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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA HERNANI BATISTA DA CRUZ CONSTRUÇÃO DE TELA INTERATIVA, USANDO CONTROLE DE NINTENDO WII®, E SUA UTILIZAÇÃO POR PROFESSORES E ALUNOS DA REDE DE ENSINO PONTA GROSSA 2016

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE …tede2.uepg.br/jspui/bitstream/prefix/2146/1/Hernani Batista Cruz.pdf · 3.Caderno pedagógico. I.Bernardes, Luiz Antônio Bastos

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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSASETOR DE CINCIAS EXATAS E NATURAIS

    DEPARTAMENTO DE FSICA

    HERNANI BATISTA DA CRUZ

    CONSTRUO DE TELA INTERATIVA, USANDO CONTROLE DE NINTENDOWII, E SUA UTILIZAO POR PROFESSORES E ALUNOS DA REDE DE

    ENSINO

    PONTA GROSSA2016

  • HERNANI BATISTA DA CRUZ

    CONSTRUO DE TELA INTERATIVA, USANDO CONTROLE DE NINTENDOWII, E SUA UTILIZAO POR PROFESSORES E ALUNOS DA REDE DE

    ENSINO

    Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa dePs-Graduao no Curso de Mestrado Profissional deEnsino de Fsica (MNPEF), apresentada para obteno dottulo de Mestre em Ensino de Fsica na UniversidadeEstadual de Ponta Grossa.

    Orientador: Prof. Dr. Luiz Antnio Bastos Bernardes.Coorientador: Prof. Dr. Silvio Luiz Rutz da Silva.

    PONTA GROSSA2016

  • Ficha Catalogrfica

    Elaborada pelo Setor de Tratamento da Informao BICEN/UEPG

    C957 Cruz, Hernani Batista da Construo de tela interativa, usando controle de nintendo WII, esua utilizao por professores e alunos da rede de ensino/ HernaniBatista da Cruz. Ponta Grossa, 2016.179f.

    Dissertao (Mestrado Profissional em Ensino de Fsica - rea de Concentrao: Fsica na Educao Bsica), Universidade Estadual dePonta Grossa.Orientador: Prof. Dr. Luiz Antnio Bastos Bernardes.Coorientador: Prof. Dr. Silvio Luiz Rutz da Silva.

    1.Ensino de Fsica. 2.Tela interativa. 3.Caderno pedaggico.I.Bernardes, Luiz Antnio Bastos. II. Silva, Silvio Luiz Rutz da. III.Universidade Estadual de Ponta Grossa. Mestrado Profissional emEnsino de Fsica. IV. T.

    CDD: 530.01

  • DEDICATRIA

    Uma dedicatria em trabalho como este pode ser injusta, pois em cada fase

    da elaborao, dos produtos, ou da prpria Dissertao, houve algum que

    contribuiu para a sua completa elaborao. Mesmo assim, fao as dedicatrias a

    seguir.

    A minha famlia que sempre esteve ao meu lado, entendendo minhas

    ausncias e minhas escolhas durante estes dois ltimos anos do Mestrado.

    Ao meu irmo Joo Alexandre que em 2011 apresentou o link do projeto da

    tela interativa com controle de Nintendo Wii.

    In memorian Loriz Ziemer Cruz, minha Av, que me auxiliou muito durante os

    ltimos anos.

    A Minha Tia Elza, que, durante o ltimo ano e meio, auxiliou de maneira que

    nunca esquecerei em minhas passagens por Jaguariava.

    E, de maneira muito especial, ao meu orientador Prof Dr. Luiz Antnio Bastos

    Bernardes, o qual me orienta h anos, passando pela iniciao cientfica, TCC e

    agora o Mestrado, contribuindo muito com seu conhecimento e sugestes, o meu

    muito obrigado.

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus, pela Vida e suas muitas oportunidades de crescimento.

    minha esposa, pelo seu carinho e apoio.

    Ao Professor Silvio Luiz Rutz da Silva, na escolha do tema da presente

    Dissertao.

    Aos professores e colegas do MNPEF, pelos ensinamentos e convivncia.

    A minha equipe de trabalho nas disciplinas do MNPEF, Wanderley Veronez e

    Luiz Alberto Clabonde, que, alm de colegas de turma, foram grandes amigos

    durante estes dois anos de Mestrado.

    Aos meus ex-alunos do Colgio SESI em Jaguariava que participaram das

    oficinas relacionadas com a Dissertao e aos demais que participaram em cada

    projeto que foram desenvolvidos no Colgio.

    No posso deixar de fora o meu amigo e Professor do SENAI Tarcso Ladera,

    que alguns meses depois da realizao da primeira oficina faleceu.

    CAPES, pelo apoio financeiro por meio da bolsa concedida.

  • Se cheguei at aqui foi porque me apoiei no ombro de gigantes.Isaac Newton(1642-1727)

  • RESUMO

    CRUZ, Hernani Batista da. Construo de tela interativa, usando controle deNintendo Wii, e sua utilizao por professores e alunos da rede de ensino.2016, 170 f. Dissertao (Mestrado em Ensino de Fsica). Universidade Estadual dePonta Gossa, 2016.

    De maneira geral, os alunos do Ensino Mdio apresentam dificuldades em utilizar osprincpios da Fsica para explicar situaes da vida cotidiana, fenmenos naturais eo funcionamento de aparelhos tecnolgicos. Na maioria das aulas de Fsica, ocontedo programtico apresentado atravs do uso de quadro e giz. Algunsassuntos de Fsica so bastante complexos e abstratos, e, para que o aluno possacompreend-los, faz-se necessrio algum desenho. De maneira geral, osprofessores do Ensino Mdio tm uma carga horria grande, e muitas vezesnecessitam de reproduzir a mesma aula em mais de uma turma no mesmo dia. Paradiminuir o tempo de elaborao de imagens e focar na aprendizagem, pode-serecorrer tecnologia disponvel. Um recurso tecnolgico j presente h alguns anosno Ensino Mdio a tela interativa. Em grande parte dos colgios usada demaneira parcial, alm de terem poucas unidades disponveis nos colgios. Destemodo, a presente Dissertao utilizou como motivao para o uso da tela interativacom alunos do Ensino Mdio, as discusses de contedos como ondaseletromagnticas e espectro eletromagntico, diodos e dopagem, circuitos eltricos,associao em srie e paralelo, e presso em prensas hidrulicas. Estas discussesforam divididas em duas oficinas. Na primeira oficina foi construda uma canetaemissora de infravermelho, a qual foi calibrada com um computador e um controlede Nintendo Wii. O processo de calibrao a utilizao de um programa queajusta e determina cada ponto clicado na tela projetada com o computador. Destemodo, o conjunto (caneta e controle calibrados) tornou-se uma tela interativa debaixo custo. Na segunda oficina, a tela interativa construda foi utilizada pelomestrando e alunos do Ensino Mdio para executar as atividades de um cadernopedaggico de iniciao em programao e robtica, com algumas aplicaes emFsica (para explicar, por exemplo, o funcionamento de uma prensa hidrulicaautomtica). Nas atividades realizadas, para se conseguir uma aprendizagemeficiente, foi utilizada a teoria sociointeracionista de Lev Vygotsky e a aprendizagemsignificativa de David Ausubel.

    Palavras-chave: Ensino de Fsica, Tela Interativa, Caderno Pedaggico.

  • ABSTRACT

    CRUZ, Hernani Batista da. Interactive screen construction, using Nintendo Wiicontrol, and its use by teachers and students in the school network. 2016, 170f. Dissertation (Masters Degree in Physics Teaching). State University of PontaGrossa, 2016.

    In general, the students of High School present difficulties in using the principles ofPhysics to explain situations of daily life, natural phenomena and the operation oftechnological devices. In most physics classes, programmatic content is presentedthrough the use of chalkboard and chalk. Some subjects of Physics are quitecomplex and abstract, and in order for the student to understand them, some drawingis necessary. In general, high school teachers have a large workload, and often needto play the same class in more than one class on the same day. To reduce the time ofimaging and focus on learning, one can draw on available technology. A technologicalresource already present a few years ago in High School is the interactive screen. Inmost colleges it is used in a partial way, in addition to having few units available incolleges. Thus, the present dissertation used as a motivation for the use of theinteractive screen with high school students, discussions of contents such aselectromagnetic waves and electromagnetic spectrum, diodes and doping, electriccircuits, serial and parallel association, and pressure in hydraulic presses . Thesediscussions were divided into two workshops. In the first workshop was built aninfrared emitting pen, which was calibrated with a computer and a Nintendo Wiicontroller. The calibration process is the use of a program that adjusts anddetermines each point clicked on the projected screen with the computer. In this way,the set (calibrated pen and control) has become an interactive low cost screen. In thesecond workshop, the constructed interactive screen was used by the master's andhigh school students to carry out the activities of a pedagogical book of initiation inprogramming and robotics, with some applications in Physics (to explain, forexample, the operation of a hydraulic press Automatic). In the activities performed, inorder to achieve an efficient learning, the socio-interactionist theory of Lev Vygotskyand the significant learning of David Ausubel was used.

    Keywords: Physical education, interactive screen, pedagogical book.

  • Lista de figuras Figura 1: Imagem do aplicativo Open Sankor, que utilizado para elaborar nota de aula, como a mostrada no centro da figura . A funo de navegao entre as notas de aula pode ser observada no lado esquerdo da figura acima. No lado direito pode ser criado um banco de imagens, vdeos, animaes, udios..........................................................................................17 Figura 2: Espetro eletromagntico indicando os valores de cada frequncia e seus comprimentos de onda..............................................................................................................25Figura 3: Campo eltrico e magntico. Figura adaptada do site http://www.ufrgs.br/engcart/PDASR/imagem1.JPG. Uma onda eletromagntica representada por um comprimento do onda ................................................................................................26Figura 4: Um elemento da corda quando uma onda senoidal transversal se propaga em uma corda..........................................................................................................................................27Figura 5: Afora na extremidade direita do elemento est dirigida ao longo de uma reta tangente ao lado direito do elemento........................................................................................28 Figura 6: Imagem obtida atravs do simulador Bending Light disponvel no site phet.colorado.edu......................................................................................................................31Figura 7: Bandas de energia de um isolante, os nveis ocupados so mostrados em vermelho e os nveis desocupados em cinza claro.......................................................................................34Figura 8: Bandas de energia de um metal. O nvel mais alto ocupado, chamado nvel de Fermi, fica perto do meio de uma banda. Como existem nveis vazios disponveis dentro da banda, os eltrons podem ser transferidos para estes nveis, e ento o material conduz correnteeltrica.......................................................................................................................................36Figura 9: Bandas de energia de um semicondutor. Situao semelhante de um isolante, exceto pelo fato de que nos semicondutores o valor de Eg muito menor, assim, os eltrons, graas agitao trmica, tm uma probabilidade razovel de passar para uma banda vazia. 37 Figura 10: Variao da resistividade com a temperatura para trs condutores. a) metal; b) supercondutor; c) semicondutor. Figura obtida no Livro Fsica 3 Eletricidade e Magnetismo pgina 597, adaptada.................................................................................................................41Figura 11: A densidade de corrente uniforme sobre qualquer seo reta e o campo eltrico constante ao longo do comprimento. Figura adaptada do site http://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAAesYoAI-31.jpg.......................................................42Figura 12: Esquema mostrando trs resistores ligados em srie...............................................43 Figura 13: Representao da resistncia equivalente da Figura 12..........................................44Figura 14: Trs resistores associados em paralelo....................................................................45Figura 15: Pilha padro de 3V utilizada para ligar os LEDS durante a motivao da oficina..53Figura 16: Oficina de construo da caneta emissora de infravermelho. Explicando como funciona o LED ........................................................................................................................54Figura 17: Circuito constitudo por um LED que emite no amarelo, um boto, fios de conexoe uma pilha de 3V......................................................................................................................55 Figura 18: Alunas montando o circuito para testar o LED......................................................56Figura 19: A imagem acima mostra os alunos participantes da oficina, removendo o contedo de tubos de pincel atmico para uso posterior na transposio do circuito montado no protoboard.................................................................................................................................56Figura 20: Foto da oficina de construo da caneta emissora de infravermelho realizada no Colgio SESI de Jaguariava PR............................................................................................57 Figura 21: Momento onde o circuito montado por um aluno avaliado pelo professor.........58

  • Figura 22: Com o auxlio do professor do curso de Automao do SENAI foi mostrado aos alunos como transpor o circuito montando no protoboard para o interior de um tubo de pincel atmico......................................................................................................................................59 Figura 23: Primeira verso do Tutorial de construo da tela interativa, diagramada com LibreOffice................................................................................................................................60 Figura 24: Distribuio dos alunos participantes na oficina de utilizao do caderno pedaggico................................................................................................................................63Figura 25: Imagem do computador de um dos alunos participantes da oficina de aplicao do caderno pedaggico...................................................................................................................64Figura 26: Um dos alunos participantes da oficina respondendo uma atividade proposta no caderno pedaggico para que os demais participantes verificassem a resoluo.....................64 Figura 27: Ilustrao do layout da sala e da posio do controle de Nintendo Wii em relao area de projeo........................................................................................................................68

  • SUMRIO

    Captulo 1 INTRODUO...............................................................................13

    1.1 Motivao........................................................................................................................13 O Ensino de Fsica sempre foi interpretado por muitos como um desafio difcil, pois requerabstrao dos alunos para a compreenso dos assuntos e das equaes apresentadas, tendo em vista que estas equaes representam um modelo mental que explica os fenmenos fsicos e faz algumas previses sobre o comportamento de partculas, objetos, etc.............131.2 Objetivos e hipteses......................................................................................................151.3 Justificativa.....................................................................................................................161.4 Descrio dos produtos...................................................................................................181.5 Breve resumo dos contedos dos captulos 2, 3, 4, 5 e 6................................................211.6 Descrio dos anexos......................................................................................................22

    Captulo 2 A FSICA DA TELA INTERATIVA.................................................24

    2.1 Espectro Eletromagntico...............................................................................................242.2 As Equaes de Maxwell................................................................................................292.2.1 Lei de Gauss para a eletricidade..................................................................................292.2.2 Lei de Gauss para o magnetismo.................................................................................292.2.3 Lei de Ampre-Maxwell..............................................................................................302.2.4 Lei de Faraday..............................................................................................................302.3 Reflexo e refrao.........................................................................................................302.4 Conduo de Eletricidade nos Slidos............................................................................322.4.1 Propriedades Eltricas dos Slidos..............................................................................322.4.2 Isolantes.......................................................................................................................342.4.3 Metais...........................................................................................................................352.4.4 Semicondutores............................................................................................................372.4.5 Semicondutores dopados..............................................................................................372.4.6 A juno p-n.................................................................................................................382.4.7 O diodo Emissor de Luz (LED)...................................................................................392.7 Corrente e Resistncia.....................................................................................................392.7.1 Corrente........................................................................................................................402.7.2 Resistividade................................................................................................................412.7.3 Resistncia...................................................................................................................412.8 Associaes de Resistores...............................................................................................432.8.1 Srie.............................................................................................................................432.8.2 Paralelo.........................................................................................................................44

    Captulo 3 REVISO BIBLIOGRFICA E FUNDAMENTAO TERICA. .47

    3.1 Reviso bibliogrfica......................................................................................................473.2 Fundamentao terica...................................................................................................50

  • Captulo 4 CONSTRUO E CALIBRAO DE UMA TELA INTERATIVA COM CONTROLE DE NINTENDO Wii.........................................................53

    4.1 Procedimento experimental.............................................................................................534.2 Descrio do Tutorial......................................................................................................60

    Captulo 5 APLICAO DA TELA INTERATIVA NO ENSINO DE ROBTICAE PROGRAMAO, COM APLICAES DE FSICA, PARA ALUNOS DA PRIMEIRA SRIE DO ENSINO MDIO, NO COLGIO SESI DE JAGUARIAVA PR........................................................................................62

    Captulo 6 RESULTADOS E DISCUSSO.....................................................66

    REFERNCIAS................................................................................................70

    Anexo A Tutorial Tela interativa com controle de Nintendo Wii.............74

    Anexo B Caderno Pedaggico Iniciao em robtica e programao com algumas aplicaes em Fsica..........................................................122

    Anexo C Trabalho apresentado no IV Simpsio Nacional de Ensino de Cincias e Tecnologia..................................................................................161

    Anexo D Trabalho apresentado na XVIII Semana de Fsica e I Simpsio de Pesquisa e Ensino de Fsica dos Campos Gerais...............................168

    Anexo E Resumo Expandido enviado para o 14 CONEX - UEPG..........170

    Anexo F Resumo enviado e aceito no 2 WCPE.......................................177

  • 13

    Captulo 1 INTRODUO

    1.1 Motivao

    O Ensino de Fsica sempre foi interpretado por muitos como um desafio difcil,

    pois requer abstrao dos alunos para a compreenso dos assuntos e das equaes

    apresentadas, tendo em vista que estas equaes representam um modelo mental

    que explica os fenmenos fsicos e faz algumas previses sobre o comportamento

    de partculas, objetos, etc.

    Entretanto, muitas vezes os alunos so submetidos apenas a uma abordagem

    terica. Ainda que benfica para alguns, mas no motiva os alunos que no

    compreenderam os conceitos. Da mesma forma, muitos alunos apresentam

    dificuldade em fazer uma ligao com a realidade dos fenmenos naturais, das

    situaes cotidianas e dos aparelhos tecnolgicos.

    Outra situao que muito frequente nos colgios a falta de um Laboratrio

    de Fsica, onde o aluno possa testar o conhecimento obtido teoricamente, fazendo

    suas prprias descobertas.

    Durante as aulas, professores j contam com algumas TICs (Tecnologias da

    Informao e Comunicao) como projetores multimdia, TV pendrive, entre outros

    equipamentos. No entanto, esses aparelhos geralmente so utilizados apenas como

    meios para ministrar aulas expositivas com contedos que muitas vezes no

    permitem que o aluno possa fazer o que a cincia nos proporciona todos os dias, ou

    seja, essas aulas no possibilitam aos alunos a observao dos fenmenos naturais

    e a elaborao de modelos para explic-los de tal modo que eles possam descobrir

    como estes fenmenos ocorrem e possam sentir a mesma emoo que os fsicos

    tiveram quando estavam trabalhando em suas teorias.

    A utilizao de recursos como quadro e giz apresenta algumas limitaes

    como, por exemplo, um desenho sobre o campo eltrico que o professor utilize num

    primeiro momento em sua aula permanece sempre em exibio. Desse modo, esse

    desenho ocupa um espao no quadro que poderia ser utilizado para outros

    exemplos ou atividades. Por outro lado, quando o professor faz a sntese

  • 14

    integradora, podem surgir dvidas sobre uma figura, ou a equao apresentada no

    incio da aula, mas j apagadas do quadro.

    Uma alternativa falta de laboratrio e s dvidas que os alunos possam

    apresentar a utilizao de recursos didticos que sejam utilizados em ensino, os

    quais permitam que o professor possa retornar ao ponto em que houve a dvida,

    inserindo, por exemplo, imagens e vdeos que contribuam para a melhor

    compreenso do contedo apresentado. A tela interativa um desses recursos e

    considerado uma TIC.

    A maioria das escolas particulares e parte das escolas pblicas, no Estado do

    Paran, j possuem um exemplar desse equipamento. No entanto, pouco utilizado.

    O pouco uso pode ser atribudo ao medo inicial que o recurso desperta no professor,

    pois torna uma simples superfcie branca em um ambiente em que ele pode

    adicionar e remover objetos, escrever como um quadro de giz, fazer recortes de uma

    cena de filme, quando nela est presente um conceito que est sendo tratado em

    aula e precisa ser mais bem explorado.

    Essa ferramenta permite ao professor construir ao longo do tempo um

    material didtico de suas aulas que estar sempre em constante evoluo. Cada

    nova descoberta da cincia pode ser incorporada ao seu caderno de anotaes

    digital. Dessa maneira, o material utilizado na aula estar sempre em construo, e

    atualizado com as novas descobertas, alm de permitir que o professor possa

    retornar pginas e esclarecer eventuais dvidas que os alunos venham a

    demonstrar. Alm disso, o professor pode explorar dvidas surgidas em uma turma,

    incorporando-as em suas notas de aula digitais e usando-as como questes de

    motivao em aulas para outras turmas.

    A tela interativa tambm pode ser usada como uma extenso de nosso

    computador e mos, assim como o mouse. Desse modo, ela pode ser usada

    facilmente como grande aliada na realizao de tarefas cotidianas tais como

    elaborao de textos, edio de imagens e navegao na internet. Por outro lado, o

    uso da tela interativa permite que o professor esteja em frente aos alunos, e no

    escondido atrs de um monitor, e pode tornar a sua interao com a turma bem mais

    dinmica e proveitosa.

  • 15

    Tendo em vista o que foi apresentado nos pargrafos anteriores, a seguir

    sero apresentados os problemas que motivaram a escolha desta dissertao de

    Mestrado Profissional em Ensino de Fsica.

    1.2 Objetivos e hipteses

    De maneira geral, quando estamos bem familiarizados com algum dispositivo,

    por exemplo, celular, projetor ou computador, nosso desempenho torna-se muito

    mais fcil e com resultados mais rpidos. O uso se torna mais eficiente se

    estivermos mais familiarizados com sua aplicabilidade. A tela interativa um recurso

    relativamente novo disponvel na educao. Professores das mais diversas reas

    demonstram receio na sua utilizao. Desse modo, comum observar que, para a

    maioria dos professores, a tela interativa torna-se apenas uma ferramenta para

    passar apresentaes de Slide; ou melhor, todas as possibilidades de uso da tela

    interativa para tornar a aula mais dinmica e produtiva no so exploradas.

    Em face dessas consideraes, podemos elencar os seguintes problemas:

    A construo e calibrao de uma tela interativa, como tema gerador pode

    contribuir para o processo de aprendizagem de alunos do Ensino Mdio, alm

    de torn-los mais motivados e participativos nas aulas?

    A utilizao da tela interativa pelos professores em suas aulas pode contribuir

    para tornar o processo de aprendizagem dos alunos mais eficiente e

    significativo?

    Ao tentar solucionar os problemas apresentados, os seguintes objetivos foram

    traados para a presente Dissertao:

    Construir e utilizar a tela interativa de baixo custo pode ser um agente

    facilitador da abordagem sociointeracionista associada aprendizagem

    significativa no Ensino de Fsica;

    Usar recursos tecnolgicos como tema gerador pode auxiliar na aquisio e

    apropriao de novos conhecimentos por parte do aprendiz.

    As hipteses que foram testadas atravs dos dois produtos desta Dissertao

    (o tutorial e o caderno pedaggico) foram as seguintes:

    O uso da tela interativa pode ser um agente facilitador da abordagem

    sociointeracionista associada aprendizagem significativa no ensino de

    fsica;

  • 16

    O uso de recursos tecnolgicos pode auxiliar na aquisio e apropriao de

    novos conhecimentos por parte do aprendiz.

    1.3 Justificativa

    Em muitos Colgios, j existe uma tela interativa mas, na grande maioria das

    vezes, ela no utilizada ou utilizada apenas para apresentar Slide porque o

    professor no conhece todas as possibilidades de uso deste tipo de tela.

    Usando uma tela interativa, com o auxlio de um projetor e uma superfcie lisa

    para projeo, o professor e/o aluno podem interagir facilmente com a imagem

    projetada. Essa interao pode ser realizada atravs de um aplicativo que simula um

    quadro branco (aplicativo Open Sankor) e que permite fazer anotaes sobre uma

    imagem congelada de um vdeo. Dessa maneira, o professor pode realizar

    demonstraes e explicaes ao lado. O vdeo, as demonstraes e explicaes

    podero ser visualizadas pelos alunos atravs da tela interativa. O professor

    tambm pode anotar as perguntas e respostas feitas pelos alunos. Tudo que tiver

    sido escrito poder ser arquivado pelo professor e utilizado em outras aulas. A

    Figura 1 abaixo mostra uma tela do aplicativo Open Sankor, o qual permite que as

    notas de aula possam ser salvas, alm de editadas, e, conforme a necessidade,

    pode-se realizar vrias inseres de contedo para tonar as notas de aula mais

    atualizadas e interessantes. Atravs desse mesmo aplicativo pode-se navegar entre

    as pginas geradas.

  • 17

    Figura 1: Imagem do aplicativo Open Sankor, que utilizado para elaborar nota de aula, como a mostrada no centro da figura . A funo de navegao entre as notas de aula pode serobservada no lado esquerdo da figura acima. No lado direito pode ser criado um banco de imagens, vdeos, animaes, udios.

    A tela interativa construda, calibrada e utilizada na presente dissertao est

    baseada no projeto de Johnny Chung Lee. Nesse projeto, a tela interativa formada

    por uma caneta emissora de infravermelho, um controle de Nintendo Wii e um

    projetor multimdia. Alm disso, o projeto utiliza uma biblioteca (.dll) para que o

    controle de Nintendo Wii seja reconhecido pelo computador com sistema

    operacional Windows, e um software intitulado WiimoteWhiteboard que permite

    realizar a calibrao da tela, disponvel no site

    , acesso em 18 mar.

    2016.

    A construo da caneta emissora de infravermelho, apesar de ser simples

    para quem tem familiaridade com as aplicaes da eletrnica, torna-se difcil para

    muitos professores e alunos do Ensino Mdio. Tendo em vista a dificuldade desses

    professores e alunos, foi elaborado um tutorial que mostra detalhadamente como

    construir e instalar a tela interativa. Esse tutorial o primeiro produto da presente

    Dissertao. Tambm foi elaborado um caderno pedaggico, com atividades de uma

    oficina sobre iniciao programao e robtica, com algumas aplicaes destes

    temas em Fsica. Essas atividades, alm de testarem as hipteses da presente

  • 18

    dissertao, apresentam maneiras simples e criativas de usar a tela interativa com

    alunos do Ensino Mdio.

    No pargrafo seguinte, sero descritos os produtos da presente dissertao.

    1.4 Descrio dos produtos

    Os produtos desenvolvidos durante o Mestrado Nacional Profissional em

    Ensino de Fsica so um caderno pedaggico intitulado Iniciao em Robtica eProgramao, com algumas aplicaes em Fsica e o Tutorial Tela Interativacom controle do Nintendo Wii.

    Cada captulo do caderno pedaggico inicia com um texto e um link para

    vdeo o qual apresenta uma motivao para o estudo daquele captulo.

    O caderno pedaggico foi elaborado para testar a utilizao da tela interativa

    construda e calibrada pelos alunos, com o uso do Tutorial. Esse caderno tem vrias

    ilustraes, tais como charges e figuras, as quais ilustram seus contedos. Em cada

    captulo, os alunos devem responder no caderno pedaggico a resposta adequada

    atividade proposta. Tambm h atividades que os alunos devem resolver utilizando a

    tela interativa. Em seguida, eles retornam ao caderno pedaggico e, no campo

    adequado, elaboram um texto em que comparam a realizao da atividade no

    caderno pedaggico com a elaborao da atividade na tela interativa.

    O primeiro captulo do caderno pedaggico trata de algoritmos. Neste

    captulo, os alunos so convidados a solucionar vrias questes de lgica. Em

    seguida, h um captulo em que os alunos so motivados a calcular, com o auxlio

    do BASIC 256, a distncia entre a Terra e o Sol. Para isso, fornecido alguns dados

    para que os alunos encontrem a distncia entre Terra e o Sol. Assim, usando a

    velocidade da Luz (3 x 10 m/s) e o tempo gasto para a Luz chegar Terra

    (aproximadamente 8,3 minutos), os alunos tm condies de obter o valor da

    distncia entre a Terra e o Sol.

    Para encontrar o valor da distncia entre a Terra e o Sol, foi necessrio que

    eles elaborassem um algoritmo que transformava o valor de 8,3 minutos em

    segundos. Na sequncia, atravs do uso de variveis, e com base na equao para

    obteno da velocidade

    v= dt,

  • 19

    e isolando d na equao acima, os alunos obtm o valor da distncia entre a Terra

    e o Sol, que

    d=v . t .

    Em um outro captulo, um dos cuidados na elaborao das atividades deste

    caderno pedaggico,Iniciao em Programao e Robtica, com algumas

    aplicaes em Fsica, fazer com que os alunos sejam colocados na situao de

    engenheiros, buscando soluo para proteo de operadores de mquinas. Alguns

    alunos do Colgio SESI de Jaguariava-PR (onde foi aplicado o caderno didtico)

    tm membros na famlia que j sofreram acidente em uma das empresas da cidade.

    A cidade possui uma grande quantidade de empresas madeireiras, e estas utilizam

    ferramentas de corte. Infelizmente, muitos funcionrios destas empresas sofrem

    acidentes. Aproveitando esta situao, foi proposta no caderno pedaggico uma

    atividade em que os alunos pudessem vivenciar uma situao de empresa

    madeireira. Nessa atividade eles seriam os responsveis por desenvolver e

    implementar a programao de um dispositivo simulando uma prensa hidrulica e a

    segurana do usurio do equipamento, o que dependeria da correta programao

    dos sensores.

    O kit de programao da LEGO apresenta uma grande quantidade de

    sensores. No caderno pedaggico, os alunos devem construir e programar, com

    auxlio do NXT LEGO, um sistema que controle um motor atravs do acionamento

    de alguns sensores.

    Na elaborao desta atividade, inicialmente os alunos escrevem um algoritmo

    que permita que o motor s comece a girar aps ser apertado um sensor de toque.

    Em seguida, o motor s pode iniciar o movimento quando dois sensores de toque

    sejam pressionados simultaneamente. Para terminar a atividade, um terceiro sensor

    adicionado ao sistema, o sensor ultrassnico, responsvel por medir a distncia

    entre o aluno e o motor.

    Os contedos que so utilizados no caderno pedaggico vo desde conceitos

    de matemtica bsica, como ordem de operaes, at clculos computacionais

    sobre astronomia, presso, fora e utilizao de sensor ultrassnico para obter

    distncias.

  • 20

    O segundo produto o Tutorial Tela Interativa com controle do Nintendo

    Wii. Nesse tutorial so abordados os conhecimentos prvios de Fsica

    necessrios para entender e efetuar a montagem da caneta emissora de

    infravermelho e, tambm, descrito detalhadamente o processo de montagem e

    calibrao desta caneta.

    O captulo de introduo do tutorial explica o funcionamento dos componentes

    necessrios para montagem do circuito, como por exemplo, o protoboard. Nessa

    etapa, a partir de uma imagem do equipamento, mostrado como esto divididas as

    suas trilhas para conexo dos componentes eletrnicos. Em seguida, necessrio

    explicar a associao de resistores. Isto muito importante, pois uma pessoa que

    queira reproduzir a montagem da caneta pode enfrentar alguma dificuldade na hora

    de encontrar os resistores adequados. Para isso, so apresentados o diagrama e as

    propriedades de associao em srie e paralelo, bem como a equao para

    obteno da resistncia equivalente. Outro componente importante o LED. Um

    LED comum de emisso de infravermelho possui uma tenso de trabalho entre 1,2 a

    1,5V. Para o funcionamento pode-se utilizar tanto uma pilha AAA de 1,5V como uma

    pilha de controle remoto que possui 12V. Para a montagem com a pilha de 1,5V no

    h necessidade de associar um resistor em srie com o circuito, porm caso seja

    feito a escolha por alimentar o circuito com uma pilha de 12V, um resistor adequado

    deve ser ligado em srie com o LED. O valor do resistor pode ser obtido atravs da

    relao:

    R=V entradaV LED

    Imax

    em que,

    Ventrada o valor da tenso da pilha (12 V);

    VLED o valor de tenso que consumida pelo LED (1,5V);

    Imax a corrente mxima que o LED necessita (60mA).

    Com os dados acima, o resistor (R) apropriado que deve ser inserido em srie

    com o LED igual a 175. Buscando nos valores tabelados de resistores, podemos

    verificar que os valores comerciais ficam entre 160 e 180.

    O captulo 2 do Tutorial foi dedicado a apresentar os equipamentos

    necessrios para o processo de soldar os componentes eletrnicos.

  • 21

    No captulo 3, inicia-se o processo de montagem do circuito no protoboard.

    Foi utilizado o programa Fritzing.

    A transposio do circuito montado no captulo 3 mostrada no captulo 4.

    Cada etapa da montagem da caneta emissora de infravermelho acompanhada de

    uma fotografia que ilustra o procedimento que necessita ser realizado.

    No captulo 5 o usurio do Tutorial encontra os arquivos para download,

    necessrios para a configurao do computador com o controle de Nintendo Wii e

    os procedimentos para instalao dos arquivos de calibrao.

    Os contedos necessrios para compreender a Fsica envolvida na Tela

    Interativa so os seguintes: espectro eletromagntico, Equaes de Maxwell, Lei de

    Gauss, Lei de Gauss para o magnetismo, Lei de Ampre, Lei de Faraday, Reflexo e

    refrao, Conduo de Eletricidade nos Slidos, Propriedades Eltricas dos Slidos,

    Isolantes, Metais, Semicondutores, Semicondutores dopados, A juno p-n, Diodo

    Emissor de Luz (LED), Corrente e Resistncia, Corrente, Resistividade, Resistncia,

    Associaes de Resistores, Srie, Paralelo. Estes contedos sero tratados no

    Captulo 2 da presente dissertao.

    No item seguinte, ser apresentado um breve resumo dos contedos dos

    captulos restantes da presente Dissertao.

    1.5 Breve resumo dos contedos dos captulos 2, 3, 4, 5 e 6

    O captulo 2 apresenta a reviso bibliogrfica e a fundamentao terica da

    Dissertao.

    O captulo 3 descreve a metodologia e o procedimento experimental utilizado

    na construo e calibrao da tela interativa.

    O captulo 4 aborda a aplicao do caderno pedaggico Iniciao em

    Robtica e Programao, com aplicaes em Fsica. O caderno foi utilizado durante

    o perodo de 4 tardes, duas em novembro e duas tardes em dezembro de 2015, em

    uma oficina para alunos do Ensino Mdio, no Colgio SESI de Jaguariava-PR.

    No captulo 5, so apresentados os resultados obtidos, tanto na construo e

    calibrao da caneta emissora de infravermelho, como na aplicao do caderno

    pedaggico com alunos do Colgio SESI de Jaguariava.

    No captulo 6, esto as discusses dos resultados e a concluso.

  • 22

    1.6 Descrio dos anexos

    Da presente Dissertao constam 6 anexos. A seguir ser apresentado um

    pequeno resumo de cada Anexo.

    Anexo A Tutorial Tela interativa com controle de Nintendo Wii, foi

    inicialmente diagramada com o auxlio do aplicativo Libre Office 5.0 e finalizado com

    o aplicativo Scribus 1.4.2. Logo no captulo Introduo, foi necessrio a utilizao

    do aplicativo Fritzing (disponvel para download pelo link http://fritzing.org/home/).

    Atravs deste aplicativo foram geradas as imagens do protoboard e as conexes

    necessrias para realizar a montagem de um LED infravermelho, um boto de

    clique, fios de conexo e uma pilha. Ainda no mesmo captulo, foi utilizado o

    aplicativo Oregano 0.7 para montar os diagramas de associaes de resistores em

    srie e paralelo.

    Anexo B - Caderno Pedaggico Iniciao em robtica e programao com

    algumas aplicaes em Fsica. Diagramado inicialmente com o uso do Libre Office

    5.0 (disponvel para download no site https://pt-br.libreoffice.org/) e finalizado no

    aplicativo Scribus 1.4.2 Open Source (disponvel para download no site

    https://www.scribus.net/). Outro aplicativo utilizado para realizar os recortes

    necessrios nas imagens foi o aplicativo Gimp (disponvel para download no link

    https://www.gimp.org/). No captulo Estruturas de programao foi necessirio a

    utilizao do aplicativo Basic 256 (disponvel para download atravs do link

    http://www.basic256.org/index_en), necessrio para apresentar o conceito de

    variveis, e mtodo de execuo de um algoritmo. No captulo Estruturas de

    repetio fez-se necessrio a utilizao do aplicativo MINDSTORMS NXT 2.0

    (disponvel atravs do link http://www.lego.com/en-us/mindstorms/downloads/nxt-

    software-download), necessrio para a programao do Lego Mindstorms. Neste

    aplicativo foi efetuado a programao para simulao de uma prensa hidrulica, e na

    qual o movimento do motor s poderia ser efetuado, caso as condies de

    segurana que foram apresentados no problema sugerido fossem atendidos.

    Anexo C - Neste anexo est um artigo completo publicado nos anais do

    SINECT (IV Simpsio Nacional de Ensino de Cincias e Tecnologia) 2014 -

    CONSTRUO DE UMA TELA INTERATIVA DE BAIXO CUSTO USANDO

    CONTROLE DO NINTENDO WII E A FICIENCIAS 2013, que aconteceu entre os

  • 23

    dias 27 e 29 de 2014, na UTFPR (Universidade Tecnolgica Federal do Paran) de

    Ponta Grossa. Pode ser acessado atravs do link

    . Para a participao neste evento, foi elaborado um artigo,

    apresentando os resultados obtidos com 3 alunas do Colgio Estadual Jlio

    Teodorico e a Professora delas, na II FiCincias (A Feira de Inovao das Cincias e

    Engenharias).

    Anexo D No ano de 2015 foi apresentado um Pster na Semana da Fsica

    da UEPG. Neste Pster foram mostrados os resultados de um trabalho realizado

    com 3 alunas do Colgio Jlio Teodorico em Ponta Grossa - PR, bem como as

    atividades que estavam sendo desenvolvidas da aplicao dos produtos da presente

    dissertao no Colgio SESI em Jaguariava-PR.

    Anexo E Resumo expandido publicado nos anais do CONEX 14, realizado

    na UEPG em 2016. Neste evento de extenso foram apresentados os resultados da

    relao entre as atividades da presente Dissertao e o Projeto de Extenso Fsica-

    da Universidade Comunidade.

    Anexo F Em maio de 2016, foi enviado um Resumo da apresentao oral

    para o 2WCPE - 2nd World Conference on Physics Education, realizado em So

    Paulo entre os dias 10 e 15 de Julho de 2016. A apresentao oral dos resultados da

    presente Dissertao foi realizada neste evento em 11 de Julho de 2016.

    No captulo a seguir, ser apresentada a Fsica presente na tela interativa.

  • 24

    Captulo 2 A FSICA DA TELA INTERATIVA

    2.1 Espectro Eletromagntico

    Hoje em dia comum trocarmos o canal da TV atravs do auxlio de um

    controle remoto. Mas j teve a curiosidade de observar o LED (sigla em ingls que

    significa Light Emitting Diode e em portugus Diodo emissor de Luz) do controle

    remoto? Quando voc pressiona um boto correspondente a um canal, qual a

    cor emitida pelo LED?

    O controle remoto um dispositivo que fascina muito, pois, quando trocamos

    um canal, ou apertamos algum boto referente ao volume ou configuraes, no

    vemos o LED acender com alguma cor visvel. Como veremos adiante, existem

    cores que podemos visualizar, ou seja, que dentro do espectro eletromagntico

    esto dentro da regio do visvel. Tambm vamos ver, por exemplo, que a Luz,

    ondas de rdio e ondas usadas na comunicao por celular so tipos de ondas

    eletromagnticas. Cada uma tem uma frequncia bem definida, e isto faz com que

    algumas estejam dentro da faixa do visvel.

    No presente tpico, baseado nos contedos de Halliday, Resnick e Walker

    (2009, v. 3), tem por objetivo apresentar o que um espectro eletromagntico e a

    Fsica que explica o comportamento de ondas eletromagnticas.

    Foi James Clerk Maxwell que mostrou que um raio luminoso uma onda

    progressiva de campos magnticos, e que a ptica, o estudo da luz visvel, um

    ramo do eletromagnetismo.

    Na poca de Maxwell a luz visvel e as radiaes infravermelha e ultravioleta

    eram as nicas ondas eletromagnticas conhecidas. Atravs das previses de

    Maxwell, Heinrich Hertz descobriu o que chamamos hoje de ondas de rdio, e que

    estas ondas tambm se propagam com a velocidade igual das ondas de luz

    visvel.

    Hoje conhecemos um espectro muito amplo denominado espectro

    eletromagntico, como o apresentado na Figura 2 abaixo.

  • 25

    Figura 2: Espetro eletromagntico indicando os valores de cada frequncia e seus comprimentos de onda.

    Fontes de ondas eletromagnticas esto presentes em todas os ambientes

    que estamos. Temos o Sol como uma grande fonte de ondas eletromagnticas.

    Algumas so muito importantes para o nosso organismo (realizando sntese, por

    exemplo, de vitamina D), outros comprimentos de ondas so fundamentais para

    produo de energia (atravs de efeito fotoeltrico) ou para as vrias modernas

    tecnologias de informao e comunicao.

    Todas as ondas eletromagnticas, incluindo a Luz visvel, se propagam no

    vcuo com a mesma velocidade c, dada pela equao 1:

    c= 10 0 (1),

    em que

    0 = permeabilidade do vcuo e

    0 = Permissividade do vcuo.

  • 26

    Uma onda eletromagntica formada por campos eltricos e magnticos

    variveis. Uma onda eletromagntica se propagando na direo do eixo x possui um

    campo eltrico E e um campo magntico B. Seus mdulos dependem de x e t:

    E=Em sen (kxt ) (2),

    B=Bm sen (kx t) (3).

    onde Em e Bm so as amplitudes dos campos e, e so a frequncia angular e o

    nmero de onda, respectivamente.

    A velocidade c e as amplitudes de propagao dos campos eltrico e

    magntico esto relacionados atravs da equao:EmBm

    =c (4).

    A Figura 3 mostra os vetores campo eltrico e campo magntico em um

    instantneo da onda tomando em um certo momento.

    Quando uma onda passa por elemento de uma corda esticada, o elemento se

    movimenta perpendicularmente direo de propagao da onda. Ao aplicar a

    segunda lei de Newton ao movimento deste elemento, podemos encontrar uma

    equao diferencial geral, chamada de equao de onda, que governa a

    propagao de ondas de qualquer tipo. A Figura 4, abaixo, mostra um instantneo

    Figura 3: Campo eltrico e magntico. Figura adaptada do sitehttp://www.ufrgs.br/engcart/PDASR/imagem1.JPG. Uma onda eletromagnticarepresentada por um comprimento do onda .

  • 27

    de um elemento de corda dm e comprimento l quando uma onda se propaga em

    uma corda.

    Aplicando a segunda lei de Newton s componentes y (Fres,y = may), obtemos:F2 yF1 y=dm .ay (5).

    Observando a equao (5), podemos analisar os seguintes dados:

    A massa dm do elemento da corda, pode ser escrita em termos da massa

    especfica da corda e do comprimento l como dm = l. Como a anda ao

    passar pela corda provoca uma pequena elevao em y, ento l dx,

    conforme observamos na Figura 5, temos:

    dm= dx (6).

    A acelerao ay a derivada segunda do deslocamento y em relao ao

    tempo:

    a y=d2 ydt

    (7).

    Na Figura 5, podemos verificar que a fora F2 tangente corda na

    extremidade direita do elemento. Assim podemos relacionar as componentes

    da fora inclinao atravs da seguinte relao:F2 yF2x

    =S2 (8).

    Figura 4: Um elemento da corda quando uma ondasenoidal transversal se propaga em uma corda.

  • 28

    Podemos obter o mdulo de F2 (=):

    F=F2x2 +F2 y2 (9),ou

    =F2x2 +F2 y2 (10).Mas, estamos supondo que F2y

  • 29

    d (dy /dx)dx

    = .d2 y

    dt 2(18),

    d2 y

    dx2=

    .d2 y

    dt2(19).

    Finalmente, como v= /

    d2 y

    dx2= 1v2. d

    2 y

    dt2(20).

    A equao diferencial geral (20) governa a propagao de ondas de todos os

    tipos.

    2.2 As Equaes de Maxwell

    De acordo com Halliday, Resnick e Walker (2009, v. 3), no foi Maxwell que

    obteve todas as equaes, no entanto, foi ele que percebeu a relao entre elas,

    usando-as para obter a equao de uma onda eletromagntica. Ele tambm mostrou

    que a Luz uma onda eletromagntica.

    As equaes so as apresentadas nos subtpicos abaixo.

    2.2.1 Lei de Gauss para a eletricidade

    E .d A=Q0 (21)E o campo eltrico gerado por uma fonte que esteja no interior de uma

    regio delimitada por uma rea A ou fora dela. O lado esquerdo da Eq. 21 o fluxo

    eltrico E que atravessa a regio de rea A. A a rea de uma superfcie fechada,

    denominada superfcie Gaussiana. Do lado direito da Eq. 21, a varivel Q a

    quantidade de carga eltrica total que se encontra no interior da regio de rea A e

    0 a permissividade no vcuo e seu valor o8,854187817 x1012C2N1m2 .

    2.2.2 Lei de Gauss para o magnetismo

    B .d A=0 (22)A Lei de Gauss para o magnetismo diz que o fluxo do campo magntico

    atravs de uma superfcie fechada nulo. Isto , as linhas de fora do campo

    magntico B so fechadas, e, portanto, no existe monopolo magntico.

  • 30

    2.2.3 Lei de Ampre-Maxwell

    B.d l=0(ic+0d Edt

    ) (23)

    O lado esquerdo da Eq. 23 uma integral de linha, ao longo de um circuito

    fechado. A lei de Ampre-Maxwell leva a duas consideraes importantes: a primeira

    que um campo magntico pode ser gerado atravs de uma corrente de conduo

    ic, e, a segunda que um campo eltrico que varie com o tempo tambm uma

    fonte de campo magntico.

    2.2.4 Lei de Faraday

    E .d l=(dBdt ) (24)

    Pela Eq. 24, pode-se verificar que a variao de um campo magntico (lado

    direito da Eq.24) produz um campo eltrico.

    2.3 Reflexo e refrao

    Que fenmeno fsico devemos utilizar para posicionar o controle de Nintendo

    Wii?

    Antes de mais nada, vamos compreender o que reflexo e refrao.

    Reflexo o fenmeno que permite que a Luz, aps incidir sobre uma

    superfcie de separao entre dois meios, volte a se propagar no meio de origem.

    Vamos chamar o raio que est atingindo a superfcie separadora como raio

    incidente, e de raio refletido a Luz que volta a se propagar no mesmo meio.

    De acordo com Halliday, Resnick e Walker (2009, v 4), considerando a luz

    emitida por uma fonte luminosa, sua radiao eletromagntica emitida em todas as

    direes radialmente em relao ao ponto de emisso. Escolhendo um nico raio

    emitido por esta fonte luminosa, podemos ver que o ngulo do raio incidente igual

    ao ngulo do raio refletido. Na Figura 6 abaixo podemos verificar os ngulos

    incidentes e refletidos.

  • 31

    Desse modo,

    i=R (25),

    em que

    i ngulo incidente,

    R ngulo refletido.

    O raio incidente o feixe de Luz que est sendo emitido pelo laser, e o raio

    refletido o feixe de Luz que est sendo desviado em relao normal. Na reflexo,

    tanto a frequncia quanto a velocidade de propagao da onda so conservadas

    O conceito de reflexo importante para o produto desta dissertao, pois,

    atravs dele, escolhido o local apropriado para que o controle de Nintendo Wii

    seja posicionado.

    J o fenmeno da refrao quando a Luz passa de um meio para outro.

    Nesta situao, a frequncia conservada, porm, ocorre uma mudana na

    velocidade da Luz durante a passagem no meio. Quando a Luz passa de um meio

    com ndice de refrao n1 para um outro meio n2, podemos relacionar o

    comportamento da Luz atravs da Lei de Snell:

    Figura 6: Imagem obtida atravs do simulador Bending Light disponvel nosite phet.colorado.edu.

  • 32

    n1 sen1=n2 sen2 (26).

    O ndice de refrao pode ser obtido atravs da relao:

    n= cv(27),

    em que

    n ndice de refrao;

    v velocidade da Luz no meio material;

    c velocidade da Luz no vcuo, c = 3x10m/s.

    2.4 Conduo de Eletricidade nos Slidos

    Quais so os mecanismos que permitem a conduo de eletricidade?

    O que so materiais isolantes, condutores e semicondutores?

    O que diferencia um isolante de um semicondutor?

    O que e como funciona um LED?

    2.4.1 Propriedades Eltricas dos Slidos

    Os contedos do tpico 2.4 esto baseados em Halliday, Resnick, Walker

    (2009, v.3).

    Vamos abordar apenas slidos cristalinos, ou seja, slidos que apresentam

    uma disposio peridica tridimensional conhecida como rede cristalina.Do ponto de vista eltrico, podemos classificar os slidos de acordo com trs

    propriedades bsicas:

    1. A resistividade temperatura ambiente, cuja unidade no SI o ohm-metro(.m).

    2. O coeficiente de temperatura da resistividade , definido atravs da

    relao =1d dT

    , cuja unidade no SI o inverso do Kelvin (K )

    representado pela varivel T.

    3. A concentrao de portadores de carga n, definida como o nmero deportadores de carga por unidade de volume, cuja unidade no SI o inverso

    do metro cbico (m ). Medindo as resistividades de diferentes materiais temperatura ambiente,

    podemos verificar que existem alguns materiais, chamados de isolantes, que, para

  • 33

    todos os efeitos prticos, no conduzem eletricidade. Um exemplo de material

    isolante o diamante, que possui uma resistividade de 1024 vezes maior que a do

    cobre.

    Com isso, podemos usar as medidas de , e n para dividir os materiais que

    no so isolantes em duas categorias principais: metais e semicondutores. Ossemicondutores possuem uma resistividade bem maior que a dos metais. O

    coeficiente de temperatura de resistividade dos semicondutores negativo e maior

    que o dos metais, enquanto o dos metais positivo. Em outras palavras, a

    resistividade de um semicondutor diminui quando a temperatura aumenta, enquantoa dos metais aumenta quando a temperatura aumenta. A seguir, na Tabela 1, somostradas algumas propriedades eltricas de dois materiais, cobre e silcio. O

    primeiro um metal e o segundo um semicondutor.

    Tabela 1 Algumas propriedades Eltricas de dois Materiais

    MaterialPropriedade Unidade Cobre SilcioTipo de condutor Metal SemicondutorResistividade, .m 2 x 10-8 3 x 10Coeficiente de temperatura da resistividade,

    k +4 x 10-3 -70 x 10-3

    Concentrao de portadores de carga, n m 9 x 10 1 x 1016

    2.4.2 Isolantes

    Dizemos que um material isolante quando a corrente eltrica nula mesmo

    quando aplicamos uma diferena de potencial s extremidades de um bloco feito do

    material. Em um isolante a banda de maior energia que contm eltrons est

    totalmente ocupada e o princpio de excluso de Pauli impede que eltrons sejam

    transferidos para nveis j ocupados. A Figura 7 mostra a diferena as bandas de

    energia de dois materiais, um isolante e outro metal. Podemos observar que no

    material isolante, entre a ltima banda ocupada e a primeira banda livre, existe uma

  • 34

    regio proibida. J para um metal, existe uma regio com nveis que podem ser

    ocupados na banda de conduo.

    Figura 7: Bandas de energia de um isolante, os nveisocupados so mostrados em vermelho e os nveis

    desocupados em cinza claro.

    Podemos estimar a probabilidade de que, temperatura ambiente (300K), um

    eltron da extremidade superior da ltima banda ocupada do diamante (um isolante)

    passe para a extremidade inferior da primeira banda desocupada, separada da

    primeira por uma energia Eg. Para o diamante, Eg= 5,5eV.

    Para realizarmos esta estimativa, vamos utilizar a equao:

    N xN 0

    =e(E xE 0)/ kT

    Figura 7: Eq. 18,

    em que, Nx a populao de tomos do nvel de energia Ex, N0 a populao do

    nvel E0.. Os tomos fazem parte de um sistema em equilbrio trmico temperatura

    T (em Kelvins); k a constante de Boltzmann (8,2 x 10 eV/K). A ideia fundamental encontrar a probabilidade aproximada P de que um eltron em um isolante

    transponha a barreira de energia Ex E0 igual a Eg. Suponhamos ento que a

    probabilidade P seja aproximadamente igual razo Nx/N0.

    Para o diamante, o expoente da Eq. 18

  • 35

    EgkT

    =(5,5eV )

    (8,62 x105 eV /K ).(300K ).

    Portanto, a probabilidade

    P=N xN 0

    =e(ExE0)/ kT=e2133 x 1093 .

    Analisando o resultado acima, podemos ver que 3 eltrons em cada 1093

    conseguem passar para a banda de cima. Como os maiores diamantes conhecidos

    tm menos de 10 eltrons, a probabilidade de que este salto ocorra

    extremamente pequena. Por isso o diamante um excelente isolante.

    2.4.3 Metais

    O que define um metal que o nvel de energia mais alto ocupado pelos

    eltrons est no meio de uma banda de energia permitida. Quando aplicamos uma

    diferena de potencial s extremidades de um bloco metlico, produzimos uma

    corrente no material, j que existem muitos estados com uma energia ligeiramente

    maior para os quais os eltrons podem ser transferidos por ao da diferena de

    potencial. Na Figura 8, podemos observar que o ltimo nvel ocupado dentro de uma

    banda de valncia fica no meio da banda, e existem nveis superiores que podem

    ser ocupados.

    Figura 8: Bandas de energia de um metal. O nvel mais alto ocupado, chamado nvel de Fermi, fica perto do meio de uma banda. Como existem nveis vazios disponveis dentro da banda, os eltrons podem ser transferidos para estes nveis, e ento o material conduz corrente eltrica.

  • 36

    Para termos uma ideia de quantos eltrons de conduo existem em um cubo

    de magnsio com um volume de 2,00 x 10 m, precisamos das seguintes ideias

    fundamentais:

    1. Como os tomos de magnsio so divalentes, cada tomo de magnsio

    contribui com dois eltrons de conduo.

    2. O nmero de eltrons de conduo existentes no cubo igual ao nmero de

    tomos da amostra multiplicado pelo nmero de eltrons de valncia por

    tomo.

    3. Podemos determinar o nmero de tomos usando a Equao abaixo e os

    dados conhecidos a respeito do volume do cubo e das propriedades do

    magnsio.N xN 0

    =e(E xE0 )/kT.

    Considerando a densidade do magnsio de 1,738g/cm (= 1,738 x 10 kg/m)

    e uma massa molar de 24,312 g/mol (=24,312 x 10 kg/mol):

    Assim, (nmerodetomos da amostra)=(2,0926 x10 kg/mol)24,312 x10 ,

    (nmerodetomos da amostra)=8,61 x10 .

    Lembrando que cada tomo de magnsio divalente, obtemos finalmente

    (nmerodetomos da amostra)=1,72 x10 eltronstomo

    .

    2.4.4 Semicondutores

    Comparando as bandas de um semicondutor com as de um isolante,

    podemos observar que so parecidas. A diferena que, nos semicondutores, a

    distncia Eg entre o nvel mais alto da ltima banda ocupada e o nvel mais baixo da

    primeira banda desocupada muito menor que nos isolantes. Por exemplo, o silcio

    tem Eg = 1,1 eV, e um semicondutor; enquanto o diamante possui Eg = 5,5 eV, e

    um isolante. A Figura 9 mostra as bandas de energia de um semicondutor. Podemos

    notar uma certa semelhana com as bandas de um material isolante. Porm a regio

    proibida nos materiais semicondutores bem menor que nos materiais isolantes.

  • 37

    Figura 9: Bandas de energia de um semicondutor. Situao semelhante de um isolante, exceto pelo fato de que nossemicondutores o valor de Eg muito menor, assim, oseltrons, graas agitao trmica, tm uma probabilidaderazovel de passar para uma banda vazia.

    2.4.5 Semicondutores dopados

    A versatilidade dos semicondutores pode ser grandemente aumentada se

    introduzirmos um nmero de tomos (chamados de impurezas) na rede cristalina.

    Este processo conhecido como dopagem. Tipicamente, em um semicondutordopado apenas 1 tomo de silcio em cada 10 substitudo por uma impureza.

    Quase todos os dispositivos modernos utilizam semicondutores dopados. Os

    semicondutores podem ser de dois tipos: tipo n e tipo p.Os eltrons de um tomo isolado de silcio(n=14) esto distribudos em

    subcamadas de acordo com o seguinte esquema:

    1s2 2s2 sp6 3s2 3p2. .

    Cada tomo de silcio forma ligaes covalentes com seus vizinhos (ligao

    covalente a ligao qumica na qual dois tomos compartilham eltrons). Estes

    eltrons que participam da ligao covalente so os tomos da camada de valncia.

    Na dopagem tipo n um eltron da rede cristalina substitudo por um tomo de

    fsforo (valncia igual a 5).

    Quatro dos eltrons do fsforo formam a ligao covalente entre a vizinhana

    de silcio. O quinto eltron fica fracamente ligado ao ncleo de fsforo. O tomo de

    fsforo chamado de tomo doador, j que pode doar eltrons para a banda de

    conduo. Os semicondutores dopados com tomos doadores so chamados de

  • 38

    semicondutores tipo n; o n vem de negativo, para indicar que os portadores decargas negativas (eltrons) da banda de conduo so mais numerosos que os

    buracos da banda de valncia.

    Os semicondutores tipo p so materiais no qual um eltron desilcio(valncia igual a 4) substitudo por um tomo de alumnio (valncia 3). Cada

    tomo de alumnio pode formar 3 ligaes covalentes com os tomos vizinhos de

    silcio. Portanto, fica um buraco, que, por sua vez, pode ser preenchido por umeltron de outra ligao covalente.

    O tomo de alumnio chamado de tomo aceitador, j que pode aceitareltrons de ligaes covalentes, isto , da banda de valncia. Nos semicondutorestipo p, o p vem de positivo, para indicar que os portadores de cargas positivas(buracos) da banda de valncia so mais numerosos que os eltrons da banda de

    conduo.

    2.4.6 A juno p-n

    um cristal semicondutor que foi dopado em uma regio com uma impureza

    doadora e em outra regio com uma impureza aceitadora. Este tipo de juno est

    presente em praticamente todos os dispositivos semicondutores.

    2.4.7 O diodo Emissor de Luz (LED)

    Hoje em dia, os mostradores digitais esto em toda parte, dos relgios de

    cabeceira aos fornos de micro-ondas. De maneira geral, a Luz emitida por uma

    juno p-n funcionando como um diodo emissor de Luz (LED, do ingls Light-Emitting Diode).

    Considere primeiro um semicondutor simples. Quando um eltron da

    extremidade inferior da banda de conduo preenche um buraco na extremidade

    superior da banda de valncia (um fenmeno conhecido como recombinao), umaenergia Eg igual diferena entre os dois nveis se manifesta na forma de vibrao

    da rede cristalina.

    Em alguns semicondutores, porm, como o arenieto de glio, a energia pode

    ser emitida como um fton de energia hf, cujo comprimento de onda dado por:

  • 39

    = cf= cEg /h

    =hcEg

    Eq. 19.

    Para que um semicondutor emita uma quantidade razovel de luz, preciso

    que haja um grande nmero de recombinaes. Isto no acontece em um

    semicondutor puro, temperatura ambiente.

    Precisamos ento de um semicondutor no qual eltrons e buracos estejam

    presentes em grande nmero na mesma regio. Podemos obter um dispositivo com

    esta propriedade polarizando diretamente uma juno p-n fortemente dopada.

    Os LEDS comerciais projetados para emitir luz visvel em geral so feitos de

    arsenieto de glio (lado n) e arsenieto fosfeto de glio (lado p). Um arranjo no qual

    no lado p existem 60 tomos de arsnio e 40 tomos de fsforo para cada 100

    tomos de glio resulta em uma energia Eg de 1,8V, que corresponde luz vermelha.

    Variando as pores de arsnio e fsforo e outros elementos, como o alumnio,

    possvel fabricar LEDs que emitem luz de praticamente qualquer cor.

    Os conhecimentos apresentados acima permitiram mostrar aos alunos a

    diferena entre um simples diodo e um LED, e explicar como a insero de

    impurezas (processo de dopagem) aumenta a condutividade nos semicondutores.

    2.7 Corrente e Resistncia

    Como podemos medir a corrente mxima de uma bateria ou pilha?

    A resistncia varia com a temperatura?

    2.7.1 Corrente

    De acordo com Sears, Zemansky e Yong (2003), define-se a corrente atravs

    de uma rea como a carga flutuante que flui atravs da rea por unidade de tempo.

    Chamamos a carga resultante de Q e o tempo como t. Assim, a corrente i ser:

    i= Qt

    (28).

    Podemos determinar a carga que passa atravs de uma rea num intervalo

    de tempo que se estende de 0 at t por integrao:

    q= dq=0

    t

    i dt (29).

  • 40

    Vale lembrar que a corrente eltrica uma grandeza escalar. A unidade no

    S.I. de um Coulomb por um segundo chamada de Ampre.

    Em metais, as cargas em movimento so os eltrons (negativos), enquanto

    num gs ionizado so eltrons e ons positivamente carregados. Em

    semicondutores, como o germnio ou o silcio, a conduo se d tanto nos

    portadores de cargas negativas(eltrons), quanto nas vacncias ou buracos

    (portadores de carga positiva).

    A corrente por unidade de rea transversal chamada de densidade de

    corrente, J:

    J= iA= nq (30),

    em que,

    n nmero de partculas por unidade de volume;

    q carga da partcula;

    velocidade de arrastamento.

    2.7.2 Resistividade

    A densidade de corrente J em um condutor depende do campo eltrico E e danatureza do condutor. Assim, definimos resistividade de um material como arazo entre a intensidade do campo eltrico e a densidade de corrente:

    = EJ

    (31).

    A resistividade de todos os condutores metlicos cresce com o aumento da

    temperatura.

    T=0 [1+(TTo)] (32),

    em que 0 a resistividade de referncia, T0 (em geral 0 ou 20). O fator

    chamado de coeficiente de temperatura da resistividade. Na figura 10 esto

    mostrados os grficos de resitividade versus temperatura, para metal, supercondutor

    e semicondutor.

  • 41

    Figura 10: Variao da resistividade com a temperatura para trs condutores. a) metal; b) supercondutor; c) semicondutor. Figura obtida no Livro Fsica 3 Eletricidade e Magnetismo pgina 597, adaptada.

    2.7.3 Resistncia

    Em geral, difcil medir E e J diretamente, de modo que conveniente

    escrever esta equao em termos de grandezas que podem ser medidas mais

    facilmente, como tenso e corrente. Considere um condutor de seo reta A e

    comprimento L, conforme mostrado na Figura 11. Voltamos na equao da

    densidade de corrente:

    J= iA

    (33),

    e isolamos i, assim obtemos:i=J A (34).

    A diferena de potencial V, entre as suas extremidades :V=E L (35).

  • 42

    Figura 11: A densidade de corrente uniforme sobre qualquerseo reta e o campo eltrico constante ao longo docomprimento. Figura adaptada do sitehttp://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAAesYoAI-31.jpg.

    Resolvendo estas equaes para J e E, respectivamente, e substituindo-se na

    equao da resistividade E= J , obtemos:

    VL

    = LA

    (36).

    A grandeza LA

    , para uma amostra particular chamada de resistncia R:

    R=LA

    (37).

    Assim obtemos a relao entre tenso, corrente e resistncia dada por:V=R i (38).

    2.8 Associaes de Resistores

    Como possvel relacionar dois resistores de 100 e obtermos 50?

    Na maioria das vezes quando construmos um circuito, h a necessidade de

    controla o valor de tenso que cada componente ou sensor necessita para seu

    funcionamento sem causar danos a ele. Outra barreira que muitas vezes aparece

    a limitao de valores de resistncias tabelados comercializados. Para resolver est

    limitao, podemos conectar os resistores de maneira a obter o valor desejado. Em

    Fsica chamamos de associao de resistores. Podemos conectar os resistores em

    dois tipos de associao : em srie e em paralelo. A seguir, sero apresentados as

    principais caractersticas de cada tipo.

  • 43

    2.8.1 Srie

    Segundo Halliday, Resnick e Walker (2009, v. 4), dizemos que temos uma

    associao de resistncias em srie quando a diferena de potencial aplicada

    atravs da combinao a soma das diferenas de potencial resultantes atravs de

    cada uma das resistncias. A Figura 12 mostra trs resistncias ligadas em srie a

    uma bateria ideal.

    Figura 12: Esquema mostrando trs resistores ligados em srie.

    Equivale a dizer que as correntes atravs das resistncias so iguais.

    Procuramos uma resistncia nica, ou resistncia equivalente Req. Corresponde a

    uma resistncia que se remover os trs resistores e substituir por Req obtemos o

    mesmo efeito no circuito. Na Figura 13 abaixo mostrado a Req de um circuito

    simples.

  • 44

    Figura 13: Representao da resistncia equivalente daFigura 12.

    Para a resistncia equivalente da Figura 12 podemos obter o valor da

    corrente atravs da equao:

    i= VReq

    Eq. 31.

    Para o circuito temos que a resistncia equivalente dada por:Req=R1+R2+R3 Eq. 32.

    Podemos generalizar a equao acima para n resistores como:

    Req=j=1

    n

    R j Eq. 33.

    2.8.2 Paralelo

    A Figura 14 mostra trs resistores ligados em paralelo a uma bateria de

    diferena de potencial igual a V.

  • 45

    Figura 14: Trs resistores associados em paralelo.

    Dizemos que uma combinao de resistncias est em paralelo quando a

    diferena de potencial resultante atravs de cada uma das resistncias igual

    diferena de potencial aplicada atravs da combinao.

    Procuramos uma resistncia equivalente. As correntes nos trs ramos da

    Figura 14 so:

    i1=VR1

    , i2=VR2

    e i3=VR3

    .

    Aplicando-se a regra dos ns encontramos:

    i=i1+i2+ i3=V (1R1

    +1R2

    +1R3

    ) Eq. 34.

    Substituindo-se a combinao em paralelo pela resistncia equivalente Reqtemos:

    i= VReq

    Eq. 35.

    Assim obtemos 1Req

    =1R1

    +1R2

    +1R3

    Eq. 36.

    Estendendo o resultado acima para n resistncias obtemos:

    1Req

    =j=1

    n 1R j

    Eq. 37.

  • 46

    Nas montagens de circuitos realizadas no Tutorial foram utilizados os

    conceitos e leis explicados nos tpicos 2.7 e 2.8.

    No captulo a seguir, apresentamos a reviso bibliogrfica e a fundamentao

    terica desta dissertao.

  • 47

    Captulo 3 REVISO BIBLIOGRFICA E FUNDAMENTAO TERICA

    3.1 Reviso bibliogrfica

    Na atual sociedade em que vivemos, cada vez mais tecnolgica, o uso

    cotidiano das TICs tem aumentado muito a interao entre as pessoas. Conforme

    Oliveira (2013, p.1)a evoluo tecnolgica tem se caracterizado pela crescente velocidade econstante atualizao das informaes. A proliferao de dispositivosdigitais na atual sociedade da informao, como MP3, celulares, cmerasfotogrficas, palmtops, visual phones, dentre outros, visam oferecer maiormobilidade, personalizao e conectividade aos usurios.

    Pery (2013,p.1), em seu artigo sobre o uso de jogos educativos no ensino das

    sries iniciais, afirma que: As tecnologias de informao e comunicao (TICs), agora j presentes noscenrios escolares, vem transformando a vida humana e interferindo namaneira como nos relacionamos em sociedade e como adquirimosconhecimento, instituindo um novo estado de cultura, a cibercultura

    O trabalho de Santos, Varaschini e Martins (2013) se refere influncia da

    informtica nas formas de raciocnio das pessoas que a utilizam: a informtica tem possibilitado uma nova extenso da memria que alterou,de modo significativo, a linearidade do raciocnio, com o uso de simulaes,experimentaes e uma nova linguagem que envolve escrita, oralidade,imagens e comunicao instantnea.

    Hoje em dia, nesta sociedade da cibercultura e dos raciocnios muitas vezes

    no-lineares, informaes so geradas em grande escala e o uso das TICs permite

    fcil acesso a elas; porm o acesso e o uso das mesmas em sala de aula deve ser

    mediado pelo professor. O professor deve ensinar aos alunos onde e como

    pesquisar os contedos de uma aula e, tambm, deve procurar desenvolver nos

    estudantes o discernimento e o senso crtico para que eles mesmos saibam verificar

    a qualidade e a veracidade das informaes obtidas na internet. Atualmente, muitos

    alunos tm suas redes sociais, canais de vdeos, blogs, em que publicam temas que

    lhes interessam ou em que consultam alguma referncia. Esses recursos podem ser

    utilizados pelos professores para interagir com seus alunos de maneira mais intensa

    e criativa.

    Essa tecnologia, em constante transformao, hoje parte fundamental do

    Ensino, pois tem auxiliado bastante o professor na sua prtica docente. A utilizao

  • 48

    das TICs pode tornar as aulas de Cincia e, em especial, de Fsica, bem mais

    dinmicas e criativas, intensificando e melhorando a interao entre o professor e

    seus alunos. Nas aulas de Fsica podem ser usadas simulaes computacionais e

    ferramentas de programao encontradas em aplicativos e websites tais como:

    Blender - aplicativo de modelagem em 3D;

    Modellus - aplicativo que utiliza equaes matemticas para gerar tabelas,

    grficos e animaes;

    PhET Website fundado em 2002 pelo Prmio Nobel Carl Wieman, o projeto

    PhET Simulaes Interativas da Universidade de Colorado Boulder cria

    simulaes interativas gratuitas de Matemtica e Cincias (Fsica, Qumica e

    Biologia);

    Tracker ferramenta de modelagem e anlise de vdeo;

    Celestia - aplicativo que realiza simulaes computacionais em Astronomia,

    permitindo a visualizao de caractersticas de planetas, sistemas solares e

    galxias;

    Stellarium - aplicativo que funciona como um planetrio, fornecendo o cu do

    dia em qualquer parte de planetas do sistema solar;

    Lego Mindstorms ferramenta de programao para o kit educacional Lego

    Mindstorms;

    Youtube - website que permite que os seus usurios carreguem e

    compartilhem vdeos em formato digital; alguns vdeos de Fsica muito

    interessantes desse site so, por exemplo, O mundo de Beakman, Mini

    bobina de Tesla, A Histria da Eletricidade parte 2, Construo de lunetas

    com PVC, etc.

    Outro recurso que pode ser utilizado nas aulas so as apresentaes de

    Power Point e Prezi. O Prezi o website que realiza apresentaes dinmicas on-

    line. Tambm podem ser explorados os recursos de um Tablet ou de um celular. Por

    exemplo, em aulas de Fsica podem ser usados seus sensores, tais como, o

    magnetmetro, o acelermetro, o decibelmetro, o GPS, o de luminosidade e o de

    temperatura. Alm disso, um tablet ou um celular conectado com um projetor

    multimdia, pode ser utilizado como uma tela interativa para expor, por exemplo,

    grficos, figuras e equaes disponveis em um livro didtico. Tambm, como ser

  • 49

    mostrado no Captulo 3 da presente Dissertao, a cmera fotogrfica de um celular

    pode ser utilizada para testar o brilho de um LED (Light Emitting Diode, que, em

    portugus, significa Diodo Emissor de Luz) infravermelho.

    Uma outra TIC que pode ser extremamente til em aulas como recurso

    didtico em aulas de Cincia a tela interativa. Melo e Gitirana (2014, p.5)

    apresentam a seguinte definio para tela interativa:A Lousa Digital (quadro interativo, e-board, whiteboard, lousa eletrnica)trata-se de um dispositivo em que as imagens do computador soprojetadas em um quadro, e o usurio interage com o computador por meiode aes diretas na imagem projetada. Nesta projeo, possvel interagircom todos os recursos disponveis no computador apenas com um toque decaneta ou dos dedos, dependendo da verso disponvel.

    Conforme Oliveira (2013, p.2), a tela interativa permite a interao entre

    professor e alunos, atravs de atividades associadas s Teorias de aprendizagem:este recurso pedaggico e inovador um instrumento que proporciona ainsero da linguagem audiovisual no contexto escolar, ou seja, umaferramenta tecnolgica interativa que possibilita a elaborao de atividadespedaggicas associadas Teoria dos Estilos de Aprendizagem. Com isso, alousa digital incorpora os recursos que o computador oferece, mas com odiferencial de permitir a interao entre o professor e os alunos, favorecendoa construo coletiva do conhecimento.

    Em Almeida (2015), analisado o uso da tela interativa no Ensino de Fsica,

    atravs do curso de formao para professores de Fsica da rede pblica estadual

    da regio Norte do Paran. Essa anlise detectou trs perfis de docentes em relao

    ao uso efetivo da tela interativa em suas aulas: os interessados, os parcialmente

    interessados e os docentes pouco interessados.

    A construo, calibrao e utilizao de uma tela interativa pode se tornar

    uma excelente fonte de aprendizagem significativa para alunos do Ensino Mdio. Em

    Griebeler, Bernardes e Cruz (2014), h um relato detalhado de como trs estudantes

    do Ensino Mdio Inovador do Colgio Estadual Professor Jlio Teodorico, em Ponta

    Grossa PR, em 2013, participaram da construo, calibrao e do uso de uma tela

    interativa de baixo custo (formada com um sensor por Bluetooth e um projetor

    multimdia). Inicialmente, a professora discutiu com as estudantes alguns conceitos

    bsicos de Fsica Moderna e suas aplicaes tecnolgicas, em uma perspectiva

    histrica. Em seguida, as estudantes, no laboratrio de informtica e atravs de

    livros e revistas de divulgao cientfica, realizaram pesquisas sobre os temas

  • 50

    Comunicao, Histria dos Computadores, os notebooks e as telas interativas,

    identificando os conceitos da Fsica Modernas envolvidas nestes instrumentos. A

    seguir, as estudantes, orientadas por um professor, participaram de todas as etapas

    de construo do sensor por Bluetooth (caneta emissora de infravermelho e controle

    de Nintendo Wii) e seu acoplamento ao projetor multimdia, para formar uma tela

    interativa de baixo custo, conforme orientao do site .

    Usando a tela, elas traaram figuras e trabalharam com programas educativos

    (Celestia, Stelarium, Srie Educacional Gcompris Educao Infantil). Aps o

    trabalho realizado, as estudantes foram capazes de explicar como funciona a tela

    interativa mencionada acima e algumas de suas aplicaes com programas

    educativos, durante a II FICiencias (Feira de Inovao das Cincias e Engenharias,

    em Foz do Iguau PR, em Novembro de 2013).

    A seguir, ser apresentada a fundamentao terica utilizada na presente

    dissertao.

    3.2 Fundamentao terica

    Durante vrios anos fui submetido a um processo de ensino-aprendizagem

    comportamentalista, com nfase na resoluo de listas e avaliaes de

    aprendizagem atravs de notas em provas tradicionais. O modelo

    comportamentalista pode auxiliar na formao e treino do aluno, no entanto, no

    permite que o aluno possa fazer relao entre o contedo aprendido e a natureza.

    Na presente dissertao, foram desenvolvidos dois produtos (um tutorial e um

    caderno pedaggico) com atividades que se baseiam em duas Teorias de

    Aprendizagem - a sociointeracionista de Lev Vygotsky e a aprendizagem significativa

    de David Ausubel.

    Vygotsky enfatizava o processo histrico-social e o papel da linguagem no

    desenvolvimento do indivduo. Podemos observar no texto de Prss (2012,p.19),Sua questo central a aquisio de conhecimentos pela interao dosujeito com o meio. O sujeito interativo, pois adquire conhecimentos apartir de relaes intra e interpessoais e de troca com o meio, a partir de umprocesso denominado mediao.

    Na prtica, segundo Prss (2012, p.20)

    a teoria de Vygotsky aparece nas aulas onde se favorece a interao social,onde os professores falam com as crianas e utilizam a linguagem para

  • 51

    expressar aquilo que aprendem, onde se estimula as crianas para queexpressem oralmente e por escrito e nas classes onde se favorece e sevaloriza o dilogo entre os membros do grupo.

    A teoria de Vigotsky tambm apresenta o conceito de Zona de

    Desenvolvimento Proximal (ZDP), segundo a qual no se pode considerar o

    indivduo como um ser isolado do seu meio. O desenvolvimento do indivduo se d

    devido as suas interaes com outros indivduos, portadores de mensagens de

    cultura. No livro Coleo Educadores do Ministrio da Educao (2010, p.15)

    apresentada uma definio de que o individuo geneticamente social: Para Vygotsky, o ser humano se caracteriza por uma sociabilidade primria.A mesma ideia foi expressa por Henri Wallon, de um modo mais categrico:ele [o indivduo] geneticamente social.

    Da mesma Coleo Educadores, tambm podemos citar a seguinte

    afirmao:Isto significa, simplesmente, que certas categorias de funes mentaissuperiores (ateno voluntria, memria lgica, pensamento verbal econceptual, emoes complexas, etc.) no poderiam emergir e se constituirno processo de desenvolvimento sem o aporte construtivo das interaessociais.

    Tambm, essa Coleo descreve a importncia da linguagem na apropriao

    da cultura:O papel dos adultos, como representantes da cultura no processo deaquisio da linguagem pela criana e de apropriao por ela d uma parteda cultura a lngua , conduz descrio de um novo tipo de interaoque de importncia capital na teoria de Vygotsky.

    Dar significado aprendizagem, para que ela no seja constituda apenas de

    conceitos vazios, mas que sejam conceitos capazes de transformar o educando.

    Este um dos grandes desafios dos professores. Podemos verificar a importncia

    da aprendizagem significativa no texto abaixo:O ensino de Fsica vem deixando de concentrar - se na simplesmemorizao de frmulas ou repetio automatizada de procedimentos, emsituaes artificiais ou extremamente abstratas, ganhando conscincia deque preciso dar-lhe um significado, explicitando seu sentido j nomomento do aprendizado, na prpria escola mdia. (PCN,199?)

    Segundo Moreira, Caballero, e Rodrguez, (1997), aprendizagem significativa

    o processo atravs do qual uma nova informao (um novo conhecimento)se relaciona de maneira no arbitrria e substantiva (no-literal) estruturacognitiva do aprendiz. no curso da aprendizagem significativa que osignificado lgico do material de aprendizagem se transforma em significadopsicolgico para o sujeito.

  • 52

    Para Ausubel, citado por Moreira e Caballero (2016) a aprendizagem

    significativa o mecanismo humano, por excelncia, para adquirir e armazenar a

    vasta quantidade de ideias e informaes representadas em qualquer campo de

    conhecimento.

    No captulo a seguir, descrevemos a construo e calibrao da tela

    interativa.

  • 53

    Captulo 4 CONSTRUO E CALIBRAO DE UMA TELA INTERATIVA COMCONTROLE DE NINTENDO Wii

    4.1 Procedimento experimental

    Em 2015, o projeto de construo e calibrao da tela interativa de baixo

    custo foi apresentado atravs de uma oficina, com atividades tericas e

    experimentais, a alunos da rede de Ensino Mdio do Colgio SESI de Jaguariava-

    PR. Os participantes da primeira oficina eram 4 alunos, sendo dois meninos e duas

    meninas, com 15 anos de idade

    Dentro da metodologia do Colgio SESI, no h separao entre os alunos do

    primeiro, segundo ou terceiro anos. Porm, alunos do segundo e terceiro ano do

    Ensino Mdio cursam paralelamente um curso tcnico. Por isso, apenas alunos

    pertencentes ao primeiro ano do Colgio teriam a tarde livre para participar da

    oficina de construo da caneta emissora de infravermelho, bem como sua

    calibrao com o aplicativo.

    A construo da caneta com o LED emissor de infravermelho foi realizada por

    4 alunos do Colgio SESI de Jaguariava PR, durante duas tardes, nos dias 01 e

    08 de Julho de 2015.

    Inicialmente, foi apresentado aos alunos um LED emissor na regio do visvel.

    Este foi ligado atravs de uma pilha de 3V, mostrada na Figura 15 abaixo. Atravs de

    uma conversa, foi explicado o que significa a sigla LED.

    Figura 15: Pilha padro de 3V utilizada para ligar osLEDS durante a motivao da oficina.

  • 54

    Em seguida, o primeiro LED foi substitudo por outro, previamente

    selecionado. Porm, ao se conectar esse novo LED a pilha, o mesmo no

    apresentou emisso de luz. Foi efetuado um pequeno comentrio por parte do

    professor, ser que est queimado? As respostas obtidas atravs deste

    questionamento foram que sim, o LED deveria estar queimado. Mas o professor fez

    um novo comentrio: mas no controle de televiso, quando tem um boto

    pressionado para mudar de canal ou modificar o volume, tambm no verificada a

    emisso de Luz no visvel. Como explicar isso? A Figura 16 mostra o instante em

    que foi discutido com os alunos o que aconteceu com o LED. Neste ponto,

    procuram-se situaes cotidianas que eles possam relacionar com algo parecido

    com o fenmeno observado. Uma situao semelhante apresentada ocorre com o

    controle remoto de TV, e, na maioria das vezes, no levantada pelos alunos. XXX

    Figura 16: Oficina de construo da caneta emissora deinfravermelho. Explicando como funciona o LED .

    Houve um pequeno debate entre os alunos, at que um dos alunos lembrou

    que viu em algum site na internet que, para testar um controle de televiso, bastava

    abrir o aplicativo da cmera do celular e apontar o LED do controle para a cmera e

    clicar em algum dos botes.

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    Com base nisso, foi solicitado que os alunos pegassem seus celulares e

    apontassem para o LED. Verificaram que o mesmo estava aceso e que, com a

    cmera do celular, podiam observar que seu brilho era bastante forte, e que

    apresentava uma cor branca ou roxa, dependendo do aparelho celular. Aps esta

    constatao, o professor explicou que o softwares dos celulares substituem a

    frequncia emitida pelo infravermelho por uma outra frequncia na regio do visvel.

    Neste momento, foi apresentado o espectro eletromagntico e mostrado que tudo o

    que conhecemos como luz visvel pertence a uma pequena parte deste espectro.

    Existem outras regies, bem numerosas do espectro, que compreendem micro-

    ondas, radar, infravermelho, raios X, etc.

    Em seguida, os alunos foram motivados a construir um circuito que fosse

    capaz de ligar um LED que emitia na regio do visvel, utilizando um protoboard, fios

    de conexo, um boto e uma pilha de 1,5V.

    Foi discutido o significado de circuito (caminho fechado), e com isso, os

    alunos foram desafiados a construir um circuito com os elementos apresentados.

    Conforme as dvidas foram surgindo, foram explicadas e os alunos efetuavam a

    correo e seguiam na montagem do circuito, como indicado na Figura 17, abaixo.

    Figura 17: Circuito constitudo por um LED que emite noamarelo, um boto, fios de conexo e uma pilha de 3V.

    Na sequncia, a fim de verificar o aprendizado, o professo