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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CAMILA LEANDRA BUENO DE ALMEIDA ESTUDO QUÍMICO E FARMACOLÓGICO DE FRUTOS SILVESTRES OBTIDOS DE SANTA CATARINA E MATO GROSSO Itajaí 2013

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CAMILA LEANDRA BUENO DE ALMEIDA

ESTUDO QUÍMICO E FARMACOLÓGICO DE FRUTOS SILVESTRES

OBTIDOS DE SANTA CATARINA E MATO GROSSO

Itajaí

2013

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E

SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS

CAMILA LEANDRA BUENO DE ALMEIDA

ESTUDO QUÍMICO E FARMACOLÓGICO DE FRUTOS SILVESTRES

OBTIDOS DE SANTA CATARINA E MATO GROSSO

Dissertação submetida ao Programa de Pós

Graduação em Ciências Farmacêutica, da

Universidade do Vale do Itajaí como parte dos

requisitos para a obtenção do grau de Mestre

em Ciências Farmacêuticas.

Orientador: Prof. Dr. Valdir Cechinel Filho

Co-orientador: Prof. Dr. Sérgio Faloni

Itajaí, dezembro de 2013

2

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que me auxiliaram a enfrentar mais este desafio, em especial:

À Deus por iluminar meus caminhos e me de dar forças para continuar;

Aos meus pais e minha avó pela educação, persistência, carinho e auxilio financeiro

para conclusão deste trabalho;

Ao meu noivo pelo companheirismo, carinho, amor, paciência nas ausências e

compreensão;

Aos meus amigos pela força, estímulo e amizade de sempre;

Ao professor Cechinel, professor orientador e paizão pelos ensinamentos,

orientações, amizade e dedicação com este trabalho;

Ao professor Sérgio, pelas orientações nos trabalhos, profissionalismo e

ensinamentos;

À professora Fátima e alunos pelo auxilio nos testes antinociceptivo,

Ao professor Alexandre e alunos pelo auxilio nos testes antimicrobianos, e pelas

correções valiosas do projeto e qualificação;

Ao professor Theo pelo auxilio nas análises fitoquímicas, pelos ensinamentos e

compreensão nas explicações e ao Pedro pelo auxilio com as análises fitoquímicas na

Ressonância magnética nuclear;

À aluna Priscila Tessele pelo auxilio na elaboração dos primeiros extratos obtidos;

Às alunas Priscila Berté e Roseane Leandra da Rosa que auxiliaram nos testes de

gastroproteção;

Aos colegas de laboratório de fitoquímica, Luiza, Dani e grupo “Nutris” pela amizade,

risadas e companheirismo durante os trabalhos;

Ao Joel pelo auxílio no laboratório de fitoquímica e amizade;

Aos professores e alunos da Universidade Federal do Mato Grosso pela obtenção

dos frutos, ao professor Domingos Tabajara, Isanete Bieski e Liberio Amorim Neto;

Aos professores, que ministraram as disciplinas no mestrado, ao qual ensinaram

muito do que foi aplicado no trabalho e para engrandecer como profissional;

Aos colaboradores e a coordenação (prof. Tania) do Programa de Pós Graduação

em Ciências Farmacêuticas, por toda dedicação conosco, prontidão no atendimento e

disponibilidade;

Aos amigos e colegas de trabalho da Casa São Simeão e Fundação Universidade

Regional de Blumenau – FURB pela compreensão nas ausências, apoio e companheirismo;

E aos membros da banca prof. Angela, Angélica e Domingos Tabajara pelo aceite ao

convite e contribuições para melhoria do trabalho.

3

Dedico esta dissertação à pessoa em

que me inspiro e a quem devo todo

este trabalho e todo o aprendizado ao

longo da vida:

Minha mãe Estér.

4

“Se pensarmos pequeno, coisas pequenas

teremos... Mas se desejamos fortemente o

melhor e principalmente lutarmos pelo melhor,

o melhor vai se instalar em nossa vida.

Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e

não do tamanho da minha altura.”

Carlos Drummond de Andrade

5

ESTUDO QUÍMICO E FARMACOLÓGICO DE FRUTOS SILVESTRES OBTIDOS DE

SANTA CATARINA E MATO GROSSO

Camila Leandra Bueno de Almeida

Dezembro/2013

Orientador: Valdir Cechinel Filho, doutor.

Co-orientador: Sérgio Faloni de Andrade, doutor.

Área de concentração: Produtos Naturais e Substâncias Sintéticas Bioativas

Número de Páginas: 66

Frutos tropicais apresentam valores consideráveis de conteúdo de antioxidantes, entre os quais, os flavonóides predominam. Estes se destacam nos benefícios à saúde em potencial, pois auxiliam na diminuição da incidência de doenças degenerativas como o envelhecimento, câncer, inflamação, disfunção cerebral, doença cardíaca e doenças gástricas. Objetivou-se avaliar o perfil químico e farmacológico/biológico de frutos silvestres selecionados. Foram selecionados 16 frutos para screening de estudos químicos e farmacológicos. Os frutos foram macerados em metanol por 7 dias, posteriormente evaporado o solvente e realizado o cálculo de rendimento do extrato bruto metanólico (EBM). Foram realizadas análises fitoquímicas e estudos pré-clínicos in vitro e in vivo, avaliando o efeito gastroprotetor dos extratos obtidos pelo modelo de indução de úlcera aguda por etanol e potencial antinociceptivo no modelo de dor induzida pelo ácido acético em camundongos. A atividade antimicrobiana foi realizada através do método de diluição em ágar para a determinação da concentração inibitória mínima (CIM). Os EBM de Spondias purpurea, EBM de Eugenia involucrata (semente), EBM de Passiflora mansoi Mast. (semente) e o EBM de Artocarpus heterophyllus (semente) apresentaram resultados significativos no teste de gastroproteção na dosagem de 250mg/kg, com efeito antiulcerogênico de aproximadamente 60 a 72%. Nas doses de 50 e 125 mg/kg, este efeito protetor permanece para os EBM testados. O EBM Psidium acutangulum, Dovyalis hebecarpa, Spondias purpurea, e Spondias cytherea na atividade antinociceptiva, diminuíram significativamente as contorções abdominais (68% á 52,6%) por i.p. (10mg/kg) e o EBM de Psidium acutangulum, Physalis angulata, Hovenia dulcis, Spondias cytherea e Dovyalis hebecarpa por v.o. (100 mg/kg) apresentaram o mesmo efeito significativo (redução 28,6% á 49%). Dentre os EBM uma fraca atividade antimicrobiana contra Bacillus subtilis com uma CIM de 1000 µg/ml foi apenas evidenciada pelo EMB de Physalis angulata, já os EBM dos demais frutos avaliados não apresentaram resultados promissores. Diante do perfil encontrado, continuaram-se os estudos com a Artocarpus heterophyllus (semente). Através da análise fitoquímica da fração metanólica do EBM e sub-frações da Artocarpus heterophyllus (semente), um flavonóide, sitosterol e terpenos foram detectados através da CCD. Após análise no CG-EM, apenas gliceróis substituídos, ácido linoleico e demais óleos, sitosterol e stigmasterol foram identificados nas sub-frações metanólica do EBM.

Palavras-chave: Frutos silvestres; gastroproteção; antinocicepção; antimicrobiano; semente

de jaca.

6

CHEMICAL AND PHARMACOLOGICAL STUDY OF SELECTED EXOTIC FRUITS

OBTAINED FROM SANTA CATARINA AND MATO GROSSO

Camila Leandra Bueno de Almeida

December/2013

Leader: Valdir Cechinel Filho, doctor.

Co-leader: Sérgio Faloni, doctor.

Area of concentration: Natural Products and Synthetic Bioactive Substances

Number of pages: 66

Tropical fruits present a considerable value of antioxidants, flavonoids and bioactive compounds, among which flavonoids are the most present. These excel in benefiting health, as they aid in decreasing the incidence of degenerative diseases such as aging, cancer, inflammation, heart and gastric diseases. This study aimed to assess the chemical and pharmacological/biological profile of selected exotic fruits. There were 16 fruits selected for chemical and pharmacological studies. The fruits were macerated in methanol for 7 days, then its solvent was evaporated and its brute metanolic extract (BME) yield was calculated. Phytochemical and in vitro and in vivo pre-clinical studies were conducted, evaluating the gastroprotective effect of the extracts on acute ulcer which was obtained by the induced ethanol model and potential antinociceptive on the pain induced by acetic acid model in mice. The extract’s antimicrobial activity was performed by the agar diffusion method to determine its minimum inhibitory concentration (MIC). The BME of the Spondias purpurea, Eugenia involucrata (seeds), the Passiflora mansoi Mast. (seeds) and Artocarpus heterophyllus (seeds) presented significantly results on the gastroprotective tests with a 250 mg/kg dosage, with effect antiulcerogenic of approximately 60 to 72%. On the 50 and 125 mg/kg dosage, this protective effect remains for the tested BME. The BME of the Psidium acutangulum, Dovyalis hebecarpa, Spondias purpurea, e Spondias cytherea, in the antinociceptive activity showed significantly diminished the abdominal contortions (60 to 52,6%) with a 10 mg/kg i.p. dosage and the BME of Psidium acutangulum, Physalis angulata, Hovenia dulcis, Spondias cytherea e Dovyalis hebecarpa presented the same significantly result (28,6% to 49%diminishment) with a 100 mg/kg v.o. dosage. Among the BEM, weak antimicrobial activity against Bacillus subtilis with a 1000 µg/ml MIC was brought to only evidence by the BME of the Physalis angulata, whereas the BME of all the other assessed fruits didn’t present promising results. Before the found profile, the studies with the Artocarpus heterophyllus (seeds) proceeded. Throughout the phytochemical analysis of the BME’s metanolic fraction and sub-fractions of Artocarpus heterophyllus (seeds), a flavonoid, sitosterol and terpens were detected by TLC. After GC-MS analysis, only substitutes glycerol, linoleic acid and other oils, sitosterol and stigmasterol were identified in metanolic fraction and sub-fractions. Keywords: exotic fruits; gastroprotective; antinociception; antimicrobial; jackfruit seeds.

7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Ilustração dos frutos de araçá-pêra (Psidium acutangulum), cajá-manga

(Spondias cytherea), cajá-manga var. anão (Spondias cytherea var. na) e groselha-do-

Ceilão (Dovyalis hebecarpa) em maceração por 7 dias (A) e EBM após a evaporação do

solvente (B).............................................................................................................................27

Figura 2 – Ilustração dos frutos estudados. (A) Fruto inteiro da graviola, (B) Polpa e

semente da graviola, (C) Fruto inteiro com destaque para polpa do cajá-manga (D) Fruto

inteiro da groselha-do-Ceilão, (E) Fruto inteiro com destaque para polpa do araçá-pera, (F)

Fruto inteiro do falso-guaraná, (G) Fruto inteiro de melão-cruá, (H) Fruto inteiro com

destaque para polpa e semente do melão-cruá, (I) Fruto inteiro de araçá-vermelho, (J) Fruto

inteiro da leiteirinha, (K) Fruto picado da leiteirinha, (L) Fruto inteiro com destaque para

semente de maracujinho, (M) Fruto inteiro de seriguela, (N) Semente de jaca, (O) Arvore

com os frutos de tripa-de-galinha...........................................................................................28

Figura 3 – Fluxograma de obtenção das sub-frações do EBM da Jaca (semente) e análises

fitoquímicas realizadas....................................................................................................30

Figura 4 - Imagens dos estômagos dos animais após indução de úlcera por etanol e

administração dos EBM da jaca (semente) nas diferentes doses de 50, 125 e 250 mg/kg...36

Figura 5 - Imagens dos estômagos dos animais após indução de úlcera por etanol e

administração da fração metanólica do EBM da jaca (semente) e sub-fração Fr25-28, na

dose de 50 mg/kg..........................................................................................................36

Figura 6 - Efeito antinociceptivo dos EBM dos frutos selecionados no modelo de dor

induzido pelo ácido acético (10 mg/kg) i.p. em camundongos...........................................38

Figura 7 - Efeito antinociceptivo dos EBM dos frutos selecionados no modelo de dor

induzido pelo ácido acético (100 mg/kg) v.o. em

camundongos..............................................................................................................39

Figura 8 - Sobreposição dos cromatogramas das amostras das sub-frações do EBM da jaca

(semente) com a identificação numérica dos picos dos compostos das amostras através do

CG-EM............................................................................................................................43

Figura 9- Cromatograma tempo total da fração metanólica do EBM de jaca (semente) no

comprimento de onda de 297 nm analisada no CLAE...........................................................44

Figura 10- Cromatograma tempo total da fração metanólica do EBM de jaca (semente) no

comprimento de onda de 261 nm analisada no

CLAE.................................................................................................................................44

Figura 11- Espectro de RMN 1H da sub-fração Fr 25-28 em metanol

deuterado.........................................................................................................................45

Figura 12 - Espectro de RMN 1H da sub-fração Fr 25-28 em metanol deuterado na região de

8

2,9 a 0,8 ppm....................................................................................................................46

Figura 13- Espectro de RMN 1H da sub-fração Fr 25-28 em metanol deuterado na região de

3,68 a 3,15 ppm.....................................................................................................................46

Figura 14 - Espectro de RMN 1H da sub-fração Fr 25-28 em metanol deuterado na região de

5,55 a 3,72 ppm..................................................................................................................47

Figura 15 - Espectro de RMN 13C da sub-fração Fr 25-28 em metanol

deuterado.............................................................................................................................47

9

LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1- Frutos silvestres selecionados para os estudos químicos e farmacológicos

descritos através de família, nome científico, nome popular e parte do fruto utilizada no

estudo.....................................................................................................................................14

Quadro 2 – Obtenção dos frutos silvestres selecionados de acordo com a data de coleta,

local e identificação popular e científica..........................................................................25

Tabela 1 - Resultados da gastroproteção dos EBM dos frutos selecionados na dose de 250

mg/kg, média ± EPM da área total de lesão, percentual (%) de área lesionada e

inibição..................................................................................................................................34

Tabela 2 - Resultados da gastroproteção do EBM da jaca (semente), Cereja-do-mato

(semente), falso-guaraná (semente), falso-guaraná (polpa) e seriguela (polpa) em modelos

de indução por etanol em camundongos, demostrados através da média ± EPM e percentual

(%)..................................................................................................................................35

Tabela 3 – Resultados dos testes antimicrobianos através a CIM (µg/ml) das bactérias e

levedura com relação os EBM selecionados....................................................................37

Tabela 4 – Percentuais de rendimento dos EBM dos frutos selecionados............................40

Tabela 5 – Avaliação por CCD utilizando reveladores seletivos para as classes de

compostos esteróides, terpenos, flavonóides, fenólicos e alcalóides nos EBM dos frutos

estudados............................................................................................................................41

10

LISTA DE ABREVIATURAS

AA – Ácido Acético

CC – Coluna Aberta

CCD – Cromatografia Em Camada Delgada

CG-EM – Cromatografia Gasosa Acoplada Ao Espectro De Massa

CIM – Concentração Inibitória Mínima

CLAE – Cromatografia Líquida De Alta Eficiência

COBEA – Colégio Brasileiro De Experimentação Animal

CEUA - Comissão De Ética No Uso De Animais

DCNT- Doenças Crônicas Não Transmissíveis

DMSO – Dimetilsulfóxido

EBM – Extrato Bruto Metanólico

EPAGRI – Empresa De Pesquisa Agropecuária E Extensão Rural

EARP - Software De Análise De Imagens

Fr – Sub-Fração

IAPAR – Instituto Agronômico do Paraná

i.p - Intraperitoneal

IgA1- Imunoglobulina A1

Rf- Fator De Retenção

RMN – Ressonância Magnética Nuclear

UFMT – Universidade Federal do Mato Grosso

UNESP – Universidade Estadual Paulista

UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí

UV – Ultra-Violeta

v.o. – Via oral

11

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 13

2 OBJETIVOS........................................................................................... 15

2.1 Objetivo Geral......................................................................................... 15

2.2 Objetivos Específicos............................................................................. 15

3 REVISÃO DE LITERATURA................................................................. 16

3.1 Psidium acutangulum............................................................................. 16

3.2 Psidium cattleyanum Sabine................................................................... 17

3.3

3.4

3.5

3.6

3.7

3.8

3.9

3.10

3.11

3.12

3.13

3.14

3.15

Spondias cytherea..................................................................................

Spondias purpurea..................................................................................

Dovyalis hebecarpa.................................................................................

Annona muricata L..................................................................................

Physalis angulata....................................................................................

Hovenia dulcis.........................................................................................

Bunchosia armeniaca (Cav.) DC.............................................................

Pourouma cecropiifolia Mart....................................................................

Passiflora mansoi (Mart.) Mast................................................................

Eugenia involucrata.................................................................................

Eugenia pyriformis...................................................................................

Artocarpus heterophyllus..........................................................................

Rauvolfia weddelliana Mull. Arg................................................................

17

18

19

19

20

20

21

21

21

22

22

24

24

3.16 Sicana odirifera (Vell.) Naudin................................................................... 24

4 MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................ 25

4.1 Materiais e Equipamentos........................................................................ 25

4.2 Análise fitoquímica dos frutos silvestres selecionados............................ 25

4.2.1

4.2.2

Obtenção dos frutos ................................................................................

Preparação do extrato bruto metanólico .................................................

25

27

4.2.3 Avaliação fitoquímica................................................................................ 29

4.3 Animais e ensaios farmacológicos/biológicos........................................ 30

4.3.1 Avaliação da atividade gastroprotetora.................................................... 31

4.3.2 Atividade antimicrobiana.......................................................................... 32

4.3.3 Atividade antinociceptiva.......................................................................... 32

4.4 Análise Estatística.................................................................................... 33

5 RESULTADOS......................................................................................... 34

5.1 Resultados da atividade gastroprotetora................................................... 34

12

5.2 Resultados da atividade antimicrobiana..................................................... 37

5.3 Resultados da atividade antinociceptiva................................................... 38

5.4 Resultados da análise fitoquímica............................................................. 40

6 DISCUSSÃO............................................................................................. 48

7 CONCLUSÕES……………………………………………………………….. 52

8 PERSPECTIVAS FUTURAS. ………….………….…………………………. 53

REFERENCIAS......................................................................................... 54

13

1 INTRODUÇÃO

As investigações químicas e farmacológicas com plantas medicinais cresce a cada

ano devido ao potencial terapêutico visando à obtenção de novos compostos para uso em

diversas patologias, na busca de novas fontes de fitoterápicos e fitofármacos (CECHINEL

FILHO, YUNES, 1998; NIERO et. al., 2003; MALHEIROS et al., 2010).

Diante da biodiversidade global, o Brasil é o país que apresenta o maior percentual

de espécies endêmicas, com cerca de aproximadamente 22% de toda a biodiversidade

mundial, onde são catalogadas mais de 55 mil espécies de plantas superiores encontradas

(BRASIL, 2011).

Segundo a Lista de Espécies da Flora Brasileira, as angiospermas representam o

maior grupo de plantas com mais de 250.000 mil espécies, sendo que, apenas 31.156

espécies estão catalogadas no banco de dados do Ministério do Meio Ambiente e dispostas

para consulta (FORZZA et al., 2010).

A combinação entre esta vasta biodiversidade e a medicina tradicional potencializa o

desenvolvimento de programas para descoberta de novos fármacos advindos de produtos

naturais, colocando o Brasil em uma posição estratégica e privilegiada no segmento

farmacêutico (NOGUEIRA; CERQUEIRA; SOARES, 2010).

A lista de frutas dos trópicos, incluindo a América, Ásia, Austrália e África, menciona

mais de 2.000 espécies. Só na América, cerca de mil espécies, pertencentes a 80 famílias,

foram identificadas, dos quais aproximadamente 400 ocorrem ou derivam do Brasil

(RUFINO et al., 2010).

Considerando a grande quantidade de frutos tropicais e subtropicais encontrados na

flora, uma série destes ainda não é comumente encontrada para comercialização. Estes são

denominados como frutos exóticos cuja aparência, sabor, qualidade nutricional e textura

apresentam forte potenciais para inclui-los no mercado (FERNANDES et al., 2011).

A natureza produz diversas características próprias dos vegetais, como sistema de

defesa e obtenção de nutrientes através de metabólitos distintos para o desenvolvimento

das plantas e seus componentes. Os metabólitos secundários são atribuídos aos processos

adaptativos em cada espécie, variando de acordo com fatores como: sazonalidade,

temperatura, disponibilidade de água, ritmo circadiano entres outros (NIERO et al., 2003;

GLOBBO-NETO; LOPES, 2007).

Os frutos apresentam antioxidantes e compostos bioativos que beneficiam a saúde,

pois auxiliam na diminuição da incidência de doenças degenerativas, com destaque para

prevenção do envelhecimento, câncer, inflamação, disfunção cerebral, doença cardíaca e

ainda doenças gástricas (BABU et al., 2010; GORINSTEIN et al., 2011). Os antioxidantes

14

mais encontrados em frutos são os polifenóis, flavonóides, vitamina A, vitamina C e vitamina

E, seguidos em menor quantidade por carotenóides (FERNANDES et al., 2011).

Considerando que muitos frutos silvestres ainda podem ser explorados quanto ao

potencial terapêutico, foram selecionados 16 frutos silvestres comestíveis para início dos

estudos químicos e farmacológicos (Quadro 1):

Quadro 1- Frutos silvestres selecionados para os estudos químicos e farmacológicos

descritos através de família, nome científico, nome popular e parte do fruto utilizada no

estudo.

Família Nome científico Nome popular Parte do fruto

Anacardiaceae Spondias cytherea Cajá-manga Polpa

Anacardiaceae Spondias purpurea Seriguela Fruto inteiro

Annonaceae Annona muricata L Graviola Semente +

polpa

Apocynaceae Rauvolfia weddelliana Mull. Arg Leiterinha Fruto inteiro

Cecropiaceae Pourouma cecropiifolia Mart. Uva da Amazônia Fruto inteiro

Curcubitaceae Sicana odirifera (Vell.) Naudin Melão cruá Casca, polpa e

semente

Flacourtiaceae Dovyalis hebecarpa Groselha do Ceilão Fruto inteiro

Malpighiaceae Bunchosia armeniaca (Cav.)

DC.

Falso guaraná Semente, polpa

+ casca

Moraceae Artocarpus heterophyllus Jaca Semente

Myrtaceae Psidium acutangulum Araçá-pêra Fruto inteiro

Myrtaceae Psidium cattleyanum Sabine Araçá-vermelho Fruto inteiro

Myrtaceae Eugenia involucrata Cereja do mato Semente, polpa

Myrtaceae Eugenia pyriformis Uvaia Polpa

Passifloraceae Passiflora mansoi (Mart.) Mast Maracujinho do

cerrado

Casca, Semente

Rhamnaceae Hovenia dulcis Tripa de galinha Fruto inteiro

Solanaceae Physalis angulata Physalis Fruto inteiro

15

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Avaliar o perfil químico e farmacológico/biológico de frutos silvestres obtidos em

Santa Catarina e Mato Grosso através de análises fitoquímicas e estudos pré-clínicos in

vitro e in vivo.

2.2 Objetivos Específicos

- Obter o extrato metanólico dos frutos silvestres selecionados e analisar o perfil

fitoquímico por métodos cromatográficos usuais;

- Realizar uma triagem do potencial antimicrobiano dos extratos obtidos pela

determinação da concentração inibitória mínima (CIM);

- Realizar uma triagem da atividade gastroprotetora dos extratos obtidos através do

modelo de indução de úlcera aguda por etanol em camundongos;

- Realizar uma triagem do potencial antinociceptivo dos extratos obtidos no modelo

de dor induzida pelo ácido acético (AA) em camundongos;

- Determinar os princípios ativos dos extratos mais promissores sob o ponto de vista

químico-medicinal;

- Selecionar um extrato para aprofundamento dos estudos químicos e

farmacológicos,

- Avaliar o potencial gastroprotetor do extrato e frações jaca (semente), em diferentes

doses, através do modelo de indução de úlcera aguda por etanol em camundongos.

16

3 REVISÃO DA LITERATURA

A preocupação com a saúde e aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis

(DCNT) tem levado ao aumento do consumo de frutas por estas possuírem quantidades

consideráveis de nutrientes como vitaminas, minerais, fibras e metabólitos secundários ao

exemplo dos polifenóis, fenólicos e carotenóides (RUFINO et al., 2010).

Inúmeros frutos tropicais silvestres tem demostrado resultados promissores em

relação aos aspectos biológicos, nutricionais e químicos, confirmando assim a importância

dos frutos como potenciais nutracêuticos (RUFINO et al., 2010; FÉART et al., 2013).

Tendo em vista que neste trabalho vários frutos comestíveis foram avaliados,

descreve-se a seguir um sucinto relato dos frutos selecionados.

3.1 Psidium acutangulum

O gênero Psidium pertence à família Myrtaceae, conhecidos por araçazeiros ou

araçás. Este gênero é amplamente distribuído no país e outras partes do mundo. São

produtoras de frutos comestíveis e as mais estudadas, por esta característica, são Psidium

gujava, Psidium cattleyanum e Psidium quineense, apresentando sabor exótico e alto teor

de vitamina C, a qual cabe o destaque nutricional e antioxidante do gênero (EMBRAPA,

2009).

Cerca de 100 espécies do gênero Psidium estão distribuídas em regiões de clima

neotropical, destacando o oeste da Índias (ilhas de Cuba e Hispaniola), sul do Brasil e

Paraguai e norte da América do Sul (Peru, Venezuela e Guianas) (EMBRAPA, 2009;

SOARES-SILVA; PROENÇA, 2008). O Psidium acutangulum pode ser encontrado na região

norte do país (nativa da bacia Amazônica), Maranhão e no litoral do Paraná (EMBRAPA,

2009; WILLE et al.; 2004).

O Psidium acutangulum, também conhecido como araçá-pêra, tem sido estudado

pelas características de seu fruto que pode apresentar de 4 a 7 vezes mais vitamina C do

que as frutas cítricas consideradas fontes dessa vitamina (WILLE et al., 2004). Também

apresenta alto percentual de compostos fenólicos, o que confere a adstringência do fruto, e

baixa quantidade de carotenóides, sendo apenas suficiente para coloração amarelada do

fruto (ANDRADE; ARAGÃO; FERREIRA, 1993).

Poucos estudos foram realizados com o fruto de Psidium acutangulum, a maior parte

da literatura refere-se a resultados encontrados com os frutos e folhas de Psidium guajava e

demais gêneros relacionados à atividade antimicrobiana, antioxidante e hepatoprotetora

(JAIARJ et al., 1999; ABDELRAHIM et al., 2002; CHEN; YEN, 2007). Os trabalhos

17

realizados com o extrato clorofórmico das folhas de Psidium acutangulum demostram a

atividade repelente e antifúngica (MILLES et al. 1990).

O Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), localizado no litoral do Paraná, vem

cultivando o araçá-pêra, ou goiaba selvagem como é conhecido na região, com o objetivo de

oportunizar novas possibilidades de sustento da região através da comercialização destes

frutos (WILLE et al., 2004).

O fruto de araçá-pêra pode ser consumido in natura, porém devido a sua alta acidez,

métodos de preparo para utilização do fruto como a fabricação de compotas, cremes, doces

em calda, doces de massa, geléias, refrescos, sorvetes e sucos tem sido descritos

(MANICA, 2000; WILLE et al., 2004).

Segundo Andrade e colaboradores (1993), os frutos de Psidium acutangulum da

Amazônia apresentam concentração de vitamina C (teor de 389,34 mg/100g de polpa)

equivalente ao verificado no caju (Anacardium occidentale) e na goiaba (Psidium guajava).

Já Wille e colaboradores (2004) demostram valores de vitamina C inferiores nos frutos de

araçá-pêra colhidos no litoral do Paraná (60,98 mg/100g de polpa). Observa-se assim a

influência das condições climáticas, umidade e características do solo na concentração de

antioxidantes nos frutos de diferentes regiões do país.

3.2 Psidium cattleyanum Sabine

O Psidium cattleyanum Sabine, espécie advinda do gênero Psidium igualmente ao

Psidium acutangulum, é popularmente conhecido como araçá, araçá-amarelo, araçá-

vermelho, china-guava, araçazeiro-amarelo e araçazeiro-vermelho (ROCHA et al., 2008).

Ocorre em regiões diversas do Brasil, estendendo-se do nordeste ao sul em

restingas litorâneas e locais úmidos em geral, bem como em outros países da América do

Sul. Apresentam frutos de coloração amarelos ou vermelhos (LORENZI, 1992) com sabor

exótico, grande quantidade de vitamina C e compostos fenólicos (ROCHA et. al., 2008;

EMBRAPA, 2009).

3.3 Spondias cytherea

O gênero Spondias, pertencente à família das Anancardiaceae, compreende cerca

de 20 espécies distribuídas na região neotropical e tropical da Ásia. No Brasil, o nordeste é

a região de cultivo de algumas plantas do gênero. São cultivadas em pequenos pomares

caseiros as espécies de Spondias tuberosa Camara (umbuzeiro), S. purpurea L. (seriguela),

S. mombin L. (cajá), Spondias sp. (umbu-cajá), S. cytherea Sonn (cajá-manga) e Spondias

sp (umbuguela) (SANTOS; OLIVEIRA, 2008).

18

A Spondias cytherea Sonn. é originária da Polinésia (STEPHENS, 1935 apud

SOUZA; SOUSA;MELO, 1998) e encontra-se distribuída em áreas tropicais da América

Latina e de países do Caribe, onde é cultivada e exportada para a Europa (LAGO-VANZELA

et al., 2011). No nordeste do Brasil, essa planta é conhecida como cajarana ou cajá-manga

(SOUZA; SOUSA; MELO, 1998) e a descrição para o nome popular não é bem resolvida do

ponto de vista genético. Devido à semelhança do fruto do cajá-manga com o fruto da

manga, de modo geral, acredita-se ser uma junção de manga (Mangifera indica L.) com cajá

(Spondias mombin L.), porém faltam estudos controlados do cruzamento das espécies

(SANTOS; OLIVEIRA, 2008).

Os frutos de cajá-manga apresentam forma elipsoidal e coloração da casca e polpa

amarela (quando maduras) devido a presenças de carotenóides. Possui polpa suculenta e

sabor amargo-doce, com pouca acidez (LAGO-VANZELA et al., 2011). Outras substâncias

encontradas no fruto de Spondias cytherea apresentam potencial antioxidante como

vitamina C e fenóis, porém as concentrações destes podem se diferenciar dependendo do

estágio de maturação do fruto (ISHAK et al., 2005).

De acordo com as características do fruto de Spondias cytherea, estes podem ser

consumidos in natura ou na forma de sucos, doces e geléias. Lago-Vanzela e colaboradores

(2011) com o objetivo de verificarem a composição química e análise sensorial de uma

geléia preparada com fruto (polpa e casca) do cajá-manga encontraram composições

diferentes, onde a polpa apresenta mais umidade do que a casca do fruto, porém na casca

obtiveram-se melhores resultados para macronutrientes, cinzas e fibra alimentar.

3.4 Spondias purpurea

A espécie Spondias purpurea, pertencente à mesma família e gênero da Spondias

cytherea. Ela é conhecida popularmente como cajá-vermelho, seriguela, ciriguela, jocote,

jocote de corona, ciruela, ciruela mexicana, jobilo e ameixa-espanhola (AUGUSTO;

CRISTIANINI; IBARTZ, 2012).

Esta espécie é nativa de países da América Central como México, Guatemala e

Caribe, porém com cultivo principalmente no Nordeste do Brasil. Os frutos de seriguela

possuem coloração avermelhada quando maduros, pequenos, apresentando sabor e aroma

agradáveis (AUGUSTO; CRISTIANINI; IBARTZ, 2012).

Há relatos na literatura referente à produção de goma por Spondias purpurea, sendo

os constituintes principais os polissacarídeos como galactose, arabinose, manose, xilose e

ramnose, além de material proteico (MARTÍNEZ et al., 2008).

19

3.5 Dovyalis hebecarpa

Pertencente à família Flacourtiaceae, no gênero Dovyalis podem ser encontradas 11

espécies da planta distribuídas na África, Ásia e América do Norte (Flórida) (ROSSO;

MERCADANTE, 2007).

A Dovyalis hebecarpa é nativa da Índia e Sri Lanka, sendo conhecida popularmente

como groselha do Ceilão. A groselha do Ceilão encontrada na Flórida foi cultivada no Brasil

pelo grupo de pesquisa da UNESP, distribuída em uma estação experimental na cidade de

Bebedouro e Colina, em São Paulo, sendo os frutos da espécie de origem naturalmente

ácidos, porém no plantio da Estação experimental de Bebedouro pode-se encontrar uma

planta com fruto menos ácido que os convencionais, nomeada Romana e estudada pelos

pesquisadores locais (SILVA et al., 2011).

O fruto da Dovyalis hebecarpa é de forma esférica, coloração vermelho-arroxeada

(casca e polpa), polpa suculenta e ácida (SILVA et al., 2011). Possui alto teor de compostos

com ação antioxidante como antocianinas (que conferem a coloração vermelho-arroxeada

ao fruto) e carotenóides (ROSSO; MERCADANTE, 2007). Poucos estudos referem-se a

composição química e propriedades terapêuticas da espécie Dovyalis hebecarpa, inclusive

dos frutos.

3.6 Annona muricata L

Conhecida como graviola, a Annona muricata L. é uma planta pertencente à família

Annonaceae, nativa da América do Sul com cultivo no Nordeste brasileiro na Paraíba,

Ceará, Pernambuco e Bahia. Os frutos de graviola são consumidos na forma de suco,

sorvetes, compotas, geléia e doces (SACRAMENTO et al., 2003).

Esta espécie é caracterizada por possuir alcalóides, acetogeninas e ciclopeptídeos.

Estes compostos bioativos são responsáveis pelas atividades farmacológicas da planta

como antifúngica, antiviral, antitumoral, inseticida, parasiticida e antimalárico (SOLÍS-

FUENTES et al., 2011).

Os frutos de Annona muricata contem anonacina, uma acetogenina abundante que

possui atividade toxica in vitro e in vivo em células neuronais dopaminérgicas, sugerindo o

aumento do risco de desenvolver Parkinson em populações com consumo aumentado desta

espécie (BADRIE, SCHAUSS, 2010). A acetogenina apresenta atividade citotóxica frente a

linhagens celulares de tumor pancreático humano, adenocarcinoma de próstata humana,

carcinoma de pulmão humano e carcinoma de hepatoma humano (RAGASA et al., 2012).

20

3.7 Physalis angulata

A espécie Physalis angulata, compõe uma das cento e vinte espécies do gênero

Physalis e família Solanaceae. A atividade biológica de Physalis angulata é reconhecida

cientificamente através de partes da planta e dos compostos isolados, como antitumoral,

antileucêmica, antimutagênica, antiespasmódica, antisséptica, imunomoduladora entre

outras (LIMA, 2012). Atividade antiparasitária, antinociceptiva, antimicrobiana,

antinflamatória, antimalárica, antileichimaniose, diurética, antiasmática encontram-se

descritas na literatura (RENGIFO-SALGADO, VARGAS-ARANA, 2013).

Conhecida popularmente como camapu, bate-testa, joá, balãozinho, balão-rajado,

joá-de-capote, bucho-de-rã, joá-de-balão, camaru, camambu e mata-fome. O fruto de

Physalis angulata é consumido in natura ou na forma de preparações (SILVA, AGRA, 2005).

O uso popular inclui o tratamento de doenças de pele, de bexiga, problemas hepáticos,

problemas renais, febre, tratamento crônico de reumatismo em diversas partes da planta. É

utilizado ainda como diurético, antidiabético, antinflamatório, antiasmático, sedativo, anemia,

distúrbio na próstata e antimalárico em países sul americanos. Os frutos verdes tem uso

popular contra escabiose e frutos maduros para inflamações pós parto, infertilidade e

doenças de pele (RENGIFO-SALGADO, VARGAS-ARANA, 2013).

Comum na familia Solanaceae, principalmente no gênero Physalis, observa-se uma

grande produção de vitaesteróides, principalmente as fisalinas e vitafisalinas. Outros

compostos incluem flavonoides (campferol, quercetina, rutina), esteróides (beta-sitosterol,

estigmasterol, campestrol entre outros), ácidos graxos de cadeia linear, hidroxilados,

epoxidados, carotenóides, acido ascórbico e alcaloides na composição química de espécies

do gênero Physalis (TOMASSINI, 2000).

3.8 Hovenia dulcis

A espécie Hovenia dulcis Thunb. é originária da Ásia e ocorre no Japão, Coreia do

Sul, leste da China até o Himalaia, sendo invasora de solos em florestas tropicais da

América do Sul, Austrália, Estados Unidos, Nova Zelândia e África Central (HYUN et al.,

2010).

Conhecida como árvore de passas japonesa ou chinesa , uva-do-japão, cajueiro-

japonês, banana-do-japão, caju-do-japão, caju-japonês, chico-magro, gomari, macaquinho,

mata-fome, passa-do-japão, passa-japonesa, pau-doce, pé-de-galinha,tripa-de-galinha, uva-

do-Japão, uva-japonesa e uva-paraguaia (CARVALHO, 1994). Ela é utilizada popularmente

como diurético, antipirético, para tratamento de doenças no fígado, problemas respiratórios

e diarreia (CASTRO et. al., 2002).

21

Através de pesquisas in vivo e in vitro foram descritas atividades antineoplásicas,

tripanocida, antimicrobiana, antiparasitária, citotóxica, antioxidante, hepatoprotetora,

antimicrobiana e antidiabética na espécie de Hovenia dulcis. Esses efeitos podem ser

atribuídos a compostos identificados na espécie como compostos flavonoides, saponinas

triterpenicas e glicosídeos (HYUN et al., 2010;CASTRO et. al., 2002).

3.9 Bunchosia armeniaca (Cav.) DC.

Na família Malpighiaceae, a espécie Bunchosia armeniaca (Cav.) DC. ocorre nas

regiões do sul da América, principalmente no Equador, Venezuela, Peru, Bolívia, Colombia e

Brasil. Ela é conhecida popularmente como caferana, cafezinho, ameixa-do-pará, ciruela,

caramel, café-do-amazonas, ameixa-brava e ameixa-do-peru e falso-guaraná (LIM, 2012).

As folhas de B. armeniaca contem uma mistura de flavonóides composta por rutina,

afzelina, isoquercitrina, canferol e quercitina. Possui atividade antimicrobiana e capacidade

antiinflamatória demonstrados através de um estudo realizado com a colheita do material na

cidade de Palhoça-SC (QUEIROZ, 2012).

Os frutos de falso guaraná possuem polpa pouco espessa e semente única que

predomina no fruto, além de sabor adocicado e consistência cremosa, pode ser consumidos

preparados em doces ou in natura (SILVA et al, 2012).

3.10 Pourouma cecropiifolia Mart.

Da família Moraceae, Pourouma cecropiifolia Mart é conhecida como uva da

Amazônia. Apresenta frutos de coloração roxa, carnoso, suculento e polpa doce consumidos

in natura ou em forma de doces, geléias e vinhos (LOPES-LUTZ, 2010).

O sabor dos frutos é devido á componentes voláteis como salicilato de metila e

monoterpenos oxigenados: óxido de cis-linalol (furano isômero), óxido de trans-linalol

(furano isómero), linalol, p-Menth-1-en-9-ai, α-terpineol e geraniol (LOPES-LUTZ, 2010).

Os frutos possuem antocianinas monoméricas e flavonóides que apresentam

atividade citotóxica para células de carcinoma de laringe, carcinoma gástrico e células

cancerosas de mama, demostrando um sinergismo entre os compostos (BARRIOS et. al.,

2010).

3.11 Passiflora mansoi (Mart.) Mast

Dentre a família Passifloraceae o gênero Passiflora abrange mais de 500 espécies

na maioria herbáceas e conhecidos como maracujás (MUSCHNER et al., 2012). Passiflora

22

mansoi é encontrada em regiões do Brasil como Bahia, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso,

Mato Grosso do Sul, Pará, Roraima, Paraná e Amazônia, em vegetações secundárias. É

conhecida popularmente como Maracujá, maracujá de cobra, maracujá do mato e

maracujinho do cerrado (CRUZ et al., 2013).

A literatura demonstra trabalhos com as espécies do gênero Passiflora relacionados

com a taxonomia das espécies e suas diferenciações, sendo que a Passiflora mansoi (Mart.)

Mast assemelha-se à Passiflora riparia Mart ex. Mast (CRUZ et al., 2013; COSTA, 2012;

NUNES, 2002).

3.12 Eugenia involucrata

Pertencente à família Myrtaceae, Eugenia involucrata é uma planta nativa do Sul do

Brasil, ocorrendo de Minas Gerais até o Rio Grande do Sul, onde recebe destaque pela

utilização de programas de recuperação de áreas degradadas e de preservação permanente

(EMBRAPA, 2007).

Popularmente é conhecida como cereja-do-mato, cerejeira, cerejeira-do-mato,

cerejeira-da-terra, cereja-do-rio-grande, ibaiba, ivaí, cereja preta, guaibajai, ibajaí, ubajaí e

ibá-rapiroca. Na medicina popular utilizam-se as folhas na forma de chás como antidiarreica,

digestiva e antirreumática (EMBRAPA,2007). No óleo volátil foram encontrados 11

sesquiterpenos, sendo quase a totalidade do conteúdo de óleos voláteis (COLE, HABER,

SETZER, 2007).

Os frutos apresentam variação na coloração de acordo a maturação, variando de

vermelho-escuro à violeta. Classificados como arredondados, ovalados, alongados e

piriformes os frutos apresentam média de 2 a 4 cm e são utilizados na forma de geléias,

doces, licores ou in natura por possuir notáveis características organolépticas (ORO et

al.,2012; EMBRAPA, 2007).

As sementes de Eugenia involucrata foram caracterizadas quanto à época de

colheita do fruto, maturação fisiológica das sementes, explante e composição nutricional

(GOLLE et al., 2012).

3.13 Eugenia pyriformis

Pertencente à família Myrtaceae, Eugenia pyriformis é nativa do Sul do Brasil e é

conhecida por uvaia. Dentre as espécies do gênero Eugenia, alguns compostos bioativos

como triterpenos (acido betulínico), esteróis (beta-sitosterol) e flavonóides já foram

identificados e analisados farmacologicamente (SILVA et al., 2003).

23

Nas folhas, flores e frutos, os óleos voláteis foram pesquisados caracterizados pela

presença de monoterpenos e sesquiterpenos em quantidades variáveis durante o ano. Nos

óleos das folhas, os principais componentes foram β-pineno, limoneno, 1,8-cineol e óxido de

cariofileno, nos frutos foram óxido de cariofileno e limoneno e no óleo das flores os

componentes majoritários foram E-cariofileno e germacreno D (STEFANELLO et al., 2009).

3.14 Artocarpus heterophyllus L.

Da família Moraceae, é comumente encontrada na India e Bangladesh. A Jaqueira

pode apresentar produção de 10 a 200 frutos por arvore, sendo os frutos da jaca os maiores

já elucidados, podendo pesar até 45 kg. No Brasil, a época de colheita dos frutos se dá no

período de janeiro a março e agosto a outubro (BALIGA et al., 2011).

Derivada da palavra “chakka” é conhecida popularmente como jaca ou árvore de jaca

Ceilão. Na Índia utiliza-se todas as partes da jaqueira para preparação de remédios para

Medicina Ayurveda e Yunani local. É utilizada para aumento da virilidade, facilitar a digestão,

antidiarreica, doenças de pele, sistema respiratório (asma), antidiabética, anticarcinogênica,

antifúngica, antineoplásica. Inibe a biossíntese de melanina, melhora a cicatrização e

provoca uma diminuição transitória no desempenho sexual (BALIGA et al., 2011).

Na literatura foram descritas propriedades antioxidante da semente da jaca e frutos

maduros secos, efeitos anti-inflamatórios do fruto de jaca e ação antibacteriana dos frutos e

semente da jaca (BALIGA et al., 2011). São descritos na literatura carotenóides no fruto de

Jaca em quantidade e qualidade variadas, principalmente de luteína e provitamia A,

totalizando 18 carotenóides já identificados através de cromatografia líquida de alta

eficiência acoplada ao espectro de massas (FARIA; ROSSO; MERCADANTE, 2009).

O fruto da jaca pode ser consumido in natura e nas formas de sorvetes, bebidas,

compotas, geléias e frutas secas desidratadas. Na India é muito utilizada no preparo de

pratos regionais (ELEVITCH; MANNER, 2006). As sementes são fontes nutritivas ricas em

proteínas e carboidratos, podendo ser consumida cozidas ou assadas como castanhas e

farinha da semente utilizadas em receitas na substituição da farinha de trigo (MUKPRASIRT,

SAJJAANANTAKUL, 2004; PRAKASH et al., 2009; TULYATHAN et al., 2002).

Nas sementes de jaca é encontrada a jacalina, uma lectina que representa 50% do

conteúdo proteico do extrato bruto derivado da jaca que apresenta atividade biológica

(JAGTAP; BAPAT, 2013). Essa lectina pode ser usada para o isolamento da imunoglobulina

(IgA1) humana, auxiliando em pesquisas sobre a AIDS (KABIR, 1998).

24

3.15 Rauvolfia weddelliana Mull. Arg

As espécies do gênero Rauvolfia ocorrem em regiões tropicais e semi-tropicais,

distribuídas principalmente nas Américas. Compõe o gênero 86 espécies entre elas a

Rauvolfia weddelliana Mull. Arg. encontrada principalmente no Mato Grosso (KATO, 2001).

Partes da planta são utilizadas popularmente como antidiarreico, para distúrbios

mentais, para hipertensão e como antídoto para veneno de cobra (RAPINI; KOCH; SIMÕES,

2010).

As raízes de Rauvolfia weddelliana Mull. Arg., coletadas no Mato Grosso,

apresentam alcaloides, identificados como reserpina e reserpilina. Outras espécies deste

gênero foram analisadas e identificados outros compostos alcaloides, sendo este rico neste

tipo de substâncias. Os alcaloides podem ser os responsáveis pela ação anti-hipertensiva e

citotóxica verificada nas raízes da planta (KATO, 2001).

3.16 Sicana odirifera (Vell.) Naudin

As plantas da família Curcubitaceae possuem compostos tóxicos ou com potencial

terapêutico o qual demonstram atividades anti-inflamatórias, antimicrobiana, antitumoral,

entre outras (LIMA et al., 2010).

A espécie Sicana odirifera é nativa do Brasil e regiões tropicais da América. É

conhecida popularmente como melão de caroá, melão-de-caboclo, melão-coroa, caju-

cajubá, cajuá, cagou e caça-banana, onde é utilizado na medicina popular como anti-

hipertensivo, anti-hemorrágico, problemas de pele, anemia e refluxo gastresofágico (LIMA et

al., 2010, JARAMILLO et al., 2011).

Apresenta frutos de sabor doce e aromático com casca firme e dura e polpa

amarelada e suculenta. Frutos maduros são consumidos in natura, em compotas ou geléias

e os frutos verdes são preparados em sopas e cozidos (JARAMILLO et al., 2011).

Na composição química da polpa de Sicana odirifera são identificados 37 compostos

voláteis, sendo 22 destes compostos glicosados responsáveis pelo aroma do fruto (PRADA,

DUQUE, FUJIMOTO, 2000). Na casca do fruto foram encontrados flavonóides e

antocianinas que exibem capacidade antioxidante (JARAMILLO et al., 2011) e na semente

foram relatados substancias triterpénicas, flavonas e quercitina (NAKANO et al, 2004).

25

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Materiais e equipamentos

Os solventes com grau de pureza pró-análise utilizados foram: hexano (Vetec®),

clorofórmio (Vetec®), acetato de etila (Vetec®), metanol (Vetec®), acetona (Vetec®). Para

análise cromatográfica foram utilizados acetonitrila e metanol grau CLAE (Tedia®). Para

análise de RMN de 1H e RMN de 13C foram utilizados solventes deuterados (metanol), da

Cambridge Isotope Laboratories Inc.

Para cromatografia em coluna aberta e coluna cromatográfica foram utilizadas

cromatoplacas com sílica gel 60 F254 da Merck®, sílica gel 60 (0,040-0,063 mm) da Merck®

para CLAE C18 (Phenomenex®), respectivamente.

Foram utilizados os reveladores seletivos: anisaldeído sulfúrico, cloreto férrico e

reativos de Dragendorff. Foram utilizados padrões sitosterol, ácido betulínico e ácido

ursólico como substâncias químicas de referencia obtidas por isolamento.

Os principais equipamentos utilizados foram: Rota-evaporador (Fisatom®, HW100),

cromatógrafo líquido de alta eficiência (Schimadzu®), cromatógrafo gasosos acoplado ao

espectrofotómetro de massas (Schimadzu®, CG-EM – QP 2010S) e espectrômetro de

ressonância magnética nuclear 1H e 13C (Bruker®, AC-300).

Para os testes das atividades farmacológicas, foram utilizadas as drogas: ácido

acético, álcool etílico 96% e cimetidina.

4.2 Análise fitoquímica dos frutos silvestres selecionados

4.2.1 Obtenção dos frutos

Os frutos selecionados foram obtidos do estado de Santa Catarina e Mato Grosso,

através do professor Valdir Cechinel Filho e professor Domingos Tabajara Martins Oliveira,

respectivamente. Informações sobre local, data de coleta e frutos obtidos são descritos no

quadro 2.

Os frutos coletados em Santa Catarina foram identificados pelo professor Oscar Iza

(UNIVALI) e as exsicatas estão depositadas no Herbário Barbosa Rodrigues (HBR, Itajaí-

SC) em fase de catalogação.

Os frutos coletados no Mato Grasso foram cedidos pelo professor Domingos

Tabajara Martins Oliveira da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e coletados por

Isanete Bieski e Liberio Amorim Neto e foram identificados pela professora Célia Regina

Araújo Soares com exsicatas depositadas Herbário da Amazônia Meridional Campus de Alta

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Floresta, a saber: Rauvolfia weddelliana (BI-723), Passiflora mansoi (BI-923), Sicana

odorifera (BI-724).

Quadro 2 – Obtenção dos frutos silvestres selecionados de acordo com a data de coleta,

local e identificação popular e científica.

Ano Mês Local Fruto (nome científico)

2011

Agosto Itajaí (SC) -

EPAGRI

Araçá-pêra (Psidium acutangulum)

Cajá-manga (Spondias cytherea)

Groselha-do-Ceilão (Dovyalis

hebecarpa)

Novembro Itajaí (SC) -

Ressacada Physalis (Physalis angulata)

Dezembro Mato Grosso

(MT)

Uva-da-Amazônia (Pourouma

cecropiifolia)

2012

Janeiro Rio Negro (SC) Cereja do mato (Eugenia involucrata)

Uvaia (Eugenia pyriformis)

Fevereiro

Itajaí (SC) -

Paciência

Falso-guaraná (Bunchosia armeniaca)

Graviola (Annona muricata L.)

Itajaí (SC) -

Ressacada

Araçá-vermelho (Psidium cattleyanum

Sabine)

Março

Juina (MT)

Chapada dos

Guimarães (MT)

Melão-crua (Sicana odirufera)

Quina do Cerrado (Strychnos sp.)

Leiterinha (Rauvolfia sp.)

Maracujinho do cerrado (Passiflora

mansoi)

Abril

Tijucas (SC),

Itinga Tripa de galinha (Hovenia dulcis)

Urussanga (SC) Seriguela (Spondias purpúrea)

Maio Itajaí (SC) Jaca (Artocarpus heterophyllus)

Após obtenção dos frutos no local, os mesmos foram armazenados em geladeira e

posteriormente levados ao laboratório de fitoquímica da UNIVALI para preparação dos

extratos.

Os frutos serão denominados pelo nome popular ao longo do trabalho, conforme

quadro 2.

27

4.2.2 Preparação do extrato bruto metanólico

O extrato bruto metanólico (EBM) dos frutos araçá-pêra (Psidium acutangulum), cajá-

manga (Spondias cytherea) e groselha-doCeilão (Dovyalis hebecarpa), foram preparados

pela acadêmica do curso de Farmácia da UNIVALI Priscila Tessele. Dos demais frutos

selecionados, o EBM foi obtido pela acadêmica Camila Almeida e pelo técnico de laboratório

Joel Alexandre da Silveira.

Os frutos frescos foram descascados, cortados e submetidos à maceração em

metanol por 7 dias. Utilizou-se quantidade de solvente necessária para que todo material

vegetal utilizado fosse coberto pelo mesmo. Após este período, foi realizada a filtração da

solução extrativa do material vegetal, e a mesma foi evaporada (concentrada) até secura em

rota-evaporador a pressão reduzida, à 50⁰C e/ou evaporação em capela com auxílio de ar

quente para obtenção do EBM (Figura 1). Este processo foi realizado para cada fruto

selecionado, alterando apenas as partes dos frutos selecionados (Figura 2). Os rendimentos

obtidos estão indicados na seção dos resultados.

Figura 1 – Ilustração dos frutos de araçá-pêra (Psidium acutangulum), cajá-manga

(Spondias cytherea), cajá-manga var. anão (Spondias cytherea var. na) e groselha-do-

Ceilão (Dovyalis hebecarpa) em maceração por 7 dias (A) e EBM após a evaporação do

solvente (B).

28

Figura 2 – Ilustração dos frutos estudados. (A) Fruto inteiro da graviola, (B) Polpa e

semente da graviola, (C) Fruto inteiro com destaque para polpa do cajá-manga (D) Fruto

inteiro da groselha-do-Ceilão, (E) Fruto inteiro com destaque para polpa do araçá-pera, (F)

Fruto inteiro do falso-guaraná, (G) Fruto inteiro de melão-cruá, (H) Fruto inteiro com

destaque para polpa e semente do melão-cruá, (I) Fruto inteiro de araçá-vermelho, (J) Fruto

inteiro da leiteirinha, (K) Fruto picado da leiteirinha, (L) Fruto inteiro com destaque para

semente de maracujinho, (M) Fruto inteiro de seriguela, (N) Semente de jaca, (O) Arvore

com os frutos de tripa-de-galinha.

29

Os EBM secos foram separados em alíquotas para realização de screening através

de análises fitoquímicas, testes gastroprotetores, antimicrobianos e antinociceptivos. Os

EBM dos frutos que não apresentaram potencial fitoquímico através de cromatografia em

camada delgada (CCD) ou através dos resultados obtidos nos estudos pré-clínicos in vitro e

in vivo foram excluídos desta pesquisa. Deu-se continuidade ao trabalho com a semente da

Jaca (Artocarpus heterophyllus).

4.2.3 Avaliação fitoquímica

A avaliação fitoquímica foi realizada com o EBM de Jaca (semente), onde foi obtida a

fração acetona e fração acetato de etila. Foi disperso até completa homogeneização cerca

de 1 g de EBM Jaca (semente) em 10 ml de cada solvente separadamente, por três vezes.

O solvente residual foi evaporado em capela com auxílio de ar quente para obtenção das

respectivas frações. Para obtenção da fração metanólica do EBM de Jaca (semente) (7,06

g) foi realizado um fracionamento com 15 ml de metanol, por três vezes, totalizando 45 ml

de solução extrativa. Esta foi evaporada (concentrada) até secura em evaporação em

capela com auxílio de ar quente para obtenção da fração metanólica (892 mg) utilizada para

as demais análises.

A análise cromatográfica preliminar dos constituintes químicos dos EBM e frações foi

realizada através de cromatografia em camada delgada (CCD) por cromatoplaca com fase

estacionária de sílica gel 60 F254 (Merck®) e fase móvel sendo uma mistura de solventes

em diferentes proporções (Hexano: Acetato de etila (80:20); Clorofórmio: Metanol (80:20)).

As cromatoplacas foram reveladas em câmara de Ultra-Violeta (UV) com comprimento de

onda de 254 e 365 nm. Foram usados reveladores seletivos como anisaldeído sulfúrico

(terpenóides e esteróides), cloreto férrico (flavonóides e fenólicos) e reativos de Dragendorff

(alcalóides). Para efeitos de comparação, foram utilizados padrões sitosterol, ácido

betulínico e ácido ursólico compostos estes já descritos na literatura anteriormente isolados

das raízes da Jaca (BALIGA et al., 2011).

Com 850 mg da fração metanólica do EBM de Jaca (semente) foi realizada

cromatografia em coluna aberta (CC) para purificação, sendo utilizada como fase

estacionaria sílica gel 60 (0,040 – 0,063 mm) Merck empacotada com o extrato no formato

de “pastilha” e eluida com hexano 100% á metanol e acetato de etila (50:50). As frações

foram coletadas em pequenos frascos numerados totalizando 75 frascos. O solvente foi

evaporado a temperatura ambiente e foi realizada CDD. As frações foram reunidas

conforme semelhança do fator de retenção (Rf) revelado na cromatoplaca. A sub-fração 9-

14 (2 mg), sub-fração 15+16 (4 mg), sub-fração 19-21 (7,5 mg) foram analisadas através de

cromatografia gasosa acoplada ao espectro de massa (CG-EM) e os frascos de 25 a 28

30

foram reunidos obtendo 70 mg que foi submetida á analise em cromatografia liquida de alta

eficiência (CLAE) e ressonância magnética nuclear 1H e 13C (RMN). As demais frações não

revelaram substâncias através da CCD.

O fluxograma da obtenção das sub-frações do EBM de Jaca (semente) pode ser

observado na Figura 3.

Figura 3 – Fluxograma de obtenção das sub-frações do EBM da Jaca (semente) e análises

fitoquímicas realizadas.

4.3 Animais e ensaios farmacológicos/biológicos

As concentrações estabelecidas nos experimentos foram baseadas em estudos

preliminares realizados no laboratório de experimentação animal. No estudo farmacológico

utilizou-se concentrações crescentes (50 mg/kg, 100 mg/kg, 125 mg/kg, 250 mg/kg)

correlacionadas para possível observação da relação dose – resposta.

Para o ensaio farmacológico foram utilizados camundongos machos e fêmeas

pesando entre 35 - 50 g, provenientes do Biotério Central da Universidade do Vale do Itajaí

31

– UNIVALI. Os animais foram mantidos em caixas de polipropileno, acondicionados em sala

climatizada (22 ± 3 ºC), com período claro e escuro de 12 horas cada, controlado

automaticamente, tendo livre acesso à ração Labina e água. Dezoito horas antes dos

experimentos, os animais foram mantidos em jejum, recebendo apenas água ad libitum.

Quanto aos aspectos éticos da experimentação animal, foram respeitadas as normas

vigentes preconizadas pelo Comitê de Ética em Pesquisa Animal (UNIVALI) de acordo com

a regulamentação do COBEA (Colégio Brasileiro de Experimentação Animal) com parecer

de aprovação número CEUA no. 019/13.

4.3.1 Avaliação da atividade gastroprotetora

A atividade gastroprotetora dos EBM dos frutos foi avaliada através do modelo de

indução de lesão gástrica pelo álcool (etanol), descrito por Morimoto et al. (1991), com

modificações. Os camundongos foram distribuídos em diferentes grupos (n = 5 - 6), pesados

e tratados via gavagem com veículo (controle negativo – água destilada), cimetidina 100

mg/kg (controle positivo) e grupo tratado com 250 mg/kg de EBM dos frutos. Para o EBM da

jaca (semente), seriguela (polpa), cereja-do-mato (semente), falso-guaraná (polpa + casca)

e falso-guaraná (semente) foram utilizadas as doses de 50, 125 e 250 mg/kg. No caso da

fração metanólica e sub-fração Fr 25-28 utilizou-se a dose de 50 mg/kg.

Após uma hora, foi administrado aos animais 1 ml de álcool etílico 96 % (agente

lesivo) por gavagem orogástrica, e uma hora após a administração do agente lesivo, os

mesmos foram sacrificados por deslocamento cervical. Em seguida, foram retirados os

estômagos dos camundongos e abertos ao longo da curvatura maior, sendo esticados em

placas de parafina, e posteriormente colocados entre placas de vidro onde, através de

Scanner, as imagens obtidas foram captadas e analisadas por software de análise de

imagens EARP, a fim de se determinar o número de lesões e o tamanho destas.

Posteriormente, foi realizada a determinação da área total de lesão e porcentagem de área

lesada.

Os resultados foram expressos em quantidade total de área lesada (mm²),

porcentagem de área lesada (%) e porcentagem de inibição (%).

Após a realização do screening dos EBM através do modelo de indução a lesão

gástrica pelo álcool (etanol), selecionou-se o EBM da semente da jaca e fração metanólica

para continuação dos experimentos.

Os modelos experimentais para gastroproteção através da secreção gástrica por

ligadura de piloro, uso de drogas antiinflamatórias por indometacina e o mecanismo de ação

da gastroproteção foram realizados pela acadêmica Roseane Leandra da Rosa.

32

4.3.2 Atividade antimicrobiana

Os ensaios da atividade antimicrobiana foram realizados pela equipe liderada pelo

professor Alexandre Bela Cruz da UNIVALI.

O potencial antimicrobiano foi testado através de cepas padrões de micro-

organismos para a realização dos ensaios de atividade antimicrobiana com as bactérias:

Bacillus subtilis (ATCC 23858), Escherichia coli (ATCC 11775), Staphylococcus aureus

(ATCC 6538P) e com a levedura Candida albicans (ATCC 90028).

As bactérias foram mantidas em ágar nutriente e conservadas sob refrigeração (4⁰C)

no Laboratório de Pesquisa em Microbiologia do Curso de Farmácia da UNIVALI, replicadas

em intervalos de 15 a 30 dias para manter as colônias viáveis.

Foi determinada a Concentração Inibitória Mínima (CIM) de acordo com a

metodologia do CLSI (2009), com adaptações, através da diluição dos componentes obtidos

dos frutos em ágar. Os EBM dos frutos foram dissolvidos em até 2% de dimetilsulfóxido

(DMSO) e adicionados em séries de 10 frascos com capacidades para 5 ml em diferentes

concentrações (1000 µg/ml a 2 µg/ml). Posteriormente foi adicionado 1 ml de meio ágar

Mueller-Hinton para as bactérias e ágar Sabouraud dextrose para levedura, em cada frasco

e homogeneizado. Após solidificação do meio de cultura, os micro-organismos previamente

ativados foram inoculados nos frascos e incubados a 35⁰C por 18 a 24 horas para as

bactérias e a 30⁰C por 24 a 48 horas para a levedura. Para o grupo controle, foram

utilizados meios de cultura e solvente utilizado na solubilização do extrator (metanol), para

verificar o efeito sobre o micro-organismo. Os ensaios foram repetidos 3 vezes.

Após incubados, foram realizadas leituras da CIM através da verificação visual do

crescimento microbiano. Para interpretação dos resultados foi considerada CIM a inibição

total do crescimento microbiano, considerada válida somente com crescimento microbiano

nos controles.

4.3.3 Atividade antinociceptiva

Os testes da atividade antinociceptiva foram realizados pela equipe liderada pela

professora Fátima de Campos Buzzi da UNIVALI.

A avaliação da atividade antinociceptiva dos EBM dos frutos selecionados foi

realizada através do modelo de contorções abdominais induzidas pelo ácido acético de

acordo com Collier et al. (1968), com modificações. Os camundongos Swiss machos (25 -

30 g) foram mantidos sob temperatura controlada (23 ± 2ºC) e iluminação em ciclo de 12

horas com ração e água ad libitum.

33

Os animais foram pré-tratados com os EBM dos frutos com 10 mg/kg por via

intraperitoneal (i.p.) e com 100 mg/kg por via oral (v.o.) antes da injeção de ácido acético. O

grupo controle recebeu volume semelhante aos extratos de veículo e o efeito antinociceptivo

foi avaliado em função da inibição das contorções e comparado ao grupo controle.

A resposta nociceptiva foi induzida utilizando-se Writhing test com ácido acético (0,6

%, i.p.) que consiste em medir o número de contorções abdominais. As contorções

consistem na contração da musculatura abdominal juntamente com a extensão de uma das

patas posteriores de acordo com o método descrito previamente.

4.4 Análise Estatística

Para a análise estatística dos resultados da avaliação da atividade gastroprotetora e

antinociceptiva utilizaram-se a análise de variância (ANOVA) e ao haver diferença estatística

seguiu-se com o teste de comparações múltiplas de Dunnett. Foram considerados

significativos valores de p < 0,05.

34

5 RESULTADOS

5.1 Resultados da atividade gastroprotetora

Os resultados da atividade gastroprotetora foram demonstrados através da área total

da lesão, percentual da área lesada e inibição da lesão, na dose de 250mg/kg de EBM dos

frutos selecionados (Tabela 1). Observa-se que o EBM da seriguela, EBM da cereja do mato

(semente), EBM do maracujinho (semente) e o EBM da jaca (semente) apresentaram

valores significativos na diminuição da lesão gástrica em relação ao grupo controle.

Tabela 1 - Resultados da gastroproteção dos EBM dos frutos selecionados na dose de 250 mg/kg, média ± EPM da área total de lesão, percentual (%) de área lesionada e inibição.

Tratamento Área total de

lesão (mm2)

Área lesada

(%)

Inibição da

lesão (%)

Controle negativo 91,701 ± 7,74 12,87 ± 1,25 0,000

Controle positivo (cimetidina) 25,35 ± 6,40 7,34 ± 1,21 73,001

Uva-da-Amazônia (fruto inteiro) 54,955 ± 14,14 10,75 ± 3,37 40,072

Cajá-manga (polpa) 111,045 ± 17,81 13,98 ± 2,14 -21,095

Groselha-do-Ceilão (fruto inteiro) 68,292 ± 19,09 10,51 ± 2,77 25,528

Araçá-pêra (fruto inteiro) 49,458 ± 10,30 8,18 ± 1,88 46,066

Falso-guaraná (fruto inteiro) 37,395 ± 5,29 5,03 ± 0,53 59,221

Araçá-vermelho (fruto inteiro) 67,690 ± 10,61 9,07 ± 1,26 26,184

Graviola (polpa + semente) 65,514 ± 22,67 9,14 ± 3,07 28,557

Maracujinho (casca) 58,773 ± 11,82 9,12 ± 1,62 35,908

Physalis (fruto inteiro) 60,772 ± 8,06 8,57 ± 0,96 33,728

Leiterinha (fruto inteiro) 74,150 ± 16,72 10,59 ± 1,90 19,139

Jaca (semente) 28,586 ± 9,06* 4,24 ± 1,45 68,827

Uvaia (polpa) 36,774 ± 12,60 6,16 ± 2,00 59,898

Tripa-de-galinha (fruto inteiro) 42,604 ± 7,69 7,46 ± 1,07 53,540

Seriguela (fruto inteiro) 32,825 ± 9,49* 5,07 ± 1,50 64,204

Cereja-do-mato (semente) 31,214 ± 14,64* 4,60 ± 2,10 65,961

Cereja-do-mato (polpa + casca) 46,795 ± 13,09 6,28 ± 1,83 48,970

Maracujinho (semente) 25,417 ± 3,60* 3,81 ± 0,52 * 72,283

Melão-cruá (casca) 60,409 ± 18,27 9,10 ± 2,27 34,124

Melão-cruá (semente) 49,716 ± 23,21 8,42 ± 3,84 45,785

Melão-cruá (polpa) 36,581 ± 8,74 6,21 ± 1,84 60,108

Legenda: Diferença significativa em relação ao grupo controle (*p<0,05), análise de variância (ANOVA), teste a posteriori de Dunnett.

35

Apenas o EBM do maracujinho (semente) apresenta diminuição do percentual de

lesão quando comparado ao grupo controle negativo. Os demais EBM não apresentaram

diminuição significativa.

Após realização do screening da atividade gastroprotetora dos EBM dos frutos,

selecionou-se os EBM dos frutos e partes dos frutos que apresentaram potenciais

gastroprotetores significantes. Portanto, foi realizado novamente o ensaio, com os EBM da

jaca (semente), seriguela (polpa), cereja-do-mato (semente), falso-guaraná (polpa + casca)

e falso-guaraná (semente) em diferentes doses de 50, 125, 250 mg/kg. Não foi realizado o

teste com EBM do maracujinho (semente) devido ao baixo rendimento e quantidade de

extrato disponível.

Quando comparado ao grupo controle, verifica-se que o EBM da jaca (semente) e

EBM da cereja-do-mato (semente) demonstraram diminuição no tamanho de área total e

percentual de área lesada quando comparado ao grupo controle negativo, em todas as

doses testadas (Tabela 2).

Tabela 2 - Resultados da gastroproteção do EBM da jaca (semente), Cereja-do-mato (semente), falso-guaraná (semente), falso-guaraná (polpa) e seriguela (polpa) em modelos de indução por etanol em camundongos, demostrados através da média ± EPM e percentual (%).

Tratamento Dose

(mg/kg)

Área total (mm2) Área lesada

(%)

Inibição da

lesão (%)

Controle negativo

(água)

100 77,086 ± 3,72 12,54 ± 1,46

0,000

Controle positivo

(cimetidina) 100 25,35 ± 6,4 7,34 ± 1,21 73,000

EBM Jaca (semente)

50 26,253 ± 4,99** 4,08 ± 1,20** 65,943

125 29,191 ± 2,13** 3,48 ± 1,46** 62,131

250 28,902 ± 4,20** 3,93 ± 0,76** 62,506

EBM Seriguela

(polpa)

50 32,988 ± 10,36** 3,69 ± 0,98** 57,206

125 38,928 ± 6,30* 7,57 ± 1,18 49,500

250 42,262 ± 15,90 6,15 ± 1,92 45,175

EBM Falso-guaraná

(polpa)

50 60,931 ± 11,60 9,66 ± 1,50 20,957

125 68,559 ± 7,48 12,44 ± 1,42 11,061

250 58,710 ± 14,13 10,37 ± 2,70 23,838

EBM Cereja-do-mato

(semente)

50 29,078 ± 6,44** 3,54 ± 1,09** 62,278

125 5,043 ± 1,60** 0,88 ± 0,28** 93,457

250 9,458 ± 2,28** 1,12 ± 0,31** 87,730

36

EBM Falso-guaraná

(semente)

50 25,051 ± 8,25** 4,15 ± 1,36* 67,502

125 51,051 ± 9,40 8,48 ± 1,35 33,773

250 32,081 ± 6,88 5,07 ± 1,11 58,382

Legenda: Diferença significativa em relação ao grupo controle (*p<0,05 e **p<0,01), análise de variância (ANOVA), teste a posteriori de Dunnett.

A Figura 4 apresenta as imagens dos estômagos dos animais após indução de

úlcera por etanol, nas diferentes doses demostradas na Tabela 2.

Figura 4 - Imagens dos estômagos dos animais após indução de úlcera por etanol e administração dos EBM da jaca (semente) nas diferentes doses de 50, 125 e 250 mg/kg.

Legenda: (A) controle negativo; (B) controle positivo (cimetidina 100 mg/kg); (C) EBM da jaca (semente) 50 mg/kg; (D) EBM da jaca (semente) 125 mg/kg; (E) EBM da jaca (semente) 250 mg/kg.

Devido aos promissores resultados encontrados com o EBM da jaca (semente),

analisou-se o potencial gastroprotetora da fração metanólica do EBM da jaca (semente) e a

sub-fração metanólica (Fr 25-28). Os resultados demostram que tanto o EBM da jaca

(semente) nas doses 50, 125 e 250 mg/kg, quanto a fração metanólica (50 mg/kg) e a sub

fração Fr 25-28 metanólica (50 mg/kg) apresentaram melhora significativa no percentual de

ulceração quando comparado ao grupo controle negativo.

A Figura 5 apresenta as imagens dos estômagos dos animais após indução de

úlcera por etanol e administração da fração metanólica do EBM da jaca (semente) e sub-

fração Fr 25-28, na dose de 50 mg/kg.

Figura 5 - Imagens dos estômagos dos animais após indução de úlcera por etanol e administração da fração metanólica do EBM da jaca (semente) e sub-fração Fr25-28, na dose de 50 mg/kg.

Legenda: (A) controle negativo; (B) controle positivo (cimetidina 100 mg/kg); (C) Fração metanólica do EBM da jaca (semente) 50 mg/kg; (D) Sub-fração Fr 25-28 do EBM da jaca (semente) 50 mg/kg.

37

5.2 Resultados da atividade antimicrobiana

A determinação da concentração inibitória mínima (CIM) foi realizada por diluição em

ágar para os EBM de Physalis, Uva-da- mazônia, Uvaia, Tripa-de-Galinha, Falso-Guaraná,

Leiterinha, Graviola, Araçá-vermelho, Jaca (semente), Maracujinho (semente), Maracujinho

(casca) (Tabela 3).

Tabela 3 – Resultados dos testes antimicrobianos através a CIM (µg/ml) das bactérias e

levedura com relação os EBM selecionados.

EBM dos frutos CIM (µg/ml)

B. sub S. aur E. coli C. alb

Physalis 1000 > 1000 > 1000 > 1000

Uva-da-Amazônia > 1000 > 1000 > 1000 > 1000

Uvaia - > 1000 > 1000 > 1000

Tripa-de-Galinha - > 1000 > 1000 > 1000

Falso-Guaraná - > 1000 > 1000 > 1000

Leiterinha - > 1000 > 1000 > 1000

Graviola - > 1000 > 1000 > 1000

Araçá-Vermelho - > 1000 > 1000 > 1000

Jaca (semente) - > 1000 > 1000 > 1000

Maracujinho (semente) - > 1000 > 1000 > 1000

Maracujinho (casca) - > 1000 > 1000 > 1000

Legenda: B. sub (Bacillus subtilis), S. aur (Staphylococcus aureus), E. coli (Escherichia coli),

C. alb (Candida albicans).

De acordo com os resultados apresentados na tabela 3 somente o EMB obtido do

fruto inteiro de Physalis apresentou uma fraca atividade antimicrobiana contra Bacillus

subtilis com uma CIM de 1000 µg/ml, não sendo ativo até esta concentração contra os

demais microrganismos avaliados. Os EBM dos demais frutos avaliados não apresentaram

resultados promissores, sendo inativos até a concentração de 1000 µg/ml. Este análise foi

baseada na classificação indicada por Holetz et al. (2002) que estabelece os seguintes

critérios: excelente atividade – 10 a 100 µg/ml; boa - > 100 a 250 µg/ml; moderada - >250 a

500 µg/ml e fraca - >500 a 1000 µg/ml.

38

5.3 Resultados da atividade antinociceptiva

Foram testados os EBM de araçá-pera, uva-da-Amazônia, physalis, cereja-do-mato,

groselha-do-Ceilão, cajá-manga, seriguela e tripa-de-galinha por v.o. e i.p.

Os resultados indicaram que os EBM mais ativos foram os de Araçá-pera, Groselha

do Ceilão, Seriguela e Cajá-manga, ou quais causaram redução significativa no número de

contorções abdominais, com inibições de 68%, 66,8%, 52,5 % e 51,6%, respectivamente, na

dose de 10 mg/kg i.p. (Figura 6). Os demais extratos avaliados causaram inibições em torno

de 20 a 30%.

Figura 6 - Efeito antinociceptivo dos EBM dos frutos selecionados no modelo de dor

induzido pelo ácido acético (10 mg/kg) i.p. em camundongos.

Legenda: (*) p<0,05, (**) p< 0,01. Controle- controle negativo; Araça- EBM de araçá-pera;

Uva – EBM de uva-da-Amazônia; Physalis – EBM de physalis; Cereja- EBM de cereja-do-

mato (semente); Groselha – EBM de groselha- do-Ceilão; Cajá Manga- EBM de cajá-manga;

Seriguela- EBM de seriguela; Tripa Gal – EBM de tripa-de-galinha.

Quando analisados por via oral, o EBM dos frutos de Araçá-pera, Physalis, Tripa-de-

galinha, Cajá-manga e Groselha-do-Ceilão mostraram uma diminuição estatisticamente

significativa de contorções abdominais de aproximadamente 49%, 43%, 34%, 30% e 28,6%,

39

respectivamente (Figura 7). Os demais extratos foram praticamente inativos na dose

utilizada (100 mg/kg v. o.).

Figura 7 - Efeito antinociceptivo dos EBM dos frutos selecionados no modelo de dor

induzido pelo ácido acético (100 mg/kg) v.o. em camundongos.

Legenda: (**) p< 0,05. Controle- controle negativo; Araça- EBM de araçá-pera; Uva – EBM

de uva-da-Amazônia; Physalis – EBM de physalis; Cereja- EBM de cereja-do-mato

(semente); Groselha – EBM de groselha-do-Ceilão; Caja Manga- EBM de cajá-manga;

Seriguela- EBM de seriguela; Tripa Gal – EBM de tripa-de-galinha.

40

5.4 Resultados análise fitoquímica

O rendimento de alguns EBM dos frutos foi calculado (Tabela 4), os demais

rendimentos não foram calculados por ausência de informações iniciais.

Tabela 4 – Percentuais de rendimento dos EBM dos frutos selecionados.

Frutos selecionados Parte do fruto Rendimento dos extratos (%)*

Falso-guaraná Fruto inteiro 7,46

Araçá-vermelho Fruto inteiro 6,54

Graviola Polpa com semente 1,12

Maracujinho-do-cerrado Semente 11,85

Maracujinho-do-cerrado Casca 3,21

Leiterinha Fruto inteiro 3,04

Jaca Semente 2,60

Uvaia Fruto inteiro 3,44

Tripa-de-galinha Fruto inteiro 3,75

Melão-cruá Polpa 2,28

Melão-cruá Casca 2,03

Melão-cruá Semente 1,79

Cereja-do-mato Polpa 3,29

Cereja-do-mato Semente 3,64

Fonte: o autor. Legenda: (*) em relação à quantidade de frutos frescos.

De acordo com os rendimentos obtidos dos EBM, observa-se que forneceram

maiores quantidades de massa os frutos de maracujinho do cerrado (semente), falso

guaraná (fruto inteiro) e araçá vermelho (fruto inteiro), com rendimentos de 11,85%, 7,46% e

6,54% respectivamente. Os frutos que obtiveram menores rendimentos foram da graviola,

melão cruá, cereja do mato, semente de jaca, em torno de 1,12% a 2,6%.

Os resultados quanto à proporção de compostos evidenciados é demostrada na

Tabela 5, obtidos por CCD com reveladores seletivos.

41

Tabela 5 – Avaliação por CCD utilizando reveladores seletivos para as classes de

compostos esteróides, terpenos, flavonóides, fenólicos e alcalóides nos EBM dos frutos

estudados.

EBM dos frutos Parte do

fruto

Esteroides /

Terpenos

Flavonóides/

Fenólicos

Alcaloides

Falso-guaraná Semente ++ - -

Polpa +casca ++ - -

Seriguela Fruto inteiro - ++ -

Maracujinho-do

cerrado

Semente + - -

Cereja-do-mato Semente +++ +++ -

Polpa +++ + -

Cajá-manga Polpa - - -

Groselha-do-Ceilão Fruto inteiro - - -

Araçá-pêra Fruto inteiro - + -

Tripa-de-galinha Fruto inteiro +++ + -

Physalis Fruto inteiro - - -

Araçá-vermelho Fruto inteiro + + -

Leiterinha Fruto inteiro + ++ -

Graviola Polpa +

semente

++ - -

Uva-da-Amazônia Fruto inteiro - +++ -

Melão-cruá Casca - + -

Polpa - - -

Semente ++ - -

Uvaia Polpa + +++ -

Jaca Polpa + - -

Semente ++ + -

Legenda: (-) fraco (ausência de substância). (+) baixo (1 substância). (++) médio (2 a 3

substâncias). (+++) forte (acima de 3 substâncias).

Considerando os resultados farmacológicos obtidos até o momento, as sementes de

Jaca apresentaram os resultados mais promissores em relação à atividade gastroprotetora e

este extrato foi inicialmente selecionado para os ensaios fitoquímicos.

As frações de acetato de etila, fração acetona e fração metanólica do EBM de Jaca

(semente) foram testadas inicialmente através de CCD. Observou-se que a fração acetona e

42

fração acetato de etila não extraem quantidades significativas de metabólitos secundários,

demonstrando as substancias presentes no EBM serem polares.

A fração metanólica foi avaliada por CCD, eluida com clorofórmio: metanol (8:2) e

revelada com cloreto férrico, apresentando 1 mancha de coloração verde, possivelmente um

flavonóide, que está em fase de purificação e identificação (Figura 10). A mancha

evidenciada na base trata-se possivelmente de uma mistura de açúcares conforme

verificado por RMN indicado a seguir. Nas mesmas condições foram adicionados 3 padrões

com a fração metanólica da Jaca (semente), o sitosterol, ácido betulínico e ácido ursólico,

previamente extraídos das raízes da jaca (BALIGA et al., 2011). Após revelação observou-

se uma substância com o mesmo Rf do sitosterol e 2 manchas possíveis de terpenos,

caracterizados posteriormente por CG-EM.

Figura 10 - Cromatografia em camada delgada (CCD) da fração metanólica do EBM da jaca

(semente) sob diferentes concentrações (menor concentração para maior), eluida com

clorofórmio: metanol (8:2) e revelada com cloreto férrico.

Posteriormente foi realizada uma cromatografia em coluna aberta (CC) com o EBM

de Jaca (semente) eluidas com hexano 100% à metanol e acetato de etila (50:50). As

frações coletadas foram testadas por CCD e agrupadas de acordo com as similaridades,

denominadas sub-fração 9-14, fração 15-16 e fração 19-21.

Os resultados obtidos das sub-frações Fr 9-14, Fr 15-16 e Fr 19-21 através da CG-

EM estão demostrados na Figura 8 a seguir.

43

Figura 8 - Sobreposição dos cromatogramas das amostras das sub-frações do EBM da jaca

(semente) com a identificação numérica dos picos dos compostos das amostras através do

CG-EM.

Legenda: (a) Linha rosa- Fração 15-16. (b) Linha preta – Fração 9-14. (c) Linha azul –

Fração 19-21.

Foram observados 30 picos nas frações analisadas. Os picos 4, 7, 26, 28, 29 e 30

não foram nomeados, pois não constam na biblioteca de dados do software do espectro de

massa. Entre os picos identificados estão: 1- Azelaaldehidic acid, metil ester; 2- ácido

láurico, metil ester; 3- ácido láurico; 5- ácido ftálico, diisobutil ester; 6- ácido palmítico, metil

ester; 8- ácido palmítico; 9- ácido linoleico, metil ester; 10,11,12- gliceróis substituídos; 13-

Miristin, 2,3-diaceto-1-; 14- Miristin, 1,3-diaceto-2-; 15- Palmitin, 2-mono-; 16- ftalato de

diisooctil; 17,18- gliceróis substituídos; 19- Linolein, 1-mono-; 20- Gliceril 1-oleate, diacetato;

21, 22- gliceróis substituídos; 23- Ergost-5-en-3.beta.-ol; 24- beta-Stigmasterol; 25-

Lanosterol; 27- gamma-Sitosterol.

Na literatura pesquisada, não foram encontrados estudos anteriores a este nível com

a semente da jaca. A maior parte dos estudos tem avaliado as propriedades químicas

relacionadas aos metabólitos primários (BALIGA et al., 2011; MADRUGA et. al. , 2014;

JAGTAP, BAPAT, 2010).

A fração metanólica foi analisada no CLAE nos comprimentos de onda de 297 nm e

261 nm. O perfil cromatográfico pode ser observado nas figuras 9 e 10.

44

Figura 9- Cromatograma tempo total da fração metanólica do EBM de jaca (semente) no

comprimento de onda de 297 nm analisada no CLAE.

0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 min

0

5

10

15

20

25mAUExtract-297nm,4nm (1.00)

No comprimento de onda 297 nm, observa-se um pico majoritário no tempo de 3,5 a

4 minutos de corrida, outros picos podem ser observados no tempo de 6,5 a 7 minutos, 9,5 a

10 minutos. O tempo de corrida total foi de 35 minutos e pelo cromatograma da figura 17

observa-se um pico de base larga eluindo em 24 até 28 minutos.

Figura 10- Cromatograma tempo total da fração metanólica do EBM de jaca (semente) no

comprimento de onda de 261 nm analisada no CLAE.

0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 min

0

25

50

75

100

125

mAUExtract-261nm,4nm (1.00)

45

Verifica-se na figura 18 que no comprimento de onda 261nm, dois picos majoritários

eluindo no tempo de 3 a 4 minutos e um pico em 5 minutos. Na figura 19 observa-se que o

tempo de corrida foi de 35 minutos e no tempo de 24 a 27 minutos elui um pico de base

larga como observado em 297 nm.

Com o intuito de avaliar o perfil químico da sub-fração Fr 25-28 do EBM da jaca

(semente) foi realizado o espectro de RMN 1H e 13C, demostrados nas figuras a seguir.

Figura 11- Espectro de RMN 1H da sub-fração Fr 25-28 em metanol deuterado.

46

Figura 12 - Espectro de RMN 1H da sub-fração Fr 25-28 em metanol deuterado na região de

2,9 a 0,8 ppm.

Figura 13- Espectro de RMN 1H da sub-fração Fr 25-28 em metanol deuterado na região de

3,68 a 3,15 ppm.

47

Figura 14 - Espectro de RMN 1H da sub-fração Fr 25-28 em metanol deuterado na região de

5,55 a 3,72 ppm.

Figura 15 - Espectro de RMN 13C da sub-fração Fr 25-28 em metanol

deuterado.

48

6 DISCUSSÃO

Os extratos brutos metanólico (EBM) da seriguela (fruto inteiro), da cereja do mato

(semente), do maracujinho (semente) e da jaca (semente) apresentaram resultados

significativos no teste de indução a úlcera por etanol, demonstrando significativa ação

gastroprotetora. Tais evidências têm estimulado a continuidade dos estudos em outros

modelos de úlcera que estão em andamento, e serão temas de trabalhos de conclusão de

curso e outras dissertações.

A atividade antinociceptiva foi analisada através do modelo de contorções

abdominais induzidas pelo ácido acético em camundongos. Este é um modelo usado para

triagem de substâncias com potencial analgésico tanto de origem natural como sintética, e

embora não seja específico, devido muitas vezes demonstrar resultados falso-positivos, tem

sido usado pelos grupos que trabalham na área como um modelo inicial (CALIXTO et al.,

2000). Verificou-se que por via i.p. alguns dos EBM apresentam reduções significativas das

contorções abdominais, porém outros testes adicionais devem ser realizados para confirmar

o potencial antinociceptivo dos frutos selecionados, como o modelo da formalina, da

capsaicina, da placa quente, entre outros, os quais também permitirão obter subsídios sobre

os respectivos mecanismos de ação (ARDENGHI et al., 2006).

Entre os vários EBM analisados na atividade antinociceptiva, destacaram-se aqueles

obtidos da groselha do Ceilão, araçá-pera, seriguela e cajá-manga. Quando avaliados por

via oral, os EBM do araçá-pera, groselha do Ceilão, cajá manga, physalis e tripa de galinha

apresentaram significativo efeito antinociceptivo, sugerindo que estes frutos contem

substâncias que são absorvidas pelo trato gastrointestinal.

Na composição química da polpa de P. acutangulum D.C, o araçá-pera, estudos

prévios indicam que os constituintes mais significativos são os açúcares totais, fenólicos

oligoméricos e monoméricos e vitamina C. Os carotenoides são encontrados em menor

quantidade, suficientes apenas para conferir a coloração do fruto (ANDRADE, ARAGÃO,

FERREIA, 1993). No estudo, a parte fitoquímica não foi avaliada, devido maior foco dado ao

fruto de jaca (semente).

A atividade antimicrobiana analisada nos extratos demonstrou pouco potencial.

Como já descrito na literatura, os frutos e raízes de Physalis angulata L. tem apresentado

efeito antimicrobiano frente a Staphylococcus aureus (LOPES et al., 2006) e Escherichia coli

(TOMASSINI et al., 1997). Em nosso estudo, observamos que entre os vários EBM

analisados, apenas o EBM dos frutos de physalis apresentou ação antimicrobiana na

dosagem de 1000µg/ml para Bacillus subtilis, não demonstrando ação para as mesmas

bactérias do estudo citado. Esta análise foi baseada na classificação indicada por Holetz e

49

colaboradores (2002) que estabelece os seguintes critérios: excelente atividade – 10 a 100

µg/ml; boa - > 100 a 250 µg/ml; moderada - >250 a 500 µg/ml e fraca - >500 a 1000 µg/ml.

O EBM da Jaca (semente) não apresentou resultados de interesse quanto a

atividade antimicrobiana em nosso estudo.

Na espécie Artocarpus communis, pertencente ao mesmo gênero da fruta da jaca em

estudo, foi descrita atividade antimicrobiana do EBM e substâncias isoladas da casca do

caule, para Staphylococcus aureus e Escherichia coli com excelente atividade (KUETE et

al., 2011). Por outro lado, estudos conduzidos com diferentes partes da jaca (Artocarpus

heterophyllus) contra fungos e bactérias indicaram maior atividade para bacterias

patogênicas dos extratos polares obtidos das cascas das raízes e dos frutos, sendo estes

inativos frente aos fungos testados (KHAN; OMOLOSO; KIHARA, 2003).

As discrepâncias encontradas com a literatura podem estar relacionadas com o tipo

de solvente utilizado para extração das substâncias bioativas, o método biológico utilizado,

além de outros fatores que influenciam na produção de metabólitos secundários (CECHINEL

FILHO, YUNES, 1998; GOBBO NETO, LOPES, 2007).

Diante dos resultados farmacológicos obtidos (atividade gastroprotetora) e da maior

facilidade de obtenção de material, além de maior possibilidade de uso da indústria

alimentícia e farmacêutica, o fruto escolhido para continuidade dos experimentos foi a Jaca

(semente).

Os resultados fitoquímicos realizados com as sementes da jaca demonstram a

presença de pelo menos um flavonóide (indicado pelo reativo específico cloreto férrico), o

qual encontra-se em fase de purificação e elucidação estrutural, além de diversos esteroides

e terpenóides, incluindo o estigmasterol e o sitosterol, avaliado por CCD com substância

padrão (apresentam o mesmo Rf), e confirmado por CG-EM. Outros terpenos e demais

substâncias apolares foram verificados por CG-EM. No entanto, a constituição em relação

aos metabólitos secundários da semente de jaca está mais relacionada a compostos mais

polares, como flavonóides e possivelmente outras substâncias glicosiladas.

De acordo com a proporção de metabólitos secundários observados nos diversos

EBM analisados por meio de cromatografia em camada delgada revelada com reveladores

específicos, observou-se que a cereja do mato (semente), uva da Amazônia e uvaia

apresentam forte proporção de flavonóides/compostos fenólicos no extrato, assim como a

seriguela e leiteirinha consideradas com média proporção destas substâncias. Por outro

lado, a jaca (semente), melão cruá (casca), araçá vermelho, araçá pera, cereja do mato

(polpa) e tripa de galinha apresentam fraca proporção destes compostos.

Com relação ao conteúdo de esteroides/terpenos, a cereja do mato e tripa de galinha

apresentam maior proporção no extrato quando comparados ao falso guaraná, graviola,

50

melão cruá (semente) e jaca (semente), que apresentam menor proporção destes

compostos.

A sub-fração metanólica (Fr 25-28) da semente de jaca, obtida a partir do extrato

metanólico por cromatografia em coluna, embora tenha apresentado reação positiva com

cloreto férrico, indicativo de compostos fenólicos, demonstrou ser constituída

majoritariamente por uma complexa mistura de açúcares. Esta afirmação é suportada pelos

seguintes dados espectrais associados à literatura (BUBB, 2003): No espectro da RMN 1H

dubletes a 5.41 e 5.13 ppm (J=1.8Hz) referente a hidrogênios anoméricos de monômeros ou

dímeros; dublete a 4.50 ppm (J=3.9Hz) relacionado a hidrogênios anomérico do segundo

açúcar de um dímero (por exemplo sacarose); todos os sinais entre 3.9 e 3.1 ppm sendo o

duplo-duplete a 3.15 ppm um dos dois prótons do CH2OH terminal. Os poucos sinais abaixo

de 2.9 ppm podem ser atribuídos a misturas de hidrocarbonetos, ácidos graxos, etc. Estes

sinais são poucos e não são evidenciados no RMN-13C. No espectro de RMN-13C todos os

sinais entre 106 e 93 ppm correspondem a carbonos anoméricos, enquanto os sinais entre

67 e 62 ppm podem corresponder aos CH2OH terminal de açucares; todos os sinais entre

85 e 69 podem corresponder a CHOH, sendo aqueles perto de 83 característicos de

açucares.

De acordo com Dutta e colaboradores (2011), o amido modificado da semente de

jaca obtido através de hidrolise ácida pode ser usado como grande fonte de amido sendo

usada em indústrias têxteis, de papéis e confeitarias devido sua alteração de viscosidade.

Corroborando com os autores, Kittipongpatana e Kittipongpatana (2011) sugeriram que

estes amidos modificados provenientes da semente de jaca podem ser aplicados na

indústria de alimentos e indústria farmacêutica, sendo esta perspectiva investigada desde

1978. O foco de estudo com o fruto da jaca, atualmente, vem sendo as propriedades físico-

químicas, morfológicas e funcionais do amido modificado para utilização na indústria

alimentícia (MADRUGA et al., 2014).

Embora os flavonóides tenham sido evidenciados (pelo menos um) com pouca

concentração, possivelmente devido a presença majoritária de açúcares, estudos adicionais

são necessários para confirmar a presença e possível isolamento de compostos fenólicos,

que poderiam ser os responsáveis pelo efeito biológico (gastroprotetor) demonstrado.

O gênero Artocarpus é rico em compostos fenólicos, e outras espécies apresentam

flavonóides, chalconas, esteróides e triterpenos em partes aéreas e casca do caule das

plantas (WANG et al., 2006, JAMIL et al., 2012; JAGTAP, BAPAT, 2010).

Diversos flavonóides e outras substâncias já foram confirmados na literatura

encontrados na espécie Artocarpus heterophyllus, mas praticamente inexistem estudos que

se referem às sementes da jaca.

51

Na planta são conhecidos a produção de metabolitos como prenilflavonoides,

estilbenos, triterpenos e esteróis. Nos galhos da planta podem ser encontrados:

artocarmitina A, 3’-[ϒ-hidroximetil-(Z)-ϒ-metillalli]-2’,4’,4 trihidroxichalcona, isobavachalcona,

2’,4’,2,4-tetrahidroxi-3-(3-metil-2-butenil)-chalcona, gemichalconas A e B, isogemilchalcona

B, artocarmitina B, 6-(3-metilbut-2-enil)-apigenina, artocarpesina, norartocarpina,

artocarpina, cudraflavona C, 5,7,4'-trihidroxiflavona, norartocarpesina, Artocarpusina A,

Artocarpusina B, Artocarpusina C, Artocarstilbene A (DI et al, 2013).

Na semente de jaca destaca-se a jacalina (lectina), carboidratos (polissacarídeos e

amido), cálcio, magnésio, fosforo, tiamina e ácidos graxos, além de substâncias voláteis

(BALIGA et al.,2011). As lectinas possuem propriedade de ligação aos açúcares nas

membranas celulares, podendo alterar a fisiologia das membranas levando a aglutinação,

mitose e alterações bioquímicas celulares. Por este motivo, partes da planta Artocarpus

heterophyllus (casca do caule) tem sido estudadas quanto ao potencial de inibição da

biossíntese de melanina, pela inibição da enzima tirosinase (ARUNG et al., 2010; ARUNG,

SHIMIZU, KONDO, 2006).

Conforme demonstrado na parte experimental no que tange às sementes da jaca, o

rendimento de substâncias apolares foi muito baixo, ao contrário dos mais polares. Uma das

sub-frações, denominada Fr 25-28, apresentou potente ação gastroprotetora em alguns

modelos e conforme supracitado está em fase de estudo visando o isolamento e a

identificação de seus constituintes. Cabe ressaltar que embora a jaca tenha vários estudos

descritos na literatura tanto químicos como biológicos realizados com suas diferentes partes

(JAGTAP, BAPAT, 2010; BALIGA et al. 2011; JAGTAP, BAPAT, 2013; MADRUGA et al.,

2014), as sementes tem sido pouco estudadas, justificando a continuidade das

investigações, também em função do promissor potencial anti-úlcera evidenciado.

Os compostos fenólicos, em destaque os flavonóides, são os metabólicos

secundários obtido das plantas mais estudados para gastroproteção (KLEIN-JUNIOR et al.,

2012). No entanto, as respostas positivas à atividade anti-úlcera ocorrem também pela

presença de alcalóides, saponinas, polissacarídeos e terpenóides contidos em diversas

partes das plantas como raiz, caule, flores, frutos e sementes (AWAAD et al., 2013).

A atividade dos flavonóides na gastroproteção está relacionada a dosagem

administrada de extrato e/ou substancia testada, o modelo experimental e via de

administração. Mota e colaboradores (2009) destacam na revisão realizada sobre os

flavonóides e efeitos gastroprotetores, que a ação bioquímica e propriedades

farmacológicas dos flavonóides são atribuídos pela atividade antioxidante do mesmo, e em

dosagens elevadas os flavonóides atuam como pró-oxidantes, não apresentando efeito sob

gastroproteção ou ainda aumentando as lesões gástricas.

52

7 CONCLUSÕES

Através dos resultados obtidos conclui-se que:

- Os EBM de araçá-pera, groselha do Ceilão, seriguela e cajá-manga apresentaram

potencial antinociceptivo quando avaliados através do modelo de dor induzido pelo ácido

acético, por via intraperitoneal na dose de 10 mg/kg.

- Os EBM de araçá-pera, groselha do Ceilão, cajá-manga, physalis e tripa de galinha

apresentaram potencial antinociceptivo quando avaliados através do modelo de dor induzido

pelo ácido acético, por via oral na dose de 100 mg/kg.

- O EBM da jaca (semente) não apresenta efeito antimicrobiano frente a B. sub

(Bacillus subtilis), S. aur (Staphylococcus aureus), E. coli (Escherichia coli), C. alb (Candida

albicans), apresentando CIM >1000 µg/kg. O EBM de physalis demonstrou fraca atividade

antimicrobiana frente a B. subtilis, apresentando CIM 1000 µg/kg.

- O EBM da seriguela (polpa + casca), EBM da cereja do mato (semente), EBM do

maracujinho do cerrado (semente) e o EBM da jaca (semente) diminuíram significativamente

a lesão gástrica, no modelo de indução de úlcera por etanol, na dose de 250 mg/kg.

- O EBM da jaca (semente) e o EBM da cereja do mato (semente) reduziram

significativamente a área total lesada e o percentual de área lesada, comparado ao controle

negativo, nas doses 50, 125 e 250 mg/kg.

- A fração metanólica do EBM da jaca (semente) e a sub-fração metanólica (Fr 25-

28) apresentaram um significativo potencial gastroprotetor, na dose de 50 mg/kg.

- O EBM da jaca (semente) apresenta flavonóides, terpenóides e esteróides

(estigmasterol e sitosterol confirmados pelo CG-EM), porém encontram-se em maior

quantidade as substancias mais polares, como glicosídeos e derivados. A sub-fração

metanólica Fr 25-28 apresenta, majoritariamente uma complexa mistura de açúcares, com

menores concentrações de metabólitos secundários.

- O EBM da cereja do mato (semente), EBM da uva da Amazônia e EBM da uvaia

apresentam forte proporção de flavonóides/compostos fenólicos; o EBM da seriguela e EBM

da leiteirinha possuem média proporção destas substâncias e o EBM da jaca (semente),

EBM do melão cruá (casca), EBM do araçá vermelho, EBM do araçá-pera, EBM da cereja

do mato (polpa) e o EBM da tripa de galinha apresentam fraca proporção destes compostos,

observados por CCD.

53

8 PERSPECTIVAS FUTURAS

Diante dos resultados obtidos, sugerem-se algumas etapas adicionais, conforme

indicado abaixo:

- Continuar os testes farmacológicos com a fração ativa da semente de Jaca;

- Proceder estudos fitoquímicos visando isolar e identificar os componentes bioativos,

- Avaliar a atividade farmacológica dos compostos puros obtidos;

- Proceder estudos de isolamento e identificação dos princípios ativos presentes nos

frutos com potencial antinociceptivo.

54

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