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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS JACKELINE MONSALVE LARA CARACTERIZAÇÃO DA LEPTOSPIROSE NO MUNICÍPIO DE CAMPINAS, SÂO PAULO: 2007 A 2014 CAMPINAS 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

JACKELINE MONSALVE LARA

CARACTERIZAÇÃO DA LEPTOSPIROSE NO MUNICÍPIO DE CAMPINAS, SÂO

PAULO: 2007 A 2014

CAMPINAS

2017

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JACKELINE MONSALVE LARA

CARACTERIZAÇÃO DA LEPTOSPIROSE NO MUNICÍPIO DE CAMPINAS, SÃO

PAULO: 2007 A 2014

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da

Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos

para obtenção do título de Mestra em Saúde Coletiva, na área de

Concentração em Epidemiologia

ORIENTADORA: PRISCILA MARIA STOLSES BERGAMO FRANCISCO

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À

VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO

DEFENDIDA PELA ALUNA JACKELINE

MONSALVE LARA, E ORIENTADA PELA

PROFA. DRA. PRISCILA MARIA STOLSES

BERGAMO FRANCISCO

CAMPINAS

2017

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FICHA CATALOGRÁFICA

Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): CAPES, 01-P-1738/2016

ORCID: http://orcid.org/http://orcid.org/00

Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas

Biblioteca da Faculdade de Ciências Médicas

Maristella Soares dos Santos - CRB 8/8402

Lara, Jackeline Monsalve, 1977

L32c

Caracterização da leptospirose no município de Campinas, São Paulo :

2007 a 2014 / Jackeline Monsalve Lara. – Campinas, SP : [s.n.], 2017.

Orientador: Priscila Maria Stolses Bergamo Francisco.

Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade

de Ciências Médicas.

1. Leptospirose. 2. Incidência. 3. Fatores de risco. 4. Estações do ano. 5.

Análise espacial. I. Francisco, Priscila Maria Stolses Bergamo,1973-. II.

Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas. III.

Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Caracterización de la leptospirosis en el municipio de Campinas,

São Paulo : 2007 a 2014

Palavras-chave em inglês: Leptospirosis

Incidence

Risk factor

Seasons

Spatial analysis

Área de concentração: Epidemiologia

Titulação: Mestra em Saúde Coletiva

Banca examinadora: Priscila Maria Stolses Bergamo Francisco

Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza

Rodrigo Nogueira Angerami

Data de defesa: 15-02-2017

Programa de Pós-Graduação: Saúde Coletiva

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BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE [MESTRADO]

[JACKELINE MONSALVE LARA]

ORIENTADOR: PRISCILA MARIA STOLSES BERGAMO FRANCISCO

MEMBROS:

1. PROFA. DRA. PRISCILA MARIA STOLSES BERGAMO FRANCISCO

2. PROF. DR. CARLOS MAGNO CASTELO BRANCO FORTALEZA

3. PROF. DR. RODRIGO NOGUEIRA ANGERAMI

Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da

Universidade Estadual de Campinas.

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora

encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

Data: 15/02/2017

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todas as pessoas que tornaram possível esta pesquisa, especialmente à minha

orientadora, Profª. Drª. Priscila Maria Stolses Bergamo Francisco, pelas orientações, dedicação

e paciência com o meu português.

À Drª. Andrea Bruno Von Zuben pelo suporte e esclarecimentos em relação aos dados.

À Profª. Drª. Maria Rita Donalisio e ao Dr. Celso Stephan, que contribuíram com a elaboração

dos mapas.

Ao Prof. Dr. Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza e ao Prof. Dr. Rodrigo Nogueira

Angerami por terem participado da banca de defesa.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão da

bolsa de estudos.

Agradeço ao Luiz Sergio de Noronha Mota por estar sempre ao meu lado, apoiando todos meus

projetos.

À minha irmã Michel e minha mãe Jackeline que, mesmo estando longe, também me

incentivam. Ao meu tio Chelo que sempre se preocupou com nossa educação e ao Mekato e ao

Igor Gatoldo pela companhia permanente.

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Não existe nenhum caminho lógico para a descoberta das

leis do Universo - o único caminho é o da intuição”.

Albert Einstein

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RESUMO

A leptospirose é uma zoonose com importância clínica, social e econômica. É epidêmica,

principalmente nas áreas metropolitanas com condições inadequadas de saneamento. O objetivo

do presente estudo foi analisar a distribuição da leptospirose segundo características

sociodemográficas, epidemiológicas e clínicas, distribuição espacial e uso de serviços de saúde

no município de Campinas/SP no período de 2007 a 2014. Foram utilizadas informações dos

casos confirmados das fichas de notificação e realizada análise descritiva a partir da distribuição

de frequências absolutas e relativas dos casos segundo as variáveis selecionadas. A relação

entre casos confirmados autóctones (n = 264) de leptospirose e precipitação pluviométrica

mensal foi verificada por meio do coeficiente de correlação de Spearman, considerando-se um

nível de significância de 5%. Os casos e óbitos foram georreferenciados e analisados a partir

de base cartográfica da distribuição espacial do Índice de Carência Socioambiental (ICSA) no

município. O maior número de casos ocorreu em homens (76,1%) e na faixa etária de 20 a 49

anos (58,4%). Mais da metade dos casos foram hospitalizados (55,3%), prevalecendo o

diagnóstico clínico-laboratorial (89,4%). Todos os casos que evoluíram para óbito (28 casos)

estiveram previamente hospitalizados. Os principais sintomas da doença entre os casos

notificados no período foram: mialgia (85%), cefaleia (79,2%), febre (62,5%) e prostração

(59,5%). A maioria dos casos ocorreu em área urbana (74,2%) e quase metade em ambiente

domiciliar (48,9%). As situações de risco mais frequentes em ordem de importância foram o

local com sinal de roedores, o contato com lixo ou entulho, com terreno baldio e com lama. As

maiores incidências foram verificadas em regiões classificadas com maior carência

socioambiental. O estimador de densidade de Kernel evidenciou que as áreas com maior

concentração de casos foram as regiões centro-sudoeste. Observou-se menor concentração na

região Leste. A falta de preenchimento de alguns campos das fichas de notificação compromete

a obtenção de informações limitando seu uso pela Vigilância Epidemiológica do município. A

caracterização dos casos confirmados de leptospirose em Campinas no período de 2007 a 2014

e o reconhecimento das áreas georreferenciadas com maior incidência da doença podem

contribuir para a adoção de estratégias específicas de intervenção e priorização de recursos para

a redução dos casos e tratamento precoce de indivíduos acometidos pela doença.

Palavras-chave: Leptospirose. Incidência. Fatores de risco. Estações do ano. Análise espacial.

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ABSTRACT

Leptospirosis is a disease with important clinical, social and economic concerns. It is epidemic,

mainly in metropolitan areas with inadequate sanitation conditions. The objective of this study

was to analyze the distribution of leptospirosis according to sociodemographic, epidemiologic,

and clinical characteristics, spatial distribution, and health service use in Campinas/SP from

2007 to 2014. It was used information from confirmed cases from the notifications tabs and

descriptive analysis from the distribution of absolute and relative frequencies from the cases

according to the selected variables. The relationship between the Autochthonous confirmed

cases (n = 264) of leptospirosis and monthly rainfall was verified trough Spearman’correlation

coefficient considering a significance level of 5%. The cases and deaths were georeferenced on

a cartographic base of the spatial distribution of the Socioenvironmental Deprivation Index in

Campinas. The majority of the cases occurred in men (76.1%) and in the age range 20 to 49

years of age (58.4%). More than the half of the cases were hospitalized (55.3%), prevailing the

clinical-laboratorial diagnoses (89.4%). The cases that evolved to deaths (28 cases) were

hospitalized. The mainly symptoms of the disease between the reported cases were myalgia

(85%), headache (79.2%), fever (62.5%), and prostration (59.5%). The majority of the cases

occurred in urban areas (74.2%) and in home environments (48.9%). The most frequent risk

situations in order of importance were evidence of the presence of rodents, and contact with

garbage, wasteland, and mud. Most of the incidences were verified in classified regions with

high deprivation. The Kernel density estimator evidenced the areas with more concentration of

cases were Southwest middle regions. Less concentration was observed in the east region. The

lack of filling of some items of the notification tabs affected the obtaining of information

limiting their use by Epidemiological Surveillance of the municipality. The characterization of

confirmed cases of leptospirosis in Campinas during the period of 2007 to 2014 and the

recognition of the georreferenced areas with majority of incidence can contribute to the

adoption of specific prevention strategies and prioritization of resources for the reduction of

cases and early treatment of individuals affected by the disease.

Key words: Leptospirosis. Incidence. Risk factor. Seasonality. Spatial analysis.

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RESUMEN

La leptospirosis es una zoonosis con importancia clínica, social y económica. Es epidémica,

principalmente en áreas metropolitanas con condiciones inadecuadas de saneamiento. El

objetivo del presente estudio fue analizar la distribución de la leptospirosis según características

sociodemográficas, epidemiológicas, clínicas, distribución espacial y el uso de servicios de

salud. En el municipio de Campinas/SP en el periodo de 2007 a 2014. Fueron utilizadas

informaciones de casos confirmados de las fichas de notificación y fue realizado un análisis

descriptivo, a partir de la distribución de las frecuencias absolutas y relativas de los casos, según

las variables seleccionadas. La relación entre los casos confirmados autóctonos (n = 264) de

leptospirosis y precipitación pluviométrica mensual fue verificada por medio del coeficiente de

correlación de Spearman, considerándose un nivel de significancia de 5%. Los casos y muertes

fueron georreferenciados y analizados a partir de base cartográfica de distribución espacial del

índice de Carencia Socioambiental (ICSA) en el municipio. El mayor número de casos ocurrió

en hombres (76,1%) y en el grupo de edad de 20-49 años (58,4%). Más de la mitad de los casos

fueron hospitalizados (55,3%), prevaleciendo el diagnóstico clínico-laboratorial (89,4). Los

casos que evolucionaron para muerte (28 casos) estuvieron previamente hospitalizados. Los

principales síntomas de la enfermedad entre los casos notificados no periodo fueron mialgia

(85%), cefalea (79,2%), fiebre (62,5%) y postración (59,5%). La mayoría de los casos ocurrió

en el área urbana (74,2) e 48,9% en el ambiente domiciliar. La situaciones de riesgo más

frecuentes en orden de importancia fueron local con señal de roedores, el contacto con basura

y escombros, terreno baldío y con barro. Las mayores incidencias fueron verificadas en

regiones clasificadas con mayor carencia socioambiental. El estimador de densidad de Kernel

evidencio que las áreas con mayor concentración de casos fueron las regiones centro-sudoeste.

Se observó menos concentración en las región este. La falta de diligenciamiento de algunos

campos en la ficha de notificación compromete la obtención de informaciones limitando su uso

por parte de la Vigilancia Epidemiológica del municipio. La caracterización de los casos

confirmados de leptospirosis en Campinas durante el periodo de 2007 a 2014 y el

reconocimiento de las áreas georreferenciadas con la mayor incidencia de la enfermedad puede

contribuir para la adopción de estrategias específicas de intervención y priorización de recursos

para la reducción de los casos y tratamiento precoz de individuos acometidos por la enfermedad.

Palabras Clave: Leptospirosis. Incidencia. Factores de riesgo. Estacionalidad. Análisis

Espacial.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Taxa de incidência de leptospirose (por 100.000 habitantes), segundo

Unidade da Federação. Brasil, 2010............................................................................18

Figura 2. Tempo transcorrido entre os primeiros sintomas até a data de notificação.

Campinas/SP, 2007 a 2014..........................................................................................42

Figura 3. Tempo transcorrido (em dias) entre os primeiros sintomas e data de coleta

da primeira amostra para exame laboratorial. Campinas/SP, 2007 a 2014.................42

Figura 4. Tempo transcorrido em dias entre os primeiros sintomas e data de

hospitalização. Campinas/SP, 2007 a 2014..............................................................................43

Figura 5. Tempo transcorrido entre os primeiros sintomas até a data de óbito.

Campinas/SP, 2007 a 2014..........................................................................................43

Figura 6. Letalidade, casos e óbitos por leptospirose. Campinas/SP, 2007 a 2014....44

Figura 7. Situações de risco ocorridas nos 30 dias que antecederam os primeiros

sintomas. Campinas/SP, 2007 a 2014...........................................................................45

Figura 8. Meses com maior ocorrência de contato com lugares com sinal de roedores.

Campinas/SP, 2007 a 2014...........................................................................................45

Figura 9. Meses com maior ocorrência de contato com lixo ou entulho. Campinas/SP,

2007 a 2014..................................................................................................................46

Figura 10. Meses com maior ocorrência de contato com lama. Campinas/SP, 2007 a

2014..............................................................................................................................46

Figura 11. Meses com maior ocorrência de contato com terreno baldio. Campinas/SP,

2007 a 2014..................................................................................................................47

Figura 12. Meses com maior ocorrência de contato com rio ou córrego. Campinas/SP,

2007 a 2014..................................................................................................................47

Figura 13. Incidência anual de casos confirmados de leptospirose por 10.000

habitantes. Campinas/SP, 2007 a 2014........................................................................49

Figura 14. Média mensal de casos confirmados de leptospirose. Campinas/SP, 2007 a

2014..............................................................................................................................50

Figura 15. Número de casos autóctones de leptospirose confirmados e pluviosidade

média mensal (em milímetros). Campinas/SP, 2007-2014..........................................51

Figura 16. Centros de Saúde Campinas. Prefeitura Municipal de Campinas, 2017...55

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Figura 17. Distribuição espacial dos casos e óbitos por leptospirose, segundo classes

de carência socioambiental, por área de cobertura dos Centros de Saúde. Campinas/SP,

2007 a 2014..................................................................................................................57

Figura 18. Distribuição espacial de casos por área de cobertura de Centro de Saúde

Campinas/SP, 2007 a 2014.............................................................................................................58

Figura 19. Distribuição das áreas de concentração dos casos, óbitos e áreas de

cobertura por Centro de Saúde. Campinas/SP 2007 a 2014........................................59

Figura 20. Densidade de casos por leptospirose, segundo bacias hidrográficas.

Campinas/SP, 2007 a 2014.........................................................................................60

Figura 21. Distribuição dos óbitos por leptospirose. Campinas/SP, 2007 a 2014….61

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Distribuição sociodemográfica dos casos confirmados com leptospirose.

Campinas/SP, 2007 a 2014. ...................................................................................................... 40

Tabela 2 - Caracterização das variáveis clínicas dos casos confirmados de leptospirose.

Campinas/SP, 2007 a 2014. ...................................................................................................... 41

Tabela 3. Caracterização das variáveis relacionadas a situação de risco dos casos confirmados

com leptospirose. Campinas/SP, 2007 a 2014. ......................................................................... 48

Tabela 4. Correlação entre índice pluviométrico (mm) e casos autóctones confirmados de

leptospirose (n = 264), segundo ano. Campinas/SP, 2007 - 2014. ........................................... 52

Tabela 5. Lista de Centros de Saúde notificadores de casos suspeitos de leptospirose.

Campinas/SP, 2007 a 2014. ...................................................................................................... 53

Tabela 6. Incidência de leptospirose por 100.000 habitantes nas áreas de cobertura por Centros

de Saúde de Campinas, segundo classes de carência socioambiental. Campinas/SP 2007 a 2014.

.................................................................................................................................................. 54

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LISTA DE ABREVIATURAS

CAPS: Centro de Atenção Psico-social

CCZ: Centro de Controle de Zoonoses

CEREST: Centro de Referência em Saúde do Trabalhador

CETS: Centro de Educação dos Trabalhadores de Saúde

CEVI: Centro de Vivência Infantil

CNES: Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

CRAISA: Centro de Referência de Atenção Integral à Saúde do Adolescente

CRI: Centro de Referência Idoso

CRIAD: Centro de Referência e Informação sobre Álcool e Drogas

CRR: Centro de Referência em Reabilitação

CS: Centro de Saúde

CRST: Centro de Referência em Saúde do Trabalhador

DALY: Disability Adjusted Life Years (Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade)

DEVISA: Departamento de Vigilância em Saúde

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICSA: Índice de carência socioambiental

IDHM: Índice de Desenvolvimento Humano

FIBGE: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IRA: Insuficiência Renal Aguda

LPI: Local provável de infeção

mm: Milímetros

NHE: Núcleos de Epidemiologia Hospitalar

PAVS: Programação das Ações de Vigilância em Saúde

PIB: Produto Interno Bruto

rliG: proteínas recombinantes de leptospiras de tipo imunoglobulina

SAID: Serviço de Assistência e Internação Domiciliar

SAMU: Serviço de Atendimento Médico de Urgência

SES: Secretaria de Estado da Saúde

SINAN: Sistema Nacional de Informação de Agravos de Notificação

SNVE: Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica

SUS: Sistema Único de Saúde

VISA: Vigilância em Saúde

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 16

1.1 Aspectos históricos ......................................................................................................... 18

1.2 Aspectos clínicos e epidemiológicos .............................................................................. 19

1.2.1 Agente etiológico ..................................................................................................... 19

1.2.2 Características clínicas epidemiológicas .................................................................. 19

1.2.2.1 Dinâmica e modo de transmissão ...................................................................... 19

1.2.2.2 Patogenia ........................................................................................................... 21

1.2.2.3 Diagnóstico ........................................................................................................ 22

1.2.2.4 Diagnóstico diferencial ...................................................................................... 25

1.2.2.5 Definição de caso suspeito ................................................................................ 26

1.2.2.6 Caso Confirmado ............................................................................................... 26

1.2.3 tratamento ................................................................................................................. 27

1.2.4 Prevenção ................................................................................................................. 28

1.2.5 Estrutura do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica ................................ 29

1.3 Custos sociais da Leptospirose ....................................................................................... 30

2. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................. 31

3. OBJETIVOS ......................................................................................................................... 32

3.1 Geral ................................................................................................................................ 32

3.2 Específicos ...................................................................................................................... 32

4. MÉTODOS ........................................................................................................................... 33

4.1 Desenho do estudo .......................................................................................................... 33

4.2 População de estudo ........................................................................................................ 33

4.3 Critérios de inclusão e exclusão de casos ....................................................................... 33

4.4 Local da Pesquisa ............................................................................................................ 34

4.5 Fonte de dados ................................................................................................................ 35

4.6 Variáveis do estudo ......................................................................................................... 35

4.7 Análise de dados ............................................................................................................. 37

4.8 Aspectos éticos ............................................................................................................... 38

5. RESULTADOS .................................................................................................................... 39

5.1 Perfil sociodemográfico .................................................................................................. 39

5.2 Perfil clínico-epidemiológico ......................................................................................... 39

5.3 Tendência ........................................................................................................................ 49

5.4 Correlação entre pluviosidade mensal e casos autóctones confirmados de leptospirose 50

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5.5 Distribuição espacial ....................................................................................................... 52

5.5.1 Georreferenciamento dos casos autóctones confirmados de leptospirose ............... 53

5.6 Principais variáveis sem informação .............................................................................. 63

6. DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 64

7. CONCLUSÕES .................................................................................................................... 69

8. RECOMENDAÇÕES ........................................................................................................... 70

9. REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 71

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1. INTRODUÇÃO

A leptospirose é uma zoonose de distribuição mundial com impacto importante na

saúde pública1. Ocorre com maior frequência em regiões tropicais de clima temperado2,3,4. A

carga da doença até os dias atuais não tem sido estimada com precisão, pois existem obstáculos

como a insuficiência ou a não confiabilidade dos dados5. Aproximadamente 1,03 milhões de

casos são reportados por ano no mundo, resultando em cerca de 58.900 óbitos1. A doença

representa uma carga global de 2,90 milhões de Anos de Vida Perdidos Ajustados por

Incapacidade (Disability Adjusted Life Years - DALY), a maioria dos quais ocorre em países

tropicais de baixa renda. A carga mundial da doença em relação ao DALY tem magnitude

similar à da esquistossomose, leishmaniose, filariose linfática e cólera1.

A doença está relacionada a mudanças climáticas e condições ambientais que

podem aumentar o contato do homem com a bactéria6,7,8,9,10,11,12. A elevada pluviosidade facilita

o contato das leptospiras com os humanos, aumentando o risco de ocorrência da doença em

populações com condições de vida precárias e atividades de risco sem a prevenção necessária6,7.

Guimarães et al.11 reforçam a hipótese de que a ocorrência de leptospirose está intensamente

ligada a períodos chuvosos e vulnerabilidade socioambiental. Um estudo epidemiológico sobre

leptospirose realizado no arquipélago de Guadalupe, nas Antilhas Francesas, apontou que o

incremento da incidência da doença foi influenciado pelo fenômeno El Niño nos anos de 2002

a 200513.

A temperatura, umidade relativa e a precipitação pluviométrica favorecem a

conservação da bactéria no ambiente mesmo em condições desfavoráveis para a bactéria, como

frio, pobreza de nutrientes e águas com pH ácido2. As águas de esgotos podem diminuir o tempo

de sobrevivência da bactéria; no entanto, foram encontradas leptospiras sobrevivendo por várias

semanas nas drenagens de locais que abrigavam gado, em solos ácidos (pH 6.2); na Austrália,

o sorovar australis e pomona sobreviveram 7 semanas em enchentes produzidas pela chuva14.

Além da pluviosidade, o crescimento da população, a pobreza, a escassez de terra e

as moradias superlotadas levam a uma urbanização com carência de condições sanitárias15. Os

resíduos tratados de forma incorreta propiciam condições ambientais para a reprodução de

roedores que são reservatórios da leptospirose2,16,17. A ausência de uma adequada rede de

esgotos e infraestrutura para tratamento de águas torna a população vulnerável às doenças

infeciosas, entre estas a leptospirose15.

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17

Em relação às atividades de trabalho, alguns grupos de trabalhadores apresentam

maior risco de adquirir a doença. Essas pessoas podem ter contato com a leptospira, seja pelo

contato direto da urina do animal – como tratadores de animais e veterinários – ou pelo contato

indireto dado à permanência em terrenos alagados contaminados – como agricultores,

pescadores, mineiros, militares, trabalhadores em limpeza e desentupimento de esgotos, garis,

catadores de lixo, pessoal de matadouros, bombeiros6,7,8,14. Ainda, atividades recreativas como

esportes aquáticos têm aumentado a exposição à leptospira. Durante os últimos 20 anos, os

casos de leptospirose diagnosticados em turistas e esportistas com históricos de viagens a zonas

tropicais têm aumentado18.

No âmbito sociodemográfico, no que se refere à distribuição da doença, estudos

apontam que a leptospirose acomete principalmente adultos jovens do sexo masculino, embora

ambos os sexos estejam em igualdade de exposição à fonte de contágio1,19,20. Foi demostrado

que mulheres e crianças não evoluem para a forma grave da doença na mesma proporção que

os homens21. No que se refere à escolaridade, Kamiyama et al.22 afirmam que a menor

escolaridade se associa a mais consultas hospitalares relacionadas com doenças contagiosas,

entre estas a leptospirose, o que pode estar relacionado com a falta de conhecimento da

população sobre medidas de prevenção.

No Brasil, nos anos de 1960 a 1980, o deslocamento da população foi intenso.

Milhares de pessoas mudaram-se do campo para a cidade acentuando o processo de

urbanização. Algumas dessas migrações deram origem aos aglomerados subnormais, também

conhecidos como favela23. Tais aglomerados são construções em terrenos de propriedade

alheia, cuja organização está fora dos padrões vigentes e com precariedade de serviços públicos

essenciais como energia elétrica, coleta de lixo e redes de água e esgoto24; essas áreas

superpovoadas têm maior risco de ocorrência de inundações11.

Embora os serviços de saneamento básico estejam assegurados pela Constituição

Federal e pela Lei n. 11.445/2007, que tem como um de seus princípios a universalização, 2.495

dos municípios brasileiros – quase 45% do total – não possuem nenhum tipo de rede coletora

de esgotos, contribuindo para o aumento da incidência de doenças17,25. No ano 2000, na Índia

e na Tailândia, reportaram-se epidemias de leptospirose associadas ao contato, banho e bebida

de água contaminada15.

No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, de 2001 a 2007 foram notificados 91.948

casos suspeitos de leptospirose, dos quais 23.628 confirmados (26%). Ocorreram 2.679 óbitos

e o coeficiente médio de incidência foi de 1,8/100.000 habitantes, com letalidade média de

11,3%8.

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18

Os estados com as maiores incidências de casos confirmados de leptospirose no

Brasil são o Acre, com 91/100.000, Amapá, com 67/100.000, Santa Catarina, com 52/100.000,

Espirito Santo, com 42,8/100.000, e Rio Grande do Sul, com 27,1/100.000 habitantes26 (Figura

1).

Figura 3. Taxa de incidência de leptospirose (por 100.000 habitantes), segundo Unidade da

Federação. Brasil, 2010.

A leptospirose está incluída na Lista Brasileira de Causas de Mortes Evitáveis (de

5 a 74 anos de idade) por intervenções do Sistema Único de Saúde (SUS) através de ações de

promoção a saúde, adequada prevenção, controle e atenção às doenças de causa infecciosas27.

1.1 Aspectos históricos

Adolf Weil (1848-1916), professor de Medicina em Heidelberg, descreveu pela

primeira vez a leptospirose em humanos em 1886. Stimson, em 1907, deu o nome de Spirocheta

interrogans ao microrganismo, depois de observá-lo no fígado de um paciente morto por “febre

amarela” (doença de Weil). Em 1915, comprovou-se que a doença é de natureza contagiosa e

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19

microbiana no Japão e depois na Alemanha28; desde então, a bactéria tem sido isolada de quase

todas as espécies mamíferas em todos os continentes exceto na Antártica9.

Em 1914, as leptospiras foram encontradas em água fresca por Paul Uhlenhuth e

Formme W. Em 1918, Noguchi propôs o nome Leptospira (espiral fino) a partir de observações

no microscópio. Após 1930, foram descobertos vários sorovares prevalentes em todo o mundo

e, nos anos 60 e 70, a microscopia eletrônica revelou muito mais detalhes da sua estrutura28.

A leptospirose era conhecida como uma infecção que causava icterícia e atingia militares

em combate e pessoas que trabalhavam em zonas com risco de inundação, como mineiros,

agricultores ou moradores de regiões com deficientes condições sanitárias29.

1.2 Aspectos clínicos e epidemiológicos

1.2.1 AGENTE ETIOLÓGICO

A leptospirose é causada por uma bactéria helicoidal aeróbica estrita (depende do

oxigênio para viver) de 0,1 µm de diâmetro e comprimento variando de 6 µm a 20 µm, tendo

uma ou as duas extremidades em forma de gancho. O seu crescimento é lento com divisão

celular de 7 a 12 horas, pertence ao gênero Leptospira, do qual são conhecidas 14 espécies

patogênicas, sendo as mais importantes a L interrongans e a L biflexa. A unidade taxonômica

básica é o sorovar (sorotipo)30.

No Brasil, os casos mais graves foram relacionados com os sorovares

icterohaemorrhagiae e copenhageni. Foram identificados mais de 200 sorovares com seus

hospedeiros de preferência, ainda que uma espécie animal possa albergar mais de um sorovar.

A identificação desses sorovares e sorogrupos foi possível devido à variabilidade de antígenos

presentes no envelope externo das leptospiras, que é constituído por lipopolissacarídeos8,29,30.

As leptospiras podem ser visualizadas em preparações a fresco por microscópio de

campo escuro ou contraste de fase. São bastante sensíveis à luz solar e aos desinfetantes

comuns. Sua multiplicação é ótima em pH compreendido entre 7,2 e 7,4. No meio ambiente,

sobrevivem bem em terrenos úmidos, pântanos, córregos, lagos e estábulos com excesso de

umidade30.

1.2.2 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS EPIDEMIOLÓGICAS

1.2.2.1 Dinâmica e modo de transmissão

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As condições ambientais de calor e umidade favorecem a transmissão da

leptospirose2,8. A doença é responsável por epidemias, principalmente nas capitais e áreas

metropolitanas devido às enchentes associadas a aglomerações populacionais de baixa renda,

condições inadequadas de saneamento e alta infestação de roedores infectados2,4.

Com as mudanças climáticas globais, especialmente com o aumento de

temperaturas e enchentes, têm-se incrementado a incidência e magnitude de surtos de

leptospirose1. As fontes de infeção mais frequentes são águas superficiais e lama deixadas após

chuvas, misturadas com o solo contaminado por urina de animais hospedeiros, propiciando a

disseminação da doença no ambiente e facilitando a ocorrência de surtos21.

A incidência da doença é subestimada devido a quadros clínicos que podem ser

confundidos com outras enfermidades, como um simples resfriado. As notificações e o

diagnóstico da doença são mais frequentes entre os casos graves21.

A infecção pela leptospira acontece pela exposição direta ou indireta com a urina,

contato com fluidos e tecidos animais infectados e também contato e ingestão de água

contaminada. A infecção pode se produzir por via congênita ou neonatal. As leptospiras podem

também penetrar na pele através de cortes e em membranas mucosas (nariz, boca, olhos),

mesmo quando intactas6.

Os principais reservatórios para a leptospirose são os roedores, musaranhos e

ouriços, além de animais domésticos como bovinos, suínos e cães e raramente ovelhas, cabras,

cavalos e búfalos3. Os animais portadores de leptospirose podem carregar as leptospiras em

seus rins e eliminá-las através da sua urina por longos períodos de tempo, às vezes pelo resto

da vida do animal. O período de incubação varia de 1 a 30 dias (média entre 5 e 14 dias)4. Os

animais podem apresentar infecções leves, passando despercebidas sem que o animal apresente

algum sintoma da doença, ou muito graves, danificando o rim e outros órgãos, tendo como

consequência a morte6,12.

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21

1.2.2.2 Patogenia

As leptospiras são mantidas nos túbulos proximais dos rins dos animais infectados.

O animal infectado pode ser assintomático, liberando as leptospiras durante meses, anos ou por

toda a vida de forma continua ou intermitente, segundo o sorovar envolvido e a espécie do

animal infectado31,32. Esta bactéria precisa de um meio alcalino para sobreviver e se multiplicar.

Posteriormente, para ocorrer a infecção, as leptospiras entram através de lesões da pele e de

mucosas imersas em água – mesmo sem que existam lesões, pode acontecer a infecção apenas

pelo contato por um longo período. Ao ingressar no organismo, se disseminam através da

circulação sanguínea, concentrando-se nos pulmões, fígado e baço. Um número elevado de

leptospiras no sangue e nos tecidos leva ao rompimento da membrana celular das células

endoteliais e pequenos vasos devido ao depósito de imunocomplexos nas paredes dos vasos e

órgãos, podendo produzir hemorragias, provocando isquemias locais e necrose tubular renal,

hepatomegalia, esplenomegalia, meningite e ictéricia32.

Após a infecção, a imunidade inicial é aparentemente apenas humoral, e a

imunidade adquirida resultante de uma resposta imunológica mediada por células B é sorotipo-

específica32. O indivíduo pode apresentar a doença mais de uma vez, sendo o agente causal um

sorovar diferente8. As complicações mais graves surgem após o desenvolvimento de resposta

adaptativa e alterações que acontecem mesmo diante do pequeno número de leptospiras nos

tecidos32.

Cerca de 90% dos indivíduos afetados podem apresentar quadros subclínicos ou

clínicos com sintomas inespecíficos como febre, cefaleia, mialgias, conjuntivite, anorexia e dor

abdominal, náuseas, vômitos, petequeias e púrpuras hemorrágicas na pele e hemorragias

gengival e do trato gastrointestinal, hematúria entre outros32. É muito característica a

manifestação de mialgia, especialmente na região lombar e na panturrilha. Pacientes com

sintomas clínicos moderados precisam de atendimento médico, mas não de internação4.

A forma mais grave, chamada síndrome de Weil, pode apresentar as seguintes fases4,32:

Fase septicêmica ou fase de leptospiremia, com duração de quatro a sete dias,

caracterizada por doença febril aguda (38°C a 40°C), cefaleia, calafrios, mialgias,

sintomas gastrointestinais, anorexia, sede intensa e icterícia devido a lesão hepática.

Fase imune ou fase de leptospirúria, com duração de um mês, onde há produção de

anticorpos aglutinantes IgM que determinam a diminuição da leptospiremia. Pode

evoluir para meningite, pneumonia, fenômenos hemorrágicos, falha hepática, renal e

óbito.

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22

Os indivíduos que apresentam as formas leves se recuperam completamente com

antibioticoterapia. Para as formas graves, pode-se precisar de tratamentos de suporte como a

diálise além da antibioteicoterapia32.

A leptospirose pode deixar sequelas crônicas, que podem se manifestar com fadiga

extrema, mialgia, mal-estar e dores de cabeça, podendo persistir por até 2 anos. As sequelas

como lesão pulmonar aguda, que ocorrem em 17% dos casos, e uveite são frequentemente

reportadas1.

1.2.2.3 Diagnóstico

Para fazer o diagnóstico, deve-se considerar conjuntamente a data do início dos

sintomas clínicos, a história de exposição aos possíveis fatores de risco e resultados de

sorologia9,14. Alguns dos diagnósticos são:

Visualização direta em campo escuro

No período de 3 a 7 dias após do início dos sintomas as leptospiras podem ser

observadas em amostras de sangue, urina, líquido cefalorraquidiano e tecidos através de

microscopia de campo escuro9,14. A vantagem é que seria um diagnóstico precoce e a

desvantagem é que poderia causar confusão por causa de artefatos que podem ser confundidos.

Cultura

As leptospiras podem ser isoladas do sangue nos primeiros dias da doença e da urina

na segunda e terceira semana. A vantagem é que este método permite a identificação do sorovar

e a desvantagem é a baixa sensibilidade e o tempo que se necessitaria para incubação das

leptospiras33. Necessita-se de uma amostra de sangue (até 3 gotas) no meio de cultura EMJH

ou fletcher à temperatura ambiente, de preferência no período antes do início do tratamento

com antibiótico (ideal até sétimo dia do início dos sintomas)8.

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Diagnostico sorológico

Os testes mais utilizados são o Teste de Aglutinação Microscópica (MAT) e o

Enzyme-Linked Immunosorbent Assay (ELISA), além dos KITS cuja tecnologia permite

diminuir o tempo de resposta do diagnóstico laboratorial.

DPP (Dual Path Platform) Leptospirose

É um teste rápido de diagnóstico para leptospirose usado quando não estão

disponíveis outras provas diagnósticas. O teste é baseado na incorporação de altas

concentrações de proteínas recombinantes de leptospiras de tipo imunoglobulina (rliG) como

antígenos. Seu desempenho é bem aceito para diagnóstico de leptospiroses agudas e pode ser

facilmente implementado em hospitais e postos de saúde, embora o teste precise ser melhorado

para diagnosticar a leptospirose nos estágios iniciais e menos graves34.

Teste de Aglutinação Microscópica (MAT)

Os antígenos que representam os diferentes sorogrupos das leptospiroses e reagem

com amostras de soro posteriormente são examinadas no microscópio de campo escuro por

aglutinação9. A vantagem é que o teste tem a capacidade de se aproximar ao sorovar específico

envolvido na infecção e a desvantagem é a necessidade de ser realizado em laboratórios de

referência com profissionais capacitados14. O tipo de material coletado deve ser 2 tubos de soro

sanguíneo (até 3ml) sem hemólise em frascos adequados para congelamento e os períodos da

coleta devem ser na fase aguda e convalescente (14 a, no máximo, 21 dias após da primeira

amostra)8.

Enzyme Linked Immunosorbent Assay (ELISA)

Este teste tem sido desenvolvido para ampla variedade de antígenos. A prova se

baseia na interação antígeno-anticorpo. Para a realização da prova sorológica, torna-se

necessária a manutenção de culturas de leptospiras vivas. Permite detectar anticorpos mais

precocemente do que o MAT. Tem como desvantagem a baixa especificidade14. O material

requerido é soro sanguíneo não hemolisado (3ml) e o recipiente deve ser um frasco adequado

para congelamento sem anticoagulante8.

Como descrito anteriormente, os exames específicos mais utilizados são o ensaio

inmunoenzimático (ELISA-IgM) e a microaglutinação (MAT), os quais devem ser realizados

pelos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACEN)4. O resultado negativo de qualquer

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exame sorológico específico (ELISA, MAT) com sangue coletado antes do sétimo dia do início

dos sintomas não descarta o caso suspeito, devendo-se colher outra amostra, já que o pico de

rodução de anticorpos é a partir do 14o dia após o início dos sintomas8.

Diagnóstico molecular

Detecta a presença de leptospiras em amostras (sangue, urina, líquido

cefalorraquidiano) baseado na Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). Sua vantagem é a alta

sensibilidade comparada com outros meios diagnósticos, e a desvantagem é a maior

probabilidade de resultados falsos positivos por contaminação da amostra6,14.

Os exames inespecíficos importantes para o acompanhamento clínico da

leptospirose são hemograma, coagulograma, transaminases, bilirrubinas, ureia, creatinina,

eletrólitos, gasometria, urina, radiografia de tórax e eletrocardiograma.

Os algoritmos I e II, apresentados no anexo 4, são utilizados atualmente no Brasil:

Algoritmo I – Encerramento do caso de leptospirose com amostra colhida antes do 7° dia

do início dos sintomas35.

Antes de se cumprir o 7º dia do início dos sintomas, a primeira prova realizada para

triagem é ELISA-IgM. Se o resultado for reagente, deve-se realizar o teste de Microaglutinação

(MAT); se este for reagente com um valor ≥ 800, se confirma o diagnóstico e, para um valor <

800, deve-se colher uma segunda amostra com intervalo de 14 dias após o início dos sintomas.

Caso, para esta segunda, amostra haja soroconversão, deve-se confirmar caso; caso contrário,

deve-se descartá-lo.

Algoritmo II: Encerramento do caso de leptospirose quando a amostra for colhida a partir

do 7o dia a partir do início dos sintomas35.

Já passado o 7° dia após do início dos sintomas, deve-se realizar ELISA-IgM. Se

for não reagente deve-se descartar, se o resultado for reagente, deve-se realizar o MAT. Sendo

este último reagente (≥ 800), o caso deve ser confirmado; caso contrário, se for < 800, deve-se

colher uma segunda amostra com intervalo mínimo de 7 dias da 1º amostra. Se houver

soroconversão, confirma-se o caso.

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25

1.2.2.4 Diagnóstico diferencial

De acordo com o Guia de Vigilância em Saúde4, o diagnóstico diferencial pode ser

realizado de acordo com as fases da doença:

Na fase precoce: dengue, influenza, malária, riquetsioses, doença de Chagas

aguda, toxoplasmose e febre tifoide, entre outras.

Na fase tardia: hepatites agudas por causa viral, hantavirose, febre amarela,

malária grave, dengue grave, febre tifoide, endocardite, riquetsiose, doença de

Chagas aguda, pneumonias, pielonefrite aguda, apendicite aguda, sepse,

meningites, colangite, colecistite aguda, coledocolitíase, esteatose aguda da

gravidez, síndrome hepatorrenal, síndrome hemolítico-urêmica e outras

vasculites, incluindo lúpus eritematoso sistêmico.

A leptospirose é considerada como uma síndrome febril aguda conjunto de doenças

com presença de febre e que podem ter também manifestações hemorrágicas, como petéquias,

equimose, prova do torniquete positiva e derrame pleural, quadros ictéricos e hemorrágicos em

pacientes com comprometimento hepático grave. No serviço de emergências, esses sintomas

são de consulta frequente e podem ser atribuídos a agentes etiológicos prevalentes em

determinadas regiões. Doenças como febre amarela, leptospirose e infecções virais agudas

podem cursar com estes sintomas. Para a febre amarela e a leptospirose, têm-se observado um

padrão febril bifásico com uma fase inicial febril que passa e posteriormente reaparece alguns

dias depois36.

Com frequência, alguns dos casos clínicos não são diagnosticados pela falta de

suspeita da doença e, portanto, não são reportados à vigilância epidemiológica. Neste sentido,

torna-se necessário, no momento da anamnese do paciente, investigar fatores de risco para

ampliar a suspeita clínica. Deve-se incluir a leptospirose entre os diagnósticos diferenciais e a

utilização de protocolos específicos para vigilância epidemiológica em caso de síndromes de

febres hemorrágicas ictéricas, dando importância à doença como problema de Saúde Pública3.

Silva et al (2010)37 recomendam que em pacientes com suspeita de dengue também

deve ser considerada a possibilidade de exposição à leptospirose e, quando a sorologia para

dengue for negativa, deve-se avaliar a possibilidade de realizar uma nova sorologia procurando

outro diagnóstico.

A vigilância sindrômica é uma estratégia da vigilância epidemiológica que se baseia

na detecção de sintomas clínicos comuns a um maior número de doenças, com o objetivo de

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diagnosticar um maior número de casos, de maneira oportuna e assim adotar um tratamento e

vigilância epidemiológica precoce4,38. O uso da vigilância sindrômica em casos de febre aguda

é uma ferramenta importante para diagnosticar uma doença febril inespecífica. Entre as doenças

que podem cursar com febre e exantemas estão a dengue, rubéola, leptospirose, doença

meningocócica e hantavirose entre outras. Informações baseadas nos antecedentes

epidemiológicos e achados laboratoriais específicos são relevantes para concluir o diagnóstico.

É necessário o treinamento do pessoal dos serviços de saúde na vigilância focada em síndromes

febris agudas38.

Um exemplo de fluxograma de investigação de síndrome febril aguda feito pela

prefeitura de Rio de Janeiro em colaboração com o Laboratório de Doenças Febris

Agudas/Oswaldo Cruz é apresentado no Anexo 5

1.2.2.5 Definição de caso suspeito

De acordo com a Secretaria de Vigilância em Saúde8, indivíduos que apresentem

febre, cefaleia e mialgia com as seguintes condições:

Condição 1 - antecedentes epidemiológicos sugestivos nos 30 dias anteriores à

data de início dos sintomas;

Condição 2 - pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas: conjuntiva

hiperêmica, náuseas e vômitos, alteração no volume urinário, icterícia, episódios

hemorrágicos, alteração hepática, renal ou vascular.

1.2.2.6 Caso Confirmado

Teste ELISA-IgM reagente;

Soroconversão na reação de MAT, com uma primeira amostra (fase aguda) não

reagente e uma segunda amostra (14-21 dias após; máximo até 60 dias) com

título maior ou igual a 1:200;

Aumento de quatro vezes ou mais nos títulos da MAT, entre duas amostras

sanguíneas coletadas com um intervalo de 14 a 21 dias (máximo de 60 dias);

Quando não houver disponibilidade de duas ou mais amostras, titulação maior

ou igual a 1:800 na MAT confirma-se o diagnóstico;

Isolamento da leptospira (em sangue);

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Detecção de DNA de leptospira patogênica por PCR em amostra de sangue com

anticoagulante em pacientes que evoluíram para óbitos antes do sétimo dia;

Imuno-histoquímica positiva para leptospirose em amostras de tecidos de

pacientes suspeitos que evoluíram para óbito.

Para o conjunto de dados considerados neste estudo, os algoritmos I e II, apresentados no anexo

4 ainda não eram utilizados.

1.2.3 TRATAMENTO

Assim que se iniciam os sintomas nos casos suspeitos de leptospirose, o tratamento

com antibiótico deve ser iniciado preferivelmente antes do 5o dia. Os benefícios dos antibióticos

depois do 5o dia da doença são controversos; ainda assim, devem ser utilizados6. As medidas

terapêuticas de suporte devem ser iniciadas precocemente com o objetivo de evitar

complicações, principalmente as renais e o óbito4.

A leptospirose pode causar uma vasculite nas células endoteliais com potencial de

generalização para vários órgãos como pulmão, rins e fígado. Ocorre uma vasodilatação

sistêmica, aumentando a permeabilidade, sangramentos, trombose intravascular e consequente

infarto dos tecidos até a falência dos órgãos39. As hemorragias pulmonares têm sido relatadas

com maior frequência e podem ocorrer entre 20% a 70% dos casos40. A falha renal mais

frequente é a Insuficiência Renal Aguda (IRA), que pode ser subclínica com leve proteinúria

ou um quadro grave como a ação nefrotóxica direta da bactéria, hipovolemia, rabdomiólise e

hiperbilirrubinemia41. Em relação à lesão hepática causada pelas alterações vasculares, ocorre

uma necrose hepatocelular causada pelas toxinas bacterianas que aumentam as transaminases39.

A hospitalização de casos graves deve ser imediata, visando evitar complicações e

diminuir a letalidade. Nos casos leves, o atendimento é ambulatorial4. O início do tratamento

com antibiótico independe dos resultados laboratoriais. Casos severos de leptospiroses devem

ser tratados com altas doses de penicilina intravenosa e casos menos severos podem ser tratados

com antibióticos orais como amoxicilina, ampicilina, doxyciclina ou eritromicina, além de

cefalosporinas de terceira geração como ceftriaxona e cefotaxime6. Segundo a Secretaria de

Estado da Saúde, Coordenadoria de Controle de Doenças (NOTA TÉCNICA CONJUNTA Nº

001/2016/SPSP/SBI/ATSM/ATSC/CRT-PE-DST/AIDS/SES-SP), o Brasil apresentou uma

falta da Penicilina G cristalina, encontrando dificuldades na sua aquisição.

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28

1.2.4 PREVENÇÃO

A prevenção contra a leptospirose deve estar direcionada ao controle de

reservatórios, medidas de proteção aos que trabalham em atividades de maior risco,

melhoramento das condições higiênico-sanitárias da população e medidas corretivas no meio

ambiente21.

De acordo com o Guia de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde4, as

principais medidas de prevenção quanto às formas de transmissão e aos fatores de risco para a

infecção são:

Relacionadas às fontes de infecção

Controle da população de roedores;

Cuidado com a higiene dos animais;

Remoção e destino adequado de resíduos alimentares, corpos, excretas;

Limpeza e desinfecção permanente de canis ou locais de criação;

Armazenamento adequado dos alimentos (evitar acesso aos roedores);

Coleta e destino adequado do lixo;

Manutenção de terrenos baldios, evitando entulhos que possam oferecer abrigo para os

roedores.

Relacionadas às vias de transmissão:

Garantir a utilização de água potável;

Limpeza da lama residual das enchentes, que fica aderida a móveis, paredes e chão;

Limpeza de reservatórios de água (caixa de água).

Relacionado com os alimentos:

Se os alimentos entraram em contato com água de enchentes, estes deverão ser descartados;

Armazenar os alimentos em locais elevados;

Lavar as mãos antes de manipular alimentos;

Lavar enlatados antes de abrir com água limpa.

Relacionado a águas superficiais e esgotos:

Limpeza e canalização de córregos;

Construção e manutenção permanente das galerias de águas pluviais e esgoto em áreas

urbanas.

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Relacionado com risco laboral:

Uso de equipamentos de proteção individual, como luvas e botas para pessoas que

permanecem em locais alagados;

Imunização de animais domésticos (cães, bovinos e suínos).

1.2.5 ESTRUTURA DO SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

O Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE) ou Vigilância em

Saúde, compreende “o conjunto articulado de instituições do setor público e privado,

componente do Sistema Único de Saúde (SUS) que, direta ou indiretamente, notifica doenças

e agravos, presta serviços a grupos populacionais ou orienta a conduta a ser tomada para o

controle dos mesmos”8.

Desde a implantação do SUS, no SNVE vem ocorrendo uma intensa reorganização

operacional, principalmente a partir das Portarias GM/MS n. 1.399, de 15 de dezembro de 1999,

e n. 950, de 23 de dezembro de 1999. Esses instrumentos legais instituíram o repasse fundo a

fundo dos recursos do Governo Federal para o desenvolvimento das atividades de

epidemiologia, vigilância e controle de doenças. Também estabeleceram requisitos e atividades

mínimas de responsabilidade dos municípios, definiram o teto de recursos financeiros e a

transferência de recursos humanos dos níveis federal e estadual para o municipal8.

Posteriormente, a Portaria GM/MS n. 1.172, de 15 de junho de 2004, ampliou o

escopo da Vigilância em Saúde, que passou a compreender a vigilância das doenças

transmissíveis, de doenças e agravos não transmissíveis, vigilância em saúde ambiental e a

vigilância da situação de saúde, além de estabelecer ações da União, Estados, Distrito Federal

e Municípios na gestão das ações epidemiologia e controle de doenças9.

A Vigilância em Saúde é composta por equipes multidisciplinares, exercendo

atividades básicas da vigilância epidemiológica, como a notificação de casos/surtos,

investigação clínica e epidemiológica, análise de dados e adoção de medidas de prevenção e

controle. De modo geral, os Centros de Saúde (CS) têm a responsabilidade de conhecer,

prevenir e intervir nos fatores de risco e na ocorrência de doenças e agravos em seu território,

executando atividades de orientação, educação sanitária, ambiental e no meio social42.

Em Campinas, o Sistema de Vigilância Epidemiológica conta com: Centros de

Saúde (com ou sem Núcleo de Saúde Coletiva) para diagnóstico, notificação, investigação,

ações de prevenção de doenças e agravos, educação e promoção da saúde; Núcleos de

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30

Epidemiologia Hospitalar (NHE), que notificam e investigam casos; e as VISAs (Vigilância em

Saúde) Distritais, que atuam na vigilância no território do Distrito e oferecem apoio técnico às

Unidades de Saúde (CS e outros). Também o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Centro

de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) e o Centro de Referência em DST/Aids,

enquanto unidades especializadas, prestam serviço direto à população, serviços de referência e

apoio técnico e desenvolvem trabalhos no âmbito municipal43. O Departamento de Vigilância

em Saúde (DEVISA) é responsável pela coordenação do sistema, articulação com outros

componentes da vigilância da esfera estadual e federal, além de apoio técnico, político e de

gestão para as VISAs29.

1.3 Custos sociais da Leptospirose

A leptospirose é uma zoonose de grande importância social e econômica por

apresentar elevada incidência em determinadas áreas, alto custo hospitalar e perdas de dias de

trabalho, como também por sua letalidade, que pode chegar a 40% nos casos mais graves4.

Uma avaliação feita para o Brasil concluiu que 3.492 casos de leptospirose

ocorridos em 2008 (dados tomados do SINAN) geraram ao Sistema de Saúde Brasileiro um

custo aproximado de R$ 1.542.526, 10.664 anos potenciais de vida perdidos e perda de

produtividade, que variou entre R$ 278.481,60 e R$ 979.317,044.

Após uma avaliação econômica parcial do tipo custo-enfermidade sob a perspectiva

econômica e social, Souza et al.20 apontaram que a doença produz impacto financeiro na

sociedade pelo elevado número de anos potenciais de vida perdidos (APVP) e salários que não

são recebidos pelo doente. Igualmente, neste estudo, os autores identificam que, em 2007, a

faixa etária que mais perdeu anos de vida foi a de 20 a 49 anos (fase de alta criatividade e

produtividade).

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31

2. JUSTIFICATIVA

O município de Campinas tem uma população residente estimada em 1.080.11345

com registro de casos de leptospirose há décadas. A caracterização sociodemográfica,

epidemiológica, clínica, sazonal, o uso de serviços de saúde e a geolocalização dos casos

permitem conhecer os padrões de ocorrência da doença, contribuindo para aprimorar a atenção

da vigilância em saúde na prevenção, detecção e tratamento precoce, além de identificar a

vulnerabilidade social relacionada aos casos. Neste sentido, trata-se de uma ferramenta

importante para melhorar a atenção a esta doença.

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32

3. OBJETIVOS

3.1 Geral

Analisar as características e a distribuição espacial da leptospirose no município de

Campinas, São Paulo, no período de 2007 a 2014.

3.2 Específicos

Descrever os perfis sociodemográfico, epidemiológico, clínico e de uso de serviços de

saúde dos casos confirmados de leptospirose;

Caracterizar a ocorrência dos óbitos e verificar a letalidade;

Estudar a tendência temporal e sazonal de leptospirose;

Estabelecer a correlação entre a ocorrência de leptospirose e a pluviosidade;

Verificar a distribuição espacial dos casos confirmados de leptospirose no município;

Analisar a completude/consistência das informações nas fichas de notificação.

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33

4. MÉTODOS

4.1 Desenho do estudo

Estudo exploratório que utilizou dados secundários para caracterizar os casos

confirmados de leptospirose ocorridos durante os anos de 2007 a 2014 no município de

Campinas/SP.

O estudo ecológico utiliza dados agregados como unidade de análise e as fontes de

dados envolvem observações diretas de indivíduos, grupos e áreas geográficas delimitadas46.

Neste estudo, foram usados dados registrados nas Fichas de Investigação sobre Leptospirose

(Anexo 1), disponíveis Sistema Nacional de Informação de Agravos de Notificação (SINAN),

os quais foram fornecidos diretamente pela Secretaria Municipal de Saúde de Campinas

(SMS/Campinas).

4.2 População de estudo

A população de estudo é constituída pelo total de casos confirmados de leptospirose

(n = 264) no município de Campinas/SP no período de 2007 a 2014.

4.3 Critérios de inclusão e exclusão de casos

Foram incluídos neste estudo todos os casos de leptospirose confirmados pela

vigilância epidemiológica pelo critério laboratorial (exames sorológicos específicos) e clínico-

epidemiológico, no qual se relaciona a parte clínica (processo baseado em metodologia

confiável para chegar a um diagnóstico do indivíduo) com a epidemiologia da doença

(aproxima-se ao coletivo para chegar a um diagnóstico) para a tomada de decisões preventivas

e terapêuticas47, perante sintomas sugestivos de leptospirose4,8.

Foram excluídas as variáveis com inconsistências como ignorados/vazios, datas

fora do contexto, duplicidade de pacientes e casos com informação do local provável de

infecção ignorada, necessária para a análise espacial.

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34

4.4 Local da Pesquisa

Campinas é um município no interior do Estado de São Paulo e está localizado no

Sudeste do Brasil. Suas coordenadas geográficas são: latitude S 22°53'20" e longitude O

47°04'40"; possui uma área total de 796,4 km² com uma população residente estimada de

1.080.113 (520.865 homens e 559.248 mulheres). Em relação à distribuição segundo faixas

etárias, 60,7% se refere a indivíduos de 20 a 59 anos de idade, correspondendo 29,3% e 31,4%

a homens e mulheres respectivamente. Segundo o IBGE, seu PIB (produto interno bruto) para

2012 foi de R$ 38.926,69; o IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano) para 2010 foi de

0,80545.

Campinas tem apresentado um crescimento com aumento do número de áreas de

invasão com infraestrutura inadequada devido à elevação das taxas migratórias48.

De acordo com informações da Prefeitura Municipal43, em 2016, Campinas contava

com 5 Distritos de Saúde, 61 Centros de Saúde, Unidades de Atendimento Especializado,

Centro de Atenção Psico-social (CAPS), Centro de Vivência Infantil (CEVI), Centro de

Referência ao Idoso (CRI), Centro de Referência e Informação sobre Álcool e Drogas

(CRIAD), Centro de Referência de Atenção Integral à Saúde do Adolescente (CRAISA), Centro

de Referência em Reabilitação (CRR), Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CRST),

Centro de Referência do Programa Municipal de DST/Aids, Centro de Lactação - Banco de

Leite Humano, Policlínica II e Policlínica III, Centro de Controle de Zoonoses, Centro de

Convivência e Cooperação Tear das Artes, Centro de Convivência e Cooperativa Toninha,

Centro de Orientação de Apoio Sorológico - COAS/CTA, Centro de Educação dos

Trabalhadores de Saúde (CETS), Centro de Especialidades Odontológicas, Laboratório de

Patologia Clínica, Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU), Serviço de

Assistência e Internação Domiciliar (SAID).

No que se refere à leptospirose, as equipes de Atenção Básica/Saúde da Família

desenvolvem suas ações em conformidade com os objetivos do Programa Nacional de

Vigilância e Controle da Leptospirose, que são:

Monitorar a ocorrência de casos e surtos e determinar a sua distribuição espacial e

temporal;

Reduzir a letalidade da doença mediante a garantia de diagnóstico e tratamento precoce

e adequado;

Identificar os sorovares circulantes em cada área;

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35

Direcionar as medidas preventivas e de controle destinadas à população, ao meio

ambiente e aos reservatórios animais.

Para que esses objetivos sejam atingidos, as ações devem ocorrer de maneira

conjunta entre a rede de atenção, em especial a atenção básica, a vigilância epidemiológica, o

manejo ambiental e o controle de roedores4.

4.5 Fonte de dados

Os dados utilizados no presente estudo foram disponibilizados pela Secretaria

Municipal de Saúde (SMS/Campinas) (Autorização nº 085/2015, anexo 2), em arquivo Excel,

após aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa (Parecer nº 1.430.519), anexo 3.

De acordo com o manual “Vigilância em Saúde Zoonoses”31, todas as fichas de

notificação epidemiológicas são digitadas no Sistema Nacional de Informação de Agravos de

Notificação (SINAN), primeiro a nível municipal, depois repassadas a nível estadual e,

seguidamente, a nível federal. Um dos instrumentos de planejamento na Vigilância

Epidemiológica é a Programação das Ações de Vigilância em Saúde (PAVS), que segue os

seguintes eixos: notificação de doenças e agravos, investigação epidemiológica, diagnóstico

laboratorial, vigilância ambiental, vigilância de doenças transmitidas por vetores e

antropozoonoses, imunizações, monitoramento de agravos, divulgação de informações

epidemiológicas entre outras.

Os dados da população residente no município de Campinas no período foram

obtidos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e estão disponíveis no site do

Departamento de Informática do SUS (DATASUS).

As informações sobre a pluviosidade foram obtidas do Centro Integrado de

Informações Agrometeorológicas (CIIAGRO), que fornece um monitoramento climático da

precipitação pluviométrica medida mensalmente em milímetros de água.

4.6 Variáveis do estudo

As variáveis contidas na base de dados e as medidas tomadas a partir de cálculos

feitos com estas variáveis, usadas neste estudo foram:

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36

Demográficas: sexo (masculino e feminino); faixas etárias (0 a 9; 10-19; 20-29; 30-39;

40-49; 50-59 e ≥60 anos), raça/cor (branca, preta, amarela, parda, indígena e ignorada

para a ausência do dado); escolaridade (1ª a 4ª série incompleta do Ensino Fundamental

(EF – antigo primário ou 1º grau), 4ª série completa do EF (antigo primário ou 1º grau),

5ª à 8ª série incompleta do EF (antigo ginásio ou 1º grau), Ensino fundamental completo

(antigo ginásio ou 1º grau), Ensino médio incompleto (antigo colegial ou 2º grau),

Ensino médio completo (antigo colegial ou 2º grau), Educação superior incompleta,

Educação superior completa, Ignorado para a ausência do dado e não se aplica).

Clínicas: Sintomas, hospitalização, duração da hospitalização, critério diagnóstico

(clínico-laboratorial e epidemiológico), evolução. Tempo transcorrido desde os

primeiros sintomas até a data de notificação, coleta da amostra, hospitalização e óbito.

Epidemiológicas: situação de risco ocorrida nos 30 dias que antecederam os primeiros

sintomas (contato com ou limpeza de água, lama de enchente, criação de animais, caixa

d´água, fossa, caixa de gordura ou esgoto, local com sinais de roedores, plantio ou coleta

(lavoura); rio, córrego, lagoa ou represa, roedores diretamente, armazenamento de grãos

e/ou alimentos, terreno baldio, lixo e/ou entulho e outras); casos anteriores de

leptospirose no local provável de infecção (LPI), especificando se são casos humanos

ou com animais, características do local provável da fonte de infecção (urbana, rural,

peri-urbana e ignorado); ambiente de infecção (domicilio, trabalho, lazer, outro e

ignorado); doença relacionada ao trabalho (sim, não e ignorado).

Pluviométrica: precipitação pluviométrica mensal.

Outras variáveis laboratoriais especificando a sorologia IgM - ELISA,

Microaglutinação, Isolamento, Imunohistoquímica, RT-PCR, disponíveis nas fichas de

notificação, não foram usadas no estudo.

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37

4.7 Análise de dados

Após a seleção das variáveis, inicialmente realizou-se a verificação da consistência

das informações, datas fora do contexto, duplicidade de pacientes e casos com informação do

local provável de infecção ignorada. Em seguida, foram reportadas as dúvidas para checagem

e eventuais correções junto ao Departamento de Vigilância em Saúde (DEVISA/Campinas).

Com a verificação e retorno, estabeleceu-se a base de dados considerada para o presente estudo.

Foi realizada análise descritiva a partir da distribuição de frequências absolutas e

relativas dos casos estudados segundo as variáveis demográficas, epidemiológicas, clínicas e

relacionada à conclusão dos casos, independentemente do desfecho (óbito ou não).

A relação entre casos confirmados autóctones (n = 264) de leptospirose e

precipitação pluviométrica mensal foi verificada por meio do coeficiente de correlação de

Spearman, considerando-se um nível de significância de 5%. As análises foram realizadas no

IBM SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 21 e os gráficos foram

elaborados no Microsoft Excel (versão 2013).

Para análise espacial dos dados, realizou-se o georreferenciamento dos endereços

das fichas de investigação de leptospirose (n = 151) que correspondem ao local provável de

infecção (LPI). Os endereços foram georreferenciados nos centroides das áreas de cobertura

dos Centros de Saúde (56 áreas) da Secretaria Municipal de Saúde, obtendo-se informação

aproximada da localização espacial dos casos. Os endereços excluídos referem-se àqueles em

que não foi possível a localização devido a inconsistências ou a condições especiais, locais tais

como domicílio sem número (barracos, loteamentos e chácaras), falhas no preenchimento ou

pela não informação do paciente sobre seu endereço correto, limitando-se assim as análises para

a totalidade dos casos.

As coordenadas geográficas foram obtidas pelo Google maps e posteriormente

plotadas em base cartográfica do município obtida no IBGE. Foram elaborados mapas com os

casos e os óbitos no software ARCGIS versão 10.4. Aplicou-se a técnica de estimativa de

intensidade Kernel com raio de influência de 1 quilômetro para a visualização das áreas de

concentração dos casos (hot spots).

O estimador de densidade Kernel é um método não paramétrico cujo objetivo é

estimar curvas de densidades em que cada ponto geolocalizado é considerado pela distância em

relação a um núcleo (valor central), desenhando um contorno ao redor de cada ponto

georreferenciado, que corresponde a um raio de influência. Assim, possibilita evidenciar as

regiões com maior ocorrência de eventos. O mapa resultante pode ser classificado com níveis

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38

de densidade de acordo a tonalidade. Na faixa com tonalidade mais intensa, existe uma

concentração elevada de apresentação do evento49; nesse caso, de leptospirose.

Foi incorporado o mapa de distribuição espacial do Índice de Carência

Socioambiental (ICSA) desenvolvido por Costa et al.50, que classifica as áreas de cobertura dos

Centros de Saúde em Campinas segundo nível socioeconômico (carência), permitindo a

identificação da localização dos casos de leptospirose nas respectivas áreas. Essa base

cartográfica considera três estratos de carência socioambiental (maior, moderada e menor),

baseando-se em informações demográficas e socioambientais por setor censitário, a partir de

dados do Censo 2010 da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (FIBGE). O

Índice de Carência Socioambiental (ICSA) foi obtido utilizando-se a técnica estatística de

componentes principais com variáveis como a proporção de pessoas responsáveis por domicilio

com renda ≤ 3 salários mínimos, proporção de domicílios com esgotamento sanitário

inadequado e proporção de domicílios com destinação do lixo inadequada; os maiores valores

desse índice indicam maior grau de carência socioambiental.

4.8 Aspectos éticos

O projeto de pesquisa foi apresentado à Secretaria Municipal de Saúde

(SMS/Campinas) para o uso dos dados das Fichas de Notificação sobre Leptospirose

(Autorização no 085/2015), anexo 2. Em seguida, foi submetido e aprovado pelo Comitê de

Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências Medicas da Universidade Estadual de Campinas

(CEP/FCM/UNICAMP) (Parecer no 1.430.519), anexo 3.

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39

5. RESULTADOS

5.1 Perfil sociodemográfico

Considerando-se a distribuição sociodemográfica dos indivíduos estudados (n =

264) no período, observa-se que 76,1% (n = 201) eram homens. Verificam-se casos em todas

as faixas etárias, embora a faixa de maior ocorrência seja a de 20 a 49 anos no momento do

diagnóstico. Quanto à raça/cor, houve maior ocorrência entre os brancos (53,8%), seguida dos

pardos (18,2%). Destaca-se que, para esta variável, 19,6% das informações estavam sem

preenchimento/ignorados (Tabela 1).

Em relação ao nível de escolaridade, verificou-se que 64,4% dos registros não

apresentavam informação (sem preencher/ignorados), assim como para a variável ocupação

(87% dos casos sem informação), comprometendo a avaliação da distribuição dos casos.

Durante o período, houve apenas um (1) caso em gestante, no segundo trimestre de gestação.

5.2 Perfil clínico-epidemiológico

Quanto às variáveis clínicas, em relação aos sintomas, a mialgia foi o mais

frequente (84,5% dos casos), seguida por cefaleia (79,2%), febre (62,5%) e prostração (59,5%).

O Guia de Vigilância em Saúde4 descreve a dor na panturrilha como um sintoma típico da

leptospirose que, neste estudo, esteve presente em aproximadamente 53% dos casos autóctones.

Entre os casos que foram à óbitos, icterícia foi reportada em 100%, seguida de insuficiência

respiratória (83,3%), febre (77,8%), mialgia (72,2%) e prostração (cerca de 72%) (dados não

apresentados em tabela). Cerca de 55% dos casos foram hospitalizados. A duração da

hospitalização foi de até 10 dias em 76% dos casos e 5,6% estiveram internados por mais de 30

dias. No que se refere ao critério diagnóstico, o clínico laboratorial correspondeu à maioria

(89,4%), seguido do epidemiológico (10,2%). O tempo médio de hospitalização foi de 24,3

dias (dp = 31,3) e o tempo mediano foi de 10 dias. Ressalta-se que o tempo máximo foi de 82

dias. Cerca de 84% dos casos evoluíram para cura e 10,6% foram a óbito (Tabela 2). Esses

ocorreram em indivíduos com idade entre 14 e 77 anos, dos quais 31% (n = 9) eram mulheres.

Todos os indivíduos que foram a óbito estiveram hospitalizados.

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40

Tabela 1. Distribuição sociodemográfica dos casos confirmados com leptospirose.

Campinas/SP, 2007 a 2014.

Variáveis n %

Sexo

Masculino

Feminino

Total

201

63

264

76,1

23,9

100,0

Faixa etária (em anos)

0 - 9

10 - 19

20 - 29

30 - 39

40 - 49

50 - 59

60 anos e mais

Total

8

39

47

53

54

35

28

264

3,0

14,8

17,8

20,1

20,5

13,3

10,6

100,0

Raça/cor

Branca

Preta

Amarela

Parda

Ignorados/vazios

Total

142

20

2

48

52

264

53,8

7,6

0,8

18,2

19,6

100,0

Nível de escolaridade

Analfabeto - 4 ª série completa do EF

5ª à 8ª séries incompletas do EF/EF completo

EM incompleto - EM completo

ES incompleto - ES completo

Ignorado e vazios

Não se aplica

Total

25

28

29

6

170

6

264

9,5

10,6

11,0

2,3

64,4

2,2

100,0 n - número de observações; EF ensino fundamental; EM ensino médio; ED educação superior.

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41

Tabela 2 - Caracterização das variáveis clínicas dos casos confirmados de leptospirose.

Campinas/SP, 2007 a 2014.

Variáveis n %

Sintomas

Mialgia

Cefaleia

Febre

Prostração

Dor na panturrilha

Vômito

Diarreia

Icterícia

Insuficiência respiratória

Insuficiência renal

Congestão conjuntival

Hemorragias

Insuficiência cardíaca

Meningite

223

209

165

157

139

123

86

85

75

44

38

28

16

9

84,5

79,2

62,5

59,5

52,7

46,6

32,6

32,2

28,4

16,7

14,4

10,6

6,1

3,4

Hospitalização

Sim

Não

Ignorados/vazios

Total

146

111

7

264

55,3

42,0

2,7

100,0

Tempo de hospitalização (dias)

0 a 10

11 a 20

21 a 30

31 a 40

41 e mais

Ignorados/Vazios

Total

82

16

4

4

2

38

146

56,2

11,0

2,7

2,7

1,4

26,0

100,0

Critério diagnóstico

Clínico laboratorial

Clínico epidemiológico

Ignorados/vazios

Total

236

27

1

264

89,4

10,2

0,4

100,0

Evolução

Óbito por leptospirose

Cura

Ignorados e vazios

Total

28

220

16

264

10,6

83,4

6,0

100,0 n - número de observações.

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42

Na figura 2, observa-se o tempo transcorrido desde os primeiros sintomas até a data

de notificação. Para a maioria dos casos foi de 5 dias, seguido de 6 a 11 dias.

Figura 2. Tempo transcorrido entre os primeiros sintomas até a data de notificação.

Campinas/SP, 2007 a 2014.

O tempo transcorrido entre o aparecimento dos primeiros sintomas e a coleta da

primeira amostra para exame laboratorial é apresentado na figura 3. Observou-se que, para

28,8%, a amostra foi colhida em até 5 dias e, para cerca de 49%, o tempo transcorrido foi de 6

a 11.

Figura 3. Tempo transcorrido (em dias) entre os primeiros sintomas e data de coleta da primeira

amostra para exame laboratorial. Campinas/SP, 2007 a 2014.

50,0

34,1

5,72,3 1,9 1,9 0,8 0,8 0,8 0,0 0,4 0,8 0,8

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0 0

a 5

6 a

11

12 a

16

17 a

21

22 a

26

27 a

31

32 a

36

37 a

41

42 a

46

47 a

51

52 a

56

57 a

61

62 e

mai

s

% C

aso

s

Dias

28,8

49,2

6,83,0

8,33,8

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

% C

aso

s

Dias

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43

Na figura 4, observam-se os dias transcorridos entre os primeiros sintomas e a

hospitalização, sendo que 45,2% dos casos hospitalizados ocorreram entre 4 a 7 dias, uma

média de 7,5 dias e mediana de 5 dias.

Figura 4. Tempo transcorrido em dias entre os primeiros sintomas e data de hospitalização.

Campinas/SP, 2007 a 2014.

Para os 28 óbitos ocorridos no período, observou-se que, em relação ao tempo

transcorrido desde os primeiros sintomas até o referido desfecho, 11 casos (39,2%) ocorreram

entre 5 e 11 dias e, em 4 casos (14,2%), transcorreram mais de 22 dias (figura 5).

Figura 5. Tempo transcorrido entre os primeiros sintomas até a data de óbito. Campinas/SP,

2007 a 2014.

35,6

45,2

11,0

2,70,7

2,1 2,7

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

45,0

50,0

0-3 4-7 8-11 12-15 16-19 20 e + Vaz/ign

% C

aso

s

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

0 a 5 6 a 11 12 a 16 17 a 21 22 e mais

% ò

bit

os

Dias

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44

A figura 6 apresenta o total de óbitos e a letalidade no período. Observaram-se

maiores letalidades para o período de 2009 a 2011. Ressalta-se o ano de 2010, com um número

menor de óbitos, em que a letalidade chegou a 17,6%. A letalidade para todo o período foi de

10,6%.

Figura 4. Letalidade, casos e óbitos por leptospirose. Campinas/SP, 2007 a 2014.

A distribuição das situações de risco ocorridas nos 30 dias que antecederam aos

primeiros sintomas é apresentada na figura 7. Para o local com sinal de roedores, os meses com

maiores ocorrências foram janeiro, fevereiro e março, apresentando o mesmo padrão para o

contato direto com roedores (figura 8).

8,3% 8,3%

12,8%

17,6%

17,5%

7,1%

10,0%

5,3%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

18,0

20,0

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Óbitos Casos Letalidade

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45

Figura 75. Situações de risco ocorridas nos 30 dias que antecederam os primeiros sintomas.

Campinas/SP, 2007 a 2014.

Figura 6. Meses com maior ocorrência de contato com lugares com sinal de roedores.

Campinas/SP, 2007 a 2014.

Já para o contato com lixo ou entulho, os meses com maiores ocorrências foram

janeiro, fevereiro e abril (figura 9). No contato com lama, a maioria de casos ocorreu em

janeiro, fevereiro e março (figura 10).

14,8

28,9

11,213,2

15,6 16,3

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

Lama Sinal de

roedores

Rio-corrego Roedores Terrano baldio Lixo-enthulo

% c

aso

s

Situação de risco

14,6

12,0 12,0

10,8 10,8

4,4

5,7

4,43,8

6,3

8,2

7,0

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

% C

aso

s

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46

Figura 9. Meses com maior ocorrência de contato com lixo ou entulho. Campinas/SP, 2007 a

2014.

Figura 10. Meses com maior ocorrência de contato com lama. Campinas/SP, 2007 a 2014.

No que se refere ao contato com terreno baldio, destaca-se o mês de abril (figura

11), rio ou córrego com maiores ocorrências, fevereiro (figura 12).

15,714,6

9,0

13,5

9,0

5,6

3,44,5

2,2

4,5

11,2

6,7

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

18,0%

Cas

os

21

16

11,19,9

7,4

1,22,5

3,7 3,7

6,2

11,1

6,2

0

5

10

15

20

25

% C

aso

s

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47

Figura 117. Meses com maior ocorrência de contato com terreno baldio. Campinas/SP, 2007

a 2014.

Figura 12. Meses com maior ocorrência de contato com rio ou córrego. Campinas/SP, 2007 a

2014.

Quanto à área provável de infecção, houve maior ocorrência na urbana (74,2%); no

entanto, 10,6% registros apresentavam dados sem preenchimento/ignorados para essa variável.

Com relação ao ambiente provável de infecção, no domiciliar observaram-se mais casos

15,3

10,6

8,2

20,0

8,2

4,73,5

4,73,5 3,5

10,6

7,1

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0%

Cas

os

9,8

21,3

9,8

4,9

9,8

1,6 1,6

6,64,9 4,9

16,4

8,2

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

% C

aso

s

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48

(48,9%), seguido do ambiente de trabalho (21,2%) e da área periurbana* (9,8%). Verificou-se

que 21,6% (n = 57) dos registros para essa variável estavam sem preenchimentos/ignorados

(Tabela 3).

Tabela 3. Caracterização das variáveis relacionadas a situação de risco dos casos confirmados

com leptospirose. Campinas/SP, 2007 a 2014.

Variáveis n %

Área provável de infecção

Urbana

Rural

Periurbana*

Ignorado/vazios

Total

196

14

26

28

264

74,2

5,3

9,8

10,6

100,0

Ambiente provável de infecção

Domiciliar

Trabalho

Lazer

Outro

Ignorados/vazios

Total

129

56

12

10

57

264

48,9

21,2

4,5

3,8

21,6

100,0 n - número de observações

*Definida pelo IBGE como: “área adjacente ou próxima à urbana, com aglomeração populacional geralmente

menos concentrada, onde as estruturas urbanas são precárias e os usos se assemelham com as rurais, não se

distinguindo por vezes o campo e a cidade”24.

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49

5.3 Tendência

Considerando-se o período de estudo, a distribuição da incidência anual é

apresentada na figura 13. O ano de 2011 (0,51 casos/10.000 hab) destaca-se com a maior

incidência de casos confirmados de leptospirose.

Figura 83. Incidência anual de casos confirmados de leptospirose por 10.000 habitantes.

Campinas/SP, 2007 a 2014.

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Tax

a d

e in

ced

ênci

a

anos

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50

A figura 14 mostra a média mensal de casos confirmados de leptospirose no

período entre 2007 e 2014. O mês de fevereiro apresenta o maior número médio de casos,

seguido dos meses de abril, maio, janeiro e março, em ordem de importância.

Figura 14. Média mensal de casos confirmados de leptospirose. Campinas/SP, 2007 a 2014.

5.4 Correlação entre pluviosidade mensal e casos autóctones confirmados de leptospirose

A figura 15 apresenta o número de casos autóctones confirmados da doença e a

pluviosidade média mensal (em milímetros) no período. Os maiores índices de pluviosidade

foram observados nos anos de 2007, 2009 e 2011. A média mensal de chuvas em milímetros

(mm) para janeiro de 2007 foi 404,1 mm. Em dezembro de 2009 a média foi de 398,8 mm e,

em janeiro do ano de 2011, registrou-se pluviosidade de 403,6 mm

0

1

2

3

4

5

6

7

Cas

os

2007-2014

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51

Figura 15. Número de casos autóctones de leptospirose confirmados e pluviosidade média mensal (em milímetros). Campinas/SP, 2007-2014.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

0

2

4

6

8

10

12

14

jan

eiro

07

mar

ço 0

7

mai

o 0

7

julh

o 0

7

sete

mb

ro 0

7

nov

emb

ro 0

7

jan

eiro

08

mar

ço 0

8

mai

o 0

8

julh

o 0

8

sete

mb

ro 0

8

nov

emb

ro 0

8

jan

eiro

09

mar

ço 0

9

mai

o 0

9

julh

o 0

9

sete

mb

ro 0

9

nov

emb

ro 0

9

jan

eiro

10

mar

ço 1

0

mai

o 1

0

julh

o 1

0

sete

mb

ro 1

0

nov

emb

ro 1

0

jan

eiro

11

mar

ço 1

1

mai

o 1

1

julh

o 1

1

sete

mb

ro 1

1

nov

emb

ro 1

1

jan

eiro

12

mar

ço 1

2

mai

o 1

2

julh

o 1

2

sete

mb

ro 1

2

nov

emb

ro 1

2

jan

eiro

13

mar

ço 1

3

mai

o 1

3

julh

o 1

3

sete

mb

ro 1

3

nov

emb

ro 1

3

jan

eiro

14

mar

ço 1

4

mai

o 1

4

julh

o 1

4

sete

mb

ro 1

4

nov

emb

ro 1

4

Plu

vio

sid

ade

Cas

os

Casos Média mensal de chuvas

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52

Para o período estudado, houve correlação estatisticamente significativa entre o

número de casos autóctones mensais e a precipitação pluviométrica mensal somente no ano de

2011 (Rsp = 0,683; p = 0,012) quando considerada a simultaneidade de ocorrência dos eventos.

Tabela 4. Correlação entre índice pluviométrico (mm) e casos autóctones confirmados de

leptospirose (n = 264), segundo ano. Campinas/SP, 2007 - 2014.

Ano RSp1 Valor p RSp

2 Valor p

2007 -0,359 0,252 0,307 0,331

2008 0,317 0,316 -0,029 0,928

2009 0,407 0,189 0,421 0,173

2010 0,296 0,349 0,804 0,002*

2011 0,683 0,012* 0,741 0,006*

2012 0,052 0,871 0,714 0,009*

2013 0,452 0,140 0,438 0,155

2014 -0,165 0,609 0,323 0,333 RSp - Coeficiente de correlação de Spearman (Rô de Spearman). 1 Correlação simultânea. 2 Correlação com intervalo mensal. * Correlação significativa

Considerando-se que o período médio de incubação da leptospirose é de 5 e 14

dias4, podendo ocorrer casos de 1 a 30 dias8, os casos não ocorrem concomitantemente com as

chuvas. Sendo a pluviosidade um fator predisponente para eventuais enchentes (fator de risco),

verificou-se a correlação entre a precipitação pluviométrica e os casos ocorridos imediatamente

no mês seguinte. Por meio dessa análise, foi possível verificar que houve uma forte correlação

estatisticamente significativa (p < 0,01) nos anos 2010, 2011 e 2012 (Tabela 4).

Considerando-se os meses de cada ano relativos ao período estudado, somente para

o mês novembro houve correlação estatisticamente significativa (Rsp=0,798; p = 0,018) entre

o número de casos e a pluviosidade (dados não apresentados em tabela).

5.5 Distribuição espacial

Segundo Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), as unidades de

saúde que notificaram os casos suspeitos foram 56 em ordem de importância; o Hospital das

Clínicas da Unicamp declarou 21,2%, seguido do Hospital Municipal Dr. Mario Gatti com

15,8%, Hospital e Maternidade Celso Pierro (6,8%) e 56,2% (n = 148) em outras Unidades de

Saúde, sendo que 17 casos foram notificados por Centros de Saúde do município. Dentre as

unidades de saúde notificadoras, 49 foram públicas e 6 privadas (Tabela 5).

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53

Tabela 5. Lista de Centros de Saúde notificadores de casos suspeitos de leptospirose.

Campinas/SP, 2007 a 2014.

UNIDADES DE SAÚDE CASOS %

Hospital das Clínicas Da Unicamp De Campinas 56 21,1 Hospital Municipal Dr Mario Gatti Campinas 49 18,3 Hospital e Maternidade Celso Pierro 18 6,8 Complexo Hospitalar Prefeito Edivaldo Orsi 15 5,5 Centro de Saúde Village 9 3,4

Pronto Atendimento Vila Padre Anchieta 9 3,4 Centro de Saúde Jardim Florence 7 2,7 Centro de Saúde Taquaral Padre Milton Santana 6 2,3 Pronto Atendimento São Jose 6 2,3 Centro de Saúde Pedro De Aquino Neto 5 1,9 Pronto Atendimento Dr Sergio Arouca Campo Grande 5 1,9 Centro de Saúde Jardim Esmeraldina 4 1,4 Outros 75 29 Total 264 100

5.5.1 GEORREFERENCIAMENTO DOS CASOS AUTÓCTONES CONFIRMADOS DE LEPTOSPIROSE

Na Tabela 6, estão listadas as áreas de cobertura por Centro de Saúde dos possíveis

LPI, a incidência, classe de carência a que pertencem e os casos que evoluíram para óbito.

As unidades de saúde que notificaram a maior incidência de casos foram: CS São Marcos, CS

Barão Geraldo e CS Anchieta.

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54

Tabela 6. Incidência de leptospirose por 100.000 habitantes nas áreas de cobertura por Centros

de Saúde de Campinas, segundo classes de carência socioambiental. Campinas/SP 2007 a 2014.

Centro De Saúde Incidência Carência Óbitos População

CS São Marcos 12,0 Maior 1 125.477

CS Barão Geraldo 10,4 Moderado 1 303.142

CS Anchieta 8,8 Moderado 3 173.930

CS Florence 8,8 Maior 1 210.390

CS Village 8,8 Moderado 0 36.761

CS Faria Lima 8,0 Menor 0 328.614

CS São Jose 6,4 Maior 1 263.825

CS Taquaral 6,4 Menor 0 353.144

CS São Cristóvão 5,6 Maior 3 153.302

CS Orosimbo Maia 5,6 Maior 2 166.850

CS Pedro De Aquino 5,6 Moderado 0 144.756

CS Sousas 5,6 Moderado 1 206.057

CS Boa Vista 4,8 Moderado 1 92.193

CS Santa Barbara 4,8 Moderado 0 165.285

CS Ipaussurama 4,8 Maior 0 101.334

CS Centro 4,8 Menor 1 555.689

CS Esmeraldina 4,8 Menor 0 101.334

CS São Domingos 4,0 Maior 0 118.649

CS Vista Alegre 4,0 Moderado 0 92.193

CS Conceição 4,0 Menor 2 187.211

CS Valença 4,0 Maior 0 192.034

CS Paranapanema 4,0 Menor 0 207.882

CS São Quirino 4,0 Moderado 2 166.940

CS Tancredo Neves 3,2 Menor 0 174.920

CS Perseu L. Barros 3,2 Moderado 0 90.618

CS Santa Lucia 3,2 Moderado 0 140.550

CS Joaquim Egídio 3,2 Maior 0 24.587

CS Capivari 3,2 Moderado 1 109.273

CS Floresta 3,2 Maior 0 85.733

CS Santa Monica 3,2 Maior 0 73.862

CS Aeroporto 2,4 Moderado 0 130.720

CS Dic I 2,4 Moderado 0 223.138

CS Ipê 2,4 Moderado 0 221.179

CS Aurélia 2,4 Menor 0 314.233

CS União Bairros 2,4 Maior 1 109.932

CS Campo Belo 2,4 Maior 0 100.125

CS Fernanda 2,4 Maior 1 89.044

CS Carvalho Moura 2,4 Maior 0 86.373

CS Vila Rica 2,4 Menor 0 121.313

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55

Continuação de tabela

CS Eulina 1,6 Menor 0 165.842

CS Costa E Silva 1,6 Menor 0 224.192

CS Carlos Gomes 1,6 Menor 0 26.380

CS Rossin 1,6 Maior 1 53.274

CS Santo Antônio 1,6 Maior 0 88.891

CS Itajaí 1,6 Menor 0 65.694

CS Figueira 1,6 Menor 1 155.116

CS Integração 1,6 Menor 1 198.173

CS Santa Rosa 1,6 Maior 0 32.042

CS 31 De Marco 0,8 Menor 1 57.102

CS Santa Odila 0,8 Menor 0 129.756

CS Boa Esperança 0,8 Menor 0 47.395

CS Itatinga 0,8 Maior 0 26.925

CS Satélite Iris I 0,8 Maior 0 40.958

CS Rosália 0,8 Moderado 0 43.905

CS São Vicente 0,8 Moderado 1 93.876

A figura 16 apresenta o mapa de Campinas com identificação das áreas de

abrangência por Centros de Saúde para uma melhor compreensão das informações

georreferenciadas neste estudo. Disponível em:

http://www.saude.campinas.sp.gov.br/unidades.htm

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56

Continuação de figura 16

Norte Sul Leste Sudoeste Noroeste

6 - Santa Mônica 2 - Vila Rica 1 - Conceição

8 - União dos

Bairros 5 - Perseu

14 - Boa Vista

3 - Orozimbo

Maia 4 - Costa e Silva 10 - Santa Lúcia 7 - Integração

25 - Eulina 9 - Esmeraldina 12 - São Quirino 13 - Aeroporto 19 - Valença

27 - Aurélia 11 - Figueira 21 - 31 de março

15 - Campos Elíseos

(Tancredão) 22 - Florence

30 - Barão Geraldo 16 - São José 29 - Taquaral 18 - Vista Alegre

34 - Pedro Aquino

(Balão)

31 - Anchieta 17 - São Vicente 32 - Sousas 20 - Capivari 35 - Ipaussurama

36 - São Marcos 26 - Faria Lima

33 - Joaquim

Egídio 23 - Dic I 42 - Floresta

44 - Sta. Bárbara 28 - Santa Odila 38 - Centro 24 - Dic III 48 - Itajaí

49 - Cássio Raposo

do Amaral 39 - Vila Ipê

51 - Carlos

Gomes 37 - São Cristóvão 50 - Rossin

53 - Village

40 -

Paranapanema

52 - Boa

Esperança 41 - Itatinga 59 - Santa Rosa

54 - Rosália

43 - São

Domingos

45 - V. União /

CAIC 60 - Satélite Iris

63 - San Martin

47 - Carvalho de

Moura 46 - Santo Antônio 61 - Lisa

55 - Campo Belo

62 - Campina

Grande

56 - Fernanda

57 - Nova

América

58 - Oziel

Figura 16. Centros de Saúde Campinas. Prefeitura Municipal de Campinas, 2017.

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Na figura 17, observa-se que os casos georreferenciados (57,2%; n = 151), estão

distribuídos em todas as áreas de carência socioambiental, sendo que, na área de maior carência,

registraram-se 35,8% dos casos e, nas de moderada e menor carência, 32,1%.

Figura 17. Distribuição espacial dos casos e óbitos por leptospirose, segundo classes de

carência socioambiental, por área de cobertura dos Centros de Saúde. Campinas/SP, 2007 a

2014.

O mapa da figura 18 apresenta uma combinação de dados para o

georreferenciamento, dos casos de leptospirose nos LPI (apenas 57,2% dos endereços) e dos

casos sem endereço geolocalizados de acordo com a área de cobertura de cada Centro de

Saúde, totalizando 258 casos (98% das fichas de notificação). Na figura 18, nas áreas de cor

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escura mais intensa, observou-se maior quantidade de casos/óbitos.

Figura 18. Distribuição espacial de casos por área de cobertura de Centro de Saúde

Campinas/SP, 2007 a 2014.

Na figura 19, por meio da utilização do estimador de densidade de Kernel, foi

possível evidenciar os raios de maior concentração de casos e óbitos nas áreas de cobertura por

Centro de Saúde, como nos casos de Barão Geraldo, Village, Cássio Raposo do Amaral, São

Marcos, correspondentes à Região Norte, e Faria Lima, na Região Sul. Já as concentrações

intermediárias foram em Joaquim Egídio e Carlos Gomes, correspondentes à zona Leste, Santa

Mônica e Santa Barbara, na zona Norte, e São Cristóvão, no Sudoeste.

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Figura 9. Distribuição das áreas de concentração dos casos, óbitos e áreas de cobertura por

Centro de Saúde. Campinas/SP 2007 a 2014.

Na figura 20, verificam-se as áreas de concentração e os rios próximos às áreas por

CS. O rio Ribeirão do Piçarrão abarca as regiões Noroeste e Sudoeste, passando pelas áreas de

Campina Grande, Floresta, Itajaí, Florence, Rossin, Santa Odila, Faria Lima Integração. O rio

Capivari compreende partes das regiões Sul e Leste, abrange as áreas Carvalho de Moura,

Itatinga, Dic III, Dic I, Vista Alegre e União dos Bairros. O rio Anhumas, próximo à região

Norte e parte da Leste, compreende os CS Village, Taquaral, São Quirino, Centro e Santa Odila;

O rio Quilombo, localizado na região norte, passa pelos CS Cássio Raposo do Amaral, São

Marcos, Barão Geraldo, Taquaral, São Quirino e Conceição.

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Figura 20. Densidade de casos por leptospirose, segundo bacias hidrográficas. Campinas/SP,

2007 a 2014.

Em levantamento dos pontos críticos de alagamento no município de Campinas a

partir das ocorrências reportadas pela Defesa Civil, mencionam-se as bacias de Anhumas,

Capivari, Piçarrão, Quilombo entre outros51.

Os CS com maior quantidade de óbitos foram, em ordem de importância: São

Cristóvão (3), Anchieta (3), Orosimbo Maia (2), São Quirino (2) e Conceição (2). Os CS

restantes só apresentaram 1 óbito. A distribuição dos óbitos está apresentada na figura 21.

Ressalta-se que, dos 28 óbitos ocorridos no período, apenas 16 (cerca de 57,1%) apresentaram

endereços completos na ficha de notificação, impossibilitando o georreferenciamento completo

para esses casos.

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Figura 101. Distribuição dos óbitos por leptospirose. Campinas/SP, 2007 a 2014.

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Foi possível verificar que 43,7% (n = 7) dos óbitos aconteceram em áreas com

carência moderada, 31,2% (n = 5) em áreas com carência menor e o restante em área

classificada como maior carência.

Tabela 7. Casos de leptospirose que foram a óbito, segundo local de internação, área de

abrangência na qual residiam e idade. Campinas/SP 2007 a 2014.

Local de internação Área de abrangência Idade

HP Irmãos Penteado CS São Cristóvão 68

HP Geral e Maternidade Madre Maria Theodora

Ltda CS 31 De Março

36

HP Municipal Dr Mario Gatti CS Orosimbo Maia 33

CEO Sudoeste CS São Cristóvão 24

HP das Clínicas da Unicamp CS Barão Geraldo 53

HP das Clínicas da Unicamp CS Boa Vista 55

HP Municipal Dr Mario Gatti CS Orosimbo Maia 14

HP Municipal Dr Mario Gatti CS São Jose 61

HP Municipal Dr Mario Gatti CS Ipê 41

HP das Clínicas da Unicamp CS São Quirino 77

HP das Clínicas da Unicamp CS Anchieta 50

HP das Clínicas da Unicamp CS Anchieta 38

HP de Maternidade Celso Pierro CS Rossin 48

HP Municipal Dr Mario Gatti CS Conceição 17

HP Das Clínicas da Unicamp CS São Marcos 37

HP Das Clínicas da Unicamp CS Anchieta 48

HP Municipal Dr Mario Gatti CS Fernanda 50

HP Das Clínicas da Unicamp CS São Quirino 55

HP Municipal Dr Mario Gatti CS Integração 48

Visa Sul CS Figueira 66

Complexo HPar Prefeito Edivaldo Orsi CS União Bairros 40

Complexo Hpar Prefeito Edivaldo Orsi CS São Cristóvão 75

Complexo Hpar Prefeito Edivaldo Orsi CS Capivari 62

Complexo Hpar Prefeito Edivaldo Orsi CS Sousas 49

Hp Municipal Dr Mario Gatti CS Conceição 39

Hp Municipal Dr Mario Gatti CS Florence 63

Hp Municipal Dr Mario Gatti CS São Vicente 53

Real Sociedade Portuguesa de Beneficência CS Centro 30

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5.6 Principais variáveis sem informação

No que se refere ao período 2007 a 2014, considerado no presente estudo,

observaram-se falhas no preenchimento das fichas de notificação. A escolaridade do indivíduo

apresentou-se sem informação em mais de 50% das fichas; o endereço do LPI foi a segunda

variável com a maior porcentagem de ignorados/vazios, seguida do tempo de hospitalização,

ambiente provável de infecção, raça/cor, local provável de infecção, evolução, hospitalização e

critério diagnóstico (Tabela 8). Ressalta-se que muitos endereços não foram localizados pela

falta do número (como acontece em barracos, loteamentos e chácaras), além de outras falhas

no preenchimento. É possível que alguns indivíduos não tenham fornecido a informação de

moradia corretamente.

Tabela 8. Percentual de registros, segundo variáveis selecionadas, que apresentaram

dados ignorados/vazio. Campinas/SP 2007 a 2014.

Variável Ignorados/Vazios

Nível de escolaridade 64,4

Endereço 57,8

Tempo de hospitalização 35,2

Ambiente provável de infecção 21,6

Raça/cor 19,6

Área provável de infecção 10,6

Evolução 5,7

Hospitalização 2,7

Critério diagnóstico 0,4

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6. DISCUSSÃO

O perfil sociodemográfico dos casos confirmados de leptospirose no período de

2007 a 2014 em Campinas revela similaridade com outros estudos5,19,21,52. A maioria dos casos

da doença ocorreu em indivíduos do sexo masculino e com idade entre 20 a 49 anos, uma faixa

etária considerada produtiva20. Essa situação pode ser explicada pelo fato de que os homens

têm maior participação em atividades que envolvem situações de risco52. Neste estudo não foi

possível analisar o risco ocupacional devido à escassa informação para o conjunto de indivíduos

considerados.

Alguns estudos apontam que a leptospirose está relacionada com um baixo nível de

escolaridade20,44. No presente estudo, a falta de preenchimento dessa variável (ignorado/vazio)

em mais de 50% dos casos confirmados impossibilitou comparações, o mesmo ocorrendo para

cor da pele/raça.

No que se refere às características clínicas consideradas, os sintomas mais

frequentes foram mialgia, febre e prostração. Na definição de caso, de acordo com o Ministério

da Saúde4, os sintomas mais característicos são febre, cefaleia e mialgia em ordem de

importância. Dor na panturrilha, sintoma típico da leptospirose4 esteve presente em

aproximadamente 53% dos casos. Descrição da leptospirose em pacientes hospitalizados no

hospital terciário de Rio Branco, realizada durante outubro de 2010 a fevereiro de 2011,

verificou febre em 92,3% dos casos, icterícia em 69,2%, prostração em 84,6% e cefaleia em

76,9%53. No estudo de Herrera et al.54, que considerou 72 fichas epidemiológicas do

Departamento de Atlântico na Colômbia, os sintomas mais comuns foram: febre (76,4% dos

casos), mialgia (72,2%), náuseas e vômitos (70,8%) e cefaleia (68,1%). Também foram

verificados outros sintomas mais graves como icterícia (63,9%) e hemorragias (16%).

Chama a atenção a elevada porcentagem de hospitalizados (55%) denotando a

gravidade dos casos, em contraste com os dados de Togerson e colaboradores (2015)1,

apontando que os casos de leptospirose só de 10 a 15% evoluem para a forma grave.

A leptospirose é caracterizada por múltiplas formas de apresentações clínicas que

variam de casos subclínicos febris inespecíficos à forma icterohemorrágica, quando afeta

órgãos como os rins fígado e pulmões, devido à liberação de citocinas pró-inflamatórias

responsáveis pela destruição tissular39; nesses casos, o paciente precisa ser hospitalizado para

estabelecer a função dos órgãos afetados. Entretanto, o risco de desenvolver a forma grave da

leptospirose também varia de acordo a idade e condições de saúde já existentes no momento

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em que ocorre a infeção21. Em Campinas, para o período estudado, observou-se que o tempo

transcorrido entre os primeiros sintomas e a data de hospitalização para 45,2% dos casos foi de

4 a 7 dias.

Cabe destacar que 76% dos casos foram internados e permaneceram até 10 dias

hospitalizados. Denota-se uma alta proporção de internações, sugerindo que a notificação da

doença tem sido concentrada em casos severos. Este fato é preocupante na medida em que

grande parte da ocorrência da doença tem sido subnotificada, possivelmente devido ao quadro

clínico semelhante a outras doenças frequentes no município, como dengue e outras infecções

existentes no momento em que ocorre a infeção31.

Em Campinas, para o período estudado, observou-se que o tempo transcorrido entre

os primeiros sintomas e a data de hospitalização para a maioria dos pacientes foi de 0 a 5 dias,

período curto que denota o caráter agudo dos casos e tempo para instalação de conduta

adequada para reduzir as complicações da doença.

Metade das notificações ocorreu com 15 dias ou mais a partir dos primeiros

sintomas, sugerindo um atraso no conhecimento do caso para a vigilância epidemiológica e,

consequentemente, para a adoção de medidas de intervenção55. O tempo entre os primeiros

sintomas e a data de notificação possibilita a tomada de decisões por parte da vigilância

epidemiológica no sentido de impedir o contagio da doença, possibilitando a prevenção de

outros casos ou a identificação de casos não diagnosticados na área de transmissão. Destaca-se

a importância da qualidade das informações da ficha de notificação para a análise da situação

epidemiológica56.

O tempo transcorrido entre os primeiros sintomas e a data de coleta da amostra foi,

para 50% dos casos, de até 6 dias do início dos sintomas. A confirmação laboratorial é uma

ferramenta importante para a ratificação do diagnóstico, mas o tratamento deve ser iniciado no

momento em que o paciente é classificado como suspeito provável. O tratamento com

antibiótico é indicado antes da confirmação sorológica de leptospirose6,57.

Neste estudo, o critério diagnóstico clínico laboratorial foi usado para 90% dos

casos e o restante foi confirmado pelo critério clínico-epidemiológico, o qual tem como base

os antecedentes de outras pessoas ou animais afetados e o meio ambiente onde vive o

indivíduo4.

O tempo transcorrido entre os primeiros sintomas e a data de óbito foi, na sua

maioria, de 6 a 11 dias. Esse dado pode sugerir situações em que a conduta clínica não foi

oportuna, uma vez que a leptospirose, em suas fases iniciais, apresenta similaridade dos

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sintomas com outras doenças, ocasionando diagnóstico e tratamento tardios com consequente

pior prognóstico dos pacientes4,58.

A letalidade observada para o período foi de 10,6%, apresentando-se mais elevada

nos anos de 2010 e 2011. Essa situação pode ser explicada pela diminuição do número de casos

confirmados nesse ano. Soares59, em um estudo espacial e sazonal de leptospirose realizado

com dados do município de São Paulo no período de 1998 a 2006, reportou uma letalidade de

14%. Um estudo sobre a leptospirose em Belém (Pará) com dados relativos aos anos de 2006 a

2011 verificou maior letalidade em 2007 (17%)60. No Brasil, durante o período de 1985 a 1997,

a letalidade foi 12,5%7.

Considerando-se o local provável de infecção, a maioria dos casos notificados se

infectou na área urbana e no domicílio, como verificado no Distrito Federal em 2011 e 201261.

Em contraponto com os fatores de risco mencionados na literatura que descreve situações

anteriores6,9,14,29 em que o contato com animais e atividades rurais relacionavam-se mais

frequentemente à infecção, atualmente, a literatura enfatiza que mudanças socioambientais,

como áreas superpovoadas com tratamento inadequado dos resíduos, somadas às mudanças

climáticas, são os principais fatores de risco para adquirir a doença29.

Quanto às situações de risco relativas aos 30 dias anteriores aos primeiros sintomas,

o local com sinal de roedores, o contato com lixo ou entulho, com terreno baldio e com lama

foram os mais relatados. Um estudo realizado em Pernambuco no período de 2001 a 2009 por

Vasconcelos et al.52 também destaca que, nas áreas urbanas, a infecção se dá principalmente

pelo contato da pele ou mucosas com lama contaminada em lugares com infraestrutura sanitária

precária, as quais propiciam o ambiente adequado para a reprodução e conservação de

roedores, principais reservatórios da leptospira, sendo um importante fator de risco para as

pessoas que exercem atividades de limpeza ou tem contato com esses lugares. Observa-se que

os meses de ocorrência de contato com esses fatores de risco apresentam um padrão similar -

nos primeiros e últimos meses do ano. Isso pode ser explicado pela ocorrência de chuvas e

alagamento de boieiros obrigando os roedores a procurar outros abrigos como terrenos baldios.

Considerando-se que o período médio de incubação da leptospirose é de 5 a 14

dias4, os casos não ocorrem concomitantemente com as chuvas. Sendo a pluviosidade um fator

predisponente para eventuais enchentes (fator de risco), realizou-se a correlação entre a

precipitação pluviométrica e os casos ocorridos imediatamente no mês seguinte. Por meio dessa

análise, foi possível verificar que houve uma forte correlação estatisticamente significativa

entre o número de casos e a pluviosidade nos anos de 2010, 2011 e 2012. Ressalta-se que o ano

de 2009 apresentou elevada incidência sem correlação significativa com a pluviosidade, o que

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pode ser explicado pelo conjunto de fatores socioambientais que vão além dos aspectos

climáticos envolvidos na cadeia causal da doença e que ainda não são totalmente

compreendidos11.

Embora a leptospirose venha sendo considerada uma doença ocupacional52, em

Campinas, as maiores incidências de leptospirose ocorreram no ambiente domiciliar. Uma

hipótese para este fato é que, no município, há grande número de catadores de materiais

recicláveis que armazenam esses materiais em suas casas.

Mesmo considerando que nem todos os endereços estavam disponíveis, a análise

espacial contribuiu para melhor compreensão da distribuição dos casos de leptospirose no

município. Os mapas temáticos mostraram que a leptospirose apresentou uma maior

concentração em áreas com condições precárias de infraestrutura urbana, saneamento básico e

abastecimento de água, classificadas como áreas com maior carência socioambiental50.

Na avaliação ambiental e do gradiente social das infecções por leptospira em uma

comunidade de Salvador (Bahia)29, os critérios usados para a composição dos indicadores

demográficos e socioeconômicos foram alfabetização, trabalho informal, número de ratos

avistados no domicílio, local de trabalho e a criação de animais como cães, gatos e galinhas.

Outros aspectos foram considerados nos estudos de Vasconcelos et al.52 e de Soares et al.59. De

modo geral, todos apontam a relação entre a leptospirose e baixos níveis socioeconômicos,

áreas de pobreza e degradação ambiental.

Considerando a distribuição dos casos segundo áreas de carência socioambiental, a

maioria ocorreu em uma área mais carente, seguida de área identificada como de carência

moderada e, por fim, de menor carência em Campinas. A distribuição espacial da leptospirose

traçada pelo estimador de densidade de Kernel possibilitou evidenciar as áreas com maior

concentração de casos (hot spots), em que os casos compartilham condições socioambientais.

Destacam-se as maiores concentrações na região Centro-Sudoeste, e menores na região Leste.

O georreferenciamento dos casos auxilia na compreensão de eventos de saúde na

dimensão espacial e vem sendo usado em estudos sobre diversas doenças62,63. A comparação

dos mapas com o estimador de densidade Kernel e com o indicador ICSA possibilitou a

identificação de áreas onde os casos compartilham condições socioeconômicas e ambientais. A

visualização destas áreas permite a implementação de estratégias para melhorar aspectos, como

destino adequado ao lixo, drenagem de águas para a prevenção de enchentes nos períodos

chuvosos e programa para o controle de roedores, tanto na época de chuvas como na seca.

A principal limitação do presente estudo se refere à falta de informação sobre

algumas variáveis, como escolaridade e os endereços dos locais prováveis de infecção de uma

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população vulnerável que mais precisa das medidas preventivas, impossibilitando algumas

análises e comparações com outras localidades. Ainda, na análise de correlação, assim como

para o georreferenciamento dos casos e óbitos, segundo classes de carência socioambiental,

deve-se considerar que podem se relacionar ao desfecho outras variáveis que não foram

consideradas nas análises realizadas por se tratar de um estudo ecológico de caráter

exploratório, com uso de dados secundários.

No entanto, cabe destacar que a falta de preenchimento de alguns campos das fichas

de notificação compromete a qualidade das informações e, consequentemente, limita as ações

desencadeadas pela Vigilância Epidemiológica do município quanto à prevenção e controle da

doença. A falta de preparação e conhecimentos técnicos relacionados ao funcionamento do

serviço de vigilância epidemiológica assim como a falta de compromisso e responsabilidade da

equipe são fatores que contribuem ou determinam as falhas no processo de notificação das

doenças de notificação compulsória64. Para o período estudado, o Hospital das Clínicas da

Unicamp foi a unidade de saúde que mais notificou casos da doença; no entanto, o primeiro

serviço de saúde que o paciente recebeu atendimento deveria ser a unidade notificadora. Para

Laguardia et al.56, “apesar da inovação tecnológica, da padronização de rotinas e dos

incentivos financeiros, um sistema de informação em saúde não se sustenta sem políticas de

gestão da informação e sem a capacitação dos seus profissionais”. Neste sentido, a capacitação

e conscientização dos profissionais responsáveis pelo preenchimento das fichas de notificação

são de vital importância para melhorar a base de dados, as condições sanitárias e,

consequentemente, as estatísticas em saúde acerca da leptospirose nos municípios.

Os dados analisados permitiram a caracterização do perfil dos casos confirmados

de leptospirose em Campinas relativos ao período de 2007 a 2014 para um conjunto de

variáveis, bem como o reconhecimento das áreas com maior incidência de casos e óbitos. Os

resultados podem contribuir para a adoção de estratégias particulares de intervenção e

priorização de recursos para a redução do risco de infecção e tratamento precoce de indivíduos

acometidos pela doença.

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7. CONCLUSÕES

Os casos notificados de leptospirose em Campinas/SP no período 2007 a 2014

ocorreram principalmente em homens e na faixa etária de 20 a 49 anos, em residentes

em área urbana e cujo local provável de infecção foi o ambiente domiciliar.

Entre os principais fatores de risco, destacam-se, em ordem de importância, o local com

sinal de roedores e o contato com lixo ou entulho, com terreno baldio e com lama.

O ano de 2010 apresentou maior letalidade, no entanto, observou-se menor número de

casos.

A falta de preenchimento de alguns campos das fichas de notificação comprometeu o

seu uso para obtenção de informações sociodemográficas e localização nos mapas.

Para alguns dos anos considerados, a maior incidência de casos de leptospirose não

coincidiu com o aumento da pluviosidade, denotando a importância dos fatores

socioambientais na incidência dos casos.

Na distribuição dos casos segundo áreas de carência socioambiental, a maioria ocorreu

em uma área mais carente, seguida de área identificada como de carência moderada e,

por fim, de menor carência. Destacam-se as maiores concentrações na região Centro-

Sudoeste e menores na região Leste de Campinas.

Em relação aos óbitos a maioria aconteceu em áreas de carência moderada apontando

que esse evento está mais relacionado com a atenção médica (diagnóstico/tratamento)

do que com o LPI.

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8. RECOMENDAÇÕES

A capacitação permanente e conscientização da importância do preenchimento correto

das fichas de notificação por parte do pessoal responsável é importante para garantir

uma atuação rápida da vigilância em saúde e estatísticas confiáveis.

Na ficha de notificação, a descrição do endereço do local provável de infecção quando

este não é o domicílio, agregaria informações mais específicas para apoiar a atuação da

vigilância a partir dos casos de leptospirose.

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Anexo 1 Ficha de notificação de leptospirose

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Anexo 2: Autoriozação Prefeirtura Municipal de Campinas

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Anexo 3: Autorização Comitê de Ética em Pesquisa da UNICAMP

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Título da Pesquisa:Caracterização da leptospirose no município de Campinas, São Paulo: 2007

a 2014.

Pesquisador: Jackeline Monsalve Lara

Área Temática: Versão: 1

CAAE: 53022616.3.0000.5404

Instituição Proponente: Faculdade de Ciências Medicas - UNICAMP

Patrocinador Principal: Financiamento Próprio

DADOS DO PARECER

Número do Parecer: 1.430.519

Apresentação do Projeto:

A leptospirose é uma doença infecciosa, tem distribuição universal, é mais frequente em regiões

tropicais de clima temperado, devido às condições ambientais de calor e umidade. Torna-se

epidêmica em períodos chuvosos, principalmente nas capitais e áreas metropolitanas, devido às

enchentes associadas à aglomeração populacional de baixa renda, condições inadequadas de

saneamento e alta infestação de roedores infectados. É uma zoonose de grande importância

social e econômica por apresentar elevada incidência, alto custo hospitalar e perdas de dias de

trabalho, como também por sua letalidade. No Brasil, nos últimos 10 anos, vem-se confirmando

uma média anual de mais de 3.600 casos, justificando-se a necessidade de entender a relação

ainda não determinada entre a incidência de leptospirose, fatores de risco e indicadores

socioeconômicos. Trata- se de um estudo que tem como objetivo descrever o perfil

epidemiológico e a distribuição espacial de casos de leptospirose, ocorridos em Campinas/SP

no período de 2007 a 2014 caracterizando os componentes sociais e ecológicos da sua

transmissão. Para este fim serão utilizadas informações sobre os casos notificados de

leptospirose nos respectivos locais prováveis de infeção (LPI) obtidas na base de dados do

Sistema de informação de Agravos de Notificação, SINAN/DATASUS e de fichas de

investigação epidemiológicas disponibilizados pela Secretaria Municipal de Saúde de

Campinas. Objetivo da Pesquisa:

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Hipótese:

Sem hipótese formulada, trata-se de estudo observacional descritivo a partir de dados

secundários.

Objetivo Primário:

Analisar a distribuição espacial e sazonal da leptospirose, identificando possíveis componentes

ecológicos e sociais para a sua transmissão no município de Campinas/SP de 2007 a 2014.

Avaliação dos Riscos e Benefícios:

Desconfortos e riscos:

O projeto não oferece nenhum risco

Benefícios:

Ao entender a distribuição espacial e sazonal da leptospirose, identificando possíveis

componentes ecológicos e sociais para a sua transmissão no município de Campinas será

possível a implementação de políticas de saúde que diminuam a incidência da Leptospirose em

locais que apresentem fatores de risco

Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:

Este protocolo se refere ao Projeto de Pesquisa de Mestrado em Saúde Coletiva, Política e

Gestão em Saúde, intitulado Caracterização da leptospirose no município de Campinas, São

Paulo: 2007 a 2014. A pesquisa se enquadra nas Áreas de Conhecimento Grande Área 4.

Ciências da Saúde, com Propósito Principal do Estudo (OMS) em Saúde Coletiva/Saúde

Pública. A Instituição Proponente é a Faculdade de Ciências Medicas – UNICAMP. Segundo

as Informações Básicas do Projeto, a pesquisa tem financiamento próprio, com orçamento

estimado em R$ 120,00 (cento e vinte reais). O cronograma apresentado descreve inicio da

digitação dos dados coletado entre 25 a 29/04/2016. A avaliação da consistência dos dados está

prevista entre 02/05 a 15/06/2016. A coleta de dados se realizará através do Sistema de

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informação de Agravos de Notificação, SINAN/DATASUS e de fichas de investigação

epidemiológicas disponibilizados pela Secretaria Municipal de Saúde de Campinas do 2007 a

2014, além de dados do Censo demográfico de 2010 relativos ao município. Este projeto de

pesquisa visa analisar a distribuição espacial e sazonal da leptospirose, identificando possíveis

componentes ecológicos e sociais para a sua transmissão no município de Campinas/SP de 2007

a 2014.

Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:

1) A folha de rosto confere com o título do projeto de pesquisa e apresenta a assinatura do

pesquisador responsável e do responsável pela instituição conforme a resolução 466/12 do

CNS/MS.

2) As informações básicas do projeto foram apresentadas.

3) O TCLE não foi apresentado, sendo solicitado a sua dispensa

4) Termo de autorização foi apresentado

Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações: Aprovado.

Considerações Finais a critério do CEP:

- O sujeito de pesquisa deve receber uma via do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido, na íntegra, por ele assinado (quando aplicável).

- O sujeito da pesquisa tem a liberdade de recusar-se a participar ou de retirar seu

consentimento em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem prejuízo ao seu

cuidado (quando aplicável).

- O pesquisador deve desenvolver a pesquisa conforme delineada no protocolo aprovado.

Se o pesquisador considerar a descontinuação do estudo, esta deve ser justificada e somente ser

realizada após análise das razões da descontinuidade pelo CEP que o aprovou. O pesquisador

deve aguardar o parecer do CEP quanto à descontinuação, exceto quando perceber risco ou

dano não previsto ao sujeito participante ou quando constatar a superioridade de uma estratégia

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diagnóstica ou terapêutica oferecida a um dos grupos da pesquisa, isto é, somente em caso de

necessidade de ação imediata com intuito de proteger os participantes. - O CEP deve ser

informado de todos os efeitos adversos ou fatos relevantes que alterem o curso normal do

estudo. É papel do pesquisador assegurar medidas imediatas adequadas frente a evento adverso

grave ocorrido (mesmo que tenha sido em outro centro) e enviar notificação ao CEP e à Agência

Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA – junto com seu posicionamento.

- Eventuais modificações ou emendas ao protocolo devem ser apresentadas ao CEP de

forma clara e sucinta, identificando a parte do protocolo a ser modificada e suas justificativas.

Em caso de projetos do Grupo I ou II apresentados anteriormente à ANVISA, o pesquisador ou

patrocinador deve enviá-las também à mesma, junto com o parecer aprovatório do CEP, para

serem juntadas ao protocolo inicial.

- Relatórios parciais e final devem ser apresentados ao CEP, inicialmente seis meses após

a data deste parecer de aprovação e ao término do estudo.

-Lembramos que segundo a Resolução 466/2012 , item XI.2 letra e, “cabe ao pesquisador

apresentar dados solicitados pelo CEP ou pela CONEP a qualquer momento”.

Este parecer foi elaborado baseado nos documentos abaixo relacionados:

Tipo Documento Arquivo Postagem Autor Situação

Informações Básicas

PB_INFORMAÇÕES_BÁSICAS_DO_P 03/02/2016 Aceito

do Projeto ROJETO_656820.pdf 20:29:20

Projeto Detalhado /

Caracteriza_leptospirosecampinas.pdf 03/02/2016

Jackeline Monsalve Aceito

Brochura 20:27:28 Lara

Investigador

TCLE / Termos de DispensaTCLE.pdf 03/02/2016 Jackeline Monsalve Aceito

Assentimento / 20:26:33 Lara

Justificativa de

Ausência

Outros autoriza_preifeitura.pdf 03/02/2016 Jackeline Monsalve Aceito

20:01:19 Lara

Folha de Rosto folha_rosto.pdf 02/02/2016 Jackeline Monsalve Aceito

15:21:52 Lara

Situação do Parecer: Aprovado

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Necessita Apreciação da CONEP: Não

CAMPINAS, 01 de Março de 2016

___________________________________

Assinado por:

Renata Maria dos Santos Celeghini (Coordenador)

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Anexo 4: Informe técnico de leptospirose (algoritmos)

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Anexo 5: Fluxograma de investigação de síndrome febril agudo