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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CAROLINA GERBER BRINCAS
EMBRIAGUEZ EM FACE DA RESPONSABILIDADE CIVIL NOS CONTRATOS DE SEGURO
São José
2009
1
CAROLINA GERBER BRINCAS
EMBRIAGUEZ EM FACE DA RESPONSABILIDADE CIVIL NOS CONTRATOS DE SEGURO
Monografia apresentada à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI , como requisito parcial a obtenção do grau em Bacharel em Direito.
Orientador: Prof. MSc. Dino A. Krieger Filho
São José 2009
2
CAROLINA GERBER BRINCAS
EMBRIAGUEZ EM FACE DA RESPONSABILIDADE CIVIL NOS CONTRATOS DE SEGURO
Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de bacharel e
aprovada pelo Curso de Direito, da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de
Ciências Sociais e Jurídicas.
Área de Concentração:
Local, dia de mês de ano.
Prof. MSc. Nome Dino A. Krieger Filho UNIVALI – Campus de São José
Orientador
Prof. MSc. Nome Instituição Membro
Prof. MSc. Nome Instituição Membro
3
Dedico este trabalho aos meus pais, que acreditaram nos
sonhos plantados em outrora, regados através do constante
apoio, e que, agora, os brotos começam a surgir.
A todas as pessoas que acreditam que podem fazer alguma
coisa, por menor que seja, para melhorar o mundo em que
vivemos em especial este país de belezas inigualáveis, para
que possamos encher a boca ao pronunciar que somos
brasileiros.
4
AGRADECIMENTOS
Antes de qualquer coisa agradeço a Deus, por ter colocado em meu
caminho, meu pai (José) e minha mãe (Eliane), pessoas de extrema importância, os
quais me instruíram no decorrer deste desafio que é a vida, além de me fornecerem
todo conforto, amor e carinho. A realização deste trabalho só foi possível, devido ao
fato de vocês despejarem confiança na minha pessoa. Enfim, estou realizando mais
um sonho e devo tudo o que consegui à vocês. Muito Obrigado!
Gostaria de agradecer também a todos os meus familiares, que mesmo
indiretamente me apoiaram, me incentivaram, transmitindo seus pensamentos
positivos, os quais me fizeram chegar neste momento majestoso.
Aproveito para agradecer a todos os meus amigos, tanto aqueles que
cresceram e estudaram comigo, quanto aos que conheci nesta Universidade.
Entretanto, não poderia deixar de realizar um especial agradecimento aos
maravilhosos amigos que encontrei ao longo destes cinco anos de curso, em
especial a Jaqueline Machado da Silva, o qual me acompanhou desde o início, lá na
primeira fase, e que está ao meu lado, concluindo este magnífico curso, a Nicolle
Schneider, ao Diogo Kamers, ao Julian B. Matos, a Calise Caroline Alegre, a
Barbara Natividade, ao Jackson B. Matos, a Vânia Marinho Fernandes, enfim, todas
essas maravilhosas e especiais pessoas que me apoiaram nesta caminhada,
escutam os meus desabafos e que estiveram comigo em todos os momentos
alegres e tristes da minha vida, vividos nestes últimos cinco anos.
Evidente, não cometerei injustiças, pois os amigos especiais foram muitos.
Jamais vou esquecer-me de nenhum: Gislaine Bernardo Tomaz, Camila Rafaela
Ceccon da Silva, Rosenir Marian, Mauricio Chagas, Krys Machado Deucher, Simara
Vieira dos Santos, Francini Otilia de Medeiros, Débora Schapo, Márcia Aparecida de
Souza, Cristiane Morais, Luiza Fernanda Vieira, Andréia Luciana, enfim, uma
inúmera gama de amigos, os quais não poderia elencar todos. A todos estes
amigos, muito obrigado por vocês estarem aqui, por fazerem parte da minha vida,
tenham a certeza, que por mais longe que estejamos, em pensamento e em
lembranças, podemos estar bem próximos.
5
E por fim, gostaria de agradecer aos Mestres que estiveram presentes na
minha vida e que ensinaram todo o conhecimento que possuo hoje, em especial ao
orientador desta monografia, Professor Mestre Dino A. Krieger Filho, por todos os
momentos de paciência e ensino.
6
“O engenho tecnológico do homem empregou-se inteiramente na multiplicação dos
bens, esquecido de que o Nazareno não só multiplicou os pães, mas também os
distribuiu entre as atônitas testemunhas do milagre, talvez as mesmas que viriam a
assistir a resposta afirmativa à indagação insidiosa sobre o ibuto devido a César”.
(Aliomar Baleeiro)
7
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade
pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do
Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o
Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.
São José, novembro de 2009.
Carolina Gerber Brincas
8
RESUMO
A monografia tem por finalidade analisar a natureza da responsabilidade ao
pagamento da indenização pela seguradora, em casos de sinistro ao automóvel, sob
condução do segurado, que em estado de embriaguez encontrava-se no ato do
sinistro. Para isso, há de se verificar primordialmente o que vem a ser um contrato,
suas origens históricas e evolutivas, seus princípios e classificações no âmbito do
Direito Civil, conceituando-se estes, para em seguida, adentrar nos contratos
específicos de seguros, analisando seu escopo, sua conceituação jurídica, e
obrigações contratuais advindas, para em seguida se fazer um estudo específico
sobre o contrato de seguro de automóveis, verificando peculiaridades específicas do
contrato, obrigações das partes perante eles, as causas excludentes da
responsabilidade e o entendimento do estado de embriaguez e suas delimitações,
para só então dizer as excludentes contratuais da responsabilidade do seguro em
prol do estado de embriaguez do segurado. Verifica-se também, os entendimentos
do Tribunal de Justiça de Santa Catarina e do Superior Tribunal de Justiça, onde
constata-se como excludentes da responsabilidade do pagamento da indenização o
ato doloso e negligente que vem a ser a causa determinante do sinistro, ou seja, do
automóvel e suas conseqüências. À generalidade e à abstração incitas a
embriaguez contrapõe-se com a culpa e com a causa que levou ao acidente, ou
mesmo ao sinistro do veículo. Tem-se que as seguradoras terão a responsabilidade
indenizatória perante sinistros com o veiculo segurado, não obstante somente a
embriaguez do condutor como excludente de responsabilidade, mas sim o
verdadeiro motivo que levou ao sinistro.
Palavra-chave: Contratos. Contrato de seguro de automóvel. Embriaguez.
Excludente de responsabilidade indenizatória. Princípios contratuais.
Responsabilidade indenizatória.
9
ABSTRACT
This monograph had as objective to analyze the nature of responsibility in the
payment of compensation by the insurer in case of accident to the car, under driving
the insured, who was intoxicated in the act of the accident. To achieve this, it's
needed primarily to check what comes to be a contract, the historical origins,
principles and classifications under the Civil Law, their concepts, then to enter in
insurance, analyzing its scope, its conceptualization legal and contractual obligations
arising. In consequence, to make a specific study on the contract of automobile
insurance, checking the specific peculiarities of the contract, obligations of the parties
before them, the causes of the exclusive responsibility and understanding of the
influence of alcohol and its boundaries. Only then, address the exclusive contractual
liability insurance in favor of the state of intoxication of the insured. There is also the
understanding of the Court of Santa Catarina and the Superior Court of Justice,
where the intentional and negligent act is verified as the exclusive responsibility of
payment of compensation, which comes to be the cause of the accident, i.e., the
automobile and its consequences. In the generality and abstraction to encourage
drunkenness is opposed to the guilt and the cause that led to the accident, or even,
to claim the vehicle. It is known that insurers will be responsible for compensation
claims before the insured vehicle, although only the drunkenness of the driver and
exclusive liability, but the real reason which led to the accident.
Palavra-chave: Contracts. Contract automobile insurance. Drunkenness. Excluded
liability for compensation. Contractual principles. Liability for compensation.
10
ROL DE ABREVIATURAS OU SIGLAS
STJ - Superior Tribunal de Justiça
TJ - Tribunal de Justiça
CTB - Código de Trânsito Brasileiro
CC - Código Civil
ART. - Artigo
ED - Edição
V. - Volume
Nº - Número
11
SUMÁRIO
1 TEORIA GERAL DOS CONTRATOS .................................................................... 16
1.1 NOÇÕES HISTÓRICAS ...................................................................................... 16
1. 2 CONCEITO DE CONTRATO ............................................................................. 18
1.3 CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS................................................................ 19
1.3.1 Contratos unilaterais...................................................................................... 19
1.3.2 Contratos bilaterais ........................................................................................ 20
1.3.3 Contratos onerosos e gratuitos .................................................................... 21
1.3.4 Contratos consensuais ou reais ................................................................... 22
1.3.5 Contratos solenes e não solenes.................................................................. 22
1.3.6 Contratos principais e acessórios ................................................................ 23
1.3.7 Contratos instantâneos e de duração .......................................................... 24
1.3.8 Contratos de execução imediata e de execução diferida ........................... 24
1.3.9 Contratos típicos e atípicos .......................................................................... 25
1.3.10 Contratos pessoais e impessoais ............................................................... 26
1.3.11 Contratos civis e mercantis ......................................................................... 26
1.3.12 Contratos individuais e coletivos ............................................................... 27
1.3.13 Contratos causais e abstratos .................................................................... 27
1.4 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO CONTRATUAL ........................... 28
1.4.1 Princípio da autonomia da vontade .............................................................. 28
1.4.2 Princípio do consensualismo ........................................................................ 30
1.4.3 Princípio da força obrigatória ....................................................................... 30
1.4.4 Princípio da relatividade das convenções ................................................... 31
1.4.5 Princípio da boa fé ......................................................................................... 32
1.4.6 Princípio do equilíbrio econômico ................................................................ 33
1.4.7 Princípio da função social do contrato ........................................................ 34
2 CONTRATOS DE SEGURO .................................................................................. 35
2.1 CONCEITO ......................................................................................................... 35
2.2 NATUREZA JURÍDICA........................................................................................ 36
2.3 ELEMENTOS DO CONTRATO DE SEGURO .................................................... 37
2.3.1 Objeto .............................................................................................................. 37
12
2.3.2 Risco................................................................................................................ 38
2.3.3 Prêmio ............................................................................................................. 39
2.3.4 Indenização ..................................................................................................... 40
2.4 REQUISITOS CONTRATUAIS ............................................................................ 40
2.5 OBRIGAÇÕES DO SEGURADO E DO SEGURADOR ....................................... 42
2.5.1 Obrigação do segurado ................................................................................. 42
2.5.2 Obrigação do segurador ................................................................................ 44
2.6 INSTRUMENTOS CONTRATUAIS ..................................................................... 44
2.7 ESPÉCIES DE SEGURO .................................................................................... 47
2.7.1 Seguro de pessoa .......................................................................................... 47
2.7.1.1 Seguro de vida .............................................................................................. 48
2.7.1.2 Seguro contra acidentes ................................................................................ 49
2.7.1.3 Seguro contra acidentes pessoais ................................................................ 49
2.7.2 Seguro de dano .............................................................................................. 50
2.7.2.1 Seguro de fogo .............................................................................................. 50
2.7.2.2 Seguro de transportes ................................................................................... 51
2.7.2.3 Seguro agrário ............................................................................................... 51
2.7.3 Seguro mútuo ................................................................................................. 52
2.7.4 Seguro de responsabilidade civil ................................................................. 52
2.7.5 Performance bond .......................................................................................... 53
3 EMBRIAGUEZ AO VOLANTE ............................................................................... 54
3.1 TEORIA GERAL DOS CONTRATOS DE SEGUROS DE DANOS ..................... 54
3.1.1 Do contrato de seguro de veículos ............................................................... 55
3.2 DOS DEVERES DA SEGURADORA E DO SEGURADO, PREVISTOS EM LEI 57
3.3 CAUSAS EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E
EXTRACONTRATUAL NO PAGAMENTO AO SEGURADO .................................... 59
3.3.1 Contratual ....................................................................................................... 60
3.3.2 Extracontratual ............................................................................................... 61
3.3.2.1 Caso fortuito e força maior ............................................................................ 62
3.3.2.2 Culpa exclusiva da vítima .............................................................................. 64
3.3 EMBRIAGUEZ AO VOLANTE ............................................................................. 66
3.4 EMBRIAGUEZ AO VOLANTE COMO CLÁUSULA EXCLUDENTE DA
RESPONSABILIDADE DA SEGURADORA .............................................................. 68
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 76
13
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 78
14
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como produto final a monografia no Curso de
Direito da UNIVALI – São José, apresentando como tema A Embriaguez em face da
Responsabilidade Civil nos Contratos de Seguros, e vislumbrando como delimitação
“As causas excludente de responsabilidade da seguradora pela embriaguez do
segurado ao volante”.
A monografia tem como linha de pesquisa o Direito Civil e como área de
concentração, o Direito Contratual. A pesquisa tem objetivo institucional a
elaboração da monografia para a obtenção do título de bacharel em Direito.
Quanto aos objetivos investigatórios, estes podem ser gerais e específicos.
Estes se caracterizam por identificar as classificações e princípios que regem o
contrato; especificando a espécie contratual de seguros. E esclarecendo o objetivo
geral de analisar a responsabilidade indenizatória conforme o contido no Código
Civil Brasileiro de 2002.
A pesquisa apresentará como metodologia, o método investigatório dedutivo,
pois partirá da contextualização dos Princípios e classificações Contratuais, bem
como a Natureza Jurídica da matéria e a espécie contratual de seguros, tendo como
intuito o entendimento sobre a responsabilidade ao pagamento indenizatório com o
agravante de embriaguez do condutor, fundamentado por todo o conteúdo a ser
abordado. A técnica de pesquisa utilizada é a documentação indireta, através de
pesquisa documental (legislação, acórdãos e pareceres) e bibliográfica (jornais,
revistas, periódicos, dissertações, teses e livros publicados) e a Internet, servindo de
complementação no sentido de possibilitar a fundamentação e interpretação do texto
proposto.
A monografia apresenta como problemática qual a natureza Civil da
responsabilidade indenizatória perante o estado de embriaguez do condutor, e até
que ponto ela encontra proteção jurídica face ao direito Civil contratual.
A finalidade precípua desta pesquisa é esclarecer de forma clara e concisa,
que a responsabilidade indenizatória da seguradora perante o estado de embriaguez
do condutor não devem se confundir com a obrigação contratual e com a causa que
determinou o sinistro do veículo segurado, deve desta forma ser analisado a
15
influencia do teor alcoólico e as atitudes do condutor, bem como o dolo e culpa
exclusiva do ato.
Quanto ao aspecto científico, pretende-se que os operadores do direito, os
juristas, os professores, alunos e pesquisadores, ampliem seus conhecimentos e
interpretem corretamente e nos estritos termos a norma legal.
Concernente ao aspecto social é necessário esclarecer que se todos e
quaisquer seguros são amparados civilmente. O intuito da obrigação indenizatória
contratual perante o estado de embriaguez, não faz do ato de conduzir veículo
automotor embriagado ato permitido e amparado pela lei e sim delimitar a
responsabilidade contratual com base na culpa do condutor embriagado a fim de
comprovar que o estado etílico alcoólico do mesmo provou o sinistro.
Assim, certos de que, o Direito progredirá na medida em que revisa
permanentemente, suas próprias conclusões, espera-se, através deste breve
estudo, provocar a reflexão sobre o tema e contribuir de forma objetiva, para a
solução das controvérsias que se colocam quotidianamente, à mesa de todos que
lidam com a matéria de contratos.
Inicialmente, no primeiro capítulo, tecer-se-á algumas considerações sobre A
Teoria Geral dos Contratos sob a ótica histórica e sua evolução, seus conceitos,
suas classificações e seus princípios. Em seguida, será feito uma análise sobre a
espécie de contrato na atividade de seguros.
Já no segundo capítulo, analisar-se-á a o contrato de seguro, especificando
seus conceitos doutrinários, características em detrimento das espécies e suas
obrigações advindas, a natureza Jurídica sob a ótica do Código Civil em matéria
contratual. Além disso, analisar-se-á a visão do contrato sob o prisma de seus
elementos e requisitos que dão marquem a seu aperfeiçoamento.
No terceiro capítulo, abordar-se-á a embriaguez ao volante no contrato de
seguro de veículos em face suas peculiaridades contratuais, obrigacionais,
entendimento específico de embriaguez e as excludentes da responsabilidade pela
embriaguez ao volante.
Desta forma, e com base em apontamentos extraídos de diversos
doutrinadores, far-se-ão algumas observações sobre A Teoria Geral do Contratual e
as peculiaridades do Contrato de Seguros, em face da Responsabilidade Civil da
Seguradora perante o Estado de Embriaguez do segurado, a título de mera
exemplificação.
16
1 TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
Inicialmente, para melhor compreensão a respeito da evolução dos contratos
e estudo sobre os contratos de seguros, faz-se necessária abordagem acerca de
sua história, conceito, princípios e competência atual.
1.1 NOÇÕES HISTÓRICAS
Desde os primórdios da civilização, verificava-se a existência dos contratos.
Desde o convívio humano, na formação de determinadas tribos, onde constatava-se
uma harmonia de comportamentos, que passavam a ser respeitados e seguidos. As
relações comerciais,antes do surgimento da moeda, desenvolviam-se através das
trocas de mercadorias, onde dessas relações geravam regras e implícitos direitos e
deveres para os tácitos contratantes.1
Na idade média, com a chegada da civilização, os contratos começaram a
se concretizar em alguns povos, como por exemplo, no Egito, que partiu da
premissa contratual para o casamento, com a exigência de inscrição no registro
público, para estabelecer a filiação. Toda a relação contratual tinha forte influência
da igreja, as ações contratuais eram feitas perante juramento, na presença do
sacerdote.2
O direito romano constituiu forte influência aos contratos, foi a partir do
século v, antes de Cristo, que começaram a surgir leis e que delas advieram as
obrigações e os contratos. A essa época o que era contratado tinha como garantia a
vida, ou seja, o credor podia planear do corpo do devedor que viesse a inadimplir ou
ser impontual com a obrigação gerada pelo contrato.3
No direito romano, o gênero jurídico era as convenções que mantinham mais
duas classes: pacto e contrato. O pacto era o assentimento de duas ou mais
pessoas, que delas surgiam obrigações naturais, aliado ao entendimento que a
1 RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. Rio de Janeiro: Forense, 1988. p. 19. 2 RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. p. 20. 3 RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. p. 21.
17
vontade das partes constituía obrigações naturais. O contrato era o assentimento
que produzia obrigações civis, para isso deveria ser cominado com uma causa
civilis.4
Os romanos por ventura tinham uma noção superficial sobre as formas de
contrato, tinham conhecimentos de poucas espécies contratuais e a elas
determinavam rígidos contornos. Desta forma em sua maioria ocorriam obrigações
geradas por convenção não contratuais, as chamadas pactas. Como essas
obrigações não geravam ações, os pretores, magistrados da época, sob tamanhos
conflitos de interesses, tentavam contornar as situações e por sua vez estabeleciam
algumas eficácia e exceções, exceptio pacti conventi. Desta forma foram construídas
obrigações civis imperfeitas, pois convenções não contratuais não autorizavam
ações, mas tinham proteções indiretas, por meios das exceções concedidas.5
Através das exceções, os pretorianos, contribuíram para a evolução
contratual, pois gradativamente os pactos foram sendo julgados em ações,
administrando lenta e gradativa transformação e desaparecimento dos pactos e
posicionando as convenções seguradas por ações.6
A formação dos contratos foi influenciada pelo direito canônico, através das
normas que direcionavam a vida em sociedade, assegurando aos individuas as
garantias à vontade humana e o direito e liberdade de gerar entre si obrigações.7
Sobre a influência canônica, ensina Orlando Gomes:
A contribuição do canonistas constituiu basicamente na relevância que atribuíram, de um lado, ao consenso, e, do outro, à fé jurada. Em valorizando o consentimento, preconizaram que a vontade é a fonte da obrigação, abrindo caminho para a formulação dos princípios da autonomia da vontade e do consensualismo. A estimação do consenso leva a idéia de que a obrigação deve nascer fundamentalmente de um ato de vontade e que, para criá-lo, é suficiente a sua declaração. O respeito a palavra dada e o dever da veracidade justificam, de outra parte, a necessidade de cumprir as obrigações pactuadas, fosse qual fosse a forma do pacto, tornando necessária a adoção de regras jurídicas que assegurassem a força obrigatória dos contratos, mesmo os nascidos do simples consentimento dos contraentes.8
4 BESSONE, Darcy. Do contrato. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 7. 5 BESSONE, Darcy. Do contrato. p. 8. 6 BESSONE, Darcy. Do contrato. p. 8. 7 RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. p. 22. 8 GOMES, Orlando. Contratos. 26. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 6.
18
Período anterior a Revolução Francesa, século XVIII, filósofos,
enciclopedistas e juristas desenvolveram a teoria da autonomia da vontade humana
que se baseavam nas relações contratuais e suas obrigatoriedades.9
Ensina Orlando Gomes:
A Escola de Direito Natural, racionalistas e individualistas, influiu na formação histórica do conceito moderno de contrato ao defender a concepção de que o fundamento racional do nascimento das obrigações se encontrava na vontade livre dos contratantes. Desse juízo, inferiram seus pregoeiros o princípio de que o consentimento basta para obrigar (solus consensus obligat).10
O Código napoleônico, no ano de 1789, codificado na França, trouxe grande
evolução ao contrato. Em seu livro terceiro, o contrato está descriminado como
documento válido e de garantia para aquisição de propriedade, gerado do acordo de
vontades. Com a evolução contratual, ligada diretamente a aquisição de
propriedade, inicia-se a circulação econômica entre classes antes não favorecidas.11
Ensina Arnaldo Rizzardo:
[...] admitia-se a onipotência do cidadão na administração e na disponibilidade de todos os bens, garantindo amplamente o direito a propriedade e a faculdade de contratar com todas as pessoas nas condições e de acordo com as cláusulas que as partes determinassem.12
Na segunda metade do século XIX, a liberdade econômica já é vista pelo
Estado como propagação de idéias socialistas e comunistas e as intervenções
estatais vieram a combatê-las. Foi mantida a liberdade contratual, porem em
algumas tipificações contratuais há estabelecidas por organizações estatais algumas
determinações.13
1. 2 CONCEITO DE CONTRATO
A idéia de contrato aplica-se as relações humanas, no conjunto de
interesses que por meio de atos jurídicos, se formam, alteram ou resolvem
9 RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. p. 22. 10 GOMES, Orlando. Contratos. p. 6. 11 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p. 358. 12 RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. p. 23. 13 RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. p. 24.
19
determinadas vontades, que destas vem a gerar efeitos jurídicos.14
Definem-se por contratos os atos jurídicos que surgem com a concorrência
de vontades, na participação de pelo menos duas partes para a formação do
negócio jurídico ou acordo de vontades, ramificados com efeitos obrigacionais as
partes contratantes.15
Sob esta ótica, ensina Silvio Rodrigues:
[...] cada vez que a formação do negócio jurídico depender da conjunção de duas vontades, encontramo-nos na presença de um contrato, que é, pois, o acordo de duas ou mais vontades, em vista de produzir efeitos jurídicos.16
Esclarecido o conceito de contratos, passa-se a analisar as classificações
contratuais nas distinções de contratos unilaterais e bilaterais.
1.3 CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
Neste item, tratar-se-á da classificação dos contratos, conforme dados
colhidos da legislação e da doutrina que versa sobre a matéria.
1.3.1 Contratos unilaterais
Define-se por contrato unilateral, contratos que podem possuir duas partes
ou duas vontades, porem o efeito gerado pelo contrato atinge somente uma, ou seja,
somente uma parte se obriga em relação a outra, como por exemplo na promessa
de recompensa.17
Washington de Barros Monteiro ensina:
Contratos unilaterais são aqueles em que só uma das partes se obriga em face da outra; mercê deles, um dos contratantes é exclusivamente credor, enquanto o outro é exclusivamente devedor. É o caso da doação pura e simples, em que apenas o doador contrai
14 RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. p. 14. 15 GOMES, Orlando. Contratos. p. 10 16 RODRIGUES, Silvio. Direito Civil. 29. ed. v. III. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 9. 17 RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. p. 91.
20
obrigações, ao passo que o donatário só aufere vantagens, nenhuma obrigação assumindo, salvo o dever moral e gratidão.18
Os efeitos gerados pelos contratos unilaterais, revelam que uma parte é
credora e a outra devedora, somente uma se obriga em relação a outra no que for
contratado entre ambas.19
1.3.2 Contratos bilaterais
O contrato bilateral é aquele que tem a conjunção de duas ou mais
vontades, como ocorre, por exemplo, nos contratos de compra e venda e de
sociedade. Existem dois contratantes, caso haja mais do que duas partes, são
chamados de contratos plurilaterais.20
Sob esta ótica, ensina Arnaldo Rizzardo:
Ocorrendo mais de uma declaração de vontade, o ato jurídico é bilateral, podendo ou não ter natureza contratual. Torna-se o ato jurídico bilateral contrato quando cria, extingue ou modifica obrigações, como é verificável na locação de coisas, na qual ambas as partes se atribuem direitos e obrigações.21
Os contratos bilaterais são relações de vontades que coincidem e delas
geram efeitos e obrigações. Quando os efeitos e obrigações afetam as duas partes
caracteriza-se o contrato bilateral. Os efeitos do contrato geram as partes, direitos e
deveres concomitantemente, as obrigações contratuais de umas das partes
caracterizam os direitos de outra.22
Neste diapasão, ensina Washington de Barros Monteiro:
Entre outros os contratos bilaterais são a permuta, o seguro, a locação de serviços, o contrato de transportes, a constituição de renda, agência e distribuição, corretagem, comissão e transação. São igualmente chamados de sinalagmáticos, da palavra grega sinalagma, que quer dizer contrato com reciprocidade.23
18 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil. 36. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 27. 19 GOMES, Orlando. Contratos. p. 85. 20 BITTAR, Carlos Alberto. Curso de direito civil. v. 1. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1939. p. 439. 21 RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. p. 93. 22 GOMES, Orlando. Contratos. p. 85. 23 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil. p. 28.
21
A manifestação de vontade que houver reciprocidade das partes, e desta
resultar efeitos de deveres e direitos em relação ao negócio jurídico contratado, se
classificará como contrato bilateral.24
1.3.3 Contratos onerosos e gratuitos
Os contratos onerosos são formados de direitos e deveres, que destes
surgem proveito econômico para ambas as partes contratantes ou beneficiando
somente uma. Quando ambas as partes têm vantagens econômicas eles são
onerosos.25
Sílvio de Salvo Venosa, define contrato oneroso:
[...] ambos os contratantes têm direitos e deveres, vantagens e obrigações; a carga ou responsabilidade contratual está repartida entre eles, embora nem sempre em igual nível. As partes concedem-se reciprocamente direitos e reciprocamente contraem obrigações. A onerosidade indentifica-se primordialmente pela contraprestação que se segue à prestação pela vantagem que decorre de um sacrifício do contratante. Pode ocorre que o dever de um dos contratantes esteja em âmbito que o do outro.26
Os contratos gratuitos não visam interesse econômico, parte da liberalidade
de fazer ou não fazer algo em benefício a alguém. São motivados pela ordem
religiosa, moral ou até mesmo psicológica, como por exemplo, na doação de
alimentos para crianças carentes.27
Quando os contratos gratuitos visam interesses econômicos eles são
considerados como não imediato, como por exemplo, na doação de alimentos a
crianças carentes feita por uma empresa, que através desse ato tende a aumentar
suas rendas através da publicidade feita com as doações.28
Sílvio de Salvo Venosa, define contrato gratuito, como “[...] toda a carga de
responsabilidade contratual fica por conta de um dos contratantes; o outro só pode
auferir benefícios do negócio”. 29
24 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil. p. 28. 25 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil. 3. ed. v. III. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 44. 26 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil. p. 400. 27 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil. p. 45. 28 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil. p. 45. 29 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil. p. 399.
22
1.3.4 Contratos consensuais ou reais
Para os contratos consensuais, bastam o mero consentimento das partes,
nas vontades expressadas nos contratos, para eles se concretizarem
aperfeiçoados.30
Arnaldo Rizzardo define contrato consensual, como “[...] o contrato que
depende exclusivamente do consentimento das partes, dispensando qualquer forma
especial ou solene”. 31
Já para os contratos reais, não basta somente o consentimento das partes,
para seu aperfeiçoamento deve haver á tradição de coisa móvel, ou seja, enquanto
as partes não entregar algo a outra não está aperfeiçoada o contrato.32
Os contratos são reais “[...] só se aperfeiçoam com a entrega da coisa que
constitui seu objeto. No contrato dito real, o mero consentimento das partes, o
acordo de vontades, é insuficiente para ter-se o contrato cumprido”. 33
1.3.5 Contratos solenes e não solenes
Os contratos solenes, segundo a forma que eles se aperfeiçoam, dependem
de forma escrita por lei, por exigência formal expressa em lei são também chamados
de formais.34
Para Orlando Gomes, os contratos solenes são aqueles que “[...] só se
aperfeiçoam quando consentimento é expresso pela forma prescrita na lei. Nesses
casos, a vontade das partes não basta à formação do contrato”.35
Os contratos não solenes são aqueles que possuem forma livre, ou seja, não
dependem de instrumento público o concretizando para o seu aperfeiçoamento,
30 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil. p. 47. 31 RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. p. 108. 32 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil. p. 48. 33 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil. p. 411. 34 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. p. 36. 35 GOMES, Orlando. Contratos. p. 92.
23
porem por vontade das partes podem se tornar, quando for pré estabelecido que o
contrato só estará perfeito através de instrumento público.36
Para Orlando Gomes, os contratos não solenes são aqueles que “[...] a
vontade pode ser declarada verbalmente ou por escrito particular, consistindo o
consentimento, muitas vezes, até em um começo da execução. Existem e valem
independente mente da forma adotada pelos contraentes.37
A consideração na distinção entre contratos solenes e não solenes está na
nulidade que acarreta o contrato solene, caso não seja obedecida à forma prescrita
por lei. Porem ocorrerá nulidade se a solenidade por exigida para comprovar a
declaração entre as partes.38
1.3.6 Contratos principais e acessórios
Contratos principais são aqueles que existem, sem precisar de outro para
sua perfeição, como por exemplo, o contrato de locação.39
Ao contrário, os contratos acessórios tem por finalidade completar ou
mesmo garantir a execução de outro contrato, como por exemplo, a fiança que vem
em contrapartida a execução de outro contrato.40
Silvio de Salvo Venosa, ensina:
[...] será principal quando não depende juridicamente de outro. É acessório, por oposto, o contrato que tem dependência jurídica de outro. É exemplo clássico de contrato acessório a fiança. Esta só existe para garantir outro contrato ou outra obrigação. Desaparece, se nada mais houver a garantir. O contrato acessório, assim como os bens em geral nessa situação, não tem autonomia. Assim, nula a obrigação principal, desaparece o contrato acessório, porém a nulidade do contrato acessório não contamina o contrato principal. Nesse mesmo passo, uma vez prescrita a obrigação principal, desaparece o contrato acessório. A recíproca não é logicamente verdadeira.41
Tratado, brevemente, sobre os contratos principais e acessórios, passa-se
36 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. p. 36. 37 GOMES, Orlando. Contratos. p. 92 38 GOMES, Orlando. Contratos. p. 92 39 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil. p. 34. 40 COELHO, Fábio Ulhoa. Curdo Curso de direito civil. p. 34. 41 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil. p. 414.
24
ao subtítulo seguinte que examinará os contratos instantâneos e de duração.
1.3.7 Contratos instantâneos e de duração
Os contratos instantâneos são aqueles que sua prestação obrigacional é
prestada ou esgotada em um único instante.42
Silvio de Salvo Venosa, ensina:
Contrato é de execução instantânea quando as partes adquirem e cumprem seus direitos e obrigações no mesmo momento da celebração do contrato. É o que ocorre na compra e venda a vista, quanto ao pagamento se contrapõe a tradição da coisa.43
Os contratos de duração são aqueles em que suas prestação obrigacionais
são esgotada ao longo do tempo, em prestações. A duração da prestação depende
da vontade das partes, que é previamente determinada na celebração do contrato.44
Carlos Alberto Bittar define contrato de duração:
[...] são aqueles em que a obrigação persiste, realizando-se o cumprimento em períodos, ou em prestações definidas pelas partes (como nas vendas a prazo, ou a prestação; na prestação de serviços; nas locações; nos financiamentos). A solução do ajuste depende, pois, de execução periódica de ações ou de abstenções, até a respectiva exaustão, com a completa satisfação dos direitos do credor, ou a ocorrência de causa de extinção (contratos também chamados de trato sucessivo).45
Vistas as peculiaridades dos contratos instantâneos e de duração, estuda-se
na sequência sobre os contratos de execução imediata e de execução diferida.
1.3.8 Contratos de execução imediata e de execução diferida
Os contratos de execução imediata são aqueles que cumprem a execução,
gerada por obrigações de ambas as partes, no mesmo momento, como por
42 GOMES, Orlando. Contratos. p. 93. 43 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil. p. 414. 44 GOMES, Orlando. Contratos. p. 94. 45 BITTAR, Carlos Alberto. Curso de direito civil. p. 495.
25
exemplo, o contrato de compra e venda.46
Os contratos de execução diferida têm sua execução em momento futuro,
gerada por obrigações de ambas as partes ou somente uma delas. Suas obrigações
são geradas futuramente ou periodicamente, como por exemplo, nos contrato de
locação de imóvel.47
Sob esta ótica, ensina Orlando Gomes
Os contratos de execução diferida impõem-se, às vezes, como conseqüência da natureza da prestação prometida. Casos há, com efeito, nos quais não pode ser satisfeita contemporaneamente à formação do contrato, mas ordinariamente a execução se protai em virtude de cláusula que subordina a um termo. Dizem-se, por isso, contrato a prazo.48
Apresentados os contratos de execução imediata e de execução diferida,
demonstra-se a seguir sobre os contratos típicos e atípicos.
1.3.9 Contratos típicos e atípicos
Os contatos típicos são aqueles que possuem uma figura típica contratual,
determinada pelo legislador, é também chamado de contrato nominado, pois possui
a denominação em suas cláusulas. Como por exemplo, o empréstimo.49
Sob esta ótica, ensina Carlos Alberto Bittar:
Nominados são aqueles que contam com denominação e com esquematização normativa definitiva no ordenamento jurídico positivo. Constam das codificações ou de leis especiais, que lhes traçam os contornos; são tipificados, pois, consoante linhas que permitem a identificação de um núcleo próprio.50
Os contratos atípicos são aqueles que não possuem uma figura contratual
típica determinada pelo legislador, também chamado de contrato inominado, por não
ter especificado denominação. Como por exemplo, a corretagem.51
Sob esta ótica, ensina Carlos Alberto Bittar:
46 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. p. 38. 47 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. p. 38. 48 GOMES, Orlando. Contratos. p. 96. 49 RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. p. 106. 50 BITTAR, Carlos Alberto. Curso de direito civil. p. 486. 51 RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. p. 106.
26
Inominados são aqueles que, resultantes do desenvolvimento negocial, não possuem regulamentação legal, ou mesmo estruturação legal característica; ficam, pois, submetidos a disciplinação consensual, dentro da idéia de autonomia de vontade; têm seu contexto regulado pelas partes, mas, também, preordenados ou, mesmo, disciplinado à luz da ordem legal geral.52
Demonstrados alguns aspectos dos contratos típicos e atípicos, vê-se na
sequência sobre os contratos pessoais e impessoais.
1.3.10 Contratos pessoais e impessoais
O contrato é pessoal quando, para sua perfeição é determinante o nome da
parte. A determinação das partes é de interesse contratual, ou seja, pretende-se
contratar com aquela pessoa, pois seu interesse é que as obrigações oriundas do
contrato sejam cumpridas por específica pessoa. Para esse contrato a pessoa tem
elemento essencial do contrato.53
O contrato impessoal é aquele que não importa quem irá cumprir a
obrigação e sim que ela será cumprida e desta forma a satisfação das obrigações
contratuais que podem ser cumpridas por qualquer pessoa.54
1.3.11 Contratos civis e mercantis
O mesmo contrato pode ser considerado civil ou comercial, baseando-se na
finalidade econômica do mesmo. Os contratos Civis são aqueles que se manifestam
na vida em sociedade, já os contratos Mercantis estão relacionados ao direito
comercial, ou seja, as atividades empresariais.55
52 BITTAR, Carlos Alberto. Curso de direito civil. p. 486. 53 GOMES, Orlando. Contratos. p. 97. 54 BITTAR, Carlos Alberto. Curso de direito civil. p. 487. 55 BITTAR, Carlos Alberto. Curso de direito civil. p. 488.
27
O contrato pode ser civil e mercantil ao mesmo tempo, exemplo deste é o
contrato de compra e venda que pode ser concretizado no âmbito civil ou
comercial.56
1.3.12 Contratos individuais e coletivos
Para os contratos individuais é considerada impreterivelmente a vontade
individual de cada uma das partes. Cada contratante participa com seu interesse
individual. Pode se celebrar contrato com um grupo, porem na celebração tem que
ser levado em conta a vontade individual de cada um.57
No contrato coletivo é determinada a vontade do grupo para a concretização
do contrato. Não é considerada a vontade individual de cada contraente e sim a
vontade do grupo. Caso a vontade do grupo não seja totalmente concordante se
valerá pela maioria para a conclusão dos interesses do grupo na celebração e
execução do contrato.58
1.3.13 Contratos causais e abstratos
Os contratos causais são definido pelas causas que podem tornar nulo o
contrato, as causas que são pré-requisito para a validade contratual. O contraente
deve provar as invalidades inexistentes do contrato, devido da não ocorrência de
causa ou gerado por fatos ilícitos ou imorais.59
Os contratos abstratos são aqueles que geram obrigações independentes da
causa contratual, como por exemplo, o negocio cambial que gera responsabilidades
no compromisso das promissórias assinadas independente das causas que levaram
ao ato contratual.60
56 BITTAR, Carlos Alberto. Curso de direito civil. p.488. 57 RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. p. 128. 58 RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. p. 128. 59 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. p. 34. 60 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. p. 35.
28
1.4 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO CONTRATUAL
Antes que se aprofunde ao estudo dos princípios do direito contratual, é
fundamental que se tenha conhecimento a respeito do conceito de princípio. Para
Fabio Ulhoa Coelho no ramo dos contratos os princípios são “Um dos mais
importantes instrumentos tecnológicos de tempero da racionalidade econômica e
valores de justiça que cercam os conflitos de interesses entre as partes de um
contrato”.61
Para o autor Silvio Rodrigues, os princípios são:
[...] três princípios básicos constituíram o alicerce da teoria contratual: I – o princípio da autonomia da vontade, apenas limitado pela supremacia da ordem pública; II – o princípio da relatividade das convenções; III – o princípio da força vinculante do contrato, ou da obrigatoriedade das convenções.62
Para o autor Orlando Gomes, os princípios são “1) o da autonomia da
vontade; 2) o do consensualismo; 3) o da força obrigatória; 4) o da boa-fé”.63
Os três primeiros princípios mencionados pelo autor orlando Gomes, são
considerado os princípios tradicionais do ramo contratual. O principio da boa-fé
assume posição de novo na doutrina contemporânea e ainda há mais dois princípios
atualmente codificados 5) princípio do equilíbrio econômico do contrato; 6) princípio
da função sócia do contrato.64
1.4.1 Princípio da autonomia da vontade
Considera-se por este princípio, a liberdade de contratar através de ato
jurídico, vontades individuais ou concurso de vontades. Toda pessoa desde que
capaz tem a liberdade de contratar com outrem e assumir efeitos desse ato.65
61 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil. p. 23. 62 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. p. 15. 63 GOMES, Orlando. Contratos. p. 25. 64 GOMES, Orlando. Contratos. p. 25. 65 GOMES, Orlando. Contratos. p. 25-26.
29
Washington de Barros Monteiro, ensina sobre o principio de autonomia da
vontade “[...] têm os contratantes ampla liberdade para estipular o que lhes
convenha, fazendo assim do contrato verdadeira norma jurídica, já que o mesmo faz
lei entre as partes”.66
O princípio da autonomia da vontade abrange além da liberdade de criação
do contrato, a liberdade de contratar propriamente dita, a liberdade de estipular
contrato e a liberdade de determinar o conteúdo do contrato.67
A liberdade de contratar consiste na decisão da parte, de contratar ou não,
decidindo desta forma através de interesses e vontades. Para este caso há
exceções, como por exemplo, o seguro obrigatório onde ocorre a obrigação de
contratar com as companhias seguradoras imposta pela lei.68
A liberdade de estipular contrato consiste na escolha da parte contratante, ou
seja, com quem irá contratar, também há exceções, como por exemplo, os serviços
públicos realizados sob o regime de monopólio.69
E a liberdade de determinar o conteúdo do contrato consiste em definir o que
irá ser contratado, o conteúdo do contrato, conforme interesses e vontades das
partes, podendo escolher as modalidades contratuais determinadas por lei.70
Sobre o princípio da autonomia da vontade, ensina Walter Brasil Mujalli:
[...] consiste em prerrogativas conferidas aos indivíduos de criarem relações na órbita do direito, desde que se submetam às regras impostas pela Lei. As partes podem, assim, usar da liberdade conferida pela Lei, que lhes reconhece o direito de contratar livremente. 71
Apresentadas algumas considerações acerca do princípio da autonomia da
vontade, examina-se a seguir sobre o princípio do consensualismo.
66 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil. p. 9. 67 GOMES, Orlando. Contratos. p. 26. 68 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 1995. p. 27. 69 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. p. 27. 70 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. p. 28. 71 MUJALLI, Walter Brasil. Teoria geral dos contratos. São Paulo: Forense, 1998. p. 32.
30
1.4.2 Princípio do consensualismo
O consenso entre as partes no ato de contratar, por si só já se concretiza a
formalização do contrato, ou seja, a aprovação, o acordo entre as partes é suficiente
para a formalização do mesmo.72
Não é exigido para a formação do contrato, nenhuma forma especial ou
determinado ritual. O consensualismo basta para concretizar o contrato. Porem
ocorre em alguns casos, por serem solenes, condições de validades, condicionada a
determinadas exigências ou formalidades estabelecidas em lei a serem cumpridas.73
Sobre o princípio do consensualismo, ensina Carlos Alberto Bittar:
Não havendo consenso, não há contrato, mesmo que externamente possa aparentar. Também se não apresenta essa figura nos atos coligados (decisões de assembléia ou de outros órgãos), pois prospera a vontade geral ou da maioria (como uma só manifestação).74
Analisado o princípio do consensualismo, verifica-se no subtítulo seguinte
sobre o princípio da força obrigatória.
1.4.3 Princípio da força obrigatória
O principio da força obrigatória, define o conteúdo contratual como leis entre
as partes, ou seja, em cada clausula contratual, em cada vontade manifestada e
contratada entre ambas, deriva-se uma obrigação que deve ser cumprida como
norma legal.75
Carlos Alberto Bittar ensina:
A idéia ética de honra à palavra dada embasa também a formulação em causa, em razão da segurança necessária ao comércio jurídico. Significa, portanto, que, empenhada a palavra em torno da operação visada, as partes devem cumprir as obrigações assumidas e exatamente na satisfação dos interesses postos na contratação.76
72 GOMES, Orlando. Contratos. p. 37. 73 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. p. 30. 74 BITTAR, Carlos Alberto. Curso de direito civil. p. 447. 75 GOMES, Orlando. Contratos. p. 38. 76 BITTAR, Carlos Alberto. Curso de direito civil. p. 455.
31
As cláusulas não podem ser canceladas ou modificadas, pois para o ato de
revogação contratual depende de outro concurso de vontades, diferentes das já
contratadas entre as partes e que delas surgiram os efeitos obrigacionais.77
A obrigatoriedade dos contratos define as obrigações das partes no que foi
ajustado entre elas. As partes contratam partindo da autonomia da vontade, porem
obrigam-se a cumprir os efeitos por elas gerados, as clausulas contratuais, que
definem os direitos e deveres de ambas as partes.78
Os ditames contratuais são assegurados pela ordem jurídica que preza pela
segurança da relação do comércio jurídico. O que foi contrato passa a ser lei entre
as partes, Pacta Sunt Servanda.79
1.4.4 Princípio da relatividade das convenções
Define o vínculo que possui o contrato. Ao contratar com outrem, os efeitos
gerados vinculam somente entre as partes, não prejudicando ou colocando em
proveito de terceiros.80
Neste sentido ensina Silvio Rodrigues:
[...] os efeitos do contrato só se manifesta entre as partes, nem prejudicando terceiros. O que, aliás, é lógico. Como o vínculo contratual emana da vontade das partes, é natural que terceiros não possam ficar atados a uma relação jurídica que lhes não foi imposta pela lei nem derivou de seu querer.81
Neste diapasão ensina Orlando Gomes:
A existência de um contrato é um fato que não pode ser indiferente a outras pessoas, às quais se torno oponível. Os efeitos internos, isto é, os direitos e obrigações dos contratantes, a eles se limitam, reduzem-se, circunscrevem-se. Em regra, não é possível criar, mediante contrato, direitos e obrigações para outrem.82
O princípio da relatividade sofre exceções, como por exemplo, nos casos de
herdeiros universais, a pessoa que herda não é participe da formação do contrato,
77 GOMES, Orlando. Contratos. p. 38 78 MUJALLI, Walter Brasil. Teoria geral dos contratos. p. 33. 79 MUJALLI, Walter Brasil. Teoria geral dos contratos. p. 33. 80 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. p. 31. 81 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. p. 17. 82 GOMES, Orlando. Contratos. p. 46.
32
porem se beneficia dele, sofre efeitos, o de receber o que lhe foi herdado. Das
obrigações do de cujus, só é transmitido ao herdeiro transmite ao herdeiro o poder
de herança.83
1.4.5 Princípio da boa fé
De acordo com o principio da boa-fé, a interpretação ao que foi contratado é
mais significativa do que o conteúdo literalmente redigido. A intenção do contratante
prepondera à linguagem usada para contratar vontades.84
Ensina Arnaldo Rizzardo:
As partes são obrigadas a dirigir a manifestação da vontade dentro dos interesses que as levaram a se aproximarem, de forma clara e autêntica, sem o uso de subterfúgios ou intenções outras que as não expressas no instrumento realizado.85
O principio de boa-fé, rege sobre a ajuda mutua entre as partes, não
podendo elas agir com o intuito de obstruir, interromper ou dificultar a ação da outra.
As partes devem agir com ética e estipular suas vontades, através de clausulas que
não manifestem algum tipo de abuso ou deslealdade, como por exemplo, clausula
contratual que exonera o fornecedor da responsabilidade sobre vícios do produto ou
serviço.86
Washington de Barros Monteiro, complementa:
A boa-fé juntamente com a probidade oferece a segurança das relações jurídicas, ou seja, dependem da confiança a respeito mútuos, da lealdade e da equivalência das prestações e contraprestações. A ausência desses princípios basilares torna o negócio jurídico viciado, pois deturpa o consentimento das partes. Apesar das contraposições de interesses, as condutas das partes subordinam-se a regras comuns da honestidade, reconhecida perante a boa-fé [...].87
83 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. p. 31. 84 GOMES, Orlando. Contratos. p. 43. 85 RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. p. 44. 86 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. p. 32. 87 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil. p. 11.
33
Ao principio da boa fé, há duas divisões: boa-fé objetiva, que é relacionada a
elementos externos, normas de conduta de um individuo e a boa-fé subjetiva, que
elementos psicológicos do individuo.88
A boa fé objetiva se caracteriza pela conduta do indivíduo, relacionada como
a cultura social estabelecida e conhecida por ele. Um individuo interpreta a boa-fé
com base em parâmetros culturais repassados pela regra de conduta existente na
sociedade onde vive.89
Orlando Gomes, entende como boa fé objetiva a “correspondente a uma
regra de conduta, um modelo de comportamento social, algo, portanto, externo em
relação ao sujeito”.90
A boa-fé subjetiva é interpretada ao estado subjetivo do sujeito, ou seja, ao
estado psicológico. A hermenêutica utilizada é como a boa-fé foi interpretada e qual
a intenção de boa-fé havia.91
Sílvio de Salvo Venosa, define boa fé subjetiva:
[...] boa-fé subjetiva, o manifestante de vontade crê que sua conduta é correta, tendo em vista o grau de conhecimento que possui de um negócio. Para ele há um estado de consciência ou aspecto psicológico que deve ser considerado.92
Estudado o princípio da boa fé, observa-se na sequência sobre o princípio
do equilíbrio econômico.
1.4.6 Princípio do equilíbrio econômico
Este princípio representa a limitação do princípio da força obrigatória, pois
em casos de onerosidade superveniente, encontram proteção no Código Civil, sob a
figura de lesão e de revisão contratual.93
Washington de Barros Monteiro destaca que os contratos podem ter “sua
eficácia afetada pelos vícios comuns a todos os negócios jurídicos”. 94
88 GOMES, Orlando. Contratos. p. 43. 89 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil. p. 376. 90 GOMES, Orlando. Contratos. p. 43. 91 GOMES, Orlando. Contratos. p. 45. 92 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil. p. 375. 93 GOMES, Orlando. Contratos. p. 48.
34
Trata-se, portanto de uma proteção contratual, que tem por objetivo inibir
enriquecimento ilícito. Possui desta forma ferramentas para verificar o equilíbrio
econômico do contrato, como por exemplo: revisão ou resolução contratual que
consiste de possibilidade de alterações circunstanciais do contrato.95
1.4.7 Princípio da função social do contrato
Este princípio define que cada contrato tem um objetivo, gerado por
vontades individuais, porem vivemos em sociedade e cada objetivo individual,
integra o objetivo social.96
A função social tem influencia na evolução contratual e no capitalismo, que
fez do contrato não somente meio de adquirir propriedade, mas criar empresas,
sociedades, que venham a utilizar financiamentos e desta forma movimentar o
mercado econômico. O contrato é um instrumento que concretiza além de interesses
individuais os interesses da coletividade, da sociedade.97
É um meio de garantia dos interesses sociais, que pode torná-lo
juridicamente ineficaz, como por exemplo, em um contrato com interesses privados o
meio ambiente esta sendo atingido e desta forma a sociedade. A função social limita
o contrato e seus objetivos no seu desenvolvimento de interesses, não no momento
inicial do contrato.98
Washington de Barros Monteiro, ensina:
O contrato não mais é visto pelo prisma individualista de utilidade para os contratantes, mas no sentido social de utilidade para a comunidade; assim, pode ser vedado o contrato que não busca esse fim.99
Apresentados os conceitos e caracteríticas dos contratos em geral, analisa-se
no capítulo seguinte as particularidades do contrato de seguro.
94 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil. p. 8. 95 GOMES, Orlando. Contratos. p. 48. 96 GOMES, Orlando. Contratos. p. 48. 97 GOMES, Orlando. Contratos. p. 49. 98 GOMES, Orlando. Contratos. p. 50. 99 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil. p. 10.
35
2 CONTRATOS DE SEGURO
Neste capítulo, apresentar-se-á o conceito, a natureza jurídica, os
elementos, os requisitos e demais aspectos inerentes aos contratos de seguro,
conforme verifica-se na sequência.
2.1 CONCEITO
O contrato de seguro é um dos contratos regulados pelo Código Civil que
por sua vez trata da matéria nos artigos 757 ao 802. Trata-se de contrato de garantia
entre as partes, ou seja, o segurado comprometendo-se ao pagamento de um
prêmio vê-se garantido do ressarcimento dos prejuízos de um eventual sinistro, ou
seja, um desastre, sob o patrimônio assegurado.100
Caso ocorra um eventual sinistro, o segurado terá direito a um novo bem ou
a quantia equivalente ao bem assegurado. Indenizado pela seguradora, conforme o
que foi determinado contratualmente.101
A questão indenizatória compreende somente o que pré-estabelecido no
contrato. O segurador não garante indenização aos danos ocorridos, se não aqueles
determinados no contrato.102
Sob esta ótica, ensina Silvio Rodrigues:
O objeto do negócio é o risco que o segurado transfere ao segurador. Através daquele desembolso limitado, o segurado adquire a tranqüilidade resultante da persuasão de que o sinistro não o conduzirá à ruína, pois os prejuízos, que porventura lhe advierem, serão cobertos pelo segurador.103
Com a edição do decreto lei nº 73, de 21.11.1966 foi constituído um estatuto
que regula, supervisiona e fiscaliza as atividades das seguradoras, através do órgão
chamado SUSEP, Superintendência de Seguros Privados. Tem como objetivo a
100 RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008. p. 841. 101 RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. 2008. p. 841. 102 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: contratos em espécie. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 339. 103 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. 30. ed. v. III. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 332.
36
inscrição das seguradoras para organização e segurança da atividade. Atualmente
ela permanece com a mesma nomenclatura, com autarquia vincula ao Ministério da
Fazenda.104
2.2 NATUREZA JURÍDICA
O contrato de seguro é contrato bilateral, por tratar-se de negócio jurídico
celebrado entre as partes, onde prevê direitos e obrigações recíprocas na
consolidação de seus interesses, para ambos contratantes, segurado e
segurador.105
Sob esta ótica ensina Silvio Rodrigues:
[...] envolve prestações recíprocas de cada uma das partes, sendo que a prestação de um dos contratantes só se justifica em face da prestação do outro. O segurador assume o risco que lhe transfere o segurado porque deseja o prêmio. O segurado paga o prêmio porque visa livrar-se do risco que o preocupa.106
É oneroso, pois trata-se de negócio jurídico que visa a obtenção de
vantagem entre as partes, ou seja, o segurado visa a proteção do seu patrimônio ou
o ressarcimento aos prejuízos causados a ele, e o segurador mantém a obrigação
de responsabilidade a eventuais danos causados ao bem através do pagamento do
prêmio.107
É aleatório, pois trata-se de obrigações distintas entre as partes que podem
ser realizar ou não, tratando-se de casos eventuais os contratantes não sabem ao
celebrar o contrato o que acontecerá ao final.108
Ensina Fran Martins
O contrato se apresenta como aleatório porque o evento previsto, que constitui o risco, pode acontecer ou não. Poder-se-ia dizer, nos seguros de vida, que a morte do segurado um dia acontecerá, o que tiraria o caráter aleatório do contrato. Mas, se tal fato há de acontecer, há data incerta para a sua ocorrência.109
104 RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. 2008. p. 842. 105 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: contratos em espécie. p. 340. 106 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. 2004. p. 336. 107 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: contratos em espécie. p. 340. 108 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. 2004. p. 336 109 MARTINS, Fran. Contratos e obrigações comerciais. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001. p. 360.
37
O contrato de seguro configura-se como contrato de adesão, pois o
segurador tem suas clausulas contratuais uniformizadas, expostas através da
apólice de seguro, e compete ao segurado apenas aceitá-las.110
É um contrato simplesmente consensual, pois necessita para sua perfeição
do consentimento das partes, concretizado através da forma escrita, que para o
contrato de seguros é obrigatória.111
2.3 ELEMENTOS DO CONTRATO DE SEGURO
Neste item, verificar-se-á os elementos integrantes do contrato de seguro,
como também os seus conceitos e demais características.
2.3.1 Objeto
O objeto dos contratos de seguros caracteriza-se como o interesse
segurável, a coisa a que se quer proteger ou o risco a que se quer prevenir. Para
que possa ocorrer o negócio jurídico de seguro é preciso que haja o objeto a ser
segurado, como por exemplo, seguro sobre um veículo, pode segurar-se o
patrimônio contra perdas ou estrago ou mesmo danos que venham a causar a
terceiros.112
A coisa segurada, ou seja, o patrimônio que se pretende segurar com receio
de que venha a sofrer danos, caracteriza-se como o objeto de risco. Sendo desta
forma a seguradora responsável por cobrir no aspecto econômico-social os prejuízos
causados pelo risco em que o patrimônio possa estar submetido.113
Sob esta ótica, Fran Martins define que o “Interesse segurável é aquilo que
constitui o objeto do contrato; é, justamente, através do interesse segurável que se
110 GOMES, Orlando. Contratos. p. 506. 111 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: contratos em espécie. p. 344. 112 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: contratos em espécie. p. 344. 113 KRIEGER FILHO, Domingos Afonso. O contrato de seguro no direito brasileiro. Rio de Janeiro: Labor Juris, 2000. p. 52.
38
calcula a indenização visada pelo seguro. Dever ser lícito, em relação ao segurador
[...]”.114
Neste diapasão, ensina Silvio Rodrigues:
O objeto do negócio é o risco, que o segurado transfere ao segurador. Através daquele desembolso limitado, o segurado adquire a tranqüilidade resultante da persuasão de que o sinistro não o conduzirá à ruína, pois os prejuízos, que porventura lhe advierem, serão cobertos pelo segurador.115
Visto o primeiro elemento do contrato de seguro, examina-se a seguir o
segundo elemento, qual seja, o risco.
2.3.2 Risco
Risco é a eventual sucessão de fatos que venham a acontecer, porém já são
previstos no contrato de seguro. Quando o fato previamente descrito como risco
ocorre é chamado de sinistro.116
João Marcos Brito Martins define risco, como:
[...] probabilidade de perda ou como qualquer resultado diferente do esperado, pois o núcleo central será sempre a incerteza. O risco é algo intangível. È uma sensação que nos cerca e que não somos capazes de definir. Somente sentimos. E, quase sempre, temos a falsa percepção acerca da realidade que nos cerca por nos faltar o conhecimento na observação de certos fenômenos.117
Chama-se apólice o contrato de seguro, que descrimina os riscos a qual esta
assegurado o patrimônio ou bem, todavia, o início e o final da vigência do contrato a
qual a seguradora se responsabiliza pelo risco pré-estabelecidos na apólice.118
O risco pode ser ordenado, conforme o bem, ou seja, em casos de
necessidades de cobrir eventual risco a saúde, é celebrado o seguro de saúde, ou
114 MARTINS, Fran. Contratos e obrigações comerciais. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001. p. 356. 115 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. 2004. p. 332. 116 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: contratos em espécie. p. 345. 117 MARTINS, João Marcos Brito. O contrato de seguro. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005. p. 28. 118 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: contratos em espécie. p. 345.
39
prevenir danos causados ao patrimônio ou a terceiros em acidente de trânsito, é
celebrado o seguro de automóvel.119
Sem a possibilidade de risco eventual ao bem ou patrimônio é nulo o
contrato de seguro, que tem a finalidade de assegurar eventuais riscos. Se o
segurado já tem conhecimento do sinistro certo, antes da celebração do contrato,
não terá direito ao ressarcimento feito pela seguradora que foge neste caso do
objetivo da sua atividade.120
2.3.3 Prêmio
Prêmio é a quantia paga pelo segurado ao segurador, pela contraprestação
dos riscos assumidos, que conforme as possibilidades eventuais de risco acarretam
em aumento no valor do premio. Caso o pagamento não seja realizado pelo
segurado na data fixada, o contrato não tem validade.121
Ensina Silvio Rodrigues:
O prêmio é a contraprestação devida pelo segurado, ao segurador, em troca do risco por este assumido. Teoricamente, esse prêmio deveria corresponder exatamente à importância que o segurador necessita para saldar a soma dos riscos de que se encarrega (prime purê).122
O regulamento de seguros, garante ao segurado o pagamento da
indenização, caso o sinistro ocorra no período em que esta sendo formalizada a
apólice e antes do prazo fixado para o pagamento do premio, este período se dá o
nome de suspensão da cobertura.123
Sob esta ótica, Silvio de Salvo Venosa, ensina:
O contrato pode prever o pagamento do prêmio dentro de 30 dias da assinatura da proposta ou emissão da apólice. Nessa situação, ocorrido o sinistro, é devida a indenização. No entanto, o pagamento do prêmio sempre será devido pelo segurado.124
119 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil. p. 342. 120 MARTINS, Fran. Contratos e obrigações comerciais. p. 362. 121 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. 2004. p. 338. 122 MARTINS, Fran. Contratos e obrigações comerciais. p. 363. 123 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: contratos em espécie. p. 354. 124 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil. p. 342.
40
Para sua formação é divido em dois elementos indispensáveis, que se dá o
nome de prêmio puro e de taxa de corretagem. O prêmio puro é a avaliação dos
riscos pela seguradora a qual está sujeito o bem desta avaliação se faz a base de
calculo que acrescentada as despesas do segurador, que é chamada de taxa de
corretagem esta calculado e estabelecido o valor do prêmio.125
2.3.4 Indenização
Indenização nos contratos de seguros é o pagamento do sinistro feito pela
seguradora ao segurado. Conforme a espécie de seguro a indenização pode ser em
dinheiro, uma reparação a danos causados ou mesmo a substituição do bem.126
O contrato de seguro, através da apólice, especifica como será a
indenização pelo sinistro ocorrido. Desta forma ambos os contratantes, segurado e
segurador, não podem reclamar ou modificar a indenização estipulada na apólice,
como por exemplo, em caso de seguro de automóvel que sofre sinistro em um
acidente de trânsito, a seguradora poderá prestar a indenização através do conserto
do automóvel ou em quantia estipulada na apólice, porém só prestara a indenização
nas formas em que tem direito outorgado.127
O valor da indenização tem teto especificado na apólice, ou seja, poderá o
segurado celebrar o seguro de um bem com valor superior ao teto máximo da
seguradora, porem admite pra si parte da responsabilidade no caso de sinistro,
chama-se de segurador de si mesmo.128
2.4 REQUISITOS CONTRATUAIS
O contrato de seguro, para sua perfeição é dependente de alguns requisitos,
geridos pelas normais gerais dos contratos. Para o contrato de seguro os requisitos
125 MARTINS, Fran. Contratos e obrigações comerciais. p. 363. 126 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: contratos em espécie. p. 356. 127 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil. p. 366. 128 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: contratos em espécie. p. 356.
41
são os mesmos para a validade de qualquer negócio: agente capaz, objeto lícito e
possível, forma prescrita em lei ou que não a proíba.129
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei.130
No âmbito contratual, há pressuposto de capacidade entre as partes, ou
seja, para atuar como parte em um contrato de seguros, deverá ser o segurado e
segurador agente capaz.131
O segurador só poderá exercer a atividade, se devidamente cadastrado
como pessoa jurídica e autorizado pelo governo federal. Ao segurado é necessária a
capacidade civil para contratar, pode, por exemplo, ser celebrado contrato de seguro
mediante representante legal, que desta forma assume a responsabilidade
contratual.132
A atividade de seguro define-se como uma atividade empresária, constituída
por pessoa jurídica, determinada a sociedades anônimas133, sociedades mútuas134 e
cooperativas135 quando em casos de seguros agrícolas. Além da previdência social
que manter o sugiro social brasileiro.136
A respeito dos pressupostos subjetivos do contrato de seguro, referente a
capacidade civil, Caio Mário da Silva Pereira ensina que “não é livre a exploração de
seguros privados. Em nosso direito, não pode um indivíduo ou pessoa física
contratar como segurador”.137
129 MARTINS, João Marcos Brito. O contrato de seguro. p. 13. 130 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 131 MARTINS, João Marcos Brito. O contrato de seguro. p. 13. 132 DINIZ, Maria Helena. Tratado teórico e prático dos contratos. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 447. 133 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. Sociedade anônima: ou sociedade por ações tem o capital social divido em partes iguais, denominada ações, que são títulos negociáveis livremente, onde por elas obriga cada sócio ou acionista pelo valor nominal das ações que subscrever. Vide artigo 1.088, da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. 134 Vide Lei nº 2.063, de 7 de março de 1940. “Sociedade Mútua: consiste em uma sociedade sem limitação de sócios, a quais são os próprios segurados, agindo desta forma regionalmente e profissionalmente restritivamente, A responsabilidade dos sócios é limitada ao valor subscrito para o fundo social”. 135 Vide Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971. “Cooperativa; Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro”. 136 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro, 2007. p. 454. 137 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 454.
42
O objeto contratual para sua validade deve ser lícito, ao contrário acarreta a
nulidade contratual pelo pressuposto de licitude do ramo do direito. Como exemplo
de nulidade contratual por ilicitude, tem-se o caso de assegurar automóvel,
furtado.138
O contrato de seguro deve ser formal, com exigência de instrumento escrito.
A fim de limitar e especificar direitos e deveres entre as partes, com respeito a datas
e valores pré-fixados.139
Além da formalidade de instrumento escrito, exige-se determinação em lei
para validade contratual, sendo invalido o contrato de matérias e atividades sem
amparo em lei. Pois deles surgiram direitos e deveres entre as partes e devem ter
disposições legais que a descriminem.140
2.5 OBRIGAÇÕES DO SEGURADO E DO SEGURADOR
Neste item, verifica-se quais as obrigações do segurado e do segurador, no
âmbito dos contratos de seguro.
2.5.1 Obrigação do segurado
Como o contrato de seguro é contrato bilateral, gera obrigações para ambos
os contratantes, segurado e segurador. Assim é obrigação do segurado, pagar o
prêmio, conforme valor e data para pagamento fixado na apólice, além de cumprir
todas as prestações necessárias para a perfeição do contrato, conforme contratado
com a seguradora.141
Art. 757. Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados.
138 MARTINS, João Marcos Brito. O contrato de seguro. p. 16. 139 DINIZ, Maria Helena. Tratado teórico e prático dos contratos. p. 454. 140 MARTINS, João Marcos Brito. O contrato de seguro. p. 17. 141 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 457.
43
Parágrafo único. Somente pode ser parte, no contrato de seguro, como segurador, entidade para tal fim legalmente autorizada.142
O Tribunal de Justiça de Santa Catarina tem entendimento, de que caso
ocorra mora do pagamento das parcelas do prêmio pelo segurado e neste período
ocorra o sinistro ao bem, não há de se falar em cancelamento da apólice ou da
seguradora não se exime a indenização pelo eventual sinistro. Para que não
enfoque neste caso o enriquecimento ilícito de ambas as partes a seguradora
assume sua responsabilidade contratual de indenização perante desconto das
parcelas não pagas ao prêmio.143
O segurado deve contratar utilizando da boa-fé, prestando ao segurador
todas as informações pertinentes com a verdade em relação ao bem e aos sinistros
previstos pelo mesmo. Tem a obrigação de agir com honestidade, e não agravar os
riscos para recorrer à indenização, além de comunicar e prestar informações
referentes ao sinistro ocorrido.144
Têm-se como entendimento do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, ao
caso prático, de quebra de modalidade de perfil escrita na apólice, ou seja, o
segurado para concorrer ao pagamento de prêmio em valor menor decorrente do
perfil do segurado, omite que o será para fins comerciais o uso do automóvel,
alegando ter utilidade somente particular. Desta forma comprovada a má-fé do autor
em omitir esta informação a fim de burlar a modalidade de perfil da seguradora,
exime a mesma da indenização pelo sinistro ocorrido.145
É obrigação do segurado, comunicar todo fato que venha a agravar o risco
pertinente ao bem segurado, ou mesmo, o sinistro que o afetou. Caso o segurado
oculte as informações de agravamento dos riscos, pode perder o direito ao
seguro.146
142 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 143 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Apelação. 97. 012376-0, 2ª Câmara Cível, Rel. Des. Sérgio Roberto Baasch Luz, j. 13/08/2001. Disponível em: <http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/acnaintegra!html.action?qTodas=pagamento+premio&qFrase=&qUma=&qNao=&qDataIni=&qDataFim=&qProcesso=&qEmenta=&qClasse=&qRelator=&qForo=&qOrgaoJulgador=&qCor=FF0000&qTipoOrdem=relevancia&pageCount=10&qID=AAAGxaAAIAAANAXAAC>. Acesso em: 25 out. 2009. 144 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: contratos em espécie. p. 360. 145
SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Apelação. 02. 013011-2, Câmara Cível, Rel. Des. Carlos Prudencio. j. 05/11/2003. Disponível em: <http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia /acnaintegra!html.action?qTodas=quebra+de+perfil+seguro&qFrase=&qUma=&qNao=&qDataIni=&qDataFim=&qProcesso=&qEmenta=&qClasse=&qRelator=&qForo=&qOrgaoJulgador=&qCor=FF0000&qTipoOrdem=relevancia&pageCount=10&qID=AAAGxaAAHAAAZtmAAF>. Aceso em: 25 out. 2009. 146 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. 2004. p. 342.
44
Sob esta ótica, ensina Silvio de Salvo Venosa:
É obrigação básica do segurado, ademais, comprovar o sinistro perante a seguradora. Há sinistros que se comprovam materialmente, mediante documentos expedidos pela autoridade pública ou por terceiros. Por vezes haverá, por exemplo, necessidade de certidões de boletins meteorológicos para comprovação de intempéries, por exemplo. Mesmo fatos notórios, no âmbito do seguro, devem em princípio, ser comprovados.147
Apresentadas as obrigações do segurado, vê-se a seguir quais as
obrigações do segurador.
2.5.2 Obrigação do segurador
Cabe ao segurador, como parte do contrato de seguro celebrado, em sua
principal obrigação, o pagamento da indenização pelo sinistro ocorrido ao bem
segurado, como previamente previsto na apólice.148
Ensina Caio Mário da Silva Pereira:
O não pagamento do sinistro no prazo avençado pelo segurador implicará os efeitos da sua mora, determinando o Código a incidência de correção monetária segundo os índices oficiais regularmente estabelecidos e juros moratórios [...].149
O pagamento da indenização compreende o valor real do bem ou a
reconstituição ou reparação por danos causados. A apólice contorna os riscos e em
contrapartida as obrigações de restituição do segurador, ou seja, será obrigada a
reparação de danos que conter especificado na apólice.150
2.6 INSTRUMENTOS CONTRATUAIS
A celebração do contrato de seguros, contem dois instrumentos de
realização do negócio, a proposta e a apólice também chamada de bilhete de
147 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: contratos em espécie. p. 361. 148 MARTINS, Fran. Contratos e obrigações comerciais. p. 364. 149 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 459. 150 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. 2004. p. 344.
45
seguro.151
Proposta é o instrumento pelo qual o corretor de seguro, materializa a
vontade do segurado em celebrar o contrato. Deve ser assinadas e anexadas como
parte componente e necessária da apólice. É o primeiro passo da celebração do
contrato de seguro, pois aceita a proposta, fica a seguradora responsável pela
emissão da apólice e conseqüentemente responsável pelo pagamento do eventual
sinistro, conforme disposto no art. 759 do CC. É instrumento contratual de seguro
que antecede a apólice.152
É redação do artigo 759, do Código Civil: “[...] a emissão da apólice deverá
ser precedida de proposta escrita com a declaração dos elementos essenciais do
interesse a ser garantido e do risco”.153
Ensina Fran Martins:
Da proposta constam todos os dados que devem figurar na apólice, tais como objeto ou coisa segurada, natureza dos riscos garantidos, prazo de seguro, montante do valor segurado, prêmio etc., além de informações de natureza pessoal do proponente. Nos seguros de grupos, de acidentes pessoais e nos seguros de vida, as propostas devem ser preenchidas pelos próprios proponentes, dadas as informações de caráter pessoal que devem conter (idade, condições de saúde etc.).154
Apólice é o instrumento do contrato de seguro que especifica os riscos
assumidos pelo segurador, nele deve conter o período de vigência da cobertura dos
riscos, bem como especificar o limite e natureza dos riscos assumidos. O objeto do
seguro deve ser avaliado e especificado a valoração do bem e dos eventuais riscos,
informações essencial para a base de calculo da indenização por sinistros
ocorridos.155
Sob esta ótica, Ensina Fran Martins:
A apólice é o documento mais importante do contrato de seguro, porque é o instrumento da constituição do mesmo. Deverá conter todos os requisitos necessários para a caracterização da sociedade seguradora e mais os dados constantes da proposta sobre o interesse segurado, montante da indenização, beneficiário, prazo de vigência do contrato. Sobre esse, deve a apólice minuciosamente especificar o dia, mês e ano em que se inicia e se encerra a
151 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: contratos em espécie. p. 364. 152 MARTINS, Fran. Contratos e obrigações comerciais. p. 360. 153 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 154 MARTINS, Fran. Contratos e obrigações comerciais. p. 360. 155 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: contratos em espécie. p. 364.
46
cobertura dos riscos. Deve a apólice, igualmente, fixar o valor do prêmio.156
Na classificação das apólices, existem as simples e as flutuantes, são
usadas e diferenciadas de acordo com a espécie de seguro a ser contratada. São
simples quando o objeto do seguro é fixado determinantemente, não possibilitando a
modificação. Já as flutuantes a modificação do objeto ou clausulas que especificam
as pessoas seguradas ou beneficiarias estão previstas.157
As apólices podem ser coletivas ou de grupo, quando a espécie contratual
assim determinar. Podem ser de frota, quando o seguro é destinado a certo número
de automóveis com o mesmo segurado.158
Poderão conter clausula que determinem um teto referente à indenização
feita ao segurado, mesmo que inferior ao valor do bem, ou cláusula com franquias
que determinam a indenização a um determinado montante. 159
As apólices podem ser nominativas, quando descrito o nome do segurado,
neste caso tem a possibilidade de transferência por endosso (clausula a ordem). E
podem ser transferível por tradição simples, onde é mantida a transferência pelo
simples ato de endosso.160
Sob esta ótica, ensina Washington de Barros Monteiro:
As apólices nominativas, referentes a seguros sobre objetos, podem ser transferíveis mediante cessão civil, a menos que exista cláusula em contrario. Alienada a coisa que se ache no seguro, transfere-se também ao adquirente esse contrato, pelo prazo que ainda faltar.161
O bilhete de seguro é um dos instrumentos de contrato de seguro, destinado
a documento principal de prova, porem é a forma simplificada da apólice e não
aceita em todas as espécies de seguros.162
João Marcos Brito Martins, explica que “[...] existem certas garantias de
seguro representadas por documentos ao portador. O bilhete de seguro que p
passageiro recebe em viagens aéreas, por exemplo, é uma delas”.163
156 MARTINS, Fran. Contratos e obrigações comerciais. p. 361. 157 GOMES, Orlando. Contratos. p. 509. 158 MARTINS, Fran. Contratos e obrigações comerciais. p. 361. 159 MARTINS, Fran. Contratos e obrigações comerciais. p. 361. 160 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 457. 161 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 457. 162 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: contratos em espécie. p. 367. 163 MARTINS, João Marcos Brito. O contrato de seguro. p. 42.
47
2.7 ESPÉCIES DE SEGURO
A atividade de seguro abrange diversas espécies e numerosos riscos. Para
melhor entendimento e baseando-se nas atividades e interesses do segurado,
subdividem-se as espécies em dois gêneros: seguro de pessoas e seguro de
danos.164
2.7.1 Seguro de pessoa
Seguro de pessoas rege-se por amparar as pessoas a riscos eventuais
ocasionados por danos morais e físicos. A indenização é feita em dinheiro para o
vitimado ou em benefício de terceiro, conforme estipular o contrato.165
“[...] Corresponde ao dano corporal, ou ao dano que pode ocorrer na pessoa,
atingindo sua integridade física, estética, psíquica, moral, os traços fisiológicos, a
vida ou existência, sua presença na terra e no meio social, seu porte, seu valor”.166
A indenização feita pelo sinistro ocorrido à pessoa difere-se do sinistro de
danos, pois não tem a finalidade de reajuste a uma perda patrimonial, mas sim
finalidade de prestação econômica, pois a vida ou mesmo a integridade física da
pessoa não tem preço a ser mensurado em um contrato de seguros. O seguro de
pessoas é feito com intuito de atenuar situações econômicas com eventuais perdas,
como por exemplo, um pai preocupa-se que em sua falta seus dependentes estejam
amparados economicamente, ou com o receio das pessoas expostas aos riscos
envolvidos com a saúde que deles possam ocasionar diminuição no rendimento
laboral e consecutivamente econômico.167
164 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 462. 165 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: contratos em espécie. p. 348. 166 RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. 2008. p. 867. 167 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil. p. 347.
48
2.7.1.1 Seguro de vida
O seguro de vida preza pelo maior bem do ser humano, a vida, e garante ao
segurado à indenização em dinheiro a pessoa contratante do seguro ou a terceiros,
pré-determinados no contrato, em caso de morte do segurado ou vida após o prazo
estipulado no contrato, ou seja, pessoas que ultrapassem as expectativas de vidas
com idades muito avançadas, caso o contrato de seguro seja por prazo limitado.168
Para Orlando Gomes, seguro de vida se define como:
[...] o contrato pelo qual uma parte, denominada segurador, em contraprestação ao recebimento de certa soma chamada prêmio, se obriga a pagar à outra parte, ou terceiro, intitulada aquela, segurado, uma quantia determinada, sob a forma de capital ou de renda, quando se verifique o evento previsto.169
O atual Código Civil em seu art. 796 prevê o seguro de vida em caso de
morte do segurado, beneficiando terceiros com a indenização. Não especificando a
hipótese de sobrevida do segurado especificamente em seu texto, porem embasado
pelo principio da autonomia de vontade entre as partes não é descriminado ou
proibido o seguro de vida com prazo limitado.170
O seguro de vida pode ser contratado pra si ou pra outrem. Logo a
indenização pode ser transmitida ao segurado ou a terceiros, em pagamentos
avistas ou em parcelas na forma de pensão vitalícia um por tempo limitado,
conforme previsto no contrato.171
Pode ser celebrado individualmente ou coletivamente, ou seja, os seguros
de vidas individuais asseguram a vida de uma só pessoa, já os seguros de vida
coletivos asseguram a vida de determinado grupo, como por exemplo, seguro de
vida coletivo a uma ida associação.172
Ensina Caio Mário da Silva Pereira:
Subespécie do seguro de vida é o de grupo ou coletivo. Nestes casos, subsiste relação jurídica entre o estipulante, que pode ser pessoa natural ou jurídica, o segurador e os segurados. Os segurados se relacionam diretamente com o segurador, e não são representados, para qualquer efeito, pelo estipulante, a não ser pelo
168 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: contratos em espécie. p. 349. 169 GOMES, Orlando. Contratos. p. 511. 170 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 464. 171 PEREIRA, Caio Mário da Silva Instituições de direito civil. p. 464. 172 MARTINS, Fran. Contratos e obrigações comerciais. p. 359.
49
fato de este ser o único responsável pelo cumprimento de todas as obrigações contratuais.173
Examinado o seguro de vida, observa-se a seguir alguns ensinamentos
sobre o seguro contra acidentes.
2.7.1.2 Seguro contra acidentes
O seguro contra acidentes refere-se a seguros no âmbito trabalhista, ou
seja, fica obrigado o empregador a contrair seguro contra acidentes para seus
funcionários, a fim de cobrir riscos de morte ou lesões provocadas no exercício da
atividade de labor. A previdência social é a responsável como segurador para casos
de acidentes trabalhistas.174
Ensina Orlando Gomes:
Os seguros contra acidentes podem ser individuais ou coletivos. O seguro individual obriga o segurador a pagar a indenização a segurado mencionando na apólice, que se acidenta. Diz-se geral, quando o segurador responde por todo e qualquer acidente sobrevindo ao segurado. Se apenas responde por determinada categoria de acidentes ou por acidentes provindos de certa causa, é especial. O seguro coletivo é o que se faz para um grupo de pessoas, contra acidentes, sem individualização dos segurados, que podem ser substituídos, como acontece no seguro de acidente de trabalho.175
Demonstrados os aspectos do seguro contra acidentes, estuda-se no
subtítulo seguinte sobre o seguro contra acidentes pessoais.
2.7.1.3 Seguro contra acidentes pessoais
O seguro garante amparo às pessoas envolvidas em acidentes, como por
exemplo, em um acidente de trânsito, onde fica o vitimado por lesões, amparado
173 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 467. 174 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 468. 175 GOMES, Orlando. Contratos. p. 513-514.
50
pelo seguro com gastos decorrentes a tratamentos médicos, diárias hospitalares ou
mesmo indenização aos beneficiários se o segurado vir a falecer.176
Sob esta ótica, Fabio Ulhoa Coelho ensina que o “[...] seguro de acidentes
pessoais, o risco coberto é o evento violento externo à vontade do segurado de que
sobrevenha a morte ou invalidez deste. É normalmente comercializado em
associação com o seguro de vida”.177
2.7.2 Seguro de dano
Seguro de danos ou também chamado de ramos elementares, são aquelas
espécies de seguro quem visam proteger riscos equivalentes a coisas, bens ou
mesmos pessoas em situações adversas.178
Para Orlando Gomes, define-se seguro de danos, como:
[...] seguro de danos ou de coisas compreende diversas espécies que abrangem os prejuízos sofridos por um indivíduo em seu patrimônio. Caracteriza-se pelo fato de consistir a obrigação do segurador no pagamento de indenização do dano.179
No seguro de danos a indenização devida ao segurado não tem destinação
ao enriquecimento do mesmo, mas sim a indenização pela perda patrimonial
decorrente do sinistro.180
2.7.2.1 Seguro de fogo
São os seguros relacionados aos riscos de acidentes com fogo, ou mesmo
ocasionados por raios. Podem ser facultativos, por iniciativa do segurado, ou
176 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 468. 177 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil. p. 378. 178 MARTINS, Fran. Contratos e obrigações comerciais. p. 358. 179 GOMES, Orlando. Contratos. p. 510. 180 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil. p. 367.
51
obrigatório, quando em locais como comércios, indústrias ou mesmo locais de
atendimento ao público, suscetíveis ao risco de incêndios.181
Cobre perdas e danos ao patrimônio afetados por um incêndio, fenômenos
naturais como raios, ou mesmo explosões gerada por gases domésticos. Abrange
como perdas, por exemplo, os alimentos armazenados na refrigeração, que venham
a se perder com o acidente, despesas geradas pelo controle do fogo entre outros.182
2.7.2.2 Seguro de transportes
São seguros destinados ao transporte de bens e mercadorias, por vias
terrestres, marítimas, fluviais, lacustres e aéreas. Prevê e protege os bens de três
riscos eventuais, o furto, a destruição ou a danificação dos bens ou mercadorias
transportadas.183
Assegura o transporte, com indenizações por perdas e danos aos bem ou
mercadorias, transportadas sob a vigência do contrato de seguro. Regem em
decorrência da responsabilidade civil do transportador.184
2.7.2.3 Seguro agrário
Seguro destinado ao trabalho agrícola e suas matérias primas, visa segurar
os riscos que afetam as colheitas e rebanhos. É um seguro que pode ser celebrado
por sociedades cooperativas ou empresas privadas.185
Cobre perdas e danos decorrentes dos riscos que estão expostos a
agricultura, como por exemplo, geada, estiagem, granizo, pragas, inundações,
181 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 468. 182 OLIVEIRA, Celso Marcelo de. Contratos de seguros. São Paulo: LZN, 2002. p. 29. 183 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 468. 184 OLIVEIRA, Celso Marcelo de. Contratos de seguros. p. 55. 185 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 469.
52
incêndio. Além da cobertura aos rebanhos e riscos provenientes da atividade, como
doenças e pragas.186
2.7.3 Seguro mútuo
É o acordo entre um grupo, que contratam entre si o seguro, equivalente aos
riscos que todos estão eventualmente expostos. Constitui desta forma uma
sociedade seguradora, pois para cada parte desta sociedade, existe obrigações
equivalentes as quotas, para as despesas administrativas ou as indenizações por
sinistros. Sendo que o sócio assume o papel de segurado e segurador ao mesmo
tempo.187
O seguro mútuo ampara danos pessoais, ou relacionados aos bens dos
sócios, trata-se de ajuda mútua entre eles, podem ser constituídos por pessoas
físicas, por se tratar da área civil. Não tem finalidade em enriquecimento próprio ou
lucratividade do grupo, como o próprio nome o rotula é a ajuda mútua entre as
partes, para amparar riscos expostos aos bens e sócios.188
2.7.4 Seguro de responsabilidade civil
Este seguro tem o objetivo de transferir para seguradora o risco de um
processo civil, ou seja, o seguro protege contra ações judiciais que o segurado
possa a sofrer, respondendo civilmente a seguradora por danos ocasionados a
terceiros.189
Sob esta ótica, ensina Washington de Barros Monteiro “[...] transferem-se ao
segurador as indenizações eventualmente devidas pelo segurado a terceiros,
186 OLIVEIRA, Celso Marcelo de. Contratos de seguros. p. 15. 187 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 469. 188 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 469. 189 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 470.
53
resultantes de atos ilícitos determinantes dos prejuízos por ele causados e pelos
quais seria responsabilizado”.190
O objeto do contrato é o risco de perda ou prejuízos relacionados ao
patrimônio do segurado, que pode ser atingido por ato do próprio segurado ou de
terceiros, caso ações do segurado, cause danos a terceiros.191
Com a celebração do contrato de seguros de responsabilidade civil, perante
danos a terceiros, fica a seguradora responsável por indenizações ou ressarcimento
dos danos. Porém para que seja pago a indenização, deve a vítima ou os herdeiros
reivindicar judicial ou extrajudicialmente seus direitos para que o segurado acione a
seguradora.192
O seguro de responsabilidade civil exime os prejuízos do segurado, pois tem
o intuito de reembolsar ao segurado os prejuízos em concordância com os danos
causados por ele a terceiros.193
2.7.5 Performance bond
É o seguro que protege a qualidade nos acabamentos de um patrimônio, ou
seja, garante um acabamento primoroso. A seguradora se responsabiliza pela
perfeição dos acabamentos conforme descritos no projeto de uma obra.194
As partes deste contrato são normalmente construtoras, empreiteiras ou
responsáveis pela execução da obra, que transmitem a seguradora à obrigação da
entrega da construção com acabamentos perfeitos como pré-determinado no
contrato de execução.195
Portanto, analisados os aspectos concernentes aos contratos de seguro,
estuda-se no próximo e último capítulo sobre a embriaguez ao volante.
190 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil. p. 370. 191 KRIEGER FILHO, Domingos Afonso. O contrato de seguro no direito brasileiro. p. 134. 192 KRIEGER FILHO, Domingos Afonso. O contrato de seguro no direito brasileiro. p. 135. 193 OLIVEIRA, Celso Marcelo de. Contratos de seguros. p. 82. 194 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições Instituições de direito civil. p. 471. 195 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 71.
54
3 EMBRIAGUEZ AO VOLANTE
3.1 TEORIA GERAL DOS CONTRATOS DE SEGUROS DE DANOS
Inicialmente, para melhor compreensão a respeito do contrato de seguro de
danos, faz necessária a conceituação do dano, como a perda moral ou material
sofrida pelo segurado.196
Conceitua Antônio Jeová dos Santos:
Dano é prejuízo. É a diminuição de patrimônio ou detrimento a afeições legítimas. Todo ato que diminua ou cause menoscabo aos bens materiais ou imateriais, pode ser considerado dano. O dano é um mal, um desvalor ou contravalor, algo que se padece com dor, posto que nos diminui e reduz, tira de nós algo que era nosso, do qual gostávamos ou nos aproveitávamos, que era nossa integridade psíquica ou física, as possibilidades de acréscimo ou novas incorporações, como diz Jorge Mosset Iturape (Responsabilidade Civil, 21).197
Para a ocorrência da indenização, advinda da obrigação contratual do
segurador, há perante o dano, requisitos a serem preenchidos, bem como os
estragos ou perda de um bem jurídico; a existência comprovada do dano;
causalidade; a subsistência do dano ao ser acionado o seguro; Legitimidade para
acionar a seguradora para a reparação do dano e a ausência das causas
excludentes de responsabilidade.198
O contrato de seguro de danos é regulado pelo Código Civil que por sua vez
trata a matéria nos artigos 778 ao 788. Tem o objetivo de proteger bens expostos a
eventuais riscos, bem como promover a indenização por estragos, reparações ou a
perca do bem.199
Sob esta ótica, ensina Fran Martins:
Seguros de ramos elementares ou de danos são aqueles que visam a amparar os riscos a que estão sujeitas coisas ou mesmo pessoas, decorrentes os danos de um evento incerto. O Decreto-Lei nº 61589, de 23.10.1967, qualifica os seguros de ramos elementares como “os que visam garantir perdas e danos ou responsabilidades provenientes de riscos de fogo, transporte, acidentes pessoais e
196 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. p. 34. 197 SANTOS, Antônio Jeová da Silva. Dano moral indenizável. São Paulo: LEJUS, 1997. p. 30. 198 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 64. 199 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. p. 34.
55
outros eventos que possam ocorrer afetando pessoas, coisas e bens, responsabilidades, obrigações, garantias e direitos”.200
Apresentadas as considerações iniciais da teoria geral dos contratos de
seguros de dano, verifica-se na sequência sobre o contrato de seguro de veículos.
3.1.1 Do contrato de seguro de veículos
O contrato de Seguro de veículos é contratos de seguros de danos, dirigido
a cobrir riscos inerentes a perdas e danos causados a veículos terrestres de
propulsão a motor, incluindo reboques, desde que não trafeguem sobre trilhos.
Asseguram acidentes de colisão, incêndio e roubo relacionados a danos ao veículo
segurado. Podem assegurar danos ocasionados a terceiros, se assim estipulado no
contrato. Conforme disposto no art. 779 do CC. 201
Dispõe o artigo 779, do Código Civil: “[...] o risco do seguro compreenderá
todos os prejuízos resultantes ou conseqüentes, como sejam os estragos
ocasionados para evitar o sinistro, minorar o dano, ou salvar a coisa”.202
Sob esta ótica, ensina João Batista Torres de Albuquerque:
[...] consideram-se riscos cobertos aqueles expressamente convencionados nas Cláusulas-Padrão de Cobertura ratificadas no texto da presente Apólice e que dela fazem parte integrante e inseparável e que, salvo expressa menção em contrário, ocorram dentro do território brasileiro.203
Com base no art. 1437 do Código Civil de 1916, o contrato de seguro segue
a limitação do artigo, que normalmente é contratado na forma de franquia, onde é
determinado o valor especifico a perda ou dano que o segurado tem
responsabilidade de assumir. Extrapolando este valor, estão sob responsabilidade
da seguradora todas as perdas e danos ocasionados ao veiculo para que o seguro
não exceda o valor do bem. O Novo Código Civil, em seu art. 778, prevê que a
200 MARTINS, Fran. Contratos e obrigações comerciais. p. 361. 201 OLIVEIRA, Celso Marcelo de. Contratos de seguros. p. 82. 202 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 203 ALBUQUERQUE, João Batista Torres de. Seguros no direito brasileiro. São Paulo: Bookseller, 2002. p. 27.
56
garantia prometida não pode ultrapassar o valor do bem e penaliza o segurado que
ganhar mais do que contratou, com a perda do direito de garantia.204
Art. 1.437 (CC 1916). Não se pode segurar uma coisa por mais do que valha, nem pelo seu todo mais de uma vez. É, todavia, lícito ao segurado acautelar, mediante novo seguro, o risco de falência ou insolvência do segurador.205 Art. 778 (CC 2002). Nos seguros de dano, a garantia prometida não pode ultrapassar o valor do interesse segurado no momento da conclusão do contrato, sob pena do disposto no art. 766, e sem prejuízo da ação penal que no caso couber.206
Compete ao segurador demonstrar que o valor da garantia é excessivo em
relação ao bem, desta forma, constatado que o mesmo foi ultrapassado, pode o
segurador recusar-se ao pagamento, partindo da premissa de que o seguro de
veículo automotor tem função de indenizar o sinistro e não enriquecer o segurado
assumindo perante o automóvel valor irreal. Com fundamento no art. 778 e 781 do
CC, nos casos em que o segurador tiver aceito o valor excessivo e somente no
momento do sinistro se der conta do excesso, terá o segurador que demonstrar a
má-fé do segurado quando prestou as informações sobre o bem. 207
Sob esta ótica, ensina João Marcos Brito Martins:
O segurado, em hipótese alguma, poderá obter lucro com o recebimento da indenização. Se assim ocorresse, estaríamos no âmbito do contrato de jogo ou aposta. Assim, o interesse segurável precisa estar presente durante todo o contrato. Presente o interesse segurável, em contrato de seguro de risco, certamente o segurado não desejará a ocorrência do evento.208
A indenização é devida pelo sinistro ocorrido ao veículo automotor, pode ser
de perda total, quando o gasto com o automóvel for igual ou superior a 75% do valor
do veiculo estipulado no mercado; ou pelos salvados ao veículo que consiste nas
partes ou peças sinistradas e substituídas pela indenização.209
São excluídos como bens segurados, acessórios do veículo mesmo que
originais de fabrica, como por exemplo, aparelho de sons, e equipamentos
204 MARTINS, Fran. Contratos e obrigações comerciais. p. 361. 205 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 206 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 207 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 460. 208 MARTINS, João Marcos Brito. O contrato de seguro. p. 92. 209 ALBUQUERQUE, João Batista Torres de. Seguros no direito brasileiro. p. 32.
57
específicos não relacionados com o andamento do carro, como por exemplo, objetos
pessoais guardados dentro do veículo, salvo especificação na apólice.210
3.2 DOS DEVERES DA SEGURADORA E DO SEGURADO, PREVISTOS EM LEI
O contrato de seguro de automóvel estabelece para ambas as partes
obrigações, discriminadas na apólice e amparada pelo Código Civil.211
O segurado deve manter-se de boa-fé, e fornecer todas as informações ao
segurado primando a verdade (art. 765 CC), sob a penalidade de perda da garantia
indenizatória (art.766 CC).212
Sob esta ótica, ensina João Marcos Brito Martins:
A boa-fé objetiva exige que as partes tenham conduta isenta de dolo ou qualquer outra manifestação contrária ao direito. A abrangência desse preceito, todavia, tem espectro ainda maior que a pura observância das normas jurídicas. Exige-se também um comportamento social adequado e condizente com os valores, costumes e tradições do local onde se está efetuando a negociação, uma vez que signos e símbolos utilizados na transação devem ser aqueles usualmente aceitos e de igual entendimento das partes, mormente em País de dimensões continentais como o Brasil. Infere-se daí que devem estar presentes os deveres de lealdade e de cooperação mútua, evitando-se a vantagem excessiva de qualquer dos lados.213
Como a mais importante obrigação do segurado, para a celebração do
contrato de seguro, há o pagamento do prêmio, que determinado pelo art. 757 CC
para a concretização da celebração contratual, consiste na quantia em dinheiro paga
a seguradora que se obrigada a partir daí a garantir o interesse de seguro ao
bem.214
Sob esta ótica, ensina Caio Mario da Silva Pereira:
O segurado tem o primeiro dever de pagar o prêmio estipulado no ato de receber a apólice, ou conforme convencionado, bem como efetuar os pagamentos subseqüentes nas épocas próprias, sob pena de rescisão do contrato ou caducidade da apólice (Código Civil, art. 763). Esta geralmente os prevê por períodos ânuos adiantados, com
210 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 457. 211 ALBUQUERQUE, João Batista Torres de. Seguros no direito brasileiro. p. 33. 212 OLIVEIRA, Celso Marcelo de. Contratos de seguros. p. 91. 213 MARTINS, João Marcos Brito. O contrato de seguro. p. 62. 214 RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. 2008. p. 878.
58
a concessão de uma tolerância de 30 dias ( prazo de graça), e não é raro admitir, ainda, a sua reabilitação, mediante o resgate do débito acrescido dos juros de mora. As partes podem ajustar o pagamento do prêmio por cotas mensais.215
Na ocorrência do sinistro ao automóvel, coberto pela apólice, cabe ao
segurado tomar o mais rápido possível todas as providências para proteção do
automóvel sinistrado, a fim de protegê-lo de agravações aos prejuízos causados,
bem como atender as medidas legais, como por exemplo, em casos de roubo, furto
total ou parcial do automóvel. Caso o segurado não cumpra com esta obrigação,
perdera o direito de garantia, conforme elencado no art. 768 CC. 216
Conforme disposto no art. 769 CC, cabe ao segurado comunicar a
seguradora, através de formulário contendo todas as informações e relato do
acontecido com o automóvel no prazo de 5 dias em casos de agravamento de riscos
ou caso ocorrido o sinistro, contar da data do mesmo . Dado por feito tal
procedimento, deve o segurado aguardar para iniciar os reparos ou indenizações ao
sinistro ocorrido. Caso o sinistro ocasionado ao automóvel por culpa de terceiros,
deve o segurado sinalizar o acontecido e o nome do culpado sem tomar nenhuma
atitude de acordo entre as partes. 217
Sob esta ótica, ensina Silvio Rodrigues:
[...] tendo imediata ciência do sinistro, pode o segurador evitar que suas conseqüências se agravem. Daí impor a lei ao segurado o dever de comunicar de pronto a ocorrência da catástrofe. Todavia, a omissão injustificada dessa providência esbarra com sanção menos severa, pois o segurador só se exonera da responsabilidade se provar que, avisado oportunamente, ter-lhe-ia sido possível evitar, ou atenuar, as conseqüências do sinistro.218
Caso o segurado modifique ou altere o automóvel, deixando-o diferente do
que vistoriado pela seguradora, deve comunicar as modificações a seguradora para
as devidas alterações na apólice. Se dessas modificações ocorrerem à venda do
automóvel, deve ser feita a transferência para o novo proprietário, pois a
responsabilidade da seguradora perante sinistro neste caso se dará com previa
anuência da seguradora. Conforme art.785 CC.219
215 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 457. 216 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: contratos em espécie. p. 360. 217 ALBUQUERQUE, João Batista Torres de. Seguros no direito brasileiro. p. 34. 218 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. 2004. p. 334. 219 ALBUQUERQUE, João Batista Torres de. Seguros no direito brasileiro. p. 35.
59
Ocorrendo o sinistro ao automóvel a seguradora prestará a liquidação de
sinistro coberto pela apólice em casos de perdas e danos. No sinistro ocasionado
por roubo ou furto a seguradora no prazo de 30 dias, após aviso legal as autoridades
policiais e não localizado ou recuperado o automóvel, a seguradora prestara
liquidação.220
Sob esta ótica, ensina Arnaldo Rizzardo:
A mais importante de suas obrigações é indenizar o segurado quanto aos prejuízos sofridos como o sinistro, efetuando-se o pagamento em dinheiro, conforme emana do art. 757 (art. 1.432 do Código revogado), e em especial do art. 776 ( art 1.437 do Código anterior), salvo ressalva autorizando a restituição da coisa in natura, como nos consertos e reparos de veículo acidentado ou reconstrução de imóvel destruído por incêndio. Eis o texto do dispositivo: “ O segurado é obrigado a pagar em dinheiro o prejuízo resultante do risco assumido, salvo se convencionada a reposição da coisa”. Naturalmente, a reposição da coisa viabiliza-se unicamente no seguro de coisas, previsão que se aplica costumeiramente, sendo exemplo, nos danos ocorridos em acidente de trânsito.221
Neste diapasão, Maria Helena Diniz afirma que será responsabilizada a
seguradora:
Não pagar a indenização, ou a quantia estipulada, até o limite da apólice com a verificação do risco assumido, ou não reparar o dano, equivalente a tudo aquilo que esteja dentro do risco previsto. Isto é assim porque tem o dever de indenizar o segurado quanto aos prejuízos resultantes do risco assumido, conforme as circunstâncias, e ao valor total da coisa segura, salvo se convencionada a reposição da coisa ( CC, arts. 776, 206, 1º II).222
Vistos os deveres da seguradora e do segurado, previstos em lei, estuda-se
a seguir sobre as causas excludentes da responsabilidade contratual e
extracontratual no pagamento ao segurado.
3.3 CAUSAS EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E
EXTRACONTRATUAL NO PAGAMENTO AO SEGURADO
Inicialmente, cumpre esclarecer que a distinção entre responsabilidade
contratual e extracontratual é de suma importância, na medida em que uma pessoa 220 ALBUQUERQUE, João Batista Torres de. Seguros no direito brasileiro. p. 30. 221 RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. 2008. p. 881. 222 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 2003. p. 330.
60
pode causar prejuízo à outra, tanto por descumprir uma obrigação contratual, como
por praticar outra espécie de ato ilícito.223
3.3.1 Contratual
A responsabilidade civil contratual é aquela que ocorre quando há
descumprimento de uma obrigação estabelecida em contrato, onde um dos
contratantes causa dano ao outro.224
Exclui-se da seguradora a responsabilidade contratual, devida ao
pagamento indenizatório do seguro, quando o segurado ou seus beneficiários
contratar de forma fraudulenta, com dolo, omissão de documentos ou informações
que venham a ter relevância à aceitação da proposta, além da falta do cumprimento
das obrigações pelo segurado. Conforme disposto no art. 762 e 766 CC e estipulado
na apólice. Caso já liquidado o prêmio, porem comprovada as causas da exclusão
da responsabilidade, a seguradora não tem o dever de devolver o prêmio já pago.225
Art. 762 CC. Nulo será o contrato para garantia de risco proveniente de ato doloso do segurado, do beneficiário, ou de representante de um ou de outro. Art. 766 CC. Se o segurado, por si ou por seu representante, fizer declarações inexatas ou omitir circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou na taxa do prêmio, perderá o direito à garantia, além de ficar obrigado ao prêmio vencido.226
Sob esta ótica, ensina João Marcos Brito Martins:
[...] a perda do prêmio pago pelo segurado não se constitui em pena pelo só fato de fraude e\ou tentativa. Qualquer cláusula penal contratual há de constar em contrato, portanto distante de qualquer juízo de valor ou interpretação que se dê a qualquer norma de direito subjacente. Não obstante, em sede de contrato seguros fica clara a intenção do legislador ao cotejarmos o que reza o art. 766, que estipula a perda do prêmio por parte do segurado quando o mesmo se afasta do princípio da boa-fé. Importa ressaltar que não haverá dolo quando o segurado desconhecer circunstâncias que possam caracterizar ter ele agido de má-fé. Carros roubados e reemplacados
223 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. 2004. p. 8. 224 DONNINI, Rogério Ferraz. Responsabilidade pós-contratual no novo código civil e no código de defesa do consumidor. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 20. 225 ALBUQUERQUE, João Batista Torres de. Seguros no direito brasileiro. p. 24. 226 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm>. Acesso em: 24 out. 2009.
61
em outros Estados, mercadorias falsificadas, balanços alterados, notas fiscais frias, documentos falsos são alguns exemplos de fatos recorrentes no meio da sociedade. Não se pode imputar ao leigo, nessa condição, responsabilidade por ato, fato ou situação a que não era dado conhecer.227
Na ocorrência de atitudes ilícitas por parte do segurado, como por exemplo,
autorizar incapazes a condução de veículo automotor, sem o mesmo portar a
carteira de habilitação ou não ter a compatível categoria, ou na utilização do
automóvel para diferentes fins do que o estipulado na apólice, como por exemplo, o
veículo que na apólice a descriminação de uso particular e familiar, porém o mesmo
vem participando de rodízios de veículos em uma locadora de automóveis, exclui-se
a responsabilidade contratual ao pagamento do seguro.228
Ensina Washington de Barros Monteiro:
O segurador só se isentará do pagamento nos casos seguintes: a) se provar dolo do segurado (por exemplo, que o incêndio foi proposital); b) se o segurado não agiu com boa-fé e veracidade, deixando de fazer declarações completas e verdadeiras (art. 766 do Cód. Civil de 2002); c) se a apólice havia caducado.229
Exclui-se a responsabilidade contratual ao pagamento do seguro, quando a
vigência do contrato já houver terminado, conforme data estipulada na apólice.230
Desta forma, exclui-se a responsabilidade ao pagamento do seguro, quando
constato a contribuição voluntaria do segurado para a ocorrência do sinistro. Todavia
desqualificando a eventualidade do risco e deslocando a finalidade do contrato de
seguro ao realizar atos que objetivam vantagens indevidas entre as partes.231
3.3.2 Extracontratual
A responsabilidade civil extracontratual é aquela que ocorre na prática de um
ato ilícito, que causa prejuízo a outrem, sem que exista qualquer relação contratual
227 MARTINS, João Marcos Brito. O contrato de seguro. p. 56. 228 ALBUQUERQUE, João Batista Torres de. Seguros no direito brasileiro. p. 35. 229 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil. p. 366. 230 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil. p. 366. 231 MARTINS, João Marcos Brito. O contrato de seguro. p. 57.
62
entre o ofensor e a vítima do ato ilícito.232
3.3.2.1 Caso fortuito e força maior
Força maior se entende pelos danos e efeitos que não possam ser evitados
ou impedidos pelo segurado. Quando ocorre caso fortuito ou de força maior, fica
constatada a impossibilidade do segurado de cumprir com suas obrigações. Desta
forma exclui-se a responsabilidade da seguradora ao pagamento da indenização,
quando constatado que o ato praticado é contrario ao estabelecido no contrato, por
não haver a causa de força maior ou caso fortuito, uma eventualidade e sim por fato
causado pelo segurado.233
Silvio de Salvo Venosa, assim define caso fortuito e de força maior:
O conceito de ordem objetiva gira sempre em torno da imprevisibilidade ou inevitabilidade, aliado à ausência de culpa. A imprevisibilidade não é elemento especial a destacar: por vezes, o evento é previsível, mas são inevitáveis os danos porque impossível resistir aos acontecimentos. Um tufão ou ciclone, por exemplo, pode ser previsto com dias de antecedência, mas seus efeitos são, em princípio inevitáveis; da mesma forma que uma longa estiagem em determinada região; o avançar de um incêndio na mate etc. Nessas situações, nem sempre, apesar de toda tecnologia, os danos podem ser evitado.234
Conforme disposto no art. 393 CC, a seguradora não responde por caso
fortuito ou de força maior, quando não houver no contrato de seguro
responsabilidade expressa.
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.235
O Tribunal de Justiça de Santa Catarina tem entendimento de que em
acidentes decorrentes de caso fortuito, será excluída da seguradora a
232 DONNINI, Rogério Ferraz. Responsabilidade pós-contratual no novo código civil e no código de defesa do consumidor. p. 20. 233 CAVALCANTI, Flávio de Queiroz Bezerra. Caso fortuito e força maior frente a técnica securitária. Jus Navigandi, Teresina, ano 6, n. 56, abr. 2002. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2829>. Acesso em: 23 out. 2009. 234 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. p. 51. 235 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm>. Acesso em: 24 out. 2009.
63
responsabilidade ao pagamento. No caso analisado, ocorre acidente de trânsito,
causado por óleo na pista, onde desta forma não há caracterização de caso fortuito,
pois esta uma situação é previsível. 236
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - ACIDENTE DE VEÍCULOS - TRANSPORTE RODOVIÁRIO - RESPONSABILIDADE OBJETIVA - CASO FORTUITO - MOTORISTA - CULPA - DANOS MORAIS E ESTÉTICOS - CUMULABILIDADE - QUANTUM REDUZIDO - DANOS MATERIAIS - RESSARCIMENTO - PENSÃO MENSAL VITALÍCIA - BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS - NÃO COMPENSABILIDADE - CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO - SEGURADORA - DIREITO DE REGRESSO - LIMITE DA APÓLICE - SOLIDARIEDADE NÃO CONFIGURADA - RECURSOS PARCIALMENTE PROVIDOS. A responsabilidade da transportadora é objetiva, porquanto sua principal obrigação é assegurar a incolumidade dos passageiros até o destino final. A responsabilidade do condutor de ônibus de transporte de passageiros é subjetiva, razão pela qual se comprovada a ocorrência do dano, sua conduta culposa e o nexo de causalidade, impõe-se o reconhecimento da obrigação de reparar os prejuízos causados. Tratando-se de acidente de trânsito em rodovia, não há como reconhecer a ocorrência de caso fortuito, porquanto previsível a existência de óleo na pista. São cumuláveis as verbas indenizatórias relativas ao dano moral e estético, porquanto, apesar de seus objetos serem diversos, possuem idêntica natureza. Os danos morais devem ser fixados com base em parâmetros razoáveis, dentre os quais se incluem as condições pessoais do causador dos danos, bem como a intensidade da sua culpa, além da extensão da dor sofrida pela vítima. Comprovado dispêndio de vultoso numerário com tratamentos destinados à recuperação de paraplegia, não há como eximir os culpados pelo sinistro da obrigação de ressarcir a vítima. A pensão mensal decorrente de ato ilícito é devida por força de lei e tem natureza distinta dos benefícios previdenciários, sendo que o pagamento destes não têm o condão de excluir, sequer minizar, a responsabilidade pela reparação dos danos causados. A remuneração percebida pela vítima à época do sinistro é o critério utilizado para fixá-la, incluído o 13º salário, se comprovada sua percepção, e excluído o prêmio mensal. Reveste-se este instituto do caráter vitalício, em razão da sua natureza alimentar, e porque requerido diretamente pela vítima, não incidindo a regra da data em que completaria 65 anos de idade. Provada a celebração do contrato de seguro e a ocorrência do infortúnio, é a seguradora responsável pelo reembolso dos valores pagos pelo segurado à vítima, observado o limite da apólice. O fato de admitir-se, atualmente, a propositura da ação de reparação de danos diretamente contra a seguradora, não
236 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina. Apelação Cível n. 2002.007503-0, Terceira Câmara de Direito Civil, Rel. Des. Wilson Augusto do Nascimento, j. 21/02/2003. Disponível em: <http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/acnaintegra!h tml.action?qTodas=exclus%E3o+indeniza%E7%E3o+seguro+fortuito&qFrase=&qUma=&qNao=&qDataIni=&qDataFim=&qProcesso=&qEmenta=&qClasse=&qRelator=&qForo=&qOrgaoJulgador=&qCor=FF0000&qTipoOrdem=relevancia&pageCount=10&qID=AAAGxaAALAAAZpHAAH>. Acesso em: 24 out. 2009.
64
implica atribuir caráter de solidariedade à relação existente entre ela e o lesado.
Apresentados o caso fortuito e a força maior, verifica-se a seguir sobre a
culpa exclusiva da vítima.
3.3.2.2 Culpa exclusiva da vítima
Consagra-se nesta hipótese, que a parte contratante, tem culpa na
ocorrência do dano, ou seja, é o agente causador do perigo que venha a ocorrer o
dano. Verifica-se para determinar a culpa da vítima, o caso de necessidade que o
conduziu no momento. Pode-se por como exemplo, um acidente de trânsito, em que
o motorista sacrifica o seu veículo automotor em prol de um maior, à vida da pessoa
que atravessou em frente ao seu carro imprudentemente.237
A respeito do estado de necessidade, ensina Silvio de Salvo Venosa:
O estado de necessidade no campo da responsabilidade civil está delineado nos arts. 188, II, 929 e 930. O agente, por exemplo, para desviar-se de um precipício, na direção de veículo, lança-se sobre uma pessoa; para desviar-se de uma árvore que tomba a sua frente inopinadamente, invade e danifica a propriedade alheia. Encontra-se justificativa para o mal causado à vítima na remoção iminente. O indivíduo, na iminência de ver atingido direito seu, ofende direito alheio. O ato, em sua essência, seria ilícito, mas a lei reconhece que há uma excludente. No entanto, a escusabilidade do estado de necessidade sofre os temperamentos dos art. 929 e 930. O primeiro desses dispositivos assegura a indenização ao dono da coisa ofendida, se não for culpado pelo perigo, e o segundo dispositivo expressa que, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este deverá ser movida ação regressiva pelo autor do dano, para haver a importância que tiver ressarcido ao dono da coisa. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se usou o dano, na hipótese de legítima defesa.Como se conclui, é bastante restrita a possibilidade de o ofensor, em estado de necessidade, eximir-se da indenização.238
O estado de necessidade tem fundamento nos artigos 188, 929 e 930 do
Código Civil, e embora o segurado haja com culpa em detrenimento do estado de
237 LEITE, Gisele. As excludentes da responsabilidade civil. Revista Jus Vigilantibus. Disponível em: <http://jusvi.com/artigos/>. Acesso em: 23 out. 2009. 238 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. p. 57.
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necessidade, não se exime da culpa exclusiva do agente.239
Caso não seja o ato, justificado por causo fortuito ou força maior e sim pela
culpa exclusiva do agente. Exclui-se a obrigação contratual de indenização da
seguradora, uma vez que a vítima que teve perdas e danos patrimoniais assume a
culpa do ato.240
Conforme entendimento do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, a
seguradora em caso de culpa exclusiva caracterizada, ou seja, o segurado age
causando o perigo terá excluída sua responsabilidade de pagamento, Ao caso
analisado, há o a culpa exclusiva por conduzir veiculo acima da velocidade permitida
ao cruzar via preferência sem a definida cautela, causando acidente de trânsito.
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REGRESSIVA. ACIDENTE DE TRÂNSITO. ABALROAMENTO TRANSVERSAL. INVASÃO DA VIA PREFERENCIAL, SEM AS CAUTELAS NECESSÁRIAS. BOLETIM DE OCORRÊNCIA CONCLUSIVO. PRESUNÇÃO JURIS TANTUM DE VERACIDADE, NÃO ELIDIDA POR PROVA CABAL EM SENTIDO CONTRÁRIO. CULPA EXCLUSIVA E PREPONDERANTE DA RÉ, QUE PREVALECE SOBRE EVENTUAL EXCESSO DE VELOCIDADE DO VEÍCULO SEGURADO. DEVER DE RESSARCIR AS DESPESAS SUPORTADAS PELA SEGURADORA PARA O CONSERTO DO VEÍCULO SINISTRADO. APLICAÇÃO DO ENUNCIADO NA SÚMULA 188 DO STF. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA CONFIRMADA. RECURSO IMPROVIDO. "O boletim de ocorrência elaborado por autoridade policial goza de presunção juris tantum de veracidade, e somente pode ser derruída por prova robusta em sentido contrário. Compete ao réu, em sede de contestação, alegar toda a matéria de defesa, a fim de impugnar o pedido do autor, de sorte que presumem-se verdadeiros os fatos não refutados" (AC n. 2008.078084-1, de Joinville, rel. Des. Fernando Carioni, j. 20.04.2009). "O condutor que pretende cruzar via preferencial deve fazê-lo cercado de tresdobradas cautelas, entre as quais a de certificar-se de que sua manobra não interromperá o fluxo regular do trânsito no local. Em assim não procedendo, responsabiliza-se pela indenização dos danos que causar a outrem" (AC n. 2003.006539-3, rel. Des. Luiz Carlos Freyesleben, j. 30.03.2006). Diante da prova documental e testemunhal carreadas ao bojo do autos evidencia-se que o veículo segurado pela autora trafegava na via preferencial, conforme Boletim de Ocorrência encartado aos autos. O Código de Trânsito Brasileiro obriga todo condutor de veículo automotor, antes de ingressar em via preferencial, tomar as cautelas necessárias, sob pena de ser responsabilizado pela reparação dos danos decorrentes de acidente de trânsito causado pelo ingresso imprudente na via prioritária, interceptando a trajetória do veículo que por ali trafega. Configura culpa manifesta e que
239 LEITE, Gisele. As excludentes da responsabilidade civil. Revista Jus Vigilantibus. Disponível em: <http://jusvi.com/artigos/>. Acesso em: 23 out. 2009. 240 LEITE, Gisele. As excludentes da responsabilidade civil. Revista Jus Vigilantibus. Disponível em: <http://jusvi.com/artigos/>. Acesso em: 23 out. 2009.
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prepondera sobre eventual excesso de velocidade do automotor que transita pela via preferencial, conforme iterativa jurisprudência. 241
Estudada a culpa exclusiva da vítima, passa-se ao título seguinte que
versará da embriaguez ao volante.
3.3 EMBRIAGUEZ AO VOLANTE
Embriaguez define-se como a relação entre o ato humano derivado da
ingestão de bebidas alcoólicas. As formas de embriaguez reconhecidas pelo Direito
Civil e Penal, são: acidental, culposa, habitual e preordenada. 242
Julio Fabbrini Mirabete define embriaguez, como “a intoxicação aguda e
transitória causada pelo álcool ou substâncias de efeitos análogos que privam o
sujeito da capacidade normal de entendimento”. 243
A embriaguez acidental, também chamada de causal. É gerada por caso
fortuito, ou seja, um acontecimento inesperado, imprevisto, alheio à vontade do
agente, ou de força maior. 244
Sob esta ótica, ensina Julio Fabbrini Mirabete:
A embriaguez fortuita (ou acidental) decorre de caso fortuito ou de força maior, situações em que o sujeito não quer embriagar-se nem fica embriagado por culpa sua. Como caso fortuito, citam-se como exemplos a embriaguez causada por acidente (cair em um tonel de aguardente, por exemplo) ou a provocada por medicamento em pessoa sensível ao álcool que ignora essa predisposição constitucional.245
A forma de embriaguez em tela ocorre por situações adversas à
culpabilidade do agente, que pode ingerir substância alcoólica, por ocasião de
tratamento médico, ou em seu labor, como ocorre, por exemplo, com os
241 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina. Apelação n. 2005.0355885-8, Primeira Câmara de Direito Civil, Rel. Des. Carlos Adilson Silva, j. 08/10/2009. Disponível em: <http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/acnaintegra!html.action?qTodas=culpa+s egurado+&qFrase=&qUma=&qNao=&qDataIni=&qDataFim=&qProcesso=&qEmenta=&qClasse=&qRelator=&qForo=&qOrgaoJulgador=&qCor=FF0000&qTipoOrdem=relevancia&pageCount=10&qID=AAAGxaAALAABGLyAAJ>. Acesso em: 23 out. 2009. 242 SZNICK, Valdir. Delitos de trânsito. 4. ed. São Paulo: Cone, 1995. p. 183. 243 MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2001. p. 220. 244 SZNICK, Valdir. Delitos de trânsito. p. 183. 245 MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal. p. 220.
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“provadores” de bebidas. Desta forma são tratadas essas situações como
embriaguez acidental. 246
A embriaguez culposa ocorre quando o agente bebe sem proporções, porém
não tem a intenção de chegar ao estado etílico da embriaguez. Trata-se de ato
imprudente do agente.247
Já a embriaguez habitual, refere-se a uma cultura social onde esta inserido o
agente, ao habito de ingerir substancias alcoólicas sem a intenção ou
preponderâncias de culpabilidade, mas sim por hábito de tomar a famosa
“cervejinha”.248
Na embriaguez preordenada, é um ato calculista para cometer um delito, ou
seja, as substancias alcoólicas exercer sobre o agente sentimentos de coragem,
pessoas tímidas, tornam-se extrovertidas entre outras modificações psicológicas que
são usadas pelo agente para encorajá-los ou mesmo citar como desculpa para
cometer ato delituoso.249
Na embriaguez preordenada o agente bebe para melhor cometer um crime.
Tem caráter voluntario, pois sabe do estado de embriaguez e o procura, com intuito
de encorajá-lo.250
O agente ao ingerir substancia alcoólica, passa por fases da embriaguez.
Primeiramente surge à fase de euforia, onde o álcool provoca sentimentos de
alegria, o agente se torna extrovertido, logo vem à fase de excitação relacionada aos
movimentos do agente ele se torna pré-disposto a movimentar-se, os movimentos
passam a ser intensos, e finaliza com a fase do coma que é ocasionado com
sentimentos tristes depressivos surge ai o sono intenso.251
Ensina Julio Fabbrini Mirabete:
Distinguem-se três fases ou graus de embriaguez: incompleta, quando há afrouxamento dos freios morais, em que o agente tem ainda consciência, mas se torna excitado, loquaz, desinibido (fase de excitação); completa, em que se desvanece qualquer censura ou freio moral, ocorrendo confusão mental e falta de coordenação motora, não tendo o agente mais consciência e vontade livres (fase de depressão); e comatosa, em que o sujeito cai em sono profundo (fase letárgica).252
246 SZNICK, Valdir. Delitos de trânsito. p. 183. 247 MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal. p. 220. 248 SZNICK, Valdir. Delitos de trânsito. p. 186. 249 SZNICK, Valdir. Delitos de trânsito. p. 187. 250 MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal. p. 220. 251 SZNICK, Valdir. Delitos de trânsito. p. 187 252 MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal. p. 220.
68
A aplicação da Lei 11.705\08, como popularmente conhecida “Lei Seca”,
veio estipular norma à condução segura de veículo. Determina que o limite legal a
um motorista com álcool no sangue seja de 0,3 dc\l.253
As penas previstas a lei para o delito de embriaguez ao volante, variam entre
a apreensão do veículo mais o pagamento de multa no valor de R$ 957,70, além da
suspensão da habilitação para dirigir pelo período de 12 meses. Em casos da
constatação, através de instrumentos específicos como, por exemplo, o bafômetro,
teor alcoólico no sangue de 0,6 dc\l poderá o motorista ser preso pelo período de 06
meses a um ano, pena suposta a pagamento de fiança.254
3.4 EMBRIAGUEZ AO VOLANTE COMO CLÁUSULA EXCLUDENTE DA
RESPONSABILIDADE DA SEGURADORA
Importante, neste momento, destacar duas situações fáticas, quais sejam,
aquela onde o segurado concorre para a ocorrência do acidente automobilístico e
aquela onde não há qualquer participação daquele para o evento danoso.
O objetivo deste trabalho não é exaurir o tema ora proposto, mas sim trazer
à lume algumas circunstâncias (sempre a título exemplificativo) concretas (que
levam em consideração o estado de embriaguez ao volante).
Esta subseção tem o condão de analisar apenas a conjuntura em que o
contratante participa ativamente e concorre para o acidente veicular em estado de
embriaguez.
Quando preenchidos os requisitos do art. 306 do Código de Trânsito
Brasileiro, caracterizando assim o crime de trânsito, qualificado está o ato ilícito no
quesito embriaguez ao volante, afastando-se a responsabilidade da seguradora,
caso venha acioná-la por qualquer tipo de dano ao automóvel ou a terceiros.255
Art. 306. Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6
253 MARENSI, Voltaire. O seguro no direito brasileiro. 9. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. p. 161 254 MARENSI, Voltaire. O seguro no direito brasileiro. p. 161. 255 CABETTE, Eduardo Luiz Santos. Novo artigo 306 do CTB. Princípio da legalidade X segurança do tráfego viário. Jus Navigandi, Teresina, ano 12, n. 1899, 12 set. 2008. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=11717>. Acesso em: 23 out. 2009
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(seis) decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência.256
Como critério excludente, há o teor alcoólico no sangue que encontra-se o
segurado no momento do sinistro. A constatação do crime de trânsito para então ter
conseqüência na perda do direito indenizatório se dá com o teor alcoólico acima de
seis decigramas.257
Para ser contatado o crime de trânsito o segurado além de apresentar teor
alcoólico no sangue acima do determinado, deve estar sob influência da substância
alcoólica, ou seja, conduzindo veículo de forma incorreta e perigosa, como por
exemplo, andando em “zig zag” em via pública.258
Quando preenchidos os requisitos do art. 165 do Código de Trânsito
Brasileiro, classifica-se a infração administrativa, que tem semelhança com o art 306
do mesmo código no que diz respeito à proibição de conduzir veículo automotor sob
a influência de substâncias alcoólicas, porem um caracteriza crime e o outro infração
e se distinguem pelo limite de teor alcoólico e a forma de condução do veículo.259
Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool, em nível superior a seis decigramas por litro de sangue, ou de qualquer substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica.260
Exemplificando, para melhor entendimento sobre a infração administrativa,
tem-se o motorista dirigindo em via pública de forma desordenada, sob influência do
álcool, é submetido ao bafômetro e verifica-se teor alcoólico inferior a seis
decigramas, é atuado por infração administrativa por esta sob influencia do álcool. 261
Sob esta ótica, ensina Juelci de Almeida
A prova de embriaguez, pra fins penais, se faz através de testemunhas, que possam atestar que o condutor do veiculo estava “sob influência substancia ingeridos se tornem capazes de alterar o
256 BRASIL. Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9503.htm>. Acesso em: 23 out. 2009 257 MATTEDI, Luiz Eduardo da Vitória. A embriaguez alcoólica e as suas conseqüências jurídico-penais . Jus Navigandi, Teresina, ano 9, n. 714, 19 jun. 2005. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6914>. Acesso em: 22 out. 2009. 258 JESUS, Damásio E. de. Embriaguez ao volante: notas à Lei nº 11.705/2008 . Jus Navigandi, Teresina, ano 12, n. 1846, 21 jul. 2008. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=11510>. Acesso em: 24 out. 2009. 259 JESUS, Damásio E. de. Embriaguez ao volante: notas à Lei nº 11.705/2008 . Jus Navigandi, Teresina, ano 12, n. 1846, 21 jul. 2008. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=11510>. Acesso em: 24 out. 2009. 260 BRASIL. Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9503.htm>. Acesso em: 23 out. 2009 261 JESUS, Damásio E. de. Embriaguez ao volante: notas à Lei nº 11.705/2008 . Jus Navigandi, Teresina, ano 12, n. 1846, 21 jul. 2008. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=11510>. Acesso em: 24 out. 2009.
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comportamento do condutor do veiculo, seus reflexos; enfim, sua forma de dirigir. Em outras palavras, não basta que tenha o condutor ingerido álcool, bêbado. 262
A partir daí a celeuma prende-se à verificação da responsabilidade da
seguradora no tocante ao pagamento do sinistro provado pelo estado ébrio do
segurado, como se verá a seguir.
Da seguradora exclui-se a responsabilidade indenizatória quando constatado
o dolo do segurado, ou seja, intenção dirigida ao ato ilícito, no caso, deve restar
comprovado o estado de embriaguez do segurado, o que, por si só, afasta a
responsabilidade da empresa seguradora em cumprir sua obrigação.263
O dolo é o elemento excludente da responsabilidade da seguradora, porém,
importante destacar que, para se ver isenta de sua obrigação contratual, a
seguradora deverá provar que o contratante, além de encontrar-se embriagado, deu
causa, provocando o acidente.264
Conforme disposto no art. 768 CC, o segurado perde a garantia de
indenização, caso agravar o risco através do dolo. Desta forma a embriaguez é um
ato doloso, onde o segurado assume o risco de conduzir veículo sob estado de
embriaguez e conseqüentemente gerar o sinistro.265
A embriaguez ao volante caracteriza-se como dolo eventual, sendo aquele
que assume o risco de produzir o sinistro. Desta forma admite o legislador dentro do
texto do art. 768 CC, o dolo puro, sendo aquele que o segurado almeja o risco para
a conclusão do sinistro como o agravamento do risco e a perda da garantia de
indenização.266
Julio Fabbrini Mirabete fornece os contornos conceituais do dolo eventual:
[...] a vontade do agente não está dirigida para a obtenção do resultado; o que ele quer é algo diverso, mas, prevendo que o evento possa ocorrer, assume assim mesmo o risco de causá-lo. Essa possibilidade de ocorrência do resultado não o detém e ele pratica a conduta, consentindo no resultado. Há dolo eventual, portanto, quando o autor tem seriamente como possível a realização do tipo legal se praticar a conduta e se conforma com isso. Exemplos de
262 Juelci de Almeida. 263 MATTEDI, Luiz Eduardo da Vitória. A embriaguez alcoólica e as suas conseqüências jurídico-penais. Jus Navigandi, Teresina, ano 9, n. 714, 19 jun. 2005. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6914>. Acesso em: 22 out. 2009. 264 PIGATTI, Claudio M. Robortella Boschi. A seguradora e as provas de embriaguez ao volante. Revista Consultor Jurídico. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2008-set-23/seguradoras_provas_embriaguez_volante>. Acesso em 23 out. 2009. 265 SZNICK, Valdir. Delitos de trânsito. p. 70. 266 SZNICK, Valdir. Delitos de trânsito. p. 70.
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dolo eventual são o do motorista que avança com o automóvel contra uma multidão, porque está com pressa de chegar a seu destino, por exemplo, aceitando o risco da morte de um ou mais pedestres; dos ciganos que mutilavam as crianças da tribo, para que esmolassem, causando-lhes a morte pela infecção; do médico que ministra medicamento que sabe poder conduzir à morte o paciente, apenas para testar o produto.267
O motorista embriagado, a título exemplificativo, que esta com seu veículo
parado e recebe forte colisão na traseira, sob tais circunstâncias mesmo estando
sob estado de embriaguez, não foi ele o causador do acidente, desta forma não
poderá ter seu direito ao seguro negado pela contratante, pois não concorreu nem
com culpa muito menos com dolo.268
O Tribunal de Justiça de Santa Catarina adota o entendimento perante as
causas excludentes de responsabilidade ao pagamento do seguro, de que só deve
ser excluída a responsabilidade contratual da seguradora ao pagamento da
indenização nos casos de embriaguez, comprovada a espécie preordenada e
voluntária, a fim de identificar a intenção e o dolo do segurado.
Analisa, por conseguinte a prova da culpa do acidente voltada á embriaguez,
ou seja, o estado de embriaguez deu-se por causa determinante do acidente. No
caso analisado, o condutor estava sob o estado de embriaguez e colidiu na traseira
de outro automóvel, porém o acidente deu-se em decorrência de imprudência de
terceiro. Não estando desta forma exaurida a responsabilidade de indenização da
seguradora, pois com base no nexo causal o estado de embriaguez do condutor não
foi o fator causador do acidente.
Segue a decisão do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, em matéria
analisada:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA C/C INDENIZATÓRIA EM FACE DE SEGURADORA. NEGATIVA DE COBERTURA DOS PREJUÍZOS POR EMBRIAGUEZ DO CONDUTOR. CLÁUSULA GENÉRICA RESTRITIVA DE DIREITO. NULIDADE. INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DE QUE A INGESTÃO DE BEBIDA ALCOÓLICA FOI A CAUSA DO ATO LESIVO. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO, NA CONTESTAÇÃO, QUANTO À IMPUTAÇÃO DA CULPA A TERCEIRO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE. INCREMENTO VOLUNTÁRIO DO RISCO NÃO DEMONSTRADO. DEVER DE INDENIZAR OS DANOS OCASIONADOS NO VEÍCULO
267 MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal. p. 141. 268 PIGATTI, Claudio M. Robortella Boschi. A seguradora e as provas de embriaguez ao volante. Revista Consultor Jurídico. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2008-set-23/seguradoras_provas_embriaguez_volante>. Acesso em 23 out. 2009.
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SEGURADO QUE SE FAZ PRESENTE. DECISÃO MANTIDA. "I - As cláusulas limitativas de garantias securitárias devem ser interpretadas restritivamente, sob a luz do princípio da boa-fé que é orientador de todos os contratos, sobretudo em se tratando de relação de consumo. "II - A embriaguez do condutor do veículo segurado, por si só, não é causa excludente da obrigação de indenizar assumida pela seguradora, mesmo havendo cláusula expressa em sentido contrário, pois o beneficiário objetiva, com o pagamento regular do prêmio, desfrutar sem preocupação do bem segurado, salvo se o estado etílico é preordenado (voluntário) e com o escopo de provocar acidente de trânsito ou qualquer outro incidente causador de dano. III - Ademais, não havendo prova de que a embriaguez foi a causa determinante para a ocorrência do sinistro, infundada é a exclusão da cobertura, devendo a seguradora ré indenizar os danos causados no veículo segurado, no valor previsto no orçamento" (TJSC, Apelação Cível n. 2004.029025-4, de Itajaí, rel. Des. Joel Dias Figueira Júnior, j. 19-8-08).269
No âmbito do descumprimento contratual, traz-se o entendimento em
análise, do segurado em estado de embriaguez no aspecto de culpa a decorrência
do acidente. O teor de álcool no sangue para que seja caracterizada a embriaguez
do motorista e o descumprimento das clausulas contratuais na apólice de seguro.270
Todavia não se exaure a responsabilidade da seguradora ao pagamento de
indenização se não comprovado por meios técnicos (neste caso o bafômetro feito
pelas autoridades policiais), a embriaguez constatada acima do teor alcoólico no
sangue permitido.271
O Tribunal de Justiça de Santa Catarina admite que a culpa nos delitos de
trânsito, seja demonstrada por todos os meios de prova admitido. Desta forma a
embriaguez é comprovada através de pericia, ou precisa ficar clara através de
outros elementos, como testemunhas, B.O., resultado do bafômetro. 272
269 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Apelação cível n. 2000.021318-7, Rel. Des. Ruy Pedro Schneider, j. 16/10/2001. Disponível em: <http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia /acnaintegra!html.action?qID=AAAGxaAAIAAAM%2BmAAB&qTodas=embriaguez +teor+seguro&qFrase=&qUma=&qCor=FF0000>. Acesso em 23 out. 2009. 270 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Apelação cível n. 004163-2, 2ª Câmara Cível, Relator Des. Mazoni Ferreira. j. 24/01/2008. 271 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Apelação cível n. 2004.024681-1, Câmara Especial Temporária de Direito Civil, Rel. Des. Domingos Paludo, j. 10/09/2009. Disponível em: <http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/acnaintegra!html.action?qTodas=embriaguez+prova +seguro&qFrase=&qUma=&qNao=&qDataIni=&qDataFim=&qProcesso=&qEmenta=&qClasse=&qRelator=&qForo=&qOrgaoJulgador=&qCor=FF0000&qTipoOrdem=relevancia&pageCount=10&qID=AAAGxaAAKAABBFtAAA>. Acesso em 23 out. 2009. 272 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Apelação cível n. 2004.024681-1, Câmara Especial Temporária de Direito Civil, Rel. Des. Domingos Paludo, j. 10/09/2009. Disponível: <http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/acnaintegra!html.action?qTodas=embriaguez+prova+seguro&qFrase=&qUma=&qNao=&qDataIni=&qDataFim=&qProcesso=&qEmenta=&qClasse=&qRelator=&qForo=
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O contrato de seguro de veículo está sob a influência do Código de Defesa
do Consumidor, que por sua vez é hipossuficiente. Com base neste aspecto, a
jurisprudência transfere a seguradora o ônus de demonstrar, que o segurado
agravou os riscos , com a embriaguez, dando causa ao acidente. Neste caso é da
seguradora o ônus probandi. 273
Segue a decisão do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, em matéria
analisada:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE COBRANÇA - CONTRATO DE SEGURO - ACIDENTE DE TRÂNSITO - MOTORISTA CAUSADOR DO ACIDENTE EM ESTADO DE EMBRIAGUEZ - NEGATIVA DE PAGAMENTO PELA SEGURADORA - RISCO COBERTO - DEVER DE INDENIZAR DA SEGURADORA - DANOS MATERIAIS DEVIDAMENTE COMPROVADOS - DEVER DE INDENIZAR INARREDÁVEL - DECISUM MANTIDO - RECURSO DESPROVIDO. "A embriaguez do segurado, por si só, não enseja a exclusão da responsabilidade da seguradora prevista no contrato, mas a pena da perda da cobertura está condicionada à efetiva constatação de que o agravamento de risco foi condição determinante na existência do sinistro" (STJ - REsp n. 599985/SC, rel. Min. César Asfor Rocha, j. em 19-2-2004).274
O entendimento do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, alude sobre o
estado de embriaguez como um agravamento do risco. Com o fundamento de ser
ato de negligencia e dolo eventual do segurado, quando comprovado o teor alcoólico
no sangue acima do permitido, considerável aceitável pela legislação brasileira. 275
A conduta voluntaria que conduz o dolo eventual, não necessariamente
exclui da responsabilidade da seguradora o pagamento, mas sim se comprovado a
agravação do risco dando o determinante ao sinistro, ou seja, ser o segurado o
&qOrgaoJulgador=&qCor=FF0000&qTipoOrdem=relevancia&pageCount=10&qID=AAAGxaAAKAABBFtAAA>. Acesso em: 23 out. 2009. 273 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Apelação cível n. 2004.005946-9, Rel. Des. Dionizio Jenczak, j. 30/04/2004. Disponível: <http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/acnaintegra! html.action?qTodas=embriaguez+onus+probandi+seguradora+cdc&qFrase=&qUma=&qNao=&qDataIni=&qDataFim=&qProcesso=&qEmenta=&qClasse=&qRelator=&qForo=&qOrgaoJulgador=&qCor=FF0000&qTipoOrdem=relevancia&pageCount=10&qID=AAAGxaAAJAAAbsRAAE>. Acesso em 23 out. 2009. 274 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Apelação. 048892-0, 3 ª Câmara Cível, Relator Fernando Carioni, j. 28/01/2008. 275 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Recurso criminal n. 2006.002066-0, Segunda Câmara Criminal, Rel. Des. Irineu João da Silva, j. 21/03/2006. Disponível em: http://app.tjsc .jus.br/jurisprudencia/acnaintegra!html.action?qTodas=embriaguez+dolo+eventual&qFrase=&qUma=&qNao=&qDataIni=&qDataFim=&qProcesso=&qEmenta=&qClasse=&qRelator=&qForo=&qOrgaoJulgador=&qCor=FF0000&qTipoOrdem=relevancia&pageCount=10&qID=AAAGxaAAJAAAkF2AAF>. Acesso em 23 out. 2009.
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causador do acidente de trânsito, levado pelo dolo eventual de embriaguez ao
volante. 276
Segue a decisão do Superior Tribunal de Justiça de Santa Catarina, em
matéria analisada:
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO DE SEGURO - CONTRATO DE SEGURO VEICULAR - ACIDENTE DE TRÂNSITO - MORTE DO CONDUTOR - PERDA TOTAL DO BEM - NEGATIVA NO PAGAMENTO - EMBRIAGUEZ - LAUDO PERICIAL - PROVA HÍGIDA - AGRAVAMENTO DO RISCO - INDENIZAÇÃO VEDADA - PRECEDENTES DA CÂMARA - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO DESPROVIDO. A embriaguez do condutor, devidamente comprovada por laudo pericial, configura agravamento de risco e desobriga a SEGURADORA do pagamento da indenização do seguro contratado.277
O entendimento do Superior Tribunal de Justiça não se mostra contrário as
decisões proferidas pelo Tribunal de justiça de Santa Catarina, ao constatar que a
seguradora não se exime do pagamento de indenização pelo do condutor estar
embriagado, mas sim que este aspecto o levou para a agravação dos riscos que
levaram a conseqüência do sinistro.
Segue a decisão do Superior Tribunal de Justiça, em matéria analisada:
AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO DE COBRANÇA. CONTRATO DE SEGURO DE VEÍCULO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. EMBRIAGUEZ COMPROVADA. REEXAME DE PROVA. DESCABIMENTO. SÚMULA STJ/7. I - É firme a jurisprudência desta Corte no sentido de que a embriaguez do segurado, por si só, não enseja a exclusão da responsabilidade da seguradora prevista no contrato, ficando condicionada a perda da cobertura à efetiva constatação de que o agravamento de risco foi condição determinante para a ocorrência do sinistro. Precedentes. II - Analisando o conjunto probatório dos autos, concluiu o Tribunal de origem que o agravamento do risco decorrente do estado etílico do condutor do veículo, influiu, decisivamente, na ocorrência do acidente, não podendo a questão ser revista em âmbito de Recurso Especial, ante o óbice da Súmula 7 desta Corte. III. A agravante não trouxe qualquer argumento capaz de modificar a conclusão alvitrada, a qual se mantém por seus próprios fundamentos. Agravo improvido.278
276 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Recurso criminal n. 2006.002066-0, Segunda Câmara Criminal, Rel. Des. Irineu João da Silva, j. 21/03/2006.Disponível: <http://app.tjsc .jus.br/jurisprudencia/acnaintegra!html.action?qTodas=embriaguez+dolo+eventual&qFrase=&qUma=&qNao=&qDataIni=&qDataFim=&qProcesso=&qEmenta=&qClasse=&qRelator=&qForo=&qOrgaoJulgador=&qCor=FF0000&qTipoOrdem=relevancia&pageCount=10&qID=AAAGxaAAJAAAkF2AAF>. Acesso: 23 out. 2009. 277 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental. 0177279-1, 3 ª Câmara Cível, Rel. Ministro Sidnei Beneti, j. 13/06/2009. 278 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental. 0177279-1, 3 ª Câmara Cível, Rel. Ministro Sidnei Beneti, j. 13/06/2009.
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Desta forma, o Superior Tribunal de Justiça tem entendimento de que só
será excludente de pagamento indenizatório pela seguradora, quando constato além
do estado de embriaguez, o dolo e agravação do risco. Não bastando como prova
de embriaguez o teor alcoólico do segurado, mas sim a comprovação de causa ao
acidente.
Segue a decisão do Superior Tribunal de Justiça, em matéria analisada:
RECURSO ESPECIAL. SEGURO. EMBRIAGUEZ. SINISTRO. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DA RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO. EXCLUSÃO DA COBERTURA IMPOSSIBILIDADE. A circunstância de o segurado, no momento em que aconteceu sinistro apresentar dosagem etílica superior àquela admitida na legislação de trânsito não basta para excluir a responsabilidade seguradora, pela indenização prevista no contrato.- Para livrar- se da obrigação securitária, a seguradora deve provar que a embriaguez causou, efetivamente, o sinistro.279
Em análise crítica as decisões do Tribunal de Justiça de Santa Catariana em
contrapartida amparada pelo entendimento do Superior Tribunal de Justiça. Verifica-
se o entendimento de que a seguradora tem obrigação contratual de indenizar o
segurado, mesmo este apresentando estado de embriaguez, todavia encontrado
como causa de agravação dos riscos e a dolo e culpa do acidente, levedo pelo
estado de influencia alcoólico. Desta forma esta excluída a responsabilidade
indenizatória.
Por fim, tem-se que a necessária relação entre a causa do acidente de
transito, repousa na responsabilidade indenizatória da seguradora, atribuindo o
dever de pagar indenizar ou eximir-se do pagamento quando contrário for o ato do
segurado ante suas obrigações contratuais.
279 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental. 0072417-2, 3 ª Câmara Cível, Rel. Ministro Humberto Gomes de Barris, j. 07/03/2006.
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CONCLUSÃO
Como vislumbrou-se nesta pesquisa, o contrato esta amparado por diversos
princípios que fazem do negócio jurídico contratado, vontade voluntárias das partes.
Desta vontade ensejadora do negócio jurídico nasce obrigações a qual encontra
amparo no Direito Civil.
Por conseguinte a matéria de contrato encontra-se descriminada em
subdivisões de espécies, a qual o foco da pesquisa se direciona a espécie contratual
de seguros. Tem esta a finalidade de amparar riscos eventuais a bens pessoais ou
materiais descriminados em documento específico a qual chamamos de apólice.
O negócio jurídico de seguro tem como objeto o risco eventual amparado
pela seguradora, na qual se compromete a este com amparo de ressarcimento
financeiro, ou com o intuito de reparar um dano ou diluir da forma mais justa a perda,
contratada com o pagamento do prêmio feito pelo segurado, onde a partir deste é
celebrado o contrato.
No escopo da pesquisa, adentra-se ao contrato de seguro de automóveis,
que tem natureza jurídica no contrato de seguro de danos, onde a obrigação da
seguradora é a indenização pelo dano ocasionado através do sinistro por perdas
totais ou parciais. Logo a obrigação do segurado faz juz a que este risco não seja
provocado ou mesmo depois de ocorrido agravado.
As partes contratante, segurado e segurador, devem agir com boa-fé no ato
e conseqüente vigência do negócio jurídico, para que não ocorra a perda de garantia
do bem. Desta forma o segurado tem o dever de fornecer todas as informações
referentes ao veículo a que pretende segurar, bem como pagar o prêmio a
seguradora para a celebração do contrato, manter a proteção do veiculo segurado,
afim de não agravar o dano, bem como a comunicação conforme prazos
estabelecidos na apólice de seguro, do acidente a qual veio a ocorrer o sinistro com
o veiculo ou as modificações feitas no mesmo. Já a seguradora deve prestar a
indenização, conforme prazos estipulados na apólice de seguros, ou providenciar os
reparos.
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Quanto à constatação de embriaguez do condutor do veículo, há por este
ato a ocorrência de dolo eventual e agravamento do risco, ou seja, deve ser
demonstrada a culpa do acidente devida ao estado de embriaguez do segurado.
Os meios probatórios de embriaguez encontram amparo no Código Civil, e
para que seja configurado o estado de embriaguez do segurado, deve por meio de
provas, a constatação do teor alcoólico comprovado com excesso, acima do
permitido no Código de Trânsito Brasileiro. Porem não basta este para que seja
eximida a responsabilidade da seguradora, conforme contrato de seguro de veículo
e obrigações advindas do mesmo, em decorrência de que o condutor deva estar sob
a influência do álcool e comportando-se de forma irregular na condução do veículo,
por motivações geradas pelas fases de embriaguez.
O contrato de seguro é influenciado pelo Código de Defesa do Consumidor,
que transfere a seguradora o dever de prova de culpa do segurado, no escopo da
pesquisa, transfere o dever de provar que a embriaguez trouxe a causa do acidente.
É verificada a causa motivada do acidente, podendo ser esta, contratual,
quando o negócio jurídico foi gerado por forma fraudulenta, dolo, má-fé, ou
extracontratual, quando ocorrer caso fortuito ou de força maior ou culpa exclusiva do
segurado.
Exclui a responsabilidade de indenização ao pagamento da indenização, pro
vente do sinistro ocorrido ao veículo segurado, quando constatado que o estado de
embriaguez do condutor do veículo foi a causa determinando para a ocorrência do
sinistro foi o dolo como intenção de ato dirigido a forma ilícita. Porém é entendido
pelos Tribunais que a embriaguez pode ser entendida como dolo eventual, sendo
que o condutor assume ao ingerir bebida alcoólica o risco da ocorrência do sinistro,
por entender que a substancia de álcool produz ao condutor algumas influencias que
são entendidas pelas fases de embriaguez: euforia, excitação e de coma.
A embriaguez esta determina pelo Código Penal e Código Civil, a qual é
reconhecida por formas, que são estas: acidental, culposa, habitual, e preordenada.
Desta forma, conclui-se que a seguradora só será eximida da sua
responsabilidade contratual em prestar a indenização quando constatado o
agravamento do risco por culpa exclusiva do segurado, em decorrência do dolo
eventual, com base no teor alcoólico e nas influencias apresentadas por ele no
momento do sinistro.
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