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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DA UNIVALI EM SÃO JOSÉ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO – HABILITAÇÃO EM MARKETING DJONE LUIZ KAMMERS DA SILVA REVITALIZAÇÃO DA MARCA E O CASO DO FIGUEIRENSE FUTEBOL CLUBE São José 2005

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DA UNIVALI EM SÃO JOSÉ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO – HABILITAÇÃO EM

MARKETING

DJONE LUIZ KAMMERS DA SILVA

REVITALIZAÇÃO DA MARCA E O CASO DO FIGUEIRENSE FUTEBOL CLUBE

São José 2005

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DJONE LUIZ KAMMERS DA SILVA

REVITALIZAÇÃO DA MARCA E O CASO DO FIGUEIRENSE FUTEBOL CLUBE

Trabalho de Conclusão de Curso - pesquisa teórico-empírica -

apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de

Bacharel em Administração da Universidade do Vale do

Itajaí.

Professor Orientador: Prof. Ricardo Boeing da Silveira

São José

2005

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DJONE LUIZ KAMMERS DA SILVA

REVITALIZAÇÃO DA MARCA E O CASO DO FIGUEIRENSE FUTEBOL CLUBE

Este Trabalho de Conclusão de Estágio foi julgado adequado e aprovado em sua forma final

pela Coordenação do Curso de Administração – Habilitação Marketing, da Universidade do

Vale do Itajaí.

Prof (a) MSc. Luciana Merlin Bervian Univali – CE São José

Coordenador (a) do Curso

Banca Examinadora:

Prof. Ricardo Boeing da Silveira

Univali – CE São José Professor Orientador

Prof. Dimas Pincinato Alves

Univali – CE São José Membro

Prof. Rosalbo Ferreira

Univali – CE São José Membro

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Dedico o presente trabalho aos meus amados pais,

Vanir e Vilfrida que se encontram ao lado de Deus

e sempre iluminaram meu caminho com muita paz,

e foram meus verdadeiros professores, que me

prepararam para enfrentar a aventura da vida, e com

prazer, vencer os desafios e superar obstáculos.

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Agradecimentos: A elaboração do presente trabalho não teria

sido possível sem a colaboração de várias pessoas que me

foram fonte de ensinamento, apoio, reflexão e ajuda.

Desta forma agradeço:

A Deus, por me acompanhar e nunca ter me deixado nos

momentos difíceis, permitindo que eu chegasse com êxito e fé

ao final do curso. Aos meus tios, Lindomar e Izabel que me

guiaram nesta caminhada. Aos meus irmãos que são tudo o que

tenho, e principalmente a minha namorada, Beatriz pela sua

compreensão, carinho e amor.

Ao meu orientador Profº Ricardo Boeing, pelas sábias palavras,

paciência, exemplo e confiança.

Ao Leonardo Estrella pelo apoio durante este trabalho e a todos

que de alguma forma incentivaram a minha chegada até aqui.

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“Podemos encontrar aspectos positivos até nas

situações negativas e é possível utilizar tudo isso

como experiência para o futuro”

Ayrton Senna

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RESUMO

O futebol brasileiro, motivo de orgulho desta nação, foi sempre organizado e administrado de acordo com as ‘emoções’ de seus dirigentes, que procuraram através da política de bastidores, operacionalizar o negócio “futebol” em campo. Durante algum tempo, isto foi possível. Entretanto, a dimensão do negócio “futebol” cresceu, e muito, da mesma forma que a indústria do esporte cresceu como um todo. As cifras negociadas entre clubes e televisões, entre clubes e federações e entre clubes e empresas, aumentaram a importância econômica deste esporte, demandando assim, que os modelos de administração tradicionais fossem substituídos por novos modelos, mais profissionais. E alguns clubes como é o caso do Figueirense Futebol Clube tinham que revitalizar sua marca para assim poder conquistar se espaço no cenário catarinense e nacional. No centro desta transformação, encontram-se os clubes de futebol, principalmente os que disputam a elite, a primeira divisão. Portanto, a necessidade de se profissionalizar as gestões dos clubes e de regular as atividades comerciais e lucrativas dos mesmos, exigiu a criação de uma lei – inicialmente a Lei Zico e depois a Lei Pelé. Neste novo cenário, surge a necessidade da adaptação ou transformação dos clubes sociais em clubes-empresas. Qual modelo de gestão o Figueirense Futebol Clube utilizou para Revitalizar sua Marca? Esta foi a pergunta respondida nesta pesquisa. A partir desta pergunta foi delimitada a fronteira do estudo. O objetivo desta pesquisa foi o de analisar o modelo de gestão adotado pelo Figueirense F.C. e que tipo de estratégia de marketing este clube desenvolve e como conseguiu revitalizar sua marca. A fim de cumprí-lo, foi adotada a proposta de modelos de gestão apropriados a realidade brasileira, de Aidar (2000) e Melo Neto (1998) para a estratégia de marketing, foi utilizado como modelo o composto de marketing adaptado – teoria dos 6 V’s – de Melo Neto (1998) e a cadeia de relacionamentos de Aidar (2000). A metodologia utilizada foi a de pesquisa qualitativa, baseada na estratégia do estudo de caso. Os dados foram coletados através de entrevistas pessoais e de documentos do clube. A interpretação dos resultados se deu pela utilização de juízos de valor do pesquisador, do resultado de uma tarefa projetiva realizada com o representante do clube e pelo uso de benchmarking. Como conclusão do estudo, o clube pesquisado conseguiu revitalizar sua marca com um modelo de gestão em sintonia com a proposta dos autores pesquisados. A estratégia de marketing desenvolvida demonstrou ter prioridades diferentes, além de ações de marketing inovadoras e inéditas até o momento.

Palavras-chaves: Revitalização, Marca, Modelo de gestão, Estratégia de marketing.

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ABSTRACT

The Brazilian soccer, reason of pride of this nation, always was organized and managed in accordance with the ' emotions ' of its controllers, that they had looked through the politics of embroidery frames, to operacionalizar the business soccer in field. During some time, this was possible. However, the dimension of the business soccer grew, and very, in the same way that the industry of the sport grew as a whole. The ciphers negotiated between clubs and televisions, between clubs and federacies, clubs and companies, had increased the economic importance of this sport, thus demanding, that the traditional models of administration were substituted by new models, more professional. E some clubs as it is the case of the Figueirense Soccer Club that had that to revitalize its mark thus to be able to conquer if space in the catarinense and national scene. In the center of this transformation, the soccer clubs meet, mainly the ones that dispute the elite, the first division. Therefore, the necessity of if professionalizing the managements of the clubs and of regulating the commercial and lucrative activities of the same ones, the Law Zico demanded the creation of a law - initially and later the Law Pelé. In this new scene, the necessity appears of the adaptation or transformation of the social clubs in club-companies. Which model of management the Figueirense Soccer Club used To revitalize its Mark? This was the question answered in this research. To leave of this question the border of the study was delimited. The objective of this research was to analyze the model of management Figueirense F.C. adopted and the type of marketing strategy this club develops and as it obtained to revitalize its mark. In order to accomplish it, the Brazilian reality was adopted the proposal of appropriate models of management, of Aidar (2000) and Melo Grandson (1998) for the marketing strategy, was used as model the made up of suitable marketing - the 6 theory of V's - of Melo Grandson (1998) and the chain of relationships of Aidar (2000). The used methodology was of qualitative research, based in the strategy of the case study. The data had been collected through personal interviews and of documents of the club. The interpretation of the results if gave for the use of judgments of value of the researcher, the result of a carried through projetiva task with the representative of the club and for the use of benchmarkings. As conclusion of the study, the searched club I obtained to revitalize its mark with a model of management in tunning with the proposal of the searched authors. The developed strategy of marketing demonstrated to have different priorities, beyond innovative and unknown actions of marketing until the moment. Key-words: Mark, Model of management, Strategy of marketing.

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Lista de ilustrações

Quadro 1- Tangível e intangível – os números de uma história de amor.................................16

Figura 1 – Organograma geral..................................................................................................26

Figura 2 – Modelo de gestão do Figueirense............................................................................28

Quadro 2 – Mercado de consumo identificado para o Figueirense F.C....................................29

Quadro 3 – Relacionamentos comerciais do Figueirense F.C..................................................30

Quadro 4 – Distribuição de receitas do Figueirense e do Manchester......................................33

Quadro 5 – Prioridade de planejamento e implementação dos 6 V’.........................................33

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SUMÁRIO

Resumo .................................................................................................................................................................. vi

Abstract ................................................................................................................................................................vii

Lista de ilustrações .............................................................................................................................................viii

1 INTRODUÇÃO 1

1.1 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA .................................................................... 1

1.2 OBJETIVOS ............................................................................................................ 2

1.2.1 Objetivo geral ........................................................................................... 2

1.2.2 Objetivos específicos ............................................................................... 2

1.3 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 2

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 4

2.1 MARKETING .......................................................................................................... 4

2.2 MARKETING ESPORTIVO E AS ORGANIZAÇÕES......................................................... 5

2.3 MARCA ................................................................................................................. 8

2.3.1 O papel da marca.................................................................................... 11

2.3.2 Valor de marca ....................................................................................... 12

2.3.3 Estratégia da marca................................................................................ 14

2.3.4 Quanto vale uma marca .......................................................................... 14

2.4 REVITALIZAÇÃO DA MARCA................................................................................. 17

3 DESCRIÇÃO DO MÉTODO 19

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA .......................................................................... 19

3.2 COLETA DE DADOS .............................................................................................. 19

3.3 LIMITAÇÕES DA PESQUISA.................................................................................... 20

4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DO CASO ESTUDADO 21

4.1 IDENTIFICAÇÃO DO CLUBE ................................................................................... 21

4.2 COMO OCORREU A REVITALIZAÇÃO NO FIGUEIRENSE F.C.?................................... 22

4.3 ORGANOGRAMA GERAL DO CLUBE ....................................................................... 24

4.4 MODELO DE GESTÃO IDENTIFICADO NO FIGUEIRENSE F.C. .................................... 27

4.5 ESTRATÉGIA DE MARKETING DO FIGUEIRENSE...................................... 28

4.5.1 O mercado para o Figueirense F.C. ......................................................... 29

4.5.2 Os relacionamentos comerciais ............................................................... 30

4.5.3 O composto de marketing do Figueirense................................................ 33

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 38

6 REFERÊNCIAS 42

7 APÊNDICE 44

8 ANEXO 45

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1 INTRODUÇÃO

Com a crescente competitividade as organizações enfrentam desafios diários e para

superá-los fazem uso de novas tecnologias de informação, permitindo um campo fértil para o

marketing, além de necessitarem de equipes capazes de administrar eficientemente seus

recursos.

Isso se faz necessário devido ao fato de que, a cada dia que passa, os consumidores se

tornam mais exigentes em relação aos produtos que adquirem ou pretendem adquirir. Os

obstáculos são inúmeros e o desafio é grande, com isso à administração dos procedimentos é

de extrema importância para a organização, pois assim poderá obter o lucro através da

alocação correta desses recursos.

Neste trabalho abordar-se-á a revitalização da marca, que ocorreu nos últimos 5

(cinco) anos, no Figueirense Futebol Clube, onde o mesmo utilizou ferramentas do marketing,

para poder revitalizar sua marca, que com o passar de sua história vinha sofrendo grande

queda e perda de oportunidades de investimento. As ferramentas de marketing foram muito

utilizadas, porem o marketing esportivo foi o grande diferencial para essa mudança, sendo

uma alternativa altamente rentável em termos de boa imagem, como pelas seguintes razões:

aumentar o conhecimento da empresa Figueirense Futebol Clube; Melhorar a imagem;

Demonstrar responsabilidade social e alimentar o orgulho e a motivação dos funcionários e

torcedores.

A utilização do marketing esportivo é uma prática já difundida em todo mundo, porém

pode-se dizer que ainda é nova no Brasil. Surgida no país por volta de 30 anos, o marketing

esportivo está em uma fase de alto nível de desenvolvimento. Isso se deve, principalmente, ao

processo de profissionalização pelo qual os clubes esportivos brasileiros estão passando. Os

administradores esportivos perceberam o grande mercado ligado ao esporte e começam a

cuidar do mesmo como um grande negócio, altamente lucrativo (MELO NETO, 1998).

1.1 Descrição da situação Problema

O clube passou recentemente por várias situações que culminaram em um processo de

revitalização de sua marca, o qual proporcionou inúmeras mudanças positivas em sua

estrutura e imagem perante seus torcedores e patrocinadores. Entender tal processo é

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fundamental para criar indicadores que possibilitem o vislumbramento de atividades

relacionadas ao referido procedimento.

Com base nos segmentos apresentados é possível identificar a seguinte questão de

pesquisa: Qual modelo de gestão o Figueirense Futebol Clube utilizou para Revitalizar

sua Marca?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

• Analisar o modelo de gestão do Figueirense Futebol Clube, utilizado na revitalização

de sua marca.

1.2.2 Objetivos específicos

• Identificar as etapas do processo de revitalização marca.

• Revisar conceitos sobre Marketing e Marketing Esportivo na organização estudada.

• Comparar o caso estudado com encontrados em literatura sobre o tema.

• Verificar os aspectos facilitadores e dificultadores da revitalização da marca do

Figueirense Futebol Clube.

1.3 Justificativa

A pesquisa aqui apresentada é de grande importância para a formação do acadêmico

pelo fato do Figueirense Futebol Clube ser o clube com a maior expressão no cenário

catarinense, devido a toda evolução ocorrida em sua administração durante os últimos 5 anos.

As principais ações para estas mudanças foram: o saneamento financeiro, reorganização

funcional, investimentos, modernização patrimonial, qualificação técnica e ações

comunitárias. Diante toda esta mudança o clube alcançou maiores investimentos em várias

áreas do clube, podendo alcançar receitas maiores e um maior aparecimento na mídia e o

retorno à mente do torcedor.

A revitalização da marca utiliza estratégias necessárias para o resgate do

desenvolvimento. Aaker (1998) sugere que as tentativas de revitalização da marca com a

melhoria de sua participação no mercado, pelo aperfeiçoamento da marca ou usando ações de

marketing mais agressivas , pode causar estímulos da concorrência. Sendo assim, um bom

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posicionamento e atividades previamente planejadas precisam estar acordadas com os

objetivos da organização.

Tais acontecimentos confirmam a importância do referido ensaio, uma vez que

possibilita a integração de conceitos teóricos com a realidade prática, e o resultado deste

trabalho permitirá que o Figueirense Futebol Clube possa elaborar novas ações de marketing

esportivo e obter vantagens competitivas.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo do trabalho apresenta a teoria na qual o mesmo se baseia. Sendo assim,

apresentar-se-á a definição de marketing e, mais especificamente, de marketing esportivo e de

marca e sua revitalização.

2.1 Marketing

Marketing é uma palavra em inglês, derivada de market, que significa mercado. É

utilizada para expressar a ação voltada para o mercado. Assim, entende-se que a empresa que

pratica o marketing tem o mercado como a razão e o foco de suas ações.

“Marketing é um processo social por meio do qual as pessoas e grupos de pessoas

obtêm aquilo que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de

produtos e serviços de valor com os outros.” (KOTLER, 2000, p.30).

O conceito moderno de marketing surgiu no pós-guerra, na década de 1950, quando o

avanço da industrialização mundial acirrou a competição entre as empresas e a disputa pelos

mercados trouxe novos desafios. Já não bastava desenvolver e produzir produtos e serviços

com qualidade e a custo competitivo para que receitas e lucros fossem alcançados. O cliente

passou a contar com o poder de escolha, selecionando a alternativa que lhe proporcionasse a

melhor relação entre custo e benefício. (KOTLER, 2000).

As empresas, reconhecendo que a decisão final sobre a compra estava nas mãos dos

clientes, passaram a adotar práticas como pesquisa e análise de mercado, adequação dos

produtos segundo as necessidades e características dos clientes, comunicação dos benefícios

do produto em veículos de massa, promoção de vendas, expansão e diversificação dos canais

de distribuição. Passou-se a orientar as decisões e ações das empresas para o mercado,

surgindo novos conceitos como “empresa orientada para o mercado”, “criação de vantagens

competitivas”, “criação de valor para o cliente”, entre outros.

Todas as ações relacionadas à respectiva área exercem extrema importância em todo e

qualquer tipo de organização, independente do porte ou ramo de atividade. Organizações

lucrativas e não lucrativas fazem uso de suas funções com o intuito de alavancar seus

negócios, atingir suas metas e permanecer no mercado. As atividades anexadas ao lazer têm

se destacado como um dos ramos mais promissores atualmente, sendo o esporte uma delas. O

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futebol, por ser uma das paixões nacionais com maior número de adeptos existentes, torna-se

evidência, retirando suas estratégias de uma das ramificações do marketing: o marketing

esportivo.

2.2 Marketing esportivo e as organizações

Como dito anteriormente, o marketing pode ser utilizado em todas as organizações. O

marketing esportivo é a utilização do marketing por organizações esportivas ou a utilização

das organizações esportivas para a divulgação e promoção de empresas. Afif (2000) define

marketing esportivo como "um conjunto de ações voltadas à prática e à divulgação de

modalidades esportivas, clubes e associações, seja pela promoção de eventos e torneios ou

pelo patrocínio de equipes e clubes esportivos".

Segundo Melo Neto (1998) é um novo segmento no mercado de comunicação e trata-

se de um tipo de marketing promocional que atua na dimensão institucional de uma marca ou

empresa. O marketing esportivo busca, desta maneira, associar a imagem de um clube com

uma empresa, e vice-versa, fazendo com que os clientes associem a qualidade dos produtos da

empresa ao clube ou associem a imagem positiva do clube à empresa.

Afif (2000) diz que "empresas e marcas líderes costumam privilegiar esta área,

aproveitando-se da boa imagem de atletas ou equipes esportivas junto à opinião pública,

gerando resultados extremamente positivos para suas imagens". E nisso, diz o autor, o

marketing esportivo "cai como uma luva", pois é o momento em que se pode atingir o

espectador (consumidor) em seu momento de lazer, quando está aberto à mensagem da

empresa e seus produtos.

O marketing esportivo pode ser utilizado por empresas, com o objetivo de divulgar

e/ou promover seus produtos e/ou sua marca, e por clubes esportivos, que buscam gerar

receitas. Para Melo Neto (1998) o marketing de clubes, é portanto, uma modalidade de

marketing que tem como objetivo buscar receitas para o clube através de ações voltadas para

os seguintes segmentos:

• Realização de promoções nos jogos do clube;

• Realização de promoções durante as transmissões dos jogos do clube;

• Comercialização da marca do clube como franquia;

• Venda de franquia para escolinhas;

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• Gestão de empreendimentos do tipo parcerias para a construção de shopping-centers,

outlets;

• Venda de publicidade em seu estádio;

• Venda de patrocínio do clube e/ou suas equipes;

• Venda de serviços para seus associados e torcedores;

• Venda de títulos de sócios;

• Contratos de arrendamento, leasing e concessão com fornecedores e prestadores de

serviços;

• Venda de jogadores.

Para as empresas que utilizam o esporte para a promoção de seus produtos, o objetivo

dessas ações são o aumento do reconhecimento do público, reforçar a imagem corporativa,

estabelecer ligação com segmentos específicos de mercado, combater ou antecipar-se às ações

da concorrência, envolver a empresa com a comunidade, conferir credibilidade ao produto

com a qualidade e a emoção do evento garantir a exposição do produto, entre outras.

Assim, diversas ações podem efetivar o marketing esportivo. Afif (2000) destaca cinco

destas ações. São elas:

• Alternativa à mídia convencional: a evidência do nome ocorre não só durante a

duração das competições como também nos dias seguintes, com a divulgação da

imprensa, na televisão e nos jornais.

• Reforço ou construção da imagem institucional: a emoção que o esporte oferece ao

público é transferida à imagem da empresa patrocinadora, pois a marca também

está participando daquele "momento mágico".

• Incremento das verbas: criação de comerciais com a participação de atletas.

• Segmentação do público-alvo: é uma maneira de conciliar o produto ao público-

alvo, racionalizando investimentos. Para isso, é preciso recorrer às pesquisas de

mercado.

• Rejuvenescimento da imagem: incentivar atividades esportivas constrói uma

imagem mais jovem da empresa, tanto no produto quanto na marca da companhia.

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Algumas empresas adotam o marketing esportivo principalmente para alavancar um

novo momento quando atravessam momentos de crise. Afif (2000) cita um caso típico, que

aconteceu em 1992, quando o Banco do Brasil resolveu investir no esporte como forma de

motivar funcionários e superar problemas financeiros. Patrocinou a seleção brasileira de vôlei

nas Olimpíadas de Barcelona, criando a Torcida Brasil, obtendo novas parcerias com seus

clientes. Em seguida, criou o Projeto Atlanta, levando a marca aos Estados Unidos, dentro de

um tema olímpico. Os resultados obtidos foram excepcionais e o banco superou a crise.

Para Melo Neto (1998) é muito difícil uma data que caracterize o nascimento do

marketing esportivo no Brasil. Ele aponta o fim dos anos 70 e o início dos anos 80 como o

início de uma grande transformação no esporte brasileiro, onde as empresas começam a

investir no esporte buscando retorno publicitário e de vendas.

Melo Neto (1998) ainda ressalta que no país, o primeiro esporte a receber um

investimento significativo das empresas foi o vôlei, posteriormente o basquete e o futebol de

salão. Outros esportes, como o futebol, tendem a receber investimentos maiores fortalecendo

suas ações da marketing, as quais refletirão no retorno não só para o clube mas,

principalmente, para as empresas que lá investem. Porém, os clubes que tiverem esta

oportunidade também sairão ganhando, pois fortalecerão sua marca, consolidando sua

imagem. Deste modo, a teoria aqui apresentada teve por objetivo fundamentar as ações de

marketing que a organização alvo deste trabalho está implementando para obter o retorno

desejado, ou seja, ver sua imagem forte, divulgada e reconhecida no meio esportivo.

Toda organização necessita possuir uma boa imagem perante o mercado para

possibilitar a manutenção de sua qualidade, fatores que auxiliam na conquista e retenção de

novos clientes. Neste âmbito, até mesmo os clubes esportivos, mais especificadamente,

carecem de estratégias que facilitem suas atividades, como a captação de patrocinadores,

público presente e participativo, sendo a marca uma das principais responsáveis por tais

feitos.

Todos os esforços da referida área são centrados no sentido de incrementar os

negócios da organização e garantir a sua sobrevivência no mercado atual. Ações são

desenvolvidas focando sempre os clientes, gerando então uma boa rentabilidade, além de

possibilitar investimentos geradores de melhorias que são revertidos em benefícios a todos os

integrantes da empresa. Um dos fatores que mais auxiliam na busca e fidelização de clientes é

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a marca, que pode significar o sucesso ou o fracasso organizacional, dependendo das

estratégias desenvolvidas.

2.3 Marca

A marca pode ser definida de várias maneiras, conforme Martins (1997, p.15), que

optou pela seguinte:

Uma marca é um produto ou serviço ao qual foram dados uma identidade, um nome e valor adicional de uma imagem de marca. A imagem é desenvolvida pela propaganda ou em todas as outras comunicações associadas ao produto, incluindo a sua embalagem.

Já Ogilvy (apud Marcondes, 2003), define Marca como “[...] a soma intangível dos

atributos de um produto: seu nome, sua embalagem e preço, sua história, sua reputação e a

forma como é anunciada”. Ogilvy caminhou no sentido certo e admite que a intangibilidade é

inerente às marcas, mas é ainda um pouco tímido e destaca aspectos da sua área de atividade,

que estão diretamente relacionados e que podem influenciá-la positiva ou negativamente.

Assim, as marcas podem ser excitantes, sinceras, competentes, sofisticadas, rudes,

agradáveis, etc. Mas, apesar de ser útil na análise comparativa entre marcas concorrentes, o

sistema é falho. Embora possamos nos apaixonar por elas, marcas não são pessoas e sua

personalidade pode ser entendida de acordo com a personalidade de quem as olha.

Gregory (apud Marcondes, 2003) tem uma definição interessante:

Marca não é uma coisa, um produto, uma companhia ou uma organização. Marcas não existem no mundo físico, são construções mentais. Marcas podem ser mais bem definidas como a soma total de experiências humanas, percepções e sentimentos sobre algo em particular, seja um produto ou uma organização. Marcas existem no âmbito da consciência, seja dos indivíduos seja de um público.

É necessário, porém, observar aspectos que possam gerar resultados positivos à

organização, sendo necessário para tanto distinguir atividades que garantam uma boa imagem

a marca e, consequentemente, à empresa. Verificar seu papel torna-se então primordial, pois a

marca exerce forte influência nos negócios organizacionais.

Os Consumidores deste século estão mais preocupados em decidir suas aquisições

baseados nas características técnicas dos produtos. Orientam-se através das mensagens de

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benefícios transmitidos pela marca, o que requer boa dose de criatividade e empenho por parte

dos responsáveis pela sua divulgação.

A gestão da marca, portanto, é de interesse das organizações, e deve pautar o ritmo de

trabalho dos administradores e a equipe que as auxilia nessa tarefa, ou seja, os publicitários e

os profissionais de Marketing, a quem compete a sua construção e divulgação.

Segundo os autores, qualquer empresa, independente de seu porte, que se dedique a

estudar e aplicar os conceitos pertinentes, pode se beneficiar das mesmas estratégias aplicadas

por grandes corporações para suas marcas.

Uma marca que consegue ser comunicada com inteligência junto aos consumidores,

abre caminho pra ser transformada em um verdadeiro patrimônio da organização.

Martins (1998, p.16), convencionou os fatores que compõem uma marca, são eles:

- Identidade

- Nome

- Desenho

- Proteção Legal

- Comunicação

- Reputação

- Gerenciamento

Segundo o autor, é preciso entender que uma boa marca não pode ser entendida e

gerenciada como a obrigação de um setor específico da sua organização, ou simplesmente

como o acerto de um nome ou desenho que sejam apenas bonitos, cujo julgamento parta

apenas das suas percepções pessoais.

É indispensável cuidar continuamente da marca a ser divulgada pela organização, cujo

objetivo é a busca de aperfeiçoamento, reconhecimento e fidelidade por parte dos seus

consumidores.

As marcas mais importantes e conhecidas, como a Coca-cola, o Omo, o Pão de

Açúcar, A Levi’s, a Arno, a Quaker, a Nestlé e a Hering, entre outras, se valem dos sete

componentes citados por Martins, conforme o próprio autor.

Por outro lado, KOTLER (1995, p.386) define marca como:

[...] um nome, designação, sinal símbolo ou a combinação dos mesmos, que tem o propósito de identificar bens e serviços de um vendedor ou grupo de vendedores e de diferencia-los de concorrentes.

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Segundo o autor, portanto, a marca representa e identifica a organização, bem como

seus produtos ou serviços, e a sua credibilidade é construída tanto pela qualidade destes

produtos ou serviços oferecidos, como pelas ações organizacionais frente aos seus públicos.

Comparada com a definição selecionada por Martins, observa-se que ambos se

assemelham e referem à qualidade e as características técnicas dos produtos, e requerem

criatividade e empenho dos responsáveis pelas ações organizacionais perante seus

consumidores.

Entende-se, pois, analisando os conceitos enumerados, que a marca agrega valores,

cultura, e a própria personalidade da organização. Desse modo, o consumidor, ao adquirir um

produto, está adquirindo todo esse conjunto proporcionado.

E é nesse sentido que verifica-se estar a imagem da organização diretamente ligada

com a marca, uma vez que esta identifica a empresa. É, pois de responsabilidade do

profissional de marketing, desenvolver e criar estratégias de ação que possibilite o

fortalecimento da marca perante os públicos envolvidos, através das ações organizacionais.

Antigamente, como a concorrência era mais restrita, a maioria dos novos

empreendedores não encontrava maiores dificuldades em impor suas marcas. Assim sendo,

aqueles que sabiam trabalhar com o mínimo indispensável, como bom atendimento, entrega,

confiança, etc..., a missão de construir marcas sólidas e valorizadas, ou mesmo consolida-las,

era bem simples, uma vez que os possíveis concorrentes estavam muito ocupados em entender

a uma demanda pouco exigente, que não parava de crescer. Hoje em dia, seja qual for a

atividade, em qualquer negocio há uma concorrência cada vez mais acirrada, numa luta

incansável pela disputa por novos consumidores ou pela manutenção dos já existentes.

Marcas são ícones e agentes eficazes do processo global.

Somente marcas tradicionais e consolidadas no mercado podem se dar ao luxo de veicular campanhas com menor foco na mensagem ainda assim, desde que intercalados alguns filmes mais dirigidos ao produto. (MARTINS, 1997, p. 89):

Assim sendo, é indispensável o desenvolvimento de ações planejadas e dirigidas

convenientemente, uma vez que novas marcas têm dificuldade de obter bons índices de

lembrança e persuasão, devendo, pois, o profissional se concentrar na transmissão correta da

marca e dos benefícios do produto para conquistar o consumidor.

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2.3.1 O papel da marca

Segundo Aaker (1998) muito se fala de marcas como ativos e como 'produtos' das

organizações que a detém. É importante, porém, identificar quais são as características

principais e o seu real valor para qualquer organização. Algumas denominações que as

organizações dão aos seus produtos ou serviços estão muito atreladas às marcas, podendo

definir seu real papel de acordo com a sua interpretação:

• Um signo que se diferencia no mercado: numa primeira aproximação, para

quem olha de fora, a marca é o que permite identificar um produto ou serviço

ou mesmo uma organização: é o seu nome comercial. Como tal, é propriedade

da organização que a criou e deve estar protegida por leis de patentes e de

direitos autorais. A marca fica ligada ao criador, organização ou pessoa que a

desenhou, pelo resto de sua vida através dos direitos autorais. Pela lei de

patentes a marca fica ligada a organização que a registrou e pode ser vendida

ou trocar de mãos ao longo de sua vida. A criação não pode ser mudada,

independentemente do desejo de ambas as partes;

• Uma imagem marcante: mais do que um simples nome, a marca, se for eficaz

como imagem na mente dos seus consumidores e formadores de opinião,

transmite uma série de conceitos e valores implícitos em sua imagem,

tornando-se assim um símbolo. O trabalho mais difícil da organização consiste

em transmitir uma idéia complexa através de sinais simples, rotineiramente.

Mas para isso é necessário um trabalho difícil e longo a ser percorrido com

ações de comunicação constante e feitas ordenadamente de modo a valorizar e

a fixar sua imagem na mente dos seus clientes e formadores de opinião. As

organizações que investem na imagem da sua marca o fazem em busca de três

características;

• Credibilidade: para ser uma opção de procura constante por parte de clientes e

consumidores, a marca deve trazer consigo a imagem de credibilidade, sem a

qual nenhuma organização sobrevive. A credibilidade é a garantia de que as

ações empreendidas pela organização são legítimas;

• Legitimidade: para ser fontes de ações éticas a marca, assim como a

organização, precisa de legitimidade nas suas ações, demonstrando aos seus

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consumidores que seus atos sempre são pautados por ações corretas e que

visam, sempre, o maior benefício aos seus consumidores, sejam quais forem;

• Afetividade: para ser referência de ações de tratamento respeitoso e simpático,

as organizações buscam ter e receber o afeto por parte de seus consumidores

mais ativos e que pode ser traduzido como um sinal de fidelidade por parte

destes mesmos consumidores;

• Um ativo imensurável: já é reconhecido e aceito que uma marca forte

representa um valor inestimável para a organização que a detém. Mesmo que

este valor não esteja, ou não possa estar expresso nas contas financeiras das

organizações, é um valor a ser considerado nos momentos em que a

organização está para ser adquirida por outra, ou mesmo nos momentos de

negociação de campanhas de mídia, ou na compra ou venda de produtos ou

serviços para seus clientes ou fornecedores. O 'peso' da marca impõem respeito

pelo simples fato de todos querem estar perto dos líderes.

Todas as questões relacionados a marca e suas influências devem ser estudados,

possibilitando uma maior interação entre a organização e seus clientes. Vários aspectos

diretamente inseridos à marca, como a lealdade, qualidade percebida e valor agregado, podem

ser agrupados a modelos de valor de marca, que serão vistos à seguir.

2.3.2 Valor de marca

Segundo Tavares (1998), os gostos, valores, crenças e preferências influenciam o

comportamento de compra e de consumo do consumidor. Os atributos dos quais se adotam o

produto desempenho um importante papel para determinar em que o consumidor se apóia, de

modo a desenvolver os seus componente cognitivos e afetivos. Há uma correspondência entre

esses atributos e o processo de construção da preferência e lealdade do consumidor.

A partir deste contexto será apresentados cinco variáveis com o objetivo de apresentar

um panorama geral das diferentes formas que são utilizadas para a avaliação do valor de

marca, segundo Aaker (1998) e Tavares (1998):

1)Lealdade à Marca: a lealdade ocorre quando as atitudes e crenças favoráveis à marca

são manifestadas em repetidos comportamentos de compra. Para estabelecer o que é lealdade,

há uma serie de possibilidades:

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• O consumidor trocará de marcas, principalmente por razões de preço. Não há

nenhuma lealdade de marca.

• O consumidor está satisfeito. Não há razão para mudar de marca.

• O consumidor está satisfeito e teria algum custo para mudar de marca.

• O consumidor valoriza a marca e a vê como uma amiga.

• O consumidor é devotado à marca.

2) Consciência de Marca: relaciona-se à lembrança e reconhecimento que o

consumidor tem do desempenho da marca. As pessoas tendem a comprar uma marca

conhecida pois sentem-se confortáveis com o que lhes é familiar. Existem três tipos mais

usuais de consciência, cada um apresentando níveis crescentes de dificuldades:

• “top of mind”, que avalia se a marca é a primeira que surge na mente quando

se questiona uma pessoa acerca de certa categoria de produtos;

• Consciência não assistida, que mensura a preeminência da marca, no caso de

uma associação não auxiliada com a categoria de produto;

• Consciência assistida, que consiste em indagar o público se ele tem ouvido a

respeito de certas marcas, se as conhecem apenas por nome.

3) Qualidade Percebida: na visão dos consumidores a qualidade não está

necessariamente relacionada com especificações técnicas do produto ou de análises

aprofundadas e criteriosas de características de produto. A qualidade que o consumidor

considera estaria relacionada com um sentimento amplo e intangível a respeito da marca. Essa

percepção de qualidade estaria ligada à capacidade da empresa de cobrar preços premium e a

possibilidade de inserir extensões dessa marca no mercado.

4) Associações à Marca: são as lembranças que a marca ativa no consumidor. Uma

condição necessária para a criação de uma atitude favorável à marca é que o nódulo dela

tenha sido estabelecido na memória e que acomode diferentes tipos de informações adequadas

ao esquema de referencias valorizadas pelo consumidor.

5) Ativos relacionados à Marca: o consumidor pode formar a imagem de marca a

partir da forma de sua disponibilização no varejo, são as patentes, marcas registradas e

relacionamentos exclusivos com canais de distribuição.

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Aaker (1998), salienta que os cinco elementos expostos acima se inter-relacionam e se

influenciam. Os fatores que irão ditar como ocorrem estes relacionamentos são o nível de

envolvimento do consumidor com o produto e o grau de importância que ele dá a compra e/ou

ao produto.

2.3.3 Estratégia da marca

Segundo Tavares (1998), a estratégia de marca ou branding é quando uma organização

usa um nome, frase, desenho, símbolos ou a combinação desses fatores para identificar seus

produtos e diferenciá-la dos concorrentes. Um nome de marca é qualquer palavra ou

“dispositivo” (desenho, som, forma ou cor), ou a combinação de tudo isso usada para

diferenciar os produtos ou serviços entre produtos concorrentes. Alguns nomes de marca

podem ser falados, como Sadia ou Tigre, e outros não podem, como a maçã (logotipo ou logo)

que a Apple Computer coloca em seus computadores e anúncios. Um nome comercial é a

razão social e comercial sob o qual uma organização faz negócios. A Fundição Tupy é o nome

comercial da organização. Uma marca registrada identifica que uma organização registrou no

INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) sua marca ou nome comercial para seu uso

exclusivo. Uma marca registrada conhecida pode ajudar uma organização a anunciar suas

ofertas aos clientes e tentar incluir neles a lealdade à marca.

Como uma boa marca registrada pode ajudar a vender um produto, isto dificulta a

falsificação do produto, que é um problema crescente que envolve cópias de baixo custo de

marcas populares não produzidas pelo fabricante original ou que pode prejudicar a reputação

da organização. A proteção da marca registrada é uma questão relevante no marketing global.

Ainda segundo Tavares (1998), os consumidores podem beneficiar-se da estratégia de

marca das organizações concorrentes. Reconhecer produtos concorrentes por marcas

registradas diferentes permite-lhes ser compradores mais eficientes. Os consumidores podem

reconhecer e evitar produtos com os quais não estejam satisfeitos, enquanto se tornam leais a

outras marcas mais satisfatórias. Lealdade de marca facilita a tomada de decisão por parte dos

consumidores ao eliminar a necessidade de uma busca por produtos similares e concorrentes.

2.3.4 Quanto vale uma marca

Aaker (1998) fala que “quando se pretende fazer uma avaliação do valor de uma

organização, seus produtos, seu parque fabril e de quanto vale sua marca, muitos itens

constam de um extenso cardápio de valorização”. Segundo Aaker (1998), cada detalhe detém

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valores agregados ao longo dos anos. Porém, nenhum deles conta tanto quanto o valor da

marca. Esta imagem que se solidifica no dia-a-dia dos consumidores e formadores de opinião

tinha um valor impensável há alguns anos atrás.

Olhando para o passado, quando se construía as marcas mais famosas do mercado,

pouco se dava de valor ao nome daquelas pequenas e médias organizações. Hoje, passados

algumas dezenas de anos, estas mesmas organizações se tornaram fortes, grande, gigantes em

produção e até mesmo exportação e se transformaram em poderio organizacional. A marca, o

nosso bem mais durável e importante, assim como o nosso nome, somente se solidifica com

ações positiva e que a legitimem como fonte de bons produtos e idéias na mente dos nossos

consumidores.

Segundo Marconde (2003), para esta análise da marca, tanto quanto um ativo, ou

quanto uma imagem para clientes ou consumidores, ou quanto a um valor intangível, é

preciso que se identifique e se distinga quatro fontes de valor da marca em si:

• Notoriedade: é o grau de conhecimento, exposição explícita e de visualização no

cotidiano da marca por parte dos consumidores e formadores de opinião; o fato de ser um

nome que reforça uma imagem que o mercado identifica com respeito é uma vantagem

competitiva substancial em relação aos seus concorrentes diretos e mesmo aos indiretos. Uma

marca adquire notoriedade através 'do prometer e do cumprir' aquilo que os clientes esperam

de seus produtos ou serviços ao longo de muitos anos.

• Qualidade percebida: é a qualidade que o consumidor atribui ao produto ou, antes

mesmo, à marca, e vai além dos atributos físicos reais do bem; é um valor intangível mas o

consumidor está disposto a pagar um determinado preço por ele, que pode variar de caso a

caso, tanto de produto quanto de cliente. O valor real da marca pode ser associado ao que o

consumidor tem em sua mente como valor agregado que a marca, além do produto

propriamente dito, trás junto de si. É o benefício que a longa estrada percorrida para formar a

imagem da organização trás consigo.

• Imagem de marca: é a capacidade de lembrar um conceito, uma imagem, uma frase de

impacto, um comercial, um desejo, uma necessidade ou um sentimento na mente do

consumidor; é muito útil na maioria das compras por impulso mas não é somente isto. A

atuação ética no dia-a-dia reforça e valoriza as marcas que detém respeito junto aos seus

consumidores por agirem de forma coerente e respeitosa sempre. A imagem da marca se

solidifica ao longo dos anos nas respostas dadas nas diferentes ações que a organização se

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depara na longa estrada do consumo. Uma imagem de marca não se faz em um dia, ou um

ano, se faz ao longo dos anos de trabalho árduo e com custo elevado para formar a 'imagem'

de seriedade junto aos seus clientes e formadores de opinião.

• Fidelidade: é o fato do cliente preferir não escolher outras marcas concorrentes, optando

pela marca de um determinado fornecedor, às vezes até mesmo com produto mais caro. A

fidelidade se dá quando o consumidor tem certeza absoluta que a sua satisfação se dará de

forma mais eficaz com o consumo de um determinado produto ou serviço em detrimento de

outro. A escolha do cliente fiel se dá de forma consciente e não apenas por um impulso de

consumo. É uma ação pensada e planejada, não apenas uma simples escolha no ponto de

venda.

Apesar da existência de um valor percebível nas marcas de produtos detidas pelas

organizações, ou na marca da organização propriamente dita, o seu cálculo é extremamente

difícil porque se trata muitas vezes de um conceito abstrato. Este critério, além dito, é muito

diferente aos olhos de cada um, é um ativo intangível, pouco mensurável, e porque não existe

uniformização nos critérios de mensuração nem padronização nos critérios de escolha por

parte de clientes e formadores de opinião.

MARCA VALOR DE MERCADO*

TANGÍVEL INTANGÍVEL %

Coca-Cola 164 6 158 96

American Express 41 6 35 84

Kellogg’s 19 1 18 97

Exxon 324 44 280 86 BP 194 44 150 77 Shell 210 50 160 76 Texaco 35 14 21 60

Quadro1: Tangível e intangível – os números de uma história de amor (*) Valores em bilhões de dólares (apud MARCONDES, 2003)

A consultoria inglesa de marcas, BrandFinance apud Marcondes (2003), fez um

levantamento com base nos balanços publicados das 500 maiores companhias do mundo.

Retirou tudo aquilo que, nos balanços, está lançado como patrimônio tangível e comparou o

que sobrou com seu valor de mercado (market cap), o valor que essas organizações têm nas

Bolsas de Valores. A conclusão é reveladora: na maior parte dos casos, mais de 60% do valor

das companhias é composto pelo intangível, algo que não está nos móveis, nos investimentos,

nas máquinas, em lugar físico algum do patrimônio das organizações.

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O grande trabalho é medir quanto vale o intangível, o que ficou de fora das avaliações

financeiras. Para essa organização que lida essencialmente com números, marca é tudo

relativo a uma companhia. O tangível e o intangível, o consciente e o inconsciente.

Nos diferentes períodos de desenvolvimento de organização, várias etapas devem ser

planejadas para que acontecimentos possam ser previstos e evitados. No entanto, nem sempre

estes planejamentos são formalizados e eventos inesperados acabam prejudicando a imagem

adquirida após anos de permanência no mercado. Empresas que assumiam um posto

diferenciado num passado devem trabalhar estratégias para que possam recuperar o prestígio e

a posição diferenciada novamente, tornando a revitalização uma atividade importante.

2.4 Revitalização da marca

Segundo Aaker (1998) a revitalização de uma marca, o alvo não é apenas gerar níveis

de vendas adicinais, mas uma operação que freqüentemente envolve melhorias do

conhecimento, aumento da qualidade percebida, mudança de associações, uma base de

consumidores expandida, e o aumento de lealdade.

“Na verdade, a revitalização de uma marca é, em geral, substancialmente menos

onerosa e menos arriscada que lançar uma nova marca, que pode custar dezenas de milhões e

que tem maior possibilidade de fracassar do que ser bem-sucedida”, diz Aaker (1998 p.255).

Para Aaker (1998), há sete caminhos para a revitalização da marca:

1) Aumento da utilização: a alternativa de tentar o aumento do uso entre os

consumidores atuais é, muitas vezes, menos ameaçador para os concorrentes, e assim pode ser

uma forma eficaz de aumentar o tamanho da base de vendas da marca.

2) Descoberta de novos usos: a descoberta e a exploração de um novo uso funcional

para a marca pode rejuvenescer um negocio considerado ultrapassado. Esta identificação de

novos usos pode ser melhor obtida por pesquisa de mercado determinando exatamente como

os consumidores usam a marca.

3) Entrada em novos mercados: entrar em uma área nova de mercado potencial de

crescimento adicional, analisando as variáveis de segmentação como, idade, localização

geográfica, benefícios exigidos e gênero.

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4) Reposicionamento da marca: uma estratégia de posicionamento pode se tornar

imprópria por ficar obsoleta com o tempo, pela faixa etária do mercado-alvo, ou pelo fato de a

associação tornar-se de menor apelo à medida que mudam de gostos e modas.

5) Aumento do produto e serviço: oferecer algo melhor, ou algo extra ou diferente

ao produto e serviço, alem de envolvimento do consumidor que tem papel fundamental.

6) Obsoletando produtos existentes: renovar os produtos, sem medo de investir em

novidades e estando pronto para a opção de ordenha, que é deixar de investir em propaganda e

em publicidade em produtos com:

• Uma marca titubiante ou com uma forte concorrência, ou demanda de

mercado erodido façam a área do negocio atual não atrativa;

• Que a empresa tenha melhores usos para seus recursos;

• Que a marca envolvida não seja crucial para a empresa, quer

financeiramente, quer sinergicamente;

• Que a ordenha seja viável, porque as vendas declinarão de uma maneira

ordenada.

7) Estendendo a marca: dando ao consumidor novas opções da utilização da marca

e do produto. Novas apresentações do mesmo revitalizam a marca do mesmo.

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3 DESCRIÇÃO DO MÉTODO

3.1 Caracterização da pesquisa

A metodologia utilizada nesse trabalho compreende uma pesquisa de natureza

qualitativa, pois esta se caracteriza pela ausência de um instrumental estatístico e também de

medidas numéricas.

De acordo com sua finalidade, a pesquisa será exploratória descritiva. A pesquisa

exploratória procura gerar hipóteses e explicações prováveis e identificar áreas para um

estudo mais aprofundado. Trata-se de questões que foram pouco pesquisadas anteriormente.

A pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições. (Gil, 2002, p. 41).

Já a pesquisa descritiva tem como objetivo primordial à descrição das características

de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre

variáveis (MATTAR, 2001).

O procedimento metodológico a ser utilizado será um estudo de caso, pois será

percebido um aprofundamento em um tema específico. De acordo com Gil (2002, p.54),

estudo de caso “consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira

que permita seu amplo e detalhado conhecimento”.

3.2 Coleta de dados

Os dados foram coletados no Figueirense Futebol Clube, bem como em sua biblioteca,

onde constam arquivos com os diversos tipos de documento, entre eles revistas, jornais, fitas

de vídeo. (fontes secundárias)

“Dados primários são aqueles que não foram antes coletados, estando ainda em posse

dos pesquisados, e são coletados com o propósito de atender as necessidades específicas da

pesquisa em andamento”. (MATTAR, 2001, p. 48).

“[...] Entre todas as técnicas de interrogação, a entrevista é a que apresenta a maior

flexibilidade. [...] Pode ser parcialmente estruturada, quando é guiada por relação de pontos

de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo de seu curso”. (Gil, 2002, p.117).

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Um roteiro de entrevista estruturado foi desenvolvido, almejando-se alcançar respostas que

levassem a aquisição dos objetivos.

A amostra inicial tinha como pretensão entrevistar o Presidente do Clube, o gerente

de marketing, funcionários do Figueirense, além dos líderes das duas maiores torcidas do

time. Entretanto, em virtude de dificuldades de agendamento dessas reuniões, várias

entrevistas foram canceladas, alcançando-se apenas o gerente de marketing. Mesmo assim,

dados inerentes ao resultado esperado foram resgatados, não prejudicando então a pesquisa.

A entrevista foi realizada no dia 06/05/2005, na sede do clube. O gerente de

marketing, Leonardo Estrella, respondeu as perguntas do roteiro e possibilitou, em conjunto

com os dados secundários obtidos com a pesquisa bibliográfica feita nos livros e revistas

disponíveis na área, além do banco dados da organização, uma análise a respeito do modelo

de gestão utilizado e os benefícios proporcionados pela revitalização da marca.

Outras pessoas importantes e que forneceram informações pertinentes ao tema

pesquisado foram questionadas informalmente, sem um roteiro de entrevista previamente

definido. Porém, vários dados foram adquiridos através destas indagações. Outro método

utilizado foi a observação direta, onde o pesquisador verificou processos de rotina utilizados

por funcionários do clube e pode perceber mudanças ocorridas desde o início da revitalização,

1999, quando ações realizadas eram diferentes, de acordo com dados da própria empresa. .

Os dados secundários foram coletados através de pesquisa bibliográfica em livros,

revistas especializadas, artigos disponíveis na Internet e documentos da empresa, entre outros.

“Dados secundários são aqueles que já foram coletados, tabulados, ordenados e, às vezes, até

analisados e que estão catalogados à disposição dos interessados”. (Mattar, 2001, p.48).

3.3 Limitações da pesquisa

A coleta de dados não foi desenvolvida exatamente como planejada , pois a

indisponibilidade dos pesquisados prejudicou o andamento do trabalho. Tanto o presidente da

organização, como os líderes das duas maiores torcidas do time e os funcionários do clube

não foram entrevistados. A visão do processo de revitalização não foi verificado em sua

plenitude em função disto.

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4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DO CASO ESTUDADO

Nessa etapa do trabalho são apresentados e analisados os dados coletados junto ao

caso pesquisado – o Figueirense F.C.. O modelo de gestão adotado pelo Figueirense F.C. e os

tipos de estratégia mercadológica desenvolvidas pelo clube durante a revitalização foram

descritos e avaliados.

As relações sociais no dia-a-dia na administração do clube foram verificadas para

possibilitar uma visualização mais próxima da realidade . Em face desta observação, foram

transcritos trechos originais da entrevista conduzida com o representante do clube – o gerente

de marketing – como forma de enriquecer a interpretação.

4.1 Identificação do clube

O Figueirense Futebol Clube foi fundado em 12 de junho de 1921, em Florianópolis,

na confluência das ruas Padre Roma e Conselheiro Mafra, local antes conhecido como

“Figueira”, denominação esta que inspirou os fundadores do clube na escolha do nome para a

recém fundada agremiação esportiva. Os fundadores do clube foram: Jorge Albino Ramos,

Balbino Felisbino da Silva, Domingos Joaquim Veloso e João dos Passos Siridakis. O

primeiro presidente foi João Passos Xavier.

O clube funciona dentro de um complexo localizado à rua Humaitá n° 194, no bairro

do Estreito em Florianópolis. Neste endereço funciona a sede administrativa do clube, que se

encontra anexada ao estádio Orlando Scarpelli, com capacidade para 21.069 pessoas. Neste

endereço também funciona a loja ou butique de produtos oficiais do clube, além do Memorial,

que registra através de um acervo os principais fatos que marcaram a história do clube ao

longo de seus 84 anos.

A parte de infra-estrutura operacional foi transferida para o Centro de treinamentos do

Cambirela (CT) em 2001, instalado no município da Palhoça, em uma área de 62 mil metros

quadrados e totalmente equipado para atender a rotina de treinamentos dos jogadores

profissionais e amadores.

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O CT do Cambirela se tornou viável com a iniciativa da Associação dos torcedores do

Figueirense (Asfig). Segundo o depoimento de um dos integrantes da Asfig, o sr Edson Lima,

a viabilidade do CT foi garantida a partir do pagamento de mensalidades de seus membros.

Segundo o depoimento do gerente de marketing do Figueirense, o Sr. Leonardo Estrella, em

entrevista pessoal, o CT (apenas o terreno) é propriedade da Asfig que celebrou um contrato

de comodato com Figueirense pelo período de 20 (vinte) anos. Portanto, tudo que for

construído sobre o terreno fará parte do patrimônio do clube.

O Figueirense F.C. disputa atualmente o campeonato brasileiro da série A, a elite do

futebol brasileiro. O clube ficou afastado desta competição desde 1979, sua última

participação. O seu retorno ocorreu em uma tumultuada disputa nos tribunais desportivos do

país e até na justiça comum, após ter conquistado em campo o vice-campeonato da série B de

2001 em uma partida disputada com o Caxias (RS).

No cenário do futebol catarinense, o Figueirense ocupa uma posição de destaque, que

é salientada por Estrella:

Alguns diferenciais levam o Figueirense a galgar espaço no mercado brasileiro e ser o principal clube de Santa Catarina, entre eles pode-se citar: maior média de público em seu estádio entre os clubes catarinenses em todas as competições (cerca de 51%), um dos maiores quadro associativos do Brasil (13.000 sócios), vencedor pela quinta vez consecutiva do prêmio Top Of Mind como a marca mais lembrada de Santa Catarina e a participação nas principais competições nacionais (Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro da 1.ª Divisão, Copa Sul Minas, Copa São Paulo de Futebol Júnior e Campeonato Catarinense).

4.2 Como ocorreu a revitalização no Figueirense F.C.?

As mudanças introduzidas pela atual administração do clube só foram possíveis a

partir de um projeto ousado, iniciado no ano de 1997 pela gestão anterior. Este projeto criava

o “conselho de gestão”, que foi aprovado pelo conselho deliberativo no ano de 1998. O novo

órgão tinha a função similar a do conselho de administração em empresas familiares.

Atualmente este conselho é denominado de conselho administrativo, que é composto pelo

presidente executivo mais os nove vice-presidentes.

A prova de que o processo de empresarização e Revitalização da marca foi conduzido

pelo conselho de gestão respeitou as fases identificadas :

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A primeira fase deste processo – estabilização do prejuízo – começou um pouco antes

da criação do conselho de gestão. Segundo João Batista Baby, coordenador do departamento

júridico, “nesta fase dos trabalhos vem sendo dada uma atenção especial ao passivo do clube,

dívidas trabalhistas, fiscais e ações cíveis. Estamos terminando o levantamento deste passivo,

diversos acordos estão em andamento e outros já estão sendo honrados”. Em seguida o clube

passou a negociar dívidas anteriores junto ao INSS e outros órgãos governamentais.

Segundo Leonardo Estrella o inicio de toda a revitalização, teve como grande barreira

a falta de credibilidade do clube na época, tendo assim como grande obstáculo a ser vencido,

transpondo barreiras da desconfiança em todos os setores: clientes, entidades esportivas,

clubes, fornecedores e empresas.

A segunda fase – corte drástico de despesas – concentrou-se na diminuição de custos

operacionais e administrativos. O clube implantou um sistema de informatização em vários

setores e teve como benefícios, o aumento da produtividade e a agilidade no atendimento ao

quadro associativo.

A terceira fase – crescimento da lucratividade – deve auferir o crescimento das receitas

sobre as despesas. Para poder confirmar a superação desta fase seria necessário ter acesso aos

demonstrativos financeiros do clube, o que não foi permitido pelo representante do

Figueirense. No entanto, pode-se pressupor que o clube já superou esta fase. O clube tem

parcerias com empresas conceituadas e conhecidas, entre elas Fame, Claro, Coca-Cola, e

Umbro, que através de suporte financeiro contribuem para o aumento da receita do clube; o

Figueirense tem a melhor média de público em jogos válidos pelos campeonatos regionais,

uma freqüência de 66%, que garante uma bilheteria estável e próxima de seu potencial para

gerar receita; e o quadro de torcedores-associados aumentou de 1999 para 2005 em mais de

2000%.

A quarta fase – performance da excelência empresarial – se encontra em andamento no

Figueirense. A maior evidência encontra-se no planejamento que o clube faz para as

categorias de base e no futebol profissional, começando pelo organograma da área de futebol

profissional, que introduz o comitê gestor de futebol. Contrariando a tendência dos grandes

clubes brasileiros, que durante muito tempo acreditaram que um time competitivo em campo

se formava através de grandes contratações, o Figueirense planejou o seu time principal sobre

uma estrutura proveniente das categorias de base, 60% do time principal deve ter jogadores

revelados nas categorias de base.

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Atualmente, o clube está envolvido em um projeto entitulado “Gold Soccer”

encabeçado pelo presidente do clube. Segundo o representante do Figueirense, o projeto é

uma parceria do Figueirense F.C. e dois empresários ingleses, que visa negociar jovens

talentos revelados no clube com clubes ingleses em troca de ampliações e melhorias no CT do

Cambirela. Este é o tipo de projeto que só pode ser levado adiante se o clube tiver um

planejamento de médio e longo prazo. No caso do Figueirense isto é garantido, pois o

conselho administrativo tem um período de 20 (vinte) anos (10 + 10) para administrar os

negócios do clube.

A quinta e última fase – modelo empresarial empreendedor de administração do clube

– é o momento em que o clube passa a criar novas fontes de receita e eleva o seu lucro. No

caso do Figueirense esta fase está ocorrendo simultaneamente a fase anterior. Os dados do

departamento de marketing confirmam o ingresso nesta fase. Segundo Estrella, houve um

crescimento de 200% nas receitas administradas por seu departamento no período de 2000 a

2005.

Este crescimento deve aumentar pois, segundo o representante do Figueirense, existe

um projeto para a criação de novas escolinhas de futebol franqueadas, que deverão expandir

suas receitas e gerar lucros sustentáveis.

Por fim, o tempo transcorrido desde a primeira fase (1998) do processo de

empresarização até a quarta e quinta fases (2000 – 2005), coincidem com os períodos

previstos por Melo Neto (1998) – quatro a cinco anos – demonstrando que o conselho de

gestão seguiu a lógica estabelecida.

Segundo Estrella, hoje o clube alcançou o topo em termos de marca em Santa

Catarina, porém a manutenção e evolução desta é complicada, pois o patamar no qual o clube

alcançou os “degraus” são mais largos e altos, alem do comportamento do cliente, que cada

vez está mais exigente, em todos os setores.

4.3 Organograma geral do clube

A análise do organograma geral do clube permite reconhecer a sua estrutura

organizacional (formal), através das relações e funções dos diversos níveis hierárquicos.

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Nos clubes sociais – como ilustrado no marco teórico – os organogramas descrevem

estruturas departamentalizadas (por função) com dois níveis principais: o intermediário ou

staff (vice-presidências e gerências) e o operacional (atletas, técnicos, médicos).

Por outro lado, as empresas tradicionais possuem organogramas que podem variar o

seu formato, passando a ter estruturas organizadas por produtos, por mercados, por clientes,

por áreas geográficas, por produtos e por mercados juntos (matricial), por divisões (KOTLER,

1998).

De maneira geral, os clubes remuneram apenas os níveis operacionais, deixando as

funções de gerência sem qualquer tipo de remuneração formal. No caso do Figueirense, a

gerência de marketing, financeira e administrativa são remuneradas e empregam profissionais

capacitadas e especializados na função a ser desempenhada. Por exemplo, entrevistado

afirmou: “sou administrador, o marketing foi o segmento que optei, é a terceira vez que

trabalho com marketing”.

Dentre as pesquisas de Aidar (2000), conduzidas em alguns clubes brasileiros, foi

constatado a presença de organogramas que baseavam-se na organização por função.

No caso pesquisado, repetiu-se este padrão – o da organização por função – como

pode ser visualizado através da figura 1.

Durante a coleta de dados, através do método de observação, foi corroborada a

organização por função, pois a organização do espaço físico na sede do clube apresenta uma

configuração típica de empresas departamentalizadas, com salas separadas e sinalizadas com

placas de identificação do setor.

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Conselho Fiscal

Diretoria de Integraçãoà Comun idade

DiretoriaComun icação

DiretoriaMarketi ng

DiretoriaPatrimônio e Projetos

DiretoriaEsportes O límpicos

Assisten teFutebol Profissional

GerênciaFutebol Profissional

DiretoriaFutebol Profissional

Coord en ação TécnicaF utebol de Base

AssistenteF utebol de Base

GerênciaF utebol de Base

DiretoriaF utebol de Base

DiretoriaMedicina Esporti va

T esouraria

Gerênci ade Marketing

DivisãoServiços Gerais

Secretaria DivisãoAdministração Materiais

GerênciaAdministrat iva

SuperintendênciaAdm/Financeira

Vice Presidê nci a Executi va

Presidência

Conselho Deliberati vo

Assembléi a Geral

Figura 1. Organograma geral

Fonte: Adaptado pelo pesquisador

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4.4 Modelo de gestão identificado no Figueirense F.C.

Para identificar o modelo de gestão adotado pelo Figueirense F.C. é necessário

retomar o que estabelece a Lei Pelé, a lei n° 9.981/00, fica facultado as agremiações

desportivas praticantes de atividades profissionais optar pelas seguintes configurações:

i. Transformar-se em sociedade civil de fins econômicos

ii. Transformar-se em sociedade comercial

iii. Constituir ou contratar sociedade comercial para administrar suas atividades profissionais

O início deste processo foi em 1997, sob o comando de José Carlos da Silva que

culminou em 1998 com a criação do “Conselho de gestão”, já sob o comando da nova

diretoria. Segundo o depoimento de Estrella, isso foi possível devido à inexistência de

influência ou grupos políticos (leia-se oposição) nas decisões administrativas. O conselho

deliberativo aprovou o novo sistema de administração sem maiores conflitos.

Baseando-se no que dispõe a lei n° 9.981/00, o Figueirense optou em criar a

“Figueirense Participações e Gestão Empresarial Ltda.” que cuida da saúde financeira e

administrativa do clube.

Conforme a entrevista com o representante do Figueirense, a divisão das cotas de

responsabilidade da empresa criada apresenta a seguinte proporção: 51% das cotas pertencem

ao Figueirense F.C. e 49% ao conselho de gestão. O conselho de gestão é integrado por dez

sócios.

Face aos dados expostos e baseando-se no referencial teórico pode-se identificar o

modelo adotado pelo Figueirense como sendo um modelo decisão conforme a figura 2.

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Figura 2. Modelo de gestão do Figueirense

Fonte: Pesquisa no clube

4.5 ESTRATÉGIA DE MARKETING DO FIGUEIRENSE

A equipe responsável pela estratégia de marketing do Figueirense é composta por três

grupos de trabalho distintos. O primeiro grupo é formado por três pessoas, entre elas o gerente

Leonardo Estrella, que foi o representante autorizado pelo clube para responder a pesquisa.

Portanto, este grupo faz parte do quadro de funcionários do clube. O segundo grupo é a

empresa de consultoria em marketing e esporte B2M, que atua com quatro profissionais,

sendo que o acerto financeiro entre o clube e a B2M é feito com base em comissões sobre

contratos. O terceiro grupo é agência de propaganda Ângulo que atua junto ao clube desde

1999 e responsável principalmente pelas campanhas institucionais voltadas exclusivamente à

torcida.

A importância que a estratégia de marketing tem para o clube no processo de

empresarização ou profissionalização da gestão fica clara através dos depoimentos do

representante do clube entrevistado e dos depoimentos de outros membros da diretoria do

clube expressos nos documentos recolhidos.

PARTICIPAÇÃO

MARJORITÁRIA 51%

PARTICIPAÇÃO

MINORITÁRIA (49%)

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������������������������������ ��������������������������

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Para o representante do clube, Leonardo Estrella:

vejo o marketing como a principal ferramenta de fortalecimento da marca e da imagem do clube. A criação de fontes alternativas de receita, bem como a capacidade de diminuir custos despendidos pelo clube são ações desenvolvidas por essa área.

Portanto, para identificar que tipo de estratégia de marketing o Figueirense

desenvolve, descreve-se a seguir o mercado o qual o Figueirense identifica e como ele

desenvolve o seu composto de marketing para atendê-lo.

4.5.1 O mercado para o Figueirense F.C.

O Figueirense F.C. iniciou o processo de Revitalização no momento em que a diretoria

decidiu se antecipar a imposição legal prevista na lei Pelé. Esta decisão levou a criação do

conselho de gestão, e posteriormente na criação da Figueirense Participações e Gestão

Empresarial Ltda..

Ao criar esta empresa, uma das prioridades foi o planejamento de ações na área de

marketing – estratégia de marketing do esporte – concentrando o foco no mercado

consumidor final – os torcedores.

No entanto, o clube também direciona seus esforços de marketing para o mercado

organizacional. Para poder visualizar como está dividido e classificado o mercado de

consumo para o Figueirense, utiliza-se a classificação proposta por Aidar (2000) e

apresentada no marco teórico. Como resultado desta orientação, tem-se a seguinte

classificação (quadro 2):

Classificação dos mercados

Mercado consumidor final

Mercado intermediário de revenda

Mercado intermediador industrial

Segmentos atendidos

Torcedores

Sócio-torcedores

Redes de televisão

Empresas Licenciadas

Clubes de futebol

Parceiros interessados no marketing esportivo

Quadro 2. Mercado de consumo identificado para o Figueirense F.C.

Fonte: Dados secundários.

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A opção do clube em concentrar a atenção no mercado consumidor final não significa

abandonar os outros segmentos. No próximo tópico será visto como o Figueirense trabalha o

marketing nos outros mercados.

4.5.2 Os relacionamentos comerciais

Com base no macro-sistema de relacionamentos proposto por Aidar (2000) e nos

dados coletados, é possível de se identificar os relacionamentos que o Figueirense considera

para a geração de receitas e lucros.

Como já visto no tópico anterior, o clube seleciona como principal alvo de mercado os

seus torcedores. Em razão desta escolha os relacionamentos comerciais que contribuem para

gerar as receitas do clube são os do tipo direto – bilheteria, mensalidades de associação,

serviços, loja.

No intuito de conhecer o leque de relacionamentos realizados pelo Figueirense,

apresenta-se o quadro 3, que relaciona os sete tipos de relacionamentos propostos por Aidar

(2000). O quadro também apresenta a participação relativa (quando disponível) de cada

relacionamento na geração de receitas.

Tipos Segmento envolvido Participação na receita

1 Redes de Tv – direitos de transmissão 18%

2 Patrocinador principal ND

3 Loterias1 ND

4 Cliente-torcedor2 43% 5 Patrocinador técnico ND

6 Empresas – licenciamento e publicidade3 23%

7 Clubes – venda de jogadores 11%

8 Outros 3%

Quadro 3. Relacionamentos comerciais do Figueirense F.C.

Fonte: Dados Secundários.

1 Está incluído no tipo 8/outros. O valor da loteria é algo entre R$ 6.000,00 e R$ 7.000,00 por inserção no concurso 2 Compõe este item 21% de associados, 15% bilheteria, 4% loja oficial, 3% bares e ambulantes em dias de jogos 3 Compõe este item 17% de publicidade e 6% de licenciamento

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Diferentemente dos grandes clubes brasileiros, a receita do Figueirense gerada a partir

do relacionamento do tipo 1, não representa a principal fonte de receita. A explicação para

esta diferença pode estar na distribuição (desigual) das cotas para os clubes. Para o

campeonato brasileiro de 2005 a Rede Globo está pagando R$ 132 milhões para os 15 clubes

mais tradicionais e apenas R$ 6 milhões para os outros sete clubes, entre eles o Figueirense –

ou seja, algo em torno de R$ 850.000,00 para o clube de Florianópolis.

Quanto ao relacionamento tipo 2, a gerência de marketing do Figueirense não

considera este tipo de relacionamento, por entender que o patrocínio é um instrumento

unilateral e ineficaz. Para a gerência, este tipo de relacionamento deve ser rotulado de

“parceria”. Neste sentido, o principal parceiro do clube atualmente é a Coca-Cola, que investe

no clube através de sua estratégia de marketing esportivo.

O relacionamento do tipo 3 não adiciona ou agrega valor ao clube, por ser muito

pequena a participação na receita global do clube, como descrito no quadro 4.

A confirmação do foco no relacionamento tipo 4 pode ser verificada através do teste

de associação de palavras conduzido , onde o representante do clube associou as palavras

“torcedores do clube” com a palavra “cliente”. Esta palavra, segundo o dicionário Michaelis

significa pessoa protegida ou freguês. Parece que o teste revelou como o clube considera os

torcedores, “os protegidos”, já que, Estrella afirma: “o cliente é visto como o foco do

Figueirense”, e ele ainda fornece as evidências para comprovação, “a modernização do

estádio, a criação de empresas conveniadas que dão vantagens aos associados, o SAT (sistema

de atendimento ao torcedor) 08006433956 e a criação de equipes competitivas é a prova

disso”.

Outro indicativo de que este tipo de relacionamento se fortalece a cada dia está nos

dados referentes ao número de associados – os sócios-torcedores – do clube que cresceram de

1999 até 2005 próximo de 2000% . Hoje o clube tem 13.000 sócio-torcedores divididos em

três classes – cadeira, camarote e arquibancada. Dentro destas classes existem categorias de

distinção, por exemplo, sócio benemérito, sócio locatário, sócio proprietário, sócio sazonal.

Por exemplo, a cadeira para locatários possui um preço de R$ 35,00 mensais e dá direito ao

torcedor a garantia de um local devidamente reservado para assistir as partidas que o clube

realizará no campeonato brasileiro de 2005.

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O relacionamento do tipo 5 segue a mesma linha de raciocínio do tipo 2. O clube

acredita em parcerias e descarta o patrocínio convencional e técnico. Portanto, o seu

“parceiro” na área de material esportivo (uniformes, chuteiras e bolas) é a Umbro.

O relacionamento do tipo 6 – publicidade – é conduzido pela gerência de marketing e

pessoalmente pelo gerente de marketing, Leonardo Estrella. O principal produto negociado

entre as partes é o da publicidade estática, tanto no estádio como no CT do Cambirela. Os

contratos são de parceria e também avulsos dependendo da disponibilidade de espaço físico.

O relacionamento que envolve o licenciamento da marca Figueirense é apresentado

em detalhes no tópico que trata da venda do licenciamento, um dos elementos do composto

dos 6 V’s, especificados na página 37.

O relacionamento tipo 7 se dá entre o Figueirense e os demais clubes de futebol

interessados em comprar ou alugar o passe dos jogadores. Este é o único relacionamento que

não está sob a coordenação da gerência de marketing, pois ele é responsabilidade do comitê

gestor do futebol, já discutido anteriormente.

No entanto, pode-se inferir através do quadro 4 que mais uma vez, diferentemente da

maioria dos clubes brasileiros, o Figueirense gera pouca receita com a venda ou empréstimo

de jogadores. Mas isso já está mudando. Como visto anteriormente, o clube está investindo

nas categorias de base e fazendo parcerias com empresários estrangeiros para viabilizar a

transferência de jogadores recém formados para o exterior.

Um outro ponto importante em relação aos relacionamentos do Figueirense ressaltado

por Estrella, é que a base principal para negociações não é somente financeira, o clube se

utiliza da permuta como principal ferramenta de negociação, evitando assim a limitação de

oportunidades para parcerias.

Por fim, recorre-se a um benchmarking na área de gestão de clubes de futebol, com o

objetivo de demonstrar o quanto o Figueirense está próximo deste benchmarking. O relatório

de pesquisa de Aidar (2000) traz como modelo de gestão profissional eficaz, o caso do

Manchester United, da Inglaterra. Como pode-se perceber através do quadro 4, a distribuição

equilibrada das receitas do Figueirense está muito próxima das alcançadas pelo clube inglês.

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RECEITAS FIGUEIRENSE

(Base: 2001)

MANCHESTER

(Base: 97/98)

Bilheteria 36% 34%

Direitos de TV 18% 18%

Patrocínio e publicidade 17% 13%

Praça de Alimentação 5% 7%

Venda de jogadores 11% ND

Merchandising e outros 13% 28%

Quadro 4. Distribuição de receitas do Figueirense e do Manchester

Fonte: Pesquisa e Relatório de pesquisa de Aidar (2000).

Como limitação desta comparação, cabe relatar que a classificação das receitas obtidas

pelo Figueirense foram adaptadas às categorias utilizadas no estudo feito com o Manchester.

4.5.3 O composto de marketing do Figueirense

Após terem sido identificados os mercados e os principais relacionamentos para o

Figueirense, desdobra-se em seguida, que tipo de composto de marketing o clube desenvolve.

O padrão utilizado para esta identificação é o modelo de Melo Neto (1998) – a teoria dos 6

V’s – apresentado e discutido no marco teórico.

O gerente de marketing do Figueirense, Leonardo Estrella, considera através do

quadro 5 a seguinte prioridade no planejamento e implementação dos 6 V’s:

ELEMENTOS DO COMPOSTO ORDEM

Venda de serviços 1°

Venda de franquias 2°

Venda de patrocínio 3°

Venda de merchandising 4°

Venda de licenciamento 5°

Venda de talentos e jogadores 6°

Quadro 5. Prioridade de planejamento e implementação dos 6 V’s

Fonte: Dados Secundários.

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4.5.3.1 Venda de patrocínio

Como já constatado anteriormente, a percepção do clube sobre patrocínio é melhor

traduzida no conceito de parceria. Assim sendo, a parceria, terceira prioridade assinalada no

quadro 5 é tratada com muita seriedade pelo Figueirense, representado pela gerência de

marketing. Baseando-se nesta crença, o clube firmou parceira com uma empresa de

consultoria em marketing e esporte, a B2M que é responsável pela triagem e seleção de

parceiros e empresas interessadas em licenciar a marca Figueirense. Como ressaltado

anteriormente, a empresa recebe uma porcentagem variável sobre o valor dos contratos. Os

relacionamentos do tipo 2 e 5 são a base da venda de patrocínio, terceiro elemento do

composto dos 6 V.

O clube ainda firmou um contrato de parceria com a marca Gatorade – produtora de

bebidas isotônicas – através da consultoria da empresa B2M. O contrato prevê o fornecimento

das bebidas para todas as categorias (amadores e profissionais) do clube. Neste caso o

contrato é de permuta, onde o Figueirense cede espaços para publicidade estática (placas,

uniformes, coletivas de imprensa) da marca Gatorade.

Uma medida tomada recentemente pela gerência de marketing, foi a criação de um

setor responsável por um arquivo de clippings – imagens e notícias de revistas, jornais e

telejornais – que tem o objetivo de fortalecer o relacionamento junto aos parceiros,

oferecendo assim mais um benefício ao parceiro.

4.5.3.2 Venda do merchandising

A gerência de marketing do Figueirense é responsável pela venda de merchandising,

no entanto, a percepção sobre o conceito é equivocada, como também foi demonstrado no

marco teórico através do exemplo da equipe que faz viagens ou excursões para exposição da

marca (Figueirense) e de seu principal produto (equipe de jogadores profissionais).

Segundo o gerente de marketing, “o Figueirense utiliza seu estádio e seu centro de

treinamento como um importante produto de exposição de marcas”. Isto caracteriza apenas

um aspecto isolado da estratégia de merchandising, a publicidade estática.

Embora não reconhecido explicitamente pela gerência de marketing, o clube tem um

bom produto de merchandising, que é a revista oficial do clube. A revista é publicada

bimestralmente pela Promark – Castro & Hermann Ltda. – desde janeiro de 1999. Além do

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conteúdo jornalístico que a revista apresenta, existem espaços para anúncios. A distribuição

da revista através da loja oficial do clube é um ótimo instrumento de promoção da marca

Figueirense e de tudo que ela significa para a sua torcida.

Uma outra forma de merchandising explorada pelo clube é o projeto de estadualização

do nome e da marca do clube. De acordo com o Conselho Administrativo, criou no segundo

semestre de 1999 a figura do representante Consular. Atualmente são 42 representantes do

clube distribuídos em diferentes municípios do estado de Santa Catarina. Entre as

responsabilidades do cônsul se destacam as seguintes: arregimentação de novos sócios;

comercialização dos produtos oficiais licenciados do clube; e descoberta de novos talentos.

4.5.3.3 Venda da franquia

Embora a gerência de marketing considere a venda de franquias como a segunda

prioridade (ver quadro 5), não existe nenhum contrato firmado. Segundo Leonardo Estrella, o

clube lançará em breve a franquia das novas escolinhas de futebol e das novas lojas oficiais

do clube.

4.5.3.4 Venda do licenciamento

Quanto aos contratos de licenciamento, a gerência de marketing é responsável pelos

menores contratos, ficando a cargo da B2M os contratos maiores. Hoje existem cerca de 50

contratos de licenciamento com empresas de diversos ramos de atividade que totalizam em

torno de 98 produtos diferentes. O prazo médio destes contratos é de 1 ano e os royalties

cobrados são de 10%. As principais empresas licenciadas por intermédio da gerência de

marketing são: Alphatec, fabricante de almofadas; Azulaca, industria cerâmica; Gigaprint,

gráfica especializada em pastas escolares e álbuns de fotografia; Paviloche, indústria de

sorvetes. Recentemente a B2M firmou um contrato de licenciamento com a empresa Planac

para a fabricação de microcomputadores com a marca Figueirense. Outro contrato firmado

através da B2M foi com a Panini, que produziu os álbuns de figurinhas do campeonato

brasileiro 2002.

Um ponto importante a salientar é que a gerência de marketing define o preço de

venda dos produtos juntamente com as empresas evitando assim a concorrência direta com a

loja oficial o clube.

O fato de a venda de licenciamento ser apenas a quinta prioridade da gerência de

marketing, pode ser uma conseqüência do modelo de gestão adotado. Se o clube tivesse

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optado em contratar uma empresa para cuidar dos negócios do clube – como fizeram Vasco e

Corinthians – a prioridade seria os negócios de licenciamento.

4.5.3.5 Venda dos serviços

Como já constatado anteriormente, diferentemente dos grandes clubes brasileiros, o

Figueirense administra a venda de serviços como sendo o principal elemento dentro do seu

composto (ver quadro 2). Para poder atender o seu principal cliente (torcedor) e fortalecer este

tipo de relacionamento, o clube possui contratos exclusivos com grandes empresas para

abastecer seus bares e restaurantes. As empresas com contrato são a : Vonpar (Coca-cola e

Kaiser); a Paviloche (sorvetes); e Mac Bella (pão de queijo). Os espaços dos bares são

locados em dias de jogos.

Outra preocupação com a venda de serviços é a loja oficial do clube que é responsável

por 4% de sua receita total. O torcedor pode encontrar tudo o que ele imagina, de roupas

esportivas à acessórios para um bom churrasco, de louças à artigos de papelaria, e o mais

importante é que visivelmente são produtos de ótima qualidade.

O principal serviço vendido para os torcedores é o “título de sócio-torcedor” que

segundo a gerência de marketing é responsável pela utilização de 38% da capacidade total do

estádio Orlando Scarpelli. O plano prevê a utilização por sócios-torcedores em 80% da

capacidade total do estádio. A campanha para chamar o torcedor é entitulada “seja torcedor

classe A” e é veiculada em jornais, outdoors, rádio e televisão.

Um projeto entitulado “uma casa alvinegra com certeza” é mais uma prova do

relacionamento entre o clube e seus torcedores. O torcedor que se cadastrar junto a loja oficial

do clube e colocar uma bandeira do Figueirense na parte externa de sua residência nas

semanas de jogos terá direito a concorrer a inúmeros prêmios e ingressos.

Os dados apresentados confirmam a importância e da prioridade atribuída a venda de

serviços. Segundo este documento, o Figueirense F.C. concentra 15% da torcida catarinense e

48% da torcida da Grande Florianópolis. Em 1999, quando disputou o campeonato brasileiro

da série B, respondia por 50% da bilheteria arrecadada entre os clubes catarinenses que

participavam da mesma competição. Estas estatísticas demonstram o potencial que clube tem

na venda de serviços e também na venda de franquias, as duas principais prioridades do clube.

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4.5.3.6 Venda de talentos e/ou craques

A venda de jogadores é uma preocupação do clube, no entanto, a prioridade é o

torcedor. Para a gerência de marketing, a venda de jogadores é a sexta prioridade. Talvez isso

faça sentido pelo fato de que ela não participa das negociações com jogadores, pois a

responsabilidade é do comitê gestor de futebol.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O caminho escolhido para se fazer as considerações finais é o da confrontação entre o

objetivo proposto no início deste trabalho e os resultados obtidos durante a coleta e análise

dos dados junto ao caso pesquisado. Por fim, são apresentadas sugestões específicas para

serem aplicadas no clube.

O objetivo desta pesquisa se dividiu em duas partes: a primeira é destacar o modelo

de gestão do Figueirense Futebol Clube utilizado na revitalização de sua marca. .; a segunda,

verifica a estratégia de marketing desenvolvida por este mesmo clube.

Quanto a primeira parte do objetivo, pode-se inferir as seguintes assertivas:

1. O modelo de gestão adotado pelo Figueirense F.C. representa um referencial para os

demais clubes brasileiros. O clube soube conduzir o processo de revitalização e

transformação sem se esquecer que os benefícios seriam colhidos somente no médio e

longo prazo. O início do processo se deu no 2° semestre de 1998 e os resultados

começaram a aparecer a partir de 2000. Esta “visão” do processo ficou clara com a leitura

e análise de todos os documentos coletados durante a pesquisa. O entrevistado e

representante, Leonardo Estrella também demonstrou estar compartilhando esta visão.

2. Um outro aspecto decisivo para o sucesso da implantação de um modelo de gestão

profissional no clube, foi a preocupação do clube em adotar uma postura empresarial

desde o início do processo. A entrevista com o representante do clube, Leonardo Estrella,

evidenciaram a relação de “parceria” que o clube procura estabelecer nos diversos tipos de

relacionamentos comerciais (sociais também). O “parceiro” deve substituir o

“patrocinador”, esta é a ordem. A parceria denota um relacionamento de longo prazo,

duradouro e lucrativo para ambas as partes, e que deve ser muito bem planejado. Por outro

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lado, o patrocínio é na maioria das vezes um remédio de ação rápida que não garante a

proteção para recaídas futuras. Portanto, no Figueirense, a administração de receitas

sustentáveis se dá através das parcerias.

3. O fato de o Figueirense ter optado pela criação de uma empresa – Figueirense

Participações e Gestão Empresarial ltda. – demonstra até o momento, ter sido a escolha

certa, mesmo contrariando a opção feita pelos grandes clubes – a contratação de uma

empresa para a gestão das receitas do futebol – e que é recomendada pela maioria dos

autores pesquisados, Aidar (2000), Melo Neto (1998).

4. A preocupação constante em atender o seu principal cliente – o torcedor – torna o modelo

de gestão adotado pelo Figueirense, o mais apropriado, pois, permite e assegura que o

principal patrimônio do clube (Aidar, 2000) seja a prioridade nas decisões administrativas

e de marketing.

Quanto a segunda parte do objetivo, pode-se inferir as seguintes assertivas:

1. Apesar de não ter mencionado durante as entrevistas, o representante de marketing do

Figueirense deixou bem claro que a estratégia de marketing que o clube desenvolve é

baseda no “marketing de relacionamento”. O clube procura criar e manter

relacionamentos com o seu principal mercado – o torcedor – e faz isso através da criação

de valor. Existem três níveis para se criar valor para o cliente: o nível 1, através de

benefício econômico ou financeiro; o nível 2, através de um benefício social; e o nível 3,

através de uma ligação estrutural. O Figueirense consegue criar valor nos três níveis,

aumentando assim a fidelidade de seus torcedores-clientes. O exemplo de benefício

econômico é o da promoção “uma casa alvinegra com certeza” que oferece prêmios e

ingressos para os torcedores. O benefício social é oferecido através do título de sócio-

torcedor, ou como a campanha publicitária prefere enfatizar: sócio “Classe A”. O valor em

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nível estrutural ainda não é completamente percebido pelos dados que foram coletados,

mas o site do clube na internet já representa o início de um possível vínculo estrutural

entre torcedores e clube.

As sugestões específicas para serem aplicadas se resume em duas:

1. A sugestão é a de conduzir uma pesquisa de mercado para: identificar novas

oportunidades de negócio junto ao principal cliente – o torcedor; avaliar a satisfação e

aceitação das ofertas do clube junto aos torcedores; avaliar a percepção dos jogadores,

treinadores e demais funcionários quanto a qualidade de seus serviços.

2. Algum tipo de promoção especial deve ser oferecida as mulheres, como por exemplo um

jantar com o craque predileto, com direito a autógrafos e brindes especiais para poder criar

um valor a mais a sua marca. O preço para as mulheres deve ser diferenciado, para

estimular a sua presença nos estádios. Estas são algumas possibilidades para um clube de

futebol posicionar-se como o preferido pelas torcedoras femininas e revitalizar sua

imagem a este segmento. Além disso, o clube poderá experimentar um aumento de

torcedores masculinos, como acontece em alguns eventos musicais ou festas.

Entretanto, vários aspectos percebidos durante a entrevista e análise do modelo de

gestão utilizado pelo time durante o processo de revitalização de sua marca foram

contrariados na aquisição de informações pertinentes para a elaboração do presente trabalho.

Apesar da afirmativa de relacionamento positivo e crescente com seus torcedores,

dificuldades foram encontradas no decorrer do desenvolvimento do estágio. Várias visitas não

foram possibilitadas devido a indisponibilidade de pessoas ligadas a cargos gerenciais, como

o presidente do time em 1998 e o atual.

Sendo assim, algumas ações ainda podem ser construídas para aprimorar as relações

time-torcedor, garantindo maior satisfação de ambos e gerando um fortalecimento prático a

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este aspecto e não somente teórico, como pôde ser constatado. A integração destas duas partes

poderá gerar motivação e incrementar a tomada de decisão estratégica da empresa,

destacando-o dos demais concorrentes.

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Disponível em: htpp//www.figueirense.com.br. Acesso: 10/5/2005.

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7 APÊNDICE

Roteiro de entrevista

Nome: Função:

Perguntas:

1-Como aconteceu o processo de revitalização do Figueirense?

2- Quais foram as ações determinantes no processo de revitalização?

3-Quais foram os principais colaboradores do processo de revitalização ?

4-Qual a principal mudança que pode ser constatada?

5-Quais os benefícios proporcionados pela revitalização?

6-Quais as principais dificuldades encontradas na época?

7 – Quais eram as principais características do time antes da revitalização e quais

são as principais hoje ( torcida, finanças, organograma, fluxograma, vitórias,

derrotas, empates, etc) ?

8-Quais as principais dificuldades encontradas no presente momento?

9-Quais ações têm sido desenvolvidas atualmente para superar estas

dificuldades?

10-Quanto vale hoje a Marca FIGUEIRENSE FUTEBOL CLUBE e quanto valia

6 anos atrás?

11-Quais eram as principais formas de captação de recursos antes da

revitalização e quais são as principais hoje?

12-O que mudou na área de marketing depois da revitalização?

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8 ANEXO