98
UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA NOEMIA MARIA BONAMIGO PIZZAMIGLIO A FORMAÇÃO PEDAGÓGICA OFERECIDA PELO NÚCLEO DE APOIO PEDAGÓGICO DA UNOESC, NA PERSPECTIVA DE PROFISSIONALIZAÇÃO CONTINUADA PARA OS DOCENTES: FORMAÇÃO INOVADORA? JOAÇABA 2009

UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA NOEMIA …livros01.livrosgratis.com.br/cp108672.pdfuniversidade do oeste de santa catarina noemia maria bonamigo pizzamiglio a formaÇÃo pedagÓgica

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA

NOEMIA MARIA BONAMIGO PIZZAMIGLIO

A FORMAÇÃO PEDAGÓGICA OFERECIDA PELO NÚCLEO DE APOIO

PEDAGÓGICO DA UNOESC, NA PERSPECTIVA DE PROFISSIONALIZAÇÃO

CONTINUADA PARA OS DOCENTES: FORMAÇÃO INOVADORA?

JOAÇABA

2009

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

NOEMIA MARIA BONAMIGO PIZZAMIGLIO

A FORMAÇÃO PEDAGÓGICA OFERECIDA PELO NÚCLEO DE APOIO

PEDAGÓGICO DA UNOESC, NA PERSPECTIVA DE PROFISSIONALIZAÇÃO

CONTINUADA PARA OS DOCENTES: FORMAÇÃO INOVADORA?

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Educação da Universidade do Oeste de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Educação.

Professora Orientadora: Dra. Zenilde Durli

Joaçaba

2009

AGRADECIMENTOS

À professora Doutora Zenilde Durli, minha orientadora, pelo seu

profissionalismo, dedicação, incentivo e confiança, que mesmo diante dos vários

percalços soube me apoiar. Graças à sua orientação e incentivo pude concluir esta

pesquisa.

À querida professora Doutora Léa das Graças de Camargos Anastasiou, pelo

carinho e apoio que teve para comigo.

À Banca examinadora, Doutora Vera Bazzo, Doutora Maria Teresa Ceron

Trevisol, pela disponibilidade em fazer parte desse processo.

Aos funcionários da Unoesc Campus de Joaçaba que sempre atenderam às

minhas solicitações, pelo apoio e colaboração.

Ao meu esposo, aos meus dois filhos, aos meus amigos, que foram pessoas

as quais acompanharam todo o processo, sempre me apoiando e incentivando para

que eu não desistisse.

Um agradecimento maior ao Ser Supremo, pela dádiva da vida. Sem Ele,

nada seria possível.

RESUMO

A pesquisa teve como objetivo investigar em que medida a universidade estudada

instituí momentos de discussão e preparação pedagógica aos docentes que atuam

nos cursos de graduação na perspectiva de estabelecer um processo inovador de

formação continuada. Tem sua relevância marcada pela recuperação da trajetória

histórica do Núcleo de Apoio Pedagógico (NAP), da Unoesc Campus de Joaçaba, no

período compreendido entre 1999 e 2005/1, registrando as várias fases de evolução

até a sua extinção. Para o desenvolvimento do estudo, foi realizada uma incursão na

literatura pertinente, revisando elementos teóricos, tendo como foco, Masetto (2002),

Bazzo (2007), Pimenta-Anastasiou (2002), Cunha (2002). Metodologicamente a

opção foi por uma abordagem qualitativa, de natureza descritiva, pautada em

pesquisa documental e empírica. Esta foi realizada por meio de amostragem

composta por dois coordenadores do Núcleo, dois Pró-reitores, doze coordenadores

de curso e onze professores das diversas áreas de ensino do quadro da Unoesc, no

período de outubro a dezembro de 2006. Foram utilizados, como instrumento de

pesquisa, questionários e entrevistas. A pesquisa documental considerou consulta

ao Projeto Pedagógico Institucional, ao Plano de Desenvolvimento do Ensino de

Graduação, Regimento do Núcleo de Apoio Pedagógico, relatórios Unoesc em

Números e Relatórios do Núcleo. Os dados foram analisados a partir de três

dimensões: percurso da formação pedagógica desenvolvida pelo NAP – Unoesc

Campus de Joaçaba, no período de 2000 a 2004/1; inovação na profissionalização

para a docência no período de 2004/2 a 2005/1 desenvolvida pelo NAP;

contribuições do programa de profissionalização continuada oferecida aos

professores da Unoesc para a prática pedagógica em sala de aula oferecida pelo

NAP. A partir da análise dos dados coletados, foi possível evidenciar que a

Formação Continuada oferecida nos anos 2004/2 e 2005/1 representou uma

inovação para os professores participantes deste estudo, levando-os a implementar

mudanças no seu planejamento, na forma das reflexões, nas discussões e na ação

pedagógica.

Palavras-chave: Formação de professores. Formação pedagógica. Formação

continuada.

ABSTRACT This study aimed at investigating how the researched university offers moments for

discussion and for pedagogical preparation of those who teach at undergraduate

courses, within the perspective of establishing an innovative process of continued

formation. Its relevance is highlighted by the recuperation of the historical trajectory

of the Center for Pedagogical Assistance (NAP) from Unoesc Joaçaba Campus,

within the period of 1999 and 2005/1, registering its several phases until its

extinction. In order to carry out his study, some theoreticians were considered:

Masetto (2002), Bazzo (2007), Pimenta-Anastasiou (2002), Cunha (2002). A

qualitative and descriptive approach was adopted to accomplish this documental and

empirical research. The sample was composed by two NAP coordinators, two

Prorectors, twelve course coordinators and eleven professors from different

knowledge areas, during the period of October and Dezember 2006. The instruments

adopted in this study were interviews and questionnaires. The documental research

considered the Institutionalized Pedagogical Project, the Under graduation Plan for

Development, the NAP Regiment, the Unoesc Report in Numbers, and the NAP

Reports. Data showed three possible dimensions of analysis: the course of

pedagogical training carried out by NAP-Unoesc, Joaçaba campus within 2000-

2004/1; the innovation in the professional teaching training program within 2004/2-

2005/1 carried out by NAP; and the contributions of the continuing teaching training

program offered to the Unoesc professors, by NAP. Results elucidate that the

continuing formation offered in the 2004/2-2005/1 period represented some sort of

innovation for the professors, participants in this study, who reported having

implemented changes in their planning, in the form of their reflections and

discussions and consequently, in their pedagogical actions.

Keywords: Teachers Formation. Pedagogic Formation. Continued Formation.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1: Identificação e caracterização da amostra de professores ......... 18

Quadro 2: Identificação e caracterização da amostra de Coordenadores

de curso ...................................................................................... 19

Quadro 3: Identificação e caracterização da amostra de coordenadores do

LEA/NEA e dos dirigentes da Unoesc Campus de Joaçaba

ligados à gestão do ensino ......................................................... 20

Quadro 4: Dimensões e categorias de análise ............................................ 21

Organograma 1: Objetivos, funções e similaridades entre NEA e NAP ................. 45

Quadro 5: Oferecimento de formação pedagógica coletiva, contemplando

as atividades do LEA/ desenvolvido no período de 2000 ao

primeiro semestre de 2004/1 ...................................................... 51

Gráfico 1: Total da carga horária versus formato de oferta ......................... 55

Gráfico 2: Total da carga horária de formação oferecida por ano ............... 57

Quadro 6: Titulação dos ministrantes das formações oferecidas no

período de 2000 a 2004/1 ........................................................... 57

Gráfico 3: Número de especialistas, mestres e doutores que ministraram

formação por ano de oferecimento ............................................. 59

Gráfico 4: Número de professores da Instituição, o total de participantes

por ano e o percentual de participação nas capacitações

dos anos de 2000 a 2004/1 ........................................................ 61

Gráfico 5: Participação, por ano, da Área das Ciências Sociais Aplicadas . 62

Gráfico 6: Participação, por ano, da Área das Ciências Humanas e

Sociais ........................................................................................ 62

Gráfico 7: Participação, por ano, da Área das Ciências Exatas e da Terra . 63

Gráfico 8: Participação, por ano, da Área das Ciências Biológicas e da

Saúde ......................................................................................... 64

Gráfico 9: Percentual de professores que participaram e concluíram o

Programa de Capacitação Continuada 2004/2 e 2005/1 ............ 71

Quadro 7: Cronograma ................................................................................ 72

LISTA DE SIGLAS

LEA Laboratório de Ensino e Aprendizagem

NEA Núcleo de Ensino e Aprendizagem

NAP Núcleo de Apoio Pedagógico

Unoesc Universidade do Oeste de Santa Catarina

Fuoc Fundação Universitária do Oeste de Santa Catarina

Fajo Faculdade de Administração de Joaçaba

Femarp Fundação Educação e Empresarial do Alto Vale do Rio do Peixe

Fundeste Fundação do Ensino e Desenvolvimento do Oeste de Santa Catarina

Fearpe Fundação Educacional do Alto Vale do Rio do Peixe

Feauc Fundação Educacional do Alto Uruguai

Acafe Associação Catarinense das Fundações Educacionais

CEE Conselho Estadual de Educação

FEMOC Federação das Escolas do Meio Oeste Catarinense

Unc Universidade do Contestado

IES Instituição de Ensino Superior

LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

EAD Ensino da Educação a Distância

GTs Grupos de trabalho

CCSA Centro das Ciências Sociais Aplicadas

CCEHL Centro das Ciências da Educação Humanas e Letras

CT Centro Tecnológico

CCBS Centro das Ciências Biológicas e da Saúde

CCJ Centro das Ciências Jurídicas

ACSA Área das Ciências Sociais Aplicadas

ACHS Área das Ciências Humanas e Sociais

ACBS Área das Ciências Biológicas e da Saúde

ACET Área das Ciências Humanas e da Terra

PDEG Plano do Desenvolvimento de Ensino de Graduação

PPI Plano de Desenvolvimento Institucional

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .........................................................................................10

1.1 DA INVESTIGAÇÃO .................................................................................11

1.2 ORIENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA DA INVESTIGAÇÃO ........13

1.3 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ........................................................18

1.3.1 Categorização dos dados ......................................................................20

2 FORMAÇÃO PEDAGÓGICA CONTINUADA E ELEMENTOS

PARA UMA REFLEXÃO ..........................................................................22

2.1 PROFISSIONALIZAÇÃO CONTINUADA A PARTIR DE UMA

PERSPECTIVA DE FORMAÇÃO INOVADORA ......................................29

3 A FORMAÇÃO PEDAGÓGICA CONTINUADA NA UNOESC: A

HISTÓRIA DO NÚCLEO DE APOIO PEDAGÓGICO DE JOAÇABA .....36

3.1 A UNOESC NO CONTEXTO REGIONAL ................................................37

3.2 O NÚCLEO DE APOIO PEDAGÓGICO NO CONTEXTO DA UNOESC ..40

4 CAMINHOS PERCORRIDOS NA EFETIVAÇÃO DO PROCESSO:

ELEMENTOS DA METODOLOGIA DA PESQUISA E A ANÁLISE

DE DADOS ...............................................................................................50

4.1 ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................50

4.1.1 Dimensão de análise: percurso da Formação Pedagógic a

desenvolvida pelo NAP – Unoesc Campus de Joaçaba, no

período de 2000 a 2004/1 .......................................................................50

4.1.1.1 Formato do processo/metodologia ...........................................................51

4.1.1.2 Temas e conteúdos ..................................................................................55

4.1.1.3 Tempo/carga horária ................................................................................56

4.1.1.4 Formação dos palestrantes ......................................................................57

4.1.1.5 Público participante ..................................................................................60

4.1.2 Dimensão de análise: Inovação na profissionalização para a

docência no período de 2004/2 a 2005 ..................................................66

4.1.2.1 Formato do Processo/Metodologia ...........................................................67

4.1.2.2 Temas e Conteúdos .................................................................................69

4.1.2.3 Público Participante ..................................................................................70

4.1.2.4 Tempo/carga horária ................................................................................71

4.1.3 Dimensão de análise: Contribuições do Programa de

Profissionalização Continuada aos professores da Un oesc ..............73

4.1.3.1 Avaliação do processo, planejamento e metodologia ...............................73

5 CONCLUSÃO ..........................................................................................79

REFERÊNCIAS ........................................................................................82

APÊNDICE A – Roteiro de entrevista .......................................................88

APÊNDICE B – Questionário professores ................................................89

APÊNDICE C – Questionário coordenadores de curso ............................93

ANEXOS ...................................................................................................95

10

1 INTRODUÇÃO

O desejo que me mobilizou a investigação do tema sobre a formação

pedagógica dos professores do ensino superior tem sua gênese nas vivências

experienciadas ao longo da minha carreira educacional, iniciada em 1972, como

professora do então denominado ensino de 1o grau – séries iniciais. Após dois anos

dessa instigante experiência assumi a coordenação pedagógica no Colégio Mater

Dolorum de Capinzal. Nesse período, iniciei minha formação superior no Curso de

Pedagogia na Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc), antiga Fundação

Educacional do Oeste de Santa Catarina (Fuoc). Pela graduação especializei-me em

Administração Escolar, Supervisão Escolar e Disciplinas Pedagógicas do Ensino

Médio.

Na especialização busquei a profissionalização em Metodologia do Ensino

Superior. Nesse ínterim, atuei como diretora pedagógica do Colégio Mater Dolorum,

no qual vivenciei o contato com os professores e a preocupação com a formação

pedagógica para a atuação na educação básica. Foram 12 anos de muitos

processos formativos vivenciados com os docentes daquela instituição. Estudou-se

e buscou-se uma prática coerente com a qualidade de ensino preconizada pela

escola. Essa trajetória de envolvimento com o pedagógico perdurou até 1996,

quando me aposentei do exercício do Magistério Estadual. No entanto, não houve

aposentadoria do trabalho com a educação.

Entre 1995 e 2000 assumi cargos no legislativo e executivo municipal em

Capinzal – onde atuei como vereadora e diretora de cultura, cargo vinculado à

Secretaria de Educação. Em paralelo, ainda atuei como coordenadora do Projeto de

Educação de Jovens e Adultos nesse mesmo município.

A inserção no ensino superior ocorreu na atuação como diretora de cultura na

Secretaria de Educação do município de Capinzal, quando se pleiteou uma extensão

da Unoesc Campus de Joaçaba para o município, com a instalação, primeiramente,

do Curso de Pedagogia. Pela experiência em Educação acumulada ao longo de uma

história profissional, fui convidada a coordenar a extensão desse curso. De 1998 até

os dias atuais, minha atuação concentrou-se no Curso de Pedagogia.

Em 2002, porém, em paralelo à coordenação do Curso de Pedagogia, surge

novo desafio, assumir a coordenação do então Núcleo de Ensino e Aprendizagem

11

(NEA) da Unoesc Campus de Joaçaba, que mais tarde passou a ser denominado

Núcleo de Apoio Pedagógico (NAP). O objetivo do Núcleo era prestar assessoria

pedagógica aos professores da graduação em consonância com o desejo

institucional de buscar a qualidade pedagógica dos cursos oferecidos à população

regional. O desafio foi aceito e passei a trabalhar em Joaçaba na coordenação do

NAP e em Capinzal na coordenação do Curso de Pedagogia.

Foi a partir do ingresso no NEA, e em continuidade à carreira no sistema

educacional que se pôde conhecer melhor o corpo docente da universidade,

partilhar suas angústias e necessidades. Tornou-se forte, então, o desejo de

aprofundar a reflexão sobre a formação pedagógica do docente da Unoesc Campus

de Joaçaba. Foi esse o contexto mobilizador da minha decisão de ingressar no

Programa de Mestrado em Educação na Unoesc, iniciando, assim, nova etapa de

formação pessoal e profissional.

1.1 DA INVESTIGAÇÃO

Como não poderia deixar de ser, a experiência profissional construída na

educação básica e no ensino superior tornou-se determinante na decisão do tema a

ser investigado. Na atuação do NAP muito foi construído, porém pouco foi

registrado, para que a trajetória dessa experiência passasse aos anais da instituição

e pudesse ser refletida de forma mais sistemática. A temática proposta à

investigação foi a formação continuada dos professores do ensino superior. O objeto

de estudo focou a trajetória das experiências de formação desenvolvidas no Núcleo

desde sua criação até o ano de 2004, quando uma proposta inovadora foi

implementada.

Considerando a temática e o objeto de estudo, a presente pesquisa partiu dos

seguintes objetivos: analisar a importância do Núcleo de Apoio Pedagógico, no

período de 1999 a 2005, recuperando um pouco da história das atividades

desenvolvidas; analisar o processo de formação pedagógica continuada dos

professores que atuavam na Unoesc, visando à identificação de elementos que

pudessem apontar para uma perspectiva de formação inovadora; realizar uma

revisão bibliográfica sobre a formação pedagógica de professores para o ensino

12

superior; analisar o processo em que os professores da Unoesc Campus de

Joaçaba estiveram envolvidos na profissionalização para a docência, nos diversos

cursos e atividades oferecidas pela instituição; analisar o processo da

profissionalização para a docência à luz dos determinantes teóricos, com a

intencionalidade de auscultar nele a perspectiva da inovação.

Uma questão que se colocou foi, então, a seguinte: em que medida a

universidade estudada tem instituído momentos de efetiva discussão pedagógica

relacionados aos problemas práticos vivenciados em cada curso, na perspectiva de

instituir um processo inovador de formação continuada? Em decorrência dessa

problemática, as questões de pesquisa que orientaram o estudo foram as seguintes:

a) Como aconteceu o processo de Formação Pedagógica dos professores da

Unoesc Campus de Joaçaba nos anos de 1999 a 2005/1?

b) Quais foram os formatos tomados por esse processo? Houve um momento de

predomínio de formato de palestras?

c) Quais os elementos que constam da(s) proposta(s) de formação pedagógica

dos professores da Unoesc Campus de Joaçaba que podem ser

considerados inovadores?

Para melhor apresentar o estudo realizado, esta Dissertação estrutura-se em

cinco partes.

A primeira refere-se à introdução do trabalho, na qual são apresentados os

pressupostos teórico-metodológicos básicos norteadores desta pesquisa, assim

como os objetivos, a problematização do estudo e a orientação metodológica.

Na segunda parte apresenta-se o referencial teórico referente à formação

pedagógica continuada dos professores do ensino superior em uma perspectiva de

formação inovadora. Tomou-se como referência, principalmente, autores como

Pimenta e Anastasiou (2002), Cunha (2002), Masetto (2002), Demo (1995), Freire

(1997).

A terceira parte compreende a pesquisa empírica destinada ao levantamento

da história do Núcleo desde sua criação em 1999 até 2005, quando se realizou a

formação continuada focalizada nessa investigação.

Na quarta parte, também pesquisa empírica, define-se a amostra da

investigação, são delineadas as categorias de análise pelas quais o estudo é

13

orientado, apresentados e analisados os dados. Analisaram-se os dados

provenientes dos relatórios das ações desenvolvidas no Núcleo nos anos que

antecederam à criação do NAP, bem como a experiência de formação inovadora.

A quinta parte, referente às conclusões observando os objetivos e as

categorias de pesquisa, com referência à formação pedagógica oferecida pela

Unoesc Campus de Joaçaba aos seus docentes.

1.2 ORIENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA DA INVESTIGAÇÃO

Ao iniciar esta investigação, valeu-se da própria experiência vivida e aportou-

se em bibliografias específicas da área de formação pedagógica para situar a

trajetória da formação docente na Unoesc. Considerando que essa trajetória não é

recente, pois consta de, no mínimo, três décadas, esta investigação foca o período

no qual a formação continuada dos docentes ocorreu sob as orientações do Núcleo

de Apoio Pedagógico, que ao longo dos anos recebeu diferentes denominações.

Esse período compreendeu os anos de 2000 a 2005.

Para o desenvolvimento do estudo optou-se pela pesquisa qualitativa que

atualmente “[...] ocupa um reconhecido lugar entre as várias possibilidades de se

estudar os fenômenos que envolvem os seres humanos e suas intrincadas relações

sociais, estabelecidas em diversos ambientes.” (GODOY, 1995, p. 21). Embora em

muitos momentos considerem-se os dados e informações que serão quantificados, a

matriz metodológica orientadora da investigação é a pesquisa qualitativa.

Esse tipo de pesquisa qualitativa possui algumas características básicas que

a identificam e qualificam. Conforme aponta Godoy (1995, p. 62), dois aspectos

precípuos devem ser considerados para seu desenvolvimento: ter o ambiente

natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental.

Como exercício de pesquisa ela não se apresenta como proposta rigidamente

estruturada, ela permite que a imaginação e a criatividade levem os investigadores a

propor trabalhos que explorem novos enfoques. Nessa abordagem, a grande

valorização está na possibilidade de o pesquisador ter contato direto com a situação

a qual ele se propõe a pesquisar. Nesse aspecto, em particular, a posição da

14

pesquisadora é privilegiada, uma vez que teve a oportunidade de vivenciar muitos

processos de formação instituídos na universidade.

Outra característica da pesquisa qualitativa, segundo Godoy (1995), é que ela

é descritiva. O procedimento escrito é fundamental para esse tipo de pesquisa, tanto

na função de coleta de dados quanto na disseminação de resultados. O objetivo é

entender amplamente o aspecto ou fenômeno que está sendo pesquisado, pois

todos os dados que a realidade oferece são dignos de ser examinados, bem como

os seres nela envolvidos. O método recomenda que os dados e informações sejam

observados em sua multidimensionalidade e não como resultado que se apresente

em forma de variáveis, mas analisados por meio de sua constituição global.

Outra característica da pesquisa qualitativa refere-se ao significado que as

pessoas dão às coisas e à sua vida, o que também consta como uma das

preocupações essenciais do investigador (GODOY, 1995, p. 63). O autor alerta para

o fato de que as vivências e percepções do pesquisador influem ou podem influir

sobre a leitura e análise que este faz dos dados.

A última característica da pesquisa qualitativa, destacada por Godoy (1995, p.

62), refere-se ao fato de que os “[...] pesquisadores utilizam o enfoque indutivo na

análise de seus dados”, ou seja, como o pesquisador não parte de uma hipótese

preestabelecida, não há preocupação em achar aspectos que fortaleçam ou neguem

suas hipóteses, ao contrário, partem de aspectos amplos que com o desenvolver da

pesquisa serão clarificados. O mesmo acontece com seu quadro teórico que se

desenvolverá conforme os aspectos levantados na referida pesquisa. Dessa forma,

a pesquisa qualitativa é indicada quando entre tantos outros aspectos, o

pesquisador busca o entendimento do fenômeno como um todo, na sua

complexidade.

Nesse sentido, e considerando as demais características a ela conferidas, a

pesquisa qualitativa coaduna-se com a investigação que se realiza, contemplando,

para sua consecução, a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental e a pesquisa

de campo, pela qual foram ouvidos professores que vivenciaram práticas de

formação na universidade em questão.

A pesquisa bibliográfica foi entendida, no processo que se pretende vivenciar,

como sendo o primeiro aspecto de uma proposta de investigação, pois após a

definição do tema, a revisão bibliográfica colabora no sentido de elucidá-lo e na

busca das categorias de análise que ajudam a delimitar melhor o estudo. Dependem

15

do aprofundamento teórico a riqueza e profundidade da análise. De outro lado, a

pesquisa bibliográfica também auxilia na definição do método mais apropriado a ser

utilizado, assim como subsidia o processo de autenticidade e das possíveis variáveis

que são levantadas durante o trabalho.

A pesquisa bibliográfica, de acordo com Oliveira (2007), é uma modalidade de

estudo e análise de documentos de domínio científico, podendo-se afirmar que

grande parte de estudos exploratórios fazem parte desse tipo de pesquisa e

apresentam como principal vantagem um estudo direto em fontes científicas. Seu

principal objetivo é levar o pesquisador a entrar em contato direto com as obras,

artigos ou documentos que tratem do tema estudado. A busca das fontes

bibliográficas para a pesquisa que se desenvolveu constituiu-se ferramenta

essencial, tanto no que se refere à historicidade do objeto de estudo quanto ao

aprofundamento da temática em questão.

A pesquisa documental, também uma tipologia importante para o estudo em

tela, caracteriza-se pela busca de informações em documentos que não receberam

nenhum tratamento científico. A pesquisa documental é muito próxima da pesquisa

bibliográfica. O elemento diferenciador está na natureza das fontes: a pesquisa

bibliográfica remete às contribuições de diferentes autores sobre o assunto,

atentando para as fontes secundárias, enquanto a pesquisa documental recorre a

materiais que ainda não receberam tratamento analítico, ou seja, as fontes

primárias. A pesquisa documental, no entanto, requer, por parte do pesquisador,

maior aprofundamento e cuidado em sua análise.

Segundo Godoy (1995), os documentos constituem uma fonte não reativa, as

informações neles contidas permanecem as mesmas após longos períodos de

tempo. O mesmo autor defende que a palavra documento deve ser entendida de

forma ampla, incluindo os materiais escritos, como jornais, revistas, diários, obras

literárias, científicas e técnicas, cartas, memorandos, relatórios, elementos

iconográficos. O desenvolvimento da pesquisa documental ocorreu, prioritariamente,

por meio da análise de conteúdo, considerando-se três aspectos essenciais: a

escolha dos documentos, o acesso a eles e sua análise (GODOY, 1995, p. 23).

Os documentos selecionados para o estudo são emanados das instâncias de

gestão da universidade, sejam elas acadêmicas, sejam administrativas, e que

envolviam, em alguma medida, a questão da formação continuada dos docentes da

graduação, como: o Planejamento Estratégico, o Plano de Desenvolvimento

16

Institucional, o Plano de Desenvolvimento do Ensino de Graduação, os Boletins da

Unoesc em Números de 1999 a 2005, a Política e Diretrizes para a Extensão na

Unoesc e, ainda, algumas portarias de nomeação que consideram o pessoal afeto

ao setor responsável pela formação continuada. No âmbito do NAP, pôde-se contar

com o Regimento Interno do NAP e alguns relatórios que registravam as atividades

desenvolvidas. Essa seleção orientou-se pelo critério de pertinência dos documentos

ao período delimitado para o desenvolvimento da pesquisa. A partir deles, houve a

decodificação das informações constantes e a análise adotada.

Para compreensão desse material optou-se pelo método de análise do

conteúdo, orientando-se pelas ideias de Bardin (apud TRIVIÑOS, 1987, p. 160) para

o qual a análise de conteúdo refere-se a:

[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, obter indicadores quantitativos ou não, que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) das mensagens.

Ter como apoio as técnicas de investigação de documentos foi uma forma de

recusar e afastar os perigos da compreensão espontânea, na intenção de afastar a

análise ingênua. Essa análise, segundo Bardin (2004, p. 24) é aquela “[...] que

acredita poder apreender intuitivamente as significações dos protagonistas sociais,

mas que somente atinge a projeção da sua própria subjetividade.”

Ainda, conforme Bardin (2004), deve-se evitar a leitura simples do real, por

mais sedutora que ela pareça. É importante definir planos experimentais de

investigação, para despistar as primeiras impressões. A autora recomenda a

importância de não cair no “jogo” de construir por construir, aplicar a técnica para se

afirmar de boa consciência, ou ainda sucumbir à magia dos instrumentos

metodológicos, esquecendo a razão do seu uso.

Bardin (apud TRIVIÑOS, 1987) aponta para três etapas que compõem o

processo de análise de conteúdo:

a) pré-análise – que é a organização do material, levantamento do material a

ser pesquisado;

17

b) descrição analítica – o material relacionado na 1ª etapa é submetido ao

estudo aprofundado, guiado pelas hipóteses e referenciais teóricos, aqui se

faz necessário a codificação, classificação e a categorização dos conteúdos;

c) interpretação referencial – apoiado nos materiais de informação, agora a

reflexão, intuição, mais os materiais empíricos, aprofundamento das conexões

da ideias, chegando, se possível a propostas básicas de transformações nos

limites das estruturas específicas e gerais.

Essas etapas orientaram a consecução do trabalho durante todo o processo

que envolveu os documentos analisados. Buscou-se orientar o processo de análise

das informações e documentos seguindo essas etapas.

No que se refere à pesquisa de campo optou-se pela utilização de entrevistas

e aplicação de questionários para a recolha dos dados. Foram entrevistados dois

vice-reitores de graduação da Unoesc Campus de Joaçaba, no período de

dezembro a janeiro de 2006; dois coordenadores do setor responsável pelo

desenvolvimento das atividades de formação continuada, o primeiro do período no

qual a denominação do setor ainda era LEA e o segundo quando o setor já era

denominado de NEA. Foram distribuídos 20 questionários para os coordenadores de

curso e 16 para professores das quatro diferentes áreas. A escolha da amostra de

professores e coordenadores que responderiam ao questionário aconteceu no

sentido de contemplar todas as áreas de atuação, e aplicados nos meses de outubro

a dezembro de 2006. Buscou-se envolver professores e coordenadores que

vivenciaram as proposições de formação construídas pelo LEA, NEA e NAP.

Em todos os momentos da coleta de dados, procurou-se respeitar as opiniões

dos entrevistados. Além disso, para cada profissional participante da pesquisa foram

apresentados os objetivos e o código de ética da pesquisa empírica. O roteiro das

entrevistas (Apêndice A) e dos questionários (Apêndice B) foi elaborado a partir das

questões de pesquisa formuladas com base nos objetivos do estudo. O registro das

entrevistas foi feito por meio de gravações de áudio, posteriormente transcritas para

o estudo; e os questionários foram respondidos de forma escrita pelo próprio

participante, cujo termo de adesão se encontra em anexo (Anexo A).

Essas questões de pesquisa levaram a pesquisadora a estabelecer uma

metodologia para o levantamento dos dados necessários à efetivação da

investigação. Por essa razão, na continuidade deste registro, aponta-se a

18

metodologia de pesquisa identificada como um possível caminho para se chegar aos

objetivos pretendidos.

Nesse sentido, interessa investigar essa história partindo da seguinte

problemática: Que elementos constituíram, ao longo da história, o programa de

formação pedagógica desenvolvido e oferecido aos professores da Unoesc Campus

de Joaçaba, por meio do Núcleo de Apoio Pedagógico (NAP), na perspectiva de

uma proposta inovadora?

1.3 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

Inicialmente, para a indicação dos participantes desta pesquisa, foram

convidados os coordenadores e professores da graduação, que tinham participado

do processo de Capacitação Docente desenvolvido na Instituição, durante o período

de 1999 a 2005. Na sequência, o projeto foi apresentado a eles individualmente, os

quais aprovaram e assinaram o Termo de consentimento livre e esclarecido,

juntamente com os vice-reitores de graduação e coordenadores do LEA/NEA.

Posteriormente, foi encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do

Oeste de Santa Catarina, o qual foi analisado e aprovado em 11 de outubro de 2006,

sob o protocolo de n. 174/2006.

Foram encaminhados questionários para 16 professores da Instituição.

Retornaram para compor a amostra apenas 11 deles, conforme dados no Quadro 1.

Docente da Graduação

Área de Formação Superior

Titulação Cursos nos quais atua

Anos de Magistério Superior

Prof. 1 Ciências Econômicas

Especialista em Administração

Administração e Agronegócios

11 anos

Prof. 2 Psicologia Mestrado em Educação

Psicologia, Enfermagem e Engenharia Elétrica

7 anos

Prof. 3 Pedagogia Mestrado em Educação

Pedagogia e Medicina

8 anos

Prof. 4 Filosofia Mestrado em Ciências da religião

Pedagogia, Comunicação Social e Artes

4 anos

Prof. 5 Educação Física Mestrado em Saúde Coletiva

Educação Física e Pedagogia 5 anos

19

Prof. 6 Administração Mestrado em Administração

Administração, Eng. Produção Mecânica e Com. Exterior

14 anos

Prof. 7 Fisioterapia Mestrado em Saúde coletiva

Fisioterapia 5 anos

Prof. 8 Administração Mestrado em Administração

Administração, Tecem, Eng. Mecânica

6 anos

Prof. 9 Pedagogia Especialista em Psicopedagogia Pedagogia 7 anos

Prof. 10 Letras Mestrado em Educação Pedagogia 18 anos

Prof. 11 Ciências Contábeis

Mestrado em Administração

Administração, Ciências Contábeis, Turismo

10 anos

Quadro 1: Identificação e caracterização da amostra de professores Fonte: o autor.

Considerando que a Unoesc organiza e distribui seus cursos em quatro

grandes áreas do conhecimento – Área das Ciências Sociais Aplicadas (ACSA),

Área das Ciências Humanas e Sociais (ACHS), Área das Ciências Biológicas e da

Saúde (ACBS) e Área das Ciências Exatas e da Terra (ACET), esta última foi a

única que não teve representação na amostra de professores com formação

específica na área. Os 11 professores participantes atuam em 16 cursos. Dos cursos

representados na amostra, 37,5% estão alocados na ACSA, 25% na ACHS, 25% na

ACBS e 12,5% na ACET. Observa-se que a área com menor representação foi a

ACET.

Do total de coordenadores da Unoesc Campus de Joaçaba consultados para

a composição da amostra, 12 concordaram em conceder entrevista, conforme o

Quadro 2.

Coordenador Curso Tempo de Universidade

Tempo de Coordenação

Coord. 1 Comércio Exterior 10 anos 5 anos

Coord. 2 Comunicação Social: Rádio e TV 3 anos 1 ano

Coord. 3 Ciências Biológicas 3 anos 2 anos

Coord. 4 História, Pedagogia, Letras 4 anos 2 anos

Coord. 5 Educação Física 5 anos 3 anos

20

Coord. 6 Administração em Agronegócios 11 anos 2 anos

Coord. 7 Tec. em Gestão de Agronegócios 5 anos 3 anos

Coord. 8 Psicologia 8 anos 3 meses

Coord. 9 Fisioterapia 5 anos 4 anos e meio

Coord. 10 Enfermagem 2 anos 1 ano

Coord. 11 Administração e Agronegócios 10 anos 5 anos

Coord. 12 Ciências Contábeis 5 anos 1 ano e meio

Quadro 2: Identificação e caracterização da amostra de Coordenadores de curso Fonte: o autor.

Contribuíram com a investigação 12 coordenadores de cursos da Unoesc

Campus de Joaçaba, compondo uma amostra de 41,67% da Área das Ciências

Sociais Aplicadas, 33,33% da Área das Ciências Humanas e Sociais e 25% da Área

das Ciências Biológicas e da Saúde. A representação da Área das Ciências Exatas

e da Terra não ocorreu. Um percentual significativo dos coordenadores, 33,4%

possui pouca experiência no magistério superior com menos de 5 anos de atuação;

41,6% possui entre 5 a 8 anos de experiência e somente 25% têm mais de 8 anos

de atividades nesse nível de escolaridade.

Cargo Formação Tempo de Unoesc Titulação

Coordenador 1 Pedagogia 10 anos Doutoranda

Coordenador 2 Pedagogia 10 anos Pós-Doutora

Pró-reitor 3 Pedagogia 31 anos Mestre

Vice-reitora 4 Pedagogia 13 anos Mestre

Quadro 3: Identificação e caracterização da amostra de coordenadores do LEA/NEA e dos dirigentes da Unoesc Campus de Joaçaba ligados à gestão do ensino Fonte: o autor.

1.3.1 Categorização dos dados

Para melhor análise dos dados recolhidos por meio dos documentos,

entrevistas e questionários, relacionaram-se três dimensões de análise e algumas

21

categorias para cada uma delas, com o objetivo de lançar um olhar mais minucioso

mediante os dados pesquisados. O Quadro 4 representa essa categorização.

Dimensões de análise Categorias

1 Percurso da Formação Pedagógica

desenvolvida pelo NAP – Unoesc Campus de

Joaçaba, no período de 2000 a 2004/1

1.1 Formato do processo/metodologia

1.2 Temas/conteúdos

1.3 Tempo/carga horária

1.4 Formação dos palestrantes

1.5 Público participante

2 Inovação na Profissionalização para a

docência no período de 2004/2 e 2005/1

desenvolvido pelo NAP

2.1 Formato do processo/metodologia

2.2 Temas/conteúdos

2.3 Público participante

2.4 Tempo/carga horária

3 Contribuições do Programa de

Profissionalização Continuada oferecida aos

professores da Unoesc para a prática

pedagógica em sala de aula oferecida pelo NAP

3.1 Avaliação do processo: planejamento

e metodologias

Quadro 4: Dimensões e categorias de análise Fonte: o autor.

22

2 FORMAÇÃO PEDAGÓGICA CONTINUADA E ELEMENTOS PARA UM A

REFLEXÃO

A formação da docência para o ensino superior vem sendo objeto de

inúmeros estudos, investigações e teorizações a partir das últimas décadas e, mais

recentemente, o debate se reascendeu em decorrência das medidas

governamentais para o cumprimento dos dispositivos da LDB 9.394/1996 – Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a qual conceitua a Universidade (art. 52)

como sendo o lócus de formação dos quadros de profissionais de nível superior.

Os estudos realizados (PIMENTA, ANASTASIOU, 2002; CUNHA, 2002;

MASETTO, 2002; BAZZO, 2007) levam à percepção de que os docentes do ensino

superior, na sua grande maioria, não têm formação pedagógica. Por esse motivo,

organizam sua prática educativa tendo por base os conhecimentos adquiridos em

sua vivência de aluno, muitas vezes, única fonte de saberes didáticos. Há o domínio

do conhecimento técnico, específico de sua área de atuação, mas ocorre o

desconhecimento das formas adequadas de intervenção para que o processo de

ensino alcance a aprendizagem e os conteúdos sejam significativos à vida pessoal e

profissional dos alunos.

Os próprios cursos de Pós-graduação no Brasil privilegiam mais os aspectos

formais relacionados ao aprofundamento teórico específico da área de atuação do

professor em detrimento de conhecimentos pedagógicos que auxiliam na

compreensão dos processos de ensino e aprendizagem. Uma das oportunidades

únicas oferecidas ao docente do ensino superior de refletir sobre esses processos é

justamente na disciplina de Metodologia do Ensino Superior, oferecida em cursos de

especialização lato sensu. Como na grande maioria dessas especializações há

possibilidade de optar ou não pelo cumprimento dos créditos da disciplina, alguns

ainda podem chegar às salas de graduação, como docentes, sem ter esse mínimo

de formação. A aprendizagem do saber e do saber fazer do professor universitário

tem sido encarada, historicamente, como autodidata, ou seja:

[...] o professor universitário aprende a sê-lo mediante um processo de socialização em parte intuitiva, autodidata ou [...] seguindo a rotina dos “outros”. Isso se explica, sem dúvida devido à inexistência de uma formação específica como professor universitário. Neste processo, joga um papel mais ou menos importante sua própria experiência como aluno, o modelo de

23

ensino que predomina no sistema universitário e as reações de seus alunos, embora há que se destacar a capacidade autodidata do professorado. Mas ela é insuficiente. (BENEDITO apud PIMENTA; ANASTASIOU, 2002, p. 36).

Assim, o cotidiano da prática docente se faz e se constitui no compartilhar das

vivências e experiências que se estabelecem no ambiente do trabalho, construindo

relações, inquietações, desejos e anseios, que socializados, apontam novos

caminhos e alternativas para a compreensão do processo ensino-aprendizagem.

Segundo Alves e Anastasiou (2003, p. 37) “[...] a questão da docência na

universidade ultrapassa os processos de sala de aula, pondo em discussão as

finalidades do ensino de graduação, o que tem sido reconhecido em diferentes

países.” Em consonância a esse posicionamento, Tardif (apud CORTELLETTI;

RIBEIRO; STEDILE, 2002, p. 103) destaca que:

Os saberes do professor provêm de diversas fontes: história de vida, cultura pessoal e vida escolar anterior; conhecimentos disciplinares; experiência de trabalho docente, dentre outros. É esse conhecimento que orienta e fundamenta o fazer escolar do professor.

Advindo de diferentes áreas específicas em sua formação, o professor do

ensino superior, muitas vezes desconhece o valor do seu fazer docente. Segundo

Lampert (1999, p. 35) “[...] a maioria dos professores universitários tiveram uma

formação acadêmica conservadora, com características de escola tradicional que

acaba influenciando negativamente na sua prática docente.” Quando não passa por

um processo de formação específica, o professor acaba reproduzindo aquilo que

vivenciou. Embora isso não apareça de forma explícita, está embutida em sua

postura político-pedagógica e no seu fazer docente cotidiano. É evidente que isso

não basta para dar conta dos tantos conhecimentos necessários para compreender

como se estruturam os processos de ensino e aprendizagem, uma vez que a

Pedagogia precisa dos saberes provenientes de muitas ciências: filosofia, sociologia,

psicologia, entre outras. A formação passa pela experimentação, pela inovação, pelo

ensaio de novos modos de trabalho pedagógico por uma reflexão crítica sobre sua

utilização. A formação passa por processos de investigação, diretamente articulados

com as práticas educativas (NÓVOA, 1995, p. 28).

Nesse contexto, parece claro, tanto pelo que determina a legislação quanto

pelos resultados das pesquisas e publicações, que a universidade precisa assumir

24

seu papel de formação continuada do docente, pois para estar no mundo em

constante transformação tem ela própria de estar em constante mudança, tem de

ser capaz de mudar a si própria (CUNHA, 2000, p. 133).

Desse modo, as competências necessárias ao professor parecem apontar

para a necessidade de inserir a formação Pedagógica dentro de um referencial de

permanente reflexão-crítica, na qual o fazer pedagógico seja fonte de dados para

desenvolver pesquisas que subsidiem a tomada de decisões sobre o quê, como,

quando e o porquê ensinar e aprender em um mundo em permanente mudança.

No entanto, essas iniciativas não conseguem alcançar todos, uma vez que

ainda é corrente entre muitos profissionais a ideia de que basta dominar os

conhecimentos específicos da área para ser bom profissional da educação. Também

não é suficiente, por não se caracterizar em formação processual, que articula as

temáticas, discussões e atividades de tal forma que levem o profissional a um

alargamento da compreensão e articulação necessárias entre teoria e prática.

O trabalho desenvolvido pelo professor em sala de aula, independente da

pedagogia que o embasa, constitui-se em práxis. É uma determinação teórico-

prática na qual o professor desencadeia um fazer que se transforma em práxis. Para

Kosik (1976, p. 202), “A práxis é ativa, é atividade que se produz historicamente –

quer dizer, que se renova continuamente e se constitui praticamente em unidade do

homem e do mundo, da matéria e do espírito, de sujeito e objeto, do produto e da

produtividade.”

Essa renovação apontada por Kosik (1976) pode ser alimentada pela

formação continuada promovida pelas instituições de ensino superior aos docentes

de todos os cursos. Nesse sentido, portanto, acredita-se que um processo que

possa tornar o professor reflexivo sobre sua própria prática pedagógica requer

encontros e momentos que possibilitem aos docentes colocar suas dificuldades,

coletivizar seus êxitos, discutir, investigar e aplicar metodologias inovadoras e

avaliar as novas experiências realizadas.

Em uma aula expositiva, centrada no saber do professor, que transmite

conhecimento ao aluno, levando-o a permanecer em um ambiente de aprendizagem,

sendo solicitado a dar apenas respostas convencionais, o conhecimento fica

reduzido, já que se limita a copiar, aderir e parafrasear as ideias dos professores, e

não estabelecer relações cognitivas mais complexas, as quais podem ser

transferidas para situações diferentes das de sala de aula (CORTELLETTI, 2002, p.

25

148). O papel do professor não pode restringir-se somente ao ensino, tomado como

simples transmissão de conteúdo, pois este não é suficiente para garantir a

qualidade da educação e do curso.

O conhecimento não está no sujeito, tampouco no objeto, constrói-se na

interação com o objeto. Nesse contexto, não há como se exigir que os acadêmicos

estabeleçam por si as relações entre as disciplinas, organizadas em um currículo

que as visualiza como ilhas; não se pode deixar ao encargo do acaso a

compreensão de que o docente precisa da necessária articulação entre essas

categorias. O fato de o professor pensar que a formação específica é suficiente para

atuar no ensino superior denota a sua não percepção em relação à função social da

universidade, a função da graduação, ao que seja ensinar e aprender e à qualidade

da aprendizagem. Na maioria das vezes, o professor intitula-se como aquele que

sabe o conteúdo e que ensina, se o aluno aprendeu ou não, não é de sua

responsabilidade e sim do aluno.

Para Masetto (2000, p. 11)

[...] há pouco tempo é que o professor universitário está tomando consciência de que a docência, a pesquisa e o exercício de qualquer profissão exige capacitação própria e específica, não se restringindo a ter um diploma de bacharel, ou de mestre ou doutor. Exige isso tudo além de outras competências próprias.

A formação Pedagógica têm seu papel na formação, todavia a coletiva pode

promover aquele ambiente de partilha e organicidade tão importante à efetivação de

um projeto pedagógico de curso, finalidade precípua de um processo formativo.

Demo (1995, p. 160) ressalta que “[...] a competência essencial do professor

no ensino superior, é ser pesquisador e orientador, englobando capacidade

construtiva e participativa.” Portanto, a formação não se constrói apenas mediante

acumulação de cursos, conferências ou técnicas, mas sim, mediante um trabalho de

reflexão crítica sobre as práticas e de reconstrução permanente e continuada da

identidade profissional e pessoal.

É na direção da constituição desse docente que os desafios atuais exigem

que as universidades se preocupem e se responsabilizem pela formação

pedagógica dos seus docentes.

Ballenella (apud CORTELLI, 2002) afirma que:

26

[...] a formação de professores implica muito mais que o conhecimento da própria disciplina, requer também conhecimentos pedagógicos e um saber prático necessário para poder intervir sobre uma realidade singular complexa e incerta, na qual trabalhar com acerto requer uma constante tomada de decisões frente a situações inesperadas e pouco previstas.

Essa formação pedagógica, no entanto, precisa promover a superação da

concepção de formação docente presa a uma visão didática exclusivamente restrita

às técnicas tradicionais de ensinar. O docente deve entender que a transposição

didática e a construção da autonomia e competência do acadêmico constituem-se

também como foco de sua práxis. Não havendo o conhecimento de que as

metodologias instituídas por uma prática influenciam na qualidade da aprendizagem,

dificilmente há comprometimento docente.

O desconhecimento sobre os processos de ensinagem não é característica apenas do professor iniciante no Ensino Superior. Embora muitos professores possuam experiência significativa e mesmo anos de estudos em suas áreas específicas, predomina o despreparo e até um desconhecimento científico do que sejam os processos de ensino e de aprendizagem pelo qual passam a ser responsáveis a partir do instante em que ingressam numa sala de aula. (ALVES; ANASTASIOU, 2003, p. 37).

Parafraseando Alves e Anastasiou (2003) concorda-se que a maioria dos

professores assume as disciplinas quando os cursos já estão em andamento, pode

ocorrer que não tenham participado da construção e realimentação do Projeto

Pedagógico, recebem pelas mãos do coordenador do curso somente a ementa da

sua disciplina e partem para a sala de aula. Ocorre aí, desde o início, o

desconhecimento de todo o processo pedagógico do curso, da sua composição

curricular, das relações possíveis entre as disciplinas ou de uma forma integrativa,

ou, em uma visão dicotômica das ementas e conteúdos curriculares. Para superar

essa fragmentação, a universidade, como instituição que se responsabiliza também

pela formação na graduação e ciente da falta do necessário preparo pedagógico

deve instituir momentos de efetiva discussão pedagógica relacionados aos

problemas práticos enfrentados em cada curso, pois os momentos de formação

estanques podem não dar conta da reflexão teórico-metodológica necessária para

que haja o comprometimento com a aprendizagem.

A Universidade deve ter uma preocupação crescente de que a formação pedagógica ultrapasse a sala de aula, visando à compreensão da instituição

27

e da realidade em que esta se inclui, vez que se espera o envolvimento desses profissionais na administração e gestão em seus departamentos, na universidade, e no próprio contexto da realidade regional e nacional, tomando decisões sobre currículos, políticas de pesquisa, de financiamento (PIMENTA; ANASTASIOU, 2002, p. 39).

Saber ensinar não é somente transmitir conhecimento, mas criar as

possibilidades para sua própria produção ou a sua construção. Masetto (1998, p. 68)

destaca que os cursos de graduação e o trabalho dos docentes devem privilegiar não

apenas o processo de ensino, mas o processo de ensino-aprendizagem, em que a

ênfase esteja presente na aprendizagem dos alunos e não na transmissão por parte

dos professores.

Freire (1997) caracteriza bem o papel do professor em sala de aula e denota

com clareza que o saber pedagógico assume uma importância equivalente ao saber

específico da área para a condução do processo: “Quando entro em uma sala de

aula devo estar sendo um ser aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos

alunos, às suas inibições; um ser crítico e inquiridor, inquieto à tarefa que tenho de

ensinar e não transferir conhecimento.” (FREIRE, 1997, p. 54).

O docente do ensino superior precisa ter a competência formadora, e saber

que esta transcende ao domínio da ciência. A competência formadora científico-

pedagógica deve estar vinculada à concepção da cultura, do saber e da ação docente

dada a importância de poder se identificar como educador-pesquisador, disposto a

refletir cotidianamente, sobre suas práxis, aproximá-la da teoria, estabelecendo

constantemente um diálogo para construir novos saberes. Segundo Morin (2001, p.

13) “[...] há inadequação cada vez mais ampla, profunda e grave entre saberes

separados, fragmentados, compartimentados entre disciplinas, e, por outro lado,

realidades ou problemas cada vez mais polidisciplinares, transversais, e globais.”

Os saberes pedagógicos são produzidos na ação, e na reflexão desta ação,

por isso, a necessidade de se estabelecer um perfil docente reflexivo, capaz do

exercício de uma práxis baseada na ação-reflexão-ação, pressuposto essencial na

busca de uma educação continuada e necessária do profissional que acredita ser a

educação um caminho para a transformação social. “[...] a especificidade da

formação pedagógica, tanto a inicial quanto a continuada, não é refletir sobre o que

se vai fazer, nem sobre o que se deve fazer, mas sobre o que se faz.” (HAUSSAYE

apud PIMENTA; ANASTASIOU, 2002, p. 24).

28

O não enfrentamento das incertezas imobiliza, impedindo a desconstrução de

antigos saberes para a construção de novos. Morin (2001, p. 36) ensina que “[...] a

condição humana está marcada pela incerteza.” Para ele, o pensar é complexo, pois

se devem considerar influências recebidas, integrando-as, e ter de enfrentar a

contradição, a incerteza. Definir, portanto, princípios e propostas para a formação do

docente do ensino superior implica um processo sistematizado de aprofundamento

teórico, de desconstruções e reconstruções, não apenas redimensionando as

técnicas, mas superando-as por incorporação às novas tecnologias, e

continuamente repensando a concepção de ensino.

Dessa forma, pode-se afirmar com Gadotti (2000, p. 26), que “[...] na era do

conhecimento a pedagogia tornou-se a ciência mais importante porque ela objetiva

justamente promover a aprendizagem.” A era do conhecimento é também a era da

sociedade “aprendente”: todos se tornam aprendizes. O docente deve preocupar-se

em compreender a importância da didática quando procura oportunizar indagações

epistemológicas e ontológicas: ensinar para quê? Ensinar quem? Ensinar como?

Pimenta e Anastasiou, (2002, p. 67), preceituam que:

A didática diz, pois das finalidades do ensinar dos pontos de vista político-ideológicos (da relação entre conhecimento e poder, conhecimento e formação das sociedades), éticos (da relação entre conhecimento e formação humana, direitos, igualdades, cidadania), psicopedagógicos (da relação entre conhecimentos e desenvolvimento das capacidades de pensar e sentir, dos hábitos, atitudes e valores) e os propriamente didáticos (organização dos sistemas de ensino, de formação, das escolas, da seleção de conteúdos, de ensino, de currículos e organização dos percursos formativos, das aulas, dos modos de ensinar, da avaliação, da construção do conhecimento).

O processo de formação deve estimular o pensamento e a capacidade de

adaptar decisões estratégicas para intervir no contexto da docência, com valorização

dos espaços da prática e da reflexão sobre a prática. Essa reflexão, no entanto,

também não é suficiente, pois segundo Nóvoa (apud BORBA; LUZ, 2002, p. 13):

“[...] não é somente pensar a ação pedagógica na sala de aula, nem mesmo a

colaboração didática com os colegas. É pensar a profissão, a carreira, as relações

de trabalho e de poder nas universidades, a parte da autonomia e de

responsabilidade conferida aos professores, individual e coletivamente.”

Há um reconhecimento, não apenas no ambiente acadêmico, mas na

sociedade, de que para saber ensinar, não bastam experiências e conhecimentos

específicos, são necessários saberes pedagógicos e didáticos.

29

A identidade do professor é construída a partir de uma identidade epistemológica, decorrente de seus saberes científicos e os de ensinar, de uma identidade profissional, que considera a docência um campo específico de intervenção profissional na prática social. (PIMENTA; ANASTASIOU, 2002, p. 77).

Assim, como campo específico, a docência pressupõe um corpo de

conhecimentos também específico. Porém, como afirma Vasconcelos (1998, p. 26)

“[...] de nada adianta o professor assumir um discurso novo se isto não se traduz na

mudança de sua prática. Da mesma forma [...] de nada adianta o professor mudar

sua prática se isso não corresponder a uma mudança mais profunda.” É na relação

entre teoria e prática que se constrói o saber docente.

O conhecimento serve de suporte teórico e permite ao professor novas

construções de conceitos, permitindo interpretar e compreender diferentes situações-

problema existentes no contexto da sala de aula. É importante, pois, refletir a própria

experiência que se vive. Nóvoa (1995, p. 28) corrobora com essa acepção quando

afirma que: “Não basta mudar o professor, é preciso mudar os contextos em que ele

intervém. A universidade não pode mudar sem o envolvimento dos professores e

estes não podem mudar sem o envolvimento da sua instituição.” Nesse sentido, uma

instituição que deseja a mudança no ensino, no intuito de alcançar a qualidade da

aprendizagem, precisa investir maciçamente na formação continuada. Este é, sem

dúvida, um grande desafio: promover a formação pedagógica aos docentes de todas

as áreas, desafiando-os a se dispor a aprender, estar aberto à desconstrução, à

construção de saberes para acompanhar as transformações da sociedade e aos

novos elementos presentes no quadro teórico da educação superior.

2.1 PROFISSIONALIZAÇÃO CONTINUADA A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA DE

FORMAÇÃO INOVADORA

A profissionalização continuada do docente, a um só tempo busca assegurar

e construir tanto a identidade do professor quanto da instituição, uma vez que, para

a Unoesc, a formação “[...] deve ser entendida como um investimento e como uma

ação para nortear as políticas gerais de desenvolvimento da universidade”

30

(UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA, 2002, p. 51), melhorando

cada vez mais a qualidade de ensino que oferece.

A importância da formação, segundo Zabalza (2004, p. 38), deriva de “[...] sua

necessária vinculação ao crescimento e aperfeiçoamento das pessoas,

aperfeiçoamento que tem de ser entendido em um sentido global.” E, considerando

a complexidade do magistério, incluindo o acompanhamento da evolução do

conhecimento científico em cada área do conhecimento, a formação contínua se

apresenta como uma necessidade.

O processo de formação contínuo caracteriza-se como aquele que não se

encerra na preparação inicial do professor, porém estende-se para além dela, em

programas organizados buscando atender às diferentes necessidades expressas

pelos professores (dimensão individual), por um grupo de professores (dimensão

grupal), ou por toda uma instituição (dimensão institucional). Há entendimento,

também, de que o processo de formação dos professores, bem como suas práticas,

encontram-se diretamente vinculados à trajetória formativa da cada professor e sua

construção subjetiva como profissional docente (BENEDITO, FREIRE, FERRERES,

1995; GARCIA,1999).

A formação continuada do professor e a formação pedagógica são

compreendidas com base na concepção de práxis educativa, concebendo o ensino

como atividade complexa que demanda dos professores uma formação que supere

o desenvolvimento de habilidades técnicas ou o conhecimento aprofundado de um

conteúdo específico. Nessa concepção, a construção e o desenvolvimento de

projetos de formação continuada tornam-se inadiáveis e imprescindíveis,

constituindo processo dinâmico e possibilitador de aperfeiçoamento crescente.

Santos (1998, p. 124) denomina “[...] formação continuada ou formação

contínua, ou formação em serviço, em sentido mais estrito, todas as formas

deliberadas e organizadas de aperfeiçoamento profissional do docente, seja através

de palestras, seminários, cursos, oficinas ou outras propostas.” Para o autor, o fator

planejamento determina, em boa medida, a intencionalidade de continuidade da

formação.

Já Zabalza (2004, p. 145), afirma que:

[...] as novas proposições em torno da formação contínua a qual apresenta o desenvolvimento pessoal e profissional como processo que requer

31

atualizações constantes que capacitem os indivíduos para dar uma resposta adequada ao instável mundo dos novos cenários de trabalho.

O planejamento de propostas que visem à qualificação, a capacitação do

docente para a melhoria da sua prática, por meio do domínio de conhecimentos e

métodos do campo de trabalho em que atua, parece ser a condição que define a

formação continuada para os autores.

Ainda, na concepção de Santos (1998, p. 131) é no processo de reflexão que

o professor:

[...] torna-se consciente dos problemas de sua prática que podem estar relacionados tanto ao domínio do conteúdo e método de ensino, como também a problemas ligados à presença de estereótipos e preconceitos em relação aos alunos, falta de percepção dos interesses e necessidades do grupo.

A construção de uma formação continuada com base na reflexão/ação

docente tem interessado professores dos diferentes níveis de ensino, sobretudo do

ensino superior, para o “saber por que fazer” (BEHRENS, 2003). Dessa forma, as

práticas voltadas à formação continuada devem permitir que os docentes possam

refletir e produzir tanto seus saberes quanto seus valores, em um processo

participativo de reflexão coletiva. Nesse sentido, Behrens (2003, p. 57) preceitua

que:

As práticas na formação do professor devem criar espaços para contemplar uma dimensão coletiva, em que os professores possam discutir, refletir e produzir os seus saberes e os seus valores. [...] Nesse processo de reflexão coletiva, alicerça e constrói referenciais que são discutidos à medida que se apresentam em sua caminhada acadêmica, provocando o docente a partilhar avanços, sucessos e dificuldades que os outros professores trazem para o grupo.

Porto (2000, p. 32) assinala que a formação continuada nos dias atuais “[...] é

imprescindível e, deixando de ser entendida apenas como complementação da

formação inicial, vem contribuir para melhorar a escola, reinventando-a, redefinindo,

em simultâneo, os contornos de uma profissionalidade docente.”

A formação continuada passa a configurar como necessidade aos docentes

de todos os níveis e etapas da escolarização, inclusive e principalmente, para os

docentes do ensino superior carentes de formação pedagógica. Ela pode ser

oferecida aos docentes em diferentes formatos, porém com todos os eventos

32

articulados por um projeto que dê unidade e direcione a intencionalidade geral. A

formação continuada pode ser oferecida, assim, no formato de cursos, palestras,

seminários ou outros encontros, nos quais são desenvolvidas temáticas

diversificadas. Segundo Nóvoa (1995, p. 25), a formação deve estimular uma

perspectiva crítico-reflexiva, que forneça os meios de um pensamento autônomo e

que facilite as dinâmicas de autoformação participativa.

Embora existam divergências entre os modelos sugeridos por diferentes

autores e entre modelos adotados por diferentes instituições, é possível considerar

que os pesquisadores sejam unânimes ao sugerir que a formação oferecida hoje ao

professor universitário deveria pautar-se por alguns princípios. Em relação a isso,

Garcia (1999, p. 27-30) propõe:

Conceber a formação de professores como um contínuo; integrar a formação de professores como um processo de mudanças, inovação e desenvolvimento curricular; ligar os processos de formação de professores com o desenvolvimento organizacional da escola; articular integração entre formação de professores em relação aos conteúdos propriamente acadêmicos e disciplinares, e a formação pedagógica dos professores; integrar teoria-prática na formação dos professores, promovendo a reflexão epistemológica da prática; promover isoformismo entre a formação oferecida ao professor e o tipo de educação que posteriormente será pedido que desenvolva; buscar desenvolver individualização do processo e oferecer aos professores possibilidades de questionar suas próprias crenças e práticas institucionais, estimulando sua capacidade crítica.

Todas essas questões apontam que é imprescindível o desenvolvimento de um

programa de formação continuada no ensino superior. Nesse sentido, é importante

considerar que, além do domínio de conhecimentos específicos, é necessário investir

na formação pedagógica. Introduzir, fundamentar e sistematizar os saberes da

docência e, em especial, da docência universitária constitui-se assim, um objetivo

inovador que vem sendo efetivado em processos denominados de Profissionalização

Continuada. Embora todos os que exercem a docência universitária sejam chamados

de docentes, nem todos tiveram em seus cursos de formação, seja na graduação,

seja na pós-graduação, oportunidade de aprender e sistematizar os saberes

necessários à docência, configurando-se, desse modo, a importância desses

processos de formação inicial ou continuada. Segundo Rios (2004, p. 18):

[...] todo homem, seja qual for o seu espaço de pensamento e de ação, torna-se filósofo quando interroga o mundo de maneira específica, buscando compreendê-lo a fim de transformá-lo. Penso que seja esta uma

33

das funções primordiais de uma ação inovadora. Que outros elementos poderiam estar presentes em processos inovadores?

Um processo inovador pressupõe uma perspectiva de pluralidade

metodológica, pela importância da intencionalidade e da vontade de conhecer e pela

autodescoberta de novas formas de aprender e de ensinar. Inovar na docência, a

partir de um projeto institucional, exige compromissos coletivos, que se manifestam

de diversas formas e são complementares à mesma realidade social na qual se

vivencia a própria prática pedagógica.

A inovação pode emergir das práticas pedagógicas na relação com as

orientações paradigmáticas do conhecimento, pode residir em parcerias, em

aproximação pela diferença com o objetivo de produção de conhecimento. Nesse

contexto, deve ser concebida como toda tentativa visando – consciente e

deliberadamente – introduzir uma mudança no sistema de ensino com a finalidade

de melhorá-lo, conforme proposta do projeto institucional.

Conforme afirma Camacho (1987, p. 222) “[...] a reconstituição da memória

coletiva é fundamental, pois é um dos elementos que traz continuidade e estrutura

ao trabalho, fundamentando no passado o projeto futuro.” A questão da formação

docente se insere neste contexto. A partir desta questão central e da qual deriva

uma série de indagações, inicialmente buscou-se esclarecer o que é inovação.

Segundo Saviani (apud GARCIA, 1980, p. 18). “[...] inovar é o que se opõe ao

tradicional” é introduzir mudanças na prática. Para Ferretti (apud GARCIA, 1980, p.

56) “[...] inovar significa introduzir mudanças num objeto de forma planejada visando

produzir melhoria no mesmo.” A inovação, portanto, é vista pelos autores como a

mudança planejada, com o objetivo de melhoria da qualidade do ensino e da

aprendizagem.

Inovação na educação, para Leite (1999. p. 74) é “[...] uma sensibilidade

pedagógica que mobiliza para uma ação diferente da usual.” Para Cunha (2002, p.

92), inovação “[...] é delinear um novo patamar teórico metodológico e assim

contribuir para a construção de uma nova relação entre o ensinar e o aprender na

qual a cognição, o afeto e a ética sejam companheiros de uma significativa jornada.”

Os elementos apontados por esses autores, que constituem a inovação, indicam a

multiplicidade de fatores envolvidos para que a formação desencadeie um processo

de mudança inovador. Essa complexidade também é indicada por Carbonell (apud

RICCI, 2001, p. 4), quando afirma que inovação é “[...] um conjunto de intervenções,

34

decisões e processos, com certo grau de intencionalidade e sistematização, que

tratam de modificar atitudes, idéias, culturas, conteúdos, modelos e práticas

pedagógicas [...]”

Segundo esses autores, há vários quesitos próprios a processos inovadores

os quais constituem a base desta pesquisa. Inovar é desafiar o docente a atuar com

uma nova visão em relação ao processo de ensino-aprendizagem, ele poderá

encontrar dificuldades, até mesmo pessoais de se colocar em uma diferenciada

ação docente. Geralmente, essa dificuldade inicia-se pela própria compreensão da

necessidade de ruptura com a forma de ensinar e aprender, ainda muita centrada na

exposição e cópia.

Na realidade da profissão docente atual percebe-se, mesmo que de forma

empírica, que ocorre com os professores uma sobrecarga de tarefas; além disso,

realizam seu trabalho em condições de fragmentação e isolamento, contando com

poucas oportunidades de paradas para estudos e reflexão. Segundo Cunha (2000,

p. 143), um processo inovador requer uma gestão participativa, na qual os sujeitos

sejam protagonistas da experiência. Portanto, um dos fatores importantes para

superação de um fazer tradicional e efetivar ações inovadoras é o construir coletivo,

é a possibilidade de superação da fragmentação curricular: pensar coletivamente o

curso, seus fins e valores, o futuro profissional, a lógica das disciplinas, como forma

necessária de trabalhar os conteúdos, visando aos objetivos e às reais condições

institucionais existentes. É nessa direção que Nóvoa (1995, p. 28) aponta para uma

nova configuração da profissionalidade docente, ao salientar que os “[...] professores

têm de se assumir como produtores de sua profissão. Mas sabemos que não basta

mudar o profissional, é preciso mudar os contextos em que ele intervém.”

A inovação na docência requer uma ação de verdadeiro estrategista do

conhecimento, articulador do processo ensino-aprendizagem, de forma a manter um

clima favorável à interação. Deve agir como um facilitador das relações e

problematizador das situações, que estimulem o raciocínio e a reflexão. Precisa ter

domínio e sensibilidade. Trata-se, portanto, de pensar e agir a partir de uma

proposta inovadora, envolvendo instituições e seus sujeitos. O que a inovação

exigiria? Segundo Nóvoa (1995, p. 25) “A Inovação exige mudança de postura e

esta implica, pois, na mudança tanto das concepções quanto das práticas [...] não se

trata de mobilizar a experiência apenas numa dimensão pedagógica, mas também

num quadro conceitual de produção de saberes.”

35

A inovação pode envolver um processo de mudança que não é espontânea e

surge em determinadas circunstâncias e num ponto em que o todo e as partes se

obrigam a tomar outras direções. Não necessariamente a inovação constitui-se

mudança total, esta vai ocorrer por meio da ruptura e em patamares diferenciados

(LEITE; MOROSINI, 1997, p. 35).

Cunha e outros (2000, p. 141) preconizam que ao se considerar a inovação

como ente abstrato, perde-se a noção de que ela se realiza em um contexto que é

histórico e social, em determinado lugar, tempo e circunstância, no caso da

educação se caracteriza pelo seu espaço institucional; dessa forma, a inovação é

vista de forma diferente da simples agregação de novos elementos tecnológicos, a

inovação deve ser pensada em uma perspectiva de ruptura com o paradigma

predominante, avançar de forma a romper com a estrutura tradicional. Segundo

Cunha e outros (2000), a concepção humanista tradicional pode ser entendida como

modificações superficiais que jamais afetam a essência das finalidades e métodos

preconizados em educação. Sinônimo de retocar superficialmente. Na concepção

humanista moderna, inovar é alterar essencialmente os métodos, as formas de

educar. Para a concepção dialética, inovar é colocar a educação a serviço de novas

finalidades, na perspectiva de mudança estrutural da sociedade, significa mudar

raízes, a base.

Para que a inovação se efetive no contexto educacional é necessário que a

universidade oportunize aos docentes momentos de exposições, de discussões,

teorizações, é necessário trazer à luz os problemas da prática, refletir sobre eles,

estabelecendo relações e buscas nas teorias já elaboradas historicamente. Pode-se

retornar à prática e experimentar, vivenciar as possibilidades que se põem. Esse

processo de reflexão está presente no antes quando se faz a reflexão teórica, no

durante quando se experimentam novas preposições metodológicas e no depois,

quando se reflete sobre as condições de realização e os resultados alcançados com

a nova práxis (NÓVOA, 1995, p. 26). Para que isso se efetive destaca-se a

importância de processos de Profissionalização Continuada como uma formação

participada, que permita compreender a globalidade do sujeito e dos grupos,

assumindo a formação como um processo interativo e dinâmico.

36

3 A FORMAÇÃO PEDAGÓGICA CONTINUADA NA UNOESC: A HISTÓ RIA DO

NÚCLEO DE APOIO PEDAGÓGICO DE JOAÇABA

A Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc), ao longo dos anos nos

quais atua na região, tem buscado oferecer um ensino de qualidade. A organização

e o oferecimento de espaços e tempos institucionais para a formação continuada

dos profissionais que atuam no ensino dos cursos de graduação é um indicativo

institucional dessa preocupação.

Durante os anos de 1990, a Unoesc já oferecia aos professores, geralmente

no início dos semestres letivos, oficinas e palestras com profissionais de outras

instituições, contratados para momentos pontuais e específicos de formação. A

organização e avaliação dessas atividades estavam, na época, ligadas diretamente

à Pró-reitoria de Ensino. No final dos anos de 1990, quando a legislação já

anunciava a necessidade das instituições de ensino oportunizarem a formação

continuada aos docentes, emergiu a necessidade de criar um setor específico, não

somente para realizar eventos pontuais, mas para oferecer assessoria pedagógica

permanente, visando à melhoria da qualidade do ensino oferecido.

Dessa forma, durante muitos anos, houve no Campus de Joaçaba um setor

voltado ao atendimento das necessidades de formação dos docentes, especialmente

e primeiramente aquelas ligadas às questões pedagógicas, mas também aquelas de

conhecimento específico de cada área do conhecimento. Esse setor foi criado em

1999, inicialmente denominado de Laboratório de Ensino e Aprendizagem (LEA);1 no

ano de 2000, por decisão da reitoria e das pró-reitorias, recebeu a denominação de

Núcleo de Ensino e Aprendizagem (NEA)2 e, no ano de 2002, por determinação

institucional constante no Plano de Desenvolvimento do Ensino de Graduação

(PDEG), transforma-se em NAP.3

Com o objetivo de contextualizar a história desses espaços, inicia-se essa

parte do trabalho com uma breve apresentação da própria Unoesc. Na sequência,

apresenta-se um pouco da história da assessoria pedagógica aos docentes, tendo 1 No ano da criação do Laboratório de Ensino e Aprendizagem o Cargo de Pró-reitor de Graduação era ocupado pelo professor Vicente de Paula Sousa. 2 No período de transição entre o Núcleo de Ensino e Aprendizagem e o Núcleo de Apoio Pedagógico a professora Dorvalina Lange ocupava o cargo de Pró-reitora de Graduação. 3 No período de 2005 a 2007 a professora Ana Beatriz Brancher ocupava o cargo de Vice-reitora de Graduação, sendo a responsável superior pelas atividades desenvolvidas no NAP.

37

como fonte de informação as entrevistas realizadas com sujeitos considerados

importantes, em virtude de sua participação direta nos acontecimentos do Núcleo; as

fontes documentais constituem, também, fonte de informação, as quais permitirão

resgatar fatos e processos, entre eles o Planejamento Estratégico da Unoesc, o

Plano de Desenvolvimento Institucional, o Plano de Desenvolvimento do Ensino de

Graduação, o Boletim da Unoesc em Números dos anos de 1999 a 2005, o

documento de Políticas e Diretrizes para a Extensão da Unoesc, o Regimento

Interno do NAP, Relatórios do Núcleo e Portarias de nomeação, nos quais são

evidenciados fatos importantes da trajetória desse espaço institucionalizado de

apoio pedagógico aos docentes.

3.1 A UNOESC NO CONTEXTO REGIONAL

A Unoesc foi criada a partir da unificação de três Fundações Educacionais

existentes na região: a Fundação Universitária do Oeste de Santa Catarina (Fuoc); a

Fundação Educacional e Empresarial do Alto Vale do Rio do Peixe (Femarp) e a

Fundação de Ensino para o Desenvolvimento do Oeste (Fundeste), integrando-se

mais tarde a outras duas fundações: a Fundação Educacional do Extremo Oeste de

Santa Catarina (Funesc) e a Fundação Educacional dos Municípios do Alto Vale do

Irani (Femai). Essas fundações localizavam-se nas cidades-polo: Joaçaba, Videira,

Chapecó, São Miguel do Oeste e Xanxerê.

O processo de criação da Unoesc ocorreu, portanto, motivado pela

necessidade de superar a forma isolada e desarticulada em que essas fundações

atuavam, bem como responder aos desafios da expansão do ensino superior, não

somente no contexto de uma cidade, mas de toda uma região. Nessa trajetória,

enfrentou desafios, passando do ensino superior isolado, para um modelo

universitário.

A autorização e implantação do seu projeto de Universidade aconteceram em

1991, pelo Parecer n. 587, do Conselho Federal de Educação. A Unoesc conquistou

seu reconhecimento como Universidade, pelo Conselho Estadual de Educação, em

agosto de 1995, mediante Parecer n. 263, Seu credenciamento ocorreu por meio do

Decreto Presidencial, em 14 de agosto de 1996.

38

Hoje a Universidade do Oeste de Santa Catarina tem sua sede jurídica e

administrativa na cidade de Joaçaba, com Campus nas cidades de São Miguel do

Oeste, Xanxerê, Videira e Joaçaba; conta com várias extensões acadêmicas em

outros municípios. Observa-se que a Unoesc nasceu regional. Foi concebida não

para atuar centralizadamente, a partir de um grande centro urbano, mas para

participar do processo de desenvolvimento humano e regional de toda a

mesorregião. Foi constituída acreditando que seria possível construir uma

Universidade que ultrapassasse os limites geográficos de uma cidade para colocar-

se na perspectiva de uma região. Caracteriza-se como instituição de origem pública,

de direito privado, regional e comunitária, considerados seus atos instituidores, sua

forma jurídica de operar, sua abrangência de atuação e seu comprometimento com

o processo de desenvolvimento social e sustentável.

Atualmente, alicerça-se, de acordo com o Projeto Pedagógico Institucional

(2009, p. 8), em cinco características básicas:

a) A origem pública, considerados os atos instituidores baixados pelo poder público dos municípios-sede dessa instituição, assim como o caráter público de seu processo de credenciamento como Universidade;

b) A forma jurídica de operar, na condição de instituição não estatal mantida pela junção de esforços entre alunos, poder público e comunidade;

c) A dimensão comunitária, considerando a função social que desempenha na comunidade regional;

d) A regionalidade de atuação, considerando sua área geográfica de inserção e organização estrutural presente nas principais cidades da região;

e) O comprometimento com o desenvolvimento regional.

Retomando à década de 1990, com base em dados fornecidos pelo

informativo da reitoria denominado Unoesc em dados, a partir do reconhecimento da

Unoesc como universidade, ocorreu uma grande proliferação de novos cursos. Para

suprir a quantidade de profissionais necessários para a docência, a instituição

passou a contratar profissionais liberais para atuarem nas áreas de interesse dos

cursos, da comunidade local. Decorreu disso, por um lado, que a experiência do

campo profissional passou a ser aproveitada na formação de novos profissionais e,

por outro, criou-se a necessidade de institucionalizar a formação pedagógica para

esses professores, de modo que estivessem preparados para atuar em sala de aula.

Nesse sentido, conforme explicitam Pimenta e Anastasiou (2002, p. 37):

39

Embora muitos professores possuam experiência significativa e mesmo anos de estudos em áreas específicas, predomina o despreparo e até o desconhecimento científico do que sejam os processos de ensino e de aprendizagem pelo qual passam a ser responsáveis a partir do instante em que ingressam na sala de aula. [...] A identidade do professor é construída a partir de uma identidade epistemológica, decorrente de seus saberes científicos e os de ensinar, de uma identidade profissional, que considera a docência um campo específico de intervenção profissional na prática social.

Assim, juntamente com a oferta de novos cursos, vieram os cursos de Pós-

graduação; infindáveis programas de extensão, pesquisa, projetos comunitários e de

filantropia entraram em franca expansão.

As linhas de pesquisa foram institucionalizadas levando-se em consideração:

o Plano de Desenvolvimento Institucional, o Projeto Pedagógico dos cursos de

Graduação ou de Pós-graduação aos quais se vinculam e as demandas sociais para

a pesquisa existentes na região. Na Pesquisa, a Unoesc trabalha com três

programas institucionais de apoio à pesquisa: o Programa Institucional de Apoio à

Pesquisa de Demanda Induzida, modalidade voltada ao desenvolvimento da

pesquisa com recursos da instituição; o Programa Institucional de Apoio à Pesquisa

de Demanda Espontânea, modalidade voltada ao desenvolvimento da pesquisa em

parceria com órgãos, entidades, instituições e agências de fomento externos, ou

com recursos da própria instituição; e o Programa Institucional de Bolsas de

Iniciação Científica, destinado a estudantes da graduação na condição de auxiliares

de pesquisa.

Na Extensão, a Instituição desenvolve diversos serviços, cultura e ação

comunitária por meio de programas como processos educativos, culturais e

científicos que articulam o ensino e a pesquisa de forma indissociável e viabilizam a

relação entre a Universidade e o seu entorno.

No contexto do oferecimento do ensino de graduação, da pós-graduação, da

pesquisa e da extensão, a missão da Instituição define-se como: “Formar pessoas,

produzir conhecimentos e oferecer extensão e serviços, promovendo o

desenvolvimento institucional e regional” assim, a Unoesc, historicamente, vem

formando profissionais, contribuindo para a qualificação do sistema educacional,

técnico e profissional, na região de sua abrangência.

Concomitantemente a esse cenário de criação da Universidade do Oeste de

Santa Catarina (Unoesc), também foi homologada a nova lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional, LDBEN n. 9.394/96, promulgada em dezembro de 1996.

40

Essa lei vem acrescentar novos elementos ao cotidiano das instituições, pois abarca

muitas alterações no campo educacional, partindo da qualificação e valorização dos

docentes, a avaliação das instituições, entre outros. A Unoesc, portanto, passa a

evidenciar a necessidade da definição de políticas e ações voltadas à formação e

qualificação do corpo docente, pois a mudança e a inovação dependem

essencialmente da ação dos seus sujeitos.

No ano da recolha dos dados para essa investigação, a Unoesc Campus de

Joaçaba contava com 34 diferentes cursos em funcionamento, com 328 professores.

Destes, somente 7 eram graduados, 176 especialistas, 118 mestres e 27 doutores.

Contava com 195 alunos em cursos stricto sensu, 590 alunos em cursos de

especialização lato sensu e 6.357 alunos na graduação (UNIVERSIDADE DO

OESTE DE SANTA CATARINA, 2005).

Atualmente, a Unoesc Campus de Joaçaba, conta com 36 diferentes cursos

em funcionamento, com 369 professores, destes 24 são graduados, 138 são

especialistas, 173 mestres e 34 doutores. Conta com 155 alunos em cursos stricto

sensu, 451 alunos em cursos de especialização lato sensu e 4.932 alunos na

graduação (UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA, 2008). Observa-se

que em três anos houve aumento significativo de mestres e doutores.

No contexto de transformação e expansão no qual a Unoesc se viu imersa

constatava-se a necessidade de formação, especialmente a continuada, para

atender aos profissionais que atuavam e atuam diretamente com o ensino. A criação

de um espaço para oferecer aos docentes orientações pedagógicas nasce, dessa

forma, do contexto da expansão e do objetivo institucional de oferecer um ensino de

qualidade.

Na tentativa de resgatar a história da Formação Pedagógica dos docentes

atuantes nos seus cursos da Instituição, pesquisou-se em fontes variadas, todavia

os registros encontrados não foram muitos.

3.2 O NÚCLEO DE APOIO PEDAGÓGICO NO CONTEXTO DA UNOESC

Com a criação da Universidade, surgiram novos cursos, áreas muito diversas,

professores iniciando o trabalho sem nenhuma formação para o ensino superior, um

41

fluxo muito grande de profissionais liberais que precisavam de formação pedagógica

para atuar em contextos específicos. Para registrar o percurso histórico da formação

pedagógica, a partir de 1999, utilizou-se um levantamento documental, por

intermédio de relatórios e documentos existentes na Instituição, os quais foram

selecionados e analisados para que sistematizassem dados e informações

significativas e relevantes para o contexto dessa temática. A partir das informações

colhidas nos documentos institucionais e nas vivências dos coordenadores que

fizeram o dia a dia daquele núcleo pedagógico, foi possível resgatar um pouco da

trajetória desse trabalho.

No Projeto de implantação formal do Núcleo de Ensino e Aprendizagem

(NEA), datado de maio de 2000, encontrou-se que a origem do núcleo ocorreu em

setembro de 1999 quando este foi denominado Laboratório de Ensino e

Aprendizagem (LEA).

[...] no início foi denominado LEA, laboratório, pois ali já havia uma clínica formada por profissionais da Psicologia, e era desejo desse setor que se desenvolvesse estudos sobre aprendizagem e ensino. Os dirigentes da época rejeitaram essa proposta e optaram por criar um núcleo que foi o NEA. (Coordenadora 1).

Quando o LEA4 foi criado, o setor se constituía, então, de uma sala ampla e,

dentro dela, separada por uma divisória comum, a sala da coordenação. Não havia

equipamentos sofisticados, apenas três computadores, equipamentos de

encadernação, scanner, uma filmadora, alguns gravadores, máquina fotográfica e

móveis comuns.

Nesse ambiente trabalhavam dois estagiários, selecionados dos cursos de

comunicação pela experiência com material audiovisual. Suas atribuições consistiam

na formatação de material pedagógico, auxiliando os professores na criação de

slides, transparências, gravações de filmes, apostilas, filmagens de aulas, entre

outros serviços prestados.

4 Na Coordenação do Laboratório de Ensino e Aprendizagem do ano de 1999 até dezembro de 2000 esteve Zenilde Durli, professora da Área das Ciências Humanas e Sociais e também, na época, Coordenadora do Curso de Pedagogia. Foi nomeada pela Portaria n. 17-B/Pró-Adm/00.

42

Trabalhavam, também, dois professores: uma coordenadora com dedicação

de 20 horas semanais e um professor, especialista em ensino a distância.5 O

primeiro professor tinha a tarefa de pensar, planejar e executar, em parceria com as

coordenações dos cursos de graduação e a Pró-reitoria de Ensino, todas as

iniciativas de formação desenvolvidas na Instituição e, ainda, atender

individualmente, durante o semestre letivo, os professores que porventura

estivessem com alguma dificuldade no aspecto pedagógico do desenvolvimento das

aulas. O segundo professor era responsável pela formatação e orientação do

material apostila utilizado pelos cursos que ofereciam disciplinas em regime

semipresencial. Também era sua incumbência iniciar o processo de planejamento

da inserção da Unoesc no ensino a distância.

As atividades precípuas constituíam-se, então, da organização de eventos

didático-pedagógicos que subsidiassem a prática cotidiana dos professores, do

atendimento pedagógico individualizado e da produção de material didático.

No ano de 2000, no entanto, o LEA passa a denominar-se NEA6 e, conforme

o seu Regimento Interno, foi assim definido: “[...] é concebido como um espaço que

congrega recursos humanos e materiais multidisciplinares para atendimento a todos

os cursos, centros e comunidade em geral.” (UNIVERSIDADE DO OESTE DE

SANTA CATARINA, 2001). Criado para ser um espaço de estudo, pesquisa e

desenvolvimento de metodologias alternativas e de materiais didático-pedagógicos

para o ensino presencial e a distância, evidenciava-se como uma estrutura de apoio

aos centros, cursos e seus professores. De acordo com o Regimento Interno,

aprovado em 2001, tinha como objetivos:

a) Possibilitar aos professores da Unoesc serviços de apoio pedagógico; b) Oferecer programas de capacitação docente: cursos e oficinas didático-

pedagógicas e teórico-metodológicas; c) Organizar seminários, mesas-redondas, fóruns de debate, que

possibilitem a discussão entre os profissionais da Unoesc sobre temáticas relacionadas ao Ensino Superior;

d) Auxiliar na construção de materiais pedagógicos como sites para professores, segundo o projeto “Professor Virtual”, apostilas autodidatas, dentre outros;

5À frente dos trabalhos de planejamento e desenvolvimento das atividades relativas à educação a distância estava o professor Dr. Josias Ricardo Hack, nomeado pela Portaria no 78/UNOESC – R/2000 como coordenador do Grupo de Estudos e Ação sobre Educação a Distância. 6 A professora Maria Teresa Ceron Trevisol foi a segunda Coordenadora do NEA, nomeada pela Portaria n.07/PRÓ-ADM/01 de 1° de março de 2001. Entretanto, havia assumido esta função desde 1° de fevereiro de 2001. Permaneceu no cargo de janeiro de 2001 a setembro de 2002.

43

e) Desenvolver estágios e pesquisas em metodologias de ensino; f) Dar suporte ao Ensino a Distância. (UNIVERSIDADE DO OESTE DE

SANTA CATARINA, 2001).

Em entrevista, a coordenadora 2 assinala que “[...] este serviço surgiu com o

objetivo de dar apoio pedagógico aos professores no planejamento das aulas, na

elaboração de material didático-pedagógico e oportunizar a capacitação docente.”

Além do atendimento das necessidades e demandas internas, o regimento conferia

ao núcleo a possibilidade de oferecer serviços à comunidade externa.

A equipe do NEA, de acordo com a coordenadora 2, “[...] era formada por um

pedagogo, um técnico administrativo e um estagiário”, que atuavam com:

a) Apoio didático-pedagógico; b) Cursos e oficinas de capacitação didático-pedagógicas e teórico-

metodológicas; c) Seminários, mesas-redondas, fóruns; d) Auxílio na construção de materiais pedagógicos; e) Construção, organização e manutenção de sites para professores,

seguindo o projeto “Professor Virtual”; f) Estágios e pesquisas em metodologias de ensino; g) Educação a Distância. (UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA

CATARINA, 2001).

O Regimento Interno determinava também, as atribuições da coordenação e

dos demais funcionários e, no item Contextualização, determinava que os momentos

de formação oferecidos aos docentes respondiam a duas formas de interação –

individual e em grupo:

a) No contato individualizado: professor (a) e NEA. Os professores que

procuram assessoria didático-pedagógica ou teórico-metodológica são, em sua grande maioria, professores iniciantes, que estão ingressando no ensino superior e possuem pouca experiência com o ensino. Nos encontros realizados, discute-se o planejamento do semestre, estratégias de ensino, instrumentos de avaliação, orientações quanto à organização do espaço de sala de aula, relação professor-aluno, entre outros.

b) No contato em grupos de estudo, que ocorrem via cursos, oficinas e seminários [...] é oportunizada a discussão de temas que possuem uma especificidade didático-pedagógica e/ou teórico-metodológica, com professores da casa e outros convidados. (UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA, 2001).

Com a implantação em 2002 do Plano de Desenvolvimento do Ensino de

Graduação (PDEG), que consiste em um conjunto organizado de Políticas e

44

Diretrizes para o Ensino de Graduação da Unoesc, a estrutura pedagógica é

regulamentada e o NEA deixar de existir, conforme evidencia o documento:

Como parte integrante da estrutura pedagógica, a Unoesc, em seus Campi, poderá implantar o NAP – Núcleo de Apoio Pedagógico. Ele terá regulamentação de funcionamento e estrutura próprios, definidos em projeto específico, em que deverão ser estabelecidos os investimentos, custos e quadro de pessoal necessário, observada a disponibilidade orçamentária do Campus. (UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA, 2002, p. 53, grifo nosso).

No documento, a criação do NAP como setor institucional, presente em

todos os Campi, foi justificada do seguinte modo:

O NAP, bem como as Pró-reitorias as quais está ligado – Pró-reitoria de Ensino e Pró-reitoria de Pesquisa, Extensão e Pós-graduação – compreendem que um bom profissional de ensino superior necessita estar em constante processo de “formação continuada”. Nesse sentido, há a clareza de que a formação não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas), mas por meio de um trabalho de “reflexibilidade crítica” sobre as práticas e de (re)construção permanente de uma identidade pessoal. Ao pensar nisso, objetiva-se organizar os cursos, as oficinas, os seminários que serão oferecidos a todos os professores da instituição semestralmente. (UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA, 2002, p. 54).

Percebe-se que a formação já era concebida como um processo e que o

grupo dirigente e, em especial, o grupo que elaborou a política, já exteriorizava uma

intencionalidade e compreensão da necessária continuidade nos processos.

O referido plano propõe, por intermédio do NAP, a possibilidade de

introduzir de forma organizada e consensuada, o redimensionamento da práxis

pedagógica no ensino superior, não apenas comprometido com as Diretrizes

Curriculares Nacionais e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, mas

como um diferencial da própria Instituição. O plano confere ao NAP os seguintes

objetivos:

a) possibilitar aos professores da Unoesc serviços de apoio pedagógico; b) oferecer programas de capacitação docente: cursos e oficinas didático-

pedagógicas e teórico-metodológicas;

45

c) organizar seminários, mesas-redondas, fóruns de debate que possibilitam a discussão sobre temáticas relacionadas ao ensino superior;

d) construir, organizar e manter sites para professores, seguindo o projeto “professor virtual”;

e) desenvolver estágios e pesquisas em Metodologia de Ensino; f) dar suporte ao Ensino a Distância; g) preparar a entrada do professor ingressante na sala de aula.

(UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA, 2002, p. 53)

Embora o NEA tenha antecedido o NAP, observa- se similaridade entre os

objetivos e funções. Há, porém, algumas inovações nas funções do núcleo que

podem ser mais bem evidenciadas no Organograma 1:

Organograma 1: Objetivos, funções e similaridades entre NEA e NAP Fonte: Universidade do Oeste de Santa Catarina (2002, p. 56).

Observam-se, no Organograma 1, duas funções diferenciadas conferidas ao

NAP que não estavam contempladas naquelas descritas no Regimento Interno do

NEA. A assessoria pedagógica quanto à construção e regulação dos projetos

pedagógicos dos cursos e o programa de avaliação. Em relação à primeira, o

documento delimita: “Projeto Pedagógico: assessoria direta e permanente aos

cursos da instituição para a dinamização dos seus projetos inter-relacionados com o

NÚCLEO DE APOIO PEDAGÓGICO

ASSESSORIA PEDAGÓGICA PERMANENTE PROG. DE AVALIAÇÃO

PROJETO PEDAGÓGICO

SEMINÁRIOS, OFICINAS E ENCONTROS

PERMANENTES DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

ASSESSORIA PEDAGÓGICA AOS

CURSOS DE GRADUAÇÃO

IDENTIFICAÇÃO E CONSTRUÇÃO DAS INTERCONEXÕES E ESPECIFICIDADES

POR ÁREA DE CONHECIMENTO E CURSOS

46

PPI.” (UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA, 2002, p. 54). A segunda

função prevista no Programa para NAP e que não constava no Regimento Interno do

NEA diz respeito ao

Programa de Avaliação: o programa de avaliação contempla a aplicação dos instrumentos de avaliação à comunidade acadêmica; a sistematização de dados; o encaminhamento dos resultados aos diversos segmentos e setores da instituição; a análise e o uso das informações para a tomada de decisões, cuja meta é a qualidade ao ensino e a afirmação de valores. (UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA, 2002, p. 55).

As novas funções alargam a atuação do NEA também para as questões da

Avaliação Institucional. Estas, porém, nunca se efetivaram, especialmente em

virtude das determinações do Ministério da Educação, dois anos mais tarde, da

necessidade de que cada instituição de ensino superior tivesse um setor específico

com a finalidade de orientar os procedimentos e processos de autoavaliação.

Nesse espaço de tempo muitas foram as palestras, encontros temáticos com

especialistas convidados, com temas oriundos das necessidades apontadas pelos

professores, coordenadores de curso ou da área em que foram realizados, isso fica

evidente na fala das coordenadoras. A coordenadora 1 destaca: “[...] no decorrer do

semestre oferecíamos capacitação mais específica de acordo com sua área de

atuação. Os temas propostos eram aqueles decorrentes para o professor entender o

processo pedagógico.”

A segunda coordenadora do núcleo destaca que:

[...] assumi a coordenação do NEA de fevereiro de 2001 a setembro de 2002. Dei continuidade ao projeto que tinha como objetivo oportunizar o apoio didático-pedagógico aos professores iniciantes e promover a capacitação didático-pedagógica e teórico-metodológica, através de oficinas, palestras e atendimento individualizado ao professor.

O objetivo era propiciar um suporte a questões que representavam

dificuldade no cotidiano do ensino superior por meio de cursos de pequena duração

ou atendimento individualizado. Entre as temáticas abordadas estavam

contemplados: o planejamento das aulas, as metodologias para o uso em sala de

aula, as questões relacionadas à avaliação do processo de ensino-aprendizagem,

entre outros. Essas iniciativas são corroboradas pelo depoimento da coordenadora

2:

47

A partir de minha inserção no núcleo, em concordância com o planejamento institucional e da necessidade de capacitar os docentes da casa, procurei oportunizar uma maior diversidade de encontros, tendo como mediadores das temáticas, profissionais de outras instituições ou pesquisadores que possuíam respaldo teórico e de experiência a ser socializada. Compreendíamos que esses momentos de encontro coletivo eram oportunos para a discussão dos temas de uma maneira geral. Normalmente os temas se referiam ao contexto da sala de aula no ensino superior, o papel do professor, o processo ensino-aprendizagem, avaliação, dinâmicas de grupo e outros. Oportunizávamos, também, momentos de encontros em pequenos grupos onde podiam socializar entre si a diversidade de conhecimentos e experiências e os professores que não possuíam em sua formação um preparo teórico-metodológico encontravam nesses momentos, alternativas para resolver os seus problemas.

No ano de 2002/2, o NAP passa a contar com um novo coordenador,7 o qual

procurou dar continuidade ao trabalho. A nova estrutura do NAP, prevista no PDEG,

não se efetivou. Permaneceu a mesma estrutura anterior, dando ênfase à

capacitação dos docentes por intermédio de oficinas, cursos, mesas-redondas,

fóruns e atendimento individualizado.

A Vice-reitoria de Graduação, em 2004, juntamente com a coordenação do

NAP, procurou introduzir uma mudança; apesar de inicial, tinha como objetivo

institucionalizar um programa de formação continuada. As razões para a mudança

são apresentadas pelo Vice-reitor de Graduação,8 na entrevista concedida:

Os docentes nem sempre tinham um acompanhamento pedagógico contínuo, pois a capacitação que acontecia no início de cada semestre letivo não tinha continuidade, apenas o professor era submetido ao processo de avaliação e desempenho. O que se percebia é que o NEA mantinha um serviço de Apoio Pedagógico aos professores para elaboração de material didático para as aulas. Mais tarde o NEA passou a convidar professores para o trabalho conjunto dos docentes de todos os cursos. Havia a preocupação com a formação pedagógica dos professores que sempre foi uma constante, mas antes da criação do NEA não havia a institucionalização dos serviços.

Foi no segundo semestre de 2004 que a Unoesc Campus de Joaçaba

passa a conceber uma proposta de formação pedagógica para o docente do ensino

superior com um processo de duração mais extensa, denominado Formação

Continuada. A formação passou a ser oferecida com várias etapas sucessivas e

complementares, uma vez que se tratava de um programa permanente de formação,

7 Ainda no ano de 2002 e até julho de 2005, a coordenadora do NAP era a professora Noemia Bonamigo Pizzamiglio, também coordenadora dos cursos de Licenciatura na extensão da Unoesc, em Capinzal. A partir de setembro de 2005, passou a coordenar as atividades a professora Roselange Zenere Baretta, professora dos cursos de Licenciatura da Unoesc. 8 Entrevista concedida a autora pelo Vice-reitor de Graduação da época.

48

pretendia levar o docente mais à ampliação de sua consciência profissional do que

ao domínio de habilidades técnicas ou de atualização de conteúdos cognitivos.

Dessa maneira, entendia-se que a formação pedagógica continuada do

professor contemplaria as questões da práxis pedagógica, entendendo-a como a

construção de espaços de reflexão e ação. Nesse sentido, o entrevistado 4, Vice-

reitor de Graduação ressalta que:

[...] o professor que coordenava o NAP procurava detectar nos grupos e nas áreas quais eram os maiores problemas, dificuldades que precisavam ser solucionadas, e a partir disso buscava-se em nível nacional, regional, pessoas que pudessem vir contribuir. Um diagnóstico inicial é que nortearia a temática a ser trabalhada e se constituiriam os programas de uma forma mais contextualizada. Antes não era assim, eram temáticas.

Para o desenvolvimento do trabalho a Unoesc contratou uma assessoria

externa,9 com o objetivo de coordenar os trabalhos com a colaboração do NAP e dos

professores representantes de cada área. Esse grupo elaborou um projeto

denominado Profissionalização continuada dos docentes da Unoesc Joaçaba

(UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA, 2002). No projeto, os

objetivos gerais foram assim explicitados:

Iniciar, de forma sistemática, a construção coletiva de uma cultura institucional acerca dos saberes necessários à docência, e que precisam ser sistematizados, visando facilitar as exigências legais e advindas dos compromissos como instituição social universitária. [...] Introduzir, fundamentar e sistematizar os saberes da docência, e em especial da docência universitária constitui-se num objetivo e desafio para este processo.

Os objetivos gerais foram desdobrados em objetivos específicos

compreendendo dois grandes grupos articulados entre si. O primeiro

compreendendo objetivos referentes às possibilidades investigativas da formação

continuada. O segundo referente aos objetivos da ação pedagógica orientando-a

para um processo coletivo e colaborativo, conforme segue:

9 A professora Léa das Graças Camargos Anastasiou, Doutora em Didática da Educação Superior e pós-Doutora em Profissionalização Continuada do Docente do Ensino Superior, com experiências em formação continuada desenvolvidas em outras instituições de ensino superior, fez a assessoria.

49

1. Conhecer, compreender, analisar e aplicar na prática pedagógica os

elementos teóricos práticos da docência; [...] 2. Participar da construção e revisão anual dos Projetos Políticos

Pedagógicos Institucionais e dos Cursos; [...] 3. Flexibilização conforme as diretrizes e processos interdisciplinares via

oficinas de práticas pedagógicas (UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA, 2004c, p. 3). [...]

4. Construir um programa de profissionalização continuada junto ao NAP, inicialmente com média de 100 professores, inscritos em dois grupos de trabalho (GTs), propondo elementos norteadores de um processo a ser continuado. [...]

5. Realizar diagnóstico acerca das questões de ensino e de aprendizagem de professores e alunos dos cursos de graduação, envolvidos no processo, tomando-o como ponto de partida e de chegada do trabalho coletivo. [...]

6. Instrumentalizar os docentes na compreensão das instituições universitárias, em seu histórico e seu compromisso social e do papel docente e discente neste contexto. [...]

7. Analisar, propor e vivenciar coletivamente elementos da teoria didática fundamentais e essenciais à construção da relação professor aluno e conhecimento, na sala de aula universitária da Unoesc. [...]

8. Possibilitar e acompanhar a reflexão sistemática sobre os determinantes que compõem o trabalho na sala de aula dos professores participantes do processo de profissionalização continuada (UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA, 2004c, p. 3). [...]

9. Possibilitar vivência da pesquisa integrada-institucional, abrindo espaço para efetivação de projetos de pesquisa associado aos mestrados.

Evidenciam-se, nos objetivos, algumas diferenças importantes entre as

propostas desenvolvidas pelo LEA/NEA e as proposições desse projeto. Entre elas,

destaca-se a perspectiva de formação que perpassa os projetos pedagógicos dos

cursos, ou seja, as necessidades não são exteriores ao contexto do curso, mas

emanam da sua essência: o projeto do curso. Assim, ao mesmo tempo em que

participariam do planejamento macro, definindo os rumos do curso, estariam em

processo de capacitação em consonância com os objetivos, conteúdos e

expectativas explicitados no projeto.

Considerando a necessidade de revisão anual dos projetos, especialmente a

partir da avaliação das vivências nos semestres, essa capacitação aconteceria de

modo continuado.

50

4 CAMINHOS PERCORRIDOS NA EFETIVAÇÃO DO PROCESSO: EL EMENTOS

DA METODOLOGIA DA PESQUISA E A ANÁLISE DE DADOS

Como já explicitado, esta pesquisa centra-se na Formação Pedagógica

desenvolvida pelo Núcleo de Apoio Pedagógico da Unoesc Campus de Joaçaba, na

perspectiva de uma proposta de Profissionalização Continuada para os docentes,

questionando o caráter inovador da proposta de formação do núcleo. Nesta seção,

apresentam-se os dados coletados nos documentos do LEA, NEA, NAP e por meio

dos instrumentos de pesquisa aplicados aos professores e coordenadores de curso.

4.1 ANÁLISE DOS DADOS

Após a realização da coleta e organização dos dados, procedeu-se a análise.

A partir da categorização inicial, fez-se uma primeira leitura dos documentos na

tentativa de mapear o tipo de formação oferecida aos docentes, sistematizando-as

em quadros.

4.1.1 Dimensão de análise: percurso da Formação Pedagógic a desenvolvida

pelo NAP – Unoesc Campus de Joaçaba, no período de 2000 a 2004/1

De acordo com a análise desenvolvida inicialmente por meio dos documentos

encontrados nos arquivos do Núcleo, a capacitação docente, assim denominada nos

anos de 2000 até meados de 2004, acontecia durante o ano, porém de forma

descontínua. Os encontros e temas eram definidos no final de cada ano,

programando os trabalhos para o ano seguinte. Cabia à coordenação do LEA/NEA

contatar com os ministrantes e organizar esses encontros. Eles aconteciam, na

maioria das vezes, à noite, pois grande parte dos docentes eram horistas, portanto

com compromissos assumidos em outras instituições durante o dia. Assim,

exerciam, além da docência na Instituição, outras atividades no mercado de

51

trabalho, como profissionais liberais ou como docentes em escolas de ensino

fundamental e médio.

4.1.1.1 Formato do processo/metodologia

O mercado de trabalho para a docência universitária ampliou-se

significativamente em virtude da expansão da oferta de mais e novas oportunidades

educacionais nesse nível de ensino. O texto da LDB n. 9.394/1996, que define as

diretrizes e bases da educação nacional, em seu artigo 52, ao mesmo tempo que

conceitua a entidade universidade, também estabelece seu compromisso com a

formação dos professores que nela atuam. Após homologação da LDB e da

legislação complementar que diversificou a tipologia de instituições que poderiam

oferecer cursos superiores, houve uma expansão de instituições de ensino superior.

A expansão da Unoesc ocorreu pela autonomia adquirida com o status de

Universidade (Decreto Presidencial de 14 de agosto de 1996), pelo qual cursos

novos passaram a ser oferecidos. A abertura de novos cursos trouxe muitos

professores experientes no campo de atuação profissional, mas com poucos

conhecimentos pedagógicos para atender às especificidades do ensino.

Compreende-se, então, que sendo a universidade o lócus de formação dos quadros

profissionais de nível superior, é, portanto, função da universidade a formação de

seus docentes.

Segundo os registros encontrados no NAP, constata-se que na época do LEA

e do NEA o assessoramento pedagógico acontecia de duas formas principais:

individualizado ou em grupo/coletivo. Visando ao assessoramento coletivo, nos anos

de 2000 a 2004/1, foram realizados encontros em formatos diversos, conforme

apresentado no Quadro 5.

Ano Temáticas Formas de Oferta

Carga/

Horária

2000/1 • Metodologia do Ensino Superior Curso 12 h

• Teorias da aprendizagem Mesa-redonda 8 h

52

• Tecnologias Educacionais Curso 16 h

• Elaboração de Provas Oficina 4 h

2000/2

• Metodologia de Ensino / Centro de Ciências Sociais Aplicadas

Palestra 4 h

• Metodologia de Ensino / Centro de Ciências da Saúde

Palestra 4 h

• Metodologia de Ensino /Centro de Ciências Jurídicas

Palestra 4 h

• Metodologia de Ensino / Centro de Ciências da Educação, Humanas e Letras

Palestra 4 h

2001/1

• Organização de: plano de curso, plano de aula e orientações sobre estratégias pedagógicas

Oficina 4 h

• Desafios da Universidade no contexto socioeconômico atual.

Palestra 4 h

• Orientações Metodológicas para a elaboração de artigos científicos

Curso 12 h

• Elaboração de apresentação e utilização de multimeios

Oficina 4 h

• Metodologia e elaboração de pesquisa Palestra 3 h

• Capacitação didático-pedagógica sobre “Elaboração de provas”

Oficina 3 h

2001/2

• A aula universitária em foco Mesa-redonda 4 h

• Docência e Pedagogia Universitária Mesa-redonda 4 h

• Elaboração de apresentações e utilização de multimeios (nível I)

Oficina 2 h

• Orientações sobre organização: plano de curso,

plano de aula, estratégias pedagógicas

Oficina 4 h

• Elaboração de apresentações e utilizações de multimeios (II)

Oficina 8 h

• Competências: da aprendizagem centrada no aluno ao desenvolvimento e saberes escolares

Palestra 4 h

• Avaliação a Aprendizagem: o aparente e oculto – das inoperantes “boas intenções genéticas” à transformação da prática

Palestra 4 h

• Orientações Metodológicas para elaboração de artigos científicos

Oficina 4 h

• Elaboração de provas Oficina 4 h

2002/1

• Metodologia do Ensino Superior Palestra 4 h

• Encontro Formação para Coordenadores de curso sobre Legislação

Mesa-redonda 4 h

53

• Saberes, habilidades, competência: implicações para o ensino superior

Palestra 4 h

• Ensino e pesquisa: uma vinculação necessária Mesa-redonda 4 h

• Oficina sobre saúde Vocal Palestra 4 h

• Metodologia de Ensino Jurídico Palestra 4 h

• Reflexões - Objetivas para a comunicação do ensino Jurídico

Palestra 4 h

• Problematizar uma questão pedagógica Palestra 4 h

• A didática da aula universitária: conhecer para transformar

Mesa-redonda 4 h

• O Projeto Institucional da Unoesc. Presente e futuro

Palestra 4 h

2002/2

• Elaboração de apresentações e utilização de multimeios

Curso 8 h

• Semana de Estudos: Palestra: A formação do professor do Ensino Superior.

Palestra 4 h

• Elaboração de Plano de Curso: Plano de Aula: Estratégias Pedagógicas.

Oficina 4 h

• Orientações Administrativas: Estrutura da Adm. Unoesc; Funcionamento da Secretaria acadêmica; Funcionamento do Lab. de Informática e audiovisual; Funcionamento da Biblioteca e Atribuições NEA.

Mesa-redonda 4 h

2003/1

• Desenvolvimento Sustentável Encontro temático

4 h

• A Pesquisa no Cotidiano Escolar Curso 8 h

• Gestão por Competências Palestra 4 h

• O ensino superior e a formação para o trabalho Palestra 4 h

• A Estrutura do Sistema de Ensino superior Mexicano.

Palestra 4 h

• Elaboração de Artigos Científicos. Oficina 4 h

• Os Processos de Ensino na Perspectiva da Inovação Paradigmática.

Mesa-redonda 4 h

2003/2

• “A formação profissional na Universidade e Metodologia em sala de aula”.

Palestra 4 h

• Capacitação para Comissão de Biossegurança da Unoesc – Joaçaba e professores responsáveis por disciplinas práticas dos cursos de Odontologia e Fisioterapia.

Curso 12 h

2004/1

• Introdução à prática de consultoria Curso 40 h

• A Unoesc, os cenários e as ações estratégicas para 2008

Mesa-redonda 4 h

54

• A prova como instrumento de avaliação Palestra 3 h

• A investigação como metodologia para o ensino superior

Palestra 3 h

• O papel do aluno e do professor no Ensino Superior em um contexto de mudança

Palestra 3h

• Plataforma de suporte ao Ensino Superior Curso 20 h

• Capacitação docente para EAD Curso 20 h

• Capacitação sobre o processo ensino-aprendizagem

Curso 20 h

• Assessoria à capacitação aos professores da ACET

Seminário 10 h

• Assessoria à capacitação aos professores da ACBS

Seminário 10 h

• Assessoria à capacitação aos professores da ACSA

Seminário 10 h

• Assessoria à capacitação aos professores da ACHS

Seminário 10 h

• Processo de ensino-aprendizagem (Odontologia) Curso 15 h

• Método de desenvolvimento das competências profissionais

Curso 20 h

TOTAL DE EVENTOS => 61 TOTAL DE HORAS DE FORMAÇÃO => 420 h

Quadro 5: Oferecimento de formação pedagógica coletiva, contemplando as atividades do LEA/ desenvolvido no período de 2000 ao primeiro semestre de 2004/1 Fonte: o autor.

Entre 2000 até o primeiro semestre de 2004 foram realizados 61 eventos

formativos, em um total de 420 horas de atividades predominantemente coletivas. O

formato de oferecimento envolveu a realização de eventos de curta duração, como

palestras, oficinas e mesas-redondas e de duração mais estendida, como cursos e

seminários. O Gráfico 1 demonstra a distribuição do total da carga horária de

formação oferecida no período.

55

Gráfico 1: Total da carga horária versus formato de oferta Fonte: o autor.

Observa-se grande concentração de horas de formação oferecidas no formato

de cursos (48,33%), palestras (21%), oficinas (10,7%) e seminários (9,52%). Ou

seja, a pulverização das horas de formação pelos formatos diferenciados e,

igualmente, a distribuição das horas/formatos para serem ministradas por diferentes

profissionais, de diversas instituições e sem contatos de planejamento conjunto das

atividades a ser desenvolvidas aponta para a descontinuidade da formação.

O Artigo 66 da LDB 9.394/1996 destaca que: “A preparação para o exercício

do magistério superior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritariamente em

programas de mestrado e doutorado.” Não há, portanto, nenhuma alusão à

formação pedagógica dos docentes do ensino superior, ou seja, a Lei não concebe o

processo de formação para a docência no ensino superior, mas sim como

preparação para o exercício do magistério. Pimenta e Anastasiou (2002, p. 40)

contribuem nesse contexto assinalando que: “Assim, não encontrando amparo na

legislação maior, a formação pedagógica dos professores universitários fica a cargo

do regimento de cada instituição.”

4.1.1.2 Temas e conteúdos

Percebe-se que o trabalho pedagógico desenvolvido pelo NAP, caracterizou-

se pela ênfase metodológica, de orientar o fazer pedagógico do docente da Unoesc,

56

mediante tarefas individuais e grupais programadas que destacavam a importância

do planejamento e da organização do ensino. Porém, tanto durante os eventos

quanto após sua realização, os professores não eram acompanhados, tampouco

solicitados a experimentar as inovações apresentadas pelos palestrantes, ou seja, a

relação teoria-prática não era acompanhada.

Segundo Vasconcelos (2000, p. 6), a mudança “[...] exige nova postura frente

ao ato pedagógico, ao desempenho do papel de docente, que passaria a ser um

exercício muito mais responsável, comprometido e abrangente.” A efetivação dessa

nova postura não foi acompanhada e os resultados, em termos de mudanças

significativas nas práticas, não puderam ser registrados.

Conforme observado no Quadro 5, as temáticas mais recorrentes são aquelas

que trabalham com as metodologias que visam a uma didática geral e às

metodologias específicas para cada área do conhecimento.

4.1.1.3 Tempo/carga horária

Ao se examinar os quadros, é possível perceber que as capacitações

aconteciam de forma coletiva, com uma duração que variava de duas a doze horas,

em horários alternados, a fim de contemplar as especificidades de cada

conhecimento a ser trabalhado e um maior número de professores. O Gráfico 2

apresenta o número de horas de capacitação oferecidas de 2000 até o primeiro

semestre de 2004.

57

Gráfico 2: Total da carga horária de formação oferecida por ano Fonte: o autor.

Observa-se, também, que houve uma concentração maior das horas de

formação oferecidas no primeiro semestre de 2000 e, na sequência, no primeiro

semestre de 2004. Os demais semestres apresentam certa regularidade. Nesse

espaço de tempo, muitas foram as palestras, oficinas, mesas-redondas com

especialistas convidados, com temas oriundos das necessidades apontadas pelos

professores, coordenadores de curso ou da área em que foram realizados.

4.1.1.4 Formação dos palestrantes

Os palestrantes contratados para ministrar formação aos professores da

Unoesc possuem formação de especialista, mestre e doutor.

ANO/ SEMESTRE DOCENTE/TÉCNICO TITULAÇÃO

2000/1

Aristides Cimadon Mestre Gilsara Barbosa Especialista Kátia Frizzo Mestre Zenilde Durli Mestre

2000/2 Roseli Rocha Moterle Especialista

58

Carmen D`Agostini Especialista Eliane Filippim Mestre

2001/1

José Mauro Lehmkuhl Mestre Eliane Filippim Mestre Neri dos Santos Doutor Joviles Vitório Trevisol Doutor Roseli Rocha Moterle Especialista Adelar Heinsfeld Doutor

2001/2

Aristides Cimadon Mestre Sergio Castanho Doutor Maria Eugênia Castanho Doutora Roseli Rocha Moterle Especialista Zenilde Durli Mestre Maristela R. Knauth Mestre Celso Vasconcelos Doutor Joviles Vitório Trevisol Doutor

2002/1

Aristides Cimadon Mestre Léa da Graças Camargo Anastasiou Doutora Aristides Cimadon Mestre Luiz Carlos Lückmann Mestre Monica Ribeiro Mestre Antonio Severino Doutor Maria Rita Rolim Mestre Valdecir F. Colzani Mestre Maria de Assis Straseio Mestre Maristela Knauth Mestre

2002/2

Flávia Mädche Doutora Roseli Rocha Moterle Especialista Maria Lúcia C. Vasconcelos Doutora

2003/1

Aristides Cimadon Mestre Eliane Filippim Mestre Daniel Poletto Tesser Mestre Lucídio Bianchetti Doutor Neri dos Santos Doutor Acácia Kuenzer Doutora Aristides Cimadon Mestre Tânia Maria dos Santos Nodari Mestre

2003/2

Maria Izabela Cunha Doutora Jovani Antonio Steffa Mestre Léa da Graças Camargo Anastasiou Doutora Luis Gustavo Patrucco - Aristides Cimadon Mestre Márcia Andrade Mestre César Antonio Schwertz Mestre Leda Scheibe Doutora Marcelo M. Foohs Mestre Rosa Maria Pascoali Mestre

2004/1

Luiz Gustavo Patrucco - Aristides Cimadon Mestre Joviles Vitório Trevisol Doutor Dorvalina Lange Mestre Márcia Andrade Mestre César Antonio Schwertz Mestre

59

Leda Scheibe Doutora Marcelo M. Foohs Mestre Rosa Maria Pascoali Mestre José Mauro Lehmkuhl Mestre Acácia Kuenzer Doutora Aneilson B. Da Silva Doutor Rodrigo Bandeira de Mello Mestre

Quadro 6: Titulação dos ministrantes das formações oferecidas no período de 2000 a 2004/1 Fonte: o autor.

O Quadro 6 apresenta, em síntese, a formação dos palestrantes que atuaram

na formação pedagógica dos docentes da Unoesc Campus de Joaçaba, entre 2000

e 2004/1. O exame do quadro permite perceber que os palestrantes convidados, em

sua maioria, eram mestres e doutores. Embora se observe que houve preocupação

em contratar palestrantes externos, há predominância daqueles que já são

professores da Unoesc.

Isso responde ao entendimento de que o professor do ensino superior precisa

possuir uma formação científica qualificada na área do conhecimento em que atua.

Isso é, considera-se que o palestrante com stricto sensu ou lato sensu tem melhores

condições de desenvolver competências e articular o ensino e a pesquisa de acordo

com as necessidades e capacidades dos docentes. Portanto, na seleção de um

palestrante o NAP primou, conforme atestam os dados, por profissionais docentes

que tivessem conhecimento titulado dentro da temática e área do conhecimento a

ser abordada com os professores.

21 1 1

01

0 01

32 2

3

7

1

4

78

0 0

34

31

42

4

0

2

4

6

8

10

2000/1 2000/2 2001/1 2001/2 2002/1 2002/2 2003/1 2003/2 2004/1

N° de Especialistas, Mestres e Doutores X Ano

Especialistas Mestres Doutores

Gráfico 3: Número de especialistas, mestres e doutores que ministraram formação por ano de oferecimento Fonte: o autor.

60

4.1.1.5 Público participante

A Unoesc, a partir de 1996, quando passou a usufruir do título de

Universidade e obteve autonomia para criação de novos cursos e, ainda, com o

objetivo de atender à demanda regional, foi implantando novos cursos na área da

saúde, das ciências exatas e outros, o que resultou em ampliação significativa de

contratação de professores. Os colegiados das áreas ampliaram-se de modo

significativo. De acordo com informações oriundas dos coordenadores dos cursos,

os profissionais contratados tinham bom conhecimento teórico na área específica,

porém encontravam dificuldades no manejo das aulas, nas estratégias de ensino e

nas formas de avaliação.

Desse modo, o trabalho desenvolvido pelo NAP compreendia oportunizar

momentos de aprendizagem e reflexão sobre a prática docente a estes e aos

demais professores da Instituição.

Tabela 1: Número de professores da Instituição versus número de professores que

participaram das formações por ano, de 2000 a 2004/1

Ano Total de professores da

Unoesc – Joaçaba

Total de professores

participantes da formação

2000 177 90

2001 222 130

2002 267 158

2003 299 108

2004/1 301 186

Fonte: o autor.

61

50,85%58,56% 59,18%

36,12%

61,79%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

2000 2001 2002 2003 2004/1

Percentual de Participação dos Professores X Ano

Gráfico 4: Número de professores da Instituição, o total de participantes por ano e o percentual de participação nas capacitações dos anos de 2000 a 2004/1 Fonte: o autor.

No período considerado como aquele em que houve a proposta de inovação,

o percentual de participação cresceu significativamente. Percebe-se que em 2000,

houve a participação de 50,8% dos professores no processo de capacitação. Esse

percentual ampliou-se em 2001 e 2002; houve um decréscimo significativo em 2003,

com aumento em 2004/1. O período de 2001 a 2002 caracterizou-se pela abertura

de novos cursos, especialmente na área da saúde. A ampliação da oferta justifica,

em boa medida, a intensidade da participação. As razões pelas quais houve um

decréscimo não foram pesquisadas de forma específica, contudo não se pode deixar

de registrar que o índice de ausências é bastante elevado quando se considera a

necessidade de proporcionar formação pedagógica constante.

Pelos gráficos a seguir apresentados, constata-se que a Área das Ciências

Sociais Aplicadas sempre apresentou um índice mais elevado de professores na

participação nos encontros de formação.

Nessa área, o profissional do Curso de Direito, investido da condição de

docente, e que ainda não tinha construído saberes e competências necessárias para

ensinar, não participa dos momentos de formação, perdendo, assim, a oportunidade

de desenvolver trabalhos e reflexões de estudos sobre o fazer docente. Embora

esses docentes expressem rico e profundo conhecimento específico em suas áreas

e disciplinas, demonstram pouco interesse em participar de encontros ou palestras

que discutam saberes epistemológicos ou pedagógicos.

62

Gráfico 5: Participação, por ano, da Área das Ciências Sociais Aplicadas Fonte: o autor.

Por outro lado, a Área das Ciências Humanas e Sociais demonstra um índice

médio, ou pouco acima, com decréscimo em 2003.

Gráfico 6: Participação, por ano, da Área das Ciências Humanas e Sociais Fonte: o autor.

A presença não muito significativa da Área, nos anos de 2000 a 2003, chama

a atenção. As hipóteses talvez sejam relacionadas ao fato de que a Ciência da

Educação seja “de fato conhecida pelos mesmos” e que haja a ideia de que já a

63

conhecem com profundidade, ou que talvez não haja conscientização da real

necessidade de formação continuada.

A Área das Ciências Exatas e da Terra apresenta uma participação histórica

menor do que das demais Áreas, conforme observado no Gráfico 7.

Gráfico 7: Participação, por ano, da Área das Ciências Exatas e da Terra Fonte: o autor.

Ainda que os índices de participação gerais sejam inferiores aos das demais

áreas, o gráfico apresenta aumentos significativos de participação nos encontros de

formação. Essa elevação na participação pode ser explicada pelas dificuldades

didático-pedagógicas que os docentes da área reconhecem ter, pois sua formação

como profissional liberal proporciona pouco contato com os conhecimentos

concernentes ao processo de ensino-aprendizagem. A maioria dos docentes são

profissionais liberais e sentem necessidade de uma orientação pedagógica,

forçando-se, desse modo, a participar dos encontros de formação.

Os dados mostram, também, a pouca frequência dos professores da Área das

Ciências Biológicas e da Saúde.

64

Gráfico 8: Participação, por ano, da Área das Ciências Biológicas e da Saúde Fonte: o autor.

Percebe-se que os profissionais dessa área possuem a noção de que a

titulação acadêmica do professor substitui a necessidade de formação pedagógica.

Um dos grandes problemas relacionados à formação pedagógica dos professores no

campo da saúde é a própria concepção de currículo, no qual aparece relacionadas

um rol de disciplinas, e para atender aos conteúdos prevalece a aula expositiva,

centrada no saber do professor, o qual é transmitido ao aluno.

Outro ponto que se pode considerar é pensar que a titulação acadêmica

desse profissional substitui a formação pedagógica. A maior parte dos cursos de

mestrado e doutorado na área da Saúde não se preocupa em desenvolver

habilidades e competências para o exercício da docência. O foco de preocupação

desses cursos, na maioria das vezes, está voltado à formação técnico-científica.

Deduz-se, disso, a não preocupação em participar do processo de formação

proporcionado pela universidade.

Em três áreas percebe-se uma diminuição significativa da participação dos

professores na formação oferecida em 2003. A Unoesc manteve de 2000 até 2002

uma resolução de incentivo à docência, permitindo que o professor que participasse

de pelo menos dois cursos de capacitação, por semestre, teria um percentual

financeiro agregado à sua remuneração. Além da expansão dos cursos esse,

segundo a percepção da pesquisadora, foi outro fator que elevou o número de

professores participantes dos encontros de Formação até 2002. Essa gratificação foi

65

retirada em 2003 e, coincidentemente, houve redução da frequência da participação

dos professores na formação continuada. Além disso, houve um incremento na

contratação de professores horistas. Esses profissionais são aqueles que têm mais

dificuldades para participar dos eventos de formação, uma vez que possuem vínculo

empregatício com outras instituições. Conforme Pimenta e Anastasiou (2002, p.

125):

[...] a grande maioria dos professores horistas são contratados para ministrar determinado número de aulas, sem o tempo remunerado para a preparação das mesmas, ficando vinculado à instituição apenas por aquele período, não havendo compromisso institucional nem direitos trabalhistas, desobrigando assim o docente do processo de formação.

Os dados coletados neste estudo, por meio de diversos instrumentos

permitem caracterizar e discutir a Formação Pedagógica desenvolvida pelo

LEA/NEA/NAP no período de 2000 a 2004/1. Os temas definidos não tinham

continuidade, os próprios palestrantes planejavam o seu trabalho, desconhecendo o

que já havia sido trabalhado anteriormente. Apesar do esforço do núcleo para

possibilitar um processo de qualidade que pudesse atingir os objetivos de realmente

formar seus docentes, todas as tentativas se desenharam em um formato de

descontinuidade e fragmentação. Os encontros e reuniões, bem como os temas

eram determinados no final de cada ano e ministrados no ano seguinte. Ao núcleo

cabia a tarefa de contatar os palestrantes e organizar os encontros, que eram

esporádicos e, normalmente, marcados para o período noturno, já que os

profissionais docentes, em sua grande maioria eram horistas e, consequentemente,

exerciam outras profissões em instituições diversas, educacionais ou de outra

natureza, o que dificultava um pouco a participação.

De 2000 a 2004/1 o assessoramento pedagógico aconteceu também de

forma individualizada ou em grupos. Na época, os encontros tinham formatos de

cursos, mesas-redondas, oficinas, palestras, encontros temáticos, com duração

variável de duas a doze horas. Salienta-se, que este trabalho caracterizou-se pela

ênfase metodológica, ou seja, na preocupação de formar o docente para o fazer

pedagógico.

Um fator relevante para análise refere-se à frequência dos docentes nesses

momentos de estudo. Apesar de haver índices diferenciados nas diversas áreas do

conhecimento, de forma geral não se percebe, por parte da maioria dos docentes, a

66

compreensão sobre a importância da formação continuada para maior qualidade do

processo ensino-aprendizagem. Esse fato se respalda nas ausências elevadas

desses docentes.

Portanto, o que se configurou foi um esforço de formação continuada por

parte do LEA/NEA/NAP, em um formato que não atendeu aos objetivos essenciais

de realmente formar o professor para o processo pedagógico em sala de aula.

4.1.2 Dimensão de análise: Inovação na profissionalização para a docência no

período de 2004/2 a 2005

A apresentação dos quadros com o registro da participação dos docentes,

dos temas desenvolvidos, destacando o número de professores e a carga horária

dos trabalhos nos momentos de formação, nas oficinas, palestras, cursos,

seminários, oferecidos pelo LEA, NEA e NAP trouxe elementos para organizar os

instrumentos complementares do levantamento de dados, visando responder à

questão da Inovação nas etapas do processo pesquisado.

Conforme registrado, a partir de 2003, o NEA passa a ser denominado NAP, e

começa a fazer parte da estrutura pedagógica da Unoesc, tendo regulamentação e

funcionamento de estrutura própria, definidas em projeto específico no Programa de

Desenvolvimento de Graduação (UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA

CATARINA, 2000, p. 53).

A nova estrutura administrativa contribuiu com maior ênfase para as questões

pertinentes à área pedagógica dos cursos oferecidos pela Unoesc Campus de

Joaçaba e propiciou uma vinculação mais direta com a Pró-reitoria de Ensino. A

partir de então, também ocorreram alterações nas atribuições do NAP, que segundo

o PDEG (2000) passa a ser organizado a partir de dois pilares: Assessoria

pedagógica permanente para proporcionar um atendimento pedagógico aos

professores e coordenadores de curso, por intermédio de seminários, oficinas e

encontros permanentes de formação de professores para a reflexão do trabalho

docente, identificando caminhos para a melhoria da atuação em sala de aula;

67

Programa de avaliação institucional, cujos resultados desse programa passam a ser

a referência para o planejamento das ações do NAP.

Em 2004, a Pró-reitoria de Graduação oportunizou, além de um coordenador

geral para o NAP, também um professor de cada área de ensino, para fazer parte da

equipe, com carga horária de 4 horas semanais, o que se considerou uma inovação

em relação aos procedimentos adotados anteriormente. Esses professores foram

denominados de articuladores, considerando sua função estabelecer contatos com

os coordenadores e professores das suas respectivas áreas, levantando as

necessidades em termos de capacitação, bem como encaminhando para a

orientação no NAP aqueles professores com dificuldades na elaboração de

avaliações e outras necessidades pedagógicas.

4.1.2.1 Formato do Processo/Metodologia

No primeiro semestre de 2004 ocorreram encontros de formação com carga

horária maior, por áreas ou cursos, procurando atender às necessidades daquele

momento. Outros, com carga horária mais restrita, foram abertos a todos os

professores da Instituição.

A equipe do NAP, juntamente com os professores articuladores de área,

passou a perceber que a forma como era desenvolvida a formação docente não

estava atendendo à necessidade da época, ou seja, não estava resultando em

melhorias efetivas no ensino e na aprendizagem. Necessitava, assim, de um

redimensionamento, pois não era mais possível somente trazer a experiência

profissional para a sala de aula, apesar de essa ser considerada importante, pois

enquanto alguns tinham certo preparo obtido nas licenciaturas ou cursos de

especialização, havia muitos outros, sem preparo metodológico e sem experiência

na docência. Outros, ainda, com significativo tempo de docência, porém com um

desempenho considerado pelos coordenadores e acadêmicos como insatisfatório.

Nessa direção, a equipe do NAP com a vice-reitoria de graduação, no

segundo semestre de 2004, oportunizou condições necessárias e efetivas para um

novo formato de Formação Pedagógica, agora em caráter contínuo, passando esta a

ser oferecida a partir do início do segundo semestre de 2004 até fevereiro de 2005.

68

A formação continuada passou a ser entendida pelo NAP como um processo

permanente, no qual o professor, no seu dia a dia, reflete sobre sua prática

reconstruindo valores, reestruturando saberes, adquirindo, dessa forma, novos

conhecimentos e transformando sua prática pedagógica (LOPES; CALDERANO,

2006). Tentou-se, com essa acepção, promover discussões e reflexões sobre a

formação pedagógica dos professores do ensino superior, levando-os a incorporar

novas práticas aos processos de ensino.

O novo formato estava em acordo com o que defende Ferreira (2006, p. 195):

É necessário, pois, criar as condições para uma aprendizagem contínua, que possa reforçar a autonomia docente para aprender permanentemente, aperfeiçoando as suas competências intelectuais e técnicas, de forma a transformá-lo no legítimo gestor do seu processo de aprendizagem.

Portanto, com a finalidade de analisar diferentes fatores que influenciam no

desenvolvimento de um ensino de qualidade, que proporcione ao aluno uma

aprendizagem não apenas de conteúdos, mas de atitudes e valores é que o NAP se

propôs a organizar essa nova proposta de Formação Continuada.

Em agosto de 2004, foi iniciado o Programa de Profissionalização Continuada

para os docentes da Unoesc Campus de Joaçaba, com o objetivo de promover a

reflexão pedagógica de forma contínua, visando à construção coletiva, quer seja nos

cursos, quer seja nas áreas de ensino. O Programa configura-se por uma proposta

de trabalho de acordo com os objetivos já descritos nesta pesquisa. Sinteticamente,

foram dois grupos de objetivos. No primeiro encontravam-se os objetivos referentes

à ação pedagógica que se efetivou em processo coletivo e colaborativo. No segundo

grupo de objetivos foram destacadas possibilidades investigativas na formação

continuada de docentes da educação superior, em ações de pesquisa qualitativa,

chamada pesquisa-ação e se encaminhando na direção de processo de pesquisa

colaborativa.

Para o desenvolvimento desse programa foram oferecidas 100 vagas

divididas em dois grupos de trabalho. Essas 100 vagas corresponderam à

participação de 100 professores, representando 32% dos docentes do Campus da

Unoesc Joaçaba. Tendo em vista essa limitação, foi necessário estabelecer critérios

para a participação dos professores, conforme segue:

69

a) professores ingressantes na instituição naquele ano letivo;

b) professores indicados pela coordenação de curso, a partir de dados da avaliação institucional;

c) participação dos coordenadores de curso;

d) os professores articuladores de área;

e) um professor indicado pela área para dar continuidade ao trabalho junto aos professores da sua área. (UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA, 2004c).

Além desses, incorporaram-se ao grupo os professores que compunham a

equipe do NAP de forma a fortalecer um desempenho significativo e

qualitativamente crescente desses parceiros: o Núcleo de Apoio Pedagógico, os

docentes e os coordenadores envolvidos, constituindo, dessa forma, uma equipe de

trabalho responsável pela discussão, articulação e acompanhamento do processo,

sob a orientação e responsabilidade da professora Doutora Léa das Graças de

Camargos Anastasiou.

4.1.2.2 Temas e Conteúdos

O conteúdo dos encontros teve relação com os momentos determinados para

o projeto de profissionalização continuada proposto. Esses momentos estão assim

determinados: diagnóstico das necessidades institucionais e dos interesses e

questões dos professores envolvidos; os elementos norteadores do projeto e da

ação do processo de pesquisa.

A partir desses momentos, estabeleceram-se os elementos de conteúdos

referentes a inúmeros determinantes da prática no ensino superior, conforme

transcritos do projeto:

• Determinantes históricos acerca do ensino superior; • Características das instituições de ensino superior particulares; • Relação entre ensinar, deixar e fazer aprender no ensino superior; • Relação entre pessoal em função da construção do conhecimento

profissionalizante; • Conceito e vivência de currículo no ensino superior, diferenciando

currículo como grade, como edifício e de cursos em curso; • Conceito e processo de profissionalização docente;

70

• Aprender, apreender e saber fazer; • Ciência, saber, saber quê, saber como fazer; • Teoria e prática e práxis na formação do ensino superior; • Trabalho individual e coletivo; função da competição na construção

individual e do conhecimento coletivo; • Gestão do conhecimento em sala de aula; • Gestão da informação na relação teoria – prática; • Aluno: ser histórico/processos cognitivos/dificuldades de aprendizagem; • Construção da autonomia; • Papel da relação teoria e prática e dos estágios na possibilidade do

futuro profissional; • Colegiado institucional e colegiado de curso, na construção dos

processos formadores de profissionais em nível de graduação; • Objetivos, metodologia de ensino e avaliação da aprendizagem no

ensino superior; • Metodologia formal, dialética e técnicas de aprendizagem; • Projeto político pedagógico, plano de ensino e programa de

aprendizagem na organização curricular no Ensino Superior; • Professor reflexivo e professor pesquisador da própria prática; • Pesquisa qualitativa e colaborativa. (UNIVERSIDADE DO OESTE DE

SANTA CATARINA, 2004c, p. 13).

Conforme o próprio documento afirma, não se trata de um quadro teórico

simples ou aprendido de forma tranquila, “[...] uma vez que contradiz o atual senso

comum operante nas instituições de Ensino Superior, que acaba por qualificar para

exercer o magistério, profissionais com indiscutível competência técnica, nem

sempre acompanhada da necessária competência pedagógica.” (UNIVERSIDADE

DO OESTE DE SANTA CATARINA, 2004c, p. 13).

Na proposição do conteúdo a ser estudado pelos docentes, na dinâmica de

organização preconizada para o processo de profissionalização, percebem-se

diferenças marcantes no sentido de que envolvem desde a compreensão do

funcionamento da instituição, passando pela dinâmica dos projetos dos cursos até a

prática pedagógica desenvolvida em classe. A organicidade pretendida é, sem

dúvida, um dos aspectos definidores da pretendida inovação.

4.1.2.3 Público Participante

Conforme determinado no projeto participaram 100 professores, organizados

em dois grupos de trabalho, indicados pelos coordenadores de curso, havendo o

compromisso da Instituição em certificá-los no final do processo.

71

Tabela 2: Número de professores da Instituição versus número de professores que participaram das formações por ano de 2004/1 a 2005

ÁREA Professores Unoesc – base de dados 2004

Professores participantes capacitação continuada

2004 e 2005 ACET 44 15 ACBS 117 28 ACSA 88 28 ACHS 52 29 Total de participantes 100 Fonte: o autor.

A percepção do interesse dos professores pelo processo fica um pouco

prejudicada se for considerado que houve limitação do número de vagas. Os dados

apontam participação dos professores de todas as áreas. Nota-se, em relação aos

processos de formação dos anos anteriores, um crescimento da participação dos

professores da Área das Ciências Exatas e da Terra.

Gráfico 9: Percentual de professores que participaram e concluíram o Programa de Capacitação Continuada 2004/2 e 2005/1 Fonte: o autor.

4.1.2.4 Tempo/carga horária

Os encontros aconteceram de agosto de 2004 a fevereiro de 2005, com carga

horária de 4 horas mensais, perfazendo um total de 80 horas de trabalho por grupo.

A intenção seria oferecer aos participantes 200 horas de formação.

34,1%

23,9%31,8%

55,8%

ACET ACBS ACSA ACHS Áreas

72

Para a primeira etapa organizou-se um cronograma prevendo a oportunidade

de participação em dois turnos, com a mesma temática, com o objetivo de atender

aos profissionais que têm compromissos em outras instituições, conforme segue:

Mês/ano GT1 data – turno GT2 data – turno

Agosto 26 – tarde – 13h30min – 17h 26 – noturno

Setembro 20 – tarde – 13h30min – 17 h 20 – noturno

Outubro 28 – tarde – 13h30min – 17 h 28 – noturno

Novembro 11 – tarde – 13h30min – 17 h 11 – noturno

Dezembro 13 – tarde – 13h30min – 17 h 13 – noturno

Dezembro 14 – tarde – 13h30min – 17 h 14 – noturno

Dezembro 15 – tarde – 13h30min – 17 h 15 – noturno

Fevereiro 01 – tarde – 13h30min – 17 h 1 – noturno

Fevereiro 02 – tarde – 13h30min – 17 h 2 – noturno

Fevereiro 03 – tarde – 13h30min – 17 h 3 – noturno

Participantes 50 professores 50 professores

Carga horária Total 80h

Quadro 7: Cronograma Fonte: o autor.

Nesse processo desencadeado a partir do segundo semestre de 2004,

identificam-se como aspectos que podem ser evidenciados como promotores de

inovação o conteúdo, a forma de oferecimento e a carga horária. O primeiro tanto

em virtude de sua abrangência quanto pela especificidade que pode alcançar para

cada curso, considerando a inserção do professor com as questões do projeto

pedagógico e com as metodologias de ensino. O segundo e o terceiro aspectos pelo

movimento continuado de encontros e reflexões que promovem, uma vez que

mobilizam os professores também no período em que os encontros não acontecem.

Ainda nesse aspecto, cabe destacar a carga horária significativa dedicada à

reflexão e à construção de alternativas aos problemas da prática pedagógica. O

princípio da continuidade que caracteriza esse processo diferencia-o

significativamente das iniciativas promovidas pelo LEA e NEA.

73

4.1.3 Dimensão de análise: Contribuições do Programa de P rofissionalização

Continuada aos professores da Unoesc

Com o objetivo de verificar se houve mudanças na prática pedagógica dos

professores envolvidos no processo de formação, a partir das proposições do projeto

implementado, foram consultados 16 professores no sentido de avaliar as inovações

promovidas por meio da aplicação de um questionário.

4.1.3.1 Avaliação do processo, planejamento e metodologia

Quando consultados sobre as contribuições que o processo de formação

ofereceu com relação ao planejamento e às metodologias de ensino, os 11

professores pesquisados demonstraram grande aceitação e entusiasmo, conforme

constatado nas respostas dos entrevistados:

[...] houve melhoria na forma de planejar as aulas e na utilização de dinâmicas em sala de aula. (Professor 5). Os projetos tornaram-se mais educadores. Mudei minha prática totalmente. O uso das metodologias, a perda do medo de inovar os métodos. A preocupação com o aprendizado e não o de dar conta de um conteúdo. (Professor 6). [...] contribuiu na concepção de docência, no “repensar” as metodologias em sala de aula e no relacionamento com os alunos. (Professor 4). [...] as aulas passaram a ser melhor planejadas. (Professores 7, 8).

Os depoimentos apontam que os professores consideram que houve

contribuições de cunho diferenciadas, porém todas significativas para o contexto da

ação pedagógica no ensino superior. A preocupação com o planejamento aparece

como um dos pontos que podem ser destacados como producentes na organização

do trabalho desenvolvido.

Evidenciam, também, a oportunidade de reflexões mais amplas sobre os

processos do ensino e da aprendizagem, tais como:

74

[...] permitiu repensar que prática estava sendo efetivada enquanto professora. Esta ação inegavelmente me conduziu a mudanças de pensamento, análise crítica, habilidades cognitivas. (Professora 3). [...] contribuiu para uma lógica de organização curricular e uma postura metodológica mais dialética. (Professora 10).

Estudos fundamentados em Cunha (2002), Bazzo (2007), Leite (1999)

evidenciam que a maioria dos problemas de ensino relacionados com docentes está

ligado diretamente à área pedagógica. A questão da formação pedagógica é algo

fundamental e necessário para a qualidade do ensino. O fato de que boa parte dos

professores não teve acesso a uma formação pedagógica substantiva caracteriza

carência instrumental para o desenvolvimento das atividades de ensino.

Isso evidencia a necessidade de formação pedagógica e reforça a

importância da formação continuada. A universidade pesquisada, com a criação do

Programa de Formação Continuada, almejou desenvolver com os professores

situações nas quais estes sujeitos estivessem comprometidos com a qualidade de

ensino e a sua formação pedagógica.

Apesar dos 11 docentes questionados reconhecerem as mudanças

provocadas pela nova forma de capacitação para o exercício da ação docente, é

necessário salientar que tal formação constitui um processo dinâmico, com

possibilidade de aperfeiçoamento crescente. Desse modo, a formação continuada

consiste em propostas que visem à qualificação e à capacitação docente, a fim de

contribuir na ação pedagógica.

Os dados apontam, ainda, contribuições que impactaram o desempenho

docente com referência às estratégias aplicadas em sala de aula. Assim se

manifestaram:

Modifiquei a forma “isolada” das disciplinas ligando-as umas com as outras, conseguindo assim um melhor desempenho. (Professor 1). [...] minhas aulas eram mais expositivas, tipo palestras e agora eu utilizo muito mais as estratégias de ensinagem. (Professora 7).

Em se tratando das alterações de sua prática pedagógica em sala de aula,

esses professores comentaram que o novo modelo da capacitação também

possibilitou mudanças concernentes à avaliação. Observando a resposta de alguns

professores isso se confirmou:

75

[...] contribuiu na elaboração das provas, melhoria nas avaliações. (Professores 1 e 5). [...] o instrumento de avaliação passou a ser melhor estruturado e adequado, inclusive com formas diferenciadas. (Professora 7). [...] o que mais me ajudou foi na questão da avaliação. (Professora 10). [...] inegavelmente este processo conduziu a mudanças, dentre elas as formas de avaliação. (Professora 11).

Quando questionados sobre os aspectos inovadores inseridos em suas

práticas, a partir do processo de formação, os professores assim se manifestaram:

[...] permitiu analisar que prática estava sendo efetivada enquanto professora. (Professor 3). [...] levou, principalmente numa maior preocupação de significar o conteúdo para o aluno. (Professor 4). [...] Compreendi o que é ser profissional da educação. Que é diferente de dar aulas. Conheci como é trabalhar e construir saberes através do instrumento pedagógico. (Professor 6). [...] conheci mais aprofundado sobre o papel social da universidade, suas perspectivas paradigmáticas que necessitam de reflexões para que as práticas universitárias se modifiquem. (Professora 9).

Diante das contribuições expressas, percebeu-se a importância do programa

de Profissionalização Continuada, o qual possibilitou aos docentes refletir, avaliar,

reconstruir conceitos, reformular a sua prática pedagógica. Segundo Hargreaves (p.

114) “[...] eles não podem evocar novas práticas a partir do nada e transpô-las de

imediato do livro didático para a sala de aula. Os professores necessitam de

chances para experimentar.” Ficou evidente, também, que para os professores o

projeto de Profissionalização Continuada foi uma oportunidade de mudança na

forma de oferecimento da capacitação pedagógica, já que houve um destaque para

maior sistematização do processo de capacitação, interdisciplinaridade,

aprofundamento das questões pedagógicas e ênfase à formação do professor, o que

não ocorria na modalidade anterior.

Os professores foram questionados sobre se constataram diferenças entre a

formação oferecida nos anos de 1999 a 2004 e aquela oferecida nos anos

subsequentes. Os 11 professores da amostra afirmaram que perceberam diferenças.

As justificativas para as respostas foram as seguintes:

[...] acredito que por ter sido mais longo, pode abordar assuntos mais profundamente. Foi excelente! Aprendi muito. (Professor 2). [...] foi mais direcionado à formação do professor e com uma continuidade e objetivos definidos. (Professor 7).

76

[...] houve uma maior sistematização do processo de capacitação e maior aprofundamento das questões pedagógicas. (Professores 4 e 5). [...] acredito que esta capacitação foi decisiva em nos alertar de que deveríamos mudar nossa conduta, nos conduzindo a uma reflexão muito mais de corpo docente do que de membros. Anteriormente as participações eram isoladas, de um ou outro professor. (Professora 8). [...] o curso de formação continuada abriu nossos horizontes. Forneceu subsídios para atuar de forma mais sensível e segura. (Professora 10).

Para os professores, portanto, o Programa de Profissionalização Continuada

aqui analisado e referente ao período de agosto de 2004 a julho de 2005 foi um

momento de reflexão no próprio ambiente de trabalho, oferecendo a oportunidade de

interação, comunicação e cooperação, iniciando-se um processo de ação-reflexão-

ação.

Os coordenadores de curso quando questionados se esse processo de

formação pedagógica provocou mudanças na gestão, também se posicionaram. Dos

12 coordenadores de curso entrevistados, 11 argumentaram que houve alteração na

gestão pedagógica do seu curso, enfocando elementos positivos que ocorreram no

decorrer do processo e 1 disse que não.

Examinando as afirmações dos coordenadores percebeu-se que a partir

desse processo passaram a rever seus projetos pedagógicos:

[...] destacou em seu depoimento o seguinte: [...] através das capacitações pude aprimorar métodos e técnicas pedagógicas. (Coordenador 1). [...] fazendo com que repensemos a maneira de utilizar melhor as novas ferramentas de ensino. (Coordenador 2). [...] acredito que os coordenadores foram despertados para a mudança. (Coordenador 9). [...] as reuniões tornaram-se mais frequentes e discutem-se assuntos pertinentes. (Coordenador 5).

De acordo com Masetto (1998 apud CORTELLETTI, 2002, p. 23) “[...] os

cursos de graduação e trabalho dos docentes devem privilegiar não apenas o

processo de ensino, mas o processo de ensino aprendizagem, em que a ênfase

esteja presente na aprendizagem dos alunos e não na transmissão de

conhecimentos por parte dos professores.”

Segundo os coordenadores, houve aprimoramento de métodos e técnicas

pedagógicas no curso, por meio de atualizações no Projeto Pedagógico; o repensar

das maneiras de utilizar melhor as ferramentas de ensino e compreender a

77

importância do interdisciplinar e conhecer algumas estratégias para facilitar tal ação,

bem como o encaminhamento da análise a respeito da concepção de currículo.

O processo de Profissionalização para o docente foi um desafio dirigido para

a superação de um modelo de formação profissional/acadêmica, destinado a

contribuir para a construção de um novo processo que tomou como ponto de partida

o saber prático do professor, refletido à luz de fundamentos teóricos.

Todos os coordenadores foram questionados sobre a formação oferecida pelo

LEA/NEA/NAP de 1999 a 2005. Independente do período em que foi oferecido,

consideraram importante. As falas dos coordenadores evidenciam isso:

[...] todas as capacitações foram proveitosas, melhorando nos 3 últimos anos. (Coordenador 1). [...] importante, pois são como um laboratório de ideias. (Coordenador 5). [...] foram muito importantes, são necessários como momentos de reflexão e de própria formação. (Coordenador 4).

Examinando as afirmações dos coordenadores percebeu-se o desencadear

de uma mudança nesse sentido, e que a partir desse processo passaram a rever

seus projetos pedagógicos, planejar os semestres letivos com o colegiado do seu

curso, na tentativa de transformar as grades curriculares em matriz curricular.

Segundo Behrens (1998 apud CORTELLETTI, 2002, p. 23):

O processo para tornar o professor reflexivo sobre sua própria prática pedagógica requer encontros contínuos que possibilitem aos docentes colocar suas dificuldades, coletivizar seus êxitos, propor, discutir e aplicar metodologias inovadoras e avaliar novas experiências realizadas.

Nesse sentido, os coordenadores apontam nesta pesquisa que houve

alteração na prática pedagógica dos docentes participantes do processo de

Profissionalização, passando a uma docência baseada na aprendizagem,

transformando o aprender em aprender continuamente e refletindo sobre a

disciplina.

Esse formato de formação continuada se mostrou inovador e buscou

privilegiar o planejamento, as metodologias e o processo de avaliação dos

envolvidos, ampliando a preocupação com essas práticas pedagógicas. Desse

modo, procurou-se substituir a forma isolada de planejar por um modelo mais

78

integrativo de trabalho nas diversas disciplinas, com a proposição do uso de

estratégias variadas e avaliação mais abrangente.

Segundo os docentes que participaram do processo houve maior

sistematização pedagógica, com decisiva influência na reflexão da prática docente.

Muitos afirmaram que novos horizontes se delinearam, em uma interação positiva

entre os profissionais, com ampliação da comunicação entre os pares, em um

movimento de ação-reflexão-ação. A revisão dos PPPs dos cursos possibilitou que

os planejamentos fossem repensados e novas ferramentas de ensino fossem

propostas.

Considerando-se as palavras de Fullan (1991 apud HARGREAVES, 2002, p.

116):

[...] a mudança é um processo e não um evento, é reconhecer que a que tem características positivas envolve um aprendizado contínuo e, portanto, sempre tem um elemento intelectual. O tempo que é dedicado ao planejamento, à reflexão, e as oportunidades para fazê-lo com os colegas e com outras pessoas são elementos de apoio essenciais para um processo de mudança bem sucedida.

Esse programa também possibilitou aos docentes a oportunidade de refletir,

avaliar, reconstruir conceitos, reformular sua prática pedagógica, aprofundando

conhecimentos, avaliando as consequências da ação, buscando novas

possibilidades de desenvolver alternativamente a sua prática, por meio de processos

integrativos.

79

5 CONCLUSÃO

Esta pesquisa teve por objetivo analisar como a formação pedagógica dos

professores da Unoesc Campus de Joaçaba vinha ocorrendo desde a implantação

de uma estrutura na Universidade voltada ao atendimento dos docentes – o Núcleo

de Apoio Pedagógico (NAP). O recorte temporal, pautado na existência dessa

estrutura, compreende os anos de 1999 a 2005/1. A recolha de dados mais

detalhada considerou os anos de 2000 a 2005/1, para os quais foram encontradas

informações que permitiram uma análise, ainda que limitada, do processo então

ocorrido.

A hipótese inicial que sustentou a investigação pautou-se na ideia de que no

período de 2004/2 a 2005/1 foi implantado um programa diferenciado dos demais

anos, apontando para uma perspectiva de formação inovadora. Percebeu-se, nesse

sentido, que a formação ofertada aos docentes nos anos anteriores baseava-se em

encontros com formadores de diferentes instituições, com temáticas diversificadas,

sem que houvesse nenhum contato de planejamento ou discussão das propostas

como um todo. Não havia, portanto, articulação entre as ações, tampouco

acompanhamento do professor no retorno à sala de aula para averiguar em que

medida o processo ajudou na transformação do fazer pedagógico.

Constatado esse problema, a análise do trabalho realizado com os docentes

na Instituição pesquisada, no período de 2004/2 a 2005/1, revelou o início da quebra

de paradigmas da proposta de formação pedagógica dos professores participantes

do programa. Comparativamente ao que ocorria até então, a proposta implantada

diferenciou-se à medida que um único formador era responsável pela condução de

todo o processo. Esse, por sua vez, iniciou com o levantamento das necessidades

com os professores, em processo coletivo. A partir disso, programou-se a formação

definindo ações a serem desenvolvidas, temáticas a serem investigadas e as

possíveis contribuições desta para o fazer pedagógico em sala de aula.

A pesquisa mostrou, também, que no processo de formação pedagógica

ofertado no primeiro período predominou o formato de cursos, palestras, oficinas,

seminários e mesas-redondas, prevalecendo o formato de palestras. As

metodologias empregadas no período de 2000 a 2004/1, quando consideradas em

relação à formação oferecida anteriormente, revelam-se inovadoras do ponto de

80

vista da organização, das horas de formação bem como da periodicidade, pois

anteriormente não havia preocupação e organização sistemáticas. Quanto às

iniciativas desse período são comparadas ao processo de formação instituído em

2004/2, as diferenças mais evidentes ficam por conta da continuidade dos eventos,

do acompanhamento de um formador em todos os momentos do processo e da

cobrança no sentido de que houvesse uma aplicação em sala de aula das questões

metodológicas discutidas na formação. Assim, os encontros eram construídos com

uma carga horária na qual os docentes realmente eram instigados a participar e a

desenvolver determinadas atividades em prol da construção de uma perspectiva de

trabalho pedagógico.

A pesquisa evidenciou que a inovação pode ser visualizada na forma de

organização do processo, nos conteúdos estudados, nos objetivos propostos. A

articulação entre as etapas, entre professor formador e professores em formação, a

distribuição dos encontros e atividades pelo semestre letivo formaram o contexto de

inovação necessário a um trabalho de formação, efetivamente continuado. Ainda

que a maioria dos professores fossem horistas, que além de exercerem a sua

profissão de docentes exerciam outras funções, com isso, possuindo pouco tempo

para participar das reuniões ou encontros de formação pedagógica, a presença

ocorreu de modo satisfatório demonstrando compromisso com a formação. Essa

constatação ajuda a compreender, também, as dificuldades afetas ao tempo para o

planejamento da prática, questão de alta relevância para um fazer comprometido

com o desenvolvimento do projeto pedagógico de um curso.

Outra questão relevante que se evidencia nas falas dos participantes é a

importância de a universidade disponibilizar espaços e tempos institucionalizados

para pensar o fazer pedagógico. Revelam, dessa forma, a necessidade de manter

um setor organizado como era o NAP, com pessoas formadas no sentido de prestar

apoio aos professores de todas as áreas e cursos. Considera-se, pois, que a

formação pedagógica do professor é ponto fundamental para contribuir na qualidade

de ensino de uma instituição superior. E, para que o docente se desenvolva

profissionalmente, faz-se necessário que se mantenham os espaços com pessoas

habilitadas para essa orientação.

A descontinuidade das ações evidenciada nos processos instituídos nos

primeiros anos de trabalho efetivados no LEA e NEA demonstrou ser um dos pontos

fracos da formação pedagógica ofertada. Essa descontinuidade também pode ser

81

evidenciada quando se observa a troca frequente das pessoas à frente do processo.

Essa troca impossibilita a efetivação de um programa/projeto institucional e coloca

em evidência os projetos pessoais, ou seja, as ideias de cada um dos dirigentes que

estiveram em interação naquele espaço/tempo.

Embora marcado por grandes iniciativas, muitas mudanças internas e por ter

provocado, segundo o posicionamento dos pesquisados, mudanças na prática

pedagógica dos professores, mesmo assim o NAP deixou de existir no ano de 2007

na Unoesc Campus de Joaçaba. Em seu lugar foi criado um Programa de Formação

de Professores o qual agrega uma série de proposição de cursos, oficinas,

seminários, entre outros. A formação continuada dos professores passa a ser

gerenciada pelas coordenações de curso.

82

REFERÊNCIAS

ALVES, Mazzoti, A. J.; GEWANDSZNAJDER, F. O método nas Ciências Naturais e Sociais : pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira, 1998. ANASTASIOU, Lea das Graças Camargos; ALVES Leonir Pessate. Processos de ensinagem na universidade : pressupostos para as estratégias de trabalho em aula. Joinville: Ed. Univille, 2005. ANASTASIOU, L. G. C.; PIMENTA, S. G.; CAVALLET, V. J. Docência no ensino superior: construindo caminhos. In: SEVERINO, J.; FAZENDA, I. C. (Org.). Formação Docente, rupturas e possibilidades . Campinas: Papirus, 2002. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação . São Paulo: Moderna, 2001. BARDIN, L. Análise de Conteúdo . Lisboa: Edições 70, 2004. BAZZO, Vera Lúcia. Para onde vão as licenciaturas? A Formação de Professores e as Políticas Públicas. Educação , Santa Maria, v. 25, n. 1, 2000. ______. Constituição da Profissionalidade Docente na Educaç ão Superior : desafios e possibilidades. 2007. Tese (Doutorado em Educação)–Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, 2007. BEHRENS, Marilda Aparecida. A formação pedagógica e os desafios do mundo moderno. In: MASETTO, Marcos (Org.). Docência na Universidade . Campinas: Papirus, 2003. BENEDITO, A. V.; FERRER, V.; FERRERES, V. La formación universitária a debate . Barcelona: Publicaciones Universitat de Barcelona, 1995. BORBA, Amandia Maria de; LUZ Sueli Petry da. Formação Continuada para Docentes do Ensino Superior : apontamentos para novas alternativas pedagógicas, Itajaí: Ed. Univali, 2002. (Cadernos de Ensinos Formação Continuada). BRASIL. Lei n. 9.394 – Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, de 20 de dezembro de 1996. Brasília, DF, 1996.

83

CAMACHO, D. Movimentos sociais: algumas discussões conceituais : uma revolução no cotidiano? São Paulo: Brasiliense, 1987. CARBONELL, Jaime. Aventura de Inovar : Aventura da Escola. Porto Alegre: Artmed, 2002. CORTELLETTI, Ivonne Assunta; RIBEIRO, Liane Beatriz Moretto; STEDILE Nilva Lúcia Rech (Org.). Reflexão sobre a ação : uma estratégia de formação de professores em nível superior de ensino. Caxias do Sul: Educs, 2002. CUNHA, Maria Isabel et al. Ensinar e aprender : sujeitos, saberes e pesquisa. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. CUNHA, Maria Isabel. O bom professor e sua prática . Campinas: Papirus, 1989. CUNHA, Maria Isabel da. Aula universitária: inovação e pesquisa. In: LEITE, Denise; MOROSINI, Marilia (Org.). Universidade futuramente . Campinas: Papirus, 2002. DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa . Campinas: Autores Associados, 1995. FAZENDA, Ivani (Org.). Metodologia da Pesquisa Educacional . São Paulo: Cortez, 1997. FREIRE, Paulo. Educação e Mudança . São Paulo: Editora Paz e Terra S.A., 2001. ______. Pedagogia da Autonomia . Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1997. ______. Pedagogia do Oprimido . 11. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. GADOTTI, Moacir. Pedagogia da Terra . São Paulo: Peiropólis, 2000. GARCIA, Carlos Marcelo. Formação de professores : para uma mudança educativa. Porto: Porto editora, 1999.

84

GARCIA, Walter E. (Coord.). Inovação Educacional no Brasil : problemas e perspectivas. São Paulo: Cortez, 1980. GIMENO SACRISTÁN, J.; PÉREZ GÓMES, A. I. Compreender e transformar o Ensino . Porto Alegre: Artmed, 1998. GODOY, Arilda Schmidt. Introdução a pesquisa qualitativa e suas possibilidades. ERA, São Paulo, v. 30, n. 2, mar./abr.1995. HARGREAVES, Andy (Colab.). Aprendendo a mudar : o ensino para além dos conteúdos e da padronização. Porto Alegre: Artmed, 2002. KOSIK, Karel. Dialética do concreto . 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976. LAMPERT, Ernani. A Universidade e os novos paradigmas da ciência pós-moderna. In: LAMPERT, Ernani (Org.). Universidade na virada do século 21 : ciência, pesquisa e cidadania. Porto Alegre: Sulina, 1999. LAVILLE, C.; DIONNE, J. A construção do saber . Porto Alegre: Artes Médicas Sul; Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1999. LEITE, Denise; MOROSINI, Marília (Org.). Universidade Futurante : produção do Ensino e Inovação. Campinas: Papirus, 1997. LEITE, Denise (Org.). Pedagogia universitária : conhecimento, ética e política no ensino superior. Porto Alegre: Ed. Universidade; Ed.UFRGS, 1999. LOPES, P. R. C.; CALDERANO, M. A. (Org.). Formação de Professores no Mundo Contemporâneo : Desafios, Experiências e Perspectivas. Juiz de Fora: Ed. UFJF, 2006. LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação : abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MASETTO, Marcos T. Competência pedagógica do professor universitário . São Paulo: Summus, 2003. MASETTO, Marcos T. (Org.). Docência na Universidade . Campinas: Papirus, 1998.

85

MORAN, José Manuel; MASETTO, Marcos; BEHRENS, Marilda Aparecida. Novas Tecnologias e mediações pedagógicas . São Paulo: Papyrus, 2000. MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita : repensar a reforma, reformar o pensamento. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. ______. O Método 1 : natureza da natureza. Portugal: Europa América, 1997. MOROSINI, Marília Costa. Docência universitária e os desafios da realidade nacional. In: MOROSINI, M. C. (Org.). Professor do ensino superior : identidade, docência e formação. 2. ed. Brasília, DF: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, 2000. MOROSINI, Marília Costa et al. Enciclopédia da Pedagogia Universitária . Porto Alegre: Fapepgs; Ries, 2003. NÓVOA, Antonio (Coord.). Os professores e sua formação . 2. ed. Lisboa: Dom Quixote, 1995. OLIVEIRA, Maria Marly de. Como fazer pesquisa qualitativa . Petrópolis: Vozes, 2007. PERRENOUD, Philippe. A prática reflexiva no ofício de professor : profissionalização e razão pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2002. PIMENTA, Selma Garrido; ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos. Docência no ensino superior . São Paulo: Cortez, 2002. PORTO, Yeda da Silva. Formação continuada: a prática pedagógica recorrente In: MARIN, Alda Junqueira (Org.). Educação continuada : reflexões alternativas. Campinas: Papirus, 2000. QUELUZ, Ana Gracinda (Org.). Educação sem fronteiras . São Paulo: Pioneira, 1996. RICCI, Rudá. Vinte anos de reformas educacionais . Disponível em: <www.portalcpp.com.br>. Acesso em: 14 fev. 2006.

86

RIOS, Terezinha Azeredo. Ética e Competência . São Paulo: Cortez, 2004. ROTEIRO, Joaçaba: Ed. Unoesc, v. 36, n. 46, p. 81-91, jul./dez. 2001. SANTOS, Lucíola Lecínio de Castro Paixão. Dimensões pedagógicas e políticas da formação contínua. In: VEIGA, Ilma Passos A. (Org.). Caminhos da profissionalização do magistério . Campinas: Papirus, 1998. SCHERER-WARREN, Ilse; KRISCHKE, Paulo J. Uma Revolução do Cotidiano? Os novos movimentos sociais na América do Sul. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1987. SLEMEIAN, Andréa (Org.). Encontro Nacional de didática e prática de ensino- conferência, mesas-redondas e simpósios . Vozes, 1998. TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional . 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais : a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA. Planejamento e Diretrizes para a Extensão na Unoesc . Joaçaba: Ed. Unoesc, 2004a. ______. Planejamento Estratégico – 1999 a 2010 . Joaçaba: Ed. Unoesc, 1999. ______. Plano de Desenvolvimento do Ensino de Graduação . Joaçaba: Ed. Unoesc, 2002. ______. Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI. Joaçaba: Ed. Unoesc, 2004b. ______. Projeto de Profissionalização Continuada dos Docent es da Unoesc-Joaçaba . Profa. Dra. Léa das Graças de Camargos Anastasiou, 2004c. ______. Projeto Pedagógico Institucional – PPI. Joaçaba: Ed. Unoesc, 2009.

87

______. Regimento da Unoesc . Joaçaba: Ed. Unoesc, 2005. ______. Regimento do Núcleo de Apoio Pedagógico , 2001. ______. Unoesc em números . Joaçaba, 1999. Apostila. ______. Unoesc em números . Joaçaba, 2000. Apostila. ______. Unoesc em números . Joaçaba, 2001. Apostila. ______. Unoesc em números . Joaçaba, 2002. Apostila. ______. Unoesc em números . Joaçaba, 2003. Apostila. ______. Unoesc em números . Joaçaba, 2004. Apostila. ______. Unoesc em números . Joaçaba, 2005. Apostila. VASCONCELOS, Maria Lúcia Marcondes Carvalho. A formação do professor do Ensino Superior . 2. ed. São Paulo: Pioneira, 2000. ______. Contribuindo para a formação de professores universitários: relatos de experiência. In: MASETTO, Marcos (Org.). Docência na Universidade . Campinas: Papirus, 1998. VEIGA, Vilma Passos Alencastro; CASTANHO, Maria Eugênia (Org.). Pedagogia Universitária : a aula em foco. São Paulo: Papirus, 2000. ZABALZA, Miguel A. O ensino universitário : seu cenário e seus protagonistas. Porto Alegre: Artmed, 2004. WACHOWICZ, Lílian Anna. A interdisciplinaridade na universidade . Curitiba: Champagnat, 1998.

88

APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA

1. Qual era o objetivo do LEA, NEA.

2. Como era formada a equipe.

3. Como era organizado o processo de Capacitação Docente?

4. Que temas eram escolhidos.

5. Como era oferecida a capacitação?

6. Quais os critérios para a escolha dos palestrantes?

7. Era feito um acompanhamento pedagógico ao docente, quem fazia?

8. Você acompanhou o processo de capacitação até o presente ano? Até

quando? Constata elementos diferenciados entre as capacitações anteriores

e o processo de profissionalização 2004/2 e 2005?

9. Após o processo de profissionalização continuada você pode perceber

algumas mudanças pedagógicas por parte dos professores? Pode citar em

quê?

10. Faça comentários complementares.

89

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO PROFESSORES

1. Dados de Identificação

Tempo de experiência no magistério superior: ...............................................

Tempo de experiência docente na Unoesc Campus de Joaçaba: ...................

2. Formação Acadêmica:

Nível superior em: ................................................. Ano de conclusão: .........

Especialização em: ............................................... Ano de conclusão: .........

Mestrado em: ........................................................ Ano de conclusão: .........

Doutorado: ............................................................. Ano de conclusão: .........

3. Docência:

Cursos em que leciona: ......................................................................................

Carga horária: ( ) horista ( ) parcial ( ) integral

4. Você participou dos cursos de Profissionalização Continuada oferecidos pelo NAP

nos anos 1999 a 2005?

( ) sim ( ) não ( ) alguns

5. Você tomou conhecimento dessa capacitação através:

( ) do convite pelo coordenador do curso

( ) do convite pelo NAP

( ) por interesse próprio

( ) outro

6. Sua participação se deu por:

( ) interesse profissional

( ) cumprimento legal (benefício da gratificação incentivo a docência)

( ) outros: ............................................................................................................

90

7. Dos palestrantes abaixo relacionados, assinale em quais cursos, palestras ou

oficinas você participou:

Ano – 1999

( ) Aristides Cimadon

( ) Kátia Frizzo

( ) Zenilde Durli

( ) Carmen Agostini

( ) Roseli Moterle

Ano – 2000

( ) Metodologia do Ensino Superior – Aristides Cimadon

( ) Teorias da Aprendizagem – Kátia Frizzo e Gilsara Barbosa

( ) Tecnologias Educacionais – Zenilde Durli

( ) Elaboração de Provas – Aristides Cimadon

Ano – 2001

( ) Desafios da Universidade no Contexto sócio econômico atual – Néri dos Santos

( ) Orientações Metodológicas para elaboração de Artigos Científicos – Joviles

Trevisol

( ) Aula universitária em foco - Sérgio Castanho e Maria Eugênia Castanho

( ) Docência e Pedagogia Universitária – Sérgio e Maria Eugênia Castanho.

( ) Competências: da aprendizagem centrada no aluno ao desenvolvimento de

saberes escolares – Maristela R. Knauth

( ) Avaliação da Aprendizagem – Celso Vasconselos

Ano – 2002

( ) Saberes, habilidades, competências: implicações para o ensino – Mônica

Ribeiro

( ) Ensino e pesquisa uma vinculação necessária – Antonio Severino

( ) Maria Lúcia Vasconselos

91

( ) Os processos de Ensino na perspectiva da Inovação paradigmática – Maria

Izabel da Cunha

( ) Metodologia do Ensino Superior – Léa das Graças Camargos Anastasiou

Ano – 2003

( ) A pesquisa no cotidiano escolar – Lucídio Biancheti

( ) Avaliação- Vasco Moretto

( ) Gestão por Competências – Néri dos Santos

( ) O Ensino superior e a Formação para o trabalho – Acácia Kuenzer

( ) Lea das Graças C. Anastasiou (início da Profissionalização).

8. Baseado nas capacitações oferecidas nos anos de1999 a 2003, você pode

pontuar as contribuições percebidas em seu desempenho?

.........................................................................................................................

.........................................................................................................................

.........................................................................................................................

.........................................................................................................................

9. Esse modelo levou a alterações da sua prática pedagógica em sala de aula?

Comente: .........................................................................................................

.........................................................................................................................

.........................................................................................................................

.........................................................................................................................

10. No segundo semestre do ano de 2004 o NAP iniciou um programa de Formação

Continuada. Você conseguiu visualizar algumas mudanças das capacitações

oferecidas anteriormente, ou seja, no período de 1999 ao 1º semestre de 2004?

Comente: .........................................................................................................

.........................................................................................................................

.........................................................................................................................

.........................................................................................................................

92

11. Você modificou a sua prática pedagógica com as reflexões oportunizadas neste

Programa de Formação?

( ) sim ( ) não

Justifique: .........................................................................................................

93

APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO COORDENADORES DE CURSO

1. Dados de identificação:

Coordenado(a) de curso de : ____________________________________________

Tempo de universidade: ________________________________________________

Tempo de coordenação: ________________________________________________

Participou dos cursos oferecidos pelo NAP ( ) sim ( ) não ( ) outra

2. Houve alteração na gestão pedagógica do seu curso, após o processo de

Profissionalização Continuada? ( ) sim ( ) não ( ) outra

Justifique: ______________________________________________________________

______________________________________________________________________

3. No seu curso houve ou há um estudo frente aos novos desafios docentes de

flexibilização do currículo?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

4. Houve alteração na prática pedagógica dos docentes que participaram do

processo de profissionalização, passando de uma docência baseada no

ensino para a docência baseada na aprendizagem?

______________________________________________________________________

Assinale em que apresentam mudanças:

( ) transforma o aprender em aprender continuamente.

( ) assume compromisso com os alunos.

( ) reflete sobre a disciplina.

( ) aprofunda conhecimentos sobre aprendizagem e estratégias.

( ) compromete-se com o perfil desejado do curso.

( ) possui uma concepção mais interdisciplinar

( ) atua como orientador e facilitador da aprendizagem.

( ) organiza,divulga, facilita a aprendizagem disponibilizando um

acompanhamento através das novas tecnologias.

94

5. No seu ponto de vista foram importantes os momentos de participação nos

processos de profissionalização mediados pelos LEA, NEA E NAP, no período

compreendido de 1999 a 2005?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

6. Quanto ao tempo organizado para essa intervenção, foi o suficiente para

desencadear processos de ação/reflexão; reflexão/ação e mudança na prática

pedagógica?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

95

ANEXO A – AUTORIZAÇÃO

PESQUISA: A FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DESENVOLVIDA PELO NÚCLEO DE APOIO PEDAGÓGICO DA UNOESC CAMPUS DE JOAÇABA, NA PERSPECTIVA DE UMA PROPOSTA DE PROFISSIONALIZAÇÃO CONTINUADA PARA OS DOCENTES: FORMAÇÃO INOVADORA?

PESQUISADORA: Noemia Maria Bonamigo Pizzamiglio

Esta pesquisa tem por objetivo investigar a trajetória da formação docente da

Unoesc Campus de Joaçaba, oferecida através do NAP entre os anos de 2000 e

2005.

Para a efetivação do estudo serão realizados questionários destinados aos

professores das quatro áreas, aos coordenadores de curso e entrevista aos

coordenadores do LEA e NEA.

As entrevistas realizadas serão gravadas e a seguir transcritas pela

pesquisadora, sendo posteriormente apresentadas para a aprovação dos

entrevistados.

O anonimato das participantes está garantido já que as entrevistas não

mencionarão nome e não serão publicadas na íntegra. Apenas algumas citações

poderão ser utilizadas na redação final, sem que seu autor venha a ser identificado.

A pesquisa tem finalidade acadêmica e destina-se à elaboração da

Dissertação de Mestrado da pesquisadora para a obtenção do título de Mestre em

Educação pela Universidade do Oeste de Santa Catarina, sob a orientação da Dra.

Lea das Graças Camargos Anastasiou.

Declaro ter sido informado das finalidades e do desenvolvimento da pesquisa

e que concordo em participar da mesma. Tenho ciência de que poderei recusar-me

a responder a qualquer pergunta, e que posso negar-me a participar do estudo.

Assinatura do participante Assinatura do pesquisado

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo