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CURSO DE GRADUAÇÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA O EMPREGO DE CÃES DE FARO NAS OPERAÇÕES DE FISCALIZAÇÃO DE DROGAS ILÍCITAS REALIZADAS NOS POSTOS DA POLÍCIA MILITAR RODOVIÁRIA DE SANTA CATARINA LEANDRO EDISON DA ROSA FLORIANÓPOLIS 2009 POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ DIRETORIA DE INSTRUÇÃO E ENSINO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS DE BIGUAÇU

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

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Page 1: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

CURSO DE GRADUAÇÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA

O EMPREGO DE CÃES DE FARO NAS OPERAÇÕES DE FISCALIZAÇÃO DE

DROGAS ILÍCITAS REALIZADAS NOS POSTOS DA POLÍCIA MILITAR

RODOVIÁRIA DE SANTA CATARINA

LEANDRO EDISON DA ROSA

FLORIANÓPOLIS

2009

POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

DIRETORIA DE INSTRUÇÃO E ENSINO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

E JURÍDICAS DE BIGUAÇU

Page 2: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

LEANDRO EDISON DA ROSA

O EMPREGO DE CÃES DE FARO NAS OPERAÇÕES DE FISCALIZAÇÃO DE

DROGAS ILÍCITAS REALIZADAS NOS POSTOS DO BATALHÃO DE POLÍCIA

MILITAR RODOVIÁRIA DE SANTA CATARINA

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado como requisito parcial para

obtenção do grau de Bacharel em

Segurança Pública da Universidade do

Vale do Itajaí

Professor Orientador: Cap PMSC Esp.

Claudionir de Souza

FLORIANÓPOLIS

2009

Page 3: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

LEANDRO EDISON DA ROSA

O EMPREGO DE CÃES DE FARO NAS OPERAÇÕES DE FISCALIZAÇÃO DE

DROGAS ILÍCITAS REALIZADAS NOS POSTOS DO BATALHÃO DE POLÍCIA

MILITAR RODOVIÁRIA DE SANTA CATARINA

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado e aprovado em sua

forma final pela Coordenação do Curso de Segurança Pública da Universidade do

Vale do Itajaí, em 25 de junho de 2009.

___________________________________ Prof. Msc. Moacir José Serpa

Univali – CEJURPS Florianópolis Coordenador do Curso

Banca Examinadora:

____________________________________ Cap PMSC Claudionir de Souza, Esp.

Professor Orientador

_____________________________________ Maj PMSC Clayton Marafioti Martins, Esp.

Membro

_____________________________________

Cap PMSC Marcelo Pontes, Esp. Membro

Page 4: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

2

Ao meu irmão André Osvaldo da Rosa e ao

meu bisavô Alcioneu Barcelos. O primeiro por

durante o pouco tempo que esteve em nosso

meio me ensinar como agir nas situações mais

delicadas, sendo exemplo de força,

perseverança, fé e amor. O segundo por ser

patriarca da família e mesmo em meio a

dificuldades nos ensinou como se deve viver a

vida.

Page 5: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

3

AGRADECIMENTOS

A Deus por dar o dom da vida e por todos os dias renovar minhas forças para que

eu conseguisse alcançar mais esse objetivo.

Aos meus pais, Edison e Marinete por sua dedicação pertinaz a educar seus filhos,

alicerçando-a em princípios, valores, respeito, honestidade e amor.

À minha namorada, Mariana, exemplo de esforço e perseverança em seus objetivos,

por me compreender nos momentos de dificuldades, por sua fidelidade, auxílio,

cumplicidade, companheirismo e amor; e seus familiares que durante toda essa

longa caminhada fizeram de mim mais um membro de sua família.

Aos meus familiares por toda a torcida durante o curso para que galgasse com êxito

mais essa etapa da minha formação.

À minha cunhada, Ana Carolina, pelo amparo prestado durante todo o árduo

caminho percorrido.

Aos meus amigos, por me apoiarem durante toda a custosa caminhada, fazendo

com que jamais esmorecesse em meus objetivos.

Ao meu orientador, Capitão PM Claudionir de Souza, por atender ao convite de

orientação, por seu comprometimento com este acadêmico e por sempre encontrar-

se disposto a sanar todas as dúvidas, suscitando soluções inteligentes aos

problemas levantados.

Ao Major PM Clayton Marafioti Martins, ao Capitão PM José Nunes Vieira, ao

Capitão PM Marcelo Pontes, ao Capitão PM Pablo Ramon Noceti e ao Capitão BM

Giovanni Matiuzzi Zacarias pelo auxilio dispensado na confecção deste compendio.

Aos policiais da 5ª Companhia do Batalhão de Polícia Militar Rodoviária, pela

recepção feita quando da visita para pesquisa de campo na referida companhia e

por auxiliar na feitura deste compendio ao responder o questionário aplicado.

Ao Comando do Batalhão de Polícia Militar Rodoviária por amparar a pesquisa de

campo realizada durante a concretização desse labor científico.

À Academia de Polícia Militar da Trindade, local que possibilitou que realizasse o

sonho de me tornar Oficial da Polícia Militar de Santa Catarina.

Page 6: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

4

Cão é leal ao seu dono, dá amor verdadeiro.

Cão é bom entendedor e tem grande

conhecimento e grande julgamento. Cão tem

força e bondade. Cão tem sabedoria e é

verdadeiro. Cão tem grande memória. Cão tem

grande sentimento. Cão tem muita aplicação e

grande poder. Cão tem muita valentia e muita

sutileza. Cão tem grande rapidez e muita

perseverança. Cão é bom de ser comandado,

pois ele aprenderá tanto quanto um homem

tudo o que lhe for ensinado. Todos os

fundamentos estão nos cachorros. Tão bons

são os cães que não há homem que não

queira ter um para um uso ou outro.

Gaston Febus

Page 7: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

5

RESUMO

O presente trabalho monográfico tem a finalidade de analisar a contribuição do emprego de cães de faro nas operações de fiscalização de drogas ilícitas realizadas nos postos do Batalhão de Polícia Militar Rodoviária de Santa Catarina – BPMRv, visando a implantação de canis setoriais nas citadas Organizações Policiais Militares – OPM’s. Levantou-se um histórico sobre a origem e a evolução dos cães, seu relacionamento com o ser humano, sua aplicação em guerras, seu papel histórico nas policias do mundo e na Polícia Militar de Santa Catarina, trazendo ainda uma seqüência evolutiva acerca do BPMRv. Foi identificada a missão constitucional da Polícia Militar e sua legitimação para empregar cães na busca de entorpecentes. Também foram distinguidas as raças mais aptas para o serviço de faro de narcóticos, apresentando as características físicas e psíquicas que as tornam apropriadas para tal serviço. Para tanto, utilizou-se o método dedutivo e a pesquisa exploratória, sendo empregadas ainda as técnicas de pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e a pesquisa de campo, assim como as técnicas de observação participante e de questionário, para levantamento e organização dos dados obtidos através da busca de livros, leis, artigos científicos, manuais técnicos, diretrizes, observação em campo e questionários aplicados. Tais questionários foram aplicados aos policiais rodoviários da 5ª Companhia – 5ª Cia. – do BPMRv, em Painel, os quais têm contato direto com o emprego de cães de faro de drogas, já que na referida OPM já foi implantado o canil setorial. Na continuidade da pesquisa foi realizada a análise dos dados obtidos, confrontando o referencial teórico, legal, doutrinário e técnico com o que foi levantado em campo, buscando demonstrar a aplicabilidade, disponibilidade, capacidade e vantagem de empregar o cão nas fiscalizações de entorpecentes realizadas nos postos do BPMRv. Palavras chave: Emprego de cães de faro. Fiscalização de drogas ilícitas. Batalhão de Polícia Militar Rodoviária de Santa Catarina. Implantação de canis setoriais.

Page 8: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

6

ABSTRACT

This monographic work has the objective of analyzing the contribution of the sniffer dogs use in illicit drugs inspection operations, performed in the posts of the Military Police Road Battalion of Santa Catarina – MPRB, to implement the sectorized kennels in the quoted MPO`s. Rose up a historical about the origin and the evolution of the dogs, its relationship with the human being, the application in wars, its historic paper in worlds polices and in the Military Police of Santa Catarina, bringing an evolutional sequence about the MPRB. Was identified the constitutional mission of the Military Police and his legitimation to employ the dogs in search for illegal drugs. It was also distinguished the most suitable breeds for the sniffer service of narcotics, presenting the physical and psychical features that make it appropriate to this service. Therefore was used the deductive method and the exploratory research, being employed techniques of bibliographic, documental and field research, as well as observing participant techniques and pools to rise up and organize the obtained data through the search in books, laws, scientific articles, technical manuals, directives and field observation and applied pools. These pools were applied to the road police of the 5ª Cia of MPRB in Painel, which has direct contact with the employment of sniffer dogs since in that MPO had already implanted the sectorized kennel. During the research, was performed the analysis of the obtained data, confronting the theoretical, legal, doctrinal and technical references which was rose up in field, pretending to demonstrate the applicability, availability, capacity and the advantage to employ the dogs in inspections of illegal drugs accomplished in the MPRB posts. Keywords: Sniffer dogs employment. Illicit drugs inspections. Military Police Road Battalion of Santa Catarina. Implementation of sectorized kennels.

Page 9: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Foto do cão da raça Pastor Alemão ........................................................ 69

Figura 2 – Foto do cão da raça Labrador Retriever .................................................. 71

Figura 3 – Foto do cão da raça Cocker Sapaniel Inglês ........................................... 72

Figura 4 – Foto do cão da raça Weimaraner ............................................................ 74

Figura 5 – Foto do cão da raça Pastor Belga Malinois ............................................. 77

Figura 6 – Foto do cão da raça Beagle..................................................................... 79

Figura 7 – Foto do cão da raça Springer Spaniel Inglês ........................................... 81

Page 10: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

8

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Posto/ Graduação dos respondentes. .................................................... 84

Gráfico 2 – Policiais pesquisados que gostam de cães. ........................................... 85

Gráfico 3 - Pesquisados que realizaram cursos que o habilitasse a utilizar cães em

sua atividade. ........................................................................................................... 86

Gráfico 4 – O cão empregado no serviço policial militar. .......................................... 87

Gráfico 5 – Qual nível de segurança o cão traz à guarnição policial. ....................... 88

Gráfico 6 – O emprego de cães de faro nas operações de fiscalização de drogas

ilícitas realizadas nos postos do BPMRv traz maior eficiência a essas operações. . 89

Gráfico 7 - O emprego de cães de faro facilita encontrar entorpecentes nas buscas

realizadas no interior de veículos. ............................................................................ 90

Gráfico 8 - A implantação de canil nos postos do BPMRv, contendo cães de faro,

aumentará o número de apreensões de entorpecentes. .......................................... 91

Gráfico 9 – O aumento de apreensões, elevaria o moral dos policiais, bem como,

melhoraria a impressão da comunidade em relação a Polícia Militar. ...................... 92

Gráfico 10 – Como está o serviço em relação ao antes e ao depois da implantação

do canil e emprego do cão nas operações realizadas no posto 10 do BPMRv em

Painel. ....................................................................................................................... 93

Page 11: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Posto/ Graduação dos respondentes. .................................................... 83

Tabela 2 – Policiais pesquisados que gostam de cães. ........................................... 84

Tabela 3 – Pesquisados que realizaram cursos que o habilitasse a utilizar cães em

sua atividade. ........................................................................................................... 85

Tabela 4 – O cão empregado no serviço policial militar. .......................................... 86

Tabela 5 – Qual nível de segurança o cão traz à guarnição policial. ........................ 87

Tabela 6 – O emprego de cães de faro nas operações de fiscalização de drogas

ilícitas realizadas nos postos do BPMRv traz maior eficiência a essas operações. . 88

Tabela 7 – O emprego de cães de faro facilita encontrar entorpecentes nas buscas

realizadas no interior de veículos. ............................................................................ 89

Tabela 8 – A implantação de canil nos postos do BPMRv, contendo cães de faro,

aumentará o número de apreensões de entorpecentes. .......................................... 90

Tabela 9 – O aumento de apreensões, elevaria o moral dos policiais, bem como,

melhoraria a impressão da comunidade em relação a Polícia Militar. ...................... 91

Tabela 10 – Como está o serviço em relação ao antes e ao depois da implantação

do canil e emprego do cão nas operações realizadas no posto 10 do BPMRv em

Painel. ....................................................................................................................... 92

Page 12: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13 1.1 TEMA .................................................................................................................. 15 1.2 PROBLEMA ........................................................................................................ 15 1.3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 15 1.3.1 Objetivo geral ................................................................................................. 15 1.3.2 Objetivos específicos .................................................................................... 16 1.4 JUSTIFICATIVA.................................................................................................. 16

1.5 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO ................................................................... 18 2 FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA ............................................................... 20 2.1 MÉTODO ............................................................................................................ 20 2.2 PESQUISA ......................................................................................................... 21 2.3 TIPO DE PESQUISA .......................................................................................... 22 2.4 TÉCNICAS DE PESQUISA ................................................................................ 22 2.5 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................... 26 3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CÃO ...................................................................... 27 3.1 ORIGEM HISTÓRICA DOS CÃES ..................................................................... 27 3.2 O HOMEM E A DOMESTICAÇÃO DO CÃO ...................................................... 30 3.3 UTILIZAÇÃO DOS CÃES NAS GUERRAS ........................................................ 33

3.4 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CÃO POLICIAL ................................................... 35 3.5 O CÃO NA POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA ...................................... 38 3.6 HISTÓRICO DA POLÍCIA MILITAR RODOVIÁRIA DE SANTA CATARINA ...... 40

4 PODER DE POLÍCIA, ORDEM PÚBLICA E LEGITIMAÇÃO DA POLÍCIA

MILITAR PARA EMPREGAR CÃES NA BUSCA DE ENTORPECENTES ............. 43

4.1 POLÍCIA ............................................................................................................. 43 4.2 PODER DE POLÍCIA .......................................................................................... 45 4.2.1 Atributos do Poder de Polícia ....................................................................... 47 4.2.1.1 Discricionariedade ........................................................................................ 47 4.2.1.2 Auto-executoriedade ..................................................................................... 48 4.2.1.3 Coercibilidade ............................................................................................... 49

4.2.2 Fases do Poder de Polícia ............................................................................ 50 4.2.2.1 Ordem de Polícia .......................................................................................... 50

Page 13: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

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4.2.2.2 Consentimento de Polícia ............................................................................. 51 4.2.2.3 Fiscalização de Polícia ................................................................................. 52 4.2.2.4 Sanção de Polícia ......................................................................................... 53 4.3 MISSÃO CONSTITUCIONAL DA POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA ... 54 4.3.1 Constituição Federal ..................................................................................... 54 4.3.2 Constituição Estadual ................................................................................... 59 4.3.3 Legislação Infraconstitucional ..................................................................... 60 4.3.4 Portaria Nº 332/PMSC de 14 de agosto de 2002 .......................................... 62

5 RAÇAS DE CÃES MAIS APROPRIADAS PARA O SERVIÇO POLICIAL

FOCADO PARA O FARO DE ENTORPECENTES ................................................. 65 5.1 PASTOR ALEMÃO ............................................................................................. 67 5.2 LABRADOR RETRIEVER .................................................................................. 69 5.3 COCKER SPANIEL INGLÊS .............................................................................. 71

5.4 WEIMARANER ................................................................................................... 73 5.5 PASTOR BELGA MALINOIS .............................................................................. 74 5.6 BEAGLE ............................................................................................................. 77

5.7 SPRINGER SPANIEL INGLÊS ........................................................................... 79

6 PESQUISA DE CAMPO ........................................................................................ 82 6.1 CONTEXTO E PARTICIPANTES ....................................................................... 82 6.2 PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS .................. 83

6.3 TRATAMENTOE ANÁLISE DOS DADOS .......................................................... 83

6.4 TABULAÇÃO, APRESENTAÇÃO E DESCRIÇÃO DOS DADOS ...................... 83

6.5 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................... 93 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 97 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 100

APÊNDICE ............................................................................................................. 106

Page 14: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

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1 INTRODUÇÃO

O mundo globalizado se encontra cada vez mais afetado pelo tráfico e uso

indiscriminado de entorpecentes, bem como pelos problemas deles decorrentes,

principalmente o aumento da violência, trazendo assim malefícios aos setores

econômico, cultural e social.

Na atual conjuntura pela qual passa o país percebe-se o engrandecimento

das ações do narcotráfico, não sendo esse mais um problema somente policial, mas

uma questão que assola toda a sociedade e todas as esferas estatais.

Em Santa Catarina a situação não é diferente, as ações dos traficantes vêm

aumentando no estado e com elas outros problemas se tornam mais freqüentes,

como a incidência de furtos, roubos e latrocínios; a elevação da disparidade entre as

classes sociais; e o conseqüente sentimento de insalubridade e insegurança que

atinge a comunidade barriga verde.

O Estado catarinense se encontra em ponto geográfico estratégico para os

traficantes, pois liga o Rio Grande do Sul aos demais estados da Federação,

principalmente a região sudeste, bem como liga a Argentina ao litoral brasileiro.

Desse modo, a malha viária catarinense se torna itinerário quase que obrigatório aos

criminosos que pretendem entregar substâncias ilícitas nessas regiões.

Com isso, observa-se que o uso de entorpecentes é um dos grandes males

da sociedade e que o narcotráfico se utiliza das rodovias como meio de

disseminação deste mal. Assim sendo, cabe à Polícia Militar, por meio da Polícia

Militar Rodoviária - PMRv, atuar sobre esses delitos através de ações preventivas e

repressivas, em virtude de suas competências estabelecidas nas Constituições

Federal e Estadual de preservação da ordem pública, polícia ostensiva,

patrulhamento rodoviário e guarda e fiscalização de transito urbano.

No entanto, é sabido que os traficantes usam de todos os subterfúgios para

camuflarem essas substâncias e assim passarem despercebidos pelas fiscalizações

realizadas pelas autoridades policiais, podendo assim dar continuidade ao ciclo

criminoso que vai da produção até o consumo da droga.

Desse modo, nas operações de fiscalização realizadas, os policiais devem

fazer uso de aparelhos, mecanismos ou qualquer outro meio que os auxiliem na

busca de entorpecentes, tornando menos laboriosa a procura por tais substâncias.

Page 15: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

14

Assim sendo, vê-se a necessidade de se utilizar o cão, como uma ferramenta

auxiliar para efetuar tais procedimentos.

Para otimizar a fiscalização realizada pelos policiais do Batalhão de Polícia

Militar Rodoviária – BPMRv – esses devem recorrer a técnicas que auxiliem na

verificação e na busca de materiais que comprovem o crime de tráfico de

entorpecentes, bem como aumentem a celeridade das abordagens, sem perder, no

entanto, a eficácia dessas fiscalizações. O emprego do cão de faro nas operações

de fiscalização de drogas ilícitas realizadas nos postos do Batalhão de Polícia Militar

Rodoviária se mostra como inteligente alternativa ao aparato policial que busca

dirimir esse tipo de delito, pois o cão se utiliza de seu faro, muito mais apurado que o

do ser humano, conseguindo identificar a presença das substâncias que fazem parte

da constituição dos entorpecentes, determinando a sua presença e identificando-a,

não importando em quais lugares e nem com o que estejam misturados, o que lhe

dá vantagem em relação ao policial.

O cão acaba atuando como meio de interação para com a sociedade, pois

aperfeiçoa a procura das substâncias tanto nos veículos de carga quanto nos de

passageiro não causando transtorno aos condutores idôneos.

O emprego do cão proporciona ainda ao policial rodoviário maior segurança

nas fiscalizações, fazendo com que a Polícia Militar Rodoviária tenha melhor

atuação no combate ao narcotráfico. O tráfico de entorpecentes que circula em

Santa Catarina é transportado, em sua grande maioria, pelas rodovias estaduais, ao

qual cabe a PMRv a fiscalização.

Com o aumento do número das apreensões de entorpecentes, o ciclo

criminoso do tráfico de drogas é quebrado, ou ao menos reduzido, abrandando

assim o sentimento de insalubridade e insegurança que atinge a comunidade e que

afeta diretamente a Segurança Pública. Isso ocorre porque, com o aumento das

apreensões de entorpecentes, há uma diminuição da venda e conseqüente baixa do

consumo, o que torna menor a violência gerada pelo tráfico. É nesse contexto, que o

emprego do cão de faro nas buscas de drogas ilícitas se mostra como grande

auxiliador.

Page 16: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

15

1.1 TEMA

Diante do exposto a presente pesquisa tem como tema:

O emprego de cães de faro nas operações de fiscalização de drogas ilícitas

realizadas nos postos do Batalhão de Polícia Militar Rodoviária de Santa Catarina.

1.2 PROBLEMA

Desse modo, surge o seguinte questionamento:

Qual a importância do emprego de cães de faro nas operações de

fiscalização de drogas ilícitas realizadas nos postos do Batalhão de Polícia Militar

Rodoviária de Santa Catarina?

1.3 OBJETIVOS

Para responder o problema de pesquisa proposto foram elaborados os

objetivos a seguir.

1.3.1 Objetivo Geral

Analisar a importância do emprego de cães de faro nas operações de

fiscalização de drogas ilícitas realizadas nos postos do Batalhão de Polícia Militar

Rodoviária de Santa Catarina, visando a implantação de canis setoriais.

Page 17: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

16

1.3.2 Objetivos Específicos

- Descrever a origem e a evolução histórica dos cães, seu relacionamento

com o ser humano, bem como seu papel na Polícia Militar.

- Identificar a missão constitucional da Polícia Militar e sua legitimação para

empregar cães na busca de entorpecentes.

- Distinguir as características dos cães para o serviço de faro, bem como as

raças mais aptas para tal finalidade.

- Verificar as vantagens do emprego de cães de faro nas operações de

fiscalização de drogas ilícitas realizadas nos postos do Batalhão de Polícia Militar

Rodoviária.

1.4 JUSTIFICATIVA

É inegável a expansão do uso de drogas na sociedade brasileira, bem como

em toda comunidade barriga verde, principalmente pelos jovens. A elevação no

número de usuários proporciona o fortalecimento do tráfico, que assim pode adquirir

mais armas e aliciar mais pessoas que se iludem com a proposta de uma vida

melhor. Esses, agora, aliados, por sua vez, protegem o tráfico e vendem mais

drogas, o que faz o ciclo de medo e violência que gira em torno do narcotráfico

tornar-se cada vez mais vigoroso.

Objetivando a proliferação desse mal para todos os rincões do estado

catarinense os traficantes podem fazer uso de vias terrestres, entre elas as rodovias

estaduais, as quais têm como órgão fiscalizador a Polícia Militar Rodoviária - PMRv.

Esta, portanto, deve atuar de forma preventiva e repressiva contra esses criminosos,

calcada na missão estabelecida na Constituição Federal de polícia ostensiva e da

preservação da ordem pública, bem como nas missões dadas pela Constituição

Estadual de patrulhamento rodoviário e guarda e fiscalização do trânsito urbano.

No entanto, os negociadores de entorpecentes, usam de várias artimanhas

para amasiar as drogas em seus veículos. Então cabe a polícia estabelecer meios e

Page 18: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

17

técnicas que auxiliem na busca e apreensão dos produtos ilegais, otimizando assim

o trabalho policial. O emprego do cão de faro se apresenta como um desses meios.

Polícias de outros países empregam o cão efetivamente em suas operações,

principalmente no que tange a fiscalização de narcóticos, devido a sua habilidade

olfativa de altíssimo grau comparada a do ser humano. Por gozar de um aparelho

olfativo privilegiado, o cão de faro, devidamente adestrado, confere às operações

policiais em que é empregado uma maior agilidade, tornando-as mais eficientes e

eficazes, assim proporcionando que sejam realizadas em menor tempo e com menor

efetivo policial. Devido a esse faro superdotado, o cão obtém êxito em buscas

minuciosas, encontrando drogas em locais que os policiais nem se quer imaginariam

que fosse possível dissimulá-las, como por exemplo, no interior de estofados e do

volante.

Portando, a pesquisa que ora se apresenta, mostra-se de notável

importância, já que o emprego do cão de faro nas operações de fiscalização de

drogas se apresenta como uma ferramenta que oferece maior qualidade nos

serviços prestados pela Polícia Militar; sendo de fundamental importância para a

Polícia Militar Rodoviária, aumentando a eficiência, a eficácia e a celeridade das

abordagens realizadas, tornando-as mais bem sucedidas, elevando, desse modo, o

reconhecimento da população em relação à corporação.

A sociedade de bem, será do mesmo modo beneficiada pela pesquisa já que

o emprego do cão de faro nas operações de fiscalização de drogas ilícitas realizadas

nos postos da PMRv possibilitará o aumento do número de apreensões e prisões,

cultivando, assim, um sentimento de tranqüilidade e conseqüentemente transmitindo

maior segurança a população.

Os policiais militares da Polícia Militar Rodoviária também serão favorecidos

pelo emprego do cão de faro nas buscas por entorpecentes, pois esse instrumento

ampliará a segurança desses policiais durante o serviço, bem como auxiliarão nas

fiscalizações realizadas, principalmente a ônibus, caminhões e demais veículos de

grande porte, os quais apresentam maior área a ser examinada.

Para o acadêmico, o tema em tela é de excepcional relevância, pois

possibilita adquirir maior grau de aptidão sobre o emprego do cão na corporação,

principalmente no que tange ao emprego do cão de faro na PMRv. O trabalho

também oportuniza um maior aperfeiçoamento a respeito da atividade de

policiamento com cão, não só na área de faro, bem como engrandece os

Page 19: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

18

conhecimentos sobre trânsito e a Polícia Militar rodoviária, áreas essas que

despertam grande interesse ao aluno.

1.5 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

Este trabalho esta estruturado em sete capítulos, conforme segue.

No Capítulo I, consta a introdução com uma abordagem geral do que será

tratado nesse compendio monográfico, a questão problema, o tema proposto, assim

como, o objetivo geral e os específicos. Ao final é apresentada uma justificativa

acerca da importância desse trabalho para a segurança pública, sociedade,

acadêmico e a Polícia Militar, focando no Batalhão de Polícia Militar Rodoviária.

No Capítulo II, é apresentada a fundamentação metodológica, o método

empregado no trabalho, o tipo de pesquisa selecionado, bem como as técnicas e

instrumentos utilizados e por fim, como foi efetivada a análise dos dados.

Já no Capítulo III, é levantada a evolução histórica do cão, sendo abordado,

sua origem histórica; sua relação com o ser humano e domesticação ao longo do

tempo; sua aplicação nas guerras que marcaram a história da humanidade; sua

evolução histórica dentro das instituições policiais; o emprego do cão dentro da

Polícia Militar de Santa Catarina – PMSC – e finalmente é descrito um breve

histórico da PMRv.

No Capítulo IV, Poder de Polícia, Ordem Pública e Legitimação da Polícia

Militar para empregar cães na busca de entorpecentes, observa-se a conceituação

de Polícia, Poder de Polícia e Ordem Pública adotada pelos mais variados

doutrinadores, buscando assim legitimar a atuação policial utilizando o cão como

ferramenta. Levanta-se ainda uma análise das Constituições Federal e Estadual,

bem como demais Leis e diretrizes que legitimem e norteiem o emprego de cães de

faro nas fiscalizações a entorpecentes.

No Capítulo V, são apresentadas as raças de cães mais empregadas nas

fiscalizações de narcóticos nas polícias do Brasil e do mundo, sendo expostos suas

características físicas e comportamentais, as quais em conjunto fazem dessas raças

as mais aptas para a atividade aqui abordada.

Page 20: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

19

Já no Capítulo VI, foram tabulados, apresentados, descritos e analisados os

dados levantados com a pesquisa de campo, a qual foi realizada através da

aplicação de questionário, assim como de observação realizada em loco.

O Capítulo VII, por sua vez, exibe as considerações finais, onde o autor

manifesta suas análises, conclusões e opiniões, com bases em todos os

diagnósticos colhidos, alinhados com a realidade, necessidade e as aspirações

sociais. Outrossim, quais foram as percepções e concepções formuladas ao longo

da pesquisa e se os objetivos foram alcançados com sucesso.

Ainda foram referenciadas as obras pesquisadas, mencionando o nome dos

livros, artigos, sites da internet e demais materiais estudados, com seus referidos

autores, edição, editora, local e ano, proporcionando que os assuntos e conteúdos

possam ser pesquisados em momento oportuno, e para garantir a credibilidade dos

dados levantados.

Finalmente, foi inserido no Apêndice A o questionário aplicado para a

obtenção de dados que auxiliaram na confecção do presente trabalho.

Page 21: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

20

2 FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA

A fundamentação metodológica estabelece procedimentos que devem ser

observados para o bom desenvolvimento de um projeto acadêmico. Esses

procedimentos compõe as várias etapas que devem ser cumpridas num processo

estabelecido.

A metodologia é a exposição do método, do tipo de pesquisa, da técnica de

pesquisa e da forma de análise de dados utilizadas durante a confexão de um

trabalho de pesquisa acadêmico e que deram direcionamento a ele. Esclarece ainda

quais foram as ferramentas utilizada s, qual a previsão de tempo despendido para

a produção da pesquisa, como os dados colhidos serão analisados, por fim,

estabelece o caminho que o pesquisador irá utilizar na busca das soluções para a

questão problema proposta.

Para desenvolvimento desta pesquisa serão utilizados alguns procedimentos

metodológicos, os quais serão traçados na seqüência.

2.1 MÉTODO

Para a elaboração de uma pesquisa científica, se faz necessário o emprego

de um método, pois como bem enfatiza Marconi e Lakatos (2006, p. 83), “não há

ciência sem o emprego de métodos científicos” e conclui Pasold (2000, p. 85), ao

dizer que o método “é a base lógica da dinâmica da investigação científica”.

O método vem a ser todo o procedimento utilizado na investigação de

determinado questionamento buscando a solução do mesmo. Para Fachin (2001, p.

27), genericamente método é “a escolha de procedimentos sistemáticos para a

descrição e explicação do estudo”. Ainda, para a mesma autora (2001, p. 28),

“método é a forma de proceder ao longo de um caminho”.

Segundo Marina de Andrade Marconi e Eva Maria Lakatos (2006, p. 83):

O método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos

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válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.

O método utilizado na realização desta pesquisa foi o dedutivo, o qual parte

de um conhecimento geral para chegar ao específico. Desta forma, Odília Fachin

(2001, p. 30), ensina:

O método dedutivo é aquele que de duas proposições necessariamente surge uma conclusão. É um conhecimento que se obtém de forma inevitável e em contraposição. O método dedutivo parte do geral para o particular, do conhecimento universal ao conhecimento particular. Por exemplo, todos os metais são condutores de eletricidade. A prata é um metal, logo a prata é condutor de eletricidade.

Para Pasold (2000, p. 85): “estabelecer uma formulação geral e, em seguida,

buscar as partes do fenômeno de modo a sustentar a formulação geral: este é

denominado método dedutivo”. (grifo do autor).

2.2 PESQUISA

A pesquisa nada mais é que a busca minuciosa para averiguação da

realidade, onde a partir de uma indagação se estabelece objetivos e meios de

inquirição para solucioná-la, formando assim conhecimento sobre um assunto até

então intocado.

Antônio Carlos Gil (2002, p. 17), destaca que pesquisa é “o procedimento

racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas

que são propostos”.

Marina de Andrade Marconi e Eva Maria Lakatos (2006, p. 157), ainda

lembram que pesquisa “é um procedimento formal, com método de pensamento

reflexivo, que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para

conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”.

Já Odília Fachin (2001, p. 123), entende que “pesquisa é um procedimento

intelectual para adquirir conhecimentos pela investigação de uma realidade e busca

de novas verdades sobre um fato (objeto, problema)”.

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22

2.3 TIPO DE PESQUISA

Na feitura do presente trabalho científico o tipo de pesquisa utilizado foi o

exploratório, o qual segundo Gil (2002, p. 41):

[...] têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado.

Gil (2002), ainda complementa informando que a pesquisa exploratória leva

ao emprego da pesquisa bibliográfica e da técnica de entrevistas com investigados

que já vivenciaram experiências práticas relacionadas ao problema levantado.

2.4 TÉCNICAS DE PESQUISA

As técnicas de pesquisa são os conjuntos de processos, ou habilidades

especiais, utilizadas ao executar a busca minuciosa para averiguação da realidade

correlacionada ao problema levantado.

Técnica “[...] é um conjunto diferenciado de informações reunidas e

acionadas em forma instrumental para realizar operações intelectuais ou

físicas, sob o comando de uma ou mais bases lógicas investigatórias”.

(PASOLD, 2000, p. 86, grifo do autor).

Já no entendimento de Marconi e Lakatos (2006, p.176), técnica “[...] é um

conjunto de preceitos ou processos de que servem uma ciência ou arte; é a

habilidade para usar esses preceitos ou normas, a parte prática”.

Para a constituição do trabalho científico em tela, foram elencadas algumas

técnicas de pesquisa, entre as quais se pode destacar: pesquisa bibliográfica;

pesquisa documental e a pesquisa de campo, sendo ainda empregadas as técnicas

de observação participante, bem como a técnica de questionário.

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23

Na pesquisa bibliográfica se faz uso das mais importantes, publicações sobre

o tema pretendido pelo autor, buscando com essas obras fundamentar seus

argumentos. Desse modo, Marconi e Lakatos (2006, p. 160), explicam:

A pesquisa bibliográfica é um apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados, revestidos de importância, por serem capazes de fornecer dados atuais e relevantes relacionados com o tema. O estudo da literatura pertinente pode ajudar a planificação do trabalho, evitar publicações e certos erros, e representa uma fonte indispensável de informações, podendo até orientar as indagações.

Ensina Gil (2002, p. 44) que a pesquisa bibliográfica:

[...] é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.

Marconi e Lakatos (2006, p. 185), ainda preconizam que a pesquisa

bibliográfica “[...] abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de

estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas,

monografias [...] até meios de comunicação orais [...]”.

“A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao

investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que

aquela que poderia pesquisar diretamente”. (GIL 2002, p. 45).

No entanto, a técnica de pesquisa bibliográfica não é utilizada para simples

cópia do que já foi exposto. Devendo assim, conforme Marconi e Lakatos (2006, p.

185), propiciar “[...] o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem,

chegando a conclusões inovadoras”.

No tocante a pesquisa documental, Gil (2002, p. 45), enfoca:

A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não recebem ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa.

Sobre pesquisa documental Marconi e Lakatos (2006, p. 176), enfatizam:

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24

A característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias. Estas podem ser feitas no momento em que o fato ou o fenômeno ocorre, ou depois.

Já a pesquisa de campo resume-se a simples observação dos fenômenos do

dia-a-dia como ocorrem espontaneamente. (MARCONI e LAKATOS, 2006). Quanto

à pesquisa de campo, salientam ainda Marconi e Lakatos (2006, p. 188):

[...] é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles.

A pesquisa de campo fica presa à observação do contexto no qual é

percebido um fato social ou um problema, que inicialmente é examinado e num

segundo momento é conduzido para explicações através de métodos e de técnicas

determinadas. (FACHIN, 2001).

Nesse entendimento, Fachin (2001, p. 133), ainda complementa que a

pesquisa de campo “[...] é a que se realiza com o fato social situado em seu contexto

natural, ou seja, em seu campo ou hábitat, sem nenhuma alteração imposta pelo

pesquisador”.

Concluindo a linha de pensamento sobre a técnica de pesquisa de campo,

Fachin (2001, p. 134), esclarece:

A pesquisa de campo é freqüentemente empregada em investigações que procuram avaliar a eficácia de um conjunto de processos para auxiliar a sociedade. A pesquisa de campo busca controlar a influencia de obstáculos no meio social e que poderão interferir na relação que há entre as variáveis independentes e dependentes.

Agora, tratando da observação participante, essa tem como característica a

interação entre pesquisadores e participantes das situações investigadas. (GIL,

2002). Com o mesmo entendimento, Marconi e Lakatos (2006, p. 196), explicam que

a observação participante:

Consiste na participação real do pesquisador com a comunidade ou grupo. Ele se incorpora ao grupo, confunde-se com ele. Fica tão próximo quanto

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25

um membro do grupo que está estudando e participa das atividades normais deste.

Já o questionário é uma técnica de pesquisa muito popular, utilizada para

variadas finalidades. Fazendo uso dessa técnica de pesquisa a informação coletada

fica limitada às respostas disponibilizadas pelo próprio pesquisado. (FACHIN, 2001).

Doutrinam Marconi e Lakatos (2006, p. 203), que questionário:

[...] é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. Em geral, o pesquisador envia o questionário ao informante, pelo correio ou por um portador; depois de preenchido, o pesquisado devolve-o do mesmo modo.

Nesse sentido, Fachin (2001, p. 147), afirma que “o questionário consiste num

elenco de questões que são apreciadas e submetidas a certo número de pessoas

com o intuito de obter respostas para a coleta de informações”.

Antes que os questionários fossem aplicados ao público alvo, os mesmos

passaram por um pré-teste, visando identificar e sanar as possíveis brechas

oriundas do processo técnico de elaboração do mesmo, assim como, conforme

estabelece Marconi e Lakatos (2006, p. 205), “verificar se o questionário apresenta

três importantes elementos, quais sejam, fidedignidade, validade e operatividade”.

Nesse sentido Gil, (2002, p. 132) postula o seguinte.

Os estudos de campo requerem a utilização de variados instrumentos de pesquisa, tais como formulários, questionários, entrevistas e escalas de observação. Torna-se necessário, portanto, pré-testar cada instrumento antes de sua utilização, com vistas em: (a) desenvolver os procedimentos de aplicação; (b) testar o vocabulário empregado nas questões; e (c) assegurar-se de que as questões ou as observações a serem feitas possibilitem medir as variáveis que se pretende medir. É necessário que o pré-teste dos instrumentos seja feito com população tão similar quanto possível à que será estudada. Não se requer, todavia, uma amostra rigorosamente representativa dessa população. (grifo nosso).

Torna-se essencial instruir, que o referido questionário foi submetido ao

Capitão PM Comandante da Companhia – Cia. – de Cães, orientador desta

pesquisa e aos cadetes do 4º CFO da Academia de Polícia Militar da Trindade. Tal

procedimento serviu como validação dos questionários, uma vez que, houve a

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26

eliminação de questionamentos e alternativas, que pudessem gerar dúvidas ou

incompreensão acerca do objetivo das questões.

2.5 ANÁLISE DOS DADOS

Buscando o bom progresso da pesquisa, alcançar os objetivos prepostos,

bem como responder o questionamento que impulsionou o presente labor científico,

faz-se necessário organização, interpretação, análise dos dados e informações

obtidas, para que possa no momento derradeiro do atual compêndio fundamentar as

considerações finais e suas possíveis propostas. Para Trujillo (apud Marconi e

Lakatos, p. 169), por análise entende-se:

É a tentativa de evidenciar as relações existentes entre o fenômeno estudado e outros fatores. Essas relações podem ser estabelecidas em função de suas propriedades relacionais de causa-efeito, produtor-produto, de correlações, de análise de conteúdo, etc.

Instruem Marconi e Lakatos (2006, p. 170), quanto à interpretação dos dados

alcançados através da pesquisa:

[...] É a atividade intelectual que procura dar um significado mais amplo às respostas, vinculando-as a outros conhecimentos. Em geral, a interpretação significa a exposição do verdadeiro significado do material apresentado, em relação aos objetivos propostos e ao tema. Esclarece não só o significado do material, mas também faz ilações mais amplas dos dados discutidos.

Desse modo, fazendo uso de todas as técnicas de pesquisa anteriormente

abordadas, delineou-se toda a fundamentação teórica da pesquisa aqui

implementada, buscando assim alcançar os objetivos estabelecidos, bem como

responder o questionamento levantado no que tange a implantação e ao emprego

do cão de faro nos postos da PMRv.

A apresentação, descrição e análise dos dados é apresentada no capítulo 6

(Pesquisa de Campo) do corrente trabalho.

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27

3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CÃO

3.1 ORIGEM E HISTÓRIA DOS CÃES

A origem da família dos canídeos remonta a era terciária, há mais de 40

milhões de anos, época em que os primatas estavam apenas iniciando sua vida na

terra. Geary (1978) explica que os canídeos são provenientes da família dos

miacídeos, também conhecidos como mesocyon, que em nada se assemelhavam

aos cães atuais, tendo como características um regime carnívoro, cinco dedos,

patas chatas, capacidade de subir em árvores e como os felinos, unhas retráteis. Na

Enciclopédia do Cão (2001) tem-se a informação de que os miacídeos se

desenvolveram inicialmente no continente norte-americano, quando chegou a cingir

42 gêneros diferentes, dos quais somente 16 se mantém na atualidade.

Há cerca de 19 milhões de anos, os miacídeos, foram substituídos por outra

família canina, denominado de cynodictis o qual se caracterizou por possuir somente

quatro dedos. Do cynodictis, por sua vez, descendeu o predecessor primitivo dos

cães, o cynodesmus, o qual já apresentava grande semelhança ao coiote e uma

enorme habilidade para correr. (ENCICLOPÉDIA DO CÃO, 2001).

Posteriormente o cynodesmus veio a ser sucedido pelo gênero tomarctus,

antecessor direto dos canídeos. O tomarctus já apresentava uma grande analogia

ao cão contemporâneo, sendo considerado o que originou todas as espécies dos

canídeos: raposas, chacais, hienas, lobos e cães. Esses animais apresentam

características muito similares, como a formação óssea, a agilidade predatória,

ótima visão, excelente audição, faro aguçado, além de vigorosa resistência física.

(GEARY, 1978).

Quanto aos ancestrais dos canídeos, Martins (2001, p. 30 – 31) ensina:

Vários paleontólogos afirmam ainda que o Mesocyon tenha muita proximidade com dois canídeos da era terciária: o Cynodesmus, aquele que poderia ser considerado um lebrel, ou seja, corredor por excelência e o Tomarctus que principalmente o crânio, já se assemelhava aos cães atuais juntamente com outras características físicas.

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28

Somente ao final da era terciária os canídeos do gênero canis aparecem,

passando a povoar inicialmente a Europa e em seguida Ásia, África e América do

Sul. (GEARY, 1978). Dando um salto no tempo, mais precisamente há 8 milhões de

anos, surgi na Europa o ancestral do chacal e do coiote, chamado de canis cypio.

Nesse mesmo continente a cerca de 1,5 milhões de anos aparece o ancestral do

lobo, identificado como canis etruscos. (ENCICLOPÉDIA DO CÃO, 2001).

Consoante Machado et all (2001), acredita-se que as primeiras aparições dos

cães ocorreram na Índia por volta de 100.000 anos atrás. Em seguida os cães,

oriundos do lobo, também conhecido como canis lupos pallipes, foram intensamente

distribuídos pelos continentes europeu, asiático e norte-americano.

Mesmo com mais de 140 milhões de anos de história e claro progresso, se

torna enredado determinar qual o genuíno ancestral reto do cão. Os arqueólogos

preceituam a existência de um elo perdido, fato que prejudica tal confirmação.

Segundo Geary (1978), este antepassado talvez tenha sido o próprio tomarctus, e

possivelmente os lobos e os chacais sejam primos de desenvolvimento do cão; no

entanto, não se pode rejeitar a hipótese de o lobo ter sido este ancestral.

Nessa linha de pensamento, Martins (2007, p. 30) complementa:

Há milhões de anos, na era geológica, foi onde apareceram esses animais sobre a terra, os canídeos, cujas formas eram muito diferentes entre si e que eram parecidos com outros animais como, por exemplo, ursos, hienas dentre outros, cujos tamanhos também divergiam muito, ou seja, alguns eram minúsculos e outros bem maiores. [...] É por isso que hoje, apesar de todas as investigações possíveis, é um tanto difícil de garantir suas origens com precisão, entretanto não é tão difícil de discernir os animais que lembram nossos cães domésticos.

Geary (1978), ainda atenta para o fato de que, antes de conformar-se a teoria

da sucessão a partir do lobo, se faz necessário buscar evidências que excluam os

demais canídeos da linha de antepassados diretos do cão.

A raposa, por exemplo, tem comportamentos diversos do cão, como não

caçar em grupo, o que a torna um canídeo anti-social; apresentam incompatibilidade

genética, fazendo com que o cruzamento entre as duas espécies seja infecundo,

têm um período de gestação que difere em treze dias e apresentam ainda outras

discrepâncias fisiológicas, como estrutura das patas e formato da pupila óptica, o

que torna a raposa um parente não muito próximo do cão. (GEARY, 1978).

Page 30: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

29

Por sua vez, diferentemente da raposa, os chacais e os coiotes apresentam

caracteres similares ao do cão, sendo fértil o cruzamento entre esses animais, o que

dentro do reino animal, revela um parentesco muito próximo. Entretanto, algumas

disparidades são claras nessas espécies, principalmente no que tange a estrutura

óssea. Essas dissimilitudes levam a deduzir que esses animais são somente

parentes, desse modo não pertencendo à mesma espécie. (GEARY, 1978).

No entanto, grande parte das autoridades cinólogas entendem que o canídeo

primitivo mais próximo do cão seja na realidade o lobo, já que existem diversas

provas demonstrando as semelhanças entre esses animais, podendo-se elencar

desde a formação dentária, até a similaridade cromossômica, o que permite o

cruzamento entre cães e lobos obtendo ao final uma fecundação bem sucedida. O

lobo e o cão apresentam ainda outras características análogas, tais como alta

sociabilidade entre os membros de uma mesma matilha ou alcatéia, atividade de

caça em grupo e, mais importante ainda, a elevada capacidade de reagir de maneira

favorável à domesticação. (GEARY, 1978). Consoante ao anteriormente exposto,

Martins (2007, p. 31), ensina:

O lobo em que “Lineu”, denominou Canis Lupus apareceu em torno de cinco milhões de anos, com formas bastante parecidas com as características dos lobos atuais. Diante disso de acordo com várias opiniões, que o cão doméstico não difere quase nada de um lobo também domesticado, pois as características físicas diferem muito pouco, na comparação do lobo com as diversas raças comumente conhecidas atualmente.

Mesmo com tantos estudos e cotejamentos que buscam determinar, entre os

parentes mais próximos do cão, qual seria o seu ancestral reto, nenhum deles

alcança êxito, muito menos uma resposta pontual e precisa. Porém, seja qual for a

solução para esse questionamento, conforme Fioroni (1970) é inegável a influência

humana sobre a evolução do cão, pois sem sua domesticação e criação seletiva, o

famigerado cachorro, não apresentaria hoje as particularidades dóceis evidentes da

espécie. É possível precisar quando o cão começou a ser domesticado pelo homem

e assim, bem dizer, fazer parte da estrutura familiar, mas é certo que esse processo

de intimidade e amizade que permanece até a atualidade teve início há muito mais

tempo. Nesse sentido enfatizam Martins, Souza e Silveira (2003, p. 9):

Page 31: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

30

Segundo dados arqueológicos a domesticação do cão teria ocorrido a aproximadamente 14.000 anos quando o lobo foi trazido para dentro da estrutura social humana. Para tanto o processo de amansamento já estaria ocorrendo desde o momento que agrupamentos de lobos passaram, graças à facilidade na obtenção de alimentos, a habitar próximos aos assentamentos humanos.

Desse modo, percebe-se que o cão passou por uma longa jornada como um

animal selvagem, afastado do ser humano, por muitas vezes se mostrando como um

rival nas caçadas e na busca pela sobrevivência. Porém, com o passar do tempo, o

cão se aproximou do homem, fixando-se inicialmente aos arredores das

comunidades hominídeas subsistindo dos restos de alimentos dos que ali

habitavam. Posteriormente passou a auxiliar nas caçadas e em outras tarefas

diárias, principalmente no pastoreio, conquistando finalmente o interior das

cavernas, tornando-se assim o melhor amigo do homem.

3.2 O HOMEM E A DOMESTICAÇÃO DO CÃO

Determinar uma data precisa para o início da domesticação dos cães é uma

tarefa praticamente impossível, no entanto acredita-se que a atividade de caça

acabou por impulsionar essa relação. Com o passar do tempo e conseqüente

ascensão da espécie homo sapiens, a disputa por alimento entre homem e cão se

tornou maior.

O ser humano, ainda nômade, auferia sua subsistência da caça, que nesse

período se limitava a cervos e javalis, animais esses que também faziam parte da

dieta dos lobos. A diminuição da caça fez com que o homem inventasse novas

armas e técnicas de acossamento, passando, assim, a ter maior sucesso durante as

jornadas em busca de alimentos, deixando os canídeos para trás durante as

caçadas. Desse modo o cão parou de disputar a refeição com o homem que por sua

vez passou a alimentá-lo, posteriormente a domesticá-lo e finalmente a utilizá-lo nas

buscas por seu sustento, surgindo assim os primeiros cães de caça.

Nesse sentido, Martins (2007, p. 31 - 32) orienta:

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31

É provável que essa relação iniciou-se nos campos de forma voluntária, onde após caçar alguns animais, o homem deixava restos dessa caça aos cães e esses por sua vez, permaneciam próximos das residências do homem, dando-lhe certa tranqüilidade no que diz respeito a segurança, e que a partir daí viu-se uma relação amistosa desses animais. A partir daí, a relação de afeto e carinho começou a se estreitar, onde os cães também começaram a participar das caças, não sendo mais adversários e sim uma situação mais amistosa.

Costa (2008, p. 16) ainda complementa:

Essa relação de cooperação entre homem e animal tornou-se uma relação de apego, partindo da união em virtude da caça para uma relação mais ampla de trabalho e proteção, onde o homem alimentava e protegia o cão de outros animais selvagens, enquanto o cão ajudava o homem em suas atividades e o protegia do ataque de outros homens.

Com a sucessão dos séculos, o cão, além de auxiliar na caça, passou

também a ajudar o homem em outras atividades como no pastoreio dos seus

rebanhos, na segurança da família, na tração de trenós, bem como nas operações

de guerra. E hoje esse leque de atribuições dadas aos cães expande cada vez mais.

Atualmente o cão exerce funções como salvamento e resgate de pessoas, guia de

cegos, companhia, medicina e como não poderia faltar, na atividade policial. Com

relação ao exposto, afirma Martins (2007, p. 32):

Foi através dessa aproximação que o homem aproveitou dessa união para utilizar esses animais nas atividades de caça. Com essa aproximação o cão começou múltiplas especializações, dentre elas: tração de trenós, atividades guerreiras, combate contra outros cães e animais e que jamais deixou ou perdeu sua função primitiva de pastor.

Na mesma linha de raciocínio, estabelece a Enciclopédia do Cão (2001, p. 7):

Desde a antiguidade, o cão exerce numerosas funções e participa de atividades tão variadas quanto às de combate, da produção da carne, da tração de trenó nas regiões polares e dos ritos sagrados da mitologia. Mais tarde, o império romano torna-se o pioneiro da criação canina e orgulha-se do título de “pátria dos mil cães”, prefigurando a diversidade das variedades de cães cujas atribuições principais abrangiam a companhia, a guarda de fazendas e rebanhos, e de caça.

Concluindo o pensamento sobre as diversas serventias do cão, trazem

Martins, Alves e Almeida (1995, p. 8):

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32

Ele auxilia o homem na caça de subsistência para suprir de alimento as comunidades; protege e guarda rebanhos para o homem, sendo o único animal que auxilia com desenvoltura o pastoreio nesse mister; serve de tração e transporte em áreas onde outros animais não sobreviveriam, faz busca e salvamento de pessoas, sem se intimidar com as condições de emprego (clima, risco), guia pessoas cegas, sendo eles os olhos eficazes e estimados àqueles que deste sentido são tolidos, e outras especializações que poderíamos citar.

Em razão da grande afinidade desenvolvida entre homem e cão ao longo do

tempo e da influência exercida pelo ser humano, várias novas raças provieram,

fazendo do cão um animal de características muito divergentes. Conforme Maciel

(1999, p. 38), “poucos ramos do mundo animal apresentam uma variação tão grande

em termos de tamanho, formato, tipo de pelagem e de comportamento como as

raças caninas”.

Essa dessemelhança entre os cães, provenientes da influência humana, tem

como objetivo fomentar o surgimento de novas raças no intuito de que essas

apresentem qualidades e habilidades para desenvolver as atividades anteriormente

citadas com melhor aproveitamento.

Conforme Geary (1978), é incontestável o longo processo de domesticação

do cão pelo ser humano, bem como a sua eficácia, já que nenhuma outra espécie

animal, além de ser tolerante em relação ao homem, também procura ativamente a

convivência com ele. Confirma-se isso ao observar filhotes de hienas nascidas em

cativeiro, as quais demonstraram acentuada agressividade em relação ao homem,

mordendo-o e evitando ao máximo o contato com ele. Por outro lado, filhotes de

cães domésticos correm ao encontro de seres humanos, animados para brincar,

apresentando um anseio inerente de manter contatos sociais, mesmo não

recebendo nenhum adestramento para agir dessa maneira, contendo somente uma

forte carga genética.

Fioroni (1970), ao tratar das diversas funções desempenhadas no passado

pelo cão, as quais foram (e algumas ainda o são) de suma importância para a

sobrevivência da humanidade, diz não se constituir em nenhum exagero afirmar que

o mutualismo entre cão e homem foi um dos pontos decisivos na evolução da

civilização.

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33

3.3 UTILIZAÇÃO DOS CÃES NAS GUERRAS

Guerras e batalhas marcaram toda a história da humanidade, sendo uma

constante entre os povos da antiguidade, os quais buscavam por mais terras e

poder. O cão sempre esteve ao lado do ser humano e durante esses períodos de

conflito não poderia ser diferente. Então o homem passou a utilizar os cães também

nas operações bélicas como técnica auxiliar, o treinando de forma a constituir uma

arma ofensiva. De acordo com a Enciclopédia do Cão (2001, p. 400), “em função

das armas e dos exércitos, o cão viu, com o correr dos séculos, seu emprego

modificar. Conhecemos o cão soldado, vestido com uma armadura fatal para seu

inimigo, o cão sentinela, rastreador, patrulhador, [...]”.

Conforme Maciel (1999), civilizações antigas já faziam uso do cão durante as

campanhas armadas, podendo-se citar os egípcios, romanos, gauleses e celtas.

Esses povos empregavam, preferencialmente, o cão molosso, por apresentar

tendências agressivas e grande porte corporal, que aliados a armaduras munidas de

pontas afiadas apropriadas para dilacerar o ventre de cavalos ou de soldados que

atravessassem seu caminho, se mostravam, conforme a Enciclopédia do Cão (2001,

p. 400), “verdadeiras máquinas de guerra”.

Consoante ao exposto, a Enciclopédia do Cão (2001, p. 400) instrui:

Desde o século XIII antes de Cristo, o cão, na condição de soldado com todos os direitos e obrigações, participa dos combates travados pelos homens. Esses molossos representavam armas indubitáveis contra o inimigo que tombavam sob o golpe de suas terríveis mordidas.

O cão foi utilizado em diversas frentes durante toda a história, podendo-se

citar a batalha entre bretões e a cavalaria romana no século I a.C, onde os ingleses

empregaram os canídeos buscando evitar a invasão romana a seu território. O

famigerado Átila, rei dos Hunos, durante as batalhas para expansão de seus

territórios, bem como nos confrontos contra o império romano, também fez uso

demasiado do cão. (MACIEL, 1999).

Destarte fica claro que o cão participou largamente nas guerras da

antiguidade, entretanto as duas grandes guerras do século XX foram as que ficaram

realmente marcadas pelo elevado volume de cães empregados, tendo estimativas

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34

de 75 mil na Primeira e mais de 200 mil na Segunda Guerra Mundial. Suas tarefas

eram as mais variadas, sendo engajados em serviços de busca, salvamento,

guarda, pára-quedistas e até de suicida. (MACIEL, 1999). Nesse diapasão, ensina

Costa, (2008, p. 21):

Diversas outras civilizações ao longo dos séculos utilizaram os cães nas guerras para atacar as tropas inimigas, porém, foi na 1ª Guerra Mundial que o cão passou a receber uma maior atenção, sendo utilizado por quase todos os países que dela participaram. Seu emprego passou do ataque às tropas inimigas de forma feroz e sanguinária para a utilização principalmente em busca, salvamento e guarda de estabelecimentos.

Consoante ainda ao anteriormente exposto a Enciclopédia do Cão (2001, p.

403), relata:

Outros cães, infelizmente, perderam suas vidas na história: o general soviético Panfilon, diante ao avanço das tropas alemãs imaginou treinar cães para a busca de alimentos sob as máquinas blindadas. Deixados em jejum um ou dois dias antes do ataque, colocava-se uma mina sobre seu dorso e os cães se precipitavam para o seu destino funesto. Essas práticas totalmente cruéis, no entanto, conseguiram semear a desordem entre as tropas alemães.

Ainda durante o século XX colônias africanas e asiáticas passaram a buscar

suas independências das metrópoles européias, que através de uma política

impositiva objetivavam captar maior número de matéria prima para as indústrias,

bem como expandir seu mercado consumidor. No entanto, a emancipação dessas

nações foi conquistada somente nos campos de batalha, onde o cão, mais uma vez,

se fez presente. Nesse sentido a Enciclopédia do Cão (2001, p. 403) faz nota:

Durante a guerra da Indochina, o terreno e a vegetação representavam muitos problemas às operações levadas a efeito pelas tropas francesas. Os primeiros meses de campanha tornaram evidentes os perigos que os pára-quedistas, lançados em área inimiga, poderiam encontrar. Apenas os cães eram capazes de acelerar as batidas minuciosas que os soldados precisavam executar. Nos dias 5 e 6 de setembro de 1949, foi tentado o lançamento de cães por pára-quedas na Escola de Salto do Meucon.

As guerras devastaram cidades e populações, acabando por destruir grande

parte do que o homem havia construído. Porém a partir delas se notou uma forte

expansão do cão e das atividades realizadas por ele na sociedade, incitando uma

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35

preocupação do homem em relação a seu melhor amigo, passando a serem

constituídas instituições e órgãos relativos aos cães.

Em consonância a Maciel (1999), o cão ainda hoje vem sendo posto no

campo de batalha, podendo-se citar principalmente na invasão norte americana a

região do Iraque, onde ele é aplicado com a mesma eficiência dos demais conflitos.

Corrobora-se, portanto, a forte presença do cão durante as pelejas do

passado, proporcionando aos exércitos e milícias segurança e ofensividade durante

os conflitos, o que despertou o interesse da utilização dessa ferramenta pelas

polícias, fazendo com que atravessasse as décadas e os séculos, marcando até a

atualidade o seu emprego.

3.4 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CÃO POLICIAL

Concernente ao que foi até então exposto, fica evidente a aptidão do cão para

realizar diversas atividades em favor do homem, dependendo tão somente da

necessidade desse último. Inicialmente o cão foi aplicado nos afazeres diários do ser

humano, como no pastoreio de suas criações e na caça de alimentos para a

subsistência das famílias, no entanto, naquela época, o cão já fazia as vezes de

protetor de seus donos, mantendo assim a segurança de suas moradias.

As guerras entre os povos foram eclodindo e o cão, mais uma vez, se

mostrou como ferramenta essencial para o sucesso das tropas sobre seus inimigos.

Concomitante ao uso de cães em batalhas, foram surgindo forças de fiscalização e

controle dos povos, hoje chamadas de polícias, as quais aplicam, até nossos dias, o

cão como um instrumento eficiente de combate do crime.

O emprego do cão como suplementação de policiamento, de acordo com

Maciel (1999), remonta ao século XIV, na França, mais precisamente em Saint Malo,

onde foi criado um sistema de patrulhamento com cães. Na mesma época o cão

também foi utilizado, eventualmente, na guarda de fronteiras por todo o continente

europeu. No mesmo sentido Silva (2003, p. 30), complementa ao afirmar que “no

século XIV na França foi inaugurado um sistema de patrulhamento com o uso do

cão, sendo usado esporadicamente como aduaneiro ou guarda de fronteira”.

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36

Anos mais tarde, por volta de 1886, os alemães passaram a fazer uso de

cães no serviço policial, acreditando em qualidades como olfato apurado, coragem,

agilidade e obediência, apresentadas por uma raça, que até hoje é sinônimo de cão

policial, o pastor alemão. Com o êxito alcançado na Alemanha, logo a aplicação de

cães nas atividades policiais foi também disseminada para outros países europeus,

podendo-se citar Bélgica e Holanda por volta de 1900 e Inglaterra um pouco mais

tarde, em 1935. (MACIEL, 1999).

Desse modo Silva (2003, p. 30 – 31), ainda expõe:

Já em 1886 a Alemanha também passou a utilizar cão pastor alemão, devido o olfato apurado, coragem, agilidade e obediência sendo empregado em manifestações, na condução de presos, nos presídios e nas rondas e devido a esta utilização até hoje essa raça é conhecida por muitos como pastor policial. A Holanda e Bélgica em 1900 copiaram a idéia; sendo que a Inglaterra somente em 1935 através das Forças Provinciais Britânicas criou um grupo para enquadra-la na Polícia Metropolitana de Londres, para combater os aumentos de delitos, pois tinha escassez de policiais.

Da mesma maneira que os países europeus, em 1931 os Estados Unidos

também passou a utilizar o cão na prevenção e repressão ao crime, sendo pioneiro

no emprego de cães policiais na América do Norte. Inicialmente foi desenvolvido um

programa de adestramento e emprego de cães que é vigente até hoje no

departamento de polícia da cidade de Berkeley, Estado da Califórnia, sendo

posteriormente expandido para outros departamentos policiais, podendo-se citar o

DEA (departamento anti-entorpecentes) e até o FBI, a Polícia Federal Americana.

(MACIEL, 1999).

Nessa linha de pensamento nos ensina Martins, (2007, p. 2):

Na América do Norte o 1º país a utilizar esses animais, foi os Estados Unidos, onde em vários Estados norteamericanos, possui nas suas atividades policiais o emprego de cães, constituindo sempre em duplas nas viaturas com o binômio homem – cão. O DEA (Departamento Anti-entorpececentes) e o FBI empregam os cães nas operações para a localização de drogas ilícitas.

O emprego do cão nas atividades de segurança pública foi tão bem sucedido

nos Estados Unidos que hoje, as unidades caninas, também conhecidas como K-9,

são encontradas em praticamente todos os departamentos de polícia americanos.

Dessa forma, o cão tornou-se auxiliador em vários processos de policiamento,

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37

podendo-se citar o patrulhamento a pé, motorizado, embarcado e aéreo, executando

ainda missões de detecção de drogas e explosivos, bem como na atividade de

busca e salvamento de pessoas em calamidades públicas. (MACIEL, 1999).

Seguindo os modelos europeu e norte-americano, a Argentina foi a primeira a

desenvolver uma unidade cinófila na América do Sul, tendo no princípio cães

trazidos por refugiados alemães da 2ª Guerra Mundial, os quais logo foram

incorporados à sociedade e as forças policiais. Hoje a Argentina é considerada a 2ª

maior potência no que tange a criação e treinamento de cães da raça pastor alemão

no mundo, ficando atrás somente da Alemanha. (MACIEL, 1999). Nesse contexto,

assevera Silva, (2003, p. 32):

Na América do Sul, o primeiro país a fazer uso do cão foi à Argentina. Fato se deu que após a 2ª Guerra Mundial, diversos alemães se refugiaram e estes trouxeram os seus cães pastores alemães, os quais aperfeiçoaram a raça, tanto que hoje na Argentina se encontra o 2° melhor plantel de pastor alemão fora da Alemanha.

A eficiência que o cão trouxe ao serviço policial em outros países despertou

interesse nas polícias brasileiras, as quais trataram logo em dominar essa técnica

para melhor atender a sociedade, aperfeiçoando ainda mais a vigilância,

preservação e manutenção da ordem pública. Os pioneiros a fazerem uso do cão

nas atividades policiais foram o estado de São Paulo e Rio de Janeiro na década de

40. Quanto ao exposto, destaca Maciel, (1999, p. 70):

As primeiras experiências foram postas em prática, timidamente, na década de 40, pelas Polícias Militares do Rio de Janeiro e São Paulo. No entanto, já em 1950 era criado oficialmente o Canil da Força Pública de São Paulo (denominação antiga da PMESP), o qual contava com quatro cães, sendo dois da Argentina.

Silva, (2003) leciona ainda que mais tarde outros estados brasileiros também

passaram a constituir unidades cinófilas em suas corporações, com o mesmo êxito

que nos estados pioneiros, podendo-se citar Minas Gerais, Rio Grande do Sul,

Pernambuco, Distrito Federal e Mato Grosso.

Pode-se afirmar ainda que o emprego do cão transcendeu os órgãos policiais

militares, sendo hoje também aproveitados por outras instituições que tem como

missão constitucional a preservação da ordem pública, dentre as quais menciona-se

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38

a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal, cujas tem lançado mão

principalmente do cão farejador nas fiscalizações de entorpecentes.

Destarte, afirma Silva, (2003, p. 33):

Outros órgãos de segurança começaram a usar os cães nas atividades afins; sendo a Policia Federal e a Policia Rodoviária Federal; ambas por terem responsabilidades de fiscalização na esfera Federal, e por terem dentro de suas obrigações o trabalho de combater o tráfico, começaram a utilizar o cão farejador, pois este demonstrou a grande vantagem numa fiscalização seja em veículos, em matas, enterradas ou até quando as substancias se encontram junto com outros pertences em galpões, armazéns, contêiner, porões de navios e residências.

Nessa senda, fica claro que o uso do cão na atividade policial trouxe grande

benefício às corporações e a sociedade, já que ao aproveitar as valências do cão o

serviço se aperfeiçoou, tornando-se ainda mais técnico, reduzindo assim a

criminalidade e por conseqüência elevando o sentimento de segurança. Além do

mais o cão propiciou uma aproximação entre polícia e comunidade devido seu

comportamento dócil e companheiro.

3.5 O CÃO NA POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA

Em 2009 a Polícia Militar de Santa Catarina completou 174 anos de história,

atuando nos mais diversos campos da segurança pública, no entanto a Companhia

de Policiamento com Cães e consequentemente o emprego de cães na atividade de

polícia ostensiva são muito mais recentes que o longo caminho percorrido pela

briosa corporação catarinense.

De acordo com Júnior (2001), o precursor da Companhia de Policiamento

com Cães foi o Ex-Comandante Geral, Coronel Landini, o qual no ano de 1980

determinou que fosse desenvolvido um trabalho destinado a introdução do cão

policial em ações de Segurança Pública. Ainda em 1980, no mês de novembro,

quatro policiais militares catarinenses foram destinados a realizar o estágio de

cinofilia na Polícia Militar – PM – de São Paulo. Ao término do estágio a corporação

paulista doou a Polícia Militar de Santa Catarina – PMSC – quatro cães, que

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39

juntamente aos quatro policiais recém formados constituíram o grupamento inicial do

canil.

Teve como primeira sede a Academia de Polícia Militar da Trindade, onde

começou a funcionar no dia 1º de dezembro de 1980, fazendo parte do 4º Pelotão

de polícia de choque do 4º Batalhão de Polícia Militar. Em junho de 1981 o canil foi

transferido para sua atual sede no bairro Barreiros, município de São José.

Consoante ao exposto informa Júnior (2001, p. 41):

No dia 1º de dezembro de 1980, o canil iniciou suas atividades instaladas provisoriamente na academia de polícia militar no bairro da trindade, Florianópolis, sendo parte integrante do 4º pelotão de polícia de choque do 4º batalhão de polícia militar (4º BPM). já em junho de 1981, o canil transferiu-se para sua sede recém construída as margens da BR-101, no bairro de barreiros, município de São José, onde está até hoje, sendo que nessa transferência só havia as instalações físicas para os cães.

Conforme Júnior (2001), em 1982 o canil passou a ser subordinado

administrativamente ao 7º Batalhão de Polícia Militar e operacionalmente ao

Comando de Policiamento do Litoral. Em 14 de março de 1983, com a aprovação do

Decreto nº 19.237, que regula a Lei de Organização Básica da Polícia Militar, Lei nº

6.217, de 10 de fevereiro de 1983, o grupamento integrante do 4º pelotão de choque

é elevado a nível de pelotão, sendo criado assim o Pelotão de Serviço de Cães, o

qual era subordinado à 3ª Companhia do 7º Batalhão de Polícia Militar.

Em 1º de fevereiro de 1994, o canil passa a pertencer ao Grupamento de

Polícia Especial. Um mês mais tarde, com o advento do Decreto nº 4.374 o Pelotão

de Serviço de Cães passou a ser denominado “Pelotão de Policiamento de Cães”,

vindo a ser subordinado ao recém criado Batalhão de Operações Especiais.

(JÚNIOR, 2001).

No dia 13 de Fevereiro de 1999, o Pelotão de Policiamento de Cães passou a

participar de operações de busca e apreensões de drogas com o uso de dois cães

farejadores da raça pastor alemão pelagem preta. Atualmente a companhia conta

com um plantel de nove labradores e um Beagle para tal finalidade.

Em 23 de Agosto de 2000 foi criado o patrulhamento tático K-9 que se

constitui na maior mudança na maneira de emprego de cães dos últimos anos,

sendo que a guarnição é composta por 2 (dois) PMs e um cão, utilizando uma

viatura. Criado com base na premissa de que o cão adestrado pode multiplicar a

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40

presença do policiamento ostensivo preventivo, através de sua característica

intimidatória, foi posto à prova diversas vezes, sempre sendo aprovado como um

importante instrumento para a redução da criminalidade localizada.

Em 03 de Outubro de 2005, o Decreto nº 3.547 transforma o Pelotão de

Policiamento com Cães do Batalhão de Operações Especiais em Companhia de

Polícia Militar de Policiamento com Cães, sendo subordinada diretamente ao Sub-

Comandante Geral da PMSC, como uma força de reação do Comando Geral.

Atualmente a Companhia de Policiamento com Cães conta com um efetivo de

46 Policiais Militares e 39 cães, sendo 25 Pastores Alemães, 4 Rottweilers, 9

Labradores, e 1 Beagle.

A principal finalidade da Companhia é a execução de policiamento preventivo

e repressivo com emprego de cães em operações e ações integradas, autônomas

ou coordenadas, mediante planejamento próprio, isoladamente, ou em apoio a

outras organizações policiais militares.

Para alcançarem seu objetivo os cinotécnicos catarinenses atuam

diuturnamente através do patrulhamento tático k-9 na região da grande

Florianópolis. Atuando ainda em casos de rebeliões em estabelecimentos penais,

controle de distúrbios civis e tumultos de grandes vultos, policiamento em praças

desportivas, detecção de entorpecentes, operações de busca e captura, bem como

em demonstrações de cunho educacional e recreativo.

3.6 HISTÓRICO DA POLÍCIA MILITAR RODOVIÁRIA DE SANTA CATARINA

Com o intuito de lançar mão do cão de faro no aperfeiçoamento do

policiamento realizado nos postos do Batalhão de Polícia Militar Rodoviária - BPMRv

de Santa Catarina faz-se necessário descrever um breve histórico em relação a essa

distinta unidade componente da Polícia Militar de Santa Catarina.

Acordando com informações apresentadas no sítio eletrônico do BPMRv, a

Polícia Rodoviária de Santa Catarina foi instituída com a missão de executar o

policiamento das rodovias estaduais. No entanto, para o efetivo cumprimento de tal

missão em 12 de novembro de 1976 foi celebrado um convênio entre a Secretaria

do Estado de Segurança e Informações e a Secretaria de Estado dos Transportes e

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41

Obras. Tal convênio deu origem a Polícia Militar Rodoviária do Estado de Santa

Catarina e estabelecia ainda a cooperação entre Polícia Militar e Departamento de

Estradas e Rodagem no que tange a policiamento rodoviário.

Após a instituição de diversos decretos, dos quais se pode citar o 1832/76; o

2597/77 e o 2599/77, em 11 de agosto de 1977 é ativado um Pelotão de Polícia

Rodoviária Estadual, formado por vinte e sete policiais e dividido em dois

grupamentos, sendo o primeiro com sede em Florianópolis e o segundo com sede

em Gaspar. Tal fato introduziu efetivamente o policiamento rodoviário no estado

catarinense.

O Batalhão de Polícia Militar Rodoviária informa ainda em seu sítio

institucional que em 1979 o Pelotão de Polícia Rodoviária passa ao nível de

companhia através do Decreto 7743/79. Vinte anos mais tarde, em 1999, passam a

ser constituídos pelotões no interior do estado, sendo o 1º Pelotão com sede em

Florianópolis, o 2º Pelotão em Cocal do Sul, o 3º Pelotão em Blumenau e o 4º

Pelotão em Ibicaré.

No ano de 2002, a Polícia Rodoviária Estadual, é transferida para sua sede

atual, no bairro Capoeiras em Florianópolis. Em 2005 novos pelotões foram

agregados à Companhia de Polícia Rodoviária, os quais podem ser citados: 5º

Pelotão com sede em Painel, o qual possui um canil setorial, sendo alvo de estudo

da pesquisa em voga; 6º Pelotão com sede em Joinville e o 7º Pelotão com sede em

Iporã do Oeste.

De acordo com o sítio do BPMRv, em 2005, o Governador do Estado de

Santa Catarina, através do Decreto nº 3554/05, eleva a Companhia de Polícia

Rodoviária a Guarnição Especial de Polícia Militar Rodoviária, tornado-se assim

equivalente a Batalhão de Polícia Militar - BPM. O mesmo decreto altera a

denominação para Polícia Militar Rodoviária. Em 2007, mais uma vez, a PMRv tem

seu status alterado, passando a ser considerada BPM Rodoviária, de acordo com o

Decreto Estadual nº 810/07.

Hoje a PMRv atende mais de 3.700 quilômetros em mais de 95 rodovias

estaduais através de policiais militares rodoviários, que levam a efeito o policiamento

rodoviário, prevenindo e reprimindo os atos relacionados à segurança pública,

oferecendo bem-estar aos usuários das rodovias catarinenses, garantindo a livre

circulação, fiscalizando veículos e passageiros, atendendo e prevenindo acidentes,

Page 43: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

42

realizando barreiras policiais, trabalhando na educação para o trânsito, tudo isso

para proporcionar paz e segurança nas rodovias estaduais.

O emprego do cão nessa unidade da PMSC virá somente a auxiliar nas

atividades anteriormente expostas, elevando ainda mais o nível de eficiência e

profissionalismo nas operações realizadas, por conseguinte aumentando a confiança

e a satisfação da comunidade em relação a Polícia Militar e, em maior escala, a

PMRv, a qual sempre buscou contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos

catarinenses e dos que visitam o estado.

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43

4 PODER DE POLÍCIA, ORDEM PÚBLICA E LEGITIMAÇÃO DA POLÍCIA

MILITAR PARA EMPREGAR CÃES NA BUSCA DE ENTORPECENTES

A Polícia Militar detêm ampla missão no âmbito da segurança pública, tendo

como maior objetivo manter sempre um sentimento de paz e sossego no seio da

comunidade. O tráfico de entorpecentes vai contra esses sentimentos, causando nas

pessoas temor e grande desconforto. A Polícia Militar Rodoviária de Santa Catarina

também faz parte desse conjunto e exerce grande influência na fiscalização ao

tráfico de drogas procurando amenizar a sensação de medo que vem sendo

implantado devido à expansão dessa atividade criminosa.

Esse capítulo tem por objetivo esclarecer essa ampla missão ou papel da

Polícia Militar dentro da sociedade brasileira, no caso específico, a sociedade

catarinense, legitimando assim a implantação e emprego de cães de faro nos postos

da PMRv.

O Estado detém a responsabilidade de garantir os direitos da sociedade, no

entanto, tal incumbência é passada à Polícia, devendo essa preservar a Ordem

Pública da coletividade através de ações de polícia, buscando mantê-la, ou em caso

de quebra, restaurá-la.

Nesse diapasão, se torna importante elucidar o que significa o termo polícia e

poder de polícia, do que ele é constituído e como ele pode ser utilizado pelos

agentes de segurança pública, além, de que tipo de poderes existe e como esse

poder é metamorfoseado em “da polícia”. Haja vista a Polícia necessitar ter em sua

posse, uma ferramenta adequada a proporcionar investidura e legitimação a seus

atos, para que, finalmente, possa honrar a missão que lhe cabe.

4.1 POLÍCIA

Grande parte dos dicionários traz o significado de polícia como sendo a

corporação que engloba os órgãos e instituições incumbidas de fazer respeitar leis

ou regras impostas ao cidadão com o fito de assegurar a moral, a ordem e a

segurança pública, e de reprimir e perseguir o crime (FERREIRA, 2004).

Page 45: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

44

Nessa senda Lazzarini (apud Marcineiro e Pacheco, 2005, p. 46) conceitua

polícia como sendo:

O conjunto de instituições, fundadas pelo Estado, para que, segundo as prescrições legais e regulamentares estabelecidas, exerçam vigilância para que se mantenham a ordem pública, a moralidade, a saúde pública e se assegura o bem estar coletivo, garantindo-se a propriedade e outros direitos individuais.

Ainda relacionado à conceituação de Polícia os próprios Marcineiro e

Pacheco (2005, p. 47) concluem ao afirmar que “Polícia é, então, a organização

administrativa que tem por atribuição impor limitações à liberdade (individual ou de

grupo) na exata medida necessária a salvaguarda e manutenção da ordem pública”.

Egon Bittner (apud Manoel, 2004, p. 34), estabelece, em seus apontamentos,

a polícia como o braço do estado que detém legitimação para interferir quando

alguma coisa que não deveria estar acontecendo, está acontecendo, e alguém tem

que tomar alguma providência.

Para que a polícia atue dentro de parâmetros legais, avocando seu papel de

controlador das interações humanas, o Estado cede-lhe seu poder, notoriamente

denominado como poder de polícia (BEZNOS, 1979). Este é proporcionado através

da vontade expressa do povo, pelo contrato social estabelecido, que valida os

direitos do cidadão no que se refere à segurança pública.

Portanto, Polícia são as instituições do Estado que observam o cumprimento

das leis e regulamentos, para que se perceba a manutenção da ordem pública, da

moralidade, da saúde pública, e se assegure o bem-estar coletivo, a propriedade e

outros direitos individuais.

Assim sendo, considera-se polícia uma força pública, que age através de

ações preventivas e repressivas (VALLA, 2004), conforme cada situação enfrentada,

possuidora de um poder, cedido pelo Estado, o qual legitima sua atuação, a fim de

assegurar o estado de normalidade, mesmo que para alcançá-lo, seja necessário o

emprego da força física.

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45

4.2 PODER DE POLÍCIA

É notório que a Administração Pública visa sempre promover o bem-comum,

o bem-estar coletivo, por meio da atenção ao interesse coletivo ou público, nem que

para isso seja necessário limitar o uso dos direitos e das propriedades individuais e

condicionar a sua utilização. Assim sendo, para atender o interesse da coletividade,

a Administração Pública detém uma gama de poderes, denominados

administrativos, que conforme Meirelles (2003, p.112) "[...] são verdadeiros

instrumentos de trabalho, adequados à realização das tarefas administrativas”.

Ainda relacionado aos Poderes Administrativos, Meirelles (2003, p. 112-113)

continua o raciocínio:

Os poderes administrativos nascem com a Administração e se apresentam diversificados segundo as exigências do serviço público, o interesse da coletividade e os objetivos a que se dirigem. Dentro essa diversidade, são classificados, consoante a liberdade da Administração para a prática de seus atos, em poder vinculado e poder discricionário; segundo visem ao ordenamento da Administração ou à punição dos que a ela se vinculam, em poder hierárquico e poder disciplinar; diante de sua finalidade normativa, em poder regulamentar; e, tendo em vista seus objetivos de contenção dos direitos individuais, em poder de polícia.

É por meio de um desses modos de atuação do Estado, o poder de polícia,

que a Administração Pública "[...] atua na continuação dos interesses coletivos que

estão sob sua responsabilidade[...]" (MOREIRA NETO, 1992, p. 293).

Com o que foi visto pode-se então, passar a definir Poder de Polícia que de

acordo com Hely Lopes Meirelles (2003, p. 127), "[...] é a faculdade de que dispõe a

Administração Pública para regular e limitar o uso e gozo de bens, atividades e

direitos individuais, em prol da sociedade ou do próprio Estado." O mesmo autor

ainda afirma que o poder de polícia:

[...] é o mecanismo de frenagem de que dispõe a Administração Pública para conter os abusos do direito individual. Por este mecanismo, que faz parte de toda Administração, o Estado detém a atividade dos particulares que se revelar contrária, nociva ou inconveniente ao bem-estar social, ao desenvolvimento e à segurança nacional. (MEIRELLES, 2003, p. 127)

Page 47: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

46

Moreira Neto (apud Marcineiro e Pacheco, 2005, p.49) ensina que Poder de

Polícia:

É a atividade administrativa do Estado que tem por fim limitar e condicionar o exercício das liberdades e direitos individuais visando assegurar, em nível capaz de preservar a ordem pública, o atendimento de valores mínimos da convivência social, notadamente a segurança, a salubridade, o decoro e a estética.

O conceito legal de Poder de Polícia está disposto no Código Tributário

Nacional, Lei nº 5.172 de 1966, que assim o define em seu Artigo - art. - 78:

Art. 78 - Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

Nesse sentido, de forma muito clara, Marcineiro e Pacheco (2005, p. 48)

substanciam ainda mais o estudo em tela ao afirmar que:

A Polícia não se constitui em um poder. Ela é instrumento do poder de polícia do Estado. Baseia a legitimidade de suas ações no poder de polícia que o Estado possui, de forma exclusiva. Assim não existe poder da polícia, mas sim poder de polícia, mesmo porque o poder de polícia do Estado é exercido por outros órgãos além das organizações policiais, tais como Vigilância Sanitária, Fiscalização da Fazenda, etc. (grifo do autor).

Os mesmos autores ainda continuam seus ensinamentos ao explanar que

“para ser validamente exercido, o poder de polícia, como ato administrativo, deve

atender aos seguintes requisitos” (2005, p. 49):

• Competência da autoridade que praticou o ato. • Finalidade pública, isto é, que se destine à salvaguarda do interesse

público. • Proporcionalidade, isto é, que não se imponham aos particulares, em

nome do poder de polícia, ônus superiores aos que são indispensáveis ao atendimento do interesse geral.

• Legalidade de meios, no exercício do Poder de Polícia, a autoridade não pode ultrapassar os limites da competência de que dispõe em virtude de lei. (grifo do autor).

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47

Portanto, Poder de Polícia seria o simples processo de contenção de

excessos do individualismo, consistindo, em suma, na ação da autoridade pública

para fazer cumprir por todos os indivíduos o dever de não perturbar. Seria aquele

poder ou atividade efetivada pela Administração Pública, impondo limites às

atividades dos administrados, em favor da garantia da ordem pública e do bem-estar

coletivo.

4.2.1 Atributos do Poder de Polícia

Bem como os demais atos administrativos, o poder de polícia também possui

uma série de atributos para que sejam considerados válidos e tenham

conseqüências. No entanto, além dos atributos como competência, finalidade, forma,

motivo e objeto, o poder de polícia é constituído de outros atributos que o distingue

dos demais poderes da administração pública, os quais são: discricionariedade;

auto-executoriedade e a coercibilidade.

4.2.1.1 Discricionariedade

A discricionariedade é manifestada pela livre escolha da oportunidade e

conveniência para utilização do poder de polícia, bem como de impor as sanções e

empregar os meios condizentes a atingir o fim aspirado, que é a proteção do

interesse público. A discricionariedade é legítima desde que o ato de polícia esteja

dentro dos limites impostos pela lei e a autoridade se mantenha na faixa de opção

que lhe é atribuída. (MEIRELLES, 2003, p. 132).

Contribuindo com o estudo em voga, Álvaro Lazzarini (1999, p. 196) escreve

que “a discricionariedade é o uso da liberdade legal de valoração das atividades

policiadas, sendo que esse atributo, ainda, diz respeito à gradação das sanções

administrativas aplicáveis aos infratores”.

Page 49: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

48

Corroborando com este pensamento, Lima (1999. p. 34) acrescenta que.

A discricionariedade se traduz na livre escolha conferida ao Policial Militar para aferir e atribuir valor ao policiamento que está sendo realizado, segundo os critérios de conveniência, oportunidade e justiça, inclusive quanto à sanção de polícia a ser imposta, tudo no extremo limite da lei. (grifo do autor).

Desse modo, a discricionariedade é a liberdade de escolha dentro dos limites

legais, aonde a Administração Pública age pautada na oportunidade e conveniência

para utilizar o poder de polícia, não se confundindo com a arbitrariedade, que

ultrapassa os ditames da lei, atuando sempre de forma a buscar o bem-estar

coletivo.

4.2.1.2 Auto-executoriedade

De acordo com Meirelles (2003, p. 133), a auto-executoriedade é “a faculdade

de a Administração decidir e executar sua decisão por seus próprios meios, sem

intervenção do Judiciário [...].” Portanto este atributo do Poder de Polícia dá a

liberdade a administração pública de executar os atos de polícia administrativa

independentemente de mandado judicial.

Referente à auto-executoriedade, confirmando o que foi afirmado

anteriormente, afirma Álvaro Lazzarini (1999, p. 196):

Quanto a auto-executoriedade do ato de polícia, tenha-se presente que a Pública Administração tem a faculdade de decidir e executar diretamente a sua decisão, como decorrência da própria natureza do Poder de Polícia. Em outras palavras, a decisão e a execução do que se decidiu independe de autorização do Judiciário.

No mesmo sentido, Lima (1999. p. 34) ensina que “a auto-executoriedade é

a faculdade conferida ao administrador policial quando de seu ato de polícia, o qual

independe de prévia aprovação ou autorização do Poder Judiciário para ser

caracterizado”. (grifo do autor).

Page 50: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

49

Portanto, deduz-se que a auto-executoriedade é a liberdade da Administração

Pública de impor e executar por si só as medidas ou sanções impostas aos

administrados através do poder de polícia administrativa.

4.2.1.3 Coercibilidade

Relacionado à coercibilidade, Meirelles (2003, p. 134), define que “é a

imposição coativa das medidas adotadas pela Administração [...].” Todas as

medidas e atos de polícia são imperativos, sendo admitido até o uso da força física

proporcional e necessária para o seu cumprimento, quando resistido pelo

administrado. Não existem atos de polícia que sejam facultativos para o

administrado o seu cumprimento ou não, pois eles admitem a coerção para serem

efetivados e independem também do judiciário.

Nesse diapasão, Álvaro Lazzarini (1999, p. 197) determina que a

coerção, dado o atributo da auto-executoriedade, independe de autorização do Poder Judiciário, pois, é a própria Administração Pública que decidiu, removendo os eventuais obstáculos que o administrado oponha, inclusive, para isso, aplicando as medidas punitivas que a lei indique.

Dando o mesmo enfoque, Lima (1999. p. 34) explica que

A coercibilidade é o ato de polícia imperativa, admitindo-se inclusive, o emprego de força para caracterizá-lo. Entretanto, durante o seu exercício, não haverá espaço para arbitrariedade, manifestadas especialmente pela violência, pelo excesso, frutos do despreparo profissional. (grifo do autor).

Mesmo com a autorização do uso da força, a coercibilidade não admite a

violência desnecessária e desproporcional, podendo essas configurarem excesso ou

abuso de poder. Acontecendo tais atos, o administrado pode vir a provocar ações

civis e criminais para reparação do dano e punição dos culpados. (MEIRELLES,

2003, p. 134).

Assim, considera-se a coercibilidade como sendo o poder da Administração

Pública que tem por finalidade impor as suas medidas ou atos de polícia

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administrativa a sociedade fazendo com que estes cumpram e obedeçam a essas

determinações.

4.2.2 Fases do Poder de Polícia

Objetivando eternizar o Poder de Polícia exercido pelo Estado, o mesmo é

constituído de quatro elementos ou fases, os quais tornam o ato administrativo

eficaz e legítimo. Essas quatro fases fundamentais que expressam o Poder de

Polícia aos administrados são a ordem de polícia, o consentimento de polícia, a

fiscalização de polícia e a sanção de polícia.

4.2.2.1 Ordem de Polícia

Moreira Neto (1992, p. 295) explica a primeira das quatro fases fundamentais

do Poder de Polícia, a Ordem de Polícia, da seguinte forma:

A limitação é o instrumento básico do Poder de Polícia e aqui se apresenta como ordem de polícia, que vem a ser um preceito legal, conforme reserva constitucional (art. 5º, II), para que se não faça aquilo que pode prejudicar o interesse geral ou para que se não deixe de fazer alguma coisa que poderá evitar ulterior prejuízo público.

Já Lima (1999. p. 34) preceitua:

Ordem de polícia – preceito pelo qual o Estado impõe limitação às pessoas, naturais ou jurídicas, para que não se pratique nenhum ato que pode prejudicar o bem comum ou não se deixe de fazer aquilo que poderia evitar prejuízo público. (grifo do autor).

De acordo com o parecer nº GM-25 (BRASIL, 2001):

a ordem de polícia se contém num preceito, que, necessariamente, nasce da lei, pois se trata de uma reserva legal (art. 5º, II), e pode ser enriquecido

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discricionariamente, consoante as circunstâncias, pela Administração. (grifo do autor).

Dessa forma, é importante destacar que a ordem de polícia é uma norma ou

determinação legal emanada pela Administração Pública que tem como foco o bem-

estar da coletividade para que o administrado não cometa atos prejudiciais ao

interesse coletivo ou não deixe de fazer o que poderá evitar um prejuízo posterior a

Administração Pública.

4.2.2.2 Consentimento de Polícia

“O consentimento de polícia, quando couber, será a anuência, vinculada ou

discricionária, do Estado com a atividade submetida ao preceito vedativo relativo,

sempre que satisfeitos os condicionamentos exigidos.” (BRASIL, 2001, grifo do

autor).

Conforme Valla (2004, p. 74), “o consentimento de polícia é dado pela

autoridade administrativa, de acordo com a ordem de polícia e vinculado ao princípio

da legalidade.” (grifo do autor).

Com relação ao consentimento de polícia, Lima (1999. p. 34) leciona:

Consentimento de polícia – controle prévio realizado pelo estado, compatibilizando o interesse particular com o interesse público. Manifesta- se pela licença, vinculada a um direito, ou pela autorização discricionária e revogável, a qualquer tempo. (grifo do autor).

Para o professor Moreira Neto (1992, p. 295),

o consentimento de polícia é, em decorrência, o ato administrativo de anuência para que alguém possa utilizar a propriedade particular ou exercer atividade privada, naqueles casos em que o legislador exija um controle prévio da compatibilização do uso do bem ou do exercício da atividade com o interesse público. (grifo do autor).

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52

Assim sendo, pode-se deduzir que o consentimento de polícia é considerado

o ato da Administração Pública que tem por finalidade assentir, após determinado

controle, que o particular realize ou exerça alguma atividade.

4.2.2.3 Fiscalização de Polícia

Fazendo uso da fiscalização de polícia a Administração Pública verifica tanto

se as determinações emanadas através de ordens de polícia vêm sendo cumpridas,

quanto se não vem sendo violados os limites impostos às atividades e às utilizações

dos bens privados. (MOREIRA NETO, 1992).

Quanto a fiscalização de polícia, Lima (1999. p. 34) determina:

Fiscalização de polícia – é a verificação, de ofício ou provocada, do cumprimento das ordens e consentimentos de polícia. Tem dupla utilidade, a prevenção e a repressão das infrações. Quando a fiscalização de polícia é exercida em matéria de ordem pública, recebe a denominação de policiamento. (grifo do autor).

O Parecer nº GM-25 (BRASIL, 2001) em relação a fiscalização de polícia

orienta que ela é:

[...] uma forma ordinária e inafastável de atuação administrativa, através da qual se verifica o cumprimento da ordem de polícia ou a regularidade da atividade já consentida por uma licença ou uma autorização. A fiscalização pode ser ex officio ou provocada. No caso específico da atuação da polícia de preservação da ordem pública, é que toma o nome de policiamento. (Grifo do autor).

Neste sentido, Moreira Neto (1992, p. 297) expõe que a fiscalização de polícia

“se fará tanto para a verificação do cumprimento das ordens de polícia quanto para

observar se não estão ocorrendo abusos nas utilizações de bens e nas atividades

privadas que receberam consentimentos de polícia”.

O autor acrescenta ainda que a utilidade da fiscalização de polícia é dupla:

[…] primeiramente, realiza a prevenção das infrações pela observação do cumprimento, pelos administrados, das ordens e dos consentimentos de

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polícia; em segundo lugar, prepara a repressão das infrações pela constatação formal dos atos infringentes. (MOREIRA NETO, 1992, p. 297).

A fiscalização de polícia é nada mais nada menos que a atuação da

Administração Pública no sentido de verificar se os consentimentos de polícia

concedidos estão sendo cumpridos de acordo com as ordens de polícia impostas.

Por isso é uma fase que necessita ser realizada continuamente, para que se possa

efetivamente realizar-se e obter uma boa verificação do cumprimento da ordem de

polícia e do consentimento de polícia.

4.2.2.4 Sanção de Polícia

A sanção de polícia é a última das quatro fases de poder de polícia, sendo

aplicada quando ocorre qualquer infração a ordem pública e a legislação vigente. A

fase da sanção de polícia é utilizada quando todo o mecanismo de fiscalização

preventiva vem a falhar, com a ocorrência de violações das ordens de polícia.

(MOREIRA NETO, 1992, p. 297). Dessa forma o Parecer nº GM-25 (BRASIL, 2001)

transmite que:

a sanção de polícia é a atuação administrativa auto-executória que se destina à repressão da infração. No caso da infração à ordem pública, a atividade administrativa, auto-executória, no exercício do poder de polícia, se esgota no constrangimento pessoal, direto e imediato, na justa medida para restabelecê-la. (Grifo do autor).

Nesse sentido, Lima (1999. p. 34) explica:

Sanção de polícia – é a intervenção punitiva do Estado para reprimir a infração. Tratando-se de ofensa à Ordem Pública, é o constrangimento pessoal, direto e imediato, na justa medida para restabelecê-la. (Grifo do autor).

Para Meirelles (2003, p. 136), “mesmo não constituindo crime, as sanções do

poder de polícia podem ser impostas aos atos ou condutas individuais que venham a

ser inconvenientes ou danosos à coletividade, como previstos na norma legal”.

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Esta fase, segundo Moreira Neto (1992, p. 297),

[…] trata-se da aplicação dos instrumentos de intervenção punitiva do Estado na propriedade privada e sobre as atividades particulares. É o chamado mecanismo de sanção externa, que se impõe aos administrados, em oposição ao de sanção interna, que recai sobre os servidores públicos, ambas, espécies do gênero sanção unilateral, aplicável imperativamente. (Grifos do autor).

Moreira Neto (1992, p. 297), por fim, resume que:

[…] a sanção de polícia [...] é unilateral, externa e interventiva, visando a assegurar, por sua aplicação, a repressão da infração e a reestabelecer o atendimento do interesse público, compelindo o infrator à prática de ato corretivo, ou dissuadindo-o de persistir no cometimento da infração administrativa; podendo ser, assim, suasiva ou compulsiva.

Enfim, a sanção de polícia é a última fase do poder de polícia e a última

medida a ser adotada por quem o detenha, sendo aplicada somente quando as

medidas preventivas de fiscalização não resultarem positivamente.

4.3 MISSÃO CONSTITUCIONAL DA POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA

4.3.1 Constituição Federal

A Constituição Federal de 1988, também denominada de Constituição

Cidadã, é a Lei maior no país, sendo todas as outras subordinadas a ela e devendo

obedecer tudo o que preceitua. O legislador constituinte fixou no artigo primeiro da

Carta Magna a concepção de Estado Democrático de Direito, para vigorar em todo

território nacional, a partir do qual todos vivem sob um regime de leis que regem

para o bem estar social. Com relação a Constituição Federal Donaldo J. Felippe

(2006, p. 75) define:

Lei fundamental da organização política de uma nação soberana, consistente num conjunto sistemático de normas que determinam a sua

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forma de governo, instituem os poderes públicos, regulam as suas funções, asseguram as garantias e a independência dos cidadãos em geral, estabelecendo os direitos e deveres essenciais e recíprocos entre eles e o Estado. É a lei maior, Texto Ápice ou Carta Política Nacional.

Na mesma temática, o autor complementa seu raciocínio ao explicar que.

A Constituição, num Estado de Direito, é a Lei Máxima, que submete todos os cidadãos e os próprios poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Uma norma jurídica só será considerada válida se estiver em harmonia com as normas constitucionais. (CARRAZA, apud FELIPPE, 2006, p.75).

A Lex Matter de 1988 preconiza ainda em seus artigos 5º e 6º o seguinte:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e a propriedade, nos termos seguintes: [...] Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (BRASIL, 2004) (grifo nosso).

Polícia Ostensiva e Preservação da Ordem Pública foram as missões

delegadas pela Lei das Leis de 1988 às Polícias Militares, conforme o que é disposto

em seu art. 144, que ainda estabelece os órgãos responsáveis pela segurança

pública, bem como as missões que lhes cabem:

Art. 144 – A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: [...] V – polícias militares e corpos de bombeiros militares. §5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; [...]. § 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. (BRASIL, 2004).

Corroborando, nesta senda, Marcineiro e Pacheco acrescentam que (2005, p.

77) “A função das Policias Militares é de caráter policial, embora revestida de uma

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estética militar, posto que a Constituição Federal define como atribuição das Polícias

Militares a preservação da ordem pública e não a segurança nacional”.

Por Polícia Ostensiva pode-se entender como aquela que vai além da idéia

de policiamento ostensivo, o qual constitui apenas uma das fases da atividade de

Polícia. Desse modo, o conceito de polícia ostensiva busca ampliar a competência,

bem como garantir a exclusividade deste às Polícias Militares, não restringindo

somente a atuação, mas também à concepção, ao planejamento, à coordenação e a

condução das atividades relacionadas. (VALLA, 2004, p.74)

De acordo com Thereza Helena S. de Miranda, através do Parecer nº GM-25,

pode-se entender Polícia Ostensiva como sendo:

A Polícia Ostensiva é uma expressão nova, não só no texto constitucional, como na nomenclatura da especialidade. Foi adotada por dois motivos: o primeiro de estabelecer a exclusividade constitucional e o segundo para marcar a expansão da competência policial dos Policiais Militares, além do policiamento ostensivo, que é apenas uma das fases da atividade policial. Em sendo assim a expressão Polícia Ostensiva expande a atuação das Polícias Militares à integralidade das fases do poder de polícia: a ordem, o consentimento, a fiscalização de polícia e a sanção.

Complementando o raciocínio Cabral (2004, p.52) afirma que:

A Polícia Militar executa sua missão de polícia ostensiva através da identificação dos policiais militares pelo uso de uniformes, equipamentos e armamentos, sendo tal missão um fator essencial para o sucesso da Segurança e da Ordem Pública.

O art. 144 da Magna Carta traz ainda outro conceito que merece especial

atenção para legitimação da implantação de canis setoriais nos postos da PMRv, o

qual seja “preservação da ordem pública”.

Quanto à preservação, Valla (2004, p. 4) explica que:

A preservação abrange tanto a prevenção quanto a restauração da ordem pública, no caso, pois seu objetivo é defendê-la, resguardá-la, conservá-la íntegra e intacta. Daí, afirma-se, agora com plena convicção, que a polícia de preservação da ordem pública abrange as funções de polícia preventiva e a parte da polícia judiciária, denominada de repressão imediata, pois é nela que ocorre a restauração da ordem pública. Nota-se com clareza a amplitude maior da preservação comparada com manutenção.

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Em relação à Ordem Pública, O regulamento para as Polícias Militares e

Corpos de Bombeiros Militares (R-200), aprovado pelo Decreto nº 88.777, de 30 de

setembro de 1983, conceituou ordem pública como:

conjunto de regras formais que emanam do ordenamento jurídico da nação, tendo por escopo regular as relações sociais de todos os níveis do interesse público, estabelecendo um clima de convivência harmônica e pacífica, constituindo uma situação ou condição que conduza ao bem comum. (BRASIL, 1983).

Hely Lopes Meirelles (1987, p. 156) diz que ordem pública “é a situação de

tranqüilidade e normalidade que o Estado assegura – ou deve assegurar – às

instituições e a todos os membros da sociedade, consoante as normas jurídicas

legalmente estabelecidas”.

Já Marcineiro e Pacheco (2005, p. 44), determinam Ordem Pública como

“uma situação real, e não apenas jurídica, que representa a forma de convívio social

onde imperam o interesse público, a estabilidade das instituições e os direitos

individuais e coletivos das pessoas”.

Isto posto, vale lembrar que as organizações policiais existem para a

preservação da ordem pública, executando esta missão com base no poder de

polícia estatal, o qual vem a dar amparo ao poder da polícia para atuação. Agindo

então no tráfego, no policiamento de eventos esportivos, sociais, no policiamento

ostensivo preventivo, visando coibir o cometimento de ilícitos e, quando isto não for

possível, agindo de forma repressiva na persecução dos infratores da norma.

É oportuna então a lição de Álvaro Lazzarini (1999, p. 53) quanto a definição

de ordem pública, esclarecendo que “a ordem pública, portanto, é efeito de causa

segurança pública, como também, acrescentamos, é efeito da causa da

tranqüilidade pública ou, ainda, efeito da causa salubridade pública”, sendo cada um

desses aspectos, por si só, a causa do efeito ordem pública.

Somando a estes ensinamentos, Lazzarini (2003, p.79), cita Cretella Júnior

(1978, p. 370), quando traz que:

A ordem pública é constituída por um mínimo de condições essenciais a uma vida social conveniente, formando-lhe o fundamento à segurança dos bens e das pessoas, à salubridade e à tranqüilidade, revestindo, finalmente, aspectos econômicos (luta contra monopólios, [...]), e, ainda, estéticos (proteção de lugares e monumentos).

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Dito isto, se torna importante conceituar estes três fundamentos que formam

a Ordem Pública, sendo eles a segurança pública, a tranqüilidade pública e a

salubridade pública.

Segurança Pública conforme Lazzarini (2003, p. 81) é:

[...] estado antidelitual que resulta da observância dos preceitos tutelados pelos códigos penais comuns e pela lei das contravenções penais, com ações de polícia preventiva ou de repressão imediata, afastando-se, assim, por meio de organizações próprias, de todo perigo, ou de todo mal que possa afetar a ordem pública, em prejuízo da vida, da liberdade ou dos direitos de propriedade das pessoas, limitando as liberdades individuais, estabelecendo que a liberdade de cada pessoa, mesmo em fazer aquilo que a lei não lhe veda, não pode ir além da liberdade assegurada aos demais, ofendendo-a.

Ainda sobre segurança pública resume Moreira Neto (1987, p. 127) que o que

se garante é a convivência pacífica e harmoniosa, devendo ser garantida pelo

Estado, detentor do uso da força na sociedade e, assim, responsável por preservar a

ordem pública; deve ser garantida a ordem pública contra a ação de seus

perturbadores; e garante-se a ordem pública através do exercício do poder de

polícia.

Nestes termos, entende-se que a segurança pública, sendo um dos aspectos

da ordem pública, constitui-se no estado de garantia da ordem pública através de

ações voltadas a assegurar o exercício e gozo dos direitos por toda a coletividade.

Concernente a tranqüilidade pública, Lazzarini (1999, p. 22) comenta que:

A tranqüilidade pública diz respeito à segurança e ordem que devem reinar em sociedade, competindo à administração pública, dentro do poder de polícia, provê-la, tendo ela amparo na lei penal. A tranqüilidade, sem dúvida alguma, constitui direito inerente a toda pessoa, em virtude do qual está autorizada a impor que lhe respeitem o bem-estar, ou a comodidade de seu viver.

Portanto, percebe-se que para haver ordem pública, necessita-se também

deste elemento essencial que é a tranqüilidade pública, representado pelo estado de

sossego, pela quietude pública e pela convivência harmoniosa, pacífica e tranqüila

das pessoas. Sendo essa calma assegurada a partir de medidas e ações que

permitam a preservação da ordem e normalidade da sociedade.

Álvaro Lazzarini (1999, p. 23) ainda define salubridade pública como sendo:

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Salubridade refere-se ao que é saudável, conforme as condições favoráveis à vida, certo que referindo-se as condições sanitárias de ordem pública, ou coletiva, a expressão salubridade pública designa também o estado de sanidade e de higiene de um lugar, em razão do qual se mostram propícias as condições de vida de seus habitantes.

Desse modo, pode-se notar pelo conceito apresentado, que a salubridade

pública refere-se às condições sanitárias do local, relacionando-se com a higiene e

limpeza, condições de ordem pública importantes para o desenvolvimento sadio e

saudável das pessoas, devendo o órgão policial atuar nas situações em que a

ordem pública estiver em risco, afetando a saúde da população de determinado

local.

4.3.2 Constituição Estadual

A Constituição do Estado de Santa Catarina de 1989, por sua vez, nos seus

artigos 105 e 107, menciona a missão da Polícia Militar, dispondo de forma

semelhante à Constituição da República Federativa do Brasil – CRFB – de 1988.

Art. 105 - A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, e exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: [...]; II - Policia Militar. (SANTA CATARINA 1989)

A mesma Constituição Estadual, no seu Art. 107, prescreve:

Art. 107. À Polícia Militar, órgão permanente, força auxiliar, reserva do Exército, organizada com base na hierarquia e na disciplina, subordinada ao Governador do Estado, cabe, nos limites de sua competência, além de outras atribuições estabelecidas em Lei: I – exercer a polícia ostensiva relacionada com: a) A preservação da ordem e da segurança pública; b) O radiopatrulhamento terrestre, aéreo, lacustre e fluvial; c) O patrulhamento rodoviário; d) A guarda e a fiscalização das florestas e dos mananciais; e) A guarda e a fiscalização do trânsito urbano; f) A polícia judiciária militar, nos termos de lei federal; g) A proteção do meio ambiente;

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h) A garantia do exercício do poder de polícia dos órgãos e entidades públicas, especialmente da área fazendária, sanitária, de proteção ambiental, de uso e ocupação do solo e de patrimônio cultural; II – cooperar com órgãos de defesa civil; e; III – atuar preventivamente como força de dissuasão e repressivamente como de restauração da ordem pública. (SANTA CATARINA, 1989). (grifo nosso).

Seguindo o que foi preconizado em 1988 na Constituição Federal, a

Constituição Estadual de Santa Catarina, em seu art. 107 inciso I, deu a Polícia

Militar a competência de polícia ostensiva e a missão de preservação da ordem

pública, no inciso III do mesmo artigo, ao mencionar a atuação preventiva e

repressiva para a restauração da ordem pública.

4.3.3 Legislação Infraconstitucional

Antes mesmo à formulação da Constituição da República de 1988, normas

infraconstitucionais já definiam e fundamentavam as atribuições das Polícias

Militares. Tais normas conservam-se vigentes, mesmo após a ascensão da

Constituição Brasileira que vigora hoje. Em sendo assim, tem-se o Decreto-lei nº

667, de 02 de julho de 1969, alterado pelo Decreto-lei 1.406, de 24 de junho de

1975, e pelo Decreto-lei 2.010, de 12 de janeiro de 1983, que reorganiza as Polícias

Militares e os Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, dos Territórios e do

Distrito Federal, e o Decreto nº 88.777, de 30 de setembro de 1983, que aprovou o

regulamento para as Policias Militares e Corpos de Bombeiros Militares (R-200).

Estas legislações têm como objeto os órgãos militares estaduais. O Decreto-lei nº

667, de 02 de julho de 1969, dispõe em seu art. 3º, alterado pelo Decreto-lei nº

2.010/83 em seu art. 1º:

Art. 3º - Instituídas para a manutenção da ordem pública e segurança interna nos Estados, nos Territórios e no Distrito Federal, compete às Polícias Militares, no âmbito de suas respectivas jurisdições: a) executar com exclusividade, ressalvas as missões peculiares das Forças Armadas, o policiamento ostensivo, fardado, planejado pela autoridade competente, a fim de assegurar o cumprimento da lei, a manutenção da ordem pública e o exercício dos poderes constituídos; b) atuar de maneira preventiva, como força de dissuasão, em locais ou áreas específicas, onde se presuma ser possível a perturbação da ordem;

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c) atuar de maneira repressiva, em caso de perturbação da ordem, precedendo o eventual emprego das Forças Armadas. (BRASIL, 1969). [...]

Com o advento do Decreto-Lei nº 667/69, nasce a competência para o

policiamento ostensivo, passando a ser missão exclusiva das Polícias Militares.

(FONSECA, 2005).

Relacionado à ostensividade, Moraes et al (2000, p. 15-16) chama a atenção

que:

[...] ostensivo é o que está à mostra ou o que chama a atenção, enquanto que preventivo é tudo que previne ou que evita. Portanto, um policial poderá estar ostensivamente numa esquina ou numa cabina; uma viatura com policiais poderá estar ostensivamente parada sobre uma calçada; uma banda de músicos uniformizados, numa praça, acha-se ostensivamente aos olhos de quantos por ali passem; entretanto, isso não quer dizer que estejam realizando policiamento preventivo, já que este é mais difícil e requer preparo específico de prevenção policial, de atenção constante, para evitar que os fatos aconteçam (grifo do autor).

O Decreto nº 88.777, estabelece conceitos de valor maior para a segurança

pública e para a legitimação da atividade policial militar, buscando assim, no caso

em tela, tornar autentico o emprego de cães de faro como uma relevante ferramenta

para o policiamento. Desse modo, o art. 2º do Decreto nº 88.777, em seu item “25”

dispõe o seguinte:

Art. 2º - Para efeito do Decreto-lei nº 667, de 02 de julho de 1969 modificado pelo Decreto-lei nº 1.406, de 24 de junho de 1975, e pelo Decreto-lei nº 2.010, de 12 de janeiro de 1983, e deste Regulamento, são estabelecidos os seguintes conceitos: [...] 25) Perturbação da Ordem - Abrange todos os tipos de ação, inclusive as decorrentes de calamidade pública que, por sua natureza, origem, amplitude e potencial possam vir a comprometer, na esfera estadual, o exercício dos poderes constituídos, o cumprimento das leis e a manutenção da ordem pública, ameaçando a população e propriedades públicas e privadas.

Já em o item “27” determina o seguinte:

27) Policiamento Ostensivo - Ação policial, exclusiva das Policias Militares em cujo emprego o homem ou a fração de tropa engajados sejam identificados de relance, quer pela farda quer pelo equipamento, ou viatura, objetivando a manutenção da ordem pública. São tipos desse policiamento, a cargo das Polícias Militares ressalvadas as missões peculiares das Forças Armadas, os seguintes: - ostensivo geral, urbano e rural;

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- de trânsito; - florestal e de mananciais; - rodoviário e ferroviário, nas estradas estaduais; - portuário; - fluvial e lacustre; - de radiopatrulha terrestre e aérea; - de segurança externa dos estabelecimentos penais do Estado; - outros, fixados em legislação da Unidade Federativa, ouvido o Estado-Maior do Exército através da Inspetoria-Geral das Polícias Militares. (BRASIL, 1983). (grifo nosso).

Concernente ao que é posto em voga através do Decreto-Lei nº 88.777, de 30

de setembro de 1983 (R-200), entende-se que esse veio para regulamentar o

Decreto-Lei 667/69, definindo assim as características próprias do policiamento

ostensivo, como se observa no item 27 do seu art. 2º anteriormente visto.

(FONSECA, 2005).

4.3.4 Portaria Nº 332/PMSC de 14 de agosto de 2002

Para o estudo aqui evidenciado se torna oportuno ainda trazer a tona em que

a Polícia Militar de Santa Catarina se baseia para a criação de seus canis, bem

como qual o seu objetivo e em quais situações os cães poderão ser empregados.

Dessa forma é importante invocar a Portaria Nº 332 de 14 de agosto de 2002 da

PMSC, que destarte traz em seu art. 2º qual finalidade dos canis:

Art. 2º A finalidade principal dos canis, é possibilitar a execução de policiamento preventivo e repressivo com emprego de cães em operações e/ou ações integradas, autônomas ou coordenadas, mediante planejamento próprio, isoladamente, ou em apoio a outras organizações policiais militares.

Já no art. 3º a Portaria Nº 332/2002 define em quais missões poderão ser

empregados os cães, como se pode ver:

Art. 3º Os cães poderão ser empregados nas seguintes missões. I - Policiamento ostensivo; II - Operação de busca, resgate e salvamento; III - Demonstração de cunho educacional/ recreativo; IV - Policiamento em praças desportivas; V - Controle de distúrbios civis; VI - Provas oficiais de trabalho e estrutura;

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VII - Controle de rebelião e/ou fuga de presos; VIII - Formaturas e desfiles de caráter cívico-militar; IX - Detecção de entorpecentes e artefatos explosivos. Parágrafo único. Os cães poderão ser empregados em outras missões para as quais estejam treinados, desde que sejam relacionados com as atividades da Corporação. (grifo nosso)

O emprego de cães em atividades policiais, não somente no faro de

entorpecentes, promove enormes benefícios para a guarnição policial que os utiliza,

para a corporação policial militar e para a comunidade de forma ampla, mostrando-

se sempre vantajoso. Entretanto, algumas peculiaridades e critérios devem ser

observados, aplicando-se sempre a técnica de forma adequada, obtendo-se com

isso:

-maior efeito psicológico; -segurança do policial; -valorização da tropa; -em determinadas missões resultará em maior possibilidade de êxito; -economia de efetivo; -o cão facilita a ação policial quando desenvolvida em locais de difícil acesso ou em locais onde o risco é mais iminente; (MARTINS; SOUZA, 2003, p. 3).

O policiamento com cães, uma suplementação ao policiamento ostensivo,

devido as suas peculiaridades somente deve ser empregado após a observância

dos seguintes critérios técnicos:

-o planejamento: é a condição essencial para o emprego do animal e poderá ser definido em nível estratégico, tático e técnico; -em nível de decisão estratégica, o alto escalão da corporação decidirá sobre a conveniência e circunstâncias do emprego da fração de cães nas diversas operações; não deve haver limite jurisdicional para o emprego de cães. Por decisão de quem de direito, atua onde sua presença se faça necessário, quer de forma isolada, quer em apoio a outra OPM; -ainda no tocante ao planejamento, há que se ressaltar a necessidade de ser o mais detalhado possível, de forma a possibilitar uma perfeita execução. (MARTINS; SOUZA, 2003, p. 3).

Concernente a suplementação ao policiamento ostensivo, o Manual Básico de

Policiamento Ostensivo da seguinte forma postula.

São recursos adicionais que aumentam a capacidade operacional em ações ou operações rotineiras e/ou específicas:

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1) Cão; 2) Rádio transceptor; 3) Armamento e equipamento peculiares; 4) Outros.

O cão constitui excelente ferramenta para utilização na atividade policial

militar, o uso racional e obediente aos princípios de emprego resulta em êxito no

atendimento de variadas ocorrências policiais. Dessa forma, o cão pode ser utilizado

em diversas missões, entre elas a detecção de entorpecentes.

Neste diapasão fica claro a legitimação dada pela Portaria Nº

332/PMSC/2002 para a implantação e emprego de cães de faro de entorpecentes

nos diversos postos do Batalhão de Polícia Militar Rodoviária espalhados pelo

Estado. Tal portaria, em conjunto às demais leis e doutrinas nesse capítulo

apresentadas formam uma base concreta para que isso venha a se tornar realidade

no estado catarinense.

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5 RAÇAS DE CÃES MAIS APROPRIADAS PARA O SERVIÇO POLICIAL

FOCADO PARA O FARO DE ENTORPECENTES

Conforme evidenciado no decorrer do labor científico em tela, os cães, em

geral, têm como característica marcante seu faro aguçado, o que lhe permite

encontrar nos locais mais improváveis pessoas soterradas, hidrocarbonetos,

explosivos e todo tipo de material, inclusive entorpecentes, o qual é o foco do atual

estudo. Porém, seu aparelho olfativo desenvolvido, por si só, não é suficiente para o

emprego do cão na busca de drogas, devendo os cães policiais detectores de

alucinógenos possuírem outras características de suma importância para o sucesso

das referidas buscas, além da aptidão olfativa.

A busca de drogas em veículos é ainda mais árdua, por exigir muito do cão, já

que é necessário que o animal avance gradualmente pelo adestramento, verificando

cada área do carro; desde as partes exteriores, como assoalho e rodas; passando

pela parte interior, incluindo as placas do piso, o teto e o painel; e pela parte traseira,

ou seja, o bagageiro; e finalizando na parte da frente, ou compartimento do motor do

veículo. Busca-se com tudo isso garantir que o cão esteja aprendendo cada uma

das fases, apesar de continuar acreditando que está participando em uma mera

brincadeira. (HELFERS, 2005).

Helfers (2005) ainda ensina que para a seleção do cão empregado em

fiscalizações de drogas alguns requisitos devem ser observados, tais como: raça;

idade e maturidade; ímpeto para a recuperação de objetos; compatibilidade e

intensidade do faro. Em relação à raça o autor leciona o seguinte.

A raça dos cães pode variar em muito, dependendo das diferentes regiões, de aspectos ambientais e da própria disponibilidade das raças. A raça ideal será aquela em que a habilidade do faro seja altamente instintiva, associada a um ímpeto intenso para brincar e recuperar objetos. Praticamente todas as raças esportivas de cães pertencem a essa categoria, muito embora predominem animais como o Labrador Retriever, o Golden Retriever e o Pointer Alemão de pelo Curto. Além disso, os cães empregados em atividade policial em geral, como Pastores Alemães e Pastores Belgas Malinois revelam a sua eficácia no campo da detecção de drogas. (HELFERS, 2005, p. 7). (grifos do autor).

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Quanto à maturidade para o treinamento do cão se torna importante levantar

os apontamentos de Fred Helfers (2005, p. 7), o qual explica.

De modo geral, a idade do cão deve ser de 18 a 24 meses, ou, com uma maturidade que reflita essa idade. As fêmeas em geral amadurecem e criam vínculos mais rapidamente do que os machos. Nada disso quer dizer que o cão não possa começar a ser adestrado quando mais jovem: com certeza pode, e já foram atingidos excelentes resultados. Por outro lado, é necessário que o adestrador compreenda que colocar um cão imaturo na área altamente estressante do trabalho de detecção pode levar a resultados desastrosos.

Já no tocante ao ímpeto para recuperação de objetos, a compatibilidade e a

intensidade do faro apresentada pelo cão, explica Helfers (2005, p. 7).

Igualmente importantes são o ímpeto de recuperar objetos, a compatibilidade e a intensidade do faro. O cão deverá exibir vontade intensa de recuperar objetos, ao ponto de tratar de recuperar praticamente qualquer objeto que lhe seja solicitado apanhar.

Portanto, se torna importante elucidar algumas raças de cães que apresentem

tais características, além de outras, “dentre as quais se destacam: sobriedade,

robustez, agilidade e memória, além de forte temperamento unido às extraordinárias

condições sensoriais”. (MACHADO et all, p. 86, 2001). A Enciclopédia do Cão da

Royal Canin elenca ainda outras características inerentes ao cão policial farejador

de entorpecentes ao afirmar que “o cão de entorpecentes ideal deve ser brincalhão,

dinâmico e de tamanho médio e flexível que lhe permita se introduzir em todo lugar

e, eventualmente, escalar ou transpor um obstáculo”. (2001, p. 404).

Relacionado ao cão de detecção de drogas, Fred Helfers (2005, p. 26) ainda

elenca alguns traços desejáveis que tais animais deverão apresentar, os quais

sejam: motivação; intensidade; discriminação de cheiros; socialização e habilidade

em trazer de volta. Quanto à motivação, intensidade e discriminação de cheiros o

autor expõe.

Motivação: O cão precisa possuir e revelar personalidade altamente motivada, sendo especialmente desejável a vontade intensa de brincar e o desejo de agradar o adestrador. Intensidade: [...] Um cão “intenso” é o que mantém o enfoque absoluto ao empregar o seu faro, na busca pelo seu “brinquedo”. Intensidade não é necessariamente sinônimo de hiperatividade, mas sim de um desejo

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insaciável de descobrir a fonte do odor, quaisquer que sejam as circunstâncias. Discriminação de Cheiros: A maior parte das raças caninas possui essa habilidade, em maior ou menor grau. Por outro lado, o traço mostra-se mais marcante entre as raças esportivas de cães, ou entre os criados especialmente para o desenvolvimento da acuidade do faro.

Já quanto à socialização e a habilidade em trazer de volta que o cão de faro

deve apresentar, Helfers (2005, p. 26) manifesta-se da seguinte forma.

Socialização: [...] O cão precisa possuir a confiança e a experiência necessárias para atuar nos mais diversos ambientes, o que não significa que um animal jovem e inexperiente não possa ser eficiente na atividade de farejamento. Caso um cão jovem mostre coragem e curiosidade, mas seja cauteloso em relação a ambientes novos, tudo será simplesmente questão de uma fase de seu crescimento. Não devemos agir com impetuosidade e confundir um cão cauteloso com um não confiante. Habilidade em Trazer de Volta: É preferível que o cão revele um ímpeto forte de trazer de volta qualquer objeto que seja atirado para longe dele, ou escondido dele. Ao encontrar o objeto, deverá mostrar certo grau de possessividade: não basta o cão simplesmente correr para apanhar o objeto atirado – ele precisa carregá-lo, de preferência para devolvê-lo ao adestrador.

Assim sendo, esse capítulo tem por finalidade apresentar as principais raças

caninas empregadas para a detecção de entorpecentes utilizadas pelas polícias no

Brasil e no mundo, bem como expor as características que fazem dessas raças tão

boas na atividade de farejo. Portanto, se torna importante elencar essas raças, quais

sejam: pastor alemão; labrador retriever; weimaraner; cocker spaniel inglês; pastor

belga malinois, beagle e springer spaniel inglês.

5.1 PASTOR ALEMÃO

Como seu nome já sugere, teve origem na Alemanha, vindo a aparecer pela

primeira vez na Exposição de Hanôver em 1892. Foi resultado de uma seleção

realizada pelo Capitão Von Stephanitz entre cães pastores do centro e do sul da

Alemanha, a qual tinha como finalidade desenvolver um cão qualificado para as

mais variadas atividades laborais. Logo se mostrou um cão de múltiplas facetas,

sendo aplicado desde trabalhos domésticos, como o pastoreio, até seu emprego em

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guerras, onde atuou de forma eficiente em atividades de resgate, defesa e detecção

de gases de combate, conforme o que apregoa a Enciclopédia do Cão (2001, p. 26).

Durante a Primeira Guerra Mundial, o Pastor alemão mostrou logo seus talentos: detecção de gases de combate, sentinela, auxílio na prestação de socorro. O Pastor alemão se tornou o arquétipo do cão de utilidade, e também graças a sua estética e a sua adaptabilidade, o número 1 da cinofilia mundial.

O Pastor alemão apresenta como características físicas principais o porte

médio, levemente mais alongado que alto, vigoroso, robusto, musculoso, com

ossatura rústica; estrutura sólida, exibindo altura na cernelha de 60 a 65 centímetros

para os machos e 55 a 60 centímetros para as fêmeas, com peso médio variando

entre 35 e 40 kg. Concomitante a essas características físicas, demonstra um

temperamento corajoso, alegre, obediente, equilibrado, leal, afetuoso com o dono,

amigo das crianças e tolerante com os outros animais, reunindo assim condições

que o tornem capacitado às funções de escolta, guarda, proteção, serviço, trabalho

com rebanho e de faro. Relacionado ao temperamento, aptidões e educação do

Pastor alemão, a Enciclopédia do Cão (2001, p. 26) ensina.

Deve ser ponderado, bem equilibrado, autoconfiante, vigilante, dócil, corajoso, ter um caráter bem equilibrado e possuir instinto de luta. É obediente, perfeitamente fiel, possui um dos melhores faros. Vivo, alegre, leal, possui uma real capacidade de aprendizagem por gostar muito de obedecer.

Ainda que não exista um tipo ideal, que poderia servir de padrão, o Pastor

Alemão é mundialmente reconhecido como a raça que mais se aproxima do cão

“perfeito” para o trabalho policial militar. São cães extremamente versáteis, com um

grande poder de assimilação, podendo ser usados em situações de guarda, choque,

faro ou policiamento de rua. Talvez seja por isso que todos os centros de

adestramento do mundo possuem esses animais. Nesse sentido Maggi apud

Machado et all (2001, p. 87) afirma que “O cão tem que ter boa capacidade olfativa,

inteligência, força, boa capacidade de memorização, disposição, devoção,

docilidade, individualidade e versatilidade. Das raças tentadas, o Pastor Alemão

possuía estas qualidades”.

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Figura 1 – Foto do cão da raça Pastor Alemão Fonte: http//www.ianimais.com.br/cachorro-pastor-alemao/foto-docachorro-pastor-alemao

5.2 LABRADOR RETRIEVER

O Labrador, como e comumente chamado, tem sua origem no Canadá, sendo

descendente do cão de Saint Jones, o qual habitava a ilha de Terra Nova no século

XVIII. Posteriormente foram levados para a Inglaterra onde foram empregados por

longa data na busca da caça abatida, sendo por fim utilizado para a caça

propriamente dita, atuando na perseguição da presa. Conforme Scanzinani (1983, p.

278), nos dias atuais o labrador se afirmou como cão de guarda, de defesa pessoal

e de polícia, em especial na busca de drogas dissimuladas em bagagens e

automóveis.

Apresenta como características físicas principais uma constituição robusta, o

tronco curto, crânio largo, peito e costelas largos e profundos e o lombo forte, os

machos possuem a altura entre 56 e 57 cm, e as fêmeas entre 54 e 56 cm. O peso

varia dos 25 kg para as fêmeas até os 31 kg para os machos. Tais características

físicas são complementadas por traços comportamentais como seu temperamento

vivo, ativo, afetuoso, simpático, inteligente, ágil, gentil, perspicaz, obediente, não

agressivo, facilmente adaptável ao meio e companheiro. (CANIN, 2001).

Tais traços comportamentais, juntamente a suas aptidões físicas e seu

excelente faro fazem do labrador uma raça propensa a ser “sempre usada pela

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polícia na luta contra os traficantes”. (SCANZIANI, 1983, p. 279). Com relação ao

temperamento, aptidões e educação dos cães da raça Labrador Retriever, a

Enciclopédia do Cão da Royal Canin (2001, p. 289) evidencia.

Muito ativo, ágil, seguro de si mesmo, teimoso, esse cão é dotado de um faro excepcional (“Pointer dos Retrievers”!), nada muito bem e é o rei dos retrievers. Ele sabe recolher toda a caça tanto sobre a terra quanto na água. Possuindo uma memória visual muito grande, ele tem a capacidade de memorizar o ponto de queda de vários pássaros. É um rastreador tenaz e bom farejador de sangue de caça ferida. Muito equilibrado, nunca agressivo, o seu bom caráter o torna um agradável cão de companhia. Sua educação exige firmeza e suavidade. (Grifo nosso).

O Canil do 10º Grupo do Batalhão de Polícia Militar Rodoviária de Santa

Catarina, Organização Policial Militar – OPM – referência para o estudo em tela, tem

em seu plantel um cão da raça Labrador Retriever, o qual é utilizado nas atividades

de faro de drogas. Esse Labrador, a cadela Mel, apresenta as características

necessárias para um cão farejador de entorpecentes, sendo peça fundamental para

o sucesso das operações de fiscalização de tráfico de narcóticos no citado grupo.

Tais informações são corroboradas pela notícia de 2006 disponibilizada na página

eletrônica do BPMRv, intitulada como: 10º Grupo (Painel) faz apreensão de

Maconha e Cocaína, conforme segue:

10º Grupo (Painel) faz apreensão de maconha e Cocaína que estava em ônibus que fazia a linha Foz do Iguaçu-Criciuma. No veículo estava o masculino ROGER DIEL VARGAS, 20 anos, com qual foram encontrados aproximadamente 2 kg de maconha e 180 gr de cocaína, sendo a maconha encontrada com uma mochila com auxílio da “cadela Mel”, do canil deste pelotão e a cocaína, entre as vestes do referido elemento. Imediatamente deu-se voz de prisão ao indivíduo, sendo ele conduzido a Central de Polícia de Lages para a lavratura do Auto de Prisão em Flagrante. (Grifo do Autor).

Se o Pastor Alemão é considerado o cão policial modelo, o Labrador pode ser

visto como o cão ideal para ser empregado em operações de detecção de drogas

por todas as características anteriormente levantadas, mas principalmente pelo seu

faro extraordinário, se companheirismo e pelo seu instinto para a brincadeira. Por

tudo isso, o farejo de drogas vem se tornando, cada vez mais, a atividade principal

dessa raça de cães em auxílio ao homem.

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Figura 2 – Foto do cão da raça Labrador Retriever Fonte: http://www.typesofdogs.org/labrador-retriever.html

5.3 COCKER SPANIEL INGLÊS

Originário da Grã-Bretanha, o Cocker Spainel Inglês, o mais antigo membro

da família dos spaniels britânicos, descende do Spaniel da Idade Média. Desde sua

aparição foi utilizado na atividade de caça, sendo selecionado pelos criadores

britânicos para empregá-lo na caça de rede de pássaros já no século XIV. Começou

sua expansão ao ser levado a França e aos Estados Unidos por volta de 1883 ainda

com fama de cão de caça. Hoje o vulgo Cocker é muito expandido em todo o

mundo, sendo considerado principalmente como um modelo de cão de companhia.

(CANIN, 2001).

A raça aqui evidenciada expõe uma natureza alegre, a cauda com movimento

incessante e atividade típica cheia de energia, principalmente quando segue o

rastro, sem medo de penetrar em esconderijos densos. É um cão robusto, próprio

para a caça, bem balanceado e compacto, medindo, da cernelha ao chão,

aproximadamente, o mesmo que o da cernelha à inserção da cauda. Apresenta

altura aproximada para machos de 39 a 41 cm e para fêmeas de 38 a 39 cm, seu

peso varia entre 12 a 14,5 kg.

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Nesse mister se torna importante demonstrar o temperamento, as aptidões,

bem como a educação manifestada pelo cocker. Sobre isso, a Enciclopédia do Cão

transmite.

Vigoroso, muito ativo, tenaz, vivo, é um grande caçador de caça de pêlo e de penas em terrenos difíceis. Não teme o mato. É dotado de um grande faro e bate o terreno a dez ou quinze metros do caçador. Sua busca é agitada. Após ter apontado a caça, ele persegue todo animal de pêlo ou pena. Ele foi muito utilizado na caça aos coelhos. É um bom Retriever, mas às vezes lhe é difícil abocanhar um pato m águas profundas. Alegre, jovial, exuberante, cheio de vida, dotado de uma forte personalidade, ele é independente, mas também afetuoso e meigo. É um companheiro encantador.

Desse modo, o Cocker Spaniel Inglês é um cão que na sua origem apresenta

traços relevantes, que o tornam apto ao serviço de detecção de entorpecentes. No

entanto com o passar do tempo sua característica de cão de caça foi sendo deixada

em segundo plano, tornando-se uma das principais raças utilizadas para companhia

de seus donos.

Figura 3 – Foto do cão da raça Cocker Sapaniel Inglês Fonte: http://www.caoesperto.com.br/site/index.php?option=com_ content&task=view&id=42&Itemid

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5.4 WEIMARANER

Descendente do Braco Alemão, o Weimaraner é considerado um cão antigo,

havendo registros dessa raça já no século XVII, o que faz alguns estudiosos

afirmarem que essa raça seja, hoje, a mais antiga entre os cães de aponte alemães.

Inicialmente encontrava-se nos canis dos duques de Weimar, de onde herdou seu

nome, sendo utilizado como cão de caça, empregados desde a caça esportiva até a

caça de animais de grande porte como javalis e veados. (SCANZIANI, 1983).

No aspecto geral, apresenta um porte de médio a grande, sendo um cão

adaptado ao trabalho, bem musculoso, medindo os machos entre 59 a 70 cm,

pesando de 30 a 40 kg; já as fêmeas medem entre 57 a 65 cm, pesando de 25 a 35

kg. (CANIN, 2001).

Inicialmente o Weimaraner tinha como finalidade sinalizar a caça, apanhá-la e

devolvê-la ao caçador. Porém, ao apresentar algumas qualidades, como sua

inteligência e docilidade, lhe foram atribuídas outras funções, como cão farejador de

drogas, resgate e mesmo cão de companhia.

Os Weimaraners são ainda muito equilibrados, polivalentes, perseverantes na

busca sistemática, brincalhões, curiosos, resistentes e rústicos, apresentado

também um grande afeto por seu dono, além de seu faro notável. Ataca tanto a caça

quanto animais nocivos. Por vezes se apropria da caça, mas de maneira alguma é

agressivo. Cão de aponte e de trabalho na água. Quanto ao temperamento, aptidões

e educação do cão da raça Weimaraner, a Canin (2001, p. 267) elucida da seguinte

forma.

Apaixonado e dotado de um faro notável, este cão, sabujo em sua origem, se tornou no século XIX um cão de aponte. Perseverante na busca sistemática, um pouco lento, seguro no aponte e no trabalho na água. Pode seguir animais feridos e cobrar todo o tipo de caça. Tem excelente aptidão para a guarda e defesa. É um companheiro muito agradável. Sua educação deverá ser firme.

São cães que apresentam intensa atividade durante todo o dia e por isso

precisam de espaço para se desenvolver física e psicologicamente, caso contrário,

podem vir a se tornar cães extremamente problemáticos e destruidores. Por ter sido

desenvolvido para a caça em conjunto com o homem e em estreita relação com ele,

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o Weimaraner não gosta de ficar só por longos períodos de tempo.

Apresenta todas as características necessárias para um cão de faro de

entorpecentes, no entanto seu corpo avantajado o torna por vezes lento e

inconstante, reduzindo sua versatilidade e facilidade em adentrar em locais estreitos.

Demonstra ainda outra característica negativa que é sua teimosia, a qual acaba por

tornar mais dispendioso e tardio seu adestramento.

Figura 4 – Foto do cão da raça Weimaraner Fonte: http://jornale.com.br/petblog/?p=1091

5.5 PASTOR BELGA MALINOIS

O Pastor Belga é uma raça descendente de cães da Europa Central,

apresentado quatro variedades bem distintas. No século XIX a Bélgica apresentava

uma grande diversidade de cães nativos semelhantes a cães pastores,

apresentando texturas e coloração de pelagem muito variada. A partir de 1891, Adolf

Reul passa a selecionar esses cães pastores, estabelecendo fundamentos de

identificação racial, distinguiu assim quatro variedades, as quais sejam: Groenandel;

Tervuren; Lakinois e Malinois. Aqui será elucidado somente o Malinois, por

demonstrar, em relação às demais variedades do Pastor Belga, aptidões mais

aprimoradas compatíveis com o que se espera de um cão policial, focando o serviço

de faro de entorpecentes. (CANIN, 2001).

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O Malinois é facilmente confundido com os pastores alemães devido sua

pelagem fulva, a qual se assemelha muito à dos pastores oriundos da Alemanha.

Originou-se através da seleção para a obtenção dos Groenandel, no entanto,

durante os acasalamentos surgiram cães de pelagem curta e dourada, surgindo

assim essa variedade do Pastor Belga que foi batizada com o nome da sua cidade

natal. (CANIN, 2001).

É um cão que apresenta certa rusticidade, habituando-se com extrema

facilidade à vida ao ar livre, tornando-se assim um animal bem adaptado aos

variados tipos de clima enfrentados. Suas medidas são harmoniosamente

proporcionais, tendo os machos de 60 a 66 centímetros, já as fêmeas medem entre

56 e 62 centímetros, apresentando em média um peso que varia de 28 a 35 kg. Se

mostra um cão muito ativo e participativo em brincadeiras, demonstrando qualidades

que o torna um cão extremamente eficiente na realização de diversas tarefas.

Destacando-se, porém na guarda de rebanhos, de defesa e no trabalho de faro.

Quanto ao temperamento, aptidões e educação do Pastor Belga Malinois, a

Enciclopédia do Cão manifesta-se da seguinte forma.

Nervoso, sensível, impulsivo. Muito vivaz em sua resposta aos diversos estímulos. Vigilante, atento, uma personalidade forte. Muito dedicado a seu dono, mas por vezes agressivo com estranhos. Muito ativo, dinâmico, precisa de ser exercitado. Não estar preso. O Malinois, que desde o final do século XIX foi selecionado para a guarda e o esporte, é mais virulento, com um temperamento mais forte que as outras variedades que são uns “obedientes atrevidos”, devido a suas origens mais especificamente pastoreias. Extremamente sensíveis, não suportam a brutalidade, são cães cuja educação deve ser conduzida com suavidade, com firmeza e com muita paciência.

Os Malinois possuem um faro excelente, fazendo parte do livro dos recordes,

o Guiness Book, como o maior farejador de drogas de todos os tempos. Por todas

essas qualidades foi selecionado para suplementar a segurança do então presidente

americano Bush durante a ECO 92, no Rio de Janeiro. (DOG’S TIMES, 2008).

Revelam ainda outros atributos além de todos os anteriormente descritos, o Pastor

Belga Malinois ainda é um grande campeão nas provas de desporto canino, como

bem enfatizam Alves e Estevão. (2003).

Esta raça [...] é atualmente a raça mais funcional em termos desportivos e utilitários, com provas dadas a nível mundial em quase todas as

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modalidades de desporto canino, como RCI – Regulamento de Concurso Internacional [...], Agility [...], Mondioring (provas de obediência; saltos; provas de coragem), Pista (provas de procura de rastro), Campagne (provas de cães de Policia e Segurança Civil), Ring Francês/Belga (provas de obediência; exercícios de salto e defesa) [...], busca e salvamento, Cães de Trufa (provas de procura de cogumelos/trufas enterrados no solo), bem como em outras atividades de utilidade cívica como os cães de Polícia de Intervenção, Droga e Explosivos. Estas vitórias ilustram bem as grandes capacidades de que esta raça é detentora, fruto de um cuidado e rigoroso trabalho de seleção que vem a ser desenvolvido por um conjunto de excelentes criadores dedicados ao melhoramento da raça.

Celso Alves e Magda Estevão (2003) ainda levantam outras virtudes dessa

magnífica raça canina.

O Pastor Belga é dotado de uma grande e célere capacidade de aprendizagem, uma magnífica versatilidade mental e interpretação, sendo capaz de passar do estado de inatividade ao de reação em segundos. Possuidor de nervos de aço que lhe permitem largos períodos de concentração é corajoso, determinado e destemido, bem como atento, vigilante e sociável. Tudo isto, conjugado com uma excelente robustez física, boa capacidade de impulsão, enorme velocidade e destreza física, boa capacidade olfativa, grande resistência à fadiga e forte aptidão ao trabalho sob condições adversas, fazem deles uns atletas incomparáveis.

No entanto apresentam um caráter mais independente que as demais

variações do Pastor Belga, dessa forma, não aceitando muito bem treinamentos

rotineiros ou repetitivos.

São cães muito afetuosos, necessitando de contato constante com os donos

para que assim sintam-se “parte da família”. Ao desempenhar sua atividade de

guarda, os Malinois atuam de forma peculiar, não abandonando seu território para

perseguir um invasor em fuga, o que é considerado uma herança de sua atividade

de pastoreio original, quando não podiam largar o rebanho sozinho.

É um cão irrepreensível, reunindo todas as qualidades concebíveis para um

cão farejador de narcóticos, apresentando apenas uma falha. Tal falta é atinente à

seu comportamento rebelde, fazendo com que ele apresente certa resistência a

rotina de adestramento, bem como uma rejeição a pessoas estranhas. Contudo, é

uma raça muito sensível, “diz-se que para adestrar o pastor belga não é preciso

fazer-se temer, basta fazer-se amar”. (SCANZIANI, 1983, p. 288).

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Figura 5 – Foto do cão da raça Pastor Belga Malinois Fonte: http://www.europuppy.es/razas_de_perros/pastor_belga_malinois_ raza.html

5.6 BEAGLE

Oriundo da Grã-Bretanha, o Beagle, um dos mais antigos sabujos, no ponto

de vista dos caçadores da corte da Rainha Elizabeth I, era considerado o melhor cão

de caça inglês, isso por volta de 1570. Após algum tempo se afirmou como cão ideal

para a caça de lebres e coelhos, tanto sozinho quanto em pequenos grupos. Por

volta de 1860 foi introduzido na França, onde ganhou grande prestígio, sendo nesse

país selecionado uma variedade do Beagle, denominado de Beagle Harrier. A partir

do final do século XIX até o início da Primeira Guerra Mundial, a criação de Beagles

expandiu-se não só na Inglaterra como em toda a Europa chegando aos Estados

Unidos, onde o Beagle tornou-se popular como alegre companheiro da família.

(SACANZIANI, 1983).

Inicialmente desenvolvido para a caça em matilha, o Beagle, é um cão dócil,

muito sociável, afável com crianças e extremamente ativo. Por estas razões é uma

raça, que precisa de espaço para exercitar-se. Revela ainda outra qualidade

marcante, seu faro apurado, o qual fez com que esse animal passasse a ser

empregado como cão farejador em aeroportos americanos, buscando impedir o

contrabando de alimentos não autorizados. Essa experiência teve início em 1984 e

foi tão bem sucedida que a partir dela foi constituída a Brigada Beagle, a qual é

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responsável pelo patrulhamento dos principais aeroportos dos Estados Unidos,

fiscalizando e denunciando o contrabando de frutos, vegetais e outros.

O Beagle é um cão de estatura pequena, mas de corpo musculoso e ágil.

Medindo entre 33 e 40 centímetros e pesando de 15 a 20 quilogramas, ele exibe um

corpo bem balanceado, compacto, de aparência sólida, com movimentos cheios de

energia, mas sem esforço aparente. Quanto ao temperamento, aptidões e educação

desse excelente cão informa Canin (2001, p. 200).

O padrão é caracterizado da seguinte maneira “cão alegre, audacioso, dotado de grande atividade, energia e determinação. Vivo, inteligente, temperamento estável.” Corajoso, resistente, muito rápido, possuidor de grande solidez atacando o animal em momento de matar e bom faro. É um cão que conduz a matilha e reconhece a pista do animal, protestante, rápido. Pode trabalhar sozinho, em par ou em matilha. Cão de ordem, pequeno, polivalente (lebre, coelho, raposa, cabrito, montês, javali). Na Inglaterra, é exclusivamente utilizado para a caça de pista da lebre (beagling). Afetuoso, de temperamento excelente, é um companheiro de família agradável. Necessita de educação firme.

O Canil da Polícia Militar de Santa Catarina conta com um cão da raça Beagle

nas atividades de faro de drogas. O cão denominado “Bono” se mostra com uma

grande ferramenta na busca de entorpecentes, suplementando o policiamento e

auxiliando as guarnições na efetivação das operações de busca, tornando assim o

serviço mais eficiente e eficaz. Isso pode ser consolidado ao verificar o artigo

publicado na página eletrônica da PMSC de título: Em São José, Bono localiza

droga enterrada em pátio de residência, a qual segue.

Mais de 200 pedras de crack, além de cocaína e maconha, foram apreendidas na manhã de ontem, dia 17, em São José. A ação contou com o apoio da Companhia de Policiamento com Cães, e o cão de faro Bono acabou localizando as drogas. As guarnições apreenderam os entorpecentes, após a PM receber denúncia de que no pátio de uma residência de dois pisos, localizada na Rua Dos Operários, havia grande quantidade de drogas enterrada. Com o auxílio do cão Bono, foram localizadas 209 pedras de crack, 420 gramas de maconha, 95 buchas de cocaína e R$ 42,00 em dinheiro. As drogas estavam no pátio de uma residência que faz divisa com um matagal, local usado por traficantes e usuários de entorpecentes. Foram realizadas várias abordagens, mas nenhum suspeito foi detido. (VIRÍSSIMO, 18 abr. 2009).

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79

Porém, essa raça ainda preserva muitas de suas características de caçador,

mostrando, em alguns casos, certa resistência quanto seu adestramento. Com isso,

adquiriram uma grande fama quanto à sua insubordinação e teimosia.

O Beagle apresenta ainda uma característica muito peculiar proveniente do

seu desenvolvimento para a caça em matilhas, que é seu comportamento quando

deixado sozinho. Por não suportar a solidão ele passa a latir de forma bem

característica, parecendo mais um uivo, o qual era originalmente utilizado para

sinalizar a posição da caça e da matilha.

Figura 6 – Foto do cão da raça Beagle Fonte: http://ashburnkidsbookclub.blogspot.com/2007/09/shiloh-beagle.html

5.7 SPRINGER SPANIEL INGLÊS

Descendente do Sapaniel de Norfolk, o Springer Spaniel Inglês é considerado

um dos mais antigos cães de caça existentes, além de ser o mais antigo

representante da família dos Spaniels – denominação dada às raças desenvolvidas

na Espanha – portanto, derivaram dele outras raças como o Cocker Spaniel Inglês,

anteriormente elucidado. (CANIN, 2001). Como seu nome sugere, originou-se na

Inglaterra com o intuito de aplicá-lo na cetraria, ou caça com falcão, esporte muito

praticado entre os nobres durante a Idade Média. Era utilizado nesse desporto por

possuir um excelente faro, que permitia que ele localizasse a ave e a “levantasse”

(to spring em inglês), recolhendo a presa abatida em seguida. Com o advento das

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80

armas de fogo no esporte de caça, outras raças como os Pointers e Setters, por

serem mais eficientes, passaram a ter maior destaque, roubando o espaço do

Springer. (DOG’S TIMES, 2008).

O Springer Sapaniel Inglês, por ser um cão muito ativo, necessita de espaço

e atividade física freqüente. Como grande parte dos cães de caça, é um animal

extremamente dócil e companheiro, demonstrando grande apego ao dono/caçador,

o que é fundamental para que desempenhem bem suas funções.

Apresentando um tamanho próximo a 51 centímetros e pesando em média

22,5 quilogramas, é um cão companheiro que revela uma aptidão olfativa

apuradíssima. Tal habilidade lhe rendeu lugar de destaque entre as raças adotadas

pela polícia na função de farejador de drogas, podendo trabalhar em aeroportos e

outros locais públicos onde há grande aglomeração de pessoas, sem que as

assuste.

A Enciclopédia do Cão da Royal Canin (2001, p. 300) evidencia o

temperamento, as aptidões e a educação do Springer Spaniel Inglês da seguinte

forma.

Resistente, robusto, vigoroso, tônico, rápido, nariz fino, ele não teme nem o mato, nem os terrenos úmidos. Ele tem mais recursos físicos e um influxo nervoso superior aos do Cocker. A sua busca muito ativa e movimentada levam a perseguir vigorosamente a caça após tê-la apontado. Ele pula na vegetação causando pânico na caça, que levanta vôo (to spring: saltar e fazer a caça se elevar). Ele é excelente para o coelho, os faisões, a galinhola e a caça d’água (pato). Também é um retriever excepcional, principalmente para o trabalho na água. Um pouco colérico, tendo muita raça, ele precisa ser educado com firmeza. Agradável companheiro, mas não cão de salão!

O Springer também se caracteriza por uma forte dependência do dono, não

aceitando muito bem ficar sozinho durante longos períodos. Outra característica

marcante do Springer é sua forma de andar, ao contrário dos outros cães, apóia do

mesmo lado, o pé da frente e o de trás, ao andar devagar.

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81

Figura 7 – Foto do cão da raça Springer Spaniel Inglês Fonte: http://www.brunotausz.com.br/novo_site/lista_canis.asp?id_raca=382

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82

6 PESQUISA DE CAMPO

Com o intuito de verificar as vantagens do emprego de cães de faro nas

operações de fiscalização de drogas ilícitas realizadas nos postos do Batalhão de

Polícia Militar Rodoviária, foi elaborada uma pesquisa de campo, buscando levantar

informações para fundar o possível emprego e implantação de canis setoriais nos

referidos postos.

Para tanto foi determinado o contexto da pesquisa bem como seus

participantes; os procedimentos e instrumentos de coleta de dados; a tabulação e

análise dos dados obtidos. Ao fim destas três etapas determinadas, os dados

levantados da pesquisa serão apresentados, descritos e analisados.

Cabe ainda a esse capítulo a discussão dos resultados alcançados, assim

como constituir considerações a cerca destes.

Para tornar tudo isso possível, foi utilizado o método dedutivo, empregando-

se ainda a pesquisa exploratória juntamente às técnicas de pesquisa bibliográfica,

pesquisa documental, pesquisa de campo, observação participante, bem como a

técnica de questionário, conforme evidenciado no capítulo 2 que trata sobre a

fundamentação metodológica.

6.1 CONTEXTO E PARTICIPANTES

Para efetivação da pesquisa, foi definida como população alvo os Policiais

Militares do 10º Posto Rodoviário do BPMRv, que se encontra na Rodovia SC 438,

km 18, na cidade de Painel – SC. Foi selecionado tal grupo por nele já ter sido

devidamente implantado o canil setorial possuindo o cão de faro, que vem sendo

efetivamente empregado nas operações de detecção de entorpecentes, o que faz

com que os Policiais Militares lá lotados já detenham conhecimento desse tipo de

policiamento que também é o objetivo do trabalho em tela. Ao público alvo foram

aplicados questionários, os quais foram respondidos pela totalidade dos Policiais

Militares lotados na referida OPM, somando um universo de 14 questionários.

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83

6.2 PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Pretendendo a obtenção das informações necessárias para alcançar os

objetivos do presente trabalho monográfico foi utilizado como instrumento de coleta

de dados o questionário. O modelo de questionário utilizado na pesquisa encontra-

se ao final do trabalho, (apêndice A).

6.3 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

Findada a pesquisa de campo junto aos Policiais Militares do Posto 10 do

BPMRv de Painel, levantados e reunidos todos os dados coletados, foi procedida a

realização de estudo e análise das informações, por meio de um tratamento

estatístico simplificado, tendo por finalidade a elaboração de gráficos e tabelas.

6.4 TABULAÇÃO, APRESENTAÇÃO E DESCRIÇÃO DOS DADOS

Com o recolhimento dos questionários aplicados, passa-se a uma nova etapa

do trabalho que é a tabulação dos dados levantados, através da qual se torna mais

acessível o estudo das informações coletadas. Buscando facilitar a visualização e

entendimento das respostas obtidas, foram utilizados tabelas e gráficos para

apresentar tais informações, sendo em seguida realizada uma descrição sumária

dessas respostas, conforme pode ser observado.

Tabela 1 – Posto/ Graduação dos respondentes. Posto/ Graduação Número Percentual

Capitão 1 7,14%

1º Sargento 1 7,14%

Cabo 1 7,14%

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84

Soldado 11 78,58%

TOTAL 14 100%

Fonte: Questionários aplicados, 2009.

Gráfico 1 – Posto/ Graduação dos respondentes. Fonte: Questionários aplicados, 2009.

Foram respondentes todos os policiais que trabalham no Posto 10 do

Batalhão de Polícia Militar Rodoviária de Painel. Este é composto por soldados, em

sua grande maioria, correspondendo a 79%. O posto apresenta apenas um capitão,

o qual comanda a 5ª Cia. do BPMRv, um cabo e um sargento, que representam

aproximadamente 21% dos policiais.

Tabela 2 – Policiais pesquisados que gostam de cães. Respostas Número Percentual

Sim 11 78,57%

Não 3 21,43%

TOTAL 14 100%

Fonte: Questionários aplicados, 2009.

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85

Gráfico 2 – Policiais pesquisados que gostam de cães. Fonte: Questionários aplicados, 2009.

Dos policiais respondentes mais da metade gosta de cães, o que representa a

maioria, aproximadamente 79%. Os que não gostam de cães corresponde a

aproximadamente 21% dos militares do Posto Policial Militar Rodoviário de Painel.

Tabela 3 – Pesquisados que realizaram cursos que o habilitasse a utilizar cães em sua atividade.

Respostas Número Percentual

Sim, realizei mais de dois cursos 0 0%

Sim, realizei dois cursos 0 0%

Sim, realizei um curso 2 14,29%

Não realizei curso 12 85,71%

TOTAL 14 100%

Fonte: Questionários aplicados, 2009.

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86

Gráfico 3 - Pesquisados que realizaram cursos que o habilitasse a utilizar cães em sua atividade. Fonte: Questionários aplicados, 2009.

Do público respondente mais da metade, 86% dos pesquisados, não

realizaram nenhum tipo de curso que o capacite na utilização de cães em sua

atividade policial, principalmente na atividade de farejo de entorpecentes. Apenas

dois policiais (14%), de todos pesquisados, concluíram o curso de cinotecnia que os

habilita a utilizar cães em operações policiais.

Tabela 4 – O cão empregado no serviço policial militar.

Respostas Número Percentual

Auxilia 13 92,86%

Atrapalha 1 7,14%

TOTAL 14 100%

Fonte: Questionários aplicados, 2009.

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87

Gráfico 4 – O cão empregado no serviço policial militar. Fonte: Questionários aplicados, 2009.

Através destes dados pode-se concluir que a maioria dos policiais

participantes do público alvo, 93%, utiliza o cão nas buscas e confirma sua eficiência

e sua eficácia para o serviço policial focado na fiscalização de tráfico de drogas.

Tabela 5 – Qual nível de segurança o cão traz à guarnição policial. Respostas Número Percentual

Segurança muito elevada 4 28,57%

Segurança elevada 4 28,57%

Segurança média 5 35,72%

Segurança baixa 1 7,14%

Nenhuma segurança 0 0%

TOTAL 14 100%

Fonte: Questionários aplicados, 2009.

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88

Gráfico 5 – Qual nível de segurança o cão traz à guarnição policial. Fonte: Questionários aplicados, 2009.

Com tais dados levantados, observa-se que o nível de segurança ocasionada

pela suplementação do cão no serviço policial é considerado muito elevado ou

elevado por muitos policiais, pois as porcentagens associadas (57%) resultam na

maioria. Outro ponto de grande importância identificado na pesquisa, e que,

portanto, deve ser evidenciado, é que nenhum policial considerou que o emprego de

cão nas operações reduz a segurança do grupamento PM.

Tabela 6 – O emprego de cães de faro nas operações de fiscalização de drogas ilícitas realizadas nos postos do BPMRv traz maior eficiência a essas operações.

Respostas Número Percentual

Sim 14 100%

Não 0 0%

TOTAL 14 100%

Fonte: Questionários aplicados, 2009.

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89

Gráfico 6 – O emprego de cães de faro nas operações de fiscalização de drogas ilícitas realizadas nos postos do BPMRv traz maior eficiência a essas operações. Fonte: Questionários aplicados, 2009.

Todos os policiais que responderam ao questionário apontaram que de

acordo com a sua experiência os cães trazem maior eficiência nas operações de

fiscalização de drogas ilícitas, considerando uma ferramenta eficaz no combate

repressivo a essa prática criminosa.

Tabela 7 – O emprego de cães de faro facilita encontrar entorpecentes nas buscas realizadas no interior de veículos.

Respostas Número Percentual

Sim 14 100%

Não 0 0%

TOTAL 14 100%

Fonte: Questionários aplicados, 2009.

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90

Gráfico 7 - O emprego de cães de faro facilita encontrar entorpecentes nas buscas realizadas no interior de veículos. Fonte: Questionários aplicados, 2009.

Todos os policiais que responderam ao questionário apontaram que de

acordo com a sua experiência os cães de faro facilitam a localização de

entorpecentes nas buscas a todo tipo de veículo abordado.

Tabela 8 – A implantação de canil nos postos do BPMRv, contendo cães de faro, aumentará o número de apreensões de entorpecentes.

Respostas Número Percentual

Sim 13 92,86%

Não 1 7,14%

TOTAL 14 100%

Fonte: Questionários aplicados, 2009.

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91

Gráfico 8 - A implantação de canil nos postos do BPMRv, contendo cães de faro, aumentará o número de apreensões de entorpecentes. Fonte: Questionários aplicados, 2009.

A esmagadora maioria, 93% dos policiais que responderam ao questionário,

apontou que a implantação de um canil setorial contendo cães de faro nos postos do

Batalhão de Polícia Militar Rodoviária deverá acrescer o número de apreensões de

entorpecentes.

Tabela 9 – O aumento de apreensões elevaria o moral dos policiais, bem como, melhoraria a impressão da comunidade em relação a Polícia Militar.

Respostas Número Percentual

Sim 14 100%

Não 0 0%

TOTAL 14 100%

Fonte: Questionários aplicados, 2009.

Page 93: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

92

Gráfico 9 – O aumento de apreensões elevaria o moral dos policiais, bem como, melhoraria a impressão da comunidade em relação a Polícia Militar. Fonte: Questionários aplicados, 2009.

Todos os policiais que responderam ao questionário apontaram que o

aumento de apreensões elevaria o moral dos policiais, fazendo com que

trabalhassem mais contentes, tornando-se assim mais produtivos em sua atividade.

Tal fato, consequentemente, levaria a aproximação da comunidade da Polícia Militar,

bem como melhoraria a imagem da instituição perante a população.

Tabela 10 – Como está o serviço em relação ao antes e ao depois da implantação do canil e emprego do cão nas operações realizadas no posto 10 do BPMRv em Painel.

Respostas Número Percentual

Melhorou muito 4 28,58%

Melhorou 8 57,14%

Nada mudou 1 7,14%

Piorou 1 7,14%

Piorou muito 0 0%

TOTAL 14 100%

Fonte: Questionários aplicados, 2009.

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93

Gráfico 10 – Como está o serviço em relação ao antes e ao depois da implantação do canil e emprego do cão nas operações realizadas no posto 10 do BPMRv em Painel. Fonte: Questionários aplicados, 2009.

A grande maioria, 86%, dos Policiais Militares acreditam que com a

implantação do canil no posto 10 do BPMRv em Painel o serviço melhorou, tornando

as operações mais dinâmicas, dando às guarnições maior possibilidade de alcançar

êxito na busca de entorpecentes quando de sua fiscalização.

6.5 ANÁLISE DOS DADOS

Feita a tabulação, apresentação e descrição dos dados, inicia-se a Análise

dos Dados, onde as informações obtidas com a pesquisa de campo são

confrontadas com o referencial teórico estudado ao longo de todo o trabalho,

buscando com isso dar maior embasamento a pesquisa.

A primeira questão teve o objetivo de levantar os dados dos respondentes,

buscando saber principalmente seus postos ou graduações, seu tempo de efetivo

serviço, assim como os cursos realizados pelos policiais lotados na OPM estudada.

Analisando os dados da tabela 1, que se refere a questão 1, verificou-se que um dos

pesquisados possuía o posto de capitão, já que o Posto 10 coexiste na mesma

estrutura física da 5ª Companhia do BPMRv, a qual é comandada por este oficial.

Com isso, vê-se que os postos mais indicados para a implantação de canis setoriais

Page 95: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

94

contendo cães de faro, seriam os postos que coexistem com companhias do

BPMRv, pois se encontram em locais mais movimentados devido sua proximidade a

grandes centros urbanos de nosso Estado, bem como devido à presença de oficiais

nessas OPM’s, os quais seriam fiscalizadores do correto tratamento e emprego dos

cães durante as operações de acordo com os princípios de emprego de cães na

PMSC, pondo em prática a doutrina difundida pelo canil central.

Ainda na questão 1, verificou-se que a tropa lotada no Posto 10 do BPMRv,

tem em média 19 anos de efetivo serviço, sendo, portanto, considerada uma tropa

antiga. Desse modo, observou-se em loco, que o P-10 necessita urgentemente de

ingresso de novos policiais; tanto para renovar a tropa, dando maior vigor a ela,

quanto para ampliar o plantel do posto que conta com somente 14 militares,

incluindo o Capitão Comandante da 5ª Cia, cumprindo escala de 24 horas de serviço

por 48 de folga, o que torna a rotina de serviço por demais desgastadora ainda mais

ao se tratar de policiais com tanto tempo de serviço.

Conforme evidenciado no sub-capítulo 3.2, que trata sobre o homem e a

domesticação do cão, trazendo um apanhado sobre a relação histórica entre eles,

Costa (2008) expõe sobre a interação existente entre homem e cão desde os

primórdios, onde um servia ao outro de forma mútua, gerando com o passar do

tempo uma relação de cumplicidade fazendo com que grande parte dos humanos

tenham seus cães como melhores amigos.

A análise dos dados apresentados na tabela 2 da pesquisa realizada

corrobora com o que foi anteriormente dito, pois 79% dos pesquisados, a

esmagadora maioria, responderam que gostam de cães. Essa relação é positiva

para o andamento das atividades do Posto pesquisado, pois o emprego do cão em

operações faz com que os policiais trabalhem melhor e mais motivados. É positiva

ainda para a possível implantação dos referidos canis setoriais nos postos do

Batalhão de Polícia Militar Rodoviária.

O estudo da tabela 3 nos mostra que dos 14 policiais do Posto 10 do BPMRv,

somente dois são cinotécnicos, portanto, habilitados a utilizar cães em operações

policiais, o que confirma as observações realizadas durante a visita a referida OPM.

No entanto, é evidente que dois policiais são insuficientes para a realização de um

trabalho contínuo de treinamento e cuidado dos cães, bem como para a efetiva

realização de operações de fiscalização de entorpecentes utilizando essa

ferramenta. Para alcançar os objetivos propostos, seria necessário que ao menos

Page 96: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

95

cinco policiais possuíssem o curso de cinotecnia, para que dentro da escala

empregada, todas as guarnições diárias contassem com um policial habilitado a

utilizar efetivamente o cão, podendo ainda estar um policial em férias e outro

cumprindo licença.

Pode-se perceber que as questões 4, 5, 6, 7, 8 e 9 são complementares e

tinham o objetivo de verificar o que os respondentes pensam sobre o emprego de

cães de faro nas operações de fiscalização de narcóticos realizadas nos postos do

BPMRv, assim como sobre a implantação de canis setoriais em tais grupos. Dessas

questões resultaram, respectivamente, as tabelas e gráficos 4, 5, 6, 7, 8 e 9 dos

quais se pode observar que, se não a totalidade, a grande maioria, apóia que o cão

se mostra como ótima ferramenta suplementar ao serviço policial militar, focando

principalmente ao faro de entorpecentes.

Concernente ao que foi levantado pode-se trazer a tona novamente o que

apregoa Martins e Souza (2003) conforme evidenciado no item 4.3.4 que fala sobre

a Portaria Nº 332/PMSC de 14 de agosto de 2002. Tais autores explicam que o

emprego de cães em atividades policiais se mostra sempre vantajoso, no entanto,

devendo sempre ser aplicados de forma adequada e dentro da técnica, obtendo-se

assim maior efeito psicológico nos abordados; maior segurança da guarnição

policial; valorização da tropa e ainda maior possibilidade de êxito em determinadas

missões.

A questão 10, que tem seus dados apresentados na tabela e gráfico 10, teve

como objetivo traçar um paralelo entre antes e depois da implantação do canil

setorial no grupamento pesquisado, buscando saber se melhorou ou piorou o

serviço dos policiais lá lotados com o emprego direto do cão de faro nas operações

realizadas e nas demais rotinas diárias. Analisando os dados levantados pode-se

concluir que quase a totalidade dos respondentes aprovou a implantação do canil no

Posto Rodoviário de Painel, afirmando que seu serviço passou a ser mais eficiente e

produtivo.

Um dado que complementa as informações descritas na tabela 10 e

embasam ainda mais as apresentadas na tabela 9 pode ser retirado do sub-capítulo

5.2 do presente trabalho, que é a notícia apresentada na página eletrônica do

Batalhão de Polícia Militar Rodoviária, a qual fala sobre a apreensão de maconha e

cocaína realizada pelos policiais do P-10 auxiliados pela cadela Mel.

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96

Ao findar a análise dos dados obtidos com a aplicação do questionário e a

observação realizada em loco, confrontada com o referencial teórico apresentado ao

longo do trabalho, conclui-se que o emprego de cães nas operações de fiscalização

de drogas ilícitas realizadas nos postos do BPMRv se mostra de grande importância,

contribuindo de forma extraordinária no decorrer de tais operações. Dito isso, a

implantação de canis setoriais nos postos mais movimentados do estado seria um

grande avanço tanto para o BPMRv, quanto para a Polícia Militar.

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97

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Todos os dias os meios de comunicação bombardeiam as pessoas com

notícias relacionadas ao uso e ao tráfico de drogas, assim como aos demais crimes

provenientes deles, mostrando como essa atividade prosperou ao longo do tempo,

tornando-se assim uma atividade cada vez mais complexa e bem organizada. É

inegável o impacto que tais notícias ocasionam sobre a sociedade, deixando os

cidadãos que dela participam cada vez mais preocupados e temerosos, fomentado o

sentimento de insegurança no seio da comunidade.

Cabe ao Estado proporcionar segurança à população para que possam

efetivamente gozar de seu direito do livre arbítrio. Assim sendo, a Polícia Militar é o

braço do Estado responsável pela preservação da ordem pública, devendo ela

promover ações que objetivam sanar possíveis quebras da normalidade. Uma das

ações que objetivam obstar o alarmante crescimento do trafico de entorpecentes,

são as operações de fiscalização de drogas ilícitas realizadas nas rodovias por seus

órgãos competentes. Em Santa Catarina tal órgão é a Polícia Militar Rodoviária.

Porém, sabe-se que os traficantes e usuários utilizam diversas maneiras de

dissimular o material procurado durante essas operações. Nesse momento, o cão de

faro se mostra como singular ferramenta, tornando as buscas mais efetivas e

eficazes, trazendo maior segurança e moral às guarnições policiais militares e ainda

aproximando a instituição Polícia Militar da comunidade, melhorando sua imagem

perante ela.

Com essa finalidade foi confeccionado o presente labor científico, buscando

levantar dados através de pesquisa bibliográfica e de campo que comprovem a

contribuição do emprego de cães de faro nas operações de fiscalização de drogas

ilícitas realizadas nos postos do Batalhão de Polícia Militar Rodoviária de Santa

Catarina, mostrando que a efetivação dessa atividade na PMSC trará grandes

benefícios a essa briosa corporação.

Durante a elaboração do trabalho foi possível conhecer melhor a origem e

história dos cães, sua relação com os homens ao longo dos tempos, sua aplicação

em atividades domésticas, posteriormente nas guerras e finalmente no serviço

policial, o qual foi focado ao longo de todo o trabalho. Foi possível também verificar

a legitimidade da Polícia Militar Rodoviária de efetuar as operações de fiscalização

Page 99: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

98

de drogas ilícitas, bem como de implementar o emprego do cão como ferramenta

suplementar nas referidas operações.

Foram ainda apresentadas as raças mais apropriadas para a realização do

serviço de faro de entorpecentes, das quais cabe destacar duas em especial. O

Labrador Retriever, por ser o cão mais completo para a atividade de farejo,

apresentando um faro excepcional; vontade excessiva de buscar seu brinquedo e

entregar ao seu adestrador, característica essa indispensável para um cão de faro;

inteligência e receptividade ao treinamento imposto e porte perfeito para as

peculiaridades que possam surgir durante o serviço. A outra raça que merece

destaque é o Pastor Belga Malinois, que além de possuir um ótimo faro para a

atividade proposta ao longo do trabalho, demonstrando-se um cão inteligente,

regular e obediente às ordens de seu adestrador.

Também foram tabulados, apresentados, descritos, estudados e analisados

os dados obtidos com a pesquisa de campo, realizada através da aplicação de

questionário e de observação efetuada no Posto 10 do BPMRv. Nesse momento

foram confrontados o referencial teórico com as informações levantadas em campo.

Com a pesquisa de campo foi possível verificar que os policias rodoviários que

trabalham constantemente com o cão em suas operações, e que, portanto, vivem

diuturnamente as situações que deram origem a presente pesquisa acreditam que o

emprego de cães auxilia amplamente nas operações de fiscalização de drogas

ilícitas, aprimorando a segurança das guarnições que contam com essa ferramenta.

O público pesquisado confirmou ainda que o emprego de cães de faro nas

operações de fiscalização de entorpecentes traz maior eficiência a tais operações,

facilitando encontrar entorpecentes nas buscas realizadas no interior dos mais

diversos tipos de veículos.

Da pesquisa de campo, principalmente dos questionários aplicados ao público

alvo, foram ainda levantadas outras informações quanto aos benefícios da

implantação de canis nos postos do BPMRv. Tais informações corroboram com o

objetivo do trabalho e com o entendimento do seu autor, já que os respondentes

apoiaram a tese de que tal fato aumentará o número de apreensões de

entorpecentes realizadas em tal OPM, fazendo com que os policiais nelas lotados

tenham seu moral elevado, demonstrando maior rendimento ao longo do seu turno

de serviço. E como não poderia ser diferente, as respostas dos pesquisados

sustentaram que após a implantação do canil setorial no P-10 o serviço melhorou de

Page 100: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina

99

forma efetiva, consubstanciando dessa forma o que é suscitado nos objetivos do

trabalho.

Dito isso, nota-se que foi devidamente descrita a origem e a evolução da

história dos cães; identificou-se a missão constitucional da PM, bem como sua

legitimação para utilizar cães nas buscas a narcóticos; distinguiram-se as

características das raças mais bem preparadas para o emprego policial focado ao

faro de drogas; e ainda verificou-se as vantagens do emprego de cães de faro nas

operações de fiscalização de drogas ilícitas realizadas nos postos do Batalhão de

Polícia Militar Rodoviária. Portanto, afirma-se que os objetivos elencados no início

do corrente trabalho foram plenamente alcançados.

Por fim, conclui-se que o cão é uma excelente ferramenta a ser empregada

em praticamente todos os tipos de policiamento, manifestando destaque no

policiamento de faro de drogas. Firma-se ainda que o emprego de cães de faro se

mostra de grande importância, trazendo considerável contribuição às operações de

fiscalização de drogas ilícitas, sendo assim muito importante para a eficiência e

eficácia das referidas operações e que a implantação de canis setoriais nos postos

mais movimentados do BPMRv trará à instituição Policial Militar grandes benefícios,

elevando o reconhecimento da sociedade em relação à PM, aperfeiçoando o serviço

dos policiais, aproximando a corporação da comunidade e auxiliando no objetivo

maior da Polícia Militar que é a Preservação da Ordem Pública.

É evidente que o estudo aqui realizado não foi por completo esgotado,

podendo ainda serem pesquisadas outras formas de emprego do cão em operações

policiais, objetivando sempre torná-las mais eficientes e eficazes.

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100

REFERÊNCIAS

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APÊNDICE

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS POLICIAIS MILITARES DO POSTO 10 DO BPMRv – PAINEL

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POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ DIRETORIA DE INSTRUÇÃO E ENSINO CENTRO DE ENSINO DE BIGUAÇU

QUESTIONÁRIO PARA LEVANTAMENTO DE DADOS

Meu nome é Leandro Edison da Rosa; sou Cadete do 4º Ano do Curso de

Formação de Oficiais da PMSC e estou escrevendo o Trabalho de Conclusão de Curso

de título: “Emprego de Cães de Faro nas Operações de Fiscalização de Drogas Ilícitas

Realizadas nos Postos da Polícia Militar Rodoviária de Santa Catarina.”, com orientação

do Sr. Capitão PM Claudionir de Souza. Neste trabalho, pretendo reunir informações

referentes à necessidade e importância de tal emprego, buscando implantá-lo em alguns

postos da PMRv. Assim sendo, uma das técnicas de pesquisa que melhor representaria

esta necessidade e importância, seria a aplicação de um questionário com os policiais

que convivem diariamente com essa ferramenta.

Os questionários serão aplicados e recolhidos pelo Sr. Capitão Nunes, sendo

encaminhados a mim através do endereço [email protected] até o dia 10 de abril

de 2009.

Sem mais, agradeço a colaboração e me coloco a disposição para quaisquer

esclarecimentos.

Respeitosamente,

Leandro Edison da Rosa

Cad PM 928339-0 – 4º CFO

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1) Dados pessoais

a) Nome completo: _________________________________________________

b) Posto/Graduação: _______________________________________________

c) OPM atual: _____________

d) Tempo de Efetivo Serviço: ____ anos.

e) Cursos realizados na PMSC / Ano: __________________________________

2) Você gosta de cães?

a) Sim ( )

b) Não ( )

3) Você realizou algum curso que o habilitasse a utilizar cães na atividade policial?

a) Sim, realizei mais de 2 cursos ( ) Quantos? ___

b) Sim, realizei 2 cursos ( )

c) Sim, realizei 1 curso ( )

d) Não realizei curso ( )

4) Na sua opinião o cão auxilia ou atrapalha durante o serviço policial militar?

a) Auxilia ( )

b) Atrapalha ( )

5) Você acredita que o cão traz segurança à guarnição policial militar, em qual nível?

a) Segurança muito elevada ( )

b) Segurança elevada ( )

c) Segurança média ( )

d) Segurança baixa ( )

e) Nenhuma segurança ( )

6) De acordo com sua experiência, você acha que o emprego de cães de faro nas

operações de fiscalização de drogas ilícitas realizadas nos postos da Polícia Militar

Rodoviária de Santa Catarina trará maior eficiência a essas operações, contribuindo

assim para o melhoramento do serviço policial militar?

a) Sim ( )

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b) Não ( )

7) Você acredita que o emprego de cães de faro facilita encontrar entorpecentes nas

buscas realizadas a automóveis, caminhões, ônibus e demais veículos?

a) Sim ( )

b) Não ( )

8) Você acha que a implantação de um canil em cada posto da Polícia Militar

Rodoviária, contendo cães de faro, aumentaria o número de apreensões de

entorpecentes?

a) Sim ( )

b) Não ( )

9) Você acredita que o aumento das apreensões, elevaria o moral dos policiais, bem

como, melhoraria a impressão da comunidade em relação a Polícia Militar?

a) Sim ( )

b) Não ( )

10) Fazendo uma relação antes e depois da implantação do canil e emprego do cão

nas operações realizadas no posto 10 da PMRv em Painel o serviço melhorou ou

piorou?

a) Melhorou muito ( )

b) Melhorou ( )

c) Nada mudou ( )

d) Piorou ( )

e) Piorou muito ( )