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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
IRACI BARROZO DA SILVA
A EXTRAÇÃO DE PIGMENTOS NATURAIS E SUA UTILIZAÇÃO NAS
ARTES VISUAIS
Umuarama 2012
IRACI BARROZO DA SILVA
A EXTRAÇÃO DE PIGMENTOS NATURAIS E SUA UTILIZAÇÃO NAS
ARTES VISUAIS
Projeto de Pesquisa de Monografia
apresentada como exigência parcial do título de
PDE – Programa de Desenvolvimento
Educacional à Banca Examinadora da
Universidade Estadual de Maringá.
Orientador (a): Josie Agatha Parrilha da Silva
Umuarama 2012
Ficha para Catálogo Artigo Final
Professor PDE/2010
Título A Extração de Pigmentos Naturais e Sua
Utilização nas Artes Visuais
Autor Iraci Barrozo da Silva
Escola de Atuação Colégio Estadual Douradina – Ensino Fundamental e Médio.
Município da Escola Douradina
Núcleo Regional de Educação Umuarama
Orientador Josie Agatha Parrilha da Silva
Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Maringá
Área do Conhecimento/Disciplina Arte
Relação Interdisciplinar
Público Alvo Alunos da 6ª série
Localização Avenida Brasil, s/nº – Douradina Paraná.
Resumo: Este artigo apresenta o desenvolvimento do projeto PDE com as atividades sobre à extração de tintas naturais na disciplina de arte com alunos do ensino fundamental. O objetivo foi desenvolver pesquisas teóricas e ensinar na prática a extração de tintas naturais e sua aplicabilidade nas Artes Visuais. As atividades foram baseadas em estudo sobre a extração de pigmentos, pesquisas sobre a história da arte, desde o tempo do homem das cavernas, até os dias atuais, e com materiais alternativos foram realizadas gravuras variadas pelos alunos, onde eles puderam ter a percepção de novas práticas pedagógicas e do mundo cultural que os rodeia.
Palavras-chave Tintas Naturais; Artes visuais; Extração de pigmentos.
Sumário
RESUMO..................................................................................................................... 3
ABSTRACT ................................................................................................................. 3
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4
3. DESENVOLVIMENTO .......................................................................................... 11
4. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 22
5. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 23
3
A EXTRAÇÃO DE PIGMENTOS E SUA UTILIZAÇÃO NAS ARTES VISUAIS
Autor: Iraci Barrozo da Silva1
Orientadora: Josie Agatha Parrilha da Silva2
RESUMO
Este artigo apresenta o desenvolvimento do projeto Extração de Pigmentos Naturais no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, na área de arte. O objetivo foi desenvolver pesquisas teóricas e práticas sobre a extração de tintas naturais e sua aplicabilidade nas Artes Visuais, com alunos do ensino fundamental. As atividades foram baseadas em estudo sobre a extração de pigmentos, pesquisas sobre a história da arte, desde o tempo do homem das cavernas, até os dias atuais, e com materiais alternativos foram realizadas gravuras variadas pelos alunos, onde eles puderam ter a percepção de novas práticas pedagógicas e do mundo cultural que os rodeia.
PALAVRAS-CHAVE: Tintas Naturais; Artes visuais; Extração de pigmentos.
ABSTRACT
This article presents is the result of project development activities with the PDE on the natural inks in the discipline of art with elementary school students. The goal was to develop research and teaching at the rich you practice to paint the extra natural and its applicability in the Visual Arts. The activities were based on study on the extra pigment, research on the history of art, from the time of the caverman, at the present day, and with alternative materials were held vared engravings by students, where they might have to the might have to the new pr policies percep pedag cultural world and alterations that surrounds them. 1 Iraci Barrozo da Silva – Professora efetiva do Colégio Estadual Douradina Ensino Fundamental e
Médio – Paraná, NRE: Umuarama, Formada em Arte, integrante da quarta turma do Programa de Desenvolvimento Educacional PDE – 2011 da Secretaria de Estado da Educação. 2 Profª Me. Josie Agatha Parrilha da Silva – docente do Departamento de Artes da Universidade
Estadual de Ponta Grossa.
4
Keywords: Natural Paints; Visual Arts: The Extra Pigment. 1. INTRODUÇÃO
Este artigo tem como objetivo apresentar o projeto de intervenção sobre
Extração de Pigmentos Naturais que foi desenvolvido durante o ano de 2010 e
aplicado no segundo semestre de 2011. Trata-se de uma experiência que faz parte
do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), como uma ação da política de
formação continuada dos professores da rede pública de ensino do Paraná,
proposto pela Secretaria Estadual de Educação em parceria com a Secretaria de
Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Este trabalho foi realizado, utilizando os vegetais e minerais existentes na
região, com o tema a extração de Pigmentos e suas Utilizações nas Artes Visuais,
onde se obteve bastante êxito devido à enorme quantidade de matéria-prima que se
encontrada na natureza. No qual se pôde obter vários processos de extração de
tintas naturalmente, sendo que a maior parte foram extraídos de terras, ocas, cinza,
carvão, cimento, pós de diversas madeiras, pétalas, sementes, raízes, folhas, frutos
entre outros. Justificou-se pela relevância de discussões sobre a prática educativa
desenvolvida nas escolas na área das expressões artísticas, considerando que esta
pode contribuir significativamente para a formação de sujeitos criativos, pois tanto na
pintura como do desenho pode-se expressar livremente por meio de diferentes
técnicas e tipos de tintas.
Os objetivos deste trabalho foram: desenvolver pesquisas teóricas e
práticas sobre os processos de extração de pigmentos e sua aplicabilidade nas
Artes Visuais, ampliarem os conhecimentos sobre os materiais de pintura, investigar
os pigmentos naturais para a preparação de tintas, no desenvolvimento de formas
de extrair pigmentos de elementos naturais líquidos e secos, a partir da seleção de
frutos, folhas, sementes, flores, etc.
5
O Projeto de Implementação Pedagógica, do Programa PDE do Estado do
Paraná, foi desenvolvido no Colégio Estadual Douradina – Ensino Fundamental e
Médio, no município de Douradina, Estado do Paraná. Foi desenvolvido por uma
turma de 6ª série do Ensino Fundamental, do período matutino, e a aplicação do
Projeto foi dividido em 8 (oito) etapas, e os recursos utilizados foram os elementos
naturais, TV pendrive, livros, internet e laboratório de Ciências.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO METOLOLÓGICA
Na fundamentação teórica foram realizadas pesquisas sobre a história da Arte
em documentos que regem a educação no Brasil, como na legislação educacional
brasileira. A Lei de Diretrizes e Bases nº 9394/96 (LDB 9394/96), que se refere ao
ensino da Arte como componente curricular obrigatório da Educação Básica. Sendo
que a disciplina de Arte é reconhecida como área de conhecimento, por meio de
quatro linguagens artísticas: Artes Visuais, Dança, Música e Teatro.
Nas aulas de Arte, os conteúdos das referidas linguagens devem ser
selecionados mediante uma análise histórica e crítica, assim como abordados por
meio de conhecimento estético e de produção artística que facilita a compreensão
da arte em suas múltiplas dimensões cognitivas. Nesse sentido, as Diretrizes
Curriculares Estaduais - DCE (PARANÁ, 2008, p.60) apresenta que:
Para compreender a arte como trabalho criador ou criação artística parte-se do fato do trabalho configurar toda a ação histórica e socialmente desenvolvida pelo homem sobre a natureza (ou sobre o mundo humanizado). Assim o ser humano vem produzindo sua existência e se constituindo como ser histórico e social.
Neste contexto, a arte surgiu desde a era primitiva onde as manifestações
artísticas do homem, já eram registradas em cavernas, por esse motivo a o interesse
por tal atividade levou-nos a constantes buscas e descobertas de meios e de
6
instrumentos para auxiliar-nos na criatividade de cada um. Como exemplo, a
evolução das tintas que permitiu a ampliação de opções. Desta forma, a
importância da história de como surgiram às primeiras pinturas foi pesquisada,
descobrindo que eram feitas de forma artesanal e, posteriormente, em escala
industrial, seguindo, em geral a seguinte sequência: tintas naturais, têmpera, óleo,
gouache, aquarela, pastel, tintas acrílicas. Todas de belíssimas cores e efeitos,
guardadas as especificidades e as características próprias de sua procedência.
(BUENO, 1989)
A criatividade e pesquisa para a busca de tintas naturais foi um aspecto de
fundamental importância para a realização da proposta deste estudo. O ser humano
é criativo por excelência por ser a criatividade uma potencialidade inata, bastando
exercitá-la, através de oportunidades, de experiências de vida, para que se
manifeste. (BUENO, 1989).
Na antiguidade o homem primitivo utilizava pigmentos extraídos da natureza
para registrar seus desenhos nas paredes das cavernas, fazendo uso de materiais
como: plantas, terra, carvão, sangue de animais, etc. Com o passar do tempo
percebeu que com o acréscimo de outros tipos de substâncias – resina de árvore,
água, clara e gema de ovos, entre outros – a tinta apresentava maior durabilidade,
pois tais elementos possuíam propriedades aglutinantes. Bettencourt assim se
reporta as tintas naturais:
Embora as tintas naturais tenham sido relegadas, até certo ponto, a um grau secundário, devido especialmente, ao uso acentuado das tintas químicas, é certo que elas produziram maravilhosas obras de arte que fazem parte do patrimônio da humanidade. (BETTENCOURT apud BUENO, 1989, p. 12).
A resina acrílica começou a ser usada como aglutinante no início do século
XX, permitindo a utilização da tinta acrílica, tão comum nos dias de hoje. Barros
(2009, p. 16) aponta as inúmeras possibilidades de se trabalhar com a criatividade
que envolve a cor, no entanto, destaca que:
7
[...] aprofundar os conhecimentos sobre o fenômeno das cores acaba por se tornar um trabalho muito abrangente, que envolve desde a composição química dos pigmentos, os estudos da física e da luz e da fisiologia do nosso aparelho visual, para chegar às questões psicológicas da sua interpretação e assimilação.
Nesse sentido, é importante observar que a cor é o resultado de um
processo que acontece entre o olho e o cérebro. A presença de foto pigmentos no
olho humano diante de diferentes comprimentos de onda é que determina a cor de
um objeto. As várias espécies de seres vivos percebem a cor diferente umas das
outras. Pode-se afirmar que o fenômeno da cor está na mente de cada pessoa.
(FABER-LUDENS, 2010). Pedrosa (1999, p. 16) acrescenta,
A cor não tem existência material: é apenas sensação produzida por certas organizações nervosas sob a ação da luz, mais precisamente é a sensação provocada pela ação da luz sobre o órgão da visão. Seu aparecimento está condicionado à existência de dois elementos: a luz (objeto físico, agindo como estímulo) e o olho (aparelho receptor, funcionando como decifrador do fluxo luminoso decompondo-o através da função seletora da retina).
Tal conhecimento confirma o quão abrangente é o estudo da cor,
despertando o interesse em aprofundar esse estudo, sobre isso Pedrosa (1999,
p.17) continua:
Cor-luz, ou luz colorida, é a radiação luminosa visível que tem como síntese aditiva a luz branca. É a luz solar, por reunir de forma equilibrada todas as matrizes existentes na natureza. As faixas coloridas que compõe o espectro solar, quando tomadas isoladamente, uma a uma denominam-se luzes monocromáticas. Cor-pigmento é a substância material que, conforme sua natureza absorve, refrata e reflete os raios luminosos componentes da luz refletida que determina a sua denominação. O que faz com que chamemos um corpo de verde é sua capacidade de absorver quase todos os raios da luz branca incidente, refletindo para nossos olhos apenas a tonalidade dos verdes.
8
Ainda Pedrosa (1999, p.17) informa que “quem primeiro explicou
cientificamente a coloração dos corpos foi Newton, denominando-a de cores
permanentes dos corpos naturais.” Newton fez importantes experimentos sobre a
decomposição da luz com prismas e acreditou que as cores eram devidas ao
tamanho da partícula de luz. Importa salientar o que Ferraz; Fusari (2009, p. 89)
descreve,
As cores-pigmentos utilizadas para pintar, desenhar, presentes no guache, acrílico, aquarela, têmpera, óleo, anilina, cera, grafite, não servem para impressão, mas têm uma infinidade de possibilidades no campo artístico, pela variedade de cromatismo e plasticidade. Como essas cores são obtidas de pigmentos e meios variados (químicos, minerais, vegetais, animais), existem diversas nuances de uma mesma cor.
Cabe ressaltar, neste momento, que o presente projeto será focado no estudo
das cores mediante extração de pigmentos naturais (minerais e vegetais). Nesse
sentido, Dias (2010, p.2) afirma:
Pigmento é o que determina a cor, isto é, é o que forma a cor, por exemplo, as plantas são verdes, pois possuem como pigmento a clorofila, a terra tem cores diferentes, pois depende da composição mineral de cada local, a nossa pele também possui pigmento, é a melanina.
Desde a pré-história o homem já utilizava pigmentos para desenhar nas
paredes das cavernas, e para isso eles usavam as plantas, terra, carvão, sangue
dos animais, e outros. E com o passar do tempo ele descobriu que precisava usar
algum tipo de cola, para a tinta durar mais. Para isso começou a misturar aos
pigmentos naturais: resina de árvore, água, clara e gema de ovos, goma laca, resina
vinílica, ceras, caseína, e outros, esses matérias possuem propriedades de
9
aglutinantes. De acordo com Bueno (1989), vários são os processos de extrações de
pigmentos líquidos:
a) Cocção: tomate, erva-mate, café, marcela, beterraba, cascas de uva, entre outros, são misturados à água e submetidos à fervura até reduzir o líquido a uma calda colorida, bem concentrada.
b) Maceração: café, erva-mate, feijão preto, sementes coloridas, são colocadas separadamente em recipientes com água durante doze horas ou mais até impregná-la de cor.
c) Infusão: pétalas de rosa e de flores diversas, sementes de urucum, cascas de jabuticaba, folhas diversas são submersas num recipiente com álcool. Esse líquido colorido poderá ser usado puro ou com cola plástica compatível com o álcool, dando-lhe consistência de gel.
d) Fricção: pétalas de flores, frutos, folhas e sementes friccionadas sobre suporte branco – papéis sulfite, canson e outros - que propicie boa absorção dos pigmentos. (BUENO, 1989, p. 23)
Ainda, segundo Bueno, obtém-se os pigmentos em pó por processos como os
discriminados abaixo:
a) Trituração: carvão, giz, cascas de ovos, tijolos urucum, café e outros, são moídos até ficarem reduzidos a pó muito fino.
b) Calcinação: ossos, sementes, madeira, são queimados e reduzidos a carvão que, após sofrerem trituração, são reduzidos a pó. O carvão também pode ser usado de forma compacta para grafar.
c) Decantação: terras de cores diversas são separadas conforme a cor que tem. “Não são usadas tais como são encontradas. São antes bem peneiradas, diluídas em muita água, filtradas em peneiras muito finas e deixadas quietas em água para decantar. Após a secagem, estão prontas para o uso”.
d) Lixação: madeiras são transformadas em pós muito finos de diversas cores, quando lixadas. Estes pós poderão ser usados puros nos aglutinantes ou associados entre si. (BUENO, 1989, p. 24)
O processo de preparação das tintas naturais exige observação, paciência e
reavaliações constantes por tratar-se de uma atividade artesanal e
caracteristicamente experimental. Tal atividade procura, ainda, conscientizar os
alunos quanto à proteção e preservação do meio ambiente, aproveitar os recursos
10
que a natureza pode oferecer, bem como valorizar o ambiente natural local e/ou
regional (vegetais e minerais) que os cercam. Barros (2009, p. 275) reporta-se ao
entendimento de Goethe sobre cores:
A Doutrina das cores de Goethe representa um ponto de partida para todo o aprofundamento do fenômeno cromático, abrindo um leque de possíveis interpretações... a intenção de Goethe é democratizar o conhecimento das cores, desdobrando-o para todas as áreas do conhecimento.
A liberdade de expressão, o domínio do fazer, a habilidade artesanal, o
conhecimento dos materiais são elementos essenciais de arte porque permitem a
transformação da matéria numa expressão cultural específica. Os conhecimentos
teóricos e práticos ampliam os horizontes do aluno e/ou do artista, enriquecendo-os
esteticamente. Considera-se que a criatividade é fundamental no desenvolvimento
da sensibilidade e que tanto os materiais artesanais quanto os industrializados são
meios secundários utilizados no exercício da expressão humana. (BUENO, 1989).
Por fim, cumpre enfatizar que pela criação, o sujeito dá forma à matéria, e
ainda, o ato criador revela o caráter da matéria com que se trabalha. O trabalho é
uma necessidade vital, através dele o homem concretiza seus ideais e se realiza em
plenitude. Sendo assim, afirma Ostrower (1977, p.70):
No trabalho, o homem intui. Age, transforma, configura intuindo. O caminho em toda a tarefa será novo e necessariamente diferente. Ao criar, ao receber sugestões da matéria que está sendo ordenada e se altera sob suas mãos, nesse processo configurador o individuo se vê diante de encruzilhadas. A todo instante, ele terá que se perguntar: sim ou não, falta algo, sigo, paro [...].
O problema maior do ensino da arte está justamente na forma de ensiná-la,
pois na maioria das vezes a criatividade é confundida com improvisação, sem a
exploração da subjetividade que é parte fundamental da expressão artística. Além
da dificuldade que se encontra quando é trabalhada a preparação das tintas, que
11
exige observação, paciência e reavaliações constantes por se tratar de uma
atividade artesanal e caracteristicamente experimental.
Acredita-se que mais importante que ensinar a arte, é antes propiciar um
ambiente que estimule a construção desse conhecimento, para desenvolver a
capacidade de construção, compreensão e fruição sem interferirem na liberdade e
espontaneidade da criança.
A intenção não foi dar fórmulas prontas ou receitas prévias, mas dar
oportunidade de redescobrir e de produzir tintas para fins didáticos e/ou artísticos,
estimular a coragem criativa através da expressão plástica de formas e de cores,
motivando cada aluno a improvisar, a experimentar e a tirar suas próprias
conclusões.
Para que se tivesse uma visão precisa da proposta desta pesquisa dois
aspectos de fundamental importância precisaram ser examinados: criatividade e
trabalho. A criatividade propicia o ato criador, ou seja, a expressão de sentimentos,
emoções, idéias e pensamentos do ser humano. Existe, no ato criador, uma
intencionalidade de busca, de transformação da matéria que gera novas tonalidades,
construindo, Improvisando, explorando materiais do ambiente pessoal havendo a
possibilidade ímpar de o indivíduo exercitar a imaginação e a fantasia,
estabelecendo-se dessa maneira, relações interiores e exteriores com o mundo que
o cerca.
Criatividade é a exteriorização do potencial criativo, é o encontro do ser
humano intensamente consciente com o seu mundo. O trabalho é uma necessidade
vital, através dele o homem concretiza seus ideais e se realiza em plenitude.
Pretendeu-se, enfim, com esta pesquisa com o tema “extração de pigmentos
naturais”, dar orientações básicas a todas as pessoas interessadas que se
disponham a buscar algo sempre renovado.
3. DESENVOLVIMENTO
12
A intervenção pedagógica com a extração de pigmentos como alternativa
educacional foi dividida em oito etapas de acordo com as técnicas aplicadas. Cada
etapa contemplou um processo de extração das tintas, de acordo com o objetivo
proposto de extração de pigmentos e sua utilização nas Artes Visuais.
Foram desenvolvidas atividades buscando incentivar e orientar os alunos a
ampliar os conhecimentos sobre os materiais de pintura, investigando os pigmentos
naturais para a preparação de tintas; desenvolver formas de extrair pigmentos de
elementos naturais líquidos e secos, a partir da seleção de frutos, folhas, sementes,
flores, etc.; realizar experiências a partir dos vários processos de extração de
pigmentos por meio da prática em sala de aula e laboratório; investigar as
possibilidades do uso dos pigmentos naturais, oferecendo uma produção alternativa
como processo didático em atividades artísticas. Assim cada etapa apresentou uma
técnica que foi trabalhada com varias atividades utilizando diversas matérias primas
e recursos.
Na primeira etapa, realizou-se uma apresentação oral do projeto e após
promoveu-se um questionamento com os alunos a respeito do que eles entendiam
sobre a educação ambiental, com a finalidade de facilitar o entendimento dos alunos
da importante relação entre o meio ambiente e a qualidade de vida. Questionou-se
sobre o lixo e reciclagem por meio da aplicação de um questionário que permitiu aos
alunos expressarem suas ideias.
Por meio do resultado deste questionário explicou-se os problemas que o lixo
traz para as pessoas pelo espaço que ocupa. Pediu-se que evitassem a depredação
de ambientes naturais, praças e jardins alheios ao retirarem o material que seria
utilizado nas aulas, só deveriam retirar o suficiente para realização das atividades
desejadas. Em seguida, pediu-se aos alunos que trouxessem para próxima aula
matérias-primas: folhas, flores, frutos, sementes, legumes coloridos, etc.. (Imagens
1, 2 e 3)
13
Imagem 1: matérias –primas Fonte: arquivo de Iraci B. Silva
Imagem 2: matérias –primas Fonte: arquivo de Iraci B. Silva
14
Imagem 3: fotos dos alunos. Fonte: arquivo de Iraci B. Silva
Na segunda etapa, trabalhou-se a técnica da Fricção para isso levou-se os
alunos ao Laboratório com a matéria-prima que trouxeram de casa, formou-se
grupos e distribuíram-se folhas de papel. Cada aluno friccionou, usando sua
criatividade, pétalas de flores, folhas, frutos e sementes sobre suporte branco -
papéis sulfite, canson e outros. (Imagens 4 e 5).
Orientou-se os alunos a observarem as diferentes cores e tonalidades. Após
as pinturas estarem concluídas e as tintas completamente secas, os alunos
impermeabilizaram seus trabalhos com cola plástica. Também recolheram as
sobras das matérias-primas usadas e colocaram em vidros, devidamente preparados
com álcool, de maneira a ficarem submersos e identificaram com etiquetas por
elementos usados. Assim, já ficou preparado o material que foi utilizado na próxima
aula com a técnica da Infusão.
15
Imagem 4: alunos aplicando a técnica da fricção. Fonte: arquivo de Iraci B. Silva
Imagem 5: alunas aplicando a técnica da fricção. Fonte: arquivo de Iraci B. Silva
Para o desenvolvimento da terceira etapa com a técnica de extração de
tintas por infusão, usou-se o mesmo procedimento da anterior no laboratório. Os
alunos trabalharam em grupos, aplicaram a técnica em folhas de papeis utilizando
pincéis, rolos de fibra ou de espuma, trinchas, esponjas, escovas. Incentivou-se os
alunos a usarem a imaginação e perceberem que sucos coloridos de grande
persistência podiam ser extraídos da natureza. (Imagem 6 e 7). Após as pinturas
estarem concluídas e as tintas completamente secas, os alunos impermeabilizaram
seus trabalhos. (Imagem 8). Que foram sendo arquivados.
16
Imagem 6: alunos preparando a infusão. Fonte: arquivo de Iraci B. Silva
Imagem 7: tinta preparada por infusão. Fonte: arquivo de Iraci B. Silva
Imagem 8: trabalhos dos alunos. Fonte: arquivo de Iraci B. Silva
17
Na quarta etapa, foi aplicada a técnica da cocção, por ser necessário o
cozimento de cascas de jabuticaba, feijão preto, erva-mate, café, marcela,
beterraba, cascas de uva, cascas de cebola entre outros já se levou a tinta
preparada por motivo de segurança e para agilizar a aula. Os alunos foram ao
laboratório, onde formaram grupos e explicou-se que o líquido colorido obtido pela
técnica da cocção podia ser aplicado diretamente no papel ou com um pouquinho de
cola (aglutinante) que daria maior resistência. .(Imagem 9 e 10). Após colocaram as
folhas para secar em varal de barbante e na próxima quando foram
impermeabilizados.
Imagem 9: pintura com tinta da casca de cebola. Fonte: arquivo de Iraci B. Silva
18
Imagem 10: trabalho com tinta da erva-mate.
Fonte: arquivo de Iraci B. Silva
Para aplicação da técnica da Maceração na quinta etapa foi necessário
dividir as ações. Primeiramente junto com os alunos foi feito a preparação da tinta
que consiste em deixar a matéria-prima (feijão preto, café moído, beterrabas,
sementes de urucum) de molho na água para soltarem a tinta em temperatura
ambiente, colocadas separadamente em recipientes com água durante doze horas
ou mais até impregná-la de cor. Num segundo momento levou-se os alunos
novamente ao laboratório, distribui-se os papéis onde eles usaram a imaginação e a
criatividade aplicando as tintas produzidas puras e com aglutinante para ficar mais
espessa. (Imagem 11)
19
Imagem 11: trabalho com a tinta extraída do café Fonte: arquivo de Iraci B. Silva
Na sexta etapa, aplicou-se a técnica da Trituração também no laboratório,
formaram-se grupos, explicou-se a técnica que seria usada, tiraram-se todas as
dúvidas e iniciou-se com o material já trazido de casa pelos alunos (carvão, giz,
cascas de ovos, tijolos, urucum, café e outros), distribuem-se martelos, pedras e
tudo que foi possível para moer, em seguida peneirou-se até conseguir um pó bem
fino, que foi misturado a uma cola que agiu como aglutinante dando forma pastosa.
Depois se passou no papel sulfite, cartolinas, com pincéis. (Imagem 12). Num
segundo momento ainda sobre o mesmo tema, solicitou-se aos alunos que
trouxessem para a próxima aula carvão de churrasqueira na sua forma natural, para
grafar livremente usando a criatividade de cada um. (Imagens 13, 14 e 15). Para
fixar a tinta do carvão no papel, usou-se fixador de cabelo em spray (laquê),
colocou-se para secar em um varal de barbante improvisado na sala.
20
Imagem 12: trabalhos com a técnica da trituração. Fonte: arquivo de Iraci B. Silva
Imagem 13: carvão vegetal. Fonte: arquivo de Iraci B. Silva
Imagem 14: aluno aplicando o carvão vegetal. Fonte: arquivo de Iraci B. Silva
21
Imagem 15: trabalho feito com carvão de churrasqueira. Fonte: arquivo de Iraci B. Silva
Na aplicação da técnica da Decantação na sétima etapa, os alunos, com a
orientação do professor, separaram as terras conforme a cor que têm, peneiraram
para tirar os grãos maiores, pedrinhas e impurezas e deixaram na água para
decantar. Numa próxima aula após os alunos observaram as tintas obtidas a partir
dos pós terrosos, misturaram com cola branca e passaram no papel, aplicando a sua
arte.
Na oitava etapa aplicou-se a técnica da Lixação optou-se por levar os alunos
para visitar uma marcenaria, onde puderam observar as cores e os diversos tipos de
madeiras que existem na nossa região, recolheram em vidros os pós das serras o
suficiente para serem levados para sala de aula e laboratório. Após foram
peneirados, catalogados por espécie e cores. Numa próxima aula aplicaram a
técnica.
Após o término de todas as etapas, organizou-se uma exposição com todos
os trabalhos produzidos durante a aplicação do projeto e fotos, no pavilhão da
22
escola, onde foram convidados alunos, professores, equipe pedagógica e
funcionários, para que pudessem observar os resultados obtidos.
4. CONCLUSÃO
Durante este trabalho foi possível verificar que conteúdos trabalhados na
prática são bastante produtivos e prendem a atenção dos alunos envolvendo a teoria
com a prática. Com materiais alternativos ficou mais fácil manter o aluno envolvido e
interessado nas atividades desde o início até o fim, a aula tornou-se bastante
participativa, o objetivo foi atingido e percebeu-se que os alunos compreenderam as
formas de impressões realizadas na arte.
Houve uma participação ativa por parte dos alunos, sendo que eles
conseguiram desenvolver e compreender o conteúdo estudado a partir de materiais
alternativos e diversificado. Com esse trabalho foi possível abordar a importância de
se ter uma consciência ambiental, tendo cuidado com o meio ambiente por meio da
reutilização de materiais.
Os objetivos deste trabalho foram alcançados, e se ampliou os
conhecimentos teóricos por meio das pesquisas, como também se pode comprovar
na prática os processos de extração de pigmentos e sua aplicabilidade nas Artes
Visuais.
A aprendizagem foi bastante satisfatória, porque se ampliou os
conhecimentos sobre os materiais de pintura, se investigou os pigmentos naturais
para a preparação de tintas e as formas de extrair pigmentos de elementos naturais
líquidos e secos, com a seleção de frutos, folhas, sementes, flores, e outros.
23
5. REFERÊNCIAS
FABER-LUDENS. A cor como interface. Disponível em: <http://www.faberludens.com.br/pt-br/node/6365> Acesso em: 17 de out. 2010.
BARROS, Lilian Ried Miller. A cor no processo criativo: um estudo sobre a Bauhaus e a teoria de Goethe. 3. ed. São Paulo: SENAC, 2009.
BUENO, Maria Lucina Busato. Tintas Naturais: uma alternativa para a pintura artística. Passo Fundo: Universidade de Passo Fundo, 1989.
DIAS, Juliana Gomes de Souza. Cor Pigmento. Portal do Professor. Disponível em:<http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula =570>. Acesso em: 22 de set. de 2010.
FERRAZ, Maria Heloísa Corrêa de Toledo; FUSARI, Maria Filisminda de Rezende. Arte na educação escolar. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2009.
OSTROWER, Fayga. Criatividade e processo de criação. Petrópolis: Vozes, 1977.
PARANÁ, SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. Diretrizes Curriculares da Educação Básica - Arte. Curitiba, 2008.
PEDROSA, Israel. Da cor à cor inexistente. Rio de Janeiro: Léo Christiano Editorial Ltda, 1999.