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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INTERDISCIPLINARES EDNEIDE PEDRO CARVALHO DA SILVA Educação do campo no município de São Francisco - PB: Inclusão ou exclusão? Sousa - PB 2014

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CURSO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/5747/1/PDF - Edn… · Monografia apresentada ao Curso de ... Lucas, Luíza e Maria Júlia

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO:

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INTERDISCIPLINARES

EDNEIDE PEDRO CARVALHO DA SILVA

Educação do campo no município de São Francisco - PB:

Inclusão ou exclusão?

Sousa - PB

2014

EDNEIDE PEDRO CARVALHO DA SILVA

Educação do campo no município de São Francisco - PB:

Inclusão ou exclusão?

Monografia apresentada ao Curso de

Especialização em Fundamentos da Educação:

Práticas Pedagógicas Interdisciplinares da

Universidade Estadual da Paraíba em convenio

com a Escola de Serviço Público do Estado da

Paraíba, em cumprimento à exigência para

obtenção do grau de especialista

Orientador: Prof. Dr. Valmir Pereira

Sousa-PB

2014

DEDICATÓRIA

Deus

Ser supremo e onipotente que me dá discernimento na minha caminhada docente

João Pedro (in memória) e Hilda Filomena

Ícones do campo que me ensinaram a semear e cultivar a honestidade e a ética.

José Anchieta da Silva

Companheiro fiel de todas as horas

Flávia Anchielle e José Rafael

Sementes fecundas de eterno amor

Ana Paula, Anchieta Júnior e Ricardo Augusto

Protagonistas firmes de cidadania

Laura, Lucas, Luíza e Maria Júlia

A certeza de que o futuro sustentável é possível

Meus familiares

(Irmãs, irmãos, sobrinhas, sobrinhos, cunhadas, cunhados)

Pelo carinho permanente

A todos os educandos remanescentes do campo

Por resistirem com dignidade às pressões de perdas parciais de sua identidade campesina

AGRADECIMENTOS

SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO

Pela oportunidade concedida dessa Pós Graduação

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

Pela eficiência, nobreza da equipe administrativa e conteudista

Dr. Valmir Pereira

Que com tanto zelo, responsabilidade e competência orientou esta Monografia

Drª Ana Alice

Que com ética e esmero coordenou o pólo de Sousa

Aos Mestres

Danuza Campos, Janine Dias, Rosimar Miranda e Valmir Pereira

Por todas as contribuições valiosas de verticalização de saberes científicos.

As colegas de Pós Graduação:

Elza, Francisca Mareci, Maria Celi, Maria Eliete, Maria das Graças Sarmento, Maria de

Fátima, Maria José, Lúcia Carvalho

Pela cumplicidade das trocas cognitivas e cristalização de amizade

As nobres ex- professoras rurícolas

Eva Sandra, Francisca Furtado (Dita), Isabel Figueiredo, Josefa Lunguinho ( Levãnia) ,

Margarida Queiroga, Maria Dantas, Maria dos Remédios Ramos, Maria do Socorro Silveira,

Maria Edilene, Maria Lucia Casimiro e Maria Rejane.

Colaboraradoras informativas dessa pesquisa investigativa.

O fato de me perceber no mundo, com o mundo e com os outros me

põe numa posição em face do mundo que não é de quem nada tem a

ver com ele. Afinal, minha presença no mundo não é a de quem a ele

se adapta, mas a de quem nele se insere. É a posição de quem luta para

não ser objeto, mas sujeito também da história.

Paulo Freire

RESUMO

A Educação do Campo /Rural nas últimas décadas tem sido alvo de Políticas Públicas que

tem promovido significativas mudanças, as quais refletem não só nos atores educacionais

campesinatos, mas também na sociedade como um todo. O município de São Francisco – PB

não foge ás regras e tem acompanhado esse dinamismo contemporâneo. Enquanto

pesquisadora esse fenômeno me deixa irrequieta a ponto de querer aprofundar os

conhecimentos científicos acerca do tema a fim de tentar entender o porquê de tantas escolas

do campo /rural fechadas. Nesse contexto me deparo com múltiplos questionamentos: Como

está ocorrendo o diálogo entre a Educação do Campo e Educação Urbana? Até onde se pode

garantir a não violabilidade dos direitos de crianças e jovens ruralistas? Quais os reflexos

desse fato na identidade cultural dos atores educacionais dessa comunidade afetada por essas

medidas governamentais nos últimos anos? Até onde se pode falar em inclusão nessas

medidas escolarizadas? Não será necessário mensurar a exclusão? As escolas fechadas no

município de São Francisco são do campo ou rural? Diante do exposto me proponho a lançar

meu olhar de educadora e geógrafa no viés da pesquisa investigativa buscando observar as

tessituras dos atores educacionais do campo/rural neste município, assim como analisar a

conduta governamental local e seus reflexos com o intuito de responder a questão: Educação

do Campo no município de São Francisco - PB: inclusão ou exclusão?

PALAVRAS CHAVES: Educação do Campo, Fechamento de Escolas, Inclusão, Exclusão,

Políticas Públicas.

ABSTRACT

Rural field education in recent decades has been the target of public policies that have

promoted significant changes, which reflect not only on educational actors as there were

fiefdoms, but also in society as a whole. The municipality of San Francisco – PB doesn't

escape the rule and has accompanied this contemporary dynamism. While a researcher this

phenomenon makes me restless to deepen scientific knowledge on the subject in order to try

to understand why so many schools closed/rural field. In this context I am faced with many

questions: how is occurring the dialogue between education and Urban Education field? How

far can guarantee no violabilidade of the rights of children and young people "ruralists"?

What are the reflections of this fact in the cultural identity of the educational actors of the

community affected by these government measures in recent years? How far can you speak

about inclusion in these measures educated? It will not be necessary to measure the deletion?

Schools closed in the city of San Francisco are the field or rural? In front of the above I

propose to launch my gaze of educator and geographer in the bias of investigative research

seeking to observe the tessitura of the educational field/rural actors in this municipality, as

well as analyze local Government conduct and your reflexes in order to answer the question:

the Education field in the municipality of San Francisco-PB: inclusion or exclusion?

KEY WORDS: Education field; closing schools, inclusion, exclusion, public policy.

LISTA DE ANEXOS E/OU APÊNDICES

TABELA 1 – Demografia brasileira no período compreendido entre 1940 e 2010.................51

TABELA 2 – Anos de estudos para pessoas com 15 anos de idade ou mais por situação de

domicílio – Brasil 2008.............................................................................................................51

TABELA 3 – Cronologia da trajetória educacional escolarizada e as ações governamentais

direcionadas a Educação do Campo/Rural no Brasil................................................................51

TABELA 4 – Universidades participantes do Procampo - Programa de Apoio à Formação

Superior em Licenciatura em Educação do Campo 2010.........................................................58

MAPA 1 – São Francisco e os novos municípios paraibanos...................................................59

MAPA 2 – Limites do Município de São Francisco/PB ..........................................................60

FOTO 1 – Igreja do Sagrado Coração de Jesus – núcleo urbano do Município de São

Francisco/PB.............................................................................................................................60

FOTO 2 – Traçado urbano de São Francisco-PB.....................................................................61

TABELA 5 – Instituições Educacionais do município de São Francisco/PB – 2004...............61

TABELA 6 – Estabelecimentos, salas de aulas e alunos da educação básica de São

Francisco/PB – 2004.................................................................................................................62

TABELA 7 – Demografia estudantil das instituições escolares da Secretaria de Educação,

Cultura e Desporto de São Francisco – 2004............................................................................62

TABELA 8 – Estados com a maior porcentagem de escolas rurais fechadas (2000-2011).....63

Modelos de carta e questionários aos atores educacionais do município de São

Francisco/PB.............................................................................................................................63

TABELA 9 – Escolas do campo/rural do município de São Francisco/PB fechadas e/ou

convidadas á nucleação.............................................................................................................65

Carta e/ou questionários respostas das atoras educacionais do município de São

Francisco/PB.............................................................................................................................66

Questionários enquetes destinados ás educadoras remanescentes das escolas do campo /rural

Do município de São Francisco/PB..........................................................................................68

GRÁFICO 1 – População discente das escolas do campo/rural fechadas no município de São

Francisco nos últimos 16 anos do município de São Francisco –PB.......................................79

GRÁFICO 2 – Cronologia das Escolas do campo/rural fechadas no município de São

Francisco nos últimos 16 anos.................................................................................................79

TABELA10 – Número médio de anos de estudos da população de 15 anos ou mais – Brasil e

Grandes Regiões – 2001/2004..................................................................................................80

Fotografias de Escolas do campo/rural fechadas e/ou convidadas à nucleação do município de

São Francisco/PB......................................................................................................................80

Abaixo assinado da comunidade do Sítio Dois Riachos - São Francisco/PB reivindicando o

não fechamento da E. M. E. F. Quitéria Lunguinho em 06 de fevereiro de 2013....................82

Música A caneta e a enxada..................................................................................................... 88

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 09 2. EDUCAÇÃO DO CAMPO E EDUCAÇÃO RURAL ..................................................... 11

2.1 Concepções de Educação do Campo e Concepções de Educação Rural ............................ 11

2.2. Breve histórico da Educação do Campo sob a luz das leis e programas ........................... 15

3. CONJUTURA DA EDUCAÇÃO DO CAMPO A NÍVEL LOCAL .............................. 22

4. FECHAMENTOS DAS ESCOLAS DO CAMPO /RURAIS E SUAS

REPERCUSSÕES EM SÃO FRANCISCO - PB ................................................................ 24 4.1 O trilhar dos caminhos e os ritmos dos passos do caminhar Investigativo. ...................... 24

4.2 Escolas francisquenses fechadas e/ou “convidadas” à nucleação ..................................... 25

4.3 Discursos de inclusão ou de exclusão? ............................................................................... 28

4.3.1Discursos dos governantes ------------------------------------------------------------------------ 28

4.4 Discursos dos atores educacionais ...................................................................................... 33

5. QUAL A CONTEXTUALIZAÇÃO DE EDUCAÇÃO DO CAMPO NO MUNICÍPIO

DE SÃO FRANCISCO: ESCOLAS DO CAMPO OU ESCOLAS RURAIS? ................. 40

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 44

ANEXOS E/OU APÊNDICES ............................................................................................... 51

1. INTRODUÇÃO

O processo educativo escolarizado, inerente a espécie humana, é fenômeno

relativamente recente. Apresenta-se na contemporaneidade com vários níveis, modalidades e

facetas, entre essas a Educação do Campo/Rural.

Inicialmente a Educação Escolarizada brasileira desponta na época colonial com

os Jesuítas como forma de inserir a população nativa na “sociedade dos esclarecidos e dotados

de cultura elevada”. Posteriormente, surge como privilégios de classes abonadas, onde o

sentido maior é entretenimento dos filhos de burgueses, época em que a urbanização ainda

estava timidamente em ascensão com predominância da população rural. Nessa época era

comum escola na zona rural em domicílios dos senhores de terras; e assim funcionavam de

maneira isolada, progredindo depois para escolas públicas.

Os estabelecimentos educacionais rurais eram criados para atender a população

campesina, que era maioria até a década de setenta, do século vinte. Contudo esses

educandários vêm sendo radicalmente fechados em todo país. Esse fenômeno me despertou a

curiosidade em aprofundar os conhecimentos acerca das causas e das conseqüências desse

fato não só para os atores educacionais (estudantes e profissionais da educação) como também

para a comunidade onde essas escolas estão inseridas.

O foco desse trabalho de pesquisa in loco é a realidade das Escolas do Campo

/Rural no município de São Francisco-PB cuja população ruralista ainda supera a urbana, pois

a maioria de sua população vive no campo e do campo.

Diante do exposto buscou-se o olhar de educadora e geógrafa no viés da pesquisa

investigativa buscando observar as tessituras dos atores educacionais do campo neste

município, assim como analisar a conduta governamental local e seus reflexos com o intuito

de responder a questão: Educação do Campo no município de São Francisco - PB: inclusão ou

exclusão?

Para tanto o presente trabalho de pesquisa consta com quatro capítulos onde o

primeiro abordará as concepções de Educação do Campo e Educação Rural com breve

histórico da Educação do Campo sob a luz das leis e programas .

O segundo versará sobre a Conjuntura da Educação do Campo a nível local, onde

foi questionada qual a contextualização de educação do campo no município de São

Francisco: Escolas do Campo ou Escolas rurais? O terceiro capítulo acometeu o fechamento

das escolas rurais/campo e suas repercussões em São Francisco - PB. Nesse espaço foram

09

relatadas as questões das Escolas “convidadas” à nucleação; os discursos dos governates,os

discursos dos atores educacionais e familiares; o Trilhar dos caminhos e os ritmos dos passos

do caminhar investigativo, e foram também analisados se os Discursos são de caráter

inclusivo ou de exclusão Finalmente, o quarto capítulo versou sobre as considerações finais

onde foi respondida a seguinte questão: o fechamento dessas escolas do Campo/Rural inclui

ou exclui os alunos do campo?

10

11

2. EDUCAÇÃO DO CAMPO E EDUCAÇÃO RURAL

2.1 Concepções de Educação do Campo e Concepções de Educação Rural

Há tempos que as sociedades conclamam

Educação como direito universal

Isso impõe certo respeito à igualdade

Para o estudante em qualquer território espacial

Mas por que será que a polifonia

Confunde tanto a educação do campo com a rural?

A epígrafe deste capítulo põe em xeque a questão da educação campesina ao

mesmo tempo em que inspira a reflexão acerca da educação como processo universal no

contexto escolarizado brasileiro que vem ao longo dos tempos e espaços se esforçando para

emergir numa perspectiva de atender a todos independente de etnia, faixa etária, condições

geográficas, socioeconômicas e culturais. Neste capítulo serão abordadas as Concepções de

Educação do Campo e Concepções de Educação Rural no contexto escolarizado brasileiro.

A escola do campo é aquela situada em área rural, conforme definida pela

Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, ou aquela situada em área

urbana, desde que atenda predominantemente a populações do campo como afirma

(MUNARIM, 2011).

Em nível similar estar a Educação Rural segundo Petty, Tombim e Vera, (apud

CALDART, et al. 2012, p.295) é àquela destinada “a população agrícola constituída por

todas aquelas pessoas para as quais a agricultura representa o principal meio de sustento”

.Essa afirmação nos remete a hipótese de que a educação rural está ligada intimamente a

educação do campo sem que haja distinção nítida nessas denominações

Diante do exposto pode-se afirmar que as concepções de Educação do Campo têm

caráter polissêmico e por vezes tem sentido dualista, pois a mesma é confundida por muitos

como Educação Rural. A respeito disso, Martins (2008, p.1) ao reforçar como recente a

Educação do Campo, propõe delimitar as diferenças entre esta e a Educação Rural; e sob essa

visão caracteriza a “educação do campo como um movimento, constituído pelos sujeitos

sociais que integram as realidades camponesas, e que, almeja vincular o processo de vida no

campo com os pressupostos educacionais, aliando assim escola e vida”. A partir daí deduzi-se

que o objeto desse ramo escolarizado é o sujeito ativo das atividades campesinas, o

trabalhador rural que se dedica a vida e ao trabalho rural, não implicando que resida ou não no

próprio campo.

12

No Brasil, país em que muita gente ainda vive no campo e do campo o termo

educação do campo é relativamente recente, e em construção como asseveram Martins,

(2004) e Caldart (2012) já que o mesmo vem se edificando e se concretizando, principalmente

nas últimas duas décadas em muitos estudos realizados, os quais evidenciam a Educação

Rural no Brasil - até a década de 1990, quando a categoria Educação do Campo inicia sua

construção - está atrelada a um modelo de política econômica comprometido com as elites e

ligada às oligarquias rurais. Por isso se afirma que a sua gênese ocorreu de forma tímida com

citações dúbias.

Acerca disso é que Caldart (2012) assevera [..] “que a mesma já pode configurar-

se como uma categoria de análise da situação ou de práticas e políticas de educação dos

trabalhadores do campo, mesmo as que se desenvolve com outras denominações em outros

lugares.”

Como se percebe nessa conjuntura, a Educação do Campo não se refere às escolas

fixadas na zona rural para aprendizagem de quem reside naquela área; nem se restringe a

escolarização abrangente aos limites físicos territoriais do campo, pois se pode encontrá-la

com mais freqüência nos espaços urbanos. Ainda nas concepções de Martins (2004) a

proposta para se assumir a educação do campo implica num novo olhar referente aos

currículos, as metodologias, calendários escolares a adesão para a pedagogia da alternância,

onde o estudante concilia sua vida estudantil com o seu cotidiano de homem da roça.

Assim sendo para melhor entendimento sobre a Educação do Campo se faz

necessário caracterizá-la nos aportes de CALDART (2012)

• luta social pelo acesso dos trabalhadores do campo à educação. A Educação do

Campo não é para nem apenas com, mas sim, dos camponeses

• Assume a dimensão de pressão coletiva por políticas públicas mais abrangentes ou

mesmo de embate entre diferentes lógicas de formulação e de implementação da

política educacional brasileira.

• Combina luta pela educação com luta pela terra, pela Reforma Agrária, pelo direito

ao trabalho, à cultura, à soberania alimentar, ao território.

• Suas práticas reconhecem e buscam trabalhar com a riqueza social e humana da

diversidade de seus sujeitos: formas de trabalho, raízes e produções culturais, formas

de luta, de resistência, de organização,de compreensão política,de modo de vida.

• A Educação do Campo não nasceu como teoria educacional. de educação de

perspectiva emancipatória, vinculada a um projeto histórico, às lutas e à construção

social e humana de longo prazo.

• Seus sujeitos têm exercitado o direito de pensar a pedagogia desde a sua realidade

específica, mas não visando somente a si mesmos: a totalidade lhes importa, e é

mais ampla do que a pedagogia.

• A escola tem sido objeto central das lutas e reflexões pedagógicas da Educação do

Campo pelo que representa no desafio de formação dos trabalhadores, como

mediação fundamental, hoje, na apropriação e produção do conhecimento que lhes é

necessário, mas também pelas relações sociais perversas que sua ausência no campo

reflete e sua conquista confronta.

13

• A Educação do Campo, principalmente como prática dos movimentos sociais

camponeses, busca conjugar a luta pelo acesso à educação pública com a luta contra

a tutela política e pedagógica do Estado

• Os educadores são considerados sujeitos fundamentais da formulação pedagógica e

das transformações da escola. Lutas e práticas da Educação do Campo têm

defendido a valorização do seu trabalho e uma formação específica nessa

perspectiva.

Nesse contexto a Educação do Campo não se refere apenas às escolas fixadas na

zona rural para aprendizagem de quem reside naquela área; nem se restringe a escolarização

abrangente aos limites físicos territoriais do campo, mas sim a uma busca ampla de

realizações sócio econômico cultural numa perspectiva de educação específica dos

camponeses a qual atrelada aos movimentos sociais se irmana na busca de rompimentos das

raízes históricas de subordinação colonialistas para adquirir e/ou construir identidade própria.

Assim, identidade da educação do campo, recentemente construída, reflete

momentos de confluência, debates e conflitos de idéias entre os movimentos sociais, as

políticas públicas e demais atores (SANTOS 2011 p.1). Como apêndice desse pensamento

surge na perspectiva da Educação do Campo a urgente necessidade de educar as pessoas que

trabalham no campo, para que se encontrem, se organizem e assumam a condição de sujeitos

da direção de seu destino. (MOLINA; JESUS, 2004 P.18).

Igualmente nas concepções de Martins (2008, p.) a proposta para se assumir a

educação do campo implica num novo olhar referente aos currículos, as metodologias,

calendários escolares a adesão para a pedagogia da alternância, onde o estudante concilia sua

vida estudantil com o seu cotidiano de homem da roça. Acerca desse impasse Molina ; Jesus

(2004 p.11) elucidam que “desafio teórico atual é o de construir o paradigma (contra-

hegemônico) da Educação do Campo: produzir teorias, construir, consolidar e disseminar

nossas concepções, ou seja, os conceitos, o modo de ver, as idéias que conformam uma

interpretação e uma tomada de posição diante da realidade que se constitui pela relação entre

campo e educação.”

Nessa mesma linha, de pensamento Molina & Jesus (2004 p.7) asseguram que

“pensar uma Educação do Campo significa pensar o campo em toda a sua complexidade. [..]

Entre eles, está à necessidade de uma Política Pública de Educação do Campo que contribua

para reafirmar o campo como território legítimo de produção da existência humana e não só

da produção agrícola.” Desse modo, a população campesina não pode cruzar os braços nem

baixar a cabeça diante dos obstáculos, mas deve superar todo sentimento de inferioridade e

complexos, mesmo sendo vítima das ações do sistema político econômico hegemônico na

14

atualidade, o capitalismo, que lhe é indiferente e promove sentidos contrários com ás

conexões com a educação do homem do campo.

Ribeiro (2010) divide a educação rural em dois momentos distintos. O primeiro,

décadas de 1930/1940, período de crise econômica no entre Guerras e Segunda Guerra

Mundial, vários países buscam políticas públicas em resposta ao inchaço das cidades e

impossibilidade de absorver toda esta mão de obra pelo mercado de trabalho urbano, portanto,

para conter os conflitos sociais o objetivo era a permanência dos agricultores no campo.

Nesse sentido urge relacionar os verdadeiros atores da Educação do Campo:

“agricultores, indígenas, pescadores, camponeses, assentados, quilombolas, ribeirinhos, sem-

terra, agregados, reassentados, povos da floresta, caipiras, meeiros, bóia- fria, lavradores,

entre outros”. (CALDART, 2002).

Ainda parafraseando Caldart (2008), o conceito de Educação de Campo deve ser

analisado a partir de sua tríade estruturante: as categorias Campo – Política Pública –

Educação, sendo requisito para compreensão do conceito, o trabalho articulado entre estes

termos.

Para maiores e melhores esclarecimentos, Molina& Jesus (2004 p.10) relatam que

o batismo de denominação de Educação Rural para Educação do Campo só ocorreu no final

de década de noventa após a 1ª Conferência Nacional Por Uma Educação Básica do Campo

quando “foi inaugurada uma nova referência para o debate e a mobilização popular: Educação

do Campo e não mais educação rural ou educação para o meio rural”

Nesse mesmo viés de que o berço denominativo da Educação do Campo surgiu

sob a égide dos movimentos sociais está Vendramini (2012, p 122) quando afirma

categoricamente que “A Educação do Campo não emerge no vazio, e nem é iniciativa de

políticas públicas, mas emerge de um movimento social, a mobilização dos trabalhadores do

campo, da luta social”. No contexto brasileiro, a delineação e a delimitação conceituais de

Educação do Campo e Educação Rural tornam-se mais evidente com a gênese dos

movimentos sociais campesinos, em especial o MST, na década de oitenta, ao eleger a

educação como fator necessário e evidente na dinamicidade construtiva e reconstrutiva desse

movimento social, no qual os seus atores fazem a (re) nominação da Educação Rural para a

Educação do Campo pela reflexão acerca do sentido contemporâneo da identidade campestre

com reivindicações sociais que possam atender e suprir a sua sobrevivência como bem

evidencia (ANTONIO ; LUCINI ,2012, p.42)

Destarte, a educação rural muda de nomenclatura para a educação do campo, e

essa por sua vez, emerge; nos eventos dos movimentos sociais exatamente na I Conferência

15

Nacional por uma Educação do Campo em 1998 em Goiás. Com a gênese da Educação do

Campo surge novas práxis ancorando-se em pareceres, resoluções, documentos denominados

de diretrizes. Contudo ainda há muito que se efetivar, pois de acordo com dados recentes do

IBGE, os piores índices de analfabetismo assim como as maiores disparidades escolarizados

encontram-se no meio rural.

Para concluir esse dualismo da educação do campo /rural, Ferreira; Medeiros;

Lacerda (2011 p.2) fazem o seguinte advertimento: [..] as dificuldades da educação no campo

estão vinculadas a questões contextuais e históricas, a fatores de dominação e exclusão que

contribuem para a perpetuação ou promoção de condições de subsistência sem dignidade e

igualdade”.

O dinamismo do processo escolarizado brasileiro tem enfrentado grandes desafios

a exemplo de concepções unilaterais das relações campo/cidade onde muitos detentores do

comando educacional consideram que a educação do campo/rural deve ser apenas um ajuste

e/ou um apêndice daquela ministrada no urbano. A superação dessas barreiras pelos atores

campesinos tem sido motivos de imensas batalhas.

A educação do campo

É um conceito em construção

O direito a escolaridade

Tem sido para muitos uma negação

Torna-se um fato emblemático

Para parte considerável da população

É justamente sobre esse tema que o próximo capítulo versará

2.2. Breve histórico da Educação do Campo sob a luz das leis e programas

Da Escola Rural para Escola do Campo

Houve na nomenclatura alteração

Na longa trajetória histórica

Foi além dos conceitos, a superação

Marcados por lutas sociais

Requisitam uma neo compreensão.

Nessa sextilha de cordel que trata da mudança dos termos Educação Rural para

Educação do Campo, os quais são considerados por muitas pessoas como sinonímias, e por

outras, como evolução; requisitam uma melhor abordagem histórica do legado da Educação

do Campo/Rural ao longo de sua existência, permeando as leis, os decretos, as normas e os

programas que a norteia.

16

Os primeiros censos demográficos brasileiros mostram uma predominância de

população rural sobre a população urbana embora sempre acompanhada de certo decréscimo.

Veja a Tabela I (Desempenho demográfico brasileiro no período compreendido entre 1940 e

2010) em anexos e/ou apêndices.

Esses dados confirmam o Brasil como um país recentemente urbano, e esse fato

está conectado ao surgimento de indústrias na década de 70 do século passado, que

funcionavam como foco economicamente atrativo, incrementando migrações de pessoas da

zona rural para urbana (êxodo rural) o qual verticalizou sobremodo a urbanização atrelada a

múltiplos problemas políticos sócio econômicos culturais - fenômeno que impôs um neo

repensar governante sobre a manutenção de pessoas nas sua localidades.natalícias. Como

consequência disso surge uma luz na educação para a população campesina em resposta ao

“ruralismo pedagógico, que consistia em uma ação voltada para “prender” o homem/mulher

ao campo, evitando-se ainda o inchamento populacional das grandes cidades que iniciavam

seu processo de urbanização e industrialização.” (OLIVEIRA s/d p.4).

Ainda acerca da Tabela I que trata do desempenho demográfico brasileiro há uma

ressalva a fazer “Nos dados do censo populacional 2010 (IBGE, 2010), a população no Brasil

é predominantemente urbana”. Embora esses dados aparentemente sejam reais, podem ser

questionados, pois milhares de municípios brasileiros são de características

predominantemente rurais e a educação oferecida nas escolas públicas desses municípios –

independente de onde estejam os prédios – é, na sua maioria, uma educação elitista que não

atende as necessidades dos homens, mulheres e jovens que vivem e trabalham no campo.

Ferreira e Brandão (2011 p.2)

Dentro desse contexto convém sublinhar Leite (Apud OLIVEIRA s/d P.4) que

afirma:

O ruralismo no ensino permaneceu até a década de 1930, uma vez que a

escolaridade mantinha-se vinculada à tradição colonial e distanciada das exigências

econômicas do momento. Somente após os primeiros sintomas de uma

transformação mais profunda no modelo econômico agroexportador é que a

escolaridade tomaria posições mais arrojadas. (LEITE, 1999, p. 29).

Sabe-se que a educação como processo universal no contexto escolarizado

brasileiro vem ao longo dos tempos e espaços se esforçando para emergir numa perspectiva

de atender a todos independente de etnia, faixa etária, condições geográficas,

socioeconômicas e culturais, entretanto ainda é grande o hiato entre a teoria e a prática,

parecendo em muitos casos que as leis se tornam letra morta diante dos marcantes e

resistentes índices de analfabetismo, em especial, no campo, como mostra a Tabela II (Anos

17

de estudos para pessoas com 15 anos de idade ou mais por situação de domicílio - Brasil

2008) em anexos e/ou apêndices.

Dados de pesquisas recentes mostram que. “o Brasil tem 14,1 milhões de

analfabetos, o que corresponde a 9,7% do total da população com 15 anos ou mais de idade,

de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2009),

divulgada no mês de setembro de 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE). Para além dos dados de analfabetismo absoluto, o IBGE informou também que um

em cada cinco brasileiros é analfabeto funcional. Os índices mais graves estão no meio rural

das regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste.” (JESUS; MOLINA; SANTOS, 2011p. 21)

Destarte, necessário se faz verificar a trajetória da educação do campo /rural, no

víeis das leis, decretos, pareceres, documentos oficiais, produções científicas atualizadas

eventos governamentais e de ONGs para entender a visão e o posicionamento estatal em

relação às práticas educativas dos que moram e vivem no/ do meio rural brasileiro. Para

elucidar melhor o rumo da educação brasileira, após recorrer a aportes bibliográficos, foi

elaborada a TABELA III. (Cronologia da trajetória educacional escolarizada e as ações

governamentais direcionadas a Educação do Campo/Rural no Brasil) em anexos e/ou

apêndices.

No início dessa tabela nos dados do século XIX no período imperial ao se reportar

sobre a educação escolarizada, percebe-se que a mesma surge de forma generalizada

inexistindo privilégios ou especificidades à educação do campo/rural. A primeira lei deixa os

ensinamentos escolarizados informal sem que exista equipes qualificadas para sistematizar e

/ou elaborar currículos nem tão pouco capacitar e/ou habilitar educadores e/ou professores

para exercer a docência. Naquele período a escola ainda não era acessível a todos os cidadãos

brasileiros. Esse fato é comprovado pelo percentual de analfabetos no ano de 1900, que de

acordo com o Anuário Estatístico do Brasil, do Instituto Nacional de Estatística, era de 75% e,

majoritariamente, a população estava no campo, mas a escola e a educação não eram pensadas

de forma que a favorecesse. (Ferreira e Brandão 2011 p. 5)

Diante de tantas vacâncias chega-se a sugerir pouco compromisso com a

educação. De um modo geral, e em específico, a educação do Campo/ Rural.

A Constituição de 1934, no seu artigo 121 menciona à Educação Rural como

alternativa social que poderia veicular a fixação do agricultor no campo. Para tanto a união

reservaria menos de um quarto da cota destinada a educação deixando em evidencia que a

dicotomia da educação (Educação Urbana e Educação Rural). A temática “Educação do

Campo” deixa claro o descaso e forma com que os governantes – elite brasileira –

18

historicamente trataram a educação voltada ao campo denominada como “educação rural”.

Ferreira; Brandão (2011 p.3).

Na Constituição Federal de 1937, a responsabilidade educacional escolarizada é

designada aos industriários e aos sindicatos omitindo ou ignorando a educação rural. Na

época houve a criação da CBAR “Comissão Brasileira de Educação das Populações Rurais-

pela instituição antecessora da Emater, a ACAR. A. inexistência direta do termo Educação do

campo/rural na Constituição de 1937” nos indicam que a educação no Brasil não priorizaria o

trabalhador do campo. A orientação político educacional para o mundo capitalista fica bem

explícita, sugerindo a preparação de um maior contingente de mão de obra para as novas

atividades abertas pelo mercado – a industrialização. (FERREIRA E BRANDÃO 2011, p 6.).

É exatamente com o começo do Estado Novo (1937 a 1945), que se fortaleceu a

preocupação com a escolarização da população do meio rural, frente à questão dos

permanentes índices de analfabetismo e do fluxo migratório interno que continuava a ser um

incômodo às elites urbanas. Eis como surgem os primeiros programas de oferta de educação

no meio rural, no sentido de manutenção produtiva e desenvolvimento da sociedade política e

civil. (OLIVEIRA, 2011 p.5)

Na década de quarenta, no “Estado Novo” Getulista percebe-se uma

‘preocupação’ com a população campesina ao ser aprovado o Decreto-lei nº. 9.613 que cria a

Lei Orgânica do Ensino Agrícola afirmando-se a Reforma Capanema, onde no seu Art. 1º

determina a organização do regime do ensino agrícola destinado essencialmente à preparação

profissional dos trabalhadores da agricultura. Assim

O ensino agrícola era também organizado em dois ciclos: básico agrícola (4 anos) e

mestria (2 anos). No 1º ciclo havia vários cursos de 3 anos e no 2º ciclo havia cursos

como agricultura, horticultura, veterinária, zootécnica, indústria, agrícolas, laticínios

e mecânica agrícola. Além disso, havia três cursos pedagógicos: economia rural

domestica (2 anos); didática do ensino agrícola (1 ano) e administração agrícola (1

ano). (RIBEIRO; MASSUIA, 2010).

Esses cursos eram ofertados como vantajosos para as classes menos favorecidos,

entre esses os filhos dos agricultores, que enxergavam um retorno profissional empregatício

rápido onde poderiam ser remunerados em tempo curto Nesse contexto desponta sutilmente

uma dualidade educacional; escolas para os elitistas, e escolas para os de classes mais baixas.

Dessa forma ao tempo que preparava mão de obra para o trabalho com a classe estudantil

pobre, levava para as universidades os ricos. Isso evidencia uma segregação urbana e rural.

A Constituição de 1946 deixou a educação do campo/rural na invisibilidade; e

apenas duas décadas depois abrolha a Campanha Nacional de Educação Rural (CNER sob a

19

luz de “organismos internacionais em relação à educação dos adultos analfabetos, instalando

suas missões em pequenas comunidades do interior do país com o objetivo contribuir para

acelerar o processo evolutivo do homem rural, despertando nele o espírito comunitário, a

idéia, o valor humano e o sentido de suficiência responsabilidade para que não se acentuassem

as diferenças entre a cidade e o campo Paiva (apud OLIVEIRA 2011, P.6).

Além dessas ‘conquistas tímidas’ surgiram outras similares as quais não tiveram

na prática grandes respaldos, a exemplo da Lei nº 2.613, de 23/09/ 1955 que Criou o Serviço

Social Rural o qual estimulava entre outras coisas, melhorias na educação rural que não

ficaram evidentes nem se mostraram eficazes.

No início da década de sessenta surgiu a primeira LDB, Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Lei nº 4024/61 que nos seus Artigos 32 e 47 referia-se aos atores campesinos de

forma muito sutil.O Artigo 32 propunha quase toda responsabilidade do ensino primário aos

proprietários rurais. A esses caberia desde a manutenção de escolas primárias para crianças

residentes em suas glebas, a facilitação da freqüência às escolas mais próximas ou até o

propicionamento da instalação e funcionamento de escolas públicas em suas propriedades.

Com relação ao grau médio o Art. 47 assegurava o Curso técnico agrícola.

A Constituição de 1967 não acrescenta novidades com relação à educação de aos

homens e mulheres do campo, ou seja, a exemplo da primeira LDB, “as empresas [ ] agrícolas

são obrigadas a manter, pela forma que a lei estabelecer, o ensino primário gratuito de seus

empregados e dos filhos destes.”

Com a homologação da Lei número 5.379 de 15 de dezembro de 1967 surge a

criação do MOBRAL - Movimento Brasileiro de Alfabetização para tentar diminuir o alto

grau de analfabetismo brasileiro que inclusive era alarmante na zona rural.Na oportunidade

a prioridade era para os “adolescentes e adultos analfabetos até 30 (trinta) anos”. A novidade

nesse programa era o uso de recursos áudio visual.

A segunda Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a lei nº 5692/71, consagrou três

artigos para a educação da população campesina, os Art. 47, Art. 49 e Art.51. Nesses artigos

as empresas agrícolas foram mais uma vez convocadas a ‘parceria ‘com o governo onde as

mesmas teriam que ‘manter o ensino de 1º grau gratuito para seus empregados e o ensino dos

filhos destes entre os sete e catorze anos ou a concorrer para esse fim mediante a contribuição

do salário educação, na forma estabelecida por lei”. Eram ainda “obrigados a facilitar-lhes a

freqüência à escola mais próxima ou a propiciar a instalação e o funcionamento de escolas

gratuitas em suas propriedades”. Alem disso, deveriam “manter [..] dentro das peculiaridades

locais, receptores de rádio e televisão educativos para o seu pessoal.”

20

Na Carta Magna de 1988 não existem referências específicas para Educação do

Campo/rural, mas, prescreve no Art. 206 que “o ensino será ministrado com base em

princípios, onde o primeiro garante igualdade de condições para o acesso e permanência na

escola”. Isso deixa implícito que a escolaridade para os rurícolas está inclusa e garantida,

embora na prática esteja longe de ser efetivada como de fato e direito.

No contexto da Educação do Campo convém ressaltar a Escola Família Agrícola

(EFA), que nasce de propostas de instituições não governamentais “surge no Brasil em 1968,

originária da França (1935), como proposta de pensar uma educação significativa para os

jovens do campo que alterna tempos de aprendizagem escolar e de trabalho produtivo,

denominada de Pedagogia da Alternância”. (ALMEIDA PINTO; GERMANI s/d, p1)

Em consonância, Oliveira (apud ALMEIDA PINTO; GERMANI, s/d p.10)

expõem que

Pietrogrande conhecia a Escola Família Agrícola, da Itália e, através do Movimento

de Educação Promocional do Espírito Santo (MEPES) e do apoio institucional e

financeiro da Igreja Católica e da sociedade italiana se desenvolve as primeiras

experiências de EFAs brasileiras. Hoje se encontram organizada a nível nacional

União Nacional das Escolas Família Agrícola do Brasil (UNEFAB), criada em 1982.

A expansão destas escolas pelo Brasil se deu com a presença de religiosos,

principalmente das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs)

A terceira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), lei nº 9394/96,

é também a mais recente das LDBs foi a que mais acarretou progressos às políticas

educacionais para o campo, embora de forma não tão explícitas como mostra o artigo 28 da

LDB prescreve que,

Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino

promoverão as adaptações necessárias à sua adequação, às peculiaridades da vida

rural e de cada região, especialmente:

I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e

interesses dos alunos da zona rural; II - organização escolar própria, incluindo

adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas;

III - adequação à natureza do trabalho na zona rural (LDB, 1996).

Assim na transição do século XX para o alvorecer do século XXI surge

timidamente propostas de um novo olhar para o currículo, bem como pedagogias adequadas e

voltadas para a população campesina, sem, contudo nomear como um tipo específico de

educação, a Educação do Campo.

Em consonância, a construção da Educação do Campo ocorreu devido à

característica de exclusão social e educacional existente historicamente Na verdade a Gênese

do termo Educação do Campo, denotando novas práxis para aqueles que moram e vivem no

campo, se consolidou após o surgimento e fortalecimento dos movimentos sociais frutificados

21

com I ENERA- Encontro de Educadores e Educadoras da Reforma Agrária – (1997) e

posteriormente com I Conferência Nacional por uma Educação do Campo como reflexo de

“[...] um basta aos “pacotes” e à tentativa de fazer das pessoas que vivem no campo

instrumentos de implementação de modelos que as ignoram ou escravizam. Basta também

desta visão estreita de educação como preparação de mão de obra e a serviço do mercado“

(CALDART, 2002, p. 28).

A partir de então como consequência surgiram outras políticas publicas,

merecendo destaque a Portaria Nº 10/98, do Governo Federal criando o PRONERA-

Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária de forma a garantir escolaridade para as

populações rurícolas desde o ensino fundamental I e II bem como o Ensino Médio nas

modalidades regulares e/ou EJA (Educação de Jovens e Adultos) e também vários Cursos de

Nível Superior tais como: Pedagogia, História, Geografia, Sociologia, Ciências Naturais,

Agronomia, Direito e Medicina Veterinária.

E como coroamento de reconhecimento e valorização na Educação do Campo em

2009 o Ministério de Educação e Cultura criou o Programa de Apoio à Formação Superior em

Licenciatura em Educação do Campo (Procampo) nas instituições públicas de ensino superior

em várias cidades do país, voltados especificamente para a formação de educadores para a

docência nos anos finais do ensino fundamental e ensino médio nas escolas rurais, conforme

Tabela IV (Universidades participantes do Procampo - Programa de Apoio à Formação

Superior em Licenciatura em Educação do Campo 2010) em anexos e/ou apêndices.

22

3. CONJUTURA DA EDUCAÇÃO DO CAMPO EM NÍVEL LOCAL

As cidades representações históricas sócio culturais

Simulam “a cara” de sua população

Cada uma com sua identidade própria

E com seus valores em constante construção

Assim apresento o município cenário dessa pesquisa

E sua conjuntura na educação

São Francisco, cujo topônimo é São Francisco do Chabocão, também denominada

de cidade das águas, é sede do município do mesmo nome e está situado na mesorregião do

sertão paraibano, em clima: Semi-árido (BSH) no bioma Caatinga, mais precisamente na

microrregião de Sousa. É um dos 223 municípios paraibanos. Teve sua fundação oficializada

em 27 de outubro de 1923 quando foi celebrada a primeira missa em um templo católico

dedicado ao Sagrado Coração de Jesus construído num terreno doado por Francisco das

Chagas Andrade (Chicô Chagas) em resposta religiosa a uma promessa alcançada. Esse

povoado filho político do município de Sousa foi elevada à categoria de Distrito pela Lei n°

2.763 de 08/01/1962, publicada no diário oficial em 31/01/1962, tornando-se Distrito de

Sousa. Em 29 de abril de 1994, o mapa político de Sousa foi redesenhado, perdendo 127,2

Km², pois a Lei n° 5.907/94 elevou o então distrito à categoria de Cidade. Assim, o

neomunicípio localizado numa latitude de 6º 37’10’’ S, com altitude de 280 metros positivos,

limita-se com os seguintes municípios: ao norte, Santa Cruz; ao sul com Aparecida;a leste

com Pombal e a oeste com Sousa , conforme Mapa I – São Francisco e os novos municípios

paraibanos e Mapa II Limites do município de São Francisco –PB ( Em anexos e/ou

apêndices).

A cidade de São Francisco possui traçado urbano com organizações européias,

tendo a igreja católica como o núcleo urbanístico e ruas ortogonais conforme Foto 1 – Igreja

do Sagrado Coração de Jesus – núcleo urbano do município de São Francisco – PB e Foto II -

Traçado urbano de São Francisco (em anexos e/ou apêndices).

Apesar de ter conquistado sua emancipação política no ano de 1994, a instalação

do primeiro governo municipal só ocorreu em 1° de janeiro de 1997. É um dos municípios

brasileiros que possui população rural maior que a urbana. Segundo o censo demográfico de

2010 sua população é de 3.364 habitantes, sendo 1.047 localizados na área urbana, e 2.417

ruralistas, sendo, portanto 71,84% da sua população da Zona Rural que continua na ruralidade

visto que mantém os geotipos de vida campesina, ou seja, com suas representações derivadas

das questões socioculturais e econômicas onde as atividades econômicas são impessoais

23

voltadas quase que exclusivamente na agropecuária vivenciando-se o interconhecimento onde

é evidente a baixa densidade demográfica.

Assim é a realidade do neomunicípio de São Francisco-PB, que se configura

como município agrário por ter a maioria de sua população não só residindo na zona rural,

mas s sobrevivendo da economia oriunda da mesma.

A propósito, similaridade ocorre também na conjuntura educacional onde as

quinze instituições escolares instaladas no município ao longo de sua história, apenas três se

localizam na sede do município, sendo as demais escolas do campo/rural distribuídas nos

sítios adjacentes à cidade como mostra a Tabela V- Instituições Educacionais do município de

São Francisco- PB – 2004. (Em anexos e/ou apêndices).

Essa tabela além de relacionar todas as escolas existentes nesse município faz

alusão acerca da incumbência e/ou responsabilidade governamental sobre as escolas, e mostra

que embora a LDB no seu Art. 11. assegure que “

Tabela VI- Estabelecimentos, salas de aulas e alunos da educação básica de São

Francisco – PB – 2004. (Em anexos e/ou apêndices).

Com relação a composição dos níveis escolares do município em foco dessa

pesquisa, resume-se a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio com casos de

escolas regulares, e outras modalidades (Telecurso, Alfabetização Solidária, Educação de

Jovens e Adultos- EJA) , distribuídas em prédios apropriados e /ou em “escolas isoladas “

como exibe a Tabela VII- Demografia estudantil das instituições escolares da Secretaria de

Educação, Cultura e Desporto de São Francisco –2004. (Em anexos e/ou apêndices).

Observa-se ainda nessa tabela que a maioria dessas escolas não se embasa como

escolas regulares de ensino, mas são verdadeiras âncora para projetos educacionais.

O município de São Francisco

È predominantemente Rural

Porém suas escolas campesinas

Estão no rol paradoxal

Será fruto do capitalismo

E da visão neoliberal?

O perfil educacional francisquense nas últimas décadas tem sido alterado, e

é sobre isso que o próximo capítulo versará.

24

4. FECHAMENTOS DAS ESCOLAS DO CAMPO /RURAIS E SUAS

REPERCUSSÕES EM SÃO FRANCISCO - PB

4.1 O trilhar dos caminhos e os ritmos dos passos do caminhar InvestigativoErro!

Indicador não definido.

Há tantos questionamentos

Em busca de uma resposta

Por que tantas escolas no campo

Fecharam recentemente suas portas

Como ficam os atores educacionais dessas escolas

Quando lhes viram as costas?

Nas linhas desses versos cordelinos há denúncia de um fenômeno brasileiro que

vem ocorrendo nas últimas décadas, evidenciando gradativamente o fechamento de escolas

situadas nas zonas rurais o qual reflete uma série sucessiva de atitudes governamentais que se

avolumam e cada vez mais deixa a população perplexa. Dados do censo escolar do Inep

(Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), do Ministério da

Educação (MEC), registram que 37.776 estabelecimentos de ensino rurais foram fechados nos

últimos dez anos em todo o país.

Com referência a esse fato o então ministro de Educação Aloísio Mercante de

Oliva compartilhava com a chefa do executivo Nacional que “nos últimos cinco anos foram

fechadas mais de 13 mil escolas do campo causando em muitos casos transtornos para

população rural que, deixa de ser atendida, ou passa a demandar serviços de transporte

escolar”.

Para reforçar esses dados convém mostrar na Tabela VIII - Estados com a maior

porcentagem de escolas rurais fechadas de 2000 a 2011 (em anexos e/ou apêndices) onde se

constata em todas as regiões brasileiras elevadas percentuais de fechamentos de escolas

rurais; desses o campeão, é o estado de Rondônia com mais de 70% de suas escolas rurais

fechadas.

Isso fica corroborado nesse discurso

A educação do campo tem sido historicamente marginalizada na construção de

políticas públicas, sendo inúmeras vezes tratada como política compensatória. Suas

demandas e especificidades raramente têm sido objeto de pesquisa no espaço

acadêmico ou na formulação de currículos em diferentes níveis e modalidades de

ensino. Neste cenário de exclusão, a educação para os povos do campo vem sendo

trabalhada a partir de discursos, identidades, perfis e currículos essencialmente

marcados por conotações urbanas e, geralmente, deslocado das necessidades da

realidade local e regional. Souza; Reis, (apud SANTOS 2011, p.3)

25

Para averiguar esse fato de perto, me propus a debruçar minhas pesquisas no então

município de São Francisco – PB o qual não foge ás regras nacionais, e tem acompanhado

esse dinamismo contemporâneo- acontecimento que me deixa irrequieta a ponto de querer

aprofundar os conhecimentos científicos acerca do tema a fim de tentar entender o porquê de

tantas escolas do campo /rural estão fechadas.

Diante do exposto, convém focar alguns objetivos tais como: analisar o discurso

governamental nas ações governamentais sobre fechamento de escolas do Campo/Rural no

município de São Francisco-PB conectando-as às políticas públicas educacionais brasileiras

contemporâneas; demonstrar as causas e os efeitos de fechamentos de essas escolas do

Campo/Rural no município em foco identificando até onde os reflexos são de cunho de

inclusão ou de exclusão para os estudantes campesinos; analisar as opiniões de atores

educacionais escolarizados remanescentes de escolas do Campo/Rural acerca do fato de

fechamento de escolas, verificando os impactos causados nas comunidades e /ou discentes

dessas escolas fechadas; identificar se as escolas fechadas no município de São Francisco são

escolas do Campo ou escolas Rurais.

Para tanto o procedimento metodológico utilizado consistiu em etapas articuladas

entre si Inicialmente foi realizado um levantamento bibliográfico, seguido durante todo o

processo investigativo de revisão bibliográfica exploratória; paralelo a isso foi feita uma

pesquisa de campo com aplicação do plano piloto com coleta de dados realizada através de

ofício endereçado a Secretaria de Educação Municipal, e entrevistas escritas com questões

objetivas direcionadas as atoras educacionais escolarizados - Diretoras e professoras

remanescentes das Escolas do Campo/Rural fechadas (Modelos de carta e questionários aos

atores educacionais do município de São Francisco-PB em anexos e/ou apêndices); foi

também realizada visitação as comunidades e escolas fechadas para registrar com fotografias

in loco o fechamento das escolas; para documentar os fatos foram sistematizados os dados, e

por último foram feitas análises discursivas dos dados coletados confrontando-os coma as

teorias de estudiosos especializados na temática em foco.

4.2 Escolas francisquenses fechadas e/ou “convidadas” à nucleação

Nos últimos quinze anos, percebe-se um redesenhamento no mapa escolarizado

do município de São Francisco, pois grande parte das escolas do campo/rural foi desativada

e/ou fechada pelos governantes como mostra a Tabela IX - Escolas do campo/rural do

26

município de São Francisco-PB fechadas e/ou convidadas á nucleação. . (Em anexos e/ou

apêndices).

Nessa tabela observa-se que em um curto período de quatorze anos foram

fechadas nove das dez escolas do campo/rural existente no município, sendo duas estaduais e

sete municipais, totalizando dessa forma, 90% , superando, portanto o percentual citado

anteriormente de 70% no estado de Roraima

Esse episódio não advém de forma isolada, pois o processo de fechamento de

escolas rurais atualmente ocorre, em maior ou menor proporção, em todo o Brasil, como

denunciado pela campanha nacional contra o fechamento e pela construção de escolas no

campo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) “Fechar Escola é Crime”,

no qual o movimento contabilizou o fechamento de 24 mil escolas em todo o país entre 2002

e 2009, sendo que 80% destas eram rurais. A região Sudeste foi responsável por 20% deste

total, enquanto o Norte e o Centro-Oeste foram responsáveis cada um por 39% das escolas

fechadas, o Nordeste 22% e o Sul 14%%. (CORDEIRO 2012 p1.).

Essas atitudes governamentais parecem serem contraditórias não só com os

discursos eleitoreiros, mas principalmente com a realidade campesina como bem nos adverte

(MARTINS, 2009)

“[ ] É no campo que se concentra o maior número de índices educativos negativos,

A estrutura escolar nessas áreas é muito tímida e ficou ainda mais precarizada com a

alternativa neoliberal amplamente utilizada (principalmente na década de 1990) de

nuclearização das escolas rurais, cujos alunos, de diversas localidades eram

transportados para escolas localizadas nas sedes dos municípios. Essa ação encolheu

ainda mais a rede escolar rural. (INEP, 2007)

Perante isso é difícil para a população campesina acatar essa prática de fechamento de

escolas quando aparentam imprecisões nas razões que motivam os agentes governamentais

adotarem essas posturas. Isso nos remete a sublinhar o discurso do movimento dos sem terra

ao afirmar

Para essas famílias camponesas, o anúncio do fechamento de uma escola na sua

comunidade ou nas redondezas significa relegar seus filhos ao transporte escolar

precarizado, às longas viagens diárias de ida e volta, saindo de madrugada e

chegando no meio da tarde; à perda da convivência familiar, ao abandono da cultura

do trabalho do campo e a tantos outros problemas. [...]

Portanto, fechar uma escola do campo significa privar milhares de jovens de seu

direito à escolarização, à formação como cidadãos e ao ensino que contemple e se dê

em sua realidade e como parte de sua cultura. Num país de milhares de analfabetos,

impedir por motivos econômicos ou administrativos o acesso dos jovens à escola é,

sim, um crime! (MST, 2011).

Destarte, após ter realizado as pesquisas bibliográficas as quais me deram suporte

e embasamentos nos aportes de estudiosos no tema, foi realizado pesquisas in loco onde

27

foram fotografadas as escolas alvo de fechamento: E.M.E.F. Antônio Casimiro da Silva;

E.M.E.F.Cícero Ferreira de Lima; E. M. E. F. Dorgival Assis; E.E.E.F.Francisca Queiroga de

Sousa; E.M.E.F. Margarida Helena; E.M.E.F. Maria Emília Dantas; E.M.E.F.Quitéria L. de

Sousa; E.E.F. Riacho Seco dos Silveira e E.M.E.F. Seledon Pereira Lopes.

Essa realidade demonstrada anteriormente pode ser acoplada às análises de

Arroyo (2005:1 citado por SALCIDES, 2012p. 7)

“é no campo que se fecham escolas quando se mudam os dirigentes dos governos

municipais, se fecham impunemente escolas, ou se levam os meninos de um lado para

outro”, ou seja, para o autor “(...) não há um sistema, não há ainda algo a ser

respeitado, algo que tenha uma dinâmica própria, uma vida própria, que esteja acima

do novo dirigente ou da administração do município ou do estado”.

Nesse caso

[ ] a nucleação escolar um processo no quais escolas, urbanas ou rurais, são

fechadas ou etapas de ensino são desativadas e os alunos desta comunidade escolar

são transferidos para outras escolas, algumas vezes nomeadas de escolas núcleos ou

escolas pólos, na maioria das vezes localizadas em uma área central. Este processo

configuraria a nucleação escolar, sendo que a maioria das escolas fechadas é rural e

muitas vezes as escolas para onde os alunos são transferidos são urbanas.

(CORDEIRO 2012 P.2)

Visto por esse viés o processo de nucleação das escolas aparece na contra mão dos

direitos da criança e do adolescente já que desobedece a LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE

1990. ( Estatuto da Criança e do Adolescente) que no seu Art. 53 assegura que a criança e o

adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo

para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalha lho, assegurando-lhes:acesso à

escola pública e gratuita próxima de sua residência

Isso é preocupante, pois

Segundo informado no Censo Escolar (INEP, 2011), a taxa de analfabetismo para

moradores do campo com idades acima de 15 anos é de 23,5%, enquanto para a

mesma faixa etária o percentual é de 7,29% para residentes em áreas urbanas. Tal

discrepância observa-se, também, em relação ao anos de escolaridade, pois enquanto

na área urbana a média de anos de escolaridade é de 8,7 anos para a idade de 15 anos

ou mais, na área rural esse percentual se reduz para 4,8 anos. Dados do mesmo

estudo revelaram, também, que 12,4% do total de estudantes brasileiros, ou seja,

6.293.885 milhões estão matriculados em 76.229 estabelecimentos de ensino

situados em áreas rurais, sendo que mais de 71% das escolas do campo têm,

exclusivamente, turmas de anos iniciais do Ensino Fundamental organizadas sob a

forma multisseriada. (SALCIDES, 2012, P.4)

Para endossar esses dados, o Censo Demográfico 2010 do IBGE mostram que a

população rural da região nordeste brasileira é a campeã na Taxa de analfabetismo da

população de 15 anos ou mais com percentual de 32,9%.

28

Com referência a esse fato o então ministro de Educação Aloísio Mercante de

Oliva compartilhava com a chefa do executivo Nacional que “nos últimos cinco anos foram

fechadas mais de 13 mil escolas do campo causando em muitos casos transtornos para

população rural que, deixa de ser atendida, ou passa a demandar serviços de transporte escolar

Acerca disso Emerick (2013 p.141) garante que o número de estabelecimentos de

educação básica rural no Brasil teve um decréscimo significativo de 60000 no período de

1997 a 2010.

Não obstante de esses números exibirem percentuais significativos acerca da

realidade demográfica estudantil campesina brasileira, dados do (INEP, 2002) citados por

Barros; Haje, (2011, P 2) Asseguram que

Infelizmente, a inexistência de escolas suficientes no campo tem imposto o

deslocamento de 48% dos alunos dos anos iniciais e 68,9% dos alunos dos anos

finais do Ensino Fundamental para as escolas localizadas no meio urbano em todo o

país, problema esse, que se agrava à medida que os alunos vão avançando para as

séries mais elevadas, onde mais de 90% dos alunos do campo precisam se deslocar

para as escolas urbanas para cursar o Ensino Médio “Quando adicionamos a esses

dados, as dificuldades de acesso às escolas do campo, as condições de conservação e

o tipo de transporte utilizado, bem como as condições de tráfego das estradas,

compreendemos que a saída do local de residência acaba por tornar-se uma condição

para o acesso à escola e não uma opção dos estudantes do campo.

É esse contexto que contesto Por que as portas das escolas fechar?

Quantos a autores educacionais

Precisam de seu lugar migrar

E as marcas na sua identidade

Quem se digna a apagar?

È justamente sobre esses questionamentos que o próximo capítulo irá discorrer.

4.3 Discursos de inclusão ou de exclusão?

4.3.1Discursos dos governantes

O que representa uma escola numa comunidade

São múltiplas as arestas de visão

Atores educacionais se inquietam

Com a política de nucleação

Contudo os governantes garantem

Que essa é a melhor solução

Com o advento da terceira LDB (Lei de Diretrizes e Bases) Lei no 9.394/96 que

implementa algumas mudanças , entre essas, a municipalização da educação infantil e ensino

29

fundamental encarregando os municípios à universalização dessas fases escolarizadas, os

governantes adotam às políticas públicas de nucleação dos estabelecimentos de ensino

localizadas na zona rural. A alocução branda de que os transportes escolares suprem a

comodidade de locomoção disfaça a contenção de despesas com funcionários,(servidores e

professores), merendas e manutenção de prédios escolares, já que remove estudantes para

escolas “centrais” , ou seja escolas localizadas em outras comunidades que literalmente

atendem aos interesses economicos, bem como os pré critérios otimizados da própria

administração pública , ficando assim invísivel e/ou as margens a cultura, a comodidade e a

história de vida dos estudantes campesinos.

Essas atitudes dúbia dos representantes dos poderes executivos municipais ou

estaduais são de certo modo revestidas de unilateralidade que causa incertezas e

inquietações aos atores educacionais por originar, entre outras coisas, conflitos e/ou receios

de adpatações socio ambientais.

Nessa mesma ótica se posiciona um promotor de justiça de Rio Grande do Sul

GNIGLER (s/d)

Dispondo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional que as pessoas e órgãos

enumerados no seu art. 5o, entre os quais se sobressai o agente do Ministério

Público, têm legitimidade ativa para acionar o poder público a garantir o ensino

fundamental nos moldes preconizados na Constituição Federal, sujeitando os

agentes a crime de responsabilidade, se demonstrada a negligência, parece-nos

juridicamente viável questionar a atuação administrativa que desencadeou o

fechamento das escolas, acoimando-se de inconstitucional o chamado processo de

nucleação, por não estar em consonância com os princípios de incidência obrigatória

na área do ensino

Em meio a esse panorama educacional brasileiro surge recentemente uma

esperança para os atores campesinos em relação as possibilidades de repensar daqui para

frente desativação de escolas do campo/rural, visto que em 27 de março do ano em curso foi

sancionada a Lei 12.960, que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) Lei

9.394/96 justamente no seu Art.28. Nesse artigo fica definido que não basta à vontade ou

querer dos governantes das esferas estaduais e/ou municipais, acerca dos fechamentos desses

estabelecimentos educacionais, mas sim fica estabelecido que as comunidades do campo terão

direitos a manifestar suas vontades e opiniões, e a partir de então os órgãos normativos

correspondentes as secretarias de educação deverão analisar os pareceres comunitários e

posteriormente averiguar a real necessidade ou não de extinção de determinadas escolas.

Embora tudo isso seja muito pouco, mas não deixa de ser um avanço de negociação entre

governos e população.

30

Na esfera do poder municipal, a pesquisa de campo foi ampliada junto à

Secretaria Municipal de Educação, na pessoa da senhora secretária de educação onde lhe foi

direcionada uma carta requisitando da nobre secretária as informações que constam nas

Documentações e Arquivos da referida Secretaria acerca dos argumentos que o Governo

Municipal utilizou para fechamento das escolas abaixo relacionadas:

E.M.E.F. Antonio Casimiro no Sítio Cacimbinha

E.M.E.F. Cícero Ferreira de Lima no Sítio Prata

E.M.E.F. Dorgival Nóbrega de Assis- Sítio Riacho Seco

E.M.E.F. Margarida Helena- Sítio Santo Amaro

E.M.E.F. Maria Emília Dantas - Sítio Paraíso

EMEF Quitéria Lunguinho- Sitio Dois Riachos

E.M.E.F. Seledon Pereira Lopes Sítio Carnaúba

Após dois meses da entrega da carta requerimento direcionada a Secretaria

Municipal de Educação, me foram entregues as respostas da carta requerimento referentes ao

fechamento das escolas municipais, ( em anexos e /ou apêndices) após terem sido analisadas e

respondidas pela senhora secretária de educação municipal, cujas serão apresentadas a seguir

Obs.: não foi fechada nenhuma escola no Sítio Dois Riachos; e a EMEF Riacho

Seco dos Silveira era uma escola estadual. Os governos municipais de São Francisco

ao longo dos anos, de fato, fecharam algumas escolas do campo, as quais,

apresentam as mesmas justificativas: número insuficiente de alunos e evitar salas de

aulas multiseriadas. Sabe-se que os indicadores não trazem uma boa avaliação desse

modelo de ensino, uma vez que há ineficiência do sistema o que traria prejuízos aos

alunos sem falar no estresse que causa nos professores por não conseguirem vencer

o conteúdo de duas ou três séries na mesma sala de aula. Sendo assim, essas salas

multiseriadas não existem no município, pois o tipo de ensino proporcionado para

essas salas é considerado o posto do ideal e no município de São Francisco prima-se

qualidade de ensino, até porque somente a educação pode mudar a vida de muitas

crianças carentes. Tal prática fere amplamente as disposições contidas na

constituição da republica de 1988 , Lei de Diretrizes e Bases da educação –Lei

Federal nº9394/96. Essa questão vertida contraria o direito fundamental à educação

amplamente protegida por nossa Carta Magna. Art. 20 [] Art. 206, [ ]. Importante

lembrar que o estado tem o dever de aprestar um serviço com qualidade de ensino,

posto de tratar de um direito fundamental do indivíduo. Nesse diapasão, vejamos o

que dispõe a de Lei de Diretrizes e Bases da educação – Lei Federal nº9394/96.

[ ]”Art. 3º[ }Art. 4º[ ]. A maior parte dessas escolas, hoje, funciona salas de

educação de jovens e Adultos, com os programas EJA, Brasil Alfabetizado, bem

como projetos com idosos – através de cursos e atividades físicas, de Assistência

Social, o que significa que as comunidades são beneficiadas com políticas públicas

no próprio espaço das comunidades.

Analisando as informações prestadas pela senhora secretária de educação municipal

percebe-se que ela admite que nesses últimos anos, seis escolas do campo/rural foram fechadas no

31

município de São Francisco. Entretanto a mesma nega o fechamento da EMEF Quitéria

Lunguinho no Sítio Dois Riachos ao mesmo tempo em que afirma ser a E.M.E.F. Riacho

Seco dos Silveira um educandário estadual, deixando implícito a não responsabilidade por seu

fechamento. As suas respostas foram embasadas nos artigos 20 e 206 da Constituição Brasileira

contemporânea, bem como nos Artigos Art. 3º e Art. 4º da Lei Federal nº 9394/96 onde a

mesma enfatiza bem a preocupação da administração municipal em executar as garantias de

padrão de qualidade. Qualidade essa citada restrita a inexistência de salas multiseriadas.

Em nenhum momento foi citado pela referida autoridade governamental artigos

dessa lei que garantam comodidade de locomoção e respeito a cultura identitária dos estudantes

campesino como trata o Artigo 28, da LDB, “Na oferta de educação básica para a população

rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às

peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente: I - conteúdos curriculares e

metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II -

organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do ciclo

agrícola e às condições climáticas; III - adequação à natureza do trabalho na zona rural.

Estranho na nobre senhora é a mesma ter margeado os direitos de “vaga na escola

pública de educação infantil ou de ensino fundamental mais próxima de sua residência a toda

criança a partir do dia em que completar quatro anos de idade”. (Incluído pela Lei nº 11.700,

de 2008). Como assegura a alínea X – do Art 4º da LDB- Lei de Diretrizes e Bases da

Educação - Lei 9.394/96.

Nesse depoimento sente-se também a lacuna da sensibilidade bem como a

coerência de respeitar o Estatuto da Criança e do Adolescente Lei nº 8.069, de 13 de julho de

1990 que no seu Art. 53 garante que A criança e o adolescente têm direito à educação,

visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e

qualificação para o trabalho, assegurando-lhes: [...] V - acesso à escola pública e gratuita

próxima de sua residência.

A mesma também assegurou que na maioria dessas escolas do campo/ rural

funcionam programas de outras modalidades de ensino como EJA, Brasil Alfabetizado além

de prestar-se a outras atividades de outras secretarias, entretanto não foram identificadas que

escolas estão ancorando essas modalidades.

É perceptível que o discurso governamental da senhora representante responsável

pela pasta da educação no município em pauta, em nome de uma educação de qualidade, na

sua ótica, é de inclusão, pois ao defender o fechamento das escolas do campo/rural de São

Francisco-PB a mesma utiliza-se de respaldos como as salas multiseriadas para desculpar-se

32

da extinção dessas escolas; entretanto essa atitude passa a ser de exclusão quando a mesma

ignora as condições de translados estudantis ao retirar cada criança ou jovem de sua

comunidade para outras muitas vezes alheias a sua cultura e sua identidade. Campestre. Nesse

sentido, são excludentes atitudes como afirmar que a educação do campo e urbana devem ser

tratadas uniformemente. Ou ainda, estabelecer a ótica da racionalização econômica para o

atendimento das crianças do campo, arrancando-as de suas realidades, com um processo

desgastante4 de transporte rural e as depositando em escolas estranhas à sua realidade.

(MARTINS, 2008 p.6).

Através de aportes bibliográficos, foi detectado o discurso governamental estadual

usado, o qual se reposta aos fechamentos das escolas estaduais em 2011 como afirma

(PETROLA, 2011).

O governo da Paraíba fechou 188 escolas de ensino fundamental e médio no fim do

ano passado, o que representa 20% do total de escolas estaduais. [ ].A medida visa

corrigir problemas e irregularidades encontradas na rede, como escolas vazias ou

com menos de 20 alunos, segundo a secretária executiva da Educação, Márcia

Lucena Também foram encontradas escolas de ensino fundamental e médio

funcionando no mesmo prédio, o que contraria o Plano Nacional de Educação.

A atitude governamental estadual na pessoa refletida nos critérios estabelecidos

em todo estado está coerente com a realidade das duas escolas do campo/ rural fechadas em

2012, pois a EEEF Francisca Queiroga na oportunidade do fechamento possuía apenas 8

alunos e a EEEF Riacho Seco dos Silveira funcionava em prédio de outra escola a EMEF

Antonio Casimiro, todavia o que é no mínimo estranho, é a forma como foram fechadas

essas escolas, sem que houvesse nenhuma prévia comunicativa aos pais desses alunos que

foram obrigados a migrarem para outras escolas distantes de sua localidade.

É dessa maneira que a ficção rural de São Francisco, da Paraíba, se insere “na

realidade camponesa atual no Brasil, que conta com 31.835.143 de pessoas no campo, ou seja,

19% do total da população3, o atendimento escolar junto à população rural é escasso, quando

não inexistente. Esses dados, [ ] figuram como elementos que destacam o alto índice de

exclusão e de privação dos direitos aos quais são submetidos os educandos e as educandas que

se encontram na zona rural. (MARTINS,2006 p.4).

Por isso me alio à perspectiva de Bittar (apud NETO MELO, s/d p.3) O modelo

de educação que se tem, e as vocações que é capaz de despertar estão intrinsecamente

associados aos modos pelos os quais se pratica poder na sociedade.

Necessário se faz grifar Sampaio (2014 p.39) “destacamos a urgência e a

necessidade de resolver problemas ligados à precariedade físicas das escolas, a formação,

33

estabilidade e valorização dos educadores, ao fechamento e/ou nucleação das escolas do

campo, à criação de outras escolas e cursos de nível médio no campo entre outros”.

Os discursos governamentais

Expostos com exatidão

Percebe-se que os mesmos admitem

Serem suas atitudes de inclusão

E os protagonistas remanescentes do campo

Admitem ser exclusão?

4.4 Discursos dos atores educacionais

Discutir o contexto

Das palavras Exclusão e inclusão

Parece que não se admite nem atinge

Nenhuma coerente oposição

Pois se para uns um fato é inclusivo

O mesmo fato para outro é exclusão

Para entender a situação dos atores educacionais (professoras e diretoras)

remanescentes das escolas fechadas do Campo/rural do município de São Francisco-PB, foi

realizado um questionário/enquete (em anexos e/ou apêndices) com questões objetivas de

cunho subjetivo os quais foram entregues em mãos a cada educadora (professoras e

diretoras) para que pudessem ser refletidos e respondidos. Foram entrevistadas nove

educadoras e para resguardar suas opiniões, nesse trabalho de pesquisa, seus nomes foram

preservados com os cognomes a seguir “P1” Professora da Escola I; “P.2“ professora da

Escola II, “P3” Professora da Escola III; “P.4” Professora da Escola IV; P.5” Professora da

Escola V; P.6” Professora da Escola VI; P.7ªa Professora da Escola VII, P7 b Professora da

Escola VII, P 7c da Escola VII, P8 - Professora da Escola VIII, e P9- Professora da Escola

IX.

As escolas pesquisas foram: EI- E.M.E.F. Antonio Casimiro no Sítio Cacimbinha

EII- E.M.E.F. Cícero Ferreira de Lima no Sítio Prata

EIII- E.M.E.F. Dorgival Nóbrega de Assis- Sítio Riacho Seco

EIV-E. E.E.F. Francisca Queiroga-Sítio Pereiro Branco

EV- E.M.E.F. Margarida Helena- Sítio Santo Amaro

EVI- E.M.E.F. Maria Emília Dantas - Sítio Paraíso

EVII- E. M. E. F. Quitéria Lunguinho- Sitio Dois Riachos

EVIII- E. E. E. F. Riacho Seco dos Silveira- Sítio Cacimbinha

EIX- E.M.E.F. Seledon Pereira Lopes -Sítio Carnaúba

As interrogações feitas no questionário enquete foram às seguintes:

1-Que escola lecionava?

2-Que ano/serie ensinava no ano de fechamento dessa escola?

3-Quantos estudantes estavam matriculados na sua sala de aula?

4-Qual o ano de fechamento dessa Escola?

5-Que argumentos o governo estadual/ municipal utilizou para fechamento dessa

escola?

34

6-Houve impactos na comunidade escolar com o fechamento dessa escola? Se

houve, qual (is)?

7-Que conseqüências vossa senhoria lista para os estudantes que se deslocam para

outras localidades estudar?

8-Que conseqüências existem para a própria comunidade dessa escola?

Com relação às quatro primeiras perguntas: Que escola lecionava? Que ano/serie

ensinava no ano de fechamento dessa escola? Quantos estudantes estavam matriculados na

sua sala de aula? Qual o ano de fechamento dessa Escola, as respostas estão assim

relacionadas.

P1- Lecionava na E.M.E.F. Antônio Casimiro da Silva (Sítio Cacimbinha), ensinava

ao 1º e 3º anos, existiam 12 alunos, e a escola foi fechada no ano de 2012.

P2- Era Diretora escolar da E.M.E.F.Cícero Ferreira de Lima (Sítio Prata), existiam

39 alunos matriculados, e a escola foi fechada no ano de 2006

P3- Lecionava na E. M. E. F. Dorgival Assis (Riacho Seco) ensinava a alunos da

Educação Solidária, existiam 15 alunos, e a escola foi fechada no ano de 2006.

P4- Lecionava na E.E.E.F.Francisca Queiroga de Sousa (Sítio Pereira Branco),

ensinava ao 2º, 3º, 4º e 5º anos, existiam 08 alunos, e a escola foi fechada no ano de

2012.

P5- Lecionava E.M.E.F. Margarida Helena (Sítio Santo Amaro ) , ensinava 3ºano,

existiam 13 alunos, e a escola foi fechada no ano de 1998.

P6- Lecionava na E.M.E.F. Maria Emília Dantas (Sítio Paraíso) ensinava

alfabetização existiam 20 alunos, e a escola foi fechada no ano de 2005

P7a- Lecionava na E.M.E.F.Quitéria L. de Sousa (Sítio Dois Riachos), ensinava

2ºano, existiam 11 alunos, e a escola foi fechada no ano de 2013.

P7b- Lecionava na E.M.E.F.Quitéria L. de Sousa (Sítio Dois Riachos), ensina 1ºano,

existiam 11 alunos, e a escola foi fechada no ano de 2013.

P7c- Lecionava na E.M.E.F.Quitéria L. de Sousa (Sítio Dois Riachos), ensinava

1ºano, existiam 13 alunos, e a escola foi fechada no ano de 2013.

P8- Lecionava na E.E.F.Riacho Seco dos Silveiras (Sítio Cacimbinha) ensinava a

alunos do pré escolar e 5ºano, existiam 10 alunos ( 2 no pré e 6 no 5º ano), e a escola

foi fechada no ano de 2009.

P9- Era Diretora escolar da E.M.E.F.Seledon Pereira Lopes -Sítio Carnaúba existiam

19 alunos matriculados, e a escola foi fechada no ano de 2005.

Nos discursos das educadoras remanescentes das escolas do campo/rural que

foram fechadas no município de São Francisco-PB há afirmação de que em algumas escolas

o número de alunos, era pequeno, mas em outras havia um número relativamente bom de

alunos matriculados; no geral variando entre 08 e 39 alunos conforme mostra o Gráfico I –

População discente das escolas fechadas no município de São Francisco nos últimos 16

anos. (em anexo e/ou apêndice).

Os dados fornecidos também chamam a atenção das escolas fechadas e seus

respectivos anos de fechamento ano como exibe Gráfico II- Cronologia das Escolas do

campo/rural fechadas no município de São Francisco nos últimos 16 anos (em anexo e/ou

apêndice). Constata-se que foi no final do século vinte, e o advento do século XXI que

iniciaram as políticas públicas de nucleação escolar, onde o imperativo era a nucleação dessas

escolas se efetuando nos anos subseqüentes tanto na esfera municipal quanto estadual.

35

Nessa realidade local após o fechamento dessas escolas tantos os alunos quanto os

funcionários (professores, merendeiras entre outros) foram remanejados para outras escolas

em outras comunidades onde a mais próxima dista 10 km.

Essas atitudes governamentais ferem os direitos das crianças e adolescentes, pois

não atendem as exigências do Estatuto da Criança e Adolescentes que garante aos alunos

direitos de estudar em escolas perto de suas casas como bem advoga Hage (2012), essa

política desrespeita o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que indica que os

educados devem ser atendidos nas suas próprias comunidades. As diretrizes operacionais para

a educação básica no campo fortalecem essa ideia da necessidade de a escola atender as

crianças e os adolescentes, prioritariamente, na sua comunidade.

É provável que essa situação desencadeie outras também graves e sérias como

bem mostra Martins (2006, p 10) ao exibir uma tabela com dados do censo Demográfico 2000

e PNAD 2004 (Tabela X - Número médio de anos de estudos da população de 15 anos ou

mais – Brasil e Grandes Regiões – 2001/2004 em anexos e/ou apêndice) que evidencia

disparidades entre campo e cidade com relação aos anos de estudos, onde a zona rural

demonstra percentuais inferiores comparado a zona urbana; Esse fenômeno é visível em

todas as regiões brasileiras, sendo o nordeste aquela que denota maiores percentuais

impresumíveis.”Dessa maneira, politicamente, a ampliação da rede de escolas no campo é um

avanço extremamente necessário. E a ocupação com qualidade é um fenômeno, infelizmente

raro, pois as escolas da zona rural assumem uma tendência de contarem com uma infra-

estrutura mínima, precariedade estendida a vários aspectos, inclusive nas condições de

trabalho docente” reforça Martins (2006 p.11)

Acerca da quinta pergunta da enquete: que argumentos o governo estadual/

municipal utilizou para fechamento dessa escola? (Veja as fotos das escolas do campo? rural

fechadas em anexos e/ou apêndices)

As respostas assim se apresentaram na íntegra:

P1- Usou o argumento de que a escola funcionava com multisseriados e o numero de

alunos era pouco.

P2- O argumento utilizado foi o pouco número de alunos.

P3- Fechou por livre e espontânea vontade própria e não pensaram nas

conseqüências para os estudantes

P4- O argumento que ele usou que tinha poucos alunos e gastava muito com essas

escolas.

P5- O numero baixo de alunos e com sala multisseriada.

P6- O fim da escola multisseriada.

P7a- O número insuficiente de alunos.

P7b O governo municipal alega que houve a falta de alunos, mas foram matriculados

52 alunos no ano de 2013.

P7c- Alega ser turmas multiseriadas e numero insuficiente de alunos.

36

P8- Número insuficiente de alunos e não aceitava mais funcionar com salas

multiseriadas.

P9 - O pequeno número de alunos

Ao analisar os discursos das educadoras entrevistadas, constata-se que a maioria

das professoras ensinava em escolas de ensino regular com salas multiseriadas. Esses fatos

estão coerentes com as respostas governamental e municipal que afirmam ter fechado as

escolas por terem numero insuficiente de alunos e salas multiseriadas. Porém uma das

professoras, P7b assegurou que a escola onde ela ensinava tinha matriculado 52 alunos – um

número não desprezível para causar fechamento de educandários numa comunidade rural.

A resposta da P4 nos remete a Hage, (2012) que adverte “As políticas públicas

educacionais há certo tempo, vêm sendo orientada pela relação custo-benefício, por conta da

perspectiva neoliberal. Os gestores públicos hoje são desafiados a apresentar cada vez mais

resultados com cada vez menos financiamento”.

Acerca dessa ótica convém citar também “Não podemos deixar de considerar

também o papel da escola no desenvolvimento cultural das comunidades. Por isso, a decisão

de nuclear escolas não pode ser tomada somente em função de cálculos econômicos. Kolling;

Néry; Molina (apud KREMER 2010, p. 3).

Ao indagar sobre se houve impactos na comunidade escolar com o fechamento

dessas escolas, as respostas foram essas:

P1- Sim, o transtorno em sair da comunidade rural para a cidade onde o numero de

alunos na sede é maior e complicaria na aprendizagem.

P2_Sim. Na época os alunos tiveram que se deslocarem para a escola de Dois

Riachos que fica a uma distancia mais ou menos aproximada de 5 Km.

P3- Houve sim, pois prejudicou aquela população e alguns alunos desistiram de

estudar.

P4- Houve sim impacto na comunidade. Os pais de uns alunos que moravam

próximos a uma serra não gostaram da atitude governamentais por saírem de sua

comunidade local.

P5- Sim, a ausência de um sistema de educação na comunidade

P6- Sim porque os estudantes tiveram que se deslocar aproximadamente 3 Km para

a cidade.

P7a-Claro que sim. Gerou insatisfação e revolta sem alternativa, a comunidade

carente foi, simplesmente foi...

P7b-Sim. A comunidade escolar entre pais de alunos e funcionários não quiseram

aceitar o deslocamento para outra comunidade.

P7c-Muito. Pais de alunos e comunidade geral unidos num só objetivo: não fechar a

escola, teve abaixo assinado, reuniões.

P8- Não, pois a comunidade tinha conhecimento do motivo e eles queriam o melhor

para o alunado.

P9-Não houve, pois foi disponibilizado transporte para o deslocamento dos alunos.

Ao ponderar as respostas das pessoas questionadas, percebe-se que a maioria das

educadoras reconheceram que houve prejuízos não só naquele momento , mas para a vida

pois alguns alunos deixaram de estudar como um ato de revolta.

37

Existe algo curioso e controvertido, entre o discurso governamental municipal ,

em especial a afirmação da secretária de educação , e os discursos das atoras educacionais. A

secretária afirmou que a EMEF Quitéria Lunguinho localizada no Sítio Dois Riachos não foi

fechada, enquanto isso, três professoras dessa escola ( P7a,P7b e P7c ) afirmaram que a

mesma se encontra fechada.Essas controvérsias deixaram obscura a situação real dessa escola

em discussão, ao tempo que geraram incertezas se a escola está totalmente fechada ou se

apenas foram desativadas as etapas de ensino como consta no texto inicial do “Abaixo

assinado” com dezenas de assinaturas de pais de alunos, parentes e o povo em geral (Em

anexo e/ou apêndices).como asseverou a P7c.

Isso remete a uma decisão unilateral onde inexistiram negociações

governamentais com a comunidade escolar e a própria sociedade local. Esse fato nos faz

lembrar a existência da Lei 12.960 de 27/03/2014 que altera a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação (LDB) Lei 9.394/96 que foi elaborada para dificultar o fechamento indiscriminado

das instituições escolares necessitando portanto de escutar as comunidades atingidas com essa

atitude.

Convém frisar também as observações que as professoras P2, P6 e P7c destacaram

a questão dos deslocamentos dos estudantes para outras localidades lembrando o ponto de

vista de grandes lutadores do Movimento dos Sem Terra por uma educação do campo:

[ ] fechar uma escola do campo significa privar milhares de jovens de seu direito à

escolarização, à formação como cidadãos e ao ensino que contemple e se dê em sua

realidade e como parte de sua cultura. Num país de milhares de analfabetos, impedir

por motivos econômicos ou administrativos o acesso dos jovens à escola é, sim, um

crime! (MST, 2011)

Diante dos depoimentos das educadoras ficam evidentes as tensões dialógicas

entre as esferas governamentais e comunidade escolar. O que para os administradores do

poder é inclusão, para estudantes, pais de alunos, funcionários e comunidade em geral, é

exclusão.

Prosseguindo as análises dos questionários respondidos pelas educadoras das

escolas cenários desta pesquisa, ao investigar as conseqüências para os estudantes que se

deslocam para outras localidades a fim de estudar, obtive as seguintes opiniões:

P1- Aprendizagem insatisfatória, a locomoção no transporte e o transtorno de saírem

de casa.

P2- Os que mais sofrem são as crianças pequenas que tem que acordar cedo. E de

forma geral os estudantes sofrem no período de inverno chegando as vezes a perder

aula, pois no percurso existem riachos que dificultam o deslocamento.

P3- A falta de estímulo, a falta de interesse e o desanimo que causou nos estudantes

38

P4- A distancia, o deslocamento em transportes nem sempre apropriado; insatisfação

em geral; insegurança em ir para a cidade.

P5- Deslocamento para outra comunidade; acordar cedo.

P6- Enfrentar distâncias bem como as condições de transportes

P7a- Horário, desgosto, transtorno, lesão, prejuízo, humilhação e cansaço.

P7b- A distancia, o desgaste físico e emocional.

P7c- Desgaste, desmotivação, horário inconveniente para menores de 6 a 8 anos ao

ir pela manhã , ao retorno , que são 12 horas.físico e emocional.

P8- Melhoria na aprendizagem, uma vez que sala de aula multiseriada não tem uma

boa aprendizagem

P9- Não houve, pois disponibilizado transporte para o deslocamento alunos.

As docentes informantes apontaram quase que por unanimidade como impacto

negativo, a questão do deslocamento das crianças para outras localidades. Apesar da maioria

assim pensar, duas professoras P8 e P9 mostram-se adeptas das atitudes governamentais, em

sentido oposto ao que destaca Fernandes (2011) ao sublinhar Cleuza Repulho, presidente da

União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime):

[ ] é comum as redes pensarem que o transporte é mais barato que garantir boas

condições de ensino, mas isso é uma ilusão. "Na prática, o que vemos é um sistema

precário, que coloca os estudantes em risco e muitas vezes não funciona, obrigando

muitos deles a faltar." Por razões como essas, a taxa de abandono no Ensino

Fundamental é de 4,2% na zona rural e de 2,9% na urbana

A opinião de CAMACHO (s/d) nos faz refletir sobre tudo isso quando alerta

“Faz-se necessário rompermos com esta ideologia dominante presente no Estado e na

Universidade de que a educação oferecida para os povos do campo não tem necessidade de ter

boa qualidade, bastando às “primeiras letras”. Como já explicitado, esta concepção é produto

do discurso dominante de que o camponês não necessita de saber ler, escrever, pensar ou

refletir, devido à natureza de seu trabalho e de seu modo de vida.”

Finalmente na ultima fase interrogativa para com as educadoras remanescentes

das escolas do campo/rural desse município palco dessa pesquisa, se faz interessante coletar

informações sobre as conseqüências dos fechamentos dessas escolas para a própria

comunidade escolar. Na oportunidade as opiniões foram essas que se seguem:

P1- O fechamento de uma escola para uma comunidade contribui para o êxodo rural.

P2- A falta de estímulo das famílias, pois a preocupação com os filhos aumentam,

além de acarretar o desemprego, pois com a escola fechada alguns funcionários

perderam seu emprego.

P3- A falta de reconhecimento, pois a escola ficou mal vista e prejudicou toda

aquela população por haver muitas desistências.

P4- A escola como meio de desenvolvimento, evolução, participação, socialização

está fazendo falta com relação as festas , reuniões da comunidade onde todos

participavam e gostavam.

P5- Imagem negativa sobre a gestão / educação.

39

P6-No início foi difícil a aceitação dos fechamento da escola, mas depois veio a

aceitação.

P7a- O sentimento de perca diante da eminência dessa tragédia a comunidade está

submersa em tristezas e angústias.

P7b-Ausência da vivencia em sociedade entre alunos, pais professores tornam o

desenvolvimento mais precário.

P7c- Pais e comunidade estão simplesmente aturando por falta de alternativas, mas

de consciência tranqüila que lutaram quanto pode impedindo a nucleação dessa

escola. Aluno tinha.

P8-A comunidade fica isolada e contribui com o êxodo rural

P9- Não são evidentes devido a comunidade ser pequena, o numero de alunos

insuficiente para manter a escola.

Nas respostas das professoras entrevistadas a respeito dos impactos causados pelo

fechamento das escolas foram observadas as citações preocupantes referentes aos

deslocamentos dos estudantes para outras escolas situadas em consonância ao que afirmam

(Barros; Hage, s/d).

Infelizmente, a inexistência de escolas suficientes no campo tem imposto o

deslocamento de 48% dos alunos dos anos iniciais e 68,9% dos alunos dos anos

finais do Ensino Fundamental para as escolas localizadas no meio urbano em todo o

país, problema esse, que se agrava à medida que os alunos vão avançando para as

séries mais elevadas, onde mais de 90% dos alunos do campo precisam se deslocar

para as escolas urbanas para cursar o Ensino Médio (INEP, 2002).

Assim, fica evidente e explicito as consequências negativas para os alunos e suas

famílias o resultado dessas políticas implantadas no período em questão.

No próximo capítulo abordaremos o contexto da Educação do Campo no

Município de São Francisco, apontando os impactos dessas políticas na comunidade.

40

5. QUAL A CONTEXTUALIZAÇÃO DE EDUCAÇÃO DO CAMPO NO MUNICÍPIO

DE SÃO FRANCISCO: ESCOLAS DO CAMPO OU ESCOLAS RURAIS?

Os educandários escolares de São Francisco

Precisam ser classificados

Se são do campo ou rurais

De acordo como estão localizados

Ou como são os cuidados com os alunos

E como estão sendo escolarizados.

Classificar os educandários focos dessa pesquisa é uma das etapas a ser

explicitadas; contudo não é tarefa fácil fazê-lo diante da complexidade dos termos educação

do campo e educação rural estarem intrinsecamente relacionados e a dificuldade de distingui-

los na sua própria dualidade.

De acordo com os dados coletados nas pesquisas investigativas in loco, traçou-se

o perfil das escolas instaladas na zona rural do município de São Francisco-PB. Trata-se de

instituições escolares dotadas de características similares entre si: turmas de educação infantil

e ensino fundamental I distribuídas em turmas de pré-escolar, alfabetização, 1º, 2º 3º, 4º e 5º

ano, a maioria com salas multiseriadas.

Permeando os aportes bibliográficos que se remetem a discussão dos conceitos

polissêmicos de educação do campo e de educação rural, necessário se faz identificar qual o

tipo de educação das instituições escolares do município de São Francisco se é educação do

campo ou educação rural.

Analisando pelo ângulo da educação rural, as escolas em estudo podem ser

denominadas como tal por se enquadrarem nas perspectivas difundidas por Caldart que se alia

a outros estudiosos e apontam a educação rural como sendo aquela que atende a população

que não só reside no campo, mas dele tira seu sustento.

Diferentemente dessa verbalização é a visão de Antonio; Lucini (2012 p.42) que

aponta a educação rural como sendo “aquela que além de ensinar a ler, contar e escrever pode

incluir técnicas agrícolas em seu currículo e assim estará contribuindo para fixar o homem no

campo”. Esses requisitos não foram detectados na íntegra nas escolas em foco, já que o ensino

nas mesmas se restringem a conhecimentos letrados das séries iniciais do ensino fundamental

Entretanto, todas as escolas, cenários dessa pesquisa podem ser classificadas

como escolas do campo segundo os critérios adotados pela Fundação Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística que conceitua como escola do campo aquela situada em área rural, ou

aquela situada em área urbana, desde que atenda predominantemente a populações do campo.

41

Porém, não se pode dizer o mesmo de acordo com Martins (2004) que assegura a

educação do campo como uma proposta de currículos, metodologias, e calendários escolares a

adesão para a pedagogia da alternância, onde se tenha uma educação conectada com o dia a

dia do homem da roça.

Esse fato reporta Caldart (2012 p.18) que define a educação do campo como

sendo uma educação em que

“o debate do campo precede o da educação ou da pedagogia [ ]que traz colada a

dimensão da cultura , vinculada às relações sociais e aos processos produtivos de

existência social no campo[ ] a pretender educar os sujeitos para um trabalho não

alienado, para intervir nas circunstancias objetivas que produzem o humano”

O parecer dessa estudiosa especialista deixa às margens as escolas em foco da

pesquisa as quais não apresentam requisitos condizentes com as características das ‘ escolas

do campo ‘ de Caldart, pois as escolas francisquenses possuem e /ou possuíam condições

escolarizadas centradas apenas nas séries inicias da educação básica onde o senso crítico

ainda não está aguçado em razões da faixa etária dos estudantes a qual não permite ainda uma

visão emancipatória.

Diante de acordos e controvérsias dos discursos de autoridades profissionais no

tema, surgem dúvidas entre o que sejam de fato escolas do campo e escolas rurais,

comprovando literalmente que o dualismo existente entre esses tipos de educação ultrapassam

o anfiteatro teórico se cristalizam na prática torna-se difícil caracterizar as nove escolas que

tiveram fechadas suas portas no município estudado.

As escolas desse município pesquisado

Podem se classificar

Como escola do campo

Se pensada apenas onde instalada estar

Escolas rurais podem ser chamadas

Por atenderem campesinos que vivem nesse lugar

A partir de todas as concepções descritas e discutidas nas linhas e entrelinhas

desse trabalho é que finalmente no próximo capítulo serão apresentadas as idéias conclusivas

desse tema tão envolvente e interessante.

42

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao concluir essa pesquisa

Percebo que “é fundamental

Diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz,”

Para que o ensino aprendizagem seja fenomenal

Os governantes conectarem a teoria com a prática

E repensar cada medida antigovernamental.

Ao pensar em sistematizar essa pesquisa bibliográfica e investigativa tracei metas

a alcançar com objetivos precisos para esclarecer diversos questionamentos que me

inquietavam acerca da realidade escolarizada no território francisquense; e para concluir esta

monografia tenho como compromisso fazê-lo agora.

Durante todos os meses debruçada nesse estudo foi averiguado que o diálogo

entre a Educação do Campo e Educação Urbana ocorre de forma radical, pois as escolas rurais

funcionam e/ou funcionavam como verdadeiros “apêndices” da urbana, já que essas têm ou

teriam que se adequar em todos os sentidos ao comando homogêneo do sistema municipal

onde vigora o discurso de que o urbano é o mais evoluído e o melhor , portanto deve ser

seguido.

Com referência a garantia da não violabilidade dos direitos de crianças e jovens

ruralistas, infelizmente constata-se que não ocorreu, já que os estudantes rurícolas não têm o

direito de estudarem perto de suas residências. Esse fato promove reflexos na identidade

cultural daqueles atores educacionais, pois conforme os relatos das educadoras desses

estudantes, o fechamento das escolas além de ter provocado evasão de alguns alunos, também

causam dificuldades de adaptações em ambientes alheios aqueles que os mesmos vivenciavam

refletindo no processo ensino aprendizagem.

Assim, é notório que, o fato de nuclear as escolas com o intuito de incluir esses

alunos, acaba os excluindo porque o choque cultural que os atingem é um processo que pode

levar certo tempo para ser superado.

Diante dessas circunstancias é necessário um repensar governamental no sentido

de mensurar essa exclusão para que se possa oportunizar a população que mora e vive no

campo e do mesmo para que não ocorra o que tão bem descreve um poema que se tornou

música intitulada A caneta e a enxada cantada por Tonico e Tinoco (em anexos e /ou

apêndices)

43

Tudo isso requisita coerência e sensibilidade entre o que se teoriza e o que se

pratica. Em suma, apesar dos avanços em vários aspectos, a exemplo de leis, métodos

pedagógicos e ou materiais didáticos, ainda há muito que se construir para que se tenha uma

educação de qualidade também para os cidadãos que vivem no campo, afirmam Ferreira e

Brandão.

Destarte, as escolas localizadas na zona rural no município de São Francisco estão

na quilométrica lista nacional das que foram fechadas nos últimos dezoito anos. Portanto, ao

analisá-las, pode-se afirmar que estão longe de serem enquadradas nos conceitos atuais de

educação do campo. Ao observar os prédios educacionais que no pretérito recente

representavam progresso na zona rural e que também foram motivos de aplausos e

contentamento, hoje são edificações mórbidas que retratam a tristeza e certa frustração dos

moradores daquelas comunidades. E por ser assim estão enquadradas como ícones de

exclusão.

As escolas do campo/rural do município de São Francisco

Foram sistematicamente pesquisadas

Infelizmente 90% das mesmas

Encontra-se com suas portas fechadas

E a comunidade escolar remanescente

Entristecida por estar marginalizada.

44

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51

ANEXOS E/OU APÊNDICES

TABELA 1-Desempenho demográfico brasileiro no período compreendido entre 1940 e

2010

TABELA 2 - Anos de estudos para pessoas com 15 anos de idade ou mais por situação

de domicílio - Brasil 2008

TABELA 3 - Cronologia da trajetória educacional escolarizada e as ações

governamentais direcionadas a Educação do Campo/Rural no Brasil

Legislações e/ou

eventos

Concepções de Educação do

Campo/Rural

Políticas públicas

Os presidentes de província

definiam os ordenados dos

52

Primeira lei sobre a

instrução pública

nacional do Império

do Brasil

(15/10/1827).

Estabelece que em todas as

cidades, vilas e lugares populosos

haverá escolas de primeiras letras

que forem necessárias

professores; as escolas deviam

ser de ensino mútuo; os

professores que não tivessem

formação para ensinar deveriam

providenciar a necessária

preparação em curto prazo e às

próprias custas; determinava os

conteúdos das disciplinas [...].

Nascimento (Apud

Ferreira e Brandão (2011 p.8)

Constituição de 1934

Artigo 121, parágrafo 4º: O

trabalho agrícola (...)Procurar – se

- á fixar o homem ao campo,

cuidar de sua educação rural, e

assegurar ao trabalhador nacional

a preferência na colonização e

aproveitamento das terras

públicas.

.Artigo 156-Para realização do

ensino nas zonas rurais, a União

reservará, no mínimo, vinte por

cento das quotas destinadas a

educação no respectivo orçamento

anual.

Criação da Sociedade Brasileira

de Educação Rural, “expansão

do ensino e preservação da arte

e folclores rurais [...]

1º Congresso

Nacional do Ensino

Regional.

(1935)

Educação rural como alternativa

social.

Contribui para a fundação da

Sociedade Brasileira da

Educação Rural, em 1937, que

tinha como objetivo propagar a

educação rural. (PAIVA, 1987,

p.129

Decreto-lei nº. 9.613

de 20 de agosto de

1946,

Art. 1º Esta lei estabelece as bases

de organização e de regime do

ensino a agrícola, que é o ramo do

ensino até o segundo grau,

destinado essencialmente à

preparação profissional dos

trabalhadores da agricultura.

Lei Orgânica do Ensino

Agrícola (Reforma Capanema.)

Constituição de

1946.

Artigo 168 III as empresas

industriais, comerciais e agrícolas,

em que trabalhem mais de cem

pessoas, são obrigadas a manter

ensino primário gratuito para os

seus servidores e os filhos destes

Campanha Nacional

de Educação Rural

(CNER 1952 a

1963),

Reflete a orientação dos

organismos internacionais em

relação à educação dos adultos

analfabetos, instalando suas

missões em pequenas

comunidades do interior do país

(PAIVA, 1987, p.161).

Contribuir para acelerar o

processo evolutivo do homem

rural, despertando nele o

espírito comunitário, a idéia, o

valor humano e o sentido de

suficiência e responsabilidade

para que não se acentuassem as

53

diferenças entre a cidade e o

campo (PAIVA, 1987, p.197).

Lei nº 2.613, de

23/09/ 1955-

Criação do Serviço

Social Rural

Art. 3º

Terá por fim: I. A prestação de

serviços sociais no meio rural,

visando à melhoria das condições

de vida da sua população,

especialmente no que concerne:

a) à alimentação, ao vestuário e à

habitação;

b) à saúde, à educação e à

assistência sanitária;

c) ao incentivo à atividade

produtora e a quaisquer

empreendimentos de molde a

valorizar o ruralista e a fixá-lo à

terra.

II. Promover a aprendizagem e o

aperfeiçoamento das técnicas de

trabalho adequadas ao meio rural;

(...).

O Serviço Social Rural (SSR), o

qual mantinha um sistema de

conselhos regionais, sediados

nas capitais dos Estados em

todo território brasileiro.

Lei nº 4024/61- Lei

de Diretrizes e Bases

da Educação

Artigo 32 Do ensino primário

Os proprietários rurais (...)

deveriam manter escolas primárias

para crianças residentes em suas

glebas ou facilitar a frequencia às

escolas mais próximas ou

propiciar a instalação e

funcionamento de escolas públicas

em suas propriedades.

Art. 47-Do ensino técnico

O ensino técnico do grau médio

abrange os seguintes cursos

a) Industrial

b) Agrícola

c) Comercial

Constituição de

1967. Artigo 170

As empresas comerciais,

industriais e agrícolas são

obrigadas a manter, pela forma

que a lei estabelecer, o ensino

primário gratuito de seus

empregados e dos filhos destes.

Lei número 5.379

(1967)

Criação do

MOBRAL -

Movimento

Brasileiro de

Alfabetização

Art. 1º Constituem atividades

prioritárias permanentes, no

Ministério da Educação e Cultura,

a alfabetização funcional e,

principalmente, a educação

continuada de adolescentes e

adultos.

Parágrafo único. Essas atividades

Alfabetização funcional e

educação continuada para os

analfabetos de 15 ou mais anos,

por meio de cursos especiais,

básicos e diretos, dotados de

todos os recursos possíveis,

inclusive audiovisuais, com a

duração prevista de nove meses.

54

em sua fase inicial atingirão os

objetivos em dois períodos

sucessivos de 4 (quatro) anos, o

primeiro destinado a adolescentes

e adultos analfabetos até 30

(trinta) anos, e o segundo, aos

analfabetos de mais de 30 (trinta)

anos de idade. Após êsses dois

períodos, a educação continuada

de adultos prosseguirá de maneira

constante e sem discriminação

etária.

Será assegurada assistência

técnica e financeira para a

administração desses cursos.

Tendo em vista as prioridades

estabelecidas no item 8, a ação

sistemática começará pela faixa

etária compreendida entre 10 e

30 anos, em cada município -

capital de Estado, Território e

Distrito Federal, e em grandes

municípios industriais e

agrícolas, observados os

respectivos planos-pilotos.

Lei de Diretrizes e

Bases da Educação

nº 5692/71.

Art. 47 As empresas [...] agrícolas

são obrigados, a manter o ensino

de 1º grau gratuito para seus

empregados e o ensino dos filhos

destes entre os sete e catorze anos

ou a concorrer para esse fim

mediante a contribuição do salário

educação, na forma estabelecida

por lei.

Art. 49

As empresas e os proprietários

rurais, (...) são obrigados, (...)

facilitar-lhes a freqüência à escola

mais próxima ou a propiciar a

instalação e o funcionamento de

escolas gratuitas em suas

propriedades.

Art. 51

Os sistemas de ensino atuarão

junto às empresas de qualquer

natureza, urbanas ou agrícolas ,

que tenham empregados residentes

em suas dependências no sentido

de que instalem e mantenham ,

conforme dispuser o respectivo

sistema e dentro das

peculiaridades locais, receptores

de rádio e televisão educativos

para o seu pessoal.

55

Constituição de

1988.

Art. 205. A educação é um direito

de todos e dever do Estado e da

família, será promovida e

incentivada com a colaboração da

sociedade, visando ao pleno

desenvolvimento da pessoa, seu

preparo para o exercício da

cidadania e sua qualificação para o

trabalho (BRASIL, 1988, art.205

Escola Família

Agrícola (EFA),

A EFA é a associação de famílias,

profissionais e entidades, que

juntas buscam a promoção do

desenvolvimento do meio rural

através da educação, utilizando a

Pedagogia da Alternância

O objetivo principal da EFA é

promover o desenvolvimento

sustentável do meio rural,

estimulando o espírito de

solidariedade através da

formação do (a) jovem

agricultor (a) que, possuidor de

um saber técnico aliado a um

saber universal.

Lei de Diretrizes e

Bases da Educação

Lei 9394/96

Artigo 28

Na oferta de educação básica para

a população rural, os sistemas de

ensino promoverão as adaptações

necessárias à sua adequação às

peculiaridades da vida rural e de

cada região, especialmente:

I - conteúdos curriculares e

metodologias apropriadas às reais

necessidades e interesses dos

alunos da zona rural;

II - organização escolar própria,

incluindo adequação do calendário

escolar às fases do ciclo agrícola e

às condições climáticas;

III - adequação à natureza do

trabalho na zona rural.

I ENERA- Encontro

de Educadores e

Educadoras da

Reforma Agrária –

(1997)

Organizado pelo MST e

com o apoio da UnB –

Universidade de Brasília, com o

objetivo de “pensar a educação

pública para os povos do campo,

levando em consideração o seu

contexto em termos políticos,

econômicos, sociais e culturais.”

SOUZA & REIS (2011, p.3)

Portaria Nº 10/98,

(Governo Federal)

PRONERA-

Programa Nacional

Garantir a Alfabetização e a

Educação Fundamental de jovens

e adultos;

Garantir a escolaridade e a

Projetos de EJA,

Cursos Técnicos;

Administração de Cooperativas,

Enfermagem, Técnico em

56

de Educação na

Reforma Agrária

(1998)

formação de educadores e

educadoras para atuar na

promoção da educação nas áreas

de Reforma Agrária; Garantir

formação continuada e

escolaridade média e superior aos

professores e educadores de

jovens e adultos (EJA) e do ensino

fundamental e médio nas áreas de

Reforma Agrária;

Garantir aos assentados (as)

escolaridade/formação

profissional, técnico-profissional

de nível médio e superior em

diversas áreas do conhecimento;

Organizar, além de produzir e

editar materiais didático-

pedagógicos necessários a esse

processo.

Saúde Comunitária,

Técnicos em Comunicação,

Nível Superior: Pedagogia,

História, Geografia, Sociologia,

Ciências Naturais, Agronomia,

Direito e Medicina Veterinária)

I Conferência

Nacional por uma

Educação do Campo

(1998 em Goiás)

Gênese do termo Educação do

Campo;

Surgimento de novas práxis acerca

da Educação do Campo

No fim do século XX, surge uma

proposta de Educação do Campo

que se afirma como:

[...] um basta aos “pacotes” e à

tentativa de fazer das pessoas que

vivem no campo instrumentos de

implementação de modelos que as

ignoram ou escravizam. Basta

também desta visão estreita de

educação como preparação de mão

de obra e a serviço do mercado

(CALDART, 2002, p. 28)

Aprovação das Diretrizes

Operacionais para a Educação

Básica nas Escolas do Campo

(Parecer nº 36/2001 e Resolução

1/2002 do Conselho Nacional

de Educação);

Criação da instituição do Grupo

Permanente de Trabalho de

Educação do Campo (GPT), em

2003;

Resolução

CNE/CEB Nº. 01 de

03 de abril 2002

Instituiu as Diretrizes

Operacionais da Educação do

Campo, consolidando um

importante marco para a história

da educação brasileira e, em

especial, para a Educação do

campo

II Conferência

Nacional por uma

Educação Básica do

Campo, em (2004)

Reconhecimento d as lutas dos

movimentos sociais,

Luta por políticas com

participação democrática;

Defesa da implementação da lei de

Diretrizes Operacionais para as

Escolas do Campo.

Criação da SECAD - Secretaria

de Educação Continuada,

Alfabetização e Diversidade

57

Procampo –

Programa de Apoio à

Formação Superior

em Licenciatura em

Educação do Campo

MEC-– SECAD

2009

Apóia a implementação de cursos

regulares de licenciatura em

educação do campo nas

instituições públicas de ensino

superior de todo o país, voltados

especificamente para a formação

de educadores para a docência nos

anos finais do ensino fundamental

e ensino médio nas escolas rurais.

Em 18 estados: Alagoas,

Amapá, Bahia, Ceará, Espírito

Santo, Maranhão, Minas Gerais,

Pará, Paraíba, Paraná,

Pernambuco, Piauí, Rio de

Janeiro, Roraima, Rondônia,

Santa Catarina, São Paulo e

Sergipe.

Fonte: Autora com adaptações dos aportes bibliográficos.

58

Tabela 4- Universidades participantes do Procampo - Programa de Apoio à Formação

Superior em Licenciatura em Educação do Campo 2010.

59

Fonte disponível em

http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12395:apresentaca

o&catid=320:procampo&Itemi acesso em 17/03/2014

Mapa 1 – São Francisco e os novos municípios paraibanos

60

Mapa 2 - Limites do município de São Francisco-PB

Foto 1 – Igreja do Sagrado Coração de Jesus – núcleo urbano do município de São

Francisco – PB

61

Foto 2 - Traçado urbano de São Francisco-PB

Tabela 5- Instituições Educacionais do município de São Francisco- PB - 2004

ESCOLAS E / OU CRECHES LOCALIDADES

Creche Silvânia Ferreira Cicupira São Francisco (SEDE)

Creche Mãe Zóia Distrito de Ramada

E.E.E.F.M. Dorgival Silveira São Francisco (SEDE)

E.E.E.F. Francisca Queiroga de Sousa Sítio Pereiro Branco

E.E.E.F. Riacho Seco dos Silveiras Sítio Cacimbinha

E.M.E.F. Antônio Casimiro da Silva Sítio Cacimbinha

E.M.E.F. Cícero Ferreira de Lima Sítio Prata

E.M.E.F. Chico Coréia São Francisco

E.M.E.F. Dorgival Nóbrega de Assis Sítio Riacho Seco

E.M.E.F. João Lopes da Silva Distrito de Ramada

E.M.E.F. Maria Emília Dantas Sítio Paraíso

E.M.E.F. Margarida Helena Sítio Santo Amaro

E.M.E.F. Quitéria Lunguinho Sítio Dois Riachos

E.M.E.F. Seledon Pereira Lopes Sítio Carnaúba

62

Tabela 6- Estabelecimentos, salas de aulas e alunos da educação básica de São Francisco

– PB – 2004.

Dependência

administrativa

Nº de

estabelecimentos

Sala de aula Nº de alunos

Municipal 09 23 1166

Estadual 04 19 450

Total 13 42 1616

FONTE: Secretaria Estadual de Educação – Paraíba – 2004.

Tabela 7- Demografia estudantil das instituições escolares da Secretaria de

Educação, Cultura e Desporto de São Francisco –2004.

POPULAÇÃO

ESC. E/ OU CRECHES

INF

AN

TIL

Educação básica

EN

SIN

O M

ÉD

IO

E

TE

LE

CU

RS

O I

I

INF

OR

TIC

A

TO

TA

L

Ensino Fundamental

Reg

ula

r

Pet

i

Alf

asol

EJA

Tel

ecurs

o

Creche Silvânia Cicupira 39 - - - - - - - 39

Creche Mãe Zóia 45 - - - - - - - 45

E.M.E.F.Antônio Casimiroda Silva - 24 16 - 08 - - - 48

E.M.E.F. Chico Coréa 22 137 95 25 27 27 47 120 545

E.M.E.F. Cícero Ferreira de Lima - 14 - 25 - - - - 39

E.M.E.F. Dorgival N. de Assis - - - 25 - - - - 25

E.M.E.F. João Lopes da Silva - 50 32 25 11 - - - 118

E.M.E.F. Maria Emília Dantas - - - 21 - - - - 21

E.M.E. F Margarida Helena - - - 25 10 - - - 35

E.M.E.F Quitéria L. de Sousa - 75 27 25 15 - - - 142

E.M.E.F. Seledon Pereira Lopes - 11 - - 08 - - - 19

E.E.E.F. Francisca Q. de Sousa - - - 25 - - - - 25

Escola Isolada do Riacho do Meio - - - - 15 - - - 15

E.M.E.F. Maria Emília Dantas - - - 25 - - - - 25

Escola isolada do Viturino - - - 25 - - - - 25

TOTAL 106 311 170 246 94 27 47 120 1.166

FONTE: Secretaria de Educação e Cultura de São Francisco-PB

63

Tabela 8- Estados com a maior porcentagem de escolas rurais fechadas (de 2000 a 2011)

Rondônia 70,14%

Goiás 66,01%

Tocantins 57,64%

Ceará 54,35%

Santa Catarina 54,12%

Rio Grande do Sul 51,76%

Paraná 47,98%

Mato Grosso 47,67%

Espírito Santo 45,28%

São Paulo 38,83%

Fonte Censo Escolar 2000 e 2011

Modelos de carta e questionários aos atores educacionais do município de São

Francisco-PB

São Francisco, 21 de outubro de 2013

Ilustríssima Secretária de Educação do Município de São Francisco-PB

Professora Srª Fabrícia Soares da Silveira Oliveira

A Educação do Campo /Rural nas últimas décadas tem sido alvo de Políticas Públicas que

direta ou indiretamente causam grandes mudanças não só nos atores educacionais

(professores, estudantes e funcionários), mas também na própria sociedade onde essas escolas

estão inseridas. O município de São Francisco – PB não foge á regra e tem seguido essa

dinâmica. Eu, Edneide Pedro Carvalho da Silva, enquanto pesquisadora Pós Graduanda da

UEPB do CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO:

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INTERDISCIPLINARES ao constatar esse fenômeno, fico

irrequieta, e por isso estou executando meu TCC - Trabalho de Conclusão de Curso - voltado

para pesquisar cientificamente esse tema abordando as causas e conseqüências dos

fechamentos de sete escolas municipais nos últimos 15 anos.

Diante desse fato, gostaria de saber de vossa senhoria, as informações que constam nas

Documentações e Arquivos dessa Secretaria acerca dos argumentos que o Governo Municipal

utilizou para fechamento das escolas abaixo relacionadas

E.M.E.F. Antonio Casimiro no Sítio Cacimbinha

E.M.E.F. Cícero Ferreira de Lima no Sítio Prata

E.M.E.F. Dorgival Nóbrega de Assis- Sítio Riacho Seco

E.M.E.F. Margarida Helena- Sítio Santo Amaro

64

E.M.E.F. Maria Emília Dantas - Sítio Paraíso

EMEF Quitéria Lunguinho- Sitio Dois Riachos

E.M.E.F.Seledon Pereira Lopes Sítio Carnaúba

Convicta de seu senso profissional e sua valiosa colaboração à pesquisa acadêmica despeço-

me com votos de estima e consideração

Edneide Pedro Carvalho da Silva

Pós Graduanda em Fundamentos da Educação: Práticas Pedagógicas Interdisciplinares

Modelo do questionário enquete realizado com as educadoras remanescentes das escolas

do Campo/rural fechadas no município de São Francisco-PB.

São Francisco, 21 de outubro de 2013

Caríssima professora Sra..........................

A Educação do Campo /Rural nas últimas décadas tem sido alvo de Políticas Públicas que

direta ou indiretamente causam grandes mudanças não só nos atores educacionais

(professores, estudantes e funcionários), mas também na própria sociedade onde essas escolas

estão inseridas. O município de São Francisco – PB não foge á regra e tem seguido essa

dinâmica. Eu Edneide Pedro Carvalho da Silva, enquanto pesquisadora Pós Graduanda da

UEPB do CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO:

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INTERDISCIPLINARES esse fenômeno me inquieta; por isso

estou executando meu TCC - Trabalho de Conclusão de Curso - voltado para pesquisar

cientificamente esse tema abordando as causas e consequências dos fechamentos de oito

escolas neste município nos últimos 15 anos.

Diante desse fato gostaria de saber de vossa senhoria, enquanto educadora atuante nesse

processo, as seguintes informações que em muito contribuirão para a comunidade acadêmica

1- Que escola lecionava?_____________________________________________

2- Que ano/serie ensinava no ano de fechamento dessa escola?_______________

3- Quantos estudantes estavam matriculados na sua sala de aula?______________

4- Qual o ano de fechamento dessa Escola?_______________________________

5- Que argumentos o governo estadual/ municipal utilizou para fechamento dessa

escola ____________________________________________________________

65

6- Houve impactos na comunidade escolar com o fechamento dessa escola? Se

houve, qual (is)?____________________________________________________

7- Que conseqüências vossa senhoria lista para os estudantes que se deslocam

para outras localidades estudar?________________________________________

8- Que conseqüências existem para a própria comunidade dessa escola?______

__________________________________

Professora

Tabela 9 - Escolas do campo/rural do município de São Francisco-PB fechadas

e/ou convidadas á nucleação

Escolas Localidades Fundação Fechamento

E.M.E.F. Antônio Casimiro da Silva Sítio Cacimbinha 1970 2012

E.M; E.F.Cícero Ferreira de Lima Sítio prata 1992 2006

E. M. E. F. Dorgival Assis Riacho Seco 1992 2006

E.E.E.F.Francisca Queiroga de Sousa Sítio Pereira Branco 1981 2012

E.M.E.F. Margarida Helena Sítio Santo Amaro 1972 1998

E.M.E.F. Maria Emília Dantas Sítio Paraíso 1992 2005

E.M.E.F.Quitéria L. de Sousa Sítio Dois Riachos 1986 2013

E.E.E F.Riacho Seco dos Silveiras Sítio Cacimbinha 1970 2009

E.M.E.F. Seledon Pereira Lopes Sítio Carnaúba 1986 2005

66

Carta e/ou questionários respostas das atoras educacionais do município de São

Francisco/PB

67

68

Questionários enquetes destinados ás educadoras remanescentes das escolas do

campo /rural do município de São Francisco-PB

69

70

71

72

73

74

75

76

77

78

79

Gráfico 1 – População discente das escolas fechadas no município de São Francisco

nos últimos 16 anos

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Categoria 1

EMEF Antônio Casimiro

EMEF Cícero Ferreira

EMEF Dorgival Assis

EEEF Francisca Queiroga

EMEF Margarida Helena

EMEF Maria Emília

EMEF Quitéria Lunguinho

EEEF Riacho Seco dos Silveira

EMEF Seledon Pereira Lopes

Gráfico 2- Cronologia das Escolas do campo/rural fechadas no município de São

Francisco nos últimos 16 anos

Escolas do campo/rural fechadas no município de São Francisco-PB , nos últimos 16 anos.

1998

2005

2006

2009

2012

2013

80

Tabela 10 - Número médio de anos de estudos da população de 15 anos ou mais – Brasil

e Grandes Regiões – 2001/2004

Fotos das Escolas do campo/rural fechadas e/ou convidadas à nucleação do município de

São Francisco-PB

E.M.E.F. Antônio Casimiro da Silva/Sítio Cacimbinha E.M.E.F. Cícero Ferreira/Sitio Prata

E. M. E. F.Dorgival Assis/Sítio Riacho Seco E.E.E.F.Francisca Q. de Sousa/Sítio Pereiro Branco

81

E.M.E.F. Margarida Helena/ Sítio Santo Amaro E.M.E.F. Maria Emília Dantas/ Sítio Paraíso

E.M.E.F. Quitéria L. de Sousa/ Sítio Dois Riachos EMEF Seledon Pereira Lopes/ Sítio Carnaúba

82

Abaixo assinado da comunidade do Sítio Dois Riachos - São Francisco-PB reivindicando

o não fechamento da E.M.E.F.Quitéria Lunguinho em 06 de fevereiro de 2013

83

84

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88

A Caneta e a Enxada

Zico e Zeca

Certa vez uma caneta foi passear lá no sertão

Encontrou-se com uma enxada, fazendo uma plantação.

A enxada muito humilde, foi lhe fazer saudação,

Mas a caneta soberba não quis pegar na sua mão.

E ainda por desaforo lhe passou uma repreensão."

Disse a caneta pra enxada não vem perto de mim, não

Você está suja de terra, de terra suja do chão

Sabe com quem está falando, veja sua posição

E não se esqueça a distância da nossa separação.

Eu sou a caneta dourada que escreve nos tabelião

Eu escrevo pros governos a lei da constituição

Escrevi em papel de linho, pros ricaços e pros barão

Só ando na mão dos mestres, dos homens de posição.

A enxada respondeu: de fato eu vivo no chão,

Pra poder dar o que comer e vestir o seu patrão

Eu vim no mundo primeiro, quase no tempo de Adão

Se não fosse o meu sustento ninguém tinha instrução.

Vai-te caneta orgulhosa, vergonha da geração

A tua alta nobreza não passa de pretensão

Você diz que escreve tudo, tem uma coisa que não

É a palavra bonita que se chama educação!