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0 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS SÓCIO – ECONÔMICAS E HUMANAS VÂNIA CECÍLIA BEIRIGO CASTRO IMPACTOS AMBIENTAIS NO ESPAÇO URBANO DE GOIÂNIA: Um Estudo Sobre a Invasão Emílio Póvoa. Anápolis 2009

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS SÓCIO –

ECONÔMICAS E HUMANAS

VÂNIA CECÍLIA BEIRIGO CASTRO

IMPACTOS AMBIENTAIS NO ESPAÇO URBANO DE GOIÂNIA: Um Estudo Sobre a Invasão Emílio Póvoa.

Anápolis

2009

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VÂNIA CECÍLIA BEIRIGO CASTRO

IMPACTOS AMBIENTAIS NO ESPAÇO URBANO DE GOIÂNIA:

Um Estudo Sobre a Invasão Emílio Póvoa.

Trabalho de Conclusão de Curso de Geografia

da Unidade Universitária de Ciências Sócio-

Econômicas e Humanas da Universidade

Estadual de Goiás para obtenção de título de

Licenciatura Plena em Geografia. Orientador:

Profº. Ms. Valney Dias Rigonato.

Anápolis

2009

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VÂNIA CECÍLIA BEIRIGO CASTRO

IMPACTOS AMBIENTAIS NO ESPAÇO URBANO DE GOIÂNIA: Um Estudo Sobre a Invasão Emílio Póvoa.

Trabalho de conclusão de Curso defendido no curso de Geografia na Unidade Universitária de Ciências Sócio-Econômicas e Humanas da Universidade Estadual de Goiás, para obtenção do grau de Licenciatura Plena em Geografia, aprovada em____de____de________, pela Banca Examinadora constituída pelos seguintes professores.

____________________________________

Profº. Ms. Valney Dias Rigonato-UEG

Presidente da Banca

____________________________________

Profº. Ms. Marcos Augusto Marques Ataides - UEG

Examinador interno

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a “Deus”, que me deu força para vencer esta batalha.

A meus pais e irmãos pelo amor com que cuidaram de mim, por

sempre me desejarem sucesso e acreditarem em meu sucesso.

Em especial meu orientador Ms Vaney Dias Rigonato pela

inspiração e dedicação sem o qual não haveria esta pesquisa.

A professora Ms Flávia Maria, pela orientação, apoio e paciência.

A professora Ms Loçandra Borges pela coorientação.

Ao professor Ms.Marcos Augusto Marques Ataides encorajamento e

otimismo.

Ao sr. Tenente Coronel Celso Ofugi Diretor da Defesa Civil do Corpo

de Bombeiros Militar do Estado de Goiás à época das primeiras visitas a

campo, por deixar acompanhar a Defesa Civil, juntamente com os bombeiros

em atividades nas áreas de risco na cidade de Goiânia, inclusive da Invasão

Emilio Póvoa.

Ao Tenente Hélio Loyola Gonzaga Júnior, especialista em Defesa

Civil, do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás por fornecer fotos e

material de pesquisa.

Ao Subtenente Evaldo Jorge da Silva, da Defesa Civil do Corpo de

Bombeiros Militar do Estado de Goiás

Ao meu esposo Eliomar, meu amor, que me acompanhou e ajudou

sempre que precisei nesta jornada de trabalho.

As minhas amigas Elza Maria Rodrigues e Eliane Rodrigues de

Castro Bessa pela força e encorajamento.

A todos meus amigos da graduação que contribuíram para

conclusão desta pesquisa, e em especial a Leila, Mauro e Virgílio.

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RESUMO

A presente pesquisa teve objetivo de analisar os impactos ambientais repercutidos pela precipitação pluvial e o crescimento acelerado no espaço urbano goianiense. Em uma abrangência espacial e temporal, da cidade de Goiânia e da Invasão Emílio Póvoa localizada entre o Setor Criméia Leste e a Vila Megale na Região Central da cidade de Goiânia. Para entender a influencia dos episódios pluviais, foram abordadas a climatologia e a geomorfologia no espaço urbano. Foram observadas as transformações no processo geohistórico de ocupação e expansão do espaço urbano da capital que foi alvo de um grande crescimento demográfico desde sua fundação e intensificou na década de 1950 estendendo até os dias atuais. Repercutindo um crescimento no espaço urbano e alcançando o século XXI com vários problemas ambientais oriundos da falta de planejamento do espaço urbano da Capital de Goiás. A pesquisa foi realizada com base nos pressupostos teóricos e metodológicos da Geografia voltados para os fenômenos dos impactos ambientais. Para o desenvolvimento dessa pesquisa foi analisada a partir das categorias: da paisagem e do espaço urbano. Os procedimentos metodológicos basearam em duas etapas interligadas: levantamento bibliográfico e trabalho de campo. Os principais impactos ambientais na Invasão Emílio Póvoa ocorrem devido à ocupação irregular e inadequada de uma encosta desprovida de cobertura vegetal e que propicia erosões e deslizamentos, onde a população encontra-se em risco constante de deslizamentos nos períodos chuvosos. As atividades desenvolvidas pelos homens através da reprodução do espaço urbano degradaram os recursos ambientais e modificaram a paisagem original do espaço urbano. Palavras – chave(s): Impactos ambientais, espaço urbano, paisagem, precipitações.

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Lista de Ilustrações

Ilustração 1 Mapa de localização-----------------------------------------------------------12

Ilustração 2 Áreas de Riscos em Goiânia------------------------------------------------16

Ilustração 3 Plano Original de Goiânia----------------------------------------------------18

Ilustração 4 Tabela 1-Evolução da População de Goiânia, 1940/1990-----------20

Ilustração 5 Tabela 2-Crescimento Populacional da Região Metropolitana de

Goiânia 1991/2000-----------------------------------------------------------------------------21

Ilustração 6 Quadro 1- Os Problemas Relacionados a Ação Hidrológica--------22

Ilustração 7- Aerofoto de 1965--------------------------------------------------------------26

Ilustração 8 Imagem de Satélite de 2008-------------------------------------------------26

Ilustração 9 Imagem da Invasão Emilio Póvoa de 1980------------------------------27

Ilustração 10 Viela de acesso a Emilio Póvoa------------------------------------------28

Ilustração 11 Casa do Morador da Invasão Emílio Póvoa---------------------------29

Ilustração 12 Carta de Risco do Município de Goiânia, 2008-----------------------34

Ilustração 13 Mapa da Estação da Primavera para o Estado de Goiás,

1931/1990----------------------------------------------------------------------------------------37

Ilustração 14 Mapa da Estação do Verão para o Estado de Goiás, 1931/1990---

-------------------------------------------------------------------------------------------------------38

Ilustração 15 Mapa das Estações do Outono e Inverno para o Estado de Goiás,

1961/1990----------------------------------------------------------------------------------------39

Ilustração 16 Gráfico 1 e 2-Temperaturas Médias de Goiânia, 1961/1990------40

Ilustração 17 Gráfico 3 - Precipitações Médias da Cidade de Goiânia,

1931/1990----------------------------------------------------------------------------------------41

Ilustração 18 Processos Erosivos de Ocupação de Encostas----------------------44

Ilustração 19 Erosão do Córrego Botafogo, 2009--------------------------------------45

Ilustração 20 Erosão as Margens do Córrego Botafogo------------------------------46

Ilustração 21 Aterro na Invasão Emílio Póvoa, 2009----------------------------------47

Ilustração 22 Viela de Acesso da Invasão Emílio Póvoa, 2009---------------------48

Ilustração 23 Quadro 2- Cadastro dos Moradores da Invasão Emílio Póvoa,

2005------------------------------------------------------------------------------------------------51

Ilustração 24 Quadro 3- Cadastro dos Moradores da Invasão Emílio Póvoa,

2008------------------------------------------------------------------------------------------------51

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Ilustração 25 Tabela 3- Análise dos dados dos Moradores da Invasão Emílio

Póvoa, 1969/2008------------------------------------------------------------------------------52

Ilustração 26 Casa do Morador com Rachaduras na parede na Invasão Emílio

Póvoa, 2008--------------------------------------------------------------------------------------53

Ilustração 27 Casa do Morador com rachaduras no piso na Invasão Emílio

Póvoa, 2008--------------------------------------------------------------------------------------53

Ilustração 28 Quadro 4 - Risco Geotécnico Associados a Deslizamentos-------56

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SUMÁRIO

RESUMO-----------------------------------------------------------------------------------------04

LISTA DE ILUSTRAÇÕES-------------------------------------------------------------------05

INTRODUÇÃO----------------------------------------------------------------------------------09

1 A PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO DE GOIÂNIA E QUESTÕES

AMBIENTAIS -----------------------------------------------------------------------------------13

1.1 Conseqüências da Urbanização do Solo Urbano da Capital de Goiás------14 1.2 Concepções do Processo de Ocupação de Goiânia-----------------------------17

1.3 Parcelamentos do Solo Urbano de Goiânia----------------------------------------24

1.4 Mudanças na Paisagem Urbana na Área da Invasão Emílio Póvoa da

Cidade de Goiânia------------------------------------------------------------------------------25

1.5 Descrições da Invasão Emílio Povoa-------------------------------------------------27

2 A OCUPAÇÃO DESORDENADA DAS ENCOSTAS E AS PRECIPITAÇÕES

PLUVIAIS REPERCUTEM PREOCUPAÇÕES AMBIENTAIS EM ÁREA

URBANA -----------------------------------------------------------------------------------------31

2.1 Preocupações Ambientais---------------------------------------------------------------32

2.2 O Meio Ambiente e os Impactos Ambientais da Cidade de Goiânia---------32

2.3 Características Físicas da Cidade de Goiânia Focados para Invasão Emílio

Povoa----------------------------------------------------------------------------------------------34

2.4 Processos da Dinâmica Climática na Invasão Emílio Póvoa da Cidade de

Goiânia--------------------------------------------------------------------------------------------37

2.5 Alterações Hidrológicas das Encostas-----------------------------------------------43

3 OCUPAÇÃO HÁ 40 ANOS POSSIBILITANDO DANOS IRREVERSÍVEIS A

POPULAÇÃO VIGENTE---------------------------------------------------------------------50

3.1 Luta Pela Moradia no Espaço Urbano de Goiânia--------------------------------50

3.2 Invasão Emílio Póvoa: Habitantes----------------------------------------------------54

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CONSIDERAÇÕES FINAIS--------------------------------------------------60 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA-------------------------------------------62

ANEXOS---------------------------------------------------------------------------63

ANEXO A- PLANTA DE CARLOS ALBERTO DA INVASÃO EMÍLIO PÓVOA,

1981------------------------------------------------------------------------------------------------65

ANEXO B- CÓDIGO DE AMEAÇAS E RISCOS (CODAR)-------------------------66

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INTRODUÇÃO

O presente estudo visa analisar os impactos ambientais que

repercutem da precipitação pluvial e suas respectivas conseqüências para a

população local em especial, a Invasão Emílio Povoa (Ilustração 01), e para o

espaço urbano de Goiânia-GO.

A Invasão Emílio Póvoa constitui uma área situada no Setor Criméia

Leste e na Vila Megale nas coordenadas geográficas de Latitude 16° 39’ 16.33”

S, e Longitude 49º 15’ 27.52”, localizada na parte Central da Cidade de

Goiânia, margeando em parte o Córrego Botafogo, uma área considerada pela

prefeitura da cidade como totalmente erodida, o que a torna impossível para

habitação, considerada área de risco1 mas no local há várias edificações

irregulares.

Neste trabalho permea a análise dos impactos ambientais sobretudo

na área urbana de Goiânia, na Invasão Emílio Póvoa, na expectativa de

verificar alterações que ocorreram em relação a natureza original.

Devido ao do crescimento demográfico urbano descontrolado, e a

especulação imobiliária no espaço urbano de Goiânia gerou uma valorização

do mesmo pelo processo de ocupação e os excessos de construções

causaram a falta de infiltração e com o aumento do escoamento superficial nas

últimas décadas ocasionaram vários impactos ambientais sobre o meio físico

como: poluição das águas do Córrego Botafogo, degradação do solo,

degradação de áreas verdes.

Esses impactos ambientais tornam-se preocupantes na medida em

que a precipitação pluvial vem sofrendo disritmias pluviais nas grandes cidades

em função de diversos fatores: como a ocupação acelerada que provocou a

impermeabilização do solo pela construção de asfaltos, fazendo que aumente

as temperaturas alterando o ciclo hidrológico onde as chuvas se intensificam.

1 Segundo o Estado de Goiás Secretaria de Segurança Pública e Justiça Corpo de Bombeiros Militar de Defesa Civil, 2009. Área de risco: são locais onde estão sujeitos a adventos adversos com risco de desastres.

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Através da análise da paisagem urbana e no processo de produção

do espaço urbano é possível visualizar que a cidade de Goiânia cresceu de

maneira desordenada mesmo sendo uma cidade planejada.

Os períodos chuvosos trazem a população que vive nessas áreas

transtornos como os alagamentos, inundações e ficam sujeitas a

deslizamentos.

Geralmente os desastres urbanos relacionados à ocupação

inadequada de encostas com alta declividade em geral ocorrem de maneira

muito rápida sem que haja chances de minimizar as perdas para população

que é apanhada de surpresa causando grandes prejuízos, quer seja às

propriedades dos cidadãos comuns, quer seja as grandes empresas, ou

instituições públicas.

Mas na maioria das vezes a população de baixa renda que ocupam

estas áreas são as que sofrem as maiores conseqüências.

Essa realidade é evidenciada na Invasão Emílio Póvoa da cidade de

Goiânia foi fator que motivou o estudo sobre a sua ocupação de moradores de

classe social de baixa renda com moradias rústicas, sem medidas de

planejamento e de segurança por parte do poder público no início da sua

ocupação.

Desse modo, a monografia foi divida em três capítulos, no primeiro

capitulo faz uma análise e descrição sobre a produção do espaço urbano de

Goiânia, e as questões ambientais na Invasão Emílio Póvoa, como as

conseqüências da urbanização na cidade de Goiânia.

Além disso, analisar processo geohistórico de ocupação de Goiás e

da cidade de Goiânia, formas de uso do solo, e repercussões na paisagem da

Invasão Emílio Póvoa.

No segundo capítulo foi analisada, a ocupação desordenada das

encostas e à preocupação ambiental em áreas urbanas, os impactos

ambientais na cidade de Goiânia e os processos que sucedem da dinâmica

climática como as alterações hidrológicas e as características físicas na

Invasão Emílio Póvoa.

Já no terceiro capítulo discute a ocupação irregular e inadequada da

Invasão Emílio Povoa, que perdurou quarenta anos e possibilitou danos a está

população que através da luta por moradia no espaço urbano de Goiânia, e

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possui respectivas visões dos moradores sobre a temática dos impactos

ambientais.

Por ultimo, espera que essa pesquisa possa contribuir para um

planejamento e prevenção de acidentes relacionados aos impactos ambientais

na perspectivas das precipitações pluviais, com objetivo de diminuir o grau de

riscos nessas áreas.

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MAPA DE LOCALIZAÇÃO DA INVASÃO EMÍLIO PÓVOA, 2009

Vl Froes

S Norte Ferrovi rio IIá

Vl Jaragu

Setor Criéia Leste

Vl Megale

8.158.000

8.158.500

8.159.000

8.159.500

FONTE:LEGENDA

Vânia Cecília Beirigo Castro

ORGANIZAÇÃO :

CARTOGRAFIA DIGITAL:

Bairros

Drenagens

100 m 0 100 200 300 m

ESCALA GRÁFICA

1/10.000

N

EW

S

GOIANIA, Prefeitura. MapaUrbano Básico Digital de Goiânia. 2006.

Erivelton Campos Cândido

685.000mE

Quadras

685.500 686.000 686.5008.157.500mN

Área de risco

Ilustração 01: Mapa de localização da Invasão Emílio Póvoa, 2009

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CAPÍTULO 01

1 A PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO DE GOIÂNIA E

QUESTÕES AMBIENTAIS

Nas últimas décadas algumas formas de reproduções do espaço

urbano têm provocado impactos ambientais em algumas áreas, fatores que

trouxeram preocupações a sociedade. Os impactos ambientais são resultantes

das produções sociais no espaço urbano. No entendimento do autor Santos

(1997, p. 71), o espaço é,

(...) seria um conjunto de objetos e de relações que se realizam sobre estes objetos; não entre estes especificamente, mas para as quais eles servem de intermediários. Os objetos ajudam a concretizar uma série de ralações. O espaço é resultado da ação dos homens sobre o próprio espaço, intermediados pelos objetos, naturais e artificiais.

Através de atividades o homem atua no espaço impondo uma nova

arrumação aos objetos formando um conjunto interligado pelos objetos naturais

e artificiais.

O espaço urbano de Goiânia reproduziu de diversas maneiras por

atividades sociais que determinaram a vida das pessoas no arranjo espacial,

na visão da autora Cavalcanti (2001, p.13),

A produção refere-se à produção de vida cotidiana das pessoas que vivem na cidade e nela atuam suas atividades e arranjo espacial decorrentes dessas atividades, as de lazer, de educação, de trabalho e de descanso. Essas atividades orientam a produção do espaço urbano.

Conforme a autora referida à cidade é o local das relações de

produções influenciando os modos de vida. Essas transformações do espaço

urbano, aliadas as influências climáticas repercutem ações no meio ambiente

como as inundações, os movimentos de massas, que são evidencias na

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maioria das cidades brasileiras por causa da ação antrópica. Para a autora

Carlos (2003, p. 45), afirma que,

A cidade enquanto construção humana, produto social, trabalho materializado, apresenta-se enquanto formas de ocupações. O modo de ocupação de determinado lugar da cidade se dá a partir da necessidade de realização de determinada ação, seja de produzir, consumir, habitar ou viver.

Assim o espaço urbano da cidade de Goiânia se apresentou pelas

construções humanas e fruto do trabalho social apresentando-se pelas formas

de ocupações que consolidaram a cidade de Goiânia como uma metrópole, e

conseqüentemente geraram problemas como ocupações irregulares (invasões,

favelas) das encostas, ou dos fundos dos vales ou de áreas de preservação

ambiental.

Os problemas que remontam em Goiânia desde a sua fundação e

pela especulação imobiliária na forma do capitalismo que organiza este espaço

conforme seus interesses no espaço urbano ocasionam transtornos na vida

cotidiana dos habitantes através dos impactos ambientais que resultaram da

falta de planejamento do espaço urbano.

1.1 Conseqüências da Urbanização do Solo Urbano da Capital de Goiás

O espaço urbano tem sofrido várias transformações antrópicas,

devido à expansão urbana das cidades brasileiras, repercutindo impactos

negativos ocasionados por vários fatores antrópicos ou naturais; muitos

pesquisadores preocupados com estes problemas estão buscando avaliar os

efeitos causados pela ocupação urbana na medida em que se concentram em

determinada área imprópria para ocupação fatores que se intensificaram e

tornam-se grandes problemas ambientais.

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Nas perspectivas dos autores Guerra e Cunha (2006, p.190),

associaram,

A rápida urbanização que vêm ocorrendo nas últimas décadas é um dos principais responsáveis pelos movimentos de massa que têm ocorrido na cidade. Aliás, os movimentos de massa têm sido umas das maiores causas de morte, devido a fenômenos naturais, em todo mundo.

Para os autores referidos a aceleração da urbanização nas ultimas

décadas é um dos principais condicionantes dos movimentos de massas em

todo mundo, as cidades são os maiores exemplos de degradação ambiental

através de dados podem ser constatados que as maiores causas de mortes

nas cidades relacionadas com os fenômenos naturais ocorrem em relação aos

movimentos de massas.

Os condicionantes naturais que repercutem erosões, deslizamentos,

entre outros, são fatores que podem ocorrer naturalmente, nas palavras dos

referidos autores (ibidem, p.194), “Os condicionantes naturais podem,

juntamente com o manejo inadequado, acelerar a degradação” para estes

autores o manejo inadequado aliado a ocupação promovem os impactos

ambientais.

A urbanização gerou modificações no meio ambiente pelas classes

sociais através das aglomerações de pessoas em determinadas localidades,

Portanto conforme apropriação do espaço urbano repercute mudanças no meio

ambiente.

Como afirma Moraes (2006 p.198), a cidade de Goiânia segundo os

dados da Secretaria de Obras do Município (SOM, 2002) e da Comob-

Habitação, registra 172 áreas de posse irregulares e abrigam um total de

55.000 habitantes (5% da população), morram em áreas invadidas.

A apropriação do espaço urbano aliado a impermeabilização do solo

urbano pode promover enxurradas inundações, alagamentos, deslizamentos,

que são causados pelo uso e ocupação de áreas impróprias para habitação

devido às condições do solo como o caso da Invasão Emílio Póvoa de uma

encosta íngreme suscetível a erosões.

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Seja por questões sociais ou não a maioria dessas pessoas que

ocupam áreas restritas a ocupação são classes de baixa renda e que

constroem suas casas clandestinamente em locais com predisposição á

erosão, como é o caso da Invasão Emílio Póvoa.

A cidade de Goiânia como exemplo possui atualmente 1.197

pessoas vive em 11 áreas de risco na capital, como podemos observar pelo

mapa de áreas de risco: fornecido ao jornal O Popular pela Defesa Civil como

pode ser visto no mapa a seguir:

Ilustração 02: Áreas de risco de Goiânia, 2009. Fonte: Jornal O Popular, de sete de Outubro de 2009.

Através da ilustração 02, demonstra o artigo intitulado Goiânia tem

1,2 mil pessoas em áreas de risco, do dia sete de Outubro de 2009 do Jornal O

Popular, pode se observar que estão em área de alto grau de risco a Invasão

Emílio Póvoa e Jardins das Aroeiras. Observamos também que as maiorias

destas áreas de risco estão localizadas região Central e na região Norte da

cidade de Goiânia.

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O Município mesmo transferindo as famílias em perigo pelo progama

habitacional do Município, segundo a Defesa Civil, neste ano de 2009, foi

sugerido a tranferência imediata de 338 famílias.

A Secretaria Municipal de Habitação acenou a transferência imediata

de 20 famílias, destaca que dos moradores expostos a maior perigo são os

invasores da Emílio Póvoa onde estão 40% dos moradores em área de risco

que mais preocupam.

Essas pessoas apropriam do espaço urbano por uma parcela da

sociedade que não possuem outra opção de moradias e que abarcam os

benefícios ocasionados pela localidade, como os meios de transporte coletivo,

proximidade ao trabalho, hospitais, rodoviária, escolas, entre outros.

Relacionados aos problemas ambientais urbanos conforme as

classes sociais demonstram o padrão e a qualidade de vida ao qual a esta

parcela da sociedade tem experimentado de forma tal dramática.

1.2 Concepções do Processo de Ocupação de Goiânia

No contexto histórico do processo de ocupação da cidade de Goiânia

a autora Moraes (2006), retrata que a ocupação de Goiânia foi um símbolo da

interiorização do Brasil na década de 1930.

O programa Marcha para o Oeste consolidado pelo Governo de

Getúlio Vargas buscava a ocupação da Amazônia Legal e a modernização do

Estado brasileiro, portanto introduziu a formação de novos centros urbanos e

econômicos, bem como o estabelecimento de agroindústrias.

A cidade de Goiânia foi planejada por Atílio Correia lima2 na primeira

metade do século XX, ilustração a seguir.

2 Engenheiro Arquiteto do Rio de Janeiro, formado pela Escola de Artes de Belas Artes do Rio de Janeiro em 1925. De 1927 a 1930 fez estágio profissional no Institut d’ Urbanisme de L’ Université de Paris.

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Ilustração 03- Plano Original de Goiânia Fonte: Secretaria de Planejamento Municipal, 2009.

Na ilustração 03, demonstra o Plano Original para cidade de Goiânia

proposto por Atílio Lima, no Governo de Pedro Ludovico Teixeira, nos moldes

urbanísticos modernos em um local de fácil acesso e próximo, com os novos

espaços de produção como demonstra no Plano Original de Goiânia.

Visava através da cobertura vegetal existente ao longo dos cursos de

água, formar áreas de preservação ambiental e parques urbanos na cidade de

Goiânia.

O espaço urbano da cidade de Goiânia foi dividido em três zonas,

Setor Central, destinado ao comercio e serviços, administração e habitação;

Setor Norte, destinado ao comércio regional, indústria e habitação e aos

trabalhadores, que na atualidade permanece principal centro urbano de

Goiânia, e Setor Sul, residencial.

Os invasores da Emílio Póvoa a maior parte das moradias na década

de 1980 estavam locadas sobre a faixa dos 50 metros margeantes ao Córrego

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Botafogo, considerada Zona Verde de Preservação, conforme a Lei

nº 5.735 de 1980, artigo 24 e que no artigo 33 veta qualquer tipo de uso.

O problema é que o solo não é viabilizado para urbanização nem

legal nem tecnicamente conforme a Lei nº 6.766 de 1979 que coíbe qualquer

parcelamento do solo em áreas com declividade superior a 30%.

Através da declividade proposta por Cunha (1991), que é o gradiente

que representa a inclinação da encosta em relação ao plano horizontal. A

declividade é medida a perpendicularidade as curvas de nível e pode era

expressa em percentagem, onde a expressão é D= (H/L)100. Neta equação D

é o gradiente de porcentagem, H é a amplitude e L o comprimento da encosta

medido no plano Horizontal.

Pela Planta da Invasão Emílio Póvoa (anexos, p. 64), escala 1/500

levantamento topográfico de Carlos Alberto, pelas somatórias das declividades

desta área resultou em 35,75% de média de declividades, o que a torna

imprópria para ocupação.

O crescimento da cidade principalmente na década de 1950 com o

projeto Marcha para o Oeste e a construção da Belém-Brasília anunciada pelo

Presidente Juscelino Kubitschek e a tranferência da capital federal para o

Planalto Central, tornou o centro oeste considerado como focos de correntes

migratórias por busca de empregos e melhores condições de moradias. Para a

autora Moraes (2006, p. 219),

A cidade de Goiânia, foi projetada para abrigar uma população de

cinquenta mil habitantes num intervalo de trinta anos, evoluiu de forma surpreendente, particularmente na década de 1960, com a tranferência da capital federal para o Planalto Central. Esse grande crescimento levou a descaracterização do projeto urbano pretendido, cuja expansão ganhou uma forma aleatória graças a implantação indiscriminada de loteamentos populares e clandestinos.

Concebida como uma capital moderna para 50.000 habitantes,

passando três décadas de sua fundação já abrigava o triplo da população

prevista gerando uma aceleração da urbanização e desorganização no espaço

urbano. Este processo obteve maior crescimento das áreas urbanas nas

décadas de 1950 em diante na tabela 1 que se segue (ilustração).

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Ilustração 04: Tabela 1- Evolução da população de Goiânia- 1940 a 1990. Fonte: Censo demográfico 1940-1973,a partir dos dados da base operacional de Censo Demográfico de 1991. IBGE.

Na ilustração 02, mostra o quadro populacional da cidade de Goiânia

das décadas de 1940 a 1990, em 1970 exibe uma porcentagem de 95,34% na

área urbana correspondendo a 363.056 habitantes e 4,66% na área rural

correspondendo a 17.717 habitantes, fatores que são reflexos causados pela

forte migração da década de 1960.

A década de 1980 demonstra que a população urbana estava

estimada em 98,07% correspondente a 703.682 habitantes, e 1,93% a

população rural correspondentes a 13.844 habitantes, caráter devido ao reflexo

da especulação imobiliária de década de 1970, onde houve um crescimento

desordenado da cidade, além de uma ocupação de municípios limítrofes de

Goiânia.

Na década de 1990, a população urbana manteve-se na média da

década anterior de 1980, de 98,93% correspondendo a 987.859 habitantes, e a

rural 1,07% correspondendo a 10613 habitantes.

Esse grande crescimento que a cidade obteve principalmente nas

décadas de 1960 levou a uma descaracterização do projeto urbano

pretendido, assim a expansão ganhou uma forma aleatória com as invasões

de loteamentos populares e clandestinos, gerando uma ocupação desordenada

na perspectiva do planejamento urbano.

Com o crescimento acelerado de Goiânia tornou-se uma Metrópole

regional, por causa do acesso dos municípios ligados a Goiânia.

Tabela 1- Evolução da população de Goiânia- 1940 a 1990.

TOTAL URBANA RURAL

ANOS

HABITANTES % HABITANTES % HABITANTES % 1940 48166 100,00 18889 39,21 29277 60,79 1950 53389 100,00 40333 75,54 13056 24,46 1960 151013 100,00 133462 88,37 17551 11,63 1970 380773 100,00 363056 95,34 17717 4,66

1980 717526 100,00 703682 98,07 13844 1,93 1990 998472 100,00 987859 98,93 10613 1,07

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Tabela 2- Crescimento Populacional Da Região Metropolitana De Goiânia 1991/ 2000

Ilustração 05- Tabela dos Censos Demográficos 1991 e 2000. Elaboração: CCN – Central de Consultoria e Negócios, base no IBGE – Censos Demográficos 1991 e 2000.

Conforme a ilustração 05, na tabela da região metropolitana de

Goiânia demonstra que a cidade passou de 1.093.007 milhões de habitantes

nas décadas de 1991 a 2000, segundo o IBGE, 2000 esta situação colocou a

cidade de Goiânia entre as cidades mais populosas do Brasil constituindo o

décimo segundo município mais populoso do Brasil.

Nas reflexões de Santos (1987, p. 81),

Cada homem vale pelo lugar onde está: o seu valor como produtor, consumidor, cidadão, depende de sua localização no território. Seu valor vai mudando, incessantemente, para melhor ou para pior, em função das diferenças de acessibilidade (tempo, freqüência, preço), independentes de sua própria condição. Pessoas, com as mesmas virtualidades, a mesma formação até mesmo o mesmo salário têm valor diferente segundo o lugar onde vivem: as oportunidades são as mesmas.

As ações dos homens na produção do espaço urbano goiano

geraram uma valorização do espaço concentrado em determinados lugares,

assim uma nova orientação para localidade para sociedade como aconteceu

POPULAÇÃO MUNICÍPIOS

1991 2000

Taxa geométrica média de cresc.

anual (em %)

Crescimento acumulado no período (em %)

Abadia de Goiás - 4.971 - - Aparecida de Goiânia 178.483 336.392 7,30 88,47 Aragoiânia 4.910 6.424 3,03 30,83 Goiânia 922.222 1.093.007 1,91 18,52 Goianira 12.896 18.719 4,23 45,15 Goianápolis 10.716 10.671 (0,05) (0,42) Hidrolândia 10.254 13.086 2,75 27,62 Nerópolis 12.987 18.578 4,06 43,05 Senador Canedo 23.905 53.105 9,27 122,15 Trindade 54.072 81.457 4,66 50,64 Santo Antônio de Goiás

- 3.106 - -

TOTAL DA RM 1.230.445 1.639.516 3,24 33,25 Estado de Goiás 4.018.903 5.003.228 2,46 24,49 RM / Goiás (em %) 30,61 32,77 - -

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com a cidade de Goiânia, ou seja, formando áreas segregadas por ser em um

local privilegiado em determinados locais devido a um interesse coletivo de

classes sociais, como é o caso da Invasão Emílio Póvoa um local privilegiado

pela localidade que atrai esses moradores.

Na perspectiva de Vilhaça (2001, p. 142), “a segregação é um

processo segundo quais diferentes classes ou camadas sociais tendem a se

concentrar em deferentes regiões ou conjuntos de bairros da metrópole”.

Alguns espaços são segregados geralmente em áreas próximas ao

centro da cidade, como é o caso da Invasão Emílio Póvoa, onde a localização

é um referencial para a maioria das pessoas que ocupam esta área devido ao

fácil acesso que existem nesta região.

Com o aumento vertiginoso da população, e o crescimento

desordenado gerou grandes problemas urbanos como a invasão de áreas

públicas, essas aglomerações de pessoas carentes em de áreas irregulares

para moradia como é o caso da Invasão Emílio Póvoa.

A especulação imobiliária tem sido um problema para a cidade de

Goiânia desde a sua fundação, gerando vantagens a certos empreendedores e

causando desigualdes aos menos favorecidos, que por sua vez invadem áreas

públicas que na maioria das vezes lhes oferecem riscos de acidentes.

Deste modo o espaço urbano da cidade fica comprometido nesses

locais, e suscetíveis a impactos ambientais pela ação hidrológica: alagamentos,

enxurradas, escorregamentos, deslizamentos, conceitos estabelecidos na

ilustração 06 de Guerra e Cunha (2003):

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Quadro 1- Os Problemas Relacionados á Ação Hidrológica Segundo

Guerra e Cunha, (2003)

PROBLEMAS RELACIONADOS A

AÇÃO HIDROLÓGICA

GUERRA E CUNHA, 2003.

Alagamento Área inundada após a enchente. Também o significado o de inundação.

Enxurrada Água que escoa na superfície da crosta com velocidade capaz de ocasionar grandes estragos para grupos humanos

Escorregamento: Caracterizam como movimentos rápidos, percurta duração, com plano de ruptura bem definido, permitindo a distinção entre o material deslizado e aquele não movimentado. Divididos com base á forma do plano de ruptura e no tipo de material movimentado.

Deslizamento Deslocamentos de massas de solo sobre um embasamento saturado de água. Os deslizamentos dependem de vários fatores, tais como: inclinação das vertentes, quantidade e freqüência das precipitações, presença ou na das vegetações, consolidação do material, etc.

Ilustração 06: Quadro de Problemas Hídricos Relacionados À Falta De Escoamento Fonte: Guerra e Cunha, 2003.

Na Invasão Emílio Póvoa esta assentada em uma encosta íngreme

suscetível a erosões.

Na Invasão Emílio Póvoa os mecanismos naturais como as chuvas

intensas podem desencadear os deslizamentos na qual a falta de cobertura

vegetal pode favorecer a instabilidade das encostas.

Onde a apropriação do solo neste espaço urbano da cidade de

Goiânia esta suscetível a desastres como os deslizamentos promovidos pelas

enxurradas e inundações, e pelos alagamentos por situar-se as margens do

Córrego Botafogo, estes problemas são acentuados em períodos, no qual os

materiais que compõem o solo ficam comprometidos pela falta de cobertura

vegetal.

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1.3 Parcelamentos do Solo Urbano de Goiânia

O tipo de parcelamento em Goiânia segundo a Secretaria do

Planejamento Municipal foi à forma de loteamentos apresentando aprovação

pelo Município pelo proprietário das terras o Dr. Sólon Edson de Almeida até a

década de 1950, no seu poder estava à seção cadastral do Departamento de

Propaganda e Expansão Econômica do Estado, na qual se tratava da venda de

lotes na capital de Goiânia em construção.

Para o autor Corrêa (1995, p. 16),

Os proprietários de terras atuam no sentido de obterem a maior renda fundiária de suas propriedades, interessando-se em que estas tenham o uso que seja o mais remunerador o possível especialmente uso comercial ou residencial de status.

Os proprietários fundiários interessados na expansão do espaço

urbano da cidade, na medida em que solo se valoriza aumenta seus interesses

na transformação do espaço rural para o urbano.

Na perspectiva do referido autor (ibidem, p. 24), o Estado este

diretamente ligado ao setor industrial, consumidor de espaço e de localizações

específicas, proprietário fundiário e promotor imobiliário, e também agente de

regulação do uso do solo e alvos dos movimentos sociais.

É aprovado na administração do Prefeito Ismérino Soares de

Carvalho o decreto Lei n°574, de 12 de maio de 1947, na qual adota o Código

de Edificações de Goiânia. Nele determinava que os novos loteamentos

devessem ser projetados na forma de cidades satélites.

Este decreto contrariava os interesses dos proprietários das terras

aos quais se mobilizaram e conseguiu junto ao poder público. A retirada das

obrigações, e implantações de infraestruturas, ficando responsável apenas pela

abertura de ruas e o encascalhamento,

Os proprietários fundiários podem então exercer pressões junto ao Estado, especialmente na instância municipal, visando interferir no processo de definição das leis de uso do solo e do zoneamento urbano. Esta pressão não é feita uniformemente nem beneficia a todos os proprietários fundiários. (ibidem, 1995 b).

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Esta pressão que é feita ao Estado por parte dos proprietários

fundiários beneficia na maioria das vezes, aos que possuem grandes

propriedades de terras, e conseqüentemente maior poder aquisitivo, como

acontecem até os dias atuais.

Portanto a cidade é vista como uma fonte de lucros, o solo urbano

encontrava-se fora do alcance da população de baixa renda. Os interesses

sobre o solo urbano de Goiânia passou a dominar desde a construção

demonstrando que uma necessidade antiga de uma organização social por

esta população que busca o direito a ter uma moradia.

1.4 Mudanças na Paisagem Urbana na Área da Invasão Emílio

Póvoa da Cidade de Goiânia

Depois das determinações estabelecias para o parcelamento na

década de 1950 das áreas que permeam o curso de água do Córrego Botafogo

a paisagem goianiense iniciou em uma etapa de transformações. Juntamente

com o crescimento populacional que vigora desde a década de 1950.

Fazendo então que a população de classe média baixa que não têm

como pagar pelo solo urbano, ocupem de maneira inadequada lugares em

áreas de risco causando impactos negativos para população, refletindo assim

sobre a qualidade de vida dessas pessoas e modificação da paisagem.

A paisagem urbana foi transformada através da produção do espaço

urbano, no qual as novas estruturas vão se adaptando as necessidades da

sociedade e conseqüentemente mudando a paisagem, conforme Santos (1997,

p. 73),

A paisagem precede a história que será escrita sobre ela ou se modifica para acolher uma nova atualidade, uma atualidade, uma inovação. A espacialização é sempre o presente, um presente fugindo, enquanto a paisagem é sempre o passado, ainda que recente.

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A paisagem é modificando para acolher as transformações da

sociedade atual, sendo um momento das relações sociais sobre um

determinado espaço. Conforme podemos visualizar nas imagens:

ÁREA AMBIENTAL QUE FOI OCUPADA

PELA INVASÃO EMÍLIO PÓVOA, 1965

CÓRREGO BOTAFOGO

CÓRREGO CAPIM PUBA

Ilustração 07: Áerofoto de1965. Ilustração 08: Imagem de Satélite de 2008. Fonte: Secretaria de Planejamento Municipal, 2009. Fonte: Google Earth de 2009.

Na ilustração 07, através da aerofoto de 1965, percebemos que a

Invasão Emílio Póvoa possuía toda área coberta por vegetação original, e

quase não havia moradores apesar do bairro Criméia Leste já estar parcelado.

Já na ilustração 08 imagem de satélite de 2008 a área da Invasão

Emílio Póvoa como observamos apresenta que mais da metade da cobertura

vegetal foi degradada.

De acordo coma Prefeitura Municipal de Goiânia, o Bairro Criméia

Leste, onde a Invasão Emílio Póvoa se encontra foi ocupado maior parte na

década de 1950.

ÁREA DA INVASÃO EMÍLIO PÓVOA, 2008

CÓRREGO BOTAFOGO

CÓRREGO CAPIM PÚBA

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O Estado criou os novos espaços em moldes modernos, mas isso

não impediu que populações de baixa renda adentrassem as vastas extensões

de vazios urbanos formando as invasões.

1.5 Descrições da Invasão Emílio Póvoa

A luta pela moradia na cidade planejada de Goiânia-GO iniciou-se na

mesma época de sua construção, onde os posseiros denominados invasores

se organizavam em grupos sociais em luta por moradia, criando associações.

Segundo Moraes (2006), a primeira associação de bairro foi a Liga

de Moradores da Vila Nova, criada para defender os interesses dos moradores

próximos ao Córrego Botafogo local das primeiras áreas invadidas na Cidade

de Goiânia, tendo conseguido garantir assentamento dos posseiros, e tendo

papel importante na cidade de Goiânia no período que vai da década de 1930

até 1964 (Golpe Militar).

A Invasão Emílio Póvoa, surgiu na década de 1969, recebeu esse

nome em homenagem ao desembarcador e presidente Francisco Emílio Póvoa

na década de 1920 do antigo Superior Tribunal de Justiça de Goiás e atual

hoje.

Na cidade de Goiânia 29% das áreas de posses localiza nos trechos

das rodovias e ferrovias, e das áreas verdes ao longo dos córregos e rios que

cortam a cidade, como o Córrego Botafogo, Areião, Capim Puba, dos Buritis,

Macambira, rio Meia Ponte, algumas delas são consideradas áreas de risco,

como o caso da Invasão Emílio Póvoa.

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Ilustração 09: Imagem da Invasão Emílio Póvoa de 1980. Fonte: Secretaria de Planejamento de Goiânia-GO, 2009.

Conforme a ilustração 09 da década de 1980, a Invasão Emílio

Póvoa abrigava uma população de classe de baixa renda com moradias

rústicas sem infra-estrutura nem saneamento básico. Nesta época havia cerca

de 170 famílias que ocuparam uma área de 52.427.50 m² segundo o cadastro

Técnico Municipal de 1981, (Secretaria de Planejamento Municipal, 2009).

Atualmente a situação não é diferente conforme demonstram as fotos

tiradas no local:

Ilustração 10: Viela de acesso da Invasão Emílio Póvoa, 2009. Fonte: CASTRO, V. C. B. Trabalho de Campo- Out. 2009.

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Na ilustração 09, através da imagem da Invasão Emílio Póvoa

percebeu que a área possui em suas edificações construídas ao longo de

Vielas que neste caso esta comprometida pelos restos de construções de uma

moradia que foi retirada e o morador foi transferida para outro local e que com

as águas das chuvas carregarão estes materiais para e ao fundo onde se

encontra o Córrego Botafogo.

Na medida em essas casas forem retiradas há uma necessidade de

retirar também os entulhos que restaram das construções, pois estes matérias

ao serem carregados até o Córrego dificultará o escoamento das águas

pluviais e fluviais por estas galerias de águas através do assoreamento o leito

do Córrego Botafogo.

Ilustração 11: Casa de morador da Invasão Emílio Póvoa, Outubro de 2008. Fonte: Estado de Goiás Secretaria de Segurança Pública e Justiça Corpo de Bombeiros Militar de Defesa Civil, 2009.

Na ilustração 11, demonstra a imagem de casas de moradores na

Invasão Emílio Póvoa atualmente é habitado por pessoas de baixa renda,

encontramos assentadas com habitações clandestinas onde retiram a Mata

Ciliar e construídas suas casas em encostas de morros sobre aterros

improvisados com aproximadamente 20 metros de entulhos sem qualquer tipo

de infra-estrutura básica como rede de esgoto.

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Desde a sua construção os impactos ambientais repercutem das

construções irregulares de encostas e dos fundos dos vales, são problemas

que vigoram até os dias atuais como as erosões, os deslizamentos, aterros, em

áreas urbanas devido à expansão do espaço urbano goianiense desordenado.

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CAPÍTULO 2

2 A OCUPAÇÃO DESORDENADA DAS ENCOSTAS E AS

PRECIPITAÇÕES PLUVIAIS REPERCUTEM PREOCUPAÇÕES

AMBIENTAIS EM ÁREA URBANA

2.1 Preocupações Ambientais

A preocupação ambiental nas últimas décadas teve repercussões

devido ao grande numero de impactos ambientais que afetam cidades

brasileiras e outros países.

Essa preocupação ocorreu em várias escalas global, regional e local,

na década de 1970, conforme relata o autor Vesentini (1989, p. 30),

A década de 1970 foi realmente o marco para despertá-lo da “consciência ecológica” a nível planetário. Ocorrem nesses anos acontecimentos fundamentais para o crescimento das preocupações e dos movimentos políticos ecológicos: Primeira Conferencia das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (Estocolmo, 1972).

Estas preocupações com o meio ambiente diante das crescentes

repercussões e exploração dos recursos naturais imporá uma necessidade de

medidas para conter o avanço desses impactos e proteger a natureza. As

grandes diversidades de impactos ambientais urbanos como os de influência

climática.

Nas palavras de Casseti (1991, p. 20), “A forma de apropriação e

transformação da natureza responde pela existência dos problemas

ambientais, cuja origem, encontra-se determinada pelas próprias relações

sociais”. As relações sociais geram uma alteração na qualidade do ambiente e

da vida da população, destacando problemas sociais, ambientais, econômicos,

urbanísticos.

O meio físico pela forma de apropriação do relevo na Invasão Emílio

Póvoa da cidade de Goiânia caracteriza-se pela influência da Geologia,

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cobertura vegetal, geomorfologia, hidrografia e características climáticas da

região.

2.2 O Meio Ambiente e os Impactos Ambientais da Cidade de

Goiânia

Para tratar dos impactos ambientais é necessário conceituar o que é

o meio ambiente, para Augusto Filho (1999), “Meio ambiente é um espaço na

qual ocorre à interação entre o meio biológico, representado pela fauna e flora,

meio físico, constituído pela água, rocha, ar, solo, e o meio social e

econômico”.

Sendo assim o meio ambiente é o espaço onde a sociedade vive e

se desenvolve por relações com o meio, que vão transformar a natureza, e ao

mesmo tempo também sendo transformado.

O conceito de natureza pela ciência natural apareceu nos séculos

XVI e XVII, com uma concepção positivista onde a natureza existente,

sobrevive por si, e desvinculada das ações humanas.

Mas na visão contemporânea propõe uma concepção de natureza

integradora, assim contribuindo para esta definição, Casseti (2003, p. 339),

(...) através da transformação da primeira natureza em segunda natureza que o homem produz os recursos indispensáveis à sua existência, momento em que se naturaliza (a naturalização da sociedade) incorporando em seu dia a dia os recursos da natureza, ao mesmo tempo em que socializa a natureza (modificação das condições originais ou primitivas).

Através da transformação desta primeira natureza, neste processo

de naturalização, o homem se incorpora na natureza atuando como um agente

integrador, onde a natureza se socializa e o homem se naturaliza. A natureza

na perspectiva crítica na qual a sociedade é vista como parte integrante da

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natureza, na medida em que transforma a natureza em aspectos negativos ou

positivos.

Na conceituação de Santos (1997, p. 87) “O homem constitui, dentro

da natureza, uma forma de vida”, para este autor não há separação entre o

homem e a natureza.

O homem ao de integrar a natureza se apropria dela através de

ações próprias das relações sociais, de (re)produção do capital que

manifestam na maioria das vezes produzindo os impactos negativos para a

natureza e conseqüente o homem.

Os processos de degradação ambiental podem ser condicionados

por fatores naturais determinadas pelas características geológicas,

geomorfológicas, condições climáticas que determinarão a sustentação do

solo, mas que junto com o manejo inadequado do homem acelera este

processo natural dando origem aos impactos ambientais.

A Resolução do CONAMA( Código Nacional do Meio Ambiente) n°

001/86, art. 1°, o termo “impacto ambiental” é definido como,

Toda alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente afetam a saúde, o bem estar da população e a qualidade do meio ambiente.

De acordo com o CONAMA juridicamente o conceito de impacto

ambiental está relacionado às agressões sofrida pelo meio ambiente, pelas

ações da sociedade, ou seja, pelas diferentes atividades humanas que

resultam energias que afetam o meio ambiente, em geral negativo, pois

causando danos e desequilíbrio.

A cidade de Goiânia possui casos de problemas ambientais como

demonstram a paisagem urbana, que afetam a qualidade do meio urbano

através dos impactos ambientais dos quais se destacam a retirada da

cobertura vegetal, impermeabilização do solo, falta de galerias pluviais, que em

períodos chuvosos podem causar alagamentos, inundações e os

deslizamentos.

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2.3 Características Físicas da Cidade de Goiânia Focados para

Invasão Emílio Póvoa

CARTA DE RISCO DO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA 2008

Ilustração 12: Carta de Risco do Município de Goiânia, 2008. Fonte: Prefeitura Municipal de Goiânia Secretaria Municipal de Planejamento.

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A carta de risco ilustração 12, demonstra a localização da Invasão

Emílio Póvoa demonstra as declividades altas como se observa na Carta de

Risco considerada imprópria para habitação.

Os aspectos da Geologia do Município de Goiânia são representados

por dois grandes grupos de rochas: o Complexo Goiano e o Grupo Araxá, de

um lado aluviões do Rio Meia Ponte e do Ribeirão João Leite.

O Complexo Goiano está disposto na metade setentrional da área,

composto por rochas cristalinas. O Grupo Araxá ocorre na porção meridional

do município de Goiânia, resultam em xistos, gnaisses e quartizitos, dobrados,

fraturados e falhados. O colúvio-aluvião acolhida pelas planícies fluviais do Rio

Meia Ponte e João Leite e demais córregos constituem de cascalhos, areias,

siltes, argilas, ou seja, são solos frágeis. Desempenham papel fundamental na

manutenção do equilíbrio do meio natural.

Através da Geomorfologia, citada pela carta de risco a Invasão

Emílio Póvoa esta inserida na parte do Planalto Embutido de Goiânia, com

características de formas convexas com cobertura dentrítico-laterítica, situado

principalmente na parte sul do município em posições interfluviaís ao Córrego

Botafogo.

As áreas são urbanizadas com concentração de enxurradas e

elevadas temperaturas devido à alta concentração urbana e impermeabilização

da superfície.

Os terrenos são aptos a ocupações urbanas desde que obras de

medidas, como drenagens, contenção superficial sejam implantadas

adequadamente sujeitas a estudos específicos complementares.

As áreas de vegetações nativas situada de forma dispersa, com

raras ocorrências nas áreas urbanizadas, com diversos graus de antropismo há

ausência de mata de galeria.

Os fundos de vales ocorrem ao longo de todo sistema de drenagem

do córrego botafogo onde se acentuam as declividades formando encostas

abruptas com alto grau de degradação.

Grande complexibilidade de depósitos e exposições rochosas.

Erosão em sulcos evoluindo para ravinas. Declividades chegando a mais de

40%. Altitudes variadas entre 700 a 800m.

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Existe o predomínio de solos do tipo latossolos em Goiânia, que se

diferenciam entre os variados tipos pelo teor de óxido de ferro e alumínio. São

classificados em: Latossolo Roxo, o Latossolo Vermelho-Escuro, o Latossolo

Vermelho-Amarelo, e em algumas áreas aparecem o Cambissolo.

A cidade de Goiânia encontra-se entre estruturas Arqueanas com

base nos relatos de Casseti (1991), são: identificados cinco unidades

morfológicas, Planalto Dissecado de Goiânia (920-950 metros), Chapadões de

Goiânia (860-900 meros), Planalto Embutido de Goiânia (750-800 metros),

Terraços e Planícies da bacia do Rio Meia Ponte e Fundos de Vales (700-720

metros).

Segundo a Lei Nº 171, do ano de 2007 instituiu o Plano Diretor sobre

as Áreas de Preservação Permanente as Zonas PPI-ZPAI e as Unidades de

conservação com caráter de proteção total e pelos sítios de relevante

importância ambiental.

Artigo 106 do Plano Diretor; as faixas lindeiras contiguas ao curso

d’água temporários ou permantes com largura mínima de 50 m (cinquenta

metros), a partir das margens ou planícies de inundação, todos os córregos de

100 m (cem metros) para Meia ponte e Ribeirão João Leite desde tais

dimensões proporcionem a preservação de suas planícies de inundações ou

várzea.

Dentre os afluentes do Ribeirão Anicuns destacam córregos como o

Botafogo margeante da Invasão Emílio Póvoa, e o Cascavel possuem cursos

de água que atravessam áreas densamente urbanizadas, implicando em sérios

impactos ambientais na dinâmica fluvial dessas artérias que a quase total

impermeabilização da superfície dessas bacias assim como outras, o

asfaltamento, impede a infiltração das águas pluviais ocasionam escoamentos

violentos nos períodos das grandes chuvas.

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37

2.4 Processos da Dinâmica Climática na Cidade de Goiânia

Instituto Nacional De Meteorologia- INMET

As mudanças climáticas e a ocupação da Invasão Emílio Póvoa são

fatores urbanos que intensificam os impactos ambientais no espaço urbano de

Goiânia, conforme a ilustração a seguir:

Como se sabe a primavera inicia em setembro, com a chegada da

nova estação há uma mudança no regime de chuvas e temperaturas na maior

parte do Brasil. Nas regiões Centro-Oeste e Sudeste. Conforme a ilustração a

seguir:

Mapa da Estação Da Primavera No Estado De Goiás, 1961 - 1990

Ilustração13: Mapa da Estação daPrimavera para o Estado de Goiás, 1961 a 1990 Fonte: INSTITUTO NACIONAL DE METEORRLOGIA, 2009.

Conforme a ilustração 13, no mapa demonstra as estações do ano

para o estado de Goiás de 1961 a 1990, na primavera no mês de setembro

onde as chuvas começam e chegam de 220 mm a 280 mm de precipitações.

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38

As chuvas passaram a serem mais intensas e freqüentes, marcando

o período de transição entre a estação seca e a estação chuvosa. A primavera

é uma estação onde se iniciam as pancadas de chuvas no final da tarde ou

noite, devido ao aumento de calor e umidade, e em algumas ocasiões ocorrem

raios, ventos fortes e queda de granizo.

Nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste do Brasil central, as

temperaturas máximas podem atingir valores muito elevados em função da

forte radiação solar e de maior freqüência de dias com céu claro.

O verão é a estação mais chuvosa do estado de Goiás conforme

podemos observar no mapa (ilustração, 14).

Mapa da Estação do Verão no Estado de Goiás, 1961 A 1990

Ilustração14: Mapa da Estação do Verão para o Estado de Goiás, 1961 a 1990 Fonte: INSTITUTO NACIONAL DE METEORRLOGIA, 2009.

No verão conforme a ilustração 14, mapa da estação do verão para o

estado de Goiás, 1961 a 1990, as precipitações são de 300 mm a 350 mm,

onde as chuvas são de curta duração, porém são mais intensas. Pode estar

associadas à formação do sistema meteorológico conhecido por Zona de

Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) cuja principal característica é a

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ocorrência de chuvas por vários dias, fatores que contribuem para ocasionar

deslizamentos na Invasão Emílio Póvoa.

No outono e no inverno as precipitações diminuem significadamente

em quase todo Estado de Goiás conforme a ilustração 15 a seguir.

Outono no Estado de Goiás, 1961-1990 Inverno no Estado de Goiás, 1961-1990

Ilustração15: Mapas das Estações do Outono e do Inverno do Estado de Goiás, 1961 a 1990 Fonte: INSTITUTO NACIONAL DE METEORRLOGIA, 2009.

Pela ilustração 15 os Mapas das Estações do Outono e do Inverno

do Estado de Goiás, 1961 a 1990, podemos notar que no outono que se inicia

no mês de maio as chuvas decrescem de valor de precipitações que ficam nas

médias de 30 mm a 40 mm de precipitações, e no inverno que se inicia no mês

de junho estação menos chuvosa entre 0 mm a 20 mm de precipitações.

Como podemos observar nas ilustrações 13, 14 e 15, Mapas das

Estações do Ano para o Estado de Goiás, 1961 a 1990, que a cidade de

Goiânia por estar situado na região Centro-Oeste é uma cidade que sofre com

os períodos chuvosos que começam em outubro na primavera e vai até o verão

em dezembro.

Nas estações chuvosas em espaços urbanos impermeabilizados

ocorrem impactos ambientais como erosões hídricas através das enxurradas,

inundações, alagamentos e movimentos de massas como escorregamentos e

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deslizamentos que transferem materiais da parte mais alta da encosta para a

mais baixa e posteriormente este material é carregados pelas águas pluviais e

fluviais.

Goiânia é um município que caracteriza por ter um clima úmido com

temperaturas mensal superior a 18° C e com uma estação seca num período

de cinco meses (Maio a setembro), veja nos gráficos abaixo:

Gráficos 1e 2- Temperaturas Médias da Cidade de Goiânia, 1931 - 1990

Ilustração16- Gráficos de Temperaturas Médias de Goiânia de 1931-1960 e1961-1990 Fonte: INSTITUTO NACIONAL DE METEORROLOGIA, 2009.

Pelas ilustrações 16, dos gráficos 1 e 2, sobre as temperaturas

referentes à série histórica de 1931 a 1960 e 1961-1990, de Goiânia

constataram-se alterações consideráveis nas temperaturas no microclima.

Até aproximadamente 1961, as temperaturas médias encontravam-

se abaixo da média da série analisada de 23,5° C passando para 24,5 C° até

1990 evidentemente um acréscimo de 1°C.

Estes acréscimos na temperatura podem estar associados ao

crescimento populacional que obteve maior ênfase nas décadas posteriores a

1960 na qual a cidade de Goiânia obteve um grande crescimento devido às

fortes migrações.

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41

Respectivamente com aumento de temperatura as precipitações

tendem a se concentrar cada vez mais repercutindo uma maior ocorrência de

chuvas, veja no gráfico abaixo.

Gráfico 3- Precipitações Médias da Cidade de Goiânia, 1931 - 1990

Ilustração 17-Gráfico de Precipitação de Goiânia de 1931-1990 Fonte: INSTITUTO NACIONAL DE METEORROLOGIA, 2009.

Conforme a ilustração 17, gráfico de precipitação de Goiânia de

1931-1990, pode observar que as médias de precipitações nessas décadas

caracterizam em oscilações nos valores de precipitações no decorrer dessas

décadas.

Segundo o Sistema de Meteorologia do Estado de Goiás (2009), a

média de precipitação do mês de julho é de 5,4 mm/mês, mas em 2009 o

acumulado ficou em 3,1 mm/mês, o que corresponde a 62% da precipitação

esperada para este mês. Mesmo assim em julho deste ano choveu mais que

nos meses correspondentes dos últimos dois anos. Tal fato de “pancadas de

chuvas” aliados ao processo de impermeabilização do espaço urbano da bacia

hidrográfica do Córrego Botafogo intensifica os riscos e, portanto os impactos

ambientais Invasão Emílio Póvoa.

Para Casseti (1989) “A área urbana de Goiânia-GO tem

caracterizado por exemplos erosivos e hidrodinâmicas preocupantes,

resultantes das derivações processadas pelo homem”.

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Na Invasão Emílio Póvoa nos períodos chuvosos grande parte de

materiais (entulhos dos aterros, partículas do solo) são carregados pela água, e

a falta de escoamento nessas áreas desprovidas de cobertura vegetal faz com

que diminua a capacidade de evapotranspiração das plantas aumentando o

calor e repercutindo modificações hidrodinâmicas nas encostas e

conseqüentemente nos cursos de água, caracterizando alterações no clima

local, determinado pelos processos naturais e pela expansão urbana que

acelera estes processos. Conforme o referido autor (ibidem, p.114),

Problemas de escoamento são constantes no período das chuvas, não existindo estrutura de vazão em relação à quantidade de água pluvial que intensifica em função do crescimento da impermeabilização de superfície e conseqüentemente tendências de disritmias pluviométricas.

Com o aumento na quantidade de água pluvial escoada na superfície

sem que tenha capacidade para receber esse volume de água faz com que

diminua a infiltração e, conseqüentemente em determinados lugares da cidade.

O problema de escoamento na cidade de Goiânia se intensifica e repercute no

clima local, pois não há estrutura de vazão de água pluvial suficiente, isto é

intensificado pela impermeabilização do solo.

O clima local sofre alterações em seu comportamento conforme

ressalta o autor Casseti (1991, p 114), são decorrentes da ação humana, como

os processos de impermeabilização do solo que leva a formação de disritmias

pluviométricas promovendo processos erosivos. Esses processos favorecem a

elevação da temperatura que criam um sistema de ventos convergentes que

entram em convecção ao atingirem a ilha de calor atuando em núcleos de

condensação em área urbanas. Desses processos levam então a ocasionar

pancadas de chuvas com forte intensidade em curto espaço de tempo

(disritmias pluviométricas). A questão da análise climática para Ayoade (1991,

p. 212), ressalta que,

(...) as variações no clima ocorrem em diferentes escalas de tempo e, portanto, podemos requerer diferentes teorias para explicar tais variações. Esta é a razão por que nenhuma teoria isolada de mudança climática que ocorrem no clima mundial. Além disso,

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acredita-se que vários fatores atuam para causar uma mudança no clima.

Por ser uma questão complexa e difícil de interpretação necessitaria

de uma maior abrangência de estudos sobre as repercussões climáticas, e o

fato é que sabemos muito pouco a respeito das mudanças climáticas, mas

sabemos que o clima repercute sobre o homem e suas atividades, e o homem

influencia o clima por suas ações sem planejamento adequado.

2.5 Alterações Hidrológicas das Encostas

A expansão urbana do Município de Goiânia estabelece alterações

nos cursos de água, que por sua vez alteram os índices de pluviosidade em

função de alterações do clima local.

Conforme Guerra e Cunha (2003, p. 81), “O efeito do clima, através

de variáveis como a precipitação, temperatura e umidade do ar, podem ser

considerados importantes agentes na manifestação das propriedades dos

solos”. Estes conjuntos de condições hidrológicas de condições climáticas

influenciam nos efeitos do clima e da ambiência do solo, pela localização e

topografia, aspectos de orientação das encostas, que influenciam no

desenvolvimento de certas características ambientais.

Para Guerra e Cunha (ibidem, p.372), estabelecem os

condicionantes naturais aliados à forma de uso inadequado do solo que acelera

o processo de degradação ambiental gerando os impactos ambientais urbanos.

O clima interfere direta ou indiretamente na encosta até uma ação

erosiva pelos agentes naturais ou antrópicos, observe a ilustração abaixo.

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44

Ilustração 18: Processos erosivos de ocupação de encostas. Casseti, 1991 Fonte: htt://WWWfunape.org.br/geomorfologia/índex,php.,2009.

Conforme a ilustração 18 de Casseti (1991), O uso do solo e

processos erosivos é decorrente da ruptura do corte e do aterro, induzindo o

movimento de massas devido à concentração da água da chuva que por sua

vez modifica a forma original da encosta. Observamos que as chuvas intensas

e concentradas em encostas íngremes, sem vegetação, pela ocupação

inadequada dessa encosta sucedem condições que poderão acelerar os

processos erosivos e conseqüentemente erosões e deslizamentos.

Na ilustração a seguir demonstra a desagregação do solo pela

erosão da galeria de águas fluviais e pluviais da Marginal Botafogo.

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MARGINAL BOTAFOGO CORRE RISCO DE DESABAR

Ilustração 19: Erosão do Córrego Botafogo coloca em risco a Marginal Botafogo, 08 de abril de 2009. Fonte: Jornal HOJE, oito de Agosto de 2009.

Através da ilustração 19 o artigo intitulado MARGINAL BOTAFOGO

CORRE RISCO DE DESABAR, do dia 08 de Abril de 2009 do Jornal HOJE, em

um cruzamento da Avenida Jamel Cecílio sobre a Marginal Botafogo, principal

via de acesso para as regiões Sul e Norte de Goiânia. Podemos observar a

erosão causada na Marginal Botafogo.

O risco de desabar conforme o professor e doutor em engenharia de

trânsito Benjamim Jorge Rodrigues dos Santos, o risco ocorre por ter sido a

Marginal construída em solo orgânico e expansivo, causando inchamento do

solo com a chuva forte condicionou o deslizamento de terras, e também pelo

aumento do nível da água ocasionado pela intensificação das chuvas que há

20 anos eram menos intensas, e não havia tanta impermeabilização do solo,

provocaram erosões com mais de 15 metros, e a menos de 50 metros da

marginal (SANTOS, B. J. R. de. O Popular, Goiânia, 08 de Abril. Cidades p. 4)

O professor Benjamim cita que as chuvas se intensificaram nos

últimos anos fator que acelera os condicionantes naturais a desagregação do

solo com um impacto em maior grau.

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Neste artigo do Jornal Hoje relata que houve uma intensificação das

chuvas nos últimos anos onde a galeria de água pluvial cedeu formando uma

ravina devido à grande concentração de chuva no solo. Isto é muito evidente

na Invasão Emilio Póvoa, observe a ilustração abaixo.

Ilustração 20: Erosão as margens do Córrego Botafogo, 2009. Fonte: Castro, V. C. B. Trabalho de Campo- Out. 2009.

Na ilustração 20, fica muito evidente o entulhamento de materiais

sendo depositado no leito do Córrego Botafogo canal de drenagem, coletor de

águas pluviais e esgotos, este entulhamento gera problemas como

assoreamento do Córrego e também causam a insuficiência de vazão do

Córrego em épocas de chuvas impossibilitando o escoamento concentrado.

A impermeabilização da área da Bacia do Córrego Botafogo, faz as

galerias de águas pluviais não suportarem o escoamento superficial ocorrendo

assim à destruição de partes das galerias pluviais que por receberem toda

carga de esgoto dessa área torna a rede de drenagem em um intenso

entulhamento (ilustração 21) dos canais pluviais acelerando os processos de

inundações.

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47

Ilustração 21: Aterro na Invasão Emílio Póvoa, 2009. Fonte: CASTRO, V. C. B. Trabalho de Campo- Out. 2008.

Na ilustração 21, demonstra que na área da Invasão Emílio Póvoa

em 2008, com a retirada da cobertura vegetal, e o aterro facilitam, a ruptura e

desagregação de partículas do solo em direção ao Córrego Botafogo que por

sua vez é intensificado pelas chuvas podendo ocorrer os movimentos de

massas comuns em encostas ocupadas pela ação antrópica.

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Ilustração 22: Viela de acesso as margens do Córrego Botafogo, 2009. Fonte: CASTRO, V. C. B. Trabalho de Campo- Maio. 2009.

Na ilustração 22, e as demais ilustrações podemos observar o que foi

feito um aterro precário em quase toda área da Invasão Emílio Póvoa por

entulhos deixam o solo instável por causa desses materiais que serão

movimentadas em períodos chuvosos diminuindo sua capacidade de

resistência podendo assim comprometer e romper o talude.

A água da chuva atua como agente modelador da encosta, que

através da composição do solo diminui a resistência, e às vezes acaba

cedendo devido à infiltração da água pela retirada da cobertura vegetal,

facilitando os deslizamentos e desmoronamentos.

Goiânia é uma cidade que sofre com os períodos chuvosos, pois

sucedem dos impactos ambientais pela falta de cobertura vegetal original

(desmatamento), ocupação desordenada, agravamento dos riscos de erosões

e deslizamentos, índices de impermeabilização do solo na parte da Cidade de

Goiânia, alterações climáticas, poluição visual.

As transferências de materiais como os entulhos, sedimentos do

solo, lixo entre outros, das partes mais altas para as mais baixas e

posteriormente este material ao serem carregados pelas águas dos rios

(dinâmica fluvial), geram uma quase total impermeabilização da superfície

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como o asfaltamento impede a infiltração das águas pluviais ocasionam

escoamentos violentos nos períodos das grandes chuvas.

Essas ações humanas pela ocupação da área com alta declividade

provocaram erosões nessas áreas, pelo qual a água da chuva desce das

partes mais altas até chegar às mais baixas, percorre com grande velocidade

devido à impermeabilização dessas áreas mais altas, a água ganha velocidade

e ao atingir essa área sem cobertura vegetal e de alta declividade implicando

modificações nessa encosta e conseqüentemente nos cursos de água.

As alterações ocorrem também no clima local, determinado pela

impermeabilização do solo e pela expansão urbana desordenada que acelera

estes processos são marcados pelo aumento de água pluvial escoada na

superfície sem que tenha capacidade para receber todo esse volume de água.

Em síntese pela relação de produção o homem se apropria dos

recursos naturais do espaço urbano prejudicando o equilíbrio do meio ambiente

tornando um impacto ambiental para sociedade.

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CAPÍTULO 03

3 OCUPAÇÃO HÁ 40 ANOS POSSIBILITANDO DANOS

IRREVERSÍVEIS A POPULAÇÃO VIGENTE.

3.1 Luta Pela Moradia no Espaço Urbano de Goiânia

A luta pela moradia na cidade planejada de Goiânia iniciou-se na

mesma época de sua construção, a área da Invasão Emílio Póvoa atualmente

encontrou assentadas habitações clandestinas construídas em uma encosta de

morro com características geomorfológicas de alta declividade e suscetível a

movimentos de massas, que remontam há 40 anos desde sua ocupação

inadequada que possibilita danos irreversíveis a população vigente.

Segundo os dados da Secretaria Municipal de Planejamento (2009),

a Invasão Emílio Póvoa surgiu aproximadamente em 1969, abrigava 170

famílias em 105 edificações uma área imprópria para habitação.

As famílias desde a sua ocupação resistiam em deixar esta área e

enfrentaram o medo de suas casas serem levadas pela chuva através dos

deslizamentos, vivendo na expectativa de serem transferidos para outra

localidade, a cada dia que passava novos ocupantes chegavam a esta área.

Desde 1980, conforme os dados da Secretaria do Planejamento

Municipal, a Invasão Emilio Póvoa esta em uma das áreas de atuação do

Programa de Ações Sócio-Educativas e Culturais para populações Carentes

(PRODASEC), mas não usufrui os benefícios do referido programa, pois

dependem da legalização dos terrenos.

O Banco Nacional de Habitação nesta mesma década de 1980

desenvolveu no Estado de Goiás, o Programa de Erradicação da Subhabitação

(PROMORAR) em convênio com o Município com BNH, visando atender essas

famílias que vivem assentadas nestas áreas subnormais.

Nos últimos anos houve um grande aumento da população nesta

área como podemos observar os quadros 2 e 3, cadastros dos moradores

realizado pela Defesa Civil (ilustração 23 e 24).

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Quadro 2- Quadro de Cadastro da Área da Invasão Emílio Póvoa, 2005

Ilustração 23: Quadro de Cadastro da Área da Invasão Emílio Póvoa, 2005 Fonte: Estado de Goiás Secretaria de Segurança Pública e Justiça Corpo de Bombeiros Militar de Defesa Civil, 2009.

Quadro 3- Quadro de Cadastro da Área da Invasão Emílio Póvoa, 2008

Ilustração 24: Quadro da Área de risco Invasão Emílio Póvoa, 2008 Fonte: Estado de Goiás Secretaria de Segurança Pública e Justiça Corpo de Bombeiros Militar de Defesa Civil, 2009

Nº de pessoas

Observações

Nº13

S E T O r

Deli mi

tação

Código de Ameaças e

Riscos (CODAR)

Grau de

Risco

Nº de

mo-radias

A D U L T O s

C R I A N Ç A s

Data de Cadastramen-to/Monitora-

mento

Emílio Povoa 2005

Lado dir. da Alameda Botafogo

entre a Av. 01 V. Nova e R.

Dr. Constantino Gomes no

Criméia leste.

1-NE.HEX 12.302

(Enxurrada ou

Inundação Brusca)

2-NI.GDZ-

13.301 (Escorrega-

mento)

Alto Médio Total

98 70

168 392 191 19/09/2005

Devido à topografia acidentada e as

moradias construídas de

maneira precária, há o risco de

desabamento em virtude de

deslizamentos, escorregamentos e

enxurradas.

Nº de pessoas

Nº13

S E T O r

Deli mi

tação

Código de Ameaças e

Riscos (CODAR)

Grau de

Risco

Nº de mora-dias

A d u l t o s

C r i a n ç a s

Data de Cadastra-mento/MoniToriza-

ção

Observações

Emílio Povoa 2008

Lado dir. da

Alameda Botafogo

entre a Av. 01 V.

Nova e R. Dr.

Constantino Gomes

no Criméia leste.

1-NE.HEX 12.302

(Enxurrada ou Inundação

Brusca)

2-NI.GDZ-13.301

(Escorregamento ou

Deslizamento)

Alto Médio Total

35 118 153

350 150 31/10/2008

Devido à topografia

acidentada e as moradias

construídas de maneira precária,

há o risco de desabamento em

virtude de deslizamentos,

escorregamentos e enxurradas.

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52

Através dos dados da Secretaria Municipal de Planejamento (2009),

Invasão Emílio Póvoa originou-se por volta de 1969, e das ilustrações 24 e 25

da Secretaria de Segurança Pública e Justiça Corpo de Bombeiros Militar de

Defesa Civil, 2009, formulou-se a ilustração 25:

Tabela 3- Análise dos dados dos moradores, 1969/2008

Ilustração 25: Percentual de Moradores e Moradias da Invasão Emílio Póvoa, de 1969 a 2008 Fonte: Secretaria Municipal de Planejamento (2009), e da Secretaria de Segurança Pública e Justiça Corpo de Bombeiros Militar de Defesa Civil (2009),

Pela ilustração 25, tabela do cadastro da Invasão Emílio Póvoa, de

1969, 2005 e 2008, percebe-se que os da Invasão Emílio Póvoa. Percebemos

que o numero de moradias de 1969 a 2005, aumentou 143% e o número de

moradores aumentou 242,3%. Já nos ano de 2005 a 2008 o numero de

moradias aumentou 23,4% e o de moradores reduziu em 14,2%.

As moradias são precárias e muitas começam a sofrer os impactos

de sua ocupação, conforme a ilustração a seguir:

Ano Moradias % Moradores % Fonte:

1969 105 100% 170 100% SEPLAM

2005 256

143% 583 242,3% Defesa Civil

2008 316 23,4% 500 -14,2% Defesa Civil

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Ilustração 26: Casa do morador com rachaduras na parede na Invasão Emílio Póvoa-2008 Fonte: Estado de Goiás Secretaria de Segurança Pública e Justiça Corpo de Bombeiros Militar de Defesa Civil, 2009.

Na ilustração 26, podemos ver que esta casa da Invasão Emílio

Póvoa, sofre danos em sua infra-estrutura na qual as paredes sofreram

alterações, formando rachaduras nas paredes comprometendo a sustentação

da moradia, colocando em risco a vida deste morador, e seus vizinhos.

Ilustração 27: Casa de morador da com rachaduras no Piso Invasão Emílio Povoa-2008 Fonte: Fonte: Estado de Goiás Secretaria de Segurança Pública e Justiça Corpo de Bombeiros Militar de Defesa Cívil, 2009.

Na ilustração 27, nesta casa da Invasão Emílio Póvoa pode observar

que sofre os danos em sua infra-estrutura do piso formam rachaduras que

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podem comprometer a sustentação e a estabilidade da moradia, e também

colocando em risco a vida deste morador, e também de seus vizinhos.

3.2 Invasão Emílio Póvoa: Habitantes

Para estabelecer as características dos habitantes nesse espaço

urbano de Goiânia, na Invasão Emílio Povoa, através de trabalho de campo e

entrevistas realizados nos dias dois de Maio, e dois de Novembro de 2009.

Foram feitas quarenta questionários em busca da realidade local.

As famílias entrevistadas somam um total de 138 pessoas, e 40 famílias,

comparados com o ano de 2008, representam 27% dos moradores.

Depois de realizar os questionamentos foram observados dados

importantes para construção deste trabalho.

As entrevistas visavam compreender o perfil socioeconômico, saber

suas opiniões, percepção sobre os impactos causados pela precipitação

pluvial.

A maioria dos moradores dos entrevistados na Invasão Emílio Povoa

possuem naturalidade do Estado de Goiás constituindo por 63% destes

moradores. Com variações que podemos notar de migrações por outras partes

dos Estados do Brasil constituindo 37% entre os Estados de Minas Gerais,

Piauí, Ceará, Mato Grosso, Bahia, Rio Grande do Norte, Tocantins.

Os moradores da Invasão Emílio Póvoa a maioria pagaram por sua

moradia, mas sem direito a documentação constituindo 90% desta população,

e 5% desses moradores estão em moradias emprestadas, 2,5% desses

moradores pagam aluguel, e 2,5% dos moradores invadiram.

Para os autores Guerra e Cunha, (2003, p. 175), a respeito do risco

geológico de deslizamento,

O risco pode ser descrito matematicamente como resultado da combinação entre a probabilidade de ocorrência de deslizamento e as conseqüências sociais e econômicas potenciais de acordo com a equação R = P x C, onde R é o risco de deslizamento, P a susceptibilidade e C as conseqüências do acidente.

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55

A possibilidade de ocorrência de deslizamentos naturais ou induzidos

envolve a identificação da localidade e a análise dos riscos. A metodologia para

determinar o risco de deslizamento envolve a identificação caracterizada pela

delimitação dos condicionantes por meio da susceptibilidade de ocorrência nas

diferentes áreas propõem diferentes graus, para analisar os riscos.

Depois de ter observado as áreas onde estão com possibilidades de

acontecer deslizamentos, são necessários estudos detalhados com a utilização

de técnicas especificas e apropriadas ao risco de acidentes, naturais ou

induzidos integrados ao risco de acidentes que colocam a vida do homem em

perigo. Os tipos, a distribuição, a freqüência, o grau de hierarquização do risco

associados a deslizamentos são conhecidos como risco geológico, produzidas

em diversas escalas envolvendo a identificação e análise do risco, que são

desenvolvidas através do levantamento de dados (coleta dos dados sobre as

características físicas), mapeamento de campo (investigação de campo

reconhecimento dos materiais geológicos), representação cartográfica

(finalização da carta de risco) corresponde à organização dos dados (Guerra e

Cunha, 2003, p. 178).

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Risco Geotécnico, Guerra e Cunha, 2003:

Ilustração 28: Quadro 4 de Rico Geotécnico de acidentes associados a deslizamentos. Fonte: Guerra e Cunha, 2003.

Risco

Geotécnico

Simbologia Características predominantes Condições para uso

IDO

Área densamente ocupada com,

pequenos lotes e potencial de

acidentes associados a pequenos

cortes e depósitos de lixo/entulho

Passível de ocupação, porém, requer melhorias de

estrutura urbana, principalmente relativa ao acesso e

drenagem

IEO

Área esparsamente não ocupada,com

características geotécnicas

(declividade e solo) á ocupação

Favorável a ocupação, indicada como área para

assentamento das casas nas áreas de alto risco. (Requer

completa implantação de infra-estrutura urbana) acesso,

drenagem, abastecimento de água/esgoto, etc.) antes da

sua utilização.

BAIXO

IU

Área densamente ocupada com

razoável infra-estrutura e baixo

potencial de acidentes

Passível á ocupação, não devendo ser adensadas,

somente melhoradas os equipamentos urbanos já

existentes.

II DO

Áreas ocupadas, construídas por

taludes naturais com declividade

moderada e/ou pequeno número de

cortes.

Imprópria á ocupação nas atuais condições, caso á

ocupação se adense, o grau de risco agravará. A

mitigação do risco atual está condicionada, principalmente

a melhorias de acesso, drenagem pluvial, rede de esgoto

e coleta de lixo/entulho. MÉDIO

II EO

Áreas esparsamente ocupadas com

características Geotécnicas

(declividade, hidrologia e solo)

desfavorável a ocupação

Imprópria para ocupação. Devem ser utilizadas para

reflorestamento.

IIIDR

Talvegues naturais sujeitos a grandes

vazões durante chuvas intensas.

Grande potencial de acidente (corrida

de detritos/blocos de rochas)

Imprópria para habitação. Necessidade de limpeza dos

eixos dos talvegues e da remoção das moradias destas

áreas, seguida por reflorestamento.

III DL

Áreas constituídas por taludes

naturais em solo com declividade

acentuada.

Impróprias para ocupação. Necessidade de remoção das

moradias nestas áreas, seguida por reflorestamento.

IIIL

Áreas de grande potencial de

acidentes associados, principalmente,

a ocupação desordenada com

execução de cortes e aterros

instáveis e formação de depósitos de

lixo/entulho.

Exigem a adoção de medidas para eliminação do risco.

Até a execução de medidas recomendadas, as moradias

devem ficar interditadas.

ALTO

IIIP

Taludes rochosos naturais ou

pedreiras e suas áreas de influência,

com grande potencial de acidentes

(queda de lascas e/ou blocos

As áreas de escarpa são impróprias á ocupação,.A

ocupação na base das escapas está condicionada á

execução de obras de contenção nos taludes.

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Conforme analise de risco geotécnico quadro 4, ilustração 28, de

Guerra e Cunha 2003, p. 178:

As áreas de baixa susceptibilidade são áreas pouco sujeitas a

deslizamentos em geral em aéreas com declividade menor que 10%. Nas

áreas de média susceptibilidade são área que possuem um numero razoável

de acidentes, envolvem áreas com declividades superiores a 20%. Já nas

áreas com alta susceptibilidade a deslizamentos são impróprias para

ocupação, em geral áreas com declividade superior a 30% de declividade.

As características dos moradores da Emílio Póvoa de baixo Grau de

risco de constituindo 53%, de acordo com o risco geotécnico de Guerra e

Cunha (2003) por simbologia- II EO:

Áreas esparsamente ocupadas com características Geotécnicas

(declividade, hidrologia e solo) desfavorável a ocupação, Imprópria para

ocupação, devem ser utilizadas para reflorestamento.

Características predominantes da área densamente ocupada com

pequenos lotes e potencial de acidentes associados a cortes e depósitos de

lixo/entulho.

Os moradores Alto Grau de risco, constituindo 47% dos moradores,

conforme o risco geotécnico de Guerra e Cunha (2003) por simbologia III L:

As características predominantes da área de grande potencial de

acidentes associados, principalmente a ocupação desordenada com exceção

de cortes e aterros instáveis e formação de depósitos de lixo/entulho.

As condições para uso exigem uma adoção de medidas para

eliminação dos riscos.

As residências dos moradores da invasão Emílio Póvoa sem

condição de uso (imprópria para habitação) somam 55% dos entrevistados.

Onde estas residências não estão em condição por motivo do risco de desabar

demonstradas pelas rachaduras no chão ou nas paredes.

Entretanto há 45% das moradias estão na condição de uso essas

possuem maior infra-estrutura.

Dos moradores entrevistados na Invasão Emílio Póvoa, 100% não

pagam impostos pela moradia.

Conforme as entrevistas observaram que o tempo de residência dos

moradores da Invasão Emílio Póvoa 2009, estão nesta área a mais de 10 anos

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variam apenas uma pessoa que foi entrevista esta na área desde a sua

ocupação há quarenta anos.

A relação de Trabalho dos moradores da Invasão Emílio Povoa,

foram observados que os trabalhadores entrevistados que estão empregados

de carteira assinada representam 43%, sem emprego 15%, aposentados 7%,

autônomos 35%. Entre os trabalhadores percebemos que ficaram divididos em

trabalhadores com carteira assinada e autônomos.

Cabe salientar que a maioria faz serviços temporários sem garantia

de direitos trabalhistas.

A escolaridade dos moradores da Invasão Emílio Póvoa, reflete a

situação em que nosso sistema educacional se encontra. Foi constatado que

dos entrevistados que possuem o Ensino Fundamental representam 18%,

Ensino Fundamental incompleto 25%, Ensino Médio 14%, Ensino Médio

Incompleto 7%, Ensino Superior 0%, Ensino Superior Incompleto 2%, outros

34%. Não houve registro de pessoas com Ensino Superior.

Isto demonstra que a população esta excluída de um ensino superior

que lhes garantam melhores empregos.

Através dos dados sobre o nível de escolaridade dos moradores

revelam o nível de senso critico e de percepção dos moradores em relação a

situação ao qual estão inseridos.

Mesmo tendo baixa escolaridade, 57% reconhecem que estão

correndo risco através dos impactos ambientais. Os que não estão na faixa de

risco constituem 43%.

Dos moradores apenas 35% dos moradores houve perdas materiais

devido pela à ocorrência das chuvas, e 65% não obtiveram perdas de nenhuma

espécie.

Para os moradores o mais importante para suas vidas na Invasão

Emílio Póvoa, sendo a localização 37%, a família 40%, a vida 13% e a

segurança 10%.

A localização e a família são os fatores mais importantes para esta

população que desfruta de fácil acesso ao comércio, hospitais, feira hipp,

escolas e principalmente aos locais onde trabalham.

A visão que os moradores possuem de que o poder público

(Municipal, Estadual ou Federal) está realizando obras para minimizar os

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impactos causados pelas chuvas na Invasão Emílio Povoa, a maioria com 75%

responderam que sim, e 25% que não, pelo menos pra eles não.

Os moradores da Invasão Emílio Póvoa acham que as chuvas

provocam impactos 60%, que é boa 38% e 2,0% que o homem esta

relacionado ao impacto e não as chuvas que acontecem naturalmente.

Isso demonstra que a maioria dos moradores da Invasão Emílio

Póvoa possui uma visão negativa da chuva.

O trabalho possibilitou a analise e avaliação sobre os impactos

ambientais na Invasão Emílio Póvoa constitui um instrumento que servirá como

instrumento de prevenção para identificar os riscos e de informação prévia que

possam afetar a qualidade do meio ambiente visando reduzir esses efeitos

neste sistema de relações entre os fatores antrópicos ou naturais.

Conforme a entrevista dos moradores da Invasão Emilio Póvoa

percebe-se que esta população vive em casas ou barracos na maioria não

possuem quintais para as crianças ficam em um pequeno espaço dentro de

casa ou as margens da marginal Botafogo correndo perigo de morte. E uma

constante angustia que estes moradores vivem diariamente nos períodos

chuvosos onde suas vidas estão à beira de centímetros, ou metros de uma

iminência tragédia.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS:

A partir da década de 1970, a cidade de Goiânia desencadeou um

processo de periferização da capital pelas ocupações irregulares e

clandestinas relacionadas ao processo de urbanização excludente.

A presente pesquisa permitiu a compreensão dos impactos

ambientais provocados pelas chuvas e intensificados pela sociedade no

espaço urbano de Goiânia.

O processo de ocupação e os excessos de construções causaram a

falta de infiltração e com o aumento do escoamento superficial nas últimas

décadas ocasionaram vários impactos ambientais sobre o meio físico como:

poluição das águas do Córrego Botafogo, degradação do solo, degradação de

áreas verdes.

Desse modo, a água das chuvas passou a ser vista como motivadora

de riscos na Invasão Emílio Póvoa da cidade de Goiânia à medida que escoam

em direção as partes mais baixa ganha velocidade e a força hídrica,

ocasionando os deslizamentos.

Geralmente as encostas são ocupadas indevidamente devido à

exclusão social no processo de uso e ocupação do espaço urbano de Goiânia.

A Invasão Emílio Póvoa é uma área que foi modificada em relação a

sua natureza original, essa área deveria ser uma área de unidade de

conservação ambiental segundo a Carta de Rico (2008), mas consolidou-se em

uma área com edificações rústicas sem nenhum planejamento urbano, onde as

escavações retiram a proteção do solo colocaram a área em um risco

constante em períodos chuvosos determinados pela interferência do homem no

meio ambiente urbano.

Entretanto, essa área foi fundamental para habitação da população

de baixa renda, isto é, revelando as próprias contradições das cidades

planejadas geradas pelo o capital e se opondo ao trabalhador, e

respectivamente a não realização as cidadania.

O Estado destina através do BNH na construção de casas populares,

esses programas de habitação popular em localidades na maioria das vezes

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bastante afastados da região central da cidade de forma a excluir essa

população ao acesso aos serviços e bens de consumo ajustados aos

interesses do capital imobiliário fundadas para servir não a população mais ao

capital.

No entanto no caso da Invasão Emílio Póvoa as atividades

desenvolvidas pelos homens no espaço urbana comprometeu a estrutura física

do meio ambiente através das transformações que consolidaram estágios onde

os modos de (re)produção do capital passaram agravar os problemas

relacionados ao meio ambiente urbano.

Enfim a pesquisa aponta que há uma necessidade de retirar esta

população desta área, pois é uma área de risco eminente a várias décadas de

repercutir acidentes geológicos que caracterizaram prejuízos a população e

para o poder público além do risco de perdas de vidas humanas.

Espera-se com esta pesquisa contribuir com Poder Público e

principalmente com a sociedade para um planejamento e prevenção para que

minimize os impactos ambientais nesta área.

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Disponível em:

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ANEXOS:

ANEXO A- Planta de Carlos Alberto da Invasão Emílio Póvoa, 1981

Fonte: Secretaria de Planejando Municipal de Goiânia, 2009.

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ANEXO B- Código de Ameaças e Riscos (CODAR)

CODAR

DISCRIMINAÇÃO Alfabético

Numérico

DESASTRES NATURAIS

DE ORIGEM SIDERAL

IMPACTO DE CORPOS SIDERAIS

Impacto de Meteoritos NE.QMT 11.101

RELACIONADOS COM A GEODINÂMICA TERRESTRE EXTERNA

DE CAUSA EOLICA

Vendavais ou tempestades NE.EVD 12.101 Vendavais muito intensos ou ciclones extratropicais NE.ECL 12.102 Vendavais extremamente intensos, furacões, turfões ou ciclones tropicais

NE.EFR 12.103

Tornados e trombas d’águas NE.ETR 12.104

RELACIONADOS COM TEMPERATURAS EXTREMAS

Ondas de frio intenso NE.TFI 12.201 Nevadas NE.TNV 12.202 Nevascas ou tempestades de neve NE.TTN 12.203 Granizos NE.TGZ 12.205 Geadas NE.TGE 12.206 Ondas de calor NE.TOC 12.207 Ventos quentes e secos NE.TVQ 12.208 RELACIONADOS COM O INCREMENTO DAS PRECIPITAÇÕES HÍDRICAS E COM AS INUNDAÇÕES Enchentes ou inundações graduais NE.HIG 12.301 Enxurradas ou inundações bruscas NE.HEX 12.302 Alagamentos NE.HAL 12.303‘ Inundações litorâneas provocadas pela brusca invasão do mar

NE.HIL 12.304

RELACIONADOS COM A INTENSA REDUÇÃO DAS PRECIPITAÇÕES HÍDRICAS

Estiagens NE.SES 12.401 Secas NE.SSC 12.402 Queda intensa da umidade relativa do ar NE.SQU 12.403 Incêndios florestais NE.SIF 12.404

RELACIONADOS COM A GEODINÂMICA TERRESTRE INTERNA

RELACIONADOS COM A SISMOLOGIA

Terremotos, sismos e/ou abalos sísmicos NI.SST 13.101 Maremotos e tsunamis NI.SMT 13.102

RELACIONADOS COM A VULCANOLOGIA

Erupções vulcânicas NI.VEV 13.201

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DESASTRES NATURAIS ( Continuação)

RELACIONADOS COM A GEODINÂMICA TERRESTRE INTERNA

RELACIONADOS COM A GEOMORFOLOGIA, O INTEMPERISMO, A EROSÃO E ACOMODAÇÃO DO SOLO Escorregamentos e deslizamentos NI.GDZ 13.301 Corridas de massa NI.GCM 13.302 Rastejos NI.GRJ 13.303 Quedas, tombamentos e/ou rolamentos de matacões e/ou rochas

NI.GQT 13.304

Erosão laminar NI.GES 13.305 Erosão linear, sulcos ravinas e voçorocas NI.GEV 13.306 Subsidência de solo NI.GSS 13.307 Erosão Fluvial – Desbarrancamentos de rios e fenômenos de terras caídas

NI.GTC 13.308

Erosão marinha NI.GEM 13.309 Soterramento por dunas NI.GSD 13.310

Fonte: Estado de Goiás Secretaria de Segurança Pública e Justiça Corpo de Bombeiros Militar

de Defesa Cívil, 2009.

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