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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CAMILA GULARTE LANAU ANÁLISE DA PROPOSTA METODOLÓGICA DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PROCESSO DE TRABALHO EM REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE Itajaí 2015

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CAMILA GULARTE LANAU

ANÁLISE DA PROPOSTA METODOLÓGICA DO CURSO DE

ESPECIALIZAÇÃO EM PROCESSO DE TRABALHO EM REDES DE

ATENÇÃO À SAÚDE

Itajaí

2015

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CAMILA GULARTE LANAU

ANÁLISE DA PROPOSTA METODOLÓGICA DO CURSO DE

ESPECIALIZAÇÃO EM PROCESSO DE TRABALHO EM REDES DE

ATENÇÃO À SAÚDE

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do

Trabalho, da Universidade do Vale do Itajaí-

UNIVALI, como requisito para a obtenção

do titulo de mestre. Orientadora: Dra. Stella

Maris Brum Lopes.

Itajaí

2015

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RESUMO

Os métodos ativos de ensino-aprendizagem colocam o aluno como o principal ator neste processo, baseado no princípio de sua autonomia. Para os professores, fica o desafio de ser apenas facilitador deste processo. O objetivo deste estudo é analisar a estrutura metodológica e as contribuições das metodologias ativas utilizadas no Curso de Especialização em Processo de Trabalho em Redes de Atenção à Saúde, na ótica dos professores, tutores e alunos. Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa, na qual foi utilizada como método de coleta e análise a triangulação dos dados. Os instrumentos de coleta foram a entrevista semiestruturada realizada com a equipe pedagógica e rodas de conversa com os alunos. O método adotado para o tratamento dos dados obtidos foi a análise temática, identificando-se as seguintes categorias: Concepção do curso; Metodologias ativas. Em relação a concepção do curso existiram questões estruturais que alteraram a proposta, como: mudança na equipe pedagógica, não liberação dos profissionais para realização das atividades do curso no horário de trabalho impossibilitando a realização de tutorias envolvendo a equipe da unidade; ausência de acesso a internet na unidade de saúde. Em relação as metodologias ativas os alunos apontaram como positivo o uso dos ambientes virtuais, por permitir a realização das tarefas no momento mais apropriado para eles, ou seja, o curso não apresentar a rigidez no horário e nas datas de entrega das tarefas. E reconheceram como vantagem poder entender a teoria e a prática acontecendo de forma simultânea. Como dificuldade sinalizaram a pouca participação no processo de construção do próprio curso. A utilização dos métodos ativos de ensino aprendizagem, possibilitam a autonomia dos alunos, pois permite que ele se torne responsável pela construção de seu conhecimento, além de desenvolver o lado crítico- reflexivo sobre seu cotidiano de trabalho. Paralelamente uma proposta de curso voltada para o serviço e com o objetivo de transformar o processo de trabalho atual, necessita de uma maior permeabilidade dos educadores e do serviço de saúde para um efetivo diálogo com os trabalhadores envolvidos.

Palavras- chave: Saúde; Educação; Metodologias ativas; Integralidade;

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ABSTRACT In the active Learning-Teaching Method, students play an active role in their own learning process, based on the principle of the student’s autonomy. The challenge for the teacher is to act merely as a facilitator in this process. The aim of this study is to analyze the methodological structure and the contributions of the active methodologies used on the Specialization Course in Work Process in Healthcare Networks, from the perspectives of teachers, tutors and students. It is a descriptive research with a qualitative approach, using semi-structured interviews and round table discussions as the data collection techniques. The sample consisted of the teaching team and three groups of students. The method adopted to process the data collected was thematic analysis. The following categories were identified: Course design; Active methods. Regarding course design there were structural issues that have altered the proposal, such as: changes in teaching staff, no release of professionals to carry out the course activities during working hours making it impossible to carry out tutorials involving the staff of the unit; lack of access to internet at the facility. Regarding the active methods, the students pointed out the use of virtual environments as positive since they allow the tasks to be carried out at the most appropriate time for them, i.e., the course is flexible concerning times and due dates. Students also perceived as an advantage the opportunity to understand theory and practice simultaneously. As difficulties, they pointed to little participation in the construction process of the course itself. The use of active teaching learning methods leads to students’ autonomy, since they enable students to become responsible for the construction of their knowledge, and to develop their critical-reflective side in relation to their daily work. At the same time, a proposal of a course aimed at service and at transforming the current work process needs more permeability of teachers and health service for an effective dialogue with the workers involved.

Keywords: Health; Education; Professional Formation, Integration Service- Learning

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PÁGINA DE APROVAÇÃO

CAMILA GULARTE LANAU

“ANÁLISE DA PROPOSTA METODOLÓGICA DO CURSO DE

ESPECIALIZAÇÃO EM PROCESSO DE TRABALHO EM REDES DE

ATENÇÃO Á SAÚDE”

Esta dissertação foi julgada adequada para obtenção do título de mestre e aprovada pelo

Programa de Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho da UNIVALI.

__________________________________________________________

Professora Stella Maris Brum Lopes, Doutora Coordenadora PMSGT

Apresentada perante a banca examinadora composta pelos professores:

_______________________________________________

Prof. Dra. Stella Maris Brum Lopes (UNIVALI) Presidente e orientadora

________________________________________________

Profa. Dra. Fabiola Hermes Chesani (UNIVALI) – Membro Interno

_____________________________________________________

Prof. Dra. Fatima Ferretti Tombini (UNOCHAPECO) – Membro Externo

Itajaí, 24 de novembro de 2015

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 7

2. OBJETIVOS DA PESQUISA ....................................................................... 14

2.1 Objetivo Geral ......................................................................................... 14

2.2 Objetivos Específicos .............................................................................. 14

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 15

3.1 Educação voltada aos profissionais de saúde ........................................ 18

3.2 Metodologias Ativas no Processo Ensino- Aprendizagem ...................... 20

4. PERCURSO DA PESQUISA ....................................................................... 23

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 30

5.1 Concepção do curso: da idealização à implantação ............................... 30

5.1.1 Estrutura metodológica do curso ...................................................... 32

5.1.2 Processo avaliativo ........................................................................... 37

5.2 Metodologias ativas ............................................................................... 41

5.2.1 Problematização ............................................................................... 41

5.2.2 Ambientes virtuais ............................................................................. 45

5.2.3 Portfólio ............................................................................................. 53

5.2 Percepção dos entrevistados sobre o uso das metodologias ativas ....... 55

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 58

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 60

APÊNDICE 1 – Autorização do Comitê de Ética .............................................. 67

APÊNDICE 2 – Termo de Consetimento Livre Esclarecido ............................. 71

APÊNDICE 3 – Roteiro de Entrevista .............................................................. 72

APÊNDICE 4 – Roteiro Roda de Conversa...................................................... 73

APÊNDICE 5 – Termo de Orientação .............................................................. 74

APÊNDICE 6 – Manuscrito .............................................................................. 75

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1 INTRODUÇÃO

O processo de formação dos profissionais em saúde tem sido um tema de

estudos e discussões recorrente na área da saúde e educação, desde o início

do século passado. Uma das referências na área foi a realização de um estudo

sobre educação médica, pelo médico Abrahan Flexner, que originou o Relatório

Flexner, publicado em 1910. Este relatório orientou a formação e as práticas de

todos os profissionais da área de saúde ao longo do século XX e, ainda exerce

grande influência neste século no mundo inteiro, principalmente no ocidente

(SANTANA; CAMPOS; SENNA, 1999).

O Relatório Flexner recomenda uma formação baseada na segmentação

do currículo em ciclos básico e profissional, no ensino baseado em disciplinas

ou especialidades e estágios em ambientes hospitalares, quase que

exclusivamente. Dentre outros aspectos, o paradigma flexneriano envolve

enfoque na doença, conhecimento medico fragmentado em disciplinas,

vinculação das escolas medicas a universidade, hospital como espaço de cura

e de ensino, especialização intensiva e mercado de trabalho restrito ao

consultorio. (GONZÁLEZ; ALMEIDA, 2010)

Ao se adotar a proposta de Flexner, o modelo de saúde-doença tem como

base a unicausalidade e o biologicismo, sem considerar as dimensões social,

psicológica e econômica da saúde e o amplo espectro de profissionais de saude,

que vai muito alem da medicina e seus medicos. Isto gera uma visão

fragmentada e distanciada do ser humano, característico do modelo biomédico,

resultando na incapacidade de se atender as reais necessidades individuais e

comunitárias (ARAUJO; MIRANDA; BRASIL, 2007).

Para Pagliosa; Da Ros (2008) mesmo que inegáveis a contribuição do

modelo biomédico, o fato de ser centrado na doença e no hospital não responde

mais as necessidades atuais de atenção à saúde, inclusive de programas

educacionais.

O Modelo Biomédico, portanto, apresenta inúmeras deficiências

diante dos problemas sociais brasileiros. Mostra-se incapaz de

intervir com a responsabilidade social que a área da saúde

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demanda, além de uma incapacidade, no plano coletivo, de ser

modificador de indicadores sociais (CUTOLO, 2006, p.17).

Em meados da década de 1970, surgiram movimentos que foram contra

a lógica imposta aos cursos e a prática na área da saúde no Brasil. Estes

movimentos então se unificaram e passou a ser intitulado de Movimento

Sanitário (Da Ros, 1986).

O termo “Movimento Sanitário” ou ainda, “Reforma Sanitária” surgiu a

partir de um movimento semelhante ao Movimento da Reforma Sanitária Italiana.

Esta expressão ficou esquecida por um tempo, mas logo foi reavivada durante

debates que antecederam a 8ª Conferência Nacional de Saúde, ao ser usada

para mencionar o conjunto de ideias relacionadas às mudanças na área da

saúde (BRASIL, 2008b).

Para Sergio Arouca, presidente da 8ª Conferência Nacional de Saúde e

principal representante do Movimento da Reforma Sanitária, este evento que

ocorreu em 1986, tornou-se o mais significativo em termos de debate da política

de saúde já acontecido na história deste país. Durante cinco dias, quase cinco

mil pessoas discutiram sobre saúde e um dos grandes momentos foi a criação

do Sistema Único Descentralizado de Saúde (SUDS), que mais tarde se

transformaria no atual Sistema Único de Saúde (SUS). Em 1988, foi aprovada

pela nova Constituição a lei do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2008a).

De acordo com Machado et al. (2007, p. 337):

É a partir deste Sistema que emergem princípios básicos como

o acesso universal e igualitário a ações e serviços, a participação

comunitária, a rede regionalizada e hierarquizada e a

descentralização. Portanto, as ações de saúde devem ser

desenvolvidas obedecendo a princípios como: universalidade de

acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência,

integralidade da assistência, entendida como um conjunto

articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e

curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em

todos os níveis de complexidade do sistema.

Em 1994, foi concebido pelo Ministério da Saúde, o Programa de Saúde

da Família (PSF), como uma das prioridades do governo federal para a

reorganização dos serviços de saúde. De acordo com o Ministério da Saúde, o

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PSF nasce com o propósito de reafirmar a superação do modelo de assistência

à saúde, caracterizado pela sua natureza hospitalar, focado nos atendimentos

médicos, com visão biologicista do processo saúde-doença, voltado

prioritariamente para ações curativas, ou seja, o modelo biomédico (MERHY,

2006).

Marques; Silva (2004) relatam que, inicialmente o PSF tinha como uma

de suas principais funções ampliar a atuação do Programa dos Agentes

Comunitários de Saúde (PACS) de 1991, construindo uma parceria de trabalho

na qual um programa interagiria com o outro. Com a Portaria Nº 648, de 28 de

Março de 2006, o PSF se consolidou como Estratégia de Saúde da Família (ESF)

para a reorganização da Atenção Básica no Brasil. Desta forma, a ESF prioriza

as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde da família, de forma

integral e contínua, cujo objetivo é a reorganização da prática assistencial em

substituição ao modelo tradicional de assistência.

Com a criação do SUS e a proposta de adoção de um novo modelo de

atenção à saúde, o processo de formação dos profissionais da saude tambem

entra com força na pauta de discussão. Assim, na decada de 1990, os olhares

ficam voltados para que o ensino acompanhe as mudanças que já estavam

ocorrendo nos serviços. Este movimento culminou na criação de novas diretrizes

curriculares, as quais propõem a formação de profissionais flexíveis, com

conhecimentos mais abrangentes e um sistema de saúde e currículos,

embasados nas necessidades e demandas sociais (GARCIA et al., 2006).

Neste processo, procurava-se privilegiar a construção da integralidade e

da interdisciplinaridade, buscando a superação da separação extrema existente

entre as disciplinas no ensino, além de superar também a “hiperespecialização”.

No entanto, a desarticulação política, na época, entre os ministérios da Saúde e

da Educação dificultavam e mesmo acentuavam o distanciamento entre a

formação dos profissionais e as necessidades do Sistema Único de Saúde.

Mesmo que a criação do SUS e do PSF/ESF ampliasse significativamente o

mercado de trabalho para os profissionais da área, este fato não refletia nas

mudanças necessárias no ensino da graduação, a fim de adequar os formandos

ao novo modelo proposto (CAMPOS et al., 2001).

Para dirimir este problema, no período de 2001 a 2004 foram

implementadas as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) com o seguinte perfil:

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De forma geral, o formando egresso/profissional da área, deve

ter um perfil com formação generalista, humanista, crítica e

reflexiva, capacitado a atuar, pautado em princípios éticos, no

processo de saúde-doença em seus diferentes níveis de

atenção, com ações de promoção, prevenção, recuperação e

reabilitação à saúde, na perspectiva da integralidade da

assistência, com senso de responsabilidade social e

compromisso com a cidadania, como promotor da saúde integral

do ser humano (BRASIL, 2001, p. 38).

Contudo, formar profissionais que valorizem a promoção da saúde voltada

para a comunidade, requer muito mais do que o simples remanejamento da

grade curricular. As demandas necessárias exigem uma nova postura do corpo

docente e dos dirigentes das instituições de ensino, baseadas, principalmente,

em habilidades humanas. O processo de formação proposto passa a direcionar

o rompimento gradativo do paradigma biologicista e impulsionar a gradativa

humanização dos currículos dos cursos, buscando dar às instituições

formadoras a possibilidade de graduar profissionais de acordo com as

necessidades de saúde da população. Isto implica na formação de um

profissional capaz de prestar atenção integral, mais humanizada, trabalhar em

equipe e compreender melhor a realidade em que vive a população (KRIGER,

2005).

Para impulsionar as mudanças na formação, em 2006, a partir da

articulação entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação, cria-se o

Pró-Saúde – Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional, que

busca mudanças nos processos de formação e nos serviços prestados à

comunidade, com base na integralidade do cuidado. O papel indutor deste

Programa é o de direcionar o processo de mudança curricular, bem como,

facilitar a construção de uma nova identidade profissional (KLEINUBING, 2012).

A UNIVALI, instituição de ensino superior comunitária, contém dez cursos

na área de saúde. Constantemente aprova projetos dos editais do Pró-Saúde e

PET/Saúde lançados pelo governo federal. De acordo com Univali (2010), no

ano de 2007 a instituição aprovou o Pró- Saúde– ação multiprofissional junto à

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Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) do

Ministério da Saúde. Desde 2008 os cursos de Enfermagem, Fisioterapia,

Fonoaudiologia, Farmácia, Nutrição, Psicologia e Educação Física vem

participando deste projeto que tem por objetivo integrar ensino e serviço, visando

à reorientação da formação profissional. No ano de 2013 os programas Pró-

Saúde e PET/Saúde foram unificados buscando fortalecer o processo de

reorientação da formação profissional para a saúde.

Logo, segue um quadro explicativo, retirado do site da UNIVALI:

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Os recursos provenientes destes editais são determinantes para que os

cursos da saúde possam implementar diretrizes curriculares adequadas a esta

nova perspectiva da clínica ampliada. No entanto, após várias experiências e

avaliações dos envolvidos (professores, profissionais da rede, egressos e

alunos) verificamos que ainda não ocorreram mudanças desejadas e

significativas (UNIVALI,2013).

Procurando reverter este quadro, em 2014, foi implantado o Curso de

Especialização em Processo de Trabalho em Redes de Atenção à Saúde. Este

curso propõe, por meio do uso de metodologias ativas, facilitar a mudança dos

cenários de práticas das Equipes de Saúde da Família. Dentre as metodologias

utilizadas podemos citar: o uso de ambientes virtuais, a problematização de cada

tópico a ser discutido, o uso de portfólios como forma de avaliação e a integração

e troca de experiências dos alunos com os professores e tutores do curso.

Considerando que a idealização do Curso contou com a colaboração de

vários atores, sendo a maioria docente do Mestrado em Saúde e Gestão do

Trabalho da UNIVALI e que a proposta do uso de metodologias ativas é inédita

nos cursos ofertados pela UNIVALI, pretendemos desenvolver um estudo com o

objetivo de analisar a estrutura metodológica e as contribuições das

metodologias ativas utilizadas no Curso de Especialização em Processo de

Trabalho em Redes de Atenção à Saúde, na ótica dos professores, tutores e

alunos. A nosso ver, esta análise contribuirá para elaboração de propostas de

reorganização do curso, que possui seu eixo pautado na integralidade.

Meu interesse na realização deste estudo está pautado na experiência

que tive durante a minha formação nas graduações de enfermagem e

odontologia, orientada no modelo tradicional de ensino. Pouco me deparei com

metodologias que me colocassem no centro, como figura principal do processo

de ensino-aprendizagem. Embora, algumas vezes, poucos professores se

arriscassem nessa aventura do uso de metodologias diferenciadas, o tema e a

condução das atividades continuavam sendo de forma tradicional. O uso desses

métodos, juntamente com o exercício da reflexão crítica, foi uma oportunidade

que só me foi dada durante a realização do Mestrado em Saúde e Gestão do

Trabalho, o que certamente, me preparou para o desafio de executar esta

pesquisa.

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2. OBJETIVOS DA PESQUISA

2.1 Objetivo Geral

Analisar a estrutura metodológica e as contribuições das metodologias

ativas utilizadas no Curso de Especialização em Processo de Trabalho em

Redes de Atenção à Saúde, na ótica dos professores, tutores e alunos.

2.2 Objetivos Específicos

Descrever as metodologias ativas utilizadas no Curso de Especialização em

Processo de Trabalho em Redes de Atenção à Saúde.

Identificar as potencialidades e os entraves do processo de implementação do

Curso de Especialização em Processo de Trabalho em Redes de Atenção à

Saúde, na ótica dos professores, tutores e alunos.

Reconhecer as contribuições das metodologias ativas utilizadas no Curso de

Especialização em Processo de Trabalho em Redes de Atenção à Saúde, na

ótica dos professores, tutores e alunos.

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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em

Saúde (Pró-Saúde) é sem dúvida uma das ações mais importantes em nível

federal, com o objetivo precípuo de reorientar a formação do profissional de

saúde para atender as necessidades do SUS (BRASIL, 2011).

A primeira fase do Pró-Saúde, o Pró-Saúde I, iniciou no ano de 2005.

Nesta primeira fase o Programa destinou-se aos cursos de graduação que

integravam, prioritariamente, a Equipe de Saúde da Família, ou seja:

Enfermagem, Medicina e Odontologia (BRASIL, 2011).

Com a Portaria Interministerial nº 3.019, publicada no ano de 2007, o Pro-

Saude foi estendido as demais graduações da área da saude, originando o Pro-

Saúde II. A lógica do Pró-Saúde é a de promover mudanças no processo de

ensino-aprendizagem, para tanto, foram propostos alguns eixos de orientação

(Brasil, 2009):

- Eixo de Orientação Teórica: relaciona-se com determinantes de saúde, com

aspectos biológicos e sociais da doença, bem como estudos clínicos-

epidemiológicos que propõem a avaliação crítica do processo de Atenção

Básica. Está ligado também a questões gerenciais do SUS e a educação

permanente.

- Eixo de Orientação Pedagógica: relaciona-se a maior ênfase no nível básico

com possibilidade de referência e contrarreferência, com ênfase na excelência

técnica e relevância social. Prioriza também a interação com a comunidade e

alunos, bem como, a importância do trabalho conjunto das equipes

multiprofissionais, com ampla cobertura da patologia prevalente.

- Eixo de Cenários de Práticas: discute a utilização de metodologias com foco no

ensino-aprendizagem, colocando os alunos como sujeitos ativos neste processo.

Os alunos devem aprender fazendo com sentido crítico na análise da prática

clínica, possibilitando ao aluno reconhecer e trabalhar com problemas reais,

aprendendo a exercer a autonomia dentro de sua realidade. Além disso, este

eixo ressalta a ênfase no aprendizado baseado na solução de problemas, com

avaliação formativa e somativa.

Para Haddad et al (2012), o Pró-Saúde foi primordial para instituir

mudanças em nível institucional e transpor os muros da universidade,

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propiciando a integração dos acadêmicos com a comunidade, podendo vivenciar

in loco as reais necessidades da população.

A partir do estabelecimento do Pró- Saúde I e, posteriormente, do Pró-

Saúde II, foi instituído então o Programa de Educação pelo Trabalho para a

Saúde (PET-Saúde), através da Portaria Interministerial MS/MEC nº 1.802, de

26 de agosto de 2008 (HADDAD et al, 2009).

De acordo com Pinto et al (2013), o PET-Saúde tem como principais

objetivos: inserir antecipadamente o acadêmico nos cenários de prática

comunitária, ou seja, na Atenção Primária; estimular as mudanças curriculares

dos cursos de graduação; incentivar a integração ensino-serviço; promover a

educação permanente dos profissionais atuantes; e estimular o desenvolvimento

de pesquisas na área.

No entanto, estes são programas estabelecidos muito recentemente e

não abarcam a grande massa de profissionais formados no modelo biomédico,

que acabam por encontrar sérias dificuldades, por desconhecerem o

funcionamento do SUS, bem como seus princípios e por não saberem lidar com

a complexidade de uma atenção mais humanizada.

Para a inclusão destes profissionais neste novo cenário, o Ministério da

Saúde elabora três estratégias que objetivam suprir as deficiências do ensino,

destinadas a estes profissionais. São elas (Brasil, 2014):

- Política Nacional de Educação Permanente para os trabalhadores do SUS:

destinada a públicos multiprofissionais, com o objetivo de transformar as práticas

técnicas e sociais, com foco nos problemas cotidianos das práticas das equipes

de saúde;

- Programa Telessaúde Brasil: objetiva fortalecer e ampliar as ofertas de

Educação Permanente em Saúde para os profissionais e trabalhadores do SUS,

utilizando tecnologia de comunicação e informação. Oferece serviços de

Teleconsultorias (serviço estruturado de perguntas e respostas entre

profissionais sobre procedimentos clínicos ou dúvidas do processo de trabalho

e gestão em saúde), de Tele-educação (oferta de atividades educacionais a

distância), Telediagnóstico (elaboração de laudos a distância) e 2ª Opinião

Formativa (biblioteca pública de perguntas e respostas sobre questões

levantadas pelos profissionais e trabalhadores do SUS);

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- Universidade Aberta do SUS: visa criar um acervo público e colaborativo de

materiais educacionais para a área da saúde, bem como, promover a

incorporação de novas tecnologias de informação, com oferta de apoio

presencial aos processos de aprendizagem e oportunizar aos trabalhadores da

saúde a oferta de cursos adequados à realidade local, utilizando-se de

interações presenciais e a distância, com vistas à capacitação em áreas

estratégicas para o SUS.

A proposta didático-pedagógica da Universidade Aberta do SUS (UNA-

SUS) baseia-se na aprendizagem ativa, a partir de saberes que o próprio aluno

traz de sua prática profissional, de suas experiências vividas nos serviços da

rede. Portanto, utiliza-se de meios oriundos das metodologias ativas (GUSMÃO

et al., 2014).

Com a aprovação do Pró-Saúde I, no ano de 2005 e o Pró-Saúde II em

2007, a Univali tem aprovado alguns projetos para auxiliar na implementação

das diretrizes curriculares dos cursos da área de saúde.

Dentre estes projetos, foi aprovada a proposta da criação do Curso de

Especialização para profissionais de saúde que atuam na rede municipal, em

2014, com a finalidade de potencializar a implementação das diretrizes

curriculares nos cursos da área de saúde. Este curso propôs a utilização de

metodologias ativas no ensino, como estratégia para facilitar a mudança no

cenário de prática das Equipes de Saúde da Família, tendo como pano de fundo

o método construtivista.

Para melhor contextualização, faz-se necessário abordar, mesmo que

brevemente, os dois grandes segmentos norteadores no processo de ensino-

aprendizagem: o método tradicional e o método construtivista. Kruger; Ensslin

(2013) caracterizam estes 2 métodos da seguinte forma:

- Método Tradicional: a figura do professor é o centro do aprendizado. A

maior deficiência desse método é a dificuldade que o professor encontra para

explicar a prática por meio de aulas expositivas, e consequentemente, torna-se

extremamente difícil para o aluno pensar na aplicabilidade da teoria na prática.

Valente (2014) corrobora esta afirmação e acrescenta que o modelo tradicional

consiste na figura do professor que detém o conhecimento e simplesmente o

repassa ao aluno.

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- Método Construtivista: diferente do método anterior, no construtivismo o

aluno se torna sujeito ativo no processo de ensino-aprendizagem. Neste, o

professor age como facilitador no processo, orientando o aluno a buscar e gerar

seus próprios conhecimentos. A principal vantagem deste método é que existem

diversos meios que o aluno pode utilizar que facilitará a construção de seu

próprio conhecimento como, por exemplo, a internet. Portanto, o professor deixa

de ser a figura principal do processo de ensino-aprendizagem e o aluno passa a

ser um ator ativo na construção de seus conhecimentos.

Jonassem (1996) refere que no construtivismo o conhecimento é

construído e não simplesmente repassado, como é o caso do modelo tradicional.

Relata ainda que o construtivismo é capaz de fornecer bases teóricas para o

desenvolvimento de ambientes de aprendizagem à distância.

Portanto, o método construtivista abriu precedentes para o surgimento de

novos meios, que colocam o aluno como objeto principal para adquirir seu

conhecimento. É neste cenário que surgem os cursos de educação à distância,

através do uso da internet como meio facilitador.

O método de educação à distância (EAD) tem se fixado com uma

adequada e competente ferramenta para educação de adultos já inseridos no

mercado de trabalho, apresentam, consequentemente, grande experiência

acumulada. Este método facilita o acesso destes profissionais aos conteúdos

disponibilizados (BASTOS; GUIMARÃES, 2003).

Transitando entre o método tradicional, mas com mais ênfase no

construtivista, ou ainda, métodos de ensino a distância, esta especialização está

sendo ofertada de forma semipresencial, conforme o projeto pedagógico do

curso (UNIVALI, 2013). Este formato se desenvolve parcialmente na sala de aula

e a distância, por meio do uso de tecnologias (MORAN, 2002).

Borges (2005), ao estudar a educação semipresencial, revela que este

método promove uma transformação das concepções relacionadas ao uso da

tecnologia para a educação e, possibilita subsídios teóricos e metodológicos

para um desenvolvimento de qualidade do curso.

Frente ao exposto, discutiremos a seguir conceitos que consideramos

relevantes para o processo de ensino-aprendizagem.

3.1 Educação voltada aos profissionais de saúde

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Para promover as mudanças necessárias impostas por este novo cenário

é fundamental a utilização de processos educativos, buscando o

desenvolvimento dos profissionais que atuam nos serviços de saúde (FARAH,

2006).

A educação em serviço ainda é muito utilizada na capacitação dos

profissionais de saude. Tem como finalidade os interesses da instituição,

deixando em segundo plano o interesse dos profissionais e da população. Está

mais centrada nas técnicas (habilidades) do que nos conhecimentos teóricos a

serem adquiridos, coincidindo com os métodos tradicionais de ensino. Portanto,

esta ação não surge a partir das necessidades do processo de trabalho e nem

das necessidades dos profissionais. Não reflete a prática nem tampouco

contextualiza o problema (FARAH, 2006).

Já a educação continuada apresenta uma abordagem para complementar

a formação dos profissionais, reforçando a insuficiência da graduação no

atendimento das necessidades dos serviços. No entanto, a educação continuada

parte da percepção da necessidade individual do profissional durante a

execução da sua prática, ou de algum interesse que tenha sobre um assunto.

Comumente preenche lacunas da formação, que são percebidas quando os

profissionais começam a atuar e se deparam com problemas que não

conseguem solucionar. A maioria das propostas nesta área é de ações pontuais,

desenvolvidas esporadicamente, apresenta uma metodologia

predominantemente de ensino-aprendizagem pela transmissão do

conhecimento. Este modelo de ensino é aplicado na maioria das instituições de

ensino superior (FARAH, 2006; PEIXOTO et al, 2013).

A educação permanente surge a partir de problemas oriundos do

processo de trabalho, tem como propósito melhorar a qualidade de vida humana

em todas as dimensões, tanto pessoais como sociais, o objetivo é formar o

individuo na sua integralidade e transformar as práticas profissionais e da própria

organização do trabalho (FARAH, 2006; BRASIL, 2009; PEIXOTO et al, 2013).

De acordo com Ceccim; Feuerwerker (2004); Paulino et al (2012) este tipo

de metodologia parte do pressuposto da aprendizagem significativa, coloca a

transformação do processo de trabalho como um produto da reflexão crítica

sobre as práticas cotidianas de profissionais atuantes na rede de serviços.

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Portanto, os processos de qualificação destes profissionais devem ser

desenvolvidos a partir da problematização do seu cotidiano de trabalho.

A educação permanente representa uma importante mudança na

concepção e nas práticas de capacitação dos trabalhadores, propõe a inversão

da lógica do processo, prevê a incorporação do ensino e o aprendizado no

cotidiano dos profissionais, transformando as estratégias educativas a partir da

prática, problematizando o próprio fazer.

Além do exposto, a educação permanente coloca os profissionais como

atores reflexivos de sua própria prática e construtores do conhecimento e de

alternativas, ao invés de apenas receberem informações e supostas soluções.

Ainda, aborda a equipe e o grupo como estrutura de interação, o que evita a

fragmentação disciplinar (BRASIL, 2009).

Esta estratégia propõe que a formação e o desenvolvimento devem

ocorrer de modo descentralizado, ascendente e transdisciplinar. Com isso,

espera-se a democratização dos espaços de trabalho, desenvolvimento da

capacidade de aprender e de ensinar de todos os atores envolvidos, busca de

soluções criativas para os problemas, desenvolvimento do trabalho em equipe

matricial, melhoria permanente da qualidade do cuidado à saúde e humanização

no atendimento. A proposta é que sejam realizadas rodas de discussão com os

profissionais do SUS e pessoas que pensam a formação em saúde, ou seja, não

haverá um comando vertical e obrigatório, já que na roda todos podem dialogar

livremente, influir e provocar movimento (BRASIL, 2005).

Este movimento de reflexão sobre a dinâmica do trabalho e do ensino-

aprendizagem é imprescindível para o sucesso dos processos educativos, uma

vez que coloca os trabalhadores no centro do processo, tornando-os agentes de

mudança. No entanto, esta não é uma tarefa fácil, uma vez que a maioria dos

serviços ainda desempenha uma atenção à saúde compatível com o modelo

hegemônico, centrado na doença e na cura (FARAH, 2006).

Dentro da perspectiva do processo ensino-aprendizagem, discutiremos a

seguir algumas metodologias ativas, bem como, formas inovadoras de avaliação

deste modelo.

3.2 Metodologias Ativas no Processo Ensino- Aprendizagem

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O curso de especialização, alvo desta pesquisa, contou com o uso de

metodologias ativas que tendem a facilitar o entendimento e a mudança nos

cenários de prática.

Ao definir metodologias ativas, Bastos (2006) refere que:

São processos interativos de conhecimento, análise, estudos, pesquisas e decisões individuais ou coletivas, com a finalidade de encontrar soluções para um problema. É o processo de ensino em que a aprendizagem depende do próprio aluno. O professor atua como facilitador ou orientador para que o estudante faca pesquisas, reflita e decida por ele mesmo, o que fazer para atingir um objetivo.

Já Mitre et al (2012) definem metodologia ativa como método baseado no

princípio da autonomia do sujeito, que deve ser capaz de governar sua própria

formação, levando em consideração que ensinar não consiste simplesmente em

transferir conhecimento, mas sim é um processo que se estabelece por uma

relação dialética entre ensino-aprendizagem, entre docentes e discentes.

Freitas et al (2009) e Barbosa; Moura (2013) reforçam o fato de que, na

aprendizagem ativa, o aluno participa da busca e produção de seu

conhecimento, cabe ao professor o papel de facilitador neste processo.

Independente da escolha do método que será utilizado na aprendizagem

ativa, o fundamental é que o aluno utilize suas funções cognitivas e mentais para

desenvolver o raciocínio. Portanto, a diferença do aprendizado tradicional para

o ativo é que o segundo está centrado na atitude ativa da inteligência, ou seja,

de suas funções cognitivas e mentais, baseadas nas ações de pensar,

raciocinar, observar, refletir, entender e combinar (BARBOSA; MOURA, 2013).

A problematização como forma de metodologia de ensino, está indicada

para discutir assuntos que estejam diretamente ligados à vida em sociedade.

Este método segue a lógica cientifica aplicada ao ensino, baseia-se em

apresentar os problemas e discutir formas para aprender a resolvê-los.

A problematização consiste na reflexão dos atores do processo de

trabalho sobre situações/problemas a fim de compreender e propor soluções

para as dificuldades encontradas. (MARADOLA et al, 2009; BERBEL, 2014).

Esta metodologia utiliza como referência o Método do Arco, de Charlez

Maguerez, que compara a um arco suas cinco fases, que compreendem: 1º) a

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definição dos problemas; 2º) pontos chave dos problemas; 3º) a teorização; 4º)

hipóteses de solução; 5º) aplicação a realidade (GOMES et al, 2010).

Outra metodologia utilizada é o portfólio, como forma de avaliação,

instrumento que induz o pensamento reflexivo, consiste na utilização de alguns

registros e tem a finalidade de ajudar a estruturar os procedimentos e até mesmo

o aprendizado em si. O portfólio estimula no educador e, principalmente no

educando, processos de autorreflexão (VIEIRA, 2002; BOAS, 2005).

Freitas et al (2009); Vieira (2002); Boas (2005) definem o portfólio como

uma pasta individual onde são depositados todos os trabalhos desenvolvidos

pelo aluno no decorrer de um curso. Além de sua própria produção acadêmica,

o aluno deve ser incentivado a utilizar o portfólio como meio para registrar suas

reflexões, impressões, opiniões, dúvidas e dificuldades no processo vivido, tanto

em relação aos conteúdos, quanto as técnicas de ensino, sentimentos, situações

vividas, relações interpessoais e outros aspectos que julgue necessário. No

momento devido, todo esse material colecionado poderá oferecer subsídios para

a avaliação do aluno, do professor, dos conteúdos e das metodologias de ensino,

assim como para avaliar o desempenho do curso.

Portanto, esse processo de escrita do portfólio estimula os alunos em

relação a questionamentos, discussões, suposições, análises e reflexões,

instigando cada vez mais os alunos a aprenderem os assuntos discutidos em

sala de aula, os discentes passam de ouvintes, a participantes ativos do

processo (FROTA et al, 2011).

Outra metodologia a ser mencionada, são os ambientes virtuais de

aprendizagem. De acordo com Paiva (2010) estes espaços online proporcionam

aos alunos um ambiente de encontro, de compartilhamento de informações e de

troca de aprendizagem.

Para Aguiar; Cassiani (2007) isto representa um novo paradigma para a

educação, e suas propriedades permitem o desenvolvimento do processo

didático por intermédio de meios modernos e não no simples fato do indivíduo

estar na frente do computador.

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4. PERCURSO DA PESQUISA

O projeto que deu origem a presente pesquisa foi aprovado pelo Comitê

de Ética e Pesquisa com Seres Humanos da Universidade do Vale do Itajaí, com

parecer número 854.509 de 2 de novembro de 2014.

Este estudo teve como objetivo analisar a estrutura metodológica e as

contribuições das metodologias ativas utilizadas no Curso de Especialização em

Processo de Trabalho em Redes de Atenção à Saúde, na ótica dos professores,

tutores e alunos. Para tanto, optou-se pela realização de uma investigação de

abordagem qualitativa e exploratória. A investigação qualitativa trabalha com

valores, crenças, hábitos, atitudes, representações, opiniões e adequa-se a

aprofundar a complexidade de fatos e processos particulares e específicos a

indivíduos e grupos. A abordagem qualitativa é empregada, portanto, para a

compreensão de fenômenos caracterizados por um alto grau de complexidade

interna. (MINAYO, 2008).

O curso de interesse do estudo é oferecido pela UNIVALI, instituição de

nível superior multicampi. Sua matriz está situada no município de Itajaí e sua

história iniciou-se a partir da “Sociedade Itajaiense de Ensino Superior”, desde a

década de 60. Antes de se tornar universidade, a partir de 1989, era Fundação

de Ensino Superior e somente um curso na área da saúde era ofertado, o de

Enfermagem e Obstetrícia, além dos cursos de Ciências Jurídicas e Sociais, de

Filosofia, Ciências e Letras. A partir desta data, a Universidade evoluiu e conta,

atualmente, com mais de 50 opções de cursos, 9 mestrados e 6 doutorados.

Somente na área de saúde, a UNIVALI conta com dez cursos de graduação, dois

mestrados e um doutorado (UNIVALI, 2014).

Em 2013, foi reconhecida como Universidade Comunitária diferenciando-

a de instituições privadas e com fins lucrativos. Com este reconhecimento, a

UNIVALI passa a participar da destinação de recursos orçamentários, oriundos

do governo federal em editais outrora reservados somente para instituições

públicas. Portanto, apesar de cobrar mensalidades, a UNIVALI não possui fins

lucrativos e o valor arrecadado destas mensalidades é revertido em capital para

cobrir custos de manutenção, em projetos sociais ou aplicado na melhoria da

estrutura de ensino (DIÁRIO CATARINENSE, 2013).

Denominado “Curso de Pos Graduação em Processo de Trabalho em

Redes de Atenção a Saude”, envolve os municípios de Itajaí e Balneário

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Camboriú, no estado de Santa Catarina. O curso é destinado aos profissionais

de nível superior da área da saúde que participam da integração ensino-serviço

ou que, potencialmente, podem vir a trabalhar nas atividades de ensino e/ou

estágio. Também podem participar profissionais que atuam nas atividades do

Programa de Educação pelo Trabalho PET–SAÚDE (UNIVALI, 2013).

Atualmente o curso está em seu último módulo, isto é, na execução do

Trabalho de Conclusão do Curso (TCC). Ele foi desenvolvido na forma

semipresencial e a avaliação dos alunos, em um total de 60, se dará a partir de

um portfólio, o qual deverá constar todas as atividades desenvolvidas na prática,

desde o seu planejamento até sua execução, relacionando-as com o referencial

teórico de cada conteúdo, além de reflexão crítica do processo.

Aulas teóricas sob a forma de palestras também foram utilizadas e ao final

de cada uma delas eram realizadas discussão/problematização entre

palestrantes e alunos, sobre o assunto abordado. Os palestrantes foram

professores da própria UNIVALI, mas também professores convidados de outras

instituições. As tutorias estão sendo conduzidas por quatro profissionais do

Telessaúde, em parceria com estados e municípios que, através da rede mundial

de computadores, propicia educação permanente aos profissionais do Sistema

Único de Saúde.

Participaram desta pesquisa sujeitos envolvidos no Curso desde sua

idealização até a execução, que denominaremos de equipe pedagógica

composta por 2 professores responsáveis pela construção e idealização do

curso e 2 tutores. Para os demais, ou seja, para a escolha dos alunos, foi

estabelecido alguns critérios de seleção, como afinidade e facilidade para

encontrar os sujeitos. Foram escolhidos prioritariamente àqueles que são, além

de alunos deste curso de especialização, também preceptores do PET- Saúde

Odontologia em suas respectivas UBS. A partir disso, sabendo quais UBS iriam

compor a amostra, selecionamos os demais servidores destas, que viriam a fazer

o curso. Assim, foram triadas duas UBS (que depois viraram três, porque um

cirurgião dentista foi transferido e abriu mais um grupo), desta forma, a

composição dos grupos ficaram da seguinte maneira: Grupo 1: Cirurgiã dentista

(preceptora) + Médico; Grupo 2: Médica + Enfermeira; Grupo 3: Cirurgião

dentista (preceptor- transferido de UBS) + Enfermeira.

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O critério de escolha utilizado, ou seja, alunos que fossem também

preceptores do PET- Saúde Odontologia, deu-se uma vez que a pesquisadora

participou, durante toda sua trajetória acadêmica no curso de odontologia, de

todos os editais ofertados deste projeto de extensão.

Os sujeitos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE), que relaciona os procedimentos e apresenta os riscos e benefícios da

pesquisa, garantindo a condução ética do estudo.

Como técnica de coleta de dados, optou-se pela Triangulação de dados,

neste caso para ampliar as informações sobre objeto de pesquisa, conforme

recomendam Marcondes; Brisola (2014), para isso foram realizadas entrevistas

individuais com os professores responsáveis e rodas de conversa com os alunos,

paralelamente. Já com as tutoras, a entrevista não foi presencial mas com o

auxílio do Skype, porque na fase da coleta não podiam mais se deslocar para

Itajaí e optaram em utilizar esta forma de comunicação.

A entrevista semiestruturada se desenvolveu a partir de uma lista de

perguntas previamente desenvolvidas, e questões que emergiam no momento

da entrevista e dependiam da interação entre pesquisadora e informante. A

coleta dos dados foi realizada no período de novembro de 2014 a março de 2015,

considerando o recesso do final de ano.

As entrevistas semi-estruturadas combinam perguntas abertas e

fechadas, possibilitando ao entrevistado uma maior liberdade para discorrer

sobre o tema e não se ater as indagações formuladas ( Minayo et al., 2002). É

uma técnica que se caracteriza por uma comunicação verbal e serve como um

meio para coleta de informações sobre determinado tema (DESLANDES 1994).

A interação entre pesquisador e informante cria um ambiente de

reciprocidade, onde ambos mantêm-se em um só patamar. Neste sentido, a

entrevista destaca-se de outros instrumentos, pois permite a intervenção de

pesquisador e informante, interagindo em um processo dialético. Este fato é

constatado por Triviños (1987), quando afirma que a entrevista ganha vida ao se

iniciar o diálogo entre investigador e entrevistado. No momento em que houver

aceitação mútua, as informações fluirão de forma mais autêntica.

Os horários para a realização da coleta de dados foi agendado de acordo

com a disponibilidade dos participantes. As entrevistas, assim como as rodas de

discussão, duravam no máximo uma hora.

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Para a reprodução das respostas dos entrevistados com precisão, as

entrevistas foram gravadas. Antes de iniciar as gravações, foi solicitada a

permissão, tendo em vista que o gravador poderia inibir o informante. Após o

término da gravação as entrevistas e as rodas de conversa foram transcritas na

íntegra.

A roda de conversa, ou ainda, discussão de grupo como é chamado por

Minayo (2007), consiste em reuniões com grupos pequenos, com cerca de seis

a doze informantes, geralmente tem um intermediador que por vezes intervém,

no intuito de trazer foco e aprofundar discussões. A relevância deste método está

nas opiniões, na relevância e nos valores dos entrevistados.

A coleta de dados foi postergada devido ao atraso do início do curso. Por

este motivo também, não foi possível acessar o produto final do curso, pois esta

pesquisa será entregue antes do final da especialização.

Algumas dificuldades surgiram no momento do agendamento de datas

para a coleta dos dados com os alunos, alguns não tinham disponibilidade de

tempo para as rodas de conversa, uma vez que a gestão municipal não os

liberava das atividades profissionais no horário dos encontros; um dos grupos se

desfez devido a transferência de alguns alunos e aposentadoria de outros. Os

alunos transferidos acabaram participando da pesquisa, porque foi possível

agenda-los em suas novas unidades de lotação.

As rodas de conversa com os alunos foram realizadas em suas

respectivas UBS, com data e horário previamente agendados, de acordo com a

disponibilidade dos alunos. As conversas duraram cerca de uma hora com cada

grupo.

A fim de garantir o sigilo dos participantes da pesquisa, os entrevistados

foram identificados aleatoriamente, ao longo do estudo, por Equipe Pedagógica

(E1; E2; E3; E4) e por Grupos de Alunos (G1; G2; G3).

Foi utilizada a triangulação para a análise qualitativa dos dados coletados,

opção pela Análise por Triangulação de Métodos, segundo Marcondes; Brisola

(2014, p.204),

significa adotar um comportamento reflexivo- conceitual e

prático do objeto de estudo da pesquisa sob diferentes

perspectivas, o que possibilita complementar, com riqueza de

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interpretações, a temática pesquisada, ao mesmo tempo em que

possibilita que se aumente a consistência das conclusões.

.Assim, além dos dados das entrevistas e das rodas de conversa, nos

pautamos no Projeto Pedagógico do Curso para validar e discutir as informações

coletadas.

A análise dos dados utilizada foi a de conteúdo temática, com o intuito de

descobrir os núcleos de sentido da comunicação, observando-se a presença e a

frequência dos temas relacionados ao objeto em questão. Nesta análise, a

presença de determinados temas denotam os valores de referência e os modelos

de comportamento do discurso (MINAYO, 2007).

A primeira fase da análise de conteúdo constitui-se de um período de

organização que objetiva operacionalizar e sistematizar as idéias iniciais. Esta

análise é realizada a partir da leitura das informações contidas na transcrição do

material. Para Bardin (1997), esta etapa corresponde a um período de

associações, que conduzirá a um esquema preciso de desenvolvimento das

operações sucessivas, uma das formas de identificar a coerência das hipóteses

iniciais em relação às hipóteses emergentes é tomar contato exaustivo com o

material atraves da “leitura flutuante”.

O segundo passo realizado na pré-análise e a “constituição do corpus” e

a extração das unidades de registro, que se caracterizam por frases com

significado temático em relação ao objeto. Após a conclusão da pré-análise,

ocorrerá a exploração do material e a sistematização das informações nas

próprias folhas de transcrição de cada entrevista, sendo que, posteriormente,

são reunidas pelos domínios semelhantes a todas as entrevistas (BARDIN,

1997).

A análise levada a efeito baseou-se na técnica de Análise Temática ou

Categorial, que define o tema como uma unidade de significação capaz de

operacionalizar e sistematizar o objeto de estudo. Segundo Minayo (1995), fazer

uma análise temática consiste em descobrir núcleos de sentido que compõe uma

comunicação cuja presença ou frequência signifiquem alguma coisa para o

objeto a ser analisado. Podemos afirmar que a presença de determinados temas

denota qualitativamente os valores de referência e os modelos de

comportamento presentes no discurso.

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Após repetidas leituras os dados foram agrupados de acordo com o

objetivo da pesquisa, desta maneira surgiram as primeiras categorizações. Após

novas leituras das transcrições, as categorias foram reagrupadas e novas

unidades de registro surgiram.

Na primeira fase da análise identificaram-se as seguintes categorias:

Concepção do curso

Operacionalização

Cenário

Implantação

Objetivo

Metodologia e sujeitos de pesquisa

Vantagens/Desvantagens

Processo avaliativo

Entretanto, durante um novo processo de análise, realizou-se um novo

agrupamento:

CATEGORIAS

SUB CATEGORIAS

Concepção

Estrutura metodológica

- Base conceitual

-Processo de trabalho nas

redes de atenção à saúde

-Reorganização do processo

de trabalho em saúde

- Trabalho de conclusão de curso (TCC)

Processo avaliativo

Metodologias

ativas

Ambientes virtuais

- MOODLE -Teleconsultorias

Portfólio

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Problematização

Um olhar sobre o

processo

Vantagens e

desvantagens

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste capítulo serão apresentadas as categorias que emergiram das

falas dos sujeitos. A equipe pedagógica composta pelos idealizadores do curso

e tutores participou das duas categorias de análise, ou seja, a estrutura

metodológica e a utilização das metodologias ativas. Os grupos de alunos

analisaram a utilização das metodologias ativas.

5.1 Concepção do curso: da idealização à implantação

Nesta etapa em que participaram da pesquisa os membros da equipe

pedagógica, composta pelos idealizadores do Curso e as tutoras, surgiram as

seguintes sub-categorias: 1- Estrutura metodológica: base conceitual; processo

de trabalho nas redes de atenção à saúde; reorganização do processo de

trabalho em saúde; trabalho de conclusão de curso (TCC); e 2- Processo

avaliativo.

Conforme consta no projeto pedagógico (Univali, 2013), o Curso de

Especialização em Processo de Trabalho em Redes de Atenção à Saúde tem

como objetivo principal instrumentalizar os profissionais para a reorganização do

processo de trabalho das equipes e serviços. Esta instrumentalização visa

qualificar a formação dos acadêmicos e dos serviços que necessitam estar

adequada a proposta de reorganização do processo de trabalho pautado na

integralidade.

Este objetivo nasce da experiência com o PRO/PET Saúde conforme os

entrevistados:

Esses anos todos de Pró- Saúde e PET mostraram que a

gente tinha que fazer uma qualificação tanto do docente

quanto do serviço, então é qualificar ensino e serviço.

Então é uma parte mais teórica para que refinasse um

pouquinho mais, e a parte prática, para que de alguma

forma, ela não respondesse só pela universidade. Ela

responde pelo serviço porque a gente faz a partir do serviço

(...). Então se você não qualifica também o serviço, de

alguma forma, as práticas hegemônicas acabam se

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repetindo, e o aluno acaba aprendendo também nesta

práticas hegemônicas. (E1)

Primeiro a questão do compromisso do Sistema Único com

a questão da educação permanente e da educação em

serviço, para estar sempre adequando o servidor, o

serviço, as demandas da sociedade e as demandas

teóricas e legais do sistema. Então atualizar o servidor.

Segundo, que é a nossa, é justamente aproximar o serviço

da academia. Então aproximar a fala, aproximar o olhar e

possibilitar práticas para o servidor, que eles devem estar

desenvolvendo com os acadêmicos nos cenários de prática

(E2)

Nas falas é perceptível que os entrevistados estão preocupados com a

mudança do modelo assistencial e, consequentemente, com a mudança na sua

formação acadêmica em direção a este paradigma. O alinhamento dos anseios

dos acadêmicos se dará com a mudança na postura dos docentes e profissionais

que irão recebê-los nos campos de estágio uma vez que a maioria teve sua

formação baseada no modelo assistencial tecnicista e biológico.

Ceccim e Feuerwerker (2004) referem que para induzir de fato a mudança

na formação, deve-se levar em conta todos os elementos ditos indispensáveis

para garantir o perfil necessário à consolidação do sistema de saúde vigente. A

partir do momento em que há o comprometimento de formar profissionais na

perspectiva da integralidade, deve haver empenho na construção da

aprendizagem e da clínica, envolvendo todos os atores no processo da formação

profissional, sejam os ligados ao ensino ou os ligados aos serviços de saúde.

Batista; Gonçalves (2011) defendem a necessidade de educação permanente

para todos estes profissionais, com o objetivo de (re) significar seus perfis de

atuação.

É importante acrescentar que a equipe responsável pela implantação do

curso em questão, contou com a colaboração das tutoras do Telessaúde:

Na verdade elas estão o tempo inteiro. Elas estão desde o

primeiro período, antes de começar o curso, a gente já teve

reunião, acertamos a metodologia, acertamos o

referencial. Elas trabalham primeiro com o texto,

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recebendo o material e corrigindo o material. Então elas

estão desde o primeiro módulo, junto com a coordenação

e os professores, trabalhando a questão da correção, e da

orientação teórica do material elaborado. (E2)

Primeiro, antes ainda de iniciar a especialização, a gente

participou já das atividades de planejamento a partir da

proposta da universidade, nos foi pedido também que

fizessemos a nossa proposta de prática para a realização

da tutoria. (E3)

A preocupação da equipe de implantação em procurar auxilio de

profissionais afinados com a proposta de reorganização do modelo de atenção,

culminou na robustez da proposta, no sentido de alcançar os objetivos do curso.

Esta organização integrou os diversos sujeitos envolvidos na implantação do

curso, buscando uma afinidade com a concepção e execução de todas as etapas

ao longo do curso.

5.1.1 Estrutura metodológica do curso

No projeto pedagógico do curso (Univali, 2013) o conteúdo programático

foi dividido em quatro modulos, o primeiro foi “ Base conceitual do programa”,

as falas revelam concordância no relatado pela equipe pedagógica e o PP do

curso.

É conceitual mesmo, que é um pouquinho dos óculos do

que seria olhar todo o processo de trabalho. Então tem a

ver muito com concepção saúde- doença, com ênfase na

questão da visão da integralidade e das políticas públicas

de como tu estrutura todo esse processo. (E1)

A questão da mudança de modelo ficou claro nas respostas no que tange

aos objetivos do curso pelos membros da equipe:

Não era simplesmente formar pessoas com mais

conhecimento, mas era de transformar práticas. O objetivo

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do curso não era, como já te falei, a gente ofertou isso não

só para formar as pessoas, para ter profissionais mais

qualificados, a gente montou este curso para mudar as

práticas que tinha a ver com o cenário de prática dos

cursos de graduação. E isso, eu estou falando sobre o

ponto de vista da universidade, mas é lógico que o nosso

grande objetivo não é mudar a prática do ensino, é de

mudar as práticas sanitárias. Isso é o mais importante. (E1)

Eu penso não só na mudança, eu penso que ele pode

qualificar o processo que já acontece, então em cima da

realidade vivida hoje, ele pode qualificar essa realidade –

então ele pode fortalecer o que já está realmente

funcionando, fortalecer as experiências que são exitosas,

fortalecer o processo de trabalho, ele pode potencializar

novas metodologias, novas técnicas de trabalhar na lógica

da integralidade da Saúde da Familia. E terceiro, eu

acredito que ele possa mudar o que realmente não está

adequado a proposta, as diretrizes, desta estratégia.” (E2).

Neste momento os entrevistados relatam os objetivos do curso sob seu

ponto de vista. Enquanto E1 acredita que deve transformar e mudar as práticas,

E2 refere que a mudança deve acontecer, mas também deve fortalecer aquilo

que já existe, ou seja, adaptar o processo de trabalho a essa nova realidade.

É natural que as falas dos entrevistados reflitam o seu ponto de vista

sobre os objetivos dos cursos, já que se dá a partir de suas concepções prévias

sobre o assunto. O fato de E2 acreditar que é possível adaptar uma nova ótica

ao cotidiano de trabalho dos profissionais, reflete na ideia de transformar algo

imposto, de forma vertical. Transformar algo significa tornar diferente do que já

era e para isso é necessário que as pessoas envolvidas tenham por base um

novo conceito, uma nova concepção sobre seu processo de trabalho.

Há que se considerar que a (re)organização das ações de saúde, ou seja

do processo de trabalho, está intimamente relacionada a forma como o

profissional concebe o processo saúde-doença. Quando se almeja a

integralidade, não deve haver imparcialidade, ou seja, deve ser planejado e

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estruturado a partir da concepção e pressuposto da integralidade, organizado,

desta forma, tanto na graduação quanto na educação permanente de

profissionais que atuam no SUS, com foco na mudança do modelo hegemônico

em direção de um estilo de pensamento integral (MAEYAMA; CUTOLO, 2010).

No segundo modulo “Processo de trabalho nas redes de atenção à

saúde”, fica explícito a divergência entre os membros da equipe pedagógica

sobre o processo de trabalho nas redes de atenção à saúde.

Um segundo bloco ele teria mais a ver com o processo de

trabalho, então, toda a parte que de fato te auxilia na

mudança de processo de trabalho ou que faz tu refletir

sobre processo de trabalho, ele estaria nesse bloco. (E1)

A partir dessas aulas teóricas, os alunos tinham que

elaborar um diagnóstico de problemas que eles

identificavam no processo de trabalho deles. De cada tema

que foi trabalhado na sala de aula, eles fizeram um

diagnóstico. (E4)

Ao utilizar o termo “refletir” E1 demonstra sua preocupação em trazer o

aluno para o centro da discussão, tornando-o um ator ativo, crítico- reflexivo, do

processo da aprendizagem. Já E4 apresenta uma tendência em somente

apontar problemas quando usa o termo “diagnostico”, sem contextualizá-los.

Refletir sobre o processo de trabalho torna o profissional o centro do

processo ensino-aprendizagem e do processo de trabalho, coloca-o como

agente ativo no processo de mudança. No entanto, esta não é uma tarefa fácil,

pois a estrutura dos serviços muitas vezes é o maior impedimento do

trabalhador, porque ainda estão estruturadas no modelo hegemônico (FARAH,

2006).

O terceiro módulo “Reorganização do processo de trabalho em

saúde” foi organizado no PP do curso de acordo com o espaço de prática do

aluno. Deste modo, os profissionais ficaram divididos em grupos, os da

Estratégia de Saúde da Família e outros de potenciais matriciadores e

profissionais de serviços especializados e hospitalares. Este módulo é o que

possui maior carga horária com 144 horas foi realizado em pequenos grupos

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tutoriais, com apoio institucional para discussão, planejamento e execução das

atividades previstas no programa.

As atividades são voltadas para a reorganização do processo de trabalho

das equipes, cujos participantes do curso fazem parte.

“O terceiro módulo é de priorização de problemas e de

propostas de elaboração de um projeto de intervenção em

cima do Arco de Maguerez, então a gente problematiza,

hipotetiza, teoriza e depois a gente aplica na realidade.”

(E2)

Para qualquer proposta de mudança na formação profissional,

principalmente na área da saúde, é condição sine qua non a adequação dos

serviços que serão campos prática no processo ensino-aprendizagem. Esta

adequação passa muito pela reestruturação física e de pessoal, ou seja, o apoio

institucional que é definido como:

“Função gerencial que reformula o modo tradicional de se fazer

coordenação, planejamento, supervisão e avaliação em saúde.

Um de seus principais objetivos é fomentar e acompanhar

processos de mudança nas organizações, misturando e

articulando conceitos e tecnologias advindas da análise

institucional e da gestão. Ofertar suporte ao movimento de

mudança deflagrado por coletivos, buscando fortalecê-los no

próprio exercício da produção de novos sujeitos em processos

de mudança é tarefa primordial do apoio. Temos entendido que

a função do apoio é chave para a instauração de processos de

mudança em grupos e organizações, porque o objeto de trabalho

do apoiador é, sobretudo,o processo de trabalho de coletivos

que se organizam para produzir, em nosso caso, saude”

(BRASIL, 2008, p. 52).

O quarto módulo “Trabalho de conclusão de curso (TCC)”, consiste na

realização de portfólio e seminário final, segundo o PP. Neste deverá constar o

planejamento e a execução de todas as atividades desenvolvidas na prática,

analisando-as com o referencial teórico de cada conteúdo, além de conter uma

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reflexão critica do processo. Obrigatoriamente deverá ter um orientador que será

o mesmo orientador/ tutor das atividades práticas do aluno.

... o módulo quatro é o módulo de fechamento, que é o

módulo de conclusão, do trabalho de conclusão de curso.

Então a gente vai estar dando um apoio mais teórico e de

revisão para fechar uma redação da intervenção que eles

vão ter realizado. (E3)

É interessante ressaltar que a etapa do TCC não foi mencionada por um

dos idealizadores, embora estivesse presente desde o projeto inicial do curso.

Outro ponto relevante na discussão dos módulos, diz respeito a

discordância entre idealizador e tutora, como pode ser observado a seguir:

Os módulos funcionam separadamente. Se não me

engano, o primeiro módulo com 80 horas, o segundo

módulo com 120 horas, o terceiro com 200 horas, e o

quarto módulo com 80 horas. (E2)

Na verdade, as etapas elas se misturam. Ao mesmo tempo

em que estavam acontecendo as disciplinas teóricas, a

gente já estava trabalhando com eles os diagnósticos a

distância. Agora a gente está numa outra etapa, que foi

priorizado o problema, e eles estão elaborando a

intervenção. Mas antes, a teorização e a elaboração dos

diagnósticos, elas eram concomitantes.(E4)

Como mencionado anteriormente, as tutoras estiveram presentes desde

o início, participando de cada módulo. A seguir, E4 relata sua função enquanto

tutora do curso:

A minha função é, nós demos aulas teóricas claro, mas a

minha função é acompanhar alguns grupos de alunos no

desenvolvimento do projeto deles de intervenção no

processo de trabalho. Então a gente acompanha e orienta

esses alunos em cada etapa do curso. A gente utiliza a

metodologia da problematização, identifica problemas,

teoriza sobre esses problemas nas aulas práticas, e depois

propõem uma intervenção real, na realidade de trabalho

dessas pessoas, e analisa essa intervenção. (E4).

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Além da tutoria, as tutoras participaram das aulas teóricas no início do

curso. Esta condição é fundamental uma vez que a teoria precisa estar alinhada,

posteriormente, com a parte prática do curso. Esta preocupação fica explícita na

fala de E1: “A ideia era que tivesse essa aproximação, que os convidados

pudessem seguir uma linha que o curso desejava, e os tutores da mesma forma,

que eles tivessem um alinhamento daquilo que se gostaria, porque às vezes

acontece isso… você chama um convidado, alguém dá uma parte teórica e

depois na parte de desenvolvimento de estágio, ou na parte prática, as pessoas

falam numa outra lógica, o que não faz sentido nenhum” (E1).

Esta aproximação e alinhamento são fundamentais em um curso cujo

objetivo principal é a transformação do processo de trabalho, a partir de um

referencial teórico oferecido no curso.

Portanto, percebe-se certas divergências entre os sujeitos envolvidos na

equipe pedagógica o que, presume-se, acaba refletindo nos alunos,

principalmente no que se refere a metodologia que será utilizada no trabalho de

conclusão de curso, apesar de estar explícita no projeto pedagógico do

programa.

5.1.2 Processo avaliativo

De acordo com o relato de todos os entrevistados, a avaliação é

processual, obedecendo uma sequência que corresponde a cada módulo

cursado na especialização.

O que a gente esperava realmente no final do curso era o

portfólio, com a descrição dessas ações, das tutorias e dos

processos de mudança… era este o processo avaliativo.

Assim como eles acabam passando por uma banca de

trabalho de conclusão de curso, eles passariam por uma

banca, que não necessariamente seria uma banca, mas a

gente pensou em fazer um grande seminário final, que as

pessoas poderiam trazer suas experiências de como elas

fizeram todo o processo de mudança, no que avançaram

mais e em outras, no que tiveram mais dificuldade. (E1)

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No primeiro módulo foi feito uma discussão mais geral

sobre os modelos de atenção e como está contextualizada

a atenção básica hoje. Então eles entregaram um artigo

que vai ser parte do TCC como introdução. Depois, quando

entrou nas aulas de cada tema do processo de trabalho,

eles entregavam os diagnósticos dos respectivos temas e

a gente avaliou de 0 a 10. Eles entregavam os diagnósticos

e a gente avaliava a reflexão deles, o empenho na

discussão dessa problemática. Agora o que está em fase

de avaliação, é a priorização do problema que eles

entregaram para nós por escrito, usando a metodologia e

também a matriz de intervenção. Daí agora, a avaliação

final vai ser do TCC como um todo, da descrição, da ação,

da aplicação e do envolvimento dos alunos. (E4)

Não houve consenso entre os membros da equipe pedagógica no que diz

respeito ao processo avaliativo dos alunos. E1 fala sobre o uso do portfólio como

instrumento avaliativo e da socialização do percurso com os outros alunos, em

um grande seminário final. Por outro lado, E4 informa a realização de um artigo

no início do curso, que servirá como introdução para o TCC e a listagem de

diagnósticos.

Embora E4 refere que a última etapa da avaliação será a descrição da

ação, da aplicação e do envolvimento dos alunos, não podemos considerar que

os alunos serão avaliados a partir de um portfólio, pois é um instrumento que

deve ser elaborado durante toda a atividade do aluno, o que se presume não foi

realizado. Maciel et al (2014) definem o portfólio como uma ferramenta

facilitadora da construção e reconstrução do processo ensino-aprendizagem,

que permite ao aluno refletir sobre a realidade local e identificar os problemas

analisando-os criticamente. Portanto, não há clareza de que os alunos serão

avaliados a partir deste instrumento.

Ao analisar este processo de construção e implantação do curso

identifica-se que o mesmo foi estruturado da seguinte maneira, conforme o

projeto pedagógico:

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Portanto o projeto pedagógico do curso (Univali, 2013) previa

primeiramente, o módulo com o desenvolvimento de uma base conceitual,

discussão da concepção saúde-doença e obter conceitos pautados na

integralidade.

Em um segundo momento, após a parte teórica, os alunos teriam então

subsídios para discutir de maneira crítico-reflexiva o seu processo de trabalho.

No terceiro momento iniciaria a reorganização do processo de trabalho,

divididos em pequenos grupos, onde teriam o auxílio das tutorias, sob a forma

de apoio institucional, para conduzir este processo. O apoio das tutoras deveria

ocorrer sob a forma de teleconsultorias, previamente agendadas (síncrona), e as

duvidas poderiam ser “postadas” na plataforma MOODLE (assíncrona), ambos

via internet.

Em seguida está previsto no PP a realização do TCC. Esta não é uma

etapa isolada do curso, deveria ser desenvolvida desde o início, uma vez que

consiste na elaboração do portfólio que consiste no relato de todas as atividades

desenvolvidas na prática, desde o planejamento até a execução, relacionando-

as com o referencial teórico de cada conteúdo, além de reflexão crítica do

processo.

O orientador do TCC seria o mesmo tutor responsável pela condução

destes alunos, durante o processo de tutoria via internet. No final do curso, os

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alunos deveriam se reunir para dividir suas experiências, suas angústias, as

facilidade e dificuldades que encontraram durante o percurso e as

transformações ocorridas durante todo este processo. No entanto, de acordo

com os relatos, o curso ocorreu da seguinte maneira:

Na visão dos sujeitos o primeiro módulo ocorreu como consta no PP, a

base conceitual do programa, que serviu para a formação da concepção saúde-

doença dos alunos, no âmbito da integralidade. Neste momento, após cada aula

teórica, os alunos deveriam realizar tarefas sobre cada tema abordado. Para a

elaboração dessas tarefas, os alunos foram divididos em pequenos grupos, que

respondiam uma série de perguntas, propostas pelas tutoras e ao final deveriam

ser entregues via MOODLE. Os alunos tinham aula teórica presencial uma vez

por semana, logo, deveriam produzir um trabalho por semana.

O segundo módulo denominado processo de trabalho nas redes de

atenção à saúde, na visão dos entrevistados, foi desenvolvido de maneira

diferente do proposto no projeto pedagógico. As tutoras solicitaram aos grupos

que elaborassem uma lista de diagnósticos, ou seja, apontassem problemas

identificados no cotidiano do processo de trabalho dos alunos e a

encaminhassem via MOODLE.

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No terceiro módulo de reorganização do processo de trabalho em saúde,

as tutoras solicitaram que cada grupo priorizasse um problema. A partir disso,

foi elaborado um projeto de matriz de intervenção, semelhante a matriz de

intervenção utilizada no Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da

Qualidade da Atenção Básica (PMAQ).

O módulo final, elaboração de um trabalho de conclusão de curso, ainda

não estava claro. Devido a data da coleta de dados, não foi possível tomar

conhecimento da metodologia que foi seguida no TCC. Mas parece-nos que não

ocorreu como previsto no projeto pedagógico - o uso do portfólio-, já que é uma

estratégia que exige a elaboração de um documento desde o começo do curso,

contando toda a trajetória do aluno no curso e a mudança no processo de

trabalho ocorrida, juntamente com a reflexão crítica do aluno. Na fala de alguns

entrevistados não havia este entendimento e o curso já estava em sua etapa

final.

5.2 Metodologias ativas

Nesta categoria, além da equipe pedagógica, também participaram os

alunos, a seguir descreveremos as categorias que emergiram das informações.

Com base no que foi proposto, destacaram-se as seguintes metodologias.

5.2.1 Problematização

A problematização consiste na reflexão dos atores sobre o processo de

trabalho diante de situações/problemas, a fim de compreender e propor soluções

para as dificuldades encontradas (MARANDOLA et al, 2009).

De acordo com Ceccim; Feuerwerker (2004) este tipo de metodologia

parte do pressuposto da aprendizagem significativa, coloca a transformação do

processo de trabalho como um produto da reflexão crítica sobre as práticas

cotidianas de profissionais, atuantes na rede de serviços, em situações reais.

Portanto, a qualificação destes profissionais deve ser desenvolvida a partir da

problematização do seu trabalho cotidiano.

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Este conceito refletiu nas falas dos acadêmicos ao referirem vantagens

no uso desta metodologia:

A nossa criticidade em relação ao nosso processo de

trabalho mudou bastante nesse processo durante a

especialização. Isso foi muito bom. Nos fez pensar, nos fez

refletir mais. (G2)

Acho que valeu, só o fato de a gente estar percebendo

problema e tentando achar a solução… parar e conversar,

já vai ter valido. (G1)

De acordo com a fala dos alunos, esta metodologia auxiliou na melhoria

do senso crítico sobre seu processo de trabalho. Ter um tempo para refletir sobre

suas ações e problemas é importante para que juntos, em equipe, possam

encontrar soluções nos impasses diante de seu cotidiano nas unidades.

De acordo com Silva; Delizoicov (2008) há diferentes sentidos para o

significado de problematização. Os autores revelam que a essência do

problematizar no processo de ensino-aprendizagem, depende do pressuposto

epistemológico, da concepção de educação e do domínio da técnica daquele

que aplica esta estratégia, para o alcance dos objetivos propostos.

O Projeto Pedagógico do curso não especifica qual referencial de

Metodologia da Problematização utilizado, se a proposta por Berbel (1998), ou o

Aprendizado Baseado em Problemas (Problem Based Learning - PBL).

No entanto, durante a fala de uma das tutoras, tendo em vista algumas

etapas citadas, parece que é a proposta por Berbel (1998):

Então é a metodologia da problematização, que a gente

identifica problemas, a gente teoriza, e volta para a

realidade aplicando uma intervenção. (E4)

Berbel (1998) refere que a primeira referência para a Metodologia da

Problematização é o Método do Arco, de Charles Maguerez, apresentado por

Bordenave e Pereira (1982). Nesse esquema constam cinco etapas que se

desenvolvem a partir da realidade ou um recorte da realidade: Observação da

Realidade; Pontos-Chave; Teorização; Hipóteses de Solução e Aplicação à

Realidade (prática).

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No que tange a relevância da metodologia problematizadora, os

entrevistados relataram:

Bem, eu sou uma defensora da problematização, porque

para que as coisas façam sentido para você, tem que estar

dentro da sua realidade. Você tem que conseguir aplicar

aquela discussão teórica, dentro da sua realidade. Então

acho que essas metodologias potencializam isso. Claro

que existem muitas dificuldades na aplicação disso tudo,

as pessoas, os alunos, não estão acostumados a trabalhar

com este tipo de metodologia.(E4)

A parte da problematização surgiu até espontaneamente.

E o problema a ser priorizado, para nós era bem óbvio.

Esse confronto com a parte teórica ajudou bastante, foram

muitos textos e aulas bem interessantes no início. Mas eu

acredito que a teorização ajudou a compreender alguns

assuntos, mas não que isso tenha contribuído para o

trabalho final agora. Eu não vejo essa ligação. Com alguns

textos foi bem fácil fazer essa ligação com a prática, agora

outros, como por exemplo aquele do Quadrilátero, (X: É

verdade… meu deus do céu), ali ficou uma coisa muito

vaga para nós, nós não entendemos onde ele queria

chegar no final, eu não consegui entender onde aquilo iria

facilitar minha vida na Unidade ou mudar meu processo de

trabalho. Mas por exemplo, o texto do Rubens Mattos sobre

a integralidade foi muito legal, até de perceber as coisas

que a gente já estava fazendo ou aquilo que deveríamos

mudar o olhar. (G1)

A gente problematizou fora dos espaços que tinham

alguém supervisionando a nossa problematização. Só nós,

entre nós. Sem apoio da tutora. Até teria o apoio se a gente

quisesse conversar através do MOODLE. Não nos foi dada

a opção de fazer uma conversa com a tutora via skype,

antes desse momento que estamos vivendo agora, que é

um momento de teleconsultoria. No primeiro momento,

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quando nós estávamos lá: educação em saúde, daí tinha

lá as perguntas, um monte delas. Ok, um monte delas… se

isso é problematizar, ok, tá bom. Se querem usar isso como

problematização, de vir como pergunta para a gente

pensar, para a gente reviver o processo de trabalho que a

gente faz isso, ok. Mas eu preciso de alguém para me

direcionar o meu pensar. Teve a aula, mas a aula não é

problematizar. (G2)

Assim, na verdade a nossa tutora, no final de cada texto,

ela só respondia pelo texto mesmo. Ela fazia mais uma

correção técnica. Não teve assim uma contribuição ativa

das tutoras, de pegar junto. A correção era mais no sentido

de mudar alguma referência bibliográfica. É, mais na parte

científica. Às vezes ela respondia e dizia que não via que o

raciocínio estava claro, que faltava complementar. Mas só

citava isso, não puxava nada da gente nem dava nenhuma

ideia, instigando a gente a escrever mais. (G1)

Teve a parte teórica, que foi muito boa. Mas não tivemos a

contrapartida da discussão, da problematização (G2)

Pelo relato é possível verificar que, os alunos realizaram a

problematização em grupos, no entanto, sem o apoio da tutora durante este

processo. Referiram que não tiveram dificuldade para problematizar, mas que o

fizeram sozinhos e, ao final, quando encaminhavam a atividade pronta para as

tutoras, estas limitavam a uma correção bibliográfica.

Contudo, a tutora defende o processo de problematização por trazer

temas do cotidiano de trabalho dos alunos. No entanto, elas admitem que este é

um processo que apresenta dificuldades, até porque os alunos não estão

adaptados a esse método.

No que se refere à importância da metodologia problematizadora os

entrevistados reconheceram, de forma unânime, suas vantagens e importância.

No entanto, pelo fato dos alunos relatarem a dificuldade na ligação

teórico/prática, fica claro que não houve apoio direto e contínuo, por parte dos

tutores, durante a utilização da técnica de problematização.

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Essa dificuldade relatada pelos alunos pode estar relacionada com a falta

de comunicação direta entre os acadêmicos e os tutores, responsáveis pela

mediação deste processo. Toda a etapa de problematização, levantamento de

problemas e priorização do problema, foi realizada por emails ou do MOODLE,

o que pode ter dificultado o processo da comunicação dos alunos com os tutores.

Entretanto, estava previsto no projeto pedagógico do curso que os alunos

deveriam realizar a problematização com o auxílio das tutoras e para que isso

de fato ocorra, é necessário exaustivas discussões entre eles. Claramente não

existe a possibilidade de realizar tais discussões a partir de meios assíncronos

como e-mails e/ou via MOODLE, uma vez que essas plataformas são, em sua

maioria, utilizadas para resolução de dúvidas. Para fins de discussão, foi previsto

o uso de meios síncronos, ou seja, teleconsultorias, onde os alunos se

encontrariam, virtual e simultaneamente, com seus tutores para discutir o

processo de trabalho.

Na concepção de Silva; Delizoicov (2008) o professor é um importante

mediador e a discussão entre ambas as partes deve ser constante:

O professor reconhece nos conhecimentos prévios dos alunos, obstáculos epistemológicos e promove, por meio de rupturas do conhecimento vulgar, a possibilidade de o aluno realizar a catarse intelectual e afetiva desse conhecimento para que o mesmo possa romper com o conhecimento do senso comum e transitar também pelo conhecimento científico. Em relação a este último, é necessário que o mesmo esteja exposto constantemente ao confronto, à dialetização.

Contudo, os professores apresentam certa dificuldade em propor e

conduzir atividades sob a perspectiva das metodologias ativas, uma vez que toda

a formação profissional destes foi baseada ainda no método tradicional de

ensino.

5.2.2 Ambientes virtuais

Com o advento da internet surgiram os ambientes virtuais de

aprendizagem. Estes espaços online proporcionam aos alunos um ambiente de

encontro, de compartilhamento de informações e de troca de aprendizagem. As

videoconferências, audioconferências e ainda o Moodle são consideradas, pelo

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Ministério da Saúde, estratégias de ambiente virtual de aprendizagem (PAIVA,

2010; SILVA, NESPOLI, 2012).

O MOODLE foi um ambiente muito utilizado. Segundo Cerveira (2011), a

plataforma “Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment"

(MOODLE) é um software livre, serve de base à aprendizagem e é realizado num

ambiente virtual. Na língua de origem, o inglês, o verbo "to moodle" descreve o

processo de navegar despretensiosamente por algo, enquanto é possível fazer

outras coisas ao mesmo tempo. Pode ser definido ainda como um ambiente de

gestão de aprendizagem, utilizado no mundo todo.

Os autores Prado; Freitas (2012, p.2) definem o MOODLE como uma

ferramenta que se divide em três partes:

O Moodle possui diversas ferramentas, dentre elas questionário, “chat” e forum. Durante o desenvolvimento de um curso de ensino a distância ou semipresencial, o questionário pode por ser usado para diversas atividades, tais como: atividade para autoavaliação, lista de exercícios, teste rápido, prova virtual etc. Foruns e salas de “chat” fornecem meios de comunicação entre o professor e os alunos fora das salas de aulas. Os fóruns permitem mais tempo para reflexão antes que a participação aconteça e permitem uma discussão reflexiva por um período longo de tempo. As salas de “chat”, por outro lado, fornecem uma forma de comunicação rápida e instantânea com professores, tutores e alunos.

Nos depoimentos da equipe pedagógica e dos alunos, fica claro a

dinâmica de utilização e as dificuldades encontradas via MOODLE:

Nós temos a consultoria, do qual elas recebem o material

via MOODLE, elas corrigem e reenviam para o aluno e

temos a webconferência, então no terceiro módulo, do qual

será desenvolvido praticamente todo a distância, com

alguns encontros presenciais, elas vão combinar as web

conferências, do qual em tempo real os acadêmicos vão

estar em grupos junto com as tutoras recebendo

orientação. (E2)

Já nos ambiente virtual, neste caso, nesta especialização,

não houve tantas dificuldades. Claro que sempre tem um

aluno ou outro que precisa de uma ajuda, que a gente tem

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que ter um pouco de paciência no início para explicar. Nos

encontros tutoriais nós fizemos um passo a passo,

auxiliando eles no acesso, porque a gente sabe que esse

é um problema. (E4)

Nós reconstruímos a nossa priorização e eu postei no

MOODLE, mas eu acho que deve ter acontecido algum

problema, porque depois ela me mandou email perguntou

o que tinha acontecido, mas eu já tinha mandado, já tinha

me desculpado, já tinha explicado o que tinha acontecido e

não chegou para ela. Ao invés de mandar por email, eu

preferi mandar pelo MOODLE, porque por aí ela poderia

até me corrigir já. Mas por uma incapacidade técnica

minha, pessoal, isso não aconteceu e se a gente estivesse

junto isso não aconteceria. (G2)

Em relação ao uso do ambiente virtual, surgiram visões diferentes entre

equipe pedagógica e alunos. Para a equipe pedagógica, não houve grandes

problemas em relação ao uso desta plataforma virtual, no entanto, reconheceram

que no início os alunos podem apresentar dificuldades na utilização da

ferramenta. Contudo, desenvolveram um passo a passo, auxiliando os alunos

neste primeiro contato com o MOODLE.

Outra divergência de opinião entre tutoras e alunos foi a comunicação via

MOODLE. Apesar das tutoras referirem que o processo de comunicação foi

facilitado, os acadêmicos apontaram justamente o inverso.

Mas é um ambiente muito importante para que a gente

possa manter essa comunicação com eles, além dos

momentos que a gente pode estar presencialmente já que

também a especialização tem uma restrição de carga

horária e para isso tem que direcionar né, o que vai ser

presencial e o que vai ser a distância. Mas o moddle tem

ajudado muito. (E3)

Outra coisa que eu senti dificuldade foi o contato com a

tutora, porque a gente mandava email e ela demorava

muito para responder. Não tinha um acesso próprio ali no

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site. Então a gente mandava mensagem e ela demorava

muito para nos responder. Tinha que ter sido algo mais

dinâmico. (G1)

Pelas falas parece que faltou uma comunicação mais frequente e outros

meios de realizá-la entre alunos e acadêmicos, o que acabou acarretando várias

divergências.

Outra dificuldade pontuada pelos alunos, diz respeito à interface complexa

da plataforma, tornando o acesso e a navegação complicada, gerando o

desinteresse no seu uso: “Bem, tem o MODDLE. A interface desse programa,

ela é muito ruim. Não facilita e não estimula a gente a utilizar. Não era sequencial,

se você precisasse voltar você não conseguia achar de volta o caminho. Eu

sugiro que o programa seja mais atrativo, mais simples, sem muitos passos (G1).

Outro grupo complementa:

Quando eu comecei essa pós, eu tinha acabado

recentemente outra a distância. Eu já usava esses

ambientes virtuais, usava o MOODLE, mas essa veio um

pouco diferente. Eu achei assim com muito mais conteúdo,

que a gente dependia mais de orientação. O site era um

pouco mais trancado, o outro fluia muito. Mesmo estando

acostumado com o ambiente virtual na primeira, nesta

segunda eu tenho que estar pensando até hoje, onde eu

tenho que ir. Então não fluiu tão rápido como da primeira,

em relação a acesso, a descobrir onde está, não é

instintivo… eu tenho que estar pensando para chegar. (G3)

De acordo com Faria; Giraffa (2008) é primordial preparar o aluno para

utilizar a tecnologia e também para a aprendizagem no ambiente virtual. Para a

utilização de qualquer tecnologia é preciso inserir o aluno gradualmente, com o

apoio e incentivo do professor. So assim o aluno se sentirá motivado a ‘navegar’

por essas plataformas com mais propriedade. É preciso estar atento também

para a utilização da interface do programa, quanto mais simples e rápida ela for

melhor será o aprendizado, uma vez que a maioria dos alunos não está

familiarizada com as ferramentas disponíveis on line, até porque a formação na

graduação, na maioria das vezes, seguiu o modelo tradicional.

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No caso da teleconsultoria, Alckmin et al (2012) definem como uma troca

de informações entre profissionais da saúde com a finalidade de discutir um caso

clínico ou obter uma segunda opinião quando houver necessidade. Existem dois

modelos de Teleconsultoria: síncrono (online), quando a ação se dá em tempo

real, e assíncrono (off line), quando o caso é enviado e respondido

posteriormente.

A definição de teleconsultoria, contida na Portaria nº 2.546, de 27 de

outubro de 2011 é a seguinte:

Teleconsultoria: consulta registrada e realizada entre trabalhadores, profissionais e gestores da área de saúde, por meio de instrumentos de telecomunicação bidirecional, com o fim de esclarecer dúvidas sobre procedimentos clínicos, ações de saúde e questões relativas ao processo de trabalho, podendo ser de dois tipos: a) síncrona - teleconsultoria realizada em tempo real, geralmente por chat, web ou videoconferência; ou b) assíncrona - teleconsultoria realizada por meio de mensagens off-line (BRASIL, 2011).

O entrevistado da equipe pedagógica define teleconsultoria como:

“É uma teleconsultoria que a gente chama de síncrona,

online, é à distância, mas é online. Ela é feita por Skype, a

pessoa se conecta, e consegue discutir com a equipe.

Sempre com agendamento. Até para que os profissionais

possam se organizar e o teleconsultor também.” (E1)

Em relação ao funcionamento da teleconsultoria os entrevistados

apontam:

O que nós pensamos, inicialmente, era que essa parte da

dispersão não fosse individual. Não faz sentido nenhum ser

individual, se o processo de reorganização é coletivo. E o

tutor sempre ficasse com um grupo, que fosse da mesma

unidade. Uma outra coisa que também foi pensado, era

que nessas discussões de tutoria, não só as pessoas que

estivessem participando do curso, mas toda a equipe

pudesse participar. (E1)

Na verdade, a lógica vai ser trabalhar os alunos do curso

com a tutora. Confesso que não vislumbrei a possibilidade

da inclusão de outros profissionais da Unidade que não

sejam do curso, participar da teleconsultoria. Até porque eu

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acredito que pelo Telessaúde eles também tenham

momentos, outros momentos, de conferências que não

ligados ao curso.

Essa é a lógica, que ele sirva de multiplicador. (E2)

Quem participa são os alunos, mas a gente sempre

incentiva que eles pactuem tudo com a equipe, na reunião

de equipe. A matriz deve ser apresentada para a equipe,

os diagnósticos devem ser apresentados para a equipe e

aproveitar o momento da reunião para colocar o que eles

estão fazendo na especialização. (E4)

Para mim a teleconsultoria foi uma coisa engessada que

está sendo um problema. E ainda tem mais, além disso,

haveriam dias que eu não poderia estar. E elas disseram:

não, mas alguém do grupo vai estar e este resolve. E foi

essa fala. Vocês têm que ser organizar. Beleza, primeira

teleconsultoria nós não conseguimos estar. A gente está

tentando. (G2)

No que diz respeito às teleconsultorias percebe-se, novamente uma

contradição na visão dos entrevistados. A fala de E1 revela algumas

inconsistências no curso quanto as teleconferências. O curso, previsto no PP, foi

estruturado com momentos presenciais e dispersão, nesta dispersão haveria a

discussão com os tutores e o envolvimento dos alunos, juntamente com os

demais integrantes da equipe da unidade. Esta estrutura facilitaria a

concretização do objetivo do curso que seria a mudança nas práticas.

O fato é que a reorganização do processo de trabalho baseado na

integralidade, como é indicado no projeto pedagógico do curso, necessita que

todos os atores estejam envolvidos no processo. Desta forma, todos os

profissionais que compõem os serviços também devem participar das atividades

de reorganização, mesmo que não estejam ligados diretamente no curso. De

acordo com Araújo; Rocha (2007) para realizar qualquer ação de saúde, na

perspectiva da integralidade, faz-se necessário uma aproximação integral entre

todos os profissionais que prestam o cuidado.

Os alunos levantaram questões em relação ao horário da teleconsultoria:

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O horário das teleconsultorias é noturno! Então tem

teleconsultoria às oito horas da noite. Sinceramente, às oito

e meia da noite eu estou dormindo. Não conseguimos

renegociar os horários das teleconsultorias, porque a coisa

é meio pré definida. E se perdeu a teleconsultoria, perdeu!

(G2)

Foi bem prejudicada, porque nós fomos para a biblioteca

da UNIVALI e o nosso skype não estava funcionando muito

bem, então ela não nos ouvia. Aí tivemos que baixar o

nosso volume, porque a gente estava na biblioteca então

foi meio complicado. Mas as orientações foram passadas,

e dentro delas, nós estamos construindo. Clareou muita

coisa, porque nós não sabíamos onde colocar o que, e

fomos indo e construindo. Clareou muito, mas desesperou

muito também!! E angustiou!! Trezentas informações e

você tendo que absorver aquilo em dois segundos. Ela

precisando falar e nós precisando expor nossas dúvidas,

mas enfim, foi tudo anotado e nós a partir daqui, estamos

caminhando […] quanto aos horários, a gente se adequou

(G3)

Neste ponto há uma diferença entre o que foi proposto inicialmente e o

que realmente ocorreu, segundo os alunos. De acordo com E1 a teleconsultoria

deve ser “sempre com agendamento. Ate para que os profissionais possam se

organizar e o teleconsultor tambem”. No entanto, as teleconsultorias foram

agendadas de uma só vez, sem a possibilidade de negociação em relação ao

horário. Essa forma de agendamento imposta, dificulta a organização dos

acadêmicos, uma vez que, além de acadêmicos são também servidores da rede

e não foram liberados de suas funções dentro das UBS. Segundo as falas, a

dificuldade de liberação das atividades profissionais com a rigidez dos horários

desestimulou os alunos no momento da teleconsultoria.

A fala de um dos membros da equipe pedagógica corrobora esta

afirmativa:

Claro que, outro dificultador, é a pessoa estar em serviço.

Ela não está com dedicação exclusiva para a realização de

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um curso, então o tempo de trabalho, de leitura, de estudo,

para essas pessoas é um pouco mais difícil, mas a gente

tem tentado incentivar que eles façam isso como o trabalho

deles mesmo, isso é carga horária de trabalho, eles estão

planejando para o serviço. (E4)

(...) Nós contávamos com 60 alunos, e eu estou hoje com

55 alunos. Com uma previsão, talvez, pelo que estou

acompanhando, de terminar o curso com 50 alunos.

Acredito que terá uns 20% de evasão, porque eles não

imaginavam que ia ser tão intenso, com referencial teórico,

com uma cobrança de reflexão e de elaboração de análise

e etc. Então disseram que era um curso muito pesado. A

questão da expectativa de alguns em relação ao curso,

então alguns diziam: - Ah, achei que o curso era mais no

serviço, era menos teórico. E alguns mesmo pela questão

da sobrecarga, ou próprio processo de trabalho, o

compromisso com vários vínculos faz com que ele termine

desistindo. Para evitar isso, nós deixamos na mão da

gestão, então nós apresentamos para a gestão o projeto e

a gestão de cada município fez a priorização em cima de

perfil, de necessidade do serviço, a escolha dos

profissionais convidados a fazerem parte da equipe. (E2)

De acordo com os entrevistados, a questão da sobrecarga de trabalho

profissional, associado à sobrecarga teórica do curso, podem ter ocasionado a

desistência de alguns alunos. Ao analisar os motivos da evasão dos alunos em

cursos a distancia, Almeida (2008) relata que a sobrecarga de trabalho está

intimamente ligada a desistência do curso. O autor refere também que conciliar

estudo, trabalho e família ainda são as grandes dificuldades encontradas pelos

alunos.

Em relação a infraestrutura para realização das teleconsultorias, G2

complementa: “MOODLE para mim não funciona, o skype é uma porcaria,

porque internet é bom, mas não é uma ferramenta que está ali, tudo facinho. Não

temos internet na UBS!”. Neste sentido, o curso estava estruturado para esta

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situação, segundo o PP, estavam previstos recursos tecnológicos de informática

mediante agendamento prévio no laboratório de informática da UNIVALI.

(UNIVALI, 2013).

Também foi relatado pelos alunos que o apoio institucional de forma

síncrona, ocorreu somente durante a última etapa do curso e não na penúltima,

como previsto. Foram agendadas cinco teleconsultorias para auxilia-los durante

o processo de desenvolvimento do TCC, como isto ocorreu precariamente,

relataram que se sentiram perdidos pela falta de apoio, durante a etapa de

levantamento dos diagnósticos e na priorização.

5.2.3 Portfólio

O portfólio é um documento que consta todas as atividades desenvolvidas

na prática, desde o planejamento até a execução, relacionando-as com o

referencial teórico de cada conteúdo, além de reflexão critica do processo. Ainda,

o orientador do trabalho deve ser o mesmo orientador/ tutor das atividades

práticas. Além desta produção individual, os alunos em seminário final, deverão

socializar uma experiência desenvolvida ao longo do curso.

A partir da conclusão do portfólio cabe aos tutores estimular os alunos

para a produção de artigos no formato relato de experiência, porém sem

obrigatoriedade da entrega.

Então vai ter toda a caminhada e principalmente o relato

deles sobre aquilo que eles conseguiram perceber que foi

possível aplicar, de como foi possível intervir. Então eu sou

bem favorável, acho que todo o percurso da especialização

e também a parte teórica de qualificação, ela é muito mais

significada por quem está realizando o curso quando é

desenvolvido dessa forma. (E3)

A questão do trabalho de conclusão do curso gerou divergências de idéias

entre todos os envolvidos no processo.

O portfólio ele não tem o caráter de artigo científico, ele é

mais informal. Tem uma parte que tem o relato, uma outra

parte que é uma relação teórica, e por fim, uma parte que

é mais de reflexão do que aquele processo gerou. Então é

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uma forma de unir a prática com a teoria e daí com o

processo reflexivo… o que aquilo transformou. (E1)

Isso seria, na verdade, o portfólio que vai resultar no

trabalho de conclusão de curso, que vai ser a apresentação

do projeto final. (E2)

Isso, o TCC é um relato de experiência. Vai ser um artigo

de relato de experiência, porque o TCC comum é muito

acadêmico, então uma especialização que a gente quer

que seja profissionalizante, aplicado ao trabalho, a gente

pensou que seria mais útil um relato daquela experiência,

daquela intervenção. Então como foi fazer os diagnósticos,

fazer a priorização do problema, como foi elaborar uma

intervenção e a aplicação. (E4)

Deve ter mudado no meio do caminho, porque até onde eu

sei, podemos inclusive entrar agora no Telessaúde, até

onde eu sei, o terceito módulo é a produção de um artigo.

E a última aula que a gente teve foi sobre a produção de

artigo. Vamos ter que produzir um artigo. Mudaram no meio

do caminho, mas não dá para saber porque ninguem falou

como ia ser. Foi nos dito que: vocês vão fazendo, eu vou

fazendo as críticas e vocês podem até corrigir, o que é

legal, porque no final vocês vão usar isso. (G2)

Apesar da clareza do projeto pedagógico em relação a última etapa do

programa, tanto os membros da equipe pedagógica, como os alunos

apresentaram uma versão para esta programação.

Como o portfólio é um instrumento que favorece a reflexão, bem como a

construção do conhecimento de modo processual e garante uma visão crítica

(CHUN; BAHIA, 2009), é um instrumento que vai ao encontro dos objetivos do

curso, dentre eles o de instrumentalizar os profissionais para reorganização do

processo de trabalho, promovendo uma discussão crítica a partir da realidade

local. Maior proximidade no relato de E1.

Contudo, é possível perceber a falha na comunicação de tutores com

alunos e vice-versa e a não observância do PP do curso. O fato é que o aluno

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não foi incluído como parte do projeto, de forma integrada ao método, para atingir

o propósito esperado.

A implementação de “feedbacks”, pode ser uma estrategia a ser utilizada

para tornar o aluno parte integrante do curso e do processo ensino-

aprendizagem. É importante consultar os alunos com relação aos entraves do

processo. Essa alternativa pode inclusive, evitar uma possível impressão dos

alunos de que não aprenderam nada no curso.

Ferla e Ceccim (2009) corroboram a discussão, quando afirmam que duas

vertentes de dificuldades aparecem na implantação de cursos: dificuldades

institucionais, principalmente a falta de suporte por parte da instituição onde será

implementado o curso; e as dificuldades individuais relacionada a condução do

processo pelos tutores e educandos.

5.2 PERCEPÇÃO DOS ENTREVISTADOS SOBRE O USO DAS METODOLOGIAS ATIVAS

Nesta fase final da pesquisa, optou-se por fazer um momento de síntese

com os entrevistados, a fim de realizar uma análise de todo o percurso. Os

entrevistados relataram, sua percepção sobre o uso das metodologias ativas

utilizadas nesta especialização.

Desculpa, mas eu não sei que metodologia é essa porque

ninguem combinou isso com a gente. Eu prefiro o método

anterior. O tradicional, sabe? O professor ali na tua frente,

olhando no olho, sentar e fazer roda de conversa, discutir,

saber se é para fazer trabalho ou não. (G2)

Você passa a ter um enfrentamento menos tímido do

processo de trabalho, né? Então foi meu primeiro contato

com essas metodologias. Não vou dizer para ti que foi tudo

assim as mil maravilhas, mas não foi uma coisa

desesperadora. O processo educacional tinha que evoluir

para isso. A internet é para tudo, então ela tinha que ter

evoluído também, porque se não, daqui a pouco, nós não

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íamos ter alunos mais. Então isso dinamizou, não quer

dizer que facilitou, até porque para mim eu acho que não

facilitou. Eu vim de um primeiro mais tranquilo, daí peguei

esse…. Teve sofrimento sim, mas eu não vejo como ser de

outra forma, daqui para frente. Pegar por exemplo, uma

outra especialização, com métodos tradicionais, vai ser

difícil, sabe? Salas de aula, aulas intermináveis, livros, etc.

(G3)

Teve essa coisa de tu fazer no teu tempo também. Semana

passada era para ter feito, mas não consegui. Hoje então

tive meu tempo e consegui construir. Então essa liberdade

e flexibilidade de tempo ela é fantástica. E você tem uma

prática e uma teoria acontecendo junto. (G3)

Então nós tivemos algumas dificuldades, mas eu considero

extremamente benéfico e importante, e que isso seja feito

especialmente dentro do SUS que é um sistema que está

em implantação e que precisa mudar uma lógica de

atenção, sair de um modelo hospitalocêntrico, médico

centrado, para um modelo de trabalho em equipe. A gente

precisa insistir um pouco mais nesse tipo de metodologia

para que as ações educativas façam sentido, porque se

não, você qualifica, dá um certificado para umas pessoas

que vão voltar para o trabalho e não vão conseguir aplicar

aquilo na sua realidade. Então eu acho que isso ajuda,

facilita para que a aplicação chegue de fato onde tem que

chegar, e não fique só em âmbito acadêmico. (E4)

Bem, a aceitação dos alunos, dessa prática nova de

estudos e de aplicação… tivemos que fazer um processo

firme de convencimento de que valeria a pena continuar

nesse caminho. Então no início eu considero que foi mais

difícil, e ao longo do período nós tivemos essa dificuldade

de fazê-los entender como que é essa reflexão prática […]

claro que existem muitas dificuldades na aplicação disso

tudo, as pessoas, os alunos, não estão acostumados a

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trabalhar com este tipo de metodologia. A gente vem de

uma educação que a aula é expositiva, você escuta o

professor, faz uma atividade e deu. Então esse refletir

sobre o seu problema, colocar no papel como você faz, é

uma coisa que a gente ainda precisa quebrar muitas

barreiras. A gente teve algumas dificuldades no início, a

gente teve que ser bem insistente na verdade, de levar isso

adiante. (E4)

Segundo Christofoletti et al (2014) o modelo tradicional de ensino está

cada vez mais defasado e é incapaz de suprir as necessidades da sociedade

moderna. Refere ainda, que a interação entre ensino e serviço nunca esteve tão

próxima, interligando ações de gestores, docentes, tutores, preceptores e

alunos.

Em pesquisa realizada por Silva et al (2014) dentre os aspectos negativos

da metodologia ativa, muitos alunos apresentaram uma resistência inicial em

relação às metodologias ativas, por exigir leituras, crítica, reflexão, busca ativa,

discussões, trabalho coletivo, retirando-os, de certa forma, de sua zona de

conforto: papel passivo de memorizar e repetir o que o professor manda. No

entanto, ao final do curso, os alunos destacaram e reconheceram a importância

do uso destes métodos no exercício da autonomia, com ênfase na aprendizagem

significativa.

Conforme Ferla; Ceccim (2009) embora alguns alunos tenham relatado a

preferência pelo método tradicional de ensino outros, por outro lado, preferem a

metodologia utilizada neste curso semipresencial, por proporcionar mais

liberdade em relação aos horários de cumprimento das tarefas.

Ainda sobre a metodologia utilizada, as tutoras relataram que foi preciso,

no início, realizar um processo firme de convencimento, pois os alunos estão

acostumados ao método tradicional. No entanto, apesar dessas dificuldades

iniciais sobre a aceitação, as tutoras consideram o método extremamente

benéfico e importante para que se mude uma lógica de atenção, especialmente

com profissionais do Sistema Único de Saúde. Desta maneira, facilita para que

a aplicação chegue de fato onde tem que chegar, e não fique só no âmbito

acadêmico.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com a análise dos relatos percebemos que não houve

consenso em relação a concepção do curso. A equipe pedagógica não

compartilhou dos mesmos ideais e objetivos desta especialização. Por sua vez,

quando a equipe não compartilha tal concepção, os métodos utilizados, por si

só, não serão capazes de transformar uma realidade.

A utilização dos métodos ativos de ensino aprendizagem, e

principalmente àqueles relacionados a internet, garantem a autonomia dos

alunos, pois permite que ele se torne responsável pela construção de seu

conhecimento, além de desenvolver o lado crítico-reflexivo sobre seu cotidiano

de trabalho.

Os alunos apontaram como positivo o uso dos ambientes virtuais, por

permitir a realização das tarefas no momento mais apropriado para eles, ou seja,

o curso não apresentar a rigidez no horário e nas datas de entrega das tarefas.

Ademais, os alunos reconheceram como vantagem poder entender a teoria e a

prática acontecendo de forma simultânea.

Uma das dificuldades relatadas foi o acesso a internet, pois não existe o

acesso em todas as UBS. Para isto, foi disponibilizado o acesso a internet na

UNIVALI, mas mesmo assim, os profissionais tiveram dificuldades para ir até a

universidade, uma vez que deveriam realizar as atividades da especialização

após o horário de trabalho.

Ademais, a estrutura semipresencial permitiu ao aluno, também

profissional da rede, maior liberdade na hora de cumprir suas tarefas, uma vez

que não foram liberados pela gestão municipal das atividades profissionais.

Embora o curso seja ofertado em parceria com o Ministério da Saúde e a

finalidade seja a transformação do processo de trabalho no SUS, os profissionais

precisaram adequar suas atividades profissionais e pessoais, ao curso. Este fato

causou desgaste nestes servidores, impedindo-os de dedicarem mais tempo a

este processo que tinha por objetivo discutir, criticar e modificar um modelo de

atenção à saúde pautado no biologicismo.

Como os alunos não foram liberados de suas funções para cumprir tarefas

do curso ocorreram dificuldades de agendamento nos encontros para realização

da roda de conversa. No entanto, o fato de ter participado de alguns encontros

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durante o primeiro módulo do curso, facilitou de forma significativa o contato com

os alunos.

Sobretudo, os alunos referiram dificuldade em compreender o sistema de

avaliação adotado no curso, também, a sistematização do conhecimento. Se o

aluno participa do processo de construção do curso, ele se torna responsável

diante da construção do seu conhecimento. Além do mais, definir metas ajuda o

aluno a identificar a finalidade de suas atividades, desta maneira, não se sente

perdido no processo de ensino aprendizagem e minimiza a “sensação de não

estarem aprendendo nada”, como foi relatado.

O uso dos métodos ativos, juntamente com o exercício da reflexão crítica,

foi uma oportunidade que só me foi dada durante a realização deste mestrado,

o que certamente me preparou para a experiência no campo desta pesquisa.

O caminho percorrido até aqui, como pesquisadora, me fez crescer e

aprender ainda mais sobre o método de pesquisa qualitativa, o qual tive pouco

contato durante as graduações de enfermagem e odontologia. Ocorreram

algumas adversidades no caminho, como a dificuldade em encontrar com os

entrevistados e a incompatibilidade de horários. Além disso, alguns integrantes

dos grupos foram transferidos de Unidade, o que dificultou ainda mais a coleta

de dados.

Em relação as limitações deste estudo, com o atraso no início do curso e

a previsão de término postergada, não foi possível analisar o processo de

construção do trabalho de conclusão de curso e o processo de avaliação

realizado para as disciplinas.

Por fim, espera-se que esta pesquisa possa contribuir no aprimoramento

dos próximos cursos, que provavelmente serão realizados, e que serão

estruturados a partir da mesma proposta metodológica.

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APÊNDICE 1 – Autorização do Comitê de Ética

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APÊNDICE 2 – TERMO DE CONSETIMENTO LIVRE ESCLARECIDO Você__________________________________________________________ está sendo convidado(a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa. Após ser esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, rubrique todas as folhas e assine ao final deste documento, com as folhas rubricadas pelo pesquisador, e assinadas pelo mesmo, na última página. Este documento está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizado(a) de forma alguma. A presente pesquisa intitulada Análise da proposta metodológica do Curso de Especialização em Processo de Trabalho em Redes de Atenção à Saúde tem como objetivo Analisar as contribuições da metodologia utilizada no curso de Especialização em Processo de Trabalho em Redes de Atenção à Saúde para elaboração de propostas de reorganização do processo de trabalho pautado na integralidade. A presente pesquisa será uma pesquisa será realizada com professores, tutores e alunos no curso de Especialização em Processo de Trabalho em Redes de Atenção à Saúde sendo realizada uma ____________________________________(entrevista semiestruturada – roda de conversa). Sua participação na pesquisa em participar de uma ___________________(entrevista ou roda de conversa) com duração de ____________(30 - 60 minutos) que será agendada em local e horário acordados com você. A pesquisa é isenta de qualquer risco para o participante, podendo, contudo, gerar algum desconforto no mesmo, estando este isentado de manifestar-se, ou liberado para deixar a pesquisa, a qualquer tempo da mesma. Será utilizado gravador para registrar a entrevista, estas gravações serão manipuladas apenas pelo pesquisador e seu orientador, minimizando o risco de perda do sigilo e divulgação dos dados. Ao término da pesquisa será realizada uma devolutiva aos participantes do curso . O participante da pesquisa tem liberdade para retirar o consentimento a qualquer tempo. Nome do Pesquisador: Assinatura do Pesquisado:

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APÊNDICE 3 – ROTEIRO DE ENTREVISTA 1. Porque promover uma especialização voltada ao serviço? 2. Na proposta do curso é colocado que a metodologia que será utilizada é inovadora. Conte como funcionará o curso e de que forma a seu ver pode contribuir para as mudanças no processo de trabalho das equipes de ESF.

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APÊNDICE 4 – ROTEIRO RODA DE CONVERSA 1.O curso promoveu mudanças no processo de trabalho da sua equipe de que forma? 2. Qual foi a maior contribuição da metodologia do curso para essa mudança? 3. Quais foram as dificuldades em relação a metodologia proposta?

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APÊNDICE 5 – Termo de Orientação

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APÊNDICE 6 – Manuscrito PERCEPÇÃO DA EQUIPE PEDAGÓGICA E DOS DISCENTES SOBRE O USO

DAS METODOLOGIAS ATIVAS EM UM CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM

REDES DE ATENÇÃO A SAÚDE

THE PERCEPTION OF ACTIVE METHODOLOGIES IN PUBLIC HEALTH

FACILITIES NETWORK SPECIALIZATION PROGRAM BY THE PEDAGOGIC

TEAM AND THE STUDENT BODY

PERCEPCIÓN DE EDUCATIVO Y ESTUDIANTES DEL EQUIPO EN LA

UTILIZACIÓN DE METODOLOGÍAS VIVE EN UN CURSO ESPECIALIZADO

EN RED DE ATENCIÓN MÉDICA

Resumo

Os métodos ativos de ensino- aprendizagem colocam o aluno como o principal ator neste processo, baseado no princípio de sua autonomia. O objetivo deste artigo é analisar as contribuições de metodologias ativas específicas. Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa, na qual foi utilizada a entrevista semiestruturada e rodas de conversa como técnica para coleta de dados. A amostra foi constituída por quatro entrevistas individuais e três grupos de roda de conversa. O método adotado para o tratamento dos dados foi análise temática. Os alunos apresentaram dificuldades em relação aos métodos utilizados no curso. Contudo, a utilização destes métodos, e principalmente àqueles relacionados a internet, garantem a autonomia dos alunos, além de desenvolver o lado crítico- reflexivo sobre seu cotidiano de trabalho.

Palavras- chave: Formação profissional; Integração ensino- serviço;

Metodologia ativa.

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Abstract

Active teaching-learning methods put the student as the main actor in this process, based on the principle of autonomy. The objective of this paper is to analyze the contributions of specific active methodologies. It is a descriptive research with a qualitative approach, in which we used semi-structured interview and conversation circles as a technique for data collection. The sample consisted of four individual interviews and three wheel conversation groups. The method adopted for the treatment of the data was thematic analysis. The students presented difficulties regarding the methods used in the course. However, the use of these methods, especially those related to the Internet, ensure the autonomy of students, as well as developing the next critical- reflective about their daily work.

Keywords: Keywords: Professional Formation; Integration Service- Learning;

Active methodology

Resumen

Métodos de enseñanza-aprendizaje activo ponen al estudiante como actor

principal en este proceso, con base en el principio de autonomía. El objetivo de

este trabajo es analizar las aportaciones de metodologías activas específicas.

Se trata de una investigación descriptiva con enfoque cualitativo, que se utilizó

la entrevista y conversación círculos semi-estructurados como técnica de

recolección de datos. La muestra consistió en cuatro entrevistas individuales y

tres grupos de conversación de ruedas. El método adoptado para el tratamiento

de los datos fue el análisis temático. Los estudiantes presentan dificultades en

relación los métodos utilizados en el curso. El uso de estos métodos,

especialmente los relacionados con la Internet, a garantizar la autonomía de los

estudiantes, así como el desarrollo de la próxima crítico-reflexivo sobre su trabajo

diario.

Palabras clave: formación profesional; Servicio de enseñanza de Integración;

Metodología activa.

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INTRODUÇÃO

A formação dos profissionais da área da saúde e seus cenários de prática

são pautados exclusivamente em hospitais e clínicas, predominando um modelo

de atenção individualizado e especializado1.

No processo de construção da integralidade e interdisciplinaridade se

quer superar a separação entre disciplinas do mesmo domínio, a separação da

reflexão filosofica e superar a “hiperespecialização”2.

A fim de superar este modelo de formação, de 2001 a 2004, foram

implementadas as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN). De acordo com

Brasil3 as DCN instituem:

(..) o formando egresso/profissional da área, deve ter um

perfil com formação generalista, humanista, crítica e

reflexiva, capacitado a atuar, pautado em princípios éticos,

no processo de saúde-doença em seus diferentes níveis de

atenção, com ações de promoção, prevenção,

recuperação e reabilitação à saúde, na perspectiva da

integralidade da assistência, com senso de

responsabilidade social e compromisso com a cidadania,

como promotor da saúde integral do ser humano (BRASIL,

2001, p. 38).

As novas demandas exigem uma nova postura do corpo docente e dos

dirigentes das instituições de ensino, baseadas principalmente em habilidades

humanas. O processo de formação direcionaria o rompimento gradativo do

paradigma biologicista e a humanização dos currículos de estudo, buscando dar

às instituições formadoras a possibilidade de graduar profissionais de acordo

com as necessidades de saúde da população 4.

Uma das formas de auxiliar este processo foi a criação do Programa

Nacional de Reorientação da Formação Profissional (Pró- Saúde) e o Programa

de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) fruto de uma articulação

entre Ministério da Saúde e Ministério da Educação e que busca mudanças nos

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processos de formação e nos serviços prestados a comunidade, com base na

integralidade do cuidado. O papel indutor destes Programas é de direcionar o

processo de mudança, bem como, facilitar a construção de uma nova formação

profissional5.

Estas são estratégias que priorizam o processo de integração ensino-

serviço. Com o intuito de não ignorar a grande massa de profissionais formados

antes destas estratégias, quando a formação seguia exclusivamente o modelo

fragmentado, o Ministério da Saúde6 elabora algumas estratégias para suprir as

deficiências do ensino, destinadas a profissionais de saúde. A Política Nacional

de Educação Permanente para os trabalhadores do SUS, é uma destas

importantes estratégias, sendo destinada a públicos multiprofissionais, com o

objetivo de transformar as práticas técnicas e sociais com foco nos problemas

cotidianos das práticas das equipes de saúde.

A educação neste sentido deve ser entendida como um processo

permanente, que se inicia ainda na graduação e deve ser mantido durante a vida

profissional, por meio das relações de parceria de universidades com os serviços

de saúde, a comunidade, as entidades e outros setores da sociedade civil. Como

tal, envolve uma importante reorientação pedagogica, centrada no

desenvolvimento da aptidão de aprender, tornando o conhecimento um produto

construído por meio de ampla e total integração com o objeto de trabalho7.

As questões metodológicas são apontadas como um dos maiores

problemas8, já que estas ocorrem predominantemente conforme o modelo

tradicional, visto que as iniciativas são descendentes e padronizadas.

O presente artigo é parte de uma pesquisa que pretende analisar um

processo de formação proposto por uma equipe do PRO/PET Saúde em 2014.

Este curso propôs uma metodologia cujo objetivo é facilitar a mudança no

cenário de prática das Equipes de Saúde da Família, através do uso de

metodologias ativas, como por exemplo o uso de ambientes virtuais, a

problematização de cada tópico a ser discutido e ainda, o uso de portfólios como

forma de avaliação e de diálogo com os professores e tutores do curso.

Este artigo objetiva conhecer a percepção da equipe pedagógica e dos

discentes sobre o uso das metodologias ativas em um curso de especialização

em redes de atenção saúde.

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METODOLOGIAS ATIVAS NO PROCESSO ENSINO- APRENDIZAGEM

O curso de especialização alvo desta pesquisa contou com metodologias

ativas, que tendem a facilitar o entendimento e a mudança nos cenários de

prática.

Mitre et al9 definem metodologia ativa como método baseado no princípio

da autonomia do sujeito, onde este deve ser capaz de governar seu próprio

processo de formação, levando em consideração que ensinar não consiste

simplesmente em transferir conhecimento e sim um processo que se estabelece

por uma relação dialética entre ensino-aprendizagem, entre docência e

discência.

A diferença do aprendizado tradicional para o ativo, está centrado na

atitude ativa da inteligência, ou seja, de suas funções cognitivas e mentais,

baseadas nas ações de pensar, raciocinar, observar, refletir, entender e

combinar10.

A problematização, como uma forma de metodologia de ensino, está

indicada para discutir assuntos que estejam diretamente ligados a vida em

sociedade. Este método segue a lógica cientifica aplicada ao ensino, e baseia-

se em apresentar os problemas e discutir formas para aprender a resolvê-los 11.

Já o portfólio aparece como uma forma de avaliação, e pode ser definido

como um instrumento que induz o pensamento reflexivo, onde é realizado alguns

registros e ajuda a estruturar os procedimentos e até mesmo o aprendizado em

si. A autora refere ainda que o portfólio estimula no educador e, principalmente

no educando, processos de auto- reflexão12-13.

O processo de escrita do portfólio estimula os alunos em relação a

questionamentos, discussões, suposições, análises e reflexões, instigando cada

vez mais os alunos a aprenderem os assuntos discutidos em sala de aula,

deixando de ser simplesmente ouvintes do processo, para tornarem-se

participadores ativos14.

De acordo com Paiva15, com o advento da internet, surgiram também os

ambientes virtuais de aprendizagem. Estes espaços online proporcionam aos

alunos um ambiente de encontro, de compartilhamento de informações e de

troca de aprendizagem.

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METODOLOGIA

Em 2014 foi proposto a criação de um curso de Especialização para

profissionais que atuam na rede municipal, para potencializar a implementação

das diretrizes curriculares. Este curso propôs uma metodologia que objetivou

facilitar a mudança no cenário de prática das Equipes de Saúde da Família,

através do uso de metodologias ativas.

O curso em questão foi proposto por uma Universidade Comunitária do

sul do Brasil, sendo este no nível de especialização denominado “Curso de Pos

Graduação em Processo de Trabalho em Redes de Atenção a Saude”. O curso

tem como público alvo profissionais de nível superior da área da saúde que

participam da integração ensino- serviço, ou que potencialmente podem vir a

trabalhar nas atividades de ensino/estágio, ou ainda, profissionais que

participam das atividades do Programa de Educação pelo Trabalho PET –

SAÚDE 16.

Participaram desta pesquisa todos os professores responsáveis pela

construção e idealização deste curso (2), os alunos preceptores do PET – Saúde

– Odontologia de Itajaí e demais integrantes das UBS do município de Itajaí (6)

e seus respectivos tutores (2). Os preceptores foram escolhidos a partir de

Unidades de Saúde em que eram recebidos alunos do Pró - PET saúde do curso

de Odontologia, uma vez que a pesquisadora fazia parte deste projeto de

extensão e facilitaria a coleta de dados.

Como técnica de pesquisa, foram realizadas entrevistas individuais com

os professores responsáveis e tutores, e rodas de conversa com os alunos.

A entrevista semiestruturada se desenvolveu a partir de um roteiro prévio,

juntamente com outras questões, que dependiam da interação entre

pesquisadora e informante. A entrevista com as tutoras foi realizada através do

Skype, as demais, assim como as rodas de discussão foram realizadas de forma

presencial. Os horários para a realização da coleta de dados foram agendado de

acordo com a disponibilidade dos profissionais das ESF. As entrevistas, assim

como as rodas de discussão, duravam cerca de 45 minutos à uma hora.

Afim de garantir o sigilo dos participantes da pesquisa, os entrevistados

foram identificados, ao longo do estudo, por Equipe Pedagógica (E1; E2; E3; E4)

e por Grupos de Alunos (G1; G2; G3).

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As entrevistas e rodas de conversa foram gravadas e transcritas,

realizando-se um processo de análise de conteúdo temática das mesmas, com

o intuito de descobrir os núcleos de sentido da comunicação, observando-se a

presença e a frequência relacionadas ao objeto em questão 17.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a coleta de dados, estes foram analisados e divididos de acordo

com as categorias mencionadas anteriormente. Procurou-se identificar o

conceito inicial, seguido das vantagens e desvantagens do método.

Problematização

O processo de problematização parte do pressuposto da aprendizagem

significativa e coloca a transformação do processo de trabalho como um produto

da reflexão crítica sobre as práticas cotidianas de profissionais reais atuantes na

rede de serviços. Portanto, os processos de qualificação destes profissionais

devem ser desenvolvidos a partir da problematização do seu processo cotidiano

de trabalho18.

A nossa criticidade em relação ao nosso processo de trabalho mudou bastante nesse processo durante a especialização. Isso foi muito bom. Nos fez pensar, nos fez refletir mais. (G2) Acho que valeu, só o fato de a gente estar percebendo problema e tentando achar a solução… parar e conversar, já vai ter valido. (G1)

De acordo com a fala dos alunos, estes aumentaram o senso crítico sobre

seu processo de trabalho. Ter um tempo para refletir sobre suas ações e

problemas é importante para que juntos, em equipe, possam encontrar soluções

para os impasses do cotidiano de trabalho nas unidades.

No que tange a relevância da metodologia problematizadora, os

entrevistados relataram:

Bem, eu sou uma defensora da problematização, porque para que as coisas façam sentido para você, tem que estar dentro da sua realidade. Você tem que conseguir aplicar aquela discussão teórica, dentro da sua realidade. Então acho que essas metodologias potencializam isso. (E4) A gente problematizou fora dos espaços que tinham alguém supervisionando a nossa problematização. Só nós,

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entre nós. Sem apoio da tutora. Até teria o apoio se a gente quisesse conversar através do MOODLE. (G2)

No que se refere a metodologia problematizadora, os entrevistados

responderam de forma unânime ao ressaltar as vantagens e a importância desta.

No entanto, por falta de apoio direto e contínuo durante a problematização, por

vezes os alunos sentiram dificuldade em fazer a ligação téorico prático.

Essa dificuldade relatada pelos alunos foi relacionada com a falta de

comunicação direta entre os acadêmicos e os tutores, responsáveis pela

mediação deste processo. Toda a etapa de problematização, levantamento de

problemas e priorização do problema, foi realizada através de emails ou do

MOODLE, o que dificultou a comunicação. De acordo com a fala dos alunos, se

houvesse teleconsultorias durante este processo, a comunicação entre eles

fluiria mais facilmente, assim como o entendimento dos acadêmicos em relação

ao processo. Neste sentido, os acadêmicos referiram falta de apoio dos tutores

durante esta fase da problematização.

Na concepção de Silva e Delizoicov19 o professor é um importante

mediador e a discussão entre ambas as partes deve ser constante:

O professor reconhece nos conhecimentos prévios dos alunos, obstáculos epistemológicos e promove, por meio de rupturas do conhecimento vulgar, a possibilidade de o aluno realizar a catarse intelectual e afetiva desse conhecimento para que o mesmo possa romper com o conhecimento do senso comum e transitar também pelo conhecimento científico. Em relação a este último, é necessário que o mesmo esteja exposto constantemente ao confronto, à dialetização (SILVA; DELIZOICOV, 2008).

Ambientes virtuais

Com o advento da internet, surgiram os ambientes virtuais de

aprendizagem. Estes espaços online proporcionam aos alunos um ambiente de

encontro, de compartilhamento de informações e de troca de aprendizagem. As

video- conferências, audio- conferências e ainda o Moodle são consideradas,

pelo Ministério da Saúde, estratégias de ambiente virtual de aprendizagem15- 20.

MOODLE

Segundo Cerveira21, a plataforma define-se como “Modular Object-

Oriented Dynamic Learning Environment", um software livre, de base à

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aprendizagem, realizado num ambiente virtual. Na língua de origem, o inglês, o

verbo "to moodle" descreve o processo de navegar despretensiosamente por

algo, enquanto é possível fazer outras coisas ao mesmo tempo. Sobretudo pode

ser definido ainda como um ambiente de gestão de aprendizagem, utilizado no

mundo todo.

Em relação ao uso do ambiente virtual, surgiram visões diferentes entre

equipe pedagógica e alunos. Para a equipe pedagógica, não houve grandes

problemas em relação ao uso desta plataforma virtual, no entanto, reconheceram

que o acesso pode trazer algumas dificuldades, no início do uso. Contudo,

desenvolveram um passo a passo, auxiliando os alunos neste primeiro contato

com o MOODLE.

Já os ambientes virtuais, neste caso, nesta especialização, não houveram tantas dificuldades. Claro que sempre tem um aluno ou outro que precisa de uma ajuda [...]. Nos encontros tutoriais nós fizemos um passo a passo, auxiliando eles no acesso. (E4) Nós reconstruímos a nossa priorização e eu postei no MOODLE, mas eu acho que deve ter acontecido algum problema, porque depois ela me mandou email perguntou o que tinha acontecido, mas eu já tinha mandado, já tinha me desculpado, já tinha explicado o que tinha acontecido e não chegou para ela. (G2)

Os autores Prado et al22 trazem em seu conceito diversas utilidades que

o MOODLE apresenta. No entanto, de acordo com a fala dos alunos, esta

ferramenta não foi devidamente explorada nas suas diversas formas.

Outra coisa que eu senti dificuldade foi o contato com a tutora, porque a gente mandava email e ela demorava muito para responder. Não tinha um acesso próprio ali no site. Tinha que ter sido algo mais dinâmico. (G1)

De acordo com a opinião da equipe, a principal vantagem do MOODLE é

que este permite a comunicação entre elas e os alunos. No entanto, os

acadêmicos apontaram justamente o inverso, referindo péssima comunicação

através desta metodologia.

Outra dificuldade pontuada pelos alunos diz respeito a interface complexa

da plataforma, tornando o acesso e a navegação complicada, gerando o

desinteresse no seu uso:

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Bem, tem o MODDLE. A interface desse programa, ela é muito ruim. Não facilita e não estimula a gente a utilizar. Não era sequencial, se você precisasse voltar, você não conseguia achar de volta o caminho. Eu sugiro que o programa seja mais atrativo, mais simples, sem muitos passos (G1).

É primordial preparar o aluno para utilizar a tecnologia e também para a

aprendizagem no ambiente virtual. Faz- se necessário inserir gradualmente o

aluno neste processo, com o apoio e incentivo do professor. Desta maneira, o

aluno sente-se motivado a ‘navegar’ por essas plataformas com mais

propriedade. No entanto quanto mais simples for a interface do programa, mais

simples e rápido será o aprendizado e o seu uso, uma vez que a maioria dos

alunos não está familiarizado com essas tecnologias23.

Teleconsultorias

A Teleconsultoria é definida em uma troca de informações entre

profissionais da saúde com a finalidade de discutir um caso clínico ou obter uma

segunda opinião quando houver necessidade. Existem dois modelos de

Teleconsultoria: síncrono (online), quando a ação se dá em tempo real, e

assíncrono (off line), quando o caso é enviado e respondido posteriormente24. O

curso define teleconsultoria como:

É uma teleconsultoria que a gente chama de síncrona, online, é a distância, mas é online. Ela é feita por Skype, a pessoa se conecta, e consegue discutir com a equipe. Sempre com agendamento. Até para que os profissionais possam se organizar e o teleconsultor também. (E1)

Em relação ao funcionamento da teleconsultoria os entrevistados

apontam:

O que nós pensamos inicialmente, era que essa parte da dispersão não fosse individual. Não faz sentido nenhum ser individual, se o processo de reorganização é coletivo. E o tutor sempre ficasse com um grupo, que fosse da mesma unidade. Uma outra coisa que também foi pensado, era que nessas discussões de tutoria, não só as pessoas que estivessem participando do curso, mas toda a equipe pudesse participar. (E1) Na verdade, a lógica vai ser trabalhar os alunos do curso com a tutora. Confesso que não vislumbrei a possibilidade da inclusão de outros profissionais da Unidade que não

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sejam do curso, participar da teleconsultoria [...] Essa é a lógica, que ele sirva de multiplicador. (E2) Quem participa são os alunos, mas a gente sempre incentiva que eles pactuem tudo com a equipe, na reunião de equipe. (E4) Haveriam dias que eu não poderia estar. E elas disseram: não, mas alguém do grupo vai estar e este resolve. E foi essa fala. Vocês têm que ser organizar. Beleza, primeira teleconsultoria nós não conseguimos estar. A gente está tentando. (G2)

O curso foi estruturado com momentos presenciais e dispersão, nesta

dispersão haveria a discussão com os tutores e o envolvimento dos alunos,

juntamente com os demais integrantes da equipe da unidade. Esta estrutura

facilitaria a concretização do objetivo do curso que seria a mudança nas práticas.

O coordenador do curso, os tutores e alunos apontam que esta mobilização não

ocorreu desta forma.

Para que se transforme uma realidade, através da reorganização do

processo de trabalho baseado na integralidade, como é indicado no projeto

pedagógico do curso, é necessário que todos os atores estejam envolvidos neste

processo. O projeto do curso refere ainda que os outros profissionais que

compõem os serviços indiretamente também participarão das atividades de

reorganização mesmo não participando diretamente do curso. De acordo com

Araújo e Rocha25 para realizar qualquer ação de saúde na perspectiva da

integralidade, faz-se necessário uma aproximação integral entre os profissionais

que prestam o cuidado.

Os alunos levantaram questões em relação ao horário da teleconsultoria:

O horário das teleconsultorias é noturno! Então tem teleconsultoria às oito horas da noite. Sinceramente, às oito e meia da noite eu estou dormindo. Não conseguimos renegociar o horários das teleconsultorias, porque a coisa é uma coisa meio pré definida. E se perdeu a teleconsultoria, perdeu! (G2) Foi bem prejudicada, porque nós fomos para a biblioteca da UNIVALI e o nosso skype não estava funcionando muito bem, então ela não nos ouvia. Aí tivemos que baixar o nosso volume, porque a gente estava na biblioteca então foi meio complicado. Mas as orientações foram passadas, e dentro delas, nós estamos construindo […]. Quanto aos horários, a gente se adequou (G3)

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Neste ponto há uma diferença entre o que foi proposto inicialmente e o

que realmente ocorreu, segundo os alunos. De acordo com E1 a teleconsultoria

deve ser Sempre com agendamento. Até para que os profissionais possam se

organizar e o teleconsultor também. No entanto, as teleconsultorias foram

agendadas de uma só vez, sem chance de negociação em relação ao horário.

Essa forma de agendamento, imposta, dificulta a organização dos acadêmicos

do curso, uma vez que estes, além de acadêmicos são também servidores da

rede, e não foram liberados de suas funções dentro das UBS, devendo adequar

atividades da rotina de trabalho àquelas do curso de especialização. Além do

mais, esta dificuldade com os horários desestimula os alunos a estarem presente

no momento da teleconsultoria.

Claro que, outro dificultador, é a pessoa estar em serviço. Ela não está com dedicação exclusiva para a realização de um curso, então o tempo de trabalho, de leitura, de estudo, para essas pessoas é um pouco mais difícil, mas a gente tem tentado incentivar que eles façam isso como o trabalho deles mesmo, isso é carga horária de trabalho, eles estão planejando para o serviço. (P4)

De acordo com os entrevistados, a questão da sobrecarga de trabalho no

lado profissional, somado a sobrecarga teórica do curso, podem ter levado a

desistência de alguns alunos. Ao analisar os motivos da evasão dos alunos em

cursos a distância, Almeida26 relatou que um dos motivos encontrados foi a

evasão devido a sobrecarga de trabalho. O autor referiu também, que estudos

têm apontado que conciliar estudo, trabalho e família ainda são uma das grandes

dificuldades encontradas pelos alunos.

Em relação a infraestrutura para realização das teleconsultorias o G2

complementa: “MOODLE para mim não funciona, o skype é uma porcaria,

porque internet é bom, mas não é uma ferramenta que está ali, tudo facinho. Não

temos internet na UBS!”. Neste sentido, o projeto pedagógico previu, para esta

situação, recursos tecnológicos de informática mediante agendamento prévio do

laboratório de informática da universidade16. Os alunos não citaram a utilização

destes recursos.

Ressalto que o apoio institucional de forma síncrona, previsto pelo projeto

pedagógico, ocorreu somente durante a última etapa do curso e não na

penúltima, como proposta. Foram agendadas cinco teleconsultorias para auxiliar

durante o processo de desenvolvimento do TCC. Os alunos referiram

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dificuldades nesse sentido, relataram que sentiram-se perdidos pela falta de

apoio durante o levantamento dos diagnósticos e na priorização.

Portfólio

No projeto pedagógico do curso foi descrito que o trabalho de conclusão

seria realizado sob forma de portfólio, o qual deveria constar todas as atividades

desenvolvidas na prática, desde o planejamento até a execução, relacionando-

as com o referencial teórico de cada conteúdo, além de reflexão crítica do

processo. O orientador do trabalho é o mesmo orientador/ tutor das atividades

práticas.

Então vai ter toda a caminhada e principalmente o relato deles sobre aquilo que eles conseguiram perceber que foi possível aplicar, de como foi possível intervir. (E3)

A questão do trabalho de conclusão do curso gerou divergências entre os

envolvidos no processo.

Tem uma parte que tem o relato, uma outra parte que é uma relação teórica, e por fim, uma parte que é mais de reflexão do que aquele processo gerou. Então é uma forma de unir a prática com a teoria e daí com o processo reflexivo… o que aquilo transformou. (E1) Isso, o TCC é um relato de experiência. Vai ser um artigo de relato de experiência, porque o TCC comum é muito acadêmico, então uma especialização que a gente quer que seja profissionalizante, aplicado ao trabalho, a gente pensou que seria mais útil um relato daquela experiência, daquela intervenção. (E4) Deve ter mudado no meio do caminho, porque até onde eu sei, podemos inclusive entrar agora no Telessaúde, até onde eu sei, o terceiro módulo é a produção de um artigo. [..] Mudaram no meio do caminho, mas não dá para saber porque ninguém falou como ia ser. Foi nos dito que: vocês vão fazendo, eu vou fazendo as críticas e vocês podem até corrigir, o que é legal, porque no final vocês vão usar isso. (G2)

Apesar da clareza do projeto pedagógico em relação a última etapa do

programa, houve discordância entre os envolvidos no processo. O portfólio é um

instrumento que favorece a reflexão, bem como a construção do conhecimento

de modo processual e garante uma visão crítica27. Esse conceito vai de encontro

com alguns dos objetivos propostos pelo programa, onde o principal deles é de

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instrumentalizar os profissionais para reorganização do processo de trabalho,

promovendo uma discussão crítica a partir da realidade local.

Contudo, é possível perceber que os alunos não foram orientados sobre

algumas fases do curso. Essa orientação sobre as etapas, a forma de avaliação

e a estrutura metodológica utilizada é importante para que o aluno possa

compreender o objetivo do curso. O aluno precisa se sentir parte do projeto, de

forma integrada ao método, para que se consiga atingir o propósito esperado.

Reflexões sobre o uso de metodologias ativas

Os entrevistados relataram, pontualmente, sua percepção sobre o uso

das metodologias ativas utilizadas nesta especialização.

Eu prefiro o método anterior. O tradicional, sabe? O professor ali na tua frente, olhando no olho, sentar e fazer roda de conversa, discutir, saber se é para fazer trabalho ou não. (G2) Você passa a ter um enfrentamento menos tímido do processo de trabalho, né? Então foi meu primeiro contato com essas metodologias. Não vou dizer para ti que foi tudo assim as mil maravilhas, mas não foi uma coisa desesperadora. O processo educacional tinha que evoluir para isso. A internet é para tudo, então ela tinha que ter evoluído também, porque se não, daqui a pouco, nós não íamos ter alunos mais. Então isso dinamizou, não quer dizer que facilitou, até porque para mim eu acho que não facilitou. Eu vim de um primeiro mais tranquilo, daí peguei esse…. Teve sofrimento sim, mas eu não vejo como ser de outra forma, daqui para a frente. Pegar por exemplo, uma outra especialização, com métodos tradicionais, vai ser difícil, sabe? Salas de aula, aulas intermináveis, livros, etc. (G3) Teve essa coisa de tu fazer no teu tempo também. Semana passada era para ter feito, mas não consegui. Hoje então tive meu tempo e consegui construir. Então essa liberdade e flexibilidade de tempo ela é fantástica. E você tem uma prática e uma teoria acontecendo junto. (G3)

Embora alguns alunos referiram preferir o método tradicional de ensino,

outros acreditam que estas tecnologias dinamizam o processo de ensino-

aprendizagem. Ademais, relataram que houve mais liberdade e flexibilidade na

hora de construir suas reflexões. Essa liberdade é fundamental, pois com o

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acúmulo de funções dos alunos durante este curso, o tempo de reflexão crítica

passa a ser determinado pelo aluno.

Então nós tivemos algumas dificuldades, mas eu considero extremamente benéfico e importante, e que isso seja feito especialmente dentro do SUS que é um sistema que está em implantação e que precisa mudar uma lógica de atenção, sair de um modelo hospitalocêntrico, médico centrado, para um modelo de trabalho em equipe. A gente precisa insistir um pouco mais nesse tipo de metodologia para que as ações educativas façam sentido, porque se não, você qualifica, dá um certificado para umas pessoas que vão voltar para o trabalho e não vão conseguir aplicar aquilo na sua realidade. (E4)

No ponto de vista dos entrevistados, o método utilizado apresenta

diversos benefícios para os alunos, apesar da resistência inicial que estes

apresentaram. No entanto, ao usar estes métodos, os assuntos abordados

começam a fazer mais sentido para o aluno, uma vez que ele traz para a sua

prática, o seu cotidiano de trabalho.

Em pesquisa realizada por Silva et al28 dentre os aspectos negativos da

metodologia ativa, muitos alunos apresentaram uma resistência inicial em

relação às metodologias ativas, por exigir leituras, crítica, reflexão, busca ativa,

discussões, trabalho coletivo, retirando-os, de certa forma, de sua zona de

conforto: papel passivo de memorizar e repetir o que o professor manda. No

entanto, ao final do curso, os alunos destacaram e reconheceram a importância

do uso destes métodos no exercício da autonomia, com ênfase na aprendizagem

significativa.

Embora alguns alunos tenham relatado a preferência pelo método

tradicional de ensino, outros, por outro lado, referiram que preferem a

metodologia utilizada neste curso, pois da maneira como o curso foi ofertado, de

forma semi presencial, havia mais liberdade em relação aos horários para

cumprir as tarefas.

CONCLUSÃO

Ao analisar as metodologias propostas identifica-se que a estrutura semi

presencial permitiu ao aluno/profissional da rede, mais liberdade na hora de

cumprir suas tarefas.

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Os participantes avaliam que as metodologias utilizadas aumentaram o

senso crítico sobre seu processo de trabalho. E que o espaço para reflexão sobre

suas ações e problemas é importante para a atuação em equipe para a

transformação do processo de trabalho.

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