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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - UNIVALI – BIGUAÇU CURSO DE PSICOLOGIA ALEXANDRA INVITTI DA SILVA GESTAÇÃO E PUERPÉRIO NO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA DA CIDADE DE ANTÔNIO CARLOS - SC BIGUAÇU 2009

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - UNIVALI – BIGUAÇU

CURSO DE PSICOLOGIA

ALEXANDRA INVITTI DA SILVA

GESTAÇÃO E PUERPÉRIO NO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA DA

CIDADE DE ANTÔNIO CARLOS - SC

BIGUAÇU

2009

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ALEXANDRA INVITTI DA SILVA

GESTAÇÃO E PUERPÉRIO NO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA DA

CIDADE DE ANTÔNIO CARLOS - SC

BIGUAÇU

2009

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Psicologia na Universidade do Vale do Itajaí no Curso de Psicologia. Sob orientação da professora Dra. Luciana Martins Saraiva

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ALEXANDNRA INVITTI DA SILVA

GESTAÇÃO E PUERPÉRIO NO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA DA

CIDADE DE ANTÔNIO CARLOS - SC

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado aprovado, atendendo aos requisitos

parciais para obter o grau de Bacharel em Psicologia na Universidade do Vale do Itajaí no

Curso de Psicologia.

Biguaçu, 21 de maio de 2009

Banca Examinadora:

________________________________________

Profª. Luciana Saraiva, Dra – Orientadora

________________________________________

Profª. Ivânia Jann Luna, M.Sc -Membro

________________________________________

Prof°– Leandro Castro Oltramari M.Sc -Membro

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AGRADECIMENTOS

Agradeço profundamente à Professora Orientadora Luciana Martins Saraiva pelo

grande aprendizado decorrente da sua excelente formação teórica e prática, dedicação,

flexibilidade e firmeza com que orientou este meu processo com incansável ética na

linguagem empregada. Onde muitas vezes eu estava sem motivação com o processo de

pesquisa , a professora me ajudou a traduzir meus pensamentos em palavras, por acreditar na

minha capacidade de trabalho e acalentar a minha ansiedade.

Agradeço aos Professores Ivânia Jann Luna e Leandro Castro Oltramari por terem

aceitado o convite para participar da banca, disponibilizando o seu valioso tempo e pelas

contribuições em relação ao trabalho.

Aos profissionais da Unidade Central de Saúde de Antonio Carlos pelo interesse e

disponibilidade com que acolheram a minha pesquisa;

Ao meu marido, por compreender por não estar ao seu lado por vários momentos em

eu precisei disponibilizar o meu tempo para o desenvolvimento do TCC, e direta e/ou

indiretamente colaborou nesta minha conquista.

Enfim a todos aqueles que de alguma forma participaram deste processo, aos meus

amigos pelo incentivo, apoio, curiosidade e confiança.

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SIGLAS ABREVIADAS OMS – Organização Mundial da Saúde

TCC – Trabalho de Conclusão de Curso

PSF – Programa Saúde da Família

S.C – Santa Catarina

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RESUMO

A gravidez é na vida de uma mulher, de um casal, de uma família é um momento especial e de grande riqueza e de profunda complexidade, é um período rico e intenso de vivências emocionais que traz, tanto na gestante como no casal em si, novas atitudes e responsabilidades, e mudança do papel social, e de uma nova identidade. Pensar hoje na saúde de uma gestante e puérpera baseado nos conceitos da OMS, significa estar bem nos aspectos biológico, mental e social. Desta forma, atender gestantes e puérperas, no Programa saúde da Família significa, contribuir para a prevenção e promoção da saúde no desenvolvimento familiar contemplando estes aspectos para o enfrentamento de transições deste ciclo vital. A pesquisa foi realizada na Unidade de Saúde da cidade de Antonio Carlos, através do método qualitativo e a técnica de análise de conteúdo, foram entrevistados oito (8) profissionais que atuam no PSF, no atendimento a gestantes e puérperas, e teve como objetivo compreender a partir da percepção de saúde, como se desenvolve a articulação entre o conceito e a prática profissional no Programa Saúde da Família, com gestantes e puérperas. Os resultados indicam que existe a compreensão dos profissionais em proporcionar a gestante e puérpera um atendimento que contemple o bem biopsicossocial, porém percebe-se que não há uma integra articulação entre o conceito de saúde com a prática profissional, pois falta na Unidade de Saúde um psicólogo para contemplar o aspecto psicológico e social da gestante e puérpera. Desta forma sugere-se a atuação de um psicólogo na Unidade de saúde.

PALAVRAS-CHAVE: Gestação, Puerpério e Programa Saúde da Família (PSF).

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 7

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: ....................................................................... 9

2.1 ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAS NA GESTAÇÃO ................................ 9

2.1.1 Primeiro Trimestre: ....................................................................................................... 10

2.1.2 Segundo Trimestre: ....................................................................................................... 11

2.1.3 Terceiro Trimestre: ....................................................................................................... 13

2.1.4 O Marido na Gestação: ................................................................................................. 15

2.2 ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS NO PUERPÉRIO: ..................................................... 16

2.2.1 A Função da Família Com a Chegada de Uma Criança: ........................................... 18

2.2.2 Função Materna: ............................................................................................................ 20

2.2.3 Função Paterna: ............................................................................................................. 21

2.2.4 Vínculo e Apego: ............................................................................................................ 23

2.3 EVOLUÇÃO DOS MOVIMENTOS DA SAÚDE NO BRASIL ................................. 25

2.3.1. Concepção Histórica ..................................................................................................... 25

2.3.2 Saúde Pública – Concepção histórica .......................................................................... 27

2.3.3 Conceito e propostas do Sistema Único de Saúde - SUS ............................................ 28

2.4 PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA - PSF ................................................................. 30

3 A PESQUISA ....................................................................................................................... 32

3.1 BREVE HISTÓRICO DO LOCAL DE PESQUISA ................................................... 32

3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................... 34

3.3 CATEGORIAS DESENVOLVIDAS ......................................................... 35

3.4 ANÁLISE DAS CATEGORIAS ...................................................................................... 44

3.5 DISCUSSÃO DOS DADOS ............................................................................................ 49

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 53

4.1 PRINCIPAIS RESULTADOS E CONTRIBUIÇÕES ............................. 54

4.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................. 55

REFERÊNCIAS................................................................................................. 56

APÊNDICE ........................................................................................................ 61

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1 INTRODUÇÃO

Assim como nós seres humanos somos frutos de nossa história, o setor de saúde

também construiu a sua própria história e sofreu influências de todo o contexto político-social

pelo qual o Brasil passou ao longo do tempo, alterando o paradigma de ausência da doença,

para um conceito mais amplo que abrange um modelo biopsicossocial. Isto implica dizer que

hoje ter saúde, não é estar bem somente biologicamente. Não há uma separação de corpo e

mente, mas sim um equilíbrio harmonioso entre eles e também com o meio em que indivíduo

vive para se adaptar socialmente.

Partindo deste pressuposto, pensar no bem estar, físico, mental e social de uma

gestante e puérpera que realizam atendimento num Programa Saúde da Família (PSF),

significa ter a disposição um atendimento profissional por parte da equipe da saúde em que

tais conceitos façam parte não só da filosofia do programa, ou seja, mas também na sua

prática.

O Programa Saúde da Família hoje representa um trabalho de estratégia junto à

atenção básica de saúde, que consiste em atuar com outros profissionais de saúde dentro de

uma perspectiva multidisciplinar quais estão incluídos os médicos, os enfermeiros,

odontólogos e agentes de saúde. A atuação destes profissionais que trabalham nos PSF está

voltada à promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais

freqüentes e, na manutenção da saúde de forma integral e contínua desta comunidade.

(MINISTÈRIO DA SAÙDE, 2000).

Embora, o psicólogo não conste como profissional efetivo da equipe do PSF, ele faz

parte da equipe complementar, o que significa que nem todos os locais onde tem o PSF há a

presença do psicólogo. Tal situação sinaliza uma contradição sobre esta nova concepção de

saúde biopsicossocial no Programa Saúde da Família apresentada pelo sistema brasileiro.

A gravidez e o puerpério, segundo Stern (1997), desencadeiam uma nova

organização familiar, na auto-imagem e na identidade feminina, fazendo com que a mulher

passe por uma reorganização psíquica. Desta forma, atender gestantes e puérperas, em

programas de saúde, significa contribuir para a prevenção e promoção da saúde no

desenvolvimento familiar contemplando aspectos biopsicosociais para o enfrentamento de

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transições do ciclo vital. E a inserção do psicólogo na equipe multiprofissional do PSF

contribui para promover a qualidade de vida e na saúde mental.

A contribuição social deste trabalho está na possibilidade de se refletir sobre os

conceitos de saúde, e promover através da prática dos profissionais, proporcionarem as

gestantes e puérperas atendimentos psicológicos que contemplam o seu bem estar mental e

social.

A relevância científica deste trabalho consiste na possibilidade de compreender a

partir da percepção de saúde, como se desenvolve a articulação entre o conceito, com a prática

profissional no Programa Saúde da Família com gestantes e puérperas na Unidade Central de

Saúde da cidade de Antonio Carlos - SC.

Este estudo tem como objetivo geral compreender a partir da percepção de saúde,

como se desenvolve a articulação entre o conceito, e a prática profissional no Programa Saúde

da Família com gestantes e puérperas na Unidade Central de Saúde da cidade de Antonio

Carlos-SC. Os objetivos específicos buscam conhecer os programas ou projetos de

atendimento a saúde da gestante e peuérpera; descrever o Programa Saúde da Família na

Unidade Central de Saúde da Cidade de Antonio Carlos – SC; identificar quais os

profissionais diretamente envolvidas no programa de atendimento a família com gestantes e

puérperas na Unidade Central de Saúde da Cidade de Antonio Carlos – SC; identificar a

concepção de saúde da gestante para os profissionais da saúde que trabalham no atendimento

a gestantes e puérperas no Programa Saúde da Família; identificar os objetivos de trabalhos e

ações de saúde desenvolvidas pelos profissionais da saúde que atuam no PSF; articular o

conceito de saúde com as práticas profissionais relacionadas ao atendimento das gestantes e

puérperas e identificar as dificuldades encontradas pelos profissionais do PSF na execução

das ações de saúde na comunidade com gestantes e puérperas.

Trata-se de uma pesquisa que utilizou o método qualitativo a partir da técnica de

Análise de Dados. Foram entrevistados oito (8) profissionais que trabalham no PSF da cidade

de Antônio Carlos - SC com o objetivo de responder o seguinte problema de pesquisa:

A partir da concepção de saúde, como se desenvolve a articulação entre o conceito, e a

prática profissional no Programa Saúde da Família com gestantes e puérperas na Unidade

Central de Saúde da cidade de Antonio Carlos – SC?

Os resultados da pesquisa permitiram tecer reflexões sobre o tema e delinear ações

que se aproximem do conceito de saúde, articulando aos conceitos de gestação e puerpério

com a prática do Programa Saúde da Família da forma mais integrada possível.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA:

Neste capítulo serão apresentados os aspectos biopsicossociais característicos da

gestação e puerpério em que a família é uma dimensão significativa nesta fase de

desenvolvimento para a mulher.

2.1 ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAS NA GESTAÇÃO

A decisão de ter um filho é resultado de vários motivos conscientes e inconscientes,

como aprofundar uma relação homem-mulher, concretizar o desejo de continuidade e

esperança da imortalidade, manter um vínculo desfeito, preencher um vazio interno. E que, a

notícia da chegada de um filho, para o companheiro e família tem persecuções alteradas

dependendo do contexto em que acontece a gravidez, se o bebê é esperado, ou não, onde cada

mulher vive de uma maneira diferente a sua gravidez, umas com sentimentos de plenitude

outras, estados de angústia (MALDONADO, 2000).

A gravidez é na vida de uma mulher, de um casal, de uma família um momento

especial e de grande riqueza e de profunda complexidade, é considerado um momento ao qual

a mulher símbolo de fecundidade vive um período de desabrochar. (SZEJER 1997). É um

período rico e intenso de vivências emocionais e que por si só, traz para o relacionamento

familiar, novas atitudes e responsabilidades, e mudança do papel social, estará se instalando,

tanto na gestante como no casal em si, uma nova identidade.

Segundo Richardson (1981), durante a gestação, devido às necessidades de

dependência características desse momento, a mulher estaria mais receptiva ao apoio

oferecido da família e quando é eficiente, fortalece emocionalmente a mulher de modo a lidar

com as demais dimensões de sua gestação e com o bebê quando nascer. Nesse contexto, o

autor sugere que o resultado da gestação dependeria de um balanço entre as relações de

exigência e aquelas de apoio e de ajuda com as quais a mulher pode contar.

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No entanto a gravidez é uma situação na qual devem estar envolvidos não apenas a

genitora, mas também seu companheiro e o meio social, os quais podem demonstrar maior ou

menor grau de aceitação da gestação, podendo desencadear uma crise, com destaque para a

crise de identidade (SOIFER, 1986).

A mulher passa por mudanças no seu desenvolvimento, físicos e emocionais e o

crescimento do feto em seu útero, que variam de acordo com a maneira de como ela sente

essas mudanças, dependendo se ela planejou ou não essa gravidez, e do apoio do companheiro

e da família, lembranças da própria infância e dos pais. Atrelado também a mudanças e

exigências financeiras (KLAUS; KENNELL, e KLAUS, 2000). Segundo o mesmo autor, com

o inicio da percepção de que será mãe, a mulher precisa se adaptar a um novo estilo de vida,

pensando não só em seu bem estar, mas na responsabilidade do bem estar do bebê.

2.1.1 Primeiro Trimestre:

Segundo Maldonado (2000), é no momento que se instala a vivência da gravidez que

irão se manifestar sentimentos de diversas formas. Nos primeiros trimestres da gravidez, um

desses sentimentos que ocorre é a ambivalência afetiva - o desejar e não desejar o filho, não

existe uma gravidez totalmente aceita, ou rejeitada. Esse fenômeno é natural e vai se alterando

no decorrer da gestação obtendo maior nível de aceitação do bebê no segundo trimestre. Esta

ambivalência segundo Szejer (1999), estaria relacionada em grande parte, a um movimento

subjetivo a ser feito, de mudança de posição - de filha para mãe.

Outro sintoma presente no primeiro trimestre é a hipersonia ou o aumento da

necessidade de dormir toma conta da mulher, como se seu corpo precisasse de mais repouso e

menos estímulos para se preparar para todas as mudanças físicas e psíquicas que se iniciam,

alguns autores psicanalistas interpretam esse fenômeno como regressão e identificação da

mulher com o feto (SOIFER, 1971 apud MALDONADO, 2000).

As náuseas e vômitos, também são sintomas comuns na gravidez, mas que podem

causar a hiperemese gravídicia (grau patológico dos vômitos) trazendo riscos para a saúde da

mulher, esses sintomas também trazem consigo significados psicológicos que variam de

acordo com intensidade das emoções, atrelados a outros fatores de alterações hormonais.

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Além disso, uma revisão de estudos feitas por Macy (1986), chegou a conclusão de que a

ambivalência - grau de rejeição e/ou aceitação da gravidez, é o fator etiológico mais evidente

na gravidez das náuseas e vômitos (apud MALDONADO, 2000).

O aumento de apetite na gravidez que consequentemente traz aumento de peso,e a

possíveis complicações obstétricas, atua fatores psicodinâmicos, sinal de que o feto esta se

desenvolvendo normalmente (COLMAN, 1969, apud MALDONADO).

As manifestações de desejos e aversões por alimentos durante a gravidez são

ocasionadas normalmente, por alterações do paladar, olfato e audição, e por questões

psicológicas como a insegurança, ambivalência e necessidade de atenção (THERETHOVAN

e DICKENS, 1972 apud MALDONADO 2000).

Para Caplan (1961) esses fatores estariam relacionados ás oscilações de humor que

são freqüentes desde o início da gravidez, que além de haver aumento de sensibilidade nessas

nas áreas sensoriais, ocasiona na mulher instabilidades emocionais às vezes sente-se

incompreendida, e irritada em aspectos que antes não a afetavam, chora ou ri com mais

freqüência. Essas oscilações estão relacionadas com a alteração do metabolismo da mulher

durante a gestação, que diretamente induzem para as mudanças psicológicas (apud

MALDONADO, 2000).

2.1.2 Segundo Trimestre:

Nesta etapa de desenvolvimento da gestação o que estão mais presentes são os

movimentos fetais, e o impacto da percepção da mãe sobre esse fenômeno. A mulher sente o

feto como a realidade concreta dentro de si, e instalam-se sentimentos de personificação

atribuindo ao feto certas características pessoais, interpretando os movimentos como

carinhoso, suaves e delicados, ou atribuídos à agressividade como se fossem patadas e socos.

Podem ser interpretados de maneira ambivalente como o sentimento de alivio, sinal que o feto

está vivo, e quando não consegue sentir os movimentos surge o temor de que algo não esta

bem e a ansiedade. A interpretação dos movimentos constitui uma etapa da formação

materno-filial, em que na fantasia da mãe esta tentando se comunicar com ela

(MALDONADO, 2000).

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Ver alguns movimentos do bebê na imagem do ultra-som, e sentir os movimentos

fetais são duas formas em que a mulher entra em contato com o bebê que está dentro dela,

começa a ter fantasias de como será o seu filho e a imaginar característica da personalidade do

bebê. É a partir daí que a criança passa a ser mais aceita e os pais sentem-se prontos pra

iniciar os preparativos (roupas, quarto, berço) (KLAUS; KENNELL, e KLAUS, 2000).

É também neste momento que os pais já podem descobrir o sexo do bebê, onde

muitos optam em não querer saber antes do nascimento, para Szejer (1997) saber o sexo do

bebê faz com que ele exista de outra forma, indica sua identidade, ele já pode ser nomeado, e

para algumas mulheres é uma possibilidade maravilhosa e reasseguradora, e ao mesmo tempo

percam o sonho do bebê imaginado, mas trazem benefícios de preparação para acolher seu

filho. Considerando essas discussões sobre saber o sexo do bebê, Soifer (1992) em uma

pesquisa descobriu que durante a gestação a noção inconsciente se amplia, existindo na

mulher grávida um conhecimento bastante seguro a nível inconsciente referentes ao sexo

provável da criança, surgindo a fantasia do filho homem ou mulher, às vezes predominando

uma das possibilidades.

Uma das maiores alterações que surgem com intensidade a partir do segundo trimestre

são referentes à sexualidade, embora se manifeste desde o inicio da gravidez, o aumento ou

diminuição do desejo sexual e da satisfação, as dúvidas causam preocupações para o casal. Há

vários fatores etiológicos possíveis sobre tais alterações, uma delas é a cisão entre a

maternidade a e sexualidade a sensação de que a mulher grávida é “pura”, e outra é o medo de

atingir ou amassar o feto, que motivam a reação de cautela e proteção (CAPLAN, 1960 apud

MALDONADO).

Considerando essa forte presença de alteração na vida da mulher no terceiro trimestre

Soifer (1992) ressalta que as relações sexuais além de não ocasionarem danos algum à

gravidez, foram demonstradas pelas observações clinicas, (salvo em ameaças de aborto)

também trazem benefícios por muitos motivos: em primeiro lugar, mantêm harmonia

conjugal, com a diminuição de ciúmes de ambos, ele em relação ao filho, ela em relação a

possíveis relações fora do casamento; conservam a capacidade sexual da mulher diminuindo

suas ansiedades, e contribuem para a elasticidade e flexibilidade dos músculos do períneo

para o parto.

O chamado esquema corporal é considerado a alteração de maior temor da gravidez.

Pois o corpo da mulher tem a capacidade de ampliar-se para fazer as adaptações necessárias

durante a gestação, o modo como a mulher reage perante as adaptações são de diferentes

maneiras: oscilam entre sentimentos de orgulho do corpo grávido quando essa nova estética

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vem compartilhado pelo marido; outras mulheres sentem-se deformadas e feias incapazes de

atrair sexualmente alguém , esses fatores estariam relacionadas com a alterações da

sexualidade. É neste momento que surgem o medo da irreversibilidade, a dificuldade de

acreditar que as várias partes do corpo terão a capacidade de voltar ao estado anterior à

gravidez e a preocupação de ficar flácida depois do parto. Esse temor teria um significado

mais profundo além dos superficiais, o medo de ficar modificada como pessoa depois da

experiência da maternidade (MALDONADO, 2000).

A introversão e a passividade constituem as características emocionais mais típicos

na gravidez, algumas mulheres sentem que o ritmo de seu organismo fica mais lento, menos

disposta á atividades. Outras mulheres ao contrário reportam aumento de atividade, podendo

ser a descarga da ansiedade. Caplan (1961) atribui essas alterações á mudanças metabólicas e

que é uma etapa de preparação para o papel de mãe. Nesse período a mulher sente maior

necessidade de afeto, cuidados e proteção (apud MALDONADO, 2000).

2.1.3 Terceiro Trimestre:

Nestes últimos meses de gravidez, com a proximidade do parto, a ansiedade começa

a aparecer com mais freqüência e os níveis tendem a elevar-se, e intensifica-se ainda mais

quando a data prevista é ultrapassada. Os sentimentos são contraditórios, da vontade de ter o

filho, a de prolongar a gravidez para adiar a adaptação necessária com a vinda dele

(MALDONADO 2000).

Observando a ansiedade característica da mulher grávida de seu primeiro bebê,

Brazelton (1990), abordou sua preocupação inicial do fato de conseguir ser mãe. Para ele “a

ansiedade ao invés de ser uma força destrutiva, mobiliza a energia necessária para o imenso

trabalho que virá, para exercer a função materna” (apud KLAUS; KENNELL, e KLAUS,

2000, p. 27).

E a impossibilidade de ver o bebê dentro da barriga aumenta a ansiedade referente

ao seu desenvolvimento, originado desejos e sonhos e embora Brazelton (1990) reconheça o a

ansiedade como adequação normal á gravidez em conjunto com uma situação de estresse, é

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importante lembrar que pode afetar a forma como a mulher sente-se em relação a si mesma e

ao bebê, consequentemente a gravidez (KLAUS; KENNELL, e KLAUS, 2000).

Os temores da maternidade se expressam muitas vezes em fantasias, medo de morrer

no parto, do corpo não voltar ao normal, de não ter leite fraco ou o suficiente, simbolizando

sentimentos de inadequação e desvalorização como mãe, e de autopunição. Os temores e

expressam também nos sonhos com o bebê, do parto. O medo de ter um feto malformado

requer atenção, e se intensifica quando a mulher já teve antecedentes de abortamentos

(MALDONADO, 2000).

As representações mentais e as fantasias que a mulher faz de si mesma como mãe e o

seu futuro bebê influenciam no vínculo que ela formará com o filho, segundo estudos de

Ammaniti (1991) existe uma influência das fantasias formadas durante a gravidez na

formação da relação mãe bebê (apud, MALDONADO 2000). Complementa Stern (1997) que

além do corpo da gestante encarregar-se do crescimento físico do feto, acontece, no seu

psiquismo, a formação da idéia de ser mãe e a construção de uma imagem mental do bebê.

Tanto a gravidez como o puerpério, provocam mudanças na inserção social, na

organização familiar, na auto-imagem e na identidade feminina, fazendo com que a mulher

passe por uma reorganização psíquica. Este período de reorganização psíquica pelo qual passa

a futura mãe foi denominado de Constelação da Maternidade, pois ela passará por momentos

de sensibilidade, medos, fantasias e desejos (STERN, 1997).

Considerando que a psicologia da mulher grávida se desenvolve paralelo com ás

mudanças fisiológicas do corpo, pra Berne (1988 apud FELICE, 2000) o feto que nos

primeiros meses da gravidez estava fundido psicologicamente com a mãe como parte integral

dela, com o passar dos meses, e o amadurecimento do feto leva a percepção da gestante de um

ser humano separado que existe dentro dela, assim prepara-se psiquicamente para que ocorra

a separação fisiológica e o parto.

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2.1.4 O Marido na Gestação:

Uma das primeiras reações do futuro pai além da satisfação e alegria da vinda de um

filho é o intenso impacto que tem os movimentos fetais do bebê durante a gestação no

homem. Há a mobilização da inveja de não poder sentir o desenvolvimento do feto dentro de

si, e reações de formação triangular, ou seja, o homem participa dos movimentos do feto,

sentindo-se através do ventre da mulher e comunicando - se com ele num processo de

personificação. Ocorre neste momento no homem a expressão do medo de abandono e

exclusão, que o mesmo irá ficar em segundo plano, pois o feto vai roubar o seu lugar diante

da mulher (MALDONADO, 2000).

Sobre esses aspectos Brazelton (1998), informa que sentimentos de competição com

bebê e pela esposa que surpreende os novos pais são esperados, e vem átona quando a esposa

retira-se para o mundo dos sonhos, e o pai sente-se rejeitado e com ciúmes do bebê [...] e

sobre os sentimentos de exclusão advém por a mãe desviar um pouco sua atenção para o bebê,

e a mãe tornar-se o centro das atenções de todas as pessoas, ninguém pergunta como o pai

esta se sentindo neste período de adaptação. E neste período o marido também pode ter

necessidades aumentadas, e se forem reconhecidas poderá responder com ternura e apoio que

reforçarão o casamento.

A gravidez é um período no qual o homem deve ampliar e avaliar seus próprios

papéis como provedores da família, papéis modelo para as crianças e apoio de suas esposas,

que estão passando por um período de maior adaptação (KLAUS; KENNELL, e KLAUS,

2000).

O apoio que o marido da a sua esposa durante a gravidez e após o parto são: suporte

emocional; ajuda nos cuidados diários com o bebê; suporte financeiro, e mobilização e

recrutamento de recursos adicionais na comunidade, isso contribui para que a mãe se sinta

suficientemente segura para se envolver com seu bebê exercendo sua função materna

(ROHDE, et. al,1991). Onde a presença do marido durante o parto está associada a

necessidades reduzidas de analgésicos e experiências mais positivas no trabalho de parto.

Parece haver um consenso na literatura de que a relação conjugal se constitui a

principal fonte de apoio à mulher no período do nascimento de um filho (BELSKY, 1981). Na

pesquisa de Dessen e Braz (2000), todas as mães apontaram o marido como o mais importante

na provisão de apoio durante a gestação e nos primeiros meses de vida do bebê. Endossando

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esses achados, Levitt et. al (1986), encontraram que, de modo geral, o bem-estar materno era

uma função da qualidade da relação conjugal e do montante de apoio recebido do marido.

Dada a importância do apoio do marido nesse período, a reorganização do

relacionamento conjugal aparece como uma das principais tarefas no processo de adaptação à

chegada de um filho (TILMANS-OSTYN, MEYNCKENS-FOUREZ, 2000). É um desafio

que exige uma renegociação do espaço vivido por cada um dos membros do casal. Para

Richardson (1981), a percepção das mães sobre a relação com o marido sugere que cada nova

gestação traz a necessidade de que ele se ajuste a seu papel de pai e, simultaneamente, a apóie

na redefinição de seu papel de mãe, é um momento propício para uma maior aproximação do

casal e um aumento no apoio do marido para a gestante.

2.2 ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS NO PUERPÉRIO:

Puérpério é o período pós - parto, a mulher é considerada puérpera durante quarenta

dias após o nascimento do filho. O puerpério é chamado por Kitizinger (1977) como “o

“quarto trimestre” da gravidez, um período de transição que dura por volta de três meses após

o parto, acentuando-se no primeiro filho, a mulher torna-se especialmente sensível” (apud

MALDONADO, 2000, p. 89.)

O parto tem a separação entre dois seres que até então viviam juntos, um dentro do

outro, é um momento de uma grande alteração, com a perda de um estado e passagem de

outro, o que desperta na mulher ansiedades (FELICE, 2000).

Conforme Felice (2000) o puerpério é:

um período de transição na qual mãe bebê passam juntos uma experiência que será, vital para ambos, sendo que a qualidade de experiências emocionais vividas pela puérpera será fundamental para o sentimento de sucesso em seu papel e para o desenvolvimento de uma relação satisfatória com seu bebê (p.13).

Considerando este momento de grande alteração após o parto, refere-se ao próprio

corpo, onde será a primeira tarefa da mulher de constatar que ele não é mais o mesmo, está

diferente e deve preencher novas funções (SZEJER, 1997). Segundo a mesma autora é um

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período em que a mulher vive um estado de fragilidade psíquica, onde tudo é motivo pra

pequenos dramas, ricos em emoções diversas, agradáveis ou não.

Maldonado (2000), também considera que o período do puerpério é carregado de

emoções intensas e variadas, a labilidade emocional é o padrão mais característico na primeira

semana após parto ocorrem alternância de estados de euforia e depressão. Existe uma forte

relação entre depressão que ocorre no pós-parto e a perda para a mãe do bebê da fantasia, para

entrar em contato com o bebê real, ou seja, uma quebra muito grande da expectativa em

relação ao bebê a si mesma, e ao tipo de vida que irá se estabelecer com a presença do filho.

Felice (2000) complementa que mesmo quando o bebê preenche todos os sonhos da mãe,

pode surgir nela um movimento depressivo pós o parto.

A depressão pós-parto ocorre em 10 % das mulheres, cujo sintoma se apresenta

através de irritabilidade, tristeza patológica, perda do prazer, desalento, sentimentos de

ambivalência em relação ao bebê, e quando prolongada, ocorrem sentimentos de fracasso

como função materna. Geralmente se considera o período puerperal, vulnerável, a outros

distúrbios mentais como a tristeza pós - parto, e a psicose puerperal (FELICE, 2000).

A tristeza materna tem incidência em 50% dos partos é considerado como normal e

passageiro, caracteriza-se através de crises de choro, ansiedade fadiga, preocupações

excessivas com o bebê. “Os quadros de psicóticos puerperais são perturbações mentais

severas, se manifesta em alterações do humor, e alucinações, a incidência é de 1 a 2 a cada

1000 partos “(FELICE, 2000 p.35).

Na psicose puerperal a mãe sente total repúdio ao bebê, não quer vê-lo, aterroriza-se

com ele, permanecendo triste afastada e ausente, torna-se apática, abandonada, e não aceita

nem dedicar-se aos seus cuidados pessoais. Tais estados de alteração psicológica da mãe se

acentuam pela perda de proteção que havia no hospital, e diminuição das comemorações,

adquirindo agora as obrigações s responsabilidades (SZEJER, 1997).

Maldonado (2000) afirma que as emoções por meio de mecanismos psicossomáticos

específicos, o medo, depressão, tensão ansiedade dor tendem a afetar a lactação, e que a

tranqüilidade e a confiança favorecem um bom aleitamento.

O apoio da família e amigos neste momento é muito importante, para auxiliar para a

transformação deste estado para carinho com o filho, e em alegria pelo seu crescimento

(SZEJER, 1997).

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2.2.1 A Função da Família Com a Chegada de Uma Criança:

Ao pensarmos a família atual devemos considerar seus diferentes tipos: famílias

homoparentais, famílias monoparentais, famílias nucleares, famílias sem filhos, famílias

divorciadas, famílias recasadas nas quais convivem filhos de pais diversos e famílias

transgeracionais. Entretanto, as representações sociais de uma família “ideal”, “base de tudo”,

“lugar de afeto” e de “relações estáveis” continuam ancoradas no modelo da família nuclear

burguesa, apontada como referencial para orientar comportamentos, práticas sociais e

profissionais (ROMANELLI, 2003; SANTOS e OLIVEIRA, 2006).

Um dos enfrentamentos mais comuns vividos pelas famílias é o momento de gerar

os filhos, pois é considerada uma fase vital do núcleo familial (TARNOWSKI, 2005). Ao qual

tendem a sofrer uma transição e o sentimento de maternagem e paternagem é despertado

dentro das especificidades construídas pelos pais. Inicia-se, nessa transição, um novo papel a

ser desempenhado pelo pai e pela mãe - que nem sempre caminham unidos e com a mesma

força e intensidade - no qual se exigem mudanças e adaptações para receber um novo ser.

(DESSEN e BRAZ, 2000). E para Maldonado (2000) a maternidade e a paternidade são

momentos existenciais de extrema importância no ciclo vital de mulheres e homens.

O sistema familiar se compõe de uma série de subsistemas que interagem entre si,

Howels (1972 apud MALDONADO, 2000) considera a família um organismo completo que

possui uma unidade própria assim como o individuo, a família é um sistema organizado com

uma estrutura peculiar, canais de comunicação e elementos característicos, qualquer evento

como no caso a gravidez e atinge o sistema inteiro.

Levando em conta este período de transformação na vida da família, Brazelton

(1998) considera ser um momento que pode gerar conflitos emocionais, dúvidas e incertezas

passíveis de ser superados à medida que ocorre um fortalecimento gradativo do vínculo da

tríade pais, família e filho. Que se mantém estável na medida em que existe somente um filho,

na concepção de Benedek (1970 apud MALDONADO 2000). No entanto com a vinda de

cada filho muda-se toda a composição da rede de intercomunicação da família.

A chegada de um novo membro à família pode gerar um aumento na tensão familiar,

pois traz consigo a necessidade de uma reformulação nos papéis e nas regras de

funcionamento dessa nova família (MINUCHIN, 1982).

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É importante enfatizar que o nascimento de um filho segundo Maldonado (2000) é

uma experiência familiar, onde a vinda de um bebê provoca mudanças complexas que se

restringe a variáveis não só psicológicas e bioquímicas, mas também fatores

socioeconômicos, trazendo conseqüências significativas, principalmente no caso de uma

mulher que trabalha fora e cultiva interesses profissionais e é responsável pelo orçamento

familiar.

Mudanças que também são encontradas no nascimento de um segundo filho, que

caracteriza para o desenvolvimento da família, Dessen (1997) considera a fase de expansão do

sistema qualitativamente diferente do processo do nascimento do primeiro filho. As

exigências percebidas pela mãe na relação com o primogênito, no momento da gestação e do

nascimento do segundo filho, reforçariam a importância do apoio recebido de sua rede social

(RICHARDSON, 1983). Quanto mais assistida estiver a mãe, mais apta está a fornecer o

apoio necessário ao primogênito ao longo desse período de reorganização e, paralelamente,

dedicar-se aos cuidados essenciais do bebê.

Apoio esse também investigado por Dessen e Braz (2000) em 15 famílias

brasilienses no momento do nascimento dos filhos, revelou que a grande maioria das mães

relatou mudanças tanto antes quanto após o evento, como o apoio psicológico; cuidados

físicos e orientações sobre alimentação, gravidez e filhos; ajuda financeira; ajuda nas tarefas

domésticas e cuidados dos filhos; resultando em melhoria no relacionamento com o marido e

com a família.

A família organiza a vida emocional de seus membros de tal forma que permite a

transformação da ideologia dominante em uma visão de mundo, um código de condutas e de

valores, e estes são assumidos mais tarde pelos indivíduos (REIS, 1989).

O papel da família, ou mais especificamente, do pai e da mãe são de fundamental

importância para abrir caminho para novas conquistas da criança. O pai servindo como

sustentáculo para a mãe e também como modulador afetivo da díade mãe-bebê (ROHDE,

1991).

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2.2.2 Função Materna:

Após a experiência do parto, a volta para casa com seu bebê, representa para a

mulher uma situação vitalmente significativa e transformadora, pois ela passa a desempenhar

um papel materno e assumir a responsabilidade de cuidar de um ser vivo, que até então não

fazia parte de seu dia a dia ( FELICE 2000).

Ser mãe é muito mais do que gerar um filho; é saber que muitas das mais intensas

emoções humanas surgem durante a formação, manutenção, rompimento ou renovação dos

vínculos emocionais (BOWLBY, 1997).

Conforme Doron e Parot (2006), maternagem e comportamento materno, se referem

ao:

conjunto de comportamentos pelos quais a mãe ou a pessoa que ocupa seu lugar leva ou tenta levar ao bebê os cuidados maternos e, mais geralmente, tudo o que é indispensável para a sua sobrevivência e seu desenvolvimento físico e psíquico: amor, estimulações, sustentação, manipulação, imersão em palavras, etc [...]. Conjunto de cuidados assegurados pela mãe a sua prole (p. 484-485).

Souza (2005) descreve a importância que têm os comportamentos maternos em

relação ao bebê, se a mãe for amorosa e tiver uma relação afetiva rica com seu bebê,

contribuirá para que se desenvolva uma criança confiante e segura de si. Assim também, mães

deprimidas ou ambivalentes que, por uma razão qualquer, privam o feto de seu amor e apoio,

certamente favorecerão o estado depressivo e a presença de neuroses na criança, que podem

ser constatados após o nascimento, pois sua personalidade foi estruturada num clima de medo

e angústia.

O início da vida da criança foi amplamente descrito por Winnicott (1988) que

privilegiou a função da mãe por entender que a figura materna constitui o ambiente primitivo

do bebê. Para esse autor, ao nascer o bebê está num estado de não-integração (não é o mesmo

que desintegração ou dissociação). Nesse momento, o recém-nascido está numa situação de

dependência absoluta. A integração completa da unidade psique-soma é promovida pelos

cuidados da mãe, cabendo a ela o papel fundamental de prover a criança com os elementos da

realidade objetiva. E descreve que a relação inicial do bebê com a mãe é considerada a fase

mais importante na estruturação da personalidade e do sujeito.

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A mãe denominada de “suficientemente boa” é aquela previsível para o bebê, que se

identifica com ele, se adapta a sua necessidade durante os seus primeiros meses de vida,

sendo boa o bastante para que não haja prejuízo ao psiquismo do bebê através do convívio de

ambos. A mãe suficientemente boa não é uma mãe supostamente perfeita e sim, aquela que é

flexível o bastante para acompanhar o desenvolvimento do filho atendendo suas necessidades

físicas e psíquicas. Além de cuidar, ela frustra gradativamente o bebê, preparando-o para a

autonomia e posterior integração do ego (WINNICOTT, 1999).

A saída do estado narcisista da criança deve ser facilitada pela mãe ao propiciar a

entrada em cena de um pai respeitado e valorizado. A passagem para uma triangulação

edípica permitirá ao filho o reconhecimento de terceiros, possibilitando dessa forma, seu

ingresso nas relações sociais (ZIMERMAN, 2001).

Assim como Winnicott, Melanie Klein atribui à mãe um papel central e fundamental

para o desenvolvimento emocional do bebê, em detrimento quase total à figura do pai. A

teoria de M. Klein é considerada seiocêntrica em contraposição às idéias de Freud –

falocêntricas – que atribuía ao pai um papel significativamente maior na estruturação psíquica

da criança (ZIMERMAN, 2001).

2.2.3 Função Paterna:

Muitos são os estudos que mostram que os bebês nascem capacitados para vincular-

se com sua mãe e seu pai, porém o interesse dos pesquisadores sobre a função do pai para o

desenvolvimento dos filhos são recentes, e se revelam importantes para a compreensão de

transtornos físicos e psíquicos de pais e filhos. Embora ambos exercem papel fundamental na

estrutura familiar a figura do pai está relacionada ao nível de organização e funcionamento

desta família, atuando fortemente sobre o processo da gravidez, parto e do vínculo precoce., e

ainda a função fundamental do pai na relação é a de romper o forte vínculo estabelecido entre

mãe-bebê (ROHDE, 1991).

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Portanto o vínculo pai-criança em certas características recorrentes, não é fixo nem

uniforme, o local as circunstâncias, a história familiar e as diferenças individuais afetam a sua

evolução (KLAUS; KENNELL, e KLAUS, 2000).

É por tudo isso que a paternidade deve ser considerada como uma transição no

desenvolvimento emocional do homem trazendo mudanças de papel social e de identidade

(MALDONADO (2000).

Por meio de observações feitas pelo psicólogo Ross Parke (1981) demonstrou que

os pais são tão responsivos quanto às mães em relação ás sinalizações dos bebês ás suas

vocalizações. Ele acredita que o pai deve ter ampla exposição precoce com o bebê no

hospital, onde o vínculo inicial entre ambos é formado (apud KLAUS; KENNELL, e

KLAUS, 2000). Ao encontro dessas pesquisas o psiquiatra infantil Daniel Stern (1997)

observou que os bebês respondem e estão em harmonia, de forma seletiva com cada um dos

pais e podem reconhecer e responder aos padrões de voz paternos.

Estudos citados por Rohde et. al (1991) evidenciam a importância do envolvimento

do pai no desenvolvimento da criança. Essas pesquisas atribuem ao pai competência e

capacidade similares às da mãe na interação com o filho, demonstrando ainda que o contato

precoce do pai com o filho possibilita um melhor envolvimento posterior entre ambos.

Merece destaque também o suporte emocional e material dado pelo marido à esposa

favorecendo um maior envolvimento dessa com a criança nos primeiros anos de vida

(PERSON, COOPER e GABBARD, 2007; ROHDE et. al, 1991).

Os papéis de mãe e de pai de acordo com Winnicot (1988) exercem em algumas

tarefas de maneira separadas e distintas. Um pai não apenas um substituto da mãe, mas um

alimentador básico de seu recém - nascido. Os pais passam mais tempo brincando com seu

bebê, em atividades mais físicas, as mães passam o tempo nos cuidados de rotina além de

conversar mais com o bebê e sorrir para eles. (PARKE e TINSLEY, 1987, apud BEE, 1997).

Numa situação em que uma mãe não pode estar com seu bebê imediatamente após o

parto, o bebê pode receber o calor e a segurança necessários do pai, enquanto a mãe se

recupera. (KLAUS; KENNELL, e KLAUS, 2000).

Os cuidados paternos nos três primeiros meses de vida de uma criança são muito

maiores , quando é solicitado a um pai que ele dispa, e vista seu bebê duas vezes e faça

contato olho a olho como o bebê por uma hora durante os três primeiros dias de vida.

(KLAUS; KENNELL, e KLAUS, 2000).

Ao fornecer tais cuidados, o pai junto com a mãe compõe o “ambiente total em que

o bebê habita”. Nesse sentido, o pai participa do colo que a mãe dá ao bebê a partir da

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experiência real que ela tem da presença dele. A esses papéis iniciais, o pai incorpora outros

na medida em que o bebê cresce e passa para o período de dependência relativa. Nessa etapa,

a presença paterna ganha novas facetas: ele ajuda a mãe a sair da simbiose com o bebê,

chamando-a para si como esposa; o pai será o primeiro vislumbre de integração para o bebê,

antecipando o indivíduo unitário que ele virá a ser; nos cuidados maternos, o bebê começa a

distinguir alguns aspectos considerados paternos, tais como: de ordem, de firmeza, de

inflexibilidade; o “não” que o bebê ouve inicialmente da mãe com o objetivo de protegê-lo, é

um dos primeiros sinais do paterno na vida da criança; a presença ou ausência do pai refletirá

na mãe como sentimento de proteção ou desproteção que, por sua vez, refletirá na qualidade

da relação mãe-filho (FULGÊNCIO, 2007, p.129).

Pai que estimula a criança verbal e fisicamente, de maneira adequada, que dá ordens

com explicação, que coloca limites e responde às necessidades da criança, que se comunica

afetivamente e solicita informações parece favorecer o desenvolvimento intelectual do filho.

Ao contrário, quando o pai é restritivo, a criança pode apresentar problemas de identificação e

comprometimento em seu desenvolvimento cognitivo e social (ROHDE et. al 1983).

Portanto a função paterna hoje em dia é fundamental para o desenvolvimento da

criança. A presença ou ausência da paternidade determina comportamentos e funciona como

um divisor de águas nas escolhas feitas pelo individuo a longo de sua vida (BOTTURA,

1994).

2.2.4 Vínculo e Apego:

Segundo Maldonado (2000) uma série de estudos tem tentado comprovar a

existência de um período mais sensível na mãe nas primeiras horas após o parto, que seria o

momento mais propício para a formação do vinculo afetivo com o bebê. Na linha das

divergências encontradas na teoria do vínculo afetivo, Souza (2005) relata que é muito antes

do nascimento que se inicia o processo de formação de vínculo entre a futura mãe e seu bebê,

ou seja, se dá no ambiente intra-uterino e que poderia ser inato.

E o que pode retardar a formação do vinculo e a preparação da mãe para a chegada

do bebê, segundo os autores Klaus; Kennell e Klaus (2000) é qualquer estresse como

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mudança, a infidelidade do marido a morte de um parente ou amigo próximo, abortos

anteriores ou a perda anterior de filhos que deixe a mãe se sentindo pouco amada ou apoiada

ou que dêem preocupações da saúde e da sobrevivência de si mesma e do bebê. Os autores

consideram importante fazer a distinção entre o vínculo e a sua formação, entre apego e a

conduta do apego.

“O vínculo pode ser definido como um relacionamento específico e único entre duas

pessoas que dura ao longo do tempo. [...] O termo formação do vínculo refere-se ao elo entre

os pais e a criança, enquanto apalavra apego refere-se ao elo da criança com os pais”

(KLAUS; KENNELL, KLAUS, 2000 p. 16).

Um dos precursores sobre a teoria do vinculo e apego é Bowbly (1989) contribuiu

com seus estudos onde enfatiza que, a propensão a estabelecer sólidos vínculos emocionais é

um componente básico da natureza humgvana, presente em forma germinal no neonato, que

são construídos por um comportamento instintivo que sustentam a proximidade da mãe e a

criança. Bowbly também escreveu que os vínculos afetivos e os estados subjetivos de uma

forte emoção andam juntos, assim, muitas das intensas emoções surgem durante a formação,

manutenção e renovação de vínculos afetivos também chamados de vínculos emocionais

(apud, KENNELL, KLAUS, 2000).

A teoria do comportamento do apego foi baseada na Psicanálise e na Etologia,

elaborada para tentar conceituar a propensão humana de formar laços afetivos e ainda para

explicar formas de distúrbios de personalidade, incluindo: “ansiedade, medo, depressão e

desapego emocional, para o qual a separação e a perda indesejada dão origem” (BOWLBY,

1998, p.38).

Ainda discorrendo sobre a teoria do apego, para Brazelton (1998,) o vínculo para a mãe e

o bebê é:

instintivo, mas não instantâneo e, o apego não nasce do dia para a noite, para ele: “[...] o mais puro sinal de apego é a capacidade de enfrentar a separação, nos estágios apropriados do desenvolvimento da criança [...]. Um apego verdadeiramente recíproco permitirá períodos de ruptura e desapego” (p. 183-184).

Sendo que uma vez que os vínculos afetivos e os apegos são estados internos

podemos vê-los através do comportamento de apego. Que na concepção de Bee (1996)

apego são todos aqueles comportamentos que permitem a uma criança ou adulto manter

proximidade em relação a uma pessoa a quem é apegada.

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2.3 EVOLUÇÃO DOS MOVIMENTOS DA SAÚDE NO BRASIL

Neste capítulo serão apresentados um breve histórico sobre a saúde no Brasil a

mudança de conceito, discorrendo sobre saúde pública a caracterização do Sistema Único de

Saúde e implantação do Programa saúde da Família.

Apesar de não ter como objetivo uma caracterização ampla das fases que

compreendem a história da saúde no Brasil, entender as implicações e reformas que vem

ocorrendo ao longo do tempo no que diz respeito a dimensão brasileira dos conceitos de

saúde, torna-se relevante apresentar o contexto em que elas emergiam e se desenvolveram,

sobretudo para possibilitar a compreensão da filosofia dos programas de saúde , seus

objetivos e atuação dos profissionais envolvidos no atendimento á família.

2.3.1. Concepção Histórica

A divergência sobre a conceituação de saúde parece remotar desde a época de

Hipócrates (460-377 a.C) “pai da medicina”, que conceituava a saúde como “uma natural

conseqüência do harmonioso equilíbrio entre quatro “humores’, secreções ou líquidos, a bile,

o sangue, catarro e bile negra, que o famoso médico “suponha existirem no corpo” de cada

pessoa” (MOURA , D.1989, p. 42).

Já Galeno (131-201 a. C) em um de seus livros chamado de Definições Médicas,

conceitua que a saúde é o “equilíbrio íntegro dos princípios de natureza, ou dos humores em

nós existentes, ou a atuação sem nenhum obstáculo das forças naturais, ou a cômoda

harmonia dos elementos”. (MOURA, D. 1989, p. 42). Os processos de estruturação a

definição dos conceitos de saúde se beneficiou através dos estudos feitos por médicos sobre

uma nova categoria de doenças e patologias. Acentuando-se então a tendência a definir

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negativamente a saúde como ausência da doença. Em 1720 uma publicação em um dicionário

enciclopédico na cidade de Lisboa, descreveu sobre a definição de saúde como sendo o

“estado de corpo, sem doença nem achaque. Boa disposição e temperamento dos humores,

com que o corpo faz bem suas funções naturais”.

Em 1874 na cidade de Porto Frei Domingos Vieira, defini a saúde como “o estado do

corpo com respeito ás suas ações, funções, que se fazem segundo a ordem da natureza

humana sem obstáculo nem incômodo” (MOURA, 1989, p. 43).

A saúde foi construindo sua história durante muito tempo, já foi definida com termos

negativos, como ausência da doença ou de uma enfermidade, a mudança desses conceitos

veio a partir da carta da OMS em 1964, onde a saúde passou a ser definida como um estado

de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas como a ausência de distúrbios ou

doença”. Valorando a saúde como um recurso para ávida diária, e não como um objetivo da

vida, dando ênfase nos recursos sociais e pessoais assim como as capacidades físicas ( SAN

MART, 1991; DOKINGO, 1991; OMS, 1987, apud REMOR, 1999).

A partir do século XX a intervenção em saúde adquire um caráter multidisciplinar, já

que a preocupação com o biológico do ser humano já não se apresenta como a principal

protagonista e passa a dividir espaço com as áreas mental e social (REMOR, 1999).

Como resultado do desenvolvimento contínuo e à mudança drástica observada nos

padrões característicos das doenças, as antigas doenças infecciosas são controladas quase que

por completo e no seu lugar surge uma nova epidemia as doenças crônicas ou funcionais - não

produzidas por agentes patógenos específicos, mas por serem devidas a causas múltiplas e de

natureza não exclusivamente orgânica, se não em igual ou maior proporção, por causas ou

fatores psicológicos, sociais, culturais e de meio-ambiente. (SIMON apud REMOR, 1999 p.

206).

Estas mudanças influenciaram na saúde pública mundial. Em 1974 no Canadá,

assinalava o fato de que o grande número de mortes prematuras e incapacidades que sofriam

eram passiveis a prevenção, como consequência o Ministério de saúde do Canadá , adotou

uma nova política de medicina preventiva. Esta medida repercutiu nos países desenvolvidos,

fazendo-lhes descobrir a Saúde Pública ( REMOR, 1999).

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2.3.2 Saúde Pública – Concepção histórica

A origem histórica da saúde pública começou com saneamento básico e habitação

por volta há 4.000 a.C no Norte da Índia, que por sua vez, fez o abastecimento de água

escoamento de esgoto e banheiros residenciais , enfatizando a idéia “ a pureza para os deuses”

( PIRES, 1989).

A saúde no Brasil tem uma história que pode ser dividida em fases segundo Souto e

Leal Jr.(2000) fazendo referência ao sanitarismo campanhista, ao sistema de saúde médico-

previdenciário a ao sistema de saúde centralizado implantado na fase ditatorial no Brasil que

colaborou para o modelo médico assistencial privatista.

No Brasil a saúde pública ocorreu com a chegada da família real, no século XIX

dando prioridade á regulamentação sanitária. Pires (1989) descreve que “o regimento do

Físsico-Mor português, preocupavam-se com aspectos sanitários em diferentes locais, com os

diferentes tipos de doenças da época e os cuidados dos doentes” (p.37).

Osvaldo Cruz, foi um dos pioneiros em implantar o programa de saúde pública,

aonde organizava e dirigia diversas instituições públicas no âmbito da higiene no Brasil. Já no

período de 1945, no Governo de Vargas, a saúde tinha como predomínio um modelo

sanitarista, tendo como critério uma política de saneamento nas mercadorias, cuja circulação

era de exportação e o controle de doenças infecciosas, e investir nas políticas sociais como

forma de controle das massas e dos trabalhadores de modo a sustentar as bases do regime

autoritário (PIRES, 1998).

Os processos de industrialização e de urbanização entre 1969 e 1973 no Brasil,

houve um crescimento nas doenças degenerativas, nesta época, a prestações de serviços

médicos eram privados. E com a continuidade de um “florescer” na economia brasileira,

colaboraram para um efetivo crescimento da atenção médica, que privilegiava uma prática

curativa especializada, baseada em um modelo assistencial privatista, composto pelo estado

financiador do sistema através da previdência social. Era a centralidade do modelo biomédico,

pautado em uma relação de causalidade, linear e mecânica, do fenômeno saúde - doença

(ROZEMBERG e MINAYO 2001).

Apesar do aparente crescimento instaura-se nos anos 70 uma crise geral do

capitalismo cujo reflexo mais significativo foi o esgotamento do modelo econômico do

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governo militar brasileiro levando a baixa dos salários profissionais, e ao prejudicando a

infra-estrutura dos serviços. Esse quadro de desestruturação da economia favoreceu a

emergência de movimentos populares civis e de esquerda. Discutia-se então em a medicina

familiar e uma progressiva valorização da expansão de serviços de atenção primaria á saúde,

como estratégia de reorganização do setor saúde (VASCONCELOS, 2001).

Nesse sentido na década 1980 surgiram estratégias adotadas para enfrentar as

dificuldades, e em que basearam-se em políticas de “focalização dos gastos”, uma nova

proposta de saúde pública enfatizando medidas de prevenção a toda a população através dos

serviços básicos com subsídios direto aos pobres, como a distribuição de suplementos

alimentares, (CORDEIRO, 2001). Outra estratégia foi a reformulação no sistema médico-

hospitalar da previdência pública, e a centralização de programas de atenção primária, bem

como a melhoria de qualidade de serviços e a extensão da cobertura rural em condições iguais

as prestadas aos trabalhadores urbanos (LUZ, 1994).

Na prática a reivindicações apresentadas por esse Movimento Sanitário culminaram

em uma proposta que foi discutida e exposta na VIII Conferência Nacional da saúde, em

1986, como forma de repensar a estrutura e política de saúde para o Brasil, aprovando um

relatório que compreendiam uma nova conceituação de saúde, á saúde ampliada a uma

concepção relacionada a uma gama de fatores, de forma a considerar a saúde no cotidiano da

sociedade, ás condições gerais da vida, como: saneamento básico, alimentação,

lazer,condições de trabalho, educação entre outras. Estes princípios subsidiaram uma proposta

de reforma sanitária, e na elaboração da nova Constituição Federal, de 1988, em que a saúde

foi concebida como um direito de todos e um dever do estado, a participação popular nos

serviços públicos de saúde eficiência da gestão local. Fazendo assim a implantação do

Sistema Único de Saúde (YAMAMOTO, e CARVALHO, 1999).

2.3.3 Conceito e propostas do Sistema Único de Saúde - SUS

O Sistema Único de Saúde (SUS) constituiu-se na política Nacional de 1988, sendo

regulamentado pelas leis orgânicas da saúde, cuja execução é de responsabilidade dos

governos federais, estadual e municipal, tendo a participação da sociedade. O sistema é assim

chamado, pois é composto por um conjunto de unidades, serviços e ações voltadas á

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promoção, proteção e recuperação da saúde, e segue os mesmos princípios e diretrizes em

todo o território Nacional (OMS 1999 apud MINISTÈRIO DA SAÚDE, 2000).

Baseado nos preceitos constitucionais da Lei 8.080 de 1990, os princípios

doutrinários seguem-se da seguinte maneira: pela universabilidade, que garante o acesso ao

cidadão aos serviços de saúde públicos ou contratados pelo poder público; equidade,

garantindo o atendimento ao cidadão em todos os níveis, bem como promoção, proteção e

recuperação; e integralidade, em que a prática garante o atendimento integral, reconhecendo o

cidadão como um todo nos aspectos biopsicossociais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000).

Conforme o Ministério da Saúde o SUS, único no campo doutrinário, jurídico e

operacional, deve ser plural incorporando novas práticas e novas formas de organização,

capazes de dar conta da diversidade de situação político-institucionais e econômicas

existentes no País (BRASIL, 2000). Sendo assim essa prática oferecida pelo SUS, deve

resultar na obtenção de uma única meta: o atendimento, as necessidades de atenção a saúde da

população de forma universal, integral e equânime, num exemplar exercício democrático de

respeito as diferenças e aos direitos sociais.

O Ministério da Saúde ressalta que a Norma Operacional da Assistência á Saúde

(NOAS), editado pela Portaria do dia 26 de Janeiro de 2001, tendo como finalidade ampliar as

responsabilidades dos municípios na Atenção Básica, criando assim, mecanismos de

fortalecimento da gestão do SUS, atualizando os critérios de habilitação para os estados e

municípios (BRASIL, 2001). Dentre estas responsabilidades da Atenção Básica á saúde a

serem executadas estão a ações da saúde da mulher, voltadas a prevenção, planejamento

familiar e pré-natal, problemas odontológicos em gestantes.

Como o programa SIS Pré- Natal, é um sistema informatizado, desenvolvido

disponibilizado para ser utilizados pelos municípios que aderiram ao Programa Nacional de

Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PNHPN) foi criado e implantado através da

Portaria nº 569 de 1/6/2000 (Brasil, 2000), com o objetivo primordial de reduzir as altas taxas

de mobi-mortalidade materna, perinatal e neonatal no país. Baseia-se no direito inalienável da

cidadania, portanto, direito ao acesso, por parte das gestantes e dos recém-nascidos, à

assistência à saúde nos períodos pré-natal, parto, puerpério e neonatal, tanto na gestação de

baixo como de alto risco, através da organização adequada dos serviços de saúde, assegurando

a integralidade da assistência e com investimentos e custeios necessários. (Brasil, 2005).

As ações do SUS são constitucionalmente definidos com responsabilidade pela

gestão dos governos federal, estaduais e municipais, porém os municípios assumiram 99,4 %

de responsabilidade de gestão. Os municípios brasileiros são hoje os maiores executores de

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serviços de saúde e de concentração de profissionais, é por meio desses serviços que

conhecem de perto a demanda de sua comunidades, definindo a saúde através de uma visão

abrangente, cuja, a responsabilidade de todos uma que articule todas as áreas sociais que

influenciam e determinam as condições favoráveis ou não ao processo saúde – doença (OMS,

2002 apud MINISTÈRIO DA SAÙDE 2002).

2.4 PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA - PSF

O Programa Saúde da Família foi criado no dia 27 e 28 de dezembro de 1983, ao

qual faz parte de uma estratégia desenvolvida pelo Ministério da Saúde, visando promover

mudanças no atual modelo assistencial, apresentando como característica uma atuação

multidisciplinar integral sobre a população que reside na área de abrangência de suas unidades

de saúde, enfatizando a vigilância em saúde, o estabelecimento de veículos e a criação de

laços de compromisso e de responsabilidade entre os profissionais de saúde e a população

(BRASIL, 2000).

As famílias passam a ser o objetivo de atenção, sendo compreendida a partir do meio

onde vive, no entanto, é neste espaço apropriado a relação interpessoal buscando obter uma

visão mais amplo do processo saúde doença e visando as necessidades de intervenções

(BRASIL, 1997).

O PSF tem como principais objetivos: contribuir para reorientação do modelo

assistencial a partir da atenção básica, em conformidade com os princípios do SUS; prestar na

unidade de saúde e no domicilio, assistência integral contínua com boa qualidade às

necessidades de saúde da população adstrita; intervir sobre fatores de risco na qual a família

possa estar exposta; proporcionar através da prática da saúde um vínculo entre os

profissionais e a comunidade; melhorar o sistema de informação sobre a saúde da população;

inverter o modelo de assistência hospitalar, voltando-o para a comunidade; organizar o acesso

ao sistema de saúde; humanizar o atendimento; organização ao atendimento a demanda,

promover a educação em saúde, incentivar a participação da comunidade ( BRASIL, 2000).

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A unidade pública de Saúde da Família, é destinada a realizar atenção contínua nas

especialidades básicas, com uma equipe multiprofissional habilitada para desenvolver as

atividades de promoção, proteção e recuperação, características do nível primário e

secundário de atenção (BRASIL, 2000)

Inicialmente, na propagação dos primeiros PSFs, a equipe era composta

minimamente por: um (01) médico generalista, um (01) enfermeiro, um (01) auxiliar de

enfermagem, quatro (04) à seis (06) agentes de saúde. Silva (2004) destaca que em função do

projeto inicial ter sido elaborado em outro contexto histórico (1993) este quadro de equipe

multidisciplinar aparentemente dava conta dos objetivos do programa, cada qual com suas

tarefas atribuídas pelo PSF.

Hoje em dia, Silva (2004) relata em suas novas pesquisas a atualização desta equipe

na grande maioria dos núcleos de PSF espalhados por SP, acrescentou-se a chamada equipe

complementar composta por um (01) cirurgião dentista, um (01) nutricionista, um (01)

fisioterapeuta, um (01) psicólogo, um (01) farmacêutico e os agentes de saúde (conforme

necessidade local). De acordo com o PSF o diagnóstico de saúde é organizado pela equipe de

saúde da família com base inicialmente nos primeiros dados coletados pelos Agentes de

Saúde, durante a realização de cadastro familiar .

Segundo Brasil (1997) as atividades das equipes devem ser desenvolvidas de forma

dinâmica, com avaliação permanente através do acompanhamento dos indicadores de saúde

de cada área de atuação, contudo, são preparadas para desempenhar tarefas como: conhecer a

realidade das famílias de sua responsabilidade, no âmbito social, demográfica e

epidemiológico; identificar os problemas de saúde bem como as situações de risco; elaborar

juntamente com a comunidade estratégias para o enfrentamento do processo saúde/doença;

promover uma assistencial integral com ênfase na promoção da saúde; resolver os principais

problemas detectados e realizar a educação em saúde.

Para que se tenha um resultado satisfatório a equipe necessita de um processo de

capacitação e informação continua e eficaz, no intuito de atender as necessidades trazidas,

além de desenvolver a própria concepção de equipe e de vinculo com a comunidade que é

característica fundamental de todo trabalho do PSF (BRASIL, 1997).

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3 A PESQUISA

3.1 BREVE HISTÓRICO DO LOCAL DE PESQUISA ¹

O município de Antônio Carlos está situado à 14 km de Biguaçu, a 32 quilômetros

da Capital, e faz parte da região da Grande Florianópolis, do estado de Santa Catarina.

Quando desmembrado de Biguçaçu, foi criado em 06 de novembro de 1963. Seu nome foi

uma homenagem ao estadista brasileiro Antônio Carlos Ribeiro de Andrade, político mineiro

com grande atuação na Revolução dos anos 30. Sua colonização é advinda de imigrantes

portugueses, africanos, mas a maioria por alemães. Hoje habituado por 7.802 pessoas, e 2.387

famílias (IBGE 2007).

A agricultura é a força da economia do município Antônio Carlos. É o maior

produtor de hortaliças de Santa Catarina com produção média anual de 150 mil toneladas.

Pelo menos 80% das famílias antoniocarlenses vivem da produção e comercialização dos

hortifrutigranjeiros. Aproximadamente 60% da produção vão para as Centrais de

Abastecimento de Santa Catarina (Ceasa) de São José, onde pelo menos 14% dos produtos

comercializados brotam das terras de Antônio Carlos. O município se destaca na produção de

folhosas (verdinhos), cenoura, chuchu e batata-doce. Legumes, hortaliças e frutos ganham a

mesa de milhares de consumidores da Grade Florianópolis e de diversas regiões do estado.

A fábrica de refrigerantes Vonpar, que produz a Coca-Cola, é uma importante

geradora de empregos diretos e indiretos no Centro da cidade, além de ser fonte importante de

impostos para o município. Outras empresas de pequeno porte estão instaladas no Centro.

A garantia da qualidade de vida em Antonio Carlos é outro fator importante para as

pessoas que vivem na cidade. Segundo o Programa das Nações Unidas do Desenvolvimento -

(PNUD), referentes ao Censo 2000 e novamente pelos dados do IBGE de 2007, Antônio

Carlos é a segunda cidade do país e a primeira de Santa Catarina em longevidade, com uma

expectativa de vida de 77,9 anos, seis anos acima da média nacional. Os fatores principais

para esta marca é manutenção do estilo de vida saudável, combinando a boa alimentação e

______________________

¹ Informações coletadas no site, http://www.antoniocarlos.sc.gov.br

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exercícios do trabalho ainda executado pela maioria dos idosos na lavoura e nos afazeres

domésticos. Contribuem ainda o Programa de Saúde da Família e os Grupos da 3ª Idade, que

assistem e garantem atividades aos idosos, desenvolvidos pela Secretaria Municipal de Saúde

e Assistência Social. A proteção e o zelo familiar são características consideras determinantes

para esta conquista.

Faz parte desta história de qualidade de vida da população da cidade de Antonio

Carlos a Unidade Central de Saúde, que hoje conta com o atendimento de vários profissionais

da área da saúde, que fazem parte do Programa Saúde da Família, implantado no município

no ano de 2001, e compõem três (3) equipes. Cada uma delas é composta por: um (1) médico

clinico geral, uma (1) enfermeira, duas (02) técnicas de enfermagem, seis (6) agentes de

saúde. Sendo que dois (2) odontólogos, um (1) ginecologista, um (1) médico pediatra para

compor todas as equipes. Essas equipes são divididas por área geográfica e a quantidade de

famílias cadastratadas no SIAB ( Sistema de Informação de Atenção Básica). A equipe 001

atua com 1,096 famílias, do centro da cidade, a equipe 002 com as 755 famílias que abrange a

área da comunidade da zona rural de Santa Maria, e a equipe 003, responsável pelas 536

famílias que abrangem a comunidade de Rachadel.

Aberto das 07:00h da manhã às 21:00h da noite, a Unidade Central de Saúde da

cidade de Antônio Carlos, trabalha nos atendimentos emergências, na marcação de consultas

com os profissionais, e com o Programa Saúde da Família, que nele estão os cuidados com os

idosos , com as gestantes que hoje somam-se 45 as cadastradas no SIS- Pré Natal, programa

obrigatório nas cidades em que baseia-se no direito ao acesso, por parte das gestantes e dos

recém-nascidos, à assistência à saúde nos períodos pré-natal, parto, puerpério e neonatal, tanto

na gestação de baixo como de alto risco, através da organização adequada dos serviços de

saúde, assegurando a integralidade da assistência e com investimentos e custeios necessários.

Neste programa são feitos cadastros de todas as gestantes, para arrecadar fundos do governo

para o município, mas para receber estas verbas para cada gestante, o programa possui alguns

critérios a serem atingidos no atendimento das gestantes, que são as principais linhas de ação

do programa: realizar a primeira consulta de pré-natal até o 4°. mês de gestação , garantir a

realização de no mínimo seis consultas de pré-natal, sendo, preferencialmente, uma no

primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e três no terceiro trimestre da gestação;uma

consulta no puerpério, até quarenta e dois dias após o nascimento; além de exames

laboratoriais, vacinações.

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Outro programa existente na Unidade de Saúde é o SIS-VAM (Sistema de Vigilância

Nutricional) da gestante, que é um programa de acompanhamento peso, baixo e alto peso, a é

um programa de nível federal , todo o Brasil tem.

Além de tudo isso a cidade de Antonio foi eleita pelo IDEB (Índice de

Desenvolvimento Educação Brasileira) em 2004, onde há a melhor Educação da Grande

Florianópolis e a 6ª de Santa Catarina, contando com uma escola pública e uma creche infantil

para crianças de 0 a 5 anos de idade.

3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A abordagem metodológica desta pesquisa foi qualitativa com delineamento de

campo. Nesta pesquisa, a forma como se aprende e legitima conhecimentos está na relação

dinâmica entre o mundo real e o sujeito, ocorrendo uma interdependência entre o sujeito e o

objeto. Há uma análise dos significados que os sujeitos dão as suas ações, no meio em que

vivem e suas relações sociais. O pesquisador é parte fundamental que integra o conhecimento,

a partir de sua interpretação designando significados (CHIZZOTTI, 1998).

A coleta de dados foi realizada somente após a aprovação do Projeto de Pesquisa pelo

Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVALI. Para tanto, foram realizadas entrevistas com oito

(8) profissionais de diferentes áreas que estão diretamente envolvidos no Programa Saúde da

Família, no atendimento ás gestantes e puérperas, que trabalham na Unidade Central de Saúde

(posto de saúde) da cidade de Antonio Carlos – SC.

As entrevistas foram realizadas nas dependências da Unidade de Saúde durante o

horário de trabalho dos profissionais, dentre estes disponibilizaram a participar da entrevista,

dois (2) médicos clínico geral, dois (2) enfermeiro (a), um (1) cirurgião dentista, um (1)

ginecologista, um (1) técnico de enfermagem e um (1) agente de saúde.

Os dados foram coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas (APÊNDICE 1)

com cada um dos referidos profissionais. Conforme Cruz Neto (apud MINAYO, 1999), a

entrevista semi-estruturada tem o intuito de permitir aos entrevistados a liberdade de

manifestação sobre o assunto abordado sem deixar de seguir um roteiro. Através das

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entrevistas pretendeu-se compreender a partir da percepção de saúde, como se desenvolve a

articulação entre o conceito, e a prática profissional no Programa Saúde da Família com

gestantes e puérperas.

Os dados coletados foram transcritos de forma dialogada e analisados a partir Análise

de Conteúdo, que segundo Bardin (1991) é um conjunto de técnicas que tem por objetivo

alcançar indicadores que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de

produção/recepção destas mensagens.

3.3 CATEGORIAS DESENVOLVIDAS

A essência das entrevistas, após análise de conteúdo, foi desenvolvida em dezesseis

(16) categorias, as quais são apresentadas na Tabela I, a seguir:

TABELA I: Categorias desenvolvidas a partir das verbalizações dos profissionais:

M.C.G 1 e 2 – Médico Clinico Geral E. Enfermeira G. Ginecologista A.S – Agente de saúde T. E- Técnica de enfermagem C.D. Cirurgião Dentista

CATEGORIAS INFORMAÇÕES ORAIS

1

Descrição dos

programas de

atendimento a gestantes

E. (1) - A gente tem o Programa do PSF, que envolve profissionais, por isso tem um rodízio, Ginecologista, Enfermeiros Clinico Geral, Agente de saúde e Técnica de enfermagem e o SIS- VAN (Sistema de Vigilância Nutricional) da gestante, que é um programa de acompanhamento peso, se tem de baixo peso, alto peso, a nível federal mesmo, todo o Brasil faz isso. E temos o SIS Pré- Natal, que é assim: fizemos um cadastro de todas as gestantes, para arrecadar fundos, as verbas vem do governo

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para o município, cada gestante vem um valor. E temos o grupo de gestante que sou eu quem administra. É um grupo interdisciplinar, agente faz uma reunião todo mês e vai revezando o profissional a cada palestra, tem Nutricionista, Fisioterapeuta, Farmacêutica, ensina massagem, Enfermeiro, Ginecologista, Pediatra, Dentista Assistente Social. Então, ai a gente monta todo programa que é dado para o ano todo. Fizemos visitas na maternidade”. T. E. – A gestante que chega no posto pede para fazer o teste. A enfermeira que atende faz o pedido do teste de gravidez que é o Beta HPG.( exame de sangue que confirma a gravidez). E se o resultado for positivo já é agendado uma consulta com a enfermeira que a cadastra no SIS Pré-Natal. Faz todos os exames, e na 2° consulta é com o médico do PSF da área geográfica da gestante. E se na primeira consulta a enfermeira detecta alguma coisa que não seja normal da gravidez, ou é uma gestante de alto-risco, ao invés de encaminhar para o clinico a gestante é encaminhada para o Ginecologista. Se for uma gestação normal então a gestante todo mês vai a consulta intercalando com o enfermeiro e com o médico clinico geral. M. C. G. (1)- “A gestante diante de um exame HPG positivo, elas são encaminhadas para a Enfermeira do Programa da Saúde da Família da sua área de abrangência onde ela solicita os exames laboratoriais e faz a rotina pré-natal e faz todas as orientações, os cuidados necessários pertinentes ao período de gravidez , desde, alimentação ganho de peso, os cremes que pode evitar estrias e celulite, e após ter os resultados do exame , o Médico do PSF faz a 2ª consulta então avalia os exames, e a partir daí é uma consulta com o médico e outra com a Enfermeira intercalando umas duas vezes com o médico Ginecologista pra fazer uma avaliação geral. M. C. G. (2) - aqui o posto de saúde conforme as orientações do ministério da saúde a gente costuma, o que e que acontece, alas tem o diagnóstico da gravidez e as consultas são divididas entre os médicos e os enfermeiros, os enfermeiros em geral fazem as primeiras consultas, orientam, solicitam os exames, e a gente vê os resultados dos exames e fica o tempo todo assim, elas tem consulta todo mês e próximo do parto, lá pelo 7°, 8° mês elas consultam a cada 15 dias ou a cada semana. Se acha que tem algum problema específico que nós não podemos resolver como pré-eclãmpsia, diabetes, a gente encaminha nas maternidades ou até como Ginecologista do posto.

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C. D.- O programa com as gestantes se desenvolve através de palestras onde as mães são cadastradas e nós ficamos praticamente a tarde toda, tem cafezinho, na Odontologia a gente faz , trabalha com as palestras educativas preventivas, de como ter uma saúde não só do bebe mas, também da própria mãe e falando sobre a educação bucal adequada tanto pra mãe como pra criança. A.C S.- Quando elas estão desconfiadas que estão grávidas elas vão na unidade procurar primeiro para fazer o teste de gravidez,umas vão na unidade outras vão para particular, e pedimos para que se dirigem até a unidade para fazer o pré-natal, são cadastradas no PSF, porque quando nasce o bebe nós temos que incluir mais um habitante no município. G.- “A entrada delas a primeira consulta é com a enfermeira, cadastra elas no SIS VAM, depois as consultas são alternadas entre o médico do PSF e as Enfermeiras, quando tem nenhuma patologia. Quando for uma gestação de alto risco então é encaminhado pra mim e eu faço pré-natal quase todo. São poucas as gestantes que eu atendo de baixo risco, as que eu atendo são por preferência delas as vezes elas querem ou fazer comigo ou porque sou Obstetra”. E (2).- “A gestante vem, faz os exames marca consulta,com o médico do PSF , enfermeira, são sempre os mesmos todo mês alternado entre os dois , se for uma gestação d e auto risco é encaminhada e acompanhada para o Ginecologista todo mês. È acompanhada também pela A.C.S. cadastros, vacinas , pré-natal em dia.Temos o grupo de gestantes em que acontece palestras educativas todo mês”

2

Descrição dos

programas de

atendimento á

puérperas

E. (1) – “10 dias após o parto a gente avalia, amamentação, depois do parto, orienta como fazer a pega, sangramento, queixa,faz uma consulta , da uma avaliada geral, como foi o parto, como ela esta emocionalmente , tem algum caso de depressão pós- parto, se tem alguns sintomas, então a agente conversa, para saber como esta a puérpera. T. E. – “A puérpera primeiro faz a consulta coma enfermeira e depois de 40 dias é com o Ginecologista”. M. C. G. (1) -“As puérperas passam primeiro pela consulta com a Enfermeira inicialmente para avaliação de Lokios de mama, de rachaduras, ingurgitamento mamário e são encaminhadas toda a avaliação geral de orientação , e são encaminhadas posteriormente para o Ginecologista”. M. C. G. (2)- “depois que ela faz o parto na maternidade ela tem uma consulta marcada em geral com a enfermeira da

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unidade , se a enfermeira tem alguma dúvida ou se a puérpera tem algum problema ela é encaminhada”. G. “após uma semana após o parto a enfermeira faz a primeira consulta depois do segundo retorno é feito comigo 30 a 40 dias depois, a outra consulta é que vai variar dependendo do método contraceptivo que ela escolhe”. C.D – “A gente, sempre conversa com as mães e passa as orientações e pede para que assim que nascer os primeiros dentinhos da criança a ali por volta dos 5 a 6 mês ela vim até o posto e daì pra conversar e orientar mais uma vez como se faz a higienização a boca da criança os primeiros cuidados em relação a escovação, tem a preocupação ao creme dental que a criança não sabe cuspir”. A. S.- “Quando chega próximo do parto, a gente orienta para que vá ao posto receber as vacinas antitetânicas, até o teste do pezinho, elas fazem no posto, depois de três dias de amamentação, para fazer e até o 6ª dia de vida. Ai elas são acompanhadas pelo pediatra, as mães que fazem o pré- natal no posto, as que não fizeram não vão, só fazem as vacinas e o teste. No meu trabalho eu reforço sempre sobre as vacinas,e agora foi implantado mais uma,que é a do rota vírus que tem que ser dado até os 2 meses de vida e com 4meses até o 5 mês de vida. E (2). “Após o parto elas vem fazer o teste do pezinho em três dias, e marca a consulta depois em 10 dias, com o enfermeiro do PSF. Qualquer alteração encaminha para o Ginecologista se não só depois de 40 dias é marcada consulta com o Ginecologista”.

3

Preocupações dos

profissionais com a

saúde biológica da

gestante e puérpera

E. (1) “é passar bem por essa gravidez e depois com o puerpério, a gente se preocupa com todo o desenvolvimento dos procedimentos exames, que elas chegam no final da gestação bem, o bebe e mãe”.

T. E. – “Preocupação de orientação para mãe , de ficar atenta, que pode dar febre , tivemos um caso aqui que a mãe estava com febre e era restos de placenta no útero que tinha ficado”. M. C. G. (1)- A preocupação é descobrir doenças, tratá-las e se necessário encaminhar . “A gente atua em prevenção e promoção da saúde”. M. C. G. (2) – “Assim como todo o regime de do Programa da Saúde da Família, as preocupações estão relacionadas na questão de prevenção, questões de doenças durante o pré-

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natal [...] é focado todos os aspectos, referente a mãe e a criança. Pra ter um pré-natal e um pós natal tranqüilo”. E (2). “A preocupação de todo o profissional é que essa gestante acompanhe o pré-natal direitinho, e também de detectar qualquer alteração no pré-natal e poder encaminhar essa gestante, prevenir qualquer conseqüências para o neném e par ela na hora no parto, por isso da importância de acompanhar, tem que ter pelo menos a seis (6) consultas”.

4

Preocupações dos

profissionais com a

saúde psicológica da

gestante e puérpera

E. (1) - “Acho importante na puérpera, também a preocupação além de que a gente sabe que pode haver complicações patológicas, pode ter, ,mas também do emocional , acho que tanto a gestante como a puérpera elas precisam de apoio, sentir que alguém vai te ajudar, não só dizer, os exames ,estão bem, a gravidez está bem,mas tem os aspecto emocional , tem muita gestante que precisa , ala fica, chorosa, ela precisa sentir que você esta aqui para dar esse apoio pra ela. Além de todo o pré-natal é também esse apoio que elas precisam. Às vezes é uma gravidez desejada, adolescente, ou uma mãe que já tava com os filhos criados, e vem uma gravidez surpresa, o emocional delas abala bastante assim, elas vem chorosa, triste, então a gente tenta dar esse conforto e suporte”. C. D. - O PSF ele não só faz a parte da odontologia mais a gente avalia, a pessoa como um todo”. A. S. – “Preocupação de passar orientação para mãe”.

5

Preocupações dos

profissionais com a

saúde social da gestante

e puérpera

G. – “A maior preocupação de forma geral é abranger todo mundo, aqui com a população menor é mais fácil de você fazer uma cobertura ampla”. C. D.-“o trabalho do PSF é muito abrangente , tem que ver a situação que ela está vivendo onde ela vive”. E. – “tem toda uma preocupação de saber como ela está no meio da família, da comunidade de como ela esta se sentindo”.

6

Objetivo da prática

profissional em

promover a saúde da

mãe e criança e na

prevenção de doenças

T. E.- “Melhorar a saúde tanto da mãe como da criança, ajuda o máximo, pois tem mães inexperientes , primeiro filho, fica apavorada”. M.C.G (1) – “a gente promove a saúde da mulher e do bebê, então, orienta sobre amametação, como vai ser o parto,

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tentando o acolhimento da gestante aqui na unidade, quando ela vem, conversa coma gente ou com a enfermeira”[...] “Meu objetivo na prática é acompanhá-las do começo ao fim da gestação” O foco do pré-natal é evitar o aparecimento do problema.” G.- “Fornecer o máximo que eu conseguir de suporte, pensando em gestante e puérpera eu tenho um embasamento teórico bom apesar de ser novo, mas eu fiz residência em lugares bons trazendo experiências boas de grandes centros e tentando mudar algumas opiniões”. M.C.G. (2) – “Medidas preventivas doenças pré-natal, pré-eclampsia, diabetes, acompanhamento adequado, e após o nascimento é o acompanhamento dessa mãe desde o útero, aquele bebê que você conhecia desde o útero você passa a cuidar dele pra sempre, esse é o foco do PSF. Você conhece desde a intra útero as primeira ultrassom nas primeiras semanas, começa a se desenvolver, até o nascimento , ver cair o coto umbilical, acompanha as doenças na infância, vacinas, é focado na prevenção”. C.D. – “O objetivo que eu quero é que a criança tenha cárie zero, até a idade adulta”. A prevenção é sempre mais barato, mais simples do que a própria cura e o tratamento da doença, evitando, uma série de fatores, só vai ter benefícios.

7

Objetivo da prática

profissional de

promover o bem estar

emocional da gestante e

da puérpera

E (1). - “Como Enfermeira a gente precisa ter essa preocupação do emocional porque a gravidez é fisiológica então ela, a naturalidade, raros os casos, a gente tem de deformação do bebê, problemas de saúde, alguns impactos a gestante não espera, de desenvolver uma doença durante a gravidez ou de depois de ter o bebê ela ter alguma alteração, a gestante não esta preparada para isso, porque ela engravida e já pensa um bebê com saúde, mas isso muitas vezes não acontece”. E (2). “Tudo, psicológica, e física né, você não pode ver a gestante só como a parte da gestação tem que ver ela como um todo, na consulta pergunta se foi uma gravidez desejada, se estava preparada psicologicamente para ser mãe, quando é a primeira gravidez é diferente a gestante precisa de mais atenção está mais emotiva, marinheira de primeira viagem não sabe o que vem pela frente”. “É bem diferente cada mulher, então tem que estar sempre preparando a gestante, imotivado, apoiando, a gente encaminha para psicólogo, muitas nós já encaminhamos para o profissional adequado , e quando não pode a gente faz o nosso trabalho dando esse apoio psicológico para elas. Qualquer coisa que elas sentem elas correm pra ti para contar, elas ficam bem sensíveis. Então nós temos que estar trabalhando principalmente o

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psicológico da gestante”.

8

Demanda das gestantes

na preocupação com o

feto e ansiedade

E (1). “A demanda, a queixa acho que é a preocupação que pode acontecer aborto, varia bastante “-No inicio a gestante tem muita preocupação se o bebê esta bem”. Depois elas ficam mais tranqüilas. E no final da gestação elas têm a preocupação maior que é com o trabalho de parto. Quando se aproximam dos dias a ansiedade aumenta”. M.C.G. (1)-“Trazem, bastante ansiedade durante a gestação, as primigestas , elas são muito ansiosas em relação ao parto, a gente costuma orienta de como vai ser, a maioria delas tem nem idéia de como vai ser, então a ansiedade é muito grande, neste período. M. C. G. (2) – “A principal demanda da gestante desde o inicio, é a preocupação com o feto, já vem pedindo sobre ultra-som como pode ver o bebê, ultra-som mais aprofundada onde pode ver o bebê”. C. D.- “A principal queixa, a dúvida até hoje, a partir do momento que ela está grávida se ela pode ou não pode ir ao dentista, medos”. A. S.- “Que não conseguem passar todo mês pelo Ginecologista, é a única coisa “. E (2- )No inicio é a dúvida a falta de conhecimento, depende, quando é a segunda gestação ela tem menos dúvidas, mas quando é a primeira, não sabem nada o que fazer,

9

Demanda das gestantes

relacionadas com o

corpo e a dor

M. C. G (1)- “Dúvidas a respeito de dores, doenças durante a gestação”.(...) “Mas enfim nos estamos estabelecendo para que elas tenham uma preocupação consigo com seu corpo desde o ganho de peso não ter estrias então já tem todo esse cuidado com o corpo delas”. T. E. – “Não tem muitas queixas, uma ou outra cefaléia, edema dos membros inferiores, poucas coisas”. G. “Queixas com dores,”. T.E. – “uma ou outra coisa, como cefaléia, edema dos membros inferiores.“

10

Demandas das

puérperas sobre a

amamentação e

contracepção

E. (1) “Com as puérperas a maior demanda é com a amamentação”. M. C. G. (2)- “ Sempre vem trazendo com demanda questões principais como aleitamento, confirmando isso e a questão da contracepção quando pode iniciar as relações sexuais”.

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G. - “Basicamente anticoncepção, sobre amamentação nada alem disso, muito pouco falam de alteração de estética”.

11

Demanda da puérpera

sobre dúvidas nos

primeiros cuidados com

o bebê

M.C.G. (2) - Orientações de como cuidar do bebê, essas são as principais demandas. E. – “ e também em relação bebê, cuidados. Quando está tudo bem com elas, ai a preocupação é com o bebê”. E (2) – “A puérpera também quando é o primeiro filho, tem que estar orientando , cuidados após o parto,mamas, cuidas com a infecção puerperal , quando tem aquele neném que ta chorando muito, como vai aclamar a criança. Se preocupa com o bebe, pois ela não sabe que o bebe chora muito mesmo, então você tem orienta até o jeito como acalmar a criança, o jeito que a mãe segura o bebe interfere no conforto dele, estar sempre orientando. Sobre os cuidados com a ama”

12

Demanda das gestantes

e puérperas por não

serem atendidas pelos

médicos especialistas

A. S.- “ A queixa é de não passar todo mês pelo médico Ginecologista, e quando o bebe nasce, só a primeira consulta é realizada com a Pediatra e o resto é com o Clinico Geral” [...]tem uma grande quantidade de crianças, e tem uma Pediatra só, ai elas reclamam que demora a consulta , mas é de um mês para o outro.Isso é um motivo delas não buscarem o pré-natal”. M.C.G. (1) -, Quando o bebê nasce, fazer consulta com o Pediatra mensalmente, só a primeira consulta é realizada com a Pediatra e o resto é com o Clinico Geral”.

13

Os programas de

atendimento ás

gestantes e puérperas na

Unidade de Saúde não

necessita de alterações

M.C.G. (2) - “Não vejo nenhuma necessidade de alteração pois temos aqui o programa SIS pré-natal onde atua uma equipe multiprofissional”. C.D - “ Tudo que elas necessitam é feito, são bem atendidas, então não vejo que não tem necessidade de alterações. G. “Quanto as puérperas está tudo bem a gente consegue fornecer os dados sobre a preocupação com a contracepção”.

14

Alterações das consultas

dos profissionais e

acesso a exames

A. S.- “Que elas fossem atendidas pelo Ginecologista , já que há no Posto, e pela Pediatra direto até um ano de idade da criança. Porque a Pediatra acompanha no primeiro mês , na primeira consulta até com 15 dias, e com 3 meses, com 9 e com 1 ano. O restante são feitos pelo clinico Geral e as mães ficam insatisfeitas.A mesma coisa acontece com o Ginecologista, tem no posto , e quando é mãe primigesta , ou

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pela 3° vez, nunca é feito a consulta mensal com o Ginecologista”. E. (1)-“ Quando ficamos sem Ginecologista,encontramos dificuldades, agora podemos dar uma continuidade no trabalho, a única coisa que ele não esta todos os dias. Pois nem tudo nós conseguimos solucionar, e quando ele não esta temos que encaminhar. E isso é um transtorno, quando tem que encaminhar. G. -“Quanto as gestantes talvez o acesso mais fácil aos exames complementares. M.C.G (1) –“gente vê é que as vezes é necessário melhorar é o encaminhamento mais rápido para atendimento secundário, ou seja, quando a gente identifica que a gestante tem algum problema que a gente consiga rápido o acesso dela para um especialista”. M.C.G (2) - Seria importante ter um médico só para emergências o dia inteiro ou um setor separado só para atendimentos emergenciais. Assim poderia me dedicar mais ao Programa Saúde da Família. As gestantes, crianças e com os idosos. E também e para as visitas à domicílio nas famílias”. E (2) - Alguma mudança, talvez a gente não tem um psicólogo na Unidade deveria ter um psicólogo para que aquela gestante que esta muito insegura, um problema psicológico de aceitar a gravidez esta encaminhando ela. Eu acho que temos gestante com bastante problema psicológico, ela vem e muitas vezes não temos tempo para estar atendendo cada problema que ela tem, se tivesse um profissional para encaminhar. Porque a gestação já é sensível, e deixa elas tranqüilas é muito importante e muitas delas não tem apoio da família,ou mora longe, do marido que deveria ter na gravidez inteira e não tem”.

15

Os profissionais que não

encontram dificuldades

no atendimento á

gestantes e puérperas

C.D. – “A gestante está sendo instruída como um todo, nos programas por todos os profissionais, o PSF ta muito bom”. G. –“Com as gestantes e as puérperas não”. T.E: “Não tem dificuldade porque tudo o que bate aqui nós fizemos , o PSF é tudo junto”. E. (2) – “Aqui temos os profissionais médicos enfermeiro, para mim não há dificuldade para atender gestante”.

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Dificuldades

administrativas no

atendimento a gestantes

e puérperas.

A. S.-“Enfermeiras não conseguem a liberação da administração interna da prefeitura, elas tem outro projeto além daquilo ali , e elas são podadas também” dizem que elas reclamam muito porque elas não tem a liberdade que elas queriam como profissão”.

M.C.G. (2) – “As dificuldades encontradas, como médico do PSF, tenho que fazer ao mesmo tempo atendimento da família e da emergência, dividindo tempo. E (1). – “Ter mais apoio e tempo, algumas gestantes vem tarde pra gente, e não entram no programa e não vem a verba, e muitas são adolescentes, ou que trabalham e não podem vir no grupo”.

3.4 ANÁLISE DAS CATEGORIAS

1. Descrição dos Programas de atendimento à gestante: no discurso de todos os

profissionais entrevistados pode-se perceber que os mesmos tem conhecimento de todos os

Programas e Projetos de atendimento oferecidos na Unidade de Saúde de Antônio Carlos,

como são desenvolvidos e os procedimentos a serem seguidos no Programa Saúde da

Família, pelos profissionais.

2. Descrição dos Programas de atendimento a puérperas: diante dos relatos obtidos dos

entrevistados, os profissionais seguem os procedimentos de atendimento à puérpera de acordo

com PSF, na promoção da saúde da mãe e da criança e com as vacinações, apenas uma (1) das

profissionais mencionou a preocupação da saúde mental da mãe, E: “como foi o parto, como

ela esta emocionalmente, tem algum caso de depressão pós- parto, se tem alguns sintomas,

então a agente conversa, para saber como está a puérpera”. Se for observado alguns

sintomas de Depressão a mãe é orientada ou encaminhada.

3. Preocupações dos profissionais com a saúde biológica da gestante e puérpera: através das

entrevistas pode-se observar que a maioria dos profissionais relata ter a preocupação com a

saúde biológica da gestante, como dores, desenvolvimento do feto. Diz M.C.G (1) “A

preocupação é descobrir doenças, tratá-las e se necessário encaminhar . “A gente atua em

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prevenção e promoção da saúde”. Diz E. (2) “A preocupação de todo o profissional é que

essa gestante acompanhe o pré-natal direitinho, e também de detectar qualquer alteração no

pré-natal e poder encaminhar essa gestante, prevenir qualquer conseqüências para o neném

e par ela na hora no parto. Essa preocupação demonstrada pelos profissionais em trabalhar

com a prevenção de doenças contribui muito para que a gestante tenha uma gravidez tranqüila

e segura. Pois segundo Maldonado (2000) alguns sintomas como as náuseas e vômitos,

sintomas que são comuns na gravidez, mas que podem causar a hiperemese gravídicia (grau

patológico dos vômitos) trazendo riscos para a saúde da mulher, esses sintomas também

trazem consigo significados psicológicos, e variam de acordo com intensidade das emoções,

atrelados a outros fatores de alterações hormonais.

O mesmo acontece escreve a autora, com as manifestações de desejos e aversões por

alimentos durante a gravidez, que são ocasionadas, normalmente por alterações do paladar,

olfato e audição, mas também por questões psicológicas como a insegurança, ambivalência e

necessidade de atenção (THERETHOVAN e DICKENS, 1972 apud MALDONADO 2000).

Com isso percebemos a importância do atendimento contemplar ambos os sentidos o

biológico e o psicológico também. Sendo assim trabalhando com a promoção da saúde

diminui-se a chance desses fatores emocionais acontecerem durante a gravidez.

4. Preocupações dos profissionais com a saúde psicológica da gestante e da puérpera:

percebe-se nos dados coletados que, além do trabalho realizado na prática de cada

profissional, com a preocupação do bem estar físico da gestante e puérpera, há a preocupação

em oferecer apoio emocional e com o bem estar da saúde psicológica das mães.

Segundo Maldonado (2000), é no momento que se instala a vivência da gravidez que

irão se manifestar sentimentos de diversas formas. Nos primeiros trimestres da gravidez, um

desses sentimentos que ocorre é a ambivalência afetiva - o desejar e não desejar o filho, não

existe uma gravidez totalmente aceita, ou rejeitada. Esse fenômeno é natural e vai se alterando

no decorrer da gestação obtendo maior nível de aceitação do bebê no segundo trimestre. Por

isso a importância da assistência de uma equipe de PSF básica como também a complementar

onde se engloba a presença do psicólogo, para acompanhar a gestante neste momento e dar as

orientações necessárias referentes a esse processo, assim como o apoio da família é crucial

tanto durante a gestação quanto após o nascimento do bebê.

Fatores que se confirmam por Richardson (1981), que durante a gestação, devido às

necessidades de dependência características desse momento, a mulher estaria mais receptiva

ao apoio oferecido da família e quando é eficiente, fortalece emocionalmente a mulher de

modo a lidar com as demais dimensões de sua gestação e com o bebê quando nascer. Nesse

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contexto, o autor sugere que o resultado da gestação dependeria de um balanço entre as

relações de exigência e aquelas de apoio e de ajuda com as quais a mulher pode contar.

5. Preocupações dos profissionais com a saúde social da gestante e da puérpera:

nesta questão os profissionais trouxeram a preocupação de poder oferecer uma saúde ampla,

ou seja, em todos os sentidos não só no aspecto biológico, mas também social, procurar saber

como está a vida dessa gestante e puérpera, suas condições de vida na comunidade. De acordo

com Stern (1997), tanto a gravidez como o puerpério, provocam mudanças na inserção social,

na organização familiar, na auto-imagem e na identidade feminina, fazendo com que a mulher

passe por uma reorganização psíquica. Este período de reorganização psíquica pelo qual passa

a futura mãe foi denominado de Constelação da Maternidade, pois ela passará por momentos

de sensibilidade, medos, fantasias e desejos.

6. Objetivo da prática profissional em promover a saúde física da mãe e criança e na

prevenção de doenças: nesta questão os profissionais relataram especificamente o objetivo de

sua profissão, a promoção da saúde da mãe e da criança e da prevenção de doenças durante a

gestação e infância. Objetivos esses advindos do PSF, contribuir para reorientação do modelo

assistencial a partir da atenção básica, em conformidade com os princípios do SUS; prestar na

unidade de saúde e no domicilio, assistência integral contínua com boa qualidade às

necessidades de saúde da população adstrita; intervir sobre fatores de risco na qual a família

possa estar exposta; proporcionar através da prática da saúde um vínculo entre os

profissionais e a comunidade; melhorar o sistema de informação sobre a saúde da população;

organização ao atendimento a demanda, promover a educação em saúde (BRASIL, 2000).

7. Objetivo da prática profissional de promover o bem estar emocional da gestante e da

puérpera: esta questão emocional, apenas dois (2) dos profissionais relatou também ser um de

seus objetivos em seus atendimentos de gestantes e das puérperas quando se referem: “Tudo,

psicológica, e física né, você não pode ver a gestante só como a parte da gestação tem que

ver ela como um todo” (...) quando é a primeira gravidez é diferente a gestante precisa de

mais atenção está mais emotiva, Qualquer coisa que elas sentem elas correm pra ti para

contar, elas ficam bem sensíveis. Então nós temos que estar trabalhando principalmente o

psicológico da gestante”. Diz E. (2) “Como Enfermeira a gente precisa ter essa

preocupação do emocional (...) a gestante não espera, de desenvolver uma doença durante a

gravidez ou de depois de ter o bebê ela ter alguma alteração, a gestante não esta preparada

para isso

Klaus; Kennell, e Klaus, (2000) confirmam essa questão, pois a mulher passa por

mudanças no seu desenvolvimento, físicos e emocionais e o crescimento do feto em seu útero,

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Essas emoções variam de acordo com a maneira de como ela sente essas mudanças,

dependendo se ela planejou ou não essa gravidez, lembranças da própria infância e dos pais,

do apoio do companheiro e da família, e além das exigências financeiras.

8. Demanda das gestantes na preocupação com o feto e ansiedade: conforme as

informações coletadas nas entrevistas a maioria dos entrevistados relatam que a preocupação

maior da mãe, é no início da gestação, em relação ao feto, de saber como ele está,

preocupação com problemas e más formações, e no final da gestação preocupações em

relação ao parto e aumento da ansiedade, confirmando os dados encontrados na literatura. A

impossibilidade de ver o bebê dentro da barriga aumenta a ansiedade referente ao seu

desenvolvimento, originado desejos e sonhos e embora Brazelton (1990) reconheça a

ansiedade como adequação normal á gravidez em conjunto com uma situação de estresse, é

importante lembrar que pode afetar a forma como a mulher sente-se em relação a si mesma e

ao bebê, conseqüentemente com a gravidez (KLAUS; KENNELL, e KLAUS, 2000).

9. Demanda das gestantes relacionadas com a dor e o corpo: observa-se que nesta

questão os profissionais relataram que não observam muitas queixas das gestantes, além da

preocupação com o feto e ansiedade, poucas gestantes trazem queixas de dor física e a

preocupação ao sentir essas dores. É o médico que se preocupa em dar este suporte para a

mãe, pois embora elas estejam em primeiro momento preocupadas com o feto, elas também

precisam estar atentas ás mudanças em seu corpo. É o que descreve Maldonado (2000) em

sobre os sentimentos da mulher em relação ao seu corpo. Este sentimento é chamado de

esquema corporal, considerado a alteração de maior temor da gravidez. Pois o corpo da

mulher tem a capacidade de ampliar-se para fazer as adaptações necessárias durante a

gestação, o modo como a mulher reage perante as adaptações são de diferentes maneiras:

oscilam entre sentimentos de orgulho do corpo grávido quando essa nova estética vem

compartilhado pelo marido; outras mulheres sentem-se deformadas e feias incapazes de atrair

sexualmente alguém. É neste momento que surgem o medo da irreversibilidade, a dificuldade

de acreditar que as várias partes do corpo terão a capacidade de voltar ao estado anterior à

gravidez e a preocupação de ficar flácida depois do parto.

10. Demandas das puérperas com a amamentação e contracepção: ao observar os

dados coletados na entrevista percebe-se que a maioria dos profissionais relataram que a

maior preocupação da puérpera é em relação à amamentação e sobre quais os procedimentos a

tomarem em relação a sexualidade e contracepção. È importante que tais preocupações sejam

sanadas nas consultas, pois a ansiedade para a puérpera pode afetar a lactação, como afirma

Maldonado (2000) que as emoções por meio de mecanismos psicossomáticos específicos, o

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medo, depressão, tensão ansiedade e dor, tendem a afetar a lactação, e que a tranqüilidade e a

confiança favorecem um bom aleitamento.

11. Demandas das puérperas em dúvidas nos primeiros cuidados com o bebê: foram

apresentados por 02 (dois) dos profissionais que a puérpera traz dúvidas sobre os cuidados

com o bebê principalmente com o primeiro filho. Diz E (2): “quando é o primeiro filho, tem

que estar orientando, cuidados após o parto,mamas, cuidados com a infecção puerperal ,

quando tem aquele neném que ta chorando muito, como vai acalmar a criança. Se preocupa

com o bebe”. Tais dúvidas em relação ao primeiro filho são explicadas pela literatura, de

acordo com Minuchin (1982) a chegada de um novo membro à família pode gerar um

aumento na tensão familiar, pois traz consigo a necessidade de uma reformulação nos papéis e

nas regras de funcionamento dessa nova família.

12. Demanda das gestantes e puérperas por não serem atendidas pelos médicos

especialistas: observou-se através dos relatos de dois (2) dos profissionais, que as gestantes e

puérperas estão insatisfeitas por não serem atendidos pelos médicos especialistas (pediatra e

ginecologista) mensalmente. Diz A. S.- “ A queixa é de não passar todo mês pelo médico

Ginecologista, e quando o bebe nasce, só a primeira consulta é realizada com a Pediatra e o

resto é com o Clinico Geral” [...]tem uma grande quantidade de crianças, e tem uma

Pediatra só, ai elas reclamam que demora a consulta , mas é de um mês para o outro.Isso é

um motivo delas não buscarem o pré-natal”.Também relatou M.C.G- “ Quando o bebê

nasce, fazer consulta com o Pediatra mensalmente, só a primeira consulta é realizada com a

Pediatra e o resto é com o Clinico Geral”. Tais relatos dos profissionais , embora seja

minoria, demonstram que esses fatores são importantes para as gestantes, para se sentirem

tranqüilas em relação a sua saúde e do desenvolvimento da criança.

13. O programa de atendimento á gestantes e puérperas não necessitam de alterações:

ao analisar as informações contidas nos discursos dos entrevistados M. C. G. (2) - “Não vejo

nenhuma necessidade de alteração pois temos aqui o programa SIS pré-natal onde atua uma

equipe multiprofissional” e de C.D - “ Tudo que elas necessitam é feito, são bem atendidas,

então não vejo que não tem necessidade de alterações.”De maneira geral percebe-se que o

conteúdo manifesto é que os programas de atendimento a gestantes e puérperas da Unidade de

saúde de Antonio Carlos não requer grandes alterações, pois os serviços prestados abrangem

todos os sentidos. Embora alguns entrevistados relataram aspectos diferentes de alterações .

13. Alterações de consultas dos profissionais: esta alteração foi sugerida por um

profissional que tem contato diretamente com a população, especificamente , faz visitas

mensais ma casa das gestantes e puérperas, as mesmas expressam suas queixas com mais

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facilidade e relatam que gostariam que fossem atendidas pelo Ginecologista durante todo o

processo gestacional, e após o nascimento do bebê ele fosse atendido pelo Pediatra, pois já

que esses profissionais atuam na Unidade de Saúde. Diz A.S.: “Que elas fossem atendidas

pelo Ginecologista, já que há no Posto, e pela Pediatra sempre até um ano de idade da

criança. O mesmo discurso é observado por outro profissional que quando isso acontece fica

mais difícil alcançar a qualidade do atendimento. E. (2) Quando ficamos sem Ginecologista,

encontramos dificuldades, pois nem tudo podemos resolver, isso é um transtorno quando

temos que encaminhar”.

14. Os profissionais que não encontram dificuldades no atendimento a gestantes e

puérperas: na maioria da fala dos entrevistados observou-se que não houve dificuldades de

realizar suas atividades em sua prática profissional, mas observa-se os conteúdos latentes nas

falas dos profissionais no sentido de dificuldades em poder aplicar sua experiência

profissional em seus atendimentos.

15. Dificuldades de cunho administrativo no atendimento a gestantes e puérperas:

observou-se a manifestação embora sucinta e cuidadosa, de parte dos entrevistados sobre ter

dificuldade de ordem administrativa, no que se refere A.S.-“ As Enfermeiras não conseguem

a liberação da administração interna da prefeitura, elas tem outro projeto além daquilo ali ,

e elas são podadas também” dizem que elas reclamam muito porque elas não tem a

liberdade que elas queriam como profissão”. Por em prática seus projetos para qualificar

suas práticas profissionais em seus atendimentos.

3.5 DISCUSSÃO DOS DADOS

A pesquisa realizada na Unidade de Saúde de Antônio Carlos permitiu a

pesquisadora conhecer os programas de atendimento a gestantes e puérperas, identificar os

profissionais que estão diretamente envolvidos nestes programas, bem como descrever como

se desenvolve o Programa Saúde da Família. Pelo discurso dos profissionais foi possível

identificar que todos tem o conhecimento dos Projetos e Programas da Unidade de Saúde,

bem como os procedimentos a serem realizados, no atendimento a gestantes e puérperas e

buscam atuar na prática tais conceitos.

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Segundo Silva (2004) na propagação dos primeiros PSFs, atribuídos no contexto

histórico de 1993, a equipe era composta minimamente por: um (1) médico generalista, um

(1) enfermeiro, um (1) auxiliar de enfermagem, quatro (4) à seis (6) agentes de saúde. Hoje

as novas pesquisas de atualização desta equipe fez-se necessária implementação das chamadas

equipes complementares compostas por Cirurgião Dentista, Ginecologista, Nutricionista,

Psicólogo, Fisioterapeuta, Pediatra, Farmacêutico, Acupunturista, e demais áreas, conforme as

necessidades do local. No PSF da Unidade de Saúde do município de Antonio Carlos, é

composta pelos profissionais da equipe básica, e da equipe complementar, há um Médico

Pediatra, Ginecologista, e Odontólogo.

Quanto a percepção do conceito de saúde da gestante para os profissionais do PSF,

identificou-se que os entrevistados se preocupam com o bem estar, físico, mental, e social das

gestantes e puérperas contemplando o conceito de saúde que visa um completo bem estar

biopsicossocial, e buscam aplicá-los em seus atendimentos . A necessidade de se ter um

atendimento biopsicossocial é confirmada por Stern (1997) ao qual descreve que durante a

gravidez mulher passa por uma reorganização psíquica, no âmbito social, de identidade

feminina e por mudanças familiares tão significantes que são chamados de constelação da

maternidade.

A demanda das gestantes e puérperas nos aspectos emocionais durante a gravidez,

mostrando a necessidade de um atendimento psicológico é evidente, pois são trazidas pelas

gestantes nas consultas segundo os entrevistados , bastante ansiedade em relação ao feto, com

o parto, e pelas puérperas preocupações com a amamentação, confirmando a teoria de

Maldonado ( 2000) em que no primeiro trimestre da gravidez com os movimentos fetais

geram para a mãe um sentimento de alivio um sinal que o feto está vivo, mas quando não

consegue sentir os movimentos surge o temor de que algo não esta bem aí vem a ansiedade. O

medo de ter um feto malformado requer atenção. Os temores da maternidade se expressam

muitas vezes em fantasias, medo de morrer no parto, do corpo não voltar ao normal, de não

ter leite o suficiente, ou fraco, simbolizando sentimentos de inadequação e desvalorização

como mãe, e de autopunição. Nos últimos meses de gravidez, com a proximidade do parto, a

ansiedade começa a aparecer com mais freqüência e os níveis tendem a elevar-se. Os

sentimentos são contraditórios, da vontade de ter o filho, a de prolongar a gravidez para adiar

a adaptação necessária com a vinda dele.

Os objetivos e ações desenvolvidas pelos profissionais de saúde que atuam no PSF,

da Unidade de Saúde de Antônio Carlos, vão ao encontro com os conceitos do papel de um

profissional do PSF, em proporcionar nos atendimentos á gestantes e puérperas e as crianças,

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um atendimento voltado na prevenção de doenças, e a promoção da saúde de forma contínua,

desde o período pré-natal após o parto acompanhando e até o desenvolvimento infantil .Os

profissionais que atua m no PSF abrangem uma estratégia que prioriza as ações de promoção,

proteção e recuperação da saúde dos indivíduos da comunidade bem como os membros de sua

família, dos recém – nascidos, dos idosos sadios e doentes de forma integral e contínua na

atenção básica (MINISTÈRIO DA SAÙDE, 2000).

Falando ainda sobe os objetivos de trabalho dois (2) dos entrevistados relataram ter

a preocupação com o bem estar emocional da gestante, esses profissionais percebem através

de seus atendimentos de gestantes pela demanda encontrada, de gravidez não desejada, de

adolescentes, na primeira gestação, não tem apoio da família, segundo E. (02) “cada caso é

diferente, por isso é muito importante um acompanhamento psicológico para que essas

gestantes tenham uma gestação mais tranqüila”. E se não há como a gestante fazer um

acompanhamento psicológico, estes profissionais tentam fazer este papel da melhor maneira

possível. Contemplar este aspecto é muito importante para a gestante , pois a gravidez

segundo Szejer (1997) é um período rico e intenso de vivências emocionais e que por si só,

traz para o relacionamento familiar, novas atitudes e responsabilidades, e mudança do papel

social, estará se instalando, tanto na gestante como no casal em si, uma nova identidade. A

mulher precisa deste apoio do profissional, da família e da comunidade. A chegada de um

novo membro à família pode gerar um aumento na tensão familiar, pois traz consigo a

necessidade de uma reformulação nos papéis e nas regras de funcionamento dessa nova

família (MINUCHIN, 1982).

Em relação às mudanças no corpo que a gravidez traz para a mulher, uma das

preocupações em que a literatura considera relevante neste período, não foram observadas

através dos relatos, as puérperas não trazem esta queixa, mas sim é o profissional que tem

essa preocupação de mostrar a mãe a importância deste bem estar. O modo como a mulher

reage perante as adaptações corporais segundo a teoria de Maldonado (2000) são de diferentes

maneiras: oscilam entre sentimentos de orgulho do corpo grávido quando essa nova estética

vem compartilhado pelo marido; outras mulheres sentem-se deformadas e feias incapazes de

atrair sexualmente alguém É neste momento que surgem o medo da irreversibilidade, a

dificuldade de acreditar que as várias partes do corpo terão a capacidade de voltar ao estado

anterior à gravidez e a preocupação de ficar flácida depois do parto. E após o parto segundo

Szejer (1997) apesar de ser a primeira constatação que a mulher faz é em relação a diferença

que está seu corpo, a função de ser mãe preencherá esta nova fase.

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Ao serem questionados sobre dificuldades no atendimento, de maneira geral os

entrevistados relataram não haver dificuldades em desempenhar seu trabalho nos

atendimentos das gestantes e puérperas, porém isto foi os dados manifestos, mas observou-se

dados latentes através das falas de maneira minuciosa de alguns entrevistados,( M.C.G, E.

A.S) dificuldades administrativas, no sentido de aplicação de mais projetos, no intuito de

melhorar a prática de atendimento ás famílias, bem como ter mais tempo para visitá-las a

domicilio. Bem como fatores, pois a falta de conhecimentos sobre a gestação, acabam

gerando ansiedade para as próprias mães ao mesmo tempo que nem todas podem participar do

grupo de gestante onde é oferecido as informações decorrentes sobre a gestação.

Já na questão de possíveis alterações nos programas, embora os entrevistados

relatarem que a Unidade de Saúde oferece um atendimento integral as gestantes e puérperas, a

maioria deles sugeriram alterações, e uma delas bastante relevante, foi de que as gestantes

tenham acesso ás consultas mensais com o Médico Ginecologista e Pediatra, essa demanda é

advinda das próprias gestantes. E um (1) profissional relatou nesta questão que seria

importante que a Unidade de Saúde tivesse um Psicólogo para participar do grupo de gestante

dando palestras para que fiquem mais tranqüilas, e fazer acompanhamento psicológico em

todo o processo gestacional.

No entanto apesar de o PSF conter uma equipe básica e uma equipe complementar,

que juntos tentam atingir os objetivos do Programa, e a preocupação em contemplar todos os

aspectos biológico, mental e social da saúde da gestante e da puérpera, percebe-se que nem

sempre há a possibilidade de articular tais conceitos na prática. Pois não consta a atuação de

um profissional Psicólogo na Unidade de Saúde, nem mesmo nas palestras oferecidas

mensalmente no grupo de gestantes, onde atuam profissionais de várias áreas. Sendo assim

são oferecidos a gestantes todo o aparato para o bem estar físico, mas para o bem estar

psicológico, na prática, quem tenta amenizar essa demanda psicológica quando observada,

acaba sendo, a Enfermeira e/ou os Médicos, e não por um profissional habilitado que possa

acompanhar a mulher neste ciclo de vida.

Além disso foi observado com a pesquisa que uma das queixas das puérperas em

suas consultas é de não ser atendida mensalmente pelos profissionais, Médico Ginecologista e

pelo Pediatra, a não ser se a gravidez é de auto risco. Sendo que estes profissionais atuam na

Unidade de Saúde e fazem parte da equipe complementar do PSF.

Todos assas reflexões analisadas através da pesquisa demonstram que um dos

princípios e diretrizes do SUS, da LEI 8080, Art. 7, está prejudicada, a questão da

integralidade, que garante o direito ao atendimento integral, reconhecendo o cidadão como

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um todo, sem prejuízo dos serviços assistenciais, entendida como um conjunto articulado e

contínuo de ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para

cada caso em todo os níveis de complexidade do sistema, ou seja, nos aspectos

biopsicossociais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000 ).

Após categorizar e analisar e refletir sobre as entrevistas pôde-se compreender diante

da percepção de saúde, que os profissionais entrevistados tem a compreensão de proporcionar

a gestante e puérpera um atendimento que proporcione o bem biopsicossocial, porém percebe-

se que não há uma integra articulação entre o conceito de saúde com a prática profissional,

pois falta na Unidade de Saúde um profissional habilitado que atua na área psicológica, para

poder contemplar o aspecto psicológico e também social da gestante e puérpera.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este Trabalho de Conclusão de Curso- TCC apresentou uma revisão da literatura

sobre as características mais significativas sobre gestação e puerpério, em seus aspectos

biopsicossociais, importância do apoio da família, do marido, os significados da função

paterna materna, e sobre o vínculo e apego, a partir de autores tais como, Soifer (1986), Stern

(1997), Szejer (1999) Bowlby ( 1989,19998, 2002) e fundamentalmente Maldonado (2000).

Incluindo informações como os conceitos de saúde, e das propostas e objetivos do SUS e

Programa Saúde da Família a partir do Ministério de Saúde , de Brasil ( 1997,2000,2001).

Na seqüência, foram descritas categorias a partir dos dados coletadas das entrevistas

realizadas com profissionais de saúde da Unidade de Saúde de Antônio Carlos – S.C. As

categorias foram posteriormente analisadas e discutidas levando em conta a percepção de

saúde e a articulação entre o conceito e a prática dos profissionais do PSF. A seguir, ainda no

item considerações finais, são apresentados os principais resultados e contribuições bem como

recomendações para trabalho futuro, considerando questões de pesquisa e desenvolvimento

suscitadas a partir dos resultados.

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4.1 PRINCIPAIS RESULTADOS E CONTRIBUIÇÕES

O principal objetivo desta pesquisa foi de compreender a partir da percepção de

saúde como se desenvolvem a articulação entre o conceito e a prática profissional no PSF

com gestantes e puérperas, na Unidade de Saúde em Antônio Carlos- S.C. Neste sentido

pode-se dizer que os objetivos de pesquisa desde TCC foi alcançado, uma vez que tecidas

reflexões deste com as teorias pesquisadas, nos permitiu verificar que embora a maioria dos

profissionais entrevistados que fazem parte do PSF , ter a percepção do conceito de saúde e

buscam proporcionar a gestante e puérpera o bem estar físico, mental e social, nem sempre é

possível articular tais conceitos com a prática profissional. Ou seja, o Programa Saúde da

Família, na Unidade de Saúde da cidade de Antônio Carlos, embora disponha atendimento de

profissionais que compõem a equipe básica e complementar, que juntos buscam contemplar

nos atendimentos com gestantes e puérperas, percebe-se através dos relatos dos enrevistados

que há a presença de um psicólogo na equipe do PSF contemplaria ainda mais a saúde

psicológica das gestantes e das puérperas, mas o psicólogo não faz parte desta equipe.

Resultados que confirmam que nem todos os locais onde o há o PSF encontra-se a

disposição para atendimento um profissional Psicólogo, gerando assim contradição com o

conceito de saúde, que visa o completo bem estar físico, mental e social do ser humano, tais

conceitos fazem parte só da filosofia e não na prática.

Os objetivos específicos sejam eles, conhecer e descrever os programas e projetos de

atendimento a saúde da gestante e puérpera, identificar a concepção de saúde dos

profissionais que atuam no PSF, os objetivos e práticas de saúde desenvolvidas por estes

profissionais, também foram atingidos, dentro do esperado, levando em conta a teoria

pesquisada e os fenômenos psicológicos nestas contidos e explicados.

Os resultados da pesquisa permitiram tecer reflexões sobre o tema e delinear ações

futuras para que as mesmas se aproximem do conceito de saúde, para que possa articular os

conceitos de gestação e puerpério com a prática dos profissionais que atuam no Programa

Saúde da Família da forma mais integrada possível, que serão propostas a seguir.

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4.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

ü Implantação de ações práticas na instituição de Unidade de Saúde, possibilitando a

reflexão sobre o conceito de saúde que visa o completo bem estar físico mental e

social, e sua articulação com a prática, visando uma maior qualidade de atendimento

ás gestantes e puérperas.

ü Tais ações implicariam em: rever a possibilidade de todas as gestantes serem atendidas

pelo Médico Ginecologista mensalmente; a contratação de um Psicólogo para que as

mulheres tivessem a disposição um acompanhamento psicológico individual neste

ciclo de vida tão importante que é a gravidez para que as gestantes e puérperas possam

ser acompanhadas de forma integral referente a saúde mental; também a participação

no Grupo de Gestantes da Unidade de Saúde, para que o mesmo possa apresentar

palestras inerentes aos aspectos psicológicos e emocionais que são trazidos com a

chegada de um filho na família.

ü É recomendada a reaplicação desta pesquisa em outras instituições de Unidade de

Saúde, com o objetivo de comparar os resultados obtidos, permitindo também

verificar em quais lugares encontra-se a presença do Psicólogo no Programa Saúde da

Família.

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APÊNDICE

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APÊNDICE I – ROTEIRO PARA UMA ENTREVISTA SEMI-

ESTRUTURADA

I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

1. Formação Profissional:____________________________________

2. Idade:_________________________________________________

3. Sexo:_________________________________________________

4. Tempo de profissão:_____________________________________

5. Titulação:______________________________________________

II - QUESTÕES DA ENTREVISTA

1. Como se desenvolvem os programas de atendimento a gestante neste posto de saúde?

2. Como se desenvolvem os programas de atendimento a puérperas neste posto de saúde?

3. Quais as principais preocupações dos profissionais com a saúde da gestante e puérpera

que atuam no Programa Saúde da Família?

4. Qual o objetivo da prática profissional?

5. Qual o foco trabalhado?

6. Quais são as principais demandas apresentadas pelas gestantes?

7. Quais são as principais demandas apresentadas pelas puérperas?

8. Quais alterações são necessárias no programa no que diz respeito ao atendimento a

gestante e puérperas?

9. Há dificuldades pelos profissionais do PSF na execução das ações de saúde na

comunidade com gestantes e puérperas?

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APÊNDICE II – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO:

Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa. Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizado (a) de forma alguma.

INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA: Título do Projeto: Gestação e Puerpério no Programa Saúde da Família da cidade de Antônio Carlos – SC Acadêmica pesquisadora: Alexandra Invitti da Silva Telefone para contato: (048) 84087615 Pesquisadora orientadora: Luciana Martins Saraiva Telefones para contato: (48) 3279-9714

Vimos através deste termo de compromisso, formalizar os pressupostos éticos segundo o qual, este projeto de pesquisa, está sendo realizado. Este estudo tem como objetivo geral: Compreender a partir da percepção de saúde, como se desenvolve a articulação entre o conceito, e a prática profissional no Programa Saúde da Família com gestantes e puérperas na Unidade Central de Saúde da cidade de Antonio Carlos-SC.

A presente coleta de dados será realizada segundo os princípios éticos de pesquisa com seres humanos e utilizando como base à resolução normativa número 01/1997 e número 001/CEP/UNIVALI/2002, sendo que, sob os sujeitos envolvidos nesta pesquisa será mantido o anonimato.

A realização desse estudo conta com entrevistados profissionais como médico enfermeiro, nutricionista, fisioterapeuta, psicólogo, que estão diretamente envolvidos com o Programa de Saúde da Família no atendimento a gestantes e puérperas da Unidade Central de Saúde da Cidade de Antonio Carlos – SC.

Os resultados da pesquisa nos permitirão tecer reflexões sobre o tema e delinear ações que se aproximem do conceito de saúde, fazendo uma articulação com a prática dos profissionais, que estão envolvidos com os programas de atendimento á gestantes e puérperas da forma mais integrada possível.

Não estão previstos riscos, dores ou desconfortos durante a realização da entrevista, mas caso aconteça algum desconforto psicológico, será disponibilizado serviço de apoio. Estaremos disponíveis para qualquer informação ou dúvida que o Sr. (a), tiverem se for de sua vontade ajudar. Vocês podem desistir a qualquer momento, só precisando informar com antecedência. Por ser voluntária e sem interesse financeiro, o Sr. (a) não terá direito a nenhuma remuneração. Os dados referentes ao Sr. (a) serão secretos e privados, e o resultado mostrará os possíveis benefícios atingidos pelo estudo. Estes benefícios estão relacionados à análise do atendimento do Programa de Saúde da Família ás gestantes e puérperas. No retorno na Unidade Central de Saúde da cidade de Antonio Carlos - SC, será realizada uma entrevista devolutiva, visando compartilhar os resultados encontrados na pesquisa. - Nome do Pesquisador: _____________________________________________________ - Assinatura do Pesquisador: __________________________________________________

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CONCENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO

Eu, _____________________________________, RG_____________, CPF ____________ abaixo assinado, concordo em participar do presente estudo como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve à qualquer penalidade ou interrupção de meu acompanhamento/assistência/tratamento. Local e data: _______________________________________________________________ Nome: ____________________________________________________________________ Assinatura do Sujeito ou Responsável: __________________________________________ Telefone para contato: _______________________________________________________

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APÊNDICE III – CARTA DE APRESENTAÇÃO:

Biguaçu, julho de 2008.

Prezada Sr. Luis Carlos Zimermmam Secretário da Saúde Antonio Carlos - SC

Eu, Alexandra Invitti da Silva aluna do Curso de Psicologia da UNIVALI – C. E.

Biguaçu, sob a orientação da professora doutora Luciana Martins Saraiva, venho por meio

deste encaminhar o meu projeto de Trabalho de Conclusão de Curso para sua análise e parecer

a respeito da viabilidade do mesmo ser desenvolvido nesta instituição.

A pesquisa tem como título Gestação e Puerpério no Programa Saúde da Família

da cidade de Antônio Carlos – SC .Tem como objetivo: Compreender a partir da percepção

de saúde, como se desenvolve a articulação entre o conceito, e a prática profissional no

Programa Saúde da Família com gestantes e puérperas na Unidade Central de Saúde da

cidade de Antonio Carlos - SC..

Conforme os preceitos éticos em pesquisa, informo que os dados coletados durante o

estudo serão utilizados exclusivamente para fins de pesquisa, sendo mantido sigilo sobre a

identidade dos profissionais participantes.

Nos comprometemos também, em fornecer a esta Instituição uma cópia do relatório

final do estudo, a fim de que possam ser divulgados seus resultados junto aos profissionais

interessados.

Portanto, sua aprovação será de fundamental importância para esse estudo.

Atenciosamente,

_____________________________________ _______________________________ Alexandra Invitti da Silva Luciana Martins Saraiva, Dra.

(Aluna Pesquisadora) (Professora Orientadora)