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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MARIA TEREZA ANDREOLA QUALIDADE DE VIDA E CARACTERÍSTICAS DE PERSONALIDADE DE PESSOAS QUE VIVEM COM AIDS Tubarão 2013

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

MARIA TEREZA ANDREOLA

QUALIDADE DE VIDA E CARACTERÍSTICAS DE PERSONALIDADE

DE PESSOAS QUE VIVEM COM AIDS

Tubarão

2013

MARIA TEREZA ANDREOLA

QUALIDADE DE VIDA E CARACTERÍSTICAS DE PERSONALIDADE

DE PESSOAS QUE VIVEM COM AIDS

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado em Ciências da Saúde da

Universidade do Sul de Santa Catarina, como

requisito parcial à obtenção do título de Mestra

em Ciências da Saúde.

Orientadora: Profª. Rosemeri Maurici da Silva, Drª.

Tubarão

2013

MARIA TEREZA ANDREOLA

QUALIDADE DE VIDA E CARACTERÍSTICAS DE PERSONALIDADE

DE PESSOAS QUE VIVEM COM AIDS

Esta dissertação foi julgada adequada à

obtenção do título de Mestra em Ciências da

Saúde e aprovada em sua forma final pelo

Programa de Mestrado em Ciências da Saúde

da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Tubarão, 09 julho de 2013.

______________________________________________

Professora e orientadora: Rosemeri Maurici da Silva, Dra.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________

Professora: Maria Luiza Bazzo, Dra.

Universidade Federal de Santa Catarina

______________________________________________

Professora: Dayani Galato, Dra.

Universidade do Sul de Santa Catarina

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Antonio Meneghetti, que com sua obra científica restituiu ao homem

a própria humanidade, demonstrando e ensinando que uma personalidade autêntica pode ser

fundamento do verdadeiro conhecer e proceder científico. Nas palavras de Antonio

Meneghetti, não é necessário agradecer a fonte por ela nos dar água, é de sua especificidade

assim o fazer, mesmo assim, agradecimento é sempre expressão de um valor reconhecido.

À Rosemeri Maurici da Silva, que demonstrou uma vocação pedagógica na

iniciação científica acolhendo, respeitando e estimulando o melhor de seu orientado.

Através da Magali Chavez Luiz agradeço toda a equipe de saúde do Ambulatório

do Hospital Nereu Ramos que, com seus esforços e entusiasmo, dispuseram seu tempo para

proporcionar condições para que a pesquisa pudesse ser realizada.

À Simone Mai por sua incansável dedicação e, por que não, paixão na

colaboração contínua, bem como à Patrícia Martins que com sua cooperação na coleta de

dados possibilitou maior agilidade na execução deste trabalho.

Às colegas e amigas Josiane Barbieri, Vera Lucia Rodegheri, Estela Giordani e

Maria Luiza Andreola, as quais, com sua unicidade e especificidade deram generosamente

contribuições eficazes. Cada encontro, cada experiência, se exato, é sempre um constante

nascer.

E por fim, aos participantes desta pesquisa que sem sua voluntária exposição não

seria possível a realização deste trabalho. Mesmo na dor, no sofrimento, na doença sempre é

possível colher o que realmente a vida intenciona em cada humano.

A experiência dos nossos sentidos nos dá o contato da existência em um planeta que

gira dentro de um cosmo, talvez infinito.

Entre as multíplices formas de vida neste planeta existe só uma, íntima e externa, que nos ativa e empenha, que buscamos, amamos e que, talvez, às vezes odiamos: a

humana.

Esta é a tese e a antítese, e cada um de nós quer ser a síntese ou fenomenologia

melhor.

A história da humanidade há mais de 10.000 anos nos motiva ao futuro e retorno,

colocando-nos sempre diante dos problemas: quem sou eu, quem são os outros, o

que é o mundo da vida?

Devemos sempre recordar que todos somos um só organismo.

Eu sou o outro e o outro sou eu.

Tudo e todos somos um só corpo no único planeta, no único tempo.

A sociedade é a expressão global e integral deste único corpo. A nossa avaliação a qualquer parte do nosso corpo: ricos, pobres, crianças, adultos,

cientistas, analfabetos, doentes, sadios, justos, primitivos, evoluídos é que estas são

partes de um só corpo em evento histórico.

Existem momentos a serem compreendidos e resolvidos com amor para diminuir a

dor de uma parte doente que coloca em risco todo o corpo, e para realizar a única

oportunidade para cada um de nós neste corpo dos viventes no mundo da vida.

(MENEGHETTI, 2006a)

RESUMO

Este estudo enfoca a relação sobre a percepção da Qualidade de vida e características de

personalidade de pessoas que vivem com Aids. Tendo em vista o advento da Terapia

Antirretroviral e a cronicidade da infecção, é consequencial pensar na problemática de

promover, além de mais anos, uma vida com qualidade para essas pessoas. Objetivo: avaliar a

associação entre Qualidade de vida e características de personalidade de pessoas que vivem

com Aids, acompanhadas no Ambulatório do Hospital Nereu Ramos do município de

Florianópolis, Santa Catarina. Método: foi realizado um estudo transversal entre os meses de

agosto a dezembro de 2012, envolvendo uma amostra de 80 indivíduos encaminhados pelos

médicos assistentes do ambulatório. Para caracterização da Qualidade de vida foi utilizado o

Instrumento de Avaliação da Qualidade de Vida para pessoas com Infecção por HIV da

Organização Mundial de Saúde (WHOQOL-HIV bref); para identificação das características

de personalidade foram utilizados a Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) e o Teste dos

Seis Desenhos (T6D). Resultados: foram encontradas relações significativas entre pior ou

menor percepção da Qualidade de Vida e características de personalidade no fator

Neuroticismo (p=0,001), e nas facetas Instabilidade Emocional (p<0,001) e Depressão

(p<0,001). Em relação à BFP e ao T6D foram encontradas associações significativas com

índice alto e muito alto no fator Neuroticismo (p=0,024) e a faceta Depressão (p=0,007) com

a tendência à Autossabotagem. Nas variáveis sociodemográficas, clínicas e laboratoriais

foram encontradas associações com pior ou menor percepção da Qualidade de Vida com

menor grau de instrução (p=0,022), sem atividade laboral (p=0,042), baixa contagem de

células TCD4+ (p=0,043) e carga viral detectável (p=0,016). As variáveis atividade laboral

(p=0,028) e usuários de droga (p=0,008) estão associadas com alto grau no fator

Neuroticismo. Conclusão: existe associação com pior ou menor percepção da Qualidade de

Vida e características de personalidade, principalmente com o estado de depressão que

expressa um modelo comportamental e emocional do Eu aprendido na primeira infância.

Palavras-chave: Aids, Qualidade de Vida, Personalidade, Depressão.

ABSTRACT

This study focused on the relationship between the perceived quality of life and personality

traits of people living with Aids. Since the advent of HAART and chronicity of the HIV-

infection, people should be able to add years to their lives and enhance the quality. Objective:

This study was intended to assess the association between quality of life and personality traits

of people living with Aids. Participant patients were monitored at the outpatient center of

Hospital Nereu Ramos in Florianópolis, State of Santa Catarina, Brazil. Method: A cross-

sectional study was conducted between August and December 2012, including a sample of 80

individuals referred by attending physicians of the outpatient center. Assessment of quality of

life was performed using the Quality of Life for People with HIV Infection of the World

Health Organization (WHOQOL-HIV Bref). The Personality Factor Battery and the Six

Drawing Test were used to identify the personality traits. Results: Significant relationships

were found between poor or low perception of quality of life and personality traits in the

neuroticism factor (p=.001), and between the facets of emotional instability (p<.001) and

depression (p<.001). With regard to the personality factor battery and the projective drawing

test, relevant associations were found. There were high and very high rating scores in the

neuroticism factor (p=.024) and depression facet (p=.007), with a tendency towards self-

sabotage. In the sociodemographic, clinical and laboratory variables, poor or low perception

of quality of life was found to be associated with poor education (p=.022), lack of occupation

(p=.042), low CD4+ T-cell count (p=.043) and detectable viral load (p=.016). The variables

occupation (p=.028) and drug users (p=.008) were associated with high scores in the

neuroticism factor. Conclusion: There was association between poor or low perception of

quality of life and personality traits, especially with the state of depression that expresses a

behavioral and emotional model of the self-concept developed during early childhood.

Keywords: Aids; Quality of Life; Personality; Depression.

LISTA DE QUADROS E FIGURAS

Quadro 1 - Critérios clínicos da infecção pelo HIV .............................................................. 14

Quadro 2 - Critério laboratorial por contagem de células TCD4+ ......................................... 15

Quadro 3 - Domínios e facetas do WHOQOL-HIV bref ....................................................... 30

Quadro 4 - Fatores e facetas da BFP ..................................................................................... 32

Quadro 5 - Variáveis do estudo ............................................................................................ 37

Gráfico 1 – Relação dos cinco fatores nos níveis alto e muito alto da Bateria Fatorial de

Personalidade ........................................................................................................................46

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição dos participantes segundo o grau de instrução. ................................. 42

Tabela 2 - Distribuição dos participantes de acordo com a contagem de células TCD4+. ...... 42

Tabela 3 - Distribuição dos participantes de acordo com a forma como foram infectados. .... 43

Tabela 4 - Distribuição dos participantes de acordo com a percepção de seu estado de saúde.

............................................................................................................................................ 43

Tabela 5 - Distribuição dos participantes de acordo com o resultado da BFP. ....................... 45

Tabela 6 - Distribuição de variáveis sociodemográficas, clínicas e laboratoriais de acordo com

a QV dicotomizada. ............................................................................................................. 47

Tabela 7 - Distribuição dos resultados da BFP de acordo com a QV dicotomizada. .............. 49

Tabela 8 - Distribuição de variáveis sociodemográficas, clínicas e laboratoriais de acordo com

o neuroticismo. .................................................................................................................... 50

Tabela 9 - Distribuição do resultado do T6D de acordo com a QV. ...................................... 52

Tabela 10 - Distribuição do resultado do T6D de acordo com a QV dicotomizada. ............... 52

Tabela 11 - Distribuição de variáveis sociodemográficas, clínicas e laboratoriais de acordo

com o T6D. .......................................................................................................................... 52

Tabela 12 - Distribuição dos resultados da BFP de acordo com o T6D. ................................ 54

LISTA DE ABREVIATURAS

AIDS: Acquired Immunodeficiency Syndrome / Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

ARV: antirretroviral

AVD: Atividade da vida diária

BDI: Beck Depression Inventory/ Inventário Depressão de Beck

BFP: Bateria Fatorial de Personalidade

CDC: Centers for Disease Control and Preevntion /Centro de Controle e Prevenção de

Doenças

CEP: Comitê de Ética e Pesquisa

HAT-QoL: HIV/AIDS- targeted Quality of Life test

HIV: Human Immunodeficiency Virus Infection/ Vírus da Imunodeficiência Humana

HumanizaSUS: Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS

HSH: Homens que fazem Sexo com Homens

NEO-PI-R: Inventário de Personalidade NEO PI Revisado

OMS: Organização Mundial de Saúde

PVHAs: Pessoas que vivem com HIV e Aids

QV: Qualidade de Vida

QVRS: Qualidade de Vida Relacionada à Saúde

SINAM: Sistema de Informação de Agravos de Notificação

SUS: Sistema Único de Saúde

T CD 4+: Linfócito TCD4

+

TARV: Terapia Antirretroviral

T6D: Teste dos 6 Desenhos

UNAIDS: Joint United Nations Progam on HIV/AIDS/ Programa Conjunto das Nações

Unidas sobre HIV/Aids

UNISUL: Universidade do Sul de Santa Catarina

WHOQOL-HIV bref: WHOQOL-HIV bref Instrument/ Avaliação da Qualidade de Vida para

pessoas com Infecção por HIV da Organização Mundial de Saúde

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 12

1.1 HIV E AIDS NO MUNDO E NO BRASIL .................................................................... 12

1.2 QUALIDADE DE VIDA E AIDS .................................................................................. 16

1.3 QUALIDADE DE VIDA E CARACTERÍSTICAS DE PERSONALIDADE ................. 20

1.3.1 Características de personalidade e o processo de adoecer ....................................... 21

2 JUSTIFICATIVA............................................................................................................ 27

3 OBJETIVOS ................................................................................................................... 28

3.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................................... 28

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 28

4 ETAPAS METODOLÓGICAS ...................................................................................... 29

4.1 TIPO DE ESTUDO ........................................................................................................ 29

4.2 LOCAL DE ESTUDO.................................................................................................... 29

4.3 SUJEITOS DA PESQUISA ........................................................................................... 29

4.4 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ....................................................................................... 29

4.5 FORMAS DE COLETA DE DADOS ............................................................................ 29

4.5.1 WHOQOL-HIV bref ................................................................................................. 30

4.5.2 Bateria Fatorial de Personalidade ............................................................................ 32

4.5.3 Teste dos Seis Desenhos ............................................................................................. 33

4.6 VARIÁVEIS .................................................................................................................. 37

4.7 CALIBRAÇÃO DOS ENTREVISTADORES ................................................................ 39

4.8 CALIBRAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE COLETA ................................................ 39

5 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................. 40

6 ASPECTOS ÉTICOS ...................................................................................................... 41

7 RESULTADOS ............................................................................................................... 42

8 DISCUSSÃO ................................................................................................................... 56

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 66

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 68

APÊNDICES ...................................................................................................................... 75

APÊNDICE A- Termo de consentimento livre e esclarecido ........................................... 76

APÊNDICE B- Ficha de inclusão ...................................................................................... 78

APÊNDICE C- Roteiro de interpretação dos aspectos gerais do T6D* ........................... 79

APÊNDICE D- Tabela de interpretação e análise dos dados gerais do T6D ................... 81

APÊNDICE E- Modelo quadro síntese de análise e avaliação do T6D ............................ 82

APÊNDICE F- Quadro síntese dos resultados do T6D .................................................... 85

ANEXOS ............................................................................................................................ 89

ANEXO A- WHOQOL-HIV Bref ..................................................................................... 90

ANEXO B- Bateria Fatorial de Personalidade ................................................................. 97

ANEXO C- Parecer Comitê de ética em Pesquisa da UNISIL (CEP-UNISUL) ............ 101

12

1 INTRODUÇÃO

1.1 HIV E AIDS NO MUNDO E NO BRASIL

Passados aproximadamente 30 anos dos primeiros relatos e da convivência com a

Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids), os dados epidemiológicos do Programa

Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) informam que no mundo todo 34

milhões de pessoas viviam com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) no final de 2011,

e quase 30 milhões morreram de causas relacionadas a esta síndrome (UNAIDS, 2013).

A Aids é caracterizada pela diminuição drástica dos linfócitos TCD4+ (TCD4

+) do

sistema imunológico do organismo humano, tornando-o susceptível a diversas doenças

oportunísticas e a certos tipos de neoplasias. Tem como agente etiológico um retrovírus,

isolado pela primeira vez em 1983, tendo sido denominado Vírus da Imunodeficiência

Humana (HIV) (BRASIL, 2006; 2010a; DUARTE, 2010).

A infecção foi identificada pela primeira vez em 1981 nos Estados Unidos,

quando surgiram os primeiros casos de pneumonia por Pneumocystis carinii (atualmente

denominado Pneumocystis jiroveci), e de sarcoma de Kaposi, em homens que faziam sexo

com homens, bissexuais, hemofílicos e usuários de drogas injetáveis. No Brasil, os primeiros

casos da doença foram identificados em 1982, na Região Sudeste (BRASIL, 2010a;

STRINGER et.al., 2002; HOFFMANN; ROCKSTROH; KAMPS, 2005).

O HIV se espalhou rapidamente pelo mundo, tomando proporções de pandemia

com alta letalidade. Inicialmente, a infecção foi identificada entre determinados grupos

populacionais específicos, os chamados “grupos de risco”, o que dava a ilusão de segurança e

imunidade ao restante da população. (BRASIL, 2010a; HOFFMANN; ROCKSTROH;

KAMPS, 2005).

Com a evolução científica conheceu-se a verdadeira cadeia epidemiológica de

transmissão do HIV, que acontece por via sexual, sanguínea (da pessoa infectada, com o

sangue ou mucosas de pessoa não infectada) e vertical (da mãe infectada para o filho durante

a gestação, parto e amamentação), deixando de restringir o risco a determinados grupos. Além

dessas três formas mais frequentes, pode ocorrer também a transmissão ocupacional,

ocasionada por acidente de trabalho, em trabalhadores da saúde. Casos da doença foram sendo

detectados na população em geral, entre adultos, adolescentes e recém-nascidos, colocando

sob risco também homens e mulheres com parceiros sexuais estáveis e heterossexuais.

(BRASIL, 2006). Fugindo do paradigma inicial, estabeleceram-se novos conceitos, tais como,

13

situações de risco e comportamentos de risco em substituição ao conceito de grupos de risco

(BRASIL, 2010).

Segundo o Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de

Desenvolvimento do Milênio: “estima-se que 630 mil pessoas vivam com HIV/AIDS no

Brasil. A taxa de prevalência da infecção na população geral, de 15 a 49 anos, é de 0,61%,

sendo 0,41% entre as mulheres, e 0,82% entre os homens” (BRASIL, 2010b, p. 98).

O Brasil apresentou 656.701 casos de Aids notificados no Sistema de Informação

de Agravos de Notificação (SINAN), no período de 1980 a junho 2012. A análise por regiões

mostra que entre 1980 e junho de 2012 foram identificados 367.540 casos de Aids na Região

Sudeste, 130.942 casos no Sul, 88.830 casos no Nordeste, 37.244 casos no Centro-oeste e

32.140 casos na Região Norte (BRASIL, 2012).

Os estados brasileiros com maior prevalência de casos de Aids são: Rio Grande

do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Amazonas e Roraima. Pode-se ainda acrescentar que

as duas capitais de maior prevalência, respectivamente, Porto Alegre (95,3 por 100.000

habitantes) e Florianópolis (71,6 por 100.000 habitantes), que lideram o ranking desde 2000

(BRASIL, 2012).

A infecção pelo HIV é uma doença transmissível produzida por um retrovírus,

classificado na subfamília dos Lentiviridae, os quais compartilham algumas propriedades

comuns: período de incubação prolongado antes do surgimento dos sintomas da doença,

infecção das células do sangue e do sistema nervoso, e destruição do sistema imunológico

(BRASIL, 2006). Ao ser infectado inicia-se a fase aguda, ou de primo-infecção sintomática,

período em que ocorre a incubação do HIV até o desenvolvimento da resposta imune. Os

primeiros sinais da doença são muito parecidos com os de uma gripe, com febre, sudorese e

mal-estar. Por isso, na maioria das vezes, a infecção inicial não determina diagnóstico devido

ao quadro clínico inespecífico. Esse período varia de três a seis semanas aproximadamente,

ocorrendo uma elevação da viremia e diminuição de células TCD4+ (BRASIL, 2006;

HOFFMANN; ROCKSTROH; KAMPS, 2005).

Depois do período de infecção aguda, habitualmente ocorre um equilíbrio entre a

replicação viral e a resposta imune do hospedeiro, e na maioria dos casos os infectados não

apresentam manifestações clínicas. A fase clínica assintomática, no entanto, é também

marcada pela forte interação entre as células de defesa e as constantes e rápidas mutações do

vírus. O portador assintomático representa a maioria dos indivíduos infectados pelo HIV

(BRASIL, 2006; 2010a).

14

Com o passar do tempo, as células de defesa começam a funcionar com menos

eficiência, até ficarem em número bastante reduzido, tornando o organismo mais vulnerável a

infecções comuns/oportunísticas (hepatite, tuberculose, candidíase, pneumonias de repetição,

dentre outras), e ao desenvolvimento de determinadas neoplasias, atingindo o estágio mais

avançado da doença, a Aids. Os sintomas gerais mais comuns são: febre, diarreia, sudorese

noturna e emagrecimento (BRASIL, 2010a; DUARTE, 2010).

A classificação atual, no que se refere às fases da infecção pelo HIV, de acordo

com sua gravidade, ocorre por critérios clínicos e pela contagem de células TCD4+, conforme

demonstrados nos Quadros 1 e 2.

Quadro 1 - Critérios clínicos da infecção pelo HIV

(continua)

Categoria A Infecção pelo HIV assintomática;

História de infecção aguda pelo HIV; Linfadenopatia generalizada e persistente.

Categoria B Fase sintomática com condições clínicas que não estão listadas na

categoria C*:

Candidíase orofaríngea e vulvovaginal persistente ou pouco responsiva

a terapia;

Displasia cervical (moderada ou grave);

Carcinoma cervical in situ;

Sintomas constitucionais como febre (38,5ºC) ou diarreia por mais de

um mês;

Leucoplasia pilosa oral;

Herpes zooster envolvendo mais de um episódio distinto ou mais de um

dermátomo;

Púrpura trombocitopênica idiopática;

Listeriose;

Doença inflamatória pélvica principalmente se complicada por abcesso

tubo-ovariano;

Neuropatia periférica. Categoria C

(Definidora

de Aids) **

Candidíase dos brônquios, traqueia ou pulmões;

Candidíase esofágica;

Câncer cervical invasivo *;

Coccidioidomicose disseminada ou extrapulmonar;

Criptococose extrapulmonar;

Criptosporisdiose intestinal crônica (mais de um mês);

Doença por citomegalovírus (exceto fígado, baço ou linfonodos);

Retinite por citomegalovírus (com perda de visão);

Encefalopatia relacionada ao HIV;

Herpes simples por mais de um mês;

Bronquite, pneumonite ou esofagite;

Histoplamose disseminada ou extrapulmonar;

15

Quadro 1 - Critérios clínicos da infecção pelo HIV

(conclusão)

Isosporíase intestinal crônica (mais de um mês);

Sarcoma de Kaposi;

Linfoma de Burkitt;

Linfoma imunoblástico;

Linfoma primário do cérebro;

Mycobacterium tuberculosis (qualquer local);

Mycobacterium avium ou Mycobacterium kansassi disseminada ou extra

pulmonar;

Pneumonia por Pneumocystis jiroveci;

Pneumonia recorrente *;

Leucoencefalopatia progressiva;

Septicemia por salmonela recorrente;

Toxoplasmose do cérebro; Síndrome consumptiva por HIV.

Fonte: Classificação do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). (HOFFMANN, ROCKSTROH,

KAMPS, 2005).

As condições em que há o sinal (*) devem cumprir pelo menos um dos seguintes critérios: a) são atribuídas ao

HIV ou indicativas de um defeito na imunidade celular e, b) condições consideradas pelos médicos como

complicação da infecção pelo HIV. ** Uma vez que uma condição da categoria C ocorreu, o paciente permanece

nesta categoria.

Quadro 2 - Critério laboratorial por contagem de células TCD4+

CATEGORIA 1 – TCD4+

> 500 células/mm3

CATEGORIA 2 – TCD4+

> 200 e < 500 células/mm3

CATEGORIA 3 – TCD4+

< 200 células/mm3

Fonte: CDC. (HOFFMANN; ROCKSTROH; KAMPS, 2005).

A categorização apresentada no Quadro 2 é baseada na mais baixa contagem de

células TCD4+ e não necessariamente na mais recente.

A evolução no diagnóstico e na terapia antirretroviral (TARV), resultou no

aumento da sobrevida dos infectados. A Aids deixa de ocupar uma condição de letalidade

obrigatória e passa a ser uma doença crônica tratável, aumentando com isso a longevidade.

Diante deste novo panorama, as preocupações voltam-se para a qualidade de vida (QV) destas

pessoas (WU, 2000; GALVÃO, CERQUEIRA, MARCONDES-MACHADO, 2004; SEIDIL,

ZANNON, TRÓCOLI, 2005; MARINS, et al., 2003).

16

1.2 QUALIDADE DE VIDA E AIDS

Versando o olhar para o tema QV, é importante fundamentar-se no que se entende

por saúde, pois o desfecho final da QV considerada funcional é a saúde. A Organização

Mundial da Saúde (OMS) define que saúde é um status de completo bem-estar físico, mental

e social, e não apenas como a ausência de doença, ou enfermidade (OMS, 1946).

Diferentes áreas da saúde começaram a direcionar sua atenção à promoção da

saúde. Já em 1986, a Carta de Ottawa, descrevia saúde como o maior recurso para o

desenvolvimento social, econômico e pessoal, bem como uma importante dimensão da QV.

Saúde, então, deve ser vista como um recurso para a vida, e não somente como objetivo de

viver. Nesse sentido, a saúde é um conceito positivo, que enfatiza os recursos sociais e

pessoais, como também as capacidades físicas (OMS, 1986).

Desta forma, pode-se dizer que o processo de promoção da saúde implica a

capacitação da comunidade para atuar na melhoria da própria QV e saúde, inclusive com

maior participação no controle deste processo (OMS, 1986). Esta visão reforça a

responsabilidade e os direitos dos indivíduos e da comunidade no que se refere à sua saúde e

ao seu bem-estar (BUSS, 2000).

O interesse pela QV tem impulsionado um movimento de humanização nas

ciências da saúde, no sentido de valorizar parâmetros mais amplos do que somente o controle

de sintomas, a diminuição da mortalidade ou o aumento da expectativa de vida (FLECK et al.,

1999).

No Brasil, a Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão no Sistema

Único de Saúde (SUS), o HumanizaSUS, compreende por humanização a valorização dos

diferentes sujeitos implicados no processo de produção da saúde. Os valores que norteiam

essa política são a autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a corresponsabilidade entre eles,

os vínculos solidários e a participação coletiva nas práticas de saúde (BRASIL, 2009).

Em referência à temática QV e Aids, o Brasil foi um dos pioneiros, entre os países

em desenvolvimento, a possibilitar acesso universal à TARV, o que ocasionou importante

reflexo na sobrevida dos pacientes com a doença (TEIXEIRA; PAIVA; SHIMA, 2000;

GIRALDO, 2006). Nesse sentido, o tema emerge como um dos objetivos principais da prática

clínica e das pesquisas da área, voltando-se as preocupações para a QV, e não apenas para

mais anos de vida (PANZINI et al., 2007).

17

De acordo com OMS (OMS, 2002a), o conceito de QV é definido como: “a

percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e do sistema de valores

nos quais ele vive, e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.

Nesse sentido, a QV baseia-se em parâmetros que se referem à percepção subjetiva dos

aspectos considerados importantes na vida de uma pessoa, quais sejam: intensidade em que a

ambição incide na experiência pessoal; a percepção do indivíduo sobre sua posição na vida

(cultura e sistema de valores); e a relação com seus objetivos (expectativas e padrões do

estado atual em relação ao ideal). Não apenas a saúde, representada pelos domínios físico e

funcional, é importante para se entender a QV do sujeito diante da situação de uma doença,

mas outros domínios que se referem a aspectos sociais e emocionais, os quais são de igual

valor (GEOCZE et al., 2010).

A avaliação da QV ou bem-estar é influenciada pelas características temporais (de

época) e culturais, ou seja, expressa um estado dinâmico, sendo que a perspectiva de

avaliação está centrada não na natureza objetiva do meio ambiente, do estado funcional ou do

estado psicológico, mas na percepção do respondente que está em questão (FLECK, 2000).

Estudos com pessoas vivendo com HIV, apontam que o impacto com o

diagnóstico, enfrentamento e controle da doença têm interferências na QV (SEIDL,

ZANNON, TRÓCCOLI, 2005; GEOCZE et al., 2010). O tratamento e a convivência

cotidiana com a doença crônica, além da possibilidade de agravo por doenças oportunísticas,

afetam dimensões individuais, culturais e sociais (ZIMPEL, FLECK, 2008).

Castanha et al. (2006) analisando os aspectos psicossociais da vivência da

soropositividade ao HIV, em um estudo qualitativo, concluíram que a doença atinge o ser

humano em sua globalidade, repercutindo inúmeras consequências físicas, psicossociais,

familiares e profissionais. As alterações em decorrência da doença ultrapassam os aspectos

orgânicos, refletindo também no modo de vida e nas relações sociais pela própria

incapacidade causada pelo adoecimento. O preconceito, a segregação e o estigma influenciam

e orientam a conduta das pessoas que vivem com HIV no decorrer da doença. Viver com Aids

implica deparar-se com situações de discriminação, abandono, isolamento, estigmatização,

ruptura nas relações afetivas, problemas com a sexualidade, auto-estima abalada e

consequências psico-afetivas com alto índice de sintomas de depressão.

Seben et al. (2008) salientam que o modo de enfrentamento da doença depende

das características psicológicas de cada sujeito. Em muitos casos, o mecanismo psicológico

utilizado é o de negação da gravidade da doença, que pode significar uma tentativa de aplacar

as angústias relacionadas com a morte. Refere ainda, que a morte é temida, mas o que mais

18

causa angústia e medo é a morte indireta, ou seja, a morte social e a dor física que algumas

doenças relacionadas à Aids podem causar. Os mesmos autores citam que o amor próprio e a

autoimagem denegridos pela doença são fontes de ansiedade, medo e desconforto, uma vez

que a pessoa vai percebendo sua aparência física em crescente deterioração, seja pela doença,

seja por efeitos adversos de certos medicamentos.

Estudos demonstram consequências psicológicas que vão desde alterações

transitórias do humor, até desordens psiquiátricas importantes (REIS, 2011; SCHIMITT,

SILVA, 2009). Pacientes com alta carga viral e doença avançada apresentam elevada

prevalência de ansiedade e de depressão, deteriorando a QV (MARTÍN et al., 2002).

Em análises realizadas com 308 homens e mulheres infectados pelo HIV (131

assintomáticos, 91 sintomáticos e 86 com Aids) em Porto Alegre (RS), evidenciou-se que o

sintoma ansiedade está presente de forma semelhante ao longo das fases da doença, enquanto

os sintomas depressivos aparecem de forma mais significativa nos estágios da Aids. Sendo

assim, além dos sintomas da infecção e efeitos colaterais devidos ao tratamento, a QV parece

ser afetada, principalmente no que tange à depressão (ZIMPEL, FLECK, 2008).

Remor (2002), ao analisar o estado de ansiedade e depressão em relação à QV das

pessoas que vivem com HIV, identificou que as percepções e expectativas negativas com o

tratamento podem modular o estado emocional e impactar negativamente a QV, e que um

nível de apoio social adequado é capaz de atenuar este impacto negativo.

No estudo de Reis et al. (2011), com amostra composta por 228 pessoas vivendo

com HIV em Ribeirão Preto (SP), no período compreendido entre 2007 e 2008, investigando-

se a relação entre sintomas de depressão e QV, identificaram que 27% dos indivíduos

apresentaram sintomas de depressão (leve, moderada e grave), sendo que as mulheres

apresentaram sintomas de intensidade mais grave que os homens. Os indivíduos com

sintomas depressivos demonstraram menores escores de QV em relação aos indivíduos com

ausência destes sintomas, na maioria dos domínios do Quality of Life (HAT-QoL).

O HAT-QoL, desenvolvido por Holmes & Shea (1998), é um instrumento

construído especificamente a indivíduos infectados pelo HIV, contempla nove domínios:

atividade geral, atividade sexual, preocupação com sigilo sobre a infecção, preocupação com

a saúde, preocupação financeira, conscientização sobre o HIV, satisfação com a vida,

questões relativas à medicação e confiança no médico.

Tendo em vista as consequências da doença que se refletem na QV, passou a ser

significativo mensurar a forma como as pessoas vivem esses anos a mais. Panzini et al. (2007)

19

referendaram Fallowfield (1990) que definiu a QV como a medida que faltava na área da

saúde.

Um dos questionários utilizados para avaliar a QV em indivíduos com Aids é o

Instrumento Abreviado de Avaliação da Qualidade de Vida para pessoas com Infecção por

HIV da Organização Mundial de Saúde (WHOQOL-HIV bref). O módulo do WHOQOL para

Aids é importante em função da complexidade médica da doença, do impacto na qualidade de

vida, do seu estigma, e das peculiaridades que envolvem seu contágio (FLECK, 2000).

Em estudos sobre a QV em pessoas vivendo com HIV, Zimpel e Fleck (2003)

avaliando diferentes estágios da doença (HIV assintomático, HIV sintomático e Aids)

identificam que os escores dos domínios do WHOQOL-HIV estão associados com os estágios

da infecção, piorando à medida que a doença evolui. Foi encontrada diferença significativa

em todos os domínios entre o grupo Aids e os grupos assintomáticos e sintomáticos, com

tendência de um mesmo perfil de escores nestes dois últimos. A única exceção ocorre no

domínio meio ambiente, no qual o grupo Aids teve escores significativamente inferiores

apenas em relação ao grupo sintomático. As diferenças significativas de QV do grupo Aids

em relação aos grupos sintomáticos e assintomáticos demonstram a manifestação da doença

no estado clínico avançado. Além disso, a presença da relação entre escores do domínio

psicológico e as fases da infecção pelo HIV é notada com o estágio da Aids, diferenciando-se

dos dois primeiros. Estudo conduzido por Silva et al. (2013) indicou que a percepção do

paciente sobre estar ou não doente tem relação com a QV e que pelo longo tempo de

seguimento dos pacientes vivendo com HIV é necessário avaliação e monitoramento dos

aspectos psicológicos, particularmente, em pacientes com baixo nível educacional, uma vez

que são os que reportam a pior percepção sobre QV (SILVA et al., 2013).

Na análise de Zimpel e Fleck (2003) se confirmou a esperada diminuição dos

escores no domínio físico e nível de independência à medida que a doença avança e a

infecção repercute no corpo e na capacidade de auto-gerenciamento. Em relação ao domínio

espiritualidade, nos estágios mais avançados da doença constataram-se escores inferiores em

relação aos demais grupos. O estágio sintomático apresentou os maiores escores, o que sugere

que o indivíduo fica mais propenso à introspecção e à subjetividade quando surgem os

primeiros sintomas e não necessariamente nos momentos mais tardios ou de debilidade

clínica. O estudo revelou também as variáveis sociodemográficas e suas relações com o

escore WHOQOL-HIV. As mulheres, os jovens (< de 35 anos) e os casados apresentaram

associação com pior QV (ZIMPEL, FLECK, 2003). Também Gaspar et al. (2011) utilizando a

mesma metodologia, concluíram que os fatores que desencadeiam o baixo nível

20

socioeconômico e educacional apresentaram associação significativa com os diferentes

domínios, indicando a relação entre QV e condições de vida (GASPAR, et al., 2011).

Outras pesquisas, realizadas com instrumentos diferentes ao WHOQOL-HIV,

corroboram os dados de Zimpel e Fleck (2003) em relação à QV das mulheres que vivem com

HIV, concluindo que a realidade socioeconômica tendendo ao empobrecimento, a ruptura das

relações socioafetivas e o problema da sexualidade são interferentes diretos na QV dessas

mulheres (GALVÃO, CERQUEIRA, MARCONDES-MACHADO, 2004; REIS, 2011).

Em relação ao apoio social, o que chamou a atenção de Zimpel e Fleck (2003) em

suas análises é que os casados apresentaram pior escore da QV, uma vez que o apoio social,

começando pela família deveria favorecer maior bem-estar. De fato, o apoio social pode ser

uma variável mediadora das percepções e expectativas do tratamento, bem como do impacto

emocional e da QV percebida (REMOR, 2002; SEIDL, ZANNON, TRÓCCOLI, 2005). No

Estado de Santa Catarina, estudo realizado em um município da região metropolitana de

Florianópolis, conduzido por Silva et al. (2013), indicou que pessoas que vivem com HIV de

modo geral apresentam boa QV, entretanto há necessidade do apoio social aos pacientes e

fiscalização das atitudes discriminatórias (SILVA et al., 2013).

1.3 QUALIDADE DE VIDA E CARACTERÍSTICAS DE PERSONALIDADE

A QV relacionada à saúde (QVRS) vem suscitando grande interesse em estudos

relacionados às doenças crônicas em que se objetiva a redução do impacto da doença nas

diferentes áreas de estudo da vida da pessoa (FLECK et al., 2008; SEIDIL, ZANNON,

TRÓCOLI, 2005; SEIDIL, 2005). Estes estudos abordam a mudança no enfoque em relação

às pesquisas sobre doenças crônicas, incluindo a infecção pelo HIV. O enfoque das pesquisas

tem se deslocado não apenas para a doença em si mesma, mas igualmente tem buscado a

“identificação de fatores que propiciam o crescimento psicológico” (SEIDIL, 2005, p. 422),

tais como, características adaptativas no enfrentamento que a pessoa realiza defronte a sua

vida e a doença, adesão ao tratamento e, consequentemente, perante a QV (FLECK et al.,

2008; SEIDIL, 2005). Assim, estudos acerca da QV também revelam o modo como a pessoa

conduz a sua vida e nesse sentido, Fleck et al. (2008, p. 26) chegam à conclusão de que a QV

“está intimamente relacionada a um dos anseios básicos do ser humano, que é o de viver bem

e sentir-se bem”. O nível de bem-estar, e consequentemente, o nível de satisfação, podem

21

estar associados a variáveis como traços de personalidade, eventos de vida, coping1, presença

de uma rede de suporte social e o estabelecimento de relações de intimidade (SERAFINI,

BANDEIRA, 2009; NUNES, HUTZ, GIACOMONI, 2009).

Calman (1984) define a QV como o espaço, em um determinado momento no

tempo de um indivíduo, entre as suas esperanças, expectativas e as atuais realizações. Uma

boa ou maior percepção de QV pode ser compreendida como a diminuição do hiato entre os

objetivos de vida e as ações concretas. Para o mesmo autor esta definição enfatiza a

importância do crescimento pessoal. Neste sentido Fleck et al. (2008) acrescenta que

provavelmente, também a personalidade e a cultura em que o indivíduo está imerso sejam

determinantes importantes na ‘decisão’ de aumentar as realizações ou diminuir as

expectativas.

Um dos aspectos relevantes considerado na avaliação da QV é a subjetividade,

isto é, a percepção da pessoa sobre seu estado de saúde num determinado momento, em

interação com o contexto sociocultural (SEIDIL, ZANNON, 2004). O modo individual de

percepção e ação sobre si mesmo e o ambiente está diretamente relacionado à especificidade

de personalidade. De fato, Meneghetti (2006b, p. 128), salienta que a percepção implica em

consciência e, por meio desta o sujeito “sabe tudo e se dá conta, nela [a consciência] existe o

insight da personalidade, ou seja, existe o sujeito que decide, que vê, que faz”. Pode-se supor,

então, que a personalidade desenvolvida pela pessoa ao longo de sua vida está relacionada à

QV. Já, Zimmermann e Fleck (2008, p. 174) concluíram que, “uma variável tão longínqua

quanto a forma de criação no início da vida, pode influenciar a qualidade de vida de um

adulto jovem”.

1.3.1 Características de personalidade e o processo de adoecer

Muitos autores realizaram estudos para elucidar aspectos da relação entre a

interioridade do indivíduo e doenças crônicas, desde o advento da psicanálise, perpassando

pela psiconeurociência, psicologia positiva até a ontopsicologia (CALMAN, 1984; ULLA,

2002; MORENO-JIMÉNEZ, GARROSA, GÁLVEZ, 2005; MENEGHETTI, 2005a;

VOLICH, 2010).

Meneghetti, ao empreender estudos sobre os pressupostos psicobiológicos, revela

as correlações entre o processo do adoecer e os aspectos psicológicos, o que implica uma

1 Coping: conjunto das estratégias utilizadas pelas pessoas para adaptarem-se a circunstâncias adversas ou

estressantes. (ANTONIAZZI, DEL’AGLI,; BANDEIRA, 1998).

22

visão diferenciada sobre a metodologia de diagnose e de intervenção (MENEGHETTI, 2010a,

2005a). Este autor elucida a estrutura e a dinâmica da personalidade, contemplando como fim

último a evolução criativa pessoal e social do humano. Portanto, para chegar a este fim, é

necessário, antes de tudo, resgatar a sanidade base do indivíduo e concomitante QV, que o

autor associa ao estilo de vida adotado pelo sujeito, o qual inclui os modelos emocionais e

comportamentais adquiridos no desenvolvimento da personalidade (MENEGHETTI, 2010a).

Por isso, para definir e entender a estrutura e dinâmica da personalidade na sua

constituição psicológica, torna-se indispensável a clarificação de dois termos fundamentais:

temperamento e caráter. A personalidade é constituída pelo temperamento e pelo caráter, e

sua expressão máxima é a modalidade que especifica a unicidade e irrepetibilidade de cada

pessoa (MENEGHETTI, 2010a).

A palavra temperamento deriva etimologicamente do latim temperamentum, que

por sua vez é composta por dois termos: tempo e mente, que significa a combinação da mente

no tempo (MENEGHETTI, 2012a). Cabe salientar que mente possui o mesmo sentido

definido em termos filosóficos, ou seja, nous, significando a fonte da inteligência, o projeto

ou o princípio (CHAUÍ, 1994). Em âmbito psicológico, indica a fonte do instinto vital

(MENEGHETTI, 2005b). Este autor desenvolve a compreensão das correlações existentes

entre intelecto e instinto. Define instinto como força da natureza (MENEGHETTI, 2006c),

isto é, “comportamento hereditário, que se dá através da espécie, [...] que consente a

existência, a conservação e o crescimento” (MENEGHETTI, 2005b, p. 12). Em outras

palavras, é o vetor da estrutura orgânica que se revela em um comportamento objetal, ou seja,

em relação a. No escorrer do tempo e do espaço (interação ambiental) toma direções dando

um “cromatismo” diferenciador e especificador a cada pessoa (MENEGHETTI, 2012a,

2005b).

O temperamento, organizado pela natureza, “é baseado no feixe de instintos”

(MENEGHETTI, 2010a, p. 40). Nesse sentido, o temperamento expressa uma atitude ou

disponibilidade a determinados comportamentos estáveis (tipologia de sensibilidade, de

preferências, de gostos, etc.) que se adquire no nascimento (MENEGHETTI, 2012a). De

acordo com o autor, o temperamento “não pode ser corrigido ou mudado, mas somente

aperfeiçoado no decorrer do tempo”, (MENEGHETTI, 2006d, p.84), mantendo-se como

fonte integradora, especificadora e diferenciadora da personalidade em relação aos demais

sujeitos. O temperamento é o elemento axial da personalidade, expressando as características

de unicidade e irrepetibilidade de cada humano, isto é, a tendência natural de cada sujeito é

23

expressa em traços criativos ou no modo específico de perceber e “metabolizar” ou assimilar

o mundo (MENEGHETTI, 2005a).

Por sua vez, o termo caráter etimologicamente vem do grego charaktér que

significa incidir, esculpir. Portanto, caráter é um comportamento esculpido a partir do externo,

do ambiente, não original, não inato, estruturando-se como um modo constante de percepção

e reação, o que determina específicos comportamentos elaborados pelas experiências de vida

(MENEGHETTI, 2012a). Assim, a personalidade é resultado da dialética entre o

temperamento e o caráter (MENEGHETTI, 2010a).

Esta dialética entre temperamento e caráter constitui-se com base em três

pressupostos psicobiológicos na formação da personalidade, a saber (MENEGHETTI, 2003a,

2010a):

1- tecido orgânico ou código genético;

2- imediatismo de interação corpo-ambiente;

3- incidência diretiva organizada do social, (isto é, a influência dos valores e

normas constituídas pela sociedade).

Estes pressupostos psicobiológicos compõem a formação do temperamento e do

caráter. Assim, a pessoa é uma unidade psicofísica em constante interação com o ambiente

que, por sua vez, exerce influência significativa na diferenciação e especificação da

personalidade. Meneghetti (2003a) define ambiente de interação em dois sentidos: um diz

respeito ao ambiente físico e o outro aos modelos de comportamentos sociais. Por

conseguinte, o processo de constituição da personalidade ocorre em recíproca interação: “em

um ambiente físico é também continuamente estimulado, segundo interesses de um ambiente

especializado, adulto, como é a sociedade” (MENEGHETTI, 2003a, p.15). A incidência

diretiva e organizada do social influencia diretamente na formação do caráter, pois “o caráter

se forma por hábitos, por educação, por aprendizagem, através de decisões, cultura, repetição

de modelos” (MENEGHETTI, 2006d, p. 84).

A personalidade, desse modo, é construída na história através das experiências da

pessoa; em tais experiências, existem as escolhas contínuas em que o Eu é o determinante

categórico no processo da formação da personalidade. O Eu é a parte psíquica que auxilia a

perceber e refletir a realidade interna e externa de cada individuação, tendo como função:

entender as exigências que o núcleo instintual informa e especificar o modo adequado de

operar na relação ambiental. Em outras palavras, o Eu deve individuar o modo de

comportamento voluntário apropriado para a satisfação das necessidades indicadas pela

informação instintual (MENEGHETTI, 2003a, 2010a, 2012a).

24

O Eu, entretanto, na interação com o ambiente que o circunda, ou seja, nas

primeiras e fundamentais relações que estabelece com o meio, apreende e assimila modelos

emocionais e comportamentais, especialmente através das relações afetivas no interior do

ambiente familiar. Por ambiente familiar se entende “qualquer grupo que constitui a zona de

referência, como primeiro ambiente da pessoa” (MENEGHETTI, 2005b, p. 36), e não

somente no sentido de consanguinidade. Estas modalidades de interação ou estereótipos, com

o passar dos anos podem se tornar fixas, rígidas, incidindo sobre o Eu que, não obstante a

novidade tanto das necessidades instintuais, quanto dos estímulos ambientais que mudam

continuamente, acaba utilizando-se de um único modelo de adaptação. As primeiras

experiências sofridas, obstruem outras possibilidades e pré-orientam a pessoa de um certo

modo. De fato, sobre as primeiras bases da infância, começa a formar-se uma estrutura

autorreguladora, autosseletiva (MENEGHETTI, 2005b). Em muitos casos, o sujeito estando

fixado numa estrutura limite encontra-se incapaz de agir, de forma flexível e criativa, a fim de

corresponder às exigências internas e externas. A não correspondência causa a desadaptação e

consequentemente a frustração. Nesse sentido, “o sujeito encontra-se forçado, mesmo se

acredita ser livre, a escolher as pessoas, os lugares, as ações que confirmam um modo de errar

consigo mesmo” (MENEGHETTI, 2006d, p. 92). A lei primária é aquela de não contradizer

aquilo que se é, ou seja, é a autoconservação e o crescimento. Assim, “a autorrealização é um

dever, porque é um instinto, não uma escolha” (MENEGHETTI, 2005b, p.17). Cabe salientar

que, para o autor, o homem em sua base é sadio: o problema encontra-se no Eu, no modo

como o sujeito escolhe, o que pode determinar escolhas incongruentes, distônicas, frustrantes

aos instintos e, consequentemente, não realizadoras. A partir destas escolhas, nascem os

problemas psicológicos, sociais, profissionais, assim como aqueles somáticos (MENDES,

PETRY, GIORDANI, 2009).

Meneghetti (2003b, 2010b), em suas pesquisas, conclui que existe uma correlação

entre a doença crônica e os modos caracteriais de comportamento da pessoa. Estes modos

comportamentais e emocionais geralmente não são conscientes, isto é, conscientemente o

indivíduo não deseja o desequilíbrio da ordem psicofísica. Muitas vezes expressa, expõe o

desejo de viver.

Também Diniz e Zanini (2010) comentam que, a respeito da relação

personalidade e saúde, os recentes estudos indicam que são encontradas duas formas pelas

quais a personalidade incide sobre a saúde: direta, e por efeito mediador do coping. No modo

direto, os indivíduos com determinados traços de personalidade tendem a desenvolver

determinadas doenças (NUNES, 2005). No efeito mediador do coping, os indivíduos com

25

determinadas características ou traços de personalidade tendem a enfrentar os problemas de

sua vida de determinada maneira e esta forma de enfrentamento específica repercute em sua

saúde (DINIZ, ZANINI, 2010).

Segundo Smith (2006), traços de personalidade estão diretamente relacionados

aos comportamentos que influenciam o desenvolvimento de doenças. Rey (2004) estudando

as relações entre o estilo de vida e a saúde, conclui que o sujeito possui papel ativo. É o seu

comportamento que vai incidir no seu estado de saúde ou de doença.

Thomas (2009) conclui, através de seus estudos, que os fatores de personalidade

podem ser associados diretamente aos impactos sobre a QV e aos estados de saúde das

pessoas ou, ainda, ao modo como o indivíduo se porta em relação a sua doença (adesão ao

tratamento proposto).

Em estudos sobre as relações psicossociais da pessoa que vive com HIV, Souto

(2008) confirma que conforme o modo de percepção e reação frente a esta situação de vida, a

pessoa pode decidir por atitudes construtivas ou destrutivas a respeito de si mesma e suas

relações. A reação da pessoa que vive com HIV depende da sua personalidade e seu contexto

existencial e acrescenta, que “o padrão de resposta existencial da pessoa ao diagnóstico de

portador de HIV tende a resultar daquilo que sua consciência diz a seu próprio respeito”

(SOUTO, 2008, p.116).

Leite et al. (1996) comentam que a forma como o indivíduo encara o diagnóstico

depende da dinâmica psíquica anteriormente existente. Para Meneghetti (2011a), esta

dinâmica anteriormente existente é motivada por um caráter emotivo-afetivo desde a infância

e depende de um tipo de educação no qual o sujeito aprendeu um estereótipo que depois se

fixa no sujeito e torna-se caracterial (MENEGHETTI, 2005a, 2011a).

Penedo et al. (2003) investigaram a relação entre personalidade , QV e adesão ao

tratamento em 116 homens e mulheres que vivem com HIV. Não foram encontradas relações

entre personalidade e adesão a TARV, porém valores mais altos no fator neuroticismo foram

significativamente associados com os domínios da QV, sugerindo que indivíduos com

elevado índice neste fator de personalidade tendem a experimentar estados depressivos,

angústia e medo. Em contrapartida, maiores pontuações nos fatores extroversão e realização

foram significativamente associados com melhor QV. Os pesquisadores concluem que os

traços de personalidade estão associados com a QV e que esta por sua vez, está relacionada à

adesão ao tratamento. Pessoas que vivem com HIV com níveis mais elevados de extroversão e

realização relatam melhor QV, particularmente nos domínios de funcionamento global e

preocupações médicas, o que pode colaborar no enfrentamento da doença. O fator

26

neuroticismo está associado ao nível crônico de ajustamento, instabilidade emocional dos

indivíduos, refletindo um estilo cognitivo e comportamental no processo de enfrentamento de

situações adversas ou estressantes (NUNES, 2010).

27

2 JUSTIFICATIVA

A relevância desta pesquisa está no fato de que, com o advento da TARV e a

cronicidade da infecção, é consequencial pensar na problemática de promover, além de mais

anos, uma vida com qualidade para as pessoas que vivem com Aids.

Avaliação da QV diz respeito à autopercepção da experiência em saúde, portanto,

é forçoso direcionar os estudos, também, à interioridade do indivíduo. Patrick (2008), salienta

que o ambiente externo (aspectos sociais e culturais) e o ambiente interno (aspectos

individuais) do indivíduo são fatores determinantes que influenciam na QV. Ao se referir aos

aspectos individuais, este autor elencou o estilo de vida e comportamento de saúde, o

comportamento em relação à doença, valores e preferências, como também a personalidade e

a motivação. Nunes (2005), além disso, refere que indivíduos com determinados traços de

personalidade tendem a desenvolver doenças. Entendendo que a doença, por si só, não existe,

mas que existe o homem doente com peculiaridades individuais que determinam um modo

específico de perceber-se e de comportar-se consigo mesmo e com o ambiente circunstante

(MENEGHETTI, 2005a), neste sentido, justifica-se a relevância de uma investigação

científica. Diante disso, conhecer a percepção da QV em saúde (consciência de ser) e a

tendência comportamental (modelos comportamentais e emocionais que dirigem o modo de

ser) das pessoas que vivem com Aids, possibilita, como resultado último, a maior eficácia nas

intervenções que visam garantir a melhoria da QV em saúde.

O presente estudo poderá proporcionar uma maior compreensão da relação da

personalidade e QV, subsidiando o aprimoramento das intervenções que procuram promover

a saúde, planejamento de políticas e ações sociais e educacionais para a conscientização e a

mudança de hábitos por parte da população que vive com Aids. Além disso, o estudo poderá

colaborar para uma abordagem interdisciplinar nos serviços de saúde, tanto no momento de

diagnóstico, quanto no processo de tratamento e atendimento a estas pessoas.

28

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a associação entre Qualidade de Vida e características de personalidade de

pessoas que vivem com Aids.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Caracterizar a Qualidade de Vida de pessoas que vivem com Aids, utilizando-se

do WHOQOL-HIV bref;

Identificar características de personalidade de pessoas que vivem com Aids, por

meio da Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) e Teste dos 6 Desenhos (T6D);

Identificar os aspectos sociodemográficos, clínicos e laboratoriais de pessoas que

vivem com Aids;

Relacionar a Qualidade de Vida e as características de personalidade com os

aspectos sociodemográficos, clínicos e laboratoriais de pessoas que vivem com

Aids.

Relacionar a Qualidade de Vida com as características de personalidade;

29

4 ETAPAS METODOLÓGICAS

4.1 TIPO DE ESTUDO

Foi realizado um estudo de delineamento transversal no período de agosto a

dezembro de 2012.

4.2 LOCAL DE ESTUDO

O estudo foi realizado no ambulatório do Hospital Nereu Ramos, referência em

atendimento de infectologia e pneumologia de Santa Catarina, localizado na cidade de

Florianópolis - SC.

4.3 SUJEITOS DA PESQUISA

Foram incluídas no estudo pessoas com diagnóstico de Aids, com idade igual ou

superior a 18 anos, cadastradas e atendidas no ambulatório do Hospital Nereu Ramos e que

assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A).

O cálculo amostral do estudo, tendo uma margem de erro de 10%, nível de

confiança de 95%, tamanho estimado da população de 350 indivíduos com diagnóstico de

Aids, e distribuição da resposta estimada em 50%, resultou em 76 participantes a serem

avaliados. Foram convidados a participar do estudo, pacientes encaminhados pelos médicos

assistentes do ambulatório do Hospital Nereu Ramos.

4.4 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Foram considerados como critérios de exclusão aqueles que apresentassem claro

prejuízo cognitivo e os não alfabetizados.

4.5 FORMAS DE COLETA DE DADOS

A QV foi caracterizada por meio da aplicação do questionário WHOQOL-HIV

bref (ANEXO A). A identificação das características de personalidade foi feita pela Bateria

30

Fatorial de Personalidade (BFP), que é de uso exclusivo do psicólogo (ANEXO B), e do Teste

dos 6 Desenhos (T6D).

Os participantes da pesquisa, após a consulta de rotina foram encaminhados para

uma sala reservada, respeitando-se a privacidade dos mesmos, onde foram realizadas as

coletas dos dados.

Os dados sociodemográficos, clínicos e laboratoriais foram registrados em

formulários específicos, denominados fichas de inclusão (APÊNDICE B), estes dados foram

coletados do prontuário e de informações do participante. Os instrumentos WHOQOL-HIV

bref e BFP foram autoaplicados. Para a realização do T6D foi fornecido lápis preto nº 2, seis

folhas em branco (A4), além da orientação para a realização de cada um dos seis desenhos. A

duração da aplicação dos instrumentos foi de aproximadamente uma hora. Todas as etapas

foram orientadas pelos entrevistadores.

4.5.1 WHOQOL-HIV bref

O WHOQOL-HIV bref foi desenvolvido pelo grupo de Qualidade de Vida da

Divisão de Saúde Mental da Organização Mundial de Saúde (FLECK et al., 2008). Foi

adaptado para o Brasil por Marcelo Pio De Almeida Fleck e colaboradores, do Departamento

de Psiquiatria e Medicina Legal, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (OMS,

2002a). O WHOQOL-HIV bref está baseado no WHOQOL-bref, a forma abreviada do

WHOQOL-100. Ele contém cinco questões extras específicas para pessoas infectadas pelo

HIV e é composto por 31 questões, cujas respostas são referentes às duas semanas anteriores a

sua aplicação. O teste compreende seis escores de domínio: físico, psicológico, nível de

independência, relações sociais, meio ambiente e espiritualidade (Quadro 3) (OMS, 2002a).

Quadro 3 - Domínios e facetas do WHOQOL-HIV bref

(continua)

Domínios Facetas Variáveis avaliadas

Domínio I Físico Dor e desconforto

Energia e fadiga

Sono e repouso

Sintomas das PVHAs*

Domínio II Psicológico Sentimentos positivos

Cognição (pensamento, aprendizagem, memória e

concentração)

Autoestima

31

Quadro 3 - Domínios e facetas do WHOQOL-HIV bref

(conclusão)

Domínio II Psicológico Corpo (imagem corporal e aparência)

Sentimentos negativos

Domínio III Nível de

independência

Mobilidade

Atividade da vida diária (Avd)

Dependência de medicação ou tratamentos

Aptidão ao trabalho

Domínio IV Relações Sociais Relacionamentos pessoais

Apoio social

Atividade sexual

Inclusão social

Domínio V Meio Ambiente Segurança física/moradia

Finanças

Cuidados (acesso e qualidade à saúde e assistência

social)

Informação (adquirir informação nova/ aprender

novas habilidades)

Lazer

Ambiente físico (poluição/barulho/trânsito/clima)

Transporte

Domínio VI Espiritualidade/

Religião/Crença

pessoais

Ercp (espiritualidade/religião/crenças pessoais)

Perdão e culpa

Preocupações sobre o futuro

Morte e morrer

Qualidade de vida geral e percepção geral de saúde Fonte: OMS, 2002a.

*Facetas que são destacadas em negrito são específicas às pessoas que vivem com HIV/AIDS (PVHAs), e como

tal foram somadas ao instrumento WHOQOL original.

O WHOQOL-100 possui quatro questões para cada faceta, enquanto o

WHOQOL-HIV bref tem só uma questão por faceta. Incluídas nestas, há duas questões que

examinam qualidade de vida geral: a questão 1 pergunta pela percepção global do indivíduo

sobre sua qualidade de vida, e a questão 2 pergunta pela percepção global do indivíduo sobre

sua saúde. Consequentemente, há 31 questões representando as 30 facetas. Cinco destas

facetas são específicas para HIV (OMS, 2002a).

Como no WHOQOL-100, as questões são individualmente pontuadas em uma

escala Likert, em que 1 indica percepções baixas e negativas, e 5 indica percepções altas e

positivas. Por exemplo, na faceta ‘Sentimentos Positivos’, existe a pergunta “o quanto você

aproveita a vida” e as respostas disponíveis são: 1 (nada), 2 (muito pouco), 3 (mais ou

menos), 4 (bastante) e 5 (extremamente). Desta forma, os escores dos domínios e das facetas

estão dispostos em um sentido positivo, em que pontuações mais altas denotam melhor QV.

Algumas facetas (dor e desconforto, sentimentos negativos, dependência de medicação, morte

32

e morrer) não estão formuladas em uma direção positiva, significando que para estas facetas,

pontuações mais altas não denotam melhor QV. Estas facetas precisam ser recodificadas para

que pontuações altas reflitam melhor QV. As questões estão organizadas por escala de

resposta (capacidade, frequência, intensidade ou satisfação) (OMS, 2002a).

A média dos escores das questões dentro de cada domínio é usada para calcular o

escore do domínio. A média dos escores é então multiplicada por 4 para fazer com que os

escores dos domínios sejam comparáveis com os escores usados no WHOQOL-100, de forma

que os escores variam de 4 a 20. (OMS, 2002b). O cálculo global de cada domínio, que varia

entre 4 e 20, é feito a partir de equações sugeridas pela OMS (FLECK, 2000).

Na avaliação dos escores, Santos, França Junior, Lopes (2007) consideraram entre

4 e 9,9 como posição inferior, entre 10 e 14,9 como intermediária, e entre 15 e 20 como

posição superior. Também Ferreira, Oliveira, Paniago (2012) utilizaram os mesmos escores.

4.5.2 Bateria Fatorial de Personalidade

A BFP é um instrumento psicométrico de avaliação da personalidade a partir do

modelo dos cinco grandes fatores de personalidade. Os fatores avaliados são: Neuroticismo,

Extroversão, Socialização, Realização e Abertura, conforme Quadro 4 (NUNES C., HUTZ,

NUNES M., 2010).

Quadro 4 - Fatores e facetas da BFP

Fatores Facetas

Neuroticismo Vulnerabilidade (N1);

Instabilidade Emocional (N2);

Passividade/ Falta de energia (N3);

Depressão (N4);

Extroversão Comunicação (E1);

Altivez (E2);

Dinamismo (E3);

Interações sociais (E4);

Socialização Amabilidade (S1);

Pró-sociabilidade (S2);

Confiança nas pessoas (S3);

Realização Competência (R1);

Ponderação/prudência (R2);

Empenho/comprometimento (R3);

Abertura Abertura a ideias (A1);

Liberalismo (A2);

Busca por novidades (A3); Fonte: Nunes C., Hutz, Nunes M., 2010.

33

A Bateria é composta por 126 itens, que são respondidos em uma escala tipo

Likert de sete pontos, a qual indica o nível de identificação das pessoas com características

descritas nos mesmos. Cada faceta possui as opções de ‘1 a 7’, em que 1 significa ‘descreve-

me como muito mal’ e 7 ‘descreve-me muito bem’. Quanto mais apropriada a frase segundo a

percepção do sujeito, maior o valor a ser assinalado. Não existem respostas certas ou erradas:

elas devem ser selecionadas conforme a identificação que o entrevistado tem com a resposta

(NUNES C., HUTZ, NUNES M., 2010).

Os resultados das subescalas da BFP devem ser entendidos como a intensidade

dos traços avaliados. Entendendo que “quanto menor for o escore de uma pessoa em uma

subescala, maior é a chance de ela apresentar os comportamentos, as crenças e atitudes

descritos para resultados baixos”. A BFP, como qualquer teste de personalidade, permite

identificar tendências de comportamentos, assim como padrões mais prováveis de atitudes e

crenças (NUNES C., HUTZ, NUNES M., 2010, p. 125).

Os resultados são baseados em escores derivados da correlação entre as respostas

obtidas nos itens e sua correção é baseada na consulta à interpretação dos escores obtidos em

seu manual técnico. Para a interpretação dos mesmos, aplica-se a classificação por faixas:

muito baixo (até 14); baixo (15 a 29); médio (30 a 70); alto (71 a 85) e muito alto (maior que

85) (NUNES C., HUTZ, NUNES M., 2010, p. 125).

4.5.3 Teste dos Seis Desenhos

O T6D é um teste projetivo não estruturado. Testes projetivos são testes usados

para investigar aspectos psicológicos ou estados emocionais projetados a partir de um

estímulo do avaliador (desenho, narrativa ou estórias...) a fim de observar-se o conteúdo

inconsciente projetado ou transferido para o material executado. Estes “pressupõem a

existência de padrões motivacionais básicos e profundos e esses padrões mostram-se no modo

como respondemos aos estímulos perceptivos”. Esta projeção mostra uma dinâmica holística

da personalidade, onde os elementos se interagem e a pessoa expressa a fantasia interior em

uma atividade construtiva e interpretativa (FORMIGA, MELLO, 2000; COSTA, 2002;

FRIEDMAN, SCHUSTACK, 2004).

O T6D é um instrumento de análise psicodiagnóstica utilizado para a leitura da

dinâmica da personalidade, avaliando a relação entre produção gráfica e interioridade psíquica

do executor. No teste, o sujeito expressa graficamente o tema dos seis desenhos, em ordem: 1)

34

árvore; 2) personagem do mesmo sexo; 3) personagem do sexo oposto; 4) família de origem;

5) situação atual e 6) situação futura; expressando-os livremente, seguindo a própria fantasia

(MENEGHETTI, 2012b). “As linguagens por meio das quais se podem identificar uma

pessoa são muitas. Pelo modo como o indivíduo fala ou escreve podemos conhecer os modos

da relação objetal (relação mundana ou interpessoal) da sua infância, da sua situação atual e,

em perspectiva, também daquela futura” (MENEGHETTI, 2012b, p. 313). Deste modo, com

o teste pode-se colher a dinâmica prevalente no indivíduo, que podem ser duas: a) estado de

abertura a mudança em autorrealização (indica bem estar, autonomia e criatividade); e b)

estado em autossabotagem (indica frustração, estagnação e regressão) (MENEGHETTI,

2010a).

De acordo com os pressupostos da construção deste instrumento de análise

psicodiagnóstico, no homem se verificam duas dinâmicas:

a) Estado de abertura à mudança em autorrealização: a autorrealização é uma

tendência natural do ser humano. O núcleo instintual tem como função a preservação e o

crescimento do indivíduo, portanto a individuação tende ao constante crescimento. “O

indivíduo é uma unidade de ação que tem uma identidade e que, da unidade de si mesmo,

entra em abertura de tensões evolutivas e realizadoras” (MENEGHETTI, 2010a, p. 224). Para

tanto, torna-se necessária a flexibilidade do Eu em identificar as informações do núcleo

instintual e metabolizar o ambiente de forma apropriada e funcional a sua realização. A

relativização dos estereótipos psicológicos determina a flexibilidade do Eu, tendo como

resultado: bem-estar, autonomia e criatividade (MENEGHETTI, 2010a).

b) Estado em autossabotagem: é o resultado do efeito desorganizador dos

estereótipos psicológicos fixos, os quais formalizam o sujeito em uma convicção absoluta, em

um Eu rígido, privando-o da própria potencialidade. Uma parte da personalidade é o produto

de particulares experiências da infância, das quais, posteriormente, são apreendidas

modalidades comportamentais e emocionais condicionantes das experiências sucessivas. Estas

modalidades são denominadas estereótipos psicológicos que, por hábito, se tornam fixos. A

falta de resposta às novidades dos estímulos advindos do ambiente determina um estado

constante de frustração, que por sua vez gera a necessidade de compensação (MENEGHETTI,

2010a).

No aspecto da autossabotagem pode-se identificar uma modalidade derivada da

infância, em que o adulto mãe é reconhecido pela criança como sendo aquele que, enquanto

pequeno e ainda incapaz de manter-se vivo, é dependente para sobreviver, como também é

35

considerado a maior referência afetiva ou ainda, “banco afetivo” (MENEGHETTI, 2005a,

2010a).

Quando crianças, alguns aprendem que, se sofrem, são maltratados ou têm doenças,

recebem maior atenção e consideração. Aprenderam que, por meio do estar mal

podem chantagear a ajuda vantajosa dos outros. Portanto, neste caso, é um

continuar, na vida adulta, a sofrer para serem considerados primeiros na piedade e

na importância (MENEGHETTI, 2009, p. 98).

O autor ainda acrescenta que o problema é que, posteriormente, na vida adulta, o

sujeito transfere para outras situações a busca da gratificação daquele antigo “banco afetivo”,

direcionando-se a um estilo de vida que desemboca em escolhas existenciais errôneas, hábitos

e doenças com “efeito de carência e depressão” (MENEGHETTI, 2009).

Cabe salientar que “o método projetivo não se propõe apenas em se deter em

medidas dos traços ou a quantificação, mas em compreender o sujeito - o que faz e não faz, a

forma como faz, quando e por que” (FORMIGA, MELLO, 2000, p. 15). Portanto, a

interpretação dos desenhos não é uma quantificação de dados observáveis, mas a

compreensão de seus significados simbólicos (GOTTSFRITZ, ALVES, 2010). Também

Pereira (2001, p. 21) salienta que, “o dado qualitativo é uma forma de quantificação do evento

qualitativo que normatiza e confere um caráter objetivo à sua observação”. Continua

argumentando que, embora não quantificável, “o dado qualitativo é uma representação

simbólica atribuída a uma manifestação de um evento qualitativo”. Assim sendo, este dado

possibilita ao pesquisador colher o universo de informações muito mais completas e ricas

daquelas que expressam apenas os dados quantitativos.

O princípio básico para a interpretação da espontaneidade gráfica centrada sobre

os seis conjuntos simbólicos consiste em verificar quanto e como a identidade intencional do

sujeito, isto é, a dinâmica projetada é ou não funcional e útil no contexto biossocial

(MENEGHETTI, 2012b, p. 31). Em outras palavras, se a dinâmica de personalidade encontra-

se em estado de autorrealização ou em estado de autossabotagem.

A análise dos desenhos é feita isoladamente e em conjunto com todos os

desenhos, levando-se em conta a interrelação de todos os aspectos, pois se considera que a

análise de traços isolados não permite uma interpretação conclusiva. Segundo Meneghetti

(2010a, p. 306), “no T6D evidencia-se o prospecto geral de um ser humano em sentido

psicodinâmico. É um teste que o próprio sujeito constrói, portanto indica a sua grafologia

psíquica”. No T6D pode-se compreender a atitude existencial de fundo do sujeito, sua

situação no aqui e agora, como pensa sobre si e como a realidade é, isto é, analisa a situação

de atualidade do sujeito (MENEGHETTI, 2012b).

36

O conjunto dos seis desenhos reflete a totalidade de ação existencial do sujeito. O

desenho da árvore representa a situação psicobiológica individual, isto é, a situação holística

do indivíduo no contexto ambiental, exprimindo a intenção e a situação em ação do sujeito.

Os desenhos do homem e da mulher indicam a atitude e percepção sobre si mesmo e sobre os

outros. No desenho da família de origem, identifica-se a dinâmica atual do grupo familiar,

portanto, as interações prevalentes e a posição do sujeito nessas interrelações. O desenho da

situação atual reflete o estado, predominantemente positivo ou negativo, que o sujeito vive no

momento atual. No desenho da situação futura são representadas as ambições, os ideais ou

situação próxima às quais o sujeito aspira. Esta assinala a direção da ambição existencial do

sujeito, suas referências de valor, e indiretamente, dá a indicação de onde ele está orientando-

se energeticamente e a estrada que consente a atuação do seu potencial (MENEGHETTI,

2012b).

O T6D, por ser um teste projetivo não estruturado, adquire caráter subjetivo e

dependente da interpretação do técnico capacitado a colher e entender a direção da dinâmica

do sujeito. Mesmo se entendendo que a análise é realizada de forma dinâmica, avaliando o

conjunto de toda a sequência de desenhos, para esta pesquisa é priorizada a atenção especial

no desenho da árvore, situação atual e situação futura. Cabe salientar, segundo Meneghetti

(2012b), que a sequência e realização de todos os desenhos é importante no sentido de

preparar a exposição dos conteúdos inconscientes. Para atingir o objetivo desta pesquisa

foram definidas as seguintes categorias de análise, tendo como referência os pressupostos de

Meneghetti (2012b) (APÊNDICE C):

1. proporção entre o desenho e o espaço da folha (desenho da árvore);

2. posição do desenho na folha (desenho da árvore);

3. proporção entre tronco, copa e base de sustentação no desenho da árvore

(presença da terra em contato com a base do tronco);

4. particulares que complementam o habitat (desenho da árvore);

5. hierarquia de importância de ação na situação existencial atual (análise do

desenho da situação atual comparada com o desenho da árvore);

6. direção de valor da ambição existencial (análise do desenho da situação

futura);

7. intenção de empenho para o crescimento (análise do desenho de situação atual

comparada como desenho de situação futura).

37

Da análise dinâmica subjetiva do T6D, guiando-se pelas sete categorias acima, foi

utilizado o seguinte critério para determinar o estado dinâmico da personalidade dos

participantes: a) para cinco ou mais itens na letra ‘A’ (Abertura à mudança) foi considerado

abertura à mudança o que significa uma tendência à autorrealização; b) Para três ou mais itens

na letra ‘B’(Autossabotagem) definiu-se a tendência para a autossabotagem. A conclusão da

análise qualitativa foi convertida em variável quantitativa expressando a predominância da

dinâmica de personalidade do grupo analisado (APÊNDICE D).

Os dados coletados foram sistematizados no quadro síntese de análise e avaliação

do T6D (APÊNDICE E), estabelecendo-se as relações de análise indutiva, baseado nas

categorias, formalizando lógicas dedutivas, ou seja, determinando a dinâmica prevalente de

cada um dos sujeitos da amostra. Assim, este quadro teve o objetivo de facilitar a análise e

conduzir às conclusões acerca da compreensão da dinâmica holística da personalidade dos

indivíduos analisados.

A confiabilidade do teste é assegurada quando dois ou mais avaliadores, com

preparação e domínio no teste T6D, em referência a um mesmo desenho ou série de desenhos

indicam resultados concordantes (MENEGHETTI, 2012b). Nesta pesquisa, após realizada a

fase de aplicação do teste, a análise foi realizada por dois examinadores independentes,

técnicos com domínio na interpretação do T6D pela experiência e formação, visando alcançar

o adequado índice de concordância.

4.6 VARIÁVEIS

As variáveis do estudo são apresentadas no Quadro 5.

Quadro 5 - Variáveis do estudo

(continua)

Variáveis Dependente/

Independente

Natureza Utilização

Sociodemográficas

e clínicas

Sexo Independente Qualitativa

Nominal

Dicotômica

Masculino

Feminino

38

Quadro 5 - Variáveis do estudo

(conclusão)

Grau de instrução Independente Qualitativa

Ordinal

Ensino Fundamental

incompleto

Ensino Fundamental completo

Ensino Médio incompleto

Ensino Médio completo

Superior incompleto

Superior completo

Idade Independente Quantitativa

Contínua

De razão

Número absoluto em anos

Relacionamento Independente Qualitativa

Nominal

Dicotômica

Com companheiro (a) fixo

Sem companheiro (a) fixo

Atividade laboral Independente Qualitativa

Nominal

Dicotômica

Sim e Não

Tempo de

afastamento

Independente Quantitativa

Contínua

De razão

Número absoluto em anos

Renda Independente Qualitativa

Ordinal

< 1 SM*

1 – 3 SM

> 3 SM

Usuário de drogas

Independente Qualitativa

Nominal

Policotômica

Sim

Não

Ex-usuário (5 anos sem uso)

Tempo de

afastamento do uso

de drogas

Independente Qualitativa

Contínua

De razão

Número absoluto em anos

QV (WHOQOL-

HIV bref)

Dependente Qualitativa

Ordinal

Posição inferior

(entre 4 e 9,9)

Posição intermediária

(entre 10 e 14,9)

Posição superior

(entre 15 e 20)

Personalidade

(BFP)

Independente Qualitativa

Nominal

Policotômica

Neuroticismo

Extroversão

Socialização

Realização

Abertura

Dinâmica da

Personalidade

Independente Qualitativa

Nominal

Dicotômica

Estado de abertura à mudança

Estado em autossabotagem

Fonte: Elaboração da autora, 2013.

* Salário Mínimo (Valor R$ 678,00)

39

4.7 CALIBRAÇÃO DOS ENTREVISTADORES

A calibração dos entrevistadores (dois) foi feita pela autora deste trabalho num

período de uma semana, anterior à ida ao campo de investigação, consistindo em revisão

teórica dos instrumentos e adequação de seus modos de aplicação.

4.8 CALIBRAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE COLETA

Foi realizado um estudo piloto com 10 participantes (pessoas que vivem com

Aids), posteriormente incluídos na amostra do estudo, atendidos no ambulatório do Hospital

Nereu Ramos, para calibração dos instrumentos de coleta.

40

5 ANÁLISE DOS DADOS

Os dados foram armazenados em um banco de dados criado com o auxílio do

software Excell®, o qual foi exportado para o software SPSS 20.0

®.

As variáveis quantitativas foram sumarizadas como valores mínimo, máximo,

média e desvio-padrão.

As variáveis nominais foram sumarizadas em números absolutos e percentuais.

A associação entre qualidade de vida e características de personalidade foi

avaliada com o teste qui-quadrado ou exato de Fischer, quando apropriado, em um nível de

significância estatística de 5%.

A associação entre T6D, neuroticismo, QV e as variáveis numéricas foi avaliada

com o teste t de student, em um nível de significância estatística de 5%.

41

6 ASPECTOS ÉTICOS

O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa em Seres

Humanos da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) e aprovado sob o código

12.156.4.01.III (ANEXO C).

42

7 RESULTADOS

Entre 14 de setembro de 2012 a 21 de dezembro de 2012 foram avaliados

consecutivamente 80 indivíduos que vivem com Aids, que compareceram ao ambulatório de

infectologia do Hospital Nereu Ramos, Florianópolis - SC. Não houve exclusões.

Dos indivíduos estudados 52 (65%) eram do sexo masculino. A média de idade

dos participantes foi de 46 anos, (DP ± 8,8) com mínimo de 22 anos e máximo de 61 anos.

Quanto ao estado civil 46 (57,5%) viviam sem companheiro (a) fixo.

A maioria dos participantes (27/33,8%) possuía o ensino médio completo (Tabela 1).

Tabela 1 - Distribuição dos participantes segundo o grau de instrução.

Grau de instrução n (%)

Ensino fundamental incompleto 26 (33,5)

Ensino fundamental completo 10 (10,5)

Ensino médio incompleto 4 (5,0)

Ensino médio completo 27 (33,8)

Superior incompleto 4 (5,0)

Superior completo 9 (11,2)

Total 80 (100)

Fonte: Elaboração da autora, 2013.

Dos indivíduos avaliados 46 (57,5%) não exerciam atividade laboral. Daqueles

que não exerciam atividade laboral, a média de tempo de afastamento foi de 5,65 anos (DP ±

4,74) com mínimo de 1 ano e máximo de 16 anos.

No que se refere à renda familiar 20 sujeitos (25,0%) relataram renda de até um

salário mínimo e 60 (75,0%) afirmaram mais de um salário mínimo.

O tempo médio de diagnóstico da soropositividade foi de 9,34 anos (DP ± 6,77),

com mínimo de 1 ano e máximo 32 anos de diagnóstico.

A média de carga viral foi de 10.204 cópias (DP ± 28.587). A carga viral foi

indetectável em 61 participantes (76,2%). A Tabela 2 demonstra a distribuição da contagem

de células TCD4+.

Tabela 2 - Distribuição dos participantes de acordo com a contagem de células TCD4+.

TCD4+

(cls/mm³) n (%)

>200 e ≤500 36 (45,0)

>500 33 (41,2)

<200 11 (13,8)

Total 80 (100)

Fonte: Elaboração da autora, 2013.

43

A maioria dos sujeitos relatou ter se infectado por meio de sexo com homem

(44/55,0%), sendo que 68 sujeitos (70,0%) declararam terem sido infetados por via sexual,

portanto, 70% dos pesquisados referiram infecção por via sexual (Tabela 3).

Tabela 3 - Distribuição dos participantes de acordo com a forma como foram infectados.

Como foi infectado n (%)

Sexo com homem 44 (55,0)

Injetando drogas 15 (18,8)

Sexo com mulher 12 (15,0)

Não informado 6 (7,5)

Derivados de sangue 3 (3,7)

Total 80 (100)

Fonte: Elaboração da autora, 2013.

Relataram fazer uso de drogas 13 indivíduos (16,2%). A condição de ex-usuário

foi declarada por 15 participantes (18,8%) e 52 (65,0%) negaram o uso.

Relataram a presença de comorbidade 52 indivíduos (65,0%) e dentre estes, 33

(41,2%) referiram ter hepatite.

Quando questionados se atualmente consideram-se doentes, 32 sujeitos (40,0%)

afirmaram que sim.

A Tabela 4 demonstra a percepção dos participantes com relação ao seu estado de

saúde.

Tabela 4 - Distribuição dos participantes de acordo com a percepção de seu estado de saúde.

Estado de saúde n (%)

Muito boa 11 (13,8)

Boa 32 (40,0)

Nem ruim, nem boa 24 (30,0)

Ruim 12 (15,0)

Muito ruim 1 (1,2)

Total 80 (100)

Fonte: Elaboração da autora, 2013.

No que se refere à aplicação do teste de QV, 44 sujeitos (55,0%) foram

classificados na posição intermediária, 32 (40,0%) na posição superior e 4 (5,0%) na posição

inferior.

44

Em relação à BFP, 51 dos participantes (63,8%) apresentaram tendência no fator

Neuroticismo com escores alto e muito alto, e 44 dos participantes (55,0%) tenderam a

escores baixo e muito baixo no fator Abertura. A Tabela 5 demonstra tais resultados.

45

Tabela 5 - Distribuição dos participantes de acordo com o resultado da Bateria Fatorial de Personalidade

Bateria Fatorial de

Personalidade

Muito Baixo

n(%)

Baixo

n(%)

Médio

n(%)

Alto

n(%)

Muito alto

n(%)

Neuroticismo

Vulnerabilidade

Instabilidade

Passividade

Depressão

5(6,2)

7(8,8)

8(10,0)

12(15,0)

7(8,8)

7(8,8)

6(7,5)

7(8,8)

5(6,2)

5(6,2)

17(21,2)

23(28,8)

18(22,5)

24(30,0)

13(16,2)

8(10,0)

12(15,0)

7(8,8)

4(5,0)

15(18,8)

43(53,8)

32(40,0)

40(50,0)

35(43,8)

40(50,0)

Extroversão

Nível de Comunicação

Altivez

Dinamismo

Interações Sociais

12(15,0)

9(11,2)

16(20,0)

12(15,0)

17(21,2)

9(11,2)

19(23,8)

8(10,0)

8(10,0)

9(11,2)

27(33,8)

32(40,0)

27(33,8)

24(30,0)

22(27,5)

13(16,2)

10(12,5)

12(15,0)

7(8,8)

16(20,0)

19(23,8)

10(12,5)

17(21,2)

29(36,2)

16(20,0)

Socialização

Amabilidade

Pró-sociabilidade

Confiança nas Pessoas

14(17,5)

2(2,5)

15(18,8)

24(30,0)

9(11,2)

6(7,5)

10(12,5)

14(17,5)

36(45,0)

23(28,8)

31(38,8)

29(36,2)

9(11,2)

19(23,8)

9(11,2)

7(8,8)

12(15,0)

30(37,5)

15(18,8)

6(7,5)

Realização

Competência

Ponderação

15(18,8)

13(16,2)

18(22,5)

6(7,5)

11(13,8)

6(7,5)

31(38,8)

28(35,0)

36(45,0)

11(13,8)

10(12,5)

6(7,5)

17(21,2)

18(22,5)

14(17,5)

Empenho 13(16,2) 9(11,2) 29(36,2) 4(5,0) 25(31,2)

Abertura

Abertura a ideias

Liberalismo

Busca por novidades

32(40,0)

34(42,5)

15(18,8)

23(28,8)

12(15,0)

7(8,8)

8(10,0)

9(11,2)

24(30,0)

27(33,8)

33(41,2)

37(46,2)

7(8,8)

6(7,5)

14(17,5)

4(5,0)

5(6,2)

6(7,5)

10(12,5)

7(8,8)

Fonte: Elaboração da autora, 2013.

46

No Gráfico 1, pode-se observar a relação dos cinco fatores nos níveis alto e muito

alto referente à BFP.

Gráfico 1 – Relação dos cinco fatores nos níveis alto e muito alto da Bateria Fatorial de

Personalidade

Fonte: Elaboração da autora, 2013.

O grau de concordância na análise do T6D revelou um índice Kappa de 1. No

T6D 12 indivíduos (15,0%) foram classificados em estrutura dinâmica da personalidade com

tendência em abertura à mudança, e 68 (85,0%) com tendência em autossabotagem

(APÊNDICE F).

Na análise do T6D, através das sete categorias gerais definidas para esta pesquisa,

com o escopo de classificar a associação entre o estado dinâmico de personalidade em

abertura à mudança, e o estado dinâmico em autossabotagem, as principais pontuações nos

escores foram (APÊNDICE F):

Na categoria um (Proporção entre o desenho e o espaço da folha - desenho da

árvore): 51 participantes (63,7%) apresentaram indícios de tendência em abertura à mudança,

sendo que destes, 40 (78,4%) desenharam em tamanho médio.

Na categoria dois (Posição do desenho na folha - desenho da árvore): 52 dos

participantes (65,0%) apresentaram indícios que demonstram tendência em autossabotagem,

sendo que destes, 28 (53,8%) posicionaram o desenho no quadrante superior e inferior

esquerdos da folha.

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

Extroversão

Neuroticismo

Abertura

Realização Socialização

47

Na categoria três (Proporção entre tronco, copa e base de sustentação no desenho

da árvore - presença da terra em contato com a base do tronco): 45 dos participantes (56,2%)

apresentaram indícios que demonstram tendência em autossabotagem.

Na categoria quatro (Particulares que complementam o habitat - desenho da

árvore): 40 dos participantes (50,0%) representaram símbolos que indicam uma tendência em

autossabotagem. Os principais símbolos foram: galhos secos, galhos cortados, nós e folhas

caindo da árvore.

Na categoria cinco (Hierarquia de importância de ação na situação existencial

atual - análise do desenho da situação atual comparada com o desenho da árvore): 70 dos

participantes (87,5%) apresentaram indícios que demonstram tendência em autossabotagem.

Destes, 56 (80,0%) representaram sinais que expressam dinâmica de dependência na esfera

afetiva, e 14 (20,0%) encontram-se classificados com dinâmica de perda da integridade físico-

biológica.

Na categoria seis (Direção de valor da ambição existencial - análise do desenho da

situação futura): 60 dos participantes (75,0%) apresentaram indícios que demonstram

tendência em autossabotagem. Destes, 51 (85,0%) representaram sinais que expressam a

direção da ambição no valor afetivo (dependência afetiva), e 9 (17,6%) foram classificados no

valor biológico (carência da integridade fisico-biológica).

Na categoria sete (Intenção de empenho para o crescimento - análise do desenho

de situação atual comparada com o desenho de situação futura): 59 dos participantes (73,7%)

apresentaram indícios que demonstram tendência em autossabotagem.

A Tabela 6 demonstra a distribuição de variáveis sociodemográficas, clínicas e

laboratoriais de acordo com a QV dicotomizada.

Tabela 6 - Distribuição de variáveis sociodemográficas, clínicas e laboratoriais de acordo com

a QV dicotomizada.

(continua)

Variáveis

Qualidade de Vida

Posição Inferior e

Posição Intermediária

n(%)

Posição Superior

n(%)

p

Sexo

Feminino

Masculino

19 (39,5)

29 (60,4)

9 (28,1)

23(71,8)

0,293

48

Tabela 6 - Distribuição de variáveis sociodemográficas, clínicas e laboratoriais de acordo com

a QV dicotomizada.

(conclusão)

Relacionamento

Com companheiro (a) fixo

Sem companheiro (a) fixo

18 (37,5)

30 (62,5)

16 (50,0)

16 (50,0)

0,268

Grau de Instrução

Categoria 1*

Categoria 2**

29 (60,4)

19 (39,5)

11 (34,3)

21 (65,6)

0,022

Atividade Laboral

Não

Sim

32(66,6)

16 (33,3)

14 (43,7)

18 (56,2)

0,042

Tempo de Afastamento do

Trabalho#

4,8 (DP±4,4) 7,6 (DP±5,2) 0,069

Renda Familiar

> 1 SM***

Até 1 SM

33(68,7)

15 (31,2)

27 (84,3)

5(15,6)

0,114

Tempo de Diagnóstico# 8,1 (DP±6,2) 11,3 (DP±7,3) 0,038

Carga Viral

Detectável

16 (33,3)

3 (9,3)

0,016

Indetectável 32 (66,6) 29 (90,6)

Células TCD4+

< 200 células/mm3

≥ 200 células/mm3

10 (20,8)

38 (79,1)

1 (3,1)

31 (96,8)

0,043

Usuário de Droga Ilícita

Ex-usuário

Não

Sim

11(22,9)

28 (58,3)

9 (18,7)

4 (12,5)

24 (75,0)

4 (12,5)

0,302

Comorbidade

Não

Sim

15(31,2)

33(68,7)

13 (40,6)

19 (59,3)

0,389

Hepatite

Não

Sim

28 (58,3)

20 (41,6)

19 (59,3)

13 (40,6)

0,926

Fonte: Elaboração da autora, 2013. *Categoria 1 (Ensino Fundamental Completo, Ensino Fundamental Incompleto e Ensino Médio Incompleto) ** Categoria 2 (Ensino Médio Completo, Superior Completo e Superior Incompleto) # Média (Desvio Padrão)

*** Salário Mínimo (Valor R$ 678,00)

A distribuição dos resultados da BFP de acordo com a QV dicotomizada está

descrita na tabela 7.

49

Tabela 7 - Distribuição dos resultados da BFP de acordo com a QV dicotomizada.

(continua)

Bateria Fatorial de Personalidade

Qualidade de Vida

Posição Inferior e

Posição Intermediária

n(%)

Posição Superior

n(%)

p

Neuroticismo

Grupo A*

Grupo B**

10 (20,8)

38 (79,1)

19 (59,3)

13 (40,6)

0,001

Vulnerabilidade

Grupo A 18 (37,5) 18 (56,2) 0,099

Grupo B 30 (62,5) 14 (43,7)

Instabilidade Emocional

Grupo A

Grupo B

11 (22,9)

37 (77,0)

22 (68,7)

10 (31,2)

<0,001

Passividade/falta de energia

Grupo A

Grupo B

21 (43,7)

27 (56,2)

20 (62,5)

12 (37,5)

0,100

Depressão

Grupo A

Grupo B

5 (10,4)

43 (89,5)

20 (62,5)

12 (37,5)

<0,001

Extroversão

Grupo A

Grupo B

32 (66,6)

16 (33,3)

16 (50,0)

16 (50,0)

0,136

Comunicação

Grupo A

Grupo B

42 (87,5)

6 (12,5)

18 (56,2)

14 (43,7)

0,002

Altivez

Grupo A

Grupo B

28 (58,3)

20 (41,6)

23 (71,8)

9 (28,1)

0,217

Dinamismo

Grupo A

Grupo B

32 (66,6)

16 (33,3)

12 (37,5)

20 (62,5)

0,010

Interações Sociais

Grupo A

Grupo B

33 (68,7)

15 (31,2)

15 (46,8)

17 (53,1)

0,043

Socialização

Grupo A

Grupo B

37 (77,0)

11 (22,9)

22 (68,7)

10 (31,2)

0,407

Amabilidade

Grupo A

Grupo B

18 (37,5)

30 (62,5)

13 (40,6)

19(59,3)

0,779

Pró-Sociabilidade

Grupo A 34 (70,8) 22 (68,7) 0,842

Grupo B 14 (29,1) 10 (31,2)

50

Tabela 7 - Distribuição dos resultados da BFP de acordo com a QV dicotomizada.

(conclusão)

Confiança nas Pessoas

Grupo A

Grupo B

42 (87,5)

6 (12,5)

25 (78,1)

7 (21,8)

0,265

Realização

Grupo A

Grupo B

34 (70,8)

14 (29,1)

18 (56,2)

14 (43,7)

0,180

Competência

Grupo A

Grupo B

35 (72,9)

13 (27,0)

17 (53,1)

15 (46,8)

0,069

Ponderação

Grupo A

Grupo B

37 (77,0)

11 (22,9)

23 (71,8)

9 (28,1)

0,598

Empenho

Grupo A

Grupo B

31 (64,5)

17 (35,4)

20 (62,5)

12 (37,5)

0,849

Abertura

Grupo A

Grupo B

42 (87,5)

6 (12,5)

26 (81,2)

6 (18,7)

0,443

Abertura a Ideias

Grupo A

Grupo B

42 (87,5)

6 (12,5)

26 (81,2)

6 (18,7)

0,443

Liberalismo

Grupo A

Grupo B

33 (68,7)

15 ( 31,2)

23 (71,8)

9 (28,1)

0,765

Busca por Novidades

Grupo A

Grupo B

42 (87,5)

6 (12,5)

27 (84,3)

5 (15,6)

0,747

Fonte: Elaboração da autora, 2013. * Grupo A (Baixo, Muito Baixo e Médio) ** Grupo B (Alto e Muito Alto)

A Tabela 8 demonstra a distribuição de variáveis sociodemográficas, clínicas e

laboratoriais de acordo com o neuroticismo.

Tabela 8 - Distribuição de variáveis sociodemográficas, clínicas e laboratoriais de acordo com

o neuroticismo.

(continua)

Variáveis

Neuroticismo

Baixo, Muito Baixo e

Intermediário

n(%)

Alto e Muito Alto

n(%)

p

Sexo

Feminino

Masculino

10 (34,4)

19 (65,5)

18 (35,2)

33 (64,7)

0,942

51

Tabela 8 - Distribuição de variáveis sociodemográficas, clínicas e laboratoriais de acordo com

o neuroticismo.

(conclusão)

Relacionamento

Com companheiro (a) fixo

Sem companheiro (a) fixo

13 (44,8)

16 (55,1)

21 (41,1)

30 (58,8)

0,751

Grau de Instrução

Categoria 1*

Categoria 2**

11 (37,9)

18 (62,2)

29 (56,8)

22 (43,1)

0,104

Atividade Laboral

Não

Sim

12 (41,3)

17 (58,6)

34 (66,6)

17 (33,3)

0,028

Tempo de Afastamento do

Trabalho#

5,1(DP±4,0) 5,9(DP±5,0) 0,634

Renda Familiar

> 1 SM***

Até 1 SM

24 (82,7)

5 (17,2)

36 (70,5)

15 (29,4)

0,227

Tempo de Diagnóstico# 9,6(DP±5,4) 9,2(DP±7,5) 0,806

Carga Viral

Detectável

Indetectável

6 (20,6)

23 (79,3)

13 (25,4)

38 (74,5)

0,628

Células TCD4+

< 200 células/mm3

2 (6,8)

9 (17,6)

0,311

≥ 200 células/mm3 27 (93,1) 42 (82,3)

Usuário de Droga Ilícita

Ex-usuário

Não

Sim

5 (17,2)

24 (82,7)

-

10 (19,6)

28 (54,9)

13 (25,4)

0,008

Comorbidade

Não

Sim

11 (37,9)

18 (62,2)

17 (33,3)

34 (66,6)

0,679

Hepatite

Não

Sim

15 (51,7)

14 (48,2)

32 (62,7)

19 (37,2)

0,336

Fonte: Elaboração da autora, 2013. *Categoria 1 (Ensino Fundamental Incompleto, Ensino Fundamental Completo e Ensino Médio Incompleto) ** Categoria 2 (Ensino Médio Completo, Superior Incompleto e Superior Completo) # Média (Desvio Padrão)

*** Salário Mínimo (Valor R$ 678,00)

Os dados da Tabela 9 demonstram a distribuição do resultado do T6D de acordo

com a QV.

52

Tabela 9 - Distribuição do resultado do T6D de acordo com a QV

Qualidade de Vida

T6D

Posição

Inferior

n(%)

Posição

Intermediária

n(%)

Posição

Superior

n(%)

Total

Tendência em abertura à

mudança

- 6 (50,0) 6 (50,0) 12 (15,0)

Tendência em

autossabotagem

4 (5,9) 38 (55,9) 26 (38,2) 68 (85,0)

Total 4 (5,0) 44 (55,0) 32 (40,0) 80 (100)

Fonte: Elaboração da autora, 2013.

p=0,570

A Tabela 10 demonstra a distribuição do resultado do T6D de acordo com a QV

dicotomizada.

Tabela 10 - Distribuição do resultado do T6D de acordo com a QV dicotomizada

Qualidade de Vida

T6D

Posição Inferior e

Posição Intermediária

n(%)

Posição Superior

n(%)

Total

Tendência em abertura à mudança 6 (50,0) 6 (50,0) 12

Tendência em autossabotagem 42 (61,8) 26 (38,2) 68

Total 48 (60,0) 32 (40,0) 80

Fonte: Elaboração da autora, 2013.

p 0,529

A distribuição de variáveis sociodemográficas, clínicas e laboratoriais de acordo

com o T6D, está transcrita na Tabela 11.

Tabela 11 - Distribuição de variáveis sociodemográficas, clínicas e laboratoriais de acordo

com o T6D.

(continua)

Variáveis

T6D

Tendência em

abertura à

mudança

n(%)

Tendência em

autossabotagem

n(%)

p

53

Tabela 12 - Distribuição de variáveis sociodemográficas, clínicas e laboratoriais de acordo

com o T6D.

(conclusão)

Sexo

Feminino

Masculino

6 (50,0)

6 (50,0)

22 (32,3)

46 (67,6)

0,237

Relacionamento

Com companheiro (a) fixo

Sem companheiro (a) fixo

4 (33,3)

8 (66,6)

30 (44,1)

38 (55,8)

0,544

Renda Familiar

> 1 SM***

Até 1 SM

9 (75,0)

3 (25,0)

51 (75,0)

17 (25,0)

1,000

Grau de Instrução

Categoria 1*

Categoria 2**

4 (33,3)

8 (66,6)

36 (52,9)

32 (47,0)

0,348

Células TCD4+

< 200 células/mm3

≥ 200 células/mm3

1 (8,3)

11 (91,6)

10 (14,7)

58(85,2)

1,000

Usuário de Droga Ilícita

Ex-usuário

Não

Sim

1 (8,3)

10 (83,3)

1(8,3)

14 (20,5)

42 (61,7)

12 (17,6)

0,351

Comorbidade

Não

Sim

4 (33,3)

8 (66,6)

24 (35,2)

44 (64,7)

1,000

Hepatite

Não

Sim

5 (41,6)

7 (58,3)

42 (61,7)

26 (38,2)

0,192

Carga Viral

Detectável

Indetectável

3 (25,0)

9 (75,0)

16 (23,5)

52 (76,4)

1,000

Atividade Laboral

Não

Sim

4 (33,3)

8 (66,6)

42 (61,7)

26 (38,2)

0,111

Tempo de Afastamento do

Trabalho#

5(DP±2,7) 5,7(DP±4,9) 0,777

Tempo de Diagnóstico# 7,3(DP±4,3) 9,7(DP±7,1) 0,876

Fonte: Elaboração da autora, 2013. *Categoria 1 (Ensino Fundamental Incompleto, Ensino Fundamental Completo e Ensino Médio Incompleto) ** Categoria 2 (Ensino Médio Completo, Superior Incompleto e Superior Completo) # Média (Desvio Padrão)

*** Salário Mínimo (Valor R$ 678,00)

A Tabela 12 demonstra a distribuição dos resultados da BFP de acordo com o

T6D.

54

Tabela 13 - Distribuição dos resultados da BFP de acordo com o T6D.

(continua)

Bateria Fatorial de Personalidade

T6D

Tendência em

abertura à mudança

n(%)

Tendência em

autossabotagem

n(%)

p

Neuroticismo

Grupo A*

Grupo B**

8 (66,6)

4 (33,3)

21 (30,8)

47 (69,1)

0,024

Vulnerabilidade

Grupo A

Grupo B

8 (66,6)

4 (33,3)

28 (41,1)

40 (58,8)

0,124

Instabilidade

Grupo A

Grupo B

8 (66,6)

4 (33,3)

25 (36,7)

43 (63,2)

0,064

Passividade

Grupo A

Grupo B

9 (75,0)

3 (25,0)

32 (47,0)

36 (52,9)

0,116

Depressão

Grupo A

Grupo B

8 (66,6)

4 (33,3)

17 (25,0)

51 (75,0)

0,007

Extroversão

Grupo A

Grupo B

6 (50,0)

6 (50,0)

42 (61,7)

26 (38,2)

0,443

Nível de Comunicação

Grupo A

Grupo B

6 (50,0)

6 (50,0)

54 (79,4)

14 (20,5)

0,030

Altivez

Grupo A

Grupo B

8 (66,6)

4 (33,3)

43 (63,2)

25 (36,7)

1,000

Dinamismo

Grupo A

Grupo B

4 (33,3)

8 (66,6)

40 (58,8)

28 (41,1)

0,124

Interações Sociais

Grupo A

Grupo B

5 (41,6)

7 (58,3)

43 (63,2)

25 (36,7)

0,160

Socialização

Grupo A

Grupo B

9 (75,0)

3 (25,0)

50 (73,5)

18 (26,4)

1,000

Amabilidade

Grupo A

Grupo B

5 (41,6)

7 (58,3)

26 (38,2)

42 (61,7)

0,822

Pró-Sociabilidade

Grupo A

Grupo B

10 (83,3)

2 (16,6)

46 (67,6)

22 (32,3)

0,331

55

Tabela 12 - Distribuição dos resultados da BFP de acordo com o T6D.

(conclusão)

Realização

Grupo A

Grupo B

6 (50,0)

6 (50,0)

46 (67,6)

22 (32,3)

0,237

Competência

Grupo A

Grupo B

5 (41,6)

7 (58,3)

47 (69,1)

21 (30,8)

0,066

Ponderação

Grupo A

Grupo B

7 (58,3)

5 (41,6)

53 (77,9)

15 (22,2)

0,148

Empenho

Grupo A

Grupo B

7 (58,3)

5 (41,6)

44 (64,7)

24 (35,2)

0,672

Abertura

Grupo A

Grupo B

10 (83,3)

2 (16,6)

58 (85,2)

10 (14,4)

0,861

Abertura a Ideias

Grupo A

Grupo B

8 (66,6)

4 (33,3)

60 (88,2)

8 (11,7)

0,075

Liberalismo

Grupo A

Grupo B

9 (75,0)

3 (25,0)

47 (69,1)

21 (30,8)

0,682

Busca por Novidades

Grupo A

Grupo B

11 (91,6)

1 (8,3)

58 (85,2)

10 (14,4)

1,000

Fonte: Elaboração da autora, 2013. * Grupo A (Baixo, Muito Baixo e Médio) ** Grupo B (Alto e Muito Alto)

56

8 DISCUSSÃO

Os resultados deste estudo demonstraram que a percepção sobre a QV das pessoas

que vivem com Aids foi predominante na posição intermediária. Também Santos, França

Junior e Lopes (2007), Ferreira, Oliveira e Paniago (2012) e Silva et al. (2013) obtiveram

classificação intermediária no escore geral de percepção de QV em pessoas que vivem com

HIV. Não é possível fazer uma associação de comparação direta com as pesquisas citadas, em

função de as mesmas não definirem os estágios da infecção, sendo que no caso desta pesquisa

foi estudado o estágio Aids. Fleck (2008) ao analisar os estágios da infecção do HIV, descreve

em relação aos escores dos domínios do WHOQOL-HIV que os infectados pioram na medida

em que a doença evolui, portanto o grupo de Aids em seu estudo apresentou os escores mais

baixos, associados a uma pior QV.

Analisando a QV e as variáveis sociodemográficas, encontrou-se associação

significativa com grau de instrução e atividade laboral. Referente ao grau de instrução, os

dados evidenciaram que menor grau de instrução tende a refletir pior ou menor percepção de

QV. Nos estudos de Santos, França Junior e Lopes (2007), Ferreira, Oliveira e Paniago (2012)

e Silva et al. (2013) também foi observada associação entre QV e escolaridade. Ferreira,

Oliveira e Paniago (2012) entendem que o fator educacional pode influenciar a percepção da

QV das pessoas que vivem com HIV. Além disso, Meneghetti (2005b) salienta que nas

primeiras aprendizagens em família são adquiridas as modalidades de como perceber a si

mesmo e o mundo. Por consequência, a pessoa, ao longo da vida, considerando o modo como

foi a sua educação em família, pode desenvolver maiores ou menores recursos no sentido de

elaborar estratégias de enfrentar a vida e os seus obstáculos.

Em relação à atividade laboral, a pesquisa mostra associação significativa em

sujeitos sem atividade laboral com uma pior ou menor percepção da QV. Estes dados

corroboram as pesquisas realizadas por Gaspar et al (2011) e Ferreira, Oliveira e Paniago

(2012), que observaram que os sujeitos com atividade laboral tiveram melhores escores de

QV. Castanha et al. (2006; 2007) sugerem que a interferência do trabalho em pacientes

soropositivos em relação à percepção da QV está associada tanto aos aspectos positivos

quanto negativos. Em relação aos aspectos positivos, o trabalho além de propiciar resultados

financeiros, também auxilia no aspecto psicossocial, conferindo ao indivíduo no âmbito social

o status de produtivo. Em relação aos aspectos negativos, a atividade laboral está associada à

diminuição e/ou perda de capacidade produtiva. Contudo, concluem os autores que, a

condição de soropositividade interfere diretamente na QV das pessoas que vivem com HIV

57

quando estas são afastadas de suas funções laborais devido à condição de saúde. A

interferência, segundo os autores, é devida ao fato de que o trabalhar possui sentido

existencial e significado perante a sociedade, sendo a pessoa considerada um ser produtivo.

Também Gaspar et al. (2011) em relação ao vínculo empregatício coloca que além deste gerar

benefícios financeiros, colabora na estrutura e apoio social, oportunizando um sentimento de

utilidade para os indivíduos. Ruutel et al. (2009), estudando os fatores que influenciam a QV

em pessoas vivendo com HIV na Estônia, identifica que ter um emprego é um fator relevante,

pois pode atenuar o estresse na situação em que se encontram as pessoas que vivem com HIV,

e assim estimular a saúde psicológica e as boas relações sociais.

Em relação à contagem de células TCD4+

e carga viral, foram encontradas

associações significativas em relação a pior ou menor percepção da QV. A baixa contagem de

células TCD4+

evidencia pior ou menor percepção de QV. Da mesma forma, os sujeitos com

carga viral detectável demonstram a mesma relação com a percepção da QV. Outros estudos

também identificaram relação com contagem de células TCD4+ e carga viral, associados a QV

(CALL et al., 2000; GILL et al., 2002; HSIUNG et al., 2005). Em seus achados, Ferreira,

Oliveira e Paniago (2012) encontraram uma relação significativa com o domínio do nível de

independência da QV. Ainda, esses autores concluem que o diagnóstico e tratamento precoces

interferem na melhora imunológica e na menor utilização de fármacos, e consequentemente

podem repercutir positivamente na QV. A baixa contagem de células TCD4+ e elevada carga

viral comprometem o sistema imunológico, predispondo a sintomas da doença, infecções

oportunísticas e relação com as reações adversas dos medicamentos ARV, que afetam

negativamente a QV e a sobrevida destes sujeitos (FERREIRA, OLIVEIRA, PANIAGO,

2012; ACURCIO, GUIMARÃES, 1996; GABRIEL, BARBOSA, VIANNA, 2005). Portanto,

é possível verificar que o estado de saúde física pode interferir no modo como os participantes

percebem a sua QV.

Analisando a associação da QV com a BFP, foi encontrada relação significativa

no fator Neuroticismo, expressando escores acima da média nesta característica de

personalidade. Portanto, o alto índice de neuroticismo tende a uma pior ou menor percepção

de QV. O neuroticismo diz respeito às diferenças individuais expressando o modo como o

sujeito vivencia as emoções negativas (aflição, angústia, sofrimento, dentre outras) e os estilos

comportamentais e cognitivos que surgem a partir destas vivências (MCCRAE, JOHN, 1992;

NUNES C., HUTZ, NUNES M., 2010). Segundo Nunes C., Hutz e Nunes M. (2010) e Nunes,

Hutz e Giacomoni (2009), o alto nível de neuroticismo indica indivíduos que tendem a

vivenciar mais intensamente o sofrimento emocional, a ansiedade excessiva e a dificuldade

58

para tolerar a frustração causada pela não realização de desejos. Ainda, conforme os autores

(NUNES C., HUTZ, NUNES M., 2010), as características de personalidade das pessoas que

apresentam tendências ao Neuroticismo são: impulsividade, vulnerabilidade, ansiedade,

depressão, passividade, instabilidade emocional, tendência a dissociar as ideias da realidade,

dificuldade em suportar frustrações, respostas de coping mal adaptadas, dificuldade em

manter a motivação em tarefas longas ou difíceis e necessidade de estímulos para alcançar os

seus objetivos.

Penedo et al. (2003) estudaram a relação entre os fatores de personalidade, através

do Inventário de Personalidade (NEO-PI-R) e QV em pessoas que vivem com HIV,

identificando que valores mais altos no fator Neuroticismo foram significativamente

associados aos domínios da QV. Os mesmos autores sugerem que indivíduos com este fator

de personalidade possuem tendência a experimentar maiores sentimentos de depressão,

ansiedade e medo, ou seja, altos escores de Neuroticismo tendem a pior ou menor percepção

da QV.

Ao estudar o papel da personalidade e QV em pessoas vivendo com HIV,

avaliando homens que fazem sexo com homens (HSH) e usuários de drogas injetáveis, os

resultados mostraram que o Neuroticismo - um fator caracterizado por um elevado grau de

ansiedade, raiva, baixa autoconfiança e estado de depressão - foi relacionado com pior ou

menor percepção da QV. Em relação à QV, o Neuroticismo foi fortemente associado com o

aspecto psicológico, mas de forma pouco significativa com o aspecto físico da QV

(BURGESS, 2000).

Em um estudo brasileiro com jovens que vivem com HIV e sua relação com

Neuroticismo, através da Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/ Neuroticismo (EFN),

foram evidenciados níveis elevados de Neuroticismo, em especial no que se refere à faceta

depressão, como sentimento de solidão, baixa expectativa quanto ao futuro e falta de objetivos

na vida (SERAFINI, BANDEIRA, 2009).

Em relação ao fator Neuroticismo a presente pesquisa revelou haver associação

significativa com as facetas Instabilidade Emocional e Depressão.

A faceta Instabilidade Emocional revela características de oscilação de humor e

dificuldades para controlar afetos negativos, tendendo a tomar decisões precipitadas com

relativa frequência, além de possuírem baixa tolerância à frustração (NUNES C., HUTZ,

NUNES M., 2010; NUNES, HUTZ, GIACOMONI, 2009).

A faceta Depressão avalia os padrões de interpretação que os sujeitos apresentam

em relação aos eventos que ocorrem em suas vidas. Indivíduos com escores altos nesta faceta

59

tendem a descrever sentimentos de pessimismo, vida monótona e sem emoção, solidão e falta

de objetivos e/ou expectativas negativas em relação ao seu futuro, considerando-se incapazes

de lidar com as dificuldades cotidianas, e não possuem esperanças (NUNES C., HUTZ,

NUNES M., 2010). A pesquisa de Serafini e Bandeira (2009) auferiu níveis altos de

Neuroticismo no que se refere à faceta depressão, sendo que a ausência desta, para os autores,

é o que melhor retrata a satisfação de vida total da amostra. Segundo Castanha et al. (2006) a

Aids está ancorada nas doenças psicoafetivas, sendo a depressão considerada como elemento

importante associado à doença, em função do alto índice de depressão observado nas pessoas

que vivem com HIV. Existem evidências significativas na literatura de que os sintomas de

depressão interferem no funcionamento psicofísico, afetando vários domínios da avaliação da

QV. Considera-se o estado de depressão como sendo um dos mais fortes preditores de pior

QV em pessoas que vivem com HIV (FLECK, 2008).

Em relação aos sintomas de depressão e HIV, através da análise do instrumento

Inventário de Depressão de Beck (BDI), foram constatados valores expressivos nas seguintes

pesquisas: Castanha et al. (2005) encontraram o valor de 64%; Schimitt e Silva, (2009) uma

prevalência de 40,7%; Reis et al. (2011) detectou 27,6% da população estudada com sintomas

de depressão (leve, moderada e grave), e Dal-Bó (2012) identificou prevalência de 57,7%. Em

análise sobre os estágios da doença, Fleck (2008) conclui que estar deprimido interfere mais

na QV do que estar em estágio avançado da doença. Os sintomas depressivos podem estar

presentes na vida das pessoas que vivem com HIV, em decorrência de diversos fatores, dentre

os quais se pode destacar a falta de apoio social, o preconceito, as limitações e as dificuldades

enfrentadas no decorrer de suas vidas (CASTANHA et al., 2005).

Conforme Teng, Humes e Demetrio (2005), o diagnóstico de depressão pode ser

muitas vezes dificultado ou mascarado devido à superposição das manifestações clínicas de

doenças crônicas. As dificuldades são maiores em função de que sintomas como fadiga,

diminuição do apetite, alteração do sono, perda de peso, lentidão e baixa autoestima são

sintomas comuns na depressão, os quais também são encontrados frequentemente em pessoas

que vivem com HIV.

Os aspectos emocionais, cognitivos e comportamentais em relação a instabilidade

emocional e estado de depressão, são dimensões que interferem na percepção da QV. Apesar

de não ter sido utilizado um instrumento específico para identificar sintomas de depressão, os

dados sugerem que os participantes da amostra tendem a utilizar estratégias de enfrentamento

mais passivas, em detrimento da utilização de estratégias mais ativas diante de situações

adversas, também em decorrência de uma percepção mais pessimista.

60

Em relação ao fator Extroversão foram observadas relações significativas nas

facetas Comunicação, Dinamismo e Interações Sociais. Nesta pesquisa, baixos índices em

comunicação, dinamismo e interações sociais são variáveis que tenderam a correlacionar-se

com uma pior ou menor percepção da QV.

A faceta Comunicação se refere ao nível de comunicação e expansividade que o

sujeito acredita que os outros percebam em relação a ele. Nível baixo de comunicação indica

que estas pessoas são mais reservadas, isto é, tendem a não se manifestar em público,

omitindo as suas opiniões e tendem a falar pouco sobre si mesmas (NUNES C., HUTZ,

NUNES M., 2010).

O baixo índice na faceta Dinamismo indica uma tendência a apresentar pouco

movimento de ações externas e agir com morosidade em converter as suas ideias em ações

(NUNES C., HUTZ, NUNES M., 2010).

Escores baixos na faceta Interações Sociais podem caracterizar uma reduzida

necessidade de viver situações mais intensas, de frequentar lugares com maiores estímulos e

contatos sociais (NUNES C., HUTZ, NUNES M., 2010).

Estudos em relação a aspectos psicossociais (preconceito, segregação e estigma)

em pessoas que vivem com HIV, salientam que estes podem influenciar e orientar as condutas

destas pessoas (CASTANHA et al., 2006; FRANÇA, 2000; SOUTO, 2008). O isolamento é

comum entre estas pessoas, decorrente do medo advindo do preconceito social (CASTANHA

et al., 2006; SOUTO, 2008). Além disso, este autoexílio pode ser interpretado como uma

atitude de fugir do convívio social no intuito de esquecer a própria condição de saúde

(LOPES, FRAGA, 1998; SEBEN et al., 2008). Diante da exclusão social, a pessoa pode

utilizar-se de estratégias defensivas e excludentes, fundamentadas no temor da morte

(FRANÇA, 2000), ou temor à rejeição (SOUTO, 2008), tendo como consequência a morte

social (SEBEN et al., 2008).

Desta forma, o elevado índice de neuroticismo que expressa a tendência ao

retraimento, passividade e isolamento social está relacionado ao modo como as pessoas

enfrentam a sua situação diante da exclusão social. Estas atitudes psicológicas estão

correlacionadas a situações exógenas (preconceito social), como também endógenas

(características de personalidade), que interferem diretamente na percepção da QV, ou

melhor, no modo de perceber a si mesmo e de relacionar-se com o mundo.

Na perspectiva da exclusão social, tendo como consequência o empobrecimento

das relações sociais, podem-se determinar atitudes de desconfiança, hostilidade, como

também posicionamento depressivo, ansioso e confuso (GOFFMAN, 1988).

61

A presença do elevado índice de neuroticismo na amostra pesquisada revela uma

dimensão da personalidade que diz respeito a uma condição crônica de irritabilidade,

tendendo a interagir nas relações sociais de maneira inadequada, rígida ou constrita (COSTA,

McCRAE, 1987; NUNES C., HUTZ, NUNES M., 2010). Este estado representa um Eu mais

enrijecido, que interfere na força de vontade e de ação frente aos estímulos internos e

externos.

Além disso, esta tendência a ter posturas mais rígidas pode ser explicada por uma

construção de um autopreconceito como reação a uma exclusão social. De acordo com França

(2000) e Souto (2008), as pessoas que vivem com HIV muitas vezes tendem a construir um

autopreconceito, expressando um comportamento de vítima, culpando o grupo social pela

exclusão. Neste caso, o autopreconceito expressa uma estrutura mental na tentativa de

justificar a relação da pessoa consigo mesma, estabelecendo estruturas cognitivas e

comportamentais com o fim de adaptar-se à condição que a situação da doença lhe impõe. As

atitudes comportamentais, segundo França (2000) e Souto (2008), podem ser desde a

irreverência, a religiosidade, a contestação às tradições, o direito à piedade, até a falsa

indiferença. Para Meneghetti (2011b), as pessoas que vivem com doenças crônicas,

especificamente Aids, alcoolismo e usuários de drogas, geralmente sustentam que se

encontram nesta situação não por culpa deles, mas da sociedade, dos comerciantes, das

instituições, e das famílias que os prejudicaram.

Ironson et al. (2008), em uma análise longitudinal em pessoas que vivem com

HIV, com o objetivo de avaliar traços de personalidade e progressão da doença evidenciaram

que o perfil de personalidade mais “caseiro”, representado por baixa abertura e baixa

extroversão foi significativamente associado com a progressão rápida da doença. Este dado

vem corroborar com esta pesquisa, referente a uma população no estágio Aids, em que além

de um alto índice no fator neuroticismo também foi encontrada associação com a extroversão

e abertura relacionadas a uma pior ou menor percepção da QV. Nesse sentido, pode-se inferir

que baixo índice nos fatores extroversão e abertura - em que constem atitude de retraimento,

passividade, isolamento, conservadorismo e rigidez frente à constante novidade da vida -

estão relacionados à fragilidade na atitude de vontade e de prontidão no processo de

autorrealização, e consequentemente em pior ou menor percepção da QV.

Thomas e Castro (2012) em um estudo de revisão de literatura sobre traços de

personalidade e sua relação com comportamentos que facilitam a saúde, em especial a adesão

ao tratamento em doenças crônicas, concluem que todos os traços exercem impacto na saúde

física. Entretanto, o fator neuroticismo parece apresentar efeitos negativos na saúde, sendo

62

relacionado a uma série de doenças físicas. Em contrapartida, o fator realização sugere estar

mais relacionado a comportamentos saudáveis em relação à saúde. Além disso, Magnus et al.

(1993), em um estudo longitudinal de quatro anos, concluem que os eventos de vida,

incluindo doenças crônicas, possuem impacto limitado sobre características de personalidade,

especificamente nos fatores extroversão e neuroticismo.

Na variável atividade laboral, como anteriormente comentada, foram identificadas

associações significativas com a QV, como também com o fator neuroticismo. Este dado

expressa que os pesquisados sem atividade laboral possuem alto grau de neuroticismo. O

estado de neuroticismo, além de expressar estilos comportamentais e cognitivos como

impulsividade, vulnerabilidade, ansiedade e estado de depressão, refere-se à dificuldade de

utilizar estratégias de enfrentamento mais adaptativas frente a situações de conflito.

O trabalho é considerado um elemento fundamental na formação da identidade

psicológica e social do indivíduo possibilitando descobrir e desenvolver habilidades

(FERREIRA, FIGUEIREDO, SOUZA, 2011). Pode-se dizer, então, que o trabalho

proporciona a base econômica, a autonomia, o direito de ser como se é, portanto é o princípio

de liberdade da pessoa humana (MENEGHETTI, 2013).

Ferreira, Figueiredo e Souza (2011) salientam que a atividade laboral constitui

suporte importante ao enfrentamento da condição de soropositividade, permitindo ter uma

ocupação, responsabilidade, sentido de utilidade e de ampliação das relações sociais, além de

ser uma forma de ocupação da mente, evitando-se pensar na doença. Em sua pesquisa

concluem, entretanto, que ao surgirem os sinais da doença, a necessidade de tratamento e os

relativos efeitos colaterais da TARV, muitas vezes torna-se necessária a readaptação ao

trabalho. Por esse motivo, frequentemente acontece a desistência ou o pedido de afastamento

do trabalho, porém estes autores reforçam a ideia de que nem sempre é necessário afastar-se

do trabalho, mas sim conciliá-lo com os cuidados de saúde.

Em relação ao uso de drogas ilícitas, os dados apontam associação significativa

com o fator neuroticismo. Alto índice em neuroticismo foi correlacionado com todos os

participantes da amostra que fazem uso de drogas. Dados semelhantes foram encontrados por

Mohan e Bedi (2010). Os autores concluíram que o fator neuroticismo está associado ao uso

de drogas em população com HIV e possui relação com comportamentos de risco. Indivíduos

com alta pontuação em neuroticismo são propensos, mais que a média da população geral, a

experimentar sentimentos como depressão, raiva, culpa e ansiedade. Os mesmos autores

concluem que esta combinação de sentimentos pode propiciar a vulnerabilidade a

comportamentos de risco. Também Serafini e Bandeira (2009), estudando jovens que vivem

63

com HIV e sua relação com o neuroticismo (ENF) salientam que características como as de

comportamento de risco, percebidas pelo alto índice no fator desajustamento psicossocial, têm

atuado como fator de exposição à infecção.

Outro dado que chama a atenção é que, quando questionados se atualmente

consideram-se doentes, a maioria (60%) afirma que não. Pode-se supor que estes indivíduos

se encontram em um estado clínico e laboratorial relativamente controlado, com boa adesão

ao tratamento e ao serviço de saúde. Por outro lado, por apresentarem nível alto e muito alto

no fator Neuroticismo, cabe salientar que níveis acima da média neste fator podem ser

indicativos de dificuldades de enfrentamento diante de problemas reais, tendendo a

comportamentos de esquiva e negação da realidade (NUNES C., HUTZ, NUNES M., 2010).

Seben et el (2008), em sua pesquisa referente a pessoas que vivem com HIV,

identificam que encarar a doença com maior naturalidade (não sentir diferença entre ser ou

não ser soropositivo) pode muitas vezes expressar um mecanismo de negação com o intuito

de proteger-se de sua realidade atual. O diminuir a percepção da gravidade de uma doença,

muitas vezes, pode significar uma tentativa de aplacar as angústias relacionadas com a morte.

Os mesmos autores, além disso, concluem que esta questão deve ser avaliada de acordo com

variações das características psicológicas de cada um.

Em relação à BFP e o T6D, encontrou-se relação significativa com o fator

neuroticismo. Este dado expressa que alto índice na característica de personalidade

neuroticismo está relacionado a um estado dinâmico da personalidade em autossabotagem das

pessoas que vivem com Aids na população analisada. O T6D, sendo um teste projetivo,

possibilita compreender a dinâmica prevalente na pessoa, ou seja, é a leitura da interioridade,

da causa dinâmica atual que possibilita a compreensão da efetualidade comportamental. Alto

índice no estado dinâmico em autossabotagem indica um posicionamento de frustração,

estagnação e regressão em relação ao processo de autorrealização (MENEGHETTI, 2010a).

O estado em autossabotagem é o resultado do efeito desorganizador dos modelos

mentais fixos, os quais direcionam o sujeito a uma convicção absoluta, estruturando um Eu

rígido, privando-o da própria potencialidade. Estes modelos mentais são denominados

estereótipos psicológicos que, por hábito, se tornam fixos (MENEGHETTI, 2010a).

Na análise do T6D, através das sete categorias gerais definidas para esta pesquisa,

com o escopo de classificar a associação entre o estado dinâmico de personalidade em

abertura à mudança e o estado dinâmico em autossabotagem, as quatro categorias que

apresentaram maior pontuação nos escores foram as categorias três, cinco, seis e sete.

64

Estes dados indicam que a população da amostra apresenta uma espécie de

debilidade na consistência da personalidade. São direcionados a priorizar relações afetivas no

contexto da vida atual, ambicionando, para o futuro, projetos que propiciam a manutenção das

relações que oportunizam segurança afetiva, tendo como consequência uma carência

intencional de vontade e decisão em empenhar-se para o crescimento, em detrimento de

abertura à mudança. Esta carência na intenção de mudança para a autorrealização expressa

um estado psíquico de estagnação.

A dinâmica atual da personalidade é também o efeito da estrutura de

personalidade, de Eu aprendido desde a infância. Segundo Meneghetti (2005b, 2006d), uma

parte da personalidade é o produto de particulares experiências vividas na infância, das quais

são apreendidas as modalidades comportamentais e emocionais condicionantes das

experiências sucessivas. Portanto, na vida adulta, mesmo acreditando ser livre, o sujeito tende

a escolher as pessoas, os lugares, as ações que repetem e confirmam este modelo emocional e

comportamental aprendido.

Outra associação significativa encontrada foi na faceta depressão com

autossabotagem. Este dado significa que pessoas com nível alto em depressão apresentam um

estado dinâmico em autossabotagem. A autossabotagem é decorrente de um estilo caracterial

aprendido nos primeiros anos da infância, determinando um estilo de vida que desemboca em

escolhas existenciais errôneas, hábitos e doenças com “efeito de carência e depressão”

(MENEGHETTI, 2009). Este dado corrobora a compreensão de que, nas pessoas que vivem

com HIV e no estágio Aids, o transtorno depressivo é anterior à infecção, resultado advindo

da estrutura de personalidade do indivíduo e do ambiente em que vive (FILHO, SOUZA,

2004). O estado de depressão, conforme Meneghetti (2003c), possui um papel importante,

pois precede doenças crônicas. Para este autor, o estado de depressão é a castração de um

instinto que não foi identificado, homologado e vivido no seu legítimo valor como instinto da

vida. Portanto, é um impulso básico primordial da vida que foi bloqueado. Não é carência de

energia, é exatamente o contrário. Se sente uma energia, mas não se sabe como formalizá-la e,

portanto, esta consome, aflige e adoece o sujeito. Neste sentido, esta castração é em

decorrência de uma educação familiar que não consentiu a evolução e exposição dos instintos

primários, como por exemplo, a agressividade, a sexualidade, a individualidade e o orgulho de

si mesmo. A perda do equilíbrio proporcional no dar vazão aos instintos, no decorrer dos

anos, torna consequencial o estado depressivo. Assim sendo, as características de

personalidade exemplificadas pelo alto índice de neuroticismo, que expressa uma dinâmica

65

em autossabotagem, a qual indica um estado de frustração e de estagnação, evidenciando a

elevada prevalência do estado depressivo detectado particularmente na faceta depressão.

Além disso, Ader (1987) traz questionamentos a serem avaliados, tais como: por

que o ambiente social pode determinar a resposta individual à doença infecciosa? Por que os

vírus latentes dão lugar às doenças manifestadas sob circunstâncias estressoras para o

organismo infectado? Ou por que, ao serem expostos aos mesmos agentes infecciosos

somente ficam doentes alguns indivíduos? Ainda Ulla (2002) conclui que as relações entre

elementos de natureza psicológica e as variações imunitárias que levariam a uma condição

mais suscetível a agentes patógenos são determinantes para as pessoas com HIV pois

desencadeariam uma progressão viral mais veloz. Contudo, para Meneghetti, a Aids é uma

doença sincronizada a um estilo de vida (MENEGHETTI, 2005a). A contaminação depende

não somente do contato direto com o vírus, mas também de uma disponibilidade psíquica.

Desta forma, “a disponibilidade à Aids se motiva por um caráter emotivo-afetivo desde a

infância e dependente, não da hereditariedade, mas do tipo de educação: se aprende um

estereótipo que depois se fixa no sujeito e torna-se caracterial” (MENEGHETTI, 2011a, p.

134).

66

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa desenvolvida buscou associar a percepção da QV com características

de personalidade em pessoas que vivem com Aids. Levando em consideração que a percepção

da QV é também um fator determinante para o melhor enfrentamento da doença, conforme se

demonstrou na revisão da literatura, esta é uma medida a ser avaliada em relação à saúde,

possibilitando maior humanização no diagnóstico e intervenção em referência às doenças

crônicas.

Desta forma, considerando-se que a percepção da QV é expressa em termos de

satisfação, contentamento, felicidade e capacidade de realização, entende-se que para

melhorar a percepção da QV em saúde torna-se importante estimular a necessidade de

diminuir o hiato entre as expectativas e realizações. Assim sendo, os aspectos internos que

dizem respeito à personalidade são fatores essenciais a serem avaliados e, por consequência,

também o estilo de vida das pessoas que vivem com AIDS.

Os resultados deste estudo demonstram que existe uma associação significativa

entre pior ou menor percepção da QV e características de personalidade de pessoas que vivem

com Aids. Tal associação foi evidenciada em relação ao alto índice no fator Neuroticismo.

Em relação à percepção da QV os participantes da pesquisa apresentaram

predominantemente posição intermediária. Os aspectos sociodemográficos, clínicos e

laboratoriais que estão associados a pior ou menor percepção da QV foram: baixo grau de

instrução, sem atividade laboral, baixa contagem de células TCD4+ e alta carga viral. Além

disso, o estar sem atividade laboral e fazer uso de drogas foi associado ao alto grau no fator

Neuroticismo.

Em relação às características de personalidade mais evidentes, segundo o BFP, o

grupo estudado demonstrou tendência em nível alto e muito alto no fator Neuroticismo, sendo

que deste, o estado de Instabilidade e Depressão foram significativamente preponderantes. O

alto índice no fator Neuroticismo está correlacionado significativamente a um estado

dinâmico da personalidade em Autossabotagem. O T6D, sendo um teste projetivo, possibilita

a leitura da interioridade, da causa dinâmica atual, proporcionando a compreensão da

efetualidade comportamental. Desta forma, a faceta Depressão está significativamente

associada ao estado dinâmico em Autossabotagem. Sendo a estrutura e a dinâmica da

personalidade aprendidas nos primeiros anos de vida, pode-se inferir que os participantes da

pesquisa apresentam um estilo de vida caracterial aprendido, porém não funcional à

autorrealização, o qual expressa um estado de estagnação, frustração e depressão.

67

Nesta pesquisa pode-se inferir que a percepção sobre a QV é também influenciada

pelo nível de motivação, padrão de pensamento e de reação emocional, especificados

principalmente no fator Neuroticismo. Assim sendo, as pessoas que vivem com Aids, tendem

a apresentar oscilação do humor, dificuldade em controlar afetos negativos, baixo índice de

tolerância à frustração, baixa autoestima, dependência afetiva, sentimentos pessimistas,

ausência ou diminuição de objetivos, expectativas negativas quanto ao futuro, considerando-

se incapazes de lidar com as dificuldades do cotidiano. A tendência em vivenciar de forma

mais intensa o sofrimento psicológico, dando pouca ênfase aos aspectos positivos dos eventos

da vida, podem denotar uma associação em procrastinar as ações. Sendo assim, o fator

Neuroticismo parece influenciar negativamente na condição das pessoas que vivem com Aids,

maximizando sentimentos negativos e comportamentos que contribuem para uma menor ou

pior percepção da QV.

Além disso, a prevalência do estado de depressão indica a importância de refletir

sobre a necessidade do atendimento psicológico. Através do processo psicoterápico tem-se a

possibilidade de reavaliação das estruturas da personalidade que fenomenizam um estilo de

vida caracterial. Uma medicina mais humanizada à medida do homem requer a necessidade

da restituição da integridade do ser humano, não somente do corpo, mas também da pessoa.

Sugere-se um estudo de intervenção, o qual proporcione uma análise de uma

possível mudança no estilo de vida, através do processo psicoterapêutico, em relação à maior

capacidade de enfrentamento da doença.

68

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75

APÊNDICES

76

APÊNDICE A- Termo de consentimento livre e esclarecido

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA - CEP UNISUL

[email protected], (48) 3279.1036

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Você está sendo convidado (a) para participar, como vo1untário (a), em uma

pesquisa que tem como título “QUALIDADE DE VIDA E CARACTERÍSTICAS DE

PERSONALIDADE DE PESSOAS QUE VIVEM COM AIDS. A pesquisa tem como

objetivo saber o que as pessoas que vivem com Aids percebem e avaliam sobre sua qualidade

de vida, bem como características que determinam a sua personalidade.

Esta pesquisa é importante porque vai estudar os aspectos psicológicos e da

doença que interferem com a sua qualidade de vida.

Neste estudo serão aplicados três testes com duração de aproximadamente uma

hora. Dois dos testes são de perguntas e respostas simples, e no outro são realizados alguns

desenhos, acompanhados pelo pesquisador. O teste é realizado em uma sala específica,

preservando o sigilo de cada um, não trazendo riscos nem desconfortos. A sua participação na

presente pesquisa não acarretará riscos ou danos a sua saúde. Você terá a liberdade para

desistir de participar da pesquisa a qualquer momento sem que isto lhe traga qualquer

prejuízo.

A pesquisa trará benefícios para o conhecimento sobre qualidade de vida e

características de personalidade, podendo colaborar com os profissionais da saúde no sentido

de uma assistência mais humanizada, tanto no momento de diagnóstico, quanto no processo

de tratamento e atendimento.

Você poderá quando quiser pedir informações sobre a pesquisa à pesquisadora.

Esse pedido pode ser feito pessoalmente, antes ou durante a entrevista, ou depois dela, por

telefone, a partir dos contatos do pesquisador que constam no final deste documento.

Todos os seus dados de identificação serão mantidos em sigilo e a sua identidade

não será revelada em momento algum. Em caso de necessidade, serão adotados códigos de

identificação ou nomes fictícios, de modo que ao serem utilizados em eventos e artigos

77

científicos, assim como em campanhas de prevenção, a sua identidade será sempre

preservada.

Lembramos que sua participação é voluntária, o que significa que você não poderá

ser pago, de nenhuma maneira, por participar desta pesquisa.

Eu, _______________________________, abaixo assinado, concordo em

participar desse estudo como sujeito. Fui informado(a) e esclarecido(a) pelo pesquisador

________________________ sobre o tema e o objetivo da pesquisa, assim como a maneira

como ela será feita e os benefícios e os possíveis riscos decorrentes de minha participação.

Recebi a garantia de que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto

me traga qualquer prejuízo.

Nome por extenso: ______________________________________________

RG: _______________________________________________

Local e Data: _______________________________________________

Assinatura: _______________________________________________

Pesquisador Responsável: Maria Tereza Andreola.

Outros Pesquisadores (Prof. Orientador): Profa. Dra. Rosemeri Maurici da Silva

Telefone para contato: (48) 3621 3363

78

APÊNDICE B- Ficha de inclusão

FICHA DE INCLUSÃO

Nome: ___________________________________________________________________

Número de registro: _____________________

Idade ____________ anos

Sexo: ( ) M ( ) F

Relacionamento: ( ) Sem companheiro(a) fixo ( ) Com companheiro(a) fixo

Atividade laboral: ( ) Sim ( )Não

Tempo sem atividade laboral: ___________anos

Renda Familiar: ( ) <1 SM ( )1-3 SM ( ) > 3 SM

Grau de instrução: ( ) Ensino Fundamental incompleto ( ) Ensino Fundamental completo

( ) Ensino Médio incompleto ( ) Ensino Médio completo

( )Superior incompleto ( ) Superior completo

( ) Outros

Tempo de diagnóstico do HIV: __________________

Comorbidades: Sim ( ) Não ( )

Hepatite : Sim ( ) Não ( )

Carga Viral: __________________cópias/ml

Contagem de TCD4+:

( ) > 500 ( ) > 200 e ≤ 500 ( ) < 200

QV: ( ) Posição inferior ( ) Posição intermediária ( ) Posição superior

BFP: ( ) Neuroticismo ( ) Extroversão ( ) Socialização ( ) Realização

T6D: ( ) Abertura à mudança ( ) Estado em Autossabotagem

79

APÊNDICE C- Roteiro de interpretação dos aspectos gerais do T6D*

1- Proporção entre o desenho e o espaço da folha (desenho da árvore):

a) Grande- quando o desenho ultrapassa 2/3 do tamanho da folha (acima de 20 cm)

b) Médio - quando o desenho apresenta entre 2/3 e 1/3 do tamanho da folha (de 10 a 20

cm, inclusos)

c) Pequeno- menor que 1/3 do tamanho da folha (abaixo de 10 cm).

2- Posição do desenho na folha (desenho da árvore):

a) Alto - metade superior (quadrantes superior direito e esquerdo da folha).

b) Embaixo- metade inferior (quadrantes inferior direto e esquerdo da folha).

c) Direita- metade direita (quadrantes superior e inferior direitos da folha).

d) Esquerda- metade esquerda (quadrantes superior e inferior esquerdos da folha).

e) Centralizado- aproximadamente no centro da folha.

3- Proporção entre tronco, copa e base de sustentação no desenho da árvore (presença da

terra em contato com a base do tronco):

a) SIM: quando apresenta relação proporcional entre a base de sustentação, tronco e

copa.

b) NÃO: quando não apresenta proporção entre a base de sustentação e os demais

elementos.

4- Particulares que complementam o habitat (desenho da árvore):

Identificação de imagens que complementam o habitat da árvore, segundo o Prontuário

Onírico (MENEGHETTI, 2012b), considerando-se A (abertura à mudança) ou B

(autossabotagem).

5- Hierarquia de importância de ação na situação existencial atual (análise do desenho da

situação atual comparada com o desenho da árvore):

a) Situação físico-biológica: quando expressa sinais ou imagens que demonstram

dinâmica com perda da integridade físico-biológica de acordo com a interpretação do

Prontuário Onírico (MENEGHETTI, 2012b).

80

b) Esfera afetiva: quando expressa sinais ou imagens que demonstram dinâmica de

dependência afetiva de acordo com a interpretação do Prontuário Onírico (MENEGHETTI,

2012b).

c) Esfera social: quando expressa sinais ou imagens que evidenciam a dinâmica de ação

em interação com a natureza e/ou ambiente social de acordo com a interpretação do

Prontuário Onírico (MENEGHETTI, 2012b).

6- Direção de valor da ambição existencial (análise do desenho da situação futura):

a) Valor biológico: quando sinais ou imagens expressam carência da integridade física-

biológica, de acordo com a interpretação do Prontuário Onírico (MENEGHETTI, 2012b).

b) Valor afetivo: quando sinais ou imagens expressam a direção da ambição em

referência à dependência afetiva, de acordo com a interpretação do Prontuário Onírico

(MENEGHETTI, 2012b).

c) Valor social: quando sinais ou imagens expressam a direção da ambição em referência

à ação em interação com a natureza e/ou ambiente social, de acordo com a interpretação do

Prontuário Onírico (MENEGHETTI, 2012b).

7- Intenção de empenho para o crescimento (análise do desenho de situação atual

comparada como desenho de situação futura).

a) SIM: quando o desenho da situação futura comparada com o desenho da situação

atual, expõe a dinâmica em crescimento, em evolução.

b) NÃO: quando o desenho da situação futura comparado com desenho da situação atual

expõe a mesma dinâmica ou uma dinâmica em regressão.

*Instrumento adaptado da avaliação do T6D (MENEGHETTI, 2012b).

81

APÊNDICE D- Tabela de interpretação e análise dos dados gerais do T6D

A= Autorrealização B= Autossabotagem

1 A (grande)

- desenho da árvore com base de

sustentação em contato com a terra

a/1

- desenho da árvore com base de

sustentação sem contato com a terra

a/2

B (médio) b

C (pequeno) c

2 A (metade superior) a

B (metade inferior) b

C (metade direita) c

D (metade esquerda) d

E (centralizado) e

3 SIM a

NÃO b

4 Conforme a interpretação das imagens

do Prontuário Onírico

a ou b

5 A a

B b

C c

6 A a

B b

C c

7 SIM a

NÃO b

Fonte: Elaboração da autora, 2013.

Critério de classificação: A= tendência de abertura a mudança em Autorealização é definida

com cinco ou mais itens ‘A’. Demais situações serão consideradas tendência a

Autosabotagem ‘B’. Sendo que cinco dos sete critérios são determinantes (critério 3, 4, 5 e 6)

e os demais podem ser condicionantes (critério 1 e 2), para definição da dinâmica atual de

personalidade.

82

APÊNDICE E- Modelo quadro síntese de análise e avaliação do T6D

Nome do analisador: _____________________________ Data: _______________ (continua)

Categorias

Sujeitos

1 (a,b,c) 2 (a,b,c,d,e) 3 (a,b) 4 (itens) (a,b) 5 (a,b,c) 6 (a,b,c) 7 (a, b)

Dinâmica

A ou B

A B A B A B A B A B A B A B

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

83

(continuação)

24

25

26

27

28

29

30

31

32

33

34

35

36

37

38

39

40

41

42

43

44

45

46

47

48

49

50

51

52

53

54

84

(conclusão)

55

56

57

58

59

60

61

62

63

64

65

66

67

68

69

70

71

72

73

74

75

76

77

78

79

80

Resultado por

categoria

Total da Dinâmica de Prevalente (A ou B) A= abertura a mudança; B= Autosabotagem

85

APÊNDICE F- Quadro síntese dos resultados do T6D

Nome do técnico: Maria Tereza Andreola Data: 02/02/2013

(continua)

Categorias

Sujeitos

1 (a,b,c) 2 (a,b,c,d,e) 3 (a, b) 4 (itens – a, b) 5 a,b,c) 6 (a,b,c) 7 (a,b)

Dinâmica

A ou B

A B A B A B A B A B A B A B

1 c b/d b ------------ a c b b B

2 b d a Nó b c c a A

3 b d b Copa dupla b b b b B

4 b b/d b ------------- a b b b B

5 b e a Tronco cortado, folhas caindo b a c a A

6 b e b Galhos secos b b b b B

7 b d b Nó b b b b B

8 b a/d a Galhos secos b a a b B

9 b d b Galhos cortados b b b b B

10 c a/d b Galhos secos b a b b B

11 c a a --------------- a b b b B

12 c b/d b Sombreado b b b b B

13 b d a ------------- a b b b B

14 b d a Galhos secos b c c a A

15 c a/d b --------------- a b b b B

16 c c a Sol a b b b B

17 b d b Frutas a c c a A

18 b d a -------------- a b c a A

19 c d/a a ------------- a b b b B

20 c b/d b Galhos secos b b c b B

21 c a b ----------- a b b b B

22 c a/d b Sombreado b b b b B

23 a/1 d a Nó b b c b B

24 b d b ---------- a a b b B

25 b e a Nó, sombreado b b b b B

26 b b/d b Galhos cortados b a b b B

27 b a a Frutas a b b b B

86

(continuação)

Categorias

Sujeitos

1 (a,b,c) 2 (a,b,c,d,e) 3 (a, b) 4 (itens – a, b) 5 (a,b,c) 6 (a,b,c) 7 (a,b)

Dinâmica

A ou B

A B A B A B A B A B A B A B

28 b e b ------------- a a b b B

29 b e b Nó b b b b B

30 b e b Nó b b c a B

31 a/2 e b ---------- a b a b B

32 c b b Nó b b c a B

33 c b/d b Sombreado b b b b B

34 b e a ----------- a b c a A

35 c a/d b ------------ a b b b B

36 b e a Frutas a b c a A

37 a/2 d b ----------- a b b b B

38 a/2 e b Sombreado b b b b B

39 c a b Galhos cortados b a a b B

40 c d b Copa dupla b b b b B

41 a/1 e a Nó b b a b B

42 c d b Sombreado b b a b B

43 b d b Frutas a b b b B

44 b d b ---------- a b c a B

45 b e a ----------- a b c a A

46 a/1 e a Caule oco b b b b B

47 c a/d b Galhos cortados b b b b B

48 b a/d b ----------- a b b b B

49 b d a Folhas caindo b c b b B

50 b e a ------------ a b b b B

51 a/2 e b Galho cortado b b b b B

52 a/1 e a Frutas a b c a A

53 a/1 e a ----------- a b b b B

54 b d b -------- a a a b B

55 c a/d b ---------- a b b b B

56 c d b Galhos secos b b b b B

87

(continuação)

Categorias

Sujeitos 1 (a,b,c)

2

(a,b,c,d,e) 3 (a, b) 4 (itens – a, b) 5 (a,b,c) 6 (a,b,c) 7 (a,b)

Dinâmica

A ou B

A B A B A B A B A B A B A B

57 b d a Galhos secos b b c a B

58 b e b Galhos secos b b b b B

59 a/2 b/d a Sombreamento, galhos secos b b b a B

60 c e b ---------- a a b a B

61 b e a --------- a b c a A

62 a/1 e b Tronco oco b a b a B

63 a/1 e a Galhos secos b a a b B

64 a/1 e b Galho cortado b c b b B

65 c a/d a -------------- a b b b B

66 b c b ------------- a c c b B

67 b a b -------------- a b b a B

68 b e a ------------ a b c a A

69 c a/d a ----------- a b b b B

70 a/1 e a ------------- a c c a A

71 b a b Galhos secos b c b b B

72 b b b Galho cortado b c b b B

73 c a a -------------- a b a b B

74 b d a Nó b b c a B

75 b d b --------- a b b b B

76 a/1 e a Galho cortado b b b b B

77 b e b ----------- a a b b B

78 a/1 d a ----------- a a a b B

79 b d b Galho cortado b a a b B

80 c e a -------- a b b b B

Total da Dinâmica por categoria

51 29 28 52 35 45 40 40 10 70 20

60 21

59

Total da Dinâmica de Prevalente (A ou B) A= abertura a mudança; B= Autosabotagem A=12

B=68

88

(Conclusão)

Categoria 1 Categoria 2 Categoria 3 Categoria 4

Item A B Item A B Item A B Item A B

a 11 5 a - 7 a 35 - a 40 -

b 40 - b - 2 b - 45 b - 40

c - 24 c - 2 Total 35 45 Total 40 40

Total 51 29 d - 23

e 28 -

a/d - 11

b/d - 7

Total 28 52

Categoria 5 Categoria 6 Categoria 7

Item A B Item A B Item A B

a - 14 a - 9 a 21 -

b - 56 b - 51 b - 59

c 10 - c 20 - Total 21 59

Total 10 70 Total 20 60

89

ANEXOS

90

ANEXO A- WHOQOL-HIV Bref

91

92

93

94

95

96

97

ANEXO B- Bateria Fatorial de Personalidade

98

99

100

101

ANEXO C- Parecer Comitê de ética em Pesquisa da UNISIL (CEP-UNISUL)