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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
ALINE BRAUNSPERGER OCAMPO MOREacute
DIREITO DOS ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
UMA ANAacuteLISE COMPARATIVA ENTRE O ORDENAMENTO BRASILEIRO E
PORTUGUEcircS
Florianoacutepolis
2020
ALINE BRAUNSPERGER OCAMPO MOREacute
DIREITO DOS ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
UMA ANAacuteLISE COMPARATIVA ENTRE OORDENAMENTO BRASILEIRO E
PORTUGUEcircS
Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado
ao Curso de Graduaccedilatildeo em Direito da
Universidade do Sul de Santa Catarina como
requisito parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de
Bacharel em Direito
Orientadora Prof Andreia Catine Cosme Msc
Florianoacutepolis
2020
ALINE BRAUNSPERGER OCAMPO MOREacute
DIREITO DOS ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
UMA ANAacuteLISE COMPARATIVA ENTRE OORDENAMENTO BRASILEIRO E
PORTUGUEcircS
Este Trabalho de Conclusatildeo de Curso foi
julgado adequado agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de
Bacharel em Direito e aprovado em sua forma
final pelo Curso de Graduaccedilatildeo em Direito da
Universidade do Sul de Santa Catarina
Florianoacutepolis 20 de novembro de 2020
______________________________________________________
Professora e orientadoraAndreia Catine Cosme Msc
Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________
Prof Nome do Professor titulaccedilatildeo
Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________
Prof Nome do Professor titulaccedilatildeo
Universidade do Sul de Santa Catarina
TERMO DE ISENCcedilAtildeO DE RESPONSABILIDADE
DIREITO DOS ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
UMA ANAacuteLISE COMPARATIVA ENTRE OORDENAMENTO BRASILEIRO E
PORTUGUEcircS
Declaro para todos os fins de direito que assumo total responsabilidade pelo aporte
ideoloacutegico e referencial conferido ao presente trabalho isentando a Universidade do Sul de
Santa Catarina a Coordenaccedilatildeo do Curso de Direito a Banca Examinadora e o Orientador de
todo e qualquer reflexo acerca deste Trabalho de Conclusatildeo de Curso
Estou ciente de que poderei responder administrativa civil e criminalmente em caso
de plaacutegio comprovado do trabalho monograacutefico
Florianoacutepolis 20 de novembro de 2020
____________________________________
ALINE BRAUNSPERGER OCAMPO MOREacute
Dedico o presente trabalho aos meus pais e
orientadora pelo carinho afeto dedicaccedilatildeo
cuidado e preocupaccedilatildeo diaacuterios que me
aguentaram e reergueram dia apoacutes dia na
jornada tortuosa que minha vida tomou A forccedila
que me dispensaram assim como abdicaccedilotildees
para me possibilitar seguir a diante e alcanccedilar o
que em muitos momentos achei impossiacutevel
Serei eternamente grata por tudo
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiro a minha Famiacutelia pelo esforccedilo investido na minha educaccedilatildeo e por ter
me mantido na trilha natildeo permitido que eu desviasse ou desistisse do meu sonho para com o
curso de Direito quando no meio de um turbilhatildeo de duacutevidas provindas da minha sauacutede unida
ao atual estado que vivemos da pandemia do COVID-19 me apoiando e reerguendo dia apoacutes
dia durante este projeto de pesquisa me conduzindo ateacute o final
Sou extremamente grata agrave minha orientadora pela confianccedila depositada no meu projeto
no momento que me tomou como orientanda que como ela mesma afirmou durante este
semestre me herdou para orientaccedilatildeo me incentivando me motivando com sua dedicaccedilatildeo
sempre presente para que eu pudesse alcanccedilar o objetivo de entregar o TCC da forma mais
digna me dando palavras de apoio consolo e sabedoria a cada etapa
Deixo ainda um agradecimento aos meus amigos de perto e de longe que escutavam
meus lamentos minhas angustias e temores em relaccedilatildeo ao temor de natildeo entregar um trabalho a
altura a importacircncia do tema
Tambeacutem quero agradecer agrave Universidade do Sul de Santa Catarina UNISUL assim
como a todos os professores que fizeram parte dessa louca jornada acadecircmica que foi o curso
de direito nestes quatro anos que se seguiram com empenho e elevada qualidade de ensino
oferecido assim como entendendo e aceitando minhas peculiaridades no transcorrer destes
anos
ldquoSou a favor do direito dos animais como o direito dos humanos Esse eacute o
caminho de um ser humano completordquo Abraham Lincoln
RESUMO
O estudo aqui proposto possui como base central fazer uma anaacutelise comparativa entre o direito
dos animais natildeo humanos dentro do campo legislativo brasileiro e portuguecircs no contexto
histoacuterico e no cenaacuterio atual Para tanto foi utilizado o meacutetodo monograacutefico comparativo de
abordagem dedutiva por meio de pesquisas bibliograacuteficas e documentais analisando as leis
projetos de lei a Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 Suacutemulas CoacutedigosCivis
CoacutedigosPenais Coacutedigos de Processo Penal Tratados Internacionais Convenccedilotildees
Internacionais doutrinas julgados e jurisprudecircncias dos dois paiacuteses Tendo como objetivo geral
compor uma linha de anaacutelise de direito comparado para tentar descobrir se haacute uma evoluccedilatildeo no
campo dos direitos dos animais natildeo humanos dentro dos sistemas normativos brasileiro e
portuguecircs Portanto a presente pesquisa visa responder agrave pergunta se aacute uma evoluccedilatildeo das leis
brasileiras quando comparadas as leis portuguesas sobre o tocante do direito dos animais natildeo
humanos Chegando agrave conclusatildeo que o Brasil se encontra um tanto estagnado neste assunto
quando comparado a Portugal se tratando da evoluccedilatildeo dos direitos dos animais natildeo humanos
dentro do seu sistema normativo
Palavras-chave Direito brasileiro dos animais Direito portuguecircs dos animais Bem-estar
animal Direito comparado
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 9
2 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA 12
21 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS 12
22 LEGISLACcedilAtildeO PAacuteTRIACONTEMPORAcircNEA 15
23 ANAacuteLISE SOBRE A LEI 2172019 DO MUNICIacutePIO DE CURITIBANOSSC 21
24 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 722020 DE PENHASC 22
25 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 552017 DE PROIBICcedilAtildeO DE USO DE ANIMAIS EM
TESTES DE COSMEacuteTICOS 22
26 JULGADOS SOBRE A GUARDA ANIMAL E PROJETOS LEIS 24
3 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA 29
31 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS 29
32 LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA CONTEMPORAcircNEA 32
33 ANAacuteLISE LEI Nordm 9295 37
34 ANAacuteLISE IMPLEMENTACcedilAtildeO LEI Nordm 392020 39
35 JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO HUMANOS EM PORTUGAL40
4 COMPARACcedilAtildeO DAS LEGISLACcedilOtildeES BRASILEIRA E PORTUGUESA 44
41 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO HISTOacuteRICO 45
42 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO CONTEMPORAcircNEO 47
43 COMPARATIVO DOS JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO
HUMANOS BRASIL X PORTUGAL 51
44 UM COMPARATIVO ENTRE LEIS ESPECIAIS 52
5 CONCLUSAtildeO 55
REFEREcircNCIAS 57
9
1 INTRODUCcedilAtildeO
O presente trabalho monograacutefico foi desenvolvido com o intuito de trazer um compilado
de legislaccedilotildees normas jurisprudecircncias julgados e doutrinas por uma seleccedilatildeo qualitativa em
relaccedilatildeo ao direito dos animais natildeo humanos numa comparaccedilatildeo entre o estado legal do Brasil e
Portugal De forma que a pesquisadora optou por apresentar os dados mais relevantes e
marcantes sobre o tema como ferramenta de seleccedilatildeo da mesma forma que trouxe leis estaduais
e municipais de Santa Catarina por ser o local de desenvolvimento fiacutesico e moradia da mesma
Sendo este trabalho baseado no meacutetodo de abordagem dedutivo meacutetodo de
procedimento comparativo e teacutecnicas de pesquisa bibliograacutefica e documental abordando uma
pesquisa de direito comparado de documentos entre as legislaccedilotildees brasileira e portuguesa em
conjunto com a apresentaccedilatildeo e anaacutelise de algumas doutrinas julgados e projetos de leidos dois
paiacuteses sobre o tema Busca assim estudar e analisar a evoluccedilatildeo legal dos direitos dos animais
natildeo humanos pelo vieacutes comparativo das legislaccedilotildees brasileira e portuguesa De maneira a buscar
resolver a questatildeo ldquoQuais os contrastes evolutivos dos direitos dos animais natildeo humanos no
ordenamento brasileiro em comparaccedilatildeo com a legislaccedilatildeo de Portugalrdquo
O objetivo geral deste trabalho deste trabalho compor uma linha de anaacutelise da evoluccedilatildeo
dos paracircmetros legaisconstitucionais dos animais natildeo humanos entre os supracitados
ordenamentos e como objetivos especiacuteficos de apresentar a evoluccedilatildeo histoacuterica normativa entre
os dois paiacuteses apresentar o estado atual das legislaccedilotildees dos dois paiacuteses identificar dentro de
suas legislaccedilotildees algumas jurisprudecircncias o incremento no tratamento juriacutedico dispensado aos
animais natildeo humanos assim comocomparar a atual legislaccedilatildeo brasileira perante a portuguesa
no tocante do direito dos animais natildeo humanos
Justifica-se a seleccedilatildeo deste tema como base para estudo pela crescente luta para a
conquista de direitos individuais e coletivos na contemporaneidade onde se tem combatido
diversos entendimentos legais no campo legal brasileiro renovando valores conhecimentos
ateacute a proacutepria consciecircncia sobre a participaccedilatildeo inclusatildeo e relevacircncia dos animais natildeo humanos
dentro das unidades familiares convivecircncia social e ateacute sua abrangente inclusatildeo no mercado de
trabalho De maneira que o avanccedilo legal comparada no Brasil e Portugal instigou a curiosidade
da pesquisadora perante os novos aspectos constitucionais e no campo do direito e a eminente
importacircncia da compreensatildeo da aplicabilidade e hermenecircutica das leis projetos de leis e de
emendas constitucionais conjunto com o conhecimento arguido pela pesquisadora durante os
anos em que cursou a graduaccedilatildeo em medicina veterinaacuteria onde a importacircncia do maior
reconhecimento destes direitos lhe ficou clara onde a relevacircncia do tema para o contexto
10
contemporacircneo da sociedade dentro dos atuais e futuros julgados em funccedilatildeo dos diversos
debates que tem gerado dentro e fora dos tribunais acerca do tema dos direitos da capacidade
ateacute da guarda e tutela dos animais natildeo humanos
Este trabalho esperase apresentar como uma fonte de pesquisa incentivo reanaacutelise e
com o intuito de instigar novos posicionamentos juriacutedicocriacuteticos sobre o cenaacuterio atual da
participaccedilatildeo dos animais natildeo humanos dentro da sociedade possibilitando uma nova
consciecircncia para com o tema demonstrando os obstaacuteculos legais que ainda temos pela frente
quando em comparaccedilatildeo com o mesmo cenaacuterio portuguecircs
No segundo capiacutetulo deste trabalho eacute apresentada a evoluccedilatildeo histoacuterica da legislaccedilatildeo do
sistema normativo julgados e projetos de lei desde o primeiro relato em lei a favor do direito
dos animais natildeo humanos dentro do sistema normativo brasileiro passando pela constituiccedilatildeo
de 1988 decretos lei o Coacutedigo Civil (CC) o Coacutedigo de Processo Civil (CPC) o Coacutedigo Penal
(CP) a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro da constituiccedilatildeo e coacutedigos nacionais
leis municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma abrangente
anaacutelise sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do
territoacuterio brasileiro
No terceiro capiacutetulo deste trabalho se apresenta a evoluccedilatildeo histoacuterica da legislaccedilatildeo do
sistema normativo e julgados desde o primeiro relato em lei a favor do direito dos animais natildeo
humanos dentro do sistema normativo portuguecircs passando por decretos lei o Coacutedigo Civil
(CC) o Coacutedigo de Processo Civil (CPC) o Coacutedigo Penal (CP) Coacutedigo de Processo Penal
(CPP) a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro dos coacutedigos nacionais oacutergatildeos
reguladores dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do territoacuterio portuguecircs leis e licenccedilas
municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma abrangente anaacutelise
sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do territoacuterio
portuguecircs
No quarto capiacutetulo deste trabalho se apresenta um anaacutelise comparativa sobre a evoluccedilatildeo
histoacuterica das legislaccedilotildees de seus sistemas normativos e julgados desde os primeiros relatos
regimentais a favor do direito dos animais natildeo humanos dentro de seus sistemas normativos
passando por decretos lei o Coacutedigo Civil o Coacutedigo de Processo Civil o Coacutedigo Penal Coacutedigo
de Processo Penal a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro dos coacutedigos nacionais
leis e licenccedilas municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma
11
abrangente anaacutelise sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos de
forma comparativa dentro do territoacuterio brasileiro e portuguecircs
12
2 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA
Neste capiacutetulo tem-se como objetivo trazer de forma sucinta a evoluccedilatildeo histoacuterica no que
tange o direito dos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo do Brasil trazendo para isto as proacuteprias
leis assim como relatos bibliograacuteficos sobre o tema
21 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
O primeiro relato normativo brasileiro direcionado aos direitos dos animais natildeo
humanos no dia 6 de outubro de 1886 no Coacutedigo de Posturas do Municiacutepio de Satildeo Paulo que
trouxe no seu artigo 220 a primeira norma de proibiccedilatildeo de crueldade contra animais natildeo
humanos ldquoEacute proibido a todo cocheiro ou condutor de carroccedila maltratar animais com castigos
baacuterbaros e imoderados disposiccedilatildeo essa que se aplica aos ferradoresrdquo sendo assim um marco
inicial histoacuterico nacional para a luta por estes direitos(SAtildeO PAULO 1886)
Jaacute no tangente de legislaccedilatildeo na esfera nacional somente no dia 10 de julho de 1934
ocorreu o primeiro registro normativo visando a algum tipo de proteccedilatildeo perante os animais natildeo
humanos o Decreto Lei nordm 24645 oficializado por Getuacutelio Vargas definindo a
responsabilidade do Estado de tutelar todos os animais existentes trazendo ainda a primeira
sansatildeo em relaccedilatildeo aos matildeos tratos em seu artigo 2ordm ldquoAquele que em lugar puacuteblico ou privado
aplicar ou fizer aplicar maus-tratos aos animas incorreraacute em multa de 20$000 a 500$000 e na
pena de prisatildeo celular de 2 a 15 dias quer o delinquente seja ou natildeo o respectivo proprietaacuterio
sem prejuiacutezo da accedilatildeo civil que possa caberrdquo tendo sido o rompimento de uma fronteira em
relaccedilatildeo agrave compreensatildeo da vedaccedilatildeo aos matildeos tratos de forma direta ou indireta praticando ou
fazendo praticar sendo ou natildeo proprietaacuterio do animal natildeo humano de forma a demonstrar que
todos os animais natildeo humanos merecem respeito trazendo ainda em seus paraacutegrafos a
possibilidade de maiores sanccedilotildees como ateacute a apreensatildeo ou confisco do animal natildeo humano que
for alvo de qualquer tipo de maus-tratos em seu artigo 14 ainda busca pela primeira vez
penalizar aquele que causa a morte destes oferecendo pena em dobro se a este ponto chegar ou
for reincidente de acordo com o artigo 15 como tambeacutem a quem cabe sua aplicaccedilatildeo pelo artigo
12 atribuindo tal encargo a poliacutecia ou autoridade municipal cabendo esta se verificar a
gravidade do delito vale constar o sect3ordm no mesmo artigo ldquoOs animais seratildeo assistidos em juiacutezo
pelos representantes do Ministeacuterio Puacuteblico seus substitutos legas e pelos membros das
sociedades protetoras dos animaisrdquo reforccedilando a responsabilidade do Estado perante a garantia
13
dos direitos dos animais natildeo humanos No transcorrer de seus artigos o Decreto caracteriza o
que se enquadra como crueldade no seu artigo 3ordm como ao exemplo dos seus incisos XVI
XVIII XXI e XXV
XVI -fazer viajar um animal a peacute mais de 10 quilocircmetros sem lhe dar descanso ou
trabalhar mais de 6 horas contiacutenuas sem lhe dar aacutegua e alimento
XVIII - conduzir animais por qualquer meio de locomoccedilatildeo colocados de cabeccedila para
baixo de matildeos ou peacutes atados ou de qualquer outro modo que lhes produza sofrimento
XXI - deixar de ordenhar as vacas por mais de 24 horas quando utilizadas na
explorado do leite
XXV - engordar aves mecanicamente (BRASIL 1934)
Este decreto trouxe pela primeira vez regulamentaccedilotildees nacionais perante os animais natildeo
humanos no tangente laboral humano sendo reforccedilado tal posicionamento pelo texto dos
artigos 4ordm a 8ordm onde regula-se a utilizaccedilatildeo dos animais natildeo humanos em veiacuteculos ou outras
formas em que se faccedila utilizar a traccedilatildeo animal Jaacute no seu artigo 13 traz a primeira proibiccedilatildeo
direta ao abandono de animal ainda traz ressalvado em seu artigo 19 a revogaccedilatildeo de qualquer
tipo de ordenamento ao contraacuterio do que o Decreto Lei expressa Mesmo sendo uma grande
evoluccedilatildeo para o direito dos animais natildeo humanos em relaccedilatildeo ao que o paiacutes tinha ateacute entatildeo o
artigo 17 ainda define animal como seres irracionais sem que a eles se apresente nenhum tipo
de possibilidade de compreensatildeo (BRASIL 1934)
Somente 7 anos depois em 03 de outubro de 1941 com a ediccedilatildeo da Lei das
Contravenccedilotildees Penais pelo Decreto Lei nordm 3688 o artigo 64 trouxe penas de prisatildeo e multa
ali ainda descrita em ldquoreacuteisrdquo
Art 64 Tratar animal com crueldade ou submetecirc-lo a trabalho excessivo
Pena ndash prisatildeo simples de dez dias a um mecircs ou multa de cem a quinhentos mil reacuteis
sect1ordm Na mesma pena incorre aquele que embora para fins didaacuteticos ou cientiacuteficos
realiza em lugar puacuteblico ou exposto ao puacuteblico experiecircncia dolorosa ou cruel em
animal vivo
sect2ordm Aplica-se a pena com aumento de metade se o animal eacute submetido a trabalho
excessivo ou tratado com crueldade em exibiccedilatildeo ou espetaacuteculo puacuteblico (BRASIL
1941)
Desta forma buscando pela primeira vez colocar limites normativos natildeo soacute para os
animais natildeo humanos utilizados para atividades laborativas mas tambeacutem no que se trata o uso
cientiacutefico destes assim como seu uso para exibiccedilatildeo e divertimento de animais humanos
(BRASIL 1941) Somente no dia 8 de maio de 1979 com a Lei Federal nordm 6638 seria retomado
o tema do uso cientiacutefico dos animais natildeo humanos de forma regulamentada normatizando os
bioteacuterios os centros de experiecircncias e demonstraccedilotildees dos animais natildeo humanos assim como
14
regulamentando o uso dos animais natildeo humanos para testes cliacutenicos medicamentosos dentre
outros teacutecnica esta conhecida como vivissecccedilatildeo assim como desde que por meio de indicaccedilatildeo
meacutedica permitindo a eutanaacutesia ou sacrifiacutecio animal pelos artigos 1ordm a 4ordm da presente Lei
trazendo em seus artigos subsequentes sanccedilotildees penais e interditoacuterias para todo aquele que a lei
desobservar assim como traz em seu artigo 8ordm a revogaccedilatildeo de quaisquer leis que a ela
contrariarem (BRASIL 1979)
O Superior Tribunal de Justiccedila decidiu na data de 31 de dezembro de 1969 por meio da
Suacutemula nordm 91 que ldquoCompete a Justiccedila Federal processar e julgar os crimes praticados contra a
faunardquo onde decidiu por arcar agrave Justiccedila Federal o julgamento relativo aos crimes cometidos
sobre a fauna brasileira tendo sido cancelada a Suacutemula em questatildeo na Sessatildeo do Superior
Tribunal de Justiccedila na data de 08 de novembro de 2000 da 3ordf seccedilatildeo sobre o nuacutemero de pauta
de julgamento LEGJUR 103326350091500 Desta forma com o cancelamento da Suacutemula nordm
91 do STJ acabou por ficar sobre a competecircncia reconhecida dos estados a competecircncia para
processar e julgar os crimes cometidos contra a fauna ressalvando se o dito crime se efetivar
sobre casos do crime ter sido realizado sobre fauna reconhecidamente de bem federal o
cancelamento da Suacutemula em questatildeo tambeacutem acarretou na suspenccedilatildeo do disposto no artigo 89
da Lei 900995 (BRASIL 2020)
A datar do dia 03 de janeiro de 1967 surgiu mais uma importante ferramenta para a
garantia dos direitos dos animais natildeo humanos com a promulgaccedilatildeo da Lei Federal nordm 5197 o
Coacutedigo de Caccedila sendo imprescindiacutevel a observaccedilatildeo de seu artigo 1ordm
Os animais de quaisquer espeacutecies em qualquer fase do seu desenvolvimento e que
vivem naturalmente fora do cativeiro constituindo a fauna silvestre bem como seus
ninhos abrigos e criadouros naturais satildeo propriedade do Estado sendo proibida a sua
utilizaccedilatildeo perseguiccedilatildeo destruiccedilatildeo caccedila ou apanha (BRASIL 1967)
Protegendo de maneira incontestaacutevel a fauna nativa brasileira garantindo a diversidade
a continuidade e a sobrevivecircncia de todos os tipos de animais natildeo humanos poreacutem ainda
permitindo em seus paraacutegrafos que hajam peculiaridades regionais para a permissatildeo agrave caccedila
Contudo veda completamente a comercializaccedilatildeo ou exportaccedilatildeo de qualquer forma de animais
natildeo humanos da fauna natural brasileira assim como de seus frutos em seus artigos 3ordm e 18
Trazendo sanccedilotildees penais para todos aqueles que descumprirem seus artigos nos artigos 27 a
31 e contemplando como autoridades responsaacuteveis pela fiscalizaccedilatildeo e aplicabilidade de tais
sanccedilotildees as mesmas indicadas no Coacutedigo de Processo Penal (CPP) de acordo com o seu artigo
15
32 assim como trazem pela primeira vez a inafianccedilabilidade dos crimes contra animais natildeo
humanos pelo seu artigo 34 (BRASIL 1967)
Jaacute por outro vieacutes no dia 31 de agosto de 1981 por meio da publicaccedilatildeo da Lei Federativa
nordm 6938 com a denominaccedilatildeo de A Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente os animais natildeo
humanos assim como seu habitat natural receberam uma grande melhoria nos seus direitos
assim como traz o artigo 15 ldquoO poluidor que expuser a perigo a incolumidade humana animal
ou vegetal ou estiver tornando mais grave a situaccedilatildeo de perigo existente fica sujeito agrave pena de
reclusatildeo de 1 (um) a 3 (trecircs) anos e multa de 100 (cem) a 1000 (mil) MVRrdquo findando a
primeira vedaccedilatildeo expressa por objeto normativo agrave poluiccedilatildeo que traga malfeitorias aos animais
natildeo humanos (BRASIL 1981)
22 LEGISLACcedilAtildeO PAacuteTRIACONTEMPORAcircNEA
No Brasil os animais comeccedilaram a ser considerados como dignos de direitos
constitucionais somentecom a promulgaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 em seu artigo 225 de
forma a condenar a crueldade contra os animais mesmo que ainda deixando uma lacuna em
seu sect7ordm
sect 7ordm Para fins do disposto na parte final do inciso VII do sect 1ordm deste artigo natildeo se
consideram crueacuteis as praacuteticas desportivas que utilizem animais desde que sejam
manifestaccedilotildees culturais conforme o sect 1ordm do art 215 desta Constituiccedilatildeo Federal
registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimocircnio cultural
brasileiro devendo ser regulamentadas por lei especiacutefica que assegure o bem-estar
dos animais envolvidos (BRASIL 1988)
No supracitado artigo ainda se pode ler sobre os direitos alcanccedilados pelos animais natildeo
humanos na constituiccedilatildeo federativa de 1988 onde garante agrave todos um meio ambiente
equilibrado qualidade de vida sendo de obrigaccedilatildeo tanto do poder puacuteblico quanto da
coletividade garantir defender preservar estes direitos para as presentes e futuras geraccedilotildees
para tanto aponta a necessidade de preservar a diversidade e integridade do patrimocircnio geneacutetico
do Brasil e sempre fiscalizando aqueles que com este material lida assim como a necessidade
de controlar a produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de teacutecnicas e produtos que sejam
potencialmente ou confirmadamente prejudiciais ou que gerem risco agrave vida ou sua qualidade
assim como para o meio ambiente demonstrando tambeacutem a indispensabilidade de poliacuteticas de
16
educaccedilatildeo ambiental disseminada por todos os niacuteveis educacionais para a preservaccedilatildeo do meio
ambiente (BRASIL 1988)
Da mesma forma prevecirc a obrigaccedilatildeo de defender a fauna e flora vedando expressamente
praacuteticas que as coloquem em risco sua funccedilatildeo ecoloacutegica que poderiam gerar extinccedilatildeo de
espeacutecies ou mesmo que submetam animais natildeo humanos a qualquer niacutevel de crueldade Deve-
se lembrar que tambeacutem traz a possibilidade de sanccedilotildees para aqueles pessoa fiacutesica ou juriacutedica
que violar estes direitos ora visto a fauna e flora nacional eacute caracterizada como patrimocircnio
nacional(BRASIL 1988)
Eacute de suma importacircncia observar que tal artigo soacute fez-se constar na constituiccedilatildeo de 1988
apoacutes a proclamaccedilatildeo da Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Animais feita pela UNESCO no ano
de 1978 No corpo do texto percebe-se a existecircncia do direito dos animais em funccedilatildeo aos crimes
e desprezo cometidos contra os animais natildeo humanos em funccedilatildeo de uma coexistecircncia saudaacutevel
entre as espeacutecies no mundo jaacute que satildeo seres semelhantes como consta no preacircmbulo da mesma
declaraccedilatildeo (UNESCO 1978) Faz-se necessaacuterio citar alguns de seus artigos ldquoARTIGO 1
Todos os animais nascem iguais diante da vida e tecircm o mesmo direito agrave existecircnciardquo
demonstrando um posicionamento ao menos legal em relaccedilatildeo agrave igualdade e existecircncia dos
animais natildeo humanos como tambeacutem o artigo 2
a) Cada animal tem direito ao respeito b)O homem enquanto espeacutecie animal
natildeo pode atribuir-se o direito de exterminar os outros animais ou exploraacute-los
violando esse direito Ele tem o dever de colocar a sua consciecircncia a serviccedilo dos outros
animais c)Cada animal tem direito agrave consideraccedilatildeo agrave cura e agrave proteccedilatildeo do homem
(UNESCO 1978)
Onde traz obrigaccedilatildeo normativa de respeito dos animais humanos perante os animais natildeo
humanos manifestando o dever agrave consideraccedilatildeo e consciecircncia do primeiro em relaccedilatildeo ao
segundo vedando a exploraccedilatildeo dos mesmos da mesma maneira os artigos 4 e 5
ARTIGO 4 a) Cada animal que pertence a uma espeacutecie selvagem tem o direito de
viver livre no seu ambiente natural terrestre aeacutereo e aquaacutetico e tem o direito de
reproduzir-se b)A privaccedilatildeo da liberdade ainda que para fins educativos eacute contraacuteria
a este direito
ARTIGO 5 a)Cada animal pertencente a uma espeacutecie que vive habitualmente no
ambiente do homem tem o direito de viver e crescer segundo o ritmo e as condiccedilotildees
de vida e de liberdade que satildeo proacuteprias de sua espeacutecie b)Toda a modificaccedilatildeo imposta
pelo homem para fins mercantis eacute contraacuteria a esse direito(UNESCO 1978)
De forma a demonstrar aqui o direito agrave uma vida livre em ambiente adequado e propiacutecio
agrave reproduccedilatildeo garantindo assim a continuidade da fauna ldquoARTIGO 7 Cada animal que trabalha
17
tem o direito a uma razoaacutevel limitaccedilatildeo do tempo e intensidade do trabalho e a uma alimentaccedilatildeo
adequada e ao repousordquo revelando que os animais natildeo humanos assim como os humanos tem
direito de uma jornada digna de trabalho sem que com isso sejam explorados mais do que eacute
aceitaacutevel para uma vida adequada agraves suas condiccedilotildees fiacutesicas ldquoARTIGO 10 Nenhum animal
deve ser usado para divertimento do homem A exibiccedilatildeo dos animais e os espetaacuteculos que
utilizem animais satildeo incompatiacuteveis com a dignidade do animalrdquo expressando nitidamente que
os animais natildeo humanos natildeo satildeo brinquedos posse objeto para divertimento dos animais
humanos ora ponto serem animais que merecem respeitoagrave sua dignidade ldquoARTIGO 11 O ato
que leva agrave morte de um animal sem necessidade eacute um biociacutedio ou seja um crime contra a
vidardquo findando esta citaccedilatildeo pela clara declaraccedilatildeo de expressa vedaccedilatildeo ao assassinato dos
animais natildeo humanos sem que para isso haja um motivo vaacutelido e plenamente
justificaacutevel(UNESCO 1978)
Assim como Bruno Amaro Lacerda traz em sua obra Pessoa Dignidade e Justiccedila a
questatildeo dos direitos dos animais Eacutetica e Filosofia Poliacutetica animais natildeo humanos estatildeo em um
conviacutevio iacutentimo com os animais humanos de forma a em muitos casos criando viacutenculos afetivos
como um membro ativo no meio familiar ao ponto de ateacute ocorrerem lides em relaccedilatildeo a sua
tutela Da mesma forma quando se pensa sobre o que tange o ramo laboral os animais natildeo
humanos em muito foram e satildeo necessaacuterios para a continuidade de vaacuterias categorias de trabalho
(LACERDA 2012)
Eacute imperioso lembrar que no sistema normativo paacutetrio os animais natildeo humanos jaacute foram
considerados como coisas e tendo sua caracterizaccedilatildeo posteriormente alterada para bens
semoventes pelo Coacutedigo Civil ldquoArt 82 Satildeo moacuteveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio
ou de remoccedilatildeo por forccedila alheia sem alteraccedilatildeo da substacircncia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-
socialrdquo (BRASIL 2002)
Sobre o tema a classificaccedilatildeo juriacutedica dos animais natildeo humanos dentro do campo
normativo brasileiro Heron Santana Gordilho (2006) trata em seu trabalho ao apresentar o
fundamento moral da correta compreensatildeo das caracteriacutesticas e correta classificaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos para se romper os paradigmas atuais da caracterizaccedilatildeo dos animais natildeo
humanos comeccedila com uma reformulaccedilatildeo da proacutepria consciecircncia humana por se tratar nada
mais do que um padratildeo de compreensatildeo exclusivamente humano ora que se eacute haacutebil de notar
aos animais natildeo humanos a presenccedila de caracteriacutesticas tanto fiacutesicas quanto mentais que muito
se assemelham as apresentadas pelos animais humanos como se pode observar no trecho
retirado de sua obra
18
As ciecircncias empiacutericas tecircm descoberto habilidades linguiacutesticas nos grandes primatas
que acabaram por ter significativas implicaccedilotildees na teoria moral ao demonstrar que a
doutrina tradicional que vecirc a espeacutecie humana como seres ontologicamente distintos
dos animais eacute fundamentalmente falsa e inconsistente (GORDILHO 2006 p54)
Uma vez que segundo o Gordilho os animais natildeo humanos satildeo capazes de possuir
alguma razatildeo expondo que ldquoA diferenccedila especiacutefica do homem em relaccedilatildeo aos animais residiria
no fato de que apenas o homem tem conhecimento de si mesmo apenas ele eacute um ser pensante
pois sua realidade eacute idecircntica agrave sua idealidaderdquo (GORDILHO 2006 P 53) sem que para tanto
deixasse de constar que mesmo os animais humanos por muitas vezes vem a natildeo ter tal
capacidade diferenciadora (GORDILHO 2006)
Mesmo o artigo 82 natildeo tendo sofrido alteraccedilatildeo entre o Coacutedigo de Processo Civil de 2002
e o de 2015 o tratamento juriacutedico relativo aos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo vigente a
discussatildeo e hermenecircutica do supracitado artigo sofreu alteraccedilotildees em virtude de serem capazes
de sentir dor tornando-se assim como seres viventes o que nitidamente se difere de coisa como
apontado por Haydeeacute Fernanda Cardoso em 2007 ao questionar aquela que era a classificaccedilatildeo
dos animais natildeo humanos agrave sua eacutepoca
Natildeo se pode ver como coisa seres viventes pois tais elementos mostram a existecircncia
de vida natildeo apenas no plano moral e psiacutequico mas tambeacutem bioloacutegico mecacircnico como
podem alguns preferir e vice-versa
O conhecimento juriacutedico-dogmaacutetico hoje encontra-se ultrapassado natildeo apenas em
funccedilatildeo de animais considerados inteligentes mas sim em funccedilatildeo de seres sencientes
capazes de sentir cada um a seu modo e de individualizarem-se estabelecendo
relaccedilotildees sociais entre si ou com humanos constituindo-se velado e inadequado o
tratamento dispensado inclusive mostrando-se incompatiacutevel com os proacuteprios fins
deste Direito ldquoatualrdquo de eacutetica invertida [] (CARDOSO 2007 p 132)
Na mesma obra Cardoso ainda discute sobre a possibilidade dos animais natildeo humanos
de serem aptos a possuir personalidade juriacutedica algo que na contemporaneidade vem-se sendo
alvo de diversas discussotildees no paracircmetro das lides juriacutedicas em virtude da proteccedilatildeo conferida
aos animais humanos e sua comparaccedilatildeo para com os direitos concedidos aos animais natildeo
humanos assim como a proacutepria evoluccedilatildeo desta personalidade em relaccedilatildeo aos seres humanos
historicamente falando como podemos observar pelas palavras da Autora
Assim que em dados momentos sua compreensatildeo natildeo abrangeu seres humanos
considerados escravos ou mesmo crianccedilas embora se reconhecesse entes morais (as
corporaccedilotildees) que apesar do elemento humano que guardam recebiam proteccedilatildeo em
funccedilatildeo do direito patrimonial enquanto natildeo se reconhecia a homens individuais de
modo a garantir-lhes necessidades primitivas mantedoras da vida digna direitos
humanos fundamentais
Hoje conferimos proteccedilatildeo a todos os homens ainda que suas faculdades mentais natildeo
sejam plenas ainda que natildeo tenham capacidade racional ou mesmo consciecircncia ainda
19
que seus atributos mentais estejam limitados agrave mera resposta a estiacutemulos baacutesicos como
a dor ou a fome mas ainda assim natildeo sendo capazes de expressar qualquer desejo
que seja mesmo simples desejo de comer natildeo sejam capazes de se comunicar ainda
que apenas por gestos sendo a comunicaccedilatildeo demanda expressatildeo volitiva e
ultrapassando o limite das palavras Conferimos tambeacutem proteccedilatildeo a homens que natildeo
sabem falar porque entendemos que tecircm outras maneiras de se expressar mesmo que
sejam limitados no atributo da fala E a todos esses protegemos natildeo como coisas mas
sim como pessoas porque satildeo semelhantes a noacutes []
Portanto natildeo eacute a capacidade racional e cognitiva ou mesmo a fala requisito de uma
personalidade juriacutedica ateacute porque os animais possuem as duas primeiras segundo
provado por outras ciecircncias possuindo inclusive consciecircncia (CARDOSO 2007 p
133)
Em 12 de fevereiro de 1998 foi promulgada a Lei nordm 9605 tratando sobre os crimes
contra o meio ambiente trazendo de forma direta o impedimento a vaacuterios embargos relativas
aos animais natildeo humanos assim como transcreve-se aqui no artigo 29 ldquoMatar perseguir caccedilar
apanhar utilizar espeacutecimes de fauna silvestre nativos ou em rota migratoacuteria sem a devida
permissatildeo licenccedila ou autorizaccedilatildeo da autoridade competente ou em desacordo com a
obtida[]rdquo nos artigos que se seguem continuam a se tratar das vedaccedilotildees tanto no que se fala
das proibiccedilotildees relativas agrave fauna brasileira quanto a fauna estrangeira sem deixar de tratar dos
animais natildeo humanos de longa pratica de domesticaccedilatildeo como catildees e gatos assim como no
artigo 32 sect1ordm onde transporta as penas quando o crime eacute praticado contra catildees e gatos Ainda
penaliza os que geram danos por meio de poluiccedilatildeo e com isso reflitam negativamente em
relaccedilatildeo aos animais natildeo humanos como descrito no ser artigo 54 (BRASIL 1998)
Ainda quando se trata de direitos dos animais como um todo natildeo se pode deixar de
constar a Lei nordm 11126 de 27 de junho de 2005 posteriormente alterada e devidamente
motivada a aplicabilidade pela Lei nordm 13146 de 2015 sobre o acesso de catildees-guias agrave locais
puacuteblicos como se lecirc em seu artigo 1ordm redigido
Eacute assegurado agrave pessoa com deficiecircncia visual acompanhada de catildeo-guia o direito de
ingressar e de permanecer com o animal em todos os meios de transporte e em
estabelecimentos abertos ao puacuteblico de uso puacuteblico e privados de sua coletivo desde
que observadas as condiccedilotildees impostas por esta Lei (BRASIL 2015a)
Onde outrora devido a um texto inespeciacutefico natildeo se fazia cumprir a Lei de forma correta
ao deixar lacunas em sua interpretaccedilatildeo vez que somente dissertava por permitir a entrada e
permanecircncia em transportes e locais puacuteblicos e privados de uso coletivo mas natildeo trazendo a
generalidade e especificidade de tais locais de maneira a por muitas vezes ter esse direito
negado obrigando que a Lei de 2015 revisasse e desse nova redaccedilatildeo aos artigos 1ordm e seu
paraacutegrafo 2ordm da Lei de 2005 (BRASIL 2015a)
20
A luta pelos direitos dos animais natildeo satildeo apenas uma funccedilatildeo legislativa o que fica
demonstrado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) que em 2019 ofertou pela primeira vez uma
disciplina de direito dos animais para seus alunos regulares assim como a comunidade em geral
em conjunto com o Grupo de Estudos sobre os Direitos Animais e Interseccionalidades como
foi noticiado pela proacutepria instituiccedilatildeo em seu canal de notiacutecias em 29 de julho do mesmo ano em
mateacuteria de Carolina Pires(PIRES 2019)
O Brasil ainda tem muito o que evoluir no tocante dos direitos dos animais natildeo humanos
comeccedilando pela exploraccedilatildeo pela ciecircncia assim como Laerte Fernando Levai lembra ao citar
uma passagem de Maria Lacerda de Moura em sua obra Civilizaccedilatildeo ndash Tronco de Escravos
publicado em 1931 mas que de nada se difere da realidade atual
Natildeo compreendo a vivissecccedilatildeo a natildeo ser como um deliacuterio de perversidade inominaacutevel
nem chego a ver a vantagem da embriaguez cientiacutefica que potildee milhares de cobaias e
catildees e qualquer espeacutecie de animal agrave mercecirc dos cientistas [] vaidosos de fazer sofrer
os ldquomaacutertires da ciecircnciardquo em nome de um princiacutepio ou de uma descoberta ou de uma
pesquisa ou dos problemaacuteticos benefiacutecios daiacute resultantes para todo o gecircnero humano
[] O homem continuaraacute a descer sempre bem para baixo de todos os siacutemios na sua
maldade de criatura civilizada para estimular todas as virulecircncias desde as guerras
ateacute o prazer satacircnico de martirizar os animais em nome do humanitarismo ciacutenico A
crueldade nunca poderaacute ser um caminho para o aperfeiccediloamento humano A ciecircncia
natildeo se adquire com crueldade Se a fisiologia natildeo pode se adiantar sem infligir
horriacuteveis torturas aos animais indefesos eacute melhor que a fisiologia fique onde estaacute A
humanidade pode progredir sem a fisiologia poreacutem natildeo poderaacute progredir sem a
piedadeMoura (MOURA 1932 apud LEVAI 2012)
Vale constar que em Santa Catarina no dia 22 de dezembro de 2003 por meio da Lei
Estadual nordm 12854 ficou instituiacutedo o Coacutedigo Estadual de Proteccedilatildeo aos Animais pelo seu artigo
2ordm e seus incisos fica por vedar a agressatildeo causar sofrimento de qualquer espeacutecie a animais
sejam silvestres domeacutesticos ou que se possam domesticar nativos ou exoacuteticos afim de
garantir-lhes plenas condiccedilotildees de existecircncia assim como criar animais em locais inapropriados
como lixeiras ou enclausurados sem deixar de citar a expressa vedaccedilatildeo ao abandono de animais
domeacutesticos Ainda tratando sobre as atribuiccedilotildees da lei como da fauna exoacutetica normatizando
os animais natildeo humanos usados para traccedilatildeo veicular tambeacutem trazendo as regras estaduais para
transporte seguro dos animais natildeo humanos como seu abate sem esquecerdas diretrizes para
animais de laboratoacuterios experimentados nos centros de pesquisa ou instituiccedilotildees de educaccedilatildeo
que deveratildeo ser devidamente registrados e certificados para possibilitar a devida fiscalizaccedilatildeo
seja por meio de relatoacuterios como prevecirc o artigo 19 seja pela obrigaccedilatildeo de presenccedila de
profissionais habilitados sempre que forem ser realizados experimentos de vivissecccedilatildeo como
descrito no sect2ordm do artigo 20 (SANTA CATARINA 2003)
21
23 ANAacuteLISE SOBRE A LEI 2172019 DO MUNICIacutePIO DE CURITIBANOSSC
No acircmbito das legislaccedilotildees contemporacircneas brasileiras haacute uma lei promulgada em
2019 onde eacute observado um claro retrocesso no tangente deste tema Em Curitibanos Santa
Catarina no ano de 2019 foi proposta e posta em circulaccedilatildeo a Lei Complementar de nordm
2172019 sob o nome de ldquoInstitui o Coacutedigo de Proteccedilatildeo e Bem-estar animal no acircmbito do
municiacutepio de Curitibanos e daacute outras providecircnciasrdquo a qual traz uma proibiccedilatildeo taacutecita de cuidar
alimentar proporcionar fonte de aacutegua para animais que vivem nas ruas como se pode observar
na subseccedilatildeo II do catildeo comunitaacuterio
Art 11 Fica reconhecida a figura do catildeo comunitaacuterio sendo o animal sem proprietaacuterio
ou tutor identificado e que estabelece com a comunidade em que vive laccedilos de
dependecircncia e de manutenccedilatildeo embora natildeo possua responsaacutevel uacutenico e definido
Art 12 O acesso a aacutegua alimentaccedilatildeo cuidados com a sauacutede higiene e demais atos
necessaacuterios agrave preservaccedilatildeo do bem-estar dos catildees comunitaacuterios natildeo poderatildeo ser
realizados em vias de circulaccedilatildeo passeio praccedilas e demais ambientes puacuteblicos
(CURITIBANOS 2019)
Jaacute na parte de penalizaccedilotildees da mesma Lei em seu Capiacutetulo IV DAS INFRACcedilOtildeES
E PENALIDADES caracterizam que aquele que infringe tal proibiccedilatildeo ocorre em infraccedilatildeo de
natureza meacutedia onde tambeacutem consta maus-tratos ao animal tutelado como se observa em seu
artigo 34 inciso II e suas aliacuteneas
Art 34 Constitui infraccedilatildeo contra as normas de bem-estar dos animais domeacutesticos ou
domesticados a inobservacircncia de qualquer preceito desta lei ou da legislaccedilatildeo
complementar ficando o infrator sujeito agraves penalidades e medidas administrativas
previstas nos artigos 30 e 31 desta Lei Complementar conforme o caso aleacutem das
demais puniccedilotildees legalmente previstas
II - Constitui-se infraccedilatildeo de natureza meacutedia
a) A exposiccedilatildeo contiacutenua do animal ao sol chuva calor e frio e em caso de
confinamento enclausuraacute-los em espaccedilos uacutemidos sem ventilaccedilatildeo
b) Privar o animal de aacutegua limpa e potaacutevel e alimento adequado e em abundacircncia em
recipientes limpos
c) Exercitaacute-los de maneira excessiva e sem descanso adequado
d) Utilizar o animal em situaccedilotildees de enfrentamento fiacutesico entre animais da mesma
espeacutecie ou de espeacutecies diferentes em locais puacuteblicos ou privados
e) Disponibilizar alimentaccedilatildeo e aacutegua em vias de circulaccedilatildeo passeio praccedilas e demais
ambientes puacuteblicos (CURITIBANOS 2019)
De forma a demonstrar um claro regresso nas conquistas alcanccediladas em relaccedilatildeo aos
direitos dos animais natildeo humanos vez que reduz a capacidade de bem-estar animal de ser
repartida com a sociedade aumentando os encargos do estado para com os animais natildeo
22
humanos que se encontram em situaccedilatildeo de abandono e descaso vivendo sem as devidas
condiccedilotildees sanitaacuterias nutricionais de seguranccedila e bem-estar nas vias puacuteblicas sem que para
tanto apresente uma contrapartida do Municiacutepio para garantir que os cuidados vetados agrave
particulares sejam repassados aos entes puacuteblicos apenas reduzindo drasticamente as chances
de alcance de condiccedilotildees mais dignas a sua sobrevivecircncia miacutenima (CURITIBANOS 2019)
24 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 722020 DE PENHASC
A Cacircmara Municipal de Penha Santa Catarina aprovou do dia 17 de agosto de
2020 de forma unanime um projeto de lei que entre seus artigos traz uma passagem que traz
a proibiccedilatildeo para os cachorros de latir trazendo como penalidade aos seus tutores em caso de
descumprimento uma multa no valor de R$ 2300000 A dita lei trata da perturbaccedilatildeo do
sossego enquadrando os animais natildeo humanos em seu art 2ordm II d
Art2ordm Para os efeitos desta lei aplicam-se as seguintes definiccedilotildees
[] II ndash PERTURBACcedilAtildeO DO SOSSEGO
[] d) provocando ou natildeo procurando impedir barulho produzido por animal que tem
guarda(PENHA 2020)
Eacute notoacuterio constar o eminente risco de se cair em maus-tratos animais para a garantia
do cumprimento da citada lei seja pelo uso de equipamentos anti-latidos que causam dor ou
mauestar ao animal seja pelo corte das cordas vocais dos cachorros ou mesmo sob as puniccedilotildees
aos animais natildeo humanos aplicadas em caso de desobediecircncia agrave norma jaacute que os cachorros satildeo
seres independentes alheios do domiacutenio humano Assim como afirma a advogada Ana Selma
Moreira ldquoO que me deixa temerosa em relaccedilatildeo a essa proposta eacute que esse tipo de dispositivo
coloca os animais em risco de maus-tratos e violaccedilatildeo dos direitos fundamentaisrdquo demonstrando
a temeridade da jurista em relaccedilatildeo ao risco que a lei ocasiona (MOREIRA 2020)
25 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 552017 DE PROIBICcedilAtildeO DE USO DE ANIMAIS EM
TESTES DE COSMEacuteTICOS
No dia 9 de outubro de 2020 foi aprovado no Plenaacuterio da Assembleia Legislativa o
Projeto de Lei de autoria do deputado Joatildeo Amin que tem por objetivo proibir o uso de animais
natildeo humanos em testes par a produccedilatildeo de produtos de beleza de higiene pessoal perfumes e
23
cosmeacuteticos em Santa Catarina O proacuteximo passo para a implementaccedilatildeo do Projeto de Lei eacute o
encaminhamento para sanccedilatildeo do Governo do Estado de Santa Catarina sobre esta fase o autor
do Projeto de Lei escreveu ldquoEspero que o governo estadual sancione e regulamente este projeto
que eacute muito importante para proteccedilatildeo dos animais Nossa intenccedilatildeo eacute impedir o uso
indiscriminado de animais em testes situaccedilatildeo que pode ser evitada com uma seacuterie de
alternativasrdquo (FLORIANOacutePOLIS 2020) demonstrando assim a relevacircncia da sanccedilatildeo desta lei
para a garantia do bem-estar dos animais natildeo humanos
No presente Projeto de Lei natildeo soacute se apresenta a necessidade da vedaccedilatildeo do uso dos
animais natildeo humanos no que tange os testes para a produccedilatildeo de cosmeacuteticos perfumes e
assemelhados como tambeacutem descreve de forma qualitativa a caracterizaccedilatildeo destes bens de
consumo para a devida garantia de que a lei caso seja aprovada pelo Governo Estadual seja
devidamente cumprida dentro dos seus objetivos ao exemplo de dizer que tais bens satildeo
preparaccedilotildees constituiacutedas de substacircncias naturais ou sinteacuteticas de uso externo no corpo dos
animais humanos como pele mucosas cabelo unhas dentes dentre outros para com o
objetivo esteacutetico higiecircnico proteccedilatildeo ou ainda odorizaccedilatildeo corporal ressalvando como excluiacutedos
da proposta de lei os medicamentos por meio de emenda substitutiva apresentada pelo relator
Jair Miotto (FLORIANOacutePOLIS 2020)
Outra medida dentro do Projeto de Lei para a garantia do eficaz cumprimento deste eacute a
instituiccedilatildeo de penalidades ao estabelecimentos de pesquisa profissionais ou anaacutelogos que
descumprirem as diretrizes levantadas no presente Projeto de Lei com penalidades progressivas
para multas e demais sanccedilotildees para tanto a instituiccedilatildeo de multa miacutenima de R$ 500000 (cinco
mil reais) podendo chegar ateacute o valor de R$ 1000000 (dez mil reais) sem contar juros e
correccedilotildees monetaacuterias segundo os iacutendices oficiais regularmente estabelecidos estabelecendo
ainda que em caso de reincidecircncia a multa podendo ser dobrada natildeo impedindo se somar a
multa a suspensatildeo temporaacuteria ou definitiva do alvaraacute de funcionamento da instituiccedilatildeo
(FLORIANOacutePOLIS 2020)
Jaacute enquanto sobre as puniccedilotildees relativas aos profissionais que descumprirem a lei esta
se daraacute por multa no valor miacutenimo de R$ 100000 (mil reais) podendo chegar ateacute o valor de R$
500000 (cinco mil reais) sem contar juros e correccedilotildees monetaacuterias segundo os iacutendices oficiais
regularmente estabelecidos com multa dobrada para casos de reincidecircncia estabelecendo ainda
puniccedilotildees para pessoas fiacutesicas sem excluir aquelas que sejam detentoras de funccedilatildeo puacuteblica civil
ou militar incluindo ainda instituiccedilotildees ou estabelecimentos de ensino organizaccedilotildees sociais ou
ainda quaisquer outras pessoas juriacutedicas indiferente de serem com ou sem fins lucrativos
puacuteblicos ou privados que vierem a descumpri os termos da lei (FLORIANOacutePOLIS 2020)
24
26 JULGADOS SOBRE A GUARDA ANIMAL E PROJETOS LEIS
A 4ordf Turma do STJ definiu por maioria de votos no dia 19 de junho de 2018 ser possiacutevel
a regulamentaccedilatildeo judicial de visitas a animais natildeo humanos de estimaccedilatildeo apoacutes a separaccedilatildeo de
casais que viviam em uma uniatildeo estaacutevel onde o Ministro Relator Luis Felipo Salomatildeo apontou
como se observa na ementa do caso
RECURSO ESPECIAL DIREITO CIVIL DISSOLUCcedilAtildeO DE UNIAtildeO ESTAacuteVEL
ANIMAL DE ESTIMACcedilAtildeO AQUISICcedilAtildeO NA CONSTAcircNCIA DO
RELACIONAMENTO INTENSO AFETO DOS COMPANHEIROS PELO
ANIMAL DIREITO DE VISITAS POSSIBILIDADE A DEPENDER DO CASO
CONCRETO 1 Inicialmente deve ser afastada qualquer alegaccedilatildeo de que a discussatildeo
envolvendo a entidade familiar e o seu animal de estimaccedilatildeo eacute menor ou se trata de
mera futilidade a ocupar tempo desta Corte Ao contraacuterio eacute cada vez mais recorrente
no mundo da poacutes- modernidade e envolve questatildeo bastante delicada examinada tanto
pelo acircngulo da afetividade em relaccedilatildeo ao animal como tambeacutem pela necessidade de
sua preservaccedilatildeo como mandamento constitucional (art 225sect1 inciso VII ndash ldquoproteger
a fauna e a flora vedadas na forma da lei as praacuteticas que coloquem em risco sua
funccedilatildeo ecoloacutegica provoquem a extinccedilatildeo de espeacutecies ou submetam os animais a
crueldaderdquo) 2 O Coacutedigo Civil ao definir a natureza juriacutedica dos animais tificou-os
como coisas e por conseguinte objetos de propriedade natildeo lhes atribuindo a
qualidade de pessoas natildeo sendo dotados de personalidade juriacutedica nem podendo ser
considerados sujeitos de direitos Na forma da lei civil o soacute fato de o animal ser tido
como de estimaccedilatildeo recebendo afeto da entidade familiar natildeo pode vir a alterar a
substacircncia a ponto de converter a sua natureza juriacutedica 3 No entanto os animais de
companhia possuem valor subjetivo uacutenico e peculiar aflorando sentimentos bastante
iacutentimos em seus donos totalmente diversos de qualquer outro tipo de propriedade
privada Dessarte o regramento juriacutedico dos bens natildeo se vem demonstrando suficiente
para resolver de forma satisfatoacuteria a disputa familiar envolvendo os pets visto que
natildeo se trata de simples discussatildeo atinente agrave posse e agrave propriedade 4 Por sua vez a
guarda propriamente dita ndash inerente ao poder familiar ndash instituto por essecircncia de
direito de famiacutelia natildeo pode ser simples e fielmente subvertida para definir o direito
dos consortes por meio do enquadramento de seus animais de estimaccedilatildeo
notadamente porque eacute um muacutenus exercido no interesse tanto dos pais quanto do filho
Natildeo se traraacute de uma faculdade e sim de um direito em que se impotildee aos pais a
observacircncia dos deveres inerentes ao poder familiar 5 A ordem juriacutedica natildeo pode
simplesmente desprezar o relevo da relaccedilatildeo do homem com seu animal de estimaccedilatildeo
sobretudo nos tempos atuais Deve-se ter como norte o fato cultural e da poacutes-
modernidade de que haacute uma disputa dentro da entidade familiar em que prepondera
o afeto de ambos os cocircnjuges pelo animal Portanto a soluccedilatildeo deve perpassar pela
preservaccedilatildeo a garantia dos direitos agrave pessoa humana mas precisamente o acircmago de
sua dignidade 6 Os animais de companhia satildeo seres que inevitavelmente possuem
natureza especial e como ser senciente ndash dotados de sensibilidade sentindo as
mesmas dores e necessidades biopsicoloacutegicas dos animais racionais - tambeacutem devem
ter o seu bem-estar considerado 7 Assim na dissoluccedilatildeo da entidade familiar em que
haja algum conflito em relaccedilatildeo ao animal de estimaccedilatildeo independentemente da
qualificaccedilatildeo juriacutedica a ser adotada a resoluccedilatildeo deveraacute buscar atender sempre a
depender do caso em concreto aos fins sociais atentando para a proacutepria evoluccedilatildeo da
sociedade com a proteccedilatildeo do ser humano e do seu viacutenculo afetivo com o animal 8
Na hipoacutetese o Tribunal de origem reconheceu que a cadela fora adquirida na
constacircncia da uniatildeo estaacutevel e que estaria demonstrada a relaccedilatildeo de afeto entre o
recorrente e o animal de estimaccedilatildeo reconhecendo o seu direito de visitas ao animal
o que deve ser mantido 9 Recurso especial natildeo provido (BRASIL 2018a)
25
Mesmo ainda sendo definidos como coisas pelo Coacutedigo Civil como apontado pelo
mesmo relator foi apontado que os animais natildeo humanos satildeo objetos de relaccedilotildees juriacutedicas uma
vez ainda que como aponta a pesquisa do IBGE jaacute existem mais catildees e gatos nos lares
brasileiros do que crianccedilas desta forma demonstrando a relevacircncia do viacutenculo afetivo entre os
animais humanos e os animais natildeo humanos assegurando ainda a preservaccedilatildeo das garantias do
artigo 225 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (BRASIL 2018a)
A Juiacuteza de Direito Karen Francis Schubert Reimer da 3ordf Vara da Famiacutelia de Joinville
Santa Catarina tambeacutem discutiu a guarda de animais natildeo humanos discutindo a sua natureza
juriacutedica na sua decisatildeo No caso da lide apoacutes a separaccedilatildeo ficou decidido que cada uma das partes
ficaria com a guarda de um dos catildees que possuiacuteam na constacircncia do matrimocircnio ainda decidiu
a possibilidade de visitas entre as partes e os catildees e as partes sem sua guarda igualmente ao
relator do STJ o status de coisa dado pelo Coacutedigo Civil brasileiro aos animais natildeo humanos a
magistrada apontou ldquoNossa legislaccedilatildeo atual o Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002 estabelece que
o animal possui status juriacutedico de coisa Ou seja eacute um objeto de propriedade do homem e que
conteacutem expressatildeo econocircmicardquo usando esta colocaccedilatildeo para justificar sua decisatildeo onde
determina que seraacute o homem o responsaacutevel por todas as despesas de veterinaacuterio medicaccedilatildeo e
vacinas tanto para o cachorro em sua guarda quanto para o cachorro sob a guarda de sua ex-
esposa (SANTA CATARINA 2017)
Vale ressaltar que a magistrada apontou a necessidade de que os animais natildeo humanos
sejam enquadrados em uma categoria intermediaacuteria entre coisas e pessoas citando o Projeto de
Lei do Senado PLS 31515 que trata sobre a natureza juriacutedica dos animais natildeo humanos onde
dispotildees sobre a alteraccedilatildeo do artigo 82 do Coacutedigo Civil natildeo tratando mais os animais natildeo
humanos como coisas entatildeo trouxe a fala ldquoNatildeo se trata de equiparar os cachorros aos filhos
aos seres humanos O que se busca eacute reconhecer que nem sempre os animais devem receber
tratamento de coisa ou de objetordquo (SANTA CATARINA 2017)
Sobre o tema eacute vaacutelido constar que o Governo de Santa Catarina na data de 17 de janeiro
de 2018 por meio da Lei nordm 17485 veio a alterar a Lei nordm 12854 de 2003 que instituiu o Coacutedigo
Estadual de Proteccedilatildeo dos animais Com a presente lei veio a fim de se reconhecer catildees gatos e
cavalos como seres sencientes trazendo a incluir ao dito coacutedigo o artigo 34 ndash A ldquoPara os fins
desta Lei catildees gatos e cavalos ficam reconhecidos como seres sesncientes sujeitos de direito
que sentem dor e anguacutestia o que constitui o reconhecimento da sua especificidade e das suas
caracteriacutesticas face a outros seres vivosrdquo fazendo assim constar um grande diferencial
normativo de uma lei estadual perante a legislaccedilatildeo paacutetria ora que enquanto no que tange as leis
a niacutevel federal tal interpretaccedilatildeo somente se encontra no campo doutrinaacuterio jurisdicional e de
26
projeto de lei em niacutevel estadual em Santa Catarina os animais natildeo humanos jaacute satildeo
classificados desde 2018 como seres sencientes pela letra da lei (SANTA CATARINA 2018)
Ainda na mesma linha o Senado Nacional tramita no CCJ o Projeto de Lei PLS 54218
para regulamentar a guarda compartilhada de animais de estimaccedilatildeo quando em caso de
divoacutercios ou dissoluccedilotildees de Uniotildees Estaacuteveis determinando para tanto que o animal natildeo humano
que possa ser alvo de tal discussatildeo de guarda de acordo com seu artigo 1ordm aquele ldquocujo tempo
de vida tenha transcorrido majoritariamente na constacircncia do casamento ou da uniatildeo estaacutevelrdquo
(BRASIL 2018b) definindo ainda quais as condiccedilotildees para a guarda visitas ambiente
adequado para moradia do animal natildeo humano a quem incumbiraacute as despesas do animal natildeo
humano guardado assim como as consequecircncias relativas agrave risco de violecircncia ou maus-tratos
ao animal natildeo humanos sobre sua guarda ou em sua visita Apresenta-se para anaacutelise tal PL
com o texto
Estabelece o compartilhamento da custoacutedia de animal de estimaccedilatildeo de propriedade
em comum quando natildeo houver acordo na dissoluccedilatildeo do casamento ou da uniatildeo estaacutevel Altera o Coacutedigo de Processo Civil para determinar a aplicaccedilatildeo das normas
das accedilotildees de famiacutelia aos processos contenciosos de custoacutedia de animais de estimaccedilatildeo
(BRASIL 2018b)
Atualmente essa PLS encontra-se em aguardo de designaccedilatildeo e relator desde 25 de
marccedilo de 2019 Tal projeto de lei vem a demonstrar uma nova visatildeo sobre a interaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos e humanos e abrindo precedentes para uma nova classificaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos perante o Coacutedigo Civil (BRASIL 2018b)
Na mesma linha de discussatildeo da Magistrada se faz necessaacuterio constar a declaraccedilatildeo feita
por um grupo de juristas e especialistas em sauacutede e comportamento animal ingleses durante a
Conferecircncia de Francis Crick sediada na Universidade de Cambridge no dia 7 de julho de 2012
A ausecircncia de um neurocoacutertex natildeo parece impedir que um organismo experimente
estados afetivos Evidecircncias convergentes indicam que os animais natildeo humanos tecircm
os substratos neuroanatocircmicos neuroquiacutemicos e neurofisioloacutegicos de estado de
consciecircncia juntamente com a capacidade de exibir comportamentos intencionais
Consequentemente o pelo das evidecircncias indicam que os humanos natildeo satildeo os uacutenicos
a possuir os substratos neuroloacutegicos que geram a consciecircncia Animais natildeo humanos
incluindo todos os mamiacuteferos e as aves e muitas outras criaturas incluindo nestes os
polvos tambeacutem possuem esses substratos neuroloacutegicos (CAMBRIDGE 2012)
Em tal relato obteve-se as palavras de um grupo de especialistas tanto no campo
juriacutedico quanto nos campos de comportamento e medicina animal de forma a admitir que natildeo
seriam apenas os animais humanos capazes de serem dotados de consciecircncia demonstrando
27
estes serem capazes de pensar sentir e raciocinar natildeo sendo simplesmente coisas
(CAMBRIDGE 2012)
Tramita no Senado o Projeto de Lei nordm 631 de 2015 onde visa alterar a redaccedilatildeo do artigo
32 da Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 vem a vedar que sem motivos justificaacuteveis se
venha a causar dor lesatildeo ou sofrimento aos animais natildeo humanos desenvolver a
conscientizaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo para a guarda responsaacutevel dos animais natildeo humanos classificando
a integridade fiacutesica e mental assim como o bem-estar dos animais natildeo humanos como interesse
difuso devendo destacar o sect2ordm do artigo 4ordm da PL ldquoAos animais deve ser dispensada a dignidade
de tratamento reservada aos seres sencientesrdquo (BRASIL 2015b) demonstrando claramente sua
natureza de seres dotados de sensibilidade e natildeo de status de coisa assim como os sectsect 3ordm e 4ordm do
mesmo artigo
sect3ordm Os animais tecircm interesses individuais e coletivos distintos dos interesses
individuais e coletivos dos seres humanos devendo a autoridade no caso de colisatildeo
de interesses proceder a uma ponderaccedilatildeo que natildeo se confine a juiacutezos de utilidade ou
de funcionalizaccedilatildeo das interesses individuais e coletivos dos seres humanos
sect4ordm Na ausecircncia de disposiccedilotildees em contraacuterio os animais se beneficiam da proteccedilatildeo
juriacutedica conferida agraves coisas e agraves pessoas juriacutedicas (BRASIL 2015b)
Trazendo uma grande inovaccedilatildeo relativa aos direitos dos animais natildeo humanos onde
lhes proporciona a garantia da proteccedilatildeo juriacutedica dada agraves pessoas juriacutedicas Tal PL se apresenta
para anaacutelise com o texto
Institui o estatuto de proteccedilatildeo dos animais considerando-a como interesse difuso
estabelece o direito agrave proteccedilatildeo agrave vida e ao bem-estar a vedaccedilatildeo de praacuteticas e atividades
que se configurem como crueacuteis ou danosas da integridade fiacutesica e mental tipifica os
maus-tratos e dispotildees sobre infraccedilotildees e penalidades (BRASIL 2015b)
Este protejo de lei se encontra em aguardo de inclusatildeo na ordem do dia de requerimento
tendo como Relator o Senador Pliacutenio Valeacuterio (BRASIL 2015b)
Entende-se que embora os animais natildeo humanos faccedilam parte de forma direta e
entrelaccedilada com os animais humanos ainda se encontra como um grande problema perante a
nossa legislaccedilatildeo sendo seu sistema normativo uma novidade e de completo desconhecimento
de um grande percentual brasileiro ora visto como um direito extravagante que natildeo consideraria
uma expressatildeo da realidade suprimindo necessidades atuais em contraposto da relaccedilatildeo afetiva
por muitos julgada como transbordando os limites de humanidade (FIORILLO 2019)
Assim no presente capiacutetulo foi analisada a evoluccedilatildeo histoacuterica legislativa dos direitos
dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo brasileira ateacute a contemporaneidadedo estado
28
atual de seus direitos incluindo julgados projetos de lei suacutemulas sem deixar de constar ateacute
retrocessos legislativosdos direitos em questatildeoPela teacutecnica bibliograacutefica onde se buscouesta
anaacutelise da forma mais completatentandoenglobar omaacuteximo deinformaccedilotildees parase chegar agrave
mais ampla anaacutelise dos direitos dos animais natildeo humanos no Brasil
Desta forma foi possiacutevel se observar que o primeiro relato normativo brasileiros no
Municiacutepio de Satildeo Paulo trazendo vedaccedilotildees e regulamentaccedilotildees para os animais em labuta
passando pela inclusatildeo de normas dentro da constituiccedilatildeo federativa sumulassem deixar de citar
asleis infraconstitucionais
Para continuidade do presente trabalho no capitulo que se segue seraacute apresentada uma
anaacutelise realizada da mesma forma do presente capitulo poreacutem no tangente agrave evoluccedilatildeo histoacuterica
e legislaccedilatildeo atual dos direitos dos animais em Portugal
29
3 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA
Neste capiacutetulo tem-se como objetivo trazer de forma sucinta a evoluccedilatildeo histoacuterica no que
tange o direito dos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo de Portugal trazendo para isto as
proacuteprias leis assim como relatos bibliograacuteficos sobre o tema
31 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
O direito dos animais natildeo humanos em Portugal surgiu no dia 16 de setembro de 1886
com a promulgaccedilatildeo do Decreto Lei do Coacutedigo Penal Portuguecircs onde tratavam dos direitos dos
animais natildeo humanos entre os artigos 478 a 481 onde previam a penalizaccedilatildeo par aquele que
ferir matar envenenar abusar ou causar outros tipos de danos aos animais natildeo humanos
incluindo dentre eles a vedaccedilatildeo aos maus-tratos Contudo tipificavam os animais natildeo humanos
como animais de consumo (PORTUGAL 1886)
Somente quase 30 anos depois no datar de 12 de junho de 1919 foi assinado um Decreto
relativo a vedaccedilatildeo do uso excessivo de animais perante a labuta onde se determinavam limites
para o trabalho em que os animais natildeo humanos satildeo expostos impedindo desta forma a
exigecircncia exacerbada e abusiva perante suas capacidades individuais e coletivos (PORTUGAL
2001)
No iniacutecio do seacuteculo seguinte Portugal regulamentou para a aplicaccedilatildeo interna de forma
complementar as disposiccedilotildees da Convenccedilatildeo Europeia para a Proteccedilatildeo dos Animais de
Companhia aprovada pelo no dia 13 de abril no Decreto nordm 1393 de forma a definir quais os
dispositivos que se tornariam aplicaacuteveis no seu territoacuterio e excluindo no entanto todos aqueles
que tratem das espeacutecies da fauna selvagem exoacuteticas assim como seus descendentes quando
criados em cativeiro ainda ressaltando como natildeo aplicaacuteveis as normas que se dispusessem em
contradiccedilatildeo a legislaccedilatildeo infraconstitucional portuguesa (PORTUGAL 2001)
Esta legislaccedilatildeo veio a normatizar medidas ateacute entatildeo natildeo constantes na legislaccedilatildeo paacutetria
como ao exemplo do seu artigo 3ordm regulamentando os procedimentos e locais de alojamento no
que tange o exerciacutecio de reproduccedilatildeo para comercializaccedilatildeo de animais de companhia Traz ainda
inovaccedilotildees no que se fala de abandono onde natildeo se caracteriza mais o abandono somente como
largar em qualquer lugar mas tambeacutem pela negligecircncia como deixar de cuidar alimentar
cuidado com a higiene e devidas condiccedilotildees de sauacutede e proteccedilatildeo contra zoonoses ocasionando
30
para aquele que nesta categoria de abandono for classificado a remoccedilatildeo do animal Natildeo
deixando de constar a necessidade expressa de que em caso de amputaccedilotildees deva haver
certificaccedilatildeo veterinaacuteria comprovando a necessidade de tal procedimento garantindo que estas
sejam realizadas por razotildees claramente medica-veterinaacuteria ou de interesse particular do animal
natildeo humano ou ainda para impedir sua reproduccedilatildeo impedindo desta forma amputaccedilotildees
meramente esteacuteticas ou por interesse unicamente de seu detentor permitindo maiores direitos
a integridade fiacutesica dos animais natildeo humanos perante motivaccedilotildees supeacuterfluas Tratando ainda
de normas para hospedagem e centro de recolhimento de animais natildeo humanosem seus
Capiacutetulos IV V VI VIII e X (PORTUGAL 2001)
Em substituiccedilatildeo do Decreto Lei nordm 2762001 em 17 de dezembro o Decreto Lei nordm
3152003 veio para inovar em alguns sentidos os direitos dos animais natildeo humanos excluindo
as aplicaccedilotildees de dispositivos do Decreto nordm 1393 da Convenccedilatildeo Europeia para a proteccedilatildeo de
Animais de Companhia no tangente da detenccedilatildeo de animais potencialmente perigosos
vislumbrando a necessidade de regulamentar a mateacuteria por diplomas proacuteprios utilizando para
tal regulamentaccedilatildeo os posicionamentos de oacutergatildeos governamentais proacuteprios das Regiotildees
Autocircnomas e a Associaccedilatildeo Nacional dos municiacutepios Portugueses Trazendo colocaccedilotildees como
ldquoExcluem-se do acircmbito de aplicaccedilatildeo deste diploma as espeacutecies da fauna selvagem autoacutectone e
exoacutetica e os seus descendentes criados em cativeiro objeto de regulamentaccedilatildeo especiacutefica e os
touros de liderdquo (PORTUGAL 2003b) assim como redefinindo hospedagem sem fins
lucrativos e para fins meacutedicos-veterinaacuterios para animais de companhia onde destaca o Plano
Nacional de Luta e Vigilacircncia da Raiva Animal e outras Zoonoses que natildeo se faziam constar
no decreto anterior ainda atualizando as regras para licenccedilas de funcionamento de tais locais
assim como regulando dimensotildees miacutenimas para sua instalaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo de atividades sejam
para animais natildeo humanos de sangue quente como cachorros e gatos ou sangue frio como
lagartos e sapos(PORTUGAL 2003b)
Um grande marco para o direito dos animais natildeo humanos em Portugal ocorreu com a
publicaccedilatildeo no dia 17 de dezembro do Decreto-Lei nordm 3132003 onde foi criado o Sistema de
Identificaccedilatildeo de Caninos e Felinos (SICAFE) onde estabeleceu diretrizes para a identificaccedilatildeo
eletrocircnica de catildees e gatos que servem de animais de companhia criando desta forma uma base
de dados nacional para esta identificaccedilatildeo permitindo a identificaccedilatildeo dos animais natildeo humanos
que satildeo viacutetima de abandono ainda como medidas sanitaacuterias e zooteacutecnicas juriacutedicas e
humanitaacuterias ainda aumentando a responsabilidade dos centros de criaccedilatildeo para
comercializaccedilatildeo de catildees e gatos de companhia (PORTUGAL 2003a)
31
Seria a criaccedilatildeo de um documento uacutenico que comporta o boletim sanitaacuterio destes animais
natildeo humanos contendo natildeo soacute informaccedilotildees cruciais destes como sexo e raccedila mas ainda
detalhes sobre procedimentos que os mesmos foram expostos e accedilotildees de profilaxia das quais
foi sujeito sendo de delegaccedilatildeo do seu detentor garantir que tais informaccedilotildees estejam corretas e
atualizadas incluindo dentre elas a carteira de vacinaccedilatildeo antirraacutebica (PORTUGAL 2003a)
No datar de 25 de janeiro de 2005 pela Uniatildeo Europeia foi promulgado o Regulamento
nordm 12005 que faz relaccedilatildeo a proteccedilatildeo dos animais natildeo humanos durante o transporte e operaccedilotildees
fins de forma a minimizar a duraccedilatildeo da viagem e satisfazer as necessidades dos animais
garantindo tambeacutem que os animais natildeo humanos devem estar aptos para efetuar a viagem assim
como os meios de transporte tanto quanto os equipamentos de carregamento e descarregamento
devem ser construiacutedos mantidos e utilizados de maneira a evitar lesotildees violecircncia ou
sofrimentos garantindo o bem-estar e a seguranccedila dos animais natildeo humanos durante o
deslocamento sendo de responsabilidade das autoridades nacionais inspecionar e aprovar os
veiacuteculos alvo de transporte de animais natildeo humanos seja por via mariacutetima ou rodoviaacuteria
(PORTUGAL 2005)
Ainda eacute vaacutelido mencionar o Decreto-Lei nordm 742007 promulgado dia 27 de marccedilo de
2007 onde trata da consagraccedilatildeo do direito ldquode acesso das pessoas com deficiecircncia visual
acompanhadas de catildees-guia a locais transportes e estabelecimentos puacuteblicosrdquo (PORTUGAL
2007a) tal constataccedilatildeo se faz pela evoluccedilatildeo nas teacutecnicas e condicionamento de formas de
treinamento de tais animais assim como da proteccedilatildeo sanitaacuteria dos catildees fora que determina os
direitos e responsabilidades dos catildees em treinamento e em serviccedilo ainda definindo os regimes
credenciamento responsabilidades e proibiccedilotildees relativas agraves famiacutelias que se promovem a receber
os catildees que seratildeo treinados demonstrando uma clara preocupaccedilatildeo no conforto seguranccedila e
vida dentro dos padrotildees de garantias para os catildees que agrave essa atividade forem direcionados
(PORTUGAL 2007a)
No mesmo ano o Parlamento Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia emitiu o
Regulamento nordm 1523007 do dia 11 de dezembro veio a proibir a colocaccedilatildeo no mercado assim
como a importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo comunitaacuterias de peles de gato e de catildeo e de produtos que as
contenham uma vez que
Para os cidadatildeos da Uniatildeo Europeia os gatos e catildees satildeo animais de estimaccedilatildeo pelo
que natildeo eacute aceitaacutevel usar as suas peles nem produtos que as contenham Existem
indiacutecios da presenccedila da Comunidade de peles natildeo rotuladas de gato e de catildeo e de
produtos que as contecircm Consequentemente os consumidores estatildeo preocupados com
a possibilidade de poderem comprar peles de gato e de catildeo e produtos que as
contenham Em 18 de Dezembro de 2003 o Parlamento Europeu aprovou uma
32
declaraccedilatildeo em que exprime a sua inquietaccedilatildeo a respeito do comeacutercio dessas peles e
produtos e solicita que se lhe ponha termo a fim de reestabelecer a confianccedila dos
consumidores e dos comerciantes[] (PORTUGAL 2007a)
Desta forma aleacutem de garantir que dentro comeacutercio interno de produtos de pele de catildees
e gatos natildeo estejam presentes ainda garante o bem-estar dos animais natildeo humanos ora que ao
se tratar de comercio irregular e ilegal levanta a praacutetica de maus-tratos para a obtenccedilatildeo de tais
mateacuterias primas (PORTUGAL 2007a)
32 LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA CONTEMPORAcircNEA
Por meio da Lei nordm 3152009 publicada no dia 21 de agosto do mesmo ano foi
designado novos regramentos relativos aos animais natildeo humanos onde em seu artigo 1ordm trouxe
ldquoO presente decreto-lei aprova o regime juriacutedico da criaccedilatildeo reproduccedilatildeo e detenccedilatildeo de animais
perigosos e potencialmente perigosos enquanto animais de companhiardquo (PORTUGAL 2009b)
Aqui fica demonstrada a preocupaccedilatildeo da introduccedilatildeo de mais espeacutecies de animais natildeo humanos
no meio do conviacutevio em sociedade dos animais humanos sem que haja prejuiacutezo aos dizeres do
Decreto-Lei de 2009 este tenta regular animais natildeo humanos silvestres mas ressalva o direito
da manutenccedilatildeo da criaccedilatildeo e interaccedilatildeo de animais natildeo humanos e humanos enquanto nativos da
fauna selvagem indiacutegena respeitando desta maneira as peculiaridades de sua existecircncia Em
seu artigo 3ordm traz as classificaccedilotildees de animais natildeo humanos enquanto animal de companhia
animal perigoso animal potencialmente perigoso autoridade competente centro de recolha e
detentor fazendo este uacuteltimo o mais importante de se evidenciar
ltltDetentorgtgt qualquer pessoa singular maior de 16 anos sobre a qual recai o dever
de vigilacircncia de um animal perigoso ou potencialmente perigoso para efeitos de
criaccedilatildeo reproduccedilatildeo manutenccedilatildeo acomodaccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo com ou sem fins
comerciais ou que o tenha sob sua guarda mesmo que a tiacutetulo temporaacuterio
(PORTUGAL 2009b)
Trazendo uma nova concepccedilatildeo para aquele que possui um animal natildeo humano quando
se fala de perigosos e potencialmente perigosos evidenciando uma nova forma de considera-lo
enquanto ser sob guarda natildeo apresentando mais como uma posse mas sim como uma tutela
Vale ressaltar que o presente decreto natildeo se resume apenas a animais natildeo humanos considerados
de natureza selvagem ao denomina-los como animais perigosos e animais potencialmente
perigosos mas tambeacutem resguarda os direitos e deveres do detentor perante catildees que sejam
assim classificados perante o que classifica o artigo 3ordm em Capiacutetulo IV trata sobre as
33
obrigatoriedades para a constacircncia de manutenccedilatildeo de catildees assim classificados em seu conviacutevio
como a obrigaccedilatildeo de treinamento e suas exigecircncias (PORTUGAL 2007b)
Ainda o presente decreto traz as penalidades para formas de maus-tratos ateacute entatildeo natildeo
mencionados nas legislaccedilotildees anteriores como para aqueles que promoverem ou participarem
de lutas entre animais natildeo humanos natildeo excluindo da puniccedilatildeo a mera tentativa e ainda
trazendo penas para quaisquer formas de ofensas agrave integridade fiacutesica dos animais natildeo humanos
na categoria dolosa ou de negligecircncia Eacute imprescindiacutevel constar sobre uma inovaccedilatildeo de grande
importacircncia trazida pelo decreto em questatildeo onde em seu artigo 38 vislumbra puniccedilotildees ao que
tange o profissional veterinaacuterio ou aquele que praticar as atividades a esse profissional
destinadas sem que tenha a devida certificaccedilatildeo para ministrar tais atividades (PORTUGAL
2009b)
No mesmo ano o Parlamento Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia no dia 30 de
novembro fez surgir um marco nos direitos dos animais natildeo humanos com a publicaccedilatildeo do
Regulamento nordm 12232009 no Jornal Oficial da Uniatildeo Europeia onde se trata das
regulamentaccedilotildees relativas ao uso de animais natildeo humanos enquanto para uso de testes em
produtos cosmeacuteticos De maneira a gerar diretrizes do que se permite ou se veda no que tange
a proteccedilatildeo dos animais natildeo humanos utilizados para fins experimentais prevendo regras comuns
para todos os Estados Membros da Uniatildeo Europeia exigindo que os ensaios realizados em
animais natildeo humanos sejam substituiacutedos por meacutetodos alternativos sempre que possiacutevel Ainda
regulamenta prazos para que seja efetuada a proibiccedilatildeo da comercializaccedilatildeo de produtos
cosmeacuteticos cuja formulaccedilatildeo final possuam ingredientes que tenham sido ensaiados em animais
assim como uma data para a proibiccedilatildeo de que sejam continuados os ensaios sobre animais
sendo estas datas respectivamente 11 de marccedilo de 2009 e 11 de marccedilo de 2013 coordenando
ainda uma construccedilatildeo para o desenvolvimento de meacutetodos cientiacuteficos alternativos aos testes em
animais natildeo humanos (PORTUGAL 2010)
O Parlamento Europeu e o Conselho da Uniatildeo Europeia publicaram no Jornal Oficial
da Uniatildeo Europeia na paacutegina 33 no datar de 20 de outubro de 2010 a Diretiva 201063EU
relativa agrave proteccedilatildeo dos animais utilizados para fins cientiacuteficos de forma a normatizar as
teacutecnicas formas cuidados dentre outros que devem ser tomados para se garantir o bem-estar
dos animais natildeo humanos dirigidos aos fins cientiacuteficos Ao exemplo ao tratar dos meacutetodos
podemos observar no seu toacutepico 14
Os meacutetodos selecionados deveratildeo evitar tanto quanto possiacutevel que o limite criacutetico do
procedimento seja a morte do animal devido ao sofrimento grave sentido durante o
periacuteodo que precede a morte Sempre que possiacutevel a morte deveraacute ser substituiacuteda por
34
limites criacuteticos mais humanos recorrendo a sinais cliacutenicos que determinem a
iminecircncia da morte a fim de permitir que o animal seja occisado sem mais sofrimento
(PORTUGAL 2010)
Ainda se traz na supracitada Diretiva a clara vedaccedilatildeo a procedimentos que possam
ocasionar ameaccedila a biodiversidade como ao exemplo de se utilizar para estudos animais natildeo
humanos cuja espeacutecie corra risco de extinccedilatildeo ressalvado ao miacutenimo indispensaacutevel e
devidamente justificado ainda levanta a proximidade geneacutetica entre os animais natildeo humanos e
humanos assim como a capacidade social dos primatas natildeo humanos demonstrando a niacutetida
problemaacutetica de garantia do bem-estar das necessidades comportamentais ambientais e sociais
em um ambiente laboratorial (PORTUGAL 2010)
Mesmo apresentando uma evoluccedilatildeo sucinta no que tange o direito dos animais natildeo
humanos em Portugal ateacute entatildeo em 2017 o paiacutes promulgou uma lei que modificou de forma
significante esse tocante sendo a maior evoluccedilatildeo a alteraccedilatildeo dos animais do rol de coisas para
passar a serem considerados ldquoseres vivos dotados de sensibilidade e objeto de proteccedilatildeo juriacutedica
em virtude da sua naturezardquo (PORTUGAL 2017a) no Coacutedigo Civil portuguecircsdeve-se
evidenciar que este paiacutes tem relaccedilotildees de reciprocidade perante ao tratamento dos indiviacuteduos
humanos para com o Brasil pode-se ver uma evoluccedilatildeo significativamente relevante em razatildeo a
compreensatildeo e leis como fica claro quando observamos a lei aprovada de 1ordm de maio de 2017
lei nordm 82017 onde os animais natildeo humanos deixaram de serem coisas para a denominaccedilatildeo de
seres sencientes explicitado pela adiccedilatildeo do artigo 201ordm-B ldquoOs animais satildeo seres vivos dotados
de sensibilidade e objeto de proteccedilatildeo juriacutedica em virtude da sua naturezardquo (PORTUGAL
2017a) trazendo uma inovaccedilatildeo perante a classificaccedilatildeo dos animais natildeo humanos perante a
legislaccedilatildeo 201ordm-C ldquoProteccedilatildeo juriacutedica dos animais A proteccedilatildeo juriacutedica dos animais opera por
via das disposiccedilotildees do presente coacutedigo e da legislaccedilatildeo especialrdquo (PORTUGAL 2017)
demonstrando que natildeo se visa findar os deveres perante os direitos dos animais natildeo humanos
na presente lei 1793ordm-A ldquoAnimais de companhia Os animais de companhia satildeo confiados a
um ou ambos os cocircnjuges considerando nomeadamente os interesses de cada um dos cocircnjuges
e dos filhos do casal e o bem-estar do animalrdquo (PORTUGAL 2017) ao Coacutedigo Civil portuguecircs
leia-se o 1305ordm-A
Artigo 1305ordm-APropriedade de animais
1 - O proprietaacuterio de um animal deve assegurar o seu bem-estar e respeitar as
caracteriacutesticas de cada espeacutecie e observar no exerciacutecio dos seus direitos as
disposiccedilotildees especiais relativas agrave criaccedilatildeo reproduccedilatildeo detenccedilatildeo e proteccedilatildeo dos animais
e agrave salvaguarda de espeacutecies em risco sempre que exigiacuteveis
35
2 - Para efeitos do disposto no nuacutemero anterior o dever de assegurar o bem-estar
inclui nomeadamentea) A garantia de acesso a aacutegua e alimentaccedilatildeo de acordo com as
necessidades da espeacutecie em questatildeob) A garantia de acesso a cuidados meacutedico-
veterinaacuterios sempre que justificado incluindo as medidas profilaacuteticas de identificaccedilatildeo
e de vacinaccedilatildeo previstas na lei
3 - O direito de propriedade de um animal natildeo abrange a possibilidade de sem motivo
legiacutetimo infligir dor sofrimento ou quaisquer outros maus-tratos que resultem em
sofrimento injustificado abandono ou morte (PORTUGAL 2017a)
Na mesma lei satildeo tratados os deveres daquele que possui um animal natildeo humano que
pela lei portuguesa satildeo denominados como proprietaacuterios Em seu texto obriga o proprietaacuterio
sob pena de multa agrave prisatildeo assegurar o pleno bem-estar dos animais natildeo humanos natildeo somente
garantindo-lhe alimentaccedilatildeo adequada para a sobrevivecircncia mas tambeacutem sua seguranccedila
cuidados veterinaacuterios fora a garantia de que o animal natildeo humano sobre seus cuidados natildeo
sofra de forma alguma maus-tratos seja este realizado diretamente pelo proprietaacuterio ou
terceiros (PORTUGAL 2017a)
Ainda eacute de suma importacircncia fazer constar que a lei em questatildeo natildeo somente atinge os
animais natildeo humanos ditos como domeacutesticos mas todo aquele que se encontra de alguma forma
sob a tutela humana ao exemplo os animais utilizados na pecuaacuteria como se observa na leitura
de seu artigo primeiro
Artigo 1ordm
Objeto
A presente lei estabelece um estatuto juriacutedico dos animais reconhecendo a sua
natureza de seres vivos dotados de sensibilidade procedendo agrave alteraccedilatildeo do Coacutedigo
Civil aprovado pelo Decreto-Lei nordm 47344 de 25 de novembro de 1966 do Coacutedigo
de Processo Civil aprovado pela Lei nordm 412013 de 26 de junho e do Coacutedigo Penal
aprovado pelo Decreto-Lei nordm 40082 De 23 de setembro (PORTUGAL 2017a)
Na mesma linha o doutrinador portuguecircs Filipe Jorge Antunes Cabral (2015) defende
que sejam atribuiacutedos direitos subjetivos aos animais natildeo humanos alegando que natildeo haacute como
se restringir estes direitos aos animais humanos alegando que ldquonatildeo satildeo os interesses dos
indiviacuteduos que possuem um valor moral fundamental mas sim por serem indiviacuteduos capazes
de serem detentores de interessesrdquo (CABRAL 2015 p 117) aplicando desta forma a
capacidade de ter interesses e estes serem haacutebeis de discussatildeo perante o campo do direito mais
animais natildeo humanos
Outro fator a notar-se importacircncia enquanto satildeo observadas as alteraccedilotildees efetuadas por
meio desta lei eacute a alteraccedilatildeo clara e direta na forma de tratamento dos animais natildeo humanos
dentro do corpo do sistema normativo onde agora satildeo designados diretamente como animais
36
demonstrando nitidamente uma alteraccedilatildeo nos paradigmas de interpretaccedilatildeo de sua condiccedilatildeo
onde natildeo resta mais lacunas hermenecircuticas de sua diferenciaccedilatildeo para simplesmente coisas
como fica evidenciado nos textos dos artigos por ela alterados
Artigo 1318ordm
Suscetibilidade de ocupaccedilatildeo
Podem ser adquiridos por ocupaccedilatildeo os animais e as coisas moacuteveis que nunca tiveram
dono ou foram abandonados perdidos ou escondidos pelos seus proprietaacuterios salvas
as restriccedilotildees dos artigos seguintes (PORTUGAL 2017b)
Ainda neste sentido o artigo 1323 traz obrigaccedilotildees que superam a mera proibiccedilatildeo aos
maus-tratos mas fala tambeacutem de formas de vedaccedilatildeo a inobservacircncia de negaccedilatildeo a negligecircncia
demonstrando o ocircnus de devolver agrave quem pertence animal perdido cuja propriedade seja
conhecida e em caso de natildeo saber a quem pertence deve por meios convenientes buscar achar
e auxiliar ao animal ser achado sem esquecer de informar as autoridades sobre o achado assim
como se notar ser necessaacuterio o encaminhar a um veterinaacuterio bem como com seu auxiacutelio
tentar identificar formas de encontrar seu tutor e em caso de passado um ano sem que se possa
devolver o animal natildeo humano para seu legiacutetimo dono aquele que o achou pode fazer do
animal como seu (PORTUGAL 2017b)
Da mesma forma em caso de restituiccedilatildeo do animal natildeo humano ao seu proprietaacuterio faz
jus indenizaccedilatildeo aquele que o achou por todos as despesas levantadas por ele na manutenccedilatildeo da
devida sauacutede e sobrevivecircncia do animal durante o periacuteodo de sua guarda bem como natildeo haacute de
responder se sem dolo ou culpa ocorrer perda ou deterioraccedilatildeo do animal natildeo humano no
transcorrer de sua guarda contudo se aquele que achou o animal natildeo humano ao notar que seu
verdadeiro dono faz o animal de viacutetima de maus-tratos tem aquele que o achou o direito de
retecirc-lo para garantia da seguranccedila do mesmo (PORTUGAL 2017b)
Dois anos depois no dia 30 de janeiro foi instituiacutedo o Decreto Lei nordm 202019 transferiu
responsabilidades no campo de cuidado dos animais natildeo humanos para as autoridades locais e
entidades intermunicipais permitindo um controle mais especiacutefico das peculiaridades de cada
regiatildeo e dando autonomia ao poder local Ainda sanciona a realizaccedilatildeo de concursos e
exposiccedilotildees de animais natildeo humanos Da mesma forma implanta a permissatildeo para a detenccedilatildeo
de mais de trecircs catildees ou quatro gatos adultos em preacutedios urbanos (PORTUGAL 2019a)
No mesmo ano no dia 27 de junho foi publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica ordm 1212019 o
Decreto-Lei nordm 822019 onde estabelece as regras de identificaccedilatildeo dos animais de companhia
37
criando o Sistema de Informaccedilatildeo de Animais de Companhia o SIAC onde traz novas normas
de obrigaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e de registro dos animais natildeo humanos por meio de um
transponder uma espeacutecie de chip eletrocircnico que conteacutem vaacuterios dados sobre aquele indiviacuteduo
ou outro sistema autorizado para a espeacutecie de animal natildeo humano em questatildeo devendo o
cadastro ocorrer ateacute 120 dias apoacutes o nascimento do animal natildeo humano garantindoo
reconhecimento em caso de abandono estabelecendo uma ligaccedilatildeo entre o animal e quem tem
sua guarda assegurando a sauacutede e a seguranccedila de animais natildeo humanos e humanos gerando a
responsabilidade civil sanitaacuteria e de bem-estar animal onde a obrigatoriedade da identificaccedilatildeo
foi criada pelo Decreto-Lei n3132003 mas agora seguindo os paracircmetros determinados pelo
Parlamento Europeu e do Conselho alterando o instituto SICAFE pelo Sistema de Informaccedilotildees
de Animais de Companhia (SIAC) como definido pela aliacutenea a do seu artigo 1ordm Assegurando
a aplicabilidade dos Regulamentos nordm 5762013 e nordm 4292016 do Parlamento Europeu e do
Conselho instituiacutedo nos dias 12 de junho de 2013 e 9 de marccedilo de 2019 respectivamente
relativos agrave circulaccedilatildeo de animais de companhia pessoal e as zoonoses(PORTUGAL 2019b)
33 ANAacuteLISE LEI Nordm 9295
A Assembleia da Repuacuteblica portuguesa decretou no dia 12 de setembro de 1995 a Lei
nordm 9295 a Lei de Proteccedilatildeo aos animais vindo a proibir todo e qualquer tipo de violecircncia
injustificada contra animais tendo sido aprovada no datar de 21 de junho e promulgada no dia
24 de agosto do mesmo ano pelo entatildeo presidente da repuacuteblica portuguesa Maacuterio Soares
podendo se caracterizar neste qualquer tipo de sofrimento crueldade instantacircnea ou de forma
prolongada graves leotildees a um animal natildeo humano ou ateacute mesmo sua morte ainda consta a
necessidade na medida do possiacutevel de socorro agrave animais natildeo humanos que se encontrem feridos
doentes em perigo ou em quaisquer condiccedilotildees anaacutelogas a estas (PORTUGAL 1995)
Traduz ainda como crime perante esta lei todo aquele que exigir de um animal salvo
em momentos emergenciais esforccedilos abusivos ou ateacute mesmo atuaccedilotildees que os animais natildeo
humanos sejam parciais ou absolutamente incapazes de realizar ou ainda que sejam aleacutem de
suas possibilidades naturais Ainda consta a expressa vedaccedilatildeo a aquisiccedilatildeo de animal natildeo
humanos que se encontre em condiccedilotildees enfraquecidas adoentadas idoso ou outra conjuntura
anaacuteloga em que este animal tenha vivido de forma integral ou em grande maioria em ambiente
domeacutestico se findar tal aquisiccedilatildeo em intenccedilatildeo diversa a tratamento proteccedilatildeo ou cuidados
humanos ou ainda com intenccedilatildeo de morte imediata (PORTUGAL 1995)
38
Vem a reforccedilar o impedimento de qualquer maneira ao abandono intencional de
animais natildeo humanos que estavam sobre a proteccedilatildeo humana em ambiente domeacutestico ou ainda
em instalaccedilatildeo comercial ou industrial Caracterizando ainda o sofrimento como impedido
mesmo que para com fins didaacuteticos de treino exibiccedilatildeo filmagens publicidade ou qualquer
outra atividade a estas assemelhadas ressalvando experiecircncias cientiacuteficas de comprovada
necessidade (PORTUGAL 1995)
Vale ser citado o capiacutetulo II da presente lei onde se pode ler sobre o comeacutercio e
espetaacuteculos que faccedilam uso de animais natildeo humanos de forma a obrigar agrave todos que que pessoa
fiacutesica juriacutedica solitaacuteria ou coletiva se faccedila utilizar de animais natildeo humanos para fins de
espetaacuteculo comercial tenha preacutevia autorizaccedilatildeo das autoridades ou entes competentes sejam
essas a Direccedilatildeo Geral dos Espetaacuteculos ou ainda do municiacutepio onde respectivamente se pretende
exibir tal evento de entretenimento sem deixar de constar a relaccedilatildeo de comercializaccedilatildeo desta
categoria de animais natildeo humanos como vem escrito no corpo do texto do artigo 2ordm
Licenccedila municipal
Sem prejuiacutezo do disposto no capiacutetulo III quando aos animais de companhia qualquer
pessoa fiacutesica ou coletiva que explore o comeacutercio de animais que guarde animais
mediante uma remuneraccedilatildeo que os crie para fins comerciais que os alugue que sirva
de animais para fins de transporte que os exponha ou que os exiba com um fim
comercial soacute poderaacute fazecirc-lo mediante autorizaccedilatildeo municipal a qual soacute poderaacute ser
concedida desde que os serviccedilos municipais verifiquem que as condiccedilotildees previstas
na lei destinadas a assegurar o bem-estar e a sanidade dos animais seratildeo cumpridas
(PORTUGAL 1995)
Se faz ressaltar a completa e indiscutiacutevel proibiccedilatildeo a qualquer espeacutecie para o fim do
supracitado paraacutegrafo de animais natildeo humanos que se encontrem em condiccedilotildees flageladas
enferma ou mesmo com qualquer tipo de ferimento ainda vem a negar a entrada no territoacuterio
portuguecircs de qualquer tipo de animal natildeo humano vertebrado que se encontre na mesma
situaccedilatildeo de sauacutede antes citada (PORTUGAL 1995)
Assiste a presente lei ainda a regulamentaccedilatildeo perante o transporte de animais natildeo
humanos em transportes puacuteblicos ressalvado por motivo de periculosidade sauacutede ou higiene
devidamente justificaacuteveis devendo os animais natildeo humanos estarem sempre acompanhados
por seus proprietaacuterios ou responsaacuteveis autorizados assim como devidamente acondicionados
(PORTUGAL 1995)
39
34 ANAacuteLISE IMPLEMENTACcedilAtildeO LEI Nordm 392020
Na data de 23 de julho de 2020 foi aprovada pela Assembleia da Repuacuteblica a Lei nordm
392020 tendo sua publicaccedilatildeo no datar de 18 de agosto e entrando em vigor no dia 1 de outubro
do mesmo anoImplementando o regime sancionatoacuterio aplicaacutevel aos crimes contra os animais
de companhia alterando substancialmente o que trazia o Coacutedigo Penal e o Coacutedigo de Processo
Penal portugueses reforccedilando de maneira expressiva a proteccedilatildeo aos animais natildeo humanos no
acircmbito dos crimes praticados contra estes (PORTUGAL 2020a)
Em seu corpo traz um regime sancionatoacuterio aplicaacutevel aos crimes direcionados contra
os animais natildeo humanos de forma a alterar pela quinquageacutesima vez o Coacutedigo Penal portuguecircs
pela trigeacutesima seacutetima vez o Coacutedigo de Processo Penal e pela terceira vez a Lei nordm 9295 a lei
de proteccedilatildeo aos animais Desloca as penalidades e diretrizes sobre morte e maus-tratos inferidos
contra animais natildeo humanos como observamos pelo novo texto dado ao artigo 387 do Coacutedigo
Penal ldquo1 ndash Quem sem motivo legiacutetimo matar animal de companhia eacute punido com pena de
prisatildeo de 6 meses a 2 anos ou com pena de multa de 60 a 240 dias se pena mais grave lhe natildeo
couber por forccedila de outra disposiccedilatildeo legalrdquo aumentando substancialmente tanto as penas de
reclusatildeo quanto a de prestaccedilatildeo de serviccedilos para aquele que matar um animal natildeo humano
(PORTUGAL 2020a)
Pode ser lido ainda em seu artigo 3ordm o que pertence as alteraccedilotildees ao Coacutedigo de Processo
Penal se faz essencial constar a nova redaccedilatildeo dada aos artigos 171 e 172 deste coacutedigo
Artigo 171ordm
1 ndash Por meio de exames das pessoas dos lugares dos animais e das coisas
inspecionam-se os vestiacutegios que possa ter deixado o crime e todos os indiacutecios relativos
ao modo como e ao lugar onde foi praticado agraves pessoas que o cometeram ou sobre as
quais foi cometido
2 ndash []
3 ndashSe os vestiacutegios deixados pelo crime se encontrarem alterados ou tiverem
desaparecido descreve-se o estado em que se encontram as pessoas os lugares os
animais e as coisas em que possam ter existido procurando-se quando possiacutevel
reconstitui-los e descrevendo-se o modo o tempo e as causas da alteraccedilatildeo ou do
desaparecimento
Artigo 172ordm
1 ndash Se algueacutem pretender eximir-se ou obstar a qualquer exame devido ou a facultar
animal ou coisa que deva ser objeto de exame pode ser compelido por decisatildeo da
autoridade judiciaacuteria competente (PORTUGAL 2020a)
Sem deixar de citar sobre ocultaccedilatildeo de provas animais ou ainda qualquer outro tipo de
objeto ligado ao crime prevendo busca apreensatildeo e investigaccedilatildeo por meio da poliacutecia criminal
para que todas as provas que possam trazer a resoluccedilatildeo do fato iliacutecito suscetiacuteveis de serem
40
declarados perdidos a favor do Estado Ainda busca definir os paracircmetros para a restituiccedilatildeo de
animais coisas ou bens apreendidos em meio a um processo investigativo criminal
determinando que estas permaneceratildeo sobre tutela de um fiel depositaacuterio ateacute o transito em
jugado da sentenccedila em ateacute 60 dias se os proprietaacuterios natildeo o buscarem no prazo previsto seratildeo
considerados perdidos em favor do Estado podendo este dar a finalidade que melhor acharem
(PORTUGAL 2020a)
Eacute imperioso constar que a presente lei ao aditar agrave Lei nordm 9295 vem a tratar das medidas
cautelares perante a proteccedilatildeo nos casos de evidecircncia de sinais de praacuteticas de crimes de maus-
tratos para contra animais natildeo humanos levantando as forccedilas de seguranccedila aos oacutergatildeos de
poliacutecia criminal a Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria e aos municiacutepios desencadear
os meios para proceder com tais medidas como faz com a alteraccedilatildeo do artigo 1 ndash A da Lei nordm
9295 (PORTUGAL 2020a)
35 JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO HUMANOS EM PORTUGAL
Na data de 02 de outubro de 2019 comeccedilou uma disputa judicial pela guarda da cadela
da raccedila Pitbull nomeada de Kiara apoacutes o rompimento da relaccedilatildeo de 12 anos de seus
proprietaacuterios A lide se iniciou pelo fato de ambas as partes requerem a guarda total do animal
natildeo humano estando o julgamento sendo processado pelo Juiacutezo da Famiacutelia e Menores de Mafra
pela Juiacuteza de Direito Soacutenia Henriques Cristoacutevatildeo Dentre as alegaccedilotildees e provas estatildeo a caderneta
de vacina a licenccedila e o chip de identificaccedilatildeo estatildeo em nome da parte feminina enquanto a parte
masculina alega ter sido o comprador e o financiador das custas da cadela (BARRETO 2019)
Em primeira anaacutelise do caso a magistrada observou que a parte masculina
primeiramente buscava a guarda compartilhada ou ao mesmo poder ter contato com a cadela
poreacutem ao avanccedilar do julgamento passou a pedir a guarda total devido a posiccedilatildeo da parte
feminina de se negar qualquer tipo de negociaccedilatildeo a posiccedilatildeo de passar de tentativa de guarda
compartilhada para guarda unilateral foi reforccedilada pelo fato de a parte masculina permanecer
morando no local onde a cadela viveu seus primeiros dois anos de vida ateacute que decidiram pela
dissoluccedilatildeo do relacionamento (BARRETO 2019)
Para poder tomar uma decisatildeo a juiacuteza decidiu por consultar a veterinaacuteria que fazia os
cuidados do animal natildeo humano com a finalidade de examinar o comportamento dos animais
natildeo humano e humanos concluindo-se que no caso em questatildeo os proprietaacuterios em momento
algum estavam colocando os interesses e bem-estar da cadela como prioridade mas sim seus
interesses particulares Ainda como apontado pela advogada Soacutenia Henriques Cristoacutevatildeo
41
especialista em direito animal o bem-estar animal eacute o uacuteltimo criteacuterio a ser levado em
consideraccedilatildeo em lides anaacutelogas ldquoNo que toca aos menores o criteacuterio eacute sempre o melhor
interesse do mesmo mas neste caso a lei civil natildeo tem como orientador esse princiacutepio Esse
criteacuterio existe mas eacute o uacuteltimordquo (BARRETO 2019) demonstrando uma interpretaccedilatildeo direta do
que o Coacutedigo Civil portuguecircs explana em seu artigo 1793ordm-A onde afirma que em casos de
divoacutercio ldquoos animais de companhia satildeo confiados a um ou a ambos os cocircnjuges considerando
nomeadamente os interesses de cada um dos cocircnjuges e dos filhos do casal e tambeacutem o bem-
estar do animalrdquo (PORTUGAL 1966) de forma a trazer a importacircncia do bem-estar animal
natildeo humano ser considerado para a decisatildeo de guarda poreacutem soacute como uacuteltima condiccedilatildeo para a
decisatildeo (BARRETO 2019)
A magistrada ponderou o fato de em Portugal ainda natildeo eacute pacificado o tema nem pelo
legislativo nem pela fraca jurisprudecircncia neste sentido ora que nos divoacutercios a guarda dos
animais natildeo humanos nem entra em pauta sendo normalmente decidido este ponto entre as
partes sem ter para tanto que levar o caso a justiccedila nem colocando na ficha da partilha haver
animais de companhia de maneira ao caso estar ainda em pauta de julgamento (BARRETO
2019)
Jaacute no que tange os maus-tratos aos animais natildeo humanos em Portugal mesmo com a lei
portuguesa punindo desde outubro de 2014 os maus-tratos contra animais natildeo humanos com
pena de ateacute um ano de prisatildeo somente 5 (cinco porcento) das denuacutencias acabam por chegar
a julgamento onde os outros 95 (noventa e cinco porcento) acaba por findar somente em
multa resultando que nas quase cinco mil denuacutencias registradas em virtude de maus-tratos agrave
animais natildeo humanos menos de duzentos de cinquenta destes findaram em julgamento como
descreve o Jornal de Notiacutecias o Observador de Portugal em sua mateacuteria de 24 de maio de 2020
(GOMES 2020)
Pelos dados coletados pelas pesquisas jurisdicionais realizadas por Gomes (2020) entre
2015 e 2018 a pena de prisatildeo soacute foi levantada como sanccedilatildeo aplicaacutevel pelos tribunais
portugueses no patamar da primeira instacircncia mas que sempre acabavam por ter a pena
convertida em multa ao serem recorridos os julgamentos tendo ainda tido um montante de seis
penas suspensas pelo proacuteprio magistrado da primeira instacircncia apoacutes reanaacutelise Ocorrendo neste
periacuteodo 241 processos crime entre abandono a maus-tratos tendo sido 169 casos diretamente
ligados aos maus-tratos tendo como reacuteus 277 animais humanos ressaltando ainda o fato de que
o nuacutemero de denuacutencias nunca representa a realidade faacutetica do cometimento dos crimes contra
os animais natildeo humanos mas sim somente uma pequena parcela da verdade (PORTUGAL
2020b)
42
Contudo o Jornal Correio da Manhatilde aponta uma nova posiccedilatildeo dos magistrados no
tocante de levar a justiccedila agravequeles que descumprem as leis contra os maus-tratos proferidos a
animais natildeo humanos como se observa ao iniacutecio de julgamento do caso de maus-tratos contra
uma cadela que desde 2016 sabe-se que eacute viacutetima de negligecircncia trancada em um ambiente
inapropriado ao seu porte sem acesso digno agrave aacutegua e alimentaccedilatildeo devidas a sua mantenccedila
bioloacutegica sendo mantida enclausurada em uma pequena e suja varanda apresentando magreza
extrema Sendo um dos primeiros casos de maus-tratos a chegar a justiccedila do Tribunal de Faro
por meio de denuacutencia de uma associaccedilatildeo de defesa dos animais tendo recebido grande reflexo
nas redes sociais (GRIFF 2018)
Tendo sido o caso encaminhado ao Ministeacuterio Puacuteblico de Faro local do fato ter vindo a
ocorrer este decidiu por dar prosseguimento agrave denuacutencia levantando a importacircncia deste ser
levado a julgamento em funccedilatildeo da importacircncia e relevacircncia do mesmo trazendo como
argumento a Lei que criminaliza os maus-tratos de 1 de outubro de 2014 ldquoquem sem motivo
legiacutetimo infligir dor sofrimento ou quaisquer outros tipos de maus-tratos fiacutesicos a um animal
de companhia eacute punido com pena de prisatildeo ateacute um ano ou com pena de multa ateacute 120 diasrdquo
aumentando para dois anos a puniccedilatildeo se ldquoresultar a morte do animal ou a privaccedilatildeo de um oacutergatildeordquo
(GRIFF 2015) de maneira a trazer a necessidade de se colocar a presente violaccedilatildeo em
julgamento como medida exemplar com o objetivo de desmotivar novos casos semelhantes
(GRIFF 2018)
Na data determinada para a primeira sessatildeo de julgamento os proprietaacuterios devidamente
citados natildeo compareceram tendo sido presenciada de um membro da Projeto de Apoio a
Viacutetimas Indefesas Nuacutecleo de Aveiro (PRAVI) e de um agente da Poliacutecia de Seguranccedila Puacuteblica
(PSP) de forma a sofrer a necessidade de remarcaccedilatildeo da sessatildeo de julgamento em funccedilatildeo das
leis civis de Portugal mas ainda natildeo haacute sentenccedila julgada sobre o caso (GRIFF 2018)
Portugal vem enfrentando seacuterios problemas sanitaacuterios devido ao que descrevem como
Siacutendrome de Noeacute que se determina por uma espeacutecie de transtorno de acumulaccedilatildeo onde o
animal humano tem dificuldade de desfazer-se de animais acabando por os acumular de forma
desorganizada afetando tanto a sociedade quanto os animais natildeo humanos envolvidos nesta
condiccedilatildeo Aos animais natildeo humanos viacutetimas dessa siacutendrome acabam por natildeo receberem os
cuidados necessaacuterios que acaba por acarretar diretamente nos maus-tratos podendo originar
doenccedilas que podem ainda se desenvolver em zoonoses (MACHADO 2020)
Sobre o caso a Assembleia da Repuacuteblica no dia 25 de janeiro de 2018 publicou a
Resoluccedilatildeo da Assembleia da Repuacuteblica nordm 202018 onde recomenda que seja criado um grupo
de trabalho constituiacutedo por profissionais da sauacutede e comportamento animal assistentes sociais
43
psiquiatras e psicoacutelogos com o objetivo de prevenir e combater casos da Siacutendrome de Noeacute
uma vez que aleacutem de ocasionar risco a sociedade na maior parte das vezes foram observados
que os animais natildeo humanos expostos a esta siacutendrome tentem a serem viacutetimas de maus-tratos
como o ocorrido no mecircs de maio em Canccedilas onde uma proprietaacuteria possuiacutea 35 animais em
um ambiente que natildeo apresentava as miacutenimas condiccedilotildees de bem-estar animal ou dignidade
Desta forma depois de julgado a maior parte dos animais natildeo humanos que laacute residiam foram
recolhidos de forma a apenas permanecerem no local sete animais natildeo humanos com a antiga
proprietaacuteria uma vez observado grande afeto entre a proprietaacuteria e estes (MACHADO 2020)
No presente caso foi levantado que ldquoo bem-estar animal deve ser compreendido
segundo o alojamento manutenccedilatildeo e acomodaccedilatildeo dos animais referido ainda que nenhum
animal deve ser detido se estas condiccedilotildees de bem-estar natildeo se encontrem verificadasrdquo neste
ditame aquele que acaba por acumular animais de companhia podem ocorrer em se enquadrar
em crime de maus-tratos como previsto pelo artigo 387 do Coacutedigo Penal portuguecircs onde prevecirc
a sanccedilatildeo de prisatildeo de ateacute um ano ou com pena de multa ade ateacute 120 dias quando aquele que
for o detentor ocasionar dor infligir sofrimento ou ainda qualquer outra agressatildeo fiacutesica a
animais natildeo humanos natildeo impedindo ainda que sejam somadas penalidades do artigo 388 do
mesmo coacutedigo onde prevecirc ldquoa privaccedilatildeo do direito de detenccedilatildeo de animais de companhia pelo
periacuteodo maacuteximo de 5 anosrdquo de forma a tentar prevenir de forma consubstanciada a seguranccedila
da sociedade junto com a mantenccedila do bem-estar dos animais natildeo humanos (MACHADO
2020)
Assim no presente capiacutetulo foi analisada a evoluccedilatildeo histoacuterica legislativa dos direitos
dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo portuguesa ateacute a contemporaneidade do estado
atual de seus direitos e incluindo julgados Pelo meacutetodo explanatoacuterio bibliograacutefico onde se
buscou esta anaacutelise da forma mais completa tentando englobar o maacuteximo de informaccedilotildees para
se chegar agrave mais completa anaacutelise dos direitos dos animais natildeo humanos em Portugal
Desta forma foi possiacutevel se observar que o primeiro relato normativo portuguecircsocorreu
no ano de 1886 com o Coacutedigo Penal portuguecircs trazendo vedaccedilotildeesaos maus-tratos de qualquer
espeacutecie aos animais natildeo humanos ainda que no passar dos anos passando pela inclusatildeo de
normas dentro doscoacutedigos legais sem deixar de citar as leis infraconstitucionais
Para continuidade do presente trabalho no capiacutetulo que se segue seraacute apresentada uma
anaacutelise comparativa entre a evoluccedilatildeohistoacuterica do direito dos animais natildeo humanos entre
aslegislaccedilotildees brasileira e portuguesaassim como uma anaacutelise comparativa doestado normativo
dos direitos dos animais natildeo humanos apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 entre os
doispaiacuteses em anaacutelise
44
4 COMPARACcedilAtildeO DAS LEGISLACcedilOtildeES BRASILEIRA E PORTUGUESA
O presente capiacutetulo aborda uma comparaccedilatildeo relativa as leis passadas e presentes em
Brasil e Portugal uma vez que entre os paiacuteses haacute uma relaccedilatildeo de reciprocidade devido ao
Decreto Legislativo nordm 82 de 24 de novembro de 1971 nomeada de Convenccedilatildeo sobre igualdade
de Direitos e Deveres entre brasileiros e portugueses ratificada em Brasiacutelia na data de 7 de
setembro de 1971 e em Lisboa na data de 22 de marccedilo de 1971 entrando em vigor no dia 22
de abril de 1972 onde os Governos do Brasil e Portugal visando a continuidade do reciacuteproco
respeito aos valores histoacuterico morais culturais e eacutetnicos que outrora uniram os povos e que os
manteacutem como irmatildeos com o intuito de promover um aperfeiccediloamento e estreitamento nas
relaccedilotildees harmonicamente da comunidade Luso-Brasileira convencionou a efetivaccedilatildeo do
princiacutepio da igualdade de tratamento entre cidadatildeos brasileiros expresso na constituiccedilatildeo
brasileira agrave eacutepoca em seu artigo 199 e na entatildeo constituiccedilatildeo portuguesa em seu artigo 7ordm
paraacutegrafo 3ordm (BRASIL 1972)
Desta maneira com a instituiccedilatildeo de um estatuto de caraacuteter especial com a iniciativa de
refletir os viacutenculos existentes entre brasileiros e portugueses assim como com o intuito de
servir de embasamento e inspiraccedilatildeo para as geraccedilotildees e legislaccedilotildees que se seguissem houve este
compromisso solene fraternal e indestrutiacutevel de amizade Enfatiza-se em tal Convenccedilatildeo o seu
artigo 1ordm ldquoOs portugueses no Brasil e os brasileiros em Portugal gozaratildeo de igualdade de direitos
e deveres com os respectivos nacionaisrdquo de forma a demonstrar uma reciprocidade no
tratamento de nascidos no paiacutes irmatildeo em seu territoacuterio mas ainda resguardando os direitos e
deveres inerentes ao seu paiacutes natural como exposto em seu artigo 3ordm ldquoOs portugueses e
brasileiros abrangidos pelo estatuto de igualdade continuaratildeo no exerciacutecio de todos os direitos
e deveres inerentes agraves respectivas nacionalidadesrdquo (BRASIL 1972)
Assim como para o presente trabalho eacute vaacutelido se fazer citar o artigo 16 da dita
Convenccedilatildeo ldquoOs Governos do Brasil e de Portugal consultar-se-atildeo periodicamente a fim de
examinar e adotar as providecircncias necessaacuterias para melhor e uniforme interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo
da presente Convenccedilatildeo bem como para estabelecer as modificaccedilotildees que julguem
convenientesrdquo assim a presente convenccedilatildeo veio a tratar que no presente e futuro os dois paiacuteses
se reuniriam para discutir sobre leis que versem sobre esta reciprocidade desta forma o capiacutetulo
que se apresenta vem a comprar as legislaccedilotildees no tangente dos direitos dos animais natildeo
humanos pelas leis brasileiras e portuguesas (BRASIL 1972)
No tocante dos direitos dos animais natildeo humanos Charles Darwin (1996) jaacute relatava
sobre a capacidade de sentir de ter consciecircncia de se reunir em grupos em sociedades de ter
45
empatia assim como quando comparada aos animais humanos ldquonatildeo existe uma diferenccedila
fundamental entre os humanos e os mamiacuteferos de niacutevel superior nas suas faculdades mentaisrdquo
(DARWIN 1996 P287)Este pensamento de Darwin eacute reforccedilado nesta outra passagem
Existem muitas espeacutecies de animais sociais em que os seus membros se associam em
grupos sentem compaixatildeo uns pelos outros manifestando qualidades que os revelam
de uma consciecircncia moral incipiente para quando em comparaccedilatildeo com a humana
sendo fieacuteis ao grupo demonstrando capacidade de entender as necessidades de
membros do grupo que apresentem carecircncias de tratamentos especiais ao exemplo de
fornecer alimentos e bebidas aos indiviacuteduos do grupo que satildeo cegos (DARWIN 1996
p 290traduccedilatildeo nossa)
Observa-se que jaacute haacute muito antes de se discutir os animais natildeo humanos como dignos
ou natildeo de direitos relativos a personalidade juriacutedica jaacute fora levantada sua capacidade de ser
equiparados aos animais humanos ora que apresentam capacidades de sentir sofrer entender
o outro ajudar num niacutevel de compreensatildeo e sensibilidade ateacute hoje juridicamente apenas
arguido aos seres humanos (DARWIN 1996)
41 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO HISTOacuteRICO
Se demonstra eficaz comeccedilar o presente toacutepico lembrando que a primeira nota
legislativa no Brasil relativa ao direito dos animais natildeo humanos natildeo ter se desenvolvido no
acircmbito nacional mas sim Municipal com o Coacutedigo de Posturas do Municiacutepio de Satildeo Paulo
(1886) em 6 de outubroonde por mais que fosse a primeira vedaccedilatildeo expressa as praacuteticas de
crueldade contra os animais natildeo humanos esta se limitava agravequeles que faziam uso de animais
natildeo humanos para o fim traccedilatildeo de carroccedilas e que somente no ano de 1934 sendo assim um
lapso de 48 anos ateacute que no dia 10 de julho viesse a existir um Decreto nacional o de nordm
24645 que promulgou a vedaccedilatildeo aos maus-tratos proferidos contra animais natildeo humanos em
local puacuteblico ou privado assim como trazendo a tutela do Estado para com estes assim como
estipulando puniccedilatildeo pecuniaacuteria e de enclausuramento para aquele que violasse o dito decreto
(BRASIL 1934)
Na supracitada legislaccedilatildeo federal ainda se trazia a representaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
como uma possibilidade nas accedilotildees que versassem sobre os maus-tratos relativos agrave animais natildeo
humanos No sistema normativo gerado por este decreto foram transcritas ainda diretrizes para
o uso animal natildeo humano para quando utilizados para auxiliar ou gerar trabalho de interesse
dos animais humanos como ao exemplo daqueles que fossem objeto de traccedilatildeo veicular Ainda
46
eacute imperioso constar que neste ano houve a primeira menccedilatildeo em relaccedilatildeo a negativa de abandono
de animais natildeo humanos (BRASIL 1934)
No mesmo ano em que o Brasil recebia sua primeira norma legislativa em acircmbito
Municipal para a garantia dos direitos dos animais natildeo humanos em Portugal no dia 16 de
setembro o Decreto Lei de seu Coacutedigo Penal jaacute trazia direitos para os animais natildeo humanos
no qual jaacute foram previstas penalidades para aqueles que ferissem matassem envenenasse
abusassem ou viessem a causar quaisquer outros tipos de danos aos animais natildeo humanos assim
como jaacute traziam a vedaccedilatildeo aos maus-tratos desde sua primeira menccedilatildeo normativa Desta forma
demonstram um claro avanccedilo no campo legislativo em relaccedilatildeo aos direitos dos animais natildeo
humanos perante as leis brasileiras (PORGUTAL 1886) Posicionamento semelhante no Brasil
soacute se fez demonstrar presente no campo normativo deacutecadas depois com o Projeto de Lei nordm 631
de 2015 onde no Senado brasileiro se passou a discutir em julgados o impedimento de causar
dor a animais natildeo humanos se o motivo natildeo for plenamente justificaacutevel discutindo tambeacutem
sobre o que tange a guarda destes tratando pela primeira vez a nomenclatura direta para os
animais natildeo humanos como seres sencientes (BRASIL 2015b)
Ainda antes mesmo do Brasil ter desenvolvido qualquer lei no acircmbito nacional sobre os
direitos dos animais natildeo humanos Portugal (2001) jaacute inovava com suas leis no dia 12 de junho
onde foi assinado mais um Decreto Lei este trazendo uma nova vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos deveres
dos animais humanos em relaccedilatildeo aos animais natildeo humanos desta vez impedindo a carga
excessiva de trabalho aos quais estes satildeo expostos determinando tempo capacidade dentre
outros regramentos de maneira a proporcionar para os animais natildeo humanos utilizados para o
serviccedilo condiccedilotildees miacutenimas de subsistecircncia visando diminuir seu sofrimento e trazendo-lhes
maior dignidade (PORTUGAL 2001)
Voltando a tratar da legislaccedilatildeo do Brasil (1941) houve um lapso temporal de 7 anos
entre a ultima ediccedilatildeo de norma legal em relaccedilatildeo aacute proacutepria lei e 22 anos se contadas as leis
portuguesas No dia 03 de outubro o Brasil promulgou por meio do Decreto Lei nordm 3688 a Lei
das Contravenccedilotildees Penais onde trouxe entre seus artigos penalidades para aqueles que
submetessem agrave trabalho excessivo ou cruel a animais natildeo humanos oferecendo como
penalidades a prisatildeo simples e ou a multa ainda qualifica como criminosa a praacutetica de
experiecircncias crueacuteis ou que gerem dor aos animais natildeo humanos vivos mesmo que este seja
realizado com intuito didaacutetico ou cientiacutefico trazendo assim pela primeira vez no ordenamento
brasileiro vedaccedilotildees no campo cientiacutefico e de entretenimento de animais humanos (BRASIL
1941)
47
Ainda no tocante das leis brasileiras passaram-se vinte e seis anos ateacute que no dia 03 de
janeiro de 1967 foi promulgada a Lei Federal nordm 5197 o chamado Coacutedigo da Caccedila impedindo
que a fauna silvestre fosse de qualquer forma alvo de caccedila predatoacuteria ou caccedila para criaccedilatildeo em
cativeiro assim vedando ainda sua destruiccedilatildeo ou de seu habitat de forma a trazer garantias ateacute
entatildeo natildeo observadas nem na legislaccedilatildeo brasileira nem portuguesa da diversidade
continuidade e sobrevivecircncia de animais provindos da fauna nativa paacutetria (BRASIL 1967)
Contudo os legisladores agrave eacutepoca evidenciaram que haviam condiccedilotildees especiais onde as
peculiaridades regionais abriam uma brecha para a permissatildeo da caccedila destas espeacutecies
entretanto mesmo permitindo com ressalvas a caccedila nestas zonas especiais a comercializaccedilatildeo
destes animais natildeo humanos permaneceria terminantemente proibida assim como produtos
feitos com eles ou mesmo seus filhotes Para garantir o correto cumprimento deste coacutedigo
foram estipuladas sanccedilotildees para os que natildeo as observassem Como principal marco desta lei
demonstra-se o primeiro relato de inafianccedilabilidade para aquele que cometer crime contra
animais natildeo humanos (BRASIL 1967)
Doze anos depois ainda no Brasil (1979) se continuava a desenvolver leis para a
proteccedilatildeo dos direitos dos animais natildeo humanos de forma a demonstrar que estaacutevamos em um
periacuteodo de grande evoluccedilatildeo legislativa garantista aos direitos dos animais natildeo humanos por
meio da Lei nordm 6638 se tratariam novamente os regramentos do tema em relaccedilatildeo ao uso
cientiacutefico destes falando dos laboratoacuterios testes cliacutenicos uso para testes de medicamentos
dissertando ainda sobre a eutanaacutesia dos animais natildeo humanos Passaram-se trecircs anos ateacute a
criaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente no dia 31 de agosto de 1979 protegendo a
fauna brasileira e seu habitat de forma especiacutefica e direta tratando pela primeira vez daqueles
que causem poluiccedilatildeo (BRASIL 1981)
42 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO CONTEMPORAcircNEO
O criteacuterio de comparaccedilatildeo contemporacircnea tomou por base a Constituiccedilatildeo Federal
brasileira de 1988 momento em que houve pela primeira vez a inclusatildeo dos direitos dos animais
natildeo humanos dentro do sistema constitucional brasileiro no qual o artigo 225 se veio a condenar
todo aquele que viesse a proferir gestos de crueldade para contra os animais natildeo humanos
poreacutem ainda ressalvando a possibilidade de natildeo se considerar como cruel as praacuteticas
desportivas os movimentos culturais que se encontram registradas como parte integrante do
patrimocircnio cultural brasileiro (BRASIL 1988)
48
Ainda no corpo do texto constitucional foi normatizada a garantia ao ambiente
equilibrado a qualidade de vida por meio de controle social e puacuteblico para a manutenccedilatildeo da
diversidade do patrimocircnio geneacutetico nacional da fauna e flora na tentativa de barrar a evoluccedilatildeo
numeacuterica do quadro de seres vivos na lista de animais em extinccedilatildeo ou extintos de forma a
apresentar um diferencial por constar em sua Constituiccedilatildeo direitos aos animais natildeo humanos
em relaccedilatildeo a Portugal(BRASIL 1988)
Portugal (2001) soacute voltaria a discutir as leis relativas aos direitos dos animais natildeo
humanos dentro dos criteacuterios comparativos de contemporaneidade aqui estabelecidos no
seacuteculo que se seguiria uma vez que na Europa a Convenccedilatildeo Europeia para a Proteccedilatildeo dos
Animais de Companhia que promulgou o Decreto nordm 1393 onde trouxe para seu territoacuterio
vaacuterias leis que tratavam da fauna e da flora de animais natildeo humanos domeacutesticos e selvagens
mas tambeacutem ressalvando as peculiaridades de sua fauna exoacutetica vedando vaacuterios atos
normativos do dito decreto vindo a defender protegendo ainda natildeo soacute as espeacutecies presentes ao
tempo da lei mas como tambeacutem seus filhotes mesmo quando criados em cativeiro onde
normatizava a forma de reproduccedilatildeo os locais de alojamento dos mesmos para os fins de
comercializaccedilatildeo hospedagem ou ainda centros de recolhimento de animais natildeo humanos de
companhia (PORTUGAL 2001)
Portugal veio ainda a tratar do abandono da negligecircncia fiacutesica alimentar higiecircnica e da
manutenccedilatildeo das condiccedilotildees de sauacutede dos animais natildeo humanos trazendo a necessidade de
laudos veterinaacuterios para que sejam realizadas intervenccedilotildees corpoacutereas nestes como ao exemplo
de amputaccedilotildees garantindo sua integridade fiacutesica de forma a natildeo soacute englobar os direitos aos
animais natildeo humanos outrora garantidos pela Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 mas
ainda refletindo leis que somente seriam vistas no territoacuterio brasileiro vaacuterios anos depois
(PORTUGAL 2001)
No Brasil cinco anos depois que o Decreto nordm 1393 era promulgado em Portugal seria
tratado assunto semelhante por meio da Lei nordm 9605 com a proibiccedilatildeo de diversos tipos de
atividades para que contra a fauna brasileira como matar caccedilar perseguir apanhar estes tipos
de animais natildeo humanos abrindo a permissatildeo para alguns destes em casos especiacuteficos natildeo
excluindo deste a fauna estrangeira tambeacutem tratando da vedaccedilatildeo a poluiccedilatildeo ora que afeta a
fauna brasileira estrangeira e ainda os animais humanos (BRASIL 1998)
Dois anos depois ainda em Portugal (2003a) se poderia notar a preocupaccedilatildeo com os
direitos dos animais natildeo humanos natildeo soacute enquanto considerados de companhia mas tambeacutem
os selvagens e os caracterizados como perigosos pela modificaccedilatildeo do Decreto Lei nordm 2762001
para o Decreto Lei nordm 315 2003 por observar algo que ateacute entatildeo soacute havia sido observado entre
49
as duas legislaccedilotildees portuguesa e brasileira no tocante de ressalvas do artigo 225 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988ao se tratar da proibiccedilatildeo de atos crueacuteis contra animais natildeo
humanos mas permitindo em casos de peculiaridades culturais como supracitado no paraacutegrafo
que a este antecedeu Neste decreto Portugal abril ressalvas a regulamentaccedilatildeo no acircmbito da
aplicabilidade do diploma outrora recebido por sua legislaccedilatildeo das figuras normativas referentes
a fauna e flora selvagem e exoacutetica assim como aqueles que os seguirem por descendecircncia de
modo a permitir que dentro das caracteriacutesticas proacuteprias de cada regiatildeo estas tivessem
autonomia de leis (PORTUGAL 2003b) Ainda no mesmo vieacutes em Santa Catarina (2003) a
Lei Estadual nordm 12854 instituiu o Coacutedigo Estadual de Proteccedilatildeo Animal para vedar quaisquer
tipos de agressotildees contra animais natildeo humanos indiferentemente se silvestres de companhia
domeacutesticos ou que possam ser domesticaacuteveis (aqueles que por sua natureza natildeo satildeo
classificados como domeacutesticos mas que podem vir a ser ao exemplo de porcos) nativos ou
exoacuteticos gerando uma normatizaccedilatildeo para transporte mantenccedila abate e pesquisas
cientiacuteficolaboratoriais garantindo-lhes plenas condiccedilotildees de existecircncia (SANTA CATARINA
2003)
Ainda sobre o tema de utilizaccedilatildeo de animais natildeo humanos para fins cientiacuteficos a
Diretiva 201063EU recepcionada pelas leis portuguesas vem a proteger os animais natildeo
humanos para quando utilizados para estes fins normatizando as teacutecnicas utilizadas durantes as
experiecircncias a qual veio a restringir a occisatildeo (ato de matar um animal) somente quando natildeo
haacute outra opccedilatildeo vedando que sem motivo de grande relevacircncia e plenamente justificaacuteveis se
ponha em risco a biodiversidade dos animais natildeo humanos e ainda traz a necessidade de se
buscar formas substitutivas para tal uso cientiacutefico onde busca reduzir ao miacutenimo inevitaacutevel o
uso de animais natildeo humanos nestes casos (PORTUGAL 2010)
No que se fala de leis que regulamentam a proteccedilatildeo ao bem-estar dos animais natildeo
humanos durante o transporte dos mesmos em Portugal o Regulamento nordm 12005 tenta
minimizar quaisquer sofrimentos seja pelo cumprimento de suas necessidades baacutesicas como
alimentaccedilatildeo higiene assim como com os meios utilizados para este transporte de maneira a
evitar lesotildees violecircncia ou sofrimento (PORTUGAL 2005) Ainda sendo valoroso constar aqui
a Lei nordm 9295 que aleacutem de ser por si soacute a Lei de Proteccedilatildeo aos Animais natildeo humanos a qual
veda quaisquer tipos de aferimento de dor sofrimento requisito de exigir mais do que a
capacidade do animal natildeo humano ainda veio a regulamentar a permissatildeo expressa de
transporte de animais natildeo humanos em transportes puacuteblicos seja para garantia da obrigaccedilatildeo
prevista a mesma lei de socorro aos animais natildeo humanos seja por comodidade ressalvando
50
que para tanto o animal natildeo humano deve estar devidamente condicionado em meio proacuteprio
sem apresentar aos demais riscos fiacutesicos a sua sauacutede ou higiene (PORTUGAL 1995)
Eacute imperioso citar o grande diferencial entre as legislaccedilotildees brasileira e portuguesa que se
fez surgir em Portugal ainda em 2003 quando por meio do Decreto-Lei n 3132003 foi criado
o sistema de cadastro e identificaccedilatildeo eletrocircnica de catildees e gatos natildeo soacute permitindo um melhor
controle estatal sobre o abandono como tambeacutem sobre as bases sanitaacuterias e controle
populacional destes animais natildeo humanos uma vez que devem constar desde informaccedilotildees
baacutesicas sobre o animal natildeo humano como nome raccedila idade e sexo ou ainda sobre seu
proprietaacuterio como nome endereccedilo contato mas ainda as vacinas que este individuo recebeu
no passar de sua vida se eacute ou natildeo castrado ainda obrigando a atualizaccedilatildeo perioacutedica dos dados
medida esta que no Brasil muito jaacute se discutiu regulamentar mas que nunca chegou a ter uma
normatizaccedilatildeo para com as leis (PORTUGAL 2003a)Este posicionamento foi reforccedilado pela
implementaccedilatildeo do Decreto Lei nordm 822019 ao criar o SIAC tornando mais rigorosos os criteacuterios
e penalidades relativas ao registro e atualizaccedilatildeo do cadastro dos animais natildeo humanos
(PORTUGAL 2019b)
Jaacute no Brasil o Coacutedigo Civil de 2002 classificou por meio de nova hermenecircutica ao
artigo 82 onde se definiam os animais natildeo humanos como coisas como somente bens agora
se passou a entender estes como seres semoventes por serem bens de capacidade a serem
suscetiacuteveis de movimentaccedilatildeo proacutepria assim permaneceu com a consolidaccedilatildeo do Coacutedigo de
Processo Civil de 2015 Poreacutem devido a sua capacidade de sofrer de sentir dor tornaram-se
perante o sistema normativo brasileiro dignos da nomenclatura de seres viventes seres
sencientes aqueles que pela sua condiccedilatildeo bioloacutegica chegando ao tocante de acordo com
Cardoso (2007) de seres aptos a terem sua personalidade juriacutedica discutida ora que no passado
outros como escravos e crianccedilas natildeo tinham essa personalidade levantada mas agora tem
Da mesma forma dever-se-ia permitir que tal condiccedilatildeo fosse levada a pauta de discussatildeo
normativa mesmo que natildeo possuindo faculdades mentais de plena comparaccedilatildeo as dos animais
humanos tampouco as crianccedilas e os escravos os tinham perante a lei no passado de forma que
na contemporaneidade ateacute aquele que tenha comprovadamente suas faculdades mentais
consideradas inaptas a autonomia de querer ainda sim possuem personalidade juriacutedica deveres
e direitos uma vez que satildeo capazes de sofrer de sentir de passar fome ainda que natildeo consigam
expressar essas condiccedilotildees de forma clara e linguisticamente padronizados resultado no fato de
que natildeo eacute a capacidade de raciocinar capacidade cognitiva ou ainda de comunicativa o requisito
para a arguiccedilatildeo de sua personalidade juriacutedica (CARDOSO 2007) Jaacute em Portugal a
compreensatildeo e caracterizaccedilatildeo dos animais natildeo humanos como seres sencientes estaacute expresso
51
desde 2017 deixando de serem classificados no rol de coisas por meio da Lei nordm 82017
(PORTUGAL 2017b)
No mesmo ano em que Cardoso (2007) tratava doutrinalmente da personalidade juriacutedica
dos animais natildeo humanos no Brasil em Portugal com a promulgaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm
742007 discutia de forma consagrada o direito de acesso de pessoas portadoras de deficiecircncia
visual que se fazem acompanhar de catildeo-guia a locais transportes e estabelecimentos puacuteblicos
direito este que no Brasil foi inserido no sistema normativo brasileiro em 2005 por meio da Lei
nordm 1112605 mas que soacute se consagrou pela redaccedilatildeo a esta proferida pela Lei nordm 131462015
Jaacute no Brasil sobre este tema com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 1112605 futuramente alterada e
devidamente implementada no sistema normativo brasileiro pela Lei nordm 131462015 veio de
modo a garantir o mesmo direito em territoacuterio nacional agraves pessoas humanas que sejam
portadoras de deficiecircncia visual e sejam acompanhadas de catildees-guia (BRASIL 2015a)
43 COMPARATIVO DOS JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO
HUMANOS BRASIL X PORTUGAL
Quando se trata da possibilidade jurisprudencial da discussatildeo em relaccedilatildeo a guarda de
animais natildeo humanos enquanto envolvidos em processos de separaccedilatildeo divoacutercio ou dissoluccedilatildeo
de relacionamentos no Brasil foi discutido pelo Ministro Luis Felipo Salomatildeo (2018) o tema
partindo do paracircmetro dos fins sociais ora vez de natildeo se tratar de um bem inanimado como
seria o caso da partilha dos bens entatildeo perante o caso concreto a lide formal da guarda de
animais natildeo humanos estendendo aos animais natildeo humanos a condiccedilatildeo de sujeito de direito
reconhecendo assim um terceiro gecircnero uma vez que se apresenta em relaccedilatildeo a evoluccedilatildeo da
proacutepria sociedade protegendo entatildeo as relaccedilotildees afetivas entre os animais natildeo humanos e
humanos Este posicionamento se reforccedilou com a decisatildeo da Juiacuteza de Direito da 3ordf Vara da
Famiacutelia de Joinville em 2019 ao erguer a necessidade de que os animais natildeo humanos tenham
modificado seu status normativo de coisa para uma categoria intermediaacuteria entre cosia e animais
humanos embasada pelo Projeto de Lei do Senado de nordm 31515 que visa alterar o artigo 82 do
Coacutedigo Civil (REIMER 2019)
No mesmo ano em Portugal se discutiu a mesma problemaacutetica onde ao ocorrer uma
separaccedilatildeo ambas as partes demonstraram interesse em contrair a guarda da cachorrinha outrora
de propriedade do casal mas que diferente do Brasil onde se discute a natureza juriacutedica dos
animais natildeo humanos para o tocante da discussatildeo de guarda em Portugal jaacute se tem legislaccedilatildeo
sobre o tema onde no Coacutedigo Civil portuguecircs (1966) em seu artigo 1793-A traz de forma
52
direta no que se fala de divoacutercio e guarda dos assim chamados animais de companhia
apontando os fatores que deveratildeo ser considerados para a decisatildeo judicial do ganho da guarda
onde ainda aponta que deveraacute ser levado em consideraccedilatildeo o bem-estar animal como uacuteltimo
criteacuterio para tal decisatildeo (CRISTOacuteVAtildeO 2019) Enquanto em Portugal como se pode observar
na afirmativa anterior jaacute haacute relato normativo dentro do Coacutedigo Civil portuguecircs de 1966 sobre
a regulamentaccedilatildeo para quando a disputa de guarda de animais natildeo humanos no Brasil tal tipo
de posicionamento ainda eacute inexistente apenas se fazendo constar por meio de um Projeto de
Lei o PLS 54218 para possibilitar criteacuterios de julgamento em casos de divoacutercios ou dissoluccedilatildeo
de uniatildeo estaacutevel de maneira que se quando aprovado alteraria o Coacutedigo de Processo Civil
brasileiro entretanto se for aprovado natildeo estabeleceria o bem-estar animal apenas como
ultimo fator para a determinaccedilatildeo de com quem deveria se manter a guarda como eacute atualmente
em Portugal mas sim como um criteacuterio essencial para tal decisatildeo (BRASIL 2018b)
44 UM COMPARATIVO ENTRE LEIS ESPECIAIS
Como se pode ler nos capiacutetulos dois e trecircs deste trabalho tanto Portugal quanto o Brasil
jaacute tratam da vedaccedilatildeo do uso de animais natildeo humanos nos testes para a produccedilatildeo de cosmeacuteticos
produtos de perfumaria higiene dentre outros poreacutem enquanto em Portugal esta vedaccedilatildeo jaacute
se encontra devidamente celebrada desde o datar de 30 de novembro de 2009 por meio do
Regulamento nordm 12232009 onde a Uniatildeo Europeia veio a regulamentar como deveriam ser
realizados os testes em animais natildeo humanos estabelecendo o desenvolvimento de teacutecnicas
substitutivas para o uso de animais natildeo humanos nos supracitados testes Estabelecendo ainda
limites nos anos de 2009 e 2013 para o fim da comercializaccedilatildeo de bens esteacuteticos que tivessem
em seus compostos ingredientes testados em animais natildeo humanos e os testes em animais em
si respectivamente (PORTUGAL 2009c) No Brasil tal espeacutecie de proibiccedilatildeo somente se daacute
por meio de Projetos de Lei estadual como o Projeto de Lei nordm 552017 que visa proibir os
testes em animais natildeo humanos no territoacuterio catarinense prevendo sanccedilotildees tanto para
instituiccedilotildees quanto para animais humanos que descumpram os termos da lei o presente Projeto
de lei aguarda atualmente sanccedilatildeo estadual (SANTA CATARINA 2020)
Em Portugal eacute possiacutevel observar uma evoluccedilatildeo contiacutenua sobre as legislaccedilotildees de direito
de animais natildeo humanos como apresentado por exemplo pela Resoluccedilatildeo nordm 202018 que
incentiva a constituiccedilatildeo de grupos de trabalho para que se busque diminuir os maus-tratos
levantados contras os animais natildeo humanos viacutetimas de acumulaccedilatildeo conhecida como Siacutendrome
de Noeacute (MACHADO 2020) assim como com a Lei nordm392020 que criou um regime
53
sancionatoacuterio aos crimes proferidos contra os animais de companhia e ocasionando na alteraccedilatildeo
do Coacutedigo Penal e do Coacutedigo de Processo Civil portuguecircs trazendo entre outros a possibilidade
de instauraccedilatildeo de processos crimes para investigar suspeitas relatos e denuacutencias de maus-tratos
negligecircncia ou qualquer outra accedilatildeo que faccedila impedir o bem-estar de animais de companhia em
Portugal assim como estabelecendo a possibilidade de exame de corpo de delito sobre tais
crimes contra os animais natildeo humanos ainda declarando como crime a ocultaccedilatildeo de provas
animais natildeo humanos ou qualquer outro meio que venha a atrapalhar o devido processo
investigativo de forma a prever a busca e apreensatildeo para a garantia da devida investigaccedilatildeo
trazendo para aqui a figura do depositaacuterio fiel (PORTUGAL 2020a)
Jaacute no Brasil percebe-se um risco iminente de acontecer um retrocesso no campo
normativo relativo aos direitos do animais natildeo humanos como o que ocorre com a Lei nordm
2172019 o Coacutedigo de Proteccedilatildeo e bem-estar animal que veda que a sociedade propicie
alimentaccedilatildeo aacutegua cuidados com a sauacutede higiene dentre outros quando em vias puacuteblicas
constituindo que a mantenccedila do bem-estar animal por meio da sociedade enquanto natildeo Estado
seja caracterizada como infraccedilatildeo legal (CURITIBANOS 2019)
Da mesma forma o Projeto de Lei nordm 722020 de Penha como arguido por Moreira
(2020) aparece como uma lei temeraacuteria ora que prevecirc multar e penalizar os tutores de
cachorros que importunarem o sossego sendo uma consequecircncia clara para a tentativa de
impedir as sanccedilotildees desta lei a implementaccedilatildeo de meios a impedir os latidosEsta iniciativa pode
trazer ocorrecircncias de maus-tratos seja pelo uso de equipamentos anti-latido pela secccedilatildeo das
cordas vocais dos cachorros ou ainda outras puniccedilotildees mais agravadas em caso seu proprietaacuterio
venha a ser punido pelo fato de seus cachorros latirem (PENHA 2020)
Em contraponto eacute possiacutevel observar no Regulamento nordm 1523007 do Parlamento
Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia que foi recebido pelo sistema normativo portuguecircs
no qual para a garantia do bem-estar tanto de catildees e gatos quanto da sociedade em si vedou
expressamente a comercializaccedilatildeo exportaccedilatildeo ou importaccedilatildeo de qualquer tipo de material ou
produto que tenha em sua composiccedilatildeo pele de gato ou de cachorroTraz ainda no corpo do texto
legal sanccedilotildees mais graviacutedicas em relaccedilatildeo a todos que se envolvam de forma direta indireta
tentada ou consumada ou ainda que sabendo natildeo veia a denunciar ou impedir lutas entre animais
natildeo humanos (PORTUGAL 2007b)
Felizmente observa-se que em caminho contraacuterio ao Projeto de Lei nordm 722020 e a Lei
nordm 2172019 o Projeto de Lei nordm 6312015 busca alterar a redaccedilatildeo do artigo 32 da Lei nordm
960598 onde busca vedar sem motivos justificaacuteveis proferir dor lesatildeo ou sofrimento aos
animais natildeo humanos ressaltando neste ponto a tentativa de se classificar o tratamento dado
54
aos animais natildeo humanos agora como seres sencientes (BRASIL2019) devendo-se constar
que o artigo 82 do Coacutedigo Civil brasileiro caracteriza de forma normativa os animais natildeo
humanos como coisas e sobre a nova hermenecircutica o tratamento juriacutedico destes busca a
compreensatildeo como sencientes (BRASIL 2002) posicionamento este que em Santa Catarina jaacute
se fez constar pela Lei nordm 17485 (SANTA CATARINA 2018)
Em Portugal por meio da Lei nordm 3152009 foram criados ditames regrativos para em
quanto a especificidade de animais natildeo humanos que sejam devido a sua natureza sua
caracterizaccedilatildeo de selvagem sua espeacutecie ou ainda condiccedilotildees especiais caracterizados como
perigosos ou potencialmente estabelecendo diretrizes para a mantenccedila criaccedilatildeo interaccedilatildeo para
com outros seres vivos sejam estes animais humanos ou natildeo humanos enquanto se apresentem
de forma direta ou indireta como animais de companhia infelizmente no Brasil natildeo se pode
observar regramento especificamente da mesma forma (PORTUGAL 2009b)
Assim no presente capiacutetulo foi realizada uma anaacutelise comparativa da evoluccedilatildeo histoacuterica
legislativa dos direitos dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo brasileira e portuguesa
ateacute a contemporaneidade do estado atual de seus direitos incluindo julgados projetos de lei
suacutemulas sem deixar de constar ateacute retrocessos legislativos dos direitos em questatildeo
55
5 CONCLUSAtildeO
Com o presente trabalho se pode chegar a conclusatildeo que haacute uma lenta evoluccedilatildeo no
tocante dos direitos dos animais natildeo humanos no ordenamento brasileiro em comparaccedilatildeo com
a legislaccedilatildeo portuguesa ora que por muitas vezes o sistema normativo brasileiro se fez valer
de semelhantes posicionamentos legais para com seu paiacutes irmatildeo somente apoacutes um consideraacutevel
lapso temporal ressalvando-se o fato de grande relevacircncia em que nesta comparaccedilatildeo se pode
observar que apenas o Brasil apresenta garantias aos direitos dos animais natildeo humanos dentro
do seu corpo constitucional
O Brasil enquanto comparado aPortugalaquele que se tem reciprocidade de tratamento
ainda se apresenta com pouca atenccedilatildeo sobre o tema destes direitos ora quepor muito tempo natildeo
considerouos animais natildeo humanos como dignos de direito agrave liberdade agrave integridade fiacutesica e o
mais grave o simples e mais essencial o direito a vida
No campo normativo sobre as disputas de guarda de animais natildeo humanos o Brasil
ainda se encontra muito atrasado com relaccedilatildeo aos regimentos legais ora que enquanto em
Portugal esta lide jaacute estaacute determinada perante um artigo do Coacutedigo Civil de 1966 mesmo
queconstando que tal regra normativacoloca o bem-estar dos ditos animais de companhia
somente como uacuteltimo fator para ser considerado em lides de divoacutercios e separaccedilotildees no Brasil
ainda natildeo haacute nota normativa alguma sobre o assunto apenas jurisprudecircncia e Projeto de Lei
demonstrando uma clara falta de embasamento legal para a resoluccedilatildeo das lides neste sentido
poreacutem apresenta uma inovaccedilatildeo para com o seu paiacutes irmatildeo onde em caso de aprovaccedilatildeo do
Projeto de Lei nordm 54218 sem modificaccedilotildees o bem-estar dos animais natildeo humanos seraacute
considerado como fator essencial para a decisatildeo de quem receberaacute judicialmente a guarda do
animal de estimaccedilatildeo
Ainda se pode observar que as normas brasileiras de direitos dos animais natildeo humanos
ao contraacuterio de Portugal por muitas vezes partem de leis estaduais e municipais para depois se
consagrarem no campo federativo tanto que se pode observar incongruecircncias em leis estaduais
e municipais que se apresentam em desacordo com a norma paacutetria causando um retrocesso
legal para com os direitos dos animais natildeo humanos fato este natildeo observado no sistema
normativo portuguecircsMuito provavelmente porque neste os direitos dos animais natildeo humanos
estarem por muitas vertentes garantidos dentro da Convenccedilatildeo Europeia que aleacutem de trazer
regulamentaccedilotildees sobre o tema ainda fiscaliza sua correta aplicaccedilatildeo legislativa
No mesmo tocante enquanto em Portugal os animais natildeo humanos jaacute satildeo tratados de
forma distinta de coisas tanto pela hermenecircutica quanto pela escrita literal das leis onde desde
56
2017 jaacute natildeo satildeo tratados dentro do rol coisas mas sim recebendo a nomenclatura e classificaccedilatildeo
como seres sencientes no paccedilo em que no Brasil semelhante posicionamento atualmente se
encontra tatildeo somente de forma doutrinaacuteria e em sugestotildees de julgados de lides que envolvem
os animais natildeo humanos de forma a ter propiciado a instauraccedilatildeo do Projeto de Leinordm 631 de
2015 que vem a tentar trazer o mesmo tratamento de nomenclatura e classificaccedilatildeo do jaacute
instaurado em Portugal
Ao fim do processo de pesquisa do presente trabalho a pesquisadora observou a
importacircncia de um futuro estudo relativo aos direitos dos animais natildeo humanos no que tange a
Ameacuterica Latina com o intuito de resgatar a evoluccedilatildeo destes direitos dentro do Mercosul tanto
por haver um livre transito entre os paiacuteses afiliados instigando interesse em se conhecer
maissobre a relaccedilatildeo e autonomia de cada paiacutes membrosobre estes direitos conjunto das leis que
se compartilham quanto pela proximidade de suas fronteiras onde a fauna e flora se misturam
vez que ao desenvolver esta pesquisa foi observada uma evoluccedilatildeo relevante nos direitos dos
animais natildeo humanos em Portugal por meio da Convenccedilatildeo Europeia erguendo a curiosidade
para descobrir se dentro no Mercosul poderia ocorrer fato semelhante em relaccedilatildeo as leis
brasileiras
57
REFEREcircNCIAS
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ALINE BRAUNSPERGER OCAMPO MOREacute
DIREITO DOS ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
UMA ANAacuteLISE COMPARATIVA ENTRE OORDENAMENTO BRASILEIRO E
PORTUGUEcircS
Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado
ao Curso de Graduaccedilatildeo em Direito da
Universidade do Sul de Santa Catarina como
requisito parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de
Bacharel em Direito
Orientadora Prof Andreia Catine Cosme Msc
Florianoacutepolis
2020
ALINE BRAUNSPERGER OCAMPO MOREacute
DIREITO DOS ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
UMA ANAacuteLISE COMPARATIVA ENTRE OORDENAMENTO BRASILEIRO E
PORTUGUEcircS
Este Trabalho de Conclusatildeo de Curso foi
julgado adequado agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de
Bacharel em Direito e aprovado em sua forma
final pelo Curso de Graduaccedilatildeo em Direito da
Universidade do Sul de Santa Catarina
Florianoacutepolis 20 de novembro de 2020
______________________________________________________
Professora e orientadoraAndreia Catine Cosme Msc
Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________
Prof Nome do Professor titulaccedilatildeo
Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________
Prof Nome do Professor titulaccedilatildeo
Universidade do Sul de Santa Catarina
TERMO DE ISENCcedilAtildeO DE RESPONSABILIDADE
DIREITO DOS ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
UMA ANAacuteLISE COMPARATIVA ENTRE OORDENAMENTO BRASILEIRO E
PORTUGUEcircS
Declaro para todos os fins de direito que assumo total responsabilidade pelo aporte
ideoloacutegico e referencial conferido ao presente trabalho isentando a Universidade do Sul de
Santa Catarina a Coordenaccedilatildeo do Curso de Direito a Banca Examinadora e o Orientador de
todo e qualquer reflexo acerca deste Trabalho de Conclusatildeo de Curso
Estou ciente de que poderei responder administrativa civil e criminalmente em caso
de plaacutegio comprovado do trabalho monograacutefico
Florianoacutepolis 20 de novembro de 2020
____________________________________
ALINE BRAUNSPERGER OCAMPO MOREacute
Dedico o presente trabalho aos meus pais e
orientadora pelo carinho afeto dedicaccedilatildeo
cuidado e preocupaccedilatildeo diaacuterios que me
aguentaram e reergueram dia apoacutes dia na
jornada tortuosa que minha vida tomou A forccedila
que me dispensaram assim como abdicaccedilotildees
para me possibilitar seguir a diante e alcanccedilar o
que em muitos momentos achei impossiacutevel
Serei eternamente grata por tudo
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiro a minha Famiacutelia pelo esforccedilo investido na minha educaccedilatildeo e por ter
me mantido na trilha natildeo permitido que eu desviasse ou desistisse do meu sonho para com o
curso de Direito quando no meio de um turbilhatildeo de duacutevidas provindas da minha sauacutede unida
ao atual estado que vivemos da pandemia do COVID-19 me apoiando e reerguendo dia apoacutes
dia durante este projeto de pesquisa me conduzindo ateacute o final
Sou extremamente grata agrave minha orientadora pela confianccedila depositada no meu projeto
no momento que me tomou como orientanda que como ela mesma afirmou durante este
semestre me herdou para orientaccedilatildeo me incentivando me motivando com sua dedicaccedilatildeo
sempre presente para que eu pudesse alcanccedilar o objetivo de entregar o TCC da forma mais
digna me dando palavras de apoio consolo e sabedoria a cada etapa
Deixo ainda um agradecimento aos meus amigos de perto e de longe que escutavam
meus lamentos minhas angustias e temores em relaccedilatildeo ao temor de natildeo entregar um trabalho a
altura a importacircncia do tema
Tambeacutem quero agradecer agrave Universidade do Sul de Santa Catarina UNISUL assim
como a todos os professores que fizeram parte dessa louca jornada acadecircmica que foi o curso
de direito nestes quatro anos que se seguiram com empenho e elevada qualidade de ensino
oferecido assim como entendendo e aceitando minhas peculiaridades no transcorrer destes
anos
ldquoSou a favor do direito dos animais como o direito dos humanos Esse eacute o
caminho de um ser humano completordquo Abraham Lincoln
RESUMO
O estudo aqui proposto possui como base central fazer uma anaacutelise comparativa entre o direito
dos animais natildeo humanos dentro do campo legislativo brasileiro e portuguecircs no contexto
histoacuterico e no cenaacuterio atual Para tanto foi utilizado o meacutetodo monograacutefico comparativo de
abordagem dedutiva por meio de pesquisas bibliograacuteficas e documentais analisando as leis
projetos de lei a Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 Suacutemulas CoacutedigosCivis
CoacutedigosPenais Coacutedigos de Processo Penal Tratados Internacionais Convenccedilotildees
Internacionais doutrinas julgados e jurisprudecircncias dos dois paiacuteses Tendo como objetivo geral
compor uma linha de anaacutelise de direito comparado para tentar descobrir se haacute uma evoluccedilatildeo no
campo dos direitos dos animais natildeo humanos dentro dos sistemas normativos brasileiro e
portuguecircs Portanto a presente pesquisa visa responder agrave pergunta se aacute uma evoluccedilatildeo das leis
brasileiras quando comparadas as leis portuguesas sobre o tocante do direito dos animais natildeo
humanos Chegando agrave conclusatildeo que o Brasil se encontra um tanto estagnado neste assunto
quando comparado a Portugal se tratando da evoluccedilatildeo dos direitos dos animais natildeo humanos
dentro do seu sistema normativo
Palavras-chave Direito brasileiro dos animais Direito portuguecircs dos animais Bem-estar
animal Direito comparado
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 9
2 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA 12
21 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS 12
22 LEGISLACcedilAtildeO PAacuteTRIACONTEMPORAcircNEA 15
23 ANAacuteLISE SOBRE A LEI 2172019 DO MUNICIacutePIO DE CURITIBANOSSC 21
24 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 722020 DE PENHASC 22
25 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 552017 DE PROIBICcedilAtildeO DE USO DE ANIMAIS EM
TESTES DE COSMEacuteTICOS 22
26 JULGADOS SOBRE A GUARDA ANIMAL E PROJETOS LEIS 24
3 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA 29
31 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS 29
32 LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA CONTEMPORAcircNEA 32
33 ANAacuteLISE LEI Nordm 9295 37
34 ANAacuteLISE IMPLEMENTACcedilAtildeO LEI Nordm 392020 39
35 JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO HUMANOS EM PORTUGAL40
4 COMPARACcedilAtildeO DAS LEGISLACcedilOtildeES BRASILEIRA E PORTUGUESA 44
41 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO HISTOacuteRICO 45
42 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO CONTEMPORAcircNEO 47
43 COMPARATIVO DOS JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO
HUMANOS BRASIL X PORTUGAL 51
44 UM COMPARATIVO ENTRE LEIS ESPECIAIS 52
5 CONCLUSAtildeO 55
REFEREcircNCIAS 57
9
1 INTRODUCcedilAtildeO
O presente trabalho monograacutefico foi desenvolvido com o intuito de trazer um compilado
de legislaccedilotildees normas jurisprudecircncias julgados e doutrinas por uma seleccedilatildeo qualitativa em
relaccedilatildeo ao direito dos animais natildeo humanos numa comparaccedilatildeo entre o estado legal do Brasil e
Portugal De forma que a pesquisadora optou por apresentar os dados mais relevantes e
marcantes sobre o tema como ferramenta de seleccedilatildeo da mesma forma que trouxe leis estaduais
e municipais de Santa Catarina por ser o local de desenvolvimento fiacutesico e moradia da mesma
Sendo este trabalho baseado no meacutetodo de abordagem dedutivo meacutetodo de
procedimento comparativo e teacutecnicas de pesquisa bibliograacutefica e documental abordando uma
pesquisa de direito comparado de documentos entre as legislaccedilotildees brasileira e portuguesa em
conjunto com a apresentaccedilatildeo e anaacutelise de algumas doutrinas julgados e projetos de leidos dois
paiacuteses sobre o tema Busca assim estudar e analisar a evoluccedilatildeo legal dos direitos dos animais
natildeo humanos pelo vieacutes comparativo das legislaccedilotildees brasileira e portuguesa De maneira a buscar
resolver a questatildeo ldquoQuais os contrastes evolutivos dos direitos dos animais natildeo humanos no
ordenamento brasileiro em comparaccedilatildeo com a legislaccedilatildeo de Portugalrdquo
O objetivo geral deste trabalho deste trabalho compor uma linha de anaacutelise da evoluccedilatildeo
dos paracircmetros legaisconstitucionais dos animais natildeo humanos entre os supracitados
ordenamentos e como objetivos especiacuteficos de apresentar a evoluccedilatildeo histoacuterica normativa entre
os dois paiacuteses apresentar o estado atual das legislaccedilotildees dos dois paiacuteses identificar dentro de
suas legislaccedilotildees algumas jurisprudecircncias o incremento no tratamento juriacutedico dispensado aos
animais natildeo humanos assim comocomparar a atual legislaccedilatildeo brasileira perante a portuguesa
no tocante do direito dos animais natildeo humanos
Justifica-se a seleccedilatildeo deste tema como base para estudo pela crescente luta para a
conquista de direitos individuais e coletivos na contemporaneidade onde se tem combatido
diversos entendimentos legais no campo legal brasileiro renovando valores conhecimentos
ateacute a proacutepria consciecircncia sobre a participaccedilatildeo inclusatildeo e relevacircncia dos animais natildeo humanos
dentro das unidades familiares convivecircncia social e ateacute sua abrangente inclusatildeo no mercado de
trabalho De maneira que o avanccedilo legal comparada no Brasil e Portugal instigou a curiosidade
da pesquisadora perante os novos aspectos constitucionais e no campo do direito e a eminente
importacircncia da compreensatildeo da aplicabilidade e hermenecircutica das leis projetos de leis e de
emendas constitucionais conjunto com o conhecimento arguido pela pesquisadora durante os
anos em que cursou a graduaccedilatildeo em medicina veterinaacuteria onde a importacircncia do maior
reconhecimento destes direitos lhe ficou clara onde a relevacircncia do tema para o contexto
10
contemporacircneo da sociedade dentro dos atuais e futuros julgados em funccedilatildeo dos diversos
debates que tem gerado dentro e fora dos tribunais acerca do tema dos direitos da capacidade
ateacute da guarda e tutela dos animais natildeo humanos
Este trabalho esperase apresentar como uma fonte de pesquisa incentivo reanaacutelise e
com o intuito de instigar novos posicionamentos juriacutedicocriacuteticos sobre o cenaacuterio atual da
participaccedilatildeo dos animais natildeo humanos dentro da sociedade possibilitando uma nova
consciecircncia para com o tema demonstrando os obstaacuteculos legais que ainda temos pela frente
quando em comparaccedilatildeo com o mesmo cenaacuterio portuguecircs
No segundo capiacutetulo deste trabalho eacute apresentada a evoluccedilatildeo histoacuterica da legislaccedilatildeo do
sistema normativo julgados e projetos de lei desde o primeiro relato em lei a favor do direito
dos animais natildeo humanos dentro do sistema normativo brasileiro passando pela constituiccedilatildeo
de 1988 decretos lei o Coacutedigo Civil (CC) o Coacutedigo de Processo Civil (CPC) o Coacutedigo Penal
(CP) a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro da constituiccedilatildeo e coacutedigos nacionais
leis municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma abrangente
anaacutelise sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do
territoacuterio brasileiro
No terceiro capiacutetulo deste trabalho se apresenta a evoluccedilatildeo histoacuterica da legislaccedilatildeo do
sistema normativo e julgados desde o primeiro relato em lei a favor do direito dos animais natildeo
humanos dentro do sistema normativo portuguecircs passando por decretos lei o Coacutedigo Civil
(CC) o Coacutedigo de Processo Civil (CPC) o Coacutedigo Penal (CP) Coacutedigo de Processo Penal
(CPP) a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro dos coacutedigos nacionais oacutergatildeos
reguladores dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do territoacuterio portuguecircs leis e licenccedilas
municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma abrangente anaacutelise
sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do territoacuterio
portuguecircs
No quarto capiacutetulo deste trabalho se apresenta um anaacutelise comparativa sobre a evoluccedilatildeo
histoacuterica das legislaccedilotildees de seus sistemas normativos e julgados desde os primeiros relatos
regimentais a favor do direito dos animais natildeo humanos dentro de seus sistemas normativos
passando por decretos lei o Coacutedigo Civil o Coacutedigo de Processo Civil o Coacutedigo Penal Coacutedigo
de Processo Penal a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro dos coacutedigos nacionais
leis e licenccedilas municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma
11
abrangente anaacutelise sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos de
forma comparativa dentro do territoacuterio brasileiro e portuguecircs
12
2 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA
Neste capiacutetulo tem-se como objetivo trazer de forma sucinta a evoluccedilatildeo histoacuterica no que
tange o direito dos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo do Brasil trazendo para isto as proacuteprias
leis assim como relatos bibliograacuteficos sobre o tema
21 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
O primeiro relato normativo brasileiro direcionado aos direitos dos animais natildeo
humanos no dia 6 de outubro de 1886 no Coacutedigo de Posturas do Municiacutepio de Satildeo Paulo que
trouxe no seu artigo 220 a primeira norma de proibiccedilatildeo de crueldade contra animais natildeo
humanos ldquoEacute proibido a todo cocheiro ou condutor de carroccedila maltratar animais com castigos
baacuterbaros e imoderados disposiccedilatildeo essa que se aplica aos ferradoresrdquo sendo assim um marco
inicial histoacuterico nacional para a luta por estes direitos(SAtildeO PAULO 1886)
Jaacute no tangente de legislaccedilatildeo na esfera nacional somente no dia 10 de julho de 1934
ocorreu o primeiro registro normativo visando a algum tipo de proteccedilatildeo perante os animais natildeo
humanos o Decreto Lei nordm 24645 oficializado por Getuacutelio Vargas definindo a
responsabilidade do Estado de tutelar todos os animais existentes trazendo ainda a primeira
sansatildeo em relaccedilatildeo aos matildeos tratos em seu artigo 2ordm ldquoAquele que em lugar puacuteblico ou privado
aplicar ou fizer aplicar maus-tratos aos animas incorreraacute em multa de 20$000 a 500$000 e na
pena de prisatildeo celular de 2 a 15 dias quer o delinquente seja ou natildeo o respectivo proprietaacuterio
sem prejuiacutezo da accedilatildeo civil que possa caberrdquo tendo sido o rompimento de uma fronteira em
relaccedilatildeo agrave compreensatildeo da vedaccedilatildeo aos matildeos tratos de forma direta ou indireta praticando ou
fazendo praticar sendo ou natildeo proprietaacuterio do animal natildeo humano de forma a demonstrar que
todos os animais natildeo humanos merecem respeito trazendo ainda em seus paraacutegrafos a
possibilidade de maiores sanccedilotildees como ateacute a apreensatildeo ou confisco do animal natildeo humano que
for alvo de qualquer tipo de maus-tratos em seu artigo 14 ainda busca pela primeira vez
penalizar aquele que causa a morte destes oferecendo pena em dobro se a este ponto chegar ou
for reincidente de acordo com o artigo 15 como tambeacutem a quem cabe sua aplicaccedilatildeo pelo artigo
12 atribuindo tal encargo a poliacutecia ou autoridade municipal cabendo esta se verificar a
gravidade do delito vale constar o sect3ordm no mesmo artigo ldquoOs animais seratildeo assistidos em juiacutezo
pelos representantes do Ministeacuterio Puacuteblico seus substitutos legas e pelos membros das
sociedades protetoras dos animaisrdquo reforccedilando a responsabilidade do Estado perante a garantia
13
dos direitos dos animais natildeo humanos No transcorrer de seus artigos o Decreto caracteriza o
que se enquadra como crueldade no seu artigo 3ordm como ao exemplo dos seus incisos XVI
XVIII XXI e XXV
XVI -fazer viajar um animal a peacute mais de 10 quilocircmetros sem lhe dar descanso ou
trabalhar mais de 6 horas contiacutenuas sem lhe dar aacutegua e alimento
XVIII - conduzir animais por qualquer meio de locomoccedilatildeo colocados de cabeccedila para
baixo de matildeos ou peacutes atados ou de qualquer outro modo que lhes produza sofrimento
XXI - deixar de ordenhar as vacas por mais de 24 horas quando utilizadas na
explorado do leite
XXV - engordar aves mecanicamente (BRASIL 1934)
Este decreto trouxe pela primeira vez regulamentaccedilotildees nacionais perante os animais natildeo
humanos no tangente laboral humano sendo reforccedilado tal posicionamento pelo texto dos
artigos 4ordm a 8ordm onde regula-se a utilizaccedilatildeo dos animais natildeo humanos em veiacuteculos ou outras
formas em que se faccedila utilizar a traccedilatildeo animal Jaacute no seu artigo 13 traz a primeira proibiccedilatildeo
direta ao abandono de animal ainda traz ressalvado em seu artigo 19 a revogaccedilatildeo de qualquer
tipo de ordenamento ao contraacuterio do que o Decreto Lei expressa Mesmo sendo uma grande
evoluccedilatildeo para o direito dos animais natildeo humanos em relaccedilatildeo ao que o paiacutes tinha ateacute entatildeo o
artigo 17 ainda define animal como seres irracionais sem que a eles se apresente nenhum tipo
de possibilidade de compreensatildeo (BRASIL 1934)
Somente 7 anos depois em 03 de outubro de 1941 com a ediccedilatildeo da Lei das
Contravenccedilotildees Penais pelo Decreto Lei nordm 3688 o artigo 64 trouxe penas de prisatildeo e multa
ali ainda descrita em ldquoreacuteisrdquo
Art 64 Tratar animal com crueldade ou submetecirc-lo a trabalho excessivo
Pena ndash prisatildeo simples de dez dias a um mecircs ou multa de cem a quinhentos mil reacuteis
sect1ordm Na mesma pena incorre aquele que embora para fins didaacuteticos ou cientiacuteficos
realiza em lugar puacuteblico ou exposto ao puacuteblico experiecircncia dolorosa ou cruel em
animal vivo
sect2ordm Aplica-se a pena com aumento de metade se o animal eacute submetido a trabalho
excessivo ou tratado com crueldade em exibiccedilatildeo ou espetaacuteculo puacuteblico (BRASIL
1941)
Desta forma buscando pela primeira vez colocar limites normativos natildeo soacute para os
animais natildeo humanos utilizados para atividades laborativas mas tambeacutem no que se trata o uso
cientiacutefico destes assim como seu uso para exibiccedilatildeo e divertimento de animais humanos
(BRASIL 1941) Somente no dia 8 de maio de 1979 com a Lei Federal nordm 6638 seria retomado
o tema do uso cientiacutefico dos animais natildeo humanos de forma regulamentada normatizando os
bioteacuterios os centros de experiecircncias e demonstraccedilotildees dos animais natildeo humanos assim como
14
regulamentando o uso dos animais natildeo humanos para testes cliacutenicos medicamentosos dentre
outros teacutecnica esta conhecida como vivissecccedilatildeo assim como desde que por meio de indicaccedilatildeo
meacutedica permitindo a eutanaacutesia ou sacrifiacutecio animal pelos artigos 1ordm a 4ordm da presente Lei
trazendo em seus artigos subsequentes sanccedilotildees penais e interditoacuterias para todo aquele que a lei
desobservar assim como traz em seu artigo 8ordm a revogaccedilatildeo de quaisquer leis que a ela
contrariarem (BRASIL 1979)
O Superior Tribunal de Justiccedila decidiu na data de 31 de dezembro de 1969 por meio da
Suacutemula nordm 91 que ldquoCompete a Justiccedila Federal processar e julgar os crimes praticados contra a
faunardquo onde decidiu por arcar agrave Justiccedila Federal o julgamento relativo aos crimes cometidos
sobre a fauna brasileira tendo sido cancelada a Suacutemula em questatildeo na Sessatildeo do Superior
Tribunal de Justiccedila na data de 08 de novembro de 2000 da 3ordf seccedilatildeo sobre o nuacutemero de pauta
de julgamento LEGJUR 103326350091500 Desta forma com o cancelamento da Suacutemula nordm
91 do STJ acabou por ficar sobre a competecircncia reconhecida dos estados a competecircncia para
processar e julgar os crimes cometidos contra a fauna ressalvando se o dito crime se efetivar
sobre casos do crime ter sido realizado sobre fauna reconhecidamente de bem federal o
cancelamento da Suacutemula em questatildeo tambeacutem acarretou na suspenccedilatildeo do disposto no artigo 89
da Lei 900995 (BRASIL 2020)
A datar do dia 03 de janeiro de 1967 surgiu mais uma importante ferramenta para a
garantia dos direitos dos animais natildeo humanos com a promulgaccedilatildeo da Lei Federal nordm 5197 o
Coacutedigo de Caccedila sendo imprescindiacutevel a observaccedilatildeo de seu artigo 1ordm
Os animais de quaisquer espeacutecies em qualquer fase do seu desenvolvimento e que
vivem naturalmente fora do cativeiro constituindo a fauna silvestre bem como seus
ninhos abrigos e criadouros naturais satildeo propriedade do Estado sendo proibida a sua
utilizaccedilatildeo perseguiccedilatildeo destruiccedilatildeo caccedila ou apanha (BRASIL 1967)
Protegendo de maneira incontestaacutevel a fauna nativa brasileira garantindo a diversidade
a continuidade e a sobrevivecircncia de todos os tipos de animais natildeo humanos poreacutem ainda
permitindo em seus paraacutegrafos que hajam peculiaridades regionais para a permissatildeo agrave caccedila
Contudo veda completamente a comercializaccedilatildeo ou exportaccedilatildeo de qualquer forma de animais
natildeo humanos da fauna natural brasileira assim como de seus frutos em seus artigos 3ordm e 18
Trazendo sanccedilotildees penais para todos aqueles que descumprirem seus artigos nos artigos 27 a
31 e contemplando como autoridades responsaacuteveis pela fiscalizaccedilatildeo e aplicabilidade de tais
sanccedilotildees as mesmas indicadas no Coacutedigo de Processo Penal (CPP) de acordo com o seu artigo
15
32 assim como trazem pela primeira vez a inafianccedilabilidade dos crimes contra animais natildeo
humanos pelo seu artigo 34 (BRASIL 1967)
Jaacute por outro vieacutes no dia 31 de agosto de 1981 por meio da publicaccedilatildeo da Lei Federativa
nordm 6938 com a denominaccedilatildeo de A Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente os animais natildeo
humanos assim como seu habitat natural receberam uma grande melhoria nos seus direitos
assim como traz o artigo 15 ldquoO poluidor que expuser a perigo a incolumidade humana animal
ou vegetal ou estiver tornando mais grave a situaccedilatildeo de perigo existente fica sujeito agrave pena de
reclusatildeo de 1 (um) a 3 (trecircs) anos e multa de 100 (cem) a 1000 (mil) MVRrdquo findando a
primeira vedaccedilatildeo expressa por objeto normativo agrave poluiccedilatildeo que traga malfeitorias aos animais
natildeo humanos (BRASIL 1981)
22 LEGISLACcedilAtildeO PAacuteTRIACONTEMPORAcircNEA
No Brasil os animais comeccedilaram a ser considerados como dignos de direitos
constitucionais somentecom a promulgaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 em seu artigo 225 de
forma a condenar a crueldade contra os animais mesmo que ainda deixando uma lacuna em
seu sect7ordm
sect 7ordm Para fins do disposto na parte final do inciso VII do sect 1ordm deste artigo natildeo se
consideram crueacuteis as praacuteticas desportivas que utilizem animais desde que sejam
manifestaccedilotildees culturais conforme o sect 1ordm do art 215 desta Constituiccedilatildeo Federal
registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimocircnio cultural
brasileiro devendo ser regulamentadas por lei especiacutefica que assegure o bem-estar
dos animais envolvidos (BRASIL 1988)
No supracitado artigo ainda se pode ler sobre os direitos alcanccedilados pelos animais natildeo
humanos na constituiccedilatildeo federativa de 1988 onde garante agrave todos um meio ambiente
equilibrado qualidade de vida sendo de obrigaccedilatildeo tanto do poder puacuteblico quanto da
coletividade garantir defender preservar estes direitos para as presentes e futuras geraccedilotildees
para tanto aponta a necessidade de preservar a diversidade e integridade do patrimocircnio geneacutetico
do Brasil e sempre fiscalizando aqueles que com este material lida assim como a necessidade
de controlar a produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de teacutecnicas e produtos que sejam
potencialmente ou confirmadamente prejudiciais ou que gerem risco agrave vida ou sua qualidade
assim como para o meio ambiente demonstrando tambeacutem a indispensabilidade de poliacuteticas de
16
educaccedilatildeo ambiental disseminada por todos os niacuteveis educacionais para a preservaccedilatildeo do meio
ambiente (BRASIL 1988)
Da mesma forma prevecirc a obrigaccedilatildeo de defender a fauna e flora vedando expressamente
praacuteticas que as coloquem em risco sua funccedilatildeo ecoloacutegica que poderiam gerar extinccedilatildeo de
espeacutecies ou mesmo que submetam animais natildeo humanos a qualquer niacutevel de crueldade Deve-
se lembrar que tambeacutem traz a possibilidade de sanccedilotildees para aqueles pessoa fiacutesica ou juriacutedica
que violar estes direitos ora visto a fauna e flora nacional eacute caracterizada como patrimocircnio
nacional(BRASIL 1988)
Eacute de suma importacircncia observar que tal artigo soacute fez-se constar na constituiccedilatildeo de 1988
apoacutes a proclamaccedilatildeo da Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Animais feita pela UNESCO no ano
de 1978 No corpo do texto percebe-se a existecircncia do direito dos animais em funccedilatildeo aos crimes
e desprezo cometidos contra os animais natildeo humanos em funccedilatildeo de uma coexistecircncia saudaacutevel
entre as espeacutecies no mundo jaacute que satildeo seres semelhantes como consta no preacircmbulo da mesma
declaraccedilatildeo (UNESCO 1978) Faz-se necessaacuterio citar alguns de seus artigos ldquoARTIGO 1
Todos os animais nascem iguais diante da vida e tecircm o mesmo direito agrave existecircnciardquo
demonstrando um posicionamento ao menos legal em relaccedilatildeo agrave igualdade e existecircncia dos
animais natildeo humanos como tambeacutem o artigo 2
a) Cada animal tem direito ao respeito b)O homem enquanto espeacutecie animal
natildeo pode atribuir-se o direito de exterminar os outros animais ou exploraacute-los
violando esse direito Ele tem o dever de colocar a sua consciecircncia a serviccedilo dos outros
animais c)Cada animal tem direito agrave consideraccedilatildeo agrave cura e agrave proteccedilatildeo do homem
(UNESCO 1978)
Onde traz obrigaccedilatildeo normativa de respeito dos animais humanos perante os animais natildeo
humanos manifestando o dever agrave consideraccedilatildeo e consciecircncia do primeiro em relaccedilatildeo ao
segundo vedando a exploraccedilatildeo dos mesmos da mesma maneira os artigos 4 e 5
ARTIGO 4 a) Cada animal que pertence a uma espeacutecie selvagem tem o direito de
viver livre no seu ambiente natural terrestre aeacutereo e aquaacutetico e tem o direito de
reproduzir-se b)A privaccedilatildeo da liberdade ainda que para fins educativos eacute contraacuteria
a este direito
ARTIGO 5 a)Cada animal pertencente a uma espeacutecie que vive habitualmente no
ambiente do homem tem o direito de viver e crescer segundo o ritmo e as condiccedilotildees
de vida e de liberdade que satildeo proacuteprias de sua espeacutecie b)Toda a modificaccedilatildeo imposta
pelo homem para fins mercantis eacute contraacuteria a esse direito(UNESCO 1978)
De forma a demonstrar aqui o direito agrave uma vida livre em ambiente adequado e propiacutecio
agrave reproduccedilatildeo garantindo assim a continuidade da fauna ldquoARTIGO 7 Cada animal que trabalha
17
tem o direito a uma razoaacutevel limitaccedilatildeo do tempo e intensidade do trabalho e a uma alimentaccedilatildeo
adequada e ao repousordquo revelando que os animais natildeo humanos assim como os humanos tem
direito de uma jornada digna de trabalho sem que com isso sejam explorados mais do que eacute
aceitaacutevel para uma vida adequada agraves suas condiccedilotildees fiacutesicas ldquoARTIGO 10 Nenhum animal
deve ser usado para divertimento do homem A exibiccedilatildeo dos animais e os espetaacuteculos que
utilizem animais satildeo incompatiacuteveis com a dignidade do animalrdquo expressando nitidamente que
os animais natildeo humanos natildeo satildeo brinquedos posse objeto para divertimento dos animais
humanos ora ponto serem animais que merecem respeitoagrave sua dignidade ldquoARTIGO 11 O ato
que leva agrave morte de um animal sem necessidade eacute um biociacutedio ou seja um crime contra a
vidardquo findando esta citaccedilatildeo pela clara declaraccedilatildeo de expressa vedaccedilatildeo ao assassinato dos
animais natildeo humanos sem que para isso haja um motivo vaacutelido e plenamente
justificaacutevel(UNESCO 1978)
Assim como Bruno Amaro Lacerda traz em sua obra Pessoa Dignidade e Justiccedila a
questatildeo dos direitos dos animais Eacutetica e Filosofia Poliacutetica animais natildeo humanos estatildeo em um
conviacutevio iacutentimo com os animais humanos de forma a em muitos casos criando viacutenculos afetivos
como um membro ativo no meio familiar ao ponto de ateacute ocorrerem lides em relaccedilatildeo a sua
tutela Da mesma forma quando se pensa sobre o que tange o ramo laboral os animais natildeo
humanos em muito foram e satildeo necessaacuterios para a continuidade de vaacuterias categorias de trabalho
(LACERDA 2012)
Eacute imperioso lembrar que no sistema normativo paacutetrio os animais natildeo humanos jaacute foram
considerados como coisas e tendo sua caracterizaccedilatildeo posteriormente alterada para bens
semoventes pelo Coacutedigo Civil ldquoArt 82 Satildeo moacuteveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio
ou de remoccedilatildeo por forccedila alheia sem alteraccedilatildeo da substacircncia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-
socialrdquo (BRASIL 2002)
Sobre o tema a classificaccedilatildeo juriacutedica dos animais natildeo humanos dentro do campo
normativo brasileiro Heron Santana Gordilho (2006) trata em seu trabalho ao apresentar o
fundamento moral da correta compreensatildeo das caracteriacutesticas e correta classificaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos para se romper os paradigmas atuais da caracterizaccedilatildeo dos animais natildeo
humanos comeccedila com uma reformulaccedilatildeo da proacutepria consciecircncia humana por se tratar nada
mais do que um padratildeo de compreensatildeo exclusivamente humano ora que se eacute haacutebil de notar
aos animais natildeo humanos a presenccedila de caracteriacutesticas tanto fiacutesicas quanto mentais que muito
se assemelham as apresentadas pelos animais humanos como se pode observar no trecho
retirado de sua obra
18
As ciecircncias empiacutericas tecircm descoberto habilidades linguiacutesticas nos grandes primatas
que acabaram por ter significativas implicaccedilotildees na teoria moral ao demonstrar que a
doutrina tradicional que vecirc a espeacutecie humana como seres ontologicamente distintos
dos animais eacute fundamentalmente falsa e inconsistente (GORDILHO 2006 p54)
Uma vez que segundo o Gordilho os animais natildeo humanos satildeo capazes de possuir
alguma razatildeo expondo que ldquoA diferenccedila especiacutefica do homem em relaccedilatildeo aos animais residiria
no fato de que apenas o homem tem conhecimento de si mesmo apenas ele eacute um ser pensante
pois sua realidade eacute idecircntica agrave sua idealidaderdquo (GORDILHO 2006 P 53) sem que para tanto
deixasse de constar que mesmo os animais humanos por muitas vezes vem a natildeo ter tal
capacidade diferenciadora (GORDILHO 2006)
Mesmo o artigo 82 natildeo tendo sofrido alteraccedilatildeo entre o Coacutedigo de Processo Civil de 2002
e o de 2015 o tratamento juriacutedico relativo aos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo vigente a
discussatildeo e hermenecircutica do supracitado artigo sofreu alteraccedilotildees em virtude de serem capazes
de sentir dor tornando-se assim como seres viventes o que nitidamente se difere de coisa como
apontado por Haydeeacute Fernanda Cardoso em 2007 ao questionar aquela que era a classificaccedilatildeo
dos animais natildeo humanos agrave sua eacutepoca
Natildeo se pode ver como coisa seres viventes pois tais elementos mostram a existecircncia
de vida natildeo apenas no plano moral e psiacutequico mas tambeacutem bioloacutegico mecacircnico como
podem alguns preferir e vice-versa
O conhecimento juriacutedico-dogmaacutetico hoje encontra-se ultrapassado natildeo apenas em
funccedilatildeo de animais considerados inteligentes mas sim em funccedilatildeo de seres sencientes
capazes de sentir cada um a seu modo e de individualizarem-se estabelecendo
relaccedilotildees sociais entre si ou com humanos constituindo-se velado e inadequado o
tratamento dispensado inclusive mostrando-se incompatiacutevel com os proacuteprios fins
deste Direito ldquoatualrdquo de eacutetica invertida [] (CARDOSO 2007 p 132)
Na mesma obra Cardoso ainda discute sobre a possibilidade dos animais natildeo humanos
de serem aptos a possuir personalidade juriacutedica algo que na contemporaneidade vem-se sendo
alvo de diversas discussotildees no paracircmetro das lides juriacutedicas em virtude da proteccedilatildeo conferida
aos animais humanos e sua comparaccedilatildeo para com os direitos concedidos aos animais natildeo
humanos assim como a proacutepria evoluccedilatildeo desta personalidade em relaccedilatildeo aos seres humanos
historicamente falando como podemos observar pelas palavras da Autora
Assim que em dados momentos sua compreensatildeo natildeo abrangeu seres humanos
considerados escravos ou mesmo crianccedilas embora se reconhecesse entes morais (as
corporaccedilotildees) que apesar do elemento humano que guardam recebiam proteccedilatildeo em
funccedilatildeo do direito patrimonial enquanto natildeo se reconhecia a homens individuais de
modo a garantir-lhes necessidades primitivas mantedoras da vida digna direitos
humanos fundamentais
Hoje conferimos proteccedilatildeo a todos os homens ainda que suas faculdades mentais natildeo
sejam plenas ainda que natildeo tenham capacidade racional ou mesmo consciecircncia ainda
19
que seus atributos mentais estejam limitados agrave mera resposta a estiacutemulos baacutesicos como
a dor ou a fome mas ainda assim natildeo sendo capazes de expressar qualquer desejo
que seja mesmo simples desejo de comer natildeo sejam capazes de se comunicar ainda
que apenas por gestos sendo a comunicaccedilatildeo demanda expressatildeo volitiva e
ultrapassando o limite das palavras Conferimos tambeacutem proteccedilatildeo a homens que natildeo
sabem falar porque entendemos que tecircm outras maneiras de se expressar mesmo que
sejam limitados no atributo da fala E a todos esses protegemos natildeo como coisas mas
sim como pessoas porque satildeo semelhantes a noacutes []
Portanto natildeo eacute a capacidade racional e cognitiva ou mesmo a fala requisito de uma
personalidade juriacutedica ateacute porque os animais possuem as duas primeiras segundo
provado por outras ciecircncias possuindo inclusive consciecircncia (CARDOSO 2007 p
133)
Em 12 de fevereiro de 1998 foi promulgada a Lei nordm 9605 tratando sobre os crimes
contra o meio ambiente trazendo de forma direta o impedimento a vaacuterios embargos relativas
aos animais natildeo humanos assim como transcreve-se aqui no artigo 29 ldquoMatar perseguir caccedilar
apanhar utilizar espeacutecimes de fauna silvestre nativos ou em rota migratoacuteria sem a devida
permissatildeo licenccedila ou autorizaccedilatildeo da autoridade competente ou em desacordo com a
obtida[]rdquo nos artigos que se seguem continuam a se tratar das vedaccedilotildees tanto no que se fala
das proibiccedilotildees relativas agrave fauna brasileira quanto a fauna estrangeira sem deixar de tratar dos
animais natildeo humanos de longa pratica de domesticaccedilatildeo como catildees e gatos assim como no
artigo 32 sect1ordm onde transporta as penas quando o crime eacute praticado contra catildees e gatos Ainda
penaliza os que geram danos por meio de poluiccedilatildeo e com isso reflitam negativamente em
relaccedilatildeo aos animais natildeo humanos como descrito no ser artigo 54 (BRASIL 1998)
Ainda quando se trata de direitos dos animais como um todo natildeo se pode deixar de
constar a Lei nordm 11126 de 27 de junho de 2005 posteriormente alterada e devidamente
motivada a aplicabilidade pela Lei nordm 13146 de 2015 sobre o acesso de catildees-guias agrave locais
puacuteblicos como se lecirc em seu artigo 1ordm redigido
Eacute assegurado agrave pessoa com deficiecircncia visual acompanhada de catildeo-guia o direito de
ingressar e de permanecer com o animal em todos os meios de transporte e em
estabelecimentos abertos ao puacuteblico de uso puacuteblico e privados de sua coletivo desde
que observadas as condiccedilotildees impostas por esta Lei (BRASIL 2015a)
Onde outrora devido a um texto inespeciacutefico natildeo se fazia cumprir a Lei de forma correta
ao deixar lacunas em sua interpretaccedilatildeo vez que somente dissertava por permitir a entrada e
permanecircncia em transportes e locais puacuteblicos e privados de uso coletivo mas natildeo trazendo a
generalidade e especificidade de tais locais de maneira a por muitas vezes ter esse direito
negado obrigando que a Lei de 2015 revisasse e desse nova redaccedilatildeo aos artigos 1ordm e seu
paraacutegrafo 2ordm da Lei de 2005 (BRASIL 2015a)
20
A luta pelos direitos dos animais natildeo satildeo apenas uma funccedilatildeo legislativa o que fica
demonstrado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) que em 2019 ofertou pela primeira vez uma
disciplina de direito dos animais para seus alunos regulares assim como a comunidade em geral
em conjunto com o Grupo de Estudos sobre os Direitos Animais e Interseccionalidades como
foi noticiado pela proacutepria instituiccedilatildeo em seu canal de notiacutecias em 29 de julho do mesmo ano em
mateacuteria de Carolina Pires(PIRES 2019)
O Brasil ainda tem muito o que evoluir no tocante dos direitos dos animais natildeo humanos
comeccedilando pela exploraccedilatildeo pela ciecircncia assim como Laerte Fernando Levai lembra ao citar
uma passagem de Maria Lacerda de Moura em sua obra Civilizaccedilatildeo ndash Tronco de Escravos
publicado em 1931 mas que de nada se difere da realidade atual
Natildeo compreendo a vivissecccedilatildeo a natildeo ser como um deliacuterio de perversidade inominaacutevel
nem chego a ver a vantagem da embriaguez cientiacutefica que potildee milhares de cobaias e
catildees e qualquer espeacutecie de animal agrave mercecirc dos cientistas [] vaidosos de fazer sofrer
os ldquomaacutertires da ciecircnciardquo em nome de um princiacutepio ou de uma descoberta ou de uma
pesquisa ou dos problemaacuteticos benefiacutecios daiacute resultantes para todo o gecircnero humano
[] O homem continuaraacute a descer sempre bem para baixo de todos os siacutemios na sua
maldade de criatura civilizada para estimular todas as virulecircncias desde as guerras
ateacute o prazer satacircnico de martirizar os animais em nome do humanitarismo ciacutenico A
crueldade nunca poderaacute ser um caminho para o aperfeiccediloamento humano A ciecircncia
natildeo se adquire com crueldade Se a fisiologia natildeo pode se adiantar sem infligir
horriacuteveis torturas aos animais indefesos eacute melhor que a fisiologia fique onde estaacute A
humanidade pode progredir sem a fisiologia poreacutem natildeo poderaacute progredir sem a
piedadeMoura (MOURA 1932 apud LEVAI 2012)
Vale constar que em Santa Catarina no dia 22 de dezembro de 2003 por meio da Lei
Estadual nordm 12854 ficou instituiacutedo o Coacutedigo Estadual de Proteccedilatildeo aos Animais pelo seu artigo
2ordm e seus incisos fica por vedar a agressatildeo causar sofrimento de qualquer espeacutecie a animais
sejam silvestres domeacutesticos ou que se possam domesticar nativos ou exoacuteticos afim de
garantir-lhes plenas condiccedilotildees de existecircncia assim como criar animais em locais inapropriados
como lixeiras ou enclausurados sem deixar de citar a expressa vedaccedilatildeo ao abandono de animais
domeacutesticos Ainda tratando sobre as atribuiccedilotildees da lei como da fauna exoacutetica normatizando
os animais natildeo humanos usados para traccedilatildeo veicular tambeacutem trazendo as regras estaduais para
transporte seguro dos animais natildeo humanos como seu abate sem esquecerdas diretrizes para
animais de laboratoacuterios experimentados nos centros de pesquisa ou instituiccedilotildees de educaccedilatildeo
que deveratildeo ser devidamente registrados e certificados para possibilitar a devida fiscalizaccedilatildeo
seja por meio de relatoacuterios como prevecirc o artigo 19 seja pela obrigaccedilatildeo de presenccedila de
profissionais habilitados sempre que forem ser realizados experimentos de vivissecccedilatildeo como
descrito no sect2ordm do artigo 20 (SANTA CATARINA 2003)
21
23 ANAacuteLISE SOBRE A LEI 2172019 DO MUNICIacutePIO DE CURITIBANOSSC
No acircmbito das legislaccedilotildees contemporacircneas brasileiras haacute uma lei promulgada em
2019 onde eacute observado um claro retrocesso no tangente deste tema Em Curitibanos Santa
Catarina no ano de 2019 foi proposta e posta em circulaccedilatildeo a Lei Complementar de nordm
2172019 sob o nome de ldquoInstitui o Coacutedigo de Proteccedilatildeo e Bem-estar animal no acircmbito do
municiacutepio de Curitibanos e daacute outras providecircnciasrdquo a qual traz uma proibiccedilatildeo taacutecita de cuidar
alimentar proporcionar fonte de aacutegua para animais que vivem nas ruas como se pode observar
na subseccedilatildeo II do catildeo comunitaacuterio
Art 11 Fica reconhecida a figura do catildeo comunitaacuterio sendo o animal sem proprietaacuterio
ou tutor identificado e que estabelece com a comunidade em que vive laccedilos de
dependecircncia e de manutenccedilatildeo embora natildeo possua responsaacutevel uacutenico e definido
Art 12 O acesso a aacutegua alimentaccedilatildeo cuidados com a sauacutede higiene e demais atos
necessaacuterios agrave preservaccedilatildeo do bem-estar dos catildees comunitaacuterios natildeo poderatildeo ser
realizados em vias de circulaccedilatildeo passeio praccedilas e demais ambientes puacuteblicos
(CURITIBANOS 2019)
Jaacute na parte de penalizaccedilotildees da mesma Lei em seu Capiacutetulo IV DAS INFRACcedilOtildeES
E PENALIDADES caracterizam que aquele que infringe tal proibiccedilatildeo ocorre em infraccedilatildeo de
natureza meacutedia onde tambeacutem consta maus-tratos ao animal tutelado como se observa em seu
artigo 34 inciso II e suas aliacuteneas
Art 34 Constitui infraccedilatildeo contra as normas de bem-estar dos animais domeacutesticos ou
domesticados a inobservacircncia de qualquer preceito desta lei ou da legislaccedilatildeo
complementar ficando o infrator sujeito agraves penalidades e medidas administrativas
previstas nos artigos 30 e 31 desta Lei Complementar conforme o caso aleacutem das
demais puniccedilotildees legalmente previstas
II - Constitui-se infraccedilatildeo de natureza meacutedia
a) A exposiccedilatildeo contiacutenua do animal ao sol chuva calor e frio e em caso de
confinamento enclausuraacute-los em espaccedilos uacutemidos sem ventilaccedilatildeo
b) Privar o animal de aacutegua limpa e potaacutevel e alimento adequado e em abundacircncia em
recipientes limpos
c) Exercitaacute-los de maneira excessiva e sem descanso adequado
d) Utilizar o animal em situaccedilotildees de enfrentamento fiacutesico entre animais da mesma
espeacutecie ou de espeacutecies diferentes em locais puacuteblicos ou privados
e) Disponibilizar alimentaccedilatildeo e aacutegua em vias de circulaccedilatildeo passeio praccedilas e demais
ambientes puacuteblicos (CURITIBANOS 2019)
De forma a demonstrar um claro regresso nas conquistas alcanccediladas em relaccedilatildeo aos
direitos dos animais natildeo humanos vez que reduz a capacidade de bem-estar animal de ser
repartida com a sociedade aumentando os encargos do estado para com os animais natildeo
22
humanos que se encontram em situaccedilatildeo de abandono e descaso vivendo sem as devidas
condiccedilotildees sanitaacuterias nutricionais de seguranccedila e bem-estar nas vias puacuteblicas sem que para
tanto apresente uma contrapartida do Municiacutepio para garantir que os cuidados vetados agrave
particulares sejam repassados aos entes puacuteblicos apenas reduzindo drasticamente as chances
de alcance de condiccedilotildees mais dignas a sua sobrevivecircncia miacutenima (CURITIBANOS 2019)
24 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 722020 DE PENHASC
A Cacircmara Municipal de Penha Santa Catarina aprovou do dia 17 de agosto de
2020 de forma unanime um projeto de lei que entre seus artigos traz uma passagem que traz
a proibiccedilatildeo para os cachorros de latir trazendo como penalidade aos seus tutores em caso de
descumprimento uma multa no valor de R$ 2300000 A dita lei trata da perturbaccedilatildeo do
sossego enquadrando os animais natildeo humanos em seu art 2ordm II d
Art2ordm Para os efeitos desta lei aplicam-se as seguintes definiccedilotildees
[] II ndash PERTURBACcedilAtildeO DO SOSSEGO
[] d) provocando ou natildeo procurando impedir barulho produzido por animal que tem
guarda(PENHA 2020)
Eacute notoacuterio constar o eminente risco de se cair em maus-tratos animais para a garantia
do cumprimento da citada lei seja pelo uso de equipamentos anti-latidos que causam dor ou
mauestar ao animal seja pelo corte das cordas vocais dos cachorros ou mesmo sob as puniccedilotildees
aos animais natildeo humanos aplicadas em caso de desobediecircncia agrave norma jaacute que os cachorros satildeo
seres independentes alheios do domiacutenio humano Assim como afirma a advogada Ana Selma
Moreira ldquoO que me deixa temerosa em relaccedilatildeo a essa proposta eacute que esse tipo de dispositivo
coloca os animais em risco de maus-tratos e violaccedilatildeo dos direitos fundamentaisrdquo demonstrando
a temeridade da jurista em relaccedilatildeo ao risco que a lei ocasiona (MOREIRA 2020)
25 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 552017 DE PROIBICcedilAtildeO DE USO DE ANIMAIS EM
TESTES DE COSMEacuteTICOS
No dia 9 de outubro de 2020 foi aprovado no Plenaacuterio da Assembleia Legislativa o
Projeto de Lei de autoria do deputado Joatildeo Amin que tem por objetivo proibir o uso de animais
natildeo humanos em testes par a produccedilatildeo de produtos de beleza de higiene pessoal perfumes e
23
cosmeacuteticos em Santa Catarina O proacuteximo passo para a implementaccedilatildeo do Projeto de Lei eacute o
encaminhamento para sanccedilatildeo do Governo do Estado de Santa Catarina sobre esta fase o autor
do Projeto de Lei escreveu ldquoEspero que o governo estadual sancione e regulamente este projeto
que eacute muito importante para proteccedilatildeo dos animais Nossa intenccedilatildeo eacute impedir o uso
indiscriminado de animais em testes situaccedilatildeo que pode ser evitada com uma seacuterie de
alternativasrdquo (FLORIANOacutePOLIS 2020) demonstrando assim a relevacircncia da sanccedilatildeo desta lei
para a garantia do bem-estar dos animais natildeo humanos
No presente Projeto de Lei natildeo soacute se apresenta a necessidade da vedaccedilatildeo do uso dos
animais natildeo humanos no que tange os testes para a produccedilatildeo de cosmeacuteticos perfumes e
assemelhados como tambeacutem descreve de forma qualitativa a caracterizaccedilatildeo destes bens de
consumo para a devida garantia de que a lei caso seja aprovada pelo Governo Estadual seja
devidamente cumprida dentro dos seus objetivos ao exemplo de dizer que tais bens satildeo
preparaccedilotildees constituiacutedas de substacircncias naturais ou sinteacuteticas de uso externo no corpo dos
animais humanos como pele mucosas cabelo unhas dentes dentre outros para com o
objetivo esteacutetico higiecircnico proteccedilatildeo ou ainda odorizaccedilatildeo corporal ressalvando como excluiacutedos
da proposta de lei os medicamentos por meio de emenda substitutiva apresentada pelo relator
Jair Miotto (FLORIANOacutePOLIS 2020)
Outra medida dentro do Projeto de Lei para a garantia do eficaz cumprimento deste eacute a
instituiccedilatildeo de penalidades ao estabelecimentos de pesquisa profissionais ou anaacutelogos que
descumprirem as diretrizes levantadas no presente Projeto de Lei com penalidades progressivas
para multas e demais sanccedilotildees para tanto a instituiccedilatildeo de multa miacutenima de R$ 500000 (cinco
mil reais) podendo chegar ateacute o valor de R$ 1000000 (dez mil reais) sem contar juros e
correccedilotildees monetaacuterias segundo os iacutendices oficiais regularmente estabelecidos estabelecendo
ainda que em caso de reincidecircncia a multa podendo ser dobrada natildeo impedindo se somar a
multa a suspensatildeo temporaacuteria ou definitiva do alvaraacute de funcionamento da instituiccedilatildeo
(FLORIANOacutePOLIS 2020)
Jaacute enquanto sobre as puniccedilotildees relativas aos profissionais que descumprirem a lei esta
se daraacute por multa no valor miacutenimo de R$ 100000 (mil reais) podendo chegar ateacute o valor de R$
500000 (cinco mil reais) sem contar juros e correccedilotildees monetaacuterias segundo os iacutendices oficiais
regularmente estabelecidos com multa dobrada para casos de reincidecircncia estabelecendo ainda
puniccedilotildees para pessoas fiacutesicas sem excluir aquelas que sejam detentoras de funccedilatildeo puacuteblica civil
ou militar incluindo ainda instituiccedilotildees ou estabelecimentos de ensino organizaccedilotildees sociais ou
ainda quaisquer outras pessoas juriacutedicas indiferente de serem com ou sem fins lucrativos
puacuteblicos ou privados que vierem a descumpri os termos da lei (FLORIANOacutePOLIS 2020)
24
26 JULGADOS SOBRE A GUARDA ANIMAL E PROJETOS LEIS
A 4ordf Turma do STJ definiu por maioria de votos no dia 19 de junho de 2018 ser possiacutevel
a regulamentaccedilatildeo judicial de visitas a animais natildeo humanos de estimaccedilatildeo apoacutes a separaccedilatildeo de
casais que viviam em uma uniatildeo estaacutevel onde o Ministro Relator Luis Felipo Salomatildeo apontou
como se observa na ementa do caso
RECURSO ESPECIAL DIREITO CIVIL DISSOLUCcedilAtildeO DE UNIAtildeO ESTAacuteVEL
ANIMAL DE ESTIMACcedilAtildeO AQUISICcedilAtildeO NA CONSTAcircNCIA DO
RELACIONAMENTO INTENSO AFETO DOS COMPANHEIROS PELO
ANIMAL DIREITO DE VISITAS POSSIBILIDADE A DEPENDER DO CASO
CONCRETO 1 Inicialmente deve ser afastada qualquer alegaccedilatildeo de que a discussatildeo
envolvendo a entidade familiar e o seu animal de estimaccedilatildeo eacute menor ou se trata de
mera futilidade a ocupar tempo desta Corte Ao contraacuterio eacute cada vez mais recorrente
no mundo da poacutes- modernidade e envolve questatildeo bastante delicada examinada tanto
pelo acircngulo da afetividade em relaccedilatildeo ao animal como tambeacutem pela necessidade de
sua preservaccedilatildeo como mandamento constitucional (art 225sect1 inciso VII ndash ldquoproteger
a fauna e a flora vedadas na forma da lei as praacuteticas que coloquem em risco sua
funccedilatildeo ecoloacutegica provoquem a extinccedilatildeo de espeacutecies ou submetam os animais a
crueldaderdquo) 2 O Coacutedigo Civil ao definir a natureza juriacutedica dos animais tificou-os
como coisas e por conseguinte objetos de propriedade natildeo lhes atribuindo a
qualidade de pessoas natildeo sendo dotados de personalidade juriacutedica nem podendo ser
considerados sujeitos de direitos Na forma da lei civil o soacute fato de o animal ser tido
como de estimaccedilatildeo recebendo afeto da entidade familiar natildeo pode vir a alterar a
substacircncia a ponto de converter a sua natureza juriacutedica 3 No entanto os animais de
companhia possuem valor subjetivo uacutenico e peculiar aflorando sentimentos bastante
iacutentimos em seus donos totalmente diversos de qualquer outro tipo de propriedade
privada Dessarte o regramento juriacutedico dos bens natildeo se vem demonstrando suficiente
para resolver de forma satisfatoacuteria a disputa familiar envolvendo os pets visto que
natildeo se trata de simples discussatildeo atinente agrave posse e agrave propriedade 4 Por sua vez a
guarda propriamente dita ndash inerente ao poder familiar ndash instituto por essecircncia de
direito de famiacutelia natildeo pode ser simples e fielmente subvertida para definir o direito
dos consortes por meio do enquadramento de seus animais de estimaccedilatildeo
notadamente porque eacute um muacutenus exercido no interesse tanto dos pais quanto do filho
Natildeo se traraacute de uma faculdade e sim de um direito em que se impotildee aos pais a
observacircncia dos deveres inerentes ao poder familiar 5 A ordem juriacutedica natildeo pode
simplesmente desprezar o relevo da relaccedilatildeo do homem com seu animal de estimaccedilatildeo
sobretudo nos tempos atuais Deve-se ter como norte o fato cultural e da poacutes-
modernidade de que haacute uma disputa dentro da entidade familiar em que prepondera
o afeto de ambos os cocircnjuges pelo animal Portanto a soluccedilatildeo deve perpassar pela
preservaccedilatildeo a garantia dos direitos agrave pessoa humana mas precisamente o acircmago de
sua dignidade 6 Os animais de companhia satildeo seres que inevitavelmente possuem
natureza especial e como ser senciente ndash dotados de sensibilidade sentindo as
mesmas dores e necessidades biopsicoloacutegicas dos animais racionais - tambeacutem devem
ter o seu bem-estar considerado 7 Assim na dissoluccedilatildeo da entidade familiar em que
haja algum conflito em relaccedilatildeo ao animal de estimaccedilatildeo independentemente da
qualificaccedilatildeo juriacutedica a ser adotada a resoluccedilatildeo deveraacute buscar atender sempre a
depender do caso em concreto aos fins sociais atentando para a proacutepria evoluccedilatildeo da
sociedade com a proteccedilatildeo do ser humano e do seu viacutenculo afetivo com o animal 8
Na hipoacutetese o Tribunal de origem reconheceu que a cadela fora adquirida na
constacircncia da uniatildeo estaacutevel e que estaria demonstrada a relaccedilatildeo de afeto entre o
recorrente e o animal de estimaccedilatildeo reconhecendo o seu direito de visitas ao animal
o que deve ser mantido 9 Recurso especial natildeo provido (BRASIL 2018a)
25
Mesmo ainda sendo definidos como coisas pelo Coacutedigo Civil como apontado pelo
mesmo relator foi apontado que os animais natildeo humanos satildeo objetos de relaccedilotildees juriacutedicas uma
vez ainda que como aponta a pesquisa do IBGE jaacute existem mais catildees e gatos nos lares
brasileiros do que crianccedilas desta forma demonstrando a relevacircncia do viacutenculo afetivo entre os
animais humanos e os animais natildeo humanos assegurando ainda a preservaccedilatildeo das garantias do
artigo 225 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (BRASIL 2018a)
A Juiacuteza de Direito Karen Francis Schubert Reimer da 3ordf Vara da Famiacutelia de Joinville
Santa Catarina tambeacutem discutiu a guarda de animais natildeo humanos discutindo a sua natureza
juriacutedica na sua decisatildeo No caso da lide apoacutes a separaccedilatildeo ficou decidido que cada uma das partes
ficaria com a guarda de um dos catildees que possuiacuteam na constacircncia do matrimocircnio ainda decidiu
a possibilidade de visitas entre as partes e os catildees e as partes sem sua guarda igualmente ao
relator do STJ o status de coisa dado pelo Coacutedigo Civil brasileiro aos animais natildeo humanos a
magistrada apontou ldquoNossa legislaccedilatildeo atual o Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002 estabelece que
o animal possui status juriacutedico de coisa Ou seja eacute um objeto de propriedade do homem e que
conteacutem expressatildeo econocircmicardquo usando esta colocaccedilatildeo para justificar sua decisatildeo onde
determina que seraacute o homem o responsaacutevel por todas as despesas de veterinaacuterio medicaccedilatildeo e
vacinas tanto para o cachorro em sua guarda quanto para o cachorro sob a guarda de sua ex-
esposa (SANTA CATARINA 2017)
Vale ressaltar que a magistrada apontou a necessidade de que os animais natildeo humanos
sejam enquadrados em uma categoria intermediaacuteria entre coisas e pessoas citando o Projeto de
Lei do Senado PLS 31515 que trata sobre a natureza juriacutedica dos animais natildeo humanos onde
dispotildees sobre a alteraccedilatildeo do artigo 82 do Coacutedigo Civil natildeo tratando mais os animais natildeo
humanos como coisas entatildeo trouxe a fala ldquoNatildeo se trata de equiparar os cachorros aos filhos
aos seres humanos O que se busca eacute reconhecer que nem sempre os animais devem receber
tratamento de coisa ou de objetordquo (SANTA CATARINA 2017)
Sobre o tema eacute vaacutelido constar que o Governo de Santa Catarina na data de 17 de janeiro
de 2018 por meio da Lei nordm 17485 veio a alterar a Lei nordm 12854 de 2003 que instituiu o Coacutedigo
Estadual de Proteccedilatildeo dos animais Com a presente lei veio a fim de se reconhecer catildees gatos e
cavalos como seres sencientes trazendo a incluir ao dito coacutedigo o artigo 34 ndash A ldquoPara os fins
desta Lei catildees gatos e cavalos ficam reconhecidos como seres sesncientes sujeitos de direito
que sentem dor e anguacutestia o que constitui o reconhecimento da sua especificidade e das suas
caracteriacutesticas face a outros seres vivosrdquo fazendo assim constar um grande diferencial
normativo de uma lei estadual perante a legislaccedilatildeo paacutetria ora que enquanto no que tange as leis
a niacutevel federal tal interpretaccedilatildeo somente se encontra no campo doutrinaacuterio jurisdicional e de
26
projeto de lei em niacutevel estadual em Santa Catarina os animais natildeo humanos jaacute satildeo
classificados desde 2018 como seres sencientes pela letra da lei (SANTA CATARINA 2018)
Ainda na mesma linha o Senado Nacional tramita no CCJ o Projeto de Lei PLS 54218
para regulamentar a guarda compartilhada de animais de estimaccedilatildeo quando em caso de
divoacutercios ou dissoluccedilotildees de Uniotildees Estaacuteveis determinando para tanto que o animal natildeo humano
que possa ser alvo de tal discussatildeo de guarda de acordo com seu artigo 1ordm aquele ldquocujo tempo
de vida tenha transcorrido majoritariamente na constacircncia do casamento ou da uniatildeo estaacutevelrdquo
(BRASIL 2018b) definindo ainda quais as condiccedilotildees para a guarda visitas ambiente
adequado para moradia do animal natildeo humano a quem incumbiraacute as despesas do animal natildeo
humano guardado assim como as consequecircncias relativas agrave risco de violecircncia ou maus-tratos
ao animal natildeo humanos sobre sua guarda ou em sua visita Apresenta-se para anaacutelise tal PL
com o texto
Estabelece o compartilhamento da custoacutedia de animal de estimaccedilatildeo de propriedade
em comum quando natildeo houver acordo na dissoluccedilatildeo do casamento ou da uniatildeo estaacutevel Altera o Coacutedigo de Processo Civil para determinar a aplicaccedilatildeo das normas
das accedilotildees de famiacutelia aos processos contenciosos de custoacutedia de animais de estimaccedilatildeo
(BRASIL 2018b)
Atualmente essa PLS encontra-se em aguardo de designaccedilatildeo e relator desde 25 de
marccedilo de 2019 Tal projeto de lei vem a demonstrar uma nova visatildeo sobre a interaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos e humanos e abrindo precedentes para uma nova classificaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos perante o Coacutedigo Civil (BRASIL 2018b)
Na mesma linha de discussatildeo da Magistrada se faz necessaacuterio constar a declaraccedilatildeo feita
por um grupo de juristas e especialistas em sauacutede e comportamento animal ingleses durante a
Conferecircncia de Francis Crick sediada na Universidade de Cambridge no dia 7 de julho de 2012
A ausecircncia de um neurocoacutertex natildeo parece impedir que um organismo experimente
estados afetivos Evidecircncias convergentes indicam que os animais natildeo humanos tecircm
os substratos neuroanatocircmicos neuroquiacutemicos e neurofisioloacutegicos de estado de
consciecircncia juntamente com a capacidade de exibir comportamentos intencionais
Consequentemente o pelo das evidecircncias indicam que os humanos natildeo satildeo os uacutenicos
a possuir os substratos neuroloacutegicos que geram a consciecircncia Animais natildeo humanos
incluindo todos os mamiacuteferos e as aves e muitas outras criaturas incluindo nestes os
polvos tambeacutem possuem esses substratos neuroloacutegicos (CAMBRIDGE 2012)
Em tal relato obteve-se as palavras de um grupo de especialistas tanto no campo
juriacutedico quanto nos campos de comportamento e medicina animal de forma a admitir que natildeo
seriam apenas os animais humanos capazes de serem dotados de consciecircncia demonstrando
27
estes serem capazes de pensar sentir e raciocinar natildeo sendo simplesmente coisas
(CAMBRIDGE 2012)
Tramita no Senado o Projeto de Lei nordm 631 de 2015 onde visa alterar a redaccedilatildeo do artigo
32 da Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 vem a vedar que sem motivos justificaacuteveis se
venha a causar dor lesatildeo ou sofrimento aos animais natildeo humanos desenvolver a
conscientizaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo para a guarda responsaacutevel dos animais natildeo humanos classificando
a integridade fiacutesica e mental assim como o bem-estar dos animais natildeo humanos como interesse
difuso devendo destacar o sect2ordm do artigo 4ordm da PL ldquoAos animais deve ser dispensada a dignidade
de tratamento reservada aos seres sencientesrdquo (BRASIL 2015b) demonstrando claramente sua
natureza de seres dotados de sensibilidade e natildeo de status de coisa assim como os sectsect 3ordm e 4ordm do
mesmo artigo
sect3ordm Os animais tecircm interesses individuais e coletivos distintos dos interesses
individuais e coletivos dos seres humanos devendo a autoridade no caso de colisatildeo
de interesses proceder a uma ponderaccedilatildeo que natildeo se confine a juiacutezos de utilidade ou
de funcionalizaccedilatildeo das interesses individuais e coletivos dos seres humanos
sect4ordm Na ausecircncia de disposiccedilotildees em contraacuterio os animais se beneficiam da proteccedilatildeo
juriacutedica conferida agraves coisas e agraves pessoas juriacutedicas (BRASIL 2015b)
Trazendo uma grande inovaccedilatildeo relativa aos direitos dos animais natildeo humanos onde
lhes proporciona a garantia da proteccedilatildeo juriacutedica dada agraves pessoas juriacutedicas Tal PL se apresenta
para anaacutelise com o texto
Institui o estatuto de proteccedilatildeo dos animais considerando-a como interesse difuso
estabelece o direito agrave proteccedilatildeo agrave vida e ao bem-estar a vedaccedilatildeo de praacuteticas e atividades
que se configurem como crueacuteis ou danosas da integridade fiacutesica e mental tipifica os
maus-tratos e dispotildees sobre infraccedilotildees e penalidades (BRASIL 2015b)
Este protejo de lei se encontra em aguardo de inclusatildeo na ordem do dia de requerimento
tendo como Relator o Senador Pliacutenio Valeacuterio (BRASIL 2015b)
Entende-se que embora os animais natildeo humanos faccedilam parte de forma direta e
entrelaccedilada com os animais humanos ainda se encontra como um grande problema perante a
nossa legislaccedilatildeo sendo seu sistema normativo uma novidade e de completo desconhecimento
de um grande percentual brasileiro ora visto como um direito extravagante que natildeo consideraria
uma expressatildeo da realidade suprimindo necessidades atuais em contraposto da relaccedilatildeo afetiva
por muitos julgada como transbordando os limites de humanidade (FIORILLO 2019)
Assim no presente capiacutetulo foi analisada a evoluccedilatildeo histoacuterica legislativa dos direitos
dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo brasileira ateacute a contemporaneidadedo estado
28
atual de seus direitos incluindo julgados projetos de lei suacutemulas sem deixar de constar ateacute
retrocessos legislativosdos direitos em questatildeoPela teacutecnica bibliograacutefica onde se buscouesta
anaacutelise da forma mais completatentandoenglobar omaacuteximo deinformaccedilotildees parase chegar agrave
mais ampla anaacutelise dos direitos dos animais natildeo humanos no Brasil
Desta forma foi possiacutevel se observar que o primeiro relato normativo brasileiros no
Municiacutepio de Satildeo Paulo trazendo vedaccedilotildees e regulamentaccedilotildees para os animais em labuta
passando pela inclusatildeo de normas dentro da constituiccedilatildeo federativa sumulassem deixar de citar
asleis infraconstitucionais
Para continuidade do presente trabalho no capitulo que se segue seraacute apresentada uma
anaacutelise realizada da mesma forma do presente capitulo poreacutem no tangente agrave evoluccedilatildeo histoacuterica
e legislaccedilatildeo atual dos direitos dos animais em Portugal
29
3 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA
Neste capiacutetulo tem-se como objetivo trazer de forma sucinta a evoluccedilatildeo histoacuterica no que
tange o direito dos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo de Portugal trazendo para isto as
proacuteprias leis assim como relatos bibliograacuteficos sobre o tema
31 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
O direito dos animais natildeo humanos em Portugal surgiu no dia 16 de setembro de 1886
com a promulgaccedilatildeo do Decreto Lei do Coacutedigo Penal Portuguecircs onde tratavam dos direitos dos
animais natildeo humanos entre os artigos 478 a 481 onde previam a penalizaccedilatildeo par aquele que
ferir matar envenenar abusar ou causar outros tipos de danos aos animais natildeo humanos
incluindo dentre eles a vedaccedilatildeo aos maus-tratos Contudo tipificavam os animais natildeo humanos
como animais de consumo (PORTUGAL 1886)
Somente quase 30 anos depois no datar de 12 de junho de 1919 foi assinado um Decreto
relativo a vedaccedilatildeo do uso excessivo de animais perante a labuta onde se determinavam limites
para o trabalho em que os animais natildeo humanos satildeo expostos impedindo desta forma a
exigecircncia exacerbada e abusiva perante suas capacidades individuais e coletivos (PORTUGAL
2001)
No iniacutecio do seacuteculo seguinte Portugal regulamentou para a aplicaccedilatildeo interna de forma
complementar as disposiccedilotildees da Convenccedilatildeo Europeia para a Proteccedilatildeo dos Animais de
Companhia aprovada pelo no dia 13 de abril no Decreto nordm 1393 de forma a definir quais os
dispositivos que se tornariam aplicaacuteveis no seu territoacuterio e excluindo no entanto todos aqueles
que tratem das espeacutecies da fauna selvagem exoacuteticas assim como seus descendentes quando
criados em cativeiro ainda ressaltando como natildeo aplicaacuteveis as normas que se dispusessem em
contradiccedilatildeo a legislaccedilatildeo infraconstitucional portuguesa (PORTUGAL 2001)
Esta legislaccedilatildeo veio a normatizar medidas ateacute entatildeo natildeo constantes na legislaccedilatildeo paacutetria
como ao exemplo do seu artigo 3ordm regulamentando os procedimentos e locais de alojamento no
que tange o exerciacutecio de reproduccedilatildeo para comercializaccedilatildeo de animais de companhia Traz ainda
inovaccedilotildees no que se fala de abandono onde natildeo se caracteriza mais o abandono somente como
largar em qualquer lugar mas tambeacutem pela negligecircncia como deixar de cuidar alimentar
cuidado com a higiene e devidas condiccedilotildees de sauacutede e proteccedilatildeo contra zoonoses ocasionando
30
para aquele que nesta categoria de abandono for classificado a remoccedilatildeo do animal Natildeo
deixando de constar a necessidade expressa de que em caso de amputaccedilotildees deva haver
certificaccedilatildeo veterinaacuteria comprovando a necessidade de tal procedimento garantindo que estas
sejam realizadas por razotildees claramente medica-veterinaacuteria ou de interesse particular do animal
natildeo humano ou ainda para impedir sua reproduccedilatildeo impedindo desta forma amputaccedilotildees
meramente esteacuteticas ou por interesse unicamente de seu detentor permitindo maiores direitos
a integridade fiacutesica dos animais natildeo humanos perante motivaccedilotildees supeacuterfluas Tratando ainda
de normas para hospedagem e centro de recolhimento de animais natildeo humanosem seus
Capiacutetulos IV V VI VIII e X (PORTUGAL 2001)
Em substituiccedilatildeo do Decreto Lei nordm 2762001 em 17 de dezembro o Decreto Lei nordm
3152003 veio para inovar em alguns sentidos os direitos dos animais natildeo humanos excluindo
as aplicaccedilotildees de dispositivos do Decreto nordm 1393 da Convenccedilatildeo Europeia para a proteccedilatildeo de
Animais de Companhia no tangente da detenccedilatildeo de animais potencialmente perigosos
vislumbrando a necessidade de regulamentar a mateacuteria por diplomas proacuteprios utilizando para
tal regulamentaccedilatildeo os posicionamentos de oacutergatildeos governamentais proacuteprios das Regiotildees
Autocircnomas e a Associaccedilatildeo Nacional dos municiacutepios Portugueses Trazendo colocaccedilotildees como
ldquoExcluem-se do acircmbito de aplicaccedilatildeo deste diploma as espeacutecies da fauna selvagem autoacutectone e
exoacutetica e os seus descendentes criados em cativeiro objeto de regulamentaccedilatildeo especiacutefica e os
touros de liderdquo (PORTUGAL 2003b) assim como redefinindo hospedagem sem fins
lucrativos e para fins meacutedicos-veterinaacuterios para animais de companhia onde destaca o Plano
Nacional de Luta e Vigilacircncia da Raiva Animal e outras Zoonoses que natildeo se faziam constar
no decreto anterior ainda atualizando as regras para licenccedilas de funcionamento de tais locais
assim como regulando dimensotildees miacutenimas para sua instalaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo de atividades sejam
para animais natildeo humanos de sangue quente como cachorros e gatos ou sangue frio como
lagartos e sapos(PORTUGAL 2003b)
Um grande marco para o direito dos animais natildeo humanos em Portugal ocorreu com a
publicaccedilatildeo no dia 17 de dezembro do Decreto-Lei nordm 3132003 onde foi criado o Sistema de
Identificaccedilatildeo de Caninos e Felinos (SICAFE) onde estabeleceu diretrizes para a identificaccedilatildeo
eletrocircnica de catildees e gatos que servem de animais de companhia criando desta forma uma base
de dados nacional para esta identificaccedilatildeo permitindo a identificaccedilatildeo dos animais natildeo humanos
que satildeo viacutetima de abandono ainda como medidas sanitaacuterias e zooteacutecnicas juriacutedicas e
humanitaacuterias ainda aumentando a responsabilidade dos centros de criaccedilatildeo para
comercializaccedilatildeo de catildees e gatos de companhia (PORTUGAL 2003a)
31
Seria a criaccedilatildeo de um documento uacutenico que comporta o boletim sanitaacuterio destes animais
natildeo humanos contendo natildeo soacute informaccedilotildees cruciais destes como sexo e raccedila mas ainda
detalhes sobre procedimentos que os mesmos foram expostos e accedilotildees de profilaxia das quais
foi sujeito sendo de delegaccedilatildeo do seu detentor garantir que tais informaccedilotildees estejam corretas e
atualizadas incluindo dentre elas a carteira de vacinaccedilatildeo antirraacutebica (PORTUGAL 2003a)
No datar de 25 de janeiro de 2005 pela Uniatildeo Europeia foi promulgado o Regulamento
nordm 12005 que faz relaccedilatildeo a proteccedilatildeo dos animais natildeo humanos durante o transporte e operaccedilotildees
fins de forma a minimizar a duraccedilatildeo da viagem e satisfazer as necessidades dos animais
garantindo tambeacutem que os animais natildeo humanos devem estar aptos para efetuar a viagem assim
como os meios de transporte tanto quanto os equipamentos de carregamento e descarregamento
devem ser construiacutedos mantidos e utilizados de maneira a evitar lesotildees violecircncia ou
sofrimentos garantindo o bem-estar e a seguranccedila dos animais natildeo humanos durante o
deslocamento sendo de responsabilidade das autoridades nacionais inspecionar e aprovar os
veiacuteculos alvo de transporte de animais natildeo humanos seja por via mariacutetima ou rodoviaacuteria
(PORTUGAL 2005)
Ainda eacute vaacutelido mencionar o Decreto-Lei nordm 742007 promulgado dia 27 de marccedilo de
2007 onde trata da consagraccedilatildeo do direito ldquode acesso das pessoas com deficiecircncia visual
acompanhadas de catildees-guia a locais transportes e estabelecimentos puacuteblicosrdquo (PORTUGAL
2007a) tal constataccedilatildeo se faz pela evoluccedilatildeo nas teacutecnicas e condicionamento de formas de
treinamento de tais animais assim como da proteccedilatildeo sanitaacuteria dos catildees fora que determina os
direitos e responsabilidades dos catildees em treinamento e em serviccedilo ainda definindo os regimes
credenciamento responsabilidades e proibiccedilotildees relativas agraves famiacutelias que se promovem a receber
os catildees que seratildeo treinados demonstrando uma clara preocupaccedilatildeo no conforto seguranccedila e
vida dentro dos padrotildees de garantias para os catildees que agrave essa atividade forem direcionados
(PORTUGAL 2007a)
No mesmo ano o Parlamento Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia emitiu o
Regulamento nordm 1523007 do dia 11 de dezembro veio a proibir a colocaccedilatildeo no mercado assim
como a importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo comunitaacuterias de peles de gato e de catildeo e de produtos que as
contenham uma vez que
Para os cidadatildeos da Uniatildeo Europeia os gatos e catildees satildeo animais de estimaccedilatildeo pelo
que natildeo eacute aceitaacutevel usar as suas peles nem produtos que as contenham Existem
indiacutecios da presenccedila da Comunidade de peles natildeo rotuladas de gato e de catildeo e de
produtos que as contecircm Consequentemente os consumidores estatildeo preocupados com
a possibilidade de poderem comprar peles de gato e de catildeo e produtos que as
contenham Em 18 de Dezembro de 2003 o Parlamento Europeu aprovou uma
32
declaraccedilatildeo em que exprime a sua inquietaccedilatildeo a respeito do comeacutercio dessas peles e
produtos e solicita que se lhe ponha termo a fim de reestabelecer a confianccedila dos
consumidores e dos comerciantes[] (PORTUGAL 2007a)
Desta forma aleacutem de garantir que dentro comeacutercio interno de produtos de pele de catildees
e gatos natildeo estejam presentes ainda garante o bem-estar dos animais natildeo humanos ora que ao
se tratar de comercio irregular e ilegal levanta a praacutetica de maus-tratos para a obtenccedilatildeo de tais
mateacuterias primas (PORTUGAL 2007a)
32 LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA CONTEMPORAcircNEA
Por meio da Lei nordm 3152009 publicada no dia 21 de agosto do mesmo ano foi
designado novos regramentos relativos aos animais natildeo humanos onde em seu artigo 1ordm trouxe
ldquoO presente decreto-lei aprova o regime juriacutedico da criaccedilatildeo reproduccedilatildeo e detenccedilatildeo de animais
perigosos e potencialmente perigosos enquanto animais de companhiardquo (PORTUGAL 2009b)
Aqui fica demonstrada a preocupaccedilatildeo da introduccedilatildeo de mais espeacutecies de animais natildeo humanos
no meio do conviacutevio em sociedade dos animais humanos sem que haja prejuiacutezo aos dizeres do
Decreto-Lei de 2009 este tenta regular animais natildeo humanos silvestres mas ressalva o direito
da manutenccedilatildeo da criaccedilatildeo e interaccedilatildeo de animais natildeo humanos e humanos enquanto nativos da
fauna selvagem indiacutegena respeitando desta maneira as peculiaridades de sua existecircncia Em
seu artigo 3ordm traz as classificaccedilotildees de animais natildeo humanos enquanto animal de companhia
animal perigoso animal potencialmente perigoso autoridade competente centro de recolha e
detentor fazendo este uacuteltimo o mais importante de se evidenciar
ltltDetentorgtgt qualquer pessoa singular maior de 16 anos sobre a qual recai o dever
de vigilacircncia de um animal perigoso ou potencialmente perigoso para efeitos de
criaccedilatildeo reproduccedilatildeo manutenccedilatildeo acomodaccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo com ou sem fins
comerciais ou que o tenha sob sua guarda mesmo que a tiacutetulo temporaacuterio
(PORTUGAL 2009b)
Trazendo uma nova concepccedilatildeo para aquele que possui um animal natildeo humano quando
se fala de perigosos e potencialmente perigosos evidenciando uma nova forma de considera-lo
enquanto ser sob guarda natildeo apresentando mais como uma posse mas sim como uma tutela
Vale ressaltar que o presente decreto natildeo se resume apenas a animais natildeo humanos considerados
de natureza selvagem ao denomina-los como animais perigosos e animais potencialmente
perigosos mas tambeacutem resguarda os direitos e deveres do detentor perante catildees que sejam
assim classificados perante o que classifica o artigo 3ordm em Capiacutetulo IV trata sobre as
33
obrigatoriedades para a constacircncia de manutenccedilatildeo de catildees assim classificados em seu conviacutevio
como a obrigaccedilatildeo de treinamento e suas exigecircncias (PORTUGAL 2007b)
Ainda o presente decreto traz as penalidades para formas de maus-tratos ateacute entatildeo natildeo
mencionados nas legislaccedilotildees anteriores como para aqueles que promoverem ou participarem
de lutas entre animais natildeo humanos natildeo excluindo da puniccedilatildeo a mera tentativa e ainda
trazendo penas para quaisquer formas de ofensas agrave integridade fiacutesica dos animais natildeo humanos
na categoria dolosa ou de negligecircncia Eacute imprescindiacutevel constar sobre uma inovaccedilatildeo de grande
importacircncia trazida pelo decreto em questatildeo onde em seu artigo 38 vislumbra puniccedilotildees ao que
tange o profissional veterinaacuterio ou aquele que praticar as atividades a esse profissional
destinadas sem que tenha a devida certificaccedilatildeo para ministrar tais atividades (PORTUGAL
2009b)
No mesmo ano o Parlamento Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia no dia 30 de
novembro fez surgir um marco nos direitos dos animais natildeo humanos com a publicaccedilatildeo do
Regulamento nordm 12232009 no Jornal Oficial da Uniatildeo Europeia onde se trata das
regulamentaccedilotildees relativas ao uso de animais natildeo humanos enquanto para uso de testes em
produtos cosmeacuteticos De maneira a gerar diretrizes do que se permite ou se veda no que tange
a proteccedilatildeo dos animais natildeo humanos utilizados para fins experimentais prevendo regras comuns
para todos os Estados Membros da Uniatildeo Europeia exigindo que os ensaios realizados em
animais natildeo humanos sejam substituiacutedos por meacutetodos alternativos sempre que possiacutevel Ainda
regulamenta prazos para que seja efetuada a proibiccedilatildeo da comercializaccedilatildeo de produtos
cosmeacuteticos cuja formulaccedilatildeo final possuam ingredientes que tenham sido ensaiados em animais
assim como uma data para a proibiccedilatildeo de que sejam continuados os ensaios sobre animais
sendo estas datas respectivamente 11 de marccedilo de 2009 e 11 de marccedilo de 2013 coordenando
ainda uma construccedilatildeo para o desenvolvimento de meacutetodos cientiacuteficos alternativos aos testes em
animais natildeo humanos (PORTUGAL 2010)
O Parlamento Europeu e o Conselho da Uniatildeo Europeia publicaram no Jornal Oficial
da Uniatildeo Europeia na paacutegina 33 no datar de 20 de outubro de 2010 a Diretiva 201063EU
relativa agrave proteccedilatildeo dos animais utilizados para fins cientiacuteficos de forma a normatizar as
teacutecnicas formas cuidados dentre outros que devem ser tomados para se garantir o bem-estar
dos animais natildeo humanos dirigidos aos fins cientiacuteficos Ao exemplo ao tratar dos meacutetodos
podemos observar no seu toacutepico 14
Os meacutetodos selecionados deveratildeo evitar tanto quanto possiacutevel que o limite criacutetico do
procedimento seja a morte do animal devido ao sofrimento grave sentido durante o
periacuteodo que precede a morte Sempre que possiacutevel a morte deveraacute ser substituiacuteda por
34
limites criacuteticos mais humanos recorrendo a sinais cliacutenicos que determinem a
iminecircncia da morte a fim de permitir que o animal seja occisado sem mais sofrimento
(PORTUGAL 2010)
Ainda se traz na supracitada Diretiva a clara vedaccedilatildeo a procedimentos que possam
ocasionar ameaccedila a biodiversidade como ao exemplo de se utilizar para estudos animais natildeo
humanos cuja espeacutecie corra risco de extinccedilatildeo ressalvado ao miacutenimo indispensaacutevel e
devidamente justificado ainda levanta a proximidade geneacutetica entre os animais natildeo humanos e
humanos assim como a capacidade social dos primatas natildeo humanos demonstrando a niacutetida
problemaacutetica de garantia do bem-estar das necessidades comportamentais ambientais e sociais
em um ambiente laboratorial (PORTUGAL 2010)
Mesmo apresentando uma evoluccedilatildeo sucinta no que tange o direito dos animais natildeo
humanos em Portugal ateacute entatildeo em 2017 o paiacutes promulgou uma lei que modificou de forma
significante esse tocante sendo a maior evoluccedilatildeo a alteraccedilatildeo dos animais do rol de coisas para
passar a serem considerados ldquoseres vivos dotados de sensibilidade e objeto de proteccedilatildeo juriacutedica
em virtude da sua naturezardquo (PORTUGAL 2017a) no Coacutedigo Civil portuguecircsdeve-se
evidenciar que este paiacutes tem relaccedilotildees de reciprocidade perante ao tratamento dos indiviacuteduos
humanos para com o Brasil pode-se ver uma evoluccedilatildeo significativamente relevante em razatildeo a
compreensatildeo e leis como fica claro quando observamos a lei aprovada de 1ordm de maio de 2017
lei nordm 82017 onde os animais natildeo humanos deixaram de serem coisas para a denominaccedilatildeo de
seres sencientes explicitado pela adiccedilatildeo do artigo 201ordm-B ldquoOs animais satildeo seres vivos dotados
de sensibilidade e objeto de proteccedilatildeo juriacutedica em virtude da sua naturezardquo (PORTUGAL
2017a) trazendo uma inovaccedilatildeo perante a classificaccedilatildeo dos animais natildeo humanos perante a
legislaccedilatildeo 201ordm-C ldquoProteccedilatildeo juriacutedica dos animais A proteccedilatildeo juriacutedica dos animais opera por
via das disposiccedilotildees do presente coacutedigo e da legislaccedilatildeo especialrdquo (PORTUGAL 2017)
demonstrando que natildeo se visa findar os deveres perante os direitos dos animais natildeo humanos
na presente lei 1793ordm-A ldquoAnimais de companhia Os animais de companhia satildeo confiados a
um ou ambos os cocircnjuges considerando nomeadamente os interesses de cada um dos cocircnjuges
e dos filhos do casal e o bem-estar do animalrdquo (PORTUGAL 2017) ao Coacutedigo Civil portuguecircs
leia-se o 1305ordm-A
Artigo 1305ordm-APropriedade de animais
1 - O proprietaacuterio de um animal deve assegurar o seu bem-estar e respeitar as
caracteriacutesticas de cada espeacutecie e observar no exerciacutecio dos seus direitos as
disposiccedilotildees especiais relativas agrave criaccedilatildeo reproduccedilatildeo detenccedilatildeo e proteccedilatildeo dos animais
e agrave salvaguarda de espeacutecies em risco sempre que exigiacuteveis
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2 - Para efeitos do disposto no nuacutemero anterior o dever de assegurar o bem-estar
inclui nomeadamentea) A garantia de acesso a aacutegua e alimentaccedilatildeo de acordo com as
necessidades da espeacutecie em questatildeob) A garantia de acesso a cuidados meacutedico-
veterinaacuterios sempre que justificado incluindo as medidas profilaacuteticas de identificaccedilatildeo
e de vacinaccedilatildeo previstas na lei
3 - O direito de propriedade de um animal natildeo abrange a possibilidade de sem motivo
legiacutetimo infligir dor sofrimento ou quaisquer outros maus-tratos que resultem em
sofrimento injustificado abandono ou morte (PORTUGAL 2017a)
Na mesma lei satildeo tratados os deveres daquele que possui um animal natildeo humano que
pela lei portuguesa satildeo denominados como proprietaacuterios Em seu texto obriga o proprietaacuterio
sob pena de multa agrave prisatildeo assegurar o pleno bem-estar dos animais natildeo humanos natildeo somente
garantindo-lhe alimentaccedilatildeo adequada para a sobrevivecircncia mas tambeacutem sua seguranccedila
cuidados veterinaacuterios fora a garantia de que o animal natildeo humano sobre seus cuidados natildeo
sofra de forma alguma maus-tratos seja este realizado diretamente pelo proprietaacuterio ou
terceiros (PORTUGAL 2017a)
Ainda eacute de suma importacircncia fazer constar que a lei em questatildeo natildeo somente atinge os
animais natildeo humanos ditos como domeacutesticos mas todo aquele que se encontra de alguma forma
sob a tutela humana ao exemplo os animais utilizados na pecuaacuteria como se observa na leitura
de seu artigo primeiro
Artigo 1ordm
Objeto
A presente lei estabelece um estatuto juriacutedico dos animais reconhecendo a sua
natureza de seres vivos dotados de sensibilidade procedendo agrave alteraccedilatildeo do Coacutedigo
Civil aprovado pelo Decreto-Lei nordm 47344 de 25 de novembro de 1966 do Coacutedigo
de Processo Civil aprovado pela Lei nordm 412013 de 26 de junho e do Coacutedigo Penal
aprovado pelo Decreto-Lei nordm 40082 De 23 de setembro (PORTUGAL 2017a)
Na mesma linha o doutrinador portuguecircs Filipe Jorge Antunes Cabral (2015) defende
que sejam atribuiacutedos direitos subjetivos aos animais natildeo humanos alegando que natildeo haacute como
se restringir estes direitos aos animais humanos alegando que ldquonatildeo satildeo os interesses dos
indiviacuteduos que possuem um valor moral fundamental mas sim por serem indiviacuteduos capazes
de serem detentores de interessesrdquo (CABRAL 2015 p 117) aplicando desta forma a
capacidade de ter interesses e estes serem haacutebeis de discussatildeo perante o campo do direito mais
animais natildeo humanos
Outro fator a notar-se importacircncia enquanto satildeo observadas as alteraccedilotildees efetuadas por
meio desta lei eacute a alteraccedilatildeo clara e direta na forma de tratamento dos animais natildeo humanos
dentro do corpo do sistema normativo onde agora satildeo designados diretamente como animais
36
demonstrando nitidamente uma alteraccedilatildeo nos paradigmas de interpretaccedilatildeo de sua condiccedilatildeo
onde natildeo resta mais lacunas hermenecircuticas de sua diferenciaccedilatildeo para simplesmente coisas
como fica evidenciado nos textos dos artigos por ela alterados
Artigo 1318ordm
Suscetibilidade de ocupaccedilatildeo
Podem ser adquiridos por ocupaccedilatildeo os animais e as coisas moacuteveis que nunca tiveram
dono ou foram abandonados perdidos ou escondidos pelos seus proprietaacuterios salvas
as restriccedilotildees dos artigos seguintes (PORTUGAL 2017b)
Ainda neste sentido o artigo 1323 traz obrigaccedilotildees que superam a mera proibiccedilatildeo aos
maus-tratos mas fala tambeacutem de formas de vedaccedilatildeo a inobservacircncia de negaccedilatildeo a negligecircncia
demonstrando o ocircnus de devolver agrave quem pertence animal perdido cuja propriedade seja
conhecida e em caso de natildeo saber a quem pertence deve por meios convenientes buscar achar
e auxiliar ao animal ser achado sem esquecer de informar as autoridades sobre o achado assim
como se notar ser necessaacuterio o encaminhar a um veterinaacuterio bem como com seu auxiacutelio
tentar identificar formas de encontrar seu tutor e em caso de passado um ano sem que se possa
devolver o animal natildeo humano para seu legiacutetimo dono aquele que o achou pode fazer do
animal como seu (PORTUGAL 2017b)
Da mesma forma em caso de restituiccedilatildeo do animal natildeo humano ao seu proprietaacuterio faz
jus indenizaccedilatildeo aquele que o achou por todos as despesas levantadas por ele na manutenccedilatildeo da
devida sauacutede e sobrevivecircncia do animal durante o periacuteodo de sua guarda bem como natildeo haacute de
responder se sem dolo ou culpa ocorrer perda ou deterioraccedilatildeo do animal natildeo humano no
transcorrer de sua guarda contudo se aquele que achou o animal natildeo humano ao notar que seu
verdadeiro dono faz o animal de viacutetima de maus-tratos tem aquele que o achou o direito de
retecirc-lo para garantia da seguranccedila do mesmo (PORTUGAL 2017b)
Dois anos depois no dia 30 de janeiro foi instituiacutedo o Decreto Lei nordm 202019 transferiu
responsabilidades no campo de cuidado dos animais natildeo humanos para as autoridades locais e
entidades intermunicipais permitindo um controle mais especiacutefico das peculiaridades de cada
regiatildeo e dando autonomia ao poder local Ainda sanciona a realizaccedilatildeo de concursos e
exposiccedilotildees de animais natildeo humanos Da mesma forma implanta a permissatildeo para a detenccedilatildeo
de mais de trecircs catildees ou quatro gatos adultos em preacutedios urbanos (PORTUGAL 2019a)
No mesmo ano no dia 27 de junho foi publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica ordm 1212019 o
Decreto-Lei nordm 822019 onde estabelece as regras de identificaccedilatildeo dos animais de companhia
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criando o Sistema de Informaccedilatildeo de Animais de Companhia o SIAC onde traz novas normas
de obrigaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e de registro dos animais natildeo humanos por meio de um
transponder uma espeacutecie de chip eletrocircnico que conteacutem vaacuterios dados sobre aquele indiviacuteduo
ou outro sistema autorizado para a espeacutecie de animal natildeo humano em questatildeo devendo o
cadastro ocorrer ateacute 120 dias apoacutes o nascimento do animal natildeo humano garantindoo
reconhecimento em caso de abandono estabelecendo uma ligaccedilatildeo entre o animal e quem tem
sua guarda assegurando a sauacutede e a seguranccedila de animais natildeo humanos e humanos gerando a
responsabilidade civil sanitaacuteria e de bem-estar animal onde a obrigatoriedade da identificaccedilatildeo
foi criada pelo Decreto-Lei n3132003 mas agora seguindo os paracircmetros determinados pelo
Parlamento Europeu e do Conselho alterando o instituto SICAFE pelo Sistema de Informaccedilotildees
de Animais de Companhia (SIAC) como definido pela aliacutenea a do seu artigo 1ordm Assegurando
a aplicabilidade dos Regulamentos nordm 5762013 e nordm 4292016 do Parlamento Europeu e do
Conselho instituiacutedo nos dias 12 de junho de 2013 e 9 de marccedilo de 2019 respectivamente
relativos agrave circulaccedilatildeo de animais de companhia pessoal e as zoonoses(PORTUGAL 2019b)
33 ANAacuteLISE LEI Nordm 9295
A Assembleia da Repuacuteblica portuguesa decretou no dia 12 de setembro de 1995 a Lei
nordm 9295 a Lei de Proteccedilatildeo aos animais vindo a proibir todo e qualquer tipo de violecircncia
injustificada contra animais tendo sido aprovada no datar de 21 de junho e promulgada no dia
24 de agosto do mesmo ano pelo entatildeo presidente da repuacuteblica portuguesa Maacuterio Soares
podendo se caracterizar neste qualquer tipo de sofrimento crueldade instantacircnea ou de forma
prolongada graves leotildees a um animal natildeo humano ou ateacute mesmo sua morte ainda consta a
necessidade na medida do possiacutevel de socorro agrave animais natildeo humanos que se encontrem feridos
doentes em perigo ou em quaisquer condiccedilotildees anaacutelogas a estas (PORTUGAL 1995)
Traduz ainda como crime perante esta lei todo aquele que exigir de um animal salvo
em momentos emergenciais esforccedilos abusivos ou ateacute mesmo atuaccedilotildees que os animais natildeo
humanos sejam parciais ou absolutamente incapazes de realizar ou ainda que sejam aleacutem de
suas possibilidades naturais Ainda consta a expressa vedaccedilatildeo a aquisiccedilatildeo de animal natildeo
humanos que se encontre em condiccedilotildees enfraquecidas adoentadas idoso ou outra conjuntura
anaacuteloga em que este animal tenha vivido de forma integral ou em grande maioria em ambiente
domeacutestico se findar tal aquisiccedilatildeo em intenccedilatildeo diversa a tratamento proteccedilatildeo ou cuidados
humanos ou ainda com intenccedilatildeo de morte imediata (PORTUGAL 1995)
38
Vem a reforccedilar o impedimento de qualquer maneira ao abandono intencional de
animais natildeo humanos que estavam sobre a proteccedilatildeo humana em ambiente domeacutestico ou ainda
em instalaccedilatildeo comercial ou industrial Caracterizando ainda o sofrimento como impedido
mesmo que para com fins didaacuteticos de treino exibiccedilatildeo filmagens publicidade ou qualquer
outra atividade a estas assemelhadas ressalvando experiecircncias cientiacuteficas de comprovada
necessidade (PORTUGAL 1995)
Vale ser citado o capiacutetulo II da presente lei onde se pode ler sobre o comeacutercio e
espetaacuteculos que faccedilam uso de animais natildeo humanos de forma a obrigar agrave todos que que pessoa
fiacutesica juriacutedica solitaacuteria ou coletiva se faccedila utilizar de animais natildeo humanos para fins de
espetaacuteculo comercial tenha preacutevia autorizaccedilatildeo das autoridades ou entes competentes sejam
essas a Direccedilatildeo Geral dos Espetaacuteculos ou ainda do municiacutepio onde respectivamente se pretende
exibir tal evento de entretenimento sem deixar de constar a relaccedilatildeo de comercializaccedilatildeo desta
categoria de animais natildeo humanos como vem escrito no corpo do texto do artigo 2ordm
Licenccedila municipal
Sem prejuiacutezo do disposto no capiacutetulo III quando aos animais de companhia qualquer
pessoa fiacutesica ou coletiva que explore o comeacutercio de animais que guarde animais
mediante uma remuneraccedilatildeo que os crie para fins comerciais que os alugue que sirva
de animais para fins de transporte que os exponha ou que os exiba com um fim
comercial soacute poderaacute fazecirc-lo mediante autorizaccedilatildeo municipal a qual soacute poderaacute ser
concedida desde que os serviccedilos municipais verifiquem que as condiccedilotildees previstas
na lei destinadas a assegurar o bem-estar e a sanidade dos animais seratildeo cumpridas
(PORTUGAL 1995)
Se faz ressaltar a completa e indiscutiacutevel proibiccedilatildeo a qualquer espeacutecie para o fim do
supracitado paraacutegrafo de animais natildeo humanos que se encontrem em condiccedilotildees flageladas
enferma ou mesmo com qualquer tipo de ferimento ainda vem a negar a entrada no territoacuterio
portuguecircs de qualquer tipo de animal natildeo humano vertebrado que se encontre na mesma
situaccedilatildeo de sauacutede antes citada (PORTUGAL 1995)
Assiste a presente lei ainda a regulamentaccedilatildeo perante o transporte de animais natildeo
humanos em transportes puacuteblicos ressalvado por motivo de periculosidade sauacutede ou higiene
devidamente justificaacuteveis devendo os animais natildeo humanos estarem sempre acompanhados
por seus proprietaacuterios ou responsaacuteveis autorizados assim como devidamente acondicionados
(PORTUGAL 1995)
39
34 ANAacuteLISE IMPLEMENTACcedilAtildeO LEI Nordm 392020
Na data de 23 de julho de 2020 foi aprovada pela Assembleia da Repuacuteblica a Lei nordm
392020 tendo sua publicaccedilatildeo no datar de 18 de agosto e entrando em vigor no dia 1 de outubro
do mesmo anoImplementando o regime sancionatoacuterio aplicaacutevel aos crimes contra os animais
de companhia alterando substancialmente o que trazia o Coacutedigo Penal e o Coacutedigo de Processo
Penal portugueses reforccedilando de maneira expressiva a proteccedilatildeo aos animais natildeo humanos no
acircmbito dos crimes praticados contra estes (PORTUGAL 2020a)
Em seu corpo traz um regime sancionatoacuterio aplicaacutevel aos crimes direcionados contra
os animais natildeo humanos de forma a alterar pela quinquageacutesima vez o Coacutedigo Penal portuguecircs
pela trigeacutesima seacutetima vez o Coacutedigo de Processo Penal e pela terceira vez a Lei nordm 9295 a lei
de proteccedilatildeo aos animais Desloca as penalidades e diretrizes sobre morte e maus-tratos inferidos
contra animais natildeo humanos como observamos pelo novo texto dado ao artigo 387 do Coacutedigo
Penal ldquo1 ndash Quem sem motivo legiacutetimo matar animal de companhia eacute punido com pena de
prisatildeo de 6 meses a 2 anos ou com pena de multa de 60 a 240 dias se pena mais grave lhe natildeo
couber por forccedila de outra disposiccedilatildeo legalrdquo aumentando substancialmente tanto as penas de
reclusatildeo quanto a de prestaccedilatildeo de serviccedilos para aquele que matar um animal natildeo humano
(PORTUGAL 2020a)
Pode ser lido ainda em seu artigo 3ordm o que pertence as alteraccedilotildees ao Coacutedigo de Processo
Penal se faz essencial constar a nova redaccedilatildeo dada aos artigos 171 e 172 deste coacutedigo
Artigo 171ordm
1 ndash Por meio de exames das pessoas dos lugares dos animais e das coisas
inspecionam-se os vestiacutegios que possa ter deixado o crime e todos os indiacutecios relativos
ao modo como e ao lugar onde foi praticado agraves pessoas que o cometeram ou sobre as
quais foi cometido
2 ndash []
3 ndashSe os vestiacutegios deixados pelo crime se encontrarem alterados ou tiverem
desaparecido descreve-se o estado em que se encontram as pessoas os lugares os
animais e as coisas em que possam ter existido procurando-se quando possiacutevel
reconstitui-los e descrevendo-se o modo o tempo e as causas da alteraccedilatildeo ou do
desaparecimento
Artigo 172ordm
1 ndash Se algueacutem pretender eximir-se ou obstar a qualquer exame devido ou a facultar
animal ou coisa que deva ser objeto de exame pode ser compelido por decisatildeo da
autoridade judiciaacuteria competente (PORTUGAL 2020a)
Sem deixar de citar sobre ocultaccedilatildeo de provas animais ou ainda qualquer outro tipo de
objeto ligado ao crime prevendo busca apreensatildeo e investigaccedilatildeo por meio da poliacutecia criminal
para que todas as provas que possam trazer a resoluccedilatildeo do fato iliacutecito suscetiacuteveis de serem
40
declarados perdidos a favor do Estado Ainda busca definir os paracircmetros para a restituiccedilatildeo de
animais coisas ou bens apreendidos em meio a um processo investigativo criminal
determinando que estas permaneceratildeo sobre tutela de um fiel depositaacuterio ateacute o transito em
jugado da sentenccedila em ateacute 60 dias se os proprietaacuterios natildeo o buscarem no prazo previsto seratildeo
considerados perdidos em favor do Estado podendo este dar a finalidade que melhor acharem
(PORTUGAL 2020a)
Eacute imperioso constar que a presente lei ao aditar agrave Lei nordm 9295 vem a tratar das medidas
cautelares perante a proteccedilatildeo nos casos de evidecircncia de sinais de praacuteticas de crimes de maus-
tratos para contra animais natildeo humanos levantando as forccedilas de seguranccedila aos oacutergatildeos de
poliacutecia criminal a Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria e aos municiacutepios desencadear
os meios para proceder com tais medidas como faz com a alteraccedilatildeo do artigo 1 ndash A da Lei nordm
9295 (PORTUGAL 2020a)
35 JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO HUMANOS EM PORTUGAL
Na data de 02 de outubro de 2019 comeccedilou uma disputa judicial pela guarda da cadela
da raccedila Pitbull nomeada de Kiara apoacutes o rompimento da relaccedilatildeo de 12 anos de seus
proprietaacuterios A lide se iniciou pelo fato de ambas as partes requerem a guarda total do animal
natildeo humano estando o julgamento sendo processado pelo Juiacutezo da Famiacutelia e Menores de Mafra
pela Juiacuteza de Direito Soacutenia Henriques Cristoacutevatildeo Dentre as alegaccedilotildees e provas estatildeo a caderneta
de vacina a licenccedila e o chip de identificaccedilatildeo estatildeo em nome da parte feminina enquanto a parte
masculina alega ter sido o comprador e o financiador das custas da cadela (BARRETO 2019)
Em primeira anaacutelise do caso a magistrada observou que a parte masculina
primeiramente buscava a guarda compartilhada ou ao mesmo poder ter contato com a cadela
poreacutem ao avanccedilar do julgamento passou a pedir a guarda total devido a posiccedilatildeo da parte
feminina de se negar qualquer tipo de negociaccedilatildeo a posiccedilatildeo de passar de tentativa de guarda
compartilhada para guarda unilateral foi reforccedilada pelo fato de a parte masculina permanecer
morando no local onde a cadela viveu seus primeiros dois anos de vida ateacute que decidiram pela
dissoluccedilatildeo do relacionamento (BARRETO 2019)
Para poder tomar uma decisatildeo a juiacuteza decidiu por consultar a veterinaacuteria que fazia os
cuidados do animal natildeo humano com a finalidade de examinar o comportamento dos animais
natildeo humano e humanos concluindo-se que no caso em questatildeo os proprietaacuterios em momento
algum estavam colocando os interesses e bem-estar da cadela como prioridade mas sim seus
interesses particulares Ainda como apontado pela advogada Soacutenia Henriques Cristoacutevatildeo
41
especialista em direito animal o bem-estar animal eacute o uacuteltimo criteacuterio a ser levado em
consideraccedilatildeo em lides anaacutelogas ldquoNo que toca aos menores o criteacuterio eacute sempre o melhor
interesse do mesmo mas neste caso a lei civil natildeo tem como orientador esse princiacutepio Esse
criteacuterio existe mas eacute o uacuteltimordquo (BARRETO 2019) demonstrando uma interpretaccedilatildeo direta do
que o Coacutedigo Civil portuguecircs explana em seu artigo 1793ordm-A onde afirma que em casos de
divoacutercio ldquoos animais de companhia satildeo confiados a um ou a ambos os cocircnjuges considerando
nomeadamente os interesses de cada um dos cocircnjuges e dos filhos do casal e tambeacutem o bem-
estar do animalrdquo (PORTUGAL 1966) de forma a trazer a importacircncia do bem-estar animal
natildeo humano ser considerado para a decisatildeo de guarda poreacutem soacute como uacuteltima condiccedilatildeo para a
decisatildeo (BARRETO 2019)
A magistrada ponderou o fato de em Portugal ainda natildeo eacute pacificado o tema nem pelo
legislativo nem pela fraca jurisprudecircncia neste sentido ora que nos divoacutercios a guarda dos
animais natildeo humanos nem entra em pauta sendo normalmente decidido este ponto entre as
partes sem ter para tanto que levar o caso a justiccedila nem colocando na ficha da partilha haver
animais de companhia de maneira ao caso estar ainda em pauta de julgamento (BARRETO
2019)
Jaacute no que tange os maus-tratos aos animais natildeo humanos em Portugal mesmo com a lei
portuguesa punindo desde outubro de 2014 os maus-tratos contra animais natildeo humanos com
pena de ateacute um ano de prisatildeo somente 5 (cinco porcento) das denuacutencias acabam por chegar
a julgamento onde os outros 95 (noventa e cinco porcento) acaba por findar somente em
multa resultando que nas quase cinco mil denuacutencias registradas em virtude de maus-tratos agrave
animais natildeo humanos menos de duzentos de cinquenta destes findaram em julgamento como
descreve o Jornal de Notiacutecias o Observador de Portugal em sua mateacuteria de 24 de maio de 2020
(GOMES 2020)
Pelos dados coletados pelas pesquisas jurisdicionais realizadas por Gomes (2020) entre
2015 e 2018 a pena de prisatildeo soacute foi levantada como sanccedilatildeo aplicaacutevel pelos tribunais
portugueses no patamar da primeira instacircncia mas que sempre acabavam por ter a pena
convertida em multa ao serem recorridos os julgamentos tendo ainda tido um montante de seis
penas suspensas pelo proacuteprio magistrado da primeira instacircncia apoacutes reanaacutelise Ocorrendo neste
periacuteodo 241 processos crime entre abandono a maus-tratos tendo sido 169 casos diretamente
ligados aos maus-tratos tendo como reacuteus 277 animais humanos ressaltando ainda o fato de que
o nuacutemero de denuacutencias nunca representa a realidade faacutetica do cometimento dos crimes contra
os animais natildeo humanos mas sim somente uma pequena parcela da verdade (PORTUGAL
2020b)
42
Contudo o Jornal Correio da Manhatilde aponta uma nova posiccedilatildeo dos magistrados no
tocante de levar a justiccedila agravequeles que descumprem as leis contra os maus-tratos proferidos a
animais natildeo humanos como se observa ao iniacutecio de julgamento do caso de maus-tratos contra
uma cadela que desde 2016 sabe-se que eacute viacutetima de negligecircncia trancada em um ambiente
inapropriado ao seu porte sem acesso digno agrave aacutegua e alimentaccedilatildeo devidas a sua mantenccedila
bioloacutegica sendo mantida enclausurada em uma pequena e suja varanda apresentando magreza
extrema Sendo um dos primeiros casos de maus-tratos a chegar a justiccedila do Tribunal de Faro
por meio de denuacutencia de uma associaccedilatildeo de defesa dos animais tendo recebido grande reflexo
nas redes sociais (GRIFF 2018)
Tendo sido o caso encaminhado ao Ministeacuterio Puacuteblico de Faro local do fato ter vindo a
ocorrer este decidiu por dar prosseguimento agrave denuacutencia levantando a importacircncia deste ser
levado a julgamento em funccedilatildeo da importacircncia e relevacircncia do mesmo trazendo como
argumento a Lei que criminaliza os maus-tratos de 1 de outubro de 2014 ldquoquem sem motivo
legiacutetimo infligir dor sofrimento ou quaisquer outros tipos de maus-tratos fiacutesicos a um animal
de companhia eacute punido com pena de prisatildeo ateacute um ano ou com pena de multa ateacute 120 diasrdquo
aumentando para dois anos a puniccedilatildeo se ldquoresultar a morte do animal ou a privaccedilatildeo de um oacutergatildeordquo
(GRIFF 2015) de maneira a trazer a necessidade de se colocar a presente violaccedilatildeo em
julgamento como medida exemplar com o objetivo de desmotivar novos casos semelhantes
(GRIFF 2018)
Na data determinada para a primeira sessatildeo de julgamento os proprietaacuterios devidamente
citados natildeo compareceram tendo sido presenciada de um membro da Projeto de Apoio a
Viacutetimas Indefesas Nuacutecleo de Aveiro (PRAVI) e de um agente da Poliacutecia de Seguranccedila Puacuteblica
(PSP) de forma a sofrer a necessidade de remarcaccedilatildeo da sessatildeo de julgamento em funccedilatildeo das
leis civis de Portugal mas ainda natildeo haacute sentenccedila julgada sobre o caso (GRIFF 2018)
Portugal vem enfrentando seacuterios problemas sanitaacuterios devido ao que descrevem como
Siacutendrome de Noeacute que se determina por uma espeacutecie de transtorno de acumulaccedilatildeo onde o
animal humano tem dificuldade de desfazer-se de animais acabando por os acumular de forma
desorganizada afetando tanto a sociedade quanto os animais natildeo humanos envolvidos nesta
condiccedilatildeo Aos animais natildeo humanos viacutetimas dessa siacutendrome acabam por natildeo receberem os
cuidados necessaacuterios que acaba por acarretar diretamente nos maus-tratos podendo originar
doenccedilas que podem ainda se desenvolver em zoonoses (MACHADO 2020)
Sobre o caso a Assembleia da Repuacuteblica no dia 25 de janeiro de 2018 publicou a
Resoluccedilatildeo da Assembleia da Repuacuteblica nordm 202018 onde recomenda que seja criado um grupo
de trabalho constituiacutedo por profissionais da sauacutede e comportamento animal assistentes sociais
43
psiquiatras e psicoacutelogos com o objetivo de prevenir e combater casos da Siacutendrome de Noeacute
uma vez que aleacutem de ocasionar risco a sociedade na maior parte das vezes foram observados
que os animais natildeo humanos expostos a esta siacutendrome tentem a serem viacutetimas de maus-tratos
como o ocorrido no mecircs de maio em Canccedilas onde uma proprietaacuteria possuiacutea 35 animais em
um ambiente que natildeo apresentava as miacutenimas condiccedilotildees de bem-estar animal ou dignidade
Desta forma depois de julgado a maior parte dos animais natildeo humanos que laacute residiam foram
recolhidos de forma a apenas permanecerem no local sete animais natildeo humanos com a antiga
proprietaacuteria uma vez observado grande afeto entre a proprietaacuteria e estes (MACHADO 2020)
No presente caso foi levantado que ldquoo bem-estar animal deve ser compreendido
segundo o alojamento manutenccedilatildeo e acomodaccedilatildeo dos animais referido ainda que nenhum
animal deve ser detido se estas condiccedilotildees de bem-estar natildeo se encontrem verificadasrdquo neste
ditame aquele que acaba por acumular animais de companhia podem ocorrer em se enquadrar
em crime de maus-tratos como previsto pelo artigo 387 do Coacutedigo Penal portuguecircs onde prevecirc
a sanccedilatildeo de prisatildeo de ateacute um ano ou com pena de multa ade ateacute 120 dias quando aquele que
for o detentor ocasionar dor infligir sofrimento ou ainda qualquer outra agressatildeo fiacutesica a
animais natildeo humanos natildeo impedindo ainda que sejam somadas penalidades do artigo 388 do
mesmo coacutedigo onde prevecirc ldquoa privaccedilatildeo do direito de detenccedilatildeo de animais de companhia pelo
periacuteodo maacuteximo de 5 anosrdquo de forma a tentar prevenir de forma consubstanciada a seguranccedila
da sociedade junto com a mantenccedila do bem-estar dos animais natildeo humanos (MACHADO
2020)
Assim no presente capiacutetulo foi analisada a evoluccedilatildeo histoacuterica legislativa dos direitos
dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo portuguesa ateacute a contemporaneidade do estado
atual de seus direitos e incluindo julgados Pelo meacutetodo explanatoacuterio bibliograacutefico onde se
buscou esta anaacutelise da forma mais completa tentando englobar o maacuteximo de informaccedilotildees para
se chegar agrave mais completa anaacutelise dos direitos dos animais natildeo humanos em Portugal
Desta forma foi possiacutevel se observar que o primeiro relato normativo portuguecircsocorreu
no ano de 1886 com o Coacutedigo Penal portuguecircs trazendo vedaccedilotildeesaos maus-tratos de qualquer
espeacutecie aos animais natildeo humanos ainda que no passar dos anos passando pela inclusatildeo de
normas dentro doscoacutedigos legais sem deixar de citar as leis infraconstitucionais
Para continuidade do presente trabalho no capiacutetulo que se segue seraacute apresentada uma
anaacutelise comparativa entre a evoluccedilatildeohistoacuterica do direito dos animais natildeo humanos entre
aslegislaccedilotildees brasileira e portuguesaassim como uma anaacutelise comparativa doestado normativo
dos direitos dos animais natildeo humanos apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 entre os
doispaiacuteses em anaacutelise
44
4 COMPARACcedilAtildeO DAS LEGISLACcedilOtildeES BRASILEIRA E PORTUGUESA
O presente capiacutetulo aborda uma comparaccedilatildeo relativa as leis passadas e presentes em
Brasil e Portugal uma vez que entre os paiacuteses haacute uma relaccedilatildeo de reciprocidade devido ao
Decreto Legislativo nordm 82 de 24 de novembro de 1971 nomeada de Convenccedilatildeo sobre igualdade
de Direitos e Deveres entre brasileiros e portugueses ratificada em Brasiacutelia na data de 7 de
setembro de 1971 e em Lisboa na data de 22 de marccedilo de 1971 entrando em vigor no dia 22
de abril de 1972 onde os Governos do Brasil e Portugal visando a continuidade do reciacuteproco
respeito aos valores histoacuterico morais culturais e eacutetnicos que outrora uniram os povos e que os
manteacutem como irmatildeos com o intuito de promover um aperfeiccediloamento e estreitamento nas
relaccedilotildees harmonicamente da comunidade Luso-Brasileira convencionou a efetivaccedilatildeo do
princiacutepio da igualdade de tratamento entre cidadatildeos brasileiros expresso na constituiccedilatildeo
brasileira agrave eacutepoca em seu artigo 199 e na entatildeo constituiccedilatildeo portuguesa em seu artigo 7ordm
paraacutegrafo 3ordm (BRASIL 1972)
Desta maneira com a instituiccedilatildeo de um estatuto de caraacuteter especial com a iniciativa de
refletir os viacutenculos existentes entre brasileiros e portugueses assim como com o intuito de
servir de embasamento e inspiraccedilatildeo para as geraccedilotildees e legislaccedilotildees que se seguissem houve este
compromisso solene fraternal e indestrutiacutevel de amizade Enfatiza-se em tal Convenccedilatildeo o seu
artigo 1ordm ldquoOs portugueses no Brasil e os brasileiros em Portugal gozaratildeo de igualdade de direitos
e deveres com os respectivos nacionaisrdquo de forma a demonstrar uma reciprocidade no
tratamento de nascidos no paiacutes irmatildeo em seu territoacuterio mas ainda resguardando os direitos e
deveres inerentes ao seu paiacutes natural como exposto em seu artigo 3ordm ldquoOs portugueses e
brasileiros abrangidos pelo estatuto de igualdade continuaratildeo no exerciacutecio de todos os direitos
e deveres inerentes agraves respectivas nacionalidadesrdquo (BRASIL 1972)
Assim como para o presente trabalho eacute vaacutelido se fazer citar o artigo 16 da dita
Convenccedilatildeo ldquoOs Governos do Brasil e de Portugal consultar-se-atildeo periodicamente a fim de
examinar e adotar as providecircncias necessaacuterias para melhor e uniforme interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo
da presente Convenccedilatildeo bem como para estabelecer as modificaccedilotildees que julguem
convenientesrdquo assim a presente convenccedilatildeo veio a tratar que no presente e futuro os dois paiacuteses
se reuniriam para discutir sobre leis que versem sobre esta reciprocidade desta forma o capiacutetulo
que se apresenta vem a comprar as legislaccedilotildees no tangente dos direitos dos animais natildeo
humanos pelas leis brasileiras e portuguesas (BRASIL 1972)
No tocante dos direitos dos animais natildeo humanos Charles Darwin (1996) jaacute relatava
sobre a capacidade de sentir de ter consciecircncia de se reunir em grupos em sociedades de ter
45
empatia assim como quando comparada aos animais humanos ldquonatildeo existe uma diferenccedila
fundamental entre os humanos e os mamiacuteferos de niacutevel superior nas suas faculdades mentaisrdquo
(DARWIN 1996 P287)Este pensamento de Darwin eacute reforccedilado nesta outra passagem
Existem muitas espeacutecies de animais sociais em que os seus membros se associam em
grupos sentem compaixatildeo uns pelos outros manifestando qualidades que os revelam
de uma consciecircncia moral incipiente para quando em comparaccedilatildeo com a humana
sendo fieacuteis ao grupo demonstrando capacidade de entender as necessidades de
membros do grupo que apresentem carecircncias de tratamentos especiais ao exemplo de
fornecer alimentos e bebidas aos indiviacuteduos do grupo que satildeo cegos (DARWIN 1996
p 290traduccedilatildeo nossa)
Observa-se que jaacute haacute muito antes de se discutir os animais natildeo humanos como dignos
ou natildeo de direitos relativos a personalidade juriacutedica jaacute fora levantada sua capacidade de ser
equiparados aos animais humanos ora que apresentam capacidades de sentir sofrer entender
o outro ajudar num niacutevel de compreensatildeo e sensibilidade ateacute hoje juridicamente apenas
arguido aos seres humanos (DARWIN 1996)
41 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO HISTOacuteRICO
Se demonstra eficaz comeccedilar o presente toacutepico lembrando que a primeira nota
legislativa no Brasil relativa ao direito dos animais natildeo humanos natildeo ter se desenvolvido no
acircmbito nacional mas sim Municipal com o Coacutedigo de Posturas do Municiacutepio de Satildeo Paulo
(1886) em 6 de outubroonde por mais que fosse a primeira vedaccedilatildeo expressa as praacuteticas de
crueldade contra os animais natildeo humanos esta se limitava agravequeles que faziam uso de animais
natildeo humanos para o fim traccedilatildeo de carroccedilas e que somente no ano de 1934 sendo assim um
lapso de 48 anos ateacute que no dia 10 de julho viesse a existir um Decreto nacional o de nordm
24645 que promulgou a vedaccedilatildeo aos maus-tratos proferidos contra animais natildeo humanos em
local puacuteblico ou privado assim como trazendo a tutela do Estado para com estes assim como
estipulando puniccedilatildeo pecuniaacuteria e de enclausuramento para aquele que violasse o dito decreto
(BRASIL 1934)
Na supracitada legislaccedilatildeo federal ainda se trazia a representaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
como uma possibilidade nas accedilotildees que versassem sobre os maus-tratos relativos agrave animais natildeo
humanos No sistema normativo gerado por este decreto foram transcritas ainda diretrizes para
o uso animal natildeo humano para quando utilizados para auxiliar ou gerar trabalho de interesse
dos animais humanos como ao exemplo daqueles que fossem objeto de traccedilatildeo veicular Ainda
46
eacute imperioso constar que neste ano houve a primeira menccedilatildeo em relaccedilatildeo a negativa de abandono
de animais natildeo humanos (BRASIL 1934)
No mesmo ano em que o Brasil recebia sua primeira norma legislativa em acircmbito
Municipal para a garantia dos direitos dos animais natildeo humanos em Portugal no dia 16 de
setembro o Decreto Lei de seu Coacutedigo Penal jaacute trazia direitos para os animais natildeo humanos
no qual jaacute foram previstas penalidades para aqueles que ferissem matassem envenenasse
abusassem ou viessem a causar quaisquer outros tipos de danos aos animais natildeo humanos assim
como jaacute traziam a vedaccedilatildeo aos maus-tratos desde sua primeira menccedilatildeo normativa Desta forma
demonstram um claro avanccedilo no campo legislativo em relaccedilatildeo aos direitos dos animais natildeo
humanos perante as leis brasileiras (PORGUTAL 1886) Posicionamento semelhante no Brasil
soacute se fez demonstrar presente no campo normativo deacutecadas depois com o Projeto de Lei nordm 631
de 2015 onde no Senado brasileiro se passou a discutir em julgados o impedimento de causar
dor a animais natildeo humanos se o motivo natildeo for plenamente justificaacutevel discutindo tambeacutem
sobre o que tange a guarda destes tratando pela primeira vez a nomenclatura direta para os
animais natildeo humanos como seres sencientes (BRASIL 2015b)
Ainda antes mesmo do Brasil ter desenvolvido qualquer lei no acircmbito nacional sobre os
direitos dos animais natildeo humanos Portugal (2001) jaacute inovava com suas leis no dia 12 de junho
onde foi assinado mais um Decreto Lei este trazendo uma nova vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos deveres
dos animais humanos em relaccedilatildeo aos animais natildeo humanos desta vez impedindo a carga
excessiva de trabalho aos quais estes satildeo expostos determinando tempo capacidade dentre
outros regramentos de maneira a proporcionar para os animais natildeo humanos utilizados para o
serviccedilo condiccedilotildees miacutenimas de subsistecircncia visando diminuir seu sofrimento e trazendo-lhes
maior dignidade (PORTUGAL 2001)
Voltando a tratar da legislaccedilatildeo do Brasil (1941) houve um lapso temporal de 7 anos
entre a ultima ediccedilatildeo de norma legal em relaccedilatildeo aacute proacutepria lei e 22 anos se contadas as leis
portuguesas No dia 03 de outubro o Brasil promulgou por meio do Decreto Lei nordm 3688 a Lei
das Contravenccedilotildees Penais onde trouxe entre seus artigos penalidades para aqueles que
submetessem agrave trabalho excessivo ou cruel a animais natildeo humanos oferecendo como
penalidades a prisatildeo simples e ou a multa ainda qualifica como criminosa a praacutetica de
experiecircncias crueacuteis ou que gerem dor aos animais natildeo humanos vivos mesmo que este seja
realizado com intuito didaacutetico ou cientiacutefico trazendo assim pela primeira vez no ordenamento
brasileiro vedaccedilotildees no campo cientiacutefico e de entretenimento de animais humanos (BRASIL
1941)
47
Ainda no tocante das leis brasileiras passaram-se vinte e seis anos ateacute que no dia 03 de
janeiro de 1967 foi promulgada a Lei Federal nordm 5197 o chamado Coacutedigo da Caccedila impedindo
que a fauna silvestre fosse de qualquer forma alvo de caccedila predatoacuteria ou caccedila para criaccedilatildeo em
cativeiro assim vedando ainda sua destruiccedilatildeo ou de seu habitat de forma a trazer garantias ateacute
entatildeo natildeo observadas nem na legislaccedilatildeo brasileira nem portuguesa da diversidade
continuidade e sobrevivecircncia de animais provindos da fauna nativa paacutetria (BRASIL 1967)
Contudo os legisladores agrave eacutepoca evidenciaram que haviam condiccedilotildees especiais onde as
peculiaridades regionais abriam uma brecha para a permissatildeo da caccedila destas espeacutecies
entretanto mesmo permitindo com ressalvas a caccedila nestas zonas especiais a comercializaccedilatildeo
destes animais natildeo humanos permaneceria terminantemente proibida assim como produtos
feitos com eles ou mesmo seus filhotes Para garantir o correto cumprimento deste coacutedigo
foram estipuladas sanccedilotildees para os que natildeo as observassem Como principal marco desta lei
demonstra-se o primeiro relato de inafianccedilabilidade para aquele que cometer crime contra
animais natildeo humanos (BRASIL 1967)
Doze anos depois ainda no Brasil (1979) se continuava a desenvolver leis para a
proteccedilatildeo dos direitos dos animais natildeo humanos de forma a demonstrar que estaacutevamos em um
periacuteodo de grande evoluccedilatildeo legislativa garantista aos direitos dos animais natildeo humanos por
meio da Lei nordm 6638 se tratariam novamente os regramentos do tema em relaccedilatildeo ao uso
cientiacutefico destes falando dos laboratoacuterios testes cliacutenicos uso para testes de medicamentos
dissertando ainda sobre a eutanaacutesia dos animais natildeo humanos Passaram-se trecircs anos ateacute a
criaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente no dia 31 de agosto de 1979 protegendo a
fauna brasileira e seu habitat de forma especiacutefica e direta tratando pela primeira vez daqueles
que causem poluiccedilatildeo (BRASIL 1981)
42 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO CONTEMPORAcircNEO
O criteacuterio de comparaccedilatildeo contemporacircnea tomou por base a Constituiccedilatildeo Federal
brasileira de 1988 momento em que houve pela primeira vez a inclusatildeo dos direitos dos animais
natildeo humanos dentro do sistema constitucional brasileiro no qual o artigo 225 se veio a condenar
todo aquele que viesse a proferir gestos de crueldade para contra os animais natildeo humanos
poreacutem ainda ressalvando a possibilidade de natildeo se considerar como cruel as praacuteticas
desportivas os movimentos culturais que se encontram registradas como parte integrante do
patrimocircnio cultural brasileiro (BRASIL 1988)
48
Ainda no corpo do texto constitucional foi normatizada a garantia ao ambiente
equilibrado a qualidade de vida por meio de controle social e puacuteblico para a manutenccedilatildeo da
diversidade do patrimocircnio geneacutetico nacional da fauna e flora na tentativa de barrar a evoluccedilatildeo
numeacuterica do quadro de seres vivos na lista de animais em extinccedilatildeo ou extintos de forma a
apresentar um diferencial por constar em sua Constituiccedilatildeo direitos aos animais natildeo humanos
em relaccedilatildeo a Portugal(BRASIL 1988)
Portugal (2001) soacute voltaria a discutir as leis relativas aos direitos dos animais natildeo
humanos dentro dos criteacuterios comparativos de contemporaneidade aqui estabelecidos no
seacuteculo que se seguiria uma vez que na Europa a Convenccedilatildeo Europeia para a Proteccedilatildeo dos
Animais de Companhia que promulgou o Decreto nordm 1393 onde trouxe para seu territoacuterio
vaacuterias leis que tratavam da fauna e da flora de animais natildeo humanos domeacutesticos e selvagens
mas tambeacutem ressalvando as peculiaridades de sua fauna exoacutetica vedando vaacuterios atos
normativos do dito decreto vindo a defender protegendo ainda natildeo soacute as espeacutecies presentes ao
tempo da lei mas como tambeacutem seus filhotes mesmo quando criados em cativeiro onde
normatizava a forma de reproduccedilatildeo os locais de alojamento dos mesmos para os fins de
comercializaccedilatildeo hospedagem ou ainda centros de recolhimento de animais natildeo humanos de
companhia (PORTUGAL 2001)
Portugal veio ainda a tratar do abandono da negligecircncia fiacutesica alimentar higiecircnica e da
manutenccedilatildeo das condiccedilotildees de sauacutede dos animais natildeo humanos trazendo a necessidade de
laudos veterinaacuterios para que sejam realizadas intervenccedilotildees corpoacutereas nestes como ao exemplo
de amputaccedilotildees garantindo sua integridade fiacutesica de forma a natildeo soacute englobar os direitos aos
animais natildeo humanos outrora garantidos pela Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 mas
ainda refletindo leis que somente seriam vistas no territoacuterio brasileiro vaacuterios anos depois
(PORTUGAL 2001)
No Brasil cinco anos depois que o Decreto nordm 1393 era promulgado em Portugal seria
tratado assunto semelhante por meio da Lei nordm 9605 com a proibiccedilatildeo de diversos tipos de
atividades para que contra a fauna brasileira como matar caccedilar perseguir apanhar estes tipos
de animais natildeo humanos abrindo a permissatildeo para alguns destes em casos especiacuteficos natildeo
excluindo deste a fauna estrangeira tambeacutem tratando da vedaccedilatildeo a poluiccedilatildeo ora que afeta a
fauna brasileira estrangeira e ainda os animais humanos (BRASIL 1998)
Dois anos depois ainda em Portugal (2003a) se poderia notar a preocupaccedilatildeo com os
direitos dos animais natildeo humanos natildeo soacute enquanto considerados de companhia mas tambeacutem
os selvagens e os caracterizados como perigosos pela modificaccedilatildeo do Decreto Lei nordm 2762001
para o Decreto Lei nordm 315 2003 por observar algo que ateacute entatildeo soacute havia sido observado entre
49
as duas legislaccedilotildees portuguesa e brasileira no tocante de ressalvas do artigo 225 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988ao se tratar da proibiccedilatildeo de atos crueacuteis contra animais natildeo
humanos mas permitindo em casos de peculiaridades culturais como supracitado no paraacutegrafo
que a este antecedeu Neste decreto Portugal abril ressalvas a regulamentaccedilatildeo no acircmbito da
aplicabilidade do diploma outrora recebido por sua legislaccedilatildeo das figuras normativas referentes
a fauna e flora selvagem e exoacutetica assim como aqueles que os seguirem por descendecircncia de
modo a permitir que dentro das caracteriacutesticas proacuteprias de cada regiatildeo estas tivessem
autonomia de leis (PORTUGAL 2003b) Ainda no mesmo vieacutes em Santa Catarina (2003) a
Lei Estadual nordm 12854 instituiu o Coacutedigo Estadual de Proteccedilatildeo Animal para vedar quaisquer
tipos de agressotildees contra animais natildeo humanos indiferentemente se silvestres de companhia
domeacutesticos ou que possam ser domesticaacuteveis (aqueles que por sua natureza natildeo satildeo
classificados como domeacutesticos mas que podem vir a ser ao exemplo de porcos) nativos ou
exoacuteticos gerando uma normatizaccedilatildeo para transporte mantenccedila abate e pesquisas
cientiacuteficolaboratoriais garantindo-lhes plenas condiccedilotildees de existecircncia (SANTA CATARINA
2003)
Ainda sobre o tema de utilizaccedilatildeo de animais natildeo humanos para fins cientiacuteficos a
Diretiva 201063EU recepcionada pelas leis portuguesas vem a proteger os animais natildeo
humanos para quando utilizados para estes fins normatizando as teacutecnicas utilizadas durantes as
experiecircncias a qual veio a restringir a occisatildeo (ato de matar um animal) somente quando natildeo
haacute outra opccedilatildeo vedando que sem motivo de grande relevacircncia e plenamente justificaacuteveis se
ponha em risco a biodiversidade dos animais natildeo humanos e ainda traz a necessidade de se
buscar formas substitutivas para tal uso cientiacutefico onde busca reduzir ao miacutenimo inevitaacutevel o
uso de animais natildeo humanos nestes casos (PORTUGAL 2010)
No que se fala de leis que regulamentam a proteccedilatildeo ao bem-estar dos animais natildeo
humanos durante o transporte dos mesmos em Portugal o Regulamento nordm 12005 tenta
minimizar quaisquer sofrimentos seja pelo cumprimento de suas necessidades baacutesicas como
alimentaccedilatildeo higiene assim como com os meios utilizados para este transporte de maneira a
evitar lesotildees violecircncia ou sofrimento (PORTUGAL 2005) Ainda sendo valoroso constar aqui
a Lei nordm 9295 que aleacutem de ser por si soacute a Lei de Proteccedilatildeo aos Animais natildeo humanos a qual
veda quaisquer tipos de aferimento de dor sofrimento requisito de exigir mais do que a
capacidade do animal natildeo humano ainda veio a regulamentar a permissatildeo expressa de
transporte de animais natildeo humanos em transportes puacuteblicos seja para garantia da obrigaccedilatildeo
prevista a mesma lei de socorro aos animais natildeo humanos seja por comodidade ressalvando
50
que para tanto o animal natildeo humano deve estar devidamente condicionado em meio proacuteprio
sem apresentar aos demais riscos fiacutesicos a sua sauacutede ou higiene (PORTUGAL 1995)
Eacute imperioso citar o grande diferencial entre as legislaccedilotildees brasileira e portuguesa que se
fez surgir em Portugal ainda em 2003 quando por meio do Decreto-Lei n 3132003 foi criado
o sistema de cadastro e identificaccedilatildeo eletrocircnica de catildees e gatos natildeo soacute permitindo um melhor
controle estatal sobre o abandono como tambeacutem sobre as bases sanitaacuterias e controle
populacional destes animais natildeo humanos uma vez que devem constar desde informaccedilotildees
baacutesicas sobre o animal natildeo humano como nome raccedila idade e sexo ou ainda sobre seu
proprietaacuterio como nome endereccedilo contato mas ainda as vacinas que este individuo recebeu
no passar de sua vida se eacute ou natildeo castrado ainda obrigando a atualizaccedilatildeo perioacutedica dos dados
medida esta que no Brasil muito jaacute se discutiu regulamentar mas que nunca chegou a ter uma
normatizaccedilatildeo para com as leis (PORTUGAL 2003a)Este posicionamento foi reforccedilado pela
implementaccedilatildeo do Decreto Lei nordm 822019 ao criar o SIAC tornando mais rigorosos os criteacuterios
e penalidades relativas ao registro e atualizaccedilatildeo do cadastro dos animais natildeo humanos
(PORTUGAL 2019b)
Jaacute no Brasil o Coacutedigo Civil de 2002 classificou por meio de nova hermenecircutica ao
artigo 82 onde se definiam os animais natildeo humanos como coisas como somente bens agora
se passou a entender estes como seres semoventes por serem bens de capacidade a serem
suscetiacuteveis de movimentaccedilatildeo proacutepria assim permaneceu com a consolidaccedilatildeo do Coacutedigo de
Processo Civil de 2015 Poreacutem devido a sua capacidade de sofrer de sentir dor tornaram-se
perante o sistema normativo brasileiro dignos da nomenclatura de seres viventes seres
sencientes aqueles que pela sua condiccedilatildeo bioloacutegica chegando ao tocante de acordo com
Cardoso (2007) de seres aptos a terem sua personalidade juriacutedica discutida ora que no passado
outros como escravos e crianccedilas natildeo tinham essa personalidade levantada mas agora tem
Da mesma forma dever-se-ia permitir que tal condiccedilatildeo fosse levada a pauta de discussatildeo
normativa mesmo que natildeo possuindo faculdades mentais de plena comparaccedilatildeo as dos animais
humanos tampouco as crianccedilas e os escravos os tinham perante a lei no passado de forma que
na contemporaneidade ateacute aquele que tenha comprovadamente suas faculdades mentais
consideradas inaptas a autonomia de querer ainda sim possuem personalidade juriacutedica deveres
e direitos uma vez que satildeo capazes de sofrer de sentir de passar fome ainda que natildeo consigam
expressar essas condiccedilotildees de forma clara e linguisticamente padronizados resultado no fato de
que natildeo eacute a capacidade de raciocinar capacidade cognitiva ou ainda de comunicativa o requisito
para a arguiccedilatildeo de sua personalidade juriacutedica (CARDOSO 2007) Jaacute em Portugal a
compreensatildeo e caracterizaccedilatildeo dos animais natildeo humanos como seres sencientes estaacute expresso
51
desde 2017 deixando de serem classificados no rol de coisas por meio da Lei nordm 82017
(PORTUGAL 2017b)
No mesmo ano em que Cardoso (2007) tratava doutrinalmente da personalidade juriacutedica
dos animais natildeo humanos no Brasil em Portugal com a promulgaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm
742007 discutia de forma consagrada o direito de acesso de pessoas portadoras de deficiecircncia
visual que se fazem acompanhar de catildeo-guia a locais transportes e estabelecimentos puacuteblicos
direito este que no Brasil foi inserido no sistema normativo brasileiro em 2005 por meio da Lei
nordm 1112605 mas que soacute se consagrou pela redaccedilatildeo a esta proferida pela Lei nordm 131462015
Jaacute no Brasil sobre este tema com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 1112605 futuramente alterada e
devidamente implementada no sistema normativo brasileiro pela Lei nordm 131462015 veio de
modo a garantir o mesmo direito em territoacuterio nacional agraves pessoas humanas que sejam
portadoras de deficiecircncia visual e sejam acompanhadas de catildees-guia (BRASIL 2015a)
43 COMPARATIVO DOS JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO
HUMANOS BRASIL X PORTUGAL
Quando se trata da possibilidade jurisprudencial da discussatildeo em relaccedilatildeo a guarda de
animais natildeo humanos enquanto envolvidos em processos de separaccedilatildeo divoacutercio ou dissoluccedilatildeo
de relacionamentos no Brasil foi discutido pelo Ministro Luis Felipo Salomatildeo (2018) o tema
partindo do paracircmetro dos fins sociais ora vez de natildeo se tratar de um bem inanimado como
seria o caso da partilha dos bens entatildeo perante o caso concreto a lide formal da guarda de
animais natildeo humanos estendendo aos animais natildeo humanos a condiccedilatildeo de sujeito de direito
reconhecendo assim um terceiro gecircnero uma vez que se apresenta em relaccedilatildeo a evoluccedilatildeo da
proacutepria sociedade protegendo entatildeo as relaccedilotildees afetivas entre os animais natildeo humanos e
humanos Este posicionamento se reforccedilou com a decisatildeo da Juiacuteza de Direito da 3ordf Vara da
Famiacutelia de Joinville em 2019 ao erguer a necessidade de que os animais natildeo humanos tenham
modificado seu status normativo de coisa para uma categoria intermediaacuteria entre cosia e animais
humanos embasada pelo Projeto de Lei do Senado de nordm 31515 que visa alterar o artigo 82 do
Coacutedigo Civil (REIMER 2019)
No mesmo ano em Portugal se discutiu a mesma problemaacutetica onde ao ocorrer uma
separaccedilatildeo ambas as partes demonstraram interesse em contrair a guarda da cachorrinha outrora
de propriedade do casal mas que diferente do Brasil onde se discute a natureza juriacutedica dos
animais natildeo humanos para o tocante da discussatildeo de guarda em Portugal jaacute se tem legislaccedilatildeo
sobre o tema onde no Coacutedigo Civil portuguecircs (1966) em seu artigo 1793-A traz de forma
52
direta no que se fala de divoacutercio e guarda dos assim chamados animais de companhia
apontando os fatores que deveratildeo ser considerados para a decisatildeo judicial do ganho da guarda
onde ainda aponta que deveraacute ser levado em consideraccedilatildeo o bem-estar animal como uacuteltimo
criteacuterio para tal decisatildeo (CRISTOacuteVAtildeO 2019) Enquanto em Portugal como se pode observar
na afirmativa anterior jaacute haacute relato normativo dentro do Coacutedigo Civil portuguecircs de 1966 sobre
a regulamentaccedilatildeo para quando a disputa de guarda de animais natildeo humanos no Brasil tal tipo
de posicionamento ainda eacute inexistente apenas se fazendo constar por meio de um Projeto de
Lei o PLS 54218 para possibilitar criteacuterios de julgamento em casos de divoacutercios ou dissoluccedilatildeo
de uniatildeo estaacutevel de maneira que se quando aprovado alteraria o Coacutedigo de Processo Civil
brasileiro entretanto se for aprovado natildeo estabeleceria o bem-estar animal apenas como
ultimo fator para a determinaccedilatildeo de com quem deveria se manter a guarda como eacute atualmente
em Portugal mas sim como um criteacuterio essencial para tal decisatildeo (BRASIL 2018b)
44 UM COMPARATIVO ENTRE LEIS ESPECIAIS
Como se pode ler nos capiacutetulos dois e trecircs deste trabalho tanto Portugal quanto o Brasil
jaacute tratam da vedaccedilatildeo do uso de animais natildeo humanos nos testes para a produccedilatildeo de cosmeacuteticos
produtos de perfumaria higiene dentre outros poreacutem enquanto em Portugal esta vedaccedilatildeo jaacute
se encontra devidamente celebrada desde o datar de 30 de novembro de 2009 por meio do
Regulamento nordm 12232009 onde a Uniatildeo Europeia veio a regulamentar como deveriam ser
realizados os testes em animais natildeo humanos estabelecendo o desenvolvimento de teacutecnicas
substitutivas para o uso de animais natildeo humanos nos supracitados testes Estabelecendo ainda
limites nos anos de 2009 e 2013 para o fim da comercializaccedilatildeo de bens esteacuteticos que tivessem
em seus compostos ingredientes testados em animais natildeo humanos e os testes em animais em
si respectivamente (PORTUGAL 2009c) No Brasil tal espeacutecie de proibiccedilatildeo somente se daacute
por meio de Projetos de Lei estadual como o Projeto de Lei nordm 552017 que visa proibir os
testes em animais natildeo humanos no territoacuterio catarinense prevendo sanccedilotildees tanto para
instituiccedilotildees quanto para animais humanos que descumpram os termos da lei o presente Projeto
de lei aguarda atualmente sanccedilatildeo estadual (SANTA CATARINA 2020)
Em Portugal eacute possiacutevel observar uma evoluccedilatildeo contiacutenua sobre as legislaccedilotildees de direito
de animais natildeo humanos como apresentado por exemplo pela Resoluccedilatildeo nordm 202018 que
incentiva a constituiccedilatildeo de grupos de trabalho para que se busque diminuir os maus-tratos
levantados contras os animais natildeo humanos viacutetimas de acumulaccedilatildeo conhecida como Siacutendrome
de Noeacute (MACHADO 2020) assim como com a Lei nordm392020 que criou um regime
53
sancionatoacuterio aos crimes proferidos contra os animais de companhia e ocasionando na alteraccedilatildeo
do Coacutedigo Penal e do Coacutedigo de Processo Civil portuguecircs trazendo entre outros a possibilidade
de instauraccedilatildeo de processos crimes para investigar suspeitas relatos e denuacutencias de maus-tratos
negligecircncia ou qualquer outra accedilatildeo que faccedila impedir o bem-estar de animais de companhia em
Portugal assim como estabelecendo a possibilidade de exame de corpo de delito sobre tais
crimes contra os animais natildeo humanos ainda declarando como crime a ocultaccedilatildeo de provas
animais natildeo humanos ou qualquer outro meio que venha a atrapalhar o devido processo
investigativo de forma a prever a busca e apreensatildeo para a garantia da devida investigaccedilatildeo
trazendo para aqui a figura do depositaacuterio fiel (PORTUGAL 2020a)
Jaacute no Brasil percebe-se um risco iminente de acontecer um retrocesso no campo
normativo relativo aos direitos do animais natildeo humanos como o que ocorre com a Lei nordm
2172019 o Coacutedigo de Proteccedilatildeo e bem-estar animal que veda que a sociedade propicie
alimentaccedilatildeo aacutegua cuidados com a sauacutede higiene dentre outros quando em vias puacuteblicas
constituindo que a mantenccedila do bem-estar animal por meio da sociedade enquanto natildeo Estado
seja caracterizada como infraccedilatildeo legal (CURITIBANOS 2019)
Da mesma forma o Projeto de Lei nordm 722020 de Penha como arguido por Moreira
(2020) aparece como uma lei temeraacuteria ora que prevecirc multar e penalizar os tutores de
cachorros que importunarem o sossego sendo uma consequecircncia clara para a tentativa de
impedir as sanccedilotildees desta lei a implementaccedilatildeo de meios a impedir os latidosEsta iniciativa pode
trazer ocorrecircncias de maus-tratos seja pelo uso de equipamentos anti-latido pela secccedilatildeo das
cordas vocais dos cachorros ou ainda outras puniccedilotildees mais agravadas em caso seu proprietaacuterio
venha a ser punido pelo fato de seus cachorros latirem (PENHA 2020)
Em contraponto eacute possiacutevel observar no Regulamento nordm 1523007 do Parlamento
Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia que foi recebido pelo sistema normativo portuguecircs
no qual para a garantia do bem-estar tanto de catildees e gatos quanto da sociedade em si vedou
expressamente a comercializaccedilatildeo exportaccedilatildeo ou importaccedilatildeo de qualquer tipo de material ou
produto que tenha em sua composiccedilatildeo pele de gato ou de cachorroTraz ainda no corpo do texto
legal sanccedilotildees mais graviacutedicas em relaccedilatildeo a todos que se envolvam de forma direta indireta
tentada ou consumada ou ainda que sabendo natildeo veia a denunciar ou impedir lutas entre animais
natildeo humanos (PORTUGAL 2007b)
Felizmente observa-se que em caminho contraacuterio ao Projeto de Lei nordm 722020 e a Lei
nordm 2172019 o Projeto de Lei nordm 6312015 busca alterar a redaccedilatildeo do artigo 32 da Lei nordm
960598 onde busca vedar sem motivos justificaacuteveis proferir dor lesatildeo ou sofrimento aos
animais natildeo humanos ressaltando neste ponto a tentativa de se classificar o tratamento dado
54
aos animais natildeo humanos agora como seres sencientes (BRASIL2019) devendo-se constar
que o artigo 82 do Coacutedigo Civil brasileiro caracteriza de forma normativa os animais natildeo
humanos como coisas e sobre a nova hermenecircutica o tratamento juriacutedico destes busca a
compreensatildeo como sencientes (BRASIL 2002) posicionamento este que em Santa Catarina jaacute
se fez constar pela Lei nordm 17485 (SANTA CATARINA 2018)
Em Portugal por meio da Lei nordm 3152009 foram criados ditames regrativos para em
quanto a especificidade de animais natildeo humanos que sejam devido a sua natureza sua
caracterizaccedilatildeo de selvagem sua espeacutecie ou ainda condiccedilotildees especiais caracterizados como
perigosos ou potencialmente estabelecendo diretrizes para a mantenccedila criaccedilatildeo interaccedilatildeo para
com outros seres vivos sejam estes animais humanos ou natildeo humanos enquanto se apresentem
de forma direta ou indireta como animais de companhia infelizmente no Brasil natildeo se pode
observar regramento especificamente da mesma forma (PORTUGAL 2009b)
Assim no presente capiacutetulo foi realizada uma anaacutelise comparativa da evoluccedilatildeo histoacuterica
legislativa dos direitos dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo brasileira e portuguesa
ateacute a contemporaneidade do estado atual de seus direitos incluindo julgados projetos de lei
suacutemulas sem deixar de constar ateacute retrocessos legislativos dos direitos em questatildeo
55
5 CONCLUSAtildeO
Com o presente trabalho se pode chegar a conclusatildeo que haacute uma lenta evoluccedilatildeo no
tocante dos direitos dos animais natildeo humanos no ordenamento brasileiro em comparaccedilatildeo com
a legislaccedilatildeo portuguesa ora que por muitas vezes o sistema normativo brasileiro se fez valer
de semelhantes posicionamentos legais para com seu paiacutes irmatildeo somente apoacutes um consideraacutevel
lapso temporal ressalvando-se o fato de grande relevacircncia em que nesta comparaccedilatildeo se pode
observar que apenas o Brasil apresenta garantias aos direitos dos animais natildeo humanos dentro
do seu corpo constitucional
O Brasil enquanto comparado aPortugalaquele que se tem reciprocidade de tratamento
ainda se apresenta com pouca atenccedilatildeo sobre o tema destes direitos ora quepor muito tempo natildeo
considerouos animais natildeo humanos como dignos de direito agrave liberdade agrave integridade fiacutesica e o
mais grave o simples e mais essencial o direito a vida
No campo normativo sobre as disputas de guarda de animais natildeo humanos o Brasil
ainda se encontra muito atrasado com relaccedilatildeo aos regimentos legais ora que enquanto em
Portugal esta lide jaacute estaacute determinada perante um artigo do Coacutedigo Civil de 1966 mesmo
queconstando que tal regra normativacoloca o bem-estar dos ditos animais de companhia
somente como uacuteltimo fator para ser considerado em lides de divoacutercios e separaccedilotildees no Brasil
ainda natildeo haacute nota normativa alguma sobre o assunto apenas jurisprudecircncia e Projeto de Lei
demonstrando uma clara falta de embasamento legal para a resoluccedilatildeo das lides neste sentido
poreacutem apresenta uma inovaccedilatildeo para com o seu paiacutes irmatildeo onde em caso de aprovaccedilatildeo do
Projeto de Lei nordm 54218 sem modificaccedilotildees o bem-estar dos animais natildeo humanos seraacute
considerado como fator essencial para a decisatildeo de quem receberaacute judicialmente a guarda do
animal de estimaccedilatildeo
Ainda se pode observar que as normas brasileiras de direitos dos animais natildeo humanos
ao contraacuterio de Portugal por muitas vezes partem de leis estaduais e municipais para depois se
consagrarem no campo federativo tanto que se pode observar incongruecircncias em leis estaduais
e municipais que se apresentam em desacordo com a norma paacutetria causando um retrocesso
legal para com os direitos dos animais natildeo humanos fato este natildeo observado no sistema
normativo portuguecircsMuito provavelmente porque neste os direitos dos animais natildeo humanos
estarem por muitas vertentes garantidos dentro da Convenccedilatildeo Europeia que aleacutem de trazer
regulamentaccedilotildees sobre o tema ainda fiscaliza sua correta aplicaccedilatildeo legislativa
No mesmo tocante enquanto em Portugal os animais natildeo humanos jaacute satildeo tratados de
forma distinta de coisas tanto pela hermenecircutica quanto pela escrita literal das leis onde desde
56
2017 jaacute natildeo satildeo tratados dentro do rol coisas mas sim recebendo a nomenclatura e classificaccedilatildeo
como seres sencientes no paccedilo em que no Brasil semelhante posicionamento atualmente se
encontra tatildeo somente de forma doutrinaacuteria e em sugestotildees de julgados de lides que envolvem
os animais natildeo humanos de forma a ter propiciado a instauraccedilatildeo do Projeto de Leinordm 631 de
2015 que vem a tentar trazer o mesmo tratamento de nomenclatura e classificaccedilatildeo do jaacute
instaurado em Portugal
Ao fim do processo de pesquisa do presente trabalho a pesquisadora observou a
importacircncia de um futuro estudo relativo aos direitos dos animais natildeo humanos no que tange a
Ameacuterica Latina com o intuito de resgatar a evoluccedilatildeo destes direitos dentro do Mercosul tanto
por haver um livre transito entre os paiacuteses afiliados instigando interesse em se conhecer
maissobre a relaccedilatildeo e autonomia de cada paiacutes membrosobre estes direitos conjunto das leis que
se compartilham quanto pela proximidade de suas fronteiras onde a fauna e flora se misturam
vez que ao desenvolver esta pesquisa foi observada uma evoluccedilatildeo relevante nos direitos dos
animais natildeo humanos em Portugal por meio da Convenccedilatildeo Europeia erguendo a curiosidade
para descobrir se dentro no Mercosul poderia ocorrer fato semelhante em relaccedilatildeo as leis
brasileiras
57
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ALINE BRAUNSPERGER OCAMPO MOREacute
DIREITO DOS ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
UMA ANAacuteLISE COMPARATIVA ENTRE OORDENAMENTO BRASILEIRO E
PORTUGUEcircS
Este Trabalho de Conclusatildeo de Curso foi
julgado adequado agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de
Bacharel em Direito e aprovado em sua forma
final pelo Curso de Graduaccedilatildeo em Direito da
Universidade do Sul de Santa Catarina
Florianoacutepolis 20 de novembro de 2020
______________________________________________________
Professora e orientadoraAndreia Catine Cosme Msc
Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________
Prof Nome do Professor titulaccedilatildeo
Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________
Prof Nome do Professor titulaccedilatildeo
Universidade do Sul de Santa Catarina
TERMO DE ISENCcedilAtildeO DE RESPONSABILIDADE
DIREITO DOS ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
UMA ANAacuteLISE COMPARATIVA ENTRE OORDENAMENTO BRASILEIRO E
PORTUGUEcircS
Declaro para todos os fins de direito que assumo total responsabilidade pelo aporte
ideoloacutegico e referencial conferido ao presente trabalho isentando a Universidade do Sul de
Santa Catarina a Coordenaccedilatildeo do Curso de Direito a Banca Examinadora e o Orientador de
todo e qualquer reflexo acerca deste Trabalho de Conclusatildeo de Curso
Estou ciente de que poderei responder administrativa civil e criminalmente em caso
de plaacutegio comprovado do trabalho monograacutefico
Florianoacutepolis 20 de novembro de 2020
____________________________________
ALINE BRAUNSPERGER OCAMPO MOREacute
Dedico o presente trabalho aos meus pais e
orientadora pelo carinho afeto dedicaccedilatildeo
cuidado e preocupaccedilatildeo diaacuterios que me
aguentaram e reergueram dia apoacutes dia na
jornada tortuosa que minha vida tomou A forccedila
que me dispensaram assim como abdicaccedilotildees
para me possibilitar seguir a diante e alcanccedilar o
que em muitos momentos achei impossiacutevel
Serei eternamente grata por tudo
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiro a minha Famiacutelia pelo esforccedilo investido na minha educaccedilatildeo e por ter
me mantido na trilha natildeo permitido que eu desviasse ou desistisse do meu sonho para com o
curso de Direito quando no meio de um turbilhatildeo de duacutevidas provindas da minha sauacutede unida
ao atual estado que vivemos da pandemia do COVID-19 me apoiando e reerguendo dia apoacutes
dia durante este projeto de pesquisa me conduzindo ateacute o final
Sou extremamente grata agrave minha orientadora pela confianccedila depositada no meu projeto
no momento que me tomou como orientanda que como ela mesma afirmou durante este
semestre me herdou para orientaccedilatildeo me incentivando me motivando com sua dedicaccedilatildeo
sempre presente para que eu pudesse alcanccedilar o objetivo de entregar o TCC da forma mais
digna me dando palavras de apoio consolo e sabedoria a cada etapa
Deixo ainda um agradecimento aos meus amigos de perto e de longe que escutavam
meus lamentos minhas angustias e temores em relaccedilatildeo ao temor de natildeo entregar um trabalho a
altura a importacircncia do tema
Tambeacutem quero agradecer agrave Universidade do Sul de Santa Catarina UNISUL assim
como a todos os professores que fizeram parte dessa louca jornada acadecircmica que foi o curso
de direito nestes quatro anos que se seguiram com empenho e elevada qualidade de ensino
oferecido assim como entendendo e aceitando minhas peculiaridades no transcorrer destes
anos
ldquoSou a favor do direito dos animais como o direito dos humanos Esse eacute o
caminho de um ser humano completordquo Abraham Lincoln
RESUMO
O estudo aqui proposto possui como base central fazer uma anaacutelise comparativa entre o direito
dos animais natildeo humanos dentro do campo legislativo brasileiro e portuguecircs no contexto
histoacuterico e no cenaacuterio atual Para tanto foi utilizado o meacutetodo monograacutefico comparativo de
abordagem dedutiva por meio de pesquisas bibliograacuteficas e documentais analisando as leis
projetos de lei a Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 Suacutemulas CoacutedigosCivis
CoacutedigosPenais Coacutedigos de Processo Penal Tratados Internacionais Convenccedilotildees
Internacionais doutrinas julgados e jurisprudecircncias dos dois paiacuteses Tendo como objetivo geral
compor uma linha de anaacutelise de direito comparado para tentar descobrir se haacute uma evoluccedilatildeo no
campo dos direitos dos animais natildeo humanos dentro dos sistemas normativos brasileiro e
portuguecircs Portanto a presente pesquisa visa responder agrave pergunta se aacute uma evoluccedilatildeo das leis
brasileiras quando comparadas as leis portuguesas sobre o tocante do direito dos animais natildeo
humanos Chegando agrave conclusatildeo que o Brasil se encontra um tanto estagnado neste assunto
quando comparado a Portugal se tratando da evoluccedilatildeo dos direitos dos animais natildeo humanos
dentro do seu sistema normativo
Palavras-chave Direito brasileiro dos animais Direito portuguecircs dos animais Bem-estar
animal Direito comparado
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 9
2 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA 12
21 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS 12
22 LEGISLACcedilAtildeO PAacuteTRIACONTEMPORAcircNEA 15
23 ANAacuteLISE SOBRE A LEI 2172019 DO MUNICIacutePIO DE CURITIBANOSSC 21
24 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 722020 DE PENHASC 22
25 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 552017 DE PROIBICcedilAtildeO DE USO DE ANIMAIS EM
TESTES DE COSMEacuteTICOS 22
26 JULGADOS SOBRE A GUARDA ANIMAL E PROJETOS LEIS 24
3 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA 29
31 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS 29
32 LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA CONTEMPORAcircNEA 32
33 ANAacuteLISE LEI Nordm 9295 37
34 ANAacuteLISE IMPLEMENTACcedilAtildeO LEI Nordm 392020 39
35 JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO HUMANOS EM PORTUGAL40
4 COMPARACcedilAtildeO DAS LEGISLACcedilOtildeES BRASILEIRA E PORTUGUESA 44
41 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO HISTOacuteRICO 45
42 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO CONTEMPORAcircNEO 47
43 COMPARATIVO DOS JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO
HUMANOS BRASIL X PORTUGAL 51
44 UM COMPARATIVO ENTRE LEIS ESPECIAIS 52
5 CONCLUSAtildeO 55
REFEREcircNCIAS 57
9
1 INTRODUCcedilAtildeO
O presente trabalho monograacutefico foi desenvolvido com o intuito de trazer um compilado
de legislaccedilotildees normas jurisprudecircncias julgados e doutrinas por uma seleccedilatildeo qualitativa em
relaccedilatildeo ao direito dos animais natildeo humanos numa comparaccedilatildeo entre o estado legal do Brasil e
Portugal De forma que a pesquisadora optou por apresentar os dados mais relevantes e
marcantes sobre o tema como ferramenta de seleccedilatildeo da mesma forma que trouxe leis estaduais
e municipais de Santa Catarina por ser o local de desenvolvimento fiacutesico e moradia da mesma
Sendo este trabalho baseado no meacutetodo de abordagem dedutivo meacutetodo de
procedimento comparativo e teacutecnicas de pesquisa bibliograacutefica e documental abordando uma
pesquisa de direito comparado de documentos entre as legislaccedilotildees brasileira e portuguesa em
conjunto com a apresentaccedilatildeo e anaacutelise de algumas doutrinas julgados e projetos de leidos dois
paiacuteses sobre o tema Busca assim estudar e analisar a evoluccedilatildeo legal dos direitos dos animais
natildeo humanos pelo vieacutes comparativo das legislaccedilotildees brasileira e portuguesa De maneira a buscar
resolver a questatildeo ldquoQuais os contrastes evolutivos dos direitos dos animais natildeo humanos no
ordenamento brasileiro em comparaccedilatildeo com a legislaccedilatildeo de Portugalrdquo
O objetivo geral deste trabalho deste trabalho compor uma linha de anaacutelise da evoluccedilatildeo
dos paracircmetros legaisconstitucionais dos animais natildeo humanos entre os supracitados
ordenamentos e como objetivos especiacuteficos de apresentar a evoluccedilatildeo histoacuterica normativa entre
os dois paiacuteses apresentar o estado atual das legislaccedilotildees dos dois paiacuteses identificar dentro de
suas legislaccedilotildees algumas jurisprudecircncias o incremento no tratamento juriacutedico dispensado aos
animais natildeo humanos assim comocomparar a atual legislaccedilatildeo brasileira perante a portuguesa
no tocante do direito dos animais natildeo humanos
Justifica-se a seleccedilatildeo deste tema como base para estudo pela crescente luta para a
conquista de direitos individuais e coletivos na contemporaneidade onde se tem combatido
diversos entendimentos legais no campo legal brasileiro renovando valores conhecimentos
ateacute a proacutepria consciecircncia sobre a participaccedilatildeo inclusatildeo e relevacircncia dos animais natildeo humanos
dentro das unidades familiares convivecircncia social e ateacute sua abrangente inclusatildeo no mercado de
trabalho De maneira que o avanccedilo legal comparada no Brasil e Portugal instigou a curiosidade
da pesquisadora perante os novos aspectos constitucionais e no campo do direito e a eminente
importacircncia da compreensatildeo da aplicabilidade e hermenecircutica das leis projetos de leis e de
emendas constitucionais conjunto com o conhecimento arguido pela pesquisadora durante os
anos em que cursou a graduaccedilatildeo em medicina veterinaacuteria onde a importacircncia do maior
reconhecimento destes direitos lhe ficou clara onde a relevacircncia do tema para o contexto
10
contemporacircneo da sociedade dentro dos atuais e futuros julgados em funccedilatildeo dos diversos
debates que tem gerado dentro e fora dos tribunais acerca do tema dos direitos da capacidade
ateacute da guarda e tutela dos animais natildeo humanos
Este trabalho esperase apresentar como uma fonte de pesquisa incentivo reanaacutelise e
com o intuito de instigar novos posicionamentos juriacutedicocriacuteticos sobre o cenaacuterio atual da
participaccedilatildeo dos animais natildeo humanos dentro da sociedade possibilitando uma nova
consciecircncia para com o tema demonstrando os obstaacuteculos legais que ainda temos pela frente
quando em comparaccedilatildeo com o mesmo cenaacuterio portuguecircs
No segundo capiacutetulo deste trabalho eacute apresentada a evoluccedilatildeo histoacuterica da legislaccedilatildeo do
sistema normativo julgados e projetos de lei desde o primeiro relato em lei a favor do direito
dos animais natildeo humanos dentro do sistema normativo brasileiro passando pela constituiccedilatildeo
de 1988 decretos lei o Coacutedigo Civil (CC) o Coacutedigo de Processo Civil (CPC) o Coacutedigo Penal
(CP) a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro da constituiccedilatildeo e coacutedigos nacionais
leis municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma abrangente
anaacutelise sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do
territoacuterio brasileiro
No terceiro capiacutetulo deste trabalho se apresenta a evoluccedilatildeo histoacuterica da legislaccedilatildeo do
sistema normativo e julgados desde o primeiro relato em lei a favor do direito dos animais natildeo
humanos dentro do sistema normativo portuguecircs passando por decretos lei o Coacutedigo Civil
(CC) o Coacutedigo de Processo Civil (CPC) o Coacutedigo Penal (CP) Coacutedigo de Processo Penal
(CPP) a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro dos coacutedigos nacionais oacutergatildeos
reguladores dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do territoacuterio portuguecircs leis e licenccedilas
municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma abrangente anaacutelise
sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do territoacuterio
portuguecircs
No quarto capiacutetulo deste trabalho se apresenta um anaacutelise comparativa sobre a evoluccedilatildeo
histoacuterica das legislaccedilotildees de seus sistemas normativos e julgados desde os primeiros relatos
regimentais a favor do direito dos animais natildeo humanos dentro de seus sistemas normativos
passando por decretos lei o Coacutedigo Civil o Coacutedigo de Processo Civil o Coacutedigo Penal Coacutedigo
de Processo Penal a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro dos coacutedigos nacionais
leis e licenccedilas municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma
11
abrangente anaacutelise sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos de
forma comparativa dentro do territoacuterio brasileiro e portuguecircs
12
2 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA
Neste capiacutetulo tem-se como objetivo trazer de forma sucinta a evoluccedilatildeo histoacuterica no que
tange o direito dos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo do Brasil trazendo para isto as proacuteprias
leis assim como relatos bibliograacuteficos sobre o tema
21 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
O primeiro relato normativo brasileiro direcionado aos direitos dos animais natildeo
humanos no dia 6 de outubro de 1886 no Coacutedigo de Posturas do Municiacutepio de Satildeo Paulo que
trouxe no seu artigo 220 a primeira norma de proibiccedilatildeo de crueldade contra animais natildeo
humanos ldquoEacute proibido a todo cocheiro ou condutor de carroccedila maltratar animais com castigos
baacuterbaros e imoderados disposiccedilatildeo essa que se aplica aos ferradoresrdquo sendo assim um marco
inicial histoacuterico nacional para a luta por estes direitos(SAtildeO PAULO 1886)
Jaacute no tangente de legislaccedilatildeo na esfera nacional somente no dia 10 de julho de 1934
ocorreu o primeiro registro normativo visando a algum tipo de proteccedilatildeo perante os animais natildeo
humanos o Decreto Lei nordm 24645 oficializado por Getuacutelio Vargas definindo a
responsabilidade do Estado de tutelar todos os animais existentes trazendo ainda a primeira
sansatildeo em relaccedilatildeo aos matildeos tratos em seu artigo 2ordm ldquoAquele que em lugar puacuteblico ou privado
aplicar ou fizer aplicar maus-tratos aos animas incorreraacute em multa de 20$000 a 500$000 e na
pena de prisatildeo celular de 2 a 15 dias quer o delinquente seja ou natildeo o respectivo proprietaacuterio
sem prejuiacutezo da accedilatildeo civil que possa caberrdquo tendo sido o rompimento de uma fronteira em
relaccedilatildeo agrave compreensatildeo da vedaccedilatildeo aos matildeos tratos de forma direta ou indireta praticando ou
fazendo praticar sendo ou natildeo proprietaacuterio do animal natildeo humano de forma a demonstrar que
todos os animais natildeo humanos merecem respeito trazendo ainda em seus paraacutegrafos a
possibilidade de maiores sanccedilotildees como ateacute a apreensatildeo ou confisco do animal natildeo humano que
for alvo de qualquer tipo de maus-tratos em seu artigo 14 ainda busca pela primeira vez
penalizar aquele que causa a morte destes oferecendo pena em dobro se a este ponto chegar ou
for reincidente de acordo com o artigo 15 como tambeacutem a quem cabe sua aplicaccedilatildeo pelo artigo
12 atribuindo tal encargo a poliacutecia ou autoridade municipal cabendo esta se verificar a
gravidade do delito vale constar o sect3ordm no mesmo artigo ldquoOs animais seratildeo assistidos em juiacutezo
pelos representantes do Ministeacuterio Puacuteblico seus substitutos legas e pelos membros das
sociedades protetoras dos animaisrdquo reforccedilando a responsabilidade do Estado perante a garantia
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dos direitos dos animais natildeo humanos No transcorrer de seus artigos o Decreto caracteriza o
que se enquadra como crueldade no seu artigo 3ordm como ao exemplo dos seus incisos XVI
XVIII XXI e XXV
XVI -fazer viajar um animal a peacute mais de 10 quilocircmetros sem lhe dar descanso ou
trabalhar mais de 6 horas contiacutenuas sem lhe dar aacutegua e alimento
XVIII - conduzir animais por qualquer meio de locomoccedilatildeo colocados de cabeccedila para
baixo de matildeos ou peacutes atados ou de qualquer outro modo que lhes produza sofrimento
XXI - deixar de ordenhar as vacas por mais de 24 horas quando utilizadas na
explorado do leite
XXV - engordar aves mecanicamente (BRASIL 1934)
Este decreto trouxe pela primeira vez regulamentaccedilotildees nacionais perante os animais natildeo
humanos no tangente laboral humano sendo reforccedilado tal posicionamento pelo texto dos
artigos 4ordm a 8ordm onde regula-se a utilizaccedilatildeo dos animais natildeo humanos em veiacuteculos ou outras
formas em que se faccedila utilizar a traccedilatildeo animal Jaacute no seu artigo 13 traz a primeira proibiccedilatildeo
direta ao abandono de animal ainda traz ressalvado em seu artigo 19 a revogaccedilatildeo de qualquer
tipo de ordenamento ao contraacuterio do que o Decreto Lei expressa Mesmo sendo uma grande
evoluccedilatildeo para o direito dos animais natildeo humanos em relaccedilatildeo ao que o paiacutes tinha ateacute entatildeo o
artigo 17 ainda define animal como seres irracionais sem que a eles se apresente nenhum tipo
de possibilidade de compreensatildeo (BRASIL 1934)
Somente 7 anos depois em 03 de outubro de 1941 com a ediccedilatildeo da Lei das
Contravenccedilotildees Penais pelo Decreto Lei nordm 3688 o artigo 64 trouxe penas de prisatildeo e multa
ali ainda descrita em ldquoreacuteisrdquo
Art 64 Tratar animal com crueldade ou submetecirc-lo a trabalho excessivo
Pena ndash prisatildeo simples de dez dias a um mecircs ou multa de cem a quinhentos mil reacuteis
sect1ordm Na mesma pena incorre aquele que embora para fins didaacuteticos ou cientiacuteficos
realiza em lugar puacuteblico ou exposto ao puacuteblico experiecircncia dolorosa ou cruel em
animal vivo
sect2ordm Aplica-se a pena com aumento de metade se o animal eacute submetido a trabalho
excessivo ou tratado com crueldade em exibiccedilatildeo ou espetaacuteculo puacuteblico (BRASIL
1941)
Desta forma buscando pela primeira vez colocar limites normativos natildeo soacute para os
animais natildeo humanos utilizados para atividades laborativas mas tambeacutem no que se trata o uso
cientiacutefico destes assim como seu uso para exibiccedilatildeo e divertimento de animais humanos
(BRASIL 1941) Somente no dia 8 de maio de 1979 com a Lei Federal nordm 6638 seria retomado
o tema do uso cientiacutefico dos animais natildeo humanos de forma regulamentada normatizando os
bioteacuterios os centros de experiecircncias e demonstraccedilotildees dos animais natildeo humanos assim como
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regulamentando o uso dos animais natildeo humanos para testes cliacutenicos medicamentosos dentre
outros teacutecnica esta conhecida como vivissecccedilatildeo assim como desde que por meio de indicaccedilatildeo
meacutedica permitindo a eutanaacutesia ou sacrifiacutecio animal pelos artigos 1ordm a 4ordm da presente Lei
trazendo em seus artigos subsequentes sanccedilotildees penais e interditoacuterias para todo aquele que a lei
desobservar assim como traz em seu artigo 8ordm a revogaccedilatildeo de quaisquer leis que a ela
contrariarem (BRASIL 1979)
O Superior Tribunal de Justiccedila decidiu na data de 31 de dezembro de 1969 por meio da
Suacutemula nordm 91 que ldquoCompete a Justiccedila Federal processar e julgar os crimes praticados contra a
faunardquo onde decidiu por arcar agrave Justiccedila Federal o julgamento relativo aos crimes cometidos
sobre a fauna brasileira tendo sido cancelada a Suacutemula em questatildeo na Sessatildeo do Superior
Tribunal de Justiccedila na data de 08 de novembro de 2000 da 3ordf seccedilatildeo sobre o nuacutemero de pauta
de julgamento LEGJUR 103326350091500 Desta forma com o cancelamento da Suacutemula nordm
91 do STJ acabou por ficar sobre a competecircncia reconhecida dos estados a competecircncia para
processar e julgar os crimes cometidos contra a fauna ressalvando se o dito crime se efetivar
sobre casos do crime ter sido realizado sobre fauna reconhecidamente de bem federal o
cancelamento da Suacutemula em questatildeo tambeacutem acarretou na suspenccedilatildeo do disposto no artigo 89
da Lei 900995 (BRASIL 2020)
A datar do dia 03 de janeiro de 1967 surgiu mais uma importante ferramenta para a
garantia dos direitos dos animais natildeo humanos com a promulgaccedilatildeo da Lei Federal nordm 5197 o
Coacutedigo de Caccedila sendo imprescindiacutevel a observaccedilatildeo de seu artigo 1ordm
Os animais de quaisquer espeacutecies em qualquer fase do seu desenvolvimento e que
vivem naturalmente fora do cativeiro constituindo a fauna silvestre bem como seus
ninhos abrigos e criadouros naturais satildeo propriedade do Estado sendo proibida a sua
utilizaccedilatildeo perseguiccedilatildeo destruiccedilatildeo caccedila ou apanha (BRASIL 1967)
Protegendo de maneira incontestaacutevel a fauna nativa brasileira garantindo a diversidade
a continuidade e a sobrevivecircncia de todos os tipos de animais natildeo humanos poreacutem ainda
permitindo em seus paraacutegrafos que hajam peculiaridades regionais para a permissatildeo agrave caccedila
Contudo veda completamente a comercializaccedilatildeo ou exportaccedilatildeo de qualquer forma de animais
natildeo humanos da fauna natural brasileira assim como de seus frutos em seus artigos 3ordm e 18
Trazendo sanccedilotildees penais para todos aqueles que descumprirem seus artigos nos artigos 27 a
31 e contemplando como autoridades responsaacuteveis pela fiscalizaccedilatildeo e aplicabilidade de tais
sanccedilotildees as mesmas indicadas no Coacutedigo de Processo Penal (CPP) de acordo com o seu artigo
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32 assim como trazem pela primeira vez a inafianccedilabilidade dos crimes contra animais natildeo
humanos pelo seu artigo 34 (BRASIL 1967)
Jaacute por outro vieacutes no dia 31 de agosto de 1981 por meio da publicaccedilatildeo da Lei Federativa
nordm 6938 com a denominaccedilatildeo de A Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente os animais natildeo
humanos assim como seu habitat natural receberam uma grande melhoria nos seus direitos
assim como traz o artigo 15 ldquoO poluidor que expuser a perigo a incolumidade humana animal
ou vegetal ou estiver tornando mais grave a situaccedilatildeo de perigo existente fica sujeito agrave pena de
reclusatildeo de 1 (um) a 3 (trecircs) anos e multa de 100 (cem) a 1000 (mil) MVRrdquo findando a
primeira vedaccedilatildeo expressa por objeto normativo agrave poluiccedilatildeo que traga malfeitorias aos animais
natildeo humanos (BRASIL 1981)
22 LEGISLACcedilAtildeO PAacuteTRIACONTEMPORAcircNEA
No Brasil os animais comeccedilaram a ser considerados como dignos de direitos
constitucionais somentecom a promulgaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 em seu artigo 225 de
forma a condenar a crueldade contra os animais mesmo que ainda deixando uma lacuna em
seu sect7ordm
sect 7ordm Para fins do disposto na parte final do inciso VII do sect 1ordm deste artigo natildeo se
consideram crueacuteis as praacuteticas desportivas que utilizem animais desde que sejam
manifestaccedilotildees culturais conforme o sect 1ordm do art 215 desta Constituiccedilatildeo Federal
registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimocircnio cultural
brasileiro devendo ser regulamentadas por lei especiacutefica que assegure o bem-estar
dos animais envolvidos (BRASIL 1988)
No supracitado artigo ainda se pode ler sobre os direitos alcanccedilados pelos animais natildeo
humanos na constituiccedilatildeo federativa de 1988 onde garante agrave todos um meio ambiente
equilibrado qualidade de vida sendo de obrigaccedilatildeo tanto do poder puacuteblico quanto da
coletividade garantir defender preservar estes direitos para as presentes e futuras geraccedilotildees
para tanto aponta a necessidade de preservar a diversidade e integridade do patrimocircnio geneacutetico
do Brasil e sempre fiscalizando aqueles que com este material lida assim como a necessidade
de controlar a produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de teacutecnicas e produtos que sejam
potencialmente ou confirmadamente prejudiciais ou que gerem risco agrave vida ou sua qualidade
assim como para o meio ambiente demonstrando tambeacutem a indispensabilidade de poliacuteticas de
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educaccedilatildeo ambiental disseminada por todos os niacuteveis educacionais para a preservaccedilatildeo do meio
ambiente (BRASIL 1988)
Da mesma forma prevecirc a obrigaccedilatildeo de defender a fauna e flora vedando expressamente
praacuteticas que as coloquem em risco sua funccedilatildeo ecoloacutegica que poderiam gerar extinccedilatildeo de
espeacutecies ou mesmo que submetam animais natildeo humanos a qualquer niacutevel de crueldade Deve-
se lembrar que tambeacutem traz a possibilidade de sanccedilotildees para aqueles pessoa fiacutesica ou juriacutedica
que violar estes direitos ora visto a fauna e flora nacional eacute caracterizada como patrimocircnio
nacional(BRASIL 1988)
Eacute de suma importacircncia observar que tal artigo soacute fez-se constar na constituiccedilatildeo de 1988
apoacutes a proclamaccedilatildeo da Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Animais feita pela UNESCO no ano
de 1978 No corpo do texto percebe-se a existecircncia do direito dos animais em funccedilatildeo aos crimes
e desprezo cometidos contra os animais natildeo humanos em funccedilatildeo de uma coexistecircncia saudaacutevel
entre as espeacutecies no mundo jaacute que satildeo seres semelhantes como consta no preacircmbulo da mesma
declaraccedilatildeo (UNESCO 1978) Faz-se necessaacuterio citar alguns de seus artigos ldquoARTIGO 1
Todos os animais nascem iguais diante da vida e tecircm o mesmo direito agrave existecircnciardquo
demonstrando um posicionamento ao menos legal em relaccedilatildeo agrave igualdade e existecircncia dos
animais natildeo humanos como tambeacutem o artigo 2
a) Cada animal tem direito ao respeito b)O homem enquanto espeacutecie animal
natildeo pode atribuir-se o direito de exterminar os outros animais ou exploraacute-los
violando esse direito Ele tem o dever de colocar a sua consciecircncia a serviccedilo dos outros
animais c)Cada animal tem direito agrave consideraccedilatildeo agrave cura e agrave proteccedilatildeo do homem
(UNESCO 1978)
Onde traz obrigaccedilatildeo normativa de respeito dos animais humanos perante os animais natildeo
humanos manifestando o dever agrave consideraccedilatildeo e consciecircncia do primeiro em relaccedilatildeo ao
segundo vedando a exploraccedilatildeo dos mesmos da mesma maneira os artigos 4 e 5
ARTIGO 4 a) Cada animal que pertence a uma espeacutecie selvagem tem o direito de
viver livre no seu ambiente natural terrestre aeacutereo e aquaacutetico e tem o direito de
reproduzir-se b)A privaccedilatildeo da liberdade ainda que para fins educativos eacute contraacuteria
a este direito
ARTIGO 5 a)Cada animal pertencente a uma espeacutecie que vive habitualmente no
ambiente do homem tem o direito de viver e crescer segundo o ritmo e as condiccedilotildees
de vida e de liberdade que satildeo proacuteprias de sua espeacutecie b)Toda a modificaccedilatildeo imposta
pelo homem para fins mercantis eacute contraacuteria a esse direito(UNESCO 1978)
De forma a demonstrar aqui o direito agrave uma vida livre em ambiente adequado e propiacutecio
agrave reproduccedilatildeo garantindo assim a continuidade da fauna ldquoARTIGO 7 Cada animal que trabalha
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tem o direito a uma razoaacutevel limitaccedilatildeo do tempo e intensidade do trabalho e a uma alimentaccedilatildeo
adequada e ao repousordquo revelando que os animais natildeo humanos assim como os humanos tem
direito de uma jornada digna de trabalho sem que com isso sejam explorados mais do que eacute
aceitaacutevel para uma vida adequada agraves suas condiccedilotildees fiacutesicas ldquoARTIGO 10 Nenhum animal
deve ser usado para divertimento do homem A exibiccedilatildeo dos animais e os espetaacuteculos que
utilizem animais satildeo incompatiacuteveis com a dignidade do animalrdquo expressando nitidamente que
os animais natildeo humanos natildeo satildeo brinquedos posse objeto para divertimento dos animais
humanos ora ponto serem animais que merecem respeitoagrave sua dignidade ldquoARTIGO 11 O ato
que leva agrave morte de um animal sem necessidade eacute um biociacutedio ou seja um crime contra a
vidardquo findando esta citaccedilatildeo pela clara declaraccedilatildeo de expressa vedaccedilatildeo ao assassinato dos
animais natildeo humanos sem que para isso haja um motivo vaacutelido e plenamente
justificaacutevel(UNESCO 1978)
Assim como Bruno Amaro Lacerda traz em sua obra Pessoa Dignidade e Justiccedila a
questatildeo dos direitos dos animais Eacutetica e Filosofia Poliacutetica animais natildeo humanos estatildeo em um
conviacutevio iacutentimo com os animais humanos de forma a em muitos casos criando viacutenculos afetivos
como um membro ativo no meio familiar ao ponto de ateacute ocorrerem lides em relaccedilatildeo a sua
tutela Da mesma forma quando se pensa sobre o que tange o ramo laboral os animais natildeo
humanos em muito foram e satildeo necessaacuterios para a continuidade de vaacuterias categorias de trabalho
(LACERDA 2012)
Eacute imperioso lembrar que no sistema normativo paacutetrio os animais natildeo humanos jaacute foram
considerados como coisas e tendo sua caracterizaccedilatildeo posteriormente alterada para bens
semoventes pelo Coacutedigo Civil ldquoArt 82 Satildeo moacuteveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio
ou de remoccedilatildeo por forccedila alheia sem alteraccedilatildeo da substacircncia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-
socialrdquo (BRASIL 2002)
Sobre o tema a classificaccedilatildeo juriacutedica dos animais natildeo humanos dentro do campo
normativo brasileiro Heron Santana Gordilho (2006) trata em seu trabalho ao apresentar o
fundamento moral da correta compreensatildeo das caracteriacutesticas e correta classificaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos para se romper os paradigmas atuais da caracterizaccedilatildeo dos animais natildeo
humanos comeccedila com uma reformulaccedilatildeo da proacutepria consciecircncia humana por se tratar nada
mais do que um padratildeo de compreensatildeo exclusivamente humano ora que se eacute haacutebil de notar
aos animais natildeo humanos a presenccedila de caracteriacutesticas tanto fiacutesicas quanto mentais que muito
se assemelham as apresentadas pelos animais humanos como se pode observar no trecho
retirado de sua obra
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As ciecircncias empiacutericas tecircm descoberto habilidades linguiacutesticas nos grandes primatas
que acabaram por ter significativas implicaccedilotildees na teoria moral ao demonstrar que a
doutrina tradicional que vecirc a espeacutecie humana como seres ontologicamente distintos
dos animais eacute fundamentalmente falsa e inconsistente (GORDILHO 2006 p54)
Uma vez que segundo o Gordilho os animais natildeo humanos satildeo capazes de possuir
alguma razatildeo expondo que ldquoA diferenccedila especiacutefica do homem em relaccedilatildeo aos animais residiria
no fato de que apenas o homem tem conhecimento de si mesmo apenas ele eacute um ser pensante
pois sua realidade eacute idecircntica agrave sua idealidaderdquo (GORDILHO 2006 P 53) sem que para tanto
deixasse de constar que mesmo os animais humanos por muitas vezes vem a natildeo ter tal
capacidade diferenciadora (GORDILHO 2006)
Mesmo o artigo 82 natildeo tendo sofrido alteraccedilatildeo entre o Coacutedigo de Processo Civil de 2002
e o de 2015 o tratamento juriacutedico relativo aos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo vigente a
discussatildeo e hermenecircutica do supracitado artigo sofreu alteraccedilotildees em virtude de serem capazes
de sentir dor tornando-se assim como seres viventes o que nitidamente se difere de coisa como
apontado por Haydeeacute Fernanda Cardoso em 2007 ao questionar aquela que era a classificaccedilatildeo
dos animais natildeo humanos agrave sua eacutepoca
Natildeo se pode ver como coisa seres viventes pois tais elementos mostram a existecircncia
de vida natildeo apenas no plano moral e psiacutequico mas tambeacutem bioloacutegico mecacircnico como
podem alguns preferir e vice-versa
O conhecimento juriacutedico-dogmaacutetico hoje encontra-se ultrapassado natildeo apenas em
funccedilatildeo de animais considerados inteligentes mas sim em funccedilatildeo de seres sencientes
capazes de sentir cada um a seu modo e de individualizarem-se estabelecendo
relaccedilotildees sociais entre si ou com humanos constituindo-se velado e inadequado o
tratamento dispensado inclusive mostrando-se incompatiacutevel com os proacuteprios fins
deste Direito ldquoatualrdquo de eacutetica invertida [] (CARDOSO 2007 p 132)
Na mesma obra Cardoso ainda discute sobre a possibilidade dos animais natildeo humanos
de serem aptos a possuir personalidade juriacutedica algo que na contemporaneidade vem-se sendo
alvo de diversas discussotildees no paracircmetro das lides juriacutedicas em virtude da proteccedilatildeo conferida
aos animais humanos e sua comparaccedilatildeo para com os direitos concedidos aos animais natildeo
humanos assim como a proacutepria evoluccedilatildeo desta personalidade em relaccedilatildeo aos seres humanos
historicamente falando como podemos observar pelas palavras da Autora
Assim que em dados momentos sua compreensatildeo natildeo abrangeu seres humanos
considerados escravos ou mesmo crianccedilas embora se reconhecesse entes morais (as
corporaccedilotildees) que apesar do elemento humano que guardam recebiam proteccedilatildeo em
funccedilatildeo do direito patrimonial enquanto natildeo se reconhecia a homens individuais de
modo a garantir-lhes necessidades primitivas mantedoras da vida digna direitos
humanos fundamentais
Hoje conferimos proteccedilatildeo a todos os homens ainda que suas faculdades mentais natildeo
sejam plenas ainda que natildeo tenham capacidade racional ou mesmo consciecircncia ainda
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que seus atributos mentais estejam limitados agrave mera resposta a estiacutemulos baacutesicos como
a dor ou a fome mas ainda assim natildeo sendo capazes de expressar qualquer desejo
que seja mesmo simples desejo de comer natildeo sejam capazes de se comunicar ainda
que apenas por gestos sendo a comunicaccedilatildeo demanda expressatildeo volitiva e
ultrapassando o limite das palavras Conferimos tambeacutem proteccedilatildeo a homens que natildeo
sabem falar porque entendemos que tecircm outras maneiras de se expressar mesmo que
sejam limitados no atributo da fala E a todos esses protegemos natildeo como coisas mas
sim como pessoas porque satildeo semelhantes a noacutes []
Portanto natildeo eacute a capacidade racional e cognitiva ou mesmo a fala requisito de uma
personalidade juriacutedica ateacute porque os animais possuem as duas primeiras segundo
provado por outras ciecircncias possuindo inclusive consciecircncia (CARDOSO 2007 p
133)
Em 12 de fevereiro de 1998 foi promulgada a Lei nordm 9605 tratando sobre os crimes
contra o meio ambiente trazendo de forma direta o impedimento a vaacuterios embargos relativas
aos animais natildeo humanos assim como transcreve-se aqui no artigo 29 ldquoMatar perseguir caccedilar
apanhar utilizar espeacutecimes de fauna silvestre nativos ou em rota migratoacuteria sem a devida
permissatildeo licenccedila ou autorizaccedilatildeo da autoridade competente ou em desacordo com a
obtida[]rdquo nos artigos que se seguem continuam a se tratar das vedaccedilotildees tanto no que se fala
das proibiccedilotildees relativas agrave fauna brasileira quanto a fauna estrangeira sem deixar de tratar dos
animais natildeo humanos de longa pratica de domesticaccedilatildeo como catildees e gatos assim como no
artigo 32 sect1ordm onde transporta as penas quando o crime eacute praticado contra catildees e gatos Ainda
penaliza os que geram danos por meio de poluiccedilatildeo e com isso reflitam negativamente em
relaccedilatildeo aos animais natildeo humanos como descrito no ser artigo 54 (BRASIL 1998)
Ainda quando se trata de direitos dos animais como um todo natildeo se pode deixar de
constar a Lei nordm 11126 de 27 de junho de 2005 posteriormente alterada e devidamente
motivada a aplicabilidade pela Lei nordm 13146 de 2015 sobre o acesso de catildees-guias agrave locais
puacuteblicos como se lecirc em seu artigo 1ordm redigido
Eacute assegurado agrave pessoa com deficiecircncia visual acompanhada de catildeo-guia o direito de
ingressar e de permanecer com o animal em todos os meios de transporte e em
estabelecimentos abertos ao puacuteblico de uso puacuteblico e privados de sua coletivo desde
que observadas as condiccedilotildees impostas por esta Lei (BRASIL 2015a)
Onde outrora devido a um texto inespeciacutefico natildeo se fazia cumprir a Lei de forma correta
ao deixar lacunas em sua interpretaccedilatildeo vez que somente dissertava por permitir a entrada e
permanecircncia em transportes e locais puacuteblicos e privados de uso coletivo mas natildeo trazendo a
generalidade e especificidade de tais locais de maneira a por muitas vezes ter esse direito
negado obrigando que a Lei de 2015 revisasse e desse nova redaccedilatildeo aos artigos 1ordm e seu
paraacutegrafo 2ordm da Lei de 2005 (BRASIL 2015a)
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A luta pelos direitos dos animais natildeo satildeo apenas uma funccedilatildeo legislativa o que fica
demonstrado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) que em 2019 ofertou pela primeira vez uma
disciplina de direito dos animais para seus alunos regulares assim como a comunidade em geral
em conjunto com o Grupo de Estudos sobre os Direitos Animais e Interseccionalidades como
foi noticiado pela proacutepria instituiccedilatildeo em seu canal de notiacutecias em 29 de julho do mesmo ano em
mateacuteria de Carolina Pires(PIRES 2019)
O Brasil ainda tem muito o que evoluir no tocante dos direitos dos animais natildeo humanos
comeccedilando pela exploraccedilatildeo pela ciecircncia assim como Laerte Fernando Levai lembra ao citar
uma passagem de Maria Lacerda de Moura em sua obra Civilizaccedilatildeo ndash Tronco de Escravos
publicado em 1931 mas que de nada se difere da realidade atual
Natildeo compreendo a vivissecccedilatildeo a natildeo ser como um deliacuterio de perversidade inominaacutevel
nem chego a ver a vantagem da embriaguez cientiacutefica que potildee milhares de cobaias e
catildees e qualquer espeacutecie de animal agrave mercecirc dos cientistas [] vaidosos de fazer sofrer
os ldquomaacutertires da ciecircnciardquo em nome de um princiacutepio ou de uma descoberta ou de uma
pesquisa ou dos problemaacuteticos benefiacutecios daiacute resultantes para todo o gecircnero humano
[] O homem continuaraacute a descer sempre bem para baixo de todos os siacutemios na sua
maldade de criatura civilizada para estimular todas as virulecircncias desde as guerras
ateacute o prazer satacircnico de martirizar os animais em nome do humanitarismo ciacutenico A
crueldade nunca poderaacute ser um caminho para o aperfeiccediloamento humano A ciecircncia
natildeo se adquire com crueldade Se a fisiologia natildeo pode se adiantar sem infligir
horriacuteveis torturas aos animais indefesos eacute melhor que a fisiologia fique onde estaacute A
humanidade pode progredir sem a fisiologia poreacutem natildeo poderaacute progredir sem a
piedadeMoura (MOURA 1932 apud LEVAI 2012)
Vale constar que em Santa Catarina no dia 22 de dezembro de 2003 por meio da Lei
Estadual nordm 12854 ficou instituiacutedo o Coacutedigo Estadual de Proteccedilatildeo aos Animais pelo seu artigo
2ordm e seus incisos fica por vedar a agressatildeo causar sofrimento de qualquer espeacutecie a animais
sejam silvestres domeacutesticos ou que se possam domesticar nativos ou exoacuteticos afim de
garantir-lhes plenas condiccedilotildees de existecircncia assim como criar animais em locais inapropriados
como lixeiras ou enclausurados sem deixar de citar a expressa vedaccedilatildeo ao abandono de animais
domeacutesticos Ainda tratando sobre as atribuiccedilotildees da lei como da fauna exoacutetica normatizando
os animais natildeo humanos usados para traccedilatildeo veicular tambeacutem trazendo as regras estaduais para
transporte seguro dos animais natildeo humanos como seu abate sem esquecerdas diretrizes para
animais de laboratoacuterios experimentados nos centros de pesquisa ou instituiccedilotildees de educaccedilatildeo
que deveratildeo ser devidamente registrados e certificados para possibilitar a devida fiscalizaccedilatildeo
seja por meio de relatoacuterios como prevecirc o artigo 19 seja pela obrigaccedilatildeo de presenccedila de
profissionais habilitados sempre que forem ser realizados experimentos de vivissecccedilatildeo como
descrito no sect2ordm do artigo 20 (SANTA CATARINA 2003)
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23 ANAacuteLISE SOBRE A LEI 2172019 DO MUNICIacutePIO DE CURITIBANOSSC
No acircmbito das legislaccedilotildees contemporacircneas brasileiras haacute uma lei promulgada em
2019 onde eacute observado um claro retrocesso no tangente deste tema Em Curitibanos Santa
Catarina no ano de 2019 foi proposta e posta em circulaccedilatildeo a Lei Complementar de nordm
2172019 sob o nome de ldquoInstitui o Coacutedigo de Proteccedilatildeo e Bem-estar animal no acircmbito do
municiacutepio de Curitibanos e daacute outras providecircnciasrdquo a qual traz uma proibiccedilatildeo taacutecita de cuidar
alimentar proporcionar fonte de aacutegua para animais que vivem nas ruas como se pode observar
na subseccedilatildeo II do catildeo comunitaacuterio
Art 11 Fica reconhecida a figura do catildeo comunitaacuterio sendo o animal sem proprietaacuterio
ou tutor identificado e que estabelece com a comunidade em que vive laccedilos de
dependecircncia e de manutenccedilatildeo embora natildeo possua responsaacutevel uacutenico e definido
Art 12 O acesso a aacutegua alimentaccedilatildeo cuidados com a sauacutede higiene e demais atos
necessaacuterios agrave preservaccedilatildeo do bem-estar dos catildees comunitaacuterios natildeo poderatildeo ser
realizados em vias de circulaccedilatildeo passeio praccedilas e demais ambientes puacuteblicos
(CURITIBANOS 2019)
Jaacute na parte de penalizaccedilotildees da mesma Lei em seu Capiacutetulo IV DAS INFRACcedilOtildeES
E PENALIDADES caracterizam que aquele que infringe tal proibiccedilatildeo ocorre em infraccedilatildeo de
natureza meacutedia onde tambeacutem consta maus-tratos ao animal tutelado como se observa em seu
artigo 34 inciso II e suas aliacuteneas
Art 34 Constitui infraccedilatildeo contra as normas de bem-estar dos animais domeacutesticos ou
domesticados a inobservacircncia de qualquer preceito desta lei ou da legislaccedilatildeo
complementar ficando o infrator sujeito agraves penalidades e medidas administrativas
previstas nos artigos 30 e 31 desta Lei Complementar conforme o caso aleacutem das
demais puniccedilotildees legalmente previstas
II - Constitui-se infraccedilatildeo de natureza meacutedia
a) A exposiccedilatildeo contiacutenua do animal ao sol chuva calor e frio e em caso de
confinamento enclausuraacute-los em espaccedilos uacutemidos sem ventilaccedilatildeo
b) Privar o animal de aacutegua limpa e potaacutevel e alimento adequado e em abundacircncia em
recipientes limpos
c) Exercitaacute-los de maneira excessiva e sem descanso adequado
d) Utilizar o animal em situaccedilotildees de enfrentamento fiacutesico entre animais da mesma
espeacutecie ou de espeacutecies diferentes em locais puacuteblicos ou privados
e) Disponibilizar alimentaccedilatildeo e aacutegua em vias de circulaccedilatildeo passeio praccedilas e demais
ambientes puacuteblicos (CURITIBANOS 2019)
De forma a demonstrar um claro regresso nas conquistas alcanccediladas em relaccedilatildeo aos
direitos dos animais natildeo humanos vez que reduz a capacidade de bem-estar animal de ser
repartida com a sociedade aumentando os encargos do estado para com os animais natildeo
22
humanos que se encontram em situaccedilatildeo de abandono e descaso vivendo sem as devidas
condiccedilotildees sanitaacuterias nutricionais de seguranccedila e bem-estar nas vias puacuteblicas sem que para
tanto apresente uma contrapartida do Municiacutepio para garantir que os cuidados vetados agrave
particulares sejam repassados aos entes puacuteblicos apenas reduzindo drasticamente as chances
de alcance de condiccedilotildees mais dignas a sua sobrevivecircncia miacutenima (CURITIBANOS 2019)
24 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 722020 DE PENHASC
A Cacircmara Municipal de Penha Santa Catarina aprovou do dia 17 de agosto de
2020 de forma unanime um projeto de lei que entre seus artigos traz uma passagem que traz
a proibiccedilatildeo para os cachorros de latir trazendo como penalidade aos seus tutores em caso de
descumprimento uma multa no valor de R$ 2300000 A dita lei trata da perturbaccedilatildeo do
sossego enquadrando os animais natildeo humanos em seu art 2ordm II d
Art2ordm Para os efeitos desta lei aplicam-se as seguintes definiccedilotildees
[] II ndash PERTURBACcedilAtildeO DO SOSSEGO
[] d) provocando ou natildeo procurando impedir barulho produzido por animal que tem
guarda(PENHA 2020)
Eacute notoacuterio constar o eminente risco de se cair em maus-tratos animais para a garantia
do cumprimento da citada lei seja pelo uso de equipamentos anti-latidos que causam dor ou
mauestar ao animal seja pelo corte das cordas vocais dos cachorros ou mesmo sob as puniccedilotildees
aos animais natildeo humanos aplicadas em caso de desobediecircncia agrave norma jaacute que os cachorros satildeo
seres independentes alheios do domiacutenio humano Assim como afirma a advogada Ana Selma
Moreira ldquoO que me deixa temerosa em relaccedilatildeo a essa proposta eacute que esse tipo de dispositivo
coloca os animais em risco de maus-tratos e violaccedilatildeo dos direitos fundamentaisrdquo demonstrando
a temeridade da jurista em relaccedilatildeo ao risco que a lei ocasiona (MOREIRA 2020)
25 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 552017 DE PROIBICcedilAtildeO DE USO DE ANIMAIS EM
TESTES DE COSMEacuteTICOS
No dia 9 de outubro de 2020 foi aprovado no Plenaacuterio da Assembleia Legislativa o
Projeto de Lei de autoria do deputado Joatildeo Amin que tem por objetivo proibir o uso de animais
natildeo humanos em testes par a produccedilatildeo de produtos de beleza de higiene pessoal perfumes e
23
cosmeacuteticos em Santa Catarina O proacuteximo passo para a implementaccedilatildeo do Projeto de Lei eacute o
encaminhamento para sanccedilatildeo do Governo do Estado de Santa Catarina sobre esta fase o autor
do Projeto de Lei escreveu ldquoEspero que o governo estadual sancione e regulamente este projeto
que eacute muito importante para proteccedilatildeo dos animais Nossa intenccedilatildeo eacute impedir o uso
indiscriminado de animais em testes situaccedilatildeo que pode ser evitada com uma seacuterie de
alternativasrdquo (FLORIANOacutePOLIS 2020) demonstrando assim a relevacircncia da sanccedilatildeo desta lei
para a garantia do bem-estar dos animais natildeo humanos
No presente Projeto de Lei natildeo soacute se apresenta a necessidade da vedaccedilatildeo do uso dos
animais natildeo humanos no que tange os testes para a produccedilatildeo de cosmeacuteticos perfumes e
assemelhados como tambeacutem descreve de forma qualitativa a caracterizaccedilatildeo destes bens de
consumo para a devida garantia de que a lei caso seja aprovada pelo Governo Estadual seja
devidamente cumprida dentro dos seus objetivos ao exemplo de dizer que tais bens satildeo
preparaccedilotildees constituiacutedas de substacircncias naturais ou sinteacuteticas de uso externo no corpo dos
animais humanos como pele mucosas cabelo unhas dentes dentre outros para com o
objetivo esteacutetico higiecircnico proteccedilatildeo ou ainda odorizaccedilatildeo corporal ressalvando como excluiacutedos
da proposta de lei os medicamentos por meio de emenda substitutiva apresentada pelo relator
Jair Miotto (FLORIANOacutePOLIS 2020)
Outra medida dentro do Projeto de Lei para a garantia do eficaz cumprimento deste eacute a
instituiccedilatildeo de penalidades ao estabelecimentos de pesquisa profissionais ou anaacutelogos que
descumprirem as diretrizes levantadas no presente Projeto de Lei com penalidades progressivas
para multas e demais sanccedilotildees para tanto a instituiccedilatildeo de multa miacutenima de R$ 500000 (cinco
mil reais) podendo chegar ateacute o valor de R$ 1000000 (dez mil reais) sem contar juros e
correccedilotildees monetaacuterias segundo os iacutendices oficiais regularmente estabelecidos estabelecendo
ainda que em caso de reincidecircncia a multa podendo ser dobrada natildeo impedindo se somar a
multa a suspensatildeo temporaacuteria ou definitiva do alvaraacute de funcionamento da instituiccedilatildeo
(FLORIANOacutePOLIS 2020)
Jaacute enquanto sobre as puniccedilotildees relativas aos profissionais que descumprirem a lei esta
se daraacute por multa no valor miacutenimo de R$ 100000 (mil reais) podendo chegar ateacute o valor de R$
500000 (cinco mil reais) sem contar juros e correccedilotildees monetaacuterias segundo os iacutendices oficiais
regularmente estabelecidos com multa dobrada para casos de reincidecircncia estabelecendo ainda
puniccedilotildees para pessoas fiacutesicas sem excluir aquelas que sejam detentoras de funccedilatildeo puacuteblica civil
ou militar incluindo ainda instituiccedilotildees ou estabelecimentos de ensino organizaccedilotildees sociais ou
ainda quaisquer outras pessoas juriacutedicas indiferente de serem com ou sem fins lucrativos
puacuteblicos ou privados que vierem a descumpri os termos da lei (FLORIANOacutePOLIS 2020)
24
26 JULGADOS SOBRE A GUARDA ANIMAL E PROJETOS LEIS
A 4ordf Turma do STJ definiu por maioria de votos no dia 19 de junho de 2018 ser possiacutevel
a regulamentaccedilatildeo judicial de visitas a animais natildeo humanos de estimaccedilatildeo apoacutes a separaccedilatildeo de
casais que viviam em uma uniatildeo estaacutevel onde o Ministro Relator Luis Felipo Salomatildeo apontou
como se observa na ementa do caso
RECURSO ESPECIAL DIREITO CIVIL DISSOLUCcedilAtildeO DE UNIAtildeO ESTAacuteVEL
ANIMAL DE ESTIMACcedilAtildeO AQUISICcedilAtildeO NA CONSTAcircNCIA DO
RELACIONAMENTO INTENSO AFETO DOS COMPANHEIROS PELO
ANIMAL DIREITO DE VISITAS POSSIBILIDADE A DEPENDER DO CASO
CONCRETO 1 Inicialmente deve ser afastada qualquer alegaccedilatildeo de que a discussatildeo
envolvendo a entidade familiar e o seu animal de estimaccedilatildeo eacute menor ou se trata de
mera futilidade a ocupar tempo desta Corte Ao contraacuterio eacute cada vez mais recorrente
no mundo da poacutes- modernidade e envolve questatildeo bastante delicada examinada tanto
pelo acircngulo da afetividade em relaccedilatildeo ao animal como tambeacutem pela necessidade de
sua preservaccedilatildeo como mandamento constitucional (art 225sect1 inciso VII ndash ldquoproteger
a fauna e a flora vedadas na forma da lei as praacuteticas que coloquem em risco sua
funccedilatildeo ecoloacutegica provoquem a extinccedilatildeo de espeacutecies ou submetam os animais a
crueldaderdquo) 2 O Coacutedigo Civil ao definir a natureza juriacutedica dos animais tificou-os
como coisas e por conseguinte objetos de propriedade natildeo lhes atribuindo a
qualidade de pessoas natildeo sendo dotados de personalidade juriacutedica nem podendo ser
considerados sujeitos de direitos Na forma da lei civil o soacute fato de o animal ser tido
como de estimaccedilatildeo recebendo afeto da entidade familiar natildeo pode vir a alterar a
substacircncia a ponto de converter a sua natureza juriacutedica 3 No entanto os animais de
companhia possuem valor subjetivo uacutenico e peculiar aflorando sentimentos bastante
iacutentimos em seus donos totalmente diversos de qualquer outro tipo de propriedade
privada Dessarte o regramento juriacutedico dos bens natildeo se vem demonstrando suficiente
para resolver de forma satisfatoacuteria a disputa familiar envolvendo os pets visto que
natildeo se trata de simples discussatildeo atinente agrave posse e agrave propriedade 4 Por sua vez a
guarda propriamente dita ndash inerente ao poder familiar ndash instituto por essecircncia de
direito de famiacutelia natildeo pode ser simples e fielmente subvertida para definir o direito
dos consortes por meio do enquadramento de seus animais de estimaccedilatildeo
notadamente porque eacute um muacutenus exercido no interesse tanto dos pais quanto do filho
Natildeo se traraacute de uma faculdade e sim de um direito em que se impotildee aos pais a
observacircncia dos deveres inerentes ao poder familiar 5 A ordem juriacutedica natildeo pode
simplesmente desprezar o relevo da relaccedilatildeo do homem com seu animal de estimaccedilatildeo
sobretudo nos tempos atuais Deve-se ter como norte o fato cultural e da poacutes-
modernidade de que haacute uma disputa dentro da entidade familiar em que prepondera
o afeto de ambos os cocircnjuges pelo animal Portanto a soluccedilatildeo deve perpassar pela
preservaccedilatildeo a garantia dos direitos agrave pessoa humana mas precisamente o acircmago de
sua dignidade 6 Os animais de companhia satildeo seres que inevitavelmente possuem
natureza especial e como ser senciente ndash dotados de sensibilidade sentindo as
mesmas dores e necessidades biopsicoloacutegicas dos animais racionais - tambeacutem devem
ter o seu bem-estar considerado 7 Assim na dissoluccedilatildeo da entidade familiar em que
haja algum conflito em relaccedilatildeo ao animal de estimaccedilatildeo independentemente da
qualificaccedilatildeo juriacutedica a ser adotada a resoluccedilatildeo deveraacute buscar atender sempre a
depender do caso em concreto aos fins sociais atentando para a proacutepria evoluccedilatildeo da
sociedade com a proteccedilatildeo do ser humano e do seu viacutenculo afetivo com o animal 8
Na hipoacutetese o Tribunal de origem reconheceu que a cadela fora adquirida na
constacircncia da uniatildeo estaacutevel e que estaria demonstrada a relaccedilatildeo de afeto entre o
recorrente e o animal de estimaccedilatildeo reconhecendo o seu direito de visitas ao animal
o que deve ser mantido 9 Recurso especial natildeo provido (BRASIL 2018a)
25
Mesmo ainda sendo definidos como coisas pelo Coacutedigo Civil como apontado pelo
mesmo relator foi apontado que os animais natildeo humanos satildeo objetos de relaccedilotildees juriacutedicas uma
vez ainda que como aponta a pesquisa do IBGE jaacute existem mais catildees e gatos nos lares
brasileiros do que crianccedilas desta forma demonstrando a relevacircncia do viacutenculo afetivo entre os
animais humanos e os animais natildeo humanos assegurando ainda a preservaccedilatildeo das garantias do
artigo 225 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (BRASIL 2018a)
A Juiacuteza de Direito Karen Francis Schubert Reimer da 3ordf Vara da Famiacutelia de Joinville
Santa Catarina tambeacutem discutiu a guarda de animais natildeo humanos discutindo a sua natureza
juriacutedica na sua decisatildeo No caso da lide apoacutes a separaccedilatildeo ficou decidido que cada uma das partes
ficaria com a guarda de um dos catildees que possuiacuteam na constacircncia do matrimocircnio ainda decidiu
a possibilidade de visitas entre as partes e os catildees e as partes sem sua guarda igualmente ao
relator do STJ o status de coisa dado pelo Coacutedigo Civil brasileiro aos animais natildeo humanos a
magistrada apontou ldquoNossa legislaccedilatildeo atual o Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002 estabelece que
o animal possui status juriacutedico de coisa Ou seja eacute um objeto de propriedade do homem e que
conteacutem expressatildeo econocircmicardquo usando esta colocaccedilatildeo para justificar sua decisatildeo onde
determina que seraacute o homem o responsaacutevel por todas as despesas de veterinaacuterio medicaccedilatildeo e
vacinas tanto para o cachorro em sua guarda quanto para o cachorro sob a guarda de sua ex-
esposa (SANTA CATARINA 2017)
Vale ressaltar que a magistrada apontou a necessidade de que os animais natildeo humanos
sejam enquadrados em uma categoria intermediaacuteria entre coisas e pessoas citando o Projeto de
Lei do Senado PLS 31515 que trata sobre a natureza juriacutedica dos animais natildeo humanos onde
dispotildees sobre a alteraccedilatildeo do artigo 82 do Coacutedigo Civil natildeo tratando mais os animais natildeo
humanos como coisas entatildeo trouxe a fala ldquoNatildeo se trata de equiparar os cachorros aos filhos
aos seres humanos O que se busca eacute reconhecer que nem sempre os animais devem receber
tratamento de coisa ou de objetordquo (SANTA CATARINA 2017)
Sobre o tema eacute vaacutelido constar que o Governo de Santa Catarina na data de 17 de janeiro
de 2018 por meio da Lei nordm 17485 veio a alterar a Lei nordm 12854 de 2003 que instituiu o Coacutedigo
Estadual de Proteccedilatildeo dos animais Com a presente lei veio a fim de se reconhecer catildees gatos e
cavalos como seres sencientes trazendo a incluir ao dito coacutedigo o artigo 34 ndash A ldquoPara os fins
desta Lei catildees gatos e cavalos ficam reconhecidos como seres sesncientes sujeitos de direito
que sentem dor e anguacutestia o que constitui o reconhecimento da sua especificidade e das suas
caracteriacutesticas face a outros seres vivosrdquo fazendo assim constar um grande diferencial
normativo de uma lei estadual perante a legislaccedilatildeo paacutetria ora que enquanto no que tange as leis
a niacutevel federal tal interpretaccedilatildeo somente se encontra no campo doutrinaacuterio jurisdicional e de
26
projeto de lei em niacutevel estadual em Santa Catarina os animais natildeo humanos jaacute satildeo
classificados desde 2018 como seres sencientes pela letra da lei (SANTA CATARINA 2018)
Ainda na mesma linha o Senado Nacional tramita no CCJ o Projeto de Lei PLS 54218
para regulamentar a guarda compartilhada de animais de estimaccedilatildeo quando em caso de
divoacutercios ou dissoluccedilotildees de Uniotildees Estaacuteveis determinando para tanto que o animal natildeo humano
que possa ser alvo de tal discussatildeo de guarda de acordo com seu artigo 1ordm aquele ldquocujo tempo
de vida tenha transcorrido majoritariamente na constacircncia do casamento ou da uniatildeo estaacutevelrdquo
(BRASIL 2018b) definindo ainda quais as condiccedilotildees para a guarda visitas ambiente
adequado para moradia do animal natildeo humano a quem incumbiraacute as despesas do animal natildeo
humano guardado assim como as consequecircncias relativas agrave risco de violecircncia ou maus-tratos
ao animal natildeo humanos sobre sua guarda ou em sua visita Apresenta-se para anaacutelise tal PL
com o texto
Estabelece o compartilhamento da custoacutedia de animal de estimaccedilatildeo de propriedade
em comum quando natildeo houver acordo na dissoluccedilatildeo do casamento ou da uniatildeo estaacutevel Altera o Coacutedigo de Processo Civil para determinar a aplicaccedilatildeo das normas
das accedilotildees de famiacutelia aos processos contenciosos de custoacutedia de animais de estimaccedilatildeo
(BRASIL 2018b)
Atualmente essa PLS encontra-se em aguardo de designaccedilatildeo e relator desde 25 de
marccedilo de 2019 Tal projeto de lei vem a demonstrar uma nova visatildeo sobre a interaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos e humanos e abrindo precedentes para uma nova classificaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos perante o Coacutedigo Civil (BRASIL 2018b)
Na mesma linha de discussatildeo da Magistrada se faz necessaacuterio constar a declaraccedilatildeo feita
por um grupo de juristas e especialistas em sauacutede e comportamento animal ingleses durante a
Conferecircncia de Francis Crick sediada na Universidade de Cambridge no dia 7 de julho de 2012
A ausecircncia de um neurocoacutertex natildeo parece impedir que um organismo experimente
estados afetivos Evidecircncias convergentes indicam que os animais natildeo humanos tecircm
os substratos neuroanatocircmicos neuroquiacutemicos e neurofisioloacutegicos de estado de
consciecircncia juntamente com a capacidade de exibir comportamentos intencionais
Consequentemente o pelo das evidecircncias indicam que os humanos natildeo satildeo os uacutenicos
a possuir os substratos neuroloacutegicos que geram a consciecircncia Animais natildeo humanos
incluindo todos os mamiacuteferos e as aves e muitas outras criaturas incluindo nestes os
polvos tambeacutem possuem esses substratos neuroloacutegicos (CAMBRIDGE 2012)
Em tal relato obteve-se as palavras de um grupo de especialistas tanto no campo
juriacutedico quanto nos campos de comportamento e medicina animal de forma a admitir que natildeo
seriam apenas os animais humanos capazes de serem dotados de consciecircncia demonstrando
27
estes serem capazes de pensar sentir e raciocinar natildeo sendo simplesmente coisas
(CAMBRIDGE 2012)
Tramita no Senado o Projeto de Lei nordm 631 de 2015 onde visa alterar a redaccedilatildeo do artigo
32 da Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 vem a vedar que sem motivos justificaacuteveis se
venha a causar dor lesatildeo ou sofrimento aos animais natildeo humanos desenvolver a
conscientizaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo para a guarda responsaacutevel dos animais natildeo humanos classificando
a integridade fiacutesica e mental assim como o bem-estar dos animais natildeo humanos como interesse
difuso devendo destacar o sect2ordm do artigo 4ordm da PL ldquoAos animais deve ser dispensada a dignidade
de tratamento reservada aos seres sencientesrdquo (BRASIL 2015b) demonstrando claramente sua
natureza de seres dotados de sensibilidade e natildeo de status de coisa assim como os sectsect 3ordm e 4ordm do
mesmo artigo
sect3ordm Os animais tecircm interesses individuais e coletivos distintos dos interesses
individuais e coletivos dos seres humanos devendo a autoridade no caso de colisatildeo
de interesses proceder a uma ponderaccedilatildeo que natildeo se confine a juiacutezos de utilidade ou
de funcionalizaccedilatildeo das interesses individuais e coletivos dos seres humanos
sect4ordm Na ausecircncia de disposiccedilotildees em contraacuterio os animais se beneficiam da proteccedilatildeo
juriacutedica conferida agraves coisas e agraves pessoas juriacutedicas (BRASIL 2015b)
Trazendo uma grande inovaccedilatildeo relativa aos direitos dos animais natildeo humanos onde
lhes proporciona a garantia da proteccedilatildeo juriacutedica dada agraves pessoas juriacutedicas Tal PL se apresenta
para anaacutelise com o texto
Institui o estatuto de proteccedilatildeo dos animais considerando-a como interesse difuso
estabelece o direito agrave proteccedilatildeo agrave vida e ao bem-estar a vedaccedilatildeo de praacuteticas e atividades
que se configurem como crueacuteis ou danosas da integridade fiacutesica e mental tipifica os
maus-tratos e dispotildees sobre infraccedilotildees e penalidades (BRASIL 2015b)
Este protejo de lei se encontra em aguardo de inclusatildeo na ordem do dia de requerimento
tendo como Relator o Senador Pliacutenio Valeacuterio (BRASIL 2015b)
Entende-se que embora os animais natildeo humanos faccedilam parte de forma direta e
entrelaccedilada com os animais humanos ainda se encontra como um grande problema perante a
nossa legislaccedilatildeo sendo seu sistema normativo uma novidade e de completo desconhecimento
de um grande percentual brasileiro ora visto como um direito extravagante que natildeo consideraria
uma expressatildeo da realidade suprimindo necessidades atuais em contraposto da relaccedilatildeo afetiva
por muitos julgada como transbordando os limites de humanidade (FIORILLO 2019)
Assim no presente capiacutetulo foi analisada a evoluccedilatildeo histoacuterica legislativa dos direitos
dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo brasileira ateacute a contemporaneidadedo estado
28
atual de seus direitos incluindo julgados projetos de lei suacutemulas sem deixar de constar ateacute
retrocessos legislativosdos direitos em questatildeoPela teacutecnica bibliograacutefica onde se buscouesta
anaacutelise da forma mais completatentandoenglobar omaacuteximo deinformaccedilotildees parase chegar agrave
mais ampla anaacutelise dos direitos dos animais natildeo humanos no Brasil
Desta forma foi possiacutevel se observar que o primeiro relato normativo brasileiros no
Municiacutepio de Satildeo Paulo trazendo vedaccedilotildees e regulamentaccedilotildees para os animais em labuta
passando pela inclusatildeo de normas dentro da constituiccedilatildeo federativa sumulassem deixar de citar
asleis infraconstitucionais
Para continuidade do presente trabalho no capitulo que se segue seraacute apresentada uma
anaacutelise realizada da mesma forma do presente capitulo poreacutem no tangente agrave evoluccedilatildeo histoacuterica
e legislaccedilatildeo atual dos direitos dos animais em Portugal
29
3 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA
Neste capiacutetulo tem-se como objetivo trazer de forma sucinta a evoluccedilatildeo histoacuterica no que
tange o direito dos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo de Portugal trazendo para isto as
proacuteprias leis assim como relatos bibliograacuteficos sobre o tema
31 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
O direito dos animais natildeo humanos em Portugal surgiu no dia 16 de setembro de 1886
com a promulgaccedilatildeo do Decreto Lei do Coacutedigo Penal Portuguecircs onde tratavam dos direitos dos
animais natildeo humanos entre os artigos 478 a 481 onde previam a penalizaccedilatildeo par aquele que
ferir matar envenenar abusar ou causar outros tipos de danos aos animais natildeo humanos
incluindo dentre eles a vedaccedilatildeo aos maus-tratos Contudo tipificavam os animais natildeo humanos
como animais de consumo (PORTUGAL 1886)
Somente quase 30 anos depois no datar de 12 de junho de 1919 foi assinado um Decreto
relativo a vedaccedilatildeo do uso excessivo de animais perante a labuta onde se determinavam limites
para o trabalho em que os animais natildeo humanos satildeo expostos impedindo desta forma a
exigecircncia exacerbada e abusiva perante suas capacidades individuais e coletivos (PORTUGAL
2001)
No iniacutecio do seacuteculo seguinte Portugal regulamentou para a aplicaccedilatildeo interna de forma
complementar as disposiccedilotildees da Convenccedilatildeo Europeia para a Proteccedilatildeo dos Animais de
Companhia aprovada pelo no dia 13 de abril no Decreto nordm 1393 de forma a definir quais os
dispositivos que se tornariam aplicaacuteveis no seu territoacuterio e excluindo no entanto todos aqueles
que tratem das espeacutecies da fauna selvagem exoacuteticas assim como seus descendentes quando
criados em cativeiro ainda ressaltando como natildeo aplicaacuteveis as normas que se dispusessem em
contradiccedilatildeo a legislaccedilatildeo infraconstitucional portuguesa (PORTUGAL 2001)
Esta legislaccedilatildeo veio a normatizar medidas ateacute entatildeo natildeo constantes na legislaccedilatildeo paacutetria
como ao exemplo do seu artigo 3ordm regulamentando os procedimentos e locais de alojamento no
que tange o exerciacutecio de reproduccedilatildeo para comercializaccedilatildeo de animais de companhia Traz ainda
inovaccedilotildees no que se fala de abandono onde natildeo se caracteriza mais o abandono somente como
largar em qualquer lugar mas tambeacutem pela negligecircncia como deixar de cuidar alimentar
cuidado com a higiene e devidas condiccedilotildees de sauacutede e proteccedilatildeo contra zoonoses ocasionando
30
para aquele que nesta categoria de abandono for classificado a remoccedilatildeo do animal Natildeo
deixando de constar a necessidade expressa de que em caso de amputaccedilotildees deva haver
certificaccedilatildeo veterinaacuteria comprovando a necessidade de tal procedimento garantindo que estas
sejam realizadas por razotildees claramente medica-veterinaacuteria ou de interesse particular do animal
natildeo humano ou ainda para impedir sua reproduccedilatildeo impedindo desta forma amputaccedilotildees
meramente esteacuteticas ou por interesse unicamente de seu detentor permitindo maiores direitos
a integridade fiacutesica dos animais natildeo humanos perante motivaccedilotildees supeacuterfluas Tratando ainda
de normas para hospedagem e centro de recolhimento de animais natildeo humanosem seus
Capiacutetulos IV V VI VIII e X (PORTUGAL 2001)
Em substituiccedilatildeo do Decreto Lei nordm 2762001 em 17 de dezembro o Decreto Lei nordm
3152003 veio para inovar em alguns sentidos os direitos dos animais natildeo humanos excluindo
as aplicaccedilotildees de dispositivos do Decreto nordm 1393 da Convenccedilatildeo Europeia para a proteccedilatildeo de
Animais de Companhia no tangente da detenccedilatildeo de animais potencialmente perigosos
vislumbrando a necessidade de regulamentar a mateacuteria por diplomas proacuteprios utilizando para
tal regulamentaccedilatildeo os posicionamentos de oacutergatildeos governamentais proacuteprios das Regiotildees
Autocircnomas e a Associaccedilatildeo Nacional dos municiacutepios Portugueses Trazendo colocaccedilotildees como
ldquoExcluem-se do acircmbito de aplicaccedilatildeo deste diploma as espeacutecies da fauna selvagem autoacutectone e
exoacutetica e os seus descendentes criados em cativeiro objeto de regulamentaccedilatildeo especiacutefica e os
touros de liderdquo (PORTUGAL 2003b) assim como redefinindo hospedagem sem fins
lucrativos e para fins meacutedicos-veterinaacuterios para animais de companhia onde destaca o Plano
Nacional de Luta e Vigilacircncia da Raiva Animal e outras Zoonoses que natildeo se faziam constar
no decreto anterior ainda atualizando as regras para licenccedilas de funcionamento de tais locais
assim como regulando dimensotildees miacutenimas para sua instalaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo de atividades sejam
para animais natildeo humanos de sangue quente como cachorros e gatos ou sangue frio como
lagartos e sapos(PORTUGAL 2003b)
Um grande marco para o direito dos animais natildeo humanos em Portugal ocorreu com a
publicaccedilatildeo no dia 17 de dezembro do Decreto-Lei nordm 3132003 onde foi criado o Sistema de
Identificaccedilatildeo de Caninos e Felinos (SICAFE) onde estabeleceu diretrizes para a identificaccedilatildeo
eletrocircnica de catildees e gatos que servem de animais de companhia criando desta forma uma base
de dados nacional para esta identificaccedilatildeo permitindo a identificaccedilatildeo dos animais natildeo humanos
que satildeo viacutetima de abandono ainda como medidas sanitaacuterias e zooteacutecnicas juriacutedicas e
humanitaacuterias ainda aumentando a responsabilidade dos centros de criaccedilatildeo para
comercializaccedilatildeo de catildees e gatos de companhia (PORTUGAL 2003a)
31
Seria a criaccedilatildeo de um documento uacutenico que comporta o boletim sanitaacuterio destes animais
natildeo humanos contendo natildeo soacute informaccedilotildees cruciais destes como sexo e raccedila mas ainda
detalhes sobre procedimentos que os mesmos foram expostos e accedilotildees de profilaxia das quais
foi sujeito sendo de delegaccedilatildeo do seu detentor garantir que tais informaccedilotildees estejam corretas e
atualizadas incluindo dentre elas a carteira de vacinaccedilatildeo antirraacutebica (PORTUGAL 2003a)
No datar de 25 de janeiro de 2005 pela Uniatildeo Europeia foi promulgado o Regulamento
nordm 12005 que faz relaccedilatildeo a proteccedilatildeo dos animais natildeo humanos durante o transporte e operaccedilotildees
fins de forma a minimizar a duraccedilatildeo da viagem e satisfazer as necessidades dos animais
garantindo tambeacutem que os animais natildeo humanos devem estar aptos para efetuar a viagem assim
como os meios de transporte tanto quanto os equipamentos de carregamento e descarregamento
devem ser construiacutedos mantidos e utilizados de maneira a evitar lesotildees violecircncia ou
sofrimentos garantindo o bem-estar e a seguranccedila dos animais natildeo humanos durante o
deslocamento sendo de responsabilidade das autoridades nacionais inspecionar e aprovar os
veiacuteculos alvo de transporte de animais natildeo humanos seja por via mariacutetima ou rodoviaacuteria
(PORTUGAL 2005)
Ainda eacute vaacutelido mencionar o Decreto-Lei nordm 742007 promulgado dia 27 de marccedilo de
2007 onde trata da consagraccedilatildeo do direito ldquode acesso das pessoas com deficiecircncia visual
acompanhadas de catildees-guia a locais transportes e estabelecimentos puacuteblicosrdquo (PORTUGAL
2007a) tal constataccedilatildeo se faz pela evoluccedilatildeo nas teacutecnicas e condicionamento de formas de
treinamento de tais animais assim como da proteccedilatildeo sanitaacuteria dos catildees fora que determina os
direitos e responsabilidades dos catildees em treinamento e em serviccedilo ainda definindo os regimes
credenciamento responsabilidades e proibiccedilotildees relativas agraves famiacutelias que se promovem a receber
os catildees que seratildeo treinados demonstrando uma clara preocupaccedilatildeo no conforto seguranccedila e
vida dentro dos padrotildees de garantias para os catildees que agrave essa atividade forem direcionados
(PORTUGAL 2007a)
No mesmo ano o Parlamento Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia emitiu o
Regulamento nordm 1523007 do dia 11 de dezembro veio a proibir a colocaccedilatildeo no mercado assim
como a importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo comunitaacuterias de peles de gato e de catildeo e de produtos que as
contenham uma vez que
Para os cidadatildeos da Uniatildeo Europeia os gatos e catildees satildeo animais de estimaccedilatildeo pelo
que natildeo eacute aceitaacutevel usar as suas peles nem produtos que as contenham Existem
indiacutecios da presenccedila da Comunidade de peles natildeo rotuladas de gato e de catildeo e de
produtos que as contecircm Consequentemente os consumidores estatildeo preocupados com
a possibilidade de poderem comprar peles de gato e de catildeo e produtos que as
contenham Em 18 de Dezembro de 2003 o Parlamento Europeu aprovou uma
32
declaraccedilatildeo em que exprime a sua inquietaccedilatildeo a respeito do comeacutercio dessas peles e
produtos e solicita que se lhe ponha termo a fim de reestabelecer a confianccedila dos
consumidores e dos comerciantes[] (PORTUGAL 2007a)
Desta forma aleacutem de garantir que dentro comeacutercio interno de produtos de pele de catildees
e gatos natildeo estejam presentes ainda garante o bem-estar dos animais natildeo humanos ora que ao
se tratar de comercio irregular e ilegal levanta a praacutetica de maus-tratos para a obtenccedilatildeo de tais
mateacuterias primas (PORTUGAL 2007a)
32 LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA CONTEMPORAcircNEA
Por meio da Lei nordm 3152009 publicada no dia 21 de agosto do mesmo ano foi
designado novos regramentos relativos aos animais natildeo humanos onde em seu artigo 1ordm trouxe
ldquoO presente decreto-lei aprova o regime juriacutedico da criaccedilatildeo reproduccedilatildeo e detenccedilatildeo de animais
perigosos e potencialmente perigosos enquanto animais de companhiardquo (PORTUGAL 2009b)
Aqui fica demonstrada a preocupaccedilatildeo da introduccedilatildeo de mais espeacutecies de animais natildeo humanos
no meio do conviacutevio em sociedade dos animais humanos sem que haja prejuiacutezo aos dizeres do
Decreto-Lei de 2009 este tenta regular animais natildeo humanos silvestres mas ressalva o direito
da manutenccedilatildeo da criaccedilatildeo e interaccedilatildeo de animais natildeo humanos e humanos enquanto nativos da
fauna selvagem indiacutegena respeitando desta maneira as peculiaridades de sua existecircncia Em
seu artigo 3ordm traz as classificaccedilotildees de animais natildeo humanos enquanto animal de companhia
animal perigoso animal potencialmente perigoso autoridade competente centro de recolha e
detentor fazendo este uacuteltimo o mais importante de se evidenciar
ltltDetentorgtgt qualquer pessoa singular maior de 16 anos sobre a qual recai o dever
de vigilacircncia de um animal perigoso ou potencialmente perigoso para efeitos de
criaccedilatildeo reproduccedilatildeo manutenccedilatildeo acomodaccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo com ou sem fins
comerciais ou que o tenha sob sua guarda mesmo que a tiacutetulo temporaacuterio
(PORTUGAL 2009b)
Trazendo uma nova concepccedilatildeo para aquele que possui um animal natildeo humano quando
se fala de perigosos e potencialmente perigosos evidenciando uma nova forma de considera-lo
enquanto ser sob guarda natildeo apresentando mais como uma posse mas sim como uma tutela
Vale ressaltar que o presente decreto natildeo se resume apenas a animais natildeo humanos considerados
de natureza selvagem ao denomina-los como animais perigosos e animais potencialmente
perigosos mas tambeacutem resguarda os direitos e deveres do detentor perante catildees que sejam
assim classificados perante o que classifica o artigo 3ordm em Capiacutetulo IV trata sobre as
33
obrigatoriedades para a constacircncia de manutenccedilatildeo de catildees assim classificados em seu conviacutevio
como a obrigaccedilatildeo de treinamento e suas exigecircncias (PORTUGAL 2007b)
Ainda o presente decreto traz as penalidades para formas de maus-tratos ateacute entatildeo natildeo
mencionados nas legislaccedilotildees anteriores como para aqueles que promoverem ou participarem
de lutas entre animais natildeo humanos natildeo excluindo da puniccedilatildeo a mera tentativa e ainda
trazendo penas para quaisquer formas de ofensas agrave integridade fiacutesica dos animais natildeo humanos
na categoria dolosa ou de negligecircncia Eacute imprescindiacutevel constar sobre uma inovaccedilatildeo de grande
importacircncia trazida pelo decreto em questatildeo onde em seu artigo 38 vislumbra puniccedilotildees ao que
tange o profissional veterinaacuterio ou aquele que praticar as atividades a esse profissional
destinadas sem que tenha a devida certificaccedilatildeo para ministrar tais atividades (PORTUGAL
2009b)
No mesmo ano o Parlamento Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia no dia 30 de
novembro fez surgir um marco nos direitos dos animais natildeo humanos com a publicaccedilatildeo do
Regulamento nordm 12232009 no Jornal Oficial da Uniatildeo Europeia onde se trata das
regulamentaccedilotildees relativas ao uso de animais natildeo humanos enquanto para uso de testes em
produtos cosmeacuteticos De maneira a gerar diretrizes do que se permite ou se veda no que tange
a proteccedilatildeo dos animais natildeo humanos utilizados para fins experimentais prevendo regras comuns
para todos os Estados Membros da Uniatildeo Europeia exigindo que os ensaios realizados em
animais natildeo humanos sejam substituiacutedos por meacutetodos alternativos sempre que possiacutevel Ainda
regulamenta prazos para que seja efetuada a proibiccedilatildeo da comercializaccedilatildeo de produtos
cosmeacuteticos cuja formulaccedilatildeo final possuam ingredientes que tenham sido ensaiados em animais
assim como uma data para a proibiccedilatildeo de que sejam continuados os ensaios sobre animais
sendo estas datas respectivamente 11 de marccedilo de 2009 e 11 de marccedilo de 2013 coordenando
ainda uma construccedilatildeo para o desenvolvimento de meacutetodos cientiacuteficos alternativos aos testes em
animais natildeo humanos (PORTUGAL 2010)
O Parlamento Europeu e o Conselho da Uniatildeo Europeia publicaram no Jornal Oficial
da Uniatildeo Europeia na paacutegina 33 no datar de 20 de outubro de 2010 a Diretiva 201063EU
relativa agrave proteccedilatildeo dos animais utilizados para fins cientiacuteficos de forma a normatizar as
teacutecnicas formas cuidados dentre outros que devem ser tomados para se garantir o bem-estar
dos animais natildeo humanos dirigidos aos fins cientiacuteficos Ao exemplo ao tratar dos meacutetodos
podemos observar no seu toacutepico 14
Os meacutetodos selecionados deveratildeo evitar tanto quanto possiacutevel que o limite criacutetico do
procedimento seja a morte do animal devido ao sofrimento grave sentido durante o
periacuteodo que precede a morte Sempre que possiacutevel a morte deveraacute ser substituiacuteda por
34
limites criacuteticos mais humanos recorrendo a sinais cliacutenicos que determinem a
iminecircncia da morte a fim de permitir que o animal seja occisado sem mais sofrimento
(PORTUGAL 2010)
Ainda se traz na supracitada Diretiva a clara vedaccedilatildeo a procedimentos que possam
ocasionar ameaccedila a biodiversidade como ao exemplo de se utilizar para estudos animais natildeo
humanos cuja espeacutecie corra risco de extinccedilatildeo ressalvado ao miacutenimo indispensaacutevel e
devidamente justificado ainda levanta a proximidade geneacutetica entre os animais natildeo humanos e
humanos assim como a capacidade social dos primatas natildeo humanos demonstrando a niacutetida
problemaacutetica de garantia do bem-estar das necessidades comportamentais ambientais e sociais
em um ambiente laboratorial (PORTUGAL 2010)
Mesmo apresentando uma evoluccedilatildeo sucinta no que tange o direito dos animais natildeo
humanos em Portugal ateacute entatildeo em 2017 o paiacutes promulgou uma lei que modificou de forma
significante esse tocante sendo a maior evoluccedilatildeo a alteraccedilatildeo dos animais do rol de coisas para
passar a serem considerados ldquoseres vivos dotados de sensibilidade e objeto de proteccedilatildeo juriacutedica
em virtude da sua naturezardquo (PORTUGAL 2017a) no Coacutedigo Civil portuguecircsdeve-se
evidenciar que este paiacutes tem relaccedilotildees de reciprocidade perante ao tratamento dos indiviacuteduos
humanos para com o Brasil pode-se ver uma evoluccedilatildeo significativamente relevante em razatildeo a
compreensatildeo e leis como fica claro quando observamos a lei aprovada de 1ordm de maio de 2017
lei nordm 82017 onde os animais natildeo humanos deixaram de serem coisas para a denominaccedilatildeo de
seres sencientes explicitado pela adiccedilatildeo do artigo 201ordm-B ldquoOs animais satildeo seres vivos dotados
de sensibilidade e objeto de proteccedilatildeo juriacutedica em virtude da sua naturezardquo (PORTUGAL
2017a) trazendo uma inovaccedilatildeo perante a classificaccedilatildeo dos animais natildeo humanos perante a
legislaccedilatildeo 201ordm-C ldquoProteccedilatildeo juriacutedica dos animais A proteccedilatildeo juriacutedica dos animais opera por
via das disposiccedilotildees do presente coacutedigo e da legislaccedilatildeo especialrdquo (PORTUGAL 2017)
demonstrando que natildeo se visa findar os deveres perante os direitos dos animais natildeo humanos
na presente lei 1793ordm-A ldquoAnimais de companhia Os animais de companhia satildeo confiados a
um ou ambos os cocircnjuges considerando nomeadamente os interesses de cada um dos cocircnjuges
e dos filhos do casal e o bem-estar do animalrdquo (PORTUGAL 2017) ao Coacutedigo Civil portuguecircs
leia-se o 1305ordm-A
Artigo 1305ordm-APropriedade de animais
1 - O proprietaacuterio de um animal deve assegurar o seu bem-estar e respeitar as
caracteriacutesticas de cada espeacutecie e observar no exerciacutecio dos seus direitos as
disposiccedilotildees especiais relativas agrave criaccedilatildeo reproduccedilatildeo detenccedilatildeo e proteccedilatildeo dos animais
e agrave salvaguarda de espeacutecies em risco sempre que exigiacuteveis
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2 - Para efeitos do disposto no nuacutemero anterior o dever de assegurar o bem-estar
inclui nomeadamentea) A garantia de acesso a aacutegua e alimentaccedilatildeo de acordo com as
necessidades da espeacutecie em questatildeob) A garantia de acesso a cuidados meacutedico-
veterinaacuterios sempre que justificado incluindo as medidas profilaacuteticas de identificaccedilatildeo
e de vacinaccedilatildeo previstas na lei
3 - O direito de propriedade de um animal natildeo abrange a possibilidade de sem motivo
legiacutetimo infligir dor sofrimento ou quaisquer outros maus-tratos que resultem em
sofrimento injustificado abandono ou morte (PORTUGAL 2017a)
Na mesma lei satildeo tratados os deveres daquele que possui um animal natildeo humano que
pela lei portuguesa satildeo denominados como proprietaacuterios Em seu texto obriga o proprietaacuterio
sob pena de multa agrave prisatildeo assegurar o pleno bem-estar dos animais natildeo humanos natildeo somente
garantindo-lhe alimentaccedilatildeo adequada para a sobrevivecircncia mas tambeacutem sua seguranccedila
cuidados veterinaacuterios fora a garantia de que o animal natildeo humano sobre seus cuidados natildeo
sofra de forma alguma maus-tratos seja este realizado diretamente pelo proprietaacuterio ou
terceiros (PORTUGAL 2017a)
Ainda eacute de suma importacircncia fazer constar que a lei em questatildeo natildeo somente atinge os
animais natildeo humanos ditos como domeacutesticos mas todo aquele que se encontra de alguma forma
sob a tutela humana ao exemplo os animais utilizados na pecuaacuteria como se observa na leitura
de seu artigo primeiro
Artigo 1ordm
Objeto
A presente lei estabelece um estatuto juriacutedico dos animais reconhecendo a sua
natureza de seres vivos dotados de sensibilidade procedendo agrave alteraccedilatildeo do Coacutedigo
Civil aprovado pelo Decreto-Lei nordm 47344 de 25 de novembro de 1966 do Coacutedigo
de Processo Civil aprovado pela Lei nordm 412013 de 26 de junho e do Coacutedigo Penal
aprovado pelo Decreto-Lei nordm 40082 De 23 de setembro (PORTUGAL 2017a)
Na mesma linha o doutrinador portuguecircs Filipe Jorge Antunes Cabral (2015) defende
que sejam atribuiacutedos direitos subjetivos aos animais natildeo humanos alegando que natildeo haacute como
se restringir estes direitos aos animais humanos alegando que ldquonatildeo satildeo os interesses dos
indiviacuteduos que possuem um valor moral fundamental mas sim por serem indiviacuteduos capazes
de serem detentores de interessesrdquo (CABRAL 2015 p 117) aplicando desta forma a
capacidade de ter interesses e estes serem haacutebeis de discussatildeo perante o campo do direito mais
animais natildeo humanos
Outro fator a notar-se importacircncia enquanto satildeo observadas as alteraccedilotildees efetuadas por
meio desta lei eacute a alteraccedilatildeo clara e direta na forma de tratamento dos animais natildeo humanos
dentro do corpo do sistema normativo onde agora satildeo designados diretamente como animais
36
demonstrando nitidamente uma alteraccedilatildeo nos paradigmas de interpretaccedilatildeo de sua condiccedilatildeo
onde natildeo resta mais lacunas hermenecircuticas de sua diferenciaccedilatildeo para simplesmente coisas
como fica evidenciado nos textos dos artigos por ela alterados
Artigo 1318ordm
Suscetibilidade de ocupaccedilatildeo
Podem ser adquiridos por ocupaccedilatildeo os animais e as coisas moacuteveis que nunca tiveram
dono ou foram abandonados perdidos ou escondidos pelos seus proprietaacuterios salvas
as restriccedilotildees dos artigos seguintes (PORTUGAL 2017b)
Ainda neste sentido o artigo 1323 traz obrigaccedilotildees que superam a mera proibiccedilatildeo aos
maus-tratos mas fala tambeacutem de formas de vedaccedilatildeo a inobservacircncia de negaccedilatildeo a negligecircncia
demonstrando o ocircnus de devolver agrave quem pertence animal perdido cuja propriedade seja
conhecida e em caso de natildeo saber a quem pertence deve por meios convenientes buscar achar
e auxiliar ao animal ser achado sem esquecer de informar as autoridades sobre o achado assim
como se notar ser necessaacuterio o encaminhar a um veterinaacuterio bem como com seu auxiacutelio
tentar identificar formas de encontrar seu tutor e em caso de passado um ano sem que se possa
devolver o animal natildeo humano para seu legiacutetimo dono aquele que o achou pode fazer do
animal como seu (PORTUGAL 2017b)
Da mesma forma em caso de restituiccedilatildeo do animal natildeo humano ao seu proprietaacuterio faz
jus indenizaccedilatildeo aquele que o achou por todos as despesas levantadas por ele na manutenccedilatildeo da
devida sauacutede e sobrevivecircncia do animal durante o periacuteodo de sua guarda bem como natildeo haacute de
responder se sem dolo ou culpa ocorrer perda ou deterioraccedilatildeo do animal natildeo humano no
transcorrer de sua guarda contudo se aquele que achou o animal natildeo humano ao notar que seu
verdadeiro dono faz o animal de viacutetima de maus-tratos tem aquele que o achou o direito de
retecirc-lo para garantia da seguranccedila do mesmo (PORTUGAL 2017b)
Dois anos depois no dia 30 de janeiro foi instituiacutedo o Decreto Lei nordm 202019 transferiu
responsabilidades no campo de cuidado dos animais natildeo humanos para as autoridades locais e
entidades intermunicipais permitindo um controle mais especiacutefico das peculiaridades de cada
regiatildeo e dando autonomia ao poder local Ainda sanciona a realizaccedilatildeo de concursos e
exposiccedilotildees de animais natildeo humanos Da mesma forma implanta a permissatildeo para a detenccedilatildeo
de mais de trecircs catildees ou quatro gatos adultos em preacutedios urbanos (PORTUGAL 2019a)
No mesmo ano no dia 27 de junho foi publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica ordm 1212019 o
Decreto-Lei nordm 822019 onde estabelece as regras de identificaccedilatildeo dos animais de companhia
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criando o Sistema de Informaccedilatildeo de Animais de Companhia o SIAC onde traz novas normas
de obrigaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e de registro dos animais natildeo humanos por meio de um
transponder uma espeacutecie de chip eletrocircnico que conteacutem vaacuterios dados sobre aquele indiviacuteduo
ou outro sistema autorizado para a espeacutecie de animal natildeo humano em questatildeo devendo o
cadastro ocorrer ateacute 120 dias apoacutes o nascimento do animal natildeo humano garantindoo
reconhecimento em caso de abandono estabelecendo uma ligaccedilatildeo entre o animal e quem tem
sua guarda assegurando a sauacutede e a seguranccedila de animais natildeo humanos e humanos gerando a
responsabilidade civil sanitaacuteria e de bem-estar animal onde a obrigatoriedade da identificaccedilatildeo
foi criada pelo Decreto-Lei n3132003 mas agora seguindo os paracircmetros determinados pelo
Parlamento Europeu e do Conselho alterando o instituto SICAFE pelo Sistema de Informaccedilotildees
de Animais de Companhia (SIAC) como definido pela aliacutenea a do seu artigo 1ordm Assegurando
a aplicabilidade dos Regulamentos nordm 5762013 e nordm 4292016 do Parlamento Europeu e do
Conselho instituiacutedo nos dias 12 de junho de 2013 e 9 de marccedilo de 2019 respectivamente
relativos agrave circulaccedilatildeo de animais de companhia pessoal e as zoonoses(PORTUGAL 2019b)
33 ANAacuteLISE LEI Nordm 9295
A Assembleia da Repuacuteblica portuguesa decretou no dia 12 de setembro de 1995 a Lei
nordm 9295 a Lei de Proteccedilatildeo aos animais vindo a proibir todo e qualquer tipo de violecircncia
injustificada contra animais tendo sido aprovada no datar de 21 de junho e promulgada no dia
24 de agosto do mesmo ano pelo entatildeo presidente da repuacuteblica portuguesa Maacuterio Soares
podendo se caracterizar neste qualquer tipo de sofrimento crueldade instantacircnea ou de forma
prolongada graves leotildees a um animal natildeo humano ou ateacute mesmo sua morte ainda consta a
necessidade na medida do possiacutevel de socorro agrave animais natildeo humanos que se encontrem feridos
doentes em perigo ou em quaisquer condiccedilotildees anaacutelogas a estas (PORTUGAL 1995)
Traduz ainda como crime perante esta lei todo aquele que exigir de um animal salvo
em momentos emergenciais esforccedilos abusivos ou ateacute mesmo atuaccedilotildees que os animais natildeo
humanos sejam parciais ou absolutamente incapazes de realizar ou ainda que sejam aleacutem de
suas possibilidades naturais Ainda consta a expressa vedaccedilatildeo a aquisiccedilatildeo de animal natildeo
humanos que se encontre em condiccedilotildees enfraquecidas adoentadas idoso ou outra conjuntura
anaacuteloga em que este animal tenha vivido de forma integral ou em grande maioria em ambiente
domeacutestico se findar tal aquisiccedilatildeo em intenccedilatildeo diversa a tratamento proteccedilatildeo ou cuidados
humanos ou ainda com intenccedilatildeo de morte imediata (PORTUGAL 1995)
38
Vem a reforccedilar o impedimento de qualquer maneira ao abandono intencional de
animais natildeo humanos que estavam sobre a proteccedilatildeo humana em ambiente domeacutestico ou ainda
em instalaccedilatildeo comercial ou industrial Caracterizando ainda o sofrimento como impedido
mesmo que para com fins didaacuteticos de treino exibiccedilatildeo filmagens publicidade ou qualquer
outra atividade a estas assemelhadas ressalvando experiecircncias cientiacuteficas de comprovada
necessidade (PORTUGAL 1995)
Vale ser citado o capiacutetulo II da presente lei onde se pode ler sobre o comeacutercio e
espetaacuteculos que faccedilam uso de animais natildeo humanos de forma a obrigar agrave todos que que pessoa
fiacutesica juriacutedica solitaacuteria ou coletiva se faccedila utilizar de animais natildeo humanos para fins de
espetaacuteculo comercial tenha preacutevia autorizaccedilatildeo das autoridades ou entes competentes sejam
essas a Direccedilatildeo Geral dos Espetaacuteculos ou ainda do municiacutepio onde respectivamente se pretende
exibir tal evento de entretenimento sem deixar de constar a relaccedilatildeo de comercializaccedilatildeo desta
categoria de animais natildeo humanos como vem escrito no corpo do texto do artigo 2ordm
Licenccedila municipal
Sem prejuiacutezo do disposto no capiacutetulo III quando aos animais de companhia qualquer
pessoa fiacutesica ou coletiva que explore o comeacutercio de animais que guarde animais
mediante uma remuneraccedilatildeo que os crie para fins comerciais que os alugue que sirva
de animais para fins de transporte que os exponha ou que os exiba com um fim
comercial soacute poderaacute fazecirc-lo mediante autorizaccedilatildeo municipal a qual soacute poderaacute ser
concedida desde que os serviccedilos municipais verifiquem que as condiccedilotildees previstas
na lei destinadas a assegurar o bem-estar e a sanidade dos animais seratildeo cumpridas
(PORTUGAL 1995)
Se faz ressaltar a completa e indiscutiacutevel proibiccedilatildeo a qualquer espeacutecie para o fim do
supracitado paraacutegrafo de animais natildeo humanos que se encontrem em condiccedilotildees flageladas
enferma ou mesmo com qualquer tipo de ferimento ainda vem a negar a entrada no territoacuterio
portuguecircs de qualquer tipo de animal natildeo humano vertebrado que se encontre na mesma
situaccedilatildeo de sauacutede antes citada (PORTUGAL 1995)
Assiste a presente lei ainda a regulamentaccedilatildeo perante o transporte de animais natildeo
humanos em transportes puacuteblicos ressalvado por motivo de periculosidade sauacutede ou higiene
devidamente justificaacuteveis devendo os animais natildeo humanos estarem sempre acompanhados
por seus proprietaacuterios ou responsaacuteveis autorizados assim como devidamente acondicionados
(PORTUGAL 1995)
39
34 ANAacuteLISE IMPLEMENTACcedilAtildeO LEI Nordm 392020
Na data de 23 de julho de 2020 foi aprovada pela Assembleia da Repuacuteblica a Lei nordm
392020 tendo sua publicaccedilatildeo no datar de 18 de agosto e entrando em vigor no dia 1 de outubro
do mesmo anoImplementando o regime sancionatoacuterio aplicaacutevel aos crimes contra os animais
de companhia alterando substancialmente o que trazia o Coacutedigo Penal e o Coacutedigo de Processo
Penal portugueses reforccedilando de maneira expressiva a proteccedilatildeo aos animais natildeo humanos no
acircmbito dos crimes praticados contra estes (PORTUGAL 2020a)
Em seu corpo traz um regime sancionatoacuterio aplicaacutevel aos crimes direcionados contra
os animais natildeo humanos de forma a alterar pela quinquageacutesima vez o Coacutedigo Penal portuguecircs
pela trigeacutesima seacutetima vez o Coacutedigo de Processo Penal e pela terceira vez a Lei nordm 9295 a lei
de proteccedilatildeo aos animais Desloca as penalidades e diretrizes sobre morte e maus-tratos inferidos
contra animais natildeo humanos como observamos pelo novo texto dado ao artigo 387 do Coacutedigo
Penal ldquo1 ndash Quem sem motivo legiacutetimo matar animal de companhia eacute punido com pena de
prisatildeo de 6 meses a 2 anos ou com pena de multa de 60 a 240 dias se pena mais grave lhe natildeo
couber por forccedila de outra disposiccedilatildeo legalrdquo aumentando substancialmente tanto as penas de
reclusatildeo quanto a de prestaccedilatildeo de serviccedilos para aquele que matar um animal natildeo humano
(PORTUGAL 2020a)
Pode ser lido ainda em seu artigo 3ordm o que pertence as alteraccedilotildees ao Coacutedigo de Processo
Penal se faz essencial constar a nova redaccedilatildeo dada aos artigos 171 e 172 deste coacutedigo
Artigo 171ordm
1 ndash Por meio de exames das pessoas dos lugares dos animais e das coisas
inspecionam-se os vestiacutegios que possa ter deixado o crime e todos os indiacutecios relativos
ao modo como e ao lugar onde foi praticado agraves pessoas que o cometeram ou sobre as
quais foi cometido
2 ndash []
3 ndashSe os vestiacutegios deixados pelo crime se encontrarem alterados ou tiverem
desaparecido descreve-se o estado em que se encontram as pessoas os lugares os
animais e as coisas em que possam ter existido procurando-se quando possiacutevel
reconstitui-los e descrevendo-se o modo o tempo e as causas da alteraccedilatildeo ou do
desaparecimento
Artigo 172ordm
1 ndash Se algueacutem pretender eximir-se ou obstar a qualquer exame devido ou a facultar
animal ou coisa que deva ser objeto de exame pode ser compelido por decisatildeo da
autoridade judiciaacuteria competente (PORTUGAL 2020a)
Sem deixar de citar sobre ocultaccedilatildeo de provas animais ou ainda qualquer outro tipo de
objeto ligado ao crime prevendo busca apreensatildeo e investigaccedilatildeo por meio da poliacutecia criminal
para que todas as provas que possam trazer a resoluccedilatildeo do fato iliacutecito suscetiacuteveis de serem
40
declarados perdidos a favor do Estado Ainda busca definir os paracircmetros para a restituiccedilatildeo de
animais coisas ou bens apreendidos em meio a um processo investigativo criminal
determinando que estas permaneceratildeo sobre tutela de um fiel depositaacuterio ateacute o transito em
jugado da sentenccedila em ateacute 60 dias se os proprietaacuterios natildeo o buscarem no prazo previsto seratildeo
considerados perdidos em favor do Estado podendo este dar a finalidade que melhor acharem
(PORTUGAL 2020a)
Eacute imperioso constar que a presente lei ao aditar agrave Lei nordm 9295 vem a tratar das medidas
cautelares perante a proteccedilatildeo nos casos de evidecircncia de sinais de praacuteticas de crimes de maus-
tratos para contra animais natildeo humanos levantando as forccedilas de seguranccedila aos oacutergatildeos de
poliacutecia criminal a Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria e aos municiacutepios desencadear
os meios para proceder com tais medidas como faz com a alteraccedilatildeo do artigo 1 ndash A da Lei nordm
9295 (PORTUGAL 2020a)
35 JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO HUMANOS EM PORTUGAL
Na data de 02 de outubro de 2019 comeccedilou uma disputa judicial pela guarda da cadela
da raccedila Pitbull nomeada de Kiara apoacutes o rompimento da relaccedilatildeo de 12 anos de seus
proprietaacuterios A lide se iniciou pelo fato de ambas as partes requerem a guarda total do animal
natildeo humano estando o julgamento sendo processado pelo Juiacutezo da Famiacutelia e Menores de Mafra
pela Juiacuteza de Direito Soacutenia Henriques Cristoacutevatildeo Dentre as alegaccedilotildees e provas estatildeo a caderneta
de vacina a licenccedila e o chip de identificaccedilatildeo estatildeo em nome da parte feminina enquanto a parte
masculina alega ter sido o comprador e o financiador das custas da cadela (BARRETO 2019)
Em primeira anaacutelise do caso a magistrada observou que a parte masculina
primeiramente buscava a guarda compartilhada ou ao mesmo poder ter contato com a cadela
poreacutem ao avanccedilar do julgamento passou a pedir a guarda total devido a posiccedilatildeo da parte
feminina de se negar qualquer tipo de negociaccedilatildeo a posiccedilatildeo de passar de tentativa de guarda
compartilhada para guarda unilateral foi reforccedilada pelo fato de a parte masculina permanecer
morando no local onde a cadela viveu seus primeiros dois anos de vida ateacute que decidiram pela
dissoluccedilatildeo do relacionamento (BARRETO 2019)
Para poder tomar uma decisatildeo a juiacuteza decidiu por consultar a veterinaacuteria que fazia os
cuidados do animal natildeo humano com a finalidade de examinar o comportamento dos animais
natildeo humano e humanos concluindo-se que no caso em questatildeo os proprietaacuterios em momento
algum estavam colocando os interesses e bem-estar da cadela como prioridade mas sim seus
interesses particulares Ainda como apontado pela advogada Soacutenia Henriques Cristoacutevatildeo
41
especialista em direito animal o bem-estar animal eacute o uacuteltimo criteacuterio a ser levado em
consideraccedilatildeo em lides anaacutelogas ldquoNo que toca aos menores o criteacuterio eacute sempre o melhor
interesse do mesmo mas neste caso a lei civil natildeo tem como orientador esse princiacutepio Esse
criteacuterio existe mas eacute o uacuteltimordquo (BARRETO 2019) demonstrando uma interpretaccedilatildeo direta do
que o Coacutedigo Civil portuguecircs explana em seu artigo 1793ordm-A onde afirma que em casos de
divoacutercio ldquoos animais de companhia satildeo confiados a um ou a ambos os cocircnjuges considerando
nomeadamente os interesses de cada um dos cocircnjuges e dos filhos do casal e tambeacutem o bem-
estar do animalrdquo (PORTUGAL 1966) de forma a trazer a importacircncia do bem-estar animal
natildeo humano ser considerado para a decisatildeo de guarda poreacutem soacute como uacuteltima condiccedilatildeo para a
decisatildeo (BARRETO 2019)
A magistrada ponderou o fato de em Portugal ainda natildeo eacute pacificado o tema nem pelo
legislativo nem pela fraca jurisprudecircncia neste sentido ora que nos divoacutercios a guarda dos
animais natildeo humanos nem entra em pauta sendo normalmente decidido este ponto entre as
partes sem ter para tanto que levar o caso a justiccedila nem colocando na ficha da partilha haver
animais de companhia de maneira ao caso estar ainda em pauta de julgamento (BARRETO
2019)
Jaacute no que tange os maus-tratos aos animais natildeo humanos em Portugal mesmo com a lei
portuguesa punindo desde outubro de 2014 os maus-tratos contra animais natildeo humanos com
pena de ateacute um ano de prisatildeo somente 5 (cinco porcento) das denuacutencias acabam por chegar
a julgamento onde os outros 95 (noventa e cinco porcento) acaba por findar somente em
multa resultando que nas quase cinco mil denuacutencias registradas em virtude de maus-tratos agrave
animais natildeo humanos menos de duzentos de cinquenta destes findaram em julgamento como
descreve o Jornal de Notiacutecias o Observador de Portugal em sua mateacuteria de 24 de maio de 2020
(GOMES 2020)
Pelos dados coletados pelas pesquisas jurisdicionais realizadas por Gomes (2020) entre
2015 e 2018 a pena de prisatildeo soacute foi levantada como sanccedilatildeo aplicaacutevel pelos tribunais
portugueses no patamar da primeira instacircncia mas que sempre acabavam por ter a pena
convertida em multa ao serem recorridos os julgamentos tendo ainda tido um montante de seis
penas suspensas pelo proacuteprio magistrado da primeira instacircncia apoacutes reanaacutelise Ocorrendo neste
periacuteodo 241 processos crime entre abandono a maus-tratos tendo sido 169 casos diretamente
ligados aos maus-tratos tendo como reacuteus 277 animais humanos ressaltando ainda o fato de que
o nuacutemero de denuacutencias nunca representa a realidade faacutetica do cometimento dos crimes contra
os animais natildeo humanos mas sim somente uma pequena parcela da verdade (PORTUGAL
2020b)
42
Contudo o Jornal Correio da Manhatilde aponta uma nova posiccedilatildeo dos magistrados no
tocante de levar a justiccedila agravequeles que descumprem as leis contra os maus-tratos proferidos a
animais natildeo humanos como se observa ao iniacutecio de julgamento do caso de maus-tratos contra
uma cadela que desde 2016 sabe-se que eacute viacutetima de negligecircncia trancada em um ambiente
inapropriado ao seu porte sem acesso digno agrave aacutegua e alimentaccedilatildeo devidas a sua mantenccedila
bioloacutegica sendo mantida enclausurada em uma pequena e suja varanda apresentando magreza
extrema Sendo um dos primeiros casos de maus-tratos a chegar a justiccedila do Tribunal de Faro
por meio de denuacutencia de uma associaccedilatildeo de defesa dos animais tendo recebido grande reflexo
nas redes sociais (GRIFF 2018)
Tendo sido o caso encaminhado ao Ministeacuterio Puacuteblico de Faro local do fato ter vindo a
ocorrer este decidiu por dar prosseguimento agrave denuacutencia levantando a importacircncia deste ser
levado a julgamento em funccedilatildeo da importacircncia e relevacircncia do mesmo trazendo como
argumento a Lei que criminaliza os maus-tratos de 1 de outubro de 2014 ldquoquem sem motivo
legiacutetimo infligir dor sofrimento ou quaisquer outros tipos de maus-tratos fiacutesicos a um animal
de companhia eacute punido com pena de prisatildeo ateacute um ano ou com pena de multa ateacute 120 diasrdquo
aumentando para dois anos a puniccedilatildeo se ldquoresultar a morte do animal ou a privaccedilatildeo de um oacutergatildeordquo
(GRIFF 2015) de maneira a trazer a necessidade de se colocar a presente violaccedilatildeo em
julgamento como medida exemplar com o objetivo de desmotivar novos casos semelhantes
(GRIFF 2018)
Na data determinada para a primeira sessatildeo de julgamento os proprietaacuterios devidamente
citados natildeo compareceram tendo sido presenciada de um membro da Projeto de Apoio a
Viacutetimas Indefesas Nuacutecleo de Aveiro (PRAVI) e de um agente da Poliacutecia de Seguranccedila Puacuteblica
(PSP) de forma a sofrer a necessidade de remarcaccedilatildeo da sessatildeo de julgamento em funccedilatildeo das
leis civis de Portugal mas ainda natildeo haacute sentenccedila julgada sobre o caso (GRIFF 2018)
Portugal vem enfrentando seacuterios problemas sanitaacuterios devido ao que descrevem como
Siacutendrome de Noeacute que se determina por uma espeacutecie de transtorno de acumulaccedilatildeo onde o
animal humano tem dificuldade de desfazer-se de animais acabando por os acumular de forma
desorganizada afetando tanto a sociedade quanto os animais natildeo humanos envolvidos nesta
condiccedilatildeo Aos animais natildeo humanos viacutetimas dessa siacutendrome acabam por natildeo receberem os
cuidados necessaacuterios que acaba por acarretar diretamente nos maus-tratos podendo originar
doenccedilas que podem ainda se desenvolver em zoonoses (MACHADO 2020)
Sobre o caso a Assembleia da Repuacuteblica no dia 25 de janeiro de 2018 publicou a
Resoluccedilatildeo da Assembleia da Repuacuteblica nordm 202018 onde recomenda que seja criado um grupo
de trabalho constituiacutedo por profissionais da sauacutede e comportamento animal assistentes sociais
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psiquiatras e psicoacutelogos com o objetivo de prevenir e combater casos da Siacutendrome de Noeacute
uma vez que aleacutem de ocasionar risco a sociedade na maior parte das vezes foram observados
que os animais natildeo humanos expostos a esta siacutendrome tentem a serem viacutetimas de maus-tratos
como o ocorrido no mecircs de maio em Canccedilas onde uma proprietaacuteria possuiacutea 35 animais em
um ambiente que natildeo apresentava as miacutenimas condiccedilotildees de bem-estar animal ou dignidade
Desta forma depois de julgado a maior parte dos animais natildeo humanos que laacute residiam foram
recolhidos de forma a apenas permanecerem no local sete animais natildeo humanos com a antiga
proprietaacuteria uma vez observado grande afeto entre a proprietaacuteria e estes (MACHADO 2020)
No presente caso foi levantado que ldquoo bem-estar animal deve ser compreendido
segundo o alojamento manutenccedilatildeo e acomodaccedilatildeo dos animais referido ainda que nenhum
animal deve ser detido se estas condiccedilotildees de bem-estar natildeo se encontrem verificadasrdquo neste
ditame aquele que acaba por acumular animais de companhia podem ocorrer em se enquadrar
em crime de maus-tratos como previsto pelo artigo 387 do Coacutedigo Penal portuguecircs onde prevecirc
a sanccedilatildeo de prisatildeo de ateacute um ano ou com pena de multa ade ateacute 120 dias quando aquele que
for o detentor ocasionar dor infligir sofrimento ou ainda qualquer outra agressatildeo fiacutesica a
animais natildeo humanos natildeo impedindo ainda que sejam somadas penalidades do artigo 388 do
mesmo coacutedigo onde prevecirc ldquoa privaccedilatildeo do direito de detenccedilatildeo de animais de companhia pelo
periacuteodo maacuteximo de 5 anosrdquo de forma a tentar prevenir de forma consubstanciada a seguranccedila
da sociedade junto com a mantenccedila do bem-estar dos animais natildeo humanos (MACHADO
2020)
Assim no presente capiacutetulo foi analisada a evoluccedilatildeo histoacuterica legislativa dos direitos
dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo portuguesa ateacute a contemporaneidade do estado
atual de seus direitos e incluindo julgados Pelo meacutetodo explanatoacuterio bibliograacutefico onde se
buscou esta anaacutelise da forma mais completa tentando englobar o maacuteximo de informaccedilotildees para
se chegar agrave mais completa anaacutelise dos direitos dos animais natildeo humanos em Portugal
Desta forma foi possiacutevel se observar que o primeiro relato normativo portuguecircsocorreu
no ano de 1886 com o Coacutedigo Penal portuguecircs trazendo vedaccedilotildeesaos maus-tratos de qualquer
espeacutecie aos animais natildeo humanos ainda que no passar dos anos passando pela inclusatildeo de
normas dentro doscoacutedigos legais sem deixar de citar as leis infraconstitucionais
Para continuidade do presente trabalho no capiacutetulo que se segue seraacute apresentada uma
anaacutelise comparativa entre a evoluccedilatildeohistoacuterica do direito dos animais natildeo humanos entre
aslegislaccedilotildees brasileira e portuguesaassim como uma anaacutelise comparativa doestado normativo
dos direitos dos animais natildeo humanos apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 entre os
doispaiacuteses em anaacutelise
44
4 COMPARACcedilAtildeO DAS LEGISLACcedilOtildeES BRASILEIRA E PORTUGUESA
O presente capiacutetulo aborda uma comparaccedilatildeo relativa as leis passadas e presentes em
Brasil e Portugal uma vez que entre os paiacuteses haacute uma relaccedilatildeo de reciprocidade devido ao
Decreto Legislativo nordm 82 de 24 de novembro de 1971 nomeada de Convenccedilatildeo sobre igualdade
de Direitos e Deveres entre brasileiros e portugueses ratificada em Brasiacutelia na data de 7 de
setembro de 1971 e em Lisboa na data de 22 de marccedilo de 1971 entrando em vigor no dia 22
de abril de 1972 onde os Governos do Brasil e Portugal visando a continuidade do reciacuteproco
respeito aos valores histoacuterico morais culturais e eacutetnicos que outrora uniram os povos e que os
manteacutem como irmatildeos com o intuito de promover um aperfeiccediloamento e estreitamento nas
relaccedilotildees harmonicamente da comunidade Luso-Brasileira convencionou a efetivaccedilatildeo do
princiacutepio da igualdade de tratamento entre cidadatildeos brasileiros expresso na constituiccedilatildeo
brasileira agrave eacutepoca em seu artigo 199 e na entatildeo constituiccedilatildeo portuguesa em seu artigo 7ordm
paraacutegrafo 3ordm (BRASIL 1972)
Desta maneira com a instituiccedilatildeo de um estatuto de caraacuteter especial com a iniciativa de
refletir os viacutenculos existentes entre brasileiros e portugueses assim como com o intuito de
servir de embasamento e inspiraccedilatildeo para as geraccedilotildees e legislaccedilotildees que se seguissem houve este
compromisso solene fraternal e indestrutiacutevel de amizade Enfatiza-se em tal Convenccedilatildeo o seu
artigo 1ordm ldquoOs portugueses no Brasil e os brasileiros em Portugal gozaratildeo de igualdade de direitos
e deveres com os respectivos nacionaisrdquo de forma a demonstrar uma reciprocidade no
tratamento de nascidos no paiacutes irmatildeo em seu territoacuterio mas ainda resguardando os direitos e
deveres inerentes ao seu paiacutes natural como exposto em seu artigo 3ordm ldquoOs portugueses e
brasileiros abrangidos pelo estatuto de igualdade continuaratildeo no exerciacutecio de todos os direitos
e deveres inerentes agraves respectivas nacionalidadesrdquo (BRASIL 1972)
Assim como para o presente trabalho eacute vaacutelido se fazer citar o artigo 16 da dita
Convenccedilatildeo ldquoOs Governos do Brasil e de Portugal consultar-se-atildeo periodicamente a fim de
examinar e adotar as providecircncias necessaacuterias para melhor e uniforme interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo
da presente Convenccedilatildeo bem como para estabelecer as modificaccedilotildees que julguem
convenientesrdquo assim a presente convenccedilatildeo veio a tratar que no presente e futuro os dois paiacuteses
se reuniriam para discutir sobre leis que versem sobre esta reciprocidade desta forma o capiacutetulo
que se apresenta vem a comprar as legislaccedilotildees no tangente dos direitos dos animais natildeo
humanos pelas leis brasileiras e portuguesas (BRASIL 1972)
No tocante dos direitos dos animais natildeo humanos Charles Darwin (1996) jaacute relatava
sobre a capacidade de sentir de ter consciecircncia de se reunir em grupos em sociedades de ter
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empatia assim como quando comparada aos animais humanos ldquonatildeo existe uma diferenccedila
fundamental entre os humanos e os mamiacuteferos de niacutevel superior nas suas faculdades mentaisrdquo
(DARWIN 1996 P287)Este pensamento de Darwin eacute reforccedilado nesta outra passagem
Existem muitas espeacutecies de animais sociais em que os seus membros se associam em
grupos sentem compaixatildeo uns pelos outros manifestando qualidades que os revelam
de uma consciecircncia moral incipiente para quando em comparaccedilatildeo com a humana
sendo fieacuteis ao grupo demonstrando capacidade de entender as necessidades de
membros do grupo que apresentem carecircncias de tratamentos especiais ao exemplo de
fornecer alimentos e bebidas aos indiviacuteduos do grupo que satildeo cegos (DARWIN 1996
p 290traduccedilatildeo nossa)
Observa-se que jaacute haacute muito antes de se discutir os animais natildeo humanos como dignos
ou natildeo de direitos relativos a personalidade juriacutedica jaacute fora levantada sua capacidade de ser
equiparados aos animais humanos ora que apresentam capacidades de sentir sofrer entender
o outro ajudar num niacutevel de compreensatildeo e sensibilidade ateacute hoje juridicamente apenas
arguido aos seres humanos (DARWIN 1996)
41 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO HISTOacuteRICO
Se demonstra eficaz comeccedilar o presente toacutepico lembrando que a primeira nota
legislativa no Brasil relativa ao direito dos animais natildeo humanos natildeo ter se desenvolvido no
acircmbito nacional mas sim Municipal com o Coacutedigo de Posturas do Municiacutepio de Satildeo Paulo
(1886) em 6 de outubroonde por mais que fosse a primeira vedaccedilatildeo expressa as praacuteticas de
crueldade contra os animais natildeo humanos esta se limitava agravequeles que faziam uso de animais
natildeo humanos para o fim traccedilatildeo de carroccedilas e que somente no ano de 1934 sendo assim um
lapso de 48 anos ateacute que no dia 10 de julho viesse a existir um Decreto nacional o de nordm
24645 que promulgou a vedaccedilatildeo aos maus-tratos proferidos contra animais natildeo humanos em
local puacuteblico ou privado assim como trazendo a tutela do Estado para com estes assim como
estipulando puniccedilatildeo pecuniaacuteria e de enclausuramento para aquele que violasse o dito decreto
(BRASIL 1934)
Na supracitada legislaccedilatildeo federal ainda se trazia a representaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
como uma possibilidade nas accedilotildees que versassem sobre os maus-tratos relativos agrave animais natildeo
humanos No sistema normativo gerado por este decreto foram transcritas ainda diretrizes para
o uso animal natildeo humano para quando utilizados para auxiliar ou gerar trabalho de interesse
dos animais humanos como ao exemplo daqueles que fossem objeto de traccedilatildeo veicular Ainda
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eacute imperioso constar que neste ano houve a primeira menccedilatildeo em relaccedilatildeo a negativa de abandono
de animais natildeo humanos (BRASIL 1934)
No mesmo ano em que o Brasil recebia sua primeira norma legislativa em acircmbito
Municipal para a garantia dos direitos dos animais natildeo humanos em Portugal no dia 16 de
setembro o Decreto Lei de seu Coacutedigo Penal jaacute trazia direitos para os animais natildeo humanos
no qual jaacute foram previstas penalidades para aqueles que ferissem matassem envenenasse
abusassem ou viessem a causar quaisquer outros tipos de danos aos animais natildeo humanos assim
como jaacute traziam a vedaccedilatildeo aos maus-tratos desde sua primeira menccedilatildeo normativa Desta forma
demonstram um claro avanccedilo no campo legislativo em relaccedilatildeo aos direitos dos animais natildeo
humanos perante as leis brasileiras (PORGUTAL 1886) Posicionamento semelhante no Brasil
soacute se fez demonstrar presente no campo normativo deacutecadas depois com o Projeto de Lei nordm 631
de 2015 onde no Senado brasileiro se passou a discutir em julgados o impedimento de causar
dor a animais natildeo humanos se o motivo natildeo for plenamente justificaacutevel discutindo tambeacutem
sobre o que tange a guarda destes tratando pela primeira vez a nomenclatura direta para os
animais natildeo humanos como seres sencientes (BRASIL 2015b)
Ainda antes mesmo do Brasil ter desenvolvido qualquer lei no acircmbito nacional sobre os
direitos dos animais natildeo humanos Portugal (2001) jaacute inovava com suas leis no dia 12 de junho
onde foi assinado mais um Decreto Lei este trazendo uma nova vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos deveres
dos animais humanos em relaccedilatildeo aos animais natildeo humanos desta vez impedindo a carga
excessiva de trabalho aos quais estes satildeo expostos determinando tempo capacidade dentre
outros regramentos de maneira a proporcionar para os animais natildeo humanos utilizados para o
serviccedilo condiccedilotildees miacutenimas de subsistecircncia visando diminuir seu sofrimento e trazendo-lhes
maior dignidade (PORTUGAL 2001)
Voltando a tratar da legislaccedilatildeo do Brasil (1941) houve um lapso temporal de 7 anos
entre a ultima ediccedilatildeo de norma legal em relaccedilatildeo aacute proacutepria lei e 22 anos se contadas as leis
portuguesas No dia 03 de outubro o Brasil promulgou por meio do Decreto Lei nordm 3688 a Lei
das Contravenccedilotildees Penais onde trouxe entre seus artigos penalidades para aqueles que
submetessem agrave trabalho excessivo ou cruel a animais natildeo humanos oferecendo como
penalidades a prisatildeo simples e ou a multa ainda qualifica como criminosa a praacutetica de
experiecircncias crueacuteis ou que gerem dor aos animais natildeo humanos vivos mesmo que este seja
realizado com intuito didaacutetico ou cientiacutefico trazendo assim pela primeira vez no ordenamento
brasileiro vedaccedilotildees no campo cientiacutefico e de entretenimento de animais humanos (BRASIL
1941)
47
Ainda no tocante das leis brasileiras passaram-se vinte e seis anos ateacute que no dia 03 de
janeiro de 1967 foi promulgada a Lei Federal nordm 5197 o chamado Coacutedigo da Caccedila impedindo
que a fauna silvestre fosse de qualquer forma alvo de caccedila predatoacuteria ou caccedila para criaccedilatildeo em
cativeiro assim vedando ainda sua destruiccedilatildeo ou de seu habitat de forma a trazer garantias ateacute
entatildeo natildeo observadas nem na legislaccedilatildeo brasileira nem portuguesa da diversidade
continuidade e sobrevivecircncia de animais provindos da fauna nativa paacutetria (BRASIL 1967)
Contudo os legisladores agrave eacutepoca evidenciaram que haviam condiccedilotildees especiais onde as
peculiaridades regionais abriam uma brecha para a permissatildeo da caccedila destas espeacutecies
entretanto mesmo permitindo com ressalvas a caccedila nestas zonas especiais a comercializaccedilatildeo
destes animais natildeo humanos permaneceria terminantemente proibida assim como produtos
feitos com eles ou mesmo seus filhotes Para garantir o correto cumprimento deste coacutedigo
foram estipuladas sanccedilotildees para os que natildeo as observassem Como principal marco desta lei
demonstra-se o primeiro relato de inafianccedilabilidade para aquele que cometer crime contra
animais natildeo humanos (BRASIL 1967)
Doze anos depois ainda no Brasil (1979) se continuava a desenvolver leis para a
proteccedilatildeo dos direitos dos animais natildeo humanos de forma a demonstrar que estaacutevamos em um
periacuteodo de grande evoluccedilatildeo legislativa garantista aos direitos dos animais natildeo humanos por
meio da Lei nordm 6638 se tratariam novamente os regramentos do tema em relaccedilatildeo ao uso
cientiacutefico destes falando dos laboratoacuterios testes cliacutenicos uso para testes de medicamentos
dissertando ainda sobre a eutanaacutesia dos animais natildeo humanos Passaram-se trecircs anos ateacute a
criaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente no dia 31 de agosto de 1979 protegendo a
fauna brasileira e seu habitat de forma especiacutefica e direta tratando pela primeira vez daqueles
que causem poluiccedilatildeo (BRASIL 1981)
42 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO CONTEMPORAcircNEO
O criteacuterio de comparaccedilatildeo contemporacircnea tomou por base a Constituiccedilatildeo Federal
brasileira de 1988 momento em que houve pela primeira vez a inclusatildeo dos direitos dos animais
natildeo humanos dentro do sistema constitucional brasileiro no qual o artigo 225 se veio a condenar
todo aquele que viesse a proferir gestos de crueldade para contra os animais natildeo humanos
poreacutem ainda ressalvando a possibilidade de natildeo se considerar como cruel as praacuteticas
desportivas os movimentos culturais que se encontram registradas como parte integrante do
patrimocircnio cultural brasileiro (BRASIL 1988)
48
Ainda no corpo do texto constitucional foi normatizada a garantia ao ambiente
equilibrado a qualidade de vida por meio de controle social e puacuteblico para a manutenccedilatildeo da
diversidade do patrimocircnio geneacutetico nacional da fauna e flora na tentativa de barrar a evoluccedilatildeo
numeacuterica do quadro de seres vivos na lista de animais em extinccedilatildeo ou extintos de forma a
apresentar um diferencial por constar em sua Constituiccedilatildeo direitos aos animais natildeo humanos
em relaccedilatildeo a Portugal(BRASIL 1988)
Portugal (2001) soacute voltaria a discutir as leis relativas aos direitos dos animais natildeo
humanos dentro dos criteacuterios comparativos de contemporaneidade aqui estabelecidos no
seacuteculo que se seguiria uma vez que na Europa a Convenccedilatildeo Europeia para a Proteccedilatildeo dos
Animais de Companhia que promulgou o Decreto nordm 1393 onde trouxe para seu territoacuterio
vaacuterias leis que tratavam da fauna e da flora de animais natildeo humanos domeacutesticos e selvagens
mas tambeacutem ressalvando as peculiaridades de sua fauna exoacutetica vedando vaacuterios atos
normativos do dito decreto vindo a defender protegendo ainda natildeo soacute as espeacutecies presentes ao
tempo da lei mas como tambeacutem seus filhotes mesmo quando criados em cativeiro onde
normatizava a forma de reproduccedilatildeo os locais de alojamento dos mesmos para os fins de
comercializaccedilatildeo hospedagem ou ainda centros de recolhimento de animais natildeo humanos de
companhia (PORTUGAL 2001)
Portugal veio ainda a tratar do abandono da negligecircncia fiacutesica alimentar higiecircnica e da
manutenccedilatildeo das condiccedilotildees de sauacutede dos animais natildeo humanos trazendo a necessidade de
laudos veterinaacuterios para que sejam realizadas intervenccedilotildees corpoacutereas nestes como ao exemplo
de amputaccedilotildees garantindo sua integridade fiacutesica de forma a natildeo soacute englobar os direitos aos
animais natildeo humanos outrora garantidos pela Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 mas
ainda refletindo leis que somente seriam vistas no territoacuterio brasileiro vaacuterios anos depois
(PORTUGAL 2001)
No Brasil cinco anos depois que o Decreto nordm 1393 era promulgado em Portugal seria
tratado assunto semelhante por meio da Lei nordm 9605 com a proibiccedilatildeo de diversos tipos de
atividades para que contra a fauna brasileira como matar caccedilar perseguir apanhar estes tipos
de animais natildeo humanos abrindo a permissatildeo para alguns destes em casos especiacuteficos natildeo
excluindo deste a fauna estrangeira tambeacutem tratando da vedaccedilatildeo a poluiccedilatildeo ora que afeta a
fauna brasileira estrangeira e ainda os animais humanos (BRASIL 1998)
Dois anos depois ainda em Portugal (2003a) se poderia notar a preocupaccedilatildeo com os
direitos dos animais natildeo humanos natildeo soacute enquanto considerados de companhia mas tambeacutem
os selvagens e os caracterizados como perigosos pela modificaccedilatildeo do Decreto Lei nordm 2762001
para o Decreto Lei nordm 315 2003 por observar algo que ateacute entatildeo soacute havia sido observado entre
49
as duas legislaccedilotildees portuguesa e brasileira no tocante de ressalvas do artigo 225 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988ao se tratar da proibiccedilatildeo de atos crueacuteis contra animais natildeo
humanos mas permitindo em casos de peculiaridades culturais como supracitado no paraacutegrafo
que a este antecedeu Neste decreto Portugal abril ressalvas a regulamentaccedilatildeo no acircmbito da
aplicabilidade do diploma outrora recebido por sua legislaccedilatildeo das figuras normativas referentes
a fauna e flora selvagem e exoacutetica assim como aqueles que os seguirem por descendecircncia de
modo a permitir que dentro das caracteriacutesticas proacuteprias de cada regiatildeo estas tivessem
autonomia de leis (PORTUGAL 2003b) Ainda no mesmo vieacutes em Santa Catarina (2003) a
Lei Estadual nordm 12854 instituiu o Coacutedigo Estadual de Proteccedilatildeo Animal para vedar quaisquer
tipos de agressotildees contra animais natildeo humanos indiferentemente se silvestres de companhia
domeacutesticos ou que possam ser domesticaacuteveis (aqueles que por sua natureza natildeo satildeo
classificados como domeacutesticos mas que podem vir a ser ao exemplo de porcos) nativos ou
exoacuteticos gerando uma normatizaccedilatildeo para transporte mantenccedila abate e pesquisas
cientiacuteficolaboratoriais garantindo-lhes plenas condiccedilotildees de existecircncia (SANTA CATARINA
2003)
Ainda sobre o tema de utilizaccedilatildeo de animais natildeo humanos para fins cientiacuteficos a
Diretiva 201063EU recepcionada pelas leis portuguesas vem a proteger os animais natildeo
humanos para quando utilizados para estes fins normatizando as teacutecnicas utilizadas durantes as
experiecircncias a qual veio a restringir a occisatildeo (ato de matar um animal) somente quando natildeo
haacute outra opccedilatildeo vedando que sem motivo de grande relevacircncia e plenamente justificaacuteveis se
ponha em risco a biodiversidade dos animais natildeo humanos e ainda traz a necessidade de se
buscar formas substitutivas para tal uso cientiacutefico onde busca reduzir ao miacutenimo inevitaacutevel o
uso de animais natildeo humanos nestes casos (PORTUGAL 2010)
No que se fala de leis que regulamentam a proteccedilatildeo ao bem-estar dos animais natildeo
humanos durante o transporte dos mesmos em Portugal o Regulamento nordm 12005 tenta
minimizar quaisquer sofrimentos seja pelo cumprimento de suas necessidades baacutesicas como
alimentaccedilatildeo higiene assim como com os meios utilizados para este transporte de maneira a
evitar lesotildees violecircncia ou sofrimento (PORTUGAL 2005) Ainda sendo valoroso constar aqui
a Lei nordm 9295 que aleacutem de ser por si soacute a Lei de Proteccedilatildeo aos Animais natildeo humanos a qual
veda quaisquer tipos de aferimento de dor sofrimento requisito de exigir mais do que a
capacidade do animal natildeo humano ainda veio a regulamentar a permissatildeo expressa de
transporte de animais natildeo humanos em transportes puacuteblicos seja para garantia da obrigaccedilatildeo
prevista a mesma lei de socorro aos animais natildeo humanos seja por comodidade ressalvando
50
que para tanto o animal natildeo humano deve estar devidamente condicionado em meio proacuteprio
sem apresentar aos demais riscos fiacutesicos a sua sauacutede ou higiene (PORTUGAL 1995)
Eacute imperioso citar o grande diferencial entre as legislaccedilotildees brasileira e portuguesa que se
fez surgir em Portugal ainda em 2003 quando por meio do Decreto-Lei n 3132003 foi criado
o sistema de cadastro e identificaccedilatildeo eletrocircnica de catildees e gatos natildeo soacute permitindo um melhor
controle estatal sobre o abandono como tambeacutem sobre as bases sanitaacuterias e controle
populacional destes animais natildeo humanos uma vez que devem constar desde informaccedilotildees
baacutesicas sobre o animal natildeo humano como nome raccedila idade e sexo ou ainda sobre seu
proprietaacuterio como nome endereccedilo contato mas ainda as vacinas que este individuo recebeu
no passar de sua vida se eacute ou natildeo castrado ainda obrigando a atualizaccedilatildeo perioacutedica dos dados
medida esta que no Brasil muito jaacute se discutiu regulamentar mas que nunca chegou a ter uma
normatizaccedilatildeo para com as leis (PORTUGAL 2003a)Este posicionamento foi reforccedilado pela
implementaccedilatildeo do Decreto Lei nordm 822019 ao criar o SIAC tornando mais rigorosos os criteacuterios
e penalidades relativas ao registro e atualizaccedilatildeo do cadastro dos animais natildeo humanos
(PORTUGAL 2019b)
Jaacute no Brasil o Coacutedigo Civil de 2002 classificou por meio de nova hermenecircutica ao
artigo 82 onde se definiam os animais natildeo humanos como coisas como somente bens agora
se passou a entender estes como seres semoventes por serem bens de capacidade a serem
suscetiacuteveis de movimentaccedilatildeo proacutepria assim permaneceu com a consolidaccedilatildeo do Coacutedigo de
Processo Civil de 2015 Poreacutem devido a sua capacidade de sofrer de sentir dor tornaram-se
perante o sistema normativo brasileiro dignos da nomenclatura de seres viventes seres
sencientes aqueles que pela sua condiccedilatildeo bioloacutegica chegando ao tocante de acordo com
Cardoso (2007) de seres aptos a terem sua personalidade juriacutedica discutida ora que no passado
outros como escravos e crianccedilas natildeo tinham essa personalidade levantada mas agora tem
Da mesma forma dever-se-ia permitir que tal condiccedilatildeo fosse levada a pauta de discussatildeo
normativa mesmo que natildeo possuindo faculdades mentais de plena comparaccedilatildeo as dos animais
humanos tampouco as crianccedilas e os escravos os tinham perante a lei no passado de forma que
na contemporaneidade ateacute aquele que tenha comprovadamente suas faculdades mentais
consideradas inaptas a autonomia de querer ainda sim possuem personalidade juriacutedica deveres
e direitos uma vez que satildeo capazes de sofrer de sentir de passar fome ainda que natildeo consigam
expressar essas condiccedilotildees de forma clara e linguisticamente padronizados resultado no fato de
que natildeo eacute a capacidade de raciocinar capacidade cognitiva ou ainda de comunicativa o requisito
para a arguiccedilatildeo de sua personalidade juriacutedica (CARDOSO 2007) Jaacute em Portugal a
compreensatildeo e caracterizaccedilatildeo dos animais natildeo humanos como seres sencientes estaacute expresso
51
desde 2017 deixando de serem classificados no rol de coisas por meio da Lei nordm 82017
(PORTUGAL 2017b)
No mesmo ano em que Cardoso (2007) tratava doutrinalmente da personalidade juriacutedica
dos animais natildeo humanos no Brasil em Portugal com a promulgaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm
742007 discutia de forma consagrada o direito de acesso de pessoas portadoras de deficiecircncia
visual que se fazem acompanhar de catildeo-guia a locais transportes e estabelecimentos puacuteblicos
direito este que no Brasil foi inserido no sistema normativo brasileiro em 2005 por meio da Lei
nordm 1112605 mas que soacute se consagrou pela redaccedilatildeo a esta proferida pela Lei nordm 131462015
Jaacute no Brasil sobre este tema com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 1112605 futuramente alterada e
devidamente implementada no sistema normativo brasileiro pela Lei nordm 131462015 veio de
modo a garantir o mesmo direito em territoacuterio nacional agraves pessoas humanas que sejam
portadoras de deficiecircncia visual e sejam acompanhadas de catildees-guia (BRASIL 2015a)
43 COMPARATIVO DOS JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO
HUMANOS BRASIL X PORTUGAL
Quando se trata da possibilidade jurisprudencial da discussatildeo em relaccedilatildeo a guarda de
animais natildeo humanos enquanto envolvidos em processos de separaccedilatildeo divoacutercio ou dissoluccedilatildeo
de relacionamentos no Brasil foi discutido pelo Ministro Luis Felipo Salomatildeo (2018) o tema
partindo do paracircmetro dos fins sociais ora vez de natildeo se tratar de um bem inanimado como
seria o caso da partilha dos bens entatildeo perante o caso concreto a lide formal da guarda de
animais natildeo humanos estendendo aos animais natildeo humanos a condiccedilatildeo de sujeito de direito
reconhecendo assim um terceiro gecircnero uma vez que se apresenta em relaccedilatildeo a evoluccedilatildeo da
proacutepria sociedade protegendo entatildeo as relaccedilotildees afetivas entre os animais natildeo humanos e
humanos Este posicionamento se reforccedilou com a decisatildeo da Juiacuteza de Direito da 3ordf Vara da
Famiacutelia de Joinville em 2019 ao erguer a necessidade de que os animais natildeo humanos tenham
modificado seu status normativo de coisa para uma categoria intermediaacuteria entre cosia e animais
humanos embasada pelo Projeto de Lei do Senado de nordm 31515 que visa alterar o artigo 82 do
Coacutedigo Civil (REIMER 2019)
No mesmo ano em Portugal se discutiu a mesma problemaacutetica onde ao ocorrer uma
separaccedilatildeo ambas as partes demonstraram interesse em contrair a guarda da cachorrinha outrora
de propriedade do casal mas que diferente do Brasil onde se discute a natureza juriacutedica dos
animais natildeo humanos para o tocante da discussatildeo de guarda em Portugal jaacute se tem legislaccedilatildeo
sobre o tema onde no Coacutedigo Civil portuguecircs (1966) em seu artigo 1793-A traz de forma
52
direta no que se fala de divoacutercio e guarda dos assim chamados animais de companhia
apontando os fatores que deveratildeo ser considerados para a decisatildeo judicial do ganho da guarda
onde ainda aponta que deveraacute ser levado em consideraccedilatildeo o bem-estar animal como uacuteltimo
criteacuterio para tal decisatildeo (CRISTOacuteVAtildeO 2019) Enquanto em Portugal como se pode observar
na afirmativa anterior jaacute haacute relato normativo dentro do Coacutedigo Civil portuguecircs de 1966 sobre
a regulamentaccedilatildeo para quando a disputa de guarda de animais natildeo humanos no Brasil tal tipo
de posicionamento ainda eacute inexistente apenas se fazendo constar por meio de um Projeto de
Lei o PLS 54218 para possibilitar criteacuterios de julgamento em casos de divoacutercios ou dissoluccedilatildeo
de uniatildeo estaacutevel de maneira que se quando aprovado alteraria o Coacutedigo de Processo Civil
brasileiro entretanto se for aprovado natildeo estabeleceria o bem-estar animal apenas como
ultimo fator para a determinaccedilatildeo de com quem deveria se manter a guarda como eacute atualmente
em Portugal mas sim como um criteacuterio essencial para tal decisatildeo (BRASIL 2018b)
44 UM COMPARATIVO ENTRE LEIS ESPECIAIS
Como se pode ler nos capiacutetulos dois e trecircs deste trabalho tanto Portugal quanto o Brasil
jaacute tratam da vedaccedilatildeo do uso de animais natildeo humanos nos testes para a produccedilatildeo de cosmeacuteticos
produtos de perfumaria higiene dentre outros poreacutem enquanto em Portugal esta vedaccedilatildeo jaacute
se encontra devidamente celebrada desde o datar de 30 de novembro de 2009 por meio do
Regulamento nordm 12232009 onde a Uniatildeo Europeia veio a regulamentar como deveriam ser
realizados os testes em animais natildeo humanos estabelecendo o desenvolvimento de teacutecnicas
substitutivas para o uso de animais natildeo humanos nos supracitados testes Estabelecendo ainda
limites nos anos de 2009 e 2013 para o fim da comercializaccedilatildeo de bens esteacuteticos que tivessem
em seus compostos ingredientes testados em animais natildeo humanos e os testes em animais em
si respectivamente (PORTUGAL 2009c) No Brasil tal espeacutecie de proibiccedilatildeo somente se daacute
por meio de Projetos de Lei estadual como o Projeto de Lei nordm 552017 que visa proibir os
testes em animais natildeo humanos no territoacuterio catarinense prevendo sanccedilotildees tanto para
instituiccedilotildees quanto para animais humanos que descumpram os termos da lei o presente Projeto
de lei aguarda atualmente sanccedilatildeo estadual (SANTA CATARINA 2020)
Em Portugal eacute possiacutevel observar uma evoluccedilatildeo contiacutenua sobre as legislaccedilotildees de direito
de animais natildeo humanos como apresentado por exemplo pela Resoluccedilatildeo nordm 202018 que
incentiva a constituiccedilatildeo de grupos de trabalho para que se busque diminuir os maus-tratos
levantados contras os animais natildeo humanos viacutetimas de acumulaccedilatildeo conhecida como Siacutendrome
de Noeacute (MACHADO 2020) assim como com a Lei nordm392020 que criou um regime
53
sancionatoacuterio aos crimes proferidos contra os animais de companhia e ocasionando na alteraccedilatildeo
do Coacutedigo Penal e do Coacutedigo de Processo Civil portuguecircs trazendo entre outros a possibilidade
de instauraccedilatildeo de processos crimes para investigar suspeitas relatos e denuacutencias de maus-tratos
negligecircncia ou qualquer outra accedilatildeo que faccedila impedir o bem-estar de animais de companhia em
Portugal assim como estabelecendo a possibilidade de exame de corpo de delito sobre tais
crimes contra os animais natildeo humanos ainda declarando como crime a ocultaccedilatildeo de provas
animais natildeo humanos ou qualquer outro meio que venha a atrapalhar o devido processo
investigativo de forma a prever a busca e apreensatildeo para a garantia da devida investigaccedilatildeo
trazendo para aqui a figura do depositaacuterio fiel (PORTUGAL 2020a)
Jaacute no Brasil percebe-se um risco iminente de acontecer um retrocesso no campo
normativo relativo aos direitos do animais natildeo humanos como o que ocorre com a Lei nordm
2172019 o Coacutedigo de Proteccedilatildeo e bem-estar animal que veda que a sociedade propicie
alimentaccedilatildeo aacutegua cuidados com a sauacutede higiene dentre outros quando em vias puacuteblicas
constituindo que a mantenccedila do bem-estar animal por meio da sociedade enquanto natildeo Estado
seja caracterizada como infraccedilatildeo legal (CURITIBANOS 2019)
Da mesma forma o Projeto de Lei nordm 722020 de Penha como arguido por Moreira
(2020) aparece como uma lei temeraacuteria ora que prevecirc multar e penalizar os tutores de
cachorros que importunarem o sossego sendo uma consequecircncia clara para a tentativa de
impedir as sanccedilotildees desta lei a implementaccedilatildeo de meios a impedir os latidosEsta iniciativa pode
trazer ocorrecircncias de maus-tratos seja pelo uso de equipamentos anti-latido pela secccedilatildeo das
cordas vocais dos cachorros ou ainda outras puniccedilotildees mais agravadas em caso seu proprietaacuterio
venha a ser punido pelo fato de seus cachorros latirem (PENHA 2020)
Em contraponto eacute possiacutevel observar no Regulamento nordm 1523007 do Parlamento
Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia que foi recebido pelo sistema normativo portuguecircs
no qual para a garantia do bem-estar tanto de catildees e gatos quanto da sociedade em si vedou
expressamente a comercializaccedilatildeo exportaccedilatildeo ou importaccedilatildeo de qualquer tipo de material ou
produto que tenha em sua composiccedilatildeo pele de gato ou de cachorroTraz ainda no corpo do texto
legal sanccedilotildees mais graviacutedicas em relaccedilatildeo a todos que se envolvam de forma direta indireta
tentada ou consumada ou ainda que sabendo natildeo veia a denunciar ou impedir lutas entre animais
natildeo humanos (PORTUGAL 2007b)
Felizmente observa-se que em caminho contraacuterio ao Projeto de Lei nordm 722020 e a Lei
nordm 2172019 o Projeto de Lei nordm 6312015 busca alterar a redaccedilatildeo do artigo 32 da Lei nordm
960598 onde busca vedar sem motivos justificaacuteveis proferir dor lesatildeo ou sofrimento aos
animais natildeo humanos ressaltando neste ponto a tentativa de se classificar o tratamento dado
54
aos animais natildeo humanos agora como seres sencientes (BRASIL2019) devendo-se constar
que o artigo 82 do Coacutedigo Civil brasileiro caracteriza de forma normativa os animais natildeo
humanos como coisas e sobre a nova hermenecircutica o tratamento juriacutedico destes busca a
compreensatildeo como sencientes (BRASIL 2002) posicionamento este que em Santa Catarina jaacute
se fez constar pela Lei nordm 17485 (SANTA CATARINA 2018)
Em Portugal por meio da Lei nordm 3152009 foram criados ditames regrativos para em
quanto a especificidade de animais natildeo humanos que sejam devido a sua natureza sua
caracterizaccedilatildeo de selvagem sua espeacutecie ou ainda condiccedilotildees especiais caracterizados como
perigosos ou potencialmente estabelecendo diretrizes para a mantenccedila criaccedilatildeo interaccedilatildeo para
com outros seres vivos sejam estes animais humanos ou natildeo humanos enquanto se apresentem
de forma direta ou indireta como animais de companhia infelizmente no Brasil natildeo se pode
observar regramento especificamente da mesma forma (PORTUGAL 2009b)
Assim no presente capiacutetulo foi realizada uma anaacutelise comparativa da evoluccedilatildeo histoacuterica
legislativa dos direitos dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo brasileira e portuguesa
ateacute a contemporaneidade do estado atual de seus direitos incluindo julgados projetos de lei
suacutemulas sem deixar de constar ateacute retrocessos legislativos dos direitos em questatildeo
55
5 CONCLUSAtildeO
Com o presente trabalho se pode chegar a conclusatildeo que haacute uma lenta evoluccedilatildeo no
tocante dos direitos dos animais natildeo humanos no ordenamento brasileiro em comparaccedilatildeo com
a legislaccedilatildeo portuguesa ora que por muitas vezes o sistema normativo brasileiro se fez valer
de semelhantes posicionamentos legais para com seu paiacutes irmatildeo somente apoacutes um consideraacutevel
lapso temporal ressalvando-se o fato de grande relevacircncia em que nesta comparaccedilatildeo se pode
observar que apenas o Brasil apresenta garantias aos direitos dos animais natildeo humanos dentro
do seu corpo constitucional
O Brasil enquanto comparado aPortugalaquele que se tem reciprocidade de tratamento
ainda se apresenta com pouca atenccedilatildeo sobre o tema destes direitos ora quepor muito tempo natildeo
considerouos animais natildeo humanos como dignos de direito agrave liberdade agrave integridade fiacutesica e o
mais grave o simples e mais essencial o direito a vida
No campo normativo sobre as disputas de guarda de animais natildeo humanos o Brasil
ainda se encontra muito atrasado com relaccedilatildeo aos regimentos legais ora que enquanto em
Portugal esta lide jaacute estaacute determinada perante um artigo do Coacutedigo Civil de 1966 mesmo
queconstando que tal regra normativacoloca o bem-estar dos ditos animais de companhia
somente como uacuteltimo fator para ser considerado em lides de divoacutercios e separaccedilotildees no Brasil
ainda natildeo haacute nota normativa alguma sobre o assunto apenas jurisprudecircncia e Projeto de Lei
demonstrando uma clara falta de embasamento legal para a resoluccedilatildeo das lides neste sentido
poreacutem apresenta uma inovaccedilatildeo para com o seu paiacutes irmatildeo onde em caso de aprovaccedilatildeo do
Projeto de Lei nordm 54218 sem modificaccedilotildees o bem-estar dos animais natildeo humanos seraacute
considerado como fator essencial para a decisatildeo de quem receberaacute judicialmente a guarda do
animal de estimaccedilatildeo
Ainda se pode observar que as normas brasileiras de direitos dos animais natildeo humanos
ao contraacuterio de Portugal por muitas vezes partem de leis estaduais e municipais para depois se
consagrarem no campo federativo tanto que se pode observar incongruecircncias em leis estaduais
e municipais que se apresentam em desacordo com a norma paacutetria causando um retrocesso
legal para com os direitos dos animais natildeo humanos fato este natildeo observado no sistema
normativo portuguecircsMuito provavelmente porque neste os direitos dos animais natildeo humanos
estarem por muitas vertentes garantidos dentro da Convenccedilatildeo Europeia que aleacutem de trazer
regulamentaccedilotildees sobre o tema ainda fiscaliza sua correta aplicaccedilatildeo legislativa
No mesmo tocante enquanto em Portugal os animais natildeo humanos jaacute satildeo tratados de
forma distinta de coisas tanto pela hermenecircutica quanto pela escrita literal das leis onde desde
56
2017 jaacute natildeo satildeo tratados dentro do rol coisas mas sim recebendo a nomenclatura e classificaccedilatildeo
como seres sencientes no paccedilo em que no Brasil semelhante posicionamento atualmente se
encontra tatildeo somente de forma doutrinaacuteria e em sugestotildees de julgados de lides que envolvem
os animais natildeo humanos de forma a ter propiciado a instauraccedilatildeo do Projeto de Leinordm 631 de
2015 que vem a tentar trazer o mesmo tratamento de nomenclatura e classificaccedilatildeo do jaacute
instaurado em Portugal
Ao fim do processo de pesquisa do presente trabalho a pesquisadora observou a
importacircncia de um futuro estudo relativo aos direitos dos animais natildeo humanos no que tange a
Ameacuterica Latina com o intuito de resgatar a evoluccedilatildeo destes direitos dentro do Mercosul tanto
por haver um livre transito entre os paiacuteses afiliados instigando interesse em se conhecer
maissobre a relaccedilatildeo e autonomia de cada paiacutes membrosobre estes direitos conjunto das leis que
se compartilham quanto pela proximidade de suas fronteiras onde a fauna e flora se misturam
vez que ao desenvolver esta pesquisa foi observada uma evoluccedilatildeo relevante nos direitos dos
animais natildeo humanos em Portugal por meio da Convenccedilatildeo Europeia erguendo a curiosidade
para descobrir se dentro no Mercosul poderia ocorrer fato semelhante em relaccedilatildeo as leis
brasileiras
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TERMO DE ISENCcedilAtildeO DE RESPONSABILIDADE
DIREITO DOS ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
UMA ANAacuteLISE COMPARATIVA ENTRE OORDENAMENTO BRASILEIRO E
PORTUGUEcircS
Declaro para todos os fins de direito que assumo total responsabilidade pelo aporte
ideoloacutegico e referencial conferido ao presente trabalho isentando a Universidade do Sul de
Santa Catarina a Coordenaccedilatildeo do Curso de Direito a Banca Examinadora e o Orientador de
todo e qualquer reflexo acerca deste Trabalho de Conclusatildeo de Curso
Estou ciente de que poderei responder administrativa civil e criminalmente em caso
de plaacutegio comprovado do trabalho monograacutefico
Florianoacutepolis 20 de novembro de 2020
____________________________________
ALINE BRAUNSPERGER OCAMPO MOREacute
Dedico o presente trabalho aos meus pais e
orientadora pelo carinho afeto dedicaccedilatildeo
cuidado e preocupaccedilatildeo diaacuterios que me
aguentaram e reergueram dia apoacutes dia na
jornada tortuosa que minha vida tomou A forccedila
que me dispensaram assim como abdicaccedilotildees
para me possibilitar seguir a diante e alcanccedilar o
que em muitos momentos achei impossiacutevel
Serei eternamente grata por tudo
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiro a minha Famiacutelia pelo esforccedilo investido na minha educaccedilatildeo e por ter
me mantido na trilha natildeo permitido que eu desviasse ou desistisse do meu sonho para com o
curso de Direito quando no meio de um turbilhatildeo de duacutevidas provindas da minha sauacutede unida
ao atual estado que vivemos da pandemia do COVID-19 me apoiando e reerguendo dia apoacutes
dia durante este projeto de pesquisa me conduzindo ateacute o final
Sou extremamente grata agrave minha orientadora pela confianccedila depositada no meu projeto
no momento que me tomou como orientanda que como ela mesma afirmou durante este
semestre me herdou para orientaccedilatildeo me incentivando me motivando com sua dedicaccedilatildeo
sempre presente para que eu pudesse alcanccedilar o objetivo de entregar o TCC da forma mais
digna me dando palavras de apoio consolo e sabedoria a cada etapa
Deixo ainda um agradecimento aos meus amigos de perto e de longe que escutavam
meus lamentos minhas angustias e temores em relaccedilatildeo ao temor de natildeo entregar um trabalho a
altura a importacircncia do tema
Tambeacutem quero agradecer agrave Universidade do Sul de Santa Catarina UNISUL assim
como a todos os professores que fizeram parte dessa louca jornada acadecircmica que foi o curso
de direito nestes quatro anos que se seguiram com empenho e elevada qualidade de ensino
oferecido assim como entendendo e aceitando minhas peculiaridades no transcorrer destes
anos
ldquoSou a favor do direito dos animais como o direito dos humanos Esse eacute o
caminho de um ser humano completordquo Abraham Lincoln
RESUMO
O estudo aqui proposto possui como base central fazer uma anaacutelise comparativa entre o direito
dos animais natildeo humanos dentro do campo legislativo brasileiro e portuguecircs no contexto
histoacuterico e no cenaacuterio atual Para tanto foi utilizado o meacutetodo monograacutefico comparativo de
abordagem dedutiva por meio de pesquisas bibliograacuteficas e documentais analisando as leis
projetos de lei a Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 Suacutemulas CoacutedigosCivis
CoacutedigosPenais Coacutedigos de Processo Penal Tratados Internacionais Convenccedilotildees
Internacionais doutrinas julgados e jurisprudecircncias dos dois paiacuteses Tendo como objetivo geral
compor uma linha de anaacutelise de direito comparado para tentar descobrir se haacute uma evoluccedilatildeo no
campo dos direitos dos animais natildeo humanos dentro dos sistemas normativos brasileiro e
portuguecircs Portanto a presente pesquisa visa responder agrave pergunta se aacute uma evoluccedilatildeo das leis
brasileiras quando comparadas as leis portuguesas sobre o tocante do direito dos animais natildeo
humanos Chegando agrave conclusatildeo que o Brasil se encontra um tanto estagnado neste assunto
quando comparado a Portugal se tratando da evoluccedilatildeo dos direitos dos animais natildeo humanos
dentro do seu sistema normativo
Palavras-chave Direito brasileiro dos animais Direito portuguecircs dos animais Bem-estar
animal Direito comparado
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 9
2 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA 12
21 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS 12
22 LEGISLACcedilAtildeO PAacuteTRIACONTEMPORAcircNEA 15
23 ANAacuteLISE SOBRE A LEI 2172019 DO MUNICIacutePIO DE CURITIBANOSSC 21
24 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 722020 DE PENHASC 22
25 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 552017 DE PROIBICcedilAtildeO DE USO DE ANIMAIS EM
TESTES DE COSMEacuteTICOS 22
26 JULGADOS SOBRE A GUARDA ANIMAL E PROJETOS LEIS 24
3 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA 29
31 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS 29
32 LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA CONTEMPORAcircNEA 32
33 ANAacuteLISE LEI Nordm 9295 37
34 ANAacuteLISE IMPLEMENTACcedilAtildeO LEI Nordm 392020 39
35 JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO HUMANOS EM PORTUGAL40
4 COMPARACcedilAtildeO DAS LEGISLACcedilOtildeES BRASILEIRA E PORTUGUESA 44
41 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO HISTOacuteRICO 45
42 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO CONTEMPORAcircNEO 47
43 COMPARATIVO DOS JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO
HUMANOS BRASIL X PORTUGAL 51
44 UM COMPARATIVO ENTRE LEIS ESPECIAIS 52
5 CONCLUSAtildeO 55
REFEREcircNCIAS 57
9
1 INTRODUCcedilAtildeO
O presente trabalho monograacutefico foi desenvolvido com o intuito de trazer um compilado
de legislaccedilotildees normas jurisprudecircncias julgados e doutrinas por uma seleccedilatildeo qualitativa em
relaccedilatildeo ao direito dos animais natildeo humanos numa comparaccedilatildeo entre o estado legal do Brasil e
Portugal De forma que a pesquisadora optou por apresentar os dados mais relevantes e
marcantes sobre o tema como ferramenta de seleccedilatildeo da mesma forma que trouxe leis estaduais
e municipais de Santa Catarina por ser o local de desenvolvimento fiacutesico e moradia da mesma
Sendo este trabalho baseado no meacutetodo de abordagem dedutivo meacutetodo de
procedimento comparativo e teacutecnicas de pesquisa bibliograacutefica e documental abordando uma
pesquisa de direito comparado de documentos entre as legislaccedilotildees brasileira e portuguesa em
conjunto com a apresentaccedilatildeo e anaacutelise de algumas doutrinas julgados e projetos de leidos dois
paiacuteses sobre o tema Busca assim estudar e analisar a evoluccedilatildeo legal dos direitos dos animais
natildeo humanos pelo vieacutes comparativo das legislaccedilotildees brasileira e portuguesa De maneira a buscar
resolver a questatildeo ldquoQuais os contrastes evolutivos dos direitos dos animais natildeo humanos no
ordenamento brasileiro em comparaccedilatildeo com a legislaccedilatildeo de Portugalrdquo
O objetivo geral deste trabalho deste trabalho compor uma linha de anaacutelise da evoluccedilatildeo
dos paracircmetros legaisconstitucionais dos animais natildeo humanos entre os supracitados
ordenamentos e como objetivos especiacuteficos de apresentar a evoluccedilatildeo histoacuterica normativa entre
os dois paiacuteses apresentar o estado atual das legislaccedilotildees dos dois paiacuteses identificar dentro de
suas legislaccedilotildees algumas jurisprudecircncias o incremento no tratamento juriacutedico dispensado aos
animais natildeo humanos assim comocomparar a atual legislaccedilatildeo brasileira perante a portuguesa
no tocante do direito dos animais natildeo humanos
Justifica-se a seleccedilatildeo deste tema como base para estudo pela crescente luta para a
conquista de direitos individuais e coletivos na contemporaneidade onde se tem combatido
diversos entendimentos legais no campo legal brasileiro renovando valores conhecimentos
ateacute a proacutepria consciecircncia sobre a participaccedilatildeo inclusatildeo e relevacircncia dos animais natildeo humanos
dentro das unidades familiares convivecircncia social e ateacute sua abrangente inclusatildeo no mercado de
trabalho De maneira que o avanccedilo legal comparada no Brasil e Portugal instigou a curiosidade
da pesquisadora perante os novos aspectos constitucionais e no campo do direito e a eminente
importacircncia da compreensatildeo da aplicabilidade e hermenecircutica das leis projetos de leis e de
emendas constitucionais conjunto com o conhecimento arguido pela pesquisadora durante os
anos em que cursou a graduaccedilatildeo em medicina veterinaacuteria onde a importacircncia do maior
reconhecimento destes direitos lhe ficou clara onde a relevacircncia do tema para o contexto
10
contemporacircneo da sociedade dentro dos atuais e futuros julgados em funccedilatildeo dos diversos
debates que tem gerado dentro e fora dos tribunais acerca do tema dos direitos da capacidade
ateacute da guarda e tutela dos animais natildeo humanos
Este trabalho esperase apresentar como uma fonte de pesquisa incentivo reanaacutelise e
com o intuito de instigar novos posicionamentos juriacutedicocriacuteticos sobre o cenaacuterio atual da
participaccedilatildeo dos animais natildeo humanos dentro da sociedade possibilitando uma nova
consciecircncia para com o tema demonstrando os obstaacuteculos legais que ainda temos pela frente
quando em comparaccedilatildeo com o mesmo cenaacuterio portuguecircs
No segundo capiacutetulo deste trabalho eacute apresentada a evoluccedilatildeo histoacuterica da legislaccedilatildeo do
sistema normativo julgados e projetos de lei desde o primeiro relato em lei a favor do direito
dos animais natildeo humanos dentro do sistema normativo brasileiro passando pela constituiccedilatildeo
de 1988 decretos lei o Coacutedigo Civil (CC) o Coacutedigo de Processo Civil (CPC) o Coacutedigo Penal
(CP) a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro da constituiccedilatildeo e coacutedigos nacionais
leis municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma abrangente
anaacutelise sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do
territoacuterio brasileiro
No terceiro capiacutetulo deste trabalho se apresenta a evoluccedilatildeo histoacuterica da legislaccedilatildeo do
sistema normativo e julgados desde o primeiro relato em lei a favor do direito dos animais natildeo
humanos dentro do sistema normativo portuguecircs passando por decretos lei o Coacutedigo Civil
(CC) o Coacutedigo de Processo Civil (CPC) o Coacutedigo Penal (CP) Coacutedigo de Processo Penal
(CPP) a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro dos coacutedigos nacionais oacutergatildeos
reguladores dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do territoacuterio portuguecircs leis e licenccedilas
municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma abrangente anaacutelise
sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do territoacuterio
portuguecircs
No quarto capiacutetulo deste trabalho se apresenta um anaacutelise comparativa sobre a evoluccedilatildeo
histoacuterica das legislaccedilotildees de seus sistemas normativos e julgados desde os primeiros relatos
regimentais a favor do direito dos animais natildeo humanos dentro de seus sistemas normativos
passando por decretos lei o Coacutedigo Civil o Coacutedigo de Processo Civil o Coacutedigo Penal Coacutedigo
de Processo Penal a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro dos coacutedigos nacionais
leis e licenccedilas municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma
11
abrangente anaacutelise sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos de
forma comparativa dentro do territoacuterio brasileiro e portuguecircs
12
2 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA
Neste capiacutetulo tem-se como objetivo trazer de forma sucinta a evoluccedilatildeo histoacuterica no que
tange o direito dos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo do Brasil trazendo para isto as proacuteprias
leis assim como relatos bibliograacuteficos sobre o tema
21 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
O primeiro relato normativo brasileiro direcionado aos direitos dos animais natildeo
humanos no dia 6 de outubro de 1886 no Coacutedigo de Posturas do Municiacutepio de Satildeo Paulo que
trouxe no seu artigo 220 a primeira norma de proibiccedilatildeo de crueldade contra animais natildeo
humanos ldquoEacute proibido a todo cocheiro ou condutor de carroccedila maltratar animais com castigos
baacuterbaros e imoderados disposiccedilatildeo essa que se aplica aos ferradoresrdquo sendo assim um marco
inicial histoacuterico nacional para a luta por estes direitos(SAtildeO PAULO 1886)
Jaacute no tangente de legislaccedilatildeo na esfera nacional somente no dia 10 de julho de 1934
ocorreu o primeiro registro normativo visando a algum tipo de proteccedilatildeo perante os animais natildeo
humanos o Decreto Lei nordm 24645 oficializado por Getuacutelio Vargas definindo a
responsabilidade do Estado de tutelar todos os animais existentes trazendo ainda a primeira
sansatildeo em relaccedilatildeo aos matildeos tratos em seu artigo 2ordm ldquoAquele que em lugar puacuteblico ou privado
aplicar ou fizer aplicar maus-tratos aos animas incorreraacute em multa de 20$000 a 500$000 e na
pena de prisatildeo celular de 2 a 15 dias quer o delinquente seja ou natildeo o respectivo proprietaacuterio
sem prejuiacutezo da accedilatildeo civil que possa caberrdquo tendo sido o rompimento de uma fronteira em
relaccedilatildeo agrave compreensatildeo da vedaccedilatildeo aos matildeos tratos de forma direta ou indireta praticando ou
fazendo praticar sendo ou natildeo proprietaacuterio do animal natildeo humano de forma a demonstrar que
todos os animais natildeo humanos merecem respeito trazendo ainda em seus paraacutegrafos a
possibilidade de maiores sanccedilotildees como ateacute a apreensatildeo ou confisco do animal natildeo humano que
for alvo de qualquer tipo de maus-tratos em seu artigo 14 ainda busca pela primeira vez
penalizar aquele que causa a morte destes oferecendo pena em dobro se a este ponto chegar ou
for reincidente de acordo com o artigo 15 como tambeacutem a quem cabe sua aplicaccedilatildeo pelo artigo
12 atribuindo tal encargo a poliacutecia ou autoridade municipal cabendo esta se verificar a
gravidade do delito vale constar o sect3ordm no mesmo artigo ldquoOs animais seratildeo assistidos em juiacutezo
pelos representantes do Ministeacuterio Puacuteblico seus substitutos legas e pelos membros das
sociedades protetoras dos animaisrdquo reforccedilando a responsabilidade do Estado perante a garantia
13
dos direitos dos animais natildeo humanos No transcorrer de seus artigos o Decreto caracteriza o
que se enquadra como crueldade no seu artigo 3ordm como ao exemplo dos seus incisos XVI
XVIII XXI e XXV
XVI -fazer viajar um animal a peacute mais de 10 quilocircmetros sem lhe dar descanso ou
trabalhar mais de 6 horas contiacutenuas sem lhe dar aacutegua e alimento
XVIII - conduzir animais por qualquer meio de locomoccedilatildeo colocados de cabeccedila para
baixo de matildeos ou peacutes atados ou de qualquer outro modo que lhes produza sofrimento
XXI - deixar de ordenhar as vacas por mais de 24 horas quando utilizadas na
explorado do leite
XXV - engordar aves mecanicamente (BRASIL 1934)
Este decreto trouxe pela primeira vez regulamentaccedilotildees nacionais perante os animais natildeo
humanos no tangente laboral humano sendo reforccedilado tal posicionamento pelo texto dos
artigos 4ordm a 8ordm onde regula-se a utilizaccedilatildeo dos animais natildeo humanos em veiacuteculos ou outras
formas em que se faccedila utilizar a traccedilatildeo animal Jaacute no seu artigo 13 traz a primeira proibiccedilatildeo
direta ao abandono de animal ainda traz ressalvado em seu artigo 19 a revogaccedilatildeo de qualquer
tipo de ordenamento ao contraacuterio do que o Decreto Lei expressa Mesmo sendo uma grande
evoluccedilatildeo para o direito dos animais natildeo humanos em relaccedilatildeo ao que o paiacutes tinha ateacute entatildeo o
artigo 17 ainda define animal como seres irracionais sem que a eles se apresente nenhum tipo
de possibilidade de compreensatildeo (BRASIL 1934)
Somente 7 anos depois em 03 de outubro de 1941 com a ediccedilatildeo da Lei das
Contravenccedilotildees Penais pelo Decreto Lei nordm 3688 o artigo 64 trouxe penas de prisatildeo e multa
ali ainda descrita em ldquoreacuteisrdquo
Art 64 Tratar animal com crueldade ou submetecirc-lo a trabalho excessivo
Pena ndash prisatildeo simples de dez dias a um mecircs ou multa de cem a quinhentos mil reacuteis
sect1ordm Na mesma pena incorre aquele que embora para fins didaacuteticos ou cientiacuteficos
realiza em lugar puacuteblico ou exposto ao puacuteblico experiecircncia dolorosa ou cruel em
animal vivo
sect2ordm Aplica-se a pena com aumento de metade se o animal eacute submetido a trabalho
excessivo ou tratado com crueldade em exibiccedilatildeo ou espetaacuteculo puacuteblico (BRASIL
1941)
Desta forma buscando pela primeira vez colocar limites normativos natildeo soacute para os
animais natildeo humanos utilizados para atividades laborativas mas tambeacutem no que se trata o uso
cientiacutefico destes assim como seu uso para exibiccedilatildeo e divertimento de animais humanos
(BRASIL 1941) Somente no dia 8 de maio de 1979 com a Lei Federal nordm 6638 seria retomado
o tema do uso cientiacutefico dos animais natildeo humanos de forma regulamentada normatizando os
bioteacuterios os centros de experiecircncias e demonstraccedilotildees dos animais natildeo humanos assim como
14
regulamentando o uso dos animais natildeo humanos para testes cliacutenicos medicamentosos dentre
outros teacutecnica esta conhecida como vivissecccedilatildeo assim como desde que por meio de indicaccedilatildeo
meacutedica permitindo a eutanaacutesia ou sacrifiacutecio animal pelos artigos 1ordm a 4ordm da presente Lei
trazendo em seus artigos subsequentes sanccedilotildees penais e interditoacuterias para todo aquele que a lei
desobservar assim como traz em seu artigo 8ordm a revogaccedilatildeo de quaisquer leis que a ela
contrariarem (BRASIL 1979)
O Superior Tribunal de Justiccedila decidiu na data de 31 de dezembro de 1969 por meio da
Suacutemula nordm 91 que ldquoCompete a Justiccedila Federal processar e julgar os crimes praticados contra a
faunardquo onde decidiu por arcar agrave Justiccedila Federal o julgamento relativo aos crimes cometidos
sobre a fauna brasileira tendo sido cancelada a Suacutemula em questatildeo na Sessatildeo do Superior
Tribunal de Justiccedila na data de 08 de novembro de 2000 da 3ordf seccedilatildeo sobre o nuacutemero de pauta
de julgamento LEGJUR 103326350091500 Desta forma com o cancelamento da Suacutemula nordm
91 do STJ acabou por ficar sobre a competecircncia reconhecida dos estados a competecircncia para
processar e julgar os crimes cometidos contra a fauna ressalvando se o dito crime se efetivar
sobre casos do crime ter sido realizado sobre fauna reconhecidamente de bem federal o
cancelamento da Suacutemula em questatildeo tambeacutem acarretou na suspenccedilatildeo do disposto no artigo 89
da Lei 900995 (BRASIL 2020)
A datar do dia 03 de janeiro de 1967 surgiu mais uma importante ferramenta para a
garantia dos direitos dos animais natildeo humanos com a promulgaccedilatildeo da Lei Federal nordm 5197 o
Coacutedigo de Caccedila sendo imprescindiacutevel a observaccedilatildeo de seu artigo 1ordm
Os animais de quaisquer espeacutecies em qualquer fase do seu desenvolvimento e que
vivem naturalmente fora do cativeiro constituindo a fauna silvestre bem como seus
ninhos abrigos e criadouros naturais satildeo propriedade do Estado sendo proibida a sua
utilizaccedilatildeo perseguiccedilatildeo destruiccedilatildeo caccedila ou apanha (BRASIL 1967)
Protegendo de maneira incontestaacutevel a fauna nativa brasileira garantindo a diversidade
a continuidade e a sobrevivecircncia de todos os tipos de animais natildeo humanos poreacutem ainda
permitindo em seus paraacutegrafos que hajam peculiaridades regionais para a permissatildeo agrave caccedila
Contudo veda completamente a comercializaccedilatildeo ou exportaccedilatildeo de qualquer forma de animais
natildeo humanos da fauna natural brasileira assim como de seus frutos em seus artigos 3ordm e 18
Trazendo sanccedilotildees penais para todos aqueles que descumprirem seus artigos nos artigos 27 a
31 e contemplando como autoridades responsaacuteveis pela fiscalizaccedilatildeo e aplicabilidade de tais
sanccedilotildees as mesmas indicadas no Coacutedigo de Processo Penal (CPP) de acordo com o seu artigo
15
32 assim como trazem pela primeira vez a inafianccedilabilidade dos crimes contra animais natildeo
humanos pelo seu artigo 34 (BRASIL 1967)
Jaacute por outro vieacutes no dia 31 de agosto de 1981 por meio da publicaccedilatildeo da Lei Federativa
nordm 6938 com a denominaccedilatildeo de A Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente os animais natildeo
humanos assim como seu habitat natural receberam uma grande melhoria nos seus direitos
assim como traz o artigo 15 ldquoO poluidor que expuser a perigo a incolumidade humana animal
ou vegetal ou estiver tornando mais grave a situaccedilatildeo de perigo existente fica sujeito agrave pena de
reclusatildeo de 1 (um) a 3 (trecircs) anos e multa de 100 (cem) a 1000 (mil) MVRrdquo findando a
primeira vedaccedilatildeo expressa por objeto normativo agrave poluiccedilatildeo que traga malfeitorias aos animais
natildeo humanos (BRASIL 1981)
22 LEGISLACcedilAtildeO PAacuteTRIACONTEMPORAcircNEA
No Brasil os animais comeccedilaram a ser considerados como dignos de direitos
constitucionais somentecom a promulgaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 em seu artigo 225 de
forma a condenar a crueldade contra os animais mesmo que ainda deixando uma lacuna em
seu sect7ordm
sect 7ordm Para fins do disposto na parte final do inciso VII do sect 1ordm deste artigo natildeo se
consideram crueacuteis as praacuteticas desportivas que utilizem animais desde que sejam
manifestaccedilotildees culturais conforme o sect 1ordm do art 215 desta Constituiccedilatildeo Federal
registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimocircnio cultural
brasileiro devendo ser regulamentadas por lei especiacutefica que assegure o bem-estar
dos animais envolvidos (BRASIL 1988)
No supracitado artigo ainda se pode ler sobre os direitos alcanccedilados pelos animais natildeo
humanos na constituiccedilatildeo federativa de 1988 onde garante agrave todos um meio ambiente
equilibrado qualidade de vida sendo de obrigaccedilatildeo tanto do poder puacuteblico quanto da
coletividade garantir defender preservar estes direitos para as presentes e futuras geraccedilotildees
para tanto aponta a necessidade de preservar a diversidade e integridade do patrimocircnio geneacutetico
do Brasil e sempre fiscalizando aqueles que com este material lida assim como a necessidade
de controlar a produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de teacutecnicas e produtos que sejam
potencialmente ou confirmadamente prejudiciais ou que gerem risco agrave vida ou sua qualidade
assim como para o meio ambiente demonstrando tambeacutem a indispensabilidade de poliacuteticas de
16
educaccedilatildeo ambiental disseminada por todos os niacuteveis educacionais para a preservaccedilatildeo do meio
ambiente (BRASIL 1988)
Da mesma forma prevecirc a obrigaccedilatildeo de defender a fauna e flora vedando expressamente
praacuteticas que as coloquem em risco sua funccedilatildeo ecoloacutegica que poderiam gerar extinccedilatildeo de
espeacutecies ou mesmo que submetam animais natildeo humanos a qualquer niacutevel de crueldade Deve-
se lembrar que tambeacutem traz a possibilidade de sanccedilotildees para aqueles pessoa fiacutesica ou juriacutedica
que violar estes direitos ora visto a fauna e flora nacional eacute caracterizada como patrimocircnio
nacional(BRASIL 1988)
Eacute de suma importacircncia observar que tal artigo soacute fez-se constar na constituiccedilatildeo de 1988
apoacutes a proclamaccedilatildeo da Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Animais feita pela UNESCO no ano
de 1978 No corpo do texto percebe-se a existecircncia do direito dos animais em funccedilatildeo aos crimes
e desprezo cometidos contra os animais natildeo humanos em funccedilatildeo de uma coexistecircncia saudaacutevel
entre as espeacutecies no mundo jaacute que satildeo seres semelhantes como consta no preacircmbulo da mesma
declaraccedilatildeo (UNESCO 1978) Faz-se necessaacuterio citar alguns de seus artigos ldquoARTIGO 1
Todos os animais nascem iguais diante da vida e tecircm o mesmo direito agrave existecircnciardquo
demonstrando um posicionamento ao menos legal em relaccedilatildeo agrave igualdade e existecircncia dos
animais natildeo humanos como tambeacutem o artigo 2
a) Cada animal tem direito ao respeito b)O homem enquanto espeacutecie animal
natildeo pode atribuir-se o direito de exterminar os outros animais ou exploraacute-los
violando esse direito Ele tem o dever de colocar a sua consciecircncia a serviccedilo dos outros
animais c)Cada animal tem direito agrave consideraccedilatildeo agrave cura e agrave proteccedilatildeo do homem
(UNESCO 1978)
Onde traz obrigaccedilatildeo normativa de respeito dos animais humanos perante os animais natildeo
humanos manifestando o dever agrave consideraccedilatildeo e consciecircncia do primeiro em relaccedilatildeo ao
segundo vedando a exploraccedilatildeo dos mesmos da mesma maneira os artigos 4 e 5
ARTIGO 4 a) Cada animal que pertence a uma espeacutecie selvagem tem o direito de
viver livre no seu ambiente natural terrestre aeacutereo e aquaacutetico e tem o direito de
reproduzir-se b)A privaccedilatildeo da liberdade ainda que para fins educativos eacute contraacuteria
a este direito
ARTIGO 5 a)Cada animal pertencente a uma espeacutecie que vive habitualmente no
ambiente do homem tem o direito de viver e crescer segundo o ritmo e as condiccedilotildees
de vida e de liberdade que satildeo proacuteprias de sua espeacutecie b)Toda a modificaccedilatildeo imposta
pelo homem para fins mercantis eacute contraacuteria a esse direito(UNESCO 1978)
De forma a demonstrar aqui o direito agrave uma vida livre em ambiente adequado e propiacutecio
agrave reproduccedilatildeo garantindo assim a continuidade da fauna ldquoARTIGO 7 Cada animal que trabalha
17
tem o direito a uma razoaacutevel limitaccedilatildeo do tempo e intensidade do trabalho e a uma alimentaccedilatildeo
adequada e ao repousordquo revelando que os animais natildeo humanos assim como os humanos tem
direito de uma jornada digna de trabalho sem que com isso sejam explorados mais do que eacute
aceitaacutevel para uma vida adequada agraves suas condiccedilotildees fiacutesicas ldquoARTIGO 10 Nenhum animal
deve ser usado para divertimento do homem A exibiccedilatildeo dos animais e os espetaacuteculos que
utilizem animais satildeo incompatiacuteveis com a dignidade do animalrdquo expressando nitidamente que
os animais natildeo humanos natildeo satildeo brinquedos posse objeto para divertimento dos animais
humanos ora ponto serem animais que merecem respeitoagrave sua dignidade ldquoARTIGO 11 O ato
que leva agrave morte de um animal sem necessidade eacute um biociacutedio ou seja um crime contra a
vidardquo findando esta citaccedilatildeo pela clara declaraccedilatildeo de expressa vedaccedilatildeo ao assassinato dos
animais natildeo humanos sem que para isso haja um motivo vaacutelido e plenamente
justificaacutevel(UNESCO 1978)
Assim como Bruno Amaro Lacerda traz em sua obra Pessoa Dignidade e Justiccedila a
questatildeo dos direitos dos animais Eacutetica e Filosofia Poliacutetica animais natildeo humanos estatildeo em um
conviacutevio iacutentimo com os animais humanos de forma a em muitos casos criando viacutenculos afetivos
como um membro ativo no meio familiar ao ponto de ateacute ocorrerem lides em relaccedilatildeo a sua
tutela Da mesma forma quando se pensa sobre o que tange o ramo laboral os animais natildeo
humanos em muito foram e satildeo necessaacuterios para a continuidade de vaacuterias categorias de trabalho
(LACERDA 2012)
Eacute imperioso lembrar que no sistema normativo paacutetrio os animais natildeo humanos jaacute foram
considerados como coisas e tendo sua caracterizaccedilatildeo posteriormente alterada para bens
semoventes pelo Coacutedigo Civil ldquoArt 82 Satildeo moacuteveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio
ou de remoccedilatildeo por forccedila alheia sem alteraccedilatildeo da substacircncia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-
socialrdquo (BRASIL 2002)
Sobre o tema a classificaccedilatildeo juriacutedica dos animais natildeo humanos dentro do campo
normativo brasileiro Heron Santana Gordilho (2006) trata em seu trabalho ao apresentar o
fundamento moral da correta compreensatildeo das caracteriacutesticas e correta classificaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos para se romper os paradigmas atuais da caracterizaccedilatildeo dos animais natildeo
humanos comeccedila com uma reformulaccedilatildeo da proacutepria consciecircncia humana por se tratar nada
mais do que um padratildeo de compreensatildeo exclusivamente humano ora que se eacute haacutebil de notar
aos animais natildeo humanos a presenccedila de caracteriacutesticas tanto fiacutesicas quanto mentais que muito
se assemelham as apresentadas pelos animais humanos como se pode observar no trecho
retirado de sua obra
18
As ciecircncias empiacutericas tecircm descoberto habilidades linguiacutesticas nos grandes primatas
que acabaram por ter significativas implicaccedilotildees na teoria moral ao demonstrar que a
doutrina tradicional que vecirc a espeacutecie humana como seres ontologicamente distintos
dos animais eacute fundamentalmente falsa e inconsistente (GORDILHO 2006 p54)
Uma vez que segundo o Gordilho os animais natildeo humanos satildeo capazes de possuir
alguma razatildeo expondo que ldquoA diferenccedila especiacutefica do homem em relaccedilatildeo aos animais residiria
no fato de que apenas o homem tem conhecimento de si mesmo apenas ele eacute um ser pensante
pois sua realidade eacute idecircntica agrave sua idealidaderdquo (GORDILHO 2006 P 53) sem que para tanto
deixasse de constar que mesmo os animais humanos por muitas vezes vem a natildeo ter tal
capacidade diferenciadora (GORDILHO 2006)
Mesmo o artigo 82 natildeo tendo sofrido alteraccedilatildeo entre o Coacutedigo de Processo Civil de 2002
e o de 2015 o tratamento juriacutedico relativo aos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo vigente a
discussatildeo e hermenecircutica do supracitado artigo sofreu alteraccedilotildees em virtude de serem capazes
de sentir dor tornando-se assim como seres viventes o que nitidamente se difere de coisa como
apontado por Haydeeacute Fernanda Cardoso em 2007 ao questionar aquela que era a classificaccedilatildeo
dos animais natildeo humanos agrave sua eacutepoca
Natildeo se pode ver como coisa seres viventes pois tais elementos mostram a existecircncia
de vida natildeo apenas no plano moral e psiacutequico mas tambeacutem bioloacutegico mecacircnico como
podem alguns preferir e vice-versa
O conhecimento juriacutedico-dogmaacutetico hoje encontra-se ultrapassado natildeo apenas em
funccedilatildeo de animais considerados inteligentes mas sim em funccedilatildeo de seres sencientes
capazes de sentir cada um a seu modo e de individualizarem-se estabelecendo
relaccedilotildees sociais entre si ou com humanos constituindo-se velado e inadequado o
tratamento dispensado inclusive mostrando-se incompatiacutevel com os proacuteprios fins
deste Direito ldquoatualrdquo de eacutetica invertida [] (CARDOSO 2007 p 132)
Na mesma obra Cardoso ainda discute sobre a possibilidade dos animais natildeo humanos
de serem aptos a possuir personalidade juriacutedica algo que na contemporaneidade vem-se sendo
alvo de diversas discussotildees no paracircmetro das lides juriacutedicas em virtude da proteccedilatildeo conferida
aos animais humanos e sua comparaccedilatildeo para com os direitos concedidos aos animais natildeo
humanos assim como a proacutepria evoluccedilatildeo desta personalidade em relaccedilatildeo aos seres humanos
historicamente falando como podemos observar pelas palavras da Autora
Assim que em dados momentos sua compreensatildeo natildeo abrangeu seres humanos
considerados escravos ou mesmo crianccedilas embora se reconhecesse entes morais (as
corporaccedilotildees) que apesar do elemento humano que guardam recebiam proteccedilatildeo em
funccedilatildeo do direito patrimonial enquanto natildeo se reconhecia a homens individuais de
modo a garantir-lhes necessidades primitivas mantedoras da vida digna direitos
humanos fundamentais
Hoje conferimos proteccedilatildeo a todos os homens ainda que suas faculdades mentais natildeo
sejam plenas ainda que natildeo tenham capacidade racional ou mesmo consciecircncia ainda
19
que seus atributos mentais estejam limitados agrave mera resposta a estiacutemulos baacutesicos como
a dor ou a fome mas ainda assim natildeo sendo capazes de expressar qualquer desejo
que seja mesmo simples desejo de comer natildeo sejam capazes de se comunicar ainda
que apenas por gestos sendo a comunicaccedilatildeo demanda expressatildeo volitiva e
ultrapassando o limite das palavras Conferimos tambeacutem proteccedilatildeo a homens que natildeo
sabem falar porque entendemos que tecircm outras maneiras de se expressar mesmo que
sejam limitados no atributo da fala E a todos esses protegemos natildeo como coisas mas
sim como pessoas porque satildeo semelhantes a noacutes []
Portanto natildeo eacute a capacidade racional e cognitiva ou mesmo a fala requisito de uma
personalidade juriacutedica ateacute porque os animais possuem as duas primeiras segundo
provado por outras ciecircncias possuindo inclusive consciecircncia (CARDOSO 2007 p
133)
Em 12 de fevereiro de 1998 foi promulgada a Lei nordm 9605 tratando sobre os crimes
contra o meio ambiente trazendo de forma direta o impedimento a vaacuterios embargos relativas
aos animais natildeo humanos assim como transcreve-se aqui no artigo 29 ldquoMatar perseguir caccedilar
apanhar utilizar espeacutecimes de fauna silvestre nativos ou em rota migratoacuteria sem a devida
permissatildeo licenccedila ou autorizaccedilatildeo da autoridade competente ou em desacordo com a
obtida[]rdquo nos artigos que se seguem continuam a se tratar das vedaccedilotildees tanto no que se fala
das proibiccedilotildees relativas agrave fauna brasileira quanto a fauna estrangeira sem deixar de tratar dos
animais natildeo humanos de longa pratica de domesticaccedilatildeo como catildees e gatos assim como no
artigo 32 sect1ordm onde transporta as penas quando o crime eacute praticado contra catildees e gatos Ainda
penaliza os que geram danos por meio de poluiccedilatildeo e com isso reflitam negativamente em
relaccedilatildeo aos animais natildeo humanos como descrito no ser artigo 54 (BRASIL 1998)
Ainda quando se trata de direitos dos animais como um todo natildeo se pode deixar de
constar a Lei nordm 11126 de 27 de junho de 2005 posteriormente alterada e devidamente
motivada a aplicabilidade pela Lei nordm 13146 de 2015 sobre o acesso de catildees-guias agrave locais
puacuteblicos como se lecirc em seu artigo 1ordm redigido
Eacute assegurado agrave pessoa com deficiecircncia visual acompanhada de catildeo-guia o direito de
ingressar e de permanecer com o animal em todos os meios de transporte e em
estabelecimentos abertos ao puacuteblico de uso puacuteblico e privados de sua coletivo desde
que observadas as condiccedilotildees impostas por esta Lei (BRASIL 2015a)
Onde outrora devido a um texto inespeciacutefico natildeo se fazia cumprir a Lei de forma correta
ao deixar lacunas em sua interpretaccedilatildeo vez que somente dissertava por permitir a entrada e
permanecircncia em transportes e locais puacuteblicos e privados de uso coletivo mas natildeo trazendo a
generalidade e especificidade de tais locais de maneira a por muitas vezes ter esse direito
negado obrigando que a Lei de 2015 revisasse e desse nova redaccedilatildeo aos artigos 1ordm e seu
paraacutegrafo 2ordm da Lei de 2005 (BRASIL 2015a)
20
A luta pelos direitos dos animais natildeo satildeo apenas uma funccedilatildeo legislativa o que fica
demonstrado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) que em 2019 ofertou pela primeira vez uma
disciplina de direito dos animais para seus alunos regulares assim como a comunidade em geral
em conjunto com o Grupo de Estudos sobre os Direitos Animais e Interseccionalidades como
foi noticiado pela proacutepria instituiccedilatildeo em seu canal de notiacutecias em 29 de julho do mesmo ano em
mateacuteria de Carolina Pires(PIRES 2019)
O Brasil ainda tem muito o que evoluir no tocante dos direitos dos animais natildeo humanos
comeccedilando pela exploraccedilatildeo pela ciecircncia assim como Laerte Fernando Levai lembra ao citar
uma passagem de Maria Lacerda de Moura em sua obra Civilizaccedilatildeo ndash Tronco de Escravos
publicado em 1931 mas que de nada se difere da realidade atual
Natildeo compreendo a vivissecccedilatildeo a natildeo ser como um deliacuterio de perversidade inominaacutevel
nem chego a ver a vantagem da embriaguez cientiacutefica que potildee milhares de cobaias e
catildees e qualquer espeacutecie de animal agrave mercecirc dos cientistas [] vaidosos de fazer sofrer
os ldquomaacutertires da ciecircnciardquo em nome de um princiacutepio ou de uma descoberta ou de uma
pesquisa ou dos problemaacuteticos benefiacutecios daiacute resultantes para todo o gecircnero humano
[] O homem continuaraacute a descer sempre bem para baixo de todos os siacutemios na sua
maldade de criatura civilizada para estimular todas as virulecircncias desde as guerras
ateacute o prazer satacircnico de martirizar os animais em nome do humanitarismo ciacutenico A
crueldade nunca poderaacute ser um caminho para o aperfeiccediloamento humano A ciecircncia
natildeo se adquire com crueldade Se a fisiologia natildeo pode se adiantar sem infligir
horriacuteveis torturas aos animais indefesos eacute melhor que a fisiologia fique onde estaacute A
humanidade pode progredir sem a fisiologia poreacutem natildeo poderaacute progredir sem a
piedadeMoura (MOURA 1932 apud LEVAI 2012)
Vale constar que em Santa Catarina no dia 22 de dezembro de 2003 por meio da Lei
Estadual nordm 12854 ficou instituiacutedo o Coacutedigo Estadual de Proteccedilatildeo aos Animais pelo seu artigo
2ordm e seus incisos fica por vedar a agressatildeo causar sofrimento de qualquer espeacutecie a animais
sejam silvestres domeacutesticos ou que se possam domesticar nativos ou exoacuteticos afim de
garantir-lhes plenas condiccedilotildees de existecircncia assim como criar animais em locais inapropriados
como lixeiras ou enclausurados sem deixar de citar a expressa vedaccedilatildeo ao abandono de animais
domeacutesticos Ainda tratando sobre as atribuiccedilotildees da lei como da fauna exoacutetica normatizando
os animais natildeo humanos usados para traccedilatildeo veicular tambeacutem trazendo as regras estaduais para
transporte seguro dos animais natildeo humanos como seu abate sem esquecerdas diretrizes para
animais de laboratoacuterios experimentados nos centros de pesquisa ou instituiccedilotildees de educaccedilatildeo
que deveratildeo ser devidamente registrados e certificados para possibilitar a devida fiscalizaccedilatildeo
seja por meio de relatoacuterios como prevecirc o artigo 19 seja pela obrigaccedilatildeo de presenccedila de
profissionais habilitados sempre que forem ser realizados experimentos de vivissecccedilatildeo como
descrito no sect2ordm do artigo 20 (SANTA CATARINA 2003)
21
23 ANAacuteLISE SOBRE A LEI 2172019 DO MUNICIacutePIO DE CURITIBANOSSC
No acircmbito das legislaccedilotildees contemporacircneas brasileiras haacute uma lei promulgada em
2019 onde eacute observado um claro retrocesso no tangente deste tema Em Curitibanos Santa
Catarina no ano de 2019 foi proposta e posta em circulaccedilatildeo a Lei Complementar de nordm
2172019 sob o nome de ldquoInstitui o Coacutedigo de Proteccedilatildeo e Bem-estar animal no acircmbito do
municiacutepio de Curitibanos e daacute outras providecircnciasrdquo a qual traz uma proibiccedilatildeo taacutecita de cuidar
alimentar proporcionar fonte de aacutegua para animais que vivem nas ruas como se pode observar
na subseccedilatildeo II do catildeo comunitaacuterio
Art 11 Fica reconhecida a figura do catildeo comunitaacuterio sendo o animal sem proprietaacuterio
ou tutor identificado e que estabelece com a comunidade em que vive laccedilos de
dependecircncia e de manutenccedilatildeo embora natildeo possua responsaacutevel uacutenico e definido
Art 12 O acesso a aacutegua alimentaccedilatildeo cuidados com a sauacutede higiene e demais atos
necessaacuterios agrave preservaccedilatildeo do bem-estar dos catildees comunitaacuterios natildeo poderatildeo ser
realizados em vias de circulaccedilatildeo passeio praccedilas e demais ambientes puacuteblicos
(CURITIBANOS 2019)
Jaacute na parte de penalizaccedilotildees da mesma Lei em seu Capiacutetulo IV DAS INFRACcedilOtildeES
E PENALIDADES caracterizam que aquele que infringe tal proibiccedilatildeo ocorre em infraccedilatildeo de
natureza meacutedia onde tambeacutem consta maus-tratos ao animal tutelado como se observa em seu
artigo 34 inciso II e suas aliacuteneas
Art 34 Constitui infraccedilatildeo contra as normas de bem-estar dos animais domeacutesticos ou
domesticados a inobservacircncia de qualquer preceito desta lei ou da legislaccedilatildeo
complementar ficando o infrator sujeito agraves penalidades e medidas administrativas
previstas nos artigos 30 e 31 desta Lei Complementar conforme o caso aleacutem das
demais puniccedilotildees legalmente previstas
II - Constitui-se infraccedilatildeo de natureza meacutedia
a) A exposiccedilatildeo contiacutenua do animal ao sol chuva calor e frio e em caso de
confinamento enclausuraacute-los em espaccedilos uacutemidos sem ventilaccedilatildeo
b) Privar o animal de aacutegua limpa e potaacutevel e alimento adequado e em abundacircncia em
recipientes limpos
c) Exercitaacute-los de maneira excessiva e sem descanso adequado
d) Utilizar o animal em situaccedilotildees de enfrentamento fiacutesico entre animais da mesma
espeacutecie ou de espeacutecies diferentes em locais puacuteblicos ou privados
e) Disponibilizar alimentaccedilatildeo e aacutegua em vias de circulaccedilatildeo passeio praccedilas e demais
ambientes puacuteblicos (CURITIBANOS 2019)
De forma a demonstrar um claro regresso nas conquistas alcanccediladas em relaccedilatildeo aos
direitos dos animais natildeo humanos vez que reduz a capacidade de bem-estar animal de ser
repartida com a sociedade aumentando os encargos do estado para com os animais natildeo
22
humanos que se encontram em situaccedilatildeo de abandono e descaso vivendo sem as devidas
condiccedilotildees sanitaacuterias nutricionais de seguranccedila e bem-estar nas vias puacuteblicas sem que para
tanto apresente uma contrapartida do Municiacutepio para garantir que os cuidados vetados agrave
particulares sejam repassados aos entes puacuteblicos apenas reduzindo drasticamente as chances
de alcance de condiccedilotildees mais dignas a sua sobrevivecircncia miacutenima (CURITIBANOS 2019)
24 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 722020 DE PENHASC
A Cacircmara Municipal de Penha Santa Catarina aprovou do dia 17 de agosto de
2020 de forma unanime um projeto de lei que entre seus artigos traz uma passagem que traz
a proibiccedilatildeo para os cachorros de latir trazendo como penalidade aos seus tutores em caso de
descumprimento uma multa no valor de R$ 2300000 A dita lei trata da perturbaccedilatildeo do
sossego enquadrando os animais natildeo humanos em seu art 2ordm II d
Art2ordm Para os efeitos desta lei aplicam-se as seguintes definiccedilotildees
[] II ndash PERTURBACcedilAtildeO DO SOSSEGO
[] d) provocando ou natildeo procurando impedir barulho produzido por animal que tem
guarda(PENHA 2020)
Eacute notoacuterio constar o eminente risco de se cair em maus-tratos animais para a garantia
do cumprimento da citada lei seja pelo uso de equipamentos anti-latidos que causam dor ou
mauestar ao animal seja pelo corte das cordas vocais dos cachorros ou mesmo sob as puniccedilotildees
aos animais natildeo humanos aplicadas em caso de desobediecircncia agrave norma jaacute que os cachorros satildeo
seres independentes alheios do domiacutenio humano Assim como afirma a advogada Ana Selma
Moreira ldquoO que me deixa temerosa em relaccedilatildeo a essa proposta eacute que esse tipo de dispositivo
coloca os animais em risco de maus-tratos e violaccedilatildeo dos direitos fundamentaisrdquo demonstrando
a temeridade da jurista em relaccedilatildeo ao risco que a lei ocasiona (MOREIRA 2020)
25 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 552017 DE PROIBICcedilAtildeO DE USO DE ANIMAIS EM
TESTES DE COSMEacuteTICOS
No dia 9 de outubro de 2020 foi aprovado no Plenaacuterio da Assembleia Legislativa o
Projeto de Lei de autoria do deputado Joatildeo Amin que tem por objetivo proibir o uso de animais
natildeo humanos em testes par a produccedilatildeo de produtos de beleza de higiene pessoal perfumes e
23
cosmeacuteticos em Santa Catarina O proacuteximo passo para a implementaccedilatildeo do Projeto de Lei eacute o
encaminhamento para sanccedilatildeo do Governo do Estado de Santa Catarina sobre esta fase o autor
do Projeto de Lei escreveu ldquoEspero que o governo estadual sancione e regulamente este projeto
que eacute muito importante para proteccedilatildeo dos animais Nossa intenccedilatildeo eacute impedir o uso
indiscriminado de animais em testes situaccedilatildeo que pode ser evitada com uma seacuterie de
alternativasrdquo (FLORIANOacutePOLIS 2020) demonstrando assim a relevacircncia da sanccedilatildeo desta lei
para a garantia do bem-estar dos animais natildeo humanos
No presente Projeto de Lei natildeo soacute se apresenta a necessidade da vedaccedilatildeo do uso dos
animais natildeo humanos no que tange os testes para a produccedilatildeo de cosmeacuteticos perfumes e
assemelhados como tambeacutem descreve de forma qualitativa a caracterizaccedilatildeo destes bens de
consumo para a devida garantia de que a lei caso seja aprovada pelo Governo Estadual seja
devidamente cumprida dentro dos seus objetivos ao exemplo de dizer que tais bens satildeo
preparaccedilotildees constituiacutedas de substacircncias naturais ou sinteacuteticas de uso externo no corpo dos
animais humanos como pele mucosas cabelo unhas dentes dentre outros para com o
objetivo esteacutetico higiecircnico proteccedilatildeo ou ainda odorizaccedilatildeo corporal ressalvando como excluiacutedos
da proposta de lei os medicamentos por meio de emenda substitutiva apresentada pelo relator
Jair Miotto (FLORIANOacutePOLIS 2020)
Outra medida dentro do Projeto de Lei para a garantia do eficaz cumprimento deste eacute a
instituiccedilatildeo de penalidades ao estabelecimentos de pesquisa profissionais ou anaacutelogos que
descumprirem as diretrizes levantadas no presente Projeto de Lei com penalidades progressivas
para multas e demais sanccedilotildees para tanto a instituiccedilatildeo de multa miacutenima de R$ 500000 (cinco
mil reais) podendo chegar ateacute o valor de R$ 1000000 (dez mil reais) sem contar juros e
correccedilotildees monetaacuterias segundo os iacutendices oficiais regularmente estabelecidos estabelecendo
ainda que em caso de reincidecircncia a multa podendo ser dobrada natildeo impedindo se somar a
multa a suspensatildeo temporaacuteria ou definitiva do alvaraacute de funcionamento da instituiccedilatildeo
(FLORIANOacutePOLIS 2020)
Jaacute enquanto sobre as puniccedilotildees relativas aos profissionais que descumprirem a lei esta
se daraacute por multa no valor miacutenimo de R$ 100000 (mil reais) podendo chegar ateacute o valor de R$
500000 (cinco mil reais) sem contar juros e correccedilotildees monetaacuterias segundo os iacutendices oficiais
regularmente estabelecidos com multa dobrada para casos de reincidecircncia estabelecendo ainda
puniccedilotildees para pessoas fiacutesicas sem excluir aquelas que sejam detentoras de funccedilatildeo puacuteblica civil
ou militar incluindo ainda instituiccedilotildees ou estabelecimentos de ensino organizaccedilotildees sociais ou
ainda quaisquer outras pessoas juriacutedicas indiferente de serem com ou sem fins lucrativos
puacuteblicos ou privados que vierem a descumpri os termos da lei (FLORIANOacutePOLIS 2020)
24
26 JULGADOS SOBRE A GUARDA ANIMAL E PROJETOS LEIS
A 4ordf Turma do STJ definiu por maioria de votos no dia 19 de junho de 2018 ser possiacutevel
a regulamentaccedilatildeo judicial de visitas a animais natildeo humanos de estimaccedilatildeo apoacutes a separaccedilatildeo de
casais que viviam em uma uniatildeo estaacutevel onde o Ministro Relator Luis Felipo Salomatildeo apontou
como se observa na ementa do caso
RECURSO ESPECIAL DIREITO CIVIL DISSOLUCcedilAtildeO DE UNIAtildeO ESTAacuteVEL
ANIMAL DE ESTIMACcedilAtildeO AQUISICcedilAtildeO NA CONSTAcircNCIA DO
RELACIONAMENTO INTENSO AFETO DOS COMPANHEIROS PELO
ANIMAL DIREITO DE VISITAS POSSIBILIDADE A DEPENDER DO CASO
CONCRETO 1 Inicialmente deve ser afastada qualquer alegaccedilatildeo de que a discussatildeo
envolvendo a entidade familiar e o seu animal de estimaccedilatildeo eacute menor ou se trata de
mera futilidade a ocupar tempo desta Corte Ao contraacuterio eacute cada vez mais recorrente
no mundo da poacutes- modernidade e envolve questatildeo bastante delicada examinada tanto
pelo acircngulo da afetividade em relaccedilatildeo ao animal como tambeacutem pela necessidade de
sua preservaccedilatildeo como mandamento constitucional (art 225sect1 inciso VII ndash ldquoproteger
a fauna e a flora vedadas na forma da lei as praacuteticas que coloquem em risco sua
funccedilatildeo ecoloacutegica provoquem a extinccedilatildeo de espeacutecies ou submetam os animais a
crueldaderdquo) 2 O Coacutedigo Civil ao definir a natureza juriacutedica dos animais tificou-os
como coisas e por conseguinte objetos de propriedade natildeo lhes atribuindo a
qualidade de pessoas natildeo sendo dotados de personalidade juriacutedica nem podendo ser
considerados sujeitos de direitos Na forma da lei civil o soacute fato de o animal ser tido
como de estimaccedilatildeo recebendo afeto da entidade familiar natildeo pode vir a alterar a
substacircncia a ponto de converter a sua natureza juriacutedica 3 No entanto os animais de
companhia possuem valor subjetivo uacutenico e peculiar aflorando sentimentos bastante
iacutentimos em seus donos totalmente diversos de qualquer outro tipo de propriedade
privada Dessarte o regramento juriacutedico dos bens natildeo se vem demonstrando suficiente
para resolver de forma satisfatoacuteria a disputa familiar envolvendo os pets visto que
natildeo se trata de simples discussatildeo atinente agrave posse e agrave propriedade 4 Por sua vez a
guarda propriamente dita ndash inerente ao poder familiar ndash instituto por essecircncia de
direito de famiacutelia natildeo pode ser simples e fielmente subvertida para definir o direito
dos consortes por meio do enquadramento de seus animais de estimaccedilatildeo
notadamente porque eacute um muacutenus exercido no interesse tanto dos pais quanto do filho
Natildeo se traraacute de uma faculdade e sim de um direito em que se impotildee aos pais a
observacircncia dos deveres inerentes ao poder familiar 5 A ordem juriacutedica natildeo pode
simplesmente desprezar o relevo da relaccedilatildeo do homem com seu animal de estimaccedilatildeo
sobretudo nos tempos atuais Deve-se ter como norte o fato cultural e da poacutes-
modernidade de que haacute uma disputa dentro da entidade familiar em que prepondera
o afeto de ambos os cocircnjuges pelo animal Portanto a soluccedilatildeo deve perpassar pela
preservaccedilatildeo a garantia dos direitos agrave pessoa humana mas precisamente o acircmago de
sua dignidade 6 Os animais de companhia satildeo seres que inevitavelmente possuem
natureza especial e como ser senciente ndash dotados de sensibilidade sentindo as
mesmas dores e necessidades biopsicoloacutegicas dos animais racionais - tambeacutem devem
ter o seu bem-estar considerado 7 Assim na dissoluccedilatildeo da entidade familiar em que
haja algum conflito em relaccedilatildeo ao animal de estimaccedilatildeo independentemente da
qualificaccedilatildeo juriacutedica a ser adotada a resoluccedilatildeo deveraacute buscar atender sempre a
depender do caso em concreto aos fins sociais atentando para a proacutepria evoluccedilatildeo da
sociedade com a proteccedilatildeo do ser humano e do seu viacutenculo afetivo com o animal 8
Na hipoacutetese o Tribunal de origem reconheceu que a cadela fora adquirida na
constacircncia da uniatildeo estaacutevel e que estaria demonstrada a relaccedilatildeo de afeto entre o
recorrente e o animal de estimaccedilatildeo reconhecendo o seu direito de visitas ao animal
o que deve ser mantido 9 Recurso especial natildeo provido (BRASIL 2018a)
25
Mesmo ainda sendo definidos como coisas pelo Coacutedigo Civil como apontado pelo
mesmo relator foi apontado que os animais natildeo humanos satildeo objetos de relaccedilotildees juriacutedicas uma
vez ainda que como aponta a pesquisa do IBGE jaacute existem mais catildees e gatos nos lares
brasileiros do que crianccedilas desta forma demonstrando a relevacircncia do viacutenculo afetivo entre os
animais humanos e os animais natildeo humanos assegurando ainda a preservaccedilatildeo das garantias do
artigo 225 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (BRASIL 2018a)
A Juiacuteza de Direito Karen Francis Schubert Reimer da 3ordf Vara da Famiacutelia de Joinville
Santa Catarina tambeacutem discutiu a guarda de animais natildeo humanos discutindo a sua natureza
juriacutedica na sua decisatildeo No caso da lide apoacutes a separaccedilatildeo ficou decidido que cada uma das partes
ficaria com a guarda de um dos catildees que possuiacuteam na constacircncia do matrimocircnio ainda decidiu
a possibilidade de visitas entre as partes e os catildees e as partes sem sua guarda igualmente ao
relator do STJ o status de coisa dado pelo Coacutedigo Civil brasileiro aos animais natildeo humanos a
magistrada apontou ldquoNossa legislaccedilatildeo atual o Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002 estabelece que
o animal possui status juriacutedico de coisa Ou seja eacute um objeto de propriedade do homem e que
conteacutem expressatildeo econocircmicardquo usando esta colocaccedilatildeo para justificar sua decisatildeo onde
determina que seraacute o homem o responsaacutevel por todas as despesas de veterinaacuterio medicaccedilatildeo e
vacinas tanto para o cachorro em sua guarda quanto para o cachorro sob a guarda de sua ex-
esposa (SANTA CATARINA 2017)
Vale ressaltar que a magistrada apontou a necessidade de que os animais natildeo humanos
sejam enquadrados em uma categoria intermediaacuteria entre coisas e pessoas citando o Projeto de
Lei do Senado PLS 31515 que trata sobre a natureza juriacutedica dos animais natildeo humanos onde
dispotildees sobre a alteraccedilatildeo do artigo 82 do Coacutedigo Civil natildeo tratando mais os animais natildeo
humanos como coisas entatildeo trouxe a fala ldquoNatildeo se trata de equiparar os cachorros aos filhos
aos seres humanos O que se busca eacute reconhecer que nem sempre os animais devem receber
tratamento de coisa ou de objetordquo (SANTA CATARINA 2017)
Sobre o tema eacute vaacutelido constar que o Governo de Santa Catarina na data de 17 de janeiro
de 2018 por meio da Lei nordm 17485 veio a alterar a Lei nordm 12854 de 2003 que instituiu o Coacutedigo
Estadual de Proteccedilatildeo dos animais Com a presente lei veio a fim de se reconhecer catildees gatos e
cavalos como seres sencientes trazendo a incluir ao dito coacutedigo o artigo 34 ndash A ldquoPara os fins
desta Lei catildees gatos e cavalos ficam reconhecidos como seres sesncientes sujeitos de direito
que sentem dor e anguacutestia o que constitui o reconhecimento da sua especificidade e das suas
caracteriacutesticas face a outros seres vivosrdquo fazendo assim constar um grande diferencial
normativo de uma lei estadual perante a legislaccedilatildeo paacutetria ora que enquanto no que tange as leis
a niacutevel federal tal interpretaccedilatildeo somente se encontra no campo doutrinaacuterio jurisdicional e de
26
projeto de lei em niacutevel estadual em Santa Catarina os animais natildeo humanos jaacute satildeo
classificados desde 2018 como seres sencientes pela letra da lei (SANTA CATARINA 2018)
Ainda na mesma linha o Senado Nacional tramita no CCJ o Projeto de Lei PLS 54218
para regulamentar a guarda compartilhada de animais de estimaccedilatildeo quando em caso de
divoacutercios ou dissoluccedilotildees de Uniotildees Estaacuteveis determinando para tanto que o animal natildeo humano
que possa ser alvo de tal discussatildeo de guarda de acordo com seu artigo 1ordm aquele ldquocujo tempo
de vida tenha transcorrido majoritariamente na constacircncia do casamento ou da uniatildeo estaacutevelrdquo
(BRASIL 2018b) definindo ainda quais as condiccedilotildees para a guarda visitas ambiente
adequado para moradia do animal natildeo humano a quem incumbiraacute as despesas do animal natildeo
humano guardado assim como as consequecircncias relativas agrave risco de violecircncia ou maus-tratos
ao animal natildeo humanos sobre sua guarda ou em sua visita Apresenta-se para anaacutelise tal PL
com o texto
Estabelece o compartilhamento da custoacutedia de animal de estimaccedilatildeo de propriedade
em comum quando natildeo houver acordo na dissoluccedilatildeo do casamento ou da uniatildeo estaacutevel Altera o Coacutedigo de Processo Civil para determinar a aplicaccedilatildeo das normas
das accedilotildees de famiacutelia aos processos contenciosos de custoacutedia de animais de estimaccedilatildeo
(BRASIL 2018b)
Atualmente essa PLS encontra-se em aguardo de designaccedilatildeo e relator desde 25 de
marccedilo de 2019 Tal projeto de lei vem a demonstrar uma nova visatildeo sobre a interaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos e humanos e abrindo precedentes para uma nova classificaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos perante o Coacutedigo Civil (BRASIL 2018b)
Na mesma linha de discussatildeo da Magistrada se faz necessaacuterio constar a declaraccedilatildeo feita
por um grupo de juristas e especialistas em sauacutede e comportamento animal ingleses durante a
Conferecircncia de Francis Crick sediada na Universidade de Cambridge no dia 7 de julho de 2012
A ausecircncia de um neurocoacutertex natildeo parece impedir que um organismo experimente
estados afetivos Evidecircncias convergentes indicam que os animais natildeo humanos tecircm
os substratos neuroanatocircmicos neuroquiacutemicos e neurofisioloacutegicos de estado de
consciecircncia juntamente com a capacidade de exibir comportamentos intencionais
Consequentemente o pelo das evidecircncias indicam que os humanos natildeo satildeo os uacutenicos
a possuir os substratos neuroloacutegicos que geram a consciecircncia Animais natildeo humanos
incluindo todos os mamiacuteferos e as aves e muitas outras criaturas incluindo nestes os
polvos tambeacutem possuem esses substratos neuroloacutegicos (CAMBRIDGE 2012)
Em tal relato obteve-se as palavras de um grupo de especialistas tanto no campo
juriacutedico quanto nos campos de comportamento e medicina animal de forma a admitir que natildeo
seriam apenas os animais humanos capazes de serem dotados de consciecircncia demonstrando
27
estes serem capazes de pensar sentir e raciocinar natildeo sendo simplesmente coisas
(CAMBRIDGE 2012)
Tramita no Senado o Projeto de Lei nordm 631 de 2015 onde visa alterar a redaccedilatildeo do artigo
32 da Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 vem a vedar que sem motivos justificaacuteveis se
venha a causar dor lesatildeo ou sofrimento aos animais natildeo humanos desenvolver a
conscientizaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo para a guarda responsaacutevel dos animais natildeo humanos classificando
a integridade fiacutesica e mental assim como o bem-estar dos animais natildeo humanos como interesse
difuso devendo destacar o sect2ordm do artigo 4ordm da PL ldquoAos animais deve ser dispensada a dignidade
de tratamento reservada aos seres sencientesrdquo (BRASIL 2015b) demonstrando claramente sua
natureza de seres dotados de sensibilidade e natildeo de status de coisa assim como os sectsect 3ordm e 4ordm do
mesmo artigo
sect3ordm Os animais tecircm interesses individuais e coletivos distintos dos interesses
individuais e coletivos dos seres humanos devendo a autoridade no caso de colisatildeo
de interesses proceder a uma ponderaccedilatildeo que natildeo se confine a juiacutezos de utilidade ou
de funcionalizaccedilatildeo das interesses individuais e coletivos dos seres humanos
sect4ordm Na ausecircncia de disposiccedilotildees em contraacuterio os animais se beneficiam da proteccedilatildeo
juriacutedica conferida agraves coisas e agraves pessoas juriacutedicas (BRASIL 2015b)
Trazendo uma grande inovaccedilatildeo relativa aos direitos dos animais natildeo humanos onde
lhes proporciona a garantia da proteccedilatildeo juriacutedica dada agraves pessoas juriacutedicas Tal PL se apresenta
para anaacutelise com o texto
Institui o estatuto de proteccedilatildeo dos animais considerando-a como interesse difuso
estabelece o direito agrave proteccedilatildeo agrave vida e ao bem-estar a vedaccedilatildeo de praacuteticas e atividades
que se configurem como crueacuteis ou danosas da integridade fiacutesica e mental tipifica os
maus-tratos e dispotildees sobre infraccedilotildees e penalidades (BRASIL 2015b)
Este protejo de lei se encontra em aguardo de inclusatildeo na ordem do dia de requerimento
tendo como Relator o Senador Pliacutenio Valeacuterio (BRASIL 2015b)
Entende-se que embora os animais natildeo humanos faccedilam parte de forma direta e
entrelaccedilada com os animais humanos ainda se encontra como um grande problema perante a
nossa legislaccedilatildeo sendo seu sistema normativo uma novidade e de completo desconhecimento
de um grande percentual brasileiro ora visto como um direito extravagante que natildeo consideraria
uma expressatildeo da realidade suprimindo necessidades atuais em contraposto da relaccedilatildeo afetiva
por muitos julgada como transbordando os limites de humanidade (FIORILLO 2019)
Assim no presente capiacutetulo foi analisada a evoluccedilatildeo histoacuterica legislativa dos direitos
dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo brasileira ateacute a contemporaneidadedo estado
28
atual de seus direitos incluindo julgados projetos de lei suacutemulas sem deixar de constar ateacute
retrocessos legislativosdos direitos em questatildeoPela teacutecnica bibliograacutefica onde se buscouesta
anaacutelise da forma mais completatentandoenglobar omaacuteximo deinformaccedilotildees parase chegar agrave
mais ampla anaacutelise dos direitos dos animais natildeo humanos no Brasil
Desta forma foi possiacutevel se observar que o primeiro relato normativo brasileiros no
Municiacutepio de Satildeo Paulo trazendo vedaccedilotildees e regulamentaccedilotildees para os animais em labuta
passando pela inclusatildeo de normas dentro da constituiccedilatildeo federativa sumulassem deixar de citar
asleis infraconstitucionais
Para continuidade do presente trabalho no capitulo que se segue seraacute apresentada uma
anaacutelise realizada da mesma forma do presente capitulo poreacutem no tangente agrave evoluccedilatildeo histoacuterica
e legislaccedilatildeo atual dos direitos dos animais em Portugal
29
3 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA
Neste capiacutetulo tem-se como objetivo trazer de forma sucinta a evoluccedilatildeo histoacuterica no que
tange o direito dos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo de Portugal trazendo para isto as
proacuteprias leis assim como relatos bibliograacuteficos sobre o tema
31 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
O direito dos animais natildeo humanos em Portugal surgiu no dia 16 de setembro de 1886
com a promulgaccedilatildeo do Decreto Lei do Coacutedigo Penal Portuguecircs onde tratavam dos direitos dos
animais natildeo humanos entre os artigos 478 a 481 onde previam a penalizaccedilatildeo par aquele que
ferir matar envenenar abusar ou causar outros tipos de danos aos animais natildeo humanos
incluindo dentre eles a vedaccedilatildeo aos maus-tratos Contudo tipificavam os animais natildeo humanos
como animais de consumo (PORTUGAL 1886)
Somente quase 30 anos depois no datar de 12 de junho de 1919 foi assinado um Decreto
relativo a vedaccedilatildeo do uso excessivo de animais perante a labuta onde se determinavam limites
para o trabalho em que os animais natildeo humanos satildeo expostos impedindo desta forma a
exigecircncia exacerbada e abusiva perante suas capacidades individuais e coletivos (PORTUGAL
2001)
No iniacutecio do seacuteculo seguinte Portugal regulamentou para a aplicaccedilatildeo interna de forma
complementar as disposiccedilotildees da Convenccedilatildeo Europeia para a Proteccedilatildeo dos Animais de
Companhia aprovada pelo no dia 13 de abril no Decreto nordm 1393 de forma a definir quais os
dispositivos que se tornariam aplicaacuteveis no seu territoacuterio e excluindo no entanto todos aqueles
que tratem das espeacutecies da fauna selvagem exoacuteticas assim como seus descendentes quando
criados em cativeiro ainda ressaltando como natildeo aplicaacuteveis as normas que se dispusessem em
contradiccedilatildeo a legislaccedilatildeo infraconstitucional portuguesa (PORTUGAL 2001)
Esta legislaccedilatildeo veio a normatizar medidas ateacute entatildeo natildeo constantes na legislaccedilatildeo paacutetria
como ao exemplo do seu artigo 3ordm regulamentando os procedimentos e locais de alojamento no
que tange o exerciacutecio de reproduccedilatildeo para comercializaccedilatildeo de animais de companhia Traz ainda
inovaccedilotildees no que se fala de abandono onde natildeo se caracteriza mais o abandono somente como
largar em qualquer lugar mas tambeacutem pela negligecircncia como deixar de cuidar alimentar
cuidado com a higiene e devidas condiccedilotildees de sauacutede e proteccedilatildeo contra zoonoses ocasionando
30
para aquele que nesta categoria de abandono for classificado a remoccedilatildeo do animal Natildeo
deixando de constar a necessidade expressa de que em caso de amputaccedilotildees deva haver
certificaccedilatildeo veterinaacuteria comprovando a necessidade de tal procedimento garantindo que estas
sejam realizadas por razotildees claramente medica-veterinaacuteria ou de interesse particular do animal
natildeo humano ou ainda para impedir sua reproduccedilatildeo impedindo desta forma amputaccedilotildees
meramente esteacuteticas ou por interesse unicamente de seu detentor permitindo maiores direitos
a integridade fiacutesica dos animais natildeo humanos perante motivaccedilotildees supeacuterfluas Tratando ainda
de normas para hospedagem e centro de recolhimento de animais natildeo humanosem seus
Capiacutetulos IV V VI VIII e X (PORTUGAL 2001)
Em substituiccedilatildeo do Decreto Lei nordm 2762001 em 17 de dezembro o Decreto Lei nordm
3152003 veio para inovar em alguns sentidos os direitos dos animais natildeo humanos excluindo
as aplicaccedilotildees de dispositivos do Decreto nordm 1393 da Convenccedilatildeo Europeia para a proteccedilatildeo de
Animais de Companhia no tangente da detenccedilatildeo de animais potencialmente perigosos
vislumbrando a necessidade de regulamentar a mateacuteria por diplomas proacuteprios utilizando para
tal regulamentaccedilatildeo os posicionamentos de oacutergatildeos governamentais proacuteprios das Regiotildees
Autocircnomas e a Associaccedilatildeo Nacional dos municiacutepios Portugueses Trazendo colocaccedilotildees como
ldquoExcluem-se do acircmbito de aplicaccedilatildeo deste diploma as espeacutecies da fauna selvagem autoacutectone e
exoacutetica e os seus descendentes criados em cativeiro objeto de regulamentaccedilatildeo especiacutefica e os
touros de liderdquo (PORTUGAL 2003b) assim como redefinindo hospedagem sem fins
lucrativos e para fins meacutedicos-veterinaacuterios para animais de companhia onde destaca o Plano
Nacional de Luta e Vigilacircncia da Raiva Animal e outras Zoonoses que natildeo se faziam constar
no decreto anterior ainda atualizando as regras para licenccedilas de funcionamento de tais locais
assim como regulando dimensotildees miacutenimas para sua instalaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo de atividades sejam
para animais natildeo humanos de sangue quente como cachorros e gatos ou sangue frio como
lagartos e sapos(PORTUGAL 2003b)
Um grande marco para o direito dos animais natildeo humanos em Portugal ocorreu com a
publicaccedilatildeo no dia 17 de dezembro do Decreto-Lei nordm 3132003 onde foi criado o Sistema de
Identificaccedilatildeo de Caninos e Felinos (SICAFE) onde estabeleceu diretrizes para a identificaccedilatildeo
eletrocircnica de catildees e gatos que servem de animais de companhia criando desta forma uma base
de dados nacional para esta identificaccedilatildeo permitindo a identificaccedilatildeo dos animais natildeo humanos
que satildeo viacutetima de abandono ainda como medidas sanitaacuterias e zooteacutecnicas juriacutedicas e
humanitaacuterias ainda aumentando a responsabilidade dos centros de criaccedilatildeo para
comercializaccedilatildeo de catildees e gatos de companhia (PORTUGAL 2003a)
31
Seria a criaccedilatildeo de um documento uacutenico que comporta o boletim sanitaacuterio destes animais
natildeo humanos contendo natildeo soacute informaccedilotildees cruciais destes como sexo e raccedila mas ainda
detalhes sobre procedimentos que os mesmos foram expostos e accedilotildees de profilaxia das quais
foi sujeito sendo de delegaccedilatildeo do seu detentor garantir que tais informaccedilotildees estejam corretas e
atualizadas incluindo dentre elas a carteira de vacinaccedilatildeo antirraacutebica (PORTUGAL 2003a)
No datar de 25 de janeiro de 2005 pela Uniatildeo Europeia foi promulgado o Regulamento
nordm 12005 que faz relaccedilatildeo a proteccedilatildeo dos animais natildeo humanos durante o transporte e operaccedilotildees
fins de forma a minimizar a duraccedilatildeo da viagem e satisfazer as necessidades dos animais
garantindo tambeacutem que os animais natildeo humanos devem estar aptos para efetuar a viagem assim
como os meios de transporte tanto quanto os equipamentos de carregamento e descarregamento
devem ser construiacutedos mantidos e utilizados de maneira a evitar lesotildees violecircncia ou
sofrimentos garantindo o bem-estar e a seguranccedila dos animais natildeo humanos durante o
deslocamento sendo de responsabilidade das autoridades nacionais inspecionar e aprovar os
veiacuteculos alvo de transporte de animais natildeo humanos seja por via mariacutetima ou rodoviaacuteria
(PORTUGAL 2005)
Ainda eacute vaacutelido mencionar o Decreto-Lei nordm 742007 promulgado dia 27 de marccedilo de
2007 onde trata da consagraccedilatildeo do direito ldquode acesso das pessoas com deficiecircncia visual
acompanhadas de catildees-guia a locais transportes e estabelecimentos puacuteblicosrdquo (PORTUGAL
2007a) tal constataccedilatildeo se faz pela evoluccedilatildeo nas teacutecnicas e condicionamento de formas de
treinamento de tais animais assim como da proteccedilatildeo sanitaacuteria dos catildees fora que determina os
direitos e responsabilidades dos catildees em treinamento e em serviccedilo ainda definindo os regimes
credenciamento responsabilidades e proibiccedilotildees relativas agraves famiacutelias que se promovem a receber
os catildees que seratildeo treinados demonstrando uma clara preocupaccedilatildeo no conforto seguranccedila e
vida dentro dos padrotildees de garantias para os catildees que agrave essa atividade forem direcionados
(PORTUGAL 2007a)
No mesmo ano o Parlamento Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia emitiu o
Regulamento nordm 1523007 do dia 11 de dezembro veio a proibir a colocaccedilatildeo no mercado assim
como a importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo comunitaacuterias de peles de gato e de catildeo e de produtos que as
contenham uma vez que
Para os cidadatildeos da Uniatildeo Europeia os gatos e catildees satildeo animais de estimaccedilatildeo pelo
que natildeo eacute aceitaacutevel usar as suas peles nem produtos que as contenham Existem
indiacutecios da presenccedila da Comunidade de peles natildeo rotuladas de gato e de catildeo e de
produtos que as contecircm Consequentemente os consumidores estatildeo preocupados com
a possibilidade de poderem comprar peles de gato e de catildeo e produtos que as
contenham Em 18 de Dezembro de 2003 o Parlamento Europeu aprovou uma
32
declaraccedilatildeo em que exprime a sua inquietaccedilatildeo a respeito do comeacutercio dessas peles e
produtos e solicita que se lhe ponha termo a fim de reestabelecer a confianccedila dos
consumidores e dos comerciantes[] (PORTUGAL 2007a)
Desta forma aleacutem de garantir que dentro comeacutercio interno de produtos de pele de catildees
e gatos natildeo estejam presentes ainda garante o bem-estar dos animais natildeo humanos ora que ao
se tratar de comercio irregular e ilegal levanta a praacutetica de maus-tratos para a obtenccedilatildeo de tais
mateacuterias primas (PORTUGAL 2007a)
32 LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA CONTEMPORAcircNEA
Por meio da Lei nordm 3152009 publicada no dia 21 de agosto do mesmo ano foi
designado novos regramentos relativos aos animais natildeo humanos onde em seu artigo 1ordm trouxe
ldquoO presente decreto-lei aprova o regime juriacutedico da criaccedilatildeo reproduccedilatildeo e detenccedilatildeo de animais
perigosos e potencialmente perigosos enquanto animais de companhiardquo (PORTUGAL 2009b)
Aqui fica demonstrada a preocupaccedilatildeo da introduccedilatildeo de mais espeacutecies de animais natildeo humanos
no meio do conviacutevio em sociedade dos animais humanos sem que haja prejuiacutezo aos dizeres do
Decreto-Lei de 2009 este tenta regular animais natildeo humanos silvestres mas ressalva o direito
da manutenccedilatildeo da criaccedilatildeo e interaccedilatildeo de animais natildeo humanos e humanos enquanto nativos da
fauna selvagem indiacutegena respeitando desta maneira as peculiaridades de sua existecircncia Em
seu artigo 3ordm traz as classificaccedilotildees de animais natildeo humanos enquanto animal de companhia
animal perigoso animal potencialmente perigoso autoridade competente centro de recolha e
detentor fazendo este uacuteltimo o mais importante de se evidenciar
ltltDetentorgtgt qualquer pessoa singular maior de 16 anos sobre a qual recai o dever
de vigilacircncia de um animal perigoso ou potencialmente perigoso para efeitos de
criaccedilatildeo reproduccedilatildeo manutenccedilatildeo acomodaccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo com ou sem fins
comerciais ou que o tenha sob sua guarda mesmo que a tiacutetulo temporaacuterio
(PORTUGAL 2009b)
Trazendo uma nova concepccedilatildeo para aquele que possui um animal natildeo humano quando
se fala de perigosos e potencialmente perigosos evidenciando uma nova forma de considera-lo
enquanto ser sob guarda natildeo apresentando mais como uma posse mas sim como uma tutela
Vale ressaltar que o presente decreto natildeo se resume apenas a animais natildeo humanos considerados
de natureza selvagem ao denomina-los como animais perigosos e animais potencialmente
perigosos mas tambeacutem resguarda os direitos e deveres do detentor perante catildees que sejam
assim classificados perante o que classifica o artigo 3ordm em Capiacutetulo IV trata sobre as
33
obrigatoriedades para a constacircncia de manutenccedilatildeo de catildees assim classificados em seu conviacutevio
como a obrigaccedilatildeo de treinamento e suas exigecircncias (PORTUGAL 2007b)
Ainda o presente decreto traz as penalidades para formas de maus-tratos ateacute entatildeo natildeo
mencionados nas legislaccedilotildees anteriores como para aqueles que promoverem ou participarem
de lutas entre animais natildeo humanos natildeo excluindo da puniccedilatildeo a mera tentativa e ainda
trazendo penas para quaisquer formas de ofensas agrave integridade fiacutesica dos animais natildeo humanos
na categoria dolosa ou de negligecircncia Eacute imprescindiacutevel constar sobre uma inovaccedilatildeo de grande
importacircncia trazida pelo decreto em questatildeo onde em seu artigo 38 vislumbra puniccedilotildees ao que
tange o profissional veterinaacuterio ou aquele que praticar as atividades a esse profissional
destinadas sem que tenha a devida certificaccedilatildeo para ministrar tais atividades (PORTUGAL
2009b)
No mesmo ano o Parlamento Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia no dia 30 de
novembro fez surgir um marco nos direitos dos animais natildeo humanos com a publicaccedilatildeo do
Regulamento nordm 12232009 no Jornal Oficial da Uniatildeo Europeia onde se trata das
regulamentaccedilotildees relativas ao uso de animais natildeo humanos enquanto para uso de testes em
produtos cosmeacuteticos De maneira a gerar diretrizes do que se permite ou se veda no que tange
a proteccedilatildeo dos animais natildeo humanos utilizados para fins experimentais prevendo regras comuns
para todos os Estados Membros da Uniatildeo Europeia exigindo que os ensaios realizados em
animais natildeo humanos sejam substituiacutedos por meacutetodos alternativos sempre que possiacutevel Ainda
regulamenta prazos para que seja efetuada a proibiccedilatildeo da comercializaccedilatildeo de produtos
cosmeacuteticos cuja formulaccedilatildeo final possuam ingredientes que tenham sido ensaiados em animais
assim como uma data para a proibiccedilatildeo de que sejam continuados os ensaios sobre animais
sendo estas datas respectivamente 11 de marccedilo de 2009 e 11 de marccedilo de 2013 coordenando
ainda uma construccedilatildeo para o desenvolvimento de meacutetodos cientiacuteficos alternativos aos testes em
animais natildeo humanos (PORTUGAL 2010)
O Parlamento Europeu e o Conselho da Uniatildeo Europeia publicaram no Jornal Oficial
da Uniatildeo Europeia na paacutegina 33 no datar de 20 de outubro de 2010 a Diretiva 201063EU
relativa agrave proteccedilatildeo dos animais utilizados para fins cientiacuteficos de forma a normatizar as
teacutecnicas formas cuidados dentre outros que devem ser tomados para se garantir o bem-estar
dos animais natildeo humanos dirigidos aos fins cientiacuteficos Ao exemplo ao tratar dos meacutetodos
podemos observar no seu toacutepico 14
Os meacutetodos selecionados deveratildeo evitar tanto quanto possiacutevel que o limite criacutetico do
procedimento seja a morte do animal devido ao sofrimento grave sentido durante o
periacuteodo que precede a morte Sempre que possiacutevel a morte deveraacute ser substituiacuteda por
34
limites criacuteticos mais humanos recorrendo a sinais cliacutenicos que determinem a
iminecircncia da morte a fim de permitir que o animal seja occisado sem mais sofrimento
(PORTUGAL 2010)
Ainda se traz na supracitada Diretiva a clara vedaccedilatildeo a procedimentos que possam
ocasionar ameaccedila a biodiversidade como ao exemplo de se utilizar para estudos animais natildeo
humanos cuja espeacutecie corra risco de extinccedilatildeo ressalvado ao miacutenimo indispensaacutevel e
devidamente justificado ainda levanta a proximidade geneacutetica entre os animais natildeo humanos e
humanos assim como a capacidade social dos primatas natildeo humanos demonstrando a niacutetida
problemaacutetica de garantia do bem-estar das necessidades comportamentais ambientais e sociais
em um ambiente laboratorial (PORTUGAL 2010)
Mesmo apresentando uma evoluccedilatildeo sucinta no que tange o direito dos animais natildeo
humanos em Portugal ateacute entatildeo em 2017 o paiacutes promulgou uma lei que modificou de forma
significante esse tocante sendo a maior evoluccedilatildeo a alteraccedilatildeo dos animais do rol de coisas para
passar a serem considerados ldquoseres vivos dotados de sensibilidade e objeto de proteccedilatildeo juriacutedica
em virtude da sua naturezardquo (PORTUGAL 2017a) no Coacutedigo Civil portuguecircsdeve-se
evidenciar que este paiacutes tem relaccedilotildees de reciprocidade perante ao tratamento dos indiviacuteduos
humanos para com o Brasil pode-se ver uma evoluccedilatildeo significativamente relevante em razatildeo a
compreensatildeo e leis como fica claro quando observamos a lei aprovada de 1ordm de maio de 2017
lei nordm 82017 onde os animais natildeo humanos deixaram de serem coisas para a denominaccedilatildeo de
seres sencientes explicitado pela adiccedilatildeo do artigo 201ordm-B ldquoOs animais satildeo seres vivos dotados
de sensibilidade e objeto de proteccedilatildeo juriacutedica em virtude da sua naturezardquo (PORTUGAL
2017a) trazendo uma inovaccedilatildeo perante a classificaccedilatildeo dos animais natildeo humanos perante a
legislaccedilatildeo 201ordm-C ldquoProteccedilatildeo juriacutedica dos animais A proteccedilatildeo juriacutedica dos animais opera por
via das disposiccedilotildees do presente coacutedigo e da legislaccedilatildeo especialrdquo (PORTUGAL 2017)
demonstrando que natildeo se visa findar os deveres perante os direitos dos animais natildeo humanos
na presente lei 1793ordm-A ldquoAnimais de companhia Os animais de companhia satildeo confiados a
um ou ambos os cocircnjuges considerando nomeadamente os interesses de cada um dos cocircnjuges
e dos filhos do casal e o bem-estar do animalrdquo (PORTUGAL 2017) ao Coacutedigo Civil portuguecircs
leia-se o 1305ordm-A
Artigo 1305ordm-APropriedade de animais
1 - O proprietaacuterio de um animal deve assegurar o seu bem-estar e respeitar as
caracteriacutesticas de cada espeacutecie e observar no exerciacutecio dos seus direitos as
disposiccedilotildees especiais relativas agrave criaccedilatildeo reproduccedilatildeo detenccedilatildeo e proteccedilatildeo dos animais
e agrave salvaguarda de espeacutecies em risco sempre que exigiacuteveis
35
2 - Para efeitos do disposto no nuacutemero anterior o dever de assegurar o bem-estar
inclui nomeadamentea) A garantia de acesso a aacutegua e alimentaccedilatildeo de acordo com as
necessidades da espeacutecie em questatildeob) A garantia de acesso a cuidados meacutedico-
veterinaacuterios sempre que justificado incluindo as medidas profilaacuteticas de identificaccedilatildeo
e de vacinaccedilatildeo previstas na lei
3 - O direito de propriedade de um animal natildeo abrange a possibilidade de sem motivo
legiacutetimo infligir dor sofrimento ou quaisquer outros maus-tratos que resultem em
sofrimento injustificado abandono ou morte (PORTUGAL 2017a)
Na mesma lei satildeo tratados os deveres daquele que possui um animal natildeo humano que
pela lei portuguesa satildeo denominados como proprietaacuterios Em seu texto obriga o proprietaacuterio
sob pena de multa agrave prisatildeo assegurar o pleno bem-estar dos animais natildeo humanos natildeo somente
garantindo-lhe alimentaccedilatildeo adequada para a sobrevivecircncia mas tambeacutem sua seguranccedila
cuidados veterinaacuterios fora a garantia de que o animal natildeo humano sobre seus cuidados natildeo
sofra de forma alguma maus-tratos seja este realizado diretamente pelo proprietaacuterio ou
terceiros (PORTUGAL 2017a)
Ainda eacute de suma importacircncia fazer constar que a lei em questatildeo natildeo somente atinge os
animais natildeo humanos ditos como domeacutesticos mas todo aquele que se encontra de alguma forma
sob a tutela humana ao exemplo os animais utilizados na pecuaacuteria como se observa na leitura
de seu artigo primeiro
Artigo 1ordm
Objeto
A presente lei estabelece um estatuto juriacutedico dos animais reconhecendo a sua
natureza de seres vivos dotados de sensibilidade procedendo agrave alteraccedilatildeo do Coacutedigo
Civil aprovado pelo Decreto-Lei nordm 47344 de 25 de novembro de 1966 do Coacutedigo
de Processo Civil aprovado pela Lei nordm 412013 de 26 de junho e do Coacutedigo Penal
aprovado pelo Decreto-Lei nordm 40082 De 23 de setembro (PORTUGAL 2017a)
Na mesma linha o doutrinador portuguecircs Filipe Jorge Antunes Cabral (2015) defende
que sejam atribuiacutedos direitos subjetivos aos animais natildeo humanos alegando que natildeo haacute como
se restringir estes direitos aos animais humanos alegando que ldquonatildeo satildeo os interesses dos
indiviacuteduos que possuem um valor moral fundamental mas sim por serem indiviacuteduos capazes
de serem detentores de interessesrdquo (CABRAL 2015 p 117) aplicando desta forma a
capacidade de ter interesses e estes serem haacutebeis de discussatildeo perante o campo do direito mais
animais natildeo humanos
Outro fator a notar-se importacircncia enquanto satildeo observadas as alteraccedilotildees efetuadas por
meio desta lei eacute a alteraccedilatildeo clara e direta na forma de tratamento dos animais natildeo humanos
dentro do corpo do sistema normativo onde agora satildeo designados diretamente como animais
36
demonstrando nitidamente uma alteraccedilatildeo nos paradigmas de interpretaccedilatildeo de sua condiccedilatildeo
onde natildeo resta mais lacunas hermenecircuticas de sua diferenciaccedilatildeo para simplesmente coisas
como fica evidenciado nos textos dos artigos por ela alterados
Artigo 1318ordm
Suscetibilidade de ocupaccedilatildeo
Podem ser adquiridos por ocupaccedilatildeo os animais e as coisas moacuteveis que nunca tiveram
dono ou foram abandonados perdidos ou escondidos pelos seus proprietaacuterios salvas
as restriccedilotildees dos artigos seguintes (PORTUGAL 2017b)
Ainda neste sentido o artigo 1323 traz obrigaccedilotildees que superam a mera proibiccedilatildeo aos
maus-tratos mas fala tambeacutem de formas de vedaccedilatildeo a inobservacircncia de negaccedilatildeo a negligecircncia
demonstrando o ocircnus de devolver agrave quem pertence animal perdido cuja propriedade seja
conhecida e em caso de natildeo saber a quem pertence deve por meios convenientes buscar achar
e auxiliar ao animal ser achado sem esquecer de informar as autoridades sobre o achado assim
como se notar ser necessaacuterio o encaminhar a um veterinaacuterio bem como com seu auxiacutelio
tentar identificar formas de encontrar seu tutor e em caso de passado um ano sem que se possa
devolver o animal natildeo humano para seu legiacutetimo dono aquele que o achou pode fazer do
animal como seu (PORTUGAL 2017b)
Da mesma forma em caso de restituiccedilatildeo do animal natildeo humano ao seu proprietaacuterio faz
jus indenizaccedilatildeo aquele que o achou por todos as despesas levantadas por ele na manutenccedilatildeo da
devida sauacutede e sobrevivecircncia do animal durante o periacuteodo de sua guarda bem como natildeo haacute de
responder se sem dolo ou culpa ocorrer perda ou deterioraccedilatildeo do animal natildeo humano no
transcorrer de sua guarda contudo se aquele que achou o animal natildeo humano ao notar que seu
verdadeiro dono faz o animal de viacutetima de maus-tratos tem aquele que o achou o direito de
retecirc-lo para garantia da seguranccedila do mesmo (PORTUGAL 2017b)
Dois anos depois no dia 30 de janeiro foi instituiacutedo o Decreto Lei nordm 202019 transferiu
responsabilidades no campo de cuidado dos animais natildeo humanos para as autoridades locais e
entidades intermunicipais permitindo um controle mais especiacutefico das peculiaridades de cada
regiatildeo e dando autonomia ao poder local Ainda sanciona a realizaccedilatildeo de concursos e
exposiccedilotildees de animais natildeo humanos Da mesma forma implanta a permissatildeo para a detenccedilatildeo
de mais de trecircs catildees ou quatro gatos adultos em preacutedios urbanos (PORTUGAL 2019a)
No mesmo ano no dia 27 de junho foi publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica ordm 1212019 o
Decreto-Lei nordm 822019 onde estabelece as regras de identificaccedilatildeo dos animais de companhia
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criando o Sistema de Informaccedilatildeo de Animais de Companhia o SIAC onde traz novas normas
de obrigaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e de registro dos animais natildeo humanos por meio de um
transponder uma espeacutecie de chip eletrocircnico que conteacutem vaacuterios dados sobre aquele indiviacuteduo
ou outro sistema autorizado para a espeacutecie de animal natildeo humano em questatildeo devendo o
cadastro ocorrer ateacute 120 dias apoacutes o nascimento do animal natildeo humano garantindoo
reconhecimento em caso de abandono estabelecendo uma ligaccedilatildeo entre o animal e quem tem
sua guarda assegurando a sauacutede e a seguranccedila de animais natildeo humanos e humanos gerando a
responsabilidade civil sanitaacuteria e de bem-estar animal onde a obrigatoriedade da identificaccedilatildeo
foi criada pelo Decreto-Lei n3132003 mas agora seguindo os paracircmetros determinados pelo
Parlamento Europeu e do Conselho alterando o instituto SICAFE pelo Sistema de Informaccedilotildees
de Animais de Companhia (SIAC) como definido pela aliacutenea a do seu artigo 1ordm Assegurando
a aplicabilidade dos Regulamentos nordm 5762013 e nordm 4292016 do Parlamento Europeu e do
Conselho instituiacutedo nos dias 12 de junho de 2013 e 9 de marccedilo de 2019 respectivamente
relativos agrave circulaccedilatildeo de animais de companhia pessoal e as zoonoses(PORTUGAL 2019b)
33 ANAacuteLISE LEI Nordm 9295
A Assembleia da Repuacuteblica portuguesa decretou no dia 12 de setembro de 1995 a Lei
nordm 9295 a Lei de Proteccedilatildeo aos animais vindo a proibir todo e qualquer tipo de violecircncia
injustificada contra animais tendo sido aprovada no datar de 21 de junho e promulgada no dia
24 de agosto do mesmo ano pelo entatildeo presidente da repuacuteblica portuguesa Maacuterio Soares
podendo se caracterizar neste qualquer tipo de sofrimento crueldade instantacircnea ou de forma
prolongada graves leotildees a um animal natildeo humano ou ateacute mesmo sua morte ainda consta a
necessidade na medida do possiacutevel de socorro agrave animais natildeo humanos que se encontrem feridos
doentes em perigo ou em quaisquer condiccedilotildees anaacutelogas a estas (PORTUGAL 1995)
Traduz ainda como crime perante esta lei todo aquele que exigir de um animal salvo
em momentos emergenciais esforccedilos abusivos ou ateacute mesmo atuaccedilotildees que os animais natildeo
humanos sejam parciais ou absolutamente incapazes de realizar ou ainda que sejam aleacutem de
suas possibilidades naturais Ainda consta a expressa vedaccedilatildeo a aquisiccedilatildeo de animal natildeo
humanos que se encontre em condiccedilotildees enfraquecidas adoentadas idoso ou outra conjuntura
anaacuteloga em que este animal tenha vivido de forma integral ou em grande maioria em ambiente
domeacutestico se findar tal aquisiccedilatildeo em intenccedilatildeo diversa a tratamento proteccedilatildeo ou cuidados
humanos ou ainda com intenccedilatildeo de morte imediata (PORTUGAL 1995)
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Vem a reforccedilar o impedimento de qualquer maneira ao abandono intencional de
animais natildeo humanos que estavam sobre a proteccedilatildeo humana em ambiente domeacutestico ou ainda
em instalaccedilatildeo comercial ou industrial Caracterizando ainda o sofrimento como impedido
mesmo que para com fins didaacuteticos de treino exibiccedilatildeo filmagens publicidade ou qualquer
outra atividade a estas assemelhadas ressalvando experiecircncias cientiacuteficas de comprovada
necessidade (PORTUGAL 1995)
Vale ser citado o capiacutetulo II da presente lei onde se pode ler sobre o comeacutercio e
espetaacuteculos que faccedilam uso de animais natildeo humanos de forma a obrigar agrave todos que que pessoa
fiacutesica juriacutedica solitaacuteria ou coletiva se faccedila utilizar de animais natildeo humanos para fins de
espetaacuteculo comercial tenha preacutevia autorizaccedilatildeo das autoridades ou entes competentes sejam
essas a Direccedilatildeo Geral dos Espetaacuteculos ou ainda do municiacutepio onde respectivamente se pretende
exibir tal evento de entretenimento sem deixar de constar a relaccedilatildeo de comercializaccedilatildeo desta
categoria de animais natildeo humanos como vem escrito no corpo do texto do artigo 2ordm
Licenccedila municipal
Sem prejuiacutezo do disposto no capiacutetulo III quando aos animais de companhia qualquer
pessoa fiacutesica ou coletiva que explore o comeacutercio de animais que guarde animais
mediante uma remuneraccedilatildeo que os crie para fins comerciais que os alugue que sirva
de animais para fins de transporte que os exponha ou que os exiba com um fim
comercial soacute poderaacute fazecirc-lo mediante autorizaccedilatildeo municipal a qual soacute poderaacute ser
concedida desde que os serviccedilos municipais verifiquem que as condiccedilotildees previstas
na lei destinadas a assegurar o bem-estar e a sanidade dos animais seratildeo cumpridas
(PORTUGAL 1995)
Se faz ressaltar a completa e indiscutiacutevel proibiccedilatildeo a qualquer espeacutecie para o fim do
supracitado paraacutegrafo de animais natildeo humanos que se encontrem em condiccedilotildees flageladas
enferma ou mesmo com qualquer tipo de ferimento ainda vem a negar a entrada no territoacuterio
portuguecircs de qualquer tipo de animal natildeo humano vertebrado que se encontre na mesma
situaccedilatildeo de sauacutede antes citada (PORTUGAL 1995)
Assiste a presente lei ainda a regulamentaccedilatildeo perante o transporte de animais natildeo
humanos em transportes puacuteblicos ressalvado por motivo de periculosidade sauacutede ou higiene
devidamente justificaacuteveis devendo os animais natildeo humanos estarem sempre acompanhados
por seus proprietaacuterios ou responsaacuteveis autorizados assim como devidamente acondicionados
(PORTUGAL 1995)
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34 ANAacuteLISE IMPLEMENTACcedilAtildeO LEI Nordm 392020
Na data de 23 de julho de 2020 foi aprovada pela Assembleia da Repuacuteblica a Lei nordm
392020 tendo sua publicaccedilatildeo no datar de 18 de agosto e entrando em vigor no dia 1 de outubro
do mesmo anoImplementando o regime sancionatoacuterio aplicaacutevel aos crimes contra os animais
de companhia alterando substancialmente o que trazia o Coacutedigo Penal e o Coacutedigo de Processo
Penal portugueses reforccedilando de maneira expressiva a proteccedilatildeo aos animais natildeo humanos no
acircmbito dos crimes praticados contra estes (PORTUGAL 2020a)
Em seu corpo traz um regime sancionatoacuterio aplicaacutevel aos crimes direcionados contra
os animais natildeo humanos de forma a alterar pela quinquageacutesima vez o Coacutedigo Penal portuguecircs
pela trigeacutesima seacutetima vez o Coacutedigo de Processo Penal e pela terceira vez a Lei nordm 9295 a lei
de proteccedilatildeo aos animais Desloca as penalidades e diretrizes sobre morte e maus-tratos inferidos
contra animais natildeo humanos como observamos pelo novo texto dado ao artigo 387 do Coacutedigo
Penal ldquo1 ndash Quem sem motivo legiacutetimo matar animal de companhia eacute punido com pena de
prisatildeo de 6 meses a 2 anos ou com pena de multa de 60 a 240 dias se pena mais grave lhe natildeo
couber por forccedila de outra disposiccedilatildeo legalrdquo aumentando substancialmente tanto as penas de
reclusatildeo quanto a de prestaccedilatildeo de serviccedilos para aquele que matar um animal natildeo humano
(PORTUGAL 2020a)
Pode ser lido ainda em seu artigo 3ordm o que pertence as alteraccedilotildees ao Coacutedigo de Processo
Penal se faz essencial constar a nova redaccedilatildeo dada aos artigos 171 e 172 deste coacutedigo
Artigo 171ordm
1 ndash Por meio de exames das pessoas dos lugares dos animais e das coisas
inspecionam-se os vestiacutegios que possa ter deixado o crime e todos os indiacutecios relativos
ao modo como e ao lugar onde foi praticado agraves pessoas que o cometeram ou sobre as
quais foi cometido
2 ndash []
3 ndashSe os vestiacutegios deixados pelo crime se encontrarem alterados ou tiverem
desaparecido descreve-se o estado em que se encontram as pessoas os lugares os
animais e as coisas em que possam ter existido procurando-se quando possiacutevel
reconstitui-los e descrevendo-se o modo o tempo e as causas da alteraccedilatildeo ou do
desaparecimento
Artigo 172ordm
1 ndash Se algueacutem pretender eximir-se ou obstar a qualquer exame devido ou a facultar
animal ou coisa que deva ser objeto de exame pode ser compelido por decisatildeo da
autoridade judiciaacuteria competente (PORTUGAL 2020a)
Sem deixar de citar sobre ocultaccedilatildeo de provas animais ou ainda qualquer outro tipo de
objeto ligado ao crime prevendo busca apreensatildeo e investigaccedilatildeo por meio da poliacutecia criminal
para que todas as provas que possam trazer a resoluccedilatildeo do fato iliacutecito suscetiacuteveis de serem
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declarados perdidos a favor do Estado Ainda busca definir os paracircmetros para a restituiccedilatildeo de
animais coisas ou bens apreendidos em meio a um processo investigativo criminal
determinando que estas permaneceratildeo sobre tutela de um fiel depositaacuterio ateacute o transito em
jugado da sentenccedila em ateacute 60 dias se os proprietaacuterios natildeo o buscarem no prazo previsto seratildeo
considerados perdidos em favor do Estado podendo este dar a finalidade que melhor acharem
(PORTUGAL 2020a)
Eacute imperioso constar que a presente lei ao aditar agrave Lei nordm 9295 vem a tratar das medidas
cautelares perante a proteccedilatildeo nos casos de evidecircncia de sinais de praacuteticas de crimes de maus-
tratos para contra animais natildeo humanos levantando as forccedilas de seguranccedila aos oacutergatildeos de
poliacutecia criminal a Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria e aos municiacutepios desencadear
os meios para proceder com tais medidas como faz com a alteraccedilatildeo do artigo 1 ndash A da Lei nordm
9295 (PORTUGAL 2020a)
35 JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO HUMANOS EM PORTUGAL
Na data de 02 de outubro de 2019 comeccedilou uma disputa judicial pela guarda da cadela
da raccedila Pitbull nomeada de Kiara apoacutes o rompimento da relaccedilatildeo de 12 anos de seus
proprietaacuterios A lide se iniciou pelo fato de ambas as partes requerem a guarda total do animal
natildeo humano estando o julgamento sendo processado pelo Juiacutezo da Famiacutelia e Menores de Mafra
pela Juiacuteza de Direito Soacutenia Henriques Cristoacutevatildeo Dentre as alegaccedilotildees e provas estatildeo a caderneta
de vacina a licenccedila e o chip de identificaccedilatildeo estatildeo em nome da parte feminina enquanto a parte
masculina alega ter sido o comprador e o financiador das custas da cadela (BARRETO 2019)
Em primeira anaacutelise do caso a magistrada observou que a parte masculina
primeiramente buscava a guarda compartilhada ou ao mesmo poder ter contato com a cadela
poreacutem ao avanccedilar do julgamento passou a pedir a guarda total devido a posiccedilatildeo da parte
feminina de se negar qualquer tipo de negociaccedilatildeo a posiccedilatildeo de passar de tentativa de guarda
compartilhada para guarda unilateral foi reforccedilada pelo fato de a parte masculina permanecer
morando no local onde a cadela viveu seus primeiros dois anos de vida ateacute que decidiram pela
dissoluccedilatildeo do relacionamento (BARRETO 2019)
Para poder tomar uma decisatildeo a juiacuteza decidiu por consultar a veterinaacuteria que fazia os
cuidados do animal natildeo humano com a finalidade de examinar o comportamento dos animais
natildeo humano e humanos concluindo-se que no caso em questatildeo os proprietaacuterios em momento
algum estavam colocando os interesses e bem-estar da cadela como prioridade mas sim seus
interesses particulares Ainda como apontado pela advogada Soacutenia Henriques Cristoacutevatildeo
41
especialista em direito animal o bem-estar animal eacute o uacuteltimo criteacuterio a ser levado em
consideraccedilatildeo em lides anaacutelogas ldquoNo que toca aos menores o criteacuterio eacute sempre o melhor
interesse do mesmo mas neste caso a lei civil natildeo tem como orientador esse princiacutepio Esse
criteacuterio existe mas eacute o uacuteltimordquo (BARRETO 2019) demonstrando uma interpretaccedilatildeo direta do
que o Coacutedigo Civil portuguecircs explana em seu artigo 1793ordm-A onde afirma que em casos de
divoacutercio ldquoos animais de companhia satildeo confiados a um ou a ambos os cocircnjuges considerando
nomeadamente os interesses de cada um dos cocircnjuges e dos filhos do casal e tambeacutem o bem-
estar do animalrdquo (PORTUGAL 1966) de forma a trazer a importacircncia do bem-estar animal
natildeo humano ser considerado para a decisatildeo de guarda poreacutem soacute como uacuteltima condiccedilatildeo para a
decisatildeo (BARRETO 2019)
A magistrada ponderou o fato de em Portugal ainda natildeo eacute pacificado o tema nem pelo
legislativo nem pela fraca jurisprudecircncia neste sentido ora que nos divoacutercios a guarda dos
animais natildeo humanos nem entra em pauta sendo normalmente decidido este ponto entre as
partes sem ter para tanto que levar o caso a justiccedila nem colocando na ficha da partilha haver
animais de companhia de maneira ao caso estar ainda em pauta de julgamento (BARRETO
2019)
Jaacute no que tange os maus-tratos aos animais natildeo humanos em Portugal mesmo com a lei
portuguesa punindo desde outubro de 2014 os maus-tratos contra animais natildeo humanos com
pena de ateacute um ano de prisatildeo somente 5 (cinco porcento) das denuacutencias acabam por chegar
a julgamento onde os outros 95 (noventa e cinco porcento) acaba por findar somente em
multa resultando que nas quase cinco mil denuacutencias registradas em virtude de maus-tratos agrave
animais natildeo humanos menos de duzentos de cinquenta destes findaram em julgamento como
descreve o Jornal de Notiacutecias o Observador de Portugal em sua mateacuteria de 24 de maio de 2020
(GOMES 2020)
Pelos dados coletados pelas pesquisas jurisdicionais realizadas por Gomes (2020) entre
2015 e 2018 a pena de prisatildeo soacute foi levantada como sanccedilatildeo aplicaacutevel pelos tribunais
portugueses no patamar da primeira instacircncia mas que sempre acabavam por ter a pena
convertida em multa ao serem recorridos os julgamentos tendo ainda tido um montante de seis
penas suspensas pelo proacuteprio magistrado da primeira instacircncia apoacutes reanaacutelise Ocorrendo neste
periacuteodo 241 processos crime entre abandono a maus-tratos tendo sido 169 casos diretamente
ligados aos maus-tratos tendo como reacuteus 277 animais humanos ressaltando ainda o fato de que
o nuacutemero de denuacutencias nunca representa a realidade faacutetica do cometimento dos crimes contra
os animais natildeo humanos mas sim somente uma pequena parcela da verdade (PORTUGAL
2020b)
42
Contudo o Jornal Correio da Manhatilde aponta uma nova posiccedilatildeo dos magistrados no
tocante de levar a justiccedila agravequeles que descumprem as leis contra os maus-tratos proferidos a
animais natildeo humanos como se observa ao iniacutecio de julgamento do caso de maus-tratos contra
uma cadela que desde 2016 sabe-se que eacute viacutetima de negligecircncia trancada em um ambiente
inapropriado ao seu porte sem acesso digno agrave aacutegua e alimentaccedilatildeo devidas a sua mantenccedila
bioloacutegica sendo mantida enclausurada em uma pequena e suja varanda apresentando magreza
extrema Sendo um dos primeiros casos de maus-tratos a chegar a justiccedila do Tribunal de Faro
por meio de denuacutencia de uma associaccedilatildeo de defesa dos animais tendo recebido grande reflexo
nas redes sociais (GRIFF 2018)
Tendo sido o caso encaminhado ao Ministeacuterio Puacuteblico de Faro local do fato ter vindo a
ocorrer este decidiu por dar prosseguimento agrave denuacutencia levantando a importacircncia deste ser
levado a julgamento em funccedilatildeo da importacircncia e relevacircncia do mesmo trazendo como
argumento a Lei que criminaliza os maus-tratos de 1 de outubro de 2014 ldquoquem sem motivo
legiacutetimo infligir dor sofrimento ou quaisquer outros tipos de maus-tratos fiacutesicos a um animal
de companhia eacute punido com pena de prisatildeo ateacute um ano ou com pena de multa ateacute 120 diasrdquo
aumentando para dois anos a puniccedilatildeo se ldquoresultar a morte do animal ou a privaccedilatildeo de um oacutergatildeordquo
(GRIFF 2015) de maneira a trazer a necessidade de se colocar a presente violaccedilatildeo em
julgamento como medida exemplar com o objetivo de desmotivar novos casos semelhantes
(GRIFF 2018)
Na data determinada para a primeira sessatildeo de julgamento os proprietaacuterios devidamente
citados natildeo compareceram tendo sido presenciada de um membro da Projeto de Apoio a
Viacutetimas Indefesas Nuacutecleo de Aveiro (PRAVI) e de um agente da Poliacutecia de Seguranccedila Puacuteblica
(PSP) de forma a sofrer a necessidade de remarcaccedilatildeo da sessatildeo de julgamento em funccedilatildeo das
leis civis de Portugal mas ainda natildeo haacute sentenccedila julgada sobre o caso (GRIFF 2018)
Portugal vem enfrentando seacuterios problemas sanitaacuterios devido ao que descrevem como
Siacutendrome de Noeacute que se determina por uma espeacutecie de transtorno de acumulaccedilatildeo onde o
animal humano tem dificuldade de desfazer-se de animais acabando por os acumular de forma
desorganizada afetando tanto a sociedade quanto os animais natildeo humanos envolvidos nesta
condiccedilatildeo Aos animais natildeo humanos viacutetimas dessa siacutendrome acabam por natildeo receberem os
cuidados necessaacuterios que acaba por acarretar diretamente nos maus-tratos podendo originar
doenccedilas que podem ainda se desenvolver em zoonoses (MACHADO 2020)
Sobre o caso a Assembleia da Repuacuteblica no dia 25 de janeiro de 2018 publicou a
Resoluccedilatildeo da Assembleia da Repuacuteblica nordm 202018 onde recomenda que seja criado um grupo
de trabalho constituiacutedo por profissionais da sauacutede e comportamento animal assistentes sociais
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psiquiatras e psicoacutelogos com o objetivo de prevenir e combater casos da Siacutendrome de Noeacute
uma vez que aleacutem de ocasionar risco a sociedade na maior parte das vezes foram observados
que os animais natildeo humanos expostos a esta siacutendrome tentem a serem viacutetimas de maus-tratos
como o ocorrido no mecircs de maio em Canccedilas onde uma proprietaacuteria possuiacutea 35 animais em
um ambiente que natildeo apresentava as miacutenimas condiccedilotildees de bem-estar animal ou dignidade
Desta forma depois de julgado a maior parte dos animais natildeo humanos que laacute residiam foram
recolhidos de forma a apenas permanecerem no local sete animais natildeo humanos com a antiga
proprietaacuteria uma vez observado grande afeto entre a proprietaacuteria e estes (MACHADO 2020)
No presente caso foi levantado que ldquoo bem-estar animal deve ser compreendido
segundo o alojamento manutenccedilatildeo e acomodaccedilatildeo dos animais referido ainda que nenhum
animal deve ser detido se estas condiccedilotildees de bem-estar natildeo se encontrem verificadasrdquo neste
ditame aquele que acaba por acumular animais de companhia podem ocorrer em se enquadrar
em crime de maus-tratos como previsto pelo artigo 387 do Coacutedigo Penal portuguecircs onde prevecirc
a sanccedilatildeo de prisatildeo de ateacute um ano ou com pena de multa ade ateacute 120 dias quando aquele que
for o detentor ocasionar dor infligir sofrimento ou ainda qualquer outra agressatildeo fiacutesica a
animais natildeo humanos natildeo impedindo ainda que sejam somadas penalidades do artigo 388 do
mesmo coacutedigo onde prevecirc ldquoa privaccedilatildeo do direito de detenccedilatildeo de animais de companhia pelo
periacuteodo maacuteximo de 5 anosrdquo de forma a tentar prevenir de forma consubstanciada a seguranccedila
da sociedade junto com a mantenccedila do bem-estar dos animais natildeo humanos (MACHADO
2020)
Assim no presente capiacutetulo foi analisada a evoluccedilatildeo histoacuterica legislativa dos direitos
dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo portuguesa ateacute a contemporaneidade do estado
atual de seus direitos e incluindo julgados Pelo meacutetodo explanatoacuterio bibliograacutefico onde se
buscou esta anaacutelise da forma mais completa tentando englobar o maacuteximo de informaccedilotildees para
se chegar agrave mais completa anaacutelise dos direitos dos animais natildeo humanos em Portugal
Desta forma foi possiacutevel se observar que o primeiro relato normativo portuguecircsocorreu
no ano de 1886 com o Coacutedigo Penal portuguecircs trazendo vedaccedilotildeesaos maus-tratos de qualquer
espeacutecie aos animais natildeo humanos ainda que no passar dos anos passando pela inclusatildeo de
normas dentro doscoacutedigos legais sem deixar de citar as leis infraconstitucionais
Para continuidade do presente trabalho no capiacutetulo que se segue seraacute apresentada uma
anaacutelise comparativa entre a evoluccedilatildeohistoacuterica do direito dos animais natildeo humanos entre
aslegislaccedilotildees brasileira e portuguesaassim como uma anaacutelise comparativa doestado normativo
dos direitos dos animais natildeo humanos apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 entre os
doispaiacuteses em anaacutelise
44
4 COMPARACcedilAtildeO DAS LEGISLACcedilOtildeES BRASILEIRA E PORTUGUESA
O presente capiacutetulo aborda uma comparaccedilatildeo relativa as leis passadas e presentes em
Brasil e Portugal uma vez que entre os paiacuteses haacute uma relaccedilatildeo de reciprocidade devido ao
Decreto Legislativo nordm 82 de 24 de novembro de 1971 nomeada de Convenccedilatildeo sobre igualdade
de Direitos e Deveres entre brasileiros e portugueses ratificada em Brasiacutelia na data de 7 de
setembro de 1971 e em Lisboa na data de 22 de marccedilo de 1971 entrando em vigor no dia 22
de abril de 1972 onde os Governos do Brasil e Portugal visando a continuidade do reciacuteproco
respeito aos valores histoacuterico morais culturais e eacutetnicos que outrora uniram os povos e que os
manteacutem como irmatildeos com o intuito de promover um aperfeiccediloamento e estreitamento nas
relaccedilotildees harmonicamente da comunidade Luso-Brasileira convencionou a efetivaccedilatildeo do
princiacutepio da igualdade de tratamento entre cidadatildeos brasileiros expresso na constituiccedilatildeo
brasileira agrave eacutepoca em seu artigo 199 e na entatildeo constituiccedilatildeo portuguesa em seu artigo 7ordm
paraacutegrafo 3ordm (BRASIL 1972)
Desta maneira com a instituiccedilatildeo de um estatuto de caraacuteter especial com a iniciativa de
refletir os viacutenculos existentes entre brasileiros e portugueses assim como com o intuito de
servir de embasamento e inspiraccedilatildeo para as geraccedilotildees e legislaccedilotildees que se seguissem houve este
compromisso solene fraternal e indestrutiacutevel de amizade Enfatiza-se em tal Convenccedilatildeo o seu
artigo 1ordm ldquoOs portugueses no Brasil e os brasileiros em Portugal gozaratildeo de igualdade de direitos
e deveres com os respectivos nacionaisrdquo de forma a demonstrar uma reciprocidade no
tratamento de nascidos no paiacutes irmatildeo em seu territoacuterio mas ainda resguardando os direitos e
deveres inerentes ao seu paiacutes natural como exposto em seu artigo 3ordm ldquoOs portugueses e
brasileiros abrangidos pelo estatuto de igualdade continuaratildeo no exerciacutecio de todos os direitos
e deveres inerentes agraves respectivas nacionalidadesrdquo (BRASIL 1972)
Assim como para o presente trabalho eacute vaacutelido se fazer citar o artigo 16 da dita
Convenccedilatildeo ldquoOs Governos do Brasil e de Portugal consultar-se-atildeo periodicamente a fim de
examinar e adotar as providecircncias necessaacuterias para melhor e uniforme interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo
da presente Convenccedilatildeo bem como para estabelecer as modificaccedilotildees que julguem
convenientesrdquo assim a presente convenccedilatildeo veio a tratar que no presente e futuro os dois paiacuteses
se reuniriam para discutir sobre leis que versem sobre esta reciprocidade desta forma o capiacutetulo
que se apresenta vem a comprar as legislaccedilotildees no tangente dos direitos dos animais natildeo
humanos pelas leis brasileiras e portuguesas (BRASIL 1972)
No tocante dos direitos dos animais natildeo humanos Charles Darwin (1996) jaacute relatava
sobre a capacidade de sentir de ter consciecircncia de se reunir em grupos em sociedades de ter
45
empatia assim como quando comparada aos animais humanos ldquonatildeo existe uma diferenccedila
fundamental entre os humanos e os mamiacuteferos de niacutevel superior nas suas faculdades mentaisrdquo
(DARWIN 1996 P287)Este pensamento de Darwin eacute reforccedilado nesta outra passagem
Existem muitas espeacutecies de animais sociais em que os seus membros se associam em
grupos sentem compaixatildeo uns pelos outros manifestando qualidades que os revelam
de uma consciecircncia moral incipiente para quando em comparaccedilatildeo com a humana
sendo fieacuteis ao grupo demonstrando capacidade de entender as necessidades de
membros do grupo que apresentem carecircncias de tratamentos especiais ao exemplo de
fornecer alimentos e bebidas aos indiviacuteduos do grupo que satildeo cegos (DARWIN 1996
p 290traduccedilatildeo nossa)
Observa-se que jaacute haacute muito antes de se discutir os animais natildeo humanos como dignos
ou natildeo de direitos relativos a personalidade juriacutedica jaacute fora levantada sua capacidade de ser
equiparados aos animais humanos ora que apresentam capacidades de sentir sofrer entender
o outro ajudar num niacutevel de compreensatildeo e sensibilidade ateacute hoje juridicamente apenas
arguido aos seres humanos (DARWIN 1996)
41 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO HISTOacuteRICO
Se demonstra eficaz comeccedilar o presente toacutepico lembrando que a primeira nota
legislativa no Brasil relativa ao direito dos animais natildeo humanos natildeo ter se desenvolvido no
acircmbito nacional mas sim Municipal com o Coacutedigo de Posturas do Municiacutepio de Satildeo Paulo
(1886) em 6 de outubroonde por mais que fosse a primeira vedaccedilatildeo expressa as praacuteticas de
crueldade contra os animais natildeo humanos esta se limitava agravequeles que faziam uso de animais
natildeo humanos para o fim traccedilatildeo de carroccedilas e que somente no ano de 1934 sendo assim um
lapso de 48 anos ateacute que no dia 10 de julho viesse a existir um Decreto nacional o de nordm
24645 que promulgou a vedaccedilatildeo aos maus-tratos proferidos contra animais natildeo humanos em
local puacuteblico ou privado assim como trazendo a tutela do Estado para com estes assim como
estipulando puniccedilatildeo pecuniaacuteria e de enclausuramento para aquele que violasse o dito decreto
(BRASIL 1934)
Na supracitada legislaccedilatildeo federal ainda se trazia a representaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
como uma possibilidade nas accedilotildees que versassem sobre os maus-tratos relativos agrave animais natildeo
humanos No sistema normativo gerado por este decreto foram transcritas ainda diretrizes para
o uso animal natildeo humano para quando utilizados para auxiliar ou gerar trabalho de interesse
dos animais humanos como ao exemplo daqueles que fossem objeto de traccedilatildeo veicular Ainda
46
eacute imperioso constar que neste ano houve a primeira menccedilatildeo em relaccedilatildeo a negativa de abandono
de animais natildeo humanos (BRASIL 1934)
No mesmo ano em que o Brasil recebia sua primeira norma legislativa em acircmbito
Municipal para a garantia dos direitos dos animais natildeo humanos em Portugal no dia 16 de
setembro o Decreto Lei de seu Coacutedigo Penal jaacute trazia direitos para os animais natildeo humanos
no qual jaacute foram previstas penalidades para aqueles que ferissem matassem envenenasse
abusassem ou viessem a causar quaisquer outros tipos de danos aos animais natildeo humanos assim
como jaacute traziam a vedaccedilatildeo aos maus-tratos desde sua primeira menccedilatildeo normativa Desta forma
demonstram um claro avanccedilo no campo legislativo em relaccedilatildeo aos direitos dos animais natildeo
humanos perante as leis brasileiras (PORGUTAL 1886) Posicionamento semelhante no Brasil
soacute se fez demonstrar presente no campo normativo deacutecadas depois com o Projeto de Lei nordm 631
de 2015 onde no Senado brasileiro se passou a discutir em julgados o impedimento de causar
dor a animais natildeo humanos se o motivo natildeo for plenamente justificaacutevel discutindo tambeacutem
sobre o que tange a guarda destes tratando pela primeira vez a nomenclatura direta para os
animais natildeo humanos como seres sencientes (BRASIL 2015b)
Ainda antes mesmo do Brasil ter desenvolvido qualquer lei no acircmbito nacional sobre os
direitos dos animais natildeo humanos Portugal (2001) jaacute inovava com suas leis no dia 12 de junho
onde foi assinado mais um Decreto Lei este trazendo uma nova vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos deveres
dos animais humanos em relaccedilatildeo aos animais natildeo humanos desta vez impedindo a carga
excessiva de trabalho aos quais estes satildeo expostos determinando tempo capacidade dentre
outros regramentos de maneira a proporcionar para os animais natildeo humanos utilizados para o
serviccedilo condiccedilotildees miacutenimas de subsistecircncia visando diminuir seu sofrimento e trazendo-lhes
maior dignidade (PORTUGAL 2001)
Voltando a tratar da legislaccedilatildeo do Brasil (1941) houve um lapso temporal de 7 anos
entre a ultima ediccedilatildeo de norma legal em relaccedilatildeo aacute proacutepria lei e 22 anos se contadas as leis
portuguesas No dia 03 de outubro o Brasil promulgou por meio do Decreto Lei nordm 3688 a Lei
das Contravenccedilotildees Penais onde trouxe entre seus artigos penalidades para aqueles que
submetessem agrave trabalho excessivo ou cruel a animais natildeo humanos oferecendo como
penalidades a prisatildeo simples e ou a multa ainda qualifica como criminosa a praacutetica de
experiecircncias crueacuteis ou que gerem dor aos animais natildeo humanos vivos mesmo que este seja
realizado com intuito didaacutetico ou cientiacutefico trazendo assim pela primeira vez no ordenamento
brasileiro vedaccedilotildees no campo cientiacutefico e de entretenimento de animais humanos (BRASIL
1941)
47
Ainda no tocante das leis brasileiras passaram-se vinte e seis anos ateacute que no dia 03 de
janeiro de 1967 foi promulgada a Lei Federal nordm 5197 o chamado Coacutedigo da Caccedila impedindo
que a fauna silvestre fosse de qualquer forma alvo de caccedila predatoacuteria ou caccedila para criaccedilatildeo em
cativeiro assim vedando ainda sua destruiccedilatildeo ou de seu habitat de forma a trazer garantias ateacute
entatildeo natildeo observadas nem na legislaccedilatildeo brasileira nem portuguesa da diversidade
continuidade e sobrevivecircncia de animais provindos da fauna nativa paacutetria (BRASIL 1967)
Contudo os legisladores agrave eacutepoca evidenciaram que haviam condiccedilotildees especiais onde as
peculiaridades regionais abriam uma brecha para a permissatildeo da caccedila destas espeacutecies
entretanto mesmo permitindo com ressalvas a caccedila nestas zonas especiais a comercializaccedilatildeo
destes animais natildeo humanos permaneceria terminantemente proibida assim como produtos
feitos com eles ou mesmo seus filhotes Para garantir o correto cumprimento deste coacutedigo
foram estipuladas sanccedilotildees para os que natildeo as observassem Como principal marco desta lei
demonstra-se o primeiro relato de inafianccedilabilidade para aquele que cometer crime contra
animais natildeo humanos (BRASIL 1967)
Doze anos depois ainda no Brasil (1979) se continuava a desenvolver leis para a
proteccedilatildeo dos direitos dos animais natildeo humanos de forma a demonstrar que estaacutevamos em um
periacuteodo de grande evoluccedilatildeo legislativa garantista aos direitos dos animais natildeo humanos por
meio da Lei nordm 6638 se tratariam novamente os regramentos do tema em relaccedilatildeo ao uso
cientiacutefico destes falando dos laboratoacuterios testes cliacutenicos uso para testes de medicamentos
dissertando ainda sobre a eutanaacutesia dos animais natildeo humanos Passaram-se trecircs anos ateacute a
criaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente no dia 31 de agosto de 1979 protegendo a
fauna brasileira e seu habitat de forma especiacutefica e direta tratando pela primeira vez daqueles
que causem poluiccedilatildeo (BRASIL 1981)
42 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO CONTEMPORAcircNEO
O criteacuterio de comparaccedilatildeo contemporacircnea tomou por base a Constituiccedilatildeo Federal
brasileira de 1988 momento em que houve pela primeira vez a inclusatildeo dos direitos dos animais
natildeo humanos dentro do sistema constitucional brasileiro no qual o artigo 225 se veio a condenar
todo aquele que viesse a proferir gestos de crueldade para contra os animais natildeo humanos
poreacutem ainda ressalvando a possibilidade de natildeo se considerar como cruel as praacuteticas
desportivas os movimentos culturais que se encontram registradas como parte integrante do
patrimocircnio cultural brasileiro (BRASIL 1988)
48
Ainda no corpo do texto constitucional foi normatizada a garantia ao ambiente
equilibrado a qualidade de vida por meio de controle social e puacuteblico para a manutenccedilatildeo da
diversidade do patrimocircnio geneacutetico nacional da fauna e flora na tentativa de barrar a evoluccedilatildeo
numeacuterica do quadro de seres vivos na lista de animais em extinccedilatildeo ou extintos de forma a
apresentar um diferencial por constar em sua Constituiccedilatildeo direitos aos animais natildeo humanos
em relaccedilatildeo a Portugal(BRASIL 1988)
Portugal (2001) soacute voltaria a discutir as leis relativas aos direitos dos animais natildeo
humanos dentro dos criteacuterios comparativos de contemporaneidade aqui estabelecidos no
seacuteculo que se seguiria uma vez que na Europa a Convenccedilatildeo Europeia para a Proteccedilatildeo dos
Animais de Companhia que promulgou o Decreto nordm 1393 onde trouxe para seu territoacuterio
vaacuterias leis que tratavam da fauna e da flora de animais natildeo humanos domeacutesticos e selvagens
mas tambeacutem ressalvando as peculiaridades de sua fauna exoacutetica vedando vaacuterios atos
normativos do dito decreto vindo a defender protegendo ainda natildeo soacute as espeacutecies presentes ao
tempo da lei mas como tambeacutem seus filhotes mesmo quando criados em cativeiro onde
normatizava a forma de reproduccedilatildeo os locais de alojamento dos mesmos para os fins de
comercializaccedilatildeo hospedagem ou ainda centros de recolhimento de animais natildeo humanos de
companhia (PORTUGAL 2001)
Portugal veio ainda a tratar do abandono da negligecircncia fiacutesica alimentar higiecircnica e da
manutenccedilatildeo das condiccedilotildees de sauacutede dos animais natildeo humanos trazendo a necessidade de
laudos veterinaacuterios para que sejam realizadas intervenccedilotildees corpoacutereas nestes como ao exemplo
de amputaccedilotildees garantindo sua integridade fiacutesica de forma a natildeo soacute englobar os direitos aos
animais natildeo humanos outrora garantidos pela Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 mas
ainda refletindo leis que somente seriam vistas no territoacuterio brasileiro vaacuterios anos depois
(PORTUGAL 2001)
No Brasil cinco anos depois que o Decreto nordm 1393 era promulgado em Portugal seria
tratado assunto semelhante por meio da Lei nordm 9605 com a proibiccedilatildeo de diversos tipos de
atividades para que contra a fauna brasileira como matar caccedilar perseguir apanhar estes tipos
de animais natildeo humanos abrindo a permissatildeo para alguns destes em casos especiacuteficos natildeo
excluindo deste a fauna estrangeira tambeacutem tratando da vedaccedilatildeo a poluiccedilatildeo ora que afeta a
fauna brasileira estrangeira e ainda os animais humanos (BRASIL 1998)
Dois anos depois ainda em Portugal (2003a) se poderia notar a preocupaccedilatildeo com os
direitos dos animais natildeo humanos natildeo soacute enquanto considerados de companhia mas tambeacutem
os selvagens e os caracterizados como perigosos pela modificaccedilatildeo do Decreto Lei nordm 2762001
para o Decreto Lei nordm 315 2003 por observar algo que ateacute entatildeo soacute havia sido observado entre
49
as duas legislaccedilotildees portuguesa e brasileira no tocante de ressalvas do artigo 225 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988ao se tratar da proibiccedilatildeo de atos crueacuteis contra animais natildeo
humanos mas permitindo em casos de peculiaridades culturais como supracitado no paraacutegrafo
que a este antecedeu Neste decreto Portugal abril ressalvas a regulamentaccedilatildeo no acircmbito da
aplicabilidade do diploma outrora recebido por sua legislaccedilatildeo das figuras normativas referentes
a fauna e flora selvagem e exoacutetica assim como aqueles que os seguirem por descendecircncia de
modo a permitir que dentro das caracteriacutesticas proacuteprias de cada regiatildeo estas tivessem
autonomia de leis (PORTUGAL 2003b) Ainda no mesmo vieacutes em Santa Catarina (2003) a
Lei Estadual nordm 12854 instituiu o Coacutedigo Estadual de Proteccedilatildeo Animal para vedar quaisquer
tipos de agressotildees contra animais natildeo humanos indiferentemente se silvestres de companhia
domeacutesticos ou que possam ser domesticaacuteveis (aqueles que por sua natureza natildeo satildeo
classificados como domeacutesticos mas que podem vir a ser ao exemplo de porcos) nativos ou
exoacuteticos gerando uma normatizaccedilatildeo para transporte mantenccedila abate e pesquisas
cientiacuteficolaboratoriais garantindo-lhes plenas condiccedilotildees de existecircncia (SANTA CATARINA
2003)
Ainda sobre o tema de utilizaccedilatildeo de animais natildeo humanos para fins cientiacuteficos a
Diretiva 201063EU recepcionada pelas leis portuguesas vem a proteger os animais natildeo
humanos para quando utilizados para estes fins normatizando as teacutecnicas utilizadas durantes as
experiecircncias a qual veio a restringir a occisatildeo (ato de matar um animal) somente quando natildeo
haacute outra opccedilatildeo vedando que sem motivo de grande relevacircncia e plenamente justificaacuteveis se
ponha em risco a biodiversidade dos animais natildeo humanos e ainda traz a necessidade de se
buscar formas substitutivas para tal uso cientiacutefico onde busca reduzir ao miacutenimo inevitaacutevel o
uso de animais natildeo humanos nestes casos (PORTUGAL 2010)
No que se fala de leis que regulamentam a proteccedilatildeo ao bem-estar dos animais natildeo
humanos durante o transporte dos mesmos em Portugal o Regulamento nordm 12005 tenta
minimizar quaisquer sofrimentos seja pelo cumprimento de suas necessidades baacutesicas como
alimentaccedilatildeo higiene assim como com os meios utilizados para este transporte de maneira a
evitar lesotildees violecircncia ou sofrimento (PORTUGAL 2005) Ainda sendo valoroso constar aqui
a Lei nordm 9295 que aleacutem de ser por si soacute a Lei de Proteccedilatildeo aos Animais natildeo humanos a qual
veda quaisquer tipos de aferimento de dor sofrimento requisito de exigir mais do que a
capacidade do animal natildeo humano ainda veio a regulamentar a permissatildeo expressa de
transporte de animais natildeo humanos em transportes puacuteblicos seja para garantia da obrigaccedilatildeo
prevista a mesma lei de socorro aos animais natildeo humanos seja por comodidade ressalvando
50
que para tanto o animal natildeo humano deve estar devidamente condicionado em meio proacuteprio
sem apresentar aos demais riscos fiacutesicos a sua sauacutede ou higiene (PORTUGAL 1995)
Eacute imperioso citar o grande diferencial entre as legislaccedilotildees brasileira e portuguesa que se
fez surgir em Portugal ainda em 2003 quando por meio do Decreto-Lei n 3132003 foi criado
o sistema de cadastro e identificaccedilatildeo eletrocircnica de catildees e gatos natildeo soacute permitindo um melhor
controle estatal sobre o abandono como tambeacutem sobre as bases sanitaacuterias e controle
populacional destes animais natildeo humanos uma vez que devem constar desde informaccedilotildees
baacutesicas sobre o animal natildeo humano como nome raccedila idade e sexo ou ainda sobre seu
proprietaacuterio como nome endereccedilo contato mas ainda as vacinas que este individuo recebeu
no passar de sua vida se eacute ou natildeo castrado ainda obrigando a atualizaccedilatildeo perioacutedica dos dados
medida esta que no Brasil muito jaacute se discutiu regulamentar mas que nunca chegou a ter uma
normatizaccedilatildeo para com as leis (PORTUGAL 2003a)Este posicionamento foi reforccedilado pela
implementaccedilatildeo do Decreto Lei nordm 822019 ao criar o SIAC tornando mais rigorosos os criteacuterios
e penalidades relativas ao registro e atualizaccedilatildeo do cadastro dos animais natildeo humanos
(PORTUGAL 2019b)
Jaacute no Brasil o Coacutedigo Civil de 2002 classificou por meio de nova hermenecircutica ao
artigo 82 onde se definiam os animais natildeo humanos como coisas como somente bens agora
se passou a entender estes como seres semoventes por serem bens de capacidade a serem
suscetiacuteveis de movimentaccedilatildeo proacutepria assim permaneceu com a consolidaccedilatildeo do Coacutedigo de
Processo Civil de 2015 Poreacutem devido a sua capacidade de sofrer de sentir dor tornaram-se
perante o sistema normativo brasileiro dignos da nomenclatura de seres viventes seres
sencientes aqueles que pela sua condiccedilatildeo bioloacutegica chegando ao tocante de acordo com
Cardoso (2007) de seres aptos a terem sua personalidade juriacutedica discutida ora que no passado
outros como escravos e crianccedilas natildeo tinham essa personalidade levantada mas agora tem
Da mesma forma dever-se-ia permitir que tal condiccedilatildeo fosse levada a pauta de discussatildeo
normativa mesmo que natildeo possuindo faculdades mentais de plena comparaccedilatildeo as dos animais
humanos tampouco as crianccedilas e os escravos os tinham perante a lei no passado de forma que
na contemporaneidade ateacute aquele que tenha comprovadamente suas faculdades mentais
consideradas inaptas a autonomia de querer ainda sim possuem personalidade juriacutedica deveres
e direitos uma vez que satildeo capazes de sofrer de sentir de passar fome ainda que natildeo consigam
expressar essas condiccedilotildees de forma clara e linguisticamente padronizados resultado no fato de
que natildeo eacute a capacidade de raciocinar capacidade cognitiva ou ainda de comunicativa o requisito
para a arguiccedilatildeo de sua personalidade juriacutedica (CARDOSO 2007) Jaacute em Portugal a
compreensatildeo e caracterizaccedilatildeo dos animais natildeo humanos como seres sencientes estaacute expresso
51
desde 2017 deixando de serem classificados no rol de coisas por meio da Lei nordm 82017
(PORTUGAL 2017b)
No mesmo ano em que Cardoso (2007) tratava doutrinalmente da personalidade juriacutedica
dos animais natildeo humanos no Brasil em Portugal com a promulgaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm
742007 discutia de forma consagrada o direito de acesso de pessoas portadoras de deficiecircncia
visual que se fazem acompanhar de catildeo-guia a locais transportes e estabelecimentos puacuteblicos
direito este que no Brasil foi inserido no sistema normativo brasileiro em 2005 por meio da Lei
nordm 1112605 mas que soacute se consagrou pela redaccedilatildeo a esta proferida pela Lei nordm 131462015
Jaacute no Brasil sobre este tema com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 1112605 futuramente alterada e
devidamente implementada no sistema normativo brasileiro pela Lei nordm 131462015 veio de
modo a garantir o mesmo direito em territoacuterio nacional agraves pessoas humanas que sejam
portadoras de deficiecircncia visual e sejam acompanhadas de catildees-guia (BRASIL 2015a)
43 COMPARATIVO DOS JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO
HUMANOS BRASIL X PORTUGAL
Quando se trata da possibilidade jurisprudencial da discussatildeo em relaccedilatildeo a guarda de
animais natildeo humanos enquanto envolvidos em processos de separaccedilatildeo divoacutercio ou dissoluccedilatildeo
de relacionamentos no Brasil foi discutido pelo Ministro Luis Felipo Salomatildeo (2018) o tema
partindo do paracircmetro dos fins sociais ora vez de natildeo se tratar de um bem inanimado como
seria o caso da partilha dos bens entatildeo perante o caso concreto a lide formal da guarda de
animais natildeo humanos estendendo aos animais natildeo humanos a condiccedilatildeo de sujeito de direito
reconhecendo assim um terceiro gecircnero uma vez que se apresenta em relaccedilatildeo a evoluccedilatildeo da
proacutepria sociedade protegendo entatildeo as relaccedilotildees afetivas entre os animais natildeo humanos e
humanos Este posicionamento se reforccedilou com a decisatildeo da Juiacuteza de Direito da 3ordf Vara da
Famiacutelia de Joinville em 2019 ao erguer a necessidade de que os animais natildeo humanos tenham
modificado seu status normativo de coisa para uma categoria intermediaacuteria entre cosia e animais
humanos embasada pelo Projeto de Lei do Senado de nordm 31515 que visa alterar o artigo 82 do
Coacutedigo Civil (REIMER 2019)
No mesmo ano em Portugal se discutiu a mesma problemaacutetica onde ao ocorrer uma
separaccedilatildeo ambas as partes demonstraram interesse em contrair a guarda da cachorrinha outrora
de propriedade do casal mas que diferente do Brasil onde se discute a natureza juriacutedica dos
animais natildeo humanos para o tocante da discussatildeo de guarda em Portugal jaacute se tem legislaccedilatildeo
sobre o tema onde no Coacutedigo Civil portuguecircs (1966) em seu artigo 1793-A traz de forma
52
direta no que se fala de divoacutercio e guarda dos assim chamados animais de companhia
apontando os fatores que deveratildeo ser considerados para a decisatildeo judicial do ganho da guarda
onde ainda aponta que deveraacute ser levado em consideraccedilatildeo o bem-estar animal como uacuteltimo
criteacuterio para tal decisatildeo (CRISTOacuteVAtildeO 2019) Enquanto em Portugal como se pode observar
na afirmativa anterior jaacute haacute relato normativo dentro do Coacutedigo Civil portuguecircs de 1966 sobre
a regulamentaccedilatildeo para quando a disputa de guarda de animais natildeo humanos no Brasil tal tipo
de posicionamento ainda eacute inexistente apenas se fazendo constar por meio de um Projeto de
Lei o PLS 54218 para possibilitar criteacuterios de julgamento em casos de divoacutercios ou dissoluccedilatildeo
de uniatildeo estaacutevel de maneira que se quando aprovado alteraria o Coacutedigo de Processo Civil
brasileiro entretanto se for aprovado natildeo estabeleceria o bem-estar animal apenas como
ultimo fator para a determinaccedilatildeo de com quem deveria se manter a guarda como eacute atualmente
em Portugal mas sim como um criteacuterio essencial para tal decisatildeo (BRASIL 2018b)
44 UM COMPARATIVO ENTRE LEIS ESPECIAIS
Como se pode ler nos capiacutetulos dois e trecircs deste trabalho tanto Portugal quanto o Brasil
jaacute tratam da vedaccedilatildeo do uso de animais natildeo humanos nos testes para a produccedilatildeo de cosmeacuteticos
produtos de perfumaria higiene dentre outros poreacutem enquanto em Portugal esta vedaccedilatildeo jaacute
se encontra devidamente celebrada desde o datar de 30 de novembro de 2009 por meio do
Regulamento nordm 12232009 onde a Uniatildeo Europeia veio a regulamentar como deveriam ser
realizados os testes em animais natildeo humanos estabelecendo o desenvolvimento de teacutecnicas
substitutivas para o uso de animais natildeo humanos nos supracitados testes Estabelecendo ainda
limites nos anos de 2009 e 2013 para o fim da comercializaccedilatildeo de bens esteacuteticos que tivessem
em seus compostos ingredientes testados em animais natildeo humanos e os testes em animais em
si respectivamente (PORTUGAL 2009c) No Brasil tal espeacutecie de proibiccedilatildeo somente se daacute
por meio de Projetos de Lei estadual como o Projeto de Lei nordm 552017 que visa proibir os
testes em animais natildeo humanos no territoacuterio catarinense prevendo sanccedilotildees tanto para
instituiccedilotildees quanto para animais humanos que descumpram os termos da lei o presente Projeto
de lei aguarda atualmente sanccedilatildeo estadual (SANTA CATARINA 2020)
Em Portugal eacute possiacutevel observar uma evoluccedilatildeo contiacutenua sobre as legislaccedilotildees de direito
de animais natildeo humanos como apresentado por exemplo pela Resoluccedilatildeo nordm 202018 que
incentiva a constituiccedilatildeo de grupos de trabalho para que se busque diminuir os maus-tratos
levantados contras os animais natildeo humanos viacutetimas de acumulaccedilatildeo conhecida como Siacutendrome
de Noeacute (MACHADO 2020) assim como com a Lei nordm392020 que criou um regime
53
sancionatoacuterio aos crimes proferidos contra os animais de companhia e ocasionando na alteraccedilatildeo
do Coacutedigo Penal e do Coacutedigo de Processo Civil portuguecircs trazendo entre outros a possibilidade
de instauraccedilatildeo de processos crimes para investigar suspeitas relatos e denuacutencias de maus-tratos
negligecircncia ou qualquer outra accedilatildeo que faccedila impedir o bem-estar de animais de companhia em
Portugal assim como estabelecendo a possibilidade de exame de corpo de delito sobre tais
crimes contra os animais natildeo humanos ainda declarando como crime a ocultaccedilatildeo de provas
animais natildeo humanos ou qualquer outro meio que venha a atrapalhar o devido processo
investigativo de forma a prever a busca e apreensatildeo para a garantia da devida investigaccedilatildeo
trazendo para aqui a figura do depositaacuterio fiel (PORTUGAL 2020a)
Jaacute no Brasil percebe-se um risco iminente de acontecer um retrocesso no campo
normativo relativo aos direitos do animais natildeo humanos como o que ocorre com a Lei nordm
2172019 o Coacutedigo de Proteccedilatildeo e bem-estar animal que veda que a sociedade propicie
alimentaccedilatildeo aacutegua cuidados com a sauacutede higiene dentre outros quando em vias puacuteblicas
constituindo que a mantenccedila do bem-estar animal por meio da sociedade enquanto natildeo Estado
seja caracterizada como infraccedilatildeo legal (CURITIBANOS 2019)
Da mesma forma o Projeto de Lei nordm 722020 de Penha como arguido por Moreira
(2020) aparece como uma lei temeraacuteria ora que prevecirc multar e penalizar os tutores de
cachorros que importunarem o sossego sendo uma consequecircncia clara para a tentativa de
impedir as sanccedilotildees desta lei a implementaccedilatildeo de meios a impedir os latidosEsta iniciativa pode
trazer ocorrecircncias de maus-tratos seja pelo uso de equipamentos anti-latido pela secccedilatildeo das
cordas vocais dos cachorros ou ainda outras puniccedilotildees mais agravadas em caso seu proprietaacuterio
venha a ser punido pelo fato de seus cachorros latirem (PENHA 2020)
Em contraponto eacute possiacutevel observar no Regulamento nordm 1523007 do Parlamento
Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia que foi recebido pelo sistema normativo portuguecircs
no qual para a garantia do bem-estar tanto de catildees e gatos quanto da sociedade em si vedou
expressamente a comercializaccedilatildeo exportaccedilatildeo ou importaccedilatildeo de qualquer tipo de material ou
produto que tenha em sua composiccedilatildeo pele de gato ou de cachorroTraz ainda no corpo do texto
legal sanccedilotildees mais graviacutedicas em relaccedilatildeo a todos que se envolvam de forma direta indireta
tentada ou consumada ou ainda que sabendo natildeo veia a denunciar ou impedir lutas entre animais
natildeo humanos (PORTUGAL 2007b)
Felizmente observa-se que em caminho contraacuterio ao Projeto de Lei nordm 722020 e a Lei
nordm 2172019 o Projeto de Lei nordm 6312015 busca alterar a redaccedilatildeo do artigo 32 da Lei nordm
960598 onde busca vedar sem motivos justificaacuteveis proferir dor lesatildeo ou sofrimento aos
animais natildeo humanos ressaltando neste ponto a tentativa de se classificar o tratamento dado
54
aos animais natildeo humanos agora como seres sencientes (BRASIL2019) devendo-se constar
que o artigo 82 do Coacutedigo Civil brasileiro caracteriza de forma normativa os animais natildeo
humanos como coisas e sobre a nova hermenecircutica o tratamento juriacutedico destes busca a
compreensatildeo como sencientes (BRASIL 2002) posicionamento este que em Santa Catarina jaacute
se fez constar pela Lei nordm 17485 (SANTA CATARINA 2018)
Em Portugal por meio da Lei nordm 3152009 foram criados ditames regrativos para em
quanto a especificidade de animais natildeo humanos que sejam devido a sua natureza sua
caracterizaccedilatildeo de selvagem sua espeacutecie ou ainda condiccedilotildees especiais caracterizados como
perigosos ou potencialmente estabelecendo diretrizes para a mantenccedila criaccedilatildeo interaccedilatildeo para
com outros seres vivos sejam estes animais humanos ou natildeo humanos enquanto se apresentem
de forma direta ou indireta como animais de companhia infelizmente no Brasil natildeo se pode
observar regramento especificamente da mesma forma (PORTUGAL 2009b)
Assim no presente capiacutetulo foi realizada uma anaacutelise comparativa da evoluccedilatildeo histoacuterica
legislativa dos direitos dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo brasileira e portuguesa
ateacute a contemporaneidade do estado atual de seus direitos incluindo julgados projetos de lei
suacutemulas sem deixar de constar ateacute retrocessos legislativos dos direitos em questatildeo
55
5 CONCLUSAtildeO
Com o presente trabalho se pode chegar a conclusatildeo que haacute uma lenta evoluccedilatildeo no
tocante dos direitos dos animais natildeo humanos no ordenamento brasileiro em comparaccedilatildeo com
a legislaccedilatildeo portuguesa ora que por muitas vezes o sistema normativo brasileiro se fez valer
de semelhantes posicionamentos legais para com seu paiacutes irmatildeo somente apoacutes um consideraacutevel
lapso temporal ressalvando-se o fato de grande relevacircncia em que nesta comparaccedilatildeo se pode
observar que apenas o Brasil apresenta garantias aos direitos dos animais natildeo humanos dentro
do seu corpo constitucional
O Brasil enquanto comparado aPortugalaquele que se tem reciprocidade de tratamento
ainda se apresenta com pouca atenccedilatildeo sobre o tema destes direitos ora quepor muito tempo natildeo
considerouos animais natildeo humanos como dignos de direito agrave liberdade agrave integridade fiacutesica e o
mais grave o simples e mais essencial o direito a vida
No campo normativo sobre as disputas de guarda de animais natildeo humanos o Brasil
ainda se encontra muito atrasado com relaccedilatildeo aos regimentos legais ora que enquanto em
Portugal esta lide jaacute estaacute determinada perante um artigo do Coacutedigo Civil de 1966 mesmo
queconstando que tal regra normativacoloca o bem-estar dos ditos animais de companhia
somente como uacuteltimo fator para ser considerado em lides de divoacutercios e separaccedilotildees no Brasil
ainda natildeo haacute nota normativa alguma sobre o assunto apenas jurisprudecircncia e Projeto de Lei
demonstrando uma clara falta de embasamento legal para a resoluccedilatildeo das lides neste sentido
poreacutem apresenta uma inovaccedilatildeo para com o seu paiacutes irmatildeo onde em caso de aprovaccedilatildeo do
Projeto de Lei nordm 54218 sem modificaccedilotildees o bem-estar dos animais natildeo humanos seraacute
considerado como fator essencial para a decisatildeo de quem receberaacute judicialmente a guarda do
animal de estimaccedilatildeo
Ainda se pode observar que as normas brasileiras de direitos dos animais natildeo humanos
ao contraacuterio de Portugal por muitas vezes partem de leis estaduais e municipais para depois se
consagrarem no campo federativo tanto que se pode observar incongruecircncias em leis estaduais
e municipais que se apresentam em desacordo com a norma paacutetria causando um retrocesso
legal para com os direitos dos animais natildeo humanos fato este natildeo observado no sistema
normativo portuguecircsMuito provavelmente porque neste os direitos dos animais natildeo humanos
estarem por muitas vertentes garantidos dentro da Convenccedilatildeo Europeia que aleacutem de trazer
regulamentaccedilotildees sobre o tema ainda fiscaliza sua correta aplicaccedilatildeo legislativa
No mesmo tocante enquanto em Portugal os animais natildeo humanos jaacute satildeo tratados de
forma distinta de coisas tanto pela hermenecircutica quanto pela escrita literal das leis onde desde
56
2017 jaacute natildeo satildeo tratados dentro do rol coisas mas sim recebendo a nomenclatura e classificaccedilatildeo
como seres sencientes no paccedilo em que no Brasil semelhante posicionamento atualmente se
encontra tatildeo somente de forma doutrinaacuteria e em sugestotildees de julgados de lides que envolvem
os animais natildeo humanos de forma a ter propiciado a instauraccedilatildeo do Projeto de Leinordm 631 de
2015 que vem a tentar trazer o mesmo tratamento de nomenclatura e classificaccedilatildeo do jaacute
instaurado em Portugal
Ao fim do processo de pesquisa do presente trabalho a pesquisadora observou a
importacircncia de um futuro estudo relativo aos direitos dos animais natildeo humanos no que tange a
Ameacuterica Latina com o intuito de resgatar a evoluccedilatildeo destes direitos dentro do Mercosul tanto
por haver um livre transito entre os paiacuteses afiliados instigando interesse em se conhecer
maissobre a relaccedilatildeo e autonomia de cada paiacutes membrosobre estes direitos conjunto das leis que
se compartilham quanto pela proximidade de suas fronteiras onde a fauna e flora se misturam
vez que ao desenvolver esta pesquisa foi observada uma evoluccedilatildeo relevante nos direitos dos
animais natildeo humanos em Portugal por meio da Convenccedilatildeo Europeia erguendo a curiosidade
para descobrir se dentro no Mercosul poderia ocorrer fato semelhante em relaccedilatildeo as leis
brasileiras
57
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SAtildeO PAULO Lei nordm 1197705 de agosto de 2005Coacutedigo de Proteccedilatildeo aos Animais do
Estado de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2005 Disponiacutevel em
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A3oEstado20e20dC3A120outras20providC3AAnciasAcesso em 05 jul
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SAtildeO PAULO Resoluccedilatildeo nordm 134 de 07 junho de 1886 Coacutedigo de Posturas Municipal Satildeo
Paulo 1886 Disponiacutevel em
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Disponiacutevel em
httpwwwurcabrceuaarquivosOs20direitos20dos20animais20UNESCOpdf
Acesso em 28 jul 2020
Dedico o presente trabalho aos meus pais e
orientadora pelo carinho afeto dedicaccedilatildeo
cuidado e preocupaccedilatildeo diaacuterios que me
aguentaram e reergueram dia apoacutes dia na
jornada tortuosa que minha vida tomou A forccedila
que me dispensaram assim como abdicaccedilotildees
para me possibilitar seguir a diante e alcanccedilar o
que em muitos momentos achei impossiacutevel
Serei eternamente grata por tudo
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiro a minha Famiacutelia pelo esforccedilo investido na minha educaccedilatildeo e por ter
me mantido na trilha natildeo permitido que eu desviasse ou desistisse do meu sonho para com o
curso de Direito quando no meio de um turbilhatildeo de duacutevidas provindas da minha sauacutede unida
ao atual estado que vivemos da pandemia do COVID-19 me apoiando e reerguendo dia apoacutes
dia durante este projeto de pesquisa me conduzindo ateacute o final
Sou extremamente grata agrave minha orientadora pela confianccedila depositada no meu projeto
no momento que me tomou como orientanda que como ela mesma afirmou durante este
semestre me herdou para orientaccedilatildeo me incentivando me motivando com sua dedicaccedilatildeo
sempre presente para que eu pudesse alcanccedilar o objetivo de entregar o TCC da forma mais
digna me dando palavras de apoio consolo e sabedoria a cada etapa
Deixo ainda um agradecimento aos meus amigos de perto e de longe que escutavam
meus lamentos minhas angustias e temores em relaccedilatildeo ao temor de natildeo entregar um trabalho a
altura a importacircncia do tema
Tambeacutem quero agradecer agrave Universidade do Sul de Santa Catarina UNISUL assim
como a todos os professores que fizeram parte dessa louca jornada acadecircmica que foi o curso
de direito nestes quatro anos que se seguiram com empenho e elevada qualidade de ensino
oferecido assim como entendendo e aceitando minhas peculiaridades no transcorrer destes
anos
ldquoSou a favor do direito dos animais como o direito dos humanos Esse eacute o
caminho de um ser humano completordquo Abraham Lincoln
RESUMO
O estudo aqui proposto possui como base central fazer uma anaacutelise comparativa entre o direito
dos animais natildeo humanos dentro do campo legislativo brasileiro e portuguecircs no contexto
histoacuterico e no cenaacuterio atual Para tanto foi utilizado o meacutetodo monograacutefico comparativo de
abordagem dedutiva por meio de pesquisas bibliograacuteficas e documentais analisando as leis
projetos de lei a Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 Suacutemulas CoacutedigosCivis
CoacutedigosPenais Coacutedigos de Processo Penal Tratados Internacionais Convenccedilotildees
Internacionais doutrinas julgados e jurisprudecircncias dos dois paiacuteses Tendo como objetivo geral
compor uma linha de anaacutelise de direito comparado para tentar descobrir se haacute uma evoluccedilatildeo no
campo dos direitos dos animais natildeo humanos dentro dos sistemas normativos brasileiro e
portuguecircs Portanto a presente pesquisa visa responder agrave pergunta se aacute uma evoluccedilatildeo das leis
brasileiras quando comparadas as leis portuguesas sobre o tocante do direito dos animais natildeo
humanos Chegando agrave conclusatildeo que o Brasil se encontra um tanto estagnado neste assunto
quando comparado a Portugal se tratando da evoluccedilatildeo dos direitos dos animais natildeo humanos
dentro do seu sistema normativo
Palavras-chave Direito brasileiro dos animais Direito portuguecircs dos animais Bem-estar
animal Direito comparado
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 9
2 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA 12
21 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS 12
22 LEGISLACcedilAtildeO PAacuteTRIACONTEMPORAcircNEA 15
23 ANAacuteLISE SOBRE A LEI 2172019 DO MUNICIacutePIO DE CURITIBANOSSC 21
24 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 722020 DE PENHASC 22
25 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 552017 DE PROIBICcedilAtildeO DE USO DE ANIMAIS EM
TESTES DE COSMEacuteTICOS 22
26 JULGADOS SOBRE A GUARDA ANIMAL E PROJETOS LEIS 24
3 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA 29
31 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS 29
32 LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA CONTEMPORAcircNEA 32
33 ANAacuteLISE LEI Nordm 9295 37
34 ANAacuteLISE IMPLEMENTACcedilAtildeO LEI Nordm 392020 39
35 JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO HUMANOS EM PORTUGAL40
4 COMPARACcedilAtildeO DAS LEGISLACcedilOtildeES BRASILEIRA E PORTUGUESA 44
41 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO HISTOacuteRICO 45
42 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO CONTEMPORAcircNEO 47
43 COMPARATIVO DOS JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO
HUMANOS BRASIL X PORTUGAL 51
44 UM COMPARATIVO ENTRE LEIS ESPECIAIS 52
5 CONCLUSAtildeO 55
REFEREcircNCIAS 57
9
1 INTRODUCcedilAtildeO
O presente trabalho monograacutefico foi desenvolvido com o intuito de trazer um compilado
de legislaccedilotildees normas jurisprudecircncias julgados e doutrinas por uma seleccedilatildeo qualitativa em
relaccedilatildeo ao direito dos animais natildeo humanos numa comparaccedilatildeo entre o estado legal do Brasil e
Portugal De forma que a pesquisadora optou por apresentar os dados mais relevantes e
marcantes sobre o tema como ferramenta de seleccedilatildeo da mesma forma que trouxe leis estaduais
e municipais de Santa Catarina por ser o local de desenvolvimento fiacutesico e moradia da mesma
Sendo este trabalho baseado no meacutetodo de abordagem dedutivo meacutetodo de
procedimento comparativo e teacutecnicas de pesquisa bibliograacutefica e documental abordando uma
pesquisa de direito comparado de documentos entre as legislaccedilotildees brasileira e portuguesa em
conjunto com a apresentaccedilatildeo e anaacutelise de algumas doutrinas julgados e projetos de leidos dois
paiacuteses sobre o tema Busca assim estudar e analisar a evoluccedilatildeo legal dos direitos dos animais
natildeo humanos pelo vieacutes comparativo das legislaccedilotildees brasileira e portuguesa De maneira a buscar
resolver a questatildeo ldquoQuais os contrastes evolutivos dos direitos dos animais natildeo humanos no
ordenamento brasileiro em comparaccedilatildeo com a legislaccedilatildeo de Portugalrdquo
O objetivo geral deste trabalho deste trabalho compor uma linha de anaacutelise da evoluccedilatildeo
dos paracircmetros legaisconstitucionais dos animais natildeo humanos entre os supracitados
ordenamentos e como objetivos especiacuteficos de apresentar a evoluccedilatildeo histoacuterica normativa entre
os dois paiacuteses apresentar o estado atual das legislaccedilotildees dos dois paiacuteses identificar dentro de
suas legislaccedilotildees algumas jurisprudecircncias o incremento no tratamento juriacutedico dispensado aos
animais natildeo humanos assim comocomparar a atual legislaccedilatildeo brasileira perante a portuguesa
no tocante do direito dos animais natildeo humanos
Justifica-se a seleccedilatildeo deste tema como base para estudo pela crescente luta para a
conquista de direitos individuais e coletivos na contemporaneidade onde se tem combatido
diversos entendimentos legais no campo legal brasileiro renovando valores conhecimentos
ateacute a proacutepria consciecircncia sobre a participaccedilatildeo inclusatildeo e relevacircncia dos animais natildeo humanos
dentro das unidades familiares convivecircncia social e ateacute sua abrangente inclusatildeo no mercado de
trabalho De maneira que o avanccedilo legal comparada no Brasil e Portugal instigou a curiosidade
da pesquisadora perante os novos aspectos constitucionais e no campo do direito e a eminente
importacircncia da compreensatildeo da aplicabilidade e hermenecircutica das leis projetos de leis e de
emendas constitucionais conjunto com o conhecimento arguido pela pesquisadora durante os
anos em que cursou a graduaccedilatildeo em medicina veterinaacuteria onde a importacircncia do maior
reconhecimento destes direitos lhe ficou clara onde a relevacircncia do tema para o contexto
10
contemporacircneo da sociedade dentro dos atuais e futuros julgados em funccedilatildeo dos diversos
debates que tem gerado dentro e fora dos tribunais acerca do tema dos direitos da capacidade
ateacute da guarda e tutela dos animais natildeo humanos
Este trabalho esperase apresentar como uma fonte de pesquisa incentivo reanaacutelise e
com o intuito de instigar novos posicionamentos juriacutedicocriacuteticos sobre o cenaacuterio atual da
participaccedilatildeo dos animais natildeo humanos dentro da sociedade possibilitando uma nova
consciecircncia para com o tema demonstrando os obstaacuteculos legais que ainda temos pela frente
quando em comparaccedilatildeo com o mesmo cenaacuterio portuguecircs
No segundo capiacutetulo deste trabalho eacute apresentada a evoluccedilatildeo histoacuterica da legislaccedilatildeo do
sistema normativo julgados e projetos de lei desde o primeiro relato em lei a favor do direito
dos animais natildeo humanos dentro do sistema normativo brasileiro passando pela constituiccedilatildeo
de 1988 decretos lei o Coacutedigo Civil (CC) o Coacutedigo de Processo Civil (CPC) o Coacutedigo Penal
(CP) a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro da constituiccedilatildeo e coacutedigos nacionais
leis municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma abrangente
anaacutelise sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do
territoacuterio brasileiro
No terceiro capiacutetulo deste trabalho se apresenta a evoluccedilatildeo histoacuterica da legislaccedilatildeo do
sistema normativo e julgados desde o primeiro relato em lei a favor do direito dos animais natildeo
humanos dentro do sistema normativo portuguecircs passando por decretos lei o Coacutedigo Civil
(CC) o Coacutedigo de Processo Civil (CPC) o Coacutedigo Penal (CP) Coacutedigo de Processo Penal
(CPP) a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro dos coacutedigos nacionais oacutergatildeos
reguladores dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do territoacuterio portuguecircs leis e licenccedilas
municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma abrangente anaacutelise
sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do territoacuterio
portuguecircs
No quarto capiacutetulo deste trabalho se apresenta um anaacutelise comparativa sobre a evoluccedilatildeo
histoacuterica das legislaccedilotildees de seus sistemas normativos e julgados desde os primeiros relatos
regimentais a favor do direito dos animais natildeo humanos dentro de seus sistemas normativos
passando por decretos lei o Coacutedigo Civil o Coacutedigo de Processo Civil o Coacutedigo Penal Coacutedigo
de Processo Penal a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro dos coacutedigos nacionais
leis e licenccedilas municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma
11
abrangente anaacutelise sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos de
forma comparativa dentro do territoacuterio brasileiro e portuguecircs
12
2 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA
Neste capiacutetulo tem-se como objetivo trazer de forma sucinta a evoluccedilatildeo histoacuterica no que
tange o direito dos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo do Brasil trazendo para isto as proacuteprias
leis assim como relatos bibliograacuteficos sobre o tema
21 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
O primeiro relato normativo brasileiro direcionado aos direitos dos animais natildeo
humanos no dia 6 de outubro de 1886 no Coacutedigo de Posturas do Municiacutepio de Satildeo Paulo que
trouxe no seu artigo 220 a primeira norma de proibiccedilatildeo de crueldade contra animais natildeo
humanos ldquoEacute proibido a todo cocheiro ou condutor de carroccedila maltratar animais com castigos
baacuterbaros e imoderados disposiccedilatildeo essa que se aplica aos ferradoresrdquo sendo assim um marco
inicial histoacuterico nacional para a luta por estes direitos(SAtildeO PAULO 1886)
Jaacute no tangente de legislaccedilatildeo na esfera nacional somente no dia 10 de julho de 1934
ocorreu o primeiro registro normativo visando a algum tipo de proteccedilatildeo perante os animais natildeo
humanos o Decreto Lei nordm 24645 oficializado por Getuacutelio Vargas definindo a
responsabilidade do Estado de tutelar todos os animais existentes trazendo ainda a primeira
sansatildeo em relaccedilatildeo aos matildeos tratos em seu artigo 2ordm ldquoAquele que em lugar puacuteblico ou privado
aplicar ou fizer aplicar maus-tratos aos animas incorreraacute em multa de 20$000 a 500$000 e na
pena de prisatildeo celular de 2 a 15 dias quer o delinquente seja ou natildeo o respectivo proprietaacuterio
sem prejuiacutezo da accedilatildeo civil que possa caberrdquo tendo sido o rompimento de uma fronteira em
relaccedilatildeo agrave compreensatildeo da vedaccedilatildeo aos matildeos tratos de forma direta ou indireta praticando ou
fazendo praticar sendo ou natildeo proprietaacuterio do animal natildeo humano de forma a demonstrar que
todos os animais natildeo humanos merecem respeito trazendo ainda em seus paraacutegrafos a
possibilidade de maiores sanccedilotildees como ateacute a apreensatildeo ou confisco do animal natildeo humano que
for alvo de qualquer tipo de maus-tratos em seu artigo 14 ainda busca pela primeira vez
penalizar aquele que causa a morte destes oferecendo pena em dobro se a este ponto chegar ou
for reincidente de acordo com o artigo 15 como tambeacutem a quem cabe sua aplicaccedilatildeo pelo artigo
12 atribuindo tal encargo a poliacutecia ou autoridade municipal cabendo esta se verificar a
gravidade do delito vale constar o sect3ordm no mesmo artigo ldquoOs animais seratildeo assistidos em juiacutezo
pelos representantes do Ministeacuterio Puacuteblico seus substitutos legas e pelos membros das
sociedades protetoras dos animaisrdquo reforccedilando a responsabilidade do Estado perante a garantia
13
dos direitos dos animais natildeo humanos No transcorrer de seus artigos o Decreto caracteriza o
que se enquadra como crueldade no seu artigo 3ordm como ao exemplo dos seus incisos XVI
XVIII XXI e XXV
XVI -fazer viajar um animal a peacute mais de 10 quilocircmetros sem lhe dar descanso ou
trabalhar mais de 6 horas contiacutenuas sem lhe dar aacutegua e alimento
XVIII - conduzir animais por qualquer meio de locomoccedilatildeo colocados de cabeccedila para
baixo de matildeos ou peacutes atados ou de qualquer outro modo que lhes produza sofrimento
XXI - deixar de ordenhar as vacas por mais de 24 horas quando utilizadas na
explorado do leite
XXV - engordar aves mecanicamente (BRASIL 1934)
Este decreto trouxe pela primeira vez regulamentaccedilotildees nacionais perante os animais natildeo
humanos no tangente laboral humano sendo reforccedilado tal posicionamento pelo texto dos
artigos 4ordm a 8ordm onde regula-se a utilizaccedilatildeo dos animais natildeo humanos em veiacuteculos ou outras
formas em que se faccedila utilizar a traccedilatildeo animal Jaacute no seu artigo 13 traz a primeira proibiccedilatildeo
direta ao abandono de animal ainda traz ressalvado em seu artigo 19 a revogaccedilatildeo de qualquer
tipo de ordenamento ao contraacuterio do que o Decreto Lei expressa Mesmo sendo uma grande
evoluccedilatildeo para o direito dos animais natildeo humanos em relaccedilatildeo ao que o paiacutes tinha ateacute entatildeo o
artigo 17 ainda define animal como seres irracionais sem que a eles se apresente nenhum tipo
de possibilidade de compreensatildeo (BRASIL 1934)
Somente 7 anos depois em 03 de outubro de 1941 com a ediccedilatildeo da Lei das
Contravenccedilotildees Penais pelo Decreto Lei nordm 3688 o artigo 64 trouxe penas de prisatildeo e multa
ali ainda descrita em ldquoreacuteisrdquo
Art 64 Tratar animal com crueldade ou submetecirc-lo a trabalho excessivo
Pena ndash prisatildeo simples de dez dias a um mecircs ou multa de cem a quinhentos mil reacuteis
sect1ordm Na mesma pena incorre aquele que embora para fins didaacuteticos ou cientiacuteficos
realiza em lugar puacuteblico ou exposto ao puacuteblico experiecircncia dolorosa ou cruel em
animal vivo
sect2ordm Aplica-se a pena com aumento de metade se o animal eacute submetido a trabalho
excessivo ou tratado com crueldade em exibiccedilatildeo ou espetaacuteculo puacuteblico (BRASIL
1941)
Desta forma buscando pela primeira vez colocar limites normativos natildeo soacute para os
animais natildeo humanos utilizados para atividades laborativas mas tambeacutem no que se trata o uso
cientiacutefico destes assim como seu uso para exibiccedilatildeo e divertimento de animais humanos
(BRASIL 1941) Somente no dia 8 de maio de 1979 com a Lei Federal nordm 6638 seria retomado
o tema do uso cientiacutefico dos animais natildeo humanos de forma regulamentada normatizando os
bioteacuterios os centros de experiecircncias e demonstraccedilotildees dos animais natildeo humanos assim como
14
regulamentando o uso dos animais natildeo humanos para testes cliacutenicos medicamentosos dentre
outros teacutecnica esta conhecida como vivissecccedilatildeo assim como desde que por meio de indicaccedilatildeo
meacutedica permitindo a eutanaacutesia ou sacrifiacutecio animal pelos artigos 1ordm a 4ordm da presente Lei
trazendo em seus artigos subsequentes sanccedilotildees penais e interditoacuterias para todo aquele que a lei
desobservar assim como traz em seu artigo 8ordm a revogaccedilatildeo de quaisquer leis que a ela
contrariarem (BRASIL 1979)
O Superior Tribunal de Justiccedila decidiu na data de 31 de dezembro de 1969 por meio da
Suacutemula nordm 91 que ldquoCompete a Justiccedila Federal processar e julgar os crimes praticados contra a
faunardquo onde decidiu por arcar agrave Justiccedila Federal o julgamento relativo aos crimes cometidos
sobre a fauna brasileira tendo sido cancelada a Suacutemula em questatildeo na Sessatildeo do Superior
Tribunal de Justiccedila na data de 08 de novembro de 2000 da 3ordf seccedilatildeo sobre o nuacutemero de pauta
de julgamento LEGJUR 103326350091500 Desta forma com o cancelamento da Suacutemula nordm
91 do STJ acabou por ficar sobre a competecircncia reconhecida dos estados a competecircncia para
processar e julgar os crimes cometidos contra a fauna ressalvando se o dito crime se efetivar
sobre casos do crime ter sido realizado sobre fauna reconhecidamente de bem federal o
cancelamento da Suacutemula em questatildeo tambeacutem acarretou na suspenccedilatildeo do disposto no artigo 89
da Lei 900995 (BRASIL 2020)
A datar do dia 03 de janeiro de 1967 surgiu mais uma importante ferramenta para a
garantia dos direitos dos animais natildeo humanos com a promulgaccedilatildeo da Lei Federal nordm 5197 o
Coacutedigo de Caccedila sendo imprescindiacutevel a observaccedilatildeo de seu artigo 1ordm
Os animais de quaisquer espeacutecies em qualquer fase do seu desenvolvimento e que
vivem naturalmente fora do cativeiro constituindo a fauna silvestre bem como seus
ninhos abrigos e criadouros naturais satildeo propriedade do Estado sendo proibida a sua
utilizaccedilatildeo perseguiccedilatildeo destruiccedilatildeo caccedila ou apanha (BRASIL 1967)
Protegendo de maneira incontestaacutevel a fauna nativa brasileira garantindo a diversidade
a continuidade e a sobrevivecircncia de todos os tipos de animais natildeo humanos poreacutem ainda
permitindo em seus paraacutegrafos que hajam peculiaridades regionais para a permissatildeo agrave caccedila
Contudo veda completamente a comercializaccedilatildeo ou exportaccedilatildeo de qualquer forma de animais
natildeo humanos da fauna natural brasileira assim como de seus frutos em seus artigos 3ordm e 18
Trazendo sanccedilotildees penais para todos aqueles que descumprirem seus artigos nos artigos 27 a
31 e contemplando como autoridades responsaacuteveis pela fiscalizaccedilatildeo e aplicabilidade de tais
sanccedilotildees as mesmas indicadas no Coacutedigo de Processo Penal (CPP) de acordo com o seu artigo
15
32 assim como trazem pela primeira vez a inafianccedilabilidade dos crimes contra animais natildeo
humanos pelo seu artigo 34 (BRASIL 1967)
Jaacute por outro vieacutes no dia 31 de agosto de 1981 por meio da publicaccedilatildeo da Lei Federativa
nordm 6938 com a denominaccedilatildeo de A Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente os animais natildeo
humanos assim como seu habitat natural receberam uma grande melhoria nos seus direitos
assim como traz o artigo 15 ldquoO poluidor que expuser a perigo a incolumidade humana animal
ou vegetal ou estiver tornando mais grave a situaccedilatildeo de perigo existente fica sujeito agrave pena de
reclusatildeo de 1 (um) a 3 (trecircs) anos e multa de 100 (cem) a 1000 (mil) MVRrdquo findando a
primeira vedaccedilatildeo expressa por objeto normativo agrave poluiccedilatildeo que traga malfeitorias aos animais
natildeo humanos (BRASIL 1981)
22 LEGISLACcedilAtildeO PAacuteTRIACONTEMPORAcircNEA
No Brasil os animais comeccedilaram a ser considerados como dignos de direitos
constitucionais somentecom a promulgaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 em seu artigo 225 de
forma a condenar a crueldade contra os animais mesmo que ainda deixando uma lacuna em
seu sect7ordm
sect 7ordm Para fins do disposto na parte final do inciso VII do sect 1ordm deste artigo natildeo se
consideram crueacuteis as praacuteticas desportivas que utilizem animais desde que sejam
manifestaccedilotildees culturais conforme o sect 1ordm do art 215 desta Constituiccedilatildeo Federal
registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimocircnio cultural
brasileiro devendo ser regulamentadas por lei especiacutefica que assegure o bem-estar
dos animais envolvidos (BRASIL 1988)
No supracitado artigo ainda se pode ler sobre os direitos alcanccedilados pelos animais natildeo
humanos na constituiccedilatildeo federativa de 1988 onde garante agrave todos um meio ambiente
equilibrado qualidade de vida sendo de obrigaccedilatildeo tanto do poder puacuteblico quanto da
coletividade garantir defender preservar estes direitos para as presentes e futuras geraccedilotildees
para tanto aponta a necessidade de preservar a diversidade e integridade do patrimocircnio geneacutetico
do Brasil e sempre fiscalizando aqueles que com este material lida assim como a necessidade
de controlar a produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de teacutecnicas e produtos que sejam
potencialmente ou confirmadamente prejudiciais ou que gerem risco agrave vida ou sua qualidade
assim como para o meio ambiente demonstrando tambeacutem a indispensabilidade de poliacuteticas de
16
educaccedilatildeo ambiental disseminada por todos os niacuteveis educacionais para a preservaccedilatildeo do meio
ambiente (BRASIL 1988)
Da mesma forma prevecirc a obrigaccedilatildeo de defender a fauna e flora vedando expressamente
praacuteticas que as coloquem em risco sua funccedilatildeo ecoloacutegica que poderiam gerar extinccedilatildeo de
espeacutecies ou mesmo que submetam animais natildeo humanos a qualquer niacutevel de crueldade Deve-
se lembrar que tambeacutem traz a possibilidade de sanccedilotildees para aqueles pessoa fiacutesica ou juriacutedica
que violar estes direitos ora visto a fauna e flora nacional eacute caracterizada como patrimocircnio
nacional(BRASIL 1988)
Eacute de suma importacircncia observar que tal artigo soacute fez-se constar na constituiccedilatildeo de 1988
apoacutes a proclamaccedilatildeo da Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Animais feita pela UNESCO no ano
de 1978 No corpo do texto percebe-se a existecircncia do direito dos animais em funccedilatildeo aos crimes
e desprezo cometidos contra os animais natildeo humanos em funccedilatildeo de uma coexistecircncia saudaacutevel
entre as espeacutecies no mundo jaacute que satildeo seres semelhantes como consta no preacircmbulo da mesma
declaraccedilatildeo (UNESCO 1978) Faz-se necessaacuterio citar alguns de seus artigos ldquoARTIGO 1
Todos os animais nascem iguais diante da vida e tecircm o mesmo direito agrave existecircnciardquo
demonstrando um posicionamento ao menos legal em relaccedilatildeo agrave igualdade e existecircncia dos
animais natildeo humanos como tambeacutem o artigo 2
a) Cada animal tem direito ao respeito b)O homem enquanto espeacutecie animal
natildeo pode atribuir-se o direito de exterminar os outros animais ou exploraacute-los
violando esse direito Ele tem o dever de colocar a sua consciecircncia a serviccedilo dos outros
animais c)Cada animal tem direito agrave consideraccedilatildeo agrave cura e agrave proteccedilatildeo do homem
(UNESCO 1978)
Onde traz obrigaccedilatildeo normativa de respeito dos animais humanos perante os animais natildeo
humanos manifestando o dever agrave consideraccedilatildeo e consciecircncia do primeiro em relaccedilatildeo ao
segundo vedando a exploraccedilatildeo dos mesmos da mesma maneira os artigos 4 e 5
ARTIGO 4 a) Cada animal que pertence a uma espeacutecie selvagem tem o direito de
viver livre no seu ambiente natural terrestre aeacutereo e aquaacutetico e tem o direito de
reproduzir-se b)A privaccedilatildeo da liberdade ainda que para fins educativos eacute contraacuteria
a este direito
ARTIGO 5 a)Cada animal pertencente a uma espeacutecie que vive habitualmente no
ambiente do homem tem o direito de viver e crescer segundo o ritmo e as condiccedilotildees
de vida e de liberdade que satildeo proacuteprias de sua espeacutecie b)Toda a modificaccedilatildeo imposta
pelo homem para fins mercantis eacute contraacuteria a esse direito(UNESCO 1978)
De forma a demonstrar aqui o direito agrave uma vida livre em ambiente adequado e propiacutecio
agrave reproduccedilatildeo garantindo assim a continuidade da fauna ldquoARTIGO 7 Cada animal que trabalha
17
tem o direito a uma razoaacutevel limitaccedilatildeo do tempo e intensidade do trabalho e a uma alimentaccedilatildeo
adequada e ao repousordquo revelando que os animais natildeo humanos assim como os humanos tem
direito de uma jornada digna de trabalho sem que com isso sejam explorados mais do que eacute
aceitaacutevel para uma vida adequada agraves suas condiccedilotildees fiacutesicas ldquoARTIGO 10 Nenhum animal
deve ser usado para divertimento do homem A exibiccedilatildeo dos animais e os espetaacuteculos que
utilizem animais satildeo incompatiacuteveis com a dignidade do animalrdquo expressando nitidamente que
os animais natildeo humanos natildeo satildeo brinquedos posse objeto para divertimento dos animais
humanos ora ponto serem animais que merecem respeitoagrave sua dignidade ldquoARTIGO 11 O ato
que leva agrave morte de um animal sem necessidade eacute um biociacutedio ou seja um crime contra a
vidardquo findando esta citaccedilatildeo pela clara declaraccedilatildeo de expressa vedaccedilatildeo ao assassinato dos
animais natildeo humanos sem que para isso haja um motivo vaacutelido e plenamente
justificaacutevel(UNESCO 1978)
Assim como Bruno Amaro Lacerda traz em sua obra Pessoa Dignidade e Justiccedila a
questatildeo dos direitos dos animais Eacutetica e Filosofia Poliacutetica animais natildeo humanos estatildeo em um
conviacutevio iacutentimo com os animais humanos de forma a em muitos casos criando viacutenculos afetivos
como um membro ativo no meio familiar ao ponto de ateacute ocorrerem lides em relaccedilatildeo a sua
tutela Da mesma forma quando se pensa sobre o que tange o ramo laboral os animais natildeo
humanos em muito foram e satildeo necessaacuterios para a continuidade de vaacuterias categorias de trabalho
(LACERDA 2012)
Eacute imperioso lembrar que no sistema normativo paacutetrio os animais natildeo humanos jaacute foram
considerados como coisas e tendo sua caracterizaccedilatildeo posteriormente alterada para bens
semoventes pelo Coacutedigo Civil ldquoArt 82 Satildeo moacuteveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio
ou de remoccedilatildeo por forccedila alheia sem alteraccedilatildeo da substacircncia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-
socialrdquo (BRASIL 2002)
Sobre o tema a classificaccedilatildeo juriacutedica dos animais natildeo humanos dentro do campo
normativo brasileiro Heron Santana Gordilho (2006) trata em seu trabalho ao apresentar o
fundamento moral da correta compreensatildeo das caracteriacutesticas e correta classificaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos para se romper os paradigmas atuais da caracterizaccedilatildeo dos animais natildeo
humanos comeccedila com uma reformulaccedilatildeo da proacutepria consciecircncia humana por se tratar nada
mais do que um padratildeo de compreensatildeo exclusivamente humano ora que se eacute haacutebil de notar
aos animais natildeo humanos a presenccedila de caracteriacutesticas tanto fiacutesicas quanto mentais que muito
se assemelham as apresentadas pelos animais humanos como se pode observar no trecho
retirado de sua obra
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As ciecircncias empiacutericas tecircm descoberto habilidades linguiacutesticas nos grandes primatas
que acabaram por ter significativas implicaccedilotildees na teoria moral ao demonstrar que a
doutrina tradicional que vecirc a espeacutecie humana como seres ontologicamente distintos
dos animais eacute fundamentalmente falsa e inconsistente (GORDILHO 2006 p54)
Uma vez que segundo o Gordilho os animais natildeo humanos satildeo capazes de possuir
alguma razatildeo expondo que ldquoA diferenccedila especiacutefica do homem em relaccedilatildeo aos animais residiria
no fato de que apenas o homem tem conhecimento de si mesmo apenas ele eacute um ser pensante
pois sua realidade eacute idecircntica agrave sua idealidaderdquo (GORDILHO 2006 P 53) sem que para tanto
deixasse de constar que mesmo os animais humanos por muitas vezes vem a natildeo ter tal
capacidade diferenciadora (GORDILHO 2006)
Mesmo o artigo 82 natildeo tendo sofrido alteraccedilatildeo entre o Coacutedigo de Processo Civil de 2002
e o de 2015 o tratamento juriacutedico relativo aos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo vigente a
discussatildeo e hermenecircutica do supracitado artigo sofreu alteraccedilotildees em virtude de serem capazes
de sentir dor tornando-se assim como seres viventes o que nitidamente se difere de coisa como
apontado por Haydeeacute Fernanda Cardoso em 2007 ao questionar aquela que era a classificaccedilatildeo
dos animais natildeo humanos agrave sua eacutepoca
Natildeo se pode ver como coisa seres viventes pois tais elementos mostram a existecircncia
de vida natildeo apenas no plano moral e psiacutequico mas tambeacutem bioloacutegico mecacircnico como
podem alguns preferir e vice-versa
O conhecimento juriacutedico-dogmaacutetico hoje encontra-se ultrapassado natildeo apenas em
funccedilatildeo de animais considerados inteligentes mas sim em funccedilatildeo de seres sencientes
capazes de sentir cada um a seu modo e de individualizarem-se estabelecendo
relaccedilotildees sociais entre si ou com humanos constituindo-se velado e inadequado o
tratamento dispensado inclusive mostrando-se incompatiacutevel com os proacuteprios fins
deste Direito ldquoatualrdquo de eacutetica invertida [] (CARDOSO 2007 p 132)
Na mesma obra Cardoso ainda discute sobre a possibilidade dos animais natildeo humanos
de serem aptos a possuir personalidade juriacutedica algo que na contemporaneidade vem-se sendo
alvo de diversas discussotildees no paracircmetro das lides juriacutedicas em virtude da proteccedilatildeo conferida
aos animais humanos e sua comparaccedilatildeo para com os direitos concedidos aos animais natildeo
humanos assim como a proacutepria evoluccedilatildeo desta personalidade em relaccedilatildeo aos seres humanos
historicamente falando como podemos observar pelas palavras da Autora
Assim que em dados momentos sua compreensatildeo natildeo abrangeu seres humanos
considerados escravos ou mesmo crianccedilas embora se reconhecesse entes morais (as
corporaccedilotildees) que apesar do elemento humano que guardam recebiam proteccedilatildeo em
funccedilatildeo do direito patrimonial enquanto natildeo se reconhecia a homens individuais de
modo a garantir-lhes necessidades primitivas mantedoras da vida digna direitos
humanos fundamentais
Hoje conferimos proteccedilatildeo a todos os homens ainda que suas faculdades mentais natildeo
sejam plenas ainda que natildeo tenham capacidade racional ou mesmo consciecircncia ainda
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que seus atributos mentais estejam limitados agrave mera resposta a estiacutemulos baacutesicos como
a dor ou a fome mas ainda assim natildeo sendo capazes de expressar qualquer desejo
que seja mesmo simples desejo de comer natildeo sejam capazes de se comunicar ainda
que apenas por gestos sendo a comunicaccedilatildeo demanda expressatildeo volitiva e
ultrapassando o limite das palavras Conferimos tambeacutem proteccedilatildeo a homens que natildeo
sabem falar porque entendemos que tecircm outras maneiras de se expressar mesmo que
sejam limitados no atributo da fala E a todos esses protegemos natildeo como coisas mas
sim como pessoas porque satildeo semelhantes a noacutes []
Portanto natildeo eacute a capacidade racional e cognitiva ou mesmo a fala requisito de uma
personalidade juriacutedica ateacute porque os animais possuem as duas primeiras segundo
provado por outras ciecircncias possuindo inclusive consciecircncia (CARDOSO 2007 p
133)
Em 12 de fevereiro de 1998 foi promulgada a Lei nordm 9605 tratando sobre os crimes
contra o meio ambiente trazendo de forma direta o impedimento a vaacuterios embargos relativas
aos animais natildeo humanos assim como transcreve-se aqui no artigo 29 ldquoMatar perseguir caccedilar
apanhar utilizar espeacutecimes de fauna silvestre nativos ou em rota migratoacuteria sem a devida
permissatildeo licenccedila ou autorizaccedilatildeo da autoridade competente ou em desacordo com a
obtida[]rdquo nos artigos que se seguem continuam a se tratar das vedaccedilotildees tanto no que se fala
das proibiccedilotildees relativas agrave fauna brasileira quanto a fauna estrangeira sem deixar de tratar dos
animais natildeo humanos de longa pratica de domesticaccedilatildeo como catildees e gatos assim como no
artigo 32 sect1ordm onde transporta as penas quando o crime eacute praticado contra catildees e gatos Ainda
penaliza os que geram danos por meio de poluiccedilatildeo e com isso reflitam negativamente em
relaccedilatildeo aos animais natildeo humanos como descrito no ser artigo 54 (BRASIL 1998)
Ainda quando se trata de direitos dos animais como um todo natildeo se pode deixar de
constar a Lei nordm 11126 de 27 de junho de 2005 posteriormente alterada e devidamente
motivada a aplicabilidade pela Lei nordm 13146 de 2015 sobre o acesso de catildees-guias agrave locais
puacuteblicos como se lecirc em seu artigo 1ordm redigido
Eacute assegurado agrave pessoa com deficiecircncia visual acompanhada de catildeo-guia o direito de
ingressar e de permanecer com o animal em todos os meios de transporte e em
estabelecimentos abertos ao puacuteblico de uso puacuteblico e privados de sua coletivo desde
que observadas as condiccedilotildees impostas por esta Lei (BRASIL 2015a)
Onde outrora devido a um texto inespeciacutefico natildeo se fazia cumprir a Lei de forma correta
ao deixar lacunas em sua interpretaccedilatildeo vez que somente dissertava por permitir a entrada e
permanecircncia em transportes e locais puacuteblicos e privados de uso coletivo mas natildeo trazendo a
generalidade e especificidade de tais locais de maneira a por muitas vezes ter esse direito
negado obrigando que a Lei de 2015 revisasse e desse nova redaccedilatildeo aos artigos 1ordm e seu
paraacutegrafo 2ordm da Lei de 2005 (BRASIL 2015a)
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A luta pelos direitos dos animais natildeo satildeo apenas uma funccedilatildeo legislativa o que fica
demonstrado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) que em 2019 ofertou pela primeira vez uma
disciplina de direito dos animais para seus alunos regulares assim como a comunidade em geral
em conjunto com o Grupo de Estudos sobre os Direitos Animais e Interseccionalidades como
foi noticiado pela proacutepria instituiccedilatildeo em seu canal de notiacutecias em 29 de julho do mesmo ano em
mateacuteria de Carolina Pires(PIRES 2019)
O Brasil ainda tem muito o que evoluir no tocante dos direitos dos animais natildeo humanos
comeccedilando pela exploraccedilatildeo pela ciecircncia assim como Laerte Fernando Levai lembra ao citar
uma passagem de Maria Lacerda de Moura em sua obra Civilizaccedilatildeo ndash Tronco de Escravos
publicado em 1931 mas que de nada se difere da realidade atual
Natildeo compreendo a vivissecccedilatildeo a natildeo ser como um deliacuterio de perversidade inominaacutevel
nem chego a ver a vantagem da embriaguez cientiacutefica que potildee milhares de cobaias e
catildees e qualquer espeacutecie de animal agrave mercecirc dos cientistas [] vaidosos de fazer sofrer
os ldquomaacutertires da ciecircnciardquo em nome de um princiacutepio ou de uma descoberta ou de uma
pesquisa ou dos problemaacuteticos benefiacutecios daiacute resultantes para todo o gecircnero humano
[] O homem continuaraacute a descer sempre bem para baixo de todos os siacutemios na sua
maldade de criatura civilizada para estimular todas as virulecircncias desde as guerras
ateacute o prazer satacircnico de martirizar os animais em nome do humanitarismo ciacutenico A
crueldade nunca poderaacute ser um caminho para o aperfeiccediloamento humano A ciecircncia
natildeo se adquire com crueldade Se a fisiologia natildeo pode se adiantar sem infligir
horriacuteveis torturas aos animais indefesos eacute melhor que a fisiologia fique onde estaacute A
humanidade pode progredir sem a fisiologia poreacutem natildeo poderaacute progredir sem a
piedadeMoura (MOURA 1932 apud LEVAI 2012)
Vale constar que em Santa Catarina no dia 22 de dezembro de 2003 por meio da Lei
Estadual nordm 12854 ficou instituiacutedo o Coacutedigo Estadual de Proteccedilatildeo aos Animais pelo seu artigo
2ordm e seus incisos fica por vedar a agressatildeo causar sofrimento de qualquer espeacutecie a animais
sejam silvestres domeacutesticos ou que se possam domesticar nativos ou exoacuteticos afim de
garantir-lhes plenas condiccedilotildees de existecircncia assim como criar animais em locais inapropriados
como lixeiras ou enclausurados sem deixar de citar a expressa vedaccedilatildeo ao abandono de animais
domeacutesticos Ainda tratando sobre as atribuiccedilotildees da lei como da fauna exoacutetica normatizando
os animais natildeo humanos usados para traccedilatildeo veicular tambeacutem trazendo as regras estaduais para
transporte seguro dos animais natildeo humanos como seu abate sem esquecerdas diretrizes para
animais de laboratoacuterios experimentados nos centros de pesquisa ou instituiccedilotildees de educaccedilatildeo
que deveratildeo ser devidamente registrados e certificados para possibilitar a devida fiscalizaccedilatildeo
seja por meio de relatoacuterios como prevecirc o artigo 19 seja pela obrigaccedilatildeo de presenccedila de
profissionais habilitados sempre que forem ser realizados experimentos de vivissecccedilatildeo como
descrito no sect2ordm do artigo 20 (SANTA CATARINA 2003)
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23 ANAacuteLISE SOBRE A LEI 2172019 DO MUNICIacutePIO DE CURITIBANOSSC
No acircmbito das legislaccedilotildees contemporacircneas brasileiras haacute uma lei promulgada em
2019 onde eacute observado um claro retrocesso no tangente deste tema Em Curitibanos Santa
Catarina no ano de 2019 foi proposta e posta em circulaccedilatildeo a Lei Complementar de nordm
2172019 sob o nome de ldquoInstitui o Coacutedigo de Proteccedilatildeo e Bem-estar animal no acircmbito do
municiacutepio de Curitibanos e daacute outras providecircnciasrdquo a qual traz uma proibiccedilatildeo taacutecita de cuidar
alimentar proporcionar fonte de aacutegua para animais que vivem nas ruas como se pode observar
na subseccedilatildeo II do catildeo comunitaacuterio
Art 11 Fica reconhecida a figura do catildeo comunitaacuterio sendo o animal sem proprietaacuterio
ou tutor identificado e que estabelece com a comunidade em que vive laccedilos de
dependecircncia e de manutenccedilatildeo embora natildeo possua responsaacutevel uacutenico e definido
Art 12 O acesso a aacutegua alimentaccedilatildeo cuidados com a sauacutede higiene e demais atos
necessaacuterios agrave preservaccedilatildeo do bem-estar dos catildees comunitaacuterios natildeo poderatildeo ser
realizados em vias de circulaccedilatildeo passeio praccedilas e demais ambientes puacuteblicos
(CURITIBANOS 2019)
Jaacute na parte de penalizaccedilotildees da mesma Lei em seu Capiacutetulo IV DAS INFRACcedilOtildeES
E PENALIDADES caracterizam que aquele que infringe tal proibiccedilatildeo ocorre em infraccedilatildeo de
natureza meacutedia onde tambeacutem consta maus-tratos ao animal tutelado como se observa em seu
artigo 34 inciso II e suas aliacuteneas
Art 34 Constitui infraccedilatildeo contra as normas de bem-estar dos animais domeacutesticos ou
domesticados a inobservacircncia de qualquer preceito desta lei ou da legislaccedilatildeo
complementar ficando o infrator sujeito agraves penalidades e medidas administrativas
previstas nos artigos 30 e 31 desta Lei Complementar conforme o caso aleacutem das
demais puniccedilotildees legalmente previstas
II - Constitui-se infraccedilatildeo de natureza meacutedia
a) A exposiccedilatildeo contiacutenua do animal ao sol chuva calor e frio e em caso de
confinamento enclausuraacute-los em espaccedilos uacutemidos sem ventilaccedilatildeo
b) Privar o animal de aacutegua limpa e potaacutevel e alimento adequado e em abundacircncia em
recipientes limpos
c) Exercitaacute-los de maneira excessiva e sem descanso adequado
d) Utilizar o animal em situaccedilotildees de enfrentamento fiacutesico entre animais da mesma
espeacutecie ou de espeacutecies diferentes em locais puacuteblicos ou privados
e) Disponibilizar alimentaccedilatildeo e aacutegua em vias de circulaccedilatildeo passeio praccedilas e demais
ambientes puacuteblicos (CURITIBANOS 2019)
De forma a demonstrar um claro regresso nas conquistas alcanccediladas em relaccedilatildeo aos
direitos dos animais natildeo humanos vez que reduz a capacidade de bem-estar animal de ser
repartida com a sociedade aumentando os encargos do estado para com os animais natildeo
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humanos que se encontram em situaccedilatildeo de abandono e descaso vivendo sem as devidas
condiccedilotildees sanitaacuterias nutricionais de seguranccedila e bem-estar nas vias puacuteblicas sem que para
tanto apresente uma contrapartida do Municiacutepio para garantir que os cuidados vetados agrave
particulares sejam repassados aos entes puacuteblicos apenas reduzindo drasticamente as chances
de alcance de condiccedilotildees mais dignas a sua sobrevivecircncia miacutenima (CURITIBANOS 2019)
24 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 722020 DE PENHASC
A Cacircmara Municipal de Penha Santa Catarina aprovou do dia 17 de agosto de
2020 de forma unanime um projeto de lei que entre seus artigos traz uma passagem que traz
a proibiccedilatildeo para os cachorros de latir trazendo como penalidade aos seus tutores em caso de
descumprimento uma multa no valor de R$ 2300000 A dita lei trata da perturbaccedilatildeo do
sossego enquadrando os animais natildeo humanos em seu art 2ordm II d
Art2ordm Para os efeitos desta lei aplicam-se as seguintes definiccedilotildees
[] II ndash PERTURBACcedilAtildeO DO SOSSEGO
[] d) provocando ou natildeo procurando impedir barulho produzido por animal que tem
guarda(PENHA 2020)
Eacute notoacuterio constar o eminente risco de se cair em maus-tratos animais para a garantia
do cumprimento da citada lei seja pelo uso de equipamentos anti-latidos que causam dor ou
mauestar ao animal seja pelo corte das cordas vocais dos cachorros ou mesmo sob as puniccedilotildees
aos animais natildeo humanos aplicadas em caso de desobediecircncia agrave norma jaacute que os cachorros satildeo
seres independentes alheios do domiacutenio humano Assim como afirma a advogada Ana Selma
Moreira ldquoO que me deixa temerosa em relaccedilatildeo a essa proposta eacute que esse tipo de dispositivo
coloca os animais em risco de maus-tratos e violaccedilatildeo dos direitos fundamentaisrdquo demonstrando
a temeridade da jurista em relaccedilatildeo ao risco que a lei ocasiona (MOREIRA 2020)
25 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 552017 DE PROIBICcedilAtildeO DE USO DE ANIMAIS EM
TESTES DE COSMEacuteTICOS
No dia 9 de outubro de 2020 foi aprovado no Plenaacuterio da Assembleia Legislativa o
Projeto de Lei de autoria do deputado Joatildeo Amin que tem por objetivo proibir o uso de animais
natildeo humanos em testes par a produccedilatildeo de produtos de beleza de higiene pessoal perfumes e
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cosmeacuteticos em Santa Catarina O proacuteximo passo para a implementaccedilatildeo do Projeto de Lei eacute o
encaminhamento para sanccedilatildeo do Governo do Estado de Santa Catarina sobre esta fase o autor
do Projeto de Lei escreveu ldquoEspero que o governo estadual sancione e regulamente este projeto
que eacute muito importante para proteccedilatildeo dos animais Nossa intenccedilatildeo eacute impedir o uso
indiscriminado de animais em testes situaccedilatildeo que pode ser evitada com uma seacuterie de
alternativasrdquo (FLORIANOacutePOLIS 2020) demonstrando assim a relevacircncia da sanccedilatildeo desta lei
para a garantia do bem-estar dos animais natildeo humanos
No presente Projeto de Lei natildeo soacute se apresenta a necessidade da vedaccedilatildeo do uso dos
animais natildeo humanos no que tange os testes para a produccedilatildeo de cosmeacuteticos perfumes e
assemelhados como tambeacutem descreve de forma qualitativa a caracterizaccedilatildeo destes bens de
consumo para a devida garantia de que a lei caso seja aprovada pelo Governo Estadual seja
devidamente cumprida dentro dos seus objetivos ao exemplo de dizer que tais bens satildeo
preparaccedilotildees constituiacutedas de substacircncias naturais ou sinteacuteticas de uso externo no corpo dos
animais humanos como pele mucosas cabelo unhas dentes dentre outros para com o
objetivo esteacutetico higiecircnico proteccedilatildeo ou ainda odorizaccedilatildeo corporal ressalvando como excluiacutedos
da proposta de lei os medicamentos por meio de emenda substitutiva apresentada pelo relator
Jair Miotto (FLORIANOacutePOLIS 2020)
Outra medida dentro do Projeto de Lei para a garantia do eficaz cumprimento deste eacute a
instituiccedilatildeo de penalidades ao estabelecimentos de pesquisa profissionais ou anaacutelogos que
descumprirem as diretrizes levantadas no presente Projeto de Lei com penalidades progressivas
para multas e demais sanccedilotildees para tanto a instituiccedilatildeo de multa miacutenima de R$ 500000 (cinco
mil reais) podendo chegar ateacute o valor de R$ 1000000 (dez mil reais) sem contar juros e
correccedilotildees monetaacuterias segundo os iacutendices oficiais regularmente estabelecidos estabelecendo
ainda que em caso de reincidecircncia a multa podendo ser dobrada natildeo impedindo se somar a
multa a suspensatildeo temporaacuteria ou definitiva do alvaraacute de funcionamento da instituiccedilatildeo
(FLORIANOacutePOLIS 2020)
Jaacute enquanto sobre as puniccedilotildees relativas aos profissionais que descumprirem a lei esta
se daraacute por multa no valor miacutenimo de R$ 100000 (mil reais) podendo chegar ateacute o valor de R$
500000 (cinco mil reais) sem contar juros e correccedilotildees monetaacuterias segundo os iacutendices oficiais
regularmente estabelecidos com multa dobrada para casos de reincidecircncia estabelecendo ainda
puniccedilotildees para pessoas fiacutesicas sem excluir aquelas que sejam detentoras de funccedilatildeo puacuteblica civil
ou militar incluindo ainda instituiccedilotildees ou estabelecimentos de ensino organizaccedilotildees sociais ou
ainda quaisquer outras pessoas juriacutedicas indiferente de serem com ou sem fins lucrativos
puacuteblicos ou privados que vierem a descumpri os termos da lei (FLORIANOacutePOLIS 2020)
24
26 JULGADOS SOBRE A GUARDA ANIMAL E PROJETOS LEIS
A 4ordf Turma do STJ definiu por maioria de votos no dia 19 de junho de 2018 ser possiacutevel
a regulamentaccedilatildeo judicial de visitas a animais natildeo humanos de estimaccedilatildeo apoacutes a separaccedilatildeo de
casais que viviam em uma uniatildeo estaacutevel onde o Ministro Relator Luis Felipo Salomatildeo apontou
como se observa na ementa do caso
RECURSO ESPECIAL DIREITO CIVIL DISSOLUCcedilAtildeO DE UNIAtildeO ESTAacuteVEL
ANIMAL DE ESTIMACcedilAtildeO AQUISICcedilAtildeO NA CONSTAcircNCIA DO
RELACIONAMENTO INTENSO AFETO DOS COMPANHEIROS PELO
ANIMAL DIREITO DE VISITAS POSSIBILIDADE A DEPENDER DO CASO
CONCRETO 1 Inicialmente deve ser afastada qualquer alegaccedilatildeo de que a discussatildeo
envolvendo a entidade familiar e o seu animal de estimaccedilatildeo eacute menor ou se trata de
mera futilidade a ocupar tempo desta Corte Ao contraacuterio eacute cada vez mais recorrente
no mundo da poacutes- modernidade e envolve questatildeo bastante delicada examinada tanto
pelo acircngulo da afetividade em relaccedilatildeo ao animal como tambeacutem pela necessidade de
sua preservaccedilatildeo como mandamento constitucional (art 225sect1 inciso VII ndash ldquoproteger
a fauna e a flora vedadas na forma da lei as praacuteticas que coloquem em risco sua
funccedilatildeo ecoloacutegica provoquem a extinccedilatildeo de espeacutecies ou submetam os animais a
crueldaderdquo) 2 O Coacutedigo Civil ao definir a natureza juriacutedica dos animais tificou-os
como coisas e por conseguinte objetos de propriedade natildeo lhes atribuindo a
qualidade de pessoas natildeo sendo dotados de personalidade juriacutedica nem podendo ser
considerados sujeitos de direitos Na forma da lei civil o soacute fato de o animal ser tido
como de estimaccedilatildeo recebendo afeto da entidade familiar natildeo pode vir a alterar a
substacircncia a ponto de converter a sua natureza juriacutedica 3 No entanto os animais de
companhia possuem valor subjetivo uacutenico e peculiar aflorando sentimentos bastante
iacutentimos em seus donos totalmente diversos de qualquer outro tipo de propriedade
privada Dessarte o regramento juriacutedico dos bens natildeo se vem demonstrando suficiente
para resolver de forma satisfatoacuteria a disputa familiar envolvendo os pets visto que
natildeo se trata de simples discussatildeo atinente agrave posse e agrave propriedade 4 Por sua vez a
guarda propriamente dita ndash inerente ao poder familiar ndash instituto por essecircncia de
direito de famiacutelia natildeo pode ser simples e fielmente subvertida para definir o direito
dos consortes por meio do enquadramento de seus animais de estimaccedilatildeo
notadamente porque eacute um muacutenus exercido no interesse tanto dos pais quanto do filho
Natildeo se traraacute de uma faculdade e sim de um direito em que se impotildee aos pais a
observacircncia dos deveres inerentes ao poder familiar 5 A ordem juriacutedica natildeo pode
simplesmente desprezar o relevo da relaccedilatildeo do homem com seu animal de estimaccedilatildeo
sobretudo nos tempos atuais Deve-se ter como norte o fato cultural e da poacutes-
modernidade de que haacute uma disputa dentro da entidade familiar em que prepondera
o afeto de ambos os cocircnjuges pelo animal Portanto a soluccedilatildeo deve perpassar pela
preservaccedilatildeo a garantia dos direitos agrave pessoa humana mas precisamente o acircmago de
sua dignidade 6 Os animais de companhia satildeo seres que inevitavelmente possuem
natureza especial e como ser senciente ndash dotados de sensibilidade sentindo as
mesmas dores e necessidades biopsicoloacutegicas dos animais racionais - tambeacutem devem
ter o seu bem-estar considerado 7 Assim na dissoluccedilatildeo da entidade familiar em que
haja algum conflito em relaccedilatildeo ao animal de estimaccedilatildeo independentemente da
qualificaccedilatildeo juriacutedica a ser adotada a resoluccedilatildeo deveraacute buscar atender sempre a
depender do caso em concreto aos fins sociais atentando para a proacutepria evoluccedilatildeo da
sociedade com a proteccedilatildeo do ser humano e do seu viacutenculo afetivo com o animal 8
Na hipoacutetese o Tribunal de origem reconheceu que a cadela fora adquirida na
constacircncia da uniatildeo estaacutevel e que estaria demonstrada a relaccedilatildeo de afeto entre o
recorrente e o animal de estimaccedilatildeo reconhecendo o seu direito de visitas ao animal
o que deve ser mantido 9 Recurso especial natildeo provido (BRASIL 2018a)
25
Mesmo ainda sendo definidos como coisas pelo Coacutedigo Civil como apontado pelo
mesmo relator foi apontado que os animais natildeo humanos satildeo objetos de relaccedilotildees juriacutedicas uma
vez ainda que como aponta a pesquisa do IBGE jaacute existem mais catildees e gatos nos lares
brasileiros do que crianccedilas desta forma demonstrando a relevacircncia do viacutenculo afetivo entre os
animais humanos e os animais natildeo humanos assegurando ainda a preservaccedilatildeo das garantias do
artigo 225 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (BRASIL 2018a)
A Juiacuteza de Direito Karen Francis Schubert Reimer da 3ordf Vara da Famiacutelia de Joinville
Santa Catarina tambeacutem discutiu a guarda de animais natildeo humanos discutindo a sua natureza
juriacutedica na sua decisatildeo No caso da lide apoacutes a separaccedilatildeo ficou decidido que cada uma das partes
ficaria com a guarda de um dos catildees que possuiacuteam na constacircncia do matrimocircnio ainda decidiu
a possibilidade de visitas entre as partes e os catildees e as partes sem sua guarda igualmente ao
relator do STJ o status de coisa dado pelo Coacutedigo Civil brasileiro aos animais natildeo humanos a
magistrada apontou ldquoNossa legislaccedilatildeo atual o Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002 estabelece que
o animal possui status juriacutedico de coisa Ou seja eacute um objeto de propriedade do homem e que
conteacutem expressatildeo econocircmicardquo usando esta colocaccedilatildeo para justificar sua decisatildeo onde
determina que seraacute o homem o responsaacutevel por todas as despesas de veterinaacuterio medicaccedilatildeo e
vacinas tanto para o cachorro em sua guarda quanto para o cachorro sob a guarda de sua ex-
esposa (SANTA CATARINA 2017)
Vale ressaltar que a magistrada apontou a necessidade de que os animais natildeo humanos
sejam enquadrados em uma categoria intermediaacuteria entre coisas e pessoas citando o Projeto de
Lei do Senado PLS 31515 que trata sobre a natureza juriacutedica dos animais natildeo humanos onde
dispotildees sobre a alteraccedilatildeo do artigo 82 do Coacutedigo Civil natildeo tratando mais os animais natildeo
humanos como coisas entatildeo trouxe a fala ldquoNatildeo se trata de equiparar os cachorros aos filhos
aos seres humanos O que se busca eacute reconhecer que nem sempre os animais devem receber
tratamento de coisa ou de objetordquo (SANTA CATARINA 2017)
Sobre o tema eacute vaacutelido constar que o Governo de Santa Catarina na data de 17 de janeiro
de 2018 por meio da Lei nordm 17485 veio a alterar a Lei nordm 12854 de 2003 que instituiu o Coacutedigo
Estadual de Proteccedilatildeo dos animais Com a presente lei veio a fim de se reconhecer catildees gatos e
cavalos como seres sencientes trazendo a incluir ao dito coacutedigo o artigo 34 ndash A ldquoPara os fins
desta Lei catildees gatos e cavalos ficam reconhecidos como seres sesncientes sujeitos de direito
que sentem dor e anguacutestia o que constitui o reconhecimento da sua especificidade e das suas
caracteriacutesticas face a outros seres vivosrdquo fazendo assim constar um grande diferencial
normativo de uma lei estadual perante a legislaccedilatildeo paacutetria ora que enquanto no que tange as leis
a niacutevel federal tal interpretaccedilatildeo somente se encontra no campo doutrinaacuterio jurisdicional e de
26
projeto de lei em niacutevel estadual em Santa Catarina os animais natildeo humanos jaacute satildeo
classificados desde 2018 como seres sencientes pela letra da lei (SANTA CATARINA 2018)
Ainda na mesma linha o Senado Nacional tramita no CCJ o Projeto de Lei PLS 54218
para regulamentar a guarda compartilhada de animais de estimaccedilatildeo quando em caso de
divoacutercios ou dissoluccedilotildees de Uniotildees Estaacuteveis determinando para tanto que o animal natildeo humano
que possa ser alvo de tal discussatildeo de guarda de acordo com seu artigo 1ordm aquele ldquocujo tempo
de vida tenha transcorrido majoritariamente na constacircncia do casamento ou da uniatildeo estaacutevelrdquo
(BRASIL 2018b) definindo ainda quais as condiccedilotildees para a guarda visitas ambiente
adequado para moradia do animal natildeo humano a quem incumbiraacute as despesas do animal natildeo
humano guardado assim como as consequecircncias relativas agrave risco de violecircncia ou maus-tratos
ao animal natildeo humanos sobre sua guarda ou em sua visita Apresenta-se para anaacutelise tal PL
com o texto
Estabelece o compartilhamento da custoacutedia de animal de estimaccedilatildeo de propriedade
em comum quando natildeo houver acordo na dissoluccedilatildeo do casamento ou da uniatildeo estaacutevel Altera o Coacutedigo de Processo Civil para determinar a aplicaccedilatildeo das normas
das accedilotildees de famiacutelia aos processos contenciosos de custoacutedia de animais de estimaccedilatildeo
(BRASIL 2018b)
Atualmente essa PLS encontra-se em aguardo de designaccedilatildeo e relator desde 25 de
marccedilo de 2019 Tal projeto de lei vem a demonstrar uma nova visatildeo sobre a interaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos e humanos e abrindo precedentes para uma nova classificaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos perante o Coacutedigo Civil (BRASIL 2018b)
Na mesma linha de discussatildeo da Magistrada se faz necessaacuterio constar a declaraccedilatildeo feita
por um grupo de juristas e especialistas em sauacutede e comportamento animal ingleses durante a
Conferecircncia de Francis Crick sediada na Universidade de Cambridge no dia 7 de julho de 2012
A ausecircncia de um neurocoacutertex natildeo parece impedir que um organismo experimente
estados afetivos Evidecircncias convergentes indicam que os animais natildeo humanos tecircm
os substratos neuroanatocircmicos neuroquiacutemicos e neurofisioloacutegicos de estado de
consciecircncia juntamente com a capacidade de exibir comportamentos intencionais
Consequentemente o pelo das evidecircncias indicam que os humanos natildeo satildeo os uacutenicos
a possuir os substratos neuroloacutegicos que geram a consciecircncia Animais natildeo humanos
incluindo todos os mamiacuteferos e as aves e muitas outras criaturas incluindo nestes os
polvos tambeacutem possuem esses substratos neuroloacutegicos (CAMBRIDGE 2012)
Em tal relato obteve-se as palavras de um grupo de especialistas tanto no campo
juriacutedico quanto nos campos de comportamento e medicina animal de forma a admitir que natildeo
seriam apenas os animais humanos capazes de serem dotados de consciecircncia demonstrando
27
estes serem capazes de pensar sentir e raciocinar natildeo sendo simplesmente coisas
(CAMBRIDGE 2012)
Tramita no Senado o Projeto de Lei nordm 631 de 2015 onde visa alterar a redaccedilatildeo do artigo
32 da Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 vem a vedar que sem motivos justificaacuteveis se
venha a causar dor lesatildeo ou sofrimento aos animais natildeo humanos desenvolver a
conscientizaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo para a guarda responsaacutevel dos animais natildeo humanos classificando
a integridade fiacutesica e mental assim como o bem-estar dos animais natildeo humanos como interesse
difuso devendo destacar o sect2ordm do artigo 4ordm da PL ldquoAos animais deve ser dispensada a dignidade
de tratamento reservada aos seres sencientesrdquo (BRASIL 2015b) demonstrando claramente sua
natureza de seres dotados de sensibilidade e natildeo de status de coisa assim como os sectsect 3ordm e 4ordm do
mesmo artigo
sect3ordm Os animais tecircm interesses individuais e coletivos distintos dos interesses
individuais e coletivos dos seres humanos devendo a autoridade no caso de colisatildeo
de interesses proceder a uma ponderaccedilatildeo que natildeo se confine a juiacutezos de utilidade ou
de funcionalizaccedilatildeo das interesses individuais e coletivos dos seres humanos
sect4ordm Na ausecircncia de disposiccedilotildees em contraacuterio os animais se beneficiam da proteccedilatildeo
juriacutedica conferida agraves coisas e agraves pessoas juriacutedicas (BRASIL 2015b)
Trazendo uma grande inovaccedilatildeo relativa aos direitos dos animais natildeo humanos onde
lhes proporciona a garantia da proteccedilatildeo juriacutedica dada agraves pessoas juriacutedicas Tal PL se apresenta
para anaacutelise com o texto
Institui o estatuto de proteccedilatildeo dos animais considerando-a como interesse difuso
estabelece o direito agrave proteccedilatildeo agrave vida e ao bem-estar a vedaccedilatildeo de praacuteticas e atividades
que se configurem como crueacuteis ou danosas da integridade fiacutesica e mental tipifica os
maus-tratos e dispotildees sobre infraccedilotildees e penalidades (BRASIL 2015b)
Este protejo de lei se encontra em aguardo de inclusatildeo na ordem do dia de requerimento
tendo como Relator o Senador Pliacutenio Valeacuterio (BRASIL 2015b)
Entende-se que embora os animais natildeo humanos faccedilam parte de forma direta e
entrelaccedilada com os animais humanos ainda se encontra como um grande problema perante a
nossa legislaccedilatildeo sendo seu sistema normativo uma novidade e de completo desconhecimento
de um grande percentual brasileiro ora visto como um direito extravagante que natildeo consideraria
uma expressatildeo da realidade suprimindo necessidades atuais em contraposto da relaccedilatildeo afetiva
por muitos julgada como transbordando os limites de humanidade (FIORILLO 2019)
Assim no presente capiacutetulo foi analisada a evoluccedilatildeo histoacuterica legislativa dos direitos
dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo brasileira ateacute a contemporaneidadedo estado
28
atual de seus direitos incluindo julgados projetos de lei suacutemulas sem deixar de constar ateacute
retrocessos legislativosdos direitos em questatildeoPela teacutecnica bibliograacutefica onde se buscouesta
anaacutelise da forma mais completatentandoenglobar omaacuteximo deinformaccedilotildees parase chegar agrave
mais ampla anaacutelise dos direitos dos animais natildeo humanos no Brasil
Desta forma foi possiacutevel se observar que o primeiro relato normativo brasileiros no
Municiacutepio de Satildeo Paulo trazendo vedaccedilotildees e regulamentaccedilotildees para os animais em labuta
passando pela inclusatildeo de normas dentro da constituiccedilatildeo federativa sumulassem deixar de citar
asleis infraconstitucionais
Para continuidade do presente trabalho no capitulo que se segue seraacute apresentada uma
anaacutelise realizada da mesma forma do presente capitulo poreacutem no tangente agrave evoluccedilatildeo histoacuterica
e legislaccedilatildeo atual dos direitos dos animais em Portugal
29
3 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA
Neste capiacutetulo tem-se como objetivo trazer de forma sucinta a evoluccedilatildeo histoacuterica no que
tange o direito dos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo de Portugal trazendo para isto as
proacuteprias leis assim como relatos bibliograacuteficos sobre o tema
31 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
O direito dos animais natildeo humanos em Portugal surgiu no dia 16 de setembro de 1886
com a promulgaccedilatildeo do Decreto Lei do Coacutedigo Penal Portuguecircs onde tratavam dos direitos dos
animais natildeo humanos entre os artigos 478 a 481 onde previam a penalizaccedilatildeo par aquele que
ferir matar envenenar abusar ou causar outros tipos de danos aos animais natildeo humanos
incluindo dentre eles a vedaccedilatildeo aos maus-tratos Contudo tipificavam os animais natildeo humanos
como animais de consumo (PORTUGAL 1886)
Somente quase 30 anos depois no datar de 12 de junho de 1919 foi assinado um Decreto
relativo a vedaccedilatildeo do uso excessivo de animais perante a labuta onde se determinavam limites
para o trabalho em que os animais natildeo humanos satildeo expostos impedindo desta forma a
exigecircncia exacerbada e abusiva perante suas capacidades individuais e coletivos (PORTUGAL
2001)
No iniacutecio do seacuteculo seguinte Portugal regulamentou para a aplicaccedilatildeo interna de forma
complementar as disposiccedilotildees da Convenccedilatildeo Europeia para a Proteccedilatildeo dos Animais de
Companhia aprovada pelo no dia 13 de abril no Decreto nordm 1393 de forma a definir quais os
dispositivos que se tornariam aplicaacuteveis no seu territoacuterio e excluindo no entanto todos aqueles
que tratem das espeacutecies da fauna selvagem exoacuteticas assim como seus descendentes quando
criados em cativeiro ainda ressaltando como natildeo aplicaacuteveis as normas que se dispusessem em
contradiccedilatildeo a legislaccedilatildeo infraconstitucional portuguesa (PORTUGAL 2001)
Esta legislaccedilatildeo veio a normatizar medidas ateacute entatildeo natildeo constantes na legislaccedilatildeo paacutetria
como ao exemplo do seu artigo 3ordm regulamentando os procedimentos e locais de alojamento no
que tange o exerciacutecio de reproduccedilatildeo para comercializaccedilatildeo de animais de companhia Traz ainda
inovaccedilotildees no que se fala de abandono onde natildeo se caracteriza mais o abandono somente como
largar em qualquer lugar mas tambeacutem pela negligecircncia como deixar de cuidar alimentar
cuidado com a higiene e devidas condiccedilotildees de sauacutede e proteccedilatildeo contra zoonoses ocasionando
30
para aquele que nesta categoria de abandono for classificado a remoccedilatildeo do animal Natildeo
deixando de constar a necessidade expressa de que em caso de amputaccedilotildees deva haver
certificaccedilatildeo veterinaacuteria comprovando a necessidade de tal procedimento garantindo que estas
sejam realizadas por razotildees claramente medica-veterinaacuteria ou de interesse particular do animal
natildeo humano ou ainda para impedir sua reproduccedilatildeo impedindo desta forma amputaccedilotildees
meramente esteacuteticas ou por interesse unicamente de seu detentor permitindo maiores direitos
a integridade fiacutesica dos animais natildeo humanos perante motivaccedilotildees supeacuterfluas Tratando ainda
de normas para hospedagem e centro de recolhimento de animais natildeo humanosem seus
Capiacutetulos IV V VI VIII e X (PORTUGAL 2001)
Em substituiccedilatildeo do Decreto Lei nordm 2762001 em 17 de dezembro o Decreto Lei nordm
3152003 veio para inovar em alguns sentidos os direitos dos animais natildeo humanos excluindo
as aplicaccedilotildees de dispositivos do Decreto nordm 1393 da Convenccedilatildeo Europeia para a proteccedilatildeo de
Animais de Companhia no tangente da detenccedilatildeo de animais potencialmente perigosos
vislumbrando a necessidade de regulamentar a mateacuteria por diplomas proacuteprios utilizando para
tal regulamentaccedilatildeo os posicionamentos de oacutergatildeos governamentais proacuteprios das Regiotildees
Autocircnomas e a Associaccedilatildeo Nacional dos municiacutepios Portugueses Trazendo colocaccedilotildees como
ldquoExcluem-se do acircmbito de aplicaccedilatildeo deste diploma as espeacutecies da fauna selvagem autoacutectone e
exoacutetica e os seus descendentes criados em cativeiro objeto de regulamentaccedilatildeo especiacutefica e os
touros de liderdquo (PORTUGAL 2003b) assim como redefinindo hospedagem sem fins
lucrativos e para fins meacutedicos-veterinaacuterios para animais de companhia onde destaca o Plano
Nacional de Luta e Vigilacircncia da Raiva Animal e outras Zoonoses que natildeo se faziam constar
no decreto anterior ainda atualizando as regras para licenccedilas de funcionamento de tais locais
assim como regulando dimensotildees miacutenimas para sua instalaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo de atividades sejam
para animais natildeo humanos de sangue quente como cachorros e gatos ou sangue frio como
lagartos e sapos(PORTUGAL 2003b)
Um grande marco para o direito dos animais natildeo humanos em Portugal ocorreu com a
publicaccedilatildeo no dia 17 de dezembro do Decreto-Lei nordm 3132003 onde foi criado o Sistema de
Identificaccedilatildeo de Caninos e Felinos (SICAFE) onde estabeleceu diretrizes para a identificaccedilatildeo
eletrocircnica de catildees e gatos que servem de animais de companhia criando desta forma uma base
de dados nacional para esta identificaccedilatildeo permitindo a identificaccedilatildeo dos animais natildeo humanos
que satildeo viacutetima de abandono ainda como medidas sanitaacuterias e zooteacutecnicas juriacutedicas e
humanitaacuterias ainda aumentando a responsabilidade dos centros de criaccedilatildeo para
comercializaccedilatildeo de catildees e gatos de companhia (PORTUGAL 2003a)
31
Seria a criaccedilatildeo de um documento uacutenico que comporta o boletim sanitaacuterio destes animais
natildeo humanos contendo natildeo soacute informaccedilotildees cruciais destes como sexo e raccedila mas ainda
detalhes sobre procedimentos que os mesmos foram expostos e accedilotildees de profilaxia das quais
foi sujeito sendo de delegaccedilatildeo do seu detentor garantir que tais informaccedilotildees estejam corretas e
atualizadas incluindo dentre elas a carteira de vacinaccedilatildeo antirraacutebica (PORTUGAL 2003a)
No datar de 25 de janeiro de 2005 pela Uniatildeo Europeia foi promulgado o Regulamento
nordm 12005 que faz relaccedilatildeo a proteccedilatildeo dos animais natildeo humanos durante o transporte e operaccedilotildees
fins de forma a minimizar a duraccedilatildeo da viagem e satisfazer as necessidades dos animais
garantindo tambeacutem que os animais natildeo humanos devem estar aptos para efetuar a viagem assim
como os meios de transporte tanto quanto os equipamentos de carregamento e descarregamento
devem ser construiacutedos mantidos e utilizados de maneira a evitar lesotildees violecircncia ou
sofrimentos garantindo o bem-estar e a seguranccedila dos animais natildeo humanos durante o
deslocamento sendo de responsabilidade das autoridades nacionais inspecionar e aprovar os
veiacuteculos alvo de transporte de animais natildeo humanos seja por via mariacutetima ou rodoviaacuteria
(PORTUGAL 2005)
Ainda eacute vaacutelido mencionar o Decreto-Lei nordm 742007 promulgado dia 27 de marccedilo de
2007 onde trata da consagraccedilatildeo do direito ldquode acesso das pessoas com deficiecircncia visual
acompanhadas de catildees-guia a locais transportes e estabelecimentos puacuteblicosrdquo (PORTUGAL
2007a) tal constataccedilatildeo se faz pela evoluccedilatildeo nas teacutecnicas e condicionamento de formas de
treinamento de tais animais assim como da proteccedilatildeo sanitaacuteria dos catildees fora que determina os
direitos e responsabilidades dos catildees em treinamento e em serviccedilo ainda definindo os regimes
credenciamento responsabilidades e proibiccedilotildees relativas agraves famiacutelias que se promovem a receber
os catildees que seratildeo treinados demonstrando uma clara preocupaccedilatildeo no conforto seguranccedila e
vida dentro dos padrotildees de garantias para os catildees que agrave essa atividade forem direcionados
(PORTUGAL 2007a)
No mesmo ano o Parlamento Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia emitiu o
Regulamento nordm 1523007 do dia 11 de dezembro veio a proibir a colocaccedilatildeo no mercado assim
como a importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo comunitaacuterias de peles de gato e de catildeo e de produtos que as
contenham uma vez que
Para os cidadatildeos da Uniatildeo Europeia os gatos e catildees satildeo animais de estimaccedilatildeo pelo
que natildeo eacute aceitaacutevel usar as suas peles nem produtos que as contenham Existem
indiacutecios da presenccedila da Comunidade de peles natildeo rotuladas de gato e de catildeo e de
produtos que as contecircm Consequentemente os consumidores estatildeo preocupados com
a possibilidade de poderem comprar peles de gato e de catildeo e produtos que as
contenham Em 18 de Dezembro de 2003 o Parlamento Europeu aprovou uma
32
declaraccedilatildeo em que exprime a sua inquietaccedilatildeo a respeito do comeacutercio dessas peles e
produtos e solicita que se lhe ponha termo a fim de reestabelecer a confianccedila dos
consumidores e dos comerciantes[] (PORTUGAL 2007a)
Desta forma aleacutem de garantir que dentro comeacutercio interno de produtos de pele de catildees
e gatos natildeo estejam presentes ainda garante o bem-estar dos animais natildeo humanos ora que ao
se tratar de comercio irregular e ilegal levanta a praacutetica de maus-tratos para a obtenccedilatildeo de tais
mateacuterias primas (PORTUGAL 2007a)
32 LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA CONTEMPORAcircNEA
Por meio da Lei nordm 3152009 publicada no dia 21 de agosto do mesmo ano foi
designado novos regramentos relativos aos animais natildeo humanos onde em seu artigo 1ordm trouxe
ldquoO presente decreto-lei aprova o regime juriacutedico da criaccedilatildeo reproduccedilatildeo e detenccedilatildeo de animais
perigosos e potencialmente perigosos enquanto animais de companhiardquo (PORTUGAL 2009b)
Aqui fica demonstrada a preocupaccedilatildeo da introduccedilatildeo de mais espeacutecies de animais natildeo humanos
no meio do conviacutevio em sociedade dos animais humanos sem que haja prejuiacutezo aos dizeres do
Decreto-Lei de 2009 este tenta regular animais natildeo humanos silvestres mas ressalva o direito
da manutenccedilatildeo da criaccedilatildeo e interaccedilatildeo de animais natildeo humanos e humanos enquanto nativos da
fauna selvagem indiacutegena respeitando desta maneira as peculiaridades de sua existecircncia Em
seu artigo 3ordm traz as classificaccedilotildees de animais natildeo humanos enquanto animal de companhia
animal perigoso animal potencialmente perigoso autoridade competente centro de recolha e
detentor fazendo este uacuteltimo o mais importante de se evidenciar
ltltDetentorgtgt qualquer pessoa singular maior de 16 anos sobre a qual recai o dever
de vigilacircncia de um animal perigoso ou potencialmente perigoso para efeitos de
criaccedilatildeo reproduccedilatildeo manutenccedilatildeo acomodaccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo com ou sem fins
comerciais ou que o tenha sob sua guarda mesmo que a tiacutetulo temporaacuterio
(PORTUGAL 2009b)
Trazendo uma nova concepccedilatildeo para aquele que possui um animal natildeo humano quando
se fala de perigosos e potencialmente perigosos evidenciando uma nova forma de considera-lo
enquanto ser sob guarda natildeo apresentando mais como uma posse mas sim como uma tutela
Vale ressaltar que o presente decreto natildeo se resume apenas a animais natildeo humanos considerados
de natureza selvagem ao denomina-los como animais perigosos e animais potencialmente
perigosos mas tambeacutem resguarda os direitos e deveres do detentor perante catildees que sejam
assim classificados perante o que classifica o artigo 3ordm em Capiacutetulo IV trata sobre as
33
obrigatoriedades para a constacircncia de manutenccedilatildeo de catildees assim classificados em seu conviacutevio
como a obrigaccedilatildeo de treinamento e suas exigecircncias (PORTUGAL 2007b)
Ainda o presente decreto traz as penalidades para formas de maus-tratos ateacute entatildeo natildeo
mencionados nas legislaccedilotildees anteriores como para aqueles que promoverem ou participarem
de lutas entre animais natildeo humanos natildeo excluindo da puniccedilatildeo a mera tentativa e ainda
trazendo penas para quaisquer formas de ofensas agrave integridade fiacutesica dos animais natildeo humanos
na categoria dolosa ou de negligecircncia Eacute imprescindiacutevel constar sobre uma inovaccedilatildeo de grande
importacircncia trazida pelo decreto em questatildeo onde em seu artigo 38 vislumbra puniccedilotildees ao que
tange o profissional veterinaacuterio ou aquele que praticar as atividades a esse profissional
destinadas sem que tenha a devida certificaccedilatildeo para ministrar tais atividades (PORTUGAL
2009b)
No mesmo ano o Parlamento Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia no dia 30 de
novembro fez surgir um marco nos direitos dos animais natildeo humanos com a publicaccedilatildeo do
Regulamento nordm 12232009 no Jornal Oficial da Uniatildeo Europeia onde se trata das
regulamentaccedilotildees relativas ao uso de animais natildeo humanos enquanto para uso de testes em
produtos cosmeacuteticos De maneira a gerar diretrizes do que se permite ou se veda no que tange
a proteccedilatildeo dos animais natildeo humanos utilizados para fins experimentais prevendo regras comuns
para todos os Estados Membros da Uniatildeo Europeia exigindo que os ensaios realizados em
animais natildeo humanos sejam substituiacutedos por meacutetodos alternativos sempre que possiacutevel Ainda
regulamenta prazos para que seja efetuada a proibiccedilatildeo da comercializaccedilatildeo de produtos
cosmeacuteticos cuja formulaccedilatildeo final possuam ingredientes que tenham sido ensaiados em animais
assim como uma data para a proibiccedilatildeo de que sejam continuados os ensaios sobre animais
sendo estas datas respectivamente 11 de marccedilo de 2009 e 11 de marccedilo de 2013 coordenando
ainda uma construccedilatildeo para o desenvolvimento de meacutetodos cientiacuteficos alternativos aos testes em
animais natildeo humanos (PORTUGAL 2010)
O Parlamento Europeu e o Conselho da Uniatildeo Europeia publicaram no Jornal Oficial
da Uniatildeo Europeia na paacutegina 33 no datar de 20 de outubro de 2010 a Diretiva 201063EU
relativa agrave proteccedilatildeo dos animais utilizados para fins cientiacuteficos de forma a normatizar as
teacutecnicas formas cuidados dentre outros que devem ser tomados para se garantir o bem-estar
dos animais natildeo humanos dirigidos aos fins cientiacuteficos Ao exemplo ao tratar dos meacutetodos
podemos observar no seu toacutepico 14
Os meacutetodos selecionados deveratildeo evitar tanto quanto possiacutevel que o limite criacutetico do
procedimento seja a morte do animal devido ao sofrimento grave sentido durante o
periacuteodo que precede a morte Sempre que possiacutevel a morte deveraacute ser substituiacuteda por
34
limites criacuteticos mais humanos recorrendo a sinais cliacutenicos que determinem a
iminecircncia da morte a fim de permitir que o animal seja occisado sem mais sofrimento
(PORTUGAL 2010)
Ainda se traz na supracitada Diretiva a clara vedaccedilatildeo a procedimentos que possam
ocasionar ameaccedila a biodiversidade como ao exemplo de se utilizar para estudos animais natildeo
humanos cuja espeacutecie corra risco de extinccedilatildeo ressalvado ao miacutenimo indispensaacutevel e
devidamente justificado ainda levanta a proximidade geneacutetica entre os animais natildeo humanos e
humanos assim como a capacidade social dos primatas natildeo humanos demonstrando a niacutetida
problemaacutetica de garantia do bem-estar das necessidades comportamentais ambientais e sociais
em um ambiente laboratorial (PORTUGAL 2010)
Mesmo apresentando uma evoluccedilatildeo sucinta no que tange o direito dos animais natildeo
humanos em Portugal ateacute entatildeo em 2017 o paiacutes promulgou uma lei que modificou de forma
significante esse tocante sendo a maior evoluccedilatildeo a alteraccedilatildeo dos animais do rol de coisas para
passar a serem considerados ldquoseres vivos dotados de sensibilidade e objeto de proteccedilatildeo juriacutedica
em virtude da sua naturezardquo (PORTUGAL 2017a) no Coacutedigo Civil portuguecircsdeve-se
evidenciar que este paiacutes tem relaccedilotildees de reciprocidade perante ao tratamento dos indiviacuteduos
humanos para com o Brasil pode-se ver uma evoluccedilatildeo significativamente relevante em razatildeo a
compreensatildeo e leis como fica claro quando observamos a lei aprovada de 1ordm de maio de 2017
lei nordm 82017 onde os animais natildeo humanos deixaram de serem coisas para a denominaccedilatildeo de
seres sencientes explicitado pela adiccedilatildeo do artigo 201ordm-B ldquoOs animais satildeo seres vivos dotados
de sensibilidade e objeto de proteccedilatildeo juriacutedica em virtude da sua naturezardquo (PORTUGAL
2017a) trazendo uma inovaccedilatildeo perante a classificaccedilatildeo dos animais natildeo humanos perante a
legislaccedilatildeo 201ordm-C ldquoProteccedilatildeo juriacutedica dos animais A proteccedilatildeo juriacutedica dos animais opera por
via das disposiccedilotildees do presente coacutedigo e da legislaccedilatildeo especialrdquo (PORTUGAL 2017)
demonstrando que natildeo se visa findar os deveres perante os direitos dos animais natildeo humanos
na presente lei 1793ordm-A ldquoAnimais de companhia Os animais de companhia satildeo confiados a
um ou ambos os cocircnjuges considerando nomeadamente os interesses de cada um dos cocircnjuges
e dos filhos do casal e o bem-estar do animalrdquo (PORTUGAL 2017) ao Coacutedigo Civil portuguecircs
leia-se o 1305ordm-A
Artigo 1305ordm-APropriedade de animais
1 - O proprietaacuterio de um animal deve assegurar o seu bem-estar e respeitar as
caracteriacutesticas de cada espeacutecie e observar no exerciacutecio dos seus direitos as
disposiccedilotildees especiais relativas agrave criaccedilatildeo reproduccedilatildeo detenccedilatildeo e proteccedilatildeo dos animais
e agrave salvaguarda de espeacutecies em risco sempre que exigiacuteveis
35
2 - Para efeitos do disposto no nuacutemero anterior o dever de assegurar o bem-estar
inclui nomeadamentea) A garantia de acesso a aacutegua e alimentaccedilatildeo de acordo com as
necessidades da espeacutecie em questatildeob) A garantia de acesso a cuidados meacutedico-
veterinaacuterios sempre que justificado incluindo as medidas profilaacuteticas de identificaccedilatildeo
e de vacinaccedilatildeo previstas na lei
3 - O direito de propriedade de um animal natildeo abrange a possibilidade de sem motivo
legiacutetimo infligir dor sofrimento ou quaisquer outros maus-tratos que resultem em
sofrimento injustificado abandono ou morte (PORTUGAL 2017a)
Na mesma lei satildeo tratados os deveres daquele que possui um animal natildeo humano que
pela lei portuguesa satildeo denominados como proprietaacuterios Em seu texto obriga o proprietaacuterio
sob pena de multa agrave prisatildeo assegurar o pleno bem-estar dos animais natildeo humanos natildeo somente
garantindo-lhe alimentaccedilatildeo adequada para a sobrevivecircncia mas tambeacutem sua seguranccedila
cuidados veterinaacuterios fora a garantia de que o animal natildeo humano sobre seus cuidados natildeo
sofra de forma alguma maus-tratos seja este realizado diretamente pelo proprietaacuterio ou
terceiros (PORTUGAL 2017a)
Ainda eacute de suma importacircncia fazer constar que a lei em questatildeo natildeo somente atinge os
animais natildeo humanos ditos como domeacutesticos mas todo aquele que se encontra de alguma forma
sob a tutela humana ao exemplo os animais utilizados na pecuaacuteria como se observa na leitura
de seu artigo primeiro
Artigo 1ordm
Objeto
A presente lei estabelece um estatuto juriacutedico dos animais reconhecendo a sua
natureza de seres vivos dotados de sensibilidade procedendo agrave alteraccedilatildeo do Coacutedigo
Civil aprovado pelo Decreto-Lei nordm 47344 de 25 de novembro de 1966 do Coacutedigo
de Processo Civil aprovado pela Lei nordm 412013 de 26 de junho e do Coacutedigo Penal
aprovado pelo Decreto-Lei nordm 40082 De 23 de setembro (PORTUGAL 2017a)
Na mesma linha o doutrinador portuguecircs Filipe Jorge Antunes Cabral (2015) defende
que sejam atribuiacutedos direitos subjetivos aos animais natildeo humanos alegando que natildeo haacute como
se restringir estes direitos aos animais humanos alegando que ldquonatildeo satildeo os interesses dos
indiviacuteduos que possuem um valor moral fundamental mas sim por serem indiviacuteduos capazes
de serem detentores de interessesrdquo (CABRAL 2015 p 117) aplicando desta forma a
capacidade de ter interesses e estes serem haacutebeis de discussatildeo perante o campo do direito mais
animais natildeo humanos
Outro fator a notar-se importacircncia enquanto satildeo observadas as alteraccedilotildees efetuadas por
meio desta lei eacute a alteraccedilatildeo clara e direta na forma de tratamento dos animais natildeo humanos
dentro do corpo do sistema normativo onde agora satildeo designados diretamente como animais
36
demonstrando nitidamente uma alteraccedilatildeo nos paradigmas de interpretaccedilatildeo de sua condiccedilatildeo
onde natildeo resta mais lacunas hermenecircuticas de sua diferenciaccedilatildeo para simplesmente coisas
como fica evidenciado nos textos dos artigos por ela alterados
Artigo 1318ordm
Suscetibilidade de ocupaccedilatildeo
Podem ser adquiridos por ocupaccedilatildeo os animais e as coisas moacuteveis que nunca tiveram
dono ou foram abandonados perdidos ou escondidos pelos seus proprietaacuterios salvas
as restriccedilotildees dos artigos seguintes (PORTUGAL 2017b)
Ainda neste sentido o artigo 1323 traz obrigaccedilotildees que superam a mera proibiccedilatildeo aos
maus-tratos mas fala tambeacutem de formas de vedaccedilatildeo a inobservacircncia de negaccedilatildeo a negligecircncia
demonstrando o ocircnus de devolver agrave quem pertence animal perdido cuja propriedade seja
conhecida e em caso de natildeo saber a quem pertence deve por meios convenientes buscar achar
e auxiliar ao animal ser achado sem esquecer de informar as autoridades sobre o achado assim
como se notar ser necessaacuterio o encaminhar a um veterinaacuterio bem como com seu auxiacutelio
tentar identificar formas de encontrar seu tutor e em caso de passado um ano sem que se possa
devolver o animal natildeo humano para seu legiacutetimo dono aquele que o achou pode fazer do
animal como seu (PORTUGAL 2017b)
Da mesma forma em caso de restituiccedilatildeo do animal natildeo humano ao seu proprietaacuterio faz
jus indenizaccedilatildeo aquele que o achou por todos as despesas levantadas por ele na manutenccedilatildeo da
devida sauacutede e sobrevivecircncia do animal durante o periacuteodo de sua guarda bem como natildeo haacute de
responder se sem dolo ou culpa ocorrer perda ou deterioraccedilatildeo do animal natildeo humano no
transcorrer de sua guarda contudo se aquele que achou o animal natildeo humano ao notar que seu
verdadeiro dono faz o animal de viacutetima de maus-tratos tem aquele que o achou o direito de
retecirc-lo para garantia da seguranccedila do mesmo (PORTUGAL 2017b)
Dois anos depois no dia 30 de janeiro foi instituiacutedo o Decreto Lei nordm 202019 transferiu
responsabilidades no campo de cuidado dos animais natildeo humanos para as autoridades locais e
entidades intermunicipais permitindo um controle mais especiacutefico das peculiaridades de cada
regiatildeo e dando autonomia ao poder local Ainda sanciona a realizaccedilatildeo de concursos e
exposiccedilotildees de animais natildeo humanos Da mesma forma implanta a permissatildeo para a detenccedilatildeo
de mais de trecircs catildees ou quatro gatos adultos em preacutedios urbanos (PORTUGAL 2019a)
No mesmo ano no dia 27 de junho foi publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica ordm 1212019 o
Decreto-Lei nordm 822019 onde estabelece as regras de identificaccedilatildeo dos animais de companhia
37
criando o Sistema de Informaccedilatildeo de Animais de Companhia o SIAC onde traz novas normas
de obrigaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e de registro dos animais natildeo humanos por meio de um
transponder uma espeacutecie de chip eletrocircnico que conteacutem vaacuterios dados sobre aquele indiviacuteduo
ou outro sistema autorizado para a espeacutecie de animal natildeo humano em questatildeo devendo o
cadastro ocorrer ateacute 120 dias apoacutes o nascimento do animal natildeo humano garantindoo
reconhecimento em caso de abandono estabelecendo uma ligaccedilatildeo entre o animal e quem tem
sua guarda assegurando a sauacutede e a seguranccedila de animais natildeo humanos e humanos gerando a
responsabilidade civil sanitaacuteria e de bem-estar animal onde a obrigatoriedade da identificaccedilatildeo
foi criada pelo Decreto-Lei n3132003 mas agora seguindo os paracircmetros determinados pelo
Parlamento Europeu e do Conselho alterando o instituto SICAFE pelo Sistema de Informaccedilotildees
de Animais de Companhia (SIAC) como definido pela aliacutenea a do seu artigo 1ordm Assegurando
a aplicabilidade dos Regulamentos nordm 5762013 e nordm 4292016 do Parlamento Europeu e do
Conselho instituiacutedo nos dias 12 de junho de 2013 e 9 de marccedilo de 2019 respectivamente
relativos agrave circulaccedilatildeo de animais de companhia pessoal e as zoonoses(PORTUGAL 2019b)
33 ANAacuteLISE LEI Nordm 9295
A Assembleia da Repuacuteblica portuguesa decretou no dia 12 de setembro de 1995 a Lei
nordm 9295 a Lei de Proteccedilatildeo aos animais vindo a proibir todo e qualquer tipo de violecircncia
injustificada contra animais tendo sido aprovada no datar de 21 de junho e promulgada no dia
24 de agosto do mesmo ano pelo entatildeo presidente da repuacuteblica portuguesa Maacuterio Soares
podendo se caracterizar neste qualquer tipo de sofrimento crueldade instantacircnea ou de forma
prolongada graves leotildees a um animal natildeo humano ou ateacute mesmo sua morte ainda consta a
necessidade na medida do possiacutevel de socorro agrave animais natildeo humanos que se encontrem feridos
doentes em perigo ou em quaisquer condiccedilotildees anaacutelogas a estas (PORTUGAL 1995)
Traduz ainda como crime perante esta lei todo aquele que exigir de um animal salvo
em momentos emergenciais esforccedilos abusivos ou ateacute mesmo atuaccedilotildees que os animais natildeo
humanos sejam parciais ou absolutamente incapazes de realizar ou ainda que sejam aleacutem de
suas possibilidades naturais Ainda consta a expressa vedaccedilatildeo a aquisiccedilatildeo de animal natildeo
humanos que se encontre em condiccedilotildees enfraquecidas adoentadas idoso ou outra conjuntura
anaacuteloga em que este animal tenha vivido de forma integral ou em grande maioria em ambiente
domeacutestico se findar tal aquisiccedilatildeo em intenccedilatildeo diversa a tratamento proteccedilatildeo ou cuidados
humanos ou ainda com intenccedilatildeo de morte imediata (PORTUGAL 1995)
38
Vem a reforccedilar o impedimento de qualquer maneira ao abandono intencional de
animais natildeo humanos que estavam sobre a proteccedilatildeo humana em ambiente domeacutestico ou ainda
em instalaccedilatildeo comercial ou industrial Caracterizando ainda o sofrimento como impedido
mesmo que para com fins didaacuteticos de treino exibiccedilatildeo filmagens publicidade ou qualquer
outra atividade a estas assemelhadas ressalvando experiecircncias cientiacuteficas de comprovada
necessidade (PORTUGAL 1995)
Vale ser citado o capiacutetulo II da presente lei onde se pode ler sobre o comeacutercio e
espetaacuteculos que faccedilam uso de animais natildeo humanos de forma a obrigar agrave todos que que pessoa
fiacutesica juriacutedica solitaacuteria ou coletiva se faccedila utilizar de animais natildeo humanos para fins de
espetaacuteculo comercial tenha preacutevia autorizaccedilatildeo das autoridades ou entes competentes sejam
essas a Direccedilatildeo Geral dos Espetaacuteculos ou ainda do municiacutepio onde respectivamente se pretende
exibir tal evento de entretenimento sem deixar de constar a relaccedilatildeo de comercializaccedilatildeo desta
categoria de animais natildeo humanos como vem escrito no corpo do texto do artigo 2ordm
Licenccedila municipal
Sem prejuiacutezo do disposto no capiacutetulo III quando aos animais de companhia qualquer
pessoa fiacutesica ou coletiva que explore o comeacutercio de animais que guarde animais
mediante uma remuneraccedilatildeo que os crie para fins comerciais que os alugue que sirva
de animais para fins de transporte que os exponha ou que os exiba com um fim
comercial soacute poderaacute fazecirc-lo mediante autorizaccedilatildeo municipal a qual soacute poderaacute ser
concedida desde que os serviccedilos municipais verifiquem que as condiccedilotildees previstas
na lei destinadas a assegurar o bem-estar e a sanidade dos animais seratildeo cumpridas
(PORTUGAL 1995)
Se faz ressaltar a completa e indiscutiacutevel proibiccedilatildeo a qualquer espeacutecie para o fim do
supracitado paraacutegrafo de animais natildeo humanos que se encontrem em condiccedilotildees flageladas
enferma ou mesmo com qualquer tipo de ferimento ainda vem a negar a entrada no territoacuterio
portuguecircs de qualquer tipo de animal natildeo humano vertebrado que se encontre na mesma
situaccedilatildeo de sauacutede antes citada (PORTUGAL 1995)
Assiste a presente lei ainda a regulamentaccedilatildeo perante o transporte de animais natildeo
humanos em transportes puacuteblicos ressalvado por motivo de periculosidade sauacutede ou higiene
devidamente justificaacuteveis devendo os animais natildeo humanos estarem sempre acompanhados
por seus proprietaacuterios ou responsaacuteveis autorizados assim como devidamente acondicionados
(PORTUGAL 1995)
39
34 ANAacuteLISE IMPLEMENTACcedilAtildeO LEI Nordm 392020
Na data de 23 de julho de 2020 foi aprovada pela Assembleia da Repuacuteblica a Lei nordm
392020 tendo sua publicaccedilatildeo no datar de 18 de agosto e entrando em vigor no dia 1 de outubro
do mesmo anoImplementando o regime sancionatoacuterio aplicaacutevel aos crimes contra os animais
de companhia alterando substancialmente o que trazia o Coacutedigo Penal e o Coacutedigo de Processo
Penal portugueses reforccedilando de maneira expressiva a proteccedilatildeo aos animais natildeo humanos no
acircmbito dos crimes praticados contra estes (PORTUGAL 2020a)
Em seu corpo traz um regime sancionatoacuterio aplicaacutevel aos crimes direcionados contra
os animais natildeo humanos de forma a alterar pela quinquageacutesima vez o Coacutedigo Penal portuguecircs
pela trigeacutesima seacutetima vez o Coacutedigo de Processo Penal e pela terceira vez a Lei nordm 9295 a lei
de proteccedilatildeo aos animais Desloca as penalidades e diretrizes sobre morte e maus-tratos inferidos
contra animais natildeo humanos como observamos pelo novo texto dado ao artigo 387 do Coacutedigo
Penal ldquo1 ndash Quem sem motivo legiacutetimo matar animal de companhia eacute punido com pena de
prisatildeo de 6 meses a 2 anos ou com pena de multa de 60 a 240 dias se pena mais grave lhe natildeo
couber por forccedila de outra disposiccedilatildeo legalrdquo aumentando substancialmente tanto as penas de
reclusatildeo quanto a de prestaccedilatildeo de serviccedilos para aquele que matar um animal natildeo humano
(PORTUGAL 2020a)
Pode ser lido ainda em seu artigo 3ordm o que pertence as alteraccedilotildees ao Coacutedigo de Processo
Penal se faz essencial constar a nova redaccedilatildeo dada aos artigos 171 e 172 deste coacutedigo
Artigo 171ordm
1 ndash Por meio de exames das pessoas dos lugares dos animais e das coisas
inspecionam-se os vestiacutegios que possa ter deixado o crime e todos os indiacutecios relativos
ao modo como e ao lugar onde foi praticado agraves pessoas que o cometeram ou sobre as
quais foi cometido
2 ndash []
3 ndashSe os vestiacutegios deixados pelo crime se encontrarem alterados ou tiverem
desaparecido descreve-se o estado em que se encontram as pessoas os lugares os
animais e as coisas em que possam ter existido procurando-se quando possiacutevel
reconstitui-los e descrevendo-se o modo o tempo e as causas da alteraccedilatildeo ou do
desaparecimento
Artigo 172ordm
1 ndash Se algueacutem pretender eximir-se ou obstar a qualquer exame devido ou a facultar
animal ou coisa que deva ser objeto de exame pode ser compelido por decisatildeo da
autoridade judiciaacuteria competente (PORTUGAL 2020a)
Sem deixar de citar sobre ocultaccedilatildeo de provas animais ou ainda qualquer outro tipo de
objeto ligado ao crime prevendo busca apreensatildeo e investigaccedilatildeo por meio da poliacutecia criminal
para que todas as provas que possam trazer a resoluccedilatildeo do fato iliacutecito suscetiacuteveis de serem
40
declarados perdidos a favor do Estado Ainda busca definir os paracircmetros para a restituiccedilatildeo de
animais coisas ou bens apreendidos em meio a um processo investigativo criminal
determinando que estas permaneceratildeo sobre tutela de um fiel depositaacuterio ateacute o transito em
jugado da sentenccedila em ateacute 60 dias se os proprietaacuterios natildeo o buscarem no prazo previsto seratildeo
considerados perdidos em favor do Estado podendo este dar a finalidade que melhor acharem
(PORTUGAL 2020a)
Eacute imperioso constar que a presente lei ao aditar agrave Lei nordm 9295 vem a tratar das medidas
cautelares perante a proteccedilatildeo nos casos de evidecircncia de sinais de praacuteticas de crimes de maus-
tratos para contra animais natildeo humanos levantando as forccedilas de seguranccedila aos oacutergatildeos de
poliacutecia criminal a Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria e aos municiacutepios desencadear
os meios para proceder com tais medidas como faz com a alteraccedilatildeo do artigo 1 ndash A da Lei nordm
9295 (PORTUGAL 2020a)
35 JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO HUMANOS EM PORTUGAL
Na data de 02 de outubro de 2019 comeccedilou uma disputa judicial pela guarda da cadela
da raccedila Pitbull nomeada de Kiara apoacutes o rompimento da relaccedilatildeo de 12 anos de seus
proprietaacuterios A lide se iniciou pelo fato de ambas as partes requerem a guarda total do animal
natildeo humano estando o julgamento sendo processado pelo Juiacutezo da Famiacutelia e Menores de Mafra
pela Juiacuteza de Direito Soacutenia Henriques Cristoacutevatildeo Dentre as alegaccedilotildees e provas estatildeo a caderneta
de vacina a licenccedila e o chip de identificaccedilatildeo estatildeo em nome da parte feminina enquanto a parte
masculina alega ter sido o comprador e o financiador das custas da cadela (BARRETO 2019)
Em primeira anaacutelise do caso a magistrada observou que a parte masculina
primeiramente buscava a guarda compartilhada ou ao mesmo poder ter contato com a cadela
poreacutem ao avanccedilar do julgamento passou a pedir a guarda total devido a posiccedilatildeo da parte
feminina de se negar qualquer tipo de negociaccedilatildeo a posiccedilatildeo de passar de tentativa de guarda
compartilhada para guarda unilateral foi reforccedilada pelo fato de a parte masculina permanecer
morando no local onde a cadela viveu seus primeiros dois anos de vida ateacute que decidiram pela
dissoluccedilatildeo do relacionamento (BARRETO 2019)
Para poder tomar uma decisatildeo a juiacuteza decidiu por consultar a veterinaacuteria que fazia os
cuidados do animal natildeo humano com a finalidade de examinar o comportamento dos animais
natildeo humano e humanos concluindo-se que no caso em questatildeo os proprietaacuterios em momento
algum estavam colocando os interesses e bem-estar da cadela como prioridade mas sim seus
interesses particulares Ainda como apontado pela advogada Soacutenia Henriques Cristoacutevatildeo
41
especialista em direito animal o bem-estar animal eacute o uacuteltimo criteacuterio a ser levado em
consideraccedilatildeo em lides anaacutelogas ldquoNo que toca aos menores o criteacuterio eacute sempre o melhor
interesse do mesmo mas neste caso a lei civil natildeo tem como orientador esse princiacutepio Esse
criteacuterio existe mas eacute o uacuteltimordquo (BARRETO 2019) demonstrando uma interpretaccedilatildeo direta do
que o Coacutedigo Civil portuguecircs explana em seu artigo 1793ordm-A onde afirma que em casos de
divoacutercio ldquoos animais de companhia satildeo confiados a um ou a ambos os cocircnjuges considerando
nomeadamente os interesses de cada um dos cocircnjuges e dos filhos do casal e tambeacutem o bem-
estar do animalrdquo (PORTUGAL 1966) de forma a trazer a importacircncia do bem-estar animal
natildeo humano ser considerado para a decisatildeo de guarda poreacutem soacute como uacuteltima condiccedilatildeo para a
decisatildeo (BARRETO 2019)
A magistrada ponderou o fato de em Portugal ainda natildeo eacute pacificado o tema nem pelo
legislativo nem pela fraca jurisprudecircncia neste sentido ora que nos divoacutercios a guarda dos
animais natildeo humanos nem entra em pauta sendo normalmente decidido este ponto entre as
partes sem ter para tanto que levar o caso a justiccedila nem colocando na ficha da partilha haver
animais de companhia de maneira ao caso estar ainda em pauta de julgamento (BARRETO
2019)
Jaacute no que tange os maus-tratos aos animais natildeo humanos em Portugal mesmo com a lei
portuguesa punindo desde outubro de 2014 os maus-tratos contra animais natildeo humanos com
pena de ateacute um ano de prisatildeo somente 5 (cinco porcento) das denuacutencias acabam por chegar
a julgamento onde os outros 95 (noventa e cinco porcento) acaba por findar somente em
multa resultando que nas quase cinco mil denuacutencias registradas em virtude de maus-tratos agrave
animais natildeo humanos menos de duzentos de cinquenta destes findaram em julgamento como
descreve o Jornal de Notiacutecias o Observador de Portugal em sua mateacuteria de 24 de maio de 2020
(GOMES 2020)
Pelos dados coletados pelas pesquisas jurisdicionais realizadas por Gomes (2020) entre
2015 e 2018 a pena de prisatildeo soacute foi levantada como sanccedilatildeo aplicaacutevel pelos tribunais
portugueses no patamar da primeira instacircncia mas que sempre acabavam por ter a pena
convertida em multa ao serem recorridos os julgamentos tendo ainda tido um montante de seis
penas suspensas pelo proacuteprio magistrado da primeira instacircncia apoacutes reanaacutelise Ocorrendo neste
periacuteodo 241 processos crime entre abandono a maus-tratos tendo sido 169 casos diretamente
ligados aos maus-tratos tendo como reacuteus 277 animais humanos ressaltando ainda o fato de que
o nuacutemero de denuacutencias nunca representa a realidade faacutetica do cometimento dos crimes contra
os animais natildeo humanos mas sim somente uma pequena parcela da verdade (PORTUGAL
2020b)
42
Contudo o Jornal Correio da Manhatilde aponta uma nova posiccedilatildeo dos magistrados no
tocante de levar a justiccedila agravequeles que descumprem as leis contra os maus-tratos proferidos a
animais natildeo humanos como se observa ao iniacutecio de julgamento do caso de maus-tratos contra
uma cadela que desde 2016 sabe-se que eacute viacutetima de negligecircncia trancada em um ambiente
inapropriado ao seu porte sem acesso digno agrave aacutegua e alimentaccedilatildeo devidas a sua mantenccedila
bioloacutegica sendo mantida enclausurada em uma pequena e suja varanda apresentando magreza
extrema Sendo um dos primeiros casos de maus-tratos a chegar a justiccedila do Tribunal de Faro
por meio de denuacutencia de uma associaccedilatildeo de defesa dos animais tendo recebido grande reflexo
nas redes sociais (GRIFF 2018)
Tendo sido o caso encaminhado ao Ministeacuterio Puacuteblico de Faro local do fato ter vindo a
ocorrer este decidiu por dar prosseguimento agrave denuacutencia levantando a importacircncia deste ser
levado a julgamento em funccedilatildeo da importacircncia e relevacircncia do mesmo trazendo como
argumento a Lei que criminaliza os maus-tratos de 1 de outubro de 2014 ldquoquem sem motivo
legiacutetimo infligir dor sofrimento ou quaisquer outros tipos de maus-tratos fiacutesicos a um animal
de companhia eacute punido com pena de prisatildeo ateacute um ano ou com pena de multa ateacute 120 diasrdquo
aumentando para dois anos a puniccedilatildeo se ldquoresultar a morte do animal ou a privaccedilatildeo de um oacutergatildeordquo
(GRIFF 2015) de maneira a trazer a necessidade de se colocar a presente violaccedilatildeo em
julgamento como medida exemplar com o objetivo de desmotivar novos casos semelhantes
(GRIFF 2018)
Na data determinada para a primeira sessatildeo de julgamento os proprietaacuterios devidamente
citados natildeo compareceram tendo sido presenciada de um membro da Projeto de Apoio a
Viacutetimas Indefesas Nuacutecleo de Aveiro (PRAVI) e de um agente da Poliacutecia de Seguranccedila Puacuteblica
(PSP) de forma a sofrer a necessidade de remarcaccedilatildeo da sessatildeo de julgamento em funccedilatildeo das
leis civis de Portugal mas ainda natildeo haacute sentenccedila julgada sobre o caso (GRIFF 2018)
Portugal vem enfrentando seacuterios problemas sanitaacuterios devido ao que descrevem como
Siacutendrome de Noeacute que se determina por uma espeacutecie de transtorno de acumulaccedilatildeo onde o
animal humano tem dificuldade de desfazer-se de animais acabando por os acumular de forma
desorganizada afetando tanto a sociedade quanto os animais natildeo humanos envolvidos nesta
condiccedilatildeo Aos animais natildeo humanos viacutetimas dessa siacutendrome acabam por natildeo receberem os
cuidados necessaacuterios que acaba por acarretar diretamente nos maus-tratos podendo originar
doenccedilas que podem ainda se desenvolver em zoonoses (MACHADO 2020)
Sobre o caso a Assembleia da Repuacuteblica no dia 25 de janeiro de 2018 publicou a
Resoluccedilatildeo da Assembleia da Repuacuteblica nordm 202018 onde recomenda que seja criado um grupo
de trabalho constituiacutedo por profissionais da sauacutede e comportamento animal assistentes sociais
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psiquiatras e psicoacutelogos com o objetivo de prevenir e combater casos da Siacutendrome de Noeacute
uma vez que aleacutem de ocasionar risco a sociedade na maior parte das vezes foram observados
que os animais natildeo humanos expostos a esta siacutendrome tentem a serem viacutetimas de maus-tratos
como o ocorrido no mecircs de maio em Canccedilas onde uma proprietaacuteria possuiacutea 35 animais em
um ambiente que natildeo apresentava as miacutenimas condiccedilotildees de bem-estar animal ou dignidade
Desta forma depois de julgado a maior parte dos animais natildeo humanos que laacute residiam foram
recolhidos de forma a apenas permanecerem no local sete animais natildeo humanos com a antiga
proprietaacuteria uma vez observado grande afeto entre a proprietaacuteria e estes (MACHADO 2020)
No presente caso foi levantado que ldquoo bem-estar animal deve ser compreendido
segundo o alojamento manutenccedilatildeo e acomodaccedilatildeo dos animais referido ainda que nenhum
animal deve ser detido se estas condiccedilotildees de bem-estar natildeo se encontrem verificadasrdquo neste
ditame aquele que acaba por acumular animais de companhia podem ocorrer em se enquadrar
em crime de maus-tratos como previsto pelo artigo 387 do Coacutedigo Penal portuguecircs onde prevecirc
a sanccedilatildeo de prisatildeo de ateacute um ano ou com pena de multa ade ateacute 120 dias quando aquele que
for o detentor ocasionar dor infligir sofrimento ou ainda qualquer outra agressatildeo fiacutesica a
animais natildeo humanos natildeo impedindo ainda que sejam somadas penalidades do artigo 388 do
mesmo coacutedigo onde prevecirc ldquoa privaccedilatildeo do direito de detenccedilatildeo de animais de companhia pelo
periacuteodo maacuteximo de 5 anosrdquo de forma a tentar prevenir de forma consubstanciada a seguranccedila
da sociedade junto com a mantenccedila do bem-estar dos animais natildeo humanos (MACHADO
2020)
Assim no presente capiacutetulo foi analisada a evoluccedilatildeo histoacuterica legislativa dos direitos
dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo portuguesa ateacute a contemporaneidade do estado
atual de seus direitos e incluindo julgados Pelo meacutetodo explanatoacuterio bibliograacutefico onde se
buscou esta anaacutelise da forma mais completa tentando englobar o maacuteximo de informaccedilotildees para
se chegar agrave mais completa anaacutelise dos direitos dos animais natildeo humanos em Portugal
Desta forma foi possiacutevel se observar que o primeiro relato normativo portuguecircsocorreu
no ano de 1886 com o Coacutedigo Penal portuguecircs trazendo vedaccedilotildeesaos maus-tratos de qualquer
espeacutecie aos animais natildeo humanos ainda que no passar dos anos passando pela inclusatildeo de
normas dentro doscoacutedigos legais sem deixar de citar as leis infraconstitucionais
Para continuidade do presente trabalho no capiacutetulo que se segue seraacute apresentada uma
anaacutelise comparativa entre a evoluccedilatildeohistoacuterica do direito dos animais natildeo humanos entre
aslegislaccedilotildees brasileira e portuguesaassim como uma anaacutelise comparativa doestado normativo
dos direitos dos animais natildeo humanos apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 entre os
doispaiacuteses em anaacutelise
44
4 COMPARACcedilAtildeO DAS LEGISLACcedilOtildeES BRASILEIRA E PORTUGUESA
O presente capiacutetulo aborda uma comparaccedilatildeo relativa as leis passadas e presentes em
Brasil e Portugal uma vez que entre os paiacuteses haacute uma relaccedilatildeo de reciprocidade devido ao
Decreto Legislativo nordm 82 de 24 de novembro de 1971 nomeada de Convenccedilatildeo sobre igualdade
de Direitos e Deveres entre brasileiros e portugueses ratificada em Brasiacutelia na data de 7 de
setembro de 1971 e em Lisboa na data de 22 de marccedilo de 1971 entrando em vigor no dia 22
de abril de 1972 onde os Governos do Brasil e Portugal visando a continuidade do reciacuteproco
respeito aos valores histoacuterico morais culturais e eacutetnicos que outrora uniram os povos e que os
manteacutem como irmatildeos com o intuito de promover um aperfeiccediloamento e estreitamento nas
relaccedilotildees harmonicamente da comunidade Luso-Brasileira convencionou a efetivaccedilatildeo do
princiacutepio da igualdade de tratamento entre cidadatildeos brasileiros expresso na constituiccedilatildeo
brasileira agrave eacutepoca em seu artigo 199 e na entatildeo constituiccedilatildeo portuguesa em seu artigo 7ordm
paraacutegrafo 3ordm (BRASIL 1972)
Desta maneira com a instituiccedilatildeo de um estatuto de caraacuteter especial com a iniciativa de
refletir os viacutenculos existentes entre brasileiros e portugueses assim como com o intuito de
servir de embasamento e inspiraccedilatildeo para as geraccedilotildees e legislaccedilotildees que se seguissem houve este
compromisso solene fraternal e indestrutiacutevel de amizade Enfatiza-se em tal Convenccedilatildeo o seu
artigo 1ordm ldquoOs portugueses no Brasil e os brasileiros em Portugal gozaratildeo de igualdade de direitos
e deveres com os respectivos nacionaisrdquo de forma a demonstrar uma reciprocidade no
tratamento de nascidos no paiacutes irmatildeo em seu territoacuterio mas ainda resguardando os direitos e
deveres inerentes ao seu paiacutes natural como exposto em seu artigo 3ordm ldquoOs portugueses e
brasileiros abrangidos pelo estatuto de igualdade continuaratildeo no exerciacutecio de todos os direitos
e deveres inerentes agraves respectivas nacionalidadesrdquo (BRASIL 1972)
Assim como para o presente trabalho eacute vaacutelido se fazer citar o artigo 16 da dita
Convenccedilatildeo ldquoOs Governos do Brasil e de Portugal consultar-se-atildeo periodicamente a fim de
examinar e adotar as providecircncias necessaacuterias para melhor e uniforme interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo
da presente Convenccedilatildeo bem como para estabelecer as modificaccedilotildees que julguem
convenientesrdquo assim a presente convenccedilatildeo veio a tratar que no presente e futuro os dois paiacuteses
se reuniriam para discutir sobre leis que versem sobre esta reciprocidade desta forma o capiacutetulo
que se apresenta vem a comprar as legislaccedilotildees no tangente dos direitos dos animais natildeo
humanos pelas leis brasileiras e portuguesas (BRASIL 1972)
No tocante dos direitos dos animais natildeo humanos Charles Darwin (1996) jaacute relatava
sobre a capacidade de sentir de ter consciecircncia de se reunir em grupos em sociedades de ter
45
empatia assim como quando comparada aos animais humanos ldquonatildeo existe uma diferenccedila
fundamental entre os humanos e os mamiacuteferos de niacutevel superior nas suas faculdades mentaisrdquo
(DARWIN 1996 P287)Este pensamento de Darwin eacute reforccedilado nesta outra passagem
Existem muitas espeacutecies de animais sociais em que os seus membros se associam em
grupos sentem compaixatildeo uns pelos outros manifestando qualidades que os revelam
de uma consciecircncia moral incipiente para quando em comparaccedilatildeo com a humana
sendo fieacuteis ao grupo demonstrando capacidade de entender as necessidades de
membros do grupo que apresentem carecircncias de tratamentos especiais ao exemplo de
fornecer alimentos e bebidas aos indiviacuteduos do grupo que satildeo cegos (DARWIN 1996
p 290traduccedilatildeo nossa)
Observa-se que jaacute haacute muito antes de se discutir os animais natildeo humanos como dignos
ou natildeo de direitos relativos a personalidade juriacutedica jaacute fora levantada sua capacidade de ser
equiparados aos animais humanos ora que apresentam capacidades de sentir sofrer entender
o outro ajudar num niacutevel de compreensatildeo e sensibilidade ateacute hoje juridicamente apenas
arguido aos seres humanos (DARWIN 1996)
41 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO HISTOacuteRICO
Se demonstra eficaz comeccedilar o presente toacutepico lembrando que a primeira nota
legislativa no Brasil relativa ao direito dos animais natildeo humanos natildeo ter se desenvolvido no
acircmbito nacional mas sim Municipal com o Coacutedigo de Posturas do Municiacutepio de Satildeo Paulo
(1886) em 6 de outubroonde por mais que fosse a primeira vedaccedilatildeo expressa as praacuteticas de
crueldade contra os animais natildeo humanos esta se limitava agravequeles que faziam uso de animais
natildeo humanos para o fim traccedilatildeo de carroccedilas e que somente no ano de 1934 sendo assim um
lapso de 48 anos ateacute que no dia 10 de julho viesse a existir um Decreto nacional o de nordm
24645 que promulgou a vedaccedilatildeo aos maus-tratos proferidos contra animais natildeo humanos em
local puacuteblico ou privado assim como trazendo a tutela do Estado para com estes assim como
estipulando puniccedilatildeo pecuniaacuteria e de enclausuramento para aquele que violasse o dito decreto
(BRASIL 1934)
Na supracitada legislaccedilatildeo federal ainda se trazia a representaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
como uma possibilidade nas accedilotildees que versassem sobre os maus-tratos relativos agrave animais natildeo
humanos No sistema normativo gerado por este decreto foram transcritas ainda diretrizes para
o uso animal natildeo humano para quando utilizados para auxiliar ou gerar trabalho de interesse
dos animais humanos como ao exemplo daqueles que fossem objeto de traccedilatildeo veicular Ainda
46
eacute imperioso constar que neste ano houve a primeira menccedilatildeo em relaccedilatildeo a negativa de abandono
de animais natildeo humanos (BRASIL 1934)
No mesmo ano em que o Brasil recebia sua primeira norma legislativa em acircmbito
Municipal para a garantia dos direitos dos animais natildeo humanos em Portugal no dia 16 de
setembro o Decreto Lei de seu Coacutedigo Penal jaacute trazia direitos para os animais natildeo humanos
no qual jaacute foram previstas penalidades para aqueles que ferissem matassem envenenasse
abusassem ou viessem a causar quaisquer outros tipos de danos aos animais natildeo humanos assim
como jaacute traziam a vedaccedilatildeo aos maus-tratos desde sua primeira menccedilatildeo normativa Desta forma
demonstram um claro avanccedilo no campo legislativo em relaccedilatildeo aos direitos dos animais natildeo
humanos perante as leis brasileiras (PORGUTAL 1886) Posicionamento semelhante no Brasil
soacute se fez demonstrar presente no campo normativo deacutecadas depois com o Projeto de Lei nordm 631
de 2015 onde no Senado brasileiro se passou a discutir em julgados o impedimento de causar
dor a animais natildeo humanos se o motivo natildeo for plenamente justificaacutevel discutindo tambeacutem
sobre o que tange a guarda destes tratando pela primeira vez a nomenclatura direta para os
animais natildeo humanos como seres sencientes (BRASIL 2015b)
Ainda antes mesmo do Brasil ter desenvolvido qualquer lei no acircmbito nacional sobre os
direitos dos animais natildeo humanos Portugal (2001) jaacute inovava com suas leis no dia 12 de junho
onde foi assinado mais um Decreto Lei este trazendo uma nova vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos deveres
dos animais humanos em relaccedilatildeo aos animais natildeo humanos desta vez impedindo a carga
excessiva de trabalho aos quais estes satildeo expostos determinando tempo capacidade dentre
outros regramentos de maneira a proporcionar para os animais natildeo humanos utilizados para o
serviccedilo condiccedilotildees miacutenimas de subsistecircncia visando diminuir seu sofrimento e trazendo-lhes
maior dignidade (PORTUGAL 2001)
Voltando a tratar da legislaccedilatildeo do Brasil (1941) houve um lapso temporal de 7 anos
entre a ultima ediccedilatildeo de norma legal em relaccedilatildeo aacute proacutepria lei e 22 anos se contadas as leis
portuguesas No dia 03 de outubro o Brasil promulgou por meio do Decreto Lei nordm 3688 a Lei
das Contravenccedilotildees Penais onde trouxe entre seus artigos penalidades para aqueles que
submetessem agrave trabalho excessivo ou cruel a animais natildeo humanos oferecendo como
penalidades a prisatildeo simples e ou a multa ainda qualifica como criminosa a praacutetica de
experiecircncias crueacuteis ou que gerem dor aos animais natildeo humanos vivos mesmo que este seja
realizado com intuito didaacutetico ou cientiacutefico trazendo assim pela primeira vez no ordenamento
brasileiro vedaccedilotildees no campo cientiacutefico e de entretenimento de animais humanos (BRASIL
1941)
47
Ainda no tocante das leis brasileiras passaram-se vinte e seis anos ateacute que no dia 03 de
janeiro de 1967 foi promulgada a Lei Federal nordm 5197 o chamado Coacutedigo da Caccedila impedindo
que a fauna silvestre fosse de qualquer forma alvo de caccedila predatoacuteria ou caccedila para criaccedilatildeo em
cativeiro assim vedando ainda sua destruiccedilatildeo ou de seu habitat de forma a trazer garantias ateacute
entatildeo natildeo observadas nem na legislaccedilatildeo brasileira nem portuguesa da diversidade
continuidade e sobrevivecircncia de animais provindos da fauna nativa paacutetria (BRASIL 1967)
Contudo os legisladores agrave eacutepoca evidenciaram que haviam condiccedilotildees especiais onde as
peculiaridades regionais abriam uma brecha para a permissatildeo da caccedila destas espeacutecies
entretanto mesmo permitindo com ressalvas a caccedila nestas zonas especiais a comercializaccedilatildeo
destes animais natildeo humanos permaneceria terminantemente proibida assim como produtos
feitos com eles ou mesmo seus filhotes Para garantir o correto cumprimento deste coacutedigo
foram estipuladas sanccedilotildees para os que natildeo as observassem Como principal marco desta lei
demonstra-se o primeiro relato de inafianccedilabilidade para aquele que cometer crime contra
animais natildeo humanos (BRASIL 1967)
Doze anos depois ainda no Brasil (1979) se continuava a desenvolver leis para a
proteccedilatildeo dos direitos dos animais natildeo humanos de forma a demonstrar que estaacutevamos em um
periacuteodo de grande evoluccedilatildeo legislativa garantista aos direitos dos animais natildeo humanos por
meio da Lei nordm 6638 se tratariam novamente os regramentos do tema em relaccedilatildeo ao uso
cientiacutefico destes falando dos laboratoacuterios testes cliacutenicos uso para testes de medicamentos
dissertando ainda sobre a eutanaacutesia dos animais natildeo humanos Passaram-se trecircs anos ateacute a
criaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente no dia 31 de agosto de 1979 protegendo a
fauna brasileira e seu habitat de forma especiacutefica e direta tratando pela primeira vez daqueles
que causem poluiccedilatildeo (BRASIL 1981)
42 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO CONTEMPORAcircNEO
O criteacuterio de comparaccedilatildeo contemporacircnea tomou por base a Constituiccedilatildeo Federal
brasileira de 1988 momento em que houve pela primeira vez a inclusatildeo dos direitos dos animais
natildeo humanos dentro do sistema constitucional brasileiro no qual o artigo 225 se veio a condenar
todo aquele que viesse a proferir gestos de crueldade para contra os animais natildeo humanos
poreacutem ainda ressalvando a possibilidade de natildeo se considerar como cruel as praacuteticas
desportivas os movimentos culturais que se encontram registradas como parte integrante do
patrimocircnio cultural brasileiro (BRASIL 1988)
48
Ainda no corpo do texto constitucional foi normatizada a garantia ao ambiente
equilibrado a qualidade de vida por meio de controle social e puacuteblico para a manutenccedilatildeo da
diversidade do patrimocircnio geneacutetico nacional da fauna e flora na tentativa de barrar a evoluccedilatildeo
numeacuterica do quadro de seres vivos na lista de animais em extinccedilatildeo ou extintos de forma a
apresentar um diferencial por constar em sua Constituiccedilatildeo direitos aos animais natildeo humanos
em relaccedilatildeo a Portugal(BRASIL 1988)
Portugal (2001) soacute voltaria a discutir as leis relativas aos direitos dos animais natildeo
humanos dentro dos criteacuterios comparativos de contemporaneidade aqui estabelecidos no
seacuteculo que se seguiria uma vez que na Europa a Convenccedilatildeo Europeia para a Proteccedilatildeo dos
Animais de Companhia que promulgou o Decreto nordm 1393 onde trouxe para seu territoacuterio
vaacuterias leis que tratavam da fauna e da flora de animais natildeo humanos domeacutesticos e selvagens
mas tambeacutem ressalvando as peculiaridades de sua fauna exoacutetica vedando vaacuterios atos
normativos do dito decreto vindo a defender protegendo ainda natildeo soacute as espeacutecies presentes ao
tempo da lei mas como tambeacutem seus filhotes mesmo quando criados em cativeiro onde
normatizava a forma de reproduccedilatildeo os locais de alojamento dos mesmos para os fins de
comercializaccedilatildeo hospedagem ou ainda centros de recolhimento de animais natildeo humanos de
companhia (PORTUGAL 2001)
Portugal veio ainda a tratar do abandono da negligecircncia fiacutesica alimentar higiecircnica e da
manutenccedilatildeo das condiccedilotildees de sauacutede dos animais natildeo humanos trazendo a necessidade de
laudos veterinaacuterios para que sejam realizadas intervenccedilotildees corpoacutereas nestes como ao exemplo
de amputaccedilotildees garantindo sua integridade fiacutesica de forma a natildeo soacute englobar os direitos aos
animais natildeo humanos outrora garantidos pela Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 mas
ainda refletindo leis que somente seriam vistas no territoacuterio brasileiro vaacuterios anos depois
(PORTUGAL 2001)
No Brasil cinco anos depois que o Decreto nordm 1393 era promulgado em Portugal seria
tratado assunto semelhante por meio da Lei nordm 9605 com a proibiccedilatildeo de diversos tipos de
atividades para que contra a fauna brasileira como matar caccedilar perseguir apanhar estes tipos
de animais natildeo humanos abrindo a permissatildeo para alguns destes em casos especiacuteficos natildeo
excluindo deste a fauna estrangeira tambeacutem tratando da vedaccedilatildeo a poluiccedilatildeo ora que afeta a
fauna brasileira estrangeira e ainda os animais humanos (BRASIL 1998)
Dois anos depois ainda em Portugal (2003a) se poderia notar a preocupaccedilatildeo com os
direitos dos animais natildeo humanos natildeo soacute enquanto considerados de companhia mas tambeacutem
os selvagens e os caracterizados como perigosos pela modificaccedilatildeo do Decreto Lei nordm 2762001
para o Decreto Lei nordm 315 2003 por observar algo que ateacute entatildeo soacute havia sido observado entre
49
as duas legislaccedilotildees portuguesa e brasileira no tocante de ressalvas do artigo 225 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988ao se tratar da proibiccedilatildeo de atos crueacuteis contra animais natildeo
humanos mas permitindo em casos de peculiaridades culturais como supracitado no paraacutegrafo
que a este antecedeu Neste decreto Portugal abril ressalvas a regulamentaccedilatildeo no acircmbito da
aplicabilidade do diploma outrora recebido por sua legislaccedilatildeo das figuras normativas referentes
a fauna e flora selvagem e exoacutetica assim como aqueles que os seguirem por descendecircncia de
modo a permitir que dentro das caracteriacutesticas proacuteprias de cada regiatildeo estas tivessem
autonomia de leis (PORTUGAL 2003b) Ainda no mesmo vieacutes em Santa Catarina (2003) a
Lei Estadual nordm 12854 instituiu o Coacutedigo Estadual de Proteccedilatildeo Animal para vedar quaisquer
tipos de agressotildees contra animais natildeo humanos indiferentemente se silvestres de companhia
domeacutesticos ou que possam ser domesticaacuteveis (aqueles que por sua natureza natildeo satildeo
classificados como domeacutesticos mas que podem vir a ser ao exemplo de porcos) nativos ou
exoacuteticos gerando uma normatizaccedilatildeo para transporte mantenccedila abate e pesquisas
cientiacuteficolaboratoriais garantindo-lhes plenas condiccedilotildees de existecircncia (SANTA CATARINA
2003)
Ainda sobre o tema de utilizaccedilatildeo de animais natildeo humanos para fins cientiacuteficos a
Diretiva 201063EU recepcionada pelas leis portuguesas vem a proteger os animais natildeo
humanos para quando utilizados para estes fins normatizando as teacutecnicas utilizadas durantes as
experiecircncias a qual veio a restringir a occisatildeo (ato de matar um animal) somente quando natildeo
haacute outra opccedilatildeo vedando que sem motivo de grande relevacircncia e plenamente justificaacuteveis se
ponha em risco a biodiversidade dos animais natildeo humanos e ainda traz a necessidade de se
buscar formas substitutivas para tal uso cientiacutefico onde busca reduzir ao miacutenimo inevitaacutevel o
uso de animais natildeo humanos nestes casos (PORTUGAL 2010)
No que se fala de leis que regulamentam a proteccedilatildeo ao bem-estar dos animais natildeo
humanos durante o transporte dos mesmos em Portugal o Regulamento nordm 12005 tenta
minimizar quaisquer sofrimentos seja pelo cumprimento de suas necessidades baacutesicas como
alimentaccedilatildeo higiene assim como com os meios utilizados para este transporte de maneira a
evitar lesotildees violecircncia ou sofrimento (PORTUGAL 2005) Ainda sendo valoroso constar aqui
a Lei nordm 9295 que aleacutem de ser por si soacute a Lei de Proteccedilatildeo aos Animais natildeo humanos a qual
veda quaisquer tipos de aferimento de dor sofrimento requisito de exigir mais do que a
capacidade do animal natildeo humano ainda veio a regulamentar a permissatildeo expressa de
transporte de animais natildeo humanos em transportes puacuteblicos seja para garantia da obrigaccedilatildeo
prevista a mesma lei de socorro aos animais natildeo humanos seja por comodidade ressalvando
50
que para tanto o animal natildeo humano deve estar devidamente condicionado em meio proacuteprio
sem apresentar aos demais riscos fiacutesicos a sua sauacutede ou higiene (PORTUGAL 1995)
Eacute imperioso citar o grande diferencial entre as legislaccedilotildees brasileira e portuguesa que se
fez surgir em Portugal ainda em 2003 quando por meio do Decreto-Lei n 3132003 foi criado
o sistema de cadastro e identificaccedilatildeo eletrocircnica de catildees e gatos natildeo soacute permitindo um melhor
controle estatal sobre o abandono como tambeacutem sobre as bases sanitaacuterias e controle
populacional destes animais natildeo humanos uma vez que devem constar desde informaccedilotildees
baacutesicas sobre o animal natildeo humano como nome raccedila idade e sexo ou ainda sobre seu
proprietaacuterio como nome endereccedilo contato mas ainda as vacinas que este individuo recebeu
no passar de sua vida se eacute ou natildeo castrado ainda obrigando a atualizaccedilatildeo perioacutedica dos dados
medida esta que no Brasil muito jaacute se discutiu regulamentar mas que nunca chegou a ter uma
normatizaccedilatildeo para com as leis (PORTUGAL 2003a)Este posicionamento foi reforccedilado pela
implementaccedilatildeo do Decreto Lei nordm 822019 ao criar o SIAC tornando mais rigorosos os criteacuterios
e penalidades relativas ao registro e atualizaccedilatildeo do cadastro dos animais natildeo humanos
(PORTUGAL 2019b)
Jaacute no Brasil o Coacutedigo Civil de 2002 classificou por meio de nova hermenecircutica ao
artigo 82 onde se definiam os animais natildeo humanos como coisas como somente bens agora
se passou a entender estes como seres semoventes por serem bens de capacidade a serem
suscetiacuteveis de movimentaccedilatildeo proacutepria assim permaneceu com a consolidaccedilatildeo do Coacutedigo de
Processo Civil de 2015 Poreacutem devido a sua capacidade de sofrer de sentir dor tornaram-se
perante o sistema normativo brasileiro dignos da nomenclatura de seres viventes seres
sencientes aqueles que pela sua condiccedilatildeo bioloacutegica chegando ao tocante de acordo com
Cardoso (2007) de seres aptos a terem sua personalidade juriacutedica discutida ora que no passado
outros como escravos e crianccedilas natildeo tinham essa personalidade levantada mas agora tem
Da mesma forma dever-se-ia permitir que tal condiccedilatildeo fosse levada a pauta de discussatildeo
normativa mesmo que natildeo possuindo faculdades mentais de plena comparaccedilatildeo as dos animais
humanos tampouco as crianccedilas e os escravos os tinham perante a lei no passado de forma que
na contemporaneidade ateacute aquele que tenha comprovadamente suas faculdades mentais
consideradas inaptas a autonomia de querer ainda sim possuem personalidade juriacutedica deveres
e direitos uma vez que satildeo capazes de sofrer de sentir de passar fome ainda que natildeo consigam
expressar essas condiccedilotildees de forma clara e linguisticamente padronizados resultado no fato de
que natildeo eacute a capacidade de raciocinar capacidade cognitiva ou ainda de comunicativa o requisito
para a arguiccedilatildeo de sua personalidade juriacutedica (CARDOSO 2007) Jaacute em Portugal a
compreensatildeo e caracterizaccedilatildeo dos animais natildeo humanos como seres sencientes estaacute expresso
51
desde 2017 deixando de serem classificados no rol de coisas por meio da Lei nordm 82017
(PORTUGAL 2017b)
No mesmo ano em que Cardoso (2007) tratava doutrinalmente da personalidade juriacutedica
dos animais natildeo humanos no Brasil em Portugal com a promulgaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm
742007 discutia de forma consagrada o direito de acesso de pessoas portadoras de deficiecircncia
visual que se fazem acompanhar de catildeo-guia a locais transportes e estabelecimentos puacuteblicos
direito este que no Brasil foi inserido no sistema normativo brasileiro em 2005 por meio da Lei
nordm 1112605 mas que soacute se consagrou pela redaccedilatildeo a esta proferida pela Lei nordm 131462015
Jaacute no Brasil sobre este tema com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 1112605 futuramente alterada e
devidamente implementada no sistema normativo brasileiro pela Lei nordm 131462015 veio de
modo a garantir o mesmo direito em territoacuterio nacional agraves pessoas humanas que sejam
portadoras de deficiecircncia visual e sejam acompanhadas de catildees-guia (BRASIL 2015a)
43 COMPARATIVO DOS JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO
HUMANOS BRASIL X PORTUGAL
Quando se trata da possibilidade jurisprudencial da discussatildeo em relaccedilatildeo a guarda de
animais natildeo humanos enquanto envolvidos em processos de separaccedilatildeo divoacutercio ou dissoluccedilatildeo
de relacionamentos no Brasil foi discutido pelo Ministro Luis Felipo Salomatildeo (2018) o tema
partindo do paracircmetro dos fins sociais ora vez de natildeo se tratar de um bem inanimado como
seria o caso da partilha dos bens entatildeo perante o caso concreto a lide formal da guarda de
animais natildeo humanos estendendo aos animais natildeo humanos a condiccedilatildeo de sujeito de direito
reconhecendo assim um terceiro gecircnero uma vez que se apresenta em relaccedilatildeo a evoluccedilatildeo da
proacutepria sociedade protegendo entatildeo as relaccedilotildees afetivas entre os animais natildeo humanos e
humanos Este posicionamento se reforccedilou com a decisatildeo da Juiacuteza de Direito da 3ordf Vara da
Famiacutelia de Joinville em 2019 ao erguer a necessidade de que os animais natildeo humanos tenham
modificado seu status normativo de coisa para uma categoria intermediaacuteria entre cosia e animais
humanos embasada pelo Projeto de Lei do Senado de nordm 31515 que visa alterar o artigo 82 do
Coacutedigo Civil (REIMER 2019)
No mesmo ano em Portugal se discutiu a mesma problemaacutetica onde ao ocorrer uma
separaccedilatildeo ambas as partes demonstraram interesse em contrair a guarda da cachorrinha outrora
de propriedade do casal mas que diferente do Brasil onde se discute a natureza juriacutedica dos
animais natildeo humanos para o tocante da discussatildeo de guarda em Portugal jaacute se tem legislaccedilatildeo
sobre o tema onde no Coacutedigo Civil portuguecircs (1966) em seu artigo 1793-A traz de forma
52
direta no que se fala de divoacutercio e guarda dos assim chamados animais de companhia
apontando os fatores que deveratildeo ser considerados para a decisatildeo judicial do ganho da guarda
onde ainda aponta que deveraacute ser levado em consideraccedilatildeo o bem-estar animal como uacuteltimo
criteacuterio para tal decisatildeo (CRISTOacuteVAtildeO 2019) Enquanto em Portugal como se pode observar
na afirmativa anterior jaacute haacute relato normativo dentro do Coacutedigo Civil portuguecircs de 1966 sobre
a regulamentaccedilatildeo para quando a disputa de guarda de animais natildeo humanos no Brasil tal tipo
de posicionamento ainda eacute inexistente apenas se fazendo constar por meio de um Projeto de
Lei o PLS 54218 para possibilitar criteacuterios de julgamento em casos de divoacutercios ou dissoluccedilatildeo
de uniatildeo estaacutevel de maneira que se quando aprovado alteraria o Coacutedigo de Processo Civil
brasileiro entretanto se for aprovado natildeo estabeleceria o bem-estar animal apenas como
ultimo fator para a determinaccedilatildeo de com quem deveria se manter a guarda como eacute atualmente
em Portugal mas sim como um criteacuterio essencial para tal decisatildeo (BRASIL 2018b)
44 UM COMPARATIVO ENTRE LEIS ESPECIAIS
Como se pode ler nos capiacutetulos dois e trecircs deste trabalho tanto Portugal quanto o Brasil
jaacute tratam da vedaccedilatildeo do uso de animais natildeo humanos nos testes para a produccedilatildeo de cosmeacuteticos
produtos de perfumaria higiene dentre outros poreacutem enquanto em Portugal esta vedaccedilatildeo jaacute
se encontra devidamente celebrada desde o datar de 30 de novembro de 2009 por meio do
Regulamento nordm 12232009 onde a Uniatildeo Europeia veio a regulamentar como deveriam ser
realizados os testes em animais natildeo humanos estabelecendo o desenvolvimento de teacutecnicas
substitutivas para o uso de animais natildeo humanos nos supracitados testes Estabelecendo ainda
limites nos anos de 2009 e 2013 para o fim da comercializaccedilatildeo de bens esteacuteticos que tivessem
em seus compostos ingredientes testados em animais natildeo humanos e os testes em animais em
si respectivamente (PORTUGAL 2009c) No Brasil tal espeacutecie de proibiccedilatildeo somente se daacute
por meio de Projetos de Lei estadual como o Projeto de Lei nordm 552017 que visa proibir os
testes em animais natildeo humanos no territoacuterio catarinense prevendo sanccedilotildees tanto para
instituiccedilotildees quanto para animais humanos que descumpram os termos da lei o presente Projeto
de lei aguarda atualmente sanccedilatildeo estadual (SANTA CATARINA 2020)
Em Portugal eacute possiacutevel observar uma evoluccedilatildeo contiacutenua sobre as legislaccedilotildees de direito
de animais natildeo humanos como apresentado por exemplo pela Resoluccedilatildeo nordm 202018 que
incentiva a constituiccedilatildeo de grupos de trabalho para que se busque diminuir os maus-tratos
levantados contras os animais natildeo humanos viacutetimas de acumulaccedilatildeo conhecida como Siacutendrome
de Noeacute (MACHADO 2020) assim como com a Lei nordm392020 que criou um regime
53
sancionatoacuterio aos crimes proferidos contra os animais de companhia e ocasionando na alteraccedilatildeo
do Coacutedigo Penal e do Coacutedigo de Processo Civil portuguecircs trazendo entre outros a possibilidade
de instauraccedilatildeo de processos crimes para investigar suspeitas relatos e denuacutencias de maus-tratos
negligecircncia ou qualquer outra accedilatildeo que faccedila impedir o bem-estar de animais de companhia em
Portugal assim como estabelecendo a possibilidade de exame de corpo de delito sobre tais
crimes contra os animais natildeo humanos ainda declarando como crime a ocultaccedilatildeo de provas
animais natildeo humanos ou qualquer outro meio que venha a atrapalhar o devido processo
investigativo de forma a prever a busca e apreensatildeo para a garantia da devida investigaccedilatildeo
trazendo para aqui a figura do depositaacuterio fiel (PORTUGAL 2020a)
Jaacute no Brasil percebe-se um risco iminente de acontecer um retrocesso no campo
normativo relativo aos direitos do animais natildeo humanos como o que ocorre com a Lei nordm
2172019 o Coacutedigo de Proteccedilatildeo e bem-estar animal que veda que a sociedade propicie
alimentaccedilatildeo aacutegua cuidados com a sauacutede higiene dentre outros quando em vias puacuteblicas
constituindo que a mantenccedila do bem-estar animal por meio da sociedade enquanto natildeo Estado
seja caracterizada como infraccedilatildeo legal (CURITIBANOS 2019)
Da mesma forma o Projeto de Lei nordm 722020 de Penha como arguido por Moreira
(2020) aparece como uma lei temeraacuteria ora que prevecirc multar e penalizar os tutores de
cachorros que importunarem o sossego sendo uma consequecircncia clara para a tentativa de
impedir as sanccedilotildees desta lei a implementaccedilatildeo de meios a impedir os latidosEsta iniciativa pode
trazer ocorrecircncias de maus-tratos seja pelo uso de equipamentos anti-latido pela secccedilatildeo das
cordas vocais dos cachorros ou ainda outras puniccedilotildees mais agravadas em caso seu proprietaacuterio
venha a ser punido pelo fato de seus cachorros latirem (PENHA 2020)
Em contraponto eacute possiacutevel observar no Regulamento nordm 1523007 do Parlamento
Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia que foi recebido pelo sistema normativo portuguecircs
no qual para a garantia do bem-estar tanto de catildees e gatos quanto da sociedade em si vedou
expressamente a comercializaccedilatildeo exportaccedilatildeo ou importaccedilatildeo de qualquer tipo de material ou
produto que tenha em sua composiccedilatildeo pele de gato ou de cachorroTraz ainda no corpo do texto
legal sanccedilotildees mais graviacutedicas em relaccedilatildeo a todos que se envolvam de forma direta indireta
tentada ou consumada ou ainda que sabendo natildeo veia a denunciar ou impedir lutas entre animais
natildeo humanos (PORTUGAL 2007b)
Felizmente observa-se que em caminho contraacuterio ao Projeto de Lei nordm 722020 e a Lei
nordm 2172019 o Projeto de Lei nordm 6312015 busca alterar a redaccedilatildeo do artigo 32 da Lei nordm
960598 onde busca vedar sem motivos justificaacuteveis proferir dor lesatildeo ou sofrimento aos
animais natildeo humanos ressaltando neste ponto a tentativa de se classificar o tratamento dado
54
aos animais natildeo humanos agora como seres sencientes (BRASIL2019) devendo-se constar
que o artigo 82 do Coacutedigo Civil brasileiro caracteriza de forma normativa os animais natildeo
humanos como coisas e sobre a nova hermenecircutica o tratamento juriacutedico destes busca a
compreensatildeo como sencientes (BRASIL 2002) posicionamento este que em Santa Catarina jaacute
se fez constar pela Lei nordm 17485 (SANTA CATARINA 2018)
Em Portugal por meio da Lei nordm 3152009 foram criados ditames regrativos para em
quanto a especificidade de animais natildeo humanos que sejam devido a sua natureza sua
caracterizaccedilatildeo de selvagem sua espeacutecie ou ainda condiccedilotildees especiais caracterizados como
perigosos ou potencialmente estabelecendo diretrizes para a mantenccedila criaccedilatildeo interaccedilatildeo para
com outros seres vivos sejam estes animais humanos ou natildeo humanos enquanto se apresentem
de forma direta ou indireta como animais de companhia infelizmente no Brasil natildeo se pode
observar regramento especificamente da mesma forma (PORTUGAL 2009b)
Assim no presente capiacutetulo foi realizada uma anaacutelise comparativa da evoluccedilatildeo histoacuterica
legislativa dos direitos dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo brasileira e portuguesa
ateacute a contemporaneidade do estado atual de seus direitos incluindo julgados projetos de lei
suacutemulas sem deixar de constar ateacute retrocessos legislativos dos direitos em questatildeo
55
5 CONCLUSAtildeO
Com o presente trabalho se pode chegar a conclusatildeo que haacute uma lenta evoluccedilatildeo no
tocante dos direitos dos animais natildeo humanos no ordenamento brasileiro em comparaccedilatildeo com
a legislaccedilatildeo portuguesa ora que por muitas vezes o sistema normativo brasileiro se fez valer
de semelhantes posicionamentos legais para com seu paiacutes irmatildeo somente apoacutes um consideraacutevel
lapso temporal ressalvando-se o fato de grande relevacircncia em que nesta comparaccedilatildeo se pode
observar que apenas o Brasil apresenta garantias aos direitos dos animais natildeo humanos dentro
do seu corpo constitucional
O Brasil enquanto comparado aPortugalaquele que se tem reciprocidade de tratamento
ainda se apresenta com pouca atenccedilatildeo sobre o tema destes direitos ora quepor muito tempo natildeo
considerouos animais natildeo humanos como dignos de direito agrave liberdade agrave integridade fiacutesica e o
mais grave o simples e mais essencial o direito a vida
No campo normativo sobre as disputas de guarda de animais natildeo humanos o Brasil
ainda se encontra muito atrasado com relaccedilatildeo aos regimentos legais ora que enquanto em
Portugal esta lide jaacute estaacute determinada perante um artigo do Coacutedigo Civil de 1966 mesmo
queconstando que tal regra normativacoloca o bem-estar dos ditos animais de companhia
somente como uacuteltimo fator para ser considerado em lides de divoacutercios e separaccedilotildees no Brasil
ainda natildeo haacute nota normativa alguma sobre o assunto apenas jurisprudecircncia e Projeto de Lei
demonstrando uma clara falta de embasamento legal para a resoluccedilatildeo das lides neste sentido
poreacutem apresenta uma inovaccedilatildeo para com o seu paiacutes irmatildeo onde em caso de aprovaccedilatildeo do
Projeto de Lei nordm 54218 sem modificaccedilotildees o bem-estar dos animais natildeo humanos seraacute
considerado como fator essencial para a decisatildeo de quem receberaacute judicialmente a guarda do
animal de estimaccedilatildeo
Ainda se pode observar que as normas brasileiras de direitos dos animais natildeo humanos
ao contraacuterio de Portugal por muitas vezes partem de leis estaduais e municipais para depois se
consagrarem no campo federativo tanto que se pode observar incongruecircncias em leis estaduais
e municipais que se apresentam em desacordo com a norma paacutetria causando um retrocesso
legal para com os direitos dos animais natildeo humanos fato este natildeo observado no sistema
normativo portuguecircsMuito provavelmente porque neste os direitos dos animais natildeo humanos
estarem por muitas vertentes garantidos dentro da Convenccedilatildeo Europeia que aleacutem de trazer
regulamentaccedilotildees sobre o tema ainda fiscaliza sua correta aplicaccedilatildeo legislativa
No mesmo tocante enquanto em Portugal os animais natildeo humanos jaacute satildeo tratados de
forma distinta de coisas tanto pela hermenecircutica quanto pela escrita literal das leis onde desde
56
2017 jaacute natildeo satildeo tratados dentro do rol coisas mas sim recebendo a nomenclatura e classificaccedilatildeo
como seres sencientes no paccedilo em que no Brasil semelhante posicionamento atualmente se
encontra tatildeo somente de forma doutrinaacuteria e em sugestotildees de julgados de lides que envolvem
os animais natildeo humanos de forma a ter propiciado a instauraccedilatildeo do Projeto de Leinordm 631 de
2015 que vem a tentar trazer o mesmo tratamento de nomenclatura e classificaccedilatildeo do jaacute
instaurado em Portugal
Ao fim do processo de pesquisa do presente trabalho a pesquisadora observou a
importacircncia de um futuro estudo relativo aos direitos dos animais natildeo humanos no que tange a
Ameacuterica Latina com o intuito de resgatar a evoluccedilatildeo destes direitos dentro do Mercosul tanto
por haver um livre transito entre os paiacuteses afiliados instigando interesse em se conhecer
maissobre a relaccedilatildeo e autonomia de cada paiacutes membrosobre estes direitos conjunto das leis que
se compartilham quanto pela proximidade de suas fronteiras onde a fauna e flora se misturam
vez que ao desenvolver esta pesquisa foi observada uma evoluccedilatildeo relevante nos direitos dos
animais natildeo humanos em Portugal por meio da Convenccedilatildeo Europeia erguendo a curiosidade
para descobrir se dentro no Mercosul poderia ocorrer fato semelhante em relaccedilatildeo as leis
brasileiras
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AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiro a minha Famiacutelia pelo esforccedilo investido na minha educaccedilatildeo e por ter
me mantido na trilha natildeo permitido que eu desviasse ou desistisse do meu sonho para com o
curso de Direito quando no meio de um turbilhatildeo de duacutevidas provindas da minha sauacutede unida
ao atual estado que vivemos da pandemia do COVID-19 me apoiando e reerguendo dia apoacutes
dia durante este projeto de pesquisa me conduzindo ateacute o final
Sou extremamente grata agrave minha orientadora pela confianccedila depositada no meu projeto
no momento que me tomou como orientanda que como ela mesma afirmou durante este
semestre me herdou para orientaccedilatildeo me incentivando me motivando com sua dedicaccedilatildeo
sempre presente para que eu pudesse alcanccedilar o objetivo de entregar o TCC da forma mais
digna me dando palavras de apoio consolo e sabedoria a cada etapa
Deixo ainda um agradecimento aos meus amigos de perto e de longe que escutavam
meus lamentos minhas angustias e temores em relaccedilatildeo ao temor de natildeo entregar um trabalho a
altura a importacircncia do tema
Tambeacutem quero agradecer agrave Universidade do Sul de Santa Catarina UNISUL assim
como a todos os professores que fizeram parte dessa louca jornada acadecircmica que foi o curso
de direito nestes quatro anos que se seguiram com empenho e elevada qualidade de ensino
oferecido assim como entendendo e aceitando minhas peculiaridades no transcorrer destes
anos
ldquoSou a favor do direito dos animais como o direito dos humanos Esse eacute o
caminho de um ser humano completordquo Abraham Lincoln
RESUMO
O estudo aqui proposto possui como base central fazer uma anaacutelise comparativa entre o direito
dos animais natildeo humanos dentro do campo legislativo brasileiro e portuguecircs no contexto
histoacuterico e no cenaacuterio atual Para tanto foi utilizado o meacutetodo monograacutefico comparativo de
abordagem dedutiva por meio de pesquisas bibliograacuteficas e documentais analisando as leis
projetos de lei a Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 Suacutemulas CoacutedigosCivis
CoacutedigosPenais Coacutedigos de Processo Penal Tratados Internacionais Convenccedilotildees
Internacionais doutrinas julgados e jurisprudecircncias dos dois paiacuteses Tendo como objetivo geral
compor uma linha de anaacutelise de direito comparado para tentar descobrir se haacute uma evoluccedilatildeo no
campo dos direitos dos animais natildeo humanos dentro dos sistemas normativos brasileiro e
portuguecircs Portanto a presente pesquisa visa responder agrave pergunta se aacute uma evoluccedilatildeo das leis
brasileiras quando comparadas as leis portuguesas sobre o tocante do direito dos animais natildeo
humanos Chegando agrave conclusatildeo que o Brasil se encontra um tanto estagnado neste assunto
quando comparado a Portugal se tratando da evoluccedilatildeo dos direitos dos animais natildeo humanos
dentro do seu sistema normativo
Palavras-chave Direito brasileiro dos animais Direito portuguecircs dos animais Bem-estar
animal Direito comparado
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 9
2 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA 12
21 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS 12
22 LEGISLACcedilAtildeO PAacuteTRIACONTEMPORAcircNEA 15
23 ANAacuteLISE SOBRE A LEI 2172019 DO MUNICIacutePIO DE CURITIBANOSSC 21
24 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 722020 DE PENHASC 22
25 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 552017 DE PROIBICcedilAtildeO DE USO DE ANIMAIS EM
TESTES DE COSMEacuteTICOS 22
26 JULGADOS SOBRE A GUARDA ANIMAL E PROJETOS LEIS 24
3 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA 29
31 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS 29
32 LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA CONTEMPORAcircNEA 32
33 ANAacuteLISE LEI Nordm 9295 37
34 ANAacuteLISE IMPLEMENTACcedilAtildeO LEI Nordm 392020 39
35 JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO HUMANOS EM PORTUGAL40
4 COMPARACcedilAtildeO DAS LEGISLACcedilOtildeES BRASILEIRA E PORTUGUESA 44
41 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO HISTOacuteRICO 45
42 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO CONTEMPORAcircNEO 47
43 COMPARATIVO DOS JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO
HUMANOS BRASIL X PORTUGAL 51
44 UM COMPARATIVO ENTRE LEIS ESPECIAIS 52
5 CONCLUSAtildeO 55
REFEREcircNCIAS 57
9
1 INTRODUCcedilAtildeO
O presente trabalho monograacutefico foi desenvolvido com o intuito de trazer um compilado
de legislaccedilotildees normas jurisprudecircncias julgados e doutrinas por uma seleccedilatildeo qualitativa em
relaccedilatildeo ao direito dos animais natildeo humanos numa comparaccedilatildeo entre o estado legal do Brasil e
Portugal De forma que a pesquisadora optou por apresentar os dados mais relevantes e
marcantes sobre o tema como ferramenta de seleccedilatildeo da mesma forma que trouxe leis estaduais
e municipais de Santa Catarina por ser o local de desenvolvimento fiacutesico e moradia da mesma
Sendo este trabalho baseado no meacutetodo de abordagem dedutivo meacutetodo de
procedimento comparativo e teacutecnicas de pesquisa bibliograacutefica e documental abordando uma
pesquisa de direito comparado de documentos entre as legislaccedilotildees brasileira e portuguesa em
conjunto com a apresentaccedilatildeo e anaacutelise de algumas doutrinas julgados e projetos de leidos dois
paiacuteses sobre o tema Busca assim estudar e analisar a evoluccedilatildeo legal dos direitos dos animais
natildeo humanos pelo vieacutes comparativo das legislaccedilotildees brasileira e portuguesa De maneira a buscar
resolver a questatildeo ldquoQuais os contrastes evolutivos dos direitos dos animais natildeo humanos no
ordenamento brasileiro em comparaccedilatildeo com a legislaccedilatildeo de Portugalrdquo
O objetivo geral deste trabalho deste trabalho compor uma linha de anaacutelise da evoluccedilatildeo
dos paracircmetros legaisconstitucionais dos animais natildeo humanos entre os supracitados
ordenamentos e como objetivos especiacuteficos de apresentar a evoluccedilatildeo histoacuterica normativa entre
os dois paiacuteses apresentar o estado atual das legislaccedilotildees dos dois paiacuteses identificar dentro de
suas legislaccedilotildees algumas jurisprudecircncias o incremento no tratamento juriacutedico dispensado aos
animais natildeo humanos assim comocomparar a atual legislaccedilatildeo brasileira perante a portuguesa
no tocante do direito dos animais natildeo humanos
Justifica-se a seleccedilatildeo deste tema como base para estudo pela crescente luta para a
conquista de direitos individuais e coletivos na contemporaneidade onde se tem combatido
diversos entendimentos legais no campo legal brasileiro renovando valores conhecimentos
ateacute a proacutepria consciecircncia sobre a participaccedilatildeo inclusatildeo e relevacircncia dos animais natildeo humanos
dentro das unidades familiares convivecircncia social e ateacute sua abrangente inclusatildeo no mercado de
trabalho De maneira que o avanccedilo legal comparada no Brasil e Portugal instigou a curiosidade
da pesquisadora perante os novos aspectos constitucionais e no campo do direito e a eminente
importacircncia da compreensatildeo da aplicabilidade e hermenecircutica das leis projetos de leis e de
emendas constitucionais conjunto com o conhecimento arguido pela pesquisadora durante os
anos em que cursou a graduaccedilatildeo em medicina veterinaacuteria onde a importacircncia do maior
reconhecimento destes direitos lhe ficou clara onde a relevacircncia do tema para o contexto
10
contemporacircneo da sociedade dentro dos atuais e futuros julgados em funccedilatildeo dos diversos
debates que tem gerado dentro e fora dos tribunais acerca do tema dos direitos da capacidade
ateacute da guarda e tutela dos animais natildeo humanos
Este trabalho esperase apresentar como uma fonte de pesquisa incentivo reanaacutelise e
com o intuito de instigar novos posicionamentos juriacutedicocriacuteticos sobre o cenaacuterio atual da
participaccedilatildeo dos animais natildeo humanos dentro da sociedade possibilitando uma nova
consciecircncia para com o tema demonstrando os obstaacuteculos legais que ainda temos pela frente
quando em comparaccedilatildeo com o mesmo cenaacuterio portuguecircs
No segundo capiacutetulo deste trabalho eacute apresentada a evoluccedilatildeo histoacuterica da legislaccedilatildeo do
sistema normativo julgados e projetos de lei desde o primeiro relato em lei a favor do direito
dos animais natildeo humanos dentro do sistema normativo brasileiro passando pela constituiccedilatildeo
de 1988 decretos lei o Coacutedigo Civil (CC) o Coacutedigo de Processo Civil (CPC) o Coacutedigo Penal
(CP) a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro da constituiccedilatildeo e coacutedigos nacionais
leis municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma abrangente
anaacutelise sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do
territoacuterio brasileiro
No terceiro capiacutetulo deste trabalho se apresenta a evoluccedilatildeo histoacuterica da legislaccedilatildeo do
sistema normativo e julgados desde o primeiro relato em lei a favor do direito dos animais natildeo
humanos dentro do sistema normativo portuguecircs passando por decretos lei o Coacutedigo Civil
(CC) o Coacutedigo de Processo Civil (CPC) o Coacutedigo Penal (CP) Coacutedigo de Processo Penal
(CPP) a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro dos coacutedigos nacionais oacutergatildeos
reguladores dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do territoacuterio portuguecircs leis e licenccedilas
municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma abrangente anaacutelise
sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do territoacuterio
portuguecircs
No quarto capiacutetulo deste trabalho se apresenta um anaacutelise comparativa sobre a evoluccedilatildeo
histoacuterica das legislaccedilotildees de seus sistemas normativos e julgados desde os primeiros relatos
regimentais a favor do direito dos animais natildeo humanos dentro de seus sistemas normativos
passando por decretos lei o Coacutedigo Civil o Coacutedigo de Processo Civil o Coacutedigo Penal Coacutedigo
de Processo Penal a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro dos coacutedigos nacionais
leis e licenccedilas municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma
11
abrangente anaacutelise sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos de
forma comparativa dentro do territoacuterio brasileiro e portuguecircs
12
2 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA
Neste capiacutetulo tem-se como objetivo trazer de forma sucinta a evoluccedilatildeo histoacuterica no que
tange o direito dos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo do Brasil trazendo para isto as proacuteprias
leis assim como relatos bibliograacuteficos sobre o tema
21 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
O primeiro relato normativo brasileiro direcionado aos direitos dos animais natildeo
humanos no dia 6 de outubro de 1886 no Coacutedigo de Posturas do Municiacutepio de Satildeo Paulo que
trouxe no seu artigo 220 a primeira norma de proibiccedilatildeo de crueldade contra animais natildeo
humanos ldquoEacute proibido a todo cocheiro ou condutor de carroccedila maltratar animais com castigos
baacuterbaros e imoderados disposiccedilatildeo essa que se aplica aos ferradoresrdquo sendo assim um marco
inicial histoacuterico nacional para a luta por estes direitos(SAtildeO PAULO 1886)
Jaacute no tangente de legislaccedilatildeo na esfera nacional somente no dia 10 de julho de 1934
ocorreu o primeiro registro normativo visando a algum tipo de proteccedilatildeo perante os animais natildeo
humanos o Decreto Lei nordm 24645 oficializado por Getuacutelio Vargas definindo a
responsabilidade do Estado de tutelar todos os animais existentes trazendo ainda a primeira
sansatildeo em relaccedilatildeo aos matildeos tratos em seu artigo 2ordm ldquoAquele que em lugar puacuteblico ou privado
aplicar ou fizer aplicar maus-tratos aos animas incorreraacute em multa de 20$000 a 500$000 e na
pena de prisatildeo celular de 2 a 15 dias quer o delinquente seja ou natildeo o respectivo proprietaacuterio
sem prejuiacutezo da accedilatildeo civil que possa caberrdquo tendo sido o rompimento de uma fronteira em
relaccedilatildeo agrave compreensatildeo da vedaccedilatildeo aos matildeos tratos de forma direta ou indireta praticando ou
fazendo praticar sendo ou natildeo proprietaacuterio do animal natildeo humano de forma a demonstrar que
todos os animais natildeo humanos merecem respeito trazendo ainda em seus paraacutegrafos a
possibilidade de maiores sanccedilotildees como ateacute a apreensatildeo ou confisco do animal natildeo humano que
for alvo de qualquer tipo de maus-tratos em seu artigo 14 ainda busca pela primeira vez
penalizar aquele que causa a morte destes oferecendo pena em dobro se a este ponto chegar ou
for reincidente de acordo com o artigo 15 como tambeacutem a quem cabe sua aplicaccedilatildeo pelo artigo
12 atribuindo tal encargo a poliacutecia ou autoridade municipal cabendo esta se verificar a
gravidade do delito vale constar o sect3ordm no mesmo artigo ldquoOs animais seratildeo assistidos em juiacutezo
pelos representantes do Ministeacuterio Puacuteblico seus substitutos legas e pelos membros das
sociedades protetoras dos animaisrdquo reforccedilando a responsabilidade do Estado perante a garantia
13
dos direitos dos animais natildeo humanos No transcorrer de seus artigos o Decreto caracteriza o
que se enquadra como crueldade no seu artigo 3ordm como ao exemplo dos seus incisos XVI
XVIII XXI e XXV
XVI -fazer viajar um animal a peacute mais de 10 quilocircmetros sem lhe dar descanso ou
trabalhar mais de 6 horas contiacutenuas sem lhe dar aacutegua e alimento
XVIII - conduzir animais por qualquer meio de locomoccedilatildeo colocados de cabeccedila para
baixo de matildeos ou peacutes atados ou de qualquer outro modo que lhes produza sofrimento
XXI - deixar de ordenhar as vacas por mais de 24 horas quando utilizadas na
explorado do leite
XXV - engordar aves mecanicamente (BRASIL 1934)
Este decreto trouxe pela primeira vez regulamentaccedilotildees nacionais perante os animais natildeo
humanos no tangente laboral humano sendo reforccedilado tal posicionamento pelo texto dos
artigos 4ordm a 8ordm onde regula-se a utilizaccedilatildeo dos animais natildeo humanos em veiacuteculos ou outras
formas em que se faccedila utilizar a traccedilatildeo animal Jaacute no seu artigo 13 traz a primeira proibiccedilatildeo
direta ao abandono de animal ainda traz ressalvado em seu artigo 19 a revogaccedilatildeo de qualquer
tipo de ordenamento ao contraacuterio do que o Decreto Lei expressa Mesmo sendo uma grande
evoluccedilatildeo para o direito dos animais natildeo humanos em relaccedilatildeo ao que o paiacutes tinha ateacute entatildeo o
artigo 17 ainda define animal como seres irracionais sem que a eles se apresente nenhum tipo
de possibilidade de compreensatildeo (BRASIL 1934)
Somente 7 anos depois em 03 de outubro de 1941 com a ediccedilatildeo da Lei das
Contravenccedilotildees Penais pelo Decreto Lei nordm 3688 o artigo 64 trouxe penas de prisatildeo e multa
ali ainda descrita em ldquoreacuteisrdquo
Art 64 Tratar animal com crueldade ou submetecirc-lo a trabalho excessivo
Pena ndash prisatildeo simples de dez dias a um mecircs ou multa de cem a quinhentos mil reacuteis
sect1ordm Na mesma pena incorre aquele que embora para fins didaacuteticos ou cientiacuteficos
realiza em lugar puacuteblico ou exposto ao puacuteblico experiecircncia dolorosa ou cruel em
animal vivo
sect2ordm Aplica-se a pena com aumento de metade se o animal eacute submetido a trabalho
excessivo ou tratado com crueldade em exibiccedilatildeo ou espetaacuteculo puacuteblico (BRASIL
1941)
Desta forma buscando pela primeira vez colocar limites normativos natildeo soacute para os
animais natildeo humanos utilizados para atividades laborativas mas tambeacutem no que se trata o uso
cientiacutefico destes assim como seu uso para exibiccedilatildeo e divertimento de animais humanos
(BRASIL 1941) Somente no dia 8 de maio de 1979 com a Lei Federal nordm 6638 seria retomado
o tema do uso cientiacutefico dos animais natildeo humanos de forma regulamentada normatizando os
bioteacuterios os centros de experiecircncias e demonstraccedilotildees dos animais natildeo humanos assim como
14
regulamentando o uso dos animais natildeo humanos para testes cliacutenicos medicamentosos dentre
outros teacutecnica esta conhecida como vivissecccedilatildeo assim como desde que por meio de indicaccedilatildeo
meacutedica permitindo a eutanaacutesia ou sacrifiacutecio animal pelos artigos 1ordm a 4ordm da presente Lei
trazendo em seus artigos subsequentes sanccedilotildees penais e interditoacuterias para todo aquele que a lei
desobservar assim como traz em seu artigo 8ordm a revogaccedilatildeo de quaisquer leis que a ela
contrariarem (BRASIL 1979)
O Superior Tribunal de Justiccedila decidiu na data de 31 de dezembro de 1969 por meio da
Suacutemula nordm 91 que ldquoCompete a Justiccedila Federal processar e julgar os crimes praticados contra a
faunardquo onde decidiu por arcar agrave Justiccedila Federal o julgamento relativo aos crimes cometidos
sobre a fauna brasileira tendo sido cancelada a Suacutemula em questatildeo na Sessatildeo do Superior
Tribunal de Justiccedila na data de 08 de novembro de 2000 da 3ordf seccedilatildeo sobre o nuacutemero de pauta
de julgamento LEGJUR 103326350091500 Desta forma com o cancelamento da Suacutemula nordm
91 do STJ acabou por ficar sobre a competecircncia reconhecida dos estados a competecircncia para
processar e julgar os crimes cometidos contra a fauna ressalvando se o dito crime se efetivar
sobre casos do crime ter sido realizado sobre fauna reconhecidamente de bem federal o
cancelamento da Suacutemula em questatildeo tambeacutem acarretou na suspenccedilatildeo do disposto no artigo 89
da Lei 900995 (BRASIL 2020)
A datar do dia 03 de janeiro de 1967 surgiu mais uma importante ferramenta para a
garantia dos direitos dos animais natildeo humanos com a promulgaccedilatildeo da Lei Federal nordm 5197 o
Coacutedigo de Caccedila sendo imprescindiacutevel a observaccedilatildeo de seu artigo 1ordm
Os animais de quaisquer espeacutecies em qualquer fase do seu desenvolvimento e que
vivem naturalmente fora do cativeiro constituindo a fauna silvestre bem como seus
ninhos abrigos e criadouros naturais satildeo propriedade do Estado sendo proibida a sua
utilizaccedilatildeo perseguiccedilatildeo destruiccedilatildeo caccedila ou apanha (BRASIL 1967)
Protegendo de maneira incontestaacutevel a fauna nativa brasileira garantindo a diversidade
a continuidade e a sobrevivecircncia de todos os tipos de animais natildeo humanos poreacutem ainda
permitindo em seus paraacutegrafos que hajam peculiaridades regionais para a permissatildeo agrave caccedila
Contudo veda completamente a comercializaccedilatildeo ou exportaccedilatildeo de qualquer forma de animais
natildeo humanos da fauna natural brasileira assim como de seus frutos em seus artigos 3ordm e 18
Trazendo sanccedilotildees penais para todos aqueles que descumprirem seus artigos nos artigos 27 a
31 e contemplando como autoridades responsaacuteveis pela fiscalizaccedilatildeo e aplicabilidade de tais
sanccedilotildees as mesmas indicadas no Coacutedigo de Processo Penal (CPP) de acordo com o seu artigo
15
32 assim como trazem pela primeira vez a inafianccedilabilidade dos crimes contra animais natildeo
humanos pelo seu artigo 34 (BRASIL 1967)
Jaacute por outro vieacutes no dia 31 de agosto de 1981 por meio da publicaccedilatildeo da Lei Federativa
nordm 6938 com a denominaccedilatildeo de A Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente os animais natildeo
humanos assim como seu habitat natural receberam uma grande melhoria nos seus direitos
assim como traz o artigo 15 ldquoO poluidor que expuser a perigo a incolumidade humana animal
ou vegetal ou estiver tornando mais grave a situaccedilatildeo de perigo existente fica sujeito agrave pena de
reclusatildeo de 1 (um) a 3 (trecircs) anos e multa de 100 (cem) a 1000 (mil) MVRrdquo findando a
primeira vedaccedilatildeo expressa por objeto normativo agrave poluiccedilatildeo que traga malfeitorias aos animais
natildeo humanos (BRASIL 1981)
22 LEGISLACcedilAtildeO PAacuteTRIACONTEMPORAcircNEA
No Brasil os animais comeccedilaram a ser considerados como dignos de direitos
constitucionais somentecom a promulgaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 em seu artigo 225 de
forma a condenar a crueldade contra os animais mesmo que ainda deixando uma lacuna em
seu sect7ordm
sect 7ordm Para fins do disposto na parte final do inciso VII do sect 1ordm deste artigo natildeo se
consideram crueacuteis as praacuteticas desportivas que utilizem animais desde que sejam
manifestaccedilotildees culturais conforme o sect 1ordm do art 215 desta Constituiccedilatildeo Federal
registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimocircnio cultural
brasileiro devendo ser regulamentadas por lei especiacutefica que assegure o bem-estar
dos animais envolvidos (BRASIL 1988)
No supracitado artigo ainda se pode ler sobre os direitos alcanccedilados pelos animais natildeo
humanos na constituiccedilatildeo federativa de 1988 onde garante agrave todos um meio ambiente
equilibrado qualidade de vida sendo de obrigaccedilatildeo tanto do poder puacuteblico quanto da
coletividade garantir defender preservar estes direitos para as presentes e futuras geraccedilotildees
para tanto aponta a necessidade de preservar a diversidade e integridade do patrimocircnio geneacutetico
do Brasil e sempre fiscalizando aqueles que com este material lida assim como a necessidade
de controlar a produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de teacutecnicas e produtos que sejam
potencialmente ou confirmadamente prejudiciais ou que gerem risco agrave vida ou sua qualidade
assim como para o meio ambiente demonstrando tambeacutem a indispensabilidade de poliacuteticas de
16
educaccedilatildeo ambiental disseminada por todos os niacuteveis educacionais para a preservaccedilatildeo do meio
ambiente (BRASIL 1988)
Da mesma forma prevecirc a obrigaccedilatildeo de defender a fauna e flora vedando expressamente
praacuteticas que as coloquem em risco sua funccedilatildeo ecoloacutegica que poderiam gerar extinccedilatildeo de
espeacutecies ou mesmo que submetam animais natildeo humanos a qualquer niacutevel de crueldade Deve-
se lembrar que tambeacutem traz a possibilidade de sanccedilotildees para aqueles pessoa fiacutesica ou juriacutedica
que violar estes direitos ora visto a fauna e flora nacional eacute caracterizada como patrimocircnio
nacional(BRASIL 1988)
Eacute de suma importacircncia observar que tal artigo soacute fez-se constar na constituiccedilatildeo de 1988
apoacutes a proclamaccedilatildeo da Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Animais feita pela UNESCO no ano
de 1978 No corpo do texto percebe-se a existecircncia do direito dos animais em funccedilatildeo aos crimes
e desprezo cometidos contra os animais natildeo humanos em funccedilatildeo de uma coexistecircncia saudaacutevel
entre as espeacutecies no mundo jaacute que satildeo seres semelhantes como consta no preacircmbulo da mesma
declaraccedilatildeo (UNESCO 1978) Faz-se necessaacuterio citar alguns de seus artigos ldquoARTIGO 1
Todos os animais nascem iguais diante da vida e tecircm o mesmo direito agrave existecircnciardquo
demonstrando um posicionamento ao menos legal em relaccedilatildeo agrave igualdade e existecircncia dos
animais natildeo humanos como tambeacutem o artigo 2
a) Cada animal tem direito ao respeito b)O homem enquanto espeacutecie animal
natildeo pode atribuir-se o direito de exterminar os outros animais ou exploraacute-los
violando esse direito Ele tem o dever de colocar a sua consciecircncia a serviccedilo dos outros
animais c)Cada animal tem direito agrave consideraccedilatildeo agrave cura e agrave proteccedilatildeo do homem
(UNESCO 1978)
Onde traz obrigaccedilatildeo normativa de respeito dos animais humanos perante os animais natildeo
humanos manifestando o dever agrave consideraccedilatildeo e consciecircncia do primeiro em relaccedilatildeo ao
segundo vedando a exploraccedilatildeo dos mesmos da mesma maneira os artigos 4 e 5
ARTIGO 4 a) Cada animal que pertence a uma espeacutecie selvagem tem o direito de
viver livre no seu ambiente natural terrestre aeacutereo e aquaacutetico e tem o direito de
reproduzir-se b)A privaccedilatildeo da liberdade ainda que para fins educativos eacute contraacuteria
a este direito
ARTIGO 5 a)Cada animal pertencente a uma espeacutecie que vive habitualmente no
ambiente do homem tem o direito de viver e crescer segundo o ritmo e as condiccedilotildees
de vida e de liberdade que satildeo proacuteprias de sua espeacutecie b)Toda a modificaccedilatildeo imposta
pelo homem para fins mercantis eacute contraacuteria a esse direito(UNESCO 1978)
De forma a demonstrar aqui o direito agrave uma vida livre em ambiente adequado e propiacutecio
agrave reproduccedilatildeo garantindo assim a continuidade da fauna ldquoARTIGO 7 Cada animal que trabalha
17
tem o direito a uma razoaacutevel limitaccedilatildeo do tempo e intensidade do trabalho e a uma alimentaccedilatildeo
adequada e ao repousordquo revelando que os animais natildeo humanos assim como os humanos tem
direito de uma jornada digna de trabalho sem que com isso sejam explorados mais do que eacute
aceitaacutevel para uma vida adequada agraves suas condiccedilotildees fiacutesicas ldquoARTIGO 10 Nenhum animal
deve ser usado para divertimento do homem A exibiccedilatildeo dos animais e os espetaacuteculos que
utilizem animais satildeo incompatiacuteveis com a dignidade do animalrdquo expressando nitidamente que
os animais natildeo humanos natildeo satildeo brinquedos posse objeto para divertimento dos animais
humanos ora ponto serem animais que merecem respeitoagrave sua dignidade ldquoARTIGO 11 O ato
que leva agrave morte de um animal sem necessidade eacute um biociacutedio ou seja um crime contra a
vidardquo findando esta citaccedilatildeo pela clara declaraccedilatildeo de expressa vedaccedilatildeo ao assassinato dos
animais natildeo humanos sem que para isso haja um motivo vaacutelido e plenamente
justificaacutevel(UNESCO 1978)
Assim como Bruno Amaro Lacerda traz em sua obra Pessoa Dignidade e Justiccedila a
questatildeo dos direitos dos animais Eacutetica e Filosofia Poliacutetica animais natildeo humanos estatildeo em um
conviacutevio iacutentimo com os animais humanos de forma a em muitos casos criando viacutenculos afetivos
como um membro ativo no meio familiar ao ponto de ateacute ocorrerem lides em relaccedilatildeo a sua
tutela Da mesma forma quando se pensa sobre o que tange o ramo laboral os animais natildeo
humanos em muito foram e satildeo necessaacuterios para a continuidade de vaacuterias categorias de trabalho
(LACERDA 2012)
Eacute imperioso lembrar que no sistema normativo paacutetrio os animais natildeo humanos jaacute foram
considerados como coisas e tendo sua caracterizaccedilatildeo posteriormente alterada para bens
semoventes pelo Coacutedigo Civil ldquoArt 82 Satildeo moacuteveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio
ou de remoccedilatildeo por forccedila alheia sem alteraccedilatildeo da substacircncia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-
socialrdquo (BRASIL 2002)
Sobre o tema a classificaccedilatildeo juriacutedica dos animais natildeo humanos dentro do campo
normativo brasileiro Heron Santana Gordilho (2006) trata em seu trabalho ao apresentar o
fundamento moral da correta compreensatildeo das caracteriacutesticas e correta classificaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos para se romper os paradigmas atuais da caracterizaccedilatildeo dos animais natildeo
humanos comeccedila com uma reformulaccedilatildeo da proacutepria consciecircncia humana por se tratar nada
mais do que um padratildeo de compreensatildeo exclusivamente humano ora que se eacute haacutebil de notar
aos animais natildeo humanos a presenccedila de caracteriacutesticas tanto fiacutesicas quanto mentais que muito
se assemelham as apresentadas pelos animais humanos como se pode observar no trecho
retirado de sua obra
18
As ciecircncias empiacutericas tecircm descoberto habilidades linguiacutesticas nos grandes primatas
que acabaram por ter significativas implicaccedilotildees na teoria moral ao demonstrar que a
doutrina tradicional que vecirc a espeacutecie humana como seres ontologicamente distintos
dos animais eacute fundamentalmente falsa e inconsistente (GORDILHO 2006 p54)
Uma vez que segundo o Gordilho os animais natildeo humanos satildeo capazes de possuir
alguma razatildeo expondo que ldquoA diferenccedila especiacutefica do homem em relaccedilatildeo aos animais residiria
no fato de que apenas o homem tem conhecimento de si mesmo apenas ele eacute um ser pensante
pois sua realidade eacute idecircntica agrave sua idealidaderdquo (GORDILHO 2006 P 53) sem que para tanto
deixasse de constar que mesmo os animais humanos por muitas vezes vem a natildeo ter tal
capacidade diferenciadora (GORDILHO 2006)
Mesmo o artigo 82 natildeo tendo sofrido alteraccedilatildeo entre o Coacutedigo de Processo Civil de 2002
e o de 2015 o tratamento juriacutedico relativo aos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo vigente a
discussatildeo e hermenecircutica do supracitado artigo sofreu alteraccedilotildees em virtude de serem capazes
de sentir dor tornando-se assim como seres viventes o que nitidamente se difere de coisa como
apontado por Haydeeacute Fernanda Cardoso em 2007 ao questionar aquela que era a classificaccedilatildeo
dos animais natildeo humanos agrave sua eacutepoca
Natildeo se pode ver como coisa seres viventes pois tais elementos mostram a existecircncia
de vida natildeo apenas no plano moral e psiacutequico mas tambeacutem bioloacutegico mecacircnico como
podem alguns preferir e vice-versa
O conhecimento juriacutedico-dogmaacutetico hoje encontra-se ultrapassado natildeo apenas em
funccedilatildeo de animais considerados inteligentes mas sim em funccedilatildeo de seres sencientes
capazes de sentir cada um a seu modo e de individualizarem-se estabelecendo
relaccedilotildees sociais entre si ou com humanos constituindo-se velado e inadequado o
tratamento dispensado inclusive mostrando-se incompatiacutevel com os proacuteprios fins
deste Direito ldquoatualrdquo de eacutetica invertida [] (CARDOSO 2007 p 132)
Na mesma obra Cardoso ainda discute sobre a possibilidade dos animais natildeo humanos
de serem aptos a possuir personalidade juriacutedica algo que na contemporaneidade vem-se sendo
alvo de diversas discussotildees no paracircmetro das lides juriacutedicas em virtude da proteccedilatildeo conferida
aos animais humanos e sua comparaccedilatildeo para com os direitos concedidos aos animais natildeo
humanos assim como a proacutepria evoluccedilatildeo desta personalidade em relaccedilatildeo aos seres humanos
historicamente falando como podemos observar pelas palavras da Autora
Assim que em dados momentos sua compreensatildeo natildeo abrangeu seres humanos
considerados escravos ou mesmo crianccedilas embora se reconhecesse entes morais (as
corporaccedilotildees) que apesar do elemento humano que guardam recebiam proteccedilatildeo em
funccedilatildeo do direito patrimonial enquanto natildeo se reconhecia a homens individuais de
modo a garantir-lhes necessidades primitivas mantedoras da vida digna direitos
humanos fundamentais
Hoje conferimos proteccedilatildeo a todos os homens ainda que suas faculdades mentais natildeo
sejam plenas ainda que natildeo tenham capacidade racional ou mesmo consciecircncia ainda
19
que seus atributos mentais estejam limitados agrave mera resposta a estiacutemulos baacutesicos como
a dor ou a fome mas ainda assim natildeo sendo capazes de expressar qualquer desejo
que seja mesmo simples desejo de comer natildeo sejam capazes de se comunicar ainda
que apenas por gestos sendo a comunicaccedilatildeo demanda expressatildeo volitiva e
ultrapassando o limite das palavras Conferimos tambeacutem proteccedilatildeo a homens que natildeo
sabem falar porque entendemos que tecircm outras maneiras de se expressar mesmo que
sejam limitados no atributo da fala E a todos esses protegemos natildeo como coisas mas
sim como pessoas porque satildeo semelhantes a noacutes []
Portanto natildeo eacute a capacidade racional e cognitiva ou mesmo a fala requisito de uma
personalidade juriacutedica ateacute porque os animais possuem as duas primeiras segundo
provado por outras ciecircncias possuindo inclusive consciecircncia (CARDOSO 2007 p
133)
Em 12 de fevereiro de 1998 foi promulgada a Lei nordm 9605 tratando sobre os crimes
contra o meio ambiente trazendo de forma direta o impedimento a vaacuterios embargos relativas
aos animais natildeo humanos assim como transcreve-se aqui no artigo 29 ldquoMatar perseguir caccedilar
apanhar utilizar espeacutecimes de fauna silvestre nativos ou em rota migratoacuteria sem a devida
permissatildeo licenccedila ou autorizaccedilatildeo da autoridade competente ou em desacordo com a
obtida[]rdquo nos artigos que se seguem continuam a se tratar das vedaccedilotildees tanto no que se fala
das proibiccedilotildees relativas agrave fauna brasileira quanto a fauna estrangeira sem deixar de tratar dos
animais natildeo humanos de longa pratica de domesticaccedilatildeo como catildees e gatos assim como no
artigo 32 sect1ordm onde transporta as penas quando o crime eacute praticado contra catildees e gatos Ainda
penaliza os que geram danos por meio de poluiccedilatildeo e com isso reflitam negativamente em
relaccedilatildeo aos animais natildeo humanos como descrito no ser artigo 54 (BRASIL 1998)
Ainda quando se trata de direitos dos animais como um todo natildeo se pode deixar de
constar a Lei nordm 11126 de 27 de junho de 2005 posteriormente alterada e devidamente
motivada a aplicabilidade pela Lei nordm 13146 de 2015 sobre o acesso de catildees-guias agrave locais
puacuteblicos como se lecirc em seu artigo 1ordm redigido
Eacute assegurado agrave pessoa com deficiecircncia visual acompanhada de catildeo-guia o direito de
ingressar e de permanecer com o animal em todos os meios de transporte e em
estabelecimentos abertos ao puacuteblico de uso puacuteblico e privados de sua coletivo desde
que observadas as condiccedilotildees impostas por esta Lei (BRASIL 2015a)
Onde outrora devido a um texto inespeciacutefico natildeo se fazia cumprir a Lei de forma correta
ao deixar lacunas em sua interpretaccedilatildeo vez que somente dissertava por permitir a entrada e
permanecircncia em transportes e locais puacuteblicos e privados de uso coletivo mas natildeo trazendo a
generalidade e especificidade de tais locais de maneira a por muitas vezes ter esse direito
negado obrigando que a Lei de 2015 revisasse e desse nova redaccedilatildeo aos artigos 1ordm e seu
paraacutegrafo 2ordm da Lei de 2005 (BRASIL 2015a)
20
A luta pelos direitos dos animais natildeo satildeo apenas uma funccedilatildeo legislativa o que fica
demonstrado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) que em 2019 ofertou pela primeira vez uma
disciplina de direito dos animais para seus alunos regulares assim como a comunidade em geral
em conjunto com o Grupo de Estudos sobre os Direitos Animais e Interseccionalidades como
foi noticiado pela proacutepria instituiccedilatildeo em seu canal de notiacutecias em 29 de julho do mesmo ano em
mateacuteria de Carolina Pires(PIRES 2019)
O Brasil ainda tem muito o que evoluir no tocante dos direitos dos animais natildeo humanos
comeccedilando pela exploraccedilatildeo pela ciecircncia assim como Laerte Fernando Levai lembra ao citar
uma passagem de Maria Lacerda de Moura em sua obra Civilizaccedilatildeo ndash Tronco de Escravos
publicado em 1931 mas que de nada se difere da realidade atual
Natildeo compreendo a vivissecccedilatildeo a natildeo ser como um deliacuterio de perversidade inominaacutevel
nem chego a ver a vantagem da embriaguez cientiacutefica que potildee milhares de cobaias e
catildees e qualquer espeacutecie de animal agrave mercecirc dos cientistas [] vaidosos de fazer sofrer
os ldquomaacutertires da ciecircnciardquo em nome de um princiacutepio ou de uma descoberta ou de uma
pesquisa ou dos problemaacuteticos benefiacutecios daiacute resultantes para todo o gecircnero humano
[] O homem continuaraacute a descer sempre bem para baixo de todos os siacutemios na sua
maldade de criatura civilizada para estimular todas as virulecircncias desde as guerras
ateacute o prazer satacircnico de martirizar os animais em nome do humanitarismo ciacutenico A
crueldade nunca poderaacute ser um caminho para o aperfeiccediloamento humano A ciecircncia
natildeo se adquire com crueldade Se a fisiologia natildeo pode se adiantar sem infligir
horriacuteveis torturas aos animais indefesos eacute melhor que a fisiologia fique onde estaacute A
humanidade pode progredir sem a fisiologia poreacutem natildeo poderaacute progredir sem a
piedadeMoura (MOURA 1932 apud LEVAI 2012)
Vale constar que em Santa Catarina no dia 22 de dezembro de 2003 por meio da Lei
Estadual nordm 12854 ficou instituiacutedo o Coacutedigo Estadual de Proteccedilatildeo aos Animais pelo seu artigo
2ordm e seus incisos fica por vedar a agressatildeo causar sofrimento de qualquer espeacutecie a animais
sejam silvestres domeacutesticos ou que se possam domesticar nativos ou exoacuteticos afim de
garantir-lhes plenas condiccedilotildees de existecircncia assim como criar animais em locais inapropriados
como lixeiras ou enclausurados sem deixar de citar a expressa vedaccedilatildeo ao abandono de animais
domeacutesticos Ainda tratando sobre as atribuiccedilotildees da lei como da fauna exoacutetica normatizando
os animais natildeo humanos usados para traccedilatildeo veicular tambeacutem trazendo as regras estaduais para
transporte seguro dos animais natildeo humanos como seu abate sem esquecerdas diretrizes para
animais de laboratoacuterios experimentados nos centros de pesquisa ou instituiccedilotildees de educaccedilatildeo
que deveratildeo ser devidamente registrados e certificados para possibilitar a devida fiscalizaccedilatildeo
seja por meio de relatoacuterios como prevecirc o artigo 19 seja pela obrigaccedilatildeo de presenccedila de
profissionais habilitados sempre que forem ser realizados experimentos de vivissecccedilatildeo como
descrito no sect2ordm do artigo 20 (SANTA CATARINA 2003)
21
23 ANAacuteLISE SOBRE A LEI 2172019 DO MUNICIacutePIO DE CURITIBANOSSC
No acircmbito das legislaccedilotildees contemporacircneas brasileiras haacute uma lei promulgada em
2019 onde eacute observado um claro retrocesso no tangente deste tema Em Curitibanos Santa
Catarina no ano de 2019 foi proposta e posta em circulaccedilatildeo a Lei Complementar de nordm
2172019 sob o nome de ldquoInstitui o Coacutedigo de Proteccedilatildeo e Bem-estar animal no acircmbito do
municiacutepio de Curitibanos e daacute outras providecircnciasrdquo a qual traz uma proibiccedilatildeo taacutecita de cuidar
alimentar proporcionar fonte de aacutegua para animais que vivem nas ruas como se pode observar
na subseccedilatildeo II do catildeo comunitaacuterio
Art 11 Fica reconhecida a figura do catildeo comunitaacuterio sendo o animal sem proprietaacuterio
ou tutor identificado e que estabelece com a comunidade em que vive laccedilos de
dependecircncia e de manutenccedilatildeo embora natildeo possua responsaacutevel uacutenico e definido
Art 12 O acesso a aacutegua alimentaccedilatildeo cuidados com a sauacutede higiene e demais atos
necessaacuterios agrave preservaccedilatildeo do bem-estar dos catildees comunitaacuterios natildeo poderatildeo ser
realizados em vias de circulaccedilatildeo passeio praccedilas e demais ambientes puacuteblicos
(CURITIBANOS 2019)
Jaacute na parte de penalizaccedilotildees da mesma Lei em seu Capiacutetulo IV DAS INFRACcedilOtildeES
E PENALIDADES caracterizam que aquele que infringe tal proibiccedilatildeo ocorre em infraccedilatildeo de
natureza meacutedia onde tambeacutem consta maus-tratos ao animal tutelado como se observa em seu
artigo 34 inciso II e suas aliacuteneas
Art 34 Constitui infraccedilatildeo contra as normas de bem-estar dos animais domeacutesticos ou
domesticados a inobservacircncia de qualquer preceito desta lei ou da legislaccedilatildeo
complementar ficando o infrator sujeito agraves penalidades e medidas administrativas
previstas nos artigos 30 e 31 desta Lei Complementar conforme o caso aleacutem das
demais puniccedilotildees legalmente previstas
II - Constitui-se infraccedilatildeo de natureza meacutedia
a) A exposiccedilatildeo contiacutenua do animal ao sol chuva calor e frio e em caso de
confinamento enclausuraacute-los em espaccedilos uacutemidos sem ventilaccedilatildeo
b) Privar o animal de aacutegua limpa e potaacutevel e alimento adequado e em abundacircncia em
recipientes limpos
c) Exercitaacute-los de maneira excessiva e sem descanso adequado
d) Utilizar o animal em situaccedilotildees de enfrentamento fiacutesico entre animais da mesma
espeacutecie ou de espeacutecies diferentes em locais puacuteblicos ou privados
e) Disponibilizar alimentaccedilatildeo e aacutegua em vias de circulaccedilatildeo passeio praccedilas e demais
ambientes puacuteblicos (CURITIBANOS 2019)
De forma a demonstrar um claro regresso nas conquistas alcanccediladas em relaccedilatildeo aos
direitos dos animais natildeo humanos vez que reduz a capacidade de bem-estar animal de ser
repartida com a sociedade aumentando os encargos do estado para com os animais natildeo
22
humanos que se encontram em situaccedilatildeo de abandono e descaso vivendo sem as devidas
condiccedilotildees sanitaacuterias nutricionais de seguranccedila e bem-estar nas vias puacuteblicas sem que para
tanto apresente uma contrapartida do Municiacutepio para garantir que os cuidados vetados agrave
particulares sejam repassados aos entes puacuteblicos apenas reduzindo drasticamente as chances
de alcance de condiccedilotildees mais dignas a sua sobrevivecircncia miacutenima (CURITIBANOS 2019)
24 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 722020 DE PENHASC
A Cacircmara Municipal de Penha Santa Catarina aprovou do dia 17 de agosto de
2020 de forma unanime um projeto de lei que entre seus artigos traz uma passagem que traz
a proibiccedilatildeo para os cachorros de latir trazendo como penalidade aos seus tutores em caso de
descumprimento uma multa no valor de R$ 2300000 A dita lei trata da perturbaccedilatildeo do
sossego enquadrando os animais natildeo humanos em seu art 2ordm II d
Art2ordm Para os efeitos desta lei aplicam-se as seguintes definiccedilotildees
[] II ndash PERTURBACcedilAtildeO DO SOSSEGO
[] d) provocando ou natildeo procurando impedir barulho produzido por animal que tem
guarda(PENHA 2020)
Eacute notoacuterio constar o eminente risco de se cair em maus-tratos animais para a garantia
do cumprimento da citada lei seja pelo uso de equipamentos anti-latidos que causam dor ou
mauestar ao animal seja pelo corte das cordas vocais dos cachorros ou mesmo sob as puniccedilotildees
aos animais natildeo humanos aplicadas em caso de desobediecircncia agrave norma jaacute que os cachorros satildeo
seres independentes alheios do domiacutenio humano Assim como afirma a advogada Ana Selma
Moreira ldquoO que me deixa temerosa em relaccedilatildeo a essa proposta eacute que esse tipo de dispositivo
coloca os animais em risco de maus-tratos e violaccedilatildeo dos direitos fundamentaisrdquo demonstrando
a temeridade da jurista em relaccedilatildeo ao risco que a lei ocasiona (MOREIRA 2020)
25 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 552017 DE PROIBICcedilAtildeO DE USO DE ANIMAIS EM
TESTES DE COSMEacuteTICOS
No dia 9 de outubro de 2020 foi aprovado no Plenaacuterio da Assembleia Legislativa o
Projeto de Lei de autoria do deputado Joatildeo Amin que tem por objetivo proibir o uso de animais
natildeo humanos em testes par a produccedilatildeo de produtos de beleza de higiene pessoal perfumes e
23
cosmeacuteticos em Santa Catarina O proacuteximo passo para a implementaccedilatildeo do Projeto de Lei eacute o
encaminhamento para sanccedilatildeo do Governo do Estado de Santa Catarina sobre esta fase o autor
do Projeto de Lei escreveu ldquoEspero que o governo estadual sancione e regulamente este projeto
que eacute muito importante para proteccedilatildeo dos animais Nossa intenccedilatildeo eacute impedir o uso
indiscriminado de animais em testes situaccedilatildeo que pode ser evitada com uma seacuterie de
alternativasrdquo (FLORIANOacutePOLIS 2020) demonstrando assim a relevacircncia da sanccedilatildeo desta lei
para a garantia do bem-estar dos animais natildeo humanos
No presente Projeto de Lei natildeo soacute se apresenta a necessidade da vedaccedilatildeo do uso dos
animais natildeo humanos no que tange os testes para a produccedilatildeo de cosmeacuteticos perfumes e
assemelhados como tambeacutem descreve de forma qualitativa a caracterizaccedilatildeo destes bens de
consumo para a devida garantia de que a lei caso seja aprovada pelo Governo Estadual seja
devidamente cumprida dentro dos seus objetivos ao exemplo de dizer que tais bens satildeo
preparaccedilotildees constituiacutedas de substacircncias naturais ou sinteacuteticas de uso externo no corpo dos
animais humanos como pele mucosas cabelo unhas dentes dentre outros para com o
objetivo esteacutetico higiecircnico proteccedilatildeo ou ainda odorizaccedilatildeo corporal ressalvando como excluiacutedos
da proposta de lei os medicamentos por meio de emenda substitutiva apresentada pelo relator
Jair Miotto (FLORIANOacutePOLIS 2020)
Outra medida dentro do Projeto de Lei para a garantia do eficaz cumprimento deste eacute a
instituiccedilatildeo de penalidades ao estabelecimentos de pesquisa profissionais ou anaacutelogos que
descumprirem as diretrizes levantadas no presente Projeto de Lei com penalidades progressivas
para multas e demais sanccedilotildees para tanto a instituiccedilatildeo de multa miacutenima de R$ 500000 (cinco
mil reais) podendo chegar ateacute o valor de R$ 1000000 (dez mil reais) sem contar juros e
correccedilotildees monetaacuterias segundo os iacutendices oficiais regularmente estabelecidos estabelecendo
ainda que em caso de reincidecircncia a multa podendo ser dobrada natildeo impedindo se somar a
multa a suspensatildeo temporaacuteria ou definitiva do alvaraacute de funcionamento da instituiccedilatildeo
(FLORIANOacutePOLIS 2020)
Jaacute enquanto sobre as puniccedilotildees relativas aos profissionais que descumprirem a lei esta
se daraacute por multa no valor miacutenimo de R$ 100000 (mil reais) podendo chegar ateacute o valor de R$
500000 (cinco mil reais) sem contar juros e correccedilotildees monetaacuterias segundo os iacutendices oficiais
regularmente estabelecidos com multa dobrada para casos de reincidecircncia estabelecendo ainda
puniccedilotildees para pessoas fiacutesicas sem excluir aquelas que sejam detentoras de funccedilatildeo puacuteblica civil
ou militar incluindo ainda instituiccedilotildees ou estabelecimentos de ensino organizaccedilotildees sociais ou
ainda quaisquer outras pessoas juriacutedicas indiferente de serem com ou sem fins lucrativos
puacuteblicos ou privados que vierem a descumpri os termos da lei (FLORIANOacutePOLIS 2020)
24
26 JULGADOS SOBRE A GUARDA ANIMAL E PROJETOS LEIS
A 4ordf Turma do STJ definiu por maioria de votos no dia 19 de junho de 2018 ser possiacutevel
a regulamentaccedilatildeo judicial de visitas a animais natildeo humanos de estimaccedilatildeo apoacutes a separaccedilatildeo de
casais que viviam em uma uniatildeo estaacutevel onde o Ministro Relator Luis Felipo Salomatildeo apontou
como se observa na ementa do caso
RECURSO ESPECIAL DIREITO CIVIL DISSOLUCcedilAtildeO DE UNIAtildeO ESTAacuteVEL
ANIMAL DE ESTIMACcedilAtildeO AQUISICcedilAtildeO NA CONSTAcircNCIA DO
RELACIONAMENTO INTENSO AFETO DOS COMPANHEIROS PELO
ANIMAL DIREITO DE VISITAS POSSIBILIDADE A DEPENDER DO CASO
CONCRETO 1 Inicialmente deve ser afastada qualquer alegaccedilatildeo de que a discussatildeo
envolvendo a entidade familiar e o seu animal de estimaccedilatildeo eacute menor ou se trata de
mera futilidade a ocupar tempo desta Corte Ao contraacuterio eacute cada vez mais recorrente
no mundo da poacutes- modernidade e envolve questatildeo bastante delicada examinada tanto
pelo acircngulo da afetividade em relaccedilatildeo ao animal como tambeacutem pela necessidade de
sua preservaccedilatildeo como mandamento constitucional (art 225sect1 inciso VII ndash ldquoproteger
a fauna e a flora vedadas na forma da lei as praacuteticas que coloquem em risco sua
funccedilatildeo ecoloacutegica provoquem a extinccedilatildeo de espeacutecies ou submetam os animais a
crueldaderdquo) 2 O Coacutedigo Civil ao definir a natureza juriacutedica dos animais tificou-os
como coisas e por conseguinte objetos de propriedade natildeo lhes atribuindo a
qualidade de pessoas natildeo sendo dotados de personalidade juriacutedica nem podendo ser
considerados sujeitos de direitos Na forma da lei civil o soacute fato de o animal ser tido
como de estimaccedilatildeo recebendo afeto da entidade familiar natildeo pode vir a alterar a
substacircncia a ponto de converter a sua natureza juriacutedica 3 No entanto os animais de
companhia possuem valor subjetivo uacutenico e peculiar aflorando sentimentos bastante
iacutentimos em seus donos totalmente diversos de qualquer outro tipo de propriedade
privada Dessarte o regramento juriacutedico dos bens natildeo se vem demonstrando suficiente
para resolver de forma satisfatoacuteria a disputa familiar envolvendo os pets visto que
natildeo se trata de simples discussatildeo atinente agrave posse e agrave propriedade 4 Por sua vez a
guarda propriamente dita ndash inerente ao poder familiar ndash instituto por essecircncia de
direito de famiacutelia natildeo pode ser simples e fielmente subvertida para definir o direito
dos consortes por meio do enquadramento de seus animais de estimaccedilatildeo
notadamente porque eacute um muacutenus exercido no interesse tanto dos pais quanto do filho
Natildeo se traraacute de uma faculdade e sim de um direito em que se impotildee aos pais a
observacircncia dos deveres inerentes ao poder familiar 5 A ordem juriacutedica natildeo pode
simplesmente desprezar o relevo da relaccedilatildeo do homem com seu animal de estimaccedilatildeo
sobretudo nos tempos atuais Deve-se ter como norte o fato cultural e da poacutes-
modernidade de que haacute uma disputa dentro da entidade familiar em que prepondera
o afeto de ambos os cocircnjuges pelo animal Portanto a soluccedilatildeo deve perpassar pela
preservaccedilatildeo a garantia dos direitos agrave pessoa humana mas precisamente o acircmago de
sua dignidade 6 Os animais de companhia satildeo seres que inevitavelmente possuem
natureza especial e como ser senciente ndash dotados de sensibilidade sentindo as
mesmas dores e necessidades biopsicoloacutegicas dos animais racionais - tambeacutem devem
ter o seu bem-estar considerado 7 Assim na dissoluccedilatildeo da entidade familiar em que
haja algum conflito em relaccedilatildeo ao animal de estimaccedilatildeo independentemente da
qualificaccedilatildeo juriacutedica a ser adotada a resoluccedilatildeo deveraacute buscar atender sempre a
depender do caso em concreto aos fins sociais atentando para a proacutepria evoluccedilatildeo da
sociedade com a proteccedilatildeo do ser humano e do seu viacutenculo afetivo com o animal 8
Na hipoacutetese o Tribunal de origem reconheceu que a cadela fora adquirida na
constacircncia da uniatildeo estaacutevel e que estaria demonstrada a relaccedilatildeo de afeto entre o
recorrente e o animal de estimaccedilatildeo reconhecendo o seu direito de visitas ao animal
o que deve ser mantido 9 Recurso especial natildeo provido (BRASIL 2018a)
25
Mesmo ainda sendo definidos como coisas pelo Coacutedigo Civil como apontado pelo
mesmo relator foi apontado que os animais natildeo humanos satildeo objetos de relaccedilotildees juriacutedicas uma
vez ainda que como aponta a pesquisa do IBGE jaacute existem mais catildees e gatos nos lares
brasileiros do que crianccedilas desta forma demonstrando a relevacircncia do viacutenculo afetivo entre os
animais humanos e os animais natildeo humanos assegurando ainda a preservaccedilatildeo das garantias do
artigo 225 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (BRASIL 2018a)
A Juiacuteza de Direito Karen Francis Schubert Reimer da 3ordf Vara da Famiacutelia de Joinville
Santa Catarina tambeacutem discutiu a guarda de animais natildeo humanos discutindo a sua natureza
juriacutedica na sua decisatildeo No caso da lide apoacutes a separaccedilatildeo ficou decidido que cada uma das partes
ficaria com a guarda de um dos catildees que possuiacuteam na constacircncia do matrimocircnio ainda decidiu
a possibilidade de visitas entre as partes e os catildees e as partes sem sua guarda igualmente ao
relator do STJ o status de coisa dado pelo Coacutedigo Civil brasileiro aos animais natildeo humanos a
magistrada apontou ldquoNossa legislaccedilatildeo atual o Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002 estabelece que
o animal possui status juriacutedico de coisa Ou seja eacute um objeto de propriedade do homem e que
conteacutem expressatildeo econocircmicardquo usando esta colocaccedilatildeo para justificar sua decisatildeo onde
determina que seraacute o homem o responsaacutevel por todas as despesas de veterinaacuterio medicaccedilatildeo e
vacinas tanto para o cachorro em sua guarda quanto para o cachorro sob a guarda de sua ex-
esposa (SANTA CATARINA 2017)
Vale ressaltar que a magistrada apontou a necessidade de que os animais natildeo humanos
sejam enquadrados em uma categoria intermediaacuteria entre coisas e pessoas citando o Projeto de
Lei do Senado PLS 31515 que trata sobre a natureza juriacutedica dos animais natildeo humanos onde
dispotildees sobre a alteraccedilatildeo do artigo 82 do Coacutedigo Civil natildeo tratando mais os animais natildeo
humanos como coisas entatildeo trouxe a fala ldquoNatildeo se trata de equiparar os cachorros aos filhos
aos seres humanos O que se busca eacute reconhecer que nem sempre os animais devem receber
tratamento de coisa ou de objetordquo (SANTA CATARINA 2017)
Sobre o tema eacute vaacutelido constar que o Governo de Santa Catarina na data de 17 de janeiro
de 2018 por meio da Lei nordm 17485 veio a alterar a Lei nordm 12854 de 2003 que instituiu o Coacutedigo
Estadual de Proteccedilatildeo dos animais Com a presente lei veio a fim de se reconhecer catildees gatos e
cavalos como seres sencientes trazendo a incluir ao dito coacutedigo o artigo 34 ndash A ldquoPara os fins
desta Lei catildees gatos e cavalos ficam reconhecidos como seres sesncientes sujeitos de direito
que sentem dor e anguacutestia o que constitui o reconhecimento da sua especificidade e das suas
caracteriacutesticas face a outros seres vivosrdquo fazendo assim constar um grande diferencial
normativo de uma lei estadual perante a legislaccedilatildeo paacutetria ora que enquanto no que tange as leis
a niacutevel federal tal interpretaccedilatildeo somente se encontra no campo doutrinaacuterio jurisdicional e de
26
projeto de lei em niacutevel estadual em Santa Catarina os animais natildeo humanos jaacute satildeo
classificados desde 2018 como seres sencientes pela letra da lei (SANTA CATARINA 2018)
Ainda na mesma linha o Senado Nacional tramita no CCJ o Projeto de Lei PLS 54218
para regulamentar a guarda compartilhada de animais de estimaccedilatildeo quando em caso de
divoacutercios ou dissoluccedilotildees de Uniotildees Estaacuteveis determinando para tanto que o animal natildeo humano
que possa ser alvo de tal discussatildeo de guarda de acordo com seu artigo 1ordm aquele ldquocujo tempo
de vida tenha transcorrido majoritariamente na constacircncia do casamento ou da uniatildeo estaacutevelrdquo
(BRASIL 2018b) definindo ainda quais as condiccedilotildees para a guarda visitas ambiente
adequado para moradia do animal natildeo humano a quem incumbiraacute as despesas do animal natildeo
humano guardado assim como as consequecircncias relativas agrave risco de violecircncia ou maus-tratos
ao animal natildeo humanos sobre sua guarda ou em sua visita Apresenta-se para anaacutelise tal PL
com o texto
Estabelece o compartilhamento da custoacutedia de animal de estimaccedilatildeo de propriedade
em comum quando natildeo houver acordo na dissoluccedilatildeo do casamento ou da uniatildeo estaacutevel Altera o Coacutedigo de Processo Civil para determinar a aplicaccedilatildeo das normas
das accedilotildees de famiacutelia aos processos contenciosos de custoacutedia de animais de estimaccedilatildeo
(BRASIL 2018b)
Atualmente essa PLS encontra-se em aguardo de designaccedilatildeo e relator desde 25 de
marccedilo de 2019 Tal projeto de lei vem a demonstrar uma nova visatildeo sobre a interaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos e humanos e abrindo precedentes para uma nova classificaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos perante o Coacutedigo Civil (BRASIL 2018b)
Na mesma linha de discussatildeo da Magistrada se faz necessaacuterio constar a declaraccedilatildeo feita
por um grupo de juristas e especialistas em sauacutede e comportamento animal ingleses durante a
Conferecircncia de Francis Crick sediada na Universidade de Cambridge no dia 7 de julho de 2012
A ausecircncia de um neurocoacutertex natildeo parece impedir que um organismo experimente
estados afetivos Evidecircncias convergentes indicam que os animais natildeo humanos tecircm
os substratos neuroanatocircmicos neuroquiacutemicos e neurofisioloacutegicos de estado de
consciecircncia juntamente com a capacidade de exibir comportamentos intencionais
Consequentemente o pelo das evidecircncias indicam que os humanos natildeo satildeo os uacutenicos
a possuir os substratos neuroloacutegicos que geram a consciecircncia Animais natildeo humanos
incluindo todos os mamiacuteferos e as aves e muitas outras criaturas incluindo nestes os
polvos tambeacutem possuem esses substratos neuroloacutegicos (CAMBRIDGE 2012)
Em tal relato obteve-se as palavras de um grupo de especialistas tanto no campo
juriacutedico quanto nos campos de comportamento e medicina animal de forma a admitir que natildeo
seriam apenas os animais humanos capazes de serem dotados de consciecircncia demonstrando
27
estes serem capazes de pensar sentir e raciocinar natildeo sendo simplesmente coisas
(CAMBRIDGE 2012)
Tramita no Senado o Projeto de Lei nordm 631 de 2015 onde visa alterar a redaccedilatildeo do artigo
32 da Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 vem a vedar que sem motivos justificaacuteveis se
venha a causar dor lesatildeo ou sofrimento aos animais natildeo humanos desenvolver a
conscientizaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo para a guarda responsaacutevel dos animais natildeo humanos classificando
a integridade fiacutesica e mental assim como o bem-estar dos animais natildeo humanos como interesse
difuso devendo destacar o sect2ordm do artigo 4ordm da PL ldquoAos animais deve ser dispensada a dignidade
de tratamento reservada aos seres sencientesrdquo (BRASIL 2015b) demonstrando claramente sua
natureza de seres dotados de sensibilidade e natildeo de status de coisa assim como os sectsect 3ordm e 4ordm do
mesmo artigo
sect3ordm Os animais tecircm interesses individuais e coletivos distintos dos interesses
individuais e coletivos dos seres humanos devendo a autoridade no caso de colisatildeo
de interesses proceder a uma ponderaccedilatildeo que natildeo se confine a juiacutezos de utilidade ou
de funcionalizaccedilatildeo das interesses individuais e coletivos dos seres humanos
sect4ordm Na ausecircncia de disposiccedilotildees em contraacuterio os animais se beneficiam da proteccedilatildeo
juriacutedica conferida agraves coisas e agraves pessoas juriacutedicas (BRASIL 2015b)
Trazendo uma grande inovaccedilatildeo relativa aos direitos dos animais natildeo humanos onde
lhes proporciona a garantia da proteccedilatildeo juriacutedica dada agraves pessoas juriacutedicas Tal PL se apresenta
para anaacutelise com o texto
Institui o estatuto de proteccedilatildeo dos animais considerando-a como interesse difuso
estabelece o direito agrave proteccedilatildeo agrave vida e ao bem-estar a vedaccedilatildeo de praacuteticas e atividades
que se configurem como crueacuteis ou danosas da integridade fiacutesica e mental tipifica os
maus-tratos e dispotildees sobre infraccedilotildees e penalidades (BRASIL 2015b)
Este protejo de lei se encontra em aguardo de inclusatildeo na ordem do dia de requerimento
tendo como Relator o Senador Pliacutenio Valeacuterio (BRASIL 2015b)
Entende-se que embora os animais natildeo humanos faccedilam parte de forma direta e
entrelaccedilada com os animais humanos ainda se encontra como um grande problema perante a
nossa legislaccedilatildeo sendo seu sistema normativo uma novidade e de completo desconhecimento
de um grande percentual brasileiro ora visto como um direito extravagante que natildeo consideraria
uma expressatildeo da realidade suprimindo necessidades atuais em contraposto da relaccedilatildeo afetiva
por muitos julgada como transbordando os limites de humanidade (FIORILLO 2019)
Assim no presente capiacutetulo foi analisada a evoluccedilatildeo histoacuterica legislativa dos direitos
dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo brasileira ateacute a contemporaneidadedo estado
28
atual de seus direitos incluindo julgados projetos de lei suacutemulas sem deixar de constar ateacute
retrocessos legislativosdos direitos em questatildeoPela teacutecnica bibliograacutefica onde se buscouesta
anaacutelise da forma mais completatentandoenglobar omaacuteximo deinformaccedilotildees parase chegar agrave
mais ampla anaacutelise dos direitos dos animais natildeo humanos no Brasil
Desta forma foi possiacutevel se observar que o primeiro relato normativo brasileiros no
Municiacutepio de Satildeo Paulo trazendo vedaccedilotildees e regulamentaccedilotildees para os animais em labuta
passando pela inclusatildeo de normas dentro da constituiccedilatildeo federativa sumulassem deixar de citar
asleis infraconstitucionais
Para continuidade do presente trabalho no capitulo que se segue seraacute apresentada uma
anaacutelise realizada da mesma forma do presente capitulo poreacutem no tangente agrave evoluccedilatildeo histoacuterica
e legislaccedilatildeo atual dos direitos dos animais em Portugal
29
3 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA
Neste capiacutetulo tem-se como objetivo trazer de forma sucinta a evoluccedilatildeo histoacuterica no que
tange o direito dos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo de Portugal trazendo para isto as
proacuteprias leis assim como relatos bibliograacuteficos sobre o tema
31 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
O direito dos animais natildeo humanos em Portugal surgiu no dia 16 de setembro de 1886
com a promulgaccedilatildeo do Decreto Lei do Coacutedigo Penal Portuguecircs onde tratavam dos direitos dos
animais natildeo humanos entre os artigos 478 a 481 onde previam a penalizaccedilatildeo par aquele que
ferir matar envenenar abusar ou causar outros tipos de danos aos animais natildeo humanos
incluindo dentre eles a vedaccedilatildeo aos maus-tratos Contudo tipificavam os animais natildeo humanos
como animais de consumo (PORTUGAL 1886)
Somente quase 30 anos depois no datar de 12 de junho de 1919 foi assinado um Decreto
relativo a vedaccedilatildeo do uso excessivo de animais perante a labuta onde se determinavam limites
para o trabalho em que os animais natildeo humanos satildeo expostos impedindo desta forma a
exigecircncia exacerbada e abusiva perante suas capacidades individuais e coletivos (PORTUGAL
2001)
No iniacutecio do seacuteculo seguinte Portugal regulamentou para a aplicaccedilatildeo interna de forma
complementar as disposiccedilotildees da Convenccedilatildeo Europeia para a Proteccedilatildeo dos Animais de
Companhia aprovada pelo no dia 13 de abril no Decreto nordm 1393 de forma a definir quais os
dispositivos que se tornariam aplicaacuteveis no seu territoacuterio e excluindo no entanto todos aqueles
que tratem das espeacutecies da fauna selvagem exoacuteticas assim como seus descendentes quando
criados em cativeiro ainda ressaltando como natildeo aplicaacuteveis as normas que se dispusessem em
contradiccedilatildeo a legislaccedilatildeo infraconstitucional portuguesa (PORTUGAL 2001)
Esta legislaccedilatildeo veio a normatizar medidas ateacute entatildeo natildeo constantes na legislaccedilatildeo paacutetria
como ao exemplo do seu artigo 3ordm regulamentando os procedimentos e locais de alojamento no
que tange o exerciacutecio de reproduccedilatildeo para comercializaccedilatildeo de animais de companhia Traz ainda
inovaccedilotildees no que se fala de abandono onde natildeo se caracteriza mais o abandono somente como
largar em qualquer lugar mas tambeacutem pela negligecircncia como deixar de cuidar alimentar
cuidado com a higiene e devidas condiccedilotildees de sauacutede e proteccedilatildeo contra zoonoses ocasionando
30
para aquele que nesta categoria de abandono for classificado a remoccedilatildeo do animal Natildeo
deixando de constar a necessidade expressa de que em caso de amputaccedilotildees deva haver
certificaccedilatildeo veterinaacuteria comprovando a necessidade de tal procedimento garantindo que estas
sejam realizadas por razotildees claramente medica-veterinaacuteria ou de interesse particular do animal
natildeo humano ou ainda para impedir sua reproduccedilatildeo impedindo desta forma amputaccedilotildees
meramente esteacuteticas ou por interesse unicamente de seu detentor permitindo maiores direitos
a integridade fiacutesica dos animais natildeo humanos perante motivaccedilotildees supeacuterfluas Tratando ainda
de normas para hospedagem e centro de recolhimento de animais natildeo humanosem seus
Capiacutetulos IV V VI VIII e X (PORTUGAL 2001)
Em substituiccedilatildeo do Decreto Lei nordm 2762001 em 17 de dezembro o Decreto Lei nordm
3152003 veio para inovar em alguns sentidos os direitos dos animais natildeo humanos excluindo
as aplicaccedilotildees de dispositivos do Decreto nordm 1393 da Convenccedilatildeo Europeia para a proteccedilatildeo de
Animais de Companhia no tangente da detenccedilatildeo de animais potencialmente perigosos
vislumbrando a necessidade de regulamentar a mateacuteria por diplomas proacuteprios utilizando para
tal regulamentaccedilatildeo os posicionamentos de oacutergatildeos governamentais proacuteprios das Regiotildees
Autocircnomas e a Associaccedilatildeo Nacional dos municiacutepios Portugueses Trazendo colocaccedilotildees como
ldquoExcluem-se do acircmbito de aplicaccedilatildeo deste diploma as espeacutecies da fauna selvagem autoacutectone e
exoacutetica e os seus descendentes criados em cativeiro objeto de regulamentaccedilatildeo especiacutefica e os
touros de liderdquo (PORTUGAL 2003b) assim como redefinindo hospedagem sem fins
lucrativos e para fins meacutedicos-veterinaacuterios para animais de companhia onde destaca o Plano
Nacional de Luta e Vigilacircncia da Raiva Animal e outras Zoonoses que natildeo se faziam constar
no decreto anterior ainda atualizando as regras para licenccedilas de funcionamento de tais locais
assim como regulando dimensotildees miacutenimas para sua instalaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo de atividades sejam
para animais natildeo humanos de sangue quente como cachorros e gatos ou sangue frio como
lagartos e sapos(PORTUGAL 2003b)
Um grande marco para o direito dos animais natildeo humanos em Portugal ocorreu com a
publicaccedilatildeo no dia 17 de dezembro do Decreto-Lei nordm 3132003 onde foi criado o Sistema de
Identificaccedilatildeo de Caninos e Felinos (SICAFE) onde estabeleceu diretrizes para a identificaccedilatildeo
eletrocircnica de catildees e gatos que servem de animais de companhia criando desta forma uma base
de dados nacional para esta identificaccedilatildeo permitindo a identificaccedilatildeo dos animais natildeo humanos
que satildeo viacutetima de abandono ainda como medidas sanitaacuterias e zooteacutecnicas juriacutedicas e
humanitaacuterias ainda aumentando a responsabilidade dos centros de criaccedilatildeo para
comercializaccedilatildeo de catildees e gatos de companhia (PORTUGAL 2003a)
31
Seria a criaccedilatildeo de um documento uacutenico que comporta o boletim sanitaacuterio destes animais
natildeo humanos contendo natildeo soacute informaccedilotildees cruciais destes como sexo e raccedila mas ainda
detalhes sobre procedimentos que os mesmos foram expostos e accedilotildees de profilaxia das quais
foi sujeito sendo de delegaccedilatildeo do seu detentor garantir que tais informaccedilotildees estejam corretas e
atualizadas incluindo dentre elas a carteira de vacinaccedilatildeo antirraacutebica (PORTUGAL 2003a)
No datar de 25 de janeiro de 2005 pela Uniatildeo Europeia foi promulgado o Regulamento
nordm 12005 que faz relaccedilatildeo a proteccedilatildeo dos animais natildeo humanos durante o transporte e operaccedilotildees
fins de forma a minimizar a duraccedilatildeo da viagem e satisfazer as necessidades dos animais
garantindo tambeacutem que os animais natildeo humanos devem estar aptos para efetuar a viagem assim
como os meios de transporte tanto quanto os equipamentos de carregamento e descarregamento
devem ser construiacutedos mantidos e utilizados de maneira a evitar lesotildees violecircncia ou
sofrimentos garantindo o bem-estar e a seguranccedila dos animais natildeo humanos durante o
deslocamento sendo de responsabilidade das autoridades nacionais inspecionar e aprovar os
veiacuteculos alvo de transporte de animais natildeo humanos seja por via mariacutetima ou rodoviaacuteria
(PORTUGAL 2005)
Ainda eacute vaacutelido mencionar o Decreto-Lei nordm 742007 promulgado dia 27 de marccedilo de
2007 onde trata da consagraccedilatildeo do direito ldquode acesso das pessoas com deficiecircncia visual
acompanhadas de catildees-guia a locais transportes e estabelecimentos puacuteblicosrdquo (PORTUGAL
2007a) tal constataccedilatildeo se faz pela evoluccedilatildeo nas teacutecnicas e condicionamento de formas de
treinamento de tais animais assim como da proteccedilatildeo sanitaacuteria dos catildees fora que determina os
direitos e responsabilidades dos catildees em treinamento e em serviccedilo ainda definindo os regimes
credenciamento responsabilidades e proibiccedilotildees relativas agraves famiacutelias que se promovem a receber
os catildees que seratildeo treinados demonstrando uma clara preocupaccedilatildeo no conforto seguranccedila e
vida dentro dos padrotildees de garantias para os catildees que agrave essa atividade forem direcionados
(PORTUGAL 2007a)
No mesmo ano o Parlamento Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia emitiu o
Regulamento nordm 1523007 do dia 11 de dezembro veio a proibir a colocaccedilatildeo no mercado assim
como a importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo comunitaacuterias de peles de gato e de catildeo e de produtos que as
contenham uma vez que
Para os cidadatildeos da Uniatildeo Europeia os gatos e catildees satildeo animais de estimaccedilatildeo pelo
que natildeo eacute aceitaacutevel usar as suas peles nem produtos que as contenham Existem
indiacutecios da presenccedila da Comunidade de peles natildeo rotuladas de gato e de catildeo e de
produtos que as contecircm Consequentemente os consumidores estatildeo preocupados com
a possibilidade de poderem comprar peles de gato e de catildeo e produtos que as
contenham Em 18 de Dezembro de 2003 o Parlamento Europeu aprovou uma
32
declaraccedilatildeo em que exprime a sua inquietaccedilatildeo a respeito do comeacutercio dessas peles e
produtos e solicita que se lhe ponha termo a fim de reestabelecer a confianccedila dos
consumidores e dos comerciantes[] (PORTUGAL 2007a)
Desta forma aleacutem de garantir que dentro comeacutercio interno de produtos de pele de catildees
e gatos natildeo estejam presentes ainda garante o bem-estar dos animais natildeo humanos ora que ao
se tratar de comercio irregular e ilegal levanta a praacutetica de maus-tratos para a obtenccedilatildeo de tais
mateacuterias primas (PORTUGAL 2007a)
32 LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA CONTEMPORAcircNEA
Por meio da Lei nordm 3152009 publicada no dia 21 de agosto do mesmo ano foi
designado novos regramentos relativos aos animais natildeo humanos onde em seu artigo 1ordm trouxe
ldquoO presente decreto-lei aprova o regime juriacutedico da criaccedilatildeo reproduccedilatildeo e detenccedilatildeo de animais
perigosos e potencialmente perigosos enquanto animais de companhiardquo (PORTUGAL 2009b)
Aqui fica demonstrada a preocupaccedilatildeo da introduccedilatildeo de mais espeacutecies de animais natildeo humanos
no meio do conviacutevio em sociedade dos animais humanos sem que haja prejuiacutezo aos dizeres do
Decreto-Lei de 2009 este tenta regular animais natildeo humanos silvestres mas ressalva o direito
da manutenccedilatildeo da criaccedilatildeo e interaccedilatildeo de animais natildeo humanos e humanos enquanto nativos da
fauna selvagem indiacutegena respeitando desta maneira as peculiaridades de sua existecircncia Em
seu artigo 3ordm traz as classificaccedilotildees de animais natildeo humanos enquanto animal de companhia
animal perigoso animal potencialmente perigoso autoridade competente centro de recolha e
detentor fazendo este uacuteltimo o mais importante de se evidenciar
ltltDetentorgtgt qualquer pessoa singular maior de 16 anos sobre a qual recai o dever
de vigilacircncia de um animal perigoso ou potencialmente perigoso para efeitos de
criaccedilatildeo reproduccedilatildeo manutenccedilatildeo acomodaccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo com ou sem fins
comerciais ou que o tenha sob sua guarda mesmo que a tiacutetulo temporaacuterio
(PORTUGAL 2009b)
Trazendo uma nova concepccedilatildeo para aquele que possui um animal natildeo humano quando
se fala de perigosos e potencialmente perigosos evidenciando uma nova forma de considera-lo
enquanto ser sob guarda natildeo apresentando mais como uma posse mas sim como uma tutela
Vale ressaltar que o presente decreto natildeo se resume apenas a animais natildeo humanos considerados
de natureza selvagem ao denomina-los como animais perigosos e animais potencialmente
perigosos mas tambeacutem resguarda os direitos e deveres do detentor perante catildees que sejam
assim classificados perante o que classifica o artigo 3ordm em Capiacutetulo IV trata sobre as
33
obrigatoriedades para a constacircncia de manutenccedilatildeo de catildees assim classificados em seu conviacutevio
como a obrigaccedilatildeo de treinamento e suas exigecircncias (PORTUGAL 2007b)
Ainda o presente decreto traz as penalidades para formas de maus-tratos ateacute entatildeo natildeo
mencionados nas legislaccedilotildees anteriores como para aqueles que promoverem ou participarem
de lutas entre animais natildeo humanos natildeo excluindo da puniccedilatildeo a mera tentativa e ainda
trazendo penas para quaisquer formas de ofensas agrave integridade fiacutesica dos animais natildeo humanos
na categoria dolosa ou de negligecircncia Eacute imprescindiacutevel constar sobre uma inovaccedilatildeo de grande
importacircncia trazida pelo decreto em questatildeo onde em seu artigo 38 vislumbra puniccedilotildees ao que
tange o profissional veterinaacuterio ou aquele que praticar as atividades a esse profissional
destinadas sem que tenha a devida certificaccedilatildeo para ministrar tais atividades (PORTUGAL
2009b)
No mesmo ano o Parlamento Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia no dia 30 de
novembro fez surgir um marco nos direitos dos animais natildeo humanos com a publicaccedilatildeo do
Regulamento nordm 12232009 no Jornal Oficial da Uniatildeo Europeia onde se trata das
regulamentaccedilotildees relativas ao uso de animais natildeo humanos enquanto para uso de testes em
produtos cosmeacuteticos De maneira a gerar diretrizes do que se permite ou se veda no que tange
a proteccedilatildeo dos animais natildeo humanos utilizados para fins experimentais prevendo regras comuns
para todos os Estados Membros da Uniatildeo Europeia exigindo que os ensaios realizados em
animais natildeo humanos sejam substituiacutedos por meacutetodos alternativos sempre que possiacutevel Ainda
regulamenta prazos para que seja efetuada a proibiccedilatildeo da comercializaccedilatildeo de produtos
cosmeacuteticos cuja formulaccedilatildeo final possuam ingredientes que tenham sido ensaiados em animais
assim como uma data para a proibiccedilatildeo de que sejam continuados os ensaios sobre animais
sendo estas datas respectivamente 11 de marccedilo de 2009 e 11 de marccedilo de 2013 coordenando
ainda uma construccedilatildeo para o desenvolvimento de meacutetodos cientiacuteficos alternativos aos testes em
animais natildeo humanos (PORTUGAL 2010)
O Parlamento Europeu e o Conselho da Uniatildeo Europeia publicaram no Jornal Oficial
da Uniatildeo Europeia na paacutegina 33 no datar de 20 de outubro de 2010 a Diretiva 201063EU
relativa agrave proteccedilatildeo dos animais utilizados para fins cientiacuteficos de forma a normatizar as
teacutecnicas formas cuidados dentre outros que devem ser tomados para se garantir o bem-estar
dos animais natildeo humanos dirigidos aos fins cientiacuteficos Ao exemplo ao tratar dos meacutetodos
podemos observar no seu toacutepico 14
Os meacutetodos selecionados deveratildeo evitar tanto quanto possiacutevel que o limite criacutetico do
procedimento seja a morte do animal devido ao sofrimento grave sentido durante o
periacuteodo que precede a morte Sempre que possiacutevel a morte deveraacute ser substituiacuteda por
34
limites criacuteticos mais humanos recorrendo a sinais cliacutenicos que determinem a
iminecircncia da morte a fim de permitir que o animal seja occisado sem mais sofrimento
(PORTUGAL 2010)
Ainda se traz na supracitada Diretiva a clara vedaccedilatildeo a procedimentos que possam
ocasionar ameaccedila a biodiversidade como ao exemplo de se utilizar para estudos animais natildeo
humanos cuja espeacutecie corra risco de extinccedilatildeo ressalvado ao miacutenimo indispensaacutevel e
devidamente justificado ainda levanta a proximidade geneacutetica entre os animais natildeo humanos e
humanos assim como a capacidade social dos primatas natildeo humanos demonstrando a niacutetida
problemaacutetica de garantia do bem-estar das necessidades comportamentais ambientais e sociais
em um ambiente laboratorial (PORTUGAL 2010)
Mesmo apresentando uma evoluccedilatildeo sucinta no que tange o direito dos animais natildeo
humanos em Portugal ateacute entatildeo em 2017 o paiacutes promulgou uma lei que modificou de forma
significante esse tocante sendo a maior evoluccedilatildeo a alteraccedilatildeo dos animais do rol de coisas para
passar a serem considerados ldquoseres vivos dotados de sensibilidade e objeto de proteccedilatildeo juriacutedica
em virtude da sua naturezardquo (PORTUGAL 2017a) no Coacutedigo Civil portuguecircsdeve-se
evidenciar que este paiacutes tem relaccedilotildees de reciprocidade perante ao tratamento dos indiviacuteduos
humanos para com o Brasil pode-se ver uma evoluccedilatildeo significativamente relevante em razatildeo a
compreensatildeo e leis como fica claro quando observamos a lei aprovada de 1ordm de maio de 2017
lei nordm 82017 onde os animais natildeo humanos deixaram de serem coisas para a denominaccedilatildeo de
seres sencientes explicitado pela adiccedilatildeo do artigo 201ordm-B ldquoOs animais satildeo seres vivos dotados
de sensibilidade e objeto de proteccedilatildeo juriacutedica em virtude da sua naturezardquo (PORTUGAL
2017a) trazendo uma inovaccedilatildeo perante a classificaccedilatildeo dos animais natildeo humanos perante a
legislaccedilatildeo 201ordm-C ldquoProteccedilatildeo juriacutedica dos animais A proteccedilatildeo juriacutedica dos animais opera por
via das disposiccedilotildees do presente coacutedigo e da legislaccedilatildeo especialrdquo (PORTUGAL 2017)
demonstrando que natildeo se visa findar os deveres perante os direitos dos animais natildeo humanos
na presente lei 1793ordm-A ldquoAnimais de companhia Os animais de companhia satildeo confiados a
um ou ambos os cocircnjuges considerando nomeadamente os interesses de cada um dos cocircnjuges
e dos filhos do casal e o bem-estar do animalrdquo (PORTUGAL 2017) ao Coacutedigo Civil portuguecircs
leia-se o 1305ordm-A
Artigo 1305ordm-APropriedade de animais
1 - O proprietaacuterio de um animal deve assegurar o seu bem-estar e respeitar as
caracteriacutesticas de cada espeacutecie e observar no exerciacutecio dos seus direitos as
disposiccedilotildees especiais relativas agrave criaccedilatildeo reproduccedilatildeo detenccedilatildeo e proteccedilatildeo dos animais
e agrave salvaguarda de espeacutecies em risco sempre que exigiacuteveis
35
2 - Para efeitos do disposto no nuacutemero anterior o dever de assegurar o bem-estar
inclui nomeadamentea) A garantia de acesso a aacutegua e alimentaccedilatildeo de acordo com as
necessidades da espeacutecie em questatildeob) A garantia de acesso a cuidados meacutedico-
veterinaacuterios sempre que justificado incluindo as medidas profilaacuteticas de identificaccedilatildeo
e de vacinaccedilatildeo previstas na lei
3 - O direito de propriedade de um animal natildeo abrange a possibilidade de sem motivo
legiacutetimo infligir dor sofrimento ou quaisquer outros maus-tratos que resultem em
sofrimento injustificado abandono ou morte (PORTUGAL 2017a)
Na mesma lei satildeo tratados os deveres daquele que possui um animal natildeo humano que
pela lei portuguesa satildeo denominados como proprietaacuterios Em seu texto obriga o proprietaacuterio
sob pena de multa agrave prisatildeo assegurar o pleno bem-estar dos animais natildeo humanos natildeo somente
garantindo-lhe alimentaccedilatildeo adequada para a sobrevivecircncia mas tambeacutem sua seguranccedila
cuidados veterinaacuterios fora a garantia de que o animal natildeo humano sobre seus cuidados natildeo
sofra de forma alguma maus-tratos seja este realizado diretamente pelo proprietaacuterio ou
terceiros (PORTUGAL 2017a)
Ainda eacute de suma importacircncia fazer constar que a lei em questatildeo natildeo somente atinge os
animais natildeo humanos ditos como domeacutesticos mas todo aquele que se encontra de alguma forma
sob a tutela humana ao exemplo os animais utilizados na pecuaacuteria como se observa na leitura
de seu artigo primeiro
Artigo 1ordm
Objeto
A presente lei estabelece um estatuto juriacutedico dos animais reconhecendo a sua
natureza de seres vivos dotados de sensibilidade procedendo agrave alteraccedilatildeo do Coacutedigo
Civil aprovado pelo Decreto-Lei nordm 47344 de 25 de novembro de 1966 do Coacutedigo
de Processo Civil aprovado pela Lei nordm 412013 de 26 de junho e do Coacutedigo Penal
aprovado pelo Decreto-Lei nordm 40082 De 23 de setembro (PORTUGAL 2017a)
Na mesma linha o doutrinador portuguecircs Filipe Jorge Antunes Cabral (2015) defende
que sejam atribuiacutedos direitos subjetivos aos animais natildeo humanos alegando que natildeo haacute como
se restringir estes direitos aos animais humanos alegando que ldquonatildeo satildeo os interesses dos
indiviacuteduos que possuem um valor moral fundamental mas sim por serem indiviacuteduos capazes
de serem detentores de interessesrdquo (CABRAL 2015 p 117) aplicando desta forma a
capacidade de ter interesses e estes serem haacutebeis de discussatildeo perante o campo do direito mais
animais natildeo humanos
Outro fator a notar-se importacircncia enquanto satildeo observadas as alteraccedilotildees efetuadas por
meio desta lei eacute a alteraccedilatildeo clara e direta na forma de tratamento dos animais natildeo humanos
dentro do corpo do sistema normativo onde agora satildeo designados diretamente como animais
36
demonstrando nitidamente uma alteraccedilatildeo nos paradigmas de interpretaccedilatildeo de sua condiccedilatildeo
onde natildeo resta mais lacunas hermenecircuticas de sua diferenciaccedilatildeo para simplesmente coisas
como fica evidenciado nos textos dos artigos por ela alterados
Artigo 1318ordm
Suscetibilidade de ocupaccedilatildeo
Podem ser adquiridos por ocupaccedilatildeo os animais e as coisas moacuteveis que nunca tiveram
dono ou foram abandonados perdidos ou escondidos pelos seus proprietaacuterios salvas
as restriccedilotildees dos artigos seguintes (PORTUGAL 2017b)
Ainda neste sentido o artigo 1323 traz obrigaccedilotildees que superam a mera proibiccedilatildeo aos
maus-tratos mas fala tambeacutem de formas de vedaccedilatildeo a inobservacircncia de negaccedilatildeo a negligecircncia
demonstrando o ocircnus de devolver agrave quem pertence animal perdido cuja propriedade seja
conhecida e em caso de natildeo saber a quem pertence deve por meios convenientes buscar achar
e auxiliar ao animal ser achado sem esquecer de informar as autoridades sobre o achado assim
como se notar ser necessaacuterio o encaminhar a um veterinaacuterio bem como com seu auxiacutelio
tentar identificar formas de encontrar seu tutor e em caso de passado um ano sem que se possa
devolver o animal natildeo humano para seu legiacutetimo dono aquele que o achou pode fazer do
animal como seu (PORTUGAL 2017b)
Da mesma forma em caso de restituiccedilatildeo do animal natildeo humano ao seu proprietaacuterio faz
jus indenizaccedilatildeo aquele que o achou por todos as despesas levantadas por ele na manutenccedilatildeo da
devida sauacutede e sobrevivecircncia do animal durante o periacuteodo de sua guarda bem como natildeo haacute de
responder se sem dolo ou culpa ocorrer perda ou deterioraccedilatildeo do animal natildeo humano no
transcorrer de sua guarda contudo se aquele que achou o animal natildeo humano ao notar que seu
verdadeiro dono faz o animal de viacutetima de maus-tratos tem aquele que o achou o direito de
retecirc-lo para garantia da seguranccedila do mesmo (PORTUGAL 2017b)
Dois anos depois no dia 30 de janeiro foi instituiacutedo o Decreto Lei nordm 202019 transferiu
responsabilidades no campo de cuidado dos animais natildeo humanos para as autoridades locais e
entidades intermunicipais permitindo um controle mais especiacutefico das peculiaridades de cada
regiatildeo e dando autonomia ao poder local Ainda sanciona a realizaccedilatildeo de concursos e
exposiccedilotildees de animais natildeo humanos Da mesma forma implanta a permissatildeo para a detenccedilatildeo
de mais de trecircs catildees ou quatro gatos adultos em preacutedios urbanos (PORTUGAL 2019a)
No mesmo ano no dia 27 de junho foi publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica ordm 1212019 o
Decreto-Lei nordm 822019 onde estabelece as regras de identificaccedilatildeo dos animais de companhia
37
criando o Sistema de Informaccedilatildeo de Animais de Companhia o SIAC onde traz novas normas
de obrigaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e de registro dos animais natildeo humanos por meio de um
transponder uma espeacutecie de chip eletrocircnico que conteacutem vaacuterios dados sobre aquele indiviacuteduo
ou outro sistema autorizado para a espeacutecie de animal natildeo humano em questatildeo devendo o
cadastro ocorrer ateacute 120 dias apoacutes o nascimento do animal natildeo humano garantindoo
reconhecimento em caso de abandono estabelecendo uma ligaccedilatildeo entre o animal e quem tem
sua guarda assegurando a sauacutede e a seguranccedila de animais natildeo humanos e humanos gerando a
responsabilidade civil sanitaacuteria e de bem-estar animal onde a obrigatoriedade da identificaccedilatildeo
foi criada pelo Decreto-Lei n3132003 mas agora seguindo os paracircmetros determinados pelo
Parlamento Europeu e do Conselho alterando o instituto SICAFE pelo Sistema de Informaccedilotildees
de Animais de Companhia (SIAC) como definido pela aliacutenea a do seu artigo 1ordm Assegurando
a aplicabilidade dos Regulamentos nordm 5762013 e nordm 4292016 do Parlamento Europeu e do
Conselho instituiacutedo nos dias 12 de junho de 2013 e 9 de marccedilo de 2019 respectivamente
relativos agrave circulaccedilatildeo de animais de companhia pessoal e as zoonoses(PORTUGAL 2019b)
33 ANAacuteLISE LEI Nordm 9295
A Assembleia da Repuacuteblica portuguesa decretou no dia 12 de setembro de 1995 a Lei
nordm 9295 a Lei de Proteccedilatildeo aos animais vindo a proibir todo e qualquer tipo de violecircncia
injustificada contra animais tendo sido aprovada no datar de 21 de junho e promulgada no dia
24 de agosto do mesmo ano pelo entatildeo presidente da repuacuteblica portuguesa Maacuterio Soares
podendo se caracterizar neste qualquer tipo de sofrimento crueldade instantacircnea ou de forma
prolongada graves leotildees a um animal natildeo humano ou ateacute mesmo sua morte ainda consta a
necessidade na medida do possiacutevel de socorro agrave animais natildeo humanos que se encontrem feridos
doentes em perigo ou em quaisquer condiccedilotildees anaacutelogas a estas (PORTUGAL 1995)
Traduz ainda como crime perante esta lei todo aquele que exigir de um animal salvo
em momentos emergenciais esforccedilos abusivos ou ateacute mesmo atuaccedilotildees que os animais natildeo
humanos sejam parciais ou absolutamente incapazes de realizar ou ainda que sejam aleacutem de
suas possibilidades naturais Ainda consta a expressa vedaccedilatildeo a aquisiccedilatildeo de animal natildeo
humanos que se encontre em condiccedilotildees enfraquecidas adoentadas idoso ou outra conjuntura
anaacuteloga em que este animal tenha vivido de forma integral ou em grande maioria em ambiente
domeacutestico se findar tal aquisiccedilatildeo em intenccedilatildeo diversa a tratamento proteccedilatildeo ou cuidados
humanos ou ainda com intenccedilatildeo de morte imediata (PORTUGAL 1995)
38
Vem a reforccedilar o impedimento de qualquer maneira ao abandono intencional de
animais natildeo humanos que estavam sobre a proteccedilatildeo humana em ambiente domeacutestico ou ainda
em instalaccedilatildeo comercial ou industrial Caracterizando ainda o sofrimento como impedido
mesmo que para com fins didaacuteticos de treino exibiccedilatildeo filmagens publicidade ou qualquer
outra atividade a estas assemelhadas ressalvando experiecircncias cientiacuteficas de comprovada
necessidade (PORTUGAL 1995)
Vale ser citado o capiacutetulo II da presente lei onde se pode ler sobre o comeacutercio e
espetaacuteculos que faccedilam uso de animais natildeo humanos de forma a obrigar agrave todos que que pessoa
fiacutesica juriacutedica solitaacuteria ou coletiva se faccedila utilizar de animais natildeo humanos para fins de
espetaacuteculo comercial tenha preacutevia autorizaccedilatildeo das autoridades ou entes competentes sejam
essas a Direccedilatildeo Geral dos Espetaacuteculos ou ainda do municiacutepio onde respectivamente se pretende
exibir tal evento de entretenimento sem deixar de constar a relaccedilatildeo de comercializaccedilatildeo desta
categoria de animais natildeo humanos como vem escrito no corpo do texto do artigo 2ordm
Licenccedila municipal
Sem prejuiacutezo do disposto no capiacutetulo III quando aos animais de companhia qualquer
pessoa fiacutesica ou coletiva que explore o comeacutercio de animais que guarde animais
mediante uma remuneraccedilatildeo que os crie para fins comerciais que os alugue que sirva
de animais para fins de transporte que os exponha ou que os exiba com um fim
comercial soacute poderaacute fazecirc-lo mediante autorizaccedilatildeo municipal a qual soacute poderaacute ser
concedida desde que os serviccedilos municipais verifiquem que as condiccedilotildees previstas
na lei destinadas a assegurar o bem-estar e a sanidade dos animais seratildeo cumpridas
(PORTUGAL 1995)
Se faz ressaltar a completa e indiscutiacutevel proibiccedilatildeo a qualquer espeacutecie para o fim do
supracitado paraacutegrafo de animais natildeo humanos que se encontrem em condiccedilotildees flageladas
enferma ou mesmo com qualquer tipo de ferimento ainda vem a negar a entrada no territoacuterio
portuguecircs de qualquer tipo de animal natildeo humano vertebrado que se encontre na mesma
situaccedilatildeo de sauacutede antes citada (PORTUGAL 1995)
Assiste a presente lei ainda a regulamentaccedilatildeo perante o transporte de animais natildeo
humanos em transportes puacuteblicos ressalvado por motivo de periculosidade sauacutede ou higiene
devidamente justificaacuteveis devendo os animais natildeo humanos estarem sempre acompanhados
por seus proprietaacuterios ou responsaacuteveis autorizados assim como devidamente acondicionados
(PORTUGAL 1995)
39
34 ANAacuteLISE IMPLEMENTACcedilAtildeO LEI Nordm 392020
Na data de 23 de julho de 2020 foi aprovada pela Assembleia da Repuacuteblica a Lei nordm
392020 tendo sua publicaccedilatildeo no datar de 18 de agosto e entrando em vigor no dia 1 de outubro
do mesmo anoImplementando o regime sancionatoacuterio aplicaacutevel aos crimes contra os animais
de companhia alterando substancialmente o que trazia o Coacutedigo Penal e o Coacutedigo de Processo
Penal portugueses reforccedilando de maneira expressiva a proteccedilatildeo aos animais natildeo humanos no
acircmbito dos crimes praticados contra estes (PORTUGAL 2020a)
Em seu corpo traz um regime sancionatoacuterio aplicaacutevel aos crimes direcionados contra
os animais natildeo humanos de forma a alterar pela quinquageacutesima vez o Coacutedigo Penal portuguecircs
pela trigeacutesima seacutetima vez o Coacutedigo de Processo Penal e pela terceira vez a Lei nordm 9295 a lei
de proteccedilatildeo aos animais Desloca as penalidades e diretrizes sobre morte e maus-tratos inferidos
contra animais natildeo humanos como observamos pelo novo texto dado ao artigo 387 do Coacutedigo
Penal ldquo1 ndash Quem sem motivo legiacutetimo matar animal de companhia eacute punido com pena de
prisatildeo de 6 meses a 2 anos ou com pena de multa de 60 a 240 dias se pena mais grave lhe natildeo
couber por forccedila de outra disposiccedilatildeo legalrdquo aumentando substancialmente tanto as penas de
reclusatildeo quanto a de prestaccedilatildeo de serviccedilos para aquele que matar um animal natildeo humano
(PORTUGAL 2020a)
Pode ser lido ainda em seu artigo 3ordm o que pertence as alteraccedilotildees ao Coacutedigo de Processo
Penal se faz essencial constar a nova redaccedilatildeo dada aos artigos 171 e 172 deste coacutedigo
Artigo 171ordm
1 ndash Por meio de exames das pessoas dos lugares dos animais e das coisas
inspecionam-se os vestiacutegios que possa ter deixado o crime e todos os indiacutecios relativos
ao modo como e ao lugar onde foi praticado agraves pessoas que o cometeram ou sobre as
quais foi cometido
2 ndash []
3 ndashSe os vestiacutegios deixados pelo crime se encontrarem alterados ou tiverem
desaparecido descreve-se o estado em que se encontram as pessoas os lugares os
animais e as coisas em que possam ter existido procurando-se quando possiacutevel
reconstitui-los e descrevendo-se o modo o tempo e as causas da alteraccedilatildeo ou do
desaparecimento
Artigo 172ordm
1 ndash Se algueacutem pretender eximir-se ou obstar a qualquer exame devido ou a facultar
animal ou coisa que deva ser objeto de exame pode ser compelido por decisatildeo da
autoridade judiciaacuteria competente (PORTUGAL 2020a)
Sem deixar de citar sobre ocultaccedilatildeo de provas animais ou ainda qualquer outro tipo de
objeto ligado ao crime prevendo busca apreensatildeo e investigaccedilatildeo por meio da poliacutecia criminal
para que todas as provas que possam trazer a resoluccedilatildeo do fato iliacutecito suscetiacuteveis de serem
40
declarados perdidos a favor do Estado Ainda busca definir os paracircmetros para a restituiccedilatildeo de
animais coisas ou bens apreendidos em meio a um processo investigativo criminal
determinando que estas permaneceratildeo sobre tutela de um fiel depositaacuterio ateacute o transito em
jugado da sentenccedila em ateacute 60 dias se os proprietaacuterios natildeo o buscarem no prazo previsto seratildeo
considerados perdidos em favor do Estado podendo este dar a finalidade que melhor acharem
(PORTUGAL 2020a)
Eacute imperioso constar que a presente lei ao aditar agrave Lei nordm 9295 vem a tratar das medidas
cautelares perante a proteccedilatildeo nos casos de evidecircncia de sinais de praacuteticas de crimes de maus-
tratos para contra animais natildeo humanos levantando as forccedilas de seguranccedila aos oacutergatildeos de
poliacutecia criminal a Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria e aos municiacutepios desencadear
os meios para proceder com tais medidas como faz com a alteraccedilatildeo do artigo 1 ndash A da Lei nordm
9295 (PORTUGAL 2020a)
35 JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO HUMANOS EM PORTUGAL
Na data de 02 de outubro de 2019 comeccedilou uma disputa judicial pela guarda da cadela
da raccedila Pitbull nomeada de Kiara apoacutes o rompimento da relaccedilatildeo de 12 anos de seus
proprietaacuterios A lide se iniciou pelo fato de ambas as partes requerem a guarda total do animal
natildeo humano estando o julgamento sendo processado pelo Juiacutezo da Famiacutelia e Menores de Mafra
pela Juiacuteza de Direito Soacutenia Henriques Cristoacutevatildeo Dentre as alegaccedilotildees e provas estatildeo a caderneta
de vacina a licenccedila e o chip de identificaccedilatildeo estatildeo em nome da parte feminina enquanto a parte
masculina alega ter sido o comprador e o financiador das custas da cadela (BARRETO 2019)
Em primeira anaacutelise do caso a magistrada observou que a parte masculina
primeiramente buscava a guarda compartilhada ou ao mesmo poder ter contato com a cadela
poreacutem ao avanccedilar do julgamento passou a pedir a guarda total devido a posiccedilatildeo da parte
feminina de se negar qualquer tipo de negociaccedilatildeo a posiccedilatildeo de passar de tentativa de guarda
compartilhada para guarda unilateral foi reforccedilada pelo fato de a parte masculina permanecer
morando no local onde a cadela viveu seus primeiros dois anos de vida ateacute que decidiram pela
dissoluccedilatildeo do relacionamento (BARRETO 2019)
Para poder tomar uma decisatildeo a juiacuteza decidiu por consultar a veterinaacuteria que fazia os
cuidados do animal natildeo humano com a finalidade de examinar o comportamento dos animais
natildeo humano e humanos concluindo-se que no caso em questatildeo os proprietaacuterios em momento
algum estavam colocando os interesses e bem-estar da cadela como prioridade mas sim seus
interesses particulares Ainda como apontado pela advogada Soacutenia Henriques Cristoacutevatildeo
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especialista em direito animal o bem-estar animal eacute o uacuteltimo criteacuterio a ser levado em
consideraccedilatildeo em lides anaacutelogas ldquoNo que toca aos menores o criteacuterio eacute sempre o melhor
interesse do mesmo mas neste caso a lei civil natildeo tem como orientador esse princiacutepio Esse
criteacuterio existe mas eacute o uacuteltimordquo (BARRETO 2019) demonstrando uma interpretaccedilatildeo direta do
que o Coacutedigo Civil portuguecircs explana em seu artigo 1793ordm-A onde afirma que em casos de
divoacutercio ldquoos animais de companhia satildeo confiados a um ou a ambos os cocircnjuges considerando
nomeadamente os interesses de cada um dos cocircnjuges e dos filhos do casal e tambeacutem o bem-
estar do animalrdquo (PORTUGAL 1966) de forma a trazer a importacircncia do bem-estar animal
natildeo humano ser considerado para a decisatildeo de guarda poreacutem soacute como uacuteltima condiccedilatildeo para a
decisatildeo (BARRETO 2019)
A magistrada ponderou o fato de em Portugal ainda natildeo eacute pacificado o tema nem pelo
legislativo nem pela fraca jurisprudecircncia neste sentido ora que nos divoacutercios a guarda dos
animais natildeo humanos nem entra em pauta sendo normalmente decidido este ponto entre as
partes sem ter para tanto que levar o caso a justiccedila nem colocando na ficha da partilha haver
animais de companhia de maneira ao caso estar ainda em pauta de julgamento (BARRETO
2019)
Jaacute no que tange os maus-tratos aos animais natildeo humanos em Portugal mesmo com a lei
portuguesa punindo desde outubro de 2014 os maus-tratos contra animais natildeo humanos com
pena de ateacute um ano de prisatildeo somente 5 (cinco porcento) das denuacutencias acabam por chegar
a julgamento onde os outros 95 (noventa e cinco porcento) acaba por findar somente em
multa resultando que nas quase cinco mil denuacutencias registradas em virtude de maus-tratos agrave
animais natildeo humanos menos de duzentos de cinquenta destes findaram em julgamento como
descreve o Jornal de Notiacutecias o Observador de Portugal em sua mateacuteria de 24 de maio de 2020
(GOMES 2020)
Pelos dados coletados pelas pesquisas jurisdicionais realizadas por Gomes (2020) entre
2015 e 2018 a pena de prisatildeo soacute foi levantada como sanccedilatildeo aplicaacutevel pelos tribunais
portugueses no patamar da primeira instacircncia mas que sempre acabavam por ter a pena
convertida em multa ao serem recorridos os julgamentos tendo ainda tido um montante de seis
penas suspensas pelo proacuteprio magistrado da primeira instacircncia apoacutes reanaacutelise Ocorrendo neste
periacuteodo 241 processos crime entre abandono a maus-tratos tendo sido 169 casos diretamente
ligados aos maus-tratos tendo como reacuteus 277 animais humanos ressaltando ainda o fato de que
o nuacutemero de denuacutencias nunca representa a realidade faacutetica do cometimento dos crimes contra
os animais natildeo humanos mas sim somente uma pequena parcela da verdade (PORTUGAL
2020b)
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Contudo o Jornal Correio da Manhatilde aponta uma nova posiccedilatildeo dos magistrados no
tocante de levar a justiccedila agravequeles que descumprem as leis contra os maus-tratos proferidos a
animais natildeo humanos como se observa ao iniacutecio de julgamento do caso de maus-tratos contra
uma cadela que desde 2016 sabe-se que eacute viacutetima de negligecircncia trancada em um ambiente
inapropriado ao seu porte sem acesso digno agrave aacutegua e alimentaccedilatildeo devidas a sua mantenccedila
bioloacutegica sendo mantida enclausurada em uma pequena e suja varanda apresentando magreza
extrema Sendo um dos primeiros casos de maus-tratos a chegar a justiccedila do Tribunal de Faro
por meio de denuacutencia de uma associaccedilatildeo de defesa dos animais tendo recebido grande reflexo
nas redes sociais (GRIFF 2018)
Tendo sido o caso encaminhado ao Ministeacuterio Puacuteblico de Faro local do fato ter vindo a
ocorrer este decidiu por dar prosseguimento agrave denuacutencia levantando a importacircncia deste ser
levado a julgamento em funccedilatildeo da importacircncia e relevacircncia do mesmo trazendo como
argumento a Lei que criminaliza os maus-tratos de 1 de outubro de 2014 ldquoquem sem motivo
legiacutetimo infligir dor sofrimento ou quaisquer outros tipos de maus-tratos fiacutesicos a um animal
de companhia eacute punido com pena de prisatildeo ateacute um ano ou com pena de multa ateacute 120 diasrdquo
aumentando para dois anos a puniccedilatildeo se ldquoresultar a morte do animal ou a privaccedilatildeo de um oacutergatildeordquo
(GRIFF 2015) de maneira a trazer a necessidade de se colocar a presente violaccedilatildeo em
julgamento como medida exemplar com o objetivo de desmotivar novos casos semelhantes
(GRIFF 2018)
Na data determinada para a primeira sessatildeo de julgamento os proprietaacuterios devidamente
citados natildeo compareceram tendo sido presenciada de um membro da Projeto de Apoio a
Viacutetimas Indefesas Nuacutecleo de Aveiro (PRAVI) e de um agente da Poliacutecia de Seguranccedila Puacuteblica
(PSP) de forma a sofrer a necessidade de remarcaccedilatildeo da sessatildeo de julgamento em funccedilatildeo das
leis civis de Portugal mas ainda natildeo haacute sentenccedila julgada sobre o caso (GRIFF 2018)
Portugal vem enfrentando seacuterios problemas sanitaacuterios devido ao que descrevem como
Siacutendrome de Noeacute que se determina por uma espeacutecie de transtorno de acumulaccedilatildeo onde o
animal humano tem dificuldade de desfazer-se de animais acabando por os acumular de forma
desorganizada afetando tanto a sociedade quanto os animais natildeo humanos envolvidos nesta
condiccedilatildeo Aos animais natildeo humanos viacutetimas dessa siacutendrome acabam por natildeo receberem os
cuidados necessaacuterios que acaba por acarretar diretamente nos maus-tratos podendo originar
doenccedilas que podem ainda se desenvolver em zoonoses (MACHADO 2020)
Sobre o caso a Assembleia da Repuacuteblica no dia 25 de janeiro de 2018 publicou a
Resoluccedilatildeo da Assembleia da Repuacuteblica nordm 202018 onde recomenda que seja criado um grupo
de trabalho constituiacutedo por profissionais da sauacutede e comportamento animal assistentes sociais
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psiquiatras e psicoacutelogos com o objetivo de prevenir e combater casos da Siacutendrome de Noeacute
uma vez que aleacutem de ocasionar risco a sociedade na maior parte das vezes foram observados
que os animais natildeo humanos expostos a esta siacutendrome tentem a serem viacutetimas de maus-tratos
como o ocorrido no mecircs de maio em Canccedilas onde uma proprietaacuteria possuiacutea 35 animais em
um ambiente que natildeo apresentava as miacutenimas condiccedilotildees de bem-estar animal ou dignidade
Desta forma depois de julgado a maior parte dos animais natildeo humanos que laacute residiam foram
recolhidos de forma a apenas permanecerem no local sete animais natildeo humanos com a antiga
proprietaacuteria uma vez observado grande afeto entre a proprietaacuteria e estes (MACHADO 2020)
No presente caso foi levantado que ldquoo bem-estar animal deve ser compreendido
segundo o alojamento manutenccedilatildeo e acomodaccedilatildeo dos animais referido ainda que nenhum
animal deve ser detido se estas condiccedilotildees de bem-estar natildeo se encontrem verificadasrdquo neste
ditame aquele que acaba por acumular animais de companhia podem ocorrer em se enquadrar
em crime de maus-tratos como previsto pelo artigo 387 do Coacutedigo Penal portuguecircs onde prevecirc
a sanccedilatildeo de prisatildeo de ateacute um ano ou com pena de multa ade ateacute 120 dias quando aquele que
for o detentor ocasionar dor infligir sofrimento ou ainda qualquer outra agressatildeo fiacutesica a
animais natildeo humanos natildeo impedindo ainda que sejam somadas penalidades do artigo 388 do
mesmo coacutedigo onde prevecirc ldquoa privaccedilatildeo do direito de detenccedilatildeo de animais de companhia pelo
periacuteodo maacuteximo de 5 anosrdquo de forma a tentar prevenir de forma consubstanciada a seguranccedila
da sociedade junto com a mantenccedila do bem-estar dos animais natildeo humanos (MACHADO
2020)
Assim no presente capiacutetulo foi analisada a evoluccedilatildeo histoacuterica legislativa dos direitos
dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo portuguesa ateacute a contemporaneidade do estado
atual de seus direitos e incluindo julgados Pelo meacutetodo explanatoacuterio bibliograacutefico onde se
buscou esta anaacutelise da forma mais completa tentando englobar o maacuteximo de informaccedilotildees para
se chegar agrave mais completa anaacutelise dos direitos dos animais natildeo humanos em Portugal
Desta forma foi possiacutevel se observar que o primeiro relato normativo portuguecircsocorreu
no ano de 1886 com o Coacutedigo Penal portuguecircs trazendo vedaccedilotildeesaos maus-tratos de qualquer
espeacutecie aos animais natildeo humanos ainda que no passar dos anos passando pela inclusatildeo de
normas dentro doscoacutedigos legais sem deixar de citar as leis infraconstitucionais
Para continuidade do presente trabalho no capiacutetulo que se segue seraacute apresentada uma
anaacutelise comparativa entre a evoluccedilatildeohistoacuterica do direito dos animais natildeo humanos entre
aslegislaccedilotildees brasileira e portuguesaassim como uma anaacutelise comparativa doestado normativo
dos direitos dos animais natildeo humanos apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 entre os
doispaiacuteses em anaacutelise
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4 COMPARACcedilAtildeO DAS LEGISLACcedilOtildeES BRASILEIRA E PORTUGUESA
O presente capiacutetulo aborda uma comparaccedilatildeo relativa as leis passadas e presentes em
Brasil e Portugal uma vez que entre os paiacuteses haacute uma relaccedilatildeo de reciprocidade devido ao
Decreto Legislativo nordm 82 de 24 de novembro de 1971 nomeada de Convenccedilatildeo sobre igualdade
de Direitos e Deveres entre brasileiros e portugueses ratificada em Brasiacutelia na data de 7 de
setembro de 1971 e em Lisboa na data de 22 de marccedilo de 1971 entrando em vigor no dia 22
de abril de 1972 onde os Governos do Brasil e Portugal visando a continuidade do reciacuteproco
respeito aos valores histoacuterico morais culturais e eacutetnicos que outrora uniram os povos e que os
manteacutem como irmatildeos com o intuito de promover um aperfeiccediloamento e estreitamento nas
relaccedilotildees harmonicamente da comunidade Luso-Brasileira convencionou a efetivaccedilatildeo do
princiacutepio da igualdade de tratamento entre cidadatildeos brasileiros expresso na constituiccedilatildeo
brasileira agrave eacutepoca em seu artigo 199 e na entatildeo constituiccedilatildeo portuguesa em seu artigo 7ordm
paraacutegrafo 3ordm (BRASIL 1972)
Desta maneira com a instituiccedilatildeo de um estatuto de caraacuteter especial com a iniciativa de
refletir os viacutenculos existentes entre brasileiros e portugueses assim como com o intuito de
servir de embasamento e inspiraccedilatildeo para as geraccedilotildees e legislaccedilotildees que se seguissem houve este
compromisso solene fraternal e indestrutiacutevel de amizade Enfatiza-se em tal Convenccedilatildeo o seu
artigo 1ordm ldquoOs portugueses no Brasil e os brasileiros em Portugal gozaratildeo de igualdade de direitos
e deveres com os respectivos nacionaisrdquo de forma a demonstrar uma reciprocidade no
tratamento de nascidos no paiacutes irmatildeo em seu territoacuterio mas ainda resguardando os direitos e
deveres inerentes ao seu paiacutes natural como exposto em seu artigo 3ordm ldquoOs portugueses e
brasileiros abrangidos pelo estatuto de igualdade continuaratildeo no exerciacutecio de todos os direitos
e deveres inerentes agraves respectivas nacionalidadesrdquo (BRASIL 1972)
Assim como para o presente trabalho eacute vaacutelido se fazer citar o artigo 16 da dita
Convenccedilatildeo ldquoOs Governos do Brasil e de Portugal consultar-se-atildeo periodicamente a fim de
examinar e adotar as providecircncias necessaacuterias para melhor e uniforme interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo
da presente Convenccedilatildeo bem como para estabelecer as modificaccedilotildees que julguem
convenientesrdquo assim a presente convenccedilatildeo veio a tratar que no presente e futuro os dois paiacuteses
se reuniriam para discutir sobre leis que versem sobre esta reciprocidade desta forma o capiacutetulo
que se apresenta vem a comprar as legislaccedilotildees no tangente dos direitos dos animais natildeo
humanos pelas leis brasileiras e portuguesas (BRASIL 1972)
No tocante dos direitos dos animais natildeo humanos Charles Darwin (1996) jaacute relatava
sobre a capacidade de sentir de ter consciecircncia de se reunir em grupos em sociedades de ter
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empatia assim como quando comparada aos animais humanos ldquonatildeo existe uma diferenccedila
fundamental entre os humanos e os mamiacuteferos de niacutevel superior nas suas faculdades mentaisrdquo
(DARWIN 1996 P287)Este pensamento de Darwin eacute reforccedilado nesta outra passagem
Existem muitas espeacutecies de animais sociais em que os seus membros se associam em
grupos sentem compaixatildeo uns pelos outros manifestando qualidades que os revelam
de uma consciecircncia moral incipiente para quando em comparaccedilatildeo com a humana
sendo fieacuteis ao grupo demonstrando capacidade de entender as necessidades de
membros do grupo que apresentem carecircncias de tratamentos especiais ao exemplo de
fornecer alimentos e bebidas aos indiviacuteduos do grupo que satildeo cegos (DARWIN 1996
p 290traduccedilatildeo nossa)
Observa-se que jaacute haacute muito antes de se discutir os animais natildeo humanos como dignos
ou natildeo de direitos relativos a personalidade juriacutedica jaacute fora levantada sua capacidade de ser
equiparados aos animais humanos ora que apresentam capacidades de sentir sofrer entender
o outro ajudar num niacutevel de compreensatildeo e sensibilidade ateacute hoje juridicamente apenas
arguido aos seres humanos (DARWIN 1996)
41 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO HISTOacuteRICO
Se demonstra eficaz comeccedilar o presente toacutepico lembrando que a primeira nota
legislativa no Brasil relativa ao direito dos animais natildeo humanos natildeo ter se desenvolvido no
acircmbito nacional mas sim Municipal com o Coacutedigo de Posturas do Municiacutepio de Satildeo Paulo
(1886) em 6 de outubroonde por mais que fosse a primeira vedaccedilatildeo expressa as praacuteticas de
crueldade contra os animais natildeo humanos esta se limitava agravequeles que faziam uso de animais
natildeo humanos para o fim traccedilatildeo de carroccedilas e que somente no ano de 1934 sendo assim um
lapso de 48 anos ateacute que no dia 10 de julho viesse a existir um Decreto nacional o de nordm
24645 que promulgou a vedaccedilatildeo aos maus-tratos proferidos contra animais natildeo humanos em
local puacuteblico ou privado assim como trazendo a tutela do Estado para com estes assim como
estipulando puniccedilatildeo pecuniaacuteria e de enclausuramento para aquele que violasse o dito decreto
(BRASIL 1934)
Na supracitada legislaccedilatildeo federal ainda se trazia a representaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
como uma possibilidade nas accedilotildees que versassem sobre os maus-tratos relativos agrave animais natildeo
humanos No sistema normativo gerado por este decreto foram transcritas ainda diretrizes para
o uso animal natildeo humano para quando utilizados para auxiliar ou gerar trabalho de interesse
dos animais humanos como ao exemplo daqueles que fossem objeto de traccedilatildeo veicular Ainda
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eacute imperioso constar que neste ano houve a primeira menccedilatildeo em relaccedilatildeo a negativa de abandono
de animais natildeo humanos (BRASIL 1934)
No mesmo ano em que o Brasil recebia sua primeira norma legislativa em acircmbito
Municipal para a garantia dos direitos dos animais natildeo humanos em Portugal no dia 16 de
setembro o Decreto Lei de seu Coacutedigo Penal jaacute trazia direitos para os animais natildeo humanos
no qual jaacute foram previstas penalidades para aqueles que ferissem matassem envenenasse
abusassem ou viessem a causar quaisquer outros tipos de danos aos animais natildeo humanos assim
como jaacute traziam a vedaccedilatildeo aos maus-tratos desde sua primeira menccedilatildeo normativa Desta forma
demonstram um claro avanccedilo no campo legislativo em relaccedilatildeo aos direitos dos animais natildeo
humanos perante as leis brasileiras (PORGUTAL 1886) Posicionamento semelhante no Brasil
soacute se fez demonstrar presente no campo normativo deacutecadas depois com o Projeto de Lei nordm 631
de 2015 onde no Senado brasileiro se passou a discutir em julgados o impedimento de causar
dor a animais natildeo humanos se o motivo natildeo for plenamente justificaacutevel discutindo tambeacutem
sobre o que tange a guarda destes tratando pela primeira vez a nomenclatura direta para os
animais natildeo humanos como seres sencientes (BRASIL 2015b)
Ainda antes mesmo do Brasil ter desenvolvido qualquer lei no acircmbito nacional sobre os
direitos dos animais natildeo humanos Portugal (2001) jaacute inovava com suas leis no dia 12 de junho
onde foi assinado mais um Decreto Lei este trazendo uma nova vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos deveres
dos animais humanos em relaccedilatildeo aos animais natildeo humanos desta vez impedindo a carga
excessiva de trabalho aos quais estes satildeo expostos determinando tempo capacidade dentre
outros regramentos de maneira a proporcionar para os animais natildeo humanos utilizados para o
serviccedilo condiccedilotildees miacutenimas de subsistecircncia visando diminuir seu sofrimento e trazendo-lhes
maior dignidade (PORTUGAL 2001)
Voltando a tratar da legislaccedilatildeo do Brasil (1941) houve um lapso temporal de 7 anos
entre a ultima ediccedilatildeo de norma legal em relaccedilatildeo aacute proacutepria lei e 22 anos se contadas as leis
portuguesas No dia 03 de outubro o Brasil promulgou por meio do Decreto Lei nordm 3688 a Lei
das Contravenccedilotildees Penais onde trouxe entre seus artigos penalidades para aqueles que
submetessem agrave trabalho excessivo ou cruel a animais natildeo humanos oferecendo como
penalidades a prisatildeo simples e ou a multa ainda qualifica como criminosa a praacutetica de
experiecircncias crueacuteis ou que gerem dor aos animais natildeo humanos vivos mesmo que este seja
realizado com intuito didaacutetico ou cientiacutefico trazendo assim pela primeira vez no ordenamento
brasileiro vedaccedilotildees no campo cientiacutefico e de entretenimento de animais humanos (BRASIL
1941)
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Ainda no tocante das leis brasileiras passaram-se vinte e seis anos ateacute que no dia 03 de
janeiro de 1967 foi promulgada a Lei Federal nordm 5197 o chamado Coacutedigo da Caccedila impedindo
que a fauna silvestre fosse de qualquer forma alvo de caccedila predatoacuteria ou caccedila para criaccedilatildeo em
cativeiro assim vedando ainda sua destruiccedilatildeo ou de seu habitat de forma a trazer garantias ateacute
entatildeo natildeo observadas nem na legislaccedilatildeo brasileira nem portuguesa da diversidade
continuidade e sobrevivecircncia de animais provindos da fauna nativa paacutetria (BRASIL 1967)
Contudo os legisladores agrave eacutepoca evidenciaram que haviam condiccedilotildees especiais onde as
peculiaridades regionais abriam uma brecha para a permissatildeo da caccedila destas espeacutecies
entretanto mesmo permitindo com ressalvas a caccedila nestas zonas especiais a comercializaccedilatildeo
destes animais natildeo humanos permaneceria terminantemente proibida assim como produtos
feitos com eles ou mesmo seus filhotes Para garantir o correto cumprimento deste coacutedigo
foram estipuladas sanccedilotildees para os que natildeo as observassem Como principal marco desta lei
demonstra-se o primeiro relato de inafianccedilabilidade para aquele que cometer crime contra
animais natildeo humanos (BRASIL 1967)
Doze anos depois ainda no Brasil (1979) se continuava a desenvolver leis para a
proteccedilatildeo dos direitos dos animais natildeo humanos de forma a demonstrar que estaacutevamos em um
periacuteodo de grande evoluccedilatildeo legislativa garantista aos direitos dos animais natildeo humanos por
meio da Lei nordm 6638 se tratariam novamente os regramentos do tema em relaccedilatildeo ao uso
cientiacutefico destes falando dos laboratoacuterios testes cliacutenicos uso para testes de medicamentos
dissertando ainda sobre a eutanaacutesia dos animais natildeo humanos Passaram-se trecircs anos ateacute a
criaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente no dia 31 de agosto de 1979 protegendo a
fauna brasileira e seu habitat de forma especiacutefica e direta tratando pela primeira vez daqueles
que causem poluiccedilatildeo (BRASIL 1981)
42 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO CONTEMPORAcircNEO
O criteacuterio de comparaccedilatildeo contemporacircnea tomou por base a Constituiccedilatildeo Federal
brasileira de 1988 momento em que houve pela primeira vez a inclusatildeo dos direitos dos animais
natildeo humanos dentro do sistema constitucional brasileiro no qual o artigo 225 se veio a condenar
todo aquele que viesse a proferir gestos de crueldade para contra os animais natildeo humanos
poreacutem ainda ressalvando a possibilidade de natildeo se considerar como cruel as praacuteticas
desportivas os movimentos culturais que se encontram registradas como parte integrante do
patrimocircnio cultural brasileiro (BRASIL 1988)
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Ainda no corpo do texto constitucional foi normatizada a garantia ao ambiente
equilibrado a qualidade de vida por meio de controle social e puacuteblico para a manutenccedilatildeo da
diversidade do patrimocircnio geneacutetico nacional da fauna e flora na tentativa de barrar a evoluccedilatildeo
numeacuterica do quadro de seres vivos na lista de animais em extinccedilatildeo ou extintos de forma a
apresentar um diferencial por constar em sua Constituiccedilatildeo direitos aos animais natildeo humanos
em relaccedilatildeo a Portugal(BRASIL 1988)
Portugal (2001) soacute voltaria a discutir as leis relativas aos direitos dos animais natildeo
humanos dentro dos criteacuterios comparativos de contemporaneidade aqui estabelecidos no
seacuteculo que se seguiria uma vez que na Europa a Convenccedilatildeo Europeia para a Proteccedilatildeo dos
Animais de Companhia que promulgou o Decreto nordm 1393 onde trouxe para seu territoacuterio
vaacuterias leis que tratavam da fauna e da flora de animais natildeo humanos domeacutesticos e selvagens
mas tambeacutem ressalvando as peculiaridades de sua fauna exoacutetica vedando vaacuterios atos
normativos do dito decreto vindo a defender protegendo ainda natildeo soacute as espeacutecies presentes ao
tempo da lei mas como tambeacutem seus filhotes mesmo quando criados em cativeiro onde
normatizava a forma de reproduccedilatildeo os locais de alojamento dos mesmos para os fins de
comercializaccedilatildeo hospedagem ou ainda centros de recolhimento de animais natildeo humanos de
companhia (PORTUGAL 2001)
Portugal veio ainda a tratar do abandono da negligecircncia fiacutesica alimentar higiecircnica e da
manutenccedilatildeo das condiccedilotildees de sauacutede dos animais natildeo humanos trazendo a necessidade de
laudos veterinaacuterios para que sejam realizadas intervenccedilotildees corpoacutereas nestes como ao exemplo
de amputaccedilotildees garantindo sua integridade fiacutesica de forma a natildeo soacute englobar os direitos aos
animais natildeo humanos outrora garantidos pela Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 mas
ainda refletindo leis que somente seriam vistas no territoacuterio brasileiro vaacuterios anos depois
(PORTUGAL 2001)
No Brasil cinco anos depois que o Decreto nordm 1393 era promulgado em Portugal seria
tratado assunto semelhante por meio da Lei nordm 9605 com a proibiccedilatildeo de diversos tipos de
atividades para que contra a fauna brasileira como matar caccedilar perseguir apanhar estes tipos
de animais natildeo humanos abrindo a permissatildeo para alguns destes em casos especiacuteficos natildeo
excluindo deste a fauna estrangeira tambeacutem tratando da vedaccedilatildeo a poluiccedilatildeo ora que afeta a
fauna brasileira estrangeira e ainda os animais humanos (BRASIL 1998)
Dois anos depois ainda em Portugal (2003a) se poderia notar a preocupaccedilatildeo com os
direitos dos animais natildeo humanos natildeo soacute enquanto considerados de companhia mas tambeacutem
os selvagens e os caracterizados como perigosos pela modificaccedilatildeo do Decreto Lei nordm 2762001
para o Decreto Lei nordm 315 2003 por observar algo que ateacute entatildeo soacute havia sido observado entre
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as duas legislaccedilotildees portuguesa e brasileira no tocante de ressalvas do artigo 225 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988ao se tratar da proibiccedilatildeo de atos crueacuteis contra animais natildeo
humanos mas permitindo em casos de peculiaridades culturais como supracitado no paraacutegrafo
que a este antecedeu Neste decreto Portugal abril ressalvas a regulamentaccedilatildeo no acircmbito da
aplicabilidade do diploma outrora recebido por sua legislaccedilatildeo das figuras normativas referentes
a fauna e flora selvagem e exoacutetica assim como aqueles que os seguirem por descendecircncia de
modo a permitir que dentro das caracteriacutesticas proacuteprias de cada regiatildeo estas tivessem
autonomia de leis (PORTUGAL 2003b) Ainda no mesmo vieacutes em Santa Catarina (2003) a
Lei Estadual nordm 12854 instituiu o Coacutedigo Estadual de Proteccedilatildeo Animal para vedar quaisquer
tipos de agressotildees contra animais natildeo humanos indiferentemente se silvestres de companhia
domeacutesticos ou que possam ser domesticaacuteveis (aqueles que por sua natureza natildeo satildeo
classificados como domeacutesticos mas que podem vir a ser ao exemplo de porcos) nativos ou
exoacuteticos gerando uma normatizaccedilatildeo para transporte mantenccedila abate e pesquisas
cientiacuteficolaboratoriais garantindo-lhes plenas condiccedilotildees de existecircncia (SANTA CATARINA
2003)
Ainda sobre o tema de utilizaccedilatildeo de animais natildeo humanos para fins cientiacuteficos a
Diretiva 201063EU recepcionada pelas leis portuguesas vem a proteger os animais natildeo
humanos para quando utilizados para estes fins normatizando as teacutecnicas utilizadas durantes as
experiecircncias a qual veio a restringir a occisatildeo (ato de matar um animal) somente quando natildeo
haacute outra opccedilatildeo vedando que sem motivo de grande relevacircncia e plenamente justificaacuteveis se
ponha em risco a biodiversidade dos animais natildeo humanos e ainda traz a necessidade de se
buscar formas substitutivas para tal uso cientiacutefico onde busca reduzir ao miacutenimo inevitaacutevel o
uso de animais natildeo humanos nestes casos (PORTUGAL 2010)
No que se fala de leis que regulamentam a proteccedilatildeo ao bem-estar dos animais natildeo
humanos durante o transporte dos mesmos em Portugal o Regulamento nordm 12005 tenta
minimizar quaisquer sofrimentos seja pelo cumprimento de suas necessidades baacutesicas como
alimentaccedilatildeo higiene assim como com os meios utilizados para este transporte de maneira a
evitar lesotildees violecircncia ou sofrimento (PORTUGAL 2005) Ainda sendo valoroso constar aqui
a Lei nordm 9295 que aleacutem de ser por si soacute a Lei de Proteccedilatildeo aos Animais natildeo humanos a qual
veda quaisquer tipos de aferimento de dor sofrimento requisito de exigir mais do que a
capacidade do animal natildeo humano ainda veio a regulamentar a permissatildeo expressa de
transporte de animais natildeo humanos em transportes puacuteblicos seja para garantia da obrigaccedilatildeo
prevista a mesma lei de socorro aos animais natildeo humanos seja por comodidade ressalvando
50
que para tanto o animal natildeo humano deve estar devidamente condicionado em meio proacuteprio
sem apresentar aos demais riscos fiacutesicos a sua sauacutede ou higiene (PORTUGAL 1995)
Eacute imperioso citar o grande diferencial entre as legislaccedilotildees brasileira e portuguesa que se
fez surgir em Portugal ainda em 2003 quando por meio do Decreto-Lei n 3132003 foi criado
o sistema de cadastro e identificaccedilatildeo eletrocircnica de catildees e gatos natildeo soacute permitindo um melhor
controle estatal sobre o abandono como tambeacutem sobre as bases sanitaacuterias e controle
populacional destes animais natildeo humanos uma vez que devem constar desde informaccedilotildees
baacutesicas sobre o animal natildeo humano como nome raccedila idade e sexo ou ainda sobre seu
proprietaacuterio como nome endereccedilo contato mas ainda as vacinas que este individuo recebeu
no passar de sua vida se eacute ou natildeo castrado ainda obrigando a atualizaccedilatildeo perioacutedica dos dados
medida esta que no Brasil muito jaacute se discutiu regulamentar mas que nunca chegou a ter uma
normatizaccedilatildeo para com as leis (PORTUGAL 2003a)Este posicionamento foi reforccedilado pela
implementaccedilatildeo do Decreto Lei nordm 822019 ao criar o SIAC tornando mais rigorosos os criteacuterios
e penalidades relativas ao registro e atualizaccedilatildeo do cadastro dos animais natildeo humanos
(PORTUGAL 2019b)
Jaacute no Brasil o Coacutedigo Civil de 2002 classificou por meio de nova hermenecircutica ao
artigo 82 onde se definiam os animais natildeo humanos como coisas como somente bens agora
se passou a entender estes como seres semoventes por serem bens de capacidade a serem
suscetiacuteveis de movimentaccedilatildeo proacutepria assim permaneceu com a consolidaccedilatildeo do Coacutedigo de
Processo Civil de 2015 Poreacutem devido a sua capacidade de sofrer de sentir dor tornaram-se
perante o sistema normativo brasileiro dignos da nomenclatura de seres viventes seres
sencientes aqueles que pela sua condiccedilatildeo bioloacutegica chegando ao tocante de acordo com
Cardoso (2007) de seres aptos a terem sua personalidade juriacutedica discutida ora que no passado
outros como escravos e crianccedilas natildeo tinham essa personalidade levantada mas agora tem
Da mesma forma dever-se-ia permitir que tal condiccedilatildeo fosse levada a pauta de discussatildeo
normativa mesmo que natildeo possuindo faculdades mentais de plena comparaccedilatildeo as dos animais
humanos tampouco as crianccedilas e os escravos os tinham perante a lei no passado de forma que
na contemporaneidade ateacute aquele que tenha comprovadamente suas faculdades mentais
consideradas inaptas a autonomia de querer ainda sim possuem personalidade juriacutedica deveres
e direitos uma vez que satildeo capazes de sofrer de sentir de passar fome ainda que natildeo consigam
expressar essas condiccedilotildees de forma clara e linguisticamente padronizados resultado no fato de
que natildeo eacute a capacidade de raciocinar capacidade cognitiva ou ainda de comunicativa o requisito
para a arguiccedilatildeo de sua personalidade juriacutedica (CARDOSO 2007) Jaacute em Portugal a
compreensatildeo e caracterizaccedilatildeo dos animais natildeo humanos como seres sencientes estaacute expresso
51
desde 2017 deixando de serem classificados no rol de coisas por meio da Lei nordm 82017
(PORTUGAL 2017b)
No mesmo ano em que Cardoso (2007) tratava doutrinalmente da personalidade juriacutedica
dos animais natildeo humanos no Brasil em Portugal com a promulgaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm
742007 discutia de forma consagrada o direito de acesso de pessoas portadoras de deficiecircncia
visual que se fazem acompanhar de catildeo-guia a locais transportes e estabelecimentos puacuteblicos
direito este que no Brasil foi inserido no sistema normativo brasileiro em 2005 por meio da Lei
nordm 1112605 mas que soacute se consagrou pela redaccedilatildeo a esta proferida pela Lei nordm 131462015
Jaacute no Brasil sobre este tema com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 1112605 futuramente alterada e
devidamente implementada no sistema normativo brasileiro pela Lei nordm 131462015 veio de
modo a garantir o mesmo direito em territoacuterio nacional agraves pessoas humanas que sejam
portadoras de deficiecircncia visual e sejam acompanhadas de catildees-guia (BRASIL 2015a)
43 COMPARATIVO DOS JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO
HUMANOS BRASIL X PORTUGAL
Quando se trata da possibilidade jurisprudencial da discussatildeo em relaccedilatildeo a guarda de
animais natildeo humanos enquanto envolvidos em processos de separaccedilatildeo divoacutercio ou dissoluccedilatildeo
de relacionamentos no Brasil foi discutido pelo Ministro Luis Felipo Salomatildeo (2018) o tema
partindo do paracircmetro dos fins sociais ora vez de natildeo se tratar de um bem inanimado como
seria o caso da partilha dos bens entatildeo perante o caso concreto a lide formal da guarda de
animais natildeo humanos estendendo aos animais natildeo humanos a condiccedilatildeo de sujeito de direito
reconhecendo assim um terceiro gecircnero uma vez que se apresenta em relaccedilatildeo a evoluccedilatildeo da
proacutepria sociedade protegendo entatildeo as relaccedilotildees afetivas entre os animais natildeo humanos e
humanos Este posicionamento se reforccedilou com a decisatildeo da Juiacuteza de Direito da 3ordf Vara da
Famiacutelia de Joinville em 2019 ao erguer a necessidade de que os animais natildeo humanos tenham
modificado seu status normativo de coisa para uma categoria intermediaacuteria entre cosia e animais
humanos embasada pelo Projeto de Lei do Senado de nordm 31515 que visa alterar o artigo 82 do
Coacutedigo Civil (REIMER 2019)
No mesmo ano em Portugal se discutiu a mesma problemaacutetica onde ao ocorrer uma
separaccedilatildeo ambas as partes demonstraram interesse em contrair a guarda da cachorrinha outrora
de propriedade do casal mas que diferente do Brasil onde se discute a natureza juriacutedica dos
animais natildeo humanos para o tocante da discussatildeo de guarda em Portugal jaacute se tem legislaccedilatildeo
sobre o tema onde no Coacutedigo Civil portuguecircs (1966) em seu artigo 1793-A traz de forma
52
direta no que se fala de divoacutercio e guarda dos assim chamados animais de companhia
apontando os fatores que deveratildeo ser considerados para a decisatildeo judicial do ganho da guarda
onde ainda aponta que deveraacute ser levado em consideraccedilatildeo o bem-estar animal como uacuteltimo
criteacuterio para tal decisatildeo (CRISTOacuteVAtildeO 2019) Enquanto em Portugal como se pode observar
na afirmativa anterior jaacute haacute relato normativo dentro do Coacutedigo Civil portuguecircs de 1966 sobre
a regulamentaccedilatildeo para quando a disputa de guarda de animais natildeo humanos no Brasil tal tipo
de posicionamento ainda eacute inexistente apenas se fazendo constar por meio de um Projeto de
Lei o PLS 54218 para possibilitar criteacuterios de julgamento em casos de divoacutercios ou dissoluccedilatildeo
de uniatildeo estaacutevel de maneira que se quando aprovado alteraria o Coacutedigo de Processo Civil
brasileiro entretanto se for aprovado natildeo estabeleceria o bem-estar animal apenas como
ultimo fator para a determinaccedilatildeo de com quem deveria se manter a guarda como eacute atualmente
em Portugal mas sim como um criteacuterio essencial para tal decisatildeo (BRASIL 2018b)
44 UM COMPARATIVO ENTRE LEIS ESPECIAIS
Como se pode ler nos capiacutetulos dois e trecircs deste trabalho tanto Portugal quanto o Brasil
jaacute tratam da vedaccedilatildeo do uso de animais natildeo humanos nos testes para a produccedilatildeo de cosmeacuteticos
produtos de perfumaria higiene dentre outros poreacutem enquanto em Portugal esta vedaccedilatildeo jaacute
se encontra devidamente celebrada desde o datar de 30 de novembro de 2009 por meio do
Regulamento nordm 12232009 onde a Uniatildeo Europeia veio a regulamentar como deveriam ser
realizados os testes em animais natildeo humanos estabelecendo o desenvolvimento de teacutecnicas
substitutivas para o uso de animais natildeo humanos nos supracitados testes Estabelecendo ainda
limites nos anos de 2009 e 2013 para o fim da comercializaccedilatildeo de bens esteacuteticos que tivessem
em seus compostos ingredientes testados em animais natildeo humanos e os testes em animais em
si respectivamente (PORTUGAL 2009c) No Brasil tal espeacutecie de proibiccedilatildeo somente se daacute
por meio de Projetos de Lei estadual como o Projeto de Lei nordm 552017 que visa proibir os
testes em animais natildeo humanos no territoacuterio catarinense prevendo sanccedilotildees tanto para
instituiccedilotildees quanto para animais humanos que descumpram os termos da lei o presente Projeto
de lei aguarda atualmente sanccedilatildeo estadual (SANTA CATARINA 2020)
Em Portugal eacute possiacutevel observar uma evoluccedilatildeo contiacutenua sobre as legislaccedilotildees de direito
de animais natildeo humanos como apresentado por exemplo pela Resoluccedilatildeo nordm 202018 que
incentiva a constituiccedilatildeo de grupos de trabalho para que se busque diminuir os maus-tratos
levantados contras os animais natildeo humanos viacutetimas de acumulaccedilatildeo conhecida como Siacutendrome
de Noeacute (MACHADO 2020) assim como com a Lei nordm392020 que criou um regime
53
sancionatoacuterio aos crimes proferidos contra os animais de companhia e ocasionando na alteraccedilatildeo
do Coacutedigo Penal e do Coacutedigo de Processo Civil portuguecircs trazendo entre outros a possibilidade
de instauraccedilatildeo de processos crimes para investigar suspeitas relatos e denuacutencias de maus-tratos
negligecircncia ou qualquer outra accedilatildeo que faccedila impedir o bem-estar de animais de companhia em
Portugal assim como estabelecendo a possibilidade de exame de corpo de delito sobre tais
crimes contra os animais natildeo humanos ainda declarando como crime a ocultaccedilatildeo de provas
animais natildeo humanos ou qualquer outro meio que venha a atrapalhar o devido processo
investigativo de forma a prever a busca e apreensatildeo para a garantia da devida investigaccedilatildeo
trazendo para aqui a figura do depositaacuterio fiel (PORTUGAL 2020a)
Jaacute no Brasil percebe-se um risco iminente de acontecer um retrocesso no campo
normativo relativo aos direitos do animais natildeo humanos como o que ocorre com a Lei nordm
2172019 o Coacutedigo de Proteccedilatildeo e bem-estar animal que veda que a sociedade propicie
alimentaccedilatildeo aacutegua cuidados com a sauacutede higiene dentre outros quando em vias puacuteblicas
constituindo que a mantenccedila do bem-estar animal por meio da sociedade enquanto natildeo Estado
seja caracterizada como infraccedilatildeo legal (CURITIBANOS 2019)
Da mesma forma o Projeto de Lei nordm 722020 de Penha como arguido por Moreira
(2020) aparece como uma lei temeraacuteria ora que prevecirc multar e penalizar os tutores de
cachorros que importunarem o sossego sendo uma consequecircncia clara para a tentativa de
impedir as sanccedilotildees desta lei a implementaccedilatildeo de meios a impedir os latidosEsta iniciativa pode
trazer ocorrecircncias de maus-tratos seja pelo uso de equipamentos anti-latido pela secccedilatildeo das
cordas vocais dos cachorros ou ainda outras puniccedilotildees mais agravadas em caso seu proprietaacuterio
venha a ser punido pelo fato de seus cachorros latirem (PENHA 2020)
Em contraponto eacute possiacutevel observar no Regulamento nordm 1523007 do Parlamento
Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia que foi recebido pelo sistema normativo portuguecircs
no qual para a garantia do bem-estar tanto de catildees e gatos quanto da sociedade em si vedou
expressamente a comercializaccedilatildeo exportaccedilatildeo ou importaccedilatildeo de qualquer tipo de material ou
produto que tenha em sua composiccedilatildeo pele de gato ou de cachorroTraz ainda no corpo do texto
legal sanccedilotildees mais graviacutedicas em relaccedilatildeo a todos que se envolvam de forma direta indireta
tentada ou consumada ou ainda que sabendo natildeo veia a denunciar ou impedir lutas entre animais
natildeo humanos (PORTUGAL 2007b)
Felizmente observa-se que em caminho contraacuterio ao Projeto de Lei nordm 722020 e a Lei
nordm 2172019 o Projeto de Lei nordm 6312015 busca alterar a redaccedilatildeo do artigo 32 da Lei nordm
960598 onde busca vedar sem motivos justificaacuteveis proferir dor lesatildeo ou sofrimento aos
animais natildeo humanos ressaltando neste ponto a tentativa de se classificar o tratamento dado
54
aos animais natildeo humanos agora como seres sencientes (BRASIL2019) devendo-se constar
que o artigo 82 do Coacutedigo Civil brasileiro caracteriza de forma normativa os animais natildeo
humanos como coisas e sobre a nova hermenecircutica o tratamento juriacutedico destes busca a
compreensatildeo como sencientes (BRASIL 2002) posicionamento este que em Santa Catarina jaacute
se fez constar pela Lei nordm 17485 (SANTA CATARINA 2018)
Em Portugal por meio da Lei nordm 3152009 foram criados ditames regrativos para em
quanto a especificidade de animais natildeo humanos que sejam devido a sua natureza sua
caracterizaccedilatildeo de selvagem sua espeacutecie ou ainda condiccedilotildees especiais caracterizados como
perigosos ou potencialmente estabelecendo diretrizes para a mantenccedila criaccedilatildeo interaccedilatildeo para
com outros seres vivos sejam estes animais humanos ou natildeo humanos enquanto se apresentem
de forma direta ou indireta como animais de companhia infelizmente no Brasil natildeo se pode
observar regramento especificamente da mesma forma (PORTUGAL 2009b)
Assim no presente capiacutetulo foi realizada uma anaacutelise comparativa da evoluccedilatildeo histoacuterica
legislativa dos direitos dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo brasileira e portuguesa
ateacute a contemporaneidade do estado atual de seus direitos incluindo julgados projetos de lei
suacutemulas sem deixar de constar ateacute retrocessos legislativos dos direitos em questatildeo
55
5 CONCLUSAtildeO
Com o presente trabalho se pode chegar a conclusatildeo que haacute uma lenta evoluccedilatildeo no
tocante dos direitos dos animais natildeo humanos no ordenamento brasileiro em comparaccedilatildeo com
a legislaccedilatildeo portuguesa ora que por muitas vezes o sistema normativo brasileiro se fez valer
de semelhantes posicionamentos legais para com seu paiacutes irmatildeo somente apoacutes um consideraacutevel
lapso temporal ressalvando-se o fato de grande relevacircncia em que nesta comparaccedilatildeo se pode
observar que apenas o Brasil apresenta garantias aos direitos dos animais natildeo humanos dentro
do seu corpo constitucional
O Brasil enquanto comparado aPortugalaquele que se tem reciprocidade de tratamento
ainda se apresenta com pouca atenccedilatildeo sobre o tema destes direitos ora quepor muito tempo natildeo
considerouos animais natildeo humanos como dignos de direito agrave liberdade agrave integridade fiacutesica e o
mais grave o simples e mais essencial o direito a vida
No campo normativo sobre as disputas de guarda de animais natildeo humanos o Brasil
ainda se encontra muito atrasado com relaccedilatildeo aos regimentos legais ora que enquanto em
Portugal esta lide jaacute estaacute determinada perante um artigo do Coacutedigo Civil de 1966 mesmo
queconstando que tal regra normativacoloca o bem-estar dos ditos animais de companhia
somente como uacuteltimo fator para ser considerado em lides de divoacutercios e separaccedilotildees no Brasil
ainda natildeo haacute nota normativa alguma sobre o assunto apenas jurisprudecircncia e Projeto de Lei
demonstrando uma clara falta de embasamento legal para a resoluccedilatildeo das lides neste sentido
poreacutem apresenta uma inovaccedilatildeo para com o seu paiacutes irmatildeo onde em caso de aprovaccedilatildeo do
Projeto de Lei nordm 54218 sem modificaccedilotildees o bem-estar dos animais natildeo humanos seraacute
considerado como fator essencial para a decisatildeo de quem receberaacute judicialmente a guarda do
animal de estimaccedilatildeo
Ainda se pode observar que as normas brasileiras de direitos dos animais natildeo humanos
ao contraacuterio de Portugal por muitas vezes partem de leis estaduais e municipais para depois se
consagrarem no campo federativo tanto que se pode observar incongruecircncias em leis estaduais
e municipais que se apresentam em desacordo com a norma paacutetria causando um retrocesso
legal para com os direitos dos animais natildeo humanos fato este natildeo observado no sistema
normativo portuguecircsMuito provavelmente porque neste os direitos dos animais natildeo humanos
estarem por muitas vertentes garantidos dentro da Convenccedilatildeo Europeia que aleacutem de trazer
regulamentaccedilotildees sobre o tema ainda fiscaliza sua correta aplicaccedilatildeo legislativa
No mesmo tocante enquanto em Portugal os animais natildeo humanos jaacute satildeo tratados de
forma distinta de coisas tanto pela hermenecircutica quanto pela escrita literal das leis onde desde
56
2017 jaacute natildeo satildeo tratados dentro do rol coisas mas sim recebendo a nomenclatura e classificaccedilatildeo
como seres sencientes no paccedilo em que no Brasil semelhante posicionamento atualmente se
encontra tatildeo somente de forma doutrinaacuteria e em sugestotildees de julgados de lides que envolvem
os animais natildeo humanos de forma a ter propiciado a instauraccedilatildeo do Projeto de Leinordm 631 de
2015 que vem a tentar trazer o mesmo tratamento de nomenclatura e classificaccedilatildeo do jaacute
instaurado em Portugal
Ao fim do processo de pesquisa do presente trabalho a pesquisadora observou a
importacircncia de um futuro estudo relativo aos direitos dos animais natildeo humanos no que tange a
Ameacuterica Latina com o intuito de resgatar a evoluccedilatildeo destes direitos dentro do Mercosul tanto
por haver um livre transito entre os paiacuteses afiliados instigando interesse em se conhecer
maissobre a relaccedilatildeo e autonomia de cada paiacutes membrosobre estes direitos conjunto das leis que
se compartilham quanto pela proximidade de suas fronteiras onde a fauna e flora se misturam
vez que ao desenvolver esta pesquisa foi observada uma evoluccedilatildeo relevante nos direitos dos
animais natildeo humanos em Portugal por meio da Convenccedilatildeo Europeia erguendo a curiosidade
para descobrir se dentro no Mercosul poderia ocorrer fato semelhante em relaccedilatildeo as leis
brasileiras
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RESUMO
O estudo aqui proposto possui como base central fazer uma anaacutelise comparativa entre o direito
dos animais natildeo humanos dentro do campo legislativo brasileiro e portuguecircs no contexto
histoacuterico e no cenaacuterio atual Para tanto foi utilizado o meacutetodo monograacutefico comparativo de
abordagem dedutiva por meio de pesquisas bibliograacuteficas e documentais analisando as leis
projetos de lei a Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 Suacutemulas CoacutedigosCivis
CoacutedigosPenais Coacutedigos de Processo Penal Tratados Internacionais Convenccedilotildees
Internacionais doutrinas julgados e jurisprudecircncias dos dois paiacuteses Tendo como objetivo geral
compor uma linha de anaacutelise de direito comparado para tentar descobrir se haacute uma evoluccedilatildeo no
campo dos direitos dos animais natildeo humanos dentro dos sistemas normativos brasileiro e
portuguecircs Portanto a presente pesquisa visa responder agrave pergunta se aacute uma evoluccedilatildeo das leis
brasileiras quando comparadas as leis portuguesas sobre o tocante do direito dos animais natildeo
humanos Chegando agrave conclusatildeo que o Brasil se encontra um tanto estagnado neste assunto
quando comparado a Portugal se tratando da evoluccedilatildeo dos direitos dos animais natildeo humanos
dentro do seu sistema normativo
Palavras-chave Direito brasileiro dos animais Direito portuguecircs dos animais Bem-estar
animal Direito comparado
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 9
2 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA 12
21 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS 12
22 LEGISLACcedilAtildeO PAacuteTRIACONTEMPORAcircNEA 15
23 ANAacuteLISE SOBRE A LEI 2172019 DO MUNICIacutePIO DE CURITIBANOSSC 21
24 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 722020 DE PENHASC 22
25 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 552017 DE PROIBICcedilAtildeO DE USO DE ANIMAIS EM
TESTES DE COSMEacuteTICOS 22
26 JULGADOS SOBRE A GUARDA ANIMAL E PROJETOS LEIS 24
3 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA 29
31 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS 29
32 LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA CONTEMPORAcircNEA 32
33 ANAacuteLISE LEI Nordm 9295 37
34 ANAacuteLISE IMPLEMENTACcedilAtildeO LEI Nordm 392020 39
35 JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO HUMANOS EM PORTUGAL40
4 COMPARACcedilAtildeO DAS LEGISLACcedilOtildeES BRASILEIRA E PORTUGUESA 44
41 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO HISTOacuteRICO 45
42 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO CONTEMPORAcircNEO 47
43 COMPARATIVO DOS JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO
HUMANOS BRASIL X PORTUGAL 51
44 UM COMPARATIVO ENTRE LEIS ESPECIAIS 52
5 CONCLUSAtildeO 55
REFEREcircNCIAS 57
9
1 INTRODUCcedilAtildeO
O presente trabalho monograacutefico foi desenvolvido com o intuito de trazer um compilado
de legislaccedilotildees normas jurisprudecircncias julgados e doutrinas por uma seleccedilatildeo qualitativa em
relaccedilatildeo ao direito dos animais natildeo humanos numa comparaccedilatildeo entre o estado legal do Brasil e
Portugal De forma que a pesquisadora optou por apresentar os dados mais relevantes e
marcantes sobre o tema como ferramenta de seleccedilatildeo da mesma forma que trouxe leis estaduais
e municipais de Santa Catarina por ser o local de desenvolvimento fiacutesico e moradia da mesma
Sendo este trabalho baseado no meacutetodo de abordagem dedutivo meacutetodo de
procedimento comparativo e teacutecnicas de pesquisa bibliograacutefica e documental abordando uma
pesquisa de direito comparado de documentos entre as legislaccedilotildees brasileira e portuguesa em
conjunto com a apresentaccedilatildeo e anaacutelise de algumas doutrinas julgados e projetos de leidos dois
paiacuteses sobre o tema Busca assim estudar e analisar a evoluccedilatildeo legal dos direitos dos animais
natildeo humanos pelo vieacutes comparativo das legislaccedilotildees brasileira e portuguesa De maneira a buscar
resolver a questatildeo ldquoQuais os contrastes evolutivos dos direitos dos animais natildeo humanos no
ordenamento brasileiro em comparaccedilatildeo com a legislaccedilatildeo de Portugalrdquo
O objetivo geral deste trabalho deste trabalho compor uma linha de anaacutelise da evoluccedilatildeo
dos paracircmetros legaisconstitucionais dos animais natildeo humanos entre os supracitados
ordenamentos e como objetivos especiacuteficos de apresentar a evoluccedilatildeo histoacuterica normativa entre
os dois paiacuteses apresentar o estado atual das legislaccedilotildees dos dois paiacuteses identificar dentro de
suas legislaccedilotildees algumas jurisprudecircncias o incremento no tratamento juriacutedico dispensado aos
animais natildeo humanos assim comocomparar a atual legislaccedilatildeo brasileira perante a portuguesa
no tocante do direito dos animais natildeo humanos
Justifica-se a seleccedilatildeo deste tema como base para estudo pela crescente luta para a
conquista de direitos individuais e coletivos na contemporaneidade onde se tem combatido
diversos entendimentos legais no campo legal brasileiro renovando valores conhecimentos
ateacute a proacutepria consciecircncia sobre a participaccedilatildeo inclusatildeo e relevacircncia dos animais natildeo humanos
dentro das unidades familiares convivecircncia social e ateacute sua abrangente inclusatildeo no mercado de
trabalho De maneira que o avanccedilo legal comparada no Brasil e Portugal instigou a curiosidade
da pesquisadora perante os novos aspectos constitucionais e no campo do direito e a eminente
importacircncia da compreensatildeo da aplicabilidade e hermenecircutica das leis projetos de leis e de
emendas constitucionais conjunto com o conhecimento arguido pela pesquisadora durante os
anos em que cursou a graduaccedilatildeo em medicina veterinaacuteria onde a importacircncia do maior
reconhecimento destes direitos lhe ficou clara onde a relevacircncia do tema para o contexto
10
contemporacircneo da sociedade dentro dos atuais e futuros julgados em funccedilatildeo dos diversos
debates que tem gerado dentro e fora dos tribunais acerca do tema dos direitos da capacidade
ateacute da guarda e tutela dos animais natildeo humanos
Este trabalho esperase apresentar como uma fonte de pesquisa incentivo reanaacutelise e
com o intuito de instigar novos posicionamentos juriacutedicocriacuteticos sobre o cenaacuterio atual da
participaccedilatildeo dos animais natildeo humanos dentro da sociedade possibilitando uma nova
consciecircncia para com o tema demonstrando os obstaacuteculos legais que ainda temos pela frente
quando em comparaccedilatildeo com o mesmo cenaacuterio portuguecircs
No segundo capiacutetulo deste trabalho eacute apresentada a evoluccedilatildeo histoacuterica da legislaccedilatildeo do
sistema normativo julgados e projetos de lei desde o primeiro relato em lei a favor do direito
dos animais natildeo humanos dentro do sistema normativo brasileiro passando pela constituiccedilatildeo
de 1988 decretos lei o Coacutedigo Civil (CC) o Coacutedigo de Processo Civil (CPC) o Coacutedigo Penal
(CP) a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro da constituiccedilatildeo e coacutedigos nacionais
leis municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma abrangente
anaacutelise sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do
territoacuterio brasileiro
No terceiro capiacutetulo deste trabalho se apresenta a evoluccedilatildeo histoacuterica da legislaccedilatildeo do
sistema normativo e julgados desde o primeiro relato em lei a favor do direito dos animais natildeo
humanos dentro do sistema normativo portuguecircs passando por decretos lei o Coacutedigo Civil
(CC) o Coacutedigo de Processo Civil (CPC) o Coacutedigo Penal (CP) Coacutedigo de Processo Penal
(CPP) a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro dos coacutedigos nacionais oacutergatildeos
reguladores dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do territoacuterio portuguecircs leis e licenccedilas
municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma abrangente anaacutelise
sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do territoacuterio
portuguecircs
No quarto capiacutetulo deste trabalho se apresenta um anaacutelise comparativa sobre a evoluccedilatildeo
histoacuterica das legislaccedilotildees de seus sistemas normativos e julgados desde os primeiros relatos
regimentais a favor do direito dos animais natildeo humanos dentro de seus sistemas normativos
passando por decretos lei o Coacutedigo Civil o Coacutedigo de Processo Civil o Coacutedigo Penal Coacutedigo
de Processo Penal a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro dos coacutedigos nacionais
leis e licenccedilas municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma
11
abrangente anaacutelise sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos de
forma comparativa dentro do territoacuterio brasileiro e portuguecircs
12
2 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA
Neste capiacutetulo tem-se como objetivo trazer de forma sucinta a evoluccedilatildeo histoacuterica no que
tange o direito dos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo do Brasil trazendo para isto as proacuteprias
leis assim como relatos bibliograacuteficos sobre o tema
21 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
O primeiro relato normativo brasileiro direcionado aos direitos dos animais natildeo
humanos no dia 6 de outubro de 1886 no Coacutedigo de Posturas do Municiacutepio de Satildeo Paulo que
trouxe no seu artigo 220 a primeira norma de proibiccedilatildeo de crueldade contra animais natildeo
humanos ldquoEacute proibido a todo cocheiro ou condutor de carroccedila maltratar animais com castigos
baacuterbaros e imoderados disposiccedilatildeo essa que se aplica aos ferradoresrdquo sendo assim um marco
inicial histoacuterico nacional para a luta por estes direitos(SAtildeO PAULO 1886)
Jaacute no tangente de legislaccedilatildeo na esfera nacional somente no dia 10 de julho de 1934
ocorreu o primeiro registro normativo visando a algum tipo de proteccedilatildeo perante os animais natildeo
humanos o Decreto Lei nordm 24645 oficializado por Getuacutelio Vargas definindo a
responsabilidade do Estado de tutelar todos os animais existentes trazendo ainda a primeira
sansatildeo em relaccedilatildeo aos matildeos tratos em seu artigo 2ordm ldquoAquele que em lugar puacuteblico ou privado
aplicar ou fizer aplicar maus-tratos aos animas incorreraacute em multa de 20$000 a 500$000 e na
pena de prisatildeo celular de 2 a 15 dias quer o delinquente seja ou natildeo o respectivo proprietaacuterio
sem prejuiacutezo da accedilatildeo civil que possa caberrdquo tendo sido o rompimento de uma fronteira em
relaccedilatildeo agrave compreensatildeo da vedaccedilatildeo aos matildeos tratos de forma direta ou indireta praticando ou
fazendo praticar sendo ou natildeo proprietaacuterio do animal natildeo humano de forma a demonstrar que
todos os animais natildeo humanos merecem respeito trazendo ainda em seus paraacutegrafos a
possibilidade de maiores sanccedilotildees como ateacute a apreensatildeo ou confisco do animal natildeo humano que
for alvo de qualquer tipo de maus-tratos em seu artigo 14 ainda busca pela primeira vez
penalizar aquele que causa a morte destes oferecendo pena em dobro se a este ponto chegar ou
for reincidente de acordo com o artigo 15 como tambeacutem a quem cabe sua aplicaccedilatildeo pelo artigo
12 atribuindo tal encargo a poliacutecia ou autoridade municipal cabendo esta se verificar a
gravidade do delito vale constar o sect3ordm no mesmo artigo ldquoOs animais seratildeo assistidos em juiacutezo
pelos representantes do Ministeacuterio Puacuteblico seus substitutos legas e pelos membros das
sociedades protetoras dos animaisrdquo reforccedilando a responsabilidade do Estado perante a garantia
13
dos direitos dos animais natildeo humanos No transcorrer de seus artigos o Decreto caracteriza o
que se enquadra como crueldade no seu artigo 3ordm como ao exemplo dos seus incisos XVI
XVIII XXI e XXV
XVI -fazer viajar um animal a peacute mais de 10 quilocircmetros sem lhe dar descanso ou
trabalhar mais de 6 horas contiacutenuas sem lhe dar aacutegua e alimento
XVIII - conduzir animais por qualquer meio de locomoccedilatildeo colocados de cabeccedila para
baixo de matildeos ou peacutes atados ou de qualquer outro modo que lhes produza sofrimento
XXI - deixar de ordenhar as vacas por mais de 24 horas quando utilizadas na
explorado do leite
XXV - engordar aves mecanicamente (BRASIL 1934)
Este decreto trouxe pela primeira vez regulamentaccedilotildees nacionais perante os animais natildeo
humanos no tangente laboral humano sendo reforccedilado tal posicionamento pelo texto dos
artigos 4ordm a 8ordm onde regula-se a utilizaccedilatildeo dos animais natildeo humanos em veiacuteculos ou outras
formas em que se faccedila utilizar a traccedilatildeo animal Jaacute no seu artigo 13 traz a primeira proibiccedilatildeo
direta ao abandono de animal ainda traz ressalvado em seu artigo 19 a revogaccedilatildeo de qualquer
tipo de ordenamento ao contraacuterio do que o Decreto Lei expressa Mesmo sendo uma grande
evoluccedilatildeo para o direito dos animais natildeo humanos em relaccedilatildeo ao que o paiacutes tinha ateacute entatildeo o
artigo 17 ainda define animal como seres irracionais sem que a eles se apresente nenhum tipo
de possibilidade de compreensatildeo (BRASIL 1934)
Somente 7 anos depois em 03 de outubro de 1941 com a ediccedilatildeo da Lei das
Contravenccedilotildees Penais pelo Decreto Lei nordm 3688 o artigo 64 trouxe penas de prisatildeo e multa
ali ainda descrita em ldquoreacuteisrdquo
Art 64 Tratar animal com crueldade ou submetecirc-lo a trabalho excessivo
Pena ndash prisatildeo simples de dez dias a um mecircs ou multa de cem a quinhentos mil reacuteis
sect1ordm Na mesma pena incorre aquele que embora para fins didaacuteticos ou cientiacuteficos
realiza em lugar puacuteblico ou exposto ao puacuteblico experiecircncia dolorosa ou cruel em
animal vivo
sect2ordm Aplica-se a pena com aumento de metade se o animal eacute submetido a trabalho
excessivo ou tratado com crueldade em exibiccedilatildeo ou espetaacuteculo puacuteblico (BRASIL
1941)
Desta forma buscando pela primeira vez colocar limites normativos natildeo soacute para os
animais natildeo humanos utilizados para atividades laborativas mas tambeacutem no que se trata o uso
cientiacutefico destes assim como seu uso para exibiccedilatildeo e divertimento de animais humanos
(BRASIL 1941) Somente no dia 8 de maio de 1979 com a Lei Federal nordm 6638 seria retomado
o tema do uso cientiacutefico dos animais natildeo humanos de forma regulamentada normatizando os
bioteacuterios os centros de experiecircncias e demonstraccedilotildees dos animais natildeo humanos assim como
14
regulamentando o uso dos animais natildeo humanos para testes cliacutenicos medicamentosos dentre
outros teacutecnica esta conhecida como vivissecccedilatildeo assim como desde que por meio de indicaccedilatildeo
meacutedica permitindo a eutanaacutesia ou sacrifiacutecio animal pelos artigos 1ordm a 4ordm da presente Lei
trazendo em seus artigos subsequentes sanccedilotildees penais e interditoacuterias para todo aquele que a lei
desobservar assim como traz em seu artigo 8ordm a revogaccedilatildeo de quaisquer leis que a ela
contrariarem (BRASIL 1979)
O Superior Tribunal de Justiccedila decidiu na data de 31 de dezembro de 1969 por meio da
Suacutemula nordm 91 que ldquoCompete a Justiccedila Federal processar e julgar os crimes praticados contra a
faunardquo onde decidiu por arcar agrave Justiccedila Federal o julgamento relativo aos crimes cometidos
sobre a fauna brasileira tendo sido cancelada a Suacutemula em questatildeo na Sessatildeo do Superior
Tribunal de Justiccedila na data de 08 de novembro de 2000 da 3ordf seccedilatildeo sobre o nuacutemero de pauta
de julgamento LEGJUR 103326350091500 Desta forma com o cancelamento da Suacutemula nordm
91 do STJ acabou por ficar sobre a competecircncia reconhecida dos estados a competecircncia para
processar e julgar os crimes cometidos contra a fauna ressalvando se o dito crime se efetivar
sobre casos do crime ter sido realizado sobre fauna reconhecidamente de bem federal o
cancelamento da Suacutemula em questatildeo tambeacutem acarretou na suspenccedilatildeo do disposto no artigo 89
da Lei 900995 (BRASIL 2020)
A datar do dia 03 de janeiro de 1967 surgiu mais uma importante ferramenta para a
garantia dos direitos dos animais natildeo humanos com a promulgaccedilatildeo da Lei Federal nordm 5197 o
Coacutedigo de Caccedila sendo imprescindiacutevel a observaccedilatildeo de seu artigo 1ordm
Os animais de quaisquer espeacutecies em qualquer fase do seu desenvolvimento e que
vivem naturalmente fora do cativeiro constituindo a fauna silvestre bem como seus
ninhos abrigos e criadouros naturais satildeo propriedade do Estado sendo proibida a sua
utilizaccedilatildeo perseguiccedilatildeo destruiccedilatildeo caccedila ou apanha (BRASIL 1967)
Protegendo de maneira incontestaacutevel a fauna nativa brasileira garantindo a diversidade
a continuidade e a sobrevivecircncia de todos os tipos de animais natildeo humanos poreacutem ainda
permitindo em seus paraacutegrafos que hajam peculiaridades regionais para a permissatildeo agrave caccedila
Contudo veda completamente a comercializaccedilatildeo ou exportaccedilatildeo de qualquer forma de animais
natildeo humanos da fauna natural brasileira assim como de seus frutos em seus artigos 3ordm e 18
Trazendo sanccedilotildees penais para todos aqueles que descumprirem seus artigos nos artigos 27 a
31 e contemplando como autoridades responsaacuteveis pela fiscalizaccedilatildeo e aplicabilidade de tais
sanccedilotildees as mesmas indicadas no Coacutedigo de Processo Penal (CPP) de acordo com o seu artigo
15
32 assim como trazem pela primeira vez a inafianccedilabilidade dos crimes contra animais natildeo
humanos pelo seu artigo 34 (BRASIL 1967)
Jaacute por outro vieacutes no dia 31 de agosto de 1981 por meio da publicaccedilatildeo da Lei Federativa
nordm 6938 com a denominaccedilatildeo de A Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente os animais natildeo
humanos assim como seu habitat natural receberam uma grande melhoria nos seus direitos
assim como traz o artigo 15 ldquoO poluidor que expuser a perigo a incolumidade humana animal
ou vegetal ou estiver tornando mais grave a situaccedilatildeo de perigo existente fica sujeito agrave pena de
reclusatildeo de 1 (um) a 3 (trecircs) anos e multa de 100 (cem) a 1000 (mil) MVRrdquo findando a
primeira vedaccedilatildeo expressa por objeto normativo agrave poluiccedilatildeo que traga malfeitorias aos animais
natildeo humanos (BRASIL 1981)
22 LEGISLACcedilAtildeO PAacuteTRIACONTEMPORAcircNEA
No Brasil os animais comeccedilaram a ser considerados como dignos de direitos
constitucionais somentecom a promulgaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 em seu artigo 225 de
forma a condenar a crueldade contra os animais mesmo que ainda deixando uma lacuna em
seu sect7ordm
sect 7ordm Para fins do disposto na parte final do inciso VII do sect 1ordm deste artigo natildeo se
consideram crueacuteis as praacuteticas desportivas que utilizem animais desde que sejam
manifestaccedilotildees culturais conforme o sect 1ordm do art 215 desta Constituiccedilatildeo Federal
registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimocircnio cultural
brasileiro devendo ser regulamentadas por lei especiacutefica que assegure o bem-estar
dos animais envolvidos (BRASIL 1988)
No supracitado artigo ainda se pode ler sobre os direitos alcanccedilados pelos animais natildeo
humanos na constituiccedilatildeo federativa de 1988 onde garante agrave todos um meio ambiente
equilibrado qualidade de vida sendo de obrigaccedilatildeo tanto do poder puacuteblico quanto da
coletividade garantir defender preservar estes direitos para as presentes e futuras geraccedilotildees
para tanto aponta a necessidade de preservar a diversidade e integridade do patrimocircnio geneacutetico
do Brasil e sempre fiscalizando aqueles que com este material lida assim como a necessidade
de controlar a produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de teacutecnicas e produtos que sejam
potencialmente ou confirmadamente prejudiciais ou que gerem risco agrave vida ou sua qualidade
assim como para o meio ambiente demonstrando tambeacutem a indispensabilidade de poliacuteticas de
16
educaccedilatildeo ambiental disseminada por todos os niacuteveis educacionais para a preservaccedilatildeo do meio
ambiente (BRASIL 1988)
Da mesma forma prevecirc a obrigaccedilatildeo de defender a fauna e flora vedando expressamente
praacuteticas que as coloquem em risco sua funccedilatildeo ecoloacutegica que poderiam gerar extinccedilatildeo de
espeacutecies ou mesmo que submetam animais natildeo humanos a qualquer niacutevel de crueldade Deve-
se lembrar que tambeacutem traz a possibilidade de sanccedilotildees para aqueles pessoa fiacutesica ou juriacutedica
que violar estes direitos ora visto a fauna e flora nacional eacute caracterizada como patrimocircnio
nacional(BRASIL 1988)
Eacute de suma importacircncia observar que tal artigo soacute fez-se constar na constituiccedilatildeo de 1988
apoacutes a proclamaccedilatildeo da Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Animais feita pela UNESCO no ano
de 1978 No corpo do texto percebe-se a existecircncia do direito dos animais em funccedilatildeo aos crimes
e desprezo cometidos contra os animais natildeo humanos em funccedilatildeo de uma coexistecircncia saudaacutevel
entre as espeacutecies no mundo jaacute que satildeo seres semelhantes como consta no preacircmbulo da mesma
declaraccedilatildeo (UNESCO 1978) Faz-se necessaacuterio citar alguns de seus artigos ldquoARTIGO 1
Todos os animais nascem iguais diante da vida e tecircm o mesmo direito agrave existecircnciardquo
demonstrando um posicionamento ao menos legal em relaccedilatildeo agrave igualdade e existecircncia dos
animais natildeo humanos como tambeacutem o artigo 2
a) Cada animal tem direito ao respeito b)O homem enquanto espeacutecie animal
natildeo pode atribuir-se o direito de exterminar os outros animais ou exploraacute-los
violando esse direito Ele tem o dever de colocar a sua consciecircncia a serviccedilo dos outros
animais c)Cada animal tem direito agrave consideraccedilatildeo agrave cura e agrave proteccedilatildeo do homem
(UNESCO 1978)
Onde traz obrigaccedilatildeo normativa de respeito dos animais humanos perante os animais natildeo
humanos manifestando o dever agrave consideraccedilatildeo e consciecircncia do primeiro em relaccedilatildeo ao
segundo vedando a exploraccedilatildeo dos mesmos da mesma maneira os artigos 4 e 5
ARTIGO 4 a) Cada animal que pertence a uma espeacutecie selvagem tem o direito de
viver livre no seu ambiente natural terrestre aeacutereo e aquaacutetico e tem o direito de
reproduzir-se b)A privaccedilatildeo da liberdade ainda que para fins educativos eacute contraacuteria
a este direito
ARTIGO 5 a)Cada animal pertencente a uma espeacutecie que vive habitualmente no
ambiente do homem tem o direito de viver e crescer segundo o ritmo e as condiccedilotildees
de vida e de liberdade que satildeo proacuteprias de sua espeacutecie b)Toda a modificaccedilatildeo imposta
pelo homem para fins mercantis eacute contraacuteria a esse direito(UNESCO 1978)
De forma a demonstrar aqui o direito agrave uma vida livre em ambiente adequado e propiacutecio
agrave reproduccedilatildeo garantindo assim a continuidade da fauna ldquoARTIGO 7 Cada animal que trabalha
17
tem o direito a uma razoaacutevel limitaccedilatildeo do tempo e intensidade do trabalho e a uma alimentaccedilatildeo
adequada e ao repousordquo revelando que os animais natildeo humanos assim como os humanos tem
direito de uma jornada digna de trabalho sem que com isso sejam explorados mais do que eacute
aceitaacutevel para uma vida adequada agraves suas condiccedilotildees fiacutesicas ldquoARTIGO 10 Nenhum animal
deve ser usado para divertimento do homem A exibiccedilatildeo dos animais e os espetaacuteculos que
utilizem animais satildeo incompatiacuteveis com a dignidade do animalrdquo expressando nitidamente que
os animais natildeo humanos natildeo satildeo brinquedos posse objeto para divertimento dos animais
humanos ora ponto serem animais que merecem respeitoagrave sua dignidade ldquoARTIGO 11 O ato
que leva agrave morte de um animal sem necessidade eacute um biociacutedio ou seja um crime contra a
vidardquo findando esta citaccedilatildeo pela clara declaraccedilatildeo de expressa vedaccedilatildeo ao assassinato dos
animais natildeo humanos sem que para isso haja um motivo vaacutelido e plenamente
justificaacutevel(UNESCO 1978)
Assim como Bruno Amaro Lacerda traz em sua obra Pessoa Dignidade e Justiccedila a
questatildeo dos direitos dos animais Eacutetica e Filosofia Poliacutetica animais natildeo humanos estatildeo em um
conviacutevio iacutentimo com os animais humanos de forma a em muitos casos criando viacutenculos afetivos
como um membro ativo no meio familiar ao ponto de ateacute ocorrerem lides em relaccedilatildeo a sua
tutela Da mesma forma quando se pensa sobre o que tange o ramo laboral os animais natildeo
humanos em muito foram e satildeo necessaacuterios para a continuidade de vaacuterias categorias de trabalho
(LACERDA 2012)
Eacute imperioso lembrar que no sistema normativo paacutetrio os animais natildeo humanos jaacute foram
considerados como coisas e tendo sua caracterizaccedilatildeo posteriormente alterada para bens
semoventes pelo Coacutedigo Civil ldquoArt 82 Satildeo moacuteveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio
ou de remoccedilatildeo por forccedila alheia sem alteraccedilatildeo da substacircncia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-
socialrdquo (BRASIL 2002)
Sobre o tema a classificaccedilatildeo juriacutedica dos animais natildeo humanos dentro do campo
normativo brasileiro Heron Santana Gordilho (2006) trata em seu trabalho ao apresentar o
fundamento moral da correta compreensatildeo das caracteriacutesticas e correta classificaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos para se romper os paradigmas atuais da caracterizaccedilatildeo dos animais natildeo
humanos comeccedila com uma reformulaccedilatildeo da proacutepria consciecircncia humana por se tratar nada
mais do que um padratildeo de compreensatildeo exclusivamente humano ora que se eacute haacutebil de notar
aos animais natildeo humanos a presenccedila de caracteriacutesticas tanto fiacutesicas quanto mentais que muito
se assemelham as apresentadas pelos animais humanos como se pode observar no trecho
retirado de sua obra
18
As ciecircncias empiacutericas tecircm descoberto habilidades linguiacutesticas nos grandes primatas
que acabaram por ter significativas implicaccedilotildees na teoria moral ao demonstrar que a
doutrina tradicional que vecirc a espeacutecie humana como seres ontologicamente distintos
dos animais eacute fundamentalmente falsa e inconsistente (GORDILHO 2006 p54)
Uma vez que segundo o Gordilho os animais natildeo humanos satildeo capazes de possuir
alguma razatildeo expondo que ldquoA diferenccedila especiacutefica do homem em relaccedilatildeo aos animais residiria
no fato de que apenas o homem tem conhecimento de si mesmo apenas ele eacute um ser pensante
pois sua realidade eacute idecircntica agrave sua idealidaderdquo (GORDILHO 2006 P 53) sem que para tanto
deixasse de constar que mesmo os animais humanos por muitas vezes vem a natildeo ter tal
capacidade diferenciadora (GORDILHO 2006)
Mesmo o artigo 82 natildeo tendo sofrido alteraccedilatildeo entre o Coacutedigo de Processo Civil de 2002
e o de 2015 o tratamento juriacutedico relativo aos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo vigente a
discussatildeo e hermenecircutica do supracitado artigo sofreu alteraccedilotildees em virtude de serem capazes
de sentir dor tornando-se assim como seres viventes o que nitidamente se difere de coisa como
apontado por Haydeeacute Fernanda Cardoso em 2007 ao questionar aquela que era a classificaccedilatildeo
dos animais natildeo humanos agrave sua eacutepoca
Natildeo se pode ver como coisa seres viventes pois tais elementos mostram a existecircncia
de vida natildeo apenas no plano moral e psiacutequico mas tambeacutem bioloacutegico mecacircnico como
podem alguns preferir e vice-versa
O conhecimento juriacutedico-dogmaacutetico hoje encontra-se ultrapassado natildeo apenas em
funccedilatildeo de animais considerados inteligentes mas sim em funccedilatildeo de seres sencientes
capazes de sentir cada um a seu modo e de individualizarem-se estabelecendo
relaccedilotildees sociais entre si ou com humanos constituindo-se velado e inadequado o
tratamento dispensado inclusive mostrando-se incompatiacutevel com os proacuteprios fins
deste Direito ldquoatualrdquo de eacutetica invertida [] (CARDOSO 2007 p 132)
Na mesma obra Cardoso ainda discute sobre a possibilidade dos animais natildeo humanos
de serem aptos a possuir personalidade juriacutedica algo que na contemporaneidade vem-se sendo
alvo de diversas discussotildees no paracircmetro das lides juriacutedicas em virtude da proteccedilatildeo conferida
aos animais humanos e sua comparaccedilatildeo para com os direitos concedidos aos animais natildeo
humanos assim como a proacutepria evoluccedilatildeo desta personalidade em relaccedilatildeo aos seres humanos
historicamente falando como podemos observar pelas palavras da Autora
Assim que em dados momentos sua compreensatildeo natildeo abrangeu seres humanos
considerados escravos ou mesmo crianccedilas embora se reconhecesse entes morais (as
corporaccedilotildees) que apesar do elemento humano que guardam recebiam proteccedilatildeo em
funccedilatildeo do direito patrimonial enquanto natildeo se reconhecia a homens individuais de
modo a garantir-lhes necessidades primitivas mantedoras da vida digna direitos
humanos fundamentais
Hoje conferimos proteccedilatildeo a todos os homens ainda que suas faculdades mentais natildeo
sejam plenas ainda que natildeo tenham capacidade racional ou mesmo consciecircncia ainda
19
que seus atributos mentais estejam limitados agrave mera resposta a estiacutemulos baacutesicos como
a dor ou a fome mas ainda assim natildeo sendo capazes de expressar qualquer desejo
que seja mesmo simples desejo de comer natildeo sejam capazes de se comunicar ainda
que apenas por gestos sendo a comunicaccedilatildeo demanda expressatildeo volitiva e
ultrapassando o limite das palavras Conferimos tambeacutem proteccedilatildeo a homens que natildeo
sabem falar porque entendemos que tecircm outras maneiras de se expressar mesmo que
sejam limitados no atributo da fala E a todos esses protegemos natildeo como coisas mas
sim como pessoas porque satildeo semelhantes a noacutes []
Portanto natildeo eacute a capacidade racional e cognitiva ou mesmo a fala requisito de uma
personalidade juriacutedica ateacute porque os animais possuem as duas primeiras segundo
provado por outras ciecircncias possuindo inclusive consciecircncia (CARDOSO 2007 p
133)
Em 12 de fevereiro de 1998 foi promulgada a Lei nordm 9605 tratando sobre os crimes
contra o meio ambiente trazendo de forma direta o impedimento a vaacuterios embargos relativas
aos animais natildeo humanos assim como transcreve-se aqui no artigo 29 ldquoMatar perseguir caccedilar
apanhar utilizar espeacutecimes de fauna silvestre nativos ou em rota migratoacuteria sem a devida
permissatildeo licenccedila ou autorizaccedilatildeo da autoridade competente ou em desacordo com a
obtida[]rdquo nos artigos que se seguem continuam a se tratar das vedaccedilotildees tanto no que se fala
das proibiccedilotildees relativas agrave fauna brasileira quanto a fauna estrangeira sem deixar de tratar dos
animais natildeo humanos de longa pratica de domesticaccedilatildeo como catildees e gatos assim como no
artigo 32 sect1ordm onde transporta as penas quando o crime eacute praticado contra catildees e gatos Ainda
penaliza os que geram danos por meio de poluiccedilatildeo e com isso reflitam negativamente em
relaccedilatildeo aos animais natildeo humanos como descrito no ser artigo 54 (BRASIL 1998)
Ainda quando se trata de direitos dos animais como um todo natildeo se pode deixar de
constar a Lei nordm 11126 de 27 de junho de 2005 posteriormente alterada e devidamente
motivada a aplicabilidade pela Lei nordm 13146 de 2015 sobre o acesso de catildees-guias agrave locais
puacuteblicos como se lecirc em seu artigo 1ordm redigido
Eacute assegurado agrave pessoa com deficiecircncia visual acompanhada de catildeo-guia o direito de
ingressar e de permanecer com o animal em todos os meios de transporte e em
estabelecimentos abertos ao puacuteblico de uso puacuteblico e privados de sua coletivo desde
que observadas as condiccedilotildees impostas por esta Lei (BRASIL 2015a)
Onde outrora devido a um texto inespeciacutefico natildeo se fazia cumprir a Lei de forma correta
ao deixar lacunas em sua interpretaccedilatildeo vez que somente dissertava por permitir a entrada e
permanecircncia em transportes e locais puacuteblicos e privados de uso coletivo mas natildeo trazendo a
generalidade e especificidade de tais locais de maneira a por muitas vezes ter esse direito
negado obrigando que a Lei de 2015 revisasse e desse nova redaccedilatildeo aos artigos 1ordm e seu
paraacutegrafo 2ordm da Lei de 2005 (BRASIL 2015a)
20
A luta pelos direitos dos animais natildeo satildeo apenas uma funccedilatildeo legislativa o que fica
demonstrado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) que em 2019 ofertou pela primeira vez uma
disciplina de direito dos animais para seus alunos regulares assim como a comunidade em geral
em conjunto com o Grupo de Estudos sobre os Direitos Animais e Interseccionalidades como
foi noticiado pela proacutepria instituiccedilatildeo em seu canal de notiacutecias em 29 de julho do mesmo ano em
mateacuteria de Carolina Pires(PIRES 2019)
O Brasil ainda tem muito o que evoluir no tocante dos direitos dos animais natildeo humanos
comeccedilando pela exploraccedilatildeo pela ciecircncia assim como Laerte Fernando Levai lembra ao citar
uma passagem de Maria Lacerda de Moura em sua obra Civilizaccedilatildeo ndash Tronco de Escravos
publicado em 1931 mas que de nada se difere da realidade atual
Natildeo compreendo a vivissecccedilatildeo a natildeo ser como um deliacuterio de perversidade inominaacutevel
nem chego a ver a vantagem da embriaguez cientiacutefica que potildee milhares de cobaias e
catildees e qualquer espeacutecie de animal agrave mercecirc dos cientistas [] vaidosos de fazer sofrer
os ldquomaacutertires da ciecircnciardquo em nome de um princiacutepio ou de uma descoberta ou de uma
pesquisa ou dos problemaacuteticos benefiacutecios daiacute resultantes para todo o gecircnero humano
[] O homem continuaraacute a descer sempre bem para baixo de todos os siacutemios na sua
maldade de criatura civilizada para estimular todas as virulecircncias desde as guerras
ateacute o prazer satacircnico de martirizar os animais em nome do humanitarismo ciacutenico A
crueldade nunca poderaacute ser um caminho para o aperfeiccediloamento humano A ciecircncia
natildeo se adquire com crueldade Se a fisiologia natildeo pode se adiantar sem infligir
horriacuteveis torturas aos animais indefesos eacute melhor que a fisiologia fique onde estaacute A
humanidade pode progredir sem a fisiologia poreacutem natildeo poderaacute progredir sem a
piedadeMoura (MOURA 1932 apud LEVAI 2012)
Vale constar que em Santa Catarina no dia 22 de dezembro de 2003 por meio da Lei
Estadual nordm 12854 ficou instituiacutedo o Coacutedigo Estadual de Proteccedilatildeo aos Animais pelo seu artigo
2ordm e seus incisos fica por vedar a agressatildeo causar sofrimento de qualquer espeacutecie a animais
sejam silvestres domeacutesticos ou que se possam domesticar nativos ou exoacuteticos afim de
garantir-lhes plenas condiccedilotildees de existecircncia assim como criar animais em locais inapropriados
como lixeiras ou enclausurados sem deixar de citar a expressa vedaccedilatildeo ao abandono de animais
domeacutesticos Ainda tratando sobre as atribuiccedilotildees da lei como da fauna exoacutetica normatizando
os animais natildeo humanos usados para traccedilatildeo veicular tambeacutem trazendo as regras estaduais para
transporte seguro dos animais natildeo humanos como seu abate sem esquecerdas diretrizes para
animais de laboratoacuterios experimentados nos centros de pesquisa ou instituiccedilotildees de educaccedilatildeo
que deveratildeo ser devidamente registrados e certificados para possibilitar a devida fiscalizaccedilatildeo
seja por meio de relatoacuterios como prevecirc o artigo 19 seja pela obrigaccedilatildeo de presenccedila de
profissionais habilitados sempre que forem ser realizados experimentos de vivissecccedilatildeo como
descrito no sect2ordm do artigo 20 (SANTA CATARINA 2003)
21
23 ANAacuteLISE SOBRE A LEI 2172019 DO MUNICIacutePIO DE CURITIBANOSSC
No acircmbito das legislaccedilotildees contemporacircneas brasileiras haacute uma lei promulgada em
2019 onde eacute observado um claro retrocesso no tangente deste tema Em Curitibanos Santa
Catarina no ano de 2019 foi proposta e posta em circulaccedilatildeo a Lei Complementar de nordm
2172019 sob o nome de ldquoInstitui o Coacutedigo de Proteccedilatildeo e Bem-estar animal no acircmbito do
municiacutepio de Curitibanos e daacute outras providecircnciasrdquo a qual traz uma proibiccedilatildeo taacutecita de cuidar
alimentar proporcionar fonte de aacutegua para animais que vivem nas ruas como se pode observar
na subseccedilatildeo II do catildeo comunitaacuterio
Art 11 Fica reconhecida a figura do catildeo comunitaacuterio sendo o animal sem proprietaacuterio
ou tutor identificado e que estabelece com a comunidade em que vive laccedilos de
dependecircncia e de manutenccedilatildeo embora natildeo possua responsaacutevel uacutenico e definido
Art 12 O acesso a aacutegua alimentaccedilatildeo cuidados com a sauacutede higiene e demais atos
necessaacuterios agrave preservaccedilatildeo do bem-estar dos catildees comunitaacuterios natildeo poderatildeo ser
realizados em vias de circulaccedilatildeo passeio praccedilas e demais ambientes puacuteblicos
(CURITIBANOS 2019)
Jaacute na parte de penalizaccedilotildees da mesma Lei em seu Capiacutetulo IV DAS INFRACcedilOtildeES
E PENALIDADES caracterizam que aquele que infringe tal proibiccedilatildeo ocorre em infraccedilatildeo de
natureza meacutedia onde tambeacutem consta maus-tratos ao animal tutelado como se observa em seu
artigo 34 inciso II e suas aliacuteneas
Art 34 Constitui infraccedilatildeo contra as normas de bem-estar dos animais domeacutesticos ou
domesticados a inobservacircncia de qualquer preceito desta lei ou da legislaccedilatildeo
complementar ficando o infrator sujeito agraves penalidades e medidas administrativas
previstas nos artigos 30 e 31 desta Lei Complementar conforme o caso aleacutem das
demais puniccedilotildees legalmente previstas
II - Constitui-se infraccedilatildeo de natureza meacutedia
a) A exposiccedilatildeo contiacutenua do animal ao sol chuva calor e frio e em caso de
confinamento enclausuraacute-los em espaccedilos uacutemidos sem ventilaccedilatildeo
b) Privar o animal de aacutegua limpa e potaacutevel e alimento adequado e em abundacircncia em
recipientes limpos
c) Exercitaacute-los de maneira excessiva e sem descanso adequado
d) Utilizar o animal em situaccedilotildees de enfrentamento fiacutesico entre animais da mesma
espeacutecie ou de espeacutecies diferentes em locais puacuteblicos ou privados
e) Disponibilizar alimentaccedilatildeo e aacutegua em vias de circulaccedilatildeo passeio praccedilas e demais
ambientes puacuteblicos (CURITIBANOS 2019)
De forma a demonstrar um claro regresso nas conquistas alcanccediladas em relaccedilatildeo aos
direitos dos animais natildeo humanos vez que reduz a capacidade de bem-estar animal de ser
repartida com a sociedade aumentando os encargos do estado para com os animais natildeo
22
humanos que se encontram em situaccedilatildeo de abandono e descaso vivendo sem as devidas
condiccedilotildees sanitaacuterias nutricionais de seguranccedila e bem-estar nas vias puacuteblicas sem que para
tanto apresente uma contrapartida do Municiacutepio para garantir que os cuidados vetados agrave
particulares sejam repassados aos entes puacuteblicos apenas reduzindo drasticamente as chances
de alcance de condiccedilotildees mais dignas a sua sobrevivecircncia miacutenima (CURITIBANOS 2019)
24 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 722020 DE PENHASC
A Cacircmara Municipal de Penha Santa Catarina aprovou do dia 17 de agosto de
2020 de forma unanime um projeto de lei que entre seus artigos traz uma passagem que traz
a proibiccedilatildeo para os cachorros de latir trazendo como penalidade aos seus tutores em caso de
descumprimento uma multa no valor de R$ 2300000 A dita lei trata da perturbaccedilatildeo do
sossego enquadrando os animais natildeo humanos em seu art 2ordm II d
Art2ordm Para os efeitos desta lei aplicam-se as seguintes definiccedilotildees
[] II ndash PERTURBACcedilAtildeO DO SOSSEGO
[] d) provocando ou natildeo procurando impedir barulho produzido por animal que tem
guarda(PENHA 2020)
Eacute notoacuterio constar o eminente risco de se cair em maus-tratos animais para a garantia
do cumprimento da citada lei seja pelo uso de equipamentos anti-latidos que causam dor ou
mauestar ao animal seja pelo corte das cordas vocais dos cachorros ou mesmo sob as puniccedilotildees
aos animais natildeo humanos aplicadas em caso de desobediecircncia agrave norma jaacute que os cachorros satildeo
seres independentes alheios do domiacutenio humano Assim como afirma a advogada Ana Selma
Moreira ldquoO que me deixa temerosa em relaccedilatildeo a essa proposta eacute que esse tipo de dispositivo
coloca os animais em risco de maus-tratos e violaccedilatildeo dos direitos fundamentaisrdquo demonstrando
a temeridade da jurista em relaccedilatildeo ao risco que a lei ocasiona (MOREIRA 2020)
25 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 552017 DE PROIBICcedilAtildeO DE USO DE ANIMAIS EM
TESTES DE COSMEacuteTICOS
No dia 9 de outubro de 2020 foi aprovado no Plenaacuterio da Assembleia Legislativa o
Projeto de Lei de autoria do deputado Joatildeo Amin que tem por objetivo proibir o uso de animais
natildeo humanos em testes par a produccedilatildeo de produtos de beleza de higiene pessoal perfumes e
23
cosmeacuteticos em Santa Catarina O proacuteximo passo para a implementaccedilatildeo do Projeto de Lei eacute o
encaminhamento para sanccedilatildeo do Governo do Estado de Santa Catarina sobre esta fase o autor
do Projeto de Lei escreveu ldquoEspero que o governo estadual sancione e regulamente este projeto
que eacute muito importante para proteccedilatildeo dos animais Nossa intenccedilatildeo eacute impedir o uso
indiscriminado de animais em testes situaccedilatildeo que pode ser evitada com uma seacuterie de
alternativasrdquo (FLORIANOacutePOLIS 2020) demonstrando assim a relevacircncia da sanccedilatildeo desta lei
para a garantia do bem-estar dos animais natildeo humanos
No presente Projeto de Lei natildeo soacute se apresenta a necessidade da vedaccedilatildeo do uso dos
animais natildeo humanos no que tange os testes para a produccedilatildeo de cosmeacuteticos perfumes e
assemelhados como tambeacutem descreve de forma qualitativa a caracterizaccedilatildeo destes bens de
consumo para a devida garantia de que a lei caso seja aprovada pelo Governo Estadual seja
devidamente cumprida dentro dos seus objetivos ao exemplo de dizer que tais bens satildeo
preparaccedilotildees constituiacutedas de substacircncias naturais ou sinteacuteticas de uso externo no corpo dos
animais humanos como pele mucosas cabelo unhas dentes dentre outros para com o
objetivo esteacutetico higiecircnico proteccedilatildeo ou ainda odorizaccedilatildeo corporal ressalvando como excluiacutedos
da proposta de lei os medicamentos por meio de emenda substitutiva apresentada pelo relator
Jair Miotto (FLORIANOacutePOLIS 2020)
Outra medida dentro do Projeto de Lei para a garantia do eficaz cumprimento deste eacute a
instituiccedilatildeo de penalidades ao estabelecimentos de pesquisa profissionais ou anaacutelogos que
descumprirem as diretrizes levantadas no presente Projeto de Lei com penalidades progressivas
para multas e demais sanccedilotildees para tanto a instituiccedilatildeo de multa miacutenima de R$ 500000 (cinco
mil reais) podendo chegar ateacute o valor de R$ 1000000 (dez mil reais) sem contar juros e
correccedilotildees monetaacuterias segundo os iacutendices oficiais regularmente estabelecidos estabelecendo
ainda que em caso de reincidecircncia a multa podendo ser dobrada natildeo impedindo se somar a
multa a suspensatildeo temporaacuteria ou definitiva do alvaraacute de funcionamento da instituiccedilatildeo
(FLORIANOacutePOLIS 2020)
Jaacute enquanto sobre as puniccedilotildees relativas aos profissionais que descumprirem a lei esta
se daraacute por multa no valor miacutenimo de R$ 100000 (mil reais) podendo chegar ateacute o valor de R$
500000 (cinco mil reais) sem contar juros e correccedilotildees monetaacuterias segundo os iacutendices oficiais
regularmente estabelecidos com multa dobrada para casos de reincidecircncia estabelecendo ainda
puniccedilotildees para pessoas fiacutesicas sem excluir aquelas que sejam detentoras de funccedilatildeo puacuteblica civil
ou militar incluindo ainda instituiccedilotildees ou estabelecimentos de ensino organizaccedilotildees sociais ou
ainda quaisquer outras pessoas juriacutedicas indiferente de serem com ou sem fins lucrativos
puacuteblicos ou privados que vierem a descumpri os termos da lei (FLORIANOacutePOLIS 2020)
24
26 JULGADOS SOBRE A GUARDA ANIMAL E PROJETOS LEIS
A 4ordf Turma do STJ definiu por maioria de votos no dia 19 de junho de 2018 ser possiacutevel
a regulamentaccedilatildeo judicial de visitas a animais natildeo humanos de estimaccedilatildeo apoacutes a separaccedilatildeo de
casais que viviam em uma uniatildeo estaacutevel onde o Ministro Relator Luis Felipo Salomatildeo apontou
como se observa na ementa do caso
RECURSO ESPECIAL DIREITO CIVIL DISSOLUCcedilAtildeO DE UNIAtildeO ESTAacuteVEL
ANIMAL DE ESTIMACcedilAtildeO AQUISICcedilAtildeO NA CONSTAcircNCIA DO
RELACIONAMENTO INTENSO AFETO DOS COMPANHEIROS PELO
ANIMAL DIREITO DE VISITAS POSSIBILIDADE A DEPENDER DO CASO
CONCRETO 1 Inicialmente deve ser afastada qualquer alegaccedilatildeo de que a discussatildeo
envolvendo a entidade familiar e o seu animal de estimaccedilatildeo eacute menor ou se trata de
mera futilidade a ocupar tempo desta Corte Ao contraacuterio eacute cada vez mais recorrente
no mundo da poacutes- modernidade e envolve questatildeo bastante delicada examinada tanto
pelo acircngulo da afetividade em relaccedilatildeo ao animal como tambeacutem pela necessidade de
sua preservaccedilatildeo como mandamento constitucional (art 225sect1 inciso VII ndash ldquoproteger
a fauna e a flora vedadas na forma da lei as praacuteticas que coloquem em risco sua
funccedilatildeo ecoloacutegica provoquem a extinccedilatildeo de espeacutecies ou submetam os animais a
crueldaderdquo) 2 O Coacutedigo Civil ao definir a natureza juriacutedica dos animais tificou-os
como coisas e por conseguinte objetos de propriedade natildeo lhes atribuindo a
qualidade de pessoas natildeo sendo dotados de personalidade juriacutedica nem podendo ser
considerados sujeitos de direitos Na forma da lei civil o soacute fato de o animal ser tido
como de estimaccedilatildeo recebendo afeto da entidade familiar natildeo pode vir a alterar a
substacircncia a ponto de converter a sua natureza juriacutedica 3 No entanto os animais de
companhia possuem valor subjetivo uacutenico e peculiar aflorando sentimentos bastante
iacutentimos em seus donos totalmente diversos de qualquer outro tipo de propriedade
privada Dessarte o regramento juriacutedico dos bens natildeo se vem demonstrando suficiente
para resolver de forma satisfatoacuteria a disputa familiar envolvendo os pets visto que
natildeo se trata de simples discussatildeo atinente agrave posse e agrave propriedade 4 Por sua vez a
guarda propriamente dita ndash inerente ao poder familiar ndash instituto por essecircncia de
direito de famiacutelia natildeo pode ser simples e fielmente subvertida para definir o direito
dos consortes por meio do enquadramento de seus animais de estimaccedilatildeo
notadamente porque eacute um muacutenus exercido no interesse tanto dos pais quanto do filho
Natildeo se traraacute de uma faculdade e sim de um direito em que se impotildee aos pais a
observacircncia dos deveres inerentes ao poder familiar 5 A ordem juriacutedica natildeo pode
simplesmente desprezar o relevo da relaccedilatildeo do homem com seu animal de estimaccedilatildeo
sobretudo nos tempos atuais Deve-se ter como norte o fato cultural e da poacutes-
modernidade de que haacute uma disputa dentro da entidade familiar em que prepondera
o afeto de ambos os cocircnjuges pelo animal Portanto a soluccedilatildeo deve perpassar pela
preservaccedilatildeo a garantia dos direitos agrave pessoa humana mas precisamente o acircmago de
sua dignidade 6 Os animais de companhia satildeo seres que inevitavelmente possuem
natureza especial e como ser senciente ndash dotados de sensibilidade sentindo as
mesmas dores e necessidades biopsicoloacutegicas dos animais racionais - tambeacutem devem
ter o seu bem-estar considerado 7 Assim na dissoluccedilatildeo da entidade familiar em que
haja algum conflito em relaccedilatildeo ao animal de estimaccedilatildeo independentemente da
qualificaccedilatildeo juriacutedica a ser adotada a resoluccedilatildeo deveraacute buscar atender sempre a
depender do caso em concreto aos fins sociais atentando para a proacutepria evoluccedilatildeo da
sociedade com a proteccedilatildeo do ser humano e do seu viacutenculo afetivo com o animal 8
Na hipoacutetese o Tribunal de origem reconheceu que a cadela fora adquirida na
constacircncia da uniatildeo estaacutevel e que estaria demonstrada a relaccedilatildeo de afeto entre o
recorrente e o animal de estimaccedilatildeo reconhecendo o seu direito de visitas ao animal
o que deve ser mantido 9 Recurso especial natildeo provido (BRASIL 2018a)
25
Mesmo ainda sendo definidos como coisas pelo Coacutedigo Civil como apontado pelo
mesmo relator foi apontado que os animais natildeo humanos satildeo objetos de relaccedilotildees juriacutedicas uma
vez ainda que como aponta a pesquisa do IBGE jaacute existem mais catildees e gatos nos lares
brasileiros do que crianccedilas desta forma demonstrando a relevacircncia do viacutenculo afetivo entre os
animais humanos e os animais natildeo humanos assegurando ainda a preservaccedilatildeo das garantias do
artigo 225 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (BRASIL 2018a)
A Juiacuteza de Direito Karen Francis Schubert Reimer da 3ordf Vara da Famiacutelia de Joinville
Santa Catarina tambeacutem discutiu a guarda de animais natildeo humanos discutindo a sua natureza
juriacutedica na sua decisatildeo No caso da lide apoacutes a separaccedilatildeo ficou decidido que cada uma das partes
ficaria com a guarda de um dos catildees que possuiacuteam na constacircncia do matrimocircnio ainda decidiu
a possibilidade de visitas entre as partes e os catildees e as partes sem sua guarda igualmente ao
relator do STJ o status de coisa dado pelo Coacutedigo Civil brasileiro aos animais natildeo humanos a
magistrada apontou ldquoNossa legislaccedilatildeo atual o Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002 estabelece que
o animal possui status juriacutedico de coisa Ou seja eacute um objeto de propriedade do homem e que
conteacutem expressatildeo econocircmicardquo usando esta colocaccedilatildeo para justificar sua decisatildeo onde
determina que seraacute o homem o responsaacutevel por todas as despesas de veterinaacuterio medicaccedilatildeo e
vacinas tanto para o cachorro em sua guarda quanto para o cachorro sob a guarda de sua ex-
esposa (SANTA CATARINA 2017)
Vale ressaltar que a magistrada apontou a necessidade de que os animais natildeo humanos
sejam enquadrados em uma categoria intermediaacuteria entre coisas e pessoas citando o Projeto de
Lei do Senado PLS 31515 que trata sobre a natureza juriacutedica dos animais natildeo humanos onde
dispotildees sobre a alteraccedilatildeo do artigo 82 do Coacutedigo Civil natildeo tratando mais os animais natildeo
humanos como coisas entatildeo trouxe a fala ldquoNatildeo se trata de equiparar os cachorros aos filhos
aos seres humanos O que se busca eacute reconhecer que nem sempre os animais devem receber
tratamento de coisa ou de objetordquo (SANTA CATARINA 2017)
Sobre o tema eacute vaacutelido constar que o Governo de Santa Catarina na data de 17 de janeiro
de 2018 por meio da Lei nordm 17485 veio a alterar a Lei nordm 12854 de 2003 que instituiu o Coacutedigo
Estadual de Proteccedilatildeo dos animais Com a presente lei veio a fim de se reconhecer catildees gatos e
cavalos como seres sencientes trazendo a incluir ao dito coacutedigo o artigo 34 ndash A ldquoPara os fins
desta Lei catildees gatos e cavalos ficam reconhecidos como seres sesncientes sujeitos de direito
que sentem dor e anguacutestia o que constitui o reconhecimento da sua especificidade e das suas
caracteriacutesticas face a outros seres vivosrdquo fazendo assim constar um grande diferencial
normativo de uma lei estadual perante a legislaccedilatildeo paacutetria ora que enquanto no que tange as leis
a niacutevel federal tal interpretaccedilatildeo somente se encontra no campo doutrinaacuterio jurisdicional e de
26
projeto de lei em niacutevel estadual em Santa Catarina os animais natildeo humanos jaacute satildeo
classificados desde 2018 como seres sencientes pela letra da lei (SANTA CATARINA 2018)
Ainda na mesma linha o Senado Nacional tramita no CCJ o Projeto de Lei PLS 54218
para regulamentar a guarda compartilhada de animais de estimaccedilatildeo quando em caso de
divoacutercios ou dissoluccedilotildees de Uniotildees Estaacuteveis determinando para tanto que o animal natildeo humano
que possa ser alvo de tal discussatildeo de guarda de acordo com seu artigo 1ordm aquele ldquocujo tempo
de vida tenha transcorrido majoritariamente na constacircncia do casamento ou da uniatildeo estaacutevelrdquo
(BRASIL 2018b) definindo ainda quais as condiccedilotildees para a guarda visitas ambiente
adequado para moradia do animal natildeo humano a quem incumbiraacute as despesas do animal natildeo
humano guardado assim como as consequecircncias relativas agrave risco de violecircncia ou maus-tratos
ao animal natildeo humanos sobre sua guarda ou em sua visita Apresenta-se para anaacutelise tal PL
com o texto
Estabelece o compartilhamento da custoacutedia de animal de estimaccedilatildeo de propriedade
em comum quando natildeo houver acordo na dissoluccedilatildeo do casamento ou da uniatildeo estaacutevel Altera o Coacutedigo de Processo Civil para determinar a aplicaccedilatildeo das normas
das accedilotildees de famiacutelia aos processos contenciosos de custoacutedia de animais de estimaccedilatildeo
(BRASIL 2018b)
Atualmente essa PLS encontra-se em aguardo de designaccedilatildeo e relator desde 25 de
marccedilo de 2019 Tal projeto de lei vem a demonstrar uma nova visatildeo sobre a interaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos e humanos e abrindo precedentes para uma nova classificaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos perante o Coacutedigo Civil (BRASIL 2018b)
Na mesma linha de discussatildeo da Magistrada se faz necessaacuterio constar a declaraccedilatildeo feita
por um grupo de juristas e especialistas em sauacutede e comportamento animal ingleses durante a
Conferecircncia de Francis Crick sediada na Universidade de Cambridge no dia 7 de julho de 2012
A ausecircncia de um neurocoacutertex natildeo parece impedir que um organismo experimente
estados afetivos Evidecircncias convergentes indicam que os animais natildeo humanos tecircm
os substratos neuroanatocircmicos neuroquiacutemicos e neurofisioloacutegicos de estado de
consciecircncia juntamente com a capacidade de exibir comportamentos intencionais
Consequentemente o pelo das evidecircncias indicam que os humanos natildeo satildeo os uacutenicos
a possuir os substratos neuroloacutegicos que geram a consciecircncia Animais natildeo humanos
incluindo todos os mamiacuteferos e as aves e muitas outras criaturas incluindo nestes os
polvos tambeacutem possuem esses substratos neuroloacutegicos (CAMBRIDGE 2012)
Em tal relato obteve-se as palavras de um grupo de especialistas tanto no campo
juriacutedico quanto nos campos de comportamento e medicina animal de forma a admitir que natildeo
seriam apenas os animais humanos capazes de serem dotados de consciecircncia demonstrando
27
estes serem capazes de pensar sentir e raciocinar natildeo sendo simplesmente coisas
(CAMBRIDGE 2012)
Tramita no Senado o Projeto de Lei nordm 631 de 2015 onde visa alterar a redaccedilatildeo do artigo
32 da Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 vem a vedar que sem motivos justificaacuteveis se
venha a causar dor lesatildeo ou sofrimento aos animais natildeo humanos desenvolver a
conscientizaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo para a guarda responsaacutevel dos animais natildeo humanos classificando
a integridade fiacutesica e mental assim como o bem-estar dos animais natildeo humanos como interesse
difuso devendo destacar o sect2ordm do artigo 4ordm da PL ldquoAos animais deve ser dispensada a dignidade
de tratamento reservada aos seres sencientesrdquo (BRASIL 2015b) demonstrando claramente sua
natureza de seres dotados de sensibilidade e natildeo de status de coisa assim como os sectsect 3ordm e 4ordm do
mesmo artigo
sect3ordm Os animais tecircm interesses individuais e coletivos distintos dos interesses
individuais e coletivos dos seres humanos devendo a autoridade no caso de colisatildeo
de interesses proceder a uma ponderaccedilatildeo que natildeo se confine a juiacutezos de utilidade ou
de funcionalizaccedilatildeo das interesses individuais e coletivos dos seres humanos
sect4ordm Na ausecircncia de disposiccedilotildees em contraacuterio os animais se beneficiam da proteccedilatildeo
juriacutedica conferida agraves coisas e agraves pessoas juriacutedicas (BRASIL 2015b)
Trazendo uma grande inovaccedilatildeo relativa aos direitos dos animais natildeo humanos onde
lhes proporciona a garantia da proteccedilatildeo juriacutedica dada agraves pessoas juriacutedicas Tal PL se apresenta
para anaacutelise com o texto
Institui o estatuto de proteccedilatildeo dos animais considerando-a como interesse difuso
estabelece o direito agrave proteccedilatildeo agrave vida e ao bem-estar a vedaccedilatildeo de praacuteticas e atividades
que se configurem como crueacuteis ou danosas da integridade fiacutesica e mental tipifica os
maus-tratos e dispotildees sobre infraccedilotildees e penalidades (BRASIL 2015b)
Este protejo de lei se encontra em aguardo de inclusatildeo na ordem do dia de requerimento
tendo como Relator o Senador Pliacutenio Valeacuterio (BRASIL 2015b)
Entende-se que embora os animais natildeo humanos faccedilam parte de forma direta e
entrelaccedilada com os animais humanos ainda se encontra como um grande problema perante a
nossa legislaccedilatildeo sendo seu sistema normativo uma novidade e de completo desconhecimento
de um grande percentual brasileiro ora visto como um direito extravagante que natildeo consideraria
uma expressatildeo da realidade suprimindo necessidades atuais em contraposto da relaccedilatildeo afetiva
por muitos julgada como transbordando os limites de humanidade (FIORILLO 2019)
Assim no presente capiacutetulo foi analisada a evoluccedilatildeo histoacuterica legislativa dos direitos
dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo brasileira ateacute a contemporaneidadedo estado
28
atual de seus direitos incluindo julgados projetos de lei suacutemulas sem deixar de constar ateacute
retrocessos legislativosdos direitos em questatildeoPela teacutecnica bibliograacutefica onde se buscouesta
anaacutelise da forma mais completatentandoenglobar omaacuteximo deinformaccedilotildees parase chegar agrave
mais ampla anaacutelise dos direitos dos animais natildeo humanos no Brasil
Desta forma foi possiacutevel se observar que o primeiro relato normativo brasileiros no
Municiacutepio de Satildeo Paulo trazendo vedaccedilotildees e regulamentaccedilotildees para os animais em labuta
passando pela inclusatildeo de normas dentro da constituiccedilatildeo federativa sumulassem deixar de citar
asleis infraconstitucionais
Para continuidade do presente trabalho no capitulo que se segue seraacute apresentada uma
anaacutelise realizada da mesma forma do presente capitulo poreacutem no tangente agrave evoluccedilatildeo histoacuterica
e legislaccedilatildeo atual dos direitos dos animais em Portugal
29
3 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA
Neste capiacutetulo tem-se como objetivo trazer de forma sucinta a evoluccedilatildeo histoacuterica no que
tange o direito dos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo de Portugal trazendo para isto as
proacuteprias leis assim como relatos bibliograacuteficos sobre o tema
31 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
O direito dos animais natildeo humanos em Portugal surgiu no dia 16 de setembro de 1886
com a promulgaccedilatildeo do Decreto Lei do Coacutedigo Penal Portuguecircs onde tratavam dos direitos dos
animais natildeo humanos entre os artigos 478 a 481 onde previam a penalizaccedilatildeo par aquele que
ferir matar envenenar abusar ou causar outros tipos de danos aos animais natildeo humanos
incluindo dentre eles a vedaccedilatildeo aos maus-tratos Contudo tipificavam os animais natildeo humanos
como animais de consumo (PORTUGAL 1886)
Somente quase 30 anos depois no datar de 12 de junho de 1919 foi assinado um Decreto
relativo a vedaccedilatildeo do uso excessivo de animais perante a labuta onde se determinavam limites
para o trabalho em que os animais natildeo humanos satildeo expostos impedindo desta forma a
exigecircncia exacerbada e abusiva perante suas capacidades individuais e coletivos (PORTUGAL
2001)
No iniacutecio do seacuteculo seguinte Portugal regulamentou para a aplicaccedilatildeo interna de forma
complementar as disposiccedilotildees da Convenccedilatildeo Europeia para a Proteccedilatildeo dos Animais de
Companhia aprovada pelo no dia 13 de abril no Decreto nordm 1393 de forma a definir quais os
dispositivos que se tornariam aplicaacuteveis no seu territoacuterio e excluindo no entanto todos aqueles
que tratem das espeacutecies da fauna selvagem exoacuteticas assim como seus descendentes quando
criados em cativeiro ainda ressaltando como natildeo aplicaacuteveis as normas que se dispusessem em
contradiccedilatildeo a legislaccedilatildeo infraconstitucional portuguesa (PORTUGAL 2001)
Esta legislaccedilatildeo veio a normatizar medidas ateacute entatildeo natildeo constantes na legislaccedilatildeo paacutetria
como ao exemplo do seu artigo 3ordm regulamentando os procedimentos e locais de alojamento no
que tange o exerciacutecio de reproduccedilatildeo para comercializaccedilatildeo de animais de companhia Traz ainda
inovaccedilotildees no que se fala de abandono onde natildeo se caracteriza mais o abandono somente como
largar em qualquer lugar mas tambeacutem pela negligecircncia como deixar de cuidar alimentar
cuidado com a higiene e devidas condiccedilotildees de sauacutede e proteccedilatildeo contra zoonoses ocasionando
30
para aquele que nesta categoria de abandono for classificado a remoccedilatildeo do animal Natildeo
deixando de constar a necessidade expressa de que em caso de amputaccedilotildees deva haver
certificaccedilatildeo veterinaacuteria comprovando a necessidade de tal procedimento garantindo que estas
sejam realizadas por razotildees claramente medica-veterinaacuteria ou de interesse particular do animal
natildeo humano ou ainda para impedir sua reproduccedilatildeo impedindo desta forma amputaccedilotildees
meramente esteacuteticas ou por interesse unicamente de seu detentor permitindo maiores direitos
a integridade fiacutesica dos animais natildeo humanos perante motivaccedilotildees supeacuterfluas Tratando ainda
de normas para hospedagem e centro de recolhimento de animais natildeo humanosem seus
Capiacutetulos IV V VI VIII e X (PORTUGAL 2001)
Em substituiccedilatildeo do Decreto Lei nordm 2762001 em 17 de dezembro o Decreto Lei nordm
3152003 veio para inovar em alguns sentidos os direitos dos animais natildeo humanos excluindo
as aplicaccedilotildees de dispositivos do Decreto nordm 1393 da Convenccedilatildeo Europeia para a proteccedilatildeo de
Animais de Companhia no tangente da detenccedilatildeo de animais potencialmente perigosos
vislumbrando a necessidade de regulamentar a mateacuteria por diplomas proacuteprios utilizando para
tal regulamentaccedilatildeo os posicionamentos de oacutergatildeos governamentais proacuteprios das Regiotildees
Autocircnomas e a Associaccedilatildeo Nacional dos municiacutepios Portugueses Trazendo colocaccedilotildees como
ldquoExcluem-se do acircmbito de aplicaccedilatildeo deste diploma as espeacutecies da fauna selvagem autoacutectone e
exoacutetica e os seus descendentes criados em cativeiro objeto de regulamentaccedilatildeo especiacutefica e os
touros de liderdquo (PORTUGAL 2003b) assim como redefinindo hospedagem sem fins
lucrativos e para fins meacutedicos-veterinaacuterios para animais de companhia onde destaca o Plano
Nacional de Luta e Vigilacircncia da Raiva Animal e outras Zoonoses que natildeo se faziam constar
no decreto anterior ainda atualizando as regras para licenccedilas de funcionamento de tais locais
assim como regulando dimensotildees miacutenimas para sua instalaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo de atividades sejam
para animais natildeo humanos de sangue quente como cachorros e gatos ou sangue frio como
lagartos e sapos(PORTUGAL 2003b)
Um grande marco para o direito dos animais natildeo humanos em Portugal ocorreu com a
publicaccedilatildeo no dia 17 de dezembro do Decreto-Lei nordm 3132003 onde foi criado o Sistema de
Identificaccedilatildeo de Caninos e Felinos (SICAFE) onde estabeleceu diretrizes para a identificaccedilatildeo
eletrocircnica de catildees e gatos que servem de animais de companhia criando desta forma uma base
de dados nacional para esta identificaccedilatildeo permitindo a identificaccedilatildeo dos animais natildeo humanos
que satildeo viacutetima de abandono ainda como medidas sanitaacuterias e zooteacutecnicas juriacutedicas e
humanitaacuterias ainda aumentando a responsabilidade dos centros de criaccedilatildeo para
comercializaccedilatildeo de catildees e gatos de companhia (PORTUGAL 2003a)
31
Seria a criaccedilatildeo de um documento uacutenico que comporta o boletim sanitaacuterio destes animais
natildeo humanos contendo natildeo soacute informaccedilotildees cruciais destes como sexo e raccedila mas ainda
detalhes sobre procedimentos que os mesmos foram expostos e accedilotildees de profilaxia das quais
foi sujeito sendo de delegaccedilatildeo do seu detentor garantir que tais informaccedilotildees estejam corretas e
atualizadas incluindo dentre elas a carteira de vacinaccedilatildeo antirraacutebica (PORTUGAL 2003a)
No datar de 25 de janeiro de 2005 pela Uniatildeo Europeia foi promulgado o Regulamento
nordm 12005 que faz relaccedilatildeo a proteccedilatildeo dos animais natildeo humanos durante o transporte e operaccedilotildees
fins de forma a minimizar a duraccedilatildeo da viagem e satisfazer as necessidades dos animais
garantindo tambeacutem que os animais natildeo humanos devem estar aptos para efetuar a viagem assim
como os meios de transporte tanto quanto os equipamentos de carregamento e descarregamento
devem ser construiacutedos mantidos e utilizados de maneira a evitar lesotildees violecircncia ou
sofrimentos garantindo o bem-estar e a seguranccedila dos animais natildeo humanos durante o
deslocamento sendo de responsabilidade das autoridades nacionais inspecionar e aprovar os
veiacuteculos alvo de transporte de animais natildeo humanos seja por via mariacutetima ou rodoviaacuteria
(PORTUGAL 2005)
Ainda eacute vaacutelido mencionar o Decreto-Lei nordm 742007 promulgado dia 27 de marccedilo de
2007 onde trata da consagraccedilatildeo do direito ldquode acesso das pessoas com deficiecircncia visual
acompanhadas de catildees-guia a locais transportes e estabelecimentos puacuteblicosrdquo (PORTUGAL
2007a) tal constataccedilatildeo se faz pela evoluccedilatildeo nas teacutecnicas e condicionamento de formas de
treinamento de tais animais assim como da proteccedilatildeo sanitaacuteria dos catildees fora que determina os
direitos e responsabilidades dos catildees em treinamento e em serviccedilo ainda definindo os regimes
credenciamento responsabilidades e proibiccedilotildees relativas agraves famiacutelias que se promovem a receber
os catildees que seratildeo treinados demonstrando uma clara preocupaccedilatildeo no conforto seguranccedila e
vida dentro dos padrotildees de garantias para os catildees que agrave essa atividade forem direcionados
(PORTUGAL 2007a)
No mesmo ano o Parlamento Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia emitiu o
Regulamento nordm 1523007 do dia 11 de dezembro veio a proibir a colocaccedilatildeo no mercado assim
como a importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo comunitaacuterias de peles de gato e de catildeo e de produtos que as
contenham uma vez que
Para os cidadatildeos da Uniatildeo Europeia os gatos e catildees satildeo animais de estimaccedilatildeo pelo
que natildeo eacute aceitaacutevel usar as suas peles nem produtos que as contenham Existem
indiacutecios da presenccedila da Comunidade de peles natildeo rotuladas de gato e de catildeo e de
produtos que as contecircm Consequentemente os consumidores estatildeo preocupados com
a possibilidade de poderem comprar peles de gato e de catildeo e produtos que as
contenham Em 18 de Dezembro de 2003 o Parlamento Europeu aprovou uma
32
declaraccedilatildeo em que exprime a sua inquietaccedilatildeo a respeito do comeacutercio dessas peles e
produtos e solicita que se lhe ponha termo a fim de reestabelecer a confianccedila dos
consumidores e dos comerciantes[] (PORTUGAL 2007a)
Desta forma aleacutem de garantir que dentro comeacutercio interno de produtos de pele de catildees
e gatos natildeo estejam presentes ainda garante o bem-estar dos animais natildeo humanos ora que ao
se tratar de comercio irregular e ilegal levanta a praacutetica de maus-tratos para a obtenccedilatildeo de tais
mateacuterias primas (PORTUGAL 2007a)
32 LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA CONTEMPORAcircNEA
Por meio da Lei nordm 3152009 publicada no dia 21 de agosto do mesmo ano foi
designado novos regramentos relativos aos animais natildeo humanos onde em seu artigo 1ordm trouxe
ldquoO presente decreto-lei aprova o regime juriacutedico da criaccedilatildeo reproduccedilatildeo e detenccedilatildeo de animais
perigosos e potencialmente perigosos enquanto animais de companhiardquo (PORTUGAL 2009b)
Aqui fica demonstrada a preocupaccedilatildeo da introduccedilatildeo de mais espeacutecies de animais natildeo humanos
no meio do conviacutevio em sociedade dos animais humanos sem que haja prejuiacutezo aos dizeres do
Decreto-Lei de 2009 este tenta regular animais natildeo humanos silvestres mas ressalva o direito
da manutenccedilatildeo da criaccedilatildeo e interaccedilatildeo de animais natildeo humanos e humanos enquanto nativos da
fauna selvagem indiacutegena respeitando desta maneira as peculiaridades de sua existecircncia Em
seu artigo 3ordm traz as classificaccedilotildees de animais natildeo humanos enquanto animal de companhia
animal perigoso animal potencialmente perigoso autoridade competente centro de recolha e
detentor fazendo este uacuteltimo o mais importante de se evidenciar
ltltDetentorgtgt qualquer pessoa singular maior de 16 anos sobre a qual recai o dever
de vigilacircncia de um animal perigoso ou potencialmente perigoso para efeitos de
criaccedilatildeo reproduccedilatildeo manutenccedilatildeo acomodaccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo com ou sem fins
comerciais ou que o tenha sob sua guarda mesmo que a tiacutetulo temporaacuterio
(PORTUGAL 2009b)
Trazendo uma nova concepccedilatildeo para aquele que possui um animal natildeo humano quando
se fala de perigosos e potencialmente perigosos evidenciando uma nova forma de considera-lo
enquanto ser sob guarda natildeo apresentando mais como uma posse mas sim como uma tutela
Vale ressaltar que o presente decreto natildeo se resume apenas a animais natildeo humanos considerados
de natureza selvagem ao denomina-los como animais perigosos e animais potencialmente
perigosos mas tambeacutem resguarda os direitos e deveres do detentor perante catildees que sejam
assim classificados perante o que classifica o artigo 3ordm em Capiacutetulo IV trata sobre as
33
obrigatoriedades para a constacircncia de manutenccedilatildeo de catildees assim classificados em seu conviacutevio
como a obrigaccedilatildeo de treinamento e suas exigecircncias (PORTUGAL 2007b)
Ainda o presente decreto traz as penalidades para formas de maus-tratos ateacute entatildeo natildeo
mencionados nas legislaccedilotildees anteriores como para aqueles que promoverem ou participarem
de lutas entre animais natildeo humanos natildeo excluindo da puniccedilatildeo a mera tentativa e ainda
trazendo penas para quaisquer formas de ofensas agrave integridade fiacutesica dos animais natildeo humanos
na categoria dolosa ou de negligecircncia Eacute imprescindiacutevel constar sobre uma inovaccedilatildeo de grande
importacircncia trazida pelo decreto em questatildeo onde em seu artigo 38 vislumbra puniccedilotildees ao que
tange o profissional veterinaacuterio ou aquele que praticar as atividades a esse profissional
destinadas sem que tenha a devida certificaccedilatildeo para ministrar tais atividades (PORTUGAL
2009b)
No mesmo ano o Parlamento Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia no dia 30 de
novembro fez surgir um marco nos direitos dos animais natildeo humanos com a publicaccedilatildeo do
Regulamento nordm 12232009 no Jornal Oficial da Uniatildeo Europeia onde se trata das
regulamentaccedilotildees relativas ao uso de animais natildeo humanos enquanto para uso de testes em
produtos cosmeacuteticos De maneira a gerar diretrizes do que se permite ou se veda no que tange
a proteccedilatildeo dos animais natildeo humanos utilizados para fins experimentais prevendo regras comuns
para todos os Estados Membros da Uniatildeo Europeia exigindo que os ensaios realizados em
animais natildeo humanos sejam substituiacutedos por meacutetodos alternativos sempre que possiacutevel Ainda
regulamenta prazos para que seja efetuada a proibiccedilatildeo da comercializaccedilatildeo de produtos
cosmeacuteticos cuja formulaccedilatildeo final possuam ingredientes que tenham sido ensaiados em animais
assim como uma data para a proibiccedilatildeo de que sejam continuados os ensaios sobre animais
sendo estas datas respectivamente 11 de marccedilo de 2009 e 11 de marccedilo de 2013 coordenando
ainda uma construccedilatildeo para o desenvolvimento de meacutetodos cientiacuteficos alternativos aos testes em
animais natildeo humanos (PORTUGAL 2010)
O Parlamento Europeu e o Conselho da Uniatildeo Europeia publicaram no Jornal Oficial
da Uniatildeo Europeia na paacutegina 33 no datar de 20 de outubro de 2010 a Diretiva 201063EU
relativa agrave proteccedilatildeo dos animais utilizados para fins cientiacuteficos de forma a normatizar as
teacutecnicas formas cuidados dentre outros que devem ser tomados para se garantir o bem-estar
dos animais natildeo humanos dirigidos aos fins cientiacuteficos Ao exemplo ao tratar dos meacutetodos
podemos observar no seu toacutepico 14
Os meacutetodos selecionados deveratildeo evitar tanto quanto possiacutevel que o limite criacutetico do
procedimento seja a morte do animal devido ao sofrimento grave sentido durante o
periacuteodo que precede a morte Sempre que possiacutevel a morte deveraacute ser substituiacuteda por
34
limites criacuteticos mais humanos recorrendo a sinais cliacutenicos que determinem a
iminecircncia da morte a fim de permitir que o animal seja occisado sem mais sofrimento
(PORTUGAL 2010)
Ainda se traz na supracitada Diretiva a clara vedaccedilatildeo a procedimentos que possam
ocasionar ameaccedila a biodiversidade como ao exemplo de se utilizar para estudos animais natildeo
humanos cuja espeacutecie corra risco de extinccedilatildeo ressalvado ao miacutenimo indispensaacutevel e
devidamente justificado ainda levanta a proximidade geneacutetica entre os animais natildeo humanos e
humanos assim como a capacidade social dos primatas natildeo humanos demonstrando a niacutetida
problemaacutetica de garantia do bem-estar das necessidades comportamentais ambientais e sociais
em um ambiente laboratorial (PORTUGAL 2010)
Mesmo apresentando uma evoluccedilatildeo sucinta no que tange o direito dos animais natildeo
humanos em Portugal ateacute entatildeo em 2017 o paiacutes promulgou uma lei que modificou de forma
significante esse tocante sendo a maior evoluccedilatildeo a alteraccedilatildeo dos animais do rol de coisas para
passar a serem considerados ldquoseres vivos dotados de sensibilidade e objeto de proteccedilatildeo juriacutedica
em virtude da sua naturezardquo (PORTUGAL 2017a) no Coacutedigo Civil portuguecircsdeve-se
evidenciar que este paiacutes tem relaccedilotildees de reciprocidade perante ao tratamento dos indiviacuteduos
humanos para com o Brasil pode-se ver uma evoluccedilatildeo significativamente relevante em razatildeo a
compreensatildeo e leis como fica claro quando observamos a lei aprovada de 1ordm de maio de 2017
lei nordm 82017 onde os animais natildeo humanos deixaram de serem coisas para a denominaccedilatildeo de
seres sencientes explicitado pela adiccedilatildeo do artigo 201ordm-B ldquoOs animais satildeo seres vivos dotados
de sensibilidade e objeto de proteccedilatildeo juriacutedica em virtude da sua naturezardquo (PORTUGAL
2017a) trazendo uma inovaccedilatildeo perante a classificaccedilatildeo dos animais natildeo humanos perante a
legislaccedilatildeo 201ordm-C ldquoProteccedilatildeo juriacutedica dos animais A proteccedilatildeo juriacutedica dos animais opera por
via das disposiccedilotildees do presente coacutedigo e da legislaccedilatildeo especialrdquo (PORTUGAL 2017)
demonstrando que natildeo se visa findar os deveres perante os direitos dos animais natildeo humanos
na presente lei 1793ordm-A ldquoAnimais de companhia Os animais de companhia satildeo confiados a
um ou ambos os cocircnjuges considerando nomeadamente os interesses de cada um dos cocircnjuges
e dos filhos do casal e o bem-estar do animalrdquo (PORTUGAL 2017) ao Coacutedigo Civil portuguecircs
leia-se o 1305ordm-A
Artigo 1305ordm-APropriedade de animais
1 - O proprietaacuterio de um animal deve assegurar o seu bem-estar e respeitar as
caracteriacutesticas de cada espeacutecie e observar no exerciacutecio dos seus direitos as
disposiccedilotildees especiais relativas agrave criaccedilatildeo reproduccedilatildeo detenccedilatildeo e proteccedilatildeo dos animais
e agrave salvaguarda de espeacutecies em risco sempre que exigiacuteveis
35
2 - Para efeitos do disposto no nuacutemero anterior o dever de assegurar o bem-estar
inclui nomeadamentea) A garantia de acesso a aacutegua e alimentaccedilatildeo de acordo com as
necessidades da espeacutecie em questatildeob) A garantia de acesso a cuidados meacutedico-
veterinaacuterios sempre que justificado incluindo as medidas profilaacuteticas de identificaccedilatildeo
e de vacinaccedilatildeo previstas na lei
3 - O direito de propriedade de um animal natildeo abrange a possibilidade de sem motivo
legiacutetimo infligir dor sofrimento ou quaisquer outros maus-tratos que resultem em
sofrimento injustificado abandono ou morte (PORTUGAL 2017a)
Na mesma lei satildeo tratados os deveres daquele que possui um animal natildeo humano que
pela lei portuguesa satildeo denominados como proprietaacuterios Em seu texto obriga o proprietaacuterio
sob pena de multa agrave prisatildeo assegurar o pleno bem-estar dos animais natildeo humanos natildeo somente
garantindo-lhe alimentaccedilatildeo adequada para a sobrevivecircncia mas tambeacutem sua seguranccedila
cuidados veterinaacuterios fora a garantia de que o animal natildeo humano sobre seus cuidados natildeo
sofra de forma alguma maus-tratos seja este realizado diretamente pelo proprietaacuterio ou
terceiros (PORTUGAL 2017a)
Ainda eacute de suma importacircncia fazer constar que a lei em questatildeo natildeo somente atinge os
animais natildeo humanos ditos como domeacutesticos mas todo aquele que se encontra de alguma forma
sob a tutela humana ao exemplo os animais utilizados na pecuaacuteria como se observa na leitura
de seu artigo primeiro
Artigo 1ordm
Objeto
A presente lei estabelece um estatuto juriacutedico dos animais reconhecendo a sua
natureza de seres vivos dotados de sensibilidade procedendo agrave alteraccedilatildeo do Coacutedigo
Civil aprovado pelo Decreto-Lei nordm 47344 de 25 de novembro de 1966 do Coacutedigo
de Processo Civil aprovado pela Lei nordm 412013 de 26 de junho e do Coacutedigo Penal
aprovado pelo Decreto-Lei nordm 40082 De 23 de setembro (PORTUGAL 2017a)
Na mesma linha o doutrinador portuguecircs Filipe Jorge Antunes Cabral (2015) defende
que sejam atribuiacutedos direitos subjetivos aos animais natildeo humanos alegando que natildeo haacute como
se restringir estes direitos aos animais humanos alegando que ldquonatildeo satildeo os interesses dos
indiviacuteduos que possuem um valor moral fundamental mas sim por serem indiviacuteduos capazes
de serem detentores de interessesrdquo (CABRAL 2015 p 117) aplicando desta forma a
capacidade de ter interesses e estes serem haacutebeis de discussatildeo perante o campo do direito mais
animais natildeo humanos
Outro fator a notar-se importacircncia enquanto satildeo observadas as alteraccedilotildees efetuadas por
meio desta lei eacute a alteraccedilatildeo clara e direta na forma de tratamento dos animais natildeo humanos
dentro do corpo do sistema normativo onde agora satildeo designados diretamente como animais
36
demonstrando nitidamente uma alteraccedilatildeo nos paradigmas de interpretaccedilatildeo de sua condiccedilatildeo
onde natildeo resta mais lacunas hermenecircuticas de sua diferenciaccedilatildeo para simplesmente coisas
como fica evidenciado nos textos dos artigos por ela alterados
Artigo 1318ordm
Suscetibilidade de ocupaccedilatildeo
Podem ser adquiridos por ocupaccedilatildeo os animais e as coisas moacuteveis que nunca tiveram
dono ou foram abandonados perdidos ou escondidos pelos seus proprietaacuterios salvas
as restriccedilotildees dos artigos seguintes (PORTUGAL 2017b)
Ainda neste sentido o artigo 1323 traz obrigaccedilotildees que superam a mera proibiccedilatildeo aos
maus-tratos mas fala tambeacutem de formas de vedaccedilatildeo a inobservacircncia de negaccedilatildeo a negligecircncia
demonstrando o ocircnus de devolver agrave quem pertence animal perdido cuja propriedade seja
conhecida e em caso de natildeo saber a quem pertence deve por meios convenientes buscar achar
e auxiliar ao animal ser achado sem esquecer de informar as autoridades sobre o achado assim
como se notar ser necessaacuterio o encaminhar a um veterinaacuterio bem como com seu auxiacutelio
tentar identificar formas de encontrar seu tutor e em caso de passado um ano sem que se possa
devolver o animal natildeo humano para seu legiacutetimo dono aquele que o achou pode fazer do
animal como seu (PORTUGAL 2017b)
Da mesma forma em caso de restituiccedilatildeo do animal natildeo humano ao seu proprietaacuterio faz
jus indenizaccedilatildeo aquele que o achou por todos as despesas levantadas por ele na manutenccedilatildeo da
devida sauacutede e sobrevivecircncia do animal durante o periacuteodo de sua guarda bem como natildeo haacute de
responder se sem dolo ou culpa ocorrer perda ou deterioraccedilatildeo do animal natildeo humano no
transcorrer de sua guarda contudo se aquele que achou o animal natildeo humano ao notar que seu
verdadeiro dono faz o animal de viacutetima de maus-tratos tem aquele que o achou o direito de
retecirc-lo para garantia da seguranccedila do mesmo (PORTUGAL 2017b)
Dois anos depois no dia 30 de janeiro foi instituiacutedo o Decreto Lei nordm 202019 transferiu
responsabilidades no campo de cuidado dos animais natildeo humanos para as autoridades locais e
entidades intermunicipais permitindo um controle mais especiacutefico das peculiaridades de cada
regiatildeo e dando autonomia ao poder local Ainda sanciona a realizaccedilatildeo de concursos e
exposiccedilotildees de animais natildeo humanos Da mesma forma implanta a permissatildeo para a detenccedilatildeo
de mais de trecircs catildees ou quatro gatos adultos em preacutedios urbanos (PORTUGAL 2019a)
No mesmo ano no dia 27 de junho foi publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica ordm 1212019 o
Decreto-Lei nordm 822019 onde estabelece as regras de identificaccedilatildeo dos animais de companhia
37
criando o Sistema de Informaccedilatildeo de Animais de Companhia o SIAC onde traz novas normas
de obrigaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e de registro dos animais natildeo humanos por meio de um
transponder uma espeacutecie de chip eletrocircnico que conteacutem vaacuterios dados sobre aquele indiviacuteduo
ou outro sistema autorizado para a espeacutecie de animal natildeo humano em questatildeo devendo o
cadastro ocorrer ateacute 120 dias apoacutes o nascimento do animal natildeo humano garantindoo
reconhecimento em caso de abandono estabelecendo uma ligaccedilatildeo entre o animal e quem tem
sua guarda assegurando a sauacutede e a seguranccedila de animais natildeo humanos e humanos gerando a
responsabilidade civil sanitaacuteria e de bem-estar animal onde a obrigatoriedade da identificaccedilatildeo
foi criada pelo Decreto-Lei n3132003 mas agora seguindo os paracircmetros determinados pelo
Parlamento Europeu e do Conselho alterando o instituto SICAFE pelo Sistema de Informaccedilotildees
de Animais de Companhia (SIAC) como definido pela aliacutenea a do seu artigo 1ordm Assegurando
a aplicabilidade dos Regulamentos nordm 5762013 e nordm 4292016 do Parlamento Europeu e do
Conselho instituiacutedo nos dias 12 de junho de 2013 e 9 de marccedilo de 2019 respectivamente
relativos agrave circulaccedilatildeo de animais de companhia pessoal e as zoonoses(PORTUGAL 2019b)
33 ANAacuteLISE LEI Nordm 9295
A Assembleia da Repuacuteblica portuguesa decretou no dia 12 de setembro de 1995 a Lei
nordm 9295 a Lei de Proteccedilatildeo aos animais vindo a proibir todo e qualquer tipo de violecircncia
injustificada contra animais tendo sido aprovada no datar de 21 de junho e promulgada no dia
24 de agosto do mesmo ano pelo entatildeo presidente da repuacuteblica portuguesa Maacuterio Soares
podendo se caracterizar neste qualquer tipo de sofrimento crueldade instantacircnea ou de forma
prolongada graves leotildees a um animal natildeo humano ou ateacute mesmo sua morte ainda consta a
necessidade na medida do possiacutevel de socorro agrave animais natildeo humanos que se encontrem feridos
doentes em perigo ou em quaisquer condiccedilotildees anaacutelogas a estas (PORTUGAL 1995)
Traduz ainda como crime perante esta lei todo aquele que exigir de um animal salvo
em momentos emergenciais esforccedilos abusivos ou ateacute mesmo atuaccedilotildees que os animais natildeo
humanos sejam parciais ou absolutamente incapazes de realizar ou ainda que sejam aleacutem de
suas possibilidades naturais Ainda consta a expressa vedaccedilatildeo a aquisiccedilatildeo de animal natildeo
humanos que se encontre em condiccedilotildees enfraquecidas adoentadas idoso ou outra conjuntura
anaacuteloga em que este animal tenha vivido de forma integral ou em grande maioria em ambiente
domeacutestico se findar tal aquisiccedilatildeo em intenccedilatildeo diversa a tratamento proteccedilatildeo ou cuidados
humanos ou ainda com intenccedilatildeo de morte imediata (PORTUGAL 1995)
38
Vem a reforccedilar o impedimento de qualquer maneira ao abandono intencional de
animais natildeo humanos que estavam sobre a proteccedilatildeo humana em ambiente domeacutestico ou ainda
em instalaccedilatildeo comercial ou industrial Caracterizando ainda o sofrimento como impedido
mesmo que para com fins didaacuteticos de treino exibiccedilatildeo filmagens publicidade ou qualquer
outra atividade a estas assemelhadas ressalvando experiecircncias cientiacuteficas de comprovada
necessidade (PORTUGAL 1995)
Vale ser citado o capiacutetulo II da presente lei onde se pode ler sobre o comeacutercio e
espetaacuteculos que faccedilam uso de animais natildeo humanos de forma a obrigar agrave todos que que pessoa
fiacutesica juriacutedica solitaacuteria ou coletiva se faccedila utilizar de animais natildeo humanos para fins de
espetaacuteculo comercial tenha preacutevia autorizaccedilatildeo das autoridades ou entes competentes sejam
essas a Direccedilatildeo Geral dos Espetaacuteculos ou ainda do municiacutepio onde respectivamente se pretende
exibir tal evento de entretenimento sem deixar de constar a relaccedilatildeo de comercializaccedilatildeo desta
categoria de animais natildeo humanos como vem escrito no corpo do texto do artigo 2ordm
Licenccedila municipal
Sem prejuiacutezo do disposto no capiacutetulo III quando aos animais de companhia qualquer
pessoa fiacutesica ou coletiva que explore o comeacutercio de animais que guarde animais
mediante uma remuneraccedilatildeo que os crie para fins comerciais que os alugue que sirva
de animais para fins de transporte que os exponha ou que os exiba com um fim
comercial soacute poderaacute fazecirc-lo mediante autorizaccedilatildeo municipal a qual soacute poderaacute ser
concedida desde que os serviccedilos municipais verifiquem que as condiccedilotildees previstas
na lei destinadas a assegurar o bem-estar e a sanidade dos animais seratildeo cumpridas
(PORTUGAL 1995)
Se faz ressaltar a completa e indiscutiacutevel proibiccedilatildeo a qualquer espeacutecie para o fim do
supracitado paraacutegrafo de animais natildeo humanos que se encontrem em condiccedilotildees flageladas
enferma ou mesmo com qualquer tipo de ferimento ainda vem a negar a entrada no territoacuterio
portuguecircs de qualquer tipo de animal natildeo humano vertebrado que se encontre na mesma
situaccedilatildeo de sauacutede antes citada (PORTUGAL 1995)
Assiste a presente lei ainda a regulamentaccedilatildeo perante o transporte de animais natildeo
humanos em transportes puacuteblicos ressalvado por motivo de periculosidade sauacutede ou higiene
devidamente justificaacuteveis devendo os animais natildeo humanos estarem sempre acompanhados
por seus proprietaacuterios ou responsaacuteveis autorizados assim como devidamente acondicionados
(PORTUGAL 1995)
39
34 ANAacuteLISE IMPLEMENTACcedilAtildeO LEI Nordm 392020
Na data de 23 de julho de 2020 foi aprovada pela Assembleia da Repuacuteblica a Lei nordm
392020 tendo sua publicaccedilatildeo no datar de 18 de agosto e entrando em vigor no dia 1 de outubro
do mesmo anoImplementando o regime sancionatoacuterio aplicaacutevel aos crimes contra os animais
de companhia alterando substancialmente o que trazia o Coacutedigo Penal e o Coacutedigo de Processo
Penal portugueses reforccedilando de maneira expressiva a proteccedilatildeo aos animais natildeo humanos no
acircmbito dos crimes praticados contra estes (PORTUGAL 2020a)
Em seu corpo traz um regime sancionatoacuterio aplicaacutevel aos crimes direcionados contra
os animais natildeo humanos de forma a alterar pela quinquageacutesima vez o Coacutedigo Penal portuguecircs
pela trigeacutesima seacutetima vez o Coacutedigo de Processo Penal e pela terceira vez a Lei nordm 9295 a lei
de proteccedilatildeo aos animais Desloca as penalidades e diretrizes sobre morte e maus-tratos inferidos
contra animais natildeo humanos como observamos pelo novo texto dado ao artigo 387 do Coacutedigo
Penal ldquo1 ndash Quem sem motivo legiacutetimo matar animal de companhia eacute punido com pena de
prisatildeo de 6 meses a 2 anos ou com pena de multa de 60 a 240 dias se pena mais grave lhe natildeo
couber por forccedila de outra disposiccedilatildeo legalrdquo aumentando substancialmente tanto as penas de
reclusatildeo quanto a de prestaccedilatildeo de serviccedilos para aquele que matar um animal natildeo humano
(PORTUGAL 2020a)
Pode ser lido ainda em seu artigo 3ordm o que pertence as alteraccedilotildees ao Coacutedigo de Processo
Penal se faz essencial constar a nova redaccedilatildeo dada aos artigos 171 e 172 deste coacutedigo
Artigo 171ordm
1 ndash Por meio de exames das pessoas dos lugares dos animais e das coisas
inspecionam-se os vestiacutegios que possa ter deixado o crime e todos os indiacutecios relativos
ao modo como e ao lugar onde foi praticado agraves pessoas que o cometeram ou sobre as
quais foi cometido
2 ndash []
3 ndashSe os vestiacutegios deixados pelo crime se encontrarem alterados ou tiverem
desaparecido descreve-se o estado em que se encontram as pessoas os lugares os
animais e as coisas em que possam ter existido procurando-se quando possiacutevel
reconstitui-los e descrevendo-se o modo o tempo e as causas da alteraccedilatildeo ou do
desaparecimento
Artigo 172ordm
1 ndash Se algueacutem pretender eximir-se ou obstar a qualquer exame devido ou a facultar
animal ou coisa que deva ser objeto de exame pode ser compelido por decisatildeo da
autoridade judiciaacuteria competente (PORTUGAL 2020a)
Sem deixar de citar sobre ocultaccedilatildeo de provas animais ou ainda qualquer outro tipo de
objeto ligado ao crime prevendo busca apreensatildeo e investigaccedilatildeo por meio da poliacutecia criminal
para que todas as provas que possam trazer a resoluccedilatildeo do fato iliacutecito suscetiacuteveis de serem
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declarados perdidos a favor do Estado Ainda busca definir os paracircmetros para a restituiccedilatildeo de
animais coisas ou bens apreendidos em meio a um processo investigativo criminal
determinando que estas permaneceratildeo sobre tutela de um fiel depositaacuterio ateacute o transito em
jugado da sentenccedila em ateacute 60 dias se os proprietaacuterios natildeo o buscarem no prazo previsto seratildeo
considerados perdidos em favor do Estado podendo este dar a finalidade que melhor acharem
(PORTUGAL 2020a)
Eacute imperioso constar que a presente lei ao aditar agrave Lei nordm 9295 vem a tratar das medidas
cautelares perante a proteccedilatildeo nos casos de evidecircncia de sinais de praacuteticas de crimes de maus-
tratos para contra animais natildeo humanos levantando as forccedilas de seguranccedila aos oacutergatildeos de
poliacutecia criminal a Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria e aos municiacutepios desencadear
os meios para proceder com tais medidas como faz com a alteraccedilatildeo do artigo 1 ndash A da Lei nordm
9295 (PORTUGAL 2020a)
35 JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO HUMANOS EM PORTUGAL
Na data de 02 de outubro de 2019 comeccedilou uma disputa judicial pela guarda da cadela
da raccedila Pitbull nomeada de Kiara apoacutes o rompimento da relaccedilatildeo de 12 anos de seus
proprietaacuterios A lide se iniciou pelo fato de ambas as partes requerem a guarda total do animal
natildeo humano estando o julgamento sendo processado pelo Juiacutezo da Famiacutelia e Menores de Mafra
pela Juiacuteza de Direito Soacutenia Henriques Cristoacutevatildeo Dentre as alegaccedilotildees e provas estatildeo a caderneta
de vacina a licenccedila e o chip de identificaccedilatildeo estatildeo em nome da parte feminina enquanto a parte
masculina alega ter sido o comprador e o financiador das custas da cadela (BARRETO 2019)
Em primeira anaacutelise do caso a magistrada observou que a parte masculina
primeiramente buscava a guarda compartilhada ou ao mesmo poder ter contato com a cadela
poreacutem ao avanccedilar do julgamento passou a pedir a guarda total devido a posiccedilatildeo da parte
feminina de se negar qualquer tipo de negociaccedilatildeo a posiccedilatildeo de passar de tentativa de guarda
compartilhada para guarda unilateral foi reforccedilada pelo fato de a parte masculina permanecer
morando no local onde a cadela viveu seus primeiros dois anos de vida ateacute que decidiram pela
dissoluccedilatildeo do relacionamento (BARRETO 2019)
Para poder tomar uma decisatildeo a juiacuteza decidiu por consultar a veterinaacuteria que fazia os
cuidados do animal natildeo humano com a finalidade de examinar o comportamento dos animais
natildeo humano e humanos concluindo-se que no caso em questatildeo os proprietaacuterios em momento
algum estavam colocando os interesses e bem-estar da cadela como prioridade mas sim seus
interesses particulares Ainda como apontado pela advogada Soacutenia Henriques Cristoacutevatildeo
41
especialista em direito animal o bem-estar animal eacute o uacuteltimo criteacuterio a ser levado em
consideraccedilatildeo em lides anaacutelogas ldquoNo que toca aos menores o criteacuterio eacute sempre o melhor
interesse do mesmo mas neste caso a lei civil natildeo tem como orientador esse princiacutepio Esse
criteacuterio existe mas eacute o uacuteltimordquo (BARRETO 2019) demonstrando uma interpretaccedilatildeo direta do
que o Coacutedigo Civil portuguecircs explana em seu artigo 1793ordm-A onde afirma que em casos de
divoacutercio ldquoos animais de companhia satildeo confiados a um ou a ambos os cocircnjuges considerando
nomeadamente os interesses de cada um dos cocircnjuges e dos filhos do casal e tambeacutem o bem-
estar do animalrdquo (PORTUGAL 1966) de forma a trazer a importacircncia do bem-estar animal
natildeo humano ser considerado para a decisatildeo de guarda poreacutem soacute como uacuteltima condiccedilatildeo para a
decisatildeo (BARRETO 2019)
A magistrada ponderou o fato de em Portugal ainda natildeo eacute pacificado o tema nem pelo
legislativo nem pela fraca jurisprudecircncia neste sentido ora que nos divoacutercios a guarda dos
animais natildeo humanos nem entra em pauta sendo normalmente decidido este ponto entre as
partes sem ter para tanto que levar o caso a justiccedila nem colocando na ficha da partilha haver
animais de companhia de maneira ao caso estar ainda em pauta de julgamento (BARRETO
2019)
Jaacute no que tange os maus-tratos aos animais natildeo humanos em Portugal mesmo com a lei
portuguesa punindo desde outubro de 2014 os maus-tratos contra animais natildeo humanos com
pena de ateacute um ano de prisatildeo somente 5 (cinco porcento) das denuacutencias acabam por chegar
a julgamento onde os outros 95 (noventa e cinco porcento) acaba por findar somente em
multa resultando que nas quase cinco mil denuacutencias registradas em virtude de maus-tratos agrave
animais natildeo humanos menos de duzentos de cinquenta destes findaram em julgamento como
descreve o Jornal de Notiacutecias o Observador de Portugal em sua mateacuteria de 24 de maio de 2020
(GOMES 2020)
Pelos dados coletados pelas pesquisas jurisdicionais realizadas por Gomes (2020) entre
2015 e 2018 a pena de prisatildeo soacute foi levantada como sanccedilatildeo aplicaacutevel pelos tribunais
portugueses no patamar da primeira instacircncia mas que sempre acabavam por ter a pena
convertida em multa ao serem recorridos os julgamentos tendo ainda tido um montante de seis
penas suspensas pelo proacuteprio magistrado da primeira instacircncia apoacutes reanaacutelise Ocorrendo neste
periacuteodo 241 processos crime entre abandono a maus-tratos tendo sido 169 casos diretamente
ligados aos maus-tratos tendo como reacuteus 277 animais humanos ressaltando ainda o fato de que
o nuacutemero de denuacutencias nunca representa a realidade faacutetica do cometimento dos crimes contra
os animais natildeo humanos mas sim somente uma pequena parcela da verdade (PORTUGAL
2020b)
42
Contudo o Jornal Correio da Manhatilde aponta uma nova posiccedilatildeo dos magistrados no
tocante de levar a justiccedila agravequeles que descumprem as leis contra os maus-tratos proferidos a
animais natildeo humanos como se observa ao iniacutecio de julgamento do caso de maus-tratos contra
uma cadela que desde 2016 sabe-se que eacute viacutetima de negligecircncia trancada em um ambiente
inapropriado ao seu porte sem acesso digno agrave aacutegua e alimentaccedilatildeo devidas a sua mantenccedila
bioloacutegica sendo mantida enclausurada em uma pequena e suja varanda apresentando magreza
extrema Sendo um dos primeiros casos de maus-tratos a chegar a justiccedila do Tribunal de Faro
por meio de denuacutencia de uma associaccedilatildeo de defesa dos animais tendo recebido grande reflexo
nas redes sociais (GRIFF 2018)
Tendo sido o caso encaminhado ao Ministeacuterio Puacuteblico de Faro local do fato ter vindo a
ocorrer este decidiu por dar prosseguimento agrave denuacutencia levantando a importacircncia deste ser
levado a julgamento em funccedilatildeo da importacircncia e relevacircncia do mesmo trazendo como
argumento a Lei que criminaliza os maus-tratos de 1 de outubro de 2014 ldquoquem sem motivo
legiacutetimo infligir dor sofrimento ou quaisquer outros tipos de maus-tratos fiacutesicos a um animal
de companhia eacute punido com pena de prisatildeo ateacute um ano ou com pena de multa ateacute 120 diasrdquo
aumentando para dois anos a puniccedilatildeo se ldquoresultar a morte do animal ou a privaccedilatildeo de um oacutergatildeordquo
(GRIFF 2015) de maneira a trazer a necessidade de se colocar a presente violaccedilatildeo em
julgamento como medida exemplar com o objetivo de desmotivar novos casos semelhantes
(GRIFF 2018)
Na data determinada para a primeira sessatildeo de julgamento os proprietaacuterios devidamente
citados natildeo compareceram tendo sido presenciada de um membro da Projeto de Apoio a
Viacutetimas Indefesas Nuacutecleo de Aveiro (PRAVI) e de um agente da Poliacutecia de Seguranccedila Puacuteblica
(PSP) de forma a sofrer a necessidade de remarcaccedilatildeo da sessatildeo de julgamento em funccedilatildeo das
leis civis de Portugal mas ainda natildeo haacute sentenccedila julgada sobre o caso (GRIFF 2018)
Portugal vem enfrentando seacuterios problemas sanitaacuterios devido ao que descrevem como
Siacutendrome de Noeacute que se determina por uma espeacutecie de transtorno de acumulaccedilatildeo onde o
animal humano tem dificuldade de desfazer-se de animais acabando por os acumular de forma
desorganizada afetando tanto a sociedade quanto os animais natildeo humanos envolvidos nesta
condiccedilatildeo Aos animais natildeo humanos viacutetimas dessa siacutendrome acabam por natildeo receberem os
cuidados necessaacuterios que acaba por acarretar diretamente nos maus-tratos podendo originar
doenccedilas que podem ainda se desenvolver em zoonoses (MACHADO 2020)
Sobre o caso a Assembleia da Repuacuteblica no dia 25 de janeiro de 2018 publicou a
Resoluccedilatildeo da Assembleia da Repuacuteblica nordm 202018 onde recomenda que seja criado um grupo
de trabalho constituiacutedo por profissionais da sauacutede e comportamento animal assistentes sociais
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psiquiatras e psicoacutelogos com o objetivo de prevenir e combater casos da Siacutendrome de Noeacute
uma vez que aleacutem de ocasionar risco a sociedade na maior parte das vezes foram observados
que os animais natildeo humanos expostos a esta siacutendrome tentem a serem viacutetimas de maus-tratos
como o ocorrido no mecircs de maio em Canccedilas onde uma proprietaacuteria possuiacutea 35 animais em
um ambiente que natildeo apresentava as miacutenimas condiccedilotildees de bem-estar animal ou dignidade
Desta forma depois de julgado a maior parte dos animais natildeo humanos que laacute residiam foram
recolhidos de forma a apenas permanecerem no local sete animais natildeo humanos com a antiga
proprietaacuteria uma vez observado grande afeto entre a proprietaacuteria e estes (MACHADO 2020)
No presente caso foi levantado que ldquoo bem-estar animal deve ser compreendido
segundo o alojamento manutenccedilatildeo e acomodaccedilatildeo dos animais referido ainda que nenhum
animal deve ser detido se estas condiccedilotildees de bem-estar natildeo se encontrem verificadasrdquo neste
ditame aquele que acaba por acumular animais de companhia podem ocorrer em se enquadrar
em crime de maus-tratos como previsto pelo artigo 387 do Coacutedigo Penal portuguecircs onde prevecirc
a sanccedilatildeo de prisatildeo de ateacute um ano ou com pena de multa ade ateacute 120 dias quando aquele que
for o detentor ocasionar dor infligir sofrimento ou ainda qualquer outra agressatildeo fiacutesica a
animais natildeo humanos natildeo impedindo ainda que sejam somadas penalidades do artigo 388 do
mesmo coacutedigo onde prevecirc ldquoa privaccedilatildeo do direito de detenccedilatildeo de animais de companhia pelo
periacuteodo maacuteximo de 5 anosrdquo de forma a tentar prevenir de forma consubstanciada a seguranccedila
da sociedade junto com a mantenccedila do bem-estar dos animais natildeo humanos (MACHADO
2020)
Assim no presente capiacutetulo foi analisada a evoluccedilatildeo histoacuterica legislativa dos direitos
dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo portuguesa ateacute a contemporaneidade do estado
atual de seus direitos e incluindo julgados Pelo meacutetodo explanatoacuterio bibliograacutefico onde se
buscou esta anaacutelise da forma mais completa tentando englobar o maacuteximo de informaccedilotildees para
se chegar agrave mais completa anaacutelise dos direitos dos animais natildeo humanos em Portugal
Desta forma foi possiacutevel se observar que o primeiro relato normativo portuguecircsocorreu
no ano de 1886 com o Coacutedigo Penal portuguecircs trazendo vedaccedilotildeesaos maus-tratos de qualquer
espeacutecie aos animais natildeo humanos ainda que no passar dos anos passando pela inclusatildeo de
normas dentro doscoacutedigos legais sem deixar de citar as leis infraconstitucionais
Para continuidade do presente trabalho no capiacutetulo que se segue seraacute apresentada uma
anaacutelise comparativa entre a evoluccedilatildeohistoacuterica do direito dos animais natildeo humanos entre
aslegislaccedilotildees brasileira e portuguesaassim como uma anaacutelise comparativa doestado normativo
dos direitos dos animais natildeo humanos apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 entre os
doispaiacuteses em anaacutelise
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4 COMPARACcedilAtildeO DAS LEGISLACcedilOtildeES BRASILEIRA E PORTUGUESA
O presente capiacutetulo aborda uma comparaccedilatildeo relativa as leis passadas e presentes em
Brasil e Portugal uma vez que entre os paiacuteses haacute uma relaccedilatildeo de reciprocidade devido ao
Decreto Legislativo nordm 82 de 24 de novembro de 1971 nomeada de Convenccedilatildeo sobre igualdade
de Direitos e Deveres entre brasileiros e portugueses ratificada em Brasiacutelia na data de 7 de
setembro de 1971 e em Lisboa na data de 22 de marccedilo de 1971 entrando em vigor no dia 22
de abril de 1972 onde os Governos do Brasil e Portugal visando a continuidade do reciacuteproco
respeito aos valores histoacuterico morais culturais e eacutetnicos que outrora uniram os povos e que os
manteacutem como irmatildeos com o intuito de promover um aperfeiccediloamento e estreitamento nas
relaccedilotildees harmonicamente da comunidade Luso-Brasileira convencionou a efetivaccedilatildeo do
princiacutepio da igualdade de tratamento entre cidadatildeos brasileiros expresso na constituiccedilatildeo
brasileira agrave eacutepoca em seu artigo 199 e na entatildeo constituiccedilatildeo portuguesa em seu artigo 7ordm
paraacutegrafo 3ordm (BRASIL 1972)
Desta maneira com a instituiccedilatildeo de um estatuto de caraacuteter especial com a iniciativa de
refletir os viacutenculos existentes entre brasileiros e portugueses assim como com o intuito de
servir de embasamento e inspiraccedilatildeo para as geraccedilotildees e legislaccedilotildees que se seguissem houve este
compromisso solene fraternal e indestrutiacutevel de amizade Enfatiza-se em tal Convenccedilatildeo o seu
artigo 1ordm ldquoOs portugueses no Brasil e os brasileiros em Portugal gozaratildeo de igualdade de direitos
e deveres com os respectivos nacionaisrdquo de forma a demonstrar uma reciprocidade no
tratamento de nascidos no paiacutes irmatildeo em seu territoacuterio mas ainda resguardando os direitos e
deveres inerentes ao seu paiacutes natural como exposto em seu artigo 3ordm ldquoOs portugueses e
brasileiros abrangidos pelo estatuto de igualdade continuaratildeo no exerciacutecio de todos os direitos
e deveres inerentes agraves respectivas nacionalidadesrdquo (BRASIL 1972)
Assim como para o presente trabalho eacute vaacutelido se fazer citar o artigo 16 da dita
Convenccedilatildeo ldquoOs Governos do Brasil e de Portugal consultar-se-atildeo periodicamente a fim de
examinar e adotar as providecircncias necessaacuterias para melhor e uniforme interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo
da presente Convenccedilatildeo bem como para estabelecer as modificaccedilotildees que julguem
convenientesrdquo assim a presente convenccedilatildeo veio a tratar que no presente e futuro os dois paiacuteses
se reuniriam para discutir sobre leis que versem sobre esta reciprocidade desta forma o capiacutetulo
que se apresenta vem a comprar as legislaccedilotildees no tangente dos direitos dos animais natildeo
humanos pelas leis brasileiras e portuguesas (BRASIL 1972)
No tocante dos direitos dos animais natildeo humanos Charles Darwin (1996) jaacute relatava
sobre a capacidade de sentir de ter consciecircncia de se reunir em grupos em sociedades de ter
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empatia assim como quando comparada aos animais humanos ldquonatildeo existe uma diferenccedila
fundamental entre os humanos e os mamiacuteferos de niacutevel superior nas suas faculdades mentaisrdquo
(DARWIN 1996 P287)Este pensamento de Darwin eacute reforccedilado nesta outra passagem
Existem muitas espeacutecies de animais sociais em que os seus membros se associam em
grupos sentem compaixatildeo uns pelos outros manifestando qualidades que os revelam
de uma consciecircncia moral incipiente para quando em comparaccedilatildeo com a humana
sendo fieacuteis ao grupo demonstrando capacidade de entender as necessidades de
membros do grupo que apresentem carecircncias de tratamentos especiais ao exemplo de
fornecer alimentos e bebidas aos indiviacuteduos do grupo que satildeo cegos (DARWIN 1996
p 290traduccedilatildeo nossa)
Observa-se que jaacute haacute muito antes de se discutir os animais natildeo humanos como dignos
ou natildeo de direitos relativos a personalidade juriacutedica jaacute fora levantada sua capacidade de ser
equiparados aos animais humanos ora que apresentam capacidades de sentir sofrer entender
o outro ajudar num niacutevel de compreensatildeo e sensibilidade ateacute hoje juridicamente apenas
arguido aos seres humanos (DARWIN 1996)
41 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO HISTOacuteRICO
Se demonstra eficaz comeccedilar o presente toacutepico lembrando que a primeira nota
legislativa no Brasil relativa ao direito dos animais natildeo humanos natildeo ter se desenvolvido no
acircmbito nacional mas sim Municipal com o Coacutedigo de Posturas do Municiacutepio de Satildeo Paulo
(1886) em 6 de outubroonde por mais que fosse a primeira vedaccedilatildeo expressa as praacuteticas de
crueldade contra os animais natildeo humanos esta se limitava agravequeles que faziam uso de animais
natildeo humanos para o fim traccedilatildeo de carroccedilas e que somente no ano de 1934 sendo assim um
lapso de 48 anos ateacute que no dia 10 de julho viesse a existir um Decreto nacional o de nordm
24645 que promulgou a vedaccedilatildeo aos maus-tratos proferidos contra animais natildeo humanos em
local puacuteblico ou privado assim como trazendo a tutela do Estado para com estes assim como
estipulando puniccedilatildeo pecuniaacuteria e de enclausuramento para aquele que violasse o dito decreto
(BRASIL 1934)
Na supracitada legislaccedilatildeo federal ainda se trazia a representaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
como uma possibilidade nas accedilotildees que versassem sobre os maus-tratos relativos agrave animais natildeo
humanos No sistema normativo gerado por este decreto foram transcritas ainda diretrizes para
o uso animal natildeo humano para quando utilizados para auxiliar ou gerar trabalho de interesse
dos animais humanos como ao exemplo daqueles que fossem objeto de traccedilatildeo veicular Ainda
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eacute imperioso constar que neste ano houve a primeira menccedilatildeo em relaccedilatildeo a negativa de abandono
de animais natildeo humanos (BRASIL 1934)
No mesmo ano em que o Brasil recebia sua primeira norma legislativa em acircmbito
Municipal para a garantia dos direitos dos animais natildeo humanos em Portugal no dia 16 de
setembro o Decreto Lei de seu Coacutedigo Penal jaacute trazia direitos para os animais natildeo humanos
no qual jaacute foram previstas penalidades para aqueles que ferissem matassem envenenasse
abusassem ou viessem a causar quaisquer outros tipos de danos aos animais natildeo humanos assim
como jaacute traziam a vedaccedilatildeo aos maus-tratos desde sua primeira menccedilatildeo normativa Desta forma
demonstram um claro avanccedilo no campo legislativo em relaccedilatildeo aos direitos dos animais natildeo
humanos perante as leis brasileiras (PORGUTAL 1886) Posicionamento semelhante no Brasil
soacute se fez demonstrar presente no campo normativo deacutecadas depois com o Projeto de Lei nordm 631
de 2015 onde no Senado brasileiro se passou a discutir em julgados o impedimento de causar
dor a animais natildeo humanos se o motivo natildeo for plenamente justificaacutevel discutindo tambeacutem
sobre o que tange a guarda destes tratando pela primeira vez a nomenclatura direta para os
animais natildeo humanos como seres sencientes (BRASIL 2015b)
Ainda antes mesmo do Brasil ter desenvolvido qualquer lei no acircmbito nacional sobre os
direitos dos animais natildeo humanos Portugal (2001) jaacute inovava com suas leis no dia 12 de junho
onde foi assinado mais um Decreto Lei este trazendo uma nova vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos deveres
dos animais humanos em relaccedilatildeo aos animais natildeo humanos desta vez impedindo a carga
excessiva de trabalho aos quais estes satildeo expostos determinando tempo capacidade dentre
outros regramentos de maneira a proporcionar para os animais natildeo humanos utilizados para o
serviccedilo condiccedilotildees miacutenimas de subsistecircncia visando diminuir seu sofrimento e trazendo-lhes
maior dignidade (PORTUGAL 2001)
Voltando a tratar da legislaccedilatildeo do Brasil (1941) houve um lapso temporal de 7 anos
entre a ultima ediccedilatildeo de norma legal em relaccedilatildeo aacute proacutepria lei e 22 anos se contadas as leis
portuguesas No dia 03 de outubro o Brasil promulgou por meio do Decreto Lei nordm 3688 a Lei
das Contravenccedilotildees Penais onde trouxe entre seus artigos penalidades para aqueles que
submetessem agrave trabalho excessivo ou cruel a animais natildeo humanos oferecendo como
penalidades a prisatildeo simples e ou a multa ainda qualifica como criminosa a praacutetica de
experiecircncias crueacuteis ou que gerem dor aos animais natildeo humanos vivos mesmo que este seja
realizado com intuito didaacutetico ou cientiacutefico trazendo assim pela primeira vez no ordenamento
brasileiro vedaccedilotildees no campo cientiacutefico e de entretenimento de animais humanos (BRASIL
1941)
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Ainda no tocante das leis brasileiras passaram-se vinte e seis anos ateacute que no dia 03 de
janeiro de 1967 foi promulgada a Lei Federal nordm 5197 o chamado Coacutedigo da Caccedila impedindo
que a fauna silvestre fosse de qualquer forma alvo de caccedila predatoacuteria ou caccedila para criaccedilatildeo em
cativeiro assim vedando ainda sua destruiccedilatildeo ou de seu habitat de forma a trazer garantias ateacute
entatildeo natildeo observadas nem na legislaccedilatildeo brasileira nem portuguesa da diversidade
continuidade e sobrevivecircncia de animais provindos da fauna nativa paacutetria (BRASIL 1967)
Contudo os legisladores agrave eacutepoca evidenciaram que haviam condiccedilotildees especiais onde as
peculiaridades regionais abriam uma brecha para a permissatildeo da caccedila destas espeacutecies
entretanto mesmo permitindo com ressalvas a caccedila nestas zonas especiais a comercializaccedilatildeo
destes animais natildeo humanos permaneceria terminantemente proibida assim como produtos
feitos com eles ou mesmo seus filhotes Para garantir o correto cumprimento deste coacutedigo
foram estipuladas sanccedilotildees para os que natildeo as observassem Como principal marco desta lei
demonstra-se o primeiro relato de inafianccedilabilidade para aquele que cometer crime contra
animais natildeo humanos (BRASIL 1967)
Doze anos depois ainda no Brasil (1979) se continuava a desenvolver leis para a
proteccedilatildeo dos direitos dos animais natildeo humanos de forma a demonstrar que estaacutevamos em um
periacuteodo de grande evoluccedilatildeo legislativa garantista aos direitos dos animais natildeo humanos por
meio da Lei nordm 6638 se tratariam novamente os regramentos do tema em relaccedilatildeo ao uso
cientiacutefico destes falando dos laboratoacuterios testes cliacutenicos uso para testes de medicamentos
dissertando ainda sobre a eutanaacutesia dos animais natildeo humanos Passaram-se trecircs anos ateacute a
criaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente no dia 31 de agosto de 1979 protegendo a
fauna brasileira e seu habitat de forma especiacutefica e direta tratando pela primeira vez daqueles
que causem poluiccedilatildeo (BRASIL 1981)
42 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO CONTEMPORAcircNEO
O criteacuterio de comparaccedilatildeo contemporacircnea tomou por base a Constituiccedilatildeo Federal
brasileira de 1988 momento em que houve pela primeira vez a inclusatildeo dos direitos dos animais
natildeo humanos dentro do sistema constitucional brasileiro no qual o artigo 225 se veio a condenar
todo aquele que viesse a proferir gestos de crueldade para contra os animais natildeo humanos
poreacutem ainda ressalvando a possibilidade de natildeo se considerar como cruel as praacuteticas
desportivas os movimentos culturais que se encontram registradas como parte integrante do
patrimocircnio cultural brasileiro (BRASIL 1988)
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Ainda no corpo do texto constitucional foi normatizada a garantia ao ambiente
equilibrado a qualidade de vida por meio de controle social e puacuteblico para a manutenccedilatildeo da
diversidade do patrimocircnio geneacutetico nacional da fauna e flora na tentativa de barrar a evoluccedilatildeo
numeacuterica do quadro de seres vivos na lista de animais em extinccedilatildeo ou extintos de forma a
apresentar um diferencial por constar em sua Constituiccedilatildeo direitos aos animais natildeo humanos
em relaccedilatildeo a Portugal(BRASIL 1988)
Portugal (2001) soacute voltaria a discutir as leis relativas aos direitos dos animais natildeo
humanos dentro dos criteacuterios comparativos de contemporaneidade aqui estabelecidos no
seacuteculo que se seguiria uma vez que na Europa a Convenccedilatildeo Europeia para a Proteccedilatildeo dos
Animais de Companhia que promulgou o Decreto nordm 1393 onde trouxe para seu territoacuterio
vaacuterias leis que tratavam da fauna e da flora de animais natildeo humanos domeacutesticos e selvagens
mas tambeacutem ressalvando as peculiaridades de sua fauna exoacutetica vedando vaacuterios atos
normativos do dito decreto vindo a defender protegendo ainda natildeo soacute as espeacutecies presentes ao
tempo da lei mas como tambeacutem seus filhotes mesmo quando criados em cativeiro onde
normatizava a forma de reproduccedilatildeo os locais de alojamento dos mesmos para os fins de
comercializaccedilatildeo hospedagem ou ainda centros de recolhimento de animais natildeo humanos de
companhia (PORTUGAL 2001)
Portugal veio ainda a tratar do abandono da negligecircncia fiacutesica alimentar higiecircnica e da
manutenccedilatildeo das condiccedilotildees de sauacutede dos animais natildeo humanos trazendo a necessidade de
laudos veterinaacuterios para que sejam realizadas intervenccedilotildees corpoacutereas nestes como ao exemplo
de amputaccedilotildees garantindo sua integridade fiacutesica de forma a natildeo soacute englobar os direitos aos
animais natildeo humanos outrora garantidos pela Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 mas
ainda refletindo leis que somente seriam vistas no territoacuterio brasileiro vaacuterios anos depois
(PORTUGAL 2001)
No Brasil cinco anos depois que o Decreto nordm 1393 era promulgado em Portugal seria
tratado assunto semelhante por meio da Lei nordm 9605 com a proibiccedilatildeo de diversos tipos de
atividades para que contra a fauna brasileira como matar caccedilar perseguir apanhar estes tipos
de animais natildeo humanos abrindo a permissatildeo para alguns destes em casos especiacuteficos natildeo
excluindo deste a fauna estrangeira tambeacutem tratando da vedaccedilatildeo a poluiccedilatildeo ora que afeta a
fauna brasileira estrangeira e ainda os animais humanos (BRASIL 1998)
Dois anos depois ainda em Portugal (2003a) se poderia notar a preocupaccedilatildeo com os
direitos dos animais natildeo humanos natildeo soacute enquanto considerados de companhia mas tambeacutem
os selvagens e os caracterizados como perigosos pela modificaccedilatildeo do Decreto Lei nordm 2762001
para o Decreto Lei nordm 315 2003 por observar algo que ateacute entatildeo soacute havia sido observado entre
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as duas legislaccedilotildees portuguesa e brasileira no tocante de ressalvas do artigo 225 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988ao se tratar da proibiccedilatildeo de atos crueacuteis contra animais natildeo
humanos mas permitindo em casos de peculiaridades culturais como supracitado no paraacutegrafo
que a este antecedeu Neste decreto Portugal abril ressalvas a regulamentaccedilatildeo no acircmbito da
aplicabilidade do diploma outrora recebido por sua legislaccedilatildeo das figuras normativas referentes
a fauna e flora selvagem e exoacutetica assim como aqueles que os seguirem por descendecircncia de
modo a permitir que dentro das caracteriacutesticas proacuteprias de cada regiatildeo estas tivessem
autonomia de leis (PORTUGAL 2003b) Ainda no mesmo vieacutes em Santa Catarina (2003) a
Lei Estadual nordm 12854 instituiu o Coacutedigo Estadual de Proteccedilatildeo Animal para vedar quaisquer
tipos de agressotildees contra animais natildeo humanos indiferentemente se silvestres de companhia
domeacutesticos ou que possam ser domesticaacuteveis (aqueles que por sua natureza natildeo satildeo
classificados como domeacutesticos mas que podem vir a ser ao exemplo de porcos) nativos ou
exoacuteticos gerando uma normatizaccedilatildeo para transporte mantenccedila abate e pesquisas
cientiacuteficolaboratoriais garantindo-lhes plenas condiccedilotildees de existecircncia (SANTA CATARINA
2003)
Ainda sobre o tema de utilizaccedilatildeo de animais natildeo humanos para fins cientiacuteficos a
Diretiva 201063EU recepcionada pelas leis portuguesas vem a proteger os animais natildeo
humanos para quando utilizados para estes fins normatizando as teacutecnicas utilizadas durantes as
experiecircncias a qual veio a restringir a occisatildeo (ato de matar um animal) somente quando natildeo
haacute outra opccedilatildeo vedando que sem motivo de grande relevacircncia e plenamente justificaacuteveis se
ponha em risco a biodiversidade dos animais natildeo humanos e ainda traz a necessidade de se
buscar formas substitutivas para tal uso cientiacutefico onde busca reduzir ao miacutenimo inevitaacutevel o
uso de animais natildeo humanos nestes casos (PORTUGAL 2010)
No que se fala de leis que regulamentam a proteccedilatildeo ao bem-estar dos animais natildeo
humanos durante o transporte dos mesmos em Portugal o Regulamento nordm 12005 tenta
minimizar quaisquer sofrimentos seja pelo cumprimento de suas necessidades baacutesicas como
alimentaccedilatildeo higiene assim como com os meios utilizados para este transporte de maneira a
evitar lesotildees violecircncia ou sofrimento (PORTUGAL 2005) Ainda sendo valoroso constar aqui
a Lei nordm 9295 que aleacutem de ser por si soacute a Lei de Proteccedilatildeo aos Animais natildeo humanos a qual
veda quaisquer tipos de aferimento de dor sofrimento requisito de exigir mais do que a
capacidade do animal natildeo humano ainda veio a regulamentar a permissatildeo expressa de
transporte de animais natildeo humanos em transportes puacuteblicos seja para garantia da obrigaccedilatildeo
prevista a mesma lei de socorro aos animais natildeo humanos seja por comodidade ressalvando
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que para tanto o animal natildeo humano deve estar devidamente condicionado em meio proacuteprio
sem apresentar aos demais riscos fiacutesicos a sua sauacutede ou higiene (PORTUGAL 1995)
Eacute imperioso citar o grande diferencial entre as legislaccedilotildees brasileira e portuguesa que se
fez surgir em Portugal ainda em 2003 quando por meio do Decreto-Lei n 3132003 foi criado
o sistema de cadastro e identificaccedilatildeo eletrocircnica de catildees e gatos natildeo soacute permitindo um melhor
controle estatal sobre o abandono como tambeacutem sobre as bases sanitaacuterias e controle
populacional destes animais natildeo humanos uma vez que devem constar desde informaccedilotildees
baacutesicas sobre o animal natildeo humano como nome raccedila idade e sexo ou ainda sobre seu
proprietaacuterio como nome endereccedilo contato mas ainda as vacinas que este individuo recebeu
no passar de sua vida se eacute ou natildeo castrado ainda obrigando a atualizaccedilatildeo perioacutedica dos dados
medida esta que no Brasil muito jaacute se discutiu regulamentar mas que nunca chegou a ter uma
normatizaccedilatildeo para com as leis (PORTUGAL 2003a)Este posicionamento foi reforccedilado pela
implementaccedilatildeo do Decreto Lei nordm 822019 ao criar o SIAC tornando mais rigorosos os criteacuterios
e penalidades relativas ao registro e atualizaccedilatildeo do cadastro dos animais natildeo humanos
(PORTUGAL 2019b)
Jaacute no Brasil o Coacutedigo Civil de 2002 classificou por meio de nova hermenecircutica ao
artigo 82 onde se definiam os animais natildeo humanos como coisas como somente bens agora
se passou a entender estes como seres semoventes por serem bens de capacidade a serem
suscetiacuteveis de movimentaccedilatildeo proacutepria assim permaneceu com a consolidaccedilatildeo do Coacutedigo de
Processo Civil de 2015 Poreacutem devido a sua capacidade de sofrer de sentir dor tornaram-se
perante o sistema normativo brasileiro dignos da nomenclatura de seres viventes seres
sencientes aqueles que pela sua condiccedilatildeo bioloacutegica chegando ao tocante de acordo com
Cardoso (2007) de seres aptos a terem sua personalidade juriacutedica discutida ora que no passado
outros como escravos e crianccedilas natildeo tinham essa personalidade levantada mas agora tem
Da mesma forma dever-se-ia permitir que tal condiccedilatildeo fosse levada a pauta de discussatildeo
normativa mesmo que natildeo possuindo faculdades mentais de plena comparaccedilatildeo as dos animais
humanos tampouco as crianccedilas e os escravos os tinham perante a lei no passado de forma que
na contemporaneidade ateacute aquele que tenha comprovadamente suas faculdades mentais
consideradas inaptas a autonomia de querer ainda sim possuem personalidade juriacutedica deveres
e direitos uma vez que satildeo capazes de sofrer de sentir de passar fome ainda que natildeo consigam
expressar essas condiccedilotildees de forma clara e linguisticamente padronizados resultado no fato de
que natildeo eacute a capacidade de raciocinar capacidade cognitiva ou ainda de comunicativa o requisito
para a arguiccedilatildeo de sua personalidade juriacutedica (CARDOSO 2007) Jaacute em Portugal a
compreensatildeo e caracterizaccedilatildeo dos animais natildeo humanos como seres sencientes estaacute expresso
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desde 2017 deixando de serem classificados no rol de coisas por meio da Lei nordm 82017
(PORTUGAL 2017b)
No mesmo ano em que Cardoso (2007) tratava doutrinalmente da personalidade juriacutedica
dos animais natildeo humanos no Brasil em Portugal com a promulgaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm
742007 discutia de forma consagrada o direito de acesso de pessoas portadoras de deficiecircncia
visual que se fazem acompanhar de catildeo-guia a locais transportes e estabelecimentos puacuteblicos
direito este que no Brasil foi inserido no sistema normativo brasileiro em 2005 por meio da Lei
nordm 1112605 mas que soacute se consagrou pela redaccedilatildeo a esta proferida pela Lei nordm 131462015
Jaacute no Brasil sobre este tema com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 1112605 futuramente alterada e
devidamente implementada no sistema normativo brasileiro pela Lei nordm 131462015 veio de
modo a garantir o mesmo direito em territoacuterio nacional agraves pessoas humanas que sejam
portadoras de deficiecircncia visual e sejam acompanhadas de catildees-guia (BRASIL 2015a)
43 COMPARATIVO DOS JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO
HUMANOS BRASIL X PORTUGAL
Quando se trata da possibilidade jurisprudencial da discussatildeo em relaccedilatildeo a guarda de
animais natildeo humanos enquanto envolvidos em processos de separaccedilatildeo divoacutercio ou dissoluccedilatildeo
de relacionamentos no Brasil foi discutido pelo Ministro Luis Felipo Salomatildeo (2018) o tema
partindo do paracircmetro dos fins sociais ora vez de natildeo se tratar de um bem inanimado como
seria o caso da partilha dos bens entatildeo perante o caso concreto a lide formal da guarda de
animais natildeo humanos estendendo aos animais natildeo humanos a condiccedilatildeo de sujeito de direito
reconhecendo assim um terceiro gecircnero uma vez que se apresenta em relaccedilatildeo a evoluccedilatildeo da
proacutepria sociedade protegendo entatildeo as relaccedilotildees afetivas entre os animais natildeo humanos e
humanos Este posicionamento se reforccedilou com a decisatildeo da Juiacuteza de Direito da 3ordf Vara da
Famiacutelia de Joinville em 2019 ao erguer a necessidade de que os animais natildeo humanos tenham
modificado seu status normativo de coisa para uma categoria intermediaacuteria entre cosia e animais
humanos embasada pelo Projeto de Lei do Senado de nordm 31515 que visa alterar o artigo 82 do
Coacutedigo Civil (REIMER 2019)
No mesmo ano em Portugal se discutiu a mesma problemaacutetica onde ao ocorrer uma
separaccedilatildeo ambas as partes demonstraram interesse em contrair a guarda da cachorrinha outrora
de propriedade do casal mas que diferente do Brasil onde se discute a natureza juriacutedica dos
animais natildeo humanos para o tocante da discussatildeo de guarda em Portugal jaacute se tem legislaccedilatildeo
sobre o tema onde no Coacutedigo Civil portuguecircs (1966) em seu artigo 1793-A traz de forma
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direta no que se fala de divoacutercio e guarda dos assim chamados animais de companhia
apontando os fatores que deveratildeo ser considerados para a decisatildeo judicial do ganho da guarda
onde ainda aponta que deveraacute ser levado em consideraccedilatildeo o bem-estar animal como uacuteltimo
criteacuterio para tal decisatildeo (CRISTOacuteVAtildeO 2019) Enquanto em Portugal como se pode observar
na afirmativa anterior jaacute haacute relato normativo dentro do Coacutedigo Civil portuguecircs de 1966 sobre
a regulamentaccedilatildeo para quando a disputa de guarda de animais natildeo humanos no Brasil tal tipo
de posicionamento ainda eacute inexistente apenas se fazendo constar por meio de um Projeto de
Lei o PLS 54218 para possibilitar criteacuterios de julgamento em casos de divoacutercios ou dissoluccedilatildeo
de uniatildeo estaacutevel de maneira que se quando aprovado alteraria o Coacutedigo de Processo Civil
brasileiro entretanto se for aprovado natildeo estabeleceria o bem-estar animal apenas como
ultimo fator para a determinaccedilatildeo de com quem deveria se manter a guarda como eacute atualmente
em Portugal mas sim como um criteacuterio essencial para tal decisatildeo (BRASIL 2018b)
44 UM COMPARATIVO ENTRE LEIS ESPECIAIS
Como se pode ler nos capiacutetulos dois e trecircs deste trabalho tanto Portugal quanto o Brasil
jaacute tratam da vedaccedilatildeo do uso de animais natildeo humanos nos testes para a produccedilatildeo de cosmeacuteticos
produtos de perfumaria higiene dentre outros poreacutem enquanto em Portugal esta vedaccedilatildeo jaacute
se encontra devidamente celebrada desde o datar de 30 de novembro de 2009 por meio do
Regulamento nordm 12232009 onde a Uniatildeo Europeia veio a regulamentar como deveriam ser
realizados os testes em animais natildeo humanos estabelecendo o desenvolvimento de teacutecnicas
substitutivas para o uso de animais natildeo humanos nos supracitados testes Estabelecendo ainda
limites nos anos de 2009 e 2013 para o fim da comercializaccedilatildeo de bens esteacuteticos que tivessem
em seus compostos ingredientes testados em animais natildeo humanos e os testes em animais em
si respectivamente (PORTUGAL 2009c) No Brasil tal espeacutecie de proibiccedilatildeo somente se daacute
por meio de Projetos de Lei estadual como o Projeto de Lei nordm 552017 que visa proibir os
testes em animais natildeo humanos no territoacuterio catarinense prevendo sanccedilotildees tanto para
instituiccedilotildees quanto para animais humanos que descumpram os termos da lei o presente Projeto
de lei aguarda atualmente sanccedilatildeo estadual (SANTA CATARINA 2020)
Em Portugal eacute possiacutevel observar uma evoluccedilatildeo contiacutenua sobre as legislaccedilotildees de direito
de animais natildeo humanos como apresentado por exemplo pela Resoluccedilatildeo nordm 202018 que
incentiva a constituiccedilatildeo de grupos de trabalho para que se busque diminuir os maus-tratos
levantados contras os animais natildeo humanos viacutetimas de acumulaccedilatildeo conhecida como Siacutendrome
de Noeacute (MACHADO 2020) assim como com a Lei nordm392020 que criou um regime
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sancionatoacuterio aos crimes proferidos contra os animais de companhia e ocasionando na alteraccedilatildeo
do Coacutedigo Penal e do Coacutedigo de Processo Civil portuguecircs trazendo entre outros a possibilidade
de instauraccedilatildeo de processos crimes para investigar suspeitas relatos e denuacutencias de maus-tratos
negligecircncia ou qualquer outra accedilatildeo que faccedila impedir o bem-estar de animais de companhia em
Portugal assim como estabelecendo a possibilidade de exame de corpo de delito sobre tais
crimes contra os animais natildeo humanos ainda declarando como crime a ocultaccedilatildeo de provas
animais natildeo humanos ou qualquer outro meio que venha a atrapalhar o devido processo
investigativo de forma a prever a busca e apreensatildeo para a garantia da devida investigaccedilatildeo
trazendo para aqui a figura do depositaacuterio fiel (PORTUGAL 2020a)
Jaacute no Brasil percebe-se um risco iminente de acontecer um retrocesso no campo
normativo relativo aos direitos do animais natildeo humanos como o que ocorre com a Lei nordm
2172019 o Coacutedigo de Proteccedilatildeo e bem-estar animal que veda que a sociedade propicie
alimentaccedilatildeo aacutegua cuidados com a sauacutede higiene dentre outros quando em vias puacuteblicas
constituindo que a mantenccedila do bem-estar animal por meio da sociedade enquanto natildeo Estado
seja caracterizada como infraccedilatildeo legal (CURITIBANOS 2019)
Da mesma forma o Projeto de Lei nordm 722020 de Penha como arguido por Moreira
(2020) aparece como uma lei temeraacuteria ora que prevecirc multar e penalizar os tutores de
cachorros que importunarem o sossego sendo uma consequecircncia clara para a tentativa de
impedir as sanccedilotildees desta lei a implementaccedilatildeo de meios a impedir os latidosEsta iniciativa pode
trazer ocorrecircncias de maus-tratos seja pelo uso de equipamentos anti-latido pela secccedilatildeo das
cordas vocais dos cachorros ou ainda outras puniccedilotildees mais agravadas em caso seu proprietaacuterio
venha a ser punido pelo fato de seus cachorros latirem (PENHA 2020)
Em contraponto eacute possiacutevel observar no Regulamento nordm 1523007 do Parlamento
Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia que foi recebido pelo sistema normativo portuguecircs
no qual para a garantia do bem-estar tanto de catildees e gatos quanto da sociedade em si vedou
expressamente a comercializaccedilatildeo exportaccedilatildeo ou importaccedilatildeo de qualquer tipo de material ou
produto que tenha em sua composiccedilatildeo pele de gato ou de cachorroTraz ainda no corpo do texto
legal sanccedilotildees mais graviacutedicas em relaccedilatildeo a todos que se envolvam de forma direta indireta
tentada ou consumada ou ainda que sabendo natildeo veia a denunciar ou impedir lutas entre animais
natildeo humanos (PORTUGAL 2007b)
Felizmente observa-se que em caminho contraacuterio ao Projeto de Lei nordm 722020 e a Lei
nordm 2172019 o Projeto de Lei nordm 6312015 busca alterar a redaccedilatildeo do artigo 32 da Lei nordm
960598 onde busca vedar sem motivos justificaacuteveis proferir dor lesatildeo ou sofrimento aos
animais natildeo humanos ressaltando neste ponto a tentativa de se classificar o tratamento dado
54
aos animais natildeo humanos agora como seres sencientes (BRASIL2019) devendo-se constar
que o artigo 82 do Coacutedigo Civil brasileiro caracteriza de forma normativa os animais natildeo
humanos como coisas e sobre a nova hermenecircutica o tratamento juriacutedico destes busca a
compreensatildeo como sencientes (BRASIL 2002) posicionamento este que em Santa Catarina jaacute
se fez constar pela Lei nordm 17485 (SANTA CATARINA 2018)
Em Portugal por meio da Lei nordm 3152009 foram criados ditames regrativos para em
quanto a especificidade de animais natildeo humanos que sejam devido a sua natureza sua
caracterizaccedilatildeo de selvagem sua espeacutecie ou ainda condiccedilotildees especiais caracterizados como
perigosos ou potencialmente estabelecendo diretrizes para a mantenccedila criaccedilatildeo interaccedilatildeo para
com outros seres vivos sejam estes animais humanos ou natildeo humanos enquanto se apresentem
de forma direta ou indireta como animais de companhia infelizmente no Brasil natildeo se pode
observar regramento especificamente da mesma forma (PORTUGAL 2009b)
Assim no presente capiacutetulo foi realizada uma anaacutelise comparativa da evoluccedilatildeo histoacuterica
legislativa dos direitos dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo brasileira e portuguesa
ateacute a contemporaneidade do estado atual de seus direitos incluindo julgados projetos de lei
suacutemulas sem deixar de constar ateacute retrocessos legislativos dos direitos em questatildeo
55
5 CONCLUSAtildeO
Com o presente trabalho se pode chegar a conclusatildeo que haacute uma lenta evoluccedilatildeo no
tocante dos direitos dos animais natildeo humanos no ordenamento brasileiro em comparaccedilatildeo com
a legislaccedilatildeo portuguesa ora que por muitas vezes o sistema normativo brasileiro se fez valer
de semelhantes posicionamentos legais para com seu paiacutes irmatildeo somente apoacutes um consideraacutevel
lapso temporal ressalvando-se o fato de grande relevacircncia em que nesta comparaccedilatildeo se pode
observar que apenas o Brasil apresenta garantias aos direitos dos animais natildeo humanos dentro
do seu corpo constitucional
O Brasil enquanto comparado aPortugalaquele que se tem reciprocidade de tratamento
ainda se apresenta com pouca atenccedilatildeo sobre o tema destes direitos ora quepor muito tempo natildeo
considerouos animais natildeo humanos como dignos de direito agrave liberdade agrave integridade fiacutesica e o
mais grave o simples e mais essencial o direito a vida
No campo normativo sobre as disputas de guarda de animais natildeo humanos o Brasil
ainda se encontra muito atrasado com relaccedilatildeo aos regimentos legais ora que enquanto em
Portugal esta lide jaacute estaacute determinada perante um artigo do Coacutedigo Civil de 1966 mesmo
queconstando que tal regra normativacoloca o bem-estar dos ditos animais de companhia
somente como uacuteltimo fator para ser considerado em lides de divoacutercios e separaccedilotildees no Brasil
ainda natildeo haacute nota normativa alguma sobre o assunto apenas jurisprudecircncia e Projeto de Lei
demonstrando uma clara falta de embasamento legal para a resoluccedilatildeo das lides neste sentido
poreacutem apresenta uma inovaccedilatildeo para com o seu paiacutes irmatildeo onde em caso de aprovaccedilatildeo do
Projeto de Lei nordm 54218 sem modificaccedilotildees o bem-estar dos animais natildeo humanos seraacute
considerado como fator essencial para a decisatildeo de quem receberaacute judicialmente a guarda do
animal de estimaccedilatildeo
Ainda se pode observar que as normas brasileiras de direitos dos animais natildeo humanos
ao contraacuterio de Portugal por muitas vezes partem de leis estaduais e municipais para depois se
consagrarem no campo federativo tanto que se pode observar incongruecircncias em leis estaduais
e municipais que se apresentam em desacordo com a norma paacutetria causando um retrocesso
legal para com os direitos dos animais natildeo humanos fato este natildeo observado no sistema
normativo portuguecircsMuito provavelmente porque neste os direitos dos animais natildeo humanos
estarem por muitas vertentes garantidos dentro da Convenccedilatildeo Europeia que aleacutem de trazer
regulamentaccedilotildees sobre o tema ainda fiscaliza sua correta aplicaccedilatildeo legislativa
No mesmo tocante enquanto em Portugal os animais natildeo humanos jaacute satildeo tratados de
forma distinta de coisas tanto pela hermenecircutica quanto pela escrita literal das leis onde desde
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2017 jaacute natildeo satildeo tratados dentro do rol coisas mas sim recebendo a nomenclatura e classificaccedilatildeo
como seres sencientes no paccedilo em que no Brasil semelhante posicionamento atualmente se
encontra tatildeo somente de forma doutrinaacuteria e em sugestotildees de julgados de lides que envolvem
os animais natildeo humanos de forma a ter propiciado a instauraccedilatildeo do Projeto de Leinordm 631 de
2015 que vem a tentar trazer o mesmo tratamento de nomenclatura e classificaccedilatildeo do jaacute
instaurado em Portugal
Ao fim do processo de pesquisa do presente trabalho a pesquisadora observou a
importacircncia de um futuro estudo relativo aos direitos dos animais natildeo humanos no que tange a
Ameacuterica Latina com o intuito de resgatar a evoluccedilatildeo destes direitos dentro do Mercosul tanto
por haver um livre transito entre os paiacuteses afiliados instigando interesse em se conhecer
maissobre a relaccedilatildeo e autonomia de cada paiacutes membrosobre estes direitos conjunto das leis que
se compartilham quanto pela proximidade de suas fronteiras onde a fauna e flora se misturam
vez que ao desenvolver esta pesquisa foi observada uma evoluccedilatildeo relevante nos direitos dos
animais natildeo humanos em Portugal por meio da Convenccedilatildeo Europeia erguendo a curiosidade
para descobrir se dentro no Mercosul poderia ocorrer fato semelhante em relaccedilatildeo as leis
brasileiras
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RESUMO
O estudo aqui proposto possui como base central fazer uma anaacutelise comparativa entre o direito
dos animais natildeo humanos dentro do campo legislativo brasileiro e portuguecircs no contexto
histoacuterico e no cenaacuterio atual Para tanto foi utilizado o meacutetodo monograacutefico comparativo de
abordagem dedutiva por meio de pesquisas bibliograacuteficas e documentais analisando as leis
projetos de lei a Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 Suacutemulas CoacutedigosCivis
CoacutedigosPenais Coacutedigos de Processo Penal Tratados Internacionais Convenccedilotildees
Internacionais doutrinas julgados e jurisprudecircncias dos dois paiacuteses Tendo como objetivo geral
compor uma linha de anaacutelise de direito comparado para tentar descobrir se haacute uma evoluccedilatildeo no
campo dos direitos dos animais natildeo humanos dentro dos sistemas normativos brasileiro e
portuguecircs Portanto a presente pesquisa visa responder agrave pergunta se aacute uma evoluccedilatildeo das leis
brasileiras quando comparadas as leis portuguesas sobre o tocante do direito dos animais natildeo
humanos Chegando agrave conclusatildeo que o Brasil se encontra um tanto estagnado neste assunto
quando comparado a Portugal se tratando da evoluccedilatildeo dos direitos dos animais natildeo humanos
dentro do seu sistema normativo
Palavras-chave Direito brasileiro dos animais Direito portuguecircs dos animais Bem-estar
animal Direito comparado
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 9
2 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA 12
21 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS 12
22 LEGISLACcedilAtildeO PAacuteTRIACONTEMPORAcircNEA 15
23 ANAacuteLISE SOBRE A LEI 2172019 DO MUNICIacutePIO DE CURITIBANOSSC 21
24 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 722020 DE PENHASC 22
25 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 552017 DE PROIBICcedilAtildeO DE USO DE ANIMAIS EM
TESTES DE COSMEacuteTICOS 22
26 JULGADOS SOBRE A GUARDA ANIMAL E PROJETOS LEIS 24
3 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA 29
31 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS 29
32 LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA CONTEMPORAcircNEA 32
33 ANAacuteLISE LEI Nordm 9295 37
34 ANAacuteLISE IMPLEMENTACcedilAtildeO LEI Nordm 392020 39
35 JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO HUMANOS EM PORTUGAL40
4 COMPARACcedilAtildeO DAS LEGISLACcedilOtildeES BRASILEIRA E PORTUGUESA 44
41 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO HISTOacuteRICO 45
42 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO CONTEMPORAcircNEO 47
43 COMPARATIVO DOS JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO
HUMANOS BRASIL X PORTUGAL 51
44 UM COMPARATIVO ENTRE LEIS ESPECIAIS 52
5 CONCLUSAtildeO 55
REFEREcircNCIAS 57
9
1 INTRODUCcedilAtildeO
O presente trabalho monograacutefico foi desenvolvido com o intuito de trazer um compilado
de legislaccedilotildees normas jurisprudecircncias julgados e doutrinas por uma seleccedilatildeo qualitativa em
relaccedilatildeo ao direito dos animais natildeo humanos numa comparaccedilatildeo entre o estado legal do Brasil e
Portugal De forma que a pesquisadora optou por apresentar os dados mais relevantes e
marcantes sobre o tema como ferramenta de seleccedilatildeo da mesma forma que trouxe leis estaduais
e municipais de Santa Catarina por ser o local de desenvolvimento fiacutesico e moradia da mesma
Sendo este trabalho baseado no meacutetodo de abordagem dedutivo meacutetodo de
procedimento comparativo e teacutecnicas de pesquisa bibliograacutefica e documental abordando uma
pesquisa de direito comparado de documentos entre as legislaccedilotildees brasileira e portuguesa em
conjunto com a apresentaccedilatildeo e anaacutelise de algumas doutrinas julgados e projetos de leidos dois
paiacuteses sobre o tema Busca assim estudar e analisar a evoluccedilatildeo legal dos direitos dos animais
natildeo humanos pelo vieacutes comparativo das legislaccedilotildees brasileira e portuguesa De maneira a buscar
resolver a questatildeo ldquoQuais os contrastes evolutivos dos direitos dos animais natildeo humanos no
ordenamento brasileiro em comparaccedilatildeo com a legislaccedilatildeo de Portugalrdquo
O objetivo geral deste trabalho deste trabalho compor uma linha de anaacutelise da evoluccedilatildeo
dos paracircmetros legaisconstitucionais dos animais natildeo humanos entre os supracitados
ordenamentos e como objetivos especiacuteficos de apresentar a evoluccedilatildeo histoacuterica normativa entre
os dois paiacuteses apresentar o estado atual das legislaccedilotildees dos dois paiacuteses identificar dentro de
suas legislaccedilotildees algumas jurisprudecircncias o incremento no tratamento juriacutedico dispensado aos
animais natildeo humanos assim comocomparar a atual legislaccedilatildeo brasileira perante a portuguesa
no tocante do direito dos animais natildeo humanos
Justifica-se a seleccedilatildeo deste tema como base para estudo pela crescente luta para a
conquista de direitos individuais e coletivos na contemporaneidade onde se tem combatido
diversos entendimentos legais no campo legal brasileiro renovando valores conhecimentos
ateacute a proacutepria consciecircncia sobre a participaccedilatildeo inclusatildeo e relevacircncia dos animais natildeo humanos
dentro das unidades familiares convivecircncia social e ateacute sua abrangente inclusatildeo no mercado de
trabalho De maneira que o avanccedilo legal comparada no Brasil e Portugal instigou a curiosidade
da pesquisadora perante os novos aspectos constitucionais e no campo do direito e a eminente
importacircncia da compreensatildeo da aplicabilidade e hermenecircutica das leis projetos de leis e de
emendas constitucionais conjunto com o conhecimento arguido pela pesquisadora durante os
anos em que cursou a graduaccedilatildeo em medicina veterinaacuteria onde a importacircncia do maior
reconhecimento destes direitos lhe ficou clara onde a relevacircncia do tema para o contexto
10
contemporacircneo da sociedade dentro dos atuais e futuros julgados em funccedilatildeo dos diversos
debates que tem gerado dentro e fora dos tribunais acerca do tema dos direitos da capacidade
ateacute da guarda e tutela dos animais natildeo humanos
Este trabalho esperase apresentar como uma fonte de pesquisa incentivo reanaacutelise e
com o intuito de instigar novos posicionamentos juriacutedicocriacuteticos sobre o cenaacuterio atual da
participaccedilatildeo dos animais natildeo humanos dentro da sociedade possibilitando uma nova
consciecircncia para com o tema demonstrando os obstaacuteculos legais que ainda temos pela frente
quando em comparaccedilatildeo com o mesmo cenaacuterio portuguecircs
No segundo capiacutetulo deste trabalho eacute apresentada a evoluccedilatildeo histoacuterica da legislaccedilatildeo do
sistema normativo julgados e projetos de lei desde o primeiro relato em lei a favor do direito
dos animais natildeo humanos dentro do sistema normativo brasileiro passando pela constituiccedilatildeo
de 1988 decretos lei o Coacutedigo Civil (CC) o Coacutedigo de Processo Civil (CPC) o Coacutedigo Penal
(CP) a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro da constituiccedilatildeo e coacutedigos nacionais
leis municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma abrangente
anaacutelise sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do
territoacuterio brasileiro
No terceiro capiacutetulo deste trabalho se apresenta a evoluccedilatildeo histoacuterica da legislaccedilatildeo do
sistema normativo e julgados desde o primeiro relato em lei a favor do direito dos animais natildeo
humanos dentro do sistema normativo portuguecircs passando por decretos lei o Coacutedigo Civil
(CC) o Coacutedigo de Processo Civil (CPC) o Coacutedigo Penal (CP) Coacutedigo de Processo Penal
(CPP) a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro dos coacutedigos nacionais oacutergatildeos
reguladores dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do territoacuterio portuguecircs leis e licenccedilas
municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma abrangente anaacutelise
sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do territoacuterio
portuguecircs
No quarto capiacutetulo deste trabalho se apresenta um anaacutelise comparativa sobre a evoluccedilatildeo
histoacuterica das legislaccedilotildees de seus sistemas normativos e julgados desde os primeiros relatos
regimentais a favor do direito dos animais natildeo humanos dentro de seus sistemas normativos
passando por decretos lei o Coacutedigo Civil o Coacutedigo de Processo Civil o Coacutedigo Penal Coacutedigo
de Processo Penal a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro dos coacutedigos nacionais
leis e licenccedilas municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma
11
abrangente anaacutelise sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos de
forma comparativa dentro do territoacuterio brasileiro e portuguecircs
12
2 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA
Neste capiacutetulo tem-se como objetivo trazer de forma sucinta a evoluccedilatildeo histoacuterica no que
tange o direito dos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo do Brasil trazendo para isto as proacuteprias
leis assim como relatos bibliograacuteficos sobre o tema
21 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
O primeiro relato normativo brasileiro direcionado aos direitos dos animais natildeo
humanos no dia 6 de outubro de 1886 no Coacutedigo de Posturas do Municiacutepio de Satildeo Paulo que
trouxe no seu artigo 220 a primeira norma de proibiccedilatildeo de crueldade contra animais natildeo
humanos ldquoEacute proibido a todo cocheiro ou condutor de carroccedila maltratar animais com castigos
baacuterbaros e imoderados disposiccedilatildeo essa que se aplica aos ferradoresrdquo sendo assim um marco
inicial histoacuterico nacional para a luta por estes direitos(SAtildeO PAULO 1886)
Jaacute no tangente de legislaccedilatildeo na esfera nacional somente no dia 10 de julho de 1934
ocorreu o primeiro registro normativo visando a algum tipo de proteccedilatildeo perante os animais natildeo
humanos o Decreto Lei nordm 24645 oficializado por Getuacutelio Vargas definindo a
responsabilidade do Estado de tutelar todos os animais existentes trazendo ainda a primeira
sansatildeo em relaccedilatildeo aos matildeos tratos em seu artigo 2ordm ldquoAquele que em lugar puacuteblico ou privado
aplicar ou fizer aplicar maus-tratos aos animas incorreraacute em multa de 20$000 a 500$000 e na
pena de prisatildeo celular de 2 a 15 dias quer o delinquente seja ou natildeo o respectivo proprietaacuterio
sem prejuiacutezo da accedilatildeo civil que possa caberrdquo tendo sido o rompimento de uma fronteira em
relaccedilatildeo agrave compreensatildeo da vedaccedilatildeo aos matildeos tratos de forma direta ou indireta praticando ou
fazendo praticar sendo ou natildeo proprietaacuterio do animal natildeo humano de forma a demonstrar que
todos os animais natildeo humanos merecem respeito trazendo ainda em seus paraacutegrafos a
possibilidade de maiores sanccedilotildees como ateacute a apreensatildeo ou confisco do animal natildeo humano que
for alvo de qualquer tipo de maus-tratos em seu artigo 14 ainda busca pela primeira vez
penalizar aquele que causa a morte destes oferecendo pena em dobro se a este ponto chegar ou
for reincidente de acordo com o artigo 15 como tambeacutem a quem cabe sua aplicaccedilatildeo pelo artigo
12 atribuindo tal encargo a poliacutecia ou autoridade municipal cabendo esta se verificar a
gravidade do delito vale constar o sect3ordm no mesmo artigo ldquoOs animais seratildeo assistidos em juiacutezo
pelos representantes do Ministeacuterio Puacuteblico seus substitutos legas e pelos membros das
sociedades protetoras dos animaisrdquo reforccedilando a responsabilidade do Estado perante a garantia
13
dos direitos dos animais natildeo humanos No transcorrer de seus artigos o Decreto caracteriza o
que se enquadra como crueldade no seu artigo 3ordm como ao exemplo dos seus incisos XVI
XVIII XXI e XXV
XVI -fazer viajar um animal a peacute mais de 10 quilocircmetros sem lhe dar descanso ou
trabalhar mais de 6 horas contiacutenuas sem lhe dar aacutegua e alimento
XVIII - conduzir animais por qualquer meio de locomoccedilatildeo colocados de cabeccedila para
baixo de matildeos ou peacutes atados ou de qualquer outro modo que lhes produza sofrimento
XXI - deixar de ordenhar as vacas por mais de 24 horas quando utilizadas na
explorado do leite
XXV - engordar aves mecanicamente (BRASIL 1934)
Este decreto trouxe pela primeira vez regulamentaccedilotildees nacionais perante os animais natildeo
humanos no tangente laboral humano sendo reforccedilado tal posicionamento pelo texto dos
artigos 4ordm a 8ordm onde regula-se a utilizaccedilatildeo dos animais natildeo humanos em veiacuteculos ou outras
formas em que se faccedila utilizar a traccedilatildeo animal Jaacute no seu artigo 13 traz a primeira proibiccedilatildeo
direta ao abandono de animal ainda traz ressalvado em seu artigo 19 a revogaccedilatildeo de qualquer
tipo de ordenamento ao contraacuterio do que o Decreto Lei expressa Mesmo sendo uma grande
evoluccedilatildeo para o direito dos animais natildeo humanos em relaccedilatildeo ao que o paiacutes tinha ateacute entatildeo o
artigo 17 ainda define animal como seres irracionais sem que a eles se apresente nenhum tipo
de possibilidade de compreensatildeo (BRASIL 1934)
Somente 7 anos depois em 03 de outubro de 1941 com a ediccedilatildeo da Lei das
Contravenccedilotildees Penais pelo Decreto Lei nordm 3688 o artigo 64 trouxe penas de prisatildeo e multa
ali ainda descrita em ldquoreacuteisrdquo
Art 64 Tratar animal com crueldade ou submetecirc-lo a trabalho excessivo
Pena ndash prisatildeo simples de dez dias a um mecircs ou multa de cem a quinhentos mil reacuteis
sect1ordm Na mesma pena incorre aquele que embora para fins didaacuteticos ou cientiacuteficos
realiza em lugar puacuteblico ou exposto ao puacuteblico experiecircncia dolorosa ou cruel em
animal vivo
sect2ordm Aplica-se a pena com aumento de metade se o animal eacute submetido a trabalho
excessivo ou tratado com crueldade em exibiccedilatildeo ou espetaacuteculo puacuteblico (BRASIL
1941)
Desta forma buscando pela primeira vez colocar limites normativos natildeo soacute para os
animais natildeo humanos utilizados para atividades laborativas mas tambeacutem no que se trata o uso
cientiacutefico destes assim como seu uso para exibiccedilatildeo e divertimento de animais humanos
(BRASIL 1941) Somente no dia 8 de maio de 1979 com a Lei Federal nordm 6638 seria retomado
o tema do uso cientiacutefico dos animais natildeo humanos de forma regulamentada normatizando os
bioteacuterios os centros de experiecircncias e demonstraccedilotildees dos animais natildeo humanos assim como
14
regulamentando o uso dos animais natildeo humanos para testes cliacutenicos medicamentosos dentre
outros teacutecnica esta conhecida como vivissecccedilatildeo assim como desde que por meio de indicaccedilatildeo
meacutedica permitindo a eutanaacutesia ou sacrifiacutecio animal pelos artigos 1ordm a 4ordm da presente Lei
trazendo em seus artigos subsequentes sanccedilotildees penais e interditoacuterias para todo aquele que a lei
desobservar assim como traz em seu artigo 8ordm a revogaccedilatildeo de quaisquer leis que a ela
contrariarem (BRASIL 1979)
O Superior Tribunal de Justiccedila decidiu na data de 31 de dezembro de 1969 por meio da
Suacutemula nordm 91 que ldquoCompete a Justiccedila Federal processar e julgar os crimes praticados contra a
faunardquo onde decidiu por arcar agrave Justiccedila Federal o julgamento relativo aos crimes cometidos
sobre a fauna brasileira tendo sido cancelada a Suacutemula em questatildeo na Sessatildeo do Superior
Tribunal de Justiccedila na data de 08 de novembro de 2000 da 3ordf seccedilatildeo sobre o nuacutemero de pauta
de julgamento LEGJUR 103326350091500 Desta forma com o cancelamento da Suacutemula nordm
91 do STJ acabou por ficar sobre a competecircncia reconhecida dos estados a competecircncia para
processar e julgar os crimes cometidos contra a fauna ressalvando se o dito crime se efetivar
sobre casos do crime ter sido realizado sobre fauna reconhecidamente de bem federal o
cancelamento da Suacutemula em questatildeo tambeacutem acarretou na suspenccedilatildeo do disposto no artigo 89
da Lei 900995 (BRASIL 2020)
A datar do dia 03 de janeiro de 1967 surgiu mais uma importante ferramenta para a
garantia dos direitos dos animais natildeo humanos com a promulgaccedilatildeo da Lei Federal nordm 5197 o
Coacutedigo de Caccedila sendo imprescindiacutevel a observaccedilatildeo de seu artigo 1ordm
Os animais de quaisquer espeacutecies em qualquer fase do seu desenvolvimento e que
vivem naturalmente fora do cativeiro constituindo a fauna silvestre bem como seus
ninhos abrigos e criadouros naturais satildeo propriedade do Estado sendo proibida a sua
utilizaccedilatildeo perseguiccedilatildeo destruiccedilatildeo caccedila ou apanha (BRASIL 1967)
Protegendo de maneira incontestaacutevel a fauna nativa brasileira garantindo a diversidade
a continuidade e a sobrevivecircncia de todos os tipos de animais natildeo humanos poreacutem ainda
permitindo em seus paraacutegrafos que hajam peculiaridades regionais para a permissatildeo agrave caccedila
Contudo veda completamente a comercializaccedilatildeo ou exportaccedilatildeo de qualquer forma de animais
natildeo humanos da fauna natural brasileira assim como de seus frutos em seus artigos 3ordm e 18
Trazendo sanccedilotildees penais para todos aqueles que descumprirem seus artigos nos artigos 27 a
31 e contemplando como autoridades responsaacuteveis pela fiscalizaccedilatildeo e aplicabilidade de tais
sanccedilotildees as mesmas indicadas no Coacutedigo de Processo Penal (CPP) de acordo com o seu artigo
15
32 assim como trazem pela primeira vez a inafianccedilabilidade dos crimes contra animais natildeo
humanos pelo seu artigo 34 (BRASIL 1967)
Jaacute por outro vieacutes no dia 31 de agosto de 1981 por meio da publicaccedilatildeo da Lei Federativa
nordm 6938 com a denominaccedilatildeo de A Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente os animais natildeo
humanos assim como seu habitat natural receberam uma grande melhoria nos seus direitos
assim como traz o artigo 15 ldquoO poluidor que expuser a perigo a incolumidade humana animal
ou vegetal ou estiver tornando mais grave a situaccedilatildeo de perigo existente fica sujeito agrave pena de
reclusatildeo de 1 (um) a 3 (trecircs) anos e multa de 100 (cem) a 1000 (mil) MVRrdquo findando a
primeira vedaccedilatildeo expressa por objeto normativo agrave poluiccedilatildeo que traga malfeitorias aos animais
natildeo humanos (BRASIL 1981)
22 LEGISLACcedilAtildeO PAacuteTRIACONTEMPORAcircNEA
No Brasil os animais comeccedilaram a ser considerados como dignos de direitos
constitucionais somentecom a promulgaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 em seu artigo 225 de
forma a condenar a crueldade contra os animais mesmo que ainda deixando uma lacuna em
seu sect7ordm
sect 7ordm Para fins do disposto na parte final do inciso VII do sect 1ordm deste artigo natildeo se
consideram crueacuteis as praacuteticas desportivas que utilizem animais desde que sejam
manifestaccedilotildees culturais conforme o sect 1ordm do art 215 desta Constituiccedilatildeo Federal
registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimocircnio cultural
brasileiro devendo ser regulamentadas por lei especiacutefica que assegure o bem-estar
dos animais envolvidos (BRASIL 1988)
No supracitado artigo ainda se pode ler sobre os direitos alcanccedilados pelos animais natildeo
humanos na constituiccedilatildeo federativa de 1988 onde garante agrave todos um meio ambiente
equilibrado qualidade de vida sendo de obrigaccedilatildeo tanto do poder puacuteblico quanto da
coletividade garantir defender preservar estes direitos para as presentes e futuras geraccedilotildees
para tanto aponta a necessidade de preservar a diversidade e integridade do patrimocircnio geneacutetico
do Brasil e sempre fiscalizando aqueles que com este material lida assim como a necessidade
de controlar a produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de teacutecnicas e produtos que sejam
potencialmente ou confirmadamente prejudiciais ou que gerem risco agrave vida ou sua qualidade
assim como para o meio ambiente demonstrando tambeacutem a indispensabilidade de poliacuteticas de
16
educaccedilatildeo ambiental disseminada por todos os niacuteveis educacionais para a preservaccedilatildeo do meio
ambiente (BRASIL 1988)
Da mesma forma prevecirc a obrigaccedilatildeo de defender a fauna e flora vedando expressamente
praacuteticas que as coloquem em risco sua funccedilatildeo ecoloacutegica que poderiam gerar extinccedilatildeo de
espeacutecies ou mesmo que submetam animais natildeo humanos a qualquer niacutevel de crueldade Deve-
se lembrar que tambeacutem traz a possibilidade de sanccedilotildees para aqueles pessoa fiacutesica ou juriacutedica
que violar estes direitos ora visto a fauna e flora nacional eacute caracterizada como patrimocircnio
nacional(BRASIL 1988)
Eacute de suma importacircncia observar que tal artigo soacute fez-se constar na constituiccedilatildeo de 1988
apoacutes a proclamaccedilatildeo da Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Animais feita pela UNESCO no ano
de 1978 No corpo do texto percebe-se a existecircncia do direito dos animais em funccedilatildeo aos crimes
e desprezo cometidos contra os animais natildeo humanos em funccedilatildeo de uma coexistecircncia saudaacutevel
entre as espeacutecies no mundo jaacute que satildeo seres semelhantes como consta no preacircmbulo da mesma
declaraccedilatildeo (UNESCO 1978) Faz-se necessaacuterio citar alguns de seus artigos ldquoARTIGO 1
Todos os animais nascem iguais diante da vida e tecircm o mesmo direito agrave existecircnciardquo
demonstrando um posicionamento ao menos legal em relaccedilatildeo agrave igualdade e existecircncia dos
animais natildeo humanos como tambeacutem o artigo 2
a) Cada animal tem direito ao respeito b)O homem enquanto espeacutecie animal
natildeo pode atribuir-se o direito de exterminar os outros animais ou exploraacute-los
violando esse direito Ele tem o dever de colocar a sua consciecircncia a serviccedilo dos outros
animais c)Cada animal tem direito agrave consideraccedilatildeo agrave cura e agrave proteccedilatildeo do homem
(UNESCO 1978)
Onde traz obrigaccedilatildeo normativa de respeito dos animais humanos perante os animais natildeo
humanos manifestando o dever agrave consideraccedilatildeo e consciecircncia do primeiro em relaccedilatildeo ao
segundo vedando a exploraccedilatildeo dos mesmos da mesma maneira os artigos 4 e 5
ARTIGO 4 a) Cada animal que pertence a uma espeacutecie selvagem tem o direito de
viver livre no seu ambiente natural terrestre aeacutereo e aquaacutetico e tem o direito de
reproduzir-se b)A privaccedilatildeo da liberdade ainda que para fins educativos eacute contraacuteria
a este direito
ARTIGO 5 a)Cada animal pertencente a uma espeacutecie que vive habitualmente no
ambiente do homem tem o direito de viver e crescer segundo o ritmo e as condiccedilotildees
de vida e de liberdade que satildeo proacuteprias de sua espeacutecie b)Toda a modificaccedilatildeo imposta
pelo homem para fins mercantis eacute contraacuteria a esse direito(UNESCO 1978)
De forma a demonstrar aqui o direito agrave uma vida livre em ambiente adequado e propiacutecio
agrave reproduccedilatildeo garantindo assim a continuidade da fauna ldquoARTIGO 7 Cada animal que trabalha
17
tem o direito a uma razoaacutevel limitaccedilatildeo do tempo e intensidade do trabalho e a uma alimentaccedilatildeo
adequada e ao repousordquo revelando que os animais natildeo humanos assim como os humanos tem
direito de uma jornada digna de trabalho sem que com isso sejam explorados mais do que eacute
aceitaacutevel para uma vida adequada agraves suas condiccedilotildees fiacutesicas ldquoARTIGO 10 Nenhum animal
deve ser usado para divertimento do homem A exibiccedilatildeo dos animais e os espetaacuteculos que
utilizem animais satildeo incompatiacuteveis com a dignidade do animalrdquo expressando nitidamente que
os animais natildeo humanos natildeo satildeo brinquedos posse objeto para divertimento dos animais
humanos ora ponto serem animais que merecem respeitoagrave sua dignidade ldquoARTIGO 11 O ato
que leva agrave morte de um animal sem necessidade eacute um biociacutedio ou seja um crime contra a
vidardquo findando esta citaccedilatildeo pela clara declaraccedilatildeo de expressa vedaccedilatildeo ao assassinato dos
animais natildeo humanos sem que para isso haja um motivo vaacutelido e plenamente
justificaacutevel(UNESCO 1978)
Assim como Bruno Amaro Lacerda traz em sua obra Pessoa Dignidade e Justiccedila a
questatildeo dos direitos dos animais Eacutetica e Filosofia Poliacutetica animais natildeo humanos estatildeo em um
conviacutevio iacutentimo com os animais humanos de forma a em muitos casos criando viacutenculos afetivos
como um membro ativo no meio familiar ao ponto de ateacute ocorrerem lides em relaccedilatildeo a sua
tutela Da mesma forma quando se pensa sobre o que tange o ramo laboral os animais natildeo
humanos em muito foram e satildeo necessaacuterios para a continuidade de vaacuterias categorias de trabalho
(LACERDA 2012)
Eacute imperioso lembrar que no sistema normativo paacutetrio os animais natildeo humanos jaacute foram
considerados como coisas e tendo sua caracterizaccedilatildeo posteriormente alterada para bens
semoventes pelo Coacutedigo Civil ldquoArt 82 Satildeo moacuteveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio
ou de remoccedilatildeo por forccedila alheia sem alteraccedilatildeo da substacircncia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-
socialrdquo (BRASIL 2002)
Sobre o tema a classificaccedilatildeo juriacutedica dos animais natildeo humanos dentro do campo
normativo brasileiro Heron Santana Gordilho (2006) trata em seu trabalho ao apresentar o
fundamento moral da correta compreensatildeo das caracteriacutesticas e correta classificaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos para se romper os paradigmas atuais da caracterizaccedilatildeo dos animais natildeo
humanos comeccedila com uma reformulaccedilatildeo da proacutepria consciecircncia humana por se tratar nada
mais do que um padratildeo de compreensatildeo exclusivamente humano ora que se eacute haacutebil de notar
aos animais natildeo humanos a presenccedila de caracteriacutesticas tanto fiacutesicas quanto mentais que muito
se assemelham as apresentadas pelos animais humanos como se pode observar no trecho
retirado de sua obra
18
As ciecircncias empiacutericas tecircm descoberto habilidades linguiacutesticas nos grandes primatas
que acabaram por ter significativas implicaccedilotildees na teoria moral ao demonstrar que a
doutrina tradicional que vecirc a espeacutecie humana como seres ontologicamente distintos
dos animais eacute fundamentalmente falsa e inconsistente (GORDILHO 2006 p54)
Uma vez que segundo o Gordilho os animais natildeo humanos satildeo capazes de possuir
alguma razatildeo expondo que ldquoA diferenccedila especiacutefica do homem em relaccedilatildeo aos animais residiria
no fato de que apenas o homem tem conhecimento de si mesmo apenas ele eacute um ser pensante
pois sua realidade eacute idecircntica agrave sua idealidaderdquo (GORDILHO 2006 P 53) sem que para tanto
deixasse de constar que mesmo os animais humanos por muitas vezes vem a natildeo ter tal
capacidade diferenciadora (GORDILHO 2006)
Mesmo o artigo 82 natildeo tendo sofrido alteraccedilatildeo entre o Coacutedigo de Processo Civil de 2002
e o de 2015 o tratamento juriacutedico relativo aos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo vigente a
discussatildeo e hermenecircutica do supracitado artigo sofreu alteraccedilotildees em virtude de serem capazes
de sentir dor tornando-se assim como seres viventes o que nitidamente se difere de coisa como
apontado por Haydeeacute Fernanda Cardoso em 2007 ao questionar aquela que era a classificaccedilatildeo
dos animais natildeo humanos agrave sua eacutepoca
Natildeo se pode ver como coisa seres viventes pois tais elementos mostram a existecircncia
de vida natildeo apenas no plano moral e psiacutequico mas tambeacutem bioloacutegico mecacircnico como
podem alguns preferir e vice-versa
O conhecimento juriacutedico-dogmaacutetico hoje encontra-se ultrapassado natildeo apenas em
funccedilatildeo de animais considerados inteligentes mas sim em funccedilatildeo de seres sencientes
capazes de sentir cada um a seu modo e de individualizarem-se estabelecendo
relaccedilotildees sociais entre si ou com humanos constituindo-se velado e inadequado o
tratamento dispensado inclusive mostrando-se incompatiacutevel com os proacuteprios fins
deste Direito ldquoatualrdquo de eacutetica invertida [] (CARDOSO 2007 p 132)
Na mesma obra Cardoso ainda discute sobre a possibilidade dos animais natildeo humanos
de serem aptos a possuir personalidade juriacutedica algo que na contemporaneidade vem-se sendo
alvo de diversas discussotildees no paracircmetro das lides juriacutedicas em virtude da proteccedilatildeo conferida
aos animais humanos e sua comparaccedilatildeo para com os direitos concedidos aos animais natildeo
humanos assim como a proacutepria evoluccedilatildeo desta personalidade em relaccedilatildeo aos seres humanos
historicamente falando como podemos observar pelas palavras da Autora
Assim que em dados momentos sua compreensatildeo natildeo abrangeu seres humanos
considerados escravos ou mesmo crianccedilas embora se reconhecesse entes morais (as
corporaccedilotildees) que apesar do elemento humano que guardam recebiam proteccedilatildeo em
funccedilatildeo do direito patrimonial enquanto natildeo se reconhecia a homens individuais de
modo a garantir-lhes necessidades primitivas mantedoras da vida digna direitos
humanos fundamentais
Hoje conferimos proteccedilatildeo a todos os homens ainda que suas faculdades mentais natildeo
sejam plenas ainda que natildeo tenham capacidade racional ou mesmo consciecircncia ainda
19
que seus atributos mentais estejam limitados agrave mera resposta a estiacutemulos baacutesicos como
a dor ou a fome mas ainda assim natildeo sendo capazes de expressar qualquer desejo
que seja mesmo simples desejo de comer natildeo sejam capazes de se comunicar ainda
que apenas por gestos sendo a comunicaccedilatildeo demanda expressatildeo volitiva e
ultrapassando o limite das palavras Conferimos tambeacutem proteccedilatildeo a homens que natildeo
sabem falar porque entendemos que tecircm outras maneiras de se expressar mesmo que
sejam limitados no atributo da fala E a todos esses protegemos natildeo como coisas mas
sim como pessoas porque satildeo semelhantes a noacutes []
Portanto natildeo eacute a capacidade racional e cognitiva ou mesmo a fala requisito de uma
personalidade juriacutedica ateacute porque os animais possuem as duas primeiras segundo
provado por outras ciecircncias possuindo inclusive consciecircncia (CARDOSO 2007 p
133)
Em 12 de fevereiro de 1998 foi promulgada a Lei nordm 9605 tratando sobre os crimes
contra o meio ambiente trazendo de forma direta o impedimento a vaacuterios embargos relativas
aos animais natildeo humanos assim como transcreve-se aqui no artigo 29 ldquoMatar perseguir caccedilar
apanhar utilizar espeacutecimes de fauna silvestre nativos ou em rota migratoacuteria sem a devida
permissatildeo licenccedila ou autorizaccedilatildeo da autoridade competente ou em desacordo com a
obtida[]rdquo nos artigos que se seguem continuam a se tratar das vedaccedilotildees tanto no que se fala
das proibiccedilotildees relativas agrave fauna brasileira quanto a fauna estrangeira sem deixar de tratar dos
animais natildeo humanos de longa pratica de domesticaccedilatildeo como catildees e gatos assim como no
artigo 32 sect1ordm onde transporta as penas quando o crime eacute praticado contra catildees e gatos Ainda
penaliza os que geram danos por meio de poluiccedilatildeo e com isso reflitam negativamente em
relaccedilatildeo aos animais natildeo humanos como descrito no ser artigo 54 (BRASIL 1998)
Ainda quando se trata de direitos dos animais como um todo natildeo se pode deixar de
constar a Lei nordm 11126 de 27 de junho de 2005 posteriormente alterada e devidamente
motivada a aplicabilidade pela Lei nordm 13146 de 2015 sobre o acesso de catildees-guias agrave locais
puacuteblicos como se lecirc em seu artigo 1ordm redigido
Eacute assegurado agrave pessoa com deficiecircncia visual acompanhada de catildeo-guia o direito de
ingressar e de permanecer com o animal em todos os meios de transporte e em
estabelecimentos abertos ao puacuteblico de uso puacuteblico e privados de sua coletivo desde
que observadas as condiccedilotildees impostas por esta Lei (BRASIL 2015a)
Onde outrora devido a um texto inespeciacutefico natildeo se fazia cumprir a Lei de forma correta
ao deixar lacunas em sua interpretaccedilatildeo vez que somente dissertava por permitir a entrada e
permanecircncia em transportes e locais puacuteblicos e privados de uso coletivo mas natildeo trazendo a
generalidade e especificidade de tais locais de maneira a por muitas vezes ter esse direito
negado obrigando que a Lei de 2015 revisasse e desse nova redaccedilatildeo aos artigos 1ordm e seu
paraacutegrafo 2ordm da Lei de 2005 (BRASIL 2015a)
20
A luta pelos direitos dos animais natildeo satildeo apenas uma funccedilatildeo legislativa o que fica
demonstrado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) que em 2019 ofertou pela primeira vez uma
disciplina de direito dos animais para seus alunos regulares assim como a comunidade em geral
em conjunto com o Grupo de Estudos sobre os Direitos Animais e Interseccionalidades como
foi noticiado pela proacutepria instituiccedilatildeo em seu canal de notiacutecias em 29 de julho do mesmo ano em
mateacuteria de Carolina Pires(PIRES 2019)
O Brasil ainda tem muito o que evoluir no tocante dos direitos dos animais natildeo humanos
comeccedilando pela exploraccedilatildeo pela ciecircncia assim como Laerte Fernando Levai lembra ao citar
uma passagem de Maria Lacerda de Moura em sua obra Civilizaccedilatildeo ndash Tronco de Escravos
publicado em 1931 mas que de nada se difere da realidade atual
Natildeo compreendo a vivissecccedilatildeo a natildeo ser como um deliacuterio de perversidade inominaacutevel
nem chego a ver a vantagem da embriaguez cientiacutefica que potildee milhares de cobaias e
catildees e qualquer espeacutecie de animal agrave mercecirc dos cientistas [] vaidosos de fazer sofrer
os ldquomaacutertires da ciecircnciardquo em nome de um princiacutepio ou de uma descoberta ou de uma
pesquisa ou dos problemaacuteticos benefiacutecios daiacute resultantes para todo o gecircnero humano
[] O homem continuaraacute a descer sempre bem para baixo de todos os siacutemios na sua
maldade de criatura civilizada para estimular todas as virulecircncias desde as guerras
ateacute o prazer satacircnico de martirizar os animais em nome do humanitarismo ciacutenico A
crueldade nunca poderaacute ser um caminho para o aperfeiccediloamento humano A ciecircncia
natildeo se adquire com crueldade Se a fisiologia natildeo pode se adiantar sem infligir
horriacuteveis torturas aos animais indefesos eacute melhor que a fisiologia fique onde estaacute A
humanidade pode progredir sem a fisiologia poreacutem natildeo poderaacute progredir sem a
piedadeMoura (MOURA 1932 apud LEVAI 2012)
Vale constar que em Santa Catarina no dia 22 de dezembro de 2003 por meio da Lei
Estadual nordm 12854 ficou instituiacutedo o Coacutedigo Estadual de Proteccedilatildeo aos Animais pelo seu artigo
2ordm e seus incisos fica por vedar a agressatildeo causar sofrimento de qualquer espeacutecie a animais
sejam silvestres domeacutesticos ou que se possam domesticar nativos ou exoacuteticos afim de
garantir-lhes plenas condiccedilotildees de existecircncia assim como criar animais em locais inapropriados
como lixeiras ou enclausurados sem deixar de citar a expressa vedaccedilatildeo ao abandono de animais
domeacutesticos Ainda tratando sobre as atribuiccedilotildees da lei como da fauna exoacutetica normatizando
os animais natildeo humanos usados para traccedilatildeo veicular tambeacutem trazendo as regras estaduais para
transporte seguro dos animais natildeo humanos como seu abate sem esquecerdas diretrizes para
animais de laboratoacuterios experimentados nos centros de pesquisa ou instituiccedilotildees de educaccedilatildeo
que deveratildeo ser devidamente registrados e certificados para possibilitar a devida fiscalizaccedilatildeo
seja por meio de relatoacuterios como prevecirc o artigo 19 seja pela obrigaccedilatildeo de presenccedila de
profissionais habilitados sempre que forem ser realizados experimentos de vivissecccedilatildeo como
descrito no sect2ordm do artigo 20 (SANTA CATARINA 2003)
21
23 ANAacuteLISE SOBRE A LEI 2172019 DO MUNICIacutePIO DE CURITIBANOSSC
No acircmbito das legislaccedilotildees contemporacircneas brasileiras haacute uma lei promulgada em
2019 onde eacute observado um claro retrocesso no tangente deste tema Em Curitibanos Santa
Catarina no ano de 2019 foi proposta e posta em circulaccedilatildeo a Lei Complementar de nordm
2172019 sob o nome de ldquoInstitui o Coacutedigo de Proteccedilatildeo e Bem-estar animal no acircmbito do
municiacutepio de Curitibanos e daacute outras providecircnciasrdquo a qual traz uma proibiccedilatildeo taacutecita de cuidar
alimentar proporcionar fonte de aacutegua para animais que vivem nas ruas como se pode observar
na subseccedilatildeo II do catildeo comunitaacuterio
Art 11 Fica reconhecida a figura do catildeo comunitaacuterio sendo o animal sem proprietaacuterio
ou tutor identificado e que estabelece com a comunidade em que vive laccedilos de
dependecircncia e de manutenccedilatildeo embora natildeo possua responsaacutevel uacutenico e definido
Art 12 O acesso a aacutegua alimentaccedilatildeo cuidados com a sauacutede higiene e demais atos
necessaacuterios agrave preservaccedilatildeo do bem-estar dos catildees comunitaacuterios natildeo poderatildeo ser
realizados em vias de circulaccedilatildeo passeio praccedilas e demais ambientes puacuteblicos
(CURITIBANOS 2019)
Jaacute na parte de penalizaccedilotildees da mesma Lei em seu Capiacutetulo IV DAS INFRACcedilOtildeES
E PENALIDADES caracterizam que aquele que infringe tal proibiccedilatildeo ocorre em infraccedilatildeo de
natureza meacutedia onde tambeacutem consta maus-tratos ao animal tutelado como se observa em seu
artigo 34 inciso II e suas aliacuteneas
Art 34 Constitui infraccedilatildeo contra as normas de bem-estar dos animais domeacutesticos ou
domesticados a inobservacircncia de qualquer preceito desta lei ou da legislaccedilatildeo
complementar ficando o infrator sujeito agraves penalidades e medidas administrativas
previstas nos artigos 30 e 31 desta Lei Complementar conforme o caso aleacutem das
demais puniccedilotildees legalmente previstas
II - Constitui-se infraccedilatildeo de natureza meacutedia
a) A exposiccedilatildeo contiacutenua do animal ao sol chuva calor e frio e em caso de
confinamento enclausuraacute-los em espaccedilos uacutemidos sem ventilaccedilatildeo
b) Privar o animal de aacutegua limpa e potaacutevel e alimento adequado e em abundacircncia em
recipientes limpos
c) Exercitaacute-los de maneira excessiva e sem descanso adequado
d) Utilizar o animal em situaccedilotildees de enfrentamento fiacutesico entre animais da mesma
espeacutecie ou de espeacutecies diferentes em locais puacuteblicos ou privados
e) Disponibilizar alimentaccedilatildeo e aacutegua em vias de circulaccedilatildeo passeio praccedilas e demais
ambientes puacuteblicos (CURITIBANOS 2019)
De forma a demonstrar um claro regresso nas conquistas alcanccediladas em relaccedilatildeo aos
direitos dos animais natildeo humanos vez que reduz a capacidade de bem-estar animal de ser
repartida com a sociedade aumentando os encargos do estado para com os animais natildeo
22
humanos que se encontram em situaccedilatildeo de abandono e descaso vivendo sem as devidas
condiccedilotildees sanitaacuterias nutricionais de seguranccedila e bem-estar nas vias puacuteblicas sem que para
tanto apresente uma contrapartida do Municiacutepio para garantir que os cuidados vetados agrave
particulares sejam repassados aos entes puacuteblicos apenas reduzindo drasticamente as chances
de alcance de condiccedilotildees mais dignas a sua sobrevivecircncia miacutenima (CURITIBANOS 2019)
24 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 722020 DE PENHASC
A Cacircmara Municipal de Penha Santa Catarina aprovou do dia 17 de agosto de
2020 de forma unanime um projeto de lei que entre seus artigos traz uma passagem que traz
a proibiccedilatildeo para os cachorros de latir trazendo como penalidade aos seus tutores em caso de
descumprimento uma multa no valor de R$ 2300000 A dita lei trata da perturbaccedilatildeo do
sossego enquadrando os animais natildeo humanos em seu art 2ordm II d
Art2ordm Para os efeitos desta lei aplicam-se as seguintes definiccedilotildees
[] II ndash PERTURBACcedilAtildeO DO SOSSEGO
[] d) provocando ou natildeo procurando impedir barulho produzido por animal que tem
guarda(PENHA 2020)
Eacute notoacuterio constar o eminente risco de se cair em maus-tratos animais para a garantia
do cumprimento da citada lei seja pelo uso de equipamentos anti-latidos que causam dor ou
mauestar ao animal seja pelo corte das cordas vocais dos cachorros ou mesmo sob as puniccedilotildees
aos animais natildeo humanos aplicadas em caso de desobediecircncia agrave norma jaacute que os cachorros satildeo
seres independentes alheios do domiacutenio humano Assim como afirma a advogada Ana Selma
Moreira ldquoO que me deixa temerosa em relaccedilatildeo a essa proposta eacute que esse tipo de dispositivo
coloca os animais em risco de maus-tratos e violaccedilatildeo dos direitos fundamentaisrdquo demonstrando
a temeridade da jurista em relaccedilatildeo ao risco que a lei ocasiona (MOREIRA 2020)
25 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 552017 DE PROIBICcedilAtildeO DE USO DE ANIMAIS EM
TESTES DE COSMEacuteTICOS
No dia 9 de outubro de 2020 foi aprovado no Plenaacuterio da Assembleia Legislativa o
Projeto de Lei de autoria do deputado Joatildeo Amin que tem por objetivo proibir o uso de animais
natildeo humanos em testes par a produccedilatildeo de produtos de beleza de higiene pessoal perfumes e
23
cosmeacuteticos em Santa Catarina O proacuteximo passo para a implementaccedilatildeo do Projeto de Lei eacute o
encaminhamento para sanccedilatildeo do Governo do Estado de Santa Catarina sobre esta fase o autor
do Projeto de Lei escreveu ldquoEspero que o governo estadual sancione e regulamente este projeto
que eacute muito importante para proteccedilatildeo dos animais Nossa intenccedilatildeo eacute impedir o uso
indiscriminado de animais em testes situaccedilatildeo que pode ser evitada com uma seacuterie de
alternativasrdquo (FLORIANOacutePOLIS 2020) demonstrando assim a relevacircncia da sanccedilatildeo desta lei
para a garantia do bem-estar dos animais natildeo humanos
No presente Projeto de Lei natildeo soacute se apresenta a necessidade da vedaccedilatildeo do uso dos
animais natildeo humanos no que tange os testes para a produccedilatildeo de cosmeacuteticos perfumes e
assemelhados como tambeacutem descreve de forma qualitativa a caracterizaccedilatildeo destes bens de
consumo para a devida garantia de que a lei caso seja aprovada pelo Governo Estadual seja
devidamente cumprida dentro dos seus objetivos ao exemplo de dizer que tais bens satildeo
preparaccedilotildees constituiacutedas de substacircncias naturais ou sinteacuteticas de uso externo no corpo dos
animais humanos como pele mucosas cabelo unhas dentes dentre outros para com o
objetivo esteacutetico higiecircnico proteccedilatildeo ou ainda odorizaccedilatildeo corporal ressalvando como excluiacutedos
da proposta de lei os medicamentos por meio de emenda substitutiva apresentada pelo relator
Jair Miotto (FLORIANOacutePOLIS 2020)
Outra medida dentro do Projeto de Lei para a garantia do eficaz cumprimento deste eacute a
instituiccedilatildeo de penalidades ao estabelecimentos de pesquisa profissionais ou anaacutelogos que
descumprirem as diretrizes levantadas no presente Projeto de Lei com penalidades progressivas
para multas e demais sanccedilotildees para tanto a instituiccedilatildeo de multa miacutenima de R$ 500000 (cinco
mil reais) podendo chegar ateacute o valor de R$ 1000000 (dez mil reais) sem contar juros e
correccedilotildees monetaacuterias segundo os iacutendices oficiais regularmente estabelecidos estabelecendo
ainda que em caso de reincidecircncia a multa podendo ser dobrada natildeo impedindo se somar a
multa a suspensatildeo temporaacuteria ou definitiva do alvaraacute de funcionamento da instituiccedilatildeo
(FLORIANOacutePOLIS 2020)
Jaacute enquanto sobre as puniccedilotildees relativas aos profissionais que descumprirem a lei esta
se daraacute por multa no valor miacutenimo de R$ 100000 (mil reais) podendo chegar ateacute o valor de R$
500000 (cinco mil reais) sem contar juros e correccedilotildees monetaacuterias segundo os iacutendices oficiais
regularmente estabelecidos com multa dobrada para casos de reincidecircncia estabelecendo ainda
puniccedilotildees para pessoas fiacutesicas sem excluir aquelas que sejam detentoras de funccedilatildeo puacuteblica civil
ou militar incluindo ainda instituiccedilotildees ou estabelecimentos de ensino organizaccedilotildees sociais ou
ainda quaisquer outras pessoas juriacutedicas indiferente de serem com ou sem fins lucrativos
puacuteblicos ou privados que vierem a descumpri os termos da lei (FLORIANOacutePOLIS 2020)
24
26 JULGADOS SOBRE A GUARDA ANIMAL E PROJETOS LEIS
A 4ordf Turma do STJ definiu por maioria de votos no dia 19 de junho de 2018 ser possiacutevel
a regulamentaccedilatildeo judicial de visitas a animais natildeo humanos de estimaccedilatildeo apoacutes a separaccedilatildeo de
casais que viviam em uma uniatildeo estaacutevel onde o Ministro Relator Luis Felipo Salomatildeo apontou
como se observa na ementa do caso
RECURSO ESPECIAL DIREITO CIVIL DISSOLUCcedilAtildeO DE UNIAtildeO ESTAacuteVEL
ANIMAL DE ESTIMACcedilAtildeO AQUISICcedilAtildeO NA CONSTAcircNCIA DO
RELACIONAMENTO INTENSO AFETO DOS COMPANHEIROS PELO
ANIMAL DIREITO DE VISITAS POSSIBILIDADE A DEPENDER DO CASO
CONCRETO 1 Inicialmente deve ser afastada qualquer alegaccedilatildeo de que a discussatildeo
envolvendo a entidade familiar e o seu animal de estimaccedilatildeo eacute menor ou se trata de
mera futilidade a ocupar tempo desta Corte Ao contraacuterio eacute cada vez mais recorrente
no mundo da poacutes- modernidade e envolve questatildeo bastante delicada examinada tanto
pelo acircngulo da afetividade em relaccedilatildeo ao animal como tambeacutem pela necessidade de
sua preservaccedilatildeo como mandamento constitucional (art 225sect1 inciso VII ndash ldquoproteger
a fauna e a flora vedadas na forma da lei as praacuteticas que coloquem em risco sua
funccedilatildeo ecoloacutegica provoquem a extinccedilatildeo de espeacutecies ou submetam os animais a
crueldaderdquo) 2 O Coacutedigo Civil ao definir a natureza juriacutedica dos animais tificou-os
como coisas e por conseguinte objetos de propriedade natildeo lhes atribuindo a
qualidade de pessoas natildeo sendo dotados de personalidade juriacutedica nem podendo ser
considerados sujeitos de direitos Na forma da lei civil o soacute fato de o animal ser tido
como de estimaccedilatildeo recebendo afeto da entidade familiar natildeo pode vir a alterar a
substacircncia a ponto de converter a sua natureza juriacutedica 3 No entanto os animais de
companhia possuem valor subjetivo uacutenico e peculiar aflorando sentimentos bastante
iacutentimos em seus donos totalmente diversos de qualquer outro tipo de propriedade
privada Dessarte o regramento juriacutedico dos bens natildeo se vem demonstrando suficiente
para resolver de forma satisfatoacuteria a disputa familiar envolvendo os pets visto que
natildeo se trata de simples discussatildeo atinente agrave posse e agrave propriedade 4 Por sua vez a
guarda propriamente dita ndash inerente ao poder familiar ndash instituto por essecircncia de
direito de famiacutelia natildeo pode ser simples e fielmente subvertida para definir o direito
dos consortes por meio do enquadramento de seus animais de estimaccedilatildeo
notadamente porque eacute um muacutenus exercido no interesse tanto dos pais quanto do filho
Natildeo se traraacute de uma faculdade e sim de um direito em que se impotildee aos pais a
observacircncia dos deveres inerentes ao poder familiar 5 A ordem juriacutedica natildeo pode
simplesmente desprezar o relevo da relaccedilatildeo do homem com seu animal de estimaccedilatildeo
sobretudo nos tempos atuais Deve-se ter como norte o fato cultural e da poacutes-
modernidade de que haacute uma disputa dentro da entidade familiar em que prepondera
o afeto de ambos os cocircnjuges pelo animal Portanto a soluccedilatildeo deve perpassar pela
preservaccedilatildeo a garantia dos direitos agrave pessoa humana mas precisamente o acircmago de
sua dignidade 6 Os animais de companhia satildeo seres que inevitavelmente possuem
natureza especial e como ser senciente ndash dotados de sensibilidade sentindo as
mesmas dores e necessidades biopsicoloacutegicas dos animais racionais - tambeacutem devem
ter o seu bem-estar considerado 7 Assim na dissoluccedilatildeo da entidade familiar em que
haja algum conflito em relaccedilatildeo ao animal de estimaccedilatildeo independentemente da
qualificaccedilatildeo juriacutedica a ser adotada a resoluccedilatildeo deveraacute buscar atender sempre a
depender do caso em concreto aos fins sociais atentando para a proacutepria evoluccedilatildeo da
sociedade com a proteccedilatildeo do ser humano e do seu viacutenculo afetivo com o animal 8
Na hipoacutetese o Tribunal de origem reconheceu que a cadela fora adquirida na
constacircncia da uniatildeo estaacutevel e que estaria demonstrada a relaccedilatildeo de afeto entre o
recorrente e o animal de estimaccedilatildeo reconhecendo o seu direito de visitas ao animal
o que deve ser mantido 9 Recurso especial natildeo provido (BRASIL 2018a)
25
Mesmo ainda sendo definidos como coisas pelo Coacutedigo Civil como apontado pelo
mesmo relator foi apontado que os animais natildeo humanos satildeo objetos de relaccedilotildees juriacutedicas uma
vez ainda que como aponta a pesquisa do IBGE jaacute existem mais catildees e gatos nos lares
brasileiros do que crianccedilas desta forma demonstrando a relevacircncia do viacutenculo afetivo entre os
animais humanos e os animais natildeo humanos assegurando ainda a preservaccedilatildeo das garantias do
artigo 225 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (BRASIL 2018a)
A Juiacuteza de Direito Karen Francis Schubert Reimer da 3ordf Vara da Famiacutelia de Joinville
Santa Catarina tambeacutem discutiu a guarda de animais natildeo humanos discutindo a sua natureza
juriacutedica na sua decisatildeo No caso da lide apoacutes a separaccedilatildeo ficou decidido que cada uma das partes
ficaria com a guarda de um dos catildees que possuiacuteam na constacircncia do matrimocircnio ainda decidiu
a possibilidade de visitas entre as partes e os catildees e as partes sem sua guarda igualmente ao
relator do STJ o status de coisa dado pelo Coacutedigo Civil brasileiro aos animais natildeo humanos a
magistrada apontou ldquoNossa legislaccedilatildeo atual o Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002 estabelece que
o animal possui status juriacutedico de coisa Ou seja eacute um objeto de propriedade do homem e que
conteacutem expressatildeo econocircmicardquo usando esta colocaccedilatildeo para justificar sua decisatildeo onde
determina que seraacute o homem o responsaacutevel por todas as despesas de veterinaacuterio medicaccedilatildeo e
vacinas tanto para o cachorro em sua guarda quanto para o cachorro sob a guarda de sua ex-
esposa (SANTA CATARINA 2017)
Vale ressaltar que a magistrada apontou a necessidade de que os animais natildeo humanos
sejam enquadrados em uma categoria intermediaacuteria entre coisas e pessoas citando o Projeto de
Lei do Senado PLS 31515 que trata sobre a natureza juriacutedica dos animais natildeo humanos onde
dispotildees sobre a alteraccedilatildeo do artigo 82 do Coacutedigo Civil natildeo tratando mais os animais natildeo
humanos como coisas entatildeo trouxe a fala ldquoNatildeo se trata de equiparar os cachorros aos filhos
aos seres humanos O que se busca eacute reconhecer que nem sempre os animais devem receber
tratamento de coisa ou de objetordquo (SANTA CATARINA 2017)
Sobre o tema eacute vaacutelido constar que o Governo de Santa Catarina na data de 17 de janeiro
de 2018 por meio da Lei nordm 17485 veio a alterar a Lei nordm 12854 de 2003 que instituiu o Coacutedigo
Estadual de Proteccedilatildeo dos animais Com a presente lei veio a fim de se reconhecer catildees gatos e
cavalos como seres sencientes trazendo a incluir ao dito coacutedigo o artigo 34 ndash A ldquoPara os fins
desta Lei catildees gatos e cavalos ficam reconhecidos como seres sesncientes sujeitos de direito
que sentem dor e anguacutestia o que constitui o reconhecimento da sua especificidade e das suas
caracteriacutesticas face a outros seres vivosrdquo fazendo assim constar um grande diferencial
normativo de uma lei estadual perante a legislaccedilatildeo paacutetria ora que enquanto no que tange as leis
a niacutevel federal tal interpretaccedilatildeo somente se encontra no campo doutrinaacuterio jurisdicional e de
26
projeto de lei em niacutevel estadual em Santa Catarina os animais natildeo humanos jaacute satildeo
classificados desde 2018 como seres sencientes pela letra da lei (SANTA CATARINA 2018)
Ainda na mesma linha o Senado Nacional tramita no CCJ o Projeto de Lei PLS 54218
para regulamentar a guarda compartilhada de animais de estimaccedilatildeo quando em caso de
divoacutercios ou dissoluccedilotildees de Uniotildees Estaacuteveis determinando para tanto que o animal natildeo humano
que possa ser alvo de tal discussatildeo de guarda de acordo com seu artigo 1ordm aquele ldquocujo tempo
de vida tenha transcorrido majoritariamente na constacircncia do casamento ou da uniatildeo estaacutevelrdquo
(BRASIL 2018b) definindo ainda quais as condiccedilotildees para a guarda visitas ambiente
adequado para moradia do animal natildeo humano a quem incumbiraacute as despesas do animal natildeo
humano guardado assim como as consequecircncias relativas agrave risco de violecircncia ou maus-tratos
ao animal natildeo humanos sobre sua guarda ou em sua visita Apresenta-se para anaacutelise tal PL
com o texto
Estabelece o compartilhamento da custoacutedia de animal de estimaccedilatildeo de propriedade
em comum quando natildeo houver acordo na dissoluccedilatildeo do casamento ou da uniatildeo estaacutevel Altera o Coacutedigo de Processo Civil para determinar a aplicaccedilatildeo das normas
das accedilotildees de famiacutelia aos processos contenciosos de custoacutedia de animais de estimaccedilatildeo
(BRASIL 2018b)
Atualmente essa PLS encontra-se em aguardo de designaccedilatildeo e relator desde 25 de
marccedilo de 2019 Tal projeto de lei vem a demonstrar uma nova visatildeo sobre a interaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos e humanos e abrindo precedentes para uma nova classificaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos perante o Coacutedigo Civil (BRASIL 2018b)
Na mesma linha de discussatildeo da Magistrada se faz necessaacuterio constar a declaraccedilatildeo feita
por um grupo de juristas e especialistas em sauacutede e comportamento animal ingleses durante a
Conferecircncia de Francis Crick sediada na Universidade de Cambridge no dia 7 de julho de 2012
A ausecircncia de um neurocoacutertex natildeo parece impedir que um organismo experimente
estados afetivos Evidecircncias convergentes indicam que os animais natildeo humanos tecircm
os substratos neuroanatocircmicos neuroquiacutemicos e neurofisioloacutegicos de estado de
consciecircncia juntamente com a capacidade de exibir comportamentos intencionais
Consequentemente o pelo das evidecircncias indicam que os humanos natildeo satildeo os uacutenicos
a possuir os substratos neuroloacutegicos que geram a consciecircncia Animais natildeo humanos
incluindo todos os mamiacuteferos e as aves e muitas outras criaturas incluindo nestes os
polvos tambeacutem possuem esses substratos neuroloacutegicos (CAMBRIDGE 2012)
Em tal relato obteve-se as palavras de um grupo de especialistas tanto no campo
juriacutedico quanto nos campos de comportamento e medicina animal de forma a admitir que natildeo
seriam apenas os animais humanos capazes de serem dotados de consciecircncia demonstrando
27
estes serem capazes de pensar sentir e raciocinar natildeo sendo simplesmente coisas
(CAMBRIDGE 2012)
Tramita no Senado o Projeto de Lei nordm 631 de 2015 onde visa alterar a redaccedilatildeo do artigo
32 da Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 vem a vedar que sem motivos justificaacuteveis se
venha a causar dor lesatildeo ou sofrimento aos animais natildeo humanos desenvolver a
conscientizaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo para a guarda responsaacutevel dos animais natildeo humanos classificando
a integridade fiacutesica e mental assim como o bem-estar dos animais natildeo humanos como interesse
difuso devendo destacar o sect2ordm do artigo 4ordm da PL ldquoAos animais deve ser dispensada a dignidade
de tratamento reservada aos seres sencientesrdquo (BRASIL 2015b) demonstrando claramente sua
natureza de seres dotados de sensibilidade e natildeo de status de coisa assim como os sectsect 3ordm e 4ordm do
mesmo artigo
sect3ordm Os animais tecircm interesses individuais e coletivos distintos dos interesses
individuais e coletivos dos seres humanos devendo a autoridade no caso de colisatildeo
de interesses proceder a uma ponderaccedilatildeo que natildeo se confine a juiacutezos de utilidade ou
de funcionalizaccedilatildeo das interesses individuais e coletivos dos seres humanos
sect4ordm Na ausecircncia de disposiccedilotildees em contraacuterio os animais se beneficiam da proteccedilatildeo
juriacutedica conferida agraves coisas e agraves pessoas juriacutedicas (BRASIL 2015b)
Trazendo uma grande inovaccedilatildeo relativa aos direitos dos animais natildeo humanos onde
lhes proporciona a garantia da proteccedilatildeo juriacutedica dada agraves pessoas juriacutedicas Tal PL se apresenta
para anaacutelise com o texto
Institui o estatuto de proteccedilatildeo dos animais considerando-a como interesse difuso
estabelece o direito agrave proteccedilatildeo agrave vida e ao bem-estar a vedaccedilatildeo de praacuteticas e atividades
que se configurem como crueacuteis ou danosas da integridade fiacutesica e mental tipifica os
maus-tratos e dispotildees sobre infraccedilotildees e penalidades (BRASIL 2015b)
Este protejo de lei se encontra em aguardo de inclusatildeo na ordem do dia de requerimento
tendo como Relator o Senador Pliacutenio Valeacuterio (BRASIL 2015b)
Entende-se que embora os animais natildeo humanos faccedilam parte de forma direta e
entrelaccedilada com os animais humanos ainda se encontra como um grande problema perante a
nossa legislaccedilatildeo sendo seu sistema normativo uma novidade e de completo desconhecimento
de um grande percentual brasileiro ora visto como um direito extravagante que natildeo consideraria
uma expressatildeo da realidade suprimindo necessidades atuais em contraposto da relaccedilatildeo afetiva
por muitos julgada como transbordando os limites de humanidade (FIORILLO 2019)
Assim no presente capiacutetulo foi analisada a evoluccedilatildeo histoacuterica legislativa dos direitos
dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo brasileira ateacute a contemporaneidadedo estado
28
atual de seus direitos incluindo julgados projetos de lei suacutemulas sem deixar de constar ateacute
retrocessos legislativosdos direitos em questatildeoPela teacutecnica bibliograacutefica onde se buscouesta
anaacutelise da forma mais completatentandoenglobar omaacuteximo deinformaccedilotildees parase chegar agrave
mais ampla anaacutelise dos direitos dos animais natildeo humanos no Brasil
Desta forma foi possiacutevel se observar que o primeiro relato normativo brasileiros no
Municiacutepio de Satildeo Paulo trazendo vedaccedilotildees e regulamentaccedilotildees para os animais em labuta
passando pela inclusatildeo de normas dentro da constituiccedilatildeo federativa sumulassem deixar de citar
asleis infraconstitucionais
Para continuidade do presente trabalho no capitulo que se segue seraacute apresentada uma
anaacutelise realizada da mesma forma do presente capitulo poreacutem no tangente agrave evoluccedilatildeo histoacuterica
e legislaccedilatildeo atual dos direitos dos animais em Portugal
29
3 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA
Neste capiacutetulo tem-se como objetivo trazer de forma sucinta a evoluccedilatildeo histoacuterica no que
tange o direito dos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo de Portugal trazendo para isto as
proacuteprias leis assim como relatos bibliograacuteficos sobre o tema
31 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
O direito dos animais natildeo humanos em Portugal surgiu no dia 16 de setembro de 1886
com a promulgaccedilatildeo do Decreto Lei do Coacutedigo Penal Portuguecircs onde tratavam dos direitos dos
animais natildeo humanos entre os artigos 478 a 481 onde previam a penalizaccedilatildeo par aquele que
ferir matar envenenar abusar ou causar outros tipos de danos aos animais natildeo humanos
incluindo dentre eles a vedaccedilatildeo aos maus-tratos Contudo tipificavam os animais natildeo humanos
como animais de consumo (PORTUGAL 1886)
Somente quase 30 anos depois no datar de 12 de junho de 1919 foi assinado um Decreto
relativo a vedaccedilatildeo do uso excessivo de animais perante a labuta onde se determinavam limites
para o trabalho em que os animais natildeo humanos satildeo expostos impedindo desta forma a
exigecircncia exacerbada e abusiva perante suas capacidades individuais e coletivos (PORTUGAL
2001)
No iniacutecio do seacuteculo seguinte Portugal regulamentou para a aplicaccedilatildeo interna de forma
complementar as disposiccedilotildees da Convenccedilatildeo Europeia para a Proteccedilatildeo dos Animais de
Companhia aprovada pelo no dia 13 de abril no Decreto nordm 1393 de forma a definir quais os
dispositivos que se tornariam aplicaacuteveis no seu territoacuterio e excluindo no entanto todos aqueles
que tratem das espeacutecies da fauna selvagem exoacuteticas assim como seus descendentes quando
criados em cativeiro ainda ressaltando como natildeo aplicaacuteveis as normas que se dispusessem em
contradiccedilatildeo a legislaccedilatildeo infraconstitucional portuguesa (PORTUGAL 2001)
Esta legislaccedilatildeo veio a normatizar medidas ateacute entatildeo natildeo constantes na legislaccedilatildeo paacutetria
como ao exemplo do seu artigo 3ordm regulamentando os procedimentos e locais de alojamento no
que tange o exerciacutecio de reproduccedilatildeo para comercializaccedilatildeo de animais de companhia Traz ainda
inovaccedilotildees no que se fala de abandono onde natildeo se caracteriza mais o abandono somente como
largar em qualquer lugar mas tambeacutem pela negligecircncia como deixar de cuidar alimentar
cuidado com a higiene e devidas condiccedilotildees de sauacutede e proteccedilatildeo contra zoonoses ocasionando
30
para aquele que nesta categoria de abandono for classificado a remoccedilatildeo do animal Natildeo
deixando de constar a necessidade expressa de que em caso de amputaccedilotildees deva haver
certificaccedilatildeo veterinaacuteria comprovando a necessidade de tal procedimento garantindo que estas
sejam realizadas por razotildees claramente medica-veterinaacuteria ou de interesse particular do animal
natildeo humano ou ainda para impedir sua reproduccedilatildeo impedindo desta forma amputaccedilotildees
meramente esteacuteticas ou por interesse unicamente de seu detentor permitindo maiores direitos
a integridade fiacutesica dos animais natildeo humanos perante motivaccedilotildees supeacuterfluas Tratando ainda
de normas para hospedagem e centro de recolhimento de animais natildeo humanosem seus
Capiacutetulos IV V VI VIII e X (PORTUGAL 2001)
Em substituiccedilatildeo do Decreto Lei nordm 2762001 em 17 de dezembro o Decreto Lei nordm
3152003 veio para inovar em alguns sentidos os direitos dos animais natildeo humanos excluindo
as aplicaccedilotildees de dispositivos do Decreto nordm 1393 da Convenccedilatildeo Europeia para a proteccedilatildeo de
Animais de Companhia no tangente da detenccedilatildeo de animais potencialmente perigosos
vislumbrando a necessidade de regulamentar a mateacuteria por diplomas proacuteprios utilizando para
tal regulamentaccedilatildeo os posicionamentos de oacutergatildeos governamentais proacuteprios das Regiotildees
Autocircnomas e a Associaccedilatildeo Nacional dos municiacutepios Portugueses Trazendo colocaccedilotildees como
ldquoExcluem-se do acircmbito de aplicaccedilatildeo deste diploma as espeacutecies da fauna selvagem autoacutectone e
exoacutetica e os seus descendentes criados em cativeiro objeto de regulamentaccedilatildeo especiacutefica e os
touros de liderdquo (PORTUGAL 2003b) assim como redefinindo hospedagem sem fins
lucrativos e para fins meacutedicos-veterinaacuterios para animais de companhia onde destaca o Plano
Nacional de Luta e Vigilacircncia da Raiva Animal e outras Zoonoses que natildeo se faziam constar
no decreto anterior ainda atualizando as regras para licenccedilas de funcionamento de tais locais
assim como regulando dimensotildees miacutenimas para sua instalaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo de atividades sejam
para animais natildeo humanos de sangue quente como cachorros e gatos ou sangue frio como
lagartos e sapos(PORTUGAL 2003b)
Um grande marco para o direito dos animais natildeo humanos em Portugal ocorreu com a
publicaccedilatildeo no dia 17 de dezembro do Decreto-Lei nordm 3132003 onde foi criado o Sistema de
Identificaccedilatildeo de Caninos e Felinos (SICAFE) onde estabeleceu diretrizes para a identificaccedilatildeo
eletrocircnica de catildees e gatos que servem de animais de companhia criando desta forma uma base
de dados nacional para esta identificaccedilatildeo permitindo a identificaccedilatildeo dos animais natildeo humanos
que satildeo viacutetima de abandono ainda como medidas sanitaacuterias e zooteacutecnicas juriacutedicas e
humanitaacuterias ainda aumentando a responsabilidade dos centros de criaccedilatildeo para
comercializaccedilatildeo de catildees e gatos de companhia (PORTUGAL 2003a)
31
Seria a criaccedilatildeo de um documento uacutenico que comporta o boletim sanitaacuterio destes animais
natildeo humanos contendo natildeo soacute informaccedilotildees cruciais destes como sexo e raccedila mas ainda
detalhes sobre procedimentos que os mesmos foram expostos e accedilotildees de profilaxia das quais
foi sujeito sendo de delegaccedilatildeo do seu detentor garantir que tais informaccedilotildees estejam corretas e
atualizadas incluindo dentre elas a carteira de vacinaccedilatildeo antirraacutebica (PORTUGAL 2003a)
No datar de 25 de janeiro de 2005 pela Uniatildeo Europeia foi promulgado o Regulamento
nordm 12005 que faz relaccedilatildeo a proteccedilatildeo dos animais natildeo humanos durante o transporte e operaccedilotildees
fins de forma a minimizar a duraccedilatildeo da viagem e satisfazer as necessidades dos animais
garantindo tambeacutem que os animais natildeo humanos devem estar aptos para efetuar a viagem assim
como os meios de transporte tanto quanto os equipamentos de carregamento e descarregamento
devem ser construiacutedos mantidos e utilizados de maneira a evitar lesotildees violecircncia ou
sofrimentos garantindo o bem-estar e a seguranccedila dos animais natildeo humanos durante o
deslocamento sendo de responsabilidade das autoridades nacionais inspecionar e aprovar os
veiacuteculos alvo de transporte de animais natildeo humanos seja por via mariacutetima ou rodoviaacuteria
(PORTUGAL 2005)
Ainda eacute vaacutelido mencionar o Decreto-Lei nordm 742007 promulgado dia 27 de marccedilo de
2007 onde trata da consagraccedilatildeo do direito ldquode acesso das pessoas com deficiecircncia visual
acompanhadas de catildees-guia a locais transportes e estabelecimentos puacuteblicosrdquo (PORTUGAL
2007a) tal constataccedilatildeo se faz pela evoluccedilatildeo nas teacutecnicas e condicionamento de formas de
treinamento de tais animais assim como da proteccedilatildeo sanitaacuteria dos catildees fora que determina os
direitos e responsabilidades dos catildees em treinamento e em serviccedilo ainda definindo os regimes
credenciamento responsabilidades e proibiccedilotildees relativas agraves famiacutelias que se promovem a receber
os catildees que seratildeo treinados demonstrando uma clara preocupaccedilatildeo no conforto seguranccedila e
vida dentro dos padrotildees de garantias para os catildees que agrave essa atividade forem direcionados
(PORTUGAL 2007a)
No mesmo ano o Parlamento Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia emitiu o
Regulamento nordm 1523007 do dia 11 de dezembro veio a proibir a colocaccedilatildeo no mercado assim
como a importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo comunitaacuterias de peles de gato e de catildeo e de produtos que as
contenham uma vez que
Para os cidadatildeos da Uniatildeo Europeia os gatos e catildees satildeo animais de estimaccedilatildeo pelo
que natildeo eacute aceitaacutevel usar as suas peles nem produtos que as contenham Existem
indiacutecios da presenccedila da Comunidade de peles natildeo rotuladas de gato e de catildeo e de
produtos que as contecircm Consequentemente os consumidores estatildeo preocupados com
a possibilidade de poderem comprar peles de gato e de catildeo e produtos que as
contenham Em 18 de Dezembro de 2003 o Parlamento Europeu aprovou uma
32
declaraccedilatildeo em que exprime a sua inquietaccedilatildeo a respeito do comeacutercio dessas peles e
produtos e solicita que se lhe ponha termo a fim de reestabelecer a confianccedila dos
consumidores e dos comerciantes[] (PORTUGAL 2007a)
Desta forma aleacutem de garantir que dentro comeacutercio interno de produtos de pele de catildees
e gatos natildeo estejam presentes ainda garante o bem-estar dos animais natildeo humanos ora que ao
se tratar de comercio irregular e ilegal levanta a praacutetica de maus-tratos para a obtenccedilatildeo de tais
mateacuterias primas (PORTUGAL 2007a)
32 LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA CONTEMPORAcircNEA
Por meio da Lei nordm 3152009 publicada no dia 21 de agosto do mesmo ano foi
designado novos regramentos relativos aos animais natildeo humanos onde em seu artigo 1ordm trouxe
ldquoO presente decreto-lei aprova o regime juriacutedico da criaccedilatildeo reproduccedilatildeo e detenccedilatildeo de animais
perigosos e potencialmente perigosos enquanto animais de companhiardquo (PORTUGAL 2009b)
Aqui fica demonstrada a preocupaccedilatildeo da introduccedilatildeo de mais espeacutecies de animais natildeo humanos
no meio do conviacutevio em sociedade dos animais humanos sem que haja prejuiacutezo aos dizeres do
Decreto-Lei de 2009 este tenta regular animais natildeo humanos silvestres mas ressalva o direito
da manutenccedilatildeo da criaccedilatildeo e interaccedilatildeo de animais natildeo humanos e humanos enquanto nativos da
fauna selvagem indiacutegena respeitando desta maneira as peculiaridades de sua existecircncia Em
seu artigo 3ordm traz as classificaccedilotildees de animais natildeo humanos enquanto animal de companhia
animal perigoso animal potencialmente perigoso autoridade competente centro de recolha e
detentor fazendo este uacuteltimo o mais importante de se evidenciar
ltltDetentorgtgt qualquer pessoa singular maior de 16 anos sobre a qual recai o dever
de vigilacircncia de um animal perigoso ou potencialmente perigoso para efeitos de
criaccedilatildeo reproduccedilatildeo manutenccedilatildeo acomodaccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo com ou sem fins
comerciais ou que o tenha sob sua guarda mesmo que a tiacutetulo temporaacuterio
(PORTUGAL 2009b)
Trazendo uma nova concepccedilatildeo para aquele que possui um animal natildeo humano quando
se fala de perigosos e potencialmente perigosos evidenciando uma nova forma de considera-lo
enquanto ser sob guarda natildeo apresentando mais como uma posse mas sim como uma tutela
Vale ressaltar que o presente decreto natildeo se resume apenas a animais natildeo humanos considerados
de natureza selvagem ao denomina-los como animais perigosos e animais potencialmente
perigosos mas tambeacutem resguarda os direitos e deveres do detentor perante catildees que sejam
assim classificados perante o que classifica o artigo 3ordm em Capiacutetulo IV trata sobre as
33
obrigatoriedades para a constacircncia de manutenccedilatildeo de catildees assim classificados em seu conviacutevio
como a obrigaccedilatildeo de treinamento e suas exigecircncias (PORTUGAL 2007b)
Ainda o presente decreto traz as penalidades para formas de maus-tratos ateacute entatildeo natildeo
mencionados nas legislaccedilotildees anteriores como para aqueles que promoverem ou participarem
de lutas entre animais natildeo humanos natildeo excluindo da puniccedilatildeo a mera tentativa e ainda
trazendo penas para quaisquer formas de ofensas agrave integridade fiacutesica dos animais natildeo humanos
na categoria dolosa ou de negligecircncia Eacute imprescindiacutevel constar sobre uma inovaccedilatildeo de grande
importacircncia trazida pelo decreto em questatildeo onde em seu artigo 38 vislumbra puniccedilotildees ao que
tange o profissional veterinaacuterio ou aquele que praticar as atividades a esse profissional
destinadas sem que tenha a devida certificaccedilatildeo para ministrar tais atividades (PORTUGAL
2009b)
No mesmo ano o Parlamento Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia no dia 30 de
novembro fez surgir um marco nos direitos dos animais natildeo humanos com a publicaccedilatildeo do
Regulamento nordm 12232009 no Jornal Oficial da Uniatildeo Europeia onde se trata das
regulamentaccedilotildees relativas ao uso de animais natildeo humanos enquanto para uso de testes em
produtos cosmeacuteticos De maneira a gerar diretrizes do que se permite ou se veda no que tange
a proteccedilatildeo dos animais natildeo humanos utilizados para fins experimentais prevendo regras comuns
para todos os Estados Membros da Uniatildeo Europeia exigindo que os ensaios realizados em
animais natildeo humanos sejam substituiacutedos por meacutetodos alternativos sempre que possiacutevel Ainda
regulamenta prazos para que seja efetuada a proibiccedilatildeo da comercializaccedilatildeo de produtos
cosmeacuteticos cuja formulaccedilatildeo final possuam ingredientes que tenham sido ensaiados em animais
assim como uma data para a proibiccedilatildeo de que sejam continuados os ensaios sobre animais
sendo estas datas respectivamente 11 de marccedilo de 2009 e 11 de marccedilo de 2013 coordenando
ainda uma construccedilatildeo para o desenvolvimento de meacutetodos cientiacuteficos alternativos aos testes em
animais natildeo humanos (PORTUGAL 2010)
O Parlamento Europeu e o Conselho da Uniatildeo Europeia publicaram no Jornal Oficial
da Uniatildeo Europeia na paacutegina 33 no datar de 20 de outubro de 2010 a Diretiva 201063EU
relativa agrave proteccedilatildeo dos animais utilizados para fins cientiacuteficos de forma a normatizar as
teacutecnicas formas cuidados dentre outros que devem ser tomados para se garantir o bem-estar
dos animais natildeo humanos dirigidos aos fins cientiacuteficos Ao exemplo ao tratar dos meacutetodos
podemos observar no seu toacutepico 14
Os meacutetodos selecionados deveratildeo evitar tanto quanto possiacutevel que o limite criacutetico do
procedimento seja a morte do animal devido ao sofrimento grave sentido durante o
periacuteodo que precede a morte Sempre que possiacutevel a morte deveraacute ser substituiacuteda por
34
limites criacuteticos mais humanos recorrendo a sinais cliacutenicos que determinem a
iminecircncia da morte a fim de permitir que o animal seja occisado sem mais sofrimento
(PORTUGAL 2010)
Ainda se traz na supracitada Diretiva a clara vedaccedilatildeo a procedimentos que possam
ocasionar ameaccedila a biodiversidade como ao exemplo de se utilizar para estudos animais natildeo
humanos cuja espeacutecie corra risco de extinccedilatildeo ressalvado ao miacutenimo indispensaacutevel e
devidamente justificado ainda levanta a proximidade geneacutetica entre os animais natildeo humanos e
humanos assim como a capacidade social dos primatas natildeo humanos demonstrando a niacutetida
problemaacutetica de garantia do bem-estar das necessidades comportamentais ambientais e sociais
em um ambiente laboratorial (PORTUGAL 2010)
Mesmo apresentando uma evoluccedilatildeo sucinta no que tange o direito dos animais natildeo
humanos em Portugal ateacute entatildeo em 2017 o paiacutes promulgou uma lei que modificou de forma
significante esse tocante sendo a maior evoluccedilatildeo a alteraccedilatildeo dos animais do rol de coisas para
passar a serem considerados ldquoseres vivos dotados de sensibilidade e objeto de proteccedilatildeo juriacutedica
em virtude da sua naturezardquo (PORTUGAL 2017a) no Coacutedigo Civil portuguecircsdeve-se
evidenciar que este paiacutes tem relaccedilotildees de reciprocidade perante ao tratamento dos indiviacuteduos
humanos para com o Brasil pode-se ver uma evoluccedilatildeo significativamente relevante em razatildeo a
compreensatildeo e leis como fica claro quando observamos a lei aprovada de 1ordm de maio de 2017
lei nordm 82017 onde os animais natildeo humanos deixaram de serem coisas para a denominaccedilatildeo de
seres sencientes explicitado pela adiccedilatildeo do artigo 201ordm-B ldquoOs animais satildeo seres vivos dotados
de sensibilidade e objeto de proteccedilatildeo juriacutedica em virtude da sua naturezardquo (PORTUGAL
2017a) trazendo uma inovaccedilatildeo perante a classificaccedilatildeo dos animais natildeo humanos perante a
legislaccedilatildeo 201ordm-C ldquoProteccedilatildeo juriacutedica dos animais A proteccedilatildeo juriacutedica dos animais opera por
via das disposiccedilotildees do presente coacutedigo e da legislaccedilatildeo especialrdquo (PORTUGAL 2017)
demonstrando que natildeo se visa findar os deveres perante os direitos dos animais natildeo humanos
na presente lei 1793ordm-A ldquoAnimais de companhia Os animais de companhia satildeo confiados a
um ou ambos os cocircnjuges considerando nomeadamente os interesses de cada um dos cocircnjuges
e dos filhos do casal e o bem-estar do animalrdquo (PORTUGAL 2017) ao Coacutedigo Civil portuguecircs
leia-se o 1305ordm-A
Artigo 1305ordm-APropriedade de animais
1 - O proprietaacuterio de um animal deve assegurar o seu bem-estar e respeitar as
caracteriacutesticas de cada espeacutecie e observar no exerciacutecio dos seus direitos as
disposiccedilotildees especiais relativas agrave criaccedilatildeo reproduccedilatildeo detenccedilatildeo e proteccedilatildeo dos animais
e agrave salvaguarda de espeacutecies em risco sempre que exigiacuteveis
35
2 - Para efeitos do disposto no nuacutemero anterior o dever de assegurar o bem-estar
inclui nomeadamentea) A garantia de acesso a aacutegua e alimentaccedilatildeo de acordo com as
necessidades da espeacutecie em questatildeob) A garantia de acesso a cuidados meacutedico-
veterinaacuterios sempre que justificado incluindo as medidas profilaacuteticas de identificaccedilatildeo
e de vacinaccedilatildeo previstas na lei
3 - O direito de propriedade de um animal natildeo abrange a possibilidade de sem motivo
legiacutetimo infligir dor sofrimento ou quaisquer outros maus-tratos que resultem em
sofrimento injustificado abandono ou morte (PORTUGAL 2017a)
Na mesma lei satildeo tratados os deveres daquele que possui um animal natildeo humano que
pela lei portuguesa satildeo denominados como proprietaacuterios Em seu texto obriga o proprietaacuterio
sob pena de multa agrave prisatildeo assegurar o pleno bem-estar dos animais natildeo humanos natildeo somente
garantindo-lhe alimentaccedilatildeo adequada para a sobrevivecircncia mas tambeacutem sua seguranccedila
cuidados veterinaacuterios fora a garantia de que o animal natildeo humano sobre seus cuidados natildeo
sofra de forma alguma maus-tratos seja este realizado diretamente pelo proprietaacuterio ou
terceiros (PORTUGAL 2017a)
Ainda eacute de suma importacircncia fazer constar que a lei em questatildeo natildeo somente atinge os
animais natildeo humanos ditos como domeacutesticos mas todo aquele que se encontra de alguma forma
sob a tutela humana ao exemplo os animais utilizados na pecuaacuteria como se observa na leitura
de seu artigo primeiro
Artigo 1ordm
Objeto
A presente lei estabelece um estatuto juriacutedico dos animais reconhecendo a sua
natureza de seres vivos dotados de sensibilidade procedendo agrave alteraccedilatildeo do Coacutedigo
Civil aprovado pelo Decreto-Lei nordm 47344 de 25 de novembro de 1966 do Coacutedigo
de Processo Civil aprovado pela Lei nordm 412013 de 26 de junho e do Coacutedigo Penal
aprovado pelo Decreto-Lei nordm 40082 De 23 de setembro (PORTUGAL 2017a)
Na mesma linha o doutrinador portuguecircs Filipe Jorge Antunes Cabral (2015) defende
que sejam atribuiacutedos direitos subjetivos aos animais natildeo humanos alegando que natildeo haacute como
se restringir estes direitos aos animais humanos alegando que ldquonatildeo satildeo os interesses dos
indiviacuteduos que possuem um valor moral fundamental mas sim por serem indiviacuteduos capazes
de serem detentores de interessesrdquo (CABRAL 2015 p 117) aplicando desta forma a
capacidade de ter interesses e estes serem haacutebeis de discussatildeo perante o campo do direito mais
animais natildeo humanos
Outro fator a notar-se importacircncia enquanto satildeo observadas as alteraccedilotildees efetuadas por
meio desta lei eacute a alteraccedilatildeo clara e direta na forma de tratamento dos animais natildeo humanos
dentro do corpo do sistema normativo onde agora satildeo designados diretamente como animais
36
demonstrando nitidamente uma alteraccedilatildeo nos paradigmas de interpretaccedilatildeo de sua condiccedilatildeo
onde natildeo resta mais lacunas hermenecircuticas de sua diferenciaccedilatildeo para simplesmente coisas
como fica evidenciado nos textos dos artigos por ela alterados
Artigo 1318ordm
Suscetibilidade de ocupaccedilatildeo
Podem ser adquiridos por ocupaccedilatildeo os animais e as coisas moacuteveis que nunca tiveram
dono ou foram abandonados perdidos ou escondidos pelos seus proprietaacuterios salvas
as restriccedilotildees dos artigos seguintes (PORTUGAL 2017b)
Ainda neste sentido o artigo 1323 traz obrigaccedilotildees que superam a mera proibiccedilatildeo aos
maus-tratos mas fala tambeacutem de formas de vedaccedilatildeo a inobservacircncia de negaccedilatildeo a negligecircncia
demonstrando o ocircnus de devolver agrave quem pertence animal perdido cuja propriedade seja
conhecida e em caso de natildeo saber a quem pertence deve por meios convenientes buscar achar
e auxiliar ao animal ser achado sem esquecer de informar as autoridades sobre o achado assim
como se notar ser necessaacuterio o encaminhar a um veterinaacuterio bem como com seu auxiacutelio
tentar identificar formas de encontrar seu tutor e em caso de passado um ano sem que se possa
devolver o animal natildeo humano para seu legiacutetimo dono aquele que o achou pode fazer do
animal como seu (PORTUGAL 2017b)
Da mesma forma em caso de restituiccedilatildeo do animal natildeo humano ao seu proprietaacuterio faz
jus indenizaccedilatildeo aquele que o achou por todos as despesas levantadas por ele na manutenccedilatildeo da
devida sauacutede e sobrevivecircncia do animal durante o periacuteodo de sua guarda bem como natildeo haacute de
responder se sem dolo ou culpa ocorrer perda ou deterioraccedilatildeo do animal natildeo humano no
transcorrer de sua guarda contudo se aquele que achou o animal natildeo humano ao notar que seu
verdadeiro dono faz o animal de viacutetima de maus-tratos tem aquele que o achou o direito de
retecirc-lo para garantia da seguranccedila do mesmo (PORTUGAL 2017b)
Dois anos depois no dia 30 de janeiro foi instituiacutedo o Decreto Lei nordm 202019 transferiu
responsabilidades no campo de cuidado dos animais natildeo humanos para as autoridades locais e
entidades intermunicipais permitindo um controle mais especiacutefico das peculiaridades de cada
regiatildeo e dando autonomia ao poder local Ainda sanciona a realizaccedilatildeo de concursos e
exposiccedilotildees de animais natildeo humanos Da mesma forma implanta a permissatildeo para a detenccedilatildeo
de mais de trecircs catildees ou quatro gatos adultos em preacutedios urbanos (PORTUGAL 2019a)
No mesmo ano no dia 27 de junho foi publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica ordm 1212019 o
Decreto-Lei nordm 822019 onde estabelece as regras de identificaccedilatildeo dos animais de companhia
37
criando o Sistema de Informaccedilatildeo de Animais de Companhia o SIAC onde traz novas normas
de obrigaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e de registro dos animais natildeo humanos por meio de um
transponder uma espeacutecie de chip eletrocircnico que conteacutem vaacuterios dados sobre aquele indiviacuteduo
ou outro sistema autorizado para a espeacutecie de animal natildeo humano em questatildeo devendo o
cadastro ocorrer ateacute 120 dias apoacutes o nascimento do animal natildeo humano garantindoo
reconhecimento em caso de abandono estabelecendo uma ligaccedilatildeo entre o animal e quem tem
sua guarda assegurando a sauacutede e a seguranccedila de animais natildeo humanos e humanos gerando a
responsabilidade civil sanitaacuteria e de bem-estar animal onde a obrigatoriedade da identificaccedilatildeo
foi criada pelo Decreto-Lei n3132003 mas agora seguindo os paracircmetros determinados pelo
Parlamento Europeu e do Conselho alterando o instituto SICAFE pelo Sistema de Informaccedilotildees
de Animais de Companhia (SIAC) como definido pela aliacutenea a do seu artigo 1ordm Assegurando
a aplicabilidade dos Regulamentos nordm 5762013 e nordm 4292016 do Parlamento Europeu e do
Conselho instituiacutedo nos dias 12 de junho de 2013 e 9 de marccedilo de 2019 respectivamente
relativos agrave circulaccedilatildeo de animais de companhia pessoal e as zoonoses(PORTUGAL 2019b)
33 ANAacuteLISE LEI Nordm 9295
A Assembleia da Repuacuteblica portuguesa decretou no dia 12 de setembro de 1995 a Lei
nordm 9295 a Lei de Proteccedilatildeo aos animais vindo a proibir todo e qualquer tipo de violecircncia
injustificada contra animais tendo sido aprovada no datar de 21 de junho e promulgada no dia
24 de agosto do mesmo ano pelo entatildeo presidente da repuacuteblica portuguesa Maacuterio Soares
podendo se caracterizar neste qualquer tipo de sofrimento crueldade instantacircnea ou de forma
prolongada graves leotildees a um animal natildeo humano ou ateacute mesmo sua morte ainda consta a
necessidade na medida do possiacutevel de socorro agrave animais natildeo humanos que se encontrem feridos
doentes em perigo ou em quaisquer condiccedilotildees anaacutelogas a estas (PORTUGAL 1995)
Traduz ainda como crime perante esta lei todo aquele que exigir de um animal salvo
em momentos emergenciais esforccedilos abusivos ou ateacute mesmo atuaccedilotildees que os animais natildeo
humanos sejam parciais ou absolutamente incapazes de realizar ou ainda que sejam aleacutem de
suas possibilidades naturais Ainda consta a expressa vedaccedilatildeo a aquisiccedilatildeo de animal natildeo
humanos que se encontre em condiccedilotildees enfraquecidas adoentadas idoso ou outra conjuntura
anaacuteloga em que este animal tenha vivido de forma integral ou em grande maioria em ambiente
domeacutestico se findar tal aquisiccedilatildeo em intenccedilatildeo diversa a tratamento proteccedilatildeo ou cuidados
humanos ou ainda com intenccedilatildeo de morte imediata (PORTUGAL 1995)
38
Vem a reforccedilar o impedimento de qualquer maneira ao abandono intencional de
animais natildeo humanos que estavam sobre a proteccedilatildeo humana em ambiente domeacutestico ou ainda
em instalaccedilatildeo comercial ou industrial Caracterizando ainda o sofrimento como impedido
mesmo que para com fins didaacuteticos de treino exibiccedilatildeo filmagens publicidade ou qualquer
outra atividade a estas assemelhadas ressalvando experiecircncias cientiacuteficas de comprovada
necessidade (PORTUGAL 1995)
Vale ser citado o capiacutetulo II da presente lei onde se pode ler sobre o comeacutercio e
espetaacuteculos que faccedilam uso de animais natildeo humanos de forma a obrigar agrave todos que que pessoa
fiacutesica juriacutedica solitaacuteria ou coletiva se faccedila utilizar de animais natildeo humanos para fins de
espetaacuteculo comercial tenha preacutevia autorizaccedilatildeo das autoridades ou entes competentes sejam
essas a Direccedilatildeo Geral dos Espetaacuteculos ou ainda do municiacutepio onde respectivamente se pretende
exibir tal evento de entretenimento sem deixar de constar a relaccedilatildeo de comercializaccedilatildeo desta
categoria de animais natildeo humanos como vem escrito no corpo do texto do artigo 2ordm
Licenccedila municipal
Sem prejuiacutezo do disposto no capiacutetulo III quando aos animais de companhia qualquer
pessoa fiacutesica ou coletiva que explore o comeacutercio de animais que guarde animais
mediante uma remuneraccedilatildeo que os crie para fins comerciais que os alugue que sirva
de animais para fins de transporte que os exponha ou que os exiba com um fim
comercial soacute poderaacute fazecirc-lo mediante autorizaccedilatildeo municipal a qual soacute poderaacute ser
concedida desde que os serviccedilos municipais verifiquem que as condiccedilotildees previstas
na lei destinadas a assegurar o bem-estar e a sanidade dos animais seratildeo cumpridas
(PORTUGAL 1995)
Se faz ressaltar a completa e indiscutiacutevel proibiccedilatildeo a qualquer espeacutecie para o fim do
supracitado paraacutegrafo de animais natildeo humanos que se encontrem em condiccedilotildees flageladas
enferma ou mesmo com qualquer tipo de ferimento ainda vem a negar a entrada no territoacuterio
portuguecircs de qualquer tipo de animal natildeo humano vertebrado que se encontre na mesma
situaccedilatildeo de sauacutede antes citada (PORTUGAL 1995)
Assiste a presente lei ainda a regulamentaccedilatildeo perante o transporte de animais natildeo
humanos em transportes puacuteblicos ressalvado por motivo de periculosidade sauacutede ou higiene
devidamente justificaacuteveis devendo os animais natildeo humanos estarem sempre acompanhados
por seus proprietaacuterios ou responsaacuteveis autorizados assim como devidamente acondicionados
(PORTUGAL 1995)
39
34 ANAacuteLISE IMPLEMENTACcedilAtildeO LEI Nordm 392020
Na data de 23 de julho de 2020 foi aprovada pela Assembleia da Repuacuteblica a Lei nordm
392020 tendo sua publicaccedilatildeo no datar de 18 de agosto e entrando em vigor no dia 1 de outubro
do mesmo anoImplementando o regime sancionatoacuterio aplicaacutevel aos crimes contra os animais
de companhia alterando substancialmente o que trazia o Coacutedigo Penal e o Coacutedigo de Processo
Penal portugueses reforccedilando de maneira expressiva a proteccedilatildeo aos animais natildeo humanos no
acircmbito dos crimes praticados contra estes (PORTUGAL 2020a)
Em seu corpo traz um regime sancionatoacuterio aplicaacutevel aos crimes direcionados contra
os animais natildeo humanos de forma a alterar pela quinquageacutesima vez o Coacutedigo Penal portuguecircs
pela trigeacutesima seacutetima vez o Coacutedigo de Processo Penal e pela terceira vez a Lei nordm 9295 a lei
de proteccedilatildeo aos animais Desloca as penalidades e diretrizes sobre morte e maus-tratos inferidos
contra animais natildeo humanos como observamos pelo novo texto dado ao artigo 387 do Coacutedigo
Penal ldquo1 ndash Quem sem motivo legiacutetimo matar animal de companhia eacute punido com pena de
prisatildeo de 6 meses a 2 anos ou com pena de multa de 60 a 240 dias se pena mais grave lhe natildeo
couber por forccedila de outra disposiccedilatildeo legalrdquo aumentando substancialmente tanto as penas de
reclusatildeo quanto a de prestaccedilatildeo de serviccedilos para aquele que matar um animal natildeo humano
(PORTUGAL 2020a)
Pode ser lido ainda em seu artigo 3ordm o que pertence as alteraccedilotildees ao Coacutedigo de Processo
Penal se faz essencial constar a nova redaccedilatildeo dada aos artigos 171 e 172 deste coacutedigo
Artigo 171ordm
1 ndash Por meio de exames das pessoas dos lugares dos animais e das coisas
inspecionam-se os vestiacutegios que possa ter deixado o crime e todos os indiacutecios relativos
ao modo como e ao lugar onde foi praticado agraves pessoas que o cometeram ou sobre as
quais foi cometido
2 ndash []
3 ndashSe os vestiacutegios deixados pelo crime se encontrarem alterados ou tiverem
desaparecido descreve-se o estado em que se encontram as pessoas os lugares os
animais e as coisas em que possam ter existido procurando-se quando possiacutevel
reconstitui-los e descrevendo-se o modo o tempo e as causas da alteraccedilatildeo ou do
desaparecimento
Artigo 172ordm
1 ndash Se algueacutem pretender eximir-se ou obstar a qualquer exame devido ou a facultar
animal ou coisa que deva ser objeto de exame pode ser compelido por decisatildeo da
autoridade judiciaacuteria competente (PORTUGAL 2020a)
Sem deixar de citar sobre ocultaccedilatildeo de provas animais ou ainda qualquer outro tipo de
objeto ligado ao crime prevendo busca apreensatildeo e investigaccedilatildeo por meio da poliacutecia criminal
para que todas as provas que possam trazer a resoluccedilatildeo do fato iliacutecito suscetiacuteveis de serem
40
declarados perdidos a favor do Estado Ainda busca definir os paracircmetros para a restituiccedilatildeo de
animais coisas ou bens apreendidos em meio a um processo investigativo criminal
determinando que estas permaneceratildeo sobre tutela de um fiel depositaacuterio ateacute o transito em
jugado da sentenccedila em ateacute 60 dias se os proprietaacuterios natildeo o buscarem no prazo previsto seratildeo
considerados perdidos em favor do Estado podendo este dar a finalidade que melhor acharem
(PORTUGAL 2020a)
Eacute imperioso constar que a presente lei ao aditar agrave Lei nordm 9295 vem a tratar das medidas
cautelares perante a proteccedilatildeo nos casos de evidecircncia de sinais de praacuteticas de crimes de maus-
tratos para contra animais natildeo humanos levantando as forccedilas de seguranccedila aos oacutergatildeos de
poliacutecia criminal a Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria e aos municiacutepios desencadear
os meios para proceder com tais medidas como faz com a alteraccedilatildeo do artigo 1 ndash A da Lei nordm
9295 (PORTUGAL 2020a)
35 JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO HUMANOS EM PORTUGAL
Na data de 02 de outubro de 2019 comeccedilou uma disputa judicial pela guarda da cadela
da raccedila Pitbull nomeada de Kiara apoacutes o rompimento da relaccedilatildeo de 12 anos de seus
proprietaacuterios A lide se iniciou pelo fato de ambas as partes requerem a guarda total do animal
natildeo humano estando o julgamento sendo processado pelo Juiacutezo da Famiacutelia e Menores de Mafra
pela Juiacuteza de Direito Soacutenia Henriques Cristoacutevatildeo Dentre as alegaccedilotildees e provas estatildeo a caderneta
de vacina a licenccedila e o chip de identificaccedilatildeo estatildeo em nome da parte feminina enquanto a parte
masculina alega ter sido o comprador e o financiador das custas da cadela (BARRETO 2019)
Em primeira anaacutelise do caso a magistrada observou que a parte masculina
primeiramente buscava a guarda compartilhada ou ao mesmo poder ter contato com a cadela
poreacutem ao avanccedilar do julgamento passou a pedir a guarda total devido a posiccedilatildeo da parte
feminina de se negar qualquer tipo de negociaccedilatildeo a posiccedilatildeo de passar de tentativa de guarda
compartilhada para guarda unilateral foi reforccedilada pelo fato de a parte masculina permanecer
morando no local onde a cadela viveu seus primeiros dois anos de vida ateacute que decidiram pela
dissoluccedilatildeo do relacionamento (BARRETO 2019)
Para poder tomar uma decisatildeo a juiacuteza decidiu por consultar a veterinaacuteria que fazia os
cuidados do animal natildeo humano com a finalidade de examinar o comportamento dos animais
natildeo humano e humanos concluindo-se que no caso em questatildeo os proprietaacuterios em momento
algum estavam colocando os interesses e bem-estar da cadela como prioridade mas sim seus
interesses particulares Ainda como apontado pela advogada Soacutenia Henriques Cristoacutevatildeo
41
especialista em direito animal o bem-estar animal eacute o uacuteltimo criteacuterio a ser levado em
consideraccedilatildeo em lides anaacutelogas ldquoNo que toca aos menores o criteacuterio eacute sempre o melhor
interesse do mesmo mas neste caso a lei civil natildeo tem como orientador esse princiacutepio Esse
criteacuterio existe mas eacute o uacuteltimordquo (BARRETO 2019) demonstrando uma interpretaccedilatildeo direta do
que o Coacutedigo Civil portuguecircs explana em seu artigo 1793ordm-A onde afirma que em casos de
divoacutercio ldquoos animais de companhia satildeo confiados a um ou a ambos os cocircnjuges considerando
nomeadamente os interesses de cada um dos cocircnjuges e dos filhos do casal e tambeacutem o bem-
estar do animalrdquo (PORTUGAL 1966) de forma a trazer a importacircncia do bem-estar animal
natildeo humano ser considerado para a decisatildeo de guarda poreacutem soacute como uacuteltima condiccedilatildeo para a
decisatildeo (BARRETO 2019)
A magistrada ponderou o fato de em Portugal ainda natildeo eacute pacificado o tema nem pelo
legislativo nem pela fraca jurisprudecircncia neste sentido ora que nos divoacutercios a guarda dos
animais natildeo humanos nem entra em pauta sendo normalmente decidido este ponto entre as
partes sem ter para tanto que levar o caso a justiccedila nem colocando na ficha da partilha haver
animais de companhia de maneira ao caso estar ainda em pauta de julgamento (BARRETO
2019)
Jaacute no que tange os maus-tratos aos animais natildeo humanos em Portugal mesmo com a lei
portuguesa punindo desde outubro de 2014 os maus-tratos contra animais natildeo humanos com
pena de ateacute um ano de prisatildeo somente 5 (cinco porcento) das denuacutencias acabam por chegar
a julgamento onde os outros 95 (noventa e cinco porcento) acaba por findar somente em
multa resultando que nas quase cinco mil denuacutencias registradas em virtude de maus-tratos agrave
animais natildeo humanos menos de duzentos de cinquenta destes findaram em julgamento como
descreve o Jornal de Notiacutecias o Observador de Portugal em sua mateacuteria de 24 de maio de 2020
(GOMES 2020)
Pelos dados coletados pelas pesquisas jurisdicionais realizadas por Gomes (2020) entre
2015 e 2018 a pena de prisatildeo soacute foi levantada como sanccedilatildeo aplicaacutevel pelos tribunais
portugueses no patamar da primeira instacircncia mas que sempre acabavam por ter a pena
convertida em multa ao serem recorridos os julgamentos tendo ainda tido um montante de seis
penas suspensas pelo proacuteprio magistrado da primeira instacircncia apoacutes reanaacutelise Ocorrendo neste
periacuteodo 241 processos crime entre abandono a maus-tratos tendo sido 169 casos diretamente
ligados aos maus-tratos tendo como reacuteus 277 animais humanos ressaltando ainda o fato de que
o nuacutemero de denuacutencias nunca representa a realidade faacutetica do cometimento dos crimes contra
os animais natildeo humanos mas sim somente uma pequena parcela da verdade (PORTUGAL
2020b)
42
Contudo o Jornal Correio da Manhatilde aponta uma nova posiccedilatildeo dos magistrados no
tocante de levar a justiccedila agravequeles que descumprem as leis contra os maus-tratos proferidos a
animais natildeo humanos como se observa ao iniacutecio de julgamento do caso de maus-tratos contra
uma cadela que desde 2016 sabe-se que eacute viacutetima de negligecircncia trancada em um ambiente
inapropriado ao seu porte sem acesso digno agrave aacutegua e alimentaccedilatildeo devidas a sua mantenccedila
bioloacutegica sendo mantida enclausurada em uma pequena e suja varanda apresentando magreza
extrema Sendo um dos primeiros casos de maus-tratos a chegar a justiccedila do Tribunal de Faro
por meio de denuacutencia de uma associaccedilatildeo de defesa dos animais tendo recebido grande reflexo
nas redes sociais (GRIFF 2018)
Tendo sido o caso encaminhado ao Ministeacuterio Puacuteblico de Faro local do fato ter vindo a
ocorrer este decidiu por dar prosseguimento agrave denuacutencia levantando a importacircncia deste ser
levado a julgamento em funccedilatildeo da importacircncia e relevacircncia do mesmo trazendo como
argumento a Lei que criminaliza os maus-tratos de 1 de outubro de 2014 ldquoquem sem motivo
legiacutetimo infligir dor sofrimento ou quaisquer outros tipos de maus-tratos fiacutesicos a um animal
de companhia eacute punido com pena de prisatildeo ateacute um ano ou com pena de multa ateacute 120 diasrdquo
aumentando para dois anos a puniccedilatildeo se ldquoresultar a morte do animal ou a privaccedilatildeo de um oacutergatildeordquo
(GRIFF 2015) de maneira a trazer a necessidade de se colocar a presente violaccedilatildeo em
julgamento como medida exemplar com o objetivo de desmotivar novos casos semelhantes
(GRIFF 2018)
Na data determinada para a primeira sessatildeo de julgamento os proprietaacuterios devidamente
citados natildeo compareceram tendo sido presenciada de um membro da Projeto de Apoio a
Viacutetimas Indefesas Nuacutecleo de Aveiro (PRAVI) e de um agente da Poliacutecia de Seguranccedila Puacuteblica
(PSP) de forma a sofrer a necessidade de remarcaccedilatildeo da sessatildeo de julgamento em funccedilatildeo das
leis civis de Portugal mas ainda natildeo haacute sentenccedila julgada sobre o caso (GRIFF 2018)
Portugal vem enfrentando seacuterios problemas sanitaacuterios devido ao que descrevem como
Siacutendrome de Noeacute que se determina por uma espeacutecie de transtorno de acumulaccedilatildeo onde o
animal humano tem dificuldade de desfazer-se de animais acabando por os acumular de forma
desorganizada afetando tanto a sociedade quanto os animais natildeo humanos envolvidos nesta
condiccedilatildeo Aos animais natildeo humanos viacutetimas dessa siacutendrome acabam por natildeo receberem os
cuidados necessaacuterios que acaba por acarretar diretamente nos maus-tratos podendo originar
doenccedilas que podem ainda se desenvolver em zoonoses (MACHADO 2020)
Sobre o caso a Assembleia da Repuacuteblica no dia 25 de janeiro de 2018 publicou a
Resoluccedilatildeo da Assembleia da Repuacuteblica nordm 202018 onde recomenda que seja criado um grupo
de trabalho constituiacutedo por profissionais da sauacutede e comportamento animal assistentes sociais
43
psiquiatras e psicoacutelogos com o objetivo de prevenir e combater casos da Siacutendrome de Noeacute
uma vez que aleacutem de ocasionar risco a sociedade na maior parte das vezes foram observados
que os animais natildeo humanos expostos a esta siacutendrome tentem a serem viacutetimas de maus-tratos
como o ocorrido no mecircs de maio em Canccedilas onde uma proprietaacuteria possuiacutea 35 animais em
um ambiente que natildeo apresentava as miacutenimas condiccedilotildees de bem-estar animal ou dignidade
Desta forma depois de julgado a maior parte dos animais natildeo humanos que laacute residiam foram
recolhidos de forma a apenas permanecerem no local sete animais natildeo humanos com a antiga
proprietaacuteria uma vez observado grande afeto entre a proprietaacuteria e estes (MACHADO 2020)
No presente caso foi levantado que ldquoo bem-estar animal deve ser compreendido
segundo o alojamento manutenccedilatildeo e acomodaccedilatildeo dos animais referido ainda que nenhum
animal deve ser detido se estas condiccedilotildees de bem-estar natildeo se encontrem verificadasrdquo neste
ditame aquele que acaba por acumular animais de companhia podem ocorrer em se enquadrar
em crime de maus-tratos como previsto pelo artigo 387 do Coacutedigo Penal portuguecircs onde prevecirc
a sanccedilatildeo de prisatildeo de ateacute um ano ou com pena de multa ade ateacute 120 dias quando aquele que
for o detentor ocasionar dor infligir sofrimento ou ainda qualquer outra agressatildeo fiacutesica a
animais natildeo humanos natildeo impedindo ainda que sejam somadas penalidades do artigo 388 do
mesmo coacutedigo onde prevecirc ldquoa privaccedilatildeo do direito de detenccedilatildeo de animais de companhia pelo
periacuteodo maacuteximo de 5 anosrdquo de forma a tentar prevenir de forma consubstanciada a seguranccedila
da sociedade junto com a mantenccedila do bem-estar dos animais natildeo humanos (MACHADO
2020)
Assim no presente capiacutetulo foi analisada a evoluccedilatildeo histoacuterica legislativa dos direitos
dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo portuguesa ateacute a contemporaneidade do estado
atual de seus direitos e incluindo julgados Pelo meacutetodo explanatoacuterio bibliograacutefico onde se
buscou esta anaacutelise da forma mais completa tentando englobar o maacuteximo de informaccedilotildees para
se chegar agrave mais completa anaacutelise dos direitos dos animais natildeo humanos em Portugal
Desta forma foi possiacutevel se observar que o primeiro relato normativo portuguecircsocorreu
no ano de 1886 com o Coacutedigo Penal portuguecircs trazendo vedaccedilotildeesaos maus-tratos de qualquer
espeacutecie aos animais natildeo humanos ainda que no passar dos anos passando pela inclusatildeo de
normas dentro doscoacutedigos legais sem deixar de citar as leis infraconstitucionais
Para continuidade do presente trabalho no capiacutetulo que se segue seraacute apresentada uma
anaacutelise comparativa entre a evoluccedilatildeohistoacuterica do direito dos animais natildeo humanos entre
aslegislaccedilotildees brasileira e portuguesaassim como uma anaacutelise comparativa doestado normativo
dos direitos dos animais natildeo humanos apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 entre os
doispaiacuteses em anaacutelise
44
4 COMPARACcedilAtildeO DAS LEGISLACcedilOtildeES BRASILEIRA E PORTUGUESA
O presente capiacutetulo aborda uma comparaccedilatildeo relativa as leis passadas e presentes em
Brasil e Portugal uma vez que entre os paiacuteses haacute uma relaccedilatildeo de reciprocidade devido ao
Decreto Legislativo nordm 82 de 24 de novembro de 1971 nomeada de Convenccedilatildeo sobre igualdade
de Direitos e Deveres entre brasileiros e portugueses ratificada em Brasiacutelia na data de 7 de
setembro de 1971 e em Lisboa na data de 22 de marccedilo de 1971 entrando em vigor no dia 22
de abril de 1972 onde os Governos do Brasil e Portugal visando a continuidade do reciacuteproco
respeito aos valores histoacuterico morais culturais e eacutetnicos que outrora uniram os povos e que os
manteacutem como irmatildeos com o intuito de promover um aperfeiccediloamento e estreitamento nas
relaccedilotildees harmonicamente da comunidade Luso-Brasileira convencionou a efetivaccedilatildeo do
princiacutepio da igualdade de tratamento entre cidadatildeos brasileiros expresso na constituiccedilatildeo
brasileira agrave eacutepoca em seu artigo 199 e na entatildeo constituiccedilatildeo portuguesa em seu artigo 7ordm
paraacutegrafo 3ordm (BRASIL 1972)
Desta maneira com a instituiccedilatildeo de um estatuto de caraacuteter especial com a iniciativa de
refletir os viacutenculos existentes entre brasileiros e portugueses assim como com o intuito de
servir de embasamento e inspiraccedilatildeo para as geraccedilotildees e legislaccedilotildees que se seguissem houve este
compromisso solene fraternal e indestrutiacutevel de amizade Enfatiza-se em tal Convenccedilatildeo o seu
artigo 1ordm ldquoOs portugueses no Brasil e os brasileiros em Portugal gozaratildeo de igualdade de direitos
e deveres com os respectivos nacionaisrdquo de forma a demonstrar uma reciprocidade no
tratamento de nascidos no paiacutes irmatildeo em seu territoacuterio mas ainda resguardando os direitos e
deveres inerentes ao seu paiacutes natural como exposto em seu artigo 3ordm ldquoOs portugueses e
brasileiros abrangidos pelo estatuto de igualdade continuaratildeo no exerciacutecio de todos os direitos
e deveres inerentes agraves respectivas nacionalidadesrdquo (BRASIL 1972)
Assim como para o presente trabalho eacute vaacutelido se fazer citar o artigo 16 da dita
Convenccedilatildeo ldquoOs Governos do Brasil e de Portugal consultar-se-atildeo periodicamente a fim de
examinar e adotar as providecircncias necessaacuterias para melhor e uniforme interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo
da presente Convenccedilatildeo bem como para estabelecer as modificaccedilotildees que julguem
convenientesrdquo assim a presente convenccedilatildeo veio a tratar que no presente e futuro os dois paiacuteses
se reuniriam para discutir sobre leis que versem sobre esta reciprocidade desta forma o capiacutetulo
que se apresenta vem a comprar as legislaccedilotildees no tangente dos direitos dos animais natildeo
humanos pelas leis brasileiras e portuguesas (BRASIL 1972)
No tocante dos direitos dos animais natildeo humanos Charles Darwin (1996) jaacute relatava
sobre a capacidade de sentir de ter consciecircncia de se reunir em grupos em sociedades de ter
45
empatia assim como quando comparada aos animais humanos ldquonatildeo existe uma diferenccedila
fundamental entre os humanos e os mamiacuteferos de niacutevel superior nas suas faculdades mentaisrdquo
(DARWIN 1996 P287)Este pensamento de Darwin eacute reforccedilado nesta outra passagem
Existem muitas espeacutecies de animais sociais em que os seus membros se associam em
grupos sentem compaixatildeo uns pelos outros manifestando qualidades que os revelam
de uma consciecircncia moral incipiente para quando em comparaccedilatildeo com a humana
sendo fieacuteis ao grupo demonstrando capacidade de entender as necessidades de
membros do grupo que apresentem carecircncias de tratamentos especiais ao exemplo de
fornecer alimentos e bebidas aos indiviacuteduos do grupo que satildeo cegos (DARWIN 1996
p 290traduccedilatildeo nossa)
Observa-se que jaacute haacute muito antes de se discutir os animais natildeo humanos como dignos
ou natildeo de direitos relativos a personalidade juriacutedica jaacute fora levantada sua capacidade de ser
equiparados aos animais humanos ora que apresentam capacidades de sentir sofrer entender
o outro ajudar num niacutevel de compreensatildeo e sensibilidade ateacute hoje juridicamente apenas
arguido aos seres humanos (DARWIN 1996)
41 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO HISTOacuteRICO
Se demonstra eficaz comeccedilar o presente toacutepico lembrando que a primeira nota
legislativa no Brasil relativa ao direito dos animais natildeo humanos natildeo ter se desenvolvido no
acircmbito nacional mas sim Municipal com o Coacutedigo de Posturas do Municiacutepio de Satildeo Paulo
(1886) em 6 de outubroonde por mais que fosse a primeira vedaccedilatildeo expressa as praacuteticas de
crueldade contra os animais natildeo humanos esta se limitava agravequeles que faziam uso de animais
natildeo humanos para o fim traccedilatildeo de carroccedilas e que somente no ano de 1934 sendo assim um
lapso de 48 anos ateacute que no dia 10 de julho viesse a existir um Decreto nacional o de nordm
24645 que promulgou a vedaccedilatildeo aos maus-tratos proferidos contra animais natildeo humanos em
local puacuteblico ou privado assim como trazendo a tutela do Estado para com estes assim como
estipulando puniccedilatildeo pecuniaacuteria e de enclausuramento para aquele que violasse o dito decreto
(BRASIL 1934)
Na supracitada legislaccedilatildeo federal ainda se trazia a representaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
como uma possibilidade nas accedilotildees que versassem sobre os maus-tratos relativos agrave animais natildeo
humanos No sistema normativo gerado por este decreto foram transcritas ainda diretrizes para
o uso animal natildeo humano para quando utilizados para auxiliar ou gerar trabalho de interesse
dos animais humanos como ao exemplo daqueles que fossem objeto de traccedilatildeo veicular Ainda
46
eacute imperioso constar que neste ano houve a primeira menccedilatildeo em relaccedilatildeo a negativa de abandono
de animais natildeo humanos (BRASIL 1934)
No mesmo ano em que o Brasil recebia sua primeira norma legislativa em acircmbito
Municipal para a garantia dos direitos dos animais natildeo humanos em Portugal no dia 16 de
setembro o Decreto Lei de seu Coacutedigo Penal jaacute trazia direitos para os animais natildeo humanos
no qual jaacute foram previstas penalidades para aqueles que ferissem matassem envenenasse
abusassem ou viessem a causar quaisquer outros tipos de danos aos animais natildeo humanos assim
como jaacute traziam a vedaccedilatildeo aos maus-tratos desde sua primeira menccedilatildeo normativa Desta forma
demonstram um claro avanccedilo no campo legislativo em relaccedilatildeo aos direitos dos animais natildeo
humanos perante as leis brasileiras (PORGUTAL 1886) Posicionamento semelhante no Brasil
soacute se fez demonstrar presente no campo normativo deacutecadas depois com o Projeto de Lei nordm 631
de 2015 onde no Senado brasileiro se passou a discutir em julgados o impedimento de causar
dor a animais natildeo humanos se o motivo natildeo for plenamente justificaacutevel discutindo tambeacutem
sobre o que tange a guarda destes tratando pela primeira vez a nomenclatura direta para os
animais natildeo humanos como seres sencientes (BRASIL 2015b)
Ainda antes mesmo do Brasil ter desenvolvido qualquer lei no acircmbito nacional sobre os
direitos dos animais natildeo humanos Portugal (2001) jaacute inovava com suas leis no dia 12 de junho
onde foi assinado mais um Decreto Lei este trazendo uma nova vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos deveres
dos animais humanos em relaccedilatildeo aos animais natildeo humanos desta vez impedindo a carga
excessiva de trabalho aos quais estes satildeo expostos determinando tempo capacidade dentre
outros regramentos de maneira a proporcionar para os animais natildeo humanos utilizados para o
serviccedilo condiccedilotildees miacutenimas de subsistecircncia visando diminuir seu sofrimento e trazendo-lhes
maior dignidade (PORTUGAL 2001)
Voltando a tratar da legislaccedilatildeo do Brasil (1941) houve um lapso temporal de 7 anos
entre a ultima ediccedilatildeo de norma legal em relaccedilatildeo aacute proacutepria lei e 22 anos se contadas as leis
portuguesas No dia 03 de outubro o Brasil promulgou por meio do Decreto Lei nordm 3688 a Lei
das Contravenccedilotildees Penais onde trouxe entre seus artigos penalidades para aqueles que
submetessem agrave trabalho excessivo ou cruel a animais natildeo humanos oferecendo como
penalidades a prisatildeo simples e ou a multa ainda qualifica como criminosa a praacutetica de
experiecircncias crueacuteis ou que gerem dor aos animais natildeo humanos vivos mesmo que este seja
realizado com intuito didaacutetico ou cientiacutefico trazendo assim pela primeira vez no ordenamento
brasileiro vedaccedilotildees no campo cientiacutefico e de entretenimento de animais humanos (BRASIL
1941)
47
Ainda no tocante das leis brasileiras passaram-se vinte e seis anos ateacute que no dia 03 de
janeiro de 1967 foi promulgada a Lei Federal nordm 5197 o chamado Coacutedigo da Caccedila impedindo
que a fauna silvestre fosse de qualquer forma alvo de caccedila predatoacuteria ou caccedila para criaccedilatildeo em
cativeiro assim vedando ainda sua destruiccedilatildeo ou de seu habitat de forma a trazer garantias ateacute
entatildeo natildeo observadas nem na legislaccedilatildeo brasileira nem portuguesa da diversidade
continuidade e sobrevivecircncia de animais provindos da fauna nativa paacutetria (BRASIL 1967)
Contudo os legisladores agrave eacutepoca evidenciaram que haviam condiccedilotildees especiais onde as
peculiaridades regionais abriam uma brecha para a permissatildeo da caccedila destas espeacutecies
entretanto mesmo permitindo com ressalvas a caccedila nestas zonas especiais a comercializaccedilatildeo
destes animais natildeo humanos permaneceria terminantemente proibida assim como produtos
feitos com eles ou mesmo seus filhotes Para garantir o correto cumprimento deste coacutedigo
foram estipuladas sanccedilotildees para os que natildeo as observassem Como principal marco desta lei
demonstra-se o primeiro relato de inafianccedilabilidade para aquele que cometer crime contra
animais natildeo humanos (BRASIL 1967)
Doze anos depois ainda no Brasil (1979) se continuava a desenvolver leis para a
proteccedilatildeo dos direitos dos animais natildeo humanos de forma a demonstrar que estaacutevamos em um
periacuteodo de grande evoluccedilatildeo legislativa garantista aos direitos dos animais natildeo humanos por
meio da Lei nordm 6638 se tratariam novamente os regramentos do tema em relaccedilatildeo ao uso
cientiacutefico destes falando dos laboratoacuterios testes cliacutenicos uso para testes de medicamentos
dissertando ainda sobre a eutanaacutesia dos animais natildeo humanos Passaram-se trecircs anos ateacute a
criaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente no dia 31 de agosto de 1979 protegendo a
fauna brasileira e seu habitat de forma especiacutefica e direta tratando pela primeira vez daqueles
que causem poluiccedilatildeo (BRASIL 1981)
42 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO CONTEMPORAcircNEO
O criteacuterio de comparaccedilatildeo contemporacircnea tomou por base a Constituiccedilatildeo Federal
brasileira de 1988 momento em que houve pela primeira vez a inclusatildeo dos direitos dos animais
natildeo humanos dentro do sistema constitucional brasileiro no qual o artigo 225 se veio a condenar
todo aquele que viesse a proferir gestos de crueldade para contra os animais natildeo humanos
poreacutem ainda ressalvando a possibilidade de natildeo se considerar como cruel as praacuteticas
desportivas os movimentos culturais que se encontram registradas como parte integrante do
patrimocircnio cultural brasileiro (BRASIL 1988)
48
Ainda no corpo do texto constitucional foi normatizada a garantia ao ambiente
equilibrado a qualidade de vida por meio de controle social e puacuteblico para a manutenccedilatildeo da
diversidade do patrimocircnio geneacutetico nacional da fauna e flora na tentativa de barrar a evoluccedilatildeo
numeacuterica do quadro de seres vivos na lista de animais em extinccedilatildeo ou extintos de forma a
apresentar um diferencial por constar em sua Constituiccedilatildeo direitos aos animais natildeo humanos
em relaccedilatildeo a Portugal(BRASIL 1988)
Portugal (2001) soacute voltaria a discutir as leis relativas aos direitos dos animais natildeo
humanos dentro dos criteacuterios comparativos de contemporaneidade aqui estabelecidos no
seacuteculo que se seguiria uma vez que na Europa a Convenccedilatildeo Europeia para a Proteccedilatildeo dos
Animais de Companhia que promulgou o Decreto nordm 1393 onde trouxe para seu territoacuterio
vaacuterias leis que tratavam da fauna e da flora de animais natildeo humanos domeacutesticos e selvagens
mas tambeacutem ressalvando as peculiaridades de sua fauna exoacutetica vedando vaacuterios atos
normativos do dito decreto vindo a defender protegendo ainda natildeo soacute as espeacutecies presentes ao
tempo da lei mas como tambeacutem seus filhotes mesmo quando criados em cativeiro onde
normatizava a forma de reproduccedilatildeo os locais de alojamento dos mesmos para os fins de
comercializaccedilatildeo hospedagem ou ainda centros de recolhimento de animais natildeo humanos de
companhia (PORTUGAL 2001)
Portugal veio ainda a tratar do abandono da negligecircncia fiacutesica alimentar higiecircnica e da
manutenccedilatildeo das condiccedilotildees de sauacutede dos animais natildeo humanos trazendo a necessidade de
laudos veterinaacuterios para que sejam realizadas intervenccedilotildees corpoacutereas nestes como ao exemplo
de amputaccedilotildees garantindo sua integridade fiacutesica de forma a natildeo soacute englobar os direitos aos
animais natildeo humanos outrora garantidos pela Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 mas
ainda refletindo leis que somente seriam vistas no territoacuterio brasileiro vaacuterios anos depois
(PORTUGAL 2001)
No Brasil cinco anos depois que o Decreto nordm 1393 era promulgado em Portugal seria
tratado assunto semelhante por meio da Lei nordm 9605 com a proibiccedilatildeo de diversos tipos de
atividades para que contra a fauna brasileira como matar caccedilar perseguir apanhar estes tipos
de animais natildeo humanos abrindo a permissatildeo para alguns destes em casos especiacuteficos natildeo
excluindo deste a fauna estrangeira tambeacutem tratando da vedaccedilatildeo a poluiccedilatildeo ora que afeta a
fauna brasileira estrangeira e ainda os animais humanos (BRASIL 1998)
Dois anos depois ainda em Portugal (2003a) se poderia notar a preocupaccedilatildeo com os
direitos dos animais natildeo humanos natildeo soacute enquanto considerados de companhia mas tambeacutem
os selvagens e os caracterizados como perigosos pela modificaccedilatildeo do Decreto Lei nordm 2762001
para o Decreto Lei nordm 315 2003 por observar algo que ateacute entatildeo soacute havia sido observado entre
49
as duas legislaccedilotildees portuguesa e brasileira no tocante de ressalvas do artigo 225 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988ao se tratar da proibiccedilatildeo de atos crueacuteis contra animais natildeo
humanos mas permitindo em casos de peculiaridades culturais como supracitado no paraacutegrafo
que a este antecedeu Neste decreto Portugal abril ressalvas a regulamentaccedilatildeo no acircmbito da
aplicabilidade do diploma outrora recebido por sua legislaccedilatildeo das figuras normativas referentes
a fauna e flora selvagem e exoacutetica assim como aqueles que os seguirem por descendecircncia de
modo a permitir que dentro das caracteriacutesticas proacuteprias de cada regiatildeo estas tivessem
autonomia de leis (PORTUGAL 2003b) Ainda no mesmo vieacutes em Santa Catarina (2003) a
Lei Estadual nordm 12854 instituiu o Coacutedigo Estadual de Proteccedilatildeo Animal para vedar quaisquer
tipos de agressotildees contra animais natildeo humanos indiferentemente se silvestres de companhia
domeacutesticos ou que possam ser domesticaacuteveis (aqueles que por sua natureza natildeo satildeo
classificados como domeacutesticos mas que podem vir a ser ao exemplo de porcos) nativos ou
exoacuteticos gerando uma normatizaccedilatildeo para transporte mantenccedila abate e pesquisas
cientiacuteficolaboratoriais garantindo-lhes plenas condiccedilotildees de existecircncia (SANTA CATARINA
2003)
Ainda sobre o tema de utilizaccedilatildeo de animais natildeo humanos para fins cientiacuteficos a
Diretiva 201063EU recepcionada pelas leis portuguesas vem a proteger os animais natildeo
humanos para quando utilizados para estes fins normatizando as teacutecnicas utilizadas durantes as
experiecircncias a qual veio a restringir a occisatildeo (ato de matar um animal) somente quando natildeo
haacute outra opccedilatildeo vedando que sem motivo de grande relevacircncia e plenamente justificaacuteveis se
ponha em risco a biodiversidade dos animais natildeo humanos e ainda traz a necessidade de se
buscar formas substitutivas para tal uso cientiacutefico onde busca reduzir ao miacutenimo inevitaacutevel o
uso de animais natildeo humanos nestes casos (PORTUGAL 2010)
No que se fala de leis que regulamentam a proteccedilatildeo ao bem-estar dos animais natildeo
humanos durante o transporte dos mesmos em Portugal o Regulamento nordm 12005 tenta
minimizar quaisquer sofrimentos seja pelo cumprimento de suas necessidades baacutesicas como
alimentaccedilatildeo higiene assim como com os meios utilizados para este transporte de maneira a
evitar lesotildees violecircncia ou sofrimento (PORTUGAL 2005) Ainda sendo valoroso constar aqui
a Lei nordm 9295 que aleacutem de ser por si soacute a Lei de Proteccedilatildeo aos Animais natildeo humanos a qual
veda quaisquer tipos de aferimento de dor sofrimento requisito de exigir mais do que a
capacidade do animal natildeo humano ainda veio a regulamentar a permissatildeo expressa de
transporte de animais natildeo humanos em transportes puacuteblicos seja para garantia da obrigaccedilatildeo
prevista a mesma lei de socorro aos animais natildeo humanos seja por comodidade ressalvando
50
que para tanto o animal natildeo humano deve estar devidamente condicionado em meio proacuteprio
sem apresentar aos demais riscos fiacutesicos a sua sauacutede ou higiene (PORTUGAL 1995)
Eacute imperioso citar o grande diferencial entre as legislaccedilotildees brasileira e portuguesa que se
fez surgir em Portugal ainda em 2003 quando por meio do Decreto-Lei n 3132003 foi criado
o sistema de cadastro e identificaccedilatildeo eletrocircnica de catildees e gatos natildeo soacute permitindo um melhor
controle estatal sobre o abandono como tambeacutem sobre as bases sanitaacuterias e controle
populacional destes animais natildeo humanos uma vez que devem constar desde informaccedilotildees
baacutesicas sobre o animal natildeo humano como nome raccedila idade e sexo ou ainda sobre seu
proprietaacuterio como nome endereccedilo contato mas ainda as vacinas que este individuo recebeu
no passar de sua vida se eacute ou natildeo castrado ainda obrigando a atualizaccedilatildeo perioacutedica dos dados
medida esta que no Brasil muito jaacute se discutiu regulamentar mas que nunca chegou a ter uma
normatizaccedilatildeo para com as leis (PORTUGAL 2003a)Este posicionamento foi reforccedilado pela
implementaccedilatildeo do Decreto Lei nordm 822019 ao criar o SIAC tornando mais rigorosos os criteacuterios
e penalidades relativas ao registro e atualizaccedilatildeo do cadastro dos animais natildeo humanos
(PORTUGAL 2019b)
Jaacute no Brasil o Coacutedigo Civil de 2002 classificou por meio de nova hermenecircutica ao
artigo 82 onde se definiam os animais natildeo humanos como coisas como somente bens agora
se passou a entender estes como seres semoventes por serem bens de capacidade a serem
suscetiacuteveis de movimentaccedilatildeo proacutepria assim permaneceu com a consolidaccedilatildeo do Coacutedigo de
Processo Civil de 2015 Poreacutem devido a sua capacidade de sofrer de sentir dor tornaram-se
perante o sistema normativo brasileiro dignos da nomenclatura de seres viventes seres
sencientes aqueles que pela sua condiccedilatildeo bioloacutegica chegando ao tocante de acordo com
Cardoso (2007) de seres aptos a terem sua personalidade juriacutedica discutida ora que no passado
outros como escravos e crianccedilas natildeo tinham essa personalidade levantada mas agora tem
Da mesma forma dever-se-ia permitir que tal condiccedilatildeo fosse levada a pauta de discussatildeo
normativa mesmo que natildeo possuindo faculdades mentais de plena comparaccedilatildeo as dos animais
humanos tampouco as crianccedilas e os escravos os tinham perante a lei no passado de forma que
na contemporaneidade ateacute aquele que tenha comprovadamente suas faculdades mentais
consideradas inaptas a autonomia de querer ainda sim possuem personalidade juriacutedica deveres
e direitos uma vez que satildeo capazes de sofrer de sentir de passar fome ainda que natildeo consigam
expressar essas condiccedilotildees de forma clara e linguisticamente padronizados resultado no fato de
que natildeo eacute a capacidade de raciocinar capacidade cognitiva ou ainda de comunicativa o requisito
para a arguiccedilatildeo de sua personalidade juriacutedica (CARDOSO 2007) Jaacute em Portugal a
compreensatildeo e caracterizaccedilatildeo dos animais natildeo humanos como seres sencientes estaacute expresso
51
desde 2017 deixando de serem classificados no rol de coisas por meio da Lei nordm 82017
(PORTUGAL 2017b)
No mesmo ano em que Cardoso (2007) tratava doutrinalmente da personalidade juriacutedica
dos animais natildeo humanos no Brasil em Portugal com a promulgaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm
742007 discutia de forma consagrada o direito de acesso de pessoas portadoras de deficiecircncia
visual que se fazem acompanhar de catildeo-guia a locais transportes e estabelecimentos puacuteblicos
direito este que no Brasil foi inserido no sistema normativo brasileiro em 2005 por meio da Lei
nordm 1112605 mas que soacute se consagrou pela redaccedilatildeo a esta proferida pela Lei nordm 131462015
Jaacute no Brasil sobre este tema com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 1112605 futuramente alterada e
devidamente implementada no sistema normativo brasileiro pela Lei nordm 131462015 veio de
modo a garantir o mesmo direito em territoacuterio nacional agraves pessoas humanas que sejam
portadoras de deficiecircncia visual e sejam acompanhadas de catildees-guia (BRASIL 2015a)
43 COMPARATIVO DOS JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO
HUMANOS BRASIL X PORTUGAL
Quando se trata da possibilidade jurisprudencial da discussatildeo em relaccedilatildeo a guarda de
animais natildeo humanos enquanto envolvidos em processos de separaccedilatildeo divoacutercio ou dissoluccedilatildeo
de relacionamentos no Brasil foi discutido pelo Ministro Luis Felipo Salomatildeo (2018) o tema
partindo do paracircmetro dos fins sociais ora vez de natildeo se tratar de um bem inanimado como
seria o caso da partilha dos bens entatildeo perante o caso concreto a lide formal da guarda de
animais natildeo humanos estendendo aos animais natildeo humanos a condiccedilatildeo de sujeito de direito
reconhecendo assim um terceiro gecircnero uma vez que se apresenta em relaccedilatildeo a evoluccedilatildeo da
proacutepria sociedade protegendo entatildeo as relaccedilotildees afetivas entre os animais natildeo humanos e
humanos Este posicionamento se reforccedilou com a decisatildeo da Juiacuteza de Direito da 3ordf Vara da
Famiacutelia de Joinville em 2019 ao erguer a necessidade de que os animais natildeo humanos tenham
modificado seu status normativo de coisa para uma categoria intermediaacuteria entre cosia e animais
humanos embasada pelo Projeto de Lei do Senado de nordm 31515 que visa alterar o artigo 82 do
Coacutedigo Civil (REIMER 2019)
No mesmo ano em Portugal se discutiu a mesma problemaacutetica onde ao ocorrer uma
separaccedilatildeo ambas as partes demonstraram interesse em contrair a guarda da cachorrinha outrora
de propriedade do casal mas que diferente do Brasil onde se discute a natureza juriacutedica dos
animais natildeo humanos para o tocante da discussatildeo de guarda em Portugal jaacute se tem legislaccedilatildeo
sobre o tema onde no Coacutedigo Civil portuguecircs (1966) em seu artigo 1793-A traz de forma
52
direta no que se fala de divoacutercio e guarda dos assim chamados animais de companhia
apontando os fatores que deveratildeo ser considerados para a decisatildeo judicial do ganho da guarda
onde ainda aponta que deveraacute ser levado em consideraccedilatildeo o bem-estar animal como uacuteltimo
criteacuterio para tal decisatildeo (CRISTOacuteVAtildeO 2019) Enquanto em Portugal como se pode observar
na afirmativa anterior jaacute haacute relato normativo dentro do Coacutedigo Civil portuguecircs de 1966 sobre
a regulamentaccedilatildeo para quando a disputa de guarda de animais natildeo humanos no Brasil tal tipo
de posicionamento ainda eacute inexistente apenas se fazendo constar por meio de um Projeto de
Lei o PLS 54218 para possibilitar criteacuterios de julgamento em casos de divoacutercios ou dissoluccedilatildeo
de uniatildeo estaacutevel de maneira que se quando aprovado alteraria o Coacutedigo de Processo Civil
brasileiro entretanto se for aprovado natildeo estabeleceria o bem-estar animal apenas como
ultimo fator para a determinaccedilatildeo de com quem deveria se manter a guarda como eacute atualmente
em Portugal mas sim como um criteacuterio essencial para tal decisatildeo (BRASIL 2018b)
44 UM COMPARATIVO ENTRE LEIS ESPECIAIS
Como se pode ler nos capiacutetulos dois e trecircs deste trabalho tanto Portugal quanto o Brasil
jaacute tratam da vedaccedilatildeo do uso de animais natildeo humanos nos testes para a produccedilatildeo de cosmeacuteticos
produtos de perfumaria higiene dentre outros poreacutem enquanto em Portugal esta vedaccedilatildeo jaacute
se encontra devidamente celebrada desde o datar de 30 de novembro de 2009 por meio do
Regulamento nordm 12232009 onde a Uniatildeo Europeia veio a regulamentar como deveriam ser
realizados os testes em animais natildeo humanos estabelecendo o desenvolvimento de teacutecnicas
substitutivas para o uso de animais natildeo humanos nos supracitados testes Estabelecendo ainda
limites nos anos de 2009 e 2013 para o fim da comercializaccedilatildeo de bens esteacuteticos que tivessem
em seus compostos ingredientes testados em animais natildeo humanos e os testes em animais em
si respectivamente (PORTUGAL 2009c) No Brasil tal espeacutecie de proibiccedilatildeo somente se daacute
por meio de Projetos de Lei estadual como o Projeto de Lei nordm 552017 que visa proibir os
testes em animais natildeo humanos no territoacuterio catarinense prevendo sanccedilotildees tanto para
instituiccedilotildees quanto para animais humanos que descumpram os termos da lei o presente Projeto
de lei aguarda atualmente sanccedilatildeo estadual (SANTA CATARINA 2020)
Em Portugal eacute possiacutevel observar uma evoluccedilatildeo contiacutenua sobre as legislaccedilotildees de direito
de animais natildeo humanos como apresentado por exemplo pela Resoluccedilatildeo nordm 202018 que
incentiva a constituiccedilatildeo de grupos de trabalho para que se busque diminuir os maus-tratos
levantados contras os animais natildeo humanos viacutetimas de acumulaccedilatildeo conhecida como Siacutendrome
de Noeacute (MACHADO 2020) assim como com a Lei nordm392020 que criou um regime
53
sancionatoacuterio aos crimes proferidos contra os animais de companhia e ocasionando na alteraccedilatildeo
do Coacutedigo Penal e do Coacutedigo de Processo Civil portuguecircs trazendo entre outros a possibilidade
de instauraccedilatildeo de processos crimes para investigar suspeitas relatos e denuacutencias de maus-tratos
negligecircncia ou qualquer outra accedilatildeo que faccedila impedir o bem-estar de animais de companhia em
Portugal assim como estabelecendo a possibilidade de exame de corpo de delito sobre tais
crimes contra os animais natildeo humanos ainda declarando como crime a ocultaccedilatildeo de provas
animais natildeo humanos ou qualquer outro meio que venha a atrapalhar o devido processo
investigativo de forma a prever a busca e apreensatildeo para a garantia da devida investigaccedilatildeo
trazendo para aqui a figura do depositaacuterio fiel (PORTUGAL 2020a)
Jaacute no Brasil percebe-se um risco iminente de acontecer um retrocesso no campo
normativo relativo aos direitos do animais natildeo humanos como o que ocorre com a Lei nordm
2172019 o Coacutedigo de Proteccedilatildeo e bem-estar animal que veda que a sociedade propicie
alimentaccedilatildeo aacutegua cuidados com a sauacutede higiene dentre outros quando em vias puacuteblicas
constituindo que a mantenccedila do bem-estar animal por meio da sociedade enquanto natildeo Estado
seja caracterizada como infraccedilatildeo legal (CURITIBANOS 2019)
Da mesma forma o Projeto de Lei nordm 722020 de Penha como arguido por Moreira
(2020) aparece como uma lei temeraacuteria ora que prevecirc multar e penalizar os tutores de
cachorros que importunarem o sossego sendo uma consequecircncia clara para a tentativa de
impedir as sanccedilotildees desta lei a implementaccedilatildeo de meios a impedir os latidosEsta iniciativa pode
trazer ocorrecircncias de maus-tratos seja pelo uso de equipamentos anti-latido pela secccedilatildeo das
cordas vocais dos cachorros ou ainda outras puniccedilotildees mais agravadas em caso seu proprietaacuterio
venha a ser punido pelo fato de seus cachorros latirem (PENHA 2020)
Em contraponto eacute possiacutevel observar no Regulamento nordm 1523007 do Parlamento
Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia que foi recebido pelo sistema normativo portuguecircs
no qual para a garantia do bem-estar tanto de catildees e gatos quanto da sociedade em si vedou
expressamente a comercializaccedilatildeo exportaccedilatildeo ou importaccedilatildeo de qualquer tipo de material ou
produto que tenha em sua composiccedilatildeo pele de gato ou de cachorroTraz ainda no corpo do texto
legal sanccedilotildees mais graviacutedicas em relaccedilatildeo a todos que se envolvam de forma direta indireta
tentada ou consumada ou ainda que sabendo natildeo veia a denunciar ou impedir lutas entre animais
natildeo humanos (PORTUGAL 2007b)
Felizmente observa-se que em caminho contraacuterio ao Projeto de Lei nordm 722020 e a Lei
nordm 2172019 o Projeto de Lei nordm 6312015 busca alterar a redaccedilatildeo do artigo 32 da Lei nordm
960598 onde busca vedar sem motivos justificaacuteveis proferir dor lesatildeo ou sofrimento aos
animais natildeo humanos ressaltando neste ponto a tentativa de se classificar o tratamento dado
54
aos animais natildeo humanos agora como seres sencientes (BRASIL2019) devendo-se constar
que o artigo 82 do Coacutedigo Civil brasileiro caracteriza de forma normativa os animais natildeo
humanos como coisas e sobre a nova hermenecircutica o tratamento juriacutedico destes busca a
compreensatildeo como sencientes (BRASIL 2002) posicionamento este que em Santa Catarina jaacute
se fez constar pela Lei nordm 17485 (SANTA CATARINA 2018)
Em Portugal por meio da Lei nordm 3152009 foram criados ditames regrativos para em
quanto a especificidade de animais natildeo humanos que sejam devido a sua natureza sua
caracterizaccedilatildeo de selvagem sua espeacutecie ou ainda condiccedilotildees especiais caracterizados como
perigosos ou potencialmente estabelecendo diretrizes para a mantenccedila criaccedilatildeo interaccedilatildeo para
com outros seres vivos sejam estes animais humanos ou natildeo humanos enquanto se apresentem
de forma direta ou indireta como animais de companhia infelizmente no Brasil natildeo se pode
observar regramento especificamente da mesma forma (PORTUGAL 2009b)
Assim no presente capiacutetulo foi realizada uma anaacutelise comparativa da evoluccedilatildeo histoacuterica
legislativa dos direitos dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo brasileira e portuguesa
ateacute a contemporaneidade do estado atual de seus direitos incluindo julgados projetos de lei
suacutemulas sem deixar de constar ateacute retrocessos legislativos dos direitos em questatildeo
55
5 CONCLUSAtildeO
Com o presente trabalho se pode chegar a conclusatildeo que haacute uma lenta evoluccedilatildeo no
tocante dos direitos dos animais natildeo humanos no ordenamento brasileiro em comparaccedilatildeo com
a legislaccedilatildeo portuguesa ora que por muitas vezes o sistema normativo brasileiro se fez valer
de semelhantes posicionamentos legais para com seu paiacutes irmatildeo somente apoacutes um consideraacutevel
lapso temporal ressalvando-se o fato de grande relevacircncia em que nesta comparaccedilatildeo se pode
observar que apenas o Brasil apresenta garantias aos direitos dos animais natildeo humanos dentro
do seu corpo constitucional
O Brasil enquanto comparado aPortugalaquele que se tem reciprocidade de tratamento
ainda se apresenta com pouca atenccedilatildeo sobre o tema destes direitos ora quepor muito tempo natildeo
considerouos animais natildeo humanos como dignos de direito agrave liberdade agrave integridade fiacutesica e o
mais grave o simples e mais essencial o direito a vida
No campo normativo sobre as disputas de guarda de animais natildeo humanos o Brasil
ainda se encontra muito atrasado com relaccedilatildeo aos regimentos legais ora que enquanto em
Portugal esta lide jaacute estaacute determinada perante um artigo do Coacutedigo Civil de 1966 mesmo
queconstando que tal regra normativacoloca o bem-estar dos ditos animais de companhia
somente como uacuteltimo fator para ser considerado em lides de divoacutercios e separaccedilotildees no Brasil
ainda natildeo haacute nota normativa alguma sobre o assunto apenas jurisprudecircncia e Projeto de Lei
demonstrando uma clara falta de embasamento legal para a resoluccedilatildeo das lides neste sentido
poreacutem apresenta uma inovaccedilatildeo para com o seu paiacutes irmatildeo onde em caso de aprovaccedilatildeo do
Projeto de Lei nordm 54218 sem modificaccedilotildees o bem-estar dos animais natildeo humanos seraacute
considerado como fator essencial para a decisatildeo de quem receberaacute judicialmente a guarda do
animal de estimaccedilatildeo
Ainda se pode observar que as normas brasileiras de direitos dos animais natildeo humanos
ao contraacuterio de Portugal por muitas vezes partem de leis estaduais e municipais para depois se
consagrarem no campo federativo tanto que se pode observar incongruecircncias em leis estaduais
e municipais que se apresentam em desacordo com a norma paacutetria causando um retrocesso
legal para com os direitos dos animais natildeo humanos fato este natildeo observado no sistema
normativo portuguecircsMuito provavelmente porque neste os direitos dos animais natildeo humanos
estarem por muitas vertentes garantidos dentro da Convenccedilatildeo Europeia que aleacutem de trazer
regulamentaccedilotildees sobre o tema ainda fiscaliza sua correta aplicaccedilatildeo legislativa
No mesmo tocante enquanto em Portugal os animais natildeo humanos jaacute satildeo tratados de
forma distinta de coisas tanto pela hermenecircutica quanto pela escrita literal das leis onde desde
56
2017 jaacute natildeo satildeo tratados dentro do rol coisas mas sim recebendo a nomenclatura e classificaccedilatildeo
como seres sencientes no paccedilo em que no Brasil semelhante posicionamento atualmente se
encontra tatildeo somente de forma doutrinaacuteria e em sugestotildees de julgados de lides que envolvem
os animais natildeo humanos de forma a ter propiciado a instauraccedilatildeo do Projeto de Leinordm 631 de
2015 que vem a tentar trazer o mesmo tratamento de nomenclatura e classificaccedilatildeo do jaacute
instaurado em Portugal
Ao fim do processo de pesquisa do presente trabalho a pesquisadora observou a
importacircncia de um futuro estudo relativo aos direitos dos animais natildeo humanos no que tange a
Ameacuterica Latina com o intuito de resgatar a evoluccedilatildeo destes direitos dentro do Mercosul tanto
por haver um livre transito entre os paiacuteses afiliados instigando interesse em se conhecer
maissobre a relaccedilatildeo e autonomia de cada paiacutes membrosobre estes direitos conjunto das leis que
se compartilham quanto pela proximidade de suas fronteiras onde a fauna e flora se misturam
vez que ao desenvolver esta pesquisa foi observada uma evoluccedilatildeo relevante nos direitos dos
animais natildeo humanos em Portugal por meio da Convenccedilatildeo Europeia erguendo a curiosidade
para descobrir se dentro no Mercosul poderia ocorrer fato semelhante em relaccedilatildeo as leis
brasileiras
57
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SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 9
2 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA 12
21 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS 12
22 LEGISLACcedilAtildeO PAacuteTRIACONTEMPORAcircNEA 15
23 ANAacuteLISE SOBRE A LEI 2172019 DO MUNICIacutePIO DE CURITIBANOSSC 21
24 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 722020 DE PENHASC 22
25 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 552017 DE PROIBICcedilAtildeO DE USO DE ANIMAIS EM
TESTES DE COSMEacuteTICOS 22
26 JULGADOS SOBRE A GUARDA ANIMAL E PROJETOS LEIS 24
3 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA 29
31 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS 29
32 LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA CONTEMPORAcircNEA 32
33 ANAacuteLISE LEI Nordm 9295 37
34 ANAacuteLISE IMPLEMENTACcedilAtildeO LEI Nordm 392020 39
35 JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO HUMANOS EM PORTUGAL40
4 COMPARACcedilAtildeO DAS LEGISLACcedilOtildeES BRASILEIRA E PORTUGUESA 44
41 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO HISTOacuteRICO 45
42 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO CONTEMPORAcircNEO 47
43 COMPARATIVO DOS JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO
HUMANOS BRASIL X PORTUGAL 51
44 UM COMPARATIVO ENTRE LEIS ESPECIAIS 52
5 CONCLUSAtildeO 55
REFEREcircNCIAS 57
9
1 INTRODUCcedilAtildeO
O presente trabalho monograacutefico foi desenvolvido com o intuito de trazer um compilado
de legislaccedilotildees normas jurisprudecircncias julgados e doutrinas por uma seleccedilatildeo qualitativa em
relaccedilatildeo ao direito dos animais natildeo humanos numa comparaccedilatildeo entre o estado legal do Brasil e
Portugal De forma que a pesquisadora optou por apresentar os dados mais relevantes e
marcantes sobre o tema como ferramenta de seleccedilatildeo da mesma forma que trouxe leis estaduais
e municipais de Santa Catarina por ser o local de desenvolvimento fiacutesico e moradia da mesma
Sendo este trabalho baseado no meacutetodo de abordagem dedutivo meacutetodo de
procedimento comparativo e teacutecnicas de pesquisa bibliograacutefica e documental abordando uma
pesquisa de direito comparado de documentos entre as legislaccedilotildees brasileira e portuguesa em
conjunto com a apresentaccedilatildeo e anaacutelise de algumas doutrinas julgados e projetos de leidos dois
paiacuteses sobre o tema Busca assim estudar e analisar a evoluccedilatildeo legal dos direitos dos animais
natildeo humanos pelo vieacutes comparativo das legislaccedilotildees brasileira e portuguesa De maneira a buscar
resolver a questatildeo ldquoQuais os contrastes evolutivos dos direitos dos animais natildeo humanos no
ordenamento brasileiro em comparaccedilatildeo com a legislaccedilatildeo de Portugalrdquo
O objetivo geral deste trabalho deste trabalho compor uma linha de anaacutelise da evoluccedilatildeo
dos paracircmetros legaisconstitucionais dos animais natildeo humanos entre os supracitados
ordenamentos e como objetivos especiacuteficos de apresentar a evoluccedilatildeo histoacuterica normativa entre
os dois paiacuteses apresentar o estado atual das legislaccedilotildees dos dois paiacuteses identificar dentro de
suas legislaccedilotildees algumas jurisprudecircncias o incremento no tratamento juriacutedico dispensado aos
animais natildeo humanos assim comocomparar a atual legislaccedilatildeo brasileira perante a portuguesa
no tocante do direito dos animais natildeo humanos
Justifica-se a seleccedilatildeo deste tema como base para estudo pela crescente luta para a
conquista de direitos individuais e coletivos na contemporaneidade onde se tem combatido
diversos entendimentos legais no campo legal brasileiro renovando valores conhecimentos
ateacute a proacutepria consciecircncia sobre a participaccedilatildeo inclusatildeo e relevacircncia dos animais natildeo humanos
dentro das unidades familiares convivecircncia social e ateacute sua abrangente inclusatildeo no mercado de
trabalho De maneira que o avanccedilo legal comparada no Brasil e Portugal instigou a curiosidade
da pesquisadora perante os novos aspectos constitucionais e no campo do direito e a eminente
importacircncia da compreensatildeo da aplicabilidade e hermenecircutica das leis projetos de leis e de
emendas constitucionais conjunto com o conhecimento arguido pela pesquisadora durante os
anos em que cursou a graduaccedilatildeo em medicina veterinaacuteria onde a importacircncia do maior
reconhecimento destes direitos lhe ficou clara onde a relevacircncia do tema para o contexto
10
contemporacircneo da sociedade dentro dos atuais e futuros julgados em funccedilatildeo dos diversos
debates que tem gerado dentro e fora dos tribunais acerca do tema dos direitos da capacidade
ateacute da guarda e tutela dos animais natildeo humanos
Este trabalho esperase apresentar como uma fonte de pesquisa incentivo reanaacutelise e
com o intuito de instigar novos posicionamentos juriacutedicocriacuteticos sobre o cenaacuterio atual da
participaccedilatildeo dos animais natildeo humanos dentro da sociedade possibilitando uma nova
consciecircncia para com o tema demonstrando os obstaacuteculos legais que ainda temos pela frente
quando em comparaccedilatildeo com o mesmo cenaacuterio portuguecircs
No segundo capiacutetulo deste trabalho eacute apresentada a evoluccedilatildeo histoacuterica da legislaccedilatildeo do
sistema normativo julgados e projetos de lei desde o primeiro relato em lei a favor do direito
dos animais natildeo humanos dentro do sistema normativo brasileiro passando pela constituiccedilatildeo
de 1988 decretos lei o Coacutedigo Civil (CC) o Coacutedigo de Processo Civil (CPC) o Coacutedigo Penal
(CP) a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro da constituiccedilatildeo e coacutedigos nacionais
leis municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma abrangente
anaacutelise sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do
territoacuterio brasileiro
No terceiro capiacutetulo deste trabalho se apresenta a evoluccedilatildeo histoacuterica da legislaccedilatildeo do
sistema normativo e julgados desde o primeiro relato em lei a favor do direito dos animais natildeo
humanos dentro do sistema normativo portuguecircs passando por decretos lei o Coacutedigo Civil
(CC) o Coacutedigo de Processo Civil (CPC) o Coacutedigo Penal (CP) Coacutedigo de Processo Penal
(CPP) a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro dos coacutedigos nacionais oacutergatildeos
reguladores dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do territoacuterio portuguecircs leis e licenccedilas
municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma abrangente anaacutelise
sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do territoacuterio
portuguecircs
No quarto capiacutetulo deste trabalho se apresenta um anaacutelise comparativa sobre a evoluccedilatildeo
histoacuterica das legislaccedilotildees de seus sistemas normativos e julgados desde os primeiros relatos
regimentais a favor do direito dos animais natildeo humanos dentro de seus sistemas normativos
passando por decretos lei o Coacutedigo Civil o Coacutedigo de Processo Civil o Coacutedigo Penal Coacutedigo
de Processo Penal a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro dos coacutedigos nacionais
leis e licenccedilas municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma
11
abrangente anaacutelise sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos de
forma comparativa dentro do territoacuterio brasileiro e portuguecircs
12
2 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA
Neste capiacutetulo tem-se como objetivo trazer de forma sucinta a evoluccedilatildeo histoacuterica no que
tange o direito dos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo do Brasil trazendo para isto as proacuteprias
leis assim como relatos bibliograacuteficos sobre o tema
21 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
O primeiro relato normativo brasileiro direcionado aos direitos dos animais natildeo
humanos no dia 6 de outubro de 1886 no Coacutedigo de Posturas do Municiacutepio de Satildeo Paulo que
trouxe no seu artigo 220 a primeira norma de proibiccedilatildeo de crueldade contra animais natildeo
humanos ldquoEacute proibido a todo cocheiro ou condutor de carroccedila maltratar animais com castigos
baacuterbaros e imoderados disposiccedilatildeo essa que se aplica aos ferradoresrdquo sendo assim um marco
inicial histoacuterico nacional para a luta por estes direitos(SAtildeO PAULO 1886)
Jaacute no tangente de legislaccedilatildeo na esfera nacional somente no dia 10 de julho de 1934
ocorreu o primeiro registro normativo visando a algum tipo de proteccedilatildeo perante os animais natildeo
humanos o Decreto Lei nordm 24645 oficializado por Getuacutelio Vargas definindo a
responsabilidade do Estado de tutelar todos os animais existentes trazendo ainda a primeira
sansatildeo em relaccedilatildeo aos matildeos tratos em seu artigo 2ordm ldquoAquele que em lugar puacuteblico ou privado
aplicar ou fizer aplicar maus-tratos aos animas incorreraacute em multa de 20$000 a 500$000 e na
pena de prisatildeo celular de 2 a 15 dias quer o delinquente seja ou natildeo o respectivo proprietaacuterio
sem prejuiacutezo da accedilatildeo civil que possa caberrdquo tendo sido o rompimento de uma fronteira em
relaccedilatildeo agrave compreensatildeo da vedaccedilatildeo aos matildeos tratos de forma direta ou indireta praticando ou
fazendo praticar sendo ou natildeo proprietaacuterio do animal natildeo humano de forma a demonstrar que
todos os animais natildeo humanos merecem respeito trazendo ainda em seus paraacutegrafos a
possibilidade de maiores sanccedilotildees como ateacute a apreensatildeo ou confisco do animal natildeo humano que
for alvo de qualquer tipo de maus-tratos em seu artigo 14 ainda busca pela primeira vez
penalizar aquele que causa a morte destes oferecendo pena em dobro se a este ponto chegar ou
for reincidente de acordo com o artigo 15 como tambeacutem a quem cabe sua aplicaccedilatildeo pelo artigo
12 atribuindo tal encargo a poliacutecia ou autoridade municipal cabendo esta se verificar a
gravidade do delito vale constar o sect3ordm no mesmo artigo ldquoOs animais seratildeo assistidos em juiacutezo
pelos representantes do Ministeacuterio Puacuteblico seus substitutos legas e pelos membros das
sociedades protetoras dos animaisrdquo reforccedilando a responsabilidade do Estado perante a garantia
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dos direitos dos animais natildeo humanos No transcorrer de seus artigos o Decreto caracteriza o
que se enquadra como crueldade no seu artigo 3ordm como ao exemplo dos seus incisos XVI
XVIII XXI e XXV
XVI -fazer viajar um animal a peacute mais de 10 quilocircmetros sem lhe dar descanso ou
trabalhar mais de 6 horas contiacutenuas sem lhe dar aacutegua e alimento
XVIII - conduzir animais por qualquer meio de locomoccedilatildeo colocados de cabeccedila para
baixo de matildeos ou peacutes atados ou de qualquer outro modo que lhes produza sofrimento
XXI - deixar de ordenhar as vacas por mais de 24 horas quando utilizadas na
explorado do leite
XXV - engordar aves mecanicamente (BRASIL 1934)
Este decreto trouxe pela primeira vez regulamentaccedilotildees nacionais perante os animais natildeo
humanos no tangente laboral humano sendo reforccedilado tal posicionamento pelo texto dos
artigos 4ordm a 8ordm onde regula-se a utilizaccedilatildeo dos animais natildeo humanos em veiacuteculos ou outras
formas em que se faccedila utilizar a traccedilatildeo animal Jaacute no seu artigo 13 traz a primeira proibiccedilatildeo
direta ao abandono de animal ainda traz ressalvado em seu artigo 19 a revogaccedilatildeo de qualquer
tipo de ordenamento ao contraacuterio do que o Decreto Lei expressa Mesmo sendo uma grande
evoluccedilatildeo para o direito dos animais natildeo humanos em relaccedilatildeo ao que o paiacutes tinha ateacute entatildeo o
artigo 17 ainda define animal como seres irracionais sem que a eles se apresente nenhum tipo
de possibilidade de compreensatildeo (BRASIL 1934)
Somente 7 anos depois em 03 de outubro de 1941 com a ediccedilatildeo da Lei das
Contravenccedilotildees Penais pelo Decreto Lei nordm 3688 o artigo 64 trouxe penas de prisatildeo e multa
ali ainda descrita em ldquoreacuteisrdquo
Art 64 Tratar animal com crueldade ou submetecirc-lo a trabalho excessivo
Pena ndash prisatildeo simples de dez dias a um mecircs ou multa de cem a quinhentos mil reacuteis
sect1ordm Na mesma pena incorre aquele que embora para fins didaacuteticos ou cientiacuteficos
realiza em lugar puacuteblico ou exposto ao puacuteblico experiecircncia dolorosa ou cruel em
animal vivo
sect2ordm Aplica-se a pena com aumento de metade se o animal eacute submetido a trabalho
excessivo ou tratado com crueldade em exibiccedilatildeo ou espetaacuteculo puacuteblico (BRASIL
1941)
Desta forma buscando pela primeira vez colocar limites normativos natildeo soacute para os
animais natildeo humanos utilizados para atividades laborativas mas tambeacutem no que se trata o uso
cientiacutefico destes assim como seu uso para exibiccedilatildeo e divertimento de animais humanos
(BRASIL 1941) Somente no dia 8 de maio de 1979 com a Lei Federal nordm 6638 seria retomado
o tema do uso cientiacutefico dos animais natildeo humanos de forma regulamentada normatizando os
bioteacuterios os centros de experiecircncias e demonstraccedilotildees dos animais natildeo humanos assim como
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regulamentando o uso dos animais natildeo humanos para testes cliacutenicos medicamentosos dentre
outros teacutecnica esta conhecida como vivissecccedilatildeo assim como desde que por meio de indicaccedilatildeo
meacutedica permitindo a eutanaacutesia ou sacrifiacutecio animal pelos artigos 1ordm a 4ordm da presente Lei
trazendo em seus artigos subsequentes sanccedilotildees penais e interditoacuterias para todo aquele que a lei
desobservar assim como traz em seu artigo 8ordm a revogaccedilatildeo de quaisquer leis que a ela
contrariarem (BRASIL 1979)
O Superior Tribunal de Justiccedila decidiu na data de 31 de dezembro de 1969 por meio da
Suacutemula nordm 91 que ldquoCompete a Justiccedila Federal processar e julgar os crimes praticados contra a
faunardquo onde decidiu por arcar agrave Justiccedila Federal o julgamento relativo aos crimes cometidos
sobre a fauna brasileira tendo sido cancelada a Suacutemula em questatildeo na Sessatildeo do Superior
Tribunal de Justiccedila na data de 08 de novembro de 2000 da 3ordf seccedilatildeo sobre o nuacutemero de pauta
de julgamento LEGJUR 103326350091500 Desta forma com o cancelamento da Suacutemula nordm
91 do STJ acabou por ficar sobre a competecircncia reconhecida dos estados a competecircncia para
processar e julgar os crimes cometidos contra a fauna ressalvando se o dito crime se efetivar
sobre casos do crime ter sido realizado sobre fauna reconhecidamente de bem federal o
cancelamento da Suacutemula em questatildeo tambeacutem acarretou na suspenccedilatildeo do disposto no artigo 89
da Lei 900995 (BRASIL 2020)
A datar do dia 03 de janeiro de 1967 surgiu mais uma importante ferramenta para a
garantia dos direitos dos animais natildeo humanos com a promulgaccedilatildeo da Lei Federal nordm 5197 o
Coacutedigo de Caccedila sendo imprescindiacutevel a observaccedilatildeo de seu artigo 1ordm
Os animais de quaisquer espeacutecies em qualquer fase do seu desenvolvimento e que
vivem naturalmente fora do cativeiro constituindo a fauna silvestre bem como seus
ninhos abrigos e criadouros naturais satildeo propriedade do Estado sendo proibida a sua
utilizaccedilatildeo perseguiccedilatildeo destruiccedilatildeo caccedila ou apanha (BRASIL 1967)
Protegendo de maneira incontestaacutevel a fauna nativa brasileira garantindo a diversidade
a continuidade e a sobrevivecircncia de todos os tipos de animais natildeo humanos poreacutem ainda
permitindo em seus paraacutegrafos que hajam peculiaridades regionais para a permissatildeo agrave caccedila
Contudo veda completamente a comercializaccedilatildeo ou exportaccedilatildeo de qualquer forma de animais
natildeo humanos da fauna natural brasileira assim como de seus frutos em seus artigos 3ordm e 18
Trazendo sanccedilotildees penais para todos aqueles que descumprirem seus artigos nos artigos 27 a
31 e contemplando como autoridades responsaacuteveis pela fiscalizaccedilatildeo e aplicabilidade de tais
sanccedilotildees as mesmas indicadas no Coacutedigo de Processo Penal (CPP) de acordo com o seu artigo
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32 assim como trazem pela primeira vez a inafianccedilabilidade dos crimes contra animais natildeo
humanos pelo seu artigo 34 (BRASIL 1967)
Jaacute por outro vieacutes no dia 31 de agosto de 1981 por meio da publicaccedilatildeo da Lei Federativa
nordm 6938 com a denominaccedilatildeo de A Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente os animais natildeo
humanos assim como seu habitat natural receberam uma grande melhoria nos seus direitos
assim como traz o artigo 15 ldquoO poluidor que expuser a perigo a incolumidade humana animal
ou vegetal ou estiver tornando mais grave a situaccedilatildeo de perigo existente fica sujeito agrave pena de
reclusatildeo de 1 (um) a 3 (trecircs) anos e multa de 100 (cem) a 1000 (mil) MVRrdquo findando a
primeira vedaccedilatildeo expressa por objeto normativo agrave poluiccedilatildeo que traga malfeitorias aos animais
natildeo humanos (BRASIL 1981)
22 LEGISLACcedilAtildeO PAacuteTRIACONTEMPORAcircNEA
No Brasil os animais comeccedilaram a ser considerados como dignos de direitos
constitucionais somentecom a promulgaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 em seu artigo 225 de
forma a condenar a crueldade contra os animais mesmo que ainda deixando uma lacuna em
seu sect7ordm
sect 7ordm Para fins do disposto na parte final do inciso VII do sect 1ordm deste artigo natildeo se
consideram crueacuteis as praacuteticas desportivas que utilizem animais desde que sejam
manifestaccedilotildees culturais conforme o sect 1ordm do art 215 desta Constituiccedilatildeo Federal
registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimocircnio cultural
brasileiro devendo ser regulamentadas por lei especiacutefica que assegure o bem-estar
dos animais envolvidos (BRASIL 1988)
No supracitado artigo ainda se pode ler sobre os direitos alcanccedilados pelos animais natildeo
humanos na constituiccedilatildeo federativa de 1988 onde garante agrave todos um meio ambiente
equilibrado qualidade de vida sendo de obrigaccedilatildeo tanto do poder puacuteblico quanto da
coletividade garantir defender preservar estes direitos para as presentes e futuras geraccedilotildees
para tanto aponta a necessidade de preservar a diversidade e integridade do patrimocircnio geneacutetico
do Brasil e sempre fiscalizando aqueles que com este material lida assim como a necessidade
de controlar a produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de teacutecnicas e produtos que sejam
potencialmente ou confirmadamente prejudiciais ou que gerem risco agrave vida ou sua qualidade
assim como para o meio ambiente demonstrando tambeacutem a indispensabilidade de poliacuteticas de
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educaccedilatildeo ambiental disseminada por todos os niacuteveis educacionais para a preservaccedilatildeo do meio
ambiente (BRASIL 1988)
Da mesma forma prevecirc a obrigaccedilatildeo de defender a fauna e flora vedando expressamente
praacuteticas que as coloquem em risco sua funccedilatildeo ecoloacutegica que poderiam gerar extinccedilatildeo de
espeacutecies ou mesmo que submetam animais natildeo humanos a qualquer niacutevel de crueldade Deve-
se lembrar que tambeacutem traz a possibilidade de sanccedilotildees para aqueles pessoa fiacutesica ou juriacutedica
que violar estes direitos ora visto a fauna e flora nacional eacute caracterizada como patrimocircnio
nacional(BRASIL 1988)
Eacute de suma importacircncia observar que tal artigo soacute fez-se constar na constituiccedilatildeo de 1988
apoacutes a proclamaccedilatildeo da Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Animais feita pela UNESCO no ano
de 1978 No corpo do texto percebe-se a existecircncia do direito dos animais em funccedilatildeo aos crimes
e desprezo cometidos contra os animais natildeo humanos em funccedilatildeo de uma coexistecircncia saudaacutevel
entre as espeacutecies no mundo jaacute que satildeo seres semelhantes como consta no preacircmbulo da mesma
declaraccedilatildeo (UNESCO 1978) Faz-se necessaacuterio citar alguns de seus artigos ldquoARTIGO 1
Todos os animais nascem iguais diante da vida e tecircm o mesmo direito agrave existecircnciardquo
demonstrando um posicionamento ao menos legal em relaccedilatildeo agrave igualdade e existecircncia dos
animais natildeo humanos como tambeacutem o artigo 2
a) Cada animal tem direito ao respeito b)O homem enquanto espeacutecie animal
natildeo pode atribuir-se o direito de exterminar os outros animais ou exploraacute-los
violando esse direito Ele tem o dever de colocar a sua consciecircncia a serviccedilo dos outros
animais c)Cada animal tem direito agrave consideraccedilatildeo agrave cura e agrave proteccedilatildeo do homem
(UNESCO 1978)
Onde traz obrigaccedilatildeo normativa de respeito dos animais humanos perante os animais natildeo
humanos manifestando o dever agrave consideraccedilatildeo e consciecircncia do primeiro em relaccedilatildeo ao
segundo vedando a exploraccedilatildeo dos mesmos da mesma maneira os artigos 4 e 5
ARTIGO 4 a) Cada animal que pertence a uma espeacutecie selvagem tem o direito de
viver livre no seu ambiente natural terrestre aeacutereo e aquaacutetico e tem o direito de
reproduzir-se b)A privaccedilatildeo da liberdade ainda que para fins educativos eacute contraacuteria
a este direito
ARTIGO 5 a)Cada animal pertencente a uma espeacutecie que vive habitualmente no
ambiente do homem tem o direito de viver e crescer segundo o ritmo e as condiccedilotildees
de vida e de liberdade que satildeo proacuteprias de sua espeacutecie b)Toda a modificaccedilatildeo imposta
pelo homem para fins mercantis eacute contraacuteria a esse direito(UNESCO 1978)
De forma a demonstrar aqui o direito agrave uma vida livre em ambiente adequado e propiacutecio
agrave reproduccedilatildeo garantindo assim a continuidade da fauna ldquoARTIGO 7 Cada animal que trabalha
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tem o direito a uma razoaacutevel limitaccedilatildeo do tempo e intensidade do trabalho e a uma alimentaccedilatildeo
adequada e ao repousordquo revelando que os animais natildeo humanos assim como os humanos tem
direito de uma jornada digna de trabalho sem que com isso sejam explorados mais do que eacute
aceitaacutevel para uma vida adequada agraves suas condiccedilotildees fiacutesicas ldquoARTIGO 10 Nenhum animal
deve ser usado para divertimento do homem A exibiccedilatildeo dos animais e os espetaacuteculos que
utilizem animais satildeo incompatiacuteveis com a dignidade do animalrdquo expressando nitidamente que
os animais natildeo humanos natildeo satildeo brinquedos posse objeto para divertimento dos animais
humanos ora ponto serem animais que merecem respeitoagrave sua dignidade ldquoARTIGO 11 O ato
que leva agrave morte de um animal sem necessidade eacute um biociacutedio ou seja um crime contra a
vidardquo findando esta citaccedilatildeo pela clara declaraccedilatildeo de expressa vedaccedilatildeo ao assassinato dos
animais natildeo humanos sem que para isso haja um motivo vaacutelido e plenamente
justificaacutevel(UNESCO 1978)
Assim como Bruno Amaro Lacerda traz em sua obra Pessoa Dignidade e Justiccedila a
questatildeo dos direitos dos animais Eacutetica e Filosofia Poliacutetica animais natildeo humanos estatildeo em um
conviacutevio iacutentimo com os animais humanos de forma a em muitos casos criando viacutenculos afetivos
como um membro ativo no meio familiar ao ponto de ateacute ocorrerem lides em relaccedilatildeo a sua
tutela Da mesma forma quando se pensa sobre o que tange o ramo laboral os animais natildeo
humanos em muito foram e satildeo necessaacuterios para a continuidade de vaacuterias categorias de trabalho
(LACERDA 2012)
Eacute imperioso lembrar que no sistema normativo paacutetrio os animais natildeo humanos jaacute foram
considerados como coisas e tendo sua caracterizaccedilatildeo posteriormente alterada para bens
semoventes pelo Coacutedigo Civil ldquoArt 82 Satildeo moacuteveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio
ou de remoccedilatildeo por forccedila alheia sem alteraccedilatildeo da substacircncia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-
socialrdquo (BRASIL 2002)
Sobre o tema a classificaccedilatildeo juriacutedica dos animais natildeo humanos dentro do campo
normativo brasileiro Heron Santana Gordilho (2006) trata em seu trabalho ao apresentar o
fundamento moral da correta compreensatildeo das caracteriacutesticas e correta classificaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos para se romper os paradigmas atuais da caracterizaccedilatildeo dos animais natildeo
humanos comeccedila com uma reformulaccedilatildeo da proacutepria consciecircncia humana por se tratar nada
mais do que um padratildeo de compreensatildeo exclusivamente humano ora que se eacute haacutebil de notar
aos animais natildeo humanos a presenccedila de caracteriacutesticas tanto fiacutesicas quanto mentais que muito
se assemelham as apresentadas pelos animais humanos como se pode observar no trecho
retirado de sua obra
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As ciecircncias empiacutericas tecircm descoberto habilidades linguiacutesticas nos grandes primatas
que acabaram por ter significativas implicaccedilotildees na teoria moral ao demonstrar que a
doutrina tradicional que vecirc a espeacutecie humana como seres ontologicamente distintos
dos animais eacute fundamentalmente falsa e inconsistente (GORDILHO 2006 p54)
Uma vez que segundo o Gordilho os animais natildeo humanos satildeo capazes de possuir
alguma razatildeo expondo que ldquoA diferenccedila especiacutefica do homem em relaccedilatildeo aos animais residiria
no fato de que apenas o homem tem conhecimento de si mesmo apenas ele eacute um ser pensante
pois sua realidade eacute idecircntica agrave sua idealidaderdquo (GORDILHO 2006 P 53) sem que para tanto
deixasse de constar que mesmo os animais humanos por muitas vezes vem a natildeo ter tal
capacidade diferenciadora (GORDILHO 2006)
Mesmo o artigo 82 natildeo tendo sofrido alteraccedilatildeo entre o Coacutedigo de Processo Civil de 2002
e o de 2015 o tratamento juriacutedico relativo aos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo vigente a
discussatildeo e hermenecircutica do supracitado artigo sofreu alteraccedilotildees em virtude de serem capazes
de sentir dor tornando-se assim como seres viventes o que nitidamente se difere de coisa como
apontado por Haydeeacute Fernanda Cardoso em 2007 ao questionar aquela que era a classificaccedilatildeo
dos animais natildeo humanos agrave sua eacutepoca
Natildeo se pode ver como coisa seres viventes pois tais elementos mostram a existecircncia
de vida natildeo apenas no plano moral e psiacutequico mas tambeacutem bioloacutegico mecacircnico como
podem alguns preferir e vice-versa
O conhecimento juriacutedico-dogmaacutetico hoje encontra-se ultrapassado natildeo apenas em
funccedilatildeo de animais considerados inteligentes mas sim em funccedilatildeo de seres sencientes
capazes de sentir cada um a seu modo e de individualizarem-se estabelecendo
relaccedilotildees sociais entre si ou com humanos constituindo-se velado e inadequado o
tratamento dispensado inclusive mostrando-se incompatiacutevel com os proacuteprios fins
deste Direito ldquoatualrdquo de eacutetica invertida [] (CARDOSO 2007 p 132)
Na mesma obra Cardoso ainda discute sobre a possibilidade dos animais natildeo humanos
de serem aptos a possuir personalidade juriacutedica algo que na contemporaneidade vem-se sendo
alvo de diversas discussotildees no paracircmetro das lides juriacutedicas em virtude da proteccedilatildeo conferida
aos animais humanos e sua comparaccedilatildeo para com os direitos concedidos aos animais natildeo
humanos assim como a proacutepria evoluccedilatildeo desta personalidade em relaccedilatildeo aos seres humanos
historicamente falando como podemos observar pelas palavras da Autora
Assim que em dados momentos sua compreensatildeo natildeo abrangeu seres humanos
considerados escravos ou mesmo crianccedilas embora se reconhecesse entes morais (as
corporaccedilotildees) que apesar do elemento humano que guardam recebiam proteccedilatildeo em
funccedilatildeo do direito patrimonial enquanto natildeo se reconhecia a homens individuais de
modo a garantir-lhes necessidades primitivas mantedoras da vida digna direitos
humanos fundamentais
Hoje conferimos proteccedilatildeo a todos os homens ainda que suas faculdades mentais natildeo
sejam plenas ainda que natildeo tenham capacidade racional ou mesmo consciecircncia ainda
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que seus atributos mentais estejam limitados agrave mera resposta a estiacutemulos baacutesicos como
a dor ou a fome mas ainda assim natildeo sendo capazes de expressar qualquer desejo
que seja mesmo simples desejo de comer natildeo sejam capazes de se comunicar ainda
que apenas por gestos sendo a comunicaccedilatildeo demanda expressatildeo volitiva e
ultrapassando o limite das palavras Conferimos tambeacutem proteccedilatildeo a homens que natildeo
sabem falar porque entendemos que tecircm outras maneiras de se expressar mesmo que
sejam limitados no atributo da fala E a todos esses protegemos natildeo como coisas mas
sim como pessoas porque satildeo semelhantes a noacutes []
Portanto natildeo eacute a capacidade racional e cognitiva ou mesmo a fala requisito de uma
personalidade juriacutedica ateacute porque os animais possuem as duas primeiras segundo
provado por outras ciecircncias possuindo inclusive consciecircncia (CARDOSO 2007 p
133)
Em 12 de fevereiro de 1998 foi promulgada a Lei nordm 9605 tratando sobre os crimes
contra o meio ambiente trazendo de forma direta o impedimento a vaacuterios embargos relativas
aos animais natildeo humanos assim como transcreve-se aqui no artigo 29 ldquoMatar perseguir caccedilar
apanhar utilizar espeacutecimes de fauna silvestre nativos ou em rota migratoacuteria sem a devida
permissatildeo licenccedila ou autorizaccedilatildeo da autoridade competente ou em desacordo com a
obtida[]rdquo nos artigos que se seguem continuam a se tratar das vedaccedilotildees tanto no que se fala
das proibiccedilotildees relativas agrave fauna brasileira quanto a fauna estrangeira sem deixar de tratar dos
animais natildeo humanos de longa pratica de domesticaccedilatildeo como catildees e gatos assim como no
artigo 32 sect1ordm onde transporta as penas quando o crime eacute praticado contra catildees e gatos Ainda
penaliza os que geram danos por meio de poluiccedilatildeo e com isso reflitam negativamente em
relaccedilatildeo aos animais natildeo humanos como descrito no ser artigo 54 (BRASIL 1998)
Ainda quando se trata de direitos dos animais como um todo natildeo se pode deixar de
constar a Lei nordm 11126 de 27 de junho de 2005 posteriormente alterada e devidamente
motivada a aplicabilidade pela Lei nordm 13146 de 2015 sobre o acesso de catildees-guias agrave locais
puacuteblicos como se lecirc em seu artigo 1ordm redigido
Eacute assegurado agrave pessoa com deficiecircncia visual acompanhada de catildeo-guia o direito de
ingressar e de permanecer com o animal em todos os meios de transporte e em
estabelecimentos abertos ao puacuteblico de uso puacuteblico e privados de sua coletivo desde
que observadas as condiccedilotildees impostas por esta Lei (BRASIL 2015a)
Onde outrora devido a um texto inespeciacutefico natildeo se fazia cumprir a Lei de forma correta
ao deixar lacunas em sua interpretaccedilatildeo vez que somente dissertava por permitir a entrada e
permanecircncia em transportes e locais puacuteblicos e privados de uso coletivo mas natildeo trazendo a
generalidade e especificidade de tais locais de maneira a por muitas vezes ter esse direito
negado obrigando que a Lei de 2015 revisasse e desse nova redaccedilatildeo aos artigos 1ordm e seu
paraacutegrafo 2ordm da Lei de 2005 (BRASIL 2015a)
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A luta pelos direitos dos animais natildeo satildeo apenas uma funccedilatildeo legislativa o que fica
demonstrado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) que em 2019 ofertou pela primeira vez uma
disciplina de direito dos animais para seus alunos regulares assim como a comunidade em geral
em conjunto com o Grupo de Estudos sobre os Direitos Animais e Interseccionalidades como
foi noticiado pela proacutepria instituiccedilatildeo em seu canal de notiacutecias em 29 de julho do mesmo ano em
mateacuteria de Carolina Pires(PIRES 2019)
O Brasil ainda tem muito o que evoluir no tocante dos direitos dos animais natildeo humanos
comeccedilando pela exploraccedilatildeo pela ciecircncia assim como Laerte Fernando Levai lembra ao citar
uma passagem de Maria Lacerda de Moura em sua obra Civilizaccedilatildeo ndash Tronco de Escravos
publicado em 1931 mas que de nada se difere da realidade atual
Natildeo compreendo a vivissecccedilatildeo a natildeo ser como um deliacuterio de perversidade inominaacutevel
nem chego a ver a vantagem da embriaguez cientiacutefica que potildee milhares de cobaias e
catildees e qualquer espeacutecie de animal agrave mercecirc dos cientistas [] vaidosos de fazer sofrer
os ldquomaacutertires da ciecircnciardquo em nome de um princiacutepio ou de uma descoberta ou de uma
pesquisa ou dos problemaacuteticos benefiacutecios daiacute resultantes para todo o gecircnero humano
[] O homem continuaraacute a descer sempre bem para baixo de todos os siacutemios na sua
maldade de criatura civilizada para estimular todas as virulecircncias desde as guerras
ateacute o prazer satacircnico de martirizar os animais em nome do humanitarismo ciacutenico A
crueldade nunca poderaacute ser um caminho para o aperfeiccediloamento humano A ciecircncia
natildeo se adquire com crueldade Se a fisiologia natildeo pode se adiantar sem infligir
horriacuteveis torturas aos animais indefesos eacute melhor que a fisiologia fique onde estaacute A
humanidade pode progredir sem a fisiologia poreacutem natildeo poderaacute progredir sem a
piedadeMoura (MOURA 1932 apud LEVAI 2012)
Vale constar que em Santa Catarina no dia 22 de dezembro de 2003 por meio da Lei
Estadual nordm 12854 ficou instituiacutedo o Coacutedigo Estadual de Proteccedilatildeo aos Animais pelo seu artigo
2ordm e seus incisos fica por vedar a agressatildeo causar sofrimento de qualquer espeacutecie a animais
sejam silvestres domeacutesticos ou que se possam domesticar nativos ou exoacuteticos afim de
garantir-lhes plenas condiccedilotildees de existecircncia assim como criar animais em locais inapropriados
como lixeiras ou enclausurados sem deixar de citar a expressa vedaccedilatildeo ao abandono de animais
domeacutesticos Ainda tratando sobre as atribuiccedilotildees da lei como da fauna exoacutetica normatizando
os animais natildeo humanos usados para traccedilatildeo veicular tambeacutem trazendo as regras estaduais para
transporte seguro dos animais natildeo humanos como seu abate sem esquecerdas diretrizes para
animais de laboratoacuterios experimentados nos centros de pesquisa ou instituiccedilotildees de educaccedilatildeo
que deveratildeo ser devidamente registrados e certificados para possibilitar a devida fiscalizaccedilatildeo
seja por meio de relatoacuterios como prevecirc o artigo 19 seja pela obrigaccedilatildeo de presenccedila de
profissionais habilitados sempre que forem ser realizados experimentos de vivissecccedilatildeo como
descrito no sect2ordm do artigo 20 (SANTA CATARINA 2003)
21
23 ANAacuteLISE SOBRE A LEI 2172019 DO MUNICIacutePIO DE CURITIBANOSSC
No acircmbito das legislaccedilotildees contemporacircneas brasileiras haacute uma lei promulgada em
2019 onde eacute observado um claro retrocesso no tangente deste tema Em Curitibanos Santa
Catarina no ano de 2019 foi proposta e posta em circulaccedilatildeo a Lei Complementar de nordm
2172019 sob o nome de ldquoInstitui o Coacutedigo de Proteccedilatildeo e Bem-estar animal no acircmbito do
municiacutepio de Curitibanos e daacute outras providecircnciasrdquo a qual traz uma proibiccedilatildeo taacutecita de cuidar
alimentar proporcionar fonte de aacutegua para animais que vivem nas ruas como se pode observar
na subseccedilatildeo II do catildeo comunitaacuterio
Art 11 Fica reconhecida a figura do catildeo comunitaacuterio sendo o animal sem proprietaacuterio
ou tutor identificado e que estabelece com a comunidade em que vive laccedilos de
dependecircncia e de manutenccedilatildeo embora natildeo possua responsaacutevel uacutenico e definido
Art 12 O acesso a aacutegua alimentaccedilatildeo cuidados com a sauacutede higiene e demais atos
necessaacuterios agrave preservaccedilatildeo do bem-estar dos catildees comunitaacuterios natildeo poderatildeo ser
realizados em vias de circulaccedilatildeo passeio praccedilas e demais ambientes puacuteblicos
(CURITIBANOS 2019)
Jaacute na parte de penalizaccedilotildees da mesma Lei em seu Capiacutetulo IV DAS INFRACcedilOtildeES
E PENALIDADES caracterizam que aquele que infringe tal proibiccedilatildeo ocorre em infraccedilatildeo de
natureza meacutedia onde tambeacutem consta maus-tratos ao animal tutelado como se observa em seu
artigo 34 inciso II e suas aliacuteneas
Art 34 Constitui infraccedilatildeo contra as normas de bem-estar dos animais domeacutesticos ou
domesticados a inobservacircncia de qualquer preceito desta lei ou da legislaccedilatildeo
complementar ficando o infrator sujeito agraves penalidades e medidas administrativas
previstas nos artigos 30 e 31 desta Lei Complementar conforme o caso aleacutem das
demais puniccedilotildees legalmente previstas
II - Constitui-se infraccedilatildeo de natureza meacutedia
a) A exposiccedilatildeo contiacutenua do animal ao sol chuva calor e frio e em caso de
confinamento enclausuraacute-los em espaccedilos uacutemidos sem ventilaccedilatildeo
b) Privar o animal de aacutegua limpa e potaacutevel e alimento adequado e em abundacircncia em
recipientes limpos
c) Exercitaacute-los de maneira excessiva e sem descanso adequado
d) Utilizar o animal em situaccedilotildees de enfrentamento fiacutesico entre animais da mesma
espeacutecie ou de espeacutecies diferentes em locais puacuteblicos ou privados
e) Disponibilizar alimentaccedilatildeo e aacutegua em vias de circulaccedilatildeo passeio praccedilas e demais
ambientes puacuteblicos (CURITIBANOS 2019)
De forma a demonstrar um claro regresso nas conquistas alcanccediladas em relaccedilatildeo aos
direitos dos animais natildeo humanos vez que reduz a capacidade de bem-estar animal de ser
repartida com a sociedade aumentando os encargos do estado para com os animais natildeo
22
humanos que se encontram em situaccedilatildeo de abandono e descaso vivendo sem as devidas
condiccedilotildees sanitaacuterias nutricionais de seguranccedila e bem-estar nas vias puacuteblicas sem que para
tanto apresente uma contrapartida do Municiacutepio para garantir que os cuidados vetados agrave
particulares sejam repassados aos entes puacuteblicos apenas reduzindo drasticamente as chances
de alcance de condiccedilotildees mais dignas a sua sobrevivecircncia miacutenima (CURITIBANOS 2019)
24 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 722020 DE PENHASC
A Cacircmara Municipal de Penha Santa Catarina aprovou do dia 17 de agosto de
2020 de forma unanime um projeto de lei que entre seus artigos traz uma passagem que traz
a proibiccedilatildeo para os cachorros de latir trazendo como penalidade aos seus tutores em caso de
descumprimento uma multa no valor de R$ 2300000 A dita lei trata da perturbaccedilatildeo do
sossego enquadrando os animais natildeo humanos em seu art 2ordm II d
Art2ordm Para os efeitos desta lei aplicam-se as seguintes definiccedilotildees
[] II ndash PERTURBACcedilAtildeO DO SOSSEGO
[] d) provocando ou natildeo procurando impedir barulho produzido por animal que tem
guarda(PENHA 2020)
Eacute notoacuterio constar o eminente risco de se cair em maus-tratos animais para a garantia
do cumprimento da citada lei seja pelo uso de equipamentos anti-latidos que causam dor ou
mauestar ao animal seja pelo corte das cordas vocais dos cachorros ou mesmo sob as puniccedilotildees
aos animais natildeo humanos aplicadas em caso de desobediecircncia agrave norma jaacute que os cachorros satildeo
seres independentes alheios do domiacutenio humano Assim como afirma a advogada Ana Selma
Moreira ldquoO que me deixa temerosa em relaccedilatildeo a essa proposta eacute que esse tipo de dispositivo
coloca os animais em risco de maus-tratos e violaccedilatildeo dos direitos fundamentaisrdquo demonstrando
a temeridade da jurista em relaccedilatildeo ao risco que a lei ocasiona (MOREIRA 2020)
25 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 552017 DE PROIBICcedilAtildeO DE USO DE ANIMAIS EM
TESTES DE COSMEacuteTICOS
No dia 9 de outubro de 2020 foi aprovado no Plenaacuterio da Assembleia Legislativa o
Projeto de Lei de autoria do deputado Joatildeo Amin que tem por objetivo proibir o uso de animais
natildeo humanos em testes par a produccedilatildeo de produtos de beleza de higiene pessoal perfumes e
23
cosmeacuteticos em Santa Catarina O proacuteximo passo para a implementaccedilatildeo do Projeto de Lei eacute o
encaminhamento para sanccedilatildeo do Governo do Estado de Santa Catarina sobre esta fase o autor
do Projeto de Lei escreveu ldquoEspero que o governo estadual sancione e regulamente este projeto
que eacute muito importante para proteccedilatildeo dos animais Nossa intenccedilatildeo eacute impedir o uso
indiscriminado de animais em testes situaccedilatildeo que pode ser evitada com uma seacuterie de
alternativasrdquo (FLORIANOacutePOLIS 2020) demonstrando assim a relevacircncia da sanccedilatildeo desta lei
para a garantia do bem-estar dos animais natildeo humanos
No presente Projeto de Lei natildeo soacute se apresenta a necessidade da vedaccedilatildeo do uso dos
animais natildeo humanos no que tange os testes para a produccedilatildeo de cosmeacuteticos perfumes e
assemelhados como tambeacutem descreve de forma qualitativa a caracterizaccedilatildeo destes bens de
consumo para a devida garantia de que a lei caso seja aprovada pelo Governo Estadual seja
devidamente cumprida dentro dos seus objetivos ao exemplo de dizer que tais bens satildeo
preparaccedilotildees constituiacutedas de substacircncias naturais ou sinteacuteticas de uso externo no corpo dos
animais humanos como pele mucosas cabelo unhas dentes dentre outros para com o
objetivo esteacutetico higiecircnico proteccedilatildeo ou ainda odorizaccedilatildeo corporal ressalvando como excluiacutedos
da proposta de lei os medicamentos por meio de emenda substitutiva apresentada pelo relator
Jair Miotto (FLORIANOacutePOLIS 2020)
Outra medida dentro do Projeto de Lei para a garantia do eficaz cumprimento deste eacute a
instituiccedilatildeo de penalidades ao estabelecimentos de pesquisa profissionais ou anaacutelogos que
descumprirem as diretrizes levantadas no presente Projeto de Lei com penalidades progressivas
para multas e demais sanccedilotildees para tanto a instituiccedilatildeo de multa miacutenima de R$ 500000 (cinco
mil reais) podendo chegar ateacute o valor de R$ 1000000 (dez mil reais) sem contar juros e
correccedilotildees monetaacuterias segundo os iacutendices oficiais regularmente estabelecidos estabelecendo
ainda que em caso de reincidecircncia a multa podendo ser dobrada natildeo impedindo se somar a
multa a suspensatildeo temporaacuteria ou definitiva do alvaraacute de funcionamento da instituiccedilatildeo
(FLORIANOacutePOLIS 2020)
Jaacute enquanto sobre as puniccedilotildees relativas aos profissionais que descumprirem a lei esta
se daraacute por multa no valor miacutenimo de R$ 100000 (mil reais) podendo chegar ateacute o valor de R$
500000 (cinco mil reais) sem contar juros e correccedilotildees monetaacuterias segundo os iacutendices oficiais
regularmente estabelecidos com multa dobrada para casos de reincidecircncia estabelecendo ainda
puniccedilotildees para pessoas fiacutesicas sem excluir aquelas que sejam detentoras de funccedilatildeo puacuteblica civil
ou militar incluindo ainda instituiccedilotildees ou estabelecimentos de ensino organizaccedilotildees sociais ou
ainda quaisquer outras pessoas juriacutedicas indiferente de serem com ou sem fins lucrativos
puacuteblicos ou privados que vierem a descumpri os termos da lei (FLORIANOacutePOLIS 2020)
24
26 JULGADOS SOBRE A GUARDA ANIMAL E PROJETOS LEIS
A 4ordf Turma do STJ definiu por maioria de votos no dia 19 de junho de 2018 ser possiacutevel
a regulamentaccedilatildeo judicial de visitas a animais natildeo humanos de estimaccedilatildeo apoacutes a separaccedilatildeo de
casais que viviam em uma uniatildeo estaacutevel onde o Ministro Relator Luis Felipo Salomatildeo apontou
como se observa na ementa do caso
RECURSO ESPECIAL DIREITO CIVIL DISSOLUCcedilAtildeO DE UNIAtildeO ESTAacuteVEL
ANIMAL DE ESTIMACcedilAtildeO AQUISICcedilAtildeO NA CONSTAcircNCIA DO
RELACIONAMENTO INTENSO AFETO DOS COMPANHEIROS PELO
ANIMAL DIREITO DE VISITAS POSSIBILIDADE A DEPENDER DO CASO
CONCRETO 1 Inicialmente deve ser afastada qualquer alegaccedilatildeo de que a discussatildeo
envolvendo a entidade familiar e o seu animal de estimaccedilatildeo eacute menor ou se trata de
mera futilidade a ocupar tempo desta Corte Ao contraacuterio eacute cada vez mais recorrente
no mundo da poacutes- modernidade e envolve questatildeo bastante delicada examinada tanto
pelo acircngulo da afetividade em relaccedilatildeo ao animal como tambeacutem pela necessidade de
sua preservaccedilatildeo como mandamento constitucional (art 225sect1 inciso VII ndash ldquoproteger
a fauna e a flora vedadas na forma da lei as praacuteticas que coloquem em risco sua
funccedilatildeo ecoloacutegica provoquem a extinccedilatildeo de espeacutecies ou submetam os animais a
crueldaderdquo) 2 O Coacutedigo Civil ao definir a natureza juriacutedica dos animais tificou-os
como coisas e por conseguinte objetos de propriedade natildeo lhes atribuindo a
qualidade de pessoas natildeo sendo dotados de personalidade juriacutedica nem podendo ser
considerados sujeitos de direitos Na forma da lei civil o soacute fato de o animal ser tido
como de estimaccedilatildeo recebendo afeto da entidade familiar natildeo pode vir a alterar a
substacircncia a ponto de converter a sua natureza juriacutedica 3 No entanto os animais de
companhia possuem valor subjetivo uacutenico e peculiar aflorando sentimentos bastante
iacutentimos em seus donos totalmente diversos de qualquer outro tipo de propriedade
privada Dessarte o regramento juriacutedico dos bens natildeo se vem demonstrando suficiente
para resolver de forma satisfatoacuteria a disputa familiar envolvendo os pets visto que
natildeo se trata de simples discussatildeo atinente agrave posse e agrave propriedade 4 Por sua vez a
guarda propriamente dita ndash inerente ao poder familiar ndash instituto por essecircncia de
direito de famiacutelia natildeo pode ser simples e fielmente subvertida para definir o direito
dos consortes por meio do enquadramento de seus animais de estimaccedilatildeo
notadamente porque eacute um muacutenus exercido no interesse tanto dos pais quanto do filho
Natildeo se traraacute de uma faculdade e sim de um direito em que se impotildee aos pais a
observacircncia dos deveres inerentes ao poder familiar 5 A ordem juriacutedica natildeo pode
simplesmente desprezar o relevo da relaccedilatildeo do homem com seu animal de estimaccedilatildeo
sobretudo nos tempos atuais Deve-se ter como norte o fato cultural e da poacutes-
modernidade de que haacute uma disputa dentro da entidade familiar em que prepondera
o afeto de ambos os cocircnjuges pelo animal Portanto a soluccedilatildeo deve perpassar pela
preservaccedilatildeo a garantia dos direitos agrave pessoa humana mas precisamente o acircmago de
sua dignidade 6 Os animais de companhia satildeo seres que inevitavelmente possuem
natureza especial e como ser senciente ndash dotados de sensibilidade sentindo as
mesmas dores e necessidades biopsicoloacutegicas dos animais racionais - tambeacutem devem
ter o seu bem-estar considerado 7 Assim na dissoluccedilatildeo da entidade familiar em que
haja algum conflito em relaccedilatildeo ao animal de estimaccedilatildeo independentemente da
qualificaccedilatildeo juriacutedica a ser adotada a resoluccedilatildeo deveraacute buscar atender sempre a
depender do caso em concreto aos fins sociais atentando para a proacutepria evoluccedilatildeo da
sociedade com a proteccedilatildeo do ser humano e do seu viacutenculo afetivo com o animal 8
Na hipoacutetese o Tribunal de origem reconheceu que a cadela fora adquirida na
constacircncia da uniatildeo estaacutevel e que estaria demonstrada a relaccedilatildeo de afeto entre o
recorrente e o animal de estimaccedilatildeo reconhecendo o seu direito de visitas ao animal
o que deve ser mantido 9 Recurso especial natildeo provido (BRASIL 2018a)
25
Mesmo ainda sendo definidos como coisas pelo Coacutedigo Civil como apontado pelo
mesmo relator foi apontado que os animais natildeo humanos satildeo objetos de relaccedilotildees juriacutedicas uma
vez ainda que como aponta a pesquisa do IBGE jaacute existem mais catildees e gatos nos lares
brasileiros do que crianccedilas desta forma demonstrando a relevacircncia do viacutenculo afetivo entre os
animais humanos e os animais natildeo humanos assegurando ainda a preservaccedilatildeo das garantias do
artigo 225 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (BRASIL 2018a)
A Juiacuteza de Direito Karen Francis Schubert Reimer da 3ordf Vara da Famiacutelia de Joinville
Santa Catarina tambeacutem discutiu a guarda de animais natildeo humanos discutindo a sua natureza
juriacutedica na sua decisatildeo No caso da lide apoacutes a separaccedilatildeo ficou decidido que cada uma das partes
ficaria com a guarda de um dos catildees que possuiacuteam na constacircncia do matrimocircnio ainda decidiu
a possibilidade de visitas entre as partes e os catildees e as partes sem sua guarda igualmente ao
relator do STJ o status de coisa dado pelo Coacutedigo Civil brasileiro aos animais natildeo humanos a
magistrada apontou ldquoNossa legislaccedilatildeo atual o Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002 estabelece que
o animal possui status juriacutedico de coisa Ou seja eacute um objeto de propriedade do homem e que
conteacutem expressatildeo econocircmicardquo usando esta colocaccedilatildeo para justificar sua decisatildeo onde
determina que seraacute o homem o responsaacutevel por todas as despesas de veterinaacuterio medicaccedilatildeo e
vacinas tanto para o cachorro em sua guarda quanto para o cachorro sob a guarda de sua ex-
esposa (SANTA CATARINA 2017)
Vale ressaltar que a magistrada apontou a necessidade de que os animais natildeo humanos
sejam enquadrados em uma categoria intermediaacuteria entre coisas e pessoas citando o Projeto de
Lei do Senado PLS 31515 que trata sobre a natureza juriacutedica dos animais natildeo humanos onde
dispotildees sobre a alteraccedilatildeo do artigo 82 do Coacutedigo Civil natildeo tratando mais os animais natildeo
humanos como coisas entatildeo trouxe a fala ldquoNatildeo se trata de equiparar os cachorros aos filhos
aos seres humanos O que se busca eacute reconhecer que nem sempre os animais devem receber
tratamento de coisa ou de objetordquo (SANTA CATARINA 2017)
Sobre o tema eacute vaacutelido constar que o Governo de Santa Catarina na data de 17 de janeiro
de 2018 por meio da Lei nordm 17485 veio a alterar a Lei nordm 12854 de 2003 que instituiu o Coacutedigo
Estadual de Proteccedilatildeo dos animais Com a presente lei veio a fim de se reconhecer catildees gatos e
cavalos como seres sencientes trazendo a incluir ao dito coacutedigo o artigo 34 ndash A ldquoPara os fins
desta Lei catildees gatos e cavalos ficam reconhecidos como seres sesncientes sujeitos de direito
que sentem dor e anguacutestia o que constitui o reconhecimento da sua especificidade e das suas
caracteriacutesticas face a outros seres vivosrdquo fazendo assim constar um grande diferencial
normativo de uma lei estadual perante a legislaccedilatildeo paacutetria ora que enquanto no que tange as leis
a niacutevel federal tal interpretaccedilatildeo somente se encontra no campo doutrinaacuterio jurisdicional e de
26
projeto de lei em niacutevel estadual em Santa Catarina os animais natildeo humanos jaacute satildeo
classificados desde 2018 como seres sencientes pela letra da lei (SANTA CATARINA 2018)
Ainda na mesma linha o Senado Nacional tramita no CCJ o Projeto de Lei PLS 54218
para regulamentar a guarda compartilhada de animais de estimaccedilatildeo quando em caso de
divoacutercios ou dissoluccedilotildees de Uniotildees Estaacuteveis determinando para tanto que o animal natildeo humano
que possa ser alvo de tal discussatildeo de guarda de acordo com seu artigo 1ordm aquele ldquocujo tempo
de vida tenha transcorrido majoritariamente na constacircncia do casamento ou da uniatildeo estaacutevelrdquo
(BRASIL 2018b) definindo ainda quais as condiccedilotildees para a guarda visitas ambiente
adequado para moradia do animal natildeo humano a quem incumbiraacute as despesas do animal natildeo
humano guardado assim como as consequecircncias relativas agrave risco de violecircncia ou maus-tratos
ao animal natildeo humanos sobre sua guarda ou em sua visita Apresenta-se para anaacutelise tal PL
com o texto
Estabelece o compartilhamento da custoacutedia de animal de estimaccedilatildeo de propriedade
em comum quando natildeo houver acordo na dissoluccedilatildeo do casamento ou da uniatildeo estaacutevel Altera o Coacutedigo de Processo Civil para determinar a aplicaccedilatildeo das normas
das accedilotildees de famiacutelia aos processos contenciosos de custoacutedia de animais de estimaccedilatildeo
(BRASIL 2018b)
Atualmente essa PLS encontra-se em aguardo de designaccedilatildeo e relator desde 25 de
marccedilo de 2019 Tal projeto de lei vem a demonstrar uma nova visatildeo sobre a interaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos e humanos e abrindo precedentes para uma nova classificaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos perante o Coacutedigo Civil (BRASIL 2018b)
Na mesma linha de discussatildeo da Magistrada se faz necessaacuterio constar a declaraccedilatildeo feita
por um grupo de juristas e especialistas em sauacutede e comportamento animal ingleses durante a
Conferecircncia de Francis Crick sediada na Universidade de Cambridge no dia 7 de julho de 2012
A ausecircncia de um neurocoacutertex natildeo parece impedir que um organismo experimente
estados afetivos Evidecircncias convergentes indicam que os animais natildeo humanos tecircm
os substratos neuroanatocircmicos neuroquiacutemicos e neurofisioloacutegicos de estado de
consciecircncia juntamente com a capacidade de exibir comportamentos intencionais
Consequentemente o pelo das evidecircncias indicam que os humanos natildeo satildeo os uacutenicos
a possuir os substratos neuroloacutegicos que geram a consciecircncia Animais natildeo humanos
incluindo todos os mamiacuteferos e as aves e muitas outras criaturas incluindo nestes os
polvos tambeacutem possuem esses substratos neuroloacutegicos (CAMBRIDGE 2012)
Em tal relato obteve-se as palavras de um grupo de especialistas tanto no campo
juriacutedico quanto nos campos de comportamento e medicina animal de forma a admitir que natildeo
seriam apenas os animais humanos capazes de serem dotados de consciecircncia demonstrando
27
estes serem capazes de pensar sentir e raciocinar natildeo sendo simplesmente coisas
(CAMBRIDGE 2012)
Tramita no Senado o Projeto de Lei nordm 631 de 2015 onde visa alterar a redaccedilatildeo do artigo
32 da Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 vem a vedar que sem motivos justificaacuteveis se
venha a causar dor lesatildeo ou sofrimento aos animais natildeo humanos desenvolver a
conscientizaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo para a guarda responsaacutevel dos animais natildeo humanos classificando
a integridade fiacutesica e mental assim como o bem-estar dos animais natildeo humanos como interesse
difuso devendo destacar o sect2ordm do artigo 4ordm da PL ldquoAos animais deve ser dispensada a dignidade
de tratamento reservada aos seres sencientesrdquo (BRASIL 2015b) demonstrando claramente sua
natureza de seres dotados de sensibilidade e natildeo de status de coisa assim como os sectsect 3ordm e 4ordm do
mesmo artigo
sect3ordm Os animais tecircm interesses individuais e coletivos distintos dos interesses
individuais e coletivos dos seres humanos devendo a autoridade no caso de colisatildeo
de interesses proceder a uma ponderaccedilatildeo que natildeo se confine a juiacutezos de utilidade ou
de funcionalizaccedilatildeo das interesses individuais e coletivos dos seres humanos
sect4ordm Na ausecircncia de disposiccedilotildees em contraacuterio os animais se beneficiam da proteccedilatildeo
juriacutedica conferida agraves coisas e agraves pessoas juriacutedicas (BRASIL 2015b)
Trazendo uma grande inovaccedilatildeo relativa aos direitos dos animais natildeo humanos onde
lhes proporciona a garantia da proteccedilatildeo juriacutedica dada agraves pessoas juriacutedicas Tal PL se apresenta
para anaacutelise com o texto
Institui o estatuto de proteccedilatildeo dos animais considerando-a como interesse difuso
estabelece o direito agrave proteccedilatildeo agrave vida e ao bem-estar a vedaccedilatildeo de praacuteticas e atividades
que se configurem como crueacuteis ou danosas da integridade fiacutesica e mental tipifica os
maus-tratos e dispotildees sobre infraccedilotildees e penalidades (BRASIL 2015b)
Este protejo de lei se encontra em aguardo de inclusatildeo na ordem do dia de requerimento
tendo como Relator o Senador Pliacutenio Valeacuterio (BRASIL 2015b)
Entende-se que embora os animais natildeo humanos faccedilam parte de forma direta e
entrelaccedilada com os animais humanos ainda se encontra como um grande problema perante a
nossa legislaccedilatildeo sendo seu sistema normativo uma novidade e de completo desconhecimento
de um grande percentual brasileiro ora visto como um direito extravagante que natildeo consideraria
uma expressatildeo da realidade suprimindo necessidades atuais em contraposto da relaccedilatildeo afetiva
por muitos julgada como transbordando os limites de humanidade (FIORILLO 2019)
Assim no presente capiacutetulo foi analisada a evoluccedilatildeo histoacuterica legislativa dos direitos
dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo brasileira ateacute a contemporaneidadedo estado
28
atual de seus direitos incluindo julgados projetos de lei suacutemulas sem deixar de constar ateacute
retrocessos legislativosdos direitos em questatildeoPela teacutecnica bibliograacutefica onde se buscouesta
anaacutelise da forma mais completatentandoenglobar omaacuteximo deinformaccedilotildees parase chegar agrave
mais ampla anaacutelise dos direitos dos animais natildeo humanos no Brasil
Desta forma foi possiacutevel se observar que o primeiro relato normativo brasileiros no
Municiacutepio de Satildeo Paulo trazendo vedaccedilotildees e regulamentaccedilotildees para os animais em labuta
passando pela inclusatildeo de normas dentro da constituiccedilatildeo federativa sumulassem deixar de citar
asleis infraconstitucionais
Para continuidade do presente trabalho no capitulo que se segue seraacute apresentada uma
anaacutelise realizada da mesma forma do presente capitulo poreacutem no tangente agrave evoluccedilatildeo histoacuterica
e legislaccedilatildeo atual dos direitos dos animais em Portugal
29
3 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA
Neste capiacutetulo tem-se como objetivo trazer de forma sucinta a evoluccedilatildeo histoacuterica no que
tange o direito dos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo de Portugal trazendo para isto as
proacuteprias leis assim como relatos bibliograacuteficos sobre o tema
31 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
O direito dos animais natildeo humanos em Portugal surgiu no dia 16 de setembro de 1886
com a promulgaccedilatildeo do Decreto Lei do Coacutedigo Penal Portuguecircs onde tratavam dos direitos dos
animais natildeo humanos entre os artigos 478 a 481 onde previam a penalizaccedilatildeo par aquele que
ferir matar envenenar abusar ou causar outros tipos de danos aos animais natildeo humanos
incluindo dentre eles a vedaccedilatildeo aos maus-tratos Contudo tipificavam os animais natildeo humanos
como animais de consumo (PORTUGAL 1886)
Somente quase 30 anos depois no datar de 12 de junho de 1919 foi assinado um Decreto
relativo a vedaccedilatildeo do uso excessivo de animais perante a labuta onde se determinavam limites
para o trabalho em que os animais natildeo humanos satildeo expostos impedindo desta forma a
exigecircncia exacerbada e abusiva perante suas capacidades individuais e coletivos (PORTUGAL
2001)
No iniacutecio do seacuteculo seguinte Portugal regulamentou para a aplicaccedilatildeo interna de forma
complementar as disposiccedilotildees da Convenccedilatildeo Europeia para a Proteccedilatildeo dos Animais de
Companhia aprovada pelo no dia 13 de abril no Decreto nordm 1393 de forma a definir quais os
dispositivos que se tornariam aplicaacuteveis no seu territoacuterio e excluindo no entanto todos aqueles
que tratem das espeacutecies da fauna selvagem exoacuteticas assim como seus descendentes quando
criados em cativeiro ainda ressaltando como natildeo aplicaacuteveis as normas que se dispusessem em
contradiccedilatildeo a legislaccedilatildeo infraconstitucional portuguesa (PORTUGAL 2001)
Esta legislaccedilatildeo veio a normatizar medidas ateacute entatildeo natildeo constantes na legislaccedilatildeo paacutetria
como ao exemplo do seu artigo 3ordm regulamentando os procedimentos e locais de alojamento no
que tange o exerciacutecio de reproduccedilatildeo para comercializaccedilatildeo de animais de companhia Traz ainda
inovaccedilotildees no que se fala de abandono onde natildeo se caracteriza mais o abandono somente como
largar em qualquer lugar mas tambeacutem pela negligecircncia como deixar de cuidar alimentar
cuidado com a higiene e devidas condiccedilotildees de sauacutede e proteccedilatildeo contra zoonoses ocasionando
30
para aquele que nesta categoria de abandono for classificado a remoccedilatildeo do animal Natildeo
deixando de constar a necessidade expressa de que em caso de amputaccedilotildees deva haver
certificaccedilatildeo veterinaacuteria comprovando a necessidade de tal procedimento garantindo que estas
sejam realizadas por razotildees claramente medica-veterinaacuteria ou de interesse particular do animal
natildeo humano ou ainda para impedir sua reproduccedilatildeo impedindo desta forma amputaccedilotildees
meramente esteacuteticas ou por interesse unicamente de seu detentor permitindo maiores direitos
a integridade fiacutesica dos animais natildeo humanos perante motivaccedilotildees supeacuterfluas Tratando ainda
de normas para hospedagem e centro de recolhimento de animais natildeo humanosem seus
Capiacutetulos IV V VI VIII e X (PORTUGAL 2001)
Em substituiccedilatildeo do Decreto Lei nordm 2762001 em 17 de dezembro o Decreto Lei nordm
3152003 veio para inovar em alguns sentidos os direitos dos animais natildeo humanos excluindo
as aplicaccedilotildees de dispositivos do Decreto nordm 1393 da Convenccedilatildeo Europeia para a proteccedilatildeo de
Animais de Companhia no tangente da detenccedilatildeo de animais potencialmente perigosos
vislumbrando a necessidade de regulamentar a mateacuteria por diplomas proacuteprios utilizando para
tal regulamentaccedilatildeo os posicionamentos de oacutergatildeos governamentais proacuteprios das Regiotildees
Autocircnomas e a Associaccedilatildeo Nacional dos municiacutepios Portugueses Trazendo colocaccedilotildees como
ldquoExcluem-se do acircmbito de aplicaccedilatildeo deste diploma as espeacutecies da fauna selvagem autoacutectone e
exoacutetica e os seus descendentes criados em cativeiro objeto de regulamentaccedilatildeo especiacutefica e os
touros de liderdquo (PORTUGAL 2003b) assim como redefinindo hospedagem sem fins
lucrativos e para fins meacutedicos-veterinaacuterios para animais de companhia onde destaca o Plano
Nacional de Luta e Vigilacircncia da Raiva Animal e outras Zoonoses que natildeo se faziam constar
no decreto anterior ainda atualizando as regras para licenccedilas de funcionamento de tais locais
assim como regulando dimensotildees miacutenimas para sua instalaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo de atividades sejam
para animais natildeo humanos de sangue quente como cachorros e gatos ou sangue frio como
lagartos e sapos(PORTUGAL 2003b)
Um grande marco para o direito dos animais natildeo humanos em Portugal ocorreu com a
publicaccedilatildeo no dia 17 de dezembro do Decreto-Lei nordm 3132003 onde foi criado o Sistema de
Identificaccedilatildeo de Caninos e Felinos (SICAFE) onde estabeleceu diretrizes para a identificaccedilatildeo
eletrocircnica de catildees e gatos que servem de animais de companhia criando desta forma uma base
de dados nacional para esta identificaccedilatildeo permitindo a identificaccedilatildeo dos animais natildeo humanos
que satildeo viacutetima de abandono ainda como medidas sanitaacuterias e zooteacutecnicas juriacutedicas e
humanitaacuterias ainda aumentando a responsabilidade dos centros de criaccedilatildeo para
comercializaccedilatildeo de catildees e gatos de companhia (PORTUGAL 2003a)
31
Seria a criaccedilatildeo de um documento uacutenico que comporta o boletim sanitaacuterio destes animais
natildeo humanos contendo natildeo soacute informaccedilotildees cruciais destes como sexo e raccedila mas ainda
detalhes sobre procedimentos que os mesmos foram expostos e accedilotildees de profilaxia das quais
foi sujeito sendo de delegaccedilatildeo do seu detentor garantir que tais informaccedilotildees estejam corretas e
atualizadas incluindo dentre elas a carteira de vacinaccedilatildeo antirraacutebica (PORTUGAL 2003a)
No datar de 25 de janeiro de 2005 pela Uniatildeo Europeia foi promulgado o Regulamento
nordm 12005 que faz relaccedilatildeo a proteccedilatildeo dos animais natildeo humanos durante o transporte e operaccedilotildees
fins de forma a minimizar a duraccedilatildeo da viagem e satisfazer as necessidades dos animais
garantindo tambeacutem que os animais natildeo humanos devem estar aptos para efetuar a viagem assim
como os meios de transporte tanto quanto os equipamentos de carregamento e descarregamento
devem ser construiacutedos mantidos e utilizados de maneira a evitar lesotildees violecircncia ou
sofrimentos garantindo o bem-estar e a seguranccedila dos animais natildeo humanos durante o
deslocamento sendo de responsabilidade das autoridades nacionais inspecionar e aprovar os
veiacuteculos alvo de transporte de animais natildeo humanos seja por via mariacutetima ou rodoviaacuteria
(PORTUGAL 2005)
Ainda eacute vaacutelido mencionar o Decreto-Lei nordm 742007 promulgado dia 27 de marccedilo de
2007 onde trata da consagraccedilatildeo do direito ldquode acesso das pessoas com deficiecircncia visual
acompanhadas de catildees-guia a locais transportes e estabelecimentos puacuteblicosrdquo (PORTUGAL
2007a) tal constataccedilatildeo se faz pela evoluccedilatildeo nas teacutecnicas e condicionamento de formas de
treinamento de tais animais assim como da proteccedilatildeo sanitaacuteria dos catildees fora que determina os
direitos e responsabilidades dos catildees em treinamento e em serviccedilo ainda definindo os regimes
credenciamento responsabilidades e proibiccedilotildees relativas agraves famiacutelias que se promovem a receber
os catildees que seratildeo treinados demonstrando uma clara preocupaccedilatildeo no conforto seguranccedila e
vida dentro dos padrotildees de garantias para os catildees que agrave essa atividade forem direcionados
(PORTUGAL 2007a)
No mesmo ano o Parlamento Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia emitiu o
Regulamento nordm 1523007 do dia 11 de dezembro veio a proibir a colocaccedilatildeo no mercado assim
como a importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo comunitaacuterias de peles de gato e de catildeo e de produtos que as
contenham uma vez que
Para os cidadatildeos da Uniatildeo Europeia os gatos e catildees satildeo animais de estimaccedilatildeo pelo
que natildeo eacute aceitaacutevel usar as suas peles nem produtos que as contenham Existem
indiacutecios da presenccedila da Comunidade de peles natildeo rotuladas de gato e de catildeo e de
produtos que as contecircm Consequentemente os consumidores estatildeo preocupados com
a possibilidade de poderem comprar peles de gato e de catildeo e produtos que as
contenham Em 18 de Dezembro de 2003 o Parlamento Europeu aprovou uma
32
declaraccedilatildeo em que exprime a sua inquietaccedilatildeo a respeito do comeacutercio dessas peles e
produtos e solicita que se lhe ponha termo a fim de reestabelecer a confianccedila dos
consumidores e dos comerciantes[] (PORTUGAL 2007a)
Desta forma aleacutem de garantir que dentro comeacutercio interno de produtos de pele de catildees
e gatos natildeo estejam presentes ainda garante o bem-estar dos animais natildeo humanos ora que ao
se tratar de comercio irregular e ilegal levanta a praacutetica de maus-tratos para a obtenccedilatildeo de tais
mateacuterias primas (PORTUGAL 2007a)
32 LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA CONTEMPORAcircNEA
Por meio da Lei nordm 3152009 publicada no dia 21 de agosto do mesmo ano foi
designado novos regramentos relativos aos animais natildeo humanos onde em seu artigo 1ordm trouxe
ldquoO presente decreto-lei aprova o regime juriacutedico da criaccedilatildeo reproduccedilatildeo e detenccedilatildeo de animais
perigosos e potencialmente perigosos enquanto animais de companhiardquo (PORTUGAL 2009b)
Aqui fica demonstrada a preocupaccedilatildeo da introduccedilatildeo de mais espeacutecies de animais natildeo humanos
no meio do conviacutevio em sociedade dos animais humanos sem que haja prejuiacutezo aos dizeres do
Decreto-Lei de 2009 este tenta regular animais natildeo humanos silvestres mas ressalva o direito
da manutenccedilatildeo da criaccedilatildeo e interaccedilatildeo de animais natildeo humanos e humanos enquanto nativos da
fauna selvagem indiacutegena respeitando desta maneira as peculiaridades de sua existecircncia Em
seu artigo 3ordm traz as classificaccedilotildees de animais natildeo humanos enquanto animal de companhia
animal perigoso animal potencialmente perigoso autoridade competente centro de recolha e
detentor fazendo este uacuteltimo o mais importante de se evidenciar
ltltDetentorgtgt qualquer pessoa singular maior de 16 anos sobre a qual recai o dever
de vigilacircncia de um animal perigoso ou potencialmente perigoso para efeitos de
criaccedilatildeo reproduccedilatildeo manutenccedilatildeo acomodaccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo com ou sem fins
comerciais ou que o tenha sob sua guarda mesmo que a tiacutetulo temporaacuterio
(PORTUGAL 2009b)
Trazendo uma nova concepccedilatildeo para aquele que possui um animal natildeo humano quando
se fala de perigosos e potencialmente perigosos evidenciando uma nova forma de considera-lo
enquanto ser sob guarda natildeo apresentando mais como uma posse mas sim como uma tutela
Vale ressaltar que o presente decreto natildeo se resume apenas a animais natildeo humanos considerados
de natureza selvagem ao denomina-los como animais perigosos e animais potencialmente
perigosos mas tambeacutem resguarda os direitos e deveres do detentor perante catildees que sejam
assim classificados perante o que classifica o artigo 3ordm em Capiacutetulo IV trata sobre as
33
obrigatoriedades para a constacircncia de manutenccedilatildeo de catildees assim classificados em seu conviacutevio
como a obrigaccedilatildeo de treinamento e suas exigecircncias (PORTUGAL 2007b)
Ainda o presente decreto traz as penalidades para formas de maus-tratos ateacute entatildeo natildeo
mencionados nas legislaccedilotildees anteriores como para aqueles que promoverem ou participarem
de lutas entre animais natildeo humanos natildeo excluindo da puniccedilatildeo a mera tentativa e ainda
trazendo penas para quaisquer formas de ofensas agrave integridade fiacutesica dos animais natildeo humanos
na categoria dolosa ou de negligecircncia Eacute imprescindiacutevel constar sobre uma inovaccedilatildeo de grande
importacircncia trazida pelo decreto em questatildeo onde em seu artigo 38 vislumbra puniccedilotildees ao que
tange o profissional veterinaacuterio ou aquele que praticar as atividades a esse profissional
destinadas sem que tenha a devida certificaccedilatildeo para ministrar tais atividades (PORTUGAL
2009b)
No mesmo ano o Parlamento Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia no dia 30 de
novembro fez surgir um marco nos direitos dos animais natildeo humanos com a publicaccedilatildeo do
Regulamento nordm 12232009 no Jornal Oficial da Uniatildeo Europeia onde se trata das
regulamentaccedilotildees relativas ao uso de animais natildeo humanos enquanto para uso de testes em
produtos cosmeacuteticos De maneira a gerar diretrizes do que se permite ou se veda no que tange
a proteccedilatildeo dos animais natildeo humanos utilizados para fins experimentais prevendo regras comuns
para todos os Estados Membros da Uniatildeo Europeia exigindo que os ensaios realizados em
animais natildeo humanos sejam substituiacutedos por meacutetodos alternativos sempre que possiacutevel Ainda
regulamenta prazos para que seja efetuada a proibiccedilatildeo da comercializaccedilatildeo de produtos
cosmeacuteticos cuja formulaccedilatildeo final possuam ingredientes que tenham sido ensaiados em animais
assim como uma data para a proibiccedilatildeo de que sejam continuados os ensaios sobre animais
sendo estas datas respectivamente 11 de marccedilo de 2009 e 11 de marccedilo de 2013 coordenando
ainda uma construccedilatildeo para o desenvolvimento de meacutetodos cientiacuteficos alternativos aos testes em
animais natildeo humanos (PORTUGAL 2010)
O Parlamento Europeu e o Conselho da Uniatildeo Europeia publicaram no Jornal Oficial
da Uniatildeo Europeia na paacutegina 33 no datar de 20 de outubro de 2010 a Diretiva 201063EU
relativa agrave proteccedilatildeo dos animais utilizados para fins cientiacuteficos de forma a normatizar as
teacutecnicas formas cuidados dentre outros que devem ser tomados para se garantir o bem-estar
dos animais natildeo humanos dirigidos aos fins cientiacuteficos Ao exemplo ao tratar dos meacutetodos
podemos observar no seu toacutepico 14
Os meacutetodos selecionados deveratildeo evitar tanto quanto possiacutevel que o limite criacutetico do
procedimento seja a morte do animal devido ao sofrimento grave sentido durante o
periacuteodo que precede a morte Sempre que possiacutevel a morte deveraacute ser substituiacuteda por
34
limites criacuteticos mais humanos recorrendo a sinais cliacutenicos que determinem a
iminecircncia da morte a fim de permitir que o animal seja occisado sem mais sofrimento
(PORTUGAL 2010)
Ainda se traz na supracitada Diretiva a clara vedaccedilatildeo a procedimentos que possam
ocasionar ameaccedila a biodiversidade como ao exemplo de se utilizar para estudos animais natildeo
humanos cuja espeacutecie corra risco de extinccedilatildeo ressalvado ao miacutenimo indispensaacutevel e
devidamente justificado ainda levanta a proximidade geneacutetica entre os animais natildeo humanos e
humanos assim como a capacidade social dos primatas natildeo humanos demonstrando a niacutetida
problemaacutetica de garantia do bem-estar das necessidades comportamentais ambientais e sociais
em um ambiente laboratorial (PORTUGAL 2010)
Mesmo apresentando uma evoluccedilatildeo sucinta no que tange o direito dos animais natildeo
humanos em Portugal ateacute entatildeo em 2017 o paiacutes promulgou uma lei que modificou de forma
significante esse tocante sendo a maior evoluccedilatildeo a alteraccedilatildeo dos animais do rol de coisas para
passar a serem considerados ldquoseres vivos dotados de sensibilidade e objeto de proteccedilatildeo juriacutedica
em virtude da sua naturezardquo (PORTUGAL 2017a) no Coacutedigo Civil portuguecircsdeve-se
evidenciar que este paiacutes tem relaccedilotildees de reciprocidade perante ao tratamento dos indiviacuteduos
humanos para com o Brasil pode-se ver uma evoluccedilatildeo significativamente relevante em razatildeo a
compreensatildeo e leis como fica claro quando observamos a lei aprovada de 1ordm de maio de 2017
lei nordm 82017 onde os animais natildeo humanos deixaram de serem coisas para a denominaccedilatildeo de
seres sencientes explicitado pela adiccedilatildeo do artigo 201ordm-B ldquoOs animais satildeo seres vivos dotados
de sensibilidade e objeto de proteccedilatildeo juriacutedica em virtude da sua naturezardquo (PORTUGAL
2017a) trazendo uma inovaccedilatildeo perante a classificaccedilatildeo dos animais natildeo humanos perante a
legislaccedilatildeo 201ordm-C ldquoProteccedilatildeo juriacutedica dos animais A proteccedilatildeo juriacutedica dos animais opera por
via das disposiccedilotildees do presente coacutedigo e da legislaccedilatildeo especialrdquo (PORTUGAL 2017)
demonstrando que natildeo se visa findar os deveres perante os direitos dos animais natildeo humanos
na presente lei 1793ordm-A ldquoAnimais de companhia Os animais de companhia satildeo confiados a
um ou ambos os cocircnjuges considerando nomeadamente os interesses de cada um dos cocircnjuges
e dos filhos do casal e o bem-estar do animalrdquo (PORTUGAL 2017) ao Coacutedigo Civil portuguecircs
leia-se o 1305ordm-A
Artigo 1305ordm-APropriedade de animais
1 - O proprietaacuterio de um animal deve assegurar o seu bem-estar e respeitar as
caracteriacutesticas de cada espeacutecie e observar no exerciacutecio dos seus direitos as
disposiccedilotildees especiais relativas agrave criaccedilatildeo reproduccedilatildeo detenccedilatildeo e proteccedilatildeo dos animais
e agrave salvaguarda de espeacutecies em risco sempre que exigiacuteveis
35
2 - Para efeitos do disposto no nuacutemero anterior o dever de assegurar o bem-estar
inclui nomeadamentea) A garantia de acesso a aacutegua e alimentaccedilatildeo de acordo com as
necessidades da espeacutecie em questatildeob) A garantia de acesso a cuidados meacutedico-
veterinaacuterios sempre que justificado incluindo as medidas profilaacuteticas de identificaccedilatildeo
e de vacinaccedilatildeo previstas na lei
3 - O direito de propriedade de um animal natildeo abrange a possibilidade de sem motivo
legiacutetimo infligir dor sofrimento ou quaisquer outros maus-tratos que resultem em
sofrimento injustificado abandono ou morte (PORTUGAL 2017a)
Na mesma lei satildeo tratados os deveres daquele que possui um animal natildeo humano que
pela lei portuguesa satildeo denominados como proprietaacuterios Em seu texto obriga o proprietaacuterio
sob pena de multa agrave prisatildeo assegurar o pleno bem-estar dos animais natildeo humanos natildeo somente
garantindo-lhe alimentaccedilatildeo adequada para a sobrevivecircncia mas tambeacutem sua seguranccedila
cuidados veterinaacuterios fora a garantia de que o animal natildeo humano sobre seus cuidados natildeo
sofra de forma alguma maus-tratos seja este realizado diretamente pelo proprietaacuterio ou
terceiros (PORTUGAL 2017a)
Ainda eacute de suma importacircncia fazer constar que a lei em questatildeo natildeo somente atinge os
animais natildeo humanos ditos como domeacutesticos mas todo aquele que se encontra de alguma forma
sob a tutela humana ao exemplo os animais utilizados na pecuaacuteria como se observa na leitura
de seu artigo primeiro
Artigo 1ordm
Objeto
A presente lei estabelece um estatuto juriacutedico dos animais reconhecendo a sua
natureza de seres vivos dotados de sensibilidade procedendo agrave alteraccedilatildeo do Coacutedigo
Civil aprovado pelo Decreto-Lei nordm 47344 de 25 de novembro de 1966 do Coacutedigo
de Processo Civil aprovado pela Lei nordm 412013 de 26 de junho e do Coacutedigo Penal
aprovado pelo Decreto-Lei nordm 40082 De 23 de setembro (PORTUGAL 2017a)
Na mesma linha o doutrinador portuguecircs Filipe Jorge Antunes Cabral (2015) defende
que sejam atribuiacutedos direitos subjetivos aos animais natildeo humanos alegando que natildeo haacute como
se restringir estes direitos aos animais humanos alegando que ldquonatildeo satildeo os interesses dos
indiviacuteduos que possuem um valor moral fundamental mas sim por serem indiviacuteduos capazes
de serem detentores de interessesrdquo (CABRAL 2015 p 117) aplicando desta forma a
capacidade de ter interesses e estes serem haacutebeis de discussatildeo perante o campo do direito mais
animais natildeo humanos
Outro fator a notar-se importacircncia enquanto satildeo observadas as alteraccedilotildees efetuadas por
meio desta lei eacute a alteraccedilatildeo clara e direta na forma de tratamento dos animais natildeo humanos
dentro do corpo do sistema normativo onde agora satildeo designados diretamente como animais
36
demonstrando nitidamente uma alteraccedilatildeo nos paradigmas de interpretaccedilatildeo de sua condiccedilatildeo
onde natildeo resta mais lacunas hermenecircuticas de sua diferenciaccedilatildeo para simplesmente coisas
como fica evidenciado nos textos dos artigos por ela alterados
Artigo 1318ordm
Suscetibilidade de ocupaccedilatildeo
Podem ser adquiridos por ocupaccedilatildeo os animais e as coisas moacuteveis que nunca tiveram
dono ou foram abandonados perdidos ou escondidos pelos seus proprietaacuterios salvas
as restriccedilotildees dos artigos seguintes (PORTUGAL 2017b)
Ainda neste sentido o artigo 1323 traz obrigaccedilotildees que superam a mera proibiccedilatildeo aos
maus-tratos mas fala tambeacutem de formas de vedaccedilatildeo a inobservacircncia de negaccedilatildeo a negligecircncia
demonstrando o ocircnus de devolver agrave quem pertence animal perdido cuja propriedade seja
conhecida e em caso de natildeo saber a quem pertence deve por meios convenientes buscar achar
e auxiliar ao animal ser achado sem esquecer de informar as autoridades sobre o achado assim
como se notar ser necessaacuterio o encaminhar a um veterinaacuterio bem como com seu auxiacutelio
tentar identificar formas de encontrar seu tutor e em caso de passado um ano sem que se possa
devolver o animal natildeo humano para seu legiacutetimo dono aquele que o achou pode fazer do
animal como seu (PORTUGAL 2017b)
Da mesma forma em caso de restituiccedilatildeo do animal natildeo humano ao seu proprietaacuterio faz
jus indenizaccedilatildeo aquele que o achou por todos as despesas levantadas por ele na manutenccedilatildeo da
devida sauacutede e sobrevivecircncia do animal durante o periacuteodo de sua guarda bem como natildeo haacute de
responder se sem dolo ou culpa ocorrer perda ou deterioraccedilatildeo do animal natildeo humano no
transcorrer de sua guarda contudo se aquele que achou o animal natildeo humano ao notar que seu
verdadeiro dono faz o animal de viacutetima de maus-tratos tem aquele que o achou o direito de
retecirc-lo para garantia da seguranccedila do mesmo (PORTUGAL 2017b)
Dois anos depois no dia 30 de janeiro foi instituiacutedo o Decreto Lei nordm 202019 transferiu
responsabilidades no campo de cuidado dos animais natildeo humanos para as autoridades locais e
entidades intermunicipais permitindo um controle mais especiacutefico das peculiaridades de cada
regiatildeo e dando autonomia ao poder local Ainda sanciona a realizaccedilatildeo de concursos e
exposiccedilotildees de animais natildeo humanos Da mesma forma implanta a permissatildeo para a detenccedilatildeo
de mais de trecircs catildees ou quatro gatos adultos em preacutedios urbanos (PORTUGAL 2019a)
No mesmo ano no dia 27 de junho foi publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica ordm 1212019 o
Decreto-Lei nordm 822019 onde estabelece as regras de identificaccedilatildeo dos animais de companhia
37
criando o Sistema de Informaccedilatildeo de Animais de Companhia o SIAC onde traz novas normas
de obrigaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e de registro dos animais natildeo humanos por meio de um
transponder uma espeacutecie de chip eletrocircnico que conteacutem vaacuterios dados sobre aquele indiviacuteduo
ou outro sistema autorizado para a espeacutecie de animal natildeo humano em questatildeo devendo o
cadastro ocorrer ateacute 120 dias apoacutes o nascimento do animal natildeo humano garantindoo
reconhecimento em caso de abandono estabelecendo uma ligaccedilatildeo entre o animal e quem tem
sua guarda assegurando a sauacutede e a seguranccedila de animais natildeo humanos e humanos gerando a
responsabilidade civil sanitaacuteria e de bem-estar animal onde a obrigatoriedade da identificaccedilatildeo
foi criada pelo Decreto-Lei n3132003 mas agora seguindo os paracircmetros determinados pelo
Parlamento Europeu e do Conselho alterando o instituto SICAFE pelo Sistema de Informaccedilotildees
de Animais de Companhia (SIAC) como definido pela aliacutenea a do seu artigo 1ordm Assegurando
a aplicabilidade dos Regulamentos nordm 5762013 e nordm 4292016 do Parlamento Europeu e do
Conselho instituiacutedo nos dias 12 de junho de 2013 e 9 de marccedilo de 2019 respectivamente
relativos agrave circulaccedilatildeo de animais de companhia pessoal e as zoonoses(PORTUGAL 2019b)
33 ANAacuteLISE LEI Nordm 9295
A Assembleia da Repuacuteblica portuguesa decretou no dia 12 de setembro de 1995 a Lei
nordm 9295 a Lei de Proteccedilatildeo aos animais vindo a proibir todo e qualquer tipo de violecircncia
injustificada contra animais tendo sido aprovada no datar de 21 de junho e promulgada no dia
24 de agosto do mesmo ano pelo entatildeo presidente da repuacuteblica portuguesa Maacuterio Soares
podendo se caracterizar neste qualquer tipo de sofrimento crueldade instantacircnea ou de forma
prolongada graves leotildees a um animal natildeo humano ou ateacute mesmo sua morte ainda consta a
necessidade na medida do possiacutevel de socorro agrave animais natildeo humanos que se encontrem feridos
doentes em perigo ou em quaisquer condiccedilotildees anaacutelogas a estas (PORTUGAL 1995)
Traduz ainda como crime perante esta lei todo aquele que exigir de um animal salvo
em momentos emergenciais esforccedilos abusivos ou ateacute mesmo atuaccedilotildees que os animais natildeo
humanos sejam parciais ou absolutamente incapazes de realizar ou ainda que sejam aleacutem de
suas possibilidades naturais Ainda consta a expressa vedaccedilatildeo a aquisiccedilatildeo de animal natildeo
humanos que se encontre em condiccedilotildees enfraquecidas adoentadas idoso ou outra conjuntura
anaacuteloga em que este animal tenha vivido de forma integral ou em grande maioria em ambiente
domeacutestico se findar tal aquisiccedilatildeo em intenccedilatildeo diversa a tratamento proteccedilatildeo ou cuidados
humanos ou ainda com intenccedilatildeo de morte imediata (PORTUGAL 1995)
38
Vem a reforccedilar o impedimento de qualquer maneira ao abandono intencional de
animais natildeo humanos que estavam sobre a proteccedilatildeo humana em ambiente domeacutestico ou ainda
em instalaccedilatildeo comercial ou industrial Caracterizando ainda o sofrimento como impedido
mesmo que para com fins didaacuteticos de treino exibiccedilatildeo filmagens publicidade ou qualquer
outra atividade a estas assemelhadas ressalvando experiecircncias cientiacuteficas de comprovada
necessidade (PORTUGAL 1995)
Vale ser citado o capiacutetulo II da presente lei onde se pode ler sobre o comeacutercio e
espetaacuteculos que faccedilam uso de animais natildeo humanos de forma a obrigar agrave todos que que pessoa
fiacutesica juriacutedica solitaacuteria ou coletiva se faccedila utilizar de animais natildeo humanos para fins de
espetaacuteculo comercial tenha preacutevia autorizaccedilatildeo das autoridades ou entes competentes sejam
essas a Direccedilatildeo Geral dos Espetaacuteculos ou ainda do municiacutepio onde respectivamente se pretende
exibir tal evento de entretenimento sem deixar de constar a relaccedilatildeo de comercializaccedilatildeo desta
categoria de animais natildeo humanos como vem escrito no corpo do texto do artigo 2ordm
Licenccedila municipal
Sem prejuiacutezo do disposto no capiacutetulo III quando aos animais de companhia qualquer
pessoa fiacutesica ou coletiva que explore o comeacutercio de animais que guarde animais
mediante uma remuneraccedilatildeo que os crie para fins comerciais que os alugue que sirva
de animais para fins de transporte que os exponha ou que os exiba com um fim
comercial soacute poderaacute fazecirc-lo mediante autorizaccedilatildeo municipal a qual soacute poderaacute ser
concedida desde que os serviccedilos municipais verifiquem que as condiccedilotildees previstas
na lei destinadas a assegurar o bem-estar e a sanidade dos animais seratildeo cumpridas
(PORTUGAL 1995)
Se faz ressaltar a completa e indiscutiacutevel proibiccedilatildeo a qualquer espeacutecie para o fim do
supracitado paraacutegrafo de animais natildeo humanos que se encontrem em condiccedilotildees flageladas
enferma ou mesmo com qualquer tipo de ferimento ainda vem a negar a entrada no territoacuterio
portuguecircs de qualquer tipo de animal natildeo humano vertebrado que se encontre na mesma
situaccedilatildeo de sauacutede antes citada (PORTUGAL 1995)
Assiste a presente lei ainda a regulamentaccedilatildeo perante o transporte de animais natildeo
humanos em transportes puacuteblicos ressalvado por motivo de periculosidade sauacutede ou higiene
devidamente justificaacuteveis devendo os animais natildeo humanos estarem sempre acompanhados
por seus proprietaacuterios ou responsaacuteveis autorizados assim como devidamente acondicionados
(PORTUGAL 1995)
39
34 ANAacuteLISE IMPLEMENTACcedilAtildeO LEI Nordm 392020
Na data de 23 de julho de 2020 foi aprovada pela Assembleia da Repuacuteblica a Lei nordm
392020 tendo sua publicaccedilatildeo no datar de 18 de agosto e entrando em vigor no dia 1 de outubro
do mesmo anoImplementando o regime sancionatoacuterio aplicaacutevel aos crimes contra os animais
de companhia alterando substancialmente o que trazia o Coacutedigo Penal e o Coacutedigo de Processo
Penal portugueses reforccedilando de maneira expressiva a proteccedilatildeo aos animais natildeo humanos no
acircmbito dos crimes praticados contra estes (PORTUGAL 2020a)
Em seu corpo traz um regime sancionatoacuterio aplicaacutevel aos crimes direcionados contra
os animais natildeo humanos de forma a alterar pela quinquageacutesima vez o Coacutedigo Penal portuguecircs
pela trigeacutesima seacutetima vez o Coacutedigo de Processo Penal e pela terceira vez a Lei nordm 9295 a lei
de proteccedilatildeo aos animais Desloca as penalidades e diretrizes sobre morte e maus-tratos inferidos
contra animais natildeo humanos como observamos pelo novo texto dado ao artigo 387 do Coacutedigo
Penal ldquo1 ndash Quem sem motivo legiacutetimo matar animal de companhia eacute punido com pena de
prisatildeo de 6 meses a 2 anos ou com pena de multa de 60 a 240 dias se pena mais grave lhe natildeo
couber por forccedila de outra disposiccedilatildeo legalrdquo aumentando substancialmente tanto as penas de
reclusatildeo quanto a de prestaccedilatildeo de serviccedilos para aquele que matar um animal natildeo humano
(PORTUGAL 2020a)
Pode ser lido ainda em seu artigo 3ordm o que pertence as alteraccedilotildees ao Coacutedigo de Processo
Penal se faz essencial constar a nova redaccedilatildeo dada aos artigos 171 e 172 deste coacutedigo
Artigo 171ordm
1 ndash Por meio de exames das pessoas dos lugares dos animais e das coisas
inspecionam-se os vestiacutegios que possa ter deixado o crime e todos os indiacutecios relativos
ao modo como e ao lugar onde foi praticado agraves pessoas que o cometeram ou sobre as
quais foi cometido
2 ndash []
3 ndashSe os vestiacutegios deixados pelo crime se encontrarem alterados ou tiverem
desaparecido descreve-se o estado em que se encontram as pessoas os lugares os
animais e as coisas em que possam ter existido procurando-se quando possiacutevel
reconstitui-los e descrevendo-se o modo o tempo e as causas da alteraccedilatildeo ou do
desaparecimento
Artigo 172ordm
1 ndash Se algueacutem pretender eximir-se ou obstar a qualquer exame devido ou a facultar
animal ou coisa que deva ser objeto de exame pode ser compelido por decisatildeo da
autoridade judiciaacuteria competente (PORTUGAL 2020a)
Sem deixar de citar sobre ocultaccedilatildeo de provas animais ou ainda qualquer outro tipo de
objeto ligado ao crime prevendo busca apreensatildeo e investigaccedilatildeo por meio da poliacutecia criminal
para que todas as provas que possam trazer a resoluccedilatildeo do fato iliacutecito suscetiacuteveis de serem
40
declarados perdidos a favor do Estado Ainda busca definir os paracircmetros para a restituiccedilatildeo de
animais coisas ou bens apreendidos em meio a um processo investigativo criminal
determinando que estas permaneceratildeo sobre tutela de um fiel depositaacuterio ateacute o transito em
jugado da sentenccedila em ateacute 60 dias se os proprietaacuterios natildeo o buscarem no prazo previsto seratildeo
considerados perdidos em favor do Estado podendo este dar a finalidade que melhor acharem
(PORTUGAL 2020a)
Eacute imperioso constar que a presente lei ao aditar agrave Lei nordm 9295 vem a tratar das medidas
cautelares perante a proteccedilatildeo nos casos de evidecircncia de sinais de praacuteticas de crimes de maus-
tratos para contra animais natildeo humanos levantando as forccedilas de seguranccedila aos oacutergatildeos de
poliacutecia criminal a Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria e aos municiacutepios desencadear
os meios para proceder com tais medidas como faz com a alteraccedilatildeo do artigo 1 ndash A da Lei nordm
9295 (PORTUGAL 2020a)
35 JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO HUMANOS EM PORTUGAL
Na data de 02 de outubro de 2019 comeccedilou uma disputa judicial pela guarda da cadela
da raccedila Pitbull nomeada de Kiara apoacutes o rompimento da relaccedilatildeo de 12 anos de seus
proprietaacuterios A lide se iniciou pelo fato de ambas as partes requerem a guarda total do animal
natildeo humano estando o julgamento sendo processado pelo Juiacutezo da Famiacutelia e Menores de Mafra
pela Juiacuteza de Direito Soacutenia Henriques Cristoacutevatildeo Dentre as alegaccedilotildees e provas estatildeo a caderneta
de vacina a licenccedila e o chip de identificaccedilatildeo estatildeo em nome da parte feminina enquanto a parte
masculina alega ter sido o comprador e o financiador das custas da cadela (BARRETO 2019)
Em primeira anaacutelise do caso a magistrada observou que a parte masculina
primeiramente buscava a guarda compartilhada ou ao mesmo poder ter contato com a cadela
poreacutem ao avanccedilar do julgamento passou a pedir a guarda total devido a posiccedilatildeo da parte
feminina de se negar qualquer tipo de negociaccedilatildeo a posiccedilatildeo de passar de tentativa de guarda
compartilhada para guarda unilateral foi reforccedilada pelo fato de a parte masculina permanecer
morando no local onde a cadela viveu seus primeiros dois anos de vida ateacute que decidiram pela
dissoluccedilatildeo do relacionamento (BARRETO 2019)
Para poder tomar uma decisatildeo a juiacuteza decidiu por consultar a veterinaacuteria que fazia os
cuidados do animal natildeo humano com a finalidade de examinar o comportamento dos animais
natildeo humano e humanos concluindo-se que no caso em questatildeo os proprietaacuterios em momento
algum estavam colocando os interesses e bem-estar da cadela como prioridade mas sim seus
interesses particulares Ainda como apontado pela advogada Soacutenia Henriques Cristoacutevatildeo
41
especialista em direito animal o bem-estar animal eacute o uacuteltimo criteacuterio a ser levado em
consideraccedilatildeo em lides anaacutelogas ldquoNo que toca aos menores o criteacuterio eacute sempre o melhor
interesse do mesmo mas neste caso a lei civil natildeo tem como orientador esse princiacutepio Esse
criteacuterio existe mas eacute o uacuteltimordquo (BARRETO 2019) demonstrando uma interpretaccedilatildeo direta do
que o Coacutedigo Civil portuguecircs explana em seu artigo 1793ordm-A onde afirma que em casos de
divoacutercio ldquoos animais de companhia satildeo confiados a um ou a ambos os cocircnjuges considerando
nomeadamente os interesses de cada um dos cocircnjuges e dos filhos do casal e tambeacutem o bem-
estar do animalrdquo (PORTUGAL 1966) de forma a trazer a importacircncia do bem-estar animal
natildeo humano ser considerado para a decisatildeo de guarda poreacutem soacute como uacuteltima condiccedilatildeo para a
decisatildeo (BARRETO 2019)
A magistrada ponderou o fato de em Portugal ainda natildeo eacute pacificado o tema nem pelo
legislativo nem pela fraca jurisprudecircncia neste sentido ora que nos divoacutercios a guarda dos
animais natildeo humanos nem entra em pauta sendo normalmente decidido este ponto entre as
partes sem ter para tanto que levar o caso a justiccedila nem colocando na ficha da partilha haver
animais de companhia de maneira ao caso estar ainda em pauta de julgamento (BARRETO
2019)
Jaacute no que tange os maus-tratos aos animais natildeo humanos em Portugal mesmo com a lei
portuguesa punindo desde outubro de 2014 os maus-tratos contra animais natildeo humanos com
pena de ateacute um ano de prisatildeo somente 5 (cinco porcento) das denuacutencias acabam por chegar
a julgamento onde os outros 95 (noventa e cinco porcento) acaba por findar somente em
multa resultando que nas quase cinco mil denuacutencias registradas em virtude de maus-tratos agrave
animais natildeo humanos menos de duzentos de cinquenta destes findaram em julgamento como
descreve o Jornal de Notiacutecias o Observador de Portugal em sua mateacuteria de 24 de maio de 2020
(GOMES 2020)
Pelos dados coletados pelas pesquisas jurisdicionais realizadas por Gomes (2020) entre
2015 e 2018 a pena de prisatildeo soacute foi levantada como sanccedilatildeo aplicaacutevel pelos tribunais
portugueses no patamar da primeira instacircncia mas que sempre acabavam por ter a pena
convertida em multa ao serem recorridos os julgamentos tendo ainda tido um montante de seis
penas suspensas pelo proacuteprio magistrado da primeira instacircncia apoacutes reanaacutelise Ocorrendo neste
periacuteodo 241 processos crime entre abandono a maus-tratos tendo sido 169 casos diretamente
ligados aos maus-tratos tendo como reacuteus 277 animais humanos ressaltando ainda o fato de que
o nuacutemero de denuacutencias nunca representa a realidade faacutetica do cometimento dos crimes contra
os animais natildeo humanos mas sim somente uma pequena parcela da verdade (PORTUGAL
2020b)
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Contudo o Jornal Correio da Manhatilde aponta uma nova posiccedilatildeo dos magistrados no
tocante de levar a justiccedila agravequeles que descumprem as leis contra os maus-tratos proferidos a
animais natildeo humanos como se observa ao iniacutecio de julgamento do caso de maus-tratos contra
uma cadela que desde 2016 sabe-se que eacute viacutetima de negligecircncia trancada em um ambiente
inapropriado ao seu porte sem acesso digno agrave aacutegua e alimentaccedilatildeo devidas a sua mantenccedila
bioloacutegica sendo mantida enclausurada em uma pequena e suja varanda apresentando magreza
extrema Sendo um dos primeiros casos de maus-tratos a chegar a justiccedila do Tribunal de Faro
por meio de denuacutencia de uma associaccedilatildeo de defesa dos animais tendo recebido grande reflexo
nas redes sociais (GRIFF 2018)
Tendo sido o caso encaminhado ao Ministeacuterio Puacuteblico de Faro local do fato ter vindo a
ocorrer este decidiu por dar prosseguimento agrave denuacutencia levantando a importacircncia deste ser
levado a julgamento em funccedilatildeo da importacircncia e relevacircncia do mesmo trazendo como
argumento a Lei que criminaliza os maus-tratos de 1 de outubro de 2014 ldquoquem sem motivo
legiacutetimo infligir dor sofrimento ou quaisquer outros tipos de maus-tratos fiacutesicos a um animal
de companhia eacute punido com pena de prisatildeo ateacute um ano ou com pena de multa ateacute 120 diasrdquo
aumentando para dois anos a puniccedilatildeo se ldquoresultar a morte do animal ou a privaccedilatildeo de um oacutergatildeordquo
(GRIFF 2015) de maneira a trazer a necessidade de se colocar a presente violaccedilatildeo em
julgamento como medida exemplar com o objetivo de desmotivar novos casos semelhantes
(GRIFF 2018)
Na data determinada para a primeira sessatildeo de julgamento os proprietaacuterios devidamente
citados natildeo compareceram tendo sido presenciada de um membro da Projeto de Apoio a
Viacutetimas Indefesas Nuacutecleo de Aveiro (PRAVI) e de um agente da Poliacutecia de Seguranccedila Puacuteblica
(PSP) de forma a sofrer a necessidade de remarcaccedilatildeo da sessatildeo de julgamento em funccedilatildeo das
leis civis de Portugal mas ainda natildeo haacute sentenccedila julgada sobre o caso (GRIFF 2018)
Portugal vem enfrentando seacuterios problemas sanitaacuterios devido ao que descrevem como
Siacutendrome de Noeacute que se determina por uma espeacutecie de transtorno de acumulaccedilatildeo onde o
animal humano tem dificuldade de desfazer-se de animais acabando por os acumular de forma
desorganizada afetando tanto a sociedade quanto os animais natildeo humanos envolvidos nesta
condiccedilatildeo Aos animais natildeo humanos viacutetimas dessa siacutendrome acabam por natildeo receberem os
cuidados necessaacuterios que acaba por acarretar diretamente nos maus-tratos podendo originar
doenccedilas que podem ainda se desenvolver em zoonoses (MACHADO 2020)
Sobre o caso a Assembleia da Repuacuteblica no dia 25 de janeiro de 2018 publicou a
Resoluccedilatildeo da Assembleia da Repuacuteblica nordm 202018 onde recomenda que seja criado um grupo
de trabalho constituiacutedo por profissionais da sauacutede e comportamento animal assistentes sociais
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psiquiatras e psicoacutelogos com o objetivo de prevenir e combater casos da Siacutendrome de Noeacute
uma vez que aleacutem de ocasionar risco a sociedade na maior parte das vezes foram observados
que os animais natildeo humanos expostos a esta siacutendrome tentem a serem viacutetimas de maus-tratos
como o ocorrido no mecircs de maio em Canccedilas onde uma proprietaacuteria possuiacutea 35 animais em
um ambiente que natildeo apresentava as miacutenimas condiccedilotildees de bem-estar animal ou dignidade
Desta forma depois de julgado a maior parte dos animais natildeo humanos que laacute residiam foram
recolhidos de forma a apenas permanecerem no local sete animais natildeo humanos com a antiga
proprietaacuteria uma vez observado grande afeto entre a proprietaacuteria e estes (MACHADO 2020)
No presente caso foi levantado que ldquoo bem-estar animal deve ser compreendido
segundo o alojamento manutenccedilatildeo e acomodaccedilatildeo dos animais referido ainda que nenhum
animal deve ser detido se estas condiccedilotildees de bem-estar natildeo se encontrem verificadasrdquo neste
ditame aquele que acaba por acumular animais de companhia podem ocorrer em se enquadrar
em crime de maus-tratos como previsto pelo artigo 387 do Coacutedigo Penal portuguecircs onde prevecirc
a sanccedilatildeo de prisatildeo de ateacute um ano ou com pena de multa ade ateacute 120 dias quando aquele que
for o detentor ocasionar dor infligir sofrimento ou ainda qualquer outra agressatildeo fiacutesica a
animais natildeo humanos natildeo impedindo ainda que sejam somadas penalidades do artigo 388 do
mesmo coacutedigo onde prevecirc ldquoa privaccedilatildeo do direito de detenccedilatildeo de animais de companhia pelo
periacuteodo maacuteximo de 5 anosrdquo de forma a tentar prevenir de forma consubstanciada a seguranccedila
da sociedade junto com a mantenccedila do bem-estar dos animais natildeo humanos (MACHADO
2020)
Assim no presente capiacutetulo foi analisada a evoluccedilatildeo histoacuterica legislativa dos direitos
dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo portuguesa ateacute a contemporaneidade do estado
atual de seus direitos e incluindo julgados Pelo meacutetodo explanatoacuterio bibliograacutefico onde se
buscou esta anaacutelise da forma mais completa tentando englobar o maacuteximo de informaccedilotildees para
se chegar agrave mais completa anaacutelise dos direitos dos animais natildeo humanos em Portugal
Desta forma foi possiacutevel se observar que o primeiro relato normativo portuguecircsocorreu
no ano de 1886 com o Coacutedigo Penal portuguecircs trazendo vedaccedilotildeesaos maus-tratos de qualquer
espeacutecie aos animais natildeo humanos ainda que no passar dos anos passando pela inclusatildeo de
normas dentro doscoacutedigos legais sem deixar de citar as leis infraconstitucionais
Para continuidade do presente trabalho no capiacutetulo que se segue seraacute apresentada uma
anaacutelise comparativa entre a evoluccedilatildeohistoacuterica do direito dos animais natildeo humanos entre
aslegislaccedilotildees brasileira e portuguesaassim como uma anaacutelise comparativa doestado normativo
dos direitos dos animais natildeo humanos apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 entre os
doispaiacuteses em anaacutelise
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4 COMPARACcedilAtildeO DAS LEGISLACcedilOtildeES BRASILEIRA E PORTUGUESA
O presente capiacutetulo aborda uma comparaccedilatildeo relativa as leis passadas e presentes em
Brasil e Portugal uma vez que entre os paiacuteses haacute uma relaccedilatildeo de reciprocidade devido ao
Decreto Legislativo nordm 82 de 24 de novembro de 1971 nomeada de Convenccedilatildeo sobre igualdade
de Direitos e Deveres entre brasileiros e portugueses ratificada em Brasiacutelia na data de 7 de
setembro de 1971 e em Lisboa na data de 22 de marccedilo de 1971 entrando em vigor no dia 22
de abril de 1972 onde os Governos do Brasil e Portugal visando a continuidade do reciacuteproco
respeito aos valores histoacuterico morais culturais e eacutetnicos que outrora uniram os povos e que os
manteacutem como irmatildeos com o intuito de promover um aperfeiccediloamento e estreitamento nas
relaccedilotildees harmonicamente da comunidade Luso-Brasileira convencionou a efetivaccedilatildeo do
princiacutepio da igualdade de tratamento entre cidadatildeos brasileiros expresso na constituiccedilatildeo
brasileira agrave eacutepoca em seu artigo 199 e na entatildeo constituiccedilatildeo portuguesa em seu artigo 7ordm
paraacutegrafo 3ordm (BRASIL 1972)
Desta maneira com a instituiccedilatildeo de um estatuto de caraacuteter especial com a iniciativa de
refletir os viacutenculos existentes entre brasileiros e portugueses assim como com o intuito de
servir de embasamento e inspiraccedilatildeo para as geraccedilotildees e legislaccedilotildees que se seguissem houve este
compromisso solene fraternal e indestrutiacutevel de amizade Enfatiza-se em tal Convenccedilatildeo o seu
artigo 1ordm ldquoOs portugueses no Brasil e os brasileiros em Portugal gozaratildeo de igualdade de direitos
e deveres com os respectivos nacionaisrdquo de forma a demonstrar uma reciprocidade no
tratamento de nascidos no paiacutes irmatildeo em seu territoacuterio mas ainda resguardando os direitos e
deveres inerentes ao seu paiacutes natural como exposto em seu artigo 3ordm ldquoOs portugueses e
brasileiros abrangidos pelo estatuto de igualdade continuaratildeo no exerciacutecio de todos os direitos
e deveres inerentes agraves respectivas nacionalidadesrdquo (BRASIL 1972)
Assim como para o presente trabalho eacute vaacutelido se fazer citar o artigo 16 da dita
Convenccedilatildeo ldquoOs Governos do Brasil e de Portugal consultar-se-atildeo periodicamente a fim de
examinar e adotar as providecircncias necessaacuterias para melhor e uniforme interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo
da presente Convenccedilatildeo bem como para estabelecer as modificaccedilotildees que julguem
convenientesrdquo assim a presente convenccedilatildeo veio a tratar que no presente e futuro os dois paiacuteses
se reuniriam para discutir sobre leis que versem sobre esta reciprocidade desta forma o capiacutetulo
que se apresenta vem a comprar as legislaccedilotildees no tangente dos direitos dos animais natildeo
humanos pelas leis brasileiras e portuguesas (BRASIL 1972)
No tocante dos direitos dos animais natildeo humanos Charles Darwin (1996) jaacute relatava
sobre a capacidade de sentir de ter consciecircncia de se reunir em grupos em sociedades de ter
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empatia assim como quando comparada aos animais humanos ldquonatildeo existe uma diferenccedila
fundamental entre os humanos e os mamiacuteferos de niacutevel superior nas suas faculdades mentaisrdquo
(DARWIN 1996 P287)Este pensamento de Darwin eacute reforccedilado nesta outra passagem
Existem muitas espeacutecies de animais sociais em que os seus membros se associam em
grupos sentem compaixatildeo uns pelos outros manifestando qualidades que os revelam
de uma consciecircncia moral incipiente para quando em comparaccedilatildeo com a humana
sendo fieacuteis ao grupo demonstrando capacidade de entender as necessidades de
membros do grupo que apresentem carecircncias de tratamentos especiais ao exemplo de
fornecer alimentos e bebidas aos indiviacuteduos do grupo que satildeo cegos (DARWIN 1996
p 290traduccedilatildeo nossa)
Observa-se que jaacute haacute muito antes de se discutir os animais natildeo humanos como dignos
ou natildeo de direitos relativos a personalidade juriacutedica jaacute fora levantada sua capacidade de ser
equiparados aos animais humanos ora que apresentam capacidades de sentir sofrer entender
o outro ajudar num niacutevel de compreensatildeo e sensibilidade ateacute hoje juridicamente apenas
arguido aos seres humanos (DARWIN 1996)
41 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO HISTOacuteRICO
Se demonstra eficaz comeccedilar o presente toacutepico lembrando que a primeira nota
legislativa no Brasil relativa ao direito dos animais natildeo humanos natildeo ter se desenvolvido no
acircmbito nacional mas sim Municipal com o Coacutedigo de Posturas do Municiacutepio de Satildeo Paulo
(1886) em 6 de outubroonde por mais que fosse a primeira vedaccedilatildeo expressa as praacuteticas de
crueldade contra os animais natildeo humanos esta se limitava agravequeles que faziam uso de animais
natildeo humanos para o fim traccedilatildeo de carroccedilas e que somente no ano de 1934 sendo assim um
lapso de 48 anos ateacute que no dia 10 de julho viesse a existir um Decreto nacional o de nordm
24645 que promulgou a vedaccedilatildeo aos maus-tratos proferidos contra animais natildeo humanos em
local puacuteblico ou privado assim como trazendo a tutela do Estado para com estes assim como
estipulando puniccedilatildeo pecuniaacuteria e de enclausuramento para aquele que violasse o dito decreto
(BRASIL 1934)
Na supracitada legislaccedilatildeo federal ainda se trazia a representaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
como uma possibilidade nas accedilotildees que versassem sobre os maus-tratos relativos agrave animais natildeo
humanos No sistema normativo gerado por este decreto foram transcritas ainda diretrizes para
o uso animal natildeo humano para quando utilizados para auxiliar ou gerar trabalho de interesse
dos animais humanos como ao exemplo daqueles que fossem objeto de traccedilatildeo veicular Ainda
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eacute imperioso constar que neste ano houve a primeira menccedilatildeo em relaccedilatildeo a negativa de abandono
de animais natildeo humanos (BRASIL 1934)
No mesmo ano em que o Brasil recebia sua primeira norma legislativa em acircmbito
Municipal para a garantia dos direitos dos animais natildeo humanos em Portugal no dia 16 de
setembro o Decreto Lei de seu Coacutedigo Penal jaacute trazia direitos para os animais natildeo humanos
no qual jaacute foram previstas penalidades para aqueles que ferissem matassem envenenasse
abusassem ou viessem a causar quaisquer outros tipos de danos aos animais natildeo humanos assim
como jaacute traziam a vedaccedilatildeo aos maus-tratos desde sua primeira menccedilatildeo normativa Desta forma
demonstram um claro avanccedilo no campo legislativo em relaccedilatildeo aos direitos dos animais natildeo
humanos perante as leis brasileiras (PORGUTAL 1886) Posicionamento semelhante no Brasil
soacute se fez demonstrar presente no campo normativo deacutecadas depois com o Projeto de Lei nordm 631
de 2015 onde no Senado brasileiro se passou a discutir em julgados o impedimento de causar
dor a animais natildeo humanos se o motivo natildeo for plenamente justificaacutevel discutindo tambeacutem
sobre o que tange a guarda destes tratando pela primeira vez a nomenclatura direta para os
animais natildeo humanos como seres sencientes (BRASIL 2015b)
Ainda antes mesmo do Brasil ter desenvolvido qualquer lei no acircmbito nacional sobre os
direitos dos animais natildeo humanos Portugal (2001) jaacute inovava com suas leis no dia 12 de junho
onde foi assinado mais um Decreto Lei este trazendo uma nova vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos deveres
dos animais humanos em relaccedilatildeo aos animais natildeo humanos desta vez impedindo a carga
excessiva de trabalho aos quais estes satildeo expostos determinando tempo capacidade dentre
outros regramentos de maneira a proporcionar para os animais natildeo humanos utilizados para o
serviccedilo condiccedilotildees miacutenimas de subsistecircncia visando diminuir seu sofrimento e trazendo-lhes
maior dignidade (PORTUGAL 2001)
Voltando a tratar da legislaccedilatildeo do Brasil (1941) houve um lapso temporal de 7 anos
entre a ultima ediccedilatildeo de norma legal em relaccedilatildeo aacute proacutepria lei e 22 anos se contadas as leis
portuguesas No dia 03 de outubro o Brasil promulgou por meio do Decreto Lei nordm 3688 a Lei
das Contravenccedilotildees Penais onde trouxe entre seus artigos penalidades para aqueles que
submetessem agrave trabalho excessivo ou cruel a animais natildeo humanos oferecendo como
penalidades a prisatildeo simples e ou a multa ainda qualifica como criminosa a praacutetica de
experiecircncias crueacuteis ou que gerem dor aos animais natildeo humanos vivos mesmo que este seja
realizado com intuito didaacutetico ou cientiacutefico trazendo assim pela primeira vez no ordenamento
brasileiro vedaccedilotildees no campo cientiacutefico e de entretenimento de animais humanos (BRASIL
1941)
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Ainda no tocante das leis brasileiras passaram-se vinte e seis anos ateacute que no dia 03 de
janeiro de 1967 foi promulgada a Lei Federal nordm 5197 o chamado Coacutedigo da Caccedila impedindo
que a fauna silvestre fosse de qualquer forma alvo de caccedila predatoacuteria ou caccedila para criaccedilatildeo em
cativeiro assim vedando ainda sua destruiccedilatildeo ou de seu habitat de forma a trazer garantias ateacute
entatildeo natildeo observadas nem na legislaccedilatildeo brasileira nem portuguesa da diversidade
continuidade e sobrevivecircncia de animais provindos da fauna nativa paacutetria (BRASIL 1967)
Contudo os legisladores agrave eacutepoca evidenciaram que haviam condiccedilotildees especiais onde as
peculiaridades regionais abriam uma brecha para a permissatildeo da caccedila destas espeacutecies
entretanto mesmo permitindo com ressalvas a caccedila nestas zonas especiais a comercializaccedilatildeo
destes animais natildeo humanos permaneceria terminantemente proibida assim como produtos
feitos com eles ou mesmo seus filhotes Para garantir o correto cumprimento deste coacutedigo
foram estipuladas sanccedilotildees para os que natildeo as observassem Como principal marco desta lei
demonstra-se o primeiro relato de inafianccedilabilidade para aquele que cometer crime contra
animais natildeo humanos (BRASIL 1967)
Doze anos depois ainda no Brasil (1979) se continuava a desenvolver leis para a
proteccedilatildeo dos direitos dos animais natildeo humanos de forma a demonstrar que estaacutevamos em um
periacuteodo de grande evoluccedilatildeo legislativa garantista aos direitos dos animais natildeo humanos por
meio da Lei nordm 6638 se tratariam novamente os regramentos do tema em relaccedilatildeo ao uso
cientiacutefico destes falando dos laboratoacuterios testes cliacutenicos uso para testes de medicamentos
dissertando ainda sobre a eutanaacutesia dos animais natildeo humanos Passaram-se trecircs anos ateacute a
criaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente no dia 31 de agosto de 1979 protegendo a
fauna brasileira e seu habitat de forma especiacutefica e direta tratando pela primeira vez daqueles
que causem poluiccedilatildeo (BRASIL 1981)
42 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO CONTEMPORAcircNEO
O criteacuterio de comparaccedilatildeo contemporacircnea tomou por base a Constituiccedilatildeo Federal
brasileira de 1988 momento em que houve pela primeira vez a inclusatildeo dos direitos dos animais
natildeo humanos dentro do sistema constitucional brasileiro no qual o artigo 225 se veio a condenar
todo aquele que viesse a proferir gestos de crueldade para contra os animais natildeo humanos
poreacutem ainda ressalvando a possibilidade de natildeo se considerar como cruel as praacuteticas
desportivas os movimentos culturais que se encontram registradas como parte integrante do
patrimocircnio cultural brasileiro (BRASIL 1988)
48
Ainda no corpo do texto constitucional foi normatizada a garantia ao ambiente
equilibrado a qualidade de vida por meio de controle social e puacuteblico para a manutenccedilatildeo da
diversidade do patrimocircnio geneacutetico nacional da fauna e flora na tentativa de barrar a evoluccedilatildeo
numeacuterica do quadro de seres vivos na lista de animais em extinccedilatildeo ou extintos de forma a
apresentar um diferencial por constar em sua Constituiccedilatildeo direitos aos animais natildeo humanos
em relaccedilatildeo a Portugal(BRASIL 1988)
Portugal (2001) soacute voltaria a discutir as leis relativas aos direitos dos animais natildeo
humanos dentro dos criteacuterios comparativos de contemporaneidade aqui estabelecidos no
seacuteculo que se seguiria uma vez que na Europa a Convenccedilatildeo Europeia para a Proteccedilatildeo dos
Animais de Companhia que promulgou o Decreto nordm 1393 onde trouxe para seu territoacuterio
vaacuterias leis que tratavam da fauna e da flora de animais natildeo humanos domeacutesticos e selvagens
mas tambeacutem ressalvando as peculiaridades de sua fauna exoacutetica vedando vaacuterios atos
normativos do dito decreto vindo a defender protegendo ainda natildeo soacute as espeacutecies presentes ao
tempo da lei mas como tambeacutem seus filhotes mesmo quando criados em cativeiro onde
normatizava a forma de reproduccedilatildeo os locais de alojamento dos mesmos para os fins de
comercializaccedilatildeo hospedagem ou ainda centros de recolhimento de animais natildeo humanos de
companhia (PORTUGAL 2001)
Portugal veio ainda a tratar do abandono da negligecircncia fiacutesica alimentar higiecircnica e da
manutenccedilatildeo das condiccedilotildees de sauacutede dos animais natildeo humanos trazendo a necessidade de
laudos veterinaacuterios para que sejam realizadas intervenccedilotildees corpoacutereas nestes como ao exemplo
de amputaccedilotildees garantindo sua integridade fiacutesica de forma a natildeo soacute englobar os direitos aos
animais natildeo humanos outrora garantidos pela Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 mas
ainda refletindo leis que somente seriam vistas no territoacuterio brasileiro vaacuterios anos depois
(PORTUGAL 2001)
No Brasil cinco anos depois que o Decreto nordm 1393 era promulgado em Portugal seria
tratado assunto semelhante por meio da Lei nordm 9605 com a proibiccedilatildeo de diversos tipos de
atividades para que contra a fauna brasileira como matar caccedilar perseguir apanhar estes tipos
de animais natildeo humanos abrindo a permissatildeo para alguns destes em casos especiacuteficos natildeo
excluindo deste a fauna estrangeira tambeacutem tratando da vedaccedilatildeo a poluiccedilatildeo ora que afeta a
fauna brasileira estrangeira e ainda os animais humanos (BRASIL 1998)
Dois anos depois ainda em Portugal (2003a) se poderia notar a preocupaccedilatildeo com os
direitos dos animais natildeo humanos natildeo soacute enquanto considerados de companhia mas tambeacutem
os selvagens e os caracterizados como perigosos pela modificaccedilatildeo do Decreto Lei nordm 2762001
para o Decreto Lei nordm 315 2003 por observar algo que ateacute entatildeo soacute havia sido observado entre
49
as duas legislaccedilotildees portuguesa e brasileira no tocante de ressalvas do artigo 225 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988ao se tratar da proibiccedilatildeo de atos crueacuteis contra animais natildeo
humanos mas permitindo em casos de peculiaridades culturais como supracitado no paraacutegrafo
que a este antecedeu Neste decreto Portugal abril ressalvas a regulamentaccedilatildeo no acircmbito da
aplicabilidade do diploma outrora recebido por sua legislaccedilatildeo das figuras normativas referentes
a fauna e flora selvagem e exoacutetica assim como aqueles que os seguirem por descendecircncia de
modo a permitir que dentro das caracteriacutesticas proacuteprias de cada regiatildeo estas tivessem
autonomia de leis (PORTUGAL 2003b) Ainda no mesmo vieacutes em Santa Catarina (2003) a
Lei Estadual nordm 12854 instituiu o Coacutedigo Estadual de Proteccedilatildeo Animal para vedar quaisquer
tipos de agressotildees contra animais natildeo humanos indiferentemente se silvestres de companhia
domeacutesticos ou que possam ser domesticaacuteveis (aqueles que por sua natureza natildeo satildeo
classificados como domeacutesticos mas que podem vir a ser ao exemplo de porcos) nativos ou
exoacuteticos gerando uma normatizaccedilatildeo para transporte mantenccedila abate e pesquisas
cientiacuteficolaboratoriais garantindo-lhes plenas condiccedilotildees de existecircncia (SANTA CATARINA
2003)
Ainda sobre o tema de utilizaccedilatildeo de animais natildeo humanos para fins cientiacuteficos a
Diretiva 201063EU recepcionada pelas leis portuguesas vem a proteger os animais natildeo
humanos para quando utilizados para estes fins normatizando as teacutecnicas utilizadas durantes as
experiecircncias a qual veio a restringir a occisatildeo (ato de matar um animal) somente quando natildeo
haacute outra opccedilatildeo vedando que sem motivo de grande relevacircncia e plenamente justificaacuteveis se
ponha em risco a biodiversidade dos animais natildeo humanos e ainda traz a necessidade de se
buscar formas substitutivas para tal uso cientiacutefico onde busca reduzir ao miacutenimo inevitaacutevel o
uso de animais natildeo humanos nestes casos (PORTUGAL 2010)
No que se fala de leis que regulamentam a proteccedilatildeo ao bem-estar dos animais natildeo
humanos durante o transporte dos mesmos em Portugal o Regulamento nordm 12005 tenta
minimizar quaisquer sofrimentos seja pelo cumprimento de suas necessidades baacutesicas como
alimentaccedilatildeo higiene assim como com os meios utilizados para este transporte de maneira a
evitar lesotildees violecircncia ou sofrimento (PORTUGAL 2005) Ainda sendo valoroso constar aqui
a Lei nordm 9295 que aleacutem de ser por si soacute a Lei de Proteccedilatildeo aos Animais natildeo humanos a qual
veda quaisquer tipos de aferimento de dor sofrimento requisito de exigir mais do que a
capacidade do animal natildeo humano ainda veio a regulamentar a permissatildeo expressa de
transporte de animais natildeo humanos em transportes puacuteblicos seja para garantia da obrigaccedilatildeo
prevista a mesma lei de socorro aos animais natildeo humanos seja por comodidade ressalvando
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que para tanto o animal natildeo humano deve estar devidamente condicionado em meio proacuteprio
sem apresentar aos demais riscos fiacutesicos a sua sauacutede ou higiene (PORTUGAL 1995)
Eacute imperioso citar o grande diferencial entre as legislaccedilotildees brasileira e portuguesa que se
fez surgir em Portugal ainda em 2003 quando por meio do Decreto-Lei n 3132003 foi criado
o sistema de cadastro e identificaccedilatildeo eletrocircnica de catildees e gatos natildeo soacute permitindo um melhor
controle estatal sobre o abandono como tambeacutem sobre as bases sanitaacuterias e controle
populacional destes animais natildeo humanos uma vez que devem constar desde informaccedilotildees
baacutesicas sobre o animal natildeo humano como nome raccedila idade e sexo ou ainda sobre seu
proprietaacuterio como nome endereccedilo contato mas ainda as vacinas que este individuo recebeu
no passar de sua vida se eacute ou natildeo castrado ainda obrigando a atualizaccedilatildeo perioacutedica dos dados
medida esta que no Brasil muito jaacute se discutiu regulamentar mas que nunca chegou a ter uma
normatizaccedilatildeo para com as leis (PORTUGAL 2003a)Este posicionamento foi reforccedilado pela
implementaccedilatildeo do Decreto Lei nordm 822019 ao criar o SIAC tornando mais rigorosos os criteacuterios
e penalidades relativas ao registro e atualizaccedilatildeo do cadastro dos animais natildeo humanos
(PORTUGAL 2019b)
Jaacute no Brasil o Coacutedigo Civil de 2002 classificou por meio de nova hermenecircutica ao
artigo 82 onde se definiam os animais natildeo humanos como coisas como somente bens agora
se passou a entender estes como seres semoventes por serem bens de capacidade a serem
suscetiacuteveis de movimentaccedilatildeo proacutepria assim permaneceu com a consolidaccedilatildeo do Coacutedigo de
Processo Civil de 2015 Poreacutem devido a sua capacidade de sofrer de sentir dor tornaram-se
perante o sistema normativo brasileiro dignos da nomenclatura de seres viventes seres
sencientes aqueles que pela sua condiccedilatildeo bioloacutegica chegando ao tocante de acordo com
Cardoso (2007) de seres aptos a terem sua personalidade juriacutedica discutida ora que no passado
outros como escravos e crianccedilas natildeo tinham essa personalidade levantada mas agora tem
Da mesma forma dever-se-ia permitir que tal condiccedilatildeo fosse levada a pauta de discussatildeo
normativa mesmo que natildeo possuindo faculdades mentais de plena comparaccedilatildeo as dos animais
humanos tampouco as crianccedilas e os escravos os tinham perante a lei no passado de forma que
na contemporaneidade ateacute aquele que tenha comprovadamente suas faculdades mentais
consideradas inaptas a autonomia de querer ainda sim possuem personalidade juriacutedica deveres
e direitos uma vez que satildeo capazes de sofrer de sentir de passar fome ainda que natildeo consigam
expressar essas condiccedilotildees de forma clara e linguisticamente padronizados resultado no fato de
que natildeo eacute a capacidade de raciocinar capacidade cognitiva ou ainda de comunicativa o requisito
para a arguiccedilatildeo de sua personalidade juriacutedica (CARDOSO 2007) Jaacute em Portugal a
compreensatildeo e caracterizaccedilatildeo dos animais natildeo humanos como seres sencientes estaacute expresso
51
desde 2017 deixando de serem classificados no rol de coisas por meio da Lei nordm 82017
(PORTUGAL 2017b)
No mesmo ano em que Cardoso (2007) tratava doutrinalmente da personalidade juriacutedica
dos animais natildeo humanos no Brasil em Portugal com a promulgaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm
742007 discutia de forma consagrada o direito de acesso de pessoas portadoras de deficiecircncia
visual que se fazem acompanhar de catildeo-guia a locais transportes e estabelecimentos puacuteblicos
direito este que no Brasil foi inserido no sistema normativo brasileiro em 2005 por meio da Lei
nordm 1112605 mas que soacute se consagrou pela redaccedilatildeo a esta proferida pela Lei nordm 131462015
Jaacute no Brasil sobre este tema com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 1112605 futuramente alterada e
devidamente implementada no sistema normativo brasileiro pela Lei nordm 131462015 veio de
modo a garantir o mesmo direito em territoacuterio nacional agraves pessoas humanas que sejam
portadoras de deficiecircncia visual e sejam acompanhadas de catildees-guia (BRASIL 2015a)
43 COMPARATIVO DOS JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO
HUMANOS BRASIL X PORTUGAL
Quando se trata da possibilidade jurisprudencial da discussatildeo em relaccedilatildeo a guarda de
animais natildeo humanos enquanto envolvidos em processos de separaccedilatildeo divoacutercio ou dissoluccedilatildeo
de relacionamentos no Brasil foi discutido pelo Ministro Luis Felipo Salomatildeo (2018) o tema
partindo do paracircmetro dos fins sociais ora vez de natildeo se tratar de um bem inanimado como
seria o caso da partilha dos bens entatildeo perante o caso concreto a lide formal da guarda de
animais natildeo humanos estendendo aos animais natildeo humanos a condiccedilatildeo de sujeito de direito
reconhecendo assim um terceiro gecircnero uma vez que se apresenta em relaccedilatildeo a evoluccedilatildeo da
proacutepria sociedade protegendo entatildeo as relaccedilotildees afetivas entre os animais natildeo humanos e
humanos Este posicionamento se reforccedilou com a decisatildeo da Juiacuteza de Direito da 3ordf Vara da
Famiacutelia de Joinville em 2019 ao erguer a necessidade de que os animais natildeo humanos tenham
modificado seu status normativo de coisa para uma categoria intermediaacuteria entre cosia e animais
humanos embasada pelo Projeto de Lei do Senado de nordm 31515 que visa alterar o artigo 82 do
Coacutedigo Civil (REIMER 2019)
No mesmo ano em Portugal se discutiu a mesma problemaacutetica onde ao ocorrer uma
separaccedilatildeo ambas as partes demonstraram interesse em contrair a guarda da cachorrinha outrora
de propriedade do casal mas que diferente do Brasil onde se discute a natureza juriacutedica dos
animais natildeo humanos para o tocante da discussatildeo de guarda em Portugal jaacute se tem legislaccedilatildeo
sobre o tema onde no Coacutedigo Civil portuguecircs (1966) em seu artigo 1793-A traz de forma
52
direta no que se fala de divoacutercio e guarda dos assim chamados animais de companhia
apontando os fatores que deveratildeo ser considerados para a decisatildeo judicial do ganho da guarda
onde ainda aponta que deveraacute ser levado em consideraccedilatildeo o bem-estar animal como uacuteltimo
criteacuterio para tal decisatildeo (CRISTOacuteVAtildeO 2019) Enquanto em Portugal como se pode observar
na afirmativa anterior jaacute haacute relato normativo dentro do Coacutedigo Civil portuguecircs de 1966 sobre
a regulamentaccedilatildeo para quando a disputa de guarda de animais natildeo humanos no Brasil tal tipo
de posicionamento ainda eacute inexistente apenas se fazendo constar por meio de um Projeto de
Lei o PLS 54218 para possibilitar criteacuterios de julgamento em casos de divoacutercios ou dissoluccedilatildeo
de uniatildeo estaacutevel de maneira que se quando aprovado alteraria o Coacutedigo de Processo Civil
brasileiro entretanto se for aprovado natildeo estabeleceria o bem-estar animal apenas como
ultimo fator para a determinaccedilatildeo de com quem deveria se manter a guarda como eacute atualmente
em Portugal mas sim como um criteacuterio essencial para tal decisatildeo (BRASIL 2018b)
44 UM COMPARATIVO ENTRE LEIS ESPECIAIS
Como se pode ler nos capiacutetulos dois e trecircs deste trabalho tanto Portugal quanto o Brasil
jaacute tratam da vedaccedilatildeo do uso de animais natildeo humanos nos testes para a produccedilatildeo de cosmeacuteticos
produtos de perfumaria higiene dentre outros poreacutem enquanto em Portugal esta vedaccedilatildeo jaacute
se encontra devidamente celebrada desde o datar de 30 de novembro de 2009 por meio do
Regulamento nordm 12232009 onde a Uniatildeo Europeia veio a regulamentar como deveriam ser
realizados os testes em animais natildeo humanos estabelecendo o desenvolvimento de teacutecnicas
substitutivas para o uso de animais natildeo humanos nos supracitados testes Estabelecendo ainda
limites nos anos de 2009 e 2013 para o fim da comercializaccedilatildeo de bens esteacuteticos que tivessem
em seus compostos ingredientes testados em animais natildeo humanos e os testes em animais em
si respectivamente (PORTUGAL 2009c) No Brasil tal espeacutecie de proibiccedilatildeo somente se daacute
por meio de Projetos de Lei estadual como o Projeto de Lei nordm 552017 que visa proibir os
testes em animais natildeo humanos no territoacuterio catarinense prevendo sanccedilotildees tanto para
instituiccedilotildees quanto para animais humanos que descumpram os termos da lei o presente Projeto
de lei aguarda atualmente sanccedilatildeo estadual (SANTA CATARINA 2020)
Em Portugal eacute possiacutevel observar uma evoluccedilatildeo contiacutenua sobre as legislaccedilotildees de direito
de animais natildeo humanos como apresentado por exemplo pela Resoluccedilatildeo nordm 202018 que
incentiva a constituiccedilatildeo de grupos de trabalho para que se busque diminuir os maus-tratos
levantados contras os animais natildeo humanos viacutetimas de acumulaccedilatildeo conhecida como Siacutendrome
de Noeacute (MACHADO 2020) assim como com a Lei nordm392020 que criou um regime
53
sancionatoacuterio aos crimes proferidos contra os animais de companhia e ocasionando na alteraccedilatildeo
do Coacutedigo Penal e do Coacutedigo de Processo Civil portuguecircs trazendo entre outros a possibilidade
de instauraccedilatildeo de processos crimes para investigar suspeitas relatos e denuacutencias de maus-tratos
negligecircncia ou qualquer outra accedilatildeo que faccedila impedir o bem-estar de animais de companhia em
Portugal assim como estabelecendo a possibilidade de exame de corpo de delito sobre tais
crimes contra os animais natildeo humanos ainda declarando como crime a ocultaccedilatildeo de provas
animais natildeo humanos ou qualquer outro meio que venha a atrapalhar o devido processo
investigativo de forma a prever a busca e apreensatildeo para a garantia da devida investigaccedilatildeo
trazendo para aqui a figura do depositaacuterio fiel (PORTUGAL 2020a)
Jaacute no Brasil percebe-se um risco iminente de acontecer um retrocesso no campo
normativo relativo aos direitos do animais natildeo humanos como o que ocorre com a Lei nordm
2172019 o Coacutedigo de Proteccedilatildeo e bem-estar animal que veda que a sociedade propicie
alimentaccedilatildeo aacutegua cuidados com a sauacutede higiene dentre outros quando em vias puacuteblicas
constituindo que a mantenccedila do bem-estar animal por meio da sociedade enquanto natildeo Estado
seja caracterizada como infraccedilatildeo legal (CURITIBANOS 2019)
Da mesma forma o Projeto de Lei nordm 722020 de Penha como arguido por Moreira
(2020) aparece como uma lei temeraacuteria ora que prevecirc multar e penalizar os tutores de
cachorros que importunarem o sossego sendo uma consequecircncia clara para a tentativa de
impedir as sanccedilotildees desta lei a implementaccedilatildeo de meios a impedir os latidosEsta iniciativa pode
trazer ocorrecircncias de maus-tratos seja pelo uso de equipamentos anti-latido pela secccedilatildeo das
cordas vocais dos cachorros ou ainda outras puniccedilotildees mais agravadas em caso seu proprietaacuterio
venha a ser punido pelo fato de seus cachorros latirem (PENHA 2020)
Em contraponto eacute possiacutevel observar no Regulamento nordm 1523007 do Parlamento
Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia que foi recebido pelo sistema normativo portuguecircs
no qual para a garantia do bem-estar tanto de catildees e gatos quanto da sociedade em si vedou
expressamente a comercializaccedilatildeo exportaccedilatildeo ou importaccedilatildeo de qualquer tipo de material ou
produto que tenha em sua composiccedilatildeo pele de gato ou de cachorroTraz ainda no corpo do texto
legal sanccedilotildees mais graviacutedicas em relaccedilatildeo a todos que se envolvam de forma direta indireta
tentada ou consumada ou ainda que sabendo natildeo veia a denunciar ou impedir lutas entre animais
natildeo humanos (PORTUGAL 2007b)
Felizmente observa-se que em caminho contraacuterio ao Projeto de Lei nordm 722020 e a Lei
nordm 2172019 o Projeto de Lei nordm 6312015 busca alterar a redaccedilatildeo do artigo 32 da Lei nordm
960598 onde busca vedar sem motivos justificaacuteveis proferir dor lesatildeo ou sofrimento aos
animais natildeo humanos ressaltando neste ponto a tentativa de se classificar o tratamento dado
54
aos animais natildeo humanos agora como seres sencientes (BRASIL2019) devendo-se constar
que o artigo 82 do Coacutedigo Civil brasileiro caracteriza de forma normativa os animais natildeo
humanos como coisas e sobre a nova hermenecircutica o tratamento juriacutedico destes busca a
compreensatildeo como sencientes (BRASIL 2002) posicionamento este que em Santa Catarina jaacute
se fez constar pela Lei nordm 17485 (SANTA CATARINA 2018)
Em Portugal por meio da Lei nordm 3152009 foram criados ditames regrativos para em
quanto a especificidade de animais natildeo humanos que sejam devido a sua natureza sua
caracterizaccedilatildeo de selvagem sua espeacutecie ou ainda condiccedilotildees especiais caracterizados como
perigosos ou potencialmente estabelecendo diretrizes para a mantenccedila criaccedilatildeo interaccedilatildeo para
com outros seres vivos sejam estes animais humanos ou natildeo humanos enquanto se apresentem
de forma direta ou indireta como animais de companhia infelizmente no Brasil natildeo se pode
observar regramento especificamente da mesma forma (PORTUGAL 2009b)
Assim no presente capiacutetulo foi realizada uma anaacutelise comparativa da evoluccedilatildeo histoacuterica
legislativa dos direitos dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo brasileira e portuguesa
ateacute a contemporaneidade do estado atual de seus direitos incluindo julgados projetos de lei
suacutemulas sem deixar de constar ateacute retrocessos legislativos dos direitos em questatildeo
55
5 CONCLUSAtildeO
Com o presente trabalho se pode chegar a conclusatildeo que haacute uma lenta evoluccedilatildeo no
tocante dos direitos dos animais natildeo humanos no ordenamento brasileiro em comparaccedilatildeo com
a legislaccedilatildeo portuguesa ora que por muitas vezes o sistema normativo brasileiro se fez valer
de semelhantes posicionamentos legais para com seu paiacutes irmatildeo somente apoacutes um consideraacutevel
lapso temporal ressalvando-se o fato de grande relevacircncia em que nesta comparaccedilatildeo se pode
observar que apenas o Brasil apresenta garantias aos direitos dos animais natildeo humanos dentro
do seu corpo constitucional
O Brasil enquanto comparado aPortugalaquele que se tem reciprocidade de tratamento
ainda se apresenta com pouca atenccedilatildeo sobre o tema destes direitos ora quepor muito tempo natildeo
considerouos animais natildeo humanos como dignos de direito agrave liberdade agrave integridade fiacutesica e o
mais grave o simples e mais essencial o direito a vida
No campo normativo sobre as disputas de guarda de animais natildeo humanos o Brasil
ainda se encontra muito atrasado com relaccedilatildeo aos regimentos legais ora que enquanto em
Portugal esta lide jaacute estaacute determinada perante um artigo do Coacutedigo Civil de 1966 mesmo
queconstando que tal regra normativacoloca o bem-estar dos ditos animais de companhia
somente como uacuteltimo fator para ser considerado em lides de divoacutercios e separaccedilotildees no Brasil
ainda natildeo haacute nota normativa alguma sobre o assunto apenas jurisprudecircncia e Projeto de Lei
demonstrando uma clara falta de embasamento legal para a resoluccedilatildeo das lides neste sentido
poreacutem apresenta uma inovaccedilatildeo para com o seu paiacutes irmatildeo onde em caso de aprovaccedilatildeo do
Projeto de Lei nordm 54218 sem modificaccedilotildees o bem-estar dos animais natildeo humanos seraacute
considerado como fator essencial para a decisatildeo de quem receberaacute judicialmente a guarda do
animal de estimaccedilatildeo
Ainda se pode observar que as normas brasileiras de direitos dos animais natildeo humanos
ao contraacuterio de Portugal por muitas vezes partem de leis estaduais e municipais para depois se
consagrarem no campo federativo tanto que se pode observar incongruecircncias em leis estaduais
e municipais que se apresentam em desacordo com a norma paacutetria causando um retrocesso
legal para com os direitos dos animais natildeo humanos fato este natildeo observado no sistema
normativo portuguecircsMuito provavelmente porque neste os direitos dos animais natildeo humanos
estarem por muitas vertentes garantidos dentro da Convenccedilatildeo Europeia que aleacutem de trazer
regulamentaccedilotildees sobre o tema ainda fiscaliza sua correta aplicaccedilatildeo legislativa
No mesmo tocante enquanto em Portugal os animais natildeo humanos jaacute satildeo tratados de
forma distinta de coisas tanto pela hermenecircutica quanto pela escrita literal das leis onde desde
56
2017 jaacute natildeo satildeo tratados dentro do rol coisas mas sim recebendo a nomenclatura e classificaccedilatildeo
como seres sencientes no paccedilo em que no Brasil semelhante posicionamento atualmente se
encontra tatildeo somente de forma doutrinaacuteria e em sugestotildees de julgados de lides que envolvem
os animais natildeo humanos de forma a ter propiciado a instauraccedilatildeo do Projeto de Leinordm 631 de
2015 que vem a tentar trazer o mesmo tratamento de nomenclatura e classificaccedilatildeo do jaacute
instaurado em Portugal
Ao fim do processo de pesquisa do presente trabalho a pesquisadora observou a
importacircncia de um futuro estudo relativo aos direitos dos animais natildeo humanos no que tange a
Ameacuterica Latina com o intuito de resgatar a evoluccedilatildeo destes direitos dentro do Mercosul tanto
por haver um livre transito entre os paiacuteses afiliados instigando interesse em se conhecer
maissobre a relaccedilatildeo e autonomia de cada paiacutes membrosobre estes direitos conjunto das leis que
se compartilham quanto pela proximidade de suas fronteiras onde a fauna e flora se misturam
vez que ao desenvolver esta pesquisa foi observada uma evoluccedilatildeo relevante nos direitos dos
animais natildeo humanos em Portugal por meio da Convenccedilatildeo Europeia erguendo a curiosidade
para descobrir se dentro no Mercosul poderia ocorrer fato semelhante em relaccedilatildeo as leis
brasileiras
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9
1 INTRODUCcedilAtildeO
O presente trabalho monograacutefico foi desenvolvido com o intuito de trazer um compilado
de legislaccedilotildees normas jurisprudecircncias julgados e doutrinas por uma seleccedilatildeo qualitativa em
relaccedilatildeo ao direito dos animais natildeo humanos numa comparaccedilatildeo entre o estado legal do Brasil e
Portugal De forma que a pesquisadora optou por apresentar os dados mais relevantes e
marcantes sobre o tema como ferramenta de seleccedilatildeo da mesma forma que trouxe leis estaduais
e municipais de Santa Catarina por ser o local de desenvolvimento fiacutesico e moradia da mesma
Sendo este trabalho baseado no meacutetodo de abordagem dedutivo meacutetodo de
procedimento comparativo e teacutecnicas de pesquisa bibliograacutefica e documental abordando uma
pesquisa de direito comparado de documentos entre as legislaccedilotildees brasileira e portuguesa em
conjunto com a apresentaccedilatildeo e anaacutelise de algumas doutrinas julgados e projetos de leidos dois
paiacuteses sobre o tema Busca assim estudar e analisar a evoluccedilatildeo legal dos direitos dos animais
natildeo humanos pelo vieacutes comparativo das legislaccedilotildees brasileira e portuguesa De maneira a buscar
resolver a questatildeo ldquoQuais os contrastes evolutivos dos direitos dos animais natildeo humanos no
ordenamento brasileiro em comparaccedilatildeo com a legislaccedilatildeo de Portugalrdquo
O objetivo geral deste trabalho deste trabalho compor uma linha de anaacutelise da evoluccedilatildeo
dos paracircmetros legaisconstitucionais dos animais natildeo humanos entre os supracitados
ordenamentos e como objetivos especiacuteficos de apresentar a evoluccedilatildeo histoacuterica normativa entre
os dois paiacuteses apresentar o estado atual das legislaccedilotildees dos dois paiacuteses identificar dentro de
suas legislaccedilotildees algumas jurisprudecircncias o incremento no tratamento juriacutedico dispensado aos
animais natildeo humanos assim comocomparar a atual legislaccedilatildeo brasileira perante a portuguesa
no tocante do direito dos animais natildeo humanos
Justifica-se a seleccedilatildeo deste tema como base para estudo pela crescente luta para a
conquista de direitos individuais e coletivos na contemporaneidade onde se tem combatido
diversos entendimentos legais no campo legal brasileiro renovando valores conhecimentos
ateacute a proacutepria consciecircncia sobre a participaccedilatildeo inclusatildeo e relevacircncia dos animais natildeo humanos
dentro das unidades familiares convivecircncia social e ateacute sua abrangente inclusatildeo no mercado de
trabalho De maneira que o avanccedilo legal comparada no Brasil e Portugal instigou a curiosidade
da pesquisadora perante os novos aspectos constitucionais e no campo do direito e a eminente
importacircncia da compreensatildeo da aplicabilidade e hermenecircutica das leis projetos de leis e de
emendas constitucionais conjunto com o conhecimento arguido pela pesquisadora durante os
anos em que cursou a graduaccedilatildeo em medicina veterinaacuteria onde a importacircncia do maior
reconhecimento destes direitos lhe ficou clara onde a relevacircncia do tema para o contexto
10
contemporacircneo da sociedade dentro dos atuais e futuros julgados em funccedilatildeo dos diversos
debates que tem gerado dentro e fora dos tribunais acerca do tema dos direitos da capacidade
ateacute da guarda e tutela dos animais natildeo humanos
Este trabalho esperase apresentar como uma fonte de pesquisa incentivo reanaacutelise e
com o intuito de instigar novos posicionamentos juriacutedicocriacuteticos sobre o cenaacuterio atual da
participaccedilatildeo dos animais natildeo humanos dentro da sociedade possibilitando uma nova
consciecircncia para com o tema demonstrando os obstaacuteculos legais que ainda temos pela frente
quando em comparaccedilatildeo com o mesmo cenaacuterio portuguecircs
No segundo capiacutetulo deste trabalho eacute apresentada a evoluccedilatildeo histoacuterica da legislaccedilatildeo do
sistema normativo julgados e projetos de lei desde o primeiro relato em lei a favor do direito
dos animais natildeo humanos dentro do sistema normativo brasileiro passando pela constituiccedilatildeo
de 1988 decretos lei o Coacutedigo Civil (CC) o Coacutedigo de Processo Civil (CPC) o Coacutedigo Penal
(CP) a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro da constituiccedilatildeo e coacutedigos nacionais
leis municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma abrangente
anaacutelise sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do
territoacuterio brasileiro
No terceiro capiacutetulo deste trabalho se apresenta a evoluccedilatildeo histoacuterica da legislaccedilatildeo do
sistema normativo e julgados desde o primeiro relato em lei a favor do direito dos animais natildeo
humanos dentro do sistema normativo portuguecircs passando por decretos lei o Coacutedigo Civil
(CC) o Coacutedigo de Processo Civil (CPC) o Coacutedigo Penal (CP) Coacutedigo de Processo Penal
(CPP) a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro dos coacutedigos nacionais oacutergatildeos
reguladores dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do territoacuterio portuguecircs leis e licenccedilas
municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma abrangente anaacutelise
sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do territoacuterio
portuguecircs
No quarto capiacutetulo deste trabalho se apresenta um anaacutelise comparativa sobre a evoluccedilatildeo
histoacuterica das legislaccedilotildees de seus sistemas normativos e julgados desde os primeiros relatos
regimentais a favor do direito dos animais natildeo humanos dentro de seus sistemas normativos
passando por decretos lei o Coacutedigo Civil o Coacutedigo de Processo Civil o Coacutedigo Penal Coacutedigo
de Processo Penal a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro dos coacutedigos nacionais
leis e licenccedilas municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma
11
abrangente anaacutelise sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos de
forma comparativa dentro do territoacuterio brasileiro e portuguecircs
12
2 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA
Neste capiacutetulo tem-se como objetivo trazer de forma sucinta a evoluccedilatildeo histoacuterica no que
tange o direito dos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo do Brasil trazendo para isto as proacuteprias
leis assim como relatos bibliograacuteficos sobre o tema
21 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
O primeiro relato normativo brasileiro direcionado aos direitos dos animais natildeo
humanos no dia 6 de outubro de 1886 no Coacutedigo de Posturas do Municiacutepio de Satildeo Paulo que
trouxe no seu artigo 220 a primeira norma de proibiccedilatildeo de crueldade contra animais natildeo
humanos ldquoEacute proibido a todo cocheiro ou condutor de carroccedila maltratar animais com castigos
baacuterbaros e imoderados disposiccedilatildeo essa que se aplica aos ferradoresrdquo sendo assim um marco
inicial histoacuterico nacional para a luta por estes direitos(SAtildeO PAULO 1886)
Jaacute no tangente de legislaccedilatildeo na esfera nacional somente no dia 10 de julho de 1934
ocorreu o primeiro registro normativo visando a algum tipo de proteccedilatildeo perante os animais natildeo
humanos o Decreto Lei nordm 24645 oficializado por Getuacutelio Vargas definindo a
responsabilidade do Estado de tutelar todos os animais existentes trazendo ainda a primeira
sansatildeo em relaccedilatildeo aos matildeos tratos em seu artigo 2ordm ldquoAquele que em lugar puacuteblico ou privado
aplicar ou fizer aplicar maus-tratos aos animas incorreraacute em multa de 20$000 a 500$000 e na
pena de prisatildeo celular de 2 a 15 dias quer o delinquente seja ou natildeo o respectivo proprietaacuterio
sem prejuiacutezo da accedilatildeo civil que possa caberrdquo tendo sido o rompimento de uma fronteira em
relaccedilatildeo agrave compreensatildeo da vedaccedilatildeo aos matildeos tratos de forma direta ou indireta praticando ou
fazendo praticar sendo ou natildeo proprietaacuterio do animal natildeo humano de forma a demonstrar que
todos os animais natildeo humanos merecem respeito trazendo ainda em seus paraacutegrafos a
possibilidade de maiores sanccedilotildees como ateacute a apreensatildeo ou confisco do animal natildeo humano que
for alvo de qualquer tipo de maus-tratos em seu artigo 14 ainda busca pela primeira vez
penalizar aquele que causa a morte destes oferecendo pena em dobro se a este ponto chegar ou
for reincidente de acordo com o artigo 15 como tambeacutem a quem cabe sua aplicaccedilatildeo pelo artigo
12 atribuindo tal encargo a poliacutecia ou autoridade municipal cabendo esta se verificar a
gravidade do delito vale constar o sect3ordm no mesmo artigo ldquoOs animais seratildeo assistidos em juiacutezo
pelos representantes do Ministeacuterio Puacuteblico seus substitutos legas e pelos membros das
sociedades protetoras dos animaisrdquo reforccedilando a responsabilidade do Estado perante a garantia
13
dos direitos dos animais natildeo humanos No transcorrer de seus artigos o Decreto caracteriza o
que se enquadra como crueldade no seu artigo 3ordm como ao exemplo dos seus incisos XVI
XVIII XXI e XXV
XVI -fazer viajar um animal a peacute mais de 10 quilocircmetros sem lhe dar descanso ou
trabalhar mais de 6 horas contiacutenuas sem lhe dar aacutegua e alimento
XVIII - conduzir animais por qualquer meio de locomoccedilatildeo colocados de cabeccedila para
baixo de matildeos ou peacutes atados ou de qualquer outro modo que lhes produza sofrimento
XXI - deixar de ordenhar as vacas por mais de 24 horas quando utilizadas na
explorado do leite
XXV - engordar aves mecanicamente (BRASIL 1934)
Este decreto trouxe pela primeira vez regulamentaccedilotildees nacionais perante os animais natildeo
humanos no tangente laboral humano sendo reforccedilado tal posicionamento pelo texto dos
artigos 4ordm a 8ordm onde regula-se a utilizaccedilatildeo dos animais natildeo humanos em veiacuteculos ou outras
formas em que se faccedila utilizar a traccedilatildeo animal Jaacute no seu artigo 13 traz a primeira proibiccedilatildeo
direta ao abandono de animal ainda traz ressalvado em seu artigo 19 a revogaccedilatildeo de qualquer
tipo de ordenamento ao contraacuterio do que o Decreto Lei expressa Mesmo sendo uma grande
evoluccedilatildeo para o direito dos animais natildeo humanos em relaccedilatildeo ao que o paiacutes tinha ateacute entatildeo o
artigo 17 ainda define animal como seres irracionais sem que a eles se apresente nenhum tipo
de possibilidade de compreensatildeo (BRASIL 1934)
Somente 7 anos depois em 03 de outubro de 1941 com a ediccedilatildeo da Lei das
Contravenccedilotildees Penais pelo Decreto Lei nordm 3688 o artigo 64 trouxe penas de prisatildeo e multa
ali ainda descrita em ldquoreacuteisrdquo
Art 64 Tratar animal com crueldade ou submetecirc-lo a trabalho excessivo
Pena ndash prisatildeo simples de dez dias a um mecircs ou multa de cem a quinhentos mil reacuteis
sect1ordm Na mesma pena incorre aquele que embora para fins didaacuteticos ou cientiacuteficos
realiza em lugar puacuteblico ou exposto ao puacuteblico experiecircncia dolorosa ou cruel em
animal vivo
sect2ordm Aplica-se a pena com aumento de metade se o animal eacute submetido a trabalho
excessivo ou tratado com crueldade em exibiccedilatildeo ou espetaacuteculo puacuteblico (BRASIL
1941)
Desta forma buscando pela primeira vez colocar limites normativos natildeo soacute para os
animais natildeo humanos utilizados para atividades laborativas mas tambeacutem no que se trata o uso
cientiacutefico destes assim como seu uso para exibiccedilatildeo e divertimento de animais humanos
(BRASIL 1941) Somente no dia 8 de maio de 1979 com a Lei Federal nordm 6638 seria retomado
o tema do uso cientiacutefico dos animais natildeo humanos de forma regulamentada normatizando os
bioteacuterios os centros de experiecircncias e demonstraccedilotildees dos animais natildeo humanos assim como
14
regulamentando o uso dos animais natildeo humanos para testes cliacutenicos medicamentosos dentre
outros teacutecnica esta conhecida como vivissecccedilatildeo assim como desde que por meio de indicaccedilatildeo
meacutedica permitindo a eutanaacutesia ou sacrifiacutecio animal pelos artigos 1ordm a 4ordm da presente Lei
trazendo em seus artigos subsequentes sanccedilotildees penais e interditoacuterias para todo aquele que a lei
desobservar assim como traz em seu artigo 8ordm a revogaccedilatildeo de quaisquer leis que a ela
contrariarem (BRASIL 1979)
O Superior Tribunal de Justiccedila decidiu na data de 31 de dezembro de 1969 por meio da
Suacutemula nordm 91 que ldquoCompete a Justiccedila Federal processar e julgar os crimes praticados contra a
faunardquo onde decidiu por arcar agrave Justiccedila Federal o julgamento relativo aos crimes cometidos
sobre a fauna brasileira tendo sido cancelada a Suacutemula em questatildeo na Sessatildeo do Superior
Tribunal de Justiccedila na data de 08 de novembro de 2000 da 3ordf seccedilatildeo sobre o nuacutemero de pauta
de julgamento LEGJUR 103326350091500 Desta forma com o cancelamento da Suacutemula nordm
91 do STJ acabou por ficar sobre a competecircncia reconhecida dos estados a competecircncia para
processar e julgar os crimes cometidos contra a fauna ressalvando se o dito crime se efetivar
sobre casos do crime ter sido realizado sobre fauna reconhecidamente de bem federal o
cancelamento da Suacutemula em questatildeo tambeacutem acarretou na suspenccedilatildeo do disposto no artigo 89
da Lei 900995 (BRASIL 2020)
A datar do dia 03 de janeiro de 1967 surgiu mais uma importante ferramenta para a
garantia dos direitos dos animais natildeo humanos com a promulgaccedilatildeo da Lei Federal nordm 5197 o
Coacutedigo de Caccedila sendo imprescindiacutevel a observaccedilatildeo de seu artigo 1ordm
Os animais de quaisquer espeacutecies em qualquer fase do seu desenvolvimento e que
vivem naturalmente fora do cativeiro constituindo a fauna silvestre bem como seus
ninhos abrigos e criadouros naturais satildeo propriedade do Estado sendo proibida a sua
utilizaccedilatildeo perseguiccedilatildeo destruiccedilatildeo caccedila ou apanha (BRASIL 1967)
Protegendo de maneira incontestaacutevel a fauna nativa brasileira garantindo a diversidade
a continuidade e a sobrevivecircncia de todos os tipos de animais natildeo humanos poreacutem ainda
permitindo em seus paraacutegrafos que hajam peculiaridades regionais para a permissatildeo agrave caccedila
Contudo veda completamente a comercializaccedilatildeo ou exportaccedilatildeo de qualquer forma de animais
natildeo humanos da fauna natural brasileira assim como de seus frutos em seus artigos 3ordm e 18
Trazendo sanccedilotildees penais para todos aqueles que descumprirem seus artigos nos artigos 27 a
31 e contemplando como autoridades responsaacuteveis pela fiscalizaccedilatildeo e aplicabilidade de tais
sanccedilotildees as mesmas indicadas no Coacutedigo de Processo Penal (CPP) de acordo com o seu artigo
15
32 assim como trazem pela primeira vez a inafianccedilabilidade dos crimes contra animais natildeo
humanos pelo seu artigo 34 (BRASIL 1967)
Jaacute por outro vieacutes no dia 31 de agosto de 1981 por meio da publicaccedilatildeo da Lei Federativa
nordm 6938 com a denominaccedilatildeo de A Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente os animais natildeo
humanos assim como seu habitat natural receberam uma grande melhoria nos seus direitos
assim como traz o artigo 15 ldquoO poluidor que expuser a perigo a incolumidade humana animal
ou vegetal ou estiver tornando mais grave a situaccedilatildeo de perigo existente fica sujeito agrave pena de
reclusatildeo de 1 (um) a 3 (trecircs) anos e multa de 100 (cem) a 1000 (mil) MVRrdquo findando a
primeira vedaccedilatildeo expressa por objeto normativo agrave poluiccedilatildeo que traga malfeitorias aos animais
natildeo humanos (BRASIL 1981)
22 LEGISLACcedilAtildeO PAacuteTRIACONTEMPORAcircNEA
No Brasil os animais comeccedilaram a ser considerados como dignos de direitos
constitucionais somentecom a promulgaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 em seu artigo 225 de
forma a condenar a crueldade contra os animais mesmo que ainda deixando uma lacuna em
seu sect7ordm
sect 7ordm Para fins do disposto na parte final do inciso VII do sect 1ordm deste artigo natildeo se
consideram crueacuteis as praacuteticas desportivas que utilizem animais desde que sejam
manifestaccedilotildees culturais conforme o sect 1ordm do art 215 desta Constituiccedilatildeo Federal
registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimocircnio cultural
brasileiro devendo ser regulamentadas por lei especiacutefica que assegure o bem-estar
dos animais envolvidos (BRASIL 1988)
No supracitado artigo ainda se pode ler sobre os direitos alcanccedilados pelos animais natildeo
humanos na constituiccedilatildeo federativa de 1988 onde garante agrave todos um meio ambiente
equilibrado qualidade de vida sendo de obrigaccedilatildeo tanto do poder puacuteblico quanto da
coletividade garantir defender preservar estes direitos para as presentes e futuras geraccedilotildees
para tanto aponta a necessidade de preservar a diversidade e integridade do patrimocircnio geneacutetico
do Brasil e sempre fiscalizando aqueles que com este material lida assim como a necessidade
de controlar a produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de teacutecnicas e produtos que sejam
potencialmente ou confirmadamente prejudiciais ou que gerem risco agrave vida ou sua qualidade
assim como para o meio ambiente demonstrando tambeacutem a indispensabilidade de poliacuteticas de
16
educaccedilatildeo ambiental disseminada por todos os niacuteveis educacionais para a preservaccedilatildeo do meio
ambiente (BRASIL 1988)
Da mesma forma prevecirc a obrigaccedilatildeo de defender a fauna e flora vedando expressamente
praacuteticas que as coloquem em risco sua funccedilatildeo ecoloacutegica que poderiam gerar extinccedilatildeo de
espeacutecies ou mesmo que submetam animais natildeo humanos a qualquer niacutevel de crueldade Deve-
se lembrar que tambeacutem traz a possibilidade de sanccedilotildees para aqueles pessoa fiacutesica ou juriacutedica
que violar estes direitos ora visto a fauna e flora nacional eacute caracterizada como patrimocircnio
nacional(BRASIL 1988)
Eacute de suma importacircncia observar que tal artigo soacute fez-se constar na constituiccedilatildeo de 1988
apoacutes a proclamaccedilatildeo da Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Animais feita pela UNESCO no ano
de 1978 No corpo do texto percebe-se a existecircncia do direito dos animais em funccedilatildeo aos crimes
e desprezo cometidos contra os animais natildeo humanos em funccedilatildeo de uma coexistecircncia saudaacutevel
entre as espeacutecies no mundo jaacute que satildeo seres semelhantes como consta no preacircmbulo da mesma
declaraccedilatildeo (UNESCO 1978) Faz-se necessaacuterio citar alguns de seus artigos ldquoARTIGO 1
Todos os animais nascem iguais diante da vida e tecircm o mesmo direito agrave existecircnciardquo
demonstrando um posicionamento ao menos legal em relaccedilatildeo agrave igualdade e existecircncia dos
animais natildeo humanos como tambeacutem o artigo 2
a) Cada animal tem direito ao respeito b)O homem enquanto espeacutecie animal
natildeo pode atribuir-se o direito de exterminar os outros animais ou exploraacute-los
violando esse direito Ele tem o dever de colocar a sua consciecircncia a serviccedilo dos outros
animais c)Cada animal tem direito agrave consideraccedilatildeo agrave cura e agrave proteccedilatildeo do homem
(UNESCO 1978)
Onde traz obrigaccedilatildeo normativa de respeito dos animais humanos perante os animais natildeo
humanos manifestando o dever agrave consideraccedilatildeo e consciecircncia do primeiro em relaccedilatildeo ao
segundo vedando a exploraccedilatildeo dos mesmos da mesma maneira os artigos 4 e 5
ARTIGO 4 a) Cada animal que pertence a uma espeacutecie selvagem tem o direito de
viver livre no seu ambiente natural terrestre aeacutereo e aquaacutetico e tem o direito de
reproduzir-se b)A privaccedilatildeo da liberdade ainda que para fins educativos eacute contraacuteria
a este direito
ARTIGO 5 a)Cada animal pertencente a uma espeacutecie que vive habitualmente no
ambiente do homem tem o direito de viver e crescer segundo o ritmo e as condiccedilotildees
de vida e de liberdade que satildeo proacuteprias de sua espeacutecie b)Toda a modificaccedilatildeo imposta
pelo homem para fins mercantis eacute contraacuteria a esse direito(UNESCO 1978)
De forma a demonstrar aqui o direito agrave uma vida livre em ambiente adequado e propiacutecio
agrave reproduccedilatildeo garantindo assim a continuidade da fauna ldquoARTIGO 7 Cada animal que trabalha
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tem o direito a uma razoaacutevel limitaccedilatildeo do tempo e intensidade do trabalho e a uma alimentaccedilatildeo
adequada e ao repousordquo revelando que os animais natildeo humanos assim como os humanos tem
direito de uma jornada digna de trabalho sem que com isso sejam explorados mais do que eacute
aceitaacutevel para uma vida adequada agraves suas condiccedilotildees fiacutesicas ldquoARTIGO 10 Nenhum animal
deve ser usado para divertimento do homem A exibiccedilatildeo dos animais e os espetaacuteculos que
utilizem animais satildeo incompatiacuteveis com a dignidade do animalrdquo expressando nitidamente que
os animais natildeo humanos natildeo satildeo brinquedos posse objeto para divertimento dos animais
humanos ora ponto serem animais que merecem respeitoagrave sua dignidade ldquoARTIGO 11 O ato
que leva agrave morte de um animal sem necessidade eacute um biociacutedio ou seja um crime contra a
vidardquo findando esta citaccedilatildeo pela clara declaraccedilatildeo de expressa vedaccedilatildeo ao assassinato dos
animais natildeo humanos sem que para isso haja um motivo vaacutelido e plenamente
justificaacutevel(UNESCO 1978)
Assim como Bruno Amaro Lacerda traz em sua obra Pessoa Dignidade e Justiccedila a
questatildeo dos direitos dos animais Eacutetica e Filosofia Poliacutetica animais natildeo humanos estatildeo em um
conviacutevio iacutentimo com os animais humanos de forma a em muitos casos criando viacutenculos afetivos
como um membro ativo no meio familiar ao ponto de ateacute ocorrerem lides em relaccedilatildeo a sua
tutela Da mesma forma quando se pensa sobre o que tange o ramo laboral os animais natildeo
humanos em muito foram e satildeo necessaacuterios para a continuidade de vaacuterias categorias de trabalho
(LACERDA 2012)
Eacute imperioso lembrar que no sistema normativo paacutetrio os animais natildeo humanos jaacute foram
considerados como coisas e tendo sua caracterizaccedilatildeo posteriormente alterada para bens
semoventes pelo Coacutedigo Civil ldquoArt 82 Satildeo moacuteveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio
ou de remoccedilatildeo por forccedila alheia sem alteraccedilatildeo da substacircncia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-
socialrdquo (BRASIL 2002)
Sobre o tema a classificaccedilatildeo juriacutedica dos animais natildeo humanos dentro do campo
normativo brasileiro Heron Santana Gordilho (2006) trata em seu trabalho ao apresentar o
fundamento moral da correta compreensatildeo das caracteriacutesticas e correta classificaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos para se romper os paradigmas atuais da caracterizaccedilatildeo dos animais natildeo
humanos comeccedila com uma reformulaccedilatildeo da proacutepria consciecircncia humana por se tratar nada
mais do que um padratildeo de compreensatildeo exclusivamente humano ora que se eacute haacutebil de notar
aos animais natildeo humanos a presenccedila de caracteriacutesticas tanto fiacutesicas quanto mentais que muito
se assemelham as apresentadas pelos animais humanos como se pode observar no trecho
retirado de sua obra
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As ciecircncias empiacutericas tecircm descoberto habilidades linguiacutesticas nos grandes primatas
que acabaram por ter significativas implicaccedilotildees na teoria moral ao demonstrar que a
doutrina tradicional que vecirc a espeacutecie humana como seres ontologicamente distintos
dos animais eacute fundamentalmente falsa e inconsistente (GORDILHO 2006 p54)
Uma vez que segundo o Gordilho os animais natildeo humanos satildeo capazes de possuir
alguma razatildeo expondo que ldquoA diferenccedila especiacutefica do homem em relaccedilatildeo aos animais residiria
no fato de que apenas o homem tem conhecimento de si mesmo apenas ele eacute um ser pensante
pois sua realidade eacute idecircntica agrave sua idealidaderdquo (GORDILHO 2006 P 53) sem que para tanto
deixasse de constar que mesmo os animais humanos por muitas vezes vem a natildeo ter tal
capacidade diferenciadora (GORDILHO 2006)
Mesmo o artigo 82 natildeo tendo sofrido alteraccedilatildeo entre o Coacutedigo de Processo Civil de 2002
e o de 2015 o tratamento juriacutedico relativo aos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo vigente a
discussatildeo e hermenecircutica do supracitado artigo sofreu alteraccedilotildees em virtude de serem capazes
de sentir dor tornando-se assim como seres viventes o que nitidamente se difere de coisa como
apontado por Haydeeacute Fernanda Cardoso em 2007 ao questionar aquela que era a classificaccedilatildeo
dos animais natildeo humanos agrave sua eacutepoca
Natildeo se pode ver como coisa seres viventes pois tais elementos mostram a existecircncia
de vida natildeo apenas no plano moral e psiacutequico mas tambeacutem bioloacutegico mecacircnico como
podem alguns preferir e vice-versa
O conhecimento juriacutedico-dogmaacutetico hoje encontra-se ultrapassado natildeo apenas em
funccedilatildeo de animais considerados inteligentes mas sim em funccedilatildeo de seres sencientes
capazes de sentir cada um a seu modo e de individualizarem-se estabelecendo
relaccedilotildees sociais entre si ou com humanos constituindo-se velado e inadequado o
tratamento dispensado inclusive mostrando-se incompatiacutevel com os proacuteprios fins
deste Direito ldquoatualrdquo de eacutetica invertida [] (CARDOSO 2007 p 132)
Na mesma obra Cardoso ainda discute sobre a possibilidade dos animais natildeo humanos
de serem aptos a possuir personalidade juriacutedica algo que na contemporaneidade vem-se sendo
alvo de diversas discussotildees no paracircmetro das lides juriacutedicas em virtude da proteccedilatildeo conferida
aos animais humanos e sua comparaccedilatildeo para com os direitos concedidos aos animais natildeo
humanos assim como a proacutepria evoluccedilatildeo desta personalidade em relaccedilatildeo aos seres humanos
historicamente falando como podemos observar pelas palavras da Autora
Assim que em dados momentos sua compreensatildeo natildeo abrangeu seres humanos
considerados escravos ou mesmo crianccedilas embora se reconhecesse entes morais (as
corporaccedilotildees) que apesar do elemento humano que guardam recebiam proteccedilatildeo em
funccedilatildeo do direito patrimonial enquanto natildeo se reconhecia a homens individuais de
modo a garantir-lhes necessidades primitivas mantedoras da vida digna direitos
humanos fundamentais
Hoje conferimos proteccedilatildeo a todos os homens ainda que suas faculdades mentais natildeo
sejam plenas ainda que natildeo tenham capacidade racional ou mesmo consciecircncia ainda
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que seus atributos mentais estejam limitados agrave mera resposta a estiacutemulos baacutesicos como
a dor ou a fome mas ainda assim natildeo sendo capazes de expressar qualquer desejo
que seja mesmo simples desejo de comer natildeo sejam capazes de se comunicar ainda
que apenas por gestos sendo a comunicaccedilatildeo demanda expressatildeo volitiva e
ultrapassando o limite das palavras Conferimos tambeacutem proteccedilatildeo a homens que natildeo
sabem falar porque entendemos que tecircm outras maneiras de se expressar mesmo que
sejam limitados no atributo da fala E a todos esses protegemos natildeo como coisas mas
sim como pessoas porque satildeo semelhantes a noacutes []
Portanto natildeo eacute a capacidade racional e cognitiva ou mesmo a fala requisito de uma
personalidade juriacutedica ateacute porque os animais possuem as duas primeiras segundo
provado por outras ciecircncias possuindo inclusive consciecircncia (CARDOSO 2007 p
133)
Em 12 de fevereiro de 1998 foi promulgada a Lei nordm 9605 tratando sobre os crimes
contra o meio ambiente trazendo de forma direta o impedimento a vaacuterios embargos relativas
aos animais natildeo humanos assim como transcreve-se aqui no artigo 29 ldquoMatar perseguir caccedilar
apanhar utilizar espeacutecimes de fauna silvestre nativos ou em rota migratoacuteria sem a devida
permissatildeo licenccedila ou autorizaccedilatildeo da autoridade competente ou em desacordo com a
obtida[]rdquo nos artigos que se seguem continuam a se tratar das vedaccedilotildees tanto no que se fala
das proibiccedilotildees relativas agrave fauna brasileira quanto a fauna estrangeira sem deixar de tratar dos
animais natildeo humanos de longa pratica de domesticaccedilatildeo como catildees e gatos assim como no
artigo 32 sect1ordm onde transporta as penas quando o crime eacute praticado contra catildees e gatos Ainda
penaliza os que geram danos por meio de poluiccedilatildeo e com isso reflitam negativamente em
relaccedilatildeo aos animais natildeo humanos como descrito no ser artigo 54 (BRASIL 1998)
Ainda quando se trata de direitos dos animais como um todo natildeo se pode deixar de
constar a Lei nordm 11126 de 27 de junho de 2005 posteriormente alterada e devidamente
motivada a aplicabilidade pela Lei nordm 13146 de 2015 sobre o acesso de catildees-guias agrave locais
puacuteblicos como se lecirc em seu artigo 1ordm redigido
Eacute assegurado agrave pessoa com deficiecircncia visual acompanhada de catildeo-guia o direito de
ingressar e de permanecer com o animal em todos os meios de transporte e em
estabelecimentos abertos ao puacuteblico de uso puacuteblico e privados de sua coletivo desde
que observadas as condiccedilotildees impostas por esta Lei (BRASIL 2015a)
Onde outrora devido a um texto inespeciacutefico natildeo se fazia cumprir a Lei de forma correta
ao deixar lacunas em sua interpretaccedilatildeo vez que somente dissertava por permitir a entrada e
permanecircncia em transportes e locais puacuteblicos e privados de uso coletivo mas natildeo trazendo a
generalidade e especificidade de tais locais de maneira a por muitas vezes ter esse direito
negado obrigando que a Lei de 2015 revisasse e desse nova redaccedilatildeo aos artigos 1ordm e seu
paraacutegrafo 2ordm da Lei de 2005 (BRASIL 2015a)
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A luta pelos direitos dos animais natildeo satildeo apenas uma funccedilatildeo legislativa o que fica
demonstrado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) que em 2019 ofertou pela primeira vez uma
disciplina de direito dos animais para seus alunos regulares assim como a comunidade em geral
em conjunto com o Grupo de Estudos sobre os Direitos Animais e Interseccionalidades como
foi noticiado pela proacutepria instituiccedilatildeo em seu canal de notiacutecias em 29 de julho do mesmo ano em
mateacuteria de Carolina Pires(PIRES 2019)
O Brasil ainda tem muito o que evoluir no tocante dos direitos dos animais natildeo humanos
comeccedilando pela exploraccedilatildeo pela ciecircncia assim como Laerte Fernando Levai lembra ao citar
uma passagem de Maria Lacerda de Moura em sua obra Civilizaccedilatildeo ndash Tronco de Escravos
publicado em 1931 mas que de nada se difere da realidade atual
Natildeo compreendo a vivissecccedilatildeo a natildeo ser como um deliacuterio de perversidade inominaacutevel
nem chego a ver a vantagem da embriaguez cientiacutefica que potildee milhares de cobaias e
catildees e qualquer espeacutecie de animal agrave mercecirc dos cientistas [] vaidosos de fazer sofrer
os ldquomaacutertires da ciecircnciardquo em nome de um princiacutepio ou de uma descoberta ou de uma
pesquisa ou dos problemaacuteticos benefiacutecios daiacute resultantes para todo o gecircnero humano
[] O homem continuaraacute a descer sempre bem para baixo de todos os siacutemios na sua
maldade de criatura civilizada para estimular todas as virulecircncias desde as guerras
ateacute o prazer satacircnico de martirizar os animais em nome do humanitarismo ciacutenico A
crueldade nunca poderaacute ser um caminho para o aperfeiccediloamento humano A ciecircncia
natildeo se adquire com crueldade Se a fisiologia natildeo pode se adiantar sem infligir
horriacuteveis torturas aos animais indefesos eacute melhor que a fisiologia fique onde estaacute A
humanidade pode progredir sem a fisiologia poreacutem natildeo poderaacute progredir sem a
piedadeMoura (MOURA 1932 apud LEVAI 2012)
Vale constar que em Santa Catarina no dia 22 de dezembro de 2003 por meio da Lei
Estadual nordm 12854 ficou instituiacutedo o Coacutedigo Estadual de Proteccedilatildeo aos Animais pelo seu artigo
2ordm e seus incisos fica por vedar a agressatildeo causar sofrimento de qualquer espeacutecie a animais
sejam silvestres domeacutesticos ou que se possam domesticar nativos ou exoacuteticos afim de
garantir-lhes plenas condiccedilotildees de existecircncia assim como criar animais em locais inapropriados
como lixeiras ou enclausurados sem deixar de citar a expressa vedaccedilatildeo ao abandono de animais
domeacutesticos Ainda tratando sobre as atribuiccedilotildees da lei como da fauna exoacutetica normatizando
os animais natildeo humanos usados para traccedilatildeo veicular tambeacutem trazendo as regras estaduais para
transporte seguro dos animais natildeo humanos como seu abate sem esquecerdas diretrizes para
animais de laboratoacuterios experimentados nos centros de pesquisa ou instituiccedilotildees de educaccedilatildeo
que deveratildeo ser devidamente registrados e certificados para possibilitar a devida fiscalizaccedilatildeo
seja por meio de relatoacuterios como prevecirc o artigo 19 seja pela obrigaccedilatildeo de presenccedila de
profissionais habilitados sempre que forem ser realizados experimentos de vivissecccedilatildeo como
descrito no sect2ordm do artigo 20 (SANTA CATARINA 2003)
21
23 ANAacuteLISE SOBRE A LEI 2172019 DO MUNICIacutePIO DE CURITIBANOSSC
No acircmbito das legislaccedilotildees contemporacircneas brasileiras haacute uma lei promulgada em
2019 onde eacute observado um claro retrocesso no tangente deste tema Em Curitibanos Santa
Catarina no ano de 2019 foi proposta e posta em circulaccedilatildeo a Lei Complementar de nordm
2172019 sob o nome de ldquoInstitui o Coacutedigo de Proteccedilatildeo e Bem-estar animal no acircmbito do
municiacutepio de Curitibanos e daacute outras providecircnciasrdquo a qual traz uma proibiccedilatildeo taacutecita de cuidar
alimentar proporcionar fonte de aacutegua para animais que vivem nas ruas como se pode observar
na subseccedilatildeo II do catildeo comunitaacuterio
Art 11 Fica reconhecida a figura do catildeo comunitaacuterio sendo o animal sem proprietaacuterio
ou tutor identificado e que estabelece com a comunidade em que vive laccedilos de
dependecircncia e de manutenccedilatildeo embora natildeo possua responsaacutevel uacutenico e definido
Art 12 O acesso a aacutegua alimentaccedilatildeo cuidados com a sauacutede higiene e demais atos
necessaacuterios agrave preservaccedilatildeo do bem-estar dos catildees comunitaacuterios natildeo poderatildeo ser
realizados em vias de circulaccedilatildeo passeio praccedilas e demais ambientes puacuteblicos
(CURITIBANOS 2019)
Jaacute na parte de penalizaccedilotildees da mesma Lei em seu Capiacutetulo IV DAS INFRACcedilOtildeES
E PENALIDADES caracterizam que aquele que infringe tal proibiccedilatildeo ocorre em infraccedilatildeo de
natureza meacutedia onde tambeacutem consta maus-tratos ao animal tutelado como se observa em seu
artigo 34 inciso II e suas aliacuteneas
Art 34 Constitui infraccedilatildeo contra as normas de bem-estar dos animais domeacutesticos ou
domesticados a inobservacircncia de qualquer preceito desta lei ou da legislaccedilatildeo
complementar ficando o infrator sujeito agraves penalidades e medidas administrativas
previstas nos artigos 30 e 31 desta Lei Complementar conforme o caso aleacutem das
demais puniccedilotildees legalmente previstas
II - Constitui-se infraccedilatildeo de natureza meacutedia
a) A exposiccedilatildeo contiacutenua do animal ao sol chuva calor e frio e em caso de
confinamento enclausuraacute-los em espaccedilos uacutemidos sem ventilaccedilatildeo
b) Privar o animal de aacutegua limpa e potaacutevel e alimento adequado e em abundacircncia em
recipientes limpos
c) Exercitaacute-los de maneira excessiva e sem descanso adequado
d) Utilizar o animal em situaccedilotildees de enfrentamento fiacutesico entre animais da mesma
espeacutecie ou de espeacutecies diferentes em locais puacuteblicos ou privados
e) Disponibilizar alimentaccedilatildeo e aacutegua em vias de circulaccedilatildeo passeio praccedilas e demais
ambientes puacuteblicos (CURITIBANOS 2019)
De forma a demonstrar um claro regresso nas conquistas alcanccediladas em relaccedilatildeo aos
direitos dos animais natildeo humanos vez que reduz a capacidade de bem-estar animal de ser
repartida com a sociedade aumentando os encargos do estado para com os animais natildeo
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humanos que se encontram em situaccedilatildeo de abandono e descaso vivendo sem as devidas
condiccedilotildees sanitaacuterias nutricionais de seguranccedila e bem-estar nas vias puacuteblicas sem que para
tanto apresente uma contrapartida do Municiacutepio para garantir que os cuidados vetados agrave
particulares sejam repassados aos entes puacuteblicos apenas reduzindo drasticamente as chances
de alcance de condiccedilotildees mais dignas a sua sobrevivecircncia miacutenima (CURITIBANOS 2019)
24 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 722020 DE PENHASC
A Cacircmara Municipal de Penha Santa Catarina aprovou do dia 17 de agosto de
2020 de forma unanime um projeto de lei que entre seus artigos traz uma passagem que traz
a proibiccedilatildeo para os cachorros de latir trazendo como penalidade aos seus tutores em caso de
descumprimento uma multa no valor de R$ 2300000 A dita lei trata da perturbaccedilatildeo do
sossego enquadrando os animais natildeo humanos em seu art 2ordm II d
Art2ordm Para os efeitos desta lei aplicam-se as seguintes definiccedilotildees
[] II ndash PERTURBACcedilAtildeO DO SOSSEGO
[] d) provocando ou natildeo procurando impedir barulho produzido por animal que tem
guarda(PENHA 2020)
Eacute notoacuterio constar o eminente risco de se cair em maus-tratos animais para a garantia
do cumprimento da citada lei seja pelo uso de equipamentos anti-latidos que causam dor ou
mauestar ao animal seja pelo corte das cordas vocais dos cachorros ou mesmo sob as puniccedilotildees
aos animais natildeo humanos aplicadas em caso de desobediecircncia agrave norma jaacute que os cachorros satildeo
seres independentes alheios do domiacutenio humano Assim como afirma a advogada Ana Selma
Moreira ldquoO que me deixa temerosa em relaccedilatildeo a essa proposta eacute que esse tipo de dispositivo
coloca os animais em risco de maus-tratos e violaccedilatildeo dos direitos fundamentaisrdquo demonstrando
a temeridade da jurista em relaccedilatildeo ao risco que a lei ocasiona (MOREIRA 2020)
25 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 552017 DE PROIBICcedilAtildeO DE USO DE ANIMAIS EM
TESTES DE COSMEacuteTICOS
No dia 9 de outubro de 2020 foi aprovado no Plenaacuterio da Assembleia Legislativa o
Projeto de Lei de autoria do deputado Joatildeo Amin que tem por objetivo proibir o uso de animais
natildeo humanos em testes par a produccedilatildeo de produtos de beleza de higiene pessoal perfumes e
23
cosmeacuteticos em Santa Catarina O proacuteximo passo para a implementaccedilatildeo do Projeto de Lei eacute o
encaminhamento para sanccedilatildeo do Governo do Estado de Santa Catarina sobre esta fase o autor
do Projeto de Lei escreveu ldquoEspero que o governo estadual sancione e regulamente este projeto
que eacute muito importante para proteccedilatildeo dos animais Nossa intenccedilatildeo eacute impedir o uso
indiscriminado de animais em testes situaccedilatildeo que pode ser evitada com uma seacuterie de
alternativasrdquo (FLORIANOacutePOLIS 2020) demonstrando assim a relevacircncia da sanccedilatildeo desta lei
para a garantia do bem-estar dos animais natildeo humanos
No presente Projeto de Lei natildeo soacute se apresenta a necessidade da vedaccedilatildeo do uso dos
animais natildeo humanos no que tange os testes para a produccedilatildeo de cosmeacuteticos perfumes e
assemelhados como tambeacutem descreve de forma qualitativa a caracterizaccedilatildeo destes bens de
consumo para a devida garantia de que a lei caso seja aprovada pelo Governo Estadual seja
devidamente cumprida dentro dos seus objetivos ao exemplo de dizer que tais bens satildeo
preparaccedilotildees constituiacutedas de substacircncias naturais ou sinteacuteticas de uso externo no corpo dos
animais humanos como pele mucosas cabelo unhas dentes dentre outros para com o
objetivo esteacutetico higiecircnico proteccedilatildeo ou ainda odorizaccedilatildeo corporal ressalvando como excluiacutedos
da proposta de lei os medicamentos por meio de emenda substitutiva apresentada pelo relator
Jair Miotto (FLORIANOacutePOLIS 2020)
Outra medida dentro do Projeto de Lei para a garantia do eficaz cumprimento deste eacute a
instituiccedilatildeo de penalidades ao estabelecimentos de pesquisa profissionais ou anaacutelogos que
descumprirem as diretrizes levantadas no presente Projeto de Lei com penalidades progressivas
para multas e demais sanccedilotildees para tanto a instituiccedilatildeo de multa miacutenima de R$ 500000 (cinco
mil reais) podendo chegar ateacute o valor de R$ 1000000 (dez mil reais) sem contar juros e
correccedilotildees monetaacuterias segundo os iacutendices oficiais regularmente estabelecidos estabelecendo
ainda que em caso de reincidecircncia a multa podendo ser dobrada natildeo impedindo se somar a
multa a suspensatildeo temporaacuteria ou definitiva do alvaraacute de funcionamento da instituiccedilatildeo
(FLORIANOacutePOLIS 2020)
Jaacute enquanto sobre as puniccedilotildees relativas aos profissionais que descumprirem a lei esta
se daraacute por multa no valor miacutenimo de R$ 100000 (mil reais) podendo chegar ateacute o valor de R$
500000 (cinco mil reais) sem contar juros e correccedilotildees monetaacuterias segundo os iacutendices oficiais
regularmente estabelecidos com multa dobrada para casos de reincidecircncia estabelecendo ainda
puniccedilotildees para pessoas fiacutesicas sem excluir aquelas que sejam detentoras de funccedilatildeo puacuteblica civil
ou militar incluindo ainda instituiccedilotildees ou estabelecimentos de ensino organizaccedilotildees sociais ou
ainda quaisquer outras pessoas juriacutedicas indiferente de serem com ou sem fins lucrativos
puacuteblicos ou privados que vierem a descumpri os termos da lei (FLORIANOacutePOLIS 2020)
24
26 JULGADOS SOBRE A GUARDA ANIMAL E PROJETOS LEIS
A 4ordf Turma do STJ definiu por maioria de votos no dia 19 de junho de 2018 ser possiacutevel
a regulamentaccedilatildeo judicial de visitas a animais natildeo humanos de estimaccedilatildeo apoacutes a separaccedilatildeo de
casais que viviam em uma uniatildeo estaacutevel onde o Ministro Relator Luis Felipo Salomatildeo apontou
como se observa na ementa do caso
RECURSO ESPECIAL DIREITO CIVIL DISSOLUCcedilAtildeO DE UNIAtildeO ESTAacuteVEL
ANIMAL DE ESTIMACcedilAtildeO AQUISICcedilAtildeO NA CONSTAcircNCIA DO
RELACIONAMENTO INTENSO AFETO DOS COMPANHEIROS PELO
ANIMAL DIREITO DE VISITAS POSSIBILIDADE A DEPENDER DO CASO
CONCRETO 1 Inicialmente deve ser afastada qualquer alegaccedilatildeo de que a discussatildeo
envolvendo a entidade familiar e o seu animal de estimaccedilatildeo eacute menor ou se trata de
mera futilidade a ocupar tempo desta Corte Ao contraacuterio eacute cada vez mais recorrente
no mundo da poacutes- modernidade e envolve questatildeo bastante delicada examinada tanto
pelo acircngulo da afetividade em relaccedilatildeo ao animal como tambeacutem pela necessidade de
sua preservaccedilatildeo como mandamento constitucional (art 225sect1 inciso VII ndash ldquoproteger
a fauna e a flora vedadas na forma da lei as praacuteticas que coloquem em risco sua
funccedilatildeo ecoloacutegica provoquem a extinccedilatildeo de espeacutecies ou submetam os animais a
crueldaderdquo) 2 O Coacutedigo Civil ao definir a natureza juriacutedica dos animais tificou-os
como coisas e por conseguinte objetos de propriedade natildeo lhes atribuindo a
qualidade de pessoas natildeo sendo dotados de personalidade juriacutedica nem podendo ser
considerados sujeitos de direitos Na forma da lei civil o soacute fato de o animal ser tido
como de estimaccedilatildeo recebendo afeto da entidade familiar natildeo pode vir a alterar a
substacircncia a ponto de converter a sua natureza juriacutedica 3 No entanto os animais de
companhia possuem valor subjetivo uacutenico e peculiar aflorando sentimentos bastante
iacutentimos em seus donos totalmente diversos de qualquer outro tipo de propriedade
privada Dessarte o regramento juriacutedico dos bens natildeo se vem demonstrando suficiente
para resolver de forma satisfatoacuteria a disputa familiar envolvendo os pets visto que
natildeo se trata de simples discussatildeo atinente agrave posse e agrave propriedade 4 Por sua vez a
guarda propriamente dita ndash inerente ao poder familiar ndash instituto por essecircncia de
direito de famiacutelia natildeo pode ser simples e fielmente subvertida para definir o direito
dos consortes por meio do enquadramento de seus animais de estimaccedilatildeo
notadamente porque eacute um muacutenus exercido no interesse tanto dos pais quanto do filho
Natildeo se traraacute de uma faculdade e sim de um direito em que se impotildee aos pais a
observacircncia dos deveres inerentes ao poder familiar 5 A ordem juriacutedica natildeo pode
simplesmente desprezar o relevo da relaccedilatildeo do homem com seu animal de estimaccedilatildeo
sobretudo nos tempos atuais Deve-se ter como norte o fato cultural e da poacutes-
modernidade de que haacute uma disputa dentro da entidade familiar em que prepondera
o afeto de ambos os cocircnjuges pelo animal Portanto a soluccedilatildeo deve perpassar pela
preservaccedilatildeo a garantia dos direitos agrave pessoa humana mas precisamente o acircmago de
sua dignidade 6 Os animais de companhia satildeo seres que inevitavelmente possuem
natureza especial e como ser senciente ndash dotados de sensibilidade sentindo as
mesmas dores e necessidades biopsicoloacutegicas dos animais racionais - tambeacutem devem
ter o seu bem-estar considerado 7 Assim na dissoluccedilatildeo da entidade familiar em que
haja algum conflito em relaccedilatildeo ao animal de estimaccedilatildeo independentemente da
qualificaccedilatildeo juriacutedica a ser adotada a resoluccedilatildeo deveraacute buscar atender sempre a
depender do caso em concreto aos fins sociais atentando para a proacutepria evoluccedilatildeo da
sociedade com a proteccedilatildeo do ser humano e do seu viacutenculo afetivo com o animal 8
Na hipoacutetese o Tribunal de origem reconheceu que a cadela fora adquirida na
constacircncia da uniatildeo estaacutevel e que estaria demonstrada a relaccedilatildeo de afeto entre o
recorrente e o animal de estimaccedilatildeo reconhecendo o seu direito de visitas ao animal
o que deve ser mantido 9 Recurso especial natildeo provido (BRASIL 2018a)
25
Mesmo ainda sendo definidos como coisas pelo Coacutedigo Civil como apontado pelo
mesmo relator foi apontado que os animais natildeo humanos satildeo objetos de relaccedilotildees juriacutedicas uma
vez ainda que como aponta a pesquisa do IBGE jaacute existem mais catildees e gatos nos lares
brasileiros do que crianccedilas desta forma demonstrando a relevacircncia do viacutenculo afetivo entre os
animais humanos e os animais natildeo humanos assegurando ainda a preservaccedilatildeo das garantias do
artigo 225 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (BRASIL 2018a)
A Juiacuteza de Direito Karen Francis Schubert Reimer da 3ordf Vara da Famiacutelia de Joinville
Santa Catarina tambeacutem discutiu a guarda de animais natildeo humanos discutindo a sua natureza
juriacutedica na sua decisatildeo No caso da lide apoacutes a separaccedilatildeo ficou decidido que cada uma das partes
ficaria com a guarda de um dos catildees que possuiacuteam na constacircncia do matrimocircnio ainda decidiu
a possibilidade de visitas entre as partes e os catildees e as partes sem sua guarda igualmente ao
relator do STJ o status de coisa dado pelo Coacutedigo Civil brasileiro aos animais natildeo humanos a
magistrada apontou ldquoNossa legislaccedilatildeo atual o Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002 estabelece que
o animal possui status juriacutedico de coisa Ou seja eacute um objeto de propriedade do homem e que
conteacutem expressatildeo econocircmicardquo usando esta colocaccedilatildeo para justificar sua decisatildeo onde
determina que seraacute o homem o responsaacutevel por todas as despesas de veterinaacuterio medicaccedilatildeo e
vacinas tanto para o cachorro em sua guarda quanto para o cachorro sob a guarda de sua ex-
esposa (SANTA CATARINA 2017)
Vale ressaltar que a magistrada apontou a necessidade de que os animais natildeo humanos
sejam enquadrados em uma categoria intermediaacuteria entre coisas e pessoas citando o Projeto de
Lei do Senado PLS 31515 que trata sobre a natureza juriacutedica dos animais natildeo humanos onde
dispotildees sobre a alteraccedilatildeo do artigo 82 do Coacutedigo Civil natildeo tratando mais os animais natildeo
humanos como coisas entatildeo trouxe a fala ldquoNatildeo se trata de equiparar os cachorros aos filhos
aos seres humanos O que se busca eacute reconhecer que nem sempre os animais devem receber
tratamento de coisa ou de objetordquo (SANTA CATARINA 2017)
Sobre o tema eacute vaacutelido constar que o Governo de Santa Catarina na data de 17 de janeiro
de 2018 por meio da Lei nordm 17485 veio a alterar a Lei nordm 12854 de 2003 que instituiu o Coacutedigo
Estadual de Proteccedilatildeo dos animais Com a presente lei veio a fim de se reconhecer catildees gatos e
cavalos como seres sencientes trazendo a incluir ao dito coacutedigo o artigo 34 ndash A ldquoPara os fins
desta Lei catildees gatos e cavalos ficam reconhecidos como seres sesncientes sujeitos de direito
que sentem dor e anguacutestia o que constitui o reconhecimento da sua especificidade e das suas
caracteriacutesticas face a outros seres vivosrdquo fazendo assim constar um grande diferencial
normativo de uma lei estadual perante a legislaccedilatildeo paacutetria ora que enquanto no que tange as leis
a niacutevel federal tal interpretaccedilatildeo somente se encontra no campo doutrinaacuterio jurisdicional e de
26
projeto de lei em niacutevel estadual em Santa Catarina os animais natildeo humanos jaacute satildeo
classificados desde 2018 como seres sencientes pela letra da lei (SANTA CATARINA 2018)
Ainda na mesma linha o Senado Nacional tramita no CCJ o Projeto de Lei PLS 54218
para regulamentar a guarda compartilhada de animais de estimaccedilatildeo quando em caso de
divoacutercios ou dissoluccedilotildees de Uniotildees Estaacuteveis determinando para tanto que o animal natildeo humano
que possa ser alvo de tal discussatildeo de guarda de acordo com seu artigo 1ordm aquele ldquocujo tempo
de vida tenha transcorrido majoritariamente na constacircncia do casamento ou da uniatildeo estaacutevelrdquo
(BRASIL 2018b) definindo ainda quais as condiccedilotildees para a guarda visitas ambiente
adequado para moradia do animal natildeo humano a quem incumbiraacute as despesas do animal natildeo
humano guardado assim como as consequecircncias relativas agrave risco de violecircncia ou maus-tratos
ao animal natildeo humanos sobre sua guarda ou em sua visita Apresenta-se para anaacutelise tal PL
com o texto
Estabelece o compartilhamento da custoacutedia de animal de estimaccedilatildeo de propriedade
em comum quando natildeo houver acordo na dissoluccedilatildeo do casamento ou da uniatildeo estaacutevel Altera o Coacutedigo de Processo Civil para determinar a aplicaccedilatildeo das normas
das accedilotildees de famiacutelia aos processos contenciosos de custoacutedia de animais de estimaccedilatildeo
(BRASIL 2018b)
Atualmente essa PLS encontra-se em aguardo de designaccedilatildeo e relator desde 25 de
marccedilo de 2019 Tal projeto de lei vem a demonstrar uma nova visatildeo sobre a interaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos e humanos e abrindo precedentes para uma nova classificaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos perante o Coacutedigo Civil (BRASIL 2018b)
Na mesma linha de discussatildeo da Magistrada se faz necessaacuterio constar a declaraccedilatildeo feita
por um grupo de juristas e especialistas em sauacutede e comportamento animal ingleses durante a
Conferecircncia de Francis Crick sediada na Universidade de Cambridge no dia 7 de julho de 2012
A ausecircncia de um neurocoacutertex natildeo parece impedir que um organismo experimente
estados afetivos Evidecircncias convergentes indicam que os animais natildeo humanos tecircm
os substratos neuroanatocircmicos neuroquiacutemicos e neurofisioloacutegicos de estado de
consciecircncia juntamente com a capacidade de exibir comportamentos intencionais
Consequentemente o pelo das evidecircncias indicam que os humanos natildeo satildeo os uacutenicos
a possuir os substratos neuroloacutegicos que geram a consciecircncia Animais natildeo humanos
incluindo todos os mamiacuteferos e as aves e muitas outras criaturas incluindo nestes os
polvos tambeacutem possuem esses substratos neuroloacutegicos (CAMBRIDGE 2012)
Em tal relato obteve-se as palavras de um grupo de especialistas tanto no campo
juriacutedico quanto nos campos de comportamento e medicina animal de forma a admitir que natildeo
seriam apenas os animais humanos capazes de serem dotados de consciecircncia demonstrando
27
estes serem capazes de pensar sentir e raciocinar natildeo sendo simplesmente coisas
(CAMBRIDGE 2012)
Tramita no Senado o Projeto de Lei nordm 631 de 2015 onde visa alterar a redaccedilatildeo do artigo
32 da Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 vem a vedar que sem motivos justificaacuteveis se
venha a causar dor lesatildeo ou sofrimento aos animais natildeo humanos desenvolver a
conscientizaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo para a guarda responsaacutevel dos animais natildeo humanos classificando
a integridade fiacutesica e mental assim como o bem-estar dos animais natildeo humanos como interesse
difuso devendo destacar o sect2ordm do artigo 4ordm da PL ldquoAos animais deve ser dispensada a dignidade
de tratamento reservada aos seres sencientesrdquo (BRASIL 2015b) demonstrando claramente sua
natureza de seres dotados de sensibilidade e natildeo de status de coisa assim como os sectsect 3ordm e 4ordm do
mesmo artigo
sect3ordm Os animais tecircm interesses individuais e coletivos distintos dos interesses
individuais e coletivos dos seres humanos devendo a autoridade no caso de colisatildeo
de interesses proceder a uma ponderaccedilatildeo que natildeo se confine a juiacutezos de utilidade ou
de funcionalizaccedilatildeo das interesses individuais e coletivos dos seres humanos
sect4ordm Na ausecircncia de disposiccedilotildees em contraacuterio os animais se beneficiam da proteccedilatildeo
juriacutedica conferida agraves coisas e agraves pessoas juriacutedicas (BRASIL 2015b)
Trazendo uma grande inovaccedilatildeo relativa aos direitos dos animais natildeo humanos onde
lhes proporciona a garantia da proteccedilatildeo juriacutedica dada agraves pessoas juriacutedicas Tal PL se apresenta
para anaacutelise com o texto
Institui o estatuto de proteccedilatildeo dos animais considerando-a como interesse difuso
estabelece o direito agrave proteccedilatildeo agrave vida e ao bem-estar a vedaccedilatildeo de praacuteticas e atividades
que se configurem como crueacuteis ou danosas da integridade fiacutesica e mental tipifica os
maus-tratos e dispotildees sobre infraccedilotildees e penalidades (BRASIL 2015b)
Este protejo de lei se encontra em aguardo de inclusatildeo na ordem do dia de requerimento
tendo como Relator o Senador Pliacutenio Valeacuterio (BRASIL 2015b)
Entende-se que embora os animais natildeo humanos faccedilam parte de forma direta e
entrelaccedilada com os animais humanos ainda se encontra como um grande problema perante a
nossa legislaccedilatildeo sendo seu sistema normativo uma novidade e de completo desconhecimento
de um grande percentual brasileiro ora visto como um direito extravagante que natildeo consideraria
uma expressatildeo da realidade suprimindo necessidades atuais em contraposto da relaccedilatildeo afetiva
por muitos julgada como transbordando os limites de humanidade (FIORILLO 2019)
Assim no presente capiacutetulo foi analisada a evoluccedilatildeo histoacuterica legislativa dos direitos
dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo brasileira ateacute a contemporaneidadedo estado
28
atual de seus direitos incluindo julgados projetos de lei suacutemulas sem deixar de constar ateacute
retrocessos legislativosdos direitos em questatildeoPela teacutecnica bibliograacutefica onde se buscouesta
anaacutelise da forma mais completatentandoenglobar omaacuteximo deinformaccedilotildees parase chegar agrave
mais ampla anaacutelise dos direitos dos animais natildeo humanos no Brasil
Desta forma foi possiacutevel se observar que o primeiro relato normativo brasileiros no
Municiacutepio de Satildeo Paulo trazendo vedaccedilotildees e regulamentaccedilotildees para os animais em labuta
passando pela inclusatildeo de normas dentro da constituiccedilatildeo federativa sumulassem deixar de citar
asleis infraconstitucionais
Para continuidade do presente trabalho no capitulo que se segue seraacute apresentada uma
anaacutelise realizada da mesma forma do presente capitulo poreacutem no tangente agrave evoluccedilatildeo histoacuterica
e legislaccedilatildeo atual dos direitos dos animais em Portugal
29
3 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA
Neste capiacutetulo tem-se como objetivo trazer de forma sucinta a evoluccedilatildeo histoacuterica no que
tange o direito dos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo de Portugal trazendo para isto as
proacuteprias leis assim como relatos bibliograacuteficos sobre o tema
31 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
O direito dos animais natildeo humanos em Portugal surgiu no dia 16 de setembro de 1886
com a promulgaccedilatildeo do Decreto Lei do Coacutedigo Penal Portuguecircs onde tratavam dos direitos dos
animais natildeo humanos entre os artigos 478 a 481 onde previam a penalizaccedilatildeo par aquele que
ferir matar envenenar abusar ou causar outros tipos de danos aos animais natildeo humanos
incluindo dentre eles a vedaccedilatildeo aos maus-tratos Contudo tipificavam os animais natildeo humanos
como animais de consumo (PORTUGAL 1886)
Somente quase 30 anos depois no datar de 12 de junho de 1919 foi assinado um Decreto
relativo a vedaccedilatildeo do uso excessivo de animais perante a labuta onde se determinavam limites
para o trabalho em que os animais natildeo humanos satildeo expostos impedindo desta forma a
exigecircncia exacerbada e abusiva perante suas capacidades individuais e coletivos (PORTUGAL
2001)
No iniacutecio do seacuteculo seguinte Portugal regulamentou para a aplicaccedilatildeo interna de forma
complementar as disposiccedilotildees da Convenccedilatildeo Europeia para a Proteccedilatildeo dos Animais de
Companhia aprovada pelo no dia 13 de abril no Decreto nordm 1393 de forma a definir quais os
dispositivos que se tornariam aplicaacuteveis no seu territoacuterio e excluindo no entanto todos aqueles
que tratem das espeacutecies da fauna selvagem exoacuteticas assim como seus descendentes quando
criados em cativeiro ainda ressaltando como natildeo aplicaacuteveis as normas que se dispusessem em
contradiccedilatildeo a legislaccedilatildeo infraconstitucional portuguesa (PORTUGAL 2001)
Esta legislaccedilatildeo veio a normatizar medidas ateacute entatildeo natildeo constantes na legislaccedilatildeo paacutetria
como ao exemplo do seu artigo 3ordm regulamentando os procedimentos e locais de alojamento no
que tange o exerciacutecio de reproduccedilatildeo para comercializaccedilatildeo de animais de companhia Traz ainda
inovaccedilotildees no que se fala de abandono onde natildeo se caracteriza mais o abandono somente como
largar em qualquer lugar mas tambeacutem pela negligecircncia como deixar de cuidar alimentar
cuidado com a higiene e devidas condiccedilotildees de sauacutede e proteccedilatildeo contra zoonoses ocasionando
30
para aquele que nesta categoria de abandono for classificado a remoccedilatildeo do animal Natildeo
deixando de constar a necessidade expressa de que em caso de amputaccedilotildees deva haver
certificaccedilatildeo veterinaacuteria comprovando a necessidade de tal procedimento garantindo que estas
sejam realizadas por razotildees claramente medica-veterinaacuteria ou de interesse particular do animal
natildeo humano ou ainda para impedir sua reproduccedilatildeo impedindo desta forma amputaccedilotildees
meramente esteacuteticas ou por interesse unicamente de seu detentor permitindo maiores direitos
a integridade fiacutesica dos animais natildeo humanos perante motivaccedilotildees supeacuterfluas Tratando ainda
de normas para hospedagem e centro de recolhimento de animais natildeo humanosem seus
Capiacutetulos IV V VI VIII e X (PORTUGAL 2001)
Em substituiccedilatildeo do Decreto Lei nordm 2762001 em 17 de dezembro o Decreto Lei nordm
3152003 veio para inovar em alguns sentidos os direitos dos animais natildeo humanos excluindo
as aplicaccedilotildees de dispositivos do Decreto nordm 1393 da Convenccedilatildeo Europeia para a proteccedilatildeo de
Animais de Companhia no tangente da detenccedilatildeo de animais potencialmente perigosos
vislumbrando a necessidade de regulamentar a mateacuteria por diplomas proacuteprios utilizando para
tal regulamentaccedilatildeo os posicionamentos de oacutergatildeos governamentais proacuteprios das Regiotildees
Autocircnomas e a Associaccedilatildeo Nacional dos municiacutepios Portugueses Trazendo colocaccedilotildees como
ldquoExcluem-se do acircmbito de aplicaccedilatildeo deste diploma as espeacutecies da fauna selvagem autoacutectone e
exoacutetica e os seus descendentes criados em cativeiro objeto de regulamentaccedilatildeo especiacutefica e os
touros de liderdquo (PORTUGAL 2003b) assim como redefinindo hospedagem sem fins
lucrativos e para fins meacutedicos-veterinaacuterios para animais de companhia onde destaca o Plano
Nacional de Luta e Vigilacircncia da Raiva Animal e outras Zoonoses que natildeo se faziam constar
no decreto anterior ainda atualizando as regras para licenccedilas de funcionamento de tais locais
assim como regulando dimensotildees miacutenimas para sua instalaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo de atividades sejam
para animais natildeo humanos de sangue quente como cachorros e gatos ou sangue frio como
lagartos e sapos(PORTUGAL 2003b)
Um grande marco para o direito dos animais natildeo humanos em Portugal ocorreu com a
publicaccedilatildeo no dia 17 de dezembro do Decreto-Lei nordm 3132003 onde foi criado o Sistema de
Identificaccedilatildeo de Caninos e Felinos (SICAFE) onde estabeleceu diretrizes para a identificaccedilatildeo
eletrocircnica de catildees e gatos que servem de animais de companhia criando desta forma uma base
de dados nacional para esta identificaccedilatildeo permitindo a identificaccedilatildeo dos animais natildeo humanos
que satildeo viacutetima de abandono ainda como medidas sanitaacuterias e zooteacutecnicas juriacutedicas e
humanitaacuterias ainda aumentando a responsabilidade dos centros de criaccedilatildeo para
comercializaccedilatildeo de catildees e gatos de companhia (PORTUGAL 2003a)
31
Seria a criaccedilatildeo de um documento uacutenico que comporta o boletim sanitaacuterio destes animais
natildeo humanos contendo natildeo soacute informaccedilotildees cruciais destes como sexo e raccedila mas ainda
detalhes sobre procedimentos que os mesmos foram expostos e accedilotildees de profilaxia das quais
foi sujeito sendo de delegaccedilatildeo do seu detentor garantir que tais informaccedilotildees estejam corretas e
atualizadas incluindo dentre elas a carteira de vacinaccedilatildeo antirraacutebica (PORTUGAL 2003a)
No datar de 25 de janeiro de 2005 pela Uniatildeo Europeia foi promulgado o Regulamento
nordm 12005 que faz relaccedilatildeo a proteccedilatildeo dos animais natildeo humanos durante o transporte e operaccedilotildees
fins de forma a minimizar a duraccedilatildeo da viagem e satisfazer as necessidades dos animais
garantindo tambeacutem que os animais natildeo humanos devem estar aptos para efetuar a viagem assim
como os meios de transporte tanto quanto os equipamentos de carregamento e descarregamento
devem ser construiacutedos mantidos e utilizados de maneira a evitar lesotildees violecircncia ou
sofrimentos garantindo o bem-estar e a seguranccedila dos animais natildeo humanos durante o
deslocamento sendo de responsabilidade das autoridades nacionais inspecionar e aprovar os
veiacuteculos alvo de transporte de animais natildeo humanos seja por via mariacutetima ou rodoviaacuteria
(PORTUGAL 2005)
Ainda eacute vaacutelido mencionar o Decreto-Lei nordm 742007 promulgado dia 27 de marccedilo de
2007 onde trata da consagraccedilatildeo do direito ldquode acesso das pessoas com deficiecircncia visual
acompanhadas de catildees-guia a locais transportes e estabelecimentos puacuteblicosrdquo (PORTUGAL
2007a) tal constataccedilatildeo se faz pela evoluccedilatildeo nas teacutecnicas e condicionamento de formas de
treinamento de tais animais assim como da proteccedilatildeo sanitaacuteria dos catildees fora que determina os
direitos e responsabilidades dos catildees em treinamento e em serviccedilo ainda definindo os regimes
credenciamento responsabilidades e proibiccedilotildees relativas agraves famiacutelias que se promovem a receber
os catildees que seratildeo treinados demonstrando uma clara preocupaccedilatildeo no conforto seguranccedila e
vida dentro dos padrotildees de garantias para os catildees que agrave essa atividade forem direcionados
(PORTUGAL 2007a)
No mesmo ano o Parlamento Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia emitiu o
Regulamento nordm 1523007 do dia 11 de dezembro veio a proibir a colocaccedilatildeo no mercado assim
como a importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo comunitaacuterias de peles de gato e de catildeo e de produtos que as
contenham uma vez que
Para os cidadatildeos da Uniatildeo Europeia os gatos e catildees satildeo animais de estimaccedilatildeo pelo
que natildeo eacute aceitaacutevel usar as suas peles nem produtos que as contenham Existem
indiacutecios da presenccedila da Comunidade de peles natildeo rotuladas de gato e de catildeo e de
produtos que as contecircm Consequentemente os consumidores estatildeo preocupados com
a possibilidade de poderem comprar peles de gato e de catildeo e produtos que as
contenham Em 18 de Dezembro de 2003 o Parlamento Europeu aprovou uma
32
declaraccedilatildeo em que exprime a sua inquietaccedilatildeo a respeito do comeacutercio dessas peles e
produtos e solicita que se lhe ponha termo a fim de reestabelecer a confianccedila dos
consumidores e dos comerciantes[] (PORTUGAL 2007a)
Desta forma aleacutem de garantir que dentro comeacutercio interno de produtos de pele de catildees
e gatos natildeo estejam presentes ainda garante o bem-estar dos animais natildeo humanos ora que ao
se tratar de comercio irregular e ilegal levanta a praacutetica de maus-tratos para a obtenccedilatildeo de tais
mateacuterias primas (PORTUGAL 2007a)
32 LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA CONTEMPORAcircNEA
Por meio da Lei nordm 3152009 publicada no dia 21 de agosto do mesmo ano foi
designado novos regramentos relativos aos animais natildeo humanos onde em seu artigo 1ordm trouxe
ldquoO presente decreto-lei aprova o regime juriacutedico da criaccedilatildeo reproduccedilatildeo e detenccedilatildeo de animais
perigosos e potencialmente perigosos enquanto animais de companhiardquo (PORTUGAL 2009b)
Aqui fica demonstrada a preocupaccedilatildeo da introduccedilatildeo de mais espeacutecies de animais natildeo humanos
no meio do conviacutevio em sociedade dos animais humanos sem que haja prejuiacutezo aos dizeres do
Decreto-Lei de 2009 este tenta regular animais natildeo humanos silvestres mas ressalva o direito
da manutenccedilatildeo da criaccedilatildeo e interaccedilatildeo de animais natildeo humanos e humanos enquanto nativos da
fauna selvagem indiacutegena respeitando desta maneira as peculiaridades de sua existecircncia Em
seu artigo 3ordm traz as classificaccedilotildees de animais natildeo humanos enquanto animal de companhia
animal perigoso animal potencialmente perigoso autoridade competente centro de recolha e
detentor fazendo este uacuteltimo o mais importante de se evidenciar
ltltDetentorgtgt qualquer pessoa singular maior de 16 anos sobre a qual recai o dever
de vigilacircncia de um animal perigoso ou potencialmente perigoso para efeitos de
criaccedilatildeo reproduccedilatildeo manutenccedilatildeo acomodaccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo com ou sem fins
comerciais ou que o tenha sob sua guarda mesmo que a tiacutetulo temporaacuterio
(PORTUGAL 2009b)
Trazendo uma nova concepccedilatildeo para aquele que possui um animal natildeo humano quando
se fala de perigosos e potencialmente perigosos evidenciando uma nova forma de considera-lo
enquanto ser sob guarda natildeo apresentando mais como uma posse mas sim como uma tutela
Vale ressaltar que o presente decreto natildeo se resume apenas a animais natildeo humanos considerados
de natureza selvagem ao denomina-los como animais perigosos e animais potencialmente
perigosos mas tambeacutem resguarda os direitos e deveres do detentor perante catildees que sejam
assim classificados perante o que classifica o artigo 3ordm em Capiacutetulo IV trata sobre as
33
obrigatoriedades para a constacircncia de manutenccedilatildeo de catildees assim classificados em seu conviacutevio
como a obrigaccedilatildeo de treinamento e suas exigecircncias (PORTUGAL 2007b)
Ainda o presente decreto traz as penalidades para formas de maus-tratos ateacute entatildeo natildeo
mencionados nas legislaccedilotildees anteriores como para aqueles que promoverem ou participarem
de lutas entre animais natildeo humanos natildeo excluindo da puniccedilatildeo a mera tentativa e ainda
trazendo penas para quaisquer formas de ofensas agrave integridade fiacutesica dos animais natildeo humanos
na categoria dolosa ou de negligecircncia Eacute imprescindiacutevel constar sobre uma inovaccedilatildeo de grande
importacircncia trazida pelo decreto em questatildeo onde em seu artigo 38 vislumbra puniccedilotildees ao que
tange o profissional veterinaacuterio ou aquele que praticar as atividades a esse profissional
destinadas sem que tenha a devida certificaccedilatildeo para ministrar tais atividades (PORTUGAL
2009b)
No mesmo ano o Parlamento Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia no dia 30 de
novembro fez surgir um marco nos direitos dos animais natildeo humanos com a publicaccedilatildeo do
Regulamento nordm 12232009 no Jornal Oficial da Uniatildeo Europeia onde se trata das
regulamentaccedilotildees relativas ao uso de animais natildeo humanos enquanto para uso de testes em
produtos cosmeacuteticos De maneira a gerar diretrizes do que se permite ou se veda no que tange
a proteccedilatildeo dos animais natildeo humanos utilizados para fins experimentais prevendo regras comuns
para todos os Estados Membros da Uniatildeo Europeia exigindo que os ensaios realizados em
animais natildeo humanos sejam substituiacutedos por meacutetodos alternativos sempre que possiacutevel Ainda
regulamenta prazos para que seja efetuada a proibiccedilatildeo da comercializaccedilatildeo de produtos
cosmeacuteticos cuja formulaccedilatildeo final possuam ingredientes que tenham sido ensaiados em animais
assim como uma data para a proibiccedilatildeo de que sejam continuados os ensaios sobre animais
sendo estas datas respectivamente 11 de marccedilo de 2009 e 11 de marccedilo de 2013 coordenando
ainda uma construccedilatildeo para o desenvolvimento de meacutetodos cientiacuteficos alternativos aos testes em
animais natildeo humanos (PORTUGAL 2010)
O Parlamento Europeu e o Conselho da Uniatildeo Europeia publicaram no Jornal Oficial
da Uniatildeo Europeia na paacutegina 33 no datar de 20 de outubro de 2010 a Diretiva 201063EU
relativa agrave proteccedilatildeo dos animais utilizados para fins cientiacuteficos de forma a normatizar as
teacutecnicas formas cuidados dentre outros que devem ser tomados para se garantir o bem-estar
dos animais natildeo humanos dirigidos aos fins cientiacuteficos Ao exemplo ao tratar dos meacutetodos
podemos observar no seu toacutepico 14
Os meacutetodos selecionados deveratildeo evitar tanto quanto possiacutevel que o limite criacutetico do
procedimento seja a morte do animal devido ao sofrimento grave sentido durante o
periacuteodo que precede a morte Sempre que possiacutevel a morte deveraacute ser substituiacuteda por
34
limites criacuteticos mais humanos recorrendo a sinais cliacutenicos que determinem a
iminecircncia da morte a fim de permitir que o animal seja occisado sem mais sofrimento
(PORTUGAL 2010)
Ainda se traz na supracitada Diretiva a clara vedaccedilatildeo a procedimentos que possam
ocasionar ameaccedila a biodiversidade como ao exemplo de se utilizar para estudos animais natildeo
humanos cuja espeacutecie corra risco de extinccedilatildeo ressalvado ao miacutenimo indispensaacutevel e
devidamente justificado ainda levanta a proximidade geneacutetica entre os animais natildeo humanos e
humanos assim como a capacidade social dos primatas natildeo humanos demonstrando a niacutetida
problemaacutetica de garantia do bem-estar das necessidades comportamentais ambientais e sociais
em um ambiente laboratorial (PORTUGAL 2010)
Mesmo apresentando uma evoluccedilatildeo sucinta no que tange o direito dos animais natildeo
humanos em Portugal ateacute entatildeo em 2017 o paiacutes promulgou uma lei que modificou de forma
significante esse tocante sendo a maior evoluccedilatildeo a alteraccedilatildeo dos animais do rol de coisas para
passar a serem considerados ldquoseres vivos dotados de sensibilidade e objeto de proteccedilatildeo juriacutedica
em virtude da sua naturezardquo (PORTUGAL 2017a) no Coacutedigo Civil portuguecircsdeve-se
evidenciar que este paiacutes tem relaccedilotildees de reciprocidade perante ao tratamento dos indiviacuteduos
humanos para com o Brasil pode-se ver uma evoluccedilatildeo significativamente relevante em razatildeo a
compreensatildeo e leis como fica claro quando observamos a lei aprovada de 1ordm de maio de 2017
lei nordm 82017 onde os animais natildeo humanos deixaram de serem coisas para a denominaccedilatildeo de
seres sencientes explicitado pela adiccedilatildeo do artigo 201ordm-B ldquoOs animais satildeo seres vivos dotados
de sensibilidade e objeto de proteccedilatildeo juriacutedica em virtude da sua naturezardquo (PORTUGAL
2017a) trazendo uma inovaccedilatildeo perante a classificaccedilatildeo dos animais natildeo humanos perante a
legislaccedilatildeo 201ordm-C ldquoProteccedilatildeo juriacutedica dos animais A proteccedilatildeo juriacutedica dos animais opera por
via das disposiccedilotildees do presente coacutedigo e da legislaccedilatildeo especialrdquo (PORTUGAL 2017)
demonstrando que natildeo se visa findar os deveres perante os direitos dos animais natildeo humanos
na presente lei 1793ordm-A ldquoAnimais de companhia Os animais de companhia satildeo confiados a
um ou ambos os cocircnjuges considerando nomeadamente os interesses de cada um dos cocircnjuges
e dos filhos do casal e o bem-estar do animalrdquo (PORTUGAL 2017) ao Coacutedigo Civil portuguecircs
leia-se o 1305ordm-A
Artigo 1305ordm-APropriedade de animais
1 - O proprietaacuterio de um animal deve assegurar o seu bem-estar e respeitar as
caracteriacutesticas de cada espeacutecie e observar no exerciacutecio dos seus direitos as
disposiccedilotildees especiais relativas agrave criaccedilatildeo reproduccedilatildeo detenccedilatildeo e proteccedilatildeo dos animais
e agrave salvaguarda de espeacutecies em risco sempre que exigiacuteveis
35
2 - Para efeitos do disposto no nuacutemero anterior o dever de assegurar o bem-estar
inclui nomeadamentea) A garantia de acesso a aacutegua e alimentaccedilatildeo de acordo com as
necessidades da espeacutecie em questatildeob) A garantia de acesso a cuidados meacutedico-
veterinaacuterios sempre que justificado incluindo as medidas profilaacuteticas de identificaccedilatildeo
e de vacinaccedilatildeo previstas na lei
3 - O direito de propriedade de um animal natildeo abrange a possibilidade de sem motivo
legiacutetimo infligir dor sofrimento ou quaisquer outros maus-tratos que resultem em
sofrimento injustificado abandono ou morte (PORTUGAL 2017a)
Na mesma lei satildeo tratados os deveres daquele que possui um animal natildeo humano que
pela lei portuguesa satildeo denominados como proprietaacuterios Em seu texto obriga o proprietaacuterio
sob pena de multa agrave prisatildeo assegurar o pleno bem-estar dos animais natildeo humanos natildeo somente
garantindo-lhe alimentaccedilatildeo adequada para a sobrevivecircncia mas tambeacutem sua seguranccedila
cuidados veterinaacuterios fora a garantia de que o animal natildeo humano sobre seus cuidados natildeo
sofra de forma alguma maus-tratos seja este realizado diretamente pelo proprietaacuterio ou
terceiros (PORTUGAL 2017a)
Ainda eacute de suma importacircncia fazer constar que a lei em questatildeo natildeo somente atinge os
animais natildeo humanos ditos como domeacutesticos mas todo aquele que se encontra de alguma forma
sob a tutela humana ao exemplo os animais utilizados na pecuaacuteria como se observa na leitura
de seu artigo primeiro
Artigo 1ordm
Objeto
A presente lei estabelece um estatuto juriacutedico dos animais reconhecendo a sua
natureza de seres vivos dotados de sensibilidade procedendo agrave alteraccedilatildeo do Coacutedigo
Civil aprovado pelo Decreto-Lei nordm 47344 de 25 de novembro de 1966 do Coacutedigo
de Processo Civil aprovado pela Lei nordm 412013 de 26 de junho e do Coacutedigo Penal
aprovado pelo Decreto-Lei nordm 40082 De 23 de setembro (PORTUGAL 2017a)
Na mesma linha o doutrinador portuguecircs Filipe Jorge Antunes Cabral (2015) defende
que sejam atribuiacutedos direitos subjetivos aos animais natildeo humanos alegando que natildeo haacute como
se restringir estes direitos aos animais humanos alegando que ldquonatildeo satildeo os interesses dos
indiviacuteduos que possuem um valor moral fundamental mas sim por serem indiviacuteduos capazes
de serem detentores de interessesrdquo (CABRAL 2015 p 117) aplicando desta forma a
capacidade de ter interesses e estes serem haacutebeis de discussatildeo perante o campo do direito mais
animais natildeo humanos
Outro fator a notar-se importacircncia enquanto satildeo observadas as alteraccedilotildees efetuadas por
meio desta lei eacute a alteraccedilatildeo clara e direta na forma de tratamento dos animais natildeo humanos
dentro do corpo do sistema normativo onde agora satildeo designados diretamente como animais
36
demonstrando nitidamente uma alteraccedilatildeo nos paradigmas de interpretaccedilatildeo de sua condiccedilatildeo
onde natildeo resta mais lacunas hermenecircuticas de sua diferenciaccedilatildeo para simplesmente coisas
como fica evidenciado nos textos dos artigos por ela alterados
Artigo 1318ordm
Suscetibilidade de ocupaccedilatildeo
Podem ser adquiridos por ocupaccedilatildeo os animais e as coisas moacuteveis que nunca tiveram
dono ou foram abandonados perdidos ou escondidos pelos seus proprietaacuterios salvas
as restriccedilotildees dos artigos seguintes (PORTUGAL 2017b)
Ainda neste sentido o artigo 1323 traz obrigaccedilotildees que superam a mera proibiccedilatildeo aos
maus-tratos mas fala tambeacutem de formas de vedaccedilatildeo a inobservacircncia de negaccedilatildeo a negligecircncia
demonstrando o ocircnus de devolver agrave quem pertence animal perdido cuja propriedade seja
conhecida e em caso de natildeo saber a quem pertence deve por meios convenientes buscar achar
e auxiliar ao animal ser achado sem esquecer de informar as autoridades sobre o achado assim
como se notar ser necessaacuterio o encaminhar a um veterinaacuterio bem como com seu auxiacutelio
tentar identificar formas de encontrar seu tutor e em caso de passado um ano sem que se possa
devolver o animal natildeo humano para seu legiacutetimo dono aquele que o achou pode fazer do
animal como seu (PORTUGAL 2017b)
Da mesma forma em caso de restituiccedilatildeo do animal natildeo humano ao seu proprietaacuterio faz
jus indenizaccedilatildeo aquele que o achou por todos as despesas levantadas por ele na manutenccedilatildeo da
devida sauacutede e sobrevivecircncia do animal durante o periacuteodo de sua guarda bem como natildeo haacute de
responder se sem dolo ou culpa ocorrer perda ou deterioraccedilatildeo do animal natildeo humano no
transcorrer de sua guarda contudo se aquele que achou o animal natildeo humano ao notar que seu
verdadeiro dono faz o animal de viacutetima de maus-tratos tem aquele que o achou o direito de
retecirc-lo para garantia da seguranccedila do mesmo (PORTUGAL 2017b)
Dois anos depois no dia 30 de janeiro foi instituiacutedo o Decreto Lei nordm 202019 transferiu
responsabilidades no campo de cuidado dos animais natildeo humanos para as autoridades locais e
entidades intermunicipais permitindo um controle mais especiacutefico das peculiaridades de cada
regiatildeo e dando autonomia ao poder local Ainda sanciona a realizaccedilatildeo de concursos e
exposiccedilotildees de animais natildeo humanos Da mesma forma implanta a permissatildeo para a detenccedilatildeo
de mais de trecircs catildees ou quatro gatos adultos em preacutedios urbanos (PORTUGAL 2019a)
No mesmo ano no dia 27 de junho foi publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica ordm 1212019 o
Decreto-Lei nordm 822019 onde estabelece as regras de identificaccedilatildeo dos animais de companhia
37
criando o Sistema de Informaccedilatildeo de Animais de Companhia o SIAC onde traz novas normas
de obrigaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e de registro dos animais natildeo humanos por meio de um
transponder uma espeacutecie de chip eletrocircnico que conteacutem vaacuterios dados sobre aquele indiviacuteduo
ou outro sistema autorizado para a espeacutecie de animal natildeo humano em questatildeo devendo o
cadastro ocorrer ateacute 120 dias apoacutes o nascimento do animal natildeo humano garantindoo
reconhecimento em caso de abandono estabelecendo uma ligaccedilatildeo entre o animal e quem tem
sua guarda assegurando a sauacutede e a seguranccedila de animais natildeo humanos e humanos gerando a
responsabilidade civil sanitaacuteria e de bem-estar animal onde a obrigatoriedade da identificaccedilatildeo
foi criada pelo Decreto-Lei n3132003 mas agora seguindo os paracircmetros determinados pelo
Parlamento Europeu e do Conselho alterando o instituto SICAFE pelo Sistema de Informaccedilotildees
de Animais de Companhia (SIAC) como definido pela aliacutenea a do seu artigo 1ordm Assegurando
a aplicabilidade dos Regulamentos nordm 5762013 e nordm 4292016 do Parlamento Europeu e do
Conselho instituiacutedo nos dias 12 de junho de 2013 e 9 de marccedilo de 2019 respectivamente
relativos agrave circulaccedilatildeo de animais de companhia pessoal e as zoonoses(PORTUGAL 2019b)
33 ANAacuteLISE LEI Nordm 9295
A Assembleia da Repuacuteblica portuguesa decretou no dia 12 de setembro de 1995 a Lei
nordm 9295 a Lei de Proteccedilatildeo aos animais vindo a proibir todo e qualquer tipo de violecircncia
injustificada contra animais tendo sido aprovada no datar de 21 de junho e promulgada no dia
24 de agosto do mesmo ano pelo entatildeo presidente da repuacuteblica portuguesa Maacuterio Soares
podendo se caracterizar neste qualquer tipo de sofrimento crueldade instantacircnea ou de forma
prolongada graves leotildees a um animal natildeo humano ou ateacute mesmo sua morte ainda consta a
necessidade na medida do possiacutevel de socorro agrave animais natildeo humanos que se encontrem feridos
doentes em perigo ou em quaisquer condiccedilotildees anaacutelogas a estas (PORTUGAL 1995)
Traduz ainda como crime perante esta lei todo aquele que exigir de um animal salvo
em momentos emergenciais esforccedilos abusivos ou ateacute mesmo atuaccedilotildees que os animais natildeo
humanos sejam parciais ou absolutamente incapazes de realizar ou ainda que sejam aleacutem de
suas possibilidades naturais Ainda consta a expressa vedaccedilatildeo a aquisiccedilatildeo de animal natildeo
humanos que se encontre em condiccedilotildees enfraquecidas adoentadas idoso ou outra conjuntura
anaacuteloga em que este animal tenha vivido de forma integral ou em grande maioria em ambiente
domeacutestico se findar tal aquisiccedilatildeo em intenccedilatildeo diversa a tratamento proteccedilatildeo ou cuidados
humanos ou ainda com intenccedilatildeo de morte imediata (PORTUGAL 1995)
38
Vem a reforccedilar o impedimento de qualquer maneira ao abandono intencional de
animais natildeo humanos que estavam sobre a proteccedilatildeo humana em ambiente domeacutestico ou ainda
em instalaccedilatildeo comercial ou industrial Caracterizando ainda o sofrimento como impedido
mesmo que para com fins didaacuteticos de treino exibiccedilatildeo filmagens publicidade ou qualquer
outra atividade a estas assemelhadas ressalvando experiecircncias cientiacuteficas de comprovada
necessidade (PORTUGAL 1995)
Vale ser citado o capiacutetulo II da presente lei onde se pode ler sobre o comeacutercio e
espetaacuteculos que faccedilam uso de animais natildeo humanos de forma a obrigar agrave todos que que pessoa
fiacutesica juriacutedica solitaacuteria ou coletiva se faccedila utilizar de animais natildeo humanos para fins de
espetaacuteculo comercial tenha preacutevia autorizaccedilatildeo das autoridades ou entes competentes sejam
essas a Direccedilatildeo Geral dos Espetaacuteculos ou ainda do municiacutepio onde respectivamente se pretende
exibir tal evento de entretenimento sem deixar de constar a relaccedilatildeo de comercializaccedilatildeo desta
categoria de animais natildeo humanos como vem escrito no corpo do texto do artigo 2ordm
Licenccedila municipal
Sem prejuiacutezo do disposto no capiacutetulo III quando aos animais de companhia qualquer
pessoa fiacutesica ou coletiva que explore o comeacutercio de animais que guarde animais
mediante uma remuneraccedilatildeo que os crie para fins comerciais que os alugue que sirva
de animais para fins de transporte que os exponha ou que os exiba com um fim
comercial soacute poderaacute fazecirc-lo mediante autorizaccedilatildeo municipal a qual soacute poderaacute ser
concedida desde que os serviccedilos municipais verifiquem que as condiccedilotildees previstas
na lei destinadas a assegurar o bem-estar e a sanidade dos animais seratildeo cumpridas
(PORTUGAL 1995)
Se faz ressaltar a completa e indiscutiacutevel proibiccedilatildeo a qualquer espeacutecie para o fim do
supracitado paraacutegrafo de animais natildeo humanos que se encontrem em condiccedilotildees flageladas
enferma ou mesmo com qualquer tipo de ferimento ainda vem a negar a entrada no territoacuterio
portuguecircs de qualquer tipo de animal natildeo humano vertebrado que se encontre na mesma
situaccedilatildeo de sauacutede antes citada (PORTUGAL 1995)
Assiste a presente lei ainda a regulamentaccedilatildeo perante o transporte de animais natildeo
humanos em transportes puacuteblicos ressalvado por motivo de periculosidade sauacutede ou higiene
devidamente justificaacuteveis devendo os animais natildeo humanos estarem sempre acompanhados
por seus proprietaacuterios ou responsaacuteveis autorizados assim como devidamente acondicionados
(PORTUGAL 1995)
39
34 ANAacuteLISE IMPLEMENTACcedilAtildeO LEI Nordm 392020
Na data de 23 de julho de 2020 foi aprovada pela Assembleia da Repuacuteblica a Lei nordm
392020 tendo sua publicaccedilatildeo no datar de 18 de agosto e entrando em vigor no dia 1 de outubro
do mesmo anoImplementando o regime sancionatoacuterio aplicaacutevel aos crimes contra os animais
de companhia alterando substancialmente o que trazia o Coacutedigo Penal e o Coacutedigo de Processo
Penal portugueses reforccedilando de maneira expressiva a proteccedilatildeo aos animais natildeo humanos no
acircmbito dos crimes praticados contra estes (PORTUGAL 2020a)
Em seu corpo traz um regime sancionatoacuterio aplicaacutevel aos crimes direcionados contra
os animais natildeo humanos de forma a alterar pela quinquageacutesima vez o Coacutedigo Penal portuguecircs
pela trigeacutesima seacutetima vez o Coacutedigo de Processo Penal e pela terceira vez a Lei nordm 9295 a lei
de proteccedilatildeo aos animais Desloca as penalidades e diretrizes sobre morte e maus-tratos inferidos
contra animais natildeo humanos como observamos pelo novo texto dado ao artigo 387 do Coacutedigo
Penal ldquo1 ndash Quem sem motivo legiacutetimo matar animal de companhia eacute punido com pena de
prisatildeo de 6 meses a 2 anos ou com pena de multa de 60 a 240 dias se pena mais grave lhe natildeo
couber por forccedila de outra disposiccedilatildeo legalrdquo aumentando substancialmente tanto as penas de
reclusatildeo quanto a de prestaccedilatildeo de serviccedilos para aquele que matar um animal natildeo humano
(PORTUGAL 2020a)
Pode ser lido ainda em seu artigo 3ordm o que pertence as alteraccedilotildees ao Coacutedigo de Processo
Penal se faz essencial constar a nova redaccedilatildeo dada aos artigos 171 e 172 deste coacutedigo
Artigo 171ordm
1 ndash Por meio de exames das pessoas dos lugares dos animais e das coisas
inspecionam-se os vestiacutegios que possa ter deixado o crime e todos os indiacutecios relativos
ao modo como e ao lugar onde foi praticado agraves pessoas que o cometeram ou sobre as
quais foi cometido
2 ndash []
3 ndashSe os vestiacutegios deixados pelo crime se encontrarem alterados ou tiverem
desaparecido descreve-se o estado em que se encontram as pessoas os lugares os
animais e as coisas em que possam ter existido procurando-se quando possiacutevel
reconstitui-los e descrevendo-se o modo o tempo e as causas da alteraccedilatildeo ou do
desaparecimento
Artigo 172ordm
1 ndash Se algueacutem pretender eximir-se ou obstar a qualquer exame devido ou a facultar
animal ou coisa que deva ser objeto de exame pode ser compelido por decisatildeo da
autoridade judiciaacuteria competente (PORTUGAL 2020a)
Sem deixar de citar sobre ocultaccedilatildeo de provas animais ou ainda qualquer outro tipo de
objeto ligado ao crime prevendo busca apreensatildeo e investigaccedilatildeo por meio da poliacutecia criminal
para que todas as provas que possam trazer a resoluccedilatildeo do fato iliacutecito suscetiacuteveis de serem
40
declarados perdidos a favor do Estado Ainda busca definir os paracircmetros para a restituiccedilatildeo de
animais coisas ou bens apreendidos em meio a um processo investigativo criminal
determinando que estas permaneceratildeo sobre tutela de um fiel depositaacuterio ateacute o transito em
jugado da sentenccedila em ateacute 60 dias se os proprietaacuterios natildeo o buscarem no prazo previsto seratildeo
considerados perdidos em favor do Estado podendo este dar a finalidade que melhor acharem
(PORTUGAL 2020a)
Eacute imperioso constar que a presente lei ao aditar agrave Lei nordm 9295 vem a tratar das medidas
cautelares perante a proteccedilatildeo nos casos de evidecircncia de sinais de praacuteticas de crimes de maus-
tratos para contra animais natildeo humanos levantando as forccedilas de seguranccedila aos oacutergatildeos de
poliacutecia criminal a Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria e aos municiacutepios desencadear
os meios para proceder com tais medidas como faz com a alteraccedilatildeo do artigo 1 ndash A da Lei nordm
9295 (PORTUGAL 2020a)
35 JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO HUMANOS EM PORTUGAL
Na data de 02 de outubro de 2019 comeccedilou uma disputa judicial pela guarda da cadela
da raccedila Pitbull nomeada de Kiara apoacutes o rompimento da relaccedilatildeo de 12 anos de seus
proprietaacuterios A lide se iniciou pelo fato de ambas as partes requerem a guarda total do animal
natildeo humano estando o julgamento sendo processado pelo Juiacutezo da Famiacutelia e Menores de Mafra
pela Juiacuteza de Direito Soacutenia Henriques Cristoacutevatildeo Dentre as alegaccedilotildees e provas estatildeo a caderneta
de vacina a licenccedila e o chip de identificaccedilatildeo estatildeo em nome da parte feminina enquanto a parte
masculina alega ter sido o comprador e o financiador das custas da cadela (BARRETO 2019)
Em primeira anaacutelise do caso a magistrada observou que a parte masculina
primeiramente buscava a guarda compartilhada ou ao mesmo poder ter contato com a cadela
poreacutem ao avanccedilar do julgamento passou a pedir a guarda total devido a posiccedilatildeo da parte
feminina de se negar qualquer tipo de negociaccedilatildeo a posiccedilatildeo de passar de tentativa de guarda
compartilhada para guarda unilateral foi reforccedilada pelo fato de a parte masculina permanecer
morando no local onde a cadela viveu seus primeiros dois anos de vida ateacute que decidiram pela
dissoluccedilatildeo do relacionamento (BARRETO 2019)
Para poder tomar uma decisatildeo a juiacuteza decidiu por consultar a veterinaacuteria que fazia os
cuidados do animal natildeo humano com a finalidade de examinar o comportamento dos animais
natildeo humano e humanos concluindo-se que no caso em questatildeo os proprietaacuterios em momento
algum estavam colocando os interesses e bem-estar da cadela como prioridade mas sim seus
interesses particulares Ainda como apontado pela advogada Soacutenia Henriques Cristoacutevatildeo
41
especialista em direito animal o bem-estar animal eacute o uacuteltimo criteacuterio a ser levado em
consideraccedilatildeo em lides anaacutelogas ldquoNo que toca aos menores o criteacuterio eacute sempre o melhor
interesse do mesmo mas neste caso a lei civil natildeo tem como orientador esse princiacutepio Esse
criteacuterio existe mas eacute o uacuteltimordquo (BARRETO 2019) demonstrando uma interpretaccedilatildeo direta do
que o Coacutedigo Civil portuguecircs explana em seu artigo 1793ordm-A onde afirma que em casos de
divoacutercio ldquoos animais de companhia satildeo confiados a um ou a ambos os cocircnjuges considerando
nomeadamente os interesses de cada um dos cocircnjuges e dos filhos do casal e tambeacutem o bem-
estar do animalrdquo (PORTUGAL 1966) de forma a trazer a importacircncia do bem-estar animal
natildeo humano ser considerado para a decisatildeo de guarda poreacutem soacute como uacuteltima condiccedilatildeo para a
decisatildeo (BARRETO 2019)
A magistrada ponderou o fato de em Portugal ainda natildeo eacute pacificado o tema nem pelo
legislativo nem pela fraca jurisprudecircncia neste sentido ora que nos divoacutercios a guarda dos
animais natildeo humanos nem entra em pauta sendo normalmente decidido este ponto entre as
partes sem ter para tanto que levar o caso a justiccedila nem colocando na ficha da partilha haver
animais de companhia de maneira ao caso estar ainda em pauta de julgamento (BARRETO
2019)
Jaacute no que tange os maus-tratos aos animais natildeo humanos em Portugal mesmo com a lei
portuguesa punindo desde outubro de 2014 os maus-tratos contra animais natildeo humanos com
pena de ateacute um ano de prisatildeo somente 5 (cinco porcento) das denuacutencias acabam por chegar
a julgamento onde os outros 95 (noventa e cinco porcento) acaba por findar somente em
multa resultando que nas quase cinco mil denuacutencias registradas em virtude de maus-tratos agrave
animais natildeo humanos menos de duzentos de cinquenta destes findaram em julgamento como
descreve o Jornal de Notiacutecias o Observador de Portugal em sua mateacuteria de 24 de maio de 2020
(GOMES 2020)
Pelos dados coletados pelas pesquisas jurisdicionais realizadas por Gomes (2020) entre
2015 e 2018 a pena de prisatildeo soacute foi levantada como sanccedilatildeo aplicaacutevel pelos tribunais
portugueses no patamar da primeira instacircncia mas que sempre acabavam por ter a pena
convertida em multa ao serem recorridos os julgamentos tendo ainda tido um montante de seis
penas suspensas pelo proacuteprio magistrado da primeira instacircncia apoacutes reanaacutelise Ocorrendo neste
periacuteodo 241 processos crime entre abandono a maus-tratos tendo sido 169 casos diretamente
ligados aos maus-tratos tendo como reacuteus 277 animais humanos ressaltando ainda o fato de que
o nuacutemero de denuacutencias nunca representa a realidade faacutetica do cometimento dos crimes contra
os animais natildeo humanos mas sim somente uma pequena parcela da verdade (PORTUGAL
2020b)
42
Contudo o Jornal Correio da Manhatilde aponta uma nova posiccedilatildeo dos magistrados no
tocante de levar a justiccedila agravequeles que descumprem as leis contra os maus-tratos proferidos a
animais natildeo humanos como se observa ao iniacutecio de julgamento do caso de maus-tratos contra
uma cadela que desde 2016 sabe-se que eacute viacutetima de negligecircncia trancada em um ambiente
inapropriado ao seu porte sem acesso digno agrave aacutegua e alimentaccedilatildeo devidas a sua mantenccedila
bioloacutegica sendo mantida enclausurada em uma pequena e suja varanda apresentando magreza
extrema Sendo um dos primeiros casos de maus-tratos a chegar a justiccedila do Tribunal de Faro
por meio de denuacutencia de uma associaccedilatildeo de defesa dos animais tendo recebido grande reflexo
nas redes sociais (GRIFF 2018)
Tendo sido o caso encaminhado ao Ministeacuterio Puacuteblico de Faro local do fato ter vindo a
ocorrer este decidiu por dar prosseguimento agrave denuacutencia levantando a importacircncia deste ser
levado a julgamento em funccedilatildeo da importacircncia e relevacircncia do mesmo trazendo como
argumento a Lei que criminaliza os maus-tratos de 1 de outubro de 2014 ldquoquem sem motivo
legiacutetimo infligir dor sofrimento ou quaisquer outros tipos de maus-tratos fiacutesicos a um animal
de companhia eacute punido com pena de prisatildeo ateacute um ano ou com pena de multa ateacute 120 diasrdquo
aumentando para dois anos a puniccedilatildeo se ldquoresultar a morte do animal ou a privaccedilatildeo de um oacutergatildeordquo
(GRIFF 2015) de maneira a trazer a necessidade de se colocar a presente violaccedilatildeo em
julgamento como medida exemplar com o objetivo de desmotivar novos casos semelhantes
(GRIFF 2018)
Na data determinada para a primeira sessatildeo de julgamento os proprietaacuterios devidamente
citados natildeo compareceram tendo sido presenciada de um membro da Projeto de Apoio a
Viacutetimas Indefesas Nuacutecleo de Aveiro (PRAVI) e de um agente da Poliacutecia de Seguranccedila Puacuteblica
(PSP) de forma a sofrer a necessidade de remarcaccedilatildeo da sessatildeo de julgamento em funccedilatildeo das
leis civis de Portugal mas ainda natildeo haacute sentenccedila julgada sobre o caso (GRIFF 2018)
Portugal vem enfrentando seacuterios problemas sanitaacuterios devido ao que descrevem como
Siacutendrome de Noeacute que se determina por uma espeacutecie de transtorno de acumulaccedilatildeo onde o
animal humano tem dificuldade de desfazer-se de animais acabando por os acumular de forma
desorganizada afetando tanto a sociedade quanto os animais natildeo humanos envolvidos nesta
condiccedilatildeo Aos animais natildeo humanos viacutetimas dessa siacutendrome acabam por natildeo receberem os
cuidados necessaacuterios que acaba por acarretar diretamente nos maus-tratos podendo originar
doenccedilas que podem ainda se desenvolver em zoonoses (MACHADO 2020)
Sobre o caso a Assembleia da Repuacuteblica no dia 25 de janeiro de 2018 publicou a
Resoluccedilatildeo da Assembleia da Repuacuteblica nordm 202018 onde recomenda que seja criado um grupo
de trabalho constituiacutedo por profissionais da sauacutede e comportamento animal assistentes sociais
43
psiquiatras e psicoacutelogos com o objetivo de prevenir e combater casos da Siacutendrome de Noeacute
uma vez que aleacutem de ocasionar risco a sociedade na maior parte das vezes foram observados
que os animais natildeo humanos expostos a esta siacutendrome tentem a serem viacutetimas de maus-tratos
como o ocorrido no mecircs de maio em Canccedilas onde uma proprietaacuteria possuiacutea 35 animais em
um ambiente que natildeo apresentava as miacutenimas condiccedilotildees de bem-estar animal ou dignidade
Desta forma depois de julgado a maior parte dos animais natildeo humanos que laacute residiam foram
recolhidos de forma a apenas permanecerem no local sete animais natildeo humanos com a antiga
proprietaacuteria uma vez observado grande afeto entre a proprietaacuteria e estes (MACHADO 2020)
No presente caso foi levantado que ldquoo bem-estar animal deve ser compreendido
segundo o alojamento manutenccedilatildeo e acomodaccedilatildeo dos animais referido ainda que nenhum
animal deve ser detido se estas condiccedilotildees de bem-estar natildeo se encontrem verificadasrdquo neste
ditame aquele que acaba por acumular animais de companhia podem ocorrer em se enquadrar
em crime de maus-tratos como previsto pelo artigo 387 do Coacutedigo Penal portuguecircs onde prevecirc
a sanccedilatildeo de prisatildeo de ateacute um ano ou com pena de multa ade ateacute 120 dias quando aquele que
for o detentor ocasionar dor infligir sofrimento ou ainda qualquer outra agressatildeo fiacutesica a
animais natildeo humanos natildeo impedindo ainda que sejam somadas penalidades do artigo 388 do
mesmo coacutedigo onde prevecirc ldquoa privaccedilatildeo do direito de detenccedilatildeo de animais de companhia pelo
periacuteodo maacuteximo de 5 anosrdquo de forma a tentar prevenir de forma consubstanciada a seguranccedila
da sociedade junto com a mantenccedila do bem-estar dos animais natildeo humanos (MACHADO
2020)
Assim no presente capiacutetulo foi analisada a evoluccedilatildeo histoacuterica legislativa dos direitos
dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo portuguesa ateacute a contemporaneidade do estado
atual de seus direitos e incluindo julgados Pelo meacutetodo explanatoacuterio bibliograacutefico onde se
buscou esta anaacutelise da forma mais completa tentando englobar o maacuteximo de informaccedilotildees para
se chegar agrave mais completa anaacutelise dos direitos dos animais natildeo humanos em Portugal
Desta forma foi possiacutevel se observar que o primeiro relato normativo portuguecircsocorreu
no ano de 1886 com o Coacutedigo Penal portuguecircs trazendo vedaccedilotildeesaos maus-tratos de qualquer
espeacutecie aos animais natildeo humanos ainda que no passar dos anos passando pela inclusatildeo de
normas dentro doscoacutedigos legais sem deixar de citar as leis infraconstitucionais
Para continuidade do presente trabalho no capiacutetulo que se segue seraacute apresentada uma
anaacutelise comparativa entre a evoluccedilatildeohistoacuterica do direito dos animais natildeo humanos entre
aslegislaccedilotildees brasileira e portuguesaassim como uma anaacutelise comparativa doestado normativo
dos direitos dos animais natildeo humanos apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 entre os
doispaiacuteses em anaacutelise
44
4 COMPARACcedilAtildeO DAS LEGISLACcedilOtildeES BRASILEIRA E PORTUGUESA
O presente capiacutetulo aborda uma comparaccedilatildeo relativa as leis passadas e presentes em
Brasil e Portugal uma vez que entre os paiacuteses haacute uma relaccedilatildeo de reciprocidade devido ao
Decreto Legislativo nordm 82 de 24 de novembro de 1971 nomeada de Convenccedilatildeo sobre igualdade
de Direitos e Deveres entre brasileiros e portugueses ratificada em Brasiacutelia na data de 7 de
setembro de 1971 e em Lisboa na data de 22 de marccedilo de 1971 entrando em vigor no dia 22
de abril de 1972 onde os Governos do Brasil e Portugal visando a continuidade do reciacuteproco
respeito aos valores histoacuterico morais culturais e eacutetnicos que outrora uniram os povos e que os
manteacutem como irmatildeos com o intuito de promover um aperfeiccediloamento e estreitamento nas
relaccedilotildees harmonicamente da comunidade Luso-Brasileira convencionou a efetivaccedilatildeo do
princiacutepio da igualdade de tratamento entre cidadatildeos brasileiros expresso na constituiccedilatildeo
brasileira agrave eacutepoca em seu artigo 199 e na entatildeo constituiccedilatildeo portuguesa em seu artigo 7ordm
paraacutegrafo 3ordm (BRASIL 1972)
Desta maneira com a instituiccedilatildeo de um estatuto de caraacuteter especial com a iniciativa de
refletir os viacutenculos existentes entre brasileiros e portugueses assim como com o intuito de
servir de embasamento e inspiraccedilatildeo para as geraccedilotildees e legislaccedilotildees que se seguissem houve este
compromisso solene fraternal e indestrutiacutevel de amizade Enfatiza-se em tal Convenccedilatildeo o seu
artigo 1ordm ldquoOs portugueses no Brasil e os brasileiros em Portugal gozaratildeo de igualdade de direitos
e deveres com os respectivos nacionaisrdquo de forma a demonstrar uma reciprocidade no
tratamento de nascidos no paiacutes irmatildeo em seu territoacuterio mas ainda resguardando os direitos e
deveres inerentes ao seu paiacutes natural como exposto em seu artigo 3ordm ldquoOs portugueses e
brasileiros abrangidos pelo estatuto de igualdade continuaratildeo no exerciacutecio de todos os direitos
e deveres inerentes agraves respectivas nacionalidadesrdquo (BRASIL 1972)
Assim como para o presente trabalho eacute vaacutelido se fazer citar o artigo 16 da dita
Convenccedilatildeo ldquoOs Governos do Brasil e de Portugal consultar-se-atildeo periodicamente a fim de
examinar e adotar as providecircncias necessaacuterias para melhor e uniforme interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo
da presente Convenccedilatildeo bem como para estabelecer as modificaccedilotildees que julguem
convenientesrdquo assim a presente convenccedilatildeo veio a tratar que no presente e futuro os dois paiacuteses
se reuniriam para discutir sobre leis que versem sobre esta reciprocidade desta forma o capiacutetulo
que se apresenta vem a comprar as legislaccedilotildees no tangente dos direitos dos animais natildeo
humanos pelas leis brasileiras e portuguesas (BRASIL 1972)
No tocante dos direitos dos animais natildeo humanos Charles Darwin (1996) jaacute relatava
sobre a capacidade de sentir de ter consciecircncia de se reunir em grupos em sociedades de ter
45
empatia assim como quando comparada aos animais humanos ldquonatildeo existe uma diferenccedila
fundamental entre os humanos e os mamiacuteferos de niacutevel superior nas suas faculdades mentaisrdquo
(DARWIN 1996 P287)Este pensamento de Darwin eacute reforccedilado nesta outra passagem
Existem muitas espeacutecies de animais sociais em que os seus membros se associam em
grupos sentem compaixatildeo uns pelos outros manifestando qualidades que os revelam
de uma consciecircncia moral incipiente para quando em comparaccedilatildeo com a humana
sendo fieacuteis ao grupo demonstrando capacidade de entender as necessidades de
membros do grupo que apresentem carecircncias de tratamentos especiais ao exemplo de
fornecer alimentos e bebidas aos indiviacuteduos do grupo que satildeo cegos (DARWIN 1996
p 290traduccedilatildeo nossa)
Observa-se que jaacute haacute muito antes de se discutir os animais natildeo humanos como dignos
ou natildeo de direitos relativos a personalidade juriacutedica jaacute fora levantada sua capacidade de ser
equiparados aos animais humanos ora que apresentam capacidades de sentir sofrer entender
o outro ajudar num niacutevel de compreensatildeo e sensibilidade ateacute hoje juridicamente apenas
arguido aos seres humanos (DARWIN 1996)
41 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO HISTOacuteRICO
Se demonstra eficaz comeccedilar o presente toacutepico lembrando que a primeira nota
legislativa no Brasil relativa ao direito dos animais natildeo humanos natildeo ter se desenvolvido no
acircmbito nacional mas sim Municipal com o Coacutedigo de Posturas do Municiacutepio de Satildeo Paulo
(1886) em 6 de outubroonde por mais que fosse a primeira vedaccedilatildeo expressa as praacuteticas de
crueldade contra os animais natildeo humanos esta se limitava agravequeles que faziam uso de animais
natildeo humanos para o fim traccedilatildeo de carroccedilas e que somente no ano de 1934 sendo assim um
lapso de 48 anos ateacute que no dia 10 de julho viesse a existir um Decreto nacional o de nordm
24645 que promulgou a vedaccedilatildeo aos maus-tratos proferidos contra animais natildeo humanos em
local puacuteblico ou privado assim como trazendo a tutela do Estado para com estes assim como
estipulando puniccedilatildeo pecuniaacuteria e de enclausuramento para aquele que violasse o dito decreto
(BRASIL 1934)
Na supracitada legislaccedilatildeo federal ainda se trazia a representaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
como uma possibilidade nas accedilotildees que versassem sobre os maus-tratos relativos agrave animais natildeo
humanos No sistema normativo gerado por este decreto foram transcritas ainda diretrizes para
o uso animal natildeo humano para quando utilizados para auxiliar ou gerar trabalho de interesse
dos animais humanos como ao exemplo daqueles que fossem objeto de traccedilatildeo veicular Ainda
46
eacute imperioso constar que neste ano houve a primeira menccedilatildeo em relaccedilatildeo a negativa de abandono
de animais natildeo humanos (BRASIL 1934)
No mesmo ano em que o Brasil recebia sua primeira norma legislativa em acircmbito
Municipal para a garantia dos direitos dos animais natildeo humanos em Portugal no dia 16 de
setembro o Decreto Lei de seu Coacutedigo Penal jaacute trazia direitos para os animais natildeo humanos
no qual jaacute foram previstas penalidades para aqueles que ferissem matassem envenenasse
abusassem ou viessem a causar quaisquer outros tipos de danos aos animais natildeo humanos assim
como jaacute traziam a vedaccedilatildeo aos maus-tratos desde sua primeira menccedilatildeo normativa Desta forma
demonstram um claro avanccedilo no campo legislativo em relaccedilatildeo aos direitos dos animais natildeo
humanos perante as leis brasileiras (PORGUTAL 1886) Posicionamento semelhante no Brasil
soacute se fez demonstrar presente no campo normativo deacutecadas depois com o Projeto de Lei nordm 631
de 2015 onde no Senado brasileiro se passou a discutir em julgados o impedimento de causar
dor a animais natildeo humanos se o motivo natildeo for plenamente justificaacutevel discutindo tambeacutem
sobre o que tange a guarda destes tratando pela primeira vez a nomenclatura direta para os
animais natildeo humanos como seres sencientes (BRASIL 2015b)
Ainda antes mesmo do Brasil ter desenvolvido qualquer lei no acircmbito nacional sobre os
direitos dos animais natildeo humanos Portugal (2001) jaacute inovava com suas leis no dia 12 de junho
onde foi assinado mais um Decreto Lei este trazendo uma nova vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos deveres
dos animais humanos em relaccedilatildeo aos animais natildeo humanos desta vez impedindo a carga
excessiva de trabalho aos quais estes satildeo expostos determinando tempo capacidade dentre
outros regramentos de maneira a proporcionar para os animais natildeo humanos utilizados para o
serviccedilo condiccedilotildees miacutenimas de subsistecircncia visando diminuir seu sofrimento e trazendo-lhes
maior dignidade (PORTUGAL 2001)
Voltando a tratar da legislaccedilatildeo do Brasil (1941) houve um lapso temporal de 7 anos
entre a ultima ediccedilatildeo de norma legal em relaccedilatildeo aacute proacutepria lei e 22 anos se contadas as leis
portuguesas No dia 03 de outubro o Brasil promulgou por meio do Decreto Lei nordm 3688 a Lei
das Contravenccedilotildees Penais onde trouxe entre seus artigos penalidades para aqueles que
submetessem agrave trabalho excessivo ou cruel a animais natildeo humanos oferecendo como
penalidades a prisatildeo simples e ou a multa ainda qualifica como criminosa a praacutetica de
experiecircncias crueacuteis ou que gerem dor aos animais natildeo humanos vivos mesmo que este seja
realizado com intuito didaacutetico ou cientiacutefico trazendo assim pela primeira vez no ordenamento
brasileiro vedaccedilotildees no campo cientiacutefico e de entretenimento de animais humanos (BRASIL
1941)
47
Ainda no tocante das leis brasileiras passaram-se vinte e seis anos ateacute que no dia 03 de
janeiro de 1967 foi promulgada a Lei Federal nordm 5197 o chamado Coacutedigo da Caccedila impedindo
que a fauna silvestre fosse de qualquer forma alvo de caccedila predatoacuteria ou caccedila para criaccedilatildeo em
cativeiro assim vedando ainda sua destruiccedilatildeo ou de seu habitat de forma a trazer garantias ateacute
entatildeo natildeo observadas nem na legislaccedilatildeo brasileira nem portuguesa da diversidade
continuidade e sobrevivecircncia de animais provindos da fauna nativa paacutetria (BRASIL 1967)
Contudo os legisladores agrave eacutepoca evidenciaram que haviam condiccedilotildees especiais onde as
peculiaridades regionais abriam uma brecha para a permissatildeo da caccedila destas espeacutecies
entretanto mesmo permitindo com ressalvas a caccedila nestas zonas especiais a comercializaccedilatildeo
destes animais natildeo humanos permaneceria terminantemente proibida assim como produtos
feitos com eles ou mesmo seus filhotes Para garantir o correto cumprimento deste coacutedigo
foram estipuladas sanccedilotildees para os que natildeo as observassem Como principal marco desta lei
demonstra-se o primeiro relato de inafianccedilabilidade para aquele que cometer crime contra
animais natildeo humanos (BRASIL 1967)
Doze anos depois ainda no Brasil (1979) se continuava a desenvolver leis para a
proteccedilatildeo dos direitos dos animais natildeo humanos de forma a demonstrar que estaacutevamos em um
periacuteodo de grande evoluccedilatildeo legislativa garantista aos direitos dos animais natildeo humanos por
meio da Lei nordm 6638 se tratariam novamente os regramentos do tema em relaccedilatildeo ao uso
cientiacutefico destes falando dos laboratoacuterios testes cliacutenicos uso para testes de medicamentos
dissertando ainda sobre a eutanaacutesia dos animais natildeo humanos Passaram-se trecircs anos ateacute a
criaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente no dia 31 de agosto de 1979 protegendo a
fauna brasileira e seu habitat de forma especiacutefica e direta tratando pela primeira vez daqueles
que causem poluiccedilatildeo (BRASIL 1981)
42 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO CONTEMPORAcircNEO
O criteacuterio de comparaccedilatildeo contemporacircnea tomou por base a Constituiccedilatildeo Federal
brasileira de 1988 momento em que houve pela primeira vez a inclusatildeo dos direitos dos animais
natildeo humanos dentro do sistema constitucional brasileiro no qual o artigo 225 se veio a condenar
todo aquele que viesse a proferir gestos de crueldade para contra os animais natildeo humanos
poreacutem ainda ressalvando a possibilidade de natildeo se considerar como cruel as praacuteticas
desportivas os movimentos culturais que se encontram registradas como parte integrante do
patrimocircnio cultural brasileiro (BRASIL 1988)
48
Ainda no corpo do texto constitucional foi normatizada a garantia ao ambiente
equilibrado a qualidade de vida por meio de controle social e puacuteblico para a manutenccedilatildeo da
diversidade do patrimocircnio geneacutetico nacional da fauna e flora na tentativa de barrar a evoluccedilatildeo
numeacuterica do quadro de seres vivos na lista de animais em extinccedilatildeo ou extintos de forma a
apresentar um diferencial por constar em sua Constituiccedilatildeo direitos aos animais natildeo humanos
em relaccedilatildeo a Portugal(BRASIL 1988)
Portugal (2001) soacute voltaria a discutir as leis relativas aos direitos dos animais natildeo
humanos dentro dos criteacuterios comparativos de contemporaneidade aqui estabelecidos no
seacuteculo que se seguiria uma vez que na Europa a Convenccedilatildeo Europeia para a Proteccedilatildeo dos
Animais de Companhia que promulgou o Decreto nordm 1393 onde trouxe para seu territoacuterio
vaacuterias leis que tratavam da fauna e da flora de animais natildeo humanos domeacutesticos e selvagens
mas tambeacutem ressalvando as peculiaridades de sua fauna exoacutetica vedando vaacuterios atos
normativos do dito decreto vindo a defender protegendo ainda natildeo soacute as espeacutecies presentes ao
tempo da lei mas como tambeacutem seus filhotes mesmo quando criados em cativeiro onde
normatizava a forma de reproduccedilatildeo os locais de alojamento dos mesmos para os fins de
comercializaccedilatildeo hospedagem ou ainda centros de recolhimento de animais natildeo humanos de
companhia (PORTUGAL 2001)
Portugal veio ainda a tratar do abandono da negligecircncia fiacutesica alimentar higiecircnica e da
manutenccedilatildeo das condiccedilotildees de sauacutede dos animais natildeo humanos trazendo a necessidade de
laudos veterinaacuterios para que sejam realizadas intervenccedilotildees corpoacutereas nestes como ao exemplo
de amputaccedilotildees garantindo sua integridade fiacutesica de forma a natildeo soacute englobar os direitos aos
animais natildeo humanos outrora garantidos pela Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 mas
ainda refletindo leis que somente seriam vistas no territoacuterio brasileiro vaacuterios anos depois
(PORTUGAL 2001)
No Brasil cinco anos depois que o Decreto nordm 1393 era promulgado em Portugal seria
tratado assunto semelhante por meio da Lei nordm 9605 com a proibiccedilatildeo de diversos tipos de
atividades para que contra a fauna brasileira como matar caccedilar perseguir apanhar estes tipos
de animais natildeo humanos abrindo a permissatildeo para alguns destes em casos especiacuteficos natildeo
excluindo deste a fauna estrangeira tambeacutem tratando da vedaccedilatildeo a poluiccedilatildeo ora que afeta a
fauna brasileira estrangeira e ainda os animais humanos (BRASIL 1998)
Dois anos depois ainda em Portugal (2003a) se poderia notar a preocupaccedilatildeo com os
direitos dos animais natildeo humanos natildeo soacute enquanto considerados de companhia mas tambeacutem
os selvagens e os caracterizados como perigosos pela modificaccedilatildeo do Decreto Lei nordm 2762001
para o Decreto Lei nordm 315 2003 por observar algo que ateacute entatildeo soacute havia sido observado entre
49
as duas legislaccedilotildees portuguesa e brasileira no tocante de ressalvas do artigo 225 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988ao se tratar da proibiccedilatildeo de atos crueacuteis contra animais natildeo
humanos mas permitindo em casos de peculiaridades culturais como supracitado no paraacutegrafo
que a este antecedeu Neste decreto Portugal abril ressalvas a regulamentaccedilatildeo no acircmbito da
aplicabilidade do diploma outrora recebido por sua legislaccedilatildeo das figuras normativas referentes
a fauna e flora selvagem e exoacutetica assim como aqueles que os seguirem por descendecircncia de
modo a permitir que dentro das caracteriacutesticas proacuteprias de cada regiatildeo estas tivessem
autonomia de leis (PORTUGAL 2003b) Ainda no mesmo vieacutes em Santa Catarina (2003) a
Lei Estadual nordm 12854 instituiu o Coacutedigo Estadual de Proteccedilatildeo Animal para vedar quaisquer
tipos de agressotildees contra animais natildeo humanos indiferentemente se silvestres de companhia
domeacutesticos ou que possam ser domesticaacuteveis (aqueles que por sua natureza natildeo satildeo
classificados como domeacutesticos mas que podem vir a ser ao exemplo de porcos) nativos ou
exoacuteticos gerando uma normatizaccedilatildeo para transporte mantenccedila abate e pesquisas
cientiacuteficolaboratoriais garantindo-lhes plenas condiccedilotildees de existecircncia (SANTA CATARINA
2003)
Ainda sobre o tema de utilizaccedilatildeo de animais natildeo humanos para fins cientiacuteficos a
Diretiva 201063EU recepcionada pelas leis portuguesas vem a proteger os animais natildeo
humanos para quando utilizados para estes fins normatizando as teacutecnicas utilizadas durantes as
experiecircncias a qual veio a restringir a occisatildeo (ato de matar um animal) somente quando natildeo
haacute outra opccedilatildeo vedando que sem motivo de grande relevacircncia e plenamente justificaacuteveis se
ponha em risco a biodiversidade dos animais natildeo humanos e ainda traz a necessidade de se
buscar formas substitutivas para tal uso cientiacutefico onde busca reduzir ao miacutenimo inevitaacutevel o
uso de animais natildeo humanos nestes casos (PORTUGAL 2010)
No que se fala de leis que regulamentam a proteccedilatildeo ao bem-estar dos animais natildeo
humanos durante o transporte dos mesmos em Portugal o Regulamento nordm 12005 tenta
minimizar quaisquer sofrimentos seja pelo cumprimento de suas necessidades baacutesicas como
alimentaccedilatildeo higiene assim como com os meios utilizados para este transporte de maneira a
evitar lesotildees violecircncia ou sofrimento (PORTUGAL 2005) Ainda sendo valoroso constar aqui
a Lei nordm 9295 que aleacutem de ser por si soacute a Lei de Proteccedilatildeo aos Animais natildeo humanos a qual
veda quaisquer tipos de aferimento de dor sofrimento requisito de exigir mais do que a
capacidade do animal natildeo humano ainda veio a regulamentar a permissatildeo expressa de
transporte de animais natildeo humanos em transportes puacuteblicos seja para garantia da obrigaccedilatildeo
prevista a mesma lei de socorro aos animais natildeo humanos seja por comodidade ressalvando
50
que para tanto o animal natildeo humano deve estar devidamente condicionado em meio proacuteprio
sem apresentar aos demais riscos fiacutesicos a sua sauacutede ou higiene (PORTUGAL 1995)
Eacute imperioso citar o grande diferencial entre as legislaccedilotildees brasileira e portuguesa que se
fez surgir em Portugal ainda em 2003 quando por meio do Decreto-Lei n 3132003 foi criado
o sistema de cadastro e identificaccedilatildeo eletrocircnica de catildees e gatos natildeo soacute permitindo um melhor
controle estatal sobre o abandono como tambeacutem sobre as bases sanitaacuterias e controle
populacional destes animais natildeo humanos uma vez que devem constar desde informaccedilotildees
baacutesicas sobre o animal natildeo humano como nome raccedila idade e sexo ou ainda sobre seu
proprietaacuterio como nome endereccedilo contato mas ainda as vacinas que este individuo recebeu
no passar de sua vida se eacute ou natildeo castrado ainda obrigando a atualizaccedilatildeo perioacutedica dos dados
medida esta que no Brasil muito jaacute se discutiu regulamentar mas que nunca chegou a ter uma
normatizaccedilatildeo para com as leis (PORTUGAL 2003a)Este posicionamento foi reforccedilado pela
implementaccedilatildeo do Decreto Lei nordm 822019 ao criar o SIAC tornando mais rigorosos os criteacuterios
e penalidades relativas ao registro e atualizaccedilatildeo do cadastro dos animais natildeo humanos
(PORTUGAL 2019b)
Jaacute no Brasil o Coacutedigo Civil de 2002 classificou por meio de nova hermenecircutica ao
artigo 82 onde se definiam os animais natildeo humanos como coisas como somente bens agora
se passou a entender estes como seres semoventes por serem bens de capacidade a serem
suscetiacuteveis de movimentaccedilatildeo proacutepria assim permaneceu com a consolidaccedilatildeo do Coacutedigo de
Processo Civil de 2015 Poreacutem devido a sua capacidade de sofrer de sentir dor tornaram-se
perante o sistema normativo brasileiro dignos da nomenclatura de seres viventes seres
sencientes aqueles que pela sua condiccedilatildeo bioloacutegica chegando ao tocante de acordo com
Cardoso (2007) de seres aptos a terem sua personalidade juriacutedica discutida ora que no passado
outros como escravos e crianccedilas natildeo tinham essa personalidade levantada mas agora tem
Da mesma forma dever-se-ia permitir que tal condiccedilatildeo fosse levada a pauta de discussatildeo
normativa mesmo que natildeo possuindo faculdades mentais de plena comparaccedilatildeo as dos animais
humanos tampouco as crianccedilas e os escravos os tinham perante a lei no passado de forma que
na contemporaneidade ateacute aquele que tenha comprovadamente suas faculdades mentais
consideradas inaptas a autonomia de querer ainda sim possuem personalidade juriacutedica deveres
e direitos uma vez que satildeo capazes de sofrer de sentir de passar fome ainda que natildeo consigam
expressar essas condiccedilotildees de forma clara e linguisticamente padronizados resultado no fato de
que natildeo eacute a capacidade de raciocinar capacidade cognitiva ou ainda de comunicativa o requisito
para a arguiccedilatildeo de sua personalidade juriacutedica (CARDOSO 2007) Jaacute em Portugal a
compreensatildeo e caracterizaccedilatildeo dos animais natildeo humanos como seres sencientes estaacute expresso
51
desde 2017 deixando de serem classificados no rol de coisas por meio da Lei nordm 82017
(PORTUGAL 2017b)
No mesmo ano em que Cardoso (2007) tratava doutrinalmente da personalidade juriacutedica
dos animais natildeo humanos no Brasil em Portugal com a promulgaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm
742007 discutia de forma consagrada o direito de acesso de pessoas portadoras de deficiecircncia
visual que se fazem acompanhar de catildeo-guia a locais transportes e estabelecimentos puacuteblicos
direito este que no Brasil foi inserido no sistema normativo brasileiro em 2005 por meio da Lei
nordm 1112605 mas que soacute se consagrou pela redaccedilatildeo a esta proferida pela Lei nordm 131462015
Jaacute no Brasil sobre este tema com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 1112605 futuramente alterada e
devidamente implementada no sistema normativo brasileiro pela Lei nordm 131462015 veio de
modo a garantir o mesmo direito em territoacuterio nacional agraves pessoas humanas que sejam
portadoras de deficiecircncia visual e sejam acompanhadas de catildees-guia (BRASIL 2015a)
43 COMPARATIVO DOS JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO
HUMANOS BRASIL X PORTUGAL
Quando se trata da possibilidade jurisprudencial da discussatildeo em relaccedilatildeo a guarda de
animais natildeo humanos enquanto envolvidos em processos de separaccedilatildeo divoacutercio ou dissoluccedilatildeo
de relacionamentos no Brasil foi discutido pelo Ministro Luis Felipo Salomatildeo (2018) o tema
partindo do paracircmetro dos fins sociais ora vez de natildeo se tratar de um bem inanimado como
seria o caso da partilha dos bens entatildeo perante o caso concreto a lide formal da guarda de
animais natildeo humanos estendendo aos animais natildeo humanos a condiccedilatildeo de sujeito de direito
reconhecendo assim um terceiro gecircnero uma vez que se apresenta em relaccedilatildeo a evoluccedilatildeo da
proacutepria sociedade protegendo entatildeo as relaccedilotildees afetivas entre os animais natildeo humanos e
humanos Este posicionamento se reforccedilou com a decisatildeo da Juiacuteza de Direito da 3ordf Vara da
Famiacutelia de Joinville em 2019 ao erguer a necessidade de que os animais natildeo humanos tenham
modificado seu status normativo de coisa para uma categoria intermediaacuteria entre cosia e animais
humanos embasada pelo Projeto de Lei do Senado de nordm 31515 que visa alterar o artigo 82 do
Coacutedigo Civil (REIMER 2019)
No mesmo ano em Portugal se discutiu a mesma problemaacutetica onde ao ocorrer uma
separaccedilatildeo ambas as partes demonstraram interesse em contrair a guarda da cachorrinha outrora
de propriedade do casal mas que diferente do Brasil onde se discute a natureza juriacutedica dos
animais natildeo humanos para o tocante da discussatildeo de guarda em Portugal jaacute se tem legislaccedilatildeo
sobre o tema onde no Coacutedigo Civil portuguecircs (1966) em seu artigo 1793-A traz de forma
52
direta no que se fala de divoacutercio e guarda dos assim chamados animais de companhia
apontando os fatores que deveratildeo ser considerados para a decisatildeo judicial do ganho da guarda
onde ainda aponta que deveraacute ser levado em consideraccedilatildeo o bem-estar animal como uacuteltimo
criteacuterio para tal decisatildeo (CRISTOacuteVAtildeO 2019) Enquanto em Portugal como se pode observar
na afirmativa anterior jaacute haacute relato normativo dentro do Coacutedigo Civil portuguecircs de 1966 sobre
a regulamentaccedilatildeo para quando a disputa de guarda de animais natildeo humanos no Brasil tal tipo
de posicionamento ainda eacute inexistente apenas se fazendo constar por meio de um Projeto de
Lei o PLS 54218 para possibilitar criteacuterios de julgamento em casos de divoacutercios ou dissoluccedilatildeo
de uniatildeo estaacutevel de maneira que se quando aprovado alteraria o Coacutedigo de Processo Civil
brasileiro entretanto se for aprovado natildeo estabeleceria o bem-estar animal apenas como
ultimo fator para a determinaccedilatildeo de com quem deveria se manter a guarda como eacute atualmente
em Portugal mas sim como um criteacuterio essencial para tal decisatildeo (BRASIL 2018b)
44 UM COMPARATIVO ENTRE LEIS ESPECIAIS
Como se pode ler nos capiacutetulos dois e trecircs deste trabalho tanto Portugal quanto o Brasil
jaacute tratam da vedaccedilatildeo do uso de animais natildeo humanos nos testes para a produccedilatildeo de cosmeacuteticos
produtos de perfumaria higiene dentre outros poreacutem enquanto em Portugal esta vedaccedilatildeo jaacute
se encontra devidamente celebrada desde o datar de 30 de novembro de 2009 por meio do
Regulamento nordm 12232009 onde a Uniatildeo Europeia veio a regulamentar como deveriam ser
realizados os testes em animais natildeo humanos estabelecendo o desenvolvimento de teacutecnicas
substitutivas para o uso de animais natildeo humanos nos supracitados testes Estabelecendo ainda
limites nos anos de 2009 e 2013 para o fim da comercializaccedilatildeo de bens esteacuteticos que tivessem
em seus compostos ingredientes testados em animais natildeo humanos e os testes em animais em
si respectivamente (PORTUGAL 2009c) No Brasil tal espeacutecie de proibiccedilatildeo somente se daacute
por meio de Projetos de Lei estadual como o Projeto de Lei nordm 552017 que visa proibir os
testes em animais natildeo humanos no territoacuterio catarinense prevendo sanccedilotildees tanto para
instituiccedilotildees quanto para animais humanos que descumpram os termos da lei o presente Projeto
de lei aguarda atualmente sanccedilatildeo estadual (SANTA CATARINA 2020)
Em Portugal eacute possiacutevel observar uma evoluccedilatildeo contiacutenua sobre as legislaccedilotildees de direito
de animais natildeo humanos como apresentado por exemplo pela Resoluccedilatildeo nordm 202018 que
incentiva a constituiccedilatildeo de grupos de trabalho para que se busque diminuir os maus-tratos
levantados contras os animais natildeo humanos viacutetimas de acumulaccedilatildeo conhecida como Siacutendrome
de Noeacute (MACHADO 2020) assim como com a Lei nordm392020 que criou um regime
53
sancionatoacuterio aos crimes proferidos contra os animais de companhia e ocasionando na alteraccedilatildeo
do Coacutedigo Penal e do Coacutedigo de Processo Civil portuguecircs trazendo entre outros a possibilidade
de instauraccedilatildeo de processos crimes para investigar suspeitas relatos e denuacutencias de maus-tratos
negligecircncia ou qualquer outra accedilatildeo que faccedila impedir o bem-estar de animais de companhia em
Portugal assim como estabelecendo a possibilidade de exame de corpo de delito sobre tais
crimes contra os animais natildeo humanos ainda declarando como crime a ocultaccedilatildeo de provas
animais natildeo humanos ou qualquer outro meio que venha a atrapalhar o devido processo
investigativo de forma a prever a busca e apreensatildeo para a garantia da devida investigaccedilatildeo
trazendo para aqui a figura do depositaacuterio fiel (PORTUGAL 2020a)
Jaacute no Brasil percebe-se um risco iminente de acontecer um retrocesso no campo
normativo relativo aos direitos do animais natildeo humanos como o que ocorre com a Lei nordm
2172019 o Coacutedigo de Proteccedilatildeo e bem-estar animal que veda que a sociedade propicie
alimentaccedilatildeo aacutegua cuidados com a sauacutede higiene dentre outros quando em vias puacuteblicas
constituindo que a mantenccedila do bem-estar animal por meio da sociedade enquanto natildeo Estado
seja caracterizada como infraccedilatildeo legal (CURITIBANOS 2019)
Da mesma forma o Projeto de Lei nordm 722020 de Penha como arguido por Moreira
(2020) aparece como uma lei temeraacuteria ora que prevecirc multar e penalizar os tutores de
cachorros que importunarem o sossego sendo uma consequecircncia clara para a tentativa de
impedir as sanccedilotildees desta lei a implementaccedilatildeo de meios a impedir os latidosEsta iniciativa pode
trazer ocorrecircncias de maus-tratos seja pelo uso de equipamentos anti-latido pela secccedilatildeo das
cordas vocais dos cachorros ou ainda outras puniccedilotildees mais agravadas em caso seu proprietaacuterio
venha a ser punido pelo fato de seus cachorros latirem (PENHA 2020)
Em contraponto eacute possiacutevel observar no Regulamento nordm 1523007 do Parlamento
Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia que foi recebido pelo sistema normativo portuguecircs
no qual para a garantia do bem-estar tanto de catildees e gatos quanto da sociedade em si vedou
expressamente a comercializaccedilatildeo exportaccedilatildeo ou importaccedilatildeo de qualquer tipo de material ou
produto que tenha em sua composiccedilatildeo pele de gato ou de cachorroTraz ainda no corpo do texto
legal sanccedilotildees mais graviacutedicas em relaccedilatildeo a todos que se envolvam de forma direta indireta
tentada ou consumada ou ainda que sabendo natildeo veia a denunciar ou impedir lutas entre animais
natildeo humanos (PORTUGAL 2007b)
Felizmente observa-se que em caminho contraacuterio ao Projeto de Lei nordm 722020 e a Lei
nordm 2172019 o Projeto de Lei nordm 6312015 busca alterar a redaccedilatildeo do artigo 32 da Lei nordm
960598 onde busca vedar sem motivos justificaacuteveis proferir dor lesatildeo ou sofrimento aos
animais natildeo humanos ressaltando neste ponto a tentativa de se classificar o tratamento dado
54
aos animais natildeo humanos agora como seres sencientes (BRASIL2019) devendo-se constar
que o artigo 82 do Coacutedigo Civil brasileiro caracteriza de forma normativa os animais natildeo
humanos como coisas e sobre a nova hermenecircutica o tratamento juriacutedico destes busca a
compreensatildeo como sencientes (BRASIL 2002) posicionamento este que em Santa Catarina jaacute
se fez constar pela Lei nordm 17485 (SANTA CATARINA 2018)
Em Portugal por meio da Lei nordm 3152009 foram criados ditames regrativos para em
quanto a especificidade de animais natildeo humanos que sejam devido a sua natureza sua
caracterizaccedilatildeo de selvagem sua espeacutecie ou ainda condiccedilotildees especiais caracterizados como
perigosos ou potencialmente estabelecendo diretrizes para a mantenccedila criaccedilatildeo interaccedilatildeo para
com outros seres vivos sejam estes animais humanos ou natildeo humanos enquanto se apresentem
de forma direta ou indireta como animais de companhia infelizmente no Brasil natildeo se pode
observar regramento especificamente da mesma forma (PORTUGAL 2009b)
Assim no presente capiacutetulo foi realizada uma anaacutelise comparativa da evoluccedilatildeo histoacuterica
legislativa dos direitos dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo brasileira e portuguesa
ateacute a contemporaneidade do estado atual de seus direitos incluindo julgados projetos de lei
suacutemulas sem deixar de constar ateacute retrocessos legislativos dos direitos em questatildeo
55
5 CONCLUSAtildeO
Com o presente trabalho se pode chegar a conclusatildeo que haacute uma lenta evoluccedilatildeo no
tocante dos direitos dos animais natildeo humanos no ordenamento brasileiro em comparaccedilatildeo com
a legislaccedilatildeo portuguesa ora que por muitas vezes o sistema normativo brasileiro se fez valer
de semelhantes posicionamentos legais para com seu paiacutes irmatildeo somente apoacutes um consideraacutevel
lapso temporal ressalvando-se o fato de grande relevacircncia em que nesta comparaccedilatildeo se pode
observar que apenas o Brasil apresenta garantias aos direitos dos animais natildeo humanos dentro
do seu corpo constitucional
O Brasil enquanto comparado aPortugalaquele que se tem reciprocidade de tratamento
ainda se apresenta com pouca atenccedilatildeo sobre o tema destes direitos ora quepor muito tempo natildeo
considerouos animais natildeo humanos como dignos de direito agrave liberdade agrave integridade fiacutesica e o
mais grave o simples e mais essencial o direito a vida
No campo normativo sobre as disputas de guarda de animais natildeo humanos o Brasil
ainda se encontra muito atrasado com relaccedilatildeo aos regimentos legais ora que enquanto em
Portugal esta lide jaacute estaacute determinada perante um artigo do Coacutedigo Civil de 1966 mesmo
queconstando que tal regra normativacoloca o bem-estar dos ditos animais de companhia
somente como uacuteltimo fator para ser considerado em lides de divoacutercios e separaccedilotildees no Brasil
ainda natildeo haacute nota normativa alguma sobre o assunto apenas jurisprudecircncia e Projeto de Lei
demonstrando uma clara falta de embasamento legal para a resoluccedilatildeo das lides neste sentido
poreacutem apresenta uma inovaccedilatildeo para com o seu paiacutes irmatildeo onde em caso de aprovaccedilatildeo do
Projeto de Lei nordm 54218 sem modificaccedilotildees o bem-estar dos animais natildeo humanos seraacute
considerado como fator essencial para a decisatildeo de quem receberaacute judicialmente a guarda do
animal de estimaccedilatildeo
Ainda se pode observar que as normas brasileiras de direitos dos animais natildeo humanos
ao contraacuterio de Portugal por muitas vezes partem de leis estaduais e municipais para depois se
consagrarem no campo federativo tanto que se pode observar incongruecircncias em leis estaduais
e municipais que se apresentam em desacordo com a norma paacutetria causando um retrocesso
legal para com os direitos dos animais natildeo humanos fato este natildeo observado no sistema
normativo portuguecircsMuito provavelmente porque neste os direitos dos animais natildeo humanos
estarem por muitas vertentes garantidos dentro da Convenccedilatildeo Europeia que aleacutem de trazer
regulamentaccedilotildees sobre o tema ainda fiscaliza sua correta aplicaccedilatildeo legislativa
No mesmo tocante enquanto em Portugal os animais natildeo humanos jaacute satildeo tratados de
forma distinta de coisas tanto pela hermenecircutica quanto pela escrita literal das leis onde desde
56
2017 jaacute natildeo satildeo tratados dentro do rol coisas mas sim recebendo a nomenclatura e classificaccedilatildeo
como seres sencientes no paccedilo em que no Brasil semelhante posicionamento atualmente se
encontra tatildeo somente de forma doutrinaacuteria e em sugestotildees de julgados de lides que envolvem
os animais natildeo humanos de forma a ter propiciado a instauraccedilatildeo do Projeto de Leinordm 631 de
2015 que vem a tentar trazer o mesmo tratamento de nomenclatura e classificaccedilatildeo do jaacute
instaurado em Portugal
Ao fim do processo de pesquisa do presente trabalho a pesquisadora observou a
importacircncia de um futuro estudo relativo aos direitos dos animais natildeo humanos no que tange a
Ameacuterica Latina com o intuito de resgatar a evoluccedilatildeo destes direitos dentro do Mercosul tanto
por haver um livre transito entre os paiacuteses afiliados instigando interesse em se conhecer
maissobre a relaccedilatildeo e autonomia de cada paiacutes membrosobre estes direitos conjunto das leis que
se compartilham quanto pela proximidade de suas fronteiras onde a fauna e flora se misturam
vez que ao desenvolver esta pesquisa foi observada uma evoluccedilatildeo relevante nos direitos dos
animais natildeo humanos em Portugal por meio da Convenccedilatildeo Europeia erguendo a curiosidade
para descobrir se dentro no Mercosul poderia ocorrer fato semelhante em relaccedilatildeo as leis
brasileiras
57
REFEREcircNCIAS
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contemporacircneo da sociedade dentro dos atuais e futuros julgados em funccedilatildeo dos diversos
debates que tem gerado dentro e fora dos tribunais acerca do tema dos direitos da capacidade
ateacute da guarda e tutela dos animais natildeo humanos
Este trabalho esperase apresentar como uma fonte de pesquisa incentivo reanaacutelise e
com o intuito de instigar novos posicionamentos juriacutedicocriacuteticos sobre o cenaacuterio atual da
participaccedilatildeo dos animais natildeo humanos dentro da sociedade possibilitando uma nova
consciecircncia para com o tema demonstrando os obstaacuteculos legais que ainda temos pela frente
quando em comparaccedilatildeo com o mesmo cenaacuterio portuguecircs
No segundo capiacutetulo deste trabalho eacute apresentada a evoluccedilatildeo histoacuterica da legislaccedilatildeo do
sistema normativo julgados e projetos de lei desde o primeiro relato em lei a favor do direito
dos animais natildeo humanos dentro do sistema normativo brasileiro passando pela constituiccedilatildeo
de 1988 decretos lei o Coacutedigo Civil (CC) o Coacutedigo de Processo Civil (CPC) o Coacutedigo Penal
(CP) a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro da constituiccedilatildeo e coacutedigos nacionais
leis municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma abrangente
anaacutelise sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do
territoacuterio brasileiro
No terceiro capiacutetulo deste trabalho se apresenta a evoluccedilatildeo histoacuterica da legislaccedilatildeo do
sistema normativo e julgados desde o primeiro relato em lei a favor do direito dos animais natildeo
humanos dentro do sistema normativo portuguecircs passando por decretos lei o Coacutedigo Civil
(CC) o Coacutedigo de Processo Civil (CPC) o Coacutedigo Penal (CP) Coacutedigo de Processo Penal
(CPP) a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro dos coacutedigos nacionais oacutergatildeos
reguladores dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do territoacuterio portuguecircs leis e licenccedilas
municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma abrangente anaacutelise
sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos dentro do territoacuterio
portuguecircs
No quarto capiacutetulo deste trabalho se apresenta um anaacutelise comparativa sobre a evoluccedilatildeo
histoacuterica das legislaccedilotildees de seus sistemas normativos e julgados desde os primeiros relatos
regimentais a favor do direito dos animais natildeo humanos dentro de seus sistemas normativos
passando por decretos lei o Coacutedigo Civil o Coacutedigo de Processo Civil o Coacutedigo Penal Coacutedigo
de Processo Penal a recepccedilatildeo normas de acordos internacionais dentro dos coacutedigos nacionais
leis e licenccedilas municipais estaduais e federais doutrinas e julgados de forma a fazer uma
11
abrangente anaacutelise sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos de
forma comparativa dentro do territoacuterio brasileiro e portuguecircs
12
2 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA
Neste capiacutetulo tem-se como objetivo trazer de forma sucinta a evoluccedilatildeo histoacuterica no que
tange o direito dos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo do Brasil trazendo para isto as proacuteprias
leis assim como relatos bibliograacuteficos sobre o tema
21 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
O primeiro relato normativo brasileiro direcionado aos direitos dos animais natildeo
humanos no dia 6 de outubro de 1886 no Coacutedigo de Posturas do Municiacutepio de Satildeo Paulo que
trouxe no seu artigo 220 a primeira norma de proibiccedilatildeo de crueldade contra animais natildeo
humanos ldquoEacute proibido a todo cocheiro ou condutor de carroccedila maltratar animais com castigos
baacuterbaros e imoderados disposiccedilatildeo essa que se aplica aos ferradoresrdquo sendo assim um marco
inicial histoacuterico nacional para a luta por estes direitos(SAtildeO PAULO 1886)
Jaacute no tangente de legislaccedilatildeo na esfera nacional somente no dia 10 de julho de 1934
ocorreu o primeiro registro normativo visando a algum tipo de proteccedilatildeo perante os animais natildeo
humanos o Decreto Lei nordm 24645 oficializado por Getuacutelio Vargas definindo a
responsabilidade do Estado de tutelar todos os animais existentes trazendo ainda a primeira
sansatildeo em relaccedilatildeo aos matildeos tratos em seu artigo 2ordm ldquoAquele que em lugar puacuteblico ou privado
aplicar ou fizer aplicar maus-tratos aos animas incorreraacute em multa de 20$000 a 500$000 e na
pena de prisatildeo celular de 2 a 15 dias quer o delinquente seja ou natildeo o respectivo proprietaacuterio
sem prejuiacutezo da accedilatildeo civil que possa caberrdquo tendo sido o rompimento de uma fronteira em
relaccedilatildeo agrave compreensatildeo da vedaccedilatildeo aos matildeos tratos de forma direta ou indireta praticando ou
fazendo praticar sendo ou natildeo proprietaacuterio do animal natildeo humano de forma a demonstrar que
todos os animais natildeo humanos merecem respeito trazendo ainda em seus paraacutegrafos a
possibilidade de maiores sanccedilotildees como ateacute a apreensatildeo ou confisco do animal natildeo humano que
for alvo de qualquer tipo de maus-tratos em seu artigo 14 ainda busca pela primeira vez
penalizar aquele que causa a morte destes oferecendo pena em dobro se a este ponto chegar ou
for reincidente de acordo com o artigo 15 como tambeacutem a quem cabe sua aplicaccedilatildeo pelo artigo
12 atribuindo tal encargo a poliacutecia ou autoridade municipal cabendo esta se verificar a
gravidade do delito vale constar o sect3ordm no mesmo artigo ldquoOs animais seratildeo assistidos em juiacutezo
pelos representantes do Ministeacuterio Puacuteblico seus substitutos legas e pelos membros das
sociedades protetoras dos animaisrdquo reforccedilando a responsabilidade do Estado perante a garantia
13
dos direitos dos animais natildeo humanos No transcorrer de seus artigos o Decreto caracteriza o
que se enquadra como crueldade no seu artigo 3ordm como ao exemplo dos seus incisos XVI
XVIII XXI e XXV
XVI -fazer viajar um animal a peacute mais de 10 quilocircmetros sem lhe dar descanso ou
trabalhar mais de 6 horas contiacutenuas sem lhe dar aacutegua e alimento
XVIII - conduzir animais por qualquer meio de locomoccedilatildeo colocados de cabeccedila para
baixo de matildeos ou peacutes atados ou de qualquer outro modo que lhes produza sofrimento
XXI - deixar de ordenhar as vacas por mais de 24 horas quando utilizadas na
explorado do leite
XXV - engordar aves mecanicamente (BRASIL 1934)
Este decreto trouxe pela primeira vez regulamentaccedilotildees nacionais perante os animais natildeo
humanos no tangente laboral humano sendo reforccedilado tal posicionamento pelo texto dos
artigos 4ordm a 8ordm onde regula-se a utilizaccedilatildeo dos animais natildeo humanos em veiacuteculos ou outras
formas em que se faccedila utilizar a traccedilatildeo animal Jaacute no seu artigo 13 traz a primeira proibiccedilatildeo
direta ao abandono de animal ainda traz ressalvado em seu artigo 19 a revogaccedilatildeo de qualquer
tipo de ordenamento ao contraacuterio do que o Decreto Lei expressa Mesmo sendo uma grande
evoluccedilatildeo para o direito dos animais natildeo humanos em relaccedilatildeo ao que o paiacutes tinha ateacute entatildeo o
artigo 17 ainda define animal como seres irracionais sem que a eles se apresente nenhum tipo
de possibilidade de compreensatildeo (BRASIL 1934)
Somente 7 anos depois em 03 de outubro de 1941 com a ediccedilatildeo da Lei das
Contravenccedilotildees Penais pelo Decreto Lei nordm 3688 o artigo 64 trouxe penas de prisatildeo e multa
ali ainda descrita em ldquoreacuteisrdquo
Art 64 Tratar animal com crueldade ou submetecirc-lo a trabalho excessivo
Pena ndash prisatildeo simples de dez dias a um mecircs ou multa de cem a quinhentos mil reacuteis
sect1ordm Na mesma pena incorre aquele que embora para fins didaacuteticos ou cientiacuteficos
realiza em lugar puacuteblico ou exposto ao puacuteblico experiecircncia dolorosa ou cruel em
animal vivo
sect2ordm Aplica-se a pena com aumento de metade se o animal eacute submetido a trabalho
excessivo ou tratado com crueldade em exibiccedilatildeo ou espetaacuteculo puacuteblico (BRASIL
1941)
Desta forma buscando pela primeira vez colocar limites normativos natildeo soacute para os
animais natildeo humanos utilizados para atividades laborativas mas tambeacutem no que se trata o uso
cientiacutefico destes assim como seu uso para exibiccedilatildeo e divertimento de animais humanos
(BRASIL 1941) Somente no dia 8 de maio de 1979 com a Lei Federal nordm 6638 seria retomado
o tema do uso cientiacutefico dos animais natildeo humanos de forma regulamentada normatizando os
bioteacuterios os centros de experiecircncias e demonstraccedilotildees dos animais natildeo humanos assim como
14
regulamentando o uso dos animais natildeo humanos para testes cliacutenicos medicamentosos dentre
outros teacutecnica esta conhecida como vivissecccedilatildeo assim como desde que por meio de indicaccedilatildeo
meacutedica permitindo a eutanaacutesia ou sacrifiacutecio animal pelos artigos 1ordm a 4ordm da presente Lei
trazendo em seus artigos subsequentes sanccedilotildees penais e interditoacuterias para todo aquele que a lei
desobservar assim como traz em seu artigo 8ordm a revogaccedilatildeo de quaisquer leis que a ela
contrariarem (BRASIL 1979)
O Superior Tribunal de Justiccedila decidiu na data de 31 de dezembro de 1969 por meio da
Suacutemula nordm 91 que ldquoCompete a Justiccedila Federal processar e julgar os crimes praticados contra a
faunardquo onde decidiu por arcar agrave Justiccedila Federal o julgamento relativo aos crimes cometidos
sobre a fauna brasileira tendo sido cancelada a Suacutemula em questatildeo na Sessatildeo do Superior
Tribunal de Justiccedila na data de 08 de novembro de 2000 da 3ordf seccedilatildeo sobre o nuacutemero de pauta
de julgamento LEGJUR 103326350091500 Desta forma com o cancelamento da Suacutemula nordm
91 do STJ acabou por ficar sobre a competecircncia reconhecida dos estados a competecircncia para
processar e julgar os crimes cometidos contra a fauna ressalvando se o dito crime se efetivar
sobre casos do crime ter sido realizado sobre fauna reconhecidamente de bem federal o
cancelamento da Suacutemula em questatildeo tambeacutem acarretou na suspenccedilatildeo do disposto no artigo 89
da Lei 900995 (BRASIL 2020)
A datar do dia 03 de janeiro de 1967 surgiu mais uma importante ferramenta para a
garantia dos direitos dos animais natildeo humanos com a promulgaccedilatildeo da Lei Federal nordm 5197 o
Coacutedigo de Caccedila sendo imprescindiacutevel a observaccedilatildeo de seu artigo 1ordm
Os animais de quaisquer espeacutecies em qualquer fase do seu desenvolvimento e que
vivem naturalmente fora do cativeiro constituindo a fauna silvestre bem como seus
ninhos abrigos e criadouros naturais satildeo propriedade do Estado sendo proibida a sua
utilizaccedilatildeo perseguiccedilatildeo destruiccedilatildeo caccedila ou apanha (BRASIL 1967)
Protegendo de maneira incontestaacutevel a fauna nativa brasileira garantindo a diversidade
a continuidade e a sobrevivecircncia de todos os tipos de animais natildeo humanos poreacutem ainda
permitindo em seus paraacutegrafos que hajam peculiaridades regionais para a permissatildeo agrave caccedila
Contudo veda completamente a comercializaccedilatildeo ou exportaccedilatildeo de qualquer forma de animais
natildeo humanos da fauna natural brasileira assim como de seus frutos em seus artigos 3ordm e 18
Trazendo sanccedilotildees penais para todos aqueles que descumprirem seus artigos nos artigos 27 a
31 e contemplando como autoridades responsaacuteveis pela fiscalizaccedilatildeo e aplicabilidade de tais
sanccedilotildees as mesmas indicadas no Coacutedigo de Processo Penal (CPP) de acordo com o seu artigo
15
32 assim como trazem pela primeira vez a inafianccedilabilidade dos crimes contra animais natildeo
humanos pelo seu artigo 34 (BRASIL 1967)
Jaacute por outro vieacutes no dia 31 de agosto de 1981 por meio da publicaccedilatildeo da Lei Federativa
nordm 6938 com a denominaccedilatildeo de A Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente os animais natildeo
humanos assim como seu habitat natural receberam uma grande melhoria nos seus direitos
assim como traz o artigo 15 ldquoO poluidor que expuser a perigo a incolumidade humana animal
ou vegetal ou estiver tornando mais grave a situaccedilatildeo de perigo existente fica sujeito agrave pena de
reclusatildeo de 1 (um) a 3 (trecircs) anos e multa de 100 (cem) a 1000 (mil) MVRrdquo findando a
primeira vedaccedilatildeo expressa por objeto normativo agrave poluiccedilatildeo que traga malfeitorias aos animais
natildeo humanos (BRASIL 1981)
22 LEGISLACcedilAtildeO PAacuteTRIACONTEMPORAcircNEA
No Brasil os animais comeccedilaram a ser considerados como dignos de direitos
constitucionais somentecom a promulgaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 em seu artigo 225 de
forma a condenar a crueldade contra os animais mesmo que ainda deixando uma lacuna em
seu sect7ordm
sect 7ordm Para fins do disposto na parte final do inciso VII do sect 1ordm deste artigo natildeo se
consideram crueacuteis as praacuteticas desportivas que utilizem animais desde que sejam
manifestaccedilotildees culturais conforme o sect 1ordm do art 215 desta Constituiccedilatildeo Federal
registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimocircnio cultural
brasileiro devendo ser regulamentadas por lei especiacutefica que assegure o bem-estar
dos animais envolvidos (BRASIL 1988)
No supracitado artigo ainda se pode ler sobre os direitos alcanccedilados pelos animais natildeo
humanos na constituiccedilatildeo federativa de 1988 onde garante agrave todos um meio ambiente
equilibrado qualidade de vida sendo de obrigaccedilatildeo tanto do poder puacuteblico quanto da
coletividade garantir defender preservar estes direitos para as presentes e futuras geraccedilotildees
para tanto aponta a necessidade de preservar a diversidade e integridade do patrimocircnio geneacutetico
do Brasil e sempre fiscalizando aqueles que com este material lida assim como a necessidade
de controlar a produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de teacutecnicas e produtos que sejam
potencialmente ou confirmadamente prejudiciais ou que gerem risco agrave vida ou sua qualidade
assim como para o meio ambiente demonstrando tambeacutem a indispensabilidade de poliacuteticas de
16
educaccedilatildeo ambiental disseminada por todos os niacuteveis educacionais para a preservaccedilatildeo do meio
ambiente (BRASIL 1988)
Da mesma forma prevecirc a obrigaccedilatildeo de defender a fauna e flora vedando expressamente
praacuteticas que as coloquem em risco sua funccedilatildeo ecoloacutegica que poderiam gerar extinccedilatildeo de
espeacutecies ou mesmo que submetam animais natildeo humanos a qualquer niacutevel de crueldade Deve-
se lembrar que tambeacutem traz a possibilidade de sanccedilotildees para aqueles pessoa fiacutesica ou juriacutedica
que violar estes direitos ora visto a fauna e flora nacional eacute caracterizada como patrimocircnio
nacional(BRASIL 1988)
Eacute de suma importacircncia observar que tal artigo soacute fez-se constar na constituiccedilatildeo de 1988
apoacutes a proclamaccedilatildeo da Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Animais feita pela UNESCO no ano
de 1978 No corpo do texto percebe-se a existecircncia do direito dos animais em funccedilatildeo aos crimes
e desprezo cometidos contra os animais natildeo humanos em funccedilatildeo de uma coexistecircncia saudaacutevel
entre as espeacutecies no mundo jaacute que satildeo seres semelhantes como consta no preacircmbulo da mesma
declaraccedilatildeo (UNESCO 1978) Faz-se necessaacuterio citar alguns de seus artigos ldquoARTIGO 1
Todos os animais nascem iguais diante da vida e tecircm o mesmo direito agrave existecircnciardquo
demonstrando um posicionamento ao menos legal em relaccedilatildeo agrave igualdade e existecircncia dos
animais natildeo humanos como tambeacutem o artigo 2
a) Cada animal tem direito ao respeito b)O homem enquanto espeacutecie animal
natildeo pode atribuir-se o direito de exterminar os outros animais ou exploraacute-los
violando esse direito Ele tem o dever de colocar a sua consciecircncia a serviccedilo dos outros
animais c)Cada animal tem direito agrave consideraccedilatildeo agrave cura e agrave proteccedilatildeo do homem
(UNESCO 1978)
Onde traz obrigaccedilatildeo normativa de respeito dos animais humanos perante os animais natildeo
humanos manifestando o dever agrave consideraccedilatildeo e consciecircncia do primeiro em relaccedilatildeo ao
segundo vedando a exploraccedilatildeo dos mesmos da mesma maneira os artigos 4 e 5
ARTIGO 4 a) Cada animal que pertence a uma espeacutecie selvagem tem o direito de
viver livre no seu ambiente natural terrestre aeacutereo e aquaacutetico e tem o direito de
reproduzir-se b)A privaccedilatildeo da liberdade ainda que para fins educativos eacute contraacuteria
a este direito
ARTIGO 5 a)Cada animal pertencente a uma espeacutecie que vive habitualmente no
ambiente do homem tem o direito de viver e crescer segundo o ritmo e as condiccedilotildees
de vida e de liberdade que satildeo proacuteprias de sua espeacutecie b)Toda a modificaccedilatildeo imposta
pelo homem para fins mercantis eacute contraacuteria a esse direito(UNESCO 1978)
De forma a demonstrar aqui o direito agrave uma vida livre em ambiente adequado e propiacutecio
agrave reproduccedilatildeo garantindo assim a continuidade da fauna ldquoARTIGO 7 Cada animal que trabalha
17
tem o direito a uma razoaacutevel limitaccedilatildeo do tempo e intensidade do trabalho e a uma alimentaccedilatildeo
adequada e ao repousordquo revelando que os animais natildeo humanos assim como os humanos tem
direito de uma jornada digna de trabalho sem que com isso sejam explorados mais do que eacute
aceitaacutevel para uma vida adequada agraves suas condiccedilotildees fiacutesicas ldquoARTIGO 10 Nenhum animal
deve ser usado para divertimento do homem A exibiccedilatildeo dos animais e os espetaacuteculos que
utilizem animais satildeo incompatiacuteveis com a dignidade do animalrdquo expressando nitidamente que
os animais natildeo humanos natildeo satildeo brinquedos posse objeto para divertimento dos animais
humanos ora ponto serem animais que merecem respeitoagrave sua dignidade ldquoARTIGO 11 O ato
que leva agrave morte de um animal sem necessidade eacute um biociacutedio ou seja um crime contra a
vidardquo findando esta citaccedilatildeo pela clara declaraccedilatildeo de expressa vedaccedilatildeo ao assassinato dos
animais natildeo humanos sem que para isso haja um motivo vaacutelido e plenamente
justificaacutevel(UNESCO 1978)
Assim como Bruno Amaro Lacerda traz em sua obra Pessoa Dignidade e Justiccedila a
questatildeo dos direitos dos animais Eacutetica e Filosofia Poliacutetica animais natildeo humanos estatildeo em um
conviacutevio iacutentimo com os animais humanos de forma a em muitos casos criando viacutenculos afetivos
como um membro ativo no meio familiar ao ponto de ateacute ocorrerem lides em relaccedilatildeo a sua
tutela Da mesma forma quando se pensa sobre o que tange o ramo laboral os animais natildeo
humanos em muito foram e satildeo necessaacuterios para a continuidade de vaacuterias categorias de trabalho
(LACERDA 2012)
Eacute imperioso lembrar que no sistema normativo paacutetrio os animais natildeo humanos jaacute foram
considerados como coisas e tendo sua caracterizaccedilatildeo posteriormente alterada para bens
semoventes pelo Coacutedigo Civil ldquoArt 82 Satildeo moacuteveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio
ou de remoccedilatildeo por forccedila alheia sem alteraccedilatildeo da substacircncia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-
socialrdquo (BRASIL 2002)
Sobre o tema a classificaccedilatildeo juriacutedica dos animais natildeo humanos dentro do campo
normativo brasileiro Heron Santana Gordilho (2006) trata em seu trabalho ao apresentar o
fundamento moral da correta compreensatildeo das caracteriacutesticas e correta classificaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos para se romper os paradigmas atuais da caracterizaccedilatildeo dos animais natildeo
humanos comeccedila com uma reformulaccedilatildeo da proacutepria consciecircncia humana por se tratar nada
mais do que um padratildeo de compreensatildeo exclusivamente humano ora que se eacute haacutebil de notar
aos animais natildeo humanos a presenccedila de caracteriacutesticas tanto fiacutesicas quanto mentais que muito
se assemelham as apresentadas pelos animais humanos como se pode observar no trecho
retirado de sua obra
18
As ciecircncias empiacutericas tecircm descoberto habilidades linguiacutesticas nos grandes primatas
que acabaram por ter significativas implicaccedilotildees na teoria moral ao demonstrar que a
doutrina tradicional que vecirc a espeacutecie humana como seres ontologicamente distintos
dos animais eacute fundamentalmente falsa e inconsistente (GORDILHO 2006 p54)
Uma vez que segundo o Gordilho os animais natildeo humanos satildeo capazes de possuir
alguma razatildeo expondo que ldquoA diferenccedila especiacutefica do homem em relaccedilatildeo aos animais residiria
no fato de que apenas o homem tem conhecimento de si mesmo apenas ele eacute um ser pensante
pois sua realidade eacute idecircntica agrave sua idealidaderdquo (GORDILHO 2006 P 53) sem que para tanto
deixasse de constar que mesmo os animais humanos por muitas vezes vem a natildeo ter tal
capacidade diferenciadora (GORDILHO 2006)
Mesmo o artigo 82 natildeo tendo sofrido alteraccedilatildeo entre o Coacutedigo de Processo Civil de 2002
e o de 2015 o tratamento juriacutedico relativo aos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo vigente a
discussatildeo e hermenecircutica do supracitado artigo sofreu alteraccedilotildees em virtude de serem capazes
de sentir dor tornando-se assim como seres viventes o que nitidamente se difere de coisa como
apontado por Haydeeacute Fernanda Cardoso em 2007 ao questionar aquela que era a classificaccedilatildeo
dos animais natildeo humanos agrave sua eacutepoca
Natildeo se pode ver como coisa seres viventes pois tais elementos mostram a existecircncia
de vida natildeo apenas no plano moral e psiacutequico mas tambeacutem bioloacutegico mecacircnico como
podem alguns preferir e vice-versa
O conhecimento juriacutedico-dogmaacutetico hoje encontra-se ultrapassado natildeo apenas em
funccedilatildeo de animais considerados inteligentes mas sim em funccedilatildeo de seres sencientes
capazes de sentir cada um a seu modo e de individualizarem-se estabelecendo
relaccedilotildees sociais entre si ou com humanos constituindo-se velado e inadequado o
tratamento dispensado inclusive mostrando-se incompatiacutevel com os proacuteprios fins
deste Direito ldquoatualrdquo de eacutetica invertida [] (CARDOSO 2007 p 132)
Na mesma obra Cardoso ainda discute sobre a possibilidade dos animais natildeo humanos
de serem aptos a possuir personalidade juriacutedica algo que na contemporaneidade vem-se sendo
alvo de diversas discussotildees no paracircmetro das lides juriacutedicas em virtude da proteccedilatildeo conferida
aos animais humanos e sua comparaccedilatildeo para com os direitos concedidos aos animais natildeo
humanos assim como a proacutepria evoluccedilatildeo desta personalidade em relaccedilatildeo aos seres humanos
historicamente falando como podemos observar pelas palavras da Autora
Assim que em dados momentos sua compreensatildeo natildeo abrangeu seres humanos
considerados escravos ou mesmo crianccedilas embora se reconhecesse entes morais (as
corporaccedilotildees) que apesar do elemento humano que guardam recebiam proteccedilatildeo em
funccedilatildeo do direito patrimonial enquanto natildeo se reconhecia a homens individuais de
modo a garantir-lhes necessidades primitivas mantedoras da vida digna direitos
humanos fundamentais
Hoje conferimos proteccedilatildeo a todos os homens ainda que suas faculdades mentais natildeo
sejam plenas ainda que natildeo tenham capacidade racional ou mesmo consciecircncia ainda
19
que seus atributos mentais estejam limitados agrave mera resposta a estiacutemulos baacutesicos como
a dor ou a fome mas ainda assim natildeo sendo capazes de expressar qualquer desejo
que seja mesmo simples desejo de comer natildeo sejam capazes de se comunicar ainda
que apenas por gestos sendo a comunicaccedilatildeo demanda expressatildeo volitiva e
ultrapassando o limite das palavras Conferimos tambeacutem proteccedilatildeo a homens que natildeo
sabem falar porque entendemos que tecircm outras maneiras de se expressar mesmo que
sejam limitados no atributo da fala E a todos esses protegemos natildeo como coisas mas
sim como pessoas porque satildeo semelhantes a noacutes []
Portanto natildeo eacute a capacidade racional e cognitiva ou mesmo a fala requisito de uma
personalidade juriacutedica ateacute porque os animais possuem as duas primeiras segundo
provado por outras ciecircncias possuindo inclusive consciecircncia (CARDOSO 2007 p
133)
Em 12 de fevereiro de 1998 foi promulgada a Lei nordm 9605 tratando sobre os crimes
contra o meio ambiente trazendo de forma direta o impedimento a vaacuterios embargos relativas
aos animais natildeo humanos assim como transcreve-se aqui no artigo 29 ldquoMatar perseguir caccedilar
apanhar utilizar espeacutecimes de fauna silvestre nativos ou em rota migratoacuteria sem a devida
permissatildeo licenccedila ou autorizaccedilatildeo da autoridade competente ou em desacordo com a
obtida[]rdquo nos artigos que se seguem continuam a se tratar das vedaccedilotildees tanto no que se fala
das proibiccedilotildees relativas agrave fauna brasileira quanto a fauna estrangeira sem deixar de tratar dos
animais natildeo humanos de longa pratica de domesticaccedilatildeo como catildees e gatos assim como no
artigo 32 sect1ordm onde transporta as penas quando o crime eacute praticado contra catildees e gatos Ainda
penaliza os que geram danos por meio de poluiccedilatildeo e com isso reflitam negativamente em
relaccedilatildeo aos animais natildeo humanos como descrito no ser artigo 54 (BRASIL 1998)
Ainda quando se trata de direitos dos animais como um todo natildeo se pode deixar de
constar a Lei nordm 11126 de 27 de junho de 2005 posteriormente alterada e devidamente
motivada a aplicabilidade pela Lei nordm 13146 de 2015 sobre o acesso de catildees-guias agrave locais
puacuteblicos como se lecirc em seu artigo 1ordm redigido
Eacute assegurado agrave pessoa com deficiecircncia visual acompanhada de catildeo-guia o direito de
ingressar e de permanecer com o animal em todos os meios de transporte e em
estabelecimentos abertos ao puacuteblico de uso puacuteblico e privados de sua coletivo desde
que observadas as condiccedilotildees impostas por esta Lei (BRASIL 2015a)
Onde outrora devido a um texto inespeciacutefico natildeo se fazia cumprir a Lei de forma correta
ao deixar lacunas em sua interpretaccedilatildeo vez que somente dissertava por permitir a entrada e
permanecircncia em transportes e locais puacuteblicos e privados de uso coletivo mas natildeo trazendo a
generalidade e especificidade de tais locais de maneira a por muitas vezes ter esse direito
negado obrigando que a Lei de 2015 revisasse e desse nova redaccedilatildeo aos artigos 1ordm e seu
paraacutegrafo 2ordm da Lei de 2005 (BRASIL 2015a)
20
A luta pelos direitos dos animais natildeo satildeo apenas uma funccedilatildeo legislativa o que fica
demonstrado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) que em 2019 ofertou pela primeira vez uma
disciplina de direito dos animais para seus alunos regulares assim como a comunidade em geral
em conjunto com o Grupo de Estudos sobre os Direitos Animais e Interseccionalidades como
foi noticiado pela proacutepria instituiccedilatildeo em seu canal de notiacutecias em 29 de julho do mesmo ano em
mateacuteria de Carolina Pires(PIRES 2019)
O Brasil ainda tem muito o que evoluir no tocante dos direitos dos animais natildeo humanos
comeccedilando pela exploraccedilatildeo pela ciecircncia assim como Laerte Fernando Levai lembra ao citar
uma passagem de Maria Lacerda de Moura em sua obra Civilizaccedilatildeo ndash Tronco de Escravos
publicado em 1931 mas que de nada se difere da realidade atual
Natildeo compreendo a vivissecccedilatildeo a natildeo ser como um deliacuterio de perversidade inominaacutevel
nem chego a ver a vantagem da embriaguez cientiacutefica que potildee milhares de cobaias e
catildees e qualquer espeacutecie de animal agrave mercecirc dos cientistas [] vaidosos de fazer sofrer
os ldquomaacutertires da ciecircnciardquo em nome de um princiacutepio ou de uma descoberta ou de uma
pesquisa ou dos problemaacuteticos benefiacutecios daiacute resultantes para todo o gecircnero humano
[] O homem continuaraacute a descer sempre bem para baixo de todos os siacutemios na sua
maldade de criatura civilizada para estimular todas as virulecircncias desde as guerras
ateacute o prazer satacircnico de martirizar os animais em nome do humanitarismo ciacutenico A
crueldade nunca poderaacute ser um caminho para o aperfeiccediloamento humano A ciecircncia
natildeo se adquire com crueldade Se a fisiologia natildeo pode se adiantar sem infligir
horriacuteveis torturas aos animais indefesos eacute melhor que a fisiologia fique onde estaacute A
humanidade pode progredir sem a fisiologia poreacutem natildeo poderaacute progredir sem a
piedadeMoura (MOURA 1932 apud LEVAI 2012)
Vale constar que em Santa Catarina no dia 22 de dezembro de 2003 por meio da Lei
Estadual nordm 12854 ficou instituiacutedo o Coacutedigo Estadual de Proteccedilatildeo aos Animais pelo seu artigo
2ordm e seus incisos fica por vedar a agressatildeo causar sofrimento de qualquer espeacutecie a animais
sejam silvestres domeacutesticos ou que se possam domesticar nativos ou exoacuteticos afim de
garantir-lhes plenas condiccedilotildees de existecircncia assim como criar animais em locais inapropriados
como lixeiras ou enclausurados sem deixar de citar a expressa vedaccedilatildeo ao abandono de animais
domeacutesticos Ainda tratando sobre as atribuiccedilotildees da lei como da fauna exoacutetica normatizando
os animais natildeo humanos usados para traccedilatildeo veicular tambeacutem trazendo as regras estaduais para
transporte seguro dos animais natildeo humanos como seu abate sem esquecerdas diretrizes para
animais de laboratoacuterios experimentados nos centros de pesquisa ou instituiccedilotildees de educaccedilatildeo
que deveratildeo ser devidamente registrados e certificados para possibilitar a devida fiscalizaccedilatildeo
seja por meio de relatoacuterios como prevecirc o artigo 19 seja pela obrigaccedilatildeo de presenccedila de
profissionais habilitados sempre que forem ser realizados experimentos de vivissecccedilatildeo como
descrito no sect2ordm do artigo 20 (SANTA CATARINA 2003)
21
23 ANAacuteLISE SOBRE A LEI 2172019 DO MUNICIacutePIO DE CURITIBANOSSC
No acircmbito das legislaccedilotildees contemporacircneas brasileiras haacute uma lei promulgada em
2019 onde eacute observado um claro retrocesso no tangente deste tema Em Curitibanos Santa
Catarina no ano de 2019 foi proposta e posta em circulaccedilatildeo a Lei Complementar de nordm
2172019 sob o nome de ldquoInstitui o Coacutedigo de Proteccedilatildeo e Bem-estar animal no acircmbito do
municiacutepio de Curitibanos e daacute outras providecircnciasrdquo a qual traz uma proibiccedilatildeo taacutecita de cuidar
alimentar proporcionar fonte de aacutegua para animais que vivem nas ruas como se pode observar
na subseccedilatildeo II do catildeo comunitaacuterio
Art 11 Fica reconhecida a figura do catildeo comunitaacuterio sendo o animal sem proprietaacuterio
ou tutor identificado e que estabelece com a comunidade em que vive laccedilos de
dependecircncia e de manutenccedilatildeo embora natildeo possua responsaacutevel uacutenico e definido
Art 12 O acesso a aacutegua alimentaccedilatildeo cuidados com a sauacutede higiene e demais atos
necessaacuterios agrave preservaccedilatildeo do bem-estar dos catildees comunitaacuterios natildeo poderatildeo ser
realizados em vias de circulaccedilatildeo passeio praccedilas e demais ambientes puacuteblicos
(CURITIBANOS 2019)
Jaacute na parte de penalizaccedilotildees da mesma Lei em seu Capiacutetulo IV DAS INFRACcedilOtildeES
E PENALIDADES caracterizam que aquele que infringe tal proibiccedilatildeo ocorre em infraccedilatildeo de
natureza meacutedia onde tambeacutem consta maus-tratos ao animal tutelado como se observa em seu
artigo 34 inciso II e suas aliacuteneas
Art 34 Constitui infraccedilatildeo contra as normas de bem-estar dos animais domeacutesticos ou
domesticados a inobservacircncia de qualquer preceito desta lei ou da legislaccedilatildeo
complementar ficando o infrator sujeito agraves penalidades e medidas administrativas
previstas nos artigos 30 e 31 desta Lei Complementar conforme o caso aleacutem das
demais puniccedilotildees legalmente previstas
II - Constitui-se infraccedilatildeo de natureza meacutedia
a) A exposiccedilatildeo contiacutenua do animal ao sol chuva calor e frio e em caso de
confinamento enclausuraacute-los em espaccedilos uacutemidos sem ventilaccedilatildeo
b) Privar o animal de aacutegua limpa e potaacutevel e alimento adequado e em abundacircncia em
recipientes limpos
c) Exercitaacute-los de maneira excessiva e sem descanso adequado
d) Utilizar o animal em situaccedilotildees de enfrentamento fiacutesico entre animais da mesma
espeacutecie ou de espeacutecies diferentes em locais puacuteblicos ou privados
e) Disponibilizar alimentaccedilatildeo e aacutegua em vias de circulaccedilatildeo passeio praccedilas e demais
ambientes puacuteblicos (CURITIBANOS 2019)
De forma a demonstrar um claro regresso nas conquistas alcanccediladas em relaccedilatildeo aos
direitos dos animais natildeo humanos vez que reduz a capacidade de bem-estar animal de ser
repartida com a sociedade aumentando os encargos do estado para com os animais natildeo
22
humanos que se encontram em situaccedilatildeo de abandono e descaso vivendo sem as devidas
condiccedilotildees sanitaacuterias nutricionais de seguranccedila e bem-estar nas vias puacuteblicas sem que para
tanto apresente uma contrapartida do Municiacutepio para garantir que os cuidados vetados agrave
particulares sejam repassados aos entes puacuteblicos apenas reduzindo drasticamente as chances
de alcance de condiccedilotildees mais dignas a sua sobrevivecircncia miacutenima (CURITIBANOS 2019)
24 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 722020 DE PENHASC
A Cacircmara Municipal de Penha Santa Catarina aprovou do dia 17 de agosto de
2020 de forma unanime um projeto de lei que entre seus artigos traz uma passagem que traz
a proibiccedilatildeo para os cachorros de latir trazendo como penalidade aos seus tutores em caso de
descumprimento uma multa no valor de R$ 2300000 A dita lei trata da perturbaccedilatildeo do
sossego enquadrando os animais natildeo humanos em seu art 2ordm II d
Art2ordm Para os efeitos desta lei aplicam-se as seguintes definiccedilotildees
[] II ndash PERTURBACcedilAtildeO DO SOSSEGO
[] d) provocando ou natildeo procurando impedir barulho produzido por animal que tem
guarda(PENHA 2020)
Eacute notoacuterio constar o eminente risco de se cair em maus-tratos animais para a garantia
do cumprimento da citada lei seja pelo uso de equipamentos anti-latidos que causam dor ou
mauestar ao animal seja pelo corte das cordas vocais dos cachorros ou mesmo sob as puniccedilotildees
aos animais natildeo humanos aplicadas em caso de desobediecircncia agrave norma jaacute que os cachorros satildeo
seres independentes alheios do domiacutenio humano Assim como afirma a advogada Ana Selma
Moreira ldquoO que me deixa temerosa em relaccedilatildeo a essa proposta eacute que esse tipo de dispositivo
coloca os animais em risco de maus-tratos e violaccedilatildeo dos direitos fundamentaisrdquo demonstrando
a temeridade da jurista em relaccedilatildeo ao risco que a lei ocasiona (MOREIRA 2020)
25 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 552017 DE PROIBICcedilAtildeO DE USO DE ANIMAIS EM
TESTES DE COSMEacuteTICOS
No dia 9 de outubro de 2020 foi aprovado no Plenaacuterio da Assembleia Legislativa o
Projeto de Lei de autoria do deputado Joatildeo Amin que tem por objetivo proibir o uso de animais
natildeo humanos em testes par a produccedilatildeo de produtos de beleza de higiene pessoal perfumes e
23
cosmeacuteticos em Santa Catarina O proacuteximo passo para a implementaccedilatildeo do Projeto de Lei eacute o
encaminhamento para sanccedilatildeo do Governo do Estado de Santa Catarina sobre esta fase o autor
do Projeto de Lei escreveu ldquoEspero que o governo estadual sancione e regulamente este projeto
que eacute muito importante para proteccedilatildeo dos animais Nossa intenccedilatildeo eacute impedir o uso
indiscriminado de animais em testes situaccedilatildeo que pode ser evitada com uma seacuterie de
alternativasrdquo (FLORIANOacutePOLIS 2020) demonstrando assim a relevacircncia da sanccedilatildeo desta lei
para a garantia do bem-estar dos animais natildeo humanos
No presente Projeto de Lei natildeo soacute se apresenta a necessidade da vedaccedilatildeo do uso dos
animais natildeo humanos no que tange os testes para a produccedilatildeo de cosmeacuteticos perfumes e
assemelhados como tambeacutem descreve de forma qualitativa a caracterizaccedilatildeo destes bens de
consumo para a devida garantia de que a lei caso seja aprovada pelo Governo Estadual seja
devidamente cumprida dentro dos seus objetivos ao exemplo de dizer que tais bens satildeo
preparaccedilotildees constituiacutedas de substacircncias naturais ou sinteacuteticas de uso externo no corpo dos
animais humanos como pele mucosas cabelo unhas dentes dentre outros para com o
objetivo esteacutetico higiecircnico proteccedilatildeo ou ainda odorizaccedilatildeo corporal ressalvando como excluiacutedos
da proposta de lei os medicamentos por meio de emenda substitutiva apresentada pelo relator
Jair Miotto (FLORIANOacutePOLIS 2020)
Outra medida dentro do Projeto de Lei para a garantia do eficaz cumprimento deste eacute a
instituiccedilatildeo de penalidades ao estabelecimentos de pesquisa profissionais ou anaacutelogos que
descumprirem as diretrizes levantadas no presente Projeto de Lei com penalidades progressivas
para multas e demais sanccedilotildees para tanto a instituiccedilatildeo de multa miacutenima de R$ 500000 (cinco
mil reais) podendo chegar ateacute o valor de R$ 1000000 (dez mil reais) sem contar juros e
correccedilotildees monetaacuterias segundo os iacutendices oficiais regularmente estabelecidos estabelecendo
ainda que em caso de reincidecircncia a multa podendo ser dobrada natildeo impedindo se somar a
multa a suspensatildeo temporaacuteria ou definitiva do alvaraacute de funcionamento da instituiccedilatildeo
(FLORIANOacutePOLIS 2020)
Jaacute enquanto sobre as puniccedilotildees relativas aos profissionais que descumprirem a lei esta
se daraacute por multa no valor miacutenimo de R$ 100000 (mil reais) podendo chegar ateacute o valor de R$
500000 (cinco mil reais) sem contar juros e correccedilotildees monetaacuterias segundo os iacutendices oficiais
regularmente estabelecidos com multa dobrada para casos de reincidecircncia estabelecendo ainda
puniccedilotildees para pessoas fiacutesicas sem excluir aquelas que sejam detentoras de funccedilatildeo puacuteblica civil
ou militar incluindo ainda instituiccedilotildees ou estabelecimentos de ensino organizaccedilotildees sociais ou
ainda quaisquer outras pessoas juriacutedicas indiferente de serem com ou sem fins lucrativos
puacuteblicos ou privados que vierem a descumpri os termos da lei (FLORIANOacutePOLIS 2020)
24
26 JULGADOS SOBRE A GUARDA ANIMAL E PROJETOS LEIS
A 4ordf Turma do STJ definiu por maioria de votos no dia 19 de junho de 2018 ser possiacutevel
a regulamentaccedilatildeo judicial de visitas a animais natildeo humanos de estimaccedilatildeo apoacutes a separaccedilatildeo de
casais que viviam em uma uniatildeo estaacutevel onde o Ministro Relator Luis Felipo Salomatildeo apontou
como se observa na ementa do caso
RECURSO ESPECIAL DIREITO CIVIL DISSOLUCcedilAtildeO DE UNIAtildeO ESTAacuteVEL
ANIMAL DE ESTIMACcedilAtildeO AQUISICcedilAtildeO NA CONSTAcircNCIA DO
RELACIONAMENTO INTENSO AFETO DOS COMPANHEIROS PELO
ANIMAL DIREITO DE VISITAS POSSIBILIDADE A DEPENDER DO CASO
CONCRETO 1 Inicialmente deve ser afastada qualquer alegaccedilatildeo de que a discussatildeo
envolvendo a entidade familiar e o seu animal de estimaccedilatildeo eacute menor ou se trata de
mera futilidade a ocupar tempo desta Corte Ao contraacuterio eacute cada vez mais recorrente
no mundo da poacutes- modernidade e envolve questatildeo bastante delicada examinada tanto
pelo acircngulo da afetividade em relaccedilatildeo ao animal como tambeacutem pela necessidade de
sua preservaccedilatildeo como mandamento constitucional (art 225sect1 inciso VII ndash ldquoproteger
a fauna e a flora vedadas na forma da lei as praacuteticas que coloquem em risco sua
funccedilatildeo ecoloacutegica provoquem a extinccedilatildeo de espeacutecies ou submetam os animais a
crueldaderdquo) 2 O Coacutedigo Civil ao definir a natureza juriacutedica dos animais tificou-os
como coisas e por conseguinte objetos de propriedade natildeo lhes atribuindo a
qualidade de pessoas natildeo sendo dotados de personalidade juriacutedica nem podendo ser
considerados sujeitos de direitos Na forma da lei civil o soacute fato de o animal ser tido
como de estimaccedilatildeo recebendo afeto da entidade familiar natildeo pode vir a alterar a
substacircncia a ponto de converter a sua natureza juriacutedica 3 No entanto os animais de
companhia possuem valor subjetivo uacutenico e peculiar aflorando sentimentos bastante
iacutentimos em seus donos totalmente diversos de qualquer outro tipo de propriedade
privada Dessarte o regramento juriacutedico dos bens natildeo se vem demonstrando suficiente
para resolver de forma satisfatoacuteria a disputa familiar envolvendo os pets visto que
natildeo se trata de simples discussatildeo atinente agrave posse e agrave propriedade 4 Por sua vez a
guarda propriamente dita ndash inerente ao poder familiar ndash instituto por essecircncia de
direito de famiacutelia natildeo pode ser simples e fielmente subvertida para definir o direito
dos consortes por meio do enquadramento de seus animais de estimaccedilatildeo
notadamente porque eacute um muacutenus exercido no interesse tanto dos pais quanto do filho
Natildeo se traraacute de uma faculdade e sim de um direito em que se impotildee aos pais a
observacircncia dos deveres inerentes ao poder familiar 5 A ordem juriacutedica natildeo pode
simplesmente desprezar o relevo da relaccedilatildeo do homem com seu animal de estimaccedilatildeo
sobretudo nos tempos atuais Deve-se ter como norte o fato cultural e da poacutes-
modernidade de que haacute uma disputa dentro da entidade familiar em que prepondera
o afeto de ambos os cocircnjuges pelo animal Portanto a soluccedilatildeo deve perpassar pela
preservaccedilatildeo a garantia dos direitos agrave pessoa humana mas precisamente o acircmago de
sua dignidade 6 Os animais de companhia satildeo seres que inevitavelmente possuem
natureza especial e como ser senciente ndash dotados de sensibilidade sentindo as
mesmas dores e necessidades biopsicoloacutegicas dos animais racionais - tambeacutem devem
ter o seu bem-estar considerado 7 Assim na dissoluccedilatildeo da entidade familiar em que
haja algum conflito em relaccedilatildeo ao animal de estimaccedilatildeo independentemente da
qualificaccedilatildeo juriacutedica a ser adotada a resoluccedilatildeo deveraacute buscar atender sempre a
depender do caso em concreto aos fins sociais atentando para a proacutepria evoluccedilatildeo da
sociedade com a proteccedilatildeo do ser humano e do seu viacutenculo afetivo com o animal 8
Na hipoacutetese o Tribunal de origem reconheceu que a cadela fora adquirida na
constacircncia da uniatildeo estaacutevel e que estaria demonstrada a relaccedilatildeo de afeto entre o
recorrente e o animal de estimaccedilatildeo reconhecendo o seu direito de visitas ao animal
o que deve ser mantido 9 Recurso especial natildeo provido (BRASIL 2018a)
25
Mesmo ainda sendo definidos como coisas pelo Coacutedigo Civil como apontado pelo
mesmo relator foi apontado que os animais natildeo humanos satildeo objetos de relaccedilotildees juriacutedicas uma
vez ainda que como aponta a pesquisa do IBGE jaacute existem mais catildees e gatos nos lares
brasileiros do que crianccedilas desta forma demonstrando a relevacircncia do viacutenculo afetivo entre os
animais humanos e os animais natildeo humanos assegurando ainda a preservaccedilatildeo das garantias do
artigo 225 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (BRASIL 2018a)
A Juiacuteza de Direito Karen Francis Schubert Reimer da 3ordf Vara da Famiacutelia de Joinville
Santa Catarina tambeacutem discutiu a guarda de animais natildeo humanos discutindo a sua natureza
juriacutedica na sua decisatildeo No caso da lide apoacutes a separaccedilatildeo ficou decidido que cada uma das partes
ficaria com a guarda de um dos catildees que possuiacuteam na constacircncia do matrimocircnio ainda decidiu
a possibilidade de visitas entre as partes e os catildees e as partes sem sua guarda igualmente ao
relator do STJ o status de coisa dado pelo Coacutedigo Civil brasileiro aos animais natildeo humanos a
magistrada apontou ldquoNossa legislaccedilatildeo atual o Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002 estabelece que
o animal possui status juriacutedico de coisa Ou seja eacute um objeto de propriedade do homem e que
conteacutem expressatildeo econocircmicardquo usando esta colocaccedilatildeo para justificar sua decisatildeo onde
determina que seraacute o homem o responsaacutevel por todas as despesas de veterinaacuterio medicaccedilatildeo e
vacinas tanto para o cachorro em sua guarda quanto para o cachorro sob a guarda de sua ex-
esposa (SANTA CATARINA 2017)
Vale ressaltar que a magistrada apontou a necessidade de que os animais natildeo humanos
sejam enquadrados em uma categoria intermediaacuteria entre coisas e pessoas citando o Projeto de
Lei do Senado PLS 31515 que trata sobre a natureza juriacutedica dos animais natildeo humanos onde
dispotildees sobre a alteraccedilatildeo do artigo 82 do Coacutedigo Civil natildeo tratando mais os animais natildeo
humanos como coisas entatildeo trouxe a fala ldquoNatildeo se trata de equiparar os cachorros aos filhos
aos seres humanos O que se busca eacute reconhecer que nem sempre os animais devem receber
tratamento de coisa ou de objetordquo (SANTA CATARINA 2017)
Sobre o tema eacute vaacutelido constar que o Governo de Santa Catarina na data de 17 de janeiro
de 2018 por meio da Lei nordm 17485 veio a alterar a Lei nordm 12854 de 2003 que instituiu o Coacutedigo
Estadual de Proteccedilatildeo dos animais Com a presente lei veio a fim de se reconhecer catildees gatos e
cavalos como seres sencientes trazendo a incluir ao dito coacutedigo o artigo 34 ndash A ldquoPara os fins
desta Lei catildees gatos e cavalos ficam reconhecidos como seres sesncientes sujeitos de direito
que sentem dor e anguacutestia o que constitui o reconhecimento da sua especificidade e das suas
caracteriacutesticas face a outros seres vivosrdquo fazendo assim constar um grande diferencial
normativo de uma lei estadual perante a legislaccedilatildeo paacutetria ora que enquanto no que tange as leis
a niacutevel federal tal interpretaccedilatildeo somente se encontra no campo doutrinaacuterio jurisdicional e de
26
projeto de lei em niacutevel estadual em Santa Catarina os animais natildeo humanos jaacute satildeo
classificados desde 2018 como seres sencientes pela letra da lei (SANTA CATARINA 2018)
Ainda na mesma linha o Senado Nacional tramita no CCJ o Projeto de Lei PLS 54218
para regulamentar a guarda compartilhada de animais de estimaccedilatildeo quando em caso de
divoacutercios ou dissoluccedilotildees de Uniotildees Estaacuteveis determinando para tanto que o animal natildeo humano
que possa ser alvo de tal discussatildeo de guarda de acordo com seu artigo 1ordm aquele ldquocujo tempo
de vida tenha transcorrido majoritariamente na constacircncia do casamento ou da uniatildeo estaacutevelrdquo
(BRASIL 2018b) definindo ainda quais as condiccedilotildees para a guarda visitas ambiente
adequado para moradia do animal natildeo humano a quem incumbiraacute as despesas do animal natildeo
humano guardado assim como as consequecircncias relativas agrave risco de violecircncia ou maus-tratos
ao animal natildeo humanos sobre sua guarda ou em sua visita Apresenta-se para anaacutelise tal PL
com o texto
Estabelece o compartilhamento da custoacutedia de animal de estimaccedilatildeo de propriedade
em comum quando natildeo houver acordo na dissoluccedilatildeo do casamento ou da uniatildeo estaacutevel Altera o Coacutedigo de Processo Civil para determinar a aplicaccedilatildeo das normas
das accedilotildees de famiacutelia aos processos contenciosos de custoacutedia de animais de estimaccedilatildeo
(BRASIL 2018b)
Atualmente essa PLS encontra-se em aguardo de designaccedilatildeo e relator desde 25 de
marccedilo de 2019 Tal projeto de lei vem a demonstrar uma nova visatildeo sobre a interaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos e humanos e abrindo precedentes para uma nova classificaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos perante o Coacutedigo Civil (BRASIL 2018b)
Na mesma linha de discussatildeo da Magistrada se faz necessaacuterio constar a declaraccedilatildeo feita
por um grupo de juristas e especialistas em sauacutede e comportamento animal ingleses durante a
Conferecircncia de Francis Crick sediada na Universidade de Cambridge no dia 7 de julho de 2012
A ausecircncia de um neurocoacutertex natildeo parece impedir que um organismo experimente
estados afetivos Evidecircncias convergentes indicam que os animais natildeo humanos tecircm
os substratos neuroanatocircmicos neuroquiacutemicos e neurofisioloacutegicos de estado de
consciecircncia juntamente com a capacidade de exibir comportamentos intencionais
Consequentemente o pelo das evidecircncias indicam que os humanos natildeo satildeo os uacutenicos
a possuir os substratos neuroloacutegicos que geram a consciecircncia Animais natildeo humanos
incluindo todos os mamiacuteferos e as aves e muitas outras criaturas incluindo nestes os
polvos tambeacutem possuem esses substratos neuroloacutegicos (CAMBRIDGE 2012)
Em tal relato obteve-se as palavras de um grupo de especialistas tanto no campo
juriacutedico quanto nos campos de comportamento e medicina animal de forma a admitir que natildeo
seriam apenas os animais humanos capazes de serem dotados de consciecircncia demonstrando
27
estes serem capazes de pensar sentir e raciocinar natildeo sendo simplesmente coisas
(CAMBRIDGE 2012)
Tramita no Senado o Projeto de Lei nordm 631 de 2015 onde visa alterar a redaccedilatildeo do artigo
32 da Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 vem a vedar que sem motivos justificaacuteveis se
venha a causar dor lesatildeo ou sofrimento aos animais natildeo humanos desenvolver a
conscientizaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo para a guarda responsaacutevel dos animais natildeo humanos classificando
a integridade fiacutesica e mental assim como o bem-estar dos animais natildeo humanos como interesse
difuso devendo destacar o sect2ordm do artigo 4ordm da PL ldquoAos animais deve ser dispensada a dignidade
de tratamento reservada aos seres sencientesrdquo (BRASIL 2015b) demonstrando claramente sua
natureza de seres dotados de sensibilidade e natildeo de status de coisa assim como os sectsect 3ordm e 4ordm do
mesmo artigo
sect3ordm Os animais tecircm interesses individuais e coletivos distintos dos interesses
individuais e coletivos dos seres humanos devendo a autoridade no caso de colisatildeo
de interesses proceder a uma ponderaccedilatildeo que natildeo se confine a juiacutezos de utilidade ou
de funcionalizaccedilatildeo das interesses individuais e coletivos dos seres humanos
sect4ordm Na ausecircncia de disposiccedilotildees em contraacuterio os animais se beneficiam da proteccedilatildeo
juriacutedica conferida agraves coisas e agraves pessoas juriacutedicas (BRASIL 2015b)
Trazendo uma grande inovaccedilatildeo relativa aos direitos dos animais natildeo humanos onde
lhes proporciona a garantia da proteccedilatildeo juriacutedica dada agraves pessoas juriacutedicas Tal PL se apresenta
para anaacutelise com o texto
Institui o estatuto de proteccedilatildeo dos animais considerando-a como interesse difuso
estabelece o direito agrave proteccedilatildeo agrave vida e ao bem-estar a vedaccedilatildeo de praacuteticas e atividades
que se configurem como crueacuteis ou danosas da integridade fiacutesica e mental tipifica os
maus-tratos e dispotildees sobre infraccedilotildees e penalidades (BRASIL 2015b)
Este protejo de lei se encontra em aguardo de inclusatildeo na ordem do dia de requerimento
tendo como Relator o Senador Pliacutenio Valeacuterio (BRASIL 2015b)
Entende-se que embora os animais natildeo humanos faccedilam parte de forma direta e
entrelaccedilada com os animais humanos ainda se encontra como um grande problema perante a
nossa legislaccedilatildeo sendo seu sistema normativo uma novidade e de completo desconhecimento
de um grande percentual brasileiro ora visto como um direito extravagante que natildeo consideraria
uma expressatildeo da realidade suprimindo necessidades atuais em contraposto da relaccedilatildeo afetiva
por muitos julgada como transbordando os limites de humanidade (FIORILLO 2019)
Assim no presente capiacutetulo foi analisada a evoluccedilatildeo histoacuterica legislativa dos direitos
dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo brasileira ateacute a contemporaneidadedo estado
28
atual de seus direitos incluindo julgados projetos de lei suacutemulas sem deixar de constar ateacute
retrocessos legislativosdos direitos em questatildeoPela teacutecnica bibliograacutefica onde se buscouesta
anaacutelise da forma mais completatentandoenglobar omaacuteximo deinformaccedilotildees parase chegar agrave
mais ampla anaacutelise dos direitos dos animais natildeo humanos no Brasil
Desta forma foi possiacutevel se observar que o primeiro relato normativo brasileiros no
Municiacutepio de Satildeo Paulo trazendo vedaccedilotildees e regulamentaccedilotildees para os animais em labuta
passando pela inclusatildeo de normas dentro da constituiccedilatildeo federativa sumulassem deixar de citar
asleis infraconstitucionais
Para continuidade do presente trabalho no capitulo que se segue seraacute apresentada uma
anaacutelise realizada da mesma forma do presente capitulo poreacutem no tangente agrave evoluccedilatildeo histoacuterica
e legislaccedilatildeo atual dos direitos dos animais em Portugal
29
3 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA
Neste capiacutetulo tem-se como objetivo trazer de forma sucinta a evoluccedilatildeo histoacuterica no que
tange o direito dos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo de Portugal trazendo para isto as
proacuteprias leis assim como relatos bibliograacuteficos sobre o tema
31 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
O direito dos animais natildeo humanos em Portugal surgiu no dia 16 de setembro de 1886
com a promulgaccedilatildeo do Decreto Lei do Coacutedigo Penal Portuguecircs onde tratavam dos direitos dos
animais natildeo humanos entre os artigos 478 a 481 onde previam a penalizaccedilatildeo par aquele que
ferir matar envenenar abusar ou causar outros tipos de danos aos animais natildeo humanos
incluindo dentre eles a vedaccedilatildeo aos maus-tratos Contudo tipificavam os animais natildeo humanos
como animais de consumo (PORTUGAL 1886)
Somente quase 30 anos depois no datar de 12 de junho de 1919 foi assinado um Decreto
relativo a vedaccedilatildeo do uso excessivo de animais perante a labuta onde se determinavam limites
para o trabalho em que os animais natildeo humanos satildeo expostos impedindo desta forma a
exigecircncia exacerbada e abusiva perante suas capacidades individuais e coletivos (PORTUGAL
2001)
No iniacutecio do seacuteculo seguinte Portugal regulamentou para a aplicaccedilatildeo interna de forma
complementar as disposiccedilotildees da Convenccedilatildeo Europeia para a Proteccedilatildeo dos Animais de
Companhia aprovada pelo no dia 13 de abril no Decreto nordm 1393 de forma a definir quais os
dispositivos que se tornariam aplicaacuteveis no seu territoacuterio e excluindo no entanto todos aqueles
que tratem das espeacutecies da fauna selvagem exoacuteticas assim como seus descendentes quando
criados em cativeiro ainda ressaltando como natildeo aplicaacuteveis as normas que se dispusessem em
contradiccedilatildeo a legislaccedilatildeo infraconstitucional portuguesa (PORTUGAL 2001)
Esta legislaccedilatildeo veio a normatizar medidas ateacute entatildeo natildeo constantes na legislaccedilatildeo paacutetria
como ao exemplo do seu artigo 3ordm regulamentando os procedimentos e locais de alojamento no
que tange o exerciacutecio de reproduccedilatildeo para comercializaccedilatildeo de animais de companhia Traz ainda
inovaccedilotildees no que se fala de abandono onde natildeo se caracteriza mais o abandono somente como
largar em qualquer lugar mas tambeacutem pela negligecircncia como deixar de cuidar alimentar
cuidado com a higiene e devidas condiccedilotildees de sauacutede e proteccedilatildeo contra zoonoses ocasionando
30
para aquele que nesta categoria de abandono for classificado a remoccedilatildeo do animal Natildeo
deixando de constar a necessidade expressa de que em caso de amputaccedilotildees deva haver
certificaccedilatildeo veterinaacuteria comprovando a necessidade de tal procedimento garantindo que estas
sejam realizadas por razotildees claramente medica-veterinaacuteria ou de interesse particular do animal
natildeo humano ou ainda para impedir sua reproduccedilatildeo impedindo desta forma amputaccedilotildees
meramente esteacuteticas ou por interesse unicamente de seu detentor permitindo maiores direitos
a integridade fiacutesica dos animais natildeo humanos perante motivaccedilotildees supeacuterfluas Tratando ainda
de normas para hospedagem e centro de recolhimento de animais natildeo humanosem seus
Capiacutetulos IV V VI VIII e X (PORTUGAL 2001)
Em substituiccedilatildeo do Decreto Lei nordm 2762001 em 17 de dezembro o Decreto Lei nordm
3152003 veio para inovar em alguns sentidos os direitos dos animais natildeo humanos excluindo
as aplicaccedilotildees de dispositivos do Decreto nordm 1393 da Convenccedilatildeo Europeia para a proteccedilatildeo de
Animais de Companhia no tangente da detenccedilatildeo de animais potencialmente perigosos
vislumbrando a necessidade de regulamentar a mateacuteria por diplomas proacuteprios utilizando para
tal regulamentaccedilatildeo os posicionamentos de oacutergatildeos governamentais proacuteprios das Regiotildees
Autocircnomas e a Associaccedilatildeo Nacional dos municiacutepios Portugueses Trazendo colocaccedilotildees como
ldquoExcluem-se do acircmbito de aplicaccedilatildeo deste diploma as espeacutecies da fauna selvagem autoacutectone e
exoacutetica e os seus descendentes criados em cativeiro objeto de regulamentaccedilatildeo especiacutefica e os
touros de liderdquo (PORTUGAL 2003b) assim como redefinindo hospedagem sem fins
lucrativos e para fins meacutedicos-veterinaacuterios para animais de companhia onde destaca o Plano
Nacional de Luta e Vigilacircncia da Raiva Animal e outras Zoonoses que natildeo se faziam constar
no decreto anterior ainda atualizando as regras para licenccedilas de funcionamento de tais locais
assim como regulando dimensotildees miacutenimas para sua instalaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo de atividades sejam
para animais natildeo humanos de sangue quente como cachorros e gatos ou sangue frio como
lagartos e sapos(PORTUGAL 2003b)
Um grande marco para o direito dos animais natildeo humanos em Portugal ocorreu com a
publicaccedilatildeo no dia 17 de dezembro do Decreto-Lei nordm 3132003 onde foi criado o Sistema de
Identificaccedilatildeo de Caninos e Felinos (SICAFE) onde estabeleceu diretrizes para a identificaccedilatildeo
eletrocircnica de catildees e gatos que servem de animais de companhia criando desta forma uma base
de dados nacional para esta identificaccedilatildeo permitindo a identificaccedilatildeo dos animais natildeo humanos
que satildeo viacutetima de abandono ainda como medidas sanitaacuterias e zooteacutecnicas juriacutedicas e
humanitaacuterias ainda aumentando a responsabilidade dos centros de criaccedilatildeo para
comercializaccedilatildeo de catildees e gatos de companhia (PORTUGAL 2003a)
31
Seria a criaccedilatildeo de um documento uacutenico que comporta o boletim sanitaacuterio destes animais
natildeo humanos contendo natildeo soacute informaccedilotildees cruciais destes como sexo e raccedila mas ainda
detalhes sobre procedimentos que os mesmos foram expostos e accedilotildees de profilaxia das quais
foi sujeito sendo de delegaccedilatildeo do seu detentor garantir que tais informaccedilotildees estejam corretas e
atualizadas incluindo dentre elas a carteira de vacinaccedilatildeo antirraacutebica (PORTUGAL 2003a)
No datar de 25 de janeiro de 2005 pela Uniatildeo Europeia foi promulgado o Regulamento
nordm 12005 que faz relaccedilatildeo a proteccedilatildeo dos animais natildeo humanos durante o transporte e operaccedilotildees
fins de forma a minimizar a duraccedilatildeo da viagem e satisfazer as necessidades dos animais
garantindo tambeacutem que os animais natildeo humanos devem estar aptos para efetuar a viagem assim
como os meios de transporte tanto quanto os equipamentos de carregamento e descarregamento
devem ser construiacutedos mantidos e utilizados de maneira a evitar lesotildees violecircncia ou
sofrimentos garantindo o bem-estar e a seguranccedila dos animais natildeo humanos durante o
deslocamento sendo de responsabilidade das autoridades nacionais inspecionar e aprovar os
veiacuteculos alvo de transporte de animais natildeo humanos seja por via mariacutetima ou rodoviaacuteria
(PORTUGAL 2005)
Ainda eacute vaacutelido mencionar o Decreto-Lei nordm 742007 promulgado dia 27 de marccedilo de
2007 onde trata da consagraccedilatildeo do direito ldquode acesso das pessoas com deficiecircncia visual
acompanhadas de catildees-guia a locais transportes e estabelecimentos puacuteblicosrdquo (PORTUGAL
2007a) tal constataccedilatildeo se faz pela evoluccedilatildeo nas teacutecnicas e condicionamento de formas de
treinamento de tais animais assim como da proteccedilatildeo sanitaacuteria dos catildees fora que determina os
direitos e responsabilidades dos catildees em treinamento e em serviccedilo ainda definindo os regimes
credenciamento responsabilidades e proibiccedilotildees relativas agraves famiacutelias que se promovem a receber
os catildees que seratildeo treinados demonstrando uma clara preocupaccedilatildeo no conforto seguranccedila e
vida dentro dos padrotildees de garantias para os catildees que agrave essa atividade forem direcionados
(PORTUGAL 2007a)
No mesmo ano o Parlamento Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia emitiu o
Regulamento nordm 1523007 do dia 11 de dezembro veio a proibir a colocaccedilatildeo no mercado assim
como a importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo comunitaacuterias de peles de gato e de catildeo e de produtos que as
contenham uma vez que
Para os cidadatildeos da Uniatildeo Europeia os gatos e catildees satildeo animais de estimaccedilatildeo pelo
que natildeo eacute aceitaacutevel usar as suas peles nem produtos que as contenham Existem
indiacutecios da presenccedila da Comunidade de peles natildeo rotuladas de gato e de catildeo e de
produtos que as contecircm Consequentemente os consumidores estatildeo preocupados com
a possibilidade de poderem comprar peles de gato e de catildeo e produtos que as
contenham Em 18 de Dezembro de 2003 o Parlamento Europeu aprovou uma
32
declaraccedilatildeo em que exprime a sua inquietaccedilatildeo a respeito do comeacutercio dessas peles e
produtos e solicita que se lhe ponha termo a fim de reestabelecer a confianccedila dos
consumidores e dos comerciantes[] (PORTUGAL 2007a)
Desta forma aleacutem de garantir que dentro comeacutercio interno de produtos de pele de catildees
e gatos natildeo estejam presentes ainda garante o bem-estar dos animais natildeo humanos ora que ao
se tratar de comercio irregular e ilegal levanta a praacutetica de maus-tratos para a obtenccedilatildeo de tais
mateacuterias primas (PORTUGAL 2007a)
32 LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA CONTEMPORAcircNEA
Por meio da Lei nordm 3152009 publicada no dia 21 de agosto do mesmo ano foi
designado novos regramentos relativos aos animais natildeo humanos onde em seu artigo 1ordm trouxe
ldquoO presente decreto-lei aprova o regime juriacutedico da criaccedilatildeo reproduccedilatildeo e detenccedilatildeo de animais
perigosos e potencialmente perigosos enquanto animais de companhiardquo (PORTUGAL 2009b)
Aqui fica demonstrada a preocupaccedilatildeo da introduccedilatildeo de mais espeacutecies de animais natildeo humanos
no meio do conviacutevio em sociedade dos animais humanos sem que haja prejuiacutezo aos dizeres do
Decreto-Lei de 2009 este tenta regular animais natildeo humanos silvestres mas ressalva o direito
da manutenccedilatildeo da criaccedilatildeo e interaccedilatildeo de animais natildeo humanos e humanos enquanto nativos da
fauna selvagem indiacutegena respeitando desta maneira as peculiaridades de sua existecircncia Em
seu artigo 3ordm traz as classificaccedilotildees de animais natildeo humanos enquanto animal de companhia
animal perigoso animal potencialmente perigoso autoridade competente centro de recolha e
detentor fazendo este uacuteltimo o mais importante de se evidenciar
ltltDetentorgtgt qualquer pessoa singular maior de 16 anos sobre a qual recai o dever
de vigilacircncia de um animal perigoso ou potencialmente perigoso para efeitos de
criaccedilatildeo reproduccedilatildeo manutenccedilatildeo acomodaccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo com ou sem fins
comerciais ou que o tenha sob sua guarda mesmo que a tiacutetulo temporaacuterio
(PORTUGAL 2009b)
Trazendo uma nova concepccedilatildeo para aquele que possui um animal natildeo humano quando
se fala de perigosos e potencialmente perigosos evidenciando uma nova forma de considera-lo
enquanto ser sob guarda natildeo apresentando mais como uma posse mas sim como uma tutela
Vale ressaltar que o presente decreto natildeo se resume apenas a animais natildeo humanos considerados
de natureza selvagem ao denomina-los como animais perigosos e animais potencialmente
perigosos mas tambeacutem resguarda os direitos e deveres do detentor perante catildees que sejam
assim classificados perante o que classifica o artigo 3ordm em Capiacutetulo IV trata sobre as
33
obrigatoriedades para a constacircncia de manutenccedilatildeo de catildees assim classificados em seu conviacutevio
como a obrigaccedilatildeo de treinamento e suas exigecircncias (PORTUGAL 2007b)
Ainda o presente decreto traz as penalidades para formas de maus-tratos ateacute entatildeo natildeo
mencionados nas legislaccedilotildees anteriores como para aqueles que promoverem ou participarem
de lutas entre animais natildeo humanos natildeo excluindo da puniccedilatildeo a mera tentativa e ainda
trazendo penas para quaisquer formas de ofensas agrave integridade fiacutesica dos animais natildeo humanos
na categoria dolosa ou de negligecircncia Eacute imprescindiacutevel constar sobre uma inovaccedilatildeo de grande
importacircncia trazida pelo decreto em questatildeo onde em seu artigo 38 vislumbra puniccedilotildees ao que
tange o profissional veterinaacuterio ou aquele que praticar as atividades a esse profissional
destinadas sem que tenha a devida certificaccedilatildeo para ministrar tais atividades (PORTUGAL
2009b)
No mesmo ano o Parlamento Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia no dia 30 de
novembro fez surgir um marco nos direitos dos animais natildeo humanos com a publicaccedilatildeo do
Regulamento nordm 12232009 no Jornal Oficial da Uniatildeo Europeia onde se trata das
regulamentaccedilotildees relativas ao uso de animais natildeo humanos enquanto para uso de testes em
produtos cosmeacuteticos De maneira a gerar diretrizes do que se permite ou se veda no que tange
a proteccedilatildeo dos animais natildeo humanos utilizados para fins experimentais prevendo regras comuns
para todos os Estados Membros da Uniatildeo Europeia exigindo que os ensaios realizados em
animais natildeo humanos sejam substituiacutedos por meacutetodos alternativos sempre que possiacutevel Ainda
regulamenta prazos para que seja efetuada a proibiccedilatildeo da comercializaccedilatildeo de produtos
cosmeacuteticos cuja formulaccedilatildeo final possuam ingredientes que tenham sido ensaiados em animais
assim como uma data para a proibiccedilatildeo de que sejam continuados os ensaios sobre animais
sendo estas datas respectivamente 11 de marccedilo de 2009 e 11 de marccedilo de 2013 coordenando
ainda uma construccedilatildeo para o desenvolvimento de meacutetodos cientiacuteficos alternativos aos testes em
animais natildeo humanos (PORTUGAL 2010)
O Parlamento Europeu e o Conselho da Uniatildeo Europeia publicaram no Jornal Oficial
da Uniatildeo Europeia na paacutegina 33 no datar de 20 de outubro de 2010 a Diretiva 201063EU
relativa agrave proteccedilatildeo dos animais utilizados para fins cientiacuteficos de forma a normatizar as
teacutecnicas formas cuidados dentre outros que devem ser tomados para se garantir o bem-estar
dos animais natildeo humanos dirigidos aos fins cientiacuteficos Ao exemplo ao tratar dos meacutetodos
podemos observar no seu toacutepico 14
Os meacutetodos selecionados deveratildeo evitar tanto quanto possiacutevel que o limite criacutetico do
procedimento seja a morte do animal devido ao sofrimento grave sentido durante o
periacuteodo que precede a morte Sempre que possiacutevel a morte deveraacute ser substituiacuteda por
34
limites criacuteticos mais humanos recorrendo a sinais cliacutenicos que determinem a
iminecircncia da morte a fim de permitir que o animal seja occisado sem mais sofrimento
(PORTUGAL 2010)
Ainda se traz na supracitada Diretiva a clara vedaccedilatildeo a procedimentos que possam
ocasionar ameaccedila a biodiversidade como ao exemplo de se utilizar para estudos animais natildeo
humanos cuja espeacutecie corra risco de extinccedilatildeo ressalvado ao miacutenimo indispensaacutevel e
devidamente justificado ainda levanta a proximidade geneacutetica entre os animais natildeo humanos e
humanos assim como a capacidade social dos primatas natildeo humanos demonstrando a niacutetida
problemaacutetica de garantia do bem-estar das necessidades comportamentais ambientais e sociais
em um ambiente laboratorial (PORTUGAL 2010)
Mesmo apresentando uma evoluccedilatildeo sucinta no que tange o direito dos animais natildeo
humanos em Portugal ateacute entatildeo em 2017 o paiacutes promulgou uma lei que modificou de forma
significante esse tocante sendo a maior evoluccedilatildeo a alteraccedilatildeo dos animais do rol de coisas para
passar a serem considerados ldquoseres vivos dotados de sensibilidade e objeto de proteccedilatildeo juriacutedica
em virtude da sua naturezardquo (PORTUGAL 2017a) no Coacutedigo Civil portuguecircsdeve-se
evidenciar que este paiacutes tem relaccedilotildees de reciprocidade perante ao tratamento dos indiviacuteduos
humanos para com o Brasil pode-se ver uma evoluccedilatildeo significativamente relevante em razatildeo a
compreensatildeo e leis como fica claro quando observamos a lei aprovada de 1ordm de maio de 2017
lei nordm 82017 onde os animais natildeo humanos deixaram de serem coisas para a denominaccedilatildeo de
seres sencientes explicitado pela adiccedilatildeo do artigo 201ordm-B ldquoOs animais satildeo seres vivos dotados
de sensibilidade e objeto de proteccedilatildeo juriacutedica em virtude da sua naturezardquo (PORTUGAL
2017a) trazendo uma inovaccedilatildeo perante a classificaccedilatildeo dos animais natildeo humanos perante a
legislaccedilatildeo 201ordm-C ldquoProteccedilatildeo juriacutedica dos animais A proteccedilatildeo juriacutedica dos animais opera por
via das disposiccedilotildees do presente coacutedigo e da legislaccedilatildeo especialrdquo (PORTUGAL 2017)
demonstrando que natildeo se visa findar os deveres perante os direitos dos animais natildeo humanos
na presente lei 1793ordm-A ldquoAnimais de companhia Os animais de companhia satildeo confiados a
um ou ambos os cocircnjuges considerando nomeadamente os interesses de cada um dos cocircnjuges
e dos filhos do casal e o bem-estar do animalrdquo (PORTUGAL 2017) ao Coacutedigo Civil portuguecircs
leia-se o 1305ordm-A
Artigo 1305ordm-APropriedade de animais
1 - O proprietaacuterio de um animal deve assegurar o seu bem-estar e respeitar as
caracteriacutesticas de cada espeacutecie e observar no exerciacutecio dos seus direitos as
disposiccedilotildees especiais relativas agrave criaccedilatildeo reproduccedilatildeo detenccedilatildeo e proteccedilatildeo dos animais
e agrave salvaguarda de espeacutecies em risco sempre que exigiacuteveis
35
2 - Para efeitos do disposto no nuacutemero anterior o dever de assegurar o bem-estar
inclui nomeadamentea) A garantia de acesso a aacutegua e alimentaccedilatildeo de acordo com as
necessidades da espeacutecie em questatildeob) A garantia de acesso a cuidados meacutedico-
veterinaacuterios sempre que justificado incluindo as medidas profilaacuteticas de identificaccedilatildeo
e de vacinaccedilatildeo previstas na lei
3 - O direito de propriedade de um animal natildeo abrange a possibilidade de sem motivo
legiacutetimo infligir dor sofrimento ou quaisquer outros maus-tratos que resultem em
sofrimento injustificado abandono ou morte (PORTUGAL 2017a)
Na mesma lei satildeo tratados os deveres daquele que possui um animal natildeo humano que
pela lei portuguesa satildeo denominados como proprietaacuterios Em seu texto obriga o proprietaacuterio
sob pena de multa agrave prisatildeo assegurar o pleno bem-estar dos animais natildeo humanos natildeo somente
garantindo-lhe alimentaccedilatildeo adequada para a sobrevivecircncia mas tambeacutem sua seguranccedila
cuidados veterinaacuterios fora a garantia de que o animal natildeo humano sobre seus cuidados natildeo
sofra de forma alguma maus-tratos seja este realizado diretamente pelo proprietaacuterio ou
terceiros (PORTUGAL 2017a)
Ainda eacute de suma importacircncia fazer constar que a lei em questatildeo natildeo somente atinge os
animais natildeo humanos ditos como domeacutesticos mas todo aquele que se encontra de alguma forma
sob a tutela humana ao exemplo os animais utilizados na pecuaacuteria como se observa na leitura
de seu artigo primeiro
Artigo 1ordm
Objeto
A presente lei estabelece um estatuto juriacutedico dos animais reconhecendo a sua
natureza de seres vivos dotados de sensibilidade procedendo agrave alteraccedilatildeo do Coacutedigo
Civil aprovado pelo Decreto-Lei nordm 47344 de 25 de novembro de 1966 do Coacutedigo
de Processo Civil aprovado pela Lei nordm 412013 de 26 de junho e do Coacutedigo Penal
aprovado pelo Decreto-Lei nordm 40082 De 23 de setembro (PORTUGAL 2017a)
Na mesma linha o doutrinador portuguecircs Filipe Jorge Antunes Cabral (2015) defende
que sejam atribuiacutedos direitos subjetivos aos animais natildeo humanos alegando que natildeo haacute como
se restringir estes direitos aos animais humanos alegando que ldquonatildeo satildeo os interesses dos
indiviacuteduos que possuem um valor moral fundamental mas sim por serem indiviacuteduos capazes
de serem detentores de interessesrdquo (CABRAL 2015 p 117) aplicando desta forma a
capacidade de ter interesses e estes serem haacutebeis de discussatildeo perante o campo do direito mais
animais natildeo humanos
Outro fator a notar-se importacircncia enquanto satildeo observadas as alteraccedilotildees efetuadas por
meio desta lei eacute a alteraccedilatildeo clara e direta na forma de tratamento dos animais natildeo humanos
dentro do corpo do sistema normativo onde agora satildeo designados diretamente como animais
36
demonstrando nitidamente uma alteraccedilatildeo nos paradigmas de interpretaccedilatildeo de sua condiccedilatildeo
onde natildeo resta mais lacunas hermenecircuticas de sua diferenciaccedilatildeo para simplesmente coisas
como fica evidenciado nos textos dos artigos por ela alterados
Artigo 1318ordm
Suscetibilidade de ocupaccedilatildeo
Podem ser adquiridos por ocupaccedilatildeo os animais e as coisas moacuteveis que nunca tiveram
dono ou foram abandonados perdidos ou escondidos pelos seus proprietaacuterios salvas
as restriccedilotildees dos artigos seguintes (PORTUGAL 2017b)
Ainda neste sentido o artigo 1323 traz obrigaccedilotildees que superam a mera proibiccedilatildeo aos
maus-tratos mas fala tambeacutem de formas de vedaccedilatildeo a inobservacircncia de negaccedilatildeo a negligecircncia
demonstrando o ocircnus de devolver agrave quem pertence animal perdido cuja propriedade seja
conhecida e em caso de natildeo saber a quem pertence deve por meios convenientes buscar achar
e auxiliar ao animal ser achado sem esquecer de informar as autoridades sobre o achado assim
como se notar ser necessaacuterio o encaminhar a um veterinaacuterio bem como com seu auxiacutelio
tentar identificar formas de encontrar seu tutor e em caso de passado um ano sem que se possa
devolver o animal natildeo humano para seu legiacutetimo dono aquele que o achou pode fazer do
animal como seu (PORTUGAL 2017b)
Da mesma forma em caso de restituiccedilatildeo do animal natildeo humano ao seu proprietaacuterio faz
jus indenizaccedilatildeo aquele que o achou por todos as despesas levantadas por ele na manutenccedilatildeo da
devida sauacutede e sobrevivecircncia do animal durante o periacuteodo de sua guarda bem como natildeo haacute de
responder se sem dolo ou culpa ocorrer perda ou deterioraccedilatildeo do animal natildeo humano no
transcorrer de sua guarda contudo se aquele que achou o animal natildeo humano ao notar que seu
verdadeiro dono faz o animal de viacutetima de maus-tratos tem aquele que o achou o direito de
retecirc-lo para garantia da seguranccedila do mesmo (PORTUGAL 2017b)
Dois anos depois no dia 30 de janeiro foi instituiacutedo o Decreto Lei nordm 202019 transferiu
responsabilidades no campo de cuidado dos animais natildeo humanos para as autoridades locais e
entidades intermunicipais permitindo um controle mais especiacutefico das peculiaridades de cada
regiatildeo e dando autonomia ao poder local Ainda sanciona a realizaccedilatildeo de concursos e
exposiccedilotildees de animais natildeo humanos Da mesma forma implanta a permissatildeo para a detenccedilatildeo
de mais de trecircs catildees ou quatro gatos adultos em preacutedios urbanos (PORTUGAL 2019a)
No mesmo ano no dia 27 de junho foi publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica ordm 1212019 o
Decreto-Lei nordm 822019 onde estabelece as regras de identificaccedilatildeo dos animais de companhia
37
criando o Sistema de Informaccedilatildeo de Animais de Companhia o SIAC onde traz novas normas
de obrigaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e de registro dos animais natildeo humanos por meio de um
transponder uma espeacutecie de chip eletrocircnico que conteacutem vaacuterios dados sobre aquele indiviacuteduo
ou outro sistema autorizado para a espeacutecie de animal natildeo humano em questatildeo devendo o
cadastro ocorrer ateacute 120 dias apoacutes o nascimento do animal natildeo humano garantindoo
reconhecimento em caso de abandono estabelecendo uma ligaccedilatildeo entre o animal e quem tem
sua guarda assegurando a sauacutede e a seguranccedila de animais natildeo humanos e humanos gerando a
responsabilidade civil sanitaacuteria e de bem-estar animal onde a obrigatoriedade da identificaccedilatildeo
foi criada pelo Decreto-Lei n3132003 mas agora seguindo os paracircmetros determinados pelo
Parlamento Europeu e do Conselho alterando o instituto SICAFE pelo Sistema de Informaccedilotildees
de Animais de Companhia (SIAC) como definido pela aliacutenea a do seu artigo 1ordm Assegurando
a aplicabilidade dos Regulamentos nordm 5762013 e nordm 4292016 do Parlamento Europeu e do
Conselho instituiacutedo nos dias 12 de junho de 2013 e 9 de marccedilo de 2019 respectivamente
relativos agrave circulaccedilatildeo de animais de companhia pessoal e as zoonoses(PORTUGAL 2019b)
33 ANAacuteLISE LEI Nordm 9295
A Assembleia da Repuacuteblica portuguesa decretou no dia 12 de setembro de 1995 a Lei
nordm 9295 a Lei de Proteccedilatildeo aos animais vindo a proibir todo e qualquer tipo de violecircncia
injustificada contra animais tendo sido aprovada no datar de 21 de junho e promulgada no dia
24 de agosto do mesmo ano pelo entatildeo presidente da repuacuteblica portuguesa Maacuterio Soares
podendo se caracterizar neste qualquer tipo de sofrimento crueldade instantacircnea ou de forma
prolongada graves leotildees a um animal natildeo humano ou ateacute mesmo sua morte ainda consta a
necessidade na medida do possiacutevel de socorro agrave animais natildeo humanos que se encontrem feridos
doentes em perigo ou em quaisquer condiccedilotildees anaacutelogas a estas (PORTUGAL 1995)
Traduz ainda como crime perante esta lei todo aquele que exigir de um animal salvo
em momentos emergenciais esforccedilos abusivos ou ateacute mesmo atuaccedilotildees que os animais natildeo
humanos sejam parciais ou absolutamente incapazes de realizar ou ainda que sejam aleacutem de
suas possibilidades naturais Ainda consta a expressa vedaccedilatildeo a aquisiccedilatildeo de animal natildeo
humanos que se encontre em condiccedilotildees enfraquecidas adoentadas idoso ou outra conjuntura
anaacuteloga em que este animal tenha vivido de forma integral ou em grande maioria em ambiente
domeacutestico se findar tal aquisiccedilatildeo em intenccedilatildeo diversa a tratamento proteccedilatildeo ou cuidados
humanos ou ainda com intenccedilatildeo de morte imediata (PORTUGAL 1995)
38
Vem a reforccedilar o impedimento de qualquer maneira ao abandono intencional de
animais natildeo humanos que estavam sobre a proteccedilatildeo humana em ambiente domeacutestico ou ainda
em instalaccedilatildeo comercial ou industrial Caracterizando ainda o sofrimento como impedido
mesmo que para com fins didaacuteticos de treino exibiccedilatildeo filmagens publicidade ou qualquer
outra atividade a estas assemelhadas ressalvando experiecircncias cientiacuteficas de comprovada
necessidade (PORTUGAL 1995)
Vale ser citado o capiacutetulo II da presente lei onde se pode ler sobre o comeacutercio e
espetaacuteculos que faccedilam uso de animais natildeo humanos de forma a obrigar agrave todos que que pessoa
fiacutesica juriacutedica solitaacuteria ou coletiva se faccedila utilizar de animais natildeo humanos para fins de
espetaacuteculo comercial tenha preacutevia autorizaccedilatildeo das autoridades ou entes competentes sejam
essas a Direccedilatildeo Geral dos Espetaacuteculos ou ainda do municiacutepio onde respectivamente se pretende
exibir tal evento de entretenimento sem deixar de constar a relaccedilatildeo de comercializaccedilatildeo desta
categoria de animais natildeo humanos como vem escrito no corpo do texto do artigo 2ordm
Licenccedila municipal
Sem prejuiacutezo do disposto no capiacutetulo III quando aos animais de companhia qualquer
pessoa fiacutesica ou coletiva que explore o comeacutercio de animais que guarde animais
mediante uma remuneraccedilatildeo que os crie para fins comerciais que os alugue que sirva
de animais para fins de transporte que os exponha ou que os exiba com um fim
comercial soacute poderaacute fazecirc-lo mediante autorizaccedilatildeo municipal a qual soacute poderaacute ser
concedida desde que os serviccedilos municipais verifiquem que as condiccedilotildees previstas
na lei destinadas a assegurar o bem-estar e a sanidade dos animais seratildeo cumpridas
(PORTUGAL 1995)
Se faz ressaltar a completa e indiscutiacutevel proibiccedilatildeo a qualquer espeacutecie para o fim do
supracitado paraacutegrafo de animais natildeo humanos que se encontrem em condiccedilotildees flageladas
enferma ou mesmo com qualquer tipo de ferimento ainda vem a negar a entrada no territoacuterio
portuguecircs de qualquer tipo de animal natildeo humano vertebrado que se encontre na mesma
situaccedilatildeo de sauacutede antes citada (PORTUGAL 1995)
Assiste a presente lei ainda a regulamentaccedilatildeo perante o transporte de animais natildeo
humanos em transportes puacuteblicos ressalvado por motivo de periculosidade sauacutede ou higiene
devidamente justificaacuteveis devendo os animais natildeo humanos estarem sempre acompanhados
por seus proprietaacuterios ou responsaacuteveis autorizados assim como devidamente acondicionados
(PORTUGAL 1995)
39
34 ANAacuteLISE IMPLEMENTACcedilAtildeO LEI Nordm 392020
Na data de 23 de julho de 2020 foi aprovada pela Assembleia da Repuacuteblica a Lei nordm
392020 tendo sua publicaccedilatildeo no datar de 18 de agosto e entrando em vigor no dia 1 de outubro
do mesmo anoImplementando o regime sancionatoacuterio aplicaacutevel aos crimes contra os animais
de companhia alterando substancialmente o que trazia o Coacutedigo Penal e o Coacutedigo de Processo
Penal portugueses reforccedilando de maneira expressiva a proteccedilatildeo aos animais natildeo humanos no
acircmbito dos crimes praticados contra estes (PORTUGAL 2020a)
Em seu corpo traz um regime sancionatoacuterio aplicaacutevel aos crimes direcionados contra
os animais natildeo humanos de forma a alterar pela quinquageacutesima vez o Coacutedigo Penal portuguecircs
pela trigeacutesima seacutetima vez o Coacutedigo de Processo Penal e pela terceira vez a Lei nordm 9295 a lei
de proteccedilatildeo aos animais Desloca as penalidades e diretrizes sobre morte e maus-tratos inferidos
contra animais natildeo humanos como observamos pelo novo texto dado ao artigo 387 do Coacutedigo
Penal ldquo1 ndash Quem sem motivo legiacutetimo matar animal de companhia eacute punido com pena de
prisatildeo de 6 meses a 2 anos ou com pena de multa de 60 a 240 dias se pena mais grave lhe natildeo
couber por forccedila de outra disposiccedilatildeo legalrdquo aumentando substancialmente tanto as penas de
reclusatildeo quanto a de prestaccedilatildeo de serviccedilos para aquele que matar um animal natildeo humano
(PORTUGAL 2020a)
Pode ser lido ainda em seu artigo 3ordm o que pertence as alteraccedilotildees ao Coacutedigo de Processo
Penal se faz essencial constar a nova redaccedilatildeo dada aos artigos 171 e 172 deste coacutedigo
Artigo 171ordm
1 ndash Por meio de exames das pessoas dos lugares dos animais e das coisas
inspecionam-se os vestiacutegios que possa ter deixado o crime e todos os indiacutecios relativos
ao modo como e ao lugar onde foi praticado agraves pessoas que o cometeram ou sobre as
quais foi cometido
2 ndash []
3 ndashSe os vestiacutegios deixados pelo crime se encontrarem alterados ou tiverem
desaparecido descreve-se o estado em que se encontram as pessoas os lugares os
animais e as coisas em que possam ter existido procurando-se quando possiacutevel
reconstitui-los e descrevendo-se o modo o tempo e as causas da alteraccedilatildeo ou do
desaparecimento
Artigo 172ordm
1 ndash Se algueacutem pretender eximir-se ou obstar a qualquer exame devido ou a facultar
animal ou coisa que deva ser objeto de exame pode ser compelido por decisatildeo da
autoridade judiciaacuteria competente (PORTUGAL 2020a)
Sem deixar de citar sobre ocultaccedilatildeo de provas animais ou ainda qualquer outro tipo de
objeto ligado ao crime prevendo busca apreensatildeo e investigaccedilatildeo por meio da poliacutecia criminal
para que todas as provas que possam trazer a resoluccedilatildeo do fato iliacutecito suscetiacuteveis de serem
40
declarados perdidos a favor do Estado Ainda busca definir os paracircmetros para a restituiccedilatildeo de
animais coisas ou bens apreendidos em meio a um processo investigativo criminal
determinando que estas permaneceratildeo sobre tutela de um fiel depositaacuterio ateacute o transito em
jugado da sentenccedila em ateacute 60 dias se os proprietaacuterios natildeo o buscarem no prazo previsto seratildeo
considerados perdidos em favor do Estado podendo este dar a finalidade que melhor acharem
(PORTUGAL 2020a)
Eacute imperioso constar que a presente lei ao aditar agrave Lei nordm 9295 vem a tratar das medidas
cautelares perante a proteccedilatildeo nos casos de evidecircncia de sinais de praacuteticas de crimes de maus-
tratos para contra animais natildeo humanos levantando as forccedilas de seguranccedila aos oacutergatildeos de
poliacutecia criminal a Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria e aos municiacutepios desencadear
os meios para proceder com tais medidas como faz com a alteraccedilatildeo do artigo 1 ndash A da Lei nordm
9295 (PORTUGAL 2020a)
35 JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO HUMANOS EM PORTUGAL
Na data de 02 de outubro de 2019 comeccedilou uma disputa judicial pela guarda da cadela
da raccedila Pitbull nomeada de Kiara apoacutes o rompimento da relaccedilatildeo de 12 anos de seus
proprietaacuterios A lide se iniciou pelo fato de ambas as partes requerem a guarda total do animal
natildeo humano estando o julgamento sendo processado pelo Juiacutezo da Famiacutelia e Menores de Mafra
pela Juiacuteza de Direito Soacutenia Henriques Cristoacutevatildeo Dentre as alegaccedilotildees e provas estatildeo a caderneta
de vacina a licenccedila e o chip de identificaccedilatildeo estatildeo em nome da parte feminina enquanto a parte
masculina alega ter sido o comprador e o financiador das custas da cadela (BARRETO 2019)
Em primeira anaacutelise do caso a magistrada observou que a parte masculina
primeiramente buscava a guarda compartilhada ou ao mesmo poder ter contato com a cadela
poreacutem ao avanccedilar do julgamento passou a pedir a guarda total devido a posiccedilatildeo da parte
feminina de se negar qualquer tipo de negociaccedilatildeo a posiccedilatildeo de passar de tentativa de guarda
compartilhada para guarda unilateral foi reforccedilada pelo fato de a parte masculina permanecer
morando no local onde a cadela viveu seus primeiros dois anos de vida ateacute que decidiram pela
dissoluccedilatildeo do relacionamento (BARRETO 2019)
Para poder tomar uma decisatildeo a juiacuteza decidiu por consultar a veterinaacuteria que fazia os
cuidados do animal natildeo humano com a finalidade de examinar o comportamento dos animais
natildeo humano e humanos concluindo-se que no caso em questatildeo os proprietaacuterios em momento
algum estavam colocando os interesses e bem-estar da cadela como prioridade mas sim seus
interesses particulares Ainda como apontado pela advogada Soacutenia Henriques Cristoacutevatildeo
41
especialista em direito animal o bem-estar animal eacute o uacuteltimo criteacuterio a ser levado em
consideraccedilatildeo em lides anaacutelogas ldquoNo que toca aos menores o criteacuterio eacute sempre o melhor
interesse do mesmo mas neste caso a lei civil natildeo tem como orientador esse princiacutepio Esse
criteacuterio existe mas eacute o uacuteltimordquo (BARRETO 2019) demonstrando uma interpretaccedilatildeo direta do
que o Coacutedigo Civil portuguecircs explana em seu artigo 1793ordm-A onde afirma que em casos de
divoacutercio ldquoos animais de companhia satildeo confiados a um ou a ambos os cocircnjuges considerando
nomeadamente os interesses de cada um dos cocircnjuges e dos filhos do casal e tambeacutem o bem-
estar do animalrdquo (PORTUGAL 1966) de forma a trazer a importacircncia do bem-estar animal
natildeo humano ser considerado para a decisatildeo de guarda poreacutem soacute como uacuteltima condiccedilatildeo para a
decisatildeo (BARRETO 2019)
A magistrada ponderou o fato de em Portugal ainda natildeo eacute pacificado o tema nem pelo
legislativo nem pela fraca jurisprudecircncia neste sentido ora que nos divoacutercios a guarda dos
animais natildeo humanos nem entra em pauta sendo normalmente decidido este ponto entre as
partes sem ter para tanto que levar o caso a justiccedila nem colocando na ficha da partilha haver
animais de companhia de maneira ao caso estar ainda em pauta de julgamento (BARRETO
2019)
Jaacute no que tange os maus-tratos aos animais natildeo humanos em Portugal mesmo com a lei
portuguesa punindo desde outubro de 2014 os maus-tratos contra animais natildeo humanos com
pena de ateacute um ano de prisatildeo somente 5 (cinco porcento) das denuacutencias acabam por chegar
a julgamento onde os outros 95 (noventa e cinco porcento) acaba por findar somente em
multa resultando que nas quase cinco mil denuacutencias registradas em virtude de maus-tratos agrave
animais natildeo humanos menos de duzentos de cinquenta destes findaram em julgamento como
descreve o Jornal de Notiacutecias o Observador de Portugal em sua mateacuteria de 24 de maio de 2020
(GOMES 2020)
Pelos dados coletados pelas pesquisas jurisdicionais realizadas por Gomes (2020) entre
2015 e 2018 a pena de prisatildeo soacute foi levantada como sanccedilatildeo aplicaacutevel pelos tribunais
portugueses no patamar da primeira instacircncia mas que sempre acabavam por ter a pena
convertida em multa ao serem recorridos os julgamentos tendo ainda tido um montante de seis
penas suspensas pelo proacuteprio magistrado da primeira instacircncia apoacutes reanaacutelise Ocorrendo neste
periacuteodo 241 processos crime entre abandono a maus-tratos tendo sido 169 casos diretamente
ligados aos maus-tratos tendo como reacuteus 277 animais humanos ressaltando ainda o fato de que
o nuacutemero de denuacutencias nunca representa a realidade faacutetica do cometimento dos crimes contra
os animais natildeo humanos mas sim somente uma pequena parcela da verdade (PORTUGAL
2020b)
42
Contudo o Jornal Correio da Manhatilde aponta uma nova posiccedilatildeo dos magistrados no
tocante de levar a justiccedila agravequeles que descumprem as leis contra os maus-tratos proferidos a
animais natildeo humanos como se observa ao iniacutecio de julgamento do caso de maus-tratos contra
uma cadela que desde 2016 sabe-se que eacute viacutetima de negligecircncia trancada em um ambiente
inapropriado ao seu porte sem acesso digno agrave aacutegua e alimentaccedilatildeo devidas a sua mantenccedila
bioloacutegica sendo mantida enclausurada em uma pequena e suja varanda apresentando magreza
extrema Sendo um dos primeiros casos de maus-tratos a chegar a justiccedila do Tribunal de Faro
por meio de denuacutencia de uma associaccedilatildeo de defesa dos animais tendo recebido grande reflexo
nas redes sociais (GRIFF 2018)
Tendo sido o caso encaminhado ao Ministeacuterio Puacuteblico de Faro local do fato ter vindo a
ocorrer este decidiu por dar prosseguimento agrave denuacutencia levantando a importacircncia deste ser
levado a julgamento em funccedilatildeo da importacircncia e relevacircncia do mesmo trazendo como
argumento a Lei que criminaliza os maus-tratos de 1 de outubro de 2014 ldquoquem sem motivo
legiacutetimo infligir dor sofrimento ou quaisquer outros tipos de maus-tratos fiacutesicos a um animal
de companhia eacute punido com pena de prisatildeo ateacute um ano ou com pena de multa ateacute 120 diasrdquo
aumentando para dois anos a puniccedilatildeo se ldquoresultar a morte do animal ou a privaccedilatildeo de um oacutergatildeordquo
(GRIFF 2015) de maneira a trazer a necessidade de se colocar a presente violaccedilatildeo em
julgamento como medida exemplar com o objetivo de desmotivar novos casos semelhantes
(GRIFF 2018)
Na data determinada para a primeira sessatildeo de julgamento os proprietaacuterios devidamente
citados natildeo compareceram tendo sido presenciada de um membro da Projeto de Apoio a
Viacutetimas Indefesas Nuacutecleo de Aveiro (PRAVI) e de um agente da Poliacutecia de Seguranccedila Puacuteblica
(PSP) de forma a sofrer a necessidade de remarcaccedilatildeo da sessatildeo de julgamento em funccedilatildeo das
leis civis de Portugal mas ainda natildeo haacute sentenccedila julgada sobre o caso (GRIFF 2018)
Portugal vem enfrentando seacuterios problemas sanitaacuterios devido ao que descrevem como
Siacutendrome de Noeacute que se determina por uma espeacutecie de transtorno de acumulaccedilatildeo onde o
animal humano tem dificuldade de desfazer-se de animais acabando por os acumular de forma
desorganizada afetando tanto a sociedade quanto os animais natildeo humanos envolvidos nesta
condiccedilatildeo Aos animais natildeo humanos viacutetimas dessa siacutendrome acabam por natildeo receberem os
cuidados necessaacuterios que acaba por acarretar diretamente nos maus-tratos podendo originar
doenccedilas que podem ainda se desenvolver em zoonoses (MACHADO 2020)
Sobre o caso a Assembleia da Repuacuteblica no dia 25 de janeiro de 2018 publicou a
Resoluccedilatildeo da Assembleia da Repuacuteblica nordm 202018 onde recomenda que seja criado um grupo
de trabalho constituiacutedo por profissionais da sauacutede e comportamento animal assistentes sociais
43
psiquiatras e psicoacutelogos com o objetivo de prevenir e combater casos da Siacutendrome de Noeacute
uma vez que aleacutem de ocasionar risco a sociedade na maior parte das vezes foram observados
que os animais natildeo humanos expostos a esta siacutendrome tentem a serem viacutetimas de maus-tratos
como o ocorrido no mecircs de maio em Canccedilas onde uma proprietaacuteria possuiacutea 35 animais em
um ambiente que natildeo apresentava as miacutenimas condiccedilotildees de bem-estar animal ou dignidade
Desta forma depois de julgado a maior parte dos animais natildeo humanos que laacute residiam foram
recolhidos de forma a apenas permanecerem no local sete animais natildeo humanos com a antiga
proprietaacuteria uma vez observado grande afeto entre a proprietaacuteria e estes (MACHADO 2020)
No presente caso foi levantado que ldquoo bem-estar animal deve ser compreendido
segundo o alojamento manutenccedilatildeo e acomodaccedilatildeo dos animais referido ainda que nenhum
animal deve ser detido se estas condiccedilotildees de bem-estar natildeo se encontrem verificadasrdquo neste
ditame aquele que acaba por acumular animais de companhia podem ocorrer em se enquadrar
em crime de maus-tratos como previsto pelo artigo 387 do Coacutedigo Penal portuguecircs onde prevecirc
a sanccedilatildeo de prisatildeo de ateacute um ano ou com pena de multa ade ateacute 120 dias quando aquele que
for o detentor ocasionar dor infligir sofrimento ou ainda qualquer outra agressatildeo fiacutesica a
animais natildeo humanos natildeo impedindo ainda que sejam somadas penalidades do artigo 388 do
mesmo coacutedigo onde prevecirc ldquoa privaccedilatildeo do direito de detenccedilatildeo de animais de companhia pelo
periacuteodo maacuteximo de 5 anosrdquo de forma a tentar prevenir de forma consubstanciada a seguranccedila
da sociedade junto com a mantenccedila do bem-estar dos animais natildeo humanos (MACHADO
2020)
Assim no presente capiacutetulo foi analisada a evoluccedilatildeo histoacuterica legislativa dos direitos
dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo portuguesa ateacute a contemporaneidade do estado
atual de seus direitos e incluindo julgados Pelo meacutetodo explanatoacuterio bibliograacutefico onde se
buscou esta anaacutelise da forma mais completa tentando englobar o maacuteximo de informaccedilotildees para
se chegar agrave mais completa anaacutelise dos direitos dos animais natildeo humanos em Portugal
Desta forma foi possiacutevel se observar que o primeiro relato normativo portuguecircsocorreu
no ano de 1886 com o Coacutedigo Penal portuguecircs trazendo vedaccedilotildeesaos maus-tratos de qualquer
espeacutecie aos animais natildeo humanos ainda que no passar dos anos passando pela inclusatildeo de
normas dentro doscoacutedigos legais sem deixar de citar as leis infraconstitucionais
Para continuidade do presente trabalho no capiacutetulo que se segue seraacute apresentada uma
anaacutelise comparativa entre a evoluccedilatildeohistoacuterica do direito dos animais natildeo humanos entre
aslegislaccedilotildees brasileira e portuguesaassim como uma anaacutelise comparativa doestado normativo
dos direitos dos animais natildeo humanos apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 entre os
doispaiacuteses em anaacutelise
44
4 COMPARACcedilAtildeO DAS LEGISLACcedilOtildeES BRASILEIRA E PORTUGUESA
O presente capiacutetulo aborda uma comparaccedilatildeo relativa as leis passadas e presentes em
Brasil e Portugal uma vez que entre os paiacuteses haacute uma relaccedilatildeo de reciprocidade devido ao
Decreto Legislativo nordm 82 de 24 de novembro de 1971 nomeada de Convenccedilatildeo sobre igualdade
de Direitos e Deveres entre brasileiros e portugueses ratificada em Brasiacutelia na data de 7 de
setembro de 1971 e em Lisboa na data de 22 de marccedilo de 1971 entrando em vigor no dia 22
de abril de 1972 onde os Governos do Brasil e Portugal visando a continuidade do reciacuteproco
respeito aos valores histoacuterico morais culturais e eacutetnicos que outrora uniram os povos e que os
manteacutem como irmatildeos com o intuito de promover um aperfeiccediloamento e estreitamento nas
relaccedilotildees harmonicamente da comunidade Luso-Brasileira convencionou a efetivaccedilatildeo do
princiacutepio da igualdade de tratamento entre cidadatildeos brasileiros expresso na constituiccedilatildeo
brasileira agrave eacutepoca em seu artigo 199 e na entatildeo constituiccedilatildeo portuguesa em seu artigo 7ordm
paraacutegrafo 3ordm (BRASIL 1972)
Desta maneira com a instituiccedilatildeo de um estatuto de caraacuteter especial com a iniciativa de
refletir os viacutenculos existentes entre brasileiros e portugueses assim como com o intuito de
servir de embasamento e inspiraccedilatildeo para as geraccedilotildees e legislaccedilotildees que se seguissem houve este
compromisso solene fraternal e indestrutiacutevel de amizade Enfatiza-se em tal Convenccedilatildeo o seu
artigo 1ordm ldquoOs portugueses no Brasil e os brasileiros em Portugal gozaratildeo de igualdade de direitos
e deveres com os respectivos nacionaisrdquo de forma a demonstrar uma reciprocidade no
tratamento de nascidos no paiacutes irmatildeo em seu territoacuterio mas ainda resguardando os direitos e
deveres inerentes ao seu paiacutes natural como exposto em seu artigo 3ordm ldquoOs portugueses e
brasileiros abrangidos pelo estatuto de igualdade continuaratildeo no exerciacutecio de todos os direitos
e deveres inerentes agraves respectivas nacionalidadesrdquo (BRASIL 1972)
Assim como para o presente trabalho eacute vaacutelido se fazer citar o artigo 16 da dita
Convenccedilatildeo ldquoOs Governos do Brasil e de Portugal consultar-se-atildeo periodicamente a fim de
examinar e adotar as providecircncias necessaacuterias para melhor e uniforme interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo
da presente Convenccedilatildeo bem como para estabelecer as modificaccedilotildees que julguem
convenientesrdquo assim a presente convenccedilatildeo veio a tratar que no presente e futuro os dois paiacuteses
se reuniriam para discutir sobre leis que versem sobre esta reciprocidade desta forma o capiacutetulo
que se apresenta vem a comprar as legislaccedilotildees no tangente dos direitos dos animais natildeo
humanos pelas leis brasileiras e portuguesas (BRASIL 1972)
No tocante dos direitos dos animais natildeo humanos Charles Darwin (1996) jaacute relatava
sobre a capacidade de sentir de ter consciecircncia de se reunir em grupos em sociedades de ter
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empatia assim como quando comparada aos animais humanos ldquonatildeo existe uma diferenccedila
fundamental entre os humanos e os mamiacuteferos de niacutevel superior nas suas faculdades mentaisrdquo
(DARWIN 1996 P287)Este pensamento de Darwin eacute reforccedilado nesta outra passagem
Existem muitas espeacutecies de animais sociais em que os seus membros se associam em
grupos sentem compaixatildeo uns pelos outros manifestando qualidades que os revelam
de uma consciecircncia moral incipiente para quando em comparaccedilatildeo com a humana
sendo fieacuteis ao grupo demonstrando capacidade de entender as necessidades de
membros do grupo que apresentem carecircncias de tratamentos especiais ao exemplo de
fornecer alimentos e bebidas aos indiviacuteduos do grupo que satildeo cegos (DARWIN 1996
p 290traduccedilatildeo nossa)
Observa-se que jaacute haacute muito antes de se discutir os animais natildeo humanos como dignos
ou natildeo de direitos relativos a personalidade juriacutedica jaacute fora levantada sua capacidade de ser
equiparados aos animais humanos ora que apresentam capacidades de sentir sofrer entender
o outro ajudar num niacutevel de compreensatildeo e sensibilidade ateacute hoje juridicamente apenas
arguido aos seres humanos (DARWIN 1996)
41 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO HISTOacuteRICO
Se demonstra eficaz comeccedilar o presente toacutepico lembrando que a primeira nota
legislativa no Brasil relativa ao direito dos animais natildeo humanos natildeo ter se desenvolvido no
acircmbito nacional mas sim Municipal com o Coacutedigo de Posturas do Municiacutepio de Satildeo Paulo
(1886) em 6 de outubroonde por mais que fosse a primeira vedaccedilatildeo expressa as praacuteticas de
crueldade contra os animais natildeo humanos esta se limitava agravequeles que faziam uso de animais
natildeo humanos para o fim traccedilatildeo de carroccedilas e que somente no ano de 1934 sendo assim um
lapso de 48 anos ateacute que no dia 10 de julho viesse a existir um Decreto nacional o de nordm
24645 que promulgou a vedaccedilatildeo aos maus-tratos proferidos contra animais natildeo humanos em
local puacuteblico ou privado assim como trazendo a tutela do Estado para com estes assim como
estipulando puniccedilatildeo pecuniaacuteria e de enclausuramento para aquele que violasse o dito decreto
(BRASIL 1934)
Na supracitada legislaccedilatildeo federal ainda se trazia a representaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
como uma possibilidade nas accedilotildees que versassem sobre os maus-tratos relativos agrave animais natildeo
humanos No sistema normativo gerado por este decreto foram transcritas ainda diretrizes para
o uso animal natildeo humano para quando utilizados para auxiliar ou gerar trabalho de interesse
dos animais humanos como ao exemplo daqueles que fossem objeto de traccedilatildeo veicular Ainda
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eacute imperioso constar que neste ano houve a primeira menccedilatildeo em relaccedilatildeo a negativa de abandono
de animais natildeo humanos (BRASIL 1934)
No mesmo ano em que o Brasil recebia sua primeira norma legislativa em acircmbito
Municipal para a garantia dos direitos dos animais natildeo humanos em Portugal no dia 16 de
setembro o Decreto Lei de seu Coacutedigo Penal jaacute trazia direitos para os animais natildeo humanos
no qual jaacute foram previstas penalidades para aqueles que ferissem matassem envenenasse
abusassem ou viessem a causar quaisquer outros tipos de danos aos animais natildeo humanos assim
como jaacute traziam a vedaccedilatildeo aos maus-tratos desde sua primeira menccedilatildeo normativa Desta forma
demonstram um claro avanccedilo no campo legislativo em relaccedilatildeo aos direitos dos animais natildeo
humanos perante as leis brasileiras (PORGUTAL 1886) Posicionamento semelhante no Brasil
soacute se fez demonstrar presente no campo normativo deacutecadas depois com o Projeto de Lei nordm 631
de 2015 onde no Senado brasileiro se passou a discutir em julgados o impedimento de causar
dor a animais natildeo humanos se o motivo natildeo for plenamente justificaacutevel discutindo tambeacutem
sobre o que tange a guarda destes tratando pela primeira vez a nomenclatura direta para os
animais natildeo humanos como seres sencientes (BRASIL 2015b)
Ainda antes mesmo do Brasil ter desenvolvido qualquer lei no acircmbito nacional sobre os
direitos dos animais natildeo humanos Portugal (2001) jaacute inovava com suas leis no dia 12 de junho
onde foi assinado mais um Decreto Lei este trazendo uma nova vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos deveres
dos animais humanos em relaccedilatildeo aos animais natildeo humanos desta vez impedindo a carga
excessiva de trabalho aos quais estes satildeo expostos determinando tempo capacidade dentre
outros regramentos de maneira a proporcionar para os animais natildeo humanos utilizados para o
serviccedilo condiccedilotildees miacutenimas de subsistecircncia visando diminuir seu sofrimento e trazendo-lhes
maior dignidade (PORTUGAL 2001)
Voltando a tratar da legislaccedilatildeo do Brasil (1941) houve um lapso temporal de 7 anos
entre a ultima ediccedilatildeo de norma legal em relaccedilatildeo aacute proacutepria lei e 22 anos se contadas as leis
portuguesas No dia 03 de outubro o Brasil promulgou por meio do Decreto Lei nordm 3688 a Lei
das Contravenccedilotildees Penais onde trouxe entre seus artigos penalidades para aqueles que
submetessem agrave trabalho excessivo ou cruel a animais natildeo humanos oferecendo como
penalidades a prisatildeo simples e ou a multa ainda qualifica como criminosa a praacutetica de
experiecircncias crueacuteis ou que gerem dor aos animais natildeo humanos vivos mesmo que este seja
realizado com intuito didaacutetico ou cientiacutefico trazendo assim pela primeira vez no ordenamento
brasileiro vedaccedilotildees no campo cientiacutefico e de entretenimento de animais humanos (BRASIL
1941)
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Ainda no tocante das leis brasileiras passaram-se vinte e seis anos ateacute que no dia 03 de
janeiro de 1967 foi promulgada a Lei Federal nordm 5197 o chamado Coacutedigo da Caccedila impedindo
que a fauna silvestre fosse de qualquer forma alvo de caccedila predatoacuteria ou caccedila para criaccedilatildeo em
cativeiro assim vedando ainda sua destruiccedilatildeo ou de seu habitat de forma a trazer garantias ateacute
entatildeo natildeo observadas nem na legislaccedilatildeo brasileira nem portuguesa da diversidade
continuidade e sobrevivecircncia de animais provindos da fauna nativa paacutetria (BRASIL 1967)
Contudo os legisladores agrave eacutepoca evidenciaram que haviam condiccedilotildees especiais onde as
peculiaridades regionais abriam uma brecha para a permissatildeo da caccedila destas espeacutecies
entretanto mesmo permitindo com ressalvas a caccedila nestas zonas especiais a comercializaccedilatildeo
destes animais natildeo humanos permaneceria terminantemente proibida assim como produtos
feitos com eles ou mesmo seus filhotes Para garantir o correto cumprimento deste coacutedigo
foram estipuladas sanccedilotildees para os que natildeo as observassem Como principal marco desta lei
demonstra-se o primeiro relato de inafianccedilabilidade para aquele que cometer crime contra
animais natildeo humanos (BRASIL 1967)
Doze anos depois ainda no Brasil (1979) se continuava a desenvolver leis para a
proteccedilatildeo dos direitos dos animais natildeo humanos de forma a demonstrar que estaacutevamos em um
periacuteodo de grande evoluccedilatildeo legislativa garantista aos direitos dos animais natildeo humanos por
meio da Lei nordm 6638 se tratariam novamente os regramentos do tema em relaccedilatildeo ao uso
cientiacutefico destes falando dos laboratoacuterios testes cliacutenicos uso para testes de medicamentos
dissertando ainda sobre a eutanaacutesia dos animais natildeo humanos Passaram-se trecircs anos ateacute a
criaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente no dia 31 de agosto de 1979 protegendo a
fauna brasileira e seu habitat de forma especiacutefica e direta tratando pela primeira vez daqueles
que causem poluiccedilatildeo (BRASIL 1981)
42 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO CONTEMPORAcircNEO
O criteacuterio de comparaccedilatildeo contemporacircnea tomou por base a Constituiccedilatildeo Federal
brasileira de 1988 momento em que houve pela primeira vez a inclusatildeo dos direitos dos animais
natildeo humanos dentro do sistema constitucional brasileiro no qual o artigo 225 se veio a condenar
todo aquele que viesse a proferir gestos de crueldade para contra os animais natildeo humanos
poreacutem ainda ressalvando a possibilidade de natildeo se considerar como cruel as praacuteticas
desportivas os movimentos culturais que se encontram registradas como parte integrante do
patrimocircnio cultural brasileiro (BRASIL 1988)
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Ainda no corpo do texto constitucional foi normatizada a garantia ao ambiente
equilibrado a qualidade de vida por meio de controle social e puacuteblico para a manutenccedilatildeo da
diversidade do patrimocircnio geneacutetico nacional da fauna e flora na tentativa de barrar a evoluccedilatildeo
numeacuterica do quadro de seres vivos na lista de animais em extinccedilatildeo ou extintos de forma a
apresentar um diferencial por constar em sua Constituiccedilatildeo direitos aos animais natildeo humanos
em relaccedilatildeo a Portugal(BRASIL 1988)
Portugal (2001) soacute voltaria a discutir as leis relativas aos direitos dos animais natildeo
humanos dentro dos criteacuterios comparativos de contemporaneidade aqui estabelecidos no
seacuteculo que se seguiria uma vez que na Europa a Convenccedilatildeo Europeia para a Proteccedilatildeo dos
Animais de Companhia que promulgou o Decreto nordm 1393 onde trouxe para seu territoacuterio
vaacuterias leis que tratavam da fauna e da flora de animais natildeo humanos domeacutesticos e selvagens
mas tambeacutem ressalvando as peculiaridades de sua fauna exoacutetica vedando vaacuterios atos
normativos do dito decreto vindo a defender protegendo ainda natildeo soacute as espeacutecies presentes ao
tempo da lei mas como tambeacutem seus filhotes mesmo quando criados em cativeiro onde
normatizava a forma de reproduccedilatildeo os locais de alojamento dos mesmos para os fins de
comercializaccedilatildeo hospedagem ou ainda centros de recolhimento de animais natildeo humanos de
companhia (PORTUGAL 2001)
Portugal veio ainda a tratar do abandono da negligecircncia fiacutesica alimentar higiecircnica e da
manutenccedilatildeo das condiccedilotildees de sauacutede dos animais natildeo humanos trazendo a necessidade de
laudos veterinaacuterios para que sejam realizadas intervenccedilotildees corpoacutereas nestes como ao exemplo
de amputaccedilotildees garantindo sua integridade fiacutesica de forma a natildeo soacute englobar os direitos aos
animais natildeo humanos outrora garantidos pela Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 mas
ainda refletindo leis que somente seriam vistas no territoacuterio brasileiro vaacuterios anos depois
(PORTUGAL 2001)
No Brasil cinco anos depois que o Decreto nordm 1393 era promulgado em Portugal seria
tratado assunto semelhante por meio da Lei nordm 9605 com a proibiccedilatildeo de diversos tipos de
atividades para que contra a fauna brasileira como matar caccedilar perseguir apanhar estes tipos
de animais natildeo humanos abrindo a permissatildeo para alguns destes em casos especiacuteficos natildeo
excluindo deste a fauna estrangeira tambeacutem tratando da vedaccedilatildeo a poluiccedilatildeo ora que afeta a
fauna brasileira estrangeira e ainda os animais humanos (BRASIL 1998)
Dois anos depois ainda em Portugal (2003a) se poderia notar a preocupaccedilatildeo com os
direitos dos animais natildeo humanos natildeo soacute enquanto considerados de companhia mas tambeacutem
os selvagens e os caracterizados como perigosos pela modificaccedilatildeo do Decreto Lei nordm 2762001
para o Decreto Lei nordm 315 2003 por observar algo que ateacute entatildeo soacute havia sido observado entre
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as duas legislaccedilotildees portuguesa e brasileira no tocante de ressalvas do artigo 225 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988ao se tratar da proibiccedilatildeo de atos crueacuteis contra animais natildeo
humanos mas permitindo em casos de peculiaridades culturais como supracitado no paraacutegrafo
que a este antecedeu Neste decreto Portugal abril ressalvas a regulamentaccedilatildeo no acircmbito da
aplicabilidade do diploma outrora recebido por sua legislaccedilatildeo das figuras normativas referentes
a fauna e flora selvagem e exoacutetica assim como aqueles que os seguirem por descendecircncia de
modo a permitir que dentro das caracteriacutesticas proacuteprias de cada regiatildeo estas tivessem
autonomia de leis (PORTUGAL 2003b) Ainda no mesmo vieacutes em Santa Catarina (2003) a
Lei Estadual nordm 12854 instituiu o Coacutedigo Estadual de Proteccedilatildeo Animal para vedar quaisquer
tipos de agressotildees contra animais natildeo humanos indiferentemente se silvestres de companhia
domeacutesticos ou que possam ser domesticaacuteveis (aqueles que por sua natureza natildeo satildeo
classificados como domeacutesticos mas que podem vir a ser ao exemplo de porcos) nativos ou
exoacuteticos gerando uma normatizaccedilatildeo para transporte mantenccedila abate e pesquisas
cientiacuteficolaboratoriais garantindo-lhes plenas condiccedilotildees de existecircncia (SANTA CATARINA
2003)
Ainda sobre o tema de utilizaccedilatildeo de animais natildeo humanos para fins cientiacuteficos a
Diretiva 201063EU recepcionada pelas leis portuguesas vem a proteger os animais natildeo
humanos para quando utilizados para estes fins normatizando as teacutecnicas utilizadas durantes as
experiecircncias a qual veio a restringir a occisatildeo (ato de matar um animal) somente quando natildeo
haacute outra opccedilatildeo vedando que sem motivo de grande relevacircncia e plenamente justificaacuteveis se
ponha em risco a biodiversidade dos animais natildeo humanos e ainda traz a necessidade de se
buscar formas substitutivas para tal uso cientiacutefico onde busca reduzir ao miacutenimo inevitaacutevel o
uso de animais natildeo humanos nestes casos (PORTUGAL 2010)
No que se fala de leis que regulamentam a proteccedilatildeo ao bem-estar dos animais natildeo
humanos durante o transporte dos mesmos em Portugal o Regulamento nordm 12005 tenta
minimizar quaisquer sofrimentos seja pelo cumprimento de suas necessidades baacutesicas como
alimentaccedilatildeo higiene assim como com os meios utilizados para este transporte de maneira a
evitar lesotildees violecircncia ou sofrimento (PORTUGAL 2005) Ainda sendo valoroso constar aqui
a Lei nordm 9295 que aleacutem de ser por si soacute a Lei de Proteccedilatildeo aos Animais natildeo humanos a qual
veda quaisquer tipos de aferimento de dor sofrimento requisito de exigir mais do que a
capacidade do animal natildeo humano ainda veio a regulamentar a permissatildeo expressa de
transporte de animais natildeo humanos em transportes puacuteblicos seja para garantia da obrigaccedilatildeo
prevista a mesma lei de socorro aos animais natildeo humanos seja por comodidade ressalvando
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que para tanto o animal natildeo humano deve estar devidamente condicionado em meio proacuteprio
sem apresentar aos demais riscos fiacutesicos a sua sauacutede ou higiene (PORTUGAL 1995)
Eacute imperioso citar o grande diferencial entre as legislaccedilotildees brasileira e portuguesa que se
fez surgir em Portugal ainda em 2003 quando por meio do Decreto-Lei n 3132003 foi criado
o sistema de cadastro e identificaccedilatildeo eletrocircnica de catildees e gatos natildeo soacute permitindo um melhor
controle estatal sobre o abandono como tambeacutem sobre as bases sanitaacuterias e controle
populacional destes animais natildeo humanos uma vez que devem constar desde informaccedilotildees
baacutesicas sobre o animal natildeo humano como nome raccedila idade e sexo ou ainda sobre seu
proprietaacuterio como nome endereccedilo contato mas ainda as vacinas que este individuo recebeu
no passar de sua vida se eacute ou natildeo castrado ainda obrigando a atualizaccedilatildeo perioacutedica dos dados
medida esta que no Brasil muito jaacute se discutiu regulamentar mas que nunca chegou a ter uma
normatizaccedilatildeo para com as leis (PORTUGAL 2003a)Este posicionamento foi reforccedilado pela
implementaccedilatildeo do Decreto Lei nordm 822019 ao criar o SIAC tornando mais rigorosos os criteacuterios
e penalidades relativas ao registro e atualizaccedilatildeo do cadastro dos animais natildeo humanos
(PORTUGAL 2019b)
Jaacute no Brasil o Coacutedigo Civil de 2002 classificou por meio de nova hermenecircutica ao
artigo 82 onde se definiam os animais natildeo humanos como coisas como somente bens agora
se passou a entender estes como seres semoventes por serem bens de capacidade a serem
suscetiacuteveis de movimentaccedilatildeo proacutepria assim permaneceu com a consolidaccedilatildeo do Coacutedigo de
Processo Civil de 2015 Poreacutem devido a sua capacidade de sofrer de sentir dor tornaram-se
perante o sistema normativo brasileiro dignos da nomenclatura de seres viventes seres
sencientes aqueles que pela sua condiccedilatildeo bioloacutegica chegando ao tocante de acordo com
Cardoso (2007) de seres aptos a terem sua personalidade juriacutedica discutida ora que no passado
outros como escravos e crianccedilas natildeo tinham essa personalidade levantada mas agora tem
Da mesma forma dever-se-ia permitir que tal condiccedilatildeo fosse levada a pauta de discussatildeo
normativa mesmo que natildeo possuindo faculdades mentais de plena comparaccedilatildeo as dos animais
humanos tampouco as crianccedilas e os escravos os tinham perante a lei no passado de forma que
na contemporaneidade ateacute aquele que tenha comprovadamente suas faculdades mentais
consideradas inaptas a autonomia de querer ainda sim possuem personalidade juriacutedica deveres
e direitos uma vez que satildeo capazes de sofrer de sentir de passar fome ainda que natildeo consigam
expressar essas condiccedilotildees de forma clara e linguisticamente padronizados resultado no fato de
que natildeo eacute a capacidade de raciocinar capacidade cognitiva ou ainda de comunicativa o requisito
para a arguiccedilatildeo de sua personalidade juriacutedica (CARDOSO 2007) Jaacute em Portugal a
compreensatildeo e caracterizaccedilatildeo dos animais natildeo humanos como seres sencientes estaacute expresso
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desde 2017 deixando de serem classificados no rol de coisas por meio da Lei nordm 82017
(PORTUGAL 2017b)
No mesmo ano em que Cardoso (2007) tratava doutrinalmente da personalidade juriacutedica
dos animais natildeo humanos no Brasil em Portugal com a promulgaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm
742007 discutia de forma consagrada o direito de acesso de pessoas portadoras de deficiecircncia
visual que se fazem acompanhar de catildeo-guia a locais transportes e estabelecimentos puacuteblicos
direito este que no Brasil foi inserido no sistema normativo brasileiro em 2005 por meio da Lei
nordm 1112605 mas que soacute se consagrou pela redaccedilatildeo a esta proferida pela Lei nordm 131462015
Jaacute no Brasil sobre este tema com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 1112605 futuramente alterada e
devidamente implementada no sistema normativo brasileiro pela Lei nordm 131462015 veio de
modo a garantir o mesmo direito em territoacuterio nacional agraves pessoas humanas que sejam
portadoras de deficiecircncia visual e sejam acompanhadas de catildees-guia (BRASIL 2015a)
43 COMPARATIVO DOS JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO
HUMANOS BRASIL X PORTUGAL
Quando se trata da possibilidade jurisprudencial da discussatildeo em relaccedilatildeo a guarda de
animais natildeo humanos enquanto envolvidos em processos de separaccedilatildeo divoacutercio ou dissoluccedilatildeo
de relacionamentos no Brasil foi discutido pelo Ministro Luis Felipo Salomatildeo (2018) o tema
partindo do paracircmetro dos fins sociais ora vez de natildeo se tratar de um bem inanimado como
seria o caso da partilha dos bens entatildeo perante o caso concreto a lide formal da guarda de
animais natildeo humanos estendendo aos animais natildeo humanos a condiccedilatildeo de sujeito de direito
reconhecendo assim um terceiro gecircnero uma vez que se apresenta em relaccedilatildeo a evoluccedilatildeo da
proacutepria sociedade protegendo entatildeo as relaccedilotildees afetivas entre os animais natildeo humanos e
humanos Este posicionamento se reforccedilou com a decisatildeo da Juiacuteza de Direito da 3ordf Vara da
Famiacutelia de Joinville em 2019 ao erguer a necessidade de que os animais natildeo humanos tenham
modificado seu status normativo de coisa para uma categoria intermediaacuteria entre cosia e animais
humanos embasada pelo Projeto de Lei do Senado de nordm 31515 que visa alterar o artigo 82 do
Coacutedigo Civil (REIMER 2019)
No mesmo ano em Portugal se discutiu a mesma problemaacutetica onde ao ocorrer uma
separaccedilatildeo ambas as partes demonstraram interesse em contrair a guarda da cachorrinha outrora
de propriedade do casal mas que diferente do Brasil onde se discute a natureza juriacutedica dos
animais natildeo humanos para o tocante da discussatildeo de guarda em Portugal jaacute se tem legislaccedilatildeo
sobre o tema onde no Coacutedigo Civil portuguecircs (1966) em seu artigo 1793-A traz de forma
52
direta no que se fala de divoacutercio e guarda dos assim chamados animais de companhia
apontando os fatores que deveratildeo ser considerados para a decisatildeo judicial do ganho da guarda
onde ainda aponta que deveraacute ser levado em consideraccedilatildeo o bem-estar animal como uacuteltimo
criteacuterio para tal decisatildeo (CRISTOacuteVAtildeO 2019) Enquanto em Portugal como se pode observar
na afirmativa anterior jaacute haacute relato normativo dentro do Coacutedigo Civil portuguecircs de 1966 sobre
a regulamentaccedilatildeo para quando a disputa de guarda de animais natildeo humanos no Brasil tal tipo
de posicionamento ainda eacute inexistente apenas se fazendo constar por meio de um Projeto de
Lei o PLS 54218 para possibilitar criteacuterios de julgamento em casos de divoacutercios ou dissoluccedilatildeo
de uniatildeo estaacutevel de maneira que se quando aprovado alteraria o Coacutedigo de Processo Civil
brasileiro entretanto se for aprovado natildeo estabeleceria o bem-estar animal apenas como
ultimo fator para a determinaccedilatildeo de com quem deveria se manter a guarda como eacute atualmente
em Portugal mas sim como um criteacuterio essencial para tal decisatildeo (BRASIL 2018b)
44 UM COMPARATIVO ENTRE LEIS ESPECIAIS
Como se pode ler nos capiacutetulos dois e trecircs deste trabalho tanto Portugal quanto o Brasil
jaacute tratam da vedaccedilatildeo do uso de animais natildeo humanos nos testes para a produccedilatildeo de cosmeacuteticos
produtos de perfumaria higiene dentre outros poreacutem enquanto em Portugal esta vedaccedilatildeo jaacute
se encontra devidamente celebrada desde o datar de 30 de novembro de 2009 por meio do
Regulamento nordm 12232009 onde a Uniatildeo Europeia veio a regulamentar como deveriam ser
realizados os testes em animais natildeo humanos estabelecendo o desenvolvimento de teacutecnicas
substitutivas para o uso de animais natildeo humanos nos supracitados testes Estabelecendo ainda
limites nos anos de 2009 e 2013 para o fim da comercializaccedilatildeo de bens esteacuteticos que tivessem
em seus compostos ingredientes testados em animais natildeo humanos e os testes em animais em
si respectivamente (PORTUGAL 2009c) No Brasil tal espeacutecie de proibiccedilatildeo somente se daacute
por meio de Projetos de Lei estadual como o Projeto de Lei nordm 552017 que visa proibir os
testes em animais natildeo humanos no territoacuterio catarinense prevendo sanccedilotildees tanto para
instituiccedilotildees quanto para animais humanos que descumpram os termos da lei o presente Projeto
de lei aguarda atualmente sanccedilatildeo estadual (SANTA CATARINA 2020)
Em Portugal eacute possiacutevel observar uma evoluccedilatildeo contiacutenua sobre as legislaccedilotildees de direito
de animais natildeo humanos como apresentado por exemplo pela Resoluccedilatildeo nordm 202018 que
incentiva a constituiccedilatildeo de grupos de trabalho para que se busque diminuir os maus-tratos
levantados contras os animais natildeo humanos viacutetimas de acumulaccedilatildeo conhecida como Siacutendrome
de Noeacute (MACHADO 2020) assim como com a Lei nordm392020 que criou um regime
53
sancionatoacuterio aos crimes proferidos contra os animais de companhia e ocasionando na alteraccedilatildeo
do Coacutedigo Penal e do Coacutedigo de Processo Civil portuguecircs trazendo entre outros a possibilidade
de instauraccedilatildeo de processos crimes para investigar suspeitas relatos e denuacutencias de maus-tratos
negligecircncia ou qualquer outra accedilatildeo que faccedila impedir o bem-estar de animais de companhia em
Portugal assim como estabelecendo a possibilidade de exame de corpo de delito sobre tais
crimes contra os animais natildeo humanos ainda declarando como crime a ocultaccedilatildeo de provas
animais natildeo humanos ou qualquer outro meio que venha a atrapalhar o devido processo
investigativo de forma a prever a busca e apreensatildeo para a garantia da devida investigaccedilatildeo
trazendo para aqui a figura do depositaacuterio fiel (PORTUGAL 2020a)
Jaacute no Brasil percebe-se um risco iminente de acontecer um retrocesso no campo
normativo relativo aos direitos do animais natildeo humanos como o que ocorre com a Lei nordm
2172019 o Coacutedigo de Proteccedilatildeo e bem-estar animal que veda que a sociedade propicie
alimentaccedilatildeo aacutegua cuidados com a sauacutede higiene dentre outros quando em vias puacuteblicas
constituindo que a mantenccedila do bem-estar animal por meio da sociedade enquanto natildeo Estado
seja caracterizada como infraccedilatildeo legal (CURITIBANOS 2019)
Da mesma forma o Projeto de Lei nordm 722020 de Penha como arguido por Moreira
(2020) aparece como uma lei temeraacuteria ora que prevecirc multar e penalizar os tutores de
cachorros que importunarem o sossego sendo uma consequecircncia clara para a tentativa de
impedir as sanccedilotildees desta lei a implementaccedilatildeo de meios a impedir os latidosEsta iniciativa pode
trazer ocorrecircncias de maus-tratos seja pelo uso de equipamentos anti-latido pela secccedilatildeo das
cordas vocais dos cachorros ou ainda outras puniccedilotildees mais agravadas em caso seu proprietaacuterio
venha a ser punido pelo fato de seus cachorros latirem (PENHA 2020)
Em contraponto eacute possiacutevel observar no Regulamento nordm 1523007 do Parlamento
Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia que foi recebido pelo sistema normativo portuguecircs
no qual para a garantia do bem-estar tanto de catildees e gatos quanto da sociedade em si vedou
expressamente a comercializaccedilatildeo exportaccedilatildeo ou importaccedilatildeo de qualquer tipo de material ou
produto que tenha em sua composiccedilatildeo pele de gato ou de cachorroTraz ainda no corpo do texto
legal sanccedilotildees mais graviacutedicas em relaccedilatildeo a todos que se envolvam de forma direta indireta
tentada ou consumada ou ainda que sabendo natildeo veia a denunciar ou impedir lutas entre animais
natildeo humanos (PORTUGAL 2007b)
Felizmente observa-se que em caminho contraacuterio ao Projeto de Lei nordm 722020 e a Lei
nordm 2172019 o Projeto de Lei nordm 6312015 busca alterar a redaccedilatildeo do artigo 32 da Lei nordm
960598 onde busca vedar sem motivos justificaacuteveis proferir dor lesatildeo ou sofrimento aos
animais natildeo humanos ressaltando neste ponto a tentativa de se classificar o tratamento dado
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aos animais natildeo humanos agora como seres sencientes (BRASIL2019) devendo-se constar
que o artigo 82 do Coacutedigo Civil brasileiro caracteriza de forma normativa os animais natildeo
humanos como coisas e sobre a nova hermenecircutica o tratamento juriacutedico destes busca a
compreensatildeo como sencientes (BRASIL 2002) posicionamento este que em Santa Catarina jaacute
se fez constar pela Lei nordm 17485 (SANTA CATARINA 2018)
Em Portugal por meio da Lei nordm 3152009 foram criados ditames regrativos para em
quanto a especificidade de animais natildeo humanos que sejam devido a sua natureza sua
caracterizaccedilatildeo de selvagem sua espeacutecie ou ainda condiccedilotildees especiais caracterizados como
perigosos ou potencialmente estabelecendo diretrizes para a mantenccedila criaccedilatildeo interaccedilatildeo para
com outros seres vivos sejam estes animais humanos ou natildeo humanos enquanto se apresentem
de forma direta ou indireta como animais de companhia infelizmente no Brasil natildeo se pode
observar regramento especificamente da mesma forma (PORTUGAL 2009b)
Assim no presente capiacutetulo foi realizada uma anaacutelise comparativa da evoluccedilatildeo histoacuterica
legislativa dos direitos dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo brasileira e portuguesa
ateacute a contemporaneidade do estado atual de seus direitos incluindo julgados projetos de lei
suacutemulas sem deixar de constar ateacute retrocessos legislativos dos direitos em questatildeo
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5 CONCLUSAtildeO
Com o presente trabalho se pode chegar a conclusatildeo que haacute uma lenta evoluccedilatildeo no
tocante dos direitos dos animais natildeo humanos no ordenamento brasileiro em comparaccedilatildeo com
a legislaccedilatildeo portuguesa ora que por muitas vezes o sistema normativo brasileiro se fez valer
de semelhantes posicionamentos legais para com seu paiacutes irmatildeo somente apoacutes um consideraacutevel
lapso temporal ressalvando-se o fato de grande relevacircncia em que nesta comparaccedilatildeo se pode
observar que apenas o Brasil apresenta garantias aos direitos dos animais natildeo humanos dentro
do seu corpo constitucional
O Brasil enquanto comparado aPortugalaquele que se tem reciprocidade de tratamento
ainda se apresenta com pouca atenccedilatildeo sobre o tema destes direitos ora quepor muito tempo natildeo
considerouos animais natildeo humanos como dignos de direito agrave liberdade agrave integridade fiacutesica e o
mais grave o simples e mais essencial o direito a vida
No campo normativo sobre as disputas de guarda de animais natildeo humanos o Brasil
ainda se encontra muito atrasado com relaccedilatildeo aos regimentos legais ora que enquanto em
Portugal esta lide jaacute estaacute determinada perante um artigo do Coacutedigo Civil de 1966 mesmo
queconstando que tal regra normativacoloca o bem-estar dos ditos animais de companhia
somente como uacuteltimo fator para ser considerado em lides de divoacutercios e separaccedilotildees no Brasil
ainda natildeo haacute nota normativa alguma sobre o assunto apenas jurisprudecircncia e Projeto de Lei
demonstrando uma clara falta de embasamento legal para a resoluccedilatildeo das lides neste sentido
poreacutem apresenta uma inovaccedilatildeo para com o seu paiacutes irmatildeo onde em caso de aprovaccedilatildeo do
Projeto de Lei nordm 54218 sem modificaccedilotildees o bem-estar dos animais natildeo humanos seraacute
considerado como fator essencial para a decisatildeo de quem receberaacute judicialmente a guarda do
animal de estimaccedilatildeo
Ainda se pode observar que as normas brasileiras de direitos dos animais natildeo humanos
ao contraacuterio de Portugal por muitas vezes partem de leis estaduais e municipais para depois se
consagrarem no campo federativo tanto que se pode observar incongruecircncias em leis estaduais
e municipais que se apresentam em desacordo com a norma paacutetria causando um retrocesso
legal para com os direitos dos animais natildeo humanos fato este natildeo observado no sistema
normativo portuguecircsMuito provavelmente porque neste os direitos dos animais natildeo humanos
estarem por muitas vertentes garantidos dentro da Convenccedilatildeo Europeia que aleacutem de trazer
regulamentaccedilotildees sobre o tema ainda fiscaliza sua correta aplicaccedilatildeo legislativa
No mesmo tocante enquanto em Portugal os animais natildeo humanos jaacute satildeo tratados de
forma distinta de coisas tanto pela hermenecircutica quanto pela escrita literal das leis onde desde
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2017 jaacute natildeo satildeo tratados dentro do rol coisas mas sim recebendo a nomenclatura e classificaccedilatildeo
como seres sencientes no paccedilo em que no Brasil semelhante posicionamento atualmente se
encontra tatildeo somente de forma doutrinaacuteria e em sugestotildees de julgados de lides que envolvem
os animais natildeo humanos de forma a ter propiciado a instauraccedilatildeo do Projeto de Leinordm 631 de
2015 que vem a tentar trazer o mesmo tratamento de nomenclatura e classificaccedilatildeo do jaacute
instaurado em Portugal
Ao fim do processo de pesquisa do presente trabalho a pesquisadora observou a
importacircncia de um futuro estudo relativo aos direitos dos animais natildeo humanos no que tange a
Ameacuterica Latina com o intuito de resgatar a evoluccedilatildeo destes direitos dentro do Mercosul tanto
por haver um livre transito entre os paiacuteses afiliados instigando interesse em se conhecer
maissobre a relaccedilatildeo e autonomia de cada paiacutes membrosobre estes direitos conjunto das leis que
se compartilham quanto pela proximidade de suas fronteiras onde a fauna e flora se misturam
vez que ao desenvolver esta pesquisa foi observada uma evoluccedilatildeo relevante nos direitos dos
animais natildeo humanos em Portugal por meio da Convenccedilatildeo Europeia erguendo a curiosidade
para descobrir se dentro no Mercosul poderia ocorrer fato semelhante em relaccedilatildeo as leis
brasileiras
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11
abrangente anaacutelise sobre a evoluccedilatildeo e estado atual dos direitos dos animais natildeo humanos de
forma comparativa dentro do territoacuterio brasileiro e portuguecircs
12
2 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA
Neste capiacutetulo tem-se como objetivo trazer de forma sucinta a evoluccedilatildeo histoacuterica no que
tange o direito dos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo do Brasil trazendo para isto as proacuteprias
leis assim como relatos bibliograacuteficos sobre o tema
21 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO BRASILEIRA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
O primeiro relato normativo brasileiro direcionado aos direitos dos animais natildeo
humanos no dia 6 de outubro de 1886 no Coacutedigo de Posturas do Municiacutepio de Satildeo Paulo que
trouxe no seu artigo 220 a primeira norma de proibiccedilatildeo de crueldade contra animais natildeo
humanos ldquoEacute proibido a todo cocheiro ou condutor de carroccedila maltratar animais com castigos
baacuterbaros e imoderados disposiccedilatildeo essa que se aplica aos ferradoresrdquo sendo assim um marco
inicial histoacuterico nacional para a luta por estes direitos(SAtildeO PAULO 1886)
Jaacute no tangente de legislaccedilatildeo na esfera nacional somente no dia 10 de julho de 1934
ocorreu o primeiro registro normativo visando a algum tipo de proteccedilatildeo perante os animais natildeo
humanos o Decreto Lei nordm 24645 oficializado por Getuacutelio Vargas definindo a
responsabilidade do Estado de tutelar todos os animais existentes trazendo ainda a primeira
sansatildeo em relaccedilatildeo aos matildeos tratos em seu artigo 2ordm ldquoAquele que em lugar puacuteblico ou privado
aplicar ou fizer aplicar maus-tratos aos animas incorreraacute em multa de 20$000 a 500$000 e na
pena de prisatildeo celular de 2 a 15 dias quer o delinquente seja ou natildeo o respectivo proprietaacuterio
sem prejuiacutezo da accedilatildeo civil que possa caberrdquo tendo sido o rompimento de uma fronteira em
relaccedilatildeo agrave compreensatildeo da vedaccedilatildeo aos matildeos tratos de forma direta ou indireta praticando ou
fazendo praticar sendo ou natildeo proprietaacuterio do animal natildeo humano de forma a demonstrar que
todos os animais natildeo humanos merecem respeito trazendo ainda em seus paraacutegrafos a
possibilidade de maiores sanccedilotildees como ateacute a apreensatildeo ou confisco do animal natildeo humano que
for alvo de qualquer tipo de maus-tratos em seu artigo 14 ainda busca pela primeira vez
penalizar aquele que causa a morte destes oferecendo pena em dobro se a este ponto chegar ou
for reincidente de acordo com o artigo 15 como tambeacutem a quem cabe sua aplicaccedilatildeo pelo artigo
12 atribuindo tal encargo a poliacutecia ou autoridade municipal cabendo esta se verificar a
gravidade do delito vale constar o sect3ordm no mesmo artigo ldquoOs animais seratildeo assistidos em juiacutezo
pelos representantes do Ministeacuterio Puacuteblico seus substitutos legas e pelos membros das
sociedades protetoras dos animaisrdquo reforccedilando a responsabilidade do Estado perante a garantia
13
dos direitos dos animais natildeo humanos No transcorrer de seus artigos o Decreto caracteriza o
que se enquadra como crueldade no seu artigo 3ordm como ao exemplo dos seus incisos XVI
XVIII XXI e XXV
XVI -fazer viajar um animal a peacute mais de 10 quilocircmetros sem lhe dar descanso ou
trabalhar mais de 6 horas contiacutenuas sem lhe dar aacutegua e alimento
XVIII - conduzir animais por qualquer meio de locomoccedilatildeo colocados de cabeccedila para
baixo de matildeos ou peacutes atados ou de qualquer outro modo que lhes produza sofrimento
XXI - deixar de ordenhar as vacas por mais de 24 horas quando utilizadas na
explorado do leite
XXV - engordar aves mecanicamente (BRASIL 1934)
Este decreto trouxe pela primeira vez regulamentaccedilotildees nacionais perante os animais natildeo
humanos no tangente laboral humano sendo reforccedilado tal posicionamento pelo texto dos
artigos 4ordm a 8ordm onde regula-se a utilizaccedilatildeo dos animais natildeo humanos em veiacuteculos ou outras
formas em que se faccedila utilizar a traccedilatildeo animal Jaacute no seu artigo 13 traz a primeira proibiccedilatildeo
direta ao abandono de animal ainda traz ressalvado em seu artigo 19 a revogaccedilatildeo de qualquer
tipo de ordenamento ao contraacuterio do que o Decreto Lei expressa Mesmo sendo uma grande
evoluccedilatildeo para o direito dos animais natildeo humanos em relaccedilatildeo ao que o paiacutes tinha ateacute entatildeo o
artigo 17 ainda define animal como seres irracionais sem que a eles se apresente nenhum tipo
de possibilidade de compreensatildeo (BRASIL 1934)
Somente 7 anos depois em 03 de outubro de 1941 com a ediccedilatildeo da Lei das
Contravenccedilotildees Penais pelo Decreto Lei nordm 3688 o artigo 64 trouxe penas de prisatildeo e multa
ali ainda descrita em ldquoreacuteisrdquo
Art 64 Tratar animal com crueldade ou submetecirc-lo a trabalho excessivo
Pena ndash prisatildeo simples de dez dias a um mecircs ou multa de cem a quinhentos mil reacuteis
sect1ordm Na mesma pena incorre aquele que embora para fins didaacuteticos ou cientiacuteficos
realiza em lugar puacuteblico ou exposto ao puacuteblico experiecircncia dolorosa ou cruel em
animal vivo
sect2ordm Aplica-se a pena com aumento de metade se o animal eacute submetido a trabalho
excessivo ou tratado com crueldade em exibiccedilatildeo ou espetaacuteculo puacuteblico (BRASIL
1941)
Desta forma buscando pela primeira vez colocar limites normativos natildeo soacute para os
animais natildeo humanos utilizados para atividades laborativas mas tambeacutem no que se trata o uso
cientiacutefico destes assim como seu uso para exibiccedilatildeo e divertimento de animais humanos
(BRASIL 1941) Somente no dia 8 de maio de 1979 com a Lei Federal nordm 6638 seria retomado
o tema do uso cientiacutefico dos animais natildeo humanos de forma regulamentada normatizando os
bioteacuterios os centros de experiecircncias e demonstraccedilotildees dos animais natildeo humanos assim como
14
regulamentando o uso dos animais natildeo humanos para testes cliacutenicos medicamentosos dentre
outros teacutecnica esta conhecida como vivissecccedilatildeo assim como desde que por meio de indicaccedilatildeo
meacutedica permitindo a eutanaacutesia ou sacrifiacutecio animal pelos artigos 1ordm a 4ordm da presente Lei
trazendo em seus artigos subsequentes sanccedilotildees penais e interditoacuterias para todo aquele que a lei
desobservar assim como traz em seu artigo 8ordm a revogaccedilatildeo de quaisquer leis que a ela
contrariarem (BRASIL 1979)
O Superior Tribunal de Justiccedila decidiu na data de 31 de dezembro de 1969 por meio da
Suacutemula nordm 91 que ldquoCompete a Justiccedila Federal processar e julgar os crimes praticados contra a
faunardquo onde decidiu por arcar agrave Justiccedila Federal o julgamento relativo aos crimes cometidos
sobre a fauna brasileira tendo sido cancelada a Suacutemula em questatildeo na Sessatildeo do Superior
Tribunal de Justiccedila na data de 08 de novembro de 2000 da 3ordf seccedilatildeo sobre o nuacutemero de pauta
de julgamento LEGJUR 103326350091500 Desta forma com o cancelamento da Suacutemula nordm
91 do STJ acabou por ficar sobre a competecircncia reconhecida dos estados a competecircncia para
processar e julgar os crimes cometidos contra a fauna ressalvando se o dito crime se efetivar
sobre casos do crime ter sido realizado sobre fauna reconhecidamente de bem federal o
cancelamento da Suacutemula em questatildeo tambeacutem acarretou na suspenccedilatildeo do disposto no artigo 89
da Lei 900995 (BRASIL 2020)
A datar do dia 03 de janeiro de 1967 surgiu mais uma importante ferramenta para a
garantia dos direitos dos animais natildeo humanos com a promulgaccedilatildeo da Lei Federal nordm 5197 o
Coacutedigo de Caccedila sendo imprescindiacutevel a observaccedilatildeo de seu artigo 1ordm
Os animais de quaisquer espeacutecies em qualquer fase do seu desenvolvimento e que
vivem naturalmente fora do cativeiro constituindo a fauna silvestre bem como seus
ninhos abrigos e criadouros naturais satildeo propriedade do Estado sendo proibida a sua
utilizaccedilatildeo perseguiccedilatildeo destruiccedilatildeo caccedila ou apanha (BRASIL 1967)
Protegendo de maneira incontestaacutevel a fauna nativa brasileira garantindo a diversidade
a continuidade e a sobrevivecircncia de todos os tipos de animais natildeo humanos poreacutem ainda
permitindo em seus paraacutegrafos que hajam peculiaridades regionais para a permissatildeo agrave caccedila
Contudo veda completamente a comercializaccedilatildeo ou exportaccedilatildeo de qualquer forma de animais
natildeo humanos da fauna natural brasileira assim como de seus frutos em seus artigos 3ordm e 18
Trazendo sanccedilotildees penais para todos aqueles que descumprirem seus artigos nos artigos 27 a
31 e contemplando como autoridades responsaacuteveis pela fiscalizaccedilatildeo e aplicabilidade de tais
sanccedilotildees as mesmas indicadas no Coacutedigo de Processo Penal (CPP) de acordo com o seu artigo
15
32 assim como trazem pela primeira vez a inafianccedilabilidade dos crimes contra animais natildeo
humanos pelo seu artigo 34 (BRASIL 1967)
Jaacute por outro vieacutes no dia 31 de agosto de 1981 por meio da publicaccedilatildeo da Lei Federativa
nordm 6938 com a denominaccedilatildeo de A Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente os animais natildeo
humanos assim como seu habitat natural receberam uma grande melhoria nos seus direitos
assim como traz o artigo 15 ldquoO poluidor que expuser a perigo a incolumidade humana animal
ou vegetal ou estiver tornando mais grave a situaccedilatildeo de perigo existente fica sujeito agrave pena de
reclusatildeo de 1 (um) a 3 (trecircs) anos e multa de 100 (cem) a 1000 (mil) MVRrdquo findando a
primeira vedaccedilatildeo expressa por objeto normativo agrave poluiccedilatildeo que traga malfeitorias aos animais
natildeo humanos (BRASIL 1981)
22 LEGISLACcedilAtildeO PAacuteTRIACONTEMPORAcircNEA
No Brasil os animais comeccedilaram a ser considerados como dignos de direitos
constitucionais somentecom a promulgaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 em seu artigo 225 de
forma a condenar a crueldade contra os animais mesmo que ainda deixando uma lacuna em
seu sect7ordm
sect 7ordm Para fins do disposto na parte final do inciso VII do sect 1ordm deste artigo natildeo se
consideram crueacuteis as praacuteticas desportivas que utilizem animais desde que sejam
manifestaccedilotildees culturais conforme o sect 1ordm do art 215 desta Constituiccedilatildeo Federal
registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimocircnio cultural
brasileiro devendo ser regulamentadas por lei especiacutefica que assegure o bem-estar
dos animais envolvidos (BRASIL 1988)
No supracitado artigo ainda se pode ler sobre os direitos alcanccedilados pelos animais natildeo
humanos na constituiccedilatildeo federativa de 1988 onde garante agrave todos um meio ambiente
equilibrado qualidade de vida sendo de obrigaccedilatildeo tanto do poder puacuteblico quanto da
coletividade garantir defender preservar estes direitos para as presentes e futuras geraccedilotildees
para tanto aponta a necessidade de preservar a diversidade e integridade do patrimocircnio geneacutetico
do Brasil e sempre fiscalizando aqueles que com este material lida assim como a necessidade
de controlar a produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de teacutecnicas e produtos que sejam
potencialmente ou confirmadamente prejudiciais ou que gerem risco agrave vida ou sua qualidade
assim como para o meio ambiente demonstrando tambeacutem a indispensabilidade de poliacuteticas de
16
educaccedilatildeo ambiental disseminada por todos os niacuteveis educacionais para a preservaccedilatildeo do meio
ambiente (BRASIL 1988)
Da mesma forma prevecirc a obrigaccedilatildeo de defender a fauna e flora vedando expressamente
praacuteticas que as coloquem em risco sua funccedilatildeo ecoloacutegica que poderiam gerar extinccedilatildeo de
espeacutecies ou mesmo que submetam animais natildeo humanos a qualquer niacutevel de crueldade Deve-
se lembrar que tambeacutem traz a possibilidade de sanccedilotildees para aqueles pessoa fiacutesica ou juriacutedica
que violar estes direitos ora visto a fauna e flora nacional eacute caracterizada como patrimocircnio
nacional(BRASIL 1988)
Eacute de suma importacircncia observar que tal artigo soacute fez-se constar na constituiccedilatildeo de 1988
apoacutes a proclamaccedilatildeo da Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Animais feita pela UNESCO no ano
de 1978 No corpo do texto percebe-se a existecircncia do direito dos animais em funccedilatildeo aos crimes
e desprezo cometidos contra os animais natildeo humanos em funccedilatildeo de uma coexistecircncia saudaacutevel
entre as espeacutecies no mundo jaacute que satildeo seres semelhantes como consta no preacircmbulo da mesma
declaraccedilatildeo (UNESCO 1978) Faz-se necessaacuterio citar alguns de seus artigos ldquoARTIGO 1
Todos os animais nascem iguais diante da vida e tecircm o mesmo direito agrave existecircnciardquo
demonstrando um posicionamento ao menos legal em relaccedilatildeo agrave igualdade e existecircncia dos
animais natildeo humanos como tambeacutem o artigo 2
a) Cada animal tem direito ao respeito b)O homem enquanto espeacutecie animal
natildeo pode atribuir-se o direito de exterminar os outros animais ou exploraacute-los
violando esse direito Ele tem o dever de colocar a sua consciecircncia a serviccedilo dos outros
animais c)Cada animal tem direito agrave consideraccedilatildeo agrave cura e agrave proteccedilatildeo do homem
(UNESCO 1978)
Onde traz obrigaccedilatildeo normativa de respeito dos animais humanos perante os animais natildeo
humanos manifestando o dever agrave consideraccedilatildeo e consciecircncia do primeiro em relaccedilatildeo ao
segundo vedando a exploraccedilatildeo dos mesmos da mesma maneira os artigos 4 e 5
ARTIGO 4 a) Cada animal que pertence a uma espeacutecie selvagem tem o direito de
viver livre no seu ambiente natural terrestre aeacutereo e aquaacutetico e tem o direito de
reproduzir-se b)A privaccedilatildeo da liberdade ainda que para fins educativos eacute contraacuteria
a este direito
ARTIGO 5 a)Cada animal pertencente a uma espeacutecie que vive habitualmente no
ambiente do homem tem o direito de viver e crescer segundo o ritmo e as condiccedilotildees
de vida e de liberdade que satildeo proacuteprias de sua espeacutecie b)Toda a modificaccedilatildeo imposta
pelo homem para fins mercantis eacute contraacuteria a esse direito(UNESCO 1978)
De forma a demonstrar aqui o direito agrave uma vida livre em ambiente adequado e propiacutecio
agrave reproduccedilatildeo garantindo assim a continuidade da fauna ldquoARTIGO 7 Cada animal que trabalha
17
tem o direito a uma razoaacutevel limitaccedilatildeo do tempo e intensidade do trabalho e a uma alimentaccedilatildeo
adequada e ao repousordquo revelando que os animais natildeo humanos assim como os humanos tem
direito de uma jornada digna de trabalho sem que com isso sejam explorados mais do que eacute
aceitaacutevel para uma vida adequada agraves suas condiccedilotildees fiacutesicas ldquoARTIGO 10 Nenhum animal
deve ser usado para divertimento do homem A exibiccedilatildeo dos animais e os espetaacuteculos que
utilizem animais satildeo incompatiacuteveis com a dignidade do animalrdquo expressando nitidamente que
os animais natildeo humanos natildeo satildeo brinquedos posse objeto para divertimento dos animais
humanos ora ponto serem animais que merecem respeitoagrave sua dignidade ldquoARTIGO 11 O ato
que leva agrave morte de um animal sem necessidade eacute um biociacutedio ou seja um crime contra a
vidardquo findando esta citaccedilatildeo pela clara declaraccedilatildeo de expressa vedaccedilatildeo ao assassinato dos
animais natildeo humanos sem que para isso haja um motivo vaacutelido e plenamente
justificaacutevel(UNESCO 1978)
Assim como Bruno Amaro Lacerda traz em sua obra Pessoa Dignidade e Justiccedila a
questatildeo dos direitos dos animais Eacutetica e Filosofia Poliacutetica animais natildeo humanos estatildeo em um
conviacutevio iacutentimo com os animais humanos de forma a em muitos casos criando viacutenculos afetivos
como um membro ativo no meio familiar ao ponto de ateacute ocorrerem lides em relaccedilatildeo a sua
tutela Da mesma forma quando se pensa sobre o que tange o ramo laboral os animais natildeo
humanos em muito foram e satildeo necessaacuterios para a continuidade de vaacuterias categorias de trabalho
(LACERDA 2012)
Eacute imperioso lembrar que no sistema normativo paacutetrio os animais natildeo humanos jaacute foram
considerados como coisas e tendo sua caracterizaccedilatildeo posteriormente alterada para bens
semoventes pelo Coacutedigo Civil ldquoArt 82 Satildeo moacuteveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio
ou de remoccedilatildeo por forccedila alheia sem alteraccedilatildeo da substacircncia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-
socialrdquo (BRASIL 2002)
Sobre o tema a classificaccedilatildeo juriacutedica dos animais natildeo humanos dentro do campo
normativo brasileiro Heron Santana Gordilho (2006) trata em seu trabalho ao apresentar o
fundamento moral da correta compreensatildeo das caracteriacutesticas e correta classificaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos para se romper os paradigmas atuais da caracterizaccedilatildeo dos animais natildeo
humanos comeccedila com uma reformulaccedilatildeo da proacutepria consciecircncia humana por se tratar nada
mais do que um padratildeo de compreensatildeo exclusivamente humano ora que se eacute haacutebil de notar
aos animais natildeo humanos a presenccedila de caracteriacutesticas tanto fiacutesicas quanto mentais que muito
se assemelham as apresentadas pelos animais humanos como se pode observar no trecho
retirado de sua obra
18
As ciecircncias empiacutericas tecircm descoberto habilidades linguiacutesticas nos grandes primatas
que acabaram por ter significativas implicaccedilotildees na teoria moral ao demonstrar que a
doutrina tradicional que vecirc a espeacutecie humana como seres ontologicamente distintos
dos animais eacute fundamentalmente falsa e inconsistente (GORDILHO 2006 p54)
Uma vez que segundo o Gordilho os animais natildeo humanos satildeo capazes de possuir
alguma razatildeo expondo que ldquoA diferenccedila especiacutefica do homem em relaccedilatildeo aos animais residiria
no fato de que apenas o homem tem conhecimento de si mesmo apenas ele eacute um ser pensante
pois sua realidade eacute idecircntica agrave sua idealidaderdquo (GORDILHO 2006 P 53) sem que para tanto
deixasse de constar que mesmo os animais humanos por muitas vezes vem a natildeo ter tal
capacidade diferenciadora (GORDILHO 2006)
Mesmo o artigo 82 natildeo tendo sofrido alteraccedilatildeo entre o Coacutedigo de Processo Civil de 2002
e o de 2015 o tratamento juriacutedico relativo aos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo vigente a
discussatildeo e hermenecircutica do supracitado artigo sofreu alteraccedilotildees em virtude de serem capazes
de sentir dor tornando-se assim como seres viventes o que nitidamente se difere de coisa como
apontado por Haydeeacute Fernanda Cardoso em 2007 ao questionar aquela que era a classificaccedilatildeo
dos animais natildeo humanos agrave sua eacutepoca
Natildeo se pode ver como coisa seres viventes pois tais elementos mostram a existecircncia
de vida natildeo apenas no plano moral e psiacutequico mas tambeacutem bioloacutegico mecacircnico como
podem alguns preferir e vice-versa
O conhecimento juriacutedico-dogmaacutetico hoje encontra-se ultrapassado natildeo apenas em
funccedilatildeo de animais considerados inteligentes mas sim em funccedilatildeo de seres sencientes
capazes de sentir cada um a seu modo e de individualizarem-se estabelecendo
relaccedilotildees sociais entre si ou com humanos constituindo-se velado e inadequado o
tratamento dispensado inclusive mostrando-se incompatiacutevel com os proacuteprios fins
deste Direito ldquoatualrdquo de eacutetica invertida [] (CARDOSO 2007 p 132)
Na mesma obra Cardoso ainda discute sobre a possibilidade dos animais natildeo humanos
de serem aptos a possuir personalidade juriacutedica algo que na contemporaneidade vem-se sendo
alvo de diversas discussotildees no paracircmetro das lides juriacutedicas em virtude da proteccedilatildeo conferida
aos animais humanos e sua comparaccedilatildeo para com os direitos concedidos aos animais natildeo
humanos assim como a proacutepria evoluccedilatildeo desta personalidade em relaccedilatildeo aos seres humanos
historicamente falando como podemos observar pelas palavras da Autora
Assim que em dados momentos sua compreensatildeo natildeo abrangeu seres humanos
considerados escravos ou mesmo crianccedilas embora se reconhecesse entes morais (as
corporaccedilotildees) que apesar do elemento humano que guardam recebiam proteccedilatildeo em
funccedilatildeo do direito patrimonial enquanto natildeo se reconhecia a homens individuais de
modo a garantir-lhes necessidades primitivas mantedoras da vida digna direitos
humanos fundamentais
Hoje conferimos proteccedilatildeo a todos os homens ainda que suas faculdades mentais natildeo
sejam plenas ainda que natildeo tenham capacidade racional ou mesmo consciecircncia ainda
19
que seus atributos mentais estejam limitados agrave mera resposta a estiacutemulos baacutesicos como
a dor ou a fome mas ainda assim natildeo sendo capazes de expressar qualquer desejo
que seja mesmo simples desejo de comer natildeo sejam capazes de se comunicar ainda
que apenas por gestos sendo a comunicaccedilatildeo demanda expressatildeo volitiva e
ultrapassando o limite das palavras Conferimos tambeacutem proteccedilatildeo a homens que natildeo
sabem falar porque entendemos que tecircm outras maneiras de se expressar mesmo que
sejam limitados no atributo da fala E a todos esses protegemos natildeo como coisas mas
sim como pessoas porque satildeo semelhantes a noacutes []
Portanto natildeo eacute a capacidade racional e cognitiva ou mesmo a fala requisito de uma
personalidade juriacutedica ateacute porque os animais possuem as duas primeiras segundo
provado por outras ciecircncias possuindo inclusive consciecircncia (CARDOSO 2007 p
133)
Em 12 de fevereiro de 1998 foi promulgada a Lei nordm 9605 tratando sobre os crimes
contra o meio ambiente trazendo de forma direta o impedimento a vaacuterios embargos relativas
aos animais natildeo humanos assim como transcreve-se aqui no artigo 29 ldquoMatar perseguir caccedilar
apanhar utilizar espeacutecimes de fauna silvestre nativos ou em rota migratoacuteria sem a devida
permissatildeo licenccedila ou autorizaccedilatildeo da autoridade competente ou em desacordo com a
obtida[]rdquo nos artigos que se seguem continuam a se tratar das vedaccedilotildees tanto no que se fala
das proibiccedilotildees relativas agrave fauna brasileira quanto a fauna estrangeira sem deixar de tratar dos
animais natildeo humanos de longa pratica de domesticaccedilatildeo como catildees e gatos assim como no
artigo 32 sect1ordm onde transporta as penas quando o crime eacute praticado contra catildees e gatos Ainda
penaliza os que geram danos por meio de poluiccedilatildeo e com isso reflitam negativamente em
relaccedilatildeo aos animais natildeo humanos como descrito no ser artigo 54 (BRASIL 1998)
Ainda quando se trata de direitos dos animais como um todo natildeo se pode deixar de
constar a Lei nordm 11126 de 27 de junho de 2005 posteriormente alterada e devidamente
motivada a aplicabilidade pela Lei nordm 13146 de 2015 sobre o acesso de catildees-guias agrave locais
puacuteblicos como se lecirc em seu artigo 1ordm redigido
Eacute assegurado agrave pessoa com deficiecircncia visual acompanhada de catildeo-guia o direito de
ingressar e de permanecer com o animal em todos os meios de transporte e em
estabelecimentos abertos ao puacuteblico de uso puacuteblico e privados de sua coletivo desde
que observadas as condiccedilotildees impostas por esta Lei (BRASIL 2015a)
Onde outrora devido a um texto inespeciacutefico natildeo se fazia cumprir a Lei de forma correta
ao deixar lacunas em sua interpretaccedilatildeo vez que somente dissertava por permitir a entrada e
permanecircncia em transportes e locais puacuteblicos e privados de uso coletivo mas natildeo trazendo a
generalidade e especificidade de tais locais de maneira a por muitas vezes ter esse direito
negado obrigando que a Lei de 2015 revisasse e desse nova redaccedilatildeo aos artigos 1ordm e seu
paraacutegrafo 2ordm da Lei de 2005 (BRASIL 2015a)
20
A luta pelos direitos dos animais natildeo satildeo apenas uma funccedilatildeo legislativa o que fica
demonstrado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) que em 2019 ofertou pela primeira vez uma
disciplina de direito dos animais para seus alunos regulares assim como a comunidade em geral
em conjunto com o Grupo de Estudos sobre os Direitos Animais e Interseccionalidades como
foi noticiado pela proacutepria instituiccedilatildeo em seu canal de notiacutecias em 29 de julho do mesmo ano em
mateacuteria de Carolina Pires(PIRES 2019)
O Brasil ainda tem muito o que evoluir no tocante dos direitos dos animais natildeo humanos
comeccedilando pela exploraccedilatildeo pela ciecircncia assim como Laerte Fernando Levai lembra ao citar
uma passagem de Maria Lacerda de Moura em sua obra Civilizaccedilatildeo ndash Tronco de Escravos
publicado em 1931 mas que de nada se difere da realidade atual
Natildeo compreendo a vivissecccedilatildeo a natildeo ser como um deliacuterio de perversidade inominaacutevel
nem chego a ver a vantagem da embriaguez cientiacutefica que potildee milhares de cobaias e
catildees e qualquer espeacutecie de animal agrave mercecirc dos cientistas [] vaidosos de fazer sofrer
os ldquomaacutertires da ciecircnciardquo em nome de um princiacutepio ou de uma descoberta ou de uma
pesquisa ou dos problemaacuteticos benefiacutecios daiacute resultantes para todo o gecircnero humano
[] O homem continuaraacute a descer sempre bem para baixo de todos os siacutemios na sua
maldade de criatura civilizada para estimular todas as virulecircncias desde as guerras
ateacute o prazer satacircnico de martirizar os animais em nome do humanitarismo ciacutenico A
crueldade nunca poderaacute ser um caminho para o aperfeiccediloamento humano A ciecircncia
natildeo se adquire com crueldade Se a fisiologia natildeo pode se adiantar sem infligir
horriacuteveis torturas aos animais indefesos eacute melhor que a fisiologia fique onde estaacute A
humanidade pode progredir sem a fisiologia poreacutem natildeo poderaacute progredir sem a
piedadeMoura (MOURA 1932 apud LEVAI 2012)
Vale constar que em Santa Catarina no dia 22 de dezembro de 2003 por meio da Lei
Estadual nordm 12854 ficou instituiacutedo o Coacutedigo Estadual de Proteccedilatildeo aos Animais pelo seu artigo
2ordm e seus incisos fica por vedar a agressatildeo causar sofrimento de qualquer espeacutecie a animais
sejam silvestres domeacutesticos ou que se possam domesticar nativos ou exoacuteticos afim de
garantir-lhes plenas condiccedilotildees de existecircncia assim como criar animais em locais inapropriados
como lixeiras ou enclausurados sem deixar de citar a expressa vedaccedilatildeo ao abandono de animais
domeacutesticos Ainda tratando sobre as atribuiccedilotildees da lei como da fauna exoacutetica normatizando
os animais natildeo humanos usados para traccedilatildeo veicular tambeacutem trazendo as regras estaduais para
transporte seguro dos animais natildeo humanos como seu abate sem esquecerdas diretrizes para
animais de laboratoacuterios experimentados nos centros de pesquisa ou instituiccedilotildees de educaccedilatildeo
que deveratildeo ser devidamente registrados e certificados para possibilitar a devida fiscalizaccedilatildeo
seja por meio de relatoacuterios como prevecirc o artigo 19 seja pela obrigaccedilatildeo de presenccedila de
profissionais habilitados sempre que forem ser realizados experimentos de vivissecccedilatildeo como
descrito no sect2ordm do artigo 20 (SANTA CATARINA 2003)
21
23 ANAacuteLISE SOBRE A LEI 2172019 DO MUNICIacutePIO DE CURITIBANOSSC
No acircmbito das legislaccedilotildees contemporacircneas brasileiras haacute uma lei promulgada em
2019 onde eacute observado um claro retrocesso no tangente deste tema Em Curitibanos Santa
Catarina no ano de 2019 foi proposta e posta em circulaccedilatildeo a Lei Complementar de nordm
2172019 sob o nome de ldquoInstitui o Coacutedigo de Proteccedilatildeo e Bem-estar animal no acircmbito do
municiacutepio de Curitibanos e daacute outras providecircnciasrdquo a qual traz uma proibiccedilatildeo taacutecita de cuidar
alimentar proporcionar fonte de aacutegua para animais que vivem nas ruas como se pode observar
na subseccedilatildeo II do catildeo comunitaacuterio
Art 11 Fica reconhecida a figura do catildeo comunitaacuterio sendo o animal sem proprietaacuterio
ou tutor identificado e que estabelece com a comunidade em que vive laccedilos de
dependecircncia e de manutenccedilatildeo embora natildeo possua responsaacutevel uacutenico e definido
Art 12 O acesso a aacutegua alimentaccedilatildeo cuidados com a sauacutede higiene e demais atos
necessaacuterios agrave preservaccedilatildeo do bem-estar dos catildees comunitaacuterios natildeo poderatildeo ser
realizados em vias de circulaccedilatildeo passeio praccedilas e demais ambientes puacuteblicos
(CURITIBANOS 2019)
Jaacute na parte de penalizaccedilotildees da mesma Lei em seu Capiacutetulo IV DAS INFRACcedilOtildeES
E PENALIDADES caracterizam que aquele que infringe tal proibiccedilatildeo ocorre em infraccedilatildeo de
natureza meacutedia onde tambeacutem consta maus-tratos ao animal tutelado como se observa em seu
artigo 34 inciso II e suas aliacuteneas
Art 34 Constitui infraccedilatildeo contra as normas de bem-estar dos animais domeacutesticos ou
domesticados a inobservacircncia de qualquer preceito desta lei ou da legislaccedilatildeo
complementar ficando o infrator sujeito agraves penalidades e medidas administrativas
previstas nos artigos 30 e 31 desta Lei Complementar conforme o caso aleacutem das
demais puniccedilotildees legalmente previstas
II - Constitui-se infraccedilatildeo de natureza meacutedia
a) A exposiccedilatildeo contiacutenua do animal ao sol chuva calor e frio e em caso de
confinamento enclausuraacute-los em espaccedilos uacutemidos sem ventilaccedilatildeo
b) Privar o animal de aacutegua limpa e potaacutevel e alimento adequado e em abundacircncia em
recipientes limpos
c) Exercitaacute-los de maneira excessiva e sem descanso adequado
d) Utilizar o animal em situaccedilotildees de enfrentamento fiacutesico entre animais da mesma
espeacutecie ou de espeacutecies diferentes em locais puacuteblicos ou privados
e) Disponibilizar alimentaccedilatildeo e aacutegua em vias de circulaccedilatildeo passeio praccedilas e demais
ambientes puacuteblicos (CURITIBANOS 2019)
De forma a demonstrar um claro regresso nas conquistas alcanccediladas em relaccedilatildeo aos
direitos dos animais natildeo humanos vez que reduz a capacidade de bem-estar animal de ser
repartida com a sociedade aumentando os encargos do estado para com os animais natildeo
22
humanos que se encontram em situaccedilatildeo de abandono e descaso vivendo sem as devidas
condiccedilotildees sanitaacuterias nutricionais de seguranccedila e bem-estar nas vias puacuteblicas sem que para
tanto apresente uma contrapartida do Municiacutepio para garantir que os cuidados vetados agrave
particulares sejam repassados aos entes puacuteblicos apenas reduzindo drasticamente as chances
de alcance de condiccedilotildees mais dignas a sua sobrevivecircncia miacutenima (CURITIBANOS 2019)
24 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 722020 DE PENHASC
A Cacircmara Municipal de Penha Santa Catarina aprovou do dia 17 de agosto de
2020 de forma unanime um projeto de lei que entre seus artigos traz uma passagem que traz
a proibiccedilatildeo para os cachorros de latir trazendo como penalidade aos seus tutores em caso de
descumprimento uma multa no valor de R$ 2300000 A dita lei trata da perturbaccedilatildeo do
sossego enquadrando os animais natildeo humanos em seu art 2ordm II d
Art2ordm Para os efeitos desta lei aplicam-se as seguintes definiccedilotildees
[] II ndash PERTURBACcedilAtildeO DO SOSSEGO
[] d) provocando ou natildeo procurando impedir barulho produzido por animal que tem
guarda(PENHA 2020)
Eacute notoacuterio constar o eminente risco de se cair em maus-tratos animais para a garantia
do cumprimento da citada lei seja pelo uso de equipamentos anti-latidos que causam dor ou
mauestar ao animal seja pelo corte das cordas vocais dos cachorros ou mesmo sob as puniccedilotildees
aos animais natildeo humanos aplicadas em caso de desobediecircncia agrave norma jaacute que os cachorros satildeo
seres independentes alheios do domiacutenio humano Assim como afirma a advogada Ana Selma
Moreira ldquoO que me deixa temerosa em relaccedilatildeo a essa proposta eacute que esse tipo de dispositivo
coloca os animais em risco de maus-tratos e violaccedilatildeo dos direitos fundamentaisrdquo demonstrando
a temeridade da jurista em relaccedilatildeo ao risco que a lei ocasiona (MOREIRA 2020)
25 ANAacuteLISE PROJETO LEI Nordm 552017 DE PROIBICcedilAtildeO DE USO DE ANIMAIS EM
TESTES DE COSMEacuteTICOS
No dia 9 de outubro de 2020 foi aprovado no Plenaacuterio da Assembleia Legislativa o
Projeto de Lei de autoria do deputado Joatildeo Amin que tem por objetivo proibir o uso de animais
natildeo humanos em testes par a produccedilatildeo de produtos de beleza de higiene pessoal perfumes e
23
cosmeacuteticos em Santa Catarina O proacuteximo passo para a implementaccedilatildeo do Projeto de Lei eacute o
encaminhamento para sanccedilatildeo do Governo do Estado de Santa Catarina sobre esta fase o autor
do Projeto de Lei escreveu ldquoEspero que o governo estadual sancione e regulamente este projeto
que eacute muito importante para proteccedilatildeo dos animais Nossa intenccedilatildeo eacute impedir o uso
indiscriminado de animais em testes situaccedilatildeo que pode ser evitada com uma seacuterie de
alternativasrdquo (FLORIANOacutePOLIS 2020) demonstrando assim a relevacircncia da sanccedilatildeo desta lei
para a garantia do bem-estar dos animais natildeo humanos
No presente Projeto de Lei natildeo soacute se apresenta a necessidade da vedaccedilatildeo do uso dos
animais natildeo humanos no que tange os testes para a produccedilatildeo de cosmeacuteticos perfumes e
assemelhados como tambeacutem descreve de forma qualitativa a caracterizaccedilatildeo destes bens de
consumo para a devida garantia de que a lei caso seja aprovada pelo Governo Estadual seja
devidamente cumprida dentro dos seus objetivos ao exemplo de dizer que tais bens satildeo
preparaccedilotildees constituiacutedas de substacircncias naturais ou sinteacuteticas de uso externo no corpo dos
animais humanos como pele mucosas cabelo unhas dentes dentre outros para com o
objetivo esteacutetico higiecircnico proteccedilatildeo ou ainda odorizaccedilatildeo corporal ressalvando como excluiacutedos
da proposta de lei os medicamentos por meio de emenda substitutiva apresentada pelo relator
Jair Miotto (FLORIANOacutePOLIS 2020)
Outra medida dentro do Projeto de Lei para a garantia do eficaz cumprimento deste eacute a
instituiccedilatildeo de penalidades ao estabelecimentos de pesquisa profissionais ou anaacutelogos que
descumprirem as diretrizes levantadas no presente Projeto de Lei com penalidades progressivas
para multas e demais sanccedilotildees para tanto a instituiccedilatildeo de multa miacutenima de R$ 500000 (cinco
mil reais) podendo chegar ateacute o valor de R$ 1000000 (dez mil reais) sem contar juros e
correccedilotildees monetaacuterias segundo os iacutendices oficiais regularmente estabelecidos estabelecendo
ainda que em caso de reincidecircncia a multa podendo ser dobrada natildeo impedindo se somar a
multa a suspensatildeo temporaacuteria ou definitiva do alvaraacute de funcionamento da instituiccedilatildeo
(FLORIANOacutePOLIS 2020)
Jaacute enquanto sobre as puniccedilotildees relativas aos profissionais que descumprirem a lei esta
se daraacute por multa no valor miacutenimo de R$ 100000 (mil reais) podendo chegar ateacute o valor de R$
500000 (cinco mil reais) sem contar juros e correccedilotildees monetaacuterias segundo os iacutendices oficiais
regularmente estabelecidos com multa dobrada para casos de reincidecircncia estabelecendo ainda
puniccedilotildees para pessoas fiacutesicas sem excluir aquelas que sejam detentoras de funccedilatildeo puacuteblica civil
ou militar incluindo ainda instituiccedilotildees ou estabelecimentos de ensino organizaccedilotildees sociais ou
ainda quaisquer outras pessoas juriacutedicas indiferente de serem com ou sem fins lucrativos
puacuteblicos ou privados que vierem a descumpri os termos da lei (FLORIANOacutePOLIS 2020)
24
26 JULGADOS SOBRE A GUARDA ANIMAL E PROJETOS LEIS
A 4ordf Turma do STJ definiu por maioria de votos no dia 19 de junho de 2018 ser possiacutevel
a regulamentaccedilatildeo judicial de visitas a animais natildeo humanos de estimaccedilatildeo apoacutes a separaccedilatildeo de
casais que viviam em uma uniatildeo estaacutevel onde o Ministro Relator Luis Felipo Salomatildeo apontou
como se observa na ementa do caso
RECURSO ESPECIAL DIREITO CIVIL DISSOLUCcedilAtildeO DE UNIAtildeO ESTAacuteVEL
ANIMAL DE ESTIMACcedilAtildeO AQUISICcedilAtildeO NA CONSTAcircNCIA DO
RELACIONAMENTO INTENSO AFETO DOS COMPANHEIROS PELO
ANIMAL DIREITO DE VISITAS POSSIBILIDADE A DEPENDER DO CASO
CONCRETO 1 Inicialmente deve ser afastada qualquer alegaccedilatildeo de que a discussatildeo
envolvendo a entidade familiar e o seu animal de estimaccedilatildeo eacute menor ou se trata de
mera futilidade a ocupar tempo desta Corte Ao contraacuterio eacute cada vez mais recorrente
no mundo da poacutes- modernidade e envolve questatildeo bastante delicada examinada tanto
pelo acircngulo da afetividade em relaccedilatildeo ao animal como tambeacutem pela necessidade de
sua preservaccedilatildeo como mandamento constitucional (art 225sect1 inciso VII ndash ldquoproteger
a fauna e a flora vedadas na forma da lei as praacuteticas que coloquem em risco sua
funccedilatildeo ecoloacutegica provoquem a extinccedilatildeo de espeacutecies ou submetam os animais a
crueldaderdquo) 2 O Coacutedigo Civil ao definir a natureza juriacutedica dos animais tificou-os
como coisas e por conseguinte objetos de propriedade natildeo lhes atribuindo a
qualidade de pessoas natildeo sendo dotados de personalidade juriacutedica nem podendo ser
considerados sujeitos de direitos Na forma da lei civil o soacute fato de o animal ser tido
como de estimaccedilatildeo recebendo afeto da entidade familiar natildeo pode vir a alterar a
substacircncia a ponto de converter a sua natureza juriacutedica 3 No entanto os animais de
companhia possuem valor subjetivo uacutenico e peculiar aflorando sentimentos bastante
iacutentimos em seus donos totalmente diversos de qualquer outro tipo de propriedade
privada Dessarte o regramento juriacutedico dos bens natildeo se vem demonstrando suficiente
para resolver de forma satisfatoacuteria a disputa familiar envolvendo os pets visto que
natildeo se trata de simples discussatildeo atinente agrave posse e agrave propriedade 4 Por sua vez a
guarda propriamente dita ndash inerente ao poder familiar ndash instituto por essecircncia de
direito de famiacutelia natildeo pode ser simples e fielmente subvertida para definir o direito
dos consortes por meio do enquadramento de seus animais de estimaccedilatildeo
notadamente porque eacute um muacutenus exercido no interesse tanto dos pais quanto do filho
Natildeo se traraacute de uma faculdade e sim de um direito em que se impotildee aos pais a
observacircncia dos deveres inerentes ao poder familiar 5 A ordem juriacutedica natildeo pode
simplesmente desprezar o relevo da relaccedilatildeo do homem com seu animal de estimaccedilatildeo
sobretudo nos tempos atuais Deve-se ter como norte o fato cultural e da poacutes-
modernidade de que haacute uma disputa dentro da entidade familiar em que prepondera
o afeto de ambos os cocircnjuges pelo animal Portanto a soluccedilatildeo deve perpassar pela
preservaccedilatildeo a garantia dos direitos agrave pessoa humana mas precisamente o acircmago de
sua dignidade 6 Os animais de companhia satildeo seres que inevitavelmente possuem
natureza especial e como ser senciente ndash dotados de sensibilidade sentindo as
mesmas dores e necessidades biopsicoloacutegicas dos animais racionais - tambeacutem devem
ter o seu bem-estar considerado 7 Assim na dissoluccedilatildeo da entidade familiar em que
haja algum conflito em relaccedilatildeo ao animal de estimaccedilatildeo independentemente da
qualificaccedilatildeo juriacutedica a ser adotada a resoluccedilatildeo deveraacute buscar atender sempre a
depender do caso em concreto aos fins sociais atentando para a proacutepria evoluccedilatildeo da
sociedade com a proteccedilatildeo do ser humano e do seu viacutenculo afetivo com o animal 8
Na hipoacutetese o Tribunal de origem reconheceu que a cadela fora adquirida na
constacircncia da uniatildeo estaacutevel e que estaria demonstrada a relaccedilatildeo de afeto entre o
recorrente e o animal de estimaccedilatildeo reconhecendo o seu direito de visitas ao animal
o que deve ser mantido 9 Recurso especial natildeo provido (BRASIL 2018a)
25
Mesmo ainda sendo definidos como coisas pelo Coacutedigo Civil como apontado pelo
mesmo relator foi apontado que os animais natildeo humanos satildeo objetos de relaccedilotildees juriacutedicas uma
vez ainda que como aponta a pesquisa do IBGE jaacute existem mais catildees e gatos nos lares
brasileiros do que crianccedilas desta forma demonstrando a relevacircncia do viacutenculo afetivo entre os
animais humanos e os animais natildeo humanos assegurando ainda a preservaccedilatildeo das garantias do
artigo 225 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (BRASIL 2018a)
A Juiacuteza de Direito Karen Francis Schubert Reimer da 3ordf Vara da Famiacutelia de Joinville
Santa Catarina tambeacutem discutiu a guarda de animais natildeo humanos discutindo a sua natureza
juriacutedica na sua decisatildeo No caso da lide apoacutes a separaccedilatildeo ficou decidido que cada uma das partes
ficaria com a guarda de um dos catildees que possuiacuteam na constacircncia do matrimocircnio ainda decidiu
a possibilidade de visitas entre as partes e os catildees e as partes sem sua guarda igualmente ao
relator do STJ o status de coisa dado pelo Coacutedigo Civil brasileiro aos animais natildeo humanos a
magistrada apontou ldquoNossa legislaccedilatildeo atual o Coacutedigo Civil Brasileiro de 2002 estabelece que
o animal possui status juriacutedico de coisa Ou seja eacute um objeto de propriedade do homem e que
conteacutem expressatildeo econocircmicardquo usando esta colocaccedilatildeo para justificar sua decisatildeo onde
determina que seraacute o homem o responsaacutevel por todas as despesas de veterinaacuterio medicaccedilatildeo e
vacinas tanto para o cachorro em sua guarda quanto para o cachorro sob a guarda de sua ex-
esposa (SANTA CATARINA 2017)
Vale ressaltar que a magistrada apontou a necessidade de que os animais natildeo humanos
sejam enquadrados em uma categoria intermediaacuteria entre coisas e pessoas citando o Projeto de
Lei do Senado PLS 31515 que trata sobre a natureza juriacutedica dos animais natildeo humanos onde
dispotildees sobre a alteraccedilatildeo do artigo 82 do Coacutedigo Civil natildeo tratando mais os animais natildeo
humanos como coisas entatildeo trouxe a fala ldquoNatildeo se trata de equiparar os cachorros aos filhos
aos seres humanos O que se busca eacute reconhecer que nem sempre os animais devem receber
tratamento de coisa ou de objetordquo (SANTA CATARINA 2017)
Sobre o tema eacute vaacutelido constar que o Governo de Santa Catarina na data de 17 de janeiro
de 2018 por meio da Lei nordm 17485 veio a alterar a Lei nordm 12854 de 2003 que instituiu o Coacutedigo
Estadual de Proteccedilatildeo dos animais Com a presente lei veio a fim de se reconhecer catildees gatos e
cavalos como seres sencientes trazendo a incluir ao dito coacutedigo o artigo 34 ndash A ldquoPara os fins
desta Lei catildees gatos e cavalos ficam reconhecidos como seres sesncientes sujeitos de direito
que sentem dor e anguacutestia o que constitui o reconhecimento da sua especificidade e das suas
caracteriacutesticas face a outros seres vivosrdquo fazendo assim constar um grande diferencial
normativo de uma lei estadual perante a legislaccedilatildeo paacutetria ora que enquanto no que tange as leis
a niacutevel federal tal interpretaccedilatildeo somente se encontra no campo doutrinaacuterio jurisdicional e de
26
projeto de lei em niacutevel estadual em Santa Catarina os animais natildeo humanos jaacute satildeo
classificados desde 2018 como seres sencientes pela letra da lei (SANTA CATARINA 2018)
Ainda na mesma linha o Senado Nacional tramita no CCJ o Projeto de Lei PLS 54218
para regulamentar a guarda compartilhada de animais de estimaccedilatildeo quando em caso de
divoacutercios ou dissoluccedilotildees de Uniotildees Estaacuteveis determinando para tanto que o animal natildeo humano
que possa ser alvo de tal discussatildeo de guarda de acordo com seu artigo 1ordm aquele ldquocujo tempo
de vida tenha transcorrido majoritariamente na constacircncia do casamento ou da uniatildeo estaacutevelrdquo
(BRASIL 2018b) definindo ainda quais as condiccedilotildees para a guarda visitas ambiente
adequado para moradia do animal natildeo humano a quem incumbiraacute as despesas do animal natildeo
humano guardado assim como as consequecircncias relativas agrave risco de violecircncia ou maus-tratos
ao animal natildeo humanos sobre sua guarda ou em sua visita Apresenta-se para anaacutelise tal PL
com o texto
Estabelece o compartilhamento da custoacutedia de animal de estimaccedilatildeo de propriedade
em comum quando natildeo houver acordo na dissoluccedilatildeo do casamento ou da uniatildeo estaacutevel Altera o Coacutedigo de Processo Civil para determinar a aplicaccedilatildeo das normas
das accedilotildees de famiacutelia aos processos contenciosos de custoacutedia de animais de estimaccedilatildeo
(BRASIL 2018b)
Atualmente essa PLS encontra-se em aguardo de designaccedilatildeo e relator desde 25 de
marccedilo de 2019 Tal projeto de lei vem a demonstrar uma nova visatildeo sobre a interaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos e humanos e abrindo precedentes para uma nova classificaccedilatildeo dos
animais natildeo humanos perante o Coacutedigo Civil (BRASIL 2018b)
Na mesma linha de discussatildeo da Magistrada se faz necessaacuterio constar a declaraccedilatildeo feita
por um grupo de juristas e especialistas em sauacutede e comportamento animal ingleses durante a
Conferecircncia de Francis Crick sediada na Universidade de Cambridge no dia 7 de julho de 2012
A ausecircncia de um neurocoacutertex natildeo parece impedir que um organismo experimente
estados afetivos Evidecircncias convergentes indicam que os animais natildeo humanos tecircm
os substratos neuroanatocircmicos neuroquiacutemicos e neurofisioloacutegicos de estado de
consciecircncia juntamente com a capacidade de exibir comportamentos intencionais
Consequentemente o pelo das evidecircncias indicam que os humanos natildeo satildeo os uacutenicos
a possuir os substratos neuroloacutegicos que geram a consciecircncia Animais natildeo humanos
incluindo todos os mamiacuteferos e as aves e muitas outras criaturas incluindo nestes os
polvos tambeacutem possuem esses substratos neuroloacutegicos (CAMBRIDGE 2012)
Em tal relato obteve-se as palavras de um grupo de especialistas tanto no campo
juriacutedico quanto nos campos de comportamento e medicina animal de forma a admitir que natildeo
seriam apenas os animais humanos capazes de serem dotados de consciecircncia demonstrando
27
estes serem capazes de pensar sentir e raciocinar natildeo sendo simplesmente coisas
(CAMBRIDGE 2012)
Tramita no Senado o Projeto de Lei nordm 631 de 2015 onde visa alterar a redaccedilatildeo do artigo
32 da Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 vem a vedar que sem motivos justificaacuteveis se
venha a causar dor lesatildeo ou sofrimento aos animais natildeo humanos desenvolver a
conscientizaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo para a guarda responsaacutevel dos animais natildeo humanos classificando
a integridade fiacutesica e mental assim como o bem-estar dos animais natildeo humanos como interesse
difuso devendo destacar o sect2ordm do artigo 4ordm da PL ldquoAos animais deve ser dispensada a dignidade
de tratamento reservada aos seres sencientesrdquo (BRASIL 2015b) demonstrando claramente sua
natureza de seres dotados de sensibilidade e natildeo de status de coisa assim como os sectsect 3ordm e 4ordm do
mesmo artigo
sect3ordm Os animais tecircm interesses individuais e coletivos distintos dos interesses
individuais e coletivos dos seres humanos devendo a autoridade no caso de colisatildeo
de interesses proceder a uma ponderaccedilatildeo que natildeo se confine a juiacutezos de utilidade ou
de funcionalizaccedilatildeo das interesses individuais e coletivos dos seres humanos
sect4ordm Na ausecircncia de disposiccedilotildees em contraacuterio os animais se beneficiam da proteccedilatildeo
juriacutedica conferida agraves coisas e agraves pessoas juriacutedicas (BRASIL 2015b)
Trazendo uma grande inovaccedilatildeo relativa aos direitos dos animais natildeo humanos onde
lhes proporciona a garantia da proteccedilatildeo juriacutedica dada agraves pessoas juriacutedicas Tal PL se apresenta
para anaacutelise com o texto
Institui o estatuto de proteccedilatildeo dos animais considerando-a como interesse difuso
estabelece o direito agrave proteccedilatildeo agrave vida e ao bem-estar a vedaccedilatildeo de praacuteticas e atividades
que se configurem como crueacuteis ou danosas da integridade fiacutesica e mental tipifica os
maus-tratos e dispotildees sobre infraccedilotildees e penalidades (BRASIL 2015b)
Este protejo de lei se encontra em aguardo de inclusatildeo na ordem do dia de requerimento
tendo como Relator o Senador Pliacutenio Valeacuterio (BRASIL 2015b)
Entende-se que embora os animais natildeo humanos faccedilam parte de forma direta e
entrelaccedilada com os animais humanos ainda se encontra como um grande problema perante a
nossa legislaccedilatildeo sendo seu sistema normativo uma novidade e de completo desconhecimento
de um grande percentual brasileiro ora visto como um direito extravagante que natildeo consideraria
uma expressatildeo da realidade suprimindo necessidades atuais em contraposto da relaccedilatildeo afetiva
por muitos julgada como transbordando os limites de humanidade (FIORILLO 2019)
Assim no presente capiacutetulo foi analisada a evoluccedilatildeo histoacuterica legislativa dos direitos
dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo brasileira ateacute a contemporaneidadedo estado
28
atual de seus direitos incluindo julgados projetos de lei suacutemulas sem deixar de constar ateacute
retrocessos legislativosdos direitos em questatildeoPela teacutecnica bibliograacutefica onde se buscouesta
anaacutelise da forma mais completatentandoenglobar omaacuteximo deinformaccedilotildees parase chegar agrave
mais ampla anaacutelise dos direitos dos animais natildeo humanos no Brasil
Desta forma foi possiacutevel se observar que o primeiro relato normativo brasileiros no
Municiacutepio de Satildeo Paulo trazendo vedaccedilotildees e regulamentaccedilotildees para os animais em labuta
passando pela inclusatildeo de normas dentro da constituiccedilatildeo federativa sumulassem deixar de citar
asleis infraconstitucionais
Para continuidade do presente trabalho no capitulo que se segue seraacute apresentada uma
anaacutelise realizada da mesma forma do presente capitulo poreacutem no tangente agrave evoluccedilatildeo histoacuterica
e legislaccedilatildeo atual dos direitos dos animais em Portugal
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3 HISTOacuteRICO E ATUALIDADE NA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA
Neste capiacutetulo tem-se como objetivo trazer de forma sucinta a evoluccedilatildeo histoacuterica no que
tange o direito dos animais natildeo humanos na legislaccedilatildeo de Portugal trazendo para isto as
proacuteprias leis assim como relatos bibliograacuteficos sobre o tema
31 RELATO CRONOLOacuteGICO DA LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA DO DIREITO DOS
ANIMAIS NAtildeO HUMANOS
O direito dos animais natildeo humanos em Portugal surgiu no dia 16 de setembro de 1886
com a promulgaccedilatildeo do Decreto Lei do Coacutedigo Penal Portuguecircs onde tratavam dos direitos dos
animais natildeo humanos entre os artigos 478 a 481 onde previam a penalizaccedilatildeo par aquele que
ferir matar envenenar abusar ou causar outros tipos de danos aos animais natildeo humanos
incluindo dentre eles a vedaccedilatildeo aos maus-tratos Contudo tipificavam os animais natildeo humanos
como animais de consumo (PORTUGAL 1886)
Somente quase 30 anos depois no datar de 12 de junho de 1919 foi assinado um Decreto
relativo a vedaccedilatildeo do uso excessivo de animais perante a labuta onde se determinavam limites
para o trabalho em que os animais natildeo humanos satildeo expostos impedindo desta forma a
exigecircncia exacerbada e abusiva perante suas capacidades individuais e coletivos (PORTUGAL
2001)
No iniacutecio do seacuteculo seguinte Portugal regulamentou para a aplicaccedilatildeo interna de forma
complementar as disposiccedilotildees da Convenccedilatildeo Europeia para a Proteccedilatildeo dos Animais de
Companhia aprovada pelo no dia 13 de abril no Decreto nordm 1393 de forma a definir quais os
dispositivos que se tornariam aplicaacuteveis no seu territoacuterio e excluindo no entanto todos aqueles
que tratem das espeacutecies da fauna selvagem exoacuteticas assim como seus descendentes quando
criados em cativeiro ainda ressaltando como natildeo aplicaacuteveis as normas que se dispusessem em
contradiccedilatildeo a legislaccedilatildeo infraconstitucional portuguesa (PORTUGAL 2001)
Esta legislaccedilatildeo veio a normatizar medidas ateacute entatildeo natildeo constantes na legislaccedilatildeo paacutetria
como ao exemplo do seu artigo 3ordm regulamentando os procedimentos e locais de alojamento no
que tange o exerciacutecio de reproduccedilatildeo para comercializaccedilatildeo de animais de companhia Traz ainda
inovaccedilotildees no que se fala de abandono onde natildeo se caracteriza mais o abandono somente como
largar em qualquer lugar mas tambeacutem pela negligecircncia como deixar de cuidar alimentar
cuidado com a higiene e devidas condiccedilotildees de sauacutede e proteccedilatildeo contra zoonoses ocasionando
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para aquele que nesta categoria de abandono for classificado a remoccedilatildeo do animal Natildeo
deixando de constar a necessidade expressa de que em caso de amputaccedilotildees deva haver
certificaccedilatildeo veterinaacuteria comprovando a necessidade de tal procedimento garantindo que estas
sejam realizadas por razotildees claramente medica-veterinaacuteria ou de interesse particular do animal
natildeo humano ou ainda para impedir sua reproduccedilatildeo impedindo desta forma amputaccedilotildees
meramente esteacuteticas ou por interesse unicamente de seu detentor permitindo maiores direitos
a integridade fiacutesica dos animais natildeo humanos perante motivaccedilotildees supeacuterfluas Tratando ainda
de normas para hospedagem e centro de recolhimento de animais natildeo humanosem seus
Capiacutetulos IV V VI VIII e X (PORTUGAL 2001)
Em substituiccedilatildeo do Decreto Lei nordm 2762001 em 17 de dezembro o Decreto Lei nordm
3152003 veio para inovar em alguns sentidos os direitos dos animais natildeo humanos excluindo
as aplicaccedilotildees de dispositivos do Decreto nordm 1393 da Convenccedilatildeo Europeia para a proteccedilatildeo de
Animais de Companhia no tangente da detenccedilatildeo de animais potencialmente perigosos
vislumbrando a necessidade de regulamentar a mateacuteria por diplomas proacuteprios utilizando para
tal regulamentaccedilatildeo os posicionamentos de oacutergatildeos governamentais proacuteprios das Regiotildees
Autocircnomas e a Associaccedilatildeo Nacional dos municiacutepios Portugueses Trazendo colocaccedilotildees como
ldquoExcluem-se do acircmbito de aplicaccedilatildeo deste diploma as espeacutecies da fauna selvagem autoacutectone e
exoacutetica e os seus descendentes criados em cativeiro objeto de regulamentaccedilatildeo especiacutefica e os
touros de liderdquo (PORTUGAL 2003b) assim como redefinindo hospedagem sem fins
lucrativos e para fins meacutedicos-veterinaacuterios para animais de companhia onde destaca o Plano
Nacional de Luta e Vigilacircncia da Raiva Animal e outras Zoonoses que natildeo se faziam constar
no decreto anterior ainda atualizando as regras para licenccedilas de funcionamento de tais locais
assim como regulando dimensotildees miacutenimas para sua instalaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo de atividades sejam
para animais natildeo humanos de sangue quente como cachorros e gatos ou sangue frio como
lagartos e sapos(PORTUGAL 2003b)
Um grande marco para o direito dos animais natildeo humanos em Portugal ocorreu com a
publicaccedilatildeo no dia 17 de dezembro do Decreto-Lei nordm 3132003 onde foi criado o Sistema de
Identificaccedilatildeo de Caninos e Felinos (SICAFE) onde estabeleceu diretrizes para a identificaccedilatildeo
eletrocircnica de catildees e gatos que servem de animais de companhia criando desta forma uma base
de dados nacional para esta identificaccedilatildeo permitindo a identificaccedilatildeo dos animais natildeo humanos
que satildeo viacutetima de abandono ainda como medidas sanitaacuterias e zooteacutecnicas juriacutedicas e
humanitaacuterias ainda aumentando a responsabilidade dos centros de criaccedilatildeo para
comercializaccedilatildeo de catildees e gatos de companhia (PORTUGAL 2003a)
31
Seria a criaccedilatildeo de um documento uacutenico que comporta o boletim sanitaacuterio destes animais
natildeo humanos contendo natildeo soacute informaccedilotildees cruciais destes como sexo e raccedila mas ainda
detalhes sobre procedimentos que os mesmos foram expostos e accedilotildees de profilaxia das quais
foi sujeito sendo de delegaccedilatildeo do seu detentor garantir que tais informaccedilotildees estejam corretas e
atualizadas incluindo dentre elas a carteira de vacinaccedilatildeo antirraacutebica (PORTUGAL 2003a)
No datar de 25 de janeiro de 2005 pela Uniatildeo Europeia foi promulgado o Regulamento
nordm 12005 que faz relaccedilatildeo a proteccedilatildeo dos animais natildeo humanos durante o transporte e operaccedilotildees
fins de forma a minimizar a duraccedilatildeo da viagem e satisfazer as necessidades dos animais
garantindo tambeacutem que os animais natildeo humanos devem estar aptos para efetuar a viagem assim
como os meios de transporte tanto quanto os equipamentos de carregamento e descarregamento
devem ser construiacutedos mantidos e utilizados de maneira a evitar lesotildees violecircncia ou
sofrimentos garantindo o bem-estar e a seguranccedila dos animais natildeo humanos durante o
deslocamento sendo de responsabilidade das autoridades nacionais inspecionar e aprovar os
veiacuteculos alvo de transporte de animais natildeo humanos seja por via mariacutetima ou rodoviaacuteria
(PORTUGAL 2005)
Ainda eacute vaacutelido mencionar o Decreto-Lei nordm 742007 promulgado dia 27 de marccedilo de
2007 onde trata da consagraccedilatildeo do direito ldquode acesso das pessoas com deficiecircncia visual
acompanhadas de catildees-guia a locais transportes e estabelecimentos puacuteblicosrdquo (PORTUGAL
2007a) tal constataccedilatildeo se faz pela evoluccedilatildeo nas teacutecnicas e condicionamento de formas de
treinamento de tais animais assim como da proteccedilatildeo sanitaacuteria dos catildees fora que determina os
direitos e responsabilidades dos catildees em treinamento e em serviccedilo ainda definindo os regimes
credenciamento responsabilidades e proibiccedilotildees relativas agraves famiacutelias que se promovem a receber
os catildees que seratildeo treinados demonstrando uma clara preocupaccedilatildeo no conforto seguranccedila e
vida dentro dos padrotildees de garantias para os catildees que agrave essa atividade forem direcionados
(PORTUGAL 2007a)
No mesmo ano o Parlamento Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia emitiu o
Regulamento nordm 1523007 do dia 11 de dezembro veio a proibir a colocaccedilatildeo no mercado assim
como a importaccedilatildeo e exportaccedilatildeo comunitaacuterias de peles de gato e de catildeo e de produtos que as
contenham uma vez que
Para os cidadatildeos da Uniatildeo Europeia os gatos e catildees satildeo animais de estimaccedilatildeo pelo
que natildeo eacute aceitaacutevel usar as suas peles nem produtos que as contenham Existem
indiacutecios da presenccedila da Comunidade de peles natildeo rotuladas de gato e de catildeo e de
produtos que as contecircm Consequentemente os consumidores estatildeo preocupados com
a possibilidade de poderem comprar peles de gato e de catildeo e produtos que as
contenham Em 18 de Dezembro de 2003 o Parlamento Europeu aprovou uma
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declaraccedilatildeo em que exprime a sua inquietaccedilatildeo a respeito do comeacutercio dessas peles e
produtos e solicita que se lhe ponha termo a fim de reestabelecer a confianccedila dos
consumidores e dos comerciantes[] (PORTUGAL 2007a)
Desta forma aleacutem de garantir que dentro comeacutercio interno de produtos de pele de catildees
e gatos natildeo estejam presentes ainda garante o bem-estar dos animais natildeo humanos ora que ao
se tratar de comercio irregular e ilegal levanta a praacutetica de maus-tratos para a obtenccedilatildeo de tais
mateacuterias primas (PORTUGAL 2007a)
32 LEGISLACcedilAtildeO PORTUGUESA CONTEMPORAcircNEA
Por meio da Lei nordm 3152009 publicada no dia 21 de agosto do mesmo ano foi
designado novos regramentos relativos aos animais natildeo humanos onde em seu artigo 1ordm trouxe
ldquoO presente decreto-lei aprova o regime juriacutedico da criaccedilatildeo reproduccedilatildeo e detenccedilatildeo de animais
perigosos e potencialmente perigosos enquanto animais de companhiardquo (PORTUGAL 2009b)
Aqui fica demonstrada a preocupaccedilatildeo da introduccedilatildeo de mais espeacutecies de animais natildeo humanos
no meio do conviacutevio em sociedade dos animais humanos sem que haja prejuiacutezo aos dizeres do
Decreto-Lei de 2009 este tenta regular animais natildeo humanos silvestres mas ressalva o direito
da manutenccedilatildeo da criaccedilatildeo e interaccedilatildeo de animais natildeo humanos e humanos enquanto nativos da
fauna selvagem indiacutegena respeitando desta maneira as peculiaridades de sua existecircncia Em
seu artigo 3ordm traz as classificaccedilotildees de animais natildeo humanos enquanto animal de companhia
animal perigoso animal potencialmente perigoso autoridade competente centro de recolha e
detentor fazendo este uacuteltimo o mais importante de se evidenciar
ltltDetentorgtgt qualquer pessoa singular maior de 16 anos sobre a qual recai o dever
de vigilacircncia de um animal perigoso ou potencialmente perigoso para efeitos de
criaccedilatildeo reproduccedilatildeo manutenccedilatildeo acomodaccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo com ou sem fins
comerciais ou que o tenha sob sua guarda mesmo que a tiacutetulo temporaacuterio
(PORTUGAL 2009b)
Trazendo uma nova concepccedilatildeo para aquele que possui um animal natildeo humano quando
se fala de perigosos e potencialmente perigosos evidenciando uma nova forma de considera-lo
enquanto ser sob guarda natildeo apresentando mais como uma posse mas sim como uma tutela
Vale ressaltar que o presente decreto natildeo se resume apenas a animais natildeo humanos considerados
de natureza selvagem ao denomina-los como animais perigosos e animais potencialmente
perigosos mas tambeacutem resguarda os direitos e deveres do detentor perante catildees que sejam
assim classificados perante o que classifica o artigo 3ordm em Capiacutetulo IV trata sobre as
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obrigatoriedades para a constacircncia de manutenccedilatildeo de catildees assim classificados em seu conviacutevio
como a obrigaccedilatildeo de treinamento e suas exigecircncias (PORTUGAL 2007b)
Ainda o presente decreto traz as penalidades para formas de maus-tratos ateacute entatildeo natildeo
mencionados nas legislaccedilotildees anteriores como para aqueles que promoverem ou participarem
de lutas entre animais natildeo humanos natildeo excluindo da puniccedilatildeo a mera tentativa e ainda
trazendo penas para quaisquer formas de ofensas agrave integridade fiacutesica dos animais natildeo humanos
na categoria dolosa ou de negligecircncia Eacute imprescindiacutevel constar sobre uma inovaccedilatildeo de grande
importacircncia trazida pelo decreto em questatildeo onde em seu artigo 38 vislumbra puniccedilotildees ao que
tange o profissional veterinaacuterio ou aquele que praticar as atividades a esse profissional
destinadas sem que tenha a devida certificaccedilatildeo para ministrar tais atividades (PORTUGAL
2009b)
No mesmo ano o Parlamento Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia no dia 30 de
novembro fez surgir um marco nos direitos dos animais natildeo humanos com a publicaccedilatildeo do
Regulamento nordm 12232009 no Jornal Oficial da Uniatildeo Europeia onde se trata das
regulamentaccedilotildees relativas ao uso de animais natildeo humanos enquanto para uso de testes em
produtos cosmeacuteticos De maneira a gerar diretrizes do que se permite ou se veda no que tange
a proteccedilatildeo dos animais natildeo humanos utilizados para fins experimentais prevendo regras comuns
para todos os Estados Membros da Uniatildeo Europeia exigindo que os ensaios realizados em
animais natildeo humanos sejam substituiacutedos por meacutetodos alternativos sempre que possiacutevel Ainda
regulamenta prazos para que seja efetuada a proibiccedilatildeo da comercializaccedilatildeo de produtos
cosmeacuteticos cuja formulaccedilatildeo final possuam ingredientes que tenham sido ensaiados em animais
assim como uma data para a proibiccedilatildeo de que sejam continuados os ensaios sobre animais
sendo estas datas respectivamente 11 de marccedilo de 2009 e 11 de marccedilo de 2013 coordenando
ainda uma construccedilatildeo para o desenvolvimento de meacutetodos cientiacuteficos alternativos aos testes em
animais natildeo humanos (PORTUGAL 2010)
O Parlamento Europeu e o Conselho da Uniatildeo Europeia publicaram no Jornal Oficial
da Uniatildeo Europeia na paacutegina 33 no datar de 20 de outubro de 2010 a Diretiva 201063EU
relativa agrave proteccedilatildeo dos animais utilizados para fins cientiacuteficos de forma a normatizar as
teacutecnicas formas cuidados dentre outros que devem ser tomados para se garantir o bem-estar
dos animais natildeo humanos dirigidos aos fins cientiacuteficos Ao exemplo ao tratar dos meacutetodos
podemos observar no seu toacutepico 14
Os meacutetodos selecionados deveratildeo evitar tanto quanto possiacutevel que o limite criacutetico do
procedimento seja a morte do animal devido ao sofrimento grave sentido durante o
periacuteodo que precede a morte Sempre que possiacutevel a morte deveraacute ser substituiacuteda por
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limites criacuteticos mais humanos recorrendo a sinais cliacutenicos que determinem a
iminecircncia da morte a fim de permitir que o animal seja occisado sem mais sofrimento
(PORTUGAL 2010)
Ainda se traz na supracitada Diretiva a clara vedaccedilatildeo a procedimentos que possam
ocasionar ameaccedila a biodiversidade como ao exemplo de se utilizar para estudos animais natildeo
humanos cuja espeacutecie corra risco de extinccedilatildeo ressalvado ao miacutenimo indispensaacutevel e
devidamente justificado ainda levanta a proximidade geneacutetica entre os animais natildeo humanos e
humanos assim como a capacidade social dos primatas natildeo humanos demonstrando a niacutetida
problemaacutetica de garantia do bem-estar das necessidades comportamentais ambientais e sociais
em um ambiente laboratorial (PORTUGAL 2010)
Mesmo apresentando uma evoluccedilatildeo sucinta no que tange o direito dos animais natildeo
humanos em Portugal ateacute entatildeo em 2017 o paiacutes promulgou uma lei que modificou de forma
significante esse tocante sendo a maior evoluccedilatildeo a alteraccedilatildeo dos animais do rol de coisas para
passar a serem considerados ldquoseres vivos dotados de sensibilidade e objeto de proteccedilatildeo juriacutedica
em virtude da sua naturezardquo (PORTUGAL 2017a) no Coacutedigo Civil portuguecircsdeve-se
evidenciar que este paiacutes tem relaccedilotildees de reciprocidade perante ao tratamento dos indiviacuteduos
humanos para com o Brasil pode-se ver uma evoluccedilatildeo significativamente relevante em razatildeo a
compreensatildeo e leis como fica claro quando observamos a lei aprovada de 1ordm de maio de 2017
lei nordm 82017 onde os animais natildeo humanos deixaram de serem coisas para a denominaccedilatildeo de
seres sencientes explicitado pela adiccedilatildeo do artigo 201ordm-B ldquoOs animais satildeo seres vivos dotados
de sensibilidade e objeto de proteccedilatildeo juriacutedica em virtude da sua naturezardquo (PORTUGAL
2017a) trazendo uma inovaccedilatildeo perante a classificaccedilatildeo dos animais natildeo humanos perante a
legislaccedilatildeo 201ordm-C ldquoProteccedilatildeo juriacutedica dos animais A proteccedilatildeo juriacutedica dos animais opera por
via das disposiccedilotildees do presente coacutedigo e da legislaccedilatildeo especialrdquo (PORTUGAL 2017)
demonstrando que natildeo se visa findar os deveres perante os direitos dos animais natildeo humanos
na presente lei 1793ordm-A ldquoAnimais de companhia Os animais de companhia satildeo confiados a
um ou ambos os cocircnjuges considerando nomeadamente os interesses de cada um dos cocircnjuges
e dos filhos do casal e o bem-estar do animalrdquo (PORTUGAL 2017) ao Coacutedigo Civil portuguecircs
leia-se o 1305ordm-A
Artigo 1305ordm-APropriedade de animais
1 - O proprietaacuterio de um animal deve assegurar o seu bem-estar e respeitar as
caracteriacutesticas de cada espeacutecie e observar no exerciacutecio dos seus direitos as
disposiccedilotildees especiais relativas agrave criaccedilatildeo reproduccedilatildeo detenccedilatildeo e proteccedilatildeo dos animais
e agrave salvaguarda de espeacutecies em risco sempre que exigiacuteveis
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2 - Para efeitos do disposto no nuacutemero anterior o dever de assegurar o bem-estar
inclui nomeadamentea) A garantia de acesso a aacutegua e alimentaccedilatildeo de acordo com as
necessidades da espeacutecie em questatildeob) A garantia de acesso a cuidados meacutedico-
veterinaacuterios sempre que justificado incluindo as medidas profilaacuteticas de identificaccedilatildeo
e de vacinaccedilatildeo previstas na lei
3 - O direito de propriedade de um animal natildeo abrange a possibilidade de sem motivo
legiacutetimo infligir dor sofrimento ou quaisquer outros maus-tratos que resultem em
sofrimento injustificado abandono ou morte (PORTUGAL 2017a)
Na mesma lei satildeo tratados os deveres daquele que possui um animal natildeo humano que
pela lei portuguesa satildeo denominados como proprietaacuterios Em seu texto obriga o proprietaacuterio
sob pena de multa agrave prisatildeo assegurar o pleno bem-estar dos animais natildeo humanos natildeo somente
garantindo-lhe alimentaccedilatildeo adequada para a sobrevivecircncia mas tambeacutem sua seguranccedila
cuidados veterinaacuterios fora a garantia de que o animal natildeo humano sobre seus cuidados natildeo
sofra de forma alguma maus-tratos seja este realizado diretamente pelo proprietaacuterio ou
terceiros (PORTUGAL 2017a)
Ainda eacute de suma importacircncia fazer constar que a lei em questatildeo natildeo somente atinge os
animais natildeo humanos ditos como domeacutesticos mas todo aquele que se encontra de alguma forma
sob a tutela humana ao exemplo os animais utilizados na pecuaacuteria como se observa na leitura
de seu artigo primeiro
Artigo 1ordm
Objeto
A presente lei estabelece um estatuto juriacutedico dos animais reconhecendo a sua
natureza de seres vivos dotados de sensibilidade procedendo agrave alteraccedilatildeo do Coacutedigo
Civil aprovado pelo Decreto-Lei nordm 47344 de 25 de novembro de 1966 do Coacutedigo
de Processo Civil aprovado pela Lei nordm 412013 de 26 de junho e do Coacutedigo Penal
aprovado pelo Decreto-Lei nordm 40082 De 23 de setembro (PORTUGAL 2017a)
Na mesma linha o doutrinador portuguecircs Filipe Jorge Antunes Cabral (2015) defende
que sejam atribuiacutedos direitos subjetivos aos animais natildeo humanos alegando que natildeo haacute como
se restringir estes direitos aos animais humanos alegando que ldquonatildeo satildeo os interesses dos
indiviacuteduos que possuem um valor moral fundamental mas sim por serem indiviacuteduos capazes
de serem detentores de interessesrdquo (CABRAL 2015 p 117) aplicando desta forma a
capacidade de ter interesses e estes serem haacutebeis de discussatildeo perante o campo do direito mais
animais natildeo humanos
Outro fator a notar-se importacircncia enquanto satildeo observadas as alteraccedilotildees efetuadas por
meio desta lei eacute a alteraccedilatildeo clara e direta na forma de tratamento dos animais natildeo humanos
dentro do corpo do sistema normativo onde agora satildeo designados diretamente como animais
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demonstrando nitidamente uma alteraccedilatildeo nos paradigmas de interpretaccedilatildeo de sua condiccedilatildeo
onde natildeo resta mais lacunas hermenecircuticas de sua diferenciaccedilatildeo para simplesmente coisas
como fica evidenciado nos textos dos artigos por ela alterados
Artigo 1318ordm
Suscetibilidade de ocupaccedilatildeo
Podem ser adquiridos por ocupaccedilatildeo os animais e as coisas moacuteveis que nunca tiveram
dono ou foram abandonados perdidos ou escondidos pelos seus proprietaacuterios salvas
as restriccedilotildees dos artigos seguintes (PORTUGAL 2017b)
Ainda neste sentido o artigo 1323 traz obrigaccedilotildees que superam a mera proibiccedilatildeo aos
maus-tratos mas fala tambeacutem de formas de vedaccedilatildeo a inobservacircncia de negaccedilatildeo a negligecircncia
demonstrando o ocircnus de devolver agrave quem pertence animal perdido cuja propriedade seja
conhecida e em caso de natildeo saber a quem pertence deve por meios convenientes buscar achar
e auxiliar ao animal ser achado sem esquecer de informar as autoridades sobre o achado assim
como se notar ser necessaacuterio o encaminhar a um veterinaacuterio bem como com seu auxiacutelio
tentar identificar formas de encontrar seu tutor e em caso de passado um ano sem que se possa
devolver o animal natildeo humano para seu legiacutetimo dono aquele que o achou pode fazer do
animal como seu (PORTUGAL 2017b)
Da mesma forma em caso de restituiccedilatildeo do animal natildeo humano ao seu proprietaacuterio faz
jus indenizaccedilatildeo aquele que o achou por todos as despesas levantadas por ele na manutenccedilatildeo da
devida sauacutede e sobrevivecircncia do animal durante o periacuteodo de sua guarda bem como natildeo haacute de
responder se sem dolo ou culpa ocorrer perda ou deterioraccedilatildeo do animal natildeo humano no
transcorrer de sua guarda contudo se aquele que achou o animal natildeo humano ao notar que seu
verdadeiro dono faz o animal de viacutetima de maus-tratos tem aquele que o achou o direito de
retecirc-lo para garantia da seguranccedila do mesmo (PORTUGAL 2017b)
Dois anos depois no dia 30 de janeiro foi instituiacutedo o Decreto Lei nordm 202019 transferiu
responsabilidades no campo de cuidado dos animais natildeo humanos para as autoridades locais e
entidades intermunicipais permitindo um controle mais especiacutefico das peculiaridades de cada
regiatildeo e dando autonomia ao poder local Ainda sanciona a realizaccedilatildeo de concursos e
exposiccedilotildees de animais natildeo humanos Da mesma forma implanta a permissatildeo para a detenccedilatildeo
de mais de trecircs catildees ou quatro gatos adultos em preacutedios urbanos (PORTUGAL 2019a)
No mesmo ano no dia 27 de junho foi publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica ordm 1212019 o
Decreto-Lei nordm 822019 onde estabelece as regras de identificaccedilatildeo dos animais de companhia
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criando o Sistema de Informaccedilatildeo de Animais de Companhia o SIAC onde traz novas normas
de obrigaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e de registro dos animais natildeo humanos por meio de um
transponder uma espeacutecie de chip eletrocircnico que conteacutem vaacuterios dados sobre aquele indiviacuteduo
ou outro sistema autorizado para a espeacutecie de animal natildeo humano em questatildeo devendo o
cadastro ocorrer ateacute 120 dias apoacutes o nascimento do animal natildeo humano garantindoo
reconhecimento em caso de abandono estabelecendo uma ligaccedilatildeo entre o animal e quem tem
sua guarda assegurando a sauacutede e a seguranccedila de animais natildeo humanos e humanos gerando a
responsabilidade civil sanitaacuteria e de bem-estar animal onde a obrigatoriedade da identificaccedilatildeo
foi criada pelo Decreto-Lei n3132003 mas agora seguindo os paracircmetros determinados pelo
Parlamento Europeu e do Conselho alterando o instituto SICAFE pelo Sistema de Informaccedilotildees
de Animais de Companhia (SIAC) como definido pela aliacutenea a do seu artigo 1ordm Assegurando
a aplicabilidade dos Regulamentos nordm 5762013 e nordm 4292016 do Parlamento Europeu e do
Conselho instituiacutedo nos dias 12 de junho de 2013 e 9 de marccedilo de 2019 respectivamente
relativos agrave circulaccedilatildeo de animais de companhia pessoal e as zoonoses(PORTUGAL 2019b)
33 ANAacuteLISE LEI Nordm 9295
A Assembleia da Repuacuteblica portuguesa decretou no dia 12 de setembro de 1995 a Lei
nordm 9295 a Lei de Proteccedilatildeo aos animais vindo a proibir todo e qualquer tipo de violecircncia
injustificada contra animais tendo sido aprovada no datar de 21 de junho e promulgada no dia
24 de agosto do mesmo ano pelo entatildeo presidente da repuacuteblica portuguesa Maacuterio Soares
podendo se caracterizar neste qualquer tipo de sofrimento crueldade instantacircnea ou de forma
prolongada graves leotildees a um animal natildeo humano ou ateacute mesmo sua morte ainda consta a
necessidade na medida do possiacutevel de socorro agrave animais natildeo humanos que se encontrem feridos
doentes em perigo ou em quaisquer condiccedilotildees anaacutelogas a estas (PORTUGAL 1995)
Traduz ainda como crime perante esta lei todo aquele que exigir de um animal salvo
em momentos emergenciais esforccedilos abusivos ou ateacute mesmo atuaccedilotildees que os animais natildeo
humanos sejam parciais ou absolutamente incapazes de realizar ou ainda que sejam aleacutem de
suas possibilidades naturais Ainda consta a expressa vedaccedilatildeo a aquisiccedilatildeo de animal natildeo
humanos que se encontre em condiccedilotildees enfraquecidas adoentadas idoso ou outra conjuntura
anaacuteloga em que este animal tenha vivido de forma integral ou em grande maioria em ambiente
domeacutestico se findar tal aquisiccedilatildeo em intenccedilatildeo diversa a tratamento proteccedilatildeo ou cuidados
humanos ou ainda com intenccedilatildeo de morte imediata (PORTUGAL 1995)
38
Vem a reforccedilar o impedimento de qualquer maneira ao abandono intencional de
animais natildeo humanos que estavam sobre a proteccedilatildeo humana em ambiente domeacutestico ou ainda
em instalaccedilatildeo comercial ou industrial Caracterizando ainda o sofrimento como impedido
mesmo que para com fins didaacuteticos de treino exibiccedilatildeo filmagens publicidade ou qualquer
outra atividade a estas assemelhadas ressalvando experiecircncias cientiacuteficas de comprovada
necessidade (PORTUGAL 1995)
Vale ser citado o capiacutetulo II da presente lei onde se pode ler sobre o comeacutercio e
espetaacuteculos que faccedilam uso de animais natildeo humanos de forma a obrigar agrave todos que que pessoa
fiacutesica juriacutedica solitaacuteria ou coletiva se faccedila utilizar de animais natildeo humanos para fins de
espetaacuteculo comercial tenha preacutevia autorizaccedilatildeo das autoridades ou entes competentes sejam
essas a Direccedilatildeo Geral dos Espetaacuteculos ou ainda do municiacutepio onde respectivamente se pretende
exibir tal evento de entretenimento sem deixar de constar a relaccedilatildeo de comercializaccedilatildeo desta
categoria de animais natildeo humanos como vem escrito no corpo do texto do artigo 2ordm
Licenccedila municipal
Sem prejuiacutezo do disposto no capiacutetulo III quando aos animais de companhia qualquer
pessoa fiacutesica ou coletiva que explore o comeacutercio de animais que guarde animais
mediante uma remuneraccedilatildeo que os crie para fins comerciais que os alugue que sirva
de animais para fins de transporte que os exponha ou que os exiba com um fim
comercial soacute poderaacute fazecirc-lo mediante autorizaccedilatildeo municipal a qual soacute poderaacute ser
concedida desde que os serviccedilos municipais verifiquem que as condiccedilotildees previstas
na lei destinadas a assegurar o bem-estar e a sanidade dos animais seratildeo cumpridas
(PORTUGAL 1995)
Se faz ressaltar a completa e indiscutiacutevel proibiccedilatildeo a qualquer espeacutecie para o fim do
supracitado paraacutegrafo de animais natildeo humanos que se encontrem em condiccedilotildees flageladas
enferma ou mesmo com qualquer tipo de ferimento ainda vem a negar a entrada no territoacuterio
portuguecircs de qualquer tipo de animal natildeo humano vertebrado que se encontre na mesma
situaccedilatildeo de sauacutede antes citada (PORTUGAL 1995)
Assiste a presente lei ainda a regulamentaccedilatildeo perante o transporte de animais natildeo
humanos em transportes puacuteblicos ressalvado por motivo de periculosidade sauacutede ou higiene
devidamente justificaacuteveis devendo os animais natildeo humanos estarem sempre acompanhados
por seus proprietaacuterios ou responsaacuteveis autorizados assim como devidamente acondicionados
(PORTUGAL 1995)
39
34 ANAacuteLISE IMPLEMENTACcedilAtildeO LEI Nordm 392020
Na data de 23 de julho de 2020 foi aprovada pela Assembleia da Repuacuteblica a Lei nordm
392020 tendo sua publicaccedilatildeo no datar de 18 de agosto e entrando em vigor no dia 1 de outubro
do mesmo anoImplementando o regime sancionatoacuterio aplicaacutevel aos crimes contra os animais
de companhia alterando substancialmente o que trazia o Coacutedigo Penal e o Coacutedigo de Processo
Penal portugueses reforccedilando de maneira expressiva a proteccedilatildeo aos animais natildeo humanos no
acircmbito dos crimes praticados contra estes (PORTUGAL 2020a)
Em seu corpo traz um regime sancionatoacuterio aplicaacutevel aos crimes direcionados contra
os animais natildeo humanos de forma a alterar pela quinquageacutesima vez o Coacutedigo Penal portuguecircs
pela trigeacutesima seacutetima vez o Coacutedigo de Processo Penal e pela terceira vez a Lei nordm 9295 a lei
de proteccedilatildeo aos animais Desloca as penalidades e diretrizes sobre morte e maus-tratos inferidos
contra animais natildeo humanos como observamos pelo novo texto dado ao artigo 387 do Coacutedigo
Penal ldquo1 ndash Quem sem motivo legiacutetimo matar animal de companhia eacute punido com pena de
prisatildeo de 6 meses a 2 anos ou com pena de multa de 60 a 240 dias se pena mais grave lhe natildeo
couber por forccedila de outra disposiccedilatildeo legalrdquo aumentando substancialmente tanto as penas de
reclusatildeo quanto a de prestaccedilatildeo de serviccedilos para aquele que matar um animal natildeo humano
(PORTUGAL 2020a)
Pode ser lido ainda em seu artigo 3ordm o que pertence as alteraccedilotildees ao Coacutedigo de Processo
Penal se faz essencial constar a nova redaccedilatildeo dada aos artigos 171 e 172 deste coacutedigo
Artigo 171ordm
1 ndash Por meio de exames das pessoas dos lugares dos animais e das coisas
inspecionam-se os vestiacutegios que possa ter deixado o crime e todos os indiacutecios relativos
ao modo como e ao lugar onde foi praticado agraves pessoas que o cometeram ou sobre as
quais foi cometido
2 ndash []
3 ndashSe os vestiacutegios deixados pelo crime se encontrarem alterados ou tiverem
desaparecido descreve-se o estado em que se encontram as pessoas os lugares os
animais e as coisas em que possam ter existido procurando-se quando possiacutevel
reconstitui-los e descrevendo-se o modo o tempo e as causas da alteraccedilatildeo ou do
desaparecimento
Artigo 172ordm
1 ndash Se algueacutem pretender eximir-se ou obstar a qualquer exame devido ou a facultar
animal ou coisa que deva ser objeto de exame pode ser compelido por decisatildeo da
autoridade judiciaacuteria competente (PORTUGAL 2020a)
Sem deixar de citar sobre ocultaccedilatildeo de provas animais ou ainda qualquer outro tipo de
objeto ligado ao crime prevendo busca apreensatildeo e investigaccedilatildeo por meio da poliacutecia criminal
para que todas as provas que possam trazer a resoluccedilatildeo do fato iliacutecito suscetiacuteveis de serem
40
declarados perdidos a favor do Estado Ainda busca definir os paracircmetros para a restituiccedilatildeo de
animais coisas ou bens apreendidos em meio a um processo investigativo criminal
determinando que estas permaneceratildeo sobre tutela de um fiel depositaacuterio ateacute o transito em
jugado da sentenccedila em ateacute 60 dias se os proprietaacuterios natildeo o buscarem no prazo previsto seratildeo
considerados perdidos em favor do Estado podendo este dar a finalidade que melhor acharem
(PORTUGAL 2020a)
Eacute imperioso constar que a presente lei ao aditar agrave Lei nordm 9295 vem a tratar das medidas
cautelares perante a proteccedilatildeo nos casos de evidecircncia de sinais de praacuteticas de crimes de maus-
tratos para contra animais natildeo humanos levantando as forccedilas de seguranccedila aos oacutergatildeos de
poliacutecia criminal a Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria e aos municiacutepios desencadear
os meios para proceder com tais medidas como faz com a alteraccedilatildeo do artigo 1 ndash A da Lei nordm
9295 (PORTUGAL 2020a)
35 JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO HUMANOS EM PORTUGAL
Na data de 02 de outubro de 2019 comeccedilou uma disputa judicial pela guarda da cadela
da raccedila Pitbull nomeada de Kiara apoacutes o rompimento da relaccedilatildeo de 12 anos de seus
proprietaacuterios A lide se iniciou pelo fato de ambas as partes requerem a guarda total do animal
natildeo humano estando o julgamento sendo processado pelo Juiacutezo da Famiacutelia e Menores de Mafra
pela Juiacuteza de Direito Soacutenia Henriques Cristoacutevatildeo Dentre as alegaccedilotildees e provas estatildeo a caderneta
de vacina a licenccedila e o chip de identificaccedilatildeo estatildeo em nome da parte feminina enquanto a parte
masculina alega ter sido o comprador e o financiador das custas da cadela (BARRETO 2019)
Em primeira anaacutelise do caso a magistrada observou que a parte masculina
primeiramente buscava a guarda compartilhada ou ao mesmo poder ter contato com a cadela
poreacutem ao avanccedilar do julgamento passou a pedir a guarda total devido a posiccedilatildeo da parte
feminina de se negar qualquer tipo de negociaccedilatildeo a posiccedilatildeo de passar de tentativa de guarda
compartilhada para guarda unilateral foi reforccedilada pelo fato de a parte masculina permanecer
morando no local onde a cadela viveu seus primeiros dois anos de vida ateacute que decidiram pela
dissoluccedilatildeo do relacionamento (BARRETO 2019)
Para poder tomar uma decisatildeo a juiacuteza decidiu por consultar a veterinaacuteria que fazia os
cuidados do animal natildeo humano com a finalidade de examinar o comportamento dos animais
natildeo humano e humanos concluindo-se que no caso em questatildeo os proprietaacuterios em momento
algum estavam colocando os interesses e bem-estar da cadela como prioridade mas sim seus
interesses particulares Ainda como apontado pela advogada Soacutenia Henriques Cristoacutevatildeo
41
especialista em direito animal o bem-estar animal eacute o uacuteltimo criteacuterio a ser levado em
consideraccedilatildeo em lides anaacutelogas ldquoNo que toca aos menores o criteacuterio eacute sempre o melhor
interesse do mesmo mas neste caso a lei civil natildeo tem como orientador esse princiacutepio Esse
criteacuterio existe mas eacute o uacuteltimordquo (BARRETO 2019) demonstrando uma interpretaccedilatildeo direta do
que o Coacutedigo Civil portuguecircs explana em seu artigo 1793ordm-A onde afirma que em casos de
divoacutercio ldquoos animais de companhia satildeo confiados a um ou a ambos os cocircnjuges considerando
nomeadamente os interesses de cada um dos cocircnjuges e dos filhos do casal e tambeacutem o bem-
estar do animalrdquo (PORTUGAL 1966) de forma a trazer a importacircncia do bem-estar animal
natildeo humano ser considerado para a decisatildeo de guarda poreacutem soacute como uacuteltima condiccedilatildeo para a
decisatildeo (BARRETO 2019)
A magistrada ponderou o fato de em Portugal ainda natildeo eacute pacificado o tema nem pelo
legislativo nem pela fraca jurisprudecircncia neste sentido ora que nos divoacutercios a guarda dos
animais natildeo humanos nem entra em pauta sendo normalmente decidido este ponto entre as
partes sem ter para tanto que levar o caso a justiccedila nem colocando na ficha da partilha haver
animais de companhia de maneira ao caso estar ainda em pauta de julgamento (BARRETO
2019)
Jaacute no que tange os maus-tratos aos animais natildeo humanos em Portugal mesmo com a lei
portuguesa punindo desde outubro de 2014 os maus-tratos contra animais natildeo humanos com
pena de ateacute um ano de prisatildeo somente 5 (cinco porcento) das denuacutencias acabam por chegar
a julgamento onde os outros 95 (noventa e cinco porcento) acaba por findar somente em
multa resultando que nas quase cinco mil denuacutencias registradas em virtude de maus-tratos agrave
animais natildeo humanos menos de duzentos de cinquenta destes findaram em julgamento como
descreve o Jornal de Notiacutecias o Observador de Portugal em sua mateacuteria de 24 de maio de 2020
(GOMES 2020)
Pelos dados coletados pelas pesquisas jurisdicionais realizadas por Gomes (2020) entre
2015 e 2018 a pena de prisatildeo soacute foi levantada como sanccedilatildeo aplicaacutevel pelos tribunais
portugueses no patamar da primeira instacircncia mas que sempre acabavam por ter a pena
convertida em multa ao serem recorridos os julgamentos tendo ainda tido um montante de seis
penas suspensas pelo proacuteprio magistrado da primeira instacircncia apoacutes reanaacutelise Ocorrendo neste
periacuteodo 241 processos crime entre abandono a maus-tratos tendo sido 169 casos diretamente
ligados aos maus-tratos tendo como reacuteus 277 animais humanos ressaltando ainda o fato de que
o nuacutemero de denuacutencias nunca representa a realidade faacutetica do cometimento dos crimes contra
os animais natildeo humanos mas sim somente uma pequena parcela da verdade (PORTUGAL
2020b)
42
Contudo o Jornal Correio da Manhatilde aponta uma nova posiccedilatildeo dos magistrados no
tocante de levar a justiccedila agravequeles que descumprem as leis contra os maus-tratos proferidos a
animais natildeo humanos como se observa ao iniacutecio de julgamento do caso de maus-tratos contra
uma cadela que desde 2016 sabe-se que eacute viacutetima de negligecircncia trancada em um ambiente
inapropriado ao seu porte sem acesso digno agrave aacutegua e alimentaccedilatildeo devidas a sua mantenccedila
bioloacutegica sendo mantida enclausurada em uma pequena e suja varanda apresentando magreza
extrema Sendo um dos primeiros casos de maus-tratos a chegar a justiccedila do Tribunal de Faro
por meio de denuacutencia de uma associaccedilatildeo de defesa dos animais tendo recebido grande reflexo
nas redes sociais (GRIFF 2018)
Tendo sido o caso encaminhado ao Ministeacuterio Puacuteblico de Faro local do fato ter vindo a
ocorrer este decidiu por dar prosseguimento agrave denuacutencia levantando a importacircncia deste ser
levado a julgamento em funccedilatildeo da importacircncia e relevacircncia do mesmo trazendo como
argumento a Lei que criminaliza os maus-tratos de 1 de outubro de 2014 ldquoquem sem motivo
legiacutetimo infligir dor sofrimento ou quaisquer outros tipos de maus-tratos fiacutesicos a um animal
de companhia eacute punido com pena de prisatildeo ateacute um ano ou com pena de multa ateacute 120 diasrdquo
aumentando para dois anos a puniccedilatildeo se ldquoresultar a morte do animal ou a privaccedilatildeo de um oacutergatildeordquo
(GRIFF 2015) de maneira a trazer a necessidade de se colocar a presente violaccedilatildeo em
julgamento como medida exemplar com o objetivo de desmotivar novos casos semelhantes
(GRIFF 2018)
Na data determinada para a primeira sessatildeo de julgamento os proprietaacuterios devidamente
citados natildeo compareceram tendo sido presenciada de um membro da Projeto de Apoio a
Viacutetimas Indefesas Nuacutecleo de Aveiro (PRAVI) e de um agente da Poliacutecia de Seguranccedila Puacuteblica
(PSP) de forma a sofrer a necessidade de remarcaccedilatildeo da sessatildeo de julgamento em funccedilatildeo das
leis civis de Portugal mas ainda natildeo haacute sentenccedila julgada sobre o caso (GRIFF 2018)
Portugal vem enfrentando seacuterios problemas sanitaacuterios devido ao que descrevem como
Siacutendrome de Noeacute que se determina por uma espeacutecie de transtorno de acumulaccedilatildeo onde o
animal humano tem dificuldade de desfazer-se de animais acabando por os acumular de forma
desorganizada afetando tanto a sociedade quanto os animais natildeo humanos envolvidos nesta
condiccedilatildeo Aos animais natildeo humanos viacutetimas dessa siacutendrome acabam por natildeo receberem os
cuidados necessaacuterios que acaba por acarretar diretamente nos maus-tratos podendo originar
doenccedilas que podem ainda se desenvolver em zoonoses (MACHADO 2020)
Sobre o caso a Assembleia da Repuacuteblica no dia 25 de janeiro de 2018 publicou a
Resoluccedilatildeo da Assembleia da Repuacuteblica nordm 202018 onde recomenda que seja criado um grupo
de trabalho constituiacutedo por profissionais da sauacutede e comportamento animal assistentes sociais
43
psiquiatras e psicoacutelogos com o objetivo de prevenir e combater casos da Siacutendrome de Noeacute
uma vez que aleacutem de ocasionar risco a sociedade na maior parte das vezes foram observados
que os animais natildeo humanos expostos a esta siacutendrome tentem a serem viacutetimas de maus-tratos
como o ocorrido no mecircs de maio em Canccedilas onde uma proprietaacuteria possuiacutea 35 animais em
um ambiente que natildeo apresentava as miacutenimas condiccedilotildees de bem-estar animal ou dignidade
Desta forma depois de julgado a maior parte dos animais natildeo humanos que laacute residiam foram
recolhidos de forma a apenas permanecerem no local sete animais natildeo humanos com a antiga
proprietaacuteria uma vez observado grande afeto entre a proprietaacuteria e estes (MACHADO 2020)
No presente caso foi levantado que ldquoo bem-estar animal deve ser compreendido
segundo o alojamento manutenccedilatildeo e acomodaccedilatildeo dos animais referido ainda que nenhum
animal deve ser detido se estas condiccedilotildees de bem-estar natildeo se encontrem verificadasrdquo neste
ditame aquele que acaba por acumular animais de companhia podem ocorrer em se enquadrar
em crime de maus-tratos como previsto pelo artigo 387 do Coacutedigo Penal portuguecircs onde prevecirc
a sanccedilatildeo de prisatildeo de ateacute um ano ou com pena de multa ade ateacute 120 dias quando aquele que
for o detentor ocasionar dor infligir sofrimento ou ainda qualquer outra agressatildeo fiacutesica a
animais natildeo humanos natildeo impedindo ainda que sejam somadas penalidades do artigo 388 do
mesmo coacutedigo onde prevecirc ldquoa privaccedilatildeo do direito de detenccedilatildeo de animais de companhia pelo
periacuteodo maacuteximo de 5 anosrdquo de forma a tentar prevenir de forma consubstanciada a seguranccedila
da sociedade junto com a mantenccedila do bem-estar dos animais natildeo humanos (MACHADO
2020)
Assim no presente capiacutetulo foi analisada a evoluccedilatildeo histoacuterica legislativa dos direitos
dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo portuguesa ateacute a contemporaneidade do estado
atual de seus direitos e incluindo julgados Pelo meacutetodo explanatoacuterio bibliograacutefico onde se
buscou esta anaacutelise da forma mais completa tentando englobar o maacuteximo de informaccedilotildees para
se chegar agrave mais completa anaacutelise dos direitos dos animais natildeo humanos em Portugal
Desta forma foi possiacutevel se observar que o primeiro relato normativo portuguecircsocorreu
no ano de 1886 com o Coacutedigo Penal portuguecircs trazendo vedaccedilotildeesaos maus-tratos de qualquer
espeacutecie aos animais natildeo humanos ainda que no passar dos anos passando pela inclusatildeo de
normas dentro doscoacutedigos legais sem deixar de citar as leis infraconstitucionais
Para continuidade do presente trabalho no capiacutetulo que se segue seraacute apresentada uma
anaacutelise comparativa entre a evoluccedilatildeohistoacuterica do direito dos animais natildeo humanos entre
aslegislaccedilotildees brasileira e portuguesaassim como uma anaacutelise comparativa doestado normativo
dos direitos dos animais natildeo humanos apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 entre os
doispaiacuteses em anaacutelise
44
4 COMPARACcedilAtildeO DAS LEGISLACcedilOtildeES BRASILEIRA E PORTUGUESA
O presente capiacutetulo aborda uma comparaccedilatildeo relativa as leis passadas e presentes em
Brasil e Portugal uma vez que entre os paiacuteses haacute uma relaccedilatildeo de reciprocidade devido ao
Decreto Legislativo nordm 82 de 24 de novembro de 1971 nomeada de Convenccedilatildeo sobre igualdade
de Direitos e Deveres entre brasileiros e portugueses ratificada em Brasiacutelia na data de 7 de
setembro de 1971 e em Lisboa na data de 22 de marccedilo de 1971 entrando em vigor no dia 22
de abril de 1972 onde os Governos do Brasil e Portugal visando a continuidade do reciacuteproco
respeito aos valores histoacuterico morais culturais e eacutetnicos que outrora uniram os povos e que os
manteacutem como irmatildeos com o intuito de promover um aperfeiccediloamento e estreitamento nas
relaccedilotildees harmonicamente da comunidade Luso-Brasileira convencionou a efetivaccedilatildeo do
princiacutepio da igualdade de tratamento entre cidadatildeos brasileiros expresso na constituiccedilatildeo
brasileira agrave eacutepoca em seu artigo 199 e na entatildeo constituiccedilatildeo portuguesa em seu artigo 7ordm
paraacutegrafo 3ordm (BRASIL 1972)
Desta maneira com a instituiccedilatildeo de um estatuto de caraacuteter especial com a iniciativa de
refletir os viacutenculos existentes entre brasileiros e portugueses assim como com o intuito de
servir de embasamento e inspiraccedilatildeo para as geraccedilotildees e legislaccedilotildees que se seguissem houve este
compromisso solene fraternal e indestrutiacutevel de amizade Enfatiza-se em tal Convenccedilatildeo o seu
artigo 1ordm ldquoOs portugueses no Brasil e os brasileiros em Portugal gozaratildeo de igualdade de direitos
e deveres com os respectivos nacionaisrdquo de forma a demonstrar uma reciprocidade no
tratamento de nascidos no paiacutes irmatildeo em seu territoacuterio mas ainda resguardando os direitos e
deveres inerentes ao seu paiacutes natural como exposto em seu artigo 3ordm ldquoOs portugueses e
brasileiros abrangidos pelo estatuto de igualdade continuaratildeo no exerciacutecio de todos os direitos
e deveres inerentes agraves respectivas nacionalidadesrdquo (BRASIL 1972)
Assim como para o presente trabalho eacute vaacutelido se fazer citar o artigo 16 da dita
Convenccedilatildeo ldquoOs Governos do Brasil e de Portugal consultar-se-atildeo periodicamente a fim de
examinar e adotar as providecircncias necessaacuterias para melhor e uniforme interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo
da presente Convenccedilatildeo bem como para estabelecer as modificaccedilotildees que julguem
convenientesrdquo assim a presente convenccedilatildeo veio a tratar que no presente e futuro os dois paiacuteses
se reuniriam para discutir sobre leis que versem sobre esta reciprocidade desta forma o capiacutetulo
que se apresenta vem a comprar as legislaccedilotildees no tangente dos direitos dos animais natildeo
humanos pelas leis brasileiras e portuguesas (BRASIL 1972)
No tocante dos direitos dos animais natildeo humanos Charles Darwin (1996) jaacute relatava
sobre a capacidade de sentir de ter consciecircncia de se reunir em grupos em sociedades de ter
45
empatia assim como quando comparada aos animais humanos ldquonatildeo existe uma diferenccedila
fundamental entre os humanos e os mamiacuteferos de niacutevel superior nas suas faculdades mentaisrdquo
(DARWIN 1996 P287)Este pensamento de Darwin eacute reforccedilado nesta outra passagem
Existem muitas espeacutecies de animais sociais em que os seus membros se associam em
grupos sentem compaixatildeo uns pelos outros manifestando qualidades que os revelam
de uma consciecircncia moral incipiente para quando em comparaccedilatildeo com a humana
sendo fieacuteis ao grupo demonstrando capacidade de entender as necessidades de
membros do grupo que apresentem carecircncias de tratamentos especiais ao exemplo de
fornecer alimentos e bebidas aos indiviacuteduos do grupo que satildeo cegos (DARWIN 1996
p 290traduccedilatildeo nossa)
Observa-se que jaacute haacute muito antes de se discutir os animais natildeo humanos como dignos
ou natildeo de direitos relativos a personalidade juriacutedica jaacute fora levantada sua capacidade de ser
equiparados aos animais humanos ora que apresentam capacidades de sentir sofrer entender
o outro ajudar num niacutevel de compreensatildeo e sensibilidade ateacute hoje juridicamente apenas
arguido aos seres humanos (DARWIN 1996)
41 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO HISTOacuteRICO
Se demonstra eficaz comeccedilar o presente toacutepico lembrando que a primeira nota
legislativa no Brasil relativa ao direito dos animais natildeo humanos natildeo ter se desenvolvido no
acircmbito nacional mas sim Municipal com o Coacutedigo de Posturas do Municiacutepio de Satildeo Paulo
(1886) em 6 de outubroonde por mais que fosse a primeira vedaccedilatildeo expressa as praacuteticas de
crueldade contra os animais natildeo humanos esta se limitava agravequeles que faziam uso de animais
natildeo humanos para o fim traccedilatildeo de carroccedilas e que somente no ano de 1934 sendo assim um
lapso de 48 anos ateacute que no dia 10 de julho viesse a existir um Decreto nacional o de nordm
24645 que promulgou a vedaccedilatildeo aos maus-tratos proferidos contra animais natildeo humanos em
local puacuteblico ou privado assim como trazendo a tutela do Estado para com estes assim como
estipulando puniccedilatildeo pecuniaacuteria e de enclausuramento para aquele que violasse o dito decreto
(BRASIL 1934)
Na supracitada legislaccedilatildeo federal ainda se trazia a representaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
como uma possibilidade nas accedilotildees que versassem sobre os maus-tratos relativos agrave animais natildeo
humanos No sistema normativo gerado por este decreto foram transcritas ainda diretrizes para
o uso animal natildeo humano para quando utilizados para auxiliar ou gerar trabalho de interesse
dos animais humanos como ao exemplo daqueles que fossem objeto de traccedilatildeo veicular Ainda
46
eacute imperioso constar que neste ano houve a primeira menccedilatildeo em relaccedilatildeo a negativa de abandono
de animais natildeo humanos (BRASIL 1934)
No mesmo ano em que o Brasil recebia sua primeira norma legislativa em acircmbito
Municipal para a garantia dos direitos dos animais natildeo humanos em Portugal no dia 16 de
setembro o Decreto Lei de seu Coacutedigo Penal jaacute trazia direitos para os animais natildeo humanos
no qual jaacute foram previstas penalidades para aqueles que ferissem matassem envenenasse
abusassem ou viessem a causar quaisquer outros tipos de danos aos animais natildeo humanos assim
como jaacute traziam a vedaccedilatildeo aos maus-tratos desde sua primeira menccedilatildeo normativa Desta forma
demonstram um claro avanccedilo no campo legislativo em relaccedilatildeo aos direitos dos animais natildeo
humanos perante as leis brasileiras (PORGUTAL 1886) Posicionamento semelhante no Brasil
soacute se fez demonstrar presente no campo normativo deacutecadas depois com o Projeto de Lei nordm 631
de 2015 onde no Senado brasileiro se passou a discutir em julgados o impedimento de causar
dor a animais natildeo humanos se o motivo natildeo for plenamente justificaacutevel discutindo tambeacutem
sobre o que tange a guarda destes tratando pela primeira vez a nomenclatura direta para os
animais natildeo humanos como seres sencientes (BRASIL 2015b)
Ainda antes mesmo do Brasil ter desenvolvido qualquer lei no acircmbito nacional sobre os
direitos dos animais natildeo humanos Portugal (2001) jaacute inovava com suas leis no dia 12 de junho
onde foi assinado mais um Decreto Lei este trazendo uma nova vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos deveres
dos animais humanos em relaccedilatildeo aos animais natildeo humanos desta vez impedindo a carga
excessiva de trabalho aos quais estes satildeo expostos determinando tempo capacidade dentre
outros regramentos de maneira a proporcionar para os animais natildeo humanos utilizados para o
serviccedilo condiccedilotildees miacutenimas de subsistecircncia visando diminuir seu sofrimento e trazendo-lhes
maior dignidade (PORTUGAL 2001)
Voltando a tratar da legislaccedilatildeo do Brasil (1941) houve um lapso temporal de 7 anos
entre a ultima ediccedilatildeo de norma legal em relaccedilatildeo aacute proacutepria lei e 22 anos se contadas as leis
portuguesas No dia 03 de outubro o Brasil promulgou por meio do Decreto Lei nordm 3688 a Lei
das Contravenccedilotildees Penais onde trouxe entre seus artigos penalidades para aqueles que
submetessem agrave trabalho excessivo ou cruel a animais natildeo humanos oferecendo como
penalidades a prisatildeo simples e ou a multa ainda qualifica como criminosa a praacutetica de
experiecircncias crueacuteis ou que gerem dor aos animais natildeo humanos vivos mesmo que este seja
realizado com intuito didaacutetico ou cientiacutefico trazendo assim pela primeira vez no ordenamento
brasileiro vedaccedilotildees no campo cientiacutefico e de entretenimento de animais humanos (BRASIL
1941)
47
Ainda no tocante das leis brasileiras passaram-se vinte e seis anos ateacute que no dia 03 de
janeiro de 1967 foi promulgada a Lei Federal nordm 5197 o chamado Coacutedigo da Caccedila impedindo
que a fauna silvestre fosse de qualquer forma alvo de caccedila predatoacuteria ou caccedila para criaccedilatildeo em
cativeiro assim vedando ainda sua destruiccedilatildeo ou de seu habitat de forma a trazer garantias ateacute
entatildeo natildeo observadas nem na legislaccedilatildeo brasileira nem portuguesa da diversidade
continuidade e sobrevivecircncia de animais provindos da fauna nativa paacutetria (BRASIL 1967)
Contudo os legisladores agrave eacutepoca evidenciaram que haviam condiccedilotildees especiais onde as
peculiaridades regionais abriam uma brecha para a permissatildeo da caccedila destas espeacutecies
entretanto mesmo permitindo com ressalvas a caccedila nestas zonas especiais a comercializaccedilatildeo
destes animais natildeo humanos permaneceria terminantemente proibida assim como produtos
feitos com eles ou mesmo seus filhotes Para garantir o correto cumprimento deste coacutedigo
foram estipuladas sanccedilotildees para os que natildeo as observassem Como principal marco desta lei
demonstra-se o primeiro relato de inafianccedilabilidade para aquele que cometer crime contra
animais natildeo humanos (BRASIL 1967)
Doze anos depois ainda no Brasil (1979) se continuava a desenvolver leis para a
proteccedilatildeo dos direitos dos animais natildeo humanos de forma a demonstrar que estaacutevamos em um
periacuteodo de grande evoluccedilatildeo legislativa garantista aos direitos dos animais natildeo humanos por
meio da Lei nordm 6638 se tratariam novamente os regramentos do tema em relaccedilatildeo ao uso
cientiacutefico destes falando dos laboratoacuterios testes cliacutenicos uso para testes de medicamentos
dissertando ainda sobre a eutanaacutesia dos animais natildeo humanos Passaram-se trecircs anos ateacute a
criaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente no dia 31 de agosto de 1979 protegendo a
fauna brasileira e seu habitat de forma especiacutefica e direta tratando pela primeira vez daqueles
que causem poluiccedilatildeo (BRASIL 1981)
42 UM COMPARATIVO LEGISLATIVO CONTEMPORAcircNEO
O criteacuterio de comparaccedilatildeo contemporacircnea tomou por base a Constituiccedilatildeo Federal
brasileira de 1988 momento em que houve pela primeira vez a inclusatildeo dos direitos dos animais
natildeo humanos dentro do sistema constitucional brasileiro no qual o artigo 225 se veio a condenar
todo aquele que viesse a proferir gestos de crueldade para contra os animais natildeo humanos
poreacutem ainda ressalvando a possibilidade de natildeo se considerar como cruel as praacuteticas
desportivas os movimentos culturais que se encontram registradas como parte integrante do
patrimocircnio cultural brasileiro (BRASIL 1988)
48
Ainda no corpo do texto constitucional foi normatizada a garantia ao ambiente
equilibrado a qualidade de vida por meio de controle social e puacuteblico para a manutenccedilatildeo da
diversidade do patrimocircnio geneacutetico nacional da fauna e flora na tentativa de barrar a evoluccedilatildeo
numeacuterica do quadro de seres vivos na lista de animais em extinccedilatildeo ou extintos de forma a
apresentar um diferencial por constar em sua Constituiccedilatildeo direitos aos animais natildeo humanos
em relaccedilatildeo a Portugal(BRASIL 1988)
Portugal (2001) soacute voltaria a discutir as leis relativas aos direitos dos animais natildeo
humanos dentro dos criteacuterios comparativos de contemporaneidade aqui estabelecidos no
seacuteculo que se seguiria uma vez que na Europa a Convenccedilatildeo Europeia para a Proteccedilatildeo dos
Animais de Companhia que promulgou o Decreto nordm 1393 onde trouxe para seu territoacuterio
vaacuterias leis que tratavam da fauna e da flora de animais natildeo humanos domeacutesticos e selvagens
mas tambeacutem ressalvando as peculiaridades de sua fauna exoacutetica vedando vaacuterios atos
normativos do dito decreto vindo a defender protegendo ainda natildeo soacute as espeacutecies presentes ao
tempo da lei mas como tambeacutem seus filhotes mesmo quando criados em cativeiro onde
normatizava a forma de reproduccedilatildeo os locais de alojamento dos mesmos para os fins de
comercializaccedilatildeo hospedagem ou ainda centros de recolhimento de animais natildeo humanos de
companhia (PORTUGAL 2001)
Portugal veio ainda a tratar do abandono da negligecircncia fiacutesica alimentar higiecircnica e da
manutenccedilatildeo das condiccedilotildees de sauacutede dos animais natildeo humanos trazendo a necessidade de
laudos veterinaacuterios para que sejam realizadas intervenccedilotildees corpoacutereas nestes como ao exemplo
de amputaccedilotildees garantindo sua integridade fiacutesica de forma a natildeo soacute englobar os direitos aos
animais natildeo humanos outrora garantidos pela Constituiccedilatildeo Federal brasileira de 1988 mas
ainda refletindo leis que somente seriam vistas no territoacuterio brasileiro vaacuterios anos depois
(PORTUGAL 2001)
No Brasil cinco anos depois que o Decreto nordm 1393 era promulgado em Portugal seria
tratado assunto semelhante por meio da Lei nordm 9605 com a proibiccedilatildeo de diversos tipos de
atividades para que contra a fauna brasileira como matar caccedilar perseguir apanhar estes tipos
de animais natildeo humanos abrindo a permissatildeo para alguns destes em casos especiacuteficos natildeo
excluindo deste a fauna estrangeira tambeacutem tratando da vedaccedilatildeo a poluiccedilatildeo ora que afeta a
fauna brasileira estrangeira e ainda os animais humanos (BRASIL 1998)
Dois anos depois ainda em Portugal (2003a) se poderia notar a preocupaccedilatildeo com os
direitos dos animais natildeo humanos natildeo soacute enquanto considerados de companhia mas tambeacutem
os selvagens e os caracterizados como perigosos pela modificaccedilatildeo do Decreto Lei nordm 2762001
para o Decreto Lei nordm 315 2003 por observar algo que ateacute entatildeo soacute havia sido observado entre
49
as duas legislaccedilotildees portuguesa e brasileira no tocante de ressalvas do artigo 225 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988ao se tratar da proibiccedilatildeo de atos crueacuteis contra animais natildeo
humanos mas permitindo em casos de peculiaridades culturais como supracitado no paraacutegrafo
que a este antecedeu Neste decreto Portugal abril ressalvas a regulamentaccedilatildeo no acircmbito da
aplicabilidade do diploma outrora recebido por sua legislaccedilatildeo das figuras normativas referentes
a fauna e flora selvagem e exoacutetica assim como aqueles que os seguirem por descendecircncia de
modo a permitir que dentro das caracteriacutesticas proacuteprias de cada regiatildeo estas tivessem
autonomia de leis (PORTUGAL 2003b) Ainda no mesmo vieacutes em Santa Catarina (2003) a
Lei Estadual nordm 12854 instituiu o Coacutedigo Estadual de Proteccedilatildeo Animal para vedar quaisquer
tipos de agressotildees contra animais natildeo humanos indiferentemente se silvestres de companhia
domeacutesticos ou que possam ser domesticaacuteveis (aqueles que por sua natureza natildeo satildeo
classificados como domeacutesticos mas que podem vir a ser ao exemplo de porcos) nativos ou
exoacuteticos gerando uma normatizaccedilatildeo para transporte mantenccedila abate e pesquisas
cientiacuteficolaboratoriais garantindo-lhes plenas condiccedilotildees de existecircncia (SANTA CATARINA
2003)
Ainda sobre o tema de utilizaccedilatildeo de animais natildeo humanos para fins cientiacuteficos a
Diretiva 201063EU recepcionada pelas leis portuguesas vem a proteger os animais natildeo
humanos para quando utilizados para estes fins normatizando as teacutecnicas utilizadas durantes as
experiecircncias a qual veio a restringir a occisatildeo (ato de matar um animal) somente quando natildeo
haacute outra opccedilatildeo vedando que sem motivo de grande relevacircncia e plenamente justificaacuteveis se
ponha em risco a biodiversidade dos animais natildeo humanos e ainda traz a necessidade de se
buscar formas substitutivas para tal uso cientiacutefico onde busca reduzir ao miacutenimo inevitaacutevel o
uso de animais natildeo humanos nestes casos (PORTUGAL 2010)
No que se fala de leis que regulamentam a proteccedilatildeo ao bem-estar dos animais natildeo
humanos durante o transporte dos mesmos em Portugal o Regulamento nordm 12005 tenta
minimizar quaisquer sofrimentos seja pelo cumprimento de suas necessidades baacutesicas como
alimentaccedilatildeo higiene assim como com os meios utilizados para este transporte de maneira a
evitar lesotildees violecircncia ou sofrimento (PORTUGAL 2005) Ainda sendo valoroso constar aqui
a Lei nordm 9295 que aleacutem de ser por si soacute a Lei de Proteccedilatildeo aos Animais natildeo humanos a qual
veda quaisquer tipos de aferimento de dor sofrimento requisito de exigir mais do que a
capacidade do animal natildeo humano ainda veio a regulamentar a permissatildeo expressa de
transporte de animais natildeo humanos em transportes puacuteblicos seja para garantia da obrigaccedilatildeo
prevista a mesma lei de socorro aos animais natildeo humanos seja por comodidade ressalvando
50
que para tanto o animal natildeo humano deve estar devidamente condicionado em meio proacuteprio
sem apresentar aos demais riscos fiacutesicos a sua sauacutede ou higiene (PORTUGAL 1995)
Eacute imperioso citar o grande diferencial entre as legislaccedilotildees brasileira e portuguesa que se
fez surgir em Portugal ainda em 2003 quando por meio do Decreto-Lei n 3132003 foi criado
o sistema de cadastro e identificaccedilatildeo eletrocircnica de catildees e gatos natildeo soacute permitindo um melhor
controle estatal sobre o abandono como tambeacutem sobre as bases sanitaacuterias e controle
populacional destes animais natildeo humanos uma vez que devem constar desde informaccedilotildees
baacutesicas sobre o animal natildeo humano como nome raccedila idade e sexo ou ainda sobre seu
proprietaacuterio como nome endereccedilo contato mas ainda as vacinas que este individuo recebeu
no passar de sua vida se eacute ou natildeo castrado ainda obrigando a atualizaccedilatildeo perioacutedica dos dados
medida esta que no Brasil muito jaacute se discutiu regulamentar mas que nunca chegou a ter uma
normatizaccedilatildeo para com as leis (PORTUGAL 2003a)Este posicionamento foi reforccedilado pela
implementaccedilatildeo do Decreto Lei nordm 822019 ao criar o SIAC tornando mais rigorosos os criteacuterios
e penalidades relativas ao registro e atualizaccedilatildeo do cadastro dos animais natildeo humanos
(PORTUGAL 2019b)
Jaacute no Brasil o Coacutedigo Civil de 2002 classificou por meio de nova hermenecircutica ao
artigo 82 onde se definiam os animais natildeo humanos como coisas como somente bens agora
se passou a entender estes como seres semoventes por serem bens de capacidade a serem
suscetiacuteveis de movimentaccedilatildeo proacutepria assim permaneceu com a consolidaccedilatildeo do Coacutedigo de
Processo Civil de 2015 Poreacutem devido a sua capacidade de sofrer de sentir dor tornaram-se
perante o sistema normativo brasileiro dignos da nomenclatura de seres viventes seres
sencientes aqueles que pela sua condiccedilatildeo bioloacutegica chegando ao tocante de acordo com
Cardoso (2007) de seres aptos a terem sua personalidade juriacutedica discutida ora que no passado
outros como escravos e crianccedilas natildeo tinham essa personalidade levantada mas agora tem
Da mesma forma dever-se-ia permitir que tal condiccedilatildeo fosse levada a pauta de discussatildeo
normativa mesmo que natildeo possuindo faculdades mentais de plena comparaccedilatildeo as dos animais
humanos tampouco as crianccedilas e os escravos os tinham perante a lei no passado de forma que
na contemporaneidade ateacute aquele que tenha comprovadamente suas faculdades mentais
consideradas inaptas a autonomia de querer ainda sim possuem personalidade juriacutedica deveres
e direitos uma vez que satildeo capazes de sofrer de sentir de passar fome ainda que natildeo consigam
expressar essas condiccedilotildees de forma clara e linguisticamente padronizados resultado no fato de
que natildeo eacute a capacidade de raciocinar capacidade cognitiva ou ainda de comunicativa o requisito
para a arguiccedilatildeo de sua personalidade juriacutedica (CARDOSO 2007) Jaacute em Portugal a
compreensatildeo e caracterizaccedilatildeo dos animais natildeo humanos como seres sencientes estaacute expresso
51
desde 2017 deixando de serem classificados no rol de coisas por meio da Lei nordm 82017
(PORTUGAL 2017b)
No mesmo ano em que Cardoso (2007) tratava doutrinalmente da personalidade juriacutedica
dos animais natildeo humanos no Brasil em Portugal com a promulgaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm
742007 discutia de forma consagrada o direito de acesso de pessoas portadoras de deficiecircncia
visual que se fazem acompanhar de catildeo-guia a locais transportes e estabelecimentos puacuteblicos
direito este que no Brasil foi inserido no sistema normativo brasileiro em 2005 por meio da Lei
nordm 1112605 mas que soacute se consagrou pela redaccedilatildeo a esta proferida pela Lei nordm 131462015
Jaacute no Brasil sobre este tema com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 1112605 futuramente alterada e
devidamente implementada no sistema normativo brasileiro pela Lei nordm 131462015 veio de
modo a garantir o mesmo direito em territoacuterio nacional agraves pessoas humanas que sejam
portadoras de deficiecircncia visual e sejam acompanhadas de catildees-guia (BRASIL 2015a)
43 COMPARATIVO DOS JULGADOS E PROJETOS LEIS DE ANIMAIS NAtildeO
HUMANOS BRASIL X PORTUGAL
Quando se trata da possibilidade jurisprudencial da discussatildeo em relaccedilatildeo a guarda de
animais natildeo humanos enquanto envolvidos em processos de separaccedilatildeo divoacutercio ou dissoluccedilatildeo
de relacionamentos no Brasil foi discutido pelo Ministro Luis Felipo Salomatildeo (2018) o tema
partindo do paracircmetro dos fins sociais ora vez de natildeo se tratar de um bem inanimado como
seria o caso da partilha dos bens entatildeo perante o caso concreto a lide formal da guarda de
animais natildeo humanos estendendo aos animais natildeo humanos a condiccedilatildeo de sujeito de direito
reconhecendo assim um terceiro gecircnero uma vez que se apresenta em relaccedilatildeo a evoluccedilatildeo da
proacutepria sociedade protegendo entatildeo as relaccedilotildees afetivas entre os animais natildeo humanos e
humanos Este posicionamento se reforccedilou com a decisatildeo da Juiacuteza de Direito da 3ordf Vara da
Famiacutelia de Joinville em 2019 ao erguer a necessidade de que os animais natildeo humanos tenham
modificado seu status normativo de coisa para uma categoria intermediaacuteria entre cosia e animais
humanos embasada pelo Projeto de Lei do Senado de nordm 31515 que visa alterar o artigo 82 do
Coacutedigo Civil (REIMER 2019)
No mesmo ano em Portugal se discutiu a mesma problemaacutetica onde ao ocorrer uma
separaccedilatildeo ambas as partes demonstraram interesse em contrair a guarda da cachorrinha outrora
de propriedade do casal mas que diferente do Brasil onde se discute a natureza juriacutedica dos
animais natildeo humanos para o tocante da discussatildeo de guarda em Portugal jaacute se tem legislaccedilatildeo
sobre o tema onde no Coacutedigo Civil portuguecircs (1966) em seu artigo 1793-A traz de forma
52
direta no que se fala de divoacutercio e guarda dos assim chamados animais de companhia
apontando os fatores que deveratildeo ser considerados para a decisatildeo judicial do ganho da guarda
onde ainda aponta que deveraacute ser levado em consideraccedilatildeo o bem-estar animal como uacuteltimo
criteacuterio para tal decisatildeo (CRISTOacuteVAtildeO 2019) Enquanto em Portugal como se pode observar
na afirmativa anterior jaacute haacute relato normativo dentro do Coacutedigo Civil portuguecircs de 1966 sobre
a regulamentaccedilatildeo para quando a disputa de guarda de animais natildeo humanos no Brasil tal tipo
de posicionamento ainda eacute inexistente apenas se fazendo constar por meio de um Projeto de
Lei o PLS 54218 para possibilitar criteacuterios de julgamento em casos de divoacutercios ou dissoluccedilatildeo
de uniatildeo estaacutevel de maneira que se quando aprovado alteraria o Coacutedigo de Processo Civil
brasileiro entretanto se for aprovado natildeo estabeleceria o bem-estar animal apenas como
ultimo fator para a determinaccedilatildeo de com quem deveria se manter a guarda como eacute atualmente
em Portugal mas sim como um criteacuterio essencial para tal decisatildeo (BRASIL 2018b)
44 UM COMPARATIVO ENTRE LEIS ESPECIAIS
Como se pode ler nos capiacutetulos dois e trecircs deste trabalho tanto Portugal quanto o Brasil
jaacute tratam da vedaccedilatildeo do uso de animais natildeo humanos nos testes para a produccedilatildeo de cosmeacuteticos
produtos de perfumaria higiene dentre outros poreacutem enquanto em Portugal esta vedaccedilatildeo jaacute
se encontra devidamente celebrada desde o datar de 30 de novembro de 2009 por meio do
Regulamento nordm 12232009 onde a Uniatildeo Europeia veio a regulamentar como deveriam ser
realizados os testes em animais natildeo humanos estabelecendo o desenvolvimento de teacutecnicas
substitutivas para o uso de animais natildeo humanos nos supracitados testes Estabelecendo ainda
limites nos anos de 2009 e 2013 para o fim da comercializaccedilatildeo de bens esteacuteticos que tivessem
em seus compostos ingredientes testados em animais natildeo humanos e os testes em animais em
si respectivamente (PORTUGAL 2009c) No Brasil tal espeacutecie de proibiccedilatildeo somente se daacute
por meio de Projetos de Lei estadual como o Projeto de Lei nordm 552017 que visa proibir os
testes em animais natildeo humanos no territoacuterio catarinense prevendo sanccedilotildees tanto para
instituiccedilotildees quanto para animais humanos que descumpram os termos da lei o presente Projeto
de lei aguarda atualmente sanccedilatildeo estadual (SANTA CATARINA 2020)
Em Portugal eacute possiacutevel observar uma evoluccedilatildeo contiacutenua sobre as legislaccedilotildees de direito
de animais natildeo humanos como apresentado por exemplo pela Resoluccedilatildeo nordm 202018 que
incentiva a constituiccedilatildeo de grupos de trabalho para que se busque diminuir os maus-tratos
levantados contras os animais natildeo humanos viacutetimas de acumulaccedilatildeo conhecida como Siacutendrome
de Noeacute (MACHADO 2020) assim como com a Lei nordm392020 que criou um regime
53
sancionatoacuterio aos crimes proferidos contra os animais de companhia e ocasionando na alteraccedilatildeo
do Coacutedigo Penal e do Coacutedigo de Processo Civil portuguecircs trazendo entre outros a possibilidade
de instauraccedilatildeo de processos crimes para investigar suspeitas relatos e denuacutencias de maus-tratos
negligecircncia ou qualquer outra accedilatildeo que faccedila impedir o bem-estar de animais de companhia em
Portugal assim como estabelecendo a possibilidade de exame de corpo de delito sobre tais
crimes contra os animais natildeo humanos ainda declarando como crime a ocultaccedilatildeo de provas
animais natildeo humanos ou qualquer outro meio que venha a atrapalhar o devido processo
investigativo de forma a prever a busca e apreensatildeo para a garantia da devida investigaccedilatildeo
trazendo para aqui a figura do depositaacuterio fiel (PORTUGAL 2020a)
Jaacute no Brasil percebe-se um risco iminente de acontecer um retrocesso no campo
normativo relativo aos direitos do animais natildeo humanos como o que ocorre com a Lei nordm
2172019 o Coacutedigo de Proteccedilatildeo e bem-estar animal que veda que a sociedade propicie
alimentaccedilatildeo aacutegua cuidados com a sauacutede higiene dentre outros quando em vias puacuteblicas
constituindo que a mantenccedila do bem-estar animal por meio da sociedade enquanto natildeo Estado
seja caracterizada como infraccedilatildeo legal (CURITIBANOS 2019)
Da mesma forma o Projeto de Lei nordm 722020 de Penha como arguido por Moreira
(2020) aparece como uma lei temeraacuteria ora que prevecirc multar e penalizar os tutores de
cachorros que importunarem o sossego sendo uma consequecircncia clara para a tentativa de
impedir as sanccedilotildees desta lei a implementaccedilatildeo de meios a impedir os latidosEsta iniciativa pode
trazer ocorrecircncias de maus-tratos seja pelo uso de equipamentos anti-latido pela secccedilatildeo das
cordas vocais dos cachorros ou ainda outras puniccedilotildees mais agravadas em caso seu proprietaacuterio
venha a ser punido pelo fato de seus cachorros latirem (PENHA 2020)
Em contraponto eacute possiacutevel observar no Regulamento nordm 1523007 do Parlamento
Europeu e do Conselho da Uniatildeo Europeia que foi recebido pelo sistema normativo portuguecircs
no qual para a garantia do bem-estar tanto de catildees e gatos quanto da sociedade em si vedou
expressamente a comercializaccedilatildeo exportaccedilatildeo ou importaccedilatildeo de qualquer tipo de material ou
produto que tenha em sua composiccedilatildeo pele de gato ou de cachorroTraz ainda no corpo do texto
legal sanccedilotildees mais graviacutedicas em relaccedilatildeo a todos que se envolvam de forma direta indireta
tentada ou consumada ou ainda que sabendo natildeo veia a denunciar ou impedir lutas entre animais
natildeo humanos (PORTUGAL 2007b)
Felizmente observa-se que em caminho contraacuterio ao Projeto de Lei nordm 722020 e a Lei
nordm 2172019 o Projeto de Lei nordm 6312015 busca alterar a redaccedilatildeo do artigo 32 da Lei nordm
960598 onde busca vedar sem motivos justificaacuteveis proferir dor lesatildeo ou sofrimento aos
animais natildeo humanos ressaltando neste ponto a tentativa de se classificar o tratamento dado
54
aos animais natildeo humanos agora como seres sencientes (BRASIL2019) devendo-se constar
que o artigo 82 do Coacutedigo Civil brasileiro caracteriza de forma normativa os animais natildeo
humanos como coisas e sobre a nova hermenecircutica o tratamento juriacutedico destes busca a
compreensatildeo como sencientes (BRASIL 2002) posicionamento este que em Santa Catarina jaacute
se fez constar pela Lei nordm 17485 (SANTA CATARINA 2018)
Em Portugal por meio da Lei nordm 3152009 foram criados ditames regrativos para em
quanto a especificidade de animais natildeo humanos que sejam devido a sua natureza sua
caracterizaccedilatildeo de selvagem sua espeacutecie ou ainda condiccedilotildees especiais caracterizados como
perigosos ou potencialmente estabelecendo diretrizes para a mantenccedila criaccedilatildeo interaccedilatildeo para
com outros seres vivos sejam estes animais humanos ou natildeo humanos enquanto se apresentem
de forma direta ou indireta como animais de companhia infelizmente no Brasil natildeo se pode
observar regramento especificamente da mesma forma (PORTUGAL 2009b)
Assim no presente capiacutetulo foi realizada uma anaacutelise comparativa da evoluccedilatildeo histoacuterica
legislativa dos direitos dos animais natildeo humanos dentro da legislaccedilatildeo brasileira e portuguesa
ateacute a contemporaneidade do estado atual de seus direitos incluindo julgados projetos de lei
suacutemulas sem deixar de constar ateacute retrocessos legislativos dos direitos em questatildeo
55
5 CONCLUSAtildeO
Com o presente trabalho se pode chegar a conclusatildeo que haacute uma lenta evoluccedilatildeo no
tocante dos direitos dos animais natildeo humanos no ordenamento brasileiro em comparaccedilatildeo com
a legislaccedilatildeo portuguesa ora que por muitas vezes o sistema normativo brasileiro se fez valer
de semelhantes posicionamentos legais para com seu paiacutes irmatildeo somente apoacutes um consideraacutevel
lapso temporal ressalvando-se o fato de grande relevacircncia em que nesta comparaccedilatildeo se pode
observar que apenas o Brasil apresenta garantias aos direitos dos animais natildeo humanos dentro
do seu corpo constitucional
O Brasil enquanto comparado aPortugalaquele que se tem reciprocidade de tratamento
ainda se apresenta com pouca atenccedilatildeo sobre o tema destes direitos ora quepor muito tempo natildeo
considerouos animais natildeo humanos como dignos de direito agrave liberdade agrave integridade fiacutesica e o
mais grave o simples e mais essencial o direito a vida
No campo normativo sobre as disputas de guarda de animais natildeo humanos o Brasil
ainda se encontra muito atrasado com relaccedilatildeo aos regimentos legais ora que enquanto em
Portugal esta lide jaacute estaacute determinada perante um artigo do Coacutedigo Civil de 1966 mesmo
queconstando que tal regra normativacoloca o bem-estar dos ditos animais de companhia
somente como uacuteltimo fator para ser considerado em lides de divoacutercios e separaccedilotildees no Brasil
ainda natildeo haacute nota normativa alguma sobre o assunto apenas jurisprudecircncia e Projeto de Lei
demonstrando uma clara falta de embasamento legal para a resoluccedilatildeo das lides neste sentido
poreacutem apresenta uma inovaccedilatildeo para com o seu paiacutes irmatildeo onde em caso de aprovaccedilatildeo do
Projeto de Lei nordm 54218 sem modificaccedilotildees o bem-estar dos animais natildeo humanos seraacute
considerado como fator essencial para a decisatildeo de quem receberaacute judicialmente a guarda do
animal de estimaccedilatildeo
Ainda se pode observar que as normas brasileiras de direitos dos animais natildeo humanos
ao contraacuterio de Portugal por muitas vezes partem de leis estaduais e municipais para depois se
consagrarem no campo federativo tanto que se pode observar incongruecircncias em leis estaduais
e municipais que se apresentam em desacordo com a norma paacutetria causando um retrocesso
legal para com os direitos dos animais natildeo humanos fato este natildeo observado no sistema
normativo portuguecircsMuito provavelmente porque neste os direitos dos animais natildeo humanos
estarem por muitas vertentes garantidos dentro da Convenccedilatildeo Europeia que aleacutem de trazer
regulamentaccedilotildees sobre o tema ainda fiscaliza sua correta aplicaccedilatildeo legislativa
No mesmo tocante enquanto em Portugal os animais natildeo humanos jaacute satildeo tratados de
forma distinta de coisas tanto pela hermenecircutica quanto pela escrita literal das leis onde desde
56
2017 jaacute natildeo satildeo tratados dentro do rol coisas mas sim recebendo a nomenclatura e classificaccedilatildeo
como seres sencientes no paccedilo em que no Brasil semelhante posicionamento atualmente se
encontra tatildeo somente de forma doutrinaacuteria e em sugestotildees de julgados de lides que envolvem
os animais natildeo humanos de forma a ter propiciado a instauraccedilatildeo do Projeto de Leinordm 631 de
2015 que vem a tentar trazer o mesmo tratamento de nomenclatura e classificaccedilatildeo do jaacute
instaurado em Portugal
Ao fim do processo de pesquisa do presente trabalho a pesquisadora observou a
importacircncia de um futuro estudo relativo aos direitos dos animais natildeo humanos no que tange a
Ameacuterica Latina com o intuito de resgatar a evoluccedilatildeo destes direitos dentro do Mercosul tanto
por haver um livre transito entre os paiacuteses afiliados instigando interesse em se conhecer
maissobre a relaccedilatildeo e autonomia de cada paiacutes membrosobre estes direitos conjunto das leis que
se compartilham quanto pela proximidade de suas fronteiras onde a fauna e flora se misturam
vez que ao desenvolver esta pesquisa foi observada uma evoluccedilatildeo relevante nos direitos dos
animais natildeo humanos em Portugal por meio da Convenccedilatildeo Europeia erguendo a curiosidade
para descobrir se dentro no Mercosul poderia ocorrer fato semelhante em relaccedilatildeo as leis
brasileiras
57
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