
mudanças no meio sociocultural. Os pensadores clássicos e contemporâneos, John
Dewey e Paulo Freire, apontam que a reflexão é uma qualidade fundamental do
pensamento que garante o funcionamento do mesmo como um sistema
autorregulado. É uma forma de atividade teórica do educador que lhe permite
interpretar suas próprias ações. Mostra-se como uma qualidade inerente ao ser
humano e está relacionada às condições sociais em que se desenvolve. (CANETE,
2010).
Para uma melhor compreensão da importância da atitude reflexiva, pode-se
também buscar as contribuições de Vygotsky (1989), quando destaca que o
desenvolvimento se dá no processo de educação e ensino e não fora dele. Isso fica
evidente por Ambrosetti (1999) que realça esta ideia quando toma a aprendizagem
como processo de reflexão.
A escrita no diário de bordo também vem sendo afirmada como uma
importante forma reflexiva na formação docente por diversos autores. Bertoni (2004)
ressalta a importância dos registros feitos no diário de bordo, pois a partir deles:
[...] podemos identificar as dificuldades encontradas, os procedimentos utilizados, os sentimentos envolvidos, as situações coincidentes, as situações inéditas e, do ponto de vista pessoal, como se enfrentou o processo, quais foram os bons e maus momentos por que se passou e que tipos de impressões e de sentimentos apareceram ao longo da atividade, ao longo da ação desenvolvida. É uma via de análise de situações, de tomada de decisões e de correção de rumos (BERTONI, 2004, p. 4).
32
Assim como fica evidenciado no trecho descrito por Bertoni (2004), podemos
notar essa importância dos relatos dos diários de bordo, que apresentam
principalmente os procedimentos, acertos e erros da realização de determinada
atividade em sala de aula, em um trecho do meu diário de bordo, que preenchi
enquanto estava inserida no Projeto PIBID em uma escola pública. Quando relato
em uma parte do diário de bordo, escrito em 2014, o sucesso da realização de um
trabalho sobre drogas (Figura 1), que foi inicialmente apresentado para as turmas do
oitavo ano do ensino fundamental:
"A apresentação do trabalho foi ótima, os alunos se mostraram bastante participativos e interessados. Fomos muito elogiados pela direção da escola e pelo Dr. Salomão (diretor técnico do Instituto Girassol) que fez uma breve participação em nossa apresentação a nosso pedido. Ele nos parabenizou muito e disse da importância da realização deste trabalho na escola, por sermos jovens tentando sensibilizar outros jovens sobre os perigos do mundo das drogas. Mediante a este sucesso, fomos convidados a apresentar este trabalho à noite para as turmas de EJA aqui da escola..." (Stela, diário de bordo, 2014).
Figura 1 - Apresentação do trabalho “A verdade sobre o mundo das drogas”, paras as turmas de oitavo e nono ano no Colégio OPM com a participação do Dr. Salomão Bernstein, diretor técnico do Instituto Girasol de tratamento para dependentes químicos.
Fonte: O autor, 2014.
33
Diante do sucesso da atividade realizada com o ensino fundamental II, o
relato de todos os procedimentos para desenvolver o trabalho foi consultado e
utilizado para uma segunda apresentação do trabalho nas turmas de EJA à noite. E,
após a apresentação do trabalho com as turmas de sexta à nona fase da EJA,
relato:
[...] os alunos se mostraram bastante interessados e participativos”. O interesse deles era tão grande pelo assunto que não queriam parar de fazer perguntas no meio da apresentação. Isso até atrapalhou um pouco o desenvolver nosso durante as explicações, porém, me senti muito grata por vê que os alunos estavam realmente interessados. Então, atrapalharam por uma boa causa rsrs [...] (Stela, diário de bordo, 2014).
Zabalza (2004) discute que, ao escrever sobre a prática, o professor aprende
e (re) constrói seus saberes, uma vez que:
[...] escrever sobre o que estamos fazendo como profissional (em aula ou em outros contextos) é um procedimento excelente para nos conscientizarmos de nossos padrões de trabalho. É uma forma de “distanciamento” reflexivo que nos permite ver em perspectiva nosso modo particular de atuar. É, além disso, uma forma de aprender (ZABALZA, 2004, p. 10).
A escrita diarística também agrega o caráter pessoal do graduando ao
trabalho profissional que desenvolve. A este fato Diamond (1991, p. 96), afirma que
"o diário espontâneo e íntimo é o documento pessoal por excelência". O jeito
pessoal do futuro professor interfere diretamente em seu desempenho profissional e
naquilo que irá desenvolver, como se comportar e reagir diante dos inúmeros
imprevistos que está sujeito a passar nos cotidianos escolares. Diante disso,
podemos afirmar que os documentos escritos de forma pessoal são dotados de uma
gama de potencialidades transformadoras para o crescimento profissional. Em um
dos meus relatos, aponto ter ficado surpresa com a atitude que os alunos de uma
turma tiveram por conta de minha personalidade:
34
“[...] Fiquei surpresa quando a turma da 903 falou para o Lucas que não gostavam de mim e não suportavam me vê em sala por eu não ter o mesmo jeito extrovertido e “amiguinho” dos alunos que ele tem. Isso realmente me deixou um pouco frustrada, mas penso que cada professor tem um jeito próprio de trabalhar que está diretamente ligado a sua personalidade. E a minha personalidade é mais séria. Não preciso ser brincalhona e me fingir de “amiguinha” dos alunos para ser uma boa profissional [...]” (Stela, diário de bordo, 2016).
Refletir sobre relatos como este estimula o surgimento de suposições sobre
as causas desses problemas, assim como, permite chegar a uma saída. Sendo
assim, o pensamento reflexivo possibilita que o indivíduo seja capaz de analisar as
suas próprias ações e levantar hipóteses organizadas, tendo uma direção precisa
para o enfrentamento e solução das diferentes situações que apareçam.
O diário de bordo também pode ser aliado a outras ferramentas como o uso
do portfólio1. No portfólio os graduandos guardam seus materiais confeccionados
durante o estágio, e podem posteriormente compartilhá-los publicamente para que
sirva de modelo para outros acadêmicos e até mesmo para professores. Com o
auxílio dos diários de bordo se torna bastante fácil montar o portfólio, uma vez que,
os diários servem de apoio à memória do licenciando. Diários de bordo e portfólios,
juntos, se tornam excelentes formas de avaliar a aprendizagem dos graduandos e
proporcionam a reflexão crítica das práticas docentes desenvolvidas enquanto
estagiários. Nesta perspectiva, Zabalza, (1994, p. 31) reflete que o “profissional é o
que sabe, o que faz e por que o faz e, além disso, está empenhado em fazê-lo da
melhor maneira possível”. Assim, deverá considerar-se que o bom profissional é
aquele que recorre ao desenvolvimento de metodologias e ferramentas que
proporcionem o desenvolvimento pessoal e profissional. E que busque, em suas
experiências pessoais e observações passadas, a identificação de uma melhor
abordagem pedagógica para esculpir o seu perfil profissional.
1Os portfólios de 2014 e 2015 podem ser encontrados através do endereço eletrônico:
<https://pibidodette.wordpress.com/portfolio/>
35
1.3 O uso do diário de bordo como potencializador da formação do professor-
pesquisador
Embora a discussão sobre a formação do professor-pesquisador esteja
crescendo no meio educacional, ainda assim, em nosso sistema de ensino, o
professor é visto como aquele que deve transmitir conhecimentos ou ser um
mediador do aprendizado, ensinando aos alunos através de aulas programadas,
colocando em prática o que os outros pesquisadores teorizam (MIRANDA, 2006).
Muitas vezes são aulas mecânicas e de memorização, o que não significa que
despertem a aprendizagem do aluno, pois, para isto o professor precisa buscar
meios de despertar a curiosidade investigativa para determinado assunto que se
quer trabalhar em sala de aula. E esses meios só aparecerão através da pesquisa.
O professor precisa saber pesquisar e saber fazer o aluno pesquisar, buscar novos
conhecimentos que acrescentarão na construção do seu aprendizado. Portanto,
“não se aprende escutando aula. Aprende-se fazendo conhecimento próprio” por
meio da motivação investigativa (DEMO, 2008, p. 13). Deve-se ter em mente que o
centro do ensino deve ser sempre o aluno e não os conteúdos e o currículo
programado.
A pesquisa não deve estar restrita às Universidades e aos seus
pesquisadores, a pesquisa precisa estar presente na escola com um significado que
vá além do simples ato de fazer cópias e resumos de livros ou sites de busca,
apresentando uma contribuição conceitual (MARQUES, 2000). Demo, (1997)
demonstra que o interesse da pesquisa está voltado a fundamentar a importância da
mesma para a educação, querendo chegar até o ponto de tornar a pesquisa uma
maneira própria de aprender. Quando o professor é também um pesquisador, ele
consegue fundir teoria e prática em seu cotidiano de trabalho e, através da pesquisa,
consegue buscar por alternativas que permitam a resolução de questões pertinentes
ao ambiente escolar.
É na etapa de formação docente que se torna mais propício o surgimento do
professor-pesquisador. Segundo Veiga (2009),
36
A formação de professores constitui o ato de formar o docente, educar o futuro profissional para o exercício do magistério. Envolve uma ação a ser desenvolvida com alguém que vai desempenhar a tarefa de educar, de ensinar, de aprender, de pesquisar e de avaliar (VEIGA, 2009, p.26).
Mas para que o professor se torne um bom pesquisador ele necessita
desenvolver um pensamento reflexivo. Quando há uma reflexão sobre a forma como
desenvolvemos nossa prática docente cotidiana nos tornamos curiosos e motivados
a procurar, a investigar e pesquisar sobre os melhores meios de educar. A este fato
Dewey (1959, p. 22) nos mostra que o pensar reflexivo abrange: “(1) um estado de
dúvida, hesitação, perplexidade, dificuldade mental, o qual origina o ato de pensar; e
(2) um ato de pesquisa, procura, inquirição, para encontrar material que resolva a
dúvida, assente e esclareça a perplexidade.”
Os estágios dos programas de bolsas, como o PIBID, permitem ao graduando
se envolver com o mundo da pesquisa. Neste projeto ele tem a oportunidade de
pesquisar sobre os diversos modos e meios de melhor ensinar e também aprender,
e acaba desenvolvendo a aptidão para o hábito de estar constantemente
pesquisando, como mostra o registro do meu diário de bordo.
“Tenho pesquisado bastante para as atividades que temos que desenvolver na escola. Quanta coisa nova aprendi só com as buscas na internet para montar os slides de um trabalho. Sempre gostei da área da pesquisa, de uma forma geral, e tenho tomado muito gosto por pesquisar e através das pesquisas montar bons trabalhos. E é verdade quando se diz que aprendemos mais quando ensinamos. O simples ato de estudar para as apresentações dos trabalhos tem me feito aprender muito mais do que quando estou estudando para alguma prova. E isso é muito bom, pois estou aprendendo de verdade e de uma forma espontânea” (Stela, diário de bordo, 2015)
Assim, para que o docente em formação se torne o centro de seu
aprendizado e tenha uma aprendizagem realmente significativa, o diálogo entre
ensino e pesquisa tem sido relevante. A este fato Cunha (1989) pontua que,
37
Unir ensino e pesquisa significa caminhar para que a educação seja integrada, envolvendo estudantes e professores numa criação do conhecimento comumente partilhado. A pesquisa deve ser usada para colocar o sujeito dos fatos, para que a realidade seja apreendida e não somente reproduzida (CUNHA, 1989, p.32).
Nessa perspectiva, a preocupação em formar professores com aptidão em
fazer pesquisa é essencial para que ele possa desenvolver uma postura
investigativa e construir seu próprio conhecimento, sendo assim, autor de sua
atuação educativa. Nesse ponto, ele deixa de ser um mero reprodutor de práticas
convencionais do ensino tradicional e tecnicista.
A formação do professor-pesquisador pode dar condições para o educador
e/ou futuro docente assumir a sua própria formação, a prática pedagógica e a
realidade escolar como objetos de pesquisa, de reflexão e de análise. (NÓVOA,
FINGER, 1988). Levando em consideração que estes docentes em formação serão
futuros transformadores de jovens estudantes pensadores, a pesquisa deve ser
considerada como elemento chave no processo de aprendizagem que ocorre de
forma natural na rotina das escolas e universidades.
A principal motivação do educar deve ser o de amplificar habilidades
“indispensáveis em cada cidadão e trabalhador modernos: aprender a aprender e
saber pensar para intervir de modo inovador” (DEMO, 1997, p. 9). Ao discutirmos
sobre a pesquisa no ensino precisamos reconhecer que ela se torna uma condição
básica “por seu lado educativo emancipatório, sua marca de atitude cotidiana, sua
viabilidade em qualquer pessoa, sua relação intrínseca com o conhecimento
inovador” (DEMO, 1997, p. 53).
Nota-se que a pesquisa busca instigar o aluno/graduando, impulsionando-o a
participar do processo de criação do pensamento que verdadeiramente leva a
aprendizagem significativa, tornando o sujeito criativo e analítico. Deve ser
prioridade das Universidades incentivar a formação de professores que estejam
comprometidos com a capacidade de pensar criticamente e refletir sobre seus atos,
na busca permanente pela indissociabilidade entre ensino e pesquisa. Pertinente a
este fato, o pesquisador educacional Paulo Freire afirma que “não há ensino sem
38
pesquisa e pesquisa sem ensino” (2001, p. 32). Mas, para que os espaços
universitários e também escolares se envolvam numa atmosfera de pesquisa é
preciso que o professor, seja ele da educação básica ou superior, e o aluno adotem
essa prática como atitude cotidiana e que o questionamento seja algo desenvolvido
constantemente.
Aliado à prática da investigação de pesquisas diárias no espaço escolar e de
formação, os diários de bordo têm se tornado meio essencial para o diálogo
permanente entre pesquisa e ensino. Assim como defende a autora brasileira Menga
Lüdke (2007, p. 31) que a pesquisa pode conferir ao professor “um poderoso veículo
para o exercício de uma atividade criativa e crítica”, também ressalto que os diários
de bordo possuem um valor inestimável por permitir que o professor e futuro docente
possam pesquisar em sua própria prática docente, questionando e propondo
soluções para os obstáculos que aparecem na sua prática pedagógica, no interior da
escola.
Assim como ressalta Zabalza (2004), o hábito de escrever o que se está
trabalhando no contexto escolar nos permite visualizar a nossa prática docente na
forma escrita e, a partir de então, desenvolver um perfil profissional. O uso
recorrente do diário de bordo permite a formação do professor-pesquisador,
possibilitando que este pesquise sobre a sua prática docente em sua própria
autobiografia. Os relatos servem, então, como um modelo de orientação a ser
seguido pelo futuro professor, podendo ser utilizado inclusive quando este já estiver
atuando como professor na educação básica, permitindo-lhes auto explorar sua
atuação profissional. Para Benincá e Caicai (2004. p.104) “a prática pedagógica é o
objeto de investigação e uma fonte de conhecimento”. Dessa forma, quando já
estiver formado e atuante em sala de aula, o professor será detentor de um saber
reflexivo que foi adquirido enquanto graduando a partir de pesquisas realizadas em
sua própria escrita.
De acordo com Nóvoa (1995), a partir da década de 80 a bibliografia
pedagógica foi tomada por estudos sobre a vida dos professores, as carreiras e os
percursos profissionais, as biografias e autobiografias docentes e o desenvolvimento
pessoal dos professores. Nesta perspectiva o professor é inserido no centro das
39
pesquisas e debates educacionais. Assim, as abordagens autobiográficas ganham
espaço dando voz aos próprios professores através de seus relatos de vivência.
Nesta perspectiva, as narrativas autobiográficas no meio educacional se
tornaram de grande importância por
dar suporte na investigação e formação, que se desdobraram em muitas possibilidades que envolveram diferentes formas de atuação como relatos orais e escritos das experiências vividas pelos sujeitos e pelos grupos de diferentes contextos sociais, educacionais (FRISON, 2014, p. 98).
Assim, o “biográfico tem sido uma possibilidade para dar sentido e significado
as experiências da vida e também para fortalecer a cultura cada vez mais
fragmentada, individualizada” (FRISON, 2014, p. 98).
Para Nóvoa e Finger (1988),
[...] as histórias de vida e o método (auto)biográfico integram-se no movimento actual que procura repensar as questões da formação, acentuando a idéia que „ninguém forma ninguém‟ e que „a formação é inevitavelmente um trabalho de reflexão sobre os percursos de vida‟ (NÓVOA e FINGER 1988, p. 116).
Assim, as narrativas, sejam elas de acontecimentos da prática educativa ou
sentimentos e histórias pessoais que muitas das vezes são relatados nos diários de
bordo, trazem significado para a trajetória profissional e moldam o perfil docente. A
posterior pesquisa (auto)biográfica dos diários de bordo enriquece a formação e
motiva os profissionais a prosseguirem ao relembrarem as suas experiências
vivenciadas no período de estágio.
Na concepção inerente ao professor-pesquisador e reflexivo, Nóvoa (2009)
coloca que ambos fazem parte de uma mesma realidade e possuem um mesmo
objetivo em que “eles fazem parte de um mesmo movimento de preocupação com
um professor que é um professor indagador, que é um professor que assume a sua
40
própria realidade escolar como um objeto de pesquisa, como um objeto de reflexão,
como objeto de análise” (NÓVOA, 2009, p.03).
Segundo Freire (1996) a pesquisa é parte predominantemente da docência.
Em suas palavras,
Fala-se hoje, com insistência, no professor pesquisador. No meu entender o que há de pesquisador no professor não é uma qualidade ou uma forma de ser ou de atuar que se acrescente à de ensinar. Faz parte da natureza da prática docente a indagação, a busca, a pesquisa. O que se precisa é que, em sua formação permanente, o professor se perceba e se assuma, porque professor, como pesquisador (FREIRE, 1996, p. 32).
O ato de pesquisar, indagar, analisar e verificar deve ocorrer naturalmente no
magistério, pois a profissão exige o constante e permanente aprimoramento,
construção e capacitação dos meios de atuar em sala de aula. Os espaços de
formação docente são primordiais para a fundamentação do professor-pesquisador
que tenha uma sensibilização para desenvolver e aperfeiçoar o pensamento crítico e
reflexivo.
O diário de bordo utilizado nos estágios corrobora a dimensão trazida por
Freire, (1996), de “tomar distância” de suas práticas docentes para melhor
compreendê-las.
A construção ou a produção do conhecimento do objeto implica o exercício da curiosidade, sua capacidade crítica de “tomar distância” do objeto, de observá-lo, de delimitá-lo, de cindi-lo, de “cercar” o objeto ou fazer sua aproximação metódica, sua capacidade de comparar, de perguntar. (FREIRE, 1996, p. 85).
A utilização dos diários de bordo se apresenta como uma forma simples, mas
que pode construir um grande aprendizado docente no período de formação. No
entanto, assim como pontua El Hammouti (2002, p. 14), “é preciso ter uma certa
disciplina para mantê-lo, escrevendo todos os dias ou no mínimo várias vezes na
41
semana, e isto, durante semanas, meses ou até anos”. Neste sentido também pode
ser destacada a disciplina como outra função dos diários de bordo desenvolvidos no
período de formação. Mantendo a disciplina e relatando periodicamente os
acontecimentos e as observações do espaço escolar, o futuro docente possuirá
maior dedicação aos métodos de pesquisa e meios reflexivos quando professor
atuante, se tornando, desta forma, um educador comprometido com a educação
transformadora e preocupado em manter o aluno no centro de suas práticas
educativas.
Os diários de bordo são marcados e impregnados por características
pessoais e pelas condições disponíveis no momento da escrita que moldam a forma
de aprender e ensinar do licenciando. O sentido maior de escrever e utilizar as
narrativas dos diários como fonte de pesquisa é de compreensão dos atos
reflexivos, refletir sobre a sua prática docente e buscar o crescimento profissional.
Assim, a escrita pode fomentar mudanças significativas na forma de pensar e agir
dos educadores nos espaços educacionais que garantirá um ensino de qualidade.
42
2 O PROJETO PIBID INTERDISCIPLINAR DE NOVA FRIBURGO, RJ
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) foi criado
em 2007 pela Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal (CAPES). Tendo
como objetivo principal incentivar a formação docente e a aproximar o ensino
superior com a educação básica. Através do Projeto pretende-se estimular o
relacionamento dos graduandos com o cotidiano do ambiente escolar incentivando a
permanência do futuro professor em sala de aula e o aprimoramento de seus
estudos e prática docente. A estrutura do Programa é composta por graduandos em
licenciatura, professores supervisores de escolas públicas de educação básica que
supervisionam, no mínimo, cinco bolsistas da licenciatura, professores da
licenciatura que coordenam subprojetos, por uma Coordenação de área de gestão
de processos educacionais e por uma Coordenação institucional (CAPES, 2011).
Dentre os objetivos do Programa PIBID, saliento a fundamental importância
da contribuição que o projeto traz para a articulação entre teoria e prática, tão
essenciais à formação dos docentes. O Projeto almeja alcançar melhorias no ensino
das escolas públicas, ressaltando o incentivo à formação de professores para a
educação básica de modo a suprir a demanda de professores com formação em
disciplinas específicas (CAPES, 2011).
Os alunos dos cursos de licenciatura recebem uma bolsa através do
Programa PIBID para se dedicarem ao desenvolvimento de trabalhos nas escolas
públicas, se comprometendo assim com o exercício do magistério. O Programa de
bolsas permite aos licenciandos, em sua formação inicial de professores, o
constante contato com o ambiente escolar proporcionando o seu aprimoramento e
antecipando o vínculo com as escolas. Dessa forma, os bolsistas podem
desenvolver a sua prática docente estando ainda na universidade. O Projeto tem se
tornado de extrema importância por integrar o graduando no âmbito escolar para
que, desse modo, ele possa melhor desenvolver o seu perfil profissional e
compromisso com a educação de qualidade das redes públicas.
No decorrer do ano letivo, os bolsistas realizam, nas escolas públicas,
trabalhos que visam promover a inserção dos graduandos de licenciatura no
cotidiano escolar, desde o início da sua formação acadêmica, e a aproximação da
43
realidade dos alunos da rede pública de ensino. Caracteriza-se, assim, como uma
oportunidade para que os bolsistas possam desenvolver atividades didático-
pedagógicas sob a orientação de um professor da escola, proporcionando-lhes
ensejos de criação e participação em experiências de metodologias e práticas
docentes de caráter inovador, interdisciplinar e que busquem a superação de
dificuldades identificadas no processo de ensino-aprendizagem.
Desde 2011 a UERJ participa do Programa com o projeto institucional Saber
Escolar e Formação Docente na Educação Básica, mas somente no edital de 2013
foram incluídos subprojetos referentes aos cursos de licenciatura oferecidos na
modalidade à distância.2 No ano de 2014 os cursos semipresenciais de licenciatura
em Ciências Biológicas, Geografia e Pedagogia da UERJ foram contemplados pelo
Programa de bolsas PIBID para desenvolverem subprojetos de caráter
interdisciplinar nas escolas parceiras da rede pública nos municípios de Nova
Friburgo e Resende. Em Nova Friburgo foram selecionados, no total, vinte alunos
dos cursos semipresenciais de licenciatura e quatro supervisores que atuam como
tutores no polo de Educação a Distância de Nova Friburgo e como professores em
escolas da rede pública estadual e municipal. As instituições de ensino básico
Colégio Municipal Odette Penna Muniz, Escola Estadual Marcílio Dias, Colégio
Estadual Dr. João Bazet e o Colégio Estadual Prof. Carlos Côrtes foram os
selecionados para fazerem parte da parceria entre a universidade e o Projeto PIBID
no município de Nova Friburgo, RJ (LACERDA; SABA, 2015).
O Polo de Educação a Distância de Nova Friburgo é administrado pelo Centro
de Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro (CEDERJ) e Universidade
Aberta do Brasil (UAB) e atualmente é referência em formação de professores na
região serrana, atendendo à população estudantil das cidades ao entorno. Estão
presentes cinco cursos de licenciatura: Ciências Biológicas, Geografia, Pedagogia,
Letras, e Química, sendo o curso de Letras oferecido pela Universidade Federal
Fluminense (UFF) e o curso de Química oferecido pela Universidade Estadual do
Norte Fluminense (UENF). Além dos cursos de licenciatura citados, o polo também
2 Disponível em: < http://pibidresende.blogspot.com.br/>
44
possui o curso de Tecnólogo em Segurança Pública, e oferece o Pré Vestibular
Social (PVS) e a especialização pelo Centro Federal de Educação Tecnológica
Celso Suckow da Fonseca (CEFET)3. Com a participação dos cursos de Ciências
Biológicas, Geografia e Pedagogia, administrados pela UERJ no Programa de
bolsas da CAPES (PIBID), os alunos obtiveram a possibilidade de serem
contemplados pelas bolsas e assim antecipar o seu vínculo com a educação básica,
através dos estágios realizados nas escolas parceiras da rede pública. O Projeto
tem se tornado fundamental para a formação dos futuros professores da cidade de
Nova Friburgo, por seu grau de comprometimento com a formação de qualidade dos
docentes garantindo a construção de perfis profissionais centrados em uma
aprendizagem crítica-reflexiva.
Os vinte alunos bolsistas dos três cursos semipresenciais de licenciatura da
UERJ contemplados pelo Projeto PIBID, foram selecionados, através de entrevista e
foram distribuídos em quatro grupos direcionados para três escolas do estado
(Colégio Estadual Professor Carlos Cortes, Colégio Estadual Dr. João Bazet, Escola
Estadual Marcílio Dias) e uma escola do município (Colégio Municipal Odette Penna
Muniz) todos localizados na cidade de Nova Friburgo, RJ. Cada grupo de cinco
bolsistas conta com um professor-supervisor que está inserido no sistema de ensino
dos colégios parceiros. Esses professores-supervisores são da área de ciências,
história e educação física, estabelecendo o caráter interdisciplinar do subprojeto.
Inseridos no subprojeto interdisciplinar cujo enfoque é a Educação em
Ciências, Ambiental e Saúde, os bolsistas desenvolvem em suas escolas parceiras
trabalhos que visam a promoção da sensibilização dos educandos quanto às
questões ambientais e de saúde que a sociedade vem enfrentando. Com o intuito de
contribuir para uma formação significativa de futuros cidadãos críticos e reflexivos,
os licenciandos se empenham ao máximo na articulação de metodologias que
promovam a contextualização dos conteúdos ligados ao currículo obrigatórios dos
alunos.
3 Disponível em: <https://polofriburgo.wordpress.com/>.
45
No que diz respeito à formação inicial dos professores, o Projeto PIBID é uma
iniciativa que vem se tornando referência na capacitação de educadores com
qualidades inerentes ao compromisso com a educação transformadora. Na
constante busca por uma aprendizagem significativa (AUSUBEL, 1982) a
possibilidade de conhecimento prévio do campo de atuação de educadores em
formação e da interação entre profissionais que atuam na escola e no ensino
superior é o que tem tornado este projeto um sucesso. De acordo com Burchard e
Sartori (2011) o projeto PIBID:
busca oferecer aos educadores em formação o acesso à escola, de forma que possam desenvolver atividades que sejam significativas aos educandos, relacionadas com situações-problema do seu cotidiano, resultando num aprendizado, tanto ao educador em formação como ao educando da escola básica. (BURCHARD; SARTORI, 2011, s/p.)
Sua importância também está na construção do conhecimento teórico e
prático com o trabalho conjunto dos bolsistas com o professor supervisor, uma vez
que os bolsistas desenvolvem as suas metodologias de trabalho e as aplicam nas
turmas, atestando a prática metodológica desenvolvida.
Assim que iniciam o estágio nas escolas, os bolsistas são orientados a
relatarem toda a sua vivência de estágio em seus diários de bordo. Os diários de
bordo, por possuírem um caráter reflexivo, são meios de enriquecedora importância
para a construção do processo de autoformação e avaliação dos graduandos
através de sua própria prática docente. Com a função de orientar e proporcionar a
reflexão do licenciando, os diários de bordo também serão importantes para analisar
e compilar os trabalhos desenvolvidos durante o ano letivo através da construção
dos portfólios. Os portfólios se caracterizam como uma metodologia relevante para
compilação e exposição dos trabalhos realizados pelos bolsistas. Guiando-se pelos
relatos dos diários de bordo, confeccionados no decorrer do ano letivo, os trabalhos
desenvolvidos são relembrados e avaliados neste processo. Portanto, a utilização
dos portfólios em conjunto com os diários de bordo, traz maior relevância à
metodologia de trabalho que os alunos desenvolvem dentro do PIBID. O Projeto
46
PIBID representa, assim, o estreitamento entre a formação e a prática reflexiva a
partir da utilização do diário de bordo e dos portfólios.
Sendo de fundamental importância a formação de professores baseada na
investigação, Araújo e colaboradores (1998, p. 178) afirmam que a Universidade
brasileira “[...] precisa sair de seus muros e buscar a sua inserção na sociedade mais
ampla, analisando, discutindo e equacionando os diferentes problemas existentes,
promovendo, assim, a contextualização da realidade”. Dessa maneira, o
compromisso com a formação docente de qualidade que o Programa PIBID possui,
busca proporcionar o desenvolvimento acadêmico centrado no embasamento teórico
e prático para as experiências que norteiam o enredo escolar.
Diante da atual situação difícil que a educação vem enfrentando, buscar
estratégias que estejam comprometidas em aperfeiçoar e manter o futuro professor
em sala de aula, tem se tornado cada vez mais relevante. É inegável a
primordialidade da formação docente para que haja uma melhoria efetiva na
educação brasileira, em todos os seus níveis. A urgência da qualidade do ensino
está centrada na necessidade de que o país se torne sociocultural e
economicamente mais justo, oferecendo serviços de educação e saúde com
qualidade, permitindo o acesso à saúde e educação a todos os brasileiros.
Através do PIBID o graduando pode pesquisar sobre sua prática de ensino
adequando-a à realidade da educação básica do país. Mediante a constante busca
pelo processo reflexivo na carreira docente, se faz necessário, cada vez mais, que o
docente se torne um professor-pesquisador. Para compreender a importância do
PIBID nesse processo de formação, pode-se dizer que é fundamental que o
acadêmico vivencie a realidade escolar através de projetos de iniciação a docência,
para que o professor reflexivo esteja em permanente diálogo com a realidade do
aluno e que, assim, possa transformá-la (SCHÖN, 1992).
Nesta perspectiva, exponho o meu relato onde me preocupo com a realidade
dos alunos do Colégio Municípal Odette Penna Muniz (OPM):
47
“Enquanto estava na turma 802, sentada no fundo da sala preenchendo meu diário de bordo, notei que uma aluna estava rindo sem parar e conversava com os outros alunos sobre maconha. Ela perguntava a eles se nunca tinham usado e que era muito bom, que faz a pessoa ficar alegre e rindo sem parar. E que um dia ela chegou em casa (provavelmente depois de fumar) e não parava de rir e sua mãe queria saber o porquê. Achei essa conversa muito preocupante, pois são alunas de 13 e 14 anos, muito jovens para já estarem entrando no mundo das drogas. Diante desta minha preocupação, acho válido passar para o grupo a proposta de fazermos um trabalho de sensibilização sobre os perigos do uso de drogas. E dessa forma poder mostrar para essa aluna que já está fumando e incentivando os seus coleguinhas a fumarem também, que as drogas e principalmente a maconha não faz bem a saúde física e psicológica assim como ela está achando. Também penso em fazer este trabalho devido a realidade daqui da escola, onde já sentimos alguns alunos entrarem na sala de aula após o intervalo com o cheiro muito forte de maconha.” (Stela, diário de bordo,
2014).
Cabe ressaltar que no período de formação docente esta vivência de estágio
permite o estabelecimento de um olhar mais crítico sobre a realidade que a maioria
dos alunos está inserida, possibilitando ao futuro professor o desenvolvimento de
uma sensibilidade maior para os inúmeros problemas que poderá enfrentar quando
estiver atuando na educação básica, e, assim, ter um conhecimento prévio diante de
uma situação como esta para poder buscar por uma solução junto à direção e ao
corpo docente da escola. Uma vez que a sua atuação, muitas das vezes, precisa ir
além dos conteúdos específicos de sua disciplina, o professor precisa ter a
sensibilidade de orientação sobre o mundo fora da sala de aula, pois muitos alunos
não possuem orientações da vida nos seus lares e buscam esse conhecimento na
escola. É importante ter em mente que o professor não se forma somente na
graduação, mas principalmente em seu cotidiano escolar, onde a verdadeira prática
acontece. Vale reiterar que a qualidade da educação e da formação de professores
está diretamente relacionada a experiências como esta, de iniciação à docência, que
as políticas educacionais disponibilizam para a valorização do magistério.
O caráter interdisciplinar é o grande destaque e também um desafio para os
bolsistas e profissionais da escola parceira que direta ou indiretamente estão
envolvidos com o Projeto. Além do desafio de trabalhar em grupo, trabalhar com
graduandos de cursos diferentes tem se tornado uma oportunidade de crescimento
pessoal e profissional para os participantes. A este fato, um momento de reflexão
relato no meu diário de bordo:
48
“Quando começamos a trabalhar junto em 2014, quatro cursos diferentes, e ter que interagir e descobrir como trabalhar com quatro pessoas diferentes, me parecia um “bicho de sete cabeças”. Porém, com o passar do tempo e dos trabalhos sendo feitos e dando bons resultados, descobri e aprendi que se aprende muito mais e o trabalho fica até melhor quando há uma interação grupal. Também tenho que admitir que meu grupo é maravilhoso. Estamos sempre em total harmonia e em perfeita sintonia. Apesar de às vezes haver algumas diferenças, afinal são pessoas totalmente diferentes, tudo dá certo no final. Nada que um bom diálogo não resolva. Hoje sei que o compartilhamento de ideias, conhecimentos, angustias, incertezas, sucessos e aprendizados traz mais significado para minha aprendizagem e me permite ter um olhar diferente sobre as inúmeras possibilidades de crescimento pessoal e profissional que o trabalho em grupo pode trazer” (Stela, diário de bordo, 2016).
Para Placco e Souza (2006), é no grupo que,
ocorre a interação que favorece a atribuição de significados, pela confrontação de sentidos. Significados da ordem do público, sentidos da ordem do privado. No coletivo, portanto, os sentidos construídos com base nas experiências de cada um circulam e conferem ao conhecimento novos significados – agora partilhados (PLACCO e SOUZA, 2006, p. 20).
Atualmente tem estado muito presente nos discursos educacionais o valor da
interdisciplinaridade nas escolas, porém, pouco se sabe a respeito, na prática
(PAVIANI, 2005). Percebo que maioria dos professores da rede pública não
compreendem o verdadeiro significado da interdisciplinaridade. E muitos são
solitários e até mesmo egoístas e inseguros, não gostando de “misturar” seu
trabalho com outros professores de outras áreas, por desconhecer essa forma de
trabalho. Situação reconhecida por Perrenoud (2001, p.84), quando afirma: “Com
freqüência, a solidão de professor parece ter sido escolhida e assumida como uma
condição de autonomia, de criatividade ou de eficácia”. Dessa forma, o processo
interdisciplinar causa certa apreensão aos professores, por acharem que este tipo
de trabalho não dá certo, por não acreditarem e até mesmo por não conhecerem o
verdadeiro significado da interdisciplinaridade. Por isso, iniciativas como o PIBID
contribuem muito para o desenvolvimento de habilidades nos futuros docentes que
49
permitirão a eles ter acesso ao conhecimento necessário para trabalhar em grupo e
de forma interdisciplinar.
É durante o processo de formação docente que o professor precisa aprender
e compreender o verdadeiro significado da interdisciplinaridade. Assim, no decorrer
do ano letivo o trabalho interdisciplinar e em grupo dos bolsistas vão norteando o
ensino-aprendizado destes futuros professores que aprendem uma nova proposta
pedagógica que poderá auxiliar a superar algumas das dificuldades encontradas por
professores e alunos no trabalho desenvolvido na sala de aula.
Conforme ilustra Fazenda (1994), a mobilização interdisciplinar conseguiu
verdadeira consistência na Europa, a partir da década de 1960, e no Brasil, a partir
da década de 1970, quando ocorria um processo de profunda reflexão sobre sua
significação no ensino. A partir de então, o enfoque interdisciplinar foi ganhando
cada vez mais força no sistema educacional e muitas definições foram surgindo.
Para Pombo (1993), por exemplo, interdisciplinaridade seria:
[...] qualquer forma de combinação entre duas ou mais disciplinas com vista à compreensão de um objecto a partir da confluência de pontos de vista diferentes e tendo como objectivo final a elaboração de uma síntese relativamente ao objecto comum. A interdisciplinaridade implica, portanto, alguma reorganização do processo de ensino/aprendizagem e supõe um trabalho continuado de cooperação dos professores envolvidos. (POMBO, 1993a, p.13).
Já para Japiassu (1976, p. 17): “A interdisciplinaridade caracteriza-se pela
intensidade das trocas entre os especialistas e pelo grau de interação real das
disciplinas no interior de um mesmo projeto de pesquisa”.
Mas também é preciso ensinar ao aluno das escolas o que é
interdisciplinaridade quando se quer trabalhar desta forma. Assim, desde o início do
desenvolvimento do Projeto PIBID, no Colégio OPM, fomos apresentados para as
turmas como professores em formação de cursos diferentes que iriam trabalhar
juntos com temas que não fossem específicos de sua área de formação, sempre
partindo do professor-supervisor do estágio a explicação da forma como iríamos
50
desenvolver nossos trabalhos no decorrer do ano. Uma vez que, não só o professor
precisa compreender o que é interdisciplinaridade, mas o estudante também, pois
este tipo de atitude mobiliza-o a participar mais das atividades. Assim alerta Meirieu
(1998, p.86): “O que mobiliza um aluno, o que o introduz em uma aprendizagem, o
que lhe permite assumir as dificuldades da mesma, ou até mesmo as provas, é o
desejo de saber e a vontade de conhecer”. Nesta perspectiva, o aluno se torna o
centro do saber, sendo o agente mais importante durante o processo de
ensinar/aprender.
O importante, neste caso, é mostrar que a interdisciplinaridade não é um meio
inventado para fazer uma simples integração de conteúdo ou “desintegrar” as
disciplinas, mas sim uma forma de interação entre aluno, professores de diferentes
áreas e a realidade do entorno escolar. Principalmente, mostrar para o aluno que,
em seu cotidiano, os conteúdos das disciplinas que ele aprende em sala de aula,
não se encontram fragmentados ou individualizados e sim em uma perfeita interação
e harmonia. Assim,
A interdisciplinaridade não dilui as disciplinas, ao contrário, mantém sua individualidade. Mas integra as disciplinas a partir da compreensão das múltiplas causas ou fatores que intervêm sobre a realidade e trabalha todas as linguagens necessárias para a constituição de conhecimentos, comunicação e negociação de significados e registro sistemático dos resultados. (BRASIL, 1999, p. 89).
Para que ocorra o processo interdisciplinar há uma necessidade de
comunicação entre as disciplinas e também uma abertura dos professores para que
se ultrapasse o pensar fragmentado na busca pela superação do saber e
compreensão de todos os processos presentes no universo. Enfim, promover
aprendizagem por intermédio de múltiplas relações. Nesse sentido, buscando a
interação entre as disciplinas, os bolsistas, desde o início de suas atividades na
escola parceira, realizaram trabalhos que integram as disciplinas, (Figura 2) como
pode ser percebido no meu relato no diário de bordo,
“Fizemos um trabalho sobre jogos cooperativos em parceria com o professor de educação física, mesmo estando sob a supervisão da
51
professora de geografia e nossos trabalhos serem mais voltados para o meio ambiente. Tentamos assim relacionar os jogos cooperativos com saúde, devido à prática esportiva, e a importância do trabalho em equipe. Para que os alunos já comecem a perceber a importância do trabalho em grupo, da solidariedade e dos esportes para a saúde. O trabalho teve grande aceitação dos alunos e foi de grande aprendizado para a gente trabalhar com a parceria de um professor de outra área diferente das áreas que já estamos habituados a trabalhar” (Stela, diário de bordo, 2014).
Figura 2 - Jogos cooperativos realizados na quadra esportiva do colégio OPM com a turma 804.
Fazenda (2009), afirma que nos projetos interdisciplinares "não se ensina,
nem se aprende: vive-se, exerce-se”. E é exatamente essa a proposta do subprojeto
interdisciplinar de Nova Friburgo, onde os bolsistas procuram se dedicar ao máximo
para, muito mais do que ensinar e levar informações para os alunos, vivenciar na
prática, junto com os alunos, todo o processo de construção do conhecimento,
caracterizando, desta forma, o desenvolvimento produtivo e criativo dos futuros
professores centrado na instituição escolar e não somente nos livros e na
universidade.
Nessa nova era da modernidade que estamos vivendo, com todo advento
tecnológico e a globalização das informações, o professor deixou de ser o único
Fonte: O autor, 2014.
52
provedor do conhecimento para ser um moderador dos processos de ensino-
aprendizagem que deve provocar o desenvolvimento de habilidades no aluno,
necessárias para que ele possa crescer social e academicamente em um espaço de
inúmeras interações culturais a que está inserido. Assim, nas palavras de Tiba
(1998, p.23) “O professor não é o único responsável pela aprendizagem. Sua nova
tarefa é orientar o estudante na busca e no processamento das informações.” Como
explica Gadott (2004, p.34): “O novo professor é um profissional do sentido”, dessa
forma, temos que ter a sensibilidade, que além de formar futuros profissionais de
diversas áreas, precisamos formar cidadãos que sejam capazes de respeitar as
diferenças, as opções sexuais de cada um, a cultura, religião, nacionalidade, saber
conviver em sociedade e contribuir para um meio social menos injusto e corrupto.
Para priorizarmos um ensino que não seja baseado na memorização e na
formação de modelos, e para que haja a integração dos conhecimentos e
compreensão de uma situação problema da realidade do aluno, a
interdisciplinaridade deve acontecer, naturalmente, junto com a contextualização do
conteúdo, trazendo importância ao cotidiano do estudante. A contextualização
também tem se tornado de extrema relevância para o crescimento estudantil por
trazer maior significação ao processo de aprendizagem. Assim, interdisciplinaridade
e contextualização são dois meios didáticos e pedagógicos de ensinar ao aluno que
está inserido em um mundo em constante transformação.
[...] interdisciplinaridade e contextualização, são eixos norteadores do ensino que envolve conceitos científicos essenciais [...], o fazer pedagógico deverá expressar a contextualização, interatividade, interdisciplinaridade, criticidade, flexibilidade e historicidade que conduzirão professores e alunos envolvidos pela emoção e o prazer [...], à discussão e à transformação da sociedade. (SANTA CATARINA, 2001, p. 126).
Sobre a contextualização, Ricardo (2003) destaca,
A contextualização visa dar significado ao que se pretende ensinar para o aluno (...), auxilia na problematização dos saberes a ensinar, fazendo com
53
que o aluno sinta a necessidade de adquirir um conhecimento que ainda não tem (RICARDO, 2003, p. 11).
Com o objetivo de aumentar o processo de contextualização dos trabalhos
desenvolvidos na escola parceira, os bolsistas PIBID identificam o que os alunos
estão vivenciando em seu cotidiano escolar e realizam atividades, conforme pode
ser percebido no meu relato do diário de bordo:
“Em comemoração ao Dia do Planeta Terra realizamos algumas atividades com a turma 703. Inicialmente fizemos algumas discussões sobre alguns temas pertinentes da Educação Ambiental, dentre estes temas destacamos o tráfico de aves silvestres na região serrana e as queimadas que são muito comuns na região serrana. Na ocasião levei algumas imagens de como é feito o tráfico de aves, imagens estas bem chocantes de pássaros que não resistiram ao transporte precário e morreram. Passei estas imagens impressas para os alunos olharem de perto em suas mesas. Enquanto eles olhavam espantados para as imagens, explicávamos como os pássaros eram capturados e transportados de forma totalmente desumana. O interessante foi quando a maioria dos alunos comentou que seus pais possuíam pássaros presos em gaiola. Alguns até comentaram que o pai participava de tornei de canto com o pássaro e que este valia muito dinheiro. Outro aluno nos contou como fazia para pegar os passarinhos para o pai. E o mais chocante foi quando um aluno falou que sempre matou passarinhos brincando com um estilingue que o pai fez. Então, repreendemos e reiteramos como isso era errado e cruel para os pássaros. E pude sentir que muitos concordaram e ouvi até alguns dizendo que iriam falar para o pai soltar os passarinhos que estavam na gaiola. Acredito que a grande maioria dos alunos conseguiu compreender a importância do que estávamos falando quando viram aquelas imagens tão chocantes. E espero que mudem seus hábitos e passem essas informações para seus pais.” (Stela, diário de bordo, 2014).
Se houver sensibilidade dos educadores para trabalhar com a
contextualização, trazendo para a sala de aula situações que permitam o aluno se
identificar, será possível ter uma maior interação e melhor assimilação dos
educandos, pois assim eles perceberão uma ligação dos conteúdos com sua vida no
cotidiano. Mas, infelizmente, muitos professores quando entram em sala de aula
esquecem da conexão do aluno com a vida real, como se o mais importante na sala
de aula fosse o conteúdo programado que é exigido pelo sistema de ensino. No
entanto, é preciso repensar este sistema de ensino que se esquece da vida do aluno
fora dos muros da escola.
54
A partir daí, enfatizo a necessidade do professor conhecer a realidade de
seus alunos e buscar meios para trabalhar de forma interdisciplinar e
contextualizada, inserindo o educando em estratégias que busquem por soluções de
problemas de seu cotidiano, indagando e refletindo sobre sua realidade. Desta
forma, será possível quebrar o paradigma do ensino mecanizado, minimizando as
práticas do excesso de informação na cabeça do aluno, uma vez que, “é falsa a
crença de que o acúmulo de informação significa conhecimento” (BRITTO 1997, p.
22). Compete, então, ao educador romper os padrões e as dificuldades impostas
pelo falho sistema de educar o cidadão somente para o mercado de trabalho.
Iniciativas como o Projeto PIBID emergem de um processo de aprofundamento
teórico e prático que renova as formas de aprender e ensinar, visando a formação
de um educador que olha para o conhecimento de forma global, refletindo sobre sua
prática docente e aproximando interdisciplinaridade e contextualização durante a
sua vivência de estágio. Permite, assim, desenvolver, as suas habilidades
necessárias para, futuramente, quebrar a dicotomia instaurada no processo de
ensino-aprendizagem, provendo uma educação capaz de possibilitar o estudante
pensar e agir de forma crítica no meio em que esteja inserido.
55
3 O PROJETO PIBID NO COLÉGIO MUNICIPAL ODETTE PENNA MUNIZ
O Projeto PIBID está inserido, desde 2014, no Colégio OPM e conta com a
participação de cinco bolsistas dos cursos semipresenciais de Licenciatura da UERJ
(Ciências Biológicas, Geografia e Pedagogia), caracterizando o aspecto
interdisciplinar do subprojeto. Desde agosto de 2015 o grupo está sob a supervisão
de um professor de Educação Física (Figura 3) que atua na escola nas turmas de
ensino fundamental II, à tarde, e na Educação de Jovens e Adultos (EJA) no turno
da noite.
Figura 3 - Grupo PIBID/OPM. Stela Lina (biologia), Nathália (pedagogia), Lucas (geografia), Mauro (professor-supervisor, educação física), Jessye (biologia) e Leila (biologia).
As ações previstas para serem desenvolvidas na escola têm por base a
inserção dos bolsistas no dia-a-dia escolar visando à observação participativa nas
atividades realizadas em sala de aula e a construção de propostas práticas que
estejam voltadas para a realidade dos alunos. Sempre, no início do ano letivo, os
bolsistas fazem um diagnóstico das turmas e anotam suas observações em seus
Fonte: O autor, 2014.
56
diários de bordo, para que posteriormente seja discutido com o supervisor o que
será trabalhado no decorrer do ano com os alunos.
A realidade do colégio OPM não é diferente da maioria das escolas públicas
do Município e do Estado. Infraestrutura precária, falta de manutenção e
profissionais, salas lotadas e pouco espaço no pátio para os alunos transitarem
durante o intervalo. Mas o que chama a atenção nessa escola é que, mesmo com
todos esses problemas, o colégio disponibiliza para seus alunos um ensino de
qualidade, onde os profissionais procuram sempre trabalhar com total dedicação e
comprometimento com a educação de seus educandos. O que não falta nesse
colégio são carinho e dedicação. Bastante acolhedora, a escola abriu as suas portas
para receber o Projeto PIBID e seus cinco bolsistas em 2014.
As atividades foram iniciadas pelos bolsistas em 2014, na época estando sob
supervisão de uma professora de geografia. No começo do ano letivo, os bolsistas
participavam das aulas observando. E na ocasião era registrado em seus diários de
bordo tudo o que observavam no ambiente escolar e achavam relevante à anotação.
A partir destas anotações de observação, eram discutidas, entre o grupo, as
propostas de projetos a serem trabalhados durante o ano letivo, para posteriormente
ser passado para a aprovação da supervisão do Projeto PIBID na escola. Na
perspectiva de trabalhar as temáticas de meio ambiente e saúde, os bolsistas
desenvolviam atividades que despertassem a sensibilização dos alunos para uma
mudança de realidade. As propostas de trabalhos dos bolsistas eram sempre bem
aceitas por todas as turmas da escola, contando sempre com 100% de participação
dos alunos no desenvolvimento dos trabalhos, como pode ser observado no relato
abaixo.
“Hoje a subdiretora nos pediu para ficar com a turma 801, pois o professor deles havia faltado e ficaram com a aula vaga. Não tínhamos nada preparado para passar para eles, então resolvemos fazer a simples brincadeira da forca sobre os assuntos de geografia com os alunos que quisessem participar e quem não quisesse poderia ficar conversando em voz baixa. O mais legal foi que todos os alunos quiseram participar da brincadeira logo no primeiro instante que perguntamos. E pelo que percebi eles gostaram bastante da brincadeira e se comportaram muito bem” (Stela, diário de bordo, 2015).
57
O PIDIB tem proporcionado uma ponte para o desenvolvimento do
pensamento crítico dos alunos da educação básica e do ensino superior. Sobre este
fato Libâneo (1994) coloca que se deve:
Criar as condições e os meios para que os alunos desenvolvam capacidades e habilidades intelectuais de modo que dominem métodos de estudo e de trabalho intelectual visando a sua autonomia no processo de aprendizagem e independência de pensamento. (LIBÂNEO, 1994, p. 71).
As contribuições do programa PIBID, além de ser destaque na educação
básica, também são notórias no ensino superior por estar trazendo maior
sensibilização para os futuros professores no âmbito de uma educação
transformadora, mostrando que a educação deve ir além da transmissão de
conteúdos. Ela deve ser capaz de promover uma ruptura nos velhos paradigmas da
educação tradicional.
Sendo assim, Oliveira (2003) sugere:
[...] uma educação que, pelo processo dinâmico, possa ser criadora e libertadora do homem. Planejar uma educação que não limite, mas que liberte que conscientize e comprometa o homem diante do seu mundo. Esta é o teor que se deve inserir em qualquer planejamento educacional. (OLIVEIRA, 2003, p.27)
Diante dessa compreensão, a prática educativa necessita investir nos
fundamentos e condições necessárias para adquirir respostas e novos
entendimentos de como proceder para disseminar os conhecimentos que
transformem o pensamento do aluno nos espaços escolares. Nessa perspectiva, o
PIBID, além de contribuir para uma melhor formação dos licenciandos, pois de
acordo com Freire (1996), é na prática que os nossos saberes são confirmados,
modificados e ampliados, também favorece aos alunos das escolas contempladas,
58
através dos meios pelos quais os bolsistas estimulam formas de desenvolver o
raciocínio e a solução de problemas de sua realidade.
Neste ponto, os bolsistas sempre procuraram desenvolver em sala de aula
discussões, mesas redondas e debates sobre temas pertinentes da atualidade:
“Buscando instigar o raciocínio dos alunos sobre o que está acontecendo no mundo, fizemos uma mesa redonda com os alunos da 801. Levamos para eles algumas reportagens impressas com temas que estão na mídia, como a descoberta de água na Lua, a sonda em Marte, a falta de água em São Paulo, o aumento do consumo de agrotóxico no Brasil e as postagens de fotos em redes sociais. Fizemos um circulo, dividimos os alunos em trios e demos um tema para cada trio. Cada trio teve dez minutos para discutir sobre o tema e em seguida começamos o debate. Seguindo a ordem do círculo que fizemos, cada trio primeiro explicava o que falava na sua reportagem e depois expressa a sua opinião sobre o tema. Depois todos do círculo podiam comentar e expressar sua opinião. Alguns temas geraram bastante discussão e impacto entre as opiniões dos alunos. Eles se mostraram bem concentrados e participativos. No final, os objetivos estipulados para está atividade foram alcançados, que era a estimulação do pensar sobre os assuntos que estão ocorrendo no Brasil e no mundo” (Stela, diário de bordo, 2015)
Mediante a permanente busca por uma educação de qualidade, precisamos
refletir sobre a formação inicial dos professores em virtude da constante
transformação do meio escolar. Neste contexto, se faz necessária a formação de
educadores capacitados para atuarem de forma interdisciplinar e nos diversos
ambientes escolares, valorizando a cultura e o conhecimento que cada aluno insere
em sala de aula. No intuito de alcançar essa vertente, o Programa PIBID, busca
oferecer aos acadêmicos a vivência do cotidiano escolar sob uma nova perspectiva
de atuação diferencial, desenvolvendo experiências metodológicas e práticas
docentes de natureza inovadora e interdisciplinar que enriqueçam a formação dos
futuros professores e dos educandos da escola. Neste intuito, apresento o relato
sobre a atividade “A Teia” desenvolvida no OPM em comemoração ao dia do
Planeta Terra em 2014 (Figura 4):
“Para dar continuidade aos trabalhos sobre o Dia do Planeta Terra,
desenvolvi junto com o grupo na turma 703, a atividade lúdica “A Teia” relacionando os assuntos de Educação Ambiental que havíamos discutido
59
anteriormente com os alunos. A atividade teve como objetivo mostrar aos alunos as relações existentes entre os elementos naturais, os seres vivos e a dependência entre eles destacando a importância de cada “parte” da natureza para que haja uma harmonia no meio ambiente. Fiz uma pequena adaptação nesta atividade e utilizei pedaços de papel com nomes de recursos existentes no bioma que os alunos estão inseridos, problemas ambientais, causas e consequências. Levamos os alunos para a quadra e fizemos um círculo. Distribuímos para cada aluno um pedaço de papel com algo escrito. E quem iniciou tinha que passar o barbante para quem estivesse com o papel que tivesse algo relacionado com o seu papel. Por exemplo, meu papel estava escrito “Degradação do lençol freático”, então, eu passei o barbante para um aluno que estava com papel que estava escrito “Agrotóxico” que é uma das causas deste problema. E este aluno teve que pensar qual a consequência desse problema no bioma e passar o barbante para quem estivesse com a consequência. E assim fomos relacionando todos os papeis e os alunos foram notando as relações existentes na natureza e que para cada problema que causamos ao meio ambiente existe uma consequência ruim. E que cada elemento existente na natureza dependendo do outro para existir. Ao longo da atividade fomos fazendo algumas reflexões com os alunos e estabelecendo a importância das interações ambientais, frisando a necessidade de cada um agir localmente para que tenhamos mudanças globalmente.” (Stela, diário de bordo, 2014)
Figura 4 - Atividade "A teia" realizada na quadra esportiva do colégio OPM, com a turma 703 em comemoração ao dia do Planeta Terra.
Fonte: O autor, 2014.
60
Durante o período de inserção no cotidiano escolar, os bolsistas, através de
uma análise prévia, sempre procuram desenvolver estratégias que promovam a
curiosidade e a inquietação dos educandos. Assim, a elaboração destas estratégias
exige a constante pesquisa do educador, o que permite o desenvolvimento e a
ampliação do seu conhecimento, sempre levando em consideração a condição real
em que os educandos se apresentam. O educador que em sua ação educativa
promove a sua curiosidade e a dos alunos está instigando a construção do seu
próprio conhecimento, pois segundo Freire (1996, p 33) “... sem a curiosidade que
me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo, nem ensino”.
Essa constante pesquisa e curiosidade tornam o educador mais preparado e seguro
de si. Dessa forma, o professor que está sempre preocupado em promover a sua
curiosidade e também a dos alunos, está continuamente permitindo o
aperfeiçoamento da sua formação em um contexto de professor-pesquisador.
Cada dia de estágio na escola se torna valioso para o processo de
desenvolvimento do perfil profissional do docente por permitir um aprendizado
diferente, com cada aluno e profissional que compõe o ambiente escolar. É inegável
que os bolsistas PIBID possuem um maior conhecimento da realidade das escolas
públicas do que os licenciandos que não tiveram a mesma oportunidade de
aprendizado. É por esta razão que se tornarão educadores diferentes. Tornar-se-ão
educadores comprometidos com o ensino de qualidade, preocupados com o futuro
dos alunos e consequentemente da sociedade. Pertinente a isto, os bolsistas PIBID
do colégio OPM sempre desenvolveram trabalhos voltados para despertar nos
alunos o hábito de pensar sobre os problemas sociais:
“Hoje realizamos com os alunos da 903 um debate sobre alguns temas da atualidade. Os alunos foram bastante participativos, todos se mostraram bem interessados pelos assuntos e expressaram a sua opinião. Alguns foram até bem críticos e muito atualizados demonstrando um interesse social pelas questões debatidas. O debate teve grande importância por orientar o raciocínio do alunos para alguns assuntos que poderão fazer parte de exames classificatórios e redações para quem for ingressar em uma escola que tenha um processo seletivo. Além de estimular a reflexão sobre temas da atualidade como, investimentos para olimpíadas, aborto e corrupção na política ”. (Stela, diário de bordo, 2016)
61
O papel do educador deve ir além de ensinar os conteúdos programados, e
sim ajudar a compreender a sociedade em que está inserido, partindo daquilo que o
aluno gosta de fazer (ALARCÃO, 1996), mudando, por exemplo, o ambiente de
ensinar o aluno, ao buscar outros locais da escola que sejam acessíveis, como a
quadra esportiva ou o pátio da escola. Podemos notar que ensinar ao ar livre,
através de atividades lúdicas, faz com que os alunos se sintam mais a vontade e
dispostos a aprender. É possível corroborar isso quando relato sobre a atividade
“Abacate-abacaxi” realizada na quadra da escola (Figura 5):
“Para complementar os trabalhos sobre nutrição que passamos para os alunos dos oitavos anos, levamos- os para a quadra e fizemos com eles a atividade lúdica “abacate-abacaxi” relacionando à alimentos saudáveis e alimentos não saudáveis da aula anterior. Onde os alunos fizeram corte e colagem em um cartaz divido em: o que eles achavam que era uma alimentação saudável e a pirâmide alimentar. Na atividade que fizemos na quadra, os alunos puderam colocar em prática o que aprenderam sobre alimentos saudáveis e não saudáveis. A atividade consistia em dividir os alunos em dois grupos, um saudável e o outro não saudável. Os alunos dos dois grupos tinham que ficar frente a frente no meio na quadra e quando nós (bolsistas) gritávamos um nome de um alimento, eles tinham que saber se era saudável ou não e dependendo do que fosse, deveriam correr para o lado da quadra correto que correspondia o alimento que foi falado. Os alunos se divertiram com está atividade. Ficaram as duas aulas inteiras fazendo isto. E o mais legal era ver a reação deles quando erravam dizendo: “não acredito que isso não é saudável”. E foi um corre e corre em que determinados momentos os alunos não sabiam para qual lado da quadra deveriam ir. Foi interessante ver a participação de todos e notar que tudo que a gente falou em sala de aula eles souberam na hora de colocar em prática e puderam aprender ainda mais durante a atividade, por ter sido descontraída e prazerosa.” (Stela, diário de bordo, 2015).
62
Figura 5 - Atividade 'Abacate-abacaxi' realizada com na quadra esportiva do colégio OPM com a turma 801.
A importância de estágios como este está no fato de ir além do processo de
formação dos docentes, pois proporciona, além do conhecimento didático
necessário à vida estudantil do aluno e do futuro professor, o conhecimento para a
vida. Muitos dos trabalhos que são feitos com os alunos, irão ajudá-los na busca por
soluções de problemas, na melhoria da qualidade de vida, na valorização de seu
corpo, compreensão da importância dos valores éticos em uma sociedade e o
direcionamento para descobrir qual carreira profissional seguir futuramente. A este
fato relato a importância do trabalho “Conhecendo as profissões” realizado pelo
bolsista Lucas Gaspar no OPM:
“O Lucas, com o nosso apoio, desenvolveu com a 903 a atividade 'Conhecendo as profissões' que tem como principal objetivo fazer os alunos do nono ano já irem começando a pensar as possibilidades de formação profissional que terão em um futuro próximo, além de mostrar a importância de atualmente possuir uma boa formação para ingressar no mercado de trabalho. Foram apresentadas para os alunos as possibilidades de escolha profissional que possuiu em Nova Friburgo e nas regiões próximas. Os alunos obtiveram diversas informações relevantes sobre cursos técnicos, faculdades e carreira militar. Como estes alunos estão em um momento crucial de suas vidas, devido estarem no último ano do ensino fundamental II, podendo no próximo ano já começarem em uma formação profissional
Fonte: O autor, 2015.
63
junto com o ensino médio, este trabalho teve grande importância não só para a formação dos alunos, mas também para as suas vidas no futuro. Uma vez que, muitos alunos já pensam em parar com os estudos quando se formarem no ensino fundamenta II por não possuírem orientações e nem a perspectiva para continuarem os estudos e chegarem a terem uma profissão. Ressalto aqui, que este trabalho não teve a função de induzir os alunos a seguir determinada carreira, a função maior foi de apresentar as possibilidades de continuação dos estudos e formação profissional, aumentando assim a expectativa dos alunos quanto a uma melhor formação como garantia de um futuro melhor” (Stela, diário de bordo, 2016).
O desejo inicial dos bolsistas PIBID sempre foi contribuir com a dinâmica das
salas de aula desenvolvendo uma prática pedagógica contextualizada, capaz de
favorecer o ensino-aprendizagem dos educandos e buscando sempre adequar os
trabalhos para a realidade de cada série e turma. Assim, quando foram realizados
alguns trabalhos com os alunos da EJA, levou-se em consideração a idade e a
necessidade didática dos alunos. No engajamento de proporcionar um
conhecimento mais aprofundado sobre alguns problemas de saúde que mais
acometem a população, como diabetes e hipertensão, foi desenvolvido, com os
alunos não só um trabalho de saúde, mas sim um trabalho de prestação de serviço à
comunidade escolar. Em parceria com o Projeto Sociedade União Beneficente
Humanitária dos Operários (Humanitária)4, o Projeto PIBID OPM possibilitou que
alguns alunos descobrissem precocemente o início de uma doença silenciosa, que é
a hipertensão. Na ocasião foram realizadas práticas de aferição de pressão arterial e
taxa de glicemia (Figura 6). Foi notório o reconhecimento e agradecimento dos
alunos da EJA pelos bolsistas terem lhes permitido participarem de um trabalho tão
importante como o que foi realizado. Em um relato, confirmo o sucesso e
reconhecimento dos alunos:
“Uma das alunas da oitava fase, que está na faixa de 18 a 20 anos de idade, ficou super agradecida por ter participado do trabalho, pois através da simples atividade de aferição de pressão proporcionada pelas estagiárias da Humanitária, ela pôde descobrir um princípio de pressão alta. E foi devidamente informada e encaminhada para o posto de atendimento da Humanitária para que fosse feito um acompanhamento e monitoramento de
4 Disponível em: <http://humanitaria.org.br/>
64
sua pressão arterial permitindo tomar as devidas providências para que o quadro não se agrave” (Stela, diário de bordo, 2016).
Figura 6 – Aferição de pressão e verificação da taxa de glicemia dos alunos da EJA no Evento “Noite da Saúde na escola” realizado em parceria com o Projeto Humanitária, no pátio do colégio OPM.
Experiências gratificantes, como esta, permitem que o docente em formação
esteja motivado e interessado em buscar sempre a melhor forma de ensinar e ajudar
aos seus alunos, confirmando que “Ensinar não é transferir conhecimento” (FREIRE,
1996, p. 21). Volto a repetir que ensinar vai além de passar conteúdos
programáticos, é estar sempre disposto a desenvolver uma educação mais
humanizada (UTSUM, 2006. p.73), que pense no aluno além dos conteúdos e da
sala de aula, preocupando-se com a realidade e a qualidade de vida de seus alunos.
As vivências em estágios deste nível oportunizam aos futuros professores a
adquirirem conhecimentos valiosos.
Segundo Veiga (2009):
A formação de professores constitui o ato de formar o docente, educar o futuro profissional para o exercício do magistério. Envolve uma ação a ser desenvolvida com alguém que vai desempenhar a tarefa de educar, de ensinar, de aprender, de pesquisar e de avaliar (VEIGA, 2009, p. 26).
Fonte: O autor, 2016.
65
É notória a importância do Projeto PIBID na formação inicial dos educadores,
pois é esse primeiro contato com a escola, os alunos, suas realidades e
adversidades que são capazes de moldar o desempenho desses profissionais
quando estiverem aptos para atuarem na educação básica, pois:
formação permanente dos professores centrada na escola, sob responsabilidade de uma pessoa da própria escola, presume que o compromisso dos docentes na discussão dos problemas práticos que enfrentam na escola constituem o melhor modo de promover o desenvolvimento profissional. (...) Nessa perspectiva de formação permanente do professor centrada na escola, a melhora da prática profissional se baseia, por fim, na auto-compreensão dos professores sobre seus papéis e tarefas (ELLIOT, 1990, p. 244-245).
A participação no Projeto PIBID permite desenvolver a verdadeira criticidade
do aluno da graduação, pois ele se torna capaz de ser um bom observador do
ambiente em que está inserido, analisando as inúmeras relações existentes no
âmbito escolar, desenvolvendo a capacidade de avaliar a necessidade existente em
cada aluno. De acordo com Tardif (2008),
O saber experiencial é um saber ligado ás funções dos professores, e é através da realização dessas funções que ele é mobilizado, modelado, adquirido, tal como mostram as rotinas, em especial, e a importância que os professores atribuem à experiência (Tardif, 2008, p.109).
A etapa do estágio proporciona um espaço propício à formação e a
construção de saberes necessários para ensinar e aprender. Como o pensamento
crítico e a reflexão estão cada vez mais presentes e importantes na formação
docente, estágios de longa duração, como o PIBID, permitem uma maior vivência no
âmbito escolar, possibilitando o desenvolvimento dessas habilidades. Por isso este
Projeto é tão valioso e fundamental para os estudantes de licenciatura.
66
“Através da participação no PIBID pude entender de verdade o que é pensar de forma crítica e refletir sobre os processos de aprendizagem. Tornei-me uma boa observadora, sabendo diagnosticar o perfil de alunos de uma turma e como ressaltar as suas qualidades” (Stela, diário de bordo,
2016).
Por meio desta prática, o futuro professor obtém novos conhecimentos e
aprendizados através das trocas de experiências entre o grupo, outros professores,
alunos e também o hábito de avaliar e autoavaliar sua prática enquanto professor
em formação.
“Estamos finalmente em mais um final de ano letivo. No decorrer do ano muitos “frutos bons” foram colhidos. Muitas atividades deram certo e foram ótimas, outras nem tanto. Mas o importante foi aprender com tudo que passou, seja bom ou ruim. Estamos na última semana de aula na escola, e fazendo uma reflexão sobre o ano todo, vejo que algumas coisas na minha forma de ensinar precisam ser aprimoradas e melhoradas. Outras devem ser deixadas para trás” (Stela, diário de bordo, 2015).
A respeito da importância do espaço de formação do professor como
ambiente de experimentação, Carvalho e Ramoa (2008) dizem:
espaço de experimentação e reavaliação das ações investigativas empreendidas por cada indivíduo singular e devolvidas ao grupo de forma a permitir uma reapropriação dos saberes, mas também uma nova perspectiva exploratória do estudo realizado (CARVALHO e RAMOA, 2000, p. 8).
Durante o estágio, o espaço escolar funciona como um verdadeiro laboratório,
onde o professor em formação pode experimentar e atestar os mais diversos modos
e meios de ensinar e também de aprender novas formas de pensar, refletir e se
aperfeiçoar. O importante papel que o professor exerce cotidianamente na
sociedade exige o reconhecimento de que este profissional necessita passar por um
processo de capacitação, qualificação, aperfeiçoamento e, acima de tudo, de
motivação para persistir diante dos obstáculos que enfrentará no sistema de ensino.
67
Dessa forma, o desenvolvimento das habilidades que permitam a sua prática
reflexiva se torna essencial. Nesta perspectiva, o PIBID tem trazido muitas
contribuições para a formação destes profissionais por disponibilizar um espaço de
mútuas trocas e a constante orientação de um supervisor que já está no sistema de
ensino. Assim, o ensinamento que o professor-supervisor passa para seus bolsistas
ajuda a construir um conhecimento da atuação profissional que poderá ser valioso
em determinadas situações de vivência em sala de aula. No Colégio OPM os
bolsistas foram agraciados com um professor-supervisor que está há dez anos na
rede de ensino e possuiu uma excelente presença e atuação em sala de aula,
buscando sempre demonstrar para seus alunos que educação física vai além de
“correr atrás de uma bola”. Ele procura sempre trabalhar de forma contextualizada
mostrando a importância dos conteúdos que ele passa em sala de aula para a vida
do aluno.
“Sempre participo das aulas da EJA, e hoje o professor explicou sobre um tema que é importantíssimo para os alunos deste segmento. Ele falou sobre primeiros socorros para acidentes. Destacou a importância do que fazer em uma situação de acidente doméstico como a queimadura, por exemplo, mostrando para os alunos o que é certo fazer e o que é errado nestas situações. Achei extremamente valioso como ele abordou o tema. Foi muito importante por tirar muitas dúvidas que os alunos têm sobre como agir e mostrar a forma correta do que fazer” (Stela, diário de bordo, 2016).
Não surpreende a importância do desenvolvimento de trabalhos como este do
PIBID, pelo seu empenho em valorizar a profissão e elevar a qualidade da formação.
A importância da qualidade educacional está no cerne de condições para uma boa
constituição do ser professor-educador advindo de todo o processo formativo onde o
saber é vital, necessário e indispensável.
As contribuições dos bolsistas PIBID para a educação básica, e
consequentemente, para o colégio que está inserido são imensuráveis. Com certeza
cada aluno e profissional que esteve em contato com os bolsistas ficaram marcados
e também deixaram suas marcas nos mesmos. Com suas histórias, relatos de
experiência, formas de agir e fazer da educação algo prazeroso e essencial para o
meio social tem sido possível formar educadores plenamente capacitados,
68
sensibilizados para um ensino com mais qualidade e dispostos a fazer a diferença
na formação de cada indivíduo. Segundo o professor Gadotti (2004, p.4), para “ser
professor hoje é preciso viver intensamente o seu tempo com consciência e
sensibilidade”. Assim, cada vivência no estágio é única e indispensável àquele que
se dedica a ser um bom professor.
Com ideia de que o conhecimento deve ser sempre propagado, os bolsistas
do Programa PIBID, desde que começaram no Projeto, participam de eventos
acadêmicos com a exposição dos trabalhos desenvolvidos em suas escolas
parceiras. Em 2014 participamos do evento “UERJ Sem Muros” (USM) organizado
pela UERJ no campo Maracanã, expondo o pôster do trabalho realizado no decorrer
do ano na escola que estamos inseridos, intitulado "A vivência da prática docente de
estudantes dos Cursos de Licenciatura UERJ nas turmas do ensino fundamental
através do Projeto PIBID-CAPES" (Apêndice A). E, posteriormente no evento II
Exposição de Trabalhos Acadêmicos da Região Serrana (II ETARSERRA), realizado
pela Universidade Federal Fluminensa (UFF), no campo de Nova Friburgo. No ano
de 2015 participamos novamente dos dois eventos expondo o pôster dos trabalhos
realizados na escola parceira, intitulado “A experiência interdisciplinar de educação
em ciências, meio ambiente e saúde no Colégio Municipal Odette Penna Muniz em
Nova Friburgo, RJ” (Apêndice B). E, na ocasião, passamos para a fase de
apresentação oral e ficamos entre os três melhores trabalhos da categoria extensão
recendo menção honrosa (Anexo A). Neste mesmo evento participei expondo o meu
trabalho sobre o diário de bordo desenvolvido no Projeto PIBID (Figura 7), cujo título
foi “A importância do Diário de Bordo na formação docente” (Apêndice C). Também
passei para a fase de apresentação oral (Figura 8) e fui agraciada com uma menção
honrosa por ter ficado entre os três melhores trabalhos da categoria pesquisa
(Anexo B). Sobre estas premiações relato em meu diário:
“Estou muito feliz pelo reconhecimento de nossos trabalhos na escola OPM. Conseguimos ficar entre os três melhores da categoria extensão na apresentação oral, onde a apresentadora do trabalho neste ano, Leila, fez uma ótima apresentação, conquistando uma menção honrosa para ela e para o grupo. Neste mesmo evento também consegui ficar entre os três melhores da categoria pesquisa e ganhei uma menção honrosa. Fiquei extremamente contente por esta conquista, porém, um pouco decepciona
69
pelo meu desempenho não ter sido bom. Infelizmente não acreditei no meu trabalho e não me preparei para este evento. Fiz uma péssima apresentação oral por falta de preparo. Isso me deixou muito triste e decepciona comigo mesma, pois poderia ter feito uma bela apresentação, uma vez que, tinha feito um bom trabalho escrito. Também acredito que o nervosismo da exposição oral no palco tenha me prejudicado. Como fiquei muito nervosa não consegui raciocinar direito na hora das perguntas dos avaliadores. Mas o que eu pude tirar disso tudo? Um ótimo aprendizado, novos conhecimentos, ampliação das possibilidades acadêmicas, e principalmente perceber que somos capazes do que quisermos se nos esforçar para tal. Percebi que tenho potencial para muita coisa, basta acreditar mais em mim. Aprendi que para tudo que vamos fazer devemos estar preparados. E tenho certeza que aprendemos com os erros, mais ainda do que com os acertos. E que as críticas são muito construtivas. Sei que em uma próxima vez, sim, eu pretendo participar outra vez, estarei muito mais preparada e darei o meu melhor para ser muito melhor do que este ano. No mais, acho que só tenho a agradecer pela oportunidade de crescimento que pude vivenciar” (Stela, diário de bordo, 2015).
Figura 7 - Apresentação do meu pôster "A importância do 'Diário de Bordo' na formação docente" na III ETARSERRA 2015.
Fonte: O autor, 2015.
70
Figura 8 - Apresentação oral do meu trabalho "A importância do 'Diário de Bordo' na formação docente" na III ETARSERRA 2015.
Em 2016, o grupo PIBID/OPM, participou da IV ETARSERRA na categoria
extensão, com a exposição do pôster intitulado “A inserção do Projeto PIBID no
colégio Municipal Odette Penna Muniz: trazendo uma nova perspectiva sobre
educação em ciências, saúde e esporte” (Apêndice D, Figura 9). Neste mesmo
evento também apresentei o meu pôster intitulado “A importância do diário de bordo
na formação docente: uma experiência no Projeto PIBID” na categoria pesquisa
(Apêndice E, Figura 10).
Fonte: O autor, 2015.
71
Figura 9 - Apresentação do pôster “A inserção do Projeto PIBID no colégio Municipal Odette Penna Muniz: trazendo uma nova perspectiva sobre educação em ciências, saúde e esporte” pelo bolsista Lucas na IV ETARSERRA 2016.
Figura 10 - Apresentação do meu pôster “A importância do diário de bordo na formação docente: uma experiência no Projeto PIBID” na IV ETARSERRA 2016.
Fonte: O autor, 2016.
Fonte: O autor, 2016.
72
Além da vivência em sala de aula e o desenvolvimento de novas
metodologias e praticas didáticas, o PIBID também proporciona aos seus bolsistas a
oportunidade de participar de eventos acadêmicos, expondo os relatos de suas
vivências, o que se torna de extrema importância para o crescimento profissional.
Assim, a produção de trabalhos acadêmicos permite ao graduando expandir seus
horizontes. Dá um novo significado a sua aprendizagem acadêmica, possibilitando
que ele vá além das salas de aulas e dos livros e busque por novas oportunidades
de crescimento pessoal e profissional. Permite compartilhar e obter conhecimentos
sobre a sua área de atuação. Cria oportunidades para a troca de experiências entre
os profissionais e a divulgação de novos conhecimentos. Perante tudo isso, é de
fundamental importância a participação dos graduandos em exposição de trabalhos
acadêmicos por permitir a divulgação de seus trabalhos e disponibilizar um ambiente
de trocas de ideias e experiências.
A Figura 11 mostra a participação da equipe de PIBIDianos no evento USM
2015.
Figura 11 - Apresentação pôster do grupo PIBID/OPM no evento USM 2015 sobre o trabalho “A experiência interdisciplinar de educação em ciências, meio ambiente e saúde no Colégio Municipal Odette Penna Muniz em Nova Friburgo, RJ”
Fonte: O autor, 2015.
73
A respeito da importância da exposição oral para a formação, Costa (2008, p.
97) destaca o seu significado,
Discurso em que se desenvolve um assunto (conteúdo referencial), ou transmitindo-se informações, ou descrevendo-se ou, ainda, explicando-se algum conteúdo a um auditório de maneira bem estruturada. Trata-se de um gênero público pelo qual um expositor especialista faz uma comunicação a um auditório que se dispõe a ouvir e aprender alguma coisa sobre o tema desenvolvido.
Assim, aquele que se coloca como apresentador de determinado tema
assume a função de especialista, como afirma Costa (2008). No entanto, o
estudante necessita estar preparado para que consiga transmitir com clareza as
suas ideias, sabendo dominar bem os recursos verbais e visuais de seu trabalho. E
para que ele tenha total domínio do que está apresentando é necessário pesquisar a
fundo e vivenciar ao máximo o seu trabalho. Neste aspecto o Projeto PIBID tem
proporcionado grandes contribuições para os graduandos por priorizar a autonomia
no desenvolvimento das ideias, a produção textual, a discussão em grupo e o
aproveitamento de experiências em sala de aula, conforme afirmam Moraes,
Galiazzi e Ramos (2002).
No percurso de formação do docente todos os processos, caminhos,
experiências e metodologias de aperfeiçoamento e aprimoramento são essenciais.
Por este motivo, o Programa PIBID tem se tornado referência em estágios de
iniciação à docência por apresentar inúmeras possibilidades de experiências
práticas inovadoras e desenvolvimento de perfis profissionais que estejam
preparados para serem inseridos no sistema de ensino.
No Quadro 1 são apresentados, de forma resumida, os trabalhos
desenvolvidos no OPM, de março de 2014 a setembro de 2016, envolvendo os
bolsistas PIBID na área de educação em ciências, meio ambiente e saúde,
realizados de forma interdisciplinar.
74
Quadro 1 – Trabalhos desenvolvidos no OPM, de março de 2014 a setembro de
2016, pelos bolsistas PIBID, na área de educação em ciências, meio ambiente e
saúde.
Atividades desenvolvidas no colégio OPM Período
Atividade lúdica em comemoração ao Dia do Planeta Terra –
A Teia.
Abril de 2014
Palestra com o Centro de Zoonoses do município. Setembro de 2014
Palestra informativa sobre AIDS. Novembro de 2014
Horta suspensa em garrafa pet. Setembro de 2014
Canteiro de Ervas medicinais. Novembro de 2014
Palestra “A verdade sobre o mundo das drogas”. Novembro de 2014
A Oficina de reaproveitamento do lixo inorgânico. Novembro de 2014
Vídeo “Como salvar o Planeta”. Abril de 2015
Participação da Semana mundial da saúde na Praça
Demerval Barbosa Moreira.
Abril de 2015
Palestra informativa “Gravidez não planeja e DST's”. Maio de 2015
Trabalho “O lixo também faz parte da nossa vida” e Oficina de
reciclagem.
Agosto de 2015
Palestra “A verdade sobre o mundo das drogas”. Agosto de 2015
Oficina “A importância da alimentação para o nosso
organismo”.
Setembro 2015
Atividade prática “A importância dos exercícios físicos para
uma vida saudável”.
Setembro de 2015
75
Trabalho preventivo sobre os temas: “Vírus: Dengue, Zica,
Chikungunya e H1N1”.
Maio de 2016
Discussão sobre a temática “doenças crônicas”, voltada para
primeiros socorros, para alunos da EJA.
Maio de 2016
Evento “A noite da saúde na escola”, para alunos da EJA em
parceria com o Projeto Humanitária da UFF.
Junho de 2016
Fonte: Stela, diários de bordo, 2014, 2015, 2016.
Por seu caráter de liberdade para o desenvolvimento de experiências teórico-
práticas que permitam ao graduando um melhor aproveitamento de sua participação
no Programa de bolsas, a busca por meios que facilitem os seus procedimentos de
aprendizagem têm sido relevante. E, pensando em facilitar e aprimorar a utilização
dos diários de bordo na formação de professores, registro aqui, como proposta de
desbobramento deste trabalho, a criação de um aplicativo de diário de bordo para
celular.
Sabemos da importância da escrita cursiva para o desenvolvimento do
raciocínio, conforme discutido anteriormente, porém, não devemos e nem podemos
ignorara adoção cada vez maior da tecnologia na contemporaneidade. Muitas
pessoas se adaptaram melhor com os meios tecnológicos para o desenvolvimento e
aperfeiçoamento de seu raciocínio e processos de formação. Por esta razão testei a
viabilidade da criação do aplicativo para celular "Diário de bordo docente" em um
grupo de whatsApp com a equipe do PIBID OPM, durante os dois semestres de
2016. No grupo, relatávamos, de forma colaborativa, tudo o que vivenciávamos e
observávamos na escola, assim como fazíamos em nossos cadernos (diários de
bordo). Pude notar que houve maior facilidade, agilidade e aproveitamento do tempo
em relação à troca de informações. Todos aprovaram e apoiaram a ideia, por ser
uma forma inovadora, atrativa e estarem sempre conectados aos seus celulares.
Com a criação deste aplicativo será possível permitir àqueles que não gostam de
estar constantemente carregando os caderninhos, a utilização deste meio como
processo de reflexão e construção do pensamento crítico. Também será útil a muitos
professores que não gostam ou não possuem tempo para relatar à mão a sua rotina
76
escolar. Assim, estes professores poderão relatar suas observações, atividades,
angústias e felicidades em qualquer tempo e local. Ressaltando aqui a importância
de ter discernimento quanto a utilização dos celulares em sala de aula, pois este
ainda é um procedimento polêmico e que pode suscitar questionamentos por parte
dos alunos da escola. É possível corroborar a relevância e validação da criação
deste aplicativo através dos relatos dos bolsistas PIBID, que participaram do grupo
de WhatsApp "Diário de bordo docente":
“Bom, de acordo com a necessidade do „Diário de bordo‟ no dia a dia da rotina de trabalho do PIBID, um App onde se utilizaria as anotações no smartfhone, no tablet ou no note book, passa a ser bem mais simples”. (Leila, bolsista PIBID).
“A utilização do aplicativo para anotações de diário de bordo é uma ferramenta facilitadora para o trabalho dentro de sala. As anotações são feitas de maneira rápida e prática. Além disso, facilita o compartilhamento das experiências profissionais”. (Lucas, bolsista PIBID).
“A utilização de um app em smartphones voltado para realização de um „Diário de Bordo‟ traz resultados significativos para o cotidiano daquele q o utiliza de forma prática e eficaz onde ao decorrer do seu trabalho é possível você fazer anotações rápidas e básicas”. (Nathália, bolsista PIBID).
Desta forma, acredito que a criação de um aplicativo de anotações, para
trabalho educacional com compartilhamento de experiências, seja muito válida.
Um novo olhar educacional surge e nos encaminha a novas práticas
educativas que tragam significado à formação docente e ao papel do professor.
Educar atualmente é preparar para a vida, para a busca por um mundo mais
sustentável e justo. Sendo assim, é possível perceber que o PIBID propõe melhorias
no sistema de formação docente e na educação básica, por trazer a essência da
reflexão que permite o desenvolvimento do pensar criticamente para a educação do
futuro. Para o pensador Edgar Morin, o ensino de qualidade e mais reflexivo que
buscamos deve ter como prioridade “ensinar a condição humana, onde o ser
humano é a um só tempo físico, biológico, psíquico, cultural, social e histórico”
(MORIN, 2003, p.15).
77
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No presente trabalho procurei discutir aspectos relacionados à documentação
escrita dos processos e percurso de formação docente utilizando o diário de bordo.
Também foi abordada sua potencialidade no desenvolvimento profissional de futuros
professores com a capacidade de refletir sobre sua prática docente, pensar
criticamente sobre o sistema educacional e unir educação e pesquisa. A pesquisa
envolveu alunos dos cursos da UERJ de Licenciatura em Ciências Biológicas,
Geografia e Pedagogia, que estão inseridos no Programa de bolsas PIBID da
CAPES no polo EAD de Nova Friburgo. O PIBID constitui-se como um mecanismo
que oportuniza a construção de relações colaborativas entre a escola e os
universitários, proporcionando meios reflexivos de criação do perfil profissional.
Nesse sentido, o Programa PIBID tem um relevante papel no fortalecimento da
formação de qualidade dos docentes e a valorização deste ofício.
Ao longo do trabalho apresentei recortes dos relatos dos meus diários de
bordo preenchidos durante o período de inserção no Projeto PIBID, que buscou com
suas memórias, trazer contribuições significativas que ampliassem as
potencialidades do uso dos diários de bordo por discentes e futuros docentes. Pude
notar que a utilização dos recortes deixou a pesquisa muito mais rica e verdadeira.
Também apontei e analisei o que alguns autores defendem sobre esta temática,
para que o leitor se localize e possa direcionar sua atenção no que diz respeito,
especialmente, às contribuições da escrita e posterior reflexão dos relatos para a
formação docente. Trata-se, portanto, de uma pesquisa de cunho autobiográfico.
No capítulo 1 foi possível identificar as origens da utilização do diário de
bordo. Notei que o seu uso perpassou por vários processos, profissionais e objetivos
desde o seu surgimento na época das navegações. Dessa forma, a sua importância
pode ser reafirmada, sem a qual não seria possível que atualmente tivéssemos o
conhecimento de diversas áreas e descobertas ao qual temos hoje. Ao ser
introduzido no campo educacional ele ganha força e cada vez mais adeptos. Por seu
grau de relevância para o desenvolvimento e organização do pensamento crítico, a
literatura da área nos indica que seu recorrente uso pode aumentar a capacidade do
78
ato reflexivo da prática docente, sendo primordial a sua presença no cotidiano
escolar. Ao aderirem à aplicação dos diários na sua rotina escolar, os professores e
futuros professores relatam suas observações de seus alunos e do espaço de
ensino, os acontecimentos da aula, as atividades previstas e executadas, a
interação com os profissionais que fazem contato e também com outros estagiários.
Além de escreverem sobre seus pensamentos e sentimentos inerentes ao lugar em
que estão inseridos, esses registros escritos possuem o potencial de contribuir para
uma melhor compreensão das ações diárias, por permitir que o escritor tome
distância dos seus atos para que possa dar uma "significação", ao que ele próprio
desenvolve, assim como sugere Furter (1987, p. 28). A função primeira do diário é o
registro detalhado, panorâmico e geral da prática educativa e a segunda
compreende o avanço na abstração e na classificação dos processos de ensino-
aprendizagem, que envolvem: a prática docente; as reações, as percepções e os
comportamentos dos alunos; o uso do tempo e do espaço e a organicidade da
classe. Ao efetuar o registro dos diferentes momentos que envolvem a prática
docente, o acadêmico se integra no ambiente escolar e, para além das situações
concretas, projeta suas experiências, crenças e valores no olhar de si próprio e do
outro.
Neste trabalho destaquei como a criação do PIBID vem contribuindo para o
processo de integração do graduando com o ambiente escolar a fim de que ele
possa desenvolver seu perfil profissional e assumir um compromisso com a
educação das redes públicas de ensino que seja verdadeiramente transformadora.
Os objetivos principais do programa de iniciação à docência são a valorização do
magistério, a integração do ensino superior com a educação básica e a articulação
entre teoria e prática. Esta articulação é de fundamental importância para o
aprimoramento das habilidades teóricas que são atestadas na prática da sala de
aula, formando professores mais qualificados.
Considero que este trabalho de conclusão de curso trouxe mais significado
para a minha formação e que pude crescer profissional e pessoalmente ao longo de
todo o processo de construção do texto. Possibilitou-me ter um olhar mais sensível,
humano e apaixonado pela educação. E também a buscar por novas formas de
79
ensinar, com base na contextualização dos conteúdos didáticos e nos princípios da
interdisciplinaridade. Também pude perceber que o trabalho, quando desenvolvido
em grupo, traz novos horizontes de compreensão, reflexão e construção do saber
crítico. Acredito que, com o conhecimento que adquiri nestes dois anos como
bolsista PIBID, e a partir dessa pesquisa, me tornarei uma educadora mais
preparada e centrada para lidar com os inúmeros imprevistos e obstáculos que
surgem na rotina das escolas públicas. Diante das necessidades imediatas de
mudanças no sistema de ensino, deve haver uma preocupação cada vez maior em
formar bons profissionais no campo educacional. Tenho certeza que através deste
trabalho adquiri uma excelente formação acadêmica e serei capaz de contribuir para
a aprendizagem de muitos alunos, estimulando o pensar de forma crítica sobre o
sistema que vivenciam, incentivando a estarem constantemente buscando pelo
saber, para que, dessa forma, possam mudar a realidade em que estão inseridos.
Nas palavras de Freire (1991, p. 58) que afirma a este fato: "Ninguém nasce
educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma
como educador, permanentemente, na prática e na reflexão sobre a prática". Educar
é ir além de ensinar conteúdos didáticos programados de sua área específica. É
estar constantemente preparando os alunos para a vida estimulando-os e
incentivando-os.
Deixo aqui, como proposta de continuidade deste trabalho a criação do
aplicativo para celular “Diário de Bordo Docente”, que tem como diferencial dos
outros aplicativos de anotação, a exclusividade para professores e futuros
professores. O aplicativo permitirá fazer as anotações do cotidiano escolar, registrar
datas importantes de atividades e provas no calendário, salvar as anotações na
nuvem e permitir o compartilhamento na internet para utilização de outros
professores. O intuito de sua criação é facilitar e aprimorar a utilização dos diários de
bordo, a fim de contribuir para uma melhor formação dos docentes e docentes em
formação.
80
REFERÊNCIAS
ALARCÃO, Isabel. Formação reflexiva de professores: estratégias de superação.
Lisboa: Porto Editora, 1996.
ALFARO-LEFEVRE, R. Pensamento crítico em enfermagem: um enfoque prático.
Porto Alegre: Artes Médica, 1996.
ALVES, F. C. Diário – um contributo para o desenvolvimento profissional dos
professores e estudo dos seus dilemas. Instituto politécnico de Viseu, 2001.
Disponível em: <www.ipv.pt/millenium/millenium29/30>. Acesso em: 25 abr. 2016.
AMBROSETTI, N. B. O “Eu” e o “Nós”: trabalhando com a diversidade em sala de
aula. In: ANDRÉ, Marli (Org.). Pedagogia das diferenças em sala de aula. São
Paulo: Papirus, 1999.
ARAUJO, M. M. et all. A prática da indissociabilidade do ensino-pesquisa-
extensão na universidade. Revista Brasileira de Agrociência. v. 4, n. 3,
set./dez.,1998.
AUSUBEL, D. P. A aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São
Paulo: Moraes, 1982.
BARREIRO, Iraíde M. de F.; GEBRAN, Raimunda A. Prática de ensino e estágio
supervisionado na formação de professores. São Paulo: Avercamp, 2006.
BENINCÁ, Elli; CAIAI, Eloísa. Formação de professores: um diálogo entre teoria e
a prática. 2 ed. Ed.Universidade de Passo Fundo, 2004.
BERTONI, N. E. História da SBEM Sociedade Brasileira de Educação
Matemática. In. ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, VIII,
2004, Recife-PE. Anais... Recife, 2004. CD-ROM.
BURCHARD, C. P.; SARTORI J. Formação de professores de ciências: refletindo
sobre as ações do PIBID na escola. 2º Seminário sobre Interação
81
Universidade/Escola. 2º Seminário sobre Impactos de Políticas Educacionais nas
Redes Escolares. UFSM - Santa Maria – RS, 2011.
BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica.
Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília: Ministério da
Educação, 1999.
BRASIL, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. PCN+ Ensino Médio:
orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais.
Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC, SEMTEC,
2002.
BRAZ, M.A. et al. Questões industriais. X Encontro Latino Americano de
Iniciação Científica e VI Encontro Latino Americano de Pós-Graduação –
Universidade do Vale do Paraíba, 2006.
BRAZÃO P. O diário de um diário etnográfico electrónico. In: SOUSA ,J.; FINO,
C. (orgs). A escola sob suspeita. Porto: Asa Editores, 2007.
BRITTO, Luiz Percival Leme. A sombra do caos: ensino da língua versus tradição
gramatical. Campinas, SP: ABL: Mercado de Letras, 1997.
CAÑATE, L. S. C. O diário de bordo como instrumento de reflexão crítica da
prática do professor. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Minas
Gerais. Faculdade de Educação. Belo Horizonte. 2010. Disponível em:
<http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/BUOS-
8CSKSG/disserta__o_pronta.pdf?sequence=1>. Acesso em: 06 maio 2016.
CARNEIRO, Reginaldo Fernando; OLIVEIRA, Evaldo Ribeiro; OLIVEIRA, Rosa
Maria Moraes Anunciato. PEREZ, Silvia Maria; REALI, Aline Maria de Medeiros
Rodrigues, SOUZA, Ana Paula Gestoso. A escrita de diários na formação docente.
Educ. rev. [online]. 2012, v. 28, n.1, p. 181-210. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/edur/v28n1/a09v28n1pdf>. Acesso em: 25 abril 2016.
82
CARVALHO, Angelina; RAMOA, Manuela. Dinâmicas da formação: recentrar nos
sujeitos, transformar os contextos. Porto: Asa, 2000.
CAPES. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID. 2008 Disponível em:
<http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid/pibid> Acesso em: 27 abr.
2016.
CIFALI, M. Démarche clinique, formation et écriture. In: Paquay, L., Altet, M, Charlier,
E. Perrenoud, Ph. (org.). Former des enseignants professionnels. Quelles
stratégies ? Quelles compétences ? Bruxelas: De Boeck, 2001.
COLOMBO, Cristóvão. Diários da descoberta da América: as quatro viagens e o
testamento. Trad. de Milton Persson. Porto Alegre: L&PM, 1984.
COSTA, S.R. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica Editora,
2008.
CUNHA, Maria Isabel da. O bom professor e sua prática. Campinas, SP Papirus,
1989.
DARWIN, C. A Origem das Espécies, São Paulo: Ed. Hemus, 1981.
DEMO, P. Educar pela pesquisa. Campinas, SP: Autores Associados, 1996.
DEMO, P. Pesquisa e construção de conhecimento: metodologia científica no
caminho de Habermas. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997.
DEMO, Pedro. Universidade, aprendizagem e avaliação: horizontes
reconstrutivos. Porto Alegre: Mediação, 2004.
DEMO, P. Pesquisa Social. Serviço Social e Realidade, França, v. 17, n. 1, 2008,
p. 11-36.
DEWEY, J. Como pensamos. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1959.
83
DIAMOND, C. T. Patrick. Teacher education as transformation. Philadelphia:
Open University Press, 1991.
DUMAS, Catherine. Diário íntimo e ficção. Contribuição para o estudo do diário
íntimo a partir de um „corpus‟ português. Colóquio/Letras. 131, Janeiro-Março,
1994.
ELLIOTT, John. La investigación-acción en educación. Madrid: Ediciones Morata,
1990.
EL HAMMOUTI, N-D. Diários etnográficos profanos na pesquisa educacional.
Revista Europea de Etnografía de la Educacíon., v. 1, n. 2, 2002. p.9-20.
FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Revisão histórico-crítica dos estudos sobre
interdisciplinaridade. In: ______. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa.
11. ed. Campinas: Papirus, 1994. p. 13-35.
______. Interdisciplinaridade-transdisciplinaridade: visões culturais e
epistemológicas. In: ______ (Org.). O que é interdisciplinaridade? São Paulo:
Cortez, 2008. p. 17-28.
______. Interdisciplinaridade: definição, projeto, pesquisa. In: ______ (Org.).
Práticas interdisciplinares na escola. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2009. p. 15-18.
FREIRE, M. A. Formação Permanente. In: Freire, Paulo: Trabalho, Comentário,
Reflexão. Petrópolis, RJ: Vozes, 1991.
FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação. 5 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1980.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa.
São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.
84
FREUD, S. Sixième conferénce. Éclaircissements, Applications et Orientations.
Nouvelles Conférences sur la Psychanalyse. Paris: Éditions Gallimard, pp. 179-
207, 1936.
FRISON, L. M. B. A pesquisa (Auto) Biográfica no contexto do V CIPA em um
trabalho em rede. In: ABRAHÃO, H. M. B. et al (Orgs). Pesquisa (Auto) Biográfica,
Fontes e Questões. Curitiba: Ed. CRV, 2014.
FURTER, Pierre. Educação e Reflexão. 16ª edição. Petrópolis, RJ: Editora Vozes,
1987.
GADOTTI, Moacir. Boniteza de um sonho: ensinar e aprender com sentido. Rio de
Janeiro: Feevale, 2004.
IMBERNÓN. Francisco. Formação docente e profissional: forma-se para a
mudança e a incerteza. 5 ed., São Paulo: Cortez, 2005.
JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e Patologia do saber. Rio de Janeiro:
Imago, 1976.
LACERDA, F.K.D.; SABA, C. A inserção de estudantes EAD nos projetos de ensino,
pesquisa e extensão da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. In: SOUSA, A.
H. de et al. (Org.). Práticas de EAD nas Universidades Estaduais e Municipais
do Brasil: cenários, experiências e reflexões. Florianópolis: UDESC, 2015.
LARROSA, J. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. In: GERALDI, C.
M. G.; RIOLFFI, C. R. e GARCIA, M. de F. Escola Viva: elementos para a
construção de uma educação de qualidade. Campinas: Mercado de Letras, 2004. p.
113-132.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez Editora, 1994.
LÜDKE, Menga. Pesquisa em educação: conceitos, políticas e práticas. In:
PEREIRA, E.M.A. (Org.). Cartografias do trabalho docente. Campinas: Mercado
das Letras, 2007.
85
MARANGON, Cristiane; LIMA, Eduardo. Os novos pensadores da educação.
Revista Nova Escola, São Paulo: Abril, agosto, n. 154, p. 19-25, ago. 2002.
MARQUES, Mario Osório. Escrever é preciso: o princípio da pesquisa. 3. ed. Ijuí:
Ed. UNIJUÍ, 2000.
MEIRIEU, Philippe. Aprender... sim, mas como. 7. ed. Porto Alegre: Artes Médicas,
1998.
MIRANDA, Marília G. de. O professor pesquisador e sua pretensão de resolver a
relação entre a teoria e a prática na formação de professores. In: ANDRÉ, Marli.
(org.) O papel da pesquisa na formação e na prática dos professores. 5 ed.
Campinas: Papirus, 2006
MOURA. F. A utilização do Diário de Bordo na formação de professores. An 6
Col. LEPSI IP/FE-USP 2006. Disponível em:
<http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000032006000100034&
script=sci_arttext> Acesso em: 26 Set. 2016.
MORAES, Roques; GALIAZZI, Maria do Carmo; RAMOS, Maurivan G. Pesquisa em
sala de aula: fundamentos e pressupostos. In: MORAES, Roques; LIMA, Valderez
Marina do Rosário. Pesquisa em sala de aula: tendências para a educação em
novos tempos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo:
Cortez, 2003.
NÓVOA, A. (Org.). Os professores e a sua formação. Lisboa, Dom Quixote, 1992.
______. (Org.). Vidas de professores. Porto, Porto Editora, 1995.
______. (Org.). Profissão professor. Lisboa: Porto, 1999.
NÓVOA, A. Professores: Imagens do futuro presente. Lisboa: Educa, 2009.
86
NÓVOA, A. Profissão docente: Há futuro para esse ofício? VII Congresso
Internacional de Educação. Porto Alegre, 2011.
NÓVOA, António; FINGER, Mathias. O método (auto)biográfico e a formação.
Lisboa: MS/DRHS/CFAP, 1988.
OLIVEIRA, Dalila de Andrade. Gestão Democrática da Educação: Desafios
Contemporâneos. 5ª edição. Petrópolis, RJ. Editora Vozes, 2003.
PAVIANI, Jayme. Interdisciplinaridade: conceito e distinções. Porto Alegre:
Edições Pyr, 2005.
PEDROZA. R. L. S. Psicanálise e educação: análise das práticas pedagógicas e
formação do professor. Psicol. educ. no.30 São Paulo jun. 2010. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
69752010000100007> Acesso em: 26 set. 2016.
PERRENOUD, Philippe. Ensinar: agir na urgência, decidir na incerteza. Saberes e
competências em uma profissão complexa. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.
POMBO, Olga. O Conceito de Interdisciplinaridade e Conceitos Afins. IN: POMBO,
Olga; GUIMARÃES, Henrique M.; LEVY, Teresa. A Interdisciplinaridade: reflexão e
experiência. Lisboa: Texto Editora, 1993.
PORLÁN, R. e MARTÍN, J. El diariodel professor. Sevilla: Díada Editora, 2004.
PLACCO, V. M. N. de S.; SOUZA, Vera L. T. de (Org.) - Aprendizagem do adulto
professor, São Paulo. Edições Loyola, 2006.
PRADO BIEZMA, Javier del; CASTILLO, Juan Bravo; PICAZO, María Dolores.
Autobiografia y modernidad literaria. Cuenca: Servicio de Publicaciones de la
Universidad de Castilla-La Mancha, 1994.
87
RICARDO, E. C. Implementação dos PCN em sala de aula: dificuldades e
possibilidades. Caderno Brasileiro de Ensino de Física. Florianópolis, v. 4, n. 1,
2003.
SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Educação e do Desporto. Proposta
Curricular de Santa Catarina: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio:
Formação docente para educação infantil e séries iniciais. Florianópolis: COGEN,
2001.
SORDI, M. R. L. de; BAGNATO, M. H. S. Subsídios para uma formação profissional
crítico-reflexiva na área de saúde: o desafio da virada do século. Rev. latino-am.
Enferm., Ribeirão Preto, v.6, n.2, p.83-88, abr. 1998.
SUDBRACK, E. M. (Org). Trabalhos docentes e práticas pedagógicas
inovadoras: série pesquisa em ciências humanas. Frederico Westphalen: Editora
URI, v. 6, 2012.
SCHÖN, Donald A. Formar professores como profissionais reflexivos. In: NÓVOA,
António (Coord.). Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.
SMILJANIC, Maria Inês. Da “Invenção” à “descoberta” científica da Amazônia: as
diferentes faces da colonização. Revista Múltipla, ano VI, n.10, 2001.
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 9.ed., Petrópolis,
RJ: Ed. Vozes, 2008.
TIBA, Içama. Ensinar aprendendo: como superar os desafios do relacionamento
professor/aluno em tempos de globalização. 20ª. ed. São Paulo: Gente, 1998.
UTSUMI, Luciana Miyuri Sado. É possível formar professores reflexivos que possam
situar-se em níveis da realidade escola? Revista Academos Eletrônica da Fia.
Vol.II, N.2, jul-Dez\2006, p 69-77.
VEIGA, Lima Passos Alencastro. A aventura de formar professores. Campinas
,SP: Ed: Papirus, 2009.
88
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
ZABALZA, M. A. Diários de aula: contributo para o estudo dos dilemas dos
professores. Porto, Lisboa: Ed. Porto, 1994.
ZABALZA, M. A. Diários de aula: um instrumento de pesquisa e desenvolvimento
profissional. Porto Alegre: Artmed. 2004.
WALDOW, V. R. Desenvolvimento do pensamento crítico em enfermagem. In:
WALDOW, V. R.; LOPES, M. J. M., MEYER, D. E. Maneiras de cuidar, maneiras
de ensinar: a enfermagem entre a escola e a prática profissional. Artes Médicas,
Porto Alegre, 1995.
WARSCHAUER, Cecília. Rodas em Rede: Oportunidades formativas na escola e
fora dela. São Paulo: Paz e Terra, 2001.
89
APÊNDICE A – Pôster 2014 intitulado “A vivência da prática docente de estudantes
dos Cursos de Licenciatura UERJ nas turmas do ensino fundamental através do
Projeto PIBID-CAPES”
90
APÊNDICE B – Pôster 2015 intitulado “A experiência interdisciplinar de educação
em ciências, meio ambiente e saúde no Colégio Municipal Odette Penna Muniz em
Nova Friburgo, RJ”
91
APÊNDICE C – Pôster 2015 intitulado “A importância do Diário de Bordo na
formação docente”
92
APÊNDICE D – Pôster 2016 intitulado “A inserção do Projeto PIBID no colégio
Municipal Odette Penna Muniz: trazendo uma nova perspectiva sobre educação em
ciências, saúde e esporte”
93
APÊNDICE E – Pôster 2016 intitulado “A importância do diário de bordo na
formação docente: uma experiência no Projeto PIBID”
94
ANEXO A – Menção honrosa conferida ao trabalho “A experiência interdisciplinar de
educação em ciências, meio ambiente e saúde no Colégio Municipal Odette Penna
Muniz em Nova Friburgo, RJ”
95
ANEXO B – Menção honrosa conferida ao trabalho “A importância do Diário de
Bordo na formação docente”