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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS – CEJURS CURSO DE DIREITO – NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA DANO MORAL NA JUSTIÇA DO TRABALHO ROSEMÉRI STANDKE VIANNA Itajaí (SC), maio de 2007

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS – CEJURS CURSO DE DIREITO – NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA

DANO MORAL NA JUSTIÇA DO TRABALHO

ROSEMÉRI STANDKE VIANNA

Itajaí (SC), maio de 2007

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DANO MORAL NA JUSTIÇA DO TRABALHO

ROSEMÉRI STANDKE VIANNA

Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como

requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Professor MSc. Wanderley Godoy Junior

Itajaí (SC), maio de 2007

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Meus Agradecimentos:

A Deus, porque sem Ele nada somos e nada

podemos;

Ao Professor Orientador Wanderley Godoy

Junior, pela ajuda, atenção e liberdade

que me dispensou durante a elaboração

deste trabalho;

Às minhas amigas, Aline da Costa, Anne

Elise Maes da Rocha e Jerusa Hoffmann

com quem compartilhei conhecimentos,

alegrias e angústias, que muitas vezes

tomaram conta de mim nesta fase de

minha vida acadêmica;

Agradeço a todos os professores desta

Universidade pelos conhecimentos

jurídicos e sociais a mim transmitidos e a

todos os que contribuíram de alguma

forma para a minha formação jurídica e

cívica;

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Este trabalho dedico:

A meus pais por todo conforto, incentivo e

apoio, pelo acolhimento e compreensão

nesta fase tão difícil de minha vida.

Ao meu esposo Gilson Alcântara Vianna,

pela compreensão e companheirismo nesta

fase da minha vida;

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo

aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do

Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o

Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Itajaí (SC), 02 de julho de 2007.

Roseméri Standke Vianna Graduando

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PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da

Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Roseméri

Standke Vianna, sob o título DANO MORAL NA JUSTIÇA DO TRABALHO, foi

submetida em 02 de julho de 2007 à Banca Examinadora composta pelos

seguintes Professores: Msc. Wanderley Godoy Junior (Orientador e Presidente da

Banca), Msc. José Silvio Wolf (Membro) e Silvio Noel de Oliveira Jr. (Membro) e

aprovada com a nota 10,00 (dez).

Itajaí (SC), 02 de Julho de 2007.

Prof. MSc. Wanderley Godoy Junior Orientador e Presidente da Banca

Prof. MSc Antônio Augusto Lapa Coordenação da Monografia

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ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CCB Código Civil Brasileiro

CEJURS Centro de Ciências Jurídicas e Sociais

CLT Consolidação das Leis do Trabalho

CRFB Constituição da República Federativa do Brasil

CTPS Carteira de Trabalho e Previdência Social

DJPR Diário da Justiça do Paraná

DJSC Diário da Justiça de Santa Catarina

EC Emenda Constitucional

INSS Instituto Nacional de Seguridade Social

OAB/SC Ordem dos Advogados do Brasil Seção de Santa Catarina

STF Supremo Tribunal Federal

TJ Tribunal de Justiça

TRT Tribunal Regional do Trabalho

TST Tribunal Superior do Trabalho

UNIVALI Universidade do Vale do Itajaí

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ROL DE CATEGORIAS

Rol de categorias que a Autora considera estratégicas à

compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais.

Direito do Trabalho:

É um ramo da ciência jurídica, constituído em unidade orgânica e doutrinária, que

visa regular e proteger o trabalho como atividade profissional, bem como as

relações coletivas e os conflitos que dele resultam, tendo por finalidade

preponderante a cobertura dos riscos sociais e que estão sujeitos os que vivem

do trabalho profissional.

Contrato de trabalho:

O acordo tácito ou expresso, correspondente á relação de emprego, ou ainda, o

negócio jurídico pelo qual uma pessoa física se obriga, mediante o pagamento de

uma contraprestação, a prestar trabalho não-eventual em proveito de outra

pessoa física ou jurídica a quem fica juridicamente subordinado.

Contrato:

Caio Mário da Silva Pereira, (Pereira, 1990), propaga que "contrato é um acordo

de vontades, na conformidade da lei, e com a finalidade de adquirir, resguardar,

transferir, conservar ou modificar direitos".1

Relação de Emprego:

Segundo a lei trabalhista, relação de emprego é o contrato individual de trabalho,

ou seja, o acordo tácito ou expresso.

1 http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/13580

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Dano:

É uma lesão ao patrimônio entendido como conjunto de relações jurídicas de uma

pessoa, apreciáveis em dinheiro, porém tal juízo pode situar-se no âmbito

puramente patrimonial, ou em âmbito moral.

Patrimônio Ideal:

Aquele que abrange as relações que não econômicas, mas que tuteladas pelo

direito.

Patrimônio Material:

Aquele que abrange as relações de conteúdo econômico.

Reparação:

É um meio de recuperar direitos humanos e liberdades fundamentais prejudicados

pelos processos, sendo que é do devedor a obrigação de indenizar, a equidade

como elemento capaz de afetar o montante da indenização, dano material e dano

moral e a correção monetária.

Moral:

É um conjunto de regras de comportamento ou costumes das pessoas e da

sociedade, com intuito de respeito e dignidade, quer para grupo ou pessoa

determinada.

Dano moral:

Espécie de agravo constituída pela violação de algum dos direitos inerentes à

personalidade, não tem referência econômica, tendo como resultado a dor, o

sofrimento angústia da vitima e a vergonha.

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Dano imaterial:

É aquele que não produz conseqüências prejudiciais no patrimônio do ofendido.

Dano material ou patrimonial:

É aquele que causa e perda ou a deterioração parcial ou total a do patrimônio da

vítima.

Direitos personalíssimos:

Bens de foro íntimo da pessoa, coma a honra, a liberdade, a intimidade e

imagem.

Justiça do Trabalho:

É a justiça especializada para processar e julgar as ações oriundas da relação de

trabalho.

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SUMÁRIO

RESUMO.......................................................................................... XII

INTRODUÇÃO ................................................................................... 1

CAPÍTULO 1 ...................................................................................... 4

DO DIREITO DO TRABALHO E DO DANO MORAL: HISTÓRICO E CONCEITOS. ..................................................................................... 4

1.1 CONCEITO DO DIREITO DO TRABALHO......................................................4

1.2 HISTÓRICO DO DIREITO DO TRABALHO.....................................................6

1.3 CONCEITO DE DANO....................................................................................13

1.4 CONCEITO DE DANO MORAL......................................................................16

1.5 HISTÓRICO DO DANO MORAL ....................................................................20

CAPÍTULO 2 .............................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. DO DANO MORAL NO DIREITO DO TRABALHO............................25 2.1 CLASSIFICAÇÃO DO DANO MORAL...........................................................25

2.2 FASE PRÉ-CONTRATUAL ............................................................................27

2.3 FASE CONTRATUAL ........................................................................................30

2.4 MOMENTO DA EXTINÇÃO DA RELAÇÃO DE EMPREGO..........................33

2.5 FASE PÓS –CONTRATUAL ..........................................................................34

2.6 REPARABILIDADE DO DANO MORAL ........................................................35

2.7 FORMAS DE REPARAÇÃO DO DANO MORAL TRABALHISTA ................41

2.7.1 PECUNIÁRIA ...................................................................................................41

2.7.1.1 Sistemas tarifário e aberto .....................................................................42

2.7.2 CRITÉRIOS DE QUANTIFICAÇÃO...........................................................................45

2.7.2.1 Arbitramento............................................................................................45

2.7.2.2 Analogia ...................................................................................................47

2.7.2.3 Outras previsões legais de critérios de fixação do valor ....................49

2.7.3 ALGUMAS PALAVRAS SOBRE O BOM SENSO DO JULGADOR ................................50

2.7.4 ATESTATÓRIA.................................................................................................51

CAPÍTULO 3 .................................................................................... 53 DO DANOMORAL NA JUSTIÇA DO TRABALHO............................53

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xi

3.1 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO............................................53

3.2 COMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO ...............................58

3.3 O ARTIGO 114 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL ...........................................61

3.4 COMPETÊNCIA NA FASE CONTRATUAL DO TRABALHO........................67

3.5 INDENIZAÇÃO DO VALOR DA “COMPENSAÇÃO” POR DANO MORAL TRABALHISTA.....................................................................................................67

3.6 ASPECTOS JURISPRUDENCIAIS DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 12ª REGIÃO ..............................................................................69

CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................. 78

REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS .......................................... 81

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RESUMO

Este trabalho monografia visa analisar no campo trabalhista

a competência para processar e julgar os danos morais e a reparabilidade dos

danos morais oriundos da relação empregatícia, considerando o direito que erigiu

do texto constitucional, destacando ainda a especial dimensão que o direito do

trabalho confere à tutela da personalidade do trabalhador, não havendo, pois,

como negar a aplicação das disposições constitucionais com relação à reparação

do dano moral trabalhista. Os objetivos específicos foram os seguintes: a)

conceituar dano; b) identificar as características do dano moral; c) analisar a

competência da justiça do trabalho; d) Identificar os aspectos legais de aplicação

do dano no direito do trabalho, isto, fundamentado na legislação e no

entendimento doutrinário predominante. A Monografia é composta de três

capítulos que tratam do direito do trabalho e do dano moral, dano moral no direito

do trabalho e dano moral na justiça do trabalho.

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INTRODUÇÃO

Configuram o objeto de estudo da presente Monografia a

competência para processar e julgar a reparação do dano moral oriundo da

relação trabalhista, considerando as garantias do texto constitucional.

A reparação dos danos causados por atos ilícitos, está

presente desde antes de Cristo, fazendo parte de códigos como o Código de

Hamurabi e o Código de Manu.

Primeiramente tinha caráter punição física ao agressor, mas

com o passar dos séculos esta concepção foi evoluindo, passando a ter uma

punição pecuniária pelos danos causados a terceiros.

Entretanto o dano que desde os códigos antigos e até

mesmo no direito moderno era aceito e passível de reparação era de natureza

eminentemente material.

A reparação do dano de ordem moral foi ao longo do tempo

objeto de fervorosas discussões doutrinárias, entre aqueles que defendiam sua

reparação e aqueles que consideravam inadmissível ou até mesmo moral.

Felizmente no Brasil, diante da nova ordem constitucional

que consagrou a defesa dos direitos da personalidade a nível de garantia

fundamental, dedicando os incisos V e X do art. 5º à tutela desses direitos, nossa

jurisprudência evoluiu no sentido de não deixar mais aquele que teve um prejuízo

de cunho moral sem reparação, sob o pretexto de que não é possível auferir

monetariamente a dor moral de uma pessoa.

O objetivo institucional é o de produzir a presente

Monografia para a obtenção do título de Bacharel em Direito, pela Universidade

do Vale do Itajaí.

O objetivo investigatório geral é o de pesquisar e descrever

a competência para processar e julgar os danos morais oriundos das relações

empregatícias, além de analisar a reparabilidade desses danos.

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Os objetivos específicos são os seguintes: a) conceituar

dano; b) identificar as características do dano moral; c) analisar a competência da

justiça do trabalho; d) Identificar os aspectos legais de aplicação do dano no

direito do trabalho, isto, fundamentado na legislação e no entendimento

doutrinário predominante.

A pesquisa enfrentou o desafio de três problemas e

respectivas hipóteses, conforme abaixo destacado.

Primeiro problema: É cabível a reparação de danos morais

provenientes das relações de trabalho?

Hipótese: O dano integra a lide trabalhista, quando surge no

contexto da ralação trabalhista, quando esta relação é causa ou oportunidade

para o surgimento da lesão caracterizadora do dano moral, indiferente se

imediatamente antes, durante ou após a vigência do contrato de trabalho.

Segundo problema: É passível a fixação do quantum da

reparação?

Hipótese: À sua extensão limitada a prejuízos que atingiram

o seu foro íntimo, sem maiores proporções danosas no campo material, atento,

ainda, ao fato de que a pecúnia doloris tem caráter exemplar e expiatório, o juiz

deferirá o pedido de indenização por dano moral, fixando o valor em quantia

razoável, certo de que a dor moral jamais pode ser ressarcida convenientemente

por bens materiais.

Terceiro problema: É competente a Justiça do Trabalho para

julgar tais dissídios?

Hipótese: Diante dessa situação, ainda permanece a justiça

comum para apreciar essa natureza?

Na investigação e no relato é adotado o método dedutivo.

A presente Monografia divide-se em três capítulos.

O primeiro capítulo conceitua e define o direito do trabalho e

o dano moral, especificando seus pressupostos, apresentando também o histórico

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do direito do trabalho e do dano moral.

O segundo capítulo cuida do dano moral no direito do

trabalho, tratando da sua classificação, fases e suas formas de reparação através

da quantificação do valor econômico a ser reposto ao ofendido, demonstrando

também, as formas adotadas para a reparação do dano moral trabalhista e

critérios para sua quantificação.

O terceiro capítulo apresenta a competência trabalhista para

julgamento de tais lides, assunto este que já foi campo de vasta controvérsia

doutrinária e jurisprudencial. Ainda neste capítulo, aspectos jurisprudencial do

TRT da 12ª região, bem como, a elaboração de nossa CFRB/88, com bases nesta

evolução com a Emenda Constitucional 45, conferindo em seu artigo 114 a

competência trabalhista para julgamento destes dissídios.

Além daquelas categorias e respectivos conceitos

operacionais, apresentados no rol das categorias, outras constam no decorrer da

monografia.

A área de concentração restringe-se ao "Direito e

Sociedade". A linha de pesquisa é "Direito do Trabalho".

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CAPÍTULO 1

DO DIREITO DO TRABALHO E DO DANO MORAL: HISTÓRICO E CONCEITOS.

1.1 CONCEITO DO DIREITO DO TRABALHO

A expressão Direito do Trabalho é na verdade um ramo da

ciência jurídica, constituído em unidade orgânica e doutrinária, que visa regular e

proteger o trabalho como atividade profissional, bem como as relações coletivas e

os conflitos que dele resultam, tendo por finalidade preponderante a cobertura dos

riscos sociais a que estão sujeitos os que vivem do trabalho profissional, por isso

alguns doutrinadores incluem a Previdência Social em seu conteúdo.

Os conceitos poderão se reunir em três categorias,

intituladas de subjetivas, objetivas e mistas.

Os conceitos subjetivistas, em geral, realça, a condição do

empregado como o economicamente fraco na relação jurídica.

Assim conceitua Cesarino Junior2, “Direito do trabalho é o

sistema jurídico de proteção aos economicamente fracos”.

Já os que definem o Direito do Trabalho consoante a

corrente objetivista tomam como referência a prestação de trabalho subordinado,

objeto do contrato de trabalho.

Neste sentido tem-se Donato3, “Direito do trabalho é o

conjunto de princípios de normas jurídicas que regem a prestação de trabalho

subordinado ou a ele similar, bem como as relações e os riscos que dela se

originam”.

2 CESARINO JUNIOR, A.F. Direito social. São Paulo: LTr, 1980, p. 54. 3 DONATO, Messias. Curso de direito do trabalho. 3. ed., São Paulo: Saraiva, 1979. p. 4-5.

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Para Martins4, “direito do trabalho é o conjunto de princípios,

regras e instituições atinentes à relação de trabalho subordinado e situações

análogas, visando assegurar melhores condições de trabalho e sociais ao

trabalhador, de acordo com as medidas de proteção que lhe são destinadas.”

Já para Giusti5, “o direito do trabalho, dentro de um conceito

bastante simplificado, consiste no conjunto de normas jurídicas incidentes sobre

as relações de trabalho subordinado, bem como as relações análogas, com o fito

de tutelar a prestação do trabalho, considerando as condições sociais.”

Segundo Martins Filho6:

o direito do trabalho é o ramo do Direito que disciplina as relações de

emprego, tanto individuais como coletivas. Evolui conforme a maior

conscientização sobre os benefícios que podem ser conferidos ao

trabalhador, como força produtiva, sem comprometimento do nível

econômico, que depende, igualmente, do estímulo ao investimento

(capital).

Por fim, pode-se definir com o conceito misto, cujas

definições harmonizam os sujeitos do contrato de trabalho com o seu objeto, que

é a prestação de serviço subordinado.

Veja-se: Perez7 “direito do trabalho é o conjunto de

princípios e normas que regulam as relações entre empregados e empregadores

e de ambos com o Estado, para efeitos de proteção e tutela do trabalho.”

Moraes Filho8, na mesma linha, conceitua-o como o

“conjunto de princípios e normas jurídicas que regulam as relações jurídicas

oriundas da prestação de serviço subordinado e outro aspecto das pessoas que o

exercem”. 4 MARTINS, Sergio Pinto. Fundamentos de direito do trabalho. 5 ed., São Paulo: Atlas, 2005. p.

24. 5 GIUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Sumário de direito do trabalho e processo do trabalho.

p. 9. 6 MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. Manual esquemático de direito e processo do

trabalho. 12 ed., São Paulo: Saraiva, 2004. p. 7. 7 PEREZ, Botija Eugenio. Curso de derecho del trabajo. 6 ed. Madrid: Tecnos, 1960. p. 4. 8 MORAES FILHO, Evaristo de. Introdução ao Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 1971. p. 17.

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Para Belmonte9 “o direito do trabalho é um conjunto de

normas e princípios destinados a regular as relações de emprego, relações de

trabalho definidas em lei e as relações coletivas de trabalho.”

Não importa se possuem categorias diferentes, sejam elas:

subjetivistas, objetivista ou mistas, o importante é que a finalidade do Direito do

Trabalho é igual em todas as categorias. Assim, o Direito do Trabalho tem por

fundamento melhorar as condições físicas e sociais dos trabalhadores, permitindo

que o trabalhador possa prestar seus serviços em um ambiente salubre, e através

de seu salário proporcionar uma vida digna para sua família e também

desempenhar o seu papel na sociedade.

1.2 HISTÓRICO DO DIREITO DO TRABALHO

No Brasil, de 1500 até 1888, o primeiro registro de direito do

trabalho foi em 1830, que foi uma lei que regulou o contrato sobre prestação de

serviços dirigida a brasileiros e estrangeiros. Em 1837 surge uma normativa de

contratos de prestação de serviços entre colonos dispondo sobre justa causa de

ambas as partes. Em 1850 surge o Código Comercial, no qual continha preceitos

indicativo de aviso prévio.

De 1888 até a Revolução de 1930, tivemos o surgimento de

alguns diplomas legislativos de maior relevância como o de 1903, com a lei sobre

sindicalização dos profissionais da agricultura, a de 1907 com a lei sobre

sindicalização dos trabalhadores urbanos, a de 1916 com o Código Civil trazendo

um capítulo sobre locação de serviços, assim, regulamentando a prestação de

serviços de trabalhadores, a de 1919 com a lei sobre acidente de trabalho, a de

1923 com a lei Elói Chaves, que disciplinava a estabilidade no emprego aos

ferroviários com 10 ou mais anos de serviço no mesmo empregador, mais tarde

instituiu as outras categorias. Em 1930 cria-se o Ministério do Trabalho, esse

sendo então o marco do aparecimento do Direito do Trabalho Brasileiro

apresentado pela doutrina.

9 BELMONTE, Alexandre Agra. Danos morais no direito do trabalho 2 ed. Rio de Janeiro:

Renovar, 2002. p. 93.

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7

A partir desse momento, o movimento em defesa do

trabalhador tem sua origem mais remota nas Corporações de Oficio das cidades

medievais que eram a associação de artesão que regulamentavam toda a

atividade, com controle de preços, salários, quantidades produzidas e

especificações das mercadorias, evitando os abusos que poderiam advir da livre

concorrência.

A Revolução Industrial transformação dos antigos métodos

de produção artesanal para as novas técnicas de mecanização e especialização

em linha de produção, fez eclodir a questão social que era o embate entre o

capital e o trabalho, pelo liberalismo econômico, caberia às forças do mercado

ditar o que seria devido ao empresário e ao trabalhador.

Segundo Giglio10:

A Revolução Industrial determinou profundas mudanças nas condições

de trabalho. A utilização de máquinas que faziam, como o tear, o serviço

de vários trabalhadores causou o desemprego em massa. O aumento da

oferta de mão-de-obra, diante da pequena procura por trabalhadores,

acarretou o aviltamento dos salários. O grande lucro propiciado pelas

máquinas trouxe como conseqüência a concentração de riquezas nas

mãos dos poucos empresários e o empobrecimento generalizado da

população.

O liberalismo econômico exacerbado degenerou um

capitalismo selvagem, no qual tinha a exploração do trabalho pelo capital, com

jornada de 14 horas de trabalho, nas piores condições, em busca do aumento de

lucro das empresas, cujos rebentos forma o movimento sindicalista que era uma

associação dos trabalhadores como meio principal de defesa de seus direitos e o

movimento comunista que era a coletivização dos meios de produção e dirigismo

estatal da economia.

No princípio, o movimento sindical foi considerado ilegal, e

as associações de trabalhadores, criminosas. Posteriormente, a união de

trabalhadores em defesa de seus interesses tornou-se lícita e foi o que

impulsionou o Estado a intervir na luta travada entre o capital e o trabalho,

10 GIGLIO, Wagner D. Direito processual do trabalho. São Paulo: Saraiva, 1997, p. 10.

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8

legislando sobre os direitos dos trabalhadores.11

O Direito do Trabalho surgiu, assim, da luta dos

trabalhadores pelo reconhecimento da dignidade do trabalho humano, das

condições em que se deve desenvolver e o que lhe corresponde em termos de

retribuição pelo esforço produtivo.12

A primeira Constituição a tratar de Direito do Trabalho foi a

de 1934, garantindo a liberdade sindical, isonomia salarial, salário mínimo,

jornada de oito horas de trabalho, proteção do trabalho das mulheres e menores,

repouso semanal, férias anuais remuneradas (§ 1º do art. 121).

A Constituição de 1937 tinha conteúdo corporativista,

inspirado na Constituição polonesa. O próprio artigo 140 da referida carta era

claro no sentido de que a Economia era organizada em corporações,

consideradas órgãos do Estado, exercendo função delegada de poder público.

Instituiu o sindicato único, imposto por lei, vinculado ao Estado. Foi criado o

imposto sindical, e o Estado tinha parte dessa arrecadação. Estabeleceu-se a

competência normativa dos tribunais do trabalho, tendo como objetivo principal

evitar o entendimento direto entre trabalhadores e empregadores.

A greve foi considerada recurso anti-social, nocivo ao

trabalho e ao capital e incompatível com os interesses da produção nacional.

Em 1943 surge o mais importe diploma para a disciplina

trabalhista, que é a Consolidação das Leis do Trabalho. A CLT não é um código,

apenas reúne as normas já existentes de forma sistematizada.

A Constituição de 1946 prevê a participação dos lucros,

repouso semanal remunerado, estabilidade, direito a grave, entre outros direitos.

Finalmente a Constituição de 1988 trata de direitos

trabalhistas nos artigos 7º a 11 conforme destaca-se a seguir:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros

que visem à melhoria de sua condição social:

11 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_67/Artigos/Art_Min_Ives.htm. 12 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_67/Artigos/Art_Min_Ives.htm.

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I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem

justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização

compensatória, dentre outros direitos;

II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;

III - fundo de garantia do tempo de serviço;

IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de

atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com

moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,

transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe

preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para

qualquer fim;

V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;

VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo

coletivo;

VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem

remuneração variável;

VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no

valor da aposentadoria;

IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;

X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção

dolosa;

XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da

remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa,

conforme definido em lei;

XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de

baixa renda nos termos da lei;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº

20, de 1998)

XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e

quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a

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10

redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;

(vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943)

XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos

ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;

XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;

XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em

cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. 59 § 1º)

XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a

mais do que o salário normal;

XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a

duração de cento e vinte dias;

XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;

XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos

específicos, nos termos da lei;

XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de

trinta dias, nos termos da lei;

XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de

saúde, higiene e segurança;

XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres

ou perigosas, na forma da lei;

XXIV - aposentadoria;

XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento

até seis anos de idade em creches e pré-escolas;

XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;

XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;

XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador,

sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em

dolo ou culpa;

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XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho,

com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e

rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de

trabalho;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)

XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de

critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e

critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;

XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual

ou entre os profissionais respectivos;

XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores

de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo

na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela

Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo

empregatício permanente e o trabalhador avulso.

Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores

domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII,

XIX, XXI e XXIV, bem como a sua integração à previdência social.

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o

seguinte:

I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de

sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder

Público a interferência e a intervenção na organização sindical;

II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em

qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na

mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou

empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um

Município;

III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou

individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou

administrativas;

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12

IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de

categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do

sistema confederativo da representação sindical respectiva,

independentemente da contribuição prevista em lei;

V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;

VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas

de trabalho;

VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas

organizações sindicais;

VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do

registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e,

se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo

se cometer falta grave nos termos da lei.

Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização

de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as

condições que a lei estabelecer.

Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores

decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que

devam por meio dele defender.

§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o

atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.

§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.

Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores

nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais

ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.

Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada

a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de

promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.

Observa-se que a Constituição Federal de 1988, é muito

importante para o Direito do Trabalho, garantindo e assegurando aos

trabalhadores direitos nunca previstos antes.

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13

1.3 CONCEITO DE DANO

Dano é elemento da responsabilidade civil e pressuposto da

reparação. A responsabilidade civil possui dois fundamentos, a culpa e o risco e

como elementos: a ação ou omissão, o dano e o nexo de causalidade a uni-los. O

efeito da responsabilidade civil vem a ser a reparação, natural ou pecuniária.

A responsabilidade civil encontra seu embasamento legal no

Código Civil, art. 186, 187 e 927:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou

imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que

exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao

exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim

econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a

outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,

independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando

a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por

sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Os ensinamentos de Dias13, em sua conceituada obra sobre

a responsabilidade civil, defini o dano juridicamente dizendo “que é ele o prejuízo

sofrido pelo sujeito de direitos em conseqüência da violação destes por fato

alheio”.

Para Carmo14 "dano é lesão ao patrimônio entendido como

conjunto de relações jurídicas de uma pessoa, apreciáveis em dinheiro. Porém, tal

prejuízo pode situar-se no âmbito puramente patrimonial, ou em âmbito moral".

13 DIAS, José Aguiar. Da responsabilidade civil. 7 ed. Vol II. Rio de Janeiro: Forense, 1983, p.

794/795. 14 CARMO, Júlio Bernardo do. O dano moral e sua reparação no âmbito do direito civil e do

trabalho. Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região; Vol.25, n. 54; jul; 1994. p. 67 a 115

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14

Segundo Oliveira15 dano é "um desequilíbrio sofrido pelo

sujeito de direito, pessoa física ou jurídica, atingida no patrimônio ou na moral em

conseqüência da violação de norma jurídica por fato ou ato alheio”.

Já o entendimento de Belmonte16 “dano é o prejuízo

causado a bem jurídico de determinado sujeito do direito ou de coletividade, por

ação ou omissão imputável a outrem.”

Alvim citado por Florindo17 nos ensina que “o termo dano,

em sentido amplo, vem a ser a lesão de qualquer bem jurídico, e aí se inclui o

dano moral; mas, em sentido estrito, dano é a lesão do patrimônio; e patrimônio é

o conjunto das relações jurídicas de uma pessoa, apreciáveis em dinheiro”.

Em sentido amplo, a definição de dano por De Plácido e

Silva18:

Dano. Derivado do latim dannum, genericamente significa todo mal ou

ofensa que tenha uma pessoa causado a outrem, da qual possa resultar

uma deterioração ou destruição à coisa dele ou um prejuízo a seu

patrimônio. Possui assim o sentido econômico de diminuição ocorrida ao

patrimônio de alguém, por ato ou fato estranho à sua vontade.

Varela19 ensina que:

O dano é a perda in natura que o lesado sofreu, em conseqüência de

certos fatos, nos interesses (materiais, espirituais ou morais) que o

direito violado ou a norma infringida visam tutelar. É a lesão causada no

interesse juridicamente tutelado, que reveste as mais das vezes a forma

de destruição, subtração ou deterioração de certa coisa, material ou

incorpórea.

Desta forma, verifica-se que o dano pode ocorrer tanto no

15 OLIVEIRA, Francisco Antonio de. Do dano moral. Revista de Direito do Trabalho; vol. N. 01,

jan: 1998. 24 a 32. 16 BELMONTE, Alexandre Agra. Danos morais no direito do trabalho. p. 24. 17 FLORINDO, Valdir. Dano moral e o direito do trabalho. Ampl. São Paulo: LTr, 1999, 3 ed.

P.19. 18 SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 20ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002. p. 238. 19 VARELA, João de Matos Antunes. Das obrigações em geral. 7 ed. Vol I, Coimbra: Livraria

Almendina, 1993. p. 592.

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15

âmbito patrimonial quanto moral, mas deverá decorrer de uma ação ilícita do

agente causador.

A palavra patrimônio, durante muito tempo, referiu-se

exclusivamente ao conjunto das relações de conteúdo econômico, das quais fazia

parte o titular desse patrimônio, ocasionando a expressão dano patrimonial, que

significava tão-somente a aferição da diferença entre o patrimônio do prejudicado,

existente após a atuação lesiva do causador do dano, e o patrimônio que deveria

existir, não fosse tal atuação lesiva.

Ocorre que o conceito do termo patrimônio vem sendo

ampliado, por isso que se tem entendido que são englobadas não apenas aquelas

relações de conteúdo econômico, mas também relações imateriais das quais o

homem participa. Ou seja, o homem também é o centro de uma série de valores,

de bens ideais irradiados a partir da personalidade humana, tais como a honra, a

imagem, a privacidade, a reputação, etc., que embora não tenham qualquer

conteúdo econômico, são também tutelados pelo direito. E esses bens imateriais

também integram o patrimônio, ao lado daquele já mencionado conjunto de

relações de conteúdo econômico.

Portanto, ao lado de um patrimônio material (no sentido de

conter um valor econômico), existe também um patrimônio imaterial, ou ideal,

que se refere às relações extrapatrimoniais ligadas estritamente à

personalidade humana, e dentro dessa visão mostra-se mais adequado que dano

é toda ofensa a um bem juridicamente tutelado, sendo irrelevante se esse bem

apresenta ou não conteúdo econômico.

As principais diferenças entre essas duas espécies de

patrimônios podem ser facilmente sistematizadas:

a) o patrimônio material abrange as relações de conteúdo

econômico, enquanto o patrimônio ideal abrange as relações que não apresentam

esse conteúdo econômico, mas que são também tuteladas pelo direito;

b) o dano ao patrimônio material causa um prejuízo

econômico, que pode ser quantificado em termos materiais, enquanto que o dano

ao patrimônio ideal causa dor, angústia, aflição, frustração, humilhação, e outras

agruras que são internas a quem sofre o dano, atingindo a esfera espiritual da

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16

vítima;

c) nem todas as pessoas humanas são titulares de um

patrimônio material, enquanto que todos os seres humanos, sem qualquer

exceção, são titulares de um patrimônio moral.

1.4 CONCEITO DE DANO MORAL

Dano Moral, é aquele que não tem referência econômica,

que não pode ser contabilizado, tendo como resultado a dor, o sofrimento, a

angustia da vitima, a vergonha, em decorrência de qualquer ato praticado por

outra pessoa.

Contudo, não é só a dor, angustia ou vergonha que

caracterizam o dano moral, por conseguinte a obrigação de indenizar, mas é

preciso que a mágoa causada, além de ser de forma sentimental em sua

consideração pessoal ou social, deverá ser também em decorrência natural do

fato gerador.

Para Brebbia20, dano moral é "uma espécie de agravo

constituída pela violação de algum dos direitos inerentes à personalidade".

Nesse diapasão, preleciona Cahali21:

Dano moral, portanto, é a dor resultante da violação de um bem

juridicamente tutelado, sem repercussão patrimonial. Seja dor física —

dor-sensação, como a denomina Carpenter — nascida de uma lesão

material; seja a dor moral — dor-sentimento, de causa imaterial.

Segundo Silva22: “dano moral é aquele que causa lesão não-

patrimonial a pessoa, física ou jurídica, como v.g., os decorrentes das ofensas à

honra, ao decoro, às crenças internas, à liberdade, à vida, à integridade corporal,

20 BREBBIA, Roberto. El dano moral. Buenos Aires; Ed. Bibliográfica Argentina; In: Revista do

Tribunal Superior do Trabalho. Vol. 65, n 1, out/dez, Porto Alegre/RS: Síntese, 1999. p. 69. 21 CAHALI, Yussef Said. Dano e indenização. 3 ed. São Paulo: RT, 2005. p.7. 22 SILVA, Wilson Melo da. Dano moral e sua reparação. 3 ed., Rio de Janeiro: Forense, 1983. p.

01.

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17

à paz interior”.

Para Savatier citado por Pereira23, dano moral:

é qualquer sofrimento humano que não é causado por uma perda

pecuniária, e abrange todo atentado à reputação da vítima, à sua

autoridade legitima, ao seu pudor, à sua segurança e tranqüilidade, ao

seu amor próprio estético, à integridade de sua inteligência, a suas

afeições, etc.

Segundo Diniz24, "dano moral vem a ser a lesão de

interesses não patrimoniais de pessoa física ou jurídica, provocada pelo fato

lesivo"

Em outra definição, segundo Castelo25, "os danos morais

são lesões sofridas pelas pessoas, físicas ou jurídicas, em certos aspectos de sua

personalidade".

Conforme Arraes26 "... o dano puramente moral, mais

tecnicamente chamado dano imaterial, é aquele que não produz conseqüências

prejudiciais no patrimônio do ofendido".

No entendimento de Carmo27 "dano moral são lesões

sofridas pela pessoa natural em seu patrimônio ideal" entendido este como "em

contraposição a patrimônio material, o conjunto de tudo aquilo que não seja

suscetível de valor econômico".

Infere-se, portanto, que o dano moral, na envergadura de

princípios éticos e morais que norteiam nossa sociedade, atinge violações a

direitos não patrimoniais, a exemplo da honra, da auto-estima, da imagem, da

23 Traité de La Responsabilité Civile, vol.II, nº 525, in Caio Mario da Silva Pereira,

Responsabilidade Civil, Editora Forense, RJ, 1989. 24 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 1998. p. 81. 25 CASTELO, Jorge Pinheiro. Do dano moral trabalhista. Revista do Tribunal Regional do

Trabalho da 16ª Região; Vol. 3, n.1; jul; 1994. p. 66 a 71. 26 ARRAES, Antônio Getúlio Rodrigues. Danos morais e a justiça do trabalho. LTR Suplemento

Trabalhista; Vol. 32, n. 129; 1996. p. 719 a 721. 27 CARMO, Júlio Bernardo do. O dano moral e sua reparação no âmbito do direito civil e do

trabalho.. p. 67.

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privacidade, da integridade psíquica, do nome etc.

Por conseguinte, o dano moral pode ser caracterizado como

todo aquele que resulta de uma ofensa que atinge os valores abstratos humanos

e que tem como causa impulsiva uma ação ou omissão, não estribada em

exercício regular de um direito, em que o agente produz um prejuízo ou transgride

direito de outrem, por dolo ou culpa.

Com relação ao dano moral decorrente do direito do trabalho

pode-se dizer que é aquele que surge nas relações de emprego, podendo ser

tanto por parte do empregado como do empregador, ocorrendo antes, durante ou

depois do vínculo empregatício, ou seja, do contrato de trabalho.

O contrato de trabalho é um acordo de vontades, tendo

como objetivo a produção de efeitos jurídicos, geram direitos e obrigações e

impõe aos contratantes inúmeros comportamentos, por isso, empregado e

empregador devem se respeitar mutuamente.

Enquanto se discutia no direito comum a possibilidade de

reparação econômica do dano exclusivamente moral, a Consolidação das Leis do

Trabalho, desde a sua promulgação, já contemplava o dano moral e a sua

reparação pelo empregado ou pelo empregador, em decorrência da ruptura do

contrato de trabalho pela prática de ato lesivo da honra ou da boa fama nos

artigos 482, letras “j” e “k”, e 483, letra “e”, mediante o pagamento ou

desoneração de pagamento das indenizações correspondentes ao distrato do

pacto laboral motivado por essa justa causa.

Art. 482. Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho

pelo empregador:

j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra

qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em

caso de legítima defesa, própria ou de outrem;

k) ato lesivo da honra e boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o

empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa,

própria ou de outrem;

Art. 483. O empregado poderá considerar rescindido o contrato e

pleitear a devida indenização quando:

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e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de

sua família, ato lesivo da honra e boa fama.

Segundo esse entendimento o advogado Floriano28 afirma

"na vida em sociedade, estamos sempre sujeitos a causar um dano ou então a

sofrê-lo. Na relação de emprego, a questão não é diferente ".

Sobre essa mesma corrente doutrinária, Süssekind29

pontifica que:

o quotidiano do contrato de trabalho, com o relacionamento pessoal

entre o empregado e o empregador, ou aqueles a quem este delegou o

poder de comando, possibilita, sem dúvida, o desrespeito dos direitos da

personalidade por parte dos contratantes. De ambas as partes – convém

enfatizar ...

Como já relacionado anteriormente, em uma relação de

emprego, tanto o empregador como o empregado estão sujeitos a sofrer ou

causar dano um ao outro, esse dano poderá ser moral ou material, no caso do

dano moral é quando a reputação e a dignidade da pessoa são violados por atos

abusivos e conforme o nosso ordenamento jurídico aquele que causar o dano

deverá rapara-lo.

Confirmando tal posicionamento, Sanches30 como

complemento afirma que:

no cotidiano laboral, empregado e empregador, como tais, podem ser

agentes ativos ou passivos de ilícitos dos quais derive a obrigação de

reparar o dano. Há, em tese, uma potencial igualdade dos sujeitos das

relações de trabalho em causar lesões com repercussão, inclusive, na

esfera moral, embora o mais comum seja o empregado figurar no pólo

passivo da conduta danosa .

28 FLORIANO, Valdir. Tutela da personalidade do trabalhador. 2 ed., LTr Editora, São Paulo:

1996. p. 595. 29 SUSSEKIND, Arnaldo; Dano moral na relação de emprego. Revista Forense; Vol. 91, n. 332;

out/dez; 1995 p. 3 - 7 30 SANCHES, Gislene A; Dano moral e suas implicações no direito do trabalho. São Paulo:

LTr, 1997. p. 65.

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Acrescentando, o juiz Vidigal31 assevera que: "... não só a

pessoa física do empregado ou do empregador pode ser alvo de dano moral, pois

a pessoa jurídica, quando sob esta forma se constituir o empregador, também

poderá sofrer lesão desta natureza, por isso que ela é dotada de valores éticos".

Deste modo, resta configurado o dano moral, no âmbito

trabalhista, quando a reputação, a dignidade e o decoro são violados por atos

abusivos ou acusações infundadas dos contratantes.

1.5 HISTÓRICO DO DANO MORAL

Diferentemente do dano, que desde os primórdios teve o

mesmo significado, a moral varia de acordo com o tempo e o espaço, isto é, em

consonância com a época histórica e com a estrutura política, social e econômica

vigente.

Os primeiros relatos que tem-se sobre o dano moral e sua

reparabilidade vieram com o Código de Hamurabi que vigorou no século XXII

antes de Cristo. O Rei Hamurabi, igualmente conhecido por Kamo-Rabi, monarca

da Babilônia, mostrando preocupação para com seu povo criou o código

conhecido como: “Código de Hamurabi” com 282 dispositivos legais que tinha

como principio a garantia do oprimido e do mais fraco.

A reparação criada neste código era a regra de “olho por

olho, dente por dente”, ou seja, aquele que causasse mal a alguém era obrigado

pelas forças do rei a sofrer o mesmo mal.

Assim temos os parágrafos 196, 197 e 200 do código, que

proclamavam:

§ 196. Se um awilum destruir um olho de um (outro) awilum, destruirão

seu olho. (awilum indicava a classe social da época).

31 VIDIGAL, Márcio Flávio Salem; A reparação do dano moral na órbita do Direito do Trabalho.

In: O que há de novo em direito do trabalho. São Paulo: LTr, 1997. p. 39.

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21

No caso do artigo em questão, se o ofensor e o ofendido

pertencessem a mesma classe social, que neste caso era formada por homens

livres, deveria ser aplicada a pena de “olho por olho”.

§ 197. Se quebrou o osso de um awilum: quebrarão o seu osso.

Endente-se que qualquer lesão corporal feita pelo agressor

seria também indenizada com outra lesão corporal.

§ 200. Se um awilum arrancou um dente de um awilum igual a ele

arrancarão o seu dente.

Assim exaltando a pena “dente por dente”.

Porém, o Código também previa uma prestação pecuniária

para certos tipos de danos causados à pessoa, sendo assim, a vítima se

satisfazia ao ver parte do patrimônio do ofensor diminuir. Era uma satisfação

compensatória e uma das primeiras manifestações de pagamento em dinheiro na

reparação do dano moral. É o que diz os parágrafos 209, 211 e 212 do Código de

Humarubi.

§ 209. Se um homem livre (awilum) ferir o filho de outro homem livre

(awilum) e, em conseqüência disso, lhe sobrevier um aborto, pagar-lhe-á

10 ciclos de prata pelo aborto.

Esse pagamento também ocorria por dano causado por um

awilum a um muskenun, que era de uma classe social inferior, mas a reparação

era bem inferior, demonstrando assim a discriminação social que na época já era

muito comum.

§ 211. Se pela agressão fez, a filha de um Muskenun expelir o (fruto) de

seu seio: Pesará cinco ciclos de prata.

Neste parágrafo fica mais claro que o valor pago pelo aborto

sofrido a um muskenun era de cinco ciclos a menos que o aborto causado a um

awilum.

§ 212. Se essa mulher morrer, ele pesará meia mina de prata.

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Segundo Reis32, “essa ‘compensação econômica’ consistia,

na realidade, em uma penalidade cuja finalidade primordial era a de coibir os

abusos de violência e reprimir o sentimento de vingança.”

Concomitantemente ao Código de Hamurábi, tínhamos

também o Código de Manu, no qual regia os cidadãos indianos.

Para Florindo33 “o Código de Manu demonstrou profundo e

indiscutível avanço em relação ao de Hamurabi, visto que tratava a reparabilidade

do dano em pecúnia, muito diferente deste que ainda trazia a lesão reparada por

outra lesão de igual valor.”

Tem-se ainda, a Lei das XII tábuas (inicio do século IV

depois de Cristo) no qual preveu a indenização por danos morais em sentido

genérico.

Tábua VII, § 2º. Se alguém causa um dano premeditadamente, que o

repare.

A questão do Dano Moral também está sugerido em alguns

trechos do nosso livro sagrado no Antigo e Novo Testamento, posto que o

reconhecimento e a conseqüente reparação do dano é de ordem moral.

No Velho Testamento tributava-se grande respeito no que

diz respeito à honra, sendo que o castigado não poderia divorciar-se, para que

não ocorresse falácia de “má fama sobre uma virgem de Israel”.

Então vejamos a afirmativa de Tamar em “II Samuel” (13:11-

13):

11 E chegando-lhes, para que comesse, pegou dela, e disse-lhe: Vem,

deita-te comigo, irmã minha. 12 Porém ela lhe disse: Não irmão meu,

não me forces, porque não se faz assim em Israel; não faças tal loucura.

13 Porque, aonde iria eu com a minha vergonha? E tu serias como um

dos loucos de Israel. Agora, pois, peço-te que fales ao rei, porque não

me negará a ti.

32 REIS, Clayton. Dano moral. 3 ed., Rio de Janeiro: Forense, 1994. p. 10. 33 FLORIANO, Valdir. Dano moral e o direito do trabalho. 4 ed. São Paulo: LTr, 2002. p. 36.

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23

Veja-se, a respeito, outro trecho específico de reparação

pecuniária de dano moral sofrido em “Deuteronômio” (22: 28-29):

28 Se um homem encontrar uma moça virgem não desposada e,

pegando nela, deitar-se com ela, e forem apanhados, 29 o homem que

dela abusou dará ao pai da jovem cinqüenta ciclos de prata, e, porquanto

a humilhou, ela ficará sendo sua mulher; não a poderá repudiar por todos

os seus dias.

Como pode-se observar, a reparação do dano moral naquela

época chegava a ponto de o pai da moça ser indenizado e ao homem ter que se

casar com a moça na qual o abusou e ainda não poderia divorcia-se.

Já o Alcorão quando trata do adultério refere-se ao dano de

natureza moral, não permitindo ao adultero um novo casamento, a não ser com

uma adultera ou uma idólatra.

Os danos morais também eram conhecidos no Egito, na

China, na Grécia, em Roma, na Itália, na França, e em muitas outras civilizações

mais antigas.

O Código Civil de 1916 não tem relatos com o termo “dano

moral”, em seu art. 159, apenas usava a expressão de reparar o dano causado

pelo ofensor, sendo assim, poderia significar dano patrimonial ou dano moral,

ficando muito genérico.

O Supremo Tribunal Federal não aceitava a tese de

reparabilidade do dano moral e ainda entendia que não acumularia o dano moral

e o material, sendo que um estaria incluído no outro.34

No Brasil o dano moral ficou mais claro e especifico através

da Constituição de 1988, através do art. 1º, inciso III que determina um dos

fundamentos da República Federativa do Brasil, que se constitui num Estado

Democrático de Direito, é a dignidade da pessoa humana. E uma das formas de

se assegurar à dignidade da pessoal humana é reparar e preservar a imagem da

pessoa. O inciso V, do art. 5º, assegura o direito de resposta, proporcional ao

agravo, além de indenização por dano material, moral ou à imagem. O inciso X do

34 STF, 2ª T, RE 97.672-8, j. 3.9.1982, Rel. Min. Moreira Alves, DJU 10.12.1982, p. 12.793.

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mesmo artigo declara que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a

imagem das pessoas, assegurando o direito à indenização pelo dano material ou

moral decorrente de sua violação.35

Pode-se dizer que com a Constituição de 1988 veio também

a distinção do dano moral e dano material, podendo então ser cumulativos.

Com o novo Código Civil de 2002, ficou evidente a admissão

do dano moral, conforme podemos observar em seu art. 186 “aquele que, por

ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar

dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.

35 ALENCAR, Eduardo Fornazari. A prescrição do dano moral decorrente de acidente do

trabalho. São Paulo: LTr, 2004. p. 26.

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CAPÍTULO 2

DO DANO MORAL NO DIREITO DO TRABALHO.

2.1 CLASSIFICAÇÃO DO DANO MORAL

Não se firmou ainda uma divisão clássica dos tipos de danos

morais. Sendo assim, transcreve-se algumas espécies de danos sugeridas pelos

doutrinadores.

Reale36 distingue o dano moral objetivo do dano moral

subjetivo:

o primeiro atinge a dimensão moral da pessoa no meio social em que

vive, envolvendo o (dano) de sua imagem. O dano moral subjetivo que

se correlaciona com o mal sofrido pela pessoa em sua subjetividade, em

sua intimidade psíquica, sujeita à dor ou sofrimento intransferíveis

porque ligados a valores de seu ser subjetivo, que o ilícito veio

penosamente subverter, exigindo inequívoca reparação.

Diniz37 distingue os danos morais diretos dos indiretos:

podemos dizer que o dano moral direto consiste na lesão a um interesse

que visa à satisfação de um bem extrapatrimonial contido nos direitos da

personalidade (como a vida, a integridade corporal, a liberdade, a honra,

a intimidade, o decoro a imagem) ou aos atributos da pessoa (como o

nome, a capacidade, o estado de família). E o dano moral indireto

consiste, por sua vez, na lesão a um interesse tendente à satisfação de

bens jurídicos patrimoniais, que produz menoscabo a um bem

extrapatrimonial. Um exemplo é a perda de coisa com valor afetivo.

36 TEIXEIRA FILHO, Apud. O dano moral no direito do trabalho. São Paulo: Revista LTr nº 9,

vol. 9, p. 1.170. 37 DINIZ, Maria helena. A responsabilidade civil por dano moral. Revista Literária de Direito –

Janeiro/fevereiro de 1996, Ano II, numero 9.

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Como ressalta Araujo38:

São comuns as referências doutrinárias e jurisprudenciais a danos morais

indiretos: “estes existiram como prolongamentos relativamente às pessoas

lesadas, do fato que para elas ocasionou o dano moral. Prolongamentos

que, para a vitima, representariam, também, prejuízo de ordem

patrimonial aliado ao prejuízo moral”. Exemplifica com o caso da pessoa

que, sob os efeitos de pesada calúnia de que haja sido alvo, torna-se, por

determinado lapso de tempo, sem capacidade alguma para gerir

negócios, de cuja cuidadosa direção tirava avultados lucros. Nessa

hipótese, gerou dano patrimonial o afastamento da gestão dos

empreendimentos. Mas conclui que, em conjunturas como as sugeridas,

bem como em quaisquer outras assemelhadas, não existe qualquer dano

moral indireto: “Existe – isso sim – o dano moral originário. E, no seu

desdobramento, coisa bem diversa, a saber: um dano patrimonial, dano

esse que, de resto, não se liga ao dano moral, do qual é independente e

separado.

Sob a análise de França39, os danos podem ser classificados

em: a) dano econômico direito (dano material); b) dano econômico indireto (dano

material, por meio de dano moral); c) danos nos valores ideais (aqueles que nem

direta, nem indiretamente, atingem valores econômicos, ou seja, dano moral ou

dano moral puro). Daí parte para as conclusões de que: os efeitos finais do dano

podem ser patrimoniais, morais, ou patrimoniais e morais; o aspecto moral do

dano não se desnatura se, concomitantemente, também houver danos

patrimoniais; o dano moral não deixa de ser puro, quanto ao aspecto moral, a

despeito da convergência de algum aspecto patrimonial, ainda que

economicamente mais relevante; em tais hipóteses, indenizam-se tanto o dano

moral como o patrimonial.

Conforme Bittar40”...são puros os danos que se exaurem nas

lesões a certos aspectos da personalidade, enquanto os reflexos constituem

efeitos ou extrapolações de atentados ao patrimônio ou aos demais elementos

materiais do acervo jurídico lesado... Existem danos diretos e indiretos, ou puros e

38 ARAUJO, Maria José Fontenelle Barreira, O dano moral e sua identificação. Revista da

Faculdade de Direito, Fortaleza, 30: jul.-dez., 1989. 39 FRANÇA, Limongi Rubens. Reparação do dano moral. Revista dos Tribunais, vol. 631, p. 31. 40 BITTAR, Carlos Alberto. Reparação Civil dos Danos Morais, São Paulo: Revista dos

Tribunais, 1992.

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reflexos, consoante se manifestem como conseqüências imediatas ou mediatas

do fato lesivo: assim, de um dano sobre a personalidade podem advir reflexos

patrimoniais e vice-versa, tanto na órbita da contratualidade, como na

extracontratualidade. Pode, ademais, haver concomitância de danos de um

mesmo fato, diante das funções várias que exercem os bens a serviço das

pessoas e os próprios objetivos em cada uma visados. Dizem-se, por fim,

subjetivos ou objetivos os danos morais, quando se circunscrevem à esfera íntima

ou valorativa do lesado, ou se projetam no circulo de seu relacionamento familiar

ou social; por outras palavras, conforme se atinja a esfera subjetiva ou de

relações do interessado”. Acrescenta, por fim, sem comum a interpenetração

entre danos morais e patrimoniais, porque desses últimos podem resultar

satisfações morais e vice-versa.

2.2 FASE PRÉ-CONTRATUAL

Esta fase refere-se ao período de contratação, ou seja, das

primeiras conversações entre o empregador, ou através de seus prepostos e o

candidato à vaga de emprego, ocorrendo, portanto antes à assinatura do contrato

de trabalho, abrangendo todo o processo de seleção do empregado.

O dano moral pode decorrer, inclusive, de eventual

publicidade dada de laudos e pareceres obtidos na avaliação de candidatos a

emprego por meio de aplicação de testes psicológicos e entrevistas, até mesmo a

promessa de contratação não concretizada pode sobrevir o dano moral.

O processo de seleção de empregados, que abrange tanto

candidatos de um emprego como trabalhadores que objetivam uma ascensão

interna pode ser levado a efeito por variadas formas: solicitação de dados

pessoais, análise de curriculum vitae, entrevistas, questionários, prova

grafológica, exames médicos e psicotécnico. Tais processos de escolha devem

cingir-se às informações necessárias, com razoabilidade e pertinência ao fim

colimado: a contratação do empregado ou sua promoção.

A prova grafalógica é, em tese, demolidora da tutela à

intimidade. Este teste, parte da escrita do candidato, visa despir sua dignidade,

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mostrar através de uma fórmula o caráter, a personalidade da pessoa. Sua

invasão na intimidade é evidente. E a lesão ao direito não está no vazamento do

resultado da prova, mas na aplicação do teste em si, já que a recusa do

pretendente ao emprego de submeter-se aos desígnios da grafologia tolherá a

possibilidade de sua contratação41.

Teixeira Filho42, a propósito, afirma que:

neste processo deve-se perquirir sobre a experiência pregressa do

empregado, sua capacitação profissional e condições de saúde para

desempenhar o cargo, dados pessoais comuns (filiação, naturalidade,

data de nascimento, estado civil, filhos, etc), na comprovação de

regularidade da inscrição perante o órgão fiscalizador da profissão,

quando for o caso, dentre outras com esse escopo. O debordamento

desse espectro pode fazer tabula rasa do direito à intimidade.

Apesar de reconhecida a possibilidade de existência de

dano (moral ou material) na fase pré-contratual, polêmica é a aceitação da

competência da Justiça do Trabalho para apreciar pleitos referentes a este

período.

Ensina Mascaro43 que:

(...) problemas surgem quando há contrato escrito para início futuro da relação de emprego e esta não começa na data aprazada por oposição do empregador que, supervenientemente, desinteressou-se do empregado. A lei não resolve a questão. Se resultarem prejuízos ao empregado, que contava com o emprego e se desfez de outras obrigações em função do ajuste com o novo empregador, o empregado terá direito às reparações que serão cíveis de acordo com o princípio da indenização por danos. A competência para apreciar a questão será da Justiça do Trabalho em face do disposto no art. 114 da Constituição Federal ao atribuir-lhe poderes para resolver controvérsias oriundas das relações de emprego.

Outro problema que pode surgir é o do trabalhador que vem prestando serviços sob a forma de teste. É preciso distinguir situações. Não há 41 TEIXEIRA FILHO. João de Lima. O dano moral no direito do trabalho. In Trabalho & Doutrina,

nº 10, São Paulo: Saraiva, set/96. p. 36. 42 Idem, ibidem. p. 28. 43 NASCIMENTO, Amauri Mascaro, Iniciação ao Direito do Trabalho. 22 ed., São Paulo: LTr,

1996. p. 209/210.

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que se falar em teste quando alguém prolongadamente trabalha para uma empresa mediante remuneração e com os mesmos deveres dos empregados da mesma função ao lado dos quais é colocado subordinadamente. O teste, como prática de serviço, deve ser evitado. Testar é verificar aptidões e para isso há o contrato de experiência.

A promessa de contrato também pode obrigar o empregador, não em termos trabalhistas, mas também com base no mesmo princípio acima referido, da reparação de danos civis.

No mesmo sentido é o entendimento de Malta44, para quem

os "litígios decorrentes de pré-contratos de trabalho ou da chamada fase pré-

contratual da relação de emprego entram na competência da Justiça do

Trabalho", podendo o autor "cumular o pedido de reconhecimento da existência

do contrato com o de seu cumprimento".

Há entendimentos que somente por exceção é que se deve

reconhecer a competência da Justiça do Trabalho para o dano moral ou material

pré-contratual.

O período das tratativas para a eventual formação de um

contrato de trabalho, ainda que possa estar propenso à ocorrência de danos

morais, não deve estar sob a competência da Justiça do Trabalho pelo argumento

dogmático de que inexiste, neste momento, a qualificação jurídica necessária dos

sujeitos, qual seja, a condição de empregadores e empregados.

Excetuado, contudo, a hipótese de existir realmente um pré-

contrato para a formação de uma relação de emprego, pelo fato de que, nessa

hipótese, o contrato preliminar tem por objeto a constituição de uma fonte de

obrigações trabalhistas.

Em outros casos, como as lesões decorrentes de atos

discriminatórios ou argüição sobre opiniões pessoais, em que inexiste contratos

preliminares, a competência deve ser, logicamente, da Justiça estadual comum,

se não adveio efetivamente uma relação de emprego após as tratativas.

44 MALTA, Christovão Piragibe Tostes, Prática do processo trabalhista. 24 ed., São Paulo: LTr,

1993. p. 318.

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Corroborando este posicionamento, veja-se o seguinte

arresto jurisprudencial:

Danos morais. Incompetência da Justiça do Trabalho. A recusa da admissão, mesmo repetida, por ex-empregador, não justifica a competência da Justiça do Trabalho, para apreciar o pedido de ‘danos morais’, sob o argumento de existência de um ‘pré-contrato’. Inocorrendo a figura mencionada na doutrina e, por isso mesmo, qualquer relação de trabalho ou de emprego com as reclamadas, a matéria não se encontra dentro da competência da Justiça do Trabalho, senão da Justiça Comum, para o processo e julgamento da questão. Exceção de incompetência julgada improcedente em primeira instância e mantida no juízo ad quem. Recurso do reclamante a que se nega provimento. (TRT

9ª Reg., 2ª T., RO 5.193/90, Rel. Juiz José Montenegro Antero, j. 25-7-1991, DJPR 06/09/91, p. 148.)

É preciso salientar, entretanto, que afastamos da

competência da Justiça do Trabalho somente o dano ocorrido numa fase de

negociações para a eventual constituição de uma relação de emprego, que não

chega, portanto, a se concretizar.

Essa situação é completamente diferente da hipótese, por

exemplo, do empregador que admite uma trabalhadora, sob a condição de que

esta se esterilize. Nesse caso, o dano foi perpetrado em função da relação de

emprego constituída, sendo a data formal de admissão (a registrada na C.T.P.S.)

irrelevante, pois a contratação já estava concretizada.

2.3 FASE CONTRATUAL

O dano moral pode ainda ser infligido na fase contratual e o

é quando o empregador deixa de cumprir certas obrigações derivadas do contrato

do trabalho, como as de higiene, saúde e de segurança do trabalho e de respeito

à personalidade e dignidade do trabalhador.

Ao longo da contratualidade pode surgir violações de direitos

inerentes à personalidade do contratante, podendo ser através de calúnia, injúria

e difamação, ou por outras situações.

Prevendo o cometimento de dano moral trabalhista pelo

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patrão, e sua reparação, judiciosamente ensina Délio Maranhão citado por Silva45

que:

As obrigações acessórias do empregador, e que estão

previstas na lei, referem-se, de um modo geral, à prevenção dos danos que o

empregado possa sofrer tanto física como moralmente pela execução do trabalho;

à assistência e indenização quando tais danos ocorrem; às férias anuais para o

restabelecimento das energias despendidas no curso da prestação, etc.

O empregador tem ainda, a obrigação de dar trabalho e

possibilitar ao empregado a execução normal de sua prestação, proporcionando-

lhe os meios adequados para isso. E, acima de tudo, tem o empregador a

obrigação de respeitar a personalidade moral do empregado na sua dignidade

absoluta de pessoa humana. São obrigações que decorrem do princípio geral da

execução de boa-fé do contrato, que, como está na base da disciplina contratual.

A obrigação de respeito à personalidade moral do

empregado resulta não só do principio de boa-fé como do dever de previsão, que

é, na definição do Krotoschin, citado em Livellara “a obrigação do patrão de tomar

as medidas adequadas, conforme as condições especiais do trabalho, para evitar

que o trabalhador sofra danos em sua pessoa ou em seus bens”46.

Oportuno mencionar um acórdão do Tribunal de Apelações

do Trabalho de 1º Turno de Montividéu, em cuja ementa se lê:

Em nosso direito positivo, o dano moral é suscetível de reparação. Para

isto dever-se-à ter lesionado um interesse não patrimonial, a este dano

há de ser produzido por um ato ilícito.

Além do pagamento do salário, o empregador tem outras

obrigações que, em sua maioria, resguardam bens extrapatrimoniais do

trabalhador, como, por exemplo, honra, dignidade, integridade física, etc. Assim,

por exemplo, a obrigação de proporcionar tarefas acordes com a categoria

profissional e o dever de dar trabalho, especialmente quando o não desempenho

45 SILVA Luiz de Pinho Pedreira da, A reparação do dano moral no direito do trabalho. São

Paulo: LTr, 2004.p. 41. 46 LIVELLARA Carlos Alberto. Derecho de lãs relaciones individuales. A. VASQUEZ VIALARD

(diretor). Tratado de derecho del trabajo. Buenos Aires: Astrea, l982, tomo 3, p. 712.

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das tarefas afete moralmente o trabalhador.

O dever de previsão consiste na obrigação do patrão de

tomas todas as medidas adequadas para evitar que o trabalhador sofra dano em

sua pessoa ou em seus bens47

Existe a prática do dano moral também em situações onde o

empregador deixa o trabalhador inativo, de forma a humilhá-lo perante seus

colegas. Uma das formas mais humilhantes é não dar trabalho, mas exigir que o

empregado compareça diariamente ao local de trabalho no seu horário normal.

Assim, destaca-se a jurisprudência brasileira:

Caracteriza-se a ocorrência de dano moral, de obrigatória reparação, a

denegação, como pena, de serviços ao trabalhador, ainda se sob

percepção salarial. A situação parasitária é condenada vexatória, em si

mesma, independente de achincalhes de terceiros. Hipóteses em que,

cabente indenização de cunho reparatório e dissuasório (TRT 15ª

Região, Rela. Juíza Cecília Fernandes Álvares Leite) 48.

Outro julgado que vê dano moral na atitude do empregador

de negar trabalho ao empregado é o seguinte:

Ato do empregador no sentido de impossibilitar o exercício de tarefas

pelo empregado, continuamente, é incompatível à natureza do contrato

de trabalho. A decorrência inequívoca é a caracterização do dano moral,

constituindo ato lesivo com evidentes prejuízos, conflitando, por

conseguinte, com o principio expresso no art. 468 da CLT (TST, 1ª T.,

Rel. Min. Prates de Macedo)49.

O dano moral também pode se configurar quando o

empregador desloca o empregado para atividades menos nobres que as

desempenhava, com o propósito de diminuir o empregado, colocando em

situação vexatória perante seus colegas de trabalho.

A prática persistente e contumaz do empregador de

humilhar, chacotear, debochar, e de fazer gracejos à pessoa do empregado,

47 Revista de Derecho Laboral. Montevidéu: tomo 34, n. 161, janeiro-março 1991, p. 154-161. 48 SILVA Luiz de Pinho Pedreira da, A reparação do dano moral no direito do trabalho. 43. 49 SILVA Luiz de Pinho Pedreira da, A reparação do dano moral no direito do trabalho. p. 43.

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denegrindo a imagem do ofendido no meio em que convive, também pode

configurar em dano moral.

Chaves50, nos ensina que:

a intenção de caçoar, quando evidente das circunstâncias do fato,

elimina a aptidão ofensiva das palavras ou atos. É bem de ver que não

devem ser excedidos certos limites. As pilhérias chamadas de mau

gosto, sujeitando a pessoa do ridículo e à galhofa, não se coadunam

com uma intenção inocente. Não é admissível que, por amor às pilhérias,

se tolere que alguém se divirta ou faça divertir à custa de reputação ou

decoro alheio. Uma coisa é gracejar, outra é ridicularizar. O ridículo é

uma arma terrível. Uma piada malévola pode destruir toda uma

reputação.

Neste sentido temos o seguinte julgado:

DANO MORAL – Hipótese em que o departamento de vendas da

empresa instituiu, através de seu supervisor certas “brincadeiras” que

importavam em ridicularização e humilhação dos vendedores que não

atingissem as metas estabelecidas. A sujeição dos empregados a esta

situação, tornada pública nas dependências da reclamada, não apenas

entre os demais funcionários, mas também entre alguns clientes,

configura evidente dano moral, que deve ser reparado. Sentença de

procedência que se confirma neste grau de jurisdição. TRT 4ª R – Ac.

00494.901/97-7 RORA – 1ª T – Relª. Juíza Maria Inês Cunha Dornelles –

Julg. Em 06.09.2000 – DOERS 09.10.2000.

Desta forma, ridicularizar funcionários, através de gestos,

palavras até mesmo brincadeiras mediante outras pessoas gera o dano moral.

2.4 MOMENTO DA EXTINÇÃO DA RELAÇÃO DE EMPREGO

O caráter abusivo da despedida imediata pode causar

diversas condições humilhantes e vexatórias em que ela se processou, podendo

vir comprometer a reputação do empregado, não apenas no seio da empresa,

mas da própria comunidade em que vive. 50 CHAVES, Antonio. Direitos da personalidade e dano moral. Seleções Jurídicas, ADV, Ed.

COAD, n. 6/95. p. 5.

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O ordenamento jurídico, através da CLT no seu art. 482 e as

alíneas f, k, e l, autoriza o empregador a rescindir o contrato de trabalho sem ônus

para o empregador, mas se não restar provado em juízo a justa causa, o

empregador deverá pagar ao empregado as indenizações trabalhistas e a

compensação por dano moral, ambas decorrentes da infundada imputação.

Pedreira51 assevera que “ a imputação mentirosa que cause

atentado à honra do empregado constituirá por esse fato uma falta caracterizada

que compromete a responsabilidade do empregador que agiu com espírito de

malícia ou pelo menos com uma leviandade censurável”.

Neste caso, é inquestionável que se trata logicamente de um

momento em que ainda vige o vínculo empregatício, sendo da competência da

Justiça do Trabalho os pleitos de reparação dos danos ocorridos nesta etapa final

do contrato de emprego.

2.5 FASE PÓS –CONTRATUAL

A situação é um pouco mais complexa quando se trata de

lesões perpretadas em uma fase pós-contratual, algum tempo depois do término

da relação de emprego.

Ainda que sujeita-se a tomar posição diversa da assumida

por alguns dos mais brilhantes doutrinadores nacionais, entende-se que o dano

moral ocorrido em fase pós-contratual stricto sensu (ou seja, depois do término da

relação de emprego) não deve estar sob a competência da Justiça do Trabalho.

Isso porque a condição de empregador e de empregado já

estará há muito dissolvida pelo transcurso do tempo, sendo o ato lesivo à honra

(de qualquer dos sujeitos da antiga relação de trabalhado) praticado não mais em

função da qualificação jurídica decorrente da relação de emprego, mas sim com o

objetivo danoso específico em relação ao patrimônio moral do ex-empregado

como pessoa e cidadão, não se justificando trazer-se a competência para a

51 PEDREIRA, Pinho. A reparação do dano moral no direito do trabalho. v. 55. São Paulo: LTr,

1995. p. 561.

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apreciação de tais atos para a Justiça Laboral.

Mesmo assim, tem-se entendimento jurisprudencial da

Justiça do Trabalho, no caso do empregador dar informações desabonatórias e

inverídicas a alguém que pretente contratá-lo.

INDENIZAÇÃO POR ATO ILICITO. QUANDO SE JUSTIFICA SEU

DEFERIMENTO. Caso em que o empregado, rescindido o seu contrato de

trabalho, encontra dificuldade na obtenção do novo emprego em virtude

das informações desabonatórias fornecidas por escrito pela reclamada à

empresa na qual o reclamante buscou nova colocação no mercado de

trabalho. Hipótese em que a reclamada, questionada da veracidade de

suas informações nada comprovou a respeito. Quando tem incidência a

regra do art. 159 do CC. Pretensão do empregado a que se dá acolhida

(TRT – 4ª Reg. – Ac. 1º T., RO – 4649/88, julgado em 09.08.89, Rel. Juiz

Antonio Salgado Martins).

Portanto, o empregador que prestar informações

desabonatórias da conduta pessoal e profissional de seu antigo empregado,

configurando lesão à honra deste, estará praticando o dano moral e arcará com a

devida indenização.

2.6 REPARABILIDADE DO DANO MORAL

Para a reparação, não é necessário qualquer prejuízo

material basta apenas à existência do dano com a devida comprovação.

O problema mais sério levantado pela admissão da

reparabilidade do dano moral está na quantificação do valor econômico a ser

reposto ao ofendido.

Quando se trata de dano material, calcula-se exatamente o

desfalque sofrido no patrimônio da vítima e a indenização consistirá no seu exato

montante.

Mas quando o caso é de dano moral, a apuração do

quantum indenizatório se complica, porque o bem lesado (a honra, o sentimento,

o nome, etc.) não se mede pelos padrões monetários, ou seja, não tem dimensão

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econômica ou patrimonial.

Cabe assim ao prudente arbítrio dos juízes e à força criativa

da doutrina e jurisprudência a instituição de critérios e parâmetros que haverão de

presidir as indenizações por dano moral, a fim de evitar que o ressarcimento, na

espécie, não se torne expressão de puro arbítrio, já que tal se transformaria numa

quebra total de princípios básicos do Estado Democrático de Direito, tais como,

por exemplo, o princípio da legalidade e o princípio da isonomia.

Diniz52 esclarece que:

grande é o papel do magistrado, na reparação do dano moral,

competindo, a seu prudente arbítrio, examinar cada caso, ponderando os

elementos probatórios e medindo as circunstâncias, preferindo o

desagravo direito ou compensação não econômica à pecuniária sempre

que possível ou se não houver riscos de novos danos.

Oliveira53 destaca que “não se pode conceber a reparação

do sofrimento (físico ou moral) por dinheiro. As coisas da mente e do espírito não

desaparecem com essa facilidade.”

Todavia, inobstante o valor pecuniário não ser suficiente

para eliminar o sofrimento moral, serve ele para advertir o causador e servir de

exemplo à comunidade, além de uma compensação parcial para a vítima.

Ressalta-se que, com a Constituição da República de 1988,

a reparabilidade do dano moral, para Soares Levada54 “passou a ter natureza

indenizatória e, portanto, não apenas compensatória do prejuízo moral sofrido

pela vítima.”

Sendo assim, o valor pretendido ou arbitrado deverá

considerar variados aspectos, notadamente a condição social e financeira dos

envolvidos, sem desprezar gravidade do dano e a intenção do causador.

52 Citado in SANTOS, Oséias de Jesus do. Reparação do dano moral. Campinas: Julex, 1998. p.

25. 53 OLIVEIRA, Francisco Antonio de. Do dano moral. p. 24. 54 LEVADA, Cláudio Antonio Soares. Liquidação dos danos morais. Campinas: Copola Livros,

1995. p. 81.

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Para fins dos valores, diz Bittar55 que “são conferidos amplos

poderes ao juiz para a definição da forma e da extensão da reparação cabível.”

Em razão de tais poderes, Reis56 informa que:

o melhor critério é o de confiar no arbítrio dos juizes, para a fixação do

quantum indenizatório. Afinal, o magistrado, no seu mister diário de

julgar e valer-se dos elementos aleatórios que o processo lhe oferece e,

ainda, valendo-se do seu bom senso e sentido de equidade, é quem

determina o cumprimento da lei, procurando sempre estabelecer o

equilíbrio social, rompido pela ação de agentes, na prática dos atos

ilícitos.

Na mesma direção, preleciona, Santos57 que:

se nas decisões de Direito material encontramos razoáveis graus de

liberdade relativamente ao arbítrio do juiz, na formação de seu

convencimento, cremos que nas lides de dano moral esse arbítrio deva

ser ainda maior pelo elevado nível de subjetivismo intrínseco na própria

configuração dos danos extrapatrimoniais.

A reparação do dano moral deve seguir um processo idôneo,

que busque para o ofendido um "equivalente adequado". Lição segundo a qual

não se pretende que a indenização fundada na dor moral "seja sem limite". Aliás,

à reparação será sempre, sem nenhuma dúvida, inferior ao prejuízo experimentado, mas, de outra parte, quem atribuísse demasiada importância a esta reparação de ordem inferior se mostraria mais preocupado com a idéia de lucro do que mesmo com a injúria às suas afeições; pareceria especular sobre sua dor e seria evidentemente chocante a condenação cuja cifra favorecesse tal coisa. (Aguiar Dias, Da Responsabilidade Civil, 9ª ed., Rio, Forense, 1994, vol. II, pág. 740, nota 63)

Uma vez que nenhuma possibilidade há de medir pelo

dinheiro um sofrimento puramente moral, Pereira58 recomenda que faça um jogo

55 BITTAR, Carlos Alberto. Reparação civil por danos morais. p. 254 56 REIS, Clayton. Dano moral. 22 p. 57 SANTOS, Enoque Ribeiro dos. O dano moral na dispensa do empregado. São Paulo: LTr,

1998. 84 p. 58 PEREIRA, Caio Mário da Silva; Instituições de Direito Civil. 8 ed., Rio de Janeiro: Forense,

1986, vol. II, nº 176, pág. 235

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duplo de noções:

a) de um lado, a idéia de punição do infrator, que não pode

ofender em vão a esfera jurídica alheia;

b) de outro lado, proporcionar à vítima uma compensação

pelo dano suportado, pondo-lhe o ofensor nas mãos uma soma que não é o

pretium doloris".

E se em qualquer caso se dá à vítima uma reparação de damno vitando, e não de lucro capiendo, mais que nunca há de estar presente a

preocupação de conter a reparação dentro do razoável, para que jamais se converta em fonte de enriquecimento.

Se de um lado se aplica uma punição àquele que causa

dano moral a outrem, e é por isso que se tem de levar em conta a sua capacidade

patrimonial para medir a extensão da pena civil imposta; de outro lado, tem-se de

levar em conta a situação e o estado do ofendido, para medir a reparação em

face de suas condições pessoais e sociais.

Se a indenização não tem o propósito de enriquecê-lo, tem-

se que lhe atribuir aquilo que, no seu estado, seja necessário para proporcionar-

lhe apenas a obtenção de satisfações equivalentes ao que perdeu.

Coerentemente com o que se acaba de expor, o

ressarcimento da lesão aos bens que integram o âmbito estritamente pessoal da

esfera jurídica do sujeito de direito, dá-se por via satisfativa sujeita ao critério

eqüitativo do Juiz .

Giustina59, aponta três correntes doutrinárias: a negativista,

a restritivista, a afirmativista, no que se refere a reparabilidade do dano moral.

A teoria negativista consiste em negar a reparação do dano

moral de maneira absoluta, sendo apontadas pelos doutrinadores as seguintes

razões:

59 DELLA GIUSTINA, Beatriz; A reparação do dano moral decorrente da relação de trabalho.

Gênesis: revista de direito do trabalho; Vol 6, n 34; out 1995, p 427 a 432.

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Impossibilidade do estabelecimento do preço da dor;

Imoralidade em atribuir uma compensação pecuniária para a

dor moral;

Impossibilidade da verificação dos reflexos negativos

acarretados para cada pessoa, face a subjetividade dos mesmos;

Inexistência de parâmetros de medição desses reflexos;

Impossibilidade de prova dos danos morais;

Arbitrariedade do estabelecimento do quantum da

reparação.

A teoria restritiva, mista ou intermediária pretende ver

reparáveis somente os casos previstos em lei, não considerando o dano

puramente moral. Assim argumentam esgrimindo os arts. 953, 954 do CC, que

assim prevêem. Nesta teoria o lesado do dano moral terá ressarcimento apenas

quando houver prejuízo econômico, ou seja, somente quando o dano moral sofre

reflexo patrimonial.

Os afirmativistas refutam as duas correntes precedentes.

Para estes a reparação não constitui um pretium doloris. Não visam a devolução

ao status quo ante, o que, pela natureza do dano, é, no mais das vezes,

impossível. Ao contrário, a indenização constitui, de um lado, mera compensação,

de outro, sanção, relativamente ao autor da lesão. As "impossibilidades" ou

dificuldades apontadas pela corrente negativista e restritivista constituem mero

reconhecimento das peculiaridades das quais vai se revestir o problema da

liquidação do dano moral.

Tal entendimento, por fim, decorreria tão somente da

exegese literal do art. 186 do CC, o qual não distingue espécie de dano, impondo

a reparação indistintamente a qualquer ato lesivo praticado. Não cabe perquirir,

quando o assunto é reconhecer sua indenizabilidade, da natureza específica do

dano, basta evidenciar-se sua efetiva ocorrência.

Por fim, importa reconhecer que, sob o aspecto do direito

positivo, a reparabilidade do dano moral é hoje incontroversa ex vi do disposto na

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Constituição Federal de 1988, art. 5º, V e X:

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer

natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da

indenização por dano material, moral ou à imagem;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das

pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Encontra-se na doutrina alguns precedentes legais de

reconhecimento do dano moral e da possibilidade de sua indenização ainda

anteriores a atual ordem constitucional. É caso da Lei de Imprensa (5.250/67), do

próprio Código Civil, arts. 953 e 954, Código Eleitoral (Lei 4.737/65), e da CLT,

art. 482, letras j e k e 483, letra e.

Ainda seguindo esta corrente para fugir aos cálculos

arbitrários, no caso de indenização por dano moral nas relações de consumo,

Tupinambá Miguel Castro do Nascimento sugere o recurso à analogia, com base

no art. 4º da Lei de Introdução. Uma vez que o Código do Consumidor não cuidou

de apontar qualquer critério, poder-se-ia lançar mão dos dados constantes do

Código Brasileiro de Telecomunicações (Lei nº 4.117, de 27.08.1962), onde

existem cálculos reparatórios organizados em função de certos números de

salários mínimos (Responsabilidade civil no Código do Consumidor, Rio, Aide,

1991, nº 15, pág. 102). Esse recurso à solução analógica com as regras da Lei de

Telecomunicações e da Lei de Imprensa tem sido adotado, também, pela

jurisprudência (1º TACivSP, Ap. 516.041/8, in RT 698/104).

A reparação não compreende uma "avaliação da dor em

dinheiro", representa apenas uma forma de tutelar em bem não-patrimonial que

foi violado. A indenização é feita, então, como maneira de substituir um bem

jurídico por outro.

Coerentemente com o que se acaba de expor, o

ressarcimento da lesão aos bens que integram o âmbito estritamente pessoal da

esfera jurídica do sujeito de direito, dá-se por via satisfativa sujeita ao critério

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eqüitativo do Juiz .

2.7 FORMAS DE REPARAÇÃO DO DANO MORAL TRABALHISTA

Analisemos, neste tópico, algumas das formas e modos de

reparação do dano moral trabalhista.

2.7.1 Pecuniária

Conforme observa Teixeira Filho60:

Não há negar que a compensação pecuniária domina nas condenações judiciais, seja por influxos do cenário econômico, antes instável e agora em fase de estabilização, seja pela maior liberdade do Juiz em fixar o quantum debeatur. Deve fazê-lo embanhado em prudência e norteado

por algumas premissas, tais como: a extensão do fato inquinado (número de pessoas atingidas, de assistentes ou de conhecedoras por efeito de repercussão); permanência temporal (o sofrimento é efêmero, pode ser atenuado ou tende a se prolongar no tempo por razão plausível); intensidade (o ato ilícito foi venial ou grave, doloso ou culposo); antecedentes do agente (a reincidência do infrator deve agravar a reparação a ser prestada ao ofendido); situação econômica do ofensor e razoabilidade do valor.

Dois são os sistemas que a dogmática jurídica oferece para

a reparação pecuniária dos danos morais: o sistema tarifário e o sistema aberto.

No primeiro caso, há uma predeterminação, legal ou

jurisprudencial, do valor da indenização, aplicando o Juiz a regra a cada caso

concreto, observando o limite do valor estabelecido em cada situação. Segundo

informa Costa61, é o que ocorre nos Estados Unidos da América do Norte.

Já pelo sistema aberto, atribui-se ao Juiz a competência

para fixar o quantum subjetivamente correspondente à reparação/compensação

da lesão, sendo este o sistema adotado no Brasil.

60 TEIXEIRA FILHO, João de Lima. O dano moral no direito do trabalho. p. 1171. 61 COSTA, Orlando Teixeira da. Da ação trabalhista sobre o dano moral; p. 68.

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2.7.1.1 Sistemas tarifário e aberto

Face a não ser o dano moral quantificável pecuniariamente,

surge a necessidade de desenvolvimento de critérios para sua adequada

liquidação.

Ressaltam dois sistemas: o tarifário e o aberto, como

informa Orlando Costa62:

Pelo sistema tarifário, há uma predeterminação do valor da indenização.

O Juiz apenas o aplica a cada caso concreto, observando o limite do

valor estabelecido para cada situação. É como se procede nos Estados

Unidos da América do Norte. Pelo sistema Aberto, atribui-se ao Juiz a

competência para fixar o quantum subjetivamente correspondente à

satisfação da lesão. É o sistema adotado em nosso país.

O quantum indenizatório tem um duplo caráter, ou seja,

satisfativo-punitivo. Satisfativo porque visa a compensar o sofrimento da vítima, e

punitivo porque visa a desestimular a prática de atos lesivos à honra, à imagem,

etc. das pessoas.

No âmbito do Direito do Trabalho, a fim de reparar o dano

moral sofrido pelo empregado, têm alguns julgados perfilhado o estatuído nos

artigos 477 e 478, ambos da CLT. O primeiro estabelece que "... o direito de haver

do empregador uma indenização, paga na base da maior remuneração que tenha

percebido na mesma empresa". O segundo estabelece que "a indenização devida

pela rescisão de contrato por prazo indeterminado será de 1 (um) mês de

remuneração por ano de serviço efetivo, ou por ano e fração igual ou superior a 6

(seis) meses".

Esse critério é injusto, uma vez que privilegia o empregado

mais antigo em detrimento do mais novo. Este, inclusive, a teor do § 1o do art.

478, não teria direito a nenhuma indenização se o seu tempo de trabalho na

empresa fosse inferior a um ano.

A indenização tarifária trabalhista - busca promover o

62 COSTA, Orlando Teixeira da. Da ação trabalhista sobre dano moral. p. 66/67.

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ressarcimento de um dano específico: a perda do emprego pelo empregado,

fundando-se em “responsabilidade objetiva pelo empregador”. Há uma

predeterminação do valor da indenização. O Juiz apenas o aplica a cada caso

concreto, observando o limite do valor estabelecido para cada situação.

Já a indenização civil por dano moral trabalhista - deriva de

dano distinto da simples perda do emprego, através da violação a direitos

personalíssimos tutelados pela ordem jurídica, ainda que o empregador haja

ocasionado o dano de forma conexa ou concomitante com a despedida do

empregado.

A situação patrimonial de quem vai pagar a indenização

também costuma ser levada em conta e é muito importante na hipótese em que o

acionante é o empregador e o acionado é o empregado (hipossuficiente).

Tendo em vista que o dano moral se encontra disciplinado

no direito material civil, e em atenção ao que dispõe o art. 8o parágrafo único, da

CLT, não há falar em limites para a indenização.

A situação patrimonial do agente do ato danoso sempre

deve ser considerada, para que não se venha a impor uma condenação em

pecúnia a quem pouco obtém para garantir para si e para a sua família um nível

condigno de vida.

No Brasil, a compensação adicional à reparação, em

pecúnia, será sempre exigível, pois a Constituição da República assegura, em

todo e qualquer caso de dano moral, uma indenização.

Pedreira63, ao analisar o problema da reparação do dano

moral trabalhista após a despedida injuriosa, faz extensa e percuciente análise de

legislação comparada (Itália, Argentina, Bélgica, França, Suíça e Brasil) no que se

refere à reparação tarifária frente a indenização aberta do dano moral. Afasta a

confusão que se possa fazer entre indenização por antigüidade (verbas

rescisórias) e indenização por dano moral. Afasta também a confusão que se faz

entre indenização pela despedida sem justa causa e a indenização pelo dano

63 PEDREIRA, Luiz de Pinho. A reparação do dano moral no direito do trabalho. Vol. 55, São

Paulo: LTr, maio/91. p. 559.

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moral. Para o caso Brasileiro, conclui:

(...) a reparação do dano extrapatrimonial é, hoje, no Brasil imposição constitucional e que dessa imposição não está excetuado o Direito do Trabalho ... No tocante ao período pós-contratual as indenizações tarifadas (indenização de antigüidade e pela ruptura e injustificada do contrato de trabalho) não cobrem dano moral algum, pois o dano moral só passou a ser reparável no Brasil depois da vigência da Constituição de 1988.

Os que pugnam pelo sistema aberto indicam critérios

embasados em dois princípios fundamentais:

Primeiramente a indenização deve constituir compensação

adequada do dano efetivamente sofrido;

Em segundo lugar deve impor ao autor do dano sanção

capaz de inibir novas investidas contra o direito personalíssimo alheio.

Vejamos o seguinte arresto jurisprudencial a respeito:

Assim, tal verba paga em dinheiro deve representar para a vítima uma satisfação, igualmente moral ou, que seja, psicológica, capaz de neutralizar ou "anestesiar" em alguma parte o sofrimento impingido. A eficácia da contrapartida pecuniária está na aptidão para proporcionar tal satisfação em justa medida, de modo que tampouco signifique um enriquecimento sem causa da vítima, mas está também em produzir, no causador do mal, impacto bastante para dissuadi-lo de igual e novo atentado. Trata-se então de uma estimação prudencial.(TJSP, Apelação 113.190-1, relator Walter Moraes)

Na Doutrina:

Assim, atento à sua extensão limitada a prejuízos que atingiram o seu foro íntimo, sem maiores proporções danosas no campo material, atento, ainda, ao fato de que a pecunia doloris tem caráter exemplar e expiatório, como ensinava Ripert, o Juiz deferirá o pedido de indenização por dano moral, fixando o seu valor em quantia razoável, certo de que a dor moral jamais pode ser ressarcida convenientemente por bens materiais. (Antonio Getúlio Rodrigues Arraes)

O arbitramento para aferir em pecúnia a lesão do dano moral deverá fazer âncora na razoabilidade, levando-se em conta fatores outros tais como as seqüelas psíquicas impostas à vítima bem assim a posse material do agressor (...) nem tão grande que e converta em fonte de

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enriquecimento, nem tão pequena que e torne inexpressiva. (Caio Mário da Silva Pereira, Instituições, Ed. Forense, Rio, 1972)

Em cada caso deve fazer expressa referência à sua própria experiência, o que não obsta em certas circunstâncias, possa utilizar algumas pautas objetivas, tais como a intensidade dos efeitos, tempo em que se projetou o agravo, prazo de internamento, seqüelas que provocam uma deterioração na vida de relação, tipo de tratamento a que teve de ser submetida a vítima. (Pinho Pedreira )

O sistema aberto é o sistema adotado no Brasil. Neste

sistema, portanto, fica ao arbítrio do Juiz a fixação do quantum, sendo que deverá

pautar sua decisão em critérios que levem em consideração aspectos envolvendo

o caso concreto.

2.7.2 Critérios de quantificação

Com relação aos critérios de quantificação, Antonio

Chaves64 relaciona:

deverá levar em conta a posição social e econômica de cada uma das

partes, o transtorno sofrido e a situação a que ficou reduzida a vítima, a

repercussão negativa em suas atividades, mas, atente-se,

principalmente, à necessidade de se dar um caráter punitivo e

premonitório à leviandade e à malícia do requerido.

2.7.2.1 Arbitramento

Quanto ao ressarcimento dos danos morais, ensina Reale65

que se trata de um "domínio em que não se pode deixar de conferir ampla

discricionariedade ao magistrado que examina os fatos em sua concretitude”.

Dispõe o artigo 944 do Código Civil, referente à

"indenização", que a indenização mede-se pela extensão do dano, onde, havendo

excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz

reduzir, eqüitativamente, a indenização. 64 CHAVES, Antonio. Responsabilidade civil. atualização em matéria de responsabilidade por

danos morais. Revista Jurídica, n. 231, jan. 97. p. 12-30. 65 REALE, Miguel; O dano moral no direito brasileiro. São Paulo, Revista dos Tribunais, 1992, p.

25/26.

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A doutrina nacional tem reconhecido a importância deste

dispositivo, lembrando Dias66 que:

Não é razão para não indenizar, e assim beneficiar o responsável, o fato de não ser possível estabelecer equivalente exato, porque, em matéria de dano moral, o arbitrário é até da essência das coisas, observando, inclusive, que o arbitramento, de sua parte, é, por excelência, o critério de indenizar o dano moral, aliás, o único possível, em face da impossibilidade de avaliar matematicamente o pretium doloris.

A liquidação por arbitramento pode ser precedida sem a

prova pericial quando o Juiz, investindo-se na condição de árbitro, deverá fixar a

quantia que considere razoável para compensar o dano sofrido. Para isso, pode o

magistrado valer-se de quaisquer parâmetros sugeridos pelas partes ou, mesmo,

adotados de acordo com sua consciência e noção de eqüidade, entendida esta na

visão aristotélica de "justiça no caso concreto".

Nesse sentido, ensina Monteiro67 que:

inexiste, de fato, qualquer elemento que permita equacionar com

rigorosa exatidão o dano moral, fixando-o numa soma em dinheiro. Mas

será sempre possível arbitrar um quantum, maior ou menor, tendo em

vista o grau de culpa e a condição social do ofendido.

Sobre a matéria, existem em nosso ordenamento jurídico

brasileiro, diversas hipóteses legais de decisão por eqüidade.

Entre elas, pode-se elencar, por exemplo, a previsão do art.

20 do Código de Processo Civil, no que diz respeito à fixação de honorários nas

causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, nas em que não houver

condenação ou em que for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções,

embargadas ou não, em que se delega ao prudente arbítrio do julgador a

estipulação do quantum debeatur.

Claríssima, ainda, é a hipótese do art. 1.109 do Código de

Processo Civil, dizendo que, nos procedimentos de jurisdição voluntária, o "Juiz

66 DIAS, José de Aguiar, Da responsabilidade civil. 9 ed., Rio de Janeiro: Forense, 1994, vol. II,

nota 63 p. 739 67 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil – Direito da Obrigações. 26 ed.,

São Paulo: Saraiva, 1993. p. 414.

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decidirá o pedido no prazo de 10 (dez) dias; não é, porém, obrigado a observar

critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que reputar

mais conveniente ou oportuna".

Em todos estes casos, é facultado expressamente que o

julgador possa valer-se de seus próprios critérios de justiça, quando vai decidir,

não estando adstrito às regras, parâmetros ou métodos de interpretação pré-

estabelecidos.

Conforme ensina Ferraz68:

Juízo por eqüidade, na falta de norma positiva, é o recurso a uma espécie de intuição, no concreto, das exigências da justiça enquanto igualdade proporcional. O intérprete deve, porém, sempre buscar uma racionalização desta intuição, mediante uma análise das considerações práticas dos efeitos presumíveis das soluções encontradas, o que exige juízos empíricos e de valor, os quais aparecem fundidos na expressão juízo por eqüidade.

Dessa forma, protegidos pela ampla liberdade do Juiz para

fixar o quantum condenatório já na decisão cognitiva que reconheceu o dano

moral. Saliente-se, inclusive, que se o valor arbitrado for considerado insatisfatório

ou excessivo, as partes poderão expor sua irresignação a uma instância superior,

revisora da decisão prolatada, por força do duplo grau de jurisdição.

2.7.2.2 Analogia

Em pesquisa jurisprudencial verifica-se, em diversos

acórdãos, a fixação analógica, como parâmetro para a quantificação da

compensação pelo dano moral, do critério original de indenização pela despedida

imotivada, contido no art. 478 consolidado.

Com efeito, dispõe o referido dispositivo, in verbis:

Art. 478. A indenização devida pela rescisão de contrato por prazo

indeterminado será de um mês de remuneração por ano de serviço efetivo, ou por ano e fração igual ou superior a seis meses.

68 FERRAZ JR, Tércio Sampaio, Introdução ao estudo do direto. 2 ed., 2 triagem, São Paulo,

Editora Atlas, 1996 p. 304.

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§ 1º. O primeiro ano de duração do contrato por prazo indeterminado é

considerado como período de experiência, e, antes que se complete, nenhuma indenização será devida.

§ 2º. Se o salário for pago por dia, o cálculo da indenização terá por base

20 (vinte) dias (obs.: o parâmetro atual é de 30 dias)

§ 3º. Se pago por hora, a indenização apurar-se-á na base de 200 (duzentas) horas por mês (obs.: o parâmetro atual é de 220 horas)

§ 4º. Para os empregados que trabalhem à comissão ou que tenham

direito a percentagens, a indenização será calculada pela média das comissões ou percentagens percebidas nos últimos 12 (doze) meses de serviço.

§ 5º. Para os empregados que trabalhem por tarefa ou serviço feito, a

indenização será calculada na base média do tempo costumeiramente gasto pelo interessado para realização de seu serviço, calculando-se o valor do que seria feito durante trinta dias.

Valendo-se desse parâmetro, verifique-se este acórdão,

relatado pelo ilustre magistrado e jurista paraense Franco Filho:

I. IMPROBIDADE - A improbidade deve ser provada de modo insusceptível de dúvidas, dado seus graves reflexos, inclusive na vida privada do trabalhador. Recurso patronal a que se nega provimento.

II. DANO MORAL. COMPETÊNCIA. INDENIZAÇÃO.

1. É competente a Justiça do Trabalho para apreciar demandas envolvendo indenização por dano moral decorrente de relação de emprego.

2. A indenização por dano moral, à falta de norma específica que disponha sobre os critérios para sua fixação, deve ser calculada adotando-se, por analogia, a regra da indenização por tempo de serviço.

3. O seu valor deve ser igual à maior remuneração mensal do trabalhador multiplicada pelo número de anos ou fração igual ou superior a seis meses de serviço prestado. (TRT 8ª Reg., 4ª T., Ac. TRT RO nº. 3795/96, Rel. Juiz Georgenor de Sousa Franco Filho)

Primeiramente, ressalte-se que a analogia está

expressamente prevista no texto da Consolidação das Leis Trabalhista como

forma de integração do ordenamento jurídico, conforme se infere da redação do

seu art. 8º.

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Em segundo lugar, o fato de ser um critério previsto na

própria legislação laboral facilitará, sem qualquer dúvida, sua aceitação nos

pretórios trabalhistas, notadamente nos setores mais conservadores,

tradicionalmente arredios à utilização de critérios estranhos ao Direito do Trabalho

positivado.

Por fim, a simplicidade desta forma de quantificação, que

fixa uma importância razoável em função do tempo de serviço do empregado, traz

a segurança necessária para o julgador cauteloso, evitando-se abusos

generalizáveis de fixação de indenizações milionárias.

2.7.2.3 Outras previsões legais de critérios de fixação do valor

Para a fixação do valor da indenização, pode o Juiz,

aplicando também a analogia, valer-se de algumas outras previsões legais de

critérios para a quantificação da reparação do dano moral.

Entre eles o art. 84 do Código Nacional de

Telecomunicações (Lei nº 4.117/63), que prevê que "na estimação do dano moral,

o Juiz terá em conta notadamente a posição social ou política do ofensor,

intensidade do ânimo de ofender, a gravidade e a repercussão da ofensa".

O art. 53 da Lei de Imprensa (Lei nº. 5.250/67), por sua vez,

estabelece que:

Art. 53. No arbitramento da indenização em reparação de dano moral, o

Juiz terá em conta, notadamente:

I - a intensidade do sofrimento do ofendido, a gravidade, a natureza e

repercussão da ofensa e a posição social e política do ofendido;

II - a intensidade do dolo ou o grau da culpa do responsável, sua situação econômica e sua condenação anterior em ação criminal ou cível fundada em abuso no exercício da liberdade de manifestação do pensamento e informação;

III - a retratação espontânea e cabal, antes da propositura da ação penal ou civel, a publicação ou transmissão da resposta ou pedido de retificação, nos prazos previstos na lei e independentemente de

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intervenção judicial, e a extensão da reparação por esse meio obtido pelo ofendido.

Todos estes critérios podem ser utilizados pelo Juiz do

Trabalho, de forma supletiva, para arbitrar a compensação pecuniária

correspondente ao dano moral verificado, de forma a proporcionar uma

condenação o mais próxima possível do ideal de Justiça no caso concreto.

O autor, em sua petição inicial, pode sugerir ao órgão

julgador uma importância que considere razoável para a compensação do dano

moral sofrido, justificando os parâmetros que o levaram a propor esse valor.

Desta forma, o magistrado poderá vislumbrar objetivamente,

quando da sentença de cognição, alguns parâmetros médios para a quantificação

do julgado, isso quando já não for conveniente prolatar a decisão líquida, o que

agilizará e muito a prestação jurisdicional.

2.7.3 Algumas palavras sobre o bom senso do julgador

A indenização por dano moral deve ter justamente a função

compensatória, o que implica dever sua estipulação limitar-se a padrões

razoáveis, não podendo se constituir numa "premiação" ao lesado.

A natureza sancionadora não pode justificar, a título de

supostamente aplicar-se uma "punição exemplar", que o acionante veja a

indenização como um "prêmio de loteria", "baú da felicidade" ou "poupança

compulsória" obtida às custas do lesante.

A inobservância dessas recomendações de cautela somente

fará desprestigiar o Poder Judiciário Trabalhista, bem como gerar a criação de

uma "indústria de litigiosidade sobre a honra alheia", algo condenável jurídica,

ética e moralmente.

Nas palavras de Teixeira Filho69:

69 TEIXEIRA FILHO, João de Lima; O dano moral no direito do trabalho. p. 1172.

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Precisamente porque sua função é satisfatória, descabe estipular a indenização como forma de ‘punição exemplar’, supostamente inibidora de reincidências ou modo de eficaz advertência a terceiros para que não incidam em práticas símiles. Os juízes hão que agir com extremo comedimento para que o Juidiciário não se transforme, como nos Estados Unidos, num desaguadouro de aventuras judiciais à busca de uma sorte grande fabricada por meio dos chamados punitive damages e suas exarcebadamente polpudas e excêntricas indenizações.

Desta forma, deve o julgador valer do seu bom senso,

limitando-se a valores razoáveis de indenização, não constituindo em prêmios ao

lesado, cumprindo assim a sua função satisfatória.

2.7.4 Atestatória

É o patrimônio do lesante que responde por seus atos, não

se podendo exigir a sua submissão pessoal à vontade do lesado.

Segundo Floriano70,

Uma vez verificado o dano moral e seus graves reflexos na vida do trabalhador, não basta a indenização in pecúnia pelo dano, mister também se faz a entrega da carta de boa referência, posto que a pecúnia tem efeito meramente compensatório, haja vista que não é possível voltar ao status quo ante, sendo que os efeitos do dano continuarão a

existir, ainda que de forma diminuída, acompanhando o trabalhador durante toda a sua existência, razão por que a concessão de referida carta terá como visão principal o futuro. Essa acompanhará o trabalhador por todos os seus dias, servindo de passaporte para obtenção de novo emprego.

Entretanto, obrigar alguém a emitir uma declaração de

vontade, como é o caso da carta de boa referência, sem haver uma previsão

específica desta obrigação no campo do Direito Material, parece uma violência

contra o empregador, ainda que este tenha ensejado realmente o dano moral.

A própria sentença declaratória da inexistência dos atos

imputados pelo empregador, bem como de condenação deste na reparação do

dano moral ocorrido, vale muito mais como atestado de idoneidade, em função da

70 FLORIANO, Valdir; Dano moral e o direito do trabalho. 2 ed., LTr, São Paulo: 1996. p.150.

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chancela judicial, do que uma simples carta de referência expedida pelo

empregador.

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CAPÍTULO 3

DANO MORAL NA JUSTIÇA DO TRABALHO

3.1 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO

A Justiça do Trabalho, segundo Nascimento:71

é uma justiça especial, com organização própria no Poder Judiciário,

competente para conhecer questões trabalhistas, integrados na

organização judiciária comum, e, igualmente, estruturas administrativas

que funcionam nos moldes jurisdicionais por força de lei que lhes confere

poderes decisórios para lides trabalhistas.

Ferreira Filho72 considera que:

a justiça do trabalho é, como a eleitoral, uma criação da Segunda

República”...”Sua criação atende à necessidade de se prever em bases

flexíveis e menos formais uma justiça voltada às relações de Trabalho,

ao mesmo tempo que à de organizá-la, levando-se em conta os

conhecimentos especializados indispensáveis para a sua

administração... Caracteriza-se ainda a justiça do trabalho pela

conciliação que deve preferir aos julgamentos para pôr termo aos litígios.

Visa, assim, a contribuir para a paz social.”

Sabidamente contrato de trabalho é de natureza bilateral,

sendo entendido como uma obrigação de índole laboral, que numa visão simplista

e consolidada, tem seus contornos ressaltados em dois polos. De um lado, a

responsabilidade de o empregado contratado ceder sua força de trabalho nas

condições ajustadas e do outro, ao empregador, de pagar-lhe salários.

O art. 442 da CLT define o contrato de trabalho como sendo:

"o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego", ou "o

71 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. 17. ed. São Paulo:

Saraiva, 1997. p. 668. 72 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de direito constitucional. 21. ED. São Paulo:

1994. p. 322.

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negócio jurídico pelo qual uma pessoa física (empregado) se obriga, mediante o

pagamento de uma contraprestação (salário), a prestar trabalho não-eventual em

proveito de outra pessoa física ou jurídica (empregador) a quem fica juridicamente

subordinado".

O local da prestação do labor não influencia na

caracterização do reconhecimento do vínculo empregatício eis que inexiste

distinção entre o trabalho prestado no estabelecimento do empregador e o

realizado fora do estabelecimento, como por exemplo o executado no domicílio do

empregado: "Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do

empregador e o executado no domicílio do empregado, desde que esteja

caracterizada a relação de emprego" (CLT, art. 6).

O contrato de trabalho é nitidamente marcado pela

onerosidade, comutatividade das prestações (continuidade), verificando-se como

requisito essencial a presença da contraprestação salarial em troca da prestação

de um trabalho não eventual, sendo que para a caracterização do contrato de

trabalho deve-se examinar a presença ou não dos seus requisitos constituidores,

como a pessoalidade, a não eventualidade, a onerosidade.

Maranhão73 define o contrato de emprego (stricto sensu),

como sendo o "negócio jurídico pelo qual uma pessoa física (empregado) se

obriga, mediante o pagamento de uma contraprestação (salário), a prestar

trabalho não eventual em proveito de outra pessoa, física ou jurídica

(empregador), a quem fica juridicamente subordinada".

Assim, diante da evolução de um mundo novo

economicamente globalizado e com o conseqüente reconhecimento da

despersonificação da figura do empregador, não se faz, mais, na atualidade,

necessário e fundamental a exigência do exame da presença do requisito

subordinação jurídica do empregado prevista na parte final do art. 442 da CLT.

A realidade econômica para a qual foi formatada a redação

da parte final do art. 442 da CLT sofreu alteração, não se tratando mais de uma

economia setorizada, localizada, em grande parte até familiar, onde a presença

73 MARANHÃO, Délio. Instituições de direito do trabalho; 111 ed., Ed. LTr, São Paulo: 1991,

vol. 1. p. 23.

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do empregador era preponderante.

Na consolidação de um mercado único então perseguido

pelas Nações, com a quebra das respectivas fronteiras, atualmente grande parte

dos empregados, mormente das grandes empresas, sequer conhecem a figura de

seu empregador.

Os objetivos então buscados é o do aumento da produção,

da melhoria da qualidade, da redução dos custos, o da alta produtividade. O

constituinte de 1.988, percebendo todas essas alterações mundiais e as novas

exigências nacionais, dotou o País de um instrumento jurídico da mais relevante

importância, a Carta Política da Nação (a constituição cidadã) - à qual todas as

leis nacionais estão subordinadas – trazendo como fundamentos do Estado a

cidadania, a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho (art.

1º,II, III e IV ) e objetivando a construção de uma sociedade livre, justa e solidária,

concentra seus esforços no sentido da prevalência social contra o mero interesse

particular de lucro do capital (art. 5º, inciso XXIII e 170, inciso III), garantindo-se

com isso a busca do desenvolvimento nacional, da erradicação da pobreza e a

marginalização, da redução paulatina das desigualdades sociais e regionais,

visando à promoção do bem comum, sem preconceitos de origem, raça, idade ou

quaisquer outras formas (art. 3º, I, II, III e IV ). Como decorrência da adoção

desses novos objetivos sociais nacionais, o constituinte de 1.988 erigiu o contrato

de trabalho, emprestando-lhe o status constitucional, elevando-o à categoria de

direito fundamental, como se extrai do exame do artigo 7º (incisos IV, V, VI, VII,

X).

Com os avanços da economia mundialmente globalizada e

diante dos novos direitos sociais constitucionalmente assegurados, certo que o

contrato de trabalho teve ampliado seus contornos, impondo-se aos

empregadores novas responsabilidades, além das de pagar salário. É que a partir

da CF/88, o legislador constituinte, a par dos direitos fundamentais e sociais aos

trabalhadores assegurados no art. 5º e 7º, elegeu o meio ambiente (art. 225) à

categoria de bem de uso comum do povo. A necessidade social da comunidade

de ter a garantia de seus membros protegida dos infortúnios ocasionados pelos

riscos ambientais, foi atendida, com a proteção do trabalhador contra o dano à

saúde ou integridade física prevista pelo art. 7º, inciso XXII (redução dos riscos

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inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança),

ampliando-se a responsabilidade patronal a oferecer ao trabalhador um local de

trabalho sadio, onde haja inclusive respeito à dignidade da pessoa humana, à sua

personalidade à própria honra. Desrespeitando o empregador suas novas

responsabilidades sociais decorrentes do contrato de trabalho responderá por seu

ato, mesmo omissivo, pelos danos ocasionados ao empregado, quer o decorrente

de lesão à honra, dano moral (art. 5º, inciso X da CF), como o decorrente de dolo

ou culpa do empregador no infortúnio acidentário, art. 7º, inciso XXVIII (seguro

contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a

que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa). Assim, não incorrendo

em culpa e ou dolo, a responsabilidade pela indenização resultante do infortúnio é

da previdência (responsabilidade objetiva), mas em se tratando de haver incorrido

o empregador em culpa e ou dolo, sem prejuízo do direito da indenização a cargo

da previdência, tem o trabalhador direito à indenização a cargo de seu

empregador, além da garantia estabilitária acidentária prevista no art. 118 Lei

8.213/91, de um ano, após a cessação do auxílio-doença acidentário,

independentemente de percepção de auxílio-acidente.

A competência da Justiça do Trabalho para apreciar o pleito

do dano moral, afirma-se pelo fato de o dano ter sido causado em decorrência da

relação de emprego, por um dos sujeitos do contrato.

Para Pedreira74 “a competência para ações de perdas e

danos é da Justiça do Trabalho sempre que o dano sofrido por uma das partes

(empregado ou empregador) fosse estritamente derivado dessa mesma relação”.

Seguindo a mesma linha, Sussekind75, a respeito do assunto

na redação antiga do art. 114 da CF:

O art. 114 da CF não exige que o direito questionado ou a norma legal a

ser aplicada pertençam ao campo do Direito do Trabalho. O fundamental

é que o litígio derive da relação de emprego (dissídio entre trabalhador e

o respectivo empregador) ou de relação de trabalho, mas nessa segunda

hipótese, quando a competência da Justiça do Trabalho for prevista em

74 PEDREIRA, Pinho. Tutela da personalidade do trabalhador. LTr, São Paulo: v. 59, n. 5, maio

1995 p. 238-245. 75 SÜSSEKIND, Arnaldo Lopes. Tutela da personalidade do trabalhador. LTr. São Paulo: v. 59,

n. 5, maio 1995 p. 595-598.

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lei.

Importante salientar que nem toda a lide existente entre

empregado e empregador será de competência da justiça do trabalho, pois as

relações jurídicas ou os fatos nos quais eles se envolvam podem não dizer

respeito ao vínculo empregatício.

Diante deste tema controvertido, Dalazem76 se pronunciou

da seguinte maneira:

O que dita a competência material da Justiça do Trabalho é a qualidade

jurídica ostentada pelos sujeitos do conflito intersubjetivo de interesses:

empregado e empregador. Se ambos comparecem a Juízo como tais,

inafastável a competência dos órgãos desse ramo especializado do

Poder Judiciário nacional, independentemente de perquirir-se a fonte

formal do Direito que ampara a pretensão formulada. Vale dizer: a

circunstância de o pedido alicerçar-se em norma de Direito Civil, em si e

por si, não em o condão de afastar a competência da Justiça do

Trabalho se a lide assenta na relação de emprego, ou dela decorre.

Como decorrência do que dispõe o art. 114 da CF mesmo

antes da Emenda Constitucional nº 45, já tínhamos jurisprudência determinando

que o dano moral é de competência da Justiça do Trabalho.

Neste sentido a jurisprudência predominante, inclusive do

próprio STF:

COMPETÊNCIA – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – CONDIÇÕES DE

TRABALHO. Tendo a ação civil pública como causas de pedir disposições trabalhistas e pedidos voltados à preservação do meio ambiente do trabalho, e portanto, aos interesses dos empregados, a competência para julgá-la é da Justiça do Trabalho" (STF, Rel. Min. Marco Aurélio, RE 206220/MG, decisão publicada no DJ da União em data de 17/09/99 e tendo transitado em julgado a decisão, os autos foram baixados à 4ª Vara do Trabalho de Juiz de Fora/MG pela Guia 5388).

Na mesma linha de raciocínio adotado pelo STF, a Justiça

Obreira reiteradamente tem decidido que a competência para apreciar e julgar

76 Citado in PEDREIRA, Luiz de Pinho. A reparação do dano moral no direito do trabalho. Ltr,

São Paulo: v. 55, n. 5, maio 1991. p. 552-559.

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ações acidentárias e ou de dano moral decorrentes de relação de trabalho é da

Justiça do Trabalho, como se vê, por exemplo, de um de seus julgados:

DANO MORAL E MATERIAL – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO

TRABALHO – Com o advento da atual Carta Magna, a matéria referente ao dano moral e material, está respaldada pelas disposições contidas no artigo 5º, V e X, em particular na Justiça do Trabalho. A argumentação mais freqüente encontrada na doutrina e na jurisprudência pátria é de que, em se tratando de ofensa à moral do empregado ou do empregador, desde que oriunda do contrato de trabalho, é competente esta Justiça Especializada para dirimir tal conflito (inteligência do art. 114/CF), TRT 23ª R. – RO 2911/98 – (Ac. TP. nº 1600/99) – Rel. Juiz Antônio Melnec (decisão publicada no DJMT em 15.07.1999 – pág. 29).

A questão da competência para conhecer do dano moral

oriundo da relação trabalhista, se da Justiça Comum ou Trabalhista era campo de

vasta controvérsia. Alinhavam-se os autores entre os que:

1-acolhem a tese da incompetência absoluta; ou a tese da

admissibilidade da competência da Justiça Especializada condicionando-a à

edição de lei formal estendendo a competência, ou ao menos a que não haja lei

excluindo-a;

2-pugnam pela competência irrestrita da Justiça Trabalhista

para conhecer do dano moral, sempre que relacionado ao vínculo empregatício

ou trabalhista;

Boa parte da celeuma gira em torno da exegese do art. 114

da Constituição Federal de 1988, o qual estabelece a competência da Justiça

Trabalhista.

3.2 COMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO

A competência em razão da matéria, diz a respeito das

questões que poderá ser apreciada na Justiça do Trabalho.

Existem vários sistemas jurídicos relacionado com a

competência material da Justiça do Trabalho.

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Para Nascimento77 “não há uniformidade de soluções na

legislação processual trabalhista dos diferentes países. O tema pode ser

analisado sob o ângulo dos setores do direito do trabalho, dos tipos de relações

jurídicas e, especialmente, dos dissídios individuais e coletivos.”

A Justiça do Trabalho tem ampla competência para julgar

lides em decorrência do dano moral, por ser oriundo do contrato de trabalho.

Neste diapasão tem-se o entendimento de Martins78:

É preciso fazer distinção do dano moral ocorrido, para os fins inclusive

de se verificar a competência da Justiça do Trabalho. Se a afirmação é

feita a pessoa civil, a competência seria da Justiça Comum. Se a

afirmação é decorrente do contrato e, por exemplo, foi proveniente da

dispensa do trabalhador, estamos diante da competência da Justiça do

Trabalho.

Na vigente ordem constitucional brasileira, a competência

material da Justiça do Trabalho é estabelecida pelo art. 114 da Constituição

Federal de 1988, com nova redação pela Emenda Constitucional nº 45 de 2004

que dispõe:

Art. 114. Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:

I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

II - as ações que envolvam exercício do direito de greve;

III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;

IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;

V - os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o;

77 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. 22 ed. Saraiva,

São Paulo: 2007. p. 199. 78 MARTINS, Sergio Pinto. Direito Processual do Trabalho. 27 ed. Atlas, São Paulo: 2007. p.

118.

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VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho;

VII - as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;

VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;

IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.

§ 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.

§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.

§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.

Segundo as melhores interpretações sistemáticas do texto

constitucional, é essa, sem sombra de qualquer dúvida, o preceito normativo

básico referente à Competência Material da Justiça do Trabalho.

Leciona Couto79:

o art. 114 da CF/88 assegura que todas as controvérsias decorrentes da

relação de trabalho, são da competência da Justiça do Trabalho, onde

figuram empregado e empregador, assim, se o dano moral for causado

pelo empregador, nessa condição e a empregado seu, nas mesmas

condições, é o quanto basta para atrair a competência da justiça

Especializada. Assim, a ofensa moral do chefe ao subordinado em

momento de lazer no clube da empresa, fora do ambiente e local de

trabalho, a competência seria da Justiça Comum, porque neste caso,

não se confrontam empregado e empregador, mas cidadãos comuns e

não foi causado em decorrência do contrato de trabalho.

79 COUTO, Osmair. Indenização por danos morais no direito do trabalho. justiça competente.

Revista LTr. 55. São Paulo: LTr, v. 60, n. 4, abr. 1996. p. 461-471.

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3.3 O ARTIGO 114 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Até o ano de 2004 os negativistas afirmam ser, o dano moral

e a responsabilidade civil, matéria afeita ao Direito Civil, assim sendo, entendem

que a causa de pedir e o pedido da ação que requer condenação em danos

morais decorrem de um ilícito civil, razão pela qual falece competência à Justiça

Trabalhista, competindo à Comum deles conhecer. Não integraria este tipo de lide

a esfera de competência da Justiça Laboral, assim como dela não integra, por

exemplo, o ilícito penal que eventualmente possa acompanhar uma causa

trabalhista. Nem mesmo o permissivo expresso em "outras controvérsias" teria o

condão de atrair o dano moral para a esfera da Justiça Especializada.

Entre os negativistas está Oliveira80:

A competência prevista no art. 114 da Constituição Federal, não cuida da discussão sobre dano, restringindo-se à relação de emprego e, na forma da lei, outras controvérsias. E como bem diz o professor Hugo Gueiros Bernardes (cit.) ´o art. 114 da Constituição não trata nem de dano material nem de dano moral, mas de normas que regem a relação de emprego, daí não ser possível dele extrair competência diversa, até porque a competência expansiva ou residual é a da Justiça Comum.

A respaldar esse entendimento, existe uma variada

jurisprudência dos Tribunais de Justiça, dos Tribunais Regionais do Trabalho e do

Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL – CONFLITO DE COMPETÊNCIA – Ação ordinária de indenização por danos morais e materiais. I – Pedido indenizatório, por danos materiais e morais resultante de lesão pela prática de ato ilícito, imputado a empregado, na constância da relação empregatícia, que culminou em sua dispensa por justa causa. Matéria que não se sujeita à CLT. II – A jurisprudência do STJ firmou entendimento no sentido de que a causa petendi e o pedido demarcam

a natureza da tutela jurisdicional pretendida, definindo-lhe a competência. III – Conflito conhecido para declarar-se competente o Juízo Comum, suscitado. (STJ, CC 3.931, 1992, Rel. Min. Waldemar Zveiter, DJ 22/3/93, pag. 4501)

80 OLIVEIRA, Francisco Antonio de; Do Dano Moral. p. 24 a 32.

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CONFLITO DE COMPETÊNCIA. TRABALHISTA. Ação de Indenização

de Dano Moral. A ação de indenização de dano moral, promovida pelo empregado contra seu ex-empregador, é da competência do Juízo Comum. (STJ, CC 12.718, 1995, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJ, 05/6/95, pag. 16.613)

Não se pode falar em competência da Justiça do Trabalho para a apreciação de danos morais sem que também se lhe dê competência para responsabilidade civil por danos materiais, culposos ou dolosos. Mesmo porque esta última está muito mais ligada ao contrato de trabalho, já que, obrigatoriamente, ocorrerá durante a vigência do contrato, enquanto que o dano moral poderá ocorrer após o término do contrato (conseqüências reflexas). E nesse raciocínio, teríamos de trazer para a competência trabalhista também a infortunística e os ‘crimes envolvendo o contrato de trabalho. (TRT – 2ª Reg. RO 02950030739, Ac. 5ª T. 19.389/96, 9/4/96, Rel. Juiz Francisco Antonio de Oliveira)

Data maxima venia, as conseqüências elocubradas pelo Juiz

no arresto acima se afiguram demasiadamente exageradas. Obviamente a Justiça

Trabalhista não é contemplada com competência para matéria criminal, não se

podendo dizer o mesmo quando a seara é cível. Ora, o Direito Civil, por expressa

determinação legal (art. 8º, parágrafo único, CLT), é fonte subsidiária do Direito do

Trabalho.

Ressalte-se, entretanto, a despeito da jurisprudência acima

apontada negando competência a Justiça Trabalhista, não ser essa, como

destaca-se adiante, a posição do Supremo Tribunal Federal, intérprete máximo

das questões competenciais constitucionais.

Segundo entendimento de Leão81 "verificando não haver lei

alguma que exclua dessas outras controvérsias a questão do dano moral, a

Justiça Obreira pode e deve proferir em seus julgados a condenação também na

verba relativa ao dano moral".

Diverge frontalmente desse posicionamento Carmo82 e

81 LEÃO, Antonio Carlos Amaral. A questão do dano moral na Justiça do Trabalho. Revista dos

Tribunais, São Paulo: Vol 83, n 701; mar; 1994. p.248 a 249. 82 CARMO, Júlio Bernardo do. O dano moral e sua reparação no âmbito do Direito Civil e do

Trabalho. . p. 67 a 115.

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Vitelli83, que considera esse raciocínio feito às avessas, afirmam ao contrário que:

(...) é exatamente a ausência de norma no plano ordinário que afasta das ‘outras controvérsias’ previstas na Constituição Federal a competência da Justiça do Trabalho para apreciar e julgar pedidos de ressarcimento de danos morais e materiais, haja vista que essas questões são de índole civil e só uma lei expressa poderia carreá-las para a esfera laboral, quando efetivamente afloram dentro do contexto da relação empregatícia (...) de nada adianta falar em ‘expansionismo do Direito do Trabalho’, se lei ordinária não atribuir competência à Justiça do Trabalho.

(...) a única forma de atribuir-se competência para esta Justiça, nas ações em que se pretender a reparação de dano moral, será, necessariamente, de lege ferenda, porque se trata de outra controvérsia oriunda da relação de trabalho e aí só na forma da lei.

Leão84, Freire85, assumindo o posicionamento acima,

entendem que a lei ordinária a conferir tal competência já existe, sendo própria

CLT em seu art. 652, IV "apreciar os demais dissídios concernentes ao contrato

individual de trabalho", bem como nos arts. 482, "j" e "k", 483, "e", que

reconhecem como ensejadores da resolução do contrato de trabalho a conduta

violadora de direitos de personalidade.

(...) competindo à Justiça do Trabalho julgar ‘na forma da lei outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho. Portanto, se a própria Lei Constitucional garante o direito ao dano moral, e se a própria CLT garante também a reparação quando ocorrer ao empregado prejuízo sem razão de uma violação a direitos a sua honra e boa fama, porque não pode haver o julgamento quanto à verba do dano moral constitucionalmente garantido?

(...) somos levados à conclusão de que é descabida a restrição de alguns que são contrários a indenização por danos morais no processo trabalhista, tendo em vista que a CLT não é omissa, porém, incompleta, vindo a Constituição da República a completá-la, onde acreditamos na acolhida da tese com limitações, pois o texto consolidado e o

83 VITELLI, Eliana Pedroso. A indenização do dano moral e as multileituras do art. 114 da CF;

Abr. Revista de Direito do Trabalho; Vol. 61, n. 64; abril; 1997. p. 503 a 508. 84 LEÃO, Antonio Carlos Amaral. A questão do dano moral na Justiça do Trabalho. Revista dos

Tribunais, São Paulo: Vol 83, n 701; mar; 1994. p. 248 a 249. 85 FREIRE, Fernando B. Dano moral: ação de indenização na Justiça do Trabalho. Revista

LTR Legislação do Trabalho e Previdência Social; Vol 57, n 7; jul; 1993. p. 836.

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constitucional se referem em linguagem positiva e excluidora de quaisquer dúvidas.

Entendem, portanto, os autores acima, que a CLT,

recepcionada pela Constituição vigente, supre a demanda pela legalidade, que

tais autores consideram necessária para a validade da atribuição constitucional de

competência sob exame.

Outros afirmativistas, no entanto, passam ao largo dessa

discussão, pois vêem a competência para conhecer do dano moral deferida no

comando permissivo da primeira parte do artigo: “conciliar e julgar os dissídios

individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores". Vez que entendem o

dissídio oriundo do dano moral como integrante dissídio entre trabalhadores e

empregadores. Para estes, não se reconhece outro limite à interpretação do

artigo, senão a imposição do nexo causal entre o dano moral e a relação de

trabalho. Por outras palavras, o limite da competência da Justiça Laboral seria a

necessidade de que o dissídio decorrente do dano moral seja oriundo da relação

de trabalho. Em assim sendo, não há que se cogitar de competência de Justiça

outra que não a trabalhista, nada importando que a responsabilidade civil que

embasa a matéria seja disciplina atinente ao Direito Comum, ainda mais por ser

fonte subsidiária do Direito do Trabalho, ex vi do comando insculpido no art. 8º,

parágrafo único da CLT. Vejamos o posicionamento de Pedreira86 e Sussekind87:

O art. 114 da CF atribui competência à Justiça do Trabalho para conciliar e julgar ‘os dissídios individuais entre trabalhadores e empregadores’, entre os quais, não se pode negar, figuram os decorrentes de dano extrapatrimonial, sofrido pelo empregado em qualquer das fases: pré-contratual, contratual e pós-contratual.

A norma do art. 114 não exige que o direito questionado ou a norma legal a ser aplicada pertençam ao campo do Direito do Trabalho. O fundamento é que o litígio derive da relação de emprego (dissídio entre trabalhador e o respectivo empregador) ou de relação de trabalho (envolve tanto a de emprego, como a de prestação de serviços do trabalhador avulso e do autônomo) mas, nessa segunda hipótese, quando a competência da Justiça do Trabalho for prevista em lei

86 SILVA, Luiz de Pinho Pedreira da; A reparação do dano moral no Direito do Trabalho. p 552

a 559. 87 SUSSEKIND, Arnaldo. Dano moral na relação de emprego. p. 3 a 7.

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Vê-se que Sussekind interpretou com rigorismo formal as

expressões "empregadores" e "de trabalho", presentes no artigo. Reconhece, de

qualquer forma, a competência da Justiça Laboral, apenas condicionando-a, no

caso da "relação de trabalho", à previsão legal.

À determinação da competência da Justiça do Trabalho não importa que dependa a solução da lide de questões de direito civil, mas sim, no caso que a promessa de contratar, cujo alegado conteúdo é fundamento do pedido, tenha sido feita em razão da relação de emprego, inserindo-se no contrato de trabalho". (STF, CJ 6.959-6, Relator Min. Sepúlveda Pertence)

No raciocínio adotado pelo STF, a Justiça Obreira

reiteradamente tem decidido que a competência para apreciar e julgar ações

acidentárias e ou de dano moral decorrentes de relação de trabalho é da Justiça

do Trabalho, como se vê, por exemplo, de um de seus julgados:

DANO MORAL E MATERIAL – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO

TRABALHO – Com o advento da atual Carta Magna, a matéria referente

ao dano moral e material, está respaldada pelas disposições contidas no artigo 5º, V e X, em particular na Justiça do Trabalho. A argumentação mais freqüente encontrada na doutrina e na jurisprudência pátria é de que, em se tratando de ofensa à moral do empregado ou do empregador, desde que oriunda do contrato de trabalho, é competente esta Justiça Especializada para dirimir tal conflito (inteligência do art. 114/CF), TRT 23ª R. – RO 2911/98 – (Ac. TP. nº 1600/99) – Rel. Juiz Antônio Melnec (decisão publicada no DJMT em 15.07.1999 – pág. 29).

A posição do STF é seguida por diversa decisões, tanto dos

Tribunais Superiores, quanto dos Tribunais Regionais do Trabalho e Tribunais de

Justiça, a título de exemplo:

A Justiça do Trabalho é competente para reconhecer e julgar o pedido de indenização por danos decorrentes da relação de emprego que existiu entre as partes. (Ac. TRT da 3ª Região, 7/2/94, Juiz Rel. Aroldo Plínio Gonçalves, LTr, nº 58, 1994, p. 433)

Dano moral, indenização. Competência da Justiça do Trabalho. A indenização de dano moral desde que ocorrrente na relação de emprego, embora de natureza civil, é da competência da Justiça do Trabalho (TRT 9ªR, Rel. Juiz Pedro Ribeiro Tavares, DJ do Paraná, 14/8/92)

A competência rationae materiae decorre da natureza

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jurídica da questão controvertida que, por sua vez é fixada pelo pedido e pela

causa de pedir. Se o conteúdo que fundamenta o pedido, decorre da relação de

emprego, a competência será da Justiça Trabalhista. A questão que realmente se

coloca é saber se, e quando, podemos entender o incidente de dano moral como

integrante dos conflitos de natureza trabalhista. É saber se o dano moral decorre

da relação contratual trabalhista.

Segundo entendimento de Teixeira Filho88 e Costa89:

Destarte, a competência da Justiça do Trabalho para apreciar pleitos de danos morais não se estabelece linearmente. Est modus in rebus.

Depende, como visto, da situação jurídica em que se encontra o trabalhador (período pré-contratual, em curso de execução ou extinta a relação) e do nexo de causa e efeito da lesão perpetrada com o vínculo de emprego ou de trabalho.

Não conheço nenhuma decisão judicial declarando descaber competência à Justiça do Trabalho para apreciar controvérsias sobre dano moral. O que existe é uma jurisprudência assentindo que certos atos danosos, praticados em determinado contexto, são da competência da jurisdição civil ou da jurisdição trabalhista, conforme a raiz obrigacional de onde se originaram... se o pedido decorrer ou tiver como origem o contrato de trabalho, a competência para julgar o caso será da Justiça do trabalho e não da Justiça Comum.

Ainda no entendimento de Silva90

A doutrina vem se inclinando de modo claramente predominante no sentido de entender que a Justiça do Trabalho é a Justiça competente para o exame (instrução, conciliação, julgamento) dos pedidos de reparação ou de indenização por danos morais, sempre que os fatos alegados e que as alegações feitas disserem respeito às relações de trabalho, vale dizer, às relações entre empregados e empregador e que decorram diretamente ou indiretamente da existência de um contrato de trabalho ou de um vínculo de emprego.

Desta forma a justiça do trabalho é a justiça ideal para o

trato de tais questões, em virtude de ser gratuita e das discussões desta matéria

já estarem sendo discutidas na maioria dos casos, além de representar economia

88 TEIXEIRA FILHO, João de Lima. O dano moral no direito do trabalho. p. 25 a 46. 89 COSTA, Orlando Teixeira da. Da ação trabalhista sobre o dano moral. p. 18 a 22. 90 SILVA, Floriano Corrêa Vaz da. Dano moral e o direito do trabalho. Revista de Direito do

Trabalho; Vol 62, n 01, Jan ; 1998. p. 15 a 23.

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e celeridade processual incalculável.

Com a nova redação do inciso VI do art. 114 da CF, através da Emenda Constitucional nº 45, dispõe que é competente a Justiça do Trabalho para conciliar e julgar as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho, assim, diminuiu a dúvida de competência com relação ao dano moral trabalhista.

Sendo que de agora em diante ficou claro que a Justiça do Trabalho é o órgão Judiciário competente para processar e julgar danos morais decorrentes da relação de emprego.

3.4 COMPETÊNCIA NA FASE CONTRATUAL DO TRABALHO

Mesmo reconhecendo a competência da Justiça do Trabalho

para julgamento de pedido de indenização por dano moral decorrente da relação

de emprego, é preciso se fixar o que seja efetivamente uma lesão decorrente da

relação de emprego, pois não podemos esquecer que existem hipóteses de

danos morais nas fases pré contratual, contratual (aqui incluída o momento da

extinção do contrato de emprego) e pós-contratual.

Na fase contratual, existem situações que podem gerar

danos morais, como; rebaixamento funcional; assédio sexual; revista pessoal;

violação de e-mail; humilhação.

Nesta fase já está constituída a relação de emprego, sendo

portanto, reconhecida a competência da Justiça do Trabalho para apreciação de

pleito de reparação de dano moral, inexiste qualquer dúvida quanto às lesões

ocorridas durante a execução do contrato de trabalho, ao contrário do que ocorre

com as demais fases.

3.5 INDENIZAÇÃO DO VALOR DA “COMPENSAÇÃO” POR DANO MORAL

TRABALHISTA

Partindo-se da premissa que é possível a indenização

pecuniária do dano moral sofrido, surge outra discussão, não menos importante.

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Diante das lacunas do sistema legal positivo como proceder o juiz ao prestar a

sua função jurisprudencial?

É evidente que a quantificação do valor que tem por objetivo

a compensação da dor da pessoa, requeira por parte do julgador grande bom-

senso, sendo que sua fixação deve-se moderar na lógica do razoável a fim de se

evitar indenizações enriquecedoras.

O fundamento para a indenização em decorrência do dano é

na restauração da moral. Como, todavia, indenizar em dinheiro algo que é

inviolável, a dignidade e a honra.

Veja-se um exemplo de fixação do valor da indenização na

jurisprudência selecionada:

Acórdão: 20000416368 -data de publicação: 22/08/2000 juiz relator:

Sérgio Pinto Martins ementa: DANO MORAL - Fixação do valor da

indenização. A reclamante teve decepados vários dedos de sua mão por

colocá-la dentro da máquina de moer carne. O empregador tem culpa “in

vigilando”, em relação aos seus funcionários, sendo que a reclamada

não demonstrou fiscalizá-los sobre as suas atividades, além do que não

deu instruções aos trabalhadores sobre o funcionamento da máquina de

moer carne. Houve, portanto, negligência da reclamada, sendo aplicável

o artigo 1.523 do C.C. o artigo 84 do Código Brasileiro de

Telecomunicações não pode ser aplicado ao caso dos autos, pois não se

está discutindo a matéria a ele inerente. A indenização por dano moral

dever ser fixada com base no artigo 1.553, que determina que o será por

arbitramento. O valor estabelecido na sentença é excessivo para a

fixação da importância a ser paga de indenização por dano moral (R$

151.000,00). o dano moral é difícil de ser aferido, pois depende de

questão subjetiva da pessoa. Entretanto, deve ser sopesada a

necessidade da pessoa, mas a também a possibilidade financeira da

empresa, aplicando-se por analogia, o artigo 400 do C.C. Assim, fixa-se

a indenização em R$ 10.000,00, que é razoável para a reclamante

receber e para a empresa pagá-la.

Destaca-se que nesta jurisprudência foi mencionado o artigo

1523 e 1553 do CC anterior, sendo que o novo CC não têm dispositivo legal

correspondente a estes artigos.

A fixação do dano moral é muito complexa e difícil. De

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qualquer maneira, a Constituição assegura uma indenização e é assim que se

procede, oferecendo ao lesado uma compensação econômica.

Na fixação do valor, o julgador normalmente subordina-se a

alguns parâmetros procedimentais, considerando a extensão espiritual do dano, a

imagem do lesado e a do que lesou, a intenção do autor do dano danoso, como

meio de ponderar o mais objetivamente possível direitos ligados à intimidade, à

vida privada, à honra e à imagem das pessoas.

A situação patrimonial de quem vai pagar a indenização

também costuma ser levada em conta e é muito importante na hipótese em que o

acionante é o empregador e o acionado é o empregado.

A dificuldade em avaliar o dano moral, não podem ser

considerados como fatores impeditivos para o pagamento de indenização, pois na

verdade existe o dano e este deve ser reparado.

Na verdade, o dano moral não será indenizável, mas

compensável, pois é impossível eliminar o efeito do agravo ou sofrimento à

pessoa por meio do pagamento em dinheiro.

3.6 ASPECTOS JURISPRUDENCIAIS DO TRIBUNAL REGIONAL DO

TRABALHO DA 12ª REGIÃO

Segue abaixo, algumas posições do Egrégio Tribunal

Regional do Trabalho da Décima Segunda Região – Estado de Santa Catarina –

referente à matéria e exclusivamente no sentido de ser competente a Justiça do

Trabalho, a saber:

Compete à Justiça do Trabalho, consoante norma fixada no artigo 114, in

fine, da Constituição Federal, processar e julgar ação que vise à

indenização por danos morais decorrentes da controvérsia gerada por

ocasião da rescisão do contrato de trabalho. (Acórdão 010868/98 – 3ª

Turma – TRT/SC – Juíza Ione Ramos) – (DJSC de 06.11.1998).

DANO MORAL. COMPETÊNCIA. Uma vez que é sim decorrente da

relação de trabalho havida entro os litigantes, a indenização por dano

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moral encontra-se, indubitavelmente inserta no preconizado pelo art. 114

da Constituição da República, sendo da Justiça do Trabalho a

competência para processá-la e julgá-la. Muito embora nessas situações

sejam aplicáveis disposições do Código Civil, não está impedido o Juízo

Trabalhista de aplicar as normas de direito comum na exata medida em

que este, sendo subsidiário do Direito do Trabalho, passa a integrá-lo.

Ora, se o dano patrimonial sofrido pelo empregado, inequivocadamente,

figura entre os dissídios abrigados pela Justiça Obreira, resulta

insustentável a tese de serem os danos extrapatrimoniais de

competência da justiça Comum. De fato, é a própria relação de emprego

que consubstancia a vis atractiva da competência desta Justiça

Especializada, no caso do prejuízo por dano moral doloso ou culposo ao

empregado pelo empregador (Acórdão 011624/98 – 3ª Turma – Juíza

Agueda M. L. Pereira) – (DJSC de 20.11.1998).

DANO MORAL. JUDICIÁRIO TRABALHISTA. COMPETÊNCIA. Sendo

o sustentado dano moral produzido no curso da contratualidade e em

decorrência da relação de emprego, de natureza civil, indubitável é a

competência do judiciário trabalhista para apreciação da lide, dentro do

disposto no artigo 114 da Constituição Federal (Acórdão 010343/98 – 2ª

Turma – Juiz Amarildo Carlos de Lima) – (DJSC de 22.10.1998).

DANO MORAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Ainda

que de natureza civil o suporte jurídico da indenização por dano moral, é

desta Justiça Especializada a competência para apreciar a matéria

quando o conflito envolve sujeitos protegidos pelo Direito do Trabalho.

(Acórdão 1370/2005 - Juíza Maria Aparecida Caitano) – (DJSC em

15.02.2005).

COMPETÊNCIA. DANO MORAL. A Justiça do Trabalho, nos termos do

art. 114 da CF/1988, é competente para julgar lide que envolve pedido

de indenização por danos morais sofrido em decorrência do

cancelamento de financiamento para aquisição de casa própria que fez o

reclamante perante o reclamado, na condição de empregado, pois se

encontra intrinsicamente vinculado ao contrato de trabalho. (Acórdão

6261/2004 - Juiz Dilnei Ângelo Biléssimo) – (DJSC em 17.06.2004).

COMPETÊNCIA. DANO MORAL. Segundo o disposto no art. 114 da

Constituição Federal, a Justiça do Trabalho detém competência para

apreciar o conflito entre empregado e empregador que objetiva a

reparação de dano moral decorrente do contrato de trabalho, ainda que

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tenha respaldo em norma de Direito Civil. (Acórdão 2597/2003 - Juiz

Gracio R. B. Petrone) – (DJSC em 17.03.2003).

COMPETÊNCIA. DANO MORAL. Segundo o disposto no art. 114 da

Constituição Federal, a Justiça do Trabalho detém competência para

apreciar o conflito entre empregado e empregador que objetiva a

reparação de dano moral decorrente do contrato de trabalho, ainda que

tenha respaldo em norma de Direito Civil. (Acórdão 13378/2002 - Juiz

Dilnei Ângelo Biléssimo) – (DJSC em 28.11.2002).

COMPETÊNCIA. DANO MORAL. Segundo o disposto no art. 114 da

Constituição Federal, a Justiça do Trabalho detém competência para

apreciar o conflito entre empregado e empregador que objetiva a

reparação de dano moral decorrente do contrato de trabalho, ainda que

tenha respaldo em norma de Direito Civil. (Acórdão 928/2002 - Juiz

Dilnei Ângelo Biléssimo) – (DJSC em 25.01.2002).

COMPETÊNCIA. DANO MORAL. A Justiça do Trabalho, nos termos do

art. 114 da Constituição Federal, determina a competência desta Justiça

Especializada para o julgamento de outras controvérsias decorrentes da

relação de trabalho, bem como os litígios que tenham origem no

cumprimento de suas próprias sentenças. Logo, a Justiça do Trabalho é

competente para julgar as causas relativas a dano moral. (Acórdão

12331/2001 - Juiz Dilnei Ângelo Biléssimo) – (DJSC em 29.11.2001).

COMPETÊNCIA. DANO MORAL. A Justiça do Trabalho nos termos do

art. 114 da Constituição Federal determina a competência desta Justiça

Especializada para julgamento de outras controvérsias decorrentes da

relação de trabalho, bem como os litígios que tenham origem no

cumprimento de suas próprias sentenças. Logo, é competente para

julgamento de causas relativas ao dano moral. (Acórdão 10557/2000 -

Juiz Dilnei Ângelo Biléssimo) – (DJSC em 08.11.2000).

ACIDENTE DO TRABALHO. DANO MORAL. COMPETÊNCIA DA

JUSTIÇA DO TRABALHO. CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ARTIGO 114.

A Justiça do Trabalho é competente para julgar pedido de dano moral

oriundo da relação de trabalho, nos termos do artigo 114 da Constituição

Federal. (Acórdão 10462/2006 - Juiz Roberto Basilone Leite - Publicado

no DJ/SC em 04-08-2006).

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DANO MORAL. COMPETÊNCIA. A Justiça do Trabalho é competente

para dirimir a ocorrência de dano moral relacionado ao contrato de

trabalho havido entre as partes, nos exatos termos do art. 114 da CF.

(Acórdão 9103/2006 - Juíza Teresa Regina Cotosky - Publicado no

DJ/SC em 14-07-2006)

DANO MORAL. COMPETÊNCIA. A Justiça do Trabalho é competente

para dirimir a ocorrência de dano moral relacionado ao contrato de

trabalho havido entre as partes, nos exatos termos do art. 114 da CF.

(Acórdão 7706/2006 - Juíza Teresa Regina Cotosky - Publicado no

DJ/SC em 20-06-2006)

DANO MORAL. COMPETÊNCIA. É da Justiça do Trabalho a

competência para processar e julgar feito que contenha pretensão

indenizatória por danos morais conexos ao contrato de trabalho

(exegese do art. 114, VI, da Constituição Federal). (Acórdão 7553/2006 -

Juiz Geraldo José Balbinot - Publicado no DJ/SC em 16-06-2006)

DANO MORAL. COMPETÊNCIA. A Justiça do Trabalho é competente

para dirimir a ocorrência de dano moral relacionado ao contrato de

trabalho havido entre as partes, nos exatos termos do art. 114 da CF.

(Acórdão 6740/2006 - Juíza Teresa Regina Cotosky - Publicado no

DJ/SC em 01-06-2006)

DANO MORAL. COMPETÊNCIA. A Justiça do Trabalho é competente

para dirimir a ocorrência de dano moral relacionado ao contrato de

trabalho havido entre as partes, mesmo quando este deriva de acidente

do trabalho. (Acórdão 6603/2006 - Juíza Teresa Regina Cotosky -

Publicado no DJ/SC em 31-05-2006)

DANO MORAL. ACIDENTE DE TRABALHO. COMPETÊNCIA DA

JUSTIÇA DO TRABALHO. A Emenda Constitucional nº 45, de 2004,

deu nova redação ao art. 114 da Constituição da República,

acrescentando de forma clara e expressa a competência da Justiça do

Trabalho para processar e julgar as "ações de indenização por dano

moral ou patrimonial decorrentes da relação de trabalho" (inc. VI). Assim,

para a verificação da competência da Justiça do Trabalho não se exige

que o direito questionado ou a norma a ser aplicada pertençam ao ramo

especializado do Direito do Trabalho, mas sim que o conflito de

interesses tenha como substrato a relação de trabalho. (Acórdão

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5709/2006 - Juíza Lília Leonor Abreu - Publicado no DJ/SC em 17-05-

2006)

DANOS MORAIS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.

Após a promulgação da Constituição de 1988, é inarredável a conclusão

de que os litígios que envolvem indenizações por danos materiais e/ou

morais postuladas pelo acidentado em face do empregador competem à

Justiça do Trabalho. Nesse sentido dispõem as Súmulas nºs 736 e 392

do STF e do TST, respectivamente, que estabelecem que as ações que

tenham como causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas

relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores são de

competência da Justiça do Trabalho. Dessarte, não há como situar a

obrigação do empregador de fornecer as condições e os equipamentos

necessários à segurança e à saúde do empregado fora do contexto da

relação contratual, já que a necessidade da observância de tais regras

decorre diretamente da efetivação do vínculo de emprego e de seu

desenvolvimento pelas partes. (Acórdão 5169/2006 - Juíza Viviane

Colucci - Publicado no DJ/SC em 04-05-2006)

DANO MORAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Após a

promulgação da Constituição de 1988, é indubitável a competência da

Justiça Trabalhista para o julgamento das ações de indenização por

danos morais e patrimoniais decorrentes da relação de trabalho, estando

respaldada inclusive pela jurisprudência consolidada na Súmula nº 392

do TST. (Acórdão 4877/2006 - Juíza Viviane Colucci - Publicado no

DJ/SC em 27-04-2006)

COMPETÊNCIA. INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. ACIDENTE DO

TRABALHO. Estando o pleito relativo à indenização de dano moral

diretamente vinculado à relação de trabalho havida entre as partes,

incide à hipótese o entendimento consagrado na Orientação

Jurisprudencial nº 327 do c. TST, assim expresso: "Dano moral.

Competência da Justiça do Trabalho - DJ. 09-12-2003 - Parágrafo único

do art. 168 do Regimento Interno do TST - Nos termos do art. 114 da

CF/1988, a Justiça do Trabalho é competente para dirimir controvérsias

referentes à indenização por dano moral, quando decorrente da relação

de trabalho". (Acórdão 3768/2006 - Juíza Ligia M. Teixeira Gouvêa -

Publicado no DJ/SC em 29-03-2006)

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INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO

TRABALHO. É da Justiça do Trabalho a competência para processar e

julgar pedido de indenização por danos morais decorrentes da relação

de trabalho. (Acórdão 2793/2006 - Juíza Ione Ramos - Publicado no

DJ/SC em 09-03-2006)

DANO MORAL. COMPETÊNCIA. A Justiça do Trabalho é competente

para dirimir a ocorrência de dano moral relacionado ao contrato de

trabalho havido entre as partes, nos exatos termos do art. 114 da CF.

(Acórdão 2714/2006 - Juíza Teresa Regina Cotosky - Publicado no

DJ/SC em 09-03-2006)

DANO MORAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Nos

termos do art. 114 da CF/1988, a Justiça do Trabalho é competente para

dirimir controvérsias referentes à indenização por dano moral, quando

decorrente da relação de trabalho (Súmula nº 392 do TST). (Acórdão

2679/2006 - Juiz Marcos Vinicio Zanchetta - Publicado no DJ/SC em 08-

03-2006)

DANOS MORAIS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.

Após a promulgação da Constituição de 1988, é inarredável a conclusão

de que os litígios que envolvem indenizações por danos materiais e/ou

morais postuladas pelo acidentado em face do empregador competem à

Justiça do Trabalho. Nesse sentido dispõem as Súmulas nºs 736 e 392

do STF e do TST, respectivamente, que estabelecem que as ações que

tenham como causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas

relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores são de

competência da Justiça do Trabalho. Dessarte, não há como se situar a

obrigação do empregador de fornecer as condições e os equipamentos

necessários à segurança e à saúde do empregado fora do contexto da

relação contratual, já que a necessidade da observância de tais regras

decorre diretamente da efetivação do vínculo de emprego e de seu

desenvolvimento pelas partes. (Acórdão 2247/2006 - Juíza Viviane

Colucci - Publicado no DJ/SC em 24-02-2006)

COMPETÊNCIA. INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. ACIDENTE DO

TRABALHO. Estando o pleito relativo à indenização de dano moral

diretamente vinculado à relação de trabalho havida entre as partes,

incide à hipótese o entendimento consagrado na Orientação

Jurisprudencial nº 327 do c. TST, assim expresso: "Dano moral.

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Competência da Justiça do Trabalho - DJ. 09-12-2003 - Parágrafo único

do art. 168 do Regimento Interno do TST - Nos termos do art. 114 da

CF/1988, a Justiça do Trabalho é competente para dirimir controvérsias

referentes à indenização por dano moral, quando decorrente da relação

de trabalho". (Acórdão 1249/2006 - Juíza Ligia M. Teixeira Gouvêa -

Publicado no DJ/SC em 01-02-2006)

DANO MORAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.

Conforme a Súmula nº 392 do TST, a Justiça do Trabalho é competente

para dirimir controvérsias referentes à indenização por dano moral,

quando decorrente da relação de trabalho. (Acórdão 1057/2006 - Juíza

Lourdes Dreyer - Publicado no DJ/SC em 30-01-2006)

DANO MORAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Ainda

que de natureza civil o suporte jurídico da indenização por dano moral, é

desta Justiça Especializada a competência para apreciar a matéria

quando o conflito envolve sujeitos protegidos pelo Direito do Trabalho.

(Acórdão 633/2006 - Juíza Maria Aparecida Caitano - Publicado no

DJ/SC em 20-01-2006)

DANO MORAL. COMPETÊNCIA. A Justiça do Trabalho é competente

para dirimir a ocorrência de dano moral relacionado ao contrato de

trabalho havido entre as partes, mesmo quando este deriva de acidente

do trabalho. (Acórdão 14980/2005 - Juíza Teresa Regina Cotosky -

Publicado no DJ/SC em 14-12-2005)

DANO MORAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.

Conforme a Orientação Jurisprudencial nº 327 da SDI-I do TST, a Justiça

do Trabalho é competente para dirimir controvérsias referentes à

indenização por dano moral, quando decorrente da relação de trabalho.

(Acórdão 14590/2005 - Juíza Lourdes Dreyer - Publicado no DJ/SC em

07-12-2005)

DANO MORAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Nos

termos do disposto no art. 114 da Constituição Federal, a Justiça do

Trabalho é competente para processar e julgar demanda envolvendo

pleito de pagamento da indenização por danos morais. A Justiça Comum

Estadual detém competência para o processamento das demandas que

envolvem o ressarcimento dos danos de natureza tarifada que visam a

compensar o que o empregado deixou de receber em termos de salário,

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cuja responsabilização do INSS é objetiva. Em razão da presunção

absoluta da existência de culpa, a responsabilidade objetiva do Órgão

Previdenciário pelo adimplemento das prestações por acidente do

trabalho baseia-se na relação de causalidade entre a ação e o dano e

funda-se no risco criado pela própria atividade exercida pela empresa

beneficiária do serviço e segurada obrigatória da Previdência Social.

(Acórdão 13699/2005 - Juíza Lília Leonor Abreu - Publicado no DJ/SC

em 24-11-2005)

DANOS DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRABALHO.

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. A Justiça do Trabalho é

competente para processar e julgar pleito de pagamento de indenização

por danos decorrentes de acidente de trabalho (art. 114, inc. VI, da

Constituição Federal, redação dada pela Emenda Constitucional nº 45).

(Acórdão 13391/2005 - Juiz Marcus Pina Mugnaini - Publicado no DJ/SC

em 16-11-2005)

DANO MORAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Nos

termos do art. 114 da CF/1988, a Justiça do Trabalho é competente para

dirimir controvérsias referentes à indenização por dano moral, quando

decorrente da relação de trabalho. (Súmula nº 392 do TST) (Acórdão

12306/2005 - Juiz Marcos Vinicio Zanchetta - Publicado no DJ/SC em

06-10-2005)

DANO MORAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. O art.

114 da Constituição da República, com a nova redação dada pela

Emenda Constitucional nº 45, de 08-12-2004, dispõe, em seu inciso VI,

que a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as

ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da

relação de trabalho. Pode-se dizer, assim, que é da competência desta

Justiça Especializada a análise do fato danoso ocorrido após o

rompimento contratual, se ele se originou de ato relacionado ao vínculo

de emprego mantido anteriormente entre as partes. (Acórdão

10501/2005 - Juíza Gisele P. Alexandrino - Publicado no DJ/SC em 29-

08-2005)

DANO MORAL. COMPETÊNCIA. É da Justiça Estadual a competência

para processar e julgar ação de indenização por danos morais, materiais

e estéticos decorrentes de acidente de trabalho ou doença profissional

ou do trabalho a ele equiparada, nos termos do disposto nos artigos 114

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e 109, inciso I, da Constituição Federal; artigo 643, parágrafo 2º, da CLT;

artigo 129, inciso II, da Lei nº 8.213/91 e na Súmula nº 15 do STJ.

Entendimento reiterado pelo STJ em inúmeras decisões proferidas em

conflitos de competência e consagrado pelo STF em julgamentos

ocorridos após a promulgação da Emenda Constitucional nº 45, de 08-

12-2004 (RE 438.639-9/MG e Ag. Reg. no RE 441.038-9/MG). (Acórdão

8666/2005 - Juíza Denise Zanin - Publicado no DJ/SC em 14-07-2005)

DANO MORAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Ainda

que de natureza civil o suporte Jurídico da indenização por dano moral, é

desta Justiça Especializada a competência para apreciar a matéria

quando o conflito envolve sujeitos protegidos pelo Direito do Trabalho.

(Acórdão 6811/2005 - Juíza Maria Aparecida Caitano - Publicado no

DJ/SC em 15-06-2005)

INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO

TRABALHO. Em face do disposto no art. 114 da Constituição Federal, a

Justiça do Trabalho é competente para dirimir controvérsias referentes à

indenização por dano moral, quando decorrente da relação de trabalho

(Orientação Jurisprudencial nº 327 da SDI-I do TST). (Acórdão

4479/2005 - Juiz Garibaldi T. P. Ferreira - Publicado no DJ/SC em 29-04-

2005)

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA

DO TRABALHO. O art. 114 da Constituição da República dispõe que a

Justiça do Trabalho é competente para conciliar e julgar os dissídios

individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores, bem como

outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, dentre as quais

pode ser incluído o pedido de indenização por danos morais decorrente

de situações ocorridas no âmbito do trabalho. (Acórdão 3964/2005 -

Juíza Gisele P. Alexandrino - Publicado no DJ/SC em 19-04-2005)

As jurisprudências acima confirmam que mesmo antes da

Emenda Constitucional nº 45, na qual veio para firmar a competência da Justiça

do Trabalho, os processos provenientes de dano moral no vínculo empregatício é

de competência da Justiça do Trabalho.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

De um modo geral, ficou exposto no conteúdo dos três

capítulos, que este assunto é relativamente novo, ganhou maior proteção com a

CRFB/88, quando em seu artigo 5º,V e X, assegurou a proteção aos direitos

personalíssimos da pessoa e o direito a indenização à violação destes, garantindo

desta forma, um dos fundamentos do país, que é a dignidade da pessoa humana.

Direitos estes que não se restringem, atingindo todas as áreas da sociedade,

inclusive o campo do Direito do Trabalho, que é social por excelência, garantido

umas de suas finalidades que é a de assegurar o respeito à dignidade do

trabalhador, dando proteção aos direitos personalíssimos deste.

Fundamentado no efeito da investigação, consta no primeiro

capítulo o histórico do dano, além de toda espécie de dano que é elemento de

responsabilidade civil e pressuposto de reparação, encontrando seus

embasamentos legal no Código Civil, nos artigos 186, 187 e 927. O dano moral,

conceituado com espécie de agravo constituída pela violação de algum dos

direitos inerentes à personalidade, desta forma é pressuposto de reparação. A

CLT em sua promulgação, já contemplava o dano moral e sua reparação em

decorrência da ruptura do contrato de trabalho, pela prática de atos lesivos

mediante os pagamentos correspondentes ao distrato do contrato de trabalho

motivada por esta justa causa. Desta forma advém que os direitos imaterias não

são afetados somente na esfera civil, mas inclusive nas relações laborais, em

virtude do caráter pessoal, subordinado e duradouro oriundo destes contratos.

Desta forma com a proteção aos direitos personalíssimos advinda do texto

constitucional, junto da afinidade finalística do Direito do Trabalho, é um dos

elementos justificadores da atração do tema do dano moral para sua esfera. A

proteção à dignidade do trabalhador faz parte do conteúdo necessário ao contrato

de trabalho, havendo assim a proteção aos direitos personalíssimos no Direito do

Trabalho, tendo a cabimento desta forma o dano moral.

O relato contido no capítulo segundo, evidenciou a

classificação e a reparabilidade do dano moral, que tem como um de seus

grandes problema sua quantificação em valor econômico a ser reposto ao

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ofendido. A apuração do quantum indenizatório se complica porque o bem lesado

não se mede monetariamente, ou seja, não tem dimensão econômica ou

patrimonial. Cabe desta forma ao prudente arbítrio do juiz e a força criativa da

doutrina e jurisprudência a instituição de critérios e parâmetros que haverão de

presidir as indenizações por dano moral, a fim de evitar que o ressarcimento, na

espécie, não se torne expressão de puro arbítrio, quebrando os princípios básicos

de Estado Democrático, como o da legalidade e o da isonomia.

No terceiro capítulo como decorrência do que dispõe o artigo

114 CFRB/88, através da Emenda Constitucional nº 45, definiu que a

competência para processar e julgar as ações oriundas da relação do trabalho,

abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direita e

indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Restando

configurada sua competência em seu inciso VI as ações de indenização por dano

moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho.

Abaixo segue os dois mencionados problemas, as

respectivas hipóteses e análises das hipóteses de acordo com o resultado da

pesquisa.

Primeiro problema: É cabível a reparação de danos morais

provenientes das relações de trabalho?

Hipótese: O dano integra a lide trabalhista, quando surge no

contexto da ralação trabalhista, quando esta relação é causa ou oportunidade

para o surgimento da lesão caracterizadora do dano moral, indiferente se

imediatamente antes, durante ou após a vigência do contrato de trabalho.

Análise da hipótese: A hipótese restou confirmada com base

na fundamentação legal e no entendimento doutrinário, predominantes, expostos

no decorrer dos capítulos desta monografia.

Segundo problema: É passível a fixação do quantum da

reparação?

Hipótese: À sua extensão limitada a prejuízos que atingiram

o seu foro íntimo, sem maiores proporções danosas no campo material, atento,

ainda, ao fato de que a pecúnia doloris tem caráter exemplar e expiatório, o juiz

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deferirá o pedido de indenização por dano moral, fixando o valor em quantia

razoável, certo de que a dor moral jamais pode ser ressarcida convenientemente

por bens materiais.

Análise da hipótese: A hipótese restou confirmada uma vez

que com base na fundamentação legal e no entendimento doutrinário,

predominantes, expostos no decorrer dos capítulos desta monografia.

Terceiro problema: É competente a Justiça do Trabalho para

julgar tais dissídios?

Hipótese: Diante dessa situação ainda permanece a justiça

comum para apreciar essa natureza?

Análise da hipótese: A hipótese restou confirmada com base

na fundamentação legal e no entendimento doutrinário, predominantes, além da

Emenda Contitucional nº 45 esclarecer e determinar a competência da Justiça do

Trabalho expostos no decorrer dos capítulos desta monografia.

Enfim, este trabalho atingiu o seu propósito de aprofundar o

conhecimento sobre o tema para o início da pretendida atividade profissional. Mas

tem a plena convicção de estar apenas no início de uma longa caminhada de

estudos; porém, conta com a adesão de outros pesquisadores, imbuídos do

propósito de aprofundar a análise e o debate interpretativo das regras do direito

trabalhista, visando a construção de um sistema jurídico mais justo e capaz de

evitar conflitos entre as pessoas.

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TJSP, Apelação 113.190-1, relator Walter Moraes

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