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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO ELDER ELISANDRO SCHEMBERGER MoRE-GSD Uma abordagem para elicitação e análise de requisitos a partir das regras de negócio no contexto de desenvolvimento distribuído de software Maringá 2013

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO

ELDER ELISANDRO SCHEMBERGER

MoRE-GSD – Uma abordagem para elicitação e análise de requisitos a partir

das regras de negócio no contexto de desenvolvimento distribuído de software

Maringá

2013

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ELDER ELISANDRO SCHEMBERGER

MoRE-GSD – Uma abordagem para elicitação e análise de requisitos a partir

das regras de negócio no contexto de desenvolvimento distribuído de software

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ciência da Computação do

Departamento de Informática, Centro de

Tecnologia da Universidade Estadual de Maringá,

como requisito parcial para obtenção do título de

Mestre em Ciência da Computação.

Orientadora: Profa. Dra. Elisa Hatsue Moriya

Huzita.

Maringá

2013

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Biblioteca Central - UEM, Maringá, PR, Brasil)

Schemberger, Elder Elisandro

S323m MoRE-GSD : uma abordagem para elicitação e

análise de requisitos a partir das regras de negócio

no contexto de desenvolvimento distribuído de

software / Elder Elisandro Schemberger. -- Maringá,

2013.

141 f. : il. color., figs., tabs.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Elisa Hatsue Moriya

Huzita.

Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de

Maringá, Centro de Tecnologia, Departamento de

Informática, Programa de Pós-Graduação em Ciência da

Computação, 2013.

1. Desenvolvimento Distribuído de Software (DDS).

2. Elicitação e análise de requisitos. 3. Modelagem

de processos de negócio. I. Huzita, Elisa Hatsue

Moriya, orient. II. Universidade Estadual de

Maringá. Centro de Tecnologia. Departamento de

Informática. Programa de Pós-Graduação em Ciência da

Computação. III. Título.

CDD 22.ed. 004.21

AMMA-00932

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, a Deus, autor e consumador de minha fé, por ter me amparado a cada dia.

Reconheço que sem Ele, não teria capacidade para trilhar caminhos tão longos e vitoriosos.

A meus pais, Mercedes e Valmir Schemberger, que são motivo de inspiração e

orgulho, pelo incondicional apoio em tudo, pois ainda que passando por momentos difíceis,

nunca deixam de pensar um só minuto no bem de seus filhos. Amo vocês incondicionalmente.

Dedico este trabalho especialmente a vocês!

À minha linda esposa Josianne, por tudo que representa para mim. Obrigado por ser,

antes de tudo, minha melhor amiga, e compartilhar comigo a mais de 6 anos, tantos anseios e

sonhos, mas também tristezas e frustações. Não chegaria até aqui sem você por perto. A

melhor parte de mim, com certeza, é você. Te amo.

À minha filha Sofia, cujo download só finalizará em meados de Abril, mas já é amada

por todos, e mudou totalmente a vida de quem está tão ansiosamente esperando por sua

chegada, inclusive eu.

Aos meus amigos de Cascavel (sem citar nomes, pois certamente esqueceria alguém!

Parei de listar e retirei os nomes quando passaram de 40). Muito obrigado pela compreensão

de tantas vezes que disse não para um happy hour, por estar ausente em diversos momentos

importantes. Alguns desafios exigem de nós a abstinência de muita coisa, mas são

temporários, ao contrário de nossa amizade.

À minha admirável orientadora, Dra. Elisa Hatsue Moriya Huzita, por sua paciência,

compartilhamento de conhecimento, incentivo, e puxadas de orelha. Obrigado por acreditar

em mim. Aprendi contigo a ser um professor melhor, um orientador melhor, a dividir melhor

o que detenho! Carregarei comigo estas lições.

A meus colegas de mestrado Sidgley, Alan, Antonio e Kenzo, pela parceria desde o

início, principalmente nas desgastantes viagens. Aos colegas do LDDS, pela mútua

colaboração sempre. A todos os demais colegas das turmas ingressantes em 2010 e 2011.

Alguns se tornaram ótimos amigos, frutos colhidos também deste período de Mestrado.

A todos os professores do DIN-UEM.

A Inês, secretária do DIN-UEM, pela disposição de sempre ajudar em tudo,

executando tarefas muitas vezes além do seu escopo.

Aos professores Dra. Tania Tait e Dr. Victor Santander por aceitarem fazer parte da

minha banca, como avaliadores e, pela notória contribuição que trouxeram a este trabalho.

Por fim, à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),

que financiou parte do estudo por meio do Programa Nacional de Cooperação Acadêmica

(PROCAD).

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MoRE-GSD – Uma abordagem para elicitação e análise de requisitos a partir

das regras de negócio no contexto de desenvolvimento distribuído de software

RESUMO

O Desenvolvimento Distribuído de Software (DDS) é uma estratégia de desenvolvimento que

atende às necessidades da globalização no que tange a produtividade, mão de obra qualificada

disponível, desenvolvimento 24 horas por dia e, consequentemente, redução de custos. No

entanto, o DDS acrescentou novos elementos ao processo de desenvolvimento, tais como a

distância temporal, dispersão geográfica e diferenças socioculturais, que amplificaram os

desafios do desenvolvimento de software e, sobretudo, acrescentaram novas exigências aos

processos de comunicação, coordenação e controle dos projetos desenvolvidos. Outra grande

área que merece atenção especial é a Elicitação e Análise de Requisitos (EAR), haja vista sua

grande importância para o sucesso de um produto de software. É fato que, se esta etapa for

mal executada, gera retrabalho, aumento do custo do projeto, maximiza a probabilidade de

fornecer um produto com excesso ou falta de funcionalidades que atendam às necessidades do

cliente, ou ainda levar um projeto ao fracasso. Para diminuir ambiguidades e melhorar o nível

de assertividade na EAR, é crescente o uso de técnicas de modelagem de processos de

negócio com o objetivo de auxiliar o processo de EAR. Este trabalho apresenta uma

abordagem para guiar a EAR, apoiada pela modelagem das regras de negócio, no contexto de

DDS, por equipes que atuam, principalmente, no modelo Offshoring. Com isso, buscou-se

minimizar alguns desafios que o DDS apresenta, principalmente no que se refere a

organização e a comunicação entre equipes que realizam a EAR de um mesmo projeto,

melhorando o aproveitamento dos requisitos identificados com a redução de possíveis

ambiguidades, bem como diminuindo o tempo investindo, uma vez que o acesso à mão de

obra qualificada e o desenvolvimento 24 horas por dia podem ser facilitados com o uso de

uma abordagem específica. Como avaliação da abordagem, foi realizado um estudo de

viabilidade, que seguiu os princípios da engenharia experimental, aplicando-a em um projeto

real de EAR em DDS. Os profissionais participantes do estudo foram caracterizados e, após o

uso da abordagem, dados foram coletados a fim de verificar a percepção destes profissionais

quanto à utilidade e a facilidade de uso da abordagem proposta.

Palavras-chave: Desenvolvimento Distribuído de Software. Elicitação e Análise de

Requisitos. Modelagem de Processos de Negócio.

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MoRE-GSD - An appro ach to elicitation and requirements analysis from the

business rules in context of global software development.

ABSTRACT

The Global Software Development (GSD) is a development strategy that meets the needs of

globalization related to productivity, skilled labor available, developing 24 hours a day and

thus reducing costs. However, GSD added new elements to the development process, such as

the temporal distance, geographic dispersion and sociocultural differences, which amplified

the challenges of software development. Therefore, demands on communication processes,

coordination and control of the developed projects grew. Another major area that deserves

special attention is the elicitation and analysis of requirements (EAR), due to its importance

for the success of a software product. It is a fact that if this step is performed poorly generates

rework, increases project cost, maximizes the probability of resulting in a product with excess

or lack of features that meet customer needs, or even take an entire project to failure. In order

to reduce ambiguities and improve the level of assertiveness in the EAR, is increasing the use

of techniques for modeling business processes in order to assist the EAR process. This

dissertation presents an approach to guide the EAR, supported by modeling of business rules

in the context of GSD, for teams working mainly in Offshoring model. Thus, the idea is to

reduce some of the challenges that the GSD presents, especially with regard to the

organization and communication between teams that perform the activity of EAR in a single

project. It is also intended to increase the use of the requirements identified by reduction of

possible ambiguities, as well as reducing the time invested since access to skilled labor and

24 hour development can be facilitated with the use of a specific approach. A feasibility study

was conducted, to assess the approach. It was performed by following the principles of

experimental engineering, applying the proposed approach in a real project with teams

considering GSD context. The professionals participating in the study were characterized

and, after using the approach, data were collected to verify their awareness about the

usefulness and usability of the proposed approach.

Keywords: Global Software Development. Elicitation and Requirements Analysis. Modeling

Business Processes.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1. Sequenciamento das etapas da pesquisa... ............................................................. 17

Figura 2.1. Modelos de Negócio em DDS ............................................................................... 23

Figura 2.2. Desafios em DDS e suas correlações ..................................................................... 25

Figura 2.3. Desafios da ER nos ambientes de DDS ................................................................. 26

Figura 3.1. Etapas do processo de pesquisa.............................................................................. 38

Figura 3.2. Atividades executadas em cada fase da etapa de execução ................................... 42

Figura 4.1. Esquematização do Capítulo 4.1. ........................................................................... 50

Figura 4.2. Visão funcional versus visão processual.. .............................................................. 51

Figura 4.3. Modelagem de um SI utilizando orientação por processos.. .................................. 55

Figura 4.4. Estrutura de modelagem CIMOSA. ....................................................................... 57

Figura 4.5. Elementos básicos da Rede de Petri ....................................................................... 61

Figura 4.6. Diagrama de atividades e estereótipos de processos de negócio............................ 69

Figura 5.1. Arcabouço da abordagem MoRE-GSD .................................................................. 79

Figura 5.2. Visão geral da abordagem MoRE-GSD ................................................................. 82

Figura 5.3. Ilustração após as diretivas 1 e 2 do Passo 2 da abordagem MoRE-GSD ............. 87

Figura 6.1. Etapas do experimento da abordagem MoRE-GSD............................................... 94

Figura 6.2. Respostas relacionadas à percepção de Utilidade da MoRE-GSD ...................... 107

Figura 6.3. Respostas relacionadas à percepção de Facilidade de Uso da MoRE-GSD ........ 110

Figura 6.4. Respostas relacionadas ao follow-the-Sun ........................................................... 112

Figura 6.5. Respostas relacionadas à questão de artefatos e organização .............................. 112

Figura 6.6. Respostas relacionadas à questão de artefatos e comunicação ............................ 113

Figura 6.7. Aproveitamento dos requisitos ............................................................................. 114

Figura 6.8. Adoção da MoRE-GSD........................................................................................ 115

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1. Resumo da análise das abordagens descritas ......................................................... 34

Tabela 3.1. Itens do plano do levantamento exploratório......................................................... 39

Tabela 3.2. Descrição dos participantes da pesquisa ................................................................ 41

Tabela 3.3. Resumo da fase de coleta de dados........................................................................ 43

Tabela 3.4. Descrição dos tópicos de análise por empresa ....................................................... 45

Tabela 3.5. Confirmação das proposições do Plano de Estudo ................................................ 47

Tabela 4.1. Elementos do BPMN ............................................................................................. 63

Tabela 4.2. Gateways do BPMN .............................................................................................. 64

Tabela 4.3. Eventos do BPMN ................................................................................................. 65

Tabela 4.4. Classificação de regras de negócio........................................................................ 71

Tabela 5.1. Diretrizes do Passo 1 da abordagem MoRE-GSD................................................. 85

Tabela 5.2. Diretrizes do Passo 2 da abordagem MoRE-GSD ................................................. 87

Tabela 5.3. Diretriz para o nível de detalhamento das regras de negócio ................................ 89

Tabela 5.4. Diretrizes para modelagem processos de negócios da abordagem MoRE-GSD ...90

Tabela 5.5. Diretrizes para representação dos requisitos de sistema ........................................ 92

Tabela 6.1. Descrição das empresas participantes do experimento. ......................................... 99

Tabela 6.2. Caracterização dos participantes do experimento. ............................................... 100

Tabela 6.3. Escala de mensuração das respostas do Questionário Q03 ................................. 104

Tabela 6.4. Resultados obtidos para as variáveis dependentes (A) a (G) - Utilidade. ........... 105

Tabela 6.5. Resultados obtidos para as variáveis dependentes (H) a (N) - Facilidade de

Uso..........................................................................................................................................108

Tabela 6.6. Análise descritiva - Utilidade .............................................................................. 110

Tabela 6.7. Análise descritiva - Facilidade de Uso. ................................................................109

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ARIS Architecture for Integrated Systems

BPMN Business Process Modeling Notation

BRD Business Requirement Document

CIMOSA Computer Integrated Manufacturing Open System Architecture

DDS Desenvolvimento Distribuído de Software

EAR Elicitação e Análise de Requisitos

EPN Engenharia de Processos de Negócio

ER Engenharia de Requisitos

GSD Global Software Development

IDEF Integration Definition Methods

MoRE-GSD

Modeling Business Process for Requirements Elicitation in Global

Software Development

MPN Modelagem de Processos de Negócio

PROCAD Programa Nacional de Cooperação Acadêmica

RdP Redes de Petri

RN Regras de Negócio

SI Sistemas de Informação

UML Unified Modeling Language

UP Unified Process

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SUMÁRIO

Introdução ............................................................................................................................... 13

1.1. Motivação Para o Trabalho ....................................................................................... 14

1.2. Objetivos ...................................................................................................................... 15

1.3. Método de Pesquisa .................................................................................................... 16

1.4. Etapas da Pesquisa e Estrutura do Documento ....................................................... 16

Revisão Bibliográfica .............................................................................................................. 19

2.1. Considerações Iniciais ................................................................................................ 19

2.2. Engenharia de Processos de Negócios (EPN) ........................................................... 19

2.2.1. Regras de Negócios ............................................................................................... 20

2.3. Engenharia de Requisitos (ER) ................................................................................. 21

2.3.1. Processos da Engenharia de Requisitos ................................................................. 22

2.4. Desenvolvimento Distribuído de Software (DDS) .................................................... 22

2.4.1. Desafios do Desenvolvimento Distribuído de Software ........................................ 24

2.5. Engenharia de Requisitos em DDS ........................................................................... 25

2.6. Trabalhos Relacionados ............................................................................................. 27

2.6.1. Descrição das Abordagens Relacionadas .............................................................. 27

2.6.2. Análise das Abordagens Descritas......................................................................... 30

2.6.2.1. Adoção da Modelagem de Processos .................................................................... 30

2.6.2.2. Emprego de ferramentas para a modelagem dos processos de negócios ............... 31

2.6.2.3. Nível de detalhamento dos processos de negócio.................................................. 31

2.6.2.4. Abordagem do Conceito de Regras de Negócio .................................................... 32

2.6.2.5. Emprego de métodos, técnicas, notações ou ferramentas para a representação dos

requisitos de sistema ................................................................................................................. 33

2.7. Considerações Finais .................................................................................................. 35

Características da EAR na Indústria ................................................................................... 36

3.1. Considerações Iniciais ................................................................................................ 36

3.2. O Projeto de Pesquisa ................................................................................................ 37

3.3. Metodologia do Projeto de Pesquisa ......................................................................... 37

3.4. Planejamento ............................................................................................................... 38

3.5. Execução ...................................................................................................................... 39

3.5.1. Coleta de Dados.................................................................................................... 42

3.5.2. Análise Preliminar da Coleta de Dados ............................................................. 44

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3.5.3. Confiabilidade e Análise dos Dados ................................................................... 44

3.6. Considerações finais ................................................................................................... 47

Modelagem de Processos de Negócio .................................................................................... 49

4.1. Considerações Iniciais ................................................................................................ 49

4.2. Princípios da Modelagem de Processos de Negócio ................................................. 50

4.2.1. Níveis de Detalhamento ......................................................................................... 52

4.2.2. Metodologias de Modelagem ................................................................................ 53

4.2.2.1. ARIS (Architecture for Integrated Systems).......................................................... 54

4.2.2.2. CIMOSA (Computer Integrated Manufacturing Open System Architecture) ....... 56

4.2.2.2.1. Estrutura da Modelagem CIMOSA ....................................................................... 56

4.2.2.3. IDEF (Integration Definition Methods) ................................................................. 58

4.2.2.4. Redes de Petri ........................................................................................................ 60

4.2.2.5. BPMN (Business Process Modeling Notation) ..................................................... 61

4.2.2.5.1. Elementos do BPMN ............................................................................................. 62

4.2.2.5.2. Filtros de decisão BPMN (gateways) .................................................................... 63

4.2.2.5.3. Eventos em BPMN ................................................................................................ 64

4.2.2.6. Modelagem de Processos de Negócio com UML ................................................. 65

4.3. Regras de Negócio ....................................................................................................... 69

4.3.1. Modelagem de Regras de Negócio ........................................................................ 72

4.4. Considerações Finais .................................................................................................. 74

MoRE-GSD – A Abordagem Proposta ................................................................................. 76

5.1. Considerações Iniciais ................................................................................................ 76

5.2. Arcabouço da Abordagem MoRE-GSD ................................................................... 78

5.3. Detalhamento da Abordagem MoRE-GSD .............................................................. 80

5.3.1. Aplicação do Conceito de Processos de Negócios – Passo 1 ................................ 83

5.3.2. Documentação das Regras de Negócios – Passo 2 ................................................ 85

5.3.2.1. Nível de Detalhamento dos Processos de Negócio ............................................... 87

5.3.3. Modelagem dos Processos de Negócios – Passo 3 ................................................ 89

5.3.4. Representação dos Requisitos de Sistema – Passo 4 ............................................. 90

5.4. Considerações Finais .................................................................................................. 91

Estudo de Viabilidade ........................................................................................................... 93

6.1. Considerações Iniciais ................................................................................................ 93

6.2. Definição dos Objetivos .............................................................................................. 94

6.2.1. Objetivo Global ..................................................................................................... 94

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6.2.2. Objetivo da Medição.............................................................................................. 94

6.2.3. Objetivo do Estudo ................................................................................................ 95

6.2.4. Questões de Estudo ................................................................................................ 95

6.3. Planejamento ............................................................................................................... 95

6.3.1. Definição das hipóteses ......................................................................................... 95

6.3.2. Seleção do Contexto e dos Participantes ............................................................... 96

6.3.3. Projeto do Estudo e Instrumentação ...................................................................... 99

6.3.4. Validade do Experimento ...................................................................................... 99

6.3.4.1. Validade Interna................................................................................................... 100

6.3.4.2. Validade Externa ................................................................................................. 100

6.3.4.3. Validade Construtiva ........................................................................................... 100

6.3.4.4. Validade Conclusiva ............................................................................................ 100

6.4. Execução do Experimento ....................................................................................... 101

6.4.1. Resultados Obtidos .............................................................................................. 102

6.5. Análise e Interpretação do Experimento ................................................................ 104

6.5.1. Validação dos Dados ........................................................................................... 104

6.5.2. Estatística Descritiva – Utilidade......................................................................... 105

6.5.3. Estatística Descritiva – Facilidade de Uso........................................................... 108

6.5.4. Análise Comparativa ........................................................................................... 110

6.5.5. Verificação das Hipóteses.................................................................................... 114

6.6. Considerações Finais ................................................................................................ 114

Conclusões ............................................................................................................................ 116

7.1. Dificuldades e Limitações ........................................................................................ 118

7.2. Contribuições ............................................................................................................ 118

7.3. Trabalhos Futuros .................................................................................................... 119

Referências ............................................................................................................................ 120

Apêndice A ............................................................................................................................ 127

Apêndice B ............................................................................................................................ 129

Apêndice C ............................................................................................................................ 130

Apêndice D ............................................................................................................................ 131

Apêndice E ............................................................................................................................ 134

Apêndice F ............................................................................................................................. 135

Apêndice G ............................................................................................................................ 139

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13

Introdução

Em busca de equipe qualificada, conquista de novos mercados, maior competitividade e,

principalmente, de redução de custos, organizações que trabalham com desenvolvimento de

software têm espalhado seus projetos, formando equipes que se localizam geograficamente

distribuídas (Sangwan et al., 2006; Sengupta et al., 2006; Herbsleb, 2007). O número de

empresas que estão distribuindo seus processos de desenvolvimento de software ao redor do

mundo é cada vez mais significativo (Prikladnicki e Audy, 2004).

Embora esta configuração traga muitos benefícios, carrega consigo vários desafios

relacionados a fatores técnicos (problemas de conectividade em rede e diferenças entre

ambientes de desenvolvimento e teste) e a fatores não técnicos (confiança, comunicação,

conflitos, diferenças culturais, entre outros) (Damian e Zowghi, 2002; Herbsleb et al. 2000).

Inerente às questões técnicas do desenvolvimento de software, tanto local quanto

distribuído, um dos pontos que gera grandes discussões, tanto na academia quanto na

indústria, é a complexidade das atividades de Elicitação e Análise de Requisitos (EAR) que,

quando realizada com equipes locais já apresenta desafios. Ao considerar a dispersão

geográfica destas equipes, tais desafios aumentam significativamente.

Neste contexto, uma área que há algum tempo tem ganhado destaque, e que cada vez

mais é associada ao desenvolvimento de software, principalmente à etapa de EAR, é a

Engenharia de Processos de Negócio (EPN). Dentre os objetivos desta área é possível

destacar: (i) a uniformização do entendimento de como ocorre o trabalho em uma

organização; (ii) a viabilidade para tornar explícito o conhecimento acerca dos processos, a

1

Capítulo

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14

execução de simulações para apoiar a tomada de decisão, entre outras (Grover e Kettinger,

2000). Tais objetivos notoriamente auxiliam a elicitação e análise dos requisitos funcionais de

um software. Portanto, torna-se interessante associar técnicas da EPN nesta etapa da

Engenharia de Requisitos (ER), principalmente, ao considerar o contexto de desenvolvimento

de software que ocorre de maneira distribuída.

1.1. Motivação Para o Trabalho

Na literatura corrente existem algumas propostas (Proforma, 1998; Rational, 2000; Eriksson e

Penker, 2000; Santander e Castro, 2000; Tyndale-Biscoe, 2002; Silveira et. al., 2002; Cruz,

2004; Knight, 2004; Vicente, 2004; Villanueva, 2005; Dias et al., 2006; Azevedo Junior e

Campos, 2008; Viera et al., 2012) para integrar técnicas da EPN com a Elicitação e Análise

de Requisitos (etapa da ER), mas que apresentam conflitos entre si, pecando em aspectos

determinantes, e desprezando outros mais recentes, como: a adoção do conceito e a utilização

de ferramentas para a modelagem de processos de negócio; fazer uso do conceito de regras de

negócio e direcionar o nível de detalhamento destas; usar métodos, técnicas e notações

associados às ferramentas para representar os requisitos de sistema, entre outros que serão

descritos ao longo dos Capítulos 2 e 3.

Ao ser considerado um cenário de equipes desenvolvendo software geograficamente

distribuídas, não foram encontrados na literatura, até o momento, propostas que associem

técnicas da EPN à Elicitação e Análise de Requisitos.

Aliado a isso, há na indústria de software uma grande necessidade abordagens que

contemplem estes cenários somados, principalmente pelo crescimento do DDS. As empresas

propõem estratégias particulares embasadas apenas no conhecimento empírico de seus

colaboradores, e que apresentam muitos gaps, haja vista que a evolução destas técnicas é

motivada apenas pela necessidade, sem qualquer embasamento teórico-científico. Isso foi

constatado ao longo deste trabalho e é descrito no Capítulo 3 e, também, citado em outros

pontos do texto.

Motivado pelos desafios da etapa de EAR associada ao Desenvolvimento Distribuído

de Software – DDS, é importante que se busque por uma estratégia para guiar a elicitação e

análise de requisitos por equipes geograficamente distribuídas, fazendo uso da Modelagem de

Processos de Negócio.

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1.2. Objetivos

O objetivo geral desta dissertação é propor uma abordagem para guiar a Elicitação e Análise

de Requisitos, a partir de princípios da Engenharia de Processos de Negócio para equipes que

trabalham com Desenvolvimento Distribuído de Software.

Com isto, buscar-se-á oferecer apoio ao desenvolvimento distribuído de software,

melhorando a comunicação entre equipes que realizam a EAR a fim de reduzir a ambiguidade

nos artefatos gerados nesta etapa, e aumentar os benefícios inerentes ao DDS.

Para tal, é possível listar como objetivos específicos:

Estudo sobre as áreas de engenharia de processos de negócio, engenharia de

requisitos, e desenvolvimento distribuído de software;

Estudo direcionado para regras de negócio (no contexto de EPN), elicitação e

análise de requisitos (no contexto de ER), e particularidades associadas ao

contexto de DDS;

Análise de trabalhos correlatos que abordam o contexto de EPN e ER a fim de

mapear de maneira comparativa pontos cobertos e não cobertos pelos mesmos;

Realização de visitas a empresas desenvolvedoras de software que atuam com o

modelo de desenvolvimento distribuído, para coletar características presentes na

fase de EAR dos projetos destas empresas;

Descrever uma abordagem para guiar a EAR com o apoio da modelagem de

processos de negócio para equipes que trabalham com desenvolvimento

distribuído de software;

Aplicação dessa abordagem em um cenário de desenvolvimento distribuído de

software real a fim de aferir sua viabilidade e visualizar melhorias.

Deste modo, este trabalho visa contribuir com a área de Engenharia de Software –

notadamente com as atividades de EAR, explorando algumas práticas e técnicas de

Engenharia de Processo de Negócio – principalmente a modelagem de processos de negócios,

de forma a promover um melhor alinhamento dos Sistemas de Informações (SIs) com as

estratégias do negócio quando é considerado o contexto de Desenvolvimento Distribuído de

Software.

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1.3. Método de Pesquisa

A realização desta pesquisa engloba diferentes áreas do conhecimento. A detecção da lacuna

motivadora surgiu da revisão bibliográfica somada às experiências ex-post facto (a partir de

fatos passados). Neste âmbito, a revisão bibliográfica também proporcionou: (i) obter os

conhecimentos necessários para identificação de modelos de negócio que se fazem presentes

na literatura da engenharia de requisitos, (ii) alinhar estes modelos ao contexto de DDS, e (iii)

criar as hipóteses características do modelo proposto, que agrupa Regras de Negócio,

Engenharia de Requisitos e DDS.

As experiências ex-post facto oportunizaram definir os campos de maior significância

de aplicação e características associadas ao desenvolvimento deste trabalho, haja vista a

necessidade de soluções neste contexto requeridas por pequenas e grandes empresas

produtoras de software, e também, ao gap identificado na literatura especializada, conforme

descrito no Capítulo 3.

Neste texto, são apresentadas características de uma pesquisa descritiva, na análise das

técnicas e disciplinas envolvidas, e também exploratórias, na busca de uma estratégia de

apoio à definição de requisitos de sistema em um ambiente de DDS a partir das regras de

negócio.

Essa junção objetiva desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em

vista, a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses melhor direcionadas para estudos

posteriores (Gil, 1999).

É possível classificar o procedimento adotado como pesquisa-ação – que é

caracterizada pela base empírica em que é concebida e realizada em estreita associação com

uma ação ou com a resolução de um problema coletivo, e na qual os pesquisadores e

participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo

cooperativo ou participativo (Thiollent, 1997).

1.4. Etapas da Pesquisa e Estrutura do Documento

A pesquisa está vinculada a projeto de pesquisa desenvolvido pelo grupo de estudos em

desenvolvimento de distribuído de software da Universidade Estadual da UEM e está

estruturada conforme a Figura 1.1 ilustra:

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Figura 1.1. Sequenciamento das etapas da pesquisa.

Os capítulos deste texto estão estruturados da seguinte forma:

No Capítulo 2 é apresentada uma revisão bibliográfica que contempla os temas

EPN, EAR e DDS. São também apresentados bem como analisados alguns

trabalhos correlatos;

O Capítulo 3 descreve a Elicitação e Análise de Requisitos na indústria, a fim

de caracterizar e melhor direcionar a abordagem proposta no Capítulo 5;

O Capítulo 4 é dedicado exclusivamente à modelagem de processos de

negócio, destacando técnicas e conceitos inerentes a esse tema;

No Capítulo 5 é apresentada a abordagem, que propõe guiar a elicitação e

análise de requisitos por equipes que atuam com desenvolvimento distribuído

de software, fazendo uso da modelagem dos processos de negócio;

Um estudo experimental para a abordagem proposta é apresentado no Capítulo

6, o qual analisa a viabilidade de seu uso em empresas que desenvolvem

software de maneira distribuída;

Engenharia de Processos de Negócios / Modelagem de Processos de Negócios

Engenharia de Requisitos / Elicitação e Análise de

Requisitos

Desenvolvimento Distribuído de Software (DDS)

Revisão Bibliográfica

Identificação e Análise de técnicas da EPN (principalmente de modelagem

de processos de negócios)

Identificação e Análise dos desafios da Elicitação e Análise de Requisitos,

segundo a literatura especializada

Elaboração de uma abordagem para elicitação e análise de requisitos apoiado pela modelagem de processos de negócios em ambientes de DDS

Aplicação da abordagem na indústria a fim de avaliá-la

Análise dos resultados obtidos, e escrita da dissertação.

Identificação dos desafios para Elicitação e Análise de Requisitos nas empresas que trabalham com desenvolvimento distribuído de software

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E, por fim, no Capítulo 7 são descritas as considerações finais deste trabalho,

realizando um fechamento do assunto abordado bem como apresentado

sugestões para trabalhos futuros.

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Revisão Bibliográfica

2.1. Considerações Iniciais

A concepção de uma abordagem que permita que a EAR em ambientes de DDS possa ser

realizada com o apoio da modelagem das regras de negócio necessita de fundamentação

sólida e baseada em estudos tangentes e correlatos a esta temática.

Deste modo, este capítulo contempla conceitos que subsidiam o desenvolvimento da

dissertação, relacionados à:

Engenharia de Processos de Negócios – Modelagem de Processo e Regras de

Negócios;

Engenharia de Requisitos – Elicitação e Análise de Requisitos;

Desenvolvimento Distribuído de Software

As seções seguintes abordam individualmente cada um destes temas.

2.2. Engenharia de Processos de Negócios (EPN)

Segundo Cameira e Caulliraux (2000), a EPN pode ser definida como sendo uma “técnica

utilizada quando se deseja entender ou mapear como parte de uma organização, uma

organização, ou ainda um conjunto de organizações operam, como são realizados os

processos, como a informação flui através desses processos, suas interfaces, quais recursos

são utilizados, quem realiza as diversas atividades, para permitir entender as cadeias de valor

existentes.”

2

Capítulo

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Dentre os objetivos da EPN, destacam-se (Grover e Kettinger, 2000):

Uniformizar o entendimento da forma como ocorre o trabalho;

Analisar e promover a melhoria do fluxo informacional;

Tornar explícito o conhecimento acerca dos processos;

Gerar simulações para apoiar a tomada de decisão;

Promover a gestão organizacional.

Para Santos (2002), a EPN tem sua importância justificada em algumas tendências, a

saber: (i) interfuncionalidade dos processos, devido à diversidade e multiplicidade de

conhecimentos aplicados na execução organizacional; (ii) personalização que requer

customizações agregando complexidade aos processos; (iii) necessidade de redução dos ciclos

de vida dos produtos e serviços, haja vista o aumento da inovação organizacional; (iv)

incentivo à competição globalizada com produtos e serviços, gerados pelos processos,

distribuídos em diferentes áreas geográficas e adequados às necessidades dos clientes; (v)

integração das cadeias de suprimentos, gerando maior flexibilidade e integração dos

processos, e; (vi) valorização dos profissionais do conhecimento, que com sua capacidade de

aprendizado e acúmulo de experiências se mostra fundamental num ambiente de maior

complexidade.

Deste modo, a EPN, ao realizar o mapeamento dos processos de negócio, possibilita o

entendimento de como se comportam os fluxos de atividades e informações no ambiente

organizacional (Santos, 2002).

2.2.1. Regras de Negócios

No domínio de um negócio, todas as decisões tomadas são baseadas em fatos. Para que tais

decisões sejam adequadas, é necessário que as regras que guiam o negócio sigam também

uma lógica correta. Assim, a tomada de decisão correta está diretamente relacionada a regras

consistentes e qualificadas, bem como à disponibilidade das informações aos tomadores de

decisão e aos Sistemas de Informação (SI) envolvidos. Essas regras e fatos são conhecidos

como regras de negócio (Von Halle, 2002).

Deste modo, as regras de negócio podem controlar ou influenciar a execução dos

processos de negócio e sua estrutura de recursos, restringindo ou condicionando a execução

de certas atividades, buscando a aderência aos objetivos organizacionais (Bubenko et al.,

2001).

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Para Gottesdiener (1997), as regras de negócio promovem a verdadeira integração

entre as pessoas do negócio e a tecnologia, pois posicionam os membros da organização como

elementos centrais das atividades de software. Deste modo, é possível perceber a relação

estreita entre regras de negócio e SI. O entendimento de regras de negócio é uma forma

efetiva de descobrir os requisitos principais dos SI, promovendo iniciativas que tentam

aproximar a abordagem do negócio, representada pelos seus processos, do processo de

desenvolvimento de sistemas, que se inicia com a etapa de elicitação de requisitos.

2.3. Engenharia de Requisitos (ER)

Para um projeto de software ser considerado de sucesso, é preciso que ele realize, de fato, as

tarefas para as quais foi proposto. Para tal, a identificação precisa e detalhada de seu escopo é

essencial (Sommerville, 2007).

O entendimento dos propósitos do software, do ambiente onde será inserido e do

negócio da empresa são fatores importantes para auxiliar na análise e documentação das

necessidades dos stakeholders. Estas necessidades são convertidas em requisitos de software

que descrevem como o sistema deve se comportar, contendo informações do domínio da

aplicação, restrições de operações e especificações de propriedades do sistema (Kotonya e

Sommerville, 1998).

Para Sommerville (2007), requisitos de software são, frequentemente, classificados em

Requisitos Funcionais – que descrevem as funções do sistema e como ele deve reagir a

determinadas entradas; Requisitos Não-Funcionais – que descrevem restrições (de tempo, de

confiabilidade, etc.) sobre funções que o sistema fornece; e Requisitos de Domínio – que

descrevem características do domínio da aplicação, podendo ser requisitos funcionais ou não

funcionais.

O processo de descobrir, analisar, documentar e verificar essas funções e restrições é

chamado de Engenharia de Requisitos (Sommerville, 2007). Este processo inclui atividades

para identificar, descrever e manter um conjunto de requisitos de um sistema. A ER fornece

mecanismos apropriados para entender o que o cliente deseja, analisar as necessidades,

verificar possibilidades, negociar uma solução e especificar uma solução entendível, validar

esta especificação e gerenciar os requisitos conforme eles se transformam em um software

(Pressman, 2006).

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2.3.1. Processos da Engenharia de Requisitos

No contexto da Engenharia de Requisitos (ER), é possível desenvolver um processo próprio

ou ainda adaptar processos existentes, a fim de melhor adequá-los ao contexto exigido. As

propostas de processos em ER são muitas e variadas, todavia, a literatura é quase unânime em

dividir nas etapas de (i) estudo da viabilidade; (ii) elicitação e análise dos requisitos; (iii)

especificação e (iv) validação de requisitos.

Destas etapas, destaca-se neste ínterim a “elicitação e análise de requisitos”, que

corresponde à identificação das expectativas e necessidades dos stakeholders em relação ao

software que será desenvolvido (Sommerville, 2007). Segundo Kotonya e Sommerville

(1998), os requisitos podem ser obtidos por meio de consultas a clientes e/ou usuários,

documentos do sistema, conhecimento do domínio e estudos de mercado.

Por ser uma área de grande relevância para o sucesso do desenvolvimento de um

software, a ER frequentemente apresenta vários desafios relacionados, por exemplo, à

possibilidade de uma grande quantidade de stakeholders envolvidos, e que podem possuir

objetivos e perspectivas conflitantes sobre o sistema, não explicitam claramente seus desejos

por não saberem o que querem, ou mesmo por dificuldades de expressar de maneira precisa

suas necessidades (Sommerville, 2007).

Há também dificuldades em identificar os stakeholders e seus graus de envolvimento

no projeto, as comunicações entre os envolvidos podem não fluir claramente, requisitos

podem ser esquecidos ou mal interpretados, as diferenças culturais podem levar a

desentendimentos, entre várias outras (Audy e Prikladnicki, 2007).

2.4. Desenvolvimento Distribuído de Software (DDS)

No atual contexto, os Sistemas de Informação (SI) desempenham um importante papel dentro

das organizações, auxiliando-as a atingir seus objetivos operacionais e estratégicos.

A crescente globalização do ambiente de negócios e da economia, adicionada ao

avanço tecnológico, alta competitividade, aumento do tamanho e número de equipes,

dificuldade em reunir especialistas e aumento da complexidade das aplicações desenvolvidas

têm afetado o mercado de software. Estes aspectos, unidos à ideia da terceirização a fim de

buscar vantagem competitiva, motivaram diversas organizações a optarem por distribuir

geograficamente o processo de desenvolvimento de software, caracterizando deste modo o

DDS (Huzita et al. 2008; Audy e Prikladnicki, 2007).

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Segundo Carmel (1999), vários são os fatores que contribuíram para acelerar o

surgimento do DDS, entre eles destacam-se:

Produção 24 horas por dia (follow-the-sun);

Necessidade de recursos globais para serem utilizados a qualquer momento e

de redução de custos;

Proximidade ao usuário final.

A distribuição em DDS pode assumir configurações, de acordo com a distância entre

as equipes e as organizações envolvidas no projeto. Com relação à distribuição geográfica das

equipes envolvidas em um projeto, quando se localizam em mais de um país denomina-se

distribuição offshore, se todas se encontram no mesmo país tem-se a distribuição onshore.

Considerando a relação estabelecida entre as empresas tem-se o outsourcing, cenário em que a

empresa delega o controle sobre as atividades para uma empresa externa à quem contratou o

serviço (terceirização), e o insourcing, em que as empresas criam os seus próprios centros de

desenvolvimento de software em locais separados geograficamente (Audy e Prikladnicki,

2007).

É possível combinar estas configurações, gerando deste modo quatro modelos de

negócios em DDS: (i) Onshore Insourcing (ii) Onshore Outsourcing; (iii) Offshore

Outsourcing; e (iv) Offshore Insourcing (Prikladnicki e Audy, 2004). A Figura 2.1 ilustra estas

configurações.

Relação

entre as

empresas

Terceirizar

Outsource

“Comprar”

Onshore Outsourcing

ou

Outsourcing

Offshore Outsourcing

Ou

Offshoring

Departamento ou

subsidiária

Insource

“Desenvolver”

Onshore Insourcing

Ou

Demanda doméstica

interna

Offshore Insourcing

Ou

Captive / Internal

Offshloring

Onshore / Mesmo País Offshore / Outro País

Localização Geográfica

Figura 2.1. Modelos de Negócio em DDS (Audy e Prikladnicki, 2007).

Segundo Begel e Nagappan (2008), alguns fatores estão diretamente ligados à

aceleração do DDS, como: redução de custos; acesso facilitado à mão de obra e recursos;

avanços na infraestrutura (Internet e desenvolvimento/integração de ferramentas); novos

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mercados; rápida formação de equipes virtuais; e, melhoria do time-to-market, com o uso do

desenvolvimento “em torno do Sol” – Follow the Sun.

A subseção seguinte descreve alguns dos desafios inerentes ao DDS.

2.4.1. Desafios do Desenvolvimento Distribuído de Software

Para Damian e Zowghi (2002) e Herbsleb et al. (2000), times distribuídos enfrentam desafios

relacionados a fatores técnicos e não técnicos. Os fatores técnicos referem-se a problemas de

conectividade em rede e às diferenças entre os ambientes de desenvolvimento e teste. Já aos

fatores não técnicos têm-se associadas as questões de confiança, comunicação, conflitos e

diferenças culturais.

O DDS acrescentou novos fatores ao processo de desenvolver software, tais como,

distância temporal, dispersão geográfica, diferenças socioculturais, entre outros. Estes fatores

ampliaram alguns dos desafios já existentes na área de Engenharia de Software e adicionaram

novas demandas que desafiam os processos de comunicação, coordenação e controle dos

projetos (Damian et al., 2006).

Os principais desafios encontrados em DDS, de acordo com Herbsleb (2007) e

Damian e Zowgui (2002) relacionam-se às diferenças culturais, dispersões geográficas,

coordenação e controle, comunicação e espírito de equipe. As diferenças culturais,

geralmente, acentuam os problemas de comunicação, e podem levar a estágios de frustração,

descontentamento e até mesmo desentendimento entre as equipes.

Holmstrom et al. (2006), ressaltam que a cultura pode ter um efeito determinante na

forma como as pessoas interpretam determinadas situações, e como elas reagem à estas

situações. As diferenças culturais envolvem a cultura organizacional, cultura nacional, idioma,

política, motivação individual e a ética no trabalho das equipes distribuídas (Carmel, 1999).

A Figura 2.2 apresenta os desafios do DDS e suas correlações.

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Figura 2.2. Desafios em DDS e suas correlações (Clerc et al. 2007).

As linhas tracejadas da Figura 3 indicam os desafios ampliados por outros desafios, e

as linhas contínuas apontam para os problemas decorrentes em função desta ampliação (Clerc

et al., 2007).

2.5. Engenharia de Requisitos em DDS

Dada a natureza colaborativa e interativa da ER, ela é particularmente afetada quando

realizada por equipes distribuídas.

Entre as questões afetas pode-se citar: dificuldades de comunicação, utilização de

processos inadequados no desenvolvimento de software, uso de técnicas diferentes por

equipes que trabalham em um mesmo projeto, incompatibilidade de ambientes de trabalho,

interesses conflitantes, falta de conhecimento do contexto do projeto, entre outros, impactam

negativamente na especificação dos requisitos, bem como, no gerenciamento dos mesmos

(Herbsleb, 2007).

A Figura 2.3 ilustra como os problemas do DDS impactam na ER:

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Figura 2.3. Desafios da ER nos ambientes de DDS (Damian e Zowghi, 2002).

Ebling (2009) também destaca estes desafios e salienta alguns agravantes para este

contexto:

Comunicação: A comunicação sobre requisitos nos ambientes de DDS é

desafiadora devido às diferenças culturais, temporais e de linguagem entre as

equipes. A dispersão geográfica dos envolvidos introduz diferentes fusos-

horários e dificulta a comunicação síncrona e assíncrona, causando delay no

processo de desenvolvimento (Damian e Zowghi, 2002; Herbsleb, 2007).

Falta de entendimento comum: Em ambientes de DDS, as dificuldades de

obter entendimento comum dos requisitos são ampliadas (Herbsleb, 2007).

Muito tempo é gasto nesta etapa e a incompreensão dos requisitos somente é

percebida durante as fases de integração do software, quando as alterações são

mais custosas (Sengupta et al., 2006).

Falta de colaboração: A abordagem de DDS acentua os desafios relacionados

à colaboração dos stakeholders. Isto geralmente ocorre devido às diferenças

culturais, de idioma, de processos organizacionais e a dispersão física das

equipes (Damian e Zowghi, 2002; Bhat et al., 2006).

Dificuldades no Gerenciamento de Mudanças: O Gerenciamento de

mudanças dos requisitos é bastante afetado nos ambientes distribuídos,

especialmente quando não existem políticas empresariais bem definidas para

esta área (Sengupta et al., 2006; Bhat, 2006). Damian e Zowghi (2002)

argumenta que a distância entre aqueles que originam as mudanças nos

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requisitos e aqueles que decidem sobre a implementação destas alterações,

dificulta a definição de um processo rigoroso.

Falta de técnicas e ferramentas específicas: Devido à falta de ferramentas

que apoiem a definição dos requisitos, se torna difícil identificar informações

sobre eles (Sengupta et al., 2006). É interessante desenvolver ou alterar

técnicas existentes para apoiar as tarefas de ER nos ambientes distribuídos

(Cheng, 2007).

Os pontos acima relacionados deixam evidente a necessidade da implementação de

abordagens e estratégias no que tange a associação de técnicas da EPN com a ER. Quando o

cenário é um ambiente de DDS, a necessidade dessa implementação é ainda mais notória, haja

vista os desafios que ambientes com esta característica carregam consigo.

2.6. Trabalhos Relacionados

Esta seção apresenta quatro trabalhos relacionados com a temática da presente pesquisa, que

constituem uma base literária empírica para a elaboração da abordagem proposta que

contempla a elicitação e análise de requisitos a partir da modelagem de processos de negócios

em um ambiente de DDS.

Cabe destacar que os quatro trabalhos aqui detalhados propõem abordagens de

elicitação de requisitos a partir do entendimento e modelagem do conjunto de atividades de

negócio, porém nenhum contempla o contexto de DDS – associação não encontrada até o

momento na literatura.

2.6.1. Descrição das Abordagens Relacionadas

Cruz (2004) desenvolveu um método de identificação de requisitos de sistemas a partir dos

processos de negócio, no qual a questão central é a fragilidade dos SI, que, muitas vezes, se

mostram incompletos devido à ausência de funcionalidades fundamentais ao processo de

negócio e/ou existência de outras funcionalidades muitas vezes consideradas desnecessárias.

Outra questão tratada por Cruz (2004) é a necessidade da ampliação dos mecanismos para

garantir a rastreabilidade dos requisitos funcionais em suas relações com os elementos dos

processos de negócio.

Para alinhar estas questões, Cruz (2004) propôs um método baseado em heurísticas –

que se originaram de experimentos junto com a identificação de regras presentes na literatura

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que aborda a modelagem de processos e de requisitos, para identificação de requisitos

funcionais de SI a partir do entendimento dos processos de negócio. Assim, a abordagem da

solução proposta por este autor usa como base o entendimento das atividades do negócio

sequenciadas lógica e temporalmente, bem como as relações dessas atividades com os SI.

Na percepção de Knight (2004), um modelo de negócio é aquele que permite melhor

visualização “do que são seus processos, como são executados, quais são suas metas, como

cada processo auxilia em alcançá-las, quais são suas unidades organizacionais, quem são os

envolvidos em cada atividade, quais as localidades por entre as quais a organização está

distribuída e quais os eventos que deflagram seus processos e atividades”. Nesse contexto, a

abordagem da solução proposta por Knight (2004) usa como base a modelagem

organizacional, incluindo os processos de negócio, para a construção dos requisitos. A autora

desenvolve uma sistemática que utiliza o modelo de negócio como um instrumento para

entendimento do mesmo e descoberta dos principais requisitos. Este modelo de negócio é

formado por um conjunto de outros modelos que representam conceitos do negócio. O

método contempla as atividades de análise do problema, elicitação dos requisitos de negócio e

requisitos de usuário.

Dias et al., (2006) apresentam uma abordagem para a transformação automática do

modelo de negócio em modelo de requisitos. Esta abordagem tem como questão de pesquisa a

dificuldade e o insucesso da atividade de modelagem e implementação de SI. Esse insucesso é

demonstrado pela frequência com que as organizações se mostram insatisfeitas com a

qualidade dos seus sistemas.

Na tentativa de minimizar o problema identificado, Dias et al. (2006) apresentam uma

abordagem composta de uma técnica apropriada para tornar mais confiável e natural a

transformação do entendimento do negócio, por meio de suas atividades, em requisitos de

sistema nos projetos de desenvolvimento de SI. Assim, a abordagem aplica o conceito de

processos de negócio definido como um conjunto de atividades estruturadas para geração de

um produto que pode ser um bem ou um serviço. Juntamente com os processos são agregados

ao modelo de negócio elementos como regras de negócio, objetivos e recursos.

Na proposta é utilizado o Diagrama de Atividades da UML para representar os

processos e o Português Estruturado para representar as regras de negócio, por considerarem

esses dois objetos essenciais para a definição de requisitos no processo de desenvolvimento

de sistemas.

Já para definir o modelo de requisitos, Dias et al., (2006) definem o domínio do

problema e as funcionalidades que se espera do sistema. Esse modelo de requisitos é

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representado por meio do diagrama de classes, que descreve as classes que formam a estrutura

do sistema e as suas relações. E, por meio do diagrama de casos de uso, é representado o

conjunto de funções executadas pelo sistema ao interagir com os atores.

A transformação do modelo de negócio em modelo de requisitos ocorre em duas

etapas: (i) Transformação da definição dos termos em classes – após a definição dos termos

do negócio, faz-se o mapeamento de alguns destes termos em classes de domínio que

compõem o diagrama de classes, onde o critério aplicado para selecionar os termos das

classes é o relacionamento dos atributos; e (ii) Transformação dos processos em casos de uso

– aplicam-se conjuntos de heurísticas ao modelo de processo, e esse modelo é representado

em diagrama de atividades da UML, sendo responsável pela obtenção do respectivo modelo

de requisitos funcionais.

Em um quarto trabalho relacionado, de Azevedo Junior e Campos (2008), a questão

central é a falta de integração entre dois domínios: do negócio e dos sistemas (sendo este

último o responsável pelo suporte e apoio à execução dos processos no primeiro). A

abordagem da solução, além de buscar o entendimento das atividades de negócio

sequenciadas lógica e temporalmente, também usa a técnica de construção de arquiteturas de

negócio proposta por Eriksson e Penker (2000).

A proposta de Azevedo Junior e Campos (2008) busca justamente aplicar a técnica de

Eriksson e Penker (2000) ao UP (Unified Process – Processo Unificado) por meio da criação

de workflows completos para a modelagem de negócio (inexistente na versão original do UP).

As demais fases do UP, a princípio, permanecem inalteradas.

Por fim, estes autores apresentam um projeto piloto de desenvolvimento de sistema em

determinada empresa no qual foi notória uma vantagem da abordagem proposta em relação à

metodologia puramente baseada no UP nos seguintes aspectos: melhor identificação dos

requisitos e artefatos no projeto do sistema (objetivos do negócio, atividades, classes de

objetos e necessidades de informatização do processo de expedição) que não seriam, ou não

seriam tão facilmente, identificados com a metodologia UP original.

As atividades propostas na metodologia de Azevedo Junior e Campos (2008) podem

ser aplicadas em qualquer outra metodologia de desenvolvimento de sistemas que tenha como

fundamento os princípios estabelecidos no UP.

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2.6.2. Análise das Abordagens Descritas

Para efetuar a análise das abordagens descritas, foram adotados critérios embasados na

literatura da Engenharia de Processos de Negócios, em associação com a literatura de

Engenharia de Software, em especial a Engenharia de Requisitos (abordados do presente

capítulo), e também coletados por meio de experiência in loco em fábricas de software (vide

Capítulo 3). Deste modo, os critérios definidos foram:

Adoção da técnica de modelagem de processos;

Emprego de ferramentas apropriadas para a modelagem dos processos de

negócios;

Nível de detalhamento dos processos de negócio;

Uso do conceito de regras de negócio;

Emprego de métodos, técnicas, notações ou ferramentas para a representação

dos requisitos de sistema.

As subseções seguintes descrevem cada um destes critérios.

2.6.2.1. Adoção da Modelagem de Processos

A modelagem de processos compreende o entendimento da estrutura organizacional, das

regras de negócio que afetam a operação, dos objetivos, das atividades e responsabilidades

dos envolvidos, bem como dos dados manipulados (Nuseibeh e Eeasterbrook, 2000). A

modelagem de processos tem lugar central nos instrumentos da Engenharia de Processos de

Negócios, tornando-se essencial como mecanismo de integração e coordenação em

organizações (Santos, 2002). Com esses modelos torna-se possível capturar as diversas

características do negócio, simplificando a visão real e bem mais complexa do negócio,

conforme explicam Bubenko et al. (2001).

Dada a importância de modelar os processos de negócio, percebe-se que as quatro

abordagens descritas adotam a modelagem de processos como técnica de desenvolvimento de

modelos, mas que são diferentes entre si no que se refere à metodologia e à ferramenta

adotadas para tal. Também não são claras em justificar a escolha da metodologia/ferramenta.

Modelar os processos de negócio, no contexto da abordagem proposta neste trabalho é

essencial, dados os riscos que a atividade de modelar sistemas de informação compreende

(Carvalho, 2009), riscos estes que são maximizados pelas características inerentes ao DDS

(Audy e Prikladnicki, 2007).

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2.6.2.2. Emprego de ferramentas para a modelagem dos processos de

negócios

Há diversas ferramentas de modelagem de processos existentes no mercado e até mesmo

reconhecidas pela comunidade científica. Segundo Santos (2002), o uso de ferramentas de

modelagem de processos é importante por se tratar de um instrumento aplicável às ações de

EPN, principalmente, em situações de grande complexidade.

Essas ferramentas geralmente automatizam, sistematizam e controlam a criação dos

modelos durante a modelagem de processos (Santos, 2002). Algumas delas podem, inclusive,

embutir metodologias de modelagem de processos específicas (Carvalho, 2009).

As propostas de Cruz (2004) e Dias et al., (2006), além do método em si, também

apresentam em suas abordagens ferramentas que operacionalizam os métodos desenvolvidos.

As respectivas ferramentas são: Metastorm ProVision® BPA1, Rational Suite AnalystStudio

2,

HPReq3 e RAPDIS

3.

Os modelos de processos de negócio previstos nessas abordagens são construídos e

mantidos por essas ferramentas que acabam embutindo etapas, modelos e elementos previstos

nos métodos criados. As duas outras abordagens, Knight (2004) e Azevedo Junior e Campos

(2008), não consideram este critério, embora seja notória sua importância (Carvalho, 2009).

É necessário um levantamento e posterior comparativo a fim de ser possível escolher

de modo embasado e justificado qual a metodologia/ferramenta mais adequada para este fim,

e neste ínterim, considerar as características do desenvolvimento de software por equipes

distribuídas. Essa atividade é descrita no Capítulo 4.

2.6.2.3. Nível de detalhamento dos processos de negócio

A visão processual, ao se materializar em modelos de processos, deve seguir princípios de

modelagem, e estar em um nível de agregação que seja adequado ao contexto abordado

(Carvalho, 2009). Para isso, é preciso estabelecer diretrizes que guiem na definição dos níveis

de detalhamento dos processos.

Dias et al. (2006), embora não explicitem diretrizes diretas para a definição dos níveis

de detalhamento dos processos, e Cruz (2004) (que as explicita), citam em seus trabalhos o

emprego de regras para organização da topologia dos diagramas gerados na modelagem. No

1 http://www.metastorm.com

2 http://www.ibm.com

3 http://geti.dcc.ufrj.br

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entanto, essas regras não se mostram suficientes para auxiliar na tarefa de definir os níveis de

detalhamento dos processos, segundo o estudo de Carvalho (2009), que as aplicou.

As propostas de Knight (2004) e Azevedo Junior e Campos (2008) não detalham

diretrizes para apoiar a definição dos níveis de detalhamento dos processos e nem ao menos

mencionam a importância de se atentar para tal questão, mesmo isso sendo fundamental

quando se deseja desenvolver um software de tal maneira que as ambiguidades e outros riscos

inerentes do processo de EAR sejam minimizados (Carvalho, 2009). Isso, como em outras

situações supra descritas, é também ampliado ao considerar um ambiente de DDS (Audy e

Prikladnicki, 2007).

2.6.2.4. Abordagem do Conceito de Regras de Negócio

Regras de negócio são importantes para a elicitação de requisitos, pois além da influência

direta no negócio, estas têm estreita relação com os sistemas de informação (Dias et al., 2006;

Sommerville, 2007; Carvalho, 2009).

Isso é notório, pois as regras servem de orientação, influenciando o comportamento

dos membros de uma organização, controlando/influenciando a execução dos processos de

negócio e sua estrutura de recursos, restringindo/condicionando a execução de atividades e

dos SI que as contemplam (Carvalho, 2009).

Isto posto, identificar, representar, gerenciar e usar as regras de negócio como fonte de

informações na elicitação de requisitos de um sistema torna-se importante para gerar software

mais aderente às reais necessidades do negócio (IIBA, 2011).

A abordagem apresentada em Azevedo Junior e Campos (2008) não se refere ao

conceito de regra de negócio, nem expressa como esse conceito é considerado no

mapeamento dos processos de negócio e na posterior geração dos requisitos de sistema.

Knight (2004) também não aborda as regras de negócio em seu método, mas cita a

existência de restrições que devem ser relacionadas às funcionalidades do sistema, sem

relacionar essas restrições com o conceito de regras de negócio.

Na proposta de Cruz (2004), embora haja a definição das regras de negócio, o autor

não expõe com clareza a forma como elas devem ser identificadas no levantamento dos

processos de negócio e nem como se relacionam com os requisitos de sistema. Assim, não

fica claro no método como as regras de negócio impactam nos requisitos e nem como esses as

atendem. Além disso, o autor coloca como encaminhamento de futuras pesquisas a geração do

diagrama de classes do domínio do processo a partir do diagrama de atividades, que

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representa o processo de negócio, envolvendo, assim, a identificação das regras de negócio,

não detalhando de que maneira isso poderia ser feito.

Para finalizar, Dias et al., (2006) abordam em sua proposta, as regras de negócio e,

ainda, afirmam que essas juntamente com os processos de negócio, sob o ponto de vista do

desenvolvimento de sistemas de informação, correspondem aos aspectos mais importantes do

negócio. Afirmam também que é a partir dos processos e das regras que os requisitos de

sistema são definidos, permitindo assim, que o novo sistema de informação apoie as

operações do negócio em questão. Para representar é usado o diagrama de atividades da UML

e para descrever as regras de negócio é empregado um subconjunto da língua portuguesa

(Português Estruturado). Esta última abordagem é a que se mostra mais adequada.

Nota-se, baseado na análise dos trabalhos correlatos e contextualizado com os desafios

de DDS, que fazer uso do conceito de regras de negócio é fundamental quando se trata de

equipes geograficamente distribuídas, haja vista que a comunicação é um dos maiores

desafios nesta configuração de desenvolvimento de software que pode gerar ambiguidade e

falta de clareza na EAR. Portanto, fazer uso das regras de negócio pode alavancar,

consideravelmente, a questão da comunicação entre equipes de desenvolvimento, haja vista

que estas estão, normalmente dispersas geograficamente (Carvalho, 2009).

2.6.2.5. Emprego de métodos, técnicas, notações ou ferramentas para a

representação dos requisitos de sistema

A documentação dos requisitos de sistema ao final da fase de EAR é importante para

manutenção da rastreabilidade das informações e utilização das mesmas nas demais etapas do

ciclo de vida do software (Sommerville, 2007).

Atualmente existem inúmeras técnicas, notações e linguagens encontradas na literatura

e conhecidas no mercado de software que podem ser empregadas com a função de

documentar e gerenciar os requisitos de sistema. Dos trabalhos analisados, três empregam a

UML neste quesito. Apenas Knight (2004) não emprega notação específica para documentar

os requisitos de sistema, apenas descreve o produto final do seu método em um Documento

de Requisitos de Software.

Portanto, é interessante que haja um padrão para representar os requisitos do sistema.

Se for UML, é preciso analisar e justificar quais diagramas podem/devem ser usados. Se for o

documento de requisitos, este precisa ter um formato pré-definido a fim de padronizar sua

estrutura para que todos os stakeholders a sigam, principalmente ao considerar um ambiente

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de DDS. Uma terceira alternativa seria usar alguns diagramas da UML e, ainda, um

documento de requisitos pré-estruturado para minimizar os riscos relacionados à comunicação

em equipes de DDS.

Assim, para uma melhor visualização dos trabalhos apresentados na presente seção,

apresenta-se a Tabela 2.1 seguida de um detalhamento, a fim de identificar os pontos que

farão parte da abordagem proposta na presente dissertação.

Tabela 2.1. Resumo da Análise das Abordagens Descritas.

Critério 1 Critério 2 Critério 3 Critério 4 Critério 5 Total de Critérios

Atendidos

Abordagem 1 ■ ■ ■ ■ 4

Abordagem 2 ■ ■ 2

Abordagem 3 ■ ■ ■ ■ ■ 5

Abordagem 4 ■ ■ 2 Total de Abordagens que

atenderam ao critério 4 2 2 2 3

Na Tabela 2.1, as abordagens de 1 (um) a 4 (quatro) são, respectivamente: (i) Cruz

(2004); (ii) Knight (2004); (iii) Dias et al., (2006); e (iv) Azevedo Junior e Campos (2008). Já

os critérios, de 1 (um) a 5 (cinco) são, respectivamente: (i) Adoção ou não da modelagem de

processos; (ii) Emprego de ferramentas para a modelagem dos processos de negócios; (iii)

Nível de detalhamento dos processos de negócio; (iv) Abordagem do conceito de regras de

negócio; e (v) Emprego de métodos, técnicas, notações ou ferramentas para a representação

dos requisitos de sistema, conforme descritos na Subseção 2.6.2.

É possível notar que, dos critérios analisados, apenas o Critério 1 é cumprido por todas

as abordagens, enquanto que apenas a Abordagem 3 cumpre os 5 critérios expostos à

avaliação. Deste modo, seria ela então a abordagem mais próxima da linha temática deste

trabalho, porém é importante destacar que ela, como todas as demais, não contemplam o

contexto de desenvolvimento distribuído de software (DDS).

As abordagens que menos cumprem os critérios estabelecidos neste ínterim, embora

apresentem grande contribuição para a ciência e para a indústria, são as propostas de Knight

(2004) e Azevedo Junior e Campos (2008).

A abordagem proposta por Cruz (2004) – na Tabela 2.1 chamada de “Abordagem 1”,

não cumpre apenas o Critério 4, que se refere a considerar o conceito de regras de negócio,

conceito este de grande importância a ser levado em consideração no contexto do

desenvolvimento de software (Carvalho, 2009), além de não considerar um ambiente de DDS.

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2.7. Considerações Finais

A etapa de elicitação e análise de requisitos possui grandes desafios, e alguns destes podem

ser minimizados ou até superados, principalmente no que tange a ambiguidade e clareza, se

for adotada alguma abordagem de modelagem de processos de negócio (Carvalho, 2009). Ao

se considerar um ambiente de DDS, essa abordagem faz-se ainda mais necessária, haja vista

que os desafios nestes ambientes são maximizados, e não foram encontradas até o momento

na literatura, referências neste contexto.

Neste capítulo foram apresentados os elementos que fundamentam o arcabouço de

uma abordagem de EAR a partir da modelagem das regras de negócio. Foi, também,

apresentado o contexto, características e desafios do DDS. O capítulo também descreveu

quatro trabalhos que tangenciam a linha temática aqui abordada.

O Capítulo 3 apresenta um relato de características do processo de EAR coletadas por

meio de vivência in loco em empresas com equipes distribuídas desenvolvendo Software.

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Características da EAR na Indústria

3.1. Considerações Iniciais

No processo de desenvolvimento de software, uma questão que gera grandes discussões, tanto

na academia quanto na indústria, é o debate de temas relacionados à complexidade das

atividades de elicitação e análise de requisitos, que quando realizadas com equipes locais já

apresenta desafios, os quais aumentam, significativamente, quando ocorre a dispersão

geográfica destas equipes.

O desenvolvimento de software para qualquer contexto é caracterizado por uma série

de incertezas e desafios que vão desde a concepção do produto até sua entrega e utilização

pelos usuários finais.

Entretanto, é de senso comum que erros, omissões e/ou ambiguidades ocorridas nas

fases iniciais estendem-se por todo o do processo de desenvolvimento, gerando retrabalho,

dado o efeito-cascata decorrido, o que afeta diretamente custos e prazos (Sommerville, 2007;

Pressman, 2006). Isso torna a etapa de elicitação e análise de requisitos uma das mais

importantes e desafiadoras do processo como um todo. Propor abordagens neste contexto

pode exigir pesquisas sistemáticas e multidisciplinares.

Diante deste cenário, fez-se necessário uma pesquisa de campo com o objetivo de

identificar e ratificar evidências na indústria que comprovassem os relatos e estudos literários

descritos.

Este capítulo tem por objetivo descrever uma pesquisa de campo aplicada na indústria

de desenvolvimento de software (principalmente DDS, mas também desenvolvimento local a

3

Capítulo

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fim de não perder características deste modelo), cujo propósito foi caracterizar (identificar e

ratificar inconsistências) a etapa de EAR sob o ponto de vista de profissionais envolvidos

nesta etapa a partir dos desafios identificados na literatura especializada.

3.2. O Projeto de Pesquisa

A pesquisa determinou uma investigação em retrospecto da elicitação e análise de requisitos

de software auxiliada pela engenharia de processos de negócios, preferencialmente em

ambientes de desenvolvimento distribuído. O relato tem por objetivo analisar a organização,

os colaboradores, os produtos e os processos com o propósito de explorar e caracterizar a

forma de gerenciamento com respeito a riscos e desafios do ponto de vista de profissionais

que atuam diretamente neste âmbito, como analistas de negócios, gerentes de projetos, entre

outros.

O levantamento de dados foi diretamente apoiado pela CAPES por meio do Projeto

PROCAD – Programa Nacional de Cooperação Acadêmica, e foi realizado em 03 (três)

empresas brasileiras, uma situada no Estado do Paraná (PR) e duas no Estado do Rio Grande

do Sul (RS), e que desenvolvem software para os mais diversos domínios.

Para não expor as empresas e preservar a privacidade dos colaboradores, os nomes das

empresas foram referenciados neste trabalho, como também nos relatórios da pesquisa, como

“Empresa E1” (RS), “Empresa E2” (RS) e “Empresa E3” (PR) e os colaboradores por meio

do cargo ou função exercida.

3.3. Metodologia do Projeto de Pesquisa

Na literatura, há um número grande de metodologias de projeto de pesquisa. Por esta razão,

alguns fatores devem ser avaliados para a escolha da técnica a ser aplicada em determinado

contexto. Portanto, na pesquisa em questão realizou-se um estudo precedendo o planejamento

com a finalidade de definir as etapas de pesquisa e identificar as técnicas apropriadas.

As etapas da pesquisa foram elaboradas com base nos trabalhos de Yin (2005) e Mafra

e Travassos (2006), e são compostas das etapas de planejamento, execução, análise e

interpretação dos dados, e por fim, a apresentação dos resultados, conforme ilustra a Figura

3.1.

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Figura 3.1. Etapas do processo de pesquisa.

É fundamental que antes de descrever o planejamento, os objetivos da pesquisa

estejam definidos. O objetivo principal desta pesquisa foi realizar um levantamento

exploratório em empresas que desenvolvem software, preferencialmente de maneira

distribuída, com o propósito de detectar características e problemas relacionados à elicitação e

análise de requisitos de software. Deste contexto, derivaram-se os seguintes objetivos

específicos:

Conhecer a estrutura organizacional da empresa;

Conhecer a metodologia de elicitação e análise de requisitos adotados na

empresa;

Identificar os problemas sob a ótica de analistas de sistemas, analistas de

negócio e gerentes de projetos;

Analisar os artefatos gerados na fase de elicitação e análise de requisitos;

Relacionar o levantamento de dados com o tema em questão.

3.4. Planejamento

Na etapa de planejamento, o projeto de pesquisa e a seleção dos instrumentos do estudo são

definidos (Mafra e Travassos, 2006; Yin; 2005). As questões primárias e secundárias que

direcionam o pesquisador no campo e as proposições que auxiliam na análise e confiabilidade

dos dados, em confronto com as questões de pesquisa, são especificadas. As unidades de

análise, as fontes de evidência e os protocolos de coleta de dados também são formalizados no

planejamento do projeto de pesquisa.

A elaboração do projeto e a seleção dos instrumentos exigiram um estudo para

identificar e conhecer como planejar um estudo dessa natureza. Yin (2005) apresenta dois

possíveis problemas na etapa de planejamento de uma pesquisa de campo: a falta de rigor da

pesquisa em relação às evidências, e as visões tendenciosas aliadas à insuficiência de

evidências para triangular e confirmar resultados.

Como resultado desta etapa elaborou-se um documento denominado plano do

levantamento exploratório. A Tabela 3.1 apresenta os principais itens constantes deste plano.

Resultados Análise e

Interpretação Execução Planejamento

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Tabela 3.1. Itens do plano do levantamento exploratório

Itens Descrição

Questões de

estudo

1. Quais são as características e problemas encontrados na elicitação e análise de

requisitos de software?

2. Quais as características na elicitação e análise de requisitos quando não há

conhecimento documentado dos processos do cliente?

3. Quais os desafios específicos encontrados quando o contexto é o desenvolvimento

distribuído de software?

4. Há adoção de alguma prática (modelo ou metodologia) que pode mitigar ou

eliminar esses desafios?

Hipótese nula Elicitar e analisar requisitos ocorre da mesma forma independente do contexto da

empresa e do modelo de negócios.

Proposições

Os desafios do DDS influenciam diretamente na forma da elicitação e análise de

requisitos.

Ter as regras de negócio do cliente modeladas ajuda, significativamente, na

elicitação e análise de requisitos.

Os desafios de EAR em ambientes de DDS são reduzidos ao utilizar técnicas de

modelagem de processos de negócio.

Unidades de

análise

Organização

Produto

Indivíduo

Processo

Fontes de

coleta de

dados

Artefatos (organização, produto, processo, indivíduo)

Observação direta (organização, indivíduo)

Entrevista semiestruturada (produto, indivíduo, processo)

Itens de coleta

Estrutura organizacional

Cultura organizacional

Escopo dos produtos

Indicadores de produtividade

Comunicação entre os membros da equipe

Conhecimento dos membros da equipe sobre elicitação e análise de requisitos

Processo de desenvolvimento

Mapeamento dos processos

Modelo ou metodologia para elicitação e análise de requisito

Aderência da modelagem das regras de negócio do cliente à elicitação e análise de

requisitos

3.5. Execução

A execução do plano do levantamento exploratório apresentado na Seção 3.4 ocorreu entre os

meses de Junho e Julho de 2011. Obstáculos e restrições foram encontrados durante a

execução do plano, exigindo a elaboração de alternativas para manter o alinhamento com o

objetivo da pesquisa e minimizar os problemas descritos por Yin (2005) na fase de

planejamento.

Para alcançar o resultado esperado (confirmar ou negar as proposições de pesquisa)

foram planejadas 04 (quatro) fases para esta etapa (Yin, 2005; Mafra e Travassos, 2006):

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Preparação: Seleção dos participantes e preparação dos documentos, técnicas e

instrumentos de coleta de dados a partir das questões definidas na etapa de

planejamento.

Coleta: Aplicação dos documentos e técnicas da fase de preparação.

Análise preliminar: Organização e compreensão dos dados coletados para

aplicação da técnica de confiabilidade.

Confiabilidade: Aplicação de técnicas para ratificar os dados obtidos dos itens

de coleta de dados da etapa de planejamento.

Na fase de preparação ocorreram os obstáculos e as restrições que impactaram na

execução do estudo. Dentre eles estão:

Tamanho da amostra: Limitação do número de participantes na pesquisa.

Poucos colaboradores foram liberados para interromper suas atividades e

contribuir com o estudo.

Seleção dos participantes: Seleção por conveniência dos colaboradores devido

a fatores organizacionais e disponibilidade.

Restrição das fontes de coleta de dados: Acesso a fontes de pesquisa tais como

documentos específicos e observações detalhadas foram restritos visando a

privacidade dos colaboradores e da empresa.

Validação dos dados: A ausência de diferentes pontos de vista e fontes de

evidência impossibilitou a aplicação de técnicas mais eficientes tais como

validação e confiabilidade dos dados. Deste modo, não foi possível triangular

os dados.

Estes obstáculos e/ou restrições relacionados são ameaças em estudos dessa natureza,

contudo é difícil ou inviável elaborar ações a fim de minimizar estes na etapa de

planejamento. Em situações que o pesquisador conhece os colaboradores da empresa e possui

acesso antecipado para preparar o plano com maior precisão, é aconselhado que sejam

previstas e elaboradas ações de alinhamento nesse sentido.

O acesso a um número reduzido de colaboradores nas empresas prejudicou a seleção

adequada dos participantes (tamanho da amostra), impossibilitando a participação de mais

pessoas com cargos e funções distintas, bem como a triangulação de dados na fase de coleta.

No entanto, um fator positivo foi o nível dos participantes na estrutura organizacional, que

estavam em nível de tomadas de decisões (nível estratégico) e com conhecimento contextual

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maior. A Tabela 3.2 apresenta uma breve descrição dos participantes das empresas “Empresa

E1”, “Empresa E2” e “Empresa E3”.

Tabela 3.2. Descrição dos participantes da pesquisa

Empresa Descrição

Empresa E1 Gerente de Projetos com certificação PMP; Gerente de Tecnologia com formação na área de

TI e 8 anos de experiência neste segmento, sendo 1 ano nos EUA; e Analista de Negócios

com larga experiência em pequenos e médios projetos, com certificação SCRUM.

Empresa E2 Gerente de Projetos com experiência de 6 anos em metodologias ágeis, principalmente

SCRUM e XP; e Analista de Negócios com 8 anos de experiência aliada a certificações na

área.

Empresa E3 Bacharel em Ciência da Computação e especialista em desenvolvimento de software, com 7

anos de experiência em modelagem de processos de negócios de clientes e em gestão de

pessoas. Atualmente atua como Gerente de Projetos e Produtos.

Entre os 03 (três) instrumentos de coleta de dados previstos na etapa de planejamento

(artefatos, observação direta e entrevista), apenas 01 (um) foi aplicado efetivamente – a

entrevista, enquanto os outros dois ocorreram de modo parcial. Este fato decorreu das

restrições impostas pelas empresas preocupadas em garantir a confidencialidade dos dados

estratégicos e a privacidade dos colaboradores.

Os instrumentos de coleta de dados por meio de entrevistas in-loco e acesso a dados

públicos a partir de registros em arquivos (site da empresa) ocorreram na fase de coleta dos

dados. A leitura e validação dos relatórios individuais por empresa foram aplicadas na fase de

confiabilidade dos dados para garantir a consistência da entrevista in-loco. É importante

ressaltar que a preparação da execução do plano foi analisada e customizada para cada

empresa. Para organizar os dados coletados e facilitar a aplicação da técnica de confiabilidade

realizou-se uma análise preliminar.

A Figura 3.2 apresenta as atividades e técnicas utilizadas durante as fases da etapa de

execução.

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Figura 3.2. Atividades executadas em cada fase da etapa de execução.

Nas três empresas o contato inicial foi via e-mail para agendamento, e o contato

pessoal ocorreu sempre nos dias e horários marcados, sem atrasos ou adiamentos.

3.5.1. Coleta de Dados

O processo de coleta de dados incorporou entrevistas semiestruturadas e revisão de registros

em arquivos.

A entrevista semiestruturada é a elaboração e aplicação de perguntas que envolvem as

questões primárias e secundárias definidas na etapa de planejamento e a formulação de outras

perguntas inerentes ao contexto e às circunstâncias da entrevista (Martins, 2006; Yin, 2005). A

revisão de registros em arquivos envolve a identificação e extração de dados contidos em

meios físicos ou digitais.

Na empresa “Empresa E1”, os dados foram coletados por meio de uma única fonte de

evidência: entrevista. As entrevistas foram realizadas em dias e horários distintos, sendo todas

elas entre 01 e 31 de Julho de 2011. Com exceção da entrevista com o Gerente de Tecnologia

que teve duração de 2 horas, as demais duraram em média 45 minutos. Essa fonte de

evidência possibilitou a coleta de dados sobre a organização, os produtos, os indivíduos e os

processos. O formato de trabalho da empresa não permitiu fazer uso de outras fontes de

evidência.

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Na “Empresa E2”, as entrevistas foram realizadas com duas pessoas que ocupam

cargos distintos, sendo eles: Gerente de Projetos e Analista de Negócios. Tais entrevistas

ocorreram em dias e horários distintos, sendo ambas entre 01 e 31 de Julho de 2011. As

entrevistas tiveram duração de aproximadamente 30 minutos com o Gerente de Projetos e 50

minutos com a Analista de Negócios. Essa fonte de evidência possibilitou a coleta de dados

sobre a organização, os produtos, os indivíduos e os processos. O registro em arquivo ocorreu

entre os dias 01 e 31 de Julho de 2011 a partir de dados públicos apresentado pela “Empresa

E2” em sua página da Internet. Essa fonte de evidência possibilitou a coleta de dados sobre os

produtos de mercado e clientes da empresa. A observação ocorreu nos mesmos dias das

entrevistas e tiveram duração aproximada de 30 minutos cada. Esta fonte de evidência

possibilitou observar a atuação dos profissionais analistas de negócios e de que forma o

histórico das estórias evolui (concepção – validação – implementação – testes).

Na “Empresa E3”, a entrevista foi realizada com uma pessoa que ocupa o cargo de

Gerente de Projetos e Produtos no dia 09 de Junho de 2011, e teve duração de

aproximadamente 80 minutos. Essa fonte de evidência possibilitou a coleta de dados sobre a

organização e os processos da “Empresa E3”. O registro em arquivo ocorreu em 10 de Junho

a partir de dados públicos apresentados pela “Empresa E3” em sua página da Internet. Essa

fonte de evidência possibilitou a coleta de dados sobre os produtos de mercado e clientes da

empresa. O formato de trabalho da empresa possibilitou estas duas fontes de evidência.

A Tabela 3 apresenta, em suma, a etapa de coleta de dados.

Tabela 3.3. Resumo da fase de coleta de dados

Empresa Local Data Duração Unidades de análise Instrumentos

Empresa E1 Porto Alegre

(RS) 07/2011

120 min

45 min

45min

Organização, indivíduos

e processos

Entrevista semi-

estruturada

Empresa E2 Porto Alegre

(RS) 07/2011

30 min

50 min

Organização, indivíduos

e processos.

Entrevista semi-

estruturada, registro em

arquivos e observação

Empresa E3 Cascavel

(PR) 06/2011 80 min

Organização e

processos.

Entrevista semi-

estruturada

Durante as entrevistas in-loco buscou-se imbricar as questões sobre os itens de coleta

apresentados no plano do levantamento exploratório (Anexo A). No Anexo B estão os

relatórios das entrevistas individuais por empresa.

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3.5.2. Análise Preliminar da Coleta de Dados

Os dados obtidos por meio de entrevista, observação e registro em arquivos foram

organizados e sintetizados em tópicos para facilitar a compreensão e a padronização dos

resultados dos itens de coleta. Os tópicos definidos foram:

Estrutura organizacional

Metodologia/técnicas utilizadas para elicitação e análise de requisitos

Modelagem dos processos de negócios dos clientes

Desafios específicos da elicitação e análise de requisitos no contexto de

desenvolvimento distribuído de software

Cada tópico expressa um grupo de características encontradas na pesquisa de campo

que podem colacionar a forma de condução dos projetos com o propósito de confirmar ou

negar as proposições de pesquisa.

3.5.3. Confiabilidade e Análise dos Dados

A confiabilidade dos dados foi obtida por meio da técnica de convalidação (equivalência).

Segundo Martins (2006), essa técnica é confiável se a correlação entre os resultados coletados

não sofrem mudanças consideráveis (correlação fortemente positiva).

Nesta fase, os dados obtidos pelos instrumentos de entrevista, registro em arquivo e

observação foram relatados e enviados, propositalmente, entre 15 e 25 dias depois para os

respondentes que sinalizaram quanto à fidelidade dos mesmos. Este prazo deu-se para mitigar

o impacto de replicação de resposta dos participantes por conveniência.

Outras técnicas estudadas, tais como questionários, teste e reteste, coeficientes alfa de

Cronbach e KR-20 e split-half, foram desconsideradas devido aos obstáculos da fase de

preparação e à natureza do estudo.

Procurando sintetizar os dados coletados e confirmados na etapa de execução foi

construído uma estrutura tabular que descreve cada tópico da análise preliminar para as

respectivas empresas estudadas. O resultado é apresentado na Tabela 3.4.

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45

Tabela 3.4. Descrição dos tópicos de análise por empresa

Tópicos Empresa E1 Empresa E2 Empresa E3

Estrutura organizacional

A estrutura organizacional da empresa é

fortemente hierarquizada e com gestão

distribuída entre vários gerentes de etapas

específicas, todos respondendo a um gerente

de projetos. O gerente de projetos é

responsável pela viabilidade e

acompanhamento dos novos projetos

enquanto os gerentes de área são

responsáveis pelos segmentos operacionais

da empresa, tais como, de elicitação e análise

de requisitos, de desenvolvimento, de testes e

de tecnologia. O gerente de projetos,

hierarquicamente, está acima dos gerentes de

áreas.. Decisões que afetem mais de uma

equipe são tomadas em conjunto pelo corpo

de gestores. Geralmente o gestor de uma área

participa como ouvinte das tomadas de

decisões finais da área que o antecede no

processo de desenvolvimento. O número de

recursos humanos em todo processo de

desenvolvimento e manutenção dos produtos

da empresa é considerado alto, haja vista que

a maioria dos projetos é de médio e grande

porte.

A estrutura organizacional da empresa é

fracamente hierarquizada haja vista que

trabalha com times auto gerenciáveis.

Um pouco acima do time está o gerente de

projetos (que coordena vários projetos

simultaneamente).

No âmbito operacional há poucos membros

em cada time, e cada um com seus papéis

bem definidos, dando a impressão que não há

diferenças hierárquicas – fato marcante

quando se faz uso de métodos ágeis para

gerenciamento e desenvolvimento.

A estrutura organizacional da empresa é

hierarquizada e com gestão limitada por um

corpo de gestores composto por 01 (um)

gerente de projetos e 06 (seis) gerentes de

área. O gerente de projetos é responsável pela

viabilidade e acompanhamento dos novos

projetos enquanto os gerentes de área são

responsáveis pelos segmentos operacionais

da empresa, tais como: desenvolvimento,

testes, comercial e financeiro.

Tanto o gerente de projetos quanto o gerente

de área estão no mesmo nível hierárquico e

possuem responsabilidades sobre equipes

semi-dinâmicas. Decisões que afetem mais

de uma equipe são tomadas em conjunto pelo

corpo de gestores. O número de recursos

humanos em todo processo de

desenvolvimento e manutenção dos produtos

da empresa envolve aproximadamente 25

(vinte e cinco) colaboradores distribuídos em

equipes menos, geralmente entre 6 e 9

pessoas, sob a gestão dos gerentes.

Metodologia/técnicas

utilizadas para elicitação

e análise de requisitos

&

Modelagem dos

processos de negócios

dos clientes

Há um time treinado especificamente para ter

o contato com o cliente. Os integrantes destes

times são conhecedores de processos de

negócios comuns à maioria dos sistemas de

informação de propósito geral (rotinas

financeiras, rotinas contábeis, etc.). Desde a

fase inicial de um novo software, gera-se

bastante documentação em um formato

padronizado (basicamente inglês

estruturado). É adotado o formato de

documentos conhecido como BRD (Business

Requirement Document) – padrão disponível

Toda elicitação e análise de requisitos é

baseada em estórias escritas/validadas pelo

cliente com o acompanhamento técnico do

analista de negócios. Não há modelagem

gráfica alguma, o que também foi apontado

como possível causa de alguns defeitos em

softwares, justamente por conta de que a

validação das estórias é apenas subjetiva e

baseada apenas em um texto de poucas linhas

e semiestruturado, o que pode gerar

ambiguidade dependendo da experiência dos

membros que compõe o time, fato que obriga

As pessoas que executam tarefas relativas à

análise de negócios compõem um time fixo

com esta finalidade, uma vez que também

precisam conhecer o produto da empresa

(que segue a linha de CRMs) a fim de elicitar

e analisar os novos requisitos e a

compatibilidade destes com o que já existe

no produto da empresa. Como geralmente o

que ocorre são pequenas personalizações, a

empresa usa modelagem gráfica para tal – já

usou apenas workflows e atualmente vem

usando BPMN, o que acaba por gerar os

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na Internet e usado por várias empresas. Este

formato de documento é adaptado às

necessidades do projeto. Já houve

experiências do uso de modelagem gráfica

usando BPMN, mas esta não substituiu em

algum momento a descrição textual. Um

ponto negativo foi que poucos integrantes de

outras partes do processo de

desenvolvimento conheciam a notação

gráfica utilizada, limitando um maior uso da

mesma.

a empresa a ter sempre profissionais de alta

qualidade e com certa experiência. Muitas

vezes estes profissionais são alcançadas

apenas de forma distribuída geograficamente.

requisitos funcionais da parte a ser

personalizada do software. Junto com a

notação são inseridas legendas com pouco

texto detalhando aquela possível

dúvida/ambiguidade.

Desafios específicos da

elicitação e análise de

requisitos no contexto de

desenvolvimento

distribuído de software

Um dos desafios apontados como decisivo

foi a possível ambiguidade que pode ser

gerada na documentação realizada, pois

podem existir conflitos de cultura tanto

pessoal quanto técnica, ou seja, o que está

claro para o cliente e para o time que faz a

elicitação e análise de requisitos, pode

parecer ser outra coisa para o time que

desenvolve e/ou o time que testa o novo

produto (que pertence à mesma empresa, mas

geralmente está em outro país - Offshore

Insourcing). A possível causa deste problema

se dá por que os documentos usam apenas

um texto estruturado. Outro desafio

determinante foi que, como esta empresa tem

times de desenvolvimento em pelo menos 4

pontos do mundo, onde os extremos do fuso

horário chegam à diferença de 7 horas, há

desafios na comunicação visando a

continuidade quando uma equipe está

finalizando o dia e outra iniciando. A

documentação neste ponto é também apenas

escrita.

As estórias são escritas e validadas pelos

analistas de negócios juntamente com os

clientes, e sempre são curtas e objetivas

(seguindo os princípios ágeis), o que por

vezes gera inconsistência e/ou não

completeza das informações para um

requisito. Isso, não raras as vezes, gera algum

atraso, pois é necessário reunir-se novamente

com o cliente e o analista de negócios a fim

de diminuir/eliminar as incertezas

decorrentes.

Não é possível fazer apontamentos neste

quesito para a empresa E3, pois atualmente

ela não atua com DDS, mas tem perspectivas

de trabalhar com terceirização de código

dentro do Brasil (Onshore Outsourcing) em

meados de 2013.

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Ao analisar a Tabela 3.4, é possível julgar as proposições do plano do estudo em

verdadeiras ou falsas, atribuindo respectivamente os valores “SIM” ou “NÃO”. Em cada linha da

Tabela 3.5 é apresentada uma proposição juntamente com o resultado do seu efeito, baseado na

pesquisa de campo realizada nas empresas desenvolvedores de software.

Tabela 3.5. Confirmação das proposições do Plano de Estudo (Tabela 3.1)

Hipótese Nula Avaliação [SIM] [NÃO]

Elicitar e analisar requisitos ocorrem da mesma forma independente do contexto

da empresa e do modelo de negócios. NÃO

Proposições Avaliação [SIM] [NÃO] Os desafios do DDS influenciam diretamente no formato da elicitação e análise

de requisitos. SIM

Ter as regras de negócio do cliente modeladas ajuda significativamente na

elicitação e análise de requisitos. SIM

Os desafios de EAR em ambientes de DDS são reduzidos ao utilizar técnicas de

modelagem de processos de negócio. SIM

Ao analisar a Tabela 3.5 derivada da análise dos dados colhidos in loco, nota-se que a

hipótese nula – “Elicitar e analisar requisitos ocorrem da mesma forma independente do contexto

da empresa e do modelo de negócios”, foi refutada, confirmando que essa etapa do processo de

desenvolvimento de software requer atenção especial, seja para o desenvolvimento local, seja

distribuído, haja vista que a assertiva não limitou-se a um ou outro.

As 3 (três) proposições do plano de estudo, a saber: (i) Os desafios do DDS influenciam

diretamente no formato da elicitação e análise de requisitos; (ii) Ter as regras de negócio do

cliente modeladas ajuda na elicitação e análise de requisitos; e (iii) Os desafios de EAR em

ambientes de DDS são reduzidos ao utilizar técnicas de modelagem de processos de negócio,

foram descritas como “SIM”, sendo confirmadas após a análise dos resultados do projeto de

pesquisa realizado nas empresas. Esse resultado ratifica o que a literatura expõe e, novamente,

justifica a abordagem proposta no Capítulo 5.

3.6. Considerações finais

A etapa de EAR é de grande importância no desenvolvimento de software, haja vista que erros,

ambiguidades e similares nesta fase, implicam em consequências drásticas nas etapas seguintes,

afetando diretamente custos, prazos, satisfação do cliente, entre outros (Sommerville, 2007).

Por meio dos resultados obtidos da pesquisa in-loco em empresas desenvolvedoras de

software, ficou ratificado o que a literatura apresenta de forma acadêmica. Foi notória, neste

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ínterim, a necessidade que os profissionais envolvidos têm de métodos, técnicas e ferramentas

para etapas específicas do processo de desenvolvimento de software.

O Capítulo 4 apresenta como tema central a modelagem de processos de negócio,

abordando desde princípios, metodologias de modelagem, regras de negócios e conceitos

correlatos que fundamentam a abordagem descrita no Capítulo 5.

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Modelagem de Processos de Negócio

4.1. Considerações Iniciais

A modelagem de processos de negócios, além de seguir princípios e critérios para escolha dos

níveis de detalhamento, pode também ser executada por diferentes métodos. Estes métodos

tentam garantir a existência de uma linguagem comum e estruturada. Mayer (1995) afirma que

um método corresponde à disciplina ou prática organizada com um propósito único.

Os conceitos abordados neste capítulo se fazem importantes por permitirem a

compreensão de questões da EPN relacionadas direta ou indiretamente ao contexto desta

dissertação, de modo que o objetivo central desse capítulo é fornecer ao leitor um alicerce

conceitual sobre temas da EPN com vistas a subsidiar a estratégia proposta no Capítulo 5.

A Figura 4.1 esquematiza a organização deste capítulo.

4

Capítulo

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Figura 4.1. Esquematização do Capítulo 4.1.

4.2. Princípios da Modelagem de Processos de Negócio

Modelar processos compreende entender a estrutura organizacional, as regras de negócio que

atuam no contexto, os objetivos, as atividades e responsabilidades das pessoas envolvidas, bem

como os dados manipulados (Nuseibeh e Easterbrook, 2000). A modelagem de processo tem

lugar central nos instrumentos da Engenharia de Processos (Santos, 2002), e é essencial para

promover a integração e a coordenação nas organizações (Vernadat, 1996).

O objetivo da modelagem de processos é desenvolver os modelos que capturem as

diversas características no negócio, podendo por vezes simplificar a representação de uma

realidade mais complexa omitindo detalhes irrelevantes para a análise desejada (Bubenko et al,

2001).

Santos (2002) afirma que são objetivos da modelagem de processos a representação de

maneira uniforme da empresa; o fornecimento de suporte ao projeto de novas áreas

organizacionais; e a elaboração de modelo para controle e monitoramento das operações da

empresa. Alguns benefícios que a modelagem pode trazer:

Implantação da cultura e compartilhamento de uma visão única transmitida por

toda a organização utilizando-se de linguagem padrão – os modelos utilizados;

EPN Considerações

Iniciais

Princípios da

Modelagem de PN

Níveis de Agregação

Metodologias de

Modelagem

ARIS

CIMOSA

IDEF

Redes de Petri

BPMN

UML

Regras de Negócio

Modelagem de RN

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Uso/explicitação do conhecimento e da experiência organizacional, visando a

construção da memória da empresa, tornando-se, assim, um ativo organizacional;

Suporte à tomada de decisão, devido à melhoria e controle organizacional.

Com a modelagem de processos é possível gerar uma visão processual em detrimento da

funcional. A visão processual facilita, segundo Cameira e Caulliraux (2000), mesmo que de

modo indireto, a quebra de barreiras funcionais, permitindo o tratamento processual dos fluxos

de informação.

Esse ponto de vista da organização promove o encadeamento das funções organizacionais

e a ligação das atividades em nível de processo entre as várias áreas da empresa. Além disso,

promove o entendimento dos fluxos transversais de informação, ao se desenvolver processos de

reengenharia (Davenport, 1994; Davenport e Prusak, 1998), melhoria contínua (Shingo, 1996) ou

construção de novos negócios, e torna-se importante para projetos de sistemas de informação.

A Figura 4.2 confronta a lógica processual com a visão funcional tradicional, na qual a

lógica processual é modelada seguindo o fluxo horizontal.

Figura 4.2. Visão funcional versus visão processual (Antunes et al., 1998).

A atividade de modelar processos deve seguir alguns princípios que, segundo Santos

(2002), são essenciais para um bom resultado das ações relacionadas à criação de modelos. Um

primeiro conjunto de princípios foi proposto por Rosemann (apud Scheer, 1998; Aalst et al.,

2000), a saber:

Aderência: Princípio que guia o entendimento sobre a proximidade do modelo à

estrutura e ao funcionamento da realidade modelada;

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Relevância ou suficiência: Cada objeto representado no modelo deve ter um

propósito de forma que um modelo não contenha mais informações do que o

necessário;

Custo/benefício: Análise da quantidade de trabalho necessária para criar o

modelo versus utilidade do mesmo versus quanto tempo o modelo será usado;

Clareza: Princípio considerado de grande importância em função da própria

definição de modelo capaz de ser entendido e usado pelos usuários (Pidd, 1999);

Comparabilidade: Princípio que direciona a comparação entre diferentes

processos; e

Estruturação sistemática: Princípio relacionado à capacidade de integrar

modelos, representando diversos aspectos da realidade e à capacidade desses

modelos se estruturarem metodologicamente.

Para Pidd (1999) há outros princípios de modelagem importantes: modelagem simples;

pensamento complicado; uso de parcimônia, estratégia incremental (iniciando com pouco e

acrescentando); uso da divisão e conquista; uso de metáforas, analogias e similaridades e pouco

apego aos dados.

Vernadat (1996) lista como princípios de modelagem a separação de focos para reduzir a

complexidade; decomposição funcional e modularidade; generalidades do modelo; re-

usabilidade; separação do comportamento e funcionalidade; desacoplamento entre processos e

recursos; conformidade; visualização do modelo; simplicidade versus adequação; gestão da

complexidade; rigor na representação e separação de dados e controle. Esses princípios se

mostram importantes para auxiliar o alcance dos objetivos pretendidos pelos processos no

escopo de aplicações da EPN.

Ao se tratar da aplicação dos processos de negócio em um projeto de software, a adoção

do conjunto de princípios de Rosemann (apud Scheer, 1998; Aalst et al., 2000) se mostra

importante, pois estes visam garantir a construção de modelos de processo adequados a esse tipo

de aplicação.

4.2.1. Níveis de Detalhamento

Além de seguir princípios de modelagem, a visão processual, ao se materializar em modelos de

processos, deve ter um nível de agregação adequado. Para Cameira e Caulliraux (2000) essa

questão gera infindáveis discussões, principalmente por não haver consenso para regras exatas.

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Entretanto, segundo os autores, é possível adotar diretrizes que facilitam a identificação

do nível de agregação que se deve chegar, mas que sempre são permeadas pelo bom senso e

experiência de quem conduz a modelagem.

Segundo Cameira e Caulliraux (2000), o processo deve descrever claramente o fluxo de

informação (e materiais/documentos associados); um processo não deve ser desagregado demais,

mesmo que se deseje entender rápida e globalmente como são os macroprocessos de uma

organização.

O mesmo raciocínio se aplica ao se considerar que o maior leque de problemas ou de

ganhos operacionais está, provavelmente, alocado nos processos operacionais, que não

necessariamente aparecem em modelagens agregadas ou em descrições de fluxos em nível

macro.

4.2.2. Metodologias de Modelagem

O’Neill (1999) afirma que, na literatura especializada, a maioria dos autores refere-se a um

conjunto de técnicas (métodos e ferramentas) diferenciadas para a modelagem de processos de

negócio. A escolha da(s) técnica(s) está ligada à natureza do processo em estudo, sendo comum à

adoção de apenas uma técnica de diagramação.

Dentre os métodos que oferecem apoio às ações de modelagem de processos, serão

abordados com mais detalhes os seguintes:

ARIS (Architecture for Integrated Systems) – Arquitetura para Sistemas

Integrados;

CIMOSA (Computer Integrated Manufacturing Open System Architecture) –

Arquitetura Aberta de Sistemas CIM;

IDEF (Integration Definition Methods) – Métodos Integrados de Definição;

Redes de Petri;

Notação de Modelagem de Processos de Negócio – BPMN (Business Process

Modeling Notation).

Modelagem de Processos de Negócio com UML.

Esses métodos foram selecionados por fornecerem suporte à modelagem de processos

principalmente quando o objetivo é a aplicação desses processos em projeto de sistemas de

informação. As subseções seguintes os descrevem.

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4.2.2.1. ARIS (Architecture for Integrated Systems)

Desenvolvida no período de 1992 a 1994 na Alemanha, ARIS é um framework de modelagem

que enfatiza os aspectos organizacionais e de engenharia de software da empresa (Vernadat,

1996).

A arquitetura do ARIS é fundamentada na utilização de uma grande variedade de

modelos e objetos através dos quais os processos de negócio são representados e analisados por

meio da ferramenta ARIS Toolset, e se baseia na integração dos processos de negócios com uma

divisão em visões que possibilitam a representação das partes que, juntas, compõem o todo

(Scheer, 1998).

Scheer (1998) define quatro visões, contendo cada uma delas três níveis de modelagem:

Definição dos Requisitos, Projeto e Implementação. Estas visões são:

Visão Funcional: Conjunto de modelos que definem, hierarquicamente, todas as

funções da empresa iniciando-as pelas macro e decompondo-as até o nível de

detalhe que permite especificar funções de implementação específicas dentro de

aplicativos de software;

Visão dos Dados: Modelo de dados, partindo das definições das informações

mais complexas (relatórios ou conjunto de informações) para a elaboração do

modelo de dados e seus relacionamentos, gerando posteriormente a definição de

esquemas da base de dados;

Visão Organizacional: Especifica e detalha a estrutura organizacional da

empresa desde a definição das divisões e unidades de negócios, a estrutura de

cargos e seus ocupantes, até a estrutura física com os equipamentos, dando ênfase

no que tange à infra estrutura na medida em que há métodos específicos para a

modelagem da rede de computadores da empresa;

Visão de Controle: Relaciona as três visões acima citadas. Nesta visão há

métodos de modelagem específicos para definir a relação entre as demais

(funções, dados e organização).

Este framework conta também com os seguintes modelos: Cadeia de Valor Agregado –

VAC; Diagrama de Objetivos – DO; Árvore de Funções – FT; Organograma – ORG; Diagrama

de Entidades e Relacionamentos – ERM; Estrutura de Conhecimento – KSD; Diagrama de

Função – FAD; e Cadeia de Processos orientada por eventos – EPC, sendo este último o mais

importante para representar a visão processual.

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Cada um destes modelos tem objetivos específicos, mas são utilizados de forma inter-

relacionada (Santos, 2002). A Figura 4.3 ilustra como os modelos disponíveis na ARIS estão

distribuídos nas visões e os três níveis (Definição de Requisitos, Projeto e Especificação e, por

fim, Implementação) existentes para cada visão, que conforme prevê a arquitetura ARIS4,

possibilita a projeção de sistemas de informação orientados pela estratégia e, principalmente,

pelos processos.

Figura 4.3. Modelagem de um SI utilizando orientação por processos com ARIS (Sheer, 2000).

Conforme a Figura 4.3, a visão funcional permite, por meio de seus modelos, a

identificação das funções associadas aos objetivos e de suas hierarquias, tornando-se possível

visualizar quais funcionalidades devem ser executadas para o alcance dos objetivos desejados.

A visão de dados associada aos modelos promove a modelagem semântica dos dados,

permitindo realizar a especificação das aplicações que apoiam as funções, processos e objetivos.

4 ARIS prevê, por meio da integração das visões e dos seus modelos, que a modelagem de processos seja utilizada

para apoiar as fases de: pré-implantação, implantação e pós-implantação de Sistemas Integrados de Gestão (SIGs),

permitindo identificar e configurar componentes do sistema com os modelos (SANTOS et al., 2002).

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A visão de organização, por sua vez, permite a modelagem e a análise da estrutura

organizacional, contribuindo com a análise dos processos de negócio, já que mostra a divisão de

trabalho, bem como a hierarquia de responsabilidades e a coordenação.

A visão de processos (ou controle) tem como responsabilidade a integração das demais

visões, por meio do emprego do modelo de processos que representa o aspecto dinâmico e

comportamental da organização.

Por fim, a saída é responsável pela representação dos produtos ou serviços e suas

relações.

4.2.2.2. CIMOSA (Computer Integrated Manufacturing Open System

Architecture)

Elaborada e documentada por um consórcio de empresas chamado AMICE durante os anos 1986

e 1994, compreende tanto a modelagem propriamente dita como a metodologia de implantação

CIM (Computer Intergraded Manufacturing). CIMOSA consiste em uma arquitetura/framework

composta de uma definição geral do escopo e implantação CIM, guias para a implantação, e a

definição de termos e padrões para modelagem e implantação, e objetiva ajudar as organizações

a gerenciar mudanças e integrar suas facilidades e operações visando alcançar preço, qualidade e

tempo de entrega competitivos (Vernadat, 1996; Vicente, 2004, CIMOSA, 2012).

CIMOSA tem como princípios ser uma estrutura de modelagem popular com suporte

para todas as fases do ciclo de vida dos sistemas CIM, desde a definição de requisitos, passando

pela fase de especificação e de descrição da implementação, chegando até a execução das

atividades diárias de operação da organização. O cerne desta metodologia é baseado em uma

abordagem de modelagem dirigida por eventos e baseada em processos, com o objetivo de

representar aspectos essenciais em um modelo de negócio. Os aspectos abordados pela CIMOSA

são: funcionais, comportamentais, recursos, informações e a organização (Santos, 2002).

4.2.2.2.1. Estrutura da Modelagem CIMOSA

A arquitetura/framework CIMOSA é composta por três componentes principais (também

conhecida como Cubo CIMOSA): uma estrutura para a modelagem do domínio, uma

infraestrutura de integração do projeto e um ciclo de vida associado à modelagem realizada

(Vernadat, 1996). A Figura 4.4 ilustra essa estrutura de três camadas:

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Figura 4.4. Estrutura de Modelagem CIMOSA (adaptado de Kosanke, 1995).

Conforme a Figura 4.4 ilustra, a modelagem baseia-se em três camadas (Vernadat, 1996;

Santos, 2002; Vicente, 2004; Kosanke, 1995; CIMOSA, 2012):

Derivação de Modelos – responsável por direcionar a modelagem de processos de

negócios de acordo com os níveis de modelagem necessários;

Particularização – Consiste de duas partes: (i) uma arquitetura de referência –

usada para auxiliar usuários de negócios no processo de construção de sua

arquitetura particular; e (ii) uma arquitetura particular – conjunto de modelos

documentando o ambiente CIM do usuário, da análise de requisitos à sua

implementação; e

Geração de Visões – Aborda a modelagem de processos de negócios de

manufatura sob diferentes visões.

O princípio de Derivação de Modelos sugere que a modelagem de um negócio seja

realizada com três fases sucessivas (iterações entre essas fases são permitidas, se necessárias)

(Vernadat, 1996; CIMOSA, 2012):

a) Definição de requisitos: Expressar as necessidades do negócio na visão dos

usuários;

b) Especificação de Projeto: Construir um modelo formal, conceitual e executável

do sistema de informação que a empresa necessita;

c) Descrição da Implementação: Documentar detalhes e mudanças na

implementação, recursos instalados, e mecanismos de gerenciamento de exceções.

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O princípio de Geração de Visões contempla os aspectos considerados na análise de um

negócio/empresa. Conforme Vicente (2004) e CIMOSA (2012), são definidas quatro visões

básicas:

a) Visão de função: Representa a funcionalidade e comportamento da

empresa/negócio (eventos, atividades e processos) incluindo aspectos temporais e

de gerência de exceções;

b) Visão de informação: Representa os objetos da empresa e seus elementos de

informação;

c) Visão de recursos: Representa os meios da empresa e seu formato de

gerenciamento;

d) Visão de organização: Representa os níveis organizacionais, autoridades e

responsabilidades.

A arquitetura CIMOSA, apesar de se mostrar interessante, é bastante dependente de

ferramentas específicas, dada sua elevada complexidade e, para que seja possível implementar

tais ferramentas, se faz necessária uma clara interpretação das quatro visões em detalhes,

garantindo eficácia à ferramenta.

4.2.2.3. IDEF (Integration Definition Methods)

A metodologia IDEF (Integration Definition Methods) foi criada no início dos anos 70, como

parte ICAM (Integrated Computer Aided Manufacturing) e oferece apoio a uma abordagem para

prover métodos que apoiem a integração empresarial ou organizacional (Mayer, 1995; Vernadat,

1996).

Inicialmente, a metodologia IDEF foi projetada para engenharia de sistemas, mas com o

passar dos anos, foi agregando novos métodos relacionados a diversos aspectos organizacionais

que não somente sistemas de informações.

O resultado dessa evolução separou a IDEF em vários métodos. Um método IDEF

consiste de um conjunto de atividades hierárquicas, na qual cada atividade de nível inferior

representa uma função que deve ser executada para realizar a atividade de nível superior.

Adicionalmente, um conjunto de entidades (entrada, saída, controle e recursos) representa

o fluxo de comunicação entre as atividades do processo (Mayer, 1995). Alguns exemplos são: (i)

IDEF0: Relacionado à modelagem funcional; (ii) IDEF1: Para modelagem de informações; (iii)

IDEF2: Desenvolvido para suporte a simulações; (iv) IDEF3: Para descrição e captura de

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processos; (v) IDEF4: Método para modelagem orientada a objetos; e (vi) IDEF5: Para descrição

de ontologias.

Há alguns métodos que estão parcialmente desenvolvidos como o IDEF9, que aborda

identificação de restrições nos processos; o IDEF8, que trata do projeto de sistemas para

interação humana; o IDEF14, que contempla projeto de redes. Novos sub-métodos ainda devem

ser desenvolvidos, para auditoria de sistemas de informação (IDEF7), para modelagem de

artefatos de informação (IDEF10) e o IDEF12, que objetiva projetos organizacionais (Vernadat,

1996; Grover, 2000; Vicente, 2004; Carvalho, 2009).

Entre os métodos propostos pela metodologia IDEF, é possível destacar o IDEF3, que

está diretamente relacionado à modelagem de processos. Este método é composto por dois

modelos denominados de Fluxo de Processo (Process Flow) e Rede de Transição de Estado de

Objeto (Object State Transition Network (OSTN)), nos quais a aquisição do conhecimento

associado às atividades é conseguida por meio da captura direta de eventos ou atividades

existentes no mundo real.

O primeiro modelo, Fluxo de Processo, tem como objetivo descrever “como as coisas são

feitas” dentro da organização ou em um determinado processo de produção. O segundo modelo,

Rede de Transição de Estado de Objeto, descreve os eventos e condições pelos quais um objeto

passa em um determinado processo. É importante ressaltar que ambos os modelos possuem

unidades de informação e podem, portanto, serem usados na descrição de sistemas de informação

(Grover, 2000; Vernadat,1996; Santos, 2002).

Um conceito importante utilizado na organização básica de uma descrição e captura de

processo por meio de IDEF3 é o conceito de cenário, que pode ser interpretado como uma

atividade ou situação recorrente, um conjunto de situações que descrevem os problemas típicos

enfrentados por uma organização ou o contexto em que um determinado processo se inicia ou

evolui. Os cenários estabelecem o núcleo de atividade e as fronteiras de uma descrição de um

processo. A sua denominação toma sempre a forma de frases imperativas (Santos, 2002).

Descrever processos por meio do método IDEF3 baseia-se no pressuposto de existirem

dois tipos de abordagem ou estratégias para a captura e descrição de processos (Grover, 2000):

Process Schematics: Dimensão na qual o conhecimento intrínseco do processo é o

objeto central da abordagem de captura, juntamente com os vários tipos de

relações associadas entre eles temporais e lógicas, no contexto de um cenário.

Objet Schematics: Dimensão que organiza os processos utilizando como foco os

objetos e as transições de estados associados a eles em um único cenário ou no

alinhamento de cenários.

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Em suma, IDEF3 apresenta-se como uma boa metodologia para a captura e descrição de

processos, que permite organizar, de forma conveniente, toda a informação e fluxo associados a

um sistema, embora, como sistema de captura e descrição, permita certa flexibilidade e

tolerância na forma como estas são efetuadas.

4.2.2.4. Redes de Petri

É um formalismo gráfico para especificação de processos. Foi formulado em 1963 pelo professor

Carl Petri, de onde herdou o nome (Reisig, 1985).

Uma rede de Petri é formada por um conjunto de lugares, um conjunto de transições e um

conjunto de conexões interligando locais e transições. Na modelagem de processos de negócio

usando Redes de Petri, cada local representa um estado particular de um objeto, uma transição

entre locais representa uma operação que pode ser executada por um objeto, os símbolos

representam as mensagens que podem ser trocadas entre os objetos e os arcos de conexão

identificam se um objeto é a origem ou o destino de uma mensagem (Bal, 1998; Ghezi, Jazaieir e

Mandrioli, 1991; Reisig, 1985).

Este método de representação gráfica, segundo Vernadat (1996), é muito popular e tem

grande potencial na representação e análise de sistemas que exibem características como

paralelismo, sincronização, não determinismo e compartilhamento de recursos.

Segundo Pádua (2004), as redes Petri são importantes para o estudo de sistemas por

permitir tanto a representação matemática quanto a análise dos modelos, fornecendo informações

úteis sobre a estrutura e o comportamento dinâmico dos sistemas modelados. Deste modo, esse

formalismo pode ser aplicado em diferentes áreas (sistemas de manufatura, desenvolvimento de

software, sistemas administrativos, etc.).

O método, por combinar representatividade com formalismo semântico, permite a

realização de análises. A forma gráfica do método aborda dois objetos principais: locais ou

lugares (em formato de círculos) e transições (em formato de barras verticais), que são

interconectados por setas (Carvalho, 2009). A Figura 4.5 representa os elementos básicos das

Redes de Petri.

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Figura 4.5. Elementos básicos da Rede Petri (Pádua, 2004)

O primeiro objeto representa os estados e o segundo as atividades que são desenvolvidas

(Santos, 2002). A transição é um componente ativo que correspondente a alguma ação realizada

dentro do sistema. O lugar é um componente passivo e relacionado a variáveis de estado do

sistema. A execução de ações encontra-se associada a pré-condições ou a condições afetas às

variáveis de estado do sistema. Isto é, tem-se uma relação entre locais e transições,

possibilitando, assim, a realização de certas ações. De maneira semelhante, após a realização de

uma ação, as informações de alguns locais (pós-condições) ficam alteradas.

4.2.2.5. BPMN (Business Process Modeling Notation)

BPMN (Business Process Modeling Notation) é um padrão de notação para modelagem de

processos de negócio desenvolvido pelo The Business Process Management Initiative5 (BPMI),

em Maio de 2004.

Segundo Braconi e Oliveira (2010), BPMN pode ser definido como:

Business Process Modeling Notation (BPMN) é um padrão

desenvolvido visando oferecer uma notação mais

facilmente compreendida e usada por todos os envolvidos

nos processos de negócios, dos estrategistas e analistas de

negócio (que criam versões iniciais dos processos) aos

técnicos responsáveis pela seleção e implementação das

tecnologias que apoiarão o gerenciamento e monitoramento

desses processos. (Braconi e Oliveira, 2010).

O objetivo do BPMN é prover uma notação compreensível por todos os envolvidos no

negócio, desde analistas de negócio, responsáveis por criar processos, até desenvolvedores

técnicos, responsáveis pela implementação da tecnologia que executará estes processos,

passando por todos os gestores envolvidos com tais processos. Além disso, o BPMN também é

apoiado por um modelo interno que possibilita a geração de código executável, criando deste

5 http://www.bpmi.org

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modo, segundo o BPMI, uma forma padronizada de cobrir a lacuna entre os processos de

negócio e a implementação dos mesmos.

O diagrama de processos de negócio (BPD – Business Process Diagram) é o modelo em

BPMN que representa as operações dos processos de negócio por meio de suas atividades e de

seus pontos de controle (que controlam a performance das atividades). Assim, o BPD permite a

representação gráfica dos elementos dos processos, facilitando e simplificando o

desenvolvimento do modelo do processo de negócio utilizando-se de elementos distintos e com

significado próprio (Braconi e Oliveira, 2010).

A próxima subseção detalha os elementos da BPMN.

4.2.2.5.1. Elementos do BPMN

Segundo Braconi e Oliveira (2010), a notação BPMN possui quatro principais elementos:

atividades, eventos, gateways (símbolos que expressam um momento de decisão) e conectores.

A partir destes quatro elementos é possível construir desde modelos simples até de

grande complexidade, capazes de expressar um processo de maneira bastante detalhada

proporcionando fácil entendimento deste processo (White, 2004).

Segundo Braconi e Oliveira (2010), os gerentes de projetos, de um modo geral,

conseguem lidar bem com a visualização de processos modelados com o uso de fluxogramas

simples, mas é necessário estudos a fim de compreender o modo com que as organizações

trabalham para definir um modelo de fluxograma simples e compreensível para qualquer grau de

conhecimento. Esse cenário cria uma lacuna técnica entre os dois ambientes, entre o formato

inicial do projeto do processo e o formato das linguagens que executarão esses processos – que

neste ínterim podem ser lidos como elicitação e análise de requisitos e implementação dos

requisitos elicitados.

Nesta linha, Braconi e Oliveira (2010) afirmam que a notação BPMN promove um

mecanismo de visualização padrão para processos de negócios definidos em uma linguagem de

execução “adequada”, preenchendo de maneira eficiente a lacuna entre o planejamento,

modelagem e execução. A Tabela 4.1 apresenta os principais elementos do BPMN, com suas

respectivas descrições e representação gráfica.

De acordo com Braconi e Oliveira (2010), um dos objetivos do BPMN é criar uma

estrutura simples para o desenvolvimento dos modelos de processos de negócios que possa

garantir uma modelagem processual, mesmo que esta tenha um alto grau de complexidade. Os

elementos apresentados na Tabela 4.1 são fundamentais para a construção de um eficiente

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BPMN. Destes elementos destacam-se ainda os gateways e os eventos, descritos nas próximas

subseções.

Tabela 4.1. Elementos do BPMN (adaptado de Braconi e Oliveira 2010 e White, 2004).

Elemento Descrição Notação

Evento

É o que acontece durante o processo. Os

eventos afetam o fluxo do processo e têm

geralmente uma causa ou um impacto. Existem

três tipos de eventos: início, intermediário e

fim.

Atividade É um termo genérico para um trabalho

executado.

Subprocesso É uma atividade composta por uma série de

outras atividades que formam um novo fluxo.

+

Gateway

É utilizado para controlar a decisão e/ou

junção da sequência de um fluxo. Assim,

determinará decisões tradicionais, unirá ou

dividirá trajetos.

Fluxo de

Sequência Usado para demonstrar a sequência em que as

atividades serão executadas.

Fluxo de

mensagem

Usado para demonstrar o fluxo de mensagens

entre dois participantes diferentes que enviam

e recebem mensagens (tarefas, e-mail,

ligações, etc.).

Associação

Usada para associar dados, textos e outros

artefatos com o objeto do fluxo. As

associações são usadas para demonstrar as

entradas e saídas do processo.

Raia É um representante em um processo (ator).

4.2.2.5.2. Filtros de decisão BPMN (gateways)

Segundo Braconi e Oliveira (2010), gateways são elementos de modelagem utilizados para

controlar como a sequência do fluxo interage dentro de um processo ao convergir e divergir.

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A Tabela 4.2 apresenta os gateways do BPMN, seguidos de sua descrição.

Tabela 4.2. Gateways do BPMN (adaptado de Braconi e Oliveira 2010 e White, 2004).

Gateway Descrição

Decisão

Alternativas baseadas em expressões condicionadas

sobre dados. Apenas uma alternativa é escolhida (sim

ou não).

Bifurcação

Utilizado para Bifurcar (divisão em um ou vários

caminhos paralelos) ou para Sincronizar (combinação

de vários caminhos em um único).

Eventos

Alternativas baseadas em eventos (apenas uma é

escolhida).

OR

Alternativas baseadas em expressões condicionadas.

Ao menos um caminho deve ser verdadeiro.

Os gateways podem separar e/ou juntar o fluxo. Deste modo, são utilizados para controlar

o local no qual o fluxo necessita desse controle baseado em uma decisão lógica.

4.2.2.5.3. Eventos em BPMN

De acordo com Braconi e Oliveira (2010), um evento é algo que ocorre durante um processo de

negócio. Esses eventos afetam o fluxo do processo e têm normalmente algo que os dispara ou

apresentam o resultado de algo. Há três tipos de eventos, ilustrados na tabela 4.3. Cada um deles

mostra como eles afetam o fluxo: os de início, os intermediários e os de fim, os quais são

definidos, segundo White (2004), da seguinte maneira:

Eventos de início: Indica por onde o fluxo vai começar. Esse elemento influência

no processo, pois a partir dele o fluxo se inicia e é preciso executar uma

atividade/ação. É representado por um círculo com a borda fina.

Eventos intermediários: Ocorre entre os eventos de início e de fim. Os

elementos intermediários influenciam o processo, mas não iniciam um novo

processo ou o terminam. A partir dele é dado continuidade em um processo que já

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era executado, porém era necessário aguardar outra atividade ou qualquer outra

situação. O elemento usado para representá-los é um círculo com a borda dupla.

Eventos de fim: Indica onde o processo vai terminar, que normalmente têm um

resultado representado no centro do círculo. O elemento para esse evento é um

círculo com a borda grossa.

Tabela 4.3. Eventos do BPMN (adaptado de Braconi e Oliveira 2010 e White, 2004).

Eventos

iniciais

Eventos

Intermediários

Eventos

Finais Descrição

Mensagem de

início

Mensagem

Mensagem

de fim

Uma mensagem chega de um ator e dispara o

início do processo, ou continua o processo,

no caso de um evento intermediário. Uma

mensagem de fim indica uma mensagem

gerada no fim de um processo.

Marcador de

início

Marcador

Um

marcador

não pode ser

um evento

de fim.

Um tempo específico ou um ciclo (por

exemplo, toda segunda-feira às 13 horas)

pode reiniciar um processo ou continuá-lo,

no caso de um evento intermediário.

Regra de início

Regra

Uma regra

não pode ser

um evento

de fim.

Dispara quando as condições de uma regra se

tornam uma verdade.

Início múltiplo

Múltiplo

Fim múltiplo

Para iniciar múltiplos eventos, há vários

modos de iniciar um processo, ou continuá-

lo, no caso de evento intermediário. Apenas

um deles é requerido. Os atributos do evento

definem que tipo de disparo se aplica. No

caso de fim múltiplo, há várias

consequências de fim de processo (por

exemplo, múltiplas mensagens enviadas).

Um evento de

erro ou

exceção não

pode ser um

evento de

início.

Erro ou exceção

Fim do erro

ou da

exceção

Uma exceção de fim de evento informa ao

motor do processo que um chamado de erro

deverá ser gerado. Esse erro será pego por

uma exceção evento intermediário.

4.2.2.6. Modelagem de Processos de Negócio com UML

A Unified Modeling Language (UML) é uma linguagem para especificar, visualizar, construir, e

documentar artefatos de software, bem como para modelagem de negócio e de outros sistemas

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além de software. Compreende uma coleção de boas práticas de engenharia que tem obtido

sucesso na modelagem de sistemas complexos e de grande escala (OMG, 2012).

Algumas outras definições se destacam:

UML é uma linguagem para a visualização, especificação, construção e

documentação de artefatos que fazem parte do processo de elaboração da estrutura

de projetos de sistemas complexos de software (Booch et al., 2000).

Segundo Bezerra (2002), é possível definir a UML como uma linguagem de

modelagem visual com um conjunto de notações e semântica correspondente para

representar visualmente uma ou mais perspectivas de um sistema.

Para Larman (2000) a UML é uma notação para modelagem de sistemas, usando

conceitos orientados a objeto.

Independente da definição adotada pode-se afirmar que a UML é uma linguagem de

modelagem. E, como qualquer linguagem, apresenta dicionário e regras próprias que orientam a

criação e a leitura de modelos bem formatados.

Entretanto, dado o fato de que a UML não é um método, ela por si só não associa e não

relaciona seus modelos com uma metodologia/processo de desenvolvimento de software, não

indicando quais modelos devem ser criados e nem quando criá-los dentro de um projeto de

desenvolvimento. A criação dos modelos depende da metodologia adotada, que deve também

apresentar os passos do processo de desenvolvimento, quais artefatos serão produzidos, quem

estará envolvido e demais características.

Conforme a OMG (OMG, 2012), a UML, além de ser uma linguagem utilizada para

modelagem de software, também pode ser utilizada para modelagem de negócio. Os diagramas

que podem ser utilizados neste contexto são:

Diagrama de Casos de Uso: Caso de uso é um conjunto de cenários que

descrevem interações entre usuários e sistemas (Booch et al., 2000). Tais cenários

representam situações vivenciadas por usuários do sistema (considerando

caminhos alternativos caso haja erros/imprevistos no processo de interação). Este

tipo de diagrama apresenta alguns conceitos de modelagem de negócio como a

interação entre atores e casos de uso, que podem ser representados por unidades

organizacionais, os sistemas e as metas de processos que podem estar associadas à

execução de um caso de uso ou um conjunto de casos de uso. Ao considerar

Casos de Uso para modelagem de negócio, o sistema com o qual os usuários

interagem, passa a ser o próprio negócio. Deste modo, tem-se então os casos de

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uso de negócio, que representam os processos de negócio que definem a interação

entre entidades (atores do negócio). Logo, um diagrama de caso de uso de negócio

representa, visualmente, a interação entre os principais serviços (casos de uso de

negócio) que o negócio fornece e aqueles (atores do negócio) que utilizam esses

serviços (Rational, 2001).

Diagramas de Atividades: Dos diagramas UML, o de atividades é o que mais

adere aos modelos tradicionais de modelagem de processos de negócio como, por

exemplo, o IDEF3. Esse tipo de diagrama, inicialmente concebido com o intuito

de modelar o fluxo de trabalho relacionado ao comportamento de um sistema,

também pode ser utilizado para modelagem de processos de negócio podendo ser

denominado de diagrama de atividades de negócio. Ele permite modelar o fluxo

de trabalho considerando situações de sincronia e decisão, permite relacionar

papéis e unidades organizacionais responsáveis pela execução das atividades do

processo e, também, pode mostrar, por meio de extensões da UML, os

comportamentos e relacionamentos entre as entidades de negócio e as atividades

em execução (Rational, 2001).

Diagrama de Classes: Os diagramas de classes e de objetos apresentam os

relacionamentos entre classes e consequentemente objetos que estruturam um

sistema. Porém, sob o ponto de vista de modelagem de negócio, as entidades de

negócio também podem ser representadas como classes e objetos, o que faz com

que estes diagramas sejam viáveis na aplicação de parte dos conceitos

relacionados à modelagem de negócio. Isso pode ser exemplificado como, por

exemplo, a modelagem de estruturas organizacionais apresentando os

relacionamentos entre as unidades organizacionais num organograma, a

modelagem dos relacionamentos entre unidades organizacionais e demais

entidades de negócio utilizadas como recursos para execução dos processos de

negócio e a modelagem dos relacionamentos entre os próprios recursos (Rational,

2001; Larman, 2000).

Para que estes diagramas possam ser usados com maior precisão e representatividade

para modelar processos de negócio, a OMG publicou em 1997 um documento, que descreve os

mecanismos de extensão para a modelagem de negócios utilizando a UML, intitulado “UML

extension for business modeling”. Entretanto, este documento não descreve completamente os

novos conceitos e notações para a modelagem de negócio, apenas expondo os chamados

estereótipos que adaptam o uso da UML. No entanto, algumas mudanças e inovações podem ser

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observadas na UML versão 2.0, principalmente no que se refere à modelagem de processos de

negócios e aos mecanismos de extensão da UML (Azevedo Junior e Campos, 2008).

Eriksson e Penker (2000), reconhecendo as diferenças que envolvem a modelagem de

negócio e a modelagem de software (diferenças que incluem recursos, regras e objetivos),

definiram um conjunto de extensões da UML para que a linguagem pudesse representar, por

meio de novos ícones (estereótipos, valores atribuídos e extensões), os principais elementos

relacionados à execução e modelagem de negócio. Vicente (2004) afirma que mesmo com esses

estereótipos, ainda existem limitações com relação à representação de alguns conceitos

relacionados à modelagem de processos de negócio.

Em sua abordagem, Eriksson e Penker (2000) consideram o diagrama de atividades como

o principal modelo de representação de modelagem de negócio, pois esta categoria de diagramas

consegue representar diversos aspectos de negócio como, por exemplo, paralelismo de execução

entre atividades, recursos usados, consumidos e produzidos por uma atividade, identificação de

responsabilidades por atividades, relacionamentos e dependências entre atividades, entre outros.

Deste modo, os autores criaram um diagrama para representar por meio de um símbolo de

processo, estereotipado do elemento atividade do diagrama de atividades, as extensões para

modelagem de negócio de acordo com a sintaxe da UML. A Figura 4.6 ilustra esse estereótipo.

Figura 4.6. Diagrama de Atividades e Estereótipos de Processos de Negócio (Adaptado de

Eriksson e Penker, 2000)

Nessa abordagem, os autores também propõem quatro vistas de negócio, que buscam

diminuir a complexidade de entendimento do negócio: (i) Vista de visão do negócio; (ii) Vista de

Processos de Negócio; (iii) Vista de Estrutura do Negócio; e (iv) Vista de Comportamento do

Negócio (Eriksson e Penker, 2000).

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Outra proposta de extensão da UML para modelagem do negócio é a de Marshall (2000),

que sugere um metamodelo para identificação e descrição de conceitos que delineiam os

sistemas usando a UML. A proposta tem como base quatro elementos principais: propósito,

entidade, processo e organização.

A abordagem da OMG, a de Marshall (2000) e a de Eriksson-Penker (2000) são

exemplos de extensões com objetivos de modelagem de processos de negócio.

4.3. Regras de Negócio

Não há uma definição padrão na literatura para o conceito de regra de negócio, sendo que cada

autor difunde sua taxonomia para classificação, bem como algumas abordagens existentes para a

representação estruturada e padronizada dessas regras. De todo modo, o entendimento desse

contexto torna-se importante, dentre outros motivos, pelas frequentes tentativas de aproximação

entre os processos de negócio com as regras, e de ambos com os requisitos de sistemas de

informação.

No ambiente do negócio, no qual os requisitos do sistema de informação são elicitados,

todas as decisões tomadas são baseadas em fatos e, para que estas decisões sejam corretas, é

necessário que as regras que norteiam o negócio também sigam determinada lógica. Deste modo,

a tomada de decisão correta está diretamente relacionada a regras consistentes, bem como à

disponibilidade das informações aos tomadores de decisão e aos sistemas de informação

envolvidos. Essas regras e fatos são conhecidos como regras de negócio (von Halle, 2002).

Segundo Von Halle (2002), quando tomadores de decisão e sistemas de informação têm

acesso às regras de negócio apropriadas nos momentos oportunos, as decisões são tomadas com

base em informações concretas, reduzindo a possibilidade de erros. Assim sendo, as regras de

negócio podem controlar ou influenciar a execução dos processos de negócio e sua estrutura de

recursos, restringindo ou condicionando a execução de certas atividades (Eriksson e Penker,

2000), buscando aderência aos objetivos organizacionais (Bubenko et al., 2001).

Do mesmo modo que as regras de negócios têm influência direta no negócio, também

têm estreita relação com sistemas de informação (Diaz et. al. 1998). Segundo esses autores,

como resultado, esses sistemas precisam ser constantemente alterados, renovados e adaptados

para garantirem aderência às necessidades do negócio – fato que invariavelmente afeta a

elicitação e análise de requisitos do sistema de informação.

Dada essa estreita relação das regras de negócio com sistemas de informação, é possível

afirmar que o termo regra de negócio remete às regras/políticas do negócio que guiam as

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atividades do mesmo (von Halle, 2002). Segundo essa autora, são exemplos de regras de

negócio:

Um empregado com cinco anos de empresa tem direito a quatro semanas de férias

pagas;

Um empregado com menos de quatro anos de empresa tem direito a três semanas

de férias pagas;

Um empregado com menos de seis meses de empresa não tem direito a férias

remuneradas;

São encontradas também outras definições para o termo regra de negócio na literatura.

Bell (1990) define regras de negócio como declarações que apresentam a maneira como o

negócio está sendo feito, além das diretrizes e restrições com respeito a estados e processos em

uma organização, ao passo que Ross e Lam (2000) afirmam que regra de negócio é uma parte

atômica da lógica de negócio reutilizável, especificada declarativamente. Outra definição é a

descrita por BRG (2000), o qual afirma que regra de negócio é um enunciado que define ou

restringe algum aspecto do negócio, ou seja, expressa, controla ou influencia o comportamento

do negócio, definição bastante apropriada quando realizada a analogia com requisitos de um

sistema de informação.

A perspectiva de regra de negócio foca no “modo de agir” de uma organização. As

regras, ou a ausência delas, representam os graus de liberdade que a organização admite para as

suas partes constituintes (von Halle, 2002). Esse “modo de agir” está relacionado diretamente

aos requisitos de um sistema de informação.

As regras de negócio, além de inúmeras definições, também recebem diferentes

classificações, sem haver uma que seja unânime. O esquema de classificação das regras de

negócio se torna útil dependendo do propósito da aplicação (von Halle, 2002). As propostas de

classificação das regras de negócio, segundo von Halle (2002), podem ser resumidas conforme a

Tabela 4.4.

Tabela 4.4. Classificação de Regras de Negócios (adaptado de von Halle,2002)

Fonte Esquema de Classificação da Regra de Negócio

Business

Rules

Group

HAY e

HEALY

(2000)

Derivação: Um enunciado sobre um conhecimento que é derivado de outro

conhecimento do negócio

Cálculo matemático

Inferência

Assertiva estrutural: um conceito definido ou um enunciado sobre um fato que

expressa algum aspecto da estrutura da empresa. Isso traz implícitos termos e fatos.

Termos

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Fatos

Assertivas de ação: um enunciado de restrição ou condição que limita ou controla as

ações de uma organização

Autorização

Condição

Restrição de integridade

Ross

(2003)

Fatos

Termos

Regras

Restrições

Derivações

Inferências

Tempo

Sequência

Heurísticas

General

Data

Analysis

Rule

Types

Atributo das regras:

Unicidade

Otimização (nulo)

Checagem de valor

Computações

Inferências

Limitações multi-entidade-atributo

Regras de relacionamento:

Cardinalidade

Otimização

Referencial de integridade

Contas de cardinalidade

C. J. Date

(a)

Restrição

Estado da restrição

Transição da restrição

Estímulo/resposta

Derivação

Computação

Inferência

C. J. Date

(b)

Chris Date posteriormente propôs outro esquema para restrições que é baseado na

sua própria estrutura de dados:

Restrições de domínio

Restrições de coluna

Tabela de restrições (restrições em uma tabela)

Restrições de base de dados (restrições entre duas ou mais tabelas)

Versata

Regras de integridade de referência

Derivações (atributos computacionais)

Validação (atributos obrigatórios/valores opcionais, min, max)

Restrição (restrições atributo-a-atributo em uma entidade?)

Ação/evento

Regras de apresentação

Usoft

Regras de restrição: restrições do negócio afetas a informação a ser

armazenada, que não é permitida;

Regras de comportamento: como o sistema se comporta em determinadas

situações, o que o sistema deve fazer automaticamente;

Regras dedutivas: como a informação deve ser derivada e calculada;

Regras de apresentação: como os sistemas se apresentam ao usuário, como

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trabalha e como suas tarefas estão organizadas;

Regras de instrução: como os usuários operam os sistemas em certas situações.

Classificar regras de negócio é interessante para explicar um conjunto de regras de

negócio a ser obtido, simplificar e guiar efetivamente o processo de descoberta de regras. Por

fim, a classificação permite ainda habilitar as pessoas da organização a expressarem cada tipo de

regra de negócio a sua maneira, garantindo clareza no entendimento (von Halle, 2002).

Para Gottesdiener (1997), as regras de negócio promovem a integração entre as pessoas

do negócio e a tecnologia, pois posicionam os membros da organização com elementos centrais

da atividade de software, ponto em que, de acordo com a literatura especializada aliada a

indústria contempla um grande gap no desenvolvimento de software, o que possibilita visualizar

a estreita relação entre regras de negócio e sistemas de informação.

Seguindo nessa linha, Gottesdiener (1997) afirma que a descoberta de regras de negócio é

uma forma efetiva de descobrir os requisitos principais dos sistemas de informação, o que

promove iniciativas que tentam aproximar a abordagem do negócio, representada por seus

processos, do processo de desenvolvimento de sistemas, que se inicia com a tarefa de elicitação

de requisitos.

Assim, a grande sinergia entre as regras de negócio e os sistemas de informação se torna

importante para a efetividade operacional e competitividade de mercado, pois o entendimento do

negócio e seu gerenciamento envolvem diretamente as regras de negócio e as aplicações que as

suportam (Shao e Pound, 1999).

Entretanto, para elicitar e analisar requisitos de sistemas de informação adequados às

regras de negócio é preciso conhecê-las, padronizá-las e documentá-las. Para tal, há alguns

métodos de modelagem de regras de negócio, que são abordados na próxima subseção.

4.3.1. Modelagem de Regras de Negócio

Nas duas últimas décadas, estudos propondo uma padronização da representação das regras de

negócio aumentaram de maneira considerável e, consequentemente, surgiram frameworks e

métodos centrados na modelagem de regras de negócio (Zaniolo, 1997; Ross, 1997;

Gottesdiener, 1999), bem como ferramentas de gerenciamento de regras de negócio e aplicativos

para suporte a ambientes de desenvolvimento, tais como: Blaze Advisor Builder6, BRS

RuleTrack7, Haley Technologies

8, ILOG Rules

9, Usoft Developer

10 ou Visual Rule Studio

11.

6 Disponível em http://discuss.fico.com.

7 Disponível em http://business.highbeam.com

8 Disponível em http://www.manta.com

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73

Kardasis e Loucopoulos (2005) apresentam, de forma avaliativa, algumas abordagens

desenvolvidas para a representação das regras de negócio.

Estes autores descrevem a BROCOM (Business Rule Oriented Conceptual Modeling –

Modelagem Conceitual Orientada a Regra de Negócio). A BROCOM é uma linguagem

estruturada, em inglês, e serve para representar regras de negócio com grande expressividade.

Kardasis e Loucopoulos (2005) afirmam ainda que a lógica existente na BROCOM por trás das

regras de negócio não é completamente endereçada e que, embora, nessa linguagem, seja

proposto o desenvolvimento de vários modelos, eles não têm definições e descrições claras. Os

autores também afirmam que a linguagem BROCOM mostra-se suficiente ao ser empregada na

fase de análise dos sistemas de informação, mas insuficiente quando empregada na passagem

dessa fase para as de projeto e implementação de Sistemas de Informação, tornando-a limitada.

Outra proposta descrita e avaliada por Kardasis e Loucopoulos (2005) é a de Rosca et. al.

(apud Kardasis e Loucopoulos, 2005) que utiliza a abordagem DSS (Decision Support System –

Sistema de Apoio à Decisão). Nessa abordagem o objetivo central é a representação da lógica

das regras de negócio, na qual foi adotado o paradigma ECA (Event-Condition-Action – Evento-

Condição-Ação) para estruturar as expressões das regras e relacionar essas expressões ao modelo

do negócio.

Hay e Healy (2000) propõem outra abordagem para a representação das regras de

negócio, na qual os autores identificam os termos e fatos em linguagem natural, gerando alto

grau de expressividade. Essa abordagem também usa meta-modelo para descrever as relações

entre os termos e fatos de maneira bem detalhada. Do ponto de vista de Kardasis e Loucopoulos

(2005), os modelos de regras de negócio gerados pela abordagem são altamente controláveis,

formais e consistentes com os modelos de informação da organização. Porém, a abordagem

apresenta um ponto indesejável na concepção dos autores: o fato de não haver distinção entre os

conceitos processuais e os informacionais.

Outra abordagem para representação e esquematização das regras de negócio é a de

Zaniolo et. al. (apud Kardasis e Loucopoulos, 2005) que propõe abranger todos os estágios do

ciclo de vida de desenvolvimento de SI’s, fundamentando-se na manutenção do formalismo e da

consistência com os modelos de negócio. Entretanto, na visão de Kardasis e Loucopoulos

(2005), essa proposta apresenta pontos fracos, entre eles a dificuldade de entendimento das

9 Disponível em http://www.ilog.com

10 Disponível em http://www.usoft.com

11 Disponível em http://visual-rule-studio.software.informer.com/

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74

regras de negócio pelos profissionais da organização, além da limitação na escolha da tecnologia

empregada no desenvolvimento do SI.

Seguindo nessa linha, Ross (apud Kardasis e Loucopoulos, 2005) desenvolveu um

método que se propõe a ser uma das abordagens mais completas. Na análise de Kardasis e

Loucopoulos (2005), a proposta do autor é formal, aderente aos modelos de dados de uma

organização, oferece suficiência enquanto guia metodológico e permite o gerenciamento das

regras por meio de um meta-modelo previsto na abordagem. Esse método é um dos poucos a

adotar a notação gráfica para expressar as regras, no entanto, segundo a visão avaliativa, em

alguns momentos a complexidade dos modelos traz dificuldades de entendimento das regras de

negócio para os membros da organização.

Por fim, é possível citar a OCL (Object Constraint Language – Linguagem de Restrição

de Objeto), que foi proposta por Eriksson e Penker (apud Kardasis e Loucopoulos, 2005) para

representar regras de negócio em aderência a diagramas da UML juntamente com o projeto de

sistemas Orientados a Objetos (OO). Essa abordagem não possui meta-modelo e sua estrutura

permite alocação das regras às classes, atributos, associações e operações do diagrama de classes

da UML. Para Kardasis e Loucopoulos (2005), a OCL tem um formalismo que torna a

linguagem difícil de ser entendida e usada. Além disso, ela não prevê orientações metodológicas

para a coleta das regras de negócio.

Deste modo, nota-se que há diferentes métodos de representação das regras de negócio,

cada qual com suas vantagens e desvantagens, de acordo com o caso em que está sendo aplicado

Contudo, cabe ressaltar a importância de identificação e de documentação das regras de negócio,

bem como de suas relações com outras regras e com os próprios processos de negócio seja por

meio de linguagem natural ou ainda de métodos apropriados.

4.4. Considerações Finais

A este capítulo coube a explanação de conceitos da EPN, focando aqueles inerentes e

diretamente relacionados ao objeto de pesquisa deste trabalho (elicitação e análise de requisitos

de sistemas de informação em equipes geograficamente distribuídas).

Em um primeiro momento foi descrita a de EPN, seguindo com a definição do conceito

de processos de negócio e dos elementos associados. Com o foco na aplicação dos processos em

projetos de elicitação e análise de requisitos outros temas da EPN também foram descritos.

Em um segundo momento foi também abordada a modelagem de processos de negócios.

Neste ínterim, foram tratados os benefícios da visão processual, a importância de orientações

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para definição do nível de detalhamento dos processos e os princípios de modelagem de

processos na visão e proposta de alguns autores. Em seguida foram apresentadas algumas

metodologias de modelagem de processos (ARIS, CIMOSA, IDEF, Rede Petri, BPMN e UML)

e, foram, também, citadas algumas ferramentas que oferecem apoio a essa tarefa de modelagem.

É necessário ressaltar que há outros métodos que por vezes são aplicados para

modelagem do negócio, que mesmo não sendo descritos nesse trabalho, podem ser citados, a

saber: CEN ENV 40003, Fluxograma, ISO Reference Model, OOA (Object Oriented Analysis –

Análise Orientada a Objeto) e o SADT (Structured Analysis and Design Technique – Técnica de

Projeto e Análise Estruturada).

Por fim, o conceito de regra de negócio foi apresentado, juntamente com suas taxonomias

e métodos de representação, descrevendo, na sequencia, uma abordagem avaliativa para algumas

propostas para modelagem de regras de negócios.

Deste modo, com base na revisão da literatura no contexto da EPN realizada nesse

capítulo e relacionados ao objeto da pesquisa, objetivou-se definir alguns critérios de avaliação

das abordagens e métodos que apoiarão a proposta deste trabalho, descrita no Capítulo 5.

.

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MoRE-GSD – A Abordagem Proposta

5.1. Considerações Iniciais

Uma maneira de obter qualidade de um Sistema de Informação é, ao iniciar seu

desenvolvimento, ter o claro entendimento do domínio do negócio que vai ser automatizado,

considerando desta forma os processos de negócio como fonte relevante para a elicitação e

análise de requisitos (Demirors et. al., 2003). De acordo com Xavier et. al. (2010) a comunidade

de engenharia de requisitos tem reconhecido a importância do uso de conceitos de processos de

negócios para orientar a elicitação de requisitos, e complementam ainda que utilizar a abordagem

orientada a processos permite uma melhor compreensão da organização, melhorando o

entendimento das reais necessidades de sistemas para apoiar os processos de negócios.

Segundo Andrade et. al. (2004), fazer uso da modelagem de processos de negócios

agrega benefícios para o desenvolvimento de software, tais como: (i) os requisitos passam a

refletir as necessidades do negócio; (ii) baixo número de redundâncias de requisitos e (iii) o

desenvolvimento do software passa a ser guiado pela necessidade do negócio.

Segundo Monsalve et. al. (2011), o desenvolvimento de software é dependente da

qualidade das atividades que envolvem a elicitação de requisitos, e não adotar a modelagem de

processos de negócios como subsídio para construir um sistema de informação pode gerar

algumas consequências indesejáveis como, por exemplo: (i) requisitos incompletos em relação às

necessidades do negócio; (ii) retrabalho e (iii) conduzir o projeto ao fracasso.

Na literatura, conforme apresentado na Seção 2.6, há propostas para integrar técnicas da

Engenharia de Processos de Negócios (EPN) com a etapa de Elicitação e Análise de Requisitos

5

Capítulo

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(EAR), mas que apresentam conflitos entre si, pecando em aspectos determinantes, e

desconsideram outros mais atuais, conforme constatado na investigação literária e na pesquisa de

campo realizadas no contexto deste trabalho, e apresentadas nos Capítulos 3 e 4.

Somado a isso, não são encontradas, na literatura, propostas envolvendo EPN, EAR e que

contemple também um cenário de equipes, geograficamente distribuídas, desenvolvendo

software. Em empresas desenvolvedoras de software que atuam com DDS, tem se notado que

cada qual geralmente atua adaptando seu(s) processo(s) de desenvolvimento conforme a

demanda de necessidades, “criando” desta forma “metodologias particulares de

desenvolvimento” de acordo com o conhecimento empírico dos profissionais envolvidos. Isso foi

constatado na prática, apoiado pelo Projeto PROCAD12

, quando da visita in loco em empresas,

conforme descrito no Capítulo 3.

Com o intuito de maximizar benefícios de DDS, é desejável que as atividades de

desenvolvimento de um projeto, incluindo a EAR, possam ser realizadas 24 horas por dia –

característica conhecida em DDS como follow-the-Sun.

Motivado pelos desafios da EPN e etapas da EAR, encontrados na literatura e na

indústria, somados ao contexto DDS, encontrado especialmente na indústria, a proposta descrita

neste capítulo apresenta uma abordagem para apoiar a elicitação e análise de requisitos a partir

das regras de negócio (etapa da EPN) para equipes que trabalham com desenvolvimento

distribuído de software.

A MoRE-GSD (Modeling Business Process for Requirements Elicitation in Global

Software Development) é uma abordagem que tem como base os conceitos abordados no

Capítulo 2, os quais explicitam vários gaps em pontos específicos da etapa de EAR. Estes são

aliados a não completude descrita nos trabalhos relacionados e, ainda, somados às características

levantadas em visitas in loco em empresas de desenvolvimento de software (conforme descrito

no Capítulo 3).

Deste modo, esta abordagem apresenta uma proposta de solução para a elicitação e

análise de requisitos apoiada na modelagem de processo de negócio quando as equipes

encontram-se geograficamente distribuídas, principalmente as atuantes no modelo Offshoring.

As subseções seguintes detalham a abordagem proposta.

12

PROCAD é o Programa Nacional de Cooperação Acadêmica. Neste caso, as instituições envolvidas foram

ICMC/USP, UEM e PUC/RS, e o projeto tinha por título: Integrando e aprimorando atividades de pesquisa,

ensino/treinamento e transferência tecnológica em tese e validação de software.

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78

5.2. Arcabouço da Abordagem MoRE-GSD

O estudo de abordagens propostas no contexto de Engenharia de Processos de Negócios e

Engenharia de Requisitos de Software aliado às informações coletadas junto a empresas

desenvolvedoras de softwares com equipes distribuídas fornecem um alicerce para a abordagem

proposta neste trabalho.

Algumas abordagens propostas para elicitação e análise de requisitos consideram os

modelos de processos de negócios como primeiro passo para desenvolver um produto de

software (de la Vara, 2008). Entretanto, além das funcionalidades, faz-se necessário identificar os

demais requisitos e regras de negócio que refletem as reais necessidades para automatizar os

processos (Carvalho, 2009), além da inserção de características correlatas ao desenvolvimento

distribuído de software.

Dados estes desafios e necessidades, a MoRE-GSD (Modeling Business Process for

Requirements Elicitation in Global Software Development), consiste em formalizar, por meio de

passos e diretrizes, uma abordagem para que a elicitação e análise de requisitos apoiada pela

modelagem de processos de negócios possa ser realizada por equipes distribuídas, usufruindo

dos benefícios que o DDS oferece, atuando principalmente no modelo de Offshoring.

A Figura 5.1 ilustra os itens chave que servem de arcabouço para a abordagem MoRE-

GSD considerando-se o contexto descrito.

Figura 5.1. Arcabouço da Abordagem MoRE-GSD.

Modelagem dos Processos de Negócio para

apoiar a EAR em equipes de DDS Uso de ferramenta (única

para as equipes distribuídas) para

automatizar a modelagem;

Uso do conceito de regras de negócios;

Definição de diretrizes para o nível de

detalhamento das regras de negócio;

Definição de Processo de Negócio e de seus

elementos

Definição de Diretrizes de padronização dos

modelos de processos;

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A Revisão Bibliográfica aliada aos trabalhos relacionados; Pesquisa de campo em

empresas que trabalham com um modelo de negócios similar ao abordado nesta dissertação por

meio do projeto PROCAD, e; Estudo de técnicas e ferramentas para modelagem de processos de

negócios, capítulos 2, 3 e 4, respectivamente, contribuíram para compreender os aspectos que o

processo de elicitação e análise de requisitos realizada por equipes distribuídas devem apoiar,

embasando deste modo a abordagem MoRE-GSD.

Definir e fazer uso do conceito de Processos de Negócio no que se refere ao fluxo lógico

das informações, alicerçado no arcabouço conceitual da EPN é importante, haja vista que são

estes processos os responsáveis pelo fornecimento da visão processual de um negócio, item que

reflete diretamente para que os requisitos de software sejam obtidos (Erikson e Penker, 2000;

Cruz, 2004; Carvalho, 2009).

Subsidiam também a abordagem MoRE-GSD aspectos como a padronização na

modelagem dos processos, usando, para tal, princípios consistentes segundo as diretivas a serem

descritas na Subseção 5.3 do arcabouço conceitual da EPN (Carvalho, 2009), ponto fundamental

ao se trabalhar com equipes geograficamente distribuídas, devido aos desafios que este modelo

de desenvolvimento apresenta.

Além disso, atentar para a padronização na modelagem possibilita o desenvolvimento de

modelos que capturam as diversas características do negócio, principalmente, no que se diz

respeito ao fluxo de informações, executores, regras de negócio e recursos, viabilizando também

outras ações da EPN (como reengenharia, análises e reestruturações organizacionais, etc.) (Cruz,

2004; Vicente, 2004).

De acordo com a revisão bibliográfica e visitas in loco às empresas, foi notória também a

necessidade da operacionalização da tarefa de modelagem dos processos por meio de uma

técnica/ferramenta computacional.

O Capítulo 4 descreveu algumas destas técnicas/ferramentas a fim de guiar na escolha de

uma que aderisse à abordagem MoRE-GSD atentando principalmente para a dispersão

geográfica das equipes, critério que justifica o uso de uma ferramenta única para todos os times

que realizam desde a EAR até a implementação e testes do software que vai ser desenvolvido.

Neste contexto, optou-se, em detrimento das demais, a técnica BPMN, por atender aos itens

descritos como necessários, possuir representação gráfica com possibilidade de detalhamento

textual em pontos chave da modelagem e, também, por ser de uso e acesso a treinamentos

facilitados, tornando viável seu uso por equipes geograficamente distribuídas.

A prática de modelar os processos aliada a uma ferramenta deve considerar a elaboração

de diretrizes que guiem na determinação dos níveis de detalhamento dos processos necessários à

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tarefa de elicitação de requisitos de sistema. Embora não haja regras exatas, estabelecer tais

diretrizes é fundamental para descrever claramente o fluxo de informação (e os artefatos

gerados), bem como detectar os problemas ou informações relevantes para a definição dos

requisitos de sistema (Vicente, 2004; Carvalho, 2009). Com as diretrizes torna-se possível ainda

estabelecer correlações entre as atividades dos processos e as funcionalidades identificadas para

os sistemas gerando correspondências entre requisitos de negócio e de sistemas.

No entanto, é notório que não basta definir como essas regras são identificadas, mas é

preciso também estabelecer critérios que orientem o procedimento de transformação dessas

regras em requisitos de sistema ou indiquem como essas informações contribuem para a

construção desses requisitos, favorecendo a elicitação e análise de requisitos realizada por

equipes geograficamente distribuídas.

Deve-se também observar que, ao se trabalhar com equipes geograficamente distribuídas,

um dos maiores desafios é a comunicação dentro da equipe e, principalmente, entre equipes

(Prikladnicki e Audy, 2006; Aranda et. al., 2008). Devido a tal característica, é necessário que

seja definido um idioma padrão para comunicação.

A abordagem MoRE-GSD gera artefatos em seus passos, e é necessário que toda

documentação esteja em um idioma padrão, para que, desde o início da modelagem até a

concepção final do sistema de informação proposto, haja um fluxo contínuo das informações

documentadas.

Sugere-se que a definição do idioma considere: (i) o idioma dos responsáveis pela

concepção de um projeto novo; (ii) problemas de interpretação quando o idioma definido é

diferente entre equipes; e (iii) a necessidade de validação dos requisitos pelos clientes.

Normalmente, quando os stakeholders não possuem o mesmo idioma nativo, a língua

inglesa é escolhida para interações e geração de artefatos (Aranda et. al., 2008). Portanto, o

idioma definido para a abordagem MoRE-GSD é o inglês.

A seção seguinte detalha a estrutura da abordagem MoRE-GSD, após a exposição do

arcabouço necessário para que a mesma seja implementada.

5.3. Detalhamento da Abordagem MoRE-GSD

A modelagem dos processos de negócio deve ser sistematizada por uma abordagem preparada

para tal e não por metodologias originalmente concebidas para a modelagem de sistemas

(Vicente, 2004; Carvalho, 2009) – fato descrito pela literatura especializada e confirmada por

meio de experiência na indústria de software (conforme apresentado no Capítulo 3).

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Quando a EAR em ambientes distribuídos é baseada na modelagem de processos de

negócio, notoriamente ela pode ser facilitada. Deste modo, a abordagem MoRE-GSD consiste

em uma sequencia de passos, nos quais para cada um deles, há diretrizes específicas que guiam a

execução da EAR, apoiadas pela modelagem dos processos de negócios, para equipes

geograficamente distribuídas atuando, principalmente, no modelo de negócios Offshoring.

A Figura 5.2 ilustra o processo no qual a MoRE-GSD está inclusa, desde a concepção do

projeto entre Cliente e Gerente de Projeto até a fase de implementação dos requisitos elicitados,

passando pela etapa de EAR – que ocorre de maneira distribuída. O quadro tracejado central na

figura destaca esse contexto da atuação da MoRE-GSD.

Figura 5.2. Visão Geral da Abordagem MoRE-GSD.

Em um primeiro momento, Cliente e Gerente de Projetos alinham o que deverá ser

desenvolvido na linguagem do cliente. A nomenclatura de Gerente de Projetos neste ponto é

sugestiva, haja vista que muitas vezes quem realiza essa atividade é chamado de Analista de

Negócios.

Finalizada essa primeira etapa, de modo que as atividades do software proposto estão

identificadas, é possível distribuir para duas ou mais equipes as atividades (características ou

necessidades do sistema) que cada equipe deverá modelar a fim de realizar a EAR, fazendo uso

da abordagem MoRE-GSD, a fim de que ao final do processo os requisitos funcionais de um

software tenham sido elicitados. Após a distribuição das atividades, a MoRE-GSD deve ser

utilizada por cada equipe, de acordo com seus passos e diretrizes, a fim de que os requisitos de

software possam ser elicitados de maneira padronizada e com qualidade. Deste modo, na

Implementação: Centralizada ou

Distribuída

Descrição Inicial do Projeto Cliente – Gerente de Projeto

Atividade Centralizada

Atividades Distribuídas

...

Modelagem por equipes distribuídas seguindo os passos

e diretrizes da MoRE-GSD

...

EAR de um mesmo projeto obtida de

maneira distribuída

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distribuição e possibilidade de continuidade de atividades da EAR fica notória a característica de

DDS conhecida por follow-the-sun, diminuindo o tempo de trabalho nesta etapa, por exemplo.

A EAR, quando realizada conforme sequência da abordagem MoRE-GSD, pode ser

disponibilizada, preferencialmente ao final de um passo completo, para outra equipe para ser

continuada por essa equipe. A equipe que recebe os artefatos de outra, pode continuar o processo

de EAR a partir do ponto em que a equipe anterior parou, usando para compartilhar estes

artefatos, meios eletrônicos (e-mail, repositório de compartilhamento ou software de controle de

versão de documentos, por exemplo), uma vez que estão geograficamente distantes.

Estes fatores favorecem as vantagens do DDS, como a produção 24 horas por dia e a

terceirização, sempre objetivando que a qualidade seja preservada – uma vez que há

padronização no processo, facilitando o acesso a mão de obra qualificada, por exemplo.

Aplicada a abordagem MoRE-GSD às atividades inicialmente recebidas por cada equipe,

e concluindo a atividade de EAR, as demais fases do desenvolvimento poderão voltar a ser

centralizadas, ou continuar sendo distribuídas, já estando fora do escopo do presente trabalho.

A padronização da MoRE-GSD faz com que, mesmo a elicitação acontecendo por

equipes geograficamente distribuídas, os artefatos gerados sejam padronizados para todos os

requisitos. Pode ser possível, inclusive, que haja troca de papéis desempenhados pelos membros

entre as equipes que realizam a EAR, mas como há a modelagem gerando a formalização dos

requisitos, não há prejuízo ou perda de informação.

A MoRE-GSD é estruturada em passos, cada qual com suas respectivas diretivas de

aplicação. A nomenclatura adotada é S (de Step) seguido do número do passo, concatenada com

a letra G (de Guideline) e o número da diretriz. Por exemplo, para o Passo 1 e Diretrizes 1, 2 e 3,

a nomenclatura descrita é apresentada, respectivamente, da seguinte forma: S1G1, S1G2 e S1G3.

A cada passo artefatos são gerados, e servem como entrada para a diretriz/passo seguinte.

Cada artefato gerado deve ser documentado no BRD (Business Requirement Document), seja de

forma textual (em inglês) e/ou com inserção de figuras que auxiliem no processo. Cada passo

representa uma seção do BRD e, nestas seções, as diretrizes são descritas obedecendo a

sequencia proposta pela abordagem MoRE-GSD.

Para que a abordagem MoRE-GSD tenha efetividade, os passos descritos nas subseções

seguintes devem ser seguidos na ordem em que são apresentados.

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5.3.1. Aplicação do Conceito de Processos de Negócios –

Passo 1

No cenário em que se encontra a abordagem MoRE-GSD, desenvolvimento distribuído de

software, o primeiro passo para que sejam gerados requisitos de software é que todas as equipes

empreguem o conceito de modelagem de processos de negócios, segundo direciona a EPN.

Neste contexto, a MoRE-GSD adota a definição de Processos de Negócio descrita por

Santos (2007), por se tratar de uma definição bastante completa e baseada em uma extensa

revisão bibliográfica:

“Processo de Negócio é uma estruturação-coordenação-

disposição lógico-temporal de ações e recursos com o

objetivo de gerar um ou mais resultados para a organização.

Os processos podem estar em diferentes níveis de abstração

ou detalhamento, relacionados às atividades gerenciais,

finalísticas ou de apoio. Se forem finalísticos, os resultados

gerados são produto(s)/serviço(s), se forem gerenciais

promovem o funcionamento da organização e seus

processos, e se forem de suporte prestam apoio aos demais

processos da organização. Podem possuir um responsável

por seu desempenho global e responsáveis locais

direcionados aos andamento de suas partes-constituintes e,

comumente, são transversais a forma por meio da qual a

organização se estruturou (por função, por produto, por

eixo geográfico etc.). Processos estão intrinsecamente

relacionados aos fluxos de objetos na organização, sejam

estes objetos materiais, informações, capital, conhecimento,

ideias ou qualquer outro objeto que demande coordenação

de seu fluxo. Aos processos cabe o desenvolvimento ou

desenrolar dos fluxos de objetos enquanto às funções ou

unidades organizacionais cabe a concentração de

conhecimentos por semelhança. Os processos são objetos

de controle e melhoria, mas também permitem que a

organização os utilize como base de registro do

aprendizado sobre como atua, atuou ou atuará em seu

ambiente ou contexto organizacional. Os processos são a

organização em movimento, são, também, uma estruturação

para ação: para a geração e entrega de valor” (Santos,

2007).

Há outros conceitos relacionados a processos de negócio que são úteis na concepção da

abordagem MoRE-GSD. Eriksson e Penker (2000) definem alguns desses conceitos quando

mencionam também atributos de descrição e de medição.

Atributos de descrição, segundo os autores, se relacionam com a descrição textual ou

gráfica do processo, demonstrando como o processo é executado e quais são os insumos

(recursos de entrada processados e consumidos pelo processo) e os produtos (recursos de saída).

O atributo de medição está relacionado diretamente às métricas (indicadores) do processo, que

consideram fatores de tempo, custo e qualidade. O nível de detalhamento dos processos

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(processos desdobrados em subprocessos) também é um aspecto importante, e será abordado no

Passo 2.

Deste modo, é possível afirmar que processos são formados por uma ou mais atividades

executadas por trabalhadores ou sistemas, regidos por regras de negócio, iniciados a partir de

eventos externos ou internos da organização e finalizados por algum tipo de evento que indica o

alcance do seu objetivo.

Assim, os objetivos do negócio definem os propósitos gerais que um negócio pretende

alcançar, podendo ser particionados em sub-objetivos agrupados, por exemplo, por áreas

funcionais do negócio. Assim, todo processo deve estar associado direta ou indiretamente a pelo

menos um objetivo estratégico, fato que guia o primeiro passo da abordagem aqui proposta.

Seguindo essa descrição, é possível apontar os principais conceitos relacionados a

Processos de Negócio, os quais cada equipe distribuída tem que considerar antes mesmo de

iniciar a modelagem dos mesmos. Cada equipe deve seguir todas as diretivas. Baseado nestes

apontamentos, as diretrizes do Passo 1 da MoRE-GSD, conforme a Tabela 5.1, são:

Tabela 5.1. Diretrizes do Passo 1 da Abordagem MoRE-GSD.

S1G1

Cada atividade recebida do Gerente de Projetos pela equipe que vai iniciar a EAR

deve ser relativa a uma única ação. Caso uma atividade tenha detalhamento em

subatividades, considere apenas as subatividades representadas no mesmo contexto

principal. Para as outras, devem ser geradas novas atividades. Por “contexto

principal” entende-se como sendo as subatividades necessárias para que uma

atividade possa ser iniciada e finalizada.

S1G2

Verificar, para cada atividade, se ela pode se tornar uma ação do software de modo

a separar as entradas de um processo em funcionais (por exemplo, lançar novo

produto) e não funcionais (por exemplo, deseja-se rapidez no lançamento).

Interessarão aqui apenas as funcionais;

S1G3 Verificar se as atividades selecionadas possuem apenas uma única entrada de dados.

Caso seja identificada mais de uma, deve-se retornar a S1G1.

S1G4

Verificar se as saídas de uma atividade correspondem ao resultado do processo,

ponto de partida para o Passo 2. Caso não correspondam, deve-se retornar a S1G1 e

verificar se esta não é subatividade de uma atividade.

S1G5

Identificar qual equipe está realizando a elicitação e análise de requisitos de cada

processo. Essa identificação pode ser realizada com um nome para a Equipe (nome

do País e Cidade, por exemplo).

S1G6

Associar um número inteiro que serve como identificador para o processo definido,

a fim de proporcionar a rastreabilidade do processo. Pode ser gerado um número

sequencial, de maneira manual.

É notório que os processos de negócio, no contexto da EPN, são importantes para garantir

uma melhor compreensão da organização como um todo e, consequentemente, do software que

será desenvolvido para sua automatização. Esses processos, ao serem mapeados conforme as

diretivas da Tabela 5.1, geram um artefato chamado Modelos de Processos, cujas finalidades

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básicas são: representação, análise e melhoria da forma que o trabalho é realizado nas

organizações, orientado para produtos, clientes e mercados conforme indicado por SANTOS et

al. (2002).

No Passo 1, por meio de suas diretrizes, há artefatos de entrada e saída, e todos devem

estar descritos no Business Requirement Document – BRD, na primeira seção deste documento –

por ser tratar do Passo 1 da abordagem MoRE-GSD.

5.3.2. Documentação das Regras de Negócios – Passo 2

O Passo 2, da abordagem MoRE-GSD, concentra-se na aplicação do conceito de Regras de

Negócio, referindo-se às afirmações que definem ou limitam alguns aspectos do negócio.

São as Regras de Negócio que determinam como o negócio deve se comportar, como os

processos de negócio devem ser executados e como os recursos utilizados são estruturados e

relacionados entre si. As regras são definidas a partir de leis externas ou internamente ao

negócio, buscando alcançar os objetivos. A representação das regras pode variar desde a forma

textual até a gráfica (Eriksson e Penker, 2000).

O uso desse conceito torna-se importante para a elicitação e análise de requisitos, pois

além da influência direta no negócio, as regras de negócio também têm estreita relação com os

sistemas de informação, principalmente em ambientes de rápidas e constantes mudanças (Diaz

et. al., 1998), característica presente no contexto de DDS, e na proposta desta dissertação, na

qual cada equipe faz a EAR de parte de um mesmo projeto, ou ainda, uma equipe inicia a EAR,

mas é outra que as conclui, com o apoio da MoRE-GSD.

Essa estreita relação se dá porque as regras servem como orientação, influenciando o

comportamento coletivo dos membros de uma organização, controlando ou influenciando a

execução dos processos de negócio e sua estrutura de recursos, restringindo ou condicionando a

execução de certas atividades e dos sistemas de informação que as suportam.

Deste modo, representar as regras de negócio como fonte de informações de requisitos de

um software é fundamental para que a etapa de elicitação e análise dos requisitos seja mais

aderente às reais necessidades do negócio. Isso é enfatizado ao considerar um ambiente de

desenvolvimento distribuído de software, no qual possíveis ambiguidades podem se tornar

pontos de divergência entre equipes distribuídas, ou deixar de corresponder aos pontos

levantados pelo cliente, fato que ficou comprovado com visitas in loco a empresas que atuam

com DDS.

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Portanto, o objetivo deste passo é fazer uso de regras de negócio a fim de diminuir

possíveis ambiguidades facilitando a comunicação entre as equipes geograficamente distribuídas,

direcionando as equipes distribuídas por meio das diretivas a realizarem o processo de modo

padronizado, proporcionando que os benefícios de DDS descritos no Capítulo 2 sejam

alcançados. A Tabela 5.2 apresenta as primeiras diretivas do Passo 2 da abordagem MoRE-GSD.

Tabela 5.2. Diretrizes do Passo 2 da Abordagem MoRE-GSD.

S2G1

Deve-se associar cada regra de negócio gerada no Passo 2 a um processo gerado ao

final do Passo 1. Isso é feito associando o identificador (número inteiro) gerado em

S1G6, com um identificador (número inteiro) nesta diretriz.

S2G2

Cria-se uma estória de cada processo, na visão do cliente, em texto estruturado,

seguindo as seguintes cláusulas:

i. WHO?

ii. WHAT?

iii. WHY?

S2G3

Por meio da cláusula WHAT, deve-se separar o que indica ser requisito funcional

(necessário no software como funcionalidade) e o que indica ser requisito não

funcional (característica da funcionalidade), e comparar com a separação obtida em

S1G2. Se não houver divergências, segue-se para S2G4. Se houver divergências,

retorna-se para S1G2.

S2G4 Documentar no BRD o que foi indicado como possível funcionalidade do software,

e o que foi indicado como possível requisito não funcional.

A abordagem MoRE-GSD propõe documentar as regras de negócio no formato de

estórias, em um padrão de linguagem estruturada, e escrita no idioma inglês.

A representação das regras de negócio proposta em MoRE-GSD emprega linguagem

natural, e mantem uma representação consistente, conforme indicado em S2G2, que minimiza

possíveis ambiguidades, item de grande relevância no DDS, sendo todas registradas no BRD. É

possível exemplificar o Passo 2, Diretivas 1 e 2, conforme a Figura 5.3.

.

Equipe: Brasil

ID: Regra de Negócio 1 – Processo de Negócio1

WHO? I, as a customer

WHAT? I need an interface for payment by credit card that is intuitive and

easy to use

WHY? In order to facilitate my payments

.

Figura 5.3. Ilustração após as Diretivas 1 e 2 do Passo 2 da Abordagem MoRE-GSD.

A partir do exemplo descrito na Figura 5.3, o ID no cabeçalho da estória associa essa

regra de negócio (Regra de Negócio 1) a uma equipe (Equipe: Brasil) e a um processo de

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negócio de S1G6, o que direciona o rastreamento e gerenciamento dos artefatos gerados em toda

abordagem MoRE-GSD.

A expressão contida na cláusula WHO (S2G2) indica quem é o solicitante daquela regra

de negócio, que pode ser, por exemplo, o cliente, um desenvolvedor, um sistema que fará parte

de uma integração ou ainda outro. Essa cláusula direciona para quem é o ator do processo de

negócio associado à regra detalhada.

A expressão contida na cláusula WHAT direciona a separação do que é requisito

funcional e o que é requisito não funcional (Diretiva S2G3). Neste exemplo é possível separar o

que é requisito funcional – “I need an interface for payment by credit card” (Preciso de uma

interface de pagamento por cartão de crédito), do que é requisito não funcional, condizente com

a parte final da expressão – “that is intuitive and easy to use” – que seja intuitiva e fácil de usar.

Finalizando, a cláusula WHY justifica a existência dessa estória, minimizando possíveis

ambiguidades, bem como vem possibilitar o futuro rastreamento dos requisitos, identificando

prováveis dependências que possam existir durante a implementação dos requisitos elicitados.

5.3.2.1. Nível de Detalhamento dos Processos de Negócio

Ainda no Passo 2, a visão processual, ao se materializar em modelos de processos de negócio

com suas respectivas regras de negócio, deve estar em um nível de detalhamento adequado. Para

Cameira e Caulliraux (2000) essa questão é pauta para discussões sem fim, principalmente por

ser impossível chegar a regras exatas neste ponto. Estes autores afirmam ainda que o nível de

detalhamento é uma variável fuzzy não existindo uma regra exata em sua definição

Vicente (2004) afirma que mesmo dentro de um escopo definido podem existir níveis de

detalhamento diferentes, pois as pessoas, que são entrevistadas ou que executam a modelagem

dos processos de negócio, podem apresentar níveis de conhecimento e de experiência diferentes

refletindo no nível de agregação dos modelos.

Cameira e Caulliraux (2000) afirmam que um processo deve descrever claramente o

fluxo de informação (e seus artefatos). Estes autores descrevem também que um processo não

deve ser superficial demais, mesmo que o objetivo seja apenas entender superficialmente como

são os macroprocessos de uma organização. Consideram também que o mesmo raciocínio se

aplica em situações, dependendo das características do negócio, que a maior parte dos problemas

provavelmente está lotada nos processos operacionais, que não necessariamente aparecem em

modelagens agregadas ou em descrições de fluxos ainda em nível macro.

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Fazendo uso das afirmações de Cameira e Caulliraux (2000), essa etapa da abordagem

MoRE-GSD foi também discutida com profissionais quando das visitas às empresas, conforme

relatado no Capítulo 3. Pode-se notar que as estratégias seguidas pelas empresas visitadas

sempre dependem do conhecimento empírico da empresa/dos profissionais envolvidos, não

havendo um padrão para tal.

Assim, adotar um padrão nesse ponto da EAR se faz necessário, principalmente ao

considerar o DDS, uma vez que em cada polo de desenvolvimento podem existir profissionais

com cultura, conhecimento e demais características sociais e técnicas diferentes, ou até bastante

divergentes.

A fim de padronizar o nível de detalhamento dos processos de negócios e de suas regras

de negócio associadas, a abordagem MoRE-GSD propõe, ainda no Passo 2, a diretriz 5, que é

apresentada na Tabela 5.4.

Tabela 5.3. Diretriz Para o Nível de Detalhamento das Regras de Negócio.

S2G5

A cláusula WHAT de S2G2 deve ter apenas uma oração – sujeito

simples/composto, associado a um único verbo.

Caso tenha mais de uma oração na cláusula WHAT, a regra de negócio deve ser

dividida em duas ou mais estórias (Retornando para S2G1), até que tenha apenas

uma oração associada.

Quando tiver apenas uma oração, o nível de detalhamento está satisfatório.

No exemplo utilizado na Figura 5.3, a cláusula WHY está com a sentença “in order to

facilitate my payments” (com o objetivo de facilitar meus pagamentos). Se aqui houvesse mais

de um verbo associado ao sujeito (neste caso há somente o verbo facilitar), essa estória deveria

ser detalhada em duas ou mais estórias, a fim de minimizar ao máximo a ambiguidade e a futura

modelagem deste processo de negócio.

Por exemplo, se a sentença neste ponto fosse “com o objetivo de facilitar e prover uma

nova forma para meus pagamentos”. Neste caso, uma estória descrita estaria associada ao verbo

“facilitar” e outra ao verbo “prover” uma nova forma de pagamento.

Entretanto, conforme afirmado na literatura e comprovado na indústria, não se deve

desconsiderar o conhecimento empírico de cada equipe ao solicitar um maior detalhamento de

cada processo de negócio.

Ao finalizar S2G5, devem-se documentar na Seção 2 do BRD, os artefatos gerados neste

passo.

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5.3.3. Modelagem dos Processos de Negócios – Passo 3

O objetivo da modelagem de processos é desenvolver os modelos que capturem as diversas

características no negócio, simplificando a representação de uma realidade mais complexa por

meio da omissão de detalhes irrelevantes para a análise desejada, de modo a facilitar o

entendimento dos envolvidos e afetados por determinado processo (Bubenko et al., 2001).

Com a modelagem dos processos é possível gerar uma visão processual em detrimento da

funcional. A primeira visão facilita indiretamente, segundo Cameira e Caulliraux (2000), quebrar

barreiras funcionais, permitindo o tratamento processual dos fluxos de informação.

Deste modo, se faz necessário que haja um fluxo contínuo e ininterrupto dos processos e

regras de negócio na abordagem MoRE-GSD, haja vista que é fato, segundo Sommerville

(2007), que a correta elicitação e análise dos requisitos de um software são a base do sucesso de

um projeto de software. Assim, espera-se que os processos de negócio modelados não estejam

limitados ao provimento de informações para o desenvolvimento de sistemas de informação, mas

que também possam auxiliar em outras análises e aplicações da EPN.

A abordagem MoRE-GSD tem como diretrizes para a modelagem dos processos de

negócio as apresentadas na Tabela 5.4.

Tabela 5.4. Diretrizes para Modelagem de Processos de Negócios da Abordagem MoRE-GSD.

S3G1

A técnica padrão para modelagem dos processos de negócio entre as equipes

distribuídas é BPMN. A ferramenta para automatizar a modelagem é de livre

escolha, de acordo com a preferencia de cada profissional (o artefato gerado é o

mesmo);

S3G2 Deve-se associar de maneira explícita cada processo modelado às suas respectivas

regras de negócio em S2G1;

S3G3 Cada objeto representado no modelo deve ter um propósito. Deste modo, um

modelo não deve conter mais informações do que o necessário;

S3G4 Os elementos gráficos gerados pela modelagem BPMN devem estar relacionados às

regras de negócio em S2G4, havendo um processo com início e fim para cada regra;

S3G5

Caso exista necessidade de representar uma interrupção temporal, por dependência

de outras estórias ou outro motivo qualquer, uma atividade passiva deverá ser

representada por meio de um estado no modelo BPMN.

A diretriz S3G1 direciona para o uso de BPMN (entre as descritas no Capítulo 4) como

técnica padrão de modelagem dos processos de negócio. Por meio de visitas, houve a

constatação do crescente uso desta técnica nas empresas desenvolvedoras de software. Na

maioria delas, segundo profissionais destas empresas, a técnica BPMN tem sido satisfatória,

dada sua gama de elementos gráficos, quantidade de ferramentas que a automatizam, fácil acesso

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a treinamentos e crescente número de profissionais que fazem uso da mesma, ratificando o que é

descrito na literatura relativa ao tema.

Novamente há a associação do artefato gerado no passo atual com o do passo anterior, o

que ocorre em S3G2. Cada modelo gerado deve ter um propósito único, tornando este artefato

intuitivo e fácil de compreender, minimizando ambiguidades e outros problemas de comunicação

entre membros de uma mesma equipe, e entre equipes distribuídas que desenvolvem o mesmo

projeto, não trazendo prejuízos à continuidade constante do projeto por equipes em diferentes

locais do mundo.

Ao final desse passo há então a modelagem gráfica com a técnica BPMN associada a

cada processo de negócio, contemplando as regras de negócio do mesmo. Essa modelagem é

também inserida no BRD, na seção 3 – haja vista que o passo atual é o terceiro.

5.3.4. Representação dos Requisitos de Sistema – Passo 4

A representação formal dos requisitos de sistema ao final da fase de elicitação de requisitos

torna-se importante para manutenção da rastreabilidade das informações e utilização das mesmas

nas demais etapas do ciclo de vida do software.

Existem inúmeras técnicas, notações e linguagens encontradas na literatura e conhecidas

na indústria que podem ser empregadas com a função de documentar e gerenciar os requisitos de

sistema. No entanto, segundo Vicente (2004), a UML é uma das linguagens mais utilizadas,

dentre outros motivos por ser gráfica, e que especifica, constrói e documenta os artefatos de

sistemas. Além disso, a UML representa uma coleção das melhores práticas que vem sendo

aprimorada e aprovada tanto pela comunidade científica quanto pela indústria.

Após a execução dos 3 passos iniciais, a abordagem MoRE-GSD propõe no Passo 4, a

representação dos requisitos de sistema. Esta representação segue as diretrizes explicitadas na

Tabela 5.5.

Tabela 5.5. Diretrizes Para Representação dos Requisitos de Sistema.

S4G1

Gerar os Casos de Uso Simplificados (leia-se: Casos de Uso adaptados para a

MoRE-GSD), segundo:

Em S2G2, quem estava na clausula WHO, representa um ator do Caso de Uso;

O que foi separado como requisito funcional na clausula WHAT de S2G2 torna-

se caso de uso;

S4G2 Associar cada Caso de Uso Simplificado a uma raia na modelagem BPMN realizada

do processo de negócio, e a estória escrita.

S4G3 Cada caso de uso é relacionado a uma única atividade do processo de negócio,

seguindo a diretriz S2G5, que trata do nível de detalhamento dos processos de

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91

negócio.

S4G4

Finalização do BRD, que deve conter, além das indicações já descritas nos passos

anteriores:

Descrição do negócio a ser modelado;

Enumeração dos processos e atividades considerados no desenvolvimento do

sistema;

Listagem das necessidades de negócio existentes em cada processo;

Relação das funcionalidades e restrições do sistema;

No contexto da abordagem MoRE-GSD, a modelagem obtida pela técnica BPMN

descreve, graficamente, os passos do processo que tornaram-se um caso de uso, ao passo que as

estórias minimizam, consideravelmente, as ambiguidades que poderiam vir a existir em cada

funcionalidade, fazendo com que a EAR possa ser compartilhada entre equipes antes de chegar a

sua representação final, fazendo uso dos benefícios do DDS, especialmente o follow-the-sun.

Deve-se observar que a forma de documentar os requisitos deve subsidiar o entendimento

e o aproveitamento destes requisitos nas demais etapas do ciclo de vida de software, de forma a

garantir a rastreabilidade e a gestão dos mesmos, fato que a abordagem MoRE-GSD contempla.

Ao final, o BRD contem todos os artefatos gerados pelos quatro passos e suas diretrizes.

Esse BRD pode ser compartilhado entre equipes distribuídas enquanto se está em fase de EAR,

pois com as diretrizes uma equipe pode continuar o trabalho iniciado por outra, haja vista que há

uma sequência lógica de passos e diretrizes.

É também viável que outra equipe qualquer implemente os requisitos que passaram pela

EAR guiados pela abordagem MoRE-GSD, sem a presença da equipe que realizou a EAR, pois

os artefatos gerados se complementam em detalhamento, reduzindo ambiguidades e possíveis

dúvidas que fatalmente teriam em um ambiente de desenvolvimento distribuído de software.

5.4. Considerações Finais

Dada a necessidade de uma abordagem que contemplasse EAR, EPN e DDS, este capítulo

apresentou a abordagem MoRE-GSD, buscando apoio adequado à etapa de EAR, fazendo uso de

práticas da EPN em DDS, principalmente com o objetivo de que os benefícios inerentes ao DDS

sejam obtidos.

Esta abordagem objetiva guiar, por meio de passos e diretrizes, a elicitação e análise de

requisitos, de modo que a descrição até a representação dos requisitos possam ocorrer de forma

padronizada, proporcionando a realização e compartilhamento de toda a etapa de EAR por

equipes geograficamente distribuídas. As etapas anteriores e posteriores à EAR não são tratadas

pela MoRE-GSD.

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Deste modo, as vantagens inerentes ao DDS, como o follow-the-Sun, a utilização de

recursos globais a qualquer momento, redução de custos com possíveis terceirizações, entre

outras, sejam possíveis também na etapa de elicitação e análise de requisitos.

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Estudo de Viabilidade

6.1. Considerações Iniciais

Este capítulo apresenta um estudo experimental de viabilidade da abordagem MoRE-GSD, e tem

como objetivo coletar evidências, pontos fortes e fracos sobre a abordagem proposta (Travassos,

2002).

A característica central deste estudo de viabilidade é coletar os dados baseando-se em

uma pré-estrutura que guia o experimento (Mafra e Travassos, 2006), com o objetivo de aferir a

viabilidade do uso em grande escala da abordagem MoRE-GSD pela indústria que trabalha com

desenvolvimento distribuído de software, bem como referenciar, academicamente, trabalhos

futuros que sigam a linha proposta neste documento.

O objetivo não é encontrar uma resposta definitiva, e sim construir um corpo de

conhecimento que aborda a plausibilidade da continuidade do estudo, gerar novas hipóteses

sobre a abordagem e sua utilidade.

Para que esse experimento seja efetivo, e de acordo com os paradigmas da pesquisa

experimental, este capítulo foi direcionado de acordo com a análise qualitativa que evidencia a

observação natural, com análise subjetiva e orientada a descoberta (Travassos, 2002).

Deste modo, pelas características da aplicação deste estudo de viabilidade, é possível

classificá-lo como Estudo Experimental – direcionado por questões e hipóteses (Travassos,

6

Capítulo

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2002), com caracterização e possibilidade de controle da amostra utilizada de modo direto,

preciso e sistemático (Yin, 2005).

Pode-se justificar pelo não uso de uma estrutura de Estudo de Caso, pois, conforme

afirmam Yin (2005) e Travassos (2002), estudo de caso é a técnica escolhida quando o objetivo é

examinar estudos contemporâneos, mas nestes não se podem manipular comportamentos

relevantes, além de exigir que haja observação direta e uma série sistemática de entrevistas,

pontos não possíveis de serem realizados no contexto deste estudo.

As etapas deste estudo experimental, em sequência, estão conforme a Figura 6.1.

Figura 6.1. Etapas do Experimento (Mafra e Travassos, 2006).

6.2. Definição dos Objetivos

Essa fase inicial objetiva a definição das metas do estudo experimental (Travassos, 2002), que

estão de acordo com o protocolo a ser definido na sequência. Neste âmbito, tal estudo pode ser

caracterizado como multi-teste, pois há um único objeto de estudo e mais de um participante por

objeto (Mafra e Travassos, 2006).

Esta seção apresenta os objetivos deste estudo experimental de viabilidade da abordagem

MoRE-GSD sobre as perspectivas global, a relacionada à medição e, por fim, a do estudo.

6.2.1. Objetivo Global

O objetivo global deste estudo é caracterizar a viabilidade da abordagem MoRE-GSD para sua

efetiva utilização, colaborando com o desenvolvimento científico da Engenharia de Software, e

servindo de apoio para a elicitação e análise de requisitos, em particular, na indústria por equipes

geograficamente distribuídas.

6.2.2. Objetivo da Medição

O objetivo da medição, do presente estudo, é investigar e caracterizar a abordagem MoRE-GSD

com relação à sua viabilidade para guiar a EAR no contexto de desenvolvimento distribuído de

software.

Análise e

Interpretação Execução

Planejamento Definição dos

Objetivos

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6.2.3. Objetivo do Estudo

O objetivo do estudo visa garantir que os aspectos importantes do estudo experimental sejam

definidos antes do planejamento e da execução, e indica que este será efetivamente realizado

(Travassos, 2002).

O objetivo deste estudo foi elaborado segundo os princípios do paradigma GQM – Goal

Question Metric (Basili e Rombach, 1988), e são:

Analisar a abordagem MoRE-GSD para equipes geograficamente distribuídas

com o propósito de caracterizar

com respeito a à viabilidade dos passos, diretrizes e artefatos definidos pela abordagem

do ponto de vista do pesquisador

no contexto de profissionais que atuam com desenvolvimento distribuído de software.

6.2.4. Questões de Estudo

As questões definidas para este estudo são:

Q1: Os passos e diretrizes da abordagem MoRE-GSD apoiam a elicitação e

análise de requisitos no desenvolvimento distribuído de software?

o Métrica: A lista de passos e diretrizes propostos na abordagem.

Q2: Os artefatos gerados na abordagem MoRE-GSD não apoiam o

desenvolvimento distribuído de software, servindo como meio de comunicação

entre as equipes de desenvolvimento?

o Métrica: A lista de artefatos especificados pela abordagem.

6.3. Planejamento

Esta etapa é responsável por preparar como o estudo será conduzido, e é composta pelas

seguintes fases: definição das hipóteses, seleção do contexto e dos participantes, projeto do

estudo e instrumentação, e validade do experimento (Mafra e Travassos, 2006).

6.3.1. Definição das hipóteses

Uma hipótese é uma teoria ou suposição que pode explicar um determinado comportamento de

interesse da pesquisa (Mafra e Travassos, 2006).

As hipóteses definidas para esse estudo são:

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H0: A abordagem MoRE-GSD não guia a elicitação e análise de requisitos de um

projeto por equipes geograficamente distribuídas.

H1: A abordagem MoRE-GSD guia a elicitação e análise de requisitos de um

projeto por equipes geograficamente distribuídas.

6.3.2. Seleção do Contexto e dos Participantes

A seleção do contexto e dos participantes está diretamente ligada à possibilidade de

generalização dos resultados da abordagem MoRE-GSD por meio do estudo experimental. Esse

direcionamento sugere que a amostra seja da melhor maneira representativa da população não

em quantidade, mas em qualidade, que se almeja alcançar, para a qual se quer generalizar os

resultados (Mafra e Travassos, 2006). Assim, este estudo tem como contexto, empresas que

atuam no modelo Offshoring de desenvolvimento distribuído de software.

A condução deste estudo se deu em ambiente empresarial, por meio de questionários

enviados eletronicamente a profissionais que realizam a EAR no modelo Offshoring, antes e

após o uso da abordagem MoRE-GSD, em um projeto real.

Por serem profissionais e realizaram a EAR com o uso da abordagem proposta, pode-se

afirmar que a seleção dos participantes da amostra não ocorreu de forma aleatória, sendo a

amostragem obtida por conveniência, segundo classifica Travassos (2002). O projeto envolveu

três empresas localizadas em países diferentes, mas que atuam frequentemente em projetos

únicos.

Segundo Shull et. al. (2001), o mais adequado para estudos de viabilidade é conduzi-los

em ambientes acadêmicos, haja vista que a proposta passa por um primeiro teste antes de seu uso

na indústria.

Entretanto, a aplicação deste estudo na indústria contribui significativamente para uma

validação mais fiel da abordagem MoRE-GSD, pois os desafios da EAR no DDS vivenciados na

prática por estes profissionais podem contribuir com uma visão mais abrangente na validação e

direcionamento da evolução da abordagem MoRE-GSD.

A caracterização das empresas foi obtida por meio do questionário Q01 (Apêndice B) e

pesquisas na Internet, em seus respectivos portais. As empresas estão identificadas como E1, E2

e E3 a fim de preservá-las. Deve-se destacar que as empresas que participaram da aplicação do

estudo concordaram com o termo de consentimento CT01 disponibilizado às mesmas (Exemplo

do CT01: Apêndice A).

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A Tabela 6.1 caracteriza as três empresas que participaram do experimento e, de maneira

geral, seus colaboradores, conforme o Questionário Q01.

Tabela 6.1. Descrição das empresas participantes do experimento.

Empresa Descrição

E1

Localizada no Brasil, no estado do Paraná, foi fundada em 2006, e trabalha desde

2008 com Offshoring. É especializada no desenvolvimento de aplicações Web com

Ruby on Rails e PHP, e desenvolvimento para dispositivos móveis (tanto Android

quanto iOS). Trabalha também com estruturas de código aberto, como PHP Trax,

Symfony, Zend e Joomla. Atualmente conta com oito colaboradores, dos quais três

atuam com Elicitação e Análise de Requisitos, e os mesmos três atuam também

com Modelagem de Processos de Negócios.

E2

Localizada nos Estados Unidos, no estado da Califórnia, foi fundada em 2000. Atua

com desenvolvimento de software para Web e dispositivos móveis focando

pequenos e médios negócios, principalmente start-ups, em um modelo de troca:

automatiza o empreendimento do cliente e obtém lucro a partir do lucro deste

cliente (ganha uma porcentagem do que o cliente ganhar). Desenvolve em parceria

com empresas terceirizadas (dentro e fora dos EUA) desde sua fundação. Tem

aproximadamente cinquenta colaboradores, sendo que a maioria atua como

vendedores de projetos e aliciamento de potenciais clientes. Em média, de sete a

dez colaboradores trabalham com Elicitação e Análise de Requisitos e também com

desenvolvimento dos sistemas. Aproximadamente trinta colaboradores atuam com

Modelagem de Processos de Negócios (incluindo todos os que atuam com

Elicitação e Análise de Requisitos e desenvolvimento – requisito para contratação,

tanto de colaboradores, quanto de empresas parceiras para desenvolvimento).

E3

Localizada nos Estados Unidos, no estado da Flórida, foi fundada em 2006. Faz

parte de um grupo de quatro empresas, que se caracteriza como “fornecedor de

serviço completo de entretenimento digital e produção de conteúdo”. A empresa do

grupo participante deste experimento atua principalmente com desenvolvimento de

layouts gráficos para sistemas Web e em dispositivos móveis desenvolvidos por

outras empresas (seja elas do mesmo grupo ou terceirizadas). Atualmente, conta

com vinte e quatro colaboradores, subdivididos em três times de desenvolvimento.

O time que participou deste experimento é composto por seis colaboradores, dos

quais apenas um atua com Elicitação e Análise de Requisitos. Nenhum colaborador

do time havia atuado anteriormente com modelagem de processos de negócio.

Nas três empresas, os participantes deste estudo foram colaboradores que atuam com

elicitação e análise de requisitos de maneira direta (realizando a EAR) ou indireta (usando a

EAR para implementar ou testar o que fora desenvolvido).

A caracterização dos participantes que fizeram uso da abordagem MoRE-GSD e

retornaram o Questionário Q02 (Apêndice C) respondido totalizou um montante de 11

colaboradores. Foram enviados 15 questionários, totalizando aproximadamente 74% de retorno.

A Tabela 6.2 descreve estes 11 participantes de acordo com as variáveis independentes

do Questionário Q02, destacando sua formação (Questão 1), experiência em desenvolvimento de

software (Questão 2), experiência em desenvolvimento distribuído de software (Questão 3),

experiência em modelagem de processos de negócio (Questão 4), e experiência em elicitação e

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análise de requisitos (Questão 5). A descrição está organizada por questão respondida, destacada

em negrito.

Tabela 6.2. Caracterização dos participantes do experimento.

Empresa Participante Descrição

E1

Participante 1 1. Pós-Graduação Completa – lato sensu; 2. Sim, 3 anos; 3. Sim, 3

anos; 4. Não; 5. Não.

Participante 2 1. Superior Incompleto; 2. Sim, 4 anos; 3. Sim, 2 anos; 4. Sim, 2 anos

e 6 meses; 5. Sim, 4 anos.

Participante 3 1. Superior Incompleto; 2. Sim, 3 anos; 3. Sim, 2 anos; 4. Sim, 1 ano;

5. Sim, 1 ano.

Participante 4 1. Superior Completo; 2. Sim, 11 anos; 3. Sim, 5 anos; 4. Sim, 4 anos;

5. Sim, 3 anos e 6 meses.

E2

Participante 1 1. Pós-Graduação Incompleta – stricto sensu; 2. Sim, 10 anos; 3. Sim,

6 anos; 4. Sim, 6 anos; 5. Sim, 10 anos.

Participante 2 1. Superior Incompleto; 2. Sim, 3 anos; 3. Sim, 1 ano; 4. Sim, 1 ano;

5. Sim, 3 anos.

Participante 3 1. Pós-Graduação Completa – lato sensu; 2. Sim, 5 anos e 6 meses;

3. Sim, 4 anos; 4. Sim, 2 anos e 6 meses; 5. Sim, 5 anos.

Participante 4 1. Superior Incompleto; 2. Sim, 2 anos e 6 meses; 3. Sim, 2 anos; 4.

Sim, 2 anos; 5. Sim, 2 anos.

Participante 5 1. Superior Completo; 2. Sim, 7 anos; 3. Sim, 6 anos e 6 meses; 4.

Sim, 4 anos; 5. Sim, 6 anos e 6 meses.

E3

Participante 1 1. Superior Incompleto; 2. Sim, 2 anos e 6 meses; 3. Sim, 2 anos e 6

meses; 4. Não; 5. Não.

Participante 2 1. Superior Incompleto; 2. Sim, 8 anos; 3. Sim, 2 anos; 4. Não; 5. Sim,

6 anos.

Ao analisar a Tabela 6.2 pode-se destacar que 54% dos colaboradores respondentes não

possuem ensino superior completo, enquanto apenas dois deles, o que soma aproximadamente

18%, possuem pós-graduação completa.

Nota-se, também, que a média de tempo de experiência em desenvolvimento de software

é de aproximadamente 5,5 anos, média que diminui quando se trata especificamente de DDS,

sendo de aproximadamente 3,3 anos.

É importante destacar que, na questão de modelagem de processos de negócio, a

experiência média dos respondentes é de aproximadamente 2,1 anos, mesmo havendo um

colaborador que possui 6 anos de experiência neste quesito.

Já a média de experiência na EAR é mais elevada, sendo de aproximadamente 3,8 anos,

havendo apenas um colaborador sem qualquer experiência específica neste quesito. Entretanto,

este profissional não gera dados discrepantes, haja vista que atua com DDS, e fez o uso

normalmente da MoRE-GSD.

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6.3.3. Projeto do Estudo e Instrumentação

Conforme já destacado, este estudo caracteriza-se como um experimento, e visa coletar dados a

partir do uso da abordagem MoRE-GSD por profissionais das três empresas descritas na Tabela

6.2.

Os colaboradores das três empresas caracterizados na Tabela 6.2 também responderam ao

questionário do estudo de viabilidade, denominado Questionário Q03 (Apêndice D), subdividido

em partes de interesses particulares, contendo 14 questões, dentro de uma escala de mensuração,

conforme a Tabela 6.3 apresenta.

Tabela 6.3. Escala de mensuração das respostas do Questionário Q03

Valor [1] [2] [3] [4] [5]

Resposta à

questão:

Sim, em

todas as

vezes;

Sim, na

maioria

das vezes;

Não, em

boa parte

das vezes;

Não, em

nenhuma

das vezes;

Sem

Resposta

Não foi utilizada uma escala com um número impar de opções opinativas (cinco, por

exemplo) a fim de não conter um valor intermediário que direcionasse para a neutralidade, pois,

segundo Laitenberger e Dreyer (1998), a opção de um valor neutro não fornece informações

sobre a direção para qual o participante está inclinado (concordância ou discordância). Deste

modo, a escala das variáveis varia de [1] a [4].

Entretanto, para eliminar as respostas não conformes (outliers13

) geradas por dúvidas,

desconhecimento ou interpretação dúbia foi incluído o item [5] que descarta a questão a título de

análise descritiva para obter um valor mais representativo ao final da coleta de dados.

6.3.4. Validade do Experimento

Um ponto fundamental com relação aos resultados de um estudo experimental é identificar o

quão válidos eles são, pois estes resultados devem ser generalizados. Esta fase do experimento

deve ser considerada na fase de planejamento (Travassos, 2002).

Ainda, segundo Travassos (2002), há quatro tipos de validade: interna, externa,

construtiva e conclusiva, as quais são descritas nas subseções a seguir.

13

Outlier é um resultado atípico que apresenta um grande afastamento dos demais valores. São ameaças em

pesquisas e estudos experimentais.

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100

6.3.4.1. Validade Interna

A validade interna refere-se ao tratamento-resultado e seus riscos estão relacionados aos

participantes, que podem ficar cansados ou desanimados, o que pode afetar os resultados

negativamente. Assim, reforça-se a necessidade de uma instrumentação, preparada

adequadamente, para evitar maus entendimentos (Travassos, 2002).

Neste experimento, os participantes foram selecionados com base no conhecimento e

experiência em desenvolvimento distribuído de software. A validade interna é dependente do

número de participantes, quanto maior o número de participantes melhor será a validade interna.

6.3.4.2. Validade Externa

A validade externa é relacionada às condições que limitam a habilidade de generalizar os

resultados. Essa validade é dependente da capacidade do estudo em refletir o mesmo

comportamento em outros grupos de participantes e profissionais da indústria, ou seja, em outros

grupos além daquele em que o estudo foi aplicado (Travassos, 2002).

Os dados do perfil dos indivíduos podem ser analisados para avaliar o nível de

experiência e conhecimento em elicitação e análise de requisitos, em modelagem de processos de

negócio, e em desenvolvimento distribuído de software, realizado neste experimento pelo

Questionário Q02. De acordo com esta caracterização, pode-se afirmar o quão generalizável é a

abordagem proposta.

6.3.4.3. Validade Construtiva

A validade construtiva considera os relacionamentos entre a teoria e a observação, ou seja, se o

tratamento reflete bem a causa e o resultado reflete bem o efeito. Os problemas a serem

considerados referem-se ao fato dos participantes se basearem nas hipóteses e na expectativa do

pesquisador (Travassos, 2002). Este tipo de validade não se faz muito adequado para o presente

experimento, dadas suas características.

6.3.4.4. Validade Conclusiva

A validade conclusiva se relaciona à habilidade de chegar a uma conclusão correta a

respeito dos relacionamentos entre o tratamento e os resultados do experimento. A validade

conclusiva mensura a relação entre o tratamento e o resultado, determinando a capacidade do

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101

estudo em gerar alguma conclusão. A obtenção de boas conclusões será permitida por meio de

uma boa definição das variáveis independentes e dependentes juntamente com as analises

descritivas adequadas (Travassos, 2002).

Este foi o tipo de validação buscada para o experimento em questão, pois, a partir da

análise do perfil de conhecimento dos participantes sobre área de elicitação e análise de

requisitos, modelagem de processos de negócio e desenvolvimento distribuído de software, os

dados coletados podem ser assumidos como confiáveis ou não confiáveis.

6.4. Execução do Experimento

Segundo Mafra e Travassos (2006), a execução é a etapa na qual os participantes do experimento

realizam suas tarefas proporcionando a coleta de dados.

Para a execução deste estudo, foi redigido um roteiro em formato de memorial descritivo

(Apêndice F) explanando a abordagem MoRE-GSD, e enviado juntamente com um questionário

do perfil do entrevistado (Questionário Q02).

O projeto em que as empresas E1, E2 e E3 realizaram a EAR com o apoio da MoRE-

GSD, teve como objetivo desenvolver um aplicativo para realizar Forex14

de valores arrecadados

entre os jogadores que compram fichas em dinheiro real, a partir de um site já bastante utilizado

de Poker. O objetivo final é que, a partir da nova funcionalidade integrada ao site de Poker, seja

possível alcançar outros mercados além dos EUA e, ao mesmo tempo, cativar os atuais jogadores

de Poker cadastrados no site a fazerem uso deste aplicativo de Forex. Isso trará um ganho extra

ao site e aos próprios jogadores. Uma das necessidades básicas foi que o aplicativo tivesse

autenticação integrada ao login e password do Facebook do usuário.

Todo o site foi desenvolvido na linguagem Ruby com o framework Ruby on Rails (RoR).

Para evitar possíveis incompatibilidades técnicas, o cliente solicitou que o aplicativo de Forex

também fosse desenvolvido em RoR.

O aplicativo requereu interface Web para os usuários que acessam o jogo pelo site, e

também a disponibilização para usuários de gadgets da Apple (principalmente iPhone e iPad). A

EAR foi distribuída entre estas 3 empresas. Para a implementação, um grupo de requisitos foi

alocado a cada empresa, de acordo com a especialidade de cada uma.

Em diversos projetos anteriores estas 3 empresas já foram parceiras para realização da

EAR, pois para que cada qual desenvolva seus requisitos, é necessário ter conhecimento dos

14

Forex vem de Foreign Exchange, e significa Mercado de Câmbio. É um mercado financeiro descentralizado

destinado a transações de câmbio, sendo um dos maiores mercados do mundo.

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102

requisitos das outras equipes a fim de desenvolver um software melhor alinhado. Esta condição

facilitou a aplicação de um questionário comparativo, que será descrito na subseção 6.5.4.

Após o uso da abordagem MoRE-GSD no projeto, foi então enviado o questionário de

viabilidade (Questionário Q03, disponível no Apêndice D) para os colaboradores das empresas

E1, E2 e E3, retornaram, em média, dois dias após o término do uso da abordagem MoRE-GSD

pelos mesmos.

6.4.1. Resultados Obtidos

A partir da aplicação e retorno dos questionários, foi possível documentar os dados que os

participantes apontaram acerca da abordagem MoRE-GSD.

Os dados nas linhas das Tabelas 6.5 e 6.6 apontam a resposta associada a uma empresa

(E1, E2 ou E3) e a um participante desta empresa (P1, P2, etc.), conforme os dados coletados.

O Questionário Q03, que trata das variáveis dependentes, foi subdividido em duas partes.

A primeira, contem sete questões relativas à Utilidade, enquanto a segunda, contendo também

sete questões, trata da percepção dos colaboradores quanto à Facilidade de Uso da abordagem

MoRE-GSD.

A escala de mensuração, definida na fase de Planejamento deste estudo para as questões

abaixo listadas, segue o padrão apresentado na Tabela 6.3. Quanto ao tema Utilidade, foram

apresentadas as seguintes questões:

(A) O conjunto de passos e diretrizes guiou a elicitação e análise de requisitos no

ambiente distribuído?

(B) A continuidade da elicitação e análise de requisitos por uma equipe iniciada

por outra equipe foi possível?

(C) As estórias contribuíram para diminuir possíveis ambiguidades de uma

atividade?

(D) Os elementos gráficos do BPMN relacionados às regras de negócio

melhoraram o nível de detalhamento requerido para a elicitação e análise dos

requisitos?

(E) As cláusulas WHO, WHAT e WHY foram claras em sua definição no passo

em que foram aplicadas?

(F) O conjunto de passos e diretrizes atende às necessidades de organização e

comunicação que o desenvolvimento distribuído de software requer?

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103

(G) Conjunto de artefatos atende às necessidades de organização e comunicação

que o desenvolvimento distribuído de software requer?

A Tabela 6.4 apresenta os dados obtidos de retorno para as questões (A) a (G), relativos

à utilidade da abordagem MoRE-GSD.

Tabela 6.4. Resultados obtidos para as variáveis dependentes (A) a (G) – Utilidade

Empresa/Participante (A) (B) (C) (D) (E) (F) (G)

E1/P1 1 1 2 3 1 1 1

E1/P2 1 1 1 1 1 1 1

E1/P3 1 2 2 1 2 1 2

E1/P4 1 1 2 1 1 1 1

E2/P1 2 1 3 2 2 1 1

E2/P2 1 2 1 1 1 1 1

E2/P3 2 2 2 2 2 2 1

E2/P4 1 1 2 2 2 1 2

E2/P5 1 1 1 1 1 1 1

E3/P1 1 1 2 5 2 1 1

E3/P2 1 1 1 3 2 2 1

A segunda parte dos dados, relativos às variáveis dependentes, trata da percepção dos

usuários da abordagem MoRE-GSD quanto à Facilidade de Uso da mesma. Foram elencadas as

seguintes questões quanto a esse tema:

(H) A nomenclatura comum a todas as equipes possibilitou entender a

dependência das atividades e artefatos?

(I) O modo de identificar as equipes possibilitou saber quem desenvolveu qual

artefato?

(J) O modo de identificar passos e diretrizes possibilitou acompanhar a sequência

da abordagem?

(K) Seguir os passos e diretrizes foi fácil?

(L) O uso da técnica BPMN foi acessível a todos?

(M) Os passos e diretrizes foram descritos de forma clara e compreensível?

(N) Foi fácil lembrar os passos e diretrizes durante o uso da abordagem MoRE-

GSD?

A Tabela 6.5 apresenta, de forma estruturada, os dados obtidos para as questões (H) a

(N), relativos à Facilidade de Uso da abordagem MoRE-GSD.

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Tabela 6.5. Resultados obtidos para as variáveis dependentes (H) a (N) – Facilidade de Uso

Empresa/Participante (H) (I) (J) (K) (L) (M) (N)

E1/P1 2 1 1 2 3 1 3

E1/P2 1 1 1 1 1 1 2

E1/P3 1 1 1 2 1 2 1

E1/P4 1 1 1 1 1 1 3

E2/P1 1 1 1 2 2 1 2

E2/P2 1 1 1 2 2 1 2

E2/P3 2 2 2 2 2 1 2

E2/P4 1 1 2 2 2 1 2

E2/P5 1 1 1 1 1 1 3

E3/P1 2 1 2 2 5 2 3

E1/P2 1 1 1 2 3 1 2

A seção seguinte apresenta a análise e interpretação do experimento aplicado às

empresas.

6.5. Análise e Interpretação do Experimento

Esta etapa refere-se à análise descritiva dos resultados tabulados dos grupos de informações, e

divide-se em cinco etapas: Validação dos Dados, Estatística Descritiva – Utilidade, Estatística

Descritiva – Facilidade de Uso, Análise Comparativa e Verificação das Hipóteses.

As subseções seguintes descrevem estas etapas.

6.5.1. Validação dos Dados

Neste estudo, diretamente, 11 profissionais fizeram parte como respondentes, de três empresas

distintas, sendo uma localizada no Estado do Paraná (Brasil), outra no Estado da Califórnia

(EUA), e uma terceira, no estado da Flórida (EUA).

As três empresas foram parceiras em um mesmo projeto real, caracterizando o modelo

Offshoring. Os participantes deste estudo são profissionais destas três empresas, e fizeram uso da

abordagem MoRE-GSD na fase de Elicitação e Análise de Requisitos do projeto desenvolvido na

parceria das três empresas.

Foram respondidos pelos profissionais os seguintes questionários: Caracterização do

Participante, Viabilidade da Abordagem MoRE-GSD e, após a finalização total do projeto, estes

também responderam ao questionário Análise Comparativa (Apêndice E). Não foram

encontrados outliers nas respostas dos questionários.

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O questionário Análise Comparativa teve como objetivo aferir, de forma qualitativa, se

houve ou não ganho, melhoria ou otimização da EAR apoiada pela modelagem de processos de

negócio no ambiente de DDS com a MoRE-GSD ao ser comparada sem a utilização da mesma.

6.5.2. Estatística Descritiva – Utilidade

Esta análise buscou identificar se a MoRE-GSD, ao ser aplicada por profissionais em um projeto

real, mostrou-se útil para o que foi proposta. Os dados foram colhidos por meio de questionários

junto aos profissionais que fizeram uso da mesma.

A Figura 6.2 apresenta, quantitativamente, as respostas obtidas para o contexto de

Utilidade da MoRE-GSD.

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106

Figura 6.2. Respostas relacionadas à percepção de Utilidade da MoRE-GSD.

A tabulação e apresentação de dados são fundamentais ao bom julgamento estatístico,

uma vez que permitem focar em características relevantes a serem utilizadas na solução de

problemas.

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107

Desse modo, as medidas de tendência central, neste caso, mediana e moda – já que os

valores estão em escala ordinal, organizam a amostra destacando os acontecimentos

(Montgomery e Runger, 2009).

A mediana divide os dados em duas partes iguais. Se o número de observações for par, a

mediana estará na metade da distância entre os dois valores centrais. Se o número de

observações for ímpar, a mediana será o valor central. A moda é o valor da observação que

ocorre com mais frequência (Montgomery e Runger, 2009).

A Tabela 6.6 apresenta a estatística descritiva (mediana e a moda) dos dados coletados

referentes às questões A à G (Utilidade da abordagem MoRE-GSD).

Tabela 6.6. Análise Descritiva – Utilidade

Questões (A) (B) (C) (D) (E) (F) (G)

Mediana 1,18 1,27 1,72 1,54 1,54 1,18 1,27

Moda 1 1 2 1 2 1 1

Ao analisar a Tabela 6.6, nota-se que para as questões A, B, F e G, os resultados para a

Mediana se mantiveram na casa de 1, enquanto para a Moda, sempre foi de 1, relativo à resposta

“Sim, em todas as vezes”.

Com base nestes dados, é possível inferir que: (A) O conjunto de passos e diretrizes

guiou a elicitação e análise de requisitos no ambiente distribuído – mostrando que a abordagem

MoRE-GSD se apresentou completa para o contexto em que se propôs; (B) A continuidade da

elicitação e análise de requisitos por uma equipe iniciada por outra equipe foi possível –

apresentando que o objetivo inicial, de realizar a EAR de modo distribuído, foi eficiente; (F) O

conjunto de passos e diretrizes atende às necessidades de organização e comunicação que o

desenvolvimento distribuído de software requer – apenas corroborando as duas questões

anteriores, mostrando que a MoRE-GSD contribui de fato para o DDS, na etapa de EAR; e (G)

Conjunto de artefatos atende às necessidades de organização e comunicação que o

desenvolvimento distribuído de software requer.

Também pode ser observado que, na Tabela 6.6, a questão (D) – que faz referencia aos

elementos gráficos do BPMN relacionados às regras de negócio, melhorarem o nível de

detalhamento requerido para a EAR – obteve mediana 1,54. Pode-se concluir que este resultado

deve-se aos 3 profissionais que não conheciam BPMN, fato que levou estes a aprenderem a

técnica durante a aplicação da MoRE-GSD, não obtendo um melhor aproveitamento em um

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108

primeiro momento. Entretanto, pode-se afirmar que este critério foi essencial e bem aceito entre

os profissionais, haja vista que o valor mais repetido (moda) foi 1.

Finalizando, as questões (C) e (E) obtiveram como moda o valor 2.

Para a Questão (C) – que fez referência às estórias contribuírem para reduzir possíveis

ambiguidades de uma atividade – pode-se concluir que, na maioria dos casos, as estórias

contribuíram, mas não foram essenciais sempre. Isto pode ser atribuído à simplicidade e

eficiência da modelagem dos processos de negócio com a técnica BPMN.

A questão (E) – que tratou da clareza na definição das cláusulas WHO, WHAT e WHY –

fundamental na abordagem MoRE-GSD por tratarem-se da transformação de uma atividade em

requisitos, podem ser melhor descritas, para que o valor da moda seja 1, embora a mediana tenha

ficado na casa de 1,5.

6.5.3. Estatística Descritiva – Facilidade de Uso

De modo similar à seção anterior, esta análise buscou identificar se a MoRE-GSD, ao ser

aplicada por profissionais em um projeto real, apresentou-se de maneira fácil de ser utilizada por

estes profissionais para o que foi proposta.

Os dados para esse critério também foram colhidos por meio de questionários junto aos

profissionais que fizeram uso da abordagem proposta, e as respostas obtidas quanto ao critério

Facilidade de Uso estão representadas na Figura 6.3.

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Figura 6.3. Respostas relacionadas à percepção de Facilidade de Uso da MoRE-GSD.

De modo análogo à análise da subseção 6.5.2, estes dados foram tabulados e estão

descritos na Tabela 6.7, que apresenta a estatística descritiva (mediana e a moda) dos dados

coletados referentes às questões H à N (Facilidade de Uso da abordagem MoRE-GSD).

Tabela 6.7. Análise Descritiva – Facilidade de Uso

Questões (H) (I) (J) (K) (L) (M) (N)

Mediana 1,27 1,09 1,27 1,72 1,63 1,18 2,27

Moda 1 1 1 2 1 1 2

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Analisando a Tabela 6.7, é possível notar que para as questões (H), (I), (J), (L) e (M) a

moda sempre foi 1, enquanto a mediana variou entre 1,09 e 1,63, para os itens (I) e (L),

respectivamente. Portanto, para todas estas, questões pode-se afirmar que não houve dificuldades

quanto ao uso da abordagem MoRE-GSD.

A questão (K), que tratou da facilidade de seguir os passos e diretrizes, e a questão (N),

que perguntou se foi fácil lembrar os passos e diretrizes durante o uso da abordagem MoRE-

GSD, obtiveram mediana próxima de 2 e moda exatamente o valor 2. Estas duas questões estão

ligadas entre si, e tratam do formato em que os passos e diretrizes estão descritos.

Neste ponto, pode-se concluir que isso ocorreu por ser uma abordagem apresentada aos

usuários por meio de um memorial descritivo, e não existir ainda um software que automatize a

MoRE-GSD. Essa questão abre como precedente e direcionamento para trabalhos futuros, a

replicação do experimento com as mesmas equipes, que agora já treinadas, podem obter um

resultado melhor.

Portanto, com base nestes dados, é possível concluir que a abordagem MoRE-GSD é de

fácil uso entre profissionais que realizam a EAR em ambientes distribuídos de desenvolvimento.

6.5.4. Análise Comparativa

Após a finalização do projeto em que a MoRE-GSD foi utilizada na fase de EAR pelas três

empresas participantes do experimento, foi enviado o Questionário Q04 (Apêndice E) aos 11

colaboradores que fizeram uso da abordagem e que responderam ao Questionário Q03.

O Questionário Q04 teve como objetivo identificar junto a estes colaboradores as

diferenças notadas no projeto em que fizeram uso da MoRE-GSD para outros projetos já

desenvolvidos em Offshoring. Obteve-se de retorno 100% dos Questionários Q04 enviados.

Com o propósito de realizar uma análise quantitativa, neste momento não estão

associadas respostas com colaboradores, uma vez que o objetivo é que a MoRE-GSD possa ser

utilizada por profissionais de quaisquer titulação ou tempo de experiência.

As três primeiras questões disponibilizaram como resposta, três opções: Sim; Não; e Sem

Resposta – esta última dando a liberdade de ser usada quando o colaborador não tivesse

segurança de optar por Sim ou por Não.

Os resultados inerentes à primeira questão estão expressos na Figura 6.4.

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Figura 6.4. Respostas relacionadas ao follow-the-sun.

A questão: “No projeto que foi utilizada a MoRE-GSD, notou-se o follow-the-Sun na

EAR tornando sua execução de certa forma mais rápida?”, obteve 73% de respostas Sim e 9% de

respostas Não (e ainda 18% que marcaram a opção “Sem resposta”). As respostas negativas

podem ser relacionadas a pontos específicos da MoRE-GSD em que os colaboradores não

tinham experiência, a técnica BPMN, por exemplo. Estes dados evidenciam que, em equipes que

atuam com DDS fazendo uso da MoRE-GSD, o tempo da EAR é reduzido.

Os resultados da questão: “Com os artefatos gerados no uso da abordagem MoRE-GSD, a

EAR foi melhor organizada em termos de comunicação?”, estão expressos na Figura 6.5.

Figura 6.5. Respostas relacionadas à questão de Artefatos e Organização.

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Nesta questão não houve respostas negativas. Se considerar como outliers os 9% que

marcaram a opção Sem Resposta, conclui-se que todos os colaboradores concordam que os

artefatos da abordagem MoRE-GSD proporcionaram uma melhor organização do processo de

EAR, o que pode melhorar a rastreabilidade de requisitos e a atribuição de responsabilidades,

entre equipes distribuídas.

A Figura 6.6 ilustra a distribuição das respostas relativas a questão: “Os artefatos da

abordagem MoRE-GSD proporcionaram segurança para a comunicação fluir bem entre as

equipes?”.

Figura 6.6. Respostas relacionadas à questão de Artefatos e Comunicação.

Como mostra o gráfico da Figura 6.6, esta questão obteve 100% de respostas positivas,

não deixando margens para arguições contra a notória melhoria na comunicação quando da

geração e compartilhamento de artefatos da abordagem MoRE-GSD.

A quarta questão do Questionário Q04 indagou os colaboradores quanto à porcentagem

de aproveitamento dos requisitos que foram elicitados com apoio da MoRE-GSD. A Figura 6.7

apresenta os resultados.

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113

Figura 6.7. Aproveitamento dos requisitos.

Nota-se que há um espalhamento em três opções de respostas, não havendo unanimidade

neste quesito. Isso pode ser atribuído a atividade de implementação também ser distribuída, e

cada colaborador que respondeu ao questionário, esteve responsável por um conjunto diferente

de requisitos, resultando em um aproveitamento diferente.

É notório também que 55% das respostas se mantiveram no intervalo compreendido entre

70% e 85% de aproveitamento, algo que demonstra que o formato da documentação, definição

do nível das regras de negócio e demais diretrizes da abordagem MoRE-GSD estiveram em um

nível de aproveitamento bom.

O valor de 27% do aproveitamento dos requisitos que estiveram no intervalo de 35% a

70% de aproveitamento pode ser considerado expressivo, pois essa é uma faixa que aponta para

a geração de retrabalho, aumento do tempo e do custo de um projeto. Para tal, melhorias

precisam ser realizadas na abordagem MoRE-GSD.

Uma destas melhorias apontadas na questão final do questionário (questão aberta) foi a

implementação de uma ferramenta que automatize a abordagem, a fim de que o trabalho seja

minimizado, menos manual e mais intuitivo, pois são várias diretivas a serem seguidas.

Por fim, os colaboradores foram questionados se adotariam a abordagem MoRE-GSD em

suas empresas, com as opções de resposta: “Sim, no formato em que ela se encontra”; “Sim, mas

ela precisa de melhorias”; e “Não adotaria”. A Figura 6.8 ilustra as respostas obtidas.

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114

Figura 6.8. Adoção da MoRE-GSD

Notou-se com as respostas que 100% dos profissionais que fizeram uso da abordagem

adotariam a MoRE-GSD como metodologia para realização da EAR de modo distribuído em

suas empresas e empresas parceiras, mesmo sendo 55% destes profissionais favoráveis a

melhorias na abordagem. Novamente destaca-se que grande maioria das melhorias sugeridas

estão no sentido de automatizar a abordagem.

6.5.5. Verificação das Hipóteses

De acordo com os resultados explicitados nas subseções anteriores, que estão embasados nos

dados colhidos por meio de questionários aplicados aos profissionais que fizeram uso da MoRE-

GSD em um projeto real, rejeita-se H0 em prol de H1, ou seja, prova-se pelo percentual

demonstrado com relação à utilidade e facilidade de uso, e ainda pelo estudo comparativo de um

projeto fazendo uso para outros que não usaram, que a abordagem MoRE-GSD é capaz de guiar

EAR de um projeto por equipes que realizam esta etapa estando geograficamente distribuídas.

6.6. Considerações Finais

O objetivo deste estudo de viabilidade não foi o de encontrar uma resposta definitiva como

validação da MoRE-GSD, e sim construir um corpo de conhecimento abordando a plausibilidade

da continuidade de aprimoramento da abordagem proposta, de modo a poder melhorá-la a fim de

utilizá-la em larga escala na indústria de software, bem como prosseguir sua evolução

academicamente.

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Como a amostra do estudo foi relativamente pequena, em termos quantitativos, podem-se

associar os seguintes problemas relacionados ao estudo experimental: (1) a ausência de dados

para que testes estatísticos mais eficientes fossem aplicados – teste com distribuição normal ou

não normal; (2) o nível de conhecimento dos participantes foi bastante variável, houve

diversidade dos perfis associados, o que pode induzir respostas discrepantes entre si; e (3) o

desconhecimento da técnica BPMN por dois dos participantes pode ter, de alguma forma,

influenciado no resultado do experimento, mas de maneira sutil, uma vez que esta era apenas

uma etapa da abordagem proposta.

O Capítulo 7 apresenta as conclusões finais deste trabalho.

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116

Conclusões

A crescente busca por maior competitividade, e todos os quesitos inerentes a ela, tem levado

cada vez mais as empresas a adotarem o Desenvolvimento Distribuído de Software.

Tentando fazer uso dos benefícios que o DDS traz consigo, empresas têm, a todo tempo,

atravessado fronteiras, formando um mercado global. O desenvolvimento distribuído pode,

também, ser motivado por questões de qualidade, gerenciamento do controle de produção,

domínio de tecnologias empregadas, redução da necessidade de contratações imediatas ou, ainda,

para transferir conhecimento a uma filial.

Essa mudança de paradigma tem causado impacto direto no marketing, na distribuição e

na forma de concepção, de produção, de projeto, de teste e de entrega do software aos clientes

(Sangwan et al., 2006). Segundo Damian e Lanubile (2004), para minimizar esses efeitos e

alcançar níveis mais elevados de produtividade são necessárias novas tecnologias, processos e

métodos compatíveis com as características particulares da abordagem de desenvolvimento

distribuído.

Diante deste cenário, o objetivo deste trabalho foi o de apresentar uma abordagem para

guiar a fase de Elicitação e Análise de Requisitos para equipes que atuam de maneira distribuída,

principalmente no modelo de negócios Offshoring, apoiada pela modelagem dos processos de

negócios.

A abordagem foi desenvolvida com o intuito de apoiar os processos relativos à EAR,

guiando sua execução por passos e diretrizes, a fim de que esta etapa obtenha sucesso ao ser

7

Capítulo

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realizada de modo distribuído.

Um dos maiores desafios em DDS é a organização dos artefatos e a comunicação entre

equipes, pontos cruciais para que haja uma melhor execução e maior qualidade no trabalho

realizado. A abordagem MoRE-GSD buscou detalhar, por meio de passos e diretrizes, como isso

pode ser realizado e, desta forma, oferecer apoio necessário aos desenvolvedores.

Os profissionais que participaram do estudo de viabilidade, já haviam realizado EAR de

outros projetos de modo distribuído. Porém, sem o uso da abordagem, sempre se fazia necessária

uma comunicação síncrona (comunicador Web ou telefônico) entre, pelo menos, duas equipes

concomitantemente. Isto muitas vezes gerava problemas de sincronização dos trabalhos que

estavam sendo executados.

No entanto, eles puderam constatar que no projeto em que foi usada a abordagem MoRE-

GSD, houve um sequenciamento, uma continuidade na execução de atividades mesmo sem que

fosse estabelecida alguma comunicação síncrona. Esta continuidade tornou-se possível, pois os

membros das equipes tiveram acesso ao BRD parcial, no qual havia a documentação de o que já

havia sido realizado e o que estava pendente.

Portanto, percebe-se um ganho em termos de comunicação e, também, que a continuação

da execução de trabalhos foi facilitada, o que proporciona, pelo menos, as seguintes vantagens

em DDS: facilitar a comunicação e o desenvolvimento follow-de-Sun.

Durante a realização do estudo de viabilidade, tornou-se notória que a concepção da

abordagem está bem centrada no objetivo final, uma vez que o projeto em que abordagem

proposta foi utilizada foi realizado e entregue ao cliente com sucesso.

Ao acompanhar o uso da abordagem MoRE-GSD, pode-se notar que os profissionais que

a estavam usando, mostraram-se satisfeitos e empolgados ao perceberem que ela criou um

processo direcionado e documentado. No entanto, sabe-se também que alguns pontos da MoRE-

GSD podem e devem ser melhorados, ou até adaptados.

Deste modo, pode-se também concluir que estes apontamentos direcionam para a

contribuição acadêmica de que a abordagem proposta contempla, tanto como base para trabalhos

que venham seguir essa linha, bem como outros novos trabalhos que usarão esta como um

arcabouço conceitual.

Para possibilitar a existência de novos experimentos, sejam eles realizados na academia,

ou que empresas usem a MoRE-GSD, está disponibilizado no Apêndice G, um template

exemplificando o BRD, com suas seções, que são os passos da abordagem. É importante

ressaltar que este é uma sugestão de modelo, pois como ainda não há uma ferramenta

implementada para automatizar a abordagem, eventualmente, o BRD pode demandar por

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adaptações em sua estrutura conforme melhor convir para os envolvidos.

7.1. Dificuldades e Limitações

Dentre as dificuldades e limitações encontradas durante a realização desta dissertação, pode-se

citar como principal que, no âmbito regional, há dificuldade em encontrar empresas que utilizem

essa configuração de desenvolvimento de software e estejam disponíveis a colaborar de modo

ativo no experimento.

Deste modo, não foi possível realizar a validação com uma amostra maior e mais

diversificada de profissionais. Seria interessante também que a validação pudesse ser em mais de

um projeto, para que os resultados colhidos pudessem ser comparados.

Há também, como dificuldades e limitações encontradas, a resistência das empresas em

disponibilizarem-se como laboratório de um estudo experimental. Estas dificuldades vão desde

expor seus projetos à pessoas de fora do seu quadro de colaboradores, até a necessidade de sair

do processo padrão de trabalho para testar um processo novo, em fase experimental.

7.2. Contribuições

Este trabalho tem suas principais contribuições associadas à lacuna existente ao não serem

encontradas, até o momento, propostas que integrem a EAR com a EPN, considerando o DDS.

Neste âmbito, pode-se citar como contribuições deste trabalho:

A caracterização da EAR na indústria de software que atua com

Desenvolvimento Distribuído de Software;

A indicação de ferramentas e técnicas específicas para modelagem de processos

de negócio;

A definição de uma abordagem estruturada por passos e diretrizes, guiando a

execução formal da Elicitação e Análise de Requisitos apoiada pela modelagem

de processos de negócio, oferecendo a todos os envolvidos, artefatos

padronizados que possibilitam a compreensão e identificação de atividades

executadas. Esta abordagem contribui com o DDS em alguns pontos:

o Proporcionar a minimização de tempo na etapa de EAR com o “follow-the-

Sun”;

o Integrar a EAR no DDS com a EPN, a fim de minimizar ambiguidades

geradas inter e entre equipes na fase de Elicitação e Análise de Requisitos;

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o Acesso à mão de obra qualificada sem perda de qualidade nos processos de

negócio no domínio do cliente;

o Padronização do formato de comunicação entre equipes que atuam em DDS,

especialmente no modelo Offshoring – modelo que contempla países

diferentes e empresas terceirizadas;

Provimento de um arcabouço para futuras pesquisas apoiadas na abordagem

proposta e no material organizado, que envolvem tanto a EAR quanto as outras

etapas do desenvolvimento de software, a Modelagem de Processos de Negócio, e

ainda o DDS;

7.3. Trabalhos Futuros

Com base nas limitações apresentadas e para dar continuidade nas atividades realizadas neste

trabalho, foram identificadas algumas sugestões de trabalhos futuros, os quais estão além do

escopo desta dissertação:

Replicar o estudo de viabilidade para ampliar a aquisição de conhecimento

sobre a aplicação do processo, a credibilidade e o índice de confiabilidade do

mesmo;

Refinar a abordagem proposta por meio da condução de um estudo pautado na

engenharia experimental voltado para a academia, a fim de obter um retorno

direto dessa comunidade com indicativos de melhorias;

Definir métricas para avaliar a produtividade, a comunicação e a qualidade dos

artefatos gerados na abordagem MoRE-GSD;

Estender a MoRE-GSD para contemplar outros elementos de representação

de requisitos, como Diagramas de Classe, a fim de que os usuários possam optar

por qual diagrama utilizar;

Estender a MoRE-GSD para a validação dos requisitos, fazendo uso de

técnicas específicas, com um passo e diretrizes específicas para tal;

O desenvolvimento de uma ferramenta para automatizar a abordagem proposta,

a fim de difundir e melhorar seu uso.

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127

Apêndice A

Termo de Consentimento – CT01

EXPERIMENTO: Este estudo experimental visa avaliar a abordagem MoRE-GSD, cujo

propósito é apoiar a elicitação e análise de requisitos para equipes que atuam com o

desenvolvimento distribuído de software.

IDADE: Declaro ter mais de 18 anos e concordo em participar de um estudo experimental

conduzido por Elder Elisandro Schemberger, aluno regular do programa de Mestrado em Ciência

da Computação, na Universidade Estadual de Maringá.

PROCEDIMENTO: Este estudo experimental compreende o entendimento da abordagem

MoRE-GSD por meio de um memorial descritivo, seguido do uso da abordagem e

preenchimento de questionário sobre a percepção da mesma. Entendo que, após a finalização do

experimento, os questionários que respondi serão estudados e analisados visando entender, sob

os pontos de vista estudados, a utilidade e facilidade de uso da abordagem proposta.

CONFIDENCIALIDADE: Todas as informações obtidas neste estudo experimental são

confidenciais. Assim, meu nome não será divulgado a terceiros ou citado em documentos, tais

como a própria dissertação, publicações ou quaisquer outros. Da mesma forma, me comprometo

a não comunicar os meus resultados enquanto o experimento não terminar e os resultados gerais

não forem publicados para uso da comunidade. Também me comprometo em manter sigilo das

técnicas, documentos e demais informações que fizerem parte desse experimento.

BENEFÍCIOS E LIBERDADE DE DESISTÊNCIA: Entendo que os benefícios que receberei

deste estudo são limitados ao conhecimento e validação da abordagem MoRE-GSD. Apenas

após sua publicação formal poderei fazer uso de parte, ou de toda a abordagem de modo

explícito. Entendo que sou livre para realizar perguntas a qualquer momento, ou solicitar que

qualquer informação relacionada à minha pessoa não seja incluída nesse estudo experimental.

Entendo que participo por livre e espontânea vontade com o intuito de contribuir para o avanço

da Engenharia de Software, tanto no contexto acadêmico quanto na indústria.

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128

PESQUISADOR RESPONSÁVEL

Elder Elisandro Schemberger.

Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação da Universidade Estadual de Maringá.

PROFESSOR RESPONSÁVEL

Profa. Dra. Elisa Hatsue Moriya Huzita (Universidade Estadual de Maringá).

Nome:

e-mail:

Empresa:

Assinatura

Data:

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129

Apêndice B

Caracterização da Empresa Participante

Questionário Q01

1. Nome da Empresa:

2. País de Localização da Empresa:

Brasil EUA Outro(s) – Qual(is)? [______________________________________]

3. Tempo de Existência da Empresa:

[__________] anos e [__________] meses.

4. Nicho(s) de Atuação da Empresa:

5. Número Total de Funcionários da Empresa:

[__________] funcionários.

6. Quantidade de Funcionários que Atuam com Elicitação e Análise de Requisitos:

[__________] funcionários.

7. Quantidade de Funcionários que Atuam com Modelagem de Processos de Negócios:

[__________] funcionários.

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130

Apêndice C

Caracterização dos Participantes

Questionário Q02

1. Formação

Informe o maior grau de escolaridade.

Superior Incompleto

Superior Completo

Pós-Graduação Incompleta – lato sensu (Especialização, MBA)

Pós-Graduação Completa – lato sensu (Especialização, MBA)

Pós-Graduação Incompleta – stricto sensu (Mestrado, Doutorado)

Pós-Graduação Completa – stricto sensu (Mestrado, Doutorado)

2. Possui experiência profissional em desenvolvimento de software? Não

Sim Tempo: [___________] anos e [__________] meses

3. Possui experiência profissional em desenvolvimento distribuído de software? Não

Sim Tempo: [___________] anos e [__________] meses

4. Possui experiência em modelagem de processos de negócios? Não

Sim Tempo: [___________] anos e [__________] meses

5. Possui experiência profissional na etapa de elicitação e análise de requisitos de

software? Não

Sim Tempo: [___________] anos e [__________] meses

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Apêndice D

Viabilidade da Abordagem MoRE-GSD

Questionário Q03

1ª Parte – Utilidade da MoRE-GSD

1. O conjunto de passos e diretrizes guiou a elicitação e análise de requisitos no ambiente

distribuído?

Sim, em todas as vezes.

Sim, na maioria das vezes.

Não, em boa parte das vezes.

Não, em nenhuma das vezes.

Sem Resposta.

2. A continuidade da elicitação e análise de requisitos por uma equipe iniciada por outra

equipe foi possível?

Sim, em todas as vezes.

Sim, na maioria das vezes.

Não, em boa parte das vezes.

Não, em nenhuma das vezes.

Sem Resposta.

3. As estórias contribuíram para diminuir possíveis ambiguidades de uma atividade?

Sim, em todas as vezes.

Sim, na maioria das vezes.

Não, em boa parte das vezes.

Não, em nenhuma das vezes.

Sem Resposta.

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132

4. Os elementos gráficos do BPMN relacionados às regras de negócio melhoraram o nível

de detalhamento requerido para a elicitação e análise dos requisitos?

Sim, em todas as vezes.

Sim, na maioria das vezes.

Não, em boa parte das vezes.

Não, em nenhuma das vezes.

Sem Resposta.

5. As cláusulas WHO, WHAT e WHY foram claras em sua definição no passo em que

foram aplicadas?

Sim, em todas as vezes.

Sim, na maioria das vezes.

Não, em boa parte das vezes.

Não, em nenhuma das vezes.

Sem Resposta.

6. O conjunto de passos e diretrizes atende às necessidades de organização e comunicação

que o desenvolvimento distribuído de software requer?

Sim, em todas as vezes.

Sim, na maioria das vezes.

Não, em boa parte das vezes.

Não, em nenhuma das vezes.

Sem Resposta.

7. Conjunto de artefatos atende às necessidades de organização e comunicação que o

desenvolvimento distribuído de software requer?

Sim, em todas as vezes.

Sim, na maioria das vezes.

Não, em boa parte das vezes.

Não, em nenhuma das vezes.

Sem Resposta.

2ª Parte – Facilidade de Uso da MoRE-GSD

8. A nomenclatura comum a todas as equipes possibilitou entender a dependência das

atividades e artefatos?

Sim, em todas as vezes.

Sim, na maioria das vezes.

Não, em boa parte das vezes.

Não, em nenhuma das vezes.

Sem Resposta.

9. O modo de identificar as equipes possibilitou saber quem desenvolveu qual artefato?

Sim, em todas as vezes.

Sim, na maioria das vezes.

Não, em boa parte das vezes.

Não, em nenhuma das vezes.

Sem Resposta.

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10. O modo de identificar passos e diretrizes possibilitou acompanhar a sequência da

abordagem?

Sim, em todas as vezes.

Sim, na maioria das vezes.

Não, em boa parte das vezes.

Não, em nenhuma das vezes.

Sem Resposta.

11. Seguir os passos e diretrizes foi fácil?

Sim, em todas as vezes.

Sim, na maioria das vezes.

Não, em boa parte das vezes.

Não, em nenhuma das vezes.

Sem Resposta.

12. O uso da técnica BPMN foi acessível a todos?

Sim, em todas as vezes.

Sim, na maioria das vezes.

Não, em boa parte das vezes.

Não, em nenhuma das vezes.

Sem Resposta.

13. Os passos e diretrizes foram descritos de fora clara e compreensível?

Sim, em todas as vezes.

Sim, na maioria das vezes.

Não, em boa parte das vezes.

Não, em nenhuma das vezes.

Sem Resposta.

14. Foi fácil lembrar os passos e diretrizes durante o uso da abordagem MoRE-GSD?

Sim, em todas as vezes.

Sim, na maioria das vezes.

Não, em boa parte das vezes.

Não, em nenhuma das vezes.

Sem Resposta.

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Apêndice E

Análise Comparativa

Questionário Q04

1. Comparando a EAR realizada com e sem o uso da abordagem MoRE-GSD em outros

projetos Offshoring, responda as questões abaixo.

a) No projeto que foi utilizada a MoRE-GSD, notou-se o follow-the-Sun na EAR tornando

sua execução de certa forma mais rápida?

Sim.

Não.

Sem Resposta.

b) Com os artefatos gerados no uso da abordagem MoRE-GSD, a EAR foi melhor

organizada em termos de comunicação?

Sim.

Não.

Sem Resposta.

c) Os artefatos da abordagem MoRE-GSD proporcionaram segurança para a comunicação

fluir bem entre as equipes?

Sim.

Não.

Sem Resposta.

d) Qual foi o aproveitamento dos requisitos elicitados com o uso da MoRE-GSD para

implementação?

0% a 35%

35% a 70%

70% a 85%

85% a 100%

e) Você adotaria a abordagem MoRE-GSD em sua empresa para projetos DDS?

Sim, do formato que ela se encontra.

Sim, mas ela precisa de melhorias.

Não adotaria.

f) Deixe sua sugestão de melhorias para a abordagem MoRE-GSD.

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Apêndice F

Memorial Descritivo – Abordagem MoRE-GSD

Estudo de Viabilidade

MoRE-GSD – Uma Abordagem para Elicitação e Análise de Requisitos a Partir das Regras de Negócio no Contexto de DDS

Dissertação de Mestrado

Elder Elisandro Schemberger

Objetivo do estudo

Analisar a viabilidade da abordagem MoRE-GSD, abordagem proposta para oferecer apoio à

Elicitação e Análise de Requisitos com o uso da Modelagem de Processos de Negócio para

equipes que trabalham com o Desenvolvimento Distribuído de Software, com o propósito de

adquirir conhecimento sobre a aplicação da mesma.

A abordagem proposta

Com base em uma revisão de literatura e visitas a empresas que atuam com desenvolvimento

distribuído de software (DDS), foi possível evidenciar que há algumas lacunas no DDS no que se

refere ao processo de elicitação e análise de requisitos (EAR). Desse modo, foram definidos

passos e diretrizes, com artefatos, para que a etapa de EAR possa ser executada de modo

eficiente e eficaz. A essa abordagem deu-se o nome de MoRE-GSD, sigla para Modeling

Business Process for Requirements Elicitation in Global Software Development.

Ponto de atuação

A MoRE-GSD direciona as equipes geograficamente distribuídas, por meio de passos e

diretrizes, na realização da EAR de modo integrado e contínuo entre estas equipes. Trata apenas

da EAR, não sendo tratada a negociação inicial com o cliente, nem a metodologia da posterior

implementação. As equipes não tem contato com o cliente, e sim apenas com o Gerente de

Projeto/Analista de Negócio que realizou a descrição das atividades com o cliente. Este Gerente

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de Projeto/Analista de Negócio repassa/distribui as atividades entre as equipes e então inicia-se o

uso da abordagem MoRE-GSD por todas equipes envolvidas.

Artefatos gerados

Ao final do uso da MoRE-GSD estará disponível o BRD (Business Requirement Document),

contendo toda descrição passo a passo da abordagem. Todo o conteúdo deste documento

(incluindo a modelagem de processos de negócio) deve estar em inglês.

Passos e Diretrizes

A MoRE-GSD é estruturada em passos, cada qual com suas respectivas diretrizes de aplicação.

A nomenclatura adotada é S (de Step) seguido do número do passo, concatenada com a letra G

(de Guideline) e o número da diretriz. A cada passo artefatos são gerados, e servem como

entrada para a diretriz/passo seguinte. Cada artefato gerado deve ser inserido no BRD (Business

Requirement Document), seja de forma textual (em inglês) ou com inserção de figura. Cada

passo representa uma seção do BRD, e nestas seções devem estar documentados a sequencia

após cada diretriz executada. Para que a abordagem MoRE-GSD tenha efetividade, os passos

abaixo devem ser executados na ordem em que são apresentados.

Passo 1 – Aplicação do Conceito de Processos de Negócios

S1G1

Cada atividade recebida do Gerente de Projetos deve ser relativa a uma única ação.

Caso uma atividade tenha detalhamento em subatividades, considere apenas as

subatividades representadas no mesmo contexto principal. Para as outras, devem ser

geradas novas atividades. A “contexto principal” entende-se como sendo as

subatividades necessárias para que uma atividade possa ser iniciada e finalizada.

S1G2

Para cada atividade deve-se verificar se ela pode se tornar uma ação do software de

modo a separar as entradas de um processo em funcionais (por exemplo, lançar

novo produto) e não funcionais (por exemplo, deseja-se rapidez no lançamento).

Interessarão, neste ínterim, apenas as funcionais;

S1G3 Deve-se verificar se as atividades selecionadas possuem apenas uma única entrada

de dados. Caso seja identificada mais de uma, deve-se retornar a S1G1.

S1G4

Deve-se verificar se as saídas correspondem ao resultado do processo, sendo um

ponto de partida para o Passo 2 da MoRE-GSD. Caso não sejam, deve-se voltar a

S1G1 e verificar se esta não é subatividade de uma atividade.

S1G5 Deve-se identificar qual equipe está realizando a elicitação e análise de requisitos de

cada processo. Essa identificação pode ser realizada com um nome para a Equipe.

S1G6

É gerado um número inteiro que serve como identificador para o processo definido,

a fim de associar tal processo aos demais artefatos gerados. Pode ser gerado um

número sequencial, de maneira manual.

Passo 2 – Documentação e Nível de Detalhamento das Regras de Negócios

S2G1

Deve-se associar cada regra de negócio gerada no Passo 2 a um processo gerado ao

final do Passo 1. Isso é feito associando o identificador (número inteiro) gerado em

S1G6, com um identificador (número inteiro) nesta diretriz.

S2G2

Cria-se uma estória de cada processo, na visão do cliente, em texto estruturado,

seguindo as seguintes cláusulas:

iv. WHO?

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v. WHAT?

vi. WHY?

S2G3

Por meio da cláusula WHAT, deve-se separar o que indica ser requisito funcional

(necessário no software como funcionalidade) e o que indica ser requisito não

funcional (característica da funcionalidade), e comparar com a separação obtida em

S1G2. Se não houver divergências, segue-se para S2G4. Se houver divergências,

retorna-se para S1G2.

S2G4 Documentar no BRD o que foi indicado como possível funcionalidade do software,

e o que foi indicado como possível requisito não funcional.

S2G5

A cláusula WHAT de S2G2 deve ter apenas uma oração – sujeito

simples/composto, associado a um único verbo.

Caso tenha mais de uma oração na cláusula WHAT, a regra de negócio deve ser

dividida em duas ou mais estórias (Retornando para S2G1), até que tenha apenas

uma oração associada.

Quando tiver apenas uma oração, o nível de detalhamento está satisfatório.

Passo 3 – Modelagem dos Processos de Negócios

S3G1

A técnica padrão para modelagem dos processos de negócio entre as equipes

distribuídas é BPMN. A ferramenta para automatizar a modelagem é de livre

escolha, de acordo com a preferencia de cada profissional (o artefato gerado é o

mesmo);

S3G2 Deve-se associar de maneira explícita cada processo modelado às suas respectivas

regras de negócio em S2G1;

S3G3

Cada objeto representado no modelo deve ter um propósito. Deste modo, um

modelo não deve conter mais informações do que o necessário (Novamente entra a

experiência de cada equipe, para definir o que é ou não relevante);

S3G4 Os elementos gráficos gerados pela modelagem BPMN devem estar relacionados às

regras de negócio em S2G4, havendo um processo com início e fim para cada regra;

S3G5

Caso exista necessidade e representar uma interrupção temporal, por dependência de

outras estórias ou outro motivo qualquer, uma atividade passiva deverá ser

representada por meio de um estado no modelo BPMN.

Passo 4 – Representação dos Requisitos de Sistema

S4G1

Geração dos Casos de Uso Simplificado (leia-se: Casos de Uso adaptados para a

MoRE-GSD), segundo:

Em S2G2, quem estava na clausula WHO, representa um ator do Caso de Uso;

O que foi separado como requisito funcional na clausula WHAT de S2G2

torna-se funcionalidade;

S4G2 Deve-se associar cada Caso de Uso Simplificado a uma raia na modelagem BPMN

realizada do processo de negócio, e a estória escrita.

S4G3

Cada caso de uso é relacionado a uma única atividade do processo de negócio,

seguindo a diretriz S2G5, que trata do nível de detalhamento dos processos de

negócio.

S4G4

Conclusão do BRD, que deve conter ao final, além das indicações já descritas nos

passos anteriores, todas escritas em inglês:

Descrição do negócio a ser modelado;

Enumeração dos processos e atividades considerados no desenvolvimento do

sistema;

Listagem das necessidades de negócio existentes em cada processo;

Relação das funcionalidades e restrições do sistema;

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Concluindo

Executados os passos com suas diretrizes (que serão realizados em sequencia), a EAR estará

realizada de modo padronizado. A MoRE-GSD proporciona a realização contínua da EAR pelas

equipes distribuídas, haja vista que trabalha de forma organizada e documentada,

proporcionando ao projeto os benefícios que o desenvolvimento distribuído de software traz.

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139

Apêndice G

Template – BRD

Project: Project Name

Client: Client Name

Business to be modeled: summary description

Teams: Team Name and Country

Section 1

Date: MM/DD/AAAA

Time: HH:MM

Team: Team Name

Team leader: Name

Activity 1

Team: Brazil

ID:001

Guideline Status

S1G1 Detailing the execution

S1G2 Detailing the execution

S1G3 Detailing the execution

S1G4 Detailing the execution

Status [______________________________________________________________________]

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140

Section 2

Date: MM/DD/AAAA

Time: HH:MM

Team: Team Name

Team leader: Name

Team: Brazil

ID:001

Business Process: 001

Guideline Status

S2G2

- WHO:

- WHAT:

- WHY:

S2G3 Detailing the execution

S2G4 Detailing the execution

S2G5 Satisfactory level of detail: Yes [ ] No [ ]

Status [______________________________________________________________________]

Section 3

Date: MM/DD/AAAA

Time: HH:MM

Team: Team Name

Team leader: Name

Team: Brazil

ID:001

Business Process: 001

Guideline Status

S3G2 Associate the modeled process to business rules

S3G3 Guideline ok? Yes [ ] No [ ]

S3G4 Guideline ok? Yes [ ] No [ ]

S3G5 Guideline ok? Yes [ ] No [ ]

Status [______________________________________________________________________]

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141

Section 4

Date: MM/DD/AAAA

Time: HH:MM

Team: Team Name

Team leader: Name

Team: Brazil

ID:001

Business Process: 001

Guideline Status

S4G1

Attaching diagram Use Case

WHO (S2G2): Actor

WHAT (S2G2): Use Case

S4G2 Guideline ok? Yes [ ] No [ ]

S4G3 Guideline ok? Yes [ ] No [ ]

Status [______________________________________________________________________]

Closing BRD

List of features (S4G1) and restrictions (WHY:S2G2).