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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ RAFAELA MICHELS DA SILVEIRA BIOENSAIOS DE TOXICIDADE E ORGANISMOS BIOINDICADORES COMO INSTRUMENTO PARA A CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DO RIO ITAJAÍ-MIRIM, SC. ITAJAÍ 2007

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

RAFAELA MICHELS DA SILVEIRA

BIOENSAIOS DE TOXICIDADE E ORGANISMOS BIOINDICADORES

COMO INSTRUMENTO PARA A CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DO

RIO ITAJAÍ-MIRIM, SC.

ITAJAÍ

2007

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RAFAELA MICHELS DA SILVEIRA

BIOENSAIOS DE TOXICIDADE E ORGANISMOS BIOINDICADORES

COMO INSTRUMENTO PARA A CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DO

RIO ITAJAÍ-MIRIM, SC.

Dissertação apresentada como requisito

parcial à obtenção do título de Mestre em

Ciência e Tecnologia Ambiental, Curso de

Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência

e Tecnologia Ambiental, centro de

Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar,

Universidade do Vale do Itajaí.

Orientador: Prof. Dr. Antônio C. Beaumord

ITAJAÍ

2007

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RAFAELA MICHELS DA SILVEIRA

BIOENSAIOS DE TOXICIDADE E ORGANISMOS BIOINDICADORES

COMO INSTRUMENTO PARA A CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DO

RIO ITAJAÍ-MIRIM, SC.

Esta Dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental e aprovada pelo Programa de Mestrado Acadêmico em Ciência e Tecnologia Ambiental do Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência e Tecnologia Ambiental da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar.

Itajaí, SC, 18 de junho de 2007

__________________________________________________ Prof. Dr. Claudemir Radetski

Coordenador

__________________________________________________ Prof. Dr. Antônio Carlos Beaumord

Orientador

__________________________________________________ Prof. Dr.Charrid Resgalla Jr.

Convidado Interno

__________________________________________________ Prof. Dr. Mauricio Mello Petrucio

Universidade Federal de Santa Catarina – Convidado Externo

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS.....................................................................................................vi

LISTA DE TABELAS....................................................................................................vii

1. APRESENTAÇÃO....................................................................................................1

Resumo.........................................................................................................................2

Abstract.........................................................................................................................3

1.1. Introdução .............................................................................................................4

1.2. Caracterização da Área de Estudo......................................................................11

1.3. Metodologia Utilizada..........................................................................................15

1.3.1. Parâmetros Físico-químicos.............................................................................15

1.3.2. Bioensaios.........................................................................................................16

1.3.3. Bioindicadores...................................................................................................16

1.3.4. Descrição das Estações Amostrais...................................................................17

1.4. Resultados e Discussão ......................................................................................21

1.5. Conclusões..........................................................................................................28

1.6. Referências Bibliográficas...................................................................................30

2. BIOENSAIOS DE TOXICIDADE – ÁGUA E SEDIMENTO.....................................33

2.1. Introdução ...........................................................................................................34

2.2. Metodologia Utilizada..........................................................................................40

2.2.1. Água Superficial................................................................................................40

2.2.1.1.Testes de toxicidade com Pseudokirchneriella subcaptata............................40

2.2.1.2. Testes de toxicidade com Daphnia magna....................................................42

2.2.2. Testes de Toxicidade com Sedimento..............................................................42

2.3. Resultados e Discussão......................................................................................43

2.3.1. Água Superficial................................................................................................43

2.3.1.1. Testes de Toxicidade com Pseudokirchneriella subcaptata..........................43

2.3.1.2. Testes de Toxicidade com Daphnia magna...................................................46

2.3.2. Sedimento.........................................................................................................47

2.4. Conclusões..........................................................................................................49

2.5. Referências Bibliográficas...................................................................................51

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3. BIOINDICADORES – MACROINVERTEBRADOS AQUÁTICOS...........................56

3.1. Introdução............................................................................................................57

3.2. Metodologia Utilizada...........................................................................................65

3.2.1.Infauna...............................................................................................................65

3.2.2. Déficit de Espécies............................................................................................65

3.2.3. Métricas relacionadas à composição da comunidade......................................66

3.2.4. Métricas relacionadas a graus de tolerância à contaminação..........................67

3.3. Resultados e Discussão.......................................................................................67

3.3.1. Infauna..............................................................................................................67

3.3.2. Déficit de Espécies............................................................................................70

3.3.3. Métricas relacionadas à composição da comunidade......................................71

3.3.4. Métricas relacionadas a graus de tolerância à contaminação..........................74

3.4. Conclusões..........................................................................................................80

3.5. Referências Bibliográficas...................................................................................82

4. CARACTERIZAÇÂO AMBIENTAL DO RIO ITAJAÍ-MIRIM, SC.............................85

4.1. Introdução............................................................................................................86

4.2. Metodologia Utilizada...........................................................................................88

4.3. Resultados e Discussão.......................................................................................90

4.4. Conclusão Final...................................................................................................91

4.5. Referências Bibliográficas....................................................................................94

APÊNDICES...............................................................................................................95

ANEXOS...................................................................................................................122

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1. Estações de coleta (#A - #J) localizadas no Rio Itajaí-Mirim....................16 Figura 1.2. Valores de pH nas amostras coletadas ao longo do Rio Itajaí-Mirim durante o período de estudo.......................................................................................22 Figura 1.3. Valores de condutividade nas amostras coletadas ao longo do Rio Itajaí-Mirim durante o período de estudo.............................................................................23 Figura 1.4. Valores de oxigênio (mg/l) nas amostras coletadas ao longo do rio Itajaí-Mirim durante o período de estudo.............................................................................24 Figura 1.5. Valores de temperatura nas amostras coletadas ao longo do Rio Itajaí Mirim durante o período de estudo.............................................................................25 Figura 1.6. Precipitação acumulada na região do Rio Itajaí-Mirim durante o período de estudo. Fonte: CPTEC (2005)................................................................................26 Figura 1.7. Valores de material particulado em suspensão nas amostras coletadas ao longo do Rio Itajaí-mirim durante o período de estudo...............................................27 Figura 1.8. Valores de turbidez nas amostras coletadas ao longo do Rio Itajaí-Mirim durante o período de estudo.......................................................................................28 Figura 2.1. Variação temporal e espacial da toxicidade crônica (%) das águas superficiais do Rio Itajaí-Mirim, durante o período de estudo (2004-2005)................44 Figura 2.2. Variação temporal e espacial da toxicidade aguda (%) das águas superficiais do Rio Itajaí-Mirim, durante o período de estudo (2004-2005)................47 Figura 2.3. Variação temporal e espacial da toxicidade aguda (%) nos sedimentos do Rio Itajaí-Mirim, durante o período de estudo (2004-2005)........................................48

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1. Características de localização e uso e ocupação do solo das estações de coleta no rio Itajaí-Mirim..............................................................................................20 Tabela 3.1. Qualidade de água para Índices %EPT. Fonte: CARRERA & FIERRO (2001)..........................................................................................................................67 Tabela 3.2. Lista de táxons de macroinvertebrados registrados nas estações de coleta, no rio Itajaí-Mirim, durante junho de 2004 a junho de 2005............................68 Tabela 3.3. Abundâncias relativas de macroinvertebrados registrados nas estações de coleta, no rio Itajaí-Mirim, durante junho de 2004 a junho de 2005............................................................................................................................69 Tabela 3.4. Resultado da aplicação do método de déficit de espécies encontradas no rio Itajaí-Mirim durante o período de estudo (KOTHE, 1962).....................................70 Tabela 3.5. Percentual de Ephemeroptera/Plecoptera/Trichoptera (%EPT) aplicado para os macroinvertebrados coletados durante o período de estudo no rio Itajaí-Mirim...........................................................................................................................71 Tabela 3.6. Percentual de Chironomidae aplicado para os macroinvertebrados coletados durante o período de estudo no rio Itajaí-Mirim..........................................72 Tabela 3.7. Percentual de Oligochaeta aplicado para os macroinvertebrados coletados durante o período de estudo no rio Itajaí-Mirim...........................................................................................................................73 Tabela 3.8. Percentual de organismos resistentes a contaminação aplicado para os macroinvertebrados coletados durante o período de estudo no rio Itajaí-Mirim...........................................................................................................................74 Tabela 3.9. Percentual de organismos sensíveis a contaminação aplicado para os macroinvertebrados coletados durante o período de estudo no rio Itajaí-Mirim.........75 Tabela 3.10. Percentual de organismos tolerantes a contaminação aplicado para os macroinvertebrados coletados durante o período de estudo no rio Itajaí-Mirim...........................................................................................................................75 Tabela 3.11. Percentuais de organismos em relação a tolerância a contaminação nas 10 estações amostrais do rio Itajaí-Mirim, durante junho de 2004 a junho de 2005............................................................................................................................76

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Tabela 3.12. Organismos resistentes a contaminação aplicado para os macroinvertebrados coletados durante o período de estudo no rio Itajaí-Mirim.........77 Tabela 3.13. Organismos sensíveis a contaminação aplicado para os macroinvertebrados coletados durante o período de estudo no rio Itajaí-Mirim...........................................................................................................................78 Tabela 3.14. Organismos tolerantes a contaminação aplicado para os macroinvertebrados coletados durante o período de estudo no Rio Itajaí-Mirim........78 Tabela 3.15. Resultados da avaliação da qualidade das águas do Rio Itajaí-Mirim para a comunidade de invertebrados nos diferentes trechos, com as diferentes métricas testadas........................................................................................................80 Tabela 4.1. Possibilidade de combinações entre os componentes (modificado de CHAPMAN, 1990), segundo ZAMBONI & ABESSA (2002)........................................88 Tabela 4.2. Integração dos dados de comunidade bentônica, toxicidade e parâmetros químicos durante o período de estudo........................................................................90

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APRESENTAÇÃO

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RESUMO

Considerando-se a necessidade crescente de monitoramento e avaliação dos

sistemas hídricos, este estudo objetivou caracterizar através da abordagem

ecotoxicológica e de bioindicadores, a qualidade da água e do sedimento do rio

Itajaí-Mirim nos trechos dos municípios de Brusque a Vidal Ramos. Para isso,

realizaram-se bioensaios com água e sedimento, utilizando-se os organismos

planctônicos Pseudokirchneriella subcaptata e Daphnia magna, organismos

bentônicos como bioindicadores, além das análises físicas e químicas da água,

durante o período de junho de 2004 a dezembro de 2005, em 10 estações amostrais

ao longo do rio. Os resultados indicaram alterações na qualidade das águas e do

sedimento do rio Itajaí-Mirim, principalmente nos trechos Alto Vidal e Brusque, devido

ao uso e ocupação do solo, sem ações de manejo e controle, comprometendo a

qualidade da água utilizada para o consumo doméstico nos municípios de Itajaí e

Brusque.

Palavras-chave: bioindicadores, ecotoxicologia, qualidade de água, rio Itajaí-Mirim.

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ABSTRACT Taking into account the increasing necessity of evaluating and monitoring hydric

systems, this study aimed to characterize through the ecotoxicologic and bioindicator

approach, the water and sediment quality in the middle stretch of the Itajaí-Mirim

river, between the cities of Brusque and Vidal Ramos (Santa Catarina State,

Southern Brazil). In other to accomplish these objectives, bioassays with water and

sediment were conducted using planktonic organisms Pseudokirchneriella subcaptata

and Daphnia magna, as well as benthic organisms’ surveys as bioindicators, and

physical and chemical water analyses. Sampling work took place between June 2004

and December 2005, in 10 different sites along the river. Results indicated alterations

in water and sediment quality, mainly in the higher stretches and near the town of

Brusque, due to the land use with no measures of management and control of the

resource, compromising the water quality, used for domestic consumption in the

counties of Itajaí and Brusque.

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1.1. INTRODUÇÃO

As águas utilizadas para abastecimento e demais atividades sócio-

econômicas são captadas principalmente em rios, lagos, represas e aqüíferos

subterrâneos. Certamente, pelo fato desses mananciais se encontrarem nos

domínios terrestres são também referidos como águas interiores. Essas águas

apresentam características de qualidade muito variadas, que lhes são conferidas

pelos ambientes, por onde circulam, percolam ou onde são armazenadas.

Considerando-se a importância crescente da influência de fatores antropogênicos

sobre a qualidade das águas, torna-se necessário, distinguir as suas características

naturais daquelas produzidas pela ação do homem.

Os mananciais urbanos são as fontes disponíveis de água, nos quais as

populações podem ser abastecidas para suas necessidades. O manancial deve

possuir quantidade e qualidade de água adequada ao seu uso, sendo o uso mais

nobre o consumo de água pela população, o chamado consumo doméstico

(TUNDISI, TUNDISI & ROCHA, 2002). Segundo PORTO (1991), as águas captadas

de bacias hidrográficas não protegidas não são confiáveis para abastecimento

público, pelo fato de meramente atender aos poucos parâmetros de qualidade

estabelecidos pelos padrões gerais de qualidade ambiental, ou de potabilidade para

águas destinadas ao consumo humano.

O desenvolvimento urbano envolve duas atividades conflitantes com a

qualidade dos mananciais, o aumento da demanda de água, e a degradação do

ambiente decorrente de atividades antropogênicas sem as devidas ações de manejo

e controle. O que também compromete a qualidade da água de um manancial é a

presença de certas atividades industriais ou extrativas que lancem às águas

substâncias tóxicas (TUNDISI, TUNDISI & ROCHA, 2002). A expressão qualidade

da água não se refere a um grau de pureza absoluto ou mesmo próximo do absoluto,

como se requer, em geral, para outras substâncias, compostos ou materiais. Refere-

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se, a um padrão tão próximo quanto possível do natural, isto é, da água tal como se

encontra nos rios e nascentes, antes do contato com o homem (BRANCO, 1991).

Os rios são coletores naturais de água das paisagens, refletindo o uso e

ocupação do solo de sua respectiva bacia de drenagem. Os principais processos

degradadores observados em função das atividades humanas nas bacias de

drenagem são o assoreamento e homogeneização do leito de rios e córregos,

diminuição da diversidade de habitats e microhabitats, e eutrofização artificial com o

enriquecimento excessivo das concentrações de fósforo e nitrogênio nos corpos

d´água (BARBOUR et al., 1999).

O modo de detectar tais processos degradadores se faz pelo monitoramento

da qualidade ambiental, através da analise das propriedades biogeoquímicas e

biológicas de distintas fases abióticas e bióticas dos compartimentos dos

ecossistemas aquáticos, como coluna d’água e suas subfases e sedimentos

(ZAGATTO & BERTOLETTI, 2006).

Segundo ZAMBONI (1993) existem atualmente duas formas, comumente

utilizadas para avaliar a ação de determinados poluentes nos sistemas biológicos. A

primeira está relacionada com a interpretação das modificações estruturais das

comunidades em relação às alterações ambientais, que podem servir como base

classificatória do grau de integridade do ambiente, sendo que uma avaliação de

caráter ecológico deve, necessariamente, incluir levantamentos biológicos, análises

físico-químicas da água e levantamentos dos demais parâmetros ambientais, que

compõem os habitats em estudo. A segunda forma de avaliar o efeito de um

determinado composto químico, ou um conjunto deles formando uma substância

complexa sobre os organismos, seriam os testes de toxicidade realizados em

laboratório. Estes testes são aplicados na avaliação da qualidade da água porque

apenas os testes químicos e físicos não detectam ações sinergéticas entre

contaminantes, não sendo suficientes para assegurar o potencial efeito na biota

aquática. As análises químicas, que em 1980 predominaram como forma de

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caracterizar os contaminantes contidos em efluentes líquidos, e que serviram como

base dos padrões da legislação sobre qualidade ambiental, sozinhas não são

suficientes para evitar a toxicidade dos mesmos a organismos aquáticos. Mesmo

porque, as análises químicas não são capazes de precisar em que fração cada

substância presente estaria disponível para exercer um efeito tóxico sobre a biota.

Uma vez lançadas no ambiente, quaisquer substâncias ou compostos químicos

podem iniciar uma infinidade de interações entre si e com os constituintes do meio,

que poderão resultar nas mais diferentes formas de ação sobre as comunidades

biológicas a elas expostas (ZAMBONI, op.cit.).

O monitoramento de variáveis físicas e químicas traz algumas vantagens na

identificação de alterações ambientais em ecossistemas aquáticos, tais como:

identificação imediata de modificações nas propriedades físicas e químicas da água;

detecção precisa da variável modificada, e determinação destas concentrações

alteradas. Entretanto este sistema apresenta como desvantagem a descontinuidade

temporal e espacial das amostragens, fornecendo somente uma fotografia

momentânea do que pode ser uma situação altamente dinâmica (WHITFIELD, 2001).

Em função da capacidade de autodepuração e do fluxo unidirecional de

ecossistemas lóticos, os efluentes carreados por drenagens pluviais para dentro de

ecossistemas aquáticos podem ser diluídos (dependendo das concentrações e

tamanho do rio) antes da data de coleta das amostras ou causarem poucas

modificações nos valores das variáveis. Além disso, o monitoramento físico e

químico da água é pouco eficiente na detecção de alterações na diversidade de

habitats e microhabitats e insuficiente na determinação das conseqüências da

alteração da qualidade de água sobre as comunidades biológicas.

Por outro lado, as comunidades biológicas refletem a integridade ecológica

total dos ecossistemas, integrando os efeitos dos diferentes fatores causais e

fornecendo uma medida agregada dos eventuais efeitos adversos (BARBOUR et al.,

1999). As comunidades biológicas de ecossistemas aquáticos são formadas por

organismos que apresentam adaptações evolutivas a determinadas condições

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ambientais e apresentam limites de tolerância a diferentes alterações das mesmas

(ALBA-TERCEDOR, 1996). Desta forma, o monitoramento biológico constitui-se

como uma ferramenta na avaliação das respostas destas comunidades biológicas a

modificações nas condições ambientais originais.

Devido a algumas características intrínsecas à biota, a utilização da

comunidade aquática em estudos ecológicos oferece vantagens importantes sobre

as medições químicas, tais como exposição prolongada a todas as variações de

parâmetros ambientais, fornecendo, portanto, uma resposta integrada. Os dados

químicos são eficientes, mas são dados instantâneos, requerendo um grande

número de medições para se obter uma representação fiel, enquanto que a biota

apresenta diferentes níveis de sensibilidade e taxas de recuperação dependendo da

espécie e dos ciclos de vida; além de sua capacidade de concentrar e armazenar

substâncias em seus tecidos, quando muitas vezes, tais substâncias não são

detectadas no ambiente por meios químicos. O principal motivo para o uso de

organismos indicadores de qualidade da água é que a presença ou ausência destes

organismos funciona como uma reflexão do ambiente em que se encontram

(SEMARH, 2004).

Alterações na qualidade da água podem eliminar ou selecionar a fonte de luz

(devido a turbidez ou ao calor), eliminar ou reduzir o oxigênio dissolvido (DBO),

introduzir elemento orgânico (em substituição da produção primária), além de várias

outras mudanças, reduzindo-se assim a disponibilidade de nichos ecológicos e, com

isto, comprometendo a estabilidade do sistema. Por isto, é possível utilizar o grau de

diversidade específica como parâmetro na avaliação da qualidade da água.

Geralmente, a maior diversidade caracteriza os ambientes não sujeitos a

perturbações. Águas de má qualidade apresentam, invariavelmente, um pequeno

número de espécies, ou seja, menor quanto o maior grau de seletividade ou estresse

provocado pelos poluentes, e um grande número de indivíduos (BRANCO, 2002).

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O monitoramento biológico é realizado principalmente através da aplicação de

diferentes protocolos de avaliação, índices biológicos e multimétricos, tendo como

base a utilização de bioindicadores de qualidade de água e hábitat. Os principais

métodos envolvidos abrangem o levantamento e avaliação de modificações na

riqueza de espécies e índices de diversidade; abundância de organismos resistentes;

perda de espécies sensíveis; medidas de produtividade primária e secundária;

sensibilidade a concentrações de substâncias tóxicas, entre outros (BARBOUR et al.,

1999).

A contaminação ambiental por substâncias químicas é conseqüência da

grande industrialização, da utilização crescente de veículos e dos usos intensivos

dos recursos naturais pela agropecuária, silvicultura e mineração. Assim, a

ecotoxicologia alerta para as substância químicas que representam risco e, sugere a

aplicação de medidas preventivas antes que ocorram graves danos aos

ecossistemas naturais (PAASIVIRTA, 1991).

Nenhuma substância química é totalmente segura ou totalmente danosa. Seu

efeito está relacionado com a sua concentração no meio e seu tempo de

permanência ou tempo de exposição sobre o organismo. Neste sentido os testes de

toxicidade são aplicados para avaliar os efeitos adversos do composto químico em

um organismo de forma padronizada, em condições replicáveis que permita

comparações com outros compostos testados. Apenas técnicas de

biomonitoramento, baseadas no uso de espécies sensíveis podem ser utilizadas para

medir integrativamente as respostas aos efeitos interativos de tais substâncias.

A ecotoxicologia foi definida por RAMADE (1977) como a ciência que tem por

objetivo estudar as modalidades de contaminação do ambiente pelos poluentes

naturais ou sintéticos, produzidos por atividades humanas, seus mecanismos de

ação e seus efeitos sobre o conjunto de seres vivos que habitam a biosfera. A

toxicologia aquática é o estudo qualitativo e quantitativo dos efeitos adversos ou

tóxicos de compostos químicos ou outros materiais gerados por ações

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antropogênicas e xenobióticos (substâncias estranhas ou externas ao sistema

biótico) em organismos aquáticos. Está envolvida em um campo multidisciplinar de

estudo com outras ciências, além dos campos diretamente relacionados aos

processos da escala dos testes como a estrutura biológica do organismo-teste e

fatores físicos, químicos e biológicos do agente químico. Incluem nesta ciência os

estudos sobre transporte e distribuição dos poluentes no ambiente.

O objetivo dos testes de toxicidade é verificar os efeitos provocados a médio

e longo prazos, por doses subletais fornecidas contínua ou repetidamente durante

certo tempo. Dificilmente se poderia obter esse tipo de informação, a partir,

simplesmente, de dados analíticos. A toxicidade de uma água, ou seja, a sua

capacidade de provocar estados mórbidos, nem sempre depende da presença de

uma única espécie química, mas sim da interação de diferentes espécies e

condições físicas e químicas, da qual podem resultar atenuações ou, ao contrário,

sinergismos, reduzindo ou acentuando os efeitos tóxicos individuais. Assim, o

verdadeiro potencial de toxicidade de uma água só pode ser estimado, com relativo

grau de segurança, através de ensaios sintéticos, ou empíricos, realizados com

seres vivos (BRANCO, 2002). Testes de toxicidade podem ser eficientes

instrumentos de avaliação da qualidade de água e/ou sedimento. A qualidade é

definida dentro de padrões e exigências que assegurem o bem estar dos organismos

no ambiente em estudo (NASCIMENTO, 1998).

Nos estudos de ecotoxicidade, avaliam-se os efeitos causados às espécies-

teste, por meio da exposição de organismos representativos do ambiente às várias

concentrações de uma ou mais substâncias, por período determinado. Em razão da

multiplicidade de espécies existentes e das inúmeras relações de dependência entre

elas, preconiza-se que os testes sejam realizados com, no mínimo, três organismos

pertencentes a diferentes níveis tróficos, de modo a obter o resultado com o

organismo mais suscetível, estimando com maior segurança o efeito deletério.

Assim, os testes de ecotoxicidade devem ser conduzidos em produtores (algas),

consumidores primários, consumidores secundários e decompositores (CHASIN &

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AZEVEDO, 2003). O desenvolvimento de métodos em ecotoxicidade é assunto

complexo e, de maneira geral, tem por finalidade a predição de efeitos ambientais, a

comparação entre substâncias e a monitoração de efluentes (RAND, 1995; KNIE &

LOPES, 2004). A utilização de testes de toxicidade com diferentes organismos-teste

diminui os erros e incertezas associadas à extrapolação das respostas de laboratório

para campo e à identificação e quantificação das respostas falsas negativas e falsas

positivas (OLIVEIRA-NETO et al., 1998).

O fato de que os testes são executados em ambiente artificial, como num

laboratório, não permite, extrapolar os resultados diretamente ao ecossistema,

ficando restrito unicamente ao organismo-teste especifico e às condições que

levaram ao resultado do ensaio. Deduções sobre os processos complexos nos

sistemas aquáticos, que até hoje são relativamente pouco conhecidos, podem ser

feitas somente com cautela. Porém, os testes fornecem informações e indicações

sobre os possíveis riscos e alterações prejudiciais ao ambiente, servindo, assim,

como sistemas preventivos de proteção e alerta (KNIE & LOPES, 2004).

O monitoramento de ecossistemas aquáticos não deve estar limitado apenas

às análises do compartimento água, mas também deve incluir o sedimento, uma vez

que este compartimento pode alterar a qualidade das águas quando substâncias

naturais e/ou resultantes de ações antropogênicas, introduzidas no sistema, podem

ser liberadas para a coluna d’água devido a mudanças de caráter físico, químico e

biológico das condições ambientais (INGERSOLL, 1995).

Considerando-se a necessidade crescente de monitoramento e avaliação dos

sistemas hídricos, este estudo objetivou caracterizar através da abordagem

ecotoxicológica e de bioindicadores, a qualidade da água e do sedimento do rio

Itajaí-Mirim. Para isso, realizaram-se bioensaios com água e sedimento, utilizando-se

os organismos planctônicos Pseudokirchneriella subcaptata e Daphnia magna,

organismos bentônicos como bioindicadores, além das análises físico-químicas da

água. Objetivou-se também determinar quais os trechos do rio Itajaí-Mirim estão

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sujeitos a contaminação crônica, através da abordagem ecotoxicológica; determinar

se existe flutuação temporal desta contaminação, e determinar a qualidade da água

captada para abastecer os municípios de Brusque e Itajaí.

1.2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A bacia hidrográfica do rio Itajaí, em Santa Catarina, divide-se em duas

regiões distintas: a do planalto e a do litoral. No planalto, os rios Itajaí do Oeste e

Itajaí do Sul se encontram, na altura do município de rio do Sul, formando o rio Itajaí-

Açu. Os afluentes mais importantes do baixo Vale do Itajaí-Açu são o rio Luís Alves e

o rio Itajaí-Mirim (AMFRI, 2004). O rio Itajaí-Mirim é um afluente da margem direita

do rio Itajaí-Açu, sendo seu maior tributário. Tem suas nascentes na serra dos

Faxinais, a aproximadamente 1.000 metros de altitude, e deságua já na região

estuarina do Itajaí-Açu, tendo o leito principal uma extensão de aproximadamente

170 km, e uma bacia de drenagem ocupando uma área de aproximadamente 1.600

km2 (RIFFEL & BEAUMORD, 2002).

Esta bacia engloba integralmente os municípios de Vidal Ramos, Presidente

Nereu, Botuverá, Guabiruba, e Brusque; e parcialmente os de Gaspar (3%), Ilhota

(9,5%), Camboriú (18%) e Itajaí (64%) totalizando assim 9 municípios (AMFRI,

2004). A bacia hidrográfica do rio Itajaí-Mirim está localizada na região do Vale do

Itajaí, entre as latitudes 26°53’17,1” e 26°56’05,1” Sul e as longitudes 48°40’57,8” e

48°44’12,4” Oeste, tendo a orientação do curso principal no sentido 17° Norte

(GAPLAN, 1986).

A cobertura vegetal original da bacia é considerada floresta Ombrófila Densa.

Esta região possui subdivisões em formações de zonas altitudinais, sendo elas:

aluvial, de terras baixas, montana e alto montana (IBGE, 1990). Este tipo de

vegetação pode ser dividido para melhor classificação e estudo nos seguintes tipos:

mata de várzea (que em períodos de chuva sofre inundações), matas localizadas ao

longo do Itajaí–Mirim, e em seus terraços aluviais mais antigos (formados por densos

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12

aglomerados de seixos rolados de vários tamanhos), matas localizadas em encostas

íngremes e matas situadas nas grandes encostas (consideradas extensas encostas

com altitudes elevadas) (KLEIN, 1980). Conforme LAFIN (2003), o uso e ocupação

na bacia do rio Itajaí-Mirim, indicam que aproximadamente 56% da bacia estão

ocupados por vegetação em forma de mata/capoeirão e capoerinha. A ocupação

urbana representa apenas 2,3% da área da bacia. As principais não conformidades

entre o uso do solo e legislação ambiental da bacia, ocorrem entre as classes de uso

pastagens (22,5%) e reflorestamento (12,3%), que avançam até a beira do rio.

As principais atividades econômicas desenvolvidas na bacia do rio Itajaí-Mirim,

nos municípios de Itajaí e Brusque são a industrial, a mineração e a agrícola,

destacando a rizicultura como principal atividade agrícola da região. A situação

atualmente constatada em partes do rio Itajaí-Mirim é dramática em razão da

constante poluição e degradação do rio, principalmente nas partes baixas. O estado

atual pode ser atribuído a retirada da cobertura vegetal, a intensa atividade extrativa

da madeira; o uso agrícola de suas margens e aplicação de pesticidas provocando o

esgotamento dos solos. Nos municípios de Botuverá e Vidal Ramos, a principal

atividade econômica desenvolvida é a agrícola, destacando a cultura de fumo e o

cultivo de espécies arbóreas exóticas.

Para BEAUMORD e colaboradores (2003) a qualidade das águas do rio Itajaí-

Mirim varia de acordo com a ocupação de suas margens. Nos trechos mais altos

onde são poucos os núcleos urbanos e agricultura intensiva, verificou-se padrões

satisfatórios de qualidade de água, como por exemplo, os teores de oxigênio

dissolvido superiores a 7,0 mg/L. Já no trecho que corta o município de Brusque,

estes teores já caem para 6,0 mg/L chegando a casa de 3,0 mg/L no canal

extravasor, logo no município de Itajaí os teores são inferiores a 2,0 mg/L no leito

original do rio. O trabalho de RIFFEL (2003) identificou vários problemas ambientais

na bacia do rio Itajaí–Mirim, especialmente na região de Brusque. Este município é o

segundo mais populoso ao longo da bacia do rio Itajaí-Mirim, com cerca de 90.000

habitantes (IBGE, 2007), tendo a atividade industrial como a principal atividade

econômica, tornando-se o maior responsável pelo comprometimento da qualidade

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ambiental dos recursos hídricos da região. Neste trecho do rio, a qualidade das

águas encontra-se bastante comprometida, já que as atividades antropogênicas

representadas principalmente pela ocupação das margens e despejo de efluentes,

influenciam diretamente na qualidade desse recurso. TELLES & BEAUMORD (2002)

e TESTONI (2005) apontam a atividade de extração de areia como outro fator que

influencia a qualidade ambiental do rio Itajaí–Mirim, na região de Brusque. As áreas

de armazenamento e beneficiamento de minerais extraídos localizam-se nas

margens do rio, sendo que o processo de beneficiamento, ao descartar a água de

volta ao rio, eleva o nível de turbidez e do material particulado em suspensão, sem

considerar ainda que o armazenamento pode induzir a processos de assoreamento

do rio. Segundo SILVEIRA NETO (2003) a precariedade da qualidade das águas do

rio Itajaí-Mirim no trecho que drena o município de Itajaí contrasta com o restante da

bacia. Devido a sua importância estratégica para o abastecimento de água da cidade

são requeridas ações emergenciais para reverter este quadro. Para COELHO (2004)

a aplicação do Índice de Qualidade de Água (IQA) no rio Itajaí-Mirim apresentou

resultados que diagnosticaram diferenças expressivas entre determinados trechos de

seu curso em relação à qualidade da água. Mesmo havendo estas diferenças o

índice de qualidade indicou que para o pior caso, quando utilizado a classificação

adotada pela CETESB, a qualidade da água é classificada como boa.

ANDRADE (2006), aplicando o índice de diversidade de Shannon com

diatomáceas epilíticas como indicador biológico, demonstrou um comprometimento

da qualidade ambiental nas estações localizadas no município de Brusque, uma

qualidade de água intermediária nas estações localizadas no município de Vidal

Ramos, e uma melhor qualidade no trecho localizado no município de Botuverá.

Resultado semelhante obteve OLIVEIRA (2006), utilizando como indicador as

assembléias fitoplanctônicas nos trechos médio e alto do rio Itajaí-Mirim, onde os

resultados obtidos com a utilização do índice de conjunto completo de espécies

indicaram situações de estresse intermediário a baixo no rio. Já com a utilização do

índice de conjunto reduzido de espécies, observaram-se situações com alto a

intermediário estresse ambiental. Trechos mais altos apresentaram condições não

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muito favoráveis ao desenvolvimento pleno das assembléias fitoplanctônicas. Já com

relação ao trecho médio, a variação pode ser atribuída a situações de maior ou

menor estresse ambiental. MELLO (2005), utilizando o índice biótico BMWP

(Biological Monitoring Working Party Score System), com macroinvertebrados,

obteve resultados que indicaram que os trechos localizados no município de Brusque

apresentaram qualidade de água muito crítica, os trecho localizados no município de

Vidal Ramos apresentaram qualidade de água critica, e os trechos restantes

qualidade de água duvidosa. HOMECHIN Jr. (2006), através da caracterização

físico-química da qualidade das águas do rio Itajaí-Mirim, observou que os trechos de

Botuverá e Vidal Ramos apresentam uma melhor qualidade dos parâmetros

analisados devido a uma menor interferência antropogênica no seu quadro natural, e

que no município de Brusque a criticidade maior da qualidade das águas foi

verificada no trecho que cruza a cidade, se estendendo por cerca de 10 quilômetros

a jusante do centro da cidade.

Segundo RIFFEL (2003), a qualidade das águas desse rio vem sendo

comprometida paulatinamente devido a diversos fatores, tais como, o lançamento de

efluentes industriais e domésticos, sendo a maioria não tratados, águas utilizadas

nas atividades agrícolas contendo fertilizantes e defensivos, resíduos, detritos

animais e esgotos domésticos. SILVA (2003) aponta ainda, a captação das águas do

Itajaí-Mirim e de seus afluentes para a irrigação como uma atividade que impacta

negativamente as áreas ribeirinhas. As águas captadas nos cursos d´água e

utilizadas nas parcelas irrigadas, retornam para o rio levando concentrações

residuais de agroquímicos, além de elevada carga de material particulado fino. As

análises de água em trechos de rio próximos aos campos de arroz apresentaram

altos teores de turbidez e baixas concentrações de oxigênio dissolvido. A qualidade

da água está sendo comprometida, devido à proximidade das áreas de rizicultura ao

rio.

O rio Itajaí-Mirim sofre intensa pressão antropogênica como conseqüência da

ocupação das suas margens e dos usos de seus recursos, seja como fonte de

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abastecimento (rural, urbano e industrial), como para descarga de efluentes ou como

fonte de exploração mineral, comprometendo a qualidade da água que é captada

para abastecimento público. Sendo o Itajaí-Mirim o manancial que sustenta o

abastecimento de todos as municipalidades drenadas por ele, a caracterização

ambiental através de testes de toxicidade e monitoramento de macroinvertebrados

pode fornecer um diagnóstico da qualidade da água utilizada para abastecimento,

além de avaliar a qualidade do sedimento, indicando o grau de integridade deste

ambiente.

1.3. METODOLOGIA UTILIZADA

1.3.1. Parâmetros Físico-químicos

Os parâmetros físico-químicos estão representados pelos sólidos dissolvidos

na água, turbidez, temperatura, pH, oxigênio dissolvido, dentre outros (VON

SPERLING, 1996). Segundo ALLAN (1995), a ocupação das bacias hidrográficas e o

conseqüente uso dos recursos hídricos modificam as características físico-químicas

e ambientais não apenas dos corpos d´água propriamente ditos, mas também das

margens ao longo de seus cursos, sendo poucos os rios e riachos que mantêm

preservadas e íntegras suas condições naturais.

As coletas das amostras nos pontos predeterminados (figura 1.1) foram

realizadas obedecendo a uma peridiocidade mensal, entre junho de 2004 e

dezembro de 2005 (apêndice 1). Para os parâmetros físicos de oxigênio dissolvido,

temperatura da água, pH, condutividade e turbidez, a determinação foi feita em situ,

com o multianalisador portátil Water Checker HORIBA® U-10. Foram também

coletadas amostras da água superficial para posterior determinação em laboratório

do Material particulado em suspensão (MPS). Para os testes de toxicidade com

água, foram coletadas amostras em frascos plásticos, sendo estes totalmente

preenchidos, para minimizar a presença de ar. As amostras foram mantidas em

temperatura de até 10°C até a chegada ao laboratório. Os sedimentos foram

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coletados por um core, onde 5 cm do topo foram removidos e transferidos para sacos

plásticos sem ar e acondicionados em caixa de isopor para conservação até a

chegada ao laboratório. No laboratório, foram conservados a 4°C em geladeira.

1.3.2. Bioensaios

Para o monitoramento toxicológico da água foram empregados bioensaios

agudos com o microcrustáceo Daphnia magna (ABNT, 2003) e crônico com a alga

verde Pseudokirchneriella subcaptata (EPA, 2002). Para avaliar a qualidade do

sedimento, foram realizados testes de toxicidade crônica com o microcrustáceo

Daphnia magna (ABNT, 2003). As espécies utilizadas nos bioensaios

(Pseudokirchneriella subcaptata e Daphnia magna) foram mantidas no Laboratório

de Ecotoxicologia, do CTTMar/UNIVALI, seguindo as recomendações da ABNT

(2003) e EPA (2000).

1.3.3. Bioindicadores

Para a caracterização dos macroinvertebrados bentônicos foram tomadas três

réplicas com testemunhador de PVC (10 x 10 cm), em áreas vegetadas e não

vegetadas, nas margens, de modo aleatório. No campo, as amostras foram fixadas

com formol 4% e levadas ao laboratório onde cada amostra foi lavada em peneira de

500 µm e conservada em álcool 70 %. Os animais foram identificados segundo

MORETTI (2004), NEEDHAM & NEEDHAM (1982), MERRITT & CUMMINS (2002) e

COSTA et al. (2006) e quantificados.

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Figura 1.1. Estações de coleta (#A - #J) localizadas no rio Itajaí-Mirim.

1.3.4. Descrição das Estações Amostrais

Os estudos foram realizados na porção média do rio Itajaí-Mirim, entre os

municípios de Brusque e Vidal Ramos, totalizando 10 estações de coleta (figura 1.1).

As estações foram divididas em Brusque (estações #A, #B, e #C), Botuverá

(estações #D e #E), Baixo Vidal (#F e #G), e Alto Vidal (estações #H, #I, #J). As

características das estações de coleta no rio Itajaí-Mirim, como localização, uso e

ocupação do solo, latitude, longitude e altitude estão apresentadas na tabela 1.1.

• Estação A: estação amostral fica localizada no município de Brusque,

estando a jusante do centro urbano. É caracterizada pelo aporte de efluentes

domésticos e também pela presença de atividade mineradora de areia. Neste

ponto o rio apresenta uma maior velocidade em virtude de uma maior declividade

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no leito. As margens encontram-se ocupadas por uma área urbana pouco densa

(apêndice 2).

• Estação B: localizada no centro urbano do município de Brusque, é

caracterizada por apresentar ocupação em ambas as margens, sofrendo assim

influência direta do lançamento de efluentes, sendo a vegetação composta

basicamente por gramíneas.

• Estação C: estação amostral localizada no município de Brusque, a montante

do centro urbano. É caracterizada por estar em uma área do município com

menor densidade ocupacional e formada por propriedades com características

rurais. A vegetação da margem esquerda é composta basicamente por uma mata

mista, algumas espécies exóticas e o restante com nativas. Na margem direita a

vegetação é praticamente inexistente.

• Estação D: localizada no município de Botuverá, em uma área rural do

município, na qual predomina atividades agrícolas, como o cultivo de espécies

arbóreas exóticas (reflorestamento com Pinus sp).

• Estação E: estação amostral localizada no município de Botuverá, a jusante

do centro urbano, caracterizada pela presença de pastagem em sua margem

direita e por apresentar uma área de mata ciliar conservada na margem

esquerda.

• Estação F: estação amostral localizada na divisa dos municípios de Botuverá

e Vidal Ramos, a montante do centro urbano de Botuverá, apresentando um bom

estado de conservação de sua mata ciliar em ambas as margens. Apresenta

vegetação marginal bem preservada, e afloramento de uma ilha de seixos no

meio do leito.

• Estação G: localizada no município de Vidal Ramos, próxima a

desembocadura do Ribeirão Areia, sendo as suas margens compostas de

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morrarias vegetadas com presença de ocupação rural no entorno, principalmente

pastagens e campos destinados ao plantio de fumo.

• Estação H: estação amostral localizada no município de Vidal Ramos. Possui

ambas as margens em bom estado de conservação em relação a sua mata ciliar

e é caracterizada por estar próxima de áreas de cultivo de fumo, o que em

períodos de chuva altera os níveis de turbidez de suas águas. Presença de uma

ilha fluvial com vegetação bem desenvolvida, formando dois braços de rio.

• Estação I: estação amostral no município de Vidal Ramos, estando localizada

a jusante do centro urbano. Possui ocupação por pequenas propriedades rurais e

é caracterizada por receber todas as contribuições da área urbana do município

além de sofrer influencias das áreas de cultivo de fumo. Apresenta alterações em

ambas as margens.

• Estação J: localizada no município de Vidal Ramos, a montante do centro

urbano. Nesta região predominam as propriedades de cultivo de fumo, nas quais

no período de preparo do solo este fica totalmente exposto, sendo então

facilmente carreado para o rio em eventos de precipitação. No local da estação o

rio apresenta um bom estado de conservação da mata ciliar na margem direita. O

seu leito é formado por rochas, seixos e matacões.

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Tabela 1.1. Características de localização, uso e ocupação do solo das estações de

coleta no rio Itajaí-Mirim.

Estação Características

#A Localiza-se no município de Brusque, a jusante do centro urbano. Uso e ocupação do solo: área urbana. Latitude: 27º03’39’’S / Longitude: 48 º53’02’’W

#B Localiza-se no município de Brusque Uso e ocupação do solo: área urbana. Latitude: 27º05’59’’S / Longitude: 48 º54’44’’W

#C Localiza-se no município de Brusque, a montante do centro urbano. Uso e ocupação do solo: área rural Latitude: 27º08’1739’’S / Longitude: 48 º57’09’’W

#D Localiza-se no município de Botuverá. Uso e ocupação do solo: cultivo de espécies arbóreas exóticas. Latitude: 27º10’239’’S / Longitude: 49 º01’2802’’W

#E Localiza-se no município de Botuverá, a jusante do centro urbano. Uso e ocupação do solo: pastagens. Latitude: 27º11’2739’’S / Longitude: 49 º04’22’’W

#F Localiza-se na divisão dos municípios de Botuverá e Vidal Ramos. Uso e ocupação do solo: área rural Latitude: 27º12’27’’S / Longitude: 49 º09’34’’W

#G Localiza-se no município de Vidal Ramos. Uso e ocupação do solo: cultura de fumo, pastagens. Latitude: 27º13’52’’S / Longitude: 49 º13’17’’W

#H Localiza-se no município de Vidal Ramos Uso e ocupação do solo: cultura de fumo, cultivo de espécies arbóreas exóticas. Latitude: 27º19’02’’S / Longitude: 49 º19’15’’W

#I Localiza-se no município de Vidal Ramos, a jusante do centro urbano. Uso e ocupação do solo: cultura de fumo, pastagens. Latitude: 27º22’19’’S / Longitude: 49 º21’08’’W

#J Localiza-se no município de Vidal Ramos, a montante do centro urbano. Uso e ocupação do solo: cultura de fumo. Latitude: 27º24’37’’S / Longitude: 49 º22’47’’W

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1.4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Considerando que a classificação dos corpos de água deve estar baseada nos

níveis de qualidade que deveriam possuir para atender às necessidades da

comunidade, a saúde e o bem-estar humano, bem como a manutenção da qualidade

dos ambientes aquáticos, as águas destinadas ao consumo doméstico são

classificadas de três formas: águas destinadas ao abastecimento após tratamento

simplificado (Classe 1), águas destinadas ao abastecimento após tratamento

convencional (Classe 2) e águas destinadas ao abastecimento após tratamento

convencional ou avançado (Classe 3) (CONAMA, 2005). O rio Itajaí-Mirim é

classificado como Classe 2, de acordo com o Decreto Lei 24/1979, e suas águas

destinadas ao abastecimento público passam por tratamento convencional.

Os valores limites dos parâmetros físico-químicos dos corpos d’água

destinadas ao consumo doméstico são classificados conforme a classe. Em relação

aos valores de pH (figura 1.2) obtidos neste estudo, observou-se que ao longo do

gradiente longitudinal ocorreram variações entre 6 e 9 durante quase todos os meses

em que seguiram as amostragens, podendo este corpo d’água ser classificado como

corpo de água Classe 1. Resultados também obtidos por HOMECHIN Jr (2006),

onde os valores de pH encontraram-se praticamente estáveis em relação as

campanhas e estações amostrais, caracterizando um nível adequado para a

manutenção da vida aquática do sistema de acordo com PÁDUA (1997) e atendendo

também os valores estabelecidos pela Resolução CONAMA nº357/05 para Classes 1

e 2 de águas doces.

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Figura 1.2. Valores de pH nas amostras coletadas ao longo do rio Itajaí-Mirim

durante o período de estudo.

Os valores de condutividade encontrados ao longo do gradiente longitudinal,

mostram níveis superiores a 0,1 mS/cm, apenas nas estações do trecho Brusque (#A

e #B), durante praticamente todos os meses de coletas, indicando estes ambientes

como fortemente alterados (figura 1.3), corroborando os resultados obtidos por

HOMECHIN Jr. (2006). Este fato pode ser explicado pela presença dos sais

dissolvidos carreados para o rio decorrentes dos despejos dos efluentes das

atividades industriais, características do município de Brusque.

# J

# I

# H

# G

# F

# E

# D

# C

# B

# A

jun/04jul/04ago/04set/04out/04

nov/04jan/05fev/05mar/05abr/05mai/05jun/05jul/05

ago/05set/05out/05dez/05

pH

10,00-11,009,00-10,008,00-9,007,00-8,006,00-7,005,00-6,00

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Figura 1.3. Valores de condutividade nas amostras coletadas ao longo do rio Itajaí-

Mirim durante o período de estudo.

De acordo com RIFFEL (2003), das 950 indústrias cadastradas na prefeitura

municipal de Brusque, 95% delas produzem apenas efluentes sanitários, e 5%

efluentes sanitários e industriais. Estas indústrias foram classificadas em categorias,

sendo 48 delas potencialmente poluidoras, possuindo tratamento de efluentes

geralmente ineficaz ou desativado. RIFFEL (2003) observou ainda, elevações de

valores da condutividade nas amostras de águas coletadas em diferentes horários, e

mudanças de tonalidade devido ao lançamento de efluentes industriais nas águas do

rio Itajaí-Mirim, principalmente no período noturno. As coletas realizadas durante o

período de estudo (junho de 2004 a dezembro de 2005) ocorreram na sua maioria

em condições de maré vazante, sendo amostras de água superficial, possivelmente

não havendo efeito da cunha salina do rio Itajaí-Açu na condutividade das amostras,

principalmente pelas estações estarem acima do nível do mar.

# J

# I

# H

# G

# F

# E

# D

# C

# B

# A

jun/04jul/04ago/04set/04out/04nov/04jan/05mar/05jun/05jul/05ago/05set/05out/05dez/05

Condutividade (mS/cm)

0,2-0,25

0,15-0,2

0,1-0,15

0,05-0,1

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Em relação ao oxigênio dissolvido, foi verificado que todos os locais

amostrados apresentaram valores superiores a 5,0 mg/l, o que significa que o rio

Itajaí-Mirim apresenta padrões da Classe 1 para este parâmetro, já que a Resolução

CONAMA (357/2005), estabelece valores de oxigênio dissolvido não inferiores a 6

mg/l (figura 1.4). Os trechos mais a montante da bacia hidrográfica apresentaram os

valores mais altos, uma vez que existe maior declividade do terreno e maior

turbilhonamento das águas, fator que auxilia na manutenção da vida aquática.

Figura 1.4. Valores de oxigênio (mg/l) nas amostras coletadas ao longo do rio Itajaí-

Mirim durante o período de estudo.

Os valores de temperatura da água obtidos indicaram variação sazonal, onde

os menores valores foram obtidos durante os meses de outono e inverno (figura 1.5).

Também foram detectadas flutuações espaciais com o decréscimo da temperatura

em direção a montante, caracterizando, de acordo com PÁDUA (1997), um nível

adequado para a manutenção da vida aquática do sistema.

# J

# I

# H

# G

# F

# E

# D

#C

#B

#A

jun/04

jul/04

ago/04

set/04

nov/04

jan/05

abr/05

ago/05

set/05

out/05

dez/05

Oxigênio Dissolvido (mg/l)

9-11

7-9

5-7

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Figura 1.5. Valores de temperatura nas amostras coletadas ao longo do rio Itajaí-

Mirim durante o período de estudo.

Durante o período de junho de 2004 a dezembro de 2005, na região do rio

Itajaí-Mirim, foram observados 3 períodos de menores precipitações, entre junho e

agosto (2004), janeiro a março (2005), junho de 2005 e dezembro de 2005. O

período de maiores precipitações ocorreu entre setembro e novembro de 2004, abril

e maio de 2005 e julho a outubro de 2005 (figura 1.6).

Houve grandes variações nos valores de material particulado em suspensão

(MPS) encontrados durante o período amostral (figura 1.7). Foram encontrados

valores acima de 100 mg/l em alguns meses, e em quase todas as estações de

coleta, corroborando os resultados obtidos para a turbidez durante o mesmo período,

e os resultados obtidos por HOMECHIN Jr. (2006).

# J

# I

# H

# G

# F

# E

# D

# C

# B

# A

jun/04

ago/04

out/04

jan/05

mar/05

mai/05

jul/05

set/05

dez/05Temperatura da Água (ºC)

25-30

20-25

15-20

10-15

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26

Precipitação (mm)

0

50

100

150

200

250

mai/04

jun/04

jul/04

ago/0

4

set/0

4ou

t/04

nov/0

4

dez/0

4jan

/05

fev/05

mar/05

abr/0

5

mai/05

jun/05

jul/05

ago/0

5

set/0

5ou

t/05

nov/0

5

dez/0

5

Figura 1.6. Precipitação média acumulada (mm) na região do rio Itajaí-Mirim durante

o período de estudo. Fonte: CPTEC (2005).

Os valores do MPS foram influenciados pelo regime de chuvas, e também

pelos solos expostos nas margens. As maiores médias foram encontradas nas

estações do trecho Brusque (#A e #B), que não possuem vegetação marginal

exuberante, sendo as margens compostas basicamente por gramíneas. Os valores

obtidos encontram-se em conformidade tanto para Classe 1 quanto para Classe 2 de

águas doces da Resolução CONAMA nº357/2005. O material particulado em

suspensão pode ser proveniente das atividades de extração de areia e também pela

ausência da mata ciliar nas margens.

Os dados de turbidez indicaram grandes variações. Estes são decorrentes da

presença de material em suspensão na água, finamente divididos ou em estado

coloidal, e de organismos microscópios. Segundo a Resolução 357 do CONAMA

(2005), corpos de água Classe 1 apresentam valores de turbidez com no máximo 40

unidades nefelométricas (UNT); corpos de água Classe 2 permitem até 100 (UNT) e

os de Classe 3, valores acima de 100 (UNT).

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27

Figura 1.7. Valores de material particulado em suspensão nas amostras coletadas ao

longo do rio Itajaí-mirim durante o período de estudo.

Os resultados obtidos indicam grande variação da turbidez durante o período

amostral, e valores acima de 100 UNT nos meses de julho (#B, #I e #J), agosto

trecho Alto Vidal (#H, #I e #J) e setembro trecho Brusque (#A e # B) de 2004 e

janeiro (#A - #H), fevereiro (#B), julho (#A) e dezembro de 2005 (#A, #C - #I) (figura

1.8), não estando em conformidade com a Resolução para Classe 2 de águas doces.

#J

# I

#H

#G

#F

#E

#D

#C

#B

#A

jun/04jul/04ago/04set/04nov/04jan/05fev/05mar/05mai/05jul/05ago/05set/05out/05

Material Particulado em Suspensão (mg/l)

300-400

200-300

100-200

0-100

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Figura 1.8. Valores de turbidez nas amostras coletadas ao longo do rio Itajaí-Mirim

durante o período de estudo.

1.5. CONCLUSÕES

Conclui-se que os trechos Baixo-Vidal (#F e #G) e Alto-Vidal (#H, #I e #J)

apresentam melhor qualidade devido a uma menor interferência antropogênica no

seu quadro natural. O trecho Brusque, estações #A, #B e #C, apresentou os

menores valores de oxigênio dissolvido e os mais elevados de condutividade e

material particulado em suspensão, não estando em conformidade com a Resolução

CONAMA nº357/2005 em relação ao pH e turbidez. Isso ocorre porque esta é uma

região altamente industrializada e urbanizada, acarretando num maior lançamento de

efluentes que contribuem para o aumento da matéria orgânica e por conseqüência

um maior consumo de OD, e também uma maior concentração de sais dissolvidos na

# J # I # H # G # F # E # D # C # B # Ajun/04

jul/04

ago/04

set/04

nov/04

jan/05

fev/05

mar/05

jul/05

dez/05Turbidez (UNT)

900-1000

800-900

700-800

600-700

500-600

400-500

300-400

200-300

100-200

0-100

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coluna d’água. O material particulado em suspensão pode ser proveniente das

atividades de mineração de areia e também pela ausência da mata ciliar nas

margens. A ausência de mata ciliar, que é geralmente substituída pelas atividades

agrícolas, campos de pastagem e ocupações residenciais, provoca o assoreamento

dos rios, elevando a turbidez da água. A partir da estação amostral # C, a montante

da cidade de Brusque, verifica-se parâmetros de condutividade, turbidez e MPS com

valores quase sempre dentro dos limites para a classificação deste corpo d’água

como destinadas ao consumo doméstico. Isto se deve muito possivelmente devido,

ao tipo de ocupação nestes trechos da bacia, e à menor pressão urbana.

As variações nos demais trechos podem ser atribuídas a fatores pontuais. A

atividade mineraria e processamento de calcário na região de Botuverá contribui para

o aumento da turbidez da água do rio. O mesmo acontece nos trechos mais altos na

época de preparação do terreno para receber culturas de subsistência e fumo,

quando o solo exposto fica mais susceptível ao carreamento de sedimentos para os

cursos d´água adjacentes, e na época de plantio, períodos de julho a dezembro.

Considerando que a classificação dos corpos de água deve estar baseada nos

níveis de qualidade que deveriam possuir para atender às necessidades da

comunidade, a saúde e o bem-estar humano, bem como a manutenção da qualidade

dos ambientes aquáticos, os trechos a montante do rio Itajaí-Mirim, na sua maioria,

poderiam ser classificados como Classe 1. Os resultados obtidos através de

parâmetros físico-químicos e dos indicadores bióticos e de qualidade de água

utilizados por outros autores (ANDRADE, 2006; OLIVEIRA, 2006; MELLO, 2005;

COELHO, 2004) justificaria uma revisão da classificação dos trechos a montante de

Classe 2 para Classe 1, principalmente com o objetivo de proteger as comunidades

aquáticas, e recuperar e conservar a mata ciliar.

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1.6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BIOENSAIOS DE TOXICIDADE ÁGUA E SEDIMENTO

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2.1. INTRODUÇÃO

As águas superficiais constituem um recurso natural de grande importância

cuja qualidade deve ser preservada tendo em vista sua rentabilidade econômica e

suas principais utilizações: abastecimento público, irrigação, lazer e aquacultura

(FONTOURA, 1985).

A contaminação das águas superficiais, caracterizada pelos rios urbanos ou

que atravessam cidades, ocorre por despejos de efluentes cloacais domésticos;

efluentes industriais; despejos de águas pluviais agregados com lixo urbano;

escoamento superficial que drena áreas agrícolas tratadas com pesticidas ou outros

compostos e, drenagem de água subterrânea contaminada que chega ao rio. Os

efluentes domésticos geralmente contaminam a água com patogênicos, substâncias

orgânicas degradáveis por bactérias e detergentes. Os efluentes agropecuários

apresentam alta carga de fertilizantes, praguicidas e detritos animais. Os efluentes

industriais são constituídos por substâncias tóxicas, que podem ser divididos em dois

grupos, os compostos orgânicos (petróleo e derivados, detergentes, fenóis) e

inorgânicos (metais pesados) (FELEMBERG, 1980). A contaminação dos

ecossistemas aquáticos vem sendo causada por um número crescente de poluentes

que, uma vez despejados no ambiente, se distribuem e interagem de acordo com

suas características e com as condições do meio receptor, sendo sujeitos a

transformações químicas, físicas e biológicas, podendo atingir níveis mais altos da

cadeia trófica por meio da bioacumulação (BERGMAN & PUGH, 1994).

Normalmente os efluentes são lançados diretamente nas redes de esgoto

urbano ou em alguns casos no curso de água mais próximo da indústria geradora do

efluente. Devido à elevada DBO, presença de sólidos e produtos tóxicos torna-se

necessário um tratamento prévio, pois nessas condições causam graves danos à

qualidade da água levando a uma acentuada depleção de oxigênio e elevada

turbidez, causando graves conseqüências ao nível da fauna e flora naturais

(CARAPETO, 1999). Portanto, conhecer o efeito de uma dada substância química

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sobre os organismos de um recurso hídrico, quando o mesmo está sob algum tipo de

impacto e submetido a essa diversidade de fatores, torna-se um problema de difícil

solução. Normalmente não se dispõe de outros métodos a não ser análises químicas

e o controle de parâmetros microbiológicos, mais comumente empregados nos

estudos de poluição nesses ambientes (ZAMBONI, 1993).

Os testes de toxicidade são uma metodologia de uso rotineiro, que

apresentam as vantagens de serem de baixo custo, e com respostas rápidas e

confiáveis em análises da qualidade ambiental, sendo eficientes instrumentos de

avaliação da qualidade de água e/ou sedimento. Apesar de não apontarem as

substâncias químicas responsáveis pela contaminação ambiental, contam com a

vantagem de expressar os verdadeiros efeitos que um “coquetel” de compostos pode

exercer sobre os organismos, incluindo os efeitos aditivos, antagônicos e sinérgicos,

envolvendo, com isto, diferentes tipos de contaminantes como: orgânicos, ácidos,

bases, metais e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. O uso de testes de

toxicidade como instrumento de avaliação de qualidade ambiental, tem apoio na

Resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) - Número 375 de 2005,

onde se expressa a necessidade de se investigar a presença de substâncias nos

sedimentos e na biota aquática. O artigo 7 desta resolução pondera que os padrões

de qualidade das águas estabelecem limites individuais para cada substância, sendo

que eventuais interações entre substâncias, especificadas ou não, não poderão

conferir às águas características capazes de causar efeitos letais ou alteração de

comportamento, reprodução ou fisiologia da vida. O artigo 8 descreve que a

qualidade dos ambientes aquáticos poderá ser avaliada por indicadores biológicos,

utilizando-se organismos e/ou comunidades aquáticas, e as possíveis interações

entre as substâncias e a presença de contaminantes, passíveis de causar danos aos

seres vivos, deverão ser investigadas utilizando-se ensaios ecotoxicológicos,

toxicológicos, ou outros métodos cientificamente reconhecidos.

Os ensaios de toxicidade podem ser realizados de forma aguda ou crônica

(subcrônica). Os ensaios agudos podem ser definidos como aqueles que avaliam os

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efeitos, em geral severos e rápidos, sofridos pelos organismos expostos ao agente

químico, em um curto período de tempo, geralmente de um a quatro dias. Devido à

facilidade de execução, curta duração e baixo custo, os ensaios de toxicidade aguda

foram os primeiros a serem desenvolvidos e, portanto, constituem a base de dados

ecotoxicológicos (BIRGE et al., 1985). Os estudos de toxicidade crônica (subcrônica)

são realizados num período que corresponde a toda ou uma parte do ciclo de vida do

organismo. São conduzidos durante 1/10 do ciclo de vida do organismo enfocado,

sendo observados os efeitos subletais e fisiológicos (sobre o crescimento e a

reprodução) (AZEVEDO & CHASIN, 2003).

A utilização de algas na avaliação da toxicidade têm sido importante

ferramenta para o monitoramento da qualidade da água superficial e subterrânea

(LUKASVSKY, 1992). Bioensaios com estes organismos já estão bastante

desenvolvidos para vários compostos químicos (LEWIS, 1990), existindo métodos-

padrão descritos já desde os anos 70. Em geral, as análises com algas para a

avaliação da qualidade hídrica e de efluentes, bem como da periculosidade de

substâncias químicas, se baseiam na observação dos efeitos dos contaminantes

sobre o desenvolvimento da biomassa algal. O princípio do ensaio consiste na

exposição de uma suspensão com densidade conhecida de algas, juntamente com

meio nutriente, e a amostra, por um período de 96 horas sob condições definidas. O

efeito é determinado pela comparação da reprodução das algas em relação a um

controle onde não é adicionado amostra. Durante o tempo da exposição, as algas se

multiplicam até 3 vezes por dia; portanto trata-se de um teste crônico, pois abrange

várias gerações dos organismos. O efeito não é estimado significativo se a

porcentagem de inibição do crescimento das algas não ultrapassa 20% em relação

ao controle (KNIE & LOPES, 2004).

As microalgas planctônicas são habitantes naturais das camadas de superfície

de todas as águas interiores. São os principais produtores da matéria orgânica

necessária a alimentação e sobrevivência de todos os demais organismos aquáticos.

Além disso, são responsáveis pela autodepuração dos corpos de água, sujeitos à

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ação de dejetos resultantes de diferentes atividades humanas. Os despejos

municipais e industriais que alcançam o meio aquático podem conter concentrações

variáveis de compostos nutricionais (nitrogênio, fósforo, silício, micronutrientes

orgânicos e inorgânicos) para o fitoplâncton e, também, compostos tóxicos como

detergentes, pesticidas, metais pesados, hidrocarbonetos, além de outras

substâncias altamente complexas. Estes componentes são tóxicos para o

fitoplâncton, sendo responsáveis por alterações qualitativas e quantitativas nas

populações naturais que podem levar a profundas modificações de toda a cadeia

alimentar. Com a finalidade de dar os subsídios científicos para prevenir estes danos,

os testes de toxicidade com espécies de fitoplâncton representam uma ferramenta

essencial para a avaliação do potencial tóxico de compostos individuais ou de

misturas complexas (AIDAR et al., 2002).

Os testes de toxicidade com invertebrados aquáticos também fornecem

importante suporte na determinação de impactos químicos ao meio ambiente

(GHERARDI-GOLDSTEIN et al., 1990). Daphnia magna Straus, 1820 (Cladocera,

Crustacea) é um microcrustáceo planctônico de água doce, com tamanho médio de 5

a 6 mm. Ele atua na cadeia alimentar aquática como consumidor primário,

alimentando-se principalmente de algas unicelulares. O princípio deste método

consiste na exposição de indivíduos jovens de Daphnia magna por um período de 48

horas a várias diluições de uma amostra, após o qual é verificado seu efeito sobre a

capacidade natatória dos organismos (mobilidade). No teste agudo com Daphnias, o

efeito é considerado não significativo quando afeta até 10% dos indivíduos por

diluição-teste (KNIE & LOPES, 2004). O gênero Daphnia tem tido sua biologia

amplamente estudada e diferentes espécies, tais como D. pulex, D. pulicaria, D.

magna, D. similis vêm sendo cultivadas em laboratório e utilizadas em ensaios

ecotoxicológicos (GRENN, 1955; ALLAN, 1976; LEI & ARMITAGE, 1980; FONSECA,

1991; CETESB, 1992; CAMPAGNA, 1994; PEDROZO, 1995; FERRÃO-FILHO et al.,

2000). O microcrustáceo de água doce tem sido amplamente utilizado como

indicador biológico em estudos e controle da qualidade da água e em testes de

toxicidade na avaliação de efluentes, metais pesados e inseticidas (NIETO, 2000;

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BAPTISTA et al., 2002); sendo um dos organismos zooplanctônicos mais utilizados

em testes toxicológicos em vários países.

A utilização de testes de toxicidade aquática para a caracterização da

qualidade da água tem sido uma prática comum no Brasil nos últimos anos. Nos

mais recentes encontros sobre ecotoxicologia (ECOTOX 1998-2006), pode-se

observar o uso freqüente de testes de toxicidade com algas (Selenastrum

capricornutum) (BOHRER et al., 2000; ESPINDOLA et al., 2000; SANTOS &

OLIVEIRA-NETO, 2002; ESPINDOLA et al., 2004; MORAIS et al., 2004), além dos

trabalhos de ALVES et al. (2002) e SILVA et al. (2002); e cladóceros (Daphnia

magna) (LOPES et al., 1998; BOHRER et al., 2000; VIEIRA & LOPES, 2000;

BAPTISTA et al., 2004), além dos trabalhos de COSTA & ESPÍNDOLA (2002). Em

Santa Catarina, nos trabalhos de MACEDO et al., 2005; MACEDO et al., 2004;

RÖRIG et al., 2003, e MACEDO, 2004, pode-se observar o uso de testes de

toxicidade com microalgas para a avaliação da qualidade da água dos rios da região.

Os testes de toxicidade com sedimento são eficientes recursos para avaliar a

contaminação deste compartimento, pois fornecem informações complementares à

caracterização química e às avaliações ecológicas (BURTON, 1992). O sedimento

pode ser considerado como o resultado da integração de todos os processos que

ocorrem em um ecossistema aquático, sendo, através de sua composição química e

biológica, de fundamental importância no estudo da evolução histórica de

ecossistemas aquáticos e dos ecossistemas terrestres adjacentes. Nele ocorrem

processos biológicos, físicos e/ou químicos, que influenciam o metabolismo de todo o

sistema. Além disso, é importante na avaliação da intensidade e formas de impactos

a que os ecossistemas aquáticos estão ou estiveram submetidos (ESTEVES, 1988).

A capacidade do sedimento de acumular compostos faz deste compartimento

um dos mais importantes na avaliação do nível de contaminação de ecossistemas

aquáticos. Definidos como uma coleção de partículas minerais nos fundos de lagos,

rios, estuários e oceanos, os sedimentos são componentes importantes dos

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39

ecossistemas aquáticos, pois além de fornecer substrato para uma variedade de

organismos, funcionam como um reservatório de inúmeros contaminantes aquáticos

e desempenham um importante papel na assimilação, transporte e deposição desses

contaminantes. O sedimento serve como fonte e depósito de materiais orgânicos e

inorgânicos, onde ocorre a deposição de compostos químicos de origem antrópica.

Uma vez no sedimento, os poluentes podem sofrer inúmeros processos químicos,

físicos e biológicos, que podem ocasionar sua liberação, tornando os sedimentos não

só um depósito, mas também uma fonte crônica e não pontual de contaminantes

para organismos bentônicos e pelágicos (BURTON, 1992).

A contaminação do sedimento pode ter efeitos indesejados não apenas nos

organismos bentônicos, mas também em outros elementos da cadeia trófica, uma

vez que o sedimento fornece habitat, alimento e locais de reprodução para

determinadas espécies. Alguns poluentes, como metais pesados e compostos

organoclorados, persistem no ecossistema aquático associados ao sedimento,

podendo acarretar efeitos agudos e crônicos para a comunidade de organismos que

vivem ou entram em contato com ele. As distâncias percorridas pelos contaminantes

dependem da estabilidade e estado físico do contaminante e do fluxo do corpo

d’água (WALKER, 2001).

Os testes de toxicidade permitem avaliar efeitos interativos de misturas

complexas presentes no sedimento sobre os organismos aquáticos. Esses testes

medem, portanto, os efeitos tóxicos das frações biodisponíveis presentes nos

sedimentos, em condições controladas de laboratório ou através de testes em campo

(ZAGATTO & BERTOLETTI, 2006).

A utilização de testes de toxicidade aquática para a caracterização da

qualidade do sedimento tem sido uma prática comum no Brasil nos últimos anos.

Nos mais recentes encontros sobre ecotoxicologia (ECOTOX 1998-2006), pode-se

observar o uso freqüente de testes de toxicidade com cladóceros (Daphnia magna)

(TERRA, 1998a e 1998b; FONSECA & ROCHA, 2000; RODGHER & ESPÍNDOLA,

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40

2000; LOBATO et al., 2002; LOUREIRO et al., 2002; TERRA et al., 2002; FREITAS

et al., 2006; MOREIRA et al., 2006a; SANTOS et al., 2006 e MOREIRA et al.), além

dos trabalhos de COSTA & ESPÍNDOLA (2002).

A fim de diminuir os erros e incertezas associadas à extrapolação das

respostas de laboratório para campo, para a avaliação ecotoxicológica foram

realizados testes de toxicidade com organismos pertencentes a diferentes níveis

tróficos, sendo as microalgas (Pseudokirchneriella subcaptata), produtores, utilizadas

nos testes com águas superficiais, e os microcrustáceos (Daphnia magna),

consumidores primários, utilizados nos testes com águas superficiais e sedimento.

Este estudo objetivou a caracterização ecotoxicológica das águas do rio Itajaí-

Mirim. Para isso, realizaram-se bioensaios com água e sedimento, utilizando-se os

organismos planctônicos Pseudokirchneriella subcaptata e Daphnia magna.

Objetivou-se também determinar quais os trechos do rio Itajaí-Mirim estão sujeitos a

contaminação crônica, e determinar se existe flutuação temporal desta

contaminação.

2.2. METODOLOGIA UTILIZADA

As amostras foram coletadas nas 10 estações amostrais (figura 1.1) com uma

peridiocidade mensal, entre junho de 2004 e dezembro de 2005 (apêndice 1).

2.2.1. Água Superficial

2.2.1.1. Testes de toxicidade com Pseudokirchneriella subcaptata

Os bioensaios de toxicidade crônica foram conduzidos com amostras de água

coletadas nas 10 estações amostrais, entre agosto de 2004 e agosto de 2005, sendo

as microalgas expostas à água sem diluição (100%) (apêndice 1). Para a realização

dos testes foram utilizadas as clorofíceas Pseudokirchneriella subcaptata, segundo a

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41

metodologia da EPA (2002). As soluções teste foram incubadas por um período de

96 horas, durante o qual a biomassa foi medida no início (T0) e no fim (T96) da

incubação, sendo feita a leitura “in vivo” da fluorescência de clorofila-a (Fluorímetro

Turner TD-700). A inibição foi medida como a redução em crescimento ou taxa de

crescimento relativo ao cultivo controle que crescem sob condições idênticas. Com

os dados de biomassa inicial e final de cada amostra, foram calculadas as taxas de

crescimento algal através da equação de crescimento exponencial (equação 1). As

taxas de crescimento das amostras foram comparadas com as taxas de crescimento

do controle, gerando para cada amostra um valor de percentual de inibição em

relação ao controle (equação 2).

Equação 1:

onde:

µ é a taxa de crescimento celular;

N0 é a fluorescência de clorofila-a inicial;

Nn é a fluorescência de clorofila-a final:

tn é o tempo da medida final após o começo do teste (96h).

Equação 2:

onde:

Iµi é a percentagem de inibição para o teste na concentração i;

µi é a taxa de crescimento médio para o teste na concentração i;

µc é a taxa de crescimento para o controle.

Iµi = µc - µi x 100

µc

µ = ln Nn – ln N0

tn

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42

2.2.1.2. Testes de toxicidade com Daphnia magna

Estes bioensaios foram conduzidos com amostras de água coletadas nas 10

estações amostrais, entre junho de 2004 e dezembro de 2005 (apêndice 1). Os

organismos teste (Daphnia magna) foram expostos à água sem diluição (100%),

segundo as recomendações da ABNT (NBR 12713: 2003). Foram utilizados

neonatos de D. magna, com idade máxima de 24 horas, mantidos em incubadora

(com temperatura variando entre 18 e 22°C). Para cada amostra foram preparadas 3

réplicas, sendo utilizados 20 organismos em cada béquer. A duração do teste foi de

48 horas. O resultado do ensaio foi expresso como agudo (quando ocorre letalidade

ou imobilidade de número significativo de organismos, dentro do período de 48

horas), sendo ao final verificados pH e oxigênio dissolvido. A partir dos resultados da

perda de mobilidade ou letalidade sob diferentes amostras, comparados com o

controle, estabeleceu-se o percentual de toxicidade.

Testes de sensibilidade com dicromato de potássio foram realizados com o

objetivo de qualificar o lote de organismos que foram utilizados nos testes de

toxicidade aguda. Segundo FRELLO (1998) a faixa aceitável de CE(I)50, para o

dicromato de potássio, deve estar entre 0,9 a 2,0 mg/l. De acordo com os valores

obtidos de CE(I)50 para os 15 testes de sensibilidade, a média encontrada foi de

1,34mg/l, com um desvio padrão igual a 0,4, portanto os resultados das CE(I)50

apresentaram-se próximos e dentro da faixa aceitável para o dicromato de potássio.

Sendo assim, os organismos foram considerados aptos a serem utilizados nos testes

de toxicidade aguda, com amostras de água e sedimento em estudo.

2.2.2. Testes de Toxicidade com Sedimento

Os bioensaios de toxicidade com o sedimento foram conduzidos com

amostras coletadas nas 10 estações amostrais, entre junho de 2004 e dezembro de

2005 (apêndice 1). Os organismos teste (microcrustáceo Daphnia magna) foram

expostos ao sedimento (elutriato), segundo as recomendações da ABNT (2003).

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43

Foram utilizados neonatos de Daphnia magna, com idade máxima de 24 horas,

mantidos em incubadora (com temperatura variando entre 18 e 22°C). Para cada

amostra foram preparadas três réplicas, sendo utilizados 20 organismos em cada

frasco-teste. A duração do teste foi de 48 horas. A partir dos resultados da perda de

mobilidade ou letalidade sob diferentes amostras, comparados com o controle,

estabeleceu-se o percentual de toxicidade.

2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

2.3.1. Água Superficial

2.3.1.1. Testes de Toxicidade com Pseudokirchneriella subcaptata

Nos testes com amostras de água superficial, utilizando como organismo-teste

a microalga Pseudokirchneriella subcaptata foram observadas diferenças

significativas entre as estações e o controle, sugerindo potencial tóxico para os

organismos testados em algumas estações amostrais (#A - #J), durante todo o

período amostral.

Observou-se uma variação temporal da toxicidade, onde no período de

outubro de 2004 a janeiro de 2005 foi observado efeito tóxico na maioria das

estações amostrais. Esta toxicidade pode ser relacionada ao uso do solo na região

de estudo. Neste período ocorre o plantio e aplicação de defensivos agrícolas nas

regiões a montante, coincidindo com o aumento das precipitações, que acontecem

na primavera, havendo provável lixiviação dos contaminantes agrícolas para o rio.

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44

Figura 2.1. Variação temporal e espacial da toxicidade crônica (%) das águas

superficiais do rio Itajaí-Mirim, durante o período de estudo (2004-2005).

O fumo (Nicotiana tabacum), cultivado principalmente na região Sul do Brasil,

na região do rio Itajaí-Mirim é cultivado nas proximidades do município de Vidal

Ramos. A cultura apresenta grande importância econômica, devido ao elevado valor

comercial e à capacidade de empregar grande número de pessoas, tanto no cultivo

como na industrialização. Os principais problemas no cultivo de fumo estão

principalmente relacionados à prática comum de utilização de agrotóxicos (SBRT,

2007) (anexo 1).

A toxicidade nas estações do trecho Brusque (#A e #B) estiveram

relacionadas a valores de MPS superiores aos permitidos para a classificação deste

corpo d’água para consumo doméstico. Fato este corroborado com o trabalho

desenvolvido por RIFFEL (2003), que trabalhou no rio Itajaí-Mirim, verificando as

fontes de poluição e as características das águas dos tributários deste rio no

município de Brusque e com o trabalhos desenvolvidos por COELHO (2004), onde

#J

# I

#H

#G

#F

#E

#D

#C

#B

#A

ago/04set/04out/04nov/04

jan/05fev/05mar/05abr/05mai/05jun/05jul/05ago/05

Toxicidade (%)

30-40

20-30

10-20

0-10

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estas estações apresentaram os menores valores para o Índice de Qualidade de

Água (IQA), por ANDRADE (2006), que demonstrou um comprometimento da

qualidade ambiental nas estações localizadas no município de Brusque, por MELLO

(2005), que obteve resultados que indicaram que os trechos localizados no município

de Brusque apresentaram qualidade de água muito crítica, e por HOMECHIN Jr

(2006), que observou que maior criticidade da qualidade das águas no Município de

Brusque. A toxicidade nestas estações pode ser relacionada ao lançamento de

efluentes industriais e domésticos, pois este trecho localiza-se em uma área

altamente urbanizada do município de Brusque.

Já a toxicidade nas estações #C, #D, #G, #I e #J (áreas de agricultura),

coincide com o período de maiores precipitações, quando há provável lixiviação dos

contaminantes agrícolas para o rio, o que explicaria a toxicidade nestes pontos,

coincidindo também com o período de plantio e aplicação de defensivos agrícolas

nas culturas de fumo (anexo 1). Resultados semelhantes foram observados por

RÖRIG et al. (2003), onde a aplicação de testes de toxicidade com microalgas no rio

Itajaí-Açu, indicou toxicidade nos municípios de Indaial e Ilhota, provavelmente

relacionada à agricultura e as industrias regionais. Nas outras áreas estudadas, a

provável concentração de nutrientes oriunda de dejetos cloacais das cidades gerou

situações de incremento do crescimento algal (efeito eutrofizante). Este efeito

(eutrofização), foi observado em algumas amostras em todas as estações amostrais,

evidenciando o despejo de efluentes domésticos nas águas do Itajaí-Mirim,

principalmente nas estações amostrais #C, #E, #F, #H e #I, áreas rurais,

principalmente a jusante de municípios sem tratamento de esgoto.

Outros períodos em que foi observada toxicidade, em abril na estação

amostral #G, e entre junho e julho de 2005, em 6 estações amostrais, ocorreu na

época de estiagem. A toxicidade nas estações do trecho Brusque (#A e #B)

estiveram novamente relacionadas a valores de turbidez, condutividade e MPS

superiores aos permitidos para a classificação deste corpo d’água para consumo

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doméstico. Já a toxicidade observada nas estações #D, #F, #G e #J não pode ser

relacionada aos parâmetros físico-químicos analisados.

As análises dos resultados obtidos demonstram a existência de áreas pouco

contaminadas, como as estações amostrais #E, #F e #H, onde foi detectada baixa

toxicidade crônica nas águas superficiais durante os experimentos realizados entre

2004 e 2005, corroborando os resultados obtidos por COELHO (2004) e HOMECHIN

(2006). Conclui-se que os trechos Botuverá e Baixo-Vidal apresentam uma melhor

qualidade de suas águas superficiais devido a uma menor interferência

antropogênica no seu quadro natural.

2.3.1.2. Testes de Toxicidade com Daphnia magna

Os testes de toxicidade para águas superficiais realizados com Daphnia

magna como organismo-teste, demonstraram que não houve toxicidade na maioria

dos pontos amostrais, e toxicidade (maior que 10%) em algumas amostras das

estações #A (agosto, setembro e outubro de 2004), #B (setembro 2004, outubro de

2004 e fevereiro 2005), #C (setembro 2004 e junho 2005), #D (setembro, outubro e

novembro de 2004), #E (setembro 2004, outubro 2004, fevereiro 2005 e junho 2005),

#F (setembro e outubro de 2004), #G (setembro de 2004), #H (setembro e outubro

2004), #I (setembro e outubro 2004) e #J (agosto 2004, setembro 2004, janeiro 2005

e fevereiro 2005), onde foi observada diferença significativa entre todas as estações

e o controle, sugerindo potencial tóxico para os organismos testados (figura 2.2).

Temporalmente houve toxicidade em todas as estações no mês de setembro

de 2004 e na maioria das estações em outubro de 2004 (figura 2.2). Esta toxicidade

pode ser relacionada ao uso do solo na região de estudo, principalmente nas

estações a montante. Neste período ocorre o plantio e aplicação de defensivos

agrícolas nas regiões a montante (anexo 1), coincidindo com o aumento das

precipitações, que acontecem na primavera, havendo provável lixiviação dos

contaminantes agrícolas para o rio.

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47

Figura 2.2. Variação temporal e espacial da toxicidade aguda (%) das águas

superficiais do rio Itajaí-Mirim, durante o período de estudo (2004-2005).

Nas estações do trecho Brusque (#A e #B - área urbana), a toxicidade pode

ser relacionada aos valores de MPS superiores a 100 mg/l e turbidez superior a 100

UNT e ainda ao provável carreamento de substâncias tóxicas, principalmente

advindas de efluentes normalmente descartados pelas indústrias localizadas a

montante do rio. A toxicidade observada nas estações amostrais #C (junho 2005), #E

(fevereiro e junho 2005) e #J (janeiro 2005) não pode ser relacionada aos

parâmetros físico-químicos analisados.

2.3.2. Sedimento

Os testes de toxicidade com amostras do sedimento (elutriato) utilizando como

organismo-teste o microcrustáceo Daphnia magna indicaram toxicidade (maior que

10%) em algumas amostras das estações #A (julho, agosto, outubro e novembro

2004), #B (agosto 2004), #C (novembro 2004 e setembro 2005), #D (outubro 2004,

# J

# I

# H

# G

# F

# E

# D

# C

# B

# A

jun/04

ago/04

out/04

jan/05

mar/05

mai/05

set/05

dez/05

Toxicidade (%)

30-40

20-30

10-20

0-10

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novembro 2004, abril 2005 e dezembro 2005), #E (outubro 2004, janeiro e dezembro

2005), #G (outubro 2004, janeiro 2005 e dezembro 2005) e #I (agosto 2004 e

dezembro 2005), sem apresentar um padrão definido (figura 2.3).

Figura 2.3. Variação temporal e espacial da toxicidade aguda (%) nos sedimentos do

rio Itajaí-Mirim, durante o período de estudo (2004-2005).

Segundo a classificação da qualidade do sedimento proposta por BARBOSA

(2000), o sedimento da estação amostral #A apresentou 4 amostras com indícios de

toxicidade (mortalidade entre 10 e 40%), a estação amostral #B apresentou 1

amostra com indício de toxicidade, as estações #C e #I, apresentaram 2 amostras e

as estações amostrais #D, #E e #G, apresentaram 3 amostras com indícios de

toxicidade.

A toxicidade nas estações #A e #B esteve relacionada com períodos de

menores precipitação e condutividades superiores a 100 µS/cm, provavelmente

# J

# I

# H

# G

# F

# E

# D

# C

# B

# A

jun/04jul/04

ago/04out/04

nov/04jan/05fev/05mar/05

abr/05mai/05

jun/05set/05out/05dez/05

Toxicidade (%)

30-40

20-30

10-20

0-10

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relacionado a localização em área altamente urbanizada, onde existe o lançamento

de efluentes industriais e domésticos.

A toxicidade encontrada nas estações #G e #I esteve relacionada a períodos

de estiagem, quando há maior estabilidade do fluxo do corpo de água, e maior

deposição de sedimentos, além de valores de turbidez superiores a 100 UNT e MPS

superiores a 100 mg/l. Nas estações a montante, trecho Alto Vidal, (estações #H, #I

e #J), com alta velocidade de corrente, há menor deposição dos sedimentos e

contaminantes, sendo estes depositados nas estações mais a jusante, o que

explicaria a toxicidade nas estações #G e #E, e também na estação amostral #A,

onde em períodos de baixa precipitação demonstra menor dinâmica do ambiente.

Esses resultados demonstram que há potencial risco de toxicidade no

sedimento, em decorrência do atual uso e ocupação do solo na bacia do rio Itajaí-

Mirim. Não foi detectada toxicidade aguda nos sedimentos das estações #F, #H e #J

durante os experimentos realizados entre 2004 e 2005.

2.4. CONCLUSÕES

Os resultados obtidos com os bioensaios de toxicidade das águas superficiais,

utilizando microalgas e microcrustáceos, demonstraram que a provável lixiviação dos

contaminantes agrícolas e de substâncias tóxicas, principalmente advindas de

efluentes descartados pelas indústrias nas áreas urbanas, têm contribuído para o

detrimento da qualidade das águas do rio Itajaí-Mirim, principalmente na época de

maiores precipitações. As análises físico-químicas também indicaram valores acima

do permitido para parâmetros como condutividade, MPS e turbidez, principalmente

na região urbana, o que pode ser associado às toxicidades observadas. Observou-se

também maior efeito tóxico das amostras em que foram utilizados Daphnia magna

como indicador. Isto provavelmente ocorreu por este organismo ser mais sensível a

algumas substâncias, como os metais pesados chumbo, cromo, zinco e cobre, e

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defensivos agrícolas do que a microalga Pseudokirchneriella subcaptata

(PESTICIDEINFO, 2006).

A toxicidade encontrada no sedimento é caracterizada pelas diversas formas

de contaminação que o manancial vem sofrendo ao longo dos últimos anos,

provavelmente relacionada ao uso de agentes químicos na agricultura que ocupa a

região da bacia deste manancial nos trechos a montante, e o lançamento de

efluentes industriais e domésticos no trecho Brusque (#A, #B e #C).

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2.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT (NBR 12713) – Ecotoxicologia aquática – Toxicidade aguda – Método de ensaio com Daphnia sp (Cladocera, Crustacea). Rio de Janeiro: ABNT, 17 p., 2003. AIDAR, E., PEREIRA, S.A., SOUSA, E.C.P.M. & BRASIL-LIMA, G.M.S. 2002. Testes de Toxicidade com Microalgas. Capitulo IV. In: Métodos em ecotoxicologia Marinha. Aplicações no Brasil. Nascimento, I.A., Sousa, E.C.P.M. & Nipper, M. São Paulo: Editora Artes Gráficas. 51-62. 262p. 2002. ALLAN, J.D. 1976. Life history patterns in zooplancton. American Naturalist, 110:165-180.

ALVES, J.P., AGUIAR, W.V., EFFIGEN, J.I., et al. 2002. Avaliação Ecotoxicológica utilizando skeletonema costatum (greville) Cleve (Bacillariophyceae) em efluentes da Companhia siderúrgica de Tubarão (CST) antes e depois de melhorias no Sistema de Tratamento de Amônia. In: Ecotoxicologia: Perspectivas para o século XXI. São Carlos: RiMa. p. 343-351.

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AZEVEDO, F.A. & CHASIN, A.A.M. 2003. As Bases Toxicológicas da Ecotoxicologia. São Carlos: Rima. São Paulo: Intertox. 340p. BAPTISTA, I.E.; SOARES, C.H.L.; MATIAS, W.G.& LOPES, E.B. 2002. Avaliação da Toxicidade Aguda de Efluentes de uma industria Têxtil Utilizando Daphnia Magna, Poecilia reticulata e Vibrio Fischeri como Bioindicadores. In: Ecotoxicologia: Perspectivas para o século XXI. São Carlos: RiMa. p.365-377. 575p. BAPTISTA, I.E.; PAIVA, A.B & SOARES, C.H.L. 2004. Avaliação da toxicidade de amostras de águas do rio Canoas sobre a reprodução de daphnia magna e analises dos parâmetros físico-químicos. Resumo. In: VIII Congresso Brasileiro de Ecotoxicologia (ECOTOX). Sociedade Brasileira de ecotoxicologia (SETAC). Florianópolis.

BARBOSA, R.M. 2000. Avaliação do impacto de lodo de estações de tratamento de água à biota aquática através de estudos ecotoxicológicos. Tese de Doutorado. Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 200 p.

BERGMAN, L. & PUGH, M. 1994. Environmental Toxicology, Economics and Institutions. Kluwer Academics Publishers, Dordrecht.

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BIOINDICADORES MACROINVERTEBRADOS AQUÁTICOS

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3.1. INTRODUÇÃO

Os ecossistemas aquáticos têm sido alterados de maneira expressiva devido a

atividades mineradoras; construção de barragens e represas; retificação e desvio do

curso natural de rios; lançamento de efluentes domésticos e industriais não tratados;

desmatamento e uso inadequado do solo em regiões ripárias e planícies de

inundação; exploração de recursos pesqueiros e introdução de espécies exóticas

(GOULART & CALLISTO, 2003).

O resultado dessas alterações representa uma queda acentuada da

biodiversidade aquática, em função da desestruturação do ambiente físico, químico e

alterações na dinâmica e estrutura das comunidades biológicas (CALLISTO et al.,

2001b). Os rios recebem materiais, sedimentos e poluentes de toda sua bacia de

drenagem, refletindo os usos e ocupação do solo nas áreas vizinhas. Os principais

processos degradadores, resultantes das atividades humanas nas bacias de

drenagem, causam o assoreamento e homogeneização do leito de rios e córregos,

diminuição da diversidade de habitats e microhabitats e eutrofização artificial,

enriquecimento por aumento nas concentrações de fósforo e nitrogênio e

conseqüente perda da qualidade ambiental (CALLISTO et al., 2002; GOULART &

CALLISTO, 2003). Assim, suas características ambientais, especialmente as

comunidades biológicas, fornecem informações sobre as conseqüências das ações

do homem (CALLISTO et al., 2001b).

Desde a década de 70, pesquisadores da Europa Ocidental e América do

Norte argumentam que as metodologias tradicionais de avaliação das águas,

baseadas principalmente em características físicas, químicas e bacteriológicas, não

são suficientes para avaliar a qualidade estética, de recreação ou ecológica do

ambiente. Hoje essa visão foi amplamente difundida, e acredita-se que a

contaminação das águas é um problema primordialmente biológico, por afetar a

fauna que ali vive. Assim, a fim de obter um espectro completo de informações sobre

o ecossistema, a qualidade deve ser medida não só a partir dos parâmetros

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tradicionais, mas levar em consideração fatores ambientais e biológicos. Atualmente,

o monitoramento biológico e ambiental é utilizado em programas de avaliação da

qualidade de águas em diversos países da Europa Ocidental, Estados Unidos,

Canadá, Japão, Austrália e África do Sul (BUSS, 2004). Entretanto, existe pouca

informação na literatura a cerca deste tema e poucos trabalhos realizados na região

sul do Brasil, em específico para o estado de Santa Catarina. Esse interesse ainda

não foi capaz de resgatar o enorme atraso no conhecimento da maioria das ordens,

principalmente sob o aspecto taxonômico, tanto para o Brasil como para o Estado de

Santa Catarina.

O uso de parâmetros biológicos para medir a qualidade da água se baseia

nas respostas dos organismos ao ambiente onde vivem. Como os rios estão sujeitos

a inúmeros distúrbios ambientais, a biota aquática vai reagir de alguma forma a

esses estímulos, sejam eles naturais ou antropogênicos. Assim, o monitoramento

biológico ou biomonitoramento pode ser definido como o uso sistemático das

respostas de organismos vivos para avaliar as mudanças ocorridas no ambiente,

geralmente causadas por ações antropogênicas. A qualidade do hábitat é um dos

fatores mais importantes no sucesso de colonização e estabelecimento das

comunidades biológicas em ambientes lênticos ou lóticos. A flora e a fauna

presentes em um sistema aquático são também influenciadas pelo ambiente físico

do corpo d'água, como geomorfologia, velocidade de corrente, vazão, tipo de

substrato, tempo de retenção. Estando a situação de um corpo de água

estreitamente relacionada às atividades humanas realizadas a sua volta, o primeiro

passo para a compreensão de como as comunidades de macroinvertebrados

bentônicos estão reagindo à alteração da qualidade de água é identificar quais

variáveis físicas, químicas e biológicas estão afetando os organismos (MARQUES et

al., 1999).

Espécies indicadoras são aqui definidas como sendo a espécie, ou

assembléias de espécies, que tem necessidades físicas e químicas ambientais

particulares. Alterações na presença ou ausência, na fisiologia, na morfologia, na

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abundância ou no comportamento dessas espécies indicam que variáveis químicas

e físicas estão fora dos limites toleráveis. Os fatores que regulam a abundância

populacional ou a presença/ausência podem agir em qualquer estágio do ciclo de

vida, e podem ser de origem abiótica ou biótica. Preferencialmente organismos

indicadores são aquelas espécies que têm tolerâncias ambientais específicas (KARR

& CHU, 1999).

Em teoria, qualquer organismo que viva em um dado ambiente pode ser

utilizado para monitorar sua qualidade. Na prática, os grupos mais utilizados para

avaliar a qualidade da água de rios, apresentam as seguintes características

básicas: são abundantes; tem elevado número de espécies; são relativamente fáceis

de coletar e identificar; e apresentam ampla distribuição geográfica. Dentro do

grande número de opções, a comunidade de macroinvertebrados (insetos,

crustáceos e moluscos) parece ser a mais usada para esse fim (BUSS, 2004). Os

principais fatores que levam os pesquisadores a utilizarem os macroinvertebrados

bentônicos como bioindicadores é o tamanho relativamente grande destes

organismos, sendo visíveis a olho nu, e a facilidade para coletar estes organismos.

Outro fator pode ser atribuído a grande abundância e diversidade permitindo assim

uma grande tolerância a diferentes parâmetros de contaminação. O fato de estarem

intimamente associados ao substrato os deixa expostos a ações de alterações

ambientais. Uma considerável desvantagem é o fato de existirem muitos

representantes de macroinvertebrados de diversos grupos taxonômicos, surgindo

problemas relativos à identificação dos organismos, sendo muitas vezes impossível

chegar ao nível de espécie (LOYOLA & BRUNKOW, 1998).

Um corpo d'água de boa qualidade, geralmente, suporta uma fauna bentônica

diversa sem abundância de qualquer grupo. A comunidade de macroinvertebrados

em um ecossistema aquático é muito sensível a estresse (tensões) e, portanto, suas

características servem como instrumento útil para detectar perturbações ambientais

resultantes de contaminantes introduzidos. Devido à mobilidade limitada e à vida

relativamente longa destes organismos, suas características são dependentes de

condições durante o passado recente, incluindo reações a despejos não freqüentes e

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que seriam difíceis de se detectar por amostragem química periódica. A

contaminação orgânica pode restringir a variedade da macrofauna bentônica e

favorecer o desenvolvimento de grande número de organismos que toleram

condições de contaminação, de natureza química e física (OIKOS, 2004).

Macroinvertebrados bentônicos são sedentários, não podendo evitar, rapidamente,

mudanças ambientais prejudiciais e exibem variados graus de tolerância à poluição

(METCALFE, 1989). Por essas razões eles têm sido amplamente utilizados como

bioindicadores de qualidade da água, do nível de poluição e/ou alteração de um

ambiente aquático (ANUBHA & DALELA, 1997). Sendo assim, a comunidade de

macroinvertebrados bentônicos é composta por diversos organismos que podem ser

utilizados como indicadores biológicos, já que possuem uma série de características

que os tornam forte instrumento para a detecção de alterações ambientais

(SEMARH, 2004). Os padrões de distribuição da macrofauna na área são regidos

primariamente pelos gradientes físico-químicos e pela alternância entre ambientes de

sedimentação e erosão (HAUER & RESH, 1996), e secundariamente pelas

interações biológicas (predação e competição) com outros elos da cadeia trófica.

O grupo dos macroinvertebrados bentônicos é representado por vários grupos

taxonômicos, como - Platyhelminthes, Annelida, Crustacea, Mollusca, Insecta, que

vivem associados a substratos. Os tipos de espécies encontradas variam em função

de características dos cursos d'água como altitude e temperatura, quanto mais alto

for o rio mais frias serão suas águas, e extensão em geral, o fundo dos rios mais

curtos têm pedras, e o dos mais longos, sedimentos.

Os macroinvertebrados compreendem o maior número de indivíduos, espécies

e biomassa em quaisquer ambientes dulcícolas, entre estes destacam-se os insetos,

que dominam os sistemas de água doce, quer sob o ponto de vista numérico, como

sob a questão relativa a diversidade podendo ser ultrapassados apenas pelos

nemátodos, em termos numéricos e de biomassa. Os crustáceos e moluscos podem

ser abundantes, mas raramente apresentam grande diversidade (GULLAM &

CRANSTON, 1996; BUSS, 2004).

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Para a implementação de um programa de monitoramento biológico,

idealmente é necessária a determinação de locais de referência, ou seja, áreas

íntegras que guardam uma fauna que não tenha sido fortemente influenciada por

ações antropogênicas. A comparação das áreas de referência, com locais de

diferentes graus de alterações antropogênicas, permite identificar medidas biológicas

que estejam respondendo ao estresse (BUSS, 2004).

A essas medidas biológicas, dá-se o nome de índices métricos biológicos.

Algumas métricas analisam a comunidade em relação à sua composição (através da

riqueza de espécies) e estrutura (diversidade, eqüitabilidade e similaridade com os

locais de referência), função trófica (papel que desempenham na cadeia alimentar) e

as que determinam graus de tolerância, ou sensibilidade, de cada espécie (ou outro

nível taxonômico) a estas alterações. Essa última é uma metodologia amplamente

difundida na Europa, são os chamados índices bióticos. Estima-se que mais de 50

índices bióticos já foram criados, com aplicação em diversos países, inclusive no

Brasil. Rios em cujas águas ou margens há grande variedade de espécies de

macroinvertebrados e diversidade vegetal são pouco poluídos. Como a técnica

depende apenas da coleta e observação de amostras dos animais -- a maioria na

forma de larva -- os custos com material e análise são menores que no

monitoramento tradicional (BUSS, op. cit.).

Em relação à tolerância frente a adversidades ambientais, os

macroinvertebrados bentônicos podem ser classificados em três grupos principais

(existem exceções dentro de cada grupo): organismos sensíveis ou intolerantes,

organismos tolerantes e organismos resistentes. O primeiro grupo engloba

principalmente representantes das ordens de insetos aquáticos Ephemeroptera,

Trichoptera e Plecoptera, e são caracterizados por organismos que possuem

necessidade de elevadas concentrações de oxigênio dissolvido na água.

Normalmente são habitantes de ambientes com alta diversidade de habitats e

microhabitats. O segundo grupo é formado por uma ampla variedade de insetos

aquáticos e outros invertebrados, incluindo moluscos bivalves, algumas famílias de

Diptera, e principalmente por representantes das ordens Heteroptera, Odonata e

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Coleoptera, embora algumas espécies destes grupos sejam habitantes típicos de

ambientes não poluídos. A necessidade de concentrações elevadas de oxigênio

dissolvido é menor, uma vez que parte dos representantes deste grupo, como os

Heteroptera, adultos de Coleoptera e alguns Pulmonata (Gastropoda) utilizam o

oxigênio atmosférico. O requerimento da diversidade de habitats e microhabitats

também diminui, em função de uma maior plasticidade do grupo. Muitos heterópteros

e coleópteros vivem na lâmina d’água ou interface coluna d’água-superfície. O

terceiro grupo é formado por organismos extremamente tolerantes, por isso

chamados de resistentes. É formado principalmente por larvas de Chironomidae e

outros Diptera e por toda a classe Oligochaeta. Estes organismos são capazes de

viver em condição de anoxia (depleção total de oxigênio) por várias horas, além de

serem organismos detritívoros, se alimentando de matéria orgânica depositada no

sedimento, o que favorece a sua adaptação aos mais diversos ambientes

(CALLISTO et al., 2001a).

Dentre os bioindicadores há grupos de espécies diretamente relacionados a

um determinado agente poluidor ou a um fator natural potencialmente poluente, por

exemplo, altas densidades de Oligochaeta e de larvas vermelhas de Chironomus,

Diptera, em rios com elevados teores de matéria orgânica. Além disso, são

importantes ferramentas para a avaliação da integridade ecológica, ou seja, condição

de “saúde” de um rio, avaliada através da comparação da qualidade da água e

diversidade de organismos entre áreas impactadas e áreas de referência, ainda

naturais e a montante. Os bioindicadores mais utilizados são aqueles capazes de

diferenciar entre fenômenos naturais, como por exemplo, mudanças de estação e

ciclos de chuva-seca e estresses de origem antropogênica, relacionados a fontes de

contaminação pontuais ou difusas. A composição em espécies e a distribuição

espaço-temporal dos organismos aquáticos alteram-se em função das alterações

ambientais. Quanto mais intensas, mais pronunciadas serão as respostas ecológicas

dos organismos aquáticos bioindicadores de qualidade de água, podendo haver

inclusive a exclusão de organismos sensíveis a estas alterações, como por exemplo,

formas imaturas de muitas espécies de Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera

(CALLISTO et al., 2001a).

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Em razão às dificuldades de interpretar a ocorrência ou não de espécies

indicadoras para uma avaliação da qualidade de um ambiente, vários autores

procuraram meios para evitar o uso de indicações empíricas. Os métodos

tradicionais de avaliação da qualidade das águas superficiais utilizam

essencialmente as variações de uma dada comunidade, em termos da proporção

relativa de espécies intolerantes versus tolerantes e no número de taxa. Esses

métodos traduzem a influência da qualidade da água na biocenose, onde as

perturbações antropogênicas se refletem também na alteração física dos habitats

aquáticos (CORTES, 1989; CORTES, 1992). Segundo KARR (1991) a utilização de

índices designados por integridade biótica traduz a capacidade de suporte de uma

comunidade suficientemente adaptada, com uma composição, diversidade e

organização funcional comparável ao habitat natural dessa região. Assim, incluem-se

todas as medidas, designadas como métricas, que são relevantes para a ecologia de

um dado ecossistema e “que mudam de modo preditivo em função duma pressão

humana crescente” (BARBOUR et al., 1999). De acordo com estes autores, as

métricas além de serem ecologicamente relevantes e sensíveis aos agentes de

estresse ambiental, devem abarcar diversas categorias como medidas de riqueza em

taxa; medidas de composição para identidade e dominância; medidas de tolerância

que representam sensibilidade à contaminação; medidas tróficas ou

comportamentais que traduzam estratégias de alimentação, e guilds.

Um exemplo é o déficit de espécies (KOTHÉ, 1962), que avalia a diminuição

do número de espécies nas regiões poluídas, em relação a um ponto de referência

não poluído, ou não alterado, como uma indicação do grau de prejuízo às

comunidades. O próprio autor caracterizou seu método como um simples critério de

alteração ambiental. O método está baseado na comparação principalmente de

macrobentos; a escolha das espécies consideradas é livre, porém sempre as

mesmas espécies devem ser comparadas ao longo de um trecho. A avaliação de

alterações da qualidade ambiental por intermédio deste método somente pode ser

realizada de uma forma grosseira, pois não são consideradas informações auto-

ecológicas, inclusive empiricamente elaboradas, dos organismos, e não são,

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também, consideradas as modificações na quantidade relativa das espécies. Em

casos onde os conhecimentos sistemáticos são suficientes, mas não existem dados

auto-ecológicos aplicáveis, tal método pode ser recomendado para um

acompanhamento de estudos físico-químicos da água, para complementar o

levantamento ecológico (SCHÄFER, 1985).

As métricas que analisam a comunidade em relação à sua composição são o

Percentual de EPT (%EPT), Percentual de Oligochaeta e Percentual de

Chironomidae. O Percentual de Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera (%EPT)

em relação aos outros grupos amostrados indica em geral contaminação e

alterações dos habitats, pois as espécies destes grupos são sensíveis a

perturbações antropogênicas (CARRERA & FIERRO, 2001). Já os percentuais de

Oligochaeta e Chironomidae nas amostras coletadas indicam geralmente

contaminação por matéria orgânica, já que estes grupos são muito tolerantes a este

tipo de perturbação.

Outras medidas biológicas (métricas) são as que determinam graus de

tolerância à contaminação, ou sensibilidade, de cada espécie (ou outro nível

taxonômico) a estas alterações. Este índice é indicado para uma avaliação rápida e

simples e pode ser desenvolvido em um curto espaço de tempo, pois utiliza apenas

algumas ordens de insetos aquáticos indicadores como Ephemeroptera, Plecoptera e

Trichoptera.

Este estudo objetivou caracterizar os macroinvertebrados bentônicos

presentes no sedimento do rio Itajaí-Mirim, e avaliar a qualidade da água através

destes bioindicadores, utilizando medidas biológicas que analisam a comunidade em

relação a sua composição, em relação a tolerância frente a adversidades ambientais,

e em relação a presença ou não de organismos no sedimento.

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65

3.2. METODOLOGIA UTILIZADA

3.2.1. Infauna

O monitoramento biológico realizado neste trabalho utilizou como indicadores

os macroinvertebrados associados ao sedimento (infauna). Para a caracterização

dos macroinvertebrados foram tomadas três réplicas com testemunhador de PVC (10

x 10 cm), em áreas vegetadas e não vegetadas das margens, de modo aleatório, nas

10 estações amostrais localizadas no rio Itajaí-Mirim (#A - #J), no período de junho

de 2004 a junho de 2005 (apêndice 1). Os trechos amostrados em quase sua

totalidade foram caracterizados como corredeiras, com menor extensão do rio e

fundo caracterizado pela presença de matacões e areia grossa. Somente as

estações amostrais do trecho Brusque (#A, #B e #C) possuem fundo composto por

areia, silte e argila, e maior extensão do rio.

No campo, as amostras foram fixadas com formol 4% e levadas ao laboratório

onde cada amostra foi lavada em peneira de 500 µm e conservada em álcool 70 %.

Os animais foram identificados segundo MORETTI (2004), NEEDHAM & NEEDHAM

(1982), MERRITT & CUMMINS (2002) e COSTA et al. (2006) e quantificados. Cabe

ressaltar que existe pouca informação na literatura a cerca deste tema e poucos

trabalhos realizados na região sul do Brasil em especifico para o Estado de Santa

Catarina, principalmente sob o aspecto taxonômico.

3.2.2. Déficit de Espécies

Dentre os métodos utilizados para a avaliação da qualidade das águas do rio

Itajaí-Mirim através de bioindicadores, o déficit de espécies de KOTHÉ (1962) foi

utilizado ao nível de grupos. O calculo do déficit de grupos (DG) compreende:

DG = A1 – Ax x 100 (%)

A1

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Onde,

A1 é o número de espécies na estação controle e,

Ax é o número de espécies na estação sob investigação.

O método está baseado na comparação principalmente de macrobentos; a

escolha das espécies consideradas é livre, porém sempre as mesmas espécies

devem ser comparadas ao longo de um trecho. O déficit pode oscilar entre 0%, ou

seja, sem redução no número de espécies, até 100%, quando nenhuma das

espécies encontradas no ponto de referência, está presente. A escolha da estação

controle (ponto de referência) envolve problemas ainda controvertidos, pois mesmo

que esta possa ser determinada, ela possui padrões biológicos próprios e diversos

de outros locais. Para minimizar estes problemas, a adoção de regiões

ecologicamente semelhantes procura delimitar áreas onde a variabilidade das

condições se situe dentro de uma faixa de variação esperada, servindo como

referência o melhor resultado observado dentro da ecorregião. Foi utilizada como

estação controle, para o cálculo de déficit de espécies, o trecho Baixo-Vidal,

estações #F e #G, pois apresentou, em função dos parâmetros físico-químicos, uma

menor interferência antropogênica.

3.2.3. Métricas relacionadas à composição da comunidade

As medidas biológicas que analisaram a comunidade em relação a sua

composição foram Percentual de Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera (%EPT),

Percentual de Oligochaeta e Percentual de Chironomidae. Dividiu-se a proporção de

EPT presentes na amostra pela abundância total dos organismos encontrados,

obtendo um valor, o qual se comparou a tabela de qualificações da qualidade da

água, que vai de muito boa a ruim (tabela 3.1), segundo CARRERA & FIERRO,

(2001). Da mesma forma foram realizados os cálculos de % Oligochaeta e %

Chironomidae.

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67

Tabela 3.1. Qualidade de água para Índices %EPT. Fonte: CARRERA & FIERRO

(2001).

Classe EPT % Qualidade da água

1 75 –100 Muito boa

2 50 – 74 Boa

3 25 – 49 Regular

4 0 – 24 Ruim

3.2.4. Métricas relacionadas a graus de tolerância à contaminação

Utilizando como medida biológica a tolerância frente a adversidades

ambientais, os macroinvertebrados bentônicos foram classificados em três grupos

principais: organismos sensíveis ou intolerantes, os insetos aquáticos

Ephemeroptera, Trichoptera e Plecoptera; organismos tolerantes, moluscos bivalves

e gastrópodes, e os insetos Heteroptera, Odonata e Coleoptera, e organismos

resistentes, larvas de Chironomidae e outros Diptera e toda a classe Oligochaeta e

Hirudinea.

3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.3.1. Infauna

A fauna de invertebrados bentônicos presente no sedimento do rio Itajaí-Mirim,

durante o período estudado, foi composta por três Filos (Annelida, Mollusca e

Arthropoda) e cinco Classes (Hirudinea, Oligochaeta, Gastropoda, Bivalvia e

Insecta), (tabela 3.2), sendo coletados 1536 organismos. Dentre os Annelida foram

observados 977 indivíduos. As hirudineas (sanguessugas) estiveram representadas

por 93 indivíduos coletados, nas estações amostrais #A (59 indivíduos), #B (30

indivíduos), #D (1 individuo), #G (1 individuo) e #H (2 indivíduos), com maior

abundância em junho 2004. Os oligochaetas coletados foram representados por 884

organismos, coletados em todas as estações amostrais, com maiores abundâncias

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nas estações #A (407 indivíduos) e #B (352 indivíduos), e no mês de junho de 2004

(apêndice 3 - figs. 3.1 a 3.10).

Os gastrópodes estiveram representados por 25 indivíduos coletados, nas

estações #A, #H e #J, com maior abundância em maio de 2005. Os bivalves

estiveram representados por 136 indivíduos coletados, nas estações #A, #B, #C, #D,

#E, #F, #G, #H e #J, com maior abundância em maio de 2005 (apêndice 3 - figs. 3.1

a 3.10).

Os insetos estiveram representados por 398 indivíduos, das Ordens

Coleoptera, Diptera, Ephemeroptera, Lepidoptera, Odonata, Plecoptera, Hemiptera e

Trichoptera, em todas as estações amostrais. Os Chironomidae (Diptera) estiveram

representados em todas as estações amostrais, com a maior abundância dentre os

insetos encontrados, seguido pelos Ephemeroptera (#F e #I) e pelos Coleoptera (#G

e #H) e Trichoptera (#G) (apêndice 3 - figs. 3.1 a 3.10).

Tabela 3.2. Lista de táxons de macroinvertebrados registrados nas estações de

coleta, no rio Itajaí-Mirim, durante junho de 2004 a junho de 2005.

Estações Amostrais Táxons

#A #B #C #D #E #F #G #H #I #J

Annelida

Oligochaeta X X X X X X X X X X

Hirudinea X X X X X

Mollusca

Bivalvia X X X X X X X X

Gastropoda X X X

Arthropoda

Coleoptera X

Elmidae X X X X X X X X X

Diptera X X X X X X X

Chironomidae X X X X X X X X X X

Ceratopogonidae X X

Tipulidae X X X

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Ephemeroptera X X X X X X X X

Hemíptera X

Heteroptera X X X X

Lepidoptera X

Odonata X X

Libellulidae X X X

Plecoptera X X X X X X

Trichoptera X X X X X

As maiores abundâncias relativas observadas durante o período de estudo

foram dos Oligochaeta (0,57%), Diptera (0,13%) e Bivalvia (0,08%) (tabela 3.3).

Tabela 3.3. Abundâncias relativas de macroinvertebrados registrados nas estações

de coleta, no rio Itajaí-Mirim, durante junho de 2004 a junho de 2005.

Annelida Oligochaeta - 0,5755

Insecta Diptera Chironomidae 0,1315

Mollusca Bivalvia - 0,0885

Anelida Hirudinea - 0,0605

Insecta Ephemeroptera - 0,0579

Insecta Coleoptera Elmidae 0,0163

Mollusca Gastropoda - 0,0163

Insecta Trichoptera - 0,0156

Insecta Plecoptera - 0,0085

Insecta Diptera - 0,0078

Insecta Diptera pupa 0,0059

Insecta Hemiptera Heteroptera 0,0039

Insecta Diptera Ceratopogonidae 0,0033

Insecta Odonata - 0,0026

Insecta Diptera Tipulidae 0,0020

Insecta Odonata Libelulidae 0,0020

Insecta Coleoptera - 0,0007

Insecta Hemiptera - 0,0007

Insecta Lepidoptera - 0,0007

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3.3.2. Déficit de Espécies

Utilizando o método de déficit de espécies de KOTHÉ (1962), foi avaliada a

diminuição do número de espécies nos trechos do rio Itajaí-Mirim em relação às

espécies encontradas no trecho Baixo-Vidal (#F e #G), como um ponto de referência

não alterado (tabela 3.4).

Tabela 3.4. Resultado da aplicação do método de déficit de espécies encontradas no

rio Itajaí-Mirim durante o período de estudo (KOTHE, 1962).

A B C D E F G H I J

jun/04 62 77 77 69 77 77

jul/04 77 92 85 77 92 92

ago/04 92 85 92 85 92 85

set/04 85 62 92 77 92 77 85 92 92

out/04 62 92 92 92

nov/04 85 54 77 92 62 85 92 85

jan/05 69 69 92 85 92 77 62 77 85

fev/05 92 77 85 77 92 46 92 92

mar/05 69 77 62 92 62 54 77 77 85 69

abr/05 77 92 92 62 85

mai/05 69 85 85 38 92 54 62 62 54

jun/05 69 62 92 92 92 77 92 77

Os maiores valores de déficit de grupos foram encontrados nas estações #E,

#F, #G e #I (tabela 3.4). Este resultado não foi verificado pelas analises físico-

químicas, que apontaram as estações #A e #B como as que sofrem uma maior

interferência antropogênica. De acordo com a hipótese da perturbação intermediária

(CONNELL, 1978), ambientes sujeitos a perturbações com intensidade, freqüência e

tamanho intermediários, poderiam conter tanto espécies dos estágios iniciais de

sucessão quanto espécies de clímax, o que explicaria os maiores déficits de grupos

nestas estações. O mesmo foi observado no trabalho de MARQUES & BARBOSA

(2001), na bacia do rio Doce, onde foi observado déficits de organismos

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71

fragmentadores nos grandes rios da bacia, o que poderia ser explicado tanto por

fatores naturais como por impactos ambientais, como o desmatamento da mata ciliar.

3.3.3. Métricas relacionadas à composição da comunidade

Os resultados obtidos com a aplicação do percentual de Ephemeroptera,

Plecoptera e Trichoptera (%EPT) nos diferentes trechos do rio Itajaí-Mirim indicaram

águas de qualidade muito boa, nos meses de setembro de 2004 (#I), fevereiro de

2005 (#I) e março de 2005 (#D); qualidade boa nos meses de junho de 2004 (#F),

janeiro de 2005 (#G), março de 2005 (#F), maio de 2005 (#H) e junho de 2005 (#G);

águas de qualidade regular em junho de 2004 (#D e #I), julho de 2004 (#D), janeiro

de 2005 (#D e #I), fevereiro de 2005 (#F) e março de 2005 (#C e #G). No restante do

período amostral, e na maioria das estações amostrais, o %EPT indicou uma

qualidade de água ruim (tabela 3.5). Temporalmente, as médias obtidas para cada

mês, nas estações amostrais, indicaram na sua maioria águas de qualidade ruim,

exceto no mês de março de 2005, quando a qualidade da água foi considerada

regular (tabela 3.5). Em média o trecho que apresentou melhores valores de

qualidade de água foi o trecho Baixo Vidal (#F e #G).

Tabela 3.5. Percentual de Ephemeroptera/Plecoptera/Trichoptera (%EPT) aplicado

para os macroinvertebrados coletados durante o período de estudo no rio Itajaí-

Mirim.

A B C D E F G H I J Média

jun/04 4,3 0,0 16,7 35,7 0,0 57,1 0,0 0,0 25,0 0,0 13,9

jul/04 0,0 0,0 16,7 25,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 4,2

ago/04 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

set/04 0,0 0,0 0,0 20,0 0,0 16,7 0,0 0,0 100,0 0,0 13,7

out/04 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

nov/04 0,0 3,1 0,0 14,3 0,0 0,0 8,3 0,0 0,0 0,0 2,6

jan/05 7,7 3,3 0,0 33,3 0,0 0,0 50,0 20,0 39,1 0,0 15,3

fev/05 0,0 12,5 0,0 0,0 0,0 40,0 0,0 3,7 100,0 0,0 15,6

mar/05 1,5 0,0 28,6 100,0 6,7 53,2 37,5 7,1 20,0 0,0 25,5

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abr/05 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 4,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,4

mai/05 0,0 0,0 0,0 1,6 0,0 3,8 44,4 50,0 0,0 5,3 10,5

jun/05 0,0 18,2 0,0 0,0 0,0 0,0 50,0 0,0 0,0 20,0 8,8

Os resultados obtidos com a aplicação do %EPT corroboram os resultados de

MELLO (2005), que utilizando o índice biótico BMWP com macroinvertebrados

obteve resultados que indicaram que os trechos localizados no município de Brusque

apresentaram qualidade de água muito crítica, os trechos localizados no município

de Vidal Ramos apresentaram qualidade de água critica, e os trechos restantes

qualidade de água duvidosa. Resultados também encontrados por ANDRADE

(2006), que demonstrou um comprometimento da qualidade ambiental nas estações

localizadas no município de Brusque, uma qualidade de água intermediária nas

estações localizadas no município de Vidal Ramos, e uma melhor qualidade no

trecho localizado no município de Botuverá, e OLIVEIRA (2006), que concluiu que os

trechos mais altos apresentaram condições não muito favoráveis ao desenvolvimento

pleno das assembléias fitoplanctônicas.

A aplicação do percentual de Chironomidae nas amostras coletadas no rio

Itajaí-Mirim demonstrou qualidade de água muito boa para quase a totalidade das

amostras coletadas (tabela 3.6). Não confirmando os resultados obtidos com as

analise físico-químicas e com os trabalhos de outros autores.

Tabela 3.6. Percentual de Chironomidae aplicado para os macroinvertebrados

coletados durante o período de estudo no rio Itajaí-Mirim.

A B C D E F G H I J

jun/04 2,1 3,4 33,3 14,3 0,0 0,0 0,0 0,0 50,0 0,0

jul/04 0,0 0,0 0,0 25,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0

ago/04 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 40,0 0,0

set/04 18,2 7,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

out/04 1,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

nov/04 0,0 16,9 0,0 0,0 100,0 0,0 8,3 12,5 0,0 50,0

jan/05 3,8 28,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 20,0 52,2 42,9

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fev/05 0,0 50,0 0,0 0,0 0,0 40,0 0,0 74,1 0,0 0,0

mar/05 0,0 69,2 14,3 0,0 53,3 27,7 37,5 78,6 80,0 20,0

abr/05 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 32,0 0,0 0,0 0,0 0,0

mai/05 0,0 0,0 0,0 6,3 100,0 11,5 5,6 28,6 0,0 26,3

jun/05 0,0 0,0 0,0 25,0 0,0 0,0 0,0 66,7 0,0 0,0

Resultado semelhante obteve BUSS et al. (2002) na bacia do rio Guapimirim,

no Rio de Janeiro, onde o % EPT (riqueza de Ephemeroptera, Plecoptera e

Trichoptera) decresceu com o aumento da contaminação. Por outro lado, os

organismos pertencentes à pior classe de água, foram os da família Chironomidae

(Diptera), com dominância de 97% do total dos indivíduos nas amostras.

Os resultados obtidos com a aplicação do percentual de Oligochaeta (tabela

3.7) indicam em média como ruim a qualidade das águas da estação amostral #A,

regular as águas da estação #B, boa as águas da estação #D e muito boa as águas

das demais estações amostrais. Corroborando os resultados obtidos com as analise

dos dados físico-químicos e dos resultados obtidos por MELLO (2005), ANDRADE

(2006), OLIVEIRA (2006) e HOMECHIN (2006), onde o trecho de Brusque apresenta

maior comprometimento da qualidade das águas e o trecho com menor

comprometimento, em média, seria o trecho Baixo Vidal (#F e #G).

Tabela 3.7. Percentual de Oligochaeta aplicado para os macroinvertebrados

coletados durante o período de estudo no rio Itajaí-Mirim.

A B C D E F G H I J

jun/04 42,6 90,5 0,0 35,7 0,0 38,1 0,0 0,0 0,0 0,0

jul/04 69,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

ago/04 100,0 93,3 0,0 33,3 0,0 0,0 0,0 0,0 60,0 0,0

set/04 81,8 61,5 0,0 0,0 0,0 33,3 0,0 85,7 0,0 100,0

out/04 82,9 100,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

nov/04 70,0 61,5 0,0 57,1 0,0 0,0 25,0 87,5 0,0 25,0

jan/05 84,6 65,8 0,0 66,7 0,0 0,0 0,0 30,0 0,0 42,9

fev/05 100,0 37,5 0,0 73,3 0,0 0,0 0,0 3,7 0,0 0,0

mar/05 92,3 7,7 0,0 0,0 6,7 8,5 0,0 14,3 0,0 40,0

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abr/05 91,5 100,0 100,0 0,0 0,0 16,0 0,0 0,0 0,0 0,0

mai/05 88,3 75,0 62,5 42,2 0,0 3,8 0,0 0,0 0,0 21,1

jun/05 78,8 79,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 40,0

3.3.4. Métricas relacionadas a graus de tolerância à contaminação

A utilização da medida biológica em relação à tolerância frente a adversidades

ambientais, indicou que para o percentual de espécies resistentes (tabela 3.8) a

contaminação, a qualidade das águas nas estações #A e #B foi em média ruim, as

águas das estações #D, #H e #J foram classificadas como boa e as águas das

estações #C, #E, #F, #G e #I classificadas como muito boa. Em relação aos trechos,

o trecho Brusque foi classificado como águas de qualidade regular, o de Botuverá

como água de qualidade boa, o de Baixo Vidal como muito boa, e o de Alto Vidal

como boa. Corroborando os resultados obtidos com o %EPT, % Oligochaeta e com

as analises físico-químicas.

Tabela 3.8. Percentual de organismos resistentes a contaminação aplicado para os

macroinvertebrados coletados durante o período de estudo no rio Itajaí-Mirim.

A B C D E F G H I J

jun/04 95,7 100,0 33,3 50,0 0,0 38,1 0,0 0,0 50,0 0,0

jul/04 97,2 100,0 0,0 25,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0

ago/04 100,0 100,0 0,0 33,3 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0

set/04 100,0 100,0 0,0 0,0 0,0 33,3 0,0 85,7 0,0 100,0

out/04 98,1 100,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

nov/04 100,0 95,4 0,0 57,1 100,0 0,0 33,3 100,0 0,0 75,0

jan/05 88,5 96,7 0,0 66,7 0,0 0,0 25,0 60,0 60,9 85,7

fev/05 100,0 87,5 0,0 73,3 0,0 60,0 0,0 85,2 0,0 0,0

mar/05 92,3 100,0 42,9 0,0 66,7 36,2 62,5 92,9 80,0 80,0

abr/05 91,5 100,0 100,0 0,0 0,0 52,0 20,0 0,0 0,0 0,0

mai/05 93,3 75,0 62,5 54,7 100,0 23,1 11,1 35,7 0,0 52,6

jun/05 84,8 79,5 0,0 25,0 0,0 0,0 40,0 66,7 0,0 40,0

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75

Os resultados obtidos com o percentual de organismos sensíveis e

organismos tolerantes (tabela 3.9 e 3.10) indicaram águas de qualidade ruim em

quase todas as estações amostrais e em todo o período de amostragem, não

confirmando os resultados obtidos pelos outros parâmetros utilizados para a

classificação da qualidade das águas do rio Itajaí-Mirim.

Tabela 3.9. Percentual de organismos sensíveis a contaminação aplicado para os

macroinvertebrados coletados durante o período de estudo no rio Itajaí-Mirim.

A B C D E F G H I J

jun/04 4,3 0,0 16,7 35,7 0,0 57,1 0,0 0,0 25,0 0,0

jul/04 0,0 0,0 16,7 25,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

ago/04 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

set/04 0,0 0,0 0,0 20,0 0,0 16,7 0,0 0,0 100,0 0,0

out/04 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

nov/04 0,0 3,1 0,0 14,3 0,0 0,0 8,3 0,0 0,0 0,0

jan/05 7,7 3,3 0,0 33,3 0,0 0,0 50,0 20,0 39,1 0,0

fev/05 0,0 12,5 0,0 0,0 0,0 40,0 0,0 3,7 100,0 0,0

mar/05 1,5 0,0 28,6 100,0 6,7 53,2 37,5 7,1 20,0 0,0

abr/05 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 4,0 0,0 0,0 0,0 0,0

mai/05 0,0 0,0 0,0 1,6 0,0 3,8 44,4 50,0 0,0 5,3

jun/05 0,0 18,2 0,0 0,0 0,0 0,0 50,0 0,0 0,0 20,0

Tabela 3.10. Percentual de organismos tolerantes a contaminação aplicado para os

macroinvertebrados coletados durante o período de estudo no rio Itajaí-Mirim.

A B C D E F G H I J

jun/04 0,0 0,0 50,0 14,3 0,0 4,8 0,0 0,0 25,0 0,0

jul/04 2,8 0,0 83,3 50,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

ago/04 0,0 0,0 100,0 66,7 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0

set/04 0,0 0,0 100,0 80,0 100,0 50,0 0,0 14,3 0,0 0,0

out/04 1,9 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

nov/04 0,0 1,5 0,0 28,6 0,0 0,0 58,3 0,0 100,0 0,0

jan/05 3,8 0,0 100,0 0,0 100,0 0,0 25,0 20,0 0,0 14,3

fev/05 0,0 0,0 0,0 26,7 0,0 0,0 100,0 11,1 0,0 100,0

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76

mar/05 6,2 0,0 28,6 0,0 26,7 10,6 0,0 0,0 0,0 20,0

abr/05 8,5 0,0 0,0 0,0 0,0 44,0 80,0 0,0 0,0 0,0

mai/05 6,7 25,0 37,5 43,8 0,0 73,1 44,4 14,3 0,0 42,1

jun/05 15,2 2,3 100,0 75,0 100,0 0,0 10,0 33,3 0,0 40,0

Utilizando a sensibilidade dos organismos em relação à tolerância a

contaminação e observando o percentual dos grupos encontrados em cada estação

amostral durante todo o período de estudo, podemos classificar a qualidade da água

dos trechos do rio Itajaí-Mirim como ruim nas estações #A e #B, regular na estação

#C, boa nas estações #D, #E, #G, #H e #J e muito boa nas estações #F e #I (tabela

3.11).

Tabela 3.11. Percentuais de organismos em relação a tolerância a contaminação nas

10 estações amostrais do rio Itajaí-Mirim, durante junho de 2004 a junho de 2005.

Esta classificação corrobora os resultados obtidos com os outros índices

estudados neste trabalho e por outros autores (COELHO, 2004; MELLO, 2005;

ANDRADE, 2006; OLIVEIRA, 2006). Assim como o trabalho desenvolvido por

MARQUES & BARBOSA (2001), na bacia do rio Doce, onde os resultados obtidos

com os bioindicadores e os parâmetros físico-químicos apontam os mesmos locais

como os mais eutrofizados, com baixo oxigênio dissolvido, alta condutividade, e

elevados níveis de nutrientes.

Em relação a quantidade de organismos resistentes a contaminação

localizados ao longo do rio Itajaí-Mirim, observou-se que em média, o maior número

destes organismos esteve localizado nas estações #A e #B, seguido pelas estações

#J e #H. As demais estações amostrais apresentaram um menor número de

A B C D E F G H I J

SENSIVEIS 1,1 3,1 5,2 19,2 0,6 14,6 15,9 6,7 23,7 2,1

TOLERANTES 3,7 2,4 58,3 32,1 35,6 15,2 26,5 16,1 10,4 18,0

RESISTENTES 95,1 94,5 19,9 40,4 22,2 20,2 16,0 43,8 24,2 44,4

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77

organismos resistentes a contaminação, indicando uma melhor qualidade de água

(tabela 3.12).

Tabela 3.12. Organismos resistentes a contaminação aplicado para os

macroinvertebrados coletados durante o período de estudo no rio Itajaí-Mirim.

A B C D E F G H I J

jun/04 0,8 1,0 0,3 0,4 0,3 0,3

jul/04 0,7 1,0 0,0 0,3 0,0 1,0

ago/04 1,0 1,0 0,0 0,3 0,0 1,0

set/04 1,0 1,0 0,0 0,0 0,0 0,3 0,5 0,0 1,0

out/04 0,6 1,0 0,0 1,0

nov/04 1,0 0,7 0,3 1,0 0,4 1,0 0,0 0,7

jan/05 0,5 0,8 0,0 0,5 0,0 0,3 0,5 0,7 0,7

fev/05 1,0 0,7 0,3 0,7 0,0 0,6 0,0 0,0

mar/05 0,3 1,0 0,4 0,0 0,6 0,3 0,7 0,7 0,5 0,8

abr/05 0,3 1,0 1,0 0,6 0,5

mai/05 0,5 0,5 0,5 0,7 1,0 0,5 0,4 0,3 0,5

jun/05 0,5 0,2 0,0 0,3 0,0 0,3 0,5 0,3

Média 0,7 0,8 0,2 0,4 0,4 0,4 0,4 0,5 0,4 0,6

No trabalho de THORNE & WILLIAMS (1997), algumas medidas

bioindicadoras foram avaliadas para o rio Tietê, no Estado de São Paulo, e pode-se

observar resultado semelhante ao encontrado no rio Itajaí-Mirim, onde em locais

extremamente poluídos, apenas os organismos resistentes a condições tóxicas e

anóxicas permaneceram.

A quantidade de organismos sensíveis a contaminação localizados ao longo

do rio Itajaí-Mirim, indicou que em média, o maior número destes organismos esteve

localizado nas estações #I, #F, #D e #G (tabela 3.13), indicando estes locais como

de melhor qualidade de água.

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78

Tabela 3.13. Organismos sensíveis a contaminação aplicado para os

macroinvertebrados coletados durante o período de estudo no rio Itajaí-Mirim.

A B C D E F G H I J

jun/04 0,2 0,0 0,3 0,2 0,3 0,3

jul/04 0,0 0,0 0,5 0,3 0,0 0,0

ago/04 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

set/04 0,0 0,0 0,0 0,3 0,0 0,3 0,0 1,0 0,0

out/04 0,0 0,0 0,0 0,0

nov/04 0,0 0,1 0,3 0,0 0,2 0,0 0,0 0,0

jan/05 0,3 0,3 0,0 0,5 0,0 0,3 0,2 0,3 0,0

fev/05 0,0 0,3 0,0 0,3 0,0 0,1 1,0 0,0

mar/05 0,3 0,0 0,2 1,0 0,2 0,5 0,3 0,3 0,5 0,0

abr/05 0,0 0,0 0,0 0,2 0,0

mai/05 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,2 0,4 0,3 0,2

jun/05 0,0 0,6 0,0 0,0 0,0 0,3 0,0 0,3

Média 0,1 0,1 0,1 0,2 0,0 0,3 0,2 0,1 0,5 0,1

Em relação a quantidade de organismos tolerantes a contaminação

localizados ao longo do rio Itajaí-Mirim, observou-se que em média, o maior número

destes organismos esteve localizado nas estações #C, #E, #D e #G (tabela 3.14).

Tabela 3.14. Organismos tolerantes a contaminação aplicado para os

macroinvertebrados coletados durante o período de estudo no rio Itajaí-Mirim.

A B C D E F G H I J

jun/04 0,0 0,0 0,3 0,4 0,3 0,3

jul/04 0,3 0,0 0,5 0,5 1,0 0,0

ago/04 0,0 0,0 1,0 0,7 1,0 0,0

set/04 0,0 0,0 1,0 0,7 1,0 0,5 0,5 0,0 0,0

out/04 0,4 0,0 1,0 0,0

nov/04 0,0 0,1 0,3 0,0 0,4 0,0 1,0 0,0

jan/05 0,3 0,0 1,0 0,0 1,0 0,3 0,3 0,0 0,3

fev/05 0,0 0,0 0,5 0,0 1,0 0,3 0,0 1,0

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mar/05 0,5 0,0 0,4 0,0 0,2 0,2 0,0 0,0 0,0 0,3

abr/05 0,7 0,0 0,0 0,2 0,5

mai/05 0,5 0,5 0,5 0,2 0,0 0,3 0,2 0,3 0,3

jun/05 0,5 0,2 1,0 0,8 1,0 0,3 0,5 0,5

Média 0,3 0,1 0,7 0,4 0,6 0,3 0,4 0,4 0,2 0,3

Os resultados de quantidades de organismos resistentes, tolerantes e

sensíveis observados em cada estação amostral do rio Itajaí-Mirim durante o período

de estudo indicam como locais de melhor qualidade de água as estações amostrais

#D, #F, #G e #I, locais que apresentaram maiores quantidades de organismos

sensíveis. As estações #C, #D, #E e #G apresentaram maiores quantidades de

organismos tolerantes a contaminação, indicando águas de qualidade boa. E as

estações #A e #B, seguidas de #H e #J apresentaram maiores quantidades de

organismos resistentes a contaminação, indicando estes locais como áreas de

qualidade de água ruins. Corroborando os resultados obtidos com as analise dos

dados físico-químicos e dos resultados obtidos por MELLO (2005), ANDRADE

(2006), OLIVEIRA (2006) e HOMECHIN (2006), onde o trecho de Brusque apresenta

maior comprometimento da qualidade das águas e o trecho com menor

comprometimento, em media, seria o trecho Baixo Vidal (#F e #G).

Os resultados obtidos com as aplicações dos índices utilizando espécies

indicadoras para a avaliação da qualidade das águas do rio Itajaí-Mirim demonstram,

na sua maioria, resultados semelhantes aos obtidos pelas análises físico-químicas e

também aos resultados observados por COELHO (2004), ANDRADE (2006),

OLIVEIRA (2006) e HOMECHIN (2006).

A utilização das métricas percentual de Táxon, percentual de Oligochaeta,

percentual de resistentes a contaminação demonstraram boa aplicabilidade, sendo

sensíveis aos dados coletados, e corroborando com os resultados obtidos (tabela

3.15).

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80

Tabela 3.15. Resultados da avaliação da qualidade das águas do rio Itajaí-Mirim para

a comunidade de invertebrados nos diferentes trechos, com as diferentes métricas

testadas.

MÉTRICAS BRUSQUE BOTUVERÁ BAIXO VIDAL ALTO VIDAL

% Táxon 66,6 72,2 66,6 83,3

Déficit grupos 31,9 41,2 0 44,1

% EPT Ruim Ruim Ruim Ruim

% Chironomidae Muito Boa Muito Boa Muito Boa Muito Boa

% Oligochaeta Regular Muito Boa Muito Boa Muito Boa

% Organismos resistentes Ruim Boa Muito Boa Boa

% Organismos sensíveis Ruim Regular Ruim Ruim

% Organismos tolerantes Ruim Ruim Ruim Ruim

Tolerância a contaminação Regular Boa Muito Boa Boa

3.4. CONCLUSÕES

As medidas biológicas utilizadas indicaram como trecho com menor

interferência antropogênica, o trecho do Baixo Vidal, estações amostrais #F e #G,

demonstrando ser um trecho com água de boa qualidade. Seguidos pelos trechos

Botuverá, Alto Vidal e Brusque. As métricas Déficit de grupos, Percentual de EPT,

Percentual de Chironomidae, Percentual de organismos sensíveis e tolerantes não

apresentaram boa aplicabilidade aos dados coletados, não sendo sensíveis as

diferenças de cada trecho estudado.

De maneira geral, observou-se que os locais mais degradados (trecho

Brusque - #A, #B e #C, e trecho Alto Vidal - #H, #I, #J) possuem altos valores de

indicadores de qualidade de água regular e ruim (percentual de Táxon, percentual de

Oligochaeta e percentual de resistentes a contaminação). Este resultado está de

acordo com aqueles obtidos para os parâmetros físico-químicos e toxicológicos,

principalmente para o trecho Brusque (#A, #B e #C).

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Conclui-se que as medidas bioindicadoras utilizadas foram úteis na distinção

entre os locais de melhor e pior qualidade de água, mas em locais de degradação

intermediária, elas não funcionaram bem, como nas estações do trecho Botuverá e

Alto Vidal.

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82

3.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DO RIO ITAJAÍ-

MIRIM, SC

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4.1. INTRODUÇÃO

A manutenção e a preservação de ecossistemas de rios e riachos são

necessidades urgentes requeridas pela sociedade moderna, porém ainda são

escassos os estudos feitos neste sentido, especialmente no Brasil. Geralmente os

esforços são baseados em métodos infundados ou pouco aplicáveis às

características e condições Neotropicais, e os resultados, quando obtidos, são pouco

expressivos, e, na maioria das vezes tais projetos são muito dispendiosos e

requerem pessoal altamente especializado. Não obstante a isso, a causa dos

insucessos destas iniciativas também pode ser atribuída a falta de uma política

direcionada para este fim, e a inexistência de organizações específicas capazes de

gerenciar ações nesta direção (FERREIRA & BEAUMORD, 2004).

A caracterização ambiental fornece dados para a condução racional do uso e

manejo dos recursos naturais, sendo por isso um instrumento utilizado como

subsídio para trabalhos práticos de conservação e restauração de ambientes. Estas

informações são indispensáveis para o uso adequado dos recursos naturais dentro

das bases sustentáveis, sendo que sua falta aumenta as incertezas das decisões

sobre o gerenciamento e manejo dos recursos naturais, dentre estes os recursos

hídricos (BELTRAME, 1994). BRAGA e colaboradores (2002), apontam que o

planejamento e gestão de recursos hídricos depende fundamentalmente de

informações confiáveis, tanto no que diz respeito a demanda como a oferta de água.

A oferta só poderá ser adequadamente estimada se existirem redes de

monitoramento que gerem dados sobre variáveis de interesse no setor de quantidade

e qualidade das águas.

As análises químicas dos contaminantes presentes nas águas superficiais

embora não indiquem a ocorrência de efeitos biológicos, são necessárias para

determinar o grau e natureza da contaminação. Os testes de toxicidade fornecem um

significado biológico aos dados de contaminação, porém, dadas as suas restrições

laboratoriais, não refletem exatamente as condições naturais às quais as

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comunidades bentônicas estão expostas. Por isso, estudos sobre os

macroinvertebrados bentônicos podem corroborar os dados toxicológicos, e,

também, evidenciar respostas à contaminação crônica e/ou aguda em um nível multi-

específico (ZAMBONI & ABESSA, 2002). Idealmente, os dados utilizados devem ser

coletados simultaneamente, ou seja, as amostras destinadas às análises químicas,

testes de toxicidade e estudo dos macroinvertebrados bentônicos devem ser

coletadas preferencialmente ao mesmo tempo (CHAPMAN, 1990).

Os testes de toxicidade deveriam ser realizados com o maior número possível

de espécies, de forma a representar todos os grupos de um dado ecossistema.

Entretanto, as restrições metodológicas tornam isso impossível, sendo necessário

limitar-se aos grupos ecologicamente mais importantes, mais sensíveis, ou que se

relacionam com o ambiente. Levando-se em consideração as interfaces e a própria

constituição dos sedimentos, diversos tipos de testes de toxicidade podem ser

realizados com a fase sólida, e/ou com suas fases líquidas. Experimentos com as

fases líquidas tais como elutriatos, água intersticial, extratos salinos e/ou orgânicos

se mostram eficientes para aferir toxicidade, e geralmente são mais rápidos que

aqueles com sedimento total, podendo também ser conduzidos com uma vasta gama

de organismos, inclusive espécies da coluna d´água (NIPPER et al., 2001). Muitos

procedimentos utilizados nestes testes já estão devidamente padronizados e

normatizados, não diferenciam-se muito dos empregados para avaliar amostras

líquidas ou efluentes (ZAMBONI & ABESSA, 2002).

O conhecimento do estado da comunidade bentônica de cada ponto estudado

geralmente se dá por meio do uso em conjunto de analises univariadas (através de

índices biológicos), multivariadas, que oferecem uma compreensão efetiva do nível

de impacto sofrido espaço-temporalmente pelas comunidades. Existem hoje diversos

métodos disponíveis, tanto uni como multivariados, que se valem de índices como o

numero de “taxa”, a riqueza especifica, índices de dominância, diversidade,

abundância total, eqüitatividade e percentuais relativos dos principais grupos

(CHAPMAN, 1990; ABESSA et al., 1998). A presença ou ausência de certos grupos

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ou espécies (organismos indicadores), também é um parâmetro utilizado (REISH,

1986; DEL VALLS et al., 1998).

Com o objetivo de caracterizar a qualidade ambiental do rio Itajaí-Mirim, foram

agrupados e correlacionados os dados obtidos com as análises das variáveis físico-

químicas, dos testes de toxicidade (bioensaios) e das medidas biológicas aplicadas a

macrofauna bentônica presente nos sedimentos. Objetivou-se também resumir as

informações obtidas nos estudos das comunidades bentônicas, de toxicidade e

variáveis físico-químicas realizados no rio Itajaí-Mirim, durante os anos de 2004 e

2005, nos trechos de Brusque a Vidal Ramos, através de tabelas de decisão e

integração dos dados de comunidade bentônica, toxicidade e análises químicas.

4.2. METODOLOGIA UTILIZADA

As tabelas de decisão (hit/no hit) efeito/não efeito, que, embora sendo

bastante resumidas, tem um inegável apelo visual que facilita a interpretação dos

resultados, sendo um método simples para combinar os dados obtidos. Na

construção das tabelas, a descrição dos locais amostrados pode ser disposta nas

linhas, enquanto as conclusões obtidas sobre cada componente isoladamente são

dispostas em colunas. Para cada uma delas é assinalado um sinal “+” no caso de

haver degradação ou efeito negativo, ou um sinal “-“ no caso de ausência de efeito.

Diferentes combinações podem ser obtidas, e suas respectivas interpretações são

mostradas na tabela 4.1 (ZAMBONI & ABESSA, 2002).

Tabela 4.1. Possibilidade de combinações entre os componentes (modificado de

CHAPMAN, 1990), segundo ZAMBONI & ABESSA (2002).

Situação Contaminação Toxicidade Bentos Possíveis Conclusões

1 - - - Forte evidência de que não existe degradação

provocada por contaminação

2 - - + Alteração não é devida a presença de tóxicos no

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meio, podendo ser efeito de interações entre

espécies e/ou outros fatores

3 - + -

Certos contaminantes podem não ter sido dosados

ou existem outras condições com potencial para

provocar degradação

4 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

5 + - +

Produtos tóxicos não estão biodisponíveis ou

alterações no bentos não são devidas a presença

de contaminantes no meio

6 + + -

Produtos químicos tóxicos estão impactando o

ambiente, mas em um nível que anda não se fez

sentir nas comunidades bentônicas

7 - + + Tóxicos que não foram dosados podem estar

causando degradação ao meio

8 + + + Fortes evidências de degradação induzida por

contaminação

(+) e (-) indicam, respectivamente, se existe ou não uma diferença mensurável entre as condições

observadas em cada ponto de coleta, em relação ao controle ou ponto de referência.

Na proposta de integração de dados de comunidade bentônica, toxicidade e

parâmetros físico-químicos, por DEL VALLS et al. (1998), estes são integrados após

a conversão de cada parâmetro em números adimensionais, dividindo-se o valor

médio do parâmetro em cada local de coleta, pela média máxima de cada parâmetro

observado entre todos os pontos de coleta. A normalização destes dados permite

classificar cada parâmetro entre um valor mínimo qualquer e um valor máximo = 1.

Para os parâmetros físico-químicos, foram utilizados os valores de condutividade,

turbidez, material particulado em suspensão (MPS), oxigênio dissolvido e pH. Para a

conversão dos valores de pH e oxigênio dissolvido foram utilizados os valores de

intervalo ótimo, e não a média máxima de cada parâmetro. Para os dados de

comunidade bentônica foram usadas as métricas percentual de oligochaeta e

percentual de organismos resistentes, pois apresentaram sensibilidade as diferenças

observadas nos trechos estudados. Para os dados de toxicologia foram utilizados os

dados de efeitos obtidos com a aplicação de testes crônicos com água e testes

agudos com água e sedimento.

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4.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através dos dados obtidos na construção das tabelas de decisão (apêndice 4),

observou-se que nas estações #A, #B e #D, os produtos tóxicos não estão

biodisponíveis ou alterações no bentos não são devidas a presença de

contaminantes no meio; nas estações #C #F, H, #I, #J, os contaminantes não estão

biodisponíveis; na estação #E, os produtos químicos tóxicos estão impactando o

ambiente, mas em um nível que ainda não se fez sentir nas comunidades

bentônicas, e na estação #G, certos contaminantes podem não ter sido dosados ou

existem outras condições com potencial para provocar degradação.

Os resultados obtidos com a integração dos dados de comunidade, toxicidade

e análises químicas indicaram que em média, as estações amostrais #A e #B

apresentaram águas de qualidade ruim, as estações #C, #D, #E, #G, #H e #J águas

de qualidade regular, e as estações amostrais #F e #I águas de qualidade boa

(tabela 4.2).

Tabela 4.2. Integração dos dados de comunidade bentônica, toxicidade e parâmetros

químicos durante o período de estudo no rio Itajaí-Mirim.

maior que 0,71 maior que 0,33 até 0,32

jun/04 jul/04 ago/04 set/04 out/04 nov/04 jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05#A 0,78 0,88 0,80 0,88 0,79 0,78 0,67 0,66 0,81 0,56 0,63 0,76#B 0,71 0,59 0,79 0,65 0,82 0,63 0,64 0,54 0,59 0,58 0,57 0,73#C 0,20 0,27 0,22 0,29 0,35 0,36 0,26 0,31 0,32 0,64 0,76 0,32#D 0,30 0,20 0,25 0,37 0,66 0,59 0,52 0,45 0,29 0,56 0,30 0,25#E 0,11 0,32 0,24 0,26 0,53 0,36 0,40 0,31 0,32 0,54 0,65 0,33#F 0,26 0,33 0,12 0,33 0,32 0,19 0,14 0,18 0,23 0,43 0,22 0,33#G 0,33 0,15 0,27 0,35 0,32 0,25 0,28 0,22 0,31 0,67 0,60 0,20#H 0,22 0,26 0,44 0,58 0,35 0,61 0,34 0,28 0,33 0,19 0,32 0,28#I 0,20 0,29 0,60 0,34 0,39 0,19 0,28 0,16 0,26 0,13 0,18 0,14#J 0,21 0,40 0,52 0,67 0,31 0,50 0,53 0,32 0,38 0,49 0,29 0,37

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4.4. CONCLUSÃO FINAL

Os dados de monitoramento de qualidade das águas do rio Itajaí-Mirim

gerados neste trabalho indicaram que em relação aos parâmetros físico-químicos os

trechos Baixo-Vidal (#F e #G) e Alto-Vidal (#H, #I e #J) apresentaram melhor

qualidade devido a uma menor interferência antropogênica no seu quadro natural. O

trecho Brusque, estações #A, #B e #C, apresentou os menores valores de oxigênio

dissolvido e os mais elevados de condutividade e material particulado em suspensão,

não estando em conformidade com a Resolução CONAMA nº357/2005 em relação

ao pH e turbidez.

Os resultados obtidos com os bioensaios de toxicidade das águas superficiais,

utilizando microalgas e microcrustáceos, demonstraram que a provável lixiviação dos

contaminantes agrícolas e de substâncias tóxicas, principalmente advindas de

efluentes descartados pelas indústrias nas áreas urbanas têm contribuído para o

detrimento da qualidade das águas do rio Itajaí-Mirim, principalmente na época de

maiores precipitações, nos trechos Brusque e Alto Vidal. A toxicidade encontrada no

sedimento é caracterizada pelas diversas formas de contaminação que o manancial

vem sofrendo ao longo dos últimos anos, provavelmente relacionada ao uso de

agentes químicos na agricultura que ocupa a região da bacia deste manancial nos

trechos a montante, e o lançamento de efluentes industriais e domésticos no trecho

Brusque (#A, #B e #C).

Os resultados das aplicações dos índices utilizando espécies indicadoras para

a avaliação da qualidade das águas do rio Itajaí-Mirim demonstraram, na sua

maioria, resultados semelhantes aos obtidos pelas análises físico-químicas e

também aos resultados observados por outros estudos. Estas medidas biológicas

indicaram como trecho com menor interferência antropogênica, o trecho do Baixo

Vidal, estações #F e #G, demonstrando ser um trecho com água de boa qualidade,

seguidos pelos trechos Botuverá, Alto Vidal e Brusque.

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Os dados obtidos nas tabelas de decisão demonstraram como estações mais

alteradas em relação aos parâmetros físico-químicos, as estações #C, #F, #H, #I, #J,

em relação aos parâmetros físico-químicos e toxicológicos a estação #E, em relação

aos parâmetros toxicológicos, a estação #G, em relação a comunidade bentônica e

os parâmetros toxicológicos, as estações #A, #B e #D. E em relação a integração

dos dados de comunidade, toxicidade e análises químicas, as estações mais

comprometidas são a #A e #B (trecho Brusque), seguidas pelas estações #C, #D, #E

(trecho Botuverá), #G, #H e #J (trecho Alto Vidal), e por último as estações amostrais

#F e #I.

Observou-se através dos bioensaios de toxicidade, dos bioindicadores e das

análises físico-químicas, que o trecho mais comprometido do rio Itajaí-Mirim seria o

trecho Brusque (#A, #B e #C), trecho urbano, onde principalmente em épocas de

maiores precipitações, ocorre lixiviação de substâncias tóxicas, principalmente

advindas de efluentes descartados pelas indústrias, influenciando na qualidade da

água e na comunidade bentônica. O trecho Alto Vidal (#H, #I e #J) também

apresenta-se comprometido, influenciando a comunidade bentônica, devido a

lixiviação dos contaminantes agrícolas em épocas de maiores precipitações. O

trecho Botuverá (#D e #E) apresenta águas de qualidade regular/boa, sendo

influenciado principalmente pela atividade mineraria e processamento de calcário na

região, além de atividades agrícolas. E finalmente o trecho Baixo Vidal (#F e #G),

que apresentou, na maioria das análises realizadas, água de qualidade boa,

justificaria uma revisão da classificação destes dois últimos trechos como Classe 2,

para Classe 1, principalmente em relação a proteção das comunidades aquáticas.

Conclui-se que as alterações na qualidade das águas e do sedimento do rio

Itajaí-Mirim, principalmente nos trechos Alto Vidal e Brusque ocorrem devido ao uso

e ocupação do solo, sem ações de manejo e controle. A lixiviação de contaminantes

agrícolas e substâncias tóxicas e a ausência da mata ciliar em alguns locais

comprometem a qualidade da água, não ocorrendo a proteção das comunidades

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aquáticas e comprometendo a qualidade da água utilizada para o consumo

doméstico nos municípios de Itajaí e Brusque.

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4.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABESSA, D.M.S.; SOUSA, E.C.P. & TOMMASI, L.R. 1998. Algumas considerações sobre o emprego da Tríade de Qualidade de Sedimento no estudo da contaminação marinha. Relatório Técnico. Revta Bras. Oceanografia., v.42, p.1-12. BELTRAME A.V. 1994. Diagnostico do Meio físico de bacias Hidrográficas. Florianópolis: UFSC. 112p. BRAGA, B., PORTO, M & TUCCI, C. E. M. 2002. Monitoramento de Quantidade e Qualidade das Águas, in Águas Doces no Brasil: capital ecológico, uso e conservação. Organizadores REBOUÇAS, A. C; BRAGA, B. e TUNDISI, J. G. Segunda Edição, São Paulo: Escrituras Editora.

CHAPMAN, P.M. 1990. The sediment Quality Triad approach to determining pollution-induced degradation. Sci. Total Environ., v.97/98, p.815-825.

CONAMA. 2005. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução 357/2005. Brasil: IBAMA, 2005. DEL VALLS, T.A.; FORJA, J.M.; GOMEZ-PARRA, A. 1998. The use of multivariate analysis to link sediment contamination and toxicity data to establish sediment quality guidelines: an example in the Gul of Cádiz (Spain). Cienc. Mar. Baja Calif. Méx., v.42, n.2, p.127-154. FERREIRA, D.D.M. & BEAUMORD, A.C. 2004. Avaliação rápida de integridade ambiental das sub-bacias do rio Itajaí-Mirim no município de Brusque, SC. Health and Environmental Journal, Joinville, v. 5, n. 2, p. 21-28. NIPPER, M.G.; BURTON JR., G.A.; CHAPMAN, D.C. et al. 2001. Issues and recommendations for porewater toxicity testing: methodological uncertainties, confounding factors and toxicity identification evaluation procedures. In: CARR, R.S.; NIPPER, M.G. (Eds.). Porewater toxicity Testing: Biological, Chemical and Ecological Considerations Review of Methods and Applications and Recommendations for Future Areas of Research. SETAC Press, Pensacola, FI. REISH, D.J. 1986. Benthic invertebrates as indicators of marine pollution: 35 years of study. IEE Oceans ´86 Conference Proceedings. Washington, DC. P.885-888. SILVEIRA, M.P. 2004. Aplicação do Biomonitoramento para Avaliação da Qualidade da Água em Rios. Embrapa. Jaguariúna, SP. Disponível em: www.cnpma.embrapa.br. Acessado em: 17/10/2004. ZAMBONI, A.J. & ABESSA, D.M.S. 2002. Tríade da Qualidade de Sedimentos. Cap.20. p. 233-243. In: Métodos em Ecotoxicologia Marinha: Aplicações no Brasil. Nascimento, I.A., SOUSA, E.C.P. & NIPPER, M. (Eds.). São Paulo: Editora Artes Gráficas. 262p.

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APÊNDICES

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APÊNDICE 1 – Amostras coletadas durante o período de estudo (junho de 2004

a dezembro de 2005) ao longo do rio Itajaí-Mirim.

período coletaperíodo sem coleta

* amostra não coletada

Tox alga Tox H2O

Tox Sed Invert. pH Od Cond Turb MPS Temp Precipitação

jun-04jul-04

ago-04set-04 *out-04 * #H, #I,

#J* * *

nov-04dez-04jan-05fev-05

* ** #F, #G,

#H, #I, #J

mar-05* #I *

* #E, #F, #G, #H, #I, #J

abr-05 * * *mai-05 * * *jun-05 * * *jul-05 *

ago-05 *set-05 * #H *out-05 * #D,

#F, #H*

nov-05dez-05 *

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APÊNDICE 2 – Imagens das estações amostrais ao longo do rio Itajaí-Mirim. Estação A – Jusante de Brusque

Estação B – Centro de Brusque

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Estação C – Montante de Brusque

Estação D – Jusante de Botuverá

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Estação E – Montante de Botuverá

Estação F – Divisa de Botuverá e Vidal Ramos

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Estação G – Vidal Ramos

Estação H – Vidal Ramos

Panorama da estação amostral #H em evento de precipitação. Panorama da estação #H fora de eventos de chuva.

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Estação I – Jusante de Vidal Ramos

Estação J – Montante de Vidal Ramos

Solo sendo preparado para o cultivo do fumo.

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APÊNDICE 3 – Composições taxonômicas da fauna de macroinvertebrados

bentônicos presentes no sedimento das estações amostrais no rio Itajaí-Mirim

durante o período de estudo (junho de 2004 a junho de 2005).

Figura 3.1. Composição taxonômica da fauna de macroinvertebrados bentônicos

presentes no sedimento da Estação Amostral #A, rio Itajaí-Mirim (SC).

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Figura 3.2. Composição taxonômica da fauna de macroinvertebrados bentônicos

presentes no sedimento da Estação Amostral #B, rio Itajaí-Mirim (SC).

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Figura 3.3. Composição taxonômica da fauna de macroinvertebrados bentônicos

presentes no sedimento da Estação Amostral #C, rio Itajaí-Mirim (SC).

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Figura 3.4. Composição taxonômica da fauna de macroinvertebrados bentônicos

presentes no sedimento da Estação Amostral #D, rio Itajaí-Mirim (SC).

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Figura 3.5. Composição taxonômica da fauna de macroinvertebrados bentônicos

presentes no sedimento da Estação Amostral #E, rio Itajaí-Mirim (SC).

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Figura 3.6. Composição taxonômica da fauna de macroinvertebrados bentônicos

presentes no sedimento da Estação Amostral #F, rio Itajaí-Mirim (SC).

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Figura 3.7. Composição taxonômica da fauna de macroinvertebrados bentônicos

presentes no sedimento da Estação Amostral #G, rio Itajaí-Mirim (SC).

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Figura 3.8. Composição taxonômica da fauna de macroinvertebrados bentônicos

presentes no sedimento da Estação Amostral #H, rio Itajaí-Mirim (SC).

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Figura 3.9. Composição taxonômica da fauna de macroinvertebrados bentônicos

presentes no sedimento da Estação Amostral #I, rio Itajaí-Mirim (SC).

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Figura 3.10. Composição taxonômica da fauna de macroinvertebrados bentônicos

presentes no sedimento da Estação Amostral #J, rio Itajaí-Mirim (SC).

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APÊNDICE 4 – Tabelas de Decisão das estações amostrais durante o período

de estudo no rio Itajaí-Mirim.

Tabela de decisão. Estação Amostral #A.

Situação Contaminação Toxicidade Bentos Possíveis Conclusões

Junho 2004 + + + Fortes evidências de degradação induzida por

poluição

Julho 2004 + + + Fortes evidências de degradação induzida por

poluição

Agosto

2004 + + +

Fortes evidências de degradação induzida por

poluição

Setembro

2004 + + +

Fortes evidências de degradação induzida por

poluição

Outubro

2004 + - +

Produtos tóxicos não estão biodisponíveis ou

alterações no bentos não são devidas a

presença de contaminantes no meio

Novembro

2004 + + +

Fortes evidências de degradação induzida por

poluição

Janeiro

2005 + + +

Fortes evidências de degradação induzida por

poluição

Fevereiro

2005 + - +

Produtos tóxicos não estão biodisponíveis ou

alterações no bentos não são devidas a

presença de contaminantes no meio

Março 2005 + + + Fortes evidências de degradação induzida por

poluição

Abril 2005 - - + Alteração não é devida a presença de tóxicos no

meio, podendo ser efeito de interações entre

espécies e/ou outros fatores

Maio 2005 + - + Produtos tóxicos não estão biodisponíveis ou

alterações no bentos não são devidas a

presença de contaminantes no meio

Junho 2005 + + + Fortes evidências de degradação induzida por

poluição

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113

Tabela de decisão. Estação Amostral #B.

Situação Contaminação Toxicidade Bentos Possíveis Conclusões

Junho 2004 + + + Fortes evidências de degradação induzida por

poluição

Julho 2004 + - + Produtos tóxicos não estão biodisponíveis ou

alterações no bentos não são devidas a

presença de contaminantes no meio

Agosto

2004 + + +

Fortes evidências de degradação induzida por

poluição

Setembro

2004 + + +

Fortes evidências de degradação induzida por

poluição

Outubro

2004 + + +

Fortes evidências de degradação induzida por

poluição

Novembro

2004 + - +

Produtos tóxicos não estão biodisponíveis ou

alterações no bentos não são devidas a

presença de contaminantes no meio

Janeiro

2005 + + +

Fortes evidências de degradação induzida por

poluição

Fevereiro

2005 + + +

Fortes evidências de degradação induzida por

poluição

Março 2005 + - + Produtos tóxicos não estão biodisponíveis ou

alterações no bentos não são devidas a

presença de contaminantes no meio

Abril 2005 - - + Alteração não é devida a presença de tóxicos no

meio, podendo ser efeito de interações entre

espécies e/ou outros fatores

Maio 2005 + - + Produtos tóxicos não estão biodisponíveis ou

alterações no bentos não são devidas a

presença de contaminantes no meio

Junho 2005 + - + Produtos tóxicos não estão biodisponíveis ou

alterações no bentos não são devidas a

presença de contaminantes no meio

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Tabela de decisão. Estação Amostral #C.

Situação Contaminação Toxicidade Bentos Possíveis Conclusões

Junho 2004 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Julho 2004 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Agosto

2004 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Setembro

2004 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Outubro

2004 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Novembro

2004 + + -

Produtos químicos tóxicos estão impactando o

ambiente, mas em um nível que anda não se fez

sentir nas comunidades bentônicas

Janeiro

2005 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Fevereiro

2005 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Março 2005 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Abril 2005 + - + Produtos tóxicos não estão biodisponíveis ou

alterações no bentos não são devidas a

presença de contaminantes no meio

Maio 2005 + + + Fortes evidências de degradação induzida por

poluição

Junho 2005 - + - Certos contaminantes podem não ter sido

dosados ou existem outras condições com

potencial para provocar degradação

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115

Tabela de decisão. Estação Amostral #D.

Situação Contaminação Toxicidade Bentos Possíveis Conclusões

Junho 2004 - - + Alteração não é devida a presença de tóxicos no

meio, podendo ser efeito de interações entre

espécies e/ou outros fatores

Julho 2004 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Agosto

2004 - - +

Alteração não é devida a presença de tóxicos no

meio, podendo ser efeito de interações entre

espécies e/ou outros fatores

Setembro

2004 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Outubro

2004 + + +

Fortes evidências de degradação induzida por

poluição

Novembro

2004 + + +

Fortes evidências de degradação induzida por

poluição

Janeiro

2005 + - +

Produtos tóxicos não estão biodisponíveis ou

alterações no bentos não são devidas a

presença de contaminantes no meio

Fevereiro

2004 - - +

Alteração não é devida a presença de tóxicos no

meio, podendo ser efeito de interações entre

espécies e/ou outros fatores

Março 2005 + + - Produtos químicos tóxicos estão impactando o

ambiente, mas em um nível que anda não se fez

sentir nas comunidades bentônicas

Abril 2005 + + - Produtos químicos tóxicos estão impactando o

ambiente, mas em um nível que anda não se fez

sentir nas comunidades bentônicas o

Maio 2005 - - + Alteração não é devida a presença de tóxicos no

meio, podendo ser efeito de interações entre

espécies e/ou outros fatores

Junho 2005 - + - Certos contaminantes podem não ter sido

dosados ou existem outras condições com

potencial para provocar degradação

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116

Tabela de decisão. Estação Amostral #E.

Situação Contaminação Toxicidade Bentos Possíveis Conclusões

Junho 2004 - - - Forte evidência de que não existe degradação

provocada por contaminação

Julho 2004 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Agosto

2004 - + -

Certos contaminantes podem não ter sido

dosados ou existem outras condições com

potencial para provocar degradação

Setembro

2004 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Outubro

2004 + + -

Produtos químicos tóxicos estão impactando o

ambiente, mas em um nível que anda não se fez

sentir nas comunidades bentônicas

Novembro

2004 - - +

Alteração não é devida a presença de tóxicos no

meio, podendo ser efeito de interações entre

espécies e/ou outros fatores

Janeiro

2005 + + -

Produtos químicos tóxicos estão impactando o

ambiente, mas em um nível que anda não se fez

sentir nas comunidades bentônicas

Fevereiro

2005 - + -

Certos contaminantes podem não ter sido

dosados ou existem outras condições com

potencial para provocar degradação

Março 2005 + - + Alteração não é devida a presença de tóxicos no

meio, podendo ser efeito de interações entre

espécies e/ou outros fatores

Abril 2005 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Maio 2005 - + + Tóxicos que não foram dosados podem estar

causando degradação ao meio

Junho 2005 - + - Certos contaminantes podem não ter sido

dosados ou existem outras condições com

potencial para provocar degradação

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Tabela de decisão. Estação Amostral #F.

Situação Contaminação Toxicidade Bentos Possíveis Conclusões

Junho 2004 - - + Alteração não é devida a presença de tóxicos no

meio, podendo ser efeito de interações entre

espécies e/ou outros fatores

Julho 2004 - + - Certos contaminantes podem não ter sido

dosados ou existem outras condições com

potencial para provocar degradação

Agosto

2004 - - -

Forte evidência de que não existe degradação

provocada por contaminação

Setembro

2004 + + +

Certos contaminantes podem não ter sido

dosados ou existem outras condições com

potencial para provocar degradação

Outubro

2004 + - -

Contaminantes não estão biodisponíveis

Novembro

2004 + - -

Contaminantes não estão biodisponíveis

Janeiro

2005 - - -

Forte evidência de que não existe degradação

provocada por contaminação

Fevereiro

2005 - - +

Alteração não é devida a presença de tóxicos no

meio, podendo ser efeito de interações entre

espécies e/ou outros fatores

Março 2005 - - - Forte evidência de que não existe degradação

provocada por contaminação

Abril 2005 + - + Produtos tóxicos não estão biodisponíveis ou

alterações no bentos não são devidas a

presença de contaminantes no meio

Maio 2005 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Junho 2005 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

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118

Tabela de decisão. Estação Amostral #G.

Situação Contaminação Toxicidade Bentos Possíveis Conclusões

Junho 2004 - + - Certos contaminantes podem não ter sido

dosados ou existem outras condições com

potencial para provocar degradação

Julho 2004 - - - Forte evidência de que não existe degradação

provocada por contaminação

Agosto

2004 - + -

Certos contaminantes podem não ter sido

dosados ou existem outras condições com

potencial para provocar degradação

Setembro

2004 + + -

Produtos químicos tóxicos estão impactando o

ambiente, mas em um nível que anda não se fez

sentir nas comunidades bentônicas

Outubro

2004 + + -

Produtos químicos tóxicos estão impactando o

ambiente, mas em um nível que anda não se fez

sentir nas comunidades bentônicas

Novembro

2004 - - +

Alteração não é devida a presença de tóxicos no

meio, podendo ser efeito de interações entre

espécies e/ou outros fatores

Janeiro

2005 + + -

Produtos químicos tóxicos estão impactando o

ambiente, mas em um nível que anda não se fez

sentir nas comunidades bentônicas

Fevereiro

2005 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Março 2005 - + + Tóxicos que não foram dosados podem estar

causando degradação ao meio

Abril 2005 + + - Produtos químicos tóxicos estão impactando o

ambiente, mas em um nível que anda não se fez

sentir nas comunidades bentônicas

Maio 2005 - + - Certos contaminantes podem não ter sido

dosados ou existem outras condições com

potencial para provocar degradação

Junho 2005 - - - Forte evidência de que não existe degradação

provocada por contaminação

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119

Tabela de decisão. Estação Amostral #H.

Situação Contaminação Toxicidade Bentos Possíveis Conclusões

Junho 2004 - + - Certos contaminantes podem não ter sido

dosados ou existem outras condições com

potencial para provocar degradação

Julho 2004 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Agosto

2004 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Setembro

2004 + - +

Produtos tóxicos não estão biodisponíveis ou

alterações no bentos não são devidas a

presença de contaminantes no meio

Outubro

2004 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Novembro

2004 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Janeiro

2005 + - +

Produtos tóxicos não estão biodisponíveis ou

alterações no bentos não são devidas a

presença de contaminantes no meio

Fevereiro

2005 - - +

Alteração não é devida a presença de tóxicos no

meio, podendo ser efeito de interações entre

espécies e/ou outros fatores

Março 2005 - - + Alteração não é devida a presença de tóxicos no

meio, podendo ser efeito de interações entre

espécies e/ou outros fatores

Abril 2005 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Maio 2005 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Junho 2005 - - + Alteração não é devida a presença de tóxicos no

meio, podendo ser efeito de interações entre

espécies e/ou outros fatores

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120

Tabela de decisão. Estação Amostral #I.

Situação Contaminação Toxicidade Bentos Possíveis Conclusões

Junho 2004 - - - Forte evidência de que não existe degradação

provocada por contaminação

Julho 2004 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Agosto

2004 + + +

Fortes evidências de degradação induzida por

poluição

Setembro

2004 + + -

Produtos químicos tóxicos estão impactando o

ambiente, mas em um nível que anda não se fez

sentir nas comunidades bentônicas

Outubro

2004 + + -

Produtos químicos tóxicos estão impactando o

ambiente, mas em um nível que anda não se fez

sentir nas comunidades bentônicas Novembro

2004 - - -

Forte evidência de que não existe degradação

provocada por contaminação

Janeiro

2005 + - +

Produtos tóxicos não estão biodisponíveis ou

alterações no bentos não são devidas a

presença de contaminantes no meio

Fevereiro

2005 - - -

Forte evidência de que não existe degradação

provocada por contaminação

Março 2005 - - + Alteração não é devida a presença de tóxicos no

meio, podendo ser efeito de interações entre

espécies e/ou outros fatores

Abril 2005 - - - Forte evidência de que não existe degradação

provocada por contaminação

Maio 2005 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Junho 2005 - - - Forte evidência de que não existe degradação

provocada por contaminação

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121

Tabela de decisão. Estação Amostral #J.

Situação Contaminação Toxicidade Bentos Possíveis Conclusões

Junho 2004 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Julho 2004 + - + Produtos tóxicos não estão biodisponíveis ou

alterações no bentos não são devidas a

presença de contaminantes no meio

Agosto

2004 + + -

Produtos químicos tóxicos estão impactando o

ambiente, mas em um nível que anda não se fez

sentir nas comunidades bentônicas

Setembro

2004 + + +

Fortes evidências de degradação induzida por

poluição

Outubro

2004 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Novembro

2004 + + +

Fortes evidências de degradação induzida por

poluição

Janeiro

2005 + + +

Fortes evidências de degradação induzida por

poluição

Fevereiro

2005 + - - Contaminantes não estão biodisponíveis

Março 2005 - - + Alteração não é devida a presença de tóxicos no

meio, podendo ser efeito de interações entre

espécies e/ou outros fatores

Abril 2005 + + - Produtos químicos tóxicos estão impactando o

ambiente, mas em um nível que anda não se fez

sentir nas comunidades bentônicas

Maio 2005 + - + Produtos tóxicos não estão biodisponíveis ou

alterações no bentos não são devidas a

presença de contaminantes no meio

Junho 2005 + - + Alteração não é devida a presença de tóxicos no

meio, podendo ser efeito de interações entre

espécies e/ou outros fatores

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122

ANEXOS

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ANEXO 1 – Defensivos agrícolas utilizados na cultura do fumo, segundo AENDA

e Ministério da agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Nome Comercial Nome Comum

Grupo Químico

Ação AENDA MAPA

ACEFATO FERSOL, AQUILA, AVANT,

CEFANOL, ORTHENE, PLENTY, EVOLUTION

acefato organofosforado

Acaricidas/Inseticidas X X

GACHON acetato de (Z,E)-9,12-

tetradecadienila

acetato insaturad

o

Feromônio sintético X X

BAC-CONTROL, THURICIDE, DIPEL

WP

Bacillus thuringiensis

biológico Inseticida Microbiológico

X X

BULLDOCK beta-ciflutrina

piretróide Inseticidas X X

BRIGADE bifentrina piretróide Acaricidas/Formicidas/Inseticidas

X X

BROMEX, FUMIBROMO,

DICHEM BROMO

brometo de metila

alifático halogena

do

Formicidas/Fungicidas/Herbicidas/Inseticid

as/Nematicidas

X X

AMEX butralina dinitroanilina

Herbicidas/Reguladores de Crescimento

X X

CARBORAN FERSOL, FURADAN, RALZER,

DIAFURAN, FURACARB, MARSHAL

carbofurano metilcarbamato de benzofura

nila

Acaricidas/Cupinicidas/Inseticidas/Nematici

das

X X

carbosulfano metilcarbamato de benzofura

nila

Acaricidas/ Inseticidas/ Nematicidas

X

BAYTROID ciflutrina piretróide Inseticidas X X CONFIDOR ciflutrina +

imidacloprido

piretróide Formicidas/Inseticidas

X X

CIPERTRIN, CYPTRIN, NOR-TRIN,

cipermetrina X

cletodim oxima ciclohexanodiona

Herbicidas X

FOCUS WP clodianidina X GAMIT clomazona isoxazolid

inona Herbicidas X X

LORSBAN, NUFOS, VEXTER

clorpirifós X

CLORPIRIFÓS FERSOL

clorpirifós X

Clotianidina neonicotinóide

Inseticidas X

ROYALTAC decanol álcool Reguladores de X X

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124

alifático Crescimento DECIS deltametrina piretróide Formicidas/Inseticida

s X X

SUMIDAN esfenvalerato

piretróide Inseticidas X X

TREBON etofenproxi éter difenílico

Inseticidas X X

fenoxaprope-etílico

ácido ariloxifenoxipropiô

nico

Herbicidas X

LEBAYCID fentiona organofosforado

Acaricidas/Cupinicidas/Formicidas/Inseticid

as

X

FUSILADE fluazifop-P-butílico

ácido ariloxifenoxipropiô

nico

Herbicidas X X

PRIMEPLUS flumetralina dinitroanilina

Reguladores de Crescimento

X X

DEGESCH ALUPHOS, FERTOX, GASTOXIN,

GASTOXIN-B, PHOSTEK

fosfeto de alumínio

inorgânico

precursor de fosfina

Cupinicidas/Formicidas/Inseticida

fumigante

X X

DEGESCH-FUMICEL, DEGESCH-

FUMISTRIP, FERMAG, GASTION

fosfeto de magnésio

inorgânico

precursor de fosfina

Cupinicidas/Formicidas/Inseticida

fumigante

X X

glifosato glicina substituíd

a

Herbicidas X

hidrazida malêica

piridazinadiona

Reguladores de Crescimento

X

hidróxido de cobre

inorgânico

Bactericidas/ Fungicidas

X

CONFIDOR, EVIDENCE

imidacloprido

neonicotinóide

Inseticidas X X

ROVRAL iprodiona dicarboximida

Fungicidas X X

POSITRON DUO iprovalicarbe + propinebe

carbamato

Fungicidas X X

KARATE, KARATE ZEON

lambda-cialotrina X

MANCOZEB, MANZATE, PERSIST,

DITHANE NT

mancozebe alquilenobis(ditiocarbamato

)

Acaricidas/Fungicidas

X X

RIDOMIL mancozebe + metalaxil-M X CUPROZEB mancozebe + oxicloreto de cobre X

BUNEMA metam-sódico

X

MESUROL metiocarbe isotiocianato de metila

(precursor de)

Formicidas/Fungicidas/Herbicidas/Inseticid

as/Nematicidas

X X

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125

ROYAL MHhidrazida malêica X DEVRINOL napropamida alcanami

da Herbicidas X X

COBRE ATAR BR óxido cuproso

inorgânico

Bactericidas/ Fungicidas

X X

HERBADOX pendimetalina

dinitroanilina

Herbicidas X X

CORSAIR, POUNCE, TALCORD, VALON

permetrina piretróide Formicidas/ Inseticidas

X X

ANTRACOL propinebe alquilenobis(ditiocarbamato

)

Fungicidas X X

PLANTACOL quintozeno cloroaromático

Fungicidas X X

BIO SERRICO, MONITRAP,

SERRICORNIN FERSOL

serricornim cetona alifática

Feromônio sintético X X

POAST setoxidim oxima ciclohexanodiona

Herbicidas X X

sulfato de cobre

inorgânico

Bactericidas/ Fungicidas

X

BORAL sulfentrazona

triazolona Herbicidas X X

ACTARA tiametoxam neonicotinóide

Inseticidas X X

ACTARAPLUS tiametoxam + cipermetrina X triflumurom

BIO HELIOTHIS Z-11-hexadecenal

+ (Z)-9-hexadecenal

benzoiluréia

Inseticidas X X

(Z)- 11- Hexadecenal

aldeído Feromônio sintético X

(Z)-9-Hexadecenal

aldeído Feromônio sintético X

Disponível em:

AENDA – Associação Brasileira dos Defensivos Agrícolas

http://aenda.org.br/catalogo06.htm.

Acesso em: 26/01/07.

Ministério da agricultura, Pecuária e Abastecimento. Sistema de Agrotóxicos Fitossanitarios http://extranet.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons Acesso em: 17/07/07.