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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DA UNIVALI EM SÃO JOSÉ
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO HABILITAÇÃO COMÉRCIO EXTERIOR
ALESSANDRA FÁTIMA SAUEL
ESTUDO DE IMPORTAÇÕES DA EMPRESA
SUPERMERCADOS IMPERATRIZ
São José 2005
ALESSANDRA FÁTIMA SAUEL
ESTUDO DE IMPORTAÇÕES DA EMPRESA
SUPERMERCADOS IMPERATRIZ
Trabalho de Conclusão de Curso
projeto de aplicação
apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Administração da Universidade do Vale do
Itajaí.
Professor Orientador: Júlio César Schmitt Neto
São José 2005
ALESSANDRA FÁTIMA SAUEL
ESTUDO DE IMPORTAÇÕES DA EMPRESA
SUPERMERCADOS IMPERATRIZ
Este Trabalho de Conclusão de Estágio foi julgado adequado e aprovado em sua forma final
pela Coordenação do Curso de Administração
Habilitação Comércio Exterior da
Universidade do Vale do Itajaí.
Profª MSc. Luciana Merlin Bervian. Univali CE São José
Coordenadora do Curso
Banca Examinadora:
Profº Júlio César Schmitt Neto Univali CE São José Professor Orientador
Prof ª Suzi Mary Hamilka IPiranga Univali CE São José
Membro
Prof. Amarildo Felipe Kanitz Univali CE São José
Membro
iii
Dedicatória
Dedico este trabalho ao meu marido Eloi Reina,
que sempre me apoiou, acreditando em meu
potencial, e acompanhando-me durante a execução
de todo o trabalho com amor, carinho e muita
compreensão.
iv
Agradecimentos
Agradeço, aos meus amigos, professores que de alguma forma
contribuíram para que a execução do trabalho fosse possível.
Em especial agradeço ao prof. Júlio César Schmitt Neto, que
com muita sabedoria orientou me, contribuído no andamento
e conclusão do trabalho.
v
O futuro não pertence apenas aos que são bem
intencionados. O futuro pertence aos competentes.
Pertence a aqueles que são muito, muito bons
naquilo que fazem.
Brian Fracy
vi
RESUMO
O comércio entre os países é uma realidade, conseqüência principalmente da globalização e da necessidade de troca de produtos. A busca de vantagens competitivas da empresa é uma necessidade e a importação abre mercado para a busca de novos produtos, novos fornecedores e custos reduzidos. A proposta deste trabalho é de apresentar as rotinas de importação dos processos já realizados pela empresa Supermercados Imperatriz Ltda, como também analisar e identificar as dificuldades encontradas na aquisição das mercadorias no exterior. A pesquisa caracterizou-se como qualitativa, com entrevistas junto aos principais envolvidos na compra internacional, análise documental, e embasamento bibliográfico. Os dados foram coletados em livros, através de entrevistas e consulta aos processos realizados pela empresa. São apresentadas neste trabalho as etapas seguidas pela empresa para a importação, como também as dificuldades encontradas durante a realização das importações. Observou-se que a empresa possui dificuldades quanto a sistemática de importação, devido inexperiência quanto a prática de comércio exterior, confecção dos documentos, idiomas, barreiras tarifárias, imposição de quotas, sendo que a assessoria exerceu papel fundamental para o desempenho da empresa nesta prática. Verificou-se que a empresa não tem por prática a pesquisa de mercado, para os produtos importados foram identificados os fornecedores em feiras na qual empresa visitou.
Palavras-chave: Importação, sistemática de importação, Supermercados.
vii
ABSTRACT
The commerce between the countries is a reality, consequence mainly of the globalization and the necessity of exchange of products. The search of competitive advantages of the company is a necessity and the importation opens market for the search of new products, new suppliers and reduced costs. The proposal of this work was to present the routines of importation of the processes already carried through by the company Supermarkets Empress Ltda, as also to analyze and to identify the difficulties found in the acquisition of the merchandises in the exterior. The research was characterized as qualitative, with main interviews together to the involved ones in the international purchase, analysis documentary and the bibliographical basement. The data had been collected in books, through interviews and consult to the processes carried through for the company. The stages followed for the company for the importation are presented in this work, as also the difficulties found during the accomplishment of the importations. Inexperiência how much practical of foreign commerce was observed that the company possesss difficulties how much the importation systematics, had, the confection of documents, language, tarifárias barriers, imposition of quotas being that the assessorship exerted basic paper for the performance of the company in this practical. It was verified that the company does not have for practical the market research, for the imported products had been identified the suppliers in fairs in the which company visited.
Key-words: Importation, systematic of importation, Supermarket.
Lista de ilustrações
Figura 1: Primeira filial da rede de Supermercados Imperatriz Ltda .................................................... 46
Figura 2: Loja 1 da rede de Supermercados Imperatriz Ltda ................................................................ 47
Quadro 1: Resumo das importações realizadas pela empresa Supermercados Imperatriz Ltda. ........... 51
Quadro 2: Condições de venda e modalidades de pagamento negociadas. ........................................... 52
9
Lista de tabelas
Tabela 1: Localização dos dois centros de distribuição da rede ......................................................47
Tabela 2: Localização das farmácias da rede............................................................................47
Tabela 3: Localização de todas as filiais da
rede...................................................................................Erro! Indicador não definido.8
10
SUMÁRIO
Resumo.................................................................................................................................... vii
Abstract.................................................................................................................................. viii
Lista de ilustrações.................................................................................................................. ix
Listas de tabelas ........................................................................................................................x
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................12
1.1 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA......................................................................13
1.2 OBJETIVOS ...............................................................................................................13
1.2.1. Objetivo Geral.............................................................................................13
1.2.2. Objetivos Específicos .................................................................................13
1.3 JUSTIFICATIVA .........................................................................................................13
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................15
2.1 GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO INTERNACIONAL ........................................................15
2.2 COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO ..........................................................................18
2.3 IMPORTAÇÃO ...........................................................................................................20
2.4 BARREIRAS AO COMÉRCIO INTERNACIONAL.............................................................21
2.4.1. Barreiras tarifárias.......................................................................................21
2.4.2. Barreiras não tarifárias................................................................................22
2.5 ROTEIRO DE IMPORTAÇÃO .......................................................................................26
2.5.1. Pesquisa de Mercado ..................................................................................26
2.5.2. Classificação fiscal .....................................................................................26
2.5.3. Tratamento administrativo ..........................................................................27
2.5.4. Estudo de viabilidade da Operação.............................................................30
2.5.5. Registro, Habilitação e Credenciamento. ...................................................31
2.5.6. Negociação/Contato com o exportador.......................................................32
2.5.7. Formas de Pagamento .................................................................................33
2.5.8. Contratação do Frete e seguro ....................................................................35
2.5.9. Despacho aduaneiro/Nacionalização da mercadoria ..................................36
2.6 TRIBUTAÇÃO DAS IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS........................................................37
2.7 DOCUMENTOS NO COMÉRCIO INTERNACIONAL ........................................................40
2.7.1 Fatura Pro Forma ..........................................................................................40
11
2.7.2 Fatura comercial (Commercial Invoice) ........................................................41
2.7.3 Conhecimento de Embarque ..........................................................................41
2.7.4 Romaneio de embarque (Packing List).........................................................42
2.7.5 Certificado de origem ...................................................................................42
2.7.6 Outros certificados ........................................................................................42
2.7.6.1 Certificado Fitossanitário (Phytosanitary Certificate) ...............................42
2.7.6.2 Certificado de Análise (Analysis Certificate) .............................................43
2.7.6.3 Certificado de Qualidade (Quality Certificate)...........................................43
2.7.6.4 Certificado de Inspeção (Inspection Certificate) ........................................43
2.7.6.5 Certificado de Peso (Weight Certificate) ....................................................43
2.7.6.6 Outros certificados especiais ......................................................................43
2.7.7 Nota Fiscal de Entrada ...................................................................................43
3 DESCRIÇÃO DO MÉTODO...........................................................................................45
4 ANÁLISE...........................................................................................................................46
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA..............................................................................46
4.2 ROTINAS DOS PROCESSOS DE IMPORTAÇÃO NA EMPRESA SUPERMERCADOS
IMPERATRIZ LTDA. ..................................................................................................50
4.2.1 Contato com o exportador..............................................................................51
4.2.2 Transporte e seguros internacionais...............................................................52
4.2.3 Emissão de certificados .................................................................................53
4.2.4 Embarque .......................................................................................................53
4.2.5 Chegada e nacionalização da mercadoria ......................................................54
4.2.6 Emissão da Nota Fiscal de Entrada................................................................55
4.2.7 Arquivamento dos processos de importação .................................................55
4.3 DIFICULDADES ENCONTRADAS NA REALIZAÇÃO DAS IMPORTAÇÕES........................57
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................59
REFERÊNCIAS......................................................................................................................61
12
1 INTRODUÇÃO
O atual cenário mundial caracteriza-se pela globalização econômica, financeira e
comercial. A liberalização do comércio e a abertura dos mercados locais tornaram a
competitividade ainda mais acirrada.
O comércio internacional amplia as opções de negócio e estar preparado e estruturado
para atuar neste mercado buscando as vantagens oferecidas é de suma importância para o
crescimento empresarial.
Muitas empresas encontram dificuldades para atuarem no mercado externo, seja pela
elevada carga tributária, seja pela falta de conhecimento da legislação brasileira,
desconhecimento de acordos internacionais, ou pela burocracia no processo.
Com o aumento da concorrência no mercado varejista do estado de Santa Catarina faz-
se necessário a ampliação da eficiência das empresas. Antecipar-se ao mercado buscando
satisfazer as necessidades dos clientes é fundamental para a sobrevivência das organizações.
Para Carnier (1996), a competitividade pode ser definida como:
[...] a manutenção da rentabilidade no nível desejado, com o aumento constante de clientes fieis, através da melhoria contínua do relacionamento de toda a cadeia existente entre a empresa e o consumidor final, atendendo em tempo real esteja ele onde estiver.
Para a empresa é indiscutível a importância de ampliar o mercado de negociação.
Através das importações a empresa aumentaria os seus fornecedores, obtendo
conseqüentemente diversidade na oferta de produtos e melhores preços, atendendo assim a
principal exigência de seus consumidores. O incremento nas importações significa para a
empresa, oferta de produtos mais competitivos, o que lhe proporciona vantagem competitiva,
já que o foco de seu negócio é comércio varejista.
Segundo Maia (1995), as importações podem ser convenientes ao país comprador, já
que a vantagem na produção obtida por determinados países reverte-se em preços mais
acessíveis. Muitas vezes é mais barato comprar do que produzir.
Ignorar vantagens que podem ser obtidas em outros mercados, é ignorar a
possibilidade de crescimento. Buscar opções de fornecedores e novos produtos, oferecendo a
cada dia preços ainda mais reduzidos é um desafio. As empresas precisam agir e encontrar
opções no mercado global para se fortalecerem.
13
1.1 Descrição da situação problema
A empresa Supermercados Imperatriz Ltda pratica importações desde 2004,
entretanto, as compras internacionais têm se realizado de maneira esporádica. Muitos dos
produtos importados que a empresa vende em suas lojas são comprados de distribuidores no
Brasil. A organização não possui departamento específico para a atividade de importação.
Descobrir quais são as principais dificuldades, e o que impede a empresa de praticar
esse processo com maior freqüência, buscando novas alternativas de compra para o
departamento comercial, elevando assim a vantagem competitiva na oferta de produtos é o
desafio proposto neste trabalho.
1.2 Objetivos
Nos itens que seguem serão apresentados o objetivo geral e quais as etapas a serem
seguidas para se alcançar o objetivo proposto.
1.2.1. Objetivo Geral
Analisar os processos de importações realizados na empresa Supermercados
Imperatriz Ltda.
1.2.2. Objetivos Específicos
- Apresentar as rotinas e a maneira pela qual são realizados os processos de
importação na empresa.
- Verificar as dificuldades encontradas pela empresa na realização das suas
importações.
1.3 Justificativa
A política de comércio exterior brasileira visa o desenvolvimento econômico do país,
que é buscado com o aumento dos níveis de exportação. Sabe-se que uma balança comercial
superavitária não é tão positiva quanto parece. É importante lembrar que, para que
consigamos aumentar os níveis de exportação, é necessário progredirmos no mesmo sentido,
14
no atendimento as exigências de matérias primas, produtos acabados, semi-acabados e
incrementos tecnológicos no setor industrial, e isso pode ser buscado através das importações.
O mercado internacional é um setor primordial para a sobrevivência das empresas,
seja nos países semi-desenvolvidos, seja nos países de 1° mundo. Este comércio é uma troca
constante, o país não sobrevive apenas das exportações nem tão somente de importados.
O mercado para as negociações não é mais tão somente o local, o ambiente é
globalizado e as empresas devem buscar as melhores oportunidades de negócio.
A empresa Supermercados Imperatriz, há 30 anos atuando no mercado varejista, busca
a cada dia manter-se neste mercado que é tão competitivo. O departamento comercial através
de negociações constantes junto ao mercado local, objetiva preços cada vez melhores para
seus consumidores. Encontrar alternativas que possibilite a empresa maior competitividade é
crucial para seu crescimento e permanência no mercado. Atuar no mercado internacional é
uma alternativa, já que a empresa ampliaria seu número de fornecedores, o que poderia
melhorar os preços dos produtos adquiridos ampliando sua competitividade no mercado local.
Para isso é importante proceder de forma correta os processos, buscando a redução dos custos
e viabilizando assim esta operação.
Ter uma visão global é de suma importância e as empresas que não estiverem
preparadas para enfrentar as mudanças e encontrar alternativas que melhorem sua atuação no
mercado, diminuirão consideravelmente sua competitividade.
15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo serão abordados aspectos da globalização e comércio internacional, o
comércio exterior brasileiro, como também os procedimentos e entraves à prática de
importações no cenário nacional.
2.1 Globalização e comércio internacional
Dois importantes pensadores idealizaram a liberalização do comércio mundial. Adam
Smith, com a teoria da vantagem absoluta, e David Ricardo, com o modelo de vantagem
relativa. Foi com a teoria ricardiana que a liberalização do comércio iniciou-se de fato. (DI
SENA JUNIOR, 2003).
Historicamente o comércio internacional teve sua origem por volta do século XVI com
a era dos mercantilistas, quando iniciou a expansão do comércio internacional. A partir de
então as nações perceberam que poderiam utilizar seus recursos de forma mais eficiente
especializando-se em atividades que melhor alocassem os recursos disponíveis, elevando a
renda nacional e proporcionando melhorias na qualidade de vida de sua população. A partir
do século XIX, com o liberalismo econômico, o desenvolvimento das políticas fiscais, a
integração dos mercados financeiros e a criação das nações industriais intensificaram-se. Esse
liberalismo não era completo, já que o protecionismo elevado, caracterizado principalmente
pela imposição de elevadas barreiras de importação e tarifas alfandegárias altíssimas,
imperava e desestimulava o comércio internacional. Para regular e controlar essa atividade
proporcionando maior controle e igualdade nas relações entre as nações, os países passaram a
negociar através de várias conferências. A partir destas negociações vários organismos foram
criados, todos com o objetivo principal de regular as relações do comércio internacional entre
os países. Inicialmente os participantes das conferências e vencedores da 2° guerra mundial
(França, EUA, e URSS), pretendiam criar a OIC1 (Organização Internacional do Comércio),
1 A função seria coordenar e supervisionar a negociação de um novo regime para o comércio mundial
baseado no multilateralismo e do liberalismo. (DI SENA JUNIOR, 2003).
16
juntamente com O FMI2 ( Fundo monetário internacional) e o BIRD3(banco Mundial). Sem
êxito os assuntos relativos ao comércio exterior passaram a serem regulados pelo GATT.
Em
1° de janeiro de 1948 entraria em vigor o protocolo de aplicação provisória do GATT (acordo
geral de tarifas e comércio). Desde então passaram a ocorrer rodadas de negociação que
decidiriam os rumos do comércio internacional, entre elas pode-se destacar a conferência de
Bretton Woods (julho/1994). Entre 1986 e 1994 ocorreu a oitava rodada do GATT,
denominada rodada Uruguai. Nesta deu-se a assinatura do acordo em Marrakesch, acordo
este que criaria a OMC (Organização Mundial do Comércio), órgão que entrou em
funcionamento em 1° de janeiro de 1995. (DI SENA JUNIOR, 2003).
O comércio internacional é uma realidade da qual as empresas não podem mais abster-
se, fugir desta realidade significa abrir mão das vantagens e das facilidades que a globalização
trouxe consigo.
A globalização não só traz oportunidades de ampliação de mercado para os produtos
brasileiros, como também traz mais competitividade ao mercado interno, pois garante a
entrada de concorrentes estrangeiros em nosso país. (CARNIER, 1996).
Estamos diante de uma nova forma de comércio adaptar-se a ela é sobreviver à
globalização. Quanto mais relações os países mantém, mais interligados eles se tornam. Nos
dias atuais estar atento a todas as mudanças e planejar as ações a partir delas é viver e atuar
globalmente. Por isso, para Silva (1999), os governos devem ficar atentos as políticas dos
países vizinhos, elas influenciam decisivamente o comércio exterior do país.
Segundo Cherem e Di Sena Junior (2004), o comércio internacional favorece o acesso
de um maior número de consumidores a bens, aumentando a competitividade já que
disponibiliza aos consumidores produtos com maior qualidade e menor preço.
[...] o comércio internacional favorece a geração de riqueza e estimula a economia aumentando as perspectivas tanto de produção quanto de consumo [...]. (CHEREM, DI SENA JUNIOR, 2004).
Os motivos que fazem com que os países pratiquem trocas comerciais são diversos,
seja para satisfazer necessidades vitais, seja para satisfazer um desejo de consumo. Muitas
2 O FMI teria como função manter a estabilidade das taxas de câmbio e assistir os países com problema
de balanço de pagamentos através do acesso a fundos especiais [...] . DI SENA JUNIOR, 2003).
3 Sua função, fornecer os capitais necessários à reconstrução dos países atingidos pela guerra, atuando
como agencia de fomento ao desenvolvimento . (DI SENA JUNIOR, 2003).
17
foram às barreiras impostas ao comércio internacional no decorrer da história, mas a
intensificação dos mecanismos comerciais fez com estas barreiras, tanto as alfandegárias,
quanto às político-econômicas diminuíssem. A idéia de globalização trouxe consigo a
intensificação do comércio entre os países através da criação de blocos. (SILVA, 1999).
Para Silva (1999), uma forma de superar as restrições impostas pelos países é o
estabelecimento de acordos comerciais e tratados, que são convenções firmadas entre as
nações por tempo e com objetivos pré-determinados. Um exemplo disso é o acordo firmado
entre os países que fazem parte do bloco Mercosul4.
Para Hartung (2002), o nascimento do comércio internacional pode ser explicado da
seguinte maneira:
[...] a desigualdade da produção e as diferenças entre as disponibilidades de recursos naturais têm forçado as nações a buscarem em outros países os produtos e serviços que não podem ser reproduzidos em seu território. Assim surgiram também os parceiros comerciais.
Segundo Silva (1999), o comércio internacional ocorre já que nenhum país é auto-
suficiente, ou quando produz o necessário para suprir o consumo interno não o faz de forma
eficiente como em outros locais do mundo.
O comércio internacional diferencia-se do inter-regional pelas seguintes
características, (SILVA, 1999):
a) Imposição de restrições à livre circulação de mercadorias, serviços e fatores
de produção;
b) Diferentes idiomas, costumes e legislação;
c) Trocas comerciais com pagamentos envolvendo diferentes moedas;
d) Baixa mobilidade dos fatores de produção.
Fazer parte deste comércio traz para os países e para as empresas a possibilidade de
beneficiar-se com as vantagens adquiridas por outras nações. Essas vantagens são alternativas
de compras com preços mais acessíveis. Cada nação possui particularidades, seja em relação
ao clima, mão de obra e matéria prima, o que faz com que a utilização desses fatores de forma
eficiente no processo produtivo torne a nação detentora de um produto mais competitivo.
4 Mercosul: Mercado comum do Sul: visa à unificação dos mercados da Argentina, Brasil, Paraguai e
Uruguai, ou seja, a criação de um território econômico comum. (VAZQUEZ, 1999).
18
Para Smith (1976 apud SILVA, 1999, p.19) essa vantagem pode e deve ser buscada,
esse é o princípio da teoria da vantagem absoluta.
Para Cherem & Di Sena Junior (2004), o sucesso e os benefícios com a abertura do
comércio serão de fato auferidos se a inserção no cenário global for realizada de forma
correta. Esses benefícios não são só econômicos, mas também sociais para as nações. É
preciso dar condições para que as potencialidades individuais dos cidadãos sejam re-alocadas
em setores da economia com vantagens de produção.
[...] O que deve ser feito, juntamente com a gradual abertura comercial é o desenvolvimento programas de qualificação dos trabalhadores e recolocação dos mesmos em segmentos mais promissores da economia. (CHEREM, DI SENA JUNIOR, 2004).
Diante deste contexto o comércio exterior brasileiro, vem crescendo, aperfeiçoando-se
e ampliando a cada dia seus parceiros comerciais e sua atividade neste mercado. Inicialmente
com uma atuação singela, hoje o comércio exterior Brasileiro tomou forma e mostra-se
importante no cenário mundial, com um sistema informatizado de controle de comércio
exterior que possibilita informações seguras ao governo que pode definir políticas adequadas
em cada momento econômico do país. Tudo isso será discutido no item seguinte.
2.2 Comércio Exterior Brasileiro
Inicialmente o Brasil era um entreposto colonial de Portugal. Posteriormente, surgiu
para o mundo adquirindo novas posturas produtivas, inicialmente com plantação e
posteriormente mineração. (CHEREM, DI SENA JUNIOR, 2004).
A economia brasileira pode ser bem definida, pelos ciclos do pau-brasil, ouro, do
açúcar, do algodão, do café e da borracha, proibidos de praticar o comércio exterior já que
éramos dominados como colônia nossa economia ficou estagnada até 1822. (LABATUT,
1994).
Inicialmente o comércio brasileiro caracterizava-se pelas exportações primárias e
importações de bens industrializados. Em 1930, com o fechamento do mercado e a era das
substituições das importações, a economia brasileira estagnou-se, isolando-se do
desenvolvimento mundial. Ao final da guerra o crescimento econômico nacional é retomado,
sendo que com a crise do petróleo ocorre um agravante na economia mundial. Até então o
19
mercado brasileiro caracterizava-se pelo exagerado protecionismo das indústrias nacionais.
(CHEREM, DI SENA JUNIOR, 2004).
A partir da década de 90, com o governo de Fernando Collor, o mercado brasileiro foi
aberto para a competitividade internacional. Momentaneamente para as empresas nacionais
foi um choque já que as mesmas não estavam preparadas para a competição internacional,
mas, em longo prazo, a abertura do mercado permitiu que as empresas domésticas
modernizassem suas indústrias e os serviços no Brasil. (SCHMITT NETO, 2002; CHEREM,
DI SENA JUNIOR, 2004).
Atualmente a política de comércio exterior brasileira encontra-se bastante
equilibrada, sem a demonstração de tendências fortemente protecionistas ou livre-cambistas .
(SCHMITT NETO, 2002).
Segundo Maia (1995), o comércio exterior pode surtir os seguintes efeitos à nação que
o pratica:
- Re-alocação dos recursos produtivos: Desloca os recursos destinados a produção
de produtos que tenham desvantagem comparativa para a produção dos que
possuem vantagem comparativa.
- Equalização dos preços no mercado internacional: com a concorrência
internacional os preços tornam-se iguais, isso para o preço FOB (existem
diferenças quanto ao valor do frete, seguro e carga tributária).
- Melhora do nível de vida da população: com a re-alocação dos recursos
produtivos, diminuísse os custos, com isso aumenta o poder aquisitivo dos
consumidores.
O comércio exterior brasileiro possui um eficiente sistema, uma inovação tecnológica
governamental, o SISCOMEX5, esse sistema controla o comércio exterior brasileiro,
interligando todas as partes envolvidas nas operações, como importadores, exportadores,
Secretaria da Receita Federal, Banco Central, Ministérios (Saúde, Agricultura, Exército, etc.)
e instituições financeiras. É nele que se processam as importações e exportações do país.
(VAZQUEZ, 1999).
5 Siscomex: Sistema integrado de comércio exterior, implementado pelo governo Brasileiro em 1993
(módulo exportação) e 1997 (módulo importação).
20
O governo, com base em sua competência para regulamentar as operações de comércio
exterior institui Leis, Medidas Provisórias, Decretos-Leis e Instruções Normativas. Quanto
mais transparentes e menos oscilantes forem essas políticas maior segurança terá o setor
empresarial no planejamento de suas atividades. (MALUF, 2000).
O Comércio Exterior de um país pode ser definido como a relação direta entre dois
países. É a maneira como cada país normatiza e administra seu comércio exterior, as
importações e exportações. O foco deste trabalho será centrado nas importações e para
entendermos sua importância e seu significado é fundamental conceituar e demonstrar a
importância desta atividade para o país, como veremos a seguir.
2.3 Importação
As importações são tão importantes para o país quanto às exportações. Limitar-se à
idéia dos mercantilistas de exportar mais do que importar, tornaria o comércio internacional
inexistente, já que o comércio exterior é uma troca de mercadorias entre as nações ou blocos.
... as importações de um país nada mais são que as exportações de outro país .
(SILVA, 1999).
Denomina-se importação a entrada de mercadorias em um país, provenientes do
exterior, essa importação pode compreender também os serviços ligados a aquisição desses
produtos, como fretes, seguros, serviços bancários etc. (RATTI, 2000).
Segundo Maluf (2000), as importações nada mais são que a entrada de mercadorias em
um país, provenientes do exterior, resultando na saída de divisas, sendo que a política de
importação brasileira pode ser definida em função do momento político, momento econômico,
mercado interno, situações de balança comercial e deficiências nacionais.
Para Carnier (1996), as importações possuem aspectos mais importantes que as
exportações, já que é das importações que provém o investimento direto na produção
nacional, através de máquinas, equipamentos e tecnologias.
As matérias primas ou componentes em geral de origem estrangeira constituem se em uma opção vantajosa, pois a aquisição daqueles insumos evita a importação do produto acabado, contribuindo, portanto, para a maior participação do agregado nacional ao produto final. (CARNIER, 1996).
21
Isso resulta em maior produtividade e em conseqüência maior oferta de empregos,
aquecimento da economia nacional com o sucessivo crescimento econômico do país.
Segundo Maia (1995), as importações podem ser convenientes ao país comprador, já
que ele pode adquirir mercadorias de alta tecnologia, obtida por meio de caríssima pesquisa.
Para ele, muitas vezes é mais barato comprar do que produzir.
O maior problema enfrentado no comércio exterior pelos empresários para a atuação e
prática das importações, são as barreiras imposta a atividade, conforme veremos no item
seguinte.
2.4 Barreiras ao comércio internacional
Barreiras ao comércio internacional são limitações a atuação das empresas e dos
países no mercado internacional. Consiste em um conjunto de dificuldades ou obstáculos em
que esbarram as exportações e importações objeto de comércio internacional.
A tendência protecionista tem acompanhado o desenvolvimento das relações
comerciais entre os países não se utilizando somente de barreiras tarifárias, mas também, e
sobretudo, de barreiras não tarifárias.
2.4.1. Barreiras tarifárias
As barreiras tarifárias são instrumentos utilizados para elevar o custo dos produtos
provenientes do exterior, através da taxação destes produtos quando da entrada dos mesmos
em território aduaneiro.
De acordo com Silva (1995), a imposição de barreiras tarifárias foi a maneira
encontrada pelos protecionistas de proteger o mercado interno, isso se dá através da utilização
de tarifas alfandegárias. Segundo o autor, existem três formas de tarifas:
a) Tarifas de trânsito: incidentes sobre produtos que atravessam um país que não é o de
origem, nem o destinatário.
b) Tarifas de exportações: com objetivo de elevar receitar internas e estimular o
processamento dos produtos internamente. É o caso de produtos primários a bens
exportados.
22
c) Tarifas de Importação: quando dá entrada da mercadoria em território nacional, incide
sobre esses produtos o imposto de importação.
Segundo Silva (1995), em decorrência das sucessivas Rodadas de liberalização do
comércio, patrocinadas pelo GATT, essas restrições tarifárias, têm se reduzido
gradativamente. Já as barreira não tarifárias, classificam-se como um entrave muito maior ao
comércio internacional, como observaremos no item a seguir.
2.4.2. Barreiras não tarifárias
As barreiras não tarifárias são medidas ou políticas governamentais que restringem ou
distorcem o comércio internacional. Estas medidas tendem a restringir o volume ou os
produtos importados ou mesmo o destino do comércio internacional. Essas políticas visam a
proteção de setores do mercado interno atrasados tecnologicamente ou socialmente sensíveis,
já que muitas vezes pela restrição a importação de determinado produto, o empresário obriga-
se a comprar no mercado local. (SILVA, 1995).
Essa proteção excessiva faz com que o empresariado nacional estagne seus métodos
produtivos perdendo competitividade globalmente. (SILVA, 1999).
As barreiras não tarifárias são ainda mais agressivas quanto aos efeitos restritivos
sobre o comércio. (SILVA, 1995).
Essas barreiras podem caracterizar-se pela restrição direta as importações, como a
proibição das importações de determinados produtos, ou pelas restrições indiretas, que
também afetam consideravelmente a atividade de importação. Essas restrições serão estudadas
a seguir.
2.4.2.1 Restrições diretas às importações
As restrições diretas as importações são medidas que se aplicam diretamente ao
controle das importações, estas podem ser, (SILVA, 1995):
a) Restrições quantitativas: consiste no racionamento de moeda estrangeira. Ou seja, a
entrada de produtos estrangeiros no mercado nacional, já que limita a saída de divisas.
23
- Proibições às importações - Utilizada como prática protecionista ou controle
cambial, e utilizada em países menos desenvolvidos caracteriza-se por exigências
sanitárias.
- Quotas às importações
Tem como principal objetivo preservar o mercado interno
de um país, para a produção doméstica a altos custos. Acordos multilaterais ou
bilaterais costumam ser implementados através de quotas preferenciais. A adoção
pelos países de cotas de importação faz com que o empresariado local estagne seus
métodos produtivos perdendo eficiência e competitividade frente ao mercado
externo, já que possuem fatia do mercado nacional garantida.
- Licenças prévias para importação
Quando o país enfrenta escassez de divisas,
pode controlar a importação por meio de licenças de importação.
- Limitações voluntárias às exportações
São aplicados por exportadores como
forma de evitar eventuais e drásticas limitações as importações
- Práticas discriminatórias em matéria de compras do setor público
Mesmo com preços mais elevados, os produtos para o setor público são adquiridos
no mercado interno.
- Regulamentações relativas à proporção de insumos internos no valor adicionado
Em países em desenvolvimento existem medidas protecionistas que asseguram aos
produtos nacionais parcela do mercado assegurando a eles a produção adicional de
matéria prima.
- Contingenciamento
É a limitação da importação e comercialização,
principalmente de matéria prima de produtos acabados ou semi-acabados.
- Restrições às exportações
Com o objetivo de garantir a vantagem comparativa á
longo prazo. Objetivam evitar o estabelecimento em outros países de filiais ou
empresas do próprio pais que possam a vir competir com fornecedores locais.
- Acordos bilaterais com operações de troca
São produtos negociados através de
acordos bilaterais que determinam a existência de trocas físicas. Produto por
produto.
24
b) Medidas que agem através do mecanismo de Preços: São medidas que agem limitando
a atuação no âmbito do comércio exterior, por meio de medidas que afetam
diretamente o custo das importações. Como exemplos de medidas que agem através de
mecanismo de preços, podemos citar:
- Impostos variáveis e gravames suplementares às importações
Utilizado por
países desenvolvidos juntamente com cotas para a proteção de seus setores
ineficientes. Os preços - índices para a aplicação dos gravames, são determinados a
níveis superiores aos preços mínimos internos e fixados pelo governo.
- Depósitos prévios
É a obrigação de se efetuar depósito prévios retidos em poder
das aduanas e órgãos afins. Portanto a acréscimo no custo do produto importado
irá variar de acordo com o tempo que o depósito ficar retido e a taxa de juros
vigente no país, já que o depósito (capital parado), não é remunerado.
- Preços mínimos, máximos e controles de preços, incluindo procedimentos de
valoração aduaneira
Para os preços mínimos existem impostos específicos
elevados, são fixados pelos órgãos de comércio exterior, e essa cobrança de tarifa
ad valorem é justifica como uma cobrança de proteção antidumping. Os preços
máximos são estabelecidos em função do controle da remessa de divisas, e de
remessas camufladas de rendimentos, transação que ocorre entre filial e matriz.
- Taxas de câmbio diferenciadas Estabelece-se taxa de cambio básica e sobretaxas
a categorias de produtos que se quer proteger a indústrias interna, orientado assim
a substituição das importações.
2.4.2.2 Restrições indiretas às importações
São restrições que mesmo não sendo criadas para impedir as importações diretamente
afetam as operações de importação. Como exemplo de restrições indiretas as operações de
importação, podemos citar:
a) proibições e quotas derivadas da participação do governo na fabricação, venda e
comercialização de determinados produtos
È a participação governamental, baseada
na substituição das importações e de forma protecionista comprando e vendendo
preferencialmente produtos nacionais.
25
b) Restrições derivadas de medidas governamentais de incentivo ao desenvolvimento
regional e setorial, vantagens fiscais, creditícias e subvenções
Conjunto de medidas
de política econômica ligadas diretamente a manutenção de certos setores da
economia, aplicando a substituição das importações.
c) Restrições relativas aos meios de informação e comercialização interna
Restrição ao
consumo de determinados produtos, derivados de condicionantes não econômicas.
d) Restrições creditícias ao setor importador
Aplicável a certos grupos de produtos.
Consiste na elevação dos custos da importação por meio de maiores despesas
financeiras e cobranças de juros.
e) Impostos internos discriminatórios A estrutura interna tributária pode, penalizar mais
determinados bens elevando a taxa tributária sobre esses produtos.
Além das barreiras tarifárias e não tarifárias já estudadas existem ainda outras restrições
que limitam a atuação das empresas no mercado internacional.
2.4.2.3 Outras restrições
São instrumentos independentes aos criados para a política de importação, que são
utilizados no comércio internacional como um todo tanto na entrada como na saída de bens de
um país, essas restrições podem ser:
a) Normas de qualidade e regulamentações sanitárias
Exigências quanto a embalagens,
normas, regulamentações sanitárias e normas de qualidade que conseqüentemente elevam o
custo de produção.
a) Normas técnicas e normas de segurança industrial
É a utilização de normas técnicas
universalmente consagradas.
b) Procedimentos arbitrários na classificação aduaneira
Alteração deliberada na
classificação ou enquadramento do produto, objetivando a cobrança de mais direitos
aduaneiros ou a aplicação conseqüentemente de outras restrições.
c) Programas de investigação e desenvolvimento financiados pelo governo
O governo
atua mais indiretamente coagindo as instituições e empresas financiadas por
programas. O modelo protecionista persiste como forma de proteger e incentivar a
produção interna.
26
Para que as empresas obtenham êxito na prática das importações é importante que
tenham conhecimento sobre a sistemática, os aspectos administrativos e financeiros dessa
atividade. Para viabilizar um processo de importação é necessário que empresa observe e
conheça as etapas de importação, isto será detalhado no item seguinte através do roteiro de
importação.
2.5 Roteiro de Importação
Para se entender um processo de importação é importante conhecer as etapas a
serem desempenhadas, portanto serão apresentadas a seguir as fases desenvolvidas em
processo de importação.
2.5.1. Pesquisa de Mercado
A pesquisa de mercado é a primeira etapa em um processo de importação, é nesta
etapa que são identificados os prováveis vendedores ou ofertantes de produtos que se pretende
adquirir.
Para Maluf (2000), é a identificação da melhor opção para a compra, tanto em
qualidade, prazo de entrega, assistência técnica, preço e modalidade de pagamento. Essa
pesquisa pode ser realizada através de e-mail, telefone, fax, páginas na internet, visitação a
feiras, missões comerciais, eventos, e representantes ou visitas.
É importante que a empresa saiba a classificação da mercadoria, para saber como
essa mercadoria é tributada, se possui benefícios e se é permitida ou não, evitando assim
custos desnecessários com pesquisa de mercado. Na etapa seguinte estudaremos a
classificação da mercadoria.
2.5.2. Classificação fiscal
A classificação da mercadoria ocorre para que seja possível a fiscalização e a
tributação das operações de comércio exterior.
A utilização da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), o enquadramento e a
classificação, dá-se principalmente na cobrança do imposto de importação, utiliza-se a tarifa
27
externa comum (TEC), que estabelece também direitos de defesa comercial ( anti-dumping,
compensatórios e salvaguardas). (BIZELLI, BARBOSA, 2001).
Após a classificação fiscal ou enquadramento da mercadoria, deve-se observar o
tratamento administrativo a que esta sujeita a mercadoria objeto de importação, a importância
dessa analise será descrita a seguir.
2.5.3. Tratamento administrativo
Deve-se inicialmente, antes mesmo de iniciar a negociação com o exportador,
consultar a legislação brasileira para definir se a importação da mercadoria é permitida ou
não, se existe alguma exigência especial para que ela possa ser nacionalizada, como
exigências fiscais e cambiais. É importante que se faça esse estudo antes mesmo da
negociação para evitar custos desnecessários com produtos que não podem ser importados ou
mesmo sejam inviáveis pelo seu elevado custo. (MALUF, 2000).
Exigências especiais para a importação de determinados produtos, ocorre
normalmente pela aplicação de políticas governamentais de importação que criam barreiras
tarifárias ou não tarifárias objetivando a proteção da indústria interna.
É importante que haja inicialmente o enquadramento para verificar em qual situação
a mercadoria objeto da importação encontra-se, verificando também o exame de similaridade
e a verificação dos preços. (MALUF, 2000).
A análise da classificação da mercadoria é importante, já que são diversas as
classificações a que estão sujeitas as importações brasileiras.
Segundo Maluf (2000), as importações classificam-se em importações permitidas,
importações proibidas, importações suspensas, importações em consignação, importação sem
cobertura cambial e importação de material usado, conforme estudaremos a seguir.
2.5.3.1 Importações permitidas
As importações permitidas são aquelas que possuem permissão para entrada em
território nacional, devendo observar o tipo de licenciamento ao qual a mercadoria esta
sujeito.
28
... a importação, sem a competente licença quando obrigatória, poderá desencadear
processo fiscal, com penalidades pecuniárias (multas) . (VASQUEZ,1999).
Elas podem ser de licenciamento automático e de licenciamento não automático, de
modo geral todas as mercadorias estão sujeitos a licenciamento. (BIZELLI, BARBOSA,
2001).
2.5.3.1.1 Licenciamento automático
O licenciamento automático ocorre quando não existe nenhuma exigência como
autorizações ou licenças para que possa ser embarcada a mercadoria no exterior. (MALUF,
2000).
A obtenção do licenciamento ocorrerá de forma automática pelo SISCOMEX,
juntamente com a formulação da declaração de importação (DI), sendo necessário fornecer ao
sistema informações de natureza comercial, financeira, cambial e fiscal relativas ao processo
de importação. (BIZELLI, BARBOSA, 2001).
2.5.3.1.2 Licenciamento não automático
O licenciamento não automático ocorre quando existe a exigência de licença de
importação LI emitida e válida para o embarque. (MALUF, 2000).
Quando se tratar de licenciamento não automático, decorrente da importação de
mercadorias sujeitas à controles especiais, o licenciamento será fornecido pelo órgão
licenciador, Secretaria de comercio exterior (Secex), ou pelos órgãos federais que atuem
como anuentes. O importador diretamente, ou por intermédio de agentes credenciados, deverá
prestar informações de natureza comercial, financeira, cambial e fiscal relativas ao processo
de importação, antes do embarque da mercadoria no exterior ou antes do despacho aduaneiro
dependendo do caso. (BIZELLI, BARBOSA, 2001).
A licença de importação não automática poderá ser feita antes do despacho aduaneiro
desde que haja regimes especiais ou amparos legais, que ocorra por meio de decretos - Leis
regulamentando casos especiais. A expedição da licença antes do embarque da mercadoria no
exterior, ocorre quando o objeto da importação for decorrente de mercadorias com
características peculiares que estejam sujeitas a controles especiais ou da anuência prévia de
importação do órgão licenciador (Secex), ou de órgãos especiais que atuem como anuentes,
29
nestes casos o licenciamento deverá ser feito previamente ao embarque da mercadoria no
exterior. (BIZELLI, BARBOSA, 2001).
2.5.3.2 Importações proibidas
As importações proibidas são aquelas que não possuem permissão legal para entrada no
país, seja por disposições legais ou acordos internacionais firmados. A proibição poderá ser
em razão da mercadoria ou mesmo do país que ela tenha origem. (MALUF, 2000).
2.5.3.3 Importações suspensas
Importações suspensas são aquelas que estão temporariamente impedidas de entrar no
país. (MALUF, 2000).
Muitas vezes isso se dá por políticas governamentais de exportação objetivando a
proteção da indústria interna.
2.5.3.4 Importações em consignação
São importações que não possuem o objetivo de permanecer definitivamente no país,
essa importação deverá ser feita sem cobertura cambial, devendo a mercadoria seguir para
local alfandegado, sendo exigido termo de responsabilidade. Após a entrada da mercadoria no
país é feito acompanhamento de sua destinação. (MALUF, 2000).
2.5.3.5 Importações sem cobertura cambial
Nas importações conduzidas sem cobertura cambial, não é feito a contratação do
câmbio, já que não haverá aquisição da moeda estrangeira. (MALUF, 2000; BIZELLI,
BARBOSA, 2001).
Será permitida a importação sem cobertura cambial nos seguintes casos, (MALUF,
2000):
- peças e acessórios abrangidas por contrato de garantia;
- doações;
30
- filmes cinematográficos;
- investimento de capital estrangeiro, sujeito a registro prévio no Banco Central do
Brasil;
- retorno de material remetido ao exterior para fins de teste, exames e ou pesquisa
com finalidade cientifica ou industrial;
- bens importados sobre o regime de admissão temporária;
- bens importados em consignação;
Deve-se, no entanto, observar que as operações de importação sem cobertura
cambial podem adotar a característica de importação com cobertura cambial, é o caso, de
mercadorias adquiridas sobre o regime de entreposto aduaneiro, posteriormente pode ser
adquirida a propriedade destas pelo nacional para isso deverá ser nacionalizada, adotando a
característica de importação com cobertura cambial. (BIZELLI, BARBOSA, 2001).
2.5.3.6 Importação de material usado
A concessão para importação de material usado, somente será concedida em casos
excepcionais, visando evitar a importação de equipamentos considerados superados e
obsoletos, prejudiciais a nossa economia, já que diminuem nossa competitividade frente ao
mercado internacional. Será exigido laudo de vistoria e avaliação que comprove o ano de
fabricação, o estado do equipamento, a vida útil do bem, seu valor de mercado e seu peso
líquido. Este laudo deverá ser firmado por organização idônea e especializada. Exige-se ainda
que os bens a serem importados sejam de uso do importador no processo produtivo, não tenha
similar brasileiro, sejam bens de interesse da economia e não se destinem a controles de
qualidade. (MALUF, 2000).
Após a analise da classificação fiscal e verificação do tratamento administrativo o
importador deve com base nestes dados verificar a viabilidade da importação. O estudo de
viabilidade poderá ser feito através de uma planilha de custo conforme descrito a seguir.
2.5.4. Estudo de viabilidade da Operação
Com base na legislação estudada referente à classificação e o enquadramento
administrativo da mercadoria, poderão ser levantados os custos da importação, considerando-
31
se as alíquotas dos tributos incidentes na importação, como também as despesas aduaneiras
necessárias para a internalização da mercadoria. Com base nestes custos define-se a
viabilidade de se importar as mercadorias ou não. (MALUF, 2000).
Verificada a viabilidade de se importar a mercadoria, deve-se iniciar os tramites
administrativos pertinentes, e o primeiro passo é habilitar a empresa a operar no comércio
internacional, sendo esse o objeto de estudo do item seguinte.
2.5.5. Registro, Habilitação e Credenciamento.
Segundo Vasquez (1999), a inscrição de registro de exportadores e importadores da
SCE
Registro de Exportadores e Importadores (REI) é a primeira condição para as pessoas
jurídicas e ou físicas atuarem como importadoras ou exportadoras.
O procedimento inicial para uma primeira operação de exportação ou importação é
requerer a habilitação da pessoa física que representará a empresa perante o Siscomex, a
mesma receberá uma senha que lhe dará a possibilidade de credenciar outras pessoas físicas a
representar a empresa com relação ao despacho aduaneiro (IN/SRF 286 de 15 de janeiro de
2003).
A pessoa física somente pode exportar/importar mercadorias em quantidades que não
revelem prática de comércio e desde que não configure habitualidade . (VASQUEZ, 1999).
Para operar no comércio exterior a empresa deverá efetuar a sua inscrição no REI junto
ao Departamento de Comércio Exterior (DECEX) ou SECEX, onde a empresa habilitará o
representante legal da empresa, e este por sua vez credenciará despachante responsável pelas
operações de despacho.
De acordo com a IN/SRF 286, de 15 de Janeiro de 2003, habilitar é tornar uma pessoa
física responsável pela jurídica no sistema integrado de comércio exterior (Siscomex), este
procedimento deverá estar concluído no prazo máximo de dez dias úteis da apresentação do
requerimento, mediante o devido registro no radar. O credenciamento é quando o responsável
habilitado registra diretamente no Siscomex as pessoas físicas credenciadas as práticas
relacionadas ao despacho aduaneiro.
Segundo o §1° do art. 9 da IN/SRF n° 286, somente poderão ser credenciadas para
exercer atividades relacionadas com o despacho aduaneiro:
32
I despachante aduaneiro;
II dirigente ou empregado de pessoa jurídica representada;
III empregado de empresa coligada ou controlada da pessoa jurídica representada; e
IV
funcionário ou servidor especificamente designado, no caso de órgão da administração
pública, missão diplomática ou representação de organização internacional.
Segundo o art. 10 da IN/SRF n° 286, a habilitação do responsável pela pessoa jurídica
no Siscomex e os credenciamentos dos respectivos representantes perderam a validade caso a
empresa não registre no Siscomex operação de comércio exterior no período de doze meses
ininterruptos. Após 30 dias inoperante o responsável habilitado deverá solicitar nova senha. A
entrega da senha poderá ser realizada pela unidade SRF de fiscalização aduaneira com
jurisdição sobre seu domicílio fiscal, hipótese em que a solicitação deve ser apresentada à
unidade da SRF executora do procedimento com antecedência mínima de dois dias úteis, para
fins de agendamento.
Devidamente habilitado a atuar no comércio internacional o importador pode então,
buscar as opções de negócio. Uma das etapas mais importantes no processo é o contato com o
exportador ou a negociação propriamente dita.
2.5.6. Negociação/Contato com o exportador
O contato com o exportador pode ser feito através de fax, carta, e-mail, telefone ou
pessoalmente, pois visa a definição e a escolha do produto ou seu preço, garantias e
condições de pagamento. Realizado o contato com o exportador e definido os produtos e as
condições da operação o importador deverá solicitar ao exportador a remessa de um
documento que formalize o preço praticado na operação, como também as condições
negociadas esse documento pode ser representado pela fatura pro forma, ordens de compra ou
contrato. (ESTUDECOMEX, 2004).
A negociação deve ser feita tomando por base a classificação da mercadoria, assim
como, considera-se a legislação cambial que regula as condições de negociação para a
modalidade de pagamento, como também as condições de venda (incoterms), a quem compete
o pagamento do frete e seguro, caso contratado ao importador ou ao exportador, até onde vai a
responsabilidade de cada parte. (MALUF, 2000).
33
A decisão da forma de pagamento é tomada em conjunto pelas partes outras vezes
imposta pelo exportador. Portanto é importante que as empresas tenham conhecimento sobre
maneira de se efetuar um pagamento internacional, e a segurança que cada tipo de pagamento
garante ao importador e ao exportador, para compreendermos melhor estudaremos a seguir as
formas de pagamento internacional.
2.5.7. Formas de Pagamento
A forma de pagamento consiste na maneira pela qual os negócios serão quitados,
podendo implicar também no momento em que a contratação do câmbio é efetivada
(HARTUNG, 2002).
Os pagamentos internacionais podem ser efetuados da seguinte forma (MAIA, 1995):
- Remessa antecipada
- Remessa sem saque
- Cobrança
- Carta de crédito
2.5.7.1 Remessa antecipada
A remessa antecipada pode ser definida como o envio prévio do valor da transação.
Somente após ter recebido as divisas, o exportador embarca a mercadoria e envia os
documentos para o importador. (MAIA, 1995).
O exportador envia a fatura pro forma contendo os mesmos dados da fatura comercial,
exceto data do embarque, apenas a data da previsão. Deverá conter as instruções bancárias
para que possa ocorrer a transferência financeira. Esta modalidade implica em maior risco
para o importador e conseqüentemente menor risco para o exportador, já que o mesmo efetua
o pagamento antes mesmo do embarque da mercadoria. (MALUF, 2000).
A modalidade de pagamento seguinte possui característica inversas quanto a segurança,
neste caso, quem corre o risco é o exportador. Conforme veremos a seguir.
34
2.5.7.2 Remessa sem saque
A remessa sem saque caracteriza-se pelo envio dos documentos (fatura comercial e
conhecimento de embarque) diretamente ao importador, não existindo prazo para o
pagamento (saque). Após desembaraçar as mercadorias na alfândega o importador
providencia a remessa financeira para o exportador. Nesta modalidade o exportador não
possui garantias quanto ao recebimento do valor da exportação, a vantagem para o processo é
que os documentos chegam mais rapidamente para o importador, já que não são
intermediados por instituições bancárias. (MAIA, 1995).
A modalidade seguinte apresenta um pouco mais de segurança ao exportador, mas ainda
não garante o pagamento por parte do importador, como estudaremos na modalidade de
cobrança.
2.5.7.3 Cobrança
Após o embarque das mercadorias o exportador providencia a fatura comercial, o
conhecimento de embarque e saque (letra de câmbio), entrega todos os documentos em um
banco estabelecido em sua praça para a cobrança. O banco do exportador remete os
documentos na forma de cobrança para o banco do importador, que avisa o mesmo da
necessidade do pagamento. Caso o importador pague a vista este retira a documentação, caso
o pagamento seja à prazo, será mediante aceite do saque. O banco do importador fecha o
câmbio caso do pagamento a vista ou no vencimento do saque (cobrança à prazo) e autoriza o
pagamento para o banco do exportador, que emite a ordem de pagamento para seu cliente
(exportador). (MAIA, 1995).
Não existe responsabilidade dos bancos intervenientes quanto ao pagamento,
representando assim um risco para o exportar. (MALUF,2000).
A modalidade seguinte apesar do elevado custo, tem como vantagem maior segurança
para as partes, essa é uma das características da carta de crédito como veremos a seguir.
35
2.5.7.4 Carta de crédito
As cartas de crédito são garantias bancárias para as partes, resguardando os direitos das
mesmas, sendo de responsabilidade do banco o pagamento. (MALUF,2000; BIZELLI,
BARBOSA, 2001).
Após a negociação e definição da condição de venda o exportador envia fatura pro
forma ao importador confirmando como forma de pagamento a carta de crédito.
(MAIA,1995). Um banco compromete-se a efetuar o pagamento ao beneficiário (exportador),
ou a sua ordem, desde que cumpridas as exigências estabelecidas na carta de crédito (data do
embarque, quantidades, valor, etc). O banco do emitente assume a posição de intermediário, e
em lugar do importador assume o compromisso de quitar o título. Cabe ao banco resguardar-
se quanto ao recebimento do valor devido pelo importador, concedendo a ele prazos ou não.
(SOSA, 2000).
Trata-se, portanto de crédito documentário que o importador abre em favor do
exportador em um banco em seu país. As cartas de crédito são regulamentadas pela
publicação 500 da câmara de comércio internacional. (HARTUNG, 2002).
Da mesma forma que as modalidades de pagamento a responsabilidade pelo pagamento
e contratação do frete e seguro será observado na negociação e definido na fatura pro forma.
No item seguinte estudaremos essa etapa importante em um roteiro de importação.
2.5.8. Contratação do Frete e seguro
Considerando-se a negociação e a responsabilidade pelo pagamento do frete de acordo
com a modalidade de venda estipulada, diante disso, o exportador contrata uma empresa para
realizar o transporte internacional. Com relação ao seguro o exportador emitirá os dados da
prontidão de venda e previsão de embarque para que o importador contrate o seguro, antes da
mercadoria sair do estabelecimento do exportador. (MALUF, 2000).
Dependendo da negociação os fretes a serem contratados podem adotar as seguintes
modalidades, (MALUF, 2000):
- Freight prepaid (frete pré-pago): é pago na origem, quando o exportador embarca
a mercadoria.
- Freight collect (frete a pagar): é pago pelo importador no destino.
36
- Freight payable at destination (frete pagável no destino): frete pago pelo
importador na retirada da mercadoria ou na chegada da mesma em seu destino.
Definido as etapas da compra à chegada da mercadoria em seu destino, resta ao
importador nacionalizar a mercadoria, para isso estudaremos a seguir o despacho aduaneiro de
importação.
2.5.9. Despacho aduaneiro/Nacionalização da mercadoria
A nacionalização da mercadoria se dá pelo despacho aduaneiro de importação. Sendo
que o despacho compreende um conjunto de procedimentos fiscais a serem tomadas pelo
importador a fim de liberar a mercadoria (desembaraçar) a mercadoria importada perante a
aduana. O desembaraço aduaneiro compreende o ato final do despacho aduaneiro, é o
momento em que é autorizada a entrega da mercadoria ao importador. O despacho será
processado mediante registro no SISCOMEX, inicia-se com o registro da Declaração da
Importação (DI) e finaliza-se com o desembaraço da mercadoria e emissão do Certificado de
Importação (CI). (MALUF, 2000).
A nacionalização da mercadoria pode ser definida como a seqüência de atos que
transfere a mercadoria estrangeira para a economia nacional. A transferência ou
nacionalização de mercadorias com caráter definitivo pode ser comprovada pelo
conhecimento de embarque. Já nos casos de importações de mercadorias com caráter não
definitivo utiliza-se a fatura comercial. (BIZELLI, BARBOSA, 2001).
Como já dito anteriormente o inicio do despacho de importação se dá pelo registro da
DI, onde buscar o documento e como fazer seu registro é o objeto de estudo no item seguinte.
2.5.9.1 Declaração da importação (DI)
A declaração da importação é o documento pelo qual dá-se o início no processo de
despacho aduaneiro e nacionalização da mercadoria. O registro da DI, será formulada pelo
importador ou seu representante credenciado no SISCOMEX, mediante a prestação de
informações gerais sobre a operação de importação realizada. O registro só é permitido após a
chegada da mercadoria em território nacional. (BIZELLI, BARBOSA, 2001).
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O registro da DI é fato gerador para os tributos em uma importação, o pagamento dos
tributos na importação é o que de fato nacionaliza a mercadoria. Um fator importante e muitas
vezes decisivo no momento da decisão de importar é a tributação a qual as importações
brasileiras estão sujeitas, conhece-las e saber como aplica-las é fundamental para não recolher
indevidamente os tributos.
2.6 Tributação das importações Brasileiras
O regime tributário incidente sobre as importações brasileiras compreende além do
imposto de importação que tem como fato gerador à entrada da mercadoria no território
nacional, os outros tributos que incidem sobre as importações, possuem como fato gerador o
registro da DI, e oneraram ainda mais as operações. (BIZELLI, BARBOSA, 2001).
Atualmente incidem sobre as importações brasileiras os seguintes tributos:
- Imposto de importação (II)
- Imposto sobre produtos industrializados (IPI)
- Imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços (ICMS)
- Programa de integração social (PIS)
- Contribuição para financiamento da seguridade social (COFINS)
2.6.1 Imposto de Importação
O imposto de importação possui como fato gerador à entrada da mercadoria em
território nacional, e para efeito de cálculo considera-se a data do registro da DI. As alíquotas
de importação encontram-se especificadas na TEC, que se apóia na NCM. (BIZELLI,
BARBOSA, 2001).
Tem como base de cálculo o valor aduaneiro, e seu pagamento é feito na forma de
débito em conta corrente, cabendo a competência da cobrança a União. Não se aplica ao
imposto o princípio da anterioridade, as alíquotas podem ser alteradas a qualquer momento,
tendo sua validade e aplicação imediata. (MALUF, 2000).
38
[...] impostos lançados sobre uma mercadoria no instante em que cruza as fronteiras
do país ou que entra na faixa territorial sobre controle da alfândega . (SILVA, 1995).
O imposto de importação forma a base de cálculo para os demais tributos, entre eles o
imposto sobre produtos industrializados (IPI), como veremos a seguir.
2.6.2 Imposto sobre produtos industrializados (IPI)
O IPI, como o nome já diz, incide sobre produtos industrializados, tendo como fato
gerador o desembaraço aduaneiro dos produtos procedentes do exterior. O imposto será
calculado mediante aplicação da alíquota do produto, constante na tabela de incidência do
imposto sobre produtos industrializados (TIPI), sobre o valor aduaneiro que serviu de base
para o cálculo do II, acrescido dessa base o valor do imposto de importação. (BIZELLI,
BARBOSA, 2001).
Tem como base de cálculo o valor aduaneiro, acrescido do valor do imposto de
importação. O pagamento do IPI é feito na forma de débito em conta corrente e sua
competência cabe a União. Não se aplica ao imposto o princípio da anterioridade, as alíquotas
podem ser alteradas a qualquer momento, tendo sua validade e aplicação imediata. (MALUF,
2000).
A tributação nas importações brasileiras é elevada e a formação da base de cálculo para
cobrança dos tributos se dá de forma cumulativa. A base de cálculo do ICMS é formada pelos
impostos já citados II e IPI, como veremos a seguir.
2.6.3 Imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços (ICMS)
A competência tributária do imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços
(ICMS), cabe ao estados e ao distrito federal. O tributo incide sobre a entrada de mercadoria
importada do exterior e tem como fato gerador o desembaraço aduaneiro pelo importador ou
seu representado legal devidamente credenciado. A base de calculo do imposto é o valor
aduaneiro acrescido dos impostos de II, IPI e sobre operações de cambio e demais despesas
aduaneiras. (BIZELLI, BARBOSA, 2001).
O imposto respeita o princípio da anterioridade, ou seja, a alteração das alíquotas só tem
validade no exercício seguinte, sendo seu pagamento efetuado mediante guia de recolhimento.
39
Os impostos que seguem foram instituídos no ano de 2004, onerando ainda mais as
importações brasileiras, sua base legal e forma de cobrança podem ser verificas na seqüência.
2.6.4 Programa de integração social Pis/Pasep
A Lei n°10.865 de 30 de abril de 2004, institui a contribuição para os programas de
integração social (PIS/PASEP). A cobrança do PIS/PASEP incidirá sobre a importação de
produtos estrangeiros ou serviços, tendo como fato gerador à entrada da mercadoria em
território nacional, sendo que para efeito de cálculo considera-se a data do registro da DI. A
base de cálculo será o valor aduaneiro, base para o cálculo de importação, acrescido do valor
desse imposto e do ICMS. As contribuições serão calculadas mediante a aplicação sobre a
base de cálculo a alíquota de 1,65% no caso do PIS/PASEP, sendo seu pagamento devido e
efetuado na data do registro DI.
2.6.5 Contribuição para financiamento da seguridade social (COFINS)
A Lei n°10.865 de 30 de abril de 2004, institui a cobrança da Contribuição para
financiamento da seguridade social (COFINS), nas importações brasileiras. A cobrança do
COFINS incidirá sobre a Importação de produtos estrangeiros ou serviços, tendo como fato
gerador à entrada da mercadoria em território nacional, sendo que para efeito de cálculo
considera-se a data do registro da DI. A base de cálculo será o valor aduaneiro, base para o
cálculo de importação, acrescido do valor desse imposto e do ICMS. As contribuições serão
calculadas mediante a aplicação sobre a base de cálculo à alíquota de 7,6% no caso do
COFINS - importação, sendo seu pagamento devido e efetuado na data do registro DI.
Tão importante quando a tributação das importações é conhecer os documentos
necessários para efetuar processo de importação, esses documentos e sua importância na
atividade serão detalhados a seguir.
40
2.7 Documentos no comércio internacional
O conhecimento sobre os documentos necessários para efetuar uma operação de
comércio internacional é de suma importância, já que garante o sucesso da
importação/exportação.
Segundo Maluf, (2000), os documentos internacionais possibilitam o desempenho de
diversas funções dentre elas: a) documentos de crédito; b) documento indicador de posse da
mercadoria; c) guia para conferência de documentos; d) comprovação de uma relação
comercial; e) contabilização internacional e estatística; f) comprovação de origem, qualidade,
peso e outras; g) viabilizador de concessão de reduções tarifárias; h) instrumento de protesto,
para o caso de inadimplência; i) outras.
Um dos principais documentos utilizados no comércio internacional, e o primeiro a
oficializar a importação é conhecido como Fatura pro forma, como descreveremos no item
seguinte.
2.7.1 Fatura Pro Forma
A fatura pro forma é o primeiro documento emitido. Após a negociação o exportador
envia ao importador a fatura pro forma constando todos os detalhes da operação. Esse
documento será utilizado pelo importador para que ele possa iniciar e providenciar a Licença
de Importação em seu país, apresentar ao seu banco no caso de envio de pagamento
antecipado ou abertura de carta de crédito, entre outras. Apesar de bastante utilizado não
existe um modelo pronto, mas normalmente devem constar em uma pro forma, as seguintes
informações: identificação do importador/exportador, modalidade de pagamento, condição de
venda, modalidade de embarque, descrição da mercadoria, peso líquido e bruto, preço
unitário e total (mencionando o valor FOB/FCA, frete e seguro que se aplicarem) na moeda
acordada, previsão de embarque. Deve ser emitida no idioma do importador ou em inglês e
assinado pelo exportador. (MALUF, 2000).
Apesar da importância da fatura pro forma na importação, esta não é utilizada no
desembaraço aduaneiro, para isso utilizamos a Fatura Comercial (Commercial Invoice),
documento indispensável neste processo, e objeto de estudo no item que segue.
41
2.7.2 Fatura comercial (Commercial Invoice)
A fatura comercial é o documento necessário para o desembaraço aduaneiro da
mercadoria no país de destino. Esse documento é emitido pelo exportador, não podendo
constar erros, emendas ou rasuras. Não existe um documento oficial, ficando a critério do
exportador sua formulação, entretanto faz-se necessário que a fatura contenha as seguintes
informações. (MALUF, 2000):
a) Local, data de emissão e número da fatura;
b) Identificação do importador/exportador;
c) Modalidade de pagamento, e condição de venda; modalidade de embarque;
d) Modalidade de transporte (dados referentes ao transportador e número do BL), local
do embarque, destino e desembarque;
e) Descrição detalhada da mercadoria, contendo peso líquido, bruto e cubagem;
f) Preço unitário e total (mencionando o valor FOB/FCA, frete e seguro que se
aplicarem) na moeda acordada;
g) Declaração exigida pelo país importador;
Além da Fatura Comercial (Commercial Invoice), documento indispensável no processo
de desembaraço aduaneiro, utilizamos também o conhecimento de embarque, que comprova a
propriedade da mercadoria.
2.7.3 Conhecimento de Embarque
O conhecimento de embarque é um documento que confere ao seu consignatário o
direito à posse da mercadoria. Denominado com um contrato internacional de ampla aceitação
onde o emitente/transportador ou armador declara ter recebido as mercadorias descritas
comprometendo-se a transporta-las pelo destino acordado e descrito no conhecimento. Esse
documento pode ser nominativo, à ordem do embarcador ou ao portador. Serve como recibo
das mercadorias embarcadas, um documento de título, prova a titularidade das mercadorias
descritas e também evidencia o que foi acordado no contrato de transporte. (MALUF, 2000).
Para Maluf (2000) e Marques (1999), os conhecimentos de carga mais utilizados são:
- Bill of lading (BL)
42
- Air Way Bill (AWB)
- Conhecimento internacional de transporte rodoviário (CRT)
- Conhecimento de embarque ferroviário ( TIF/DTA)
- Conhecimento de embarque de transporte multimodal de cargas
Para auxiliar na movimentação de carga utiliza-se o romaneio de embarque
2.7.4 Romaneio de embarque (Packing List)
O packing list não é um documento contábil, sua finalidade é auxiliar nos serviços de
movimentação de carga, identificação da mercadoria pela alfândega e conferência da
mercadoria pelo importador. Para que objetivo seja alcançado esse documento lista o número
de volumes sua dimensão e quantidade contida em cada volume, descrição da mercadoria,
peso líquido e bruto e marcação dos volumes. (MALUF, 2000).
2.7.5 Certificado de origem
O certificado de origem é o documento que confirma a natureza, o valor e outros dados
referentes à mercadoria, objeto da exportação, incluindo declaração formal que ateste a
origem das mercadorias. Este documento objetiva atender exigências de acordos comerciais
firmado entre os países no sentido de reduzir ou dispensar direitos aduaneiros. Os certificados
de origem poderão ser emitidos por diversos órgãos como federações das indústrias, câmaras
de comércio e federações de comércio de acordo com as exigências da legislação do país do
importador. (MALUF, 2000).
2.7.6 Outros certificados
São outros documentos emitidos por diversos órgãos de acordo com as exigências e
legislação de cada país.
2.7.6.1 Certificado Fitossanitário (Phytosanitary Certificate)
Certifica as condições sanitárias e de salubridade dos produtos. (MALUF, 2000).
43
2.7.6.2 Certificado de Análise (Analysis Certificate)
Esse certificado fornece uma análise físico química do produto exportado, de acordo
com a solicitação do importador. (MALUF, 2000).
2.7.6.3 Certificado de Qualidade (Quality Certificate)
Atesta a qualidade do produto exportado. (MALUF, 2000).
2.7.6.4 Certificado de Inspeção (Inspection Certificate)
Certifica que foi realizada a inspeção da mercadoria antes do embarque e as boas
condições desta. (MALUF, 2000).
2.7.6.5 Certificado de Peso (Weight Certificate)
Certifica os pesos brutos e líquidos do embarque. (MALUF, 2000).
2.7.6.6 Outros certificados especiais
Esses certificados tem a finalidade de autorizar, controlar, inspecionar ou padronizar os
produtos a serem exportados. Normalmente são exigidos em exportações de produtos
alimentícios ou farmacêuticos e outros primários. (MALUF, 2000).
2.7.7 Nota Fiscal de Entrada
A nota fiscal de entrada é o documento que registra contabilmente a entrada da
mercadoria juntamente com a DI e a CI. Após a nacionalização é necessário que o importador
emita a nota fiscal de entrada para que possa movimentar a mercadoria em território nacional,
ou seja, fazer o transporte da alfândega até a empresa. Em alguns estados é permitido o
transporte apenas com a original da declaração de importação e comprovante de importação
averbado pela Secretaria da Receita Federal, nestes casos apenas um veículo deverá estar
44
transportando a totalidade da carga. È importante que o importador verifique e analise a
legislação de seu estado para saber se isto é permitido ou não pela legislação estadual.
45
3 DESCRIÇÃO DO MÉTODO
Para o alcance dos objetivos propostos foi realizada uma pesquisa qualitativa de
caráter descritivo.
A pesquisa descritiva é simplesmente a descrição do fenômeno ou situação, essa
descrição pode ser feita através do estudo realizado em um determinado espaço e tempo.
(MARCONI e LAKATOS, 1999).
A obtenção dos dados foi feita por meio observação direta, por meio de entrevistas
semi-estruturadas com os envolvidos nos processos de importação e também por análise
documental.
A observação direta pode ser definida como a aplicação de métodos de coleta de
dados e informações, são eles a observação e a entrevista. A observação consiste na coleta de
dados e informações através da verificação visual e auditiva, examinando fatos ou fenômenos
no espaço em que se deseja estudar e obter informações. Já a entrevista pode ser definida
como o encontro entre duas pessoas objetivando a obtenção de informação do entrevistado a
respeito de determinado assunto, isso se faz através de diálogo profissional entre os
envolvidos. (MARCONI e LAKATOS, 1999).
A visualização da rotina no departamento comercial da empresa e a aplicação de
entrevistas foram os métodos utilizados para a obtenção de dados, seja na visão dos
profissionais que ali trabalham, seja na observação da realidade. A fundamentação das
informações obtidas FOI feita através da análise documental resultantes de processos de
importação já realizados.
Os resultados foram apresentados na forma de textos explicativos.
46
4 ANÁLISE
Nos itens seguintes será feita a caracterização da empresa, objeto de estudo como
também a descrição das rotinas nos processos de importação realizados pela empresa
Supermercados Imperatriz Ltda.
4.1 Caracterização da Empresa
Santo Amaro da Imperatriz é uma cidade ao pé da Serra, vizinha da capital de Santa
Catarina (Florianópolis) e foi lá que surgiu o primeiro Supermercado da Rede Imperatriz, no
dia 14 de agosto de 1974.
A História começa em Varginha, um lugarejo de Santo Amaro, onde a família Lohn
criava seus 11 filhos com muita dificuldade. O Sr. Vidal Procópio Lohn e Dona Vilza Maria
Lohn trabalhavam vendendo açúcar mascavo e cachaça numa carroça de cavalo, e com o
tempo, transformaram-se num dos primeiros e bem sucedidos atacadistas da região. Da
carroça com a qual iniciaram seu negócio, partiram para um caminhão e continuaram
trabalhando na distribuição de produtos, e logo abriram o primeiro Super Mercado da região,
com 100 metros quadrados.
A figura 1 mostra a primeira loja da rede de supermercados Imperatriz Ltda.:
Figura 1: Primeira filial da rede de Supermercados Imperatriz Ltda Fonte: Supermercados Imperatriz Ltda, (2001).
47
A figura 2 apresenta a mesma loja, hoje 30 anos depois, mas com outro visual:
Figura 2: Loja 1 da rede de Supermercados Imperatriz Ltda Fonte: Supermercados Imperatriz Ltda, (2001).
Começava assim a Rede que hoje conta com 19 lojas (tabela 3), 3 farmácias (tabela2)
e 2 centros de distribuições (tabela 1), assim localizados:
Tabela 1: Localização dos dois centros de distribuição da rede
Loja Endereço Bairro Cidade
CD 1 Rod. BR. 101, Km 204, 2307 Barreiros São José
CD 2 Rua Farroupilha, 840-A Santos Dumont São José
Fonte: Supermercados Imperatriz Ltda, (2004)
Tabela 2: Localização das farmácias da rede
Farmácias Endereços Bairro Cidade
Farmácia 1 Rua Alameda Aristiliano Ramos, 1377 - Loja 05
Centro Rio do Sul
Farmácia 2 Av. das Nações, 192 A Canasvieiras Florianópolis
Farmácia 3 Av. Josué Di Bernardi, 34 - A Campinas São José
Fonte: Supermercados Imperatriz Ltda, (2004)
48
Tabela 3 Localização de todas as filiais da rede
Loja Endereço Bairro Cidade
1 Rua Major Joaquim de Campos, 6037 Centro Santo Amaro da Imperatriz
2 Rua Aniceto Zacchi, 222 Ponte de Imaruim Palhoça
3 Rua General Liberato Bittencourt, 410 Estreito Florianópolis
4 Rua Prefeito Waldemar Vieira, 379 Saco dos Limões Florianópolis
6 Rua Hidaldo Araújo, 404 Barreiros São José
7 Av. Lédio joão Martins, s/n Kobrasol São José
9 Rua 3 de Outubro, 772 Centro Imbituba
10 Rua Cônego Itamar Luis da Costa, 498 Nova Brasília Imbituba
11 Av. Das Nacões, 192 Canasvieiras Florianópolis
12 Rua Geroncio Thives, 1079 Barreiros São José
13 Rua Coronel Bernardino Machado, 69 Centro Palhoça
14 Av. Max de Souza, 740 Coqueiros Florianópolis
15 Av. Josué Di Bernardi, 34 Campinas São José
16 Av. Das Raias, s/n Jurerê Internacional
Florianópolis
17 Av. Mauro Ramos, 982 Centro Florianópolis
18 Rua Bocaiúva, 2468 Centro Florianópolis
19 Rua Aristiliano Ramos, 1377 Centro Rio do Sul
20 Rua Coelho Neto, 109 Centro Rio do Sul
21 Av. Alberto Santos Dumont, s/n Centro Balneário Camboriú
Fonte: Supermercados Imperatriz Ltda, (2004)
A rede hoje é administrada por 6 irmãos, filhos dos fundadores: Tiago Vidal Lohn
(Presidente), João Batista Lohn, (Vice-Presidente Executivo), Vidal Lohn Filho (Diretor de
Marketing e Manutenção), Marcos Vidal Lohn (Diretor Financeiro), José Renato Lohn
(Diretor Comercial), Julio César Lohn (Gerente Comercial/Perecíveis). A rede ainda conta
com a atuação profissional do Sr. Bernardino José da Silva (Diretor de Recursos Humanos e
49
do Departamento de Qualidade Total). A média de idade de seus sócios proprietários é de 34
anos, o que segundo os próprios dirigentes, faz com que a organização seja ágil e dê respostas
rápidas ao mercado consumidor.
Atualmente a rede conta com 1800 colaboradores diretos e de aproximadamente 3600
indiretos, durante a temporada de verão a Rede Imperatriz passa a ter cerca de 1900
colaboradores diretos e de 4000 indiretos.
A empresa define sua estratégia empresarial, da seguinte forma: Seu negócio visa
comercializar produtos e serviços em supermercado. Com a missão de comercializar produtos
e prestar serviços de qualidade buscando a satisfação dos clientes, através da capacitação de
seus colaboradores. A visão empresarial é ser uma empresa em contínuo crescimento, líder
na prestação de serviços e soluções aos clientes. Para os Supermercados Imperatriz o maior
patrimônio é o ser humano.
A rede tem como princípio definido:
Por mais que a nossa empresa cresça, por mais bens materiais que ela adquira e por
mais tecnologia que tenhamos no futuro, o maior patrimônio do IMPERATRIZ é, e sempre
será apenas um: O Ser Humano (Vidal Procópio Lohn, Fundador)
A rede tem como Valores definidos:
O ser Humano em primeiro lugar;
Pró-atividade e persistência na busca de resultados;
Consciência de que o encantamento do cliente será conseguido pelo respeito,
valorização e motivação da equipe;
Honestidade e ética em todas as ações;
Respeito à Sociedade e ao Meio Ambiente;
Respeito à livre concorrência;
Negociação justa com os fornecedores para a sobrevivência de ambos;
Humildade e paciência em ouvir e ensinar as pessoas;
Valorização da espiritualidade como forma de crescimento do Ser Humano;
A Empresa tem como principais concorrentes, os Supermercados Angeloni, Giassi,
Bistek, Comper e Rosa. E o diferencial de seus concorrentes, em especial de Supermercados
50
como o Angeloni, Giassi e o Bistek, são ambientes modernos e o grande poder de negociação
que possuem junto aos seus fornecedores, poder este justificado pelo seu volume de compras,
o que faz com que a competitividade em relação aos preços seja cada vez mais acirrada.
4.2 Rotinas dos processos de importação na empresa Supermercados Imperatriz Ltda.
Atualmente a empresa conta em seu departamento comercial com O Sr. José Renato
Lonh (Diretor comercial) e mais 7 colaboradores, sendo 5 compradores.
O mix da empresa é de 15.000 produtos em linha, algumas lojas da rede oferecem aos
seus clientes departamentos específicos de produtos importados, mas de fato apenas 2 já
tiveram sua compra realizada no exterior, os demais são comprados de fornecedores locais
importadores.
A empresa, há mais dez anos atrás, efetuou importações, mas deixou de fazê-las pelo
elevado valor do câmbio, o que, segundo o Sr. Valdir Santos, inviabilizava as importações.
No ano de 2004 a empresa, após dez anos comprando apenas no mercado local, voltou a
importar.
A decisão por importar surgiu pela necessidade de se buscar novos produtos com
melhor qualidade e custo. Segundo o responsável pelas importações na empresa, Valdir
Santos, o momento é ideal para importar já que a situação do câmbio favorece. A empresa
então definiu a linha de produtos que queria importar, essa escolha foi feita considerando que
no mercado local a linha de vinhos e massas possuía um custo elevado. Definido o produto, o
departamento comercial efetuou uma pesquisa de mercado para encontrar possíveis
fornecedores para esses produtos. A escolha pelo fornecedor foi devido à qualidade dos
produtos oferecidos semelhantes aos encontrados no Brasil, mas com um custo inferior.
A empresa não possui um departamento específico para a realização das compras
internacionais, buscou-se então uma empresa que pudesse assessorá-la. A escolha da
assessoria foi feita pela qualidade dos serviços oferecidos e por seu renome no mercado local.
A empresa Metalog - Assessoria em comércio exterior foi escolhida para assessorá-la nos
processos de importação.
Após a decisão pelo fornecedor e escolha da assessoria foi feita juntamente com esta, a
classificação das mercadorias que se deseja importar para verificar os custos de tributos
51
incidentes sobre as mercadorias como também o tratamento administrativo, que os produtos
estão sujeitos verificando assim a provisão de custos da importação e sua viabilidade.
Desde a decisão de importar foram feitas 4 importações, um dos processos realizados a
empresa extraviou os documentos o que impossibilitou a análise. A empresa também está
negociando uma quinta importação de vinhos. Os processos já realizados estão descritos no
quadro 1.
Quadro 1: Resumo das importações realizadas pela empresa Supermercados Imperatriz Ltda.
Data da
Importação
Produto Quantidade País de
origem
Fornecedor
19/05/2004 massas 1090 cx Itália Pastifício Attilio Mastromauro S.R.L
09/06/2004 Vinhos 3300 cx Argentina Emílio Brandi Productor Vinícola y
Agropecuário.
29/06/2004 Vinhos 1410 cx Argentina Vinãs Argentinas S/A.
Fonte: Dados da pesquisa
Para efetivação desses processos estiveram envolvidos o Sr. Valdir Santos,
responsável pelas importações na empresa (comprador), o Sr Vilmar (contador), a Sr(a) Ana
Maria Zimerman (Contas a pagar), e a empresa de assessoria.
Nos itens seguintes serão descritas as etapas dos processos de importação realizados
pela empresa, desde a negociação até a nacionalização e chegada da mercadoria na empresa
importadora.
4.2.1 Contato com o exportador
Em todos os processos o contato com o exportador foi realizado pelo Sr. Valdir
Santos, responsável pelas importações. A condição de venda e a modalidade de pagamento
foram negociadas entre as partes, conforme quadro 2. Segundo o importador, a modalidade de
pagamento cobrança bancária foi utilizada em acordo entre as partes pela segurança que
modalidade possibilita. Após o fechamento do negócio o exportador enviou a fatura pro
52
forma, documento este que contém todas as informações negociadas, esta foi encaminhada
para a assessoria para a confecção dos documentos e seqüência do processo.
Quadro 2: Condições de venda e modalidades de pagamento negociadas.
Data da
Importação
Produto Incoterm Modal Utilizado Condições de pagamento
19/05/2004 massas FOB Marítimo e rodoviário Cobrança bancária 60 dias
09/06/2004 Vinhos FCA rodoviário Cobrança bancária 15 dias
29/06/2004 Vinhos CPT rodoviário Cobrança bancária 15 dias
Fonte: Dados da pesquisa
4.2.2 Transporte e seguros internacionais
Nos processos de importação realizados o frete foi pago pela empresa, foi efetuado
também seguro de todas as importações, sendo também de responsabilidade da importadora.
Os fretes contratados pela empresa adotaram a modalidade de Freight collect, frete pago pelo
importador no destino. (MALUF, 2000).
O incoterm negociado nas importações de vinho foi FCA6 na 1° importação e CPT7
na 2° importação. Na importação de massa o incoterm negociado foi FOB porto de origem, o
importador arcou com as despesas de frete marítimo (porto de origem até destino) e
rodoviário do porto de destino até a empresa.
A contratação de frete e seguro, como também a cotação dos serviços foi feita pela
empresa de assessoria Metalog assessoria em comércio exterior.
6 FCA
Free Carrier-(transportador livre), vendedor deve entregar a mercadoria para o transportador
indicado pelo comprador no local determinado. O comprador arca com todas as despesas a partir deste ponto
(MALUF, 2000).
7 CPT- Carriage Paid-(transporte pago até ), O importador recebe a mercadoria no transportador,
contratado pelo vendedor estrangeiro, que providenciará a vinda da mercadoria para o país. È o pagamento do
frete pelo transporte das mercadorias até o destino designado pelo comprador (MALUF, 2000).
53
Nas importações de vinho as mercadorias foram acondicionadas em caixas de papelão
e transportadas via rodoviária, e na importação de massas embaladas em caixas de papelão e
acondicionadas em container de 20 , transportadas pelo modal marítimo.
4.2.3 Emissão de certificados
Nas importações realizadas a licença de importação foi automática. Mas, se fez
necessário à emissão de certificados de origem. Nas importações de vinho, certificado de
origem do Mercosul e na importação de massas, certificado de origem da Comunidade
Européia, certificados estes providenciados pelo exportador. Em todas as importações foram
coletadas amostras, 10 garrafas do vinho, e 7 embalagens de massa para análise. Essa análise
é feita para verificar os ingredientes, especificações do produto, valores nutricionais e valor
alcoólico no caso dos vinhos.
4.2.4 Embarque
O embarque da importação de vinho do fornecedor Emilio Brandi Productor Vinícola
y Agropecuário proveniente da Argentina teve seu embarque em 19 de maio de 2004 via
modal terrestre, através de transporte rodoviário, pela transportadora D.M, a mercadoria foi
acondicionada em caixas de papelão.
No caso da importação de vinho do fornecedor Vinãs Argentinas S.A proveniente da
Argentina seu embarque ocorreu em 10 de junho de 2004, via modalidade terrestre, modo
rodoviário pela transportadora UPS SCS TRANSPORTADORA (BRASIL) S.A., a
mercadoria foi acondicionada em caixas de papelão.
Após o embarque ocorreu a emissão do conhecimento internacional de transporte
rodoviário (CRT), carta de porte internacional que serve para identificar a titularidade da
referida mercadoria, como também a mercadoria que se está transportando, peso
líquido/bruto, valor da mercadoria, informações sobre o frete se está pago ou é a pagar (neste
caso o frete é a pagar) dados referentes à emissão como data e n° da fatura comercial entre
outros. A importação de massas foi despachada via modal marítimo, embarcada em navio
MSC - ANAHITA, V003A no porto de Napoli em 17 de março de 2004, em container 1x 20 .
54
Após o embarque ocorre a emissão do conhecimento de embarque Bill of lading (BL),
que serve para identificar a titularidade da referida mercadoria que no caso desta importação
foi nominativo. No B/L devem constar nome por extenso do destinatário, dados referentes a
mercadoria, informações sobre o frete se está pago ou é a pagar (neste caso o frete é a pagar)
dados referentes a emissão como data e n° da fatura comercial.
Nas importações citadas a modalidade de pagamento foi cobrança bancária. Assim
após o embarque os exportadores enviaram a Fatura comercial, o conhecimento de embarque
e a letra de câmbio para o banco seus respectivos bancos para que esses por sua vez emitissem
para o banco do importador para esse providenciar cobrança bancária.
Durante todas as importações as viagens das mercadorias foram monitoradas pela
Metalog empresa de assessoria e repassado diariamente ao Supermercado Imperatriz Ltda
informações como a localização da carga e a previsão de chegada.
4.2.5 Chegada e nacionalização da mercadoria
Após a chegada das mercadorias no território brasileiro, iniciou-se o processo de
nacionalização das mercadorias importadas. Para que isso fosse possível a empresa teve que
fazer o aceite na cobrança bancária no Banco do Brasil, já que o pagamento era a prazo para
retirar a documentação (B/L e fatura comercial) necessária para então, proceder o registro da
D.I. no siscomex, neste momento a empresa já autorizou mediante débito em conta corrente
em seu banco os tributos devidos (II, IPI, PIS e COFINS) gerados no momento do registro e
taxa de utilização do Siscomex. O ICMS como é de competência estadual foi pago mediante
guia de recolhimento de tributos estaduais.
Após o registro da D.I. e pagamento dos impostos, ocorreu via sistema a
parametrização8 dos processos de importação que nos casos estudados caíram em canal verde,
sendo por tanto a liberação automática. A importação de massa foi desembaraçada no porto de
Itajaí pela Metalog
Assessoria em comércio exterior. O desembaraço das importações de
8 A parametrização ocorre após o registro da D.I. onde o sistema automaticamente seleciona por
parametrização o canal de conferencia aduaneiro ao qual está sujeita a importação, podendo ser de quatro tipos:
canal verde: registro e desembaraço aduaneiro automático; canal amarelo: exame documental, caso não tenha
irregularidades libera-se a mercadoria; canal vermelho: exame documental e físico; e canal cinza: ocorre o
exame documental, físico e a valoração aduaneira. (ROCHA, 2001).
55
vinho, foram realizadas na aduana de Uruguaiana pela mesma assessoria, já que esta possui
escritório instalado no local.
Após a verificação da carga a Receita Federal emitiu o comprovante de importação
para liberar as cargas. Neste momento foi efetuado o pagamento das demais despesas, esses
valores foram depositados na conta da assessoria que efetuou os pagamentos, sendo que esses
valores já haviam sido orçados e repassados anteriormente a empresa. No caso das
importações de vinho foram, armazenagem e frete rodoviário. Na importação de massa as
despesas foram, frete, capatazia, desconsolidação da carga, liberação de B/l, despesas de
armazenagem, AFRMM.
A empresa teve maiores problemas na liberação das importações de vinho, já que na
época do despacho aduaneiro os fiscais da Aduana estavam em greve, isso ocasionou para a
empresa custos com a armazenagem.
4.2.6 Emissão da Nota Fiscal de Entrada
Após o desembaraço das mercadorias a empresa importadora deve providenciar a
emissão da Nota Fiscal de Entrada. As NF de vinhos e de massas foram emitidas
respectivamente em 12/05/2004, 01/06/204 e 22/06/2004. Esse documento acompanha a
mercadoria em seu transporte da Aduana, ou porto até a empresa e é utilizada também para
contabilizar a entrada das mercadorias no estoque da empresa.
O transporte da importação de massas do porto de Itajaí até São José, foi realizado
pela transportadora Cisseval transportes rodoviários de cargas ltda com saída de Itajaí em 13
de maio de 2005.
4.2.7 Arquivamento dos processos de importação
De acordo com a legislação brasileira, Artigo 570 do regulamento aduaneiro (dec.
4543/02) toda a documentação referente aos processos de importação devem ficar arquivados
por 5 anos.
Segundo Maluf (2000), manter o arquivo bem organizado facilita a consulta e
fiscalização, demonstrando organização e uma imagem positiva da empresa.
56
A maneira mais funcional de organizar o arquivo é dividir o processo em duas partes
(MALUF, 2000):
1° parte: documentos que compõem o processo:
- LI licença de Importação (se for o caso).
- DI - Declaração de Importação.
- CI - comprovante de importação.
- Fatura comercial.
- Conhecimento de embarque.
- Certificado de origem.
- Packing List.
- Comprovante dos pagamentos dos impostos, taxas e despesas incidentes.
- Contrato(s) de câmbio.
- Carta de Instrução de Abertura de crédito (se for o caso).
- Carta de encaminhamento dos documentos ao(s) Banco(s).
- Outros documentos.
2° parte: correspondência que compõem o processo:
- Contrato de compra e venda internacional.
- Correspondências trocadas com: exportadores, transportadores: seguradoras,
despachantes, bancos e outros.
57
4.3 Dificuldades encontradas na realização das importações
Para que fosse possível verificar a ocorrência ou não de dificuldades nos processos
realizados foram feitas entrevistas com os principais envolvidos nas importações na empresa
Supermercados Imperatriz. Foram entrevistados o Sr. Valdir Santos gerente de compras e
responsável pelas importações na empresa e a Sr Ana Maria Zimermam, supervisora do
departamento de contas à pagar e responsável pela emissão de divisas para o exterior.
Na entrevista realizada com o Sr. Valdir Santos e com a Sr. Ana Maria, percebeu-se
que não existiram grandes dificuldades nos processos realizados pela empresa. As
dificuldades encontradas quanto à inexperiência da prática no comércio exterior foram
totalmente resolvidas pela assessoria, todas as etapas do processo foram acompanhadas e
orientadas por esta. A assessoria foi escolhida pelo renome que possui na grande
Florianópolis, através da assistência da empresa foi possível a realização das compras
internacionais pois a mesma acompanhou todo o processo desde a confecção de documentos
até a nacionalização da mercadoria.
Desconhecimento dos documentos utilizados, preenchimento e confecção dos
mesmos, rotinas e dificuldades na compreensão do idioma dos documentos foram às
dificuldades encontradas na realização do pagamento internacional. Quando perguntado a Sra
Ana Maria, responsável pelo contas à pagar quais foram as dificuldades encontradas ela
relatou: Eu não sabia como proceder, quais as pessoas com quem deveria falar, qual seria o
primeiro passo .
Nos processos realizados pela empresa Supermercados imperatriz ocorreram barreiras
tarifárias. Em uma negociação com o Chile, para importação de vinhos ocorreram restrições
indiretas com imposições de quotas, caso a empresa quisesse importar mais que a quota
pagaria preço diferenciado pelo excedido.
Quanto ao cadastro junto ao fornecedor não houveram exigências diferentes das
realizadas para a compra junto de um fornecedor nacional, o que ocorreu em uma das
importações foi a necessidade da renovação do radar, já que o mesmo estava vencido.
Segundo o que se pode perceber as dificuldades encontradas não justificavam a não
realização de importações, então se questionou o porque da não realização das importações
com maior freqüência, e segundo o Sr. Valdir Santos, pode assim ser justificado:
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Produtos que possuem custo menor no exterior na maioria das vezes não possuem
volume de venda significativa, e já os que possuem grande saída seu custo interno é menor
que no exterior. Não é viável para a empresa arcar com custos de importação com produtos
que possuem pouca rotatividade .
No entanto a empresa não realizou pesquisa de fornecedores para todos os produtos,
segundo responsável pelas compras a empresa sentiu a necessidade da busca de fornecedores
para os produtos vinhos e massas, já que o custo para os produtos internamente é elevado. A
partir de então foram feitas visitas a feiras, sendo que nestas feiras foram localizados os
fornecedores.
O mesmo relatou que a empresa tem buscado parcerias para realizar importações em
conjunto com a Rede Brasil, que é uma associação formada por 13 supermercadistas de
diversos estados, que objetiva barganhar melhores opções de compra junto aos fornecedores e
melhores tarifas em negociações com administradoras de convênios e cartões de
crédito/débito, mas isso ainda é apenas uma idéia.
As principais dificuldades encontradas na realização das importações foram:
- Inexperiência (desconhecimento das rotinas, documentos);
- Idioma;
- Imposição de quotas;
- Barreiras tarifárias;
- Volume viável para importação, inviável para a empresa: Segundo o Sr. Valdir Santos
alguns produtos que possuem preço reduzido no exterior, possuem pouco volume de
vendas, sendo inviável importá-los. O mesmo exemplifica dizendo:
Caso o leite possuísse preço reduzido no exterior seria viável importá-lo, já que seu volume
de vendas e rotatividade é grande, ao contrário de algumas geléias que possuem preço
reduzido no exterior, mas tem pouca rotatividade sendo inviável a importação de um volume
pequeno de produtos já que o custo unitário seria elevado, e um volume grande deixaria
muita mercadoria parada em estoque por muito tempo .
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste trabalho foi o de verificar as rotinas dos processos de importação,
como também analisar e identificar as dificuldades encontradas nos processos de importação.
A motivação para a referida pesquisa surgiu pelo fato da pequena atividade em
comércio exterior desenvolvida pela empresa. Esta possui significativa participação no
mercado varejista com 19 lojas nas cidades de Santo Amaro da Imperatriz, Balneário
Camboriu, São José, Florianópolis, Palhoça, Imbituba e Rio do Sul. A concorrência existente
no negócio de varejo criou a necessidade da oferta de um mix diferenciado e cada dia mais
completo, com preços cada vez mais reduzidos para atender a todas as classes consumidoras.
A curiosidade foi despertada pela necessidade acadêmica de identificar os motivos
pelos quais a empresa não explora de forma mais agressiva o mercado internacional, para
suprir as exigências para atuação e permanência de forma competitiva no mercado local, já
que isso ampliaria suas opções para negociações comerciais e aquisição de mercadorias.
Através do estágio desempenhado pela acadêmica verificou-se as dificuldades na
prática da sistemática de comércio exterior, sendo que para o sucesso dos processos realizados
a assessoria Metalog
Assessoria em Comércio Exterior, desempenhou papel crucial no que
diz respeito ao esclarecimento, confecção de documentos, etapas e despacho dos processos
realizados. Verificou-se a necessidade de organização do arquivo, já que um dos processos
não foi encontrado, sendo que a legislação brasileira exige a conservação dos documentos em
arquivo por cinco anos. A empresa também ressaltou a imposição de quotas para importação
de Vinho do Chile, e a inviabilidade segundo a empresa para a importação de pequenos
volumes. Observou-se que a pesquisa de mercado para identificação de novas opções de
fornecedores e produtos não é uma prática da empresa, o que talvez justifique a prática não
significativa das importações e a cultura despertada pela empresa quanto à inviabilidade de
importação de determinados produtos, o que somente pode ser afirmado após pesquisa e
análise dos custos gerais da importação.
Os objetivos traçados foram alcançados de forma exitosa, possibilitando a
apresentação das rotinas e a análise dos questionamentos realizados como forma de identificar
as dificuldades encontradas nos processos de importação realizados.
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O trabalho poderá surgir como auxilio aos profissionais de comércio exterior, aos
profissionais que atuam no ramo varejista, bem como aos acadêmicos em geral e em especial
ao que cursam Administração de Supermercados, auxiliando em seus estudos e em pesquisas
relacionadas à prática de importação.
A ampliação de mercado na busca de novas opções de compra é sugestão para
complemento do estudo e novas pesquisas.
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Assinatura dos Responsáveis
Alessandra Fátima Sauel
Acadêmica
Prof. Júlio César Schimitt Neto
Professor Orientador
Prof. Evelize Martins
Responsável pelo Estágio
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