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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Odontologia de Piracicaba Lesões endo-periodontais combinadas: caracterização microbiológica e endotóxica Piracicaba 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Odontologia de Piracicaba

Lesões endo-periodontais combinadas: caracterização

microbiológica e endotóxica

Piracicaba

2017

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RAFAELA CASADEI CHAPOLA

Lesões endo-periodontais combinadas: caracterização

microbiológica e endotóxica

Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia

de Piracicaba, da Universidade Estadual de

Campinas, como parte dos requisitos para obtenção

do título de Mestra em Clínica Odontológica – Área de

Endodontia

Orientadora: Profa.Dra.Brenda Paula Figueiredo de Almeida Gomes

Este exemplar corresponde à versão final da dissertação defendida pela aluna Rafaela Casadei

Chapola e orientada pela Profa. Dra. Brenda Paula Figueiredo de Almeida Gomes.

Piracicaba

2017

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho...

Àqueles que tiveram fé que tudo isso aconteceria.

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AGRADECIMENTOS

À Faculdade de Odontologia de Piracicaba, da Universidade Estadual de

Campinas, nas pessoas do diretor Prof. Dr. Guilherme Elias Pessanha Henriques e

do diretor associado Prof. Dr. Francisco Haiter Neto.

À Profa. Dra. Cínthia Pereira Machado Tabchoury, coordenadora geral

dos cursos de Pós-Graduação e à Profa. Dra. Karina Gonzales Silvério Ruiz,

coordenadora do curso de Pós-Graduação em Clínica Odontológica.

À minha orientadora Profa.Dra.Brenda Paula Figueiredo de Almeida

Gomes, pela oportunidade e anos de aprendizado. Meus sinceros agradecimentos.

A todos os professores da Área de Endodontia, nas pessoas do Prof. Dr.

Alexandre Augusto Zaia, Profa. Dra. Brenda Paula Figueiredo de Almeida, Prof.Dr.

Prof. Dr. Caio Cezar Randi Ferraz, Prof. Dr. José Flávio Affonso de Almeida, e

Profa.Dra. Adriana de Jesus Soares pelos sólidos ensinamentos transmitidos.

A todos os colegas e funcionários da área de Endodontia.

À área de Periodontia, nas pessoas do Prof. Dr. Antonio Wilson Sallum,

Prof. Dr. Enilson Antonio Sallum, Prof. Dr. Francisco Humberto Nociti Júnior, Profa.

Dra. Karina Gonzalez Silvério Ruiz, Prof. Dr. Márcio Zaffalon Casati. Em especial,

Prof. Dr. Renato Corrêa Viana Casarin, pela direta e positiva contribuição na

realização desse trabalho. Estendo os agradecimentos aos alunos de

PósGraduação da Área, pelos momentos de parceria e harmoniosa convivência,

durante as atividades clínicas. Muito obrigada!

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)

pela concessão da bolsa de estudo para parte do mestrado (Processo

2014/273651).

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Agradeço a todos àqueles com quem eu firmei fortes e sinceros laços de

amizade, durante esses anos de FOP-UNICAMP. Vocês são especiais.

Enfim, agradeço àquelas pessoas que me fazem sentir mais perto de

Deus... Gratidão profunda.

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RESUMO

A polpa dentária e o periodonto são duas estruturas anatomicamente

distintas, porém inter-relacionadas funcionalmente, visto que ambas as estruturas

têm origem embriológica e formação concomitante. Apesar de existir uma extensa

literatura quanto à microbiota associada a lesões periodontais, e a lesões

endodônticas separadamente, poucos estudos se dedicaram a investigação dos

microrganismos e de seus fatores de virulência, como por exemplo, as endotoxinas

(LPS) em lesões endo-periodontais (LEP) combinadas. O LPS é um componente

estrutural da membrana externa de bactérias Gram-negativas. A patogenicidade

dessas bactérias em processos inflamatórios pulpares e periapicais parece estar

relacionada com a presença e diversidade de LPS. Dessa forma, o objetivo deste

estudo foi investigar a presença de microrganismos periodontopatogênicos, em

canais radiculares (CR) e bolsas periodontais (BP), de dentes com lesões endo-

periodontais (LEP) combinadas; avaliar a suscetibilidade destes microrganismos ao

preparo químico-mecânico (PQM) e à medicação intracanal (MIC) em ambos os

sitios, através de dois métodos de identificação: cultura microbiológica (contagem de

unidade formadora de colônias, UFC) e Nested-PCR; e quantificar os níveis

endotóxicos nos CR e nas BP, antes e após as várias fases do tratamento

endodôntico. Foram selecionados 14 dentes com necrose pulpar e bolsa periodontal

associada. Após o PQM, os dentes foram divididos em dois grupos: G1- sessão

única (n=7); GII – sessão múltipla, com Ca(OH)2 associado à clorexidina gel 2%

como MIC (n=7). Amostras foram coletadas em três diferentes momentos da terapia

endodôntica: inicial, após PQM e após o uso da MIC por 30 dias, através de cones

de papéis apirogênicos/estéreis. A suscetibilidade destes microrganismos ao PQM e

ao uso da MIC por 30 dias foi realizada, através da contagem das UFC´s. Os

microrganismos foram identificados através do Nested-PCR, utilizando-se primers

espécies-específicos para Treponema denticola, Treponema socranskii, Gemella

morbillorum, Tannerella forsythia, Aggregatibacter actinomycetemcomitans,

Porphyromonas endodontalis, Porphyromonas gingivalis, Prevotella intermedia,

Prevotella tannerae, Prevotella nigrescens, Fusobacterium nucleatum, Filifactor

alocis, Parvimonas micra. Para quantificação das endotoxinas foi realizado o teste

Lisado de Amebócito Limulus (LAL). Os resultados mostraram que as unidades

formadoras de colônias (UFC/mL) iniciais médias foram maiores nas BP em

comparação aos CR, em todas as fases do tratamento endodôntico. Houve redução

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estatisticamente significativa, comparando-se as coletas iniciais e as realizadas após

o PQM e comparando-se as coletas após o PQM e após 30 dias de MIC, em ambos

os sítios (p<0,05). Os microrganimos mais encontrados nos CR foram Prevotella

tannerae em 71,42% (10/14) antes do PQM; Após o PQM, Tannerella forsythia,

Prevotella Tannerae, Prevotella nigrescens e Fusobacterium nucleatum em 42,8%

(6/14); e Treponema denticola, Aggregatibacter actinomycetemcomitans,

Porphyromonas endodontalis, Prevotella nigrescens e Fusobacterium nucleatum em

57,1% (4/7) após a MIC. Os microrganimos mais encontrados nas BP foram

Treponema denticola e Parvimonas micra 92,8% (13/14) nas coletas iniciais;

Fusobacterium nucleatum 78,57% (11/14) após o PQM; e Tannerella forsythia e

Porphyromonas gingivalis em 100% (7/7) das coletas após a MIC. Nenhuma relação

estatisticamente significante foi encontrada entre a presença de microrganismos nas

diferentes fases do tratamento endodôntico, nas BP e nos CR (p<0,05). Associações

estatisticamente positivas foram observadas entre a presença de sinais e sintomas

de origem endodôntica e periodontal e algumas espécies bacterianas, e também

entre as espécies. A concentração de endotoxinas nas coletas iniciais nas BP foi alta

(648,11 EU/mL), porém após o PQM (109,65 EU/mL) e uso da MIC (36,5 EU/mL)

houve reduções estatisticamente significantes (p<0,05). Nos CR, a concentração

endotóxica inicial foi de 15,6 EU/mL; após o PQM 0,19 EU/mL; e após a MIC 0,06

EU/mL, sendo essas reduções estatisticamente significantes (p<0,05). Nenhuma

associação estatisticamente significante foi observada entre a presença de LPS e

aspectos clínicos, nos canais radiculares e bolsas periodontais. Conclui-se que os

CR e as BP dos dentes com necrose pulpar e bolsas periodontais associadas

apresentaram-se contaminados por potentes periodontopatógenos. PQM e o uso

MIC por 30 dias foram altamente eficazes em reduzir os níveis endotóxicos nos CR e

nas BP associadas. Embora a redução microbiana nas BP, após o uso da MIC não

tenha sido tão significativa, seu uso se mostrou bastante eficaz em reduzir os níveis

endotóxicos.

Palavras chave: Microrganismos, canal radicular, bolsa periodontal,

endotoxinas, hidróxido de cálcio.

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ABSTRACT The dental pulp and the periodontium are two anatomically distinct but

functionally interrelated structures, since both structures have an embryological origin

and concomitant formation. Although there is an extensive literature on the

microbiota associated with periodontal lesions and on endodontic lesions separately,

few studies have focused on the investigation of microorganisms and their virulence

factors, such as endotoxins (LPS) of combined endo-periodontal lesions (EPL). LPS,

also known as endotoxin, is a structural component of the outer membrane of Gram-

negative bacteria responsible for bacterial organization and stability. The

pathogenicity of these bacteria in pulpal and periapical inflammatory processes

seems to be related to the presence and diversity of LPS. Thus, the objective of this

study was to investigate the presence of periodontopathogenic microorganisms in

root canals (RC) and periodontal pockets (PP) of teeth with combined endo-

periodontal lesions (EPL´s); to evaluate the susceptibility of these microorganisms to

CMP and to the use of intracanal medication (ICM) at both sites, through two

identification methods: microbiological culture (counts of colony forming units, CFU)

and Nested-PCR; and to quantify the endotoxic levels in RC and PP before and after

the various phases of endodontic treatment. Forteen teeth with pulp necrosis and

associated periodontal pocket were selected. After CMP, the teeth were divided into

two groups: GI-single session (n = 7); GII- multiple section, using the association of

Ca(OH)2 + CHX-gel 2% as ICM (n = 7). Samples were taken at three different

moments of endodontic therapy: initial, after CMP and after the use of MIC for 30

days, through pyrogenic/sterile paper points. The susceptibility of these

microorganisms to CMP and MIC for 30 days was performed through the count of

CFU. The microorganisms were identified using the molecular technique of Nested-

PCR, with the use of species-specific primers to Treponema denticola, Treponema

socranskii, Gemella morbillorum, Tannerella forsythia, Aggregatibacter

actinomycetemcomitans, Porphyromonas endodontalis, Porphyromonas gingivalis,

Prevotella intermedia, Prevotella tannerae, Prevotella nigrescens, Fusobacterium

nucleatum, Filifactor alocis, Parvimonas micra. The Limilus Amebocyte Lysate (LAL)

test was performed for endotoxin quantification. The results showed that the CFU

were higher in PP compared to RC, in all phases of endodontic treatment. There was

a statistically significant reduction, comparing the initial and post CMP samples, and

comparing the samples after CMP and after 30 days of MIC, in both sites (p <0.05).

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The most commonly detected microorganisms in the RC were Prevotella tannerae in

71.42% (10/14) before CMP; after CMP, Tannerella forsythia, Prevotella Tannerae,

Prevotella nigrescens and Fusobacterium nucleatum in 42.8% (6/14); after MIC

Treponema denticola, Aggregatibacter actinomycetemcomitans, Porphyromonas

endodontalis, Prevotella nigrescens and Fusobacterium nucleatum in 57.1% (4/7.

The microorganisms most frequently found in the PP were Treponema denticola and

Parvimonas micra 92.8% (13/14) in the initial samples; Fusobacterium nucleatum

78.57% (11/14) after PQM; and Tannerella forsythia and Porphyromonas gingivalis in

100% (7/7) in the samples after MIC. No statistically significant relationship was

found between the presence of microorganisms in the different phases of the

endodontic treatment, in the PP and RC (p <0.05). Statistically positive associations

were detected between the presence of endodontic and periodontal signs and

symptoms and some bacterial species, as well as between species. The

concentration of endotoxins in the initial samples in the PP was high (648,11 EU /

mL), but after the CMP (109.65 EU / mL) and intracanal dressing use (36.5 EU / mL)

there were statistically significant reductions (P <0.05). In RC, the initial endotoxic

concentration was 15.6 EU / mL; after CMP 0.19 EU / mL; and after intracanal

dressing 0.06 EU / mL, these reductions were statistically significant (p <0.05). No

statistically significant association was detected between the presence of LPS and

clinical aspects, in the RC and PP. It was concluded that in the RC and PP of the

teeth with pulp necrosis and associated periodontal pockets were contaminated by

potent periodontopathogens. The CMP and MIC for 30 days were highly effective in

reducing endotoxic levels in the RC and associated PP. Although microbial reduction

in PP after the use of MIC was not significant, its use was very effective in reducing

endotoxic levels.

Key words: Microorganisms, root canal, periodontal pocket, endotoxins,

calcium hydroxide.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

LPS - Lipopolissacarídeos

PQM – Preparo químico-mecânico

Ca(OH)2 – Hidróxido de Cálcio

CHX - Clorexidina

SS – Solução Salina

MIC – Medicação Intracanal

LAL - Lisado de Amebócito Limulus

PCR – Reação em Cadeia da Polimerase

EDTA – ácido diaminotetracético

TNF α – Fator de necrose tumoral alfa

LTA – Ácido Lipoteicóico

CR – Canal radicular

BP – Bolsa periodontal

LEP – Lesão endo-periodontal

PS - Profundidade de sondagem

RMG - Recessão da margem gengival

NCI - Nível clínico de inserção

SS – Sangramento à sondagem

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................... 15 2. REVISÃO DA LITERATURA .............................................................. 19

2.1 Interação endodonto-periodonto .................................................... 19

2.2 Patogênese .................................................................................... 26

2.3 Classificação das lesões endo-periodontais .................................. 32

2.4 Microbiologia das lesões endodônticas e periodontais .................. 37

2.5 Microbiota das lesões endo-periodontais ....................................... 41

2.6 Preparo químico-mecânico ............................................................ 46

2.7 Preparo químico-mecânico com SQA ............................................ 52

2.8 Medicações intracanais .................................................................. 56

2.9 Redução bacteriana após preparo químico-mecânico e após o uso

de medicação intracanal, em dentes com lesão endo-periodontal

combinada verdadeira .......................................................................... 62

3. PROPOSIÇÃO ..................................................................................... 65 4. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................... 66

4.1 Comitê de Ética em Pesquisa ........................................................ 66

4.2 Seleção da Amostra ....................................................................... 66

4.3 Aspectos clínicos e radiográficos ................................................... 67

4.4 Procedimentos clínicos e coletas das amostras ............................. 68

4.5 Processamento microbiológico ...................................................... 74

5. RESULTADOS ..................................................................................... 85 5.1 Características clínicas .................................................................. 85

5.2 Método clássico de cultura ............................................................. 86

5.3 Nested-PCR ................................................................................... 89

5.4 Quantificação de endotoxinas ........................................................ 92

5.5 Associação entre os microrganismos ............................................. 95

5.6 Associações entre as espécies/LPS e sinais e sintomas ............... 104 6. DISCUSSÃO ........................................................................................ 106

6.1 Características clínicas das lesões endo-perio .............................. 107

6.2 Metodologias Utilizadas ................................................................. 108

6.3 Microbiologia das lesões endo-periodontais .................................. 109

6.4 Efeitos do preparo químico-mecânico e medicações intracanais sobre

os microrganismos do canal radicular e bolsa periodontal ................... 112

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6.5 Quantificação de endotoxinas dos canais radiculares e bolsas

periodontais .......................................................................................... 115

6.6 Associações entre os microrganismos, entre as espécies e níveis de LPS

com sinais e sintomas .......................................................................... 118

7.CONCLUSÃO ....................................................................................... 119 REFERÊNCIAS ........................................................................................ 120 APÊNDICES APÊNDICE 1 – Fichas clínicas .............................................................. 153 APÊNDICE 2 – Caracteriísticas clínicas iniciais das bolsas

periodontais ........................................................................................ 158 APÊNDICE 3 – Protocolo extração de DNA .......................................... 159 APÊNDICE 4 – Espécies bacterianas encontradas nas coletas dos

canais radiculares e bolsas periodontais ........................................ 163 APÊNDICE 5 – Protocolo quantificação de Endotoxinas .................... 169 APÊNDICE 6 – Valores da concentração de endotoxinas dos pacientes

em todas as coletas ........................................................................... 172 ANEXOS ANEXO 1 – Comitê de Ética ................................................................... 173 ANEXO 2 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido específico

para a pesquisa .................................................................................. 174

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1. INTRODUÇÃO

A proximidade entre a polpa e o periodonto é justificada pela inter-relação

anatômica, embriológica e funcional entre essas estruturas (Chacker, 1974; Christie

& Holthuis, 1990). Essa intimidade é tamanha, que alguns autores sugerem, até

mesmo, que ambos os tecidos deveriam ser considerados como uma única estrutura

biológica (Sunitha et al., 2008).

Durante o desenvolvimento embriológico dos dentes, são formadas três

principais vias de comunicação anatômica entre o espaço pulpar e o periodonto:

túbulos dentinários, canais laterais/acessórios/secundários e forame apical (Gomes

et al., 1996a; Chacker, 1974; Christie & Holthuis, 1990; Rotstein & Simon, 2004),

sendo que esse último permite a passagem de vasos e nervos mais calibrosos da

região perirradicular para o interior dos canais radiculares, viabilizando a

manutenção do tecido pulpar e neoformação dentinária. Assim, o forame apical é a

maior e mais importante via de acesso com o periodonto (Sunitha et al., 2008).

Essas vias de comunicação podem funcionar, como caminhos potenciais para a

reciprocidade inflamatória e infecciosa entre polpa e periodonto e explicam a

influência que um tecido tem sobre o outro.

Existem fortes evidências na literatura que infecções cruzadas podem

ocorrer entre polpas infectadas e bolsas periodontais profundas (Kipioti et al., 1984;

Kobayashi et al.,1990; Rupf et al., 2000; Djais et al., 2006; Pereira et al., 2011; Li et

al., 2014; Gomes et al., 2015).

Quando a polpa é infectada, uma resposta inflamatória do ligamento

periodontal ocorre. Subprodutos inflamatórios e infecciosos de origem pulpar podem

infiltrar-se pelas vias de comunicação e iniciar a resposta inflamatória vascular no

periodonto. Esta, pode variar de um processo inflamatório mínimo, confinado ao

ligamento periodontal, até sua destruição extensa envolvendo alvéolo dentário e

osso adjacente (Seltzer et al., 1967).

As lesões endo-perio combinadas verdadeiras são caracterizadas pela

progressão de ambas as patologias, pulpares e periodontais, no mesmo elemento

dental, sendo então originadas, por dois processos diferentes e independentes

(Seltzer, 1963; Simon et al., 1972; Gomes et al., 2015), que podem se unir em algum

momento (Sharma et al., 2014).

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Ainda que outros fatores sejam co-responsáveis pela instalação de lesões

endodônticas ou periodontais, os microrganismos e seus fatores de virulencia

representam um importante papel no seu estabelecimento e progressão. (Toledo &

Rosetti, 2005).

Entretanto, a microbiota das lesões endo-periodontais ainda não está bem

definida na literatura, existindo poucos trabalhos que confirmem a similaridade entre

estes dois sítios. Autores como Kipioti et al., (1984), Kurihara et al., (1995)

demonstraram que a microbiota de canais radiculares infectados era similar àquela

encontrada na adjacência das bolsas periodontais. Rupf et al., (2000) e Dahlén

(2002) também observaram similaridade na microbiota das lesões endodônticas e

periodontais, exceto no grupo da periodontite progressiva do adulto (Dahlén 2002).

Pereira et al., (2011) observaram que clones de P. intermedia e P. gingivalis com

uma alta similaridade genótipo intraespecífica foram encontrados colonizando os

mesmos sítios anatômicos em infecções endodônticas-periodontais. Didilescu et al.,

(2012) observaram que F.nucleatum, P.micra e C.sputigena podem desempenhar

um papel importante na patogênese das lesões endo-periodontais. Gomes et al.,

(2015), utilizando o Next Generation Sequencing para a identificação de bactérias

presentes nos canais radiculares e bolsas periodontais de dentes com lesoes endo-

perio, reportaram que a comunidade microbiana presente nestas lesões é complexa

e mais diversificada do que anteriormente relatada. A semelhança entre a microbiota

de ambos os locais sugere que pode haver uma via de infecção entre polpa e

periodonto.

Entre os fatores de virulência bacteriana encontram-se os componentes

estruturais e os produtos do metabolismo bacteriano. Os segundos são

responsáveis pelo dano direto ao tecido pulpar, enquanto que os componentes

estruturais da célula bacteriana, como por exemplo, lipopolissacarídeos (LPS) e

ácido lipoteicóico (LTA), podem injuriar o tecido indiretamente pela ativação de uma

resposta imune (Fouad, 2009; Gomes et al., 2013). O LPS, também conhecido como

endotoxina, é um componente estrutural da membrana externa de bactérias Gram-

negativas, os quais são responsáveis pela organização e estabilidade bacteriana

(Vaara & Nikaido, 1984; Martinho & Gomes, 2008; Martinho et al., 2011, 2012). A

patogenicidade dessas bactérias em processos inflamatórios pulpares e periapicais

parece estar relacionada com a presença e diversidade de LPS. Bactérias

anaeróbias Gram-negativas como Porphyromonas gingivalis, Aggregatibacter

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actinomycetemcomitans e Tannerella forsythia, entre outras, tem sido relacionadas

com doença periodontal, sendo interessante verificar sua presença, também, nos

canais radiculares associados às bolsas periodontais.

Sabendo-se, então, que os microrganismos e seus fatores de virulência

exercem papel fundamental no desenvolvimento e manutenção das doenças

pulpares, perirradiculares e periodontais, torna-se fundamental a remoção/redução

de seus níveis nestes sítios, ou quando isso é impossível, como é o caso dos

tecidos periodontais, a mudança para uma comunidade mais relacionada com a

saúde periodontal.

A ação mecânica dos instrumentos endodônticos é incapaz de promover

a completa desinfecção de determinadas áreas, devido às complexidades

anatômicas do canal radicular (Byström et al., 1985; Gomes et al., 1996a). Desta

forma, a máxima redução de microrganismos e de seus subprodutos é conseguida

pelo emprego de substâncias químicas auxiliares e soluções irrigadoras, durante a

execução do preparo químico-mecânico (PQM). Além disso, o processo de

desinfecção é complementado pela ação da medicação intracanal (MIC), quando

necessária (Sundqvist, 1992; Gomes et al., 1996b; Gomes et al., 2004).

A medicação intracanal (MIC) a base de hidróxido de cálcio e clorexidina

gel2% tem o objetivo de aumentar as propriedades antimicrobianas do hidróxido de

cálcio, mantendo suas propriedades biológicas e mecânicas, atuando como barreira

física. Dessa forma, impede a reinfecção e interrompe o suprimento de nutrientes

para os microrganismos remanescentes ao preparo químico-mecânico. A clorexidina

fornece substantividade a esta, devido à capacidade de adsorção e de liberação

lenta de moléculas ativas pelos tecidos dentais. Desta maneira, a clorexidina é

capaz de manter níveis reduzidos de microrganismos mesmo após ter sido removida

dos canais. (Gomes et al., 2006).

O canal radicular pode funcionar como um compartimento de liberação

lenta para difusão de medicações em direção à superfície radicular externa. Estas

poderiam, assim, exercer ação na dentina radicular contaminada por

microrganismos alojados no interior dos túbulos e, consequentemente, resultar em

um efeito antimicrobiano complementar à terapêutica periodontal (Gomes et al.,

2009). Recentemente, Raheja et al., (2014) reportaram ganhos significativos nos

parâmetros periodontais, quando a clorexidina 2% foi usada como curativo

intracanal, antes da cirurgia periodontal, em lesões endo-periodontais combinadas

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sem comunicações. Estes autores não investigaram, entretanto, a parte

microbiológica destas lesões.

Por outro lado, o tratamento periodontal também consiste na remoção

física do biofilme através das raspagens e aplicação de agentes antimicrobianos

locais como a clorexidina gel (Paquette et al., 2008).

Para a identificação bacteriana dispomos de técnicas tradicionais, como a

cultura, e técnicas moleculares, como por exemplo, o PCR, Next Generation

Sequencing (NGS), o Checkerboard, entre outras. A grande vantagem dos métodos

moleculares é a detecção e identificação de bactérias anaeróbias de difícil cultivo

(Willis et al., 1999; Gomes & Montagner, 2010). O Nested-PCR é um método muito

sensível (Kawada et al., 2004; Gomes et al, 2005) e muito usado para detecção de

espécies observadas em infecções endo-periodontais (Gomes et al, 2015; Takeuchi

et al., 2015). Em contrapartida, a técnica clássica de contagem das unidades

formadoras de colônias (UFC´s) é um método que permite identificar um grande

número de microrganismos viáveis, além de possibilitar sua quantificação (Shah e

Gharbia, 1993; Dahlén, 2002).

Dessa forma, o objetivo deste estudo foi investigar a presença de

microrganismos periodontopatogênicos, em canais radiculares e bolsas periodontais,

de dentes com lesões endo-periodontais combinadas; avaliar a suscetibilidade

destes microrganismos ao preparo químico-mecânico e ao uso de medicação

intracanal, em ambos os sitios: endodonto e periodonto, pelos métodos Nested-PCR

e contagem das unidades formadoras de colônias (UFC´s) (por dois métodos de

identificação: cultura microbiológica (contagem de UFC) e Nested-PCR); e

quantificar os níveis endotóxicos nos canais radiculares e bolsas periodontais antes

e após as várias fases do tratamento endodôntico.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Interação endodonto-periodonto O desenvolvimento dos tecidos pulpares e periodontais começa no início

da fase embrionária, quando as células da crista neural (ou do tubo neural do

embrião) migram para o primeiro arco branquial. Nessa posição, as células da crista

neural formam uma faixa de ectomesênquima abaixo do epitélio do estomodeo

(cavidade oral primitiva). Após as células da crista neural terem atingido sua

localização no espaço correspondente à boca, o epitélio do estomodeo libera

fatores, que iniciam uma interação do epitélio com o ectomesênquima. Uma vez que

essas interações tenham ocorrido, o ectomesênquima assume um papel domimante

no decorrer do desenvolvimento. Após a formação da lâmina dental, inicia-se uma

série de processos (estágio de botão, estágio de capuz, estágio de campânula e o

desenvolvimento da raiz), que resultam na formação de um dente e seus tecidos

periodontais, incluindo osso alveolar. Durante o estágio de capuz, células

ectomesenquimais condensam-se em relação ao epitélio oral, formando a papila

dentária, que dá origem à dentina e à polpa, e o folículo dentário, que origina os

tecidos periodontais de suporte. O papel decisivo representado pelo

ectomesênquima nesse processo é posteriormente estabelecido pelo fato de que o

tecido da papila dentária, aparentemente, também participa da formação dos dentes

e determina sua forma (Kattchburian & Arana, 2012).

A confluência contínua desses tecidos na região apical permanece após o

completo desenvolvimento dental. Sendo assim, é natural que, estruturalmente, o

tecido pulpar próximo ao ápice se assemelhe mais ao tecido do ligamento

periodontal, naquela área, do que propriamente ao tecido conjuntivo pulpar (Stallard,

1972; Osborn & Ten Cate, 1988).

À medida que o órgão dental se desenvolve embriologicamente são

estabelecidas vias anatômicas, que podem funcionar como caminhos potenciais

para a reciprocidade inflamatória e infecciosa entre o tecido pulpar e periodontal e

explicam a influência que um tecido tem sobre o outro (Seltzer et al., 1963). O

forame apical (principal via de comunicação), canais laterais, secundários e

acessórios e áreas permeáveis da dentina e do cemento radicular explicam, então,

possíveis semelhanças microbiológicas existentes em um dente com uma polpa

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infectada, comprometido periodontalmente (Gomes et al., 2015), uma vez que o

trânsito de microrganismos e seus subprodutos entre uma estrutura e outra é

facilitado por essas vias.

No processo de formação da região da raiz dental, a projeção apical da

bainha epitelial de Hertwig pode ser interrompida por vasos sanguíneos ou nervos,

passando através dos tecidos mesodérmicos. A indução do desenvolvimento

odontoblástico e subseqüente deposição de dentina e cemento pode não ser

continua em áreas onde onde o tecido indutor, que é a bainha epitelial radicular, é

penetrada por vasos ou nervos. Portanto, um vaso sanguíneo, nervo, ou outro tecido

passando através da bainha radicular resulta no desenvolvimento de um canal,

através do cemento e da dentina, promovendo uma comunicação direta entre o

ligamento periodontal e a polpa. O suprimento sanguíneo do aparato de inserção

periodontal ganha acesso ao tecido pulpar através de algumas comunicações:

canais acessórios, canais laterais, canais da furca, e uma variedade de foraminas

apicais (Chacker, 1974; Osborn & Ten Cate, 1994; Walton & Torabinejad, 1997;

Aguiar, 1999).

Dessa forma, essas vias de acesso entre polpa e periodonto possuem

extrema relevância clínica, devido ao fato de justificarem a inter-relação entre a

Periodontia e a Endodontia, quando se referem à etiopatogenia das lesões endo-

periodontais (Pilatti & Toledo, 2000; Toledo & Rosetti, 2005).

A verdadeira relação entre as patologias pulpares e periodontais foi

primeiramente descrita em 1964, por Simring e Goldberg. Desde então, o termo

“lesão endo-periodontal” vem sendo utilizado para descrever lesões decorrentes de

produtos inflamatórios, encontrados em diferentes graus, em ambos os tecidos:

pulpar e periodontal.

2.1.1. Comunicações fisiológicas

A principal causa das doenças periodontais é a presença do biofilme

subgengival, formado por microrganismos aeróbios e anaeróbios (Haapasalo et al.,

1986; Dahle et al., 1996; Trope et al., 1988; Jansson et al., 1995). As exposições

pulpares, a periodontite e a cárie dentária têm importância significativa no

desenvolvimento de lesões endo-periodontais. Se tais lesões não forem bem

tratadas e os canais radiculares desinfectados em toda sua extensão, com posterior

obturação hermética até o limite apical adequado, haverá resíduos de restos

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necróticos bacterianos, que podem explicar a progressão das lesões (Madison &

Wilcox, 1988; Saunders & Saunders, 1990; Ray & Trope, 1995). Outra forma de

inter-relação endodôntica - periodontal é através das perfurações iatrogênicas,

provocadas pelos instrumentos rotatórios ou pela manipulação inadequada dos

instrumentos endodônticos (Jew et al., 1982).

2.1.1.1 Túbulos dentinários

No dente, o complexo dentina-polpa é protegido pela camada de esmalte,

um tecido mineralizado relativamente pouco permeável, pelo cemento e pela fração

mineralizada da dentina. Embora a porção mineralizada da dentina represente uma

barreira física à ação de agentes agressores, ela possui uma estrutura tubular,

dando permeabilidade ao tecido e permitindo com que alguns irritantes, oriundos de

bolsas periodontais, sejam capazes de se difundir e afetar a polpa em distintas

situações clínicas. Semelhantemente, o conteúdo infeccioso de uma polpa

comprometida pode atingir os tecidos periodontais, uma vez que a presença desses

túbulos patentes facilita o trânsito de microrganismos e seus subprodutos entre a

polpa e o periodonto (Walton & Torabinejad, 1997). Entretanto, parece haver uma

variação regional na extensão da dentina invadida. O terço cervical é invadido mais

extensamente que o terço médio e este, mais que o apical (Mjor & Nordahl, 1996).

Qualquer método utilizado para desinfecção do canal radicular deve ser capaz de

acessar e eliminar o máximo de microrganismos possíveis, de todas as partes do

sistema de canais radiculares (Coldero et al., 2002).

Os túbulos dentinários percorrem toda a extensão da dentina e ocupam

de 20 a 30% do volume total. Apresentam uma conformação cônica, com diâmetro

maior próximo a polpa (2,5 µm), diminuindo à medida que se aproximam das regiões

amelodentinária ou cemento-dentinária (em média 0,9 µm) (Garberoglio &

Brannström, 1976).

Na junção dentino-pulpar a concentração de túbulos dentinários é de

aproximadamente 45000 unidades/mm², correspondendo a 22% da área superficial

total. No entanto, à medida que se aproxima da periferia, a sua concentração se

reduz a 15000 unidades/mm², ocupando uma área de 1% do total (Lopes & Siqueira

Jr, 1999). O número médio de túbulos dentinários por unidade de área em dentina

radicular é de 44.243 túbulos/mm² na região cervical, 42.360 túbulos/mm² no terço

médio e 8.190 túbulos/mm² na região apical (Carrigan et al., 1984). Seltzer, em

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1988, descreve que essa diferença de densidade seja explicada devido ao fato da

dentina produzida pelos odontoblastos na região apical ser amorfa e irregular, não

seguindo os padrões verificados na dentina dos terços radiculares cervical e médio.

Essas características reduziriam sua permeabilidade, dificultando o acesso de

microrganismos ou outros irritantes ao interior dos túbulos dentinários.

A presença de uma superfície cementária intacta é extremamente

importante para proteger a polpa dos agentes patogênicos, oriundos do biofilme

subgengival. Porém, uma vez que a continuidade dessa camada de cemento é

rompida, através mesmo de procedimentos da terapia periodontal, como a raspagem

e alisamento radicular, haverá a exposição de túbulos dentinários, permitindo a

invasão bacteriana através desses túbulos patentes. Isso aumentaria a

probabilidade de danos cumulativos à polpa (Grudianov et al., 2013).

Nagaoka et al., 1995 relataram que os túbulos dentinários, associados a

uma polpa vital, dificultam a entrada bacteriana, retardando essa invasão. A

presença de prolongamento odontoblástico, fluido dentinário e fibras colágenas

também são possíveis fatores que influenciam nessa progressão. Já, nos dentes

com polpa necrótica, ou nos tratados endodonticamente, a invasão é facilitada. Dez

anos mais tarde, Puapichartdumrong et al., 2005 demonstraram que a presença de

componentes pulpares retardou a difusão de substâncias químicas em discos de

dentina, reforçando a ideia de que a presença do prolongamento odontoblástico,

ocupando um espaço considerável na luz do túbulo dentinário, representa uma

barreira física importante e capaz de dificultar a invasão bacteriana em dentes com

polpa vital.

Portanto, a permeabilidade da dentina é determinada, principalmente,

pela anatomia dos túbulos dentinários (densidade, diâmetro e profundidade dos

túbulos) e pelas características da substância a se difundir (tamanho da molécula e

carga) (Pashley, 1990), à exemplo da difusão de medicamentos intracanais à base

de hidróxido cálcio, uma vez que a ação antimicrobiana do íon hidroxila pode ser

afetada pela capacidade tampão, pela adsorção e pela carga da dentina.

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2.1.1.2 Forame apical O forame apical é a principal via de comunicação entre a polpa e o

periodonto. Subprodutos infecciosos e inflamatórios de uma polpa lesionada podem

infiltrar-se pelo forame apical e resultar em uma lesão perirradicular. O forame apical

pode ser também uma porta de entrada de elementos inflamatórios das bolsas

periodontais profundas para a polpa. A inflamação pulpar, ou necrose, se estendem

para os tecidos periapicais, causando uma resposta inflamatória local, acompanhada

de reabsorção óssea e radicular. A importância da terapia endodôntica, nesse

contexto, é a máxima eliminação dos fatores etiológicos do sistema de canais

radiculares, a fim de facilitar a cicatrização e reparo dos tecidos de suporte (Rotstein

& Simon, 2004; Walton & Torabinejad, 1997).

Adriaens et al., em 1988, afirmaram que a progressão da doença

periodontal em direção apical pode resultar na contaminação de outras ramificações

ao longo da superfície radicular, como canais acessórios, laterais, secundários, ou

mesmo os túbulos dentinários. Portanto, a microbiota do biofilme subgengival pode

ultrapassar essas vias de contaminação, comprometendo o estado de saúde pulpar.

Embora tenha sido cada vez mais demonstrado que a doença periodontal

possui um efeito prejudicial cumulativo sobre o tecido pulpar, a total desintegração

da polpa só ocorrerá se o biofilme subgengival se estender até a região mais apical

da superfície radicular, envolvendo o forame apical. Dessa forma, isso

comprometerá o suprimento vascular nessa região (Singh, 2011).

2.1.1.3 Canais laterais, acessórios e secundários

Anatomicamente, os canais laterais e secundários saem do canal

radicular principal para a superfície externa da raiz. No entanto, eles são

encontrados nos terços coronário e apical, respectivamente. Os canais acessórios

saem dos canais secundários em direção a superfície externa da raiz. Eles se

diferem apenas na localização da superfície dentária (Rubach & Mitchell, 1965;

Kirkham, 1975).

De Deus (1992) realizou um estudo com 1.140 dentes humanos

extraídos, por meio da técnica de diafanização com infiltração de tinta nanquim. O

objetivo foi verificar a localização e direção dos canais acessórios, secundários e

laterais em diferentes níveis radiculares. Os resultados demonstraram que 27,4%

dos dentes apresentaram algum tipo de ramificação, sendo localizados, em maior

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frequência, na região apical (17%) e na região de bifurcação e trifurcação de pré-

molares e molares. O terço apical apresentou uma frequência de 8,8% de canais

secundários e o terço coronário de 1,6% de canais laterais. O autor afirma que as

ramificações podem ser encontradas em qualquer parte ao longo do comprimento da

raiz, mas ocorrem mais frequentemente na porção apical e em dentes posteriores.

Ruccuci e Siqueira, 2010, analisaram o estado histopatológico e

histobacteriológico dos tecidos presentes em canais laterais e ramificações apicais,

em diversas condições clínicas, bem como em resposta ao tratamento endodôntico.

Os resultados mostraram que em dentes não tratados, as condições do tecido

dentro dos canais laterais e ramificações apicais refletem as condições da polpa do

canal principal. Em relação aos dentes tratados, observaram que o tecido no interior

das ramificações permanece relativamente pouco afetado por instrumentos e

irrigantes após o preparo químico-mecânico, independentemente das condições

pulpares iniciais. Materiais obturadores que foram forçados em canais laterais, em

casos de polpa vital, apresentaram danos aos tecidos e inflamação. Mesmo que,

radiograficamente o material obturador apareça nos canais laterais e ramificações

apicais, isso não indica que a ramificação foi selada ou desinfectada. Concluíram

que como bactérias localizadas em grandes ramificações podem causar ou manter

uma doença, outras estratégias devem ser avaliadas com o objetivo de desinfectar

essas regiões e melhorar o prognóstico do tratamento. Assim, canais laterais e

ramificações apicais compreendem possíveis caminhos, através dos quais

microrganismos e/ou seus produtos podem transitar do canal radicular para bolsas

periodontais e vice versa. Eles são, indiscutivelmente, de difícil acesso, limpeza e

desinfecção durante o tratamento endodôntico. Seu possível significado clínico há

muito tempo chamou a atenção de clínicos e pesquisadores a respeito de como

essas ramificações devem ser tratadas e qual o destino do tecido presente nelas

após o tratamento.

Sob condições clínicas rotineiras, a identificação de canais laterais,

secundários e acessórios, com base na interpretação de radiografias, pode ser

alcançada apenas em um número pequeno de casos. Entretanto, alguns cuidados

clínicos podem ser úteis para sua identificação, como: presença de uma imagem

radiográfica de uma lesão periapical lateral associada à uma polpa necrótica,

identificação radiográfica de uma imagem na superfície lateral radicular, sugerindo a

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presença de um orifício e imagem de extravasamento de material obturador para o

interior das ramificações (Walton & Torabinejad, 1997).

O canal cavo inter-radicular é encontrado no assoalho da câmara pulpar,

saindo desta e percorrendo a dentina interradicular, até alcançar o ligamento

periodontal, em nível de furca, podendo servir como uma avenida de contaminação

entre polpa e periodonto. Dessa forma, a existência do canal-cavo inter-radicular

justificaria manifestações clínico-patológicas, como rarefações ósseas, envolvendo

estruturas periodontais na região de furca de dentes multirradiculares (Seltzer et al.,

1967).

Shambarger et al., 2015 investigaram se há um aumento da

contaminação bacteriana no interior do tecido pulpar, após o tratamento periodontal,

em dentes molares, na região de furca. Observaram que a comunicação entre a

polpa e os tecidos periodontais, após a terapia periodontal ocorreu em,

aproximadamente, 95% dos 65 dentes analisados. Concluíram que a instrumentação

periodontal, na região de furca, aumenta o risco de contaminação bacteriana do

espaço pulpar em até 39%.

2.1.1.4 Sulco palato-radicular O sulco palato-radicular é uma anomalia de desenvolvimento encontrada

nos incisivos superiores, dos quais os incisivos laterais são mais frequentemente

afetados. Esse sulco normalmente começa na fossa central, atravessa o cíngulo e

se estende apicalmente. Os sulcos podem favorecer o acúmulo de biofilme

bacteriano e resultar na destruição do epitélio sulcular e, até mesmo, de partes mais

profundas do aparato de inserção dental (Hou & Tsai, 1993). O acúmulo de

microrganismos nessa região também pode provocar danos ao tecido pulpar. O envolvimento periodontal, decorrente do acúmulo de biofilme nos

sulcos palato radiculares, na maioria das situações clínicas, é de difícil diagnóstico

(Rotstein & Simon, 2004).

2.1.2. Comunicações não-fisiológicas

Perfurações radiculares criam uma comunicação entre o sistema de

canais e o ligamento periodontal. Isso pode ocorrer como resultado de uma

instrumentação mecânica excessiva durante os procedimentos endodônticos,

reabsorções externas e/ou internas ou cáries invadindo o assoalho de câmaras

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pulpares. Quanto mais próxima a perfuração está do sulco gengival ou bolsa

periodontal, particularmente no terço cervical da raiz ou região de furca, maior é a

probabilidade de um problema endo-periodontal (Meng, 1999).

As fraturas verticais, que ocorrem ocasionalmente, também podem

funcionar como avenidas de contaminação entre os tecidos pulpares e periodontais.

Além das bactérias e seus subprodutos, as fraturas funcionam também como vias de

acesso para fungos e vírus, além de corpos estranhos, colesterol, corpúsculo de

Russel, corpúsculos hialinos de Rushton e cristais de Charcot-Leyden (Rotstein &

Simon, 2004).

2.2. Patogênese

2.2.1. Biofilme bacteriano

A maioria dos processos patológicos endodônticos e periodontais se

desenvolve à partir de estímulos nocivos, advindos das bactérias organizadas em

biofilme (Nair, 1987; Belibasakis et al.,2015; Gomes et al., 2013). Define-se biofilme

como uma comunidade de microrganismos, aderidos à uma superfície sólida. Além

disso, é a forma padrão de crescimento de procariotas em seu ambiente natural. O

crescimento bacteriano na forma planctônica ocorre somente em bactérias

adaptadas a viver em ambientes com concentrações extremamente baixas de

nutrientes. Outra importante propriedade que essa forma de organização microbiana

confere é a resistência a forças físicas, que removeriam com facilidade células

apenas aderidas a uma superfície.

Propriedades gerais de um biofilme (Fejerskov & Kidd, 2011):

Proteção contra a defesa do hospedeiro;

Proteção contra ressecamento;

Alta resistência ou tolerância a agentes antimicrobianos;

Novas expressões gênicas e fenotípicas;

Persistência e retenção dos microrganismos em sistema de fluxo;

Heterogeneidade espacial e ambiental que cria um mosaico de

microambientes;

Aumento da diversidade microbiana;

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Organização espacial entre os microrganismos, que facilita as

interações metabólicas entre eles;

Alta concentração de nutrientes na interface líquido-superfície.

2.2.2. Infecção endodôntica e lesão periodontal Quando a polpa é infectada, uma resposta inflamatória do ligamento

periodontal ocorre pela comunicação com o forame apical ou ramificações

adjacentes de canais laterais e acessórios (Seltzer et al., 1967). Subprodutos

inflamatórios de origem pulpar podem infiltrar-se pelo forame apical, canais

acessórios, laterais e túbulos dentinários para iniciar a resposta inflamatória vascular

no periodonto. Os resultados da inflamação da polpa podem variar, em extensão,

desde um processo inflamatório mínimo, confinado ao ligamento periodontal, até sua

destruição extensa, assim como do alvéolo dentário e do osso adjacente. Tal lesão

pode resultar em edema localizado ou difuso, que ocasionalmente pode envolver a

gengiva inserida. Uma lesão relacionada à necrose pulpar pode resultar também em

uma fístula, que drena através da mucosa alveolar ou da gengiva inserida. Essa

última pode drenar, ocasionalmente, pelo sulco gengival do dente envolvido ou pelo

sulco gengival de um dente adjacente. Após o tratamento endodôntico adequado, as

lesões resultantes da necrose pulpar irão regredir sem intercorrências, na maioria

dos casos. Subsequentemente, a integridade dos tecidos periodontais será

restabelecida (Walton & Torabinejad, 1997).

Jansson e colaboradores, em 1993, investigaram possíveis relações entre

o estado clínico periodontal, em dentes periodontalmente envolvidos, com e sem

infecção endodôntica, sendo analisada a correlação entre a condição periapical, dos

dentes endodonticamente envolvidos, e seu estado periodontal. Demonstraram que

a patologia periapical foi significativamente correlacionada com um aumento da

profundidade de sondagem da bolsa periodontal. Eles concluíram, então, que a

necrose pulpar radiograficamente detectada pela presença de uma radioluscência

periapical pode agravar a doença periodontal, sendo, portanto considerada como

fator de risco para a progressão de periodontite.

Sabendo-se que a possível interdependência das lesões endo-

periodontais pode ser justificada devido às conexões vasculares e anatômicas entre

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os tecidos pulpar e periodontal, Jivoinovici et al., 2014 afirmaram que uma lesão

endodôntica primária com envolvimento periodontal secundário requer,

primeiramente, uma abordagem endodôntica, ou seja, uma adequada desinfecção e

obturação do canal radicular. Sugerem que procedimentos periodontais invasivos

devem ser evitados, nesses casos, levando-se em consideração que prognóstico

desse tipo de lesão é normalmente bom.

2.2.3. Doença periodontal e infecção endodôntica O biofilme polimicrobiano é o principal fator etiológico das periodontites

crônicas, formados por complexas comunidades microbianas. Acredita-se que a

doença seja iniciada após mudanças na microbiota que compõe esse biofilme

subgengival. A adesão entre as espécies de microrganismos que compõe esse

biofilme envolve moléculas associadas à superfície bacteriana, e as interações entre

as espécies bacterianas são essenciais no desenvolvimento espacial de um biofilme

polimicrobiano. Além disso, essas interações intensificam a progressão da doença

periodontal (Ng et al., 2016). As bactérias do Complexo Vermelho (Porphyromonas

gingivalis, Treponema denticola, Tannerella forsythia) são frequentemente

encontradas em bolsas periodontais profundas (Suzuki et al., 2013; Gomes et al.,

2015), sendo essas espécies ainda mais virulentas quando em interação sinérgica

entre si (Ng et al., 2016).

O efeito da inflamação periodontal sobre a polpa é controverso. Sugere-

se que a doença periodontal não tenha maiores efeitos sobre a polpa, a não ser que

a região apical seja envolvida. No entanto, vários estudos propõem que o efeito da

doença periodontal na polpa é degenerativo por natureza, causando aumento de

calcificações, fibrose, reabsorção de colágeno e sequelas inflamatórias diretas. A

polpa parece não ser severamente afetada pela doença periodontal até que o defeito

exponha um canal lateral ou acessório ao meio bucal. Nesse estágio, os patógenos

da cavidade bucal, que penetram na polpa por meio do canal acessório, podem

causar uma reação inflamatória, seguida pela necrose pulpar. Entretanto, se a

microvascularização do forame apical permanecer intacta, a polpa pode responder

positivamente aos testes de sensibilidade (Seltzer et al., 1963; Bender & Seltzer,

1985; Czarnecki & Schilder, 1979; Torabinejad & Kiger, 1985; Adriaens et al., 1988a,

Adriaens et al., 1988b).

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Uma vez que a placa e o cálculo subgengival são os principais

precursores das lesões periodontais, os mediadores inflamatórios, liberados como

resposta a estímulos nocivos da microbiota que compõe esse biofilme, podem

causar a destruição de todo aparato de inserção do dente, dentre as quais:

alterações na superfície radicular, pela perda da camada externa de cementoblastos

e reabsorção cementária. Além disso, as endotoxinas (LPS), presentes na

membrana externa das bactérias Gram-negativas, também tem um efeito irritativo

nos tecidos periodontais, comprometendo seu reparo (Llango et al., 2016).

A presença de uma superfície cementária intacta é extremamente

importante para proteger a polpa dos agentes patogênicos, oriundos do biofilme

subgengival. Porém, uma vez que a continuidade dessa camada de cemento é

rompida, através mesmo de procedimentos da terapia periodontal, como a raspagem

e alisamento radicular, haverá a exposição de túbulos dentinários. Isso aumentaria a

probabilidade de danos cumulativos à polpa (Bergenholtz & Lindhe, 1978; Adriaens

et al., 1988).

Rubach e Mitchell, em 1965, sugeriram que a doença periodontal seja

capaz de afetar a saúde da polpa, quando ocorre a exposição de um canal

acessório, permitindo que as bactérias periodontopatógenas provoquem reações

inflamatórias, seguidas de necrose pulpar.

Lindhe, em 1999, também afirmou que os infiltrados bacterianos

periodontais podem atingir a polpa, quando há exposição de canais acessórios,

inclusive os situados na região de furca em dentes molares. Adriaens et al., 1988,

demonstraram que as bactérias, provenientes das bolsas periodontais, têm a

capacidade de atingir os canais radiculares em direção à polpa, sugerindo que os

túbulos dentinários representem potentes reservatórios para esses microrganismos.

Devido a esse fato, é possível que ocorra, até mesmo, uma recolonização da

superfície da raiz tratada.

Andreasen et al., 2002 afirmaram que as fraturas e rachaduras verticais

da raiz podem servir como uma potentes vias de contaminação do periodonto para o

espaço pulpar, pois se o tecido periodontal tiver uma inflamação prévia, esse

processo inflamatório poderá de disseminar até a polpa e resultar em necrose.

Khalid & Fouzan, 2014 acreditam que procedimentos periodontais, como

a raspagem e alisamento radicular, podem resultar na ruptura e destruição dos

vasos sanguíneos e feixes neurovasculares dos canais laterais, provocando uma

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redução do suprimento sanguíneo e, conseqüentemente, levando a alterações

pulpares.

2.2.4. Endotoxinas A microbiota da cavidade oral é composta por bactérias Gram-positivas e

Gram-negativas. No entanto, especial atenção é dada às bactérias Gram-negativas,

porque elas apresentam como principal constituinte da membrana externa de sua

parede celular os lipopolissacarídeos (Gomes et al., 2009).

Devido ao elevado peso molecular, o LPS é sem dúvida um dos maiores

produtos liberados pelas bactérias (Nissan et al, 1995). Os LPS, quando liberados

da célula Gram-negativa (e exclusivamente por ela) por lise ou durante o processo

de divisão celular (na forma de vesículas), são conhecidos como endotoxinas, sendo

o lipídio A a porção da molécula principal, responsável por seus efeitos biológicos

(Rietschel et al., 1994). O nome endotoxina deve-se aos efeitos biológicos da

molécula, sendo consideradas, mesmo em baixas concentrações, potentes

estimuladores da resposta inata do sistema de defesa do hospedeiro (Beutler, 2004),

induzindo assim, uma série de eventos biológicos que levam a uma reação

inflamatória (Khabbaz et al., 2001) e reabsorção dos tecidos mineralizados (Mattison

et al.,1987; Stashenko et al., 1991).

LPS tem a habilidade de atravessar a dentina, e atingir uma profundidade

quatro vezes maior, no interior dos túbulos dentinários, do que a própria bactéria

(Berkiten et al., 2000; Gomes et al., 2009). Isto sugere que todos os produtos

bacterianos são potencialmente capazes de alcançar a polpa (Nissan et al., 1995).

Quimicamente LPS são constituídos de uma porção “Lípideo A", Core

oligossacarídeo (polissacarídeos) e Antígeno O. A porção “Lípideo A" exerce a maior

parte das atividades endotóxicas, a qual é referida como princípio endotóxico do

LPS (Dixon & Darveau, 2005). A estrutura química do lipídeo A é composta por

ácidos gráxos com 15 a 17 átomos de carbono, ligados a duas moléculas de amino-

açúcares (glicosaminas), à qual ligam-se dois radicais fosfatos, e a estes liga-se um

resíduo de proteína. As posições dos radicais fosfato, assim como o número, tipo e

sítio de ligações parecem determinar o potencial inflamatório dos diferentes

lipopolissacarídeos (Rietshel & Brade, 1992).

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O organismo está apto a detectar pequenas quantidades de LPS

circulante. O reconhecimento do LPS se dá por meio do lipideo A, que por sua vez,

ativa diferentes vias de sinalização intracelular através de sua ligação a receptores

próprios. Os principais estão localizados na membrana celular de monócitos,

denominados receptores Toll-like 4 (TLR4) (Wilson et al., 1996; Beutler & Poltorak,

2000). Desde sua descoberta, no final da década de 1990, os receptores do tipo

Toll-like têm sido identificados como sensores primários de infecções bacterianas e

permitido avanços significativos na compreensão dos mecanismos envolvidos na

imunidade inata e adquirida (Coats et al., 2009; Marinho, 2016).

Estudos clínicos demonstraram a presença de LPS bacteriano em 100%

dos canais radiculares de dentes com infecção endodôntica primária e presença de

lesão periapical (Jacinto et al., 2005; Vianna et al., 2007; Martinho & Gomes, 2008;

Gomes et al., 2009; Martinho et al., 2010; 2011), e também em dente com insucesso

do tratamento endodôntico (Gomes et al., 2012), sugerindo sua participação na

patogênese de lesões periapicais.

Endotoxinas são capazes de estimular a liberação de citocinas pró-

inflamatórias, tais como IL1-, IL-6, TNF- e PGE2, por diferentes linhagens

celulares (Wilson et al., 1996; Martinho et al., 2010; 2011b; 2012). A rede de

citocinas produzidas revela sua complexa atividade antigênica e o padrão de

resposta imune/inflamatória pulpar e perirradicular gerado será determinado pelo

potencial inflamatório do conteúdo infeccioso (Homji et al., 2012).

Segundo Minabe et al., 1994, na doença periodontal, a maioria dos

LPS fica aderida superficialmente na porção radicular e pode ser removida através

do polimento radicular. As endotoxinas residuais, que ficam na superfície radicular,

podem ser toleradas ou neutralizadas pelos mecanismos de defesa do hospedeiro.

Em seu trabalho, eles observaram que a endotoxina pode ser removida, atingindo

taxas de até 99,2%. No entanto, o polimento por si só pode ser insuficiente, sendo

necessário a utilização de alguma substância química para eliminação total do LPS.

Estudos mostraram que a endotoxina se adere fracamente à superfície

radicular e não penetra profundamente no cemento. Além disso, alisamento radicular

excessivo pode levar a remoção completa de cemento e parece ser desnecessária,

uma vez que evita a sensibilidade pulpar (Nakib et al., 1982; Nyman et al., 1988;

Lowenguth & Greenstein, 1995; Duque, 2016).

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Liu et al., 2002 mostraram que partículas de cemento, coletadas de

dentes comprometidos com doença periodontal, apresentaram quantidades

significativas de endotoxinas. Dessa forma, o LPS atuaria como um potente

estimulador de células inflamatórias tendo como consequência a destruição óssea

periodontal (Duque, 2016).

Jacob et al., 2012, avaliaram níveis de endotoxina na circulação

sangüínea de pacientes com periodontite crônica, através do ensaio semi

quantitativo LAL, imediatamente após processos de raspagem e alisamento

radicular. Eles observaram um aumento significativo nos níveis sangüíneos de

endotoxina 15 minutos após a terapia periodontal (Duque, 2016).

Touyz, 2013 demonstrou que periodontites com bolsas ativas de 7 mm,

ou mais, permite o ingresso de endotoxinas para a circulação sanguínea derivada,

contribuindo para o aparecimento de choque séptico (Duque, 2016).

2.3. Classificação das lesões endo-periodontais

As lesões endo-periodontais podem ser definidas como alterações

patológicas que acometem ambos os tecidos pulpares e periodontais, no mesmo

dente (Gomes al., 2015). Isto dificulta o diagnóstico, porque uma única lesão pode

apresentar sinais de comprometimento endodôntico e periodontal (Khalid & Fouzan,

2014). Existe um consenso geral hoje em dia de que a grande maioria das lesões

pulpares e periodontais é resultado de infecção bacteriana. Sugere-se que uma

doença pode ser o resultado, ou a causa da outra; ou até mesmo, originada de dois

processos diferentes e independentes, associados ao seu desenvolvimento

(Czarnecki & Schilder, 1979).

As lesões endo-perio totalmente desenvolvidas podem apresentar um

quadro radiográfico similar, tornando o diagnóstico diferencial um desafio (Peeran et

al., 2013). Porém, entendendo a patogênese, o clínico pode oferecer o tratamento

adequado e fazer uma estimativa do prognóstico (Khalid & Fouzan, 2014).

Existem diferentes classificações para as lesões endodônticas-

periodontais, dentre as quais se destaca a classificação de Simon e colaboradores,

proposta em 1972. Essa classificação é fundamentada em como essas lesões são

formadas, ou seja, de acordo com a causa primária da doença. Portanto, baseando-

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se na etiologia, diagnóstico, prognóstico e tratamento, a classificação de Simon et

al., 1972 separa as lesões nos seguintes grupos (Walton & Torabinejad, 1997):

1) Lesões endodônticas primárias: nesse tipo de lesão a necrose

pulpar drena através do ligamento periodontal, na região do sulco gengival. Pode

drenar, também, através do forame apical, canais laterais e acessórios, na região de

furca. A bolsa periodontal que se forma é estreita e tem pouca, ou nenhuma relação

com fatores locais, ou seja, com formação de biofilme subgengival. Radiografias

com cones de guta percha são as ideais para detectar a origem da lesão. O

tratamento endodôntico é o de escolha, levando à resolução completa e rápida da

lesão periapical. Sendo assim, estas lesões possuem um excelente prognóstico.

2) Lesões periodontais primárias: as lesões periodontais são causadas,

primariamente, por patógenos periodontais. Nesse processo, a inflamação

periodontal marginal crônica progride apicalmente ao longo da superfície radicular. O

acúmulo de placa é frequentemente observado, e as bolsas são mais amplas.

Lesões ósseas com perda óssea angular são comumente encontradas e estendem-

se da região cervical até o ápice. As lesões podem não ser limitadas apenas a um

dente e frequentemente envolvem os dentes adjacentes. Ao contrário das lesões

endodônticas primárias, a ausência de crista óssea vestibular, lingual, ou ambas

pode mostrar claramente a raiz e o canal ao nível da perda óssea. O clínico também

deve estar atento ao aspecto radiográfico da doença periodontal associada à

presença das anomalias radiculares de desenvolvimento. Na maioria dos casos, os

testes de sensibilidade indicam clinicamente uma resposta pulpar normal. Esse é um

teste importante para fazer distinção entre as condições da doença endodôntica

primária e da lesão periodontal primária. A sondagem periodontal vai revelar bolsas

mais amplas, que não se estendem necessariamente até o ápice. O prognóstico

depende do estágio da doença periodontal e da eficácia do tratamento periodontal.

3) Lesões endodônticas primárias com envolvimento periodontal secundário: se uma doença endodôntica primária, com a presença de pus,

permanecer sem tratamento por determinado período de tempo, pode ser tornar

responsável, secundariamente, pelo rompimento do periodonto marginal. A placa é

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encontrada na margem gengival de uma fístula isolada, que leva à inflamação

periodontal marginal. Quando a placa ou cálculo estão presentes, o tratamento e

prognóstico são diferentes daqueles do dente afetado apenas pela doença

endodôntica primária. Os dentes adjacentes não são necessariamente acometidos.

Um espessamento evidente do espaço do ligamento periodontal do dente afetado

pode ser observado, da região apical à cervical. Os testes de sensibilidade

normalmente revelam resposta negativa. Uma bolsa isolada, porém ampla, é

normalmente encontrada, estendendo-se até o ápice. O dente afetado necessita

tanto de tratamento endodôntico, quanto periodontal. Se o tratamento endodôntico

for adequado, o prognóstico depende da gravidade da lesão marginal periodontal e

da eficácia do tratamento. Com o tratamento endodôntico isolado, apenas a parte da

lesão que é de etiologia endodôntica irá cicatrizar até o nível da lesão periodontal

secundária. Um quadro similar pode ocorrer também como resultado de uma

perfuração radicular, durante o tratamento endodôntico, ou por pinos e núcleos

intrarradiculares mal posicionados, durante a restauração da coroa. Algumas vezes

os sintomas podem ser agudos, incluindo formação de abscessos periodontais

associados à dor, edema, exsudato purulento, formação de bolsas periodontais e

mobilidade dentária. Pode ocorrer também uma resposta crônica sem a presença de

dor, envolvendo o aparecimento rápido de uma bolsa periodontal, apresentando

sangramento à sondagem ou exsudato purulento. As fraturas radiculares também

podem simular o aspecto da lesão endodôntica primária com envolvimento

periodontal secundário. Isso ocorre, principalmente, em dentes tratados

endodonticamente com núcleos intrarradiculares e coroas protéticas. Os sinais

podem variar desde a presença de uma bolsa periodontal localizada até a formação

de abscessos periodontais mais agudos.

4) Lesões periodontais primárias com envolvimento endodôntico secundário: a progressão de uma bolsa periodontal pode continuar até os tecidos

apicais serem envolvidos. Nesse caso, a polpa pode se tornar necrótica, como

resultado da infecção pela penetração bacteriana via canais laterais ou forame

apical. As bactérias, oriundas da bolsa periodontal, podem ser a fonte da infecção do

canal. Uma forte correlação entre a presença de microrganismos nos canais

radiculares e sua presença em bolsas periodontais, em sítios com periodontite

avançada, tem sido demonstrada, indicando que patógenos similares podem estar

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envolvidos em ambas as doenças. Enquanto o suprimento neurovascular da polpa

permanecer intacto, as perspectivas de sobrevida são boas. Se esse suprimento for

perdido pela doença periodontal, a necrose provavelmente irá ocorrer. As lesões

ósseas, associadas à perda óssea angular, são geralmente encontradas e

estendem-se da região cervical até o ápice. A periodontite generalizada ou o

envolvimento periodontal dos dentes adjacentes é comum. Sintomas associados à

dor, oriunda de uma polpa inflamada, são comuns nos estágios iniciais da doença.

Com a evolução da doença, é esperado que a polpa perca sua vitalidade. As

complicações do tratamento podem levar também ao envolvimento endodôntico

secundário. Canais laterais e túbulos dentinários podem estar abertos ao ambiente

bucal devido à curetagem, raspagem, ou procedimentos cirúrgicos peridontais. É

possível que um vaso sanguíneo do canal lateral seja lesionado, durante os

procedimentos periodontais, e que facilite a entrada de microrganismos para o

interior do canal radicular, resultando, assim, em inflamação e necrose pulpar. Os

testes de sensibilidade vão revelar uma resposta anormal ou completamente

ausente. A sondagem mostra uma bolsa profunda que se estende apicalmente, não

se estendendo necessariamente até o ápice. Enquanto o suprimento neurovascular

da polpa permanecer intacto, as perspectivas de sobrevida são boas. Se esse

suprimento for perdido pela doença periodontal, a necrose provavelmente irá

ocorrer. Em dentes unirradiculares o prognóstico geralmente é sombrio. Nos

molares, o prognóstico pode ser melhor, desde que todas as raízes não sofram a

mesma perda de tecidos de suporte. Em tais casos, a ressecção radicular pode ser

considerada como uma alternativa de tratamento.

5) Lesões endo-perio combinadas verdadeiras: ocorrem em dentes

acometidos por uma patologia endodôntica, que progride coronariamente e que

possuem uma bolsa periodontal infectada, que progride apicalmente. O grau da

perda de suporte nesse tipo de lesão é alto. Áreas de radiolucidez óssea extensa,

de origem endodôntica e periodontal, podem ser encontradas associadas ao dente

afetado. Isso se deve à natureza de longa duração dessa condição. Dependendo do

estágio da doença, a lesão pode ou não se comunicar. A apresentação radiográfica

pode ser semelhante à de um dente com fratura vertical. A elaboração do

diagnóstico diferencial correto é essencial. Os testes de sensibilidade vão revelar

ausência completa de resposta, e sondagem mostrará uma bolsa profunda e cônica,

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característica da doença periodontal. O prognóstico é frequentemente desfavorável.

Isso é particularmente verdadeiro para dentes unirradiculares. Em molares, a

ressecção radicular pode ser considerada como alternativa para o tratamento, se

apenas algumas das raízes forem severamente envolvidas. Na maioria dos casos, a

cicatrização periapical pode ser antecipada após o tratamento endodôntico

adequado. Os tecidos periodontais, entretanto, podem não responder bem a esse

tratamento, e os resultados dependem da gravidade da condição.

Em 1996, Trope & Torabinejad propuseram uma outra classificação para

as lesões endo-periodontais, baseada no tratamento das mesmas:

1) Lesões de origem endodôntica;

2) Lesões de origem periodontal;

3) Lesões endo-perio combinadas;

4) Lesões que apresentam comunicações;

5) Lesões com ausência de comunicações.

Armitage, em 1999, separou as lesões endodônticas-periodontais em três

grupos:

1) Lesões endodônticas-periodontais;

2) Lesões periodontais-endodônticas;

3) Lesões combinadas.

Alguns autores afirmam que no primeiro item da classificação proposta

por Simon e colaboradores em 1972: “lesões endodônticas primárias”, não existe

nenhum tipo de relação com a doença periodontal. Dessa forma, foi sugerida uma

nova classificação de inter-relações endodôntico-periodontais, baseada na doença

primária com seu efeito secundário (Khalid & Fouzan, 2014):

1) Doença periodontal retrógrada:

a) Lesão endodôntica primária, que drena através do ligamento

periodontal;

b) Lesão endodôntica primária, com envolvimento periodontal secundário.

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2) Lesão periodontal primária;

3) Lesão periodontal primária, com envolvimento endodôntico secundário;

4) Lesão endo-periodontal combinada;

5) Lesão periodontal iatrogênica.

2.4. Microbiologia envolvida nas lesões endodônticas-periodontais

2.4.1. Doença periodontal Diversos trabalhos tem evidenciado que a placa bacteriana é o principal

agente etiológico das várias formas de doença periodontal, e que a natureza exata

da microbiota associada à saúde e à doença periodontal é de extrema relevância

aos clínicos e pesquisadores. Teorias iniciais mostravam o papel da placa

bacteriana, sugerindo que ela era composta por uma massa microbiana complexa e

homogênea, que provocava doença nos locais onde fosse permitido seu

crescimento (Burnett & Scherp, 1968; Burnett, 1970). A literatura tem sido cada vez

mais concisa em demonstrar que a composição bacteriana da placa associada à

áreas sadias é diferente daquela da placa associada à doença. Importante tem sido

também a observação de que microbiotas características podem estar associadas a

enfermidades periodontais clinicamente diferentes (Garant, 1976; Gibbons and

Macdonald, 1961).

As doenças periodontais são muito comuns, afetando até 90% da

população global. A inflamação nos tecidos periodontais mais profundos é causada

pela microbiota patogênica do biofilme subgengival. O processo inflamatório varia

em grau e intensidade, e pode ter como consequência o aparecimento de

mobilidade dentária, dor ocasional, ou até mesmo, eventual perda dos dentes

afetados. Várias bactérias Gram-negativas, incluindo Porphyromonas gingivalis,

Treponema denticola e Tannerella forsythia, são freqüentemente isoladas em

biofilmes subgengivais de pacientes portadores de periodontite crônica e são

consideradas potentes patógenos periodontais (Tsai et al., 2016).

Também já foi relatada uma forte correlação entre várias bactérias

cultiváveis, como Prevotella intermedia, Fusobacterium nucleatum, Aggregatibacter

actinomycetemcomitans e doença periodontal (Slots, 1986; Kolenbrander et al.,

1989). Embora as bactérias subgengivais sejam as principais causadoras das

doenças periodontais (Socransky et al., 1998), grande parte das espécies ou filotipos

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não é facilmente cultivável (Paster et al., 2006), o que aparenta ser um obstáculo

para entender completamente as relações causais entre as bactérias subgengivais e

a periodontite.

Para superar as dificuldades e limitações associadas às técnicas de

cultivo microbiológico, foram desenvolvidos métodos independentes da cultura,

baseados na amplificação e sequenciamento de metagenomas bacterianos, com a

finalidade de identificar milhares de bactérias diferentes numa única amostra.

Utilizando a técnica de amplificação do gene bacteriano 16S rRNA, Wang

et al., 2013 investigaram a estrutura da comunidade microbiana, associada à uma

condição de saúde periodontal e à periodontite, e encontrou uma forte correlação

entre a complexidade estrutural da comunidade microbiana e o desenvolvimento da

doença periodontal. Além disso, ao analisarem a variação metabólica entre as

espécies bacterianas, em ambas as condições (saúde e doença), observaram que

alguns genes funcionais e vias metabólicas, incluindo os relacionados com a

quimiotaxia bacteriana e a biossíntese de glicanos, estavam sobre-representados

nos microbiomas da doença periodontal.

Liu et al., 2012 e Chen et al., 2015, investigaram a diversidade bacteriana,

encontrada em dentes que apresentavam parâmetros periodontais saudáveis e em

dentes comprometidos periodontalmente, utilizando o seqüenciamento do gene 16S

rRNA. Eles mostraram que há uma mudança na composição da microbiota

subgenvival, em amostras coletadas de dentes periodontalmente saudáveis e

naqueles com doença periodontal. Nas amostras saudáveis, a comunidade

bacteriana era predominantemente Gram-positiva, já nos dentes com doença

periodontal, foi observada uma microbiota com maior número de espécies Gram-

negativas. Os achados desses estudos demonstram que os gêneros Gram-

negativos: Selenomonas (Faveri et al., 2008; Kumar et al., 2005), Prevotella (Darby

and Curtis, 2001), Treponema (Mineoka et al., 2008), Tannerella (Mineoka et al.,

2008), Haemophilus (Slots, 1979), e Catonella (Siqueira & Rôças, 2006) são

significativamente mais encontrados na doença periodontal. Os gêneros Gram-

positivos, Streptococcus, Actinomyces e Granulicatella são mais frequentemente

detectados em amostras de tecidos periodontais saudáveis.

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2.4.2. Infecção endodôntica

A cavidade oral é uma região do organismo que abriga,

aproximadamente, 1010 bactérias (Figdor & Sundqvist, 2007). No dente, o complexo

dentina-polpa é protegido da invasão bacteriana pela camada de esmalte, um tecido

mineralizado relativamente pouco permeável, pelo cemento e pela fração

mineralizada da dentina.

O rompimento da continuidade desses tecidos expõe os microrganismos

e seus subprodutos ao tecido conjuntivo adjacente. Portanto, a cárie dentária, lesões

traumáticas, ou mesmo rachaduras e trincas podem criar diferentes caminhos, para

que esses microrganismos e seus subprodutos atinjam o sistema de canais

radiculares (Figdor & Sundqvist, 2003).

Entretanto, os microrganismos envolvidos em infecções endodônticas

pertencem a um grupo mais restrito de espécies (Sundqvist & Figdor, 2003;

Sundqvist & Figdor, 2007; Sundqvist, 1994; Siqueira & Rôças, 2009; Munson et al.,

2002; Siqueira et al., 2005), sendo predominantemente anaeróbios estritos. Os

anaeróbios facultativos situam-se na porção mais coronária do canal radicular.

Diferentemente dos anaeróbios estritos, encontrados em maiores quantidades no

terço apical (Baumgartner & Falkler, 1991; Fabricius et al., 1982).

Os principais fatores ecológicos que afetam a sobrevivência das espécies

no ambiente endodôntico são: disponibilidade de nutrientes, nível de oxigênio e pH

(Sundqvist & Figdor, 2003; Sundqvist, 1994; Fabricius et al., 1982). Nos estágios

iniciais da infecção endodôntica, a microbiota é composta por uma maior proporção

de microrganismos anaeróbios facultativos, que exercem suas atividades

metabólicas a partir de carboidratos disponíveis no meio. No decorrer do tempo

(Sundqvist, 1994) e com o avanço do processo infeccioso em direção apical, a

disponibilidade de oxigênio e carboidratos diminuem (Fabricius et al., 1982). Dessa

forma, a microbiota, que era composta predominantemente por espécies anaeróbias

facultativas, passa a ter uma maior proporção de anaeróbios estritos, que exercem

suas atividades metabólicas à partir de proteínas e glicoproteínas, oriundas do

tecido pulpar infectado em desintegração (Figdor & Sundqvist, 2007; Sundqvist &

Figdor, 2003).

Relações de interdependência entre as espécies microbianas

proporcionam mudanças consideráveis na microbiota endodôntica. Estas

associações são provavelmente baseadas em demandas de relações nutricionais

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(Sundqvist, 1992). Outras interações podem ocorrer entre o hospedeiro e bactéria,

entre uma ou várias bactérias específicas e aspectos clínicos (Gomes et al., 1994;

Jacinto et al. 2003, Gomes et al. 2004; Montagner et al., 2010).

Os estudos microbiológicos, tradicionalmente realizados, são baseados

em métodos cultura dependentes. No entanto, o advento das técnicas moleculares,

que envolvem o estudo do gene 16S rRNA em células bacterianas, permitiu a

identificação de novas espécies (Figdor & Sundqvist, 2007; Figdor & Sundqvist,

2003; Siqueira & Rôças, 2005) e a expansão do conhecimento da microbiota

endodôntica. Assim, os métodos moleculares foram descobertos para superar as

limitações encontradas nas metodologias cultura-dependentes, tais como (Figdor &

Sundqvist, 2007; Siqueira & Rôças, 2005):

a. Baixa sensibilidade, especialmente em bactérias anaeróbias

fastidiosas;

b. Dificuldade de cultivar determinadas espécies;

c. Possíveis características fenotípicas diferentes, presentes em espécies

de mesma linhagem genética, levando muitas vezes a uma identificação errônea.

Os métodos moleculares, entretanto, também apresentam suas

limitações, tais como:

a. O risco de inclusão de contaminantes nas amostras, resultando em

amplificação de espécies não-prevalentes;

b. A falta de discriminação entre células mortas e viáveis, uma vez que a

identificação de células mortas valorizará seu papel na patogênese das doenças

pulpares (Siqueira & Rôças, 2005; Figdor & Sundqvist, 2007).

Porém, apesar das limitações inerentes aos métodos cultura-dependentes

e moleculares, os resultados obtidos através de ambas as metodologias são

extremamente necessários para expandir cada vez mais o conhecimento da

microbiota envolvida nas patologias pulpares e perirradiculares. A prevalência de

determinadas espécies microbianas, nos diferentes tipos de infecções endodônticas,

depende dos métodos utilizados no estudo e da população da amostra. De fato,

espécies como Tannerella forsythia, Treponema spp., Dialister spp., Filifactor alocis

e Olsella spp., foram detectados através do uso de técnicas moleculares. Um

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assunto ainda controverso é que alguns microrganismos podem ser comumente

encontrados em infecções endodônticas, porém, em pequeno número, o que poderia

significar que seu potencial patogênico é menor (Siqueira & Rôças, 2009).

Dentre os microrganismos mais detectados no terços apicais de canais

radiculares infectados estão: Pseudoramibacter alactolyticus, Treponema denticola,

Fusobacterium nucleatum, Porphyromonas endodontalis, Filifactor alocis, Dialister

pneumosintes, Porphyromonas gingivalis e Tannerella forsythia (Siqueira & Rôças,

2009).

A grande maioria dos microrganismos, que colonizam o sistema de canais

radiculares, organizam-se na forma de biofilme (Jhajharia et al., 2015). Essa forma

de organização espacial é caracterizada como uma comunidade microbiana séssil,

na qual as espécies estão embebidas em uma matriz extracelular polimérica e

firmemente aderidas às paredes dentinárias do canal radicular (De Paz, 2010).

Várias vantagens são proporcionadas às espécies microbianas

organizadas em biofilme, como:

a. Criação de nichos, que permitem a sobrevivência de diferentes

microrganismos;

b. Maior eficiência metabólica;

c. Maior resistência frente aos mecanismos de defesa do hospedeiro;

d. Maior resistência aos agentes antimicrobianos;

e. Melhor comunicação entre as células que compõe o biofilme, sob a

forma de “quorum sensing”, além de permitir a troca de materiais genéticos;

f. Retenção de água para hidratação das espécies (De Paz, 2010;

Jhajharia et al., 2015; De Kievit & Iglewski, 2000).

2.5. Microbiota das lesões endo-periodontais Kipioti et al., 1984, analisando a microbiota periodontal e endodôntica de

6 dentes necrosados, com coroas intactas, sem lesões periapicais e com bolsas

periodontais profundas, observaram que a microbiota encontrada nos canais e nas

bolsas periodontas adjacentes era similar. Também demonstraram que os

microrganismos mais predominantemente encontrados, em ambos os sítios, foram

Porphyromonas gingivalis, Prevotella intermedia, Peptostreptococcus spp,

Capnocytophaga spp, Actinomyces spp e Streptococcus spp. Os autores sugeriram

que a bolsa periodontal era a possível fonte de infecção dos canais radiculares.

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Kurihara et al., 1995, estudaram a microbiota presente no interior de

canais radiculares e em bolsas periodontais de cinco dentes necrosados, sem cárie

aparente, e com bolsas periodontais profundas. Os autores encontraram mais

microrganismos nas bolsas periodontais que nos canais radiculares, sendo que a

microbiota das bolsas periodontais consistia principalmente de bacilos e cocos.

Espiroquetas foram encontradas apenas nas bolsas periodontais. As espécies

bacterianas mais encontradas nos canais radiculares foram as dos gêneros

Peptostreptococcus spp., e Streptococcus spp., (cocos Gram-positivos),

Actinomyces spp., e Rothia spp., (bacilos Gram-positivos). As bactérias mais

encontradas nas bolsas periodontais foram os bacilos anaeróbios facultativos e

obrigatórios (Gram-negativos e positivos), Campylobacter spp., Fusobacterium spp.,

Peptostreptococcus productus e Peptostreptococcus spp, Porphyromonas gingivalis,

Streptococcus mutans e spp.

Rupf et al., 2000 investigaram a presença de patógenos periodontais

Actinobacillus actinomycetemcomitans, Tannerella forsythia, Eikenella corrodens,

Fusobacterium nucleatum, Porphyromonas gingivalis, Prevotella intermedia e

Treponema denticola em canais radiculares e bolsas peridontais de dentes com

comprometimento endodôntico-periodontal, através da Reação em Cadeia da

Polimerase (PCR). Coletas clínicas foram realizadas em 31 dentes intactos que

apresentavam, simulteaneamente, ambas as patologias: pulpar e periodontal. As

amostras eram coletadas das bolsas periodontais e dos canais radiculares,

utilizando-se cones de papel absorventes estéreis. Os patógenos periodontais,

analisados nesse estudos também foram encontrados nas amostras endodônticas

dos dentes com comprometimento endo-periodontal, sustentando a ideia de que as

inter-relações endodônticas-periodontais justificam as etiopatogenias endo-

periodontais.

A pesquisa de Berber (2009) teve como objetivos: identificar a microbiota

dos canais radiculares (CR) e bolsas periodontais (BP) de dentes com polpas

necrosadas, lesões periapicais, sangramento gengival e bolsas periodontais, pelos

métodos de cultura microbiológica e PCR; verificar a capacidade do preparo

químico-mecânico (PQM) e do uso de medicação intracanal por 7 (clorexidina gel

2%) e 14 dias (hidróxido de cálcio e associação entre hidróxido de cálcio e

clorexidina gel 2%) em reduzir a contagem de unidades formadoras de colônias

(UFC/mL) no canal radicular e na bolsa periodontal associada; e investigar possíveis

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associações entre as espécies bacterianas detectadas e entre microrganismos e

sinais e sintomas clínicos. Amostras foram coletadas de CR (E1) e BP (P1) antes e

após o PQM (E2, P2) e após o uso de medicação (E3, P3). Foram utilizados meios

de transporte, cultura e incubação adequados, e os microrganismos identificados

através dos testes bioquímicos. O DNA bacteriano das amostras foi extraído e

“primers” específicos para Treponema denticola (Td), Treponema socranskii (Ts),

Gemella morbillorum (Gm), Tannerella forsythia (Tf), Aggregatibacter

actinomycetemcomitans (Aa), Porphyromonas endodontalis (Pe), Porphyromonas

gingivalis (Pg), Prevotella intermedia (Pi), Prevotella tannerae (Pt), Prevotella

nigrescens (Pn), Fusobacterium nucleatum (Fn), Filifactor alocis (Fa), Parvimonas

micra (Pm) foram utilizados para detecção destas espécies por PCR. Os resultados

mostraram que as UFC/mL iniciais médias foram 17,33 x 106 nos CR e 17,93 x 108

nas BP, após o PQM foram 15,25 x 104 nos CR e 8,53 x 108 nas BP e após o uso

das medicações intracanais 7,6 x 104 nos CR e de 3,88 x 108 nas BP. Pela cultura,

os microrganismos mais encontrados nos CR foram Pi/Pn/Pt e Fn em 45% de E1,

Pi/Pn/Pt (5%), P.propionicum (5%), S.salivarius (5%), M.varians (5%) em E2, A.

naeslundii e P.propionicum em 36,6% de E3. Nas BP, os mais encontrados foram Pg

e Gm em 50% dos casos de P1, Pm em 62,5% de P2 e Fn em 73,3% de P3. Por

PCR, nos CR e nas BP, em todos os momentos da terapia endodôntica, Pm foi o

microrganismo mais frequente. Verificou-se que Pm, Td e Tf foram encontrados em

maior número em P2 que em E2 e que Pe e Fn estavam mais presentes em P3 que

em E3. Nas primeiras coletas não houveram diferenças estatisticamente

significantes. Concluiu-se que os canais radiculares e as bolsas periodontais, de

dentes com comprometimento pulpar e bolsa periodontal, apresentaram-se

infectados por uma combinação de espécies de microrganismos formada,

principalmente, por bactérias anaeróbias estritas e facultativas, Gram-positivas; o

PQM foi o grande responsável pela redução dos microrganismos dos CR;

correlações estatísticas positivas foram observadas entre a presença de sinais e

sintomas de origem endodôntica e periodontal e algumas espécies bacterianas, e

também entre as espécies; quaisquer das medicações intracanais testadas não

foram capazes de alterar ou reduzir a microbiota da bolsa periodontal associada, no

período de 7 ou 14 dias; não houveram diferenças de eficiência antimicrobiana entre

as medicações intracanais utilizadas tanto no canal radicular como na bolsa

periodontal, no período estudado.

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Pereira e colaboradores, em 2011, detectaram microrganismos

anaeróbios estritos em lesões endodôntico-peridontais, através da Reação em

Cadeia da Polimerase. As amostras clínicas foram coletadas de 27 dentes, no

interior dos canais radiculares e nas bolsas periodontais associadas. A espécie

bacteriana mais frequentemente encontrada, em amostras das bolsas periodontais,

foi Prevotella intermedia, enquanto nos canais radiculares as espécies detectadas

com maior frequência foram Porphyromonas gingivalis e Prevotella intermedia. A

presença simultânea de Porphyromonas gingivalis, Tannerella forsythia e

Porphyromonas endodontalis, em ambos os sítios, ocorreu em 18% dos casos.

O estudo de Duque (2013), avaliou a influência do tratamento

endodôntico em pacientes com doença periodontal crônica e polpa vital, através da

análise microbiológica por PCR e quantificação de endotoxinas, em bolsas

periodontais e canais radiculares, de 15 dentes com envolvimento periodontal

crônico e sensibilidade pulpar positiva. Os dentes foram divididos em três grupos: no

Grupo I o tratamento endodôntico foi realizado em uma única sessão. Os dentes do

Grupo II e III receberam medicação intracal por 30 dias. Porém, no Grupo II ela era

composta por hidróxido de cálcio e clorexidina gel 2%, enquanto no Grupo III, pela

combinação de hidróxido de cálcio e solução salina. As amostras foram coletadas

em três diferentes momentos da terapia endodôntica: inicial, após preparo químico-

mecânico e após medicação intracanal por 30 dias, através de cones de papel

absorventes apirogênicos/estéreis. Os microrganismos foram identificados pela

técnica molecular do PCR simples, com o uso de primers específicos para

Fusobacterium nucleatum, Prevotella intermedia, Porphyromonas gingivalis,

Tannerella forsythia, Treponema denticola, Gemella morbillorum e Parvimonas

micra, e para quantificação de endotoxina foi realizado o teste Lisado de Amebócito

Limulus (LAL). Os resultados mostraram que após o preparo químico-mecânico e o

uso de medicação intracal por 30 dias houve redução do conteúdo microbiano em

ambos os sítios, e que a concentração de endotoxinas nas amostras das bolsas

periodontais iniciais foi maior do que nas encontradas após o preparo químico-

mecânico. Os canais radiculares apresentaram concentrações de endotoxinas quase

nulas, em todos os momentos das coletas. Das medicações intracanais testadas

nesse estudo, a que apresentou maiores reduções dos níveis endotóxicos nas

bolsas periodontais foi a composta pela associação de hidróxido de cálcio e solução

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salina. Esse trabalho concluiu, então, que a presença de uma medicação intracanal

diminui a concentração do LPS nos canais radiculares e bolsas periodontais.

Li et al., 2014, conduziram um estudo que analisaram a comunidade

microbiana presente em canais radiculares e bolsas periodontais de dentes com

lesões endo-periodontais combinadas. Para tal, foram realizadas coletas clínicas em

molares de 20 pacientes. O DNA das amostras dos canais radiculares e bolsas

periodontais foi extraído para posterior amplificação, clonagem e sequenciamento

genético. A análise genética foi realizada por eletroforese em gel de gradiente de

desnaturação. Como resultados, o PCR-DGGE revelou um maior número de bandas

em amostras das bolsas periodontais, o sequenciamento genético identificou, no

geral, 60 gêneros bacterianos, dos quais 43 foram comuns em amostras de ambos

os sítios: pulpar e periodontal. As espécies bacterianas mais prevalentes nas

amostras de canais radiculares e bolsas periodontais foram Filifactor alocis,

Parvimonas micra, Porphyromonas gingivalis e Tannerella forsythia. Eles concluíram

que a alta similaridade entre a microbiota encontrada em amostras de ambos os

sítios sugere que a bolsa periodontal pode ser a possível fonte de infecção do canal

radicular, e que a comunidade microbiana presente em dentes com lesões endo-

periodontais combinadas é diversa e complexa.

Gomes et al., 2015, avaliaram os microbiomas de lesões endo-

periodontais (LEP) antes e após o preparo químico-mecânico (PQM). Foram

coletadas amostras clínicas de 15 canais radiculares (CR) com polpa necrótica e

bolsas periodontais associadas (BP), antes e após PQM. Para identificação de

microrganismos humanos orais foi usado o protocolo do Next Generation

Sequencing (NGS) e cultura viável, para análises das amostras dos CR´s e BP´s. O

teste de Mann-Whitney e de Benjamini-Hochberg foram realizados para

correlacionar os achados clínicos e radiográficos com achados microbianos (p

<0,05). As bactérias foram detectadas em 100% das amostras em ambos os sítios

(15/15), utilizando NGS. Firmicutes foi o filo mais frequentemente detectado em

ambos os sítios, através dos dois métodos de identificação microbiológica. As

espécies mais predominantes no CR, antes e após PQM, por NGS foram:

Enterococcus faecalis, Parvimonas micra, Mogibacterium timidum, Filifactor alocis e

Fretibacterium fastidiosum. As espécies mais prevalentes na BP´s, antes e após o

PQM, através do método NGS foram P. micra, E. faecalis, Streptococcus

constellatus, Eubacterium brachy, Tannerella forsythia e F. alocis. Foram

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encontradas associações entre lesões periapicais ≤ 2 mm e Desulfobulbus sp. Oral

taxon 041; e entre bolsas periodontais ≥ 6mm e Dialister invisius e

Peptostreptococcus stomatis (todos p <0,05, encontrados no CR antes do PQM).

Concluiu-se que a comunidade microbiana presente nas lesões endo-periodontais

combinadas é complexa e mais diversa do que a relatada anteriormente. É

importante notar que bactérias sobrevivem em alguns canais radiculares após o

preparo químico-mecânico. Finalmente, a similaridade entre a microbiota de ambos

os sítios, antes e após o preparo químico-mecânico, sugere que pode haver uma via

de infecção entre a polpa e o periodonto.

2.6. Preparo Quimico-Mecânico 2.6.1. Substâncias Quimicas Auxiliares O principal propósito do tratamento endodôntico é a eliminação das

bactérias e de seus fatores de virulência (LPS, LTA, etc) do sistema de canais

radiculares, através da ação mecânica dos instrumentos e da ação química de uma

ampla variedade de agentes antimicrobianos (Safavi & Nichols, 1993).

Durante o preparo utilizando como agente irrigante a solução salina, a

quantidade de bactérias presentes é reduzida significantemente, mostrando a

eficiência da instrumentação mecânica (Byström & Sundqvist 1981).

Em 1958, Ingle & Zeldow demonstraram que imediatamente após a

instrumentação mecânica, utilizando solução salina estéril como irrigante, 80% dos

canais radiculares infectados apresentaram culturas positivas. Este número

aumentou para 95,4% após 48 horas.

Sundqvist & Bystrom, 1981, conduziram um estudo que mostrou a

importância do preparo químico-mecânico na redução microbiana. No trabalho, eles

instrumentaram 17 canais radiculares infectados com limas manuais de aço

inoxidável, utilizando apenas solução salina. Os resultados mostraram que a

redução bacteriana foi bastante considerável, mesmo sem o uso de agentes

antimicrobianos. Da mesma forma, Orstavik & Molven, 1991, mostraram que a ação

mecânica da instrumentação sem uso de substâncias antimicrobianas foi eficaz na

redução bacteriana no interior de canais radiculares. No entanto, a eliminação total

de bactérias não foi observada na maioria dos casos.

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O estudo de Dalton et al., 1998 teve como objetivo comparar a redução

bacteriana no interior de canais radiculares infectados, através da instrumentação

com limas de NiTi e limas manuais de aço inoxidável, usando apenas solução salina.

Foram selecionados 48 dentes com periodontite e amostras microbiológicas foram

realizadas antes, durante e após a instrumentação. Essas amostras foram

incubadas anaerobicamente por 7 dias, e as UFC contadas. Os autores observaram

que a redução bacteriana foi similar, independentemente da técnica (p < 0,0001). Os

resultados deste estudo indicaram que ambas as limas não foram significativamente

diferentes na sua capacidade de reduzir as bactérias intracanais.

Siqueira et al., 1999, avaliaram, “in vitro”, a redução da população

bacteriana pela ação mecânica da instrumentação e irrigação. Os canais radiculares

foram inoculados com uma suspensão de Enterococcus faecalis e instrumentados

com limas manuais Nitiflex, limas Greater Taper (GT) e instrumentos rotatórios

Profile 0,06. A irrigação foi realizada com solução salina estéril. Amostras foram

coletadas antes e após a instrumentação. Todas as técnicas e instrumentos testados

foram capazes de reduzir significativamente o número de células bacterianas no

canal radicular. Os resultados deste estudo mostraram que a instrumentação

mecânica reduz 90% de bactérias presentes no interior dos canais radiculares.

Entretanto, a ação mecânica dos instrumentos endodônticos é incapaz de

promover completa desinfecção de algumas áreas, devido às complexidades

anatômicas dos canais radiculares, que apresentam regiões de istmos e

ramificações, não sendo alcançadas pela ação mecânica dos instrumentos.

Assim, o uso de substâncias químicas auxiliares (SQA) com ação

antimicrobiana, durante o preparo químico-mecânico, é indispensável e auxilia na

redução microbiana. É imperioso que tais substâncias possuam amplo espectro de

ação antimicrobiana, além da capacidade de dissolver tecidos e inativar

endotoxinas, ausência de citotoxicidade, auxiliar na lubrificação do canal radicular

durante a ação de corte dos instrumentos e na remoção de smear layer (Spangberg,

1982).

Dentre as SQA mais utilizadas na endodontia destacam-se o hipoclorito

de sódio (NaOCl), clorexidina (CLX) e ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA).

O hipoclorito de sódio (NaOCl) tem sido bastante utilizado como

substância química auxiliar, durante os procedimentos biomecânicos de desinfecção

dos canais radiculares. NaOCl tem uma atividade antibacteriana de amplo espectro,

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pois exerce ação contra bactérias vegetativas, esporos bacterianos, fungos,

protozoários e vírus; além dissolver tecidos necróticos. Entretanto, é incapaz de

remover a smear layer. Ademais, é citotóxico e lesivo aos tecidos periapicais,

apresentando ainda, casos de alergia (Siqueira et al., 1998; Mc Donnel & Russel,

1999; Vianna et al., 2004; Okino et al., 2004).

CLX tem se destacado, devido ao seu amplo espectro de ação

antimicrobiana, substantividade, baixa citotoxicidade aos tecidos periapicais e

capacidade de lubrificação (Gomes et al., 2013). Segundo Ferraz et al., 2001, a

clorexidina na forma gel permite que partículas de detritos e restos de tecido fiquem

em suspensão. Essa propriedade, além de favorecer a capacidade lubrificante

durante a instrumentação, compensa a incapacidade da clorexidina de dissolver o

tecido, o que facilita a limpeza do canal radicular.

A clorexidina é uma bisbiguanida catiônica, praticamente insolúvel em

água. Essa substância, inodora e incolor, exerce atividade antimicrobiana de amplo

espectro. A clorexidina apresenta também substantividade, ou seja, ela se liga à

hidroxiapatita do esmalte ou dentina, e a grupos aniônicos de glicoproteínas, sendo

lentamente liberada à medida que sua concentração no meio decresce, permitindo

um tempo de atuação prolongado. Devido à tais propriedades, o uso da clorexidina

na terapia endodôntica tem sido preconizado tanto no preparo químico-mecânico,

como substância química auxiliar (Ferraz et al., 2001, 2007), quanto na forma de

medicação intracanal (Gomes et al., 2003a, 2009, 2013).

A instrumentação mecânica do sistema de canais radiculares produz uma

camada que cobre os túbulos dentinários, conhecida por smear layer. É uma

camada irregular amorfa, contendo detritos inorgânicos de dentina, orgânicos, como

tecido pulpar, processos odontoblásticos, restos necróticos, microrganismos e seus

subprodutos. A smear layer se adere às paredes do canal radicular e poder ocluir

parcialmente ou completamente os túbulos dentinário. Assim, bactérias podem ficar

confinadas no interior dos túbulos dentinários, podendo contribuir para o

desenvolvimento ou a persistência dos processos infecciosos e inflamatórios

(Torabinejad et al., 2002; Ballal et al., 2009; Mello et al., 2010). Essas partículas

também podem se tornar compactadas ao longo de toda a superfície das paredes

dos canais, reduzindo a adaptação da guta-percha durante a obturação (Bowman &

Baumgartner, 2002). Além disso, essa compactação pode se dar a nível apical,

criando um tampão apical que impede a completa limpeza e obturação desta região.

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Assim, a remoção dessa camada se torna indispensável para o sucesso da terapia

endodôntica, sendo os agentes quelantes as substâncias mais eficazes para sua

remoção (Iqbal et al., 2003; Shahravan et al., 2007).

O EDTA é o agente quelante mais eficaz na remoção da smear layer, com

propriedades lubrificantes proeminentes e amplamente utilizados em endodontia

(Carvalho et al., 2008). O EDTA tem vários usos na endodontia, devido a uma série

de propriedades, tais como: remoção da smear layer (Herrera et al., 2013); atividade

antimicrobiana (Prado et al., 2015), atua na camada profunda de dentina (Martinho

et al., 2010, Marinho et al., 2014), ajuda a reduzir os níveis de LPS (Vianna et al.,

2007, Martinho & Gomes, 2008; Gomes et al., 2009), auxilia na remoção da MIC

(Abi-Rached et al., 2014), libera fatores de crescimento da dentina (Widbiller et al.,

2016), entre outros.

No entanto, para otimizar suas propriedades, o EDTA deve ser ativado

por via ultra-sônica, de modo que possa atingir áreas infectadas não acessíveis pela

instrumentação do canal radicular e irrigação convencional, questões muitas vezes

subestimadas em estudos in vitro (Herrera et al., 2016).

O uso do EDTA na prática clínica é bastante difundido, uma vez que

remove a camada de smear layer contaminada e os debris formados durante o

PQM, abrindo os túbulos dentinários para receber a MIC, ou os cimentos

endodônticos (Schmidt et al., 2015). O EDTA tem a capacidade de atuar sobre as

camadas profundas (≈130μm) de dentina contaminada, não atingida pelo PQM

(Martinho et al., 2010, Marinho et al., 2014), e pode aumentar a remoção de LPS das

amostras, devido ao seu potencial para se ligar ao cálcio presente na porção do

lipíde A das moléculas de endotoxina (Sousa et al., 2014, Gründling et al., 2015,

Herrera et al., 2016). Martinho et al., 2010 mostraram uma redução de 98,06% de

endotoxinas, após o PQM com NaOCl a 2,5% e irrigação passiva com EDTA 17%

(Gomes et al. In press).

A associação de EDTA 17% ao NaOCl melhora a limpeza do canal

radicular, devido à capacidade de remoção de matéria orgânica do NaOCl e à

capacidade do EDTA de remover a matéria inorgânica. Além disso, promove a

redução do conteúdo microbiano e endotóxico de canais radiculares infectados in

vivo (Martinho et al., 2010). A associação de EDTA com CHX também é

interessante, porque não causa alteração morfológica da estrutura dentinária e não

interfere com o colágeno presente na matriz orgânica da dentina radicular e na

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adaptação do selante à dentina radicular. Portanto, mantém a qualidade do

substrato dentinário para posterior obturação ou restauração do dente com materiais

à base de resina (Gomes et al. in press).

Embora vários estudos tenham demonstrado níveis elevados de redução

da carga microbiana após PQM, independentemente do uso de NaOCl ou CHX

(Gomes et al., 2009b, Rôças et al., 2011, 2016), nenhuma dessas duas substâncias

químicas auxiliares tem a capacidade de eliminar os níveis endotóxicos do sistema

de canais radiculares de dentes com infecção endodôntica primária (Vianna et al.,

2007, Martinho & Gomes 2008, Gomes et al., 2009b, Martinho et al., 2010, Herrera

et al., 2016, Sousa et al., 2014), bem como daqueles com infecção secundária

(Gomes et al., 2012; Endo et al., 2013; Gomes et al. in press).

Dado que a instrumentação / irrigação / SQA com propriedades

antimicrobianas não são 100% eficazes na remoção de microrganismos / LPS/ LTA,

foram propostos procedimentos de desinfecção suplementares para promover uma

melhor desinfecção do canal radicular e remoção de detritos, melhorando o sucesso

do tratamento endodôntico (Plotino et al., 2016; Gomes et al. in press).

A ativação mecânica da SQA inclui a agitação manual com cones de

guta-percha, instrumentos endodônticos ou escovas especiais; sistemas vibratórios,

ativados por peças de mão em baixa velocidade ou por energia sônica ou subsônica;

uso de irrigação ultra-sônica passiva (PUI) ou energia a laser para ativar

mecanicamente os irrigantes; e sistemas de irrigação apical de pressão negativa

(PUI) (Caron et al., 2010, Plotino et al., 2016, Gomes et al., in press).

2.6.2. Técnicas de Instrumentação

Descobertas na área de microbiologia, tratamento da parede dentinária,

previamente à obturação do canal radicular, e o desenvolvimento de novos

instrumentos e técnicas para o aprimoramento do tratamento endodôntico, vêm

sendo fortemente estudados na Endodontia marcando, assim, sua evolução na

Odontologia (Berber, 2005).

Buscando o aprimoramento técnico e a simplificação da instrumentação

endodôntica, novos materiais para a confecção de limas ou instrumentos

endodônticos, novos instrumentos rotatórios de níquel titânio (NiTi) com conicidades

crescentes, novos sistemas de instrumentação rotatória vem sendo desenvolvidos

(Berber, 2005).

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A introdução no mercado de sistemas rotatórios reciprocantes de NiTi,

baseados em uma única lima, criou novas perspectivas sobre o preparo mecânico

dos canais radiculares. A instrumentação reciprocante foi proposta para simplificar e

encurtar o procedimento de modelagem do canal radicular e reduzir a fadiga do

instrumento (Fidler, 2014). Além disso, a utilização do sistema reciprocante de lima

única foi tão eficaz quanto os sistemas rotatórios de múltiplas limas, para a remoção

de bactérias e endotoxinas de canais radiculares (Marinho et al., 2014). No entanto,

há uma preocupação de que este tipo de preparo, onde uma quantidade substancial

de dentina é removida, em um curto período de tempo, com uma única lima de corpo

robusto e cônico e de corte rápido, produza um debridamento mecânico menos

eficiente do que os sistemas que utilizam múltiplas limas e que produzem um

alargamento mais lento, mais suave e gradual do espaço do canal radicular (De

Deus et al., 2010, 2015; Gomes et al., in press).

Outro aspecto envolvido é o diâmetro do preparo apical. Um maior

preparo apical proporciona uma maior redução bacteriana e LPS, durante o

tratamento endodôntico (Fornari et al., 2010, Martinho et al., 2010, Silva et al., 2016).

Os preparos apicais maiores permitem uma melhor remoção da dentina infectada,

aumentam a ação de irrigação dos irrigantes no terço apical e reduzem

significativamente a carga bacteriana e os níveis de endotoxina no sistema de

canais (Marinho et al., 2012). As possíveis desvantagens de preparos apicais

maiores incluem o desvio da forma original do canal, formação de bordas e

perfurações (Card et al., 2002, Bartha et al., 2006). Estudos clínicos sugeriram que a

ampliação do forame apical resultaria em um aumento do processo de reparo apical

em dentes com polpas necróticas e lesões periapicais (Saini et al., 2012,

Aminoshariae & Kulild, 2015, Gomes et al. in press).

A tecnologia atual para a preparação mecânica falhou no debridamento

de canais ovais, deixando aletas ou reentrâncias não tocadas das extensões bucais

e / ou linguais. Estes recessos intocados podem abrigar biofilmes bacterianos

residuais não afetados e servir como uma causa potencial de infecção persistente,

podendo resultar no insucesso do tratamento (Siqueira et al., 2010, 2013).

Conseqüentemente, esses achados enfatizam o papel fundamental da irrigação e do

uso da MIC na tentativa de compensar o estado subóptimo do debridamento

mecânico em todas as áreas intocadas do canal (De Deus et al., 2015; Gomes et al.

in press).

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2.7. Preparo Químico-Mecânico com Substâncias Químicas Auxiliares

Byström & Sundqvist, 1981 avaliaram a presença de bactérias em 15

canais radiculares de dentes unirradiculares, com presença de lesão periapical,

irrigados com solução salina fisiológica, durante a instrumentação. Colônias

bacterianas foram isoladas em 100% das amostras iniciais - média de 4,0 x 105

UFC/mL, variando de 102 a 107 UFC/mL. A instrumentação reduziu

consideravelmente o número de bactérias dos canais radiculares, cujos valores de

UFC/mL variaram entre 102 e 103; bactérias foram eliminadas em 8 dentes após o

tratamento. Sete canais radiculares apresentaram infecções persistentes, mesmo

após as 5 sessões de tratamento. Os dentes que apresentaram infecções

persistentes foram aqueles com maior número de bactérias na coleta inicial.

Byström & Sundqvist, 1983, avaliaram a ação antimicrobiana do

hipoclorito de sódio 0,5% (NaOCl) em 30 canais radiculares de dentes apresentando

coroa intacta, necrose pulpar e presença de lesão periapical. Todas as amostras

bacteriológicas iniciais coletadas dos canais radiculares evidenciaram crescimento

bacteriano, sendo isoladas 169 espécies bacterianas, com 80% de incidência de

anaeróbios estritos. Na maioria das amostras, mais de uma espécie foi identificada,

obtendo, em média, 4 espécies por canal radicular. Os gêneros mais

freqüentemente isolados foram Fusobacterium spp., Eubacterium spp.,

Peptostreptococcus spp. e Bacteroides spp. Foram realizados 4 preparos

biomecânicos, com intervalos de 2 a 4 dias, coletando amostras em cada um deles.

Após o tempo pré-estabelecido, testes bacteriológicos dos canais foram realizados.

Os resultados evidenciaram cultura negativa em 12 de 15 espécimes tratados com

NaOCl 0,5%, e 8 de 15 espécimes tratados com soro fisiológico. Os resultados

desse estudo sugeriram que a solução de NaOCl 0,5%, utilizado como irrigante

endodôntico, apresentou melhor efetividade, quando comparada ao soro fisiológico.

Byström & Sundqvist, 1987, avaliaram a ação antibacteriana do hipoclorito

de sódio 0,5%, após o preparo biomecânico, com o uso de ultra-som, em 31 dentes

unirradiculares com necrose pulpar e presença de lesão periapical visível

radiograficamente. Culturas bacteriológicas em anaerobiose foram realizadas no

decorrer de 7 dias da primeira e da segunda sessão, apresentando 29% e 22,5% de

culturas positivas respectivamente.

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Sjögren & Sundqvist, 1987, avaliaram o efeito antimicrobiano do

hipoclorito de sódio 0,5%, comparando a instrumentação manual e ultra-sônica, em

canais radiculares infectados. Os resultados indicaram que a técnica de ultra-som foi

mais eficiente na eliminação de bactérias dos canais quando comparada à técnica

manual. Os autores concluíram que apesar do ultra-som, definitivamente, aumentar

a desinfecção dos canais radiculares, o uso de uma medicação intracanal entre as

sessões faz-se necessário, com o objetivo de diminuir ainda mais o número de

células bacterianas.

Gomes et al., 1996, avaliaram as variações na suscetibilidade da

microbiota endodôntica aos procedimentos biomecânicos. Os autores investigaram

42 canais radiculares, coletando amostras microbiológicas antes e após a

instrumentação. Nos 15 casos de infecção endodôntica primária, não foi observada

mudança na microbiota. Já nos 27 casos de infecção secundária, houve uma

redução no número de Peptostreptococcus spp. Ao avaliar os 42 casos,

conjuntamente, houve um declínio no número de anaeróbios após o procedimento

biomecânico, especialmente de espécies Gram-positivas como Peptostreptococcus

spp. Os autores concluíram que algumas espécies foram mais resistentes ao

preparo biomecânico.

Shupping et al., 2000, avaliaram a redução bacteriana nos canais

radiculares após o uso de limas rotatórias de níquel titânio e irrigação com NaOCl

1,25%, assim como a ação antimicrobiana do hidróxido de cálcio utilizado por 7 dias.

Quarenta e dois dentes com periodontite apical aguda foram examinados. As

amostras foram coletadas antes e após o uso da medicação. A coleta inicial mostrou

infecção em todos os canais avaliados; 61,9% e 92,5% dos casos apresentaram

cultura negativa após a instrumentação e após medicação durante 7 dias,

respectivamente. Os autores concluíram que a instrumentação rotatória com NaOCl

é um passo importante na redução da microbiota dos canais radiculares, entretanto,

não foi possível eliminar microrganismos por completo dos canais radiculares. Os

autores sugerem a utilização da medicação intracanal por 7 dias, a qual reduziu

ainda mais a microbiota dos canais radiculares.

Vianna et al., 2006, avaliaram, in vivo, a redução microbiana após o

preparo químico-mecânico em canais radiculares de dentes com polpas necrosadas

e lesões periapicais. Foram selecionados 32 dentes unirradiculares, os quais foram

instrumentados com auxílio da clorexidina gel (2%) ou NaOCl (2,5%). Os resultados

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mostraram que tanto o grupo da clorexidina como o do hipoclorito de sódio foi capaz

de reduzir substancialmente a quantidade de microrganismos no interior dos canais

radiculares (acima de 96%). Entretanto, o grupo instrumentado com NaOCl

apresentou maior número de canais livres de microrganismos do que o grupo da

clorexidina. Os autores concluíram que o hipoclorito de sódio apresentou maior

capacidade de eliminar microrganismos presentes nos canais radiculares de dentes

com infecções primárias.

O trabalho de Martinho & Gomes, 2008, mostrou que o preparo químico-

mecânico, utilizando NaOCl 2,5% como substância química auxiliar, foi eficaz contra

bactérias, mas menos eficaz contra endotoxinas, no interior de canais radiculares

infectados. Nesse estudo, vinte e quatro canais radiculares foram selecionados e

amostras foram coletadas antes e depois do preparo químico-mecânico. Técnicas de

cultura foram utilizadas para determinar as Unidades Formadoras de Colônias

(UFC´s) e o teste Limulus Amebocyte Lysate (LAL) foi utilizado para quantificar

endotoxinas. LPS e bactérias foram detectadas em 100% das amostras iniciais, com

uma concentração média de 139 unidades de endotoxina/mL e 105 unidades

formadoras de colônias/mL, respectivamente. A média na redução de endotoxinas,

após o preparo químico-mecânco, foi de 59,99%, e a média na redução da carga

bacteriana foi de 99,78%.

Gomes et al., 2009, conduziram um estudo clínico, comparando a eficácia

do preparo químico-mecânico com hipoclorito de sódio 2,5% e clorexidina gel 2%, na

eliminação de lipopolissacarídeos (LPS) bacterianos em dentes com periodontite

apical crônica. As amostras foram obtidas de quarenta e quatro canais radiculares,

antes e após o preparo. Os dentes foram aleatoriamente divididos em dois grupos:

G1- NaOCl 2,5% (n=27) e G2- CLX gel 2% (n=27). O teste do Lisado de Amebócito

de Limulus (LAL) foi usado para quantificar as endotoxinas coletadas nas amostras.

Os resultados mostraram presença de endotoxinas em 100% das amostras

investigadas, com uma média de 272 EU/mL em G1 e de 152,46 EU/mL em G2.

Após o preparo houve uma redução para 86 EU/mL em G1 e 85 EU/mL em G2. Os

autores concluem que nenhuma das duas substâncias utilizadas no preparo

biomecânico foi efetiva na eliminação de endotoxinas.

Martinho et al., 2010(a) investigaram a capacidade do preparo químico-

mecânico (PQM) com NaOCl a 5,25% + EDTA a 17% em remover endotoxinas de

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21 canais radiculares com periodontite apical crônica. Instrumentação rotatória foi

realizada no limite apical de instrumentação correspondente ao ponto zero do

localizador foraminal. Amostras do conteúdo endodôntico foram coletadas antes e

após o preparo químico-mecânico. O teste cinético turbidimétrico de LAL foi utilizado

para quantificação de endotoxinas. Os resultados demonstraram a presença de

endotoxinas em 100% dos casos (antes e após o PQM) e uma redução de

endotoxina (98,06%), estatisticamente significante, após o preparo.

Marinho et al., 2012 verificaram que a redução dos níveis de endotoxina

dos canais radiculares pode ser obtida pela ampliação apical, no entanto, o PQM do

canal radicular foi capaz de reduzir, mas não de eliminar endotoxina.

O estudo clínico de Herrera et al., 2016 investigou a influência da ativação

ultrassônica do EDTA, após o preparo químico-mecânico, em reduzir a concentração

de endotoxinas e o número de bactérias cultiváveis, em dentes com necrose pulpar

e periodontite apical. Amostras foram coletadas de vinte e quatro canais radiculares,

antes e após o preparo químico mecânico, e após irrigação com EDTA 17%, sendo

que nessa última coleta, os dentes foram divididos em dois grupos: grupo I –

ativação ultrassônica do EDTA; grupo II – sem ativação ultrassônica. Os dentes

foram instrumentados com a utilização de instrumentos rotatórios do sistema Mtwo.

A técnica de cultura microbiológica foi utilizada para se determinar o número das

Unidades Formadoras de Colônias. Limulus Amebocyte Lysate (LAL) foi utilizado

para se quantificar as endotoxinas. Os resultados desse trabalho detectaram a

presença de bactérias e endotoxinas em 100% dos canais radiculares necrosados,

antes de realizados os procedimentos biomecânicos. A ativação ultrassônica do

EDTA 17% resultou em redução significativa dos níveis endotóxicos, porém, não

houve diferença estatisticamente significante ao comparar a redução bacteriana nos

grupos analisados. À partir dos resultados, os autores afirmam que a ativação

ultrassônica do EDTA 17% é eficaz em reduzir a concentração de endotoxinas no

interior de canais radiculares de dentes com necrose pulpar.

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2.8. Medicações intracanais (MIC)

2.8.1. Indicações

Embora as medicações intracanais não possam substituir o preparo

químico-mecânico, seu emprego como coadjuvante em situações clínicas

específicas é indicado (Siqueira & Lopes, 1999). Alguns autores consideram o uso

de uma medicação intracanal essencial para o tratamento endodôntico (Abbott &

Salgado 2009).

A utilização do uso da MIC tem por finalidade, principalmente, reduzir ou

eliminar ao máximo o conteúdo microbiano e endotóxico, resistentes ao PQM.

Entretanto, nenhuma MIC demonstra capacidade de eliminar completamente

microrganismos patogênicos, presentes no sistema de canais radiculares,

principalmente nos casos de difícil resolução, como aqueles de periodontite apical

persistente e flare-up (Bystrom et al., 1985; Ørstavik & Haapasalo, 1990; Lopes &

Siqueira, 2004).

Recomenda-se a utilização de MIC em casos específicos como em dentes

com ápice aberto, exsudato persistente, sintomatologia periapical (dor à

palpação/percussão), além de tempo insuficiente para finalização do procedimento e

fadiga do paciente ou do cirurgião-dentista durante o procedimento (Gomes et al.,

2009).

Os principais propósitos do uso das medicações intracanais na terapia

endodôntica são: promover a máxima eliminação de bactérias que sobreviveram ao

preparo químico-mecânico, atuar como barreira físico-química contra a infecção ou

reinfecção por microrganismos da saliva, reduzir a inflamação perirradicular,

solubilizar a matéria orgânica, neutralizar produtos tóxicos, controlar a exsudação

persistente, controlar reabsorção inflamatória externa e estimular a reparação por

tecido mineralizado (Leonardo, 1998).

As medicações intracanais mais utilizadas na prática clínica endodôntica

são a base de hidróxido de cálcio (Ca(OH)2). O Ca(OH)2 tem um papel

importantíssimo durante o tratamento endodôntico, sendo seu uso cada vez mais

difundido como medicamento intracanal. O grupo hidroxila é considerado o

componente mais importante do Ca(OH)2, pois promove a alcalinização do meio, o

que encoraja o reparo e a calcificação ativa. O pH alcalino não apenas neutraliza o

ácido lático dos osteoclastos, prevenindo, dessa maneira, a dissolução dos

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componentes minerais da dentina, como também pode ativar a fosfatase alcalina,

que tem papel importante na formação de tecido duro. Foi provado que o coeficiente

de dissociação do Ca(OH)2 permite uma liberação lenta e controlada de ambos os

íons, cálcio e hidroxila, que podem se difundir através dos túbulos dentinários

(Carrote, 2004).

As propriedades do Ca(OH)2 derivam da sua dissociação em íons cálcio

e hidroxila, os quais exercem ação sobre os tecidos e bactérias. Seu efeito

antibacteriano estaria ligado à inativação de enzimas bacterianas. Já seu efeito

mineralizador, está relacionado à sua capacidade de ativar enzimas que tem papel

na formação de tecido duro (Estrela & Pesce, 1996; Tanomaru et al., 2003). Na

busca por uma medicação que reúna o maior número de vantagens, o Ca(OH)2 têm

sido extensivamente estudado, tanto associado a veículos inertes, como a

substâncias ativas.

Como o pH do Ca(OH)2 é cerca de 12, a maioria das bactérias, isoladas

de canais radiculares infectados, são sensíveis aos seus efeitos, sendo eliminadas

em curto período de tempo, quando em contato direto com essa substância. Porém,

algumas espécies, como o Enterococcus faecalis e Candida albicans, sobrevivem

nesse meio alcalino (Siqueira & Lopes, 1999; Gomes et al.,2002 a). Inclusive, há um

questionamento a respeito da sua eficácia em reduzir o número de bactérias,

mesmo após longos períodos entre sessões (Peters et al., 2002).

A baixa solubilidade e difusibilidade do Ca(OH)2 necessita de um longo

tempo de ação para que o medicamento exerça atividade antimicrobiana nos túbulos

dentinários infectados. Embora o tempo ideal necessário para ele descontaminar o

sistema de canais radiculares seja ainda desconhecido, sua ação antibacteriana

pode ser confirmada, clinicamente, pela presença de microrganismos resistentes ou

ausência de exsudatos no canal radicular (Siqueira & Lopes, 1999).

A clorexidina gel é eficaz como medicação intracanal, devido ao seu

amplo espectro antimicrobiano, baixa toxicidade e liberação gradual prolongada,

além de reduzir o processo de reabsorção inflamatória (Ferraz et al., 2001; Gomes

et al., 2006; Lindskog et al., 1998). Entretanto, não funciona como barreira física

dentro do canal, e sua difusão pelos túbulos dentinários resulta num espaço vazio,

propício a recontaminação. Quando associada ao Ca(OH)2, reduz sua atividade

antimicrobiana, mas tal ação ainda é superior ao Ca(OH)2 não associado. Dessa

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forma, a associação dessas duas substâncias melhora as propriedades

antimicrobianas do Ca(OH)2 (Gomes et al., 2003).

Nerwich et al., 1993 avaliaram mudanças de pH por quatro semanas,

após colocação de medicação intracanal à base de Ca(OH)2, em dentes humanos

extraídos. Os resultados demonstraram que os íons hidroxila difundem-se em horas

pela dentina mais próxima à luz do canal, mas requer de 1 a 7 dias para alcançar a

dentina mais externa, próxima ao cemento. Os picos de pH foram atingidos entre 2 e

3 semanas, e a difusão ocorreu mais significativamente no terço cervical, do que no

terço médio. Os autores acreditam que capacidade tampão da dentina é um fator

que afeta a difusão de íons hidroxila, através dos túbulos dentinários.

Estrela & Pesce, 1996 analisaram a velocidade de difusão dos íons

hidroxila de pastas de Ca(OH)2, preparadas com diferentes veículos: solução salina

estéril, solução anestésica e polietilenoglicol, por períodos de 7, 30, 45 e 60 dias.

Observaram que as variações no pH da superfície radicular externa ocorreram após

30 dias, para os grupos com solução salina e anestésico, indo de pH 6-7 para pH 7-

8; enquanto que a mesma variação para o grupo de polietilenoglicol ocorreu após 45

dias. O pH dentro do canal radicular permaneceu constante, em torno de 12, durante

o período de 60 dias. Eles demonstraram que o veículo associado ao Ca(OH)2

influencia a velocidade de sua dissociação iônica e, conseqüentemente, sua ação

antimicrobiana e mineralizadora. Não houve diferença nas medidas com a presença

ou ausência de cemento.

Trope et al., 1999, compararam a reparação radiográfica de dentes com

periodontite apical, tratados em sessão única ou múltipla sessão, através da

colocação de uma medicação intracanal, à base de Ca(OH)2. Os pacientes foram

divididos em 3 grupos: grupo I - tratamento em sessão única; grupo 2 - os canais

foram deixados vazios por uma semana e depois obturados; e grupo 3 - foi utilizada

medicação à base de Ca(OH)2 por uma semana e, depois, os dentes foram

obturados. Todos os dentes foram avaliados por 52 semanas, e os resultados

mostraram que o de Ca(OH)2 proporcionou, nos grupos que receberam medicação

intracanal por uma semana, uma reparação mais rápida e mais efetiva em relação

aos demais grupos.

Gomes et al., 2003 (a) avaliaram a efetividade do digluconato de

clorexidina 2% gel e Ca(OH)2, como medicação intracanal, em diferentes períodos

de tempo (1, 2, 7, 15 e 30 dias). Canais radiculares de dentes bovinos foram

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previamente infectados com Enterococcus faecalis. As medicações testadas foram:

clorexidina gel 2%; Ca(OH)2 + polietilenoglicol; clorexidina gel 2% + Ca(OH)2. Foi

observado que a clorexidina 2% gel inibiu o crescimento bacteriano nas amostras de

dentina infectada, em todos os períodos de tempo. A associação de Ca(OH)2 e

polietilenoglicol foram ineficientes na eliminação bacteriana, em todos os períodos

de teste. Observaram ausência de contaminação da dentina nos períodos de 1 e 2

dias, nas amostras onde a associação de clorexidina 2% gel e Ca(OH)2 foi

empregada. Nos períodos subseqüentes, de 7 e 15 dias, houve um decréscimo da

atividade antimicrobiana e, em 30 dias, todas as amostras desse grupo

apresentaram-se contaminadas. Os autores concluíram que a clorexidina 2% gel

apresentou ampla atividade antimicrobiana sobre o Enterococcus faecalis, e que

esta decresceu com o passar do tempo.

Evans et al., 2003, avaliaram a atividade antimicrobiana da associação

entre clorexidina 2% gel e Ca(OH)2, quando comparado ao efeito da associação

entre Ca(OH)2 e água destilada, em discos de dentina bovina, previamente

contaminada com Enterococcus faecalis. Após uma semana no interior dos canais

radiculares, nenhuma das associações foi capaz de eliminar completamente as

bactérias do interior dos túbulos dentinários. A associação entre clorexidina 2% gel e

Ca(OH)2 foi a que apresentou o maior efeito bactericida.

Basrani et al., 2004, avaliaram algumas propriedades físico-químicas (pH,

ângulo de contato, tempo de trabalho, radiopacidade e viscosidade) de medicações

intracanais à base de Ca(OH)2 e clorexidina na forma gel. As medicações testadas

foram clorexidina 0,2% e 2%, Ca(OH)2 associado à água na proporção de

40g/100ml, e associação entre Ca(OH)2 e clorexidina 0,2%. O pH inicial das

associações entre Ca(OH)2 + clorexidina, ou Ca(OH)2 + água foi igual à 12,4 e não

se alterou nas primeiras 24 horas. Dessa forma, a clorexidina não alterou o pH do

Ca(OH)2, mantendo, assim, a ação antimicrobiana associada à liberação de íons

hidroxila. A adição da clorexidina ao Ca(OH)2 reduziu o ângulo de contato dessa

associação e aumentou sua viscosidade. O uso da clorexidina, em diferentes

concentrações, e em combinação ao Ca(OH)2 apresentou propriedades físico-

químicas satisfatórias para ser utilizada como medicação intracanal.

O estudo de De Rossi et al., 2005 avaliou, in vivo, os efeitos da

instrumentação manual e rotatória e utilização ou não de medicação intracanal à

base de Ca(OH)2 e clorexidina 1%, no reparo de lesões periapicais crônicas em

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cães, avaliadas após 30, 75 e 120 dias. Os dentes foram divididos em quatro

grupos. Os dois primeiros grupos não receberam medicação, sendo obturados em

sessão única, e os outros dois grupos receberam medicação intracanal, composta

pela combinação de Ca(OH)2 e clorexidina por 15 dias. Os resultados

demonstraram, através de análise radiográfica e histológica, que passados 120 dias

da obturação, apenas o grupo que recebeu medicação intracanal apresentou

redução significante no tamanho das lesões, independente da técnica de

instrumentação (manual ou rotatória).

O objetivo do estudo de Gomes et al., 2008 foi avaliar, in vitro, a

suscetibilidade de Enterococcus faecalis, Candida albicans, Actinomyces viscosus e

Porphyromonas gingivalis frente à ação antimicrobiana de diferentes medicações

intracanais (clorexidina 2% gel; clorexidina 2% gel + Ca(OH)2; clorexidina 2% gel +

Ca(OH)2 + óxido de zinco e soro fisiológico + Ca(OH)2) na superfície radicular

externa. Os resultados mostraram que o maior efeito antimicrobiano foi produzido

pela clorexidina 2% gel, seguido da associação entre clorexidina 2% gel + Ca(OH)2;

clorexidina 2% gel + Ca(OH)2 + óxido de zinco; e soro fisiológico + Ca(OH)2. O

microrganismo mais suscetível à ação dos medicamentos foi A. viscosus, seguido de

E. faecalis, C. albicans e P. gingivalis. Os autores concluíram que as medicações

intracanais, que apresentaram clorexidina em sua composição, foram capazes de se

difundir através da dentina, atingindo a superfície radicular externa, e que a

associação de Ca(OH)2 e soro fisiológico não mostrou nenhuma atividade

antimicrobiana na superfície radicular externa no período de 72 horas. Além disso,

concluíram que a clorexidina 2% gel e suas associações com Ca(OH)2 e óxido de

zinco demonstraram rápida capacidade de difusão na dentina radicular, ocasionando

inibição de crescimento bacteriano.

Abbott & Salgado, em 2009, afirmaram que a reparação do tecido duro,

induzida pelo hidróxido de cálcio, ocorre devido à sua elevada toxicidade, que causa

a necrose na superfície do tecido a ser reparado. Porém, esse efeito tóxico do

hidróxido de cálcio é indesejável em um tecido que já está sendo afetado pelo

processo inflamatório, já que a aplicação do mesmo pode resultar na exacerbação

da reabsorção radicular inflamatória externa se o cemento estiver ausente, ou se for

removido através de procedimentos da terapia periodontal. Os autores sugerem que

o hidróxido de cálcio deve ser usado com cautela em áreas com ausência de

cemento.

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2.8.2. MIC na neutralização de endotoxinas

Buck et al., 2001 avaliaram se o hidróxido de cálcio possui a capacidade

de degradar LPS bacteriano. Este estudo não abordou a questão de quanto tempo

uma condição altamente alcalina pode permanecer, in vivo no canal radicular, mas

sim, se o Ca (OH)2 é capaz de exercer um maior efeito contra as endotoxinas

presentes no canal infectado. Os resultados mostraram que a porção biologicamente

ativa do LPS, que é o lipídeo A, pode ser hidrolisada por produtos químicos

altamente alcalinos, como o Ca(OH)2.

Silva et al., 2002, avaliaram, histologicamente, os efeitos da endotoxina

pura, ou associada ao Ca(OH)2, sobre os tecidos apicais e periapicais em cães.

Eles concluíram que a endotoxina bacteriana causa lesão periapical, e que o

Ca(OH)2 inativa LPS in vivo. O mesmo foi verificado por Nelson Filho (2002), que

acrescenta que o Ca(OH)2 deve ser o medicamento de eleição para curativos

intracanais, em dentes com necrose pulpar e lesão periapical.

Vianna et al., 2007 quantificaram as endotoxinas presentes e as bactérias

cultiváveis, em canais radiculares necrosados, antes, após o preparo químico-

mecânico (sendo esse último realizado, utilizando-se a clorexidina gel 2% como

substância química auxilar) e após 7 dias de medicação intracanal. Foram

selecionados 24 dentes, nos quais foi realizado o preparo químico-mecânico e

aplicadas as seguintes medicações intracanais: pasta de Ca(OH)2; clorexidina 2%

gel, e a associação entre o hidróxido de cálcio e clorexidina gel 2%. Um teste

cromogênico quantitativo de Lisado de Amebócito de Limulus mensurou as

endotoxinas presentes. Cultura microbiológica foi realizada para determinar a

redução bacteriana, através da contagem de UFC´s. Valores relativamente altos de

endotoxina ainda estavam presentes no canal radicular após o preparo químico-

mecânico, embora a maioria das bactérias tivesse sido eliminada. Além disso, o uso

de medicação intracanal, por uma semana, não provocou redução significativa dos

níveis endotóxicos nos canais radiculares.

Um dos objetivos do estudo de Signoretti, em 2009, foi analisar os efeitos

do hidróxido de cálcio, da clorexidina gel 2% e da associação de ambos sobre o LPS

bacteriano, quando utilizados como medicação intracanal. Para isso, foram utilizados

dentes humanos, previamente preparados, contaminados e preenchidos com as

medicações. Os dentes foram divididos em três grupos: grupo I - Ca(OH)2 + soro

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fisiológico; grupo II - Ca(OH)2 + clorexidina gel 2%; grupo III – clorexidina gel 2%.

As mensurações dos níveis endotóxicos foram realizadas nos períodos

experimentais de 24 horas, 7, 15 e 30 dias. Os resultados do trabalho mostraram

que a maior redução de endotoxinas foi observada no grupo da clorexidina 2% gel

(91,63%), seguida de sua associação com o Ca(OH)2 (88,76%), e depois da

combinação do Ca(OH)2 + soro fisiológico (82,13%). Não houve diferença estatística

entre o grupo da clorexidina gel 2% com o grupo que recebeu a combinação do

hidróxido de cálcio + clorexidina gel 2%, quanto à redução da quantidade de

endotoxinas dentro do canal radicular. Concluiu-se que a clorexidina 2% gel

melhorou a capacidade do Ca(OH)2 em reduzir o conteúdo endotóxico dos canais

radiculares in vitro.

2.9. Redução bacteriana após preparo químico-mecânico e após o uso de medicação intracanal, em dentes com lesão endo-periodontal combinadas verdadeiras

As lesões endo-periodontais combinadas são tratadas, inicialmente, como

lesões endodônticas primárias, com comprometimento periodontal secundário. O

prognóstico de uma lesão endo-perio combinada é muitas vezes desfavorável e

sombrio, especialmente quando as lesões periodontais são crônicas, com perda

extensiva de suporte ósseo (Adriaens et al., 1988). A amputação, hemisecção ou

separação da raiz afetada são algumas das abordagens periodontais mais utilizadas

para esses tipos de lesões. O prognóstico de um dente afetado por uma lesão endo-

periodontal combinada também pode ser mais favorável e com maior previsibilidade

de sucesso, se algumas das alternativas de tratamento periodontal regenerativo,

como os enxertos ósseos e a regeneração tecidual guiada, resultarem em aumento

de suporte ósseo (Zubery & Kozlovsky, 1993; Tseng et al., 1996). Isso ocorre,

porque o determinante mais crítico da piora do prognóstico é a perda de suporte

periodontal. Os casos de doença combinada verdadeira geralmente têm um

prognóstico duvidoso, comparando-se com os outros tipos de problemas

endodôntico-periodontais. Assim, o prognóstico de doenças combinadas reside mais

fortemente na eficácia da terapia periodontal (Jew et al., 1982; Rotstein & Simon,

2000).

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Após a abordagem endodôntica, em dentes com lesões endo-periodontais

combinadas, a inflamação periodontal sem tratamento resulta na progressão da

doença, tendo até mesmo como consequência a perda do elemento dental. Existem,

na literatura, evidências clínicas acumuladas, que suportam o uso de

antimicrobianos aplicados localmente nas superfícies radiculares (tetraciclina,

clorexidina, doxiciclina e minociclina), concomitantemente às terapias de raspagem

subgengival e alisamento radicular, resultando em reduções significativas na

profundidade de sondagem das bolsas periodontais e ganhos nos níveis de inserção

clínica. Ensaios recentes também demonstram que os antimicrobianos

administrados localmente podem potencializar os efeitos da terapia cirúrgica

periodontal. Em periodontites crônicas, a clorexidina gel é também utilizada como

agente antimicrobiano local, para tratamento de bolsas periodontais iguais ou

superiores a 5 mm (Paquette et al., 2008).

Berber, em 2009, estudou a capacidade do preparo químico-mecânico e

do uso de medicação intracanal por 7 (clorexidina gel 2%) e 14 dias (hidróxido de

cálcio e associação entre hidróxido de cálcio e clorexidina gel 2%), em reduzir a

microbiota presente em canais radiculares e bolsas periodontais de dentes com

lesões endo-periodontais combinadas, através da contagem das UFC´s e pelo

método molecular PCR. Esse estudo concluiu que o número de UFC´s nas bolsas

periodontais foi maior do que o encontrado nos canais radiculares envolvidos, em

todas as fases do tratamento endodôntico, e que o preparo químico-mecânico

reduziu esse número principalmente no canal radicular. Além disso, os resultados

desse estudo mostraram que quaisquer das medicações testadas não foram

capazes de alterar, ou reduzir, a microbiota da bolsa periodontal associada no

período de 7 ou 14 dias, porém, o preparo químico-mecânico foi o grande

responsável pela redução microbiológica do interior dos canais radiculares.

Gamal et al., 2011 realizaram um estudo em 20 pacientes não fumantes,

clinicamente diagnosticados com periodontite crônica. A clorexidina gel 2% foi

utilizada como coadjuvante na terapia periodontal, utilizada superficialmente sobre

as raízes, após 3 minutos de aplicação de EDTA 24%. Os resultados revelaram que

o condicionamento radicular prévio com EDTA 24% potencializa a ação

antimicrobiana da clorexidina sobre o biofilme subgengival.

O principal objetivo do trabalho de Gomes et al., 2015 foi investigar o

perfil microbiano de dentes com lesões endo-periodontais combinadas, no interior

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dos canais radiculares e nas bolsas periodontais associadas, antes e após o preparo

químico-mecânico, através do sequenciamento genético do gente 16S rRNA. A

substância química auxiliar de escolha, nesse estudo, foi a clorexidina gel 2%, não

apenas pelas suas propriedades antimicrobianas e capacidade de adsorção às

superfícies dentárias, mas também, pela ação reológica e sua capacidade de

lubrificação, facilitando a instrumentação de canais mais atrésicos, característica

comumente encontrada em dentes com comprometimento endo-periodontal. Esse

trabalho revelou que a redução dos níveis microbianos, após o preparo químico-

mecânico, foi mais significativa no interior dos canais radiculares do que nas bolsas

periodontais. Ademais, sugerem que uma medicação intracanal à base de

clorexidina, que permaneça no interior dos canais radiculares por um maior período

de tempo, pode contribuir para uma maior redução da microbiota nas bolsas

periodontais, nos dentes com lesões endo-periodontal combinadas verdadeiras. Por

isso, mais trabalhos devem ser desenvolvidos para esse fim.

Revendo a literatura, podemos observar que apesar de lesões

endodônticas e periodontais terem etiologias bacterianas, e terem sido estudadas

em grande detalhe individualmente, pouco se sabe quanto à etiologia microbiana

das lesões endo-periodontais. Também pouca informação existe a respeito da inter-

relação polpa-periodonto em relação à carga microbiana e endotóxica presente

nestes dois sítios, antes e após as várias fases do tratamento endodôntico. Será que

os procedimentos endodônticos alteram a microbiota e o conteúdo endotóxico do

canal e da bolsa periodontal? Sabendo-se que a infecção atinge os dois tecidos é

necessário que os tratamentos adotados sejam capazes de reduzir os

microrganismos e seus fatores de virulência, de maneira a promover a cura dos

tecidos periapicais e substituir a microbiota presente nas bolsas periodontais por

uma mais relacionada com a saúde bucal. Neste sentido, pouca informação existe

sobre os efeitos do uso de uma medicação intracanal, composta pela combinação

do hidróxido de cálcio e clorexidina gel 2%, por um período de 30 dias, na redução

dos níveis microbiológicos e endotóxicos das bolsas periodontais e canais

radiculares, em dentes com comprometimento endo-periodontal combinado. Todos

estes fatos motivaram o desenvolvimento deste trabalho.

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3. PROPOSIÇÃO

Os objetivos do presente trabalho foram:

Investigar a presença de microrganismos periodontopatogênicos

(Treponema denticola, Treponema socranskii, Gemella morbillorum,

Tannerella forsythia, Aggregatibacter actinomycetemcomitans,

Porphyromonas endodontalis, Porphyromonas gingivalis, Prevotella

intermedia, Prevotella tannerae, Prevotella nigrescens, Fusobacterium

nucleatum, Filifactor alocis, Parvimonas micra) em canais radiculares e bolsas

periodontais, de dentes com necrose pulpar e bolsas periodontais maiores

que 6 mm, antes e após o preparo químico-mecânico e após o uso de uma

medicação intracanal pelo método do Nested PCR;

Verificar a suscetibilidade destes microrganismos ao preparo

químico-mecânico e ao uso de medicação intracanal por 30 dias, através da

contagem de unidades formadoras de colônias (UFC);

Analisar o efeito do preparo químico-mecânico e da medicação

intracanal na redução dos níveis de endotoxinas do canal radicular e da bolsa

periodontal associada;

Investigar possíveis associações entre as espécies bacterianas

detectadas e endotoxinas com os sinais e sintomas clínicos.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Comitê de Ética em Pesquisa O projeto foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa

(CEP), da Universidade Estadual de Campinas, da Faculdade de Odontologia de

Piracicaba (protocolo nº 119/2015– ANEXO I). Após a seleção dos pacientes, todos

receberam explicações sobre os objetivos e procedimentos da pesquisa e todos

assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) elaborado

conforme as normas deste mesmo comitê (ANEXO II).

4.2. Seleção da amostra Compareceram à Faculdade de Odontologia de Piracicaba, na Clínica de

Especialização em Periodontia, no período de 2 anos, 566 pacientes com doença

periodontal avançada. Destes pacientes, 30 com bolsas periodontais profundas

foram avaliados. Para esse trabalho, 14 dentes foram selecionados. Os critérios de

inclusão foram:

Dentes indicados para a realização de tratamento endodôntico, devido

à necrose pulpar e lesão periapical;

Presença de sangramento gengival;

Presença de bolsa periodontal com profundidade de sondagem maior

ou igual a 6 mm, em mais de uma face.

Os critérios de exclusão do trabalho foram:

Pacientes que fizeram uso de antibióticos sistêmicos e/ou locais nos

últimos 3 meses antecedentes às coletas;

Pacientes submetidos ao tratamento periodontal no período de um ano

antecedente às coletas;

Pacientes que apresentavam dentes com grandes extensões de cárie,

com câmara pulpar exposta ao meio bucal, com trincas, calcificações, qualquer tipo

de reabsorção;

Pacientes portadores de doenças sistêmicas.

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4.3. Aspectos clínicos (anamnese, exame físico, exame clínico) e radiográficos

Foram anotados dados pessoais dos pacientes tais como idade e gênero,

história médica e dentária. Durante o exame clínico foram registradas informações

sobre o dente e sua condição atual, em relação à qualidade e tipo da restauração ou

coroa protética, à presença de cáries, infiltrações coronárias e fraturas.

Quanto à sintomatologia, foi verificada a presença ou ausência de dor,

natureza da dor, história de dor prévia, dor à percussão (horizontal e vertical) e à

palpação. A condição pulpar foi verificada através do teste térmico à frio (Endo ice;

The Hygienic Corporation, Akron, OH, USA). Também foram anotados dados, tais

como: presença ou ausência de edema dos tecidos periapicais, fístulas, mobilidade

dental e bolsa periodontal.

A profundidade de sondagem (PS) e a recessão da margem gengival

(RMG) foram mensuradas milimétricamente, com uma sonda sensível à pressão

manual no local mais profundo do defeito interdental e realizada em todas as faces

do dente envolvido (mesial, distal, vestibular e palatina/lingual). Todas as medidas

foram realizadas com uma sonda periodontal manual sensível à pressão de 0,3 N da

Hu-Friedy (MGF Co. Inc., Chicago, Estados Unidos). O nível clínico de inserção

(NCI) foi calculado como a soma do PS e RMG (Tonetti et al., 1993).

A avaliação do grau de mobilidade dentária foi realizado de acordo com

Schluger et al., 1981 em: Grau 0 – Ausência de mobilidade; Grau I – Mobilidade

clínica de aproximadamente 1 mm na direção vestíbulo-lingual; Grau II - Mobilidade

clínica de aproximadamente 2 mm na direção vestíbulo-lingual e ausência de

mobilidade apical; e Grau III - Mobilidade clínica de aproximadamente 2 mm na

direção vestíbulo-lingual e mobilidade apical.

Todas essas características clínicas e radiográficas, referentes ao dente

investigado, foram anotadas na ficha clínica de cada paciente. Esses dados estão

descritos no APÊNDICE I.

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Figura 1: Exemplo de radiografias iniciais dos pacientes selecionados

4.4. Procedimentos clínicos e coleta das amostras dos canais

radiculares e bolsas periodontais As metodologias relacionadas às coletas e análises das amostras,

utilizadas neste trabalho, foram baseadas em estudos prévios (Gomes, 1995;

Gomes et al., 1994a,b; 1996, 2004; 2015, Martinho & Gomes 2007).

As coletas foram realizadas nas bolsas periodontais (BP) e nos canais

radiculares (CR) dos dentes selecionados. As coletas nas BP foram denominadas

de coletas periodontais (CP) e as coletas nos CR foram denominadas de coletas

endodônticas (CE).

As coletas nas BP ocorreram nos seguintes momentos:

Coleta Periodontal Inicial (CP1);

Coleta Periodontal após PQM (CP2);

Coleta Periodontal após MIC (CP3).

As coletas nos CR ocorreram nos seguintes momentos:

Coleta Endodôntica Inicial (CE1);

Coleta Endodôntica após PQM (CE2);

Coleta Endodôntica após MIC (CE3).

Primeiramente, foram coletadas as amostras para quantificação das

endotoxinas e depois para a análise microbiológica, tanto nas amostras das BP,

como dos CR.

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4.4.1. Detalhamento das coletas periodontais

Coleta periodontal Inicial (CP1)

Inicialmente, o paciente realizou bochecho com CLX 0,12% (Periogard®

Colgate-Palmolive Industrial Ltda, São Bernardo do Campo, SP). Alguns princípios

foram observados na coleta das amostras: utilização de técnicas assépticas e

promoção de um fácil acesso para a coleta das amostras, como a remoção de

cálculo supragengival. Esta foi realizada através de profilaxia prévia com pedra-

pomes e taça de borracha e utilização de curetas periodontais, em todas as faces,

evitando, dessa forma, uma contaminação proveniente do periodonto.

Um jato de ar foi aplicado, a fim de manter a superfície dental

completamente seca. Antes da coleta inicial, foi realizado o isolamento relativo do

dente, com o auxílio de roletes de algodão, para minimizar a contaminação por

saliva.

A coleta periodontal foi realizada na bolsa de maior profundidade de

sondagem, através de cones de papel absorventes estéreis/apirogênicos

(esterilizados através de calor seco, em estufa, por um período de tempo de 30 min

a 250°C) calibre FM (Dentsply - Petrópolis, RJ).

Inicialmente, um cone de papel absorvente estéril e apirogênico (i.e.

isento de endotoxinas) foi introduzido até o fundo da bolsa periodontal,

permanecendo por 1 minuto. Em seguida, esse cone era transferido para frascos de

vidro apirogênicos e armazenados em freezer -20 °C. Essa primeira coleta era

destinada para a análise de endotoxinas. Posteriormente, 3 cones de papel

absorventes, um de cada vez, eram introduzidos até o fundo da bolsa periodontal,

permanecendo por 1 minuto cada um. Esses cones eram transferidos para tubos do

tipo Eppendorfs, previamente esterilizados, contendo 1,0 mL do meio de transporte

pré-reduzido VMGA III – Viability Medium Goteberg Agar (Dahlén et al., 1993) e

transportados em jarros a vácuo para o Laboratório de Microbiologia da disciplina de

Endodontia da FOP-UNICAMP. Essa segunda coleta era destinada para a análise

microbiológica.

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Coletas Periodontais Posteriores: Coleta Periodontal após PQM (CP2) e

Coleta Periodontal após MIC (CP3)

Com a remoção do isolamento absoluto, logo após finalização do preparo

químico-mecânico e selamento provisório do dente com resina fotopolimerizável Z

250 (3M Dental Products, St Paul, EUA), uma nova coleta da bolsa periodontal

(CP2) foi realizada como descrita na CP1.

Após 30 dias, os pacientes foram chamados e a medicação intracanal

removida. O canal foi então preenchido com soro fisiológico e novamente selado

com resina composta fotopolimerizada. Após 48 horas, os pacientes foram

novamente atendidos para finalização do tratamento endodôntico e novas coletas da

bolsa periodontal foram realizadas (CP3).

As características clínicas periodontais foram avaliadas novamente e

anotadas na ficha clínica.

4.4.2. Procedimentos clínicos endodônticos

As coletas foram realizadas na Clínica de Especialização em Endodontia

da FOP/UNICAMP, e as amostras processadas no Laboratório de Microbiologia

Endodôntica. O método utilizado neste estudo foi descrito por Gomes et al., (1994;

1996). Alguns princípios foram preconizados para realização das coletas clínicas,

como:

Durante toda terapia endodôntica, foram utilizadas técnicas assépticas

e instrumentos esterilizados e apirogênicos;

Remoção dos contaminantes coronários (cáries e restaurações

defeituosas) e descontaminação do campo operatório;

Realização do isolamento absoluto;

Remoção de possíveis interferências, a fim de que o instrumento

tivesse um acesso fácil no comprimento pré-estabelecido.

Antes da intervenção, foi realizada a descontaminação da face do

paciente com clorexidina gel 2% (Endogel TM, Itapetininga, SP, Brasil) e anestesia

local na região do dente envolvido. O dente recebeu um polimento coronário com

pedra pomes. Após, foi realizado o isolamento absoluto e o vedamento da interface

coroa-lençol, com auxílio do cianoacrilato (Super Bonder, Loctite, São Paulo, SP)

para evitar uma possível infiltração salivar. Em seguida, foi realizado a anti-sepsia do

campo operatório (superfície externa da coroa, grampo, lençol de borracha, arco e

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cianoacrilato). Este procedimento foi realizado com swabs estéreis umedecidos,

primeiramente, em H2O2 a 30% (v/v) e depois em NaOCl 5,25% por 30 segundos

cada, sendo subseqüentemente neutralizados com solução estéril de tiossulfato de

sódio 5% (Möller 1981).

Para a fase de abertura coronária, a água proveniente do equipo foi

cessada, sendo a irrigação realizada manualmente com solução salina (SS) estéril e

apirogênica. Brocas de alta rotação diamantadas estéreis/apirogênicas esféricas

1012HL, 1014HL, 1016HL e tronco cônica de ponta inativa 3082 (K.G. Sorensen

Ltda, Barueri, SP, Brasil) foram utilizadas para a remoção de esmalte, dentina e

remoção total do teto da câmara pulpar. Ao adquirir a forma de contorno e

conveniência da abertura coronária, o campo operatório e a câmara pulpar foram

descontaminados novamente com as mesmas soluções e neutralizadores, citados

anteriormente.

Após a abertura coronária, uma lima K#15 (Maillefer/Dentsply, Ballaigues,

Suíça) era levada ao comprimento do canal radicular, determinado na radiografia

pré-operatória. Em seguida, o localizador apical era utilizado (Novapex, Forum

Technologies, Rishon le-zion, Israel) para confirmar a patência e obter o

comprimento real do canal radicular, equivalente a posição zero no localizador

apical.

Para as coletas destinadas à análise microbiológica e endotóxica dos

canais radiculares, cones de papel absorventes e limas endodônticas estéreis e

apirogênicos foram introduzidos no comprimento pré-determinado pelo localizador

foraminal, permanecendo nesta posição por 60 segundos. Os canais radiculares que

estavam secos foram umedecidos com soro fisiológico estéril e apirogênico, para

que fosse garantida uma cultura viável. Quatro cones de papel absorventes foram

sequencialmente introduzidos no comprimento total do canal, permanecendo cada

um por 1 minuto no interior do canal radicular. O primeiro cone foi transferido para

frascos de vidro apirogênicos, armazenados em freezer -20 °C, até o momento do

processamento das amostras. Os demais cones foram transferidos para tubos do

tipo Eppendorfs, previamente esterilizados, contendo 1,0 mL do meio de transporte

pré-reduzido VMGA III – Viability Medium Goteberg Agar (Dahlén et al., 1992) e

transportados em jarros a vácuo para o Laboratório de Microbiologia da disciplina de

Endodontia da FOP-UNICAMP. Esses eppendorfs foram congelados em freezer -

80°C. Essa segunda coleta foi destinada para a análise microbiológica.

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4.4.2.1. Procedimentos clínicos

O preparo químico-mecânico foi realizado pelo sistema reciprocante

Reciproc (VDW, Munich, Germany). Os procedimentos de irrigação foram realizados

com o auxílio de seringa de 5mL (Becton Dickinson Indústrias Cirúrgicas Ltda, São

Paulo, SP) e agulha hipodérmica BD 20 x 5,5 (Becton Dickinson Indústrias

Cirúrgicas Ltda, São Paulo, SP) pré-curvada, introduzida até o terço médio do canal

radicular. A aspiração do conteúdo dos canais radiculares foi realizada por meio de

cânula aspiradora (Conjunto de aspiração – Colgran, São Paulo – SP).

Durante todo o preparo químico-mecânico, os canais foram preenchidos

com a substância química auxiliar de CLX gel 2% e irrigados com 5 mL de soro

fisiológico, após cada utilização da lima, seguido de aspiração. Além disso, lima K

#10 foi sempre utilizada para manter a patência do canal. Após a instrumentação, os

canais foram irrigados com 5,0 mL de solução de tween 80 + lecitina de soja 0,07%,

para neutralizar a ação da CLX (Siqueira et al., 1998), seguido de uma nova

irrigação com 5,0 mL de solução fisiológica.

Para remoção da smear layer, foi realizada irrigação com 1 mL de EDTA

17%, o qual permaneceu no interior dos canais radiculares por 3 min, sob agitação

constante com cones de guta percha, sendo renovado a cada minuto (Teixeira et al.,

2005). Em seguida, os canais foram irrigados com 5 mL de soro fisiológico

estéril/apirogênico para remoção do agente quelante. Após preparo químico-

mecânico, foram realizadas novas coletas endodônticas (CE2).

Em seguida, os dentes foram distribuídos, aleatoriamente por sorteio, em

2 grupos, a saber:

Grupo I: (n=7) - Sessão única, sem uso de medicação intracanal;

Grupo II: (n=7 MIC por 30 dias) - os canais deste grupo foram secos

com cones de papel e preenchidos com Ca(OH)2 + CLX-gel 2 % (2:1).

Nos pacientes do Grupo II, os canais foram preenchidos com a

medicação, composta da associação entre Ca(OH)2 + CHX gel 2% (2: 1). A pasta foi

inserida nos canais com o auxílio de broca Lentulo estéril (Dentsply-Maillefer,

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Ballaigues, Suíça). Especial atenção foi dada para que o canal radicular fosse

completamente preenchido com a medicação. Um pellet de algodão estéril foi

utilizado para condensar a MIC ao nível da entrada do canal, e por fim uma

radiografia periapical foi realizada a fim de garantir total preenchimento do canal

radicular. Em seguida, o assoalho da câmara pulpar foi preenchido com uma

camada de aproximadamente 2 mm de coltosol. Posteriormente, foi realizada a

aplicação de ácido fosfórico 37% por 15 segundos e adesivo Single Bond 3M® (3M

Dental Products, St Paul, EUA), seguida da restauração do elemento dentário com

aproximadamente 3 mm de resina composta fotopolimerizável Z 250 (3M Dental

Products, St Paul, EUA). Passados 30 dias, os pacientes foram novamente

atendidos, e os canais assepticamente acessados, sob isolamento absoluto, de

acordo com o protocolo para a desinfecção, anteriormente descrito. A MIC foi

removida com o auxílio de uma lima K#40 contra as paredes laterais do canal

radicular e irrigados abundantemente com 10 mL de solução salina. À seguir, os

dentes foram novamente restaurados, de acordo com o protocolo acima listado. Dois

dias depois, os pacientes foram novamente atendidos, os canais assepticamente

acessados e irrigados com 10 mL de solução salina. Nessa mesma sessão de

atendimento, novas coletas clínicas foram realizadas.

Os canais foram, então, reinstrumentados e se estivessem secos,

obturados.

Previamente à obturação, tanto no Grupo I como no Grupo II, os canais

foram irrigados com 1 mL de EDTA 17% por 3 minutos, sob agitação constante com

cones de guta percha, trocando a solução a cada minuto, seguido de irrigação final

com 10 mL de soro fisiológico. A obturação do canal radicular foi realizada com

cones de guta-percha acessórios Fine Medium extra-longo e Medium (Konne

Indústria e Comércio de Materiais Odontológicos Ltda., Belo Horizonte, MG) e

cimento endodôntico Endométhasone (Specialités – Septodont, Saint-Maurdes,

Fossés Cedex, France), pela técnica do cone modelado apical, complementada com

condensação lateral. O procedimento restaurador de todos os dentes foi realizado,

através da colocação de 2 mm de Coltosol (Vigodent, Colténe, Rio de Janeiro, RJ)

na embocadura dos canais, aplicação de ácido fosfórico 37% por 15 segundos em

toda a cavidade, adesivo 3M Single Bond (3M Dental Products, St. Paul, MN, EUA) e

inserção de resina fotopolimerizável Z 250 (3M Dental Products, St. Paul, MN, USA)

pela técnica incremental. Ao final desse procedimento, foi realizada a radiografia

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final do tratamento endodôntico. A análise das radiografias foi realizada com o

auxílio de um negatoscópio, primeiramente a olho nu, e depois, juntamente com uma

lupa estereoscópica (com aumento de 10X). Os pacientes foram, à seguir,

encaminhados à clínica da Faculdade de Odontologia de Piracicaba para tratamento

periodontal adequado.

Após um, 3, 6 e 12 meses, depois do término do tratamento endodôntico,

os pacientes foram/serão chamados para avaliação clínica e radiográfica. Dessa

forma, serão realizados todos os testes clínicos. As características referentes à dor,

sangramento, sensibilidade à palpação e percussão serão anotados na ficha clínica.

Será também realizada a radiografia do dente avaliado e esta comparada à

radiografia inicial do tratamento.

4.5. Processamento microbiológico

Cultura

Os frascos contendo VMGA foram agitados no interior da cabine de fluxo

laminar por 1 minuto, para facilitar a dispersão dos microrganismos. À seguir, foram

realizadas diluições seriadas (10-1, 10 -2, 10 -3, 10 -4), utilizando Fastidious Anaerobe

Broth (FAB-LabM, Bury, UK).

Cinquenta μL da amostra “mãe” (sem diluição) e 50 μL de cada diluição

foram inoculados em placas pré-reduzidas, contendo Fastidious Anaerobe Agar

(FAA-LabM, Bury, UK), acrescido de 5% de sangue de carneiro desfibrinado,

suplementados por hemina (5 mg/L), e vitamina K1 (1 mg/L). Essas placas foram

incubadas à 37°C, em atmosfera de 10% de H2, 10% de CO2, 80% de N2 por até 14

dias, para permitir a detecção de microrganismos anaeróbios estritos. Após a

incubação, as placas “mãe”, 10 -2, 10 -4 foram examinadas em lupa estereoscópica

em aumento de 3 vezes, para contagem das UFC´s.

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Figura 2: Processamento das amostras pelo método de cultura, para contagem

das Unidades Formadoras de Colônias. A - Placa pré-reduzida contendo FAA; B – Cabine

de anaerobiose; C – Placa contendo microrganismos após 7 dias de incubação.

Técnicas moleculares

Extração de DNA Os tubos contendo VMGAIII com cones de papel absorventes (coletas

clínicas) foram descongelados e colocados no agitador de tubos (MA 162-

MARCONI, São-Paulo, SP, Brasil). À seguir, o DNA das amostras foi extraído com o

kit QIAamp DNA mini kit (QIAGEN, Chatsworth, CA, USA), de acordo com as

instruções do fabricante. Após extração, a presença de DNA e sua concentração,

em cada amostra, foi verificada por meio de um espectrofotômetro para ácidos

nucléicos (NanoDrop 2000, Thermo Scientific, Wilmington, DE, EUA). Após esse

procedimento, as amostras foram armazenadas a -80 ºC até seu uso posterior.

Nested-PCR 1. Reação de PCR universal O volume de DNA das reações foi ajustado de acordo com sua

concentração, para que cada reação fosse realizada com aproximadamente 50ng de

DNA. Água MiliQ estéril foi adicionada para complementar o volume de 37 μL, que

somado à 13 μL do mix de reagentes da PCR, resultava em um volume total de

reação de 50 μL. Para cada reação, o mix de reagentes era composto de 5μL de

Buffer 10X PCR; 1,5μL de Cloreto de Magnésio; 4μL de dNTP; 1 μL Primer Univ F

(25 pMol); 1 μL Primer Univ R (25 pMol); 0,5μL de Platinum Taq DNA Polymerase.

A B C

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76

Os ciclos de variação de temperatura foram programados em um

aparelho termociclador convencional (MJ96G, Biocycler, termocicladores, Curitiba,

SC, Brasil), conforme os seguintes parâmetros:

Desnaturação inicial: 94ºC por 4 min.

30 ciclos:

Desnaturação: 94ºC por 45 seg;

Anelamento: 60ºC por 45 seg;

Extensão: 72ºC por 1,5 min;

Extensão final: 72ºC por 15 min.

A mistura de reagentes foi submetida à desnaturação inicial em 94°C por

4 min, seguido de 30 ciclos de desnaturação por 45s à 94°C, anelamento por 45s à

60°C, seguido de uma extensão final em 72°C por 1,5 min.

Os produtos amplificados foram analisados por eletroforese horizontal em

gel de agarose 1% (0,9 g de agarose ultrapura Invitrogen + 900 mL de TAE 1x),

corado com 0,5μL de brometo de etídio (10mg/ml), por aproximadamente 45 minutos

a 90V e sob temperatura ambiente, em um tampão TAE 1X. Para o controle positivo

da reação foi utilizado o DNA extraído de uma cepa bacteriana padrão (ATCC). Ao

controle negativo, que tem como objetivo evidenciar qualquer contaminação na

mistura de reagentes, não foi acrescentado DNA bacteriano. Produtos de

aproximadamente 1500bp, visualizados sob luz ultravioleta, foram considerados

positivos.

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77

Tabela 1: Primers utilizados na reação de PCR universal

Primer Sequência Fragmento Referência

Univ. Foward 5’ AG AGT TTG ATY MTG

GCT CAG 3’

1,505 bp

Willis et al., 1999

Univ. Reverse 5’ ACG GCT ACC TTG

TTA CGA CTT 3’

2. Reação espécie-específica Verificado o sucesso da reação universal, uma alíquota do produto desta

reação foi utilizado como substrato para a realização de outra reação subseqüente

de PCR, agora utilizando primers espécie-específicos.

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78

Espécie Sequência Ciclos Fragmento Referência

P.nigrescens F: 5’ ATG AAA CAA AGG

TTT TCC GGT AAG 3’

R: 5’ CCC ACG TCT CTG

TGG GCT GCG A 3’

Desnaturação inicial

95°C por 2 min e 36

ciclos: 94°C por 30s,

58°C por 1min, 72°C

por 2min e extensão

final 72°C por 10 min

804 bp Bogen & Slots,

1999

P. tannerae F: 5’ CTT AGC TTG CTA

AGT ATG CCG 3’

R: 5’ CAG CTG ACT TAT

ACT CCC G 3’

Desnaturação inicial

95°C por 2 min e 36

ciclos: 94°C por 30s,

55°C por 1min, 72°C

por 2min e extensão

final 72°C por 10 min

550 bp Xia et al., 2000

T. forsythia F: 5´ TGC TTC AGT GTC

AGT TAT ACC T 3´

R: 5´ AGA GTT TGA TCC

TGG CTC AG 3´

Desnaturação inicial

95°C por 2 min e 36

ciclos: 94°C por 30s,

56°C por 1min, 72°C

por 2min e extensão

final 72°C por 10 min

641 bp Slots et al.,

1995

Edwards et al.,

1989

T. denticola F: 5’ TAA TAC CGT ATG

TGC TCA TTT ACA T 3’

R: 5’TCA AAG AAG CAT

TCC CTC TTC TTC TTA 3’

Desnaturação inicial

95°C por 2 min e 36

ciclos: 94°C por 30s,

58°C por 1min, 72°C

por 2min e extensão

final 72°C por 10 min

316 bp Ashimoto et

al., 1996

T.socranskii F: 5’ GAT CAC TGT ATA

CGG AAG GTA GAC A 3’

Desnaturação inicial

95°C por 2 min e 36

ciclos: 94°C por 30s,

288 bp Siqueira et al.,

2003

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79

Tabela 2: Reações e “primers” espécie – específicos

R: 5’ TAC ACT TAT TCC

TCG GAC AG 3’

56°C por 1min, 72°C

por 2min e extensão

final 72°C por 10 min

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80

P. gingivalis F: 5’ CAA TAC TCG TAT

GCC CGT TAT TC 3’

R: 5’ AGA GTT TGA TCC

TGG CTC AG 3’

Desnaturação inicial

95°C por 2 min e 36

ciclos: 94°C por 30s,

58°C por 1min, 72°C

por 2min e extensão

final 72°C por 10 min

478 bp Conrads et

al.,1996

Edwards et al.,

1989

P. intermedia F: 5’ TTT GTT GGG GAG

TAA AGC GGG 3’

R: 5’ TCA ACA TCT CTG

TAT CCT GCG T 3’

Desnaturação inicial

95°C por 2 min e 36

ciclos: 94°C por 30s,

58°C por 1min, 72°C

por 2min e extensão

final 72°C por 10 min

575 bp Slots et al.,

1995

A.actinomycet

emcomitans

F: 5’ AAA CCC ATC TCT

GAG TTC TTC TTC 3’

R: 5’ ATG CCA ACT TGA

CGT TAA AT 3’

Desnaturação inicial

95°C por 2 min e 36

ciclos: 94°C por 30s,

50°C por 1min, 72°C

por 2min e extensão

final 72°C por 10 min

593 bp Ashimoto et

al., 1996

F. alocis F: 5’ CGT GGG TAA TCT

GCC TTT GTC 3’

R: 5’ CCT TGG TGG GCT

TTT ATC TCA 3’

Desnaturação inicial

95°C por 2 min e 36

ciclos: 94°C por 30s,

60°C por 1min, 72°C

por 2min e extensão

final 72°C por 10 min

594 bp Siqueira &

Rôças, 1997

F. nucleatum F: 5’ ATT GTG GCT AAA

AAT TAT AGT T 3’

Desnaturação inicial

95°C por 2 min e 36

ciclos: 94°C por 30s,

1000 bp Ávila-Campos

et al.,1999

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81

R: 5’ ACC CTC ACT TTG

AGG ATT ATA G 3’

55°C por 1min, 72°C

por 2min e extensão

final 72°C por 10 min

G. morbillorum F: 5’ AGA GAC GGT ACC

TAA CCA GAA 3’

R: 5’ TAT GAG GTT GGC

TGA CTC TCG 3’

Desnaturação inicial

95°C por 2 min e 36

ciclos: 94°C por 30s,

52°C por 1min, 72°C

por 2min e extensão

final 72°C por 10 min

781 bp “Primer”

desenhado

pela autora a

partir do

seqüenciamen

to genético

L14327 do

Gen bank

P. micra F: 5’AGA GTT TGA ATC

CTG GCT CAG 3’

R: 5 ’ATA TCA TGC GAT

TCT GTG GTC TC 3’

Desnaturação inicial

95°C por 2 min e 36

ciclos: 94°C por 30s,

60°C por 1min, 72°C

por 2min e extensão

final 72°C por 10 min

207 bp Conrads et al.,

1997

P.

endodontalis

F: 5’ GCT GCA GCT CAA

CTG TAG TC 3’

R: 5’ CCG CTT CAT GTC

ACC ATG TC 3’

Desnaturação inicial

95°C por 2 min e 36

ciclos: 94°C por 30s,

58°C por 1min, 72°C

por 2min e extensão

final 72°C por 10 min

672 bp Siqueira et al.,

2001

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82

Quantificação de Endotoxinas

Para quantificação de endotoxinas foi utilizado o método turbidimétrico

Pyrogent -5000® (Lonza, Walkersville, MD, EUA) de Limulus Amebocyte Lysate

(LAL). Por meio deste, um ensaio cinético quantitativo foi realizado, no qual a

amostra foi colocada em contato com o reagente LAL reconstituído, em seguida

incubada em um leitor de microplacas e monitorada automaticamente, através de

um software, até o surgimento de turvação. O tempo necessário, antes da

ocorrência da turvação (Tempo de reação), é inversamente proporcional à

quantidade de endotoxina presente na amostra.

O kit Pyrogent-5000® apresenta:

1. Pyrogent-5000® LAL Reagente;

2. Endotoxina de Escherichia coli 055:B5;

3. Tampão de reconstituição Pyrogent-5000.

Além dos substratos provenientes do kit, também foram utilizados:

1. Água Reagente LAL (Lonza, Walkersiville, MD, EUA);

2. Hidróxido de sódio 0.1 N ou Ácido clorídrico 0.1 N, dissolvidos em água

reagente LAL, para ajuste do pH da amostra;

3. Tubos de vidro descartáveis para diluição, isentos de endotoxina;

4. Ponteiras estéreis descartáveis de 10 μL, 200 μL e 1000 μL;

5. Microplacas estéreis descartáveis (Corning Costar, Cambridge, MA,

UK);

6. Multipipetador de 8 canais;

7. Reservatórios de reagentes (Lonza, Walkersiville, MD);

8. Leitor de microplacas (Ultramark, Bio-Rad Laboratories);

9. Software WinKQCL® (Lonza, Walkersiville, MD);

10. Cronômetro e agitador vortex.

Padronização da Curva Padrão

O estabelecimento da curva padrão, com concentrações conhecidas de

endotoxinas, é necessário para determinar a concentração de endotoxinas com

quantidades desconhecidas. A curva-padrão é necessária para determinar a menor

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e a maior concentração de endotoxina presente na amostra, assim como os picos

obtidos dentro da curva. Como um parâmetro para o cálculo da quantidade de

endotoxinas, a curva padrão foi obtida à partir da reconstituição do liofilizado de

endotoxina oferecida pelo kit, numa concentração conhecida de 100EU/mL, onde

suas diluições alcançam as concentrações finais de: 0,01, 0,1, 1, 10, 100 EU/mL, de

acordo com as instruções do fabricante.

Diluições seriadas para obtenção das concentrações de endotoxina da

curva-padrão

1. Foi adicionado 0,1 ml de 100 EU/ml endotoxina estoque em 0,9 ml de

água para reagente LAL, resultando numa concentração de 10 EU/ml de

endotoxinas. Essa solução foi vigorosamente agitada em vortex, por pelo menos 1

minuto antes do procedimento;

2. Foi transferido 0,1 ml da solução de endotoxina 10 EU/ml em 0,9 ml de

água para reagente LAL para um recipiente adequado, resultando numa

concentração de 1 EU/ml. A solução foi vigorosamente agitada em Vortex, por pelo

menos 1 minuto antes do início do procedimento;

3. Foi transferido 0,1 ml da solução de endotoxina 1 EU/ml em 0,9 ml de

água para reagente LAL para um recipiente adequado, resultando numa

concentração de 0,10 EU/ml. Essa solução foi vigorosamente agitada em Vortex, por

pelo menos 1 minuto antes do procedimento;

4. Foi transferido 0,1 ml da solução de endotoxina 0,10 EU/ml em 0,9 ml

de água para reagente LAL para um recipiente adequado, resultando numa

concentração de 0,01 EU/ml. Essa solução foi vigorosamente agitada em Vortex, por

pelo menos 1 minuto antes do início do procedimento.

Padronização das diluições das amostras

Os frascos de vidro, contendo as amostras oriundas do canal radicular e

bolsa periodontal, foram colocados em banho-maria (37°C) por 30min. As amostras

foram reconstituídas em 1 mL de água de LAL e em seguida extraídas sob agitação

mecânica em vortex, por 60 segundos. O teste LAL pode ser influenciado por muitos

fatores. Fatores da inibição da detecção de endotoxinas devem ser evitados, para

isso foi realizada a adição de uma quantidade conhecida de endotoxina (0,1 EU/ml),

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84

em cada amostra, procedimento que é denominado “Spike”. Em seguida, os testes

foram realizados em triplicata, sendo da mesma amostra: 3 poços contendo 100 μL

da amostra mãe ou suas diluições; e 3 poços contendo 100 μL amostra + 0.1 EU/mL

de endotoxina (Spike). O teste foi realizado como descrito à seguir. Para evitar que

houvesse qualquer tipo de interferência (inibição ou desenvolvimento) da amostra

com o reagente de LAL, a concentração de endotoxina recuperada dos poços

contaminados, calculada pelo software, permaneceu entre 50% - 200%, valor este

denominado controle positivo do produto (PPC).

Plate Layout

Para quantificação das endotoxinas presentes nas amostras foram

utilizadas placas de cultura de células (96 poços – 12 colunas e 8 fileiras) (Corning

Costar, Cambridge, MA) apirogênicas. Inicialmente, 100 μL do “blank” (água de LAL)

foram inoculados em triplicata na placa. Em seguida, 100 μL de cada ponto da curva

padrão, nas diferentes concentrações (100 EU/mL, 10 EU/mL, 1 EU/mL, 0,10 EU/mL

e 0,01 EU/mL), foram distribuídos em triplicata. Após, 100 μL das amostras e seus

respectivos controles (PPC) - ambos em triplicata - foram inoculados com reagente

de LAL. Para cada poço do controle positivo foi adicionado 10 μL de 0,1 EU/mL de

endotoxina de E. coli (spike). A placa foi posicionada no leitor de ELISA (Ultramark,

Bio-Rad Laboratories), com Software WinKQCL®, programado para - 340 nm, 37 º C

e 100 leituras - 100 μL do reagente de LAL foram adicionados em todos os poços. A

leitura das placas teve uma duração de aproximadamente 60 minutos.

Cálculo da concentração de endotoxinas

De forma contínua durante todo o ensaio, o leitor de microplacas/

software Kinetic-QCL foi monitorado na absorbância de 340nm de cada orifício da

microplaca. Usando a leitura de absorbância inicial de cada orifício como seu próprio

branco, o leitor determinou o tempo necessário para que a absorbância aumentasse

a 0.03 unidades. Este tempo foi denominado Tempo de Reação. O software

WinKQCL executou automaticamente uma correlação linear log/log do Tempo de

Reação de cada padrão com a concentração de endotoxinas correspondente.

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85

5. RESULTADOS

5.1. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

Para esse estudo foram avaliados 13 pacientes, totalizando 14 dentes

que apresentavam necrose pulpar, lesão periapical e bolsas periodontais maiores,

ou iguais à 6 mm, em mais de uma face. Os elementos dentais avaliados pertenciam

ao grupo dos incisivos, caninos, pré-molares e molares. Clinicamente,

apresentaram-se com restaurações ou eram hígidos. Todos os 14 dentes avaliados

apresentaram-se com mobilidade dental, em todas as etapas do tratamento

endodôntico. As respostas aos testes de percussão vertical demonstraram-se

positivos em 71,42% dos casos iniciais, porém, nenhum paciente relatou

sensibilidade aos testes de palpação periapical, nem demostrou dor espontânea em

nenhuma das fases do tratamento endodôntico.

Os dados referentes a idade dos pacientes e alguns parâmetros clínicos e

periodontais estão apresentados na Tabela 3.

Tabela 3 - Características gerais dos 14 dentes que compuseram o

estudo

Parâmetro Dados amostrais

Idade (média ± desvio padrão) 52,5 (±10,5)

Gênero (Masculino/Feminino) 11/3

Estado da coroa Hígido/Restaurado 5/9

Uni/multirradicular 7/7

Profundidade de sondagem (mm) 8,8 (± 2)

Nível de Inserção clínico (mm) 8 (± 3,4)

Presença de mobilidade – n(%) 14 (100%)

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86

A média de profundidade de sondagem nos pacientes do Grupo II,

inicialmente aos procedimentos biomecânicos foi 9,35 mm; após 30 dias de

medicação, foi de 9,57 mm. Porém, passado um mês da obturação do canal

radicular, a média foi de 7,4 mm. Nos pacientes do Grupo I, a média de

profundidade de sondagem foi 8,5 mm, antes dos procedimentos de desinfecção dos

canais radiculares; após 30 dias do término do tratamento endodôntico, foi de 7,35

mm.

5.2. MÉTODO CLÁSSICO DE CULTURA 5.2.1. Variação de Unidades Formadoras de Colônias após cada

intervenção

5.2.1.1. No canal radicular

Quanto a contagem das Unidades Formadoras de Colônias, inicialmente

ao preparo químico-mecânico, a mediana do número de microrganismos

encontrados nos canais radiculares foi de 1,3E+3 UFC/mL. Imediatamente após os

procedimentos endodônticos, obtivemos um valor de 0 UFC/mL.

Após 30 dias de medicação intracanal, composta por hidróxido de cálcio e

clorexidina gel 2%, a mediana foi de 0 UFC/mL. Estes dados estão na tabela 4.

Tabela 4: Mediana e média do número de microrganismos (UFC/mL)

encontrados nos canais radiculares antes e após intervenções.

Inicial (n=14)

GI (n=7)

GII (n=7)

E1

E2

E1

E2

E1

E2

E3

Mediana (mínimo e Máximo)

1,3E+3

(2,0E+1 -

3,2E+6) B

0,0E+0

(0,0E+0-

1,9E+3) A

1,3E+3

(2,0E+1-

1,8E+5) B

0,0E+0

(0,0E+0-

2,4E+2) A

1,7E+3

(1,9E+2-

3,2E+6) B

0,0E+0

(0,0E+0-

1,9E+3) A

0,0E+0

(0,0E+0-

6,4E+2) A

Média

2,4E+5

1,6E+2

2,7E+4

3,4E+1

4,6E+5

2,9E+2

1,0E+2

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87

Nota: Letras diferentes indicam valores estatisticamente diferentes (Testes de Wilcoxon,

E1xE2, e Dunn, E1xE2xE3, p<0,05).

Houve redução estatisticamente significantes, comparando-se as coletas

iniciais e as realizadas após o PQM. Encontramos redução da média de UFC/mL ao

comparar as coletas após o PQM e após 30 dias de MIC. Esses dados estão

presentes na tabela 5.

Tabela 5: Redução de UFC (%) nos canais radiculares

Redução em % Canal radicular

Coleta pós preparo

Coleta pós medicação

UFC

Total 99,9* Sessão única 99,9*

Sessão múltipla 99,9* 65,7* Nota: Redução da média de UFC em relação à sessão anterior (s2 x s1) e (s3 x s2).

* redução significativa pelo teste Mann-Whitney (p<0,05)

5.2.1.2. Na bolsa periodontal

A mediana do número de microrganismos encontrados nas bolsas

periodontais iniciais foi de 6,3E+6 UFC/mL. Imediatamente após o preparo químico-

mecânico, obtivemos um valor de 1,0E+6 UFC/mL.

Após 30 dias de medicação intracanal, composta por hidróxido de cálcio e

clorexidina gel 2%, a mediana foi de 6,3E+5 UFC/mL. Estes dados estão na tabela 6.

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Tabela 6: Mediana e média do número de microrganismos (UFC/mL)

encontrado nas bolsas periodontais antes e após intervenções.

Inicial (n=14)

GI (n=7)

GII (n=7)

P1

P2

P1

P2

P1

P2

P3

Mediana (mínimo e Máximo)

6,3E+6 (4,4E+5

- 4,8E+7) B

1,0E+6

(8,0E+3-

1,7E+7) A

6,4E+6

(6,7E+5-

3,6E+7) B

5,3E+5

(8,0E+3-

5,6E+6) A

2,8E+6

(4,4E+5-

4,8E+7) B

1,8E+6

(2,6E+5-

1,7E+7) A

6,3E+5

(3,0E+4-

1,0E+7) A

Média

1,1E+7

3,4E+6

1,2E+7

1,4E+6

1,1E+7

5,4E+6

2,7E+6

Nota: Letras diferentes indicam valores estatisticamente diferentes (Testes de Wilcoxon,

P1xP2, e Dunn, P1xP2xP3, p<0,05).

A estatística de ambas as tabelas foi feita linearmente comparando os

momentos 1, 2 e 3 em cada grupo. P1=coleta da bolsa periodontal antes das

instrumentações do canal radicular e da bolsa periodontal / P2= coleta da bolsa

periodontal logo após a instrumentação / P3=coleta da bolsa periodontal após 30

dias com canal preenchido com medicação (p<0,05). E1= coleta de canal após

abertura coronária / E2= coleta de canal logo após a instrumentação / E3= coleta de

canal após 30 dias de medicação (canal preenchido com medicação) p<0,05.

Houve redução estatisticamente significante, comparando-se as coletas

iniciais e as realizadas após o PQM. Encontramos redução da média de UFC/mL ao

comparar as coletas após o PQM e após 30 dias de MIC. Esses dados estão

presentes na tabela 7.

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Tabela 7: Redução de UFC (%) nas bolsas periodontais

Redução em %

Bolsa periodontal

Coleta pós preparo

Coleta pós medicação

UFC

Total 70,2*

Sessão única 88,0*

Sessão múltipla 51,5* 49,4* Nota: Redução da média de UFC em relação à sessão anterior (s2 x s1) e (s3 x s2).

* redução significativa pelo teste Mann-Whitney (p<0,05)

5.3. NESTED-PCR

5.3.1. Canal Radicular

Os microrganismos mais frequentemente encontrados nos canais

radiculares na primeira coleta (antes do preparo químico-mecânico) foram:

Prevotella tannerae (71,42%,10/14), Treponema socranskii, Porphyromonas

endodontalis e Prevotella nigrescens (57%, 8/14), enquanto que imediatamente após

o preparo químico-mecânico Tannerella forsythia, Prevotella Tannerae, Prevotella

nigrescens e Fusobacterium nucleatum foram as mais prevalentes (42,8%, 6/14).

Passados os 30 dias de medicação intracanal, as espécies mais encontradas foram

Treponema denticola, Aggregatibacter actinomycetemcomitans, Porphyromonas

endodontalis, Prevotella nigrescens e Fusobacterium nucleatum (57,1%, 4/7). Esses

dados estão de acordo com a tabela 8.

Avaliando as etapas da terapia endodôntica, houve diferença estatística

quanto à frequência total de microrganismos nos canais radiculares, entre a primeira

coleta e a coleta pós preparo (teste de Wilcoxon, p=0,035), mas não houve diferença

na comparação com pós-medicação. Da mesma forma, não houve associação entre

o quantitativo de cada bactéria vista individualmente nas diferentes fases do

tratamento endodôntico (teste de McNemar, como descrito na Tabela 8).

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90

Tabela 8: – Frequência das bactérias encontradas nos canais radiculares

em cada uma das etapas do tratamento endodôntico, número (percentual) E1 E2 E1 E2 E1 E2 E3

Treponema denticola 7 (50%)

3 (21,4%)

2 (28,6%)

2 (28,6%)

5 (71,4%)

1 (14,3%)

4 (57,1%)

Treponema socranskii 8 (57,1%)

4 (28,6%)

4 (57,1%)

2 (28,6%)

4 (57,1%)

2 (28,6%)

3 (42,9%)

Gemella morbillorum 2 (14,3%)

2 (14,3%) 2 (28,6%) 1 (14,3%) 0 (0%) 1 (14,3%) 1 (14,3%)

Tannerella forsythia 3 (21,4%)

6 (42,9%)

1 (14,3%)

5 (71,4%)

2 (28,6%)

1 (14,3%)

3 (42,9%)

Aggregatibacter actinomycetemcomitans

3 (21,4%)

3 (21,4%) 1 (14,3%) 1 (14,3%) 2 (28,6%) 2 (28,6%) 4 (57,1%)

Porphyromonas endodontalis

8 (57,1%)

3 (21,4%)

5 (71,4%)

3 (42,9%)

3 (42,9%)

0 (0%)

4 (57,1%)

Porphyromonas gingivalis

3 (21,4%)

4 (28,6%) 2 (28,6%) 3 (42,9%) 1 (14,3%) 1 (14,3%) 2 (28,6%)

Prevotella intermedia 2 (14,3%)

2 (14,3%)

1 (14,3%)

1 (14,3%)

1 (14,3%)

1 (14,3%)

0 (0%)

Prevotella tannerae 10 (71,4%)

6 (42,9%)

4 (57,1%)

3 (42,9%)

6 (85,7%)

3 (42,9%)

3 (42,9%)

Prevotella nigrescens 8 (57,1%)

6 (42,9%)

4 (57,1%)

4 (57,1%)

4 (57,1%)

2 (28,6%)

4 (57,1%)

Filifactor alocis 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (14,3%)

Fusobacterium nucleatum

7 (50%)

6 (42,9%)

5 (71,4%)

4 (57,1%)

2 (28,6%)

2 (28,6%)

4 (57,1%)

Parvimonas micra 6 (42,9%)

2 (14,3%)

3 (42,9%)

1 (14,3%)

3 (42,9%)

1 (14,3%)

2 (28,6%)

E1= coleta de canal após abertura coronária / E2= coleta de canal logo após a instrumentação /

E3= coleta de canal 30 dias após a instrumentação (canal preenchido com medicação).

Não houve diferenças significativas em relação ao tempo baseline por

meio do teste Mcnemar (p<0,05).

5.3.2. Bolsa Periodontal

Os microrganismos mais frequentemente encontrados nas bolsas

periodontais, pelo método Nested-PCR, na primeira coleta foram: Treponema

denticola e Parvimonas micra (92,8%, 13/14), seguidos de Fusobacterium nucleatum

(85,7%, 12/14). Imediatamente após o preparo químico-mecânico, Fusobacterium

nucleatum (78,57%, 11/14), Treponema denticola e Parvimonas micra (71,42%,

10/14) continuaram entre os mais encontrados. Após 30 dias de medicação

intracanal, os microrganismos mais frequentemente detectados foram Tannerella

forsythia e Porphyromonas gingivalis, presentes em 100% dos casos, seguidos de

Prevotella tannerae (85,7%, 6/7), conforme os dados da tabela 9.

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91

Avaliando as etapas da terapia endodôntica, não houve diminuição na

frequência total de microrganismos encontrados nas bolsas periodontais após o

PQM. Entretanto, houve uma redução estatisticamente significante entre a coleta

inicial e após uso da MIC (p < 0.05).

Quando avaliamos individualmente os microrganismos, houve

diminuição da frequência de T. forsythia (p=0,038), P. micra (p=0,012), P. gingivalis

(p=0,041) e P. intermedia (p=0,011), após o uso da MIC (p<0,05). A frequência de T.

denticola e F. nucleatum não mostrou diferenças significativas (p=0,66 e p=0,20,

respectivamente). Esses dados estão de acordo com a tabela 9.

Tabela 9: – Frequência das bactérias encontradas nas bolsas

periodontais em cada uma das etapas do tratamento endodôntico, número

(percentual)

P1= coleta da bolsa periodontal após abertura coronária / P2= coleta da bolsa periodontal logo

após a instrumentação / P3= coleta da bolsa periodontal 30 dias após a instrumentação (canal preenchido com

medicação).

P1 P2 P1 P2 P1 P2 P3

Treponema denticola 13 (92,9%) 10 (71,4%) 7 (100%) 6 (85,7%) 6 (85,7%) 4 (57,1%) 2 (28,6%)

Treponema socranskii 11 (78,6%) 6 (42,9%) 7 (100%) 5 (71,4%) 4 (57,1%) 1 (14,3%) 5 (71,4%)

Gemella morbillorum 7 (50%) 4 (28,6%) 4 (57,1%) 2 (28,6%) 3 (42,9%) 2 (28,6%) 3 (42,9%)

Tannerella forsythia 11 (78,6%) 10 (71,4%) 6 (85,7%) 5 (71,4%) 5 (71,4%) 5 (71,4%) 7 (100%)

Aggregatibacter actinomycetemcomitans

10 (71,4%) 8 (57,1%) 7 (100%) 6 (85,7%) 3 (42,9%) 2 (28,6%) 3 (42,9%)

Porphyromonas endodontalis

8 (57,1%) 4 (28,6%) 6 (85,7%) 4 (57,1%) 2 (28,6%) 0 (0%) 5 (71,4%)

Porphyromonas gingivalis

7 (50%) 10 (71,4%) 3 (42,9%) 6 (85,7%) 4 (57,1%) 4 (57,1%) 7 (100%)

Prevotella intermedia 7 (50%) 7 (50%) 4 (57,1%) 5 (71,4%) 3 (42,9%) 2 (28,6%) 0 (0%)

Prevotella tannerae 9 (64,3%) 9 (64,3%) 7 (100%) 5 (71,4%) 2 (28,6%) 4 (57,1%) 6 (85,7%)

Prevotella nigrescens 10 (71,4%) 8 (57,1%) 6 (85,7%) 6 (85,7%) 4 (57,1%) 2 (28,6%) 3 (42,9%)

Filifactor alocis 4 (28,6%) 3 (21,4%) 2 (28,6%) 1 (14,3%) 2 (28,6%) 2 (28,6%) 3 (42,9%)

Fusobacterium nucleatum

12 (85,7%) 11 (78,6%) 7 (100%) 6 (85,7%) 5 (71,4%) 5 (71,4%) 5 (71,4%)

Parvimonas micra 13 (92,9%) 10 (71,4%) 7 (100%) 6 (85,7%) 2 (28,6%) 4 (57,1%) 5 (71,4%)

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92

Não houve diferenças significativas em relação ao tempo baseline por

meio do teste Mcnemar (p<0,05).

Avaliando as etapas da terapia endodôntica, houve diferença estatística

quanto à frequência total de microrganismos nas bolsas periodontais entre a

primeira coleta e a coleta pós preparo (teste de Wilcoxon, p=0,005), mas não houve

diferença na comparação com pós-medicação. Da mesma forma, não houve

associação entre o quantitativo de cada bactéria vista individualmente nas diferentes

fases do tratamento endodôntico (teste de McNemar, como descrito na Tabela 9).

5.4. Quantificação de endotoxinas Para a quantificação de LPS foram considerados os 14 dentes e as

amostras avaliadas foram: as amostras iniciais, após PQM e após medicação

intracanal dos canais radiculares e bolsas periodontais. O teste turbidimétrico LAL indicou que as endotoxinas estiveram

presentes em 100% das amostras de bolsas periodontais e dos canais radiculares e,

em todas as fases analisadas (inicial, após preparo químico-mecânico e após

medicação intracanal).

5.4.1. Canal Radicular

A média de endotoxinas encontrada nas coletas inicias dos canais

radiculares apresentou uma valor relativamente baixo (15,6 EU/mL), em comparação

à detectada nas bolsas periodontais iniciais. Após o preparo químico-mecânico, a

média apresentou um valor de 0,19 EU/mL. Foi encontrado um valor ainda mais

baixo após o uso da medicação intracanal por 30 dias (0,06 EU/mL). Esses dados

estão apresentados na tabela 10. Houve diferença estatisticamente significante nos

períodos avaliados.

A comparação da concentração de endotoxinas foi realizada entre a

coleta inicial do canal radicular, a coleta imediatamente após o preparo químico-

mecânico e a coleta do canal radicular 30 dias após a medicação intracanal, como

mostra a tabela 10. Houve diferença estatisticamente significante nos períodos

avaliados.

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Tabela 10: Concentração de endotoxinas nos canais radiculares,

comparando Grupo I e Grupo II, nas diferentes fases do tratamento endodôntico

Inicial (n=14)

GI (n=7)

GII (n=7)

E1

E2

E1

E2

E1

E2

E3

Mediana

(mínimo e Máximo)

9,1 (2,4 -

108) B

0,127 (0,1 -

0,8) A

9,8 (5 - 108)

B

0,13 (0,1 -

0,8) A

8,7 (2,4 -

9,8) B

0,123 (0,1 -

0,3) A

0,07 (0,03-

0,09) A

Média

15,6

0,187

23,2

0,23

8,1

0,145

0,066

E1= coleta de canal após abertura coronária / E2= coleta de canal logo após a instrumentação /

E3= coleta de canal 30 dias após a instrumentação (canal preenchido com medicação). Letras diferentes indicam

valores estatisticamente diferentes (Testes de Wilcoxon, E1xE2, e Dunn, E1xE2xE3, p<0,05).

Quando comparamos a concentração de endotoxinas nos três momentos

de coleta (coleta inicial do canal radicular, coleta imediatamente após o preparo

químico-mecânico e 30 dias após a medicação intracanal), verificamos diferença

estatisticamente significante, como mostra a tabela 11.

Tabela 11: Redução de endotoxinas nos canais radiculares (%)

Redução em % Canal radicular

Coleta pós preparo

Coleta pós medicação

Endotoxinas

Total 83,1* Sessão única 86,0*

Sessão múltipla 80,3* 69,6* Nota: Redução da média de UFC em relação à sessão anterior (s2 x s1) e (s3 x s2).

* redução significativa pelo teste Mann-Whitney (p<0,05)

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94

5.4.2. Bolsa Periodontal

Médias altas de endotoxinas foram encontradas nas coletas das bolsas

iniciais (648,11 EU/mL). Após o preparo químico-mecânico, a média foi de 109,65

EU/mL, sendo estatisticamente significante em relação à coleta inicial. Esses dados

estão apresentados nas tabelas 12 e 13. Após o uso da medicação intracanal, o

valor médio da concentração de endotoxinas foi de 36,5 EU/mL, mostrando

diferença estatisticamente significante, quando se comparou com a concentração

inicial de endotoxinas e a concentração de endotoxinas após o preparo químico-

mecânico, como mostram as tabelas 12 e 13.

Tabela 12: Concentração de endotoxinas nas bolsas periodontais,

comparando Grupo I e Grupo II, nas diferentes fases do tratamento endodôntico

P1= coleta da bolsa periodontal após abertura coronária / P2= coleta da bolsa periodontal logo

após a instrumentação / P3= coleta da bolsa periodontal 30 dias após a instrumentação (canal preenchido com

medicação). Nota: Letras diferentes indicam valores estatisticamente diferentes (Testes de Wilcoxon, P1xP2, e

Dunn, P1xP2xP3, p<0,05)

Inicial (n=14)

GI (n=7)

GII (n=7)

P1

P2

P1

P2

P1

P2

P3

Mediana (mínimo e Máximo)

542,5 (76 -

1890) B

88,84 (15,5

- 306) A

550 (76 -

1750) B

75,1 (15,5 -

187) A

535 (100 -

1890) C

90 (85 -

306) B

40,5 (26 -

51) A

Média

648,1

109,6

639,1

89,8

657,1

129,5

39,4

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Tabela 13: Redução de endotoxinas (%) nas bolsas periodontais

Redução em % Bolsa periodontal

Coleta pós preparo

Coleta pós medicação

Endotoxinas

Total 98,8* Sessão única 99,0*

Sessão múltipla 98,2* 54,3* Nota: Redução da média de UFC em relação à sessão anterior (s2 x s1) e (s3 x s2).

* redução significativa pelo teste Mann-Whitney (p<0,05)

5.5. Associações entre os microrganismos nas bolsas periodontais e canais radiculares

Para testar a hipótese nula de relação entre as espécies foi utilizado o

teste de Fischer (p<0,05). Nos casos em que essa hipótese foi descartada, ou seja,

quando houve associação entre as espécies (p<0,05), o teste de Odds ratio foi

realizado. Associações positivas seriam aquelas em que Odds ratio foi maior que 2 e

para associações negativas aquelas em que os valores de Odds ratio foram

menores que 0,5. Quando houveram células sem valores para presença e ausência

de bactérias na tabulação 2x2, o Odds ratio não pôde ser calculado e foi descrito

como “indeterminado”. Para observar a relação negativa ou positiva entre as

bactérias, foi trazido, adicionalmente, o teste de correlação de Spearman (p<0,05).

5.5.1. Canal Radicular

Algumas associações aconteceram no interior dos canais radiculares,

nas várias etapas do tratamento endodôntico. Todas as associações (com

resultados estatisticamente significantes) encontradas foram positivas, ou seja, a

presença de uma bactéria aumentou a chance de encontrar a outra. As tabelas à

seguir trazem os resultados das associações, nas diferentes fases da terapia

endodôntica.

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96

Tabela 14: Associação da presença de espécies distintas no interior do canal radicular no momento pré-tratamento (N=14)

Treponema denticola

Treponema socranskii

Gemella morbillorum

Tannerella forsythia

Aggregatibacter actinomycetemcomitans

Porphyromonas endodontalis

Porphyromonas gingivalis

Prevotella intermedia

Prevotella tannerae

Prevotella nigrescens

Filifactor alocis

Fusobacterium nucleatum

Parvimonas micra

Treponema denticola 0,296

0,231

0,096 0,500

0,296

0,500

0,769

0,280

0,051 -

0,143

0,051

Treponema socranskii 0,296

0,692

0,154 0,154

0,529

0,615

0,308

0,594

0,156 -

0,296

0,121

Gemella morbillorum 0,231

0,692

0,396 0,604

0,308

0,396

0,725

0,495

0,308 -

0,769

0,165

Tannerella forsythia 0,096

0,154

0,396 0,547

0,154

0,093

0,604

0,330

0,154 -

0,500

0,385

Aggregatibacter actinomycetemcomitans

0,500

0,154

0,604

0,547

0,154

0,547

0,033

0,330

0,154 -

0,500

0,385

Porphyromonas endodontalis

0,296

0,529

0,308

0,154 0,154

0,154

0,308

0,175

0,016 -

0,704

0,471

Porphyromonas gingivalis

0,500

0,615

0,396

0,093 0,547

0,154

0,604

0,330

0,154 -

0,500

0,385

Prevotella intermedia 0,769

0,308

0,725

0,604 0,033

0,308

0,604

0,495

0,308 -

0,231

0,692

Prevotella tannerae 0,280

0,594

0,495

0,330 0,330

0,175

0,330

0,495

0,015 -

0,280

0,406

Prevotella nigrescens 0,051

0,156

0,308

0,154 0,154

0,016

0,154

0,308

0,015 -

0,296

0,121

Filifactor alocis - - - - - - - - - -

- - Fusobacterium

nucleatum

0,143

0,296

0,769

0,500 0,500

0,704

0,500

0,231

0,280

0,296 -

0,704

Parvimonas micra 0,051

0,121

0,165

0,385 0,385

0,471

0,385

0,692

0,406

0,121 -

0,704

Associação avaliada por meio do teste Exato de Fisher. Negrito significa diferenças significativas (p<0,05).

Algumas associações tiveram resultado significativo no pré-tratamento,

o que levou a explorar as associações por Odds ratio e correlação.

Tabela 15: Associações entre os microrganismos no interior dos canais radiculares no pré-tratamento (N=14)

Microrganismos Teste exato de Fisher

(Valor de p) Odds ratio 95% intervalo de

confiança Correlação de

Spearman Valor de p

Associações positivas A. actinomycetemcomitans e P.

Intermedia 0,033 indeterminado - 0,782 0,001

P. tannerae e P. nigrescens 0,016 35,000 1,743 - 702,993 0,708 0,005

P. endodontalis e P. nigrescens 0,015 indeterminado - 0,730 0,003

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97

Três associações bacterianas tiveram resultados significativos: A.

actinomycetemcomitans e P.intermedia; P.tannerae e P.nigrescens; P.endodontalis

e P.nigrescens, todas positivas, tanto pela informação do Odds ratio (no caso de P

tannerae e P nigrescens) e correlações.

Tabela 16: Associação da presença de espécies distintas no interior do canal radicular após PQM (N=14)

Treponema

denticola

Treponema

socranskii

Gemella

morbillorum

Tannerella

forsythia

Aggregatibacter

actinomycetemcomitans

Porphyromonas

endodontalis

Porphyromonas

gingivalis

Prevotella inter

media

Prevotella

tannerae

Prevotella

nigrescens

Filifactor

alocis

Fusobacterium

nucleatum

Parvimona

s micra

Treponema denticola 0,176

0,604

0,385 0,547

0,547

0,176

0,604

0,615

0,055 -

0,385

0,396

Treponema socranskii 0,176

0,505

0,594 0,011

0,670

0,041

0,066

0,594

0,175 -

0,015

0,505

Gemella morbillorum

0,604

0,505

0,692 0,396

0,604

0,505

0,275

0,692

0,692 -

0,692

0,275

Tannerella forsythia 0,385

0,594

0,692 0,615

0,385

0,175

0,692

0,529

0,471 -

0,471

0,692

Aggregatibacter actinomycetemcomitans

0,547

0,011

0,396

0,615

0,547

0,176

0,033

0,385

0,385 -

0,055

0,396

Porphyromonas endodontalis

0,547

0,670

0,604

0,385 0,547

0,176

0,396

0,385

0,385 -

0,385

0,396

Porphyromonas gingivalis

0,176

0,041

0,505

0,175 0,176

0,176

0,066

0,175

0,175 -

0,175

0,066

Prevotella intermedia 0,604

0,066

0,275

0,692 0,033

0,396

0,066

0,165

0,692 -

0,165

0,275

Prevotella tannerae 0,615

0,594

0,692

0,529 0,385

0,385

0,175

0,165

0,471 -

0,471

0,165

Prevotella nigrescens 0,055

0,175

0,692

0,471 0,385

0,385

0,175

0,692

0,471 -

0,016

0,165

Filifactor alocis - - - - - - - - - -

- - Fusobacterium nucleatum

0,385

0,015

0,692

0,471 0,055

0,385

0,175

0,165

0,471

0,016 -

0,692

Parvimonas micra 0,396

0,505

0,275

0,692 0,396

0,396

0,066

0,275

0,165

0,165 -

0,692

Associação avaliada por meio do teste Exato de Fisher. Negrito significa diferenças significativas (p<0,05).

Algumas associações tiveram resultado significativo no pós PQM, o

que levou a explorar as associações por Odds ratio e correlação.

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98

Tabela 17: Associações entre os microrganismos no interior dos canais radiculares pós PQM (N=14)

Microrganismos Teste exato de Fisher

(Valor de p) Odds ratio 95% intervalo de

confiança Correlação de

Spearman Valor de p

Associações positivas A. actinomycetemcomitans e T.

Socranskii 0,011 indeterminado - 0,826 0,001

P. gingivalis e T. socranskii 0,041 27,000 1,260 - 578,354 0,650 0,012

F. nucleatum e T. socranskii 0,015 indeterminado - 0,730 0,003 P. intermedia e A.

actinomycetemcomitans 0,033 indeterminado - 0,782 0,001

F. nucleatum e P. nigrescens 0,016 35,000 1,743 - 702,993 0,708 0,005

Cinco associações bacterianas tiveram resultados significativos no

momento pós PQM, todas positivas, tanto pela informação do Odds ratio (calculado

para: P.gingivalis e T.socranskii; F.nucleatum e P.nigrescens) e correlações.

Tabela 18: Associação da presença de espécies distintas no interior do canal radicular pós MIC (N=7)

Trepo

nema denticola

Trepo

nema socranskii

Geme

lla morbillorum

Tann

erella forsythia

Aggregatibac

ter actinomycetemcomitans

Porphyr

omonas endodontalis

Porphyr

omonas gingivalis

Prevotella

intermedia

Prev

otella tannerae

Prevo

tella nigrescens

Filifactor alocis

Fusoba

cterium nucleatum

Parvi

monas micra

Treponema denticola 0,114

0,492

0,371 0,029

0,371

0,286 -

0,114

0,629

0,571

0,629

0,286

Treponema socranskii 0,114

0,571

0,629 0,114

0,114

0,143 -

0,029

0,629

0,429

0,371

0,143

Gemella morbillorum 0,492

0,571

0,429 0,429

0,429

0,714 -

0,571

0,571

0,857

0,429

0,714

Tannerella forsythia 0,371

0,629

0,429 0,371

0,629

0,714 -

0,629

0,114

0,571

0,629

0,714

Aggregatibacter actinomycetemcomitans

0,029

0,114

0,429

0,371

0,371

0,286 -

0,114

0,629

0,571

0,629

0,286

Porphyromonas endodontalis

0,371

0,114

0,429

0,629 0,371

0,286 -

0,114

0,371

0,571

0,629

0,286

Porphyromonas gingivalis

0,286

0,143

0,714

0,714 0,286

0,286 -

0,143

0,714

0,286

0,714

0,048

Prevotella intermedia - - - - - - -

- - - - -

Prevotella tannerae

0,114

0,029

0,571

0,629 0,114

0,114

0,143 -

0,629

0,429

0,371

0,143

Prevotella nigrescens 0,629

0,629

0,571

0,114 0,629

0,371

0,714 -

0,629

0,429

0,629

0,714

Filifactor alocis 0,571

0,429

0,857

0,571 0,571

0,571

0,286 -

0,429

0,429

0,429

0,286

Fusobacterium nucleatum

0,629

0,371

0,429

0,629 0,629

0,629

0,714 -

0,371

0,629

0,429

0,714

Parvimonas micra 0,286

0,143

0,714

0,714 0,286

0,286

0,048 -

0,143

0,714

0,286

0,714

Associação avaliada por meio do teste Exato de Fisher. Negrito significa diferenças significativas (p<0,05).

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99

Algumas associações tiveram resultado significativo no pós MIC, o que

levou a explorar as associações por Odds ratio e correlação.

Tabela 19: Associações entre os microrganismos no interior dos canais radiculares pós MIC (N=7)

Microrganismos Teste exato

de Fisher (Valor de p)

Odds ratio 95% intervalo de confiança

Correlação de Spearman Valor de p

Associações positivas T. denticola e A.

actinomycetemcomitans 0,029 indeterminado - 1,000 -

T. socranskii e P. tannerae 0,029 indeterminado - 1,000 -

P. gingivalis e P. micra 0,048 indeterminado - 1,000 -

Três associações bacterianas tiveram resultados significativos no

momento pós MIC, ou seja, sempre que havia presença de uma bactéria, havia a da

outra no par estudado, o que levou a correlação perfeita (valor unitário) e Odds ratio

indeterminado.

5.5.2. Bolsa Periodontal

Algumas associações aconteceram no interior das bolsas periodontais

nas várias etapas do tratamento endodôntico. Todas as associações (com

resultados estatisticamente significativos) encontradas foram positivas, ou seja, a

presença de uma bactéria aumentou a chance de encontrar a outra. As tabelas a

seguir trazem os resultados das associações nas diferentes etapas do tratamento

endodôntico.

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100

Tabela 20: Associação da presença de espécies distintas no interior da bolsa periodontal no momento pré-tratamento (N=14)

Treponema denticola

Treponema socranskii

Gemella morbillorum

Tannerella forsythia

Aggregatibacter actinomycetemcomitans

Porphyromonas endodontalis

Porphyromonas gingivalis

Prevotella intermedia

Prevotella tannerae

Prevotella nigrescens

Filifactor alocis

Fusobacterium nucleatum

Parvimonas micra

Treponema denticola 0,214

0,500

0,786 0,286

0,429

0,500

0,500

0,357

0,286

0,714

0,857

0,071

Treponema socranskii 0,214

0,500

0,547 0,011

0,385

0,500

0,500

0,275

0,176

0,330

0,396

0,214

Gemella morbillorum 0,500

0,500

0,500 0,720

0,704

0,143

0,500

0,500

0,720

0,280

0,231

0,500

Tannerella forsythia 0,786

0,547

0,500 0,670

0,385

0,096

0,500

0,725

0,330

0,176

0,033

0,786

Aggregatibacter actinomycetemcomitans

0,286

0,011

0,720

0,670

0,594

0,720

0,280

0,095

0,041

0,210

0,505

0,286

Porphyromonas endodontalis

0,429

0,385

0,704

0,385 0,594

0,296

0,704

0,063

0,406

0,594

0,165

0,429

Porphyromonas gingivalis

0,500

0,500

0,143

0,096 0,720

0,296

0,500

0,133

0,720

0,720

0,231

0,500

Prevotella intermedia 0,500

0,500

0,500

0,500 0,280

0,704

0,500

0,500

0,035

0,280

0,769

0,500

Prevotella tannerae 0,357

0,275

0,500

0,725 0,095

0,063

0,133

0,500

0,455

0,545

0,604

0,357

Prevotella nigrescens 0,286

0,176

0,720

0,330 0,041

0,406

0,720

0,035

0,455

0,210

0,495

0,286

Filifactor alocis 0,714

0,330

0,280

0,176 0,210

0,594

0,720

0,280

0,545

0,210

0,505

0,714

Fusobacterium nucleatum

0,857

0,396

0,231

0,033 0,505

0,165

0,231

0,769

0,604

0,495

0,505

0,857

Parvimonas micra 0,071

0,214

0,500

0,786 0,286

0,429

0,500

0,500

0,357

0,286

0,714

0,857

Associação avaliada por meio do teste Exato de Fisher. Negrito significa diferenças significativas (p<0,05).

Algumas associações tiveram resultado significativo no pré-tratamento, o que

levou a explorar as associações por Odds ratio e correlação.

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101

Tabela 21: Associações entre os microrganismos no interior das bolsas periodontais no pré-tratamento

Microrganismos Teste exato de Fisher (Valor de

p) Odds ratio 95% intervalo

de confiança Correlação de

Spearman Valor de p

Associações positivas T. socranskii e A.

actinomycetemcomitans 0,011 indeterminado - 0,826 0,001

T. forsythia e F. nucleatum 0,033 indeterminado - 0,782 0,001 A. actinomycetemcomitans e P.

Nigrescens 0,041 27,000 1,260 - 578,354 0,650 0,012 P. intermedia e P. nigrescens 0,035 indeterminado - 0,632 0,015

Quatro associações de bactérias tiveram resultados significativos, todas

positivas, tanto pela informação do Odds ratio (no caso de A.

actinomycetemcomitans e P.nigrescens) e correlações.

Tabela 22: Associação da presença de espécies distintas no interior da bolsa periodontal pós PQM (N=14)

Treponema denticola

Treponema socranskii

Gemella morbillorum

Tannerella forsythia

Aggregatibacter actinomycetemcomitans

Porphyromonas endodontalis

Porphyromonas gingivalis

Prevotella intermedia

Prevotella tannerae

Prevotella nigrescens

Filifactor alocis

Fusobacterium nucleatum

Parvimonas micra

Treponema denticola 0,700

0,689

0,689 0,175

0,210

0,041

0,720

0,455

0,594

0,670

0,670

0,311

Treponema socranskii 0,700

0,175

0,594 0,009

0,175

0,070

0,051

0,238

0,121

0,385

0,154

0,070

Gemella morbillorum 0,689

0,175

0,311 0,406

0,689

0,689

0,720

0,126

0,594

0,011

0,330

0,210

Tannerella forsythia 0,689

0,594

0,311 0,594

0,210

0,689

0,720

0,545

0,406

0,670

0,176

0,689

Aggregatibacter actinomycetemcomitans

0,175

0,009

0,406

0,594

0,070

0,015

0,051

0,063

0,016

0,615

0,055

0,015

Porphyromonas endodontalis

0,210

0,175

0,689

0,210 0,070

0,210

0,280

0,545

0,406

0,670

0,330

0,210

Porphyromonas

gingivalis

0,041

0,070

0,689

0,689 0,015

0,210

0,280

0,095

0,175

0,670

0,670

0,041

Prevotella intermedia 0,720

0,051

0,720

0,720 0,051

0,280

0,280

0,500

0,051

0,500

0,500

0,280

Prevotella tannerae 0,455

0,238

0,126

0,545 0,063

0,545

0,095

0,500

0,343

0,231

0,275

0,005

Prevotella nigrescens

0,594

0,121

0,594

0,406 0,016

0,406

0,175

0,051

0,343

0,385

0,385

0,175

Filifactor alocis 0,670

0,385

0,011

0,670 0,615

0,670

0,670

0,500

0,231

0,385

0,453

0,330

Fusobacterium nucleatum

0,670

0,154

0,330

0,176 0,055

0,330

0,670

0,500

0,275

0,385

0,453

0,176

Parvimonas micra 0,311

0,070

0,210

0,689 0,015

0,210

0,041

0,280

0,005

0,175

0,330

0,176

Associação avaliada por meio do teste Exato de Fisher. Negrito significa diferenças significativas (p<0,05).

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102

Algumas associações tiveram resultado significativo no pós PQM, o que levou

a explorar as associações por Odds ratio e correlação.

Tabela 23: Associações positivas e negativas entre os microrganismos no interior das bolsas periodontais pós PQM

Microrganismos Teste exato

de Fisher (Valor de p)

Odds ratio 95% intervalo de confiança

Correlação de Spearman Valor de p

Associações positivas T. denticola e P. gingivalis 0,041 27,000 1,260 - 578,354 0,650 0,012

T. socranskii e A. actinomycetemcomitans

0,009 indeterminado - 0,750 0,002

G. morbillorum e F.alocis 0,011 indeterminado - 0,826 0,001 A. actinomycetemcomitans e P.

Nigrens 0,015 indeterminado - 0,730 0,003

A. actinomycetemcomitans e P. gingivalis

0,016 35,000 1,743 - 702,993 0,708 0,005

A. actinomycetemcomitans e P. micra

0,015 indeterminado - 0,730 0,003

P. gingivalis e P. micra 0,041 27,000 1,260 - 578,354 0,650 0,012 P. tannerae e P. micra 0,005 indeterminado - 0,849 0,001

Oito associações bacterianas tiveram resultados significativos, todas

positivas, tanto pela informação do Odds ratio (calculado para: T.denticola e P.

gingivalis; A.actinomycetemcomitans e P.gingivalis; P.gingivalis e P.micra) e

correlações.

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103

Tabela 22. Associação da presença de espécies distintas no interior da bolsa periodontal no momento pós MIC (N=7)

Treponema dentic

ola

Treponema socranskii

Gemella

morbillorum

Tannerella forsyt

hia

Aggregatibacter

actinomycetemcomitans

Porphyromonas endodon

talis

Porphyromonas gingivali

s

Prev

otella intermedi

a

Prevotella tannerae

Prevotella nigrescens

Filif

actor

alocis

Fusobacterium nucleat

um

Parvimona

s micra

Treponema denticola

0,476 0,714 - 0,714 0,476 - - 0,714 0,714

0,286 0,524 0,524

Treponema socranskii 0,476

0,286 - 0,714 0,524 - - 0,286 0,714

0,714 0,524 0,524

Gemella morbillorum 0,714 0,286

- 0,371 0,286 - - 0,571 0,629

0,371 0,714 0,286

Tannerella forsythia - - -

- - - - - - - - - Aggregatibacter

actinomycetemcomitans 0,714 0,714 0,371 -

0,286 - -

0,571 0,629

0,371 0,714 0,286

Porphyromonas endodontalis 0,476 0,524 0,286 - 0,286

- -

0,286 0,286

0,286 0,524 0,524

Porphyromonas gingivalis - - - - - -

- - - - - -

Prevotella intermedia - - - - - - -

- - - - -

Prevotella tannerae 0,714 0,286 0,571 - 0,571 0,286 - -

0,571 0,571 0,286 0,286

Prevotella nigrescens 0,714 0,714 0,629 - 0,629 0,286 - - 0,571

0,371 0,286 0,714

Filifactor alocis 0,286 0,714 0,371 - 0,371 0,286 - - 0,571 0,371

0,286 0,286

Fusobacterium nucleatum 0,524 0,524 0,714 - 0,714 0,524 - -

0,286 0,286

0,286

0,524

Parvimonas micra 0,524 0,524 0,286 - 0,286 0,524 - - 0,286 0,714

0,286 0,524

Associação avaliada por meio do teste Exato de Fisher. Negrito significa diferenças significativas (p<0,05).

Não houveram associações com resultado significativo no pós MIC, o que

levou a não explorar associações.

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104

5.6 Associações entre as espécies bacterianas e níveis endotóxicos, detectados nas bolsas periodontais e canais radiculares, com os sinais e sintomas clínicos

Observamos que na comparação de todas as três variáves: UFC, LPS e

aspectos clínicos, presentes antes de se iniciar o tratamento endodôntico, nenhuma

diferença estatisticamente significante foi encontrada (tabela 23).

Tabela 23: Associação entre UFC / LPS e aspectos clínicos nas

amostras iniciais da BP e do CR

TTP BP Lesão periapical Ausência

(N=4) Presença

(N=10) = 6

(N=2) >6 (N=12) =2 (N=10) >2 (N=4)

UFC

Bolsa periodontal

Mediana 447,5 556,0 886,5 525,0 562,0 360,0 Mínimo 218,0 76,0 838,0 76,0 535,0 76,0 Máximo 1.890,0 1.750,0 935,0 1.890,0 935,0 1.890,0

Canal radicular

Mediana 8,5 9,6 6,8 9,4 9,4 8,5 Mínimo 2,4 5,0 5,0 2,4 8,7 2,4 Máximo 9,3 108,0 8,7 108,0 12,9 108,0

LPS

Bolsa periodontal

Mediana 5,3E+06 6,3E+06 1,1E+07 6,3E+06 2,8E+06 7,8E+06 Mínimo 4,4E+05 6,7E+05 5,6E+06 4,4E+05 6,7E+05 4,4E+05 Máximo 4,8E+07 3,6E+07 1,6E+07 4,8E+07 1,6E+07 4,8E+07

Canal radicular

Mediana 1,9E+03 1,3E+03 1,2E+04 1,3E+03 1,7E+03 1,3E+03 Mínimo 190 20 20 20 20 20

Máximo 3,2E+06 1,8E+05 2,4E+04 3,2E+06 2,4E+04 3,2E+06 Nota: não houve diferenças significativas, teste Mann-Whitney (p<0,05).

Da mesma forma, foi estudada a associação de bactérias estudadas com os

sinais e sintomas. Não houve diferenças significativas da presença ou ausência das

bactérias (Teste Exato de Fisher, p<0,05), tal como descrito na Tabela 24.

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Tabela 24: Associação de bactérias encontradas nas bolsas periodontais e canais radiculares com sinais e sintomas clínicos

Bolsa Periodontal Canal Radicular

TTP Antes (ausência x presença)

Bolsa (<=6 x >6)

Lesão (<=2 x >2)

TTP Antes (ausência x presença)

Bolsa (<=6 x >6)

Lesão (<=2 x >2)

Treponema denticola 0,714 0,857 0,643 0,280 0,769 0,500

Treponema socranskii 0,176 0,604 0,725 0,406 0,692 0,343

Gemella morbillorum 0,720 0,769 0,133 0,495 0,725 0,604

Tannerella forsythia 0,176 0,396 0,725 0,670 0,604 0,231

Aggregatibacter actinomycetemcomitans 0,311 0,495 0,455 0,176 0,604 0,275

Porphyromonas endodontalis 0,175 0,692 0,657 0,594 0,165 0,657

Porphyromonas gingivalis 0,280 0,769 0,500 0,670 0,604 0,231

Prevotella intermedia 0,720 0,231 0,500 0,505 0,725 0,110

Prevotella tannerae 0,455 0,604 0,203 0,210 0,066 0,545

Prevotella nigrescens 0,689 0,495 0,545 0,406 0,165 0,657

Filifactor alocis 0,311 0,505 0,126 - - -

Fusobacterium nucleatum 0,066 0,725 0,604 0,720 0,769 0,133

Parvimonas micra 0,714 0,857 0,643 0,175 0,308 0,657 Não houve diferenças significativas pelo teste exato de Fisher (p<0,05)

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6. DISCUSSÃO Apesar de existirem muitos trabalhos na literatura, estudando a microbiota

da doença periodontal (Slots, 1986; Haffajee et al., 1984; Socransky et al., 1988,

Dahlén et al.,1992; Paster et al., 2001, 2006; Colombo et al., 2009; Casarin et al.,

2013) e das infecções endodônticas, separadamente (Gomes et al., 2004,

1996a,b,c, 2004, 2007; Siqueira et al. 2003a,b 2009; Brito et al., 2012; Nóbrega et

al., 2016; Tatikonda et al., 2017), ainda são poucos os estudos que investigaram a

microbiota envolvida em lesões endo-periodontais combinadas (Kipioti et al.,1984,

Kobayahi et al., 1990; Kurihara et al., 1995; Rupf et al, 2000; Berber, 2009; Didilescu

et al., 2012; Gomes et al., 2015). Portanto, a escassa literatura sobre o tema das

lesões endodôntico-periodontais combinadas e os desafios no tratamento de casos

clínicos com perda óssea avançada foram fatores motivadores para o

desenvolvimento deste estudo. A prevalência de periodontopatógenos em infecções endodônticas é

subestimada, quando avaliada por métodos cultura dependentes, devido ao fato de

algumas espécies serem altamente exigentes com relação aos requerimentos

gasosos e nutricionais. Em contrapartida, as investigações que fizeram uso de

métodos moleculares mais sensíveis, relataram a detecção de patógenos

periodontais em polpas necróticas com lesões perirradicais associadas (Conrads et

al., 1997; Gonçalves & Mouton, 1999; Siqueira et al., 2000a; Siqueira et al., 2000b,

Berber, 2009; Gomes et al., 2015).

Desse modo, o presente trabalho procurou avaliar a suscetibilidade de

bactérias periodontopatogênicas aos procedimentos químicos-mecânicos de

desinfecção dos canais radiculares, e ao uso de uma medicação intracanal, em

canais radiculares e bolsas periodontais de dentes com lesões endo-periodontais

combinadas, através da contagem das UFC´s e Nested-PCR. Além de investigar os

efeitos do tratamento endodôntico na redução dos os níveis endotóxicos nos canais

radiculares e bolsas periodontais, através da quantificação das endotoxinas

presentes nas amostras.

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6.1. Características clínicas das lesões endo-perio No período estudado, as bolsas periodontais mantiveram suas

características clínicas iniciais (Apêndice II), fato este devido ao curto período de

avaliação e ausência de raspagem e alisamento radicular. Normalmente, as

avaliações periodontais se dão em períodos de 45 dias, 3 meses, 6 meses, 1 ano

(Machion, 2005; Martins, 2005) e não em apenas após 30 dias. Não foi feita esta

avaliação longitudinal, porque o intuito do

trabalho foi avaliar as alterações clínicas e microbiológicas apenas no período de

uso da medicação intracanal, ou seja 30 dias.

Após 30 dias, 3, 6 e 12 meses, depois do término do tratamento

endodôntico, os pacientes serão chamados para avaliação clínica e radiográfica.

Dessa forma, serão realizados todos os testes clínicos. As características referentes

à dor, sangramento, sensibilidade à palpação e percussão serão anotados na ficha

clínica. Será também realizada a radiografia do dente avaliado e esta comparada à

radiografia inicial do tratamento. Neste momento, serão coletadas amostras

microbiológicas e endotóxicas da bolsa periodontal.

A fase mais difícil para a execução do presente trabalho foi encontrar os

casos clínicos, que se enquadrassem no perfil desejado. Foram avaliados 556

pacientes com doença periodontal severa, destes, 30 apresentavam bolsas

periodontais profundas. Apenas 14 pacientes apresentavam as características

clínicas necessárias para este estudo. Muitas vezes, o dente em questão

apresentava bolsas profundas que iam até o ápice, grande mobilidade, supuração,

casos estes já com indicação de extração, mas ainda assim, permaneciam com

certa sensibilidade pulpar. Além disso, os casos selecionados e diagnosticados

como dentes com lesão endo – pério apresentavam-se, na sua grande maioria, com

bolsas periodontais de médias a profundas e/ou com histórico de tratamento

periodontal. Esta dificuldade em selecionar os casos foi também observada por

Berber, 2009 e Gomes et al., 2015.

Características clínicas como sondagem e mobilidade, além de

características radiográficas, como perda óssea vertical, foram essenciais para

diagnosticar os dentes que apresentavam doença periodontal. Além disso,

características clínicas, como ausência de resposta pulpar aos estímulos térmicos, e

radiográficas, como atresias dos canais radiculares e lesões periapicais, foram

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essenciais para diagnosticar que os dentes apresentavam comprometimento

endodôntico.

Em relação aos resultados do tratamento endodôntico sobre os aspectos

clínicos apresentados pelos pacientes, pudemos notar uma diminuição da

profundidade da bolsa em todos os pacientes e, consequentemente, da mobilidade.

6.2. Metodologias utilizadas Os resultados obtidos pelas coletas clínicas são altamente dependentes

da técnica utilizada para coletar as amostras. Em nosso estudo, optou-se por usar

cones de papel absorventes estéreis/apirogênicos para as coletas das bolsas

periodontais e canais radiculares, sendo essa metodologia já consolidada na

literatura (Gomes et al., 1994, 2015). Em casos de canais atrésicos, onde é grande

a dificuldade na coleta com cones de papel absorventes, prejudicando os resultados,

foram utilizadas limas de pequeno diâmetro, inseridas até o comprimento total do

dente. Os cabos foram cortados e as limas depositadas em tubos tipo Eppendorf,

contendo VMGA III. Todas as demais amostras foram obtidas, com a utilização de

cones de papel absorventes (Berber 2009, Gomes et al., 2015). Para a avaliação da eficácia do tratamento endodôntico sobre os níveis

de microrganismos, nos canais radiculares e bolsas periodontais, foram realizados a

contagem das UFC´s e o método do Nested-PCR. A escolha do Nested-PCR, como

técnica molecular para identificação bacteriana nesse estudo, baseou-se em alguns

trabalhos que confirmaram a sua maior sensibilidade, especificidade e efetividade,

quando comparada às técnicas convencionais de cultura, indicando uma microbiota

mais complexa (Gomes et al., 2005, 2006). Entretanto para o futuro, pretende-se

utilizar técnicas moleculares que permitam a detecção e quantificação de número

maior de espécies, favorecendo uma real avaliação do potencial delas com o estado

da doença (Haffajeee & Socransky, 2006; Saito et al., 2009). Além disso, o Nested-

PCR também apresenta certas limitações, como o fato de que para que um

microrganismo seja detectado, é necessário o prévio conhecimento, ao menos

parcial, de seu seqüenciamento genético, para a sintetização dos “primers” com as

características da seqüência de nucleotídeos. Apesar de utilizarmos, na maioria dos

casos, oligonucleotídeos já descritos na literatura, os ciclos de termociclagem e as

temperaturas foram totalmente adaptados à estrutura do laboratório de Microbiologia

endodôntica da FOP-UNICAMP. Fato este é devido, principalmente, às poucas

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informações contidas nos artigos científicos, pois pequenas diferenças de

temperatura, quantidade de ciclos, proporções e quantidade de reagentes podem

interferir nos resultados.

O teste do Lisado de Amebócito Limulus (LAL), por ser um método

turbidimétrico quantitativo, têm se mostrado extremamente sensível à presença de

endotoxinas, favorecendo uma melhor avaliação das amostras, assim como

demonstrado por Martinho et al., 2010, 2011.

6.3. Microbiologia das lesões endo-periodontais Na diversidade da microbiota da cavidade bucal, A.

actinomycetemcomitans, P.gingivalis, T.forsythia e T.denticola são consideradas

verdadeiros patógenos periodontais, os quais estão envolvidos diretamente com o

início e a progressão da doença periodontal. Actinomyces sp. são considerados colonizadores primários da cavidade

bucal e são cruciais no desenvolvimento da placa bacteriana (Yeung, 1999), além

disso, têm se mostrado envolvidos nas infecções endodônticas persistentes (Kalfas

et al., 2001). A sobrevivência em ambientes desprovidos de nutrientes pode ser

devido à presença de enzimas extracelulares, por exemplo, aquelas envolvidas no

metabolismo de uréia e sucrose (Yeung, 1999). A.actinomycetemcomitans, é uma

bactéria Gram-negativa, muito frequente na periodontite agressiva localizada, sendo

uma das mais fortes bactérias associadas ao caráter destrutivo da doença

periodontal. Essa espécie esteve presente em 71,42% das amostras iniciais das

bolsas periodontais, porém após 30 dias de medicação intracanal, a espécie foi

detectada em 42,8%. Resultado contrário foi observado nos canais radiculares para

essa bactéria, uma vez que, inicialmente ao preparo químico-mecânico, ela esteve

presente em 21,4% dos casos, porém, após 30 dias de medicação, a frequência de

aparecimento dessa espécie foi 57,14%.

Os testes bioquímicos convencionais não são capazes de diferenciar,

dentro do gênero Prevotella, as espécies intermedia e nigrescens. No trabalho de

Xia et al., 2000, Prevotella tannerae também não pôde ser diferenciado das outras

duas espécies, através de testes bioquímicos. Essas espécies apenas podem ser

diferenciadas entre si, através das técnicas da biologia molecular. Segundo Bae et

al., em 1997, e Baumgartner et al., em 1999, ao aplicarem técnicas moleculares,

verificaram um predomínio de P. nigrescens em relação a P. intermedia em canais

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radiculares necrosados. Em nosso estudo, o Nested-PCR detectou P. intermedia em

14,3% (2/14) dos casos nas amostras iniciais dos canais radiculares (E1), sendo que

essa frequência permaneceu a mesma imediatamente após o preparo químico-

mecânico. Porém, a espécie não foi encontrada em nenhum dos casos, passados os

30 dias de medicação intracanal. Isso pode ter sido explicado, devido aos efeitos da

medicação intracanal, composta pela clorexidina gel 2% e hidróxido de cálcio, por

um período de tempo prolongado, sendo capaz de se difundir através dos túbulos

dentinários e reentrâncias.

Por outro lado, observamos que as espécies Prevotella nigrescens e

Prevotella tannerae foram mais sensíveis aos procedimentos químicos-mecânicos,

detectadas, inicialmente, em 71,4% e 57% (E1), respectivamente, no interior dos

canais radiculares e em 42,8% das amostras coletadas imediatamente após o

preparo químico-mecânico (E2). Após 30 dias de medicação, Prevotella nigrescens

foi encontrada em 57% dos casos de E3, ao passo que Prevotella tannerae em

42,8%. Berber, 2009, não encontrou nenhuma das três espécies nas coletas

realizadas no interior dos canais radiculares, após medicação intracanal por 7 e 14

dias.

Ainda com relação às espécies do gênero Prevotella, analisadas nesse

estudo, nas bolsas periodontais encontramos uma maior frequência de P.nigrescens

nas coletas iniciais (P1: 71,42%). Porém, passados os 30 dias de medicação

intracanal, a espécie P.tannerae foi a mais frequentemente detectada (P3: 85,7%);

enquanto que P.intermedia não foi encontrada em nenhuma das coletas periodontais

realizadas após 30 dias de medicação. Pearce et al., 2000, relataram que a

presença de P.intermedia, em bolsas periodontais, está associada à formas mais

severas de doença. O uso da medicação intracanal por 30 dias pode gerar

resultados clínicos periodontais significativamente favoráveis.

As bactérias encontradas com maior frequência nas bolsas periodontais

iniciais foram Parvimonas micra, Treponema denticola (92,8%) e Fusobacterium

nucleatum (85,7%). Todas as espécies analisadas nesse estudo, com exceção de

Parvimonas micra, foram bactérias Gram-negativas, que são fortemente associadas

à infecções periodontais destrutivas (Socransky & Haffajeee, 1998; Tanner & Izard,

2000 e Kesavalo et al., 2007). Porém, a bactéria mais prevalente nas coletas

periodontais iniciais foi a espécie Gram-positiva Parvimonas micra, seguida da

Gram-negativa Treponema denticola. A primeira, por ser uma espécie Gram-

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positiva, é pertencente ao Complexo Laranja e têm sido pesquisada e encontrada

tanto em sítios periodontais doentes, quanto sadios, sendo considerada um

marcador de destruição periodontal (Cobb, 2002). A segunda é pertencente ao

Complexo Vermelho. A presença das bactérias que compõe o Complexo Vermelho

em biofilmes subgengivais tem uma forte associação com os sinais clínicos da

periodontite crônica, especificamente com o aparecimento de bolsas periodontais

profundas e sangramento (Socransky et al, 1998; Yoneda, 2005; Kesavalo, 2007;

Puig-Silla et al., 2016), sinais esses bastante encontrados nos pacientes que

participaram do nosso estudo.

F.nucleatum é frequentemente encontrada em canais radiculares

associados à necrose pulpar (Gomes et al., 2006; Siqueira Jr et al., 2000; Nóbrega

et al., 2016), sendo de extrema importância em infecções endodônticas primárias e

frequentemente pesquisada tanto nos casos sintomáticos (Gomes et al., 1994,

Nóbrega et al., 2016), quanto nos assintomáticos (Peters et al., 2002). Contudo, nas

amostras coletadas do interior dos canais radiculares, inicialmente ao preparo

químico-mecânico, essa espécie foi detectada em 50% dos casos, sendo pois, muito

mais prevalente nas bolsas periodontais iniciais (85,7%). A alta prevalência de

Fusobacterium nucleatum em P1 está de acordo com os resultados de Baumgartner

et al., 1992, que mostraram que essa espécie Gram-negativa age como uma ponte

de coagregação bacteriana, sendo desta forma, um dos principais microrganismos

na formação do biofilme e o mais comum presente em placas subgengivais e sítios

periodontais ativos ou inativos (Haffajee & Socransky,1994).

Segundo Socransky & Haffajee (2003), o Complexo Vermelho, formado

por Tannerella forsythia, Porphyromona gingivalis e Treponema denticola, é o mais

investigado e importante dentro das patologias periodontais. O nosso estudo

mostrou a presença de pelo menos 2 dessas bactérias em 11 das 14 amostras

iniciais das bolsas periodontais, e em todas as sete amostras avaliadas após o uso

da medicação. Duque, em 2013, obteve resultados semelhantes, uma vez que

detectou a presença de pelo menos 2 delas em 12 das 15 amostras e de pelo

menos 1 em 8 das 10 amostras avaliadas após o uso de medicações intracanais.

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112

6.4. Efeito do preparo químico-mecânico e medicações intracanais

sobre os microrganismos do canal radicular e bolsa periodontal O preparo químico-mecânico deste trabalho teve como substância

química auxiliar a clorexidina gel 2%, e o agente irrigador o soro fisiológico estéril.

Como resultado, houve uma grande redução na contagem de UFCs/mL no interior

dos canais radiculares, imediatamente após este preparo. Resultados esses que

corroboram com os achados de Berber, 2005 (in vitro), Vianna et al., 2006 e 2007 (in

vivo), Berber, 2009 (in vivo), Gomes et al., 2015 (in vivo). Na maioria dos casos

deste presente estudo, culturas negativas foram encontradas logo após o preparo

químico-mecânico. Entretanto, o não crescimento de microrganismos, logo após a

instrumentação, não significa que o canal radicular esteja completamente livre de

microrganismos, e sim que possam estar em quantidade insuficiente de serem

detectados pela técnica de cultura. A clorexidina é uma bisguanida catiônica que age pela absorção na

parede celular do microrganismo, resultando na quebra dos componentes

intracelulares. Em altas concentrações a clorexidina é bactericida, por causar

precipitação e/ou coagulação de constituintes intracelulares (McDonnell & Russell,

1999). Essa substância exerce atividade antimicrobiana ótima em pH de 5.5 a 7.0

(Russel & Day, 1993).

Em geral, os estudos in vitro sugerem que o hipoclorito de sódio (NaOCl)

e a clorexidina apresentam atividade antibacteriana similares, em concentrações

também similares (Delany et al., 1982, Jeansonne & White, 1994, Gomes et al.,

2013). Em adição, a clorexidina é promissora como agente final de irrigação

(Zamany et al., 2003; Zehnder, 2006). Zamany et al.,2003, mostraram, em um

estudo clínico, que a solução de clorexidina, utilizada como irrigante final, reduziu

mais a microbiota dos canais do que o NaOCl. Algumas vantagens adicionais da

clorexidina são: característica de se reter a dentina (Rosenthal et al., 2004) e sua

propriedade biocompatível (Filho et al., 2002). Gomes et al., 2015 utilizaram, num

estudo que analisou a microbiota de dentes com lesões endo-periodontais

combinadas, antes e após o preparo químico-mecânico, a clorexidina gel 2% como

substância química auxiliar, não apenas pela suas propriedades antimicrobianas e

capacidade de adsorção às superfícies dentárias, mas também, pela ação reológica

e sua capacidade de lubrificação, facilitando a instrumentação de canais mais

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atrésicos, característica comumente encontrada em dentes com comprometimento

endo-periodontal.

O hidróxido de cálcio, utilizado como medicação no selamento temporário

do canal, em casos de lesões endo-periodontais, encontra amplo respaldo na

literatura (Heithersay, 1975; Solomon et al., 1995; Toledo & Rosetti, 2005; Berber,

2009; Duque, 2013), uma vez que sua ação inibe exatamente essa suposta

contaminação periodontal dos canais instrumentados, via canais de comunicação

patentes (Solomon et al., 1995). Além disso, foi provada que a difusão de seus íons,

através dos túbulos dentinários, pode resultar em ação antimicrobiana nos tecidos

periodontais, se a camada protetora de cemento estiver ausente (Carrote, 2004 e

Gomes et al., 2008). Ademais, o hidróxido de cálcio também parece promover certo

aumento do pH na dentina periférica (Tronstad et al., 1981). Portanto, para alguns

raros casos de doença periodontal agressiva e prognóstico duvidoso, o uso

intracanal do hidróxido de cálcio pode ser uma alternativa, porém, cabe ressaltar que

a cura da lesão endo-periodontal dependerá mais do prognóstico periodontal do que

do endodôntico.

O objetivo do uso de uma medicação intracanal é controlar a infecção no

interior dos canais radiculares. Isto é importante, porque a cultura negativa, antes da

obturação do canal, está relacionada com o sucesso do tratamento endodôntico

(Trope et al., 1999, Wang et al., 2007). Entretanto, alguns estudos questionam a

efetividade do hidróxido de cálcio na desinfecção do canal radicular e relatam a

presença de uma microbiota residual em canais com mais de uma semana de uso

de medicação (Peters & Wesselink, 2002, Waltimo et al., 2005). Em alguns casos,

bactérias residuais crescem em número, mesmo na presença de hidróxido de cálcio

(Peters & Wesselink, 2002, Waltimo et al., 2005).

O tempo necessário para que uma medicação intracanal exerça seu efeito

ideal é muito discutido na literatura. Vários períodos de aplicação de medicação

intracanal com hidróxido de cálcio têm sido recomendados. Cvek, 1973, obteve 90%

de culturas negativas após a utilização de medicação intracanal com hidróxido de

cálcio por 3 semanas. Bystrom & Sundqvist, 1985, obtiveram 100% de culturas

negativas após 4 semanas, Reit & Dahlen, 1988, 74% após 2 semanas. O estudo de

Sjögren et al., 1991 mostrou 100% de canais livres de bactérias com o emprego de

medicação por uma semana, enquanto o de Ørstavik et al., 1991 encontraram 65%

das amostras negativas para cultura após 7 dias do emprego de hidróxido de cálcio

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114

como medicação intracanal. Os resultados de Berber, 2009 mostraram que alguns

dentes apresentaram cultura negativa logo após o preparo químico-mecânico, mas

que após o uso de medicação intracanal por 14 dias algumas bactérias voltaram a

contaminar o canal radicular. A autora sugere que uma possível explicação para

esse fato seria o fato de que um baixo número de microrganismos (abaixo dos

limites de detecção pela técnica de cultura microbiológica) possa ter persistido nas

anastomoses, istmos, túbulos dentinários e que após o período de uso da

medicação, estas bactérias cresceram em quantidade, podendo ser, então,

detectadas.

Em nosso estudo, optamos pela medicação composta da associação

entre hidróxido de cálcio e clorexidina gel 2%, por um período de 30 dias e

observamos a redução no número de UFC /mL no interior dos canais radiculares em

100% dos casos. Além disso, obtivemos cultura negativa em 71,4% (5/7) dos casos.

Zancan et al., 2016, em um estudo in vitro, mostraram que maiores liberações de

íons hidroxila aconteciam após 30 dias de medicação intracanal, e que as

medicações formadas pela combinação de hidróxido de cálcio e clorexidina foram as

que apresentaram maior ação antimicrobiana. Com base nos achados da literatura,

e nos resultados do nosso estudo, acreditamos que a associação entre hidróxido de

cálcio e clorexidina gel 2%, utilizada como medicação intracanal, por um maior

período de tempo (30 dias), contribui de forma eficaz na desinfecção dos canais

radiculares necrosados, uma vez que parece assumir um papel coadjuvante,

proporcionando uma redução da microbiota abaixo dos níveis já obtidos pelo

preparo químico-mecânico, principalmente pela penetração em áreas não

alcançadas pelos instrumentos e por soluções irrigadoras (Holland et al., 1979;

Otoboni Filho, 2000).

Em um estudo in vitro, Gomes et al., 2008 avaliaram a ação

antimicrobiana de medicações intracanais: clorexidina gel 2%; clorexidina gel 2% +

hidróxido de cálcio; clorexidina gel 2 % + hidróxido de cálcio + óxido de zinco; e o

soro fisiológico estéril + hidróxido de cálcio, frente Enterococcus faecalis, Candida

albicans, Actinomyces viscosus e Porphyromonas gingivalis, presentes na superfície

radicular externa, na presença ou ausência de cemento. Como resultado, obtiveram

que a associação entre o hidróxido de cálcio e a clorexidina gel 2% foi a segunda

melhor medicação, em termos de efeitos antimicrobianos. Clorexidina gel 2% foi a

que apresentou melhor capacidade de difusão, através dos túbulos dentinários, e de

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115

ação antimicrobiana. Além disso, não houveram diferenças estatisticamente

significantes entre os dentes com ausência ou presença de cemento.

Berber, 2009, realizou um estudo, in vivo, que verificou a capacidade do

uso de medicação intracanal por 7 (clorexidina gel 2%) e 14 dias (hidróxido de

cálcio, e associação entre hidróxido de cálcio e clorexidina gel 2%) em reduzir a

contagem de Unidades Formadoras de Colônias no canal radicular e na bolsa

periodontal associada, de dentes com lesões endo-perio combinadas. Os resultados

mostraram que o uso adicional de qualquer uma das medicações intracanais

utilizadas não melhorou a desinfecção dos canais radiculares e também não foram

capazes de alterar a microbiota das bolsas periodontais no período estipulado.

No presente trabalho nenhum efeito antimicrobiano foi notado,

clinicamente, nas bolsas periodontais no período estudado. Antes e após a utilização

da medicação intracanal, a contagem das UFC´s se manteve estável. Fato este

pode ser explicado, talvez, pela presença de túbulos dentinários diminuídos, em

razão da doença periodontal, dificultando a difusão da medicação intracanal através

dos mesmos. Sendo assim, a única comunicação existente entre a bolsa periodontal

e o canal radicular foi o forame apical. O que no caso não seria suficiente para uma

mudança notável na microbiota da bolsa periodontal. Outro fator que pode ter

interferido é a não manipulação da bolsa periodontal, ou seja, nenhum tratamento,

como por exemplo, raspagem e alisamento radicular, foram realizados na bolsa

periodontal associada ao dente avaliado, dificultando, também, a ação da medicação

intracanal nos microrganismos da bolsa periodontal. Porém, não podemos dizer que

não houve modificação na microbiota periodontal, pois houve uma diminuição nos

níveis de endotoxinas.

6.5. Quantificação de endotoxinas dos canais radiculares e das bolsas periodontais

Os microrganismos avaliados nesse estudo foram, em sua maioria,

anaeróbios Gram-negativos. A escolha por esses microrganismos foi devido à

presença dos fatores de virulência, principalmente as endotoxinas, e sua importância

dentro das doenças pulpares e periodontais. Trabalhos mostram que esses

microrganismos, na maioria das vezes, são responsáveis pelo início e progressão

das doenças endodônticas e periodontais, uma vez que o desenvolvimento de

ambas as patologias pode ser o resultado do desequilíbrio entre os fatores de

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virulência bacteriana e fatores específicos dos hospedeiros (Seltzer & Farber, 1994;

Nissan et al., 1995; Nelson-Filho et al., 2002; Oliveira et al., 2005; Pereira, 2011;

Herrera et al., 2016).

A concentração de endotoxinas encontradas inicialmente nas bolsas

periodontais foi bastante alta, com uma média de 648,1 EU/mL. Essa concentração

já era esperada, devido à maior prevalência de bactérias Gram-negativas em sítios

periodontais doentes (Paster et al., 2000; Mineoka et al., 2008; Liu et al., 2012;

Suzuki et al., 2014; Puig-Silla et al., 2016). Além disso, essa alta concentração

confirma o potencial de destruição óssea, favorecendo a destruição periodontal e

manutenção das lesões periapicais (Nissan et al., 1995; Nakane, 1995; Nelson Filho,

2002; Rangel-Frausto, 2005).

Em casos de polpa necrosada, as concentrações de endotoxinas são

extremamente altas, o que se justifica pela maior presença de bactérias Gram-

negativas (Jacinto et al., 2005; Martinho e Gomes, 2008). Além disso, estudos

recentes tem demonstrado a presença desse importante fator de virulência em 100%

dos casos de dentes com necrose pulpar (Herrera et al., 2015; Marinho et al., 2015;

Herrera et al., 2016), dados que são confirmados em nosso trabalho, uma vez que

endotoxinas foram encontradas em 100% dos casos nos canais radiculares

necrosados, mostrando uma média de 15,6 EU/mL. Duque, 2013, quantificou os

níveis de endotoxina em bolsas periodontais e canais radiculares, de dentes com

envolvimento periodontal crônico e polpa vital, e encontrou valores praticamente

nulos no interior dos canais radiculares. A autora sugere que isso poderia ser

justificado pela condição de vitalidade do tecido pulpar.

É possível que mesmo que as bactérias sejam removidas do canal

radicular, durante o preparo químico-mecânico, endotoxinas capazes de manter ou

induzir periapicopatias possam permanecer. Dessa forma, objetivo do tratamento

endodôntico não deve se restringir apenas à morte e eliminação dos

microrganismos, mas também, deve exercer ação contra os subprodutos tóxicos

bacterianos, sendo essa ação favorecida pelo uso de medicação intracanal. A

importância do Ca(OH)2 na inativação do LPS já é bem aceito e discutido na

literatura (Safavi & Nichols, 1993; Silva et al, 2002; Nelson Filho et al., 2002;

Signorreti, 2009; Marinho et al., 2015). Em nosso estudo, após o preparo químico-

mecânico, a concentração dos níveis endotóxicos no interior dos canais radiculares

apresentou uma média de 0,187 EU/mL, ao passo que esses níveis foram

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praticamente nulos nos dentes que receberam a medicação intracanal por 30 dias

(0,06 EU/mL), o que confirma os achados da literatura.

A concentração de endotoxinas, após o uso da medicação intracanal, nas

bolsas periodontais, foi mais baixa quando comparada aos valores iniciais e após o

preparo químico-mecânico. Provavelmente, essa diminuição foi devido ao preparo

químico-mecânico, realizado anteriormente, capaz de desobstruir os túbulos

dentinários, facilitando a difusão dos íons OH- e Ca+, além de favorecer a ação dos

mesmos nos tecidos periodontais doentes, conforme sugeriu Solomon et al., 1995.

Da mesma forma, Gomes et al., 2009 mostraram que a medicação composta pela

associação entre hidróxido de cálcio e clorexidina gel 2% pode se difundir através

dos túbulos dentinários, principalmente na ausência de cemento, o que favorece o

aumento do pH na dentina periférica (Tronstad et al, 1981).

Os resultados do estudo de Berber, 2009, mostraram que o uso de

medicação intracanal, no período estipulado pelo trabalho (7 e 14 dias), não foi

capaz de reduzir a carga microbiana nas bolsas periodontais dos dentes com lesões

endo-periodontais combinadas, porém, não avaliou se a mesma foi eficaz em reduzir

os níveis endotóxicos. A utilização de uma medicação intracanal é considerada, por

Abbott & Salgado 2009, essencial para o tratamento endodôntico. Associado à isso,

o canal radicular pode funcionar como um compartimento de liberação lenta para

difusão de medicações para o periodonto, na tentativa de se difundirem em direção

à superfície radicular externa. Da mesma forma que esses autores, nosso estudo

mostrou que o uso da medicação intracanal é capaz não só de exercer sua ação nos

microrganismos, como também nos seus subprodutos tóxicos, podendo resultar em

um efeito antimicrobiano complementar à terapêutica periodontal.

Acreditamos, diante disso, que o uso da medicação intracanal composta

pelo hidróxido de cálcio e clorexidina gel 2%, por um período maior de tempo, pode

resultar em parâmetros periodontais positivos e favoráveis. Por isso, sugerimos que

mais estudos clínicos sejam realizados em longo prazo, a fim de confirmarem os

achados microbiológicos e endotóxicos, assim como a eficácia do tratamento

endodôntico sobre o periodonto, particularmente do uso da medicação intracanal.

Além disso, técnicas modernas utilizando o Next Generation Sequencing muito

auxiliará na detecção de microrganismos de difícil cultivo, incultiváveis e mesmo de

filotipos.

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6.6. Associações entre os microrganismos nas bolsas periodontais e canais radiculares, e Associações entre as espécies bacterianas e níveis endotóxicos, detectados nas bolsas periodontais e canais radiculares, com os sinais e sintomas clínicos

Foi encontrado associações estatisticamente positivas entre a presença

de sinais e sintomas de origem endodôntica e periodontal e algumas espécies

bacterianas, e também entre as espécies. Tal fato é capaz de favorecer a

patogenicidade da microbiota presente nestes dois sítios, que com seus fatores de

virulência, podem gerar o aparecimento de sinais e sintomas de origem pulpar/

periapical e periodontal. Entretanto, nenhuma associação estatisticamente

significante foi observada entre a presença de LPS e aspectos clínicos, nos canais

radiculares e bolsas periodontais. Mas isso não significa que o LPS não está

relacionado com sintomatologias clínicas. Como se sabe, a bioatividade do LPS

acarreta em liberação de mediadores inflamatórios, tais como TNF-alfa, IL-1, IL-6 e

IL-8, o que desencadeia um desequilíbrio no processo de remodelação óssea,

aumentando a reabsorção, observada radiograficamente como uma imagem

radiolúcida (i.e.lesão periapical) (Martinho et al. 2010, 2014).

Novos estudos, envolvendo um número maior de dentes com lesões endo-

periodontais combinadas, deverão ser desenvolvidos para estudar mais

detalhadamente a microbiota destes sítios e as associações entre os

microrganismos; e entre os microrganismos e seus fatores de virulência com os

aspectos clínicos apresentados pelos pacientes.

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7. CONCLUSÃO Baseado nos diversos métodos utilizados neste estudo e nos resultados

obtidos pode-se concluir que:

Os canais radiculares e bolsas periodontais apresentaram-se

contaminados por potentes periodontopatógenos, sendo a espécie Prevotella

nigrescens a mais frequentemente encontrada nos canais radiculares, em todas as

etapas do tratamento endodôntico. Nas bolsas periodontais, a espécie Parmivonas

micra foi a mais frequente;

Os canais radiculares e bolsas periodontais, dos dentes com

sensibilidade pulpar negativa e bolsas periodontais associadas, apresentaram

reduções significativas na Contagem das Unidades Formadoras de Colônias (UFC´s)

após o preparo químico-mecânico e o uso da medicação intracanal;

O preparo químico-mecânico e o uso da medicação intracanal por 30

dias foram altamente eficazes em reduzir os níveis endotóxicos nos canais

radiculares e nas bolsas periodontais associadas;

Embora a redução microbiana nas bolsas periodontais, após o uso da

medicação intracanal por 30 dias, não tenha sido tão significativa, seu uso se

mostrou bastante eficaz em reduzir os níveis endotóxicos;

Associações estatísticas positivas foram observadas entre a presença

de sinais e sintomas de origem endodôntica e periodontal e algumas espécies

bacterianas, e também entre as espécies.

Nenhuma associação estatisticamente significante foi observada entre

a presença de LPS e aspectos clínicos, nos canais radiculares e bolsas periodontais;

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APÊNDICE 2

Dados clínicos dos 14 dentes incluídos nesse estudo

Casos

Dentes

Grupo

Idade

Sexo

Percussão/Palpação

Mobilidade

Inicial

Bolsa inicial (mm)

Inserção clínica (mm)

Coroa

Bolsa após medicação (mm)

Mobilidade após MIC

Bolsa após 30 dias obturação (mm)

Mobilidade após 30 dias obturação

1 24 Sessão única

57 F +/- 3 M 10 10 R - - M 7 2

2 27 Ca(OH)2 + CHX

57 F -/- 3 D 8 15 R D 13 3 Exodontia

Exodontia

3 46 Sessão única

60 M +/- 2 D 6 6 R - - D 7 2

4 26 Ca(OH)2 + CHX

58 M +/- 2 M 6 8 R M 6 2 M 5 1

5 41 Sessão única

54 M +/- 2 L 8 8 H - - L 7 2

6 25 Sessão única

53 F +/- 2 P 7 7 R - - P 6 2

7 23 Sessão única

55 F +/- 3 M 13 16 H - - M 11 3

8 47 Ca(OH)2 + CHX

67 F -/- 3 D 12 15 R D 13 3 Exodontia

Exodontia

9 13 Sessão única

60 F +/- 3 V 13 15 H - - V 11 3

10 27 Sessão única

54 F +/- 3 D 13 15 R - - D 10 3

11 47 Ca(OH)2 + CHX

33 F +/- 3 M 11 11 R M 10 3 M 9 3

12 16 Ca(OH)2 + CHX

35 F -/-

3 M 12 12 R M 10 3 M 9 3

13 34 Ca(OH)2 + CHX

40 F -/- 3 L 10 10 H L 9 3 L 7 2

14 11 Ca(OH)2 + CHX

45 F +/- 3 P 13 12 H P 11 3 P 10 3

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APÊNDICE 3 EXTRAÇÃO DO DNA

(250 / QIAamp DNA mini kit – cat. Nº 51306)

OBS: não precisa manter kit na geladeira, mas se for manter refrigerado

deve esperar ficar na temperatura ambiente para usar.

Quando deixa na geladeira, o reagente 1 (ATL) fica com precipitados

brancos de dificultam pipetagem.

1- Agitar a amostra e pegar 300µl do VMGA (se tiver pouco vmga, diluir

com água ultra-pura / miliQ estéril). Quando for usar eppendorf com o swab (raspa

da biofilmemãe ou isoladas) vai acrescentar 500-400µl de água ultra-pura / miliQ

estéril, centrifugar bem e pegar 300 µl. Depois vai guardar o resto da água com o

swab , e não descartar!

2- Centrifugar a 8000 rpm / 5min.

3- Remover sobrenadante, com bastante cuidado para não aspirar as

células também. Não precisa remover todo líquido sobrenadante, pois assim evita-se

remover parte do pelet.

4- Adicionar 180µl de ATL (1) e 20µl de Proteinase K (2).

5- Agitar e incubar a 56ºC por 30 min.

6- Adicionar 200µl de AL (3).

7- Agitar e incubar a 70ºC por 10 min.

8- Adicionar 200µl de etanol (álcool etílico) 100%.

9- Agitar e transferi para tubos com filtros/colunas do Kit (QIAamp Mini

Spim Collum).

10- Centrifugar a 8000 rpm / 1 min.

11- Transferir o filtro para outro tubo vazio do kit ou jogar líquido fora e

reaproveitar mesmo tubo/coluna.

12- Adicionar 500µl de AW1 (4).

13- Centrifugar 8000 rpm / 1 min.

14- Transferir o filtro para outro tubo vazio do kit ou jogar líquido fora e

reaproveitar mesmo tubo/coluna.

15- Adicionar 500µl do AW2 (5).

16- Centrifugar a 13000 rpm / 3 min

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17- Transferir o filtro para um eppendorf normal de 1,5 ml com tampa.

18- Adicionar 100µl de AE (6) – é o eluente.

19- Aguardar 3 min.

20- Centrifugar a 8000 rpm / 1 min

21- Descartar filtro e Guardar seu DNA extraído a -20ºC. (vai ter 100µl)

DILUIÇÃO DE PRIMER

-Q, esse volume

dependerá de cada síntese. Deve-se verificar no rótulo do tubo do primer, ou

naquele documento que vem junto, o valor indicativo da quantidade de nm (canto

direito abaixo da OD). Esse valor será a quantidade de água que deverá será

utilizada para diluição do primer e assim vai ficar uma concentração de 1000 pMol

(essa é a solução estoque). Para preparar a solução de uso, cuja concentração

requerida é de 25 pMol, faz-se necessário uma diluição 1:40, ou seja, diluir 1 µl de

primer estoque e 39 µl de água ultra pura/miliQ estéril. (USP)”

EXEMPLO:

Solução Estoque (1000 pMol)

- Se estiver escrito no rótulo do primer “28,31 nm”

- Acrescenta “28,31 uL” de água Mili-Q estéril agita bem, centrifuga

rapidamente apenas para concentrar o líquido no fundo do tubo e armazenar em -

20ºC.

Solução de Uso (25 pMol)

- Diluir 1:40 = 1ul do estoque + 39 ul de água Mili-Q estéril

C1 x V1 = C2 x V2

1000 x 1ul = 25 x ?

? = 40 (quer dizer que pegando 1 ul da solução estoque, para ter a

solução final de uso a 25pMol, o volume total deve ser 40ul, então colocar 39ul de

água)

- Se quiser fazer uma quantidade maior de primer, é só aumentar

proporcionalmente.

Ex: 5 ul de estoque + 195 ul de água

C1 x V1 = C2 x V2

1000 x 5 = 25 x ?

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? = 200 (para uma solução de uso de 200 ul, deve pegar 5 ul do estoque

+ 195 ul de água)

DNTPs

Acrescentar 10 uL de cada (A, T, C, G) em 360 uL de água MiliQ estéril

(100mM DNTPs Set, PCR Grade / Invitrogen, Cat Nº 10297117)

ELETROFORESE EM GEL DE AGAROSE

*Pequeno: 0,63 g de agarose (0,7%) / 0,9 g agarose (1%) / 1,8g agarose

(2%)

90 ml de TAE 1X ou TBE 1X

2 µl de solução de brometo de etídio ( 10mg/ml) ou se for usar Sybr

Safe vai colocar 9 µl para 90 mL de TAE

*Grande: 3x o médio

1 – Pesar (no copinho de café descartável) na balança de precisão de

acordo com a concentração do gel (0,7%, 1% ou 2%)

2 – Misturar a agarose com 90 ml do tampão (TAE ou TBE) em Becker e

aquecer em microondas até ficar transparente (+- 1min: deixa um pouco, tira para

mexer e voltar p microondas, até desaparecer partículas)

3 – Passar conteúdo para o Becker contaminado com brometo e

acrescentar 2uL do brometo de etídio.

CUIDADO É MUITO TÓXICO!!!

Dissolver 0,2 g de brometo de etídio em 20 ml de água destilada/MiliQ

Manter em temperatura ambiente e proteger da luz.

Invitrogen já vende solução pronta.

4 – Misturar e verter na bandeja.

Importante: Encaixar bem as borrachas para vedar as extremidades e

colocar o pente.

5 –Observar se tem bolhas para remover e esperar esfriar/endurecer (+-

30 min)

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6 – Remover as borrachas e pentes.

7 – Levar a bandeja com o gel para dentro da cuba e acrescentar tampão

se necessário, até cobrir todo gel.

Importante: o tampão da cuba deve ser o mesmo usado no gel (TAE ou

TBE)

8 – Aplicar 4 ul da amostra + 2ul do corante (loading dye) em cada poço.

Essa mistura é feita em um pedaço de parafilm, e não dentro do

eppendorf.

9 – Fechar cuba e Ligar fonte de eletroforese

+- 90 V / +-40 minutos. Observar no visual a posição do corante pra ter

noção de onde a banda está!

Obs: Quando vai fazer purificação a partir da banda, deve fazer receita

dobrada (brometo tb é 2x) para os poços ficarem maior. No gel 2% o brometo não

dobra.

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APÊNDICE 4 Espécies bacterianas encontradas nas coletas dos canais radiculares e bolsas periodontais.

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APÊNDICE 5

QUANTIFICAÇÃO DE ENDOTOXINAS

Determinação da concentração de endotoxinas (Teste Turbidimétrico -

ensaio de LAL)

O teste turbidimétrico (BioWhitaker, Inc., Walkersville, MD, EUA) foi

utilizado para medir as concentrações de endotoxinas presentes nos canais

radiculares e bolsas periodontais. Para isso, foi utilizado a técnica do Lisado de

Amebócito Limulus (LAL).

- Preparo dos Reagentes: Todos os reagentes foram retirados da

geladeira para atingir a temperatura ambiente antes do uso.

Para calcular as concentrações desconhecidas de endotoxina nas

amostras cada ensaio turbidimétrico de LAL deve apresentar uma curva padrão

válida.

Por causa da grande concentrações sobre os quais os valores de

endotoxina podem ser determinados, é possível ajustar o intervalo quantitativo de

qualquer ensaio, ajustando a concentração de padrões de endotoxina padrões.Um

mínimo de três padrões são necessários.

O ensaio PYROGENT-5000 é realizado podendo variar de 0,01 EU / ml a

100 EU / ml. No entanto, esses valores padrões podem variar em função das

necessidades específicas do produto.

- Preparo das amostras: Todas as amostras de endotoxina que foram

coletadas dos canais radiculares e das bolsas periodontais, foram suspensas em 1

mL de água LAL e agitados em vortex durante 60 segundos. A água LAL foi

considerada como o branco para todos os testes.

- Preparo da curva padrão: Como um parâmetro para o cálculo da

quantidade de endotoxinas das amostras, uma curva padrão foi representada

graficamente utilizando com uma concentração conhecida de endotoxinas (100 EU /

ml), e as suas diluições com as seguintes concentrações finais (ou seja, 0,01, 0,10,

1, 10 UE / mL)

1. Prepare uma solução contendo 10 EU / ml de endotoxina, adicionando

0,1 ml do estoque de 100 EU / ml de endotoxinas em 0,9 ml de água reagente LAL.

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Esta solução deve ser vigorosamente agitada em vórtice, durante pelo menos 1

minuto antes de prosseguir.

2. Transferir 0,1 mL da UE 10 / ml de solução de endotoxina em 0,9 ml de

agua LAL. A água deve estar em um recipiente adequado com etiqueta 1 EU / ml. A

solução deve ser vigorosamente agitada em vórtice, durante pelo menos 1 minuto

antes de prosseguir.

3. Transferir 0,1 mL da UE 1 / ml de solução de endotoxina em 0,9 ml de

reagente de LAL. A água deve estar em um recipiente adequado com etiqueta com

rótulo 0,10 EU / ml. Esta solução deve ser vigorosamente agitadas durante pelo

menos 1 minuto antes de prosseguir.

4. Transferir 0,1 mL da UE 0.10 / ml de solução de endotoxina em 0,9 ml

de LAL. A água deve estar em um recipiente adequado com etiqueta com rótulo 0,01

EU / ml. esta solução deve ser vigorosamente agitada em vórtice, durante pelo

menos 1 minuto antes de prosseguir.

Após preparo da curva padrão, preparamos a biofilmeque será lido no

leitor. A microbiofilmede 96 poços (Corning Costar, Cambridge, MA), será preparada

da seguinte maneira:

1. Dispensar cuidadosamente 100 µL de água apirogênica LAL em todos

os poços

2. Dispensar cuidadosamente 100 µL da diluição seriada nos primeiros

poços (como mostra o esquema)

3. Dispensar cuidadosamente 100 µL das amostras nos outros poços

(como mostra o esquema) 4. Evitar a formação de bolhas!

Todas as amostras e as reações foram distribuídas e realizadas em

duplicata, para validar o ensaio.

Essa curva era então realizada da seguinte forma: Eram colocados

0,9mL de agua LAL em 4 tubos de ensaio apirogênicos. Em seguida, o frasco

contendo a endotoxina, em uma concentração de 100EU/mL, era vortexado e,

0,1mL colocado no primeiro tubo de ensaio que sera também vortexado. Esse

procedimento é repetido até o ultimo tubo de ensaio. Cada tubo de ensaio vai

apresentar uma concentração de endotoxinas pré estabelecida e, essa diluição

seriada é a curva padrão do ensaio.

O teste foi realizado de acordo com as instruções do fabricante. Após

preenchimento da microplaca, ela é inserida em um leitor de placas (Ultramark,

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BioRad Laboratories, Inc., Hercules, CA, EUA), a 340 nm, em um bloco de

aquecimento a 37 º C e mantida a esta temperatura durante todo o ensaio. Essa

biofilmeé pré incubada por mais ou menos 10 minutos. Depois, como uma pipeta

multicanal, distribuir 100 µL do Reagente PYROGENT 5000 em todos os poços,

começando pela primeira coluna. Esse reagente deve ser colocado o mais rápido

possível, evitando a formação de bolhas. O leitor é fechado e a leitura começa a ser

realizada. Uma vez que o valor da absorvância média dos padrões foi diretamente

proporcional à concentração de endotoxinas apresenta, a concentração de

endotoxina é determinada a partir da curva padrão

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APÊNDICE 6

Valores da concentração de Endotoxinas (pg/mL) dos pacientes em todas

as fases do tratamento

Paciente Bolsa Periodontal

inicial

Bolsa Periodontal

final

Bolsa Periodontal

após a medicação

Canal Radicular

inicial

Canal Radicular

final

Canal Radicular

após a medicação

1 1750 75,1 - 9,8 0,1 -

2 1890 85 46 2,4 0,279 0,04

3 550 40,5 - 12,9 0,779 -

4 935 306 51 8,7 0,115 0,093

5 838 187 - 4,99 0,1 -

6 120 15,5 - 7,9 0,09 -

7 515 173 - 108 0,279 -

8 535 90 43 9,3 0,1 0,07

9 75,6 54,8 - 8,9 0,132 -

10 625 82,5 - 9,9 0,13 -

11 562 90 26,3 9,4 0,123 0,026

12 360 88 9,9 8,4 0,14 0,08

13 218 158 39 8,5 0,11 0,086

14 100 89,68 40,5 9,8 0,15 0,07

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ANEXOS Anexo 1 – Comitê de Ética

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ANEXO 2 –

Termo de consentimento livre e esclarecido específico para a pesquisa

As informações contidas neste prontuário foram fornecidas pela orientadora Profª. Drª.

Brenda Paula Figueiredo de Almeida Gomes e/ou pela aluna de mestrado Rafaela Casadei Chapola,

objetivando convidar e formar acordo, por escrito, mediante o qual o indivíduo, parte integrante da

pesquisa, autoriza sua participação, com pleno conhecimento da natureza dos procedimentos e

riscos a que se submeterá por livre arbítrio e sem qualquer coação.

I. TÍTULO DA PESQUISA

"Lesões endo-periodontais combinadas: caracterização microbiológica e endotóxica".

II. PROPOSIÇÃO GERAL

Identificar, por Nested PCR, a microbiota dos canais radiculares e bolsas periodontais de dentes com polpa necrosada, comprometimento periapical, sangramento gengival e bolsas periodontais, verificar a suscetibilidade desses microrganismos ao preparo químico-mecânico e ao uso de medicação intracanal, através da contagem das Unidades Formadoras de Colônias (UFC´s), e quantificar as endotoxinas e citocinas antes e após o preparo químico-mecânico (PQM) e uso de medicamentos intracanais (MI).

III. JUSTIFICATIVA

Estudos sobre medicação intracanal e soluções irrigadoras fazem parte da linha de

pesquisa do laboratório de Microbiologia aplicada à Endodontia, da FOP-UNICAMP, desta maneira

haverá uma continuidade na linha de pesquisa. A atividade antimicrobiana da clorexidina gel,

hidróxido de cálcio e da associação de ambos, utilizados como medicação intracanal, já foi testada

em nosso laboratório por métodos in vitro, com resultados satisfatórios quanto à ação antibacteriana

no interior de túbulos dentinários, necessitando, portanto, ser avaliada clinicamente. Esse trabalho

mostra a ação antibacteriana de substâncias químicas auxiliares ao preparo mecânico na luz do canal

radicular e em toda a extensão dos túbulos dentinários in vitro. Esse assunto faz parte da linha de

pesquisa do Laboratório de Microbiologia aplicada à Endodontia de nossa disciplina, que foi montado

graças ao financiamento da FAPESP. Dessa maneira, o presente trabalho promoverá uma

continuidade na linha de pesquisa.

Este estudo possibilitará testar in vivo, o potencial antimicrobiano destas substâncias no

interior do canal radicular e através dos túbulos dentinários, em bolsas periodontais, além de

identificar patógenos de origem periodontal no interior dos canais radiculares através do método

Nested PCR.

IV. PROCEDIMENTO DO EXPERIMENTO

Seleção dos pacientes

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Serão selecionados 14 indivíduos da Clínica de Especialização de Periodontia da Faculdade

de Odontologia de Piracicaba (FOP), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). A faixa etária

será entre 18 a 65 anos, independentemente do gênero. Os voluntários serão confirmados através da

presença de perda óssea do dente envolvido detectado radiograficamente, acompanhado ou não de

sinais e sintomas, e clinicamente pelo teste térmico confirmando uma sensibilidade pulpar negativa.

Alguns critérios deverão ser respeitados:

a) Presença de bolsa periodontal com profundidade de sondagem maior ou igual a 6 mm em mais de uma face.

b) Indivíduos que não fizeram uso de antibióticos sistêmicos e/ou locais nos últimos 3 meses.

c) Indivíduos que estão sob tratamento periodontal por mais de 1 ano.

Aspectos clínicos e radiográficos

Para cada indivíduo serão anotados na anamnese: idade, sexo, estado pulpar, profundidade da bolsa periodontal, inserção clínica, mobilidade dental, presença de edema dos tecidos periodontais, história de medicação, achados radiográficos, presença ou não de cáries, restaurações e coroas metálicas, assim como presença ou ausência de dor. Também serão anotados dados da história médica e história dentária.

Serão realizados testes para verificar dor à percussão, à palpação e mobilidade dental, além

da realização de uma sondagem periodontal e do teste térmico para confirmação de necrose pulpar.

Uma radiografia periapical será realizada para avaliar o comprometimento da doença periodontal.

Como critérios de exclusão, teremos dentes abertos, com cárie comunicante à câmara pulpar,

com trincas, calcificados, reabsorção externa e os casos que não for possível acessar todo o

comprimento do canal radicular. Pacientes portadores de doenças sistêmicas (como por exemplo,

diabetes melitus e AIDS) e com história de antibioticoterapia recente e uso de antifúngicos também

não participarão deste trabalho.

Os pacientes assinarão um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) elaborado

de acordo com as normas do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia de

Piracicaba - UNICAMP.

Coleta de amostras

Amostras para análise de endotoxinas e análise microbiológica, que habitam as bolsas

periodontais e canais radiculares dos pacientes selecionados, serão feitas antes e depois da

instrumentação dos canais radiculares e durante as trocas de curativo (30 dias), com auxílio de cones

de papel absorvente estéril introduzidos no comprimento de trabalho pré-estabelecido, permanecendo

nesta posição por 60 segundos, o que não afetará em nada a saúde dos mesmos, já que é um

procedimento corriqueiro no tratamento endodôntico (secagem do canal radicular, antes da colocação

de medicação no interior dos canais radiculares, e obturação se faz da mesma maneira). A coleta das

amostras dos canais radiculares será realizada sob fluxo contínuo de nitrogênio.

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Os canais radiculares serão desinfectados seguindo uma técnica de instrumentação

adequada e um potente agente antimicrobiano (clorexidina gel 2%).

Os 14 pacientes serão divididos em 2 grupos:

Grupo I: (n=7) - Sessão única, sem uso de medicação intracanal. Em sequência, será

colocada uma camada de aproximadamente 2 mm de Coltosol, aplicação de ácido fosfórico

37% por 15 segundos, adesivo Single Bond 3M® (3M Dental Products, St Paul, USA) e

aproximadamente 3 mm de resina fotopolimerizável Z 250 (3M Dental Products, St Paul,

USA).

Grupo II: (n=7, MIC por 30 dias) - os canais deste grupo serão secos com cones de papel e

preenchidos com Ca(OH)2 + CHX-gel 2 % (2:1). Em sequência, será colocada uma camada

de aproximadamente 2 mm de Coltosol, aplicação de ácido fosfórico 37% por 15 segundos,

adesivo Single Bond 3M® (3M Dental Products, St Paul, USA) e aproximadamente 3 mm de

resina fotopolimerizável Z 250 (3M Dental Products, St Paul, USA).

Após as coletas das amostras, o dente em questão será tratado e restaurado pelo

mesmo operador. Além disso, será feito pela Área de Endodontia, um acompanhamento de todos os

tratamentos realizados neste experimento, durante, no mínimo, 4 anos, e os pacientes serão

encaminhados à clínica da FOP-UNICAMP para a finalização de um tratamento periodontal

adequado. Para o tratamento endodôntico, não há método alternativo, pois há a necessidade de uma

instrumentação dos canais radiculares eficiente, auxiliada por uma substância química antimicrobiana

de comprovada ação contra os microrganismos encontrados no interior dos canais. Além da utilização

de uma medicação intracanal que melhore ainda mais esta desinfecção, serão realizadas três coletas

microbiológicas do canal radicular e da bolsa periodontal, durante a sessão de tratamento

endodôntico. Dessa forma, os voluntários não terão que se deslocar à faculdade apenas para a

concretização da pesquisa. Essas coletas serão divididas em duas sessões odontológicas,

semelhante a qualquer outro tratamento endodôntico, finalizando com a obturação e selamento do

dente envolvido.

No laboratório de Microbiologia da disciplina de Endodontia da FOP, os recipientes com

o material colhido do canal radicular serão processados adequadamente para que se obtenha a

identificação dos microrganismos.

V. DESCONFORTO OU RISCOS ESPERADOS

Não terá nenhum risco de vida ou mudança no seu atendimento convencional, já realizado

diariamente nesta Faculdade. O processo é indolor pois a região estará sob anestesia local. Se o

individuo sentir dor, esta provavelmente não será devido à coleta de amostra e sim a persistência da

infecção nos canais radiculares e/ ou nos tecidos periapicais.

Durante todo o tratamento de canal e coleta de bactéria serão utilizados luvas e óculos de

segurança para proteção do operador e do individuo.

Se houver dor fora dos dias marcados para o tratamento, o individuo receberá uma

assistência imediata dos responsáveis pela pesquisa, assim o mesmo deverá entrar em contato,

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através dos telefones locais descritos à seguir: (0xx19) 2106 5215 (laboratório de Endodontia);

(0xx19) 99183-8578 (celular da pesquisadora Rafaela Casadei Chapola).O paciente também poderá

ser atendido no Plantão de Emergência da FOP-UNICAMP, que funciona normalmente de segunda à

sexta-feira, de 8:00 às 12:00 hs e de 13:30 às 17:30 hs.

Para qualquer informação ou esclarecimento sobre o tratamento, o paciente poderá entrar em

contato com os pesquisadores através dos telefones citados acima e e-mail: [email protected] e

[email protected]. O paciente tem toda a liberdade de pedir esclarecimentos sobre a

metodologia antes e durante a pesquisa, podendo ou não concordar em participar da mesma. Caso

recuse, não haverá prejuízo ao seu tratamento, o qual será prosseguido normalmente.

Uma cópia deste termo (TCLE) será entregue ao voluntário, portanto o mesmo terá em mãos

telefones e endereços para contato.

Apesar dos resultados clínicos e microbiológicos serem divulgados publicamente para fins

acadêmicos e científicos, será preservada a privacidade do indivíduo quanto aos dados confidenciais

que possam a ser envolvidos na pesquisa.

VI. BENEFÍCIOS E VANTAGENS DIRETAS DO EXPERIMENTO

Os benefícios esperados afetam indiretamente os voluntários, pois estarão relacionados com

o desenvolvimento de um tratamento endodôntico mais eficaz e seguro, com o conhecimento dos

microrganismos envolvidos nesses casos.

VII. Possibilidades de inclusão em grupo controle ou placebo

Não há grupo controle ou placebo. VIII. Métodos alternativos para obtenção da informação ou tratamento da condição

Não serão utilizados métodos alternativos.

IX. INFORMAÇÕES

O voluntário tem a garantia de que receberá respostas a qualquer pergunta ou

esclarecimento a respeito dos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados à

pesquisa.

Os resultados da pesquisa ficarão à disposição dos sujeitos envolvidos, sendo

preservada a identidade dos mesmos.

A pesquisa não acarretará ônus ao individuo. Não haverá necessidade de deslocamentos ou

procedimentos adicionais para coleta de amostra, além das necessárias para o tratamento

endodôntico convencional

X. RETIRADA DO CONSENTIMENTO

O voluntário tem a liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e deixar de

participar do estudo e assim do grupo de amostra, este não será penalizado e não haverá prejuízo ao

seu tratamento, o qual será prosseguido normalmente.

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XI. CONSENTIMENTO INFORMADO

Eu,

__________________________________________________________________________certifico

que tenho lido as informações acima e suficientemente esclarecido (a) de todos os itens pela Profª.

Drª. Brenda Paula Figueiredo de Almeida Gomes e/ou Rafaela Casadei Chapola, estou plenamente

de acordo com a realização do experimento. Assim, eu autorizo a execução da pesquisa, exposta

acima, em mim.

Piracicaba, ______ de __________________ de 2015.

Nome: ______________________________________________

RG:_______________________________

Assinatura:

_____________________________________________________________________________

ATENÇÃO: A sua participação em qualquer tipo de pesquisa é voluntária. Em caso de dúvida

quanto aos seus direitos como voluntário da pesquisa, escreva para o Comitê de Ética em Pesquisa da FOP –

UNICAMP, endereçado a Av. Limeira, 901 – Caixa Postal 52, CEP 13414-903, fone/fax (19) 2106-5349, e-mail

[email protected], na cidade de Piracicaba/SP. Site: WWW.fop.unicamp.br/cep

____________________________________

Assinatura do Pesquisador