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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE ODONTOLOGIA FELIPE ZUNINO FRANÇA RÔMULO D’AVILA PEDRINI ÍNDICE DE SALIVAÇÃO CORRELACIONADO À IDADE E À PRESENÇA DE PATOLOGIAS SISTÊMICAS EM IDOSOS FREQÜENTADORES DO CENTRO DE CONVIVÊNCIA DO IDOSO NO MUNICÍPIO DE ITAJAÍ (SC). Itajaí, (SC) 2007

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE ODONTOLOGIA

FELIPE ZUNINO FRANÇA

RÔMULO D’AVILA PEDRINI

ÍNDICE DE SALIVAÇÃO CORRELACIONADO À IDADE E À

PRESENÇA DE PATOLOGIAS SISTÊMICAS EM IDOSOS

FREQÜENTADORES DO CENTRO DE CONVIVÊNCIA DO IDOSO NO

MUNICÍPIO DE ITAJAÍ (SC).

Itajaí, (SC) 2007

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FELIPE ZUNINO FRANÇA

RÔMULO D´AVILA PEDRINI

ÍNDICE DE SALIVAÇÃO CORRELACIONADO À IDADE E À

PRESENÇA DE PATOLOGIAS SISTÊMICAS EM IDOSOS

FREQÜENTADORES DO CENTRO DE CONVIVÊNCIA DO IDOSO NO

MUNICÍPIO DE ITAJAÍ (SC).

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de cirurgião-dentista do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí Orientadora: Profª. Maria Regina Orofino Kreuger.

Itajaí SC, 2007

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos inicialmente a Deus por ter nos concedido o dom da vida.

Agradecemos aos nossos pais Afonso e Rosa Maria pela parte do acadêmico

Rômulo; Edson e Norma pela parte do acadêmico Felipe, sem os quais não teríamos

conseguido alcançar este objetivo.

Agradecemos a nossa orientadora Maria Regina Orofino Kreuger, pela

paciência, pela sabedoria em orientar, pelos conhecimentos transmitidos e pela

dedicação ao nosso trabalho.

O acadêmico Rômulo agradece também seu irmão Eduardo, seus avós

Archimedes e Marina, seus tios Raquel, Lauro , Vera e primos por serem sua família

e base de tudo. Sua namorada Ana Kely por todo amor, carinho, compreensão e

dedicação e seus pais Celso e Aliseti pelo suporte tão importante. Aos verdadeiros

amigos pela força em toda caminhada.

O acadêmico Felipe gostaria também de agradecer seus irmãos Fábio e

Fernanda pela amizade e carinho; as avós Olga e Alice e avôs Alberto e Nelson (In

memoriam); sua namorada Karen pelo carinho e apoio, todos os familiares e amigos

que sempre estiveram presente, dando apoio nos momentos difíceis e contribuindo

para o resultado deste trabalho.

Agradecemos a todos os idosos e funcionários do Centro de Convivência do

Idoso – Dom Bosco pela colaboração na execução da pesquisa.

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ÍNDICE DE SALIVAÇÃO CORRELACIONADO À IDADE E À PRESENÇA DE PATOLOGIAS SISTÊMICAS EM IDOSOS FREQÜENTADORES DO CENTRO DE CONVIVÊNCIA DO IDOSO NO MUNICÍPIO DE ITAJAÍ (SC).

Felipe Zunino FRANÇA e Rômulo D’Avila PEDRINI Orientadora: Profª. Maria Regina Orofino KREUGER Data de Defesa: Setembro de 2007 RESUMO: A xerostomia, sensação subjetiva de boca seca, conseqüente ou não da diminuição ou interrupção da função das glândulas salivares é mais freqüente entre os idosos e em pacientes do sexo feminino. Estima-se que 23% da população brasileira consomem 60% da produção nacional de medicamentos, principalmente as pessoas acima de 60 anos, sendo o uso de medicamentos a causa mais comum de hipossalivação. Este estudo teve por objetivo conhecer a freqüência de hipossalivação e as condições clínicas gerais de pessoas da terceira idade, cadastradas e freqüentadoras de um Centro de Convivência do Idoso, do bairro São Judas do município de Itajaí (SC) no período de abril e maio de 2007. Foi realizado um questionário semi-aberto com questões relacionadas à saúde geral e bucal e uma análise clínica com teste de fluxo salivar estimulado, em cada idoso que se dispôs a participar da pesquisa. Durante a pesquisa atingiu-se o número de 100 idosos que desejaram participar da pesquisa, dos quais 05 não aceitaram participar do teste de fluxo salivar sendo excluídos da amostra. Os resultados mostram que a maioria dos entrevistados pertence ao sexo feminino, possuem hipossalivação, apresentam patologias sistêmicas, principalmente as cardiovasculares, e fazem uso de medicação. Verificou-se assim que há uma estreita relação entre hipossalivação e determinados medicamentos e suas respectivas patologias sistêmicas. Palavras-chave: Odontologia geriátrica, doenças cardiovasculares, xerostomia.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Fotografia 01 -Centro de Convivência do Idoso localizado no bairro Dom Bosco, Itajaí

(SC)........................................................................................................................................29

Fotografia 02 -Entrevista individual com o idoso utilizando questionário semiaberto

elaborado. ............................................................................................................................. 31

Fotografia 03 -Materiais utilizados para análise clínica ........................................................ 32

Fotografia 04 -Idosos realizando o teste de fluxo salivar estimulado.....................................33

Gráfico 01 – Número de entrevistados divididos pelo fluxo salivar........................................35

Gráfico 02 – Número de entrevistados divididos por sexo.....................................................36

Gráfico 03 – Número de entrevistados divididos por sexo e associados com fluxo salivar...37

Gráfico 04 – Número de entrevistados divididos pela faixa etária.........................................38

Gráfico 05 – Número de entrevistados divididos pela faixa etária e associados com fluxo

salivar.....................................................................................................................................39

Gráfico 06 -Número de entrevistados divididos pela presença ou não de patologias e

associados com fluxo salivar.................................................................................................41

Fotografia 05 -Palestra realizada no dia 08 de maio de 2007 no CCI – Dom Bosco.............50

Fotografia 06 - Palestra realizada no dia 04 de julho de 2007 no Centro de Múltiplo Uso

João Ferreira de Macedo.......................................................................................................50

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Doenças cardiovasculares apresentadas pelos entrevistados associadas com

fluxo salivar..............................................................................................................................42

Tabela 02 – Doenças osteoarticulares apresentadas pelos entrevistados associadas com

fluxo salivar..............................................................................................................................43

Tabela 03 – Doenças endócrinas apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo

salivar......................................................................................................................................43

Tabela 04 – Doenças gastrointestinais apresentadas pelos entrevistados associadas com

fluxo salivar..............................................................................................................................44

Tabela 05 – Doenças do sistema respiratório apresentadas pelos entrevistados associadas

com fluxo salivar......................................................................................................................44

Tabela 06 – Outras doenças apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo

salivar.......................................................................................................................................44

Tabela 07 – Medicações cardiovasculares apresentadas pelos entrevistados associadas com

fluxo salivar..............................................................................................................................46

Tabela 08 – Outras medicações apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo

salivar.......................................................................................................................................47

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO. .......................................................................................................08 2 REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................11 3 MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................29 3.1 Local da pesquisa .............................................................................................29 3.2 Amostra populacional........................................................................................29 3.3 Período da pesquisa............................................................................................30 3.4 Obtenção dos dados...........................................................................................30 3.5 Análise clínica......................................................................................................31 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................34 4.1 Discussão dos resultados obtidos....................................................................34 4.1.1 Análise do fluxo salivar....................................................................................34 4.1.2 Análise do gênero.............................................................................................36 4.1.3 Análise do gênero em relação ao fluxo salivar..............................................37 4.1.4 Análise da faixa etária......................................................................................38 4.1.5 Análise da faixa etária em relação ao fluxo salivar.......................................39 4.1.6 Análise da saúde geral.....................................................................................40 4.1.7 Análise das patologias presentes em relação ao fluxo salivar....................42 4.1.8 Análise das medicações consumidas em relação ao fluxo salivar.............46 4.2 Devolução dos resultados..................................................................................48 4.3 Encaminhamento dos pacientes........................................................................49 4.4 Palestras sobre saúde bucal..............................................................................49

5 CONCLUSÃO..........................................................................................................51

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1 INTRODUÇÂO

O envelhecimento é um processo não homogêneo formado por um conjunto

de reações caracterizado por alterações que levam a uma diminuição da capacidade

de adaptação do ser humano ao meio ambiente. Essas alterações são de ordem

morfológica, fisiológica, bioquímica e psicológica. É um processo contínuo, que deve

ser vivido da forma mais agradável possível, com a saúde sendo mantida pelos

diversos meios preventivos (BRUNETTI; MONTENEGRO, 2002; CAMPOS et al.,

2006)

De acordo com Kalache (1987) os avanços científicos, as intervenções

médicas e o saneamento básico têm ajudado a aumentar a longevidade da

população. No Brasil, o crescimento da população idosa passou de 4,2% em 1950

para 8,7% em 1997, estimando-se 24% em 2050 (CAMPOS et al., 2006).

O Artigo 2º do Estatuto do Idoso (BRASIL, 2004) relata que o idoso goza de

todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da

proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-lhe, por lei ou por outros meios,

todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental

e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de

liberdade e dignidade.

A partir da década de 1960, o número de idosos tornou-se mais expressivo,

ocorrendo uma preocupação maior com a cavidade oral da pessoa idosa. Com isso,

a Odontogeriatria surge como ramo da Odontologia visando cuidar da saúde bucal

da população de terceira idade.

A saúde bucal é parte integrante e inseparável da saúde geral do indivíduo e

está relacionada diretamente com as condições de saneamento, alimentação,

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moradia, trabalho, educação, renda, transporte, lazer, liberdade, acesso e posse de

terra, aos serviços de saúde e a informação (CFO, 2006). Assim, é fundamental que

a realização de estudos enfocando a atuação integral de sujeitos de terceira idade

seja estimulada, pois, como destacaram Shinkai e Cury (2000), os aspectos de

saúde bucal são indissociáveis dos aspectos e saúde geral, quando do atendimento

do idoso.

Pucca Júnior (2002) relatou que o edentulismo configura-se como resultado,

ou seja, é um quadro de seqüela derivado de um processo de desgaste do corpo,

sendo que, os componentes patológicos deste desgaste se sobrepuseram aos

demais. Portanto, percebe-se que, quando o edentulismo se faz presente, é porque

as medidas de atenção à saúde bucal anteriormente colocadas inexistiram ou

fracassaram integralmente.

Segundo Flores e Mengue (2005) estima-se que 23% da população brasileira

consomem 60% da produção nacional de medicamentos, principalmente as pessoas

acima de 60 anos. Esse padrão elevado no consumo de medicamentos entre os

idosos que vivem na comunidade tem sido descrito em outros estudos no Brasil e no

mundo.

Pupo et al. (2002) afirmaram que a xerostomia, sensação subjetiva de boca

seca, conseqüente ou não da diminuição/interrupção da função das glândulas

salivares é mais freqüente entre os idosos e em pacientes do sexo feminino. Pode

se manifestar através de uma dificuldade para mastigar, deglutir e falar, sensação de

queimação na boca e língua, diminuição da gustação, mucosites e até ulcerações na

boca.

Neste sentido o Curso de Odontologia da UNIVALI, através de atividades de

extensão e de pesquisa, tem enfocado a questão de saúde do idoso. Recentemente,

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dois estudos investigativos, abordando a questão com indivíduos de dois municípios

de área de abrangência da UNIVALI, foram relatados por Raitz e Seibert (2006) e

Souza e Cantele (2006).

Frente a isso, no primeiro semestre de 2007, foi realizada no município de

Itajaí – SC, esta pesquisa envolvendo idosos freqüentadores de um centro de

convivência. Este estudo teve por objetivo conhecer a freqüência de hipossalivação

e as condições clínicas gerais de pessoas da terceira idade, cadastradas e

freqüentadoras de um Centro de Convivência do Idoso, do bairro São Judas do

município de Itajaí (SC).

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Maia et al. (1999) relataram que a hipertensão arterial é definida como uma

elevação da pressão sistólica acima de 140mmHg e diastólica acima de 90mmHg e

que ela atinge em todo mundo milhões de pessoas, constituindo um grave problema

de saúde pública no Brasil. Existem diferentes graus de hipertensão o que em

termos de prática odontológica se traduz na necessidade de condutas clínicas

diferenciadas. As drogas usadas no tratamento da hipertensão incluem diuréticos,

antiadrenérgicos, vasodilatadores e inibidores da conversão da angiotensina tendo

como efeitos colaterais hipocalemia com arritmias associadas, hipotensão postural,

confusão mental, depressão e sonolência. Outro efeito colateral, com possíveis

implicações odontológicas é a inibição salivar central, acarretando xerostomia em

pacientes medicados com anti-hipertensivos de ação central, como metildopa e

clonidina. Os tratamentos odontológicos eletivos devem ser adiados até que o

paciente não controlado esteja corretamente tratado e o seu quadro estabilizado.

Tratamentos de emergências deverão ser os mais conservadores possíveis. Não há

contra-indicação de tratar pacientes controlados. O paciente com hipertensão leve

ou moderada suportará todos os tratamentos não cirúrgicos e cirúrgicos simples

executados.

Shinkai e Cury (2000) discutiram a atuação da odontologia na atenção integral

à saúde dos idosos, considerando a necessidade de abordagem interdisciplinar. São

destacadas as interações entre diversas profissões de saúde e a odontologia, para a

promoção de saúde, prevenção específica e reabilitação de pacientes idosos com

ênfase na importância da comunicação e troca de informações. É fundamental a

indissociabilidade dos aspectos de saúde bucal e de saúde geral no atendimento ao

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idoso, sendo importante a troca de informações. Esse aspecto é fundamental em

todos os níveis de atendimento, seja na promoção de saúde, na prevenção

específica ou na reabilitação, e envolve não apenas a equipe de profissionais por

meio de ações integradas mais objetivas e eficazes, que respeitem as necessidades

reais do idoso. Um grave problema na odontologia é a necessidade de formação de

recursos humanos capacitados em odontologia geriátrica para o atendimento

especializado ao idoso. Outro problema seria a inexistência de programas

preventivos e assistência odontológica direcionados à terceira idade em nível

coletivo.

Silva e Valseki Júnior (2000) relataram que apesar de não existirem doenças

bucais relacionadas diretamente à população idosa, algumas complicações têm

efeitos cumulativos negativos e prejudiciais para os idosos, tais como a secura na

boca, a dificuldade de deglutição, diminuição da capacidade mastigatória, as

modificações no paladar e a perda de dimensão vertical. Os pesquisadores

realizaram um estudo na cidade de Araraquara, em 1998, quando foram examinadas

194 pessoas com 60 anos ou mais. Cerca de 65% dos entrevistados apresentaram a

falta de dentes enquanto nos dentados foram encontrados em média 4 dentes. Mais

de 90% dos dentes, de acordo com o índice CPO-D, já estavam perdidos. Em média

havia menos de dois dentes hígidos em cada indivíduo examinado. O uso de

próteses era em média de 70%. A necessidade de prótese foi de 70% em média,

mostrando assim que uma expressiva parcela das próteses usadas não estavam em

condições clínicas satisfatórias necessitando de substituição. Entre as pessoas

institucionalizadas a prótese estava em uso em média há 18 anos. Observaram que

a condição clínica, de maneira geral, era precária. Porém, esta condição clínica não

é muito diferente da situação encontrada em outros estudos realizados no Brasil e

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em outros países. A situação epidemiológica encontrada neste estudo indica que há

a necessidade de se tomar alguma providência. Os recursos disponíveis poderiam

ser distribuídos de maneira mais equilibrada, sem que se deixe de dar atenção a

outros grupos prioritários, levando em consideração a atual situação demográfica e

epidemiológica do país.

Colussi e Freitas (2002) efetuaram uma revisão crítica dos estudos

epidemiológicos apresentados nas publicações nacionais com relação à saúde bucal

do idoso. Foram pesquisados todos os artigos sobre saúde bucal do idoso no Brasil

que constavam na literatura a partir de 1988. Dos 29 artigos encontrados, foram

selecionados oito que traziam dados epidemiológicos sobre a cárie, a partir dos

quais foram feitos uma análise do índice CPOD, do percentual de dentes extraídos e

indivíduos edêntulos e do uso e necessidade de prótese total. Os dados quanto ao

grau de dependência não foram incluídos nas análises deste artigo e apenas sete

dos oito artigos epidemiológicos foram considerados. Com relação aos resultados, a

cárie foi o principal problema bucal dos indivíduos com sessenta anos ou mais. A

necessidade do uso de prótese encontrada na amostra domiciliar foi bem inferior

àquela encontrada nas instituições, e quanto ao uso de prótese total os estudos

revelaram que a mais utilizada é no arco superior. Os resultados apresentados nos

artigos confirmam as precárias condições de saúde bucal em que se encontra a

população idosa brasileira, necessitando de uma reformulação do serviço púbico,

direcionando ações especificas aos problemas da terceira idade, além de medidas

educativas e preventivas.

Pupo et al. (2002) afirmaram que a xerostomia, sensação subjetiva de boca

seca, conseqüente ou não da diminuição/interrupção da função das glândulas

salivares é mais freqüente entre os idosos e em pacientes do sexo feminino. Pode

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se manifestar através de uma dificuldade para mastigar, deglutir e falar, sensação de

queimação na boca e língua, diminuição da gustação, mucosites e até ulcerações na

boca. Alterações na flora oral predispõem a infecções oportunistas, principalmente

por Cândida albicans e contribuem para a proliferação de microorganismos

cariogêncos. Assim, pacientes com xerostomia são predispostos a desenvolver

cáries e doença periodontal.

Espinoza et al. (2003) realizaram um estudo para verificar a prevalência de

lesões de mucosa oral em cidadãos idosos de Santiago (acima de 65 anos). Idade,

gênero, status médico, medicações, uso de próteses, xerostomia, uso de cigarros e

fatores sociais e culturais foram associados com a prevalência de lesões de mucosa

oral, sendo que os diagnósticos específicos sobre as lesões foram feitos

clinicamente de acordo com os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Os dados obtidos a partir deste estudo demonstraram que mais da metade dos

casos (53%) apresentaram uma ou mais lesões de mucosa oral. As lesões mais

freqüentes foram as estomatites (22,3%) e as hiperplasias (9,4%). De um total de

574 portadores de dentaduras analisados, que representam a verdadeira população

com risco de estomatites, a prevalência destas foi de 34%, sendo as mulheres as

que apresentaram mais lesões, na proporção de 27,8%, enquanto os homens foram

na faixa de 13,3%. Ao se analisar as variáveis associadas com a maior

probabilidade de se ter uma ou mais lesões (idade, sexo, menos de 6 anos de

educação formal, medicação, uso de cigarros, dentaduras em uso, xerostomia e

ausência de visitas ao dentista no último ano), somente o uso de dentadura

aumentou significativamente a probabilidade para tal. Foram também determinadas

as variáveis com um aumento do risco de haver leucoplasias, líquen plano e lesões

associadas à infecção por Cândida. Os fatores que aumentaram significativamente o

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risco de estomatites foram o sexo feminino, placa aderida em próteses e o fato de

dormir com a prótese. As leucoplasias e o líquen plano foram analisados de acordo

com a idade, sexo, grau de instrução e uso de cigarros, sendo que o único fator de

risco para leucoplasia foi o cigarro e, no caso do líquen plano, o fator determinante

foi o sexo feminino. Para lesões especificas, os fatores associados a estas foram o

sexo, uso de cigarro e hábitos e higiene oral em usuários de próteses.

Maupomé et al. (2003) investigaram se as doenças bucais estavam

associadas com doenças crônicas sistêmicas em 532 idosos canadenses moradores

de instituições. Associações entre saúde bucal e geral, incluindo relações entre

periodonto e doenças sistêmicas têm sido relatadas nos últimos anos da literatura

cientifica. Como um exemplo há evidências para suportar associações entre

doenças bucais e diabetes mellitus e acidente vasculocerebral. (AVC) Além disso,

aumentou o número de pacientes que usam o serviço clínico e que também

possuem doenças bucais. Infelizmente, a situação atual de conhecimento sobre a

saúde bucal nas pessoas idosas é mesmo menos clara. A saúde bucal e geral nos

pacientes mais jovens difere da mesma situação nos pacientes idosos visto os

maiores cuidados que o primeiro grupo está recebendo desde o início da vida nos

últimos anos. Um breve exame bucal documentou retenção dental, cáries e saúde

gengival e periodontal. Uma parte do estudo foi associada com uma grande

experiência de cáries e problemas gengivais e periodontais. Participantes com

pressão alta, osteoporose ou diabete estavam mais sujeitos a ser edêntulos ou a ter

menos dentes do que os participantes que não tinham essas condições sistêmicas.

Idosos que tinham artrite retiveram mais dentes com o decorrer da idade. Pacientes

que tinham mais doenças também tenderam a ter uma condição periodontal e

gengival pobre, menos dentes e grande risco de edentulismo. As associações entre

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doenças sistêmicas e doenças bucais deve ser direto ou deve ser mediado por

fatores como comportamentos da saúde.

Os idosos têm alguns direitos os quais muitas vezes não são respeitados. O

Artigo 15, § 1°, inciso V do Estatuto do Idoso (BRASIL, 2004) determina que a

prevenção e a manutenção da saúde do idoso serão efetivadas por meio de:

reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, para redução das seqüelas

decorrentes do agravo da saúde. E o § 2° cita que incumbe ao Poder Público

fornecer aos idosos, gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso

continuado, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento,

habilitação ou reabilitação.

Campostrini (2004) relatou que o ser humano, no decorrer da sua vida,

transita por diferentes fases ou etapas estabelecidas e inter-relacionadas: a infância

e a adolescência, a idade adulta e a velhice ou idade avançada, na qual se incluem

as pessoas de 60 anos ou mais. A velhice é uma etapa no curso de vida dos seres

humanos, com suas características próprias, suas necessidades e interesses

específicos. As necessidades básicas da vida humana são: alimentação, sono,

trabalho/atividades, amor, aceitação, autonomia, auto-aceitaçao, segurança,

respeito, realização e agregação. A velhice é parte do desenvolvimento integral da

pessoa, resultado dinâmico de uma vida pela qual o individuo se modifica e

enriquece constantemente no decorrer dos anos, o que deveria permitir às pessoas

mais velhas transmitir às gerações sucessoras os valores humanos, sociais e

culturais que hoje possuem.

Chaimowicz (2004) afirmou que a média de idade da população brasileira vem

aumentando desde o início da década de 1960, quando a queda da fecundidade

começou a alterar sua estrutura etária, estreitando progressivamente a base da

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pirâmide populacional. O aumento da longevidade, fruto da contínua queda da

mortalidade, foi tão expressivo que se no início do século passado menos de um

quarto da população conseguia alcançar os 60 anos, em 2000 cerca de 81% das

mulheres e 71% dos homens já conseguiam; a esperança de vida ao nascer, então ,

ultrapassava 65 anos (homens) e 73 anos (mulheres).

De acordo com Ferreira et al. (2004) a Organização Mundial de Saúde, em

conjunto com o Centro Internacional de Longevidade (ILC) tem sistematizado uma

discussão a respeito de ganhos ou perdas na saúde que podem ocorrer durante o

curso da vida. Apresenta os modelos teóricos que sugere para estudos e pesquisas:

os períodos críticos, com e sem efeito posterior à acumulação de riscos, com ou sem

relação a danos posteriores. Esse fato aponta para a preocupação existente com as

exposições e agravos que ocorrem durante a vida, podendo resultar em riscos

acumulados, e conseqüentemente, problemas em períodos posteriores e reforça a

tese de que o cuidado com o idoso, com vistas a melhor qualidade de vida, deve ter

seu início bem antes dos 60 anos. Assim, a promoção de saúde deverá apresentar

atos e ações necessárias e próprias a este grupo etário, porém, intimamente

relacionados e dependentes de ações para os outros grupos etários.

Fox e Eversole (2004) relataram que embora a xerostomia seja um indicativo

mais freqüente de redução da produção salivar, isto não é invariavelmente

associado com caso de hipofunção da glândula salivar. Não se pode assumir um

diagnóstico de disfunção de glândula salivar com base apenas em relatos de

ressecamento oral. Contrariamente, a falta de sintomas de boca seca não é garantia

de adequada função salivar. Uma avaliação satisfatória e completa é essencial para

determinar se a disfunção da glândula salivar está presente. Existem numerosas

causas de disfunção da glândula salivar e xerostomia. A causa mais comum dos

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sintomas de boca seca é o uso terapêutico de medicamentos. É interessante notar

que muitos medicamentos não reduzem quantitativamente a produção secretora.

Embora não exista uma explicação completamente satisfatória para esse fenômeno,

ele pode estar relacionado com alterações qualitativas na composição da saliva ou

com fatores não salivares. Entre os agentes que afetam diretamente a função salivar

estão os antidepresivos, anticoinérgicos, anti-hipertensivos (alguns) e anti-

histamínicos. Muitas condições sistêmicas podem afetar a função salivar como

doenças ganulomatosas, doenças do enxerto-versus-hospedero, fibrose cística,

paralisia de Bel, diabetes mellitus (não controlado), amiloidose, HIV, disfunção da

tireóide, estágio avançado de doença hepática, fatores psicológicos, má-nutrição,

idiopática sendo talvez a mais proeminente a síndrome de Sjögren, uma

exocrinopatia auto-imune. Existe uma discussão continua concernente ao papel da

idade na disfunção da glândula salivar. Sintomas de ressecamento e reduções

mensuráveis na função salivar são observados principalmente em pacientes mais

idosos. Entretanto, muitos investigadores acreditam que isto pode ser explicado pelo

aumento da incidência de uso de medicamentos e doença sistêmica nessa faixa

etária. Nos indivíduos saudáveis que não fazem uso de medicamentos, não se

verifica redução consistente na função das glândulas salivares com o passar da

idade. É verdade que ocorre um declínio de aproximadamente 30% em todo tecido

epitelial salivar com a idade, mas é necessário uma pesquisa detalhada para outras

causas possíveis.

De acordo com Magalhães et al. (2004) indivíduos idosos apresentam risco

aumentando para o desenvolvimento da doença cárie devido ao grande número de

alterações fisiológicas decorrentes do processo de envelhecimento, ocorrência de

múltiplas patologias, exposição de superfícies radiculares, redução do fluxo salivar

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induzida por drogas, dieta cariogênica, redução da destreza manual ou motivação

para higiene bucal, alem de fatores psicossociais. A causa mais comum de

hipossalivação é o efeito colateral de drogas (diuréticos, antidepressivos,

neurolépticos, cirostáticos, antiparkinsonianos e anti-hipertensivos). Outras causas

são doenças sistêmicas como diabetes mellitus, doenças auto-imunes, síndrome de

Sjögren, doenças de glândulas salivares, respiração bucal, radioterapia de cabeça e

pescoço, desordens psicológicas e hormonais. O papel da idade na função salivar

permanece controverso. A hipótese de que a diminuição do fluxo salivar é uma

alteração inevitavelmente relacionada ao envelhecimento foi desafiada por estudos

que demonstram não haver diminuição da função salivar em relação à idade em

voluntários saudáveis não medicados. Independente desta relação, a prevalência de

doenças crônicas aumenta com a idade assim como o uso de múltipla medicação e

quanto maior o número de medicamentos ingeridos, maior é a tendência para

redução do fluxo salivar.

Flores e Mengue (2005) realizaram um estudo relatando que há uma

estimativa que 23% da população brasileira consomem 60% da produção nacional

de medicamentos, principalmente as pessoas acima de 60 anos. Esse padrão

elevado no consumo de medicamentos entre os idosos que vivem na comunidade

tem sido descrito em outros estudos no Brasil e no mundo. Em relação às classes

terapêuticas mais utilizadas por idosos em Porto Alegre (RS), em virtude das

doenças cardiovasculares liderarem as causas de morbidade em indivíduos com

idade acima de 65 anos, os medicamentos cardiovasculares têm sido amplamente

prescritos pelos médicos. Também se observou elevado consumo de analgésicos e

de medicamentos envolvendo o aparelho digestivo, revelando o desconforto

eminente dos idosos em aliviar ou eliminar suas dores agudas. Este fato merece

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atenção dos profissionais de saúde no sentido de orientar quanto a possíveis casos

de interações medicamentosas e redundância. Pode-se inferir também que,

eventualmente, esses medicamentos foram lembrados em função de serem de uso

esporádico, de curta duração. Porém, são marcantes em suas lembranças, uma vez

que podem estar associados a experiências desagradáveis de episódios de doenças

agudas e, por isso, mais fáceis de serem lembrados. Já os medicamentos

cardiovasculares são usados diariamente por longos períodos, e por isso também

são facilmente lembrados pelos idosos em memórias recentes. Tentativas têm sido

feitas para explicar a diferença populacional entre os sexos na terceira idade.

Algumas hipóteses sugerem que o homem tem as mais altas taxas de mortalidade

relacionadas à violência, acidentes de trânsito e doenças crônicas. Já as mulheres

têm as mais altas taxas de morbidade em quase todas as doenças crônicas não-

fatais, principalmente por menor exposição a determinados fatores de risco,

notadamente no trabalho. Além disso, elas apresentam uma postura diferente em

relação às doenças e ao conceito de saúde, sendo mais inclinadas a prestar atenção

aos sinais e sintomas e procurar assistência mais freqüentemente que os homens.

Conseqüentemente, o gênero pode influenciar o consumo de medicamentos, sendo

as mulheres as mais prováveis usuárias. A polifarmácia aumentou com a progressão

da idade, fenômeno este que pode ser explicado por uma série de fatores, incluindo

aumento de morbidade.

De acordo com Moreira et al. (2005), foi realizado, em 2003 o Levantamento

das Condições de Saúde Bucal da População Brasileira. O projeto SB BRASIL 2003

revelou que o índice CPO-D para o grupo etário de 65 a 74 anos foi de 27,93. Isto

significa que cada pessoa desse grupo possuía apenas quatro dentes livres de cárie

e de suas conseqüências (obturação/extração). No caso dos idosos, houve maior

21

participação do componente “perdido” (92,16). Quanto à necessidade do uso de

prótese, 56,0% e 32,4% necessitavam de próteses inferior e superior,

respectivamente. A prótese total foi a que apresentava maior necessidade entre os

procedimentos de reabilitação oral, indicando a alta prevalência de edentulismo.

Para entender melhor o atual quadro em que se encontram as condições de saúde

bucal dos idosos, torna-se necessário considerar que essa parte da população

brasileira traz consigo uma herança de um modelo assistencial focado em práticas

curativas e mutiladoras. Além disso, as barreiras de acesso aos serviços

odontológicos como a baixa escolaridade, a baixa renda e a escassa oferta de

serviços públicos de atenção à saúde bucal voltados à população idosa ajudam a

alimentar essas precárias condições.

Domingues et al., (2006) apresentaram os conceitos relativos à rede de

relações dos idosos e descreveram alguns instrumentos para sua avaliação,

destacando entre eles o mapa mínimo de relações (MMR). A odontogeriatria é

atualmente considerada um dos ramos da gerontologia e exige profissionais que

entendam ainda melhor o impacto do envelhecimento na saúde bucal e também no

comportamento social daí decorrente. Assim se faz necessário uma avaliação da

vontade do paciente que muitas vezes tem a participação significativa de sua família

ou de uma pessoa de confiança da sua rede social de apoio e cuidados juntamente

com o que é possível fazer em termos técnicos para que o odontogeriatra tome as

corretas decisões. A identificação das pessoas importantes para o idoso melhora o

relacionamento com o profissional e facilita o seu reconhecimento como integrante

dessa mesma rede de relações e apoio. No envelhecimento os relacionamentos que

existem ao longo de todo o ciclo vital e que atendem à motivação básica do ser

humano de interação, tendem a se contrair devido a dois fatores: a morte de seus

22

componentes e diminuição de oportunidades para construir novas relações. Porém,

os vínculos que se mantêm ainda assim são de grande intensidade, tornando sua

atuação bastante efetiva. Os instrumentos de avaliação da rede de suporte social

permitem identificar e avaliar a composição, as funções e a qualidade do suporte

social recebido segundo a percepção do individuo. Além dos questionários e

escalas como o Questionário de Suporte Social Norbeck (NSSQ), o Questionário de

Suporte Social (SSQ), a escala de Mc Farlante, 1981(SRS) etc., existe um

instrumento gráfico intitulado Mapa Mínimo de Relações que posteriormente foi

adaptado e modificado para identificar a rede de suporte social do idoso, sendo

assim denominado Mapa Mínimo de Relações do Idoso (MMRI). Este apresenta

vantagem em relação aos outros tipos de avaliação social, pois é um instrumento

gráfico, permitindo assim a fácil identificação e visualização dos vínculos

significativos mencionados além de poder ser aplicado pelos profissionais de uma

equipe multidisciplinar, desde que seja capacitado, sendo sua utilização então muito

pertinente para a área social e de saúde, em especial para a saúde pública.

Segundo Araújo et al. (2006), a promoção de saúde dá ênfase à redução das

desigualdades em saúde por meio da atuação sobre os determinantes sociais do

processo saúde-doença, injúria e incapacidade, bem como mediante a adoção de

medidas que favorecem ambientes saudáveis. O acesso facilitado aos serviços

odontológicos, seja nos centros de saúde ou no atendimento domiciliar e unidades

móveis, juntamente com uma conscientização da equipe de cuidadores sobre a

importância de se manter uma boa condição bucal, são recursos importantes na

busca de suporte para manutenção da autonomia e uma melhora no quadro geral do

indivíduo idoso. A odontologia deve atuar como um agente de integração na

sociedade, influenciando o suporte social, na medida em que mantém a saúde bucal

23

do idoso, possibilitando a este uma aparência agradável, melhor auto-estima, maior

capacidade de fonação alem de contribuir para a integração do idoso ao meio social.

A estratégia do fator de risco comum na promoção de saúde atua na prevenção de

diversas doenças crônicas que possuem os mesmos fatores de risco, como: dieta,

fumo, uso de álcool, estresse, trauma, sedentarismo. A dieta, por exemplo tem

influência na obesidade, diabetes e cárie dentária. A promoção de saúde por meio

desta estratégia controla um número ilimitado de fatores de risco comum,

apresentando grande impacto sobre a prevalência de doenças crônicas. Esta

estratégia pode ser utilizada com idosos para prevenir o surgimento de doenças

crônicas, associadas ou não, e suas complicações. A promoção de saúde pode ser

realizada em ambientes multigeracionais, como a família, já que a maioria dos

idosos vive em comunidades; em grupos freqüentados pelos idosos, como igrejas,

associações. Desta forma, a promoção de saúde e saúde bucal na população idosa

deve ser estimulada em todos os ambientes sociais tanto nos serviços de saúde

quanto na família, promovendo a autonomia do idoso, possibilitando a consolidação

da relação inegável entre o suporte social e a promoção de saúde, pois à medida

que se implementa o primeiro, trabalha-se promovendo saúde.

Matear et al. (2006) realizaram um estudo na cidade de Toronto, Ontário,

Canadá e os dados foram coletados através de um questionário que foi baseado na

autopercepção oral e saúde geral, bem como no bem-estar do indivíduo. Com base

nos resultados obtidos, a maioria dos participantes (80%) estavam satisfeitos ou

muito satisfeitos com seu estado de saúde oral, enquanto 28% dos entrevistados

reportaram piora na saúde oral no decorrer dos últimos dois anos. Para um pequeno

número (9,8%) houve uma pequena melhora. De acordo com a saúde geral, 99%

dos participantes relataram uma ou mais condição médica crônica. A artrite e

24

problemas oculares, como por exemplo, glaucoma e catarata, foram as doenças

mais citadas. Ainda relataram que 93% fazem uso de medicamento prescrito. Com

relação à xerostomia (ou sensação de boca seca), é uma queixa freqüente na

população idosa. A prevalência deste quadro é estimada na faixa dos 20% e é mais

comum nos idosos do que nas outras faixas etárias. De acordo com o autor, a

sensação de boca seca pode ser decorrente da severa redução do fluxo salivar ou

mesmo quando aparentemente há uma função normal da glândula salivar. A causa

mais freqüente da xerostomia são os medicamentos, os quais podem imitar ou

contrariar os aspectos reguladores da salivação e afetar a taxa do fluxo e sua

composição. Também pode ser causada por muitas doenças, condições e

tratamentos. A sintomatologia da xerostomia pode incluir queimação e coceira na

mucosa oral e língua, dificuldades com deglutição, fala e alimentação, diminuição da

sensibilidade gustativa, dificuldade em usar próteses dentárias e, ainda, desnutrição.

O resultado foi que quase metade dos indivíduos analisados apresentou alto grau

desta doença. Foi também ressaltado que a xerostomia contribui para alterar a

condição de saúde oral. De acordo com os autores, a xerostomia pode ser

efetivamente avaliada usando métodos de auto-aprendizado na população idosa.

Este estudo comprovou que a xerostomia tem impacto significativo e negativo na

qualidade de indivíduos idosos, entretanto, a saúde oral pode ser menos afetada.

Raitz e Seibert (2006) realizaram uma pesquisa, na qual foi desenvolvido um

levantamento epidemiológico do índice de edentulismo, utilizando o índice CPO-D

em 306 idosos com faixa etária de 60 anos ou mais residentes na cidade de Brusque

(SC) e avaliaram a autopercepção destes sujeitos com relação a sua saúde bucal

adotando-se um questionário levando-se em conta o índice GOHAI. Verificaram que

a maioria dos sujeitos, cerca de 70% eram edêntulos totais, 28,44% eram edêntulos

25

superiores e 0,33% edêntulos inferiores e 1,63% não apresentavam edentulismo

apesar de utilizarem prótese parcial removível ou fixa. Em relação ao índice GOHAI,

a maioria dos sujeitos, cerca de 40% classificaram sua saúde bucal como boa,

20,26% relataram ter saúde bucal regular e um número quase igual ao de saúde

bucal boa relataram saúde bucal precária, cerca de 39,54%., sendo que as questões

que mais influenciaram no resultado do índice GOHAI foram relacionadas com a

função mastigatória.

Souza e Cantele (2006) realizaram um estudo descrevendo as respostas

dadas pelos idosos com 60 anos ou mais do município de Itajaí participantes de um

questionário. Este foi desenvolvido pelo Projeto Saúde envelhecimento: inquérito

domiciliar no município de Itajaí – SC, ano 2001 e foi denominado “Questionário de

Avaliação Multidimensional da População Idosa para Estudos Comunitários –

Versão Itajaí – SC”, que continha questões de saúde geral, saúde bucal e

socioeconômicas. Participaram da pesquisa 994 idosos que tiveram suas respostas

formando uma amostra e assim realizado um estudo transversal. A faixa etária de

maior concentração na amostra foi de 60-69 anos sendo que a grande maioria dos

entrevistados era do sexo feminino com 704 entrevistados, mais que o dobro dos

participantes do sexo masculino. Os idosos com idade entre 80-89 anos e 90-99

anos apresentaram o grupo com maior índice de edentulismo sendo 70,59% e

69,23% respectivamente. Mesmo com o alto índice de endentulimso a grande

maioria dos entrevistados considera a sua saúde bucal em bom estado e somente

um número mais baixo com 23,08 a 31,09% conforme faixa etária relataram que

acham ter problemas dentários que atrapalham ao mastigar.

De acordo com Studart-Soares et al. (2006) a saliva é um dos fluidos

corporais mais importantes do organismo, desempenhando papel crítico na proteção

26

e integridade dos tecidos orais, além de preparar o alimento para a mastigação e

facilitar sua deglutição. Fluxo salivar insuficiente pode resultar em disfagia e

diseugia, além de aumentar a susceptibilidade dos tecidos orais a doenças.

Xerostomia é considerada uma desordem que pode estar relacionada ou não com a

disfunção das glândulas salivares. Pode variar clinicamente desde uma pequena

redução do fluxo salivar, com uma transitória inconveniência, até uma total

xerostomia, tendo como principais causas distúrbios locais ou sistêmicos, agentes

farmacológicos, radioterapia, desordens imunológicas, além de menopausa e

poluição ambiental.

Narayana (2007) relatou que a xerostomia ou boca seca é definida como uma

sensação subjetiva de boca seca, enquanto a hipofunção salivar é a redução

verdadeira na quantidade de saliva produzida pelas glândulas salivares sendo,

portanto, a xerostomia\boca seca um sintoma e, portanto, não é diagnóstico. Ela

constitui uma queixa comum, especialmente em mulheres e nos mais idosos.

Aproximadamente um terço dos pacientes ambulatoriais mais idosos queixam-se de

boca seca, entretanto, os estudos não mostram consistentemente uma diminuição

no fluxo salvar relacionada com a idade. Com freqüência, a xerostomia nos mais

velhos é conseqüência de doenças sistêmicas, medicações e radiação de cabeça e

pescoço. A saliva tem várias funções, dentre elas cita-se a importante atuação na

percepção do paladar, ajuda na mastigação, deglutição, digestão e limpeza da boca.

A saliva regula o conteúdo de água do corpo, tem propriedades antifúngicas e

antibacterianas e desse modo ajuda a manter a flora oral normal; ajuda na

remineralização dos dentes através do seu sistema de tamponamento e as

mucoproteinas na saliva mantêm a integridade da mucosa bucal formando uma

barreira efetiva às influências externas; Saliva é essencial para manter a umidade da

27

boca e faringe durante a mastigação, deglutição e fala e também facilita na retenção

de dentaduras. A xerostomia é um efeito colateral de muitas medicações prescritas e

do álcool, apesar de o seu mecanismo de ação ser desconhecido. A produção de

saliva pode ser influenciada pela ação de drogas sobre o sistema nervoso central ou

periférico. Os efeitos atuam no sistema nervoso autônomo ou no sistema receptor

anticolinérgico no tecido das glândulas salivares. Os antidepressivos reduzem o

volume salivar pelos seus efeitos anticolinérgicos, enquanto os anti-hipertensivos

podem induzir alterações na composição da saliva ou diminuir a função salivar. Além

disso, as alterações induzidas por medicação na composição protéica da saliva por

betabloqueadores podem resultar na percepção de boca seca. Dentre os

medicamentos que têm efeito colateral na xerostomia podem ser citados os

medicamentos para circulação e coração como os alfabloqueadores (prazosina,

clonidina); betabloqueadores (atenolol, propanolol); diuréticos (tiazidas);

bloqueadores dos canais de cálcio (verapamil, nifedipina); medicamentos que

afetam o sistema nervoso central como os sedativos (benzodiazepinas);

medicamentos antialérgicos como os anti-histamínicos (difenidramina);

medicamentos contra acidez como os bloqueadores de receptores H2 (ranitidina) e

os medicamentos imunossupressores (Interleucina 2). Fibrose cística, sarcoidose,

diabetes mellitus mal controlada, doença hepática, distúrbios da tireóide, depressão,

HIV, doença de Alzheimer, fibromialgia, doenças neurológicas, ocasionalmente

também podem provocar boca seca. Nesses casos a queixa de boca seca pode não

estar diretamente relacionada com as mudanças na função da glândula salivar e ser

causada por alterações sistêmicas. A velocidade de fluxo estimulada inferior a 0,5-

0,7 são consideradas baixas velocidades de fluxo. O tratamento da xerostomia deve

objetivar a melhora dos sintomas subjetivos e tratar o agente etiológico que causa a

28

xerostomia. O tratamento sintomático é beber água de 2-3 litros por dia, manter gelo

na boca, mascar gomas sem açúcar, usar saliva artificial, colutório Biotene e flúor

em moldeira. O tratamento farmacológico consiste no uso de Pilocarpina, Anetole-

tritione e Betanecol.

29

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Local da pesquisa

A pesquisa foi realizada no Centro de Convivência do Idoso (C.C.I.) no

município de Itajaí (SC), localizado na Rua Vailatz, Bairro São Judas. (Fotografia 01)

Fotografia 01: Centro de Convivência do Idoso localizado no bairro São Judas, Itajaí (SC).

3.2 Amostra populacional

Indivíduos cadastrados e freqüentadores do Centro de Convivência nos

meses de abril e maio de 2007. Dos 350 idosos cadastrados, 280 freqüentavam com

certa regularidade (conforme informações da coordenadora do Centro). O número

de idosos que aceitaram participar da pesquisa foi de 100. Desta população cinco

30

idosos não aceitaram realizar o teste de salivação, sendo excluídos da amostra

analisada.

3.3 Período da pesquisa

Durante os meses de abril e maio de 2007, todas as segundas e terças-feiras

no período matutino (com exceção dos dias em que o Centro não realizou

atividades). Foram atendidos, em média, 10 idosos por período.

3.4 Obtenção dos dados

Foi realizado um questionário semi-aberto, com entrevista individual com cada

idoso que quis participar livremente da entrevista contendo perguntas sobre saúde

geral e bucal. Dentre os dados solicitados, constava a idade, sexo, presença de

patologias sistêmicas e medicação atualmente em uso. Para tal, o individuo assinou

o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A). Os dados obtidos

foram mantidos sob sigilo, de acordo com os princípios éticos, sendo devidamente

anotados em uma ficha individual para cada entrevistado (Apêndice B). As respostas

foram representadas através de gráficos ou tabelas. (Fotografia 02)

31

Fotografia 02: Entrevista individual com o idoso utilizando questionário semi-aberto elaborado.

3.5 Análise clínica

Para a realização da entrevista foi utilizada uma cadeira confortável, luz

artificial, espátula, sugador, copos e seringas descartáveis e materiais de

biossegurança para os pesquisadores, tais como jaleco, óculos de proteção,

máscara, luvas e gorro (Fotografia 03). Foram analisados os elementos dentais, a

mucosa bucal e o fluxo salivar. Destes, somente os dados relativos ao último foram

anotados em ficha individual (Apêndice B) e expressos também em gráficos ou

tabelas.

32

Fotografia 03: Materiais utilizados para análise clínica.

O fluxo salivar foi avaliado por meio do teste de fluxo salivar estimulado citado

por Maltz e Carvalho (1999). Foi solicitado ao indivíduo que ficasse sentado e

mastigasse a fonte estimuladora (ponta de borracha do sugador) durante 1 minuto.

Desprezava-se esta saliva e solicitava-se novamente ao participante que

continuasse mastigando a ponta de borracha do sugador. À medida que a saliva era

estimulada, o indivíduo a depositava em um copo de plástico descartável. Este

processo foi realizado em um período de 5 minutos. Desta forma, obtinha-se toda a

saliva formada neste tempo. Através de uma seringa descartável era possível

descobrir o quanto foi salivado pelo individuo e, assim, dividir pelo tempo de

mastigação, descobrindo a secreção salivar que é medida em mililitros por minuto.

(ml/min). (Fotografia 04)

33

Fotografia 04: Idosos realizando o teste de fluxo salivar estimulado.

34

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Apresentação e discussão dos resultados obtidos

O índice de secreção salivar foi expresso em mililitros por minuto e adotou-se

a classificação citada por Maltz e Carvalho (1999) e Narayana (2007) na qual

valores abaixo de 0,7ml/min eram considerados baixo fluxo salivar para assim

facilitar a tabulação e avaliação dos resultados.

Trezentos e cinqüenta idosos eram cadastrados no Centro de Convivência

para Idosos, porém, 280 freqüentavam com certa regularidade segundo informações

da coordenadora do Centro. O número de idosos que aceitaram participar da

pesquisa foi de 100; desta população cinco idosos não aceitaram realizar o teste de

salivação, sendo excluídos da amostra analisada.

4.1.1 Análise do fluxo salivar

Analisando o fluxo salivar na população idosa, foi notada a alta freqüência de

hipossalivação (77,9%), sendo esta observada em 74 entrevistados. Os outros 21

idosos (22,1%) apresentavam um fluxo salivar normal. (Gráfico 01)

35

77,9%

22,1%

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

Salivação normal Hipossalivação

Idos

os e

ntre

vist

ados

Gráfico 01 – Número de entrevistados divididos pelo fluxo salivar.

Fox e Eversole (2004) afirmaram que sintomas de ressecamento e reduções

mensuráveis na função salivar são observados principalmente em pacientes mais

idosos. Entretanto, muitos investigadores acreditam que isto pode ser explicado pelo

aumento da incidência de uso de medicamentos e doenças sistêmicas nessa faixa

etária. De maneira semelhante Magalhães et al. (2004) relataram que a hipótese de

que a diminuição do fluxo salivar é uma alteração inevitavelmente relacionada ao

envelhecimento foi desafiada por estudos que demonstram não haver diminuição da

função salivar em relação à idade em voluntários saudáveis não medicados.

Independente desta relação, a prevalência de doenças crônicas aumenta com a

idade assim como o uso de múltipla medicação e quanto maior o número de

medicamentos ingeridos, maior é a tendência para redução do fluxo salivar.

Aproximadamente um terço dos pacientes ambulatoriais mais idosos

queixam-se de boca seca, entretanto, os estudos não mostram consistentemente

uma diminuição no fluxo salivar relacionada com a idade (NARAYANA, 2007).

36

4.1.2 Análise do gênero

Dos 95 indivíduos submetidos ao estudo 24 eram do sexo masculino (25,3%)

e 71 eram do sexo feminino (74,7%). O gráfico 02 mostra que a maioria dos

entrevistados eram mulheres.

25,3%

74,7%

0,010,020,030,040,050,060,070,080,0

Masculino Feminino

Idos

os e

ntre

vist

ados

Gráfico 02 – Número de entrevistados divididos por sexo.

Tentativas têm sido feitas para explicar a diferença populacional entre os

sexos na terceira idade. Algumas hipóteses sugerem que o homem tem as mais

altas taxas de mortalidade relacionadas à violência, acidentes de trânsito e doenças

crônicas. Já as mulheres têm as mais altas taxas de morbidade em quase todas as

doenças crônicas não fatais, principalmente por menor exposição a determinados

fatores de risco, notadamente no trabalho. Além disso, elas apresentam uma postura

diferente em relação às doenças e ao conceito de saúde, sendo mais inclinadas a

prestar atenção aos sinais e sintomas e procurar assistência mais freqüentemente

que os homens (FLORES; MENGUE, 2005).

Souza e Cantele (2006) obtiveram no seu estudo uma grande maioria dos

entrevistados do sexo feminino, sendo mais que o dobro dos participantes do sexo

37

masculino. Em nosso estudo também observamos esta proporção chegando quase

ao triplo o número de mulheres sobre os homens.

4.1.3 Análise do gênero em relação ao fluxo salivar

O resultado da análise da quantidade de saliva em mililitro por minuto mostra

que das 71 mulheres da pesquisa, 14,1% apresentaram salivação normal e 85,9%

apresentaram quadro de hipossalivação. No caso dos 24 homens entrevistados,

45,8% deles apresentaram salivação normal e 54,2% hipossalivação. (Gráfico 03)

85,9%

14,1%

54,2%

45,8%

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

SalivaçãonormalHipossalivação

Masculino Feminino\ \ \ \

Idos

os e

ntre

vist

ados

Gráfico 03 – Número de entrevistados divididos por sexo e associados com fluxo salivar.

Conforme já citado no item 4.1.1 e de acordo com Pupo et al. (2002) e

Narayana (2007), a xerostomia é mais freqüente entre os idosos. Estes autores

ainda revelam que a xerostomia é mais comum também nos pacientes do sexo

38

feminino. Além do que, segundo Flores e Mengue (2005) o gênero pode influenciar o

consumo de medicamentos, sendo as mulheres as mais prováveis usuárias.

Pode-se citar como causas da xerostomia distúrbios locais ou sistêmicos,

agentes farmacológicos, radioterapia, desordens imunológicas, além de menopausa

e poluição ambiental. (STUDART-SOARES et al., 2006)

4.1.4 Análise da faixa etária

As idades dos indivíduos variavam entre 60 a 90 anos de idade. O gráfico 04

representa o número de idosos entrevistados divididos por faixas etárias. As idades

compreendidas entre 71 a 80 anos foram as mais encontradas, sendo verificadas

em 42 idosos (44,2%), seguida das idades entre 60 e 70 anos, observadas em 35

idosos (36,8%) e as idades entre 81 e 90 anos verificadas em 18 idosos (18,9%).

44,2%

18,9%

36,8%

0,05,0

10,015,020,025,030,035,040,045,050,0

60 a 70 anos 71 a 80 anos 81 a 90 anos

Idos

os

entr

evis

tado

s

Gráfico 04 – Número de entrevistados divididos pela faixa etária.

Tem sido observado um aumento gradativo da longevidade resultado da

diminuição das taxas de fecundidade e de mortalidade nas ultimas décadas. Como

39

conseqüência, desencadeia-se o fenômeno de envelhecimento populacional,

gerando novas demandas sociais. (FLORES; MENGUE, 2005)

No estudo de Souza e Cantele (2006) realizado com idosos, a faixa etária de

maior concentração na amostra foi de 60-69 anos. Este resultado foi diferente do

nosso estudo, o qual apresentou a faixa etária de 71-80 anos como a de maior

incidência.

4.1.5 Análise da faixa etária em relação ao fluxo salivar

Quando a quantidade de saliva mensurada foi distribuída entre as faixas

etárias, observamos que nos 35 idosos com idade entre 60 a 70 anos 28,6%

apresentaram salivação normal e 71,4% apresentaram hipossalivação. Nos 42

indivíduos pesquisados com 71 a 80 anos, 11,9% apresentavam salivação normal e

88,1% apresentavam hipossalivação. Já nos 18 idosos entre 81 a 90 anos, a

salivação normal esteve presente em 33,3% e a hipossalivação em 66,7% dos

indivíduos pesquisados com esta faixa etária. (Gráfico 05)

40

33,3%28,6%

71,4%

11,9%

88,1%

66,7%

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

Salivação normal

Hipossalivação

71 a 80 anos

\ \ \

60 a 70 anos

\ \ \

Idos

os e

ntre

vist

ados

81 a 90 anos

Gráfico 05 – Número de entrevistados divididos pela faixa etária e associados com fluxo salivar.

Como já relatado no item 4.1.1, verificou-se a alta prevalência de xerostomia

em pacientes idosos. Silva e Valsequi Júnior (2000) confirmaram este fato revelando

que algumas complicações têm efeitos cumulativos negativos e prejudicais para os

idosos, tais como a secura na boca, a dificuldade de deglutição, a diminuição da

capacidade mastigatória, as modificações no paladar e a perda de dimensão

vertical. Matear et al. (2006), da mesma maneira, afirmaram que a xerostomia é uma

queixa freqüente na população idosa, sendo mais comum em idosos do que nas

outras faixas etárias.

4.1.6 Análise da saúde geral

A pesquisa mostrou que 72 entrevistados, 75,8% do total, apresentaram pelo

menos uma ou mais patologias sistêmicas e 23 entrevistados revelaram não

apresentar qualquer anormalidade sistêmica (24,2%). Do total de pacientes

portadores de patologia, 80,6% apresentavam hipossalivação e 19,4% salivação

41

normal. Já, do total de pacientes não portadores de patologia e medicação, 69,6%

apresentavam hipossalivação e 30,4% apresentavam salivação normal. (Gráfico 06).

69,6%

30,4%

80,6%

19,4%

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

Salivação normal

Hipossalivação

Com patologia Sem patologia e medicação\ \\\

Ido

sos

entr

evi

sta

do

s

Gráfico 06: Número de entrevistados divididos pela presença ou não de patologias e associados com fluxo salivar.

Nos indivíduos saudáveis que não fazem uso de medicamentos, não se

verifica redução consistente na função das glândulas salivares com o passar da

idade, entretanto, muitas condições sistêmicas podem afetar a função salivar como

diabetes mellitus (não controlado), estágio avançado de doença hepática, fatores

psicológicos dentre outros. (FOX; EVERSOLE, 2004)

Foi descrito por Matear et al. (2006) e Narayana (2007) que a xerostomia

pode ser causada por muitas doenças, condições e tratamentos, sendo que Fox e

Eversole (2004), Magalhães et al. (2004) e Matear et al. (2006), afirmaram que a

causa mais freqüente da xerostomia são os medicamentos, os quais podem imitar

ou contrariar os aspectos reguladores da salivação e afetar a taxa do fluxo e sua

composição segundo Matear et al. (2006).

42

4.1.7 Análise das patologias presentes em relação ao fluxo salivar

A análise das principais patologias apresentadas pelos idosos mostra que as

doenças cardiovasculares foram as mais encontradas – 48,86% do total. A tabela 01

demonstra as principais patologias cardiovasculares encontradas bem como o índice

de salivação destes pacientes. A hipertensão arterial foi a patologia mais citada e

neste grupo (51,40%), também foi registrado o maior número de casos de

hipossalivação.. As patologias cardíacas também foram elevadas (26,17%),

principalmente nos pacientes com baixo índice salivar, seguido da hipotensão

arterial (9,35%), anemia (7,48%) e hipercolesterolemia (5,61%).

Tabela 01 – Doenças cardiovasculares apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo salivar

Salivação Normal Hipossalivação Hipertensão 08 47

Cardiopatia Crônica 04 24 Hipotensão 01 09

Anemia 01 07 Hipercolesterolemia 01 05

Total 15 92

As patologias osteoarticulares foram o segundo grupo de patologias mais

freqüentes - 19,18% do total, sendo que a artrite (38,10%), a osteoporose (28,57%),

e a artrose (21,43%) foram as mais citadas e também foi onde foram registradas a

menor quantidade de saliva. (Tabela 02)

43

Tabela 02 – Doenças osteoarticulares apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo salivar

Salivação Normal Hipossalivação Artrite 02 14

Osteoporose 02 10 Artrose 02 07

Reumatismo 00 02 Bursite 01 01

Febre Reumática 00 01 Total 07 35

Entre as doenças endócrinas – 10,05% do total, foram citadas diabetes

mellitus (90,91%) onde 18 apresentaram hipossalivação e 2 apresentaram índices

normais de saliva, e distúrbios da tireóide (9,09%) onde 2 pacientes também

apresentaram baixo volume salivar. (Tabela 03)

Tabela 03 – Doenças endócrinas apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo salivar

Salivação Normal Hipossalivação

Diabetes Mellitus 02 18

Distúrbios da Tireóide 00 02

Total 02 20

As patologias gastrointestinais foram o quarto grupo com maior ocorrência –

13,24% do total. As patologias mais encontradas foram gastrite (41,38%) e úlcera

(27,59%), e o índice de saliva também foi menor nos pacientes portadores de

afecções. (Tabela 04)

44

Tabela 04 – Doenças gastrointestinais apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo salivar

Salivação Normal Hipossalivação Gastrite 03 09 Úlcera 01 07

Hepatite 02 02 Hérnia Esôfago 01 02

Cálculo Vesicular 00 01 Diverticulite 00 01

Total 07 22

Entre as doenças do sistema respiratório – 5,02% do total, a asma brônquica

foi a patologia do trato respiratório mais freqüente (63,64%) e dos sete pacientes

portadores de asma seis apresentavam hipossalivação. (Tabela 05)

Tabela 05 – Doenças do sistema respiratório apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo salivar

Salivação Normal Hipossalivação Asma 01 06

Bronquite 01 02 Sinusite 00 01

Total 02 09 .

De relevância ainda, deve-se registrar a presença de cinco indivíduos em

tratamento psiquiátrico, todos também com hipossalivação. (Tabela 06)

Tabela 06 – Outras doenças apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo salivar

Salivação Normal Hipossalivação

Tratamento Psiquiátrico 00 05

Labirintite 00 02

Catarata 00 01

Total 00 08

A hipertensão arterial atinge em todo mundo milhões de pessoas, constituindo

um grave problema de saúde pública no Brasil. (MAIA et al., 1999).

45

Muitas condições sistêmicas podem afetar a função salivar como doenças

granulomatosas, doenças do enxerto-versus-hospedeiro, fibrose cística, diabetes

mellitus (não controlado), amiloidose, HIV, disfunção da tireóide, estágio avançado

de doença hepática, fatores psicológicos, má-nutrição e causa idiopática. Sendo

talvez a mais proeminente a síndrome de Sjögren, uma exocrinopatia auto-imune.

(FOX; EVERSOLE, 2004)

Doenças sistêmicas como diabetes, doenças auto-imunes, síndrome de

Sjögren, doenças de glândulas salivares, respiração bucal, radioterapia de cabeça e

pescoço, desordens psicológicas e hormonais são causas de hipossalivação

(MAGALHAES et al., 2004).

As doenças cardiovasculares lideram as causas de morbidade em indivíduos

em idade acima de 65 anos. (FLORES; MENGUE, 2005)

No estudo realizado por Matear et al. em 2006 com idosos em Toronto,

Ontário, Canadá, 99% dos participantes relataram uma ou mais condição médica

crônica. A artrite e problemas oculares, como por exemplo, glaucoma e catarata,

foram as doenças mais citadas.

Com freqüência a xerostomia nos mais velhos é conseqüente de doenças

sistêmicas, medicações e radiação de cabeça e pescoço. Fibrose cística,

sarcoidose, diabetes meliltus mal controlada, doença hepática, distúrbios da tireóide,

depressão, HIV, doença de Alzheimer, fibromialgia, doenças neurológicas,

ocasionalmente podem causar boca seca, podendo não estarem relacionadas

diretamente com as mudanças na função da glândula salivar e ser causada por

alterações sistêmicas. (NARAYANA, 2007)

46

4.1.8 Análise das medicações consumidas em relação ao fluxo salivar

As medicações cardiovasculares - 64,09% do total, principalmente as anti-

hipertensivas (70,69%), seguidas dos cardiotônicos (12,07%) são as mais utilizadas

pelos idosos entrevistados. Sessenta e dois pacientes que utilizavam medicações

anti-hipertensiva e 12 pacientes que utilizavam cardiotônicos apresentaram

hipossalivação. O índice de saliva também foi menor nos pacientes que utilizavam

outros tipos de medicações cardiovasculares. (Tabela 07)

Tabela 07 – Medicações cardiovasculares apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo salivar

Salivação Normal Hipossalivação

Anti-hipertensivo 20 62 Cardiotônicos 02 12 Anticolesterol 01 05

Varizes 00 05 Vasodilatador 01 04

Diurético 01 02 Antitrombótico 01 00

Total 26 90

Menor volume de saliva também foi registrado nos pacientes que utilizavam

outros tipos de medicamentos como antidepressivos (13 pacientes), analgésicos e

antiinflamatórios (8 pacientes), medicação para diabetes mellitus (8 pacientes),

medicamentos para distúrbios da tireóide (7 paciente), entre outros fármacos

conforme tabela 08.

47

Tabela 08 – Outras medicações apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo salivar

Salivação Normal Hipossalivação

Antidepressivos Ansiolíticos 03 13

Analgésico Antiiflamatório 02 08

Diabetes Mellitus 01 08

Alterações da Tireóide 01 07

Osteoporose 03 05

Alterações Gastrointestinais 01 03

Labirintite 00 03

Alterações Respiratórias 00 02

Antioxidantes 00 02

Osteoartrite 01 01

Antibiótico 00 01

Total 12 53

Medicamentos anti-hipertensivos de ação central, como metildopa e clonidina

possuem efeito colateral com possíveis implicações odontológicas, sendo esta a

inibição salivar central, acarretando xerostomia nos pacientes usuários. (MAIA et al.,

1999)

A causa mais comum dos sintomas da boca seca é o uso terapêutico de

medicamentos. É interessante notar que muitos não reduzem quantitativamente a

produção secretora. Entre os agentes que afetam diretamente a função salivar estão

os antidepressivos, anticolinérgicos, anti-hipertensivos (alguns) e anti-histamínicos.

(FOX; EVERSOLE, 2004)

A causa mais comum de hipossalivação é o efeito colateral de drogas

(diuréticos, antidepressivos, neurolépticos, cirostáticos, antiparkinsonianos e anti-

hipertensivos). (MAGALHAES et al., 2004)

Flores e Mengue (2005) fizeram um estudo relatando que se estima que 23%

da população brasileira consome 60% da produção nacional de medicamentos,

48

principalmente as pessoas acima de 60 anos. Em relação às classes terapêuticas

mais utilizadas por idosos em Porto Alegre (RS), os medicamentos cardiovasculares

têm sido amplamente prescritos pelos médicos. Também se observou elevado

consumo de analgésicos e de medicamentos envolvendo o aparelho digestivo. A

polifarmácia aumentou com a progressão da idade, fenômeno este que pode ser

explicado por uma serie de fatores, incluindo aumento da morbidade.

De acordo com o estudo de Matear et al. (2006) na cidade de Toronto,

Ontário, Canadá, 93% dos idosos da pesquisa fazem uso de medicamento prescrito.

A causa mais freqüente da xerostomia são medicamentos, os quais podem imitar ou

contrariar os aspectos reguladores da salivação e afetar a taxa do fluxo e sua

composição.

A xerostomia é um efeito colateral de muitas medicações prescritas e do

álcool, apesar de seu mecanismo de ação exato ser desconhecido. A produção de

saliva pode ser influenciada pela ação de drogas sobre o sistema nervoso central ou

periférico. Dentre os medicamentos podem-se citar os para circulação e coração, os

que afetam o sistema nervoso central, os antialérgicos, os contra acidez e os

imunossupressores. (NARAYANA, 2007)

4.2 Devolução dos resultados

Os resultados obtidos na pesquisa foram devolvidos ao coordenador do

Centro de Convivência para Idosos e, assim, entregues aos sujeitos da pesquisa.

49

4.3 Encaminhamento dos pacientes

Durante o período da pesquisa, foram realizados contatos com o atual

Coordenador de Odontologia da Secretaria Municipal de Saúde, do município de

Itajaí–SC, para encaminhar os pacientes com necessidades de adequação e

tratamento ao serviço público competente. Fomos informados de que existe um fluxo

entre o Centro de Convivência para Idosos São Judas e a unidade de saúde, porém,

um trabalho sistematizado será implementado com a inclusão, no segundo semestre

de 2007, da equipe de Saúde Bucal e as Equipes de Saúde da Família.

4.4 Palestras sobre Saúde Bucal

No decorrer do trabalho de campo, foram realizadas duas palestras no Centro

e Convivência para Idosos São Judas, nos dias 7 e 8 de maio de 2007, sobre saúde

bucal com ênfase para a terceira idade, destacando assuntos como higienização

dental e de próteses, limites da prótese, xerostomia e, também, esclarecendo as

dúvidas mais comuns entre os idosos em relação à saúde bucal.

Houve, também, o convite da Coordenadora do Centro de Múltiplo Uso João

Ferreira de Macedo, bairro Cordeiros, Itajaí - SC, para que se realizasse uma

palestra sobre Saúde Bucal, para os idosos e freqüentadores do Centro, sendo que

ela foi efetuada no dia 04 de julho de 2007, quando foram abordados os mesmos

temas da palestra já realizada no Centro e Convivência para Idosos. (Fotografias 05

e 06)

50

Fotografia 05: Palestra realizada no dia 08 de maio de 2007 no CCI São Judas.

Fotografia 06: Palestra realizada no dia 04 de julho de 2007 no Centro de Múltiplo Uso João Ferreira de Macedo

51

5 CONCLUSÃO

A maioria dos idosos entrevistados apresentou quadro de hipossalivação.

Em geral, os idosos entrevistados apresentaram doenças sistêmicas,

principalmente as patologias cardiovasculares.

Em detrimento de suas patologias, os idosos fazem uso de medicações. Os

medicamentos mais comumente encontrados foram para as patologias

cardiovasculares.

Há uma estreita relação entre hipossalivação e determinados medicamentos e

suas respectivas patologias sistêmicas.

Assim, se faz necessária uma maior atenção aos riscos que a hipossalivação

poderá causar a saúde bucal, principalmente no idoso. Desta forma, cada vez mais

é preciso que o Cirurgião-Dentista tenha o conhecimento tanto com relação à saúde

bucal como também à saúde geral de seu paciente, devendo, assim, informá-lo e

tratá-lo da maneira mais adequada ao caso.

52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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53

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54

APÊNDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, _________________________________________________________ cédula

de identidade número ______________________declaro que concordo plenamente

com os termos da pesquisa: Condições de saúde bucal e sistêmicas de idosos

frequentadores do Centro de Convivência para Idosos do município de Itajaí (SC),

desenvolvido pelos acadêmicos Rômulo D’Avila Pedrini e Felipe Zunino França, que

tem por objetivo verificar o conhecimento da história pregressa e atual e as

condições bucais de pessoas da terceira idade, cadastradas e freqüentadoras do

Centro de Convivência para Idosos do município de Itajaí (SC), da qual serei

voluntário, conforme explicações que me foram fornecidas pelos pesquisadores.

Informo, outrossim, que estou ciente dos procedimentos, e benefícios decorrentes

da pesquisa, bem como da necessidade de responder a um questionário e da

realização de exame intra e extra-bucal e uma coleta de saliva em copo plástico

para avaliação do fluxo salivar. Tenho conhecimento de que posso pedir

informações aos pesquisadores sempre que eu achar necessário. Estou ciente e

devidamente informado de que posso abandonar por livre e espontânea vontade a

referida pesquisa a qualquer momento, mas que, nesta condição, torno-me

responsável por possíveis prejuízos e/ou riscos. Estou ciente, também, que sem que

haja identificação, os dados coletados poderão ser usados no Trabalho de

Conclusão de Curso, apresentados em plenário e, eventualmente, publicados em

periódicos da área.

E, para tornar válido o presente instrumento, assino-o.

Itajaí SC, _____/_____________/__________

Paciente:___________________________ Orientador:_______________________

Endereço:__________________________ Endereço:________________________ Telefone:___________________________ Telefone:________________________ Acadêmico:_________________________Acadêmico:______________________ Endereço:__________________________Endereço:_______________________ Telefone:___________________________ Telefone:_________________________

55

APÊNDICE B

FICHA CLÍNICA

1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Número do protocolo:_________Data de nascimento: ____/____/_____

Nome:______________________________________________________________

Sexo:________________Cor: ___________________________________________

Endereço:___________________________________________________________

Cidade:_________________________UF:_______CEP:______________________

Telefone:____________________________________________________________

Profissão/ocupação:___________________________________________________

Renda mensal: ( ) menos de 1 salário mínimo ( ) 1 salário mínimo

( ) 2 salário mínimos ( ) 3 salário mínimos ( ) Mais que 3 salário mínimos

2 HISTÓRIA MÉDICA

Já esteve hospitalizado: ( )Sim ( )Não

Motivo:______________________________________________________________

Há quanto tempo:_____________________________________________________

Já realizou/está em algum tratamento médico: ( )Sim ( )Não

Qual(is):_____________________________________________________________

56

Há quanto tempo:_____________________________________________________

Toma algum medicamento: ( )Sim ( )Não

Qual(is):_____________________________________________________________

Há quanto tempo:_____________________________________________________

É alérgico a algum medicamento/alimento: ( )Sim ( )Não

Qual(is):_____________________________________________________________

Apresenta alguma das doenças abaixo?

( ) Distúrbio hemorrágico ( ) A.V.C.

( ) Lesão cardíaca congênita ( ) Gastrite

( ) Pressão arterial alta/baixa ( ) Icterícia

( ) Tuberculose ( ) Asma/tosse

( ) Febre reumática ( ) Diabetes

( ) Anemia ( ) Hepatite

( ) Úlcera gástrica ( ) Artrite

( ) Tratamento psiquiátrico ( ) Desmaios

( ) Outros:__________________________________________________________

Há quanto tempo apresenta a doença citada

anteriormente:_______________________________________________________

57

FICHA CLÍNICA DENTÁRIA

1 Dentes/Prótese:

Há perda de dentes: ( ) Sim ( ) Não

A perda dos dentes é: ( ) Total ( ) Parcial

Motivo da perda dos dentes:_____________________________________________

Quando perdeu os dentes:______________________________________________

Portador de prótese: ( ) Sim ( ) Não

Quanto tempo usa prótese:______________________________________________

Tipo de prótese: ( ) Total ( ) Parcial

Adaptação à mucosa: ( ) Bem ( ) Mal

Higieniza a prótese: ( ) Sim ( ) Não

Presença de lesão: ( ) sim ( ) Não

Tipo de lesão:________________________________________________________

2 Necessidade de adequação bucal:

( ) Exodontia ( ) Endodontia ( ) Restauração ( ) RAPCR

( ) Adequar a prótese

( ) Não

58

3 Higiene oral:

( ) Boa ( ) Satisfatória

( ) Regular ( ) Ruim

Última visita ao dentista:________________________________________________

Motivo:______________________________________________________________

Escovação (Freqüência e Como é

feita):_______________________________________________________________

___________________________________________________________________

Uso de meios auxiliares:

( ) Fio dental ( ) Escova interdental ( )Passa fio

( ) Escova Uni/bitufo ( ) Escova elétrica

Já usou ou usa flúor:___________________________________________________

Qual tipo:____________________________________________________________

Fluxo Salivar: ( ) Baixo ( ) intermediário ( ) normal

Mucosa: ( ) normal ( ) alterada

( ) Mácula vermelha

( ) Ulcerada

( ) Hiperplásica ( ) Mucosite