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Universidade Eduardo Mondlane Faculdade de Educação LICENCIATURA EM ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA EDUCAÇÃO Tema: Educação Inclusiva & Formação de Professores Caso da Escola Primaria Completa SOS na Cidade de Inhambane Supervisor: Prof. Doutor António Parafino Cipriano Discente: Alice Gabriel Francisco Simbe Maputo, Março de 2018

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Universidade Eduardo Mondlane

Faculdade de Educação

LICENCIATURA EM ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA EDUCAÇÃO

Tema: Educação Inclusiva & Formação de Professores Caso da Escola

Primaria Completa SOS na Cidade de Inhambane

Supervisor: Prof. Doutor António Parafino Cipriano

Discente: Alice Gabriel Francisco Simbe

Maputo, Março de 2018

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COMITÉ DO JÚRI

Presidente:

Universidade Eduardo Mondlane

Examinador Interno:

Universidade Eduardo Mondlane

Supervisor: Prof. Doutor António Parafino Cipriano

Universidade Eduardo Mondlane

Educação Inclusiva e Formação de Professores - O Caso da Escola Primária Completa

SOS Cidade de Inhambane.

© 2018, Alice Gabriel Francisco Simbe

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Educação Inclusiva & Formação de Professores- O Caso da Escola Primária Completa

SOS Cidade de Inhambane

Monografia de Licenciatura submetida à avaliação final, …. de Outubro de 2018, às

------------------------ na

Faculdade de Educação da Universidade Eduardo Mondlane nos termos do Regulamento

dos Cursos de Licenciatura em vigor na UEM.

Por:

Alice Gabriel Francisco Simbe

Cidade de Maputo – Maputo, Moçambique

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“A Educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.”

(Nelson Mandela )

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i

Declaração

Declaro por minha honra que esta monografia de investigação científica para obtenção do grau de

Licenciatura em Organização e Gestão de Educação é resultado da minha investigação pessoal e da

orientação do meu supervisor.

O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto e

bibliografia final.

Declaro ainda que o presente trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição de ensino

para obtenção de qualquer grau académico.

Alice Gabriel Francisco Simbe

--------------------------------------

Março de 2018

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ii

Dedicatória

Dedico este trabalho à toda minha família, em especial aos meus pais Emília Daniel Mugabe e Gabriel

Francisco Simbe, pela força paciência, amor e dedicação que me deram até o culminar desta longa

caminhada. Diante das adversidades e dificuldades da vida Sempre souberam reconhecer o valor da

educação.

Aos meus irmãos Gertudes Simbe, Celso Simbe, John Simbe, Aires F. Simbe, Cuange da Conceição

Simbe e Daniel Simbe.

Aos Meus Sobrinhos Lenon dos Santos, Enzo dos Santos e Wendell Simbe.

Ao Meu Eterno Companheiro Gilberto Dias.

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iii

Agradecimentos

Ao todo Poderoso Deus, pela saúde e sabedoria pois esta caminhada é cheia de espinhos sem a bênção

divina nada teria sido alcançado “EBENEZER”

Aos meus pais; especialmente a minha mãe pela força e palavra amiga na hora certa.

Ao meu supervisor Dr. António Parafino Cipriano, pela sua atenção, carinho e paciência nos

momentos difíceis, pela disponibilidade e pelas sugestões que tanto contribuíram para o melhor

desenvolvimento deste trabalho.

Aos professores Carlos Manhiça e Pita Bongence alfandega que aceitaram partilhar suas idéias e

sugestões ao longo deste trabalho, mostrando o melhor caminho a seguir.

A todos os professores do curso que contribuíram com seu saber moldar

Aos queridos colegas (Amina Bacar, Laurinda Guente e Raul Massingue), pela camaradagem,

solidariedade e trocas de sugestões durante esta longa caminhada.

Aos colega Valdemar Faquir e Manze Cadeado pelo apoio técnico.

Aos professores que aceitaram participar dessa pesquisa, dispondo se a colaborar de forma

significativa com o meu trabalho.

A directora da escola primária completa SOS.

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iv

Lista de abreviaturas

MINED -----------------------------Ministério da Educação

NEE ---------------------------------Necessidades Educativas Especiais

E.I --------------------------------- Educação inclusiva

PEA --------------------------------- Processo de Ensino e Aprendizagem

SNE ---------------------------------Sistema Nacional de Educação

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v

Resumo

Educação Inclusiva (E.I) um tema tão actual que exige mudanças nos paradigma de educação,

exigindo para tal que os professores aperfeiçoem cada vez mais as suas habilidades. Ela desafia a

escola a ensinar a todos, adequando-se diante das necessidades de seus alunos, de forma que não só

favoreça a permanência destes mas colabore efectivamente para que a aprendizagem se efective com

qualidade, num ambiente escolar regular onde as diferenças não sejam pretexto para não

aprendizagem.

O presente trabalho de monografia têm como objectivo despertar uma reflexão sobre a importância de

formação dos professores, da necessidade de dotar os professores de competências técnicas para actuar

na modalidade inclusiva.

A educação inclusiva traz vantagens a todos os envolvidos no processo de ensino.

O resultado remete que as reformas curriculares devem estar directamente ligada a formação dos

professores, no entanto não bastam a formação inicial é necessário investir na formação contínua para

responder as dinâmicas do sistema.

Deve-se investir em formação inicial para a educação inclusiva e ao longo de sua carreira, actualizar-

se sempre em cursos de formação continuada. Só assim estaremos dando um passo para uma EI

efectiva na sala de aula regular.

Palavras-chaves: Educação Inclusiva – Necessidades Educativas Especiais – Formação de

Professores.

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Índice

Declaração ............................................................................................................................................................... i

Dedicatória .............................................................................................................................................................. ii

Agradecimentos ..................................................................................................................................................... iii

Lista de abreviaturas .............................................................................................................................................. iv

Resumo ................................................................................................................................................................... v

CAPITULO I ....................................................................................................................................................... viii

1.1. Introdução ...................................................................................................................................................... 10

1.2. Escolha e contextualização do tema ............................................................................................................... 11

1.3. Formulação de Problema ............................................................................................................................... 14

1.4. Hipótese ......................................................................................................................................................... 15

1.5. Objectivos ...................................................................................................................................................... 15

1.5.1 Objectivo geral ............................................................................................................................................. 15

1.5.2 Objectivos específicos ................................................................................................................................. 15

1.6. Justificativa e relevância ................................................................................................................................ 16

1.7. Descrição do local da pesquisa ...................................................................................................................... 17

1.7.1. ORGANOGRAMA DA ESCOLA ............................................................................................................. 18

CAPITULO II ....................................................................................................................................................... 19

2.1. Referencial teórico e Revisão de literatura .................................................................................................... 19

2.1.1 Educação regular .......................................................................................................................................... 19

2.1.2. O Direito à educação ................................................................................................................................... 19

2.1.3. A Educação Inclusiva dentro do direito à Educação ................................................................................... 23

2.1.4. Necessidades Educativas Especiais ............................................................................................................ 25

2.1.5. Inclusão Escolar e Educação Inclusiva ....................................................................................................... 27

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2.1.5.1. Características de escolas inclusivas ........................................................................................................ 28

2.1.5.2. Vantagens da educação inclusiva ............................................................................................................. 29

2.1.5.3. Barreiras à promoção da educação inclusiva ........................................................................................... 31

2.1.6. Importância da formação dos professores para lidar com educação inclusiva............................................ 32

2.1.6.1. Formação inicial dos professores ............................................................................................................. 37

2.1.6.2. Formação contínua ................................................................................................................................... 38

2.2. Competência dos professores ......................................................................................................................... 39

CAPITULO III ...................................................................................................................................................... 42

3. Metodologia da pesquisa ................................................................................................................................... 42

3.1. Caracterização da pesquisa ............................................................................................................................ 42

3.2. População alvo ............................................................................................................................................... 43

3.3. Amostra .......................................................................................................................................................... 43

3.4. Instrumentos de recolha de dados .................................................................................................................. 44

CAPITULO IV...................................................................................................................................................... 45

4. A formação de professores para educação inclusiva na Escola Primaria SOS ................................................. 45

4.1. Educação Inclusiva Em Moçambique ............................................................................................................ 45

4.2. Tipos de necessidades educativas especiais (NEE) na escola primária SOS ................................................. 49

CAPITULO V ....................................................................................................................................................... 60

5.1. CONCLUSÃO ............................................................................................................................................... 60

5.2. Recomendações e sugestões........................................................................................................................... 61

CAPITULO VI...................................................................................................................................................... 63

6. Bibliografia ....................................................................................................................................................... 63

Anexo 1: localização de Munincipio da cidade de Inhambane ............................................................................. 66

Anexo 2: Fotografias da Escola SOS de Inhambane ............................................................................................. 68

Anexo 3: Questionário dirigido aos professores da escola SOS ............................................................................ 70

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Índice de Gráficos

1. Alunos por Categoria……………………………………………………………37

2. Formação inicial dos professores…………………………………………….….38

3. Formação em exercício…………………………………………………………39

4. Tipo de formação……………………………………………………………….40

5. Requisitos para a educação inclusiva…………………………………………...41

6. Inovação no processo da inclusão………………………………………………42

7. Capacidade de lidar com a diversidade de alunos……………………………..43

8. Desafios da educação inclusiva para o professor………………………………44

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CAPITULO I

1.1. Introdução

O presente trabalho apresenta uma reflexão sobre a Educação Inclusiva e Formação de

Professores na Escola Primária Completa Save Our Souls (SOS) de Inhambane.

Focalizando o que ocorre no interior da escola, procuramos perceber como tem sido a

formação de professores com vista a efectivação da educação inclusiva nas escolas,

tendo em conta a diversidade de alunos bem como os ritmos de aprendizagem.

A tendência da política social das passadas duas décadas tem consistido em promover a

integração a participação e o combate a exclusão (Garcia 1999:65). No campo da

educação, estas concepções reflectem-se no desenvolvimento de estratégias que procuram

alcançar uma genuína igualdade de oportunidades (Idem). Ainda de acordo com Garcia

(1995:72) a experiência em muitos países demonstram que a integração de crianças e

jovens com necessidades educativas especiais é atingida mais plenamente nas escolas

inclusivas que atendem todas as crianças da respectiva comunidade e não em escolas

especiais. É neste contexto que os que tem necessidades educativas especiais podem

conseguir maior integração social. O sucesso das escolas inclusivas que favorecem à

plena participação depende de um esforço concertado.

O princípio fundamental das escolas inclusivas consiste em todos alunos aprenderem

juntos independentemente das dificuldades e das diferenças que apresentem (UNESCO,

1994)

Um dos desafios fundamentais que emergem da proposta da escola inclusiva é a

formação de professores.

Como objectivo geral propusemo-nos a analisar o grau de preparação de professores para

lidar com a educação inclusiva na Escola Primária SOS e de forma específica situar a

educação inclusiva dentro do direito à educação; discutir a importância da formação dos

professores para lidar com educação inclusiva bem como, examinar o nível de

competências dos professores na Escola Primária Completa SOS.

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Para uma melhor compreensão o trabalho encontra-se estruturado da seguinte forma:

capítulo I compreende a introdução; escolha e contextualização do tema, formulação do

problema, a hipótese, objectivo geral e específico, a justificativa e relevância. Capítulo II

apresenta o referencial teórico e a revisão da literatura onde trouxemos alguns conceitos a

volta do tema bem como apresentamos alguns autores que versam sobre o tema

respectivamente. Capitulo III onde abordamos a formação de professores para educação

inclusiva em Moçambique. Capitulo IV referente à metodologia usada para a

materialização do nosso trabalho. Capitulo V da análise e interpretação dos resultados.

Capítulo VI conclusão e recomendações e finalmente referências bibliográficas.

1.2. Escolha e contextualização do tema

Um olhar crítico para a história da humanidade revela que nenhuma sociedade se

constrói bem-sucedida, se não favorecer em todas as áreas da convivência humana, o

respeito a diversidade que constitui a sociedade moderna.

Nenhum país alcança pleno desenvolvimento se não garantir, a todos os cidadãos em toda

sua existência as condições para uma vida plena, digna de qualidade física, psicológica,

social e económica. A educação tem nesse cenário um papel fundamental, sendo a escola

o espaço no qual se deve favorecer, a todos cidadãos o acesso ao conhecimento de

competências. (Aranha, 2004).

Justificando-se assim, a tendência da política social das passadas duas décadas têm

consistido em promover a integração a participação e o combate a exclusão (Garcia,

1995:65).

Exclusão… é mais do que separar, segregar, discriminar grupos sociais por

determinadas características inatas ou desenvolvidas. Excluir significa expulsar

do mundo dominante, significa literalmente colocar fora dos parâmetros e das

normas que regem as relações sociais, não apenas marginalizar e, sim,

desconsiderar e existência humana. (Marquezine et al. 2008:13).

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Essa exclusão privou-as de uma série de bens culturais e intelectuais que são importantes

impedindo ou prejudicando a sua integração à comunidade, no que diz respeito às

oportunidades de convívio social e de trabalho. (Idem).

Observa-se que um dos grandes desafios da actualidade é criar condições para as

escolas existentes possam atender as NEE que trabalhem as diferenças e

potencialidades individuais como factor de crescimento para todos. Para efeito é

necessário, por tanto, buscar atendimentos que resultem transformações positivas nas

escolas regulares para que estas possam receber alunos com NEE (Silva, 2007).

No campo da educação, estas concepções reflectem-se no desenvolvimento de

estratégias que procuram alcançar uma genuína igualdade de oportunidades (Idem).

Ainda de acordo com Garcia (1995:72) a experiência em muitos países demonstram que a

integração de crianças e jovens com necessidades educativas especiais é atingida mais

plenamente nas escolas inclusivas que atendem todas as crianças da respectiva

comunidade e não em escolas especiais.

Falar de educação inclusiva pressupõe entre outras coisas a inserção de alunos com

deficiências em classes regulares do ensino, é falar de uma pedagogia de suporte para que

as diferenças não sejam meros pretextos para a não aprendizagem.

A implementação do conceito escola inclusiva é complexa e exige competências,

habilidades adicionais dos professores para lidar com as diferentes habilidades física e

cognitivas de seu alunos (…) para promover uma melhor participação dos alunos com

NEE nas escolas regulares, é ainda necessário integrar a melhor abordagem da educação

inclusiva para a diversidade nas políticas e regulamentos que orientam gestão da escola e

na formação dos professores para todos os subsistemas de ensino (PEE 2012-2016).

Assim, formar professores competentes e qualificados pode ser o alicerce para que se

garanta o desenvolvimento de todos os alunos com NEE assim como os sem necessidades

educativas especiais.

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Para Lima (2006:118) A formação de professores é um aspecto importante que merece

ênfase quando se aborda da inclusão; a efectivação plena e permanente do processo

inclusivo depende muito da actuação e atitudes dos professores e, ainda do seu acesso à

informação.

O MEC para responder os desafios da educação inclusiva é de capacitar os técnicos de

diferentes níveis, direcções de escolas, professores, pais, encarregados de educação de

modo a prepara-los para um grupo mais diversos de alunos, bem como desenvolvimento

de estratégias e materiais apropriados para o uso nas salas de ensino inclusivo. (PEE

2006-2011).

As últimas décadas, a formação de professores tem recebido mais atenção e estímulos de

diversas modalidades de educação à distância, formação continuada ou formas de

estímulo à autonomia intelectual dos professores (Lima 2006:118).

É nesta perspectiva que foram criados três centros de recursos para educação (CREI) nas

zonas Norte, Centro e Sul de Moçambique constituem um laboratório de referência para

os processos de estratégias de inclusão escolar através de cursos modulares, capacitação

de professores, mobilização e das comunidades entre outros (PEE 2012-16).

Assegurar que os professores recentemente qualificados tenham uma compreensão básica

de ensino inclusivo é o melhor investimento que pode ser feito a longo prazo (Mittler,

2003:189)

Segundo Sacristan (2000) citado por Chambal (2014: 59) não será fácil melhorar a

qualidade de ensino se não se mudarem os conteúdos, os procedimentos e os contextos da

realização dos curricula e pouco adiantara fazer reformas curriculares se estas não forem

ligadas a formação dos professores.

De referir que o sucesso das reformas introduzidas no sistema de educação depende

fundamentalmente da existência de professores qualificados e preparados sob pena de

incorrer ao fracasso dai o trabalho ter como tema: “Educação inclusiva e formação de

professores caso da Escola Primária Completa SOS”.

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1.3. Formulação de Problema

A educação constitui um direito fundamental de cada cidadão e é instrumento central

para melhoria das condições de vida e elevação do nível técnico científico dos

trabalhadores.

Importa salientar no entanto que, ao longo do decorrer dos séculos a educação era

caracterizado por uma segregação dos alunos isto é havia uma separação de alunos; os

alunos considerados “normais” faziam parte do sistema regular de ensino enquanto os

alunos portadores de alguma necessidade educativa especial ou deficiência faziam parte

da educação especial. A educação especial é criticada por ser segregacionista

A Declaração de Salamanca (1994) veio revolucionar a questão do direito a educação ao

afirmar que as crianças e jovens com necessidades educativas especiais, não podem

progredir de forma isolada, os sistemas de educação devem ser planeados e os programas

de ensino implementados tendo em vista a diversidade de seus alunos e necessidades;

afirmando deste modo a importância de uma educação inclusiva para todos.

Com o movimento da inclusão as escolas regulares vêm se na necessidade de se adequar

as mudanças de modo a incluir todos os alunos no sistema de ensino sem descriminação

com o objectivo de promover o desenvolvimento e a educação de todos os alunos.

O Ministério da Educação reconhece que a implementação do conceito escola inclusiva é

complexa pois exige competências e habilidades adicionais de seus professores para lidar

com diferentes habilidades físicas, cognitivas de seus alunos (PEE2012/16).

A quando da adopção de praticas inclusivas na escola primária SOS (…) um dos

constrangimentos dos professores do ensino básico têm a formação geral, não têm uma

formação especifica em NEE para lidar com a diversidade de alunos, verificando-se que a

maioria dos professores pauta o trabalho pedagógico em sua precária formação inicial e

vai acrescentando-a de conhecimentos e estratégias julgadas necessárias no decorrer das

aulas.

Importa dizer que, para a inclusão seja efectiva é necessário em primeiro lugar que as

escolas estejam preparadas ou adequadas para educar todos alunos no sistema regular de

ensino sem discriminação, ter recursos materiais disponível, ter profissionais preparados,

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um currículo flexível e espaços direccionados a determinadas deficiências. A inclusão só

poderá ser um facto quando os professores forem devidamente capacitados. Perante esta

realidade coloca-se a seguinte questão: Em que medida a formação de professores tem

contribuído para a implementação de políticas inclusivas na Escola Primária SOS?

1.4. Hipótese

Segundo Carvalho (2005), toda pesquisa cientifica consiste em anunciar e verificar

hipótese. A ciência gera explicações hipotéticas do mundo dos fenómenos observados

que depois remete a um processo de validação ou falsificação das hipóteses.

Assim, hipóteses são suposições colocadas como respostas plausíveis e provisórias para a

resposta do problema da pesquisa (Carvalho, 2005)

Por conseguinte temos como hipótese:

Quando bem formados e preparados os professores tornam-se capazes de reflectir

criticamente frente a sua própria prática, avançando, aperfeiçoando as suas acções e

consequentemente contribuir significativamente para a efectivação de políticas inclusivas

nas escolas.

1.5. Objectivos

1.5.1 Objectivo geral

Analisar o contributo da formação de professores para lidar com a educação inclusiva na

escola primária SOS.

1.5.2 Objectivos específicos

Descrever a educação inclusiva dentro do direito à educação;

Discutir a importância da formação do professor para lidar com a educação inclusiva;

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16

Avaliar como os professores da escola primária completa SOS tem lidado com a

educação inclusiva na sua prática pedagógica.

1.6. Justificativa e relevância

A educação é um elemento chave para o desenvolvimento da sociedade, questões

relacionadas com a educação tem preocupado sobremaneira todos os envolvidos no

processo e a sociedade no geral, asseando ver este serviço cada vez melhor e ao alcance

de todos sem distinção da cor da raça, religião, condição física etc.

A inclusão é um desafio que, ao ser devidamente enfrentado pela escola comum, provoca

a melhoria da qualidade da educação básica e superior, pois para que os alunos com ou

sem deficiência possam exercer o direito à educação em sua plenitude, é indispensável

que a escola aprimore suas práticas, a fim de atender às diferenças.

Esse aprimoramento é necessário sob pena de os alunos passarem pela experiência

educacional sem tirar nenhum proveito desejável. Daí o interesse pelo tema Educação

Inclusiva & Formação dos Professores.

Queremos acreditar que a realização do estudo poderá contribuir para uma melhor

compreensão da importância de dotar os professores de competências para lidar de forma

eficaz com a educação inclusiva. Ademais os resultados da pesquisa poderão contribuir

para o aprofundamento da reflexão sobre as acções que devem ser levadas a cabo para

uma melhor e efectiva implementação da educação inclusiva. De modo que todos os

indivíduos possam usufruir do seu direito mais nobre que é o direito a educação e exercer

deste modo a cidadania activa. A abordagem do presente tema consideramo-la pertinente

e oportuna pelo facto de que o desenrolar harmonioso da educação constitui o principal

suporte para o alcance de êxitos nos objectivos educacionais anseados por qualquer

sociedade ou país.

A importância deste estudo justifica-se pelo facto de a inclusão na educação ser relevante

no sentido de buscar a efectivação de uma educação que respeite a diversidade, onde

todos os sujeitos do sistema de educação tenham uma nova visão do mundo, e que esta

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visão traga uma mudança na mentalidade de forma que todos sejam respeitados

independente de suas diferenças físicas e psicológicas.

Cientes dessa realidade, achamos que o presente estudo tem um tema tão actual, que

poderá trazer subsídios básicos que orientem a elaboração de filosofias e estratégias

pedagógicas para uma inclusão efectiva nas escolas.

1.7. Descrição do local da pesquisa

A escola primária SOS localiza-se no bairro Muelé 3 cidade de Inhambane1 está foi

fundada em 2004 e inaugurada no ano 2008 esta vocacionada a leccionar o ensino

primário completo, isto é, 1ª à 7ª classe. A escola é de construção convencional tem 08

salas de aulas, uma sala de informática, uma biblioteca, um campo de futebol, um jardim

infantil, 4 casas de banho sendo 2 para os alunos e 2 para os professores, um bloco

administrativo com gabinetes, secretária e sala para os professores e uma machamba.

A mesma funciona em dois turnos: das 06:50 às 11:55 e das12:10 às 17:15, 17

professores dos quais 3 homens e 14 mulheres.

De referir que, desde o início do seu funcionamento a escola têm matriculado no seu

estabelecimento todos os cidadãos sem descriminação da cor de sua pele, raça, etnia, grau

de dificuldade de aprendizagem, deficiência, a escola procura assegurar a todo cidadão o

acesso á educação e sua permanência na escola.

1 o município da cidade de Inhambane é capital administrativa de Inhambane situa-se cerca de 460km a

Norte da província de Maputo. Esta limitada ao Norte e Oeste pela baia de Inhambane, ao Sul pelo Distrito

de Jangamo através do rio guiúa e a Oeste pelo Oceano Indico na latitude de23°50 sul e longitude 35°30

(CMC,S/D/)

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1.7.1. ORGANOGRAMA DA ESCOLA

Director

Conselho da escola

Director

Adjunto

Pedagógico

Chefe da

Secretaria

Conselho do

ciclo

Técnicos

Auxiliares

Conselho da

área

Director de

Turma

Professores

Alunos

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CAPITULO II

2.1. Referencial teórico e Revisão de literatura

2.1.1 Educação regular

A palavra educação tem a sua origem, segundo Garcia (1977) citado por De Oliveira

(2006) nos verbos latinos educãre (alimentar, criar), significando “algo que se dá a

alguém” com sentido de algo externo que se acrescenta ao indivíduo procurando dar-lhe

condições para o seu desenvolvimento.

“Educação é um processo pelo qual a sociedade prepara os seus membros para garantir a

sua continuidade e o seu desenvolvimento. Trata-se de um processo dinâmico que busca,

continuamente as melhores estratégias para responder aos novos desafios que a

continuidade da transformação e desenvolvimento da sociedade impõem”(MINED,

2008:7).

Por sua vez Libaneo (1997:156) define educação como um processo de desenvolvimento

unilateral da personalidade, envolvendo a formação de qualidades humanas, físicas,

morais e intelectuais, estéticas, tendo em vista a orientação da actividade humana na sua

relação com o meio social, num determinado contexto de relações sociais”.

Educação regular é aquela em que crianças e jovens têm acesso à educação formal como

plataforma de desenvolvimento pessoal e social.

A escola regular é usada como principal veículo de formação da pessoa, por isso, o

sistema regular de ensino tem desenvolvido estratégias, metodologias e práticas

pedagógicas que correspondam às expectativas e às necessidades dos alunos (Correia,

1999).

2.1.2. O Direito à educação

Os direitos dos homens são uma conquista dramática e frequentemente trágica da

humanidade de todos os tempos e latitudes (Monteiro, 2007:12).

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A história moderna dos direitos do homem começa com a sua proclamação nas

declarações de fins do Século XVIII: a declaração dos direitos do homem e do cidadão

em Franca em 1789. Os direitos do homem são então reconhecidos como direitos

subjectivos fundamentais com garantia jurisdicional em conformidade com o princípio do

constitucionalismo liberal de limitação do poder pelo poder (Monteiro, 2007:17).

A primeira geração dos direitos do homem foi os chamados “direitos-liberdade”. São os

direitos civis e políticos fundados na ideia de “direito natural” elaborado pelo pensamento

greco-romano e cristão, e reconhecidos designadamente, pela declaração francesa de

1789, contra o estado absolutista. Mas as transformações económicas, sociais e políticas,

ao longo do século XIX, tornaram manifesta a insuficiência daqueles direitos e

provocaram a emergência de uma “segunda geração” de “direito-igualdade”, que são os

direitos económicos, sociais e culturais.

Com efeito, a Declaração universal dos direitos do homem reconheceu a

interdependência e a complementaridade e proclamou a universalidade das duas gerações

de direitos. A partir de fins dos anos 60, nasceu uma “terceira geração” de “direitos-

solidariedade”, como o direito à paz, o direito ao desenvolvimento, o direito ao

património comum da humanidade, o direito ao ambiente, o direito à comunicação, o

direito à diferença. São direitos “novos” na medida em que correspondem a problemas

que são novos e globais, mas decorrem, na realidade, da matriz dos direitos já

reconhecidos, como sua consequência ou condição.

A Declaração universal foi desenvolvida e juridicamente reforçada pelos dois pactos

internacionais relativos aos direitos do homem adoptados pela assembleia-geral das

Nações Unidas, em 1966: O pacto internacional relativo aos direitos económicos, sociais

e culturais, e o Pacto internacional relativo aos direitos civis e políticos, este com um

protocolo facultativo. A Declaração de 1948 e os Pactos de 1966 – que entraram em vigor

em 1976 – formam a carta internacional dos direitos do homem.

A mais pujante afirmação da expansão e evolução dos direitos do homem é a convenção

relativa aos direitos da criança, adoptada pela Assembleia Geral da Nações unida, em

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1989, e em vigor desde1990. Tendo já sido ratificada praticamente por todos os estados

do mundo.

A carta internacional dos direitos do homem é uma moldura normativa do ramo do

Direito internacional publico, o direito internacional dos direitos do homem tem alcance

universal ou regional, de conteúdo geral, especifico e ou categorial.

Assim, na carta internacional dos direitos do homem, o direito à educação é enunciado no

artigo 26 da Declaração Universal e nos artigos 13 e 14 do Pacto Internacional relativo

aos direitos económicos, sociais e culturais. Os artigos 13 e 14 tratam da educação,

determinam as metas aos estados que devem assegurar o ensino primário gratuito e

obrigatório para todos tendo em atenção a necessidade de ser uma educação que insira o

respeito pelas culturas.

No plano do direito universal convencional, o direito à educação é objecto de duas

convenções principais: a Convenção sobre a luta contra a discriminação no domínio de

ensino, adoptada pela Unesco em 1960 e em vigor em 1962 e a Convenção sobre o

ensino técnico e profissional adoptada pela Unesco em 1989.

Para além das convenções supracitadas existem cinco principais tratados internacionais

directamente relacionados com a educação são os seguintes:

Pacto internacional sobre os direitos económicos, sociais e culturais

(1966);

Convenção contra a Discriminação no Domínio da Educação (1960);

Protocolo que cria uma comissão de Conciliação e de Bons Ofícios

Encarregada de Encontrar a Solução para Diferendos que possam surgir

entre os Estados-Partes na Convenção Contra a Discriminação no domínio

da Educação (1962);

Convenção Sobre os Direitos da Criança (1989);

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Convenção sobre o Ensino Técnico e Profissional (1989). Relatório

Mundial Sobre a Educação Unesco (2000).

Na Convenção dos direitos da criança de 1989, Moçambique ratificou pelo conselho de

ministros através da resolução número 19/90 de 23 de Outubro. (Liga Moçambicana dos

direitos humanos, 2005) o ensino primário será obrigatório e gratuito. A disciplina

escolar deve respeitar a dignidade da criança. A educação terá por objectivo preparar a

criança para a vida dentro de um espírito de compreensão, tolerância e paz.

Por fim cabe destacar a Declaração de Salamanca, da qual Moçambique é signatário.

A Declaração de Salamanca estabelece que os governos (UNESCO, 1994):

Atribuam a mais alta prioridade política e financeira ao aprimoramento de seus

sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluírem todas as

crianças, independente de suas diferenças ou dificuldades individuais;

Adoptem o princípio da educação inclusiva em forma de lei ou política,

matriculando todas as crianças em escolas regulares, a menos que existam fortes

razoes para agir de outra forma;

Encorajem e facilitem a participação dos pais, comunidades e organizações de

pessoas portadoras de deficiência nos processos de planeamento e tomada de

decisão concernentes à provisão de serviços para necessidades educacionais

especiais;

Invistam mais esforços em estratégias de identificação precoce, bem como nos

aspectos vocacionais da educação inclusiva;

Garantam que, no contexto de uma mudança sistémica, programas de treinamento

de professores, tanto em serviço como durante a formação, incluam a provisão de

educação especial dentro das escolas inclusivas;

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Estimulem a comunidade académica no sentido de fortalecer pesquisas que se

concentram nos assuntos que tratam dos problemas das pessoas portadoras de

deficiência.

Todas essas magnas conferencias definem compromissos da parte dos países signatários,

dentre os quais esta o direito à escola comum por parte de todos indistintamente. O estado

Moçambicano ao assinar e ratificar esses acordos internacionais, em princípio mostrou

em nível internacional, a sua vontade política e o compromisso político de garantir a

educação básica gratuita e obrigatória para todos os moçambicanos conforme expresso

naqueles documentos (Blog Cipriano acessado em 22.07.2015).

2.1.3. A Educação Inclusiva dentro do direito à Educação

Reza a historia que o acesso à educação foi limitado a muitos cidadãos, principalmente

no que diz respeito às pessoas portadoras de alguma deficiência (Lima. 2006).

Pessotti (1986) citado por Lima (2006) mostra que na antiguidade clássica pautada pelo

ideal da perfeição as pessoas com deficiência eram eliminadas. Eram-lhes recusadas o

acesso à educação.

Em Moçambique com o advento da guerra dos 16 anos surgiram muitos deficientes.

Muitas crianças que sofreram, durante a guerra traumatismos físicos e emocionais que

lhes impediram de frequentar a escola ou diminuíram a sua capacidade de aprender em

salas de aulas tradicionais (Plano estratégico de Educação 1999- 2003).

Essa situação veio a ser alterada com a evolução do humanismo, do conhecimento da

diversidade e das possibilidades humanas. Somente com a modificação da sociedade,

propiciada pela interacção com as pessoas com deficiência, é que se pode vislumbrar uma

sociedade mais fraterna e cooperativa (Lima, 2006).

Nas sociedades ocidentais, o estabelecimento da educação especial, voltada para as

pessoas com deficiência começou no século XVIII, associada ao movimento social que

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reivindicava acesso à participação social… criado pela revolução de 1798, com a

elaboração da declaração Universal dos Direitos Humanos (Bueno 1993 citado por).

Buscava-se então uma escola para todos, independentemente da origem social de cada

um. A educação especial surge pois, como parte de uma proposta de educação para todos,

que denunciava a discriminação e a exclusão social.

No entanto, ainda se considerava o atendimento separado, segregado, a melhor alternativa

para as pessoas com deficiência: até a década de 1960, as crianças com deficiência não

eram atendidas em sistema regular de ensino, e a educação especial só recebia um

contingente de 10 a 15% do total dessas crianças (Monteiro, 2007).

Segundo a Save The Children (2002) citado por Manhiça ( 2005) as principais criticas

que são feitas ao sistema de educação especial. Por ser segregacionista, referem-se ao

facto de desenvolver culturas e identidades discriminatórias, privando as pessoas

portadoras de deficiência de conviverem ou de serem educadas em ambientes naturais,

dentro ou próximas das suas famílias e comunidades. Convivendo em ambientes

restritivos e com pessoas possuindo o mesmo tipo de deficiência, tornam-se mais

vulneráveis e indefesas a quaisquer perigos do meio circundante.

Marchesi (2004) citado por Lima (2006) mostrou que os movimentos sociais organizados

traziam consigo uma mudança de foco: se até os anos 1960, o foco estava nos problemas

dos indivíduos e suas condições, a partir de então, foi sendo direccionado para a

necessidade de modificação das próprias instituições sociais e escolares, de forma que

elas passassem a atender aos diferentes sujeitos e suas necessidades especiais.

Desde a década de 1970, a noção de deficiência passou a ser questionada pelas

autoridades inglesas, neste contexto, fica explicita a ideia de que todas as crianças cada

uma com as suas especificidades, estão em constante processo de aprendizagem. Decorre

disso a necessidade de se desenvolver uma perspectiva humanista da educação, baseada

no entendimento das relações de igualdade e diversidade (Lima, 2006:29).

A Declaração de Salamanca (1994) é um documento mãe pois afirma com veemência o

direito à educação a todas a crianças independente das suas dificuldades e necessidades,

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os sistemas de educação devem ser planeados e os programas educativos implementados

tendo em vista a vasta diversidade das características, interesses e necessidades dos

alunos.

Segundo UNESCO (1994) a Declaração de Salamanca apela aos governos a conceder

prioridade através das medidas orçamentais, ao desenvolvimento dos respectivos sistemas

educativos, de modo que possam incluir todas as crianças independentes das diferenças

ou dificuldades individuais.

È neste sentido que em 1998 foi introduzido o programa escolas inclusivas nas escolas

moçambicanas cujo principio fundamental consiste em todos os alunos aprenderem

juntos sempre que possível independente das dificuldades e das diferenças que estes

apresentam. Estas escolas devem reconhecer e satisfazer as necessidades diversas dos

seus alunos, adaptando-se aos vários estilos e ritmos de aprendizagem (UNESCO 1994).

O mérito destas escolas consiste no facto de serem capazes de proporcionar uma

educação de qualidade a todas as crianças bem como ajudar na modificação das atitudes

discriminatórias e na criação de sociedades acolhedoras.

Importa dizer que, o projecto escolas inclusivas é parte integrante do Plano Estratégico de

Educação para o período 1997- 2001. No qual o governo moçambicano adoptou como

lema “Combater a Exclusão, Renovar a Escola”. Este plano nacional adopta como valores

centrais a inclusão e participação de todas as crianças e jovens no sistema de ensino

regular incluindo os portadores de deficiência (Ferreira & Manhiça, 1998).

2.1.4. Necessidades Educativas Especiais

O conceito de necessidades educativas especiais (NEE) refere-se a uma situação em que

o aluno apresenta algum problema de aprendizagem no decorrer da escolarização

exigindo desse modo um atendimento especial (Libombo, 2009).

Segundo Libombo (2009), o conceito de NEE envolve deficiências, dificuldades e

desvantagens:

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Deficiência quando as necessidades tem uma causa orgânica ou biológica;

Dificuldade abarca alunos cuja natureza NEE não parece residir numa causa orgânica,

nem factores de desvantagem social;

Desvantagem abarca alunos cujas necessidades não são satisfeitas por decorrerem de

factores socioeconómicos, culturais ou linguísticos.

Brennan (1998), citados por Correia (199:48), Apud Manhiça (2005) refere que, há uma

necessidade educativa especial quando um problema (físico, sensorial, intelectual,

emocional, social ou qualquer combinação destas problemáticas) afecta a aprendizagem

ao ponto de serem necessários acessos especiais ao currículo, ao currículo especial ou

modificado, ou a condições de aprendizagem especialmente adaptadas para que este

aluno possa receber uma educação apropriada. Tal necessidade educativa (NE) pode

classificar-se de ligeira a severa e pode ser permanente ou manifestar-se durante uma fase

do desenvolvimento do aluno.

Considera-se que uma criança tem NEE se tiver alguma dificuldade de aprendizagem que

requeira uma medida educativa especial. O conceito de dificuldade de aprendizagem é

relativo; surge quando um aluno tem uma dificuldade de aprendizagem

significativamente maior do que a maioria dos alunos da sua idade, ou sofre de uma

incapacidade que o impede de utilizar ou lhe dificulta o uso das instalações educativas

geralmente utilizadas pelos seus companheiros (Jimenez, 1993).

De acordo com a Unesco (1994), necessidades educativas especiais refere-se a todas

crianças e jovens cujas carências se relacionam com deficiências e dificuldades escolares,

neste conceito incluem crianças superdotadas, crianças de minorias étnicas e linguísticas.

Das definições supracitadas todas convergem ao considerar que NEE envolve

dificuldades de aprendizagem e deficiências. As definições que iremos considerar no

presente estudo são a apresentada pela Unesco (1994) por ser completa ao incluir

crianças superdotadas, de minoria étnica e linguísticas.

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2.1.5. Inclusão Escolar e Educação Inclusiva

Inclusão é um processo amplo, com transformações nos ambientes físicos e na

mentalidade de todas as pessoas, inclusive da própria pessoa com necessidades especiais.

Para promover uma sociedade que aceite, valorize as diferenças individuais, aprenda a

conviver com a diversidade humana através da compreensão e da cooperação (Cidade e

Freitas 1997) citados por Peleve (2012).

Segundo Carneiro (2008), educação inclusiva é um conjunto de processos educacionais

decorrentes da execução de políticas articuladas impeditivas de qualquer forma de

segregação e de isolamento. Essas políticas buscam alargar o acesso à escola regular,

ampliar a participação de todos os alunos nela, independentemente de suas

particularidades.

Sob o ponto de vista prático, a educação inclusiva garante a qualquer criança o acesso ao

ensino fundamental, nível de escolaridade obrigatório a todo cidadão (Carneiro, 2008).

A educação inclusiva parte da ideia de que a educação básica é um direito fundamental à

qual todos devem ter acesso e usufruto sem nenhum tipo de discriminação baseada nas

características ou dificuldades dos aprendentes. Seu princípio fundamental é de que todas

as escolares regulares devem estar abertas para todas as crianças e jovens aprendam

juntos de modo a satisfazerem as suas necessidades básicas de aprendizagem de cada um

através da adaptação curricular aos seus ritmos, estilos e contextos de aprendizagem

(Manhiça, 2005).

Para Pacheco (2007) educação inclusiva tem sido discutida em termos de justiça social,

pedagogia, reforma escolar e melhorias nos programas. No que tange a justiça social, ela

se relaciona aos valores de igualdade e de aceitação. As práticas pedagógicas em uma

escola inclusiva precisam reflectir uma abordagem mais diversificada, flexível e

colaborativa do que em uma escola tradicional.

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Podemos concluir que a educação inclusiva é um processo que amplia a participação de

todos os alunos no estabelecimento regular de ensino; a inclusão pressupõe que a escola

se ajuste a necessidade a todas as crianças que desejam matricular-se em sua localidade.

2.1.5.1. Características de escolas inclusivas

Escola é uma instituição social de transmissão de valores comuns para todos os cidadãos.

Segundo Brunswick (1994) citado por Pacheco (2007) um sistema educacional que

fornece a inclusão total baseia-se em algumas ou em todas as seguintes crenças e

princípios:

Todas as crianças conseguem aprender; todas as crianças frequentam classes regulares

adequadas à sua idade em suas escolas locais […] recebem programas educativos

adequados […] recebe um currículo relevante às suas necessidades […] participam de

actividades co-curriculares e extracurriculares, [e] beneficiam-se da adaptação e da

colaboração entre seus lares, sua casa e sua comunidade.

Isso deve ser conseguido por meio de um ambiente de aprendizagem escolar que tenha

altas expectativas dos alunos, que seja seguro, acolhedor e agradável. Em tal cultura, a

administração da escola encoraja práticas inovadoras, e o planeamento é feito deforma

colaborativa entre o pessoal e os alunos, com o apoio de consultores externos. Promove-

se a responsabilidade social entre os alunos e o sistema todo, assim como as escolas

individualmente, reportam-se aos pais, à comunidade e ao departamento de educação

(Brunswick 1994). Para uma educação escolar inclusiva bem-sucedida Thomas &

Colaboradores (1998) citados por Pacheco (2007) recomendam que se atende às

seguintes recomendações: coordenação de serviços, colaboração do pessoal, sistemas

financeiros que redireccionam fundos a partir de um aprovisionamento segregacionista

para um inclusivo, acção positiva na promoção de relações sociais e comprometimento

com frequência escolar no bairro de todas as crianças. Da mesma forma que, Rodrigues

(2001) ressalta o trabalho colaborativo em equipas, desenvolvimento de uma estrutura

compartilhada, envolvendo famílias, o domínio geral do educador, relações claras sobre

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os papéis entre os profissionais, uso efectivo de pessoal de apoio, determinação dos

serviços de apoio, desenvolvimento de planos educacionais individualizados

significativos e a avaliação da eficiência da educação.

Outros ainda ressaltam a liderança visionária, a avaliação reconsiderada, as adaptações

curriculares e as práticas institucionais efectivas. A educação inclusiva só trás vantagens

a todos os envolvidos nesse processo.

2.1.5.2. Vantagens da educação inclusiva

A filosofia da inclusão só traz vantagens no que respeita às aprendizagens de todos os

alunos, tornando-se num modelo educacional eficaz para toda a comunidade escolar e

principalmente para os alunos com NEE.

Quanto a comunidade escolar: estabelece um objectivo comum, que é o de

proporcionar uma educação igual e de qualidade para todos os alunos com NEE; facilita o

diálogo entre educadores/ professores de ensino regular e educadores/ professores de

educação especial, permitindo aos professores do ensino regular uma maior compreensão

sobre os diferentes tipos de NEE e sobre as necessidades do alunos com NEE e aos

professores de educação especial perceber melhor os programas curriculares (Correia,

2010).

Os professores envolvidos em ambientes inclusivos consideram que a sua vida

profissional e pessoal melhora, tendo o trabalho em colaboração tornado o ensino mais

estimulantes, uma vez que permite a experimentação de várias metodologias e a

consciencialização das suas práticas.

No que toca à liderança escolar, aos pais: uma vez que os envolve na procura de

respostas educativas eficazes que possam ajudar os alunos com NEE a atingir níveis

satisfatórios de sucesso educativo. Cada agente educativo torna-se num actor criativo,

flexível e animado pelo desejo de participar, de forma colaborativa, na organização das

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respostas adequadas ao conjunto de necessidades existentes na respectiva população

escolar (Correia1997 citado por Correia 2010).

Quanto ao aluno com NEE: Aprender junto com os seus pares sem NEE proporciona

aprendizagens similares e interacções sociais adequadas, retira-lhe o estigma da

“deficiência ”, preocupando-se com seu desenvolvimento global dentro de um espírito de

pertença, de participação em todos os aspectos da vida escolar.

Para Mendonça (2013), a socialização da criança especial o estimula para vencer novos

desafios, fazendo-a se sentir cada vez mais capaz, torna-se mais comunicativo e reduz

significativamente os comportamentos considerados inapropriados para a convivência e

participação na sala de aula regular.

Vantagens para os alunos sem NEE: permiti-lhes perceber que todos somos diferentes

e, por conseguinte, que as diferenças individuais devem ser respeitadas e aceites. Desta

forma, eles aprendem que cada um de nos, sejam quais forem os nossos atributos, terá

sempre algo de valor a dar aos outros.

Para os alunos sem deficiência aprendem a lidar com “diferente” deixam os preconceitos

de lado e aceitam as pessoas do jeito que elas são. Eles passam a ser mais tolerantes,

solidários e comprometidos com o próximo e ajudam sempre que necessário.

(Mendonça,2013)

Karagiannis & colaboradores (1996) citados por Correia (2010) enunciam um conjunto

de vantagens que a inclusão preconiza, na medida em que:

Permite desenvolver atitudes positivas perante a diversidade;

Facilita a aquisição de ganhos ao nível do desenvolvimento académico e social;

Prepara para a vida na comunidade;

Evita os efeitos da exclusão.

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A inclusão de alunos com NEE pode gerar benéficos para toda sociedade, pois, aprende-

se que apesar das diferenças todos têm direitos iguais. A inclusão reforça a prática de que

as diferenças devem ser aceites e respeitadas. (Mendonça, 2013)

Finalmente podemos afirmar que, para que as escolas se tornem verdadeiramente

inclusivas é necessário que se crie uma cultura genuína de escola que se apoiem em

princípios de igualdade, de justiça, de dignidade e de respeito mútuo, que permita a

promoção de práticas inclusivas mediante as quais os alunos possam viver experiências

enriquecedoras, aprender com os outros e assimilar atitudes e valores que conduzam a

uma melhor aceitação da diversidade.

2.1.5.3. Barreiras à promoção da educação inclusiva

De acordo com Manhiça (2005) são vários os obstáculos do meio social que dificultam

temporária ou permanente a criação de um ambiente inclusivo nas nossas escolas.

Barreiras de natureza cultural, politica, materiais, económicas e outras dificultam uma

inclusão efectiva nas escolas. Contudo, dada a premência de se assegurar uma educação

de qualidade para todos, como direito fundamental e universal, não se pode esperar que

primeiro sejam melhoradas as condições socioeconómicas julgadas necessárias para

depois se implementar um programa de educação inclusiva. Urgente é criar condições

para que todos usufruam dos bens advindos da educação (Idem).

A Save The Children (2002) citado por Manhiça (2005) apresenta algumas barreiras à

educação inclusiva:

Atitudes negativas da sociedade face às deficiências e às dificuldades escolares

dos alunos;

A invisibilidade nas comunidades devido à superprotecção outros preconceitos

familiares;

A invisibilidade na escola em que as estratégias e o currículo estão centrados nos

conteúdos ou no professor;

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O custo que se julga acarretar o ensino especializado;

O acesso físico em que as construções escolares não preveem a acessibilidade, a

segurança e o conforto das pessoas cegas, das que andam em cadeiras de rodas e

outras;

O tamanho das turmas, em que as numerosas, dificultam uma atenção especial e a

aplicação de estratégias apropriadas na aquisição da aprendizagem de cada aluno.

Por sua vez, Mendonça (2013) enumera algumas barreiras a saber:

atitudinais, arquitectónicas/acessibilidade; comunicacionais (os obstáculos

comunicacionais se referem a adequação de códigos de sinais às NE, como língua de

sinais para as pessoas surdas e o BRAILLE que os cegos usam na escrita e leitura)

pedagógicas essas estão directamente ligadas a obstáculo atitudinais, pois, inclui

diferenciar metodologia para adequação das aulas ministradas pelo professor como

adequação das técnicas, teorias e métodos para o sucesso de aprendizagem de todos os

alunos ainda Manhiça (2005) vai mais longe ao afirmar que, a ausência de políticas

educacionais inclusivas, praticas de gestão escolar participativa bem como deficiente

formação técnico profissional dos professores, directores de escolas e outros agentes

educacionais constituem barreiras para a frequência e o sucesso escolar de crianças,

jovens e adultos portadores de deficiência e a alguma necessidade educativa especial.

Em todos processos de mudanças que ocorrem em todas áreas sociais existem obstáculos

que tornam o processo mais desafiante porem os obstáculos surgem para ser superados.

2.1.6. Importância da formação dos professores para lidar com educação inclusiva

Preparar a escola para actuar na modalidade inclusiva é um grande desafio para os

gestores das escolas públicas e particulares, mas acima de tudo é um desafio para o

próprio professor, que precisa de reestruturar-se de acordo com os novos paradigmas, já

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que a inclusão é um movimento cada vez mais consolidado no meio educacional.

(Prioste, Raiça & Machado:2006)

Miranda (2008) corrobora dizendo que as escolas se devem preocupar com a formação do

seu pessoal de acordo com os objectivos educacionais por elas traçados. No caso da

inserção de alunos com necessidades educativas especiais (NEE) no seio em que vivem,

está formação torna-se praticamente obrigatória, sob pena de não for a desejada,

assistirmos a prestações educacionais inadequadas a tais alunos.

Ademais para o sucesso da implementação dos modelos inclusivos nas escolas, muitos

profissionais tem de adquirir e/ou aperfeiçoar as suas competências sendo para isso

necessário valorizar a oferta de oportunidades de desenvolvimento profissional.

Segundo Prioste et al (2006) quando o professor está preparado, mesmo que a estrutura

organizacional da escola não seja satisfatória, as possibilidades de sucesso são bem

maiores.

O preparo do professor deve iniciar-se na formação pedagógica. Actualmente os

currículos de pedagogia e Licenciatura tem sofrido alterações que visam incorporarem

temáticas relacionadas à educação inclusiva. O bom preparo e a competência já são

inclusivos na medida em que se ensinara a todos com qualidade (Idem).

Correia (2008) considera que no contexto da inclusão educacional as escolas devem se

preocupar com a formação do seu pessoal de acordo com os objectivos organizacionais.

No caso de inserção de alunos com NEE no seu seio esta formação torna-se praticamente

obrigatória, sob pena de, se assim não for, assistirmos as prestações educacionais

inadequadas.

Os educadores, os professores e os auxiliares/ assistentes de acção educativa necessitam

de formação específica que lhes permita perceber minimamente as problemáticas que os

seus alunos apresentam, que tipos de estratégias devem ser considerados para lhes dar

resposta e que papel deve desempenhar as novas tecnologias nestes contextos.

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Com base nos anunciados acima podemos constatar que todas elas salientam a

importância de uma formação que desenvolva uma visão da inclusão ou seja, da aceitação

das diferenças e o respeito a singularidade. Uma formação adequada vai permitir que os

professores percebam minimamente as problemáticas de seus alunos, que tipos de

estratégias devem ser considerados para lhes dar resposta e que papel deve desempenhar

as novas tecnologias.

Formação pode ser entendida como função social de transmissão de saberes, de saber

fazer ou do saber ser que se exerce em benefício do sistema socioeconómico ou da

cultura dominante (Garcia 2001:37).

Ainda Garcia (2001:37) ”a formação pode também ser entendida como processo de

desenvolvimento e de estruturação da pessoa que se realiza com o duplo efeito de uma

maturação interna e de possibilidades de aprendizagem, de experiencias dos sujeitos”.

A formação de professores é a área de conhecimento investigação e de propostas teóricas

e práticas que, no âmbito da didáctica e da organização escolar estuda os processos

através dos quais os professores em formação ou em exercício se implicam

individualmente ou em equipa, em experiencia de aprendizagem através dos quais

adquirem ou melhoram os seus conhecimentos, competências e disposições, e que lhes

permite intervir profissionalmente no desenvolvimento do seu ensino, do currículo da

escola, com objectivo de melhorar a qualidade da educação que os alunos recebem.

A actual sociedade da globalização, da interdependência, do conhecimento e da inovação

não cessa de evoluir ao ritmo de importantes transformações que se manifestam ao nível

de diversos sectores e campos de acção em que se organiza, com repercussões no

domínio da ciência e da produção de conhecimento científico, face a estas mudanças

torna-se necessário que as instituições que compõem a sociedade compreendam esta nova

realidade e aceitem os novos desafios que ela coloca.

Neste sentido é fulcral formar professores capazes de adoptar, na sua prática profissional,

uma postura de educadores em constante formação e evolução, adequando e adaptando as

suas práticas às características dos alunos. (INDE/MINED, 2003)

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A tentativa de impulsionar o desenvolvimento de um sistema capaz de dar respostas às

exigências de uma sociedade em constante evolução se assume fundamental.

Reconhecendo que maior parte das metodologias usadas actualmente continua a acentuar

o ensino unidireccional, valorizando a memorização e a repetição e não dando muita

margem para o trabalho individual e criativo do aluno. Pretende-se dar ênfase ao trabalho

do aluno incentivando-o a usar o seu tempo de preparação em tarefas significativas que

lhe permitem alcançar os objectivos esperados.

Neste sentido, os princípios que se divulgam procuram sintetizar as linhas de força do

novo paradigma o paradigma crítico reflexivo, tudo isso provoca a necessidade dos

professores inovarem nas suas aulas, ou seja ao levarem a cabo o seu programa de acção

para cada aula, devem ajusta-los a cada aula, cada dia, aos seus alunos e respectivos

contextos. A esta forma chama-se gestão flexível do programa.

O professor deve cumprir de forma crítica, humana e reflexiva o programa curricular

(INDE,2003).

Segundo Schon (1995) citado por Manhiça (2005) refere que o contexto sócio-económico

mundial condiciona as reformas educativas em curso aborda a necessidade de se mudar o

actual paradigma que norteia a formação e a pratica profissional dos professores sendo

necessária a formação profissional dos professores reflexivos.

Propõe que seu processo de formação seja implementado na base de uma prática

reflexivo, do tipo aprender fazendo. O desenvolvimento de competências reflexivas para

a prática docente deve ser feito em ambientes reais de formação e de práticas

profissionais.

A flexibilidade é um pré requisito para valorização de perspectivas diferentes. Os

professores flexíveis ouvem empaticamente com os seus ouvidos, olhos, coração e mente

a perspectiva dos alunos, dos pais, dos currículo e a sua interpretação acerca dos

objectivos gerais do ensino. Eles são cognitivamente empáticos com os alunos o que lhes

permite prever compreensões incorrectas e antecipar as experiencias de aprendizagens

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mais úteis, as pessoas que possuem o estado mental de flexibilidade são capazes de por

de lado as suas opiniões para compreender as de outros e são capazes de, em

conformidade com a situação ajustar o próprio estilo cognitivo, disposições culturalmente

influenciadas e preferências em termos de modalidade (Oliveira 2002).

Podemos concluir que existe uma necessidade de mudar o paradigma de formação de

professores para se adequar a realidade e as exigências actuais da educação sendo a

formação flexível de professores, o ideal para se alcançar uma educação de qualidade.

Formar professores permite-lhes estar mais receptivos e capazes na orientação escolar e

educacional de cada aluno na sala de aula tendo em conta as suas diferenças

particularidades de aprendizagem (estilos, ritmos e necessidades).

Vai permitir-lhes aplicar e dar mais importância as estratégias e outras técnicas na gestão

das turmas o facto de as turmas serem numerosas e possuírem alunos com NEE (Manhiça

2000).

A chave do sucesso de implementação de um modelo inclusivo está nas mãos dos

professores. Efectivamente o desempenho do professor constitui um factor fundamental

de relevo para o sucesso escolar, um bom desempenho dos professores depende em larga

medida da sua formação (INDE, 2000) tal como preconiza a lei 6/92, “esta formação

deve permitir que o professor se torne um educador e um profissional consciente, com

profunda preparação científica e pedagógica, capaz de educar os jovens e adultos. A

formação dos professores assenta em duas premissas fundamentais: a formação inicial e a

formação contínua ”.

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2.1.6.1. Formação inicial dos professores

Entende-se por formação inicial de professores “o início institucionalmente enquadrado e

formal, de um processo de preparação e desenvolvimento da pessoa, em ordem ao

desempenho e realização profissional numa escola ao serviço de uma sociedade

historicamente situada”(Estrela 2002 citado por Elza 2001:40).

Para Elza (2001:42) julga-se que esta formação deva proporcionar aos futuros professores

a informação, os métodos as técnicas científicas e pedagógicas de base, bem como a

formação pessoal e sociais adequados ao exercício da função docente.

Segundo Alves (2001) um dos objectivos da formação inicial é proporcionar ao futuro

professor o auto questionamento do seu ensino, a colaboração de projectos, de respostas e

a construção de competências cientificas suportadas pelo domínio da investigação e da

indagação, constitui-se como uma fase imprescindível no longo processo de aprender a

ensinar.

Da lei base do Sistema Educativo emerge que a formação de professores deve capacita-

los para:

Uma atitude crítica actuante face à realidade social;

A inovação e investigação em relação a actividade educativa;

Uma prática reflexiva e continuada de auto informação e auto aprendizagem

(Campos, 2002).

Para Campos (2002) estes elementos ressalvam uma imagem de desempenho do

professor como profissional capaz de analisar cada situação de ensino e de nela produzir

às práticas docentes susceptíveis de conduzir o maior número de alunos à aprendizagem

capaz de reflectir e avaliar as suas próprias práticas e não como um funcionário ou

técnico.

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Estabelece laços mais estreitos entre as universidades e os institutos de formação de

futuros professores, do primário e do secundário a longo prazo, o objectivo devera ser

fazer com que todos os professores, mas em especial os do ensino primário tenham

frequentado estudos nos institutos de formação de futuros professores sendo a sua

formação assegurada em cooperação com as universidades.

Por outro lado, tendo em conta papel do futuro professor no desenvolvimento da

personalidade dos alunos esta formação devera incidir sobre tudo nos quatro pilares da

educação (saber fazer, saber ser e estar e saber conviver em conjunto) MINED (2008).

Assegurar que os professores recentemente qualificados tenham uma compreensão básica

de ensino inclusivo e de escolas inclusivas é o melhor investimento que pode ser feito a

longo prazo. Isso assenta os alicerces para uma “boa prática” (Mitller, 2003:189) e

oferece condições para o surgimento de uma “massa crítica” de jovens professores.

A formação inicial não oferece” produtos acabados” mas sim compreende a primeira fase

de um longo e diferenciado processo de desenvolvimento profissional.

2.1.6.2. Formação contínua

O exercício e o treino poderiam bastar para manter as competências essenciais se a escola

fosse um mundo estável (Perround, 2000). Ora, exerce-se o ofício em contextos inéditos,

diante dos públicos que mudam, em referências a programas repensados, supostamente

baseados em novos paradigmas e novas abordagens. Dai a necessidade de uma formação

contínua (Idem:25).

A formação contínua de professores é definida como “processo de formação após a

formação inicial e que não se limita a uma acção e aprendizagem dos conhecimentos e de

aquisição de novas competências, mas visa igualmente uma reestruturação do

comportamento pedagógico, e inscreve-se numa perspectiva de transformação do sistema

educativo ”( Ketelele,1998:242).

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Deste modo, entende-se a formação contínua como sendo uma renovação da formação

inicial em todos os aspectos do processo pedagógicos. È por esta razão que Libâneo

(2004:227) diz que, “a formação continuada é a condição para a aprendizagem

permanente e para o desenvolvimento pessoal, cultural e profissional de professores e

especialistas”.

Assim os conceitos dos autores coincidem, quando ambos referenciam a formação

continua como uma aprendizagem abrangente de todo sistema educativo.

Neste sentido, a formação continua dos professores deve constituir uma oportunidade

para a renovação e aquisição de conhecimentos, por isso”… visa o aperfeiçoamento dos

conhecimentos aptidões e atitudes profissionais em ordem à melhoria da qualidade de

educação a proporcionar aos educandos”, (Pacheco & Flores 1999:128).

Como se pode verificar, a finalidade da formação contínua é o desenvolvimento das

habilidades pessoais e profissionais para a melhoria do desempenho no processo

pedagógico, especialmente processo de ensino (Vicente, 2012). Também consiste em

actualizar as competências adquiridas, adaptando-as a condições de trabalho em

evolução.

A formação continuada deve ser planeada cuidadosamente e ter por base uma avaliação

das necessidades dos profissionais envolvidos. Por outro lado esta formação “devera ter

lugar no próprio local de trabalho onde o professor exerce a actividades e/ou uma

instituição de ensino superior ou afim, através dos cursos de média duração, jornadas de

trabalho, mesas redondas, ciclos de conferência, colóquios, congressos e seminários ”

(Correia:2008 citado por António 2012).

2.2. Competência dos professores

Reconhecendo que os actuais sistemas educacionais são caracterizados por uma

complexidade diferenças individuais, diversidades culturais, incertezas, singularidades e

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conflitos (Manhiça, 2005) que exigem do professor competências necessárias para lidar

com diversidade de alunado.

Segundo Anderson (1986) citado por Manhiça (2005) define competência como sendo

conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para garantir as tarefas e os papéis de

professor. Elas são de ordem “cognitiva, afectiva e prática”. São duplas “de ordem

técnica e didáctica na preparação dos conteúdos e de ordem racional, pedagógica e social,

na adaptação às interacções em sala de aula”. Ao nível do ensino”… as competências

abrangem os saberes plurais trazidos pelo planeamento, pela organização, pela

preparação cognitiva da aula e pela experiencia pratica advinda das interacções em sala

de aula.”

A noção competência designara aqui uma capacidade de mobilizar diversos recursos

cognitivos para enfrentar um tipo de situação à essa definição insiste em quatro aspectos

(Perrenound, 2000):

Competências não são elas mesmas saberes, Savoir-faire ou atitudes, mas

mobilizam, integram e orquestram tais recursos;

Essa mobilização só é pertinente em situação, sendo cada situação singular

mesmo que possa trata-la em analogia com as outras, já encontradas;

O exercício da competência passa por operações mentais complexas

subentendidas por esquemas de pensamento que permitem determinar (mais ou

menos consciente e rapidamente) e realizar (de modo mais ou menos eficaz) uma

acção relativamente adaptada à situação;

As competências profissionais, constroem se em formação, mas também ao sabor

da navegação diária de um professor, de uma situação de trabalho à outra.

Ainda Manhiça (2005) defende a necessidade de se formar professores dotados de

conhecimentos, habilidades e atitudes para lidar de maneira reflexiva e criativa com a

complexidade política, socioeconómica, cultural e demográfica dos seus contextos de

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vida com a heterogeneidade na personalidade e nas capacidades físicas e cognitivas e na

diversidade cultural e demográfica dos seus alunos. Perspectiva-se assim a formação de

um profissional e reflexivo para intervir num contexto de educação inclusiva.

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CAPITULO III

3. Metodologia da pesquisa

Este capítulo faz a discussão da metodologia usada, desde a caracterização da pesquisa, a

escolha da população e da amostra; os métodos de recolha de dados usados; a análise e

interpretação dos resultados.

Em termos metodológicos o presente trabalho comportou duas fases fundamentais

nomeadamente: a pesquisa bibliográfica e o trabalho de campo.

3.1. Caracterização da pesquisa

A pesquisa classifica-se quanto à natureza, à forma de abordagem, aos objectivos e aos

procedimentos técnicos. Importa referir que a classificação quanto a abordagem pode ser

do tipo qualitativo e quantitativa.

A pesquisa qualitativa existe uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é,

um vínculo indissociável entre o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito que não

pode ser traduzido em número” (Gil, 1999).

Na pesquisa quantitativa tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números

as opiniões e informações para classifica-las e posteriormente analisa-las.

Com base nos anunciados acima podemos concluir que: a pesquisa qualitativa baseia-se

fundamentalmente na análise e interpretação dos fenómenos e culmina com a atribuição

de significados e que, a pesquisa quantitativa baseia se no uso das técnicas estatísticas.

Assim sendo, a nossa pesquisa será do tipo qualitativa porque visa compreender um

fenómeno social.

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3.2. População alvo

Para fazer um estudo num determinado lugar, para além de identificar o espaço, é

necessário também identificar o grupo alvo de indivíduos do local onde vai decorrer a

pesquisa.

De acordo com Marconi & Lakatos (2007:112), “o universo ou população são seres

animados ou inanimados que apresentam uma característica comum (…) a delimitação da

população consiste em explicitar que as pessoas ou coisas, fenómenos, etc. Serão

pesquisados.”

A população envolvida neste estudo foi constituída por todos os professores da escola

Considerando que esta população de estudo apresenta-se relativamente grande optou-se

pela selecção da amostra.

3.3. Amostra

A amostra é uma parcela seleccionada de forma conveniente do universo populacional,

ou seja, é um subconjunto do universo. A amostra deve possuir todas as características da

população e fornecer dados concretos e pertinentes sobre a população que representa de

modo que os resultados obtidos possam ser generalizados. Segundo Marconi & Lakatos

(2007:112) existem dois tipos de amostra: probabilística e não probabilística. No presente

estudo usaremos a amostra não probabilística por conveniência pelo facto de a nossa

pesquisa pretender colher informações com pessoas específicas dentro da escola.

Assim, a nossa amostra será constituída por 10 professores da escola em estudo e uma

gestora da escola.

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3.4. Instrumentos de recolha de dados

Os instrumentos de recolha de dados garantem a fiabilidades dos resultados alcançados

nas pesquisas. Assim, serão instrumentos nesta pesquisa as consultas bibliográficas, a

observação, entrevistas e questionário.

Segundo Marconi & Lakatos (1995:72), as consultas bibliográficas incluem “…

toda bibliografia já tornada publica em relação ao tema em estudo com vista a

colocar o pesquisador em contacto directo com tudo o que já foi escrito…”.

Entrevista – considerada uma das técnicas mais utilizadas nas pesquisas sociais,

“é bastante adequada para a obtenção da informação, é flexível e eficiente na

recolha de dados”(Selltiz et al. citados por Gil 199:17).

Questionário - “é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada

de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador.

Em geral, o pesquisador envia o questionário ao informante, pelo correio ou por um

portador; depois de preenchido, o pesquisado devolve-o do mesmo modo” (Marconi &

Lakatos, 2003)

Utilizamos como instrumentos de recolha de dados as entrevistas abertas e questionário.

As entrevistas do tipo aberto possibilitam uma maior interacção com os entrevistados e o

questionário permite abarcar maior número de pessoas.

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CAPITULO IV

4. A formação de professores para educação inclusiva na Escola Primaria SOS

4.1. Educação Inclusiva Em Moçambique

A educação em Moçambique foi gravemente afectada por uma guerra civil nos anos 1982

à 1992. O conflito deixou como resultados perdas humanas, os sobreviventes com alguma

deficiência (Manhiça & Ferreira, 1998:6).

Embora não existam dados estatísticos oficiais sobre o número de crianças portadoras de

deficiência em escolarização na rede regular de ensino mas de acordo com as sondagens

realizadas pela UNESCO (1988) em 58 países de África Oriental e do Sul tem 0,1% ou

menos de crianças portadoras de deficiência, levando-se em conta a população de

crianças em escolarização (Idem pag7).

Ainda Manhiça & Ferreira (1998:7) consideram que os dados referentes à eficácia das

escolas regulares, demonstra a evidência da prática da exclusão dos alunos que

apresentam insucesso escolar no sistema educacional regular moçambicano: a média das

aprovações do ensino primário é de 58,5%, das reprovações é de 33’2% e das

desistências é de 08.3%.

Com base nos enunciados acima pode-se notar que os alunos portadores de alguma

deficiência e os que apresentam ritmos de aprendizagem abaixo da média e por via disso

não apresentavam resultados satisfatórios viam-se excluídos da rede regular de ensino.

Portanto, aos alunos portadores de alguma deficiência ou dificuldades de aprendizagem

recebiam uma educação especial visto que apresentam uma necessidade educativa

especial.

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A educação especial é criticada por oferecer uma educação segregacionista razão pela

qual tem assistido o movimento da inclusão em todas as esferas da sociedade.

É neste sentido que, reconhecendo a necessidade das escolas serem mais inclusivas, o

Ministério da Educação e cultura (MEC) introduziram em 1998 o Programa Escolas

Inclusivas. A finalidade deste programa é desenvolver a rede escolar de ensino básico

regular de forma a escolarizar todas as crianças e jovens que tenham ou não dificuldades

de aprendizagem, incluindo aqueles que são portadores de deficiência (Manhiça,

2005:37).

O sucesso da inclusão vai exigir a formação inicial e em exercício dos professores, de

modo a prepara-los para as exigências de ensinar grupos ainda mais diversos de alunos.

Vai também exigir esforços de preparação dos pais e das comunidades para as mudanças

que possam acompanhar a inclusão, nas suas escolas, bem como no desenvolvimento de

estratégias de ensino e materiais preparados para o uso em salas de aula inclusivas.

(Plano Estratégico de Educação 1999-2003).

A formação de professores assenta nos princípios pedagógicos no artigo 2 da lei 6/92 do

SNE, de 6 de Maio preconiza:

a) Desenvolvimento das capacidades e da personalidade de uma forma harmoniosa

equilibrada e constante, que confira uma formação integral;

b) Desenvolvimento de iniciativa criadora, da capacidade de estudo individual e de

assimilação crítica dos conhecimentos;

c) Ligação entre a teoria e a prática.

Para Ferreira (2006) in (Fávero, Ferreira, Ireland e Barreiros,2009) o movimento escolar

“Escolas Inclusivas” tem como premissa o desejo de criar um tipo único de escola para

todos sejam capazes de servir uma sociedade socialmente diversificada.

O desenvolvimento da inclusão, portanto, envolve a tarefa de tornar explícitas as acções,

práticas e políticas, nossa aprendizagem sobre como relacionar as nossas acções e valores

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inclusivos (Ferreira 2006 in Fávero et al. 2009). Valores inclusivos que se refém à

participação, à compaixão, ao respeito pela diversidade, ao direito e a sustentabilidade

(…) precisamos saber não só o que os valores significam, mas também suas implicações

e como podem ser colocados em pratica. Para haver inclusão não é suficiente como

muitos ainda pensam apenas que os alunos com NEE sejam inseridos fisicamente num

ambiente comum a todos. Isto é apenas o primeiro passo.

“Não basta dar lugar um lugar à criança, no fundo da classe ou numa estrutura de

atendimento, para que ela participe activamente na vida do grupo social em que se

encontra”. É necessário que seja parte integrante desse ambiente, relacionando-se com os

colegas, recebendo e exercendo influências, tendo uma identificação com o grupo, sendo

valorizada, cobrada a contribuir de forma compatível com as suas condições e, ao mesmo

tempo apoiada no que for necessário. Para tal o professor desempenha um papel crucial

no processo de inclusão escolar. Vayer (1998) citado por (Marquezine e tal 2012).

Tendo em vista a implementação do projecto a equipa do MINED em parceria com a

UNESCO considerou necessária a realização de consultoria a fim de clarear dúvidas

conceituais sobre a educação inclusiva bem como realizar seminários de capacitação dos

técnicos do MINED sobre educação inclusiva. Também foi feita a formação dos

professores “NE na sala de aula” com o material da UNESCO e foram realizadas

palestras em escolas inclusivas para combater a exclusão através da formação dos

professores.

Diante do enunciado acima nos colocamos a seguinte: questão as escolas hoje tem

capacitado os seus professores e colaboradores em materiais e valores inclusivos? Tem

realizado seminários como forma de combater a exclusão?

Manhiça (2005:37) considera que o Programa Escolas Inclusivas seja a abordagem mais

apropriada para se garantir o desenvolvimento do SNE em relação: à aplicação de

estratégias e tecnologias modernas que possam levar cada aluno a um contínuo sucesso

escolar; à adopção de processos participativos de gestão do sistema educacional; ao

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acesso escolar universal e equitativo para todos e por fim à abordagem do

desenvolvimento escolar como um todo.

A formação contínua em NE, para os professores em serviço nas escolas do ensino

básico, tem sido a principal estratégia para a implementação do programa em todo o país.

Técnicos dos órgãos centrais, provinciais e distritais, coordenadores das zonas de

Influencia Pedagógica (ZIP) e directores das escolas, têm sido capacitados como agentes

implementadores e gestores do programa (UNESCO, 1998 citado por Manhiça 2005:38).

De referir que” os directores de escola ocupam um lugar de importância vital no sistema

educativo. A liderança que os mesmos providenciam as suas escolas ira determinar, de

forma significativa, o sucesso ou não de elementos chave da estratégia do sector da

educação (…) os substanciais investimentos feitos na formação de professores poderão

ter pouco impacto, se os directores das escolas não proporcionarem um ambiente de

apoio à inovação e colaboração nas suas escolas” (Plano Estratégico de Educação 1999-

2003: 23).

Segundo a Declaração de Salamanca (1998:23) os directores dos estabelecimentos de

ensino poderão contribuir de forma significativa para tornar as escolas mais adequadas as

NE, pois tem a responsabilidade na promoção de atitudes positivas por parte de toda

comunidade educativa e na colaboração eficaz entre os professores.

Como forma de doravante se dar competências genéricas aos professores em formação

inicial nos Institutos de Magistério primário (IMAP) sobre a problemática das

dificuldades de aprendizagem advindas ou não das deficiências, em 1998, foi integrado

na disciplina de Psicologia Educacional um capítulo que aborda questões sobre NEE

(Manhiça 2005:38).

Com a formação inicial pretende-se fornecer ao futuro professor bases conceptuais e

metodológicas para o exercício correcto e eficaz da missão docente e, simultaneamente,

assegurar a sua aprendizagem numa perspectiva de auto formação (Plano Curricular do

Ensino básico,2003).

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Os professores exercem, acção fundamental como gestores do processo educativo, a

preparação adequada de todo pessoal educativo constitui o factor-chave na promoção de

escolas Inclusivas.

Como forma de se garantir uma melhor qualidade de formação dos professores estão

sendo desenvolvidas as seguintes acções: encorajamento da Universidade Pedagógica e

Universidade Eduardo Mondlane para aumentarem os seus níveis de graduação de

professores para os ensinos secundários e técnico profissional e para a formação de

formadores para os IMAP e de adultos; formação de professores para aplicarem

estratégias e metodologias de ensino que possam satisfazer as necessidades de

aprendizagem de todas a crianças da educação pré-escolar e das classes iniciais, daqueles

que são portadores de necessidades especiais ou deficiências de jovens e adultos;

implementação dum programa de capacitação de formadores de professores em práticas

modernas e participativas (Manhiça 2005:39).

4.2. Tipos de necessidades educativas especiais (NEE) na escola primária SOS

As NEE na escola primária SOS apresentam-se em seis a saber:

1. NEE associada a deficiência visual

2. NEE associada a deficiência auditiva

3. NEE associada a deficiência físico-motor

4. NEE associada a atraso mental

5. NEE associada ao transtorno de fala

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6. NEE associada a aprendizagem.

Alunos por categoria

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4.3. A formação de professores e a educação inclusiva na

Escola Primaria SOS

Gráfico 1: Formação inicial

54,55% dos inqueridos responderam positivamente que a formação inicial constitui

requisito fundamental para e E.I.

A formação inicial pretende fornecer ao professor base conceptuais metodológicas para o

exercício eficaz da missão docente contudo, é imprescindível que o futuro professor não

só adquira conhecimentos científicos pedagógicos necessários para o exercício da como

também se revela essencial que seja preparado para uma atitude de analise critica

sistémica da pratica pedagógica.

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Ademais, a formação inicial permite ao professor estar mais receptivo e capazes de

orientar a educação cada aluno na sala de aula tendo em conta a diversidade, suas

diferenças e particularidade de aprendizagem.

Segundo Alves (2001) um dos objectivos da formação inicial é de dar ao professor o auto

questionamento de seu ensino, e elaboração de projectos, de respostas e construção de

competências científicas suportadas pelo domínio da investigação constitui-se como uma

fase imprescindível no longo processo de aprender a ensinar.

Gráfico 2: Formação em exercício

Os dados revelam que assegurar a formação em exercício capacitando os professores

permanentemente constitui requisito para educação inclusiva.

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Alves (2012), o profissional docente deve estar ciente de que a sua formação é

integradora no seu dia-a-dia pois, são grandes os desafios que o profissional docente

enfrenta, mas manter-se actualizado desenvolver práticas pedagógicas eficientes é uma

delas.

Ademais, a formação profissional não se restringe na formação inicial deve se estender

também a um aperfeiçoamento contínuo pois, um professor deve estar sempre em

formação para atender as diferentes deficiências nos dias de hoje.

Gráfico 3: Tipo de formação

Conforme ilustra gráfico 54,55% dos questionados tiveram uma capacitação para actuar

na modalidade inclusiva.

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De referir que, somente a formação inicial não será suficiente para o desenvolvimento de

competências que garantam o sucesso de uma prática pedagógica que contemple

princípios inclusivos. Tais competências para uma gestão inclusiva só poderão ser

adquiridas por meio de uma capacitação continuada reflexiva colectiva (Alves:2012)

Para David (2001) formação continuada trata-se de um elemento essencial para a

educação inclusiva muitos professores em exercício não possuem as competências ou

atitudes que são requeridas numa perspectiva de E.I por isso a formação em exercício

(curso de capacitação) revela-se de capital importância.

Gráfico 4: Requisitos para a educação inclusiva

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A Formação do professor tem uma relação directa com a qualidade de ensino e este

depende mesmo do comprometimento com a profissão docente preparado e seguro para

trabalhar.

Inclusão escolar traz em si um novo paradigma de educação. Sendo assim, torna-se

necessário que a formação dos professores seja direccionada nesta perspectiva. No novo

perfil espera-se que o professor seja capaz de compreender e praticar a diversidade e

esteja aberto a praticas inovadoras; aprimorar conhecimentos sobre como lidar com as

características individuais de cada aluno, a fim de planejar aulas que levem em conta tais

informações.

No contexto da EI todos os professores necessitam de algum conhecimentos sobres as

deficiências e dificuldades de aprendizagem, algumas competências para o ensino de

NEE e a capacidade de contribuir para avaliação de alunos com NEE mais evidentes

(David:2001).

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Gráfico 5: Inovação no processo da inclusão

63% dos professores inqueridos procuram inovar nas sua aulas, ao levar a cabo o

programa de acção de aula ajustando aos alunos e respectivos contextos.

Alves (2012) argumenta que, sem mudança de postura não como realizar inclusão

significativa, é preciso eliminar os vestígios de uma formação tradicional que têm em

conta a heterogeneidade, no qual o professor vê o aluno como alguém sem identidade,

fazendo com que suas praticas não atendam as demandas de cada um sejam alunos com

deficiência ou sem deficiência.

É na tentativa de se desenvolver novas ideias que se consegue melhoramentos na prática

profissional finaliza dizendo que os bons profissionais lançam mão de uma serie de

estratégias não planejadas, cheias de criatividade para resolver os problemas do dia-a-dia.

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Gráfico 6: Capacidade de lidar com a diversidade de alunos

O gráfico ilustra que 54% dos inqueridos sentem-se capazes de lidar com a diversidade

de alunos sem qualquer tipo de descriminação.

Importa salientar que preparar a escola para actuar na modalidade inclusiva é um grande

desafio para os gestores que reestruturar-se de acordo com novos paradigmas já que a

inclusão é um movimento mundial cada vez mais consolidado no meio escolar.

Um resultado importante de um projecto foi a indicação de que parece perfeitamente

possível que os professores de classe comuns leccionarem para classes inclusivas porém,

eles precisam de adquirir conhecimentos e habilidades suficientes por meio de um

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treinamento interno na escola e de instituições de aconselhamento e especialista

(Pacheco:2007).

Gráfico 7: Desafios da educação inclusiva para o professor

45% dos inqueridos consideram que trabalhar numa turma inclusiva constitui um desafio

para o professor.

Aranha (2004) afirma que trabalhar com a inclusão constitui um desafio pois os

professores precisam criar meios para aprender a trabalhar com a EI assim, o professor

cuja função é ensinar tem também a necessidade de aprender e aprender a incluir.

A construção de uma escola inclusiva implica transformações de ideias, de atitudes e da

prática das relações sociais no âmbito didáctico pedagógico.

Para construir uma escola inclusiva os professores necessitam progressivamente aprender

técnicas e estratégias especializadas (…) o desenvolvimento de competências dos

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professores precisa também baseado no estabelecimento de novos princípios e valores

bem como de atitudes positivas em relação as dificuldades (David, 2001).

São grandes os desafios enfrentados pelos professores mas manter-se actualizado e

desenvolver praticas pedagógicas eficientes são os principais ou seja, constitui um

desafio diário para o professor buscar estratégias para alcançar um aprendizado

significativo

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CAPITULO V

5.1. CONCLUSÃO

Todo cidadão tem direito à educação independente suas dificuldades e/ou deficiências

são neste âmbito que o governo vem adoptando a política de inclusão na educação como

forma de combater a exclusão e proporcionar a todo cidadão o acesso à educação.

Educação inclusiva é um conjunto de processos educacionais de execução decorrentes de

execução das políticas articuladas impeditivas de qualquer forma de segregação e de

isolamento.

“Educação inclusiva: um compromisso para encorajar muitas flores a florescer” a EI traz

vantagens a todos os envolvidos no processo: aos alunos com NEE retira-lhes o estigma;

aos sem NEE permite perceber que todos somos diferentes e que diferenças individuais

devem ser respeitadas, permite desenvolver atitudes positivas perante a diversidade.

Quando se fala de educação inclusiva os professores exercem acção fundamental como

gestores do processo educativo, a preparação adequada de todo pessoal educativo

constitui o factor-chave na promoção de escolas inclusivas pois é impossível falar de

qualidade de ensino sem falar da formação de professores.

Um processo inclusivo implica mudanças tanto do sistema da escola e principalmente

requer uma nova visão das pessoas, uma mudança de mentalidade, de forma que todos

sejam respeitados independentemente de suas diferenças.

As reflexões que as mudanças no novo paradigma de ensino implicam também

proporcionarem ao professor uma formação ou preparação que atenda as questões

teóricas, práticas e metodologias capazes de efectivar a inclusão escolar. Esse novo

paradigma de educação traz a valorização das diferenças.

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Para uma educação inclusiva efectiva é fundamental que invista verdadeiramente na

formação dos professores no sentido de ajuda-lo a desmitificar conceitos e preconceitos

tornando-os mais consciente, críticos, participativo e comprometido com a construção de

uma sociedade mais democrática.

Os professores que responderam os questionários consideram que a formação é um

requisito fundamental para uma educação inclusiva efectiva de qualidade. A formação

dos professores não deve esgotar na etapa inicial.

Defendemos uma formação contínua em exercício pois são grandes os desafios que o

professor enfrenta mas manter-se actualizado e desenvolver praticas pedagógicas

eficientes os principais pois a inclusão representa m desafio a ser superado pelo

professor.

5.2. Recomendações e sugestões

Um problema recorrente dos sistemas educativos mesmo dos que garantem serviços

excelentes para os alunos consiste na falta de modelos. Os alunos com NEE precisam

interagir com os adultos com deficiência que obtiveram sucesso, de modo que possam

modelar o seu próprio estilo de vida e as suas aspirações por expectativas realistas.

Devem ser dados aos alunos com deficiência exemplos de liderança e capacidade

de decisão de forma que venham a colaborar na orientação política que os vira a

afectar na sua vida futura;

Procurar recrutar professores qualificados que tenham alguma especialização em

NEE e outro pessoal com deficiência para servir de exemplo;

Realizar palestras semestrais sobre superação com pessoas deficientes e que

obtiveram sucesso na sua região e no mundo na sua educação;

Os pais de alunos precisam receber informações sobre os seus direitos e

obrigações, e devem se tornar membros integrantes e activos do grupo

colaborativo que toma decisões sobre a educação escolar de seus filhos;

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Deve existir possibilidade de partilhar experiencia tornando as escolas um lugar

para aprender sobre a inclusão e a incluir, sendo possível discutir e construir

saber na diversidade;

Colaboração para a melhoria e mudanças, o pessoal precisa realizar encontros

para reflexão e avaliação das experiencias passadas para formular novos

objectivos, compartilhar pontos de vista e enriquecer melhor seu conhecimento e

compreensão à respeito de NEE, criando uma comunidade de aprendizagem

dentro da escola.

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CAPITULO VI

6. Bibliografia

1. BAUTISTA, R. (1997). Necessidades educativas especiais.

2. Blogue de Cipriano Parafino

3. CARVALHO, J.E. (2000). Metodologia de trabalho Cientifico. Saber fazer da

investigação para dissertações e Tese. 2ªediçao. Editora Escolar.

4. CARNEIRO, M.A. (2008). O Acesso Com Deficiência as escolas Comuns:

Possibilidades e Limitações. 2ª Edição - Petrópolis, RJ: Vozes.

5. CORREIA, L. (1999). Alunos com Necessidades Educativas Especiais nas classes

regulares.

6. CHAMBAL, L.A & BUENO, J.G.S (2014). A Formação de Professores na

Perspectiva da Educação Inclusiva em Moçambique disponível em:

http://www.cedes.Unicamp.br Acessado em 12.09.17 as 15:20.

7. CMCI (S/D) Características Gerais da Cidade de Inhambane. Biblioteca Xiphefo.

8. DAVID, R. (Org) (2001). Educação e Diferença Valores e Práticas para Uma

Educação Inclusiva. Porto Editora.

9. ELZA, M. (2001). Competência dos Professores. 1ªediçao. Lisboa.

10. Estratégia da Pessoa Portadora de Deficiência na Função Publica (2009-2013).

11. FAVERO, E.A.G. (2009). Direitos das pessoas com deficiência: garantia de igualdade na diversidade.

Rio de Janeiro: WVA Editora. JIMENEZ.

12. FERREIRA, W.B & MANHIÇA, C. (1998). Projectos “Escolas Inclusivas Em

Moçambique” (Relatório de Consultoria) MINED/UNESCO- Maputo.

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64

13. GARCIA, C.M. (1995). Formação de Professores Para Uma Mudança Educativa.

Porto Editora

14. GIL, A. (1999). Métodos e técnicas de pesquisa social. 5ª Edição. São Paulo. Atlas.

15. INDE/MINED (2011) Plano Curricular para Curso de Formação de Professores

Para Ensino Primário. Maputo.

16. KETELELE, Jean-Marie (1998). Guia de Formador. Lisboa. Instituto Piaget.

17. Marconi, M.A. & Lakatos, E.M. (2003). Fundamentos de Metodologia Científica.

5Edição. São Paulo. Editora atlas S.A.

18. LAKATOS, M. (1992). Metodologia do Trabalho científico. 4ª edição. Revista

Ampliada. São Paulo. Editora Atlas. SA.

19. Lei 6/92 de 6 de Maio. Sistema Nacional de Educação. Maputo.

20. LIMA, P.A. (2006). Educação Inclusiva e igualdade social. São Paulo editora.

21. LIMBOBO, I. das D. F. (2009). Análise descritiva dos factores que influenciam o

rendimento pedagógico dos alunos portadores de deficiência auditiva numa escola

inclusiva da cidade de Maputo. Dissertação de mestrado não publicada. Universidade

Eduardo Mondlane, Faculdade de Educação. Maputo.

22. MACEDO, L. (2006) Ensaios Pedagógicos: Como construir Uma Escola Para

Todos? Porto Alegre. Artmed Editora,

23. MANHIÇA, A. C. (2005). As Políticas e as Competências para a Educação Inclusiva

(O Caso dos Institutos de Magistério Primário). Dissertação de mestrado: Universidade

Eduardo Mondlane. Faculdade de Educação. Maputo.

24. MARQUEZINE et al. (2008). Educação física, actividades lúdicas e acessibilidade

de pessoas com necessidades especiais. Londrina: Colecção Perspectivas

Multidisciplinares em Educação Especial.

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65

25. MINED/INDE (2008) Plano Curricular do Ensino Básico. Maputo

26. Plano Estratégico de Educação e Cultura (2006-2010/11). Fazer da escola um Pólo

de Desenvolvimento Consolidando a Moçambicanidade. Maputo-Moçambique.

27. MITTLER, P. (2003). Educação Inclusiva. Contextos Sociais. Porto alegre.

28. MONTEIRO, A.R. (1998). O Direito a Educação. Livros Horizontes Lda.

29. PACHECO, J.A & FLORES, M.A. (1999). Formação de Professores. Portugal. Porto

editor.

30. PERROUND, P. (2000). Dez Novas Competências para Ensinar.

31. Plano Estratégico de Educação e Cultura (2012-2016).

32. UNESCO (1994). Declaração de Salamanca e Enquadramento da Acção na Área das

Necessidades Educativas Especiais, Conferencia Mundial sobre Necessidades

Educativas Especiais: Acesso e Qualidade. Salamanca, Espanha.

33. VICENTE, A.V (2012). Percepção docente dos Professores das Escolas Secundária

Francisco Manyanga e Estrela Vermelha. Universidade Pedagógica.

34. LEOPOLD, P. et al. (org) (2001). Formando Professores Profissionais. Quais

Estratégias. Quais Competências. 2ª edição. Porto Alegre. Artmed.

35. LIBANEO, J. C. (2004). Organização e gestão da Escola: teoria e Pratica. 5 edição

36. Liga Moçambicana dos Direitos Humanos (2005). Relatório sobre Ratificação e

Implementação dos Instrumentos Internacionais dos Direitos Humanos em Moçambique.

Maputo Moçambique.

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Anexo 1: localização de Munincipio da cidade de Inhambane

Mapa 1: localização de Munincipio da cidade de Inhambane

Fonte: Conselho Munincipal da Cidade de Inhambane, 2009

Mapa 2: Divisão Administrativa do Município de Inhambane

Fonte: Conselho Municipal da Cidade de Inhambane

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CMCI. Plano Municipal de Gestão Ambiental do Município de Inhambane. Inhambane,

2009.

O município de da cidade de Inhambane é a capital administrativa da Província de

Inhambane, situado a cerca de 460Km a Norte da província de Maputo e é banhado pelo

Oceano indico e pelas margens da baia de Inhambane com uma área de cerca de 192KM2

quadrado.

O município de Inhambane esta localizado na zona central da província de Inhambane e é

a capital provincial. Esta limitada ao norte e a Oeste pela Baia de Inhambane, ao sul pelo

distrito de Jangamo através do rio guiúa e a este pelo oceano indico na latitude 23º50 sul

e longitude 35º30.

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Anexo 2: Fotografias da Escola SOS de Inhambane

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Anexo 3: Questionário dirigido aos professores da escola

SOS

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Caro Professor (a)

O presente questionário constitui condição para conclusão do trabalho que estou a realizar no âmbito do trabalho do fim do curso para

a obtenção do grau de Licenciatura em Organização e Gestão da Educação na Universidade Eduardo Mondlane, destina-se a recolher

informações, que serão úteis para fazer uma reflexão sobre a Educação Inclusiva & Formação dos professores

As vossas respostas serão tratadas de forma confidencial e usadas exclusivamente para fins académicos. Deste trabalho de final de

cursos. Agradecemos antecipadamente a vossa participação neste importante projecto.

PARTE I: DADOS PESSOAIS

Idade: 1.18-27 anos 2.28–36 anos 3.37–46 anos 4.Mais de 46 anos.

B2. Sexo:1.Masculino 2.Feminino

B3. Habilitações Literárias 1 Nivel medio 2 .Bacharel 3.Licenciado 4 . Mestrado

5 . Outro

A1. Tem formação psicopedagogica? Sim 1 Não 2

A2. Anos de expêriencia como professor?

1 1 ano 2. 2anos 3. 5anos4. 5 a 10 anos 5.Mais de 10 anos

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A educação é reconhecida como um instrumento fundamental para o crescimento económico e

desevolvimento social, visa promover o bem estar dos cidadãos .

Por um determinado período o sistema de educação segregava os alunos, havia um tratamento diferenciado

entre os alunos que aprendizavam alguma deficiência e/ ou dificuldade de aprendizagem ( sistema de ensino

regular e especial). A conferência sobre Necessidades Educativas Especia, a declaração de Salamanca

enfatiza a necessidades de todos os individuos independente de suas necessidades, dificuldades e ou

deficiências aprenderem juntos.

Com vista a garantir o acesso á uma educação de qualidade sem nenhum, tipo de descriminação

Moçambique têm vindo a adoptar estratégias de educação inclusiva, com vista a tornar as escolas mais

inclusivas e assegurar que todos possam frequentar escolas regulares, ao invés de serem segregadas em

escolas especiais.

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Parte II

Em sua opinião, constituem requisitos para educação inclusiva:

Dis

cord

o

Fo

rtem

ente

Dis

cord

o

Neu

tro

Co

nco

rdo

fort

emen

te

Co

nco

rdo

2.1 Investir na formação dos professores. 1 2 3 4 5

2.2 Capacitar os professores logo na

formação inicial.

1 2 3 4 5

2.3 Ter uma capacitação que abarca

todas as NEE e posterior especialização.

1 2 3 4 5

2.4 Assegurar a formação em exercício,

capacitando-os permanentemente.

1 2 3 4 5

2.5 Ter uma estrutura organizacional

que satisfaça a todos.

1

2

3

4

5

2.6 Material didáctico adequado o

necessidades dos alunos.

1

2

3

4

5

2.7 curriculum flexível que respondam

as caracteristicas e necessidades de

todos os alunos

2.8 Que tipo de formação/ treinamento recebeu para lidar com a educação inclusiva?

1. Programa que confira grau academico

2. Programa que confira certificado

3. Cursos de capacitação (formação em exercício)

4. Workshop ou seminário

5. Outros (especifique)

2.9 Das afirmações que se seguem qual, delas considera ser requisito fundamental para

uma efectiva educação inclusiva.

1. Ter um curriculum flexível que abarca todas as caracteristicas e necessidades dos

alunos.

2. Ter professores formados e capacitados para ensinar a todos, respeitando os seus

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ritmos de aprendizagem e suas necessidades educativas.

3. Estrutura organizacional que satisfaça a todos.

4. Material didáctico adequado a todas as necessidades dos alunos.

5. Todas as afirmações são válidas.

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Anexo 4: Entrevista dirigido ao Director da

Escola

Guião de entrevista dirigido ao Director da escola

O presente guião de entrevista Enquadra-se no âmbito da pesquisa que estou a

desenvolver, para a obtenção do grau de Licenciatura Em Organização de Educação

Têm como objectivo fazer uma reflexão sobre a educação Inclusiva & formação dos

professores.

Na certeza de contar com sua colaboração, agradecemos antecipadamente a sua

disponibilidade que certamente ira enriquecer e valorizar a pesquisa.

Os dados recolhidos serão mantidos em sigilo e usados exclusivamente para fins

académicos.

PARTE 1: Informação básica do entrevistado

1.1 Sexo:

Masculino:

Feminino:

1.2 Formação

académica

Básico:

Médio:

Superior:

Outro:

1.3Há quanto tempo trabalha nesta escola?

Menos de 2

Anos

3-5anos 5 – 10 anos Mais de 10 anos

1.4 Idade Aproximada:

Menos de 25 25-35 36-45 46-55 Mais de 55

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PARTE 2

2.1 A escola tem recebido alunos com necessidades educativas especiais?

2.2 Que formação tem os professores desta escola?

2.3 A implementação de modelos inclusivos nas escolas exige que muitos profissionais

adquiram ou aperfeiçoem as suas competências sendo por isso importante valorizar a

formação dos professores. Comente a afirmação.

2.4 Os professores têm sabido lidar com a educação inclusiva? Como?

2.5 Os professores têm-se beneficiado de formação em exercício com vista a melhorar as

suas práticas e estratégias de ensino para actuar na modalidade inclusiva? Quantas vezes

ao ano e qual é a carga horária?

2.6 Quais são as dificuldades apresentadas pelos professores?

2.7 A direcção tem apoiado os professores?

2.8 Quais são desafios que a escola tem enfrentado para efectivar a educação inclusiva?