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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – UEM · universidade estadual de maringÁ – uem centro de ciÊncias humanas, letras e artes programa de desenvolvimento educacional material

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PARANÁ GOVERNO DO ESTADO

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED

SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

FICHA PARA CATÁLOGO

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

Título: O ESPAÇO GEOGRÁFICO E CARTOGRÁFICO DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS

Autor Maria Aparecida Gomes

Escola de Atuação Colégio Estadual Duque de Caxias. Ensino Fundamental e Médio

Município da escola Nova Olímpia

Núcleo Regional de Educação

Umuarama

Orientador Cleres do Nascimento Mansano

Instituição de Ensino Superior

Universidade Estadual de Maringá - UEM

Disciplina/Área Geografia

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Produção Didático-pedagógica

Unidade Didática

Relação Interdisciplinar

Não

Público Alvo Alunos do 7° ano (6ª série) do ensino fundamental

Localização Colégio Estadual Duque de Caxias – Ensino Fundamental e Médio – Nova Olímpia – PR

Apresentação:

A proposta deste trabalho surgiu em razão da obrigatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica de todo o país, conforme rege a Lei 10.639/03, em que os conteúdos referentes à temática serão ministrados em todas as disciplinas do currículo básico, diante da diversidade cultural existente em nosso meio social e da necessidade de produzir material didático-pedagógico, com destaque os aspectos da cultura afro-brasileira e africana; objetivando proporcionar estudos sobre os territórios quilombolas e a sua importância na formação social e econômica da nação brasileira, por meio de pesquisas bibliográficas e da linguagem cartográfica.

Utilizando a perspectiva geográfica e cartográfica espera-se despertar nos alunos o interesse pelo estudo da cultura afro e proporcionar-lhes condições para reflexões e construção de conceitos a fim de reconhecer a importância dos recursos cartográficos como mediadores para se entender a espacialidade dos fenômenos ocorridos nesse contexto; possibilitando maior compreensão do conteúdo em estudo. O desenvolvimento desse trabalho passará por etapas: introdução da temática; sondagem cartográfica; atividades de pesquisas, leitura e interpretação de textos e mapas; e, elaboração de um portifólio com as atividades realizadas pelos alunos no decorrer da implementação do projeto.

Palavras-chave Afro-brasileira; geografia; cartografia; territórios; quilombos.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – UEM

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

O ESPAÇO GEOGRÁFICO E CARTOGRÁFICO DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS

PROFESSORA PDE: MARIA APARECIDA GOMES ORIENTADORA da IES – UEM: CLERES DO NASCIMENTO MANSANO

Nova Olímpia – PR 2011

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – UEM

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

O ESPAÇO GEOGRÁFICO E CARTOGRÁFICO DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS

Material didático-pedagógico apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE – Governo do Estado do Paraná _ SEED – Turma de 2010 _ Disciplina de Geografia, Orientação na UEM: Profª Doutoranda: Cleres do Nascimento Mansano Profª aluna PDE: Maria Aparecida Gomes

Nova Olímpia – PR 2011

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1- DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professor PDE: Maria Aparecida Gomes

1.2 Área PDE: Geografia

1.3 Professor Orientador/ IES – UEM: Cleres do Nascimento Mansano

1.4 IES vinculada: UEM – Universidade Estadual de Maringá

1.5 Escola de Implementação: Colégio Estadual Duque de Caxias - Ensino Fundamental e Médio.

1.6 Município: Nova Olímpia

1.7 Núcleo: Umuarama

1.8 Público objeto da intervenção: Alunos do Ensino Fundamental (6ª série/ 7º ano) _ disciplina de Geografia

2- ÁREA DE ESTUDO: As Manifestações Socioespaciais da Diversidade Cultural

3- TEMA: Aspectos da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana sob a Perspectiva Geográfica e Cartográfica

4-TÍTULO: O Espaço Geográfico e Cartográfico das Comunidades Quilombolas

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SUMARIO

APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................................................................ 5

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................................................................................................. 7

ORIENTAÇÕES / RECOMENDAÇÕES ............................................................................................................................................... 9

AVALIAÇÃO ....................................................................................................................................................................................... 10

INTRODUÇÃO DA TEMÁTICA .......................................................................................................................................................... 11

1ª ETAPA ........................................................................................................................................................................................... 13

NOÇÕES CARTOGRÁFICAS ........................................................................................................................................................ 13

LOCALIZAÇÃO DOS TERRITÓRIOS (Brasil / África) .................................................................................................................... 15

2ª ETAPA ........................................................................................................................................................................................... 17

O SISTEMA ESCRAVISTA COLONIAL BRASILEIRO (Séc. XV a XIX) _ Referências Territoriais ................................................ 17

DIÁSPORA AFRICANA PARA O BRASIL ...................................................................................................................................... 21

QUILOMBOS – Conceitos e Espaços Territoriais ........................................................................................................................... 27

QUILOMBO DE PALMARES .......................................................................................................................................................... 34

REPRESENTAÇÃO ESPACIAL DO QUILOMBO DO BURACO DO TATU ................................................................................... 36

OS CICLOS ECONÔMICOS COLONIAIS NO TERRITÓRIO BRASILEIRO .................................................................................. 39

OCORRÊNCIA DE COMUNIDADES QUILOMBOLAS POR UNIDADE POLÍTICA DO BRASIL – 2009 ........................................ 42

TITULAÇÃO DAS ÁREAS QUILOMBOLAS ................................................................................................................................... 47

COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBOS E COMUNIDADES NEGRAS TRADICIONAIS NO PARANÁ ............... 51

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PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

APRESENTAÇÃO

Trabalhar o tema – Aspectos da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana sob uma Perspectiva Geográfica e Cartográfica

– nesta Unidade Didática é o primeiro passo na trilha da reconstrução de uma face de nosso passado que é a formação e a

ocupação do território brasileiro em seus aspectos socioculturais e econômicos, que ainda é vista com preconceitos na sociedade

brasileira e paranaense.

Considerando a obrigatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica de todo o

país, amparada pela Lei 10.639/03, que é ampla nos seus aspectos sociais, sendo necessário que haja o reconhecimento justo em

relação aos diversos fatores da participação dos afrodescendentes na formação da nação brasileira. Por se referir a dois espaços

geográficos continentais: África e Brasil, que por um período histórico e cultural longo, tem como principal tarefa de fazer a ponte

de conhecimentos entre os elementos da historiografia e da cultura africana e dos afrodescendentes que repercutem em âmbito

local, regional e global (PARANÁ, 2006).

Sendo assim, consideramos de suma importância a aplicabilidade desse trabalho, visto que a Geografia é a área do

conhecimento que contribui para a formação humana, com o sentido de identidade relacionado ao vínculo com o território. Ela

informa a nacionalidade e a identidade de um povo. A Geografia, segundo Anjos (2005), tem por finalidade tornar os

acontecimentos do mundo e suas mudanças compreensíveis para a sociedade, dar explicações para as transformações territoriais

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e de apontar soluções para melhor estruturação do espaço. Portanto, é uma disciplina fundamental na formação da cidadania

brasileira, pois apresenta grande diversidade étnica, socioeconômica, bem como na distribuição espacial.

Utilizando a perspectiva geográfica e cartográfica espera-se despertar nos alunos o interesse pelo estudo da cultura afro e

oferecer-lhes condições para pesquisas, leituras, análises de mapas e gráficos relacionados à formação e ocupação do território

brasileiro, reflexões e construção de conceitos a fim de reconhecer a importância dos recursos cartográficos como mediadores

para se entender a espacialidade dos fenômenos ocorridos nesse contexto; possibilitando maior compreensão do conteúdo em

estudo.

A Produção Didático Pedagógica tem como objetivo geral, proporcionar estudos sobre os territórios quilombolas e a sua

importância na formação social e econômica da nação brasileira, por meio de pesquisas bibliográficas e da linguagem cartográfica.

Buscando especificamente, valorizar a diversidade étnica, estimulando valores e comportamentos de respeito e solidariedade, em

relação à população negra, afro-brasileira ou afrodescendente existente no contexto escolar e na sociedade; localizar e mapear os

territórios em estudo (Brasil/África); conceituar o termo “quilombo” no contexto da construção do território brasileiro e paranaense;

identificar a contribuição das comunidades tradicionais dos antigos quilombos e dos remanescentes contemporâneos nas

diferentes regiões brasileiras, mapeando as principais atividades econômicas do país; identificar e localizar alguns dos principais

quilombos no espaço territorial brasileiro e paranaense; discutir a questão da identidade e da cultura dos quilombolas no território

brasileiro.

A intenção desse trabalho surgiu da necessidade de produzir material didático-pedagógico, com destaque os aspectos da

história e da cultura afro-brasileira e africana; ressaltando como exemplos os espaços territoriais remanescentes de quilombos

identificados no Brasil e no Paraná; e para que os professores possam fazer sua utilização com alunos do Ensino Fundamental,

visando à melhoria da qualidade da educação ofertada nas escolas públicas paranaenses, visto que esse material é escasso em

nossas escolas.

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A aplicação deste trabalho acadêmico, será na forma de Implementação Pedagógica, respaldada na perspectiva histórico-

crítica, no Colégio Estadual Duque de Caxias – Ensino Fundamental e Médio, com os alunos do 7º ano (6ª série) do Ensino

Fundamental do período vespertino.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O desenvolvimento do trabalho terá como base os fundamentos teóricos das Diretrizes Curriculares da Educação Básica

(PARANÀ, 2008), pois tornam se importantes instrumentos para a compreensão do espaço geográfico, dos conceitos e das

relações socioespaciais nas diversas escalas geográficas.

Os procedimentos metodológicos para a aplicação do Projeto de Intervenção abrangem as seguintes etapas:

Primeira Etapa

Apresentar-se-á a proposta à turma explicitando as ideias do projeto, seguida da introdução da temática em questão por

meio de aula expositiva dialogada e apresentação de slides, utilizando-se de recursos audiovisuais como a TV pendrive para a

exposição do mesmo e para localizar os territórios em estudo.

Far-se-á também um diagnóstico da aprendizagem cartográfica, ou seja, uma sondagem do nível de aprendizagem dos

alunos da 6ª série quanto aos conteúdos referentes às representações gráficas e, em seguida, os conteúdos defasados serão

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retomados, referindo-se as noções básicas de localização, orientação e coordenadas geográficas, retomando alguns conceitos da

linguagem gráfica e os principais elementos de um mapa (tipologia, título, legenda, escala e fonte).

Segunda Etapa

Os alunos, em posse do material didático, farão as seguintes atividades:

- leitura e interpretação de textos explicativos, que ressaltem a importância dos quilombos (matrizes africanas e

afrodescendentes) no processo de formação da população e do território brasileiro e paranaense;

- Exibição do vídeo: O Povo Brasileiro – A formação e o sentido do Brasil, como recurso ilustrativo e discussão sobre o

mesmo.

- pesquisas bibliográficas para definição de conceitos necessários ao entendimento da temática sobre o ponto de vista

geográfico, ressaltando a importância da Cartografia nesse contexto;

- resolução das atividades relacionadas à leiturização de diferentes mapas adaptados e mapas referenciados de livros e

geoatlas relacionados aos quilombos do Brasil e do Paraná, destacando: a localização, distribuição e representação espacial,

origem - diasporalidade, população-etnia, atividade econômica, moradia, entre outros. O geoatlas será usado também como

material de apoio no desenvolvimento desta etapa.

- organização de dados estatísticos e confecção de gráficos, abrindo discussão sobre os temas e possíveis soluções.

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ORIENTAÇÕES / RECOMENDAÇÕES

Professor:

Para o desenvolvimento das atividades aqui apresentadas nessa Unidade Didática, sugere que se faça uma sondagem

quanto ao nível de aprendizagem cartográfica dos alunos, retomando noções básicas que serão necessárias para a localização

dos fatos e a leiturização dos mapas relacionados à temática que serão propostos na segunda etapa desse trabalho.

De acordo com Almeida e Passini (1994), para que a leitura cartográfica seja possível, em todos os mapas, os objetivos

devem ser claros para não perder informações importantes. A leiturização inicia-se com a decodificação e devem passar pelas

diferentes etapas metodológicas, sendo elas: o entendimento do título, a compreensão da legenda, que é a decodificação,

mediante a qual pode relacionar os significantes (símbolos) e o significado (mensagem) dos signos constantes na legenda; a

leitura e reflexão da distribuição e da organização dos símbolos e da mensagem sobre o mapa e a observação da escala para o

cálculo de distância e como elemento de comparação e interpretação.

É necessário ter em mente que, durante a execução das atividades, a utilização dos mapas não serão apenas instrumentos

de ilustração visual, o professor deve estar atento para que sejam bem aproveitados no sentido de tornar o aluno mais dinâmico.

As Diretrizes Curriculares da Educação Básica (PARANÁ, 2008, p. 83) propõem que “Os mapas e seus conteúdos sejam

lidos pelos estudantes como se fossem textos, passíveis de interpretação, problematização e análise crítica. Também, que jamais

sejam meros instrumentos de localização dos eventos e acidentes geográficos [...]”.

Esse recurso da Cartografia deve servir de mediação para melhor entendimento dos conteúdos geográficos e,

consequentemente para a aquisição de conhecimentos.

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Partindo de que os mapas possuem uma linguagem própria na representação da superfície terrestre, algumas noções e

conceitos devem ser considerados e definidos, como a escala, a orientação indicada, a legenda e outros. As Definições para cada

um dos conceitos cartográficas podem ser encontradas em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mapa#Elementos_de_um_mapa;

http://www.slideshare.net/paula.tomaz/elementos-do-mapa; no livro didático do 6°ano – Projeto Arariba: Geografia /

organizadora editora Moderna; 2. ed. – São Paulo, 2007, p. 27, 30, 31, 86, 87, 136, 137; ou no livro didático adotado em sua

escola. Também é importante e necessário que o professor utilize o Geoatlas – Maria Elena Simiele como material de apoio na

execução das atividades.

AVALIAÇÃO

Nessa perspectiva, a avaliação será diagnóstica e continuada; acontecerá de maneira individual e coletiva, em todos os

momentos em que os alunos estiverem participando das atividades propostas e contemplará diferentes práticas pedagógicas, tais

como: pesquisas bibliográficas, produção e interpretação de textos historiográficos, leiturização de mapas e gráficos.

A avaliação terá como critérios norteadores: a formação dos conceitos geográficos básicos e o entendimento das relações

sócio espaciais. Serão observados se foram formados conceitos geográficos e se houve assimilação das relações de poder, de

espaço – tempo e de sociedade – natureza para compreender o espaço nas diversas escalas geográficas.

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INTRODUÇÃO DA TEMÁTICA

Caro (a) Aluno (a)

O presente trabalho em que a temática refere-se aos Aspectos da História e

Cultura Afro-Brasileira e Africana sob uma Perspectiva Geográfica e Cartográfica, tomou

como base a formação e ocupação do território brasileiro e, consequentemente do

Paraná que é uma Unidade Federativa oriunda desse processo, visando destacar e

valorizar a contribuição e o papel fundamental da cultura africana e suas matrizes nesse

contexto historiográfico.

Partindo de que a formação do extenso território brasileiro resultou de um longo

processo de expansão colonial que se iniciou com a chegada dos colonizadores

portugueses em 1500, cuja essas terras não tinham mais de 2,5 milhões de Km², e para

ocorrer à expansão territorial que levou o Brasil a possuir o território atual segundo o

IBGE de 8.514.876,599 Km², muitas foram as lutas e conquistas de diversos povos e

etnias, dentre eles a presença marcante dos africanos e afrodescendentes que para cá

vieram durante o período escravista, participando com sua força de trabalho de todos os

ciclos econômicos que se desenvolveram nas regiões brasileiras garantindo o avanço

das terras ocupadas no litoral para o interior do país. Além de contribuir para a formação

étnica populacional, trazendo consigo suas manifestações culturais, tais como: a música,

O território é na sua

essência um ato físico,

político e social,

categorizável, possível de

dimensionamento, onde

geralmente o Estado está

presente e estão gravadas as

referências culturais e

simbólicas da população.

Dessa forma o território

étnico seria o espaço

construído, materializado a

partir das referências de

identidade e pertencimento

territorial e, geralmente, a sua

população tem um traço de

origem comum. (ANJOS, 2006, p. 53)

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a religiosidade, a dança, a alimentação, entre outras.

No decorrer do trabalho estudaremos mais detalhada a participação

desse grupo étnico nos ciclos econômicos coloniais e para melhor

entendimento da temática faremos a localização dos Territórios (Brasil / África)

e estudaremos também um sobre o Sistema Escravista Colonial Brasileiro, a

Diáspora africana para o Brasil, Quilombos – conceitos e espaços territoriais, o

Quilombo de Palmares, a representação espacial do Quilombo do Buraco do

Tatu, a ocorrência de Comunidades Quilombolas por Unidade Política do

Brasil, a Titulação das Áreas quilombolas e as Comunidades Remanescentes

de Quilombos e Comunidades Negras Tradicionais no Paraná. Em vista dos

subtítulos citados a Unidade Didática foi titulada como “O Espaço Geográfico e

Cartográfico das Comunidades Quilombolas”.

O desenvolvimento dos conteúdos acima citados serão por meio de

textos explicativos, pesquisas bibliográficas, definições de conceitos e

principalmente através de leiturização de mapas, usando a linguagem

cartográfica como forma de representação, localização e interpretação dos

fatos.

Duas palavras do contexto foram destacadas e conceituadas, pois a

compreensão das mesmas é considerada essencial no cumprimento dos

objetivos propostos neste trabalho.

Os mapas, principais produtos da

cartografia são, por sua vez, as

representações e interpretações

gráficas do mundo real, que se firmam

como ferramentas eficazes de leitura

do território, [...], mostram os fatos

geográficos e os seus conflitos. Estes

possibilitam revelar graficamente o que

acontece na dinâmica do espaço,

tornando-se cada vez mais

imprescindíveis por constituírem uma

ponte entre os níveis de observação da

realidade e a simplificação, a redução

e a explicação, além de fornecerem

pistas para a tomada de decisões e

soluções de problemas. [...] Não

podemos perder de vista que um mapa

não é um território, mas que nos

produtos da cartografia estão as

melhores possibilidades de

representação e leitura da história do

território.

(ANJOS, 2009, p.8).

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1ª ETAPA

NOÇÕES CARTOGRÁFICAS

Para o desenvolvimento do trabalho e maior compreensão dos conteúdos será necessário rever algumas noções básicas de

cartografia que você aluno (a) estudou na série anterior (5ª série) e que serão fundamentais para a localização dos fatos e a

leiturização dos mapas propostos nas atividades seguintes a respeito da temática referida – Aspectos da História e Cultura Afro-

Brasileira e Africana sob uma Perspectiva Geográfica e Cartográfica, identificando assim os principais elementos que constituem o

mapa.

ATIVIDADE 1

- Como vimos acima os “mapas” são os principais produtos da cartografia. Então, considerando as noções básicas estudadas

defina com suas palavras o que você entende por mapa? Cite também alguns elementos que podem facilitar a leitura ou

interpretação do mesmo. Pense e responda abaixo:

________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________

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ATIVIDADE 2- Para descontrair e relembrar:

Procure no caça palavras os termos cartográficos abaixo, em seguida pesquise no dicionário ou no livro didático do 6° ano

( 5ª série) adotado em sua escola a definição dos mesmos e registre em seu caderno.

CAÇA PALAVRAS

A C O O R D E N A D A E R Y O Q L W E R T Y U I O S H O I M P A R A L E L O J C K S S T Q Z T X M N C V O A I Y W A U U A I D O J L R L O N R Q D L O O T Q I E R A E N M B T O O P A U V R B N E G F K U R S L O C D Q E D Z D E T N O F V U N A E A F S D U N G J L B E T A T Z X S C V T D M N Q T N I I N A Q I W E I E Y H T M T T D E Q W M R T G R I I O K O L I I G L E G E N D A L J G S C R R Q W H R Y O L I S G K L A E O A L O K Q L L A D Y G H J M

FONTE: Próprio Autor

COORDENADA ESCALA FONTE HEMISFÉRIO LATITUDE LEGENDA LONGITUDE MERIDIANO ORIENTAÇÃO PARALELO ROSA-DOS-VENTOS TÍTULO

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ATIVIDADE 3 LOCALIZAÇÃO DOS TERRITÓRIOS (Brasil / África)

Fonte: http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/mylinks/viewcat.php?cid=51&min=100&orderby=titleA&show=10

Acesso em 06/04/11

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Agora você já pode ler o mapa e compreender as informações que ele contém, então com base no Geoatlas – Maria

Elena Simiele, p.9 e 10, localize no mapa acima os territórios em estudo_ Brasil/ África; e, pinte-os criando uma legenda no

próprio mapa e responda:

a)- Qual o titulo? ____________________________________________________________________________________

b)- Qual é a escala? O que ela representa?

____________________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________

c)- Que linhas imaginárias cortam o Brasil e o Continente africano?

____________________________________________________________________________________________________

d)- Em que hemisfério estão localizados?

____________________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________

e)- Entre quais coordenadas estão concentradas a maior parte dos territórios?

____________________________________________________________________________________________________

f)- Que Oceano banha as terras do Brasil a Leste e a Costa ocidental da África?

____________________________________________________________________________________________________

g) Com base na localização geográfica dos territórios em estudo (Brasil e África), apresente duas características físicas

comuns entre ambos.__________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________

h)- Qual é a fonte?_____________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________

_____________________________

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2ª ETAPA

O SISTEMA ESCRAVISTA COLONIAL BRASILEIRO (Séc. XV a XIX) _ Referências Territoriais

O sistema escravista durante o período colonial brasileiro, em que o Brasil estava sob o controle de Portugal, deu suporte

e reproduziu a dominação da elite europeia; principalmente de origem portuguesa. O território europeu, por ter extensões

limitadas, pobreza de recursos naturais e uma pequena população para ocupar e tornar as terras descobertas produtivas, vão

encontrar nessas terras fatores de produção necessários para desenvolver economicamente. A trajetória das grandes

navegações está associada diretamente ao fator geográfico e aos elementos naturais.

Conforme Anjos (2009), para os povos europeus não interessavam somente as grandes extensões territoriais e suas

riquezas aqui encontradas, mas também os homens, sendo necessários aos colonizadores para trabalharem no cultivo e na

exploração das minas; instituindo assim, um novo período de escravidão humana, associada ao acúmulo de bens, estruturado

num sistema socioeconômico e jurídico, que vai possibilitar o desenvolvimento de uma grande empresa comercial. Sendo que o

sistema escravista difundiu o capitalismo e favoreceu o enriquecimento de países europeus; e consequentemente desestruturou o

continente africano.

Os territórios quilombolas, referidos como espaços constituídos no passado, estabeleceram no Brasil e ainda

estabelecem fatores significativos de resistência cultural contra o sistema escravista e a isenção social, configurando-se o fator

territorial mais importante, dispersado por quase todo o Brasil no período colonial.

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Leia no texto 1 abaixo o que o autor Gilberto Cotrim relata sobre o tráfico negreiro que era considerado uma prática

comum do sistema escravista.

TEXTO 1

Leia o texto 1

Analise o mapa 1 (O Sistema Escravista – Referência Espaciais do Processo de Dominação Européia), localizando os

principais grupo de interesse desse sistema de dominação citados no texto acima.

O TRÁFICO NEGREIRO – O comércio de vidas humanas

[...] Os portugueses foram, porém, os primeiros a realizar o comércio de escravos africanos através do Atlântico _

seguidos por holandeses, ingleses e franceses. Isso foi possível depois de os portugueses terem dominado muitas regiões

no litoral da África (onde fundaram feitorias ao longo dos séculos XV e XVI) e estabelecido aliança com os comerciantes e

soberanos locais;

O tráfico negreiro realizado pelos europeus à partir do século XVI uniu interesses dos grupos escravistas de três

continentes: África, Europa e América, formando um comércio triangular, os navios levavam mercadorias da colônia e da

metrópole para a Costa Africana ( como, por exemplo, tecidos, aguardente, tabaco e armas) que eram trocadas por

escravos; em seguida estes eram vendidos para os colonos americanos, que necessitam de mão de obra para suas

lavouras ou minas.

Devido o tráfico negreiro, milhões de africanos acabaram desterrados, arrancados da África e escravizados. [...], além

do tráfico, outras condições (epidemias, secas, fome) dificultaram o crescimento da população africana até o século XX, pois

o número dos que nasciam, era praticamente igual à soma dos que eram vendidos como escravos para fora do continente.

Cotrim, Gilberto. Historia Global: Brasil e Geral/ v2, 1 ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p4.

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MAPA 1 O SISTEMA ESCRAVISTA – REFERÊNCIAS ESPACIAIS DO PROCESSO DE DOMINAÇÃO EUROPEIA

.

Fonte: Adaptado de Anjos (2009, p.48). Organização: Gomes (2011).

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ATIVIDADE 1 - Com base no texto 1 de Gilberto Cotrim sobre o tráfico negreiro e no mapa 1– O Sistema Escravista, utilizando

como material de apoio o Geoatlas – Maria Elena Simiele, p.9 e 10, responda:

a)- Qual é o título do mapa? _______________________________________________________________________________________________

b)- Quais são os três continentes referenciados no mapa?

_______________________________________________________________________________________________

c)- Os países enriquecidos pela economia e dinâmica do tráfico negreiro estão localizados em qual continente?

_______________________________________________________________________________________________

d)- Continente desestruturado territorialmente pelo tráfico e conflitos de fronteiras.

_______________________________________________________________________________________________

e)- País de maior importação de populações africanas e registros de quilombos.

_______________________________________________________________________________________________

f)- Quais são os países que continuaram escravistas mesmo depois da independência? Por quantos anos?

_______________________________________________________________________________________________

g)- Que outros países apresentam registro do sistema escravistas e de territórios de quilombos?

_______________________________________________________________________________________________

h)- De acordo com a legenda o que Cuba está representando no mapa?

________________________________________________________________________________________________

i)- Qual é a fonte do mapa?

______________________________________________________________________________________________

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21

DIÁSPORA AFRICANA PARA O BRASIL

O sistema escravista colonial desencadeou a saída de um grande contingente de africanos, como elemento formador e

estruturador da configuração do mundo contemporâneo. Muitos territórios foram construídos e ocupados pela movimentação das

migrações, sendo elas forçadas ou não. Ressaltando que os maiores fluxos de populações africanas escravizadas se

concentraram em regiões geográficas de interesse econômico dos países europeus (ANJOS, 2009).

O Brasil é a unidade política que registra as maiores estatísticas de migrações forçadas ao longo dos séculos XVI e XIX,

ultrapassando mais de quatro milhões de africanos traficados, questão básica para se compreender, respeitar e valorizar as

diferenças étnicas e culturais existentes no país. Além das contribuições dadas no nosso linguajar, na alimentação, na medicina e

na formação social e tecnológica ao longo dos séculos.

Quanto à origem da diáspora africana, o que se sabe?

Os africanos trazidos como escravos para o Brasil eram principalmente da África Ocidental, habitada por diversos grupos

étnicos Sudaneses (Iorubás, Males, Ibos, entre outros), foram levados em maior quantidade para Bahia e Maranhão; e de Angola e

Moçambique, habitado principalmente por grupos étnicos Bantos (como Cabindas, Bengalas, Banquistas, Tongas, entre outros),

esses foram levados para Pernambuco, Rio de Janeiro e Minas Gerais; para desenvolverem trabalho braçal na lavoura de cana-

de-açúcar, de algodão, de café, nos engenhos e na mineração, além de realizar outras atividades, como trabalhos domésticos e de

ofício (carpinteiro, pintores, pedreiros, ourives, etc.).

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Esses escravos eram embarcados em alguns portos africanos como Luanda, Bengala e Cabinda, na Costa de Angola,

Ajudá e Lagos, na Costa da Mina, e do porto de Moçambique, sendo obrigados a deixar suas matrizes africanas e adaptar-se ao

novo mundo por eles desconhecido.

Segundo estudos historiográficos, o maior número de escravos dominados pelos portugueses na África Ocidental de início

capturados e posteriormente comprados na Costa da Guiné e quase todos pertenciam à etnia sudanesa ocidental. Guiné era o

termo usado para denominar uma região mais ampla que a Guiné atual, e ia do Rio Senegal até o Rio Orange. Mais tarde o

comércio deslocou em direção ao Sul, para o reino de banto do Congo, e posteriormente para o reino de Angola.

Sobre a origem dessa diáspora para o Brasil, Jaime Pinsky afirma:

Texto 2

Na verdade, se essa “Grande Guiné” foi uma das zonas de origem do negro escravo, Angola foi outra. Através de seus

portos, como Bengala e Luanda, sem dúvida um número muito grande de negros foi enviado, desde o inicio do tráfico. De

outras regiões, como ilhas africanas ocidentais, ou zonas da África Oriental – como madagáscar e Moçambique – o tráfico foi

menor, embora não desprezível.

Deve-se, contudo, lembrar que o porto de origem do escravo não tinha, necessariamente, relação com sua origem

étnica. [...] a captação de escravos dava-se, com frequência, no interior, muitas vezes as distâncias significativas dos locais

de embarque.

Dessa forma poderemos notar uma grande variedade de grupos negros trazidos ao Brasil [...]

PINSKY, Jaime. A Escravidão no Brasil. São Paulo: Contexto, 1988. p. 32

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Ainda sobre a diáspora Marina de Melo e Souza, reafirma. Leia o texto 3:

Texto 3

Atividade

Mapa 2

- Neste momento com a finalidade de ilustrar e contribuir para a compreensão do conteúdo sobre a origem da diáspora será

apresentado o vídeo: O Povo Brasileiro: A formação e o sentido do Brasil. (Matriz Afro) 7/30. Produção de Darci Ribeiro. Disponível

em <http://www.youtube.com/watch?v=gCGioGNTnwo> Acesso em 07 abr. 2011.

A maioria dos africanos trazidos para o Brasil veio da região de Angola, e grupos bantos estiveram presentes de norte

a sul, de leste a oeste do território, com destaque para a região Sudeste, onde são mais presentes as marcas deixadas por

suas culturas. Já os vindos da África Ocidental, entre os quais os iorubas eram mais numerosos, se concentravam na Bahia

e Maranhão, mas marcaram sua presença em Minas Gerais, onde tiveram papel de destaque nas atividades mineradoras.

Ao Rio de Janeiro eles chegaram em maior número depois de 1850, pois quando o tráfico Atlântico acabou, escravos

do Nordeste foram vendidos para o sudeste, onde a lavoura cafeeira pagava bons preços pelos escravos dos senhores de

engenho decadentes. A influência banto é mais antiga e mais disseminada por todo o Brasil [...]

SOUZA, Mariana de Mello e. África e Brasil Africano. São Paulo: Ática, 2006. p 87

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ATIVIDADE 2 - Agora é com você! Após leitura e discussão dos textos sobre a diáspora e a exibição do vídeo - O Povo Brasileiro:

formação e o sentido do Brasil, responda:

a)- Qual o título do texto? E do vídeo?

____________________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________

b)- Ambos estão relacionados? Por quê?

____________________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________

c)- O que significa o termo “diáspora” nesse contexto?

____________________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________

d)- Dê as três regiões territoriais de origem ou referência dos escravos trazidos para o Brasil.

____________________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________

e)- Devido a origem esses escravos estavam divididos em dois grandes étnicos: os _______________ que provinham das

regiões da África Ocidental e os ________________ originários da África Central e Oriental, geralmente de Angola e

Moçambique.

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25

Analise o mapa 2 e constate o que esse recurso cartográfico nos revela sobre o deslocamento populacional coletivo da

África para o Brasil.

Mapa 2 DIASPORA AFRICANA PARA O BRASIL

Fonte: Adaptado de Souza (2006, p.82). Organização: Gomes (2011)

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ATIVIDADE 3 - Observe o mapa 2 - Diáspora Africana para o Brasil, e associe:

ATIVIDADE 4 – Faça a leitura do mapa 2 - Diáspora Africana para o Brasil e informe:

a)- Três dos principais portos usados para o tráfico de escravos.

___________________________________________________________________________________________________

b)- A distância da rota, em linha reta, do porto de Benguela ao Rio de Janeiro.

__________________________________________________________________________________________________

c)- A distância da rota, em linha reta, de Bissau a Belém.

__________________________________________________________________________________________________

d)- A fonte do mapa.

.__________________________________________________________________________________________________

(a) Rota da Guiné (Bissau e Cabo Verde)

(b) Rota da Mina (São Jorge da Mina, Ajuda, Lagos e São Tomé)

(c) Rota de Angola (Luanda, Cassanje e Benguela)

(d) Rota de Moçambique

( ) A direção do fluxo foi para os portos de Recife, Salvador e principalmente para o Rio de Janeiro.

( ) Para os portos de Belém e São Luís.

( ) Para o porto de Rio de Janeiro.

( ) Principalmente para Salvador e São Luís

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QUILOMBOS – Conceitos e Espaços Territoriais

Durante todo o período que durou a exploração dos escravizados e seus descendentes na América, registraram-se

manifestações de resistência e rebeldia. Os africanos não ficaram passivos em sua condição escrava, reagiam na medida de suas

possibilidades, ora por meio de lutas abertas contra o sistema, ou até mesmo se adaptando a certas condições, mas sempre

propondo formas de minimizar os maus tratos que lhes eram impostos pelos senhores. A forma de resistência mais comum

adotada por eles eram as fugas individuais ou coletivas, eram as mais constantes.

Os escravos fugidos buscavam proteção nos quilombos, que tinham uma organização social própria e aliança com outros

grupos da sociedade. Assim dificultavam a sua captura e garantiam a subsistência. As comunidades quilombolas foram formadas

em fazendas abandonadas ou livres, terras doadas pelo Estado – por serviços prestados em guerras, terras ocupadas por ordens

religiosas e doadas às comunidades negras locais. Situavam-se em áreas rurais mais afastadas, mas também em áreas urbanas

periféricas com os quais mantinham relações comerciais e obtinham informações.

Nos dias atuais os territórios quilombolas expressam uma realidade gerada pelas contradições de um processo de

desenvolvimento econômico e territorial desigual no país. São grupos de grande importância para a formação da identidade

nacional, que por meio de muita luta vem buscando maior visibilidade, reconhecimento perante a sociedade e reivindicando aquilo

que lhes é de direito, como manter sua cultura e garantir sua territorialidade.

Para melhor entendimento do termo “quilombo”, leia o texto 4 em que o Geografo Rafael S. A. dos Anjos conceitua-o e

caracteriza-o quanto à origem, à estrutura socioeconômica e aos aspectos físicos responsáveis pela formação desses espaços

territoriais. E você sabe quem são os remanescentes de quilombos e como essas comunidades se constituíram ao longo do

tempo? Fique por dentro lendo também o texto 5 com atenção.

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TEXTO 4

[...], o quilombo era uma reconstrução e elaboração concreta de um tipo de organização territorial existente na África

Meridional. [...] A palavra aportuguesada quilombo tem sua origem na estrutura da língua bantu ou banto (Kilombo) e pode

ser entendido ainda, como acampamento guerreiro na floresta; o nome de uma região administrativa em Angola; habitada na

região Central do Antigo reino do Congo; lugar para estar com Deus [...], os quilombos funcionavam como uma verdadeira

válvula de escape para diluir a violência da escravidão, [...]. Denominados também de mocambos, os habitantes dos

quilombos eram chamados de calhambolas, aquilombados ou quilombolas.

A grande extensão dos povoados “livres”, com uma forma de organização territorial de matriz africana, que vão se

desenvolver nas margens brasileiras do Oceano Atlântico, tem em comum a referência de um espaço seguro e protegido, [...]

[...] apesar da diversidade de matrizes étnicas e culturais nos quilombos da América, existiram alguns elementos da

África que foram reconstruídos na margem ocidental. Os principais eram os seguintes: práticas de agricultura de queimadas

(utilização das cinzas como adubo e para a rotatividade no solo), cultivo do milho, da mandioca, do inhame, da batata doce e

do amendoim; criação de galinhas, cabras [...]. Os quilombos, como unidades básicas de resistência, vão se configurar como

o maior exemplo de re-laboração territorial do registro das matrizes africanas no Novo Mundo.

[...] Os primeiros quilombos vão surgir nesse contexto de expansão do ciclo econômico colonial da cana-de-açúcar na

Região Nordeste, tendo a resistência como característica básica, no entanto, [...].

A atração pelas montanhas e pelas florestas, espaços de intimidade na África, eram os sítios prioritários da formação

dos quilombos. O primeiro, o relevo, [...] O segundo, a cobertura vegetal densa e diversa, [...] e outros componentes

relevantes da floresta e da proximidade dos rios [...].

ANJOS, Rafael Sanzio Araújo dos. Quilombos: Geografia Africana - Cartografia Étnica - Territórios Tradicionais. Brasília: Mapas Editora e

Consultoria, 2009, P. 50

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TEXTO 5

- Leia também como outros autores conceitua o termo “quilombo” em suas diferentes atribuições:

[...] termo “remanescente de quilombo” se consiste em grupos que desenvolveram práticas de resistência na

manutenção e reprodução de seus modos de vida característicos num determinado lugar. [...] são grupos sociais cuja

identidade étnica os distingue do restante da sociedade.

[...] a identidade é resultado de uma confluência de fatores, escolhidos por eles mesmos: de uma ancestralidade

comum, formas de organização política e social a elementos lingüísticos e religiosos. [...] estudos mostraram que as

comunidades de quilombo se constituíram a partir de uma grande diversidade de processos, que incluem as fugas com

ocupação de terras livres e geralmente isoladas, mas também as heranças, doações, recebimentos de terras como

pagamento de serviços prestados ao Estado, simples permanência nas terras que ocupavam e cultivavam no interior de

grandes propriedades, bem como a compra de terras, tanto durante a vigência do sistema escravocrata quanto após sua

abolição.

O que caracterizava o quilombo, portanto, não era o isolamento e a fuga e sim a resistência e a autonomia. O que

define o quilombo é o movimento de transição da condição de escravo para a de camponês livre. Tudo isso demonstra que a

classificação de comunidade como quilombola não se baseia em provas de um passado de rebelião e isolamento, mas

depende antes de tudo de como aquele grupo se compreende, se define.

Atualmente, a legislação brasileira já adota este conceito de comunidade quilombola e reconhece que a determinação

da condição quilombola advém da auto-identificação.

Este reconhecimento foi fruto de uma luta árdua dos quilombolas e seus aliados que se opuseram às várias tentativas

do Estado de se atribuir a competência para definir quais comunidades seriam quilombolas ou não. O auto-reconhecimento

[...] só foi estabelecido na legislação federal em novembro de 2003, através do Decreto nº 4.887.

Projeto Manejo dos Territórios Quilombolas. <http//www.cpisp.org.br/comunidades/htm/i_oque.html>. Acesso em 30 /05/11

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Leia também como outros autores conceitua o termo “quilombo” em suas diferentes atribuições.

Conceitos:

Primeira referência a quilombo em documentos oficiais ocorreu no período colonial pelo Conselho Ultramarino, em 1740,

definindo-o como “toda habitação de negros fugidos que passem de cinco, em partes despovoada, ainda que não tenham ranchos

levantados nem se achem pilões nele”. MOURA, Clóvis. Os quilombos e a rebelião Negra. Tudo é história. São Paulo, 1981, p. 16.

Os quilombos são denominados de “terras de preto ou terras de santo”. Terras de ordem religiosa que eram deixadas para ex-

escravos. Essas terras eram concedidas por senhores de escravos aos santos como forma de pagamento por serviços religiosos

prestados pelos sacerdotes de cultos africanos ou afrodescendentes.

ALMEIDA, Alfredo W. B. de (2000, p.164). “Os quilombos e as novas etnias”. In Fundação Cultural Palmares. Quilombos no Brasil, Revista Palmares 5.

O termo remanescente de quilombo indica a situação dos segmentos negros em diferentes regiões e contextos e é utilizado para

designar um legado, uma cultura e material que lhe confere ema referência presencial no sentimento de ser e pertencer a um lugar

específico.

LIMA FILHO, Domingos Leite; ARAÚJO, Maria socorro Gomes. Tecnologia

aeroespacial e desestruturação sócio-cultural nas comunidades quilombolas de Alcântara. Curitiba, 2006, p.217

As comunidades remanescentes de quilombos são definidas como aquelas que constituem uma identidade étnica

predominantemente negra; situadas em territórios nos quais desenvolvem atividades fundamentais a reprodução física e cultural.

BRASIL. Constituição Federal de 1988. Brasília, 1988.

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ATIVIDADE 5 - Após leitura e discussão dos textos sobre os QUILOMBOS e com base no texto de apoio disponível no site

<http//www.cpisp.org.br/comunidades/htm/i_oque.html>, vamos testar nossos conhecimentos sobre o assunto por meio da

realização das questões abaixo:

1)- Conceitue com suas palavras os termos abaixo.

- quilombos:

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

- remanescentes de quilombos:

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

2)- Explique a origem da palavra quilombo.

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

___________

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32

3)- Comente sobre a organização territorial dos quilombos que se constituíram a partir de uma grande diversidade de

processos.

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

4)- Que atividades de origem africana foram reconstruídas nos quilombos da margem ocidental da América?

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

5)- Que fatores naturais eram prioritários na formação dos quilombos?

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

6)- Que aspecto é usado para se definir a condição de quilombola pela legislação brasileira?

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

7)- O que caracterizava e definia o quilombo no período colonial? E atualmente?

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

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ATIVIDADE 6 - De acordo com o mapa do livro Quilombos: Geografia Africana - Cartografia Étnica - Territórios Tradicionais.

Autor: RafaelSanzio Araújo dos Anjos. Brasília: Mapas Editora e Consultoria, 2009, P.65; Faça a leitura observando os elementos

do mapa e responda:

a)- Qual o título?

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

b)- Quais são os territórios de grande concentração de quilombos?

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

c)- Cite o Sítio quilombola com população entre 20.000 e 30.000 habitantes.

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

d)- Quais são os Sítios quilombolas com população entre 10.000 e 20.000 habitantes?

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

e)- E quais são os Sítios quilombolas com população até 10.000 habitantes?

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

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QUILOMBO DE PALMARES

O quilombo de Palmares, em território

brasileiro, foi o mais importante na resistência à

escravidão. Contou com a proteção de grandes

lideres. Iniciou com quarenta escravos, por ter

sido uma grande organização chegou a ter

mais de vinte mil habitantes que ali viviam e

produziam. A sua localização, no meio da

selva, e as boas estratégias guerreiras

garantiram a sua existência por um longo

tempo.

Por meio de pesquisa e leitura do mapa

3, vamos conhecer um pouco mais sobre esse

quilombo e também a respeito de “Zumbi dos

Palmares”, pois foi um dos principais líderes da

resistência negra à escravidão na época do

Brasil Colônia. Para isso vamos utilizar como

fontes de pesquisa as obras dos seguintes

autores para a resolução da atividade abaixo: ANJOS, Rafael Sanzio Araújo dos. Quilombos: Geografia Africana - Cartografia Étnica -

Territórios Tradicionais. Brasília: Mapas Editora e Consultoria, 2009, P. 51 e 52. Cotrim, Gilberto. Historia Global: Brasil e Geral/ v2, 1 ed.

São Paulo: Saraiva, 2010, p.47 e 48.

Mapa 3

LOCALIZAÇÃO APROXIMADA DOS PRINCIPAIS SITIOS DO QUILOMBO DE PALMARES

Fonte: Adaptado de Anjos (2009, p.52). Organização: Gomes (2011)

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ATIVIDADE 7 - Após pesquisa e leitura do mapa 3 – Localização aproximada dos principais Sítios do Quilombo de Palmares, elabore um texto ressaltando a localização, os principais sítios (mocambos), líderes, características e acontecimentos que fizeram desse quilombo o mais importante da nossa historiografia.

______________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________

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______________________________________________________________________________________________________________

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REPRESENTAÇÃO ESPACIAL DO QUILOMBO DO BURACO DO TATU

No período colonial, muitos quilombos se concentraram nas regiões de desenvolvimento dos ciclos econômicos. Nas

mediações da cidade de Salvador, por exemplo, há o registro de um dos mais significativos dos quilombos da historiografia afro-

brasileira – O Quilombo do Buraco do Tatu, com existência referenciada entre 1744 e 1764. Localizado às margens da estrada que

ligava a Vila de Santo Amaro de Ipitanga a Campinas de Pirajá. Leia no texto abaixo o que o Geógrafo Rafael S.A. dos Anjos

nos revela sobre a Cartografia desse importante quilombo do sistema escravista.

TEXTO 7

[...] A cartografia desse quilombo do período colonial revela um complexo sistema de proteção e defesa, com indicadores de

estratégias militares como: Entrada falsa (coberta por vegetação); presença de uma ponte elevadiça ligando a entrada

principal; passagem direta para o mar, registro de um capitão e de um vigia para comando e proteção do quilombo. Os

exemplos cartográficos [...] reafirmam para esses espaços de resistência e coesão os componentes da organização das

atividades e operacionalização das funções. Esses componentes são importantes para alterar a imagem construída de

quilombo como uma instância secularmente associada à “baderna e à desorganização”.

ANJOS, Rafael Sanzio Araújo dos. Quilombos: Geografia Africana - Cartografia Étnica - Territórios Tradicionais. Brasília: Mapas Editora e

Consultoria, 2009, P. 57.

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TEXTO 8

Imagem disponível em http://www.terrabrasileira.net/folclore/origens/africana/quilomba.html ou no livro do autor: ANJOS, Rafael

Sanzio Araújo dos. Quilombos: Geografia Africana - Cartografia Étnica - Territórios Tradicionais. Brasília: Mapas Editora e

Consultoria, 2009, P. 60/61 e 63/64.

ATIVIDADE 8 - Em posse da planta do Quilombo do Buraco do Tatu, observe como está organizado o espaço territorial. Crie uma

legenda em seu caderno com os símbolos representados e identifique-os, pesquisando o significado de cada um deles.

[...] Itapuã também era local de embarque e desembarque de povos africanos. Para cá vieram pessoas que exerciam

lideranças importantes no continente africano: pessoas que tinham conhecimentos sobre os astros, Botânica, Biologia,

navegação, Medicina, guerreiros/as, sacerdotes/as, ferreiros, arquitetos, oleiros, artistas como escultores, dançarinos,

dramaturgos, músicos, filósofos, agricultores, etc. [...] Em Itapuã também tem na sua história a organização territorial do

Quilombo Buraco do Tatu 1744 e 1764. O Quilombo Buraco do Tatu manteve-se erguido inspirado no modo de vida africano e

se expandiu em áreas importantes estrategicamente em Itapuã, a exemplo das dunas envolvendo a lagoa do Abaeté e toda a

sua extensão, hoje conhecida como Praia do Flamengo, Alameda da Praia, etc. O Quilombo Buraco do Tatu era uma

referência importante nas lutas contra a escravidão na Bahia desestabilizando de todas as formas possíveis o sistema

escravista da época.

Trechos do documento produzido pela Professora Narcimária C. P. Luz nos estudos desenvolvidos sobre Itapuã com o apoio do CNPq-Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico Tecnológico e a FBN-Fundação Biblioteca Nacional do Ministério da Cultura. Disponível em:

http://blogdoacra.blogspot.com/2009/11/quilombo-buraco-do-tatu.html<-> Acesso em 19/05/11

logspot.com/2009/11/quilombo-buraco-do-tatu.html<-> Acesso em 19/05/11

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PLANTA 1 QUILOMBO BURACO DO TATU – ITAPOÃ/1764

Fonte: ANJOS 2009, p. 60 e 61 – Ilustração: JORGE, Tauana L. M. / BUDIN, Heitor G. – Organização: Gomes (2011).

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OS CICLOS ECONÔMICOS COLONIAIS NO

TERRITÓRIO BRASILEIRO

De acordo com as pesquisas realizadas e referenciadas,

ficou evidente que o negro teve importante papel na formação

do território brasileiro, pois participou de todos os ciclos

econômicos com sua força braçal, ou seja, mediante o trabalho

escravo, trazendo consigo seus hábitos e costumes. Por isso,

por mais que se secundarize, não há como omitir a contribuição

do negro africano para a nossa formação social, tecnológica,

demográfica e cultural que ao longo dos séculos foi preservada

e recriada.

Em todas as regiões dos ciclos econômicos coloniais do

Brasil – áreas produtivas estruturadas no trabalho escravo e

na tecnologia de referência africana – tem-se registro de

quilombos, que surgiram com a implementação da

agroindústria açucareira em 1540 na Região Nordeste. Os

territórios quilombolas contemporâneos localizam-se em áreas

de desenvolvimento efetivo desses ciclos econômicos.

Podemos confirmar isso através da leitura do texto

referenciado abaixo e do mapa ao lado.

Mapa 4 TERRITÓRIOS DOS PRINCIPAIS CICLOS ECONÔMICOS

E LOCALIZAÇÃO DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS

Fonte: Adaptado de Anjos (2009, p.132). Organização: Gomes (2011).

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ATIVIDADE 9 - De acordo com o texto “O Espaço dos Antigos Quilombos e os Ciclos Econômicos Coloniais”, referenciado no

livro: Quilombos – Geografia Africana, Cartografia Étnica e Territórios Tradicionais do autor Rafael Sanzio Araújo dos Anjos, 2009,

p. 64 / 66; e com base na legenda do mapa 4, complete o quadro sinótico abaixo referente aos Ciclos Econômicos Coloniais.

CICLO ECONÔMICO

PERÍODO

LOCAL DE

OCORRÊNCIA

MÃO-DE-OBRA

CARACTERÍSTICAS

CONSEQUÊNCIAS

Pau-brasil

Cana-de-açúcar

Mineração

Borracha

Cacau

Café

Gado

Fumo

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41

ATIVIDADE 10 - De acordo com o mapa 5 e com base

no Geoatlas – Maria Elena Simiele, p.66; responda:

Mapa 5 ATIVIDADES ECONÔMICAS DOS TERRITÓRIOS QUILOMBOLAS

Fonte: Adaptado de Anjos (2009, p.122). Organização: Gomes (2011)

a)- Qual o título do mapa?

_______________________________________

b)- Que tipo de atividades desenvolveram nos

quilombos das diferentes regiões do país?

- Norte

_______________________________________

- Nordeste

_______________________________________

- Centro-Oeste

_______________________________________

- Sudeste

_______________________________________

- Sul

_______________________________________

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42

OCORRÊNCIA DE COMUNIDADES QUILOMBOLAS POR UNIDADE POLÍTICA DO BRASIL –

2009

Na atualidade, informação da existência de muitas centenas de comunidades quilombolas espalhadas por todas as regiões

brasileiras ainda costuma causar surpresa. Para a maioria das pessoas, quilombo é algo do passado, que teria desaparecido com

o fim da escravidão. Nesse sentido, é importante ressaltar as comunidades remanescentes de quilombos que ainda são

desconhecidas de grande parte dos brasileiros.

Assim, segundo registros da Fundação Cultural de Palmares, estão identificadas no Brasil, oficialmente de acordo com o

artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT da Constituição Federal (BRASIL, 1988) – que prevê o

reconhecimento e a titulação de áreas remanescentes – 743 comunidades remanescentes dos quilombos, mas este número pode

ultrapassar mais de 1.000 comunidades espalhadas por diversos estados do país que compõe as cinco regiões do IBGE. As

maiores concentrações destas comunidades estão na Região Nordeste. Confira a afirmação analisando os dados da tabela 1.

ATIVIDADE 11 - Observe os dados das tabelas referentes aos Estados com ocorrência de quilombos e o número de Comunidades

quilombolas referente ao ano de 2009 e monte um gráfico de barras para cada região, conforme o exemplo citado.

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43

Tabela 1

Região Nordeste

Região Estados

com

ocorrência

Nº de

Comunidades

quilombolas /

2009

N

O

R

D

E

S

T

E

Maranhão 899

Piauí 175

Ceará 98

Rio Grande do

Norte

72

Paraíba 30

Pernambuco 120

Alagoas 54

Sergipe 38

Bahia 641

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44

Tabela 2 Região Sul

Regiões Estados com

ocorrência

Nº de Comunidades quilombolas / 2009

S

U

L

Rio Grande do

Sul

152

Santa Catarina 108

Paraná 36

Tabela 3 Região Sudeste

Regiões Estados com

ocorrência

Nº de Comunidades quilombolas / 2009

S

U

D

E

S

T

E

Minas Gerais 245

Espírito Santo

62

Rio de Janeiro

35

São Paulo

89

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45

Tabela 4 Região Centro - Oeste

Região Estados com

ocorrência

Nº de Comunidades quilombolas / 2009

CENTRO-

OESTE

Mato Grosso do

Sul

24

Mato Grosso 81

Goiás 80

Distrito Federal 1

Tabela 5 Região Norte

Região Estados com

ocorrência

Nº de Comunidades quilombolas / 2009

N

O

R

T

E

Pará 443

Amapá 24

Tocantins 28

Rondônia 10

Amazonas 2

Fonte das informações das tabelas: ANJOS, Rafael Sanzio Araújo dos. Quilombos: Geografia Africana – Cartografia Étnica – Territórios Tradicionais.

Brasília: Mapas Editora e Consultoria, 2009, P. 134/135. Organização: Gomes (2011).

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46

ATIVIDADE 12 – Após ter confeccionado os gráficos, visualize a disposição das barras e conclui os resultados respondendo.

:

a)- De acordo com a divisão do IBGE, em que região aparece maior concentração de comunidades quilombolas? Cite os

dois Estados de maior índice.

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

b)- Região de menor concentração de comunidades quilombolas.

___________________________________________________________________________________________________

c)- Que estado se destaca em número de ocorrências de comunidades quilombolas na Região Sudeste?

___________________________________________________________________________________________________

d)- E na Região Norte?

___________________________________________________________________________________________________

e)- Na região Sul aparecem comunidades quilombolas? Dê o número de comunidades do Estado que você mora.

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

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47

TITULAÇÃO DAS ÁREAS QUILOMBOLAS

A titulação das áreas quilombolas envolve vários fatores relacionados à vida nacional, como: social, político, econômico,

cultural, entre outros. A identidade étnica é o fator decisivo para a auto-identificação dos remanescentes de quilombos.

Atualmente, a legislação adota a conceituação de quilombolas facilitando os processos de demarcação e titulação de terras.

Então, cabe aos descendentes dos habitantes de quilombos se organizarem e pedirem o seu direito a terra. Este direito foi

estabelecido, em 1988, pela Constituição, mas só passou a vigorar, em novembro de 1995, quando o governo federal, por meio do

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) concedeu o primeiro título de propriedade a uma comunidade

quilombola.

Segundo a comissão, Pró-índio de São Paulo de 1995 a setembro de 2007, foram tituladas 79 áreas beneficiando mais de

150 comunidades quilombolas ou cerca de 9.000 famílias. As áreas regularizadas somam 929.317,64 hectares. O governo federal

foi responsável por cerca da metade destas titulações. As demais foram procedidas por governos estaduais com destaque para o

governo do Pará, responsável pela outorga de 27 títulos, dos 34 daquele estado. Em 2008, esse número passou para 87 títulos. A

grande maioria dos títulos outorgados pelo governo federal ainda envolve sérias pendências. Ou foram apenas parcialmente

regularizados ou registram ainda conflitos com relação a outros ocupantes.

Confere a localização dessas áreas tituladas no mapa 6 e observe no gráfico ao lado a quantidade existente em

cada Estado destacado.

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Por meios legais se compreende toda e qualquer legislação (lei, decreto, portaria, etc.). Leia no texto abaixo o que

estabelece a Constituição Federal sobre a questão da titulação de terras quilombolas.

Mapa 6 ÁREAS TITULADAS QUILOMBOLAS

Fonte: http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/mylinks/viewcat.php?cid=51&min=100&orderby=titleA&show=10 <->Acesso em

06/04/11

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TEXTO 9

MAPA 6

História - Quilombos e Quilombolas

[...] Na Constituição Federal de 1988, inscreve-se o artigo 68, constante dos Atos das Disposições Transitórias (ADCT);

o referido artigo, textualmente expressa que: “Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando

suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.”

Mais dois preceitos constitucionais se somaram em prol dos descendentes de africanos escravizados, que são os

artigos 215 e 216. O art. 215 estabelece que o Estado, deve proteger as manifestações culturais afro-brasileiras; enquanto o

216 assegura que “constitui patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente e

ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade

brasileira, nos quais se incluem: as formas de expressão; os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e

tecnológicas; e as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais

[...].

Nesse ideário dos artigos 215 e 216, as comunidades quilombolas devem ser „Território Cultural Afro-Brasileiro como

determinando pelo art. 6º da Portaria de nº 6, de 1º de março de 2004 da Fundação Cultural Palmares, se tornando assim “um

bem cultural a ser protegido pela sociedade brasileira”. [...]

[...] O mapa do Brasil já está demarcado demonstrando na sua extensão territorial, a presença das inúmeras

comunidades quilombolas certificadas pela Fundação Cultural Palmares.

Como num processo sucessivo, é estabelecido o Decreto nº 4.887 de 20 de novembro de 2003 o qual está

relacionado diretamente com o art. 68 do ADCT e na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que vê

na auto-definição, “o elemento fundamental para a identificação das comunidades”. O Decreto tem como finalidade, portanto,

“regulamentar o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas

por remanescentes das comunidades de quilombos”. [...]

Texto disponível em: Http://www.gtclovismoura.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=49<-> Acesso em 18/05/11

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ATIVIDADE 13 - Com base na análise do mapa 6 e do gráfico sobre a Titilação- das Áreas Quilombolas e na leitura do texto 9

responda:

a)- O que está assegurado na Constituição Federal de 1988, inscrito no artigo 68 dos Atos das Disposições Transitórias

(ADCT), sobre as terras quilombolas?

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

b)- Qual Estado apresenta maior número de áreas tituladas? Qual é o total?

___________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________

c)- Que Estado aparece em segundo lugar em áreas tituladas?

___________________________________________________________________________________________________

d)- Bahia e São Paulo possuem ________________ áreas quilombolas tituladas. O Amapá ________________; Mato

Grosso do sul, Pernambuco, Piauí e Rio de Janeiro com _______________________ e com apenas (1) uma área titulada,

os estados de _______________________, _________________________,______________________________e

_______________________. Perfazendo um total de _____________ áreas tituladas.

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COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBOS E COMUNIDADES NEGRAS

TRADICIONAIS NO PARANÁ

Paraná: um Estado eminentemente europeu?

Você sabia que o Paraná, por muito tempo, foi considerado um espaço de colonização predominantemente europeia, onde

a visibilidade afrodescendente foi omitida ou negada por vários segmentos da sociedade paranaense?

Segundo estudos realizados é possível concluir que a colonização europeia no estado do Paraná foi relevante a ponto de

ser considerada predominante na economia e na sociedade paranaense. A princípio criou-se uma política silenciosa de negação

quanto à participação do afrodescendente, bem como suas origens étnicas não ocidentais no território paranaense. Por essa

razão, formou-se uma ideologia de que não havia a participação desse grupo étnico (negros africanos e afrodescendentes) no

processo de formação e ocupação do território desse Estado. Contudo, os estudos e especialmente a partir da criação do grupo de

trabalho Clovis Moura no Estado do Paraná, essa questão passou a ser objeto de estudos em que muitas pesquisas de campo

foram realizadas no sentido de desmitificar e garantir os direitos territoriais dos descendentes africanos que para essa região do

país foram trazidos na época da escravidão colonial.

É evidente que para reverter esse quadro muitas ações e políticas públicas serão ainda necessárias no sentido de

reconhecer a importância da etnia africana na economia inicial do Estado.

Referente ao que foi exposto sobre a ocupação e a colonização do Estado paranaense, leia a informação no quadro abaixo:

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O processo de territorialização negra no estado do Paraná teve início no litoral em meados dos séculos XVII e XVIII com a

expansão das frentes de mineração – quando os colonizadores aparecem em posse de africanos escravizados como força de

trabalho, principalmente de Angola, Guiné e Moçambique – à procura de ouro, expandindo a mineração na mesorregião do Vale

do Rio Ribeira, e posteriormente o tropeirismo, que envolvem as regiões dos Campos Gerais e o Norte Pioneiro, originando os

primeiros núcleos de povoamento. (Segundo o Caderno temático dos desafios educacionais 5: Educando para as Relações

Étnico-raciais II. PARANÁ, 2008).

O PARANÁ QUE SE MOSTRA NEGRO E QUILOMBOLA

Uma nova visão se revela sobre o Paraná: a de um Estado multiétnico, como um grande contingente populacional de

origem europeia. Como sempre se soube, mas agora publicizado, com uma população afrodescendente de tal porte que o

torna o Estado negro do Sul do País (23%, IBGE, AC 2000, 24% IBGE, PNAD 2007).

[...]

O Estado, por muitos anos, foi apresentado como um local de descendentes de europeus, com uma pequena parcela

de orientais e outra, menor ainda de indígenas; a invisibilidade negra era sentida e vivida. Depois do censo de 1988, com o

recorte étnico na metodologia do IBGE, descobriu-se que o Paraná é o Estado mais negro da região Sul do País.

[...]

O que não se esperava é que o Estado historicamente considerado europeu ou europeizado, além de ser reconhecido

como de expressiva população negra, se descobrisse com uma geografia na qual a existência de Comunidades Negras

Tradicionais, de Comunidades Remanescentes de Quilombos e de “Terras de Preto” tivesse a dimensão que se constatou.

[...] Clauco Souza Lobo

Presidente do Grupo de Trabalho Clovis Moura

MOURA, Clóvis. [et. Al.], (org.) Paraná Negro; fotografia e pesquisa histórica. Curitiba: UFPR/PROEC, 2008.

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Com o declínio da mineração e o desenvolvimento da cultura de cana, mandioca, café, feijão, fumo, milho, da erva-mate

e, mais tarde com a monocultura do arroz, houve a intensificação de mão-de-obra escravizada ou afrodescendente, que

possibilitou a territorialização por decisões próprias desses indivíduos em quilombos, que se formaram por libertação de possível

compra favorecida pela mineração clandestina junto aos seus senhores ou por fugas de escravizados e até mesmo por herança

recebida em forma de gratidão dos escravizadores, na qual os incluíam como beneficiários de seus inventários de bens. Processo

esse que se intensificou com a abolição em de 1888.

A partir desse processo surgiram comunidades nas proximidades que se autodeclararam remanescentes de quilombos

em alguns municípios do Estado do Paraná, como: Adrianópolis e Guaraqueçaba.

De acordo com dados do Grupo de Trabalho Clóvis Moura (MOURA, 2008), no Paraná existem hoje cerca de 90

Comunidades Tradicionais Negras ou Comunidades Remanescentes de Quilombos mapeadas no Paraná, sendo que 36 já foram

certificadas por auto-reconhecimento e pela Fundação Cultural Palmares. Essas Comunidades estão espalhadas por

aproximadamente 23 municípios do Estado. “Castro, Dr. Ulysses, Ponta Grossa, Campo Largo, Curiúva, Adrianópolis, Arapoti,

Candói, Tibagi, Guarapuava, Cantagalo, General Carneiro, Guaraqueçaba, Jaguariaíva, Lapa, Piraí do Sul, Antonina, Turvo,

Palmeira, Ivaí, Contenda, Foz do Iguaçu, Guairá” (PARANÁ, 2006, p. 53).

ATIVIDADE 14

- De os nomes dos municípios enumerados no mapa 7 e destacados no texto acima; localizando-os com base no mapa

População Negra e Comunidades Quilombolas no Estado do Paraná. Disponível no site:

http://www.gtclovismoura.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=62 ou no Caderno Temático: História e Cultura

Afro-Brasileira e Africana: Educando para as relações étnico-raciais/ Paraná - Curitiba. SEED, 2006, P.66 e escreva-os na

tabela abaixo:

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54

Mapa 7 PARANÁ – DIVISÃO POLÍTICA

Fonte: http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/mylinks/viewcat.php?cid=51&min=100&orderby=titleA&show=10 ↔ Acesso em 06/04/11 – Adaptação: GOMES, Maria Aparecida. 2011.

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MUNICÍPIO DE LOCALIZAÇÃO DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS

1 13

2 14

3 15

4 16

5 17

6 18

7 19

8 20

9 21

10 22

11 23

12

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Confira os nomes das Comunidades Quilombolas de cada Município paranaense na tabela a baixo.

Tabela 6 COMUNIDADES QUILOMBOLAS CERTIFICADAS

Estado Município Comunidade

ANO DE PUBLICAÇÃO - 2005

PR Adrianópolis João Surá

PR Curiúva Água Morna

PR Curiúva Guajuvira

PR Ponta Grossa Comunidade Negra Rural de Sutil

PR Ponta Grossa Santa Cruz

PR Castro Comunidade Negra Rural de Castro (Limitão - Serra do Apon - Mamans)

ANO DE PUBLICAÇÃO - 2006

PR Guarapuava/Pinhão/Reserva do Iguaçu Invernada Paiol de Telha

PR Adrianópolis Porto Velho

PR Adrianópolis Comunidade Negra Rural de Sete Barras

PR Adrianópolis / Registro Comunidade Negra Rural de Córrego das Moças

PR Campo Largo Palmital dos Pretos

PR Doutor Ulysses Comunidade Negra do Varzeão

PR Adrianópolis Estreitinho

PR Adrianópolis Praia do Peixe

PR Adrianópolis São João

PR Adrianópolis Bairro Córrego do Franco

PR Adrianópolis Bairro Três Canais

PR Bocaiúva do Sul Areia Branca

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PR Candói Cavernoso 1

PR Candói Despraiado

PR Candói Vila São Tomé

PR Castro Tronco

PR Guaíra Manoel Ciriáco dos Santos

PR Guaraqueçaba Batuva

PR Guaraqueçaba Rio Verde

PR Lapa Feixo

PR Lapa Restinga

PR Lapa Vila Esperança

PR São Miguel do Iguaçu Apepú

PR Turvo Campina dos Morenos

ANO DE PUBLICAÇÃO - 2007

PR Ivaí Rio do Meio

PR Ivaí São Roque

PR Palmas Adelaide Maria Trindade Batista

PR Palmas Castorina Maria da Conceição

Fonte: http://www.palmares.gov.br/?page_id=88&estado=PR acesso em 06/04/11. Organização: Gomes (2011).

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ATIVIDADE 15 – PESQUISA SOBRE UM DOS QUILOMBOS PARANAENSE

Localize no mapa 7 (PARANÁ – Divisão Política) o município com ocorrência de quilombo mais próximo ao que você mora.

Para nós novaolímpienses, o município de “Guaíra”.

Com base na tabela 6 (Comunidades Quilombolas Certificadas); identifique o município e a comunidade correspondente e

pesquise sobre ele escrevendo um texto em seu caderno com base nos itens abaixo:

Fonte de pesquisa sobre os Quilombos paranaense

disponível em:

Http://www.gtclovismoura.pr.gov.br/modules/conteudo/conteu

do.php?conteudo=49 ou no livro do autor: MOURA, Clóvis.

[et. Al.], (org.) Paraná Negro; fotografia e pesquisa histórica.

Curitiba: UFPR/PROEC, 2008).

Obs: Acrescentar imagens do Quilombo pesquisado.

Disponível em:

http://clemildasantiagoneto.blogspot.com/2010/08/quilombo-

manoel-ciriaco-municipio-de.html <-> Acesso em 30/07/11

a)- Nome da região estadual em que o município se encontra. b)- Nome e origem do quilombo pesquisado. c)- Localização: urbana ou rural. d)- Ponto de referência (Distrito). e)- Elemento natural ou geográfico que contribuiu para a localização dos quilombolas. f)- Atividades econômicas desenvolvidas no quilombo por seus integrantes. . g)- Meios de transportes mais utilizados. g)- Uma curiosidade encontrada.

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Mapa 8 LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE GUAÍRA

Fonte: Organização e Idealização: Gomes, Maria Aparecida. Confecção: PEREIRA, Jaime Luís Lopes. 2011.

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60

ATIVIDADE 16 – Faça a leiturização do mapa 8 observando categoricamente todos os elementos ( título, escala, legenda,

orientação e fonte), associando-os com as informações obtidas com a pesquisa realizada e responda:

a)- O que significa o título?

__________________________________________________________________________________________________

b)- De acordo com a rosa-dos-ventos, qual é a localização do município titulado no Estado do Paraná?

__________________________________________________________________________________________________

c)- Como está representada a legenda?

__________________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________________

d)- Qual Comunidade Quilombola está representada no mapa?

__________________________________________________________________________________________________

e)- Entre quais coordenadas a Comunidade Quilombola aparece?

-Latitude:__________________________________________________________________________________________

-Longitude: ________________________________________________________________________________________

f)- Que tipo de escala aparece? Como está representada?

__________________________________________________________________________________________________

g)- Calcule a distância em linha reta em Km entre o perímetro urbano de Guaíra e o Quilombo Manoel Ciríaco dos Santos.

______________________________________________________________________________________________________________

h)- Que elemento natural serve de referência na localização do Quilombo? E cultural?

__________________________________________________________________________________________________

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REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Alfredo W. B. de (2000). “Os quilombos e as novas etnias”. In Fundação Cultural Palmares. Quilombos no Brasil, Revista Palmares 5.

ANJOS, Rafael Sanzio Araújo dos. Quilombos: Geografia Africana - Cartografia Étnica - Territórios Tradicionais. Brasília: Mapas Editora e Consultoria, 2009.

BRASIL. Constituição Federal de 1988. Brasília, 1988.

CORREA, G S. A Lei 10.639 e o Conteúdo Sobre Quilombos nos Livros de Geografia: Para uma Análise Além da Crítica. In: Anais XVI Encontro nacional dos Geógrafos – Crise, práxis e autonomia: espaços de resistência e de esperanças. Espaços de Diálogo e Práticas. Porto Alegre, 2010.

COTRIM, Gilberto. Historia Global: Brasil e Geral: volume 2/ Gilberto Cotrim. _ 1. ed. _ São Paulo: Saraiva, 2010,

GONÇALVES, Luís Alberto e Oliveira. O Silêncio um ritual a favor da discriminação racial. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais. 1985. Dissertação (Mestrado).

LIMA FILHO, Domingos Leite; ARAÚJO, Maria socorro Gomes. Tecnologia aeroespacial e desestruturação sócio-cultural nas comunidades quilombolas de Alcântara. In Revista Tecnológica e Sociedade, n. 2, PPGTE, Curitiba, 2006. LOPES, Nei. Bantos, malês e identidade negra. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1988.

MOURA, Clóvis. Os quilombos e a rebelião Negra. Tudo é história. SãoPaulo, 1981.

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62

MOURA, Clóvis. [et. al.], (org.) Paraná Negro; fotografia e pesquisa histórica. Curitiba: UFPR/PROEC, 2008.

PARANÁ. SEED. Cadernos temáticos: Educando para as Relações Étnico-Raciais II. Desafios educacionais contemporâneo 5: Curitiba SEED – PR. 2008.

_____________. Cadernos Temáticos: História e Cultura Afro- Brasileira e Africana: Educando para as relações étnico-raciais/ Paraná - Curitiba. SEED, 2006.

_____________. Cadernos Temáticos: Inserção dos conteúdos de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana nos currículos escolares. Curitiba. SEED- PR 2005.

PARANÁ. SEED. Diretrizes Curriculares de Geografia para educação Básica. Curitiba: SEED – PR. 2009.

PASSINI, Elza Yasuko. Alfabetização Cartográfica e o Livro Didático: Uma análise crítica. Belo Horizonte, MG: Ed. Lê, 1994.

PINSKY, Jaime. A Escravidão no Brasil. São Paulo: Contexto, 1988. (Repensando a História).

RIBEIRO, Darci. O Povo Brasileiro: A formação e o sentido do Brasil. Vídeo (Matriz Afro) 7/30. Produção disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=gCGioGNTnwo>acesso em 07 abr. 2011.

SIMIELLI, Maria Elena Ramos. Geoatlas. São Paulo: Editora Ática, 2002.

SOUZA, Mariana de Mello e. África e Brasil Africano. São Paulo: Editora Ática, 2006.

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SITES REFERENCIADOS:

http://blogdoacra.blogspot.com/2009/11/quilombo-buraco-do-tatu.html <-> Acesso em 19/05/11

http//www.cpisp.org.br/comunidades/htm/i_oque.html>. <-> Acesso em 30 /05/11

http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/mylinks/viewcat.php?cid=51&min=100&orderby=titleA&show=10 <->

Acesso em 06/04/11

http://www.gtclovismoura.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=62 <-> acesso em 18/01/11

Http://www.gtclovismoura.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=49<-> Acesso em 18/05/11

http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/pesquisas/geo/posicaoextensao.html <-> Acesso em 27/07/11

http://www.palmares.gov.br/?page_id=88&estado=PR <->acesso em 06/04/11.

http://www.terrabrasileira.net/folclore/origens/africana/quilomba.html <-> Acesso em: 19/05/11