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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Julio Ramos de Almeida Neto ASPECTOS DE SEGURANÇA DO TRABALHO NOS SERVIÇOS DE ESCAVAÇÕES, FUNDAÇÕES E DESMONTE DE ROCHAS Feira de Santana 2009

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Julio Ramos de Almeida Neto

ASPECTOS DE SEGURANÇA DO TRABALHO NOS SERVIÇOS DE ESCAVAÇÕES, FUNDAÇÕES E DESMONTE DE ROCHAS

Feira de Santana

2009

1

Julio Ramos de Almeida Neto

ASPECTOS DE SEGURANÇA DO TRABALHO NOS SERVIÇOS DE ESCAVAÇÕES, FUNDAÇÕES E DESMONTE DE ROCHAS

Trabalho de Conclusão de Curso da

Universidade Estadual de Feira de Santana,

apresentado à disciplina Projeto Final II como

requisito parcial à obtenção de título de Bacharel em

Engenharia Civil.

Orientador: Professor Eduardo Antonio Lima Costa

Feira de Santana

2009

2

Julio Ramos de Almeida Neto

ASPECTOS DE SEGURANÇA DO TRABALHO NOS SERVIÇOS DE ESCAVAÇÕES, FUNDAÇÕES E DESMONTE DE ROCHAS

Trabalho de Conclusão de Curso para

obtenção de Título de Bacharel em Engenharia Civil.

Feira de Santana, agosto de 2009.

Banca Examinadora:

Eduardo Antonio Lima Costa_____________________________

Universidade Estadual de Feira de Santana

Sergio Tranzillo França_________________________________

Universidade Estadual de Feira de Santana

Sarah Patrícia de Oliveira Rios___________________________

Universidade Estadual de Feira de Santana

3

DEDICATÓRIA

A Deus.

Aos meus pais, especialmente minha mãe, sempre com carinho, me deu a oportunidade

e sempre me apóia.

Aos meus irmãos.

À minha noiva, pelo apoio e compreensão.

A todos os amigos e colegas.

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus.

A minha mãe pelo incentivo de sempre e amor intenso.

Ao professor e orientador Eduardo Antonio Lima Costa, por todo o

conhecimento passado. Pela sua paciência e incentivo que tornaram possível a conclusão

deste trabalho.

À professora Eufrosina, coordenadora da disciplina Projeto Final II, pela

orientação ao longo do semestre.

E a todos que contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho.

5

A IMPORTÂNCIA DO DETALHE:

"Pela falta de um cravo, a ferradura foi perdida;

Pela falta da ferradura, o cavalo foi perdido;

pela perda do cavalo, o cavaleiro se perdeu;

pela perda do cavaleiro, a batalha foi perdida,

pela perda da batalha, o reino foi perdido,

e tudo porque um cravo de ferradura foi perdido!"

Benjamim Franklin

6

RESUMO

Este trabalho tem como tema os aspectos de segurança do trabalho nos serviços de

escavações, fundações e desmonte de rochas, sendo seu objetivo estudar as

medidas de prevenção de acidentes existentes para este assunto, expondo em

textos e figuras os procedimentos legais a serem adotados pelas empresas. Sua

elaboração torna-se justa quando analisamos o aspecto da justiça social, sendo

inaceitável o sofrimento humano decorrente do trabalho. Além disso, há

consideráveis perdas econômicas e financeiras para a Previdência Social, relativas a

auxílios doença, invalidez e pensões. Todas essas conseqüências adversas, que

são economicamente custosas tanto para o empregador como para a sociedade em

geral, podem ser evitadas através da promoção e implementação de medidas

preventivas eficientes, integradas com outros programas preventivos de riscos para

saúde e segurança do trabalho. Por isso a importância de um programa de gestão

de segurança e saúde que obedecerá às normas, com destaque para a NR-18,

havendo assim uma integração entre a segurança, o projeto e a execução da obra.

Palavras-Chave: Escavações; Fundações; Desmonte de Rochas; Segurança do

Trabalho.

7

ABSTRACT

This work has as its theme the safety aspects of working in the offices of

excavations, foundations and removal of rocks, and its objective to study the

measures for preventing accidents to this matter, in both text and pictures outlining

legal procedures to be adopted by companies . Their development is just when we

analyze the aspect of social justice, and unacceptable human suffering from work.

Moreover, there is considerable economic losses for the financial and Welfare, aid for

disease, disability and pensions. All these adverse consequences, which are both

economically costly for the employer and to society in general can be avoided

through the promotion and implementation of effective preventive measures,

integrated with other prevention programs of the risks to health and safety. Hence the

importance of a program of health and safety management that conform to

standards, especially for the NR-18, so there is an integration of the safety, design

and execution of work.

Key words: Excavations, Foundations, Removal of Rock; Security Labor.

8

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - PIRÂMIDE DE FRANK BIRD 24

FIGURA 2 - RETIRADA DE ÁRVORE 37

FIGURA 3 - INSTALAÇÃO DE ESCADAS EM ESCAVAÇÃO DE VALA COM MAIS DE 1,25 m DE ALTURA 38

FIGURA 4 - MEDIDAS DE AFASTAMENTO MÍNIMO COMUMENTE ADOTADAS 39

FIGURA 5 - PASSARELA EM ESCAVAÇÃO PARA CIRCULAÇÃO DE PESSOAS 39

FIGURA 6 - PASSARELA PARA O TRÁFEGO DE VEÍCULOS SOBRE ESCAVAÇÃO 40

FIGURA 7 - ESCAVAÇÃO TALUDADA (ESCAVAÇÃO COM PAREDES EM TALUDES) 41

FIGURA 8 - ESCAVAÇÃO PROTEGIDA – COM ESTRUTURAS DENOMINADAS “CORTINAS” 41 FIGURA 9 - ESCAVAÇÃO MISTA – COM PAREDES EM TALUDES E COM PAREDES PROTEGIDAS POR CORTINAS 41

FIGURA 10 - CONES 42

FIGURA 11 - FITAS 42

FIGURA 12 - CAVALETES 43

FIGURA 13 – SINALIZADOR LUMINOSO 43

FIGURA 14 – PLACAS DE SINALIZAÇÃO 43

FIGURA 15 - OPERÁRIO ESCAVANDO TUBULÃO 45

FIGURA 16 – BATE-ESTACA 47

9

FIGURA 17 - UTILIZAÇÃO DO CINTO DE SEGURANÇA COM TRAVA-QUEDAS FIXADOS EM ESTRUTURA INDEPENDENTE 48

FIGURA 18 – ESCAVAÇÃO DE TUBULÃO 55

FIGURA 19 – ESCAVAÇÃO COM MAIS DE 1,25 m DE PROFUNDIDADE 56

FIGURA 20 – OUTRA ESCAVAÇÃO COM MAIS DE 1,25 m DE PROFUNDIDADE 56

FIGURA 21 – TOMBAMENTO DE RETRO-ESCAVADEIRA 57

FIGURA 22 – RESGATE DE OPERÁRIO 58

FIGURA 23 – EXPLOSÃO 58

10

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AT Acidente do Trabalho

CAT Comunicação de Acidente de Trabalho

CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CLT Consolidação das Leis do Trabalho

CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas

CREA Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia

DO Doença Ocupacional

DRT Delegacia Regional do Trabalho

FUNDACENTRO Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do

Trabalho

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

MPS Ministério da Previdência Social

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

NR Norma Regulamentadora

NBR Norma Brasileira

ONU Organização das Nações Unidas

OIT Organização Internacional do Trabalho

PIB Produto Interno Bruto

11

PROESIC Programa Nacional de Engenharia de Segurança do Trabalho na

Indústria da Construção

RTP Recomendação Técnica para Procedimentos

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SMT Segurança e Medicina do Trabalho

SOBES Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança

12

SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO 14

1.1 – JUSTIFICATIVA 16 1.2 – OBJETIVOS 1.2.1 – Objetivo geral 18 1.2.2 – Objetivo específico 18 1.3 – METODOLOGIA 19 1.4 – ESTRUTURA DO TRABALHO 19

2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 21

2.1 – SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO 21 2.2 – A HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO NO BRASIL 25 2.3 – CONCEITOS DE ACIDENTE DO TRABALHO 26 2.4 – PRINCIPAIS FATORES QUE CAUSAM OS ACIDENTES DE TRABALHO E DOENÇAS PROFISSIONAIS 29 2.5 – COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DO TRABALHO (CAT) 32 2.6 – ASPECTOS ECONÔMICO, LEGAL E SOCIAL DO ACIDENTE DO TRABALHO 33 3 - PROCEDIMENTOS LEGAIS E RECOMENDAÇÕES PARA EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS DE ESCAVAÇÕES, FUNDAÇÕES E DESMONTE DE ROCHAS SEGUNDO A RECOMENDAÇÃO TÉCNICA DE PROCEDIMENTOS (RTP 03) 35

3.1 - SISTEMAS DE PROTEÇÃO EM ESCAVAÇÕES 36 3.1.1 – Riscos comuns 36 3.1.2 - Medidas preventivas 37 3.1.3 – Sinalização em escavações 42 3.2 – SISTEMAS DE PROTEÇÃO EM FUNDAÇÕES 44 3.2.1 – Riscos comuns 44 3.2.2 – Medidas preventivas 45 3.4 – SISTEMAS DE PROTEÇÃO EM DESMONTE DE ROCHAS COM O USO DE EXPLOSIVOS 49

13

4 – PROCEDIMENTOS LEGAIS E RECOMENDAÇÕES PARA EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS DE ESCAVAÇÕES, FUNDAÇÕES E DESMONTE DE ROCHAS SEGUNDO A NBR 9061/1985 – SEGURANÇA DE ESCAVAÇÃO A CÉU ABERTO 50

5 – PROCEDIMENTOS LEGAIS E RECOMENDAÇÕES PARA EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS DE ESCAVAÇÕES SEGUNDO A NBR 12266/1992 - PROJETO E EXECUÇÃO DE VALAS PARA ASSENTAMENTO DE TUBULAÇÃO DE ÁGUA, ESGOTO OU DRENAGEM URBANA 54 6 – REGISTROS FOTOGRÁFICOS DE NÃO CONFORMIDADES COM OS DOCUMENTOS LEGAIS APRESENTADOS 55

7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS 59

REFERÊNCIAS 61

ANEXO I: MODELO DO FORMULÁRIO DA COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DO TRABALHO 64

ANEXO II: FLUXOGRAMA 65

14

1 – INTRODUÇÃO

Cabe ao empregador a responsabilidade pela saúde e segurança dos

trabalhadores. As empresas são obrigadas por lei, conforme estabelece a Norma

Regulamentadora NR-9, reformulada pela Portaria nº 25 de 29 de dezembro de

1994, a executarem a avaliação de riscos nos ambientes de trabalho.

A finalidade de se efetuar a avaliação de riscos é permitir ao empregador tomar

as medidas adequadas para assegurar a segurança e a proteção à saúde dos

trabalhadores. Neste processo, a avaliação de riscos compreende a qualificação e

quantificação da exposição a agentes químicos, físicos e biológicos, de um modo

geral.

Nos trabalhos realizados em escavações ocorrem, com freqüência, acidentes

graves e fatais devido principalmente a deslizamentos de terra com conseqüentes

soterramentos (Revista Proteção, 2002). Por isto, é necessário adotar medidas que

garantam a segurança dos trabalhadores, levando em conta, principalmente, o

conjunto de esforços sobre as contenções. Conhecer onde está o perigo é uma

importante ferramenta para planejar e fiscalizar os ambientes de trabalho. Estar

ciente das conseqüências para tomar iniciativas preventivas que evitem os acidentes

é de suma importância, pois eles saem muito caro, para empresas, trabalhadores,

governo e sociedade como um todo, pois todas as despesas diretas e indiretas dos

acidentes são custosas e elevadas.

Os acidentes e as doenças ocupacionais causam prejuízos expressivos nos

cofres públicos. Em nível mundial, 4% do somatório do Produto Interno Bruto (PIB)

das nações. No Brasil, de acordo com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social),

as perdas por acidentes e doenças ocupacionais consomem 2,2% do PIB, o

equivalente a R$ 23,6 bilhões, de acordo com o site do INSS.

Casos de soterramento são freqüentemente observados, principalmente nas

empresas de água e esgoto destacando-se as companhias de saneamento do país.

O principal motivo para a ocorrência de tais acidentes é a ausência dos sistemas de

contenção do solo. A principal alegação das construtoras é que a instalação do

escoramento é demorada, atrasando a continuidade da obra e seu cronograma

físico. Isto não procede, pois não se deve justificar a ausência ou precariedade das

15

medidas de segurança em função de fatores econômicos ou de produção, pois a

empresa poderá ser responsabilizada criminalmente, caso ocorra um acidente.

A verdade é que nos últimos vinte anos, ocorreram no Brasil mais de 25 milhões

de acidentes de trabalho, com um milhão de seqüelas permanentes e 86 mil óbitos

(BITENCOURT, 2003). Isto mostra que as tentativas passadas, através de leis,

decretos, normas e procedimentos relacionados à saúde e segurança do

trabalhador, ainda não alcançaram os seus objetivos. Porém, o empregador, nos

últimos anos, passou a preocupar-se mais com a segurança, devido aos custos

diretos e indiretos que um acidente pode representar para sua empresa. Esta visão

vem se desenvolvendo de forma gradativa e tende a se expandir com os novos

conceitos que estão surgindo, relacionando a segurança com a qualidade e a

produtividade.

Cabe destacar que os índices de acidentes de trabalho em escavação na

indústria da construção civil são elevados no Brasil. Segundo dados do Ministério do

Trabalho e Emprego e da Previdência Social, a atividade econômica de perfuração e

execução de fundações destinadas a construção civil colocou-se em 14º lugar entre

as 560 existentes, considerando freqüência, gravidade e custos dos acidentes de

trabalho no período 2000-2007, segundo dados do CNAE (Classificação Nacional de

Atividades Econômicas). Outros dados revelam que os soterramentos estão, ao lado

de quedas e eletrocussão, entre os principais tipos de acidentes de trabalho fatais

ocorridos na indústria da construção civil. Há no país, várias ações na justiça do

trabalho contra empregadores, engenheiros e mestres de obras responsabilizando-

os civil e criminalmente por acidentes de trabalho ocorridos nestas atividades.

A Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) deverá ser feita pela empresa,

através de formulário específico, ou na falta desta o próprio acidentado, seus

dependentes, a entidade sindical competente, o médico assistente ou qualquer

autoridade pública. É obrigatória a emissão da CAT relativa ao acidente de trabalho

ou doença profissional, a fim de que o trabalhador (segurado) possa receber o

benefício de AT - Acidente do Trabalho ou DO - Doença Ocupacional. O prazo para

emissão da CAT é até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de

morte, de imediato, de acordo com informações do site da Previdência Social.

16

1.1 - JUSTIFICATIVA

Em relação aos problemas econômicos causados pelos acidentes do trabalho,

podem-se destacar os altos custos diretos (indenização ao acidentado nos primeiros

15 dias, perdas de equipamentos e de materiais, etc.) e indiretos (diminuição da

produtividade global, adaptação de outro funcionário na mesma função, etc.)

causados pela falta de segurança em geral.

Isto deveria alertar os empresários para o volume de recursos que é

desperdiçado cada vez que ocorre um acidente, sendo este um forte argumento

para estimular investimentos na área. Um fato muito importante a ser considerado é

que os empresários normalmente visualizam somente os custos diretos relacionados

aos acidentes do trabalho, enquanto que os custos indiretos podem ser de 3 a 10

vezes maiores que o custo direto, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego

(MTE) e Ministério da Previdência Social (MPS).

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela uma estimativa mundial em

cerca de 270.000.000 de acidentes de trabalho por ano, além de, aproximadamente,

160.000.000 de casos de doenças ocupacionais, que chegam a comprometer 4% do

Produto Interno Bruto mundial (PIB), e, em um terço destes, cada acidente ou

doença representa a perda de quatro dias de trabalho. Diariamente há o óbito de

5.000 pessoas, em média, devido aos dois fatores (FUNDACENTRO, 2006).

É fundamental o conhecimento das informações estatísticas relativas aos

acidentes do trabalho e doenças profissionais para a indicação, aplicação e controle

de medidas prevencionistas relacionadas aos acidentes de trabalho nos serviços de

escavações, fundações e desmonte de rochas. Além disso, com estas informações é

possível prevenir futuros acidentes através da aplicação das lições aprendidas com

acidentes passados.

A industrialização e o desenvolvimento não precisam estar necessariamente

associados com perdas e prejuízos para a saúde e segurança dos trabalhadores. Os

riscos presentes em tais atividades podem e devem ser gerenciados a fim de se

controlar e reduzir os riscos e as conseqüências, conservando assim a integridade

do trabalhador.

17

A importância deste trabalho encontra-se, principalmente, relacionada ao fato de

serem estudados e aplicados métodos de prevenção de acidentes do trabalho,

baseados nas normas e documentos citados, conseguindo detectar os fatores

indesejáveis e também possibilita a formulação de sugestões e soluções para a

eliminação e/ou redução destes acidentes.

18

1.2 - OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Estudar a implantação de medidas de controle da segurança do trabalho a serem

adotadas pelas empresas nos serviços de escavações, fundações e desmonte de

rochas.

1.2.2 Objetivo Específico

Relatar e expor os procedimentos de segurança para realização de trabalhos em

áreas com serviços de escavação, fundação e desmonte de rochas a serem

adotadas pelas empresas, buscando assim, minimizar e controlar os riscos levando

em consideração as normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego

e da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

19

1.3 - METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho monográfico foi estabelecido as seguintes

etapas:

Coleta de informações dos acidentes de trabalho e suas conseqüências para

as empresas, para o setor público e para o trabalhador.

Estudo da aplicação das normas técnicas de segurança, apoiadas pelos

documentos legais do Ministério do Trabalho e Emprego (Normas

Regulamentadoras – NR) e literaturas existentes.

Analisar com base nos documentos legais e normas as atividades que

envolvam escavações, fundações e desmonte de rochas na indústria da

construção, visando à segurança e a saúde dos trabalhadores.

Relatar alguns casos de não conformidades com os documentos legais e

normas citados, exemplificados através de fotografias de trabalhos realizados

em obras por todo país.

1.4 - ESTRUTURA DO TRABALHO

O conteúdo deste trabalho foi distribuído em 07 (sete) capítulos, onde a

abordagem está descrita a seguir.

No capítulo 1 é apresentada a introdução da monografia. São

contextualizados o tema e o problema seguido da justificativa, colocação dos

objetivos, bem como os procedimentos metodológicos utilizados no desenvolvimento

do trabalho.

No capítulo 2 é feita a revisão teórica de conceitos e histórico relativos à

Segurança e Higiene do Trabalho no mundo e no Brasil, com fatos, datas,

publicações e nomes marcantes. Foram abordados assuntos relacionados a

20

evolução histórica da segurança do trabalho, aspectos conceituais de acidentes de

trabalho, acidentes de trabalho e suas causas, procedimentos para preenchimento

da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e aspectos econômico, legal e

social do acidente do trabalho.

O capítulo 3 apresenta os procedimentos legais e recomendações para

execução dos serviços de escavações, fundações e desmonte de rochas segundo a

recomendação técnica de procedimentos (RTP 03).

O capítulo 4 apresenta os procedimentos legais e recomendações para

execução dos serviços de escavações, fundações e desmonte de rochas segundo a

NBR 9061/1985 - Segurança de escavação a céu aberto.

No capítulo 5 são apresentados os procedimentos legais e recomendações

para execução dos serviços de escavações segundo a NBR 12266/1992 - Projeto e

execução de valas para assentamento de tubulação de água, esgoto ou drenagem

urbana.

O capítulo 6 mostra os registros fotográficos de não conformidades com os

documentos legais apresentados nos capítulos anteriores.

Por fim, no capítulo 7, são apresentadas as considerações finais deste

trabalho.

21

2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 - SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO

Na década de 90 o Brasil possuía um elevado número de ocorrências de

acidentes de trabalho. Hoje reduziram a 1/3 devido à expressiva contribuição no

combate a esta estatística, onde se reúnem empregadores, empregados e governo

para levantar os problemas, discutir e elaborar normas para tornar mais segura,

saudável e íntegra a vida dos trabalhadores (BASTOS, 2001).

Muitas empresas têm a segurança e a saúde no trabalho como estratégia

competitiva, buscando diretamente a satisfação dos trabalhadores, ao mesmo tempo

em que priorizam a educação, o treinamento e a motivação. Segurança do Trabalho

e Qualidade são sinônimos e é muito difícil de conseguir a qualidade de um produto

ou processo sem um ambiente de trabalho em condições adequadas e que propicie

ao trabalhador direcionar toda a sua potencialidade ao trabalho que está sendo

executado.

No art. 196, da Constituição Federal, o direito a saúde é garantido a todos os

cidadãos por meio de medidas que visem à redução do risco de doenças e outros

agravos, além de acesso a ações para sua proteção e recuperação. A Segurança do

Trabalho é então definida como “o conjunto de medidas que versam sobre

condições específicas de instalação do estabelecimento e de suas máquinas,

visando à garantia do trabalhador contra a natural exposição aos riscos inerentes à

prática da atividade profissional”, de acordo com a Constituição da República

Federativa do Brasil de 1988 (DINIZ 1987).

A higiene do trabalho é definida como: “a aplicação dos sistemas e princípios

que a medicina estabelece para proteger o trabalhador, prevendo ativamente os

perigos que, para a saúde física ou psíquica, se originam do trabalho. A eliminação

22

dos agentes nocivos em relação ao trabalhador constitui o objeto principal da higiene

laboral” (CRUZ, 1998).

De acordo com Cruz (1996), a higiene do trabalho tem como principais

objetivos:

promover, manter e melhorar a saúde dos trabalhadores;

eliminar ou amenizar os infortúnios do trabalhador, tais como

acidentes, doenças, intoxicações industriais etc., pelo controle

higiênico dos materiais, processos e ambiente do trabalho;

aplicar as medidas de prevenção às doenças transmissíveis comuns ou

não ao trabalho;

estender estas medidas de medicina preventiva aos membros da

família e ao lar do trabalhador, pela visita do médico e da enfermeira,

articulados pelo serviço social;

contribuir para elevar o moral, o conforto e o nível da qualidade de vida

do trabalhador;

aumentar e prolongar sua eficiência no trabalho;

diminuir o absenteísmo;

diminuir o tempo perdido para a indústria, por todas as causas.

A higiene do trabalho só se desenvolveu modernamente, entre a primeira e a

segunda guerras mundiais. Porém, quatro séculos A.C., os trabalhos médicos já

apresentam referências às moléstias causadas por certas ocupações e cuidados

para preveni-las (CRUZ, 1996):

- Hipócrates aconselhou a limpeza após o trabalho, referindo-se a doenças

entre trabalhadores das minas de estanho;

- Aristóteles referiu-se a doenças profissionais dos corredores e a maneira de

evitá-las;

- Platão associou certas deformações do esqueleto, ao exercício de certas

profissões;

- Plínio, o Velho, em sua História Natural, escrita A.C., descreveu as

deficiências causadas nos mineradores de chumbo, zinco e enxofre, recomendando

o uso de máscaras protetoras;

- Galeno, já na era cristã, fez referência a doenças de ocupação entre

trabalhadores das minas de chumbo do Mediterrâneo;

23

- Avicena, médico árabe, relacionou cólica (saturnismo) ao uso de pinturas a

base de chumbo;

- Ulrich Ellembog publicou, no século XV, obras relacionadas à higiene do

trabalho.

O primeiro trabalho realmente importante sobre doenças profissionais, foi

escrito em 1700, consistindo na obra “De Morbis Artificum Diatriba”, realizado pelo

médico italiano Bernardino Ramazzinni, o qual é considerado o “pai da Medicina do

Trabalho”. Descreve cerca de 100 profissões diferentes e os riscos específicos de

cada uma (CRUZ, 1998).

No século XVIII surge na Inglaterra, a Revolução Industrial, um movimento

que iria mudar toda a concepção em relação aos trabalhos realizados, e aos

acidentes e doenças profissionais que deles originavam.

Com o uso das máquinas nas operações de industrialização as tarefas

tornam-se de execução repetitiva pelo trabalhador, o que levaram a um crescente

número de acidentes. Nos ambientes de trabalhos haviam ruídos provocados por

precárias máquinas, altas temperaturas, devido à falta de ventilação, iluminação

deficiente, etc. Fatores esses, que contribuíam para o elevado número de acidentes,

pois, até as ordens de trabalho na produção não eram escutadas pelo trabalhador,

devido ao elevado nível de ruído (BITENCOURT, 2008).

Em 1802, foi aprovada a “lei de saúde e moral dos aprendizes”, que foi a

primeira lei de proteção aos trabalhadores, a qual estabeleceu o limite de 12 horas

de trabalho diários, proibia o trabalho noturno, obrigava os empregados a lavar as

paredes das fábricas duas vezes por ano, e tornava obrigatória a ventilação das

fábricas. Todavia essas medidas foram ineficazes à redução no número de

acidentes de trabalho (BITENCOURT, 2008).

Em 1831, instalou-se uma comissão para analisar a situação dos

trabalhadores, onde se concluiu um relatório descrevendo que todos os

trabalhadores, encontravam-se doentes, deformados e abandonados. O impacto

desse relatório sobre a opinião pública foi tão grande que surgiu, em 1833, a

primeira legislação eficiente para a proteção do trabalhador, o “Factory Act”

(BITENCOURT, 2008).

O Factory Act, era aplicada em todas as fábricas têxteis na Inglaterra, onde se

usasse força hidráulica ou a vapor. Devido ao grande desenvolvimento industrial da

24

Grã-Bretanha, uma série de medidas legislativas são adotadas visando a proteção

do trabalhador, tal como, a criação de um órgão do Ministério do Trabalho, o

“Factory Inspectorate”, que visava uma análise de agentes químicos que eram

prejudiciais à saúde do trabalhador.

Nos Estados Unidos da América, onde a industrialização desenvolveu-se

mais tarde, surge no estado de Massachusetts, o primeiro ato governamental

visando a prevenção de acidentes na indústria. Trata-se da lei emitida em 11 de

maio de 1877, a qual exigia a utilização de protetores sobre correias de transmissão,

guardas sobre eixos e engrenagens expostos e que proibia a limpeza de máquinas

em movimento. Obrigava também, um número suficiente de saídas de emergência,

para que, em caso de algum sinistro, ambientes de trabalho fossem evacuados

rapidamente (BITENCOURT, 2008).

Nos anos de 1967 e 1968, o norte americano Frank Bird analisou 297

companhias nos Estados Unidos da América, sendo envolvidas nessa análise

170.000 pessoas de 21 grupos diferentes de trabalho. Neste período, houve

1.753.498 acidentes comunicados. A partir desses dados foi criada a pirâmide de

Frank Bird, que vemos na Figura 1, onde o mesmo chegou à seguinte conclusão:

para que aconteça um acidente que incapacite o trabalhador, anteriormente

acontecerão 600 incidentes sem danos pessoais e/ou materiais.

No século XX, com a Revolução Industrial nos Estados Unidos em nova fase,

com os novos métodos de produção, tornou-se necessário programas mais eficazes

para a prevenção de acidentes e proteção de patrimônio. Surge a legislação de

indenização em casos de acidente de trabalho.

01

10

30

600

Acidentes com lesão séria ou incapacidade

Acidentes com lesões leves

Acidentes com danos à propriedade

Incidentes que não apresentam danos pessoais e/ou materiais

FIGURA 1 – PIRÂMIDE DE FRANK BIRD

25

Foram estabelecidos os primeiros serviços médicos de empresa industrial

neste país com o objetivo de reduzir o custo de indenizações. A segurança era

considerada estritamente como um trabalho de engenharia mecânica. Consistia na

proteção de correias expostas e engrenagens, a renovação de parafusos com

ângulos cortantes e a melhoria das condições físicas. A preocupação com a

prevenção de acidentes, ainda era uma necessidade, porque continuava

assustadora a ocorrência de acidentes. Após várias reuniões, estudos e debates a

respeito de prevenção de acidentes, foi fundado o "National Council for Industrial

Safety" (Conselho Nacional para Segurança Industrial), onde, atualmente, é o centro

prevencionista mundial, pelos ensinamentos básicos de prevenção de acidentes,

divulgação de estatísticas precisas e revistas especializadas (BITENCOURT, 2008).

2.2 – A HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO NO BRASIL

No Brasil, a primeira lei contra acidentes surgiu em 1919, estabelecendo

regulamentos prevencionistas ao setor ferroviário. Pois, nessa época,

empreendimentos industriais de relevância praticamente não existiam. No ano de

1934 surge a lei trabalhista, que instituiu uma regulamentação bastante ampla, no

que se refere à prevenção de acidentes (BITENCOURT, 2008).

Em 1943 foi promulgada, pelo Decreto-Lei nº 5.452, a Consolidação das Leis

do Trabalho (CLT), cujo artigo 154 e seguintes, tratava dos problemas da saúde do

trabalhador, sob o título de Higiene e Segurança do Trabalho. Esta Consolidação

não representou uma cristalização do direito do trabalho, já que a ordem trabalhista,

dinâmica e mutável, precisa de constantes modificações legais. Este fato é notado

pelo número de decretos, decretos-lei e leis elaborados posteriormente, os quais

tratam de assuntos como: repouso semanal remunerado; décimo terceiro salário;

proteções contra acidentes; além de diversas e progressivas modificações no que se

refere a indenizações por acidentes, tipos de lesões e moléstias profissionais.

Em 1946 o Brasil adota as convenções da Organização Internacional do

Trabalho (OIT), cabendo a esta a proteção ao trabalhador, a defesa do princípio de

liberdade de associação, o incentivo ao ensino técnico e vocacional, entre outras

26

atividades correlatas, sendo da competência exclusiva do Congresso Nacional, a

resolução sobre estes compromissos.

Dentre estas, está a portaria nº 3.214 (de 8/7/1978), aprovando, conforme art.

200 da CLT, as Normas Regulamentadoras (NR) relativas à Segurança e Medicina

do Trabalho, estabelecendo ênfase na prevenção do acidente de trabalho,

modificando a antiga visão de apenas indenizar os prejuízos já causados (CRUZ,

1998).

Em 5 de outubro de 1988 foi aprovada pela Assembléia Nacional Constituinte,

uma nova Constituição Federal. Vários direitos dos trabalhadores foram

consagrados em nível constitucional, com inovações de relevante importância para o

sistema jurídico trabalhista. A livre criação dos sindicatos, já prevista pela convenção

nº 87, da OIT de 1948, o direito de greve e a redução da jornada semanal de

trabalho de 48 para 44 horas, foram algumas das matérias. Além destas, a

generalização do regime de fundo de garantia, indenização para as dispensas

arbitrárias, estabilidade especial para o dirigente sindical, dirigente das comissões

internas de prevenção de acidentes de trabalho e das empregadas gestantes, entre

outras inovações foram um grande passo para o respeito a autonomia privada

coletiva na ordem trabalhista (CRUZ, 1998).

2.3 - CONCEITOS DE ACIDENTE DO TRABALHO

O conceito de acidente de trabalho está previsto na Lei n° 8.213 de 24 de

julho de 1991, através da redação de seu artigo 19, definindo como o:

"que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do

trabalho dos segurados referidos no inciso VII do artigo 11 desta Lei, provocando

lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução,

permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho".

Considera também o artigo 20 do mesmo diploma legal as seguintes

situações:

27

I- doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo

exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva

relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social;

II- doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função

de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione

diretamente, constante da relação mencionada no inciso I, bem como o parágrafo 2°

permite em “caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação

prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o

trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve

considerá-la acidente de trabalho”.

Acidente de trabalho é aquele que resulta no exercício do trabalho, provocando

direta ou indiretamente, lesão corporal, perturbação funcional ou doença que

determine morte, perda total ou parcial, permanente ou temporária da capacidade

para o trabalho, adicionando que haverá responsabilidade do empregador por todo

acidente que ocorrer, seja no exercício da função contratual, no local e no horário de

serviço, ainda que durante o intervalo intrajornada, seja no desempenho da função

fora do estabelecimento e do horário de trabalho, executando ordens ou realizando

serviços sob a autoridade do empregador, na prestação espontânea de qualquer

serviço ao empregador a fim de evitar-Ihe prejuízos ou proporcionar-Ihe vantagem

econômica ou em viagem a seu serviço, em qualquer veículo, mesmo o seu próprio

veículo (DINIZ, 1987).

Acidente de trabalho deve ser entendido "não só como aquele que ocorre pelo

exercício do trabalho, a serviço da empresa, provocando lesão corporal, perturbação

funcional ou doença que cause a morte ou perda ou redução permanente ou

temporária, da capacidade para o trabalho, mas também como a variada gama de

doenças profissionais" (SOUZA, 1998).

A Legislação Brasileira, através da Lei n° 8.213, citada anteriormente também

considera como acidente de trabalho (TORTORELLO, 2002):

1. a doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo

exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante na

relação organizada pelo Ministério da Previdência Social;

2. a doença do trabalho, assim entendida ou desencadeada em função de

condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relaciona

diretamente, desde que constante da relação organizada pelo MPS;

28

3. em caso excepcional, constando-se que a doença não consta da relação do

MPS, mas resultou de condições especiais em que o trabalho é executado

e com ele se relaciona diretamente. A Previdência Social, nesse caso, deve

considerá-la acidente de trabalho.

Não serão consideradas, pela legislação brasileira, como doença do

trabalho as listadas a seguir:

a) doença degenerativa;

b) inerente ao grupo etário;

c) que não produz incapacidade laborativa;

d) doença endêmica, salvo comprovação de que resultou de exposição ou

contato direto, determinado pela natureza do trabalho.

Alem dos itens citados acima também não se considera acidente de trabalho as

situações em que o empregado não está a serviço da empresa.

Cabe lembrar que, de acordo com a mesma legislação brasileira o empregado

não será considerado a serviço da empresa, quando:

a) fora da área da empresa, por motivos pessoais, não do interesse do

empregador ou do seu preposto;

b) em estacionamento proporcionado pela empresa para seu veículo, não

estando exercendo qualquer função do seu emprego;

c) empenhado em atividades esportivas patrocinadas pela empresa, pelas

quais não receba qualquer pagamento direta ou indiretamente;

d) embora residindo em propriedade da empresa, esteja exercendo atividades

não relacionadas com o seu emprego;

e) envolvido em luta corporal ou outra disputa sobre assunto não relacionado

com o seu emprego.

Ainda sobre doença ocupacional é a doença que se julga ter sido causada ou

agravada pela atividade de trabalho de uma pessoa ou pelo ambiente de trabalho.

As doenças no trabalho são sérios obstáculos para a produtividade e para a

eficiência funcional, exigindo que as empresas tomem medidas para melhorar o

estado de saúde dos trabalhadores, tais como: melhoria da dieta alimentar,

29

condições higiênicas, sanitárias, habitação, assistência médica, fornecimento de

roupas de trabalho e facilidade de primeiros socorros no campo (VIANNA, 2007).

Outro aspecto que se necessita esclarecer é a diferença entre acidente e

incidente. Incidente será definido como sendo um acontecimento não desejado ou

não programado que venha a deteriorar ou diminuir a eficiência operacional da

empresa. Do ponto de vista prevencionista, acidente é o evento não desejado que

tem por resultado uma lesão ou enfermidade a um trabalhador ou um dano a

propriedade (SOBES, 2008).

Ainda, segundo a Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança (SOBES),

ao adotarmos as providências necessárias para prevenir e controlar os incidentes,

estamos protegendo a segurança física dos trabalhadores, equipamentos, materiais

e o ambiente. A eliminação ou o controle de todos os incidentes deve ser a

preocupação principal de todos aqueles que estiverem envolvidos nas questões de

prevenção de acidentes ou controle de perdas. Portanto, o incidente pode ou não

ser acidente, entretanto todos os acidentes são incidentes.

Após entendido o significado do conceito de acidente e incidente, é que

poderemos dar início aos processos de controle de todas as causas e origens dos

mesmos.

2.4 - PRINCIPAIS FATORES QUE CAUSAM OS ACIDENTES DE TRABALHO E

DOENÇAS PROFISSIONAIS

O acidente do trabalho está intimamente relacionado ao trabalho e ao ambiente

em que o mesmo é exercido, pois o acidente do trabalho acontece em decorrência

da execução de uma determinada tarefa em um ambiente de trabalho, estando este

diretamente relacionado com as condições oferecidas pelos mesmos. E também

está diretamente relacionado com os aspectos sociais, pois nas estatísticas das

causas dos acidentes de trabalho no Brasil, verifica-se que os trabalhadores mais

atingidos são os da mão-de-obra não qualificada (SENAI, 1996).

30

Sob o ponto de vista prevencionista a causa de acidente é qualquer fato que,

se removido a tempo, teria evitado o acidente. Os acidentes são evitáveis, não

surgem por acaso e, portanto, são passíveis de prevenção (SENAI, 1996).

Sabemos que os acidentes ocorrem por falha humana ou por fatores

ambientais.

Falha humana, também chamada de Ato Inseguro, é definida como sendo

aquela que decorre da execução de tarefas de forma contrária às normas de

segurança. São os fatores pessoais que contribuem para a ocorrência de acidentes.

É toda ação consciente ou não, capaz de provocar algum dano ao trabalhador,

aos companheiros de trabalho ou às máquinas, aos materiais e equipamentos.

Os processos educativos, a repetição das inspeções, as campanhas e outros

recursos se prestarão a reduzir sensivelmente tais falhas, que podem ocorrer em

virtude de:

a) inaptidão entre o homem e a função;

b) desconhecimento dos riscos da função e ou da forma de evitá-los;

c) desajustamento, motivado por: seleção ineficaz; falhas de treinamento;

problemas de relacionamento com a chefia ou companheiros; política

salarial e promocional imprópria; clima de insegurança quanto à

manutenção do emprego; diversas características de personalidade.

Nota-se, portanto, a necessidade de analisar tecnicamente um acidente,

levantando todas as causas possíveis, uma vez que a falha humana pode ser

provocada por circunstâncias que fogem ao alcance do empregado e poderiam ser

evitadas. Tais circunstâncias poderiam, inclusive, não apontar o homem como o

maior causador dos acidentes.

Fatores ambientais – Os fatores ambientais (condições inseguras) de um

local de trabalho são as falhas físicas que comprometem a segurança do trabalho.

Como exemplo, pode-se citar:

a) falta de iluminação;

b) ruídos em excesso;

c) falta de proteção nas partes móveis das máquinas;

d) falta de limpeza e ordem (asseio);

e) passagens e corredores obstruídos;

31

f) piso escorregadio;

g) proteção insuficiente ou ausente para o trabalhador.

Por ocasião das inspeções de segurança são levantados os fatores ambientais

de insegurança e, por meio de recomendações para correção de tais falhas, elas

poderão ser evitadas.

Embora nem todas as condições inseguras possam ser resolvidas, é sempre

possível encontrar soluções parciais para as situações mais complexas e soluções

totais para a maior parte dos problemas observados. Os fenômenos da natureza

podem ser previstos, mas são de difícil controle pelo homem (raios, furacões,

tempestades, etc.)

Se conseguirmos controlar as falhas humanas e os fatores ambientais que

concorrem para a causa de um acidente de trabalho, estaremos eliminando os

acidentes.

Os instrumentos mais eficazes para a prevenção dos acidentes são:

a) Inspeções de segurança.

b) Processos educativos para o trabalhador.

c) Campanhas de segurança

d) Análise dos acidentes

e) Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) atuante.

Um acidente pode envolver qualquer um destes fatores listados abaixo ou uma

combinação destes:

HOMEM – Uma lesão, que representa apenas um dos possíveis resultados

de um acidente.

MATERIAL – Quando o acidente afeta apenas o material.

MAQUINARIA – Quando o acidente afeta apenas as máquinas. Raramente

um acidente com máquina se limita a danificar somente a máquina.

EQUIPAMENTO – Quando envolver equipamentos, tais como:

empilhadeiras, guindastes, transportadoras, etc.

TEMPO – Perda de tempo é o resultado constante de todo acidente,

mesmo que não haja dano a nenhum dos fatores acima mencionados.

32

2.5 - COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DO TRABALHO (CAT)

A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho, ocorrido com seu

empregado, havendo ou não afastamento do trabalho, até o primeiro dia útil seguinte

ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato à autoridade competente, sob

pena de multa variável entre o limite mínimo e o teto máximo do salário-de-

contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada na

forma do artigo 109 do Decreto nº 2.173/97 (MPS, 1999).

No Brasil o sistema de registros e notificações dos acidentes é efetuado

segundo procedimentos estabelecidos pela NBR 14.280 Cadastro de Acidentes do

Trabalho Procedimento e Classificação, de 1999 e de acordo com as instruções

normativas do MTE, contemplando apenas os trabalhadores do setor formas, ou

seja, de carteira de trabalho assinada.

Os acidentes do trabalho ou a doença profissional são informados por meio

do formulário CAT, cujo modelo encontra-se no anexo 1 deste trabalho, preenchido

em seis vias, com a seguinte destinação:

1ª via – ao INSS;

2ª via – à empresa;

3ª via – ao segurado ou dependente;

4ª via – ao sindicato de classe do trabalhador;

5ª via – ao Sistema Único de Saúde – SUS;

6ª via – à Delegacia Regional do Trabalho.

No anexo II deste trabalho encontra-se o fluxograma, retirado do Manual de

instruções para preenchimento da comunicação de acidente do trabalho, da

Previdência Social, apresentando um roteiro de emissão e registro de comunicação

de acidente do trabalho.

Com a emissão das CATs, consegue-se que o direito do trabalhador ao

seguro acidentário seja garantido, além de fornecerem dados para o registro das

33

ocorrências que podem ser identificadas por tipo, motivo, região, atividade

econômica, etc. (BARTOLOMEU, 2002).

O próprio acidentado, seus dependentes, o sindicato da categoria, o médico

que o assistiu ou uma autoridade pública poderá fazer a comunicação do acidente,

na falta da mesma pela empresa. O que não eximirá a empresa da responsabilidade

pela falta de emissão da CAT.

Não se pode esquecer que independentemente de quem preencher a CAT, a

mesma deve ser encaminhada ao médico que der o atendimento ao acidentado para

que ele preencha os campos referentes ao atendimento médico, para a partir daí

então ser encaminhada ao INSS onde será utilizada para a emissão de relatórios e

providências necessárias.

2.6 - ASPECTOS ECONÔMICO, LEGAL E SOCIAL DO ACIDENTE DO TRABALHO

Sob todos os ângulos em que possa ser analisado, o acidente do trabalho

apresenta fatores altamente negativos no que se refere ao aspecto humano, social e

econômico, cujas conseqüências se constituem num forte argumento de apoio a

qualquer ação de controle e prevenção dos infortúnios ocasionais.

Para as empresas o acidente do trabalho significa redução no número de

homens/horas trabalhados. Sendo assim, o custo direto do acidente é representado

pela perda temporária e/ou permanente do trabalhador. Isto significa para a empresa

o pagamento do salário durante o período de afastamento, tendo também dano

material de máquinas e equipamentos. Também existe o custo indireto, provocado

pelo acidente, significando o tempo de parada da produção no local do acidente e do

envolvimento dos colegas de trabalho ao socorrerem o acidentado, além das

despesas com assistência médica (SENAI, 1996).

Para o Estado, existem as despesas decorrentes dos acidentes do trabalho,

sob a forma do pagamento de benefícios previdenciários, a partir do 16º dia de

afastamento do trabalho do acidentado e o pagamento das despesas do tratamento

e reabilitação profissional, quando necessário.

34

Quanto ao empregado, apesar de toda a assistência e das indenizações

recebidas por ele ou por seus familiares através da Previdência Social, no caso de

acidentar-se, os prejuízos econômicos surgem na medida em que a indenização não

lhe garante necessariamente o mesmo padrão de vida mantido até então.

Dependendo do tipo de lesão sofrida, tais benefícios, por melhores que sejam, não

repararão uma invalidez ou a perda de uma vida.

Do ponto de vista legal, o Estado é colocado como o "protetor" do empregador

e dos trabalhadores, assumindo a responsabilidade pelos infortúnios do trabalho.

Em relação às empresas, de acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho

(CLT), cabe pagar o adicional de insalubridade (20 a 40% do salário mínimo) ou

periculosidade (30% do salário), a certas condições no ambiente de trabalho que

são inerentes a determinadas atividades, ao invés de tentar eliminar os riscos no

trabalho. Assim, o risco profissional ao ser detectado no local de trabalho, se não for

eliminado ou neutralizado, é apenas "monetarizado".

Socialmente, o trabalhador é quem mais sofre com o acidente, pois sofre com

a própria lesão e quando afastado definitivamente do mercado de trabalho sofre com

a perda econômica e com o estigma da sociedade e da própria família por ser uma

pessoa "inválida" e "não produtiva", isto é não ter condições de colaborar

economicamente para o sustento do grupo familiar/social (SENAI, 1996).

35

3 - PROCEDIMENTOS LEGAIS E RECOMENDAÇÕES PARA EXECUÇÃO DOS

SERVIÇOS DE ESCAVAÇÕES, FUNDAÇÕES E DESMONTE DE ROCHAS

SEGUNDO A RECOMENDAÇÃO TÉCNICA DE PROCEDIMENTOS (RTP 03)

Em cumprimento ao item 18.35, da Norma Regulamentadora NR-18,

Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, o Ministério do

Trabalho, através da Fundação Jorge Duprat de Figueiredo de Segurança e

Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO), fica responsável por publicar

"Recomendações Técnicas de Procedimentos (RTP)", após sua aprovação pelo

Comitê Permanente Nacional sobre Condições e Meio Ambiente de Trabalho na

Indústria da Construção (CPN), visando subsidiar as empresas no cumprimento

desta Norma.

A partir disso foi apresentada a toda comunidade do trabalho a

Recomendação Técnica de Procedimentos n° 3 - RTP 03 - sobre Escavações,

Fundações e Desmonte de Rochas, visando subsidiar empresas, profissionais,

governo e trabalhadores no efetivo cumprimento da NR 18, item 18.6. Esta

Recomendação Técnica tem por objetivo fornecer embasamento técnico e

procedimentos em atividades que envolvam escavações, fundações e desmonte de

rochas na indústria da construção. O texto-base e os desenhos foram elaborados

pelo Grupo Técnico de Trabalho e consolidados pelos demais técnicos do Programa

Nacional de Engenharia de Segurança do Trabalho na Indústria da Construção –

PROESIC da FUNDACENTRO.

Quando houver risco de desmoronamento, deslizamento, acidentes com

explosivos e projeção de materiais, é necessária a adoção de medidas

correspondentes, visando a segurança e a saúde dos trabalhadores.

A proteção coletiva, que deve ter prioridade sobre as proteções individuais,

deve prever a adoção de medidas que evitem a ocorrência de desmoronamento,

deslizamento, projeção de materiais e acidentes com explosivos, máquinas e

equipamentos. Os itens 1, 2 e 3, a seguir, estabelecem procedimentos de segurança

do trabalho nos serviços de escavação, fundação e desmonte de rochas.

1 - Antes de iniciar os serviços de escavação, fundação ou desmonte de

rochas, certificar-se da existência ou não de redes de água, esgoto, tubulação de

gás, cabos elétricos e de telefone, devendo ser providenciada a sua proteção,

36

desvio e interrupção, segundo cada caso. Em casos específicos e em situações de

risco, deve ser solicitada a orientação técnica das concessionárias quanto à

interrupção ou à proteção das vias públicas.

2 - A área de trabalho deve ser previamente limpa e desobstruída, retirando

ou escorando solidamente árvores, rochas, equipamentos, materiais e objetos de

qualquer natureza.

3 - Muros, edificações vizinhas e todas as estruturas que possam ser afetadas

pela escavação devem ser escoradas, segundo as especificações técnicas de

profissional legalmente habilitado.

3.1 – SISTEMAS DE PROTEÇÃO EM ESCAVAÇÕES

3.1.1 – Riscos comuns

Ruptura ou desprendimento de solo e rochas devido a:

Operação de máquinas;

Sobrecargas nas bordas dos taludes;

Execução de talude inadequado;

Aumento da umidade do solo;

Vibrações na obra e adjacências;

Realização de escavações abaixo do lençol freático;

Realização de trabalhos de escavações sob condições meteorológicas

adversas;

Interferência de cabos elétricos, cabos de telefone e de redes de água

potável e de sistema de esgoto;

Obstrução de vias públicas;

Recalque e bombeamento de lençóis freáticos;

Falta de espaço suficiente para a operação e movimentação de

máquinas.

37

3.1.2 – Medidas preventivas

Em relação ao projeto executivo de escavações deve ser levado em conta as

condições geológicas e os parâmetros geotécnicos específicos do local da obra, tais

como coesão e ângulo de atrito. Variações paramétricas em função de alterações do

nível da água e as condições geoclimáticas devem ser consideradas.

O responsável técnico deverá encaminhar ao Conselho Regional de

Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA) e aos proprietários das edificações

vizinhas cópias dos projetos executivos, incluindo as técnicas e o horário de

escavações a serem adotados.

Recomenda-se o monitoramento de todo o processo de escavação,

objetivando observar zonas de instabilização global ou localizada, a formação de

trincas, o surgimento de deformações em edificações e instalações vizinhas e vias

públicas.

Quando houver risco de queda de árvores, linha de transmissão,

deslizamento de rochas e objetos de qualquer natureza, é necessário o

escoramento, a amarração ou a retirada dos mesmos, devendo ser feita de maneira

a não acarretar obstruções no fluxo de ações emergenciais. Na Figura 2 vemos um

exemplo de retirada de árvores para evitar tais problemas.

FIGURA 2 – RETIRADA DE ÁRVORE

38

As escavações com mais de 1,25 m de profundidade devem dispor de

escadas de acesso em locais estratégicos, que permitam a saída rápida e segura

dos trabalhadores em caso de emergência, como podemos verificar no detalhe da

Figura 3 abaixo.

As cargas e sobrecargas ocasionais, bem como possíveis vibrações, devem

ser levadas em consideração para a determinação das paredes do talude, a

construção do escoramento e o cálculo dos seus elementos estruturais. O material

retirado das escavações deve ser depositado a uma distância mínima que assegure

a segurança dos taludes. A Figura 4 representa tais observações.

FIGURA 3 - INSTALAÇÃO DE ESCADAS EM ESCAVAÇÃO DE VALA COM MAIS DE 1,25 m DE ALTURA

39

As medidas acima não se aplicam em determinadas situações, as quais

dependem da avaliação do responsável técnico.

Devem ser construídas passarelas de largura mínima de 0,80 m, protegidas

por guarda-corpos com altura mínima de 1,20 m, como mostrado na Figura 5,

quando houver necessidade de circulação de pessoas sobre as escavações.

FIGURA 4 - MEDIDAS DE AFASTAMENTO MÍNIMO COMUMENTE ADOTADAS

FIGURA 5 – PASSARELA EM ESCAVAÇÃO PARA CIRCULAÇÃO DE PESSOAS

40

Devem ser construídas passarelas fixas para o tráfego de veículos sobre as

escavações, com capacidade de carga e largura mínima de 4 m, protegidas por

meio de guarda corpo conforme a Figura 6.

O responsável técnico deverá buscar a adoção de técnicas de estabilização

dos taludes que garantam sua completa estabilidade, tais como retaludamento,

escoramento, atirantamento, grampeamento e impermeabilização. Veremos nas

Figuras 7, 8 e 9 exemplos de técnicas de estabilização.

FIGURA 6 – PASSARELA PARA O TRÁFEGO DE VEÍCULOS SOBRE ESCAVAÇÃO

41

FIGURA 7 - ESCAVAÇÃO TALUDADA (ESCAVAÇÃO COM PAREDES EM TALUDES)

FIGURA 8 - ESCAVAÇÃO PROTEGIDA – COM ESTRUTURAS DENOMINADAS “CORTINAS”

FIGURA 9 - ESCAVAÇÃO MISTA – COM PAREDES EM TALUDES E COM PAREDES PROTEGIDAS POR CORTINAS

42

Devem ser evitados trabalhos nos pés de taludes sem uma avaliação prévia

pelo responsável técnico, pelos riscos de instabilidade que possam apresentar. A

existência de riscos constitui impedimento à execução dos trabalhos, até que estes

sejam eliminados.

Deve ser evitada a execução de trabalho manual ou a permanência de

observadores dentro do raio de ação das máquinas em atividade de movimentação

de terra. Quando for necessário rebaixar o lençol de água (freático), os serviços

devem ser executados por pessoas ou empresas qualificadas.

3.1.3 – Sinalização em escavações

Nas vias públicas ou em canteiros, durante as escavações, é obrigatória a

utilização de sinalizações de advertência e barreiras de isolamento. A seguir, alguns

tipos de sinalizações usadas: cones; fitas; cavaletes; pedestal com iluminação;

placas de advertência; bandeirolas; grades de proteção; tapumes; e sinalizadores

luminosos. Nas Figuras 10 e 11 vejamos os exemplos.

FIGURA 10 - CONES FIGURA 11 - FITAS

43

O tráfego próximo às escavações deve ser desviado e, na sua

impossibilidade, a velocidade dos veículos deve ser reduzida. Devem ser

construídas, no mínimo, duas vias de acesso, uma para pedestres e outra para

máquinas, veículos e equipamentos pesados. No estreitamento de pistas em vias

públicas, deve ser adotado o sistema de sinalização luminosa (utilizar como

referencial para consulta o Código Brasileiro de Trânsito).

FIGURA 12 - CAVALETES FIGURA 13 – SINALIZADOR LUMINOSO

FIGURA 14 – PLACAS DE SINALIZAÇÃO

44

Para as escavações subterrâneas devem ser observadas as disposições do

item 18.20 da NR-18 – Locais Confinados, e as da NR-22 – Trabalhos Subterrâneos.

As escavações devem ser sinalizadas e isoladas de maneira a evitar quedas de

pessoas e/ou equipamentos.

3.2 – SISTEMAS DE PROTEÇÃO EM FUNDAÇÕES

3.2.1 – Riscos comuns

São riscos comuns nas escavações de poços e nas fundações a céu aberto:

Queda de materiais;

Queda de pessoas;

Fechamento das paredes do poço;

Interferência com redes hidráulicas, elétricas, telefônicas e de abastecimento

de gás;

Inundação;

Eletrocussão;

Asfixia.

Tombamento dos bate-estacas;

Ruptura de cabos de aço;

Ruptura de mangueiras e conexões sob pressão;

Ruptura de tubulações de cabos elétricos e de telefonia;

Vibrações afetando obras vizinhas ou serviços de utilidade pública;

Queda do pilão;

Queda do trabalhador da torre dos bate-estacas;

Ruído;

Circulação de trabalhadores junto aos bate-estacas.

45

3.2.2 – Medidas preventivas

A execução do serviço de escavação deverá ser feita por trabalhadores

qualificados. Na execução de poços e tubulões a céu aberto, a exigência de

escoramento/encamisamento fica a critério do responsável técnico pela execução do

serviço, considerando os requisitos de segurança que garantam a minimização de

risco ao trabalhador.

Tubulões, túneis, galerias ou escavações profundas de pequenas dimensões,

cuja frente de trabalho não possibilite perfeito contato visual da atividade e em que

exista trabalho individual, o trabalhador deve estar preso a um cabo-guia que

permita, em caso de emergência, a solicitação ao profissional de superfície para o

seu rápido socorro. Observar-se na Figura 15 a forma correta de procedimento para

este tipo de atividade.

A partir de 1 m de profundidade, o acesso da saída do poço ou tubulão será

efetuado por meio de sistemas que garantam a segurança do trabalhador, tais como

sarilho com trava ou guincho mecânico.

FIGURA 15 – ATIVIDADE REALIZADA NA BASE DE ESCAVAÇÕES PROFUNDAS E DE PEQUENAS DIMENSÕES

46

Nas escavações manuais de poços e tubulões a céu aberto o diâmetro

mínimo deverá ser de 0,60 m.

Caso se adote iluminação interior, devem ser adotados sistemas estanques à

penetração de água e umidade, alimentada por energia elétrica não superior a 24

volts.

Deve ser evitada a utilização de equipamentos acionados por combustão ou

explosão no interior dos poços e tubulões.

Deve ser garantida ao trabalhador no fundo do poço ou tubulão a

comunicação com a equipe de superfície através de sistema sonoro.

Deve ser garantida ao trabalhador a boa qualidade do ar no interior do poço

ou tubulão.

Nas fundações escavadas a ar comprimido, tanto a compressão como a

descompressão deverão ser feitas de acordo com a NR-15 – Anexo 6, a fim de

evitar danos à saúde do trabalhador.

Em poços e fundações escavadas a ar comprimido, a integridade dos

equipamentos deve ser vistoriada diariamente e deve haver a manutenção do

serviço médico de plantão para casos de socorro de urgência.

A jornada de trabalho deve ser menor ou igual a 8 horas, em pressões de

trabalho de 0 a 1,0 Kgf/cm2; a 6 horas, em pressões de trabalho de 1,1 a 2,5

Kgf/cm2; e a 4 horas, em pressão de trabalho de 2,6 a 3,4 Kgf/cm2, devendo ser

respeitadas as demais disposições da NR-15, citadas em seu Anexo 6.

A equipe de escavações deve ser constituída de trabalhadores qualificados e

de um profissional treinado em atendimento de emergência, que deve permanecer

em regime de prontidão no local de trabalho.

Deve ser evitada a presença de pessoas estranhas junto aos equipamentos.

Para as fundações cravadas e injetadas deve haver a preparação da área de

trabalho levando-se em conta o acesso, o nivelamento necessário e a

capacidade do solo de suportar o apoio da torre.

O responsável técnico deve avaliar a interferência da escavação na

estabilidade de construções vizinhas e na qualidade dos serviços de utilidade

pública.

Os cabos e mangueiras devem passar por inspeção periódica.

47

Na operação de bate-estacas a vapor, devemos dar atenção especial às

mangueiras e conexões, sendo que o controle de manobra das válvulas deverá

estar sempre ao alcance do operador.

As operações de instalação, de funcionamento e de deslocamento dos bate-

estacas devem ser executadas segundo procedimentos de segurança

estabelecidos pelos responsáveis das referidas atividades.

Quando o bate-estacas tiver que realizar sua operação próximo à rede de

energia elétrica, o responsável pela segurança na operação deve solicitar orientação

técnica da concessionária local quanto aos procedimentos operacionais e de

segurança a serem seguidos.

Quando o topo da torre do bate-estacas estiver num nível imediatamente

superior às edificações vizinhas, o equipamento deve ser devidamente protegido

contra descargas elétricas atmosféricas.

Os cabos de suspensão do pilão devem ter, no mínimo, seis voltas enroladas

no tambor do guincho, devendo ser inspecionados periodicamente.

FIGURA 16 – BATE-ESTACA

48

Se o bate-estacas não estiver em operação, o pilão deve permanecer em

repouso sobre o solo ou no fim da guia do seu curso. Na operação de içamento do

pilão, deverá ser observada freqüentemente a integridade do limitador de curso, a

fim de garantir a não ultrapassagem do limite de içamento. Para garantir a não

ultrapassagem do limite de içamento do pilão, o limitador de curso deve ser

inspecionado periodicamente por profissional qualificado.

A estaca pré-moldada, quando posicionada na guia do bate-estacas, deve ser

envolvida por corrente e inspecionada periodicamente para detectar trincas e evitar

o seu tombamento em caso de rompimento do cabo.

A manutenção ou reparos em bate-estacas devem ser executados somente

quando o equipamento estiver fora de operação

Quando executar serviços na torre do bate-estacas, o trabalhador deverá,

obrigatoriamente, utilizar o cinto de segurança do tipo “pára-quedista”, com trava-

quedas fixados em estrutura independente, como observa-se na Figura 17.

Os trabalhadores expostos a níveis de pressão sonora (ruído) superiores aos

estabelecidos e tolerados pela NR-15 devem ser, obrigatoriamente, protegidos por

meio de medidas de proteção coletiva e/ou de equipamentos de proteção auditiva

individual.

FIGURA 17 - UTILIZAÇÃO DO CINTO DE SEGURANÇA COM TRAVA-QUEDAS FIXADOS EM ESTRUTURA INDEPENDENTE

49

Os buracos escavados próximo aos locais de cravação ou concretagem de

estacas devem ser imediatamente protegidos e sinalizados, para evitar riscos de

queda de trabalhadores.

O trabalhador deve executar a operação de corte da cabeça da estaca (topo)

utilizando plataforma de trabalho construída de forma adequada e independente,

utilizando os equipamentos de proteção individual, como exemplo, os equipamentos

de proteção contra projeção de partículas e equipamento de proteção auditiva.

3.3 - SISTEMAS DE PROTEÇÃO EM DESMONTE DE ROCHAS COM O USO DE

EXPLOSIVOS

Nas atividades de desmonte de rochas é obrigatória a adoção de “Plano de

fogo” elaborado por profissional habilitado. Na elaboração do “Plano de fogo” é

obrigatória a exigência de um profissional habilitado, responsável pelo

armazenamento, preparação das cargas, carregamento das minas, ordem de fogo,

detonação e retirada de explosivos não detonados e providências quanto ao destino

adequado das sobras de explosivos.

A quantidade de explosivos e acessórios necessários ao “Plano de fogo” deve

ser restrita ao momento de detonação, evitando-se a estocagem próxima à frente de

trabalho. Devem-se ater às condições atmosféricas para realizar as detonações,

sendo proibido realizá-las quando a atmosfera encontrar-se efetivamente carregada,

evitando assim a detonação acidental provocada por descarga elétrica atmosférica.

As áreas onde se utilizem explosivos deverão ser isoladas e sinalizadas, com

sinais visuais e sonoros que não se confundam com os sistemas padronizados de

emergência, tais como ambulância, polícia, bombeiro, etc.

O tempo entre o carregamento e a detonação deve ser o mínimo possível.

Para este tema é importante, também, a consulta das seguintes normas

complementares (Da Portaria 3.214 de 8/7/78):

NR-15 Atividades e Operações Insalubres

NR-16 Atividades e Operações Perigosas

NR-19 Explosivos

NR-21 Trabalhos a Céu Aberto

NR-22 Trabalhos Subterrâneos

50

4 - PROCEDIMENTOS LEGAIS E RECOMENDAÇÕES PARA EXECUÇÃO DOS

SERVIÇOS DE ESCAVAÇÕES, FUNDAÇÕES E DESMONTE DE ROCHAS

SEGUNDO A NBR 9061/1985 - SEGURANÇA DE ESCAVAÇÃO A CÉU ABERTO

Esta Norma tem como objetivo fixar as condições de segurança exigíveis a

serem observadas na elaboração do projeto e execução de escavações de obras

civis, a céu aberto, em solos e rochas, não incluindo escavações para mineração e

túneis.

Destacaremos neste capítulo os procedimentos e recomendações para a

segurança do trabalho nos serviços de escavações, fundações e desmonte de

rochas desta norma.

No item 6 da NBR 9061/1985 é destacada a proteção das escavações.

As medidas de proteção das paredes das escavações são adotadas com a

finalidade de que, durante a execução das escavações, não ocorram acidentes que

possam ocasionar danos materiais e humanos. As proteções adotadas são assim

classificadas: quanto à forma da proteção; quanto ao tipo de apoio das cortinas; e

quanto à rigidez estrutural das cortinas.

No item 9 é observado que durante a execução de uma escavação pode-se

encontrar obstáculos tais como árvores, raízes, blocos de rocha, fundações antigas.

A retirada destes obstáculos deve ser efetuada com precaução, principalmente se

for necessário o uso de explosivos.

Os acessos para permitir a entrada, circulação e saída de operários devem

ser amplos e permanentemente desobstruídos, para permitir um fluxo contínuo de

pessoas em casos de emergência. O material a ser escavado deve ser retirado por

meios manuais ou mecânicos, da cava, com o devido cuidado para não provocar

acidentes pessoais ou com materiais.

O transporte do material escavado deve ser feito com equipamentos

adequados, sendo que o vertical é mais sujeito a acidentes; portanto, devem ser

adotadas medidas para se evitar tais acidentes.

As escavações em regiões urbanas devem ser cercadas e sinalizadas com

cartazes de advertência. Durante a noite devem ser colocados sinais luminosos. As

51

passarelas provisórias para a circulação de pessoas devem ser resistentes e ter

guarda-corpo de ambos os lados. As rampas de acessos que estejam sujeitas a uso

constante devem ser sempre inspecionadas.

Escavações até 1,50 m de profundidade podem ser executadas sem especial

segurança com paredes verticais. Isto se as condições de vizinhança e tipo de solo

permitirem. Escavações com mais de 1,50 m de profundidade devem ser protegidas

com taludes ou escoramento. Quando ocorrer cargas de tráfego, solo afofado por

trabalhos anteriores ou vibrações junto a escavações pode ser necessária a

utilização de proteção.

Quanto à largura dos espaços de trabalho (cavas de fundação), é

indispensável que haja espaço de trabalho com no mínimo 0,50 m de largura,

quando forem pisadas por pessoas.

De acordo com o item 10 a escavação em rocha ou seu desmonte é feita com

técnicas específicas e pode ser executada a frio (sem a utilização de explosivos)

com o fissuramento prévio ou a fogo (com a utilização de explosivos).

A escavação com emprego de explosivos só deve ser executada sob

orientação e controle de pessoas especializadas e autorizadas após terem sido

observados todos os dispositivos de segurança, visando à proteção humana, da

obra e das propriedades públicas e particulares.

Em zona urbana, a frente da bancada, em cada detonação, deve ser coberta

por meio de rede de cabos de aço, correntes, lonas ou pneus, de modo a evitar o

lançamento de fragmentos de rocha sobre pessoas ou edificações vizinhas.

Antes do início da perfuração da rocha, deve ser verificado com cuidado que

não existam minas não detonadas oriundas de fogos anteriores (negas) no local da

perfuração. No caso da existência de restos de explosivos, estes devem ser

afastados cuidadosamente por pessoal habilitado, com jato d’água ou saca,

observando que o material deve ser inerte, tipo alumínio ou cobre.

Na obra devem ser instalados os devidos sinais de alerta em número e

tamanho adequados, de que está sendo realizada na área operação de escavação a

fogo. Esta sinalização deve estar claramente visível por todos que entrem na área

ou passem perto da obra.

Durante o carregamento, o local deve ser abandonado por todo pessoal não

diretamente ligado à operação. Deve ser completamente evacuada uma área

mínima limitada por 250 metros a jusante e 200 metros a montante, 10 minutos

52

antes da detonação. Nos caminhos de acesso devem ser colocados elementos do

serviço de segurança com bandeiras vermelhas. Esses elementos têm suficiente

autoridade para impedir a passagem de qualquer pessoa não diretamente ligada à

operação de carregamento e controle final. O aviso final da detonação é feito por

meio de sirene, de intensidade de som, tal que seja ouvido em todos os setores da

obra e vizinhança.

Somente após 5 minutos da detonação é permitido o acesso ao local da

detonação. Os explosivos e espoletas não utilizados devem ser recolhidos após

cada fogo aos seus respectivos depósitos.

Voltada especificamente para área de segurança do trabalhador, esta norma

fixa, no item 11, as medidas de proteção a serem adotadas.

Quanto ao tráfego na área de escavação, os pontos de acesso de veículos e

equipamentos devem ter sinalização de advertência permanente. O tráfego próximo

às escavações deve ser desviado. Quando não for possível, deve ser reduzida a

velocidade dos veículos.

Os andaimes devem ser dimensionados e construídos de modo a suportar

com segurança, as cargas de trabalho a que estão sujeitos. Os estrados de

andaimes devem ter largura mínima de 1,20 metros e ser formados por pranchas de

madeira de 2,5 centímetros de espessura mínima, ser de boa qualidade, isentas de

nós, rachaduras e outros defeitos capazes de diminuir sua resistência. As pranchas

devem ser colocadas lado a lado, sem deixar intervalos, de modo a cobrir todo o

comprimento da travessa. As pranchas não devem ter mais de 20 centímetros de

balanço, e sua inclinação não deve ser superior a 15%. Os andaimes devem ser

amarrados a estruturas firmes, estaiados e ancorados em pontos que apresentem

resistência. Os montantes dos pontaletes devem apoiar-se em partes resistentes, e

as cargas transmitidas ao solo devem ser compatíveis com a sua resistência. Os

andaimes devem dispor de guarda-corpo de 0,90 metros a 1,20 metros de altura e

rodapé de 20 centímetros de altura mínima. Quando o vento ameaçar a segurança

dos operários, deve ser determinada a suspensão do trabalho no andaime. É

obrigatório o uso de corda e cinto de segurança, nos operários que trabalham em

andaimes.

Escadas, passagens e rampas provisórias, para circulação de operários,

devem ser de construção sólida com 0,80 metros de largura mínima, dotadas de

rodapé e guarda-corpo laterais. As escadas de mão sem guarda-corpo devem ser

53

firmemente apoiadas no plano inferior e superior, ultrapassando o plano de acesso,

no mínimo, de 0,90 m. As vias de circulação devem ser mantidas limpas e

desimpedidas, visando a livre circulação dos operários em caso de emergência.

Todas as instalações elétricas no canteiro de obra devem ser executadas e

mantidas por pessoal habilitado, empregando-se material de boa qualidade.

As partes vivas expostas dos circuitos e equipamentos elétricos devem ser

protegidas contra contatos acidentais. As redes de alta-tensão devem ser instaladas

em altura e posição de modo a evitar contatos acidentais com veículos,

equipamentos e operários. O sistema de iluminação do canteiro de obra deve

fornecer iluminamento suficiente e em condição de segurança. Atenção especial

deve ser dada à iluminação de escadas, aberturas, passagens e rampas.

É obrigatório o uso de equipamentos de proteção individual pelos operários.

Os equipamentos de proteção individual utilizados pelos operários em uma obra de

escavação são:

Capacete de segurança, todos os operários;

Cinto de segurança, nos trabalhos em que houver perigo de queda;

Máscara de soldador, luvas, mangas, perneiras e avental de raspa de

couro, nos trabalhos de solda elétrica;

Óculos de segurança, nos trabalhos com ferramentas de apicoamento;

Luva de couro ou lona plastificada, para a proteção das mãos no

manuseio de materiais abrasivos ou cortantes;

Luva de borracha, para trabalho em circuitos e equipamentos elétricos;

Botas impermeáveis, para trabalho em terrenos encharcados;

Sapatos adequados que ofereçam proteção contra pregos.

54

5 - PROCEDIMENTOS LEGAIS E RECOMENDAÇÕES PARA EXECUÇÃO DOS

SERVIÇOS DE ESCAVAÇÕES SEGUNDO A NBR 12266/1992 - PROJETO E

EXECUÇÃO DE VALAS PARA ASSENTAMENTO DE TUBULAÇÃO DE ÁGUA,

ESGOTO OU DRENAGEM URBANA

Esta norma fixa as condições exigíveis para projeto e execução de valas para

assentamentos de tubulações de água, esgoto ou drenagem urbana.

Neste capítulo serão abordados os procedimentos e recomendações para a

segurança do trabalho nos serviços de escavações presentes nesta norma.

O item 4.1.10, desta norma, determina que o projeto deva fornecer os dados

necessários para orçamento e execução da sinalização, proteção do trabalho,

passagens provisórias e passadiços.

Com relação à sinalização, devem ser atendidas as normas e posturas

municipais, especificações contidas no projeto ou exigências da fiscalização.

As medidas de segurança no trabalho devem ser observadas em todas as

fases de execução da obra, devendo ser respeitadas as leis, normas e posturas

oficiais que regem o assunto.

55

6 – REGISTROS FOTOGRÁFICOS DE NÃO CONFORMIDADES COM OS

DOCUMENTOS LEGAIS APRESENTADOS

Neste capítulo mostra-se um arquivo fotográfico de atividades realizadas que

não estão de acordo com as medidas determinadas pelos documentos legais

apresentados nos capítulos anteriores, sendo observadas conseqüências em

algumas delas.

Verifica-se, na Figura 18, que o trabalhador não está preso a um cabo-guia

que permita, em caso de emergência, a solicitação ao profissional de superfície para

o seu rápido socorro.

FIGURA 18 – ESCAVAÇÃO DE TUBULÃO

56

A realização deste serviço de escavação, nas Figuras 19 e 20, que está com

mais de 1,25 m de profundidade, não dispõe de escadas de acesso em locais

estratégicos, que permitam a saída rápida e segura dos trabalhadores em caso de

emergência.

FIGURA 19 – ESCAVAÇÃO COM MAIS DE 1,25 METROS DE PROFUNDIDADE

FIGURA 20 – OUTRA ESCAVAÇÃO COM MAIS DE 1,25METROS DE PROFUNDIDADE

57

Outro fator que se pode observar nas figuras 19 e 20 está relacionado ao

trabalho nos pés de taludes. Se estes operários estão realizando estas tarefas, uma

avaliação prévia pelo responsável técnico, pelos riscos de instabilidade que possam

apresentar, deve ter sido realizada. Caso contrário estes serviços seriam impedidos

de serem realizados.

O tombamento desta máquina, observado na Figura 21, pode ter sido

causado pela não obediência em relação à distância mínima necessária para que

não ocorra risco de desmoronamento da escavação. Tal detalhe deve ser observado

pelo profissional responsável da obra.

FIGURA 21 – TOMBAMENTO DE RETRO-ESCAVADEIRA

58

Observa-se na Figura 22 o resgate de um operário soterrado. A causa para o

soterramento originou-se da falta de um escoramento correto nas paredes da

escavação.

Como mostrado na Figura 23, em dois exemplos, houve explosão devido à

realização de escavação em local que não foi previamente investigado. Com o

rompimento da tubulação que transportava produtos inflamáveis a ocorrência de um

acidente foi inevitável.

FIGURA 22 – RESGATE DE OPERÁRIO

FIGURA 23 – EXPLOSÃO

59

7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verifica-se que os trabalhadores da construção civil formam um grupo de

pessoas que realizam sua atividade laboral, na maioria dos casos, em ambiente

insalubre e de modo arriscado. Geralmente são atendidos inadequadamente em

relação aos salários, alimentação e transporte, possuindo reduzida conscientização

sobre os riscos aos quais estão submetidos.

Sob o aspecto da justiça social, é inaceitável o sofrimento humano decorrente

do trabalho. Além disso, há consideráveis perdas econômicas e financeiras para a

Previdência Social, relativas a auxílios doença, invalidez e pensões. Todas essas

conseqüências adversas, que são economicamente custosas tanto para o

empregador como para a sociedade em geral, podem ser evitadas através da

promoção e implementação de medidas preventivas eficientes, integradas com

outros programas preventivos de riscos para saúde e segurança do trabalho.

Cabe as empresas a implantação de programas de melhoria da segurança

nos serviços de escavações, fundações e desmonte de rochas, junto aos

trabalhadores, uma vez que esta integração em torno de um objetivo comum, pode

minimizar consideravelmente os riscos ao qual estão expostos.

Para preservar a integridade física do funcionário deve-se investir na sua

qualidade de vida, isto é, propiciar um ambiente de trabalho com condições

adequadas. Isto leva o trabalhador a direcionar toda a sua potencialidade para uma

melhor qualidade do processo ou produto. Esse investimento deve ser através de

treinamento, conscientização da necessidade do uso de equipamentos de proteção

e cuidados com o meio ambiente. A Delegacia Regional do Trabalho, em cada

estado, deve atuar com rigor na função de fiscalizar a adoção dos procedimentos

corretos neste setor.

Algumas limitações foram constatadas no desenvolvimento deste trabalho. A

revisão bibliográfica possui grande deficiência de material teórico na área de

segurança, na indústria da construção civil, sobre os serviços de escavações,

60

fundações e desmonte de rochas. As publicações são mais direcionadas a normas e

guias, como as recomendações técnicas de procedimentos da FUNDACENTRO.

Mesmo assim, através do levantamento bibliográfico e das normas e

recomendações consultadas, espera-se contribuir com este trabalho na consulta

para elaboração de um sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional nas

empresas de construção civil.

61

REFERÊNCIAS

ABNT-ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 9061

Segurança de escavação a céu aberto, 1985.

ABNT-ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 12.266 Projeto

e execução de valas para assentamento de tubulação de água, esgoto ou

drenagem urbana, 1992.

ABNT-ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 14.280

Cadastro de Acidentes do Trabalho Procedimento e Classificação, 1999.

BARTOLOMEU, Tereza Angélica. Modelo de investigação de acidentes do trabalho baseado na aplicação de tecnologias de extração de conhecimento. Florianópolis, 2002. 301 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós- Graduação em Engenharia de Produção, UFSC, 2002.

BASTOS, Luiz Marcelo Ferreira. DA SILVA, Sidnei Leite. GONÇALVES, Cristiano

Rossi. Higiene e Segurança do Trabalho. Universidade do Vale do Paraíba.

Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia. Faculdade de Engenharia Civil. São José

dos Campos, São Paulo, 2001.

BITENCOURT, Celso Lima. Artigo publicado na Universidade Federal Fluminense

em 22/03/2003. Disponível em http://www1.abepro.org.br/bibliote

ca/EMEGEP1998ART369.pdf (acesso em 07/07/08).

BRASIL. Assembléia Nacional Constituinte. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília. 1988.

BRASIL. Ministério de Previdência Social - MPS. Manual de instruções para

preenchimento da comunicação de acidente do trabalho – CAT, 1999.

BRASIL. Portaria MPAS nº01, de 9 de maio de 2002. Resultados dos indicadores de

acidentes de trabalho.

CRUZ, Sybele Maria Segala da. Gestão de segurança e saúde ocupacional nas empresas de construção civil. Florianópolis, Santa Catarina, Novembro de 1998. Dissertação submetida à Universidade Federal de Santa Catarina para obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Produção. ________________O Ambiente do Trabalho na Construção Civil: um estudo baseado na norma. Monografia submetida a defesa de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho da Universidade Federal de Santa Maria. 1996.

62

DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 3. Ed. São Paulo: Saraiva,

1987. v.7.

ESTUDO SOBRE TRABALHO E ACIDENTE DO TRABALHO. Disponível em

http://www.eps.ufsc.br/disserta97/more/cap3.htm (acesso em 15/06/2008)

http://www.ufba.br/conpsi/conpsi1999/P183.html (acesso em 18/06/2008)

http://www.mte.gov.br/legislacao/default.asp (acesso em 18/06/2008)

MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS - Segurança e medicina do Trabalho, São

Paulo: Editora Atlas - www.atlasnet.com.br - edições atualizadas anualmente.

NORMA REGULAMENTADORA, NR 15 Atividades e operações insalubres.

NORMA REGULAMENTADORA, NR 18 Condições e meio ambiente de trabalho

na indústria da construção.

NORMA REGULAMENTADORA, NR 19 Explosivos.

NORMA REGULAMENTADORA, NR 21 Trabalho a céu aberto.

NORMA REGULAMENTADORA, NR 22 Trabalhos subterrâneos.

PROTEÇÃO (2002) – Revista PROTEÇÃO, nº126, p.100-109, 2002.

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI. Procedimento

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SOUZA, Osvaldo Costa de. Responsabilidade civil na relação trabalhista. Revista

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TORTORELLO, Jayme Aparecido. A responsabilidade civil e o acidente do

Trabalho. São Paulo, 2002, 180fs. Dissertação (Mestrado em Direito Político e

Econômico da Universidade Presbiteriana Maekenzie).

VIANNA, Héder Alencar. Proposta de um sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho no campus da Universidade Federal de Viçosa com ênfase no setor florestal. Viçosa, Minas Gerais, 2007, 140fs. Dissertação (Pós-Graduação em Ciência Florestal, para obtenção do título de Magister Scientiae).

63

ANEXOS

64

ANEXO I – Modelo do Formulário da Comunicação de Acidente do Trabalho

65

ANEXO II – Fluxograma