61
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE ARTES VISUAIS CLEUSA RZATKI DA SILVA E X P E R I M E NT E - S E: AMPLIANDO REPERTÓRIOS DAS CRIANÇAS A PARTIR DA PRODUÇÃO ARTÍSTICA DE JONAS ESTEVES CRICIÚMA 2013

UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

  • Upload
    others

  • View
    4

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC

CURSO DE ARTES VISUAIS

CLEUSA RZATKI DA SILVA

E X P E R I M E NT E - S E:

AMPLIANDO REPERTÓRIOS DAS CRIANÇAS A PARTIR DA PRODUÇÃO

ARTÍSTICA DE JONAS ESTEVES

CRICIÚMA

2013

Page 2: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

CLEUSA RZATKI DA SILVA

E X P E R I M E NT E - S E:

AMPLIANDO REPERTÓRIOS DAS CRIANÇAS A PARTIR DA PRODUÇÃO

ARTÍSTICA DE JONAS ESTEVES

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de licenciado no curso de Artes Visuais da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC.

Orientadora: Profª. Ma. Odete Angelina Calderan

CRICIÚMA

2013

Page 3: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

CLEUSA RZATKI DA SILVA

E X P E R I M E NT E - S E:

AMPLIANDO REPERTÓRIOS DAS CRIANÇAS A PARTIR DA PRODUÇÃO

ARTÍSTICA DE JONAS ESTEVES

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela Banca Examinadora para obtenção do Grau de licenciado, no Curso de Artes Visuais da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, com Linha de Pesquisa em Educação e Arte.

Criciúma, 27 de Novembro de 2013.

BANCA EXAMINADORA

Profª. Odete Angelina Calderan - Mestre em Artes Visuais (UFSM) Orientadora

Profª. Aline Selinger Machinski - Especialista em Educação Estética e Professora de

Artes no Colégio Unesc (UNESC)

Profª. Amalhene Baesso Reddig - Mestre em Educação (UNESC)

Page 4: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

A Deus, que em sua infinita bondade e

misericórdia se fez presente em todos os

momentos de minha vida, de minha

caminhada, me apresentando as

provações e me auxiliando na busca de

soluções.

Page 5: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me acompanhar sempre, em todos os

momentos da minha vida, especialmente na caminhada acadêmica, dando-me força

e ânimo para enfrentar os desafios surgidos a cada dia, me fazendo acreditar que

poderia realizar este sonho e determinação para conquistar tantos outros.

Aos meus irmãos Lídia e Valdemar pelo carinho e incentivo, orações e

conselhos dedicados, e igualmente a querida irmã Lúcia que nunca mediu esforços

para me auxiliar nos cuidados com meu filho para que eu pudesse frequentar a

universidade, trabalho que sempre desempenhou com carinho e alegria.

Ao meu amado filho Eduardo, que compreendeu sem cobranças e tem sido

simplesmente maravilhoso.

As minhas amigas Beatriz e Michele que, nessa caminhada acadêmica, foram

minha força, dedicando muito carinho, atenção e companheirismo a cada novo

desafio apresentado.

A minha amiga Vanda e seu marido Jair, amigos para todos os momentos me

auxiliando em tudo no que fosse preciso.

Aos professores que fizeram parte dessa caminhada, construindo junto esse

conhecimento que hoje levo comigo.

E finalmente um agradecimento especial à professora Odete Calderan que,

além de orientadora, foi uma grande amiga, usando de toda sua compreensão e

delicadeza para que este trabalho fosse bem realizado. E não menos importantes e

merecedoras de meus agradecimentos às professoras Amalhene Baesso Reddig e

Aline Selinger Machinski que prontamente aceitaram o convite para estarem aqui

compartilhando esse momento.

Obrigado a todos que fizeram e fazem parte da minha trajetória ainda sendo

construída.

Page 6: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

“A arte é social porque toda

obra de arte é um fenômeno

de relação entre seres

humanos”.

Mário de Andrade

Page 7: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

RESUMO

A presente pesquisa intitulada “E x p e r i m e n t e - s e: ampliando repertórios das crianças a partir da produção artística de Jonas Esteves,” se insere na linha de pesquisa Educação e Arte do Curso de Artes Visuais - Licenciatura (UNESC). Quanto ao problema de pesquisa: o que pode proporcionar culturalmente as crianças, a saída de ambiente escolar em visita a um determinado espaço expositivo da cidade de Criciúma? Quanto ao objetivo busco investigar a contribuição expressiva e reflexiva gerada pela visita e mediação ao espaço expositivo da Galeria de Arte Octávia Gaidzisnki de Criciúma, mediante a produção do artista Jonas Esteves. Em respectivas visitas realizadas no espaço expositivo da GOG as crianças do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do 2º ano da Escola Municipal Antônio Mangilli de Criciúma, contribuiu para ampliação dos repertórios das crianças, experienciado nas produções/robôs realizadas e apreciadas em suas escolas e depois quando convidadas a expor no ambiente da Galeria no período vigente da exposição do artista. Para me auxiliar na fundamentação desta pesquisa e nas discussões contei com a ajuda de importantes autores como Cauquelin (2005), Cocchiarale (2006), Arantes (2005), Reddig (2007) entre outros. Assim, em meio ao processo pude observar que as crianças sendo estimuladas compreendem a arte, a arte contemporânea e seus contextos como os espaços expositivos, artistas, produção artísticas. E tudo isso, contribui para a formação estético-cultural e a formação de cidadãos críticos e conscientes.

Palavras-chave: Criança. Espaço Expositivo. Produção. Ampliação de Repertório. Arte Tecnológica.

Page 8: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Centro Cultural Jorge Zanatta (Criciúma/SC) – Fundação Cultural de

Criciúma.................................................................................................................... 23

Figura 2 - Galeria de Arte Octávia Búrigo Gaidzinski................................................ 24

Figura 3 - Artista Jonas Esteves, 2013. Caderno de Registros (2010 a 2013),

reproduções individuais de 65 desenhos.................................................................. 27

Figura 4 - Máquina do tempo.................................................................................... 28

Figura 5 – Robô Acompanhante Diário......................................................................29

Figura 6 – Robô Companhia..................................................................................... 30

Figura 7 – Chegada da Escola Augusto Pavei......................................................... 33

Figura 8 – Conversa mediada por Daniele Zacarão...................................................35

Figura 9- Detalhes do Robô Acompanhante Diário...................... .......... 35

Figura 10 – Turma da Escola Augusto Pavei com seus desenhos.......... 36

Figura 11 - Desenhos finalizados................................................. ........ 37

Figura 12- Chegada da turma da Escola Antônio Mangilli a GOG............38

Figura 13 - Recepção da coordenadora Daniele Zacarão.............. ..........38

Figura 14 - Interesse pelo Caderno de Jonas Esteves.................. ..........38

Figura 15 - Mediação de Daniele Zacarão.................................. ............38

Figura 16 - Encontro com o Robô Companhia...... ..................................39

Figura 17 – Conversa explicativa..........................................................39

Figura 18 - Produção dos desenhos......................................................39

Figura 19 – Desenhos finalizados................................................ .........40

Figura 20 - BETY, robô do primeiro grupo................................... ...........42

Figura 21 - FIFI, robô do segundo grupo...................................... ..........42

Figura 22 - GIRL POWER, robô do terceiro grupo...................................................42

Figura 23 - ROBOCOP, robô do quarto grupo..........................................................42

Figura 24 - REX, robô do primeiro grupo .................................................................44

Figura 25 - ROBOLATA, robô do segundo grupo................................................... 44

Figura 26 - LUCIANA, robô do terceiro grupo........................................................... 44

Figura 27 - Robôs prontos........................................................................................ 45

Page 9: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

UNESC Universidade do Extremo Sul Catarinense

LDB Leis de Diretrizes e Bases

FCC Fundação Cultural de Criciúma

SESC Serviço Social do Comércio de Santa Catarina

GOG Galeria Octávia Gaidzisnki

Page 10: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................11

2. ARTE E SEU ENSINO...........................................................................................14

3. ARTE CONTEMPORÂNEA: REFLEXÕES INICIAIS............................................16

3.1 Arte Tecnológica..................................................................................................18

4. DIALOGANDO SOBRE ESPAÇO DE CULTURA E ESPAÇO

EXPOSITIVO.............................................................................................................20

4.1 Fundação Cultural de Criciúma e GOG..............................................................22

4.2 Exposição: E X E C U T E – S E..........................................................................25

5. AMPLIANDO REPERTÓRIOS DAS CRIANÇAS..................................................31

5.1 Ainda aguardando a vista a exposição................................................................31

5.2 A visita: O grande encontro.................................................................................32

5.3 EXPERIMENTE-SE: robôs com sucatas.............................................................40

6. METODOLOGIA....................................................................................................46

7. ANÁLISE DE DADOS: EXAMINANDO AS PRODUÇÕES...................................48

8. PROJETO DE CURSO..........................................................................................51

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................55

REFERÊNCIAS..........................................................................................................57

APÊNDICE.................................................................................................................59

APENDICE A.............................................................................................................60

Page 11: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

11

1 INTRODUÇÃO

O homem expressou e interpretou o mundo em que vivia pela linguagem

da arte antes mesmo de aprender a escrever, através de símbolos registrados nas

cavernas, e suas paredes, serviram muitas vezes de abrigo para que o homem pré-

histórico deixasse suas marcas, em desenhos eternizados pelas suas mãos.

Na atualidade, os espaços expositivos proporcionam aos alunos e

professores um maior contato com a arte, podemos apreciar explorar e até interagir

com as obras. Para isso dizemos que a escola é a ponte entre o aluno e esses

espaços culturais.

Partindo da premissa que toda pesquisa nasce do interesse do

pesquisador, esta investigação surge mediante a observação de fatos ocorridos em

situações diversas em algumas escolas em que atuei, principalmente se tratando de

viagens de estudo em espaços de cultura (museus, galerias), as vivências

experienciadas após retorno me frustravam por não serem devidamente

aproveitadas em processos dinâmicos de ensino-aprendizagem.

Consciente da importância dessas relações entre escola, aluno e espaço

de exposição a presente pesquisa traz como título “E x p e r i m e n t e - s e:

ampliando repertórios das crianças a partir da produção artística de Jonas Esteves”.

E partiu do seguinte problema: O que pode proporcionar culturalmente aos alunos, a

saída de ambiente escolar em visita a um determinado espaço expositivo da cidade

de Criciúma? E como questões norteadoras: Como se dá a mediação nessas

exposições? Como ocorre a produção dos alunos após as experiências vividas? É

realizada a divulgação das exposições nas escolas? De que forma?

Como objetivo geral, investigar a contribuição expressiva e reflexiva

gerada pela visita e mediação ao espaço expositivo da Galeria de Arte Octávia

Gaidzisnki de Criciúma, onde as crianças das escolas municipais Augusto Pavei e

Antonio Mangilli estiveram, identificando o acervo existente nesse local, a

importância do mesmo e proporcionando experimentação artística das crianças

nesse espaço expositivo. E nos objetivos específicos: proporcionar nesse encontro

experimentações artísticas, registro fotográfico e relatos narrativos; identificar do que

se trata a exposição E X E C U T E_S E, do artista local Jonas Esteves, bem como;

reconhecer a importância da Galeria de Arte Octávia Gaidzisnki, como espaço

expositivo para as crianças e a comunidade em geral.

Page 12: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

12

Para fins de organização, trago esta pesquisa estruturada em capítulos e

subcapítulos e em torno dos mesmos apresento reflexões buscando em autores

importantes que se debruçam sobre o tema abordado.

Introduzo no primeiro capítulo, a pesquisa, apontando qual o

questionamento principal, informações desse estudo, objetivos e questões

norteadoras.

No segundo capítulo disponho inicialmente dos Parâmetros Curriculares

Nacionais ressaltando sobre a importância do ensino da arte nas escolas, onde os

educadores têm a oportunidade de conduzir seus alunos a um conhecimento

reflexivo, buscando a educação do olhar para a arte e formando assim cidadãos

críticos e sensíveis, capazes de analisar, criticar, sentir e criar. Para tanto discorro

sobre autores que abordam tais assuntos, entre eles estão Pillotto (2008).

Durante o terceiro capítulo, buscando compreender e evidenciar reflexões

sobre arte contemporânea, trago Canton (2009), Cocchiarale (2006) e Cauquelin

(2005) para uma discussão sobre nosso comportamento e aceitação da arte em sua

contemporaneidade. Vemos neste capítulo a importância de sentirmos a arte e não

tentarmos entendê-la ou analisá-la. A obra e o público fazendo parte do ambiente.

Arantes (2005) e Machado (2001), que conversam sobre essa tendência da arte

envolvendo máquina e mídia, onde se discute o comportamento do artista e do

espectador com relação a essa arte.

No quarto capítulo apresento a discussão acerca dos espaços de cultura

e espaços expositivos de Reddig (2007), O‟Doherty (2002) que nos apresentam os

espaços expositivos como locais onde o espectador tem a liberdade de encontrar-se

com a obra visando a fruição da arte. Nas contribuições de Gonçalves (2004) traz a

importância dos museus e espaços expositivos na formação dos educandos e de

que forma esse processo pode ser ampliado para que possa atingir um público

diverso. Ainda neste mesmo capítulo apresento brevemente a história da Fundação

Cultural de Criciúma e da Galeria de Arte Octávia Gaidzisnki; o Projeto Arte no

Singular que contou com a exposição do artista local Jonas Esteves.

Na sequência, no quinto capítulo, trago a visita das crianças (turmas do

2º, 4º, 5º anos) de duas escolas Augusto Pavei e Antonio Mangilli de Criciúma ao

espaço expositivo Galeria de Arte Octávia Gaidzisnki com a individual do artista

Jonas Esteves, juntamente ao relato das produções das crianças.

Page 13: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

13

No sexto capítulo apresento a metodologia do trabalho, minhas questões

norteadoras, onde dialogo com Minayo (2009) e Gil (2008) tratando das abordagens,

as investigações e o objetivo da pesquisa.

No sétimo capítulo analiso os dados da pesquisa, examinando as

produções, que envolveram participação das crianças (turmas do 2º, 4º, 5º anos) de

duas escolas Augusto Pavei e Antonio Mangilli de Criciúma. Em seguida, apresento

o projeto de ensino, proposta que tende a contribuir diretamente no contexto de

pesquisa, tomando como foco principal a fala de Salles (2009) que trata do processo

criador.

Finalizo apresentando as considerações finais onde coloco em evidência

minha satisfação em realizar esta pesquisa, procuro responder o problema, objetivos

e questões, o contato com os autores que me auxiliaram nas discussões e

principalmente aos meus alunos que colaboraram com suas produções.

Page 14: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

14

2 A ARTE E SEU ENSINO

O ensino da arte é regido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação

(LDB) e orientado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). A lei 9394 que

tornou obrigatório o ensino da arte foi promulgada em 1996 e traz originalmente em

seu artigo 26, parágrafo 2º que: “o ensino da arte constituirá componente curricular

obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o

desenvolvimento cultural dos alunos”.

Esta redação foi modificada em 2010 pela lei 12.287 e apresenta a

seguinte redação: “§ 2º. O ensino da arte, especialmente em suas expressões

regionais, constituirá componente curricular obrigatório nos diversos níveis da

educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos.” No

contexto da arte não há lugar para verdades absolutas, ao mesmo tempo em que

ensinamos, aprendemos num círculo feito de idas e voltas na história da Arte. Pillotto

(2008, p. 36) diz que:

Nesse jogo de aprendência, é fundamental que se oportuniza aos alunos o estudo de imagens, obras e objetos das tradições populares, pois, caso contrário, estamos fadados a olhar num único sentido: o olhar ocidental, branco, erudito e masculino. Também nessa perspectiva pós – moderna não há como priorizar apenas a forma de arte mais recente ou dita contemporânea.

Sendo assim, o aprendizado adquire um real significado quando existe

um esforço da parte do professor em construir reflexivamente o conhecimento.

Temos a dinâmica do passado atrelada ao presente dando assim maior significação

ao contexto contemporâneo. Ao professor cabe o compromisso de não apenas

dominar o conceito histórico e artístico da arte, mas compreendê-la no espaço, lugar

e tempo numa construção permanente do conhecimento.

O conhecimento cognitivo e sensível é apropriado à medida que estamos

conectados ao mundo visual, sonoro e corporal, construindo assim, significações.

Então, a arte deve sim ser parte integrante do currículo desde a mais tenra idade.

Portanto, para que tenhamos um maior entendimento da arte por parte de

nossos educandos é necessário que busquemos a educação do olhar, esse capaz

de ampliar as leituras do mundo e que nos conduz a criar e oportunizar meios de

expressão, onde segundo Pillotto (2008, p. 43):

Page 15: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

15

O sentido e a significação que as pessoas dão aos objetos, as situações e as relações, passam pela impressão que têm de mundo, do seu contexto histórico e cultural, dos afetos, das relações inter e intrapessoais. Na apropriação de elementos de seu entorno o fazem a partir dos seus próprios referenciais. Desta forma, o mesmo objeto ou a mesma situação são muitas vezes compreendidos por elas de maneiras totalmente diferenciadas. São as possibilidades de leituras sígnicas que estão em processo latente.

Portanto a bagagem cultural que o indivíduo traz consigo influencia muito

sua forma de pensar e agir, interferindo diretamente em sua criação.

São reflexões que nos levam a pensar o lúdico como via mais explorada

para o entendimento das crianças da educação Infantil e Séries Iniciais. Pois o

brincar, o experimentar, o jogar, são elementos fundamentais nesse universo e

proporcionam possibilidades de interpretação da arte para esses pequenos curiosos.

Tendo em vista essas considerações, podemos dizer que a ludicidade

articulada as atividades pedagógicas nas linguagens da arte têm uma grande

importância para as crianças na construção do conhecimento em seus aspectos

cognitivo e sensível. Aspectos esses, essenciais ao desenvolvimento humano e na

ampliação de repertórios.

Page 16: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

16

3 ARTE CONTEMPORÂNEA: REFLEXÕES INICIAIS

Um dos primeiros sinais encontrados sobre a existência humana foi o

legado deixado pelo homem pré-histórico nas paredes de cavernas conhecida como

arte rupestre1. Foram muitas representações de animais, situações do cotidiano em

práticas de caça, rituais, danças, alimentação, entre tantas outras. Além do desenho

e das impressões, expressavam-se também realizando formas tridimensionais

utilizando pedra, osso, madeira.

Sendo assim, a arte se faz presente no mundo e na sociedade desde

suas primeiras manifestações artísticas, e na atualidade, vivemos um mundo repleto

de informações que chegam até nós em uma velocidade incrível, que são renovadas

a cada instante e o que é novo hoje, pode ser considerado ultrapassado amanhã.

Jovens e crianças estão sendo bombardeados com uma quantidade significativa de

imagens e códigos diariamente, sendo assim direcionados a pensarem e

interpretarem com a mesma rapidez que são atingidos. Nestas circunstâncias, torna-

se cada vez mais difícil para o professor, atrair o interesse e atenção de seus alunos,

tendo em vista que nosso sistema educacional não acompanha essa tecnologia.

Portanto para tornar suas aulas mais significativas, o professor não deve

temer a arte contemporânea que o cerca, e assim entregar-se as experimentações.

A arte em sua contemporaneidade se mistura com a vida, com o cotidiano

e convoca o público a “viver a obra”. Essa arte anseia a participação do espectador

em sua concepção. Isso mostra a maneira que a arte se manifesta entre o público

que a cerca. A ruptura de conceitos, a superação de limites são aspectos presentes

na arte contemporânea.

Segundo Canton (2009, p. 12), “podemos dizer que ela provoca, instiga e

estimula nossos sentidos, descondicionando-os, isto é, retirando-os de uma ordem

preestabelecida e sugerindo ampliadas possibilidades de viver e de se organizar no

mundo”.

Refletimos aqui sobre nossa função de educadores. O mediador, o

educador ou monitor não pode ser a pessoa que transmita conteúdos acabados e

sim que estimule o espectador a estabelecer, de seu modo alguma relação com a

1Arte rupestre: é o mais antigo tipo de arte da história. Também é conhecida como gravura ou pintura

rupestre. Disponível em: http://www.infoescola.com/artes/arte-rupestre. Acesso em: 05 out. 2013

Page 17: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

17

obra, ver nela as possibilidades de fruição da arte que essa contemporaneidade nos

permite.

Temos um longo caminho a percorrer e vários pontos a serem

repensados. Será que estamos conseguindo nosso objetivo enquanto educadores,

ao levar nossos alunos em visitas mediadas a exposições da nossa região? Estamos

formando sujeitos críticos, capazes de formar opinião?

A arte contemporânea acontece em momentos e não dispõe de um tempo

estipulado de constituição. O que ocorre agora necessita de sensibilidade, pois não

pode ser captado diretamente, em um único momento. De fato, os artistas

considerados contemporâneos não, necessariamente pertencem a algum movimento

artístico.

Em cada período da história, a arte teve diferentes formas e status, não

podemos ficar nos lamentando pelo desaparecimento de certo movimento artístico

ou forma de arte. Essa barreira que nos impede de captar e apreciar a arte atual

deve ser rompido, pois, segundo Cauquelin (2005 p.18)

Precisamos, portanto, atravessar essa cortina de fumaça e tentar perceber a realidade da arte atual que está encoberta. Não somente montar o panorama de um estado de coisas - qual é a questão da arte no momento atual- mas também explicar o que funciona como obstáculo a seu reconhecimento. Em outras palavras, ver de que forma a arte do passado nos impede de captar a arte do nosso tempo.

Portanto, vemos que a arte moderna, muitas vezes é confundida com arte

contemporânea, pois estão muito próximas e ela desempenha o papel do novo. Por

isso temos a propensão de incluir nela todas as manifestações atuais.

A ruptura é algo sempre difícil. É complicado nos desvencilhar de algo

que estamos acostumados e a arte contemporânea vem para nos estimular a essa

ruptura, ultrapassando barreiras impostas.

E, curiosamente, quando um grande barulho está sendo feito em torno da análise dos processos de comunicação , em tudo que diz respeito à organização social e aos diferentes sistemas tecnológicos de transmissão de informação; quando os sistemas em vigor nas ‟tecnociências‟ são engenhosamente analisados e quando se aperfeiçoam as práticas sustentadas por esses sistemas, a arte parece continuar fora de qualquer análise consistente da mudança de perspectiva. (CAUQUELIN, 2005, p. 56)

Temos aqui uma ruptura entre arte moderna, que pertence ao regime de

consumo e a arte contemporânea que podemos assim dizer, pertence ao regime de

comunicação. As práticas, no domínio da arte, nesse movimento de ruptura estão

Page 18: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

18

nos fazeres, que primeiramente desarmonizam e depois nos apresentam uma nova

realidade.

Sendo assim, a arte contemporânea passou a buscar uma comunicação

entre todas as artes, trazendo consigo diferentes concepções, materiais, técnicas e

olhares, bem como uma aproximação com a própria vida.

Para Cocchiarale (2007, p. 59):

Na verdade, a arte tornou-se linguagem para fugir da ideia de uma obra sem conteúdo e só formal proposta pela arte abstrata. Então ela passou a ser pensada como uma linguagem estruturada num sistema de signos. Com ela voltou com muita força na arte contemporânea a ser imagem, eu suspeito de que ela esteja deixando de ser linguagem. Porque nem tudo o que comunica é linguagem.

Então temos atualmente na arte é uma mistura de elementos da arte

moderna e esta que chamamos de contemporânea lado a lado, sem conflitos,

utilizando-se uma da outra para que a arte se torne maleável, sempre em

transformação. Pois podemos dizer que o artista contemporâneo não dá sua obra

por acabada. Ela pode estar transformando constantemente de acordo com o

ambiente, o contexto e o espectador.

3.1 ARTE TECNOLÓGICA

Na arte atual encontramos um pluralismo de elementos materiais,

técnicos, visuais, sonoros, tácteis, tecnológicos, andando juntos, sem conflitos,

gerando uma troca interessante, constituindo uma arte em constante transformação.

As possibilidades de uso da tecnologia, do computador como suporte de

imagens e instrumento de composição, vêm construindo uma relação nova nesse

processo da obra, no ambiente social e realidade virtual.

Para Bem (2009, p. 60) “a formação do artista em arte e tecnologia

acontece por diferentes caminhos, não tendo um caminho, modelo a ser seguido ou

artista que já tenha criado um caminho definitivo.".

A informática no mundo das artes encaminhou juntamente com a ciência

de cibernética, da teoria da informação e também com os discursos estéticos da

época de 50, que para alguns historiadores foi a época em que o uso de

computadores se faz presente na arte.

Page 19: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

19

Segundo Arantes (2005, p. 63) “Os primeiros trabalhos artísticos em

computador eram realizados por meio de algoritmos, ou melhor, um conjunto de

regras de operação executáveis e calculadas pelo computador”.

Os trabalhos, em sua grande maioria eram inspirados na geometria e

tinham influência das produções artísticas abstratas.

É importante destacar que os artistas que trabalham com as mídias digitais possuem uma dimensão peculiar em relação a produção simbólica anterior. A tecnologia digital incide no modo de geração e transmissão da informação e, sem dúvida, a própria essência da informação uma vez que a estrutura interna do código binário dissipa completamente a diferença entre uma forma visual, um som, um sopro e um deslocamento corporal. (ARANTES 2005, p. 67)

Atualmente a tecnologia está cada vez mais presente no universo

artístico, temos como exemplo o próprio artista apresentado neste estudo, Jonas

Esteves, que se utiliza da tecnologia na sua produção artística.

Ainda para Arantes (2005, p. 49), a ideia de que a obra de arte é fruto de

um gênio criativo individual em profunda sintonia com o cosmos cai por terra. Ao

explorar as possibilidades que a tecnologia oferece o artista a utiliza reinventando

sua maneira de produzir arte.

Muito importante ressaltar a afirmação de Machado (2001, p. 15) onde diz

que “artista da era das máquinas é, como o homem de ciência, um inventor de

formas e procedimentos; ele recoloca permanentemente em causa as formas

sempre em questionamento e as finalidades sob suspeita”.

Então podemos dizer que, a obra de arte está sempre se reinventando e

nunca tem suas possibilidades esgotadas. O meio em que se encontra inserida é um

fator importante nesse processo e então se apropria a máquina em sua elaboração.

Page 20: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

20

4 DIALOGANDO SOBRE ESPAÇO DE CULTURA E ESPAÇO EXPOSITIVO

Ao discutirmos sobre espaço de cultura, percebemos que ela tem uma

função de formar e modificar um povo, criando identidades. Temos o sujeito como

produto da cultura. O que diferencia o ser humano de outras espécies é a

capacidade de produzir cultura.

Portanto, segundo Reddig (2007, p. 29):

As universidades, escolas públicas e privadas, galerias, centros de cultura, fundações culturais buscam valorizar e (re) significar os espaços destinados à arte e cultura. Nesse processo, que é o da democratização cultural, vemos que a cultura está para todos, independentemente de situação econômica ou formação escolar. Se a cultura está para todos, podemos dizer, então, que não existe uma cultura superior ou inferior [...]. Ela faz parte do mundo que é vivido por todos e reúne o conjunto de experiências e realizações humanas que caracterizam uma sociedade, que produz e consome cultura cotidianamente.

Espaço de cultura conforme meu ponto de vista inclui uma área que reúne

diversas formas de manifestação com: exposições, bibliotecas, cinematecas, etc.

Um local aberto a um público em geral e tem como objetivo reunir pessoas

interessadas em cultura, mantendo sempre um constante incentivo à criação e

descoberta de arte.

A construção de um espaço de cultura envolve decisão política a partir de

um desejo comum e deve ser discutida pela sociedade interessada. Nesse

segmento apresento os espaços culturais da cidade de Criciúma, na fala de

Feldhaus (2006, p. 25), onde ele os nomeou “Equipamentos Culturais”, em seu

TCC2, destacando os mais relevantes, como: Mina Modelo Caetano Sonego

(atualmente desativada), Museu Augusto Casagrande, Monumento ao Mineiro,

Memorial 20 de Novembro Praça do Congresso, Casa do Agente Ferroviário, Centro

Cultural Jorge Zanatta, Salas de Cinema, Praça da Chaminé, Igreja Matriz Nossa

Senhora da Salete, Igreja Matriz São Paulo Apóstolo, Paço Municipal, Memorial

Dino Gorini, Centro Cultural Santos Guglielmi e o Teatro Municipal Elias Angeloni

inaugurado durante a administração Altair Ghidi/Mário Sonego em 30 de janeiro de

1983. O Teatro Municipal Elias Angeloni, sendo a única sala de espetáculos do sul

2 O termo defendido no Trabalho de Conclusão de Curso: “Os espaços culturais de Criciúma e a

construção do olhar: um recorte dos diferentes olhares sobre a cidade, a arte e os equipamentos culturais”, em (2006), pelo atual coordenador do Curso de Artes Visuais, Professor Mestrando Marcelo Feldhaus.

Page 21: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

21

do estado, e onde são realizados eventos e apresentações de teatro, música, balé,

palestras, seminários e outros. Juntamente a Galeria de Arte Octávia Gaidzisnki, o

interesse dessa pesquisa.

Neste aspecto, apontando a Galeria de Arte Octávia Gaidzisnki, se faz

necessário falar do espaço expositivo, um local organizado estrategicamente, onde o

visitante tem liberdade de se mover entre as obras, quando permitido e dependendo

da proposição artística, para uma melhor fruição. Em muitos casos, a maneira com

que a obra encontra-se disposta no espaço do museu, da galeria ou outro espaço

cultural pode sugerir a identidade, ou até mesmo “o gosto” do curador e também o

tema da exposição. Essa seria a função mais evidente desses espaços, pois o

espectador, ao chegar, sente-se mais atraído se conseguir visitar o espaço

completo. Um espaço todo branco é ainda a concepção de espaço mais presente.

Segundo O‟Doherty (2002, p. 3):

A galeria ideal subtrai a obra de arte todos os indícios que interfiram no fato de que é “arte”. A obra é isolada de tudo que possa prejudicar sua apreciação de si mesma. Isso dá ao recinto uma presença característica de outro espaço onde as conservações são preservadas pela repetição de um sistema fechado de valores. Um pouco da santidade da igreja, da formalidade do tribunal, da mística do laboratório de câmara de estética única. Dentro dessa câmara, os campos de força da percepção são tão fortes que, ao deixá-la, a arte pode mergulhar na secularidade. Por outro lado, as coisas transformam- se em arte num recinto onde as ideias predominantes sobre arte concentram- se nelas.

Atualmente as galerias se apresentam não somente com paredes brancas

cobertas de quadros, elas viabilizam o espaço conforme a necessidade da produção

de arte, muitas vezes, até mesmo o teto é utilizado para as exposições. Isso faz com

que o contato do público com a arte se torne mais instigante.

Acredito que os museus, galerias e outros espaços expositivos, não

podem ser apenas um lugar de consumo da arte e sim um espaço para reflexão,

para discussão e fruição. Para Gonçalves (2004, p. 75), estes espaços promovem a

identidade:

[...] permite aos indivíduos reconhecerem- se como membros de um grupo, de uma comunidade, de uma sociedade, de uma cultura. A identidade decorre da experiência, pressupõe um conjunto de significações e representações relativamente permanentes, que facultam aos membros de um grupo social compartilhar, ao longo do tempo, uma história e um território cultural comum. A identidade pode, então, ser entendida como uma forma de expressão social.

Page 22: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

22

Assim, a visita aos museus e galerias, nos espaços de exposições

promove a cultura aproximando o público da arte. Mas ainda se observa que, este

público ainda é bastante reduzido, e a grande maioria tem acesso apenas em visitas

guiadas pelas escolas gerando um afastamento e não entendimento da arte atual. É

um fato bastante preocupante, pois, essas visitas são importantes para a formação

cultural e educacional do indivíduo e por esse motivo, os espaços de cultura ou

mesmo “Equipamentos Culturais”, devem sim, manter suas exposições, publicações

e programas de formação em constante revisão quanto aos conteúdos e formas de

apresentação e adequação para as visitas.

4.1 FUNDAÇÂO CULTURAL DE CRICIÚMA E GALERIA DE ARTE OCTÁVIA

GAIDSISNKI

A Fundação Cultural de Criciúma3 foi construída ainda na década de 40

para o então funcionamento do Departamento Nacional de Produção Mineral, local

que serviu para a instalação do primeiro serviço de água tratada da região. Ainda

consta que, por volta do ano de 1962, passou a ser administrado pela Comissão

Executiva do Plano do Carvão Nacional e, em 1964, consta que, foi utilizado como

cárcere do primeiro ano da ditadura militar. Anos depois, o Conselho Nacional do

Petróleo tomou conta do casarão, que passou a ser conhecido como "Prédio do

CNP". Em 1993 o município tomou posse desse imóvel, e instalou a então

conhecida Fundação Cultural de Criciúma, criando o Centro Cultural Jorge Zanatta,

o qual recebeu restauração em 1996. Localiza-se na rua Cel. Pedro Benedet, 269,

Centro, em Criciúma/SC.

As atividades referentes à Fundação Cultural de Criciúma (FCC)

realizadas neste ano (2013) envolvendo exposições, oficinas, palestras, grupos de

estudos realizados anteriormente na Galeria de Arte Contemporânea, passaram a

acontecer na Galeria de Arte Octávia Gaizisnki/Centro Cultural Santos Guglielmi

(complexo que abriga o Teatro Municipal Elias e a Biblioteca Pública Municipal

Donatila Borba), devido a ampla reforma iniciada nas dependências do Centro

Cultural Jorge Zanatta – Fundação Cultural de Criciúma.

3 Disponível em:

<http://www.criciuma.sc.gov.br/site/turismo/pontos_turisticos/centro_cultural_jorge_zanatta_fundacao_cultural_de_criciuma-18>. Acesso em: 29 set. 2013.

Page 23: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

23

Figura 1 - Centro Cultural Jorge Zanatta em Criciúma/SC. Fundação Cultural de Criciúma.

Fonte: Disponível em:<http://www.sctur.com.br/criciuma /centro-cultural-jorge-zanatta.asp>.

Segundo sua coordenadora, Daniele Zacarão a Galeria de Arte Octávia

Búrigo Gaidzisnki,4 foi a primeira galeria municipal de arte da cidade de Criciúma,

fundada pela Prefeitura, tendo sido edificada para atender a deficiência de

equipamentos culturais da época. Seu nome foi uma homenagem a artista plástica

criciumense Octávia Búrigo Gaidzisnki5.

Para o atual presidente da Fundação Cultural de Criciúma (FCC) Sérgio

Zappelini, o espaço expositivo oferece oportunidade para a população conhecer as

produções dos artistas locais, regionais e de outros estados. E ainda segundo a

coordenadora Daniele Zacarão, os eventos e exposições são pensados em

conjunto, pela equipe da galeria, muitas vezes pelos artistas e curadores

convidados6.

4 Disponível em:< http://www.engeplus.com.br/0, 58289, html#>. Acesso em: 29 set. 2013.

5 Destacando-se no incentivo cultural desse período. Falecida no ano de 2002

6 O curador de arte decide as obras e os artistas que irão participar de uma exposição e, também, o

modo como integrarão um contexto artístico, um tema, um sistema de pensamento. Disponível em:<http://misturao.blogspot.com.br/2010/11/curador-de-arte.html>. Acesso em: 05 out. 2013.

Page 24: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

24

Figura 2 - Galeria de Arte Octávia Búrigo Gaidzinski

Fonte: Disponível em: <http://www.criciuma.sc.gov.br/site/noticia/galeria_de_artes_octavia_gaidzinski>.

.

Partindo de uma sugestão da professora Odete Calderan, onde ela

comenta sobre uma exposição de um artista local que estava para acontecer na

Galeria e depois, em uma segundo momento, em uma conversa com a

coordenadora dos espaços expositivos Daniele Zacarão, foi então que despertou

meu interesse em desenvolver minha pesquisa com as crianças de duas escolas

municipais em que atuo no intuito de estimular elas a interagirem com a arte. Para

isso, elaborei meu problema de pesquisa intitulado: o que pode proporcionar

culturalmente aos alunos, a saída de ambiente escolar em visita a um determinado

espaço expositivo da cidade de Criciúma?

Sendo assim, a convocação realizada pela Galeria de Artes Octávia

Gaidzisnki consiste num projeto chamado Arte no Singular, o qual, contempla

exposições individuais de artistas locais em cada cidade de atuação do Sesc

(Serviço Social do Comercio de Santa Catarina). Não apenas dando visibilidade a

um número cada vez maior de artistas, mas viabilizando uma rede de profissionais

capaz de constituir um mapa dos principais artistas e obras disponíveis no estado.

Page 25: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

25

Os objetivos do projeto são o de incentivar a produção em arte na cidade de

Criciúma.

Tanto as exposições e quanto o escolha de curadores são definidos de

acordo com a necessidade do projeto e orçamento disponível. Tratando-se dos

mediadores7 são funcionários fixos do espaço. Atualmente este trabalho é realizado

pela estagiária da galeria Maira Silveira, acadêmica do Curso de Artes Visuais

(UNESC), que recebe instruções dos curadores e artistas para execução dessa

atividade.

A seleção dos artistas, em alguns casos, como no projeto Arte no

Singular, é realizada por meio de inscrição dos portfólios e avaliação de um curador.

Para outras exposições, pode ser feito por meio de convite. Esse processo depende

muito da finalidade do projeto e/ou atividade proposto pelo espaço expositivo.

O material de divulgação também é enviado às escolas, mas a FCC não

têm condições de disponibilizar transporte para que os alunos visitem as exposições.

Este certamente é o fator que não promove o acesso dos estudantes aos espaços

de cultura da cidade. O público que mais participa e visita as exposições é formado

pelos próprios artistas, alunos das escolas localizadas nas proximidades,

acadêmicos de Artes Visuais e interessados em arte.

Geralmente a galeria dispõe de material especifico para auxilio educativo,

inclusive já trabalharam com alguns projetos onde a exposição também se construía

junto à ideia de proposta pedagógica, obtendo junto às crianças resultados positivos.

4.2 A EXPOSIÇÃO: E X E C U T E-S E

O artista Jonas Esteves de Bem foi contemplado com a exposição

individual do projeto Arte no Singular. A abertura da exposição E X E C U T E -S E,

ocorreu no dia 28 de agosto, na Galeria de Arte Octávia Gaidzisnki. Estavam

presentes amigos do artista, familiares e o público em geral e ainda acadêmicos da

1ª fase do Curso de Artes Visuais- Bacharelado (UNESC), juntamente com os

professores Tiago da Silva Coêlho e Édina Regina Baumer. Nessa ocasião, a

7 O papel do mediador é o de “tornar compreensível a mediação como um papel de difundir e

intermediar as possibilidades e relações de integração entre Arte e o receptor, na compreensão da obra de arte.” <Disponível em: http://www.uepg.br/proex/anais/trabalhos/7/Oral/55 oral.pdf>. Acesso em: 06 out. 2013.

Page 26: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

26

coordenadora da Galeria Daniele Zacarão fez uma calorosa recepção apresentando

o artista Jonas Esteves e a curadora da exposição a doutoranda Claudia Zimmer8.

Conforme texto/convite da exposição E X E C U T E-S E, do artista Jonas

Esteves, e a paixão pela tecnologia, principalmente pela robótica está presente em

sua trajetória artística, ha algum tempo. Conforme seu relato, desde a infância os

desenhos animados preferidos sempre foram aqueles cujo protagonista contava com

a ajuda dos robôs, e as máquinas que possuíam certa autonomia, era o que mais

lhe instigava. Os preferidos Super Máquina (seriado), Pole Position (desenho), entre

tantos outros conteúdos que envolviam robótica. Passava horas na frente da

televisão jogando videogame, sempre tentando entender como esses jogos eram

feitos, desde sua programação até o resultado final.

Temos aqui uma consideração feita pelo próprio Bem (2009, p. 72) em

seu TCC9, onde diz: “meu encantamento por essa ramificação da arte com a

tecnologia foi inevitável sempre fui um apaixonado por tecnologia [...]”.

Mas, afora essa grande influência dos jogos, queria saber como as

coisas funcionavam, desde a parte elétrica, como a mecânica. Já seus primeiros

brinquedos foram fonte dessa curiosidade, sendo que, isso desencadeou o processo

de criar seus próprios brinquedos. A partir daí foi pesquisando, desenvolvendo

técnicas e aprendendo sobre o funcionamento das coisas, sem consultar manuais

de instruções. Apropriava-se de brinquedos quebrados, motores queimados e ainda

muitos planos frustrados até começar a ter os primeiros resultados. Toda essa

experiência adquirida foi se unindo aos novos e retomando antigos projetos em

busca de autonomia das coisas. Vivia fazendo a manutenção desses aparelhos

misturando peças, fazendo experiências.

Seu processo o levou a aprimorar-se e conhecer novas tecnologias,

fazendo-o pensar em cursar Ciências da Computação, na Unesc. Ideia essa

abandonada com o surgimento de novas experiências que o fizeram se interessar

8 Artista, licenciada em Artes Plásticas pela Universidade do Estado de santa Catarina, mestre e

doutoranda em Artes Visuais com ênfase em Poéticas Visuais pela Universidade Federal do Rio

Grande do Sul. Editora da Revista-Valise e integrante do grupo de pesquisa Veículos da Arte

(UFRGS) e do grupo de pesquisa Proposições artísticas contemporâneas e seus processos

experimentais (UDESC). Tem experiência na área de artes e vem pesquisando questões

relacionadas à semi-visibilidade e à paisagem, sendo esta última investigada a partir de sua

percepção e de suas concepções. (Texto informado pelo autor). Disponível em: < http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv. do?id=K4231091D7>. Acesso em: 29 set. 2013. 9 Jonas Esteves. TCC (2009). A construção do artista em mídias digitais e sua aplicação na criação

de arte.

Page 27: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

27

pela arte e optar pelo Curso de Artes Visuais Bacharelado, interessando-se muito

pela disciplina: Poéticas Digitais, que segundo o artista, abriu-lhe grandes

possibilidades.

Como proposta curatorial Claudia Zimmer trouxe um recorte de sua

produção, como o Caderno de Registro (Figura 3), que, segundo o próprio Jonas

Esteves comenta em seu blog:10

Um caderno que teve seus primeiros esboços em 2010 funciona como um manual de instruções de projetos que existem e podem a vir existir. Entre ideias, desenhos e textos temos um pouco do ficcional que esconde o intimo pela paixão nas máquinas.

Páginas do caderno que funcionam como um manual de instruções

composto por textos e desenhos, deixando que o espectador tenha a curiosidade de

produzir sua própria máquina.

Figura 3 - Caderno de Registros 2010 a 201311

Fonte: Disponível em: <http://ideactrlj.blogspot.com.br/2013/10/e-x-e-c-u-t-e-s-e-exposicao.html>.

A exposição contou também com uma projeção de um vídeo, vindo do

teto ao chão da galeria, trazendo equipamentos abertos com suas engrenagens

funcionando (Figura 4), deixando o espectador curioso. Numa das paredes da

10

Disponível em:<http://ideactrlj.blogspot.com.br/2013/10/e-x-e-c-u-t-e-s-e-exposicao.html>. Acesso

em: 29 set. 2013, juntamente ao vídeo/entrevista do artista. Disponível em:

<http://www.youtube.com/watch?v=dsoPuqLfr5Y>. Acesso em: 29 set. 2013. 11

Reproduções individuais de 65 desenhos. Fonte: <http://ideactrlj.blogspot.com.br/2013/10/e-x-e-c-

u-t-e-s-e-exposicao.html>.

Page 28: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

28

galeria, o artista desenhou um projeto de um robô que andaria com ele durante todo

o dia e captaria todos os seus movimentos para depois repeti-los (Figura 6).

Figura 4 - Máquina do Tempo12

Fonte: Disponível em: <http://ideactrlj.blogspot.com.br/2013/10/e-x-e-c-u-t-e-s-e- exposicao.html>.

Nestas idas e vindas da pesquisa e querendo conhecer um pouco mais o

artista, encontro seu Trabalho de Conclusão de Curso em Artes Visuais (UNESC),

onde Jonas Esteves traz uma reflexão sobre a pluralidade da arte na

contemporaneidade.

Muitos artistas hoje que trabalham com as artes e novos meios, acabam por fazer experimentações como autodidata, a partir do exercício da busca pelo melhor meio, método de expor a sua ideia, adequando diversas áreas a um bem comum. Outro caminho são cursos voltados para área em que querem atuar. A experimentação é um fator que conta a favor do artista em busca de solução sobre tudo o que envolve a obra. (BEM, 2009, p. 60).

Jonas Esteves é um desses artistas inquieto e apaixonado por tecnologia,

pela robótica, sempre experimentando, se apropriando e modificado, acrescentado,

surpreendendo-se a ele mesmo e ao público.

12

Vídeo de um mecanismo aberto e engrenagens de seu funcionamento Fonte:

<http://ideactrlj.blogspot.com.br/2013/10/e-x-e-c-u-t-e-s-e-exposicao.html>.

Page 29: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

29

Figura 5 - Acompanhante Diário13

Fonte: Disponível em: <http://ideactrlj.blogspot.com.br/2013/10/e-x-e-c-u-t-e-s-e-exposicao.html>.

Seu interesse pela robótica e objetos tecnológicos começou cedo, desde

a infância. Teve acesso aos games e se encantava com os jogos que envolviam

super-heróis e robôs. Tinha grande curiosidade em saber como as coisas

funcionavam, por esse motivo, desmontava e montava seus próprios brinquedos,

trocando peças de lugar e descobrindo o que aconteceria a seguir.

Como os robôs dos filmes de ficção que tinha sempre tinham a

capacidade incrível de realizar coisas que os humanos não conseguem. O artista a

partir dessa ideia resolve desenvolver alguns deles e colocá-los em funcionamento.

13

Desenho direto na parede de projetos do caderno de registro que consiste em um robô

que acompanha o seu dono, usuário durante todo o dia. Fonte:

<http://ideactrlj.blogspot.com.br/2013/10/e-x-e-c-u-t-e-s-e-exposicao.html>.

Page 30: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

30

Figura 6 - Robô Companhia14

Fonte: Disponível em: <http://ideactrlj.blogspot.com.br/2013/10/e-x-e-c-u-t-e-s-e-exposicao.html>.

É o caso do “Robô Companhia” (Figura 6), um robô pequeno programado

para ficar circulando pelo espaço expositivo entre o público. Produzido com peças de

lego e sucatas eletrônicas, acionado a pilha.

14

Lego Motor, Arduino e hack. Fonte: <http://ideactrlj.blogspot.com.br/2013/10/e-x-e-c-u-t-e-s-e-

exposicao.html>.

Page 31: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

31

5 AMPLIANDO REPERTÓRIOS DAS CRIANÇAS

Motivada pela produção do artista Jonas Esteves, passo a organizar a

oficina para meus alunos remetendo a ideia da exposição do artista E X E C U T E_

S E, e fazendo uma homenagem a ele vou chamar a oficina “E X P E R I M E N T E

– S E: ROBÔS DE SUCATAS.” Enquanto ainda organizo a proposta, como fui à

abertura da exposição, o artista Jonas esclareceu que daria uma entrevista aos

meios de comunicação. E realmente ele deu uma entrevista e relatou o processo de

produção, convidando o público para visitar seu trabalho na galeria. Fez questão de

me enviar uma cópia da reportagem em DVD para que eu pudesse mostrá-la às

crianças. Como o DVD contém todo o processo do trabalho, resolvi mostrá-lo

apenas quando retornássemos da visita a galeria, para gerar maior expectativa e

interesse das turmas.

Para uma melhor condução dessa atividade de visita, organizei junto às

crianças a proposta em três momentos: o antes, o durante e o pós visita.

O primeiro momento aconteceu com uma conversa em sala de aula, onde

falei sobre a exposição, o artista e seu trabalho e como aconteceria nossa saída de

estudo. Em seguida, no segundo momento ocorreu a visita à Galeria de Artes

Octávia Gaidzisnki, e lá encontraram a exposição E X E C U T E_S E com os

trabalhos do artista Jonas Esteves, sob a mediação da coordenadora da Galeria,

Daniele Zacarão.

O terceiro momento foi marcado pela produção artística das crianças das

duas escolas, vivência repleta de muito entusiasmo, onde cada um pode “e x p e r i

m e n t a r - s e” produzindo seu robô juntamente aos demais colegas.

5.1 AINDA AGUARDANDO A VISITA A EXPOSIÇÃO

Faltando uma semana para a visita à exposição, 13 de setembro de 2013,

no período matutino, tive uma conversa com as crianças (4º, 5º anos) da Escola

Augusto Pavei. Introduzi o assunto para o que nos esperava o dia 20 de setembro.

Dentre eles, alguns demonstraram grande surpresa ao saber que o artista é jovem e

está vivo surgindo diversas falas como: João Luiz (10 anos): “Vou levar um caderno

para pedir autógrafo se ele estiver lá”. Erick (10 anos): “Que massa, a gente vai vê-

lo?” E ainda quando comentei sobre a paixão do artista pela robótica em sua

Page 32: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

32

infância e que desmontava e montava seus carrinhos para ver como eles

funcionavam, Iris (11 anos) trouxe a fala: “Eu não desmonto meus carrinhos, tenho

pena”. Já João Luiz (10 anos): “Vou desmontar todos os meus”. Em seguida, mostrei

imagens do artista e eles ficaram bastante ansiosos pelo dia da vista a exposição.

O mesmo procedimento foi realizado com os alunos do 2º ano no período

vespertino, na escola Antônio Mangilli que também demonstraram certo espanto

pelo fato do artista ser jovem e estar vivo, porém sua curiosidade foi relacionada a

proposta com robôs. Samuel pergunta: “Os robôs do artista falam?”. Pedro (7 anos)

disse: “Professora, os robôs dele andam fazendo aquele barulho?”. Lorraine (7

anos): “Queria saber se pareciam com pessoas”. Ficaram ansiosos para ver o robô

produzido pelo artista, já que havia comentado que este se deslocaria pelo chão do

espaço expositivo.

Nossa visita à exposição se deu no dia 20 de setembro com 18 alunos do

4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei no período matutino e com 12

alunos do 2º ano da escola municipal Antônio Mangilli no período vespertino.

Tivemos aproximadamente (1h20min) para essa visita, onde instiguei os

alunos a fazerem perguntas à mediadora, tirando todas suas dúvidas e levarem para

a escola o máximo de informação sobre o artista e seu trabalho.

Como o tempo em que estivemos na galeria não foi suficiente para a

realização da oficina, ela será realizada em outro momento na própria escola. Para a

produção serão usados materiais alternativos como: sucatas de computadores,

garrafas pet, sucatas de ferro velho, cola quente e outros. Essa produção será

exposta no ambiente escolar para visitação dos demais alunos. Pretendo com essa

produção perceber o envolvimento dos alunos, sua criatividade e entendimento.

5.2 A VISITA: O GRANDE ENCONTRO

E finalmente chegou o dia tão aguardado pelos alunos. Saímos da escola

no dia 20 de setembro, numa manhã chuvosa e com muita animação, as crianças do

4º e 5º anos (Figura 7) juntamente à diretora da escola Augusto Pavei, Suzana e a

professora Elza, em direção ao Teatro Elias Angeloni em visita a exposição E X E C

U T E_ S E, de Jonas Esteves na GOG.

Page 33: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

33

Figura 7 - Chegada das crianças Escola Augusto Pavei à GOG.

Fonte: Acervo da Pesquisadora

Foi uma viagem repleta de expectativas, comentários e muita animação.

Beatriz, que canta muito bem, resolveu nos mostrar uma música composta por seu

pai e nos deixou emocionadas, enquanto os demais alunos também ouviam em

silêncio. Yasmim (9 anos) comentou: “Professora, acho que nesse teatro que

estamos indo eu já estive com meus pais.” Já Erick (10 anos): “Eu também já vim

ali,num show.” Joe (10 anos): “Já sei, fica bem pertinho daquele ginásio de

esportes.” E quando nos aproximávamos do teatro, Iris (10 anos) lembrou: “Bá,

esqueci de trazer um caderno para pedir um autógrafo para o Jonas. Será que ele

vai estar lá?”

Enfim, chegamos ao teatro Elias Angeloni. Fomos recepcionados

calorosamente pela coordenadora, Daniele Zacarão, que convidou a turma toda a

fazer um breve passeio pela galeria, satisfazendo a curiosidade. Como já era

esperado, o robozinho produzido pelo artista colocado ali no chão da galeria foi o

que chamou a atenção de todos no primeiro momento. Todos queriam por a mão e

saber como ele funciona. Porém, não foi possível vê-lo em ação, pois se encontrava

descarregado. Mesmo assim, as crianças acharam muito interessante. Após esse

momento, Daniele apresentou todos os trabalhos do artista como as páginas de seu

Page 34: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

34

caderno expostas na parede como um manual de instruções, um projeto de robô

desenhado na parede e uma projeção de engrenagens que se encontrava no chão

da galeria. Visitados todos os trabalhos, Daniele convidou os alunos a sentarem-se

em círculo para uma conversa, onde puderam tirar suas dúvidas e fazer seus

comentários. Se isso realmente era o que eles estavam imaginando, se gostaram

da exposição e o que os chamou mais a atenção.

Os alunos ficaram a vontade e fizeram comentários. João Luiz (10 anos)

não escondia sua admiração pelo robozinho e comentou: “Nossa, que maneiro, vou

tentar fazer um em casa”. Outros pegaram o robô para identificar as peças utilizadas

na fabricação.

Dialogando com Ganzer (2007, p. 42) onde afirma que:

Diante das obras, sejam elas originais ou reproduzidas, lidamos com sensações diversas como o maravilhamento, o espanto e também a decepção. Visitar uma exposição de arte é uma oportunidade para ampliar o conhecimento cultural, imagético e sensorial na formação do olhar. Aos olhos do contemplador, os saberes são ressignificados e, produzidos numa combinatória de experiências, novos olhares são produzidos.

Havia na galeria, uma parede pintada com tinta preta onde a proposta era

a experimentação dos espectadores. Então, após a conversa com Daniele Zacarão,

a mesma os convidou a experimentarem na parede preta utilizando giz de quadro,

esboçando seus robôs. A proposta era desenhar robôs com habilidades que ainda

não vimos ninguém desenvolver. Então, ficaram ali registrados desenhos de robôs

com tantas habilidades. Yasmim (10 anos) desenhou um “Robô que dobra roupa” e

comentou: Seria muito bom ter um robô que dobre as roupas para mim, não gosto

de fazer isso. Já Beatriz (10 anos) desenhou um “Robô flor que libera perfume do

amor”, Kawana (9 anos) criou um robô segundo ela, “é uma máquina de sorvete ,que

produz o sorvete por completo’’ e João Luiz (10 anos) resolveu desenhar um robô

“transformers com habilidades incríveis”. E assim, todos deixaram seus desenhos

registrados na parede preta da galeria. Para Ganzer (2007, p. 71):

[...] participar dos momentos de descoberta e experiência que as crianças vivenciam ao visitar o espaço onde as exposições acontecem é também oportunidade de apreciação dessa produção de conhecimento para além da sala de aula.

Aproveitamos essa saída para conhecermos os demais ambientes, ainda

visitamos a biblioteca e o espaço do teatro onde se situa o palco e são realizadas as

apresentações de teatro, shows, dança, entre outros.

Page 35: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

35

Retornamos a escola Augusto Pavei com a turma muito animada. Os

alunos adoraram a visita, porém Iris (10 anos) comentou: “Eu queria um autógrafo do

artista, que pena que ele não estava lá”. Já o Erick (10 anos): lamentou um tanto

triste pelo fato do robô estar sem carga: “Eu queria ver ele estivesse andando por lá,

seria muito legal.”

Ainda empolgados e como tínhamos bastante tempo, sugeri que fizessem

um croqui do robô que queria produzir na próxima aula, onde faremos essa

produção com sucatas de computadores e outros materiais alternativos. Tivemos o

convite da Daniele para expormos essas produções na galeria em uma sala paralela

as exposições dos artistas e assim o fizemos.

Para que tudo transcorresse conforme o desejado, organizei uma fila

onde os alunos foram se deslocando até o ônibus enquanto conferia os nomes na

lista. A animação foi notada na chegada ao Teatro Elias Angeloni, lugar onde muitos

deles nunca haviam estado até então. A Mediação foi de grande importância para

que a curiosidade fosse aguçada e as dúvidas fossem sanadas.

Tendo a oportunidade de se expressar através do desenho pude perceber

o interesse das crianças em retratar aquilo que realmente estava na sua imaginação.

Algo que ninguém ainda tivesse conseguido produzir.

Figura 8 - Conversa mediada por Figura 9 - Detalhes/ Robô Daniele Zacarão

Fonte: Acervo da Pesquisadora

Fonte: Acervo da Pesquisadora

Page 36: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

36

Figura 10 - Turma dos 4° e 5° anos da Escola Augusto Pavei, em frente aos seus desenhos.

Fonte: Acervo da Pesquisadora

No período vespertino, ao chegar à escola Antônio Mangilli, com aquela

imensa chuva, encontrei os alunos (18 alunos) do segundo ano aguardando na porta

da sala com o lanche nas mãos perguntando se sairíamos logo. Pedi que

aguardassem na sala, pois iria demorar um pouquinho. Era nítida a ansiedade da

turma. Quando o ônibus chegou, a euforia tomou conta. Partimos em direção ao

Teatro Elias Angeloni numa viagem muito animada. Pedro (7 anos) logo perguntou:

“A gente vai ficar bastante tempo lá professora? Eu quero ver tudo o que tem lá.”

Samuel (7 anos) perguntou logo: “Vai ter um robô de verdade lá e será que

podemos tocar nele?” Da mesma forma, fomos recepcionados calorosamente pela

coordenadora Daniele e Mahira Silveira, estagiária e mediadora que deixaram os

alunos bem à vontade para conhecer o local e satisfazer sua curiosidade.

Nesse momento a produção do Jonas Esteves, o robô estava carregado e

pode fazer uma demonstração aos alunos que ficaram eufóricos. Todos queriam

tocá-lo e segui-lo pelo salão. Pedro, que parecia o mais curioso logo perguntou à

Mahira o que fazia o robô andar: “Ele tem bateria? Tem controle remoto?”.

Depois desse momento, a Daniele os convidou a sentar-se no chão para

uma breve explicação, onde puderam tirar suas dúvidas. Dúvidas que a maioria dos

alunos já havia tirado enquanto circulavam pelo salão atrás do robô e que a Daniele

e Mahira respondiam com imenso prazer.

Page 37: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

37

Pedro (7 anos) perguntou: “Como o artista faz para que esse robô

funcione sem controle remoto?” Prontamente Mayra (mediadora) responde que está

tudo programado pelo computador. João (7 anos) acha um dos esboços das páginas

do caderno do artista muito interessante e pergunta: “Todos aqueles robôs ali

desenhados já foram fabricados pelo artista?”. João Guilherme (7 anos): “Aquele

robô grande ali da parede, o artista já fabricou?”

Após essa conversa muito interessante, a coordenadora Daniele Zacarão

fez o convite para a prática com o giz de quadro na parede preta (Figura 11) exposta

na galeria conforme citada anteriormente, parte essa que os alunos adoraram, tanto

que alguns demoraram muito para saírem do local, pois se empolgaram com a

experimentação. Desenharam vários tipos de robôs com muita imaginação. “Sunaiã

(7 anos) desenhou um Robô lava roupa, estrelinha, Maria Laura (7 anos) desenhou

o Robô borboleta que solta água e molha as plantinhas, Pedro (7 anos) deixou

registrado seu Robô voador e Samuel (7 anos) desenhou seu Robô guerreiro, entre

tantos outros. Foi uma diversão essa experiência onde todos soltaram a imaginação.

Figura 11- Desenhos finalizados das crianças

Fonte: Acervo da Pesquisadora

Voltando para a escola deixei que cada aluno falasse sobre o que mais

gostou de nossa saída. A maioria dos alunos disse que a parte mais legal foi ver o

robô funcionando e poder desenhar.

Page 38: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

38

Então, no restante do tempo que tínhamos, aproveitei para falar da oficina

que teríamos na próxima aula e deixei que cada fizesse seu desenho imaginado, o

robô que gostaria de fazer.

Esses desenhos ficaram guardados na sala de aula para utilizarmos

como referência na próxima aula. Da mesma maneira que ocorreu a saída das

crianças no período matutino, foi realizada no período vespertino. Com ordem e

respeito aos professores e colegas

Figura 12- Chegada da turma a GOG Figura 13 - Encontro com Daniele Zacarão

Figura 14 - Interesse pelo Caderno do artista Figura 15 - Mediação de Daniele Zacarão

Fonte: Acervo da Pesquisadora Fonte: Acervo da Pesquisadora

Fonte: Acervo da Pesquisadora

Fonte: Acervo da pesquisadora

Page 39: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

39

A recepção e atenção de Daniele Zacarão dedicadas as crianças foi muito

importante para deixá-las à vontade em explorar o local e fazer seus

questionamentos.

Figura 16 - Encontro com o Robô Companhia, do artista Jonas Esteves.

Fonte: Acervo da Pesquisadora

Para que a visita realmente fosse de interação com a obra, as crianças

tiveram a oportunidade de observar o Robô Companhia em movimento, circulando

pelo ambiente.

Figura 17 - Conversa com Figura 18 - Produzindo seus Daniele Zacarão desenhos na parede preta

Fonte: Acervo da Pesquisadora

Fonte: Acervo da Pesquisadora

Page 40: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

40

Figura 19 - Desenhos das crianças

Fonte: Acervo da Pesquisadora

As produções realizadas pelas crianças utilizando giz na parede da

Galeria devidamente preparada oportunizou novas experimentações com desenhos

onde cada um deles pode soltar a imaginação e se expressar livremente.

5.3 E X P E R I M E N TA R-S E: ROBÔS COM SUCATAS

No dia 24 de setembro, terça-feira pela manhã, fui recepcionada pelas

crianças, na escola Augusto Pavei onde os encontrei ansiosos para a produção.

João Luiz (10 anos) e Erick (10 anos) vieram me encontrar para auxiliar no

transporte da caixa cheia de sucatas eletrônicas. Em seguida, o grupo se aproximou

querendo dar uma olhadinha. Então nos dirigimos para a sala de aula.

Durante a semana, o artista Jonas Esteves, teve seu trabalho divulgado

na imprensa e me disponibilizou uma cópia da reportagem a qual mostrei às

crianças antes de iniciarmos a produção. Assim, tiveram a oportunidade de conhecer

o artista, e mais uma vez ver a exposição e o robô circulando pelo chão da galeria.

Após assistirmos, organizei os grupos que os próprios alunos haviam

definido nas aulas anteriores. Para que a produção ficasse mais completa no tempo

que tínhamos disponível, os grupos foram necessários. Então, com os grupos

formados, demarcamos os lugares, espaço onde que cada um ficaria sem interferir

no trabalho do outro. Ficou assim definido: três grupos na sala de aula e um grupo

no pátio, sobre as mesas que ali se encontravam. Organizamos dessa forma para

Page 41: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

41

que os materiais ficassem mais bem distribuídos e eu pudesse circular entre os

grupos auxiliando com a cola quente cada vez que necessitassem.

A caixa foi aberta e liberada para que cada grupo fizesse suas escolhas

de materiais. A caixa continha placas de computadores, vidros de remédios vazios,

potes de margarina, latas (achocolatado), botões, lacres (latas) entre outros. A

produção de nossos robôs iniciou-se ali no chão da sala. Fizemos no chão, pois foi

necessário o uso de algumas ferramentas para a desmontagem das peças de

computadores, isso poderia danificar as mesas da sala. Enquanto isso o outro grupo

fazia o processo de desmontagem na calçada do pátio e a montagem sobre as

mesas ali colocadas. A diretora da escola, a professora Suzana, sempre muito

animada tratou logo de nos auxiliar com o aparelho de cola quente e uma caixa de

ferramentas, pois os meninos já encontraram muitos parafusos que deveriam ser

soltos para que conseguissem a desmontagem das peças de computadores. Peças

essas que seriam divididas e utilizadas para servir de corpo, cabeça, braços e outras

peças de seus robôs. E a diversão começou, sim, pois a aula se tornou uma

divertida produção.

No decorrer da atividade pude observar a empolgação dos alunos e seus

comentários. Beatriz (10 anos) relatou que seu grupo estava muito indeciso. Logo

depois veio muito animada dizendo: “Professora, já sei, a gente queria fazer aquela

“Flor robô” que eu desenhei naquela parede aquele dia”. Então, lembrei e fui buscar

em outra sala um material alternativo guardado, uma caixa cheia de solas de

sapatos. Elas ficaram entusiasmadas e criaram uma flor robô.

Já o grupo da Iris e João Luiz não estava entrando num consenso, cada

um com uma ideia diferente, depois de alguns minutos o robô foi tomando forma.

“Iris (10 anos) comentou: “Nossa, Esse nosso robô não tem pescoço, está estranho”!

Porém, Erick (10 anos) interferiu: “Quem disse que robô precisa ter um pescoço”? “O

nosso pode ser do jeito que a gente quiser.”

Então, os robôs estavam prontos e os alunos queriam circular pela escola

a procura da diretora para mostrar seus robôs. Dei a sugestão de darmos um nome

para cada robô, então colocaríamos no chão da sala e chamaríamos a diretora

Suzana e as demais professoras para ver. E assim foi feito. O robô flor recebeu o

nome de BETY (Figura 20), o robô com cabeça de pote ficou com o nome de FIFI

(Figura 21), o robô de pernas brancas foi batizado com o nome de GIRL POWER

(Figura 22), e por fim o ROBOCOP (Figura 23) o robô com as pernas de vidro.

Page 42: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

42

Satisfeitos com a produção finalizada, agora resta aguardar para levá-los

a Galeria Octávia Gaidzisnki para uma exposição coletiva.

A dinâmica da aula chamou muito a atenção dos outros alunos que a

turma do terceiro ano ficou triste por não ter participado. Enfim, não vai faltar

oportunidade.

Figura 20 - Robô do primeiro grupo, BETY Figura 21- Robô do segundo grupo FIFI

Fonte: Acervo da Pesquisadora

Figura 22 - Robô do terceiro grupo, GIRL POWER

Fonte: Acervo da Pesquisadora

Fonte: Acervo da Pesquisadora

Figura 23 - Robô do quarto grupo. ROBOCOP

Fonte: Acervo da pesquisadora

Dia 27 de setembro, chegou à vez dos alunos do 2º ano da escola

Antônio Mangilli desenvolver seus projetos em robôs em sala de aula. Como a sala

é bem espaçosa teve lugar para todos produzirem ali memo. Chegando à escola na

primeira hora da tarde já encontrei o João Guilherme (7anos) me perguntando:

“Professora, hoje vamos fazer nossos robôs”? Confirmei. Ele logo disse: Ôba! O

Page 43: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

43

Pedro (7anos) comentou: “Que legal, hoje vamos fazer robô”. Pedro (7anos)

responde: “Sério, que massa!” Nossa aula aconteceu no último horário. Logo que

entrei mostrei partes do DVD da reportagem do Jonas Esteves para que eles

conhecessem o artista e relembrassem a exposição. Organizei a turma em três

grupos para facilitar a produção com a diversidade de ideias e também pelo tempo

que tínhamos que já estava curto. E então partimos logo para a produção. Samuel

foi logo se carregando de materiais que estavam na caixa que eu havia levado,

queria pegar muitos materiais sem ter a ideia se usaria tudo aquilo. Intervi e fiz uma

divisão aleatória dos materiais para que todos os grupos pudessem realizar a

atividade.

A cada objeto que pegavam, as ideias iam aflorando. Pedro (7 anos)

disse: “Legal, essa peça pode ser o pescoço do robô e essa a cabeça”. E quando as

meninas viram que havia uns fios coloridos logo percebi a empolgação. “Lorraine (7

anos): “Já sei, esses fios podem ser o cabelo”. Sunaiã (7 anos) concordou e tratou

logo de me pedir para que colasse com cola quente um feche de fios na peça que

definiram como a cabeça do robô.” Esses fios deixaram o João (7 anos) encantado

que logo falou: “O nosso robô vai ter até bigode, vamos fazer com esses fiozinhos.”

E Pedro (7 anos) afirma. “Esses vidrinhos serão os braços do nosso robô” e o grupo

todo concordou. A cooperação no grupo das meninas foi nítida e o robô logo ficou

pronto. O grupo do Samuel (7anos), que encontrou maior dificuldade de decisão, foi

o último a deixar pronto seu robô.

Então estavam prontos os três robôs, todos cheios de detalhes. O grupo

do Samuel o chamou de REX (Figura 24), o grupo das meninas o robô recebeu o

nome de LUCIANA (Figura 26) e finalmente o grupo do Natan (7 anos) deu o nome

de ROBOLATA (Figura 25).

Essa foi nossa aula muito divertida, onde pude perceber a empolgação

das crianças em concretizar aquilo que tinham em mente e ver que tudo ficou muito

interessante. Alguns alunos fizeram questão de chamar as outras professoras que

passavam pelo corredor para apresenta-lhes nossos maravilhosos robôs ( Figura

27). E foram muito elogiados por todas. Os alunos de outras turmas também

passaram pela sala para dar uma olhadinha. Todos muito curiosos. Concluímos

nossa aula registrando em fotografias nossos robôs e seus produtores. Recolhemos

os materiais que sobraram e deixamos a sala limpa.

Page 44: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

44

Figura 24 - Robô do primeiro grupo REX Figura 25 - Robô do segundo grupo. ROBOLATA

Fonte: Acervo da Pesquisadora

Fonte: Acervo da Pesquisadora

Figura 26 - Robô do terceiro grupo, LUCIANA

Fonte: Acervo da Pesquisadora

Figura 27- Robôs finalizados

Page 45: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

45

Fonte: Arquivo da Pesquisadora

O orgulho de poder dizer: “Esse foi o meu grupo que fez” e sentir-se

satisfeitos com suas produções estava estampado no rosto de cada criança.

Transbordou empolgação e cada uma delas esbanjou sua criatividade soltando a

imaginação.

Page 46: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

46

6 METODOLOGIA

É uma pesquisa básica que se insere na linha de pesquisa em arte do

curso de Artes Visuais- Licenciatura da UNESC e teve abordagem qualitativa, pois,

essa abordagem oferece à pesquisa uma oportunidade singular para a compreensão

de questões intrínsecas e subjetivamente ligadas ao presente objeto de

investigação, uma vez que trata de questões inseridas como: Quais seriam as

reações dos alunos ao visitar uma exposição de arte? Quais suas dúvidas e

questionamentos? Quais as melhores estratégias e metodologias a serem aplicadas

para que tais questionamentos e perguntas possam ser respondidos

Conforme Minayo (2009, p. 21):

A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se ocupa, nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode ou não deveria ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é entendido aqui como parte e realidade social, pois o ser humano se distingue não só por agir, mas por pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e a partir da realidade vivida e partilhada com seus semelhantes.

Sendo assim, diante do objeto de estudo, busco compreender de que

maneira a produção artística de Jonas Esteves proporciona a reflexão e ampliação

do repertorio artístico cultural dos alunos (30 alunos) das Escolas Municipais de

Criciúma Augusto Pavei e Antônio Mangilli.

É também uma pesquisa exploratória, porque visa proporcionar maior

familiaridade com o problema que abrange o que pode proporcionar culturalmente

aos alunos, a saída de ambiente escolar em visita a um determinado espaço

expositivo da cidade de Criciúma? Nessa perspectiva, ao considerar o envolvimento

com o levantamento bibliográfico, o planejamento de ações primeiramente para me

familiarizar com o local da galeria Octávia Gaidzisnki e obter informações, em

seguida planejar a visita dos alunos ao espaço expositivo e a exposição, realização

de oficinas, referente ao tema tratado. Caracteriza-se como pesquisa exploratória

porque consiste em buscar elementos que promovam uma compreensão geral do

assunto apresentado.

Segundo Gil (2008, p. 41):

Pode-se dizer que essas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado.

Page 47: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

47

Este período de investigação é relativamente livre e informal. É

constituído de uma etapa onde o objetivo é o de descobrir diferentes significados

que aparecem em determinada situação e que tipo de instrumentos pode ser

utilizado para se obter e/ou reconhecer o resultado final do estudo.

Em relação à escolha do local, trata-se de um espaço expositivo da

cidade ainda pouco frequentado e conhecido pela população em geral. Sendo

assim, os visitantes desse local são geralmente acadêmicos dos cursos de Artes

Visuais e alunos de escolas da região. Com base nisso trago a experiência proposta

e realizada com alunos de duas Escolas do Município de Criciúma, dos quais muitos

não conheciam o espaço.

Tendo como base essa visita, que teve seu período de execução de

agosto a novembro de 2013 procurei observar o interesse das crianças, suas

curiosidades com relação ao espaço e a exposição, também propus uma

experimentação artística através de uma oficina realizada na escola, onde cada um

pode se expressar, pôr em prática suas ideias e tudo o que foi vivenciado. Ressalto

ainda que toda a pesquisa foi realizada mediante autorizações para uso das falas e

imagens devidamente assinadas pelos pais ou responsáveis. O modelo utilizado

encontra-se no Apêndice A (p. 60-61).

Page 48: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

48

7 ANÁLISE DE DADOS: EXAMINANDO AS PRODUÇÕES

Neste segmento, após encontros e desencontros gerados em meio às

reflexões geradas com autores escolhidos, apresento a análise resultante da

seguinte problemática: O que pode proporcionar culturalmente aos alunos, a saída

de ambiente escolar em visita a um determinado espaço expositivo da cidade de

Criciúma?

Para isso, como instrumento de coleta de dados me detive na observação

e anotações das falas das crianças desde o primeiro momento quando os instigo

ainda em sala de aula, em ambas as Escolas Municipais Augusto Pavei e Antonio

Mangilli, envolvendo 2º, 4º e 5º anos, 30 alunos no total, com idades em torno de 7 a

11 anos, para uma visita especial na Galeria de Arte Octávia Gaidzisnki, onde estava

à exposição E X E C U T E - S E do artista local Jonas Esteves.

Os relatos das crianças produzidos pelo encantamento pela arte

aconteceram no dia 20 de setembro, das 8h00 às 10h00, com as crianças do 4º e 5º

ano da Escola Municipais Augusto Pavei, mediadas pela coordenadora do local

Daniele Zacarão, onde exploraram o ambiente expositivo. E nesse mesmo dia, no

período da tarde, das 14h00 às 16h00, com as crianças, do 2º ano, da Escola

Municipal Antonio Mangilli, novamente mediada pela atenciosa Danile Zacarão e

pela estagiária do local Mahira Silveira, acadêmica do Curso de Artes Visuais-

Bacharelado (UNESC), que os conduziram pelo espaço expositivo gerando

contentamento e alegria.

Enquanto circulava no espaço expositivo Pedro (7 anos) rapidamente

deitou no chão entusiasmado em acompanhar o Robô Companhia enquanto

comentava: “Vou ficar por perto dele que aí ele funciona melhor, a moça disse que

ele anda quando está em contato com a gente”. Já Beatriz (10 anos) ainda meio

tímida preferiu observar de perto o projeto “Acompanhante Diário” e fez seu

comentário: “Seria muito legal mesmo conseguir um robô que gravasse tudo o que

fazemos e mostrasse pra gente mais tarde, seria como se alguém tivesse nos

filmando durante o dia todo”. Estes relatos foram os que me chamaram atenção

nesse momento, mas fui contagiada por todas as crianças que observavam tudo

com ar de alegria e contentamento.

Finalizando a visita, ainda nos aguardava uma surpresa, as crianças de

ambos os períodos foram convidadas a criarem desenhos com giz na parede

Page 49: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

49

(divisória de cor preta) localizada dentro da galeria, mas fora do espaço expositivo

da galeria (Figura 18) especialmente preparada para essa finalidade.

Segundo a autora Ganzer (2007, p. 38):

As instituições elaboram conceitos de visitas orientadas, guiadas, monitoradas ou mediadas, com as denominações de monitores, mediadores, orientadores e educadores, dinâmicas para estabelecer uma relação mais próxima da arte com o espectador. Roteiros são desenvolvidos para a construção do conhecimento artístico e para a apreciação estética e poética das obras expostas.

Tendo em vista essa construção do conhecimento e mais uma vez

buscando responder meu problema da pesquisa: o que pode proporcionar

culturalmente aos alunos, a saída de ambiente escolar em visita a um determinado

espaço expositivo da cidade de Criciúma? Então, após o retorno para ambas

escolas, desenvolvi a mesma proposta metodológica referente à visita a exposição

do artista Jonas Esteves. Como já relatado na escrita anterior a condução consistiu

basicamente na criação de robôs com materiais eletrônicos e diversos como: latas,

vidros pequenos, caixas, botões, miçangas entre outros.

De modo geral, em ambas as escolas me detive nas observações e

anotações de falas espontâneas como da pequena Beatriz (10 anos) relatou que,

seu grupo inicialmente estava indeciso, mas em seguida veio animada dizendo:

“Professora, já sei, a gente queria fazer aquela “Flor robô” que eu desenhei naquela

parede aquele dia”. Já o grupo da Iris e João Luiz não estava entrando num acordo,

cada um com uma ideia diferente, depois de algumas decisões o robô foi tomando

forma. “Iris (10 anos) comentou: “Nossa! “Esse nosso robô não tem pescoço, está

estranho”! Porém, Erick (10 anos) interferiu: “Quem disse que robô precisa ter um

pescoço”? “O nosso pode ser do jeito que a gente quiser.”

Quando questionados sobre a participação na produção de seus próprios

robôs, percebi que alguns sentiram a necessidade de produzir sozinhos, não em

grupo, pois achavam que seu trabalho ficaria do seu jeito com seus gostos e sem

interferências dos colegas. Obtive então a colocação relevante de três crianças João

Luiz (10 anos) disse: “Eu queria ter feito o meu sozinho”. Teve coisas que eu queria

ter feito e não deixaram (grupo). Já Maria Heloisa (11 anos) interferiu dizendo: Você

não teria tantos materiais se fizesse sozinho, assim o robô ficou com mais detalhes.

“O nosso libera o perfume do amor diz” Jaqueline (11 anos) referindo-se ao robô

FLOR.

Page 50: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

50

Tentando compreender as possíveis dificuldades enfrentadas pelas

crianças em suas produções e levando em consideração que esse momento é muito

importante e divertido, trago para esse contexto a fala de Honorato (2007, p. 37)

onde diz:

A criança tem sua própria lógica. A sua linguagem expressa a sua fala, seus gestos, seu riso, seus movimentos. É com esta linguagem sua, própria, múltipla, que a criança escreve a sua história e também se percebe e percebe a história da coletividade na qual está inserida.

. Um comentário que me chamou a atenção foi do Erik (10 anos) quando

diz: “Temos que colocar nossos robôs num lugar legal para todos verem. Iris

também disse: “Não podemos deixar ali em cima do armário porque só nós que

vemos ali, temos que colocá-los lá fora”. Beatriz tratou logo de convidar a diretora

Suzana para a sala perguntando: “Su, você não acha legal se a gente expor os

robôs ali fora?”. Suzana prontamente respondeu: “Claro que sim, podemos organizar

uma mesa ali na calçada”. Dessa formas percebi como as crianças estavam

envolvidas no processo criativo e o quanto a proposta os tinha motivado.

Após a exposição das produções em ambas as escolas, a convite da

coordenadora do espaço expositivo Daniele Zacarão anteriormente agendado, as

levei ao espaço expositivo da Galeria de Arte Octávia Gaidzisnki. Dessa exposição

gerou uma publicação de fotos nas redes sociais através do Facebook de Jonas

Esteves, das crianças sendo guiadas por Daniele Zacarão e Mahira Silveira, e em

outro momento, desenhando na parede da galeria. As produções dos robôs

mereceram destaque. Essas fotos foram „curtidas‟ por 54 pessoas até o momento.

Ainda geraram comentários e compartilhamentos. Daniele Zacarão também postou

as fotos das produções das crianças em seu Facebook pessoal, e Instagran onde

105 pessoas curtiram, 12 comentários e 3 pessoas compartilharam. Também não

fiquei de fora, postei no meu Facebook, e recebi 10 curtidas e 5 comentários. Foram

momentos especiais, comentários sempre produtivos, pessoas elogiando o trabalho

e a exposição, querendo saber como foram executados.

Na escola comentei com as crianças que estavam postadas essas fotos

nas redes sociais e quem pudesse acessar em casa com autorização dos pais, e

que eles pudessem ter essa oportunidade de compartilhar. Ficaram orgulhosos de

suas produções perguntando se iriam poder levar para casa no final do ano.

Prontamente disse que sim, seria feito um sorteio, porém João Luiz (10 anos)

Page 51: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

51

sugeriu que cada aluno pudesse levar um dia para casa e depois então se faria o

sorteio, assim ficou combinado.

Tendo como foco de pesquisa e respondendo ao problema, percebo que

estas saídas de estudos proporcionam sim maior interesse das crianças em

conhecer e interagir com o novo. Assim, concluo que, o aproveitamento do conteúdo

foi nítido, pois passado já certo tempo desde a realização da oficina, eles ainda

perguntam sobre o artista Jonas Esteves e quando ele irá expor novamente. E

seguem perguntando quando a professora vai agendar uma nova visita, pois

desejam conhecer outros artistas da região e de outros lugares.

7.1 PROJETO DE CURSO

Título: SUCATAS TECNOLÓGICAS E SUA UTILIZAÇÃO EM UMA PRODUÇÃO

DE ARTE

Ementa: O ensino da arte na contemporaneidade. A produção artística a partir de

sucatas eletrônicas.

Carga horária: 20h/a

Público alvo: Alunos do 5° ano do Ensino Fundamental I do município de Criciúma

SC.

Justificativa:

Ao longo desta pesquisa, foi citada a importância do fazer artístico, da

utilização de materiais alternativos e dos espaços expositivos localizados na cidade

de Criciúma e região. O reconhecimento dos artistas locais para a ampliação do

repertório artístico cultural dos alunos do Ensino Fundamental I.

Sendo assim, busco desenvolver um projeto que proporcione experiências

significativas para os alunos do Quinto ano do Ensino Fundamental I de Criciúma,

visando maior interesse pela arte e um significativo desenvolvimento artístico. Trago

também a importância de expor as produções dessas crianças e adolescentes para

que sejam reconhecidos e incentivados em suas criações.

Page 52: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

52

Para dialogar com meu problema de pesquisa: O que pode proporcionar

culturalmente aos alunos, a saída de ambiente escolar em visita a um determinado

espaço expositivo da cidade de Criciúma? Trago os autores Salles, que discute

sobre o processo de criação, onde o criador da obra pode demonstrar todo seu

sentimento, suas interrogações, seus medos através da sua criação.

Conforme Salles (2009, p. 25)

O processo da criação mostra-se como um emaranhado de ações que, em e um olhar ao longo do tempo, deixam transparecer repetições significativas. É a partir dessas aparentes redundâncias que se podem estabelecer generalizações sobre o fazer criativo, a caminho de uma teorização.

Também dialogo com o artista Bem (2009, p. 60), que traz a Arte

Tecnológica em suas produções, segundo ele, “a formação do artista em arte e

tecnologia conhece por diferentes caminhos, não tendo um caminho, modelo a ser

seguido ou artista que já tenha criado um caminho definitivo."

Sendo assim, para o primeiro momento proponho trazer para o conhecimento

dos alunos o artista Jonas Esteves de Criciúma - SC, juntamente as obras de outro

artista brasileiro Vik Muniz (radicado e Nova York), que faz experimentos com novas

mídias e materiais alternativos. Apresentar a forma em que ambos utilizam os

materiais alternativos, dentre muitos utilizados, as sucatas tecnológicas para a

realização de suas produções em arte. Para complementar a conversa trago um

vídeo trazendo a exposição E X E C U T E - S E do artista local Jonas Esteves, e

depois o vídeo da abertura da novela (PASSIONE da rede Globo), que trata da

produção de Vik Muniz.

Sugestão para o segundo momento seria a de recolher lixo reciclável ao redor

da escola com: folhas de árvores secas, papéis e plásticos, garrafas pet e também

trazer de casa aquele lixo que seria jogado fora, que pode ser reciclado, trazer tudo

isso para a escola e depois fazer uma seleção desse material recolhido.

Para o terceiro encontro será dividida a turma em três ou quatro grupos

onde cada um criará seu desenho em papel (Paraná), que é um material bem

resistente para servir de suporte. Neste papel cada grupo criará seu desenho,

fazendo relação com o cotidiano.

O quarto encontro será utilizado para a colagem de todos os materiais

recicláveis recolhidos, onde darão forma e características a sua produção.

Page 53: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

53

Depois das produções concluídas, será utilizado o quinto encontro para

fazer a exposição no ambiente escolar pré-estabelecido pela turma. Esse será o

momento de socialização com os demais alunos da escola.

Objetivo Geral:

Proporcionar aos alunos do 5° ano do Ensino Fundamental I da rede

Municipal de Ensino de Criciúma, maior envolvimento com a arte em sua

contemporaneidade, a relação da arte com o nosso cotidiano e a utilização de

materiais alternativos como sucatas eletrônicas para a criação artística.

Objetivos Específicos:

Conhecer o artista e obras Jonas Esteves juntamente ao artista Vik Muniz.

Ampliar o conhecimento dos alunos a partir da utilização de materiais

alternativos.

Propor aos envolvidos uma experimentação com materiais alternativos como

sucatas eletrônicas e outros.

Desenvolver de forma conjunta um espaço expositivo onde cada aluno possa

expor sua produção para socialização.

Metodologia

Encontros propostos para professores do Ensino Fundamental I da rede

Municipal de Criciúma

Encontros Horário Carga Horária Título da Atividade

13h as 17h

4h/a

Apresentação de um DVD

mostrando a E X E C U T E - S E

do artista local Jonas Esteves.

Recolhimento e seleção dos

materiais alternativos.

Page 54: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

54

13h as 17h

4h/a

Apresentação da proposta da vida

e obras do artista Vik Muniz.

13h as 17h

4h/a

Elaboração do desenho em papel

(Paraná), em grupos.

13h as 17h

4h/a

Colagem dos materiais alternativos

eletrônicos e outros no desenho

elaborado.

13h as 17h

4h/a

Organização da exposição e

socialização.

REFERÊNCIAS

SALLES, Cecília Almeida. Gesto inacabado: processo de criação artística. São

Paulo: Annablume, 2009.

DVD da reportagem concedida por Jonas Esteves de Bem aos meios de

comunicação da região.

Vídeo da abertura da novela (PASSIONE da rede Globo), que trata da produção de

Vik Muniz.

Page 55: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

55

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Consciente da importância das relações entre escola, aluno e espaço de

exposição a presente pesquisa traz como título “E x p e r i m e n t e - s e: ampliando

repertórios das crianças a partir da produção artística de Jonas Esteves”.

Procurando encontrar respostas para o problema levantado em meu trabalho: o que

pode proporcionar culturalmente as crianças, a saída de ambiente escolar em visita

a um determinado espaço expositivo da cidade de Criciúma? Dentre as respostas,

encontrei ainda na visita e mediação realizada pelas crianças do 4º e 5º anos da

Escola Municipal Augusto Pavei e do 2º ano da Escola Municipal Municipal Antonio

Mangilli de Criciúma, ao espaço expositivo da Galeria de Arte Octávia Gaidzinski de

Criciúma, e lá encontrando a produção do artista Jonas Esteves.

Quanto ao objetivo no qual busquei investigar a contribuição expressiva e

reflexiva gerada pela visita mediada ao espaço expositivo da Galeria de Arte Octávia

Gaidzisnki de Criciúma, que no decorrer da pesquisa observei o quanto esses

espaços são importantes para a formação das crianças (dos adolescentes) de

nossas escolas, dando a eles autonomia para que possam experimentar-se e assim

ampliar seus repertórios, na valorização de suas vozes, nas produções dos robôs e

na apreciação em dois momentos nas escolas e quando exposta na GOG.

Em todo este estudo busquei fundamentar trazendo autores importantes,

como: Coli (2010) e Pillotto (2008) que me auxiliaram na discussão sobre o ensino

da arte; Cauquelin (2005), Canton (2009), Cocchiarale (2007), Lamas (2007) na Arte

contemporânea; Reddig (2007), O‟Doherty (2002) e Ganzer (2007) para tratar dos

espaços expositivos; na Arte tecnológica Arantes (2005), Machado (2001) e outros.

Respondendo as questões levantadas por mim, pude observar que a

Galeria de Arte Octávia Gaidzisnki tem oferecido por parte da coordenadora dos

espaços expositivos Daniele Zacarão e a estagiária do curso de Artes Visuais

Bacharelado, Mahira Silveira uma mediação esclarecedora, e que a divulgação é

feita pelos meios de comunicação, na Universidade por meio de materiais impressos

e através da internet. Também é divulgado em algumas escolas do município e

Page 56: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

56

região, porém a dificuldade encontrada pelas escolas acredita-se que sejam os

meios de transporte que não são satisfatórios para atender a demanda de crianças.

Quanto à produção dos alunos após estas saídas acredito que, ainda

existe um longo caminho a ser percorrido pelos educadores. Temos oportunidade de

explorar cada vez mais a capacidade e interesse de nossas crianças. E elas estão

sempre prontas a contribuir com cada nova proposta.

Assim, as produções em ambas as escolas mesmo que, em visita a

apenas um espaço de exposição ao longo da pesquisa os favoreceu culturalmente

proporcionado pela saída do ambiente escolar, bem como, os valorizando em

seguida quando os trabalhos foram expostos em um balcão organizado com mesas

no pátio das respectivas escolas. Observei ao longo desse tempo o contentamento

gerado nas crianças, ao se perceberem valorizadas pelas suas criações robôs

expostas e os colegas podendo visitar.

Essas crianças foram despertadas para a arte em uma experiência

expositiva de um processo envolvendo tecnologia do artista Jonas Esteves. Falar e

se utilizar de materiais eletrônicos em suas produções tornou-se algo atrativo e

envolvente, contribuindo assim para a valorização de suas produções e de sua

história na coletividade e no meio que estão inseridas.

Consegui compreender que faço parte de um mundo onde a arte está

presente em nosso cotidiano e que de certa forma estamos inseridos e fazemos

parte dela. Sendo assim, finalizo esta pesquisa, com um desejo de prosseguir, pois

acredito que colaborei para a construção de repertórios das crianças, pelos

resultados alcançados nas produções em ambas as escolas mesmo que, em visita a

apenas um espaço de exposição ao longo da pesquisa percebi que esta saída do

ambiente escolar os favoreceu culturalmente, pela valorização de suas produções

gerando o contentamento das crianças, ao se perceberem apreciadas pelas suas

criações robôs expostas.

Page 57: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

57

REFERÊNCIAS

ARANTES, Priscila Arte e mídia: A perspectivas da estética digital. São Paulo: Senac, 2005. BEM, Jonas Esteves de. A construção do artista em mídias digitais e sua aplicação na criação de arte. 2009. 78 f. (Curso de Bacharelado em Artes Visuais) – Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, 2009. CAUQUELIN, Anne. Arte contemporânea: uma introdução. São Paulo: Martins, 2005. CANTON, Katia. Do Moderno ao Contemporâneo. São Paulo: Martins, 2009. COCCHIARALE, Fernando. Quem tem medo da arte contemporânea? Recife: Fundação Joaquim Nabuco: Massangana, 2006. COLI, Jorge; Lars Erik Gustav Unonius. O que é arte. São Paulo: Brasiliense, 2010. FELDHAUS, Marcelo. Os espaços culturais de Criciúma e a construção do olhar: um recorte dos diferentes olhares sobre a cidade, a arte e os equipamentos culturais. 79 f. Monografia (Especialização em Ensino de Arte), Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, 2006. GANZER, Adriana Aparecida. "Eu começava a olhar uma coisa que me interessava e já tinha que olhar outra": refletindo sobre a relação dialógica entre o museu de arte e a criança. 156 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade do Extremo Sul Catarinense, Programa de Pós-Graduação em Educação, Criciúma, 2007. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002. GONÇALVES, Lisberth Rebollo. Entre Cenografias: O Museu e a Exposição de Arte no Século XX. São Paulo: Edusp/Fapesp, 2004. HONORATO, Aurélia Regina de Souza. . As experiências com literatura nos relatos das crianças: abrindo espaços de narrativa. 87 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade do Extremo Sul Catarinense, Programa de Pós-Graduação em Educação, 2007. MACHADO, Arlindo. Máquina e imaginário: o desafio das poéticas tecnológicas. São Paulo: EDUSP, 2001.

Page 58: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

58

MINAYO, Maria Cecilia de Souza. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. O‟DOHERTY, Brian. No interior do cubo branco: a ideologia do espaço da arte. São Paulo: Martins Fontes, 2002. PILLOTTO, Silvia Sell Duarte. A arte e seu ensino na contemporaneidade. In: MAKOWIECKY, Sandra; OLIVEIRA, Sandra Regina Ramalho e (Orgs.). Ensaios em torno da arte. Chapecó: Argos, 2008. REDDIG, Amalhene Baesso. A infância representada nos espaços museais de Santa Catarina: reflexões sobre educação, identidade cultural, museus, arte e infância. 189 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade do Extremo Sul Catarinense, Programa de Pós-Graduação em Educação, 2007. SALLES, Cecília Almeida. Gesto inacabado: processo de criação artística. São

Paulo: Annablume, 2009.

Page 59: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

59

APÊNDICE

Page 60: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

60

APÊNDICE A

AUTORIZAÇÃO PARA PAIS DE ALUNOS

Eu, _____________________________________________________

portador do RG______________ (nº da identidade), pai mãe e/ou responsável

autorizo a utilização das falas, escritas e imagens de meu filho(a)

_______________________________________ aluno do 5º ano da escola

Augusto Pavei como dados para a pesquisa (Trabalho de Conclusão de Curso) de

Cleusa Rzatki da Silva, acadêmico(a) da 8ª fase do curso de Artes Visuais –

Licenciatura que tem como objetivo uma saída para estudo em visita a uma

exposição de arte na Galeria de Arte Octávia Gaidzisnki anexa ao Teatro Elias

Angeloni em Criciúma SC.

Atenciosamente,

_____________________________________

Assinatura do aluno/pai e/ou responsável

Criciúma, ...... setembro de 2013

AUTORIZAÇÃO PARA PAIS DE ALUNOS Eu, _____________________________________________________

portador do RG______________ (nº da identidade), pai mãe e/ou responsável

autorizo a utilização das falas, escritas e imagens de meu filho(a)

_______________________________________ aluno do 4º ano da escola

Augusto Pavei como dados para a pesquisa (Trabalho de Conclusão de Curso) de

Cleusa Rzatki da Silva, acadêmico(a) da 8ª fase do curso de Artes Visuais –

Licenciatura que tem como objetivo uma saída para estudo em visita a uma

exposição de arte na Galeria de Arte Octávia Gaidzisnki anexa ao Teatro Elias

Angeloni em Criciúma SC.

Page 61: UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC …repositorio.unesc.net/bitstream/1/2225/1/Cleusa Rzatki da Silva.pdf · do 4º e 5º anos da Escola Municipal Augusto Pavei e do

61

Atenciosamente,

_____________________________________

Assinatura do aluno/pai e/ou responsável

Criciúma, ...... setembro de 2013

AUTORIZAÇÃO PARA PAIS DE ALUNOS

Eu, _____________________________________________________

portador do RG______________ (nº da identidade), pai mãe e/ou responsável

autorizo a utilização das falas, escritas e imagens de meu filho(a)

_______________________________________ aluno do 2º ano da escola

Antônio Mangilli como dados para a pesquisa (Trabalho de Conclusão de Curso) de

Cleusa Rzatki da Silva, acadêmico(a) da 8ª fase do curso de Artes Visuais –

Licenciatura que tem como objetivo uma saída para estudo em visita a uma

exposição de arte na Galeria de Arte Octávia Gaidzisnki anexa ao Teatro Elias

Angeloni em Criciúma SC.

Atenciosamente,

_____________________________________

Assinatura do aluno/pai e/ou responsável

Criciúma, ...... setembro de 2013