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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE QUÍMICA
YURI DEZOTTI
SISTEMAS MAGNÉTICOS MOLECULARES MULTIFUNCIONAIS:
PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE SISTEMAS CONTENDO
ÍONS METÁLICOS DE TRANSIÇÃO E LANTANÍDEOS E LIGANTES
CONTENDO GRUPOS CARBOXILATO, PIRIDINA E OXIMAS
FENÓLICAS.
Campinas
2017
YURI DEZOTTI
SISTEMAS MAGNÉTICOS MOLECULARES MULTIFUNCIONAIS: PREPARAÇÃO
E CARACTERIZAÇÃO DE SISTEMAS CONTENDO ÍONS METÁLICOS DE
TRANSIÇÃO E LANTANÍDEOS E LIGANTES CONTENDO GRUPOS
CARBOXILATO, PIRIDINA E OXIMAS FENÓLICAS.
Orientador: Prof. Dr. Wdeson Pereira Barros
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA
PELO ALUNO YURI DEZOTTI, E ORIENTADO PELO PROF. DR. WDESON PEREIRA
BARROS.
CAMPINAS
2017
Dissertação de Mestrado apresentada
ao Instituto de Química da
Universidade Estadual de Campinas
como parte dos requisitos exigidos
para a obtenção do título de Mestre em
Química na área de Química Inorgânica
Ficha Catalográfica
Agradecimentos
Finalmente está sendo encerrado mais um capítulo da história da minha vida.
Foi uma fase muito boa, proveitosa, um pouco difícil, mas todos os esforços valeram
por ter conseguido chegar e realizar mais um sonho, finalmente ser, Mestre em
Química. Agradeço a Deus por ter me dado à oportunidade de ter concluído o curso
do Mestrado em Química, por me dar forças nos momentos difíceis e sempre alegria
e sucesso. Agradeço a meus pais, Senhor Cilso Dezotti e Senhora Maria Lucia Dezotti
pelo apoio, dedicação e por acreditarem no meu potencial, pelo carinho. A minha
família e meus antepassados, pela força, pela pelo apoio e também por acreditarem
em mim, especialmente minhas avós, Dona Geralda Porfiria dos Santos e Dona
Sebastiana Ramos.
Aos meus grandes amigos, Victor Antunes, Thiago Kastein, Caio Inacio,
Leonardo Teixeira, Thais Cunha, Laís Brito, Daniel Nakajima, Felipe Inoue Dick, Pedro
Gomes Ruggiero, Raphael Marcilli, Pedro Gryzb, Mariana Sobreiro, Anderson
Custódio pela grande amizade bons momentos, força nos momentos difíceis, risadas,
alegrias, amizades que levarei para toda vida.
Minha duas amigas queridas, Fernanda Pagliardi Bertolino e Larissa Richter
sou sempre grato a vocês pela grande amizade, carinho, por todos bons momentos e
por estarem comigo no momentos ruins. Muito obrigado minhas queridas.
Agradeço meu orientador, Prof. Dr. Wdeson P. Barros que me aceitou como
seu primeiro aluno, acreditou no meu potencial, me ensinou muito, me mostrou como
ser um pesquisador com toda sua sabedoria e tranquilidade, como ver a verdadeira
essência da Química, e fiz com que eu gostasse mais ainda daquilo que eu faço.
Agradeço ao Prof. Dr. Fernando Sigoli por todo apoio e ajuda antes e durante
essa fase do mestrado, por ter me apresentado ao Prof. Wdeson.
A meus colegas do Instituto de Química, Renan, Filipe, Emille, Diogo, Naiara,
Lanousse, Guilherme, Mariana, muito obrigado.
Aos meus companheiros de trabalho do Laboratório A1, Hélio Tachinardi, Yuri
Zina Ferreira Andrade, Viviane Souza, Vitor Hugo, Weber Lara, Silze Pires, Ricardo
Cachiche, Ricardo Costa WWE, Sérgio Jannuzzi, Arthur Alcântara, Aline Freitas, Prof.
José Alencar Simone, Marcos Antônio Ribeiro, pela ótima convivência, ajuda no dia a
dia e grandes amizades, muito obrigado.
A todos funcionários do Instituto de Química, Sonia, Milene, Débora, Cláudia,
Raquel, Fabi, Moacir, Marcio, Nestor, Paulo, Izabel, Isabela, Janaína por tudo que me
ajudaram, muito obrigado.
A todos vocês, muito obrigado por fazerem parte desse capítulo da história
minha vida!
Epígrafe
“Faça da pedra de tropeço, um degrau para subida, transforme cada fato negativo,
numa experiência positiva”.
Bruce Lee
“A capacidade se manifesta quando a mente reconhece”.
Mensagem Seicho No Ie
“A nossa maior glória não reside no fato de nunca cairmos, mas sim em levantarmos
sempre depois de cada queda”.
Thomas Wayne (Batman Begins)
DEDICATÓRIA
Aos meus pais que acreditaram
Em mim, no meu potencial e
Que sem eles, não teria chegado
Até aqui
Resumo
O presente trabalho trata da síntese e caracterização de três classes de
sistemas. A primeira consiste em complexos contendo íon cobre(II) coordenado a
ligantes do tipo oxima, entre eles o ligante salicilaldoxima (saoH2) e derivados
preparados a partir da substituição do átomo de hidrogênio ligado ao carbono imínico
por grupos metila (Me-saoH2), etila (Et-saoH2) e fenila (Ph-saoH2). Cada ligante deu
origem aos complexos Cu(sao), Cu(Me-sao), Cu(Et-sao) e Cu(Ph-sao),
respectivamente. Para estes sistemas foi possível estabelecer uma correlação
magnetoestrutural de acordo com a variação dos substituintes do ligante oxima, que
apresentaram interações ferromagnéticas para Cu(sao); interações
antiferromagnéticas para Cu(Me-sao) e Cu(Ph-sao); e ausência de interações
magnéticas para Cu(Et-sao). A segunda classe consiste nos sistemas formados por
metais da primeira série de transição com o pré-ligante ácido 4-{2-(4-
piridinil)vinilbenzóico} (Hpvb). Nesse caso foram obtidos os complexos Cu-pvb, Co-
pvb, Ni-pvb e Mn-pvb, que apresentaram estruturas estendidas, formando polímeros
tridimensionais na forma de redes metalorgânicas. Foi observado que, dependendo
do íon metálico, foram formadas redes metalorgânicas com estruturas
supramoleculares distintas, com destaque para a rede contendo o íon cobre(II) que
apresentou cavidades maiores. Foi observado também que a presença de moléculas
de solvente na estrutura cristalina tem um papel importante, uma vez que com a perda
do solvente ocorre a mudança do aspecto do cristal, sendo visualizada na comparação
dos difratogramas de raios X por policristais dos compostos recém extraídos da
solução de síntese e os compostos secos. As redes metalorgânicas M-pvb
apresentam interações do tipo antiferromagnéticas. A última classe consiste em
complexos formados pelo pré-ligante ácido isonicotínico e íons de metais lantanídeos,
formando polímeros de cadeias lineares a partir dos complexos Nd-ina, Sm-ina, Gd-
ina e Dy-ina. Apesar da variação do íon lantanídeo, todos apresentaram estruturas
semelhantes. Foi observado também, que os complexos Sm-ina e Dy-ina e Nd-ina
apresentam atividade luminescente e baixos valores de tempo de vida devido às
grandes taxas de decaimento não radiativo. As medidas magnéticas mostraram que,
fatores como anisotropia fazem grande diferença nos valores de MT para cada íon
lantanídeo, apesar dos complexos apresentarem estruturas semelhantes.
Abstract
The present work deals with the synthesis and characterization of three classes
of systems. The first one consists of complexes containing copper(II) ion coordinated
to the oxime based ligand salicylaldoxime (saoH2), and its derivatives prepared by the
substitution of the hydrogen bonded to the carbon of the imine group by methyl (Me-
saoH2), ethyl (Et-saoH2) and phenyl (Ph-saoH2) groups. Each ligand gave rise to the
complexes Cu(H-sao), Cu(Me-sao), Cu(Et-sao) and Cu(Ph-sao) respectively. For
these systems, was possible to establish a magnetostructural correlation with the
variation of the substituents of the oximes. which presented ferromagnetic interactions
for Cu(sao); antiferromagnetic interactions for Cu(Me-sao) and Cu(Ph-sao); and
absence of magnetic interactions for Cu(Et-sao). The second class consists of
systems formed by first row transition metal ions with the pre-ligand 4-{2-(4-
pyridinyl)vinyl-benzoic} acid (Hpvb). In this case, the complexes Cu-pvb, Co-Pvb, Ni-
pvb and Mn-pvb were obtained, showing extended structures of tridimensional
polymers in the form of metalorganic frameworks (MOFs). It was noticed that,
depending on the metal ion, MOFs with distinct supramolecular structures were
obtained, with special attention for the copper(II) based MOF which presented large
pores. It was also noticed that the presence of solvent molecules in the crystal structure
has an important role since with the solvent lost a change on the crystal aspect occurs,
according to the powder X ray diffractograms from the compounds extracted from the
mother liquor just after the synthesis procedure and from the compounds after drying.
The MOFs show antiferromagnetic interactions .The latter class consists of complexes
formed by the pre-ligand isonicotinic acid and lanthanide metal ions, forming linear
chain polymers from the complexes Nd-in, Sm-ina, Gd-ina and Dy-ina. Despite the
variation of the lanthanide ion, all compounds presented similar structures. It was also
observed that the Sm-ina and Dy-ina and Nd-ina complexes present luminescent
activity and low life-time values due to the high non-radiative decay rates. The
magnetic measurements show that, factors such as anisotropy, make a great
difference in MT values for each lanthanide ion, despite the similar structures of the
complexes.
Lista de Abreviações
EMC – Efeito Magnetocalórico
MOF – Redes metalorgânicas, do inglês metalorganic frameworks
emu – Unidades eletromagnéticas, do inglês eletromagnetic units
Tc – Temperatura de Curie
TN – Temperatura de Néel
Hpvb – Ácido 4-{2-(4-piridinil)vinilbenzóico}
R-sao – Salicialdoxima ligada a um grupo R
ATR – Refletância total atenuada, do inglês attenued total reflectance
DMSO-d6 – Dimetilsulfóxido deuterado
RMN – Ressonância Magnética Nuclear
CHN – Análise elementar de carbono, hidrogênio e nitrogênio
PVC – Poli(cloreto de vinila)
MT – Produto da Suscetibilidade magnética molar pela temperatura
DMF – N-N’ dimetilformamida
UV-Vis – Ultravioleta – visível
TGA – Análise termogravimétrica
FC – Field Cooled
Hina – Ácido isonicotinico
DFT – Teoria do Funcional da Densidade
Lista de Figuras
Figura 1 - Dispositivo foto-eletrônico ......................................................................... 18 Figura 2 - Complexo polimérico desenvolvido a partir de Gd(III) e acetato ............... 19 Figura 3 - Complexo formado entre ferro(III) e Ph-sao. Figura adaptada.18 .............. 20 Figura 4 - Estrutura molecular da R-salicialdoxima ................................................... 21 Figura 5 - Tipos de arranjos estruturais de MOFs. Figura adaptada.24 ..................... 22 Figura 6 - Estrutura molecular do Ácido 4-{2-(4-piridinil)vinilbenzóico} ..................... 22 Figura 7 - Esquema reacional para estudo de série de complexos de íons
lantanídeos com modificações do ligante. Figura adaptada.21 .................................. 23 Figura 9 – Corpo diamagnético e paramagnético, respectivamente, em um campo
magnético. Figura adaptada.27 .................................................................................. 25 Figura 10 – Gráfico da Idealidade da Lei de Curie .................................................... 26 Figura 11 – Tipos de Interações Magnéticas............................................................. 28 Figura 12 – Comportamentos em sistemas estendidos ............................................ 30 Figura 13 – Curva de magnetização de saturação .................................................... 31 Figura 14 – Estrutura Eletrônica do Dy(III), com a perturbação da repulsão elétron-
elétron, acoplamento spin-órbita e o campo cristalino.31 ........................................... 32 Figura 15 – Aproximações quadrupolares da distribuição eletrônica dos íons Ln(III).31
.................................................................................................................................. 33 Figura 16 – Interação das nuvens eletrônicas dos ligantes com as densidades
eletrônicas dos orbitais 4f.31 ...................................................................................... 34 Figura 17 – Esquema reacional da formação das salicialdoximas ............................ 38 Figura 18 – Esquema reacional da formação do Hpvb ............................................. 39 Figura 19 – Esquema geral de formação dos complexos [Cux(R-sao)2x]n, com valores
de x iguais a 1 ou 2 e valores de n iguais a 1 ou indefinido. ..................................... 39 Figura 20 – Espectros de infravermelho dos ligantes R-saoH2 ................................. 44 Figura 21 - Espectros RMN de 1H (a) e 13C (b), respectivamente, do Me-saoH2 ...... 46 Figura 22 – Espectro de RMN de 1H (a) e 13C (b) do Et-saoH2 ................................. 48 Figura 23 – Espectro de RMN de 1H (a) e 13C (b) do Ph-saoH2 ................................ 49 Figura 24 – Espectro de Absorção no uv-vis dos ligantes R-salicialdoxima .............. 51 Figura 25 – Espectros de Infravermelho dos complexos [Cu(R-sao)] ....................... 52 Figura 26 – Monocristais dos complexos Cu(Me-sao) (a) e Cu(Et-sao) (b) .............. 54 Figura 27 – Estrutura molecular do complexo [Cu(H-sao)2]n ..................................... 56 Figura 28 – Estrutura bidimensional formado pelas moléculas do sistema Cu(H-sao),
com destaque para a distância interplanar entre os íons Cu2+ .................................. 57 Figura 29 – Estrutura molecular do complexo [Cu2(Me-sao)4] .................................. 57 Figura 30 – Estrutura supramolecular do complexo [Cu2(Me-sao)4].......................... 58 Figura 31 – Estrutura do complexo [Cu(Et-sao)2] ...................................................... 58 Figura 32 – Arranjo supramolecular do complexo [Cu(Et-sao)2] ............................... 59 Figura 33 – Estrutura Molecular obtida do complexo [Cu(Ph-sao)2] .......................... 59 Figura 34 – Arranjo supramolecular do complexo [Cu(Ph-sao)2] .............................. 60 Figura 35 - Difratogramas experimentais (linha preta) e calculados (linha vermelha)
para os sistemas Cu(R-sao) ..................................................................................... 62 Figura 36 – Espectros de Absorção UV-Vis dos complexos Cu(R-sao) .................... 62
Figura 37 – Comparação dos espectros de absorção no UV-Vis dos ligantes R-saoH2
e seus respectivos complexos Cu(R-sao) ................................................................. 63 Figura 38 – Gráfico dos comportamentos magnéticos dos complexos. Para o sistema
Cu(Ph-sao) as medidas são apresentadas em função de duas unidades ................ 64 Figura 39 – Gráficos M x H dos complexos Cu(R-sao) ............................................. 68 Figura 40 – Curvas de Histerese magnética do complexo Cu(H-sao) ....................... 70 Figura 41 – Espectro de absorção no infravermelho do Hpvb .................................. 71 Figura 42 – Espectro de 1H (a) e 13C (b) do Hpvb ..................................................... 73 Figura 43 – Espectro de absorção no ultravioleta-visível do Hpvb ............................ 74 Figura 44 – Espectros de Infravermelho das redes M-pvb ....................................... 74 Figura 45 – Monocristais M-pvb obtidos .................................................................... 77 Figura 46 - Estrutura Molecular do complexo Cu-pvb .............................................. 78 Figura 47 - Rede tridimensional do Cu-pvb ............................................................... 78 Figura 48 - Estrutura Molecular do Co-pvb (a) e de uma unidade da rede
metalorgânica (b) ...................................................................................................... 79 Figura 49 - Estrutura Molecular do Ni-pvb (a) e de uma unidade da rede
metalorgânica (b) ...................................................................................................... 80 Figura 50 - Redes e perspectivas do complexos Co-pvb e Ni-pvb ............................ 81 Figura 51 - Estrutura Molecular do Mn-pvb e da rede metalorgânica ....................... 82 Figura 52 - Esquema estrutural do complexo Mn-pvb ............................................... 83 Figura 53 – Comparação dos difratogramas experimental e calculado dos complexos
M-pvb ........................................................................................................................ 83 Figura 53 – Espectro de absorção UV-Vis dos complexos M-pvb ............................. 84 Figura 55 – Gráficos de TGA do Cu-pvb ................................................................... 86 Figura 56 – Gráficos de TGA do Co-pvb ................................................................... 87 Figura 57 – Gráficos de TGA do Ni-pvb .................................................................... 88 Figura 58 – Gráfico de TGA do Mn-pvb .................................................................... 88 Figura 59 – Comparação entre os difratogramas dos complexos M-pvb secos e
recém obtidos ............................................................................................................ 90 Figura 60 – Imagens dos cristais em cada etapa do experimento ............................ 91 Figura 61 – Comparação entre cristais secos e do experimento, da atmosfera
saturada de DMF, do Cu-pvb (a) e Co-pvb (b) .......................................................... 92 Figura 62 – Comparação difratogramas entre cristais recém formados e secos com
congelados do Cu-pvb (a)(b) e Co-pvb (c)(d) ............................................................ 93
Figura 63 - Curvas magnéticas de MT versus T (a) e a curva de M versus H (b) do
complexo do Cu-pvb ................................................................................................. 94
Figura 63 – Curvas magnéticas de MT versus T e a curva de M versus H do
complexo do Co-pvb ................................................................................................. 95
Figura 65 – Curvas magnéticas de MT versus T e a curva de M versus H do
complexo do Ni-pvb ................................................................................................... 97
Figura 66 - Curvas magnéticas de MT versus T e a curva de M versus H do
complexo do Mn-pvb ................................................................................................. 98 Figura 67 – Espectros de Infravermelho dos complexos Ln-ina ................................ 99 Figura 67 – Monocristais obtidos do Nd-ina e Dy-ina .............................................. 102 Figura 69 – Estrutura molecular do complexo Dy-ina .............................................. 103
Figura 71 – Comparação do Espectro de Absorção do Nd-ina com ligante Hina (a) e
Excitação espectro de Absorção do Nd-ina (b) ....................................................... 105 Figura 72 – Comparação do Espectro de Absorção do Sm-ina com ligante Hina (a) e
Excitação espectro de Absorção do Sm-ina (b) ...................................................... 106 Figura 73 – Comparação do Espectro de Absorção do Dy-ina com ligante Hina (a) e
Excitação espectro de Absorção do Dy-ina (b) ....................................................... 107 Figura 74 – Espectro de absorção do ligante Hina e do complexo Gd-ina .............. 109 Figura 75 – Espectros de Luminescência e tempo de vida do complexo Sm-ina.... 110 Figura 76 – Espectros de Luminescência e tempo de vida do complexo Dy-ina..... 111 Figura 77 – Espectros de Luminescência e tempo de vida do complexo Nd-ina .... 112 Figura 78 – Esquema mostrando mecanismo as taxas de decaimento não radiativo
competindo com o decaimento radiativo (Adaptado de Souza E.; Sígoli F.A.; Química
Nova, 2012, 9, 1841-1847) ...................................................................................... 113
Figura 79 – Gráfico de MT x T (a) e M x H (b) do Sm-ina ...................................... 114
Figura 80 – Gráfico de MT x T (a) e M x H (b) do Nd-ina ....................................... 115
Figura 81 – Gráfico de MT x T (a) e M x H (b) do Dy-ina ....................................... 116
Figura 82 – Gráfico de MT x T e M x H do Gd-ina .................................................. 117 Figura 83 – Esquema das ligações do Cu(H-sao) ................................................... 126 Figura 84 - Esquema das ligações do Cu(Me-sao) ................................................. 127 Figura 85 - Esquema das ligações do Cu(Et-sao) ................................................... 128 Figura 86 - Esquema das ligações do Cu(Ph-sao) .................................................. 129 Figura 87 - Esquema das ligações do Cu-pvb......................................................... 130 Figura 88 - Esquema das ligações do Co-pvb......................................................... 132 Figura 89 - Esquema das ligações do Ni-pvb .......................................................... 133 Figura 90 - Esquema das ligações do Mn-pvb ........................................................ 134 Figura 91 - Esquema das ligações do Ln-ina .......................................................... 136
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Atribuições das bandas do espectro de IR dos ligantes R-salicialdoximas
.................................................................................................................................. 44 Tabela 2 – Erro associado aos valores experimentais da análise elementar das R-
salicialdoximas .......................................................................................................... 50 Tabela 3 – Atribuições dos estiramentos obtidos dos espectros IR dos complexos
Cu(R-sao) .................................................................................................................. 52 Tabela 4 – Valores associados ao erro experimental da analise elementar dos
complexos Cu(R-sao) ................................................................................................ 53 Tabela 5 - Valores dos parâmetros cristalográficos dos complexos [Cu(R-sao)2] ..... 54
Tabela 6 – Valores de (max) obtidos dos espectros dos complexos Cu(R-sao) ..... 63
Tabela 7 - Valores de n e n para sistema bidimensional .......................................... 66 Tabela 8– Parâmetros obtidos das curvas de interação magnética .......................... 67 Tabela 9 – Valores de erro associado a analise elementar do Hpvb ........................ 70 Tabela 10 – Atribuições dos principais estiramentos observados no composto Hpvb
.................................................................................................................................. 71 Tabela 11 – Atribuições dos principais estiramentos observados nos espectros de IR
dos complexos M-pvb ............................................................................................... 75 Tabela 12 - Valores dos parâmetros cristalográficos para os complexos M-pvb ...... 76
Tabela 13 - Valores das max das bandas dos espectros dos complexos M-pvb .... 85 Tabela 14 – Atribuições dos principais estiramentos observados nos espectros de IR
dos complexos Ln-ina ............................................................................................. 100 Tabela 15 - Valores dos parâmetros da cela unitária dos complexos Ln-ina ......... 100 Tabela 16 – Atribuição das bandas e transições eletrônicas do Nd-ina .................. 105 Tabela 17 - Atribuição de bandas e transições eletrônicas do Sm-ina .................... 106 Tabela 18 - Atribuição de bandas e transições eletrônicas do Dy-ina ..................... 108 Tabela 19 - Comparação entre valores de tempo de vida ....................................... 112 Tabela 20 – Valores das distâncias das principais ligações do Cu(H-sao) ............. 126 Tabela 21 – Valores de Ângulos de ligações do íon cobre(II) no Cu(H-sao) ........... 126 Tabela 22 – Valores das distâncias das principais ligações do Cu(Me-sao) ........... 127 Tabela 23 - Valores de Ângulos de ligações do íon cobre(II) no Cu(Me-sao) ......... 128 Tabela 24 - Valores das distâncias das principais ligações do Cu(Et-sao) ............. 128 Tabela 25 - Valores de Ângulos de ligações do íon cobre(II) no Cu(Et-sao) ........... 129 Tabela 26 - Valores das distâncias das principais ligações do Cu(Ph-sao) ............ 129 Tabela 27 - Valores de Ângulos de ligações do íon cobre(II) no Cu(Ph-sao) .......... 130 Tabela 28 - Valores das distâncias das principais ligações do Cu-pvb ................... 131 Tabela 29 - Valores de Ângulos de ligações do íon cobre(II) no Cu-pvb ................ 131 Tabela 30 - Valores das distâncias das principais ligações do Co-pvb ................... 132 Tabela 31 - Valores de Ângulos de ligações do íon cobalto(II) no Co-pvb .............. 132 Tabela 32 - Valores das distâncias das principais ligações do Ni-pvb .................... 133 Tabela 33 - Valores de Ângulos de ligações do íon níque(II) no Ni-pvb .................. 134 Tabela 34 - Valores das distâncias das principais ligações do Mn-pvb ................... 134 Tabela 35 - Valores de Ângulos de ligações do íon manganês(II) no Mn-pvb ........ 135 Tabela 36 – Valores de comprimentos estruturais de cada complexo Ln-ina ......... 136
Sumário 1 - Introdução ............................................................................................................ 17
1.1 - Magnetismo Molecular ................................................................................ 17
1.2 – Fundamentos do Magnetismo Molecular ..................................................... 24
1.2.1 – Definições ............................................................................................ 24
1.2.2 – Propriedades diamagnética e paramagnética ...................................... 24
1.2.3 – A Lei de Curie e a Lei de Curie-Weiss ................................................. 25
1.2.4 – Hamiltoniano de Heisenberg e interações magnéticas ........................ 27
1.2.5 – Comportamento em sistemas estendidos e magnetização de saturação
......................................................................................................................... 29
1.2.6 – Anisotropia Magnética e a Densidade Eletrônica dos íons Lantanídeos
......................................................................................................................... 31
2 – Objetivos, materiais e métodos ........................................................................... 35
2.1 – Objetivos ...................................................................................................... 35
2.2 – Objetivos Específicos .................................................................................. 35
2.3 – Materiais utilizados ...................................................................................... 35
2.4 – Métodos de Caracterização e estudo das Propriedades Físicas ................. 36
2.5 – Softwares Utilizados .................................................................................... 36
3 - Sínteses dos Ligantes e Complexos .................................................................... 38
3.1 - Síntese dos Ligantes .................................................................................... 38
3.1.1 - Sintese da oxima de 2’- hidroxiacetofenona – (Me-saoH2) ................... 38
3.1.2 - Síntese da oxima de 2’- hidroxipropiofenona (Et-saoH2) e 2’-
hidroxibenzofenona (Ph-saoH2) ....................................................................... 38
3.1.3 - do Ácido 4-{2-(4-piridinil)vinilbenzóico} (Hpvb) ..................................... 39
3.2 - Sínteses dos complexos contendo oximas fenólicas e Cu(II) {Cu(R-sao)} ... 39
3.2.1 - Síntese do complexo bis(salicialdoximato)cobre(II), [Cu(H-sao)2]n ....... 40
Cu(H-sao) ........................................................................................................ 40
3.2.2 - Síntese do complexo tetraquis(metil-salicialdoximato)dicobre(II)
[Cu2(Me-sao)4] Cu(Me-sao), bis(etil-salicialdoximato)cobre(II) [Cu(Et-sao)2]
Cu(Et-sao) e bis(fenil-salicialdoximato)cobre(II) [Cu(Ph-sao)2] Cu(Ph-sao). ... 40
3.3 - Sínteses dos complexos contendo piridilvinilbenzoato e íons de metais de
transição ............................................................................................................... 41
3.3.1 - Síntese da rede metalorgânica, [Cu(pvb)2]n (Cu-pvb) .......................... 41
3.3.2 - Síntese da rede metalorgânica [Co(pvb)2]n (Co-pvb) ........................... 41
3.3.3 - Síntese da rede metalorgânica [Ni(pvb)2]n (Ni-pvb) ............................. 42
3.3.4 - Síntese da rede metalorgânica [Mn3(pvb)6]n (Mn-pvb) ......................... 42
3.4 - Sínteses dos complexos contendo isonicotinato e íons lantanídeos ............ 42
3.4.1 - Síntese do Complexo Poli{Cloreto de [tetraaquo-
bis(isonicotinato)neodímio(III)] } (Nd-ina) ......................................................... 42
3.4.2 - Síntese dos Complexos Poli{Cloreto de [tetraaquo-
bis(isonicotinato)samário(III)] } (Sm-ina); Poli{Cloreto de [tetraaquo-
bis(isonicotinato)gadolínio(III)] } (Gd-ina) e Poli{Cloreto de [tetraaquo-
bis(isonicotinato)disprósio(III)] } (Dy-ina) ......................................................... 42
4 - Resultados e Discussão ....................................................................................... 44
4.1 - Caracterização dos ligante R-saoH2 ............................................................. 44
4.2 – Caracterização dos complexos [Cu(R-sao)2] ............................................... 51
4.3 - Estudo das propriedades magnéticas dos complexos [Cu(R-sao)2] ............. 64
4.4 – Caracterização do Ligante Hpvb ................................................................. 70
4.5 - Caracterização das redes metalorgânicas (M-pvb) ...................................... 74
4.6 - Estudo das propriedades magnéticas das redes metalorgânicas (M-pvb) ... 93
4.7 – Caracterização dos sistemas do tipo Ln-ina ................................................ 99
4.8 – Estudo das propriedades óticas e fotofísicas dos complexos Ln-ina ......... 104
4.9 - Estudo das propriedades magnéticas dos complexos Ln-ina ..................... 113
5 – Conclusões, perspectivas e referências bibliográficas ...................................... 118
5.1 – Conclusões ................................................................................................ 118
5.2 – Perspectivas .............................................................................................. 119
5.3 – Referências Bibliográficas .............................................................................. 120
6 – Anexos .............................................................................................................. 126
6.1 – Anexo 1: Tabelas de valores de ligação e ângulos de ligações dos complexos
Cu(M-sao) ............................................................................................................... 126
Anexo 6.2: Tabelas de valores de ligação e ângulos de ligações dos complexos M-
pvb .......................................................................................................................... 130
Anexo 6.3: Tabelas de valores de ligação e ângulos de ligações dos complexos Ln-
ina ........................................................................................................................... 136
17
Capítulo 1
1 - Introdução
1.1 - Magnetismo Molecular
O magnetismo molecular é a área da Química e da Física que estuda as
propriedades magnéticas em sistemas moleculares1. Essa classe de compostos tem
ganhado bastante atenção nos últimos anos devido à possibilidade de combinação
das propriedades magnéticas com outras características importantes para diversas
aplicações. No caso de sistemas moleculares, modificações da estrutura química
podem levar à modificação das propriedades físicas2, o que faz com que essa área
tenha ainda muitas possiblidades para o seu desenvolvimento.
A química supramolecular se mostra como uma importante ferramenta para
explorar as modificações na estrutura química de sistemas moleculares, pois é um
ramo da Química que estuda sistemas a partir da organização de ligações das
moléculas e das interações intermoleculares. Não se trata, portanto, de um estudo de
propriedades das moléculas individuais, mas sim das propriedades do arranjo
estrutural formado por essas moléculas2.
A partir desse novo horizonte, químicos têm procurado desenvolver novos
materiais nos quais, além das propriedades magnéticas, possam ser exploradas
outras propriedades como luminescência, condutividade, fotorreatividade, entre
outras. Com isso é possível a preparação dos chamados materiais multifuncionais.
Essas propriedades podem ter um papel importante no desenvolvimento de materiais
com interesse tecnológico. Com projeções no campo da tecnologia de informação,
tem sido de grande interesse o desenvolvimento de diversos tipos de materiais com
propriedades magnéticas3.
Para explorar as diversas possibilidades de modificações desses sistemas, é
possível utilizar tanto modificações nos ligantes como a variação dos centros
portadores de momento magnético. No caso de íons metálicos como centros
portadores de momento magnético, tanto os íons dos metais de transição quanto íons
lantanídeos são bastante utilizados. As propriedades magnéticas dos íons de metais
de transição do bloco d são originadas pelo arranjo da sua estrutura eletrônica, assim
como os íons lantanídeos em que as propriedades magnéticas são originadas da
18
configuração eletrônica dos orbitais 4f e de fenômenos quânticos como momento
angular orbital e acoplamento spin-órbita4,5. Além disso, as propriedades magnéticas
dependem também de como são os mecanismos de interação desses íons, podendo
variar de acordo com a topologia e arranjo molecular da estrutura supramolecular, em
que o acoplamento dos spins pode ser estendido ao longo de um agregado molecular
ou um sistema estendido6.
Em termos de aplicações no campo do magnetismo molecular, compostos tem
sido desenvolvidos para uso em spintrônica (transporte de spins eletrônicos),7
materiais que são ativados fotoquimicamente, dispositivos foto-magnéticos7,8 e
refrigeração magnética9. Esta possibilidade oferece oportunidades para o
desenvolvimento de dispositivos de nova geração, combinando a microeletrônica
convencional com efeitos spin-dependentes7.
No que se refere à aplicação na spintrônica, alguns sistemas têm sido
desenvolvidos para estudar como o transporte eletrônico em sistemas moleculares
pode ser modificado ao longo da molécula por meio de uma reação fotoquímica7.
Desse modo os sistemas podem ser controlados pela incidência de radiação, como
por exemplo na região do ultravioleta-visível. Muitas dessas propriedades têm sido
obtidas a baixas temperaturas, no entanto outros estudos tem sido feitos para
conseguir essa propriedade a temperatura ambiente8. O exemplo mostrado na Figura
1, ilustra o funcionamento de um dispositivo foto-eletrônico controlado:7,10,11,12
Figura 1 - Dispositivo foto-eletrônico
No composto organometálico apresentado na Figura 1, não há comunicação
eletrônica entre os íons metálicos no estado inicial, e para essa configuração foi
atribuído o estado do dispositivo como “desligado”. Ao promover a incidência de luz
na região do ultravioleta, ocorre uma reação de ciclo adição que leva a uma mudança
19
estrutural e, consequentemente, ao aparecimento de comunicação eletrônica entre os
íons metálicos. A esta configuração foi atribuído o estado do dispositivo como “ligado”.
A reação é reversível pela aplicação de irradiação por luz na região do visível,
retornando o sistema ao estado inicial. Com isso, o sistema pode ser utilizado na
preparação de dispositivos eletrônicos moleculares, atuando como um elemento que
apresenta estados condutores e não-condutores que podem ser acionados pela
incidência de luz7,10,11,12.
Na área da refrigeração magnética, têm sido desenvolvidos e estudados
compostos que apresentam o efeito magnetocalórico (EMC), ou seja, materiais
magnéticos que podem ser resfriados com a variação do campo magnético externo,
podendo alcançar baixas e ultra-baixas temperaturas (da ordem de mili-Kelvin). Um
exemplo destes sistemas, formado a partir de um complexo polimérico de gadolínio(III)
é mostrado na Figura 29,13:
Figura 2 - Complexo polimérico desenvolvido a partir de Gd(III) e acetato
O EMC acontece devido ao acoplamento do momento magnético com a
temperatura da rede cristalina através da mudança de entropia promovida por uma
mudança do campo magnético externo. Como a entropia magnética de um sistema
está diretamente relacionada ao comportamento coletivo dos spins, quando um
campo magnético é aplicado no sistema, os spins tendem a alinhar com o campo,
dando origem a um estado mais ordenado que reduz a entropia magnética do material.
Quando o campo é removido, o ordenamento diminui, o que faz com que a entropia
magnética aumente. Para balancear o aumento de entropia, energia deve ser retirada
da rede e o material tem sua temperatura diminuída. A rápida resposta que sistemas
como estes apresentam frente a uma variação pequena do campo magnético aplicado
faz com que o EMC seja grande, permitindo alcançar uma alta eficiência de
refrigeração. Diferentes sistemas apresentam o EMC em diferentes faixas de
temperatura, e como os complexos de lantanídeos, especialmente aqueles contendo
20
gadolínio(III) como o do exemplo mostrado na Figura 2 apresentam este efeito a
temperaturas muito baixas, há um crescente interesse na preparação de diversos
complexos contendo lantanídeos que possam apresentar essa propriedade9,13.
Além da utilização de complexos contendo íons lantanídeos para o estudo do
EMC, há um grande interesse da utilização destes na área de magnetismo molecular
e fotofísica devido à alta anisotropia dos orbitais 4f14. As transições eletrônicas dos
íons lantanídeos consistem no rearranjo de elétrons entre os orbitais 4f, assim os
lantanídeos também possuem um grande interesse na área de fotofísica molecular.
Como potenciais aplicações, estão o desenvolvimento de sistemas de iluminação,
LED, a capacidade de emitir luz em fibras óticas e fotodiodos e compostos para
sondas biológicas15.
Os complexos que utilizam o ligante R-salicialdoxima são aplicados em
diversas áreas de estudo. Por exemplo, como complexos de cobre(II), são utilizados
em atividades biológicas como ação inibidora da enzima topoisomerase II16, em que
o complexo induz a topoisomerase II a formar pequenos fragmentos do DNA, da célula
cancerígena, assim interrompendo sua atividade que poderia ser um dos mecanismos
possíveis para a atividade anticancerígena deste complexo16. Por conta disso, existem
também trabalhos que estudam as interações desse complexo com DNA17. Assim, foi
observado também a versatilidade do ligante R-salicialdoxima no desenvolvimento e
estudo de compostos modificando o grupo R e, consequentemente, modificando sua
estrutura molecular e suas propriedades18. A Figura 3 ilustra a formação de um
complexo binuclear de ferro(III) com a modificação do ligante, no caso R-sao18, sendo
R um anel aromático.
Figura 3 - Complexo formado entre ferro(III) e Ph-sao. Figura adaptada.18
21
Baseado na estratégia de desenvolver complexos com modificação do ligante
para entender melhor como a mudança estrutural pode influenciar nas propriedades
magnéticas, o ligante R-salicialdoxima, foi escolhido para este trabalho, cuja a
estrutura molecular é apresentada a seguir, na Figura 4, no qual podem ser feitas
modificações pela substituição do grupo R18,19, possibilitando uma forma de
modificação estrutural, além de ser versátil por apresentar três potenciais sítios de
coordenação:
Figura 4 - Estrutura molecular da R-salicialdoxima
Em que R é o substituinte que pode variar entre hidrogênio, metila, etila e fenila.
Na área de materiais, as redes metalorgânicas (do inglês metalorganic
frameworks, MOFs) têm chamado atenção para suas diversas aplicações como
adsorção de gases, entrega de drogas (devido à sua estrutura porosa complexa) e
propriedades ópticas e magnéticas (por ser um complexo polinuclear de íons de
metais de transição)20. Assim, a preparação de MOFs com topologias diversas são
bastante importantes, uma vez que existe uma forte correlação entre a estrutura
molecular e as propriedades físicas e químicas observadas. Com isso, uma
propriedade importante que vem sendo explorada são às propriedades
magneticas21,22,23. A partir disso, MOFs têm sido estudados devido à possibilidade de
sintetizar sistemas com diversos arranjos estruturais e contendo diferentes centros
portadores de momento magnético, nas quais íons metálicos podem ser conectados
via ligações químicas ou interações moleculares, formando blocos construtores que
interagem entre si, podendo intensificar o efeito cooperativo21, além da possibilidade
de modificar orientações e topologias, que podem interferir diretamente nas
propriedades magnéticas21. A Figura 5 mostra como diferentes arranjos estruturais
podem originar diferentes topologias24.
22
Figura 5 - Tipos de arranjos estruturais de MOFs. Figura adaptada.24
O segundo ligante escolhido, foi o Ácido 4-{2-(4-piridinil)vinilbenzóico}, que é
um anel piridínico ligado por meio de um grupo vinila a um anel benzênico com ácido
carboxílico25, como mostra a Figura 6. Sua escolha foi devido à sua versatilidade, além
de conter dois sítios de coordenação, em direções opostas, podendo ser utilizado
como um ligante ponte, permitindo a formação de sistemas bimetálicos e
possivelmente redes metalorgânicas. Também por apresentar potenciais aplicações
em estudo de fotoreatividade, por ser um derivado próximo de compostos fotorreativos
como o estilbeno26.
Figura 6 - Estrutura molecular do Ácido 4-{2-(4-piridinil)vinilbenzóico}
Outras estratégias também envolvem o desenvolvimento de sistemas que são
estudados com a modificação do ligante para avaliar como uma mudança estrutural
pode influenciar nas propriedades magnéticas. Assim é mostrado no trabalho de Lam
et al16, em que são sintetizados complexos contendo íons lantanídeos com ácido
benzóico e derivados, em que são feitas modificações nas estruturas dos ligantes para
23
averiguar suas propriedades. A Figura 7 mostra um esquema reacional com as
modificações dos ligantes, com a formação de estruturas diferentes21.
Figura 7 - Esquema reacional para estudo de série de complexos de íons lantanídeos com modificações do ligante. Figura adaptada.21
No trabalho de Xue, Hua e colaboradores28, foi obtido o complexo
polímerico de neodímio(III) e o ligante ácido isonicotínico, sendo apenas descrita a
estrutura cristalina e molecular. Assim, pensando no potencial estudo magnético e
luminescente, o ácido isonicotinico foi escolhido como ligante para este trabalho.
Trata-se de um derivado da piridina que contem grupo ácido carboxílico na posição 4
em relação ao N, como mostrado na Figura 8. Por ter dois sítios de coordenação em
lados opostos, a molécula orgânica pode ser um ligante ponte entre íons
metálicos29,30. Assim é possível criar compostos bimetálicos possibilitando explorar
propriedades magnéticas e luminescentes, como mostra o trabalho de Zhang, Ma e
colaboladores29, em que foi utilizado o ligante ácido isonicotínico com íons lantanídeos
e cobre(II).
N
OHO
Figura 8 - Estrutura molecular do Ácido isonicotínico
24
1.2 – Fundamentos do Magnetismo Molecular
1.2.1 – Definições
Todos os materiais quando expostos a um campo magnético externo
respondem de alguma forma a este campo. O tipo de resposta depende
principalmente do arranjo eletrônico, que dá origem ao momento magnético total que
é composto pela contribuição dos momentos magnéticos de spin e da contribuição
orbital. A relação entre o momento magnético total e a quantidade de matéria fornece
a Magnetização4.
Quando um material está exposto a um campo magnético homogêneo, a
densidade das linhas do campo magnético no interior do corpo são modificados. Este
fenômeno, chamado de indução magnética, B,1,21 pode ser definido pela equação1,
31,32 (1.1):
B = H + H (1.1)
Como o termo H está relacionado com a intensidade da magnetização, M, a
equação pode ser reescrita da seguinte forma31 (1.2):
B = H + M (1.2)
Na área de magnetismo molecular a magnetização é geralmente expressa em
Gauss (G), ou emu Oe mol-1 (magnetização por volume), onde emu = electromagnetic
units. Entretanto, outra forma comum de expressar a magnetização é por unidades de
N, em que N é a constante de Avogadro e a constante magneton de Bohr. A
unidade emu é atualmente definida como cm3. Para a conversão pode ser utilizada a
seguinte equação31 (1.3):
1N = 5585 cm3 Oe mol-1 (1.3)
1.2.2 – Propriedades diamagnética e paramagnética
Como colocado anteriormente, as propriedades magnéticas de um material são
definidas pela resposta a um campo magnético externo. Essa resposta ao campo
magnético aplicado é chamado de Suscetibilidade Magnética, , e é definida pela
equação (1.4)1:
=𝜕𝑀
𝜕𝐻 (1.4)
25
Em que M é a magnetização do material e H o campo magnético aplicado.
Quando ocorre a redução das linhas de força do campo magnético (Figura 9a)
no material quando um campo magnético é aplicado, este material é dito
diamagnético, proporcionando um valor negativo da suscetibilidade magnética. A
propriedade diamagnética surge da interação do campo magnética aplicado com os
elétrons emparelhados, ou seja, ocorre nos sistemas de camada fechada33.
Já no caso de materiais, que quando colocados a um campo magnético
aplicado, têm as linhas de força do campo magnético intensificadas (Figura 9b), são
chamados de paramagnéticos31. Essa propriedade se origina da interação do campo
magnético com elétrons desemparelhados, ou seja, ocorre nos sistemas de camada
aberta33. A Figura 9 mostra a interação de sistemas diamagnéticos e paramagnéticos
frente a um campo magnético aplicado31:
Figura 9 – Corpo diamagnético e paramagnético, respectivamente, em um campo magnético. Figura adaptada.27
Como os materiais que apresentam elétrons desemparelhados possuem parte
da camada fechada, além da contribuição paramagnética existe também uma
contribuição diamagnética devido a esse fator. Assim a suscetibilidade magnética total
é uma soma de dois termos, de contribuição diamagnética e paramagnética, como
descritos na equação (1.5)1:
= D + P (1.5)
Em que D é o termo de contribuição da suscetibilidade diamagnética e P é o termo
de contribuição da suscetibilidade paramagnética.
1.2.3 – A Lei de Curie e a Lei de Curie-Weiss
No início do século XIX, o cientista Pierre Curie averiguou como a temperatura
influenciava nas propriedade magnéticas, em sistemas paramagnéticos, e a partir de
26
suas observações, desenvolveu uma lei que relaciona a susceptibilidade magnética
() com a temperatura para sistemas paramagnéticos, a Lei de Curie, que é definida
pela equação1,31 (1.6):
kT
SSgN
3
)1(22
(1.6)
Em que N é o número de Avogadro, é a constante magnéton de Bohr, g o fator de
Landé (específico para cada espécie paramagnética), S o spin resultante da espécie
paramagnética e k a constante de Boltzmann. Como N, , k são constantes, S e g
depende dos elementos que interagem no material, foi nomeado C a constante de
Curie, que é definida pela equação (1.7)31:
k
SSgNC
3
)1(22
(1.7)
Logo a Lei de Curie pode ser definida como (equação 1.8):
𝐶
𝑇 (1.8)
Assim a Lei de Curie é uma Lei para sistemas ideais em que não considera
interações entre as espécies portadoras de momento magnético. Logo o produto T
em função da temperatura é igual a constante C, como mostrado na Figura 10.
Porém, dando sequência nos estudo de magnetismo com a temperatura, Pierre
Curie e Pierre-Ernest Weiss observaram que as interações magnéticas poderiam
ocorrer por meio das interações intermoleculares a baixa temperatura (próxima a zero
Kelvin)31. Deste modo foi feita uma correção na Lei de Curie, em que se considera as
T (K)
M
T (
cm3 K
mol-1
)
Figura 10 – Gráfico da Idealidade da Lei de Curie
27
interações magnéticas via interações intermoleculares, que seria um desvio da
idealidade. Essa lei é a Lei de Curie-Weiss1,31, descrita pela equação 1.9:
(1.9)
Em que é a constante de Curie-Weiss. Desse modo, foi estabelecido que para
valores de >0 o sistema apresentaria interações do tipo ferromagnéticas e para <0
o sistema apresentaria interações antiferromagnéticas.
1.2.4 – Hamiltoniano de Heisenberg e interações magnéticas
As propriedades magnéticas surgem das interações entre os centros que
possuem os momentos magnéticos, deste modo, o modelo mais simples para explicar
uma interação magnética seria entre dois centros magnéticos. Seja o spin resultante
entre os dois centros S1 = S2, tem-se que o Hamiltoniano de Heinsenberg-Dirac-Van
Vleck é dado por1,4:
HHein = -J.S1·S2 (1.10)
Sendo que:
(S1+S2)2 = ST2 = S1
2 + S22 + 2S1·S2 (1.11)
Assim, tem-se como autovalores4:
)]1()1()1([2
2211
SSSSSSJ
E TTS (1.12)
Em que Es é a energia de cada estado de spin.
Os valores possíveis para S1 = S2 = 1/2 são, ST = 0 (estado singleto) e ST = 1
(estado tripleto)4. Para ST = 0 temos:
JEJ
E SS4
3)]12/1(2/1)12/1(2/1)10(0[
2)0()0(
(1.13)
E para ST = 1 temos:
JEJ
E SS4
1)]12/1(2/1)12/1(2/1)11(1[
2)1()1(
(1.14)
Logo, a diferença entre os dois estados define a constante J:
𝜒 =𝐶
(𝑇−𝛩)
28
JEE ss 10 (1.15)
J é chamado de constante de acoplamento magnético, em que foi estabelecido
que para valores de J > 0, a interação é do tipo ferromagnética, ou seja, a interação
ocorre com ordenamento paralelo entre os dois spins (S1 e S2). Para J < 0 a interação
é do tipo antiferromagnética em que significa o ordenamento antiparalelo entre os
spins (Figura 11). Para J = 0, não há interações magnéticas, o sistema é regido pela
Lei de Curie.
Figura 11 – Tipos de Interações Magnéticas
Os gráficos da Figura 11 mostram que em um sistema com dois spins
interagentes (um dímero por exemplo), o produto de MT indica comportamento
paramagnético na faixa de temperatura em que são constantes com a variação da
temperatura. Na Figura 11a, a uma dada temperatura, a curva começa a ter uma
ascendência e atinge um plateau, indicando que os spins começam a se ordenar
paralelamente, o que resulta em um valor de J > 0 e M >>0, caracterizando uma
interação ferromagnética. A temperatura em que ocorre o alinhamento dos spins é
chamada Temperatura de Curie, Tc1,31. No gráfico da Figura 11b, a uma dada
temperatura, a curva decai até atingir um plateau, indicando que os spins se ordenam
antiparalelamente resultando em um valor de J < 0 e M = 0, o que caracteriza uma
interação antiferromagnética. A temperatura em que ocorre o alinhamento antiparalelo
é chamada de Temperatura de Néel, TN1,31.
Como à altas temperaturas a contribuição da energia térmica é grande, os spins
tendem a ficar isolados magneticamente, com pouca interação entre eles. Desse
modo, pode se estimar o valor de MT pelo somatório de todas espécies magnéticas
pela equação de Spin-only1:
29
8
)1(2 SSgTM (1.16)
Em que S é spin resultante do íon e g o fator de Landé, dado pela equação (1.17)1:
)1(2
)1()1(
2
3
JJ
LLSSg (1.17)
Em que L é o número quântico de momento angular orbital total e J o número quântico
referente ao acoplamento spin-orbita.
No caso em que o acoplamento spin-órbita é muito relevante, metais da terceira
série de transição, lantanídeos e actinídeos, o produto MT é calculado pela equação1:
kT
JJgNT J
M3
)1(22
(1.18)
1.2.5 – Comportamento em sistemas estendidos e magnetização de saturação
Os sistemas estendidos são aqueles com um número grande de íons
paramagnéticos interagentes, como no caso de polímeros de coordenação onde os
íons metálicos apresentam interação magnética entre eles. A interação magnética
ocorre ao longo de todo sistema e é intensificada pelo chamado efeito cooperativo.
Assim o gráfico da Figura 11 mostra as interações mais comuns no caso de sistemas
estendidos com variação da temperatura e valor de campo magnético fixo. No caso
da curva em azul, na Figura 11, quando ocorre uma ascendência com o abaixamento
da temperatura (Tc) ocorre o ordenamento paralelo dos spins, indicando a ocorrência
de interações ferromagnéticas e valor positivo da suscetibilidade. Assim o sistema
assume um comportamento, chamado de comportamento ferromagnético.
No segundo caso, da curva em vermelho, tem-se que a curva começa a decair
com o abaixamento da temperatura (TN) em que ocorre ordenamento anti-paralelo dos
spins resultantes e predomínio das interações antiferromagnéticas, o que leva a uma
tendência do anulamento da suscetibilidade. Esse comportamento é chamando de
comportamento antiferromagnético. Existe um terceiro caso, representado pela curva
verde, em que o que prevalece são interações antiferromagnéticas, porém por se
tratar de um sistema com spins de valores diferentes, dando origem a um spin
resultante, não ocorre anulamento da suscetibilidade. Esse comportamento é
chamado de ferrimagnético.
30
No caso de J = 0, o sistema é paramagnético e segue a Lei de Curie (reta em
cor preta na Figura 12).
Figura 12 – Comportamentos em sistemas estendidos
Para medidas em que ocorre a variação do campo magnético, com uma
temperatura fixa, à medida que aumenta a magnitude do campo, ocorre o
ordenamento dos centros magnéticos de acordo com a orientação do campo
magnético. Em um dado momento, todos os spins se ordenam com o campo
magnético, o valor da magnetização mantem-se constante, atingindo um plateau, de
acordo com o observado na Figura 13. 1,31 Esse valor de magnetização é chamado de
magnetização de saturação e pode ser calculado pela equação1,31,32:
gSNM s (1.19)
Em que S é o valor do spin resultante e g o fator de Landé.
Fatores como aumento da temperatura e a magnitude do campo magnético
afetam diretamente na medida da magnetização de saturação, sendo que
temperaturas maiores ou baixa magnitude do campo magnético dificultam o
alinhamento dos centros magnéticos.
31
Figura 13 – Curva de magnetização de saturação
No caso de metais da terceira série de transição, lantanídeos e actinídeos, a
equação para cálculo da magnetização de saturação é dado pela equação1:
gJNM s (1.20)
Em que J é o número quântico de acoplamento spin-órbita.
1.2.6 – Anisotropia Magnética e a Densidade Eletrônica dos íons Lantanídeos
Anisotropia é uma característica na qual uma propriedade física de um material
é dependente da orientação. No caso de medidas magnéticas em que a
suscetibilidade obtida é a mesma nos três eixos, tem-se uma suscetibilidade
isotrópica. Entretanto, em casos em que o material apresenta diferentes valores de
suscetibilidade nos diferentes eixos cartesianos, trata-se de uma suscetibilidade
anisotrópica.
A resposta para diferentes direções para um eixo magnético principal podem
depender da simetria, referente a rede cristalina e da simetria molecular, a
contribuição do campo cristalino proporcionado pelos ligantes31. Assim a simetria
determina a anisotropia magnética devido aos mecanismos de interações,
ocasionando a formação de um eixo preferencial de magnetização, assim originado a
anisotropia magnetocristalina33.
Outra forma de anisotropia magnética está relacionada aos tipos de
contribuições para o momento magnético. Uma vez que a contribuição referente ao
spin é simétrica, este contribui de forma isotrópica para as propriedades magnéticas.
Entretanto, quando a contribuição orbitalar é relevante, como o componente orbital
32
depende mais da simetria, este pode dar uma contribuição anisotrópica às
propriedades magnéticas.
Assim, devido à possibilidade de apresentar eixos magnéticos preferenciais, os
íons lantanídeos têm sido estudados para o desenvolvimento de sistemas magnéticos
unimoleculares, devido a complexa estrutura eletrônica. Devido a contribuição
orbitalar relevante e baixo efeito do campo cristalino, que faz com que o momento
angular orbital praticamente não sofra supressão, o número quântico de acoplamento
spin-órbita, J, é de grande importância desde que a energia do acoplamento spin-
órbita seja maior que o efeito do campo cristalino nos orbitais 4f.
Embora tenha um efeito pequeno, o campo cristalino pode atuar como uma
perturbação no acoplamento spin-órbita, sendo que esta interação, J, no Estado
Fundamental J com o campo cristalino cria uma barreira anisotrópica magnética que
separa as orientações opostas de spin do Estado Fundamental25. Como exemplo o
íon disprósio (III), em que sua configuração eletrônica é 4f9, sendo S = 5/2, L = 5,
portanto J = 15/2, dando origem ao termo 6H15/2. No Estado Fundamental, o íon livre
apresenta dezesseis estados degenerados, o que corresponde a (2J+1) estados (na
presença do campo magnético externo), os subniveís Stark, compostos por subníveis
magnéticos mJ que variam de ± 15/2, ±13/2, ±11/2, ±9/2, ±7/2, ±5/2, ±3/2 e ±1/2 (J, J-
1, J-2, ...,-J)34,35,36como mostra a Figura 1433.
Figura 14 – Estrutura Eletrônica do Dy(III), com a perturbação da repulsão elétron-
elétron, acoplamento spin-órbita e o campo cristalino.31
33
Assim a anisotropia dos íons lantanídeos pode depender da esfera de
coordenação do complexo. Dois fatores importantes para isso são o Estado
Fundamental, que deve ser degenerado e ter um número quântico, J, de alta
magnitude. O segundo é ter uma grande separação entre o estado bi-estável
Fundamental ±mJ e o primeiro estado excitado ±mJ34,37. Assim essa separação define
a energia necessária para a relaxação do spin, assumindo um tipo de mecanismo de
relaxação que depende da temperatura34.
Dada uma estrutura de referência axial, as formas básicas dos estados J mais
baixos podem ser descritos matematicamente pelo momento quadrupolar da nuvem
eletrônica formada no orbital 4f, sendo esferoide prolato (alongada axialmente),
esferoide oblato (expandida equatorialmente) ou esférico (isotrópico). Estas formas
de variações da nuvem eletrônica dependem fortemente do momento angular dos
orbitais 4f. Por exemplo, o orbital 4f x(x2-3y2) é fortemente oblato desde que
contenham os elétrons de valência nesse orbital31. Como as ocupações dos elétrons
nos orbitais são determinadas pela Regra de Hund, pode-se fazer aproximações da
distribuição da densidade eletrônica dos íons livres para cada íon31.
Existem dois tipos de estruturas otimizadas para ligantes dependendo da forma
básica da densidade eletrônica do íon Ln(III) livre, no caso os oblatos são Ce(III),
Pr(III), Nd(III), Tb(III), Dy(III) e Ho(III) e os prolato que são Pm(III), Sm(III), Er(III),
Tm(III) e Yb(III), mostrados na Figura 1534.
Figura 15 – Aproximações quadrupolares da distribuição eletrônica dos íons Ln(III).31
Para maximizar a anisotropia de um íon oblato, deve-se colocá-lo em um
campo cristalino para o qual a densidade eletrônica do ligante é concentrada acima e
abaixo do plano xy, pois terá orientações bi-estáveis de mJ paralelas e antiparalelas
ao eixo molecular (valor mJ grande), pois essas configurações minimizam os contatos
repulsivos entre as nuvens eletrônicas dos elétrons dos orbitais 4f com as do ligante34
34
(Fig. 16a). No caso do íon prolato, é de preferência uma geometria de coordenação
equatorial de modo a minimizar o contato da densidade eletrônica dos orbitais 4f,
localizada axialmente, com as do ligante34(Fig. 16b). A Figura 16 ilustra a interação de
alta e baixa energia entre a densidade eletrônica do orbital 4f com o campo cristalino,
com íon com densidade em formato oblato na Figura 16a e prolato na Figura 16b. As
setas verdes representam a orientação do momento angular orbital acoplado ao
momento angular de spin.
Figura 16 – Interação das nuvens eletrônicas dos ligantes com as densidades eletrônicas dos orbitais 4f.31
35
Capítulo 2
2 – Objetivos, materiais e métodos
2.1 – Objetivos
O objetivo do presente trabalho consiste na síntese, caracterização estrutural e
estudo das propriedades magnéticas e fotofísicas de sistemas contendo íons de
metais de transição e íons lantanídeos. Além disso, a partir da caracterização
estrutural, correlacionar como mudanças na estrutura molecular influenciam suas
propriedades magnéticas.
2.2 – Objetivos Específicos
Com base nas possibilidades apresentadas, este trabalho tem como objetivo
principal a preparação e caracterização estrutural e magnética de compostos de
coordenação a partir do uso de íons metálicos de transição e lantanídeos. Os sistemas
em questão são:
Sistemas contendo Cu(II) e ligantes do tipo oximas fenólicas, para os
quais pretende-se estudar o efeito de substituinte no ligante (modificação
do ligante e estrutural) na estrutura cristalina e consequentemente nas
propriedades magnéticas;
Sistemas contendo Cu(II) Co(II), Ni(II) e Mn(II) e o pré-ligante ácido
piridilvinilbenzóico (Hpvb), para os quais pretende-se estudar a
formação de redes metalorgânicas e suas propriedades magnéticas;
Sistemas contendo Nd(III), Sm(III), Gd(III), Dy(III) e o pré-ligante ácido
isonicotínico, para os quais pretende-se estudar a formação de cadeias
unidimensionais e suas propriedades magnéticas e fotofísicas.
2.3 – Materiais utilizados
Os reagentes ácido carboxílico-4-piridina (ácido isonicotínico), oxima de 2’-
hidroxialdeído (hidrogeno-salicialdoxima), 2’-hidroxiacetofenona, 2’-
hidroxipropiofenona, 2’-hidroxibenzofenona, 4-metilpiridina e Gd2O3 são de
procedência da Sigma-Aldrich. Os sais de metais de transição, CuCl2·2H2O,
NiCl2·2H2O, Co(NO3)2·6H2O e Mn(H3CCOO)2·4H2O são de procedência da Vetec. Os
óxidos de lantanídeos, Sm2O3, Nd2O3 e Dy2O3 são de procedência da Fluka A.G.
36
Buchs. Os ligantes oxima de 2’-hidroxiacetofenona, oxima de 2’-hidroxipropiofenona,
oxima de 2’-hidroxibenzofenona e ácido piridilvinilbenzóico foram preparados a partir
de procedimentos descritos na literatura19,25.
2.4 – Métodos de Caracterização e estudo das Propriedades Físicas
As propriedades magnéticas foram medidas em um Magnetômetro Quantum
Design, modelo MPMS-XL7 no Laboratório de Baixas Temperaturas (LBT), do IFGW-
UNICAMP e coordenado pelo Prof. Dr. Kleber R. Pirota. As medidas de
fotoluminescência molecular foram medidas no Espectrofluorímetro Modular Horiba
Scientific, modelo Fluorolog 3, do laboratório multidisciplinar de Espectroscopia Ótica
Avançada do IQ.
As medidas de espectroscopia de absorção na região do ultravioleta-visível
foram feitas em espectrômetros Agilent modelo Cary 5000 e Agilent modelo Cary 50
Probe. Outros experimentos de caracterização como espectroscopia de absorção na
região do infravermelho foram realizados em um espectrômetro Agilent Cary 630,
todos no IQ-Unicamp. Para caracterização dos ligantes sintetizados, as medidas de
espectroscopia de ressonância magnética nuclear de 1H e 13C foram realizadas no
Espectrômetro de Ressonância Magnética Nuclear Bruker, modelo AvanceI II 500
MHz e Bruker, modelo AvanceI II 400MHz. Os resultados de análise elementar de
todos compostos sintetizados foram obtidos no equipamento Perkin Elmer, modelo
CHN2400. As medidas de termogravimetria foram realizadas no equipamento TA
Instruments, modelo TGA 2050. As medidas de difração de raios X foram realizadas
nos aparelhos Bruker modelo Apex Duo e Shimadzu XDR 7000, no IQ-IUNICAMP
(para os compostos Cu(H-sao), Cu(Me-sao), Cu(Et-sao), Nd-ina, Sm-ina, Gd-ina) e no
equipamento de Difração de Raios-X do Laboratório Nacional de Luz Sincrotron, na
linha MX2 (para os compostos Dy-ina, Cu-pvb, Co-pvb, Ni-pvb e Mn-pvb).
2.5 – Softwares Utilizados
Para realização da construção de gráficos, o software utilizado foi OriginPro
8.5.1® SR2 b315. Os ajustes matemáticos, das medidas magnéticas, foram realizados
no software wolfram mathematica® versão 8. Os dados cristalográficos foram
explorados utilizando o software pubICIF® versão 1.9.19_c. Os dados de difração de
raios X por monocristal foram refinados nos softwares SHELXS97®42,
SHELXL2014/7®43. As estruturas obtidas das medidas de difração de raios X por
37
monocristal foram manipuladas no software Mercury 3.7® (Build RC1 2016).48 Os
desenhos de estruturas em duas dimensões foram realizados no ACD/ChemSketch®
versão 14.01 e no ChemBioDraw® 14.0 (CambridgeSoft Corporation 2013). A
manipulação de espectros de Ressonância Magnética Nuclear foram realizados no
software MestReNova® Versão 6.0.2-5475.
38
Capítulo 3
3 - Sínteses dos Ligantes e Complexos
3.1 - Síntese dos Ligantes
3.1.1 - Sintese da oxima de 2’- hidroxiacetofenona – (Me-saoH2)
Em um balão de fundo redondo de 1 L foi adicionado 8,6 g (125 mmol) de
cloridrato de hidroxilamina (b) em 250 mL de etanol, sob agitação. Em seguida foram
adicionados 10,3 g (125 mmol) de acetato de sódio em pequenas porções, seguido
da adição gota a gota de 15 mL (125 mmol) de 2’-hidroxiacetofenona (1), sendo R =
CH3. O sistema foi colocado então em refluxo por 4 horas sob agitação. A reação a
seguir, Figura 17, mostra a formação do produto:
Figura 17 – Esquema reacional da formação das salicialdoximas
Ao final deste período a mistura foi deixada esfriando a temperatura ambiente
e o sólido formado de cor branca foi filtrado a vácuo. O sólido branco foi descartado e
o líquido obtido da filtração foi levado para secagem no rota-evaporador até a retirada
de quase todo solvente, até atingir um volume de aproximadamente 10 mL. O sólido
formado, Me-saoH2 (4), foi então filtrado a vácuo e lavado com água e, em seguida,
foi secado sob vácuo durante 4 horas. Rendimento: 94%. Formula Mínima: C8H9NO2.
Análise Elementar: Valores calculados: C 63,56%, H 6,00% e N 9,27. Obtidos: C
59,36%, H 5,76%, N 8,75%.
3.1.2 - Síntese da oxima de 2’- hidroxipropiofenona (Et-saoH2) e 2’-
hidroxibenzofenona (Ph-saoH2)
A síntese destes ligantes consiste no mesmo procedimento do ligante anterior,
apenas utilizando 15 mL (125 mmol) do reagente 2’- hidroxipropiofenona (2) R = CH2-
CH3, para obtenção do Et-saoH2 (5) e 17 mL (125 mmol) do 2’- hidroxibenzofenona
(3) R = C6H5, para obtenção do Ph-saoH2 (6), respectivamente. O rendimento obtido
foi de 92% (Et-saoH2) e 89% (Ph-saoH2). Fórmula Mínima: C9H11NO2 (5) e C13H11NO2
(6). Análise elementar: Valores calculados: C 65,44%, H 6,71% e N 8,48% para Et-
39
saoH2; C 73,23%, H 5,20% e N 6,57% para o Ph-saoH2. Valores obtidos: C 64,26%,
H 6,70%, N8,60% e C65,61%, H 4,92% e N 6,22% respectivamente.
3.1.3 - do Ácido 4-{2-(4-piridinil)vinilbenzóico} (Hpvb)
Em um balão de fundo redondo de volume de 1 L, foram adicionados 9,8 mL
(100 mmol) de 4-metilpiridina (7) e 15,2 g (100 mmol) de ácido 4-formilbenzóico (8)
em 80 mL de anidrido acético. Sob agitação vigorosa, o sistema foi colocado sob
refluxo por 8 horas. A reação mostrada, na Figura 18, ilustra as estruturas dos
reagentes e a formação do ácido 4-{2-(4-piridinil)vinilbenzoico}:
N
O
OH
N
CH3
+
O OH
O
7 89
(3)
CH3
O
O
O
CH3
Figura 18 – Esquema reacional da formação do Hpvb
Após este período o sistema foi resfriado até atingir a temperatura ambiente e
depois filtrado a vácuo, lavando em seguida com água, etanol gelado e éter dietílico
gelado. O sólido obtido foi secado sob vácuo durante 3h. Rendimento: 65%. Fórmula
Mínima: C14H11NO2. Análise elementar, valores calculados: C 74,65%, H 4,92%, N
6,22%; Valores obtidos experimentalmente: C 74,49%, H 4,78% e N 6,20%.
3.2 - Sínteses dos complexos contendo oximas fenólicas e Cu(II) {Cu(R-sao)}
A equação geral das reações de formação dos complexos é descrita a seguir:
CuCl2·2H2O + 2 R-saoH2 [Cux(R-sao)2x]n + 2HCl(aq) + 2H2O(l) (3.1)
Figura 19 – Esquema geral de formação dos complexos [Cux(R-sao)2x]n, com valores
de x iguais a 1 ou 2 e valores de n iguais a 1 ou indefinido.
40
A Figura 19 ilustra a reação geral e mostra a formação da estrutura básica,
comum em todos complexos do tipo Cu(R-sao).
3.2.1 - Síntese do complexo bis(salicialdoximato)cobre(II), [Cu(H-sao)2]n
Cu(H-sao)
Em um béquer foi adicionado 137,40 mg (1 mmol) de H-saoH2 em 20 mL de
metanol sob agitação. Em outro béquer foi preparada uma solução de cobre(II)
adicionando 85,23 mg (0,5 mmol) de CuCl2·2H2O em 10 mL de metanol sob agitação,
ambos a temperatura ambiente. Após completa dissolução dos reagentes, a solução
contendo o íon metálico foi adicionada gota a gota na solução do ligante, a
temperatura ambiente. Após adição da solução de cobre, ocorreu a precipitação de
um sólido verde no sistema. Em seguida esse sólido foi filtrado por filtração simples e
a solução obtida foi colocada em cristalizadores onde a velocidade de evaporação do
solvente foi controlada tampando os cristalizadores com filme de PVC com pequenos
furos. Depois de dois dias, houve a formação de cristais com formato retangulares
planos e de coloração laranja escuro. Os cristais foram retirados com cuidado
utilizando espátula e pipeta de Pasteur e foram colocados para secar em papel de
filtro ao ar livre. Fórmula Mínima: C14H12CuN2O4. Rendimento obtido foi de 84,28%.
Foi caracterizado por analise elementar: Valores calculados: C 50,07%, H 3,60%, N
8,34%, Obtidos: C 50,33%, H 2,16%, N 8,45%.
3.2.2 - Síntese do complexo tetraquis(metil-salicialdoximato)dicobre(II) [Cu2(Me-
sao)4] Cu(Me-sao), bis(etil-salicialdoximato)cobre(II) [Cu(Et-sao)2] Cu(Et-sao) e
bis(fenil-salicialdoximato)cobre(II) [Cu(Ph-sao)2] Cu(Ph-sao).
O procedimento para a síntese de cada um desses complexos é o mesmo
utilizado para o complexo [Cu(H-sao)2]n, descrito anteriormente, porém utilizando
139,00 mg (1mmol) de Me-saoH2 para [Cu2(Me-sao)4] (11), 153,0 mg (1 mmol) de Et-
saoH2 para [Cu(Et-sao)2] (12) e 213,1 mg (1 mmol) de Ph-saoH2 para o [Cu(Ph-sao)2]
(13). Os rendimentos obtidos foram iguais a 74,93%, 90,87% e 84,75%,
respectivamente. Fórmula Mínima: C32H32Cu2N4O8 (11), C18H20CuN2O4 (12) e
C26H20CuN2O4 (13). Todos foram caracterizados por análise elementar, Cu(Me-sao):
Valores calculados: C 52,82%, H 4,43%, N 7,70%, Obtidos: C 52,98%, H 2,69%, N
7,79%; Cu(Et-sao): Valores calculados: C 55,16%, H 5,14%, N 7,15%, Obtidos: C
41
55,26%, H 3,94%, N 7,23%; Cu(Ph-sao): Valores calculados: C 63,99%, H 4,13%, N
5,74%, Obtidos: C 64,11%, H 2,77%, N 5,89%.
3.3 - Sínteses dos complexos contendo piridilvinilbenzoato e íons de metais de
transição
A equação geral da reação de formação desses compostos é dada pela
equação 3.2:
MX2 · yH2O + 2 Hpvb [M(pvb)2]n + 2HX + yH2O (3.2)
Em que M2+ é um íon de metal de transição e X- um ânion, no caso das reações
descritas a seguir, cloreto, nitrato e acetato.
3.3.1 - Síntese da rede metalorgânica, [Cu(pvb)2]n (Cu-pvb)
Em um béquer foi adicionado 0,6819 g de CuCl2·2H2O (4 mmol) em 10 mL de
DMF a 40oC. Em outro béquer foi adicionado 1,7984 g (8mmol) de Hpvb em 60 mL de
DMF a 90oC. Com auxílio de uma pipeta de Pasteur, foi adicionado gota a gota a
solução contendo os íons de cobre(II) na suspensão contendo Hpvb, sob agitação.
Foi formada uma suspensão de cor verde clara que ficou sob agitação a 90oC sob 45
minutos. Após esse período a suspensão foi filtrada e o sólido separado foi colocado
para secagem durante 5 dias ao ar. Depois de completamente seco, 0,3099 g (0,5
mmol) do composto de cor verde claro foi adicionado em uma autoclave de aço
inoxidável com compartimento de teflon, junto com 12 mL de DMF e colocado para
cristalizar a 140oC durante 3 dias em uma estufa de aquecimento (sistema de
solvotérmica). Depois dos 3 dias de reação, a estufa foi esfriada numa taxa de 15oC
por hora até atingir a temperatura ambiente. Após este procedimento foi verificado a
formação de uma solução azul escuro e a formação de cristais de cor roxa escuro. Foi
obtido rendimento de 51,1%.
3.3.2 - Síntese da rede metalorgânica [Co(pvb)2]n (Co-pvb)
Em um béquer foi adicionado 0,1455 g de CoCl2. 6H2O (0,5 mmol) em 6 mL de
DMF a temperatura ambiente. Em outro béquer foi adicionado 0,2248 g (1 mmol) de
Hpvb em 6 mL de DMF também a temperatura ambiente. Com auxílio de uma pipeta
de Pasteur, foi adicionado gota a gota a solução contendo íons cobalto(II) na
suspensão de Hpvb, sob agitação. A suspensão formada, de cor rosa, ficou sob
agitação durante 10 minutos. Após esse período, a suspensão foi colocada em uma
autoclave de aço inoxidável com compartimento de teflon, e mantido na estufa de
42
aquecimento nas mesmas condições do complexo Cu-pvb (sistema de solvotérmica).
Após resfriamento nas mesmas condições, houve formação de cristais de coloração
vermelho escuro. Foi obtido 73,2% de rendimento.
3.3.3 - Síntese da rede metalorgânica [Ni(pvb)2]n (Ni-pvb)
O procedimento deste composto é similar ao descrito anteriormente, porém foi
adicionado 0,1188 g (0,5 mmol) do reagente NiCl2·4H2O. Após resfriamento, houve a
formação de cristais de cor verde. Foi obtido rendimento de 60,1%.
3.3.4 - Síntese da rede metalorgânica [Mn3(pvb)6]n (Mn-pvb)
O procedimento deste composto é similar ao descrito anteriormente, porém foi
utilizado 0,1225 g (0,5 mmol) do reagente Mn(H3CCOO)2·4H2O. Após resfriamento,
houve a formação de cristais de cor laranja, com rendimento de 42,4%.
3.4 - Sínteses dos complexos contendo isonicotinato e íons lantanídeos
A equação geral da reação de formação dos complexos obtidos a partir do ácido
isonicotinico e íons lantanídeos é a seguinte:
LnCl3·6H2O + 2Hina {[Ln(ina)2(H2O)4]Cl}n + 2H2O + 2HCl (3.3)
3.4.1 - Síntese do Complexo Poli{Cloreto de [tetraaquo-bis(isonicotinato)neodímio(III)]
} (Nd-ina)
Em um béquer foi adicionado 358,7 mg (1,0 mmol) de NdCl3.6H2O em 5 mL de
DMF sob agitação. Em outro béquer foi adicionado 184,7 mg (1,5 mmol) de ácido
isonicotínico em 10 mL de DMF a 80oC sob agitação durante 10 minutos. Após a
completa dissolução dos reagentes, a solução contendo Nd(III) foi adicionada gota a
gota na solução do ácido isonicotínico. O sistema ficou sob agitação durante 20
minutos a 50oC. Em seguida a solução foi colocada numa placa de Petri para
cristalização por evaporação lenta. Após 15 dias, houve aparecimento de cristais com
coloração lilás em formato de agulhas. O rendimento obtido do produto foi de 8,65%.
Fórmula Mínima: C12H16NdN2O8Cl. Analise elementar; Valores teóricos: C 29,06%,
3,25% e 5,65%; Valores Experimentais: C 31,30%, H 3,19% e N 6,00%.
3.4.2 - Síntese dos Complexos Poli{Cloreto de [tetraaquo-bis(isonicotinato)-
samário(III)]} (Sm-ina); Poli{Cloreto de [tetraaquo-bis(isonicotinato)gadolínio(III)]}
(Gd-ina) e Poli{Cloreto de [tetraaquo-bis(isonicotinato)disprósio(III)]} (Dy-ina)
A síntese destes complexos poliméricos consiste no mesmo procedimento
descrito anteriormente, porém o reagente usado para o Sm-ina foi SmCl3.6H2O, sendo
43
utilizado 364,7 mg (1,0 mmol), para o Gd-ina GdCl3.6H2O, sendo utilizado 371,6 mg
(1,0 mmol) e para o Dy-ina DyCl3.6H2O, sendo utilizado 376,9 mg (1,0 mmol). Na
cristalização, ocorre formação de cristais com mesmo formato do Nd-ina, porém o
Sm-ina é de cor amarelo pálido e o Gd-ina e Dy-ina são incolores. Os rendimentos
obtidos para os complexos de Sm(III), Gd(III) e Dy(III) foram de 9,64%, 10,24% e
6,62%, respectivamente. Fórmula Mínima: C12H16SmN2O8Cl (Sm-ina),
C12H16GdN2O8Cl (Gd-ina) e C12H16DyN2O8Cl (Dy-ina). Análise elementar; Sm-ina,
Valores teóricos: C 28,68%, 3,19% e 5,58%; Valores Experimentais: C 27,77%, H
2,68% e N 5,43%. Gd-ina; Valores teóricos: C 28,32%, 3,17% e 5,50%; Valores
Experimentais: C 29,63%, H 3,12% e N 5,69%. Dy-ina; Valores teóricos: C 28,00%,
3,11% e 5,45%; Valores Experimentais: C 30,36%, H 2,99% e N 5,89%.
44
Capítulo 4
4 - Resultados e Discussão
4.1 - Caracterização dos ligante R-saoH2
Além da análise elementar como mostrado anteriormente, as oximas foram
caracterizadas por espectroscopia de absorção na região do infravermelho e por
espectroscopia de ressonância magnética nuclear de 1H e 13C.
Os dados de absorção no infravermelho dos ligantes oximas, obtidos no modo
ATR com resolução espectral de 4 cm-1, são apresentados na Figura 20:
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
989 cm-1
1015 cm-1
1015 cm-1
1036 cm-1
N - O
3335 cm-1
33247cm-1
Número de Onda (cm-1)
H-saoH2
Me-saoH2
Et-saoH2
Ph-saoH2
O - H
3369 cm-1
3326 cm-1
Figura 20 – Espectros de infravermelho dos ligantes R-saoH2
A partir dos espectros foram atribuídos os estiramentos das principais ligações
dos ligantes oximas38,39,40, todos listados na Tabela 1:
Tabela 1 – Atribuições das bandas do espectro de IR dos ligantes R-salicialdoximas
Tipo de Ligação H-saoH2
(cm-1)
Me-saoH2
(cm-1)
Et-saoH2
(cm-1)
Ph-saoH2
(cm-1)
C = N (oxima) 1617 1613 1610 1606
C = C 1626 1634 1628 1625
O – H 3369 3326 3347 3335
N – O (oxima) 989 1015 1036 1015
C – O 1252 1250 1263 1243
45
Deformação
anel aromático
743 745 749 756
Da Tabela 1, tem-se que a diminuição dos valores do estiramento da ligação
C = N devido ao efeito de massa, sendo que o carbono desse grupo é ligado ao grupo
R, que varia de hidrogênio, passando por metil e etil até fenil, consequentemente
diminuindo o valor da energia do estiramento. Destaque também para o aumento do
deformação do anel aromático, em que no grupo fenil é maior devido a presença de
dois anéis na estrutura. Todos os outros estiramentos atribuídos comprovam as
principais ligações da molécula do ligante por estarem de acordo com a
literatura38,39,40.
A caracterização por espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear de 1H
e 13C (500 Hz, utilizando dmso-d6) para Me-saoH2, são apresentados na Figura 21. O
espectro de 1H, Fig.21a, apresenta um singleto em 2,27 ppm (letra c), referente ao
grupo metila. Em 6,88, 7,23 e 7,48 (letras d, e e f), estão sinais com multiplicidade
duplo dubleto e dois triplos dubletos, respectivamente, referentes aos hidrogênios do
anel aromático principal. Em 10,25 e 11,56 ppm (letras a e b) estão os sinais singletos
referentes aos grupos hidroxilas do grupo oxima e do grupo fenol, respectivamente39.
Em 3,33 ppm o sinal singleto referente à moléculas de água que provavelmente se
encontram no solvente e em 2,54 ppm o sinal do solvente dmso41. No espectro de 13C,
Figura 21b, são observados os sinais, 157,8, 116,9, 130,6, 119,9, 128,4 e 119,4 ppm,
todos referentes aos carbonos do anel aromático39. Em 157,6 ppm está o sinal do
carbono ligado ao nitrogênio e em 11,2 ppm o sinal relativo ao grupo metila. Em 40
ppm o sinal referente ao solvente dmso41. Assim, ambos os espectros corroboram
com a estrutura do ligante Me-saoH2.
46
Figura 21 - Espectros RMN de 1H (a) e 13C (b), respectivamente, do Me-saoH2
47
A Figura 22 apresenta os espectros de RMN de 1H e 13C do ligante Et-saoH2.
O espectro de 1H, Fig.22a, em 1,09 ppm está sinal tripleto referente ao grupo metila
(letra a) do grupo etila. Próximo a esse sinal, em 2,80 ppm o sinal quadrupleto da
espécie CH2 do grupo etila do ligante (letra b). Na região entre 6,00 e 8,00 ppm foram
observados os sinais em 6,90 ppm, 7,24 ppm e 7,47 ppm na forma de triplos dubletos
e um duplo dubleto, todos referentes aos hidrogênios do anel aromático (letras c,d, e
respectivamente). Foram observados ainda dois sinais singletos, em 11,51 e 11,60
ppm, ambos sinais das hidroxilas dos grupos oxima e fenol respectivamente (letras f,
g)39. Em 3,33 ppm o sinal referente a moléculas de água que provavelmente se
encontram no solvente e em 2,54 ppm o sinal do solvente dmso41. De acordo com o
espectro de 13C, Figura 22b, em 11,41 ppm tem-se sinal referente ao carbono do CH3
e em 18,2 ppm o sinal referente ao CH2 ambos pertencentes ao grupo etila. Em 162,5
ppm o sinal do carbono ligado ao nitrogênio e em 158,0, 130,6, 128,2, 119,4, 118,2 e
117,1 ppm os sinais referentes aos seis carbonos do anel aromático39. Em 40 ppm o
sinal referente ao solvente dmso41. Assim ambos espectros de RMN comprovam a
estrutura do ligante Et-saoH2.
48
Figura 22 – Espectro de RMN de 1H (a) e 13C (b) do Et-saoH2
Na Figura 23a, está o espectro de 1H do Ph-saoH2, que foi observado que em
11,62 e 10,26 ppm (letras a,f) se encontram dois sinais singletos referentes aos
hidrogênios do grupo hidroxila, um do grupo oxima e outro do grupo fenol,
respectivamente. Em 3,44 e 2,51 ppm se encontram dois singletos referentes ao
hidrogênio de moléculas de água, provavelmente que estavam no solvente e do
solvente dmso41. Na região entre 6,00 e 8,00 ppm situam-se os sinais multipletos
referentes aos hidrogênios dos dois anéis aromáticos, são eles 6,78, 6,95, e 7,24
(letras i,h,g) todos dos anéis aromáticos do grupo R. Em 7,27, 7,33 e 7,51 ppm (letras
c, e, b) se encontram os sinais multipletos do anel fenólico39. No espectro de 13C,
Figura 23b , em 159,2 ppm se encontra o carbono ligado a hidroxila, do grupo fenol,
em 157,7 o carbono ligado ao nitrogênio do grupo oxima. Em 40,0 ppm é observado
o sinal referente ao solvente dmso41 e com sinais com valores próximos, 117,1, 119,3,
120,1, 126,6, 128,7, 129,1, 129,6, 130,3, 130,7 e 132,2 todos referentes aos carbonos
dos dois anéis aromáticos39. Os espectros de RMN de 1H e 13C apresentam alguns
outros sinais, provavelmente de impurezas contidas no produto, porém com baixas
intensidades. A partir dos espectros, foi possível confirmar a obtenção da estrutura do
Ph-saoH2.
49
Figura 23 – Espectro de RMN de 1H (a) e 13C (b) do Ph-saoH2
50
A partir dos valores apresentados de CHN, foi calculado o erro referente a
medida experimental, em comparação com os valores calculados. Os valores do erro
experimental, em módulo, são apresentados na Tabela 2:
Tabela 2 – Erro associado aos valores experimentais da análise elementar das R-salicialdoximas
CHN Erro C H N
Me-saoH2 6,61 4,00 5,61
Et-saoH2 1,80 0,15 1,41
Ph-saoH2 10,41 5,38 5,33
Comparando os valores calculados e obtidos experimentalmente, foi observado
que para o Me-saoH2, existe uma pequena variação nos valores de C e N o que reflete
no valor do erro, acima de 5,00%, o que pode ser um indicio de que o produto contenha
impurezas como reagentes, no caso dos valores do H, estão muito próximos com valor
de erro aceitável. No caso do ligante Et-saoH2, os valores dos três elementos estão
próximos, comparando os valores experimentais e calculados, que mostram pequenos
valores do erro experimental e que indica um alto valor de pureza dos compostos.
Para o Ph-saoH2 os valores se encontram próximos para H e N, que apresentam valor
de erro pouco acima de 5%, mas existe uma diferença considerável entre os valores
do C calculado e experimental, com erro de 10,41% o que indica presença de
impurezas, observada nos espectros de RMN de 13C e 1H.
A caracterização por espectroscopia de absorção no ultravioleta-visível no
estado sólido para averiguar as bandas de absorção são mostrados na Figura 24.
Os espectros mostram que próximo a região entre 280 e 330 nm, existem
bandas intensas provavelmente representando as transições *. Nota-se um
pequeno deslocamento dessas bandas com o aumento do grupo R em cada ligante,
sendo que no espectro do H-saoH2 o l máximo dessa banda é 305 nm, mas no Ph-
saoH2 o valor vai para 315 nm. Essa banda pode ser atribuída às transições *
pelo fato de aumentar o número de grupos conjugados, em que se deve ao fato do
anel aromático contribuir com densidade eletrônica no orbital molecular
consequentemente dando cor ao ligante39.
51
280 320 360 400
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Ab
so
rbâ
ncia
(nm)
H-saoH2
Me-saoH2
Et-saoH2
Ph-saoH2
Figura 24 – Espectro de Absorção no uv-vis dos ligantes R-salicialdoxima
4.2 – Caracterização dos complexos [Cu(R-sao)2]
A caracterização dos complexos foi realizada buscando elucidação estrutural a
fim de obter os mínimos detalhes de cada estrutura para entendimento das
propriedades magnéticas. As técnicas utilizadas foram espectroscopia de absorção
do infravermelho e ultravioleta-visível, espectrometria de massas, análise elementar
de carbono, hidrogênio e nitrogênio, CHN, e difração de raios-X de poli- e
monocristais.
A análise por espectroscopia de absorção na região do infravermelho foi
realizada pelo modo ATR com resolução espectral de 4 cm-1, utilizando pastilha de
KBr. Os espectros obtidos são apresentados na Figura 25:
52
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
458 cm-1
477 cm-1
464 cm-1
471 cm-1
Cu - N N - O
943 cm-1
931 cm-1
957 cm-1
913 cm-1
3436 cm-1
3438 cm-1
3445 cm-1
Número de Onda (cm-1)
[Cu(H-sao)]
[Cu(Me-sao)]
[Cu(Et-sao)]
[Cu(Ph-sao)]
O - H
3449 cm-1
Figura 25 – Espectros de Infravermelho dos complexos [Cu(R-sao)]
Os valores dos principais estiramentos de cada complexo foram atribuídos38,39,40 de
acordo como apresentado na Tabela 3:
Tabela 3 – Atribuições dos estiramentos obtidos dos espectros IR dos complexos Cu(R-sao)
Tipo de Ligação
[Cu(H-sao)2]n
(cm-1)
[Cu2(Me-sao)4]
(cm-1)
[Cu(Et-sao)2]
(cm-1)
[Cu(Ph-sao)2]
(cm-1)
C = N (oxima) 1645 1630 1636 1640
O – H (oxima) 3449 3445 3438 3436
N – O (oxima) 913 957 931 943
C – O 1190 1237 1254 1263
Deformação anel
aromático
743
743
789
760
Cu – N 471 464 477 458
Ao comparar os principais estiramentos dos complexos, notamos que não há
uma variação significativa dos valores atribuídos, considerando as diferenças na
estrutura molecular para cada complexo. Na região de 3400 cm-1, podem ser
observados valores de estiramento característicos de ligação O – H do grupo oxima e
53
na região próxima a 1000 cm-1, tem-se estiramentos da ligação N – O do grupo oxima.
Esses valores são coerentes com os dados da literatura38,39,40 para os quatro
complexos. No caso do complexo [Cu(H-sao)2]n, foi observado menor valor de energia
do estiramento N – O devido ao fato do átomo de oxigênio estar coordenado com o
átomo de cobre da unidade adjacente, assim por efeito de massa essa ligação possui
menor energia. Próximo a 470 cm-1, foram observadas bandas de pequena
intensidade atribuídas ao estiramento da ligação Cu – N.
A partir dos valores obtidos e dos valores calculados, foi realizado os cálculos
do erro percentual obtido do experimento e todos valores listados na Tabela 4.
Tabela 4 – Valores associados ao erro experimental da analise elementar dos complexos Cu(R-sao)
Complexo C H N
[Cu(H-sao)2]n 0,52% -40,00% 1,32%
[Cu2(Me-sao)4] 0,30% -39,28% 1,17%
[Cu(Et-sao)2] 0,18% 23,35% 1,12%
[Cu(Ph-sao)2] 0,19% 32,93% 2,61%
Assim, avaliando os valores obtidos experimentalmente, foi observado que
tanto a análise de carbono como a de nitrogênio revelam valores próximos com o
calculado, o que implica em produtos obtidos com quantidades relativamente
pequenas de impurezas. No caso do hidrogênio, os valores apresentam significável
diferença, o que indica algum possível erro experimental, pois os valores de erro são
significantes. Com essa avaliação dos resultados quanto ao erro calculado, foi
verificado que os valores de C e N estão dentro de faixas aceitáveis, mostrando indício
da formação dos complexos com as oximas.
Todas as reações foram feitas em metanol e, para a cristalização, as soluções
tiveram os volumes reduzidos por evaporação lenta em placa de Petri para obtenção
de monocristais, com exceção do Cu(Ph-sao). Neste caso foi necessário recristalizar
o sistema em etanol, e submeter também à evaporação lenta para obtenção de
monocristais com qualidade para os experimentos de difração de raios X. A Figura 26
54
apresenta as imagem dos cristais do complexo Cu(Me-sao) (Fig.26a) e do Cu(Et-sao)
(Fig. 26b) obtidos na cristalização.
Figura 26 – Monocristais dos complexos Cu(Me-sao) (a) e Cu(Et-sao) (b)
Os resultados da caracterização por Difração de raios X de monocristal42,43 são
apresentados na Tabela 5.
Tabela 5 - Valores dos parâmetros cristalográficos dos complexos [Cu(R-sao)2]
[Cu(H-sao)2]n [Cu2(Me-sao)4] [Cu(Et-sao)2] [Cu(Ph-sao)2]
Formula Empírica
C14H12CuN2O4 C32H32Cu2N4O8 C18H20CuN2O4 C26H20CuN2O4
Massa Molecular
(g/mol)
335,81 727,72 391,91 487,99
Temperatura (K)
150 150 150 150
Comprimento de onda (Å)
0,71073 0,71073 0,71073 1.54178
Fonte Radiação
Mo Mo Mo Cu
Sistema Cristalino
Monoclínico Monoclínico Monoclínico Monoclínico
a (Å)
b (Å)
c (Å)
(º)
(º)
(º)
13,950(6)
6,007(3)
7,900(3)
90
97,319(7)
90
7,8468(7)
9,9042(9)
18,9248(16)
90
97,319(7)
90
12,068(3) Å
5,1293(13)
13,296(3)
90
104,635(5)
90
19,433(2)
5,7704(6)
20,316(2)
90
114,456
90
55
Volume 656,6(5) 1467,2(2) 802,4(3) 2073,8(4)
Z 2 2 2 4
Densidade calculada (g.cm-3)
1,699 1,647 1,622 1,563
Grupo Espacial
P21 /c P21 /c P21 /c C 2/c
F000 342,0 748,0 406,0 1004,0
R[F2>2(F2)] 0,047 0,022 0,023 0,075
wR(F2) 0,124 0,065 0,069 0,273
Refl. Coletadas
1770 4278 1919 1744
máx. (º) 29,1 30,0 27,9 66,4
Rint 0,016 0,024 0,017 0,034
(mm-1) 1,68 1,51 1,39 1,81
Método de Refinamento
Full-matrix least-square on F2
Full-matrix least-square on F2
Full-matrix least-square on F2
Full-matrix least-square on F2
Estrutura42,43
Refinada
SHELXS97 (Sheldrick,
2008), SHELXL2014/7
(Sheldrick, 2014).
SHELXS97 (Sheldrick, 2008), SHELXL2014/7
(Sheldrick, 2014).
SHELXS97 (Sheldrick,
2008), SHELXL2014/7
(Sheldrick, 2014).
SHELXS97 (Sheldrick,
2008), SHELXL2014/7
(Sheldrick, 2014).
Na estrutura molecular mínima, observou-se que o plano basal do íon Cu(II) é
formado pela coordenação do átomo de oxigênio do grupo fenol e do átomo de
nitrogênio do grupo oxima, com os dois ligantes em um arranjo do tipo trans. A
estrutura molecular do complexo [Cu(H-sao)2]n é mostrada na Figura 27a. As
distâncias entre as ligações O – Cu e N – Cu, no plano equatorial, são,
respectivamente, 1,92 Å e 1,95 Å e as distâncias das ligações O – Cu no eixo axial
são de 2,62 Å (Anexo 6.1, Tabela 20), o que indica a presença do efeito Jahn-Teller44.
Assim, foi observado a formação de um complexo com geometria octaédrica com as
ligações axiais alongadas, complexo com simetria C2. Por conta do efeito Jahn-Teller,
também foi observado que o orbital magnético do complexo [Cu(H-sao)2]n é o dx2-y2,
o orbital onde se encontra o elétron desemparelhado.
56
Ainda em relação aos sítios de coordenação dos íons cobre(II), foi observado
que nas posições axiais o átomo de oxigênio do grupo oxima se liga ao íon cobre(II)
de outra unidade vizinha, assim formando uma unidade de geometria octaédrica que
se liga a outras unidades. Para descrever outras distâncias podemos considerar o
arranjo formado por quatro íons cobre(II) vizinhos de acordo como mostrado na Figura
27b. Neste arranjo estrutural foi constatado que a menor distância entre os íons
cobre(II) é igual a 4,96 Å. Na direção diagonal desse arranjo a distância entre os íons
metálicos passa a ser 7,90 Å, enquanto que ao considerar as unidades onde os planos
basais são paralelos, a distância passa a ser de 6,00 Å.
Figura 27 – Estrutura molecular do complexo [Cu(H-sao)2]n
Assim, com as ligações entre os complexos, ocorre formação de uma estrutura
supramolecular bidimensional, como mostra a Figura 28a. Foi observado também que
cada plano é responsável pela formação de camadas que se encontram paralelas,
sendo a menor distancias entre os íons cobre(II), situada em cada plano igual a
13,92 Å, como mostra a Figura 28b. Os valores dessas distâncias indicam que as
interações magnéticas entre os íons cobre(II) se estendem ao longo do plano, entre
os centros metálicos interligados pelas ligações químicas.
57
Figura 28 – Estrutura bidimensional formado pelas moléculas do sistema Cu(H-sao), com destaque para a distância interplanar entre os íons Cu2+
Para o sistema Cu(Me-sao), foi observado que o complexo forma uma estrutura
dimérica, em que ocorre a ligação entre duas unidades basais formando um dímero.
Cada unidade basal é formada pela coordenação de duas moléculas do ligante Me-
saoH2 em formato trans, um em relação ao outro, onde cada íon cobre(II) é
coordenado a um átomo de oxigênio do grupo fenol e um átomo de nitrogênio do grupo
oxima. As distâncias das ligações O – Cu e N – Cu na esfera de coordenação do íon
metálico, são de 1,88 Å e 1,96 Å (Anexo 6.1, Tabela 22), respectivamente. Para
formação do dímero, ocorre a formação de uma ponte entre um dos átomos de
oxigênio fenólico e um átomo de cobre de outra unidade próxima no eixo axial,
formando um dímero com geometria piramidal de base quadrada com grupo pontual
C2 como mostra a Figura 29. Assim a distância da ligação entre o íon cobre(II) e o
átomo de oxigênio da unidade adjacente é de 2,59 Å, também sendo notado a
presença do efeito Janh-Teller44. Por conta disso, o orbital magnético do complexo
[Cu2(Me-sao)4] é o dx2-y2. A distância entre os dois íons Cu2+ no complexo é de 3,39
Å.
Figura 29 – Estrutura molecular do complexo [Cu2(Me-sao)4]
58
De acordo com sua estrutura supramolecular, foi observado que as unidades
dos dímeros se encontram paralelas com presença de interações intermoleculares
como as ligações de hidrogênio entre átomos de H dos anéis aromáticos e átomos de
oxigênio do grupo oxima de uma unidade vizinha. A menor distância entre os íons
cobre(II) de complexos vizinhos é igual a 9,90 Å para complexos paralelos e 10,63 Å
para complexos que se encontram em posição diagonal, como ilustrado na Figura 30.
Essa disposição sugere que os complexos se encontram isolados magneticamente,
devido ao fato de não existir ligações químicas entre os complexos e a distância entre
os íons cobre(II) de cada dímero ser considerada elevada para que ocorra uma
interação magnética relevante entre cada unidade.
Figura 30 – Estrutura supramolecular do complexo [Cu2(Me-sao)4]
Para o complexo Cu(Et-sao) foi observado que o átomo de oxigênio do grupo
fenol e o átomo de nitrogênio do grupo oxima, se coordenam ao íon cobre(II) em
formato trans, um ligante em relação ao outro, resultando em um complexo com
geometria quadrado planar, que pertence ao grupo pontual C2 e com uma estrutura
monomérica como apresentado na Figura 31. As distâncias das ligações O – Cu e N
– Cu são, 1,88 Å e 1,95 Å (Anexo 6.1, Tabela 24), respectivamente. Assim, devido
sua geometria, o orbital magnético é o dx2-y2.
Figura 31 – Estrutura do complexo [Cu(Et-sao)2]
59
De acordo com a estrutura supramolecular do sistema Cu(Et-sao), foi
observado que a menor distância entre íons cobre(II) é aquela entre os íons de
unidades com os planos basais dispostos paralelamente, igual a 5,13 Å. Outras
distâncias entre os íons metálicos que podem ser destacadas são aquelas iguais a
8,21 e 10,96 Å, como ilustrado na Figura 32. O fato do complexo se apresentar na
forma monomérica e as distâncias entre as unidades serem consideradas elevadas
indicam que o complexo se encontra isolado do ponto de vista de interações
magnéticas relevantes.
Figura 32 – Arranjo supramolecular do complexo [Cu(Et-sao)2]
A Figura 33 mostra a estrutura molecular obtida para o complexo Cu(Ph-sao),
um complexo formado de modo semelhante a estrutura do anterior, com formação de
um plano basal pelo íon cobre(II) e átomos de oxigênio do grupo fenol, e nitrogênio,
do grupo oxima, sendo que os ligantes estão na posição trans, um em relação ao
outro, formando uma estrutura com geometria do tipo quadrado planar com os anéis
(do grupo R) fora do plano da molécula e com a molécula pertencendo ao grupo
pontual C2h. As distâncias das ligações O – Cu e N – Cu são, 1,91 Å e 1,92 Å,
respectivamente (Anexo 6.1, Tabela 26). Assim, devido sua geometria, o orbital
magnético é o dx2-y2.
Figura 33 – Estrutura Molecular obtida do complexo [Cu(Ph-sao)2]
60
Na estrutura cristalina, foi observado que todas moléculas se encontram em um
arranjo estrutural similar ao do [Cu(Et-sao)2], porém foi observado que existem
interações de ligação de hidrogênio entre os anéis do grupo Ph-sao e um grupo
hidroxila do grupo oxima de outra molécula, além das interações -stacking entre os
anéis aromáticos existentes45,46. Os valores da menor distância entre os centro
metálicos, são de 11,14 Å, que sugere que os complexos se encontram
magneticamente isolados. Para os complexos em posições paralelas, a distância
entre íons cobre(II) é de 5,77 Å. Foi observado também, que os anéis aromáticos do
grupo fenol estão em uma posição que se alinham ao íon cobre do complexo
adjacente, que sugere que possivelmente possa ocorre uma interação entre o íon
metálico e o anel. A distância entre anel e o íon cobre(II) é de 3,40 Å, Figura 34, uma
distância grande para uma ligação química quando comparada a distância do anel
aromático ao íon metálico de cromo(II), no complexo [Cr(Ph)2], que é de 2,15 Å47.
Figura 34 – Arranjo supramolecular do complexo [Cu(Ph-sao)2]
Ao considerar os quatro sistemas formados, foi observado que com o aumento
do grupo R, ocorre aumento do volume numa região dos complexos, que resulta no
aumento do impedimento estérico, o que contribui para limitar ligações químicas entre
os complexos, diminuindo a possibilidade de formar sistemas estendidos. Nesse
contexto, o sistema Cu(H-sao), que possui como grupo R um átomo de hidrogênio, e
portanto se caracterizando por possuir o menor grupo substituinte, apresenta menor
efeito de impedimento estérico, o que levou à formação de um sistema estendido
61
descrito por uma estrutura bidimensional. No caso dos sistemas Cu(Et-sao) e Cu(Ph-
sao), que possuem como substituinte R os grupos etil e fenil, respectivamente, ambos
com maior volume em relação ao do sistema anterior, que implica em maior
impedimento estérico, resultando na formação de estruturas monoméricas.
Os difratogramas obtidos experimentalmente foram comparados com os
difratogramas calculados utilizando o programa Mercury 3.7.1®48, a partir dos dados
do monocristal. A medida para o Cu(Ph-sao) foi realizada assim que foi feita a
primeira cristalização, antes da segunda recristalização em etanol, o qual foi feita a
difração de monocristal. Todas as comparações, de todos complexos, são
apresentadas na Figura 35. A comparação mostra que os picos, do Cu(H-sao),
Cu(Me-sao) e Cu(Et-sao) Fig. 35a,b e c, respectivamente, estão com praticamente
mesmos valores de 2, o que significa reprodutibilidade do sistema cristalino, não
indicando que exista uma alteração nos planos cristalográficos nem na estrutura
cristalina no momento da obtenção dos monocristais. No caso do Cu(Ph-sao), Fig.
35d, ocorre um pequeno deslocamento dos valores de 2, possivelmente, devido ao
segundo processo de recristalização que precisou ser realizado visto que os cristais
do Cu(Ph-sao) obtidos inicialmente não apresentaram qualidade para o experimento
de difração de raios X de monocristal. Com isso, para garantir que a análise do
material na forma bulk corresponda a estrutura obtida, essa medida deverá ser refeita
a partir do material recristalizado.
0 10 20 30 40 50 60
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ade N
orm
alizada
2
Experimental
Calculado
Cu(H-sao)
a)
0 10 20 30 40 50 60
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ade N
orm
aliz
ada
2
Experimental
Calculado
Cu(Me-sao)
b)
62
0 10 20 30 40 50 60
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0In
tensid
ade N
orm
aliz
ada
2
Experimental
Calculado
Cu(Et-sao)
c)
0 10 20 30 40 50 60
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ade
Norm
aliz
ad
a
2
Experimental
Calculado
Cu(Ph-sao)
d)
Figura 35 - Difratogramas experimentais (linha preta) e calculados (linha vermelha) para os sistemas Cu(R-sao)
Os dados de espectroscopia de absorção na região do ultravioleta-visível,
obtidos a partir da análise no estado sólido, são apresentados na Figura 36. Foi
observado que os valores de comprimento de onda das absorções das bandas de
máximo apresentam valores muito próximos para cada complexo, observando um
pequeno deslocamento do valor de máximo na região entre 600 e 700 nm. Para o
sistema Cu(H-sao) esse valor é igual a 652 nm, enquanto o sistema Cu(Ph-sao)
apresenta valores pouco deslocados em 661 nm, sendo que essas bandas podem ser
atribuídas a transições eletrônicas do tipo d-d.
200 300 400 500 600 700 800
0
1
2
3
4
5
F(R
)
(nm)
[Cu(H-sao)2]n
[Cu2(Me-sao)
4]
[Cu(Et-sao)2]
[Cu(Ph-sao)2]
Figura 36 – Espectros de Absorção UV-Vis dos complexos Cu(R-sao)
Os valores dos máximos das intensidades das principais bandas juntamente
com suas atribuições17 estão listados na Tabela 6.
63
Tabela 6 – Valores de (max) obtidos dos espectros dos complexos Cu(R-sao)
Complexos transições d-d transições -*
[Cu(H-sao)2]n 652 323
[Cu2(Me-sao)4] 662 326
[Cu(Et-sao)2] 657 325
[Cu(Ph-sao)2] 661 331
A Figura 37 mostra a comparação entre os complexos Cu(R-sao) com seus
respectivos ligantes, em que as bandas relacionadas às transições -* do ligante se
encontram próximas a 300 nm, sendo deslocadas de acordo com aumento do grupo
R, que caracteriza uma contribuição da doação de densidade eletrônica do grupo R.
No caso dos complexos, não há grandes deslocamentos em função do aumento do
grupo R.
200 400 600 800
0
2
4
F(R
)
(nm)
H-saoH2
Cu(H-sao)
a)
200 400 600 800
0
2
4
F(R
)
(nm)
Me-H2sao
Cu(Me-sao)
b)
200 400 600 800
0
2
4
F(R
)
(nm)
Et-H2sao
Cu(Et-sao)
c)
200 400 600 800
0
2
4
6
F(R
)
(nm)
Ph-H2sao
Cu(Ph-sao)
d)
Figura 37 – Comparação dos espectros de absorção no UV-Vis dos ligantes R-saoH2
e seus respectivos complexos Cu(R-sao)
64
4.3 - Estudo das propriedades magnéticas dos complexos [Cu(R-sao)2]
As propriedades magnéticas dos complexos foram analisadas a partir de
medidas de magnetização em função da temperatura. A partir destes dados foi
possível traçar o gráfico do produto da suscetibilidade magnética molar pela
temperatura em função da temperatura (MT vs T). Foram feitos ajustes matemáticos
(método dos mínimos quadrados) das curvas para obter parâmetros sobre as
interações magnéticas, listados na Tabela 8. A Figura 36 mostra os gráficos de MT x
T e o comportamento magnéticos de todos complexos Cu(R-sao). Para os quatro
compostos observa-se que com o abaixamento da temperatura os valores de MT
permanecem praticamente constantes durante uma grande faixa, porém a baixa
temperatura ocorrem comportamentos distintos.
0 50 100 150 200 250 300
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
[Cu(Ph-sao)2]
[Cu(Et-sao)2]
[Cu(H-sao)2]
n
[Cu2(Me-sao)
4]
M T
(cm
3.m
ol
-1.K
)
T (K)
Figura 38 – Gráfico dos comportamentos magnéticos dos complexos. Para o sistema
Cu(Ph-sao) as medidas são apresentadas em função de duas unidades
Para o sistema Cu(Et-sao) os valores de MT apresentam um leve declínio
somente para temperaturas muito baixas, próximas a 0 K, ou seja MT é praticamente
constante durante quase toda faixa de temperatura, o que caracteriza um sistema
paramagnético. Esse comportamento é explicado devido ao arranjo estrutural, em que
as moléculas do [Cu(Et-sao)2] estão isoladas magneticamente por não apresentarem
fortes interações ou ligações químicas com outra molécula do complexo, devido ao
aumento do impedimento estérico causado pelo aumento do volume do grupo R,
dificultando o aparecimento de interações magnéticas e o acoplamento entre os íons
65
de Cu(II). O abaixamento de MT a temperaturas muito baixas pode estar
correlacionado ao aparecimento de interações magnéticas intermoleculares devido à
diminuição da energia térmica, favorecendo assim algum ordenamento magnético.
Para verificar o comportamento, as curvas foram ajustadas pela Lei de Curie-Weiss1,
(equação 1.9)
𝜒 =𝐶
(𝑇−𝛩) (1.9)
Em que C é definida como (N 2 g2)/k. É possível observar que houve um bom ajuste
da curva aos dados experimentais, confirmando que se trata de um sistema
paramagnético. Os parâmetros obtidos a partir deste ajuste foram g = 2,10, = -0,19
K e R = 1,2.10-5. Com o abaixamento da temperatura, a diminuição da energia térmica,
que contribui para o desordenamento dos spins, contribui para o aparecimento de
fracas interações magnéticas intermoleculares. Porém devido às interações serem
muito fracas, elas são observadas somente em temperaturas próximas ao zero
absoluto, o que está de acordo com um baixo valor de . Já o valor negativo para
esse parâmetro indica que essas interações magnéticas são do tipo
antiferromagnéticas.
Para os sistemas Cu(Me-sao) e Cu(Ph-sao), os valores de MT apresentaram
um declínio considerável a baixa temperatura, o que caracteriza uma interação do tipo
antiferromagnética. Para Cu(Me-sao) esta interação entre os dois íons de cobre(II)
pode levar a um valor que tende a ser nulo da susceptibilidade magnética () com o
abaixamento da temperatura por se tratar de um sistema dinuclear homometálico, que
possui dois portadores de momento magnético de mesmo módulo, em que ocorre a
interação antiferromagnética e ocorre o cancelamento do momento magnético da
molécula, o que leva ao anulamento da magnetização a baixas temperaturas. Embora
para o sistema Cu(Ph-sao), de acordo com sua estrutura, o comportamento esperado
fosse paramagnético pelo fato do grupo R ser um anel aromático e este apresentar
grande efeito estérico e isolar o complexo magneticamente, foi observado que o
abaixamento um pouco mais expressivo dos valores de MT indicam que existem
outras contribuições para o aparecimento de interações magnéticas a baixas
temperaturas. Por esta razão foi feito um ajuste da curva de MT em função de T
utilizando um modelo para sistemas dinucleares para ambos os sistemas, Cu(Me-sao)
66
e Cu(Ph-sao). Este modelo pode ser descrito pela equação de Bleaney-Bowers49, que
trata especificamente do comportamento de um sistema com interação magnética
entre dois íons com S = 1/2.
(4.1)
Os ajustes das curvas aos dados experimentais mostram que o comportamento
é compatível com sistemas dinucleares com interações antiferromagnéticas entre íons
com momento magnético devido a spin igual 1/2. Os parâmetros obtidos foram 2,12 e
2,10 para g, -0,48 e -0,69 cm-1 para J e 1,4.10-5 e 2,3.10-4 para R, para Cu(Me-sao) e
Cu(Ph-sao), respectivamente. O aparecimento de interações magnéticas entre os
íons metálicos de cada unidade dinuclear é esperado para o sistema Cu(Me-sao),
devido à conexão dos íons metálicos por meio dos ligantes. Já para o sistema Cu(Ph-
sao), o aparecimento de interações magnéticas pode estar relacionado a posição do
anel do grupo fenol do ligante com íon metálico adjacente.
Já para o complexo [Cu(H-sao)2]n nota-se um aumento dos valores de MT com
diminuição da temperatura, o que caracteriza uma interação do tipo ferromagnética e
uma contribuição da susceptibilidade com valor positivo. Devido a esse
comportamento e devido a estrutura ser de um sistema bidimensional com interação
ferromagnética entre os íons metálicos, ao longo do plano, com S = 1/2, o ajuste dessa
curva foi feito utilizando a equação que descreve esse tipo de sistema, apresentada a
seguir50:
n
nn
n
Tk
J
nkT
gN
13
1
22
2!21
4
(4.2)
Sendo n e n valores tabelados para o tipo de arranjo estrutural bidimensional
do sistema magnético para spin S = 1/2. A Tabela 7 mostra os valores de n e n para
esse sistema50:
Tabela 7 - Valores de n e n para sistema bidimensional
n n n n
1 4 8 4.205.056
2 16 9 198.295.552
TkJeTk
gN/
22
3
12
67
3 64 10 -2.574.439.424
4 416 11 -112.886.362.112
5 4.544 12 3.567.419.838.464
6 23.488 13 94.446.596.145.152
7 -207.616
O bom ajuste da curva corrobora o tipo de interação descrita anteriormente. Os
parâmetros obtidos do ajuste para o sistema Cu(H-sao) foram g = 2,17, J = 0,71 cm-1
e R = 3,5.10-5. Os parâmetros para todos os sistemas estão sumarizados na Tabela
8.
Tabela 8– Parâmetros obtidos das curvas de interação magnética
Parâmetros Cu(H-sao) Cu(Me-sao) Cu(Et-sao) Cu(Ph-sao)
g 2,17 2,12 2,10 2,10
J (cm-1) 0,71 -0,48 - -0,69
(K) - - -0,19 -
Os valores obtidos para o fator de Landé, g, estão de acordo com o valor padrão
para o íon de cobre(II), que varia de 2,00 a 2,20. Os ajustes se mostram consistentes
para cada situação. Também foram obtidos valores de J, que é a constante de
acoplamento magnético, que indica a intensidade e o tipo de interação entre os
centros portadores de momento magnético. No caso do complexo Cu(Me-sao) e
Cu(Ph-sao), tem-se um valor baixo para J e sinal negativo, o que indica uma interação
do tipo antiferromagnética e pouco intensa. Já no caso do complexo Cu(H-sao), tem-
se um valor baixo para J, porém com sinal positivo, que significa uma fraca interação
do tipo ferromagnética.
A diferença de interação observada entre Cu(Me-sao), Cu(Ph-sao) e Cu(H-
sao) ocorre pelo fato da interação dos orbitais magnéticos, dx2-y2, (dos íons cobre(II))
ocorrer via sobreposição e orientação com orbitais dos elementos que formam ligante,
não magnéticos, no caso do oxigênio. Assim o orbital magnético, que tem maior
contribuição, no caso do Cu(H-sao) se liga com oxigênio do grupo oxamato, as
interações ocorrem via orbitais do oxigênio e nitrogênio até o segundo cobre(II). No
68
caso do Cu(Me-sao), a interação entre os íons cobre(II) ocorre via o oxigênio do grupo
fenol. Logo a relação do aumento do grupo R está diretamente ligada as propriedades
magnéticas observadas, a mudança estrutural dos complexos formados, de acordo
com aumento do R e a mudança das sobreposição entre os orbitais magnéticos, dos
íons cobre(II), e dos orbitais dos átomos que participam da ligação.
A medida da magnetização em função do campo magnético, foi realizada à
temperatura constante de 2 K. Na Figura 39, estão apresentados todas as curvas de
M versus H referentes aos complexos Cu(R-sao):
0 10 20 30 40 50
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
Cu(H-sao)
Cu(Me-sao)
Cu(Et-sao)
Cu(Ph-sao)
T = 2 K
M(N)
Campo (kOe)
Figura 39 – Gráficos M x H dos complexos Cu(R-sao)
O valor teórico de magnetização para saturação é dada pela equação (1.19) descrita
a seguir1:
M = g S N (1.19)
Em que g é o fator de Landé, que varia de 2,00 a 2,20 para íon cobre (II)
dependendo da interação com ligante, S é somatório do spin total do íon Cu2+, em que
S = 1/2, N o número de Avogadro e a constante magnéton de Bohr, sendo que na
curva M versus H, a magnetização é dada em valores de N. Assim, considerando g
= 2,20 e S =1/2, temos que o valor teórico da magnetização de saturação é M = 1,10
N
Do gráfico, da Figura 39, tem-se que o complexo Cu(H-sao) tem maior
tendência a saturação e seu valor de magnetização, com campo a 50 kOe, é de M =
1,06 N, considerando a magnetização por mol de íons cobre(II). Este valor é coerente
com o valor teórico. O valor de magnetização de saturação é próximo do valor
69
calculado devido ao efeito cooperativo das interações magnéticas dos íons cobre(II)
ao longo do plano e mostra que no valor de 50 kOe, quase todos spins resultantes se
orientam em presença do campo aplicado.
O comportamento do Cu(Et-sao) e Cu(Ph-sao) é semelhante, como pode ser
observado no gráfico. Para ambos os sistemas, existe uma tendência à saturação
para campo aplicado igual a 50 KOe, embora seja menor que o sistema Cu(H-sao).
Os respectivos valores de magnetização de saturação a 50 kOe são M = 0,96 N e
0,91 N, pouco abaixo do valor teórico. Isso indica que esse valor do campo magnético
não é suficiente para poder alinhar os spins referentes aos centros metálicos.
No caso do composto Cu(Me-sao) foi considerada a magnetização por dois
mols de íons cobre(II), uma vez que cada unidade se apresenta na forma dimérica. O
valor teórico da magnetização é de 2,20 N. Assim, de acordo com o gráfico, o
complexo também apresenta menor tendência a saturação e seu valor de saturação
a 50 kOe é de 1,96 N, um valor pouco abaixo comparado com o teórico, que indica
que o valor de 50 kOe não é suficiente para orientar os spins com o campo magnético
aplicado.
Por apresentar uma interação do tipo ferromagnética, foi realizado a medida de
histerese magnética para complexo Cu(H-sao) de acordo com o mostrado na Figura
40. As curvas de magnetização se encontram praticamente sobrepostas, o que indica
que o Cu(H-sao) não possui resistência à desmagnetização.
70
-60 -40 -20 0 20 40 60
-3
-2
-1
0
1
2
3
M(N)
Campo (kOe)
Histerese
H = 5 T
T = 2K
Cu(H-sao)
Figura 40 – Curvas de Histerese magnética do complexo Cu(H-sao)
Assim, nesse capítulo, foi constado que diferentes propriedades magnéticas
foram observadas, devido a diferentes estruturas obtidas por causa da modificação
do grupo R do ligante salicilaldoxima. Logo, o aumento do volume do grupo R,
proporciona maior efeito estérico, restringindo as ligações entre as unidades basais
dos complexos, resultando em uma diminuição das unidades dos complexos de
cobre(II).
4.4 – Caracterização do Ligante Hpvb
O processo de caracterização do ligante iniciou-se pela análise elementar dos
elementos carbono, hidrogênio e nitrogênio. Assim foi calculado o valor, porcentagem
em massa, comparado com os valores experimentais obtidos e comparados pelo valor
do erro experimental. Todos esses valores estão ilustrados na Tabela 9:
Tabela 9 – Valores de erro associado a analise elementar do Hpvb
Hpvb C% H% N%
Erro calculado 0,21 2,85 0,32
Os resultados mostram baixos valores de erro experimental, o que implica em
valores calculados próximos aos valores experimentais (como mostrado no
procedimento), o que indica baixa quantidade de impureza no produto obtido.
71
A análise pela espectroscopia de absorção no infravermelho apresenta o
espectro obtido pelo método padrão ATR com resolução espectral de 4 cm-1 e
mostrado na Figura 41.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
970 cm-1
1634 cm-1
1695 cm-1 C - H trans
C = C
vinil
C = O
Número de Onda (cm-1)
Hpvb
O - H
3443 cm-1
Figura 41 – Espectro de absorção no infravermelho do Hpvb
As atribuições das bandas de vibração dos principais grupos funcionais da
molécula do Hpvb38,39,40, estão todas listadas na Tabela 10:
Tabela 10 – Atribuições dos principais estiramentos observados no composto Hpvb
Com os valores das atribuições dos principais grupos, nos valores que se
referem ao grupo ácido carboxílico em 1287 cm-1, em 1695 cm-1 e 3443 cm-1, são
estiramentos das ligações C – O, C = O e O – H respectivamente, mostrando a
Tipo de Ligação Valor (cm-1)
C – O 1287
C = O (carbonila) 1695
C = C (vinil trans) 1634
O – H
C – H Deformação angular (trans)
C = N
3443
970
1567
72
existência do grupo ácido. Na região de 1567 cm-1, o estiramento da ligação C = N
que caracteriza o anel piridínico. Por fim, em 1604 cm-1 foi observado estiramento da
ligação C = C do grupo vinil e com a banda intensa em 970 cm-1, banda da deformação
angular fora do plano da ligação C – H do grupo vinila na conformação trans, o que
comprova que o ligante se encontra nesta conformação.
Foi realizada análise por espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear
de 1H e 13C. Os espectros de RMN foram obtidos com uso de solvente DMSO-d6 e
são apresentados na Figura 42. Do espectro de 1H na Figura 42a, foi observado que
os valores, em (ppm), de 7,98, 7,96, 7,78 e 7,76, sinais referentes aos hidrogênios
que se encontram nos anéis aromáticos, em 7,38 e 7,41 dubleto referente aos
hidrogênios do grupo vinil, em 8,5 singleto referente a hidroxila do grupo ácido25,39.
Em 3,31 ppm o sinal singleto referente a moléculas de água que provavelmente se
encontram no solvente e em 2,52 ppm o sinal do solvente DMSO41. Do espectro de
13C, letra H na Figura 41, foi obtido10 sinais referentes aos carbonos contidos na
moléculas, todos valores de (ppm) da amostra, 166,9, 150,1, 143,8, 140,3, 131,9,
130,5, 129,6, 128,4, 127,0 e 121,025,39.
73
Figura 42 – Espectro de 1H (a) e 13C (b) do Hpvb
Assim, com sinais de RMN de 1H e 13C, os valores de CHN e os valores dos
principais estiramentos de absorção de infravermelho, foi concluído que o Hpvb foi
obtido a partir dos seus dados estruturais e com alto grau de pureza, na conformação
trans.
Por apresentar grupos cromóforos em sua estrutura, foi feita medida de
espectroscopia de absorção no ultravioleta-visível, no estado sólido, para averiguar
suas propriedades óticas. O espectro de absorção no UV-vis é apresentado, na Figura
43. Nota-se em 449 nm e 477 nm duas bandas de baixa intensidade, que
provavelmente representam as transições *, transições com energia na região do
visível39. Em 274 nm, banda que representa transição do tipo n * ou n*39.
74
200 400 600 800
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
F(R
)
(nm)
Hpvb
Figura 43 – Espectro de absorção no ultravioleta-visível do Hpvb
4.5 - Caracterização das redes metalorgânicas (M-pvb)
A caracterização estrutural foi iniciada pela espectroscopia de absorção no
infravermelho. Todas as medidas foram realizadas no estado sólido, no padrão ATR
com resolução espectral de 4 cm-1. A Figura 44 apresenta os espectros obtidos das
análises:
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
1599 cm-1
1582 cm-1
1606 cm-1
1593 cm-1
C = O
950 cm-1
952 cm-1
959 cm-1
956 cm-1
421 cm-1
421 cm-1
417 cm-1
Número de Onda (cm-1)
Cu-pvb
Co-pvb
Ni-pvb
Mn-pvb
M - N
428 cm-1
C - H
Figura 44 – Espectros de Infravermelho das redes M-pvb
A partir dos espectros, foram feitas as atribuições das bandas dos estiramentos
dos principais grupo das moléculas, 38,39,40 de acordo como listado na Tabela 11:
75
Tabela 11 – Atribuições dos principais estiramentos observados nos espectros de IR dos complexos M-pvb
Foi observado a vibração da ligação dupla do grupo vinil, que aparece na região
entre 1680 e 1665 cm-1 e próximo a região de 980 a 950 cm-1 38, encontra-se valores
referentes a deformação angular simétrica, ambos na conformação trans, que
corrobora com a estrutura molecular do ligante, caracterizada anteriormente. Na
tabela, destaca-se também os estiramentos anti-simétricos e simétricos da carbonila,
do grupo carboxilato, apresentando todos os valores próximos a 1600 cm-1 e 1400 cm-
1, respectivamente. A ligação entre íon metálico e nitrogênio, com estiramentos anti-
simétricos38 na faixa entre 415 e 440 cm-1.
Em todas as sínteses, feitas a partir do Hpvb com íons de metais de transição,
foram obtidos monocristais dos compostos sendo que os cristais do Cu-pvb, Co-pvb
e Ni-pvb apresentam formato de planos alongados, enquanto o Mn-pvb apresenta
formato de blocos (Fig.45), que por sua vez foram caracterizados por difração de raios
X na linha MX2, do Laboratório Nacional de Luz Sincrotron. A partir dos resultado
obtidos por esta técnica para os complexos M-pvb, foi possível determinar que os
sistemas são formados por redes metalorgânicas, sendo que seus dados
cristalográficos se encontram descritos na Tabela 12:
Tipo de Ligação [Cu-pvb]
(cm-1)
[Ni-pvb]
(cm-1)
[Co-pvb]
(cm-1)
[Mn-pvb]
(cm-1)
C = C (vinil trans) 1696 1664 1634 1664
C = O (anti-simétrico) 1599 1606 1582 1593
C = O (simétrico) 1360 1380 1362 1377
M – N 428 421 417 421
C – H deformação angular
(trans)
956 952 959 950
76
Tabela 12 - Valores dos parâmetros cristalográficos para os complexos M-pvb
[Cu-pvb] [Ni-pvb] [Co-pvb] [Mn-pvb]
Formula
Empírica
C28H20CuN2O4.
2(C3H7NO)
C28H20NiN2O4.
C3H7NO
C28H20CoN2O4.
C3H7NO
(C168H120Mn3N12O24).
2(C3H7NO)
Massa
Molecular
(g/mol)
658,18 580,26 580,51 2.538,39
Temperatura
(K)
100 100 100 100
Fonte da
Radiação
Sincrotron Sincrotron Sincrotron Sincrotron
Comprimento
de onda (Å)
0,82655 0,82655 0,82655 0,82655
Sistema
Cristalino
Tetragonal Monoclínico Monoclínico Monoclínico
a (Å) 38,680(6) 12,920(3) 13,320(3) 13,670(3)
b (Å) 38,680(6) 24,090(5) 24,490(5) 18,390(4)
c (Å) 5,4700(11) 8,5100(17) 8,5500(17) 15,830(3
(º) 90 90 90 90
(º) 90 99,35(3) 98,99(3) 104,45(3)
(º) 90 90 90 90
Volume 8184(3) 2613,5 2754.8 (10) 3853.6(14)
Z 8 4 2 2
Densidade
calculada
(g.cm-3)
0,950 1,475 1,475 1,428
Grupo
Espacial
I 41/a Cc Cc P 21/c
F000 2424 1024 1208 1714
R[F2>2(F2)] 0,146 0,023 0,030 0,039
wR(F2) 0,510 0,068 0,078 0,108
Refl.
Coletadas
3745 4615 4905 6693
77
máx. (º) 29,9 28,9 29,9 29,9
Rint 0,027 0,034 0,037 0,031
(mm-1) 0,85 1,09 1,00 0,84
Método de
Refinamento
Full-matrix least-
square on F2
Full-matrix least-
square on F2
Full-matrix least-
square on F2
Full-matrix least-square on
F2
Estrutura
Refinada42,43
SHELXL2014/7
(Sheldrick,
2014).
SHELXL2014/7
(Sheldrick,
2014).
SHELXL2014/7
(Sheldrick,
2014).
SHELXL2014/7 (Sheldrick,
2014).
Código de
Simetria
(i) −x+1, −y,
−z+2; (ii) y+1/4,
−x+3/4, −z+3/4;
(iii) −y+3/4,
x−3/4, z+5/4; (iv)
y+3/4, −x+3/4,
z−5/4
(i) x+1/2,
−y−3/2, z+3/2;
(ii) x−1, −y−1,
z+1/2; (iii) x−1/2,
−y−3/2, z−3/2;
(iv) x+1, −y−1,
z−1/2
i) x−1/2, −y+3/2,
z−3/2; (ii) x+1,
−y+1, z−1/2; (iii)
x+1/2, −y+3/2,
z+3/2; (iv) x−1,
−y+1, z+1/2
(i) x+1, −y+3/2, z+1/2; (ii)
−x+1, y−1/2, −z+3/2; (iii)
−x+2, −y+1, −z+2; (iv) x, y,
z+1; (v) −x+1, y+1/2,
−z+3/2; (vi) x−1, −y+3/2,
z−1/2; (vii) x, y, z−1
Figura 45 – Monocristais M-pvb obtidos
Foi observado que de acordo com a mudança do íon metálico, ocorreu a
formação de estruturas moleculares diferentes e inéditas, nunca relatadas na
literatura.
No caso do Cu-pvb, mostrado na Figura 46, houve a formação de complexos
com ligação entre dois grupos carboxilatos no plano equatorial e coordenação a dois
grupos piridina no eixo axial, apresentando uma estrutura hexacoordenada com
simetria localizada na unidade do íon metálico igual a D2h. As ligações N – Cu
apresentam valores de distâncias de 2,02 Å, porém as ligações O – Cu apresentam
valores de distâncias diferentes, sendo uma mais alongada com 2,69 Å e a menor
com 1,92 Å (Anexo 6.2, Tabela 28). As conexões são levemente distorcidas, devido à
natureza da conformação trans do ligante e por isso ocorreu a formação de grandes
cavidades que contém 2 moléculas do solvente por unidade mínima do complexo. A
78
menor distância entre os íons Cu(II), localizados nos vértices das cavidades, é igual a
15,29 Å, enquanto que a maior distância entre os íons Cu(II) em uma cavidade é igual
a 19,34 Å.
Figura 46 - Estrutura Molecular do complexo Cu-pvb
A partir da extensão da estrutura básica mostrada na Figura 46, ocorre a
formação de uma rede complexa tridimensional, apresentada na Figura 47. Como se
pode observar, a rede apresenta moléculas do solvente DMF no seu interior, sendo
duas moléculas por unidade mínima do complexo, num total de quatro moléculas no
interior de cada cavidade. Apesar de levemente distorcidas, as cavidades apresentam
formatos de losangos, formando canais ao longo do eixo c.
Figura 47 - Rede tridimensional do Cu-pvb
No caso do Co-pvb e Ni-pvb, mostrados nas Figuras 48 e 49, respectivamente,
ambos possuem estruturas moleculares semelhantes dois grupos carboxilatos se
79
coordenam próximos, um no plano equatorial, o que implica que dois átomos de
oxigênio se coordenem no plano equatorial e outro carboxilato numa posição diagonal
em relação ao plano equatorial, desse modo um oxigênio se coordena no eixo axial e
outro se coordena no plano equatorial (Fig 48a e 49a). Do mesmo modo se coordenam
os grupos piridina, o que implica numa geometria octaédrica com simetria localizada
C2v.
No complexo Co-pvb, as distâncias entre as ligações N – Co são de 2,08 Å, no
caso do carboxilato coordenado no plano equatorial, as distâncias das ligações O –
Co são diferentes, sendo uma maior 2,19 Å e outra menor 2,09 Å. No outro carboxilato,
a distância da ligação O – Co que se encontra no plano equatorial é de 2,09 Å e a
ligação O – Co que se encontra no eixo axial é de 2,27 Å (Anexo 6.2, Tabela 30). As
distância entre cada íon metálico ao longo do ligante, ou seja nas extremidades das
molécula do ligante é de 15,42 Å para Co-pvb (Fig 48b).
Figura 48 - Estrutura Molecular do Co-pvb (a) e de uma unidade da rede metalorgânica (b)
No complexo Ni-pvb, as distâncias entre as ligações N – Ni são de 2,02 Å, no
caso do carboxilato coordenado no plano equatorial, as distâncias das ligações O –
Ni são iguais, sendo 2,07 Å. No outro carboxilato, a distância da ligação O – Ni que se
encontra no plano equatorial é de 2,01 Å e a ligação O – Ni que se encontra no eixo
axial é de 2,08 Å (Anexo 6.2, Tabela 32). As distância entre cada íon metálico ao longo
do ligante, ou seja nas extremidades das molécula do ligante é 15,08 Å para Ni-pvb
(Fig 49b).
80
Figura 49 - Estrutura Molecular do Ni-pvb (a) e de uma unidade da rede metalorgânica (b)
Assim, os sistemas Co-pvb e Ni-pvb formam estruturas que apresentam redes
bidimensionais entrelaçadas entre si, formando cavidades menores quando
comparadas às da rede do complexo Cu-pvb. Ao considerar as redes metalôrganicas
tridimensionais, foram observadas formação de cavidades em formatos triangulares
contendo apenas uma molécula do solvente DMF no interior de cada plano contido na
cavidade. Comparando as medidas de menor e maior distâncias entre cada íon, no
Co-pvb, Figuras 50a e 50b, foram observados valores de 13,20 Å e 20,15 Å
respectivamente. Enquanto no Ni-pvb, Figuras 50c e 50d, foram observadas medidas
com diferença de aproximadamente 3,00 Å, sendo 16,59 Å e 23,00 Å.
81
Figura 50 - Redes e perspectivas do complexos Co-pvb e Ni-pvb
No caso da rede de manganês(II), houve a formação de complexos
trinucleares, envoltos pelas moléculas do piridilvinilbenzoato, formando uma estrutura
distinta das anteriores. Para o complexo Mn-pvb existem 6 unidades do ligante pvb
coordenadas aos íons Mn(II) através dos grupos carboxilatos, com formação de ponte,
e quatro unidades pvb coordenados aos íons Mn(II) através dos grupos piridina como
mostra a Figura 51a. O resultado é a formação de uma rede metalorgânica complexa,
com poros muito pequenos, porém contém duas moléculas do solvente DMF em cada
poro formado (Fig. 51b).
82
Figura 51 - Estrutura Molecular do Mn-pvb e da rede metalorgânica
Na Figura 52, está ilustrado um esquema do complexo apenas com os sítios
de coordenação para ilustrar melhor a estrutura do Mn-pvb. Os três íons manganês(II)
se encontram alinhados, sendo que o primeiro e o terceiro possuem duas unidades
piridina na esfera de coordenação, uma coordenada pelo eixo axial ao átomo de
nitrogênio N1 e outra coordenada pelo plano equatorial ao N2. A distância da ligação
N1 – Mn1 é de 2,30 Å e da ligação N2 – Mn1 é de 2,18 Å. Na esfera de coordenação
também contém um carboxilato coordenado pelos átomos de oxigênio O2 e O4 no
plano equatorial. O O4 faz uma ponte oxo com um íon manganês adjacente. Assim as
distâncias O2 – Mn1 e O4 – Mn1 são iguais a 2,25 e 2,19 Å, respectivamente e, na
ponte oxo a distância O4 – Mn2 é igual a 2,22 Å. As distâncias O1 – Mn e O3 – Mn
são iguais a 2,07 e 2,19 Å, respectivamente. A distância entre cada íon Mn(II), Mn1 –
Mn2 e Mn 2 – Mn1i é de 3,51 Å (Anexo 6.2, Tabela 34).
83
Figura 52 - Esquema estrutural do complexo Mn-pvb
Para averiguar mais sobre os sistemas cristalinos, foram realizads medidas de
difração de raios X por policristais de todos complexo M-pvb recém obtidos da solução
mãe, na faixa de 2 de 5 a 60º. A partir do difratograma calculado utilizando o
programa Mercury 3.7.1®48, foi feita comparação com o difratograma obtido
experimentalmente. A Figura 52 mostra a comparação entre os difratogramas obtidos
experimentalmente e calculados para os complexos M-pvb:
10 20 30 40 50 60
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ade N
orm
aliz
ada
2
Experimental
Calculado
Cu-pvb
a)
10 20 30 40 50 60
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ade
Norm
aliz
ad
a
2
Experimental
Calculado
Co-pvb
b)
10 20 30 40 50 60
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ade
Norm
aliz
ad
a
2
Experimental
Calculado
Ni-pvb
c)
10 20 30 40 50 60
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ade
Norm
aliz
ad
a
Experimental
Calculado
Mn-pvb
d)
2
Figura 53 – Comparação dos difratogramas experimental e calculado dos complexos M-pvb
84
A comparação do Cu-pvb, Figura 53a, apresenta uma diferença entre os
resultados, possivelmente mudança na fase cristalina devido à instabilidade dos
cristais (que será discutida posteriormente), após serem extraídos da solução de
síntese e serem triturados para análise de difração de raios-X de policristal.
Apesar de estar com uma linha base com alguns ruídos, do difratograma
experimental do Co-pvb e Ni-pvb e Mn-pvb Figuras 53b, 53c e 53d, se encontram
praticamente nos mesmos valores de 2, quando comparados com difratograma
calculado. Seus difratogramas experimentais, apresentam alguns picos pouco
deslocados em valores de 2, quando comparados com o calculado. Isso reflete uma
reprodutibilidade do sistema cristalino.
Os espectros de absorção no ultravioleta-visível são apresentados na Figura
54, onde são feitas as comparações do ligante livre com os complexos obtidos. Ambas
análises foram feitas no estado sólido e o espectro apresentado na escala de Kubelka-
Munk.
200 400 600 800
0
1
2
3
4
F(R
)
(nm)
Hpvb
Cu-pvb
a)
200 400 600 800
0
1
2
3
4
F(R
)
(nm)
Hpvb
Co-pvb
b)
200 400 600 800
0
2
4
F(R
)
(nm)
Hpvb
Ni-pvb
c)
200 400 600 800
0
1
2
3
4
F(R
)
(nm)
Hpvb
Mn-pvb
d)
Figura 54 – Espectro de absorção UV-Vis dos complexos M-pvb
85
Na Tabela 13 estão listados todos os valores de comprimento de onda das
bandas dos complexos M-pvb. Na Figura 54a, é apresentado o espectro do Cu-pvb e
foi observado o aparecimento de uma banda em 636 nm caracterizado pela transição
eletrônica do tipo d-d e um ombro formado em 413 nm, que provavelmente está
associada a um deslocamento da transição -* em relação ao ligante livre. Na Figura
54b, o espectro de absorção do Co-pvb apresenta uma banda em 457 nm do tipo d-
d e outra em 362 nm, representando a transição -*. Na Figura 54c, no espectro do
Ni-pvb, foi observado a banda em 642 nm de transições d-d e 376 nm a transição -
*. No caso do Mn-pvb, Figura 54d, é mostrada apenas uma banda em 364 nm, do
tipo de transição d-d.
Tabela 13 - Valores das max das bandas dos espectros dos complexos M-pvb
M-pvb Bandas (nm)
Cu-pvb 636, 423
Co-pvb 457, 362
Ni-pvb 642, 376
Mn-pvb 364
Os cristais de todos os compostos M-pvb com passar do tempo, fora da solução
mãe, mudaram seu aspecto e até cor. Nos sistemas de cobre(II) e cobalto(II), a
instabilidade é maior, consequentemente ocorre mudança rápida do aspecto do
cristal. Após um tempo fora da solução mãe, o Cu-pvb ocorre mudança de roxo para
azul pálido e o Co-pvb muda de cor vinho para laranja. Nos cristais de níquel(II) e
manganês(II) a estabilidade é maior, consequentemente ocorre pouca mudança no
aspecto visual e físico.
Para obtenção de mais informações sobre a estabilidade dos compostos M-
pvb, foram feitas medidas de termogravimetria, para investigar se a mudança no
aspecto dos cristais está relacionada com a perda de solvente que contem nas
cavidades da estrutura cristalina. Assim, as medidas foram realizadas a partir dos
compostos recém retirados da solução mãe e dos compostos após secagem ao ar
durante duas semanas. As medidas de TGA foram feitas na faixa de 25oC a 800oC,
com atmosfera de gás argônio. Em todos gráficos de TGA, foram analisados apenas
o primeiro evento termodinâmico, no que se refere a perda do solvente.
86
A Figura 55 apresenta as medidas de TGA do Cu-pvb da amostra recém
retirada da solução mãe (Figura 55a) e da amostra seca por duas semanas (Figura
55b).
0 200 400 600 8000
20
40
60
80
100
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
dm
/dT
Massa R
ela
tiva (
%)
Temperatura (oC)
DTG
TGA
a)
0 200 400 600 800
0
20
40
60
80
100
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
dm
/dT
Massa
Rela
tiva
(%
)
Temperatura (oC)
DTG
TGA
b)
Figura 55 – Gráficos de TGA do Cu-pvb
No gráfico de TGA para a amostra recém-retirada da solução mãe, mostrado
na Figura 55a, foi observado a manifestação de dois eventos termodinâmicos. No
primeiro evento, com início em 31,16 °C e que se estende até 154,05 °C, ocorre uma
redução de massa de 33,66%. Os cálculos, a seguir, foram baseados em moléculas
de DMF e água sendo evaporados e mostram a quantidade de massa perdida com
aumento da temperatura. Considerando a presença de três moléculas de DMF e duas
moléculas de água, a massa molar do sistema passa a ser igual a 768,27 g/mol. Assim
a massa calculada da perda de três moléculas de DMF e duas de água seria de
33,23%, um resultado que está de acordo com o encontrado experimentalmente. Ao
comparar com a estrutura obtida por difração de raios X por monocristal, nota-se um
diferença na quantidade de moléculas de solvente uma vez que por esta técnica foram
identificadas duas moléculas de DMF na rede cristalina, o que leva a crer que uma
molécula de DMF e duas moléculas de água adicionais podem estar adsorvidas na
superfície do cristal.
No gráfico de TGA para a amostra seca, Figura 55b, foi observado a presença
de dois eventos. O primeiro evento indica uma perda de 4,87% de massa, o que é
compatível com um sistema contendo duas moléculas de água, resultando em uma
massa molar igual a 541,06 g/mol. O valor calculado para duas moléculas de água é
igual a 4,99%, sendo compatível com o valor obtido experimentalmente. Assim
87
conclui-se que após o processo de secagem, as moléculas de DMF possivelmente
saíram da estrutura cristalina dando lugar a duas moléculas de água.
A Figura 56 refere-se aos gráficos de TGA do Co-pvb recém-retirado da
solução-mãe (Figura 56a) e seco depois de duas semanas (Figura 56b),
respectivamente:
0 200 400 600 800
0
20
40
60
80
100
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
dm
/dT
Massa
Rela
tiva
(%
)
Temperatura (oC)
DTG
TGA
a)
0 200 400 600 800
0
20
40
60
80
100
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
dm
/dT
Massa
Rela
tiva
(%
)
Temperatura (oC)
DTG
TGA
b)
Figura 56 – Gráficos de TGA do Co-pvb
No gráfico de TGA para a amostra recém-retirada da solução-mãe (Figura 56a),
tem-se a presença de três eventos termodinâmicos. No primeiro evento, que ocorre
no intervalo de 107,65 a 185,14 oC, observa-se uma perda de 13,07%. Logo o valor
seria compatível com uma molécula de DMF, o que corrobora com a estrutura obtida
na difração de raios X por monocristal. O gráfico de TGA para a amostra seca (Figura
56b) mostra a presença de 3 eventos termodinâmicos, sendo que o evento em que
ocorre perda do solvente ocorre no intervalo de 59,87 a 138,46 oC com uma perda de
16,78% de massa, o que corresponde a uma molécula de DMF e 1,5 moléculas de
água. Dessa forma, esses resultados mostram indícios que ocorre a inclusão de
moléculas de água na estrutura cristalina quando o complexo fica fora da solução mãe
e exposto ao ambiente.
Na Figura 57 são mostrados os gráficos de TGA do Ni-pvb recém obtido da
solução mãe (Figura 57a) e seco ao ar por duas semanas (Figura 57b),
respectivamente:
88
0 200 400 600 800
0
20
40
60
80
100
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
dm
/dT
Massa
Rela
tiva
(%
)
Temperatura (oC)
DTG
TGA
a)
0 200 400 600 800
0
20
40
60
80
100
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
dm
/dT
Massa
Rela
tiva
(%
)
Temperatura (oC)
DTG
TGA
b)
Figura 57 – Gráficos de TGA do Ni-pvb
Para a amostra recém retirada da solução mãe (Figura 57a) observam-se
quatro eventos, sendo que o primeiro evento ocorre entre 29,23 e 100,19 oC com
perda de massa de 13,01%, o que é compatível com a perda de uma molécula de
DMF. Para a amostra seca (Figura 57b) o primeiro evento ocorre no intervalo de 30,02
a 214,83 oC, com perda de massa de 14,52%, o que é compatível com a massa de
uma molécula de DMF e 0,5 molécula de água.
A Figura 58 se refere aos gráficos de TGA do Mn-pvb recém obtido da solução,
Figura 58a, e seco por duas semanas, Figura 58b, respectivamente:
0 200 400 600 800
0
20
40
60
80
100
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
dm
/dT
Massa
Rela
tiva
(%
)
Temperatura (oC)
DTG
TGA
a)
0 200 400 600 800
0
20
40
60
80
100
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
dm
/dT
Massa R
ela
tiva (
%)
Temperatura (oC)
DTG
TGA
b)
Figura 58 – Gráfico de TGA do Mn-pvb
Do gráfico, na Figura 58a, tem-se que para a amostra recém retirada da solução
o primeiro evento ocorre entre 24,71 e 239,218 oC, perda de massa de 9,71%, o que
equivale a massa de duas moléculas de DMF e uma molécula de água. Para a
amostra seca (Figura 58b), foi observado que o gráfico apresenta dois eventos, sendo
que o primeiro evento ocorre entre 24,34 e 285,06 oC, com perda de massa de 12,44%
o que equivale a perda de duas moléculas de DMF e 3,5 moléculas de água.
89
Assim, os gráficos de TGA mostram que possivelmente ocorre uma troca de
solvente no caso do Cu-pvb, e inclusão de moléculas de água no sistema cristalino,
como foi observado para os sistemas Co-pvb, Ni-pvb e Mn-pvb.
Assim, para averiguar se houve uma mudança estrutural com a transformação
dos sistemas M-pvb depois de secos, foram realizadas medidas de difração de raios
X por policristais dos compostos recém retirados da solução mãe e depois de secos
para comparação, de acordo como mostrado na Figura 59. No caso dos sistemas Ni-
pvb e Mn-pvb, Figuras 59c e 59d, respectivamente, não ocorrem mudanças
significativas nas respectivas estruturas cristalinas. O sistema Ni-pvb apresenta perda
de intensidade em alguns picos, mas pouco deslocamento no valor de 2 e pouco
aumento de ruído na linha base. Para o sistema Mn-pvb a intensidade dos picos estão
próximos e praticamente não ocorre deslocamento no valor de 2. Portanto, estes
resultados permitiram verificar que não há mudança significativa nas estruturas
cristalinas dos sistemas Ni-pvb e Mn-pvb.
No caso dos sistemas Cu-pvb e Co-pvb, Figuras 59a e 59b, respectivamente,
ocorrem mudanças significativas nos difratogramas. Para o sistema Cu-pvb ocorre
grandes deslocamentos no valor de 2, apesar de os picos estarem bem definidos.
Essa variação indica uma mudança no sistema cristalino do Cu-pvb, porém o sistema
permanece com ordem cristalina. Para o sistema Co-pvb ocorrem consideráveis
deslocamentos no valor de 2, alargamento de alguns picos, diminuição da
intensidade e aparecimento de ruídos na linha de base. Essas mudanças observadas
na comparação do difratograma sugerem uma mudança da estrutura cristalina. Dessa
forma, a associação destes resultados com os resultados observados nas análises de
TGA permite considerar que tanto o Cu-pvb quanto o Co-pvb apresentam
estabilidade menor quando retirados da solução mãe e colocados para secar ao ar
quando comparados aos sistemas Ni-pvb e Mn-pvb.
90
10 20 30 40 50 60
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0In
tensid
ade
Norm
aliz
ad
a
2
Recem formado
Seco
Cu-pvb
a)
10 20 30 40 50 60
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ade
Norm
aliz
ad
a
2
Recem Formado
Seco
Co-pvb
b)
10 20 30 40 50 60
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ade
Norm
aliz
ad
a
2
Recem Formado
Seco
Ni-pvb
c)
10 20 30 40 50 60
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ade
Norm
aliz
ad
a
2
Recem Formado
Seco
Mn-pvb
d)
Figura 59 – Comparação entre os difratogramas dos complexos M-pvb secos e
recém obtidos
Para obter maiores informações acerca da estabilidade dos compostos Cu-pvb
e Co-pvb, foram propostos dois experimentos. O primeiro consistiu em deixar os
cristais dos compostos secos em um pequeno recipiente de cristalização, e este por
sua vez foi colocado dentro de outro recipiente de vidro com tampa, contendo 5 mL
de DMF, para simular atmosfera saturada do solvente. Os compostos foram mantidos
nessa condição durante 15 dias a temperatura ambiente. As imagens obtidas no
primeiro dia, após sete dias e após quinze dias são mostradas na Figura 60.
91
Figura 60 – Imagens dos cristais em cada etapa do experimento
No início do experimento, os cristais secos de Cu-pvb e Co-pvb, Figuras 60a
60d, respectivamente, foram colocados no compartimento de vidro e, após sete dias,
foi observado uma mudança no aspecto visual dos cristais, apresentando uma
tendência a adquirir um aspecto mais semelhante ao dos cristais recém retirados da
solução mãe, de acordo como mostrado na Figura 60b e 60e, para Cu-pvb e Co-pvb,
respectivamente. Após 15 dias, os cristais de Cu-pvb e Co-pvb foram observados no
microscópio (Figura 60c e 60f, respectivamente), mostrando que ainda havia alguma
mudança, porém a maior parte dos cristais ainda apresentavam aspecto visual mais
próximo ao dos compostos secos.
Para verificar se houve mudança da estrutura foram realizadas medidas de
difração de raios X por policristais dos sistemas após o procedimento de saturação
com DMF para comparar com os difratogramas das amostras na forma seca. A Figura
61 mostra esta comparação.
Os resultados mostram que ambos difratogramas para os sistemas Cu-pvb e
Co-pvb, mostrados na Figura 61a e 61b, respectivamente, são muito semelhantes,
porém, para o sistema Cu-pvb observam-se maiores modificações indicando menor
estabilidade. Já para o sistema Co-pvb os difratogramas se encontram praticamente
sobrepostos, o que indica que não houve mudanças significativas na sua estrutura
cristalina durante o experimento.
92
0 10 20 30 40 50 60
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ade
Norm
aliz
ad
a
A
Cristais Secos
Cristais em atmosfera DMF
Cu-pvb
a)
0 10 20 30 40 50 60
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ade
Norm
aliz
ad
a
2 (o)
Cristais Secos
Cristais em atmosfera
de DMF
Co-pvb
b)
Figura 61 – Comparação entre cristais secos e do experimento, da atmosfera
saturada de DMF, do Cu-pvb (a) e Co-pvb (b)
O segundo experimento relacionado a estabilidade dos cristais de Cu-pvb e
Co-pvb consistiu em separar os cristais recém obtidos da síntese, eliminando apenas
o excesso de solvente das superfícies dos cristais e armazená-los em um micro-tubo
de plástico a uma temperatura de -15 oC, durante 15 dias. Após esse período não
foram observadas mudanças significativas no aspecto visual dos cristais, ou seja,
permaneceram translúcidos e com as cores originais. Assim foram feitas as medidas
da difração de raios X por policristais das amostras após este experimento e os
resultados foram comparados com o difratograma dos cristais recém obtidos da
solução mãe e dos cristais secos. A Figura 62 mostra esta comparação.
A comparação entre Cu-pvb recém formado e congelado, Figura 62a, sugere
que ocorreu uma mudança estrutural dos cristais durante o período em baixa
temperatura. Seu difratograma se assemelha ao dos cristais secos, Figura 62b, em
que os difratogramas se encontram praticamente sobrepostos, com os picos nas
mesmas posições porém com pequenas diferenças em relação à intensidade dos
picos dos mesmos. Assim não é possível afirmar que o Cu-pvb apresenta estabilidade
a baixas temperaturas.
No caso do Co-pvb, a comparação entre o recém formado e o congelado,
Figura 62c, apresenta semelhança uma vez que os difratogramas estão praticamente
sobrepostos, ocorrendo pequenas diferenças em relação à intensidade de alguns
picos. No caso dos cristais secos e os congelados, Figura 62d, a comparação mostra
que existe uma diferença de estruturas devido ao deslocamento de alguns picos e
diferenças de intensidade, o que dá indícios que as estrutura cristalina do Co-pvb
93
congelado está mais próxima à dos cristais recém formados do que dos cristais secos.
Assim pode-se concluir que a temperatura baixa, de -15 oC, os cristais de Co-pvb
apresentam estabilidade mesmo fora da solução mãe.
0 10 20 30 40 50 60
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ade
Norm
aliz
ad
a
2(o)
Recem Formado
Congelado
Cu-pvb
a)
0 10 20 30 40 50 60
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ade
Norm
aliza
da
2 (o)
Cristais Secos
Congelados
Cu-pvb
b)
0 10 20 30 40 50 60
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ade N
orm
aliz
ada
2 (o)
Recém Formado
Congelado
Co-pvb
c)
0 10 20 30 40 50 60
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0In
tensid
ade
Norm
aliz
ad
a
2 (o)
Cristais Secos
Congelados
Co-pvb
d)
Figura 62 – Comparação difratogramas entre cristais recém formados e secos com
congelados do Cu-pvb (a)(b) e Co-pvb (c)(d)
4.6 - Estudo das propriedades magnéticas das redes metalorgânicas (M-pvb)
As medidas magnéticas foram realizadas no modo field cooled (FC), em que a
medida da magnetização é feita com varredura da temperatura ambiente de 300 K até
temperatura próxima do zero absoluto (temperatura de hélio líquido) na presença de
de um campo magnético estático (dc) aplicado.
Nas figuras 63, 64, 65 e 66 são apresentados os gráficos do produto da
suscetibilidade molar pela temperatura em função da temperatura, MT versus T
medidos sob aplicação de um campo magnético constante de 1000 Oe, juntamente
com as curvas de magnetização em função do campo aplicado, M versus H, a
temperatura constante de 2 K, para os complexos Cu-pvb, Co-pvb, Ni-pvb e Mn-pvb,
respectivamente.
94
Os valores de MT para o sistema Cu-pvb diminuem com o abaixamento da
temperatura, o que sugere que ocorra uma interação antiferromagnética, como
mostrado na Figura 63a. Para a realização do ajuste matemático, foi utilizado a Lei de
Curie-Weiss1, equação (1.9), considerando que a distância entre os íons cobre(II), de
15,29 Å, seja grande suficiente para que as interações ocorram via interações
intramoleculares. Do ajuste, para S=1/2, foram obtidos g = 2,10, um valor condizente
para o íon cobre(II) e = -36,6 cm-1, o que corrobora com o tipo de interação verificada
no gráfico.
A Figura 63b mostra a curva da magnetização em função do campo magnético.
De acordo com a equação (1.19), o valor da magnetização de saturação calculado
para Cu-pvb, considerando g = 2,10 e S =1/2 é de M = 1,05 N. Do gráfico, da Figura
61b, tem-se que o valor da magnetização de saturação, a um valor de campo de 50
kOe, é de 0,99 N, um valor abaixo do esperado, o que indica que esse valor de
campo não foi suficiente para ordenar todos spins resultantes dos íons cobre(II).
Mesmo apresentando uma valor abaixo do calculado, observa-se que há uma
tendência para atingir um plateau.
0 100 200 300
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
Cu-pvb
MT x T
R = 7,9 10-3
H = 1,0 kOe
a)M T
(cm
3 K
mo
l-1)
Temperatura (K)
0 10 20 30 40 50
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
M x H
Cu-pvb
T = 2 K
b)
M (
N)
H (kOe)
Figura 63 - Curvas magnéticas de MT versus T (a) e a curva de M versus H (b) do complexo do Cu-pvb
Para o sistema Co-pvb, Figura 64a, o abaixamento dos valores de MT com o
abaixamento da temperatura indicam que a interação entre os íons metálicos é
antiferromagnética. O desvio que ocorre na região próxima a 50 K também é um
indício de uma possível contaminação com gás O2, que manifesta interações
95
magnéticas nessa faixa de temperatura. Para realização do ajuste matemático dos
valores de MT vs T para o sistema Co-pvb, foram utilizadas equações que
consideram que as interações magnéticas ocorram via interações intermoleculares
entre os íons metálicos situados em cada extremidade dos ligantes na rede, pois o
modelo considera que os íons Co(II) estão praticamente isolados. As equações
também levam em conta um sistema com S = 3/2 e considerando o termo de efeito
dominante zero field splitting, D, de acordo com as equações, são levados em conta
os efeitos do acoplamento spin-órbita e anisotropia magnéticas51. Nas equações (4.3)
e (4.5) 1 refere-se a suscetibilidade calculada para os íons que estão em paralelo.
Na equação (4.4) e (4.5) 2 refere-se a suscetibilidade perpendicular51.
)1(4
911
)/2
/222
kTD
kTD
e
e
kT
gN
(4.3)
)1(4
)1)(/3(42
)/2
/222
kTD
kTD
e
eDkT
kT
gN
(4.4)
3
221'
(4.5)
')2
(1
'
22
gN
zJ
(4.6)
0 50 100 150 200 250 300
1,6
1,8
2,0
2,2
2,4
2,6
2,8
3,0
3,2
M T
(cm
3 K
mol-1
)
T (K)
Co-pvb
MT x T
R = 1,0.10-3
H = 1 kOe
a)
0 10 20 30 40 50 60
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
M x H
Co-pvb
T = 2 K
letra b)
M (
N)
H (kOe)
Figura 64 – Curvas magnéticas de MT versus T e a curva de M versus H do complexo do Co-pvb
O ajuste matemático, no caso do Co-pvb, apresenta valores para o fator de
Landé, g = 2,49, que está de acordo com os valores usuais para íons Co(II). Neste
96
caso, o modelo considera que os íons estão isolados magneticamente, o termo zJ
descreve as interações magnéticas entre os íons metálicos devido a interações
intermoleculares que podem ser favorecidas com o abaixamento da temperatura, o
que pode servir como uma aproximação razoável uma vez que a distância entre os
centros portadores de momento magnético é grande. O valor encontrado para zJ, igual
a -6,010-18 cm-1, embora seja muito pequeno, apresenta um valor negativo, o que
corrobora com uma interação antiferromagnética. O valor de D = -33,5 cm-1, o que é
condizente também para íon cobalto(II).
De acordo com a equação (1.19), e considerando g = 2,00 e S = 3/2 para Co(II),
o valor teórico da magnetização de saturação é de M = 3,00 N. Assim o valor
experimental da magnetização de saturação, a 50 kOe, para Co-pvb é 2,10 N, valor
menor do que esperado. Logo a comparação mostra que a 50 kOe, os spins não estão
ordenados com campo, mas sua curva, Figura 64b, mostra que o Co-pvb tem maior
tendência a saturação quando comparado com os outros sistemas.
Na Figura 65 são apresentadas as medidas magnéticas para o sistema Ni-pvb.
Foi observado que ocorre declínio dos valores de MT com o abaixamento da
temperatura, caracterizando um sistema com interações do tipo antiferromagnéticas.
O modelo para ajuste matemático da curva de MT vs T (Fig. 65a) utilizado, considera
suscetibilidade isotrópica e a interação entre os íons Ni(II) ocorrendo via cadeia.
Mesmo que a estrutura consiste em cadeias entrelaçadas, este modelo desconsidera
a interação entre as cadeias52, uma vez que as interações intracadeias já são muito
pequenas. As equações 4.7 e 4.8 foram utilizadas para o ajuste52:
B
A
kT
Ngcadeia
22 (4.7)
cadeia
cadeiaM
Ng
zJ
)2
(122
(4.8)
Em que: A = 2,0 + 0,0194 x + 0,777 x2; B = 3,0 + 4,34 x+ 3,232 x2 + 5,834 x3; e x = exp
(|J|/kT), N o número de Avogadro, a constante magnéton de Bohr, k a constante de
Boltzmann.
97
0 100 200 300
0,0
0,5
1,0
1,5
M T Ni-pvb
H = 1 kOe
R = 3,9 10-4
a)
M T
(cm
3 K
mo
l-1)
T(K) 0 10 20 30 40 50
0,0
0,5
1,0
1,5
MxH
Ni-pvb
T = 2 K
b)M (
N)
H(kOe) Figura 65 – Curvas magnéticas de MT versus T e a curva de M versus H do
complexo do Ni-pvb
A partir do ajuste mostrado na Figura 65a, foram obtidos os parâmetros, g =
2,43 valor condizente para o íon Ni(II), J = - 0,75 cm-1, valor da constante de
acoplamento magnética que corrobora com o comportamento observado, ou seja,
interação do tipo antiferromagnética. Como o valor para o parâmetro zJ foi muito
pequeno, praticamente tendendo a zero, este termo foi desconsiderado. Logo esses
valores sugerem que as interações entre os íons Ni(II) ocorrem, porém são de baixa
magnitude. O termo zJ tendendo a zero indica que as interações magnéticas
intercadeias não são eficazes.
De acordo com a equação (1.19), e considerando g = 2,19 e S = 1 para Ni(II) o
valor teórico da magnetização de saturação do Ni-pvb é 2,19 N. O valor experimental
da magnetização de saturação, a 50 kOe, é de 1,65 N, valor menor do que seu valor
teórico. Logo a comparação mostra que a 50 kOe, todos spins não estão
completamente ordenados com campo.
A Figura 66 mostra os gráficos das medidas magnéticas do Mn-pvb. Assim o
gráfico de MT versus T apresenta um declínio relevante a temperaturas baixas, o que
define uma interação do tipo antiferromagnética. No caso do Mn-pvb, as interações
entre os três íons de manganês(II) podem levar a um abaixamento do valor da
susceptibilidade magnética em baixas temperaturas, porém sem o completo
anulamento, uma vez que o sistema trinuclear possui um spin resultante mesmo
quando apresenta interações antiferromagnéticas. Este comportamento pode ser
visualizado na Figura 66a, uma vez que o valor de MT a 2,0 K é igual a 4,2 cm3 K
mol-1. A equação 4.9, para realização do ajuste, considera as interações entre três
98
íons Mn(II), apenas em uma unidade trinuclear do complexo e com S = 5/2. A equação
descrita a seguir com seus seguintes termos53,54:
B
A
kT
gN 22 (4.8)
Em que: A = 52.5 + 1020 x27.5 + 682.5 x20 + 682.5 x25 + 429 x13.5 + 429 x18.5 + 429 x22.5
+ 247.5 x8 + 247.5 x13 + 247.5 x17 + 247.5 x20 + 126 x3.5 + 126 x8.5 + 126 x12.5 + 126
x15.5 + 126 x17.5 + 52.5 x5 + 52.5 x9 + 52.5 x12 + 52.5 x14 + 52.5 x15 + 15 x2.5 + 15 x6.5 +
15 x9.5 + 15 x11.5 + 1.5 x5 + 1.5 x8; B = 6 + 16 x27.5 + 14 x20 + 14 x25 + 12 x13.5 + 12 x18.5
+12 x22.5 + 10 x8 + 10 x13 + 10 x17 + 10 x20 + 8 x3.5 + 8 x8.5 + 8 x12.5 + 8 x15.5 + 8 x17.5 +
6 x5 + 6 x9 +6 x12 + 6 x14 + 6 x15 + 4 x2.5 + 4 x6.5 + 4 x9.5 +4 x11.5 + 2 x5 + 2 x8; e x = exp
(-J/kT), N o número de Avogadro, a constante magnéton de Bohr, k a constante de
Boltzmann.
0 50 100 150 200 250 300
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
M T
(cm
3 K
mo
l-1)
T (K)
Mn-pvb
H = 1 kOe
R = 3,0.10-5
a)
0 10 20 30 40 50
0
1
2
3
4
5
6
Mn-pvb MxH
T = 2 K
b)
M (
N)
H (kOe)
Figura 66 - Curvas magnéticas de MT versus T e a curva de M versus H do complexo do Mn-pvb
O bom ajuste, no caso do Mn-pvb, da curva corroboram com o tipo de interação
descrita, a antiferromagnética. Assim os parâmetros obtidos do ajuste são g = 2,00
condizente para o íon manganês(II), a constante de acoplamento magnética J = -2,53
cm-1, o que corrobora com a interação observada no gráfico da Figura 66a.
De acordo com a equação (1.19), g = 2,00 e S = 5/2 para Mn(II), o valor teórico
da magnetização de saturação do Mn-pvb é 5,00 N Assim analisando a curva de
magnetização de saturação, Figura 66b, Mn-pvb possuem maior tendência a
saturação, pois sua curva atinge o platô da saturação. O valor de magnetização de
99
5,15 N, valor muito próximo ao valor teórico. Assim indica que praticamente todos
spins dos íons se encontram praticamente ordenados ao campo.
As medidas magnéticas para os sistemas M-pvb mostram que dependendo da
estrutura cristalina o comportamento magnético se manifesta de forma diferente,
apesar das interações entre os íons metálicos para todos os sistemas serem do tipo
antiferromagnéticas. Para o sistema Cu-pvb, que apresenta grandes cavidades na
sua rede cristalina, os valores de MT versus T são consistentes com spins não
interagentes. Uma vez que a estrutura do sistema M-pvb se torna mais compacta,
como nos sistemas Co-pvb, Ni-pvb e Mn-pvb, as interações magnéticas se tornam
mais relevantes.
4.7 – Caracterização dos sistemas do tipo Ln-ina
Os espectros obtidos, no modo ATR com resolução espectral de 4 cm-1, por
absorção na região do infravermelho são apresentados na Figura 67, a seguir:
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
436 cm-1
439 cm-1
439 cm-1
443 cm-1
1584 cm-1
1584 cm-1
1588 cm-1
1588 cm-1
3217 cm-1
3221 cm-1
3213 cm-1
Ln - O
C = O
assimétrico
Número de Onda (cm-1)
Nd-ina
Sm-ina
Gd-ina
Dy-ina
O - H
3222 cm-1
Figura 67 – Espectros de Infravermelho dos complexos Ln-ina
Os valores de energia dos principais estiramentos foram atribuídos35,36,37 e
listados na Tabela 14:
100
Tabela 14 – Atribuições dos principais estiramentos observados nos espectros de IR dos complexos Ln-ina
Tipo de Ligação Nd-ina
(cm-1)
Sm-ina
(cm-1)
Gd-ina
(cm-1)
Dy-ina
(cm-1)
O – H 3222 3213 3221 3217
C = O (simétrico) 1407 1409 1407 1405
C = N 1541 1541 1543 1547
C = O (anti-simétrico) 1584 1584 1588 1588
Ln – O 436 439 439 443
Foram observadas bandas com valores de estiramento na região de 3200 cm-
1 que podem ser atribuídas ao estiramento assimétrico da ligação O – H da molécula
de água e as interações do tipo ligação de hidrogênio existente entre as cadeias
poliméricas de intensidade média. A região entre 447 e 425 cm-1 apresenta uma banda
pouco intensa que pode ser atribuída ao estiramento anti-simétrico da ligação Ln – O,
entre o íon lantanídeo o oxigênio do grupo carboxilato. Na região próxima a 1540 cm-
1, foi observado o estiramento da ligação C = N do grupo piridina. Também foram
notados os estiramentos anti-simétricos e simétricos do carboxilato, próximos a 1600
cm-1 e 1440 cm-1, respectivamente.
Foram obtidos cristais adequados para experimentos de difração de raios X de
monocristais. A Figura 68 mostra imagens dos monocristais formados do Nd-ina (Fig.
68a) e Dy-ina (Fig. 68b). A partir dos resultados de difração de raios X por
monocristais foi possível obter as estruturas moleculares dos quatro complexos
contendo íons lantanídeos e o ligante isonicotinato. Os parâmetros cristalográficos
estão descritos na Tabela 15.
Tabela 15 - Valores dos parâmetros da cela unitária dos complexos Ln-ina
Nd-ina Sm-ina Gd-ina Dy-ina
Formula Empírica
C12H16ClN2NdO8 C12H16ClN2SmO8 C12H16ClN2GdO8 C12H16ClN2DyO8
Massa Molecular
(g/mol) 495,96 502,08 508,97 513,92
101
Temperatura (K)
150 150 150 293
Comprimento de onda (Å)
0,71073 0,71073 0,71073 0,7741
Fonte Radiação
Mo Mo Mo Sincrotron
Sistema Cristalino
Ortorrômbico Ortorrômbico Ortorrômbico Ortorrômbico
a (Å) 8,9038(5) 8,8846(5) 8,8874(8) 8,3900(17)
b (Å) 19,6601(11) 19,6122(12) 19,5757(17) 18,5400(4)
c (Å) 10,1359(6) 10,0702(6) 10,0264(9) 9,4500(19)
(º) 90 90 90 90
(º) 90 90 90 90
(º) 90 90 90 90
Volume 1774,3(18) 1754,7(18) 1744,4(3) 1470,0(5)
Z 4 4 4 4
Densidade calculada (g.cm-3)
1,857 1,901 1,938 1,706
Grupo Espacial
Pbcn Pbcn Pbcn Pnc2
F000 972 980 988 710
R[F2>2(F2)] 0,015 0,014 0,014 0,033
wR(F2) 0,033 0,031 0,029 0,105
Refl. Coletadas
2047 1862 1854 2888
máx. (º) 27,5 26,7 26,7 32,0
Rint 0,017 0,021 0,028 0,066
(mm-1) 3,12 3,54 4,00 6,85
102
Código de Simetria
−x+2, −y+2, −z+1; (ii) x+1, y,
z; (iii) x+1/2, y+1/2, −z+1/2
(i) −x+1, y, −z+3/2; (ii) x,
−y+1, z+1/2; (iii) −x+1, −y+1,
−z+1
(i) −x+1, y, −z+3/2; (ii) x,
−y+1, z+1/2; (iii) −x+1, −y+1,
−z+1
(i) −x, −y+1, z; (ii) −x+1, −y+1,
z
Método de Refinamento
Full-matrix least-square on
F2
Full-matrix least-square on F2
Full-matrix least-square on
F2
Full-matrix least-square on
F2
Estrutura Refinada42,43
SHELXS97 (Sheldrick,
2008), SHELXL2014/7
(Sheldrick, 2014).
SHELXS97 (Sheldrick,
2008), SHELXL2014/7
(Sheldrick, 2014).
SHELXS97 (Sheldrick,
2008), SHELXL2014/7
(Sheldrick, 2014).
SHELXS97 (Sheldrick,
2008), SHELXL2014/7
(Sheldrick, 2014).
Figura 68 – Monocristais obtidos do Nd-ina e Dy-ina
Todos os complexos apresentaram estrutura molecular muito semelhante.
Suas estruturas são formadas por uma cadeia polimérica catiônica com ânion cloreto
próximo aos centros metálicos como contra íons, como mostrado na Figura 69a. Os
íons lantanídeos são ligados por dois ligantes isonicotinato, este último coordenado
de forma bidentada de modo a estabelecer uma ponte pelos grupos carboxilatos. A
coordenação dos ânions isonicotinato ocorre de maneira distorcida, assim resultando
na formação de complexos de baixa simetria, formando complexos de geometria
trigonal dodecaédrica28,55como ilustra a Figura 69b.
103
Figura 69 – Estrutura molecular do complexo Dy-ina
Foi observado que a estrutura apresenta uma distorção devido ao modo de
coordenação do grupo carboxilato do ligante isonicotinato, sendo assim observa-se
que na estrutura molecular do polímero, os anéis piridínicos se encontram em
posições paralelas e com distância suficiente para que ocorra interação do tipo
stacking45,46 entre eles e entre anéis de cadeias vizinhas. Da literatura, a
interação do tipo – entre anéis aromáticos heterocíclicos varia de 3,4 a 3,8 Å46.
Pelos valores obtidos das estruturas moleculares,(Anexo 6.3, Tabela 36) foi
observado que o tamanho do íon lantanídeo influencia na estrutura da cadeia
polimérica. Assim, de acordo que o tamanho do metal aumenta, os comprimentos das
ligações com os ligantes diminuem, sendo que as estruturas do neodímio, samário e
gadolínio apresentam valores próximos e ocorre um pequeno decréscimo
comparando um com outro, como por exemplo, os valores da ligação entre íons
lantanídeo e água, com valores de 2,48 Å para o Nd(III), 2,45 Å para Sm(III) e 2,43 Å
para Gd(III). Porém, os valores reduzem significativamente quando se trata do íons
disprósio(III) devido ao grande valor de sua massa, por exemplo o valor da distância
entre Ln(III) e água, que é de 3,79 Å para o gadolínio(III) e de 3,55 Å para o
disprósio(III).
Os dados de difração de raios X por policristais obtidos experimentalmente
foram comparados com os difratogramas calculados a partir dos dados obtidos
experimentalmente para os monocristais, utilizando o programa Mercury 3.7.1®48. A
104
Figura 70 mostra a comparação do difratograma calculado e o experimental, ambos
normalizados, de todos compostos Ln-ina. Os picos do Nd-ina, Sm-ina e Gd-ina (Fig.
70a, 70b e 70d) se encontram na mesma posição, em relação ao valor de 2, o que
indica que mesmos valores dos planos de difração, portanto as amostras obtidas não
apresentam uma mudança de fase cristalina. Isso indica uma reprodutibilidade dos
sistemas cristalinos. Na comparação do Dy-ina (Fig. 70c), quase todos picos
apresentam pequeno deslocamento do valor de destaque aos picos próximos a
11º, em que houve um pequeno deslocamento, sendo 11,02º o calculado e 11,56º o
experimental.
10 20 30 40 50
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ade
Norm
aliz
ad
a
2
Calculado
Experimental
Nd-ina
a)
10 20 30 40 50
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ade
Norm
aliz
ad
a
2
Calculado
Experimental
Sm-ina
b)
10 20 30 40 50
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ade
Norm
aliz
ad
a
2
Experimental
Calculado
Dy-ina
c)
10 20 30 40 50
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ade
Norm
aliz
ad
a
2
Experimental
Calculado
Gd-ina
d)
Figura 70 – Difratograma dos compostos Ln-ina
4.8 – Estudo das propriedades óticas e fotofísicas dos complexos Ln-ina
Para caracterizar os íons lantanídeos em relação as propriedades óticas e
espectroscópicas, inicialmente foi feito espectro de absorção na região do ultravioleta
e visível para analisar as transições de absorção e comparar com espectro de
excitação. A Figura 71 mostra, o espectro de absorção do ligante Hina junto com
espectro do complexo Nd-ina ambos no estado sólido (Fig. 71a) e o espectro
105
excitação e absorção do Nd-ina no estado sólido (Fig. 71b). Na Figura 71a, tem-se
que em 258 nm se encontra valor máximo de comprimento de onda do ligante Hina e
no complexo ocorre deslocamento para 267 nm onde se encontra a banda de
absorção do ligante no espectro de absorção, provavelmente transição do tipo do tipo
e n
200 300 400 500 600 700 800
0
1
2
3
4
F(R
)
(nm)
Nd-ina
Hina
a)
250 300 350 400 450 500 550
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ade N
orm
aliz
ada
(nm)
Absorção
Excitação
Nd-ina
b)
Figura 71 – Comparação do Espectro de Absorção do Nd-ina com ligante Hina (a) e Excitação espectro de Absorção do Nd-ina (b)
Os espectros de absorção e excitação, Figura 71b, apresentam perfil
semelhante, de modo que as bandas são observadas no espectro de excitação, estão
muito próximas no espectro de absorção, com pouco valor deslocado de . A Tabela
16 apresenta o valor de comprimento de onda, atribuição das transições eletrônicas56
e a restrição determinada pelas regras de seleção57 do Nd-ina. As transições
eletrônicas são proibidas pela Regra de Laporte, no caso orbitais de mesma paridade
e proibidas pela mudança de multiplicidade de spin.
Tabela 16 – Atribuição das bandas e transições eletrônicas do Nd-ina
(nm) Transição Regras de Seleção
332 2L15/2 4I9/2 Proibida por Laporte e Spin
356 4D3/2 4I9/2 Proibida por Laporte e Spin
433 2P1/2 4I9/2 Proibida por Laporte e Spin
467 4G11/2 4I9/2 Proibida por Laporte
515 4G7/2 4I9/2 Proibida por Laporte
523 4G7/2 4I9/2 Proibida por Laporte
106
Destaque para as bandas em 356 e 523 nm, que são de maior intensidade,
apesar de serem transições proibidas pela regra de Laporte e a primeira pela
multiplicidade de spin. Ainda no espectro de absorção foi observada a banda em 805
nm que corresponde a transição 4F5/2 4I9/258. Nas transições eletrônicas f-f, as
Regras de Laporte são permitidas devido a formação de dipolo elétrico forçado.
A Figura 72 mostra, o espectro de absorção do ligante Hina junto com espectro
do complexo Sm-ina ambos no estado sólido (Fig. 72a) e a comparação entre o
espectro excitação e absorção do Sm-ina no estado sólido normalizado (Fig. 72b). Foi
observado o deslocamento do comprimento de onda da banda do ligante isonicotinato,
que ocorre de 258 nm no ligante livre, para 264 nm no complexo. Sua atribuição é a
mesma discutida na Figura 69a. Comparando os espectros de absorção e excitação,
tem-se que todas as bandas praticamente estão com mesmo valores de comprimento
de onda.
200 400 600 800
0
1
2
3
4
F(R
)
(nm)
Sm-ina
Hina
a)
250 300 350 400 450 500 550
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ade N
orm
aliz
ada
(nm)
Absorção
Excitação
Sm-ina
b)
Figura 72 – Comparação do Espectro de Absorção do Sm-ina com ligante Hina (a) e Excitação espectro de Absorção do Sm-ina (b)
Na Tabela 17 estão listadas os comprimentos de onda das bandas de
excitação, as atribuições das transições eletrônicas56 e as restrições de acordo com
as regras de seleção57, do Sm-ina.
Tabela 17 - Atribuição de bandas e transições eletrônicas do Sm-ina
(nm) Transição Regras de Seleção
317 4P3/2 6H5/2 Proibida por Laporte e Spin
107
331 4G5/2 6H5/2 Proibida por Laporte e Spin
344 6P7/2 6H5/2 Proibida por Laporte
336 4D3/2 6H5/2 Proibida por Laporte e Spin
374 4K17/2 6H5/2 Proibida por Laporte e Spin
389 4L15/2 6H5/2 Proibida por Laporte e Spin
402 4F1/2 6H5/2 Proibida por Laporte e Spin
415 4M19/2 6H5/2 Proibida por Laporte e Spin
440 4M17/2 6H5/2 Proibida por Laporte e Spin
470 4I11/2 6H5/2 Proibida por Laporte e Spin
Foi observado nos espectros, a banda em 402 nm, possui maior intensidade,
apesar de ser uma transição proibida pela regra de Laporte e multiplicidade de spin.
A comparação dos espectros do Dy-ina é mostrado na Figura 73. Tem-se a
banda de absorção do ligante livre em 258 nm, a banda do ligante no complexo em
264 nm, sendo deslocamento de comprimento de onda pouco acentuado (Fig. 73a).
As bandas de excitação e absorção se encontram em posições semelhantes, com
pouco deslocamento do valor do comprimento de onda (Fig.73b).
200 400 600 800
0
1
2
3
4
F(R
)
(nm)
Dy-ina
Hina
a)
250 300 350 400 450
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Inte
nsid
ade
Norm
aliz
ad
a
(nm)
Absorção
Excitação
b)
Figura 73 – Comparação do Espectro de Absorção do Dy-ina com ligante Hina (a) e Excitação espectro de Absorção do Dy-ina (b)
108
Da análise dos espectros foram listadas as bandas com valores de
comprimento de onda, as transições56 e as restrições de acordo com as regras de
seleção57 para o Dy-ina, todos listados na Tabela 18:
Tabela 18 - Atribuição de bandas e transições eletrônicas do Dy-ina
(nm) Transição Regras de Seleção
323 6P3/2 6H5/2 Proibida por Laporte
336 4I9/2 6H5/2 Proibida por Laporte e Spin
349 6P7/2 6H5/2 Proibida por Laporte
363 6P3/2 6H5/2 Proibida por Laporte
378 4M19/2 6H5/2 Proibida por Laporte e Spin
388 4K17/2 6H5/2 Proibida por Laporte e Spin
402 4M21/2 6H5/2 Proibida por Laporte e Spin
425 4F11/2 6H5/2 Proibida por Laporte e Spin
448 4I15/2 6H5/2 Proibida por Laporte e Spin
As bandas em 323, 349 e 363 nm são bandas com maior intensidade, todas
proibidas apenas pela regra de Laporte.
O espectro de absorção do Gd-ina e do ligante Hina, também feito no estado
sólido, na escala de Kubelka-Munk, mostrado a seguir na Figura 74. O espectro
mostra a absorção do ligante livre em 258 nm e a banda de absorção em 287 nm no
complexo, possivelmente banda de transições do ligante, do tipo n e em 335
outra banda do ligante, referente a transição do ligante. As transições
eletrônicas do íon gadolínio(III), aparecem na região do ultravioleta, destacando a
transição 6P7/2 8S7/2, em 308 nm56, sendo proibida pela regra de Laporte e spin,
coberta pela banda das transições do ligante.
109
200 400 600 800
0
1
2
3
4
F(R
)
(nm)
Gd-ina
Hina
Figura 74 – Espectro de absorção do ligante Hina e do complexo Gd-ina
Explorando as possíveis propriedades luminescentes que os íons lantanídeos
podem apresentar, foram realizados essas medidas dos complexos Sm-ina, Dy-ina e
Nd-ina.
Para Sm-ina foi realizada a emissão excitada em 270 nm e a medida de
excitação com emissão em 600 nm, sendo feita a medida do tempo de vida da
emissão em 600 nm. O gráfico do tempo de vida, com ajuste exponencial e o espectro
de luminescência do Sm-ina são mostrados na Figura 75.
A partir do espectro de emissão (Fig. 75a) foi possível observar bandas em 562
nm, 600 nm, 643 nm e 699 nm que descrevem as respectivas transições 4G5/2 6HJ
(J = 5/2, 7/2, 9/2 e 11/2)58. A medida do tempo de vida, (Fig. 75b) foi feita usando
nanoled de excitação em 280 nm, com faixa em 13 s e e resolução de banda a meia
altura (band pass) de 7,0 nm e uso do filtro de 400 nm. Assim o valor obtido do tempo
de vida, foi de = 2,9156 ± 0,0518 s.
110
300 400 500 600 700
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
4G
5/2
6H
11/2
4G
5/2
6H
9/2
4G
5/2
6H
7/2
4G
5/2
6H
5/2
Inte
nsid
ade
Norm
aliz
ad
a
(nm)
Exem
= 600 nm
Em ex
= 270 nm
Sm-ina
a)
0 2 4 6 8 10 12 14
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0 Contagem Sm-ina
Resposta do Equipamento
Ajuste
b)
Inte
nsid
ade
Norm
aliz
ad
a
Tempo (s)
Figura 75 – Espectros de Luminescência e tempo de vida do complexo Sm-ina
No complexo de Dy-ina a medida de emissão foi feita com excitação em 270nm
e excitação com emissão em 574 nm. O tempo de vida da emissão em 574 nm foi
medido, assim foi obtido o espectro e o gráfico do tempo de vida com ajuste
exponencial, ambos mostrado na Figura 76. As bandas de emissão se encontram em
482 nm, 574 nm, 662 nm e 750 nm, que representam as transições 4F9/2 6HJ (J =
15/2, 13/2, 11/2 e 9/2 respectivamente)58. A medida do tempo de vida do Dy-ina (Fig.
76b), foi feita com nanoled com = 280 nm, resolução de banda a meia altura (band
pass) de 6,5 nm, feito na faixa de 13 s e com filtro de 400 nm. O tempo de vida obtido
foi de = 1,7345 ± 0,055 s.
111
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
4F
9/2
6H
9/24F
9/2
6H
11/2
4F
9/2
6H
13/2
4F
9/2
6H
15/2
Inte
nsid
ade
Norm
aliza
da
(nm)
Ex em
= 547 nm
Em ex
= 270 nm
Dy-ina
a)
0 2 4 6 8 10 12 14
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0 Contagem Dy-ina
Resposta do Equipamento
Ajuste
b)
Inte
nsid
ade N
orm
aliz
ada
Tempo (s)
Figura 76 – Espectros de Luminescência e tempo de vida do complexo Dy-ina
No complexo de Nd-ina a medida de emissão foi feita com excitação em
270nm, e a medida de excitação foi feita com emissão em 1054 nm. O tempo de vida
da emissão em 1054 nm foi medido e o gráfico com ajuste exponencial e o espectro
de luminescência são mostrados na Figura 77. Foi observado as transições de
emissão, no infravermelho próximo, do Nd(III) em 1054 e 1359 nm, bandas que
representam as transições 4F3/2 4I11/2 e 4F3/2 4I13/2 respectivamente58. A medida do
tempo de vida da emissão foi feita utilizando nanoled 280 nm, com resolução de banda
a meia altura (band pass) de 14,5nm e utilizando a faixa de 800ns. A emissão possui
tempo de vida = 0,0787 ± 0,0006 s.
112
400 1000 1200 1400
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
4F
3/2
4I13/2
4F
3/2
4I11/2
Inte
nsid
ad
e N
orm
aliza
da
(nm)
Espectro EXEM
= 1054 nm
Espectro EM EX
= 270 nm
Nd-ina
a)
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
0,8
1,0
Contagem Nd-ina
Fitting
b)
Inte
nsid
ade
Norm
aliz
ad
a
Tempo(s)
Figura 77 – Espectros de Luminescência e tempo de vida do complexo Nd-ina
Assim, comparando os três valores de tempo de vida dos complexos, Sm-ina,
Dy-ina e Nd-ina, foi observado que esses valores são relacionados com o fato de
apresentarem altas taxas do decaimento não radiativo. A Tabela 19 mostra a
comparação entre os valores dos tempos de vida obtidos dos complexos do trabalho
com valores de tempo de vida de referências da literatura15.
Tabela 19 - Comparação entre valores de tempo de vida
Complexos (s) Referência15 (ms)
Sm-ina 2,9156 Sm 6,26
Nd-ina 0,0787 Nd 0,42
Dy-ina 1,7345 Dy 1,85
Todos os valores da literatura apresentam ordem de grandeza em ms, mil
vezes maior do que os tempos obtidos nesse trabalho. Isso é um indício que as taxas
de decaimento não radiativo competem com as taxas de decaimento radiativo, porém
a primeira é de maior intensidade. A Figura 78 mostra o mecanismo de transferência
de energia, entre o doador, no caso o ligante isonicotinato, e o receptor, o íon
lantanídeo59. Assim que a energia é transferida do doador para receptor, ocorrem os
decaimentos para estado Fundamental, com decaimento radiativo, emissão de fótons
113
e decaimento não radiativo em que, desse modo, os estados de energia excitados
decaem para estados de menor energia através de modos vibracionais das moléculas
de água que se encontram na esfera de coordenação dos complexos de íons
lantanídeos.
Figura 78 – Esquema mostrando mecanismo as taxas de decaimento não radiativo
competindo com o decaimento radiativo (Adaptado de Souza E.; Sígoli F.A.; Química
Nova, 2012, 9, 1841-1847)
4.9 - Estudo das propriedades magnéticas dos complexos Ln-ina
O estudo das propriedades magnéticas dos compostos de íons lantanídeos foi
realizado pelo fato de que todos os íons escolhidos apresentarem valores diferentes
do número quântico de acoplamento spin-órbita, J. As medidas foram feitas no modo
field cooled (FC), em que a medida da magnetização é feita com varredura da
temperatura ambiente de 300 K até temperatura próxima do zero absoluto
(temperatura de hélio líquido). Também foram realizadas medidas da magnetização
de saturação em função da variação do campo magnético aplicado. A equação (1.18)
apresenta o valor de MT calculado para os íons lantanídeos, em função de J:
kT
JJgNT J
3
)1(22
(1.18)
Em que b é a constante Magneton de Bohr, g o fator de Landé, N a constante
de Avogadro e k a constante de Boltzmann.
A Figura 79 apresenta o gráfico de MT x T e a curva M x H do composto Sm-
ina. A curva mostrada na Figura 79a, apresenta grande declínio e provavelmente
114
comportamento antiferromagnético. A temperatura ambiente, o valor de MT para
compostos de samário(III)1 é 0,09 cm3Kmol-1, enquanto que valor experimental
observado foi de 0,59 cm3Kmol-1. Esse valor muito acima do esperado para este
sistema pode indicar uma possível contaminação da amostra.
0 50 100 150 200 250 300
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
MT Sm-ina
H = 200 kOe
a)
M T
(cm
3 K
mol-1
)
Temperatura (K)
0 5 10 15 20 25 30 35
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
Sm-ina
T = 2 K
b)
M (
N)
Campo (kOe)
Figura 79 – Gráfico de MT x T (a) e M x H (b) do Sm-ina
De acordo com a equação (1.20) a magnetização de saturação, para íons
lantanídeos, é calculada pela equação1:
M = g J N (1.20)
Em que J é o termo de acoplamento spin-orbita do íon lantanídeo no Estado
Fundamental, g o fator de Landé, para samário(III), sendo g = 0,29 e J = 5/2, é M =
0,71 N. No segundo gráfico, na Figura 79b, mostra que a curva tem pouca tendência
a saturação. Da curva, o valor experimental, a 35 kOe, é de 0,08 N, o que indica um
valor muito baixo comparado com valor teórico, devido ao mesmo motivo do anterior.
Na Figura 80, são apresentados o gráfico de MT x T (Fig. 80a) e a curva de
magnetização versus campo magnético, M x H (Fig. 80b), do complexo Nd-ina. Na
curva de MT x T, na Figura 80a, foi observado que a 189,6 K os valores do produto
MT começam a diminuir com o abaixamento da temperatura, o que indica a presença
de interações antiferromagnéticas. O valor de MT para compostos de Nd(III) é 1,64
cm3Kmol-1 a temperatura ambiente1. Do gráfico, o valor experimental é de 1,25
cm3Kmol-1 o que significa que a temperatura ambiente já ocorrem interações
magnéticas, já que os valores de MT estão próximos aos valores teóricos.
115
0 50 100 150 200 250 300
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
MT Nd-ina
H = 200 kOe
a)
M T
(cm
3 K
mol-1
)
Temperatura (K) 0 5 10 15 20 25 30 35
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
Nd-ina
T = 2 K
b)
M (
Nb
)
Campo (kOe)
Figura 80 – Gráfico de MT x T (a) e M x H (b) do Nd-ina
Para neodímio(III) g = 0,73. Assim, sendo J = 9/2, o valor teórico da
magnetização de saturação (Equação 1.20), é de 3,27 N. Da curva da Figura 80b,
tem-se que o valor da magnetização de saturação experimental é de 0,76 N, um valor
muito abaixo do teórico, que indica que esse valor de campo não é suficiente para
ordenar todos íons portadores de momento magnético até valor de campo medido.
As medidas magnéticas do Dy-ina, apresentado no gráfico da Figura 81. O
primeiro gráfico, na Figura 81a, mostra que à temperatura ambiente, o valor de MT
foi de 10,2 cm3Kmol-1, enquanto que o valor teórico para compostos de disprósio(III)1
é igual a 14,2 cm3.K.mol-1, o que indica também que ocorre indícios de interações
magnéticas a temperatura ambiente. O gráfico também apresenta uma situação
diferente, na temperatura de 7,98 K ocorre uma possível transição da interação
antiferromagnética para ferromagnética, porém ainda não é possível afirmar tal
mudança pelo fato de ainda não ter sido concluído ajuste matemático.
0 50 100 150 200 250 300
7,5
8,0
8,5
9,0
9,5
10,0
10,5
MT Dy-ina
H = 200 kOe
a)
M T
(cm
3 K
mol-1
)
Temperatura (K) 0 5 10 15 20 25 30 35
0
1
2
3
4
5
6
Dy-ina
T = 2 K
b)
M (
N)
Campo (Oe)
116
Figura 81 – Gráfico de MT x T (a) e M x H (b) do Dy-ina
O valor teórico de magnetização de saturação (Equação 1.20) para composto
de íon disprósio(III), considerando1 g = 4/3 e J = 15/2, M = 10,00 N. No gráfico de
magnetização versus campo, na Figura 81b, mostra que a curva atinge a saturação,
e a 35 kOe, o valor da magnetização é de M = 5,76 N, um valor acima do teórico, ou
seja, todos seus centros magnéticos estão ordenados de acordo com a orientação do
campo magnético aplicado.
A Figura 82 apresenta as curva de MT x T e a curva M x H do compostos Gd-
ina. Assim, de acordo com a Figura 82a, o valor teórico de MT para os compostos de
gadolínio(III)1 é de 7,88 cm3.K.mol-1, enquanto o valor experimental observado foi de
7,38 cm3.K.mol-1 o que indica que à temperatura ambiente existem interações
magnéticas. Porem foi observado que o gráfico de MT x T para o composto Gd-ina
apresenta um comportamento diferente, semelhante ao comportamento observado no
gráfico do Dy-ina (Fig.81a). A temperatura de 7,15 K ocorre uma possível transição
da interação antiferromagnética para ferromagnética, porém ainda não pode ser
confirmada pelo fato de não ter sido feito ajuste matemático.
No gráfico da magnetização de saturação do Gd-ina (Fig 82b), foi observado
que no valor de campo de 35 kOe ocorre a saturação e ordenação do centros
magnéticos pois a curva atinge o plateau da saturação. De acordo com a equação
(1.20), o valor teórico da magnetização de saturação para Gd-ina, sendo g = 2,00 e J
= 7/2 é de 7,00 N. Do gráfico de M x H temos que o valor da magnetização é de 6,83
N, um valor muito próximo ao calculado o que indica a saturação do Gd-ina. Por
apresentar densidade eletrônica 4f em formato esférico, isotrópico, o íon gadolínio(III)
não apresenta uma direção preferencial em relação as orientações de mJ. Assim seus
valores da suscetibilidades são os mesmos nas três direções, não ocorre proximidade
entre a densidade eletrônica 4f e as nuvens eletrônicas dos ligantes, garantindo
estados de baixa energia, com energia do campo suficiente para saturação.
117
0 100 200 300
7,0
7,5
8,0
8,5
MT Gd-ina
H = 200 kOe
a)
M T
(cm
3 K
mol-1
)
Temperature (K)
0 5 10 15 20 25 30 35
0
1
2
3
4
5
6
7
Gd-ina
T = 2 K
b)
M(N)
H (kOe)
Figura 82 – Gráfico de MT x T e M x H do Gd-ina
As medidas magnéticas da série Ln-ina dependem das densidades eletrônicas
dos íons lantanídeos(III). Todos complexos Ln-ina são isoestruturais, porém pelo fato
de cada íons apresentar um tipo de densidade eletrônica, em função de J, foram
observadas propriedades magnéticas diferentes, mas ainda não é possível afirmar os
tipos de interações por ainda não ter concluído o ajuste matemático das curva de MT
x T.
118
Capítulo 5
5 – Conclusões, perspectivas e referências bibliográficas
5.1 – Conclusões
Neste presente trabalho, foram obtidos três classes de compostos. A primeira
consiste em complexos de íon cobre(II) com o ligante salicialdoxima, os complexos
Cu(H-sao), Cu(Me-sao), Cu(Et-sao) e o Cu(Ph-sao). Para estes sistemas foram
realizadas as caracterizações estruturais e os estudos das propriedades magnéticas
e a relação com as diferentes estruturas de cada complexo da série.
Dessa forma, foi possível estabelecer que a modificação do ligante
proporcionou a formação de complexos com estruturas diferentes e, por conta disso,
cada complexo apresentou um arranjo estrutural diretamente ligado com uma
propriedade magnética diferente, por conta do envolvimento de diferentes orbitais
magnéticos nas ligações químicas entre os ligantes e o íon cobre(II).
A segunda classe consiste nos complexos formados por metais da primeira
série de transição com o ligante ácido piridil-vinil-benzóico. Foram obtidos sistemas
onde os complexos se ligam formando polímeros tridimensionais, na forma de redes
metalorgânicas, dando origem aos complexos Cu-pvb, Co-pvb, Ni-pvb e Mn-pvb.
Assim, um mesmo ligante proporcionou quatro sistemas onde um deles, o Cu-pvb
apresentou grandes cavidades. Outros dois sistemas, o Co-pvb e Ni-pvb, são
formados por arranjos bidimensionais entrelaçados, sendo que os dois sistemas são
isoestruturais. O último sistema, Mn-pvb, apresentou uma estrutura básica trinuclear
que se estende nas três dimensões. Como o ligante foi o mesmo para os quatro
sistemas, a formação de estruturas diferentes ocorreu devido à diferença na natureza
dos íons metálicos. Devido à grande distância entre os íons metálicos, as medidas
magnéticas não mostraram a presença de interações significativas entre os íons
metálicos. Entretanto para alguns sistemas foi possível verificar o tipo de interação,
mesmo que muito pequena.
As cavidades observadas nas estruturas dos sistemas M-pvb apresentaram
moléculas do solvente utilizado na síntese, sendo que com a perda do solvente, ocorre
a mudança do aspecto do cristal, sendo visualizada na comparação dos difratogramas
por policristais dos compostos recém extraídos da solução de síntese com os
119
compostos secos. Foi possível avaliar a estabilidade desses sistemas quando
expostos ao ambiente a partir do experimento onde as amostras foram submetidas a
uma atmosfera saturada com o solvente utilizado na síntese e mantidos a baixa
temperatura. Com esse experimento observou-se que os sistemas Cu-pvb e Co-pvb
apresentaram certa baixa estabilidade ao ar, mas permanecem relativamente estáveis
a baixas temperaturas.
A última série consiste em complexos formados pelo ligante ácido isonicotinico,
na sua forma desprotonada e íons de metais lantanídeos, formando polímeros de
cadeias lineares a partir dos complexos Nd-ina, Sm-ina, Gd-ina e Dy-ina, todos com
suas estruturas determinadas por difração de raios X por monocristais. Apesar da
variação do íon lantanídeo, todos apresentaram estruturas semelhantes. Foi
observado também, que os complexos Sm-ina e Dy-ina e Nd-ina apresentam
atividade fotofísica e baixos valores de tempo de vida devido as grandes taxas de
decaimento não radiativo.
As medidas magnéticas mostram que, fatores como anisotropia, fazem grande
diferença nos valores MT comparando os íons entre si, apesar de apresentarem
estruturas semelhantes. O Dy-ina e Gd-ina apresenta comportamento e valores de
magnetização distintos dos anteriores. Apesar de serem isoestruturais, a densidade
eletrônica em função do número quântico do acoplamento spin-orbita, J, é decisivo
em relação a anisotropia de cada íon pois pode contribuir para um comportamento
magnético dependente da orientação do campo magnético e também se mostra
importante na escolha dos íons lantanídeos para a síntese de sistemas para estudos
de propriedades magnéticas.
5.2 – Perspectivas
Iniciar o estudo da modificação estrutural da série Cu(R-sao) com cálculos
quânticos utilizando a Teoria do Funcional da Densidade (DFT) para considerar
a hipótese que o aumento do volume do grupo R é fundamental na construção
do arranjo estrutural dos complexos devido efeito estérico do grupo R e
consequentemente influenciam no tipo de interação magnética;
Finalizar os ajustes matemáticos das medidas magnéticas da série Ln-ina e do
Cu-pvb e com auxílio de cálculos quânticos para prever e confirmar as
interações magnéticas da série Ln-ina;
120
Iniciar os estudos de fotorreatividade das redes metalorgânicas M-pvb
aproveitando o potencial fotorreativo que o ligante ácido piridil-vinil-benzóico
pode apresentar, com direcionamento para o desenvolvimento de sistemas
com mecanismo foto-switch para controle e ativação das propriedades
magnéticas;
Finalizar os estudos de adsorção de gases e vapores com os compostos Cu-
pvb e Mn-pvb;
5.3 – Referências Bibliográficas
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[2] Lehn, J.-M.; Supramolecular Chemistry, Concepts and Perspectives; Weinheim,
VCH, 1995.
[3] Alves, W.A.; Química Supramolecular e Nanotecnologia, São Paulo, Atheneu,
2014.
[4] Reis, M.; Dos Santos, A.M.; Magnetismo Molecular, Rio de Janeiro, Livraria da
Física, 2011.
[5] Verdaguer, M.; Rational synthesis of molecular magnetic materials: a tribute to
Olivier Kahn, Polyhedron, 2001, 20, 1115-1128.
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Transition-Metal Ions and Organic Radicals, Chemical Reviews, 2002, 102, 2369-
2387.
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Stiriba, S.E.; Barros, W.P.; Stumpf, H.O.; Delgado, L.C.; Pasán, J.; Pérez, C.R.; de
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Coordination Chemistry Reviews, 2011, 303, 110-138.
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Mixed-Valence 35-Electron and Bisiron(I1I) 34-Electron Complexes, Organometallics,
1995, 14, 634.
[11] Weyland, T.; Costaus, K.; Mari, A.; Halet, J.F.; Lapinte, C.;
[(Cp*)(dppe)Fe(III)−]+ Units Bridged through 1,3-Diethynylbenzene and 1,3,5-
Triethynylbenzene Spacers: Ferromagnetic Metal−Metal Exchange Interaction,
Organometallics, 1998, 17, 5569-5579.
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126
Capítulo 6
6 – Anexos
6.1 – Anexo 1: Tabelas de valores de ligação e ângulos de ligações dos
complexos Cu(M-sao)
Figura 83 – Esquema das ligações do Cu(H-sao)
Tabela 20 – Valores das distâncias das principais ligações do Cu(H-sao)
Tabela 21 – Valores de Ângulos de ligações do íon cobre(II) no Cu(H-sao)
Ligações Distâncias (Å)
Cu1—O1i 1,916 (2)
Cu1—O1 1,916 (2)
Cu1—N1 1,951 (2)
Cu1—N1i 1,951 (2)
O2—N1 1,405 (3)
O2—H2 0,8400
Cu1 – O3 2,618
Ligações Valores dos ângulos (o)
O1i – Cu1 – O1 180,0
O1i – Cu1 – N1 88,49 (10)
O1 – Cu1 – N1 91,51 (10)
127
Figura 84 - Esquema das ligações do Cu(Me-sao)
Tabela 22 – Valores das distâncias das principais ligações do Cu(Me-sao)
O1i – Cu1 – N1i 91,51 (10)
O1 – Cu1 – N1i 88,49 (10)
N1 – Cu1 – N1i 180,0
Ligações Distâncias (Å)
Cu1 – O3 1,8799 (9)
Cu1 – O1 1,8953 (9)
Cu1 – N1 1,9580 (11)
Cu1 – N2 1,9593 (11)
Cu1 – O5 2,596
O2 – N1 1,3980 (13)
O2 – H2 0,8400
128
Tabela 23 - Valores de Ângulos de ligações do íon cobre(II) no Cu(Me-sao)
Ligações Valores dos ângulos (o)
O3 – Cu1 – O1 178,26 (4)
O3 – Cu1 – N1 87,75 (4)
O1 – Cu1 – N1 91,19 (4)
O3 – Cu1 – N2 90,83 (4)
O1 – Cu1 – N2 90,01 (4)
N1 – Cu1 – N2 171,13 (4)
Figura 85 - Esquema das ligações do Cu(Et-sao)
Tabela 24 - Valores das distâncias das principais ligações do Cu(Et-sao)
Ligações Distâncias (Å)
Cu1—O1i 1,8814 (10)
Cu1—O1 1,8814 (10)
Cu1—N1 1,9534 (13)
Cu1—N1i 1,9534 (13)
O2—N1 1,3957 (15)
129
Tabela 25 - Valores de Ângulos de ligações do íon cobre(II) no Cu(Et-sao)
Figura 86 - Esquema das ligações do Cu(Ph-sao)
Tabela 26 - Valores das distâncias das principais ligações do Cu(Ph-sao)
O2—H2 0,8400
Ligações Valores dos ângulos (o)
O1i – Cu1 – O1 180,0
O1i – Cu1 – N1i 91,53 (5)
O1 – Cu1 – N1i 88,47 (5)
O1i – Cu1 – N1 88,47 (5)
O1 – Cu1 – N1 91,53 (5)
N1i – Cu1 – N1 180,0
Ligações Distâncias (Å)
Cu1—O1i 1,908 (3)
Cu1—O1 1,908 (3)
Cu1—N1 1,922 (5)
Cu1—N1i 1,922 (5)
130
Tabela 27 - Valores de Ângulos de ligações do íon cobre(II) no Cu(Ph-sao)
Anexo 6.2: Tabelas de valores de ligação e ângulos de ligações dos complexos
M-pvb
Figura 87 - Esquema das ligações do Cu-pvb
O2—N1 1,311 (6)
O2—H2 0,8400
Ligações Valores dos ângulos (o)
O1i – Cu1 – O1 180,0 (18)
O1i – Cu1 – N1i 91,41 (17)
O1 – Cu1 – N1i 88,57 (17)
O1i – Cu1 – N1 88,57 (17)
O1 – Cu1 – N1 91,41 (17)
N1i – Cu1 – N1 180,0 (2)
131
Tabela 28 - Valores das distâncias das principais ligações do Cu-pvb
Ligações Distâncias (Å)
Cu1 – O2 1,920 (4)
Cu1 – O2i 1,920 (4)
Cu1 – O1 2,692
Cu1 – O1i 2,692
Cu1 – N1 2,023 (5)
Cu1 – N1i 2,023 (5)
Tabela 29 - Valores de Ângulos de ligações do íon cobre(II) no Cu-pvb
Ligações Valores dos ângulos (o)
O1 – Cu1 – O2i 125,82
O1i – Cu1 – O2 125,82
O1 – Cu1 – O2 54,18
N1 – Cu1 – N1i 180,0
O2 – Cu1 – N1i 90,18
O1 – Cu1 – N1 86,01
O1i – Cu1 – N1i 86,01
O2 – Cu1 – N1 90,18
O2 – Cu1 – O2i 180,0
132
Figura 88 - Esquema das ligações do Co-pvb
Tabela 30 - Valores das distâncias das principais ligações do Co-pvb
Ligações Distâncias (Å)
Co1 – O1 2,184 (3)
Co1 – O2 2,088 (3)
Co1 – O3 2,098 (3)
Co1 – O4 2,273 (3)
Co1 – N1 2,088 (3)
Co1 – N2 2,072 (3)
Tabela 31 - Valores de Ângulos de ligações do íon cobalto(II) no Co-pvb
Ligações Valores dos ângulos (o)
O1 – Co1 – O2 61,72
O2 – Co1 – O3 97,60
O3 – Co1 – O4 60,11
133
N1 – Co1 – N2 97,55 (13)
O1 – Co1 – N2 85,84
O4 – Co1 – N1 94,26
O4 – Co1 – O1 99,56
Figura 89 - Esquema das ligações do Ni-pvb
Tabela 32 - Valores das distâncias das principais ligações do Ni-pvb
Ligações Distâncias (Å)
Ni1 – O1 2,101 (2)
Ni1 – O2 2,071 (3)
Ni1 – O3 2,071 (2)
Ni1 – O4 2,078 (2)
Ni1 – N1 2,023 (3)
Ni1 – N2 2,015 (3)
134
Tabela 33 - Valores de Ângulos de ligações do íon níque(II) no Ni-pvb
Ligações Valores dos ângulos (o)
O1 – Ni1 – O2 62,58
O2 – Ni1 – O3 98,07
O1 – Ni1 – O4 99,30
N1 – Ni1 – N2 95,99
O2 – Ni1 – N1 92,49
O4 – Ni1 – N2 88,05
O4 – Ni1 – O3 62,96
Figura 90 - Esquema das ligações do Mn-pvb
Tabela 34 - Valores das distâncias das principais ligações do Mn-pvb
Ligações
Distâncias (Å)
Ligações Distâncias (Å)
Ligações Distâncias (Å)
N1 – Mn1 2,303 O5 – Mn2 2,080 N1i – Mn1i 2,303
N2 – Mn2 2,182 O6 – Mn2 2,192 N2i – Mn2i 2,182
O1 – Mn1 2,070 O5i – Mn2 2,080 O1i – Mn1i 2,070
O2 – Mn1 2,252 O6i – Mn2 2,192 O2i – Mn1i 2,252
O3 – Mn1 2,135 O4i – Mn2 2,220 O3i – Mn1i 2,135
O4 – Mn1 2,199 Mn2 – Mn1i 3,511 O4i – Mn1i 2,199
135
O4 – Mn2 2,220 Mn1 – Mn2 3,511 Mn2 – Mn1i 3,511
Tabela 35 - Valores de Ângulos de ligações do íon manganês(II) no Mn-pvb
Ligações Valores dos ângulos (o)
Ligações Valores dos ângulos (o)
N1 – Mn1 – N2 94,09 N1i – Mn1i – N2i 94,09
N1 – Mn1 – O1 89,06 N1i – Mn1i – O1i 89,06
O1 – Mn1 – O4 108,56 O1i – Mn1i – O4i 108,56
N2 – Mn1 – O2 93,48 N2i – Mn1i – O2i 93,48
O3 – Mn1 – N2 85,64 O3i – Mn1i – N2i 85,64
O4 – Mn1 – O3 91,79 O4i – Mn1i – O3i 91,79
O2 – Mn1 – O3 91,83 O2i – Mn1i – O3i 91,83
Mn1 – O4 – C1 90,80 Mn1i – O4i – C1i 90,80
O2 – Mn1 – O4 58,93 O2i – Mn1i – O4i 58,93
O6 – Mn2 – O6i 180,00 O4i – Mn2 – O6i 88,29
O5 – Mn2 – O5i 180,00 O5i – Mn2 – O4i 91,78
O4 – Mn2 – O4i 180,00 O5i – Mn2 – O6i 92,32
O4 – Mn2 – O6 88,29 O5 – Mn2 – O4 91,78
O5 – Mn2 – O6 92,32 Mn1 – Mn2 – Mn1i 180,00
136
Anexo 6.3: Tabelas de valores de ligação e ângulos de ligações dos complexos
Ln-ina
Figura 91 - Esquema das ligações do Ln-ina
Tabela 36 – Valores de comprimentos estruturais de cada complexo Ln-ina
Ligação Nd-ina
(Å)
Sm-ina
(Å)
Gd-ina(Å)
Dy-ina(Å)
Ln – O1 2,38 2,35 2,32 2,19
Ln – O2 2,41 2,37 2,35 2,21
Ln – O3 2,38 2,35 2,32 2,19
Ln – O4 2,41 2,37 2,35 2,21
Ln – H2O(1) 2,48 2,45 2,43 2,28
Ln – H2O(2) 2,53 2,50 2,48 2,34
Ln – H2O(3) 2,48 2,45 2,43 2,28
Ln – H2O(4) 2,53 2,50 2,48 2,34
Ln – Cl- 4,66 4,65 4,64 4,38
Ln – Ln 5,09 5,06 5,03 4,74
Entre anéis 3,81 3,79 3,79 3,55