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1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE ODONTOLOGIA RODRIGO FERNANDES GUSTAVO CAMARGO RIBEIRO AVALIAÇÃO DE DIFERENTES TRATAMENTOS DE SUPERFÍCIE DA CERÂMICA: ANÁLISE ATRAVÉS DE MICROSCÓPIO ELETRÔNICO DE VARREDURA Itajaí (SC) 2009

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE ODONTOLOGIA

RODRIGO FERNANDES

GUSTAVO CAMARGO RIBEIRO

AVALIAÇÃO DE DIFERENTES TRATAMENTOS DE SUPERFÍCIE

DA CERÂMICA: ANÁLISE ATRAVÉS DE MICROSCÓPIO

ELETRÔNICO DE VARREDURA

Itajaí (SC) 2009

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RODRIGO FERNANDES

GUSTAVO CAMARGO RIBEIRO

AVALIAÇÃO DE DIFERENTES TRATAMENTOS DE SUPERFÍCIE

DA CERÂMICA: ANÁLISE ATRAVÉS DE MICROSCÓPIO

ELETRÔNICO DE VARREDURA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção de créditos da Disciplina de Metodologia Científica do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí.

Orientador: Prof. Ricardo Pinheiro de Faria

Itajaí (SC) 2009

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 04

2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................. 06

3 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................ 18

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS................................. 22

5 DISCUSSÂO..................................................................................................... 24

6 CONCLUSÃO................................................................................................... 30

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1 INTRODUÇÃO

Os materiais estét icos e biocompatíveis continuam sendo a

grande busca da odontologia restauradora. O interesse dos

pacientes pelo resultado estét ico das restaurações, não só em

dentes anteriores como também nos posteriores, gerou uma

atenção especial ao aperfeiçoamento das técnicas e materiais

restauradores. Assim, surgiram as próteses “metal free”, podendo-

se destacar os trabalhos em resina composta indireta e em

cerâmica pura dest ituídas de infra-estrutura metál ica. (Varjão, F.M

et al., 2004).

As superfícies do dente e da peça protética requerem

tratamentos prévios que promovam a união entre o tecido dentário

e o cimento resinoso e entre o cimento resinoso e o material

restaurador. A união do cimento resinoso ao dente se dá por meio

dos sistemas adesivos, seguindo os mesmos princípios das

restaurações diretas de resina composta, uma vez que o cimento

resinoso nada mais é do que uma resina composta com maior

f luidez necessária a cimentação. Já a união do cimento resinoso

com a restauração dependerá do tipo de tratamento realizado na

superfície interna da restauração. A literatura específ ica apresenta

diferentes técnicas de tratamento de superfície, as quais incluem a

asperização com pontas diamantadas, jateamento com óxido de

alumínio, condicionamento com ácido f luorídrico, bif luoreto de

amômia ou f lúor fosfato acidulado e a silanização. (Varjão, F.M et

al., 2004).

As cerâmicas odontológicas têm sido empregadas como

material restaurador desde 1770 (Sphor, 2001). Apresentam como

vantagens: estét icas favoráveis, alta resistência à compressão,

biocompatibi l idade, estabil idade química e condutibi l idade térmica

e coeficiente de expansão térmica semelhante à estrutura dental

(Della Bona, A.; Anusavice, K.J.; Shen, C. 1995).

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Nos últ imos anos, os esforços de pesquisadores

possibil itaram vários aprimoramentos tanto na produção das

metalocerâmicas como na adesão da porcelana pura as estruturas

dentais. Como, consequência disso, atualmente, restaurações com

porcelana são uma realidade cada vez mais comum no dia-a-dia da

clínica odontológica. (Carneiro Junior, A.M.; Carvalho, R.C.R.;

Turbino, M.L. 1999).

Recentemente foi introduzido no mercado o sistema IPS

Empress 2, uma evolução do sistema Empress (IVOCLAR). Este

sistema consiste de uma cerâmica vítrea para confecção de infra-

estrutura, contendo mais de 65% em peso de di-si l icato de lít io,

densamente dispostos e unidos a matriz vítrea, com resistência a

f lexão superior a 300 MPa. A cerâmica de cobertura apresenta

cristais de f luorapatita, apl icada sobre a infra-estrutura através da

técnica convencional de estratif icação e sinterização (Holland et

al., 2000; Botino et al., 2001).

Assim, o objet ivo do trabalho proposto, será avaliar a

morfologia da superfície da cerâmica, contendo mais de 65% em

peso de di-si l icato de l ít io, densamente dispostos e unidos a matriz

vítrea, com jateamento com óxido de alumínio e condicionamento

com ácido fosfórico a 37%, análise através de microscópio

eletrônico de varredura.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Borges et al. (2003), avaliaram o efeito do condicionamento

ácido e da abrasão a ar sobre a microestrutura de diferentes

sistemas cerâmicos. Cinco copings (IPS Empress, IPS Empress I I

(0,8mm de espessura), Cergogold (0,7mm de espessura), In-Ceram

Alumina, In-Ceram Zircônia, e Procera (0,8mm de espessura)

foram fabricados de acordo com as instruções do fabricante. Cada

coping foi seccionado longitudinalmente em quatro partes iguais

com auxílio de um disco diamantado sob refrigeração. As secções

resultantes foram então divididas aleatoriamente em três grupos de

acordo com os diferentes tratamentos de superfície: grupo 1

(amostras sem tratamento de superfície adicional); grupo 2

(jateamento com partículas de óxido de alumínio 50µm, a 4 bar de

pressão,); grupo 3 (condicionamento com ácido hidrof luorídrico a

10% (IPS Empress II – 20 segundos, IPS Empress e Cergogold –

60 segundos e In-Ceram Alumina, In-Ceram Zircônia e Procera – 2

minutos). Após os tratamentos de superfície as amostras foram

revestidas com liga de ouro-paládio sob vácuo e, em seguida,

observadas ao microscópio eletrônico de varredura. As

fotomicrograf ias mostraram que o jateamento com partículas de

óxido de alumínio 50µm modif icou a superfície morfológica das

cerâmicas IPS Empress, IPS Empress I I e Cergogold. As

topograf ias de superfície entre os grupos foram similares entre si.

Irregularidades de superfície rasas similares ao grupo controle

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apresentaram-se claramente evidentes. As amostras da cerâmica

Procera mostraram uma área com grânulos salientes e os formatos

dos grânulos faci lmente identif icados. Quanto ao jateamento com

partículas de óxido de alumínio 50µm, todos os grânulos foram

aplainados produzindo uma superfície plana. O jateamento com

partículas de óxido de alumínio 50µm não modif icou as

características morfológicas do In-Ceram Alumina, In-Ceram

Zircônia, e as mesmas irregularidades de superfície encontradas

no grupo controle permaneceram. O condicionamento com ácido

f luorídrico a 10% do IPS Empress II produziu cristais alongados

com irregularidades rasas. Para a cerâmica IPS Empress e

Cergogold o ácido f luorídrico produziu uma superfície com

morfologia t ipo “favo de mel”. O condicionamento com ácido

f luorídrico não modif icou as estruturas de superfície das cerâmicas

In-Ceram Alumina, In-Ceram Zircônia e Procera quando comparado

com o grupo controle. Os autores concluíram que o

condicionamento com ácido f luorídrico e jateamento com partículas

de óxido de alumínio 50 µm aumentou as irregularidades de

superfície das cerâmicas IPS Empress, IPS Empress II e

Cergogold. Tratamento semelhante não modif icou a microestrutura

morfológica das cerâmicas In-Ceram Alumina, In-Ceram Zircônio e

Procera.

Janda et al. (2003) avaliaram o efeito de uma nova

tecnologia para tratamento de superfície de materiais cerâmicos na

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resistência de união com o cimento resinoso. Espécimes

retangulares com as dimensões de 20mm±1 x 10mm±1 x 2mm±0,5

das cerâmicas Empress II (Ivoclar/Vivadent) (grupo controle), In

Ceram – Alumina (VITA), In Ceram – Zircônia (VITA) e Frialit

(Degussit Friali t) foram confeccionados de acordo com as

recomendações dos fabricantes. As superfícies de união foram

regularizadas através de desgaste com lixas abrasivas de

granulação 400 sob refrigeração, pol idas com lixas de granulação

800 e secas com ar. Os espécimes foram divididos em três grupos

com 10 espécimes cada e submetidos aos seguintes tratamentos

de superfície: grupo 1 – tratamento por calor com uma chama que

contém uma mistura de gás butano e um silano com auxílio de uma

pequena caneta portáti l Pyrosi lPen (Sur A Instruments, Jena,

Germany) por 2,5s/cm2; grupo 2 – 5s/cm2 e grupo 3 – 10s/cm2.

Após o tratamento por calor os espécimes foram esfriados a

temperatura ambiente por 3 minutos e uma solução de si lano

SurAlink foi apl icada. Uma resina de baixa viscosidade Heliobond

(Ivoclar/Vivadent) e um cimento resinoso dual Variolink II

(Ivoclar/Vivadent) foram aplicados de acordo com as

recomendações do fabricante. Os espécimes foram

fotopolimerizados, armazenados por 24 horas livres de umidade e

termociclados antes do teste de resistência de união ao

cisalhamento. As superfícies de união dos espécimes do grupo

controle (Empress II) foram condicionadas com ácido f luorídrico

por 60 segundos, seguidas da aplicação do silano Monobond S

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(Ivoclar/Vivadent) e cimento resinoso dual Variolink II

(Ivoclar/Vivadent). Os valores de resistência de união ao

cisalhamento indicaram que o tempo de tratamento por calor mais

efetivo foi de 5s/cm2. Os autores concluíram que a tecnologia do

PyrosilPen é um método fácil e efetivo para tratamento de

superfície de cerâmicas de sil icato, óxido de alumínio e óxido de

zircônio, porém, parece ser recomendável o jateamento com óxido

de alumínio da superfície de união antes do tratamento por calor

com esta nova tecnologia e este aspecto segundo os autores

precisa ser invest igado.

Com o objetivo de determinar o efeito de diferentes

tratamentos da superfície cerâmica, sobre a força de união Meyer

Fi lho (2002), avaliou a resistência adesiva por meio de testes de

microtração da união resina composta - cerâmica. Quatro blocos

cerâmicos foram fabricados por injeção sob pressão da cerâmica

vítrea de disi l icato de l ít io do sistema IPS Empress 2. As

superfícies de união foram regularizadas com auxílio de lixas de

papel abrasivo de granulação 600 e em seguida microjateadas

com partículas de óxido de alumínio 50µm. Os blocos cerâmicos

foram então divididos em quatro grupos e submetidos aos

seguintes tratamentos de superf ície: Grupo 1 (HF + S):

condicionamento com ácido hidrof luorídrico a 9,5% durante 20

segundos e aplicação do silano por 3 minutos; Grupo 2 (S):

aplicação do silano; Grupo 3 (HF): condicionamento com ácido

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hidrof luorídrico e Grupo 4: nenhum tratamento. O adesivo do

sistema Scotchbond Multi-Purpose Plus foi aplicado sobre as

superfícies cerâmicas pré-tratadas, fotopolimerizado e em seguida

resina composta (Filtek Z250) foi adicionada e fotopolimerizada em

quatro incrementos de 4mm sobre cada superfície cerâmica pré-

tratada. Os blocos de resina-cerâmica assim confeccionados foram

armazenados em água a 370C por 24 horas e posteriormente

cortados em dois sentidos perpendiculares com um disco de

diamante a baixa velocidade em uma máquina de cortes Isomet,

produzindo 25 corpos-de-prova em forma de f i letes com secção

transversal medindo aproximadamente 0,9mm X 0,9mm. O grupo 4

foi descartado já que houve falha adesiva no momento dos cortes.

Cada corpo-de-prova dos grupos 1,2 e 3 foi então preso às hastes

superior e inferior do aparelho Bencor Multi-T e submetido ao teste

de microtração em uma máquina universal de testes Instron

modelo 4444. Os valores médios (MPa) obtidos (G1= 56,8Mpa±

10,4, G2= 44,8Mpa± 11,6 e G3= 35,1Mpa± 7,7) foram submetidos a

análise estatíst ica através da análise de variância (ANOVA) e o

modo de fratura dos espécimes examinado por microscopia

eletrônica de varredura (MEV). Houve diferenças estatisticamente

signif icantes entre os três grupos testados, sendo o grupo 1 (HF +

S) o que produziu maiores valores de resistência de união, seguido

pelo grupo 2 (S) e grupo 3 (HF). O autor concluiu que o tratamento

de superfície é importante para a adesão e sugere que o si lano foi

o principal responsável pelos valores de resistência de união

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alcançados no grupo 1. Todas as fraturas ocorreram dentro da

zona de adesão.

Spohr (2001) avaliou a resistência à tração da união entre

cerâmica de infra-estrutura IPS Empress 2 (Ivoclar) e materiais de

f ixação sob diferentes tratamentos na superfície da cerâmica,

associado ou não a aplicação do silano. Foram confeccionados

duzentos e quarenta discos em cerâmica com 5,5mm de diâmetro

por 2,5mm de espessura e separados em 12 grupos de 10 pares de

disco. Cada grupo foi submetido aos seguintes tratamentos:

Grupos 1 e 7 – jateamento com óxido de alumínio 100µm; Grupos 2

e 8 - jateamento com óxido de alumínio 100µm e aplicação do

silano; Grupos 3 e 9 - jateamento com óxido de alumínio 50µm;

Grupos 4 e 10 - jateamento com óxido de alumínio 50µm e

aplicação do silano; Grupos 5 e 11 – condicionamento com ácido

f luorídrico a 10%, por 20 segundos; Grupos 6 e 12 -

condicionamento com ácido f luorídrico a 10%, por 20 segundos e

aplicação do si lano. Após, os discos em cerâmica dos grupos 1 a 6

foram unidos em pares com adesivo Single Bond e cimento

resinoso Rely X, e os discos dos grupos 7 a 12, com cimento de

ionômero de vidro modif icado por resina ProTec CEM. Em seguida,

os corpos-de-prova foram armazenados em água destilada a 370C

durante 24 horas, seguido de 500 ciclos térmicos de 50C e 550C,

com duração de 1 minuto em cada banho. Após, os corpos-de-

prova foram submetidos ao ensaio de tração em uma máquina

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Instron (Modelo 4411) com velocidade de 1mm/min. O tipo de falha

foi verif icado numa lupa estereoscópica com aumento de 20 vezes.

As médias dos resultados foram: Grupo 1 – 3,80MPa; Grupo 2 8,35

MPa; Grupo 3 – 5,35Mpa; Grupo 4 – 11,84MPa; Grupo 5 – 16,94

MPa; Grupo 6 – 25,36MPa; Grupo 7 – 0,51MPa; Grupo 8 – 3,61

MPa; Grupo 9 – 0,64MPa; Grupo 10 – 4,06MPa; Grupo 11 – 4,75

MPa; e Grupo 12 – 11,20MPa. Os resultados foram submetidos à

análise de variância e ao Teste de Tukey (p<0,05) e mostraram

que a f ixação com o cimento resinoso Rely X proporcionou maiores

valores de resistência à tração em relação ao ProTec CEM,

independente do tratamento superf icial da cerâmica e silanização

(p<0,05); o tratamento da superfície da cerâmica com ácido

f luorídrico a 10% forneceu maiores valores de resistência à tração

(p<0,05) em relação ao jateamento com óxido de alumínio 50µm e

100µm, independente do material de f ixação e si lanização; a

aplicação do si lano aumentou a resistência de união em relação as

superfícies sem aplicação do silano, independente do material de

f ixação e tratamento superf icial da cerâmica. Nos corpos-de-prova

f ixados com o Protec CEM, as falhas foram adesivas quando

realizado o jateamento com óxido de alumínio e não aplicado o

silano, e predominantemente coesivas no cimento quando

associado condicionamento com ácido f luorídrico e si lanização. Já

nos corpos-de-prova f ixados com Rely X, as falhas foram

predominantemente mistas.

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Maltezos et al. (2001) compararam a resistência de união dos sistemas

adesivos Noribond (NOR), Panavia (PAN) e Variolink II (VAR) com três

sistemas de cerâmica: porcelana feldspática reforçada com leucita (LEU),

porcelana feldspática (FEP) que foi usada como controle e cerâmica de óxido

de alumina. As duas primeiras cerâmicas foram condicionadas com ácido e a

de óxido de alumina recebeu jateamento. Após o tratamento das superfícies,

cilindros de resina composta foram unidos a cerâmica e os conjuntos foram

então estocados por 3 dias. Após a realização do teste de resistência adesiva,

os resultados obtidos para cerâmica de óxido de alumina, com os cimentos

PAN, NOR e VAR foram respectivamente 15,97MPa± 4,92, 22,65MPa± 1,56 e

19,56MPa± 1,98 e as fraturas ocorridas foram principalmente adesivas. Os

valores para cerâmica LEU e FEP para os cimentos PAN, NOR, e VAR, foram

respectivamente: 18,12MPa±3,56; 23,56MPa±3,87; 21,28MPa±4,37;

18,36MPa±3,54; 24,79MPa±3,71 e 23,69MPa±3,91. As falhas observadas

nestes dois grupos foram coesivas, sugerindo os autores que a resistência

adesiva foi maior que a resistência das cerâmicas. Todos os sistemas de união

tiveram diferença significante para cada material cerâmico e a maior força

adesiva foi encontrada com o sistema adesivo Noribond.

Della Bona, Anusavice e Shen (2000), avaliaram o efeito de

diferentes tratamentos na superfície das cerâmicas IPS Empress e

IPS Empress II através do teste de microtração. As amostras das

cerâmicas foram jateadas com óxido de alumínio 100µm, divididas

em 10 grupos, IPS Empress (1 ao 5) e IPS Empress 2 (6 ao 10) e

submetidas aos seguintes tratamentos respectivamente: grupo 1 e

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6 – ácido hidrof luorídrico a 9,6%; grupo 2 e 7 – f lúor fosfato

acidulado a 4%; grupo 3 e 8 – silano; grupo 4 e 9 ácido

hidrof luorídrico e silano e grupo 5 e 10 – f lúor fosfato acidulado e

silano. As superfícies foram tratadas com o sistema adesivo

ScotchBond MultPurpose Plus (3M) e resina composta Z-100 (3M)

foi aplicada e fotopolimerizada. Os blocos de cerâmica/resina

foram cortados com auxíl io de disco diamantado em fatias de

aproximadamente 0,85mm, rotacionados 900 e cortados novamente

formando f i letes. Os espécimes em forma de f i letes foram

armazenados em água destilada a 370C por 30 dias e submetidas

ao teste de resistência de união a microtração a velocidade de

0,5mm/minuto. Todas as fraturas ocorreram na interface adesiva. A

análise da microscopia eletrônica de varredura revelou que o

condicionamento ácido promoveu maior degradação da superfície

da cerâmica e resultou em maiores valores de resistência de união

do que o f lúor fosfato acidulado. As médias de resistência de união

dos grupos 6 ao 10, correspondentes a cerâmica IPS Empress 2,

foram signif icantemente maiores que as médias dos grupos 1 ao 5,

da cerâmica IPS Empress. Após análise dos resultados os autores

concluíram que a resistência adesiva estava primariamente ligada

à microestrutura e ao tratamento de superfície.

Zavanelli et al. (2006), teve como objetivo avaliar, por meio da

microscopia eletrônica de varredura, a superfície da porcelana tratada com dois

tipos de ácido (fluorídrico e fosfórico) e dois diferentes tempos de

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condicionamento da superfície da porcelana (1 e 2 minutos). Foram utilizados

quarenta corpos de prova de porcelana confeccionados a partir de uma matriz

metálica circular, apresentando dimensões que facilitassem o seu manuseio e

a colocação no dispositivo próprio para observação no microscópio eletrônico

de varredura. A cerâmica empregada foi a VITA ( VITA Zahnfabrik, Alemanha ),

na cor A2. Após a adição de água destilada ao pó cerâmico, obtinha-se uma

massa consistente, que era condensada em pequenas porções, até o total

preenchimento da matriz. Em seguida, a superfície da cerâmica foi

regularizada, e o excesso de água removido. Este conjunto foi levado ao forno

automático EDG modelo SV 100P ( EDG, nacional), previamente aquecido,

onde permaneceu durante 20 minutos para que ocorresse desidratação prévia

do corpo-de-prova. Após a queima da cerâmica, sua superfície foi regularizada

com lixa de carbeto de silício e água e então tratada com pedra de óxido de

alumínio ( Dura White, Shofu, EUA ) e roda de borracha branca abrasiva ( Exa

Cerapol, Edenta, EUA) em baixa rotação. Os corpos-de-prova foram divididos

aleatoriamente em quatro grupos que tiveram a superfície tratada e um grupo

controle ( sem tratamento ), sendo oito amostras para cada grupo. A cerâmica

recebeu então os diferentes tratamentos de superfície. As análises

microscópicas foram realizadas antes e após o tratamento da superfície

cerâmica para cada grupo. Os resultados foram: a cerâmica tratada com ácido

fluorídrico a 9,5% durante 1 minuto apresentou-se com a superfície

significativamente mais alterada que a cerâmica cujo tratamento foi o ácido

fosfórico a 37% durante 1 minuto e durante 2 minutos. Os autores chegaram a

conclusão que clinicamente este trabalho sugere um reparo mais eficiente

quando a superfície cerâmica é tratada com ácido fluorídrico.

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Carneiro Junior, Carvalho e Turbino (1999), tiveram como objetivo

avaliar, in vitro, a força de união da resina composta a porcelana feldspática,

quando efetuados os seguintes tratamentos superficiais na porcelana:

asperização com instrumento cortante rotatório diamantado ou jateamento com

óxido de alumínio de 50µm, em aplicação isolada ou associada ao

condicionamento com ácido fosfórico, por 15 segundos, ou com ácido

fluorídrico, por 1 ou por 4 minutos. Todos os espécimes foram previamente

regularizados com lixa n˚ 220. Após os tratamento superficiais, receberam o

sistema de união adesivo para porcelana Scotchbond Multi-Purpose Plus

Dental Adhesive System (3M). Foram armazenados em água destilada a 37˚C,

em estufa, por 7 dias, e termociclados (600 ciclos de 1 minuto, entre 5 e 55˚C),

sendo então submetidos ao teste de tração. Os resultados mostraram que

ocorreu melhora na resistência a tração com todos os tratamentos propostos

(em comparação ao observado no grupo controle, sem nenhum tratamento

superficial. Os autores chegaram à conclusão que o jateamento produziu maior

resistência de união que a asperização com instrumento cortante rotatório

diamantado; mas, quando associado ao condicionamento com qualquer dos

ácidos selecionados, independente do tempo de aplicação, não houve

diferença estatística entre esses tratamentos.

Nagayassu et al. (2006), tiveram como objetivo o estudo in vitro avaliar

o efeito de diferentes tratamentos de superfície na resistência ao cisalhamento

da união entre porcelana e cimento resinoso. Foram confeccionados sessenta

pares de discos de porcelana aluminizada a 50%, de 6mm de diâmetro por

3mm de espessura (A) e 3mm de diâmetro por 3mm de espessura (B). Os

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espécimes foram divididos aleatoriamente em 6 grupos, de acordo com os

tratamentos de superfície: condicionamento com ácido fluorídrico por 2 e 4 min,

jateamento com óxido de alumínio (50µm) por 5s, jateamento seguido de ácido

fluorídrico por 2 a 4 min e controle. Os resultados foram: o condicionamento

ácido por 2min apresentou resultados significamente superiores ao

condicionamento por 4min e ao grupo controle porém não diferiu

estatisticamente do jateamento, associado ou não ao ácido fluorídrico por 2 ou

4 min. Os autores chegaram a conclusão que dentro das limitações de um

estudo in vitro, o condicionamento com ácido fluorídrico por 2min produziu uma

retenção micromecânica favorável, que aumentou a resistência de união entre

o cimento resinoso e a porcelana.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

Foram utilizados, para o presente estudo, os seguintes materiais:

Cerâmica IPS Empress 2 (Ivoclar Vivadent-Schaan/Liechtenstein), contendo

em sua matriz vítrea di-silicato de lítio (Figura 1). Em forma de pastilha,

apresentando 10mm de diâmetro e 3mm de altura. Foi a pastilha incluída em

anel de PVC de ¾ de polegada com 20mm de altura, utilizando-se resina

acrílica autopolimerizável incolor. Em seguida, com auxíl io de uma

Politriz Horizontal (Motopol/2000-BUEHLER Ltda. Lake Bluff, IL, EUA),

(Figura 2), as superfícies de adesão das amostras foram

regularizadas, através de desgaste, com lixas de papel abrasivo

(3M) de granulação seqüencial 200, 300, 400 e 600, respectivamente,

sob refrigeração. Esta poli tr iz possui um disco giratório onde são

adaptadas as lixas seqüenciais. Os discos embutidos no cil indro

plástico foram f ixados no aparelho, em uma plataforma móvel e

regulável, situada acima do disco giratório. Ao ser acionado pelo

motor, a plataforma móvel contendo as amostras, girando em

menor velocidade e com pressão constante, entra em contato com

o disco giratório contendo a lixa. Em cada regularização foram

util izadas lixas novas. Esse procedimento foi realizado em apenas

um dos lados de cada disco. Em seguida, os discos foram removidos e

limpos em aparelho de ultra-som com agente de limpeza Invex

(Ivoclar/Vivadent), por 10 minutos, seguido de lavagem em água corrente, seco

em jato de ar.

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FIGURA 01 - Cerâmica IPS

Empress 2 – Dissi l icato de l ít io.

FIGURA 02 - Politr iz Horizontal.

A cerâmica foi cortada com disco f lexível diamantado mono

face (KG SORENSEN), e divididas ao meio, apenas um dos lados,

foi dividido em duas partes. Formando assim três corpos de

provas, exist indo apenas um grupo (Figura 3). Uma das partes foi

feito, o jateamento com óxido de alumínio de 50µ, por 5 segundos,

e condicionado com ácido f luorídrico a 10% por 10 segundos. Nas

outras duas metades, uma foi feito o jateamento com óxido de

alumínio de 50µ, por 5 segundos, e a outra, apenas deixou-se

polida a superfície (Figura 4).

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FIGURA 3 - Cerâmica IPS Empress 2 – Dissil icato de Lít io.

FIGURA 4 – Tratamento de superf ície nos corpos de prova.

Os três corpos de provas, foram devidamente, armazenados

em recipientes plásticos com tampa, e identif icados. Totalmente

secos, foram acondicionados de tal maneira a não sofrer qualquer

alteração, revestidas com liga de ouro-paládio sob vácuo, com

auxílio de uma máquina metalizadora (Figura 5), (Bal-Tec SCD

050) e, em seguida, observados ao Microscópio Eletrônico de

Varredura (Modelo JSM T330A, JEOL Co, Tokyo, Japão), em

aumento de 3500 vezes (Figura 6).

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FIGURA 5 - Máquina metalizadora

FIGURA 6 - Microscópio Eletrônico de Varredura.

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4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

As fotomicrograf ias das Figuras 1 a 3 i lustram o aspecto

morfológico das superfícies das amostras da cerâmica de infra-

estrutura IPS Empress II, contendo di-sil icato de lít io, em sua

matriz vítrea, após os respectivos tratamentos, com 3500 vezes de

aumento.

Figura 1 – Aspecto morfológico da superf ície da amostra da Cerâmica IPS Empress II acabada com lixas abrasivas (x3500).

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Figura 2 – Aspecto morfológico da superf ície da amostra da Cerâmica IPS Empress II após jateamento com óxido de alumínio durante 5 segundos (x3500).

Figura 3 – Aspecto morfológico da superf ície da amostra da Cerâmica IPS Empress II jateada e condicionada com ácido f luorídrico a 10% por 10 segundos (x3500).

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5 DISCUSSÃO

O desenvolvimento de novos materiais cerâmicos tem

contribuído para um aumento no interesse da odontologia estética.

A translucidez, o menor desgaste dental, a não toxicidade da

cerâmica e a qualidade estét ica dos materiais totalmente

cerâmicos, são as razões para a uti l ização cada vez maior destas

restaurações, quando comparadas às coroas metalo - cerâmicas

(BORGES et al., 2003).

Com o objet ivo de aliar a resistência e estét ica, vários outros

sistemas de cerâmicas l ivres de metal foram desenvolvidos nas

ult imas décadas, entre eles, o Sistema IPS Empress (Ivoclar) em

1983. Este sistema é composto basicamente por uma cerâmica

vítrea com 35% em volume de leucita, com resistência f lexural de

112 MPa. Neste sistema padrões de cera são incluídos em

revestimento apropriado e a cerâmica fundida é injetada dentro do

molde através de pressão, sendo indicada para confecção de

inlays, onlays e facetas laminadas (Holand et al., 2000). Com o

objetivo de estender a indicação para coroas totais e próteses de

três elementos, o sistema passou por um processo de evolução e o

Sistema IPS Empress 2 foi, então, desenvolvido.

Este sistema consiste de uma cerâmica vítrea para confecção

de infra-estrutura, contendo mais de 60% em volume de cristais de

di-si l icato de l ít io, densamente dispostos e unidos à matriz vítrea,

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com resistência a f lexão superior a 300 MPa. Este sistema util iza a

técnica de cera perdida na confecção da infra-estrutura,

procedimento este de uso rotineiro e simples para os técnicos de

laboratório de prótese. O enceramento é realizado no modelo

mestre, conseguindo-se assim, reproduzir formas de retenção e

resistência, bem como o aspecto rugoso do preparo cavitário. O

padrão de cera é incluído em revestimento e as pasti lhas de

cerâmica com alto conteúdo de di-sil icato de l ít io, são fundidas e

injetadas. Em seguida a cerâmica de cobertura com cristais de

f lúor apatita é apl icada diretamente sobre a infra-estrutura através

da técnica convencional de estratif icação e sinterização

(SORENSEN et al., 1999; HOLLAND et al., 2000).

A constante evolução dos sistemas cerâmicos livres de metal

leva ao desconhecimento da maioria dos prof issionais em relação

à composição da estrutura de cada sistema, indicações, contra

indicações, bem como o tratamento da superfície interna das

restaurações para real ização da cimentação adesiva.

O procedimento de união dos sistemas cerâmicos à estrutura

dental é um fator importante para a longevidade dessas

restaurações e, dependendo do material empregado, a cimentação

pode ser real izada pela técnica adesiva ou convencional.

A retenção das restaurações inlays, onlays, facetas laminadas

ou coroas ocas de porcelana é dependente quase que

exclusivamente da união química mecânica ao agente de

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cimentação adesivo. Portanto, um dos fatores para o sucesso de

uma restauração de porcelana pura reside na efetividade de união

à porcelana (SORENSEN, J.A. 1991); (OZDEN, A.N.; AKALTAN, F.;

CAN, G. 1994); (CHEN, J.H.; MATSUMURA, H.; ATSUTA, M.

1998); (SATO, K.; MATSUMA, H,; ATSUTA, M. 1999); (DELLA

BONA, A.; MECHOLSKY JUNIOR., J.; ANUSAVICE, K.J. 2001).

Na estrutura dental a técnica de f ixação adesiva foi inicialmente

desenvolvida em 1955 com a técnica do condicionamento ácido e a

consagração desta adesão com o selamento dentinário obtido pela

aplicação de sistemas adesivos e a formação da camada híbrida

(BUONOCORE, M.G. 1955);( FUSAYAMA, T. et al. , 1979).

De maneira similar, a superfície interna de restaurações

cerâmicas deve ser susceptível a tratamentos de superfície, com o

objetivo de promover retenções mecânicas, para que os agentes

resinosos tenham a mesma efetividade que na estrutura dentária

(SIMONSEN, R.J., CALAMIA, J.R. 1983).

O jateamento com óxido de alumínio deve ser ut i l izado para

criar microretenções e l impeza da superfície da cerâmica. O

condicionamento com ácido hidrof luorídrico cria rugosidades pela

dissolução da matriz vítrea, favorecendo a retenção (ROULET,

J.F.; SODERHOLM, K.J.M.; LONGMATE, J., 1995).

O condicionamento da superfície da cerâmica IPS Empress 2

com ácido f luorídrico a 10% por 20 segundos, além de limpar a

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superfície da cerâmica, altera de forma signif icante a morfologia

superf icial removendo a matriz vítrea e expondo os cristais de di-

sil icato de l ít io, formando uma superfície irregular (SPHOR, 2001).

De acordo com as i lustrações das f iguras 1 a 3, o

condicionamento seguido do condicionamento com ácido f luorídrico

a 10%, no tempo de 20 segundos, promoveu uma alteração

morfológica da superfície, determinando um aspecto retentivo

superf icial.

Holland et al. (2000) enfatizam que os cristais de di-sil icato de

l ít io, os quais têm formato alongado de 0,5 a 4 µm de

comprimento, correspondem a principal fase cristal ina da cerâmica

de infra-estrutura IPS Empress 2. A segunda fase cristal ina são os

cristais de ortofosfato de l ít io, que não são visualizados em

fotomicograf ia pelo fato de serem removidos pelo condicionamento

ácido. Esta é uma pequena fase cristalina caracterizada por

cristais com aproximadamente 0,1 a 0,3 µm de diâmetro, localizada

na matriz vítrea e na superfície dos cristais de di-si l icato de l ít io. A

exposição da fase cristalina proporciona aumento na área de

superfície e topograf ia superf icial mais retentiva com formação de

irregularidades pela remoção da matriz vítrea, favorecendo maior

penetração e retenção dos materiais de f ixação.

Para cerâmica vítrea de di-sil icato de lít io do Sistema IPS

Empress 2 é preconizado pelo fabricante a aplicação do ácido

f luorídrico por 20 segundos seguidos de silanização. Entretanto,

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poucos estudos pertinentes ao tratamento superf icial desta

cerâmica são descritos na literatura, provavelmente por se tratar

de um material ainda recente (DELLA BONA, A.; MECHOLSKY

JUNIOR., J.; ANUSAVICE, K.J. 2001). Os mesmos autores

mostraram uma maior força de adesão da cerâmica IPS Empress 2

com a resina composta quando se realizou condicionamento com

ácido f luorídrico por 2 minutos associado à aplicação de silano na

superfície, obtendo valores médios de 56,1 ± 4,1 MPa.

Até o presente momento, o t ipo de mecanismo envolvido nos

procedimentos de união entre materiais restauradores indiretos

cerâmicos e agente de cimentação permanecem desconhecido, não

somente devido a sua complexidade, mas também pela possível

interferência de fatores inerentes aos métodos de avaliação

empregados. Podemos dizer ainda que é dif ícil determinar, através

de testes laboratoriais, a estabil idade das ligações envolvidas em

longo prazo especialmente no meio bucal, onde as condições de

temperatura são adversas, além da incidência de esforços

mastigatórios. Desse modo, parece prudente recomendar o uso de

microretenções através do microjateamento com óxido de alumínio

e condicionamento ácido da superfície interna da restauração e o

emprego de sistemas adesivos universais associado a agentes

silanizadores. Esses procedimentos proporcionariam rugosidades

suf icientes, aumento da área de superfície, penetração do sistema

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adesivo, além de uma possível l igação química, assegurando-se,

assim, a efetividade e a durabil idade da união. (FARIA, R.P. 2004).

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6 CONCLUSÃO

De acordo com a metodologia proposta e nos resultados

podemos concluir que o condicionamento da superfície da

cerâmica IPS Empress 2 com ácido f luorídrico a 10% no tempo de

10 segundos, promoveu uma alteração morfológica da superfície, e

o jateamento com óxido de alumínio promoveu micro retenções na

superfície da cerâmica. Estes devem estar associados, para que se

tenha ainda mais retenção, e uma maior união do agente

cimentante.

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