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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSASETOR DE CINCIAS EXATAS E NATURAIS
DEPARTAMENTO DE FSICA
HERNANI BATISTA DA CRUZ
CONSTRUO DE TELA INTERATIVA, USANDO CONTROLE DE NINTENDOWII, E SUA UTILIZAO POR PROFESSORES E ALUNOS DA REDE DE
ENSINO
PONTA GROSSA2016
HERNANI BATISTA DA CRUZ
CONSTRUO DE TELA INTERATIVA, USANDO CONTROLE DE NINTENDOWII, E SUA UTILIZAO POR PROFESSORES E ALUNOS DA REDE DE
ENSINO
Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa dePs-Graduao no Curso de Mestrado Profissional deEnsino de Fsica (MNPEF), apresentada para obteno dottulo de Mestre em Ensino de Fsica na UniversidadeEstadual de Ponta Grossa.
Orientador: Prof. Dr. Luiz Antnio Bastos Bernardes.Coorientador: Prof. Dr. Silvio Luiz Rutz da Silva.
PONTA GROSSA2016
Ficha Catalogrfica
Elaborada pelo Setor de Tratamento da Informao BICEN/UEPG
C957 Cruz, Hernani Batista da Construo de tela interativa, usando controle de nintendo WII, esua utilizao por professores e alunos da rede de ensino/ HernaniBatista da Cruz. Ponta Grossa, 2016.179f.
Dissertao (Mestrado Profissional em Ensino de Fsica - rea de Concentrao: Fsica na Educao Bsica), Universidade Estadual dePonta Grossa.Orientador: Prof. Dr. Luiz Antnio Bastos Bernardes.Coorientador: Prof. Dr. Silvio Luiz Rutz da Silva.
1.Ensino de Fsica. 2.Tela interativa. 3.Caderno pedaggico.I.Bernardes, Luiz Antnio Bastos. II. Silva, Silvio Luiz Rutz da. III.Universidade Estadual de Ponta Grossa. Mestrado Profissional emEnsino de Fsica. IV. T.
CDD: 530.01
DEDICATRIA
Uma dedicatria em trabalho como este pode ser injusta, pois em cada fase
da elaborao, dos produtos, ou da prpria Dissertao, houve algum que
contribuiu para a sua completa elaborao. Mesmo assim, fao as dedicatrias a
seguir.
A minha famlia que sempre esteve ao meu lado, entendendo minhas
ausncias e minhas escolhas durante estes dois ltimos anos do Mestrado.
Ao meu irmo Joo Alexandre que em 2011 apresentou o link do projeto da
tela interativa com controle de Nintendo Wii.
In memorian Loriz Ziemer Cruz, minha Av, que me auxiliou muito durante os
ltimos anos.
A Minha Tia Elza, que, durante o ltimo ano e meio, auxiliou de maneira que
nunca esquecerei em minhas passagens por Jaguariava.
E, de maneira muito especial, ao meu orientador Prof Dr. Luiz Antnio Bastos
Bernardes, o qual me orienta h anos, passando pela iniciao cientfica, TCC e
agora o Mestrado, contribuindo muito com seu conhecimento e sugestes, o meu
muito obrigado.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela Vida e suas muitas oportunidades de crescimento.
minha esposa, pelo seu carinho e apoio.
Ao Professor Silvio Luiz Rutz da Silva, na escolha do tema da presente
Dissertao.
Aos professores e colegas do MNPEF, pelos ensinamentos e convivncia.
A minha equipe de trabalho nas disciplinas do MNPEF, Wanderley Veronez e
Luiz Alberto Clabonde, que, alm de colegas de turma, foram grandes amigos
durante estes dois anos de Mestrado.
Aos meus ex-alunos do Colgio SESI em Jaguariava que participaram das
oficinas relacionadas com a Dissertao e aos demais que participaram em cada
projeto que foram desenvolvidos no Colgio.
No posso deixar de fora o meu amigo e Professor do SENAI Tarcso Ladera,
que alguns meses depois da realizao da primeira oficina faleceu.
CAPES, pelo apoio financeiro por meio da bolsa concedida.
Se cheguei at aqui foi porque me apoiei no ombro de gigantes.Isaac Newton(1642-1727)
RESUMO
CRUZ, Hernani Batista da. Construo de tela interativa, usando controle deNintendo Wii, e sua utilizao por professores e alunos da rede de ensino.2016, 170 f. Dissertao (Mestrado em Ensino de Fsica). Universidade Estadual dePonta Gossa, 2016.
De maneira geral, os alunos do Ensino Mdio apresentam dificuldades em utilizar osprincpios da Fsica para explicar situaes da vida cotidiana, fenmenos naturais eo funcionamento de aparelhos tecnolgicos. Na maioria das aulas de Fsica, ocontedo programtico apresentado atravs do uso de quadro e giz. Algunsassuntos de Fsica so bastante complexos e abstratos, e, para que o aluno possacompreend-los, faz-se necessrio algum desenho. De maneira geral, osprofessores do Ensino Mdio tm uma carga horria grande, e muitas vezesnecessitam de reproduzir a mesma aula em mais de uma turma no mesmo dia. Paradiminuir o tempo de elaborao de imagens e focar na aprendizagem, pode-serecorrer tecnologia disponvel. Um recurso tecnolgico j presente h alguns anosno Ensino Mdio a tela interativa. Em grande parte dos colgios usada demaneira parcial, alm de terem poucas unidades disponveis nos colgios. Destemodo, a presente Dissertao utilizou como motivao para o uso da tela interativacom alunos do Ensino Mdio, as discusses de contedos como ondaseletromagnticas e espectro eletromagntico, diodos e dopagem, circuitos eltricos,associao em srie e paralelo, e presso em prensas hidrulicas. Estas discussesforam divididas em duas oficinas. Na primeira oficina foi construda uma canetaemissora de infravermelho, a qual foi calibrada com um computador e um controlede Nintendo Wii. O processo de calibrao a utilizao de um programa queajusta e determina cada ponto clicado na tela projetada com o computador. Destemodo, o conjunto (caneta e controle calibrados) tornou-se uma tela interativa debaixo custo. Na segunda oficina, a tela interativa construda foi utilizada pelomestrando e alunos do Ensino Mdio para executar as atividades de um cadernopedaggico de iniciao em programao e robtica, com algumas aplicaes emFsica (para explicar, por exemplo, o funcionamento de uma prensa hidrulicaautomtica). Nas atividades realizadas, para se conseguir uma aprendizagemeficiente, foi utilizada a teoria sociointeracionista de Lev Vygotsky e a aprendizagemsignificativa de David Ausubel.
Palavras-chave: Ensino de Fsica, Tela Interativa, Caderno Pedaggico.
ABSTRACT
CRUZ, Hernani Batista da. Interactive screen construction, using Nintendo Wiicontrol, and its use by teachers and students in the school network. 2016, 170f. Dissertation (Masters Degree in Physics Teaching). State University of PontaGrossa, 2016.
In general, the students of High School present difficulties in using the principles ofPhysics to explain situations of daily life, natural phenomena and the operation oftechnological devices. In most physics classes, programmatic content is presentedthrough the use of chalkboard and chalk. Some subjects of Physics are quitecomplex and abstract, and in order for the student to understand them, some drawingis necessary. In general, high school teachers have a large workload, and often needto play the same class in more than one class on the same day. To reduce the time ofimaging and focus on learning, one can draw on available technology. A technologicalresource already present a few years ago in High School is the interactive screen. Inmost colleges it is used in a partial way, in addition to having few units available incolleges. Thus, the present dissertation used as a motivation for the use of theinteractive screen with high school students, discussions of contents such aselectromagnetic waves and electromagnetic spectrum, diodes and doping, electriccircuits, serial and parallel association, and pressure in hydraulic presses . Thesediscussions were divided into two workshops. In the first workshop was built aninfrared emitting pen, which was calibrated with a computer and a Nintendo Wiicontroller. The calibration process is the use of a program that adjusts anddetermines each point clicked on the projected screen with the computer. In this way,the set (calibrated pen and control) has become an interactive low cost screen. In thesecond workshop, the constructed interactive screen was used by the master's andhigh school students to carry out the activities of a pedagogical book of initiation inprogramming and robotics, with some applications in Physics (to explain, forexample, the operation of a hydraulic press Automatic). In the activities performed, inorder to achieve an efficient learning, the socio-interactionist theory of Lev Vygotskyand the significant learning of David Ausubel was used.
Keywords: Physical education, interactive screen, pedagogical book.
Lista de figuras Figura 1: Imagem do aplicativo Open Sankor, que utilizado para elaborar nota de aula, como a mostrada no centro da figura . A funo de navegao entre as notas de aula pode ser observada no lado esquerdo da figura acima. No lado direito pode ser criado um banco de imagens, vdeos, animaes, udios..........................................................................................17 Figura 2: Espetro eletromagntico indicando os valores de cada frequncia e seus comprimentos de onda..............................................................................................................25Figura 3: Campo eltrico e magntico. Figura adaptada do site http://www.ufrgs.br/engcart/PDASR/imagem1.JPG. Uma onda eletromagntica representada por um comprimento do onda ................................................................................................26Figura 4: Um elemento da corda quando uma onda senoidal transversal se propaga em uma corda..........................................................................................................................................27Figura 5: Afora na extremidade direita do elemento est dirigida ao longo de uma reta tangente ao lado direito do elemento........................................................................................28 Figura 6: Imagem obtida atravs do simulador Bending Light disponvel no site phet.colorado.edu......................................................................................................................31Figura 7: Bandas de energia de um isolante, os nveis ocupados so mostrados em vermelho e os nveis desocupados em cinza claro.......................................................................................34Figura 8: Bandas de energia de um metal. O nvel mais alto ocupado, chamado nvel de Fermi, fica perto do meio de uma banda. Como existem nveis vazios disponveis dentro da banda, os eltrons podem ser transferidos para estes nveis, e ento o material conduz correnteeltrica.......................................................................................................................................36Figura 9: Bandas de energia de um semicondutor. Situao semelhante de um isolante, exceto pelo fato de que nos semicondutores o valor de Eg muito menor, assim, os eltrons, graas agitao trmica, tm uma probabilidade razovel de passar para uma banda vazia. 37 Figura 10: Variao da resistividade com a temperatura para trs condutores. a) metal; b) supercondutor; c) semicondutor. Figura obtida no Livro Fsica 3 Eletricidade e Magnetismo pgina 597, adaptada.................................................................................................................41Figura 11: A densidade de corrente uniforme sobre qualquer seo reta e o campo eltrico constante ao longo do comprimento. Figura adaptada do site http://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAAesYoAI-31.jpg.......................................................42Figura 12: Esquema mostrando trs resistores ligados em srie...............................................43 Figura 13: Representao da resistncia equivalente da Figura 12..........................................44Figura 14: Trs resistores associados em paralelo....................................................................45Figura 15: Pilha padro de 3V utilizada para ligar os LEDS durante a motivao da oficina..53Figura 16: Oficina de construo da caneta emissora de infravermelho. Explicando como funciona o LED ........................................................................................................................54Figura 17: Circuito constitudo por um LED que emite no amarelo, um boto, fios de conexoe uma pilha de 3V......................................................................................................................55 Figura 18: Alunas montando o circuito para testar o LED......................................................56Figura 19: A imagem acima mostra os alunos participantes da oficina, removendo o contedo de tubos de pincel atmico para uso posterior na transposio do circuito montado no protoboard.................................................................................................................................56Figura 20: Foto da oficina de construo da caneta emissora de infravermelho realizada no Colgio SESI de Jaguariava PR............................................................................................57 Figura 21: Momento onde o circuito montado por um aluno avaliado pelo professor.........58
Figura 22: Com o auxlio do professor do curso de Automao do SENAI foi mostrado aos alunos como transpor o circuito montando no protoboard para o interior de um tubo de pincel atmico......................................................................................................................................59 Figura 23: Primeira verso do Tutorial de construo da tela interativa, diagramada com LibreOffice................................................................................................................................60 Figura 24: Distribuio dos alunos participantes na oficina de utilizao do caderno pedaggico................................................................................................................................63Figura 25: Imagem do computador de um dos alunos participantes da oficina de aplicao do caderno pedaggico...................................................................................................................64Figura 26: Um dos alunos participantes da oficina respondendo uma atividade proposta no caderno pedaggico para que os demais participantes verificassem a resoluo.....................64 Figura 27: Ilustrao do layout da sala e da posio do controle de Nintendo Wii em relao area de projeo........................................................................................................................68
SUMRIO
Captulo 1 INTRODUO...............................................................................13
1.1 Motivao........................................................................................................................13 O Ensino de Fsica sempre foi interpretado por muitos como um desafio difcil, pois requerabstrao dos alunos para a compreenso dos assuntos e das equaes apresentadas, tendo em vista que estas equaes representam um modelo mental que explica os fenmenos fsicos e faz algumas previses sobre o comportamento de partculas, objetos, etc.............131.2 Objetivos e hipteses......................................................................................................151.3 Justificativa.....................................................................................................................161.4 Descrio dos produtos...................................................................................................181.5 Breve resumo dos contedos dos captulos 2, 3, 4, 5 e 6................................................211.6 Descrio dos anexos......................................................................................................22
Captulo 2 A FSICA DA TELA INTERATIVA.................................................24
2.1 Espectro Eletromagntico...............................................................................................242.2 As Equaes de Maxwell................................................................................................292.2.1 Lei de Gauss para a eletricidade..................................................................................292.2.2 Lei de Gauss para o magnetismo.................................................................................292.2.3 Lei de Ampre-Maxwell..............................................................................................302.2.4 Lei de Faraday..............................................................................................................302.3 Reflexo e refrao.........................................................................................................302.4 Conduo de Eletricidade nos Slidos............................................................................322.4.1 Propriedades Eltricas dos Slidos..............................................................................322.4.2 Isolantes.......................................................................................................................342.4.3 Metais...........................................................................................................................352.4.4 Semicondutores............................................................................................................372.4.5 Semicondutores dopados..............................................................................................372.4.6 A juno p-n.................................................................................................................382.4.7 O diodo Emissor de Luz (LED)...................................................................................392.7 Corrente e Resistncia.....................................................................................................392.7.1 Corrente........................................................................................................................402.7.2 Resistividade................................................................................................................412.7.3 Resistncia...................................................................................................................412.8 Associaes de Resistores...............................................................................................432.8.1 Srie.............................................................................................................................432.8.2 Paralelo.........................................................................................................................44
Captulo 3 REVISO BIBLIOGRFICA E FUNDAMENTAO TERICA. .47
3.1 Reviso bibliogrfica......................................................................................................473.2 Fundamentao terica...................................................................................................50
Captulo 4 CONSTRUO E CALIBRAO DE UMA TELA INTERATIVA COM CONTROLE DE NINTENDO Wii.........................................................53
4.1 Procedimento experimental.............................................................................................534.2 Descrio do Tutorial......................................................................................................60
Captulo 5 APLICAO DA TELA INTERATIVA NO ENSINO DE ROBTICAE PROGRAMAO, COM APLICAES DE FSICA, PARA ALUNOS DA PRIMEIRA SRIE DO ENSINO MDIO, NO COLGIO SESI DE JAGUARIAVA PR........................................................................................62
Captulo 6 RESULTADOS E DISCUSSO.....................................................66
REFERNCIAS................................................................................................70
Anexo A Tutorial Tela interativa com controle de Nintendo Wii.............74
Anexo B Caderno Pedaggico Iniciao em robtica e programao com algumas aplicaes em Fsica..........................................................122
Anexo C Trabalho apresentado no IV Simpsio Nacional de Ensino de Cincias e Tecnologia..................................................................................161
Anexo D Trabalho apresentado na XVIII Semana de Fsica e I Simpsio de Pesquisa e Ensino de Fsica dos Campos Gerais...............................168
Anexo E Resumo Expandido enviado para o 14 CONEX - UEPG..........170
Anexo F Resumo enviado e aceito no 2 WCPE.......................................177
13
Captulo 1 INTRODUO
1.1 Motivao
O Ensino de Fsica sempre foi interpretado por muitos como um desafio difcil,
pois requer abstrao dos alunos para a compreenso dos assuntos e das equaes
apresentadas, tendo em vista que estas equaes representam um modelo mental
que explica os fenmenos fsicos e faz algumas previses sobre o comportamento
de partculas, objetos, etc.
Entretanto, muitas vezes os alunos so submetidos apenas a uma abordagem
terica. Ainda que benfica para alguns, mas no motiva os alunos que no
compreenderam os conceitos. Da mesma forma, muitos alunos apresentam
dificuldade em fazer uma ligao com a realidade dos fenmenos naturais, das
situaes cotidianas e dos aparelhos tecnolgicos.
Outra situao que muito frequente nos colgios a falta de um Laboratrio
de Fsica, onde o aluno possa testar o conhecimento obtido teoricamente, fazendo
suas prprias descobertas.
Durante as aulas, professores j contam com algumas TICs (Tecnologias da
Informao e Comunicao) como projetores multimdia, TV pendrive, entre outros
equipamentos. No entanto, esses aparelhos geralmente so utilizados apenas como
meios para ministrar aulas expositivas com contedos que muitas vezes no
permitem que o aluno possa fazer o que a cincia nos proporciona todos os dias, ou
seja, essas aulas no possibilitam aos alunos a observao dos fenmenos naturais
e a elaborao de modelos para explic-los de tal modo que eles possam descobrir
como estes fenmenos ocorrem e possam sentir a mesma emoo que os fsicos
tiveram quando estavam trabalhando em suas teorias.
A utilizao de recursos como quadro e giz apresenta algumas limitaes
como, por exemplo, um desenho sobre o campo eltrico que o professor utilize num
primeiro momento em sua aula permanece sempre em exibio. Desse modo, esse
desenho ocupa um espao no quadro que poderia ser utilizado para outros
exemplos ou atividades. Por outro lado, quando o professor faz a sntese
14
integradora, podem surgir dvidas sobre uma figura, ou a equao apresentada no
incio da aula, mas j apagadas do quadro.
Uma alternativa falta de laboratrio e s dvidas que os alunos possam
apresentar a utilizao de recursos didticos que sejam utilizados em ensino, os
quais permitam que o professor possa retornar ao ponto em que houve a dvida,
inserindo, por exemplo, imagens e vdeos que contribuam para a melhor
compreenso do contedo apresentado. A tela interativa um desses recursos e
considerado uma TIC.
A maioria das escolas particulares e parte das escolas pblicas, no Estado do
Paran, j possuem um exemplar desse equipamento. No entanto, pouco utilizado.
O pouco uso pode ser atribudo ao medo inicial que o recurso desperta no professor,
pois torna uma simples superfcie branca em um ambiente em que ele pode
adicionar e remover objetos, escrever como um quadro de giz, fazer recortes de uma
cena de filme, quando nela est presente um conceito que est sendo tratado em
aula e precisa ser mais bem explorado.
Essa ferramenta permite ao professor construir ao longo do tempo um
material didtico de suas aulas que estar sempre em constante evoluo. Cada
nova descoberta da cincia pode ser incorporada ao seu caderno de anotaes
digital. Dessa maneira, o material utilizado na aula estar sempre em construo, e
atualizado com as novas descobertas, alm de permitir que o professor possa
retornar pginas e esclarecer eventuais dvidas que os alunos venham a
demonstrar. Alm disso, o professor pode explorar dvidas surgidas em uma turma,
incorporando-as em suas notas de aula digitais e usando-as como questes de
motivao em aulas para outras turmas.
A tela interativa tambm pode ser usada como uma extenso de nosso
computador e mos, assim como o mouse. Desse modo, ela pode ser usada
facilmente como grande aliada na realizao de tarefas cotidianas tais como
elaborao de textos, edio de imagens e navegao na internet. Por outro lado, o
uso da tela interativa permite que o professor esteja em frente aos alunos, e no
escondido atrs de um monitor, e pode tornar a sua interao com a turma bem mais
dinmica e proveitosa.
15
Tendo em vista o que foi apresentado nos pargrafos anteriores, a seguir
sero apresentados os problemas que motivaram a escolha desta dissertao de
Mestrado Profissional em Ensino de Fsica.
1.2 Objetivos e hipteses
De maneira geral, quando estamos bem familiarizados com algum dispositivo,
por exemplo, celular, projetor ou computador, nosso desempenho torna-se muito
mais fcil e com resultados mais rpidos. O uso se torna mais eficiente se
estivermos mais familiarizados com sua aplicabilidade. A tela interativa um recurso
relativamente novo disponvel na educao. Professores das mais diversas reas
demonstram receio na sua utilizao. Desse modo, comum observar que, para a
maioria dos professores, a tela interativa torna-se apenas uma ferramenta para
passar apresentaes de Slide; ou melhor, todas as possibilidades de uso da tela
interativa para tornar a aula mais dinmica e produtiva no so exploradas.
Em face dessas consideraes, podemos elencar os seguintes problemas:
A construo e calibrao de uma tela interativa, como tema gerador pode
contribuir para o processo de aprendizagem de alunos do Ensino Mdio, alm
de torn-los mais motivados e participativos nas aulas?
A utilizao da tela interativa pelos professores em suas aulas pode contribuir
para tornar o processo de aprendizagem dos alunos mais eficiente e
significativo?
Ao tentar solucionar os problemas apresentados, os seguintes objetivos foram
traados para a presente Dissertao:
Construir e utilizar a tela interativa de baixo custo pode ser um agente
facilitador da abordagem sociointeracionista associada aprendizagem
significativa no Ensino de Fsica;
Usar recursos tecnolgicos como tema gerador pode auxiliar na aquisio e
apropriao de novos conhecimentos por parte do aprendiz.
As hipteses que foram testadas atravs dos dois produtos desta Dissertao
(o tutorial e o caderno pedaggico) foram as seguintes:
O uso da tela interativa pode ser um agente facilitador da abordagem
sociointeracionista associada aprendizagem significativa no ensino de
fsica;
16
O uso de recursos tecnolgicos pode auxiliar na aquisio e apropriao de
novos conhecimentos por parte do aprendiz.
1.3 Justificativa
Em muitos Colgios, j existe uma tela interativa mas, na grande maioria das
vezes, ela no utilizada ou utilizada apenas para apresentar Slide porque o
professor no conhece todas as possibilidades de uso deste tipo de tela.
Usando uma tela interativa, com o auxlio de um projetor e uma superfcie lisa
para projeo, o professor e/o aluno podem interagir facilmente com a imagem
projetada. Essa interao pode ser realizada atravs de um aplicativo que simula um
quadro branco (aplicativo Open Sankor) e que permite fazer anotaes sobre uma
imagem congelada de um vdeo. Dessa maneira, o professor pode realizar
demonstraes e explicaes ao lado. O vdeo, as demonstraes e explicaes
podero ser visualizadas pelos alunos atravs da tela interativa. O professor
tambm pode anotar as perguntas e respostas feitas pelos alunos. Tudo que tiver
sido escrito poder ser arquivado pelo professor e utilizado em outras aulas. A
Figura 1 abaixo mostra uma tela do aplicativo Open Sankor, o qual permite que as
notas de aula possam ser salvas, alm de editadas, e, conforme a necessidade,
pode-se realizar vrias inseres de contedo para tonar as notas de aula mais
atualizadas e interessantes. Atravs desse mesmo aplicativo pode-se navegar entre
as pginas geradas.
17
Figura 1: Imagem do aplicativo Open Sankor, que utilizado para elaborar nota de aula, como a mostrada no centro da figura . A funo de navegao entre as notas de aula pode serobservada no lado esquerdo da figura acima. No lado direito pode ser criado um banco de imagens, vdeos, animaes, udios.
A tela interativa construda, calibrada e utilizada na presente dissertao est
baseada no projeto de Johnny Chung Lee. Nesse projeto, a tela interativa formada
por uma caneta emissora de infravermelho, um controle de Nintendo Wii e um
projetor multimdia. Alm disso, o projeto utiliza uma biblioteca (.dll) para que o
controle de Nintendo Wii seja reconhecido pelo computador com sistema
operacional Windows, e um software intitulado WiimoteWhiteboard que permite
realizar a calibrao da tela, disponvel no site
, acesso em 18 mar.
2016.
A construo da caneta emissora de infravermelho, apesar de ser simples
para quem tem familiaridade com as aplicaes da eletrnica, torna-se difcil para
muitos professores e alunos do Ensino Mdio. Tendo em vista a dificuldade desses
professores e alunos, foi elaborado um tutorial que mostra detalhadamente como
construir e instalar a tela interativa. Esse tutorial o primeiro produto da presente
Dissertao. Tambm foi elaborado um caderno pedaggico, com atividades de uma
oficina sobre iniciao programao e robtica, com algumas aplicaes destes
temas em Fsica. Essas atividades, alm de testarem as hipteses da presente
18
dissertao, apresentam maneiras simples e criativas de usar a tela interativa com
alunos do Ensino Mdio.
No pargrafo seguinte, sero descritos os produtos da presente dissertao.
1.4 Descrio dos produtos
Os produtos desenvolvidos durante o Mestrado Nacional Profissional em
Ensino de Fsica so um caderno pedaggico intitulado Iniciao em Robtica eProgramao, com algumas aplicaes em Fsica e o Tutorial Tela Interativacom controle do Nintendo Wii.
Cada captulo do caderno pedaggico inicia com um texto e um link para
vdeo o qual apresenta uma motivao para o estudo daquele captulo.
O caderno pedaggico foi elaborado para testar a utilizao da tela interativa
construda e calibrada pelos alunos, com o uso do Tutorial. Esse caderno tem vrias
ilustraes, tais como charges e figuras, as quais ilustram seus contedos. Em cada
captulo, os alunos devem responder no caderno pedaggico a resposta adequada
atividade proposta. Tambm h atividades que os alunos devem resolver utilizando a
tela interativa. Em seguida, eles retornam ao caderno pedaggico e, no campo
adequado, elaboram um texto em que comparam a realizao da atividade no
caderno pedaggico com a elaborao da atividade na tela interativa.
O primeiro captulo do caderno pedaggico trata de algoritmos. Neste
captulo, os alunos so convidados a solucionar vrias questes de lgica. Em
seguida, h um captulo em que os alunos so motivados a calcular, com o auxlio
do BASIC 256, a distncia entre a Terra e o Sol. Para isso, fornecido alguns dados
para que os alunos encontrem a distncia entre Terra e o Sol. Assim, usando a
velocidade da Luz (3 x 10 m/s) e o tempo gasto para a Luz chegar Terra
(aproximadamente 8,3 minutos), os alunos tm condies de obter o valor da
distncia entre a Terra e o Sol.
Para encontrar o valor da distncia entre a Terra e o Sol, foi necessrio que
eles elaborassem um algoritmo que transformava o valor de 8,3 minutos em
segundos. Na sequncia, atravs do uso de variveis, e com base na equao para
obteno da velocidade
v= dt,
19
e isolando d na equao acima, os alunos obtm o valor da distncia entre a Terra
e o Sol, que
d=v . t .
Em um outro captulo, um dos cuidados na elaborao das atividades deste
caderno pedaggico,Iniciao em Programao e Robtica, com algumas
aplicaes em Fsica, fazer com que os alunos sejam colocados na situao de
engenheiros, buscando soluo para proteo de operadores de mquinas. Alguns
alunos do Colgio SESI de Jaguariava-PR (onde foi aplicado o caderno didtico)
tm membros na famlia que j sofreram acidente em uma das empresas da cidade.
A cidade possui uma grande quantidade de empresas madeireiras, e estas utilizam
ferramentas de corte. Infelizmente, muitos funcionrios destas empresas sofrem
acidentes. Aproveitando esta situao, foi proposta no caderno pedaggico uma
atividade em que os alunos pudessem vivenciar uma situao de empresa
madeireira. Nessa atividade eles seriam os responsveis por desenvolver e
implementar a programao de um dispositivo simulando uma prensa hidrulica e a
segurana do usurio do equipamento, o que dependeria da correta programao
dos sensores.
O kit de programao da LEGO apresenta uma grande quantidade de
sensores. No caderno pedaggico, os alunos devem construir e programar, com
auxlio do NXT LEGO, um sistema que controle um motor atravs do acionamento
de alguns sensores.
Na elaborao desta atividade, inicialmente os alunos escrevem um algoritmo
que permita que o motor s comece a girar aps ser apertado um sensor de toque.
Em seguida, o motor s pode iniciar o movimento quando dois sensores de toque
sejam pressionados simultaneamente. Para terminar a atividade, um terceiro sensor
adicionado ao sistema, o sensor ultrassnico, responsvel por medir a distncia
entre o aluno e o motor.
Os contedos que so utilizados no caderno pedaggico vo desde conceitos
de matemtica bsica, como ordem de operaes, at clculos computacionais
sobre astronomia, presso, fora e utilizao de sensor ultrassnico para obter
distncias.
20
O segundo produto o Tutorial Tela Interativa com controle do Nintendo
Wii. Nesse tutorial so abordados os conhecimentos prvios de Fsica
necessrios para entender e efetuar a montagem da caneta emissora de
infravermelho e, tambm, descrito detalhadamente o processo de montagem e
calibrao desta caneta.
O captulo de introduo do tutorial explica o funcionamento dos componentes
necessrios para montagem do circuito, como por exemplo, o protoboard. Nessa
etapa, a partir de uma imagem do equipamento, mostrado como esto divididas as
suas trilhas para conexo dos componentes eletrnicos. Em seguida, necessrio
explicar a associao de resistores. Isto muito importante, pois uma pessoa que
queira reproduzir a montagem da caneta pode enfrentar alguma dificuldade na hora
de encontrar os resistores adequados. Para isso, so apresentados o diagrama e as
propriedades de associao em srie e paralelo, bem como a equao para
obteno da resistncia equivalente. Outro componente importante o LED. Um
LED comum de emisso de infravermelho possui uma tenso de trabalho entre 1,2 a
1,5V. Para o funcionamento pode-se utilizar tanto uma pilha AAA de 1,5V como uma
pilha de controle remoto que possui 12V. Para a montagem com a pilha de 1,5V no
h necessidade de associar um resistor em srie com o circuito, porm caso seja
feito a escolha por alimentar o circuito com uma pilha de 12V, um resistor adequado
deve ser ligado em srie com o LED. O valor do resistor pode ser obtido atravs da
relao:
R=V entradaV LED
Imax
em que,
Ventrada o valor da tenso da pilha (12 V);
VLED o valor de tenso que consumida pelo LED (1,5V);
Imax a corrente mxima que o LED necessita (60mA).
Com os dados acima, o resistor (R) apropriado que deve ser inserido em srie
com o LED igual a 175. Buscando nos valores tabelados de resistores, podemos
verificar que os valores comerciais ficam entre 160 e 180.
O captulo 2 do Tutorial foi dedicado a apresentar os equipamentos
necessrios para o processo de soldar os componentes eletrnicos.
21
No captulo 3, inicia-se o processo de montagem do circuito no protoboard.
Foi utilizado o programa Fritzing.
A transposio do circuito montado no captulo 3 mostrada no captulo 4.
Cada etapa da montagem da caneta emissora de infravermelho acompanhada de
uma fotografia que ilustra o procedimento que necessita ser realizado.
No captulo 5 o usurio do Tutorial encontra os arquivos para download,
necessrios para a configurao do computador com o controle de Nintendo Wii e
os procedimentos para instalao dos arquivos de calibrao.
Os contedos necessrios para compreender a Fsica envolvida na Tela
Interativa so os seguintes: espectro eletromagntico, Equaes de Maxwell, Lei de
Gauss, Lei de Gauss para o magnetismo, Lei de Ampre, Lei de Faraday, Reflexo e
refrao, Conduo de Eletricidade nos Slidos, Propriedades Eltricas dos Slidos,
Isolantes, Metais, Semicondutores, Semicondutores dopados, A juno p-n, Diodo
Emissor de Luz (LED), Corrente e Resistncia, Corrente, Resistividade, Resistncia,
Associaes de Resistores, Srie, Paralelo. Estes contedos sero tratados no
Captulo 2 da presente dissertao.
No item seguinte, ser apresentado um breve resumo dos contedos dos
captulos restantes da presente Dissertao.
1.5 Breve resumo dos contedos dos captulos 2, 3, 4, 5 e 6
O captulo 2 apresenta a reviso bibliogrfica e a fundamentao terica da
Dissertao.
O captulo 3 descreve a metodologia e o procedimento experimental utilizado
na construo e calibrao da tela interativa.
O captulo 4 aborda a aplicao do caderno pedaggico Iniciao em
Robtica e Programao, com aplicaes em Fsica. O caderno foi utilizado durante
o perodo de 4 tardes, duas em novembro e duas tardes em dezembro de 2015, em
uma oficina para alunos do Ensino Mdio, no Colgio SESI de Jaguariava-PR.
No captulo 5, so apresentados os resultados obtidos, tanto na construo e
calibrao da caneta emissora de infravermelho, como na aplicao do caderno
pedaggico com alunos do Colgio SESI de Jaguariava.
No captulo 6, esto as discusses dos resultados e a concluso.
22
1.6 Descrio dos anexos
Da presente Dissertao constam 6 anexos. A seguir ser apresentado um
pequeno resumo de cada Anexo.
Anexo A Tutorial Tela interativa com controle de Nintendo Wii, foi
inicialmente diagramada com o auxlio do aplicativo Libre Office 5.0 e finalizado com
o aplicativo Scribus 1.4.2. Logo no captulo Introduo, foi necessrio a utilizao
do aplicativo Fritzing (disponvel para download pelo link http://fritzing.org/home/).
Atravs deste aplicativo foram geradas as imagens do protoboard e as conexes
necessrias para realizar a montagem de um LED infravermelho, um boto de
clique, fios de conexo e uma pilha. Ainda no mesmo captulo, foi utilizado o
aplicativo Oregano 0.7 para montar os diagramas de associaes de resistores em
srie e paralelo.
Anexo B - Caderno Pedaggico Iniciao em robtica e programao com
algumas aplicaes em Fsica. Diagramado inicialmente com o uso do Libre Office
5.0 (disponvel para download no site https://pt-br.libreoffice.org/) e finalizado no
aplicativo Scribus 1.4.2 Open Source (disponvel para download no site
https://www.scribus.net/). Outro aplicativo utilizado para realizar os recortes
necessrios nas imagens foi o aplicativo Gimp (disponvel para download no link
https://www.gimp.org/). No captulo Estruturas de programao foi necessirio a
utilizao do aplicativo Basic 256 (disponvel para download atravs do link
http://www.basic256.org/index_en), necessrio para apresentar o conceito de
variveis, e mtodo de execuo de um algoritmo. No captulo Estruturas de
repetio fez-se necessrio a utilizao do aplicativo MINDSTORMS NXT 2.0
(disponvel atravs do link http://www.lego.com/en-us/mindstorms/downloads/nxt-
software-download), necessrio para a programao do Lego Mindstorms. Neste
aplicativo foi efetuado a programao para simulao de uma prensa hidrulica, e na
qual o movimento do motor s poderia ser efetuado, caso as condies de
segurana que foram apresentados no problema sugerido fossem atendidos.
Anexo C - Neste anexo est um artigo completo publicado nos anais do
SINECT (IV Simpsio Nacional de Ensino de Cincias e Tecnologia) 2014 -
CONSTRUO DE UMA TELA INTERATIVA DE BAIXO CUSTO USANDO
CONTROLE DO NINTENDO WII E A FICIENCIAS 2013, que aconteceu entre os
23
dias 27 e 29 de 2014, na UTFPR (Universidade Tecnolgica Federal do Paran) de
Ponta Grossa. Pode ser acessado atravs do link
. Para a participao neste evento, foi elaborado um artigo,
apresentando os resultados obtidos com 3 alunas do Colgio Estadual Jlio
Teodorico e a Professora delas, na II FiCincias (A Feira de Inovao das Cincias e
Engenharias).
Anexo D No ano de 2015 foi apresentado um Pster na Semana da Fsica
da UEPG. Neste Pster foram mostrados os resultados de um trabalho realizado
com 3 alunas do Colgio Jlio Teodorico em Ponta Grossa - PR, bem como as
atividades que estavam sendo desenvolvidas da aplicao dos produtos da presente
dissertao no Colgio SESI em Jaguariava-PR.
Anexo E Resumo expandido publicado nos anais do CONEX 14, realizado
na UEPG em 2016. Neste evento de extenso foram apresentados os resultados da
relao entre as atividades da presente Dissertao e o Projeto de Extenso Fsica-
da Universidade Comunidade.
Anexo F Em maio de 2016, foi enviado um Resumo da apresentao oral
para o 2WCPE - 2nd World Conference on Physics Education, realizado em So
Paulo entre os dias 10 e 15 de Julho de 2016. A apresentao oral dos resultados da
presente Dissertao foi realizada neste evento em 11 de Julho de 2016.
No captulo a seguir, ser apresentada a Fsica presente na tela interativa.
24
Captulo 2 A FSICA DA TELA INTERATIVA
2.1 Espectro Eletromagntico
Hoje em dia comum trocarmos o canal da TV atravs do auxlio de um
controle remoto. Mas j teve a curiosidade de observar o LED (sigla em ingls que
significa Light Emitting Diode e em portugus Diodo emissor de Luz) do controle
remoto? Quando voc pressiona um boto correspondente a um canal, qual a
cor emitida pelo LED?
O controle remoto um dispositivo que fascina muito, pois, quando trocamos
um canal, ou apertamos algum boto referente ao volume ou configuraes, no
vemos o LED acender com alguma cor visvel. Como veremos adiante, existem
cores que podemos visualizar, ou seja, que dentro do espectro eletromagntico
esto dentro da regio do visvel. Tambm vamos ver, por exemplo, que a Luz,
ondas de rdio e ondas usadas na comunicao por celular so tipos de ondas
eletromagnticas. Cada uma tem uma frequncia bem definida, e isto faz com que
algumas estejam dentro da faixa do visvel.
No presente tpico, baseado nos contedos de Halliday, Resnick e Walker
(2009, v. 3), tem por objetivo apresentar o que um espectro eletromagntico e a
Fsica que explica o comportamento de ondas eletromagnticas.
Foi James Clerk Maxwell que mostrou que um raio luminoso uma onda
progressiva de campos magnticos, e que a ptica, o estudo da luz visvel, um
ramo do eletromagnetismo.
Na poca de Maxwell a luz visvel e as radiaes infravermelha e ultravioleta
eram as nicas ondas eletromagnticas conhecidas. Atravs das previses de
Maxwell, Heinrich Hertz descobriu o que chamamos hoje de ondas de rdio, e que
estas ondas tambm se propagam com a velocidade igual das ondas de luz
visvel.
Hoje conhecemos um espectro muito amplo denominado espectro
eletromagntico, como o apresentado na Figura 2 abaixo.
25
Figura 2: Espetro eletromagntico indicando os valores de cada frequncia e seus comprimentos de onda.
Fontes de ondas eletromagnticas esto presentes em todas os ambientes
que estamos. Temos o Sol como uma grande fonte de ondas eletromagnticas.
Algumas so muito importantes para o nosso organismo (realizando sntese, por
exemplo, de vitamina D), outros comprimentos de ondas so fundamentais para
produo de energia (atravs de efeito fotoeltrico) ou para as vrias modernas
tecnologias de informao e comunicao.
Todas as ondas eletromagnticas, incluindo a Luz visvel, se propagam no
vcuo com a mesma velocidade c, dada pela equao 1:
c= 10 0 (1),
em que
0 = permeabilidade do vcuo e
0 = Permissividade do vcuo.
26
Uma onda eletromagntica formada por campos eltricos e magnticos
variveis. Uma onda eletromagntica se propagando na direo do eixo x possui um
campo eltrico E e um campo magntico B. Seus mdulos dependem de x e t:
E=Em sen (kxt ) (2),
B=Bm sen (kx t) (3).
onde Em e Bm so as amplitudes dos campos e, e so a frequncia angular e o
nmero de onda, respectivamente.
A velocidade c e as amplitudes de propagao dos campos eltrico e
magntico esto relacionados atravs da equao:EmBm
=c (4).
A Figura 3 mostra os vetores campo eltrico e campo magntico em um
instantneo da onda tomando em um certo momento.
Quando uma onda passa por elemento de uma corda esticada, o elemento se
movimenta perpendicularmente direo de propagao da onda. Ao aplicar a
segunda lei de Newton ao movimento deste elemento, podemos encontrar uma
equao diferencial geral, chamada de equao de onda, que governa a
propagao de ondas de qualquer tipo. A Figura 4, abaixo, mostra um instantneo
Figura 3: Campo eltrico e magntico. Figura adaptada do sitehttp://www.ufrgs.br/engcart/PDASR/imagem1.JPG. Uma onda eletromagnticarepresentada por um comprimento do onda .
27
de um elemento de corda dm e comprimento l quando uma onda se propaga em
uma corda.
Aplicando a segunda lei de Newton s componentes y (Fres,y = may), obtemos:F2 yF1 y=dm .ay (5).
Observando a equao (5), podemos analisar os seguintes dados:
A massa dm do elemento da corda, pode ser escrita em termos da massa
especfica da corda e do comprimento l como dm = l. Como a anda ao
passar pela corda provoca uma pequena elevao em y, ento l dx,
conforme observamos na Figura 5, temos:
dm= dx (6).
A acelerao ay a derivada segunda do deslocamento y em relao ao
tempo:
a y=d2 ydt
(7).
Na Figura 5, podemos verificar que a fora F2 tangente corda na
extremidade direita do elemento. Assim podemos relacionar as componentes
da fora inclinao atravs da seguinte relao:F2 yF2x
=S2 (8).
Figura 4: Um elemento da corda quando uma ondasenoidal transversal se propaga em uma corda.
28
Podemos obter o mdulo de F2 (=):
F=F2x2 +F2 y2 (9),ou
=F2x2 +F2 y2 (10).Mas, estamos supondo que F2y
29
d (dy /dx)dx
= .d2 y
dt 2(18),
d2 y
dx2=
.d2 y
dt2(19).
Finalmente, como v= /
d2 y
dx2= 1v2. d
2 y
dt2(20).
A equao diferencial geral (20) governa a propagao de ondas de todos os
tipos.
2.2 As Equaes de Maxwell
De acordo com Halliday, Resnick e Walker (2009, v. 3), no foi Maxwell que
obteve todas as equaes, no entanto, foi ele que percebeu a relao entre elas,
usando-as para obter a equao de uma onda eletromagntica. Ele tambm mostrou
que a Luz uma onda eletromagntica.
As equaes so as apresentadas nos subtpicos abaixo.
2.2.1 Lei de Gauss para a eletricidade
E .d A=Q0 (21)E o campo eltrico gerado por uma fonte que esteja no interior de uma
regio delimitada por uma rea A ou fora dela. O lado esquerdo da Eq. 21 o fluxo
eltrico E que atravessa a regio de rea A. A a rea de uma superfcie fechada,
denominada superfcie Gaussiana. Do lado direito da Eq. 21, a varivel Q a
quantidade de carga eltrica total que se encontra no interior da regio de rea A e
0 a permissividade no vcuo e seu valor o8,854187817 x1012C2N1m2 .
2.2.2 Lei de Gauss para o magnetismo
B .d A=0 (22)A Lei de Gauss para o magnetismo diz que o fluxo do campo magntico
atravs de uma superfcie fechada nulo. Isto , as linhas de fora do campo
magntico B so fechadas, e, portanto, no existe monopolo magntico.
30
2.2.3 Lei de Ampre-Maxwell
B.d l=0(ic+0d Edt
) (23)
O lado esquerdo da Eq. 23 uma integral de linha, ao longo de um circuito
fechado. A lei de Ampre-Maxwell leva a duas consideraes importantes: a primeira
que um campo magntico pode ser gerado atravs de uma corrente de conduo
ic, e, a segunda que um campo eltrico que varie com o tempo tambm uma
fonte de campo magntico.
2.2.4 Lei de Faraday
E .d l=(dBdt ) (24)
Pela Eq. 24, pode-se verificar que a variao de um campo magntico (lado
direito da Eq.24) produz um campo eltrico.
2.3 Reflexo e refrao
Que fenmeno fsico devemos utilizar para posicionar o controle de Nintendo
Wii?
Antes de mais nada, vamos compreender o que reflexo e refrao.
Reflexo o fenmeno que permite que a Luz, aps incidir sobre uma
superfcie de separao entre dois meios, volte a se propagar no meio de origem.
Vamos chamar o raio que est atingindo a superfcie separadora como raio
incidente, e de raio refletido a Luz que volta a se propagar no mesmo meio.
De acordo com Halliday, Resnick e Walker (2009, v 4), considerando a luz
emitida por uma fonte luminosa, sua radiao eletromagntica emitida em todas as
direes radialmente em relao ao ponto de emisso. Escolhendo um nico raio
emitido por esta fonte luminosa, podemos ver que o ngulo do raio incidente igual
ao ngulo do raio refletido. Na Figura 6 abaixo podemos verificar os ngulos
incidentes e refletidos.
31
Desse modo,
i=R (25),
em que
i ngulo incidente,
R ngulo refletido.
O raio incidente o feixe de Luz que est sendo emitido pelo laser, e o raio
refletido o feixe de Luz que est sendo desviado em relao normal. Na reflexo,
tanto a frequncia quanto a velocidade de propagao da onda so conservadas
O conceito de reflexo importante para o produto desta dissertao, pois,
atravs dele, escolhido o local apropriado para que o controle de Nintendo Wii
seja posicionado.
J o fenmeno da refrao quando a Luz passa de um meio para outro.
Nesta situao, a frequncia conservada, porm, ocorre uma mudana na
velocidade da Luz durante a passagem no meio. Quando a Luz passa de um meio
com ndice de refrao n1 para um outro meio n2, podemos relacionar o
comportamento da Luz atravs da Lei de Snell:
Figura 6: Imagem obtida atravs do simulador Bending Light disponvel nosite phet.colorado.edu.
32
n1 sen1=n2 sen2 (26).
O ndice de refrao pode ser obtido atravs da relao:
n= cv(27),
em que
n ndice de refrao;
v velocidade da Luz no meio material;
c velocidade da Luz no vcuo, c = 3x10m/s.
2.4 Conduo de Eletricidade nos Slidos
Quais so os mecanismos que permitem a conduo de eletricidade?
O que so materiais isolantes, condutores e semicondutores?
O que diferencia um isolante de um semicondutor?
O que e como funciona um LED?
2.4.1 Propriedades Eltricas dos Slidos
Os contedos do tpico 2.4 esto baseados em Halliday, Resnick, Walker
(2009, v.3).
Vamos abordar apenas slidos cristalinos, ou seja, slidos que apresentam
uma disposio peridica tridimensional conhecida como rede cristalina.Do ponto de vista eltrico, podemos classificar os slidos de acordo com trs
propriedades bsicas:
1. A resistividade temperatura ambiente, cuja unidade no SI o ohm-metro(.m).
2. O coeficiente de temperatura da resistividade , definido atravs da
relao =1d dT
, cuja unidade no SI o inverso do Kelvin (K )
representado pela varivel T.
3. A concentrao de portadores de carga n, definida como o nmero deportadores de carga por unidade de volume, cuja unidade no SI o inverso
do metro cbico (m ). Medindo as resistividades de diferentes materiais temperatura ambiente,
podemos verificar que existem alguns materiais, chamados de isolantes, que, para
33
todos os efeitos prticos, no conduzem eletricidade. Um exemplo de material
isolante o diamante, que possui uma resistividade de 1024 vezes maior que a do
cobre.
Com isso, podemos usar as medidas de , e n para dividir os materiais que
no so isolantes em duas categorias principais: metais e semicondutores. Ossemicondutores possuem uma resistividade bem maior que a dos metais. O
coeficiente de temperatura de resistividade dos semicondutores negativo e maior
que o dos metais, enquanto o dos metais positivo. Em outras palavras, a
resistividade de um semicondutor diminui quando a temperatura aumenta, enquantoa dos metais aumenta quando a temperatura aumenta. A seguir, na Tabela 1, somostradas algumas propriedades eltricas de dois materiais, cobre e silcio. O
primeiro um metal e o segundo um semicondutor.
Tabela 1 Algumas propriedades Eltricas de dois Materiais
MaterialPropriedade Unidade Cobre SilcioTipo de condutor Metal SemicondutorResistividade, .m 2 x 10-8 3 x 10Coeficiente de temperatura da resistividade,
k +4 x 10-3 -70 x 10-3
Concentrao de portadores de carga, n m 9 x 10 1 x 1016
2.4.2 Isolantes
Dizemos que um material isolante quando a corrente eltrica nula mesmo
quando aplicamos uma diferena de potencial s extremidades de um bloco feito do
material. Em um isolante a banda de maior energia que contm eltrons est
totalmente ocupada e o princpio de excluso de Pauli impede que eltrons sejam
transferidos para nveis j ocupados. A Figura 7 mostra a diferena as bandas de
energia de dois materiais, um isolante e outro metal. Podemos observar que no
material isolante, entre a ltima banda ocupada e a primeira banda livre, existe uma
34
regio proibida. J para um metal, existe uma regio com nveis que podem ser
ocupados na banda de conduo.
Figura 7: Bandas de energia de um isolante, os nveisocupados so mostrados em vermelho e os nveis
desocupados em cinza claro.
Podemos estimar a probabilidade de que, temperatura ambiente (300K), um
eltron da extremidade superior da ltima banda ocupada do diamante (um isolante)
passe para a extremidade inferior da primeira banda desocupada, separada da
primeira por uma energia Eg. Para o diamante, Eg= 5,5eV.
Para realizarmos esta estimativa, vamos utilizar a equao:
N xN 0
=e(E xE 0)/ kT
Figura 7: Eq. 18,
em que, Nx a populao de tomos do nvel de energia Ex, N0 a populao do
nvel E0.. Os tomos fazem parte de um sistema em equilbrio trmico temperatura
T (em Kelvins); k a constante de Boltzmann (8,2 x 10 eV/K). A ideia fundamental encontrar a probabilidade aproximada P de que um eltron em um isolante
transponha a barreira de energia Ex E0 igual a Eg. Suponhamos ento que a
probabilidade P seja aproximadamente igual razo Nx/N0.
Para o diamante, o expoente da Eq. 18
35
EgkT
=(5,5eV )
(8,62 x105 eV /K ).(300K ).
Portanto, a probabilidade
P=N xN 0
=e(ExE0)/ kT=e2133 x 1093 .
Analisando o resultado acima, podemos ver que 3 eltrons em cada 1093
conseguem passar para a banda de cima. Como os maiores diamantes conhecidos
tm menos de 10 eltrons, a probabilidade de que este salto ocorra
extremamente pequena. Por isso o diamante um excelente isolante.
2.4.3 Metais
O que define um metal que o nvel de energia mais alto ocupado pelos
eltrons est no meio de uma banda de energia permitida. Quando aplicamos uma
diferena de potencial s extremidades de um bloco metlico, produzimos uma
corrente no material, j que existem muitos estados com uma energia ligeiramente
maior para os quais os eltrons podem ser transferidos por ao da diferena de
potencial. Na Figura 8, podemos observar que o ltimo nvel ocupado dentro de uma
banda de valncia fica no meio da banda, e existem nveis superiores que podem
ser ocupados.
Figura 8: Bandas de energia de um metal. O nvel mais alto ocupado, chamado nvel de Fermi, fica perto do meio de uma banda. Como existem nveis vazios disponveis dentro da banda, os eltrons podem ser transferidos para estes nveis, e ento o material conduz corrente eltrica.
36
Para termos uma ideia de quantos eltrons de conduo existem em um cubo
de magnsio com um volume de 2,00 x 10 m, precisamos das seguintes ideias
fundamentais:
1. Como os tomos de magnsio so divalentes, cada tomo de magnsio
contribui com dois eltrons de conduo.
2. O nmero de eltrons de conduo existentes no cubo igual ao nmero de
tomos da amostra multiplicado pelo nmero de eltrons de valncia por
tomo.
3. Podemos determinar o nmero de tomos usando a Equao abaixo e os
dados conhecidos a respeito do volume do cubo e das propriedades do
magnsio.N xN 0
=e(E xE0 )/kT.
Considerando a densidade do magnsio de 1,738g/cm (= 1,738 x 10 kg/m)
e uma massa molar de 24,312 g/mol (=24,312 x 10 kg/mol):
Assim, (nmerodetomos da amostra)=(2,0926 x10 kg/mol)24,312 x10 ,
(nmerodetomos da amostra)=8,61 x10 .
Lembrando que cada tomo de magnsio divalente, obtemos finalmente
(nmerodetomos da amostra)=1,72 x10 eltronstomo
.
2.4.4 Semicondutores
Comparando as bandas de um semicondutor com as de um isolante,
podemos observar que so parecidas. A diferena que, nos semicondutores, a
distncia Eg entre o nvel mais alto da ltima banda ocupada e o nvel mais baixo da
primeira banda desocupada muito menor que nos isolantes. Por exemplo, o silcio
tem Eg = 1,1 eV, e um semicondutor; enquanto o diamante possui Eg = 5,5 eV, e
um isolante. A Figura 9 mostra as bandas de energia de um semicondutor. Podemos
notar uma certa semelhana com as bandas de um material isolante. Porm a regio
proibida nos materiais semicondutores bem menor que nos materiais isolantes.
37
Figura 9: Bandas de energia de um semicondutor. Situao semelhante de um isolante, exceto pelo fato de que nossemicondutores o valor de Eg muito menor, assim, oseltrons, graas agitao trmica, tm uma probabilidaderazovel de passar para uma banda vazia.
2.4.5 Semicondutores dopados
A versatilidade dos semicondutores pode ser grandemente aumentada se
introduzirmos um nmero de tomos (chamados de impurezas) na rede cristalina.
Este processo conhecido como dopagem. Tipicamente, em um semicondutordopado apenas 1 tomo de silcio em cada 10 substitudo por uma impureza.
Quase todos os dispositivos modernos utilizam semicondutores dopados. Os
semicondutores podem ser de dois tipos: tipo n e tipo p.Os eltrons de um tomo isolado de silcio(n=14) esto distribudos em
subcamadas de acordo com o seguinte esquema:
1s2 2s2 sp6 3s2 3p2. .
Cada tomo de silcio forma ligaes covalentes com seus vizinhos (ligao
covalente a ligao qumica na qual dois tomos compartilham eltrons). Estes
eltrons que participam da ligao covalente so os tomos da camada de valncia.
Na dopagem tipo n um eltron da rede cristalina substitudo por um tomo de
fsforo (valncia igual a 5).
Quatro dos eltrons do fsforo formam a ligao covalente entre a vizinhana
de silcio. O quinto eltron fica fracamente ligado ao ncleo de fsforo. O tomo de
fsforo chamado de tomo doador, j que pode doar eltrons para a banda de
conduo. Os semicondutores dopados com tomos doadores so chamados de
38
semicondutores tipo n; o n vem de negativo, para indicar que os portadores decargas negativas (eltrons) da banda de conduo so mais numerosos que os
buracos da banda de valncia.
Os semicondutores tipo p so materiais no qual um eltron desilcio(valncia igual a 4) substitudo por um tomo de alumnio (valncia 3). Cada
tomo de alumnio pode formar 3 ligaes covalentes com os tomos vizinhos de
silcio. Portanto, fica um buraco, que, por sua vez, pode ser preenchido por umeltron de outra ligao covalente.
O tomo de alumnio chamado de tomo aceitador, j que pode aceitareltrons de ligaes covalentes, isto , da banda de valncia. Nos semicondutorestipo p, o p vem de positivo, para indicar que os portadores de cargas positivas(buracos) da banda de valncia so mais numerosos que os eltrons da banda de
conduo.
2.4.6 A juno p-n
um cristal semicondutor que foi dopado em uma regio com uma impureza
doadora e em outra regio com uma impureza aceitadora. Este tipo de juno est
presente em praticamente todos os dispositivos semicondutores.
2.4.7 O diodo Emissor de Luz (LED)
Hoje em dia, os mostradores digitais esto em toda parte, dos relgios de
cabeceira aos fornos de micro-ondas. De maneira geral, a Luz emitida por uma
juno p-n funcionando como um diodo emissor de Luz (LED, do ingls Light-Emitting Diode).
Considere primeiro um semicondutor simples. Quando um eltron da
extremidade inferior da banda de conduo preenche um buraco na extremidade
superior da banda de valncia (um fenmeno conhecido como recombinao), umaenergia Eg igual diferena entre os dois nveis se manifesta na forma de vibrao
da rede cristalina.
Em alguns semicondutores, porm, como o arenieto de glio, a energia pode
ser emitida como um fton de energia hf, cujo comprimento de onda dado por:
39
= cf= cEg /h
=hcEg
Eq. 19.
Para que um semicondutor emita uma quantidade razovel de luz, preciso
que haja um grande nmero de recombinaes. Isto no acontece em um
semicondutor puro, temperatura ambiente.
Precisamos ento de um semicondutor no qual eltrons e buracos estejam
presentes em grande nmero na mesma regio. Podemos obter um dispositivo com
esta propriedade polarizando diretamente uma juno p-n fortemente dopada.
Os LEDS comerciais projetados para emitir luz visvel em geral so feitos de
arsenieto de glio (lado n) e arsenieto fosfeto de glio (lado p). Um arranjo no qual
no lado p existem 60 tomos de arsnio e 40 tomos de fsforo para cada 100
tomos de glio resulta em uma energia Eg de 1,8V, que corresponde luz vermelha.
Variando as pores de arsnio e fsforo e outros elementos, como o alumnio,
possvel fabricar LEDs que emitem luz de praticamente qualquer cor.
Os conhecimentos apresentados acima permitiram mostrar aos alunos a
diferena entre um simples diodo e um LED, e explicar como a insero de
impurezas (processo de dopagem) aumenta a condutividade nos semicondutores.
2.7 Corrente e Resistncia
Como podemos medir a corrente mxima de uma bateria ou pilha?
A resistncia varia com a temperatura?
2.7.1 Corrente
De acordo com Sears, Zemansky e Yong (2003), define-se a corrente atravs
de uma rea como a carga flutuante que flui atravs da rea por unidade de tempo.
Chamamos a carga resultante de Q e o tempo como t. Assim, a corrente i ser:
i= Qt
(28).
Podemos determinar a carga que passa atravs de uma rea num intervalo
de tempo que se estende de 0 at t por integrao:
q= dq=0
t
i dt (29).
40
Vale lembrar que a corrente eltrica uma grandeza escalar. A unidade no
S.I. de um Coulomb por um segundo chamada de Ampre.
Em metais, as cargas em movimento so os eltrons (negativos), enquanto
num gs ionizado so eltrons e ons positivamente carregados. Em
semicondutores, como o germnio ou o silcio, a conduo se d tanto nos
portadores de cargas negativas(eltrons), quanto nas vacncias ou buracos
(portadores de carga positiva).
A corrente por unidade de rea transversal chamada de densidade de
corrente, J:
J= iA= nq (30),
em que,
n nmero de partculas por unidade de volume;
q carga da partcula;
velocidade de arrastamento.
2.7.2 Resistividade
A densidade de corrente J em um condutor depende do campo eltrico E e danatureza do condutor. Assim, definimos resistividade de um material como arazo entre a intensidade do campo eltrico e a densidade de corrente:
= EJ
(31).
A resistividade de todos os condutores metlicos cresce com o aumento da
temperatura.
T=0 [1+(TTo)] (32),
em que 0 a resistividade de referncia, T0 (em geral 0 ou 20). O fator
chamado de coeficiente de temperatura da resistividade. Na figura 10 esto
mostrados os grficos de resitividade versus temperatura, para metal, supercondutor
e semicondutor.
41
Figura 10: Variao da resistividade com a temperatura para trs condutores. a) metal; b) supercondutor; c) semicondutor. Figura obtida no Livro Fsica 3 Eletricidade e Magnetismo pgina 597, adaptada.
2.7.3 Resistncia
Em geral, difcil medir E e J diretamente, de modo que conveniente
escrever esta equao em termos de grandezas que podem ser medidas mais
facilmente, como tenso e corrente. Considere um condutor de seo reta A e
comprimento L, conforme mostrado na Figura 11. Voltamos na equao da
densidade de corrente:
J= iA
(33),
e isolamos i, assim obtemos:i=J A (34).
A diferena de potencial V, entre as suas extremidades :V=E L (35).
42
Figura 11: A densidade de corrente uniforme sobre qualquerseo reta e o campo eltrico constante ao longo docomprimento. Figura adaptada do sitehttp://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAAesYoAI-31.jpg.
Resolvendo estas equaes para J e E, respectivamente, e substituindo-se na
equao da resistividade E= J , obtemos:
VL
= LA
(36).
A grandeza LA
, para uma amostra particular chamada de resistncia R:
R=LA
(37).
Assim obtemos a relao entre tenso, corrente e resistncia dada por:V=R i (38).
2.8 Associaes de Resistores
Como possvel relacionar dois resistores de 100 e obtermos 50?
Na maioria das vezes quando construmos um circuito, h a necessidade de
controla o valor de tenso que cada componente ou sensor necessita para seu
funcionamento sem causar danos a ele. Outra barreira que muitas vezes aparece
a limitao de valores de resistncias tabelados comercializados. Para resolver est
limitao, podemos conectar os resistores de maneira a obter o valor desejado. Em
Fsica chamamos de associao de resistores. Podemos conectar os resistores em
dois tipos de associao : em srie e em paralelo. A seguir, sero apresentados as
principais caractersticas de cada tipo.
43
2.8.1 Srie
Segundo Halliday, Resnick e Walker (2009, v. 4), dizemos que temos uma
associao de resistncias em srie quando a diferena de potencial aplicada
atravs da combinao a soma das diferenas de potencial resultantes atravs de
cada uma das resistncias. A Figura 12 mostra trs resistncias ligadas em srie a
uma bateria ideal.
Figura 12: Esquema mostrando trs resistores ligados em srie.
Equivale a dizer que as correntes atravs das resistncias so iguais.
Procuramos uma resistncia nica, ou resistncia equivalente Req. Corresponde a
uma resistncia que se remover os trs resistores e substituir por Req obtemos o
mesmo efeito no circuito. Na Figura 13 abaixo mostrado a Req de um circuito
simples.
44
Figura 13: Representao da resistncia equivalente daFigura 12.
Para a resistncia equivalente da Figura 12 podemos obter o valor da
corrente atravs da equao:
i= VReq
Eq. 31.
Para o circuito temos que a resistncia equivalente dada por:Req=R1+R2+R3 Eq. 32.
Podemos generalizar a equao acima para n resistores como:
Req=j=1
n
R j Eq. 33.
2.8.2 Paralelo
A Figura 14 mostra trs resistores ligados em paralelo a uma bateria de
diferena de potencial igual a V.
45
Figura 14: Trs resistores associados em paralelo.
Dizemos que uma combinao de resistncias est em paralelo quando a
diferena de potencial resultante atravs de cada uma das resistncias igual
diferena de potencial aplicada atravs da combinao.
Procuramos uma resistncia equivalente. As correntes nos trs ramos da
Figura 14 so:
i1=VR1
, i2=VR2
e i3=VR3
.
Aplicando-se a regra dos ns encontramos:
i=i1+i2+ i3=V (1R1
+1R2
+1R3
) Eq. 34.
Substituindo-se a combinao em paralelo pela resistncia equivalente Reqtemos:
i= VReq
Eq. 35.
Assim obtemos 1Req
=1R1
+1R2
+1R3
Eq. 36.
Estendendo o resultado acima para n resistncias obtemos:
1Req
=j=1
n 1R j
Eq. 37.
46
Nas montagens de circuitos realizadas no Tutorial foram utilizados os
conceitos e leis explicados nos tpicos 2.7 e 2.8.
No captulo a seguir, apresentamos a reviso bibliogrfica e a fundamentao
terica desta dissertao.
47
Captulo 3 REVISO BIBLIOGRFICA E FUNDAMENTAO TERICA
3.1 Reviso bibliogrfica
Na atual sociedade em que vivemos, cada vez mais tecnolgica, o uso
cotidiano das TICs tem aumentado muito a interao entre as pessoas. Conforme
Oliveira (2013, p.1)a evoluo tecnolgica tem se caracterizado pela crescente velocidade econstante atualizao das informaes. A proliferao de dispositivosdigitais na atual sociedade da informao, como MP3, celulares, cmerasfotogrficas, palmtops, visual phones, dentre outros, visam oferecer maiormobilidade, personalizao e conectividade aos usurios.
Pery (2013,p.1), em seu artigo sobre o uso de jogos educativos no ensino das
sries iniciais, afirma que: As tecnologias de informao e comunicao (TICs), agora j presentes noscenrios escolares, vem transformando a vida humana e interferindo namaneira como nos relacionamos em sociedade e como adquirimosconhecimento, instituindo um novo estado de cultura, a cibercultura
O trabalho de Santos, Varaschini e Martins (2013) se refere influncia da
informtica nas formas de raciocnio das pessoas que a utilizam: a informtica tem possibilitado uma nova extenso da memria que alterou,de modo significativo, a linearidade do raciocnio, com o uso de simulaes,experimentaes e uma nova linguagem que envolve escrita, oralidade,imagens e comunicao instantnea.
Hoje em dia, nesta sociedade da cibercultura e dos raciocnios muitas vezes
no-lineares, informaes so geradas em grande escala e o uso das TICs permite
fcil acesso a elas; porm o acesso e o uso das mesmas em sala de aula deve ser
mediado pelo professor. O professor deve ensinar aos alunos onde e como
pesquisar os contedos de uma aula e, tambm, deve procurar desenvolver nos
estudantes o discernimento e o senso crtico para que eles mesmos saibam verificar
a qualidade e a veracidade das informaes obtidas na internet. Atualmente, muitos
alunos tm suas redes sociais, canais de vdeos, blogs, em que publicam temas que
lhes interessam ou em que consultam alguma referncia. Esses recursos podem ser
utilizados pelos professores para interagir com seus alunos de maneira mais intensa
e criativa.
Essa tecnologia, em constante transformao, hoje parte fundamental do
Ensino, pois tem auxiliado bastante o professor na sua prtica docente. A utilizao
48
das TICs pode tornar as aulas de Cincia e, em especial, de Fsica, bem mais
dinmicas e criativas, intensificando e melhorando a interao entre o professor e
seus alunos. Nas aulas de Fsica podem ser usadas simulaes computacionais e
ferramentas de programao encontradas em aplicativos e websites tais como:
Blender - aplicativo de modelagem em 3D;
Modellus - aplicativo que utiliza equaes matemticas para gerar tabelas,
grficos e animaes;
PhET Website fundado em 2002 pelo Prmio Nobel Carl Wieman, o projeto
PhET Simulaes Interativas da Universidade de Colorado Boulder cria
simulaes interativas gratuitas de Matemtica e Cincias (Fsica, Qumica e
Biologia);
Tracker ferramenta de modelagem e anlise de vdeo;
Celestia - aplicativo que realiza simulaes computacionais em Astronomia,
permitindo a visualizao de caractersticas de planetas, sistemas solares e
galxias;
Stellarium - aplicativo que funciona como um planetrio, fornecendo o cu do
dia em qualquer parte de planetas do sistema solar;
Lego Mindstorms ferramenta de programao para o kit educacional Lego
Mindstorms;
Youtube - website que permite que os seus usurios carreguem e
compartilhem vdeos em formato digital; alguns vdeos de Fsica muito
interessantes desse site so, por exemplo, O mundo de Beakman, Mini
bobina de Tesla, A Histria da Eletricidade parte 2, Construo de lunetas
com PVC, etc.
Outro recurso que pode ser utilizado nas aulas so as apresentaes de
Power Point e Prezi. O Prezi o website que realiza apresentaes dinmicas on-
line. Tambm podem ser explorados os recursos de um Tablet ou de um celular. Por
exemplo, em aulas de Fsica podem ser usados seus sensores, tais como, o
magnetmetro, o acelermetro, o decibelmetro, o GPS, o de luminosidade e o de
temperatura. Alm disso, um tablet ou um celular conectado com um projetor
multimdia, pode ser utilizado como uma tela interativa para expor, por exemplo,
grficos, figuras e equaes disponveis em um livro didtico. Tambm, como ser
49
mostrado no Captulo 3 da presente Dissertao, a cmera fotogrfica de um celular
pode ser utilizada para testar o brilho de um LED (Light Emitting Diode, que, em
portugus, significa Diodo Emissor de Luz) infravermelho.
Uma outra TIC que pode ser extremamente til em aulas como recurso
didtico em aulas de Cincia a tela interativa. Melo e Gitirana (2014, p.5)
apresentam a seguinte definio para tela interativa:A Lousa Digital (quadro interativo, e-board, whiteboard, lousa eletrnica)trata-se de um dispositivo em que as imagens do computador soprojetadas em um quadro, e o usurio interage com o computador por meiode aes diretas na imagem projetada. Nesta projeo, possvel interagircom todos os recursos disponveis no computador apenas com um toque decaneta ou dos dedos, dependendo da verso disponvel.
Conforme Oliveira (2013, p.2), a tela interativa permite a interao entre
professor e alunos, atravs de atividades associadas s Teorias de aprendizagem:este recurso pedaggico e inovador um instrumento que proporciona ainsero da linguagem audiovisual no contexto escolar, ou seja, umaferramenta tecnolgica interativa que possibilita a elaborao de atividadespedaggicas associadas Teoria dos Estilos de Aprendizagem. Com isso, alousa digital incorpora os recursos que o computador oferece, mas com odiferencial de permitir a interao entre o professor e os alunos, favorecendoa construo coletiva do conhecimento.
Em Almeida (2015), analisado o uso da tela interativa no Ensino de Fsica,
atravs do curso de formao para professores de Fsica da rede pblica estadual
da regio Norte do Paran. Essa anlise detectou trs perfis de docentes em relao
ao uso efetivo da tela interativa em suas aulas: os interessados, os parcialmente
interessados e os docentes pouco interessados.
A construo, calibrao e utilizao de uma tela interativa pode se tornar
uma excelente fonte de aprendizagem significativa para alunos do Ensino Mdio. Em
Griebeler, Bernardes e Cruz (2014), h um relato detalhado de como trs estudantes
do Ensino Mdio Inovador do Colgio Estadual Professor Jlio Teodorico, em Ponta
Grossa PR, em 2013, participaram da construo, calibrao e do uso de uma tela
interativa de baixo custo (formada com um sensor por Bluetooth e um projetor
multimdia). Inicialmente, a professora discutiu com as estudantes alguns conceitos
bsicos de Fsica Moderna e suas aplicaes tecnolgicas, em uma perspectiva
histrica. Em seguida, as estudantes, no laboratrio de informtica e atravs de
livros e revistas de divulgao cientfica, realizaram pesquisas sobre os temas
50
Comunicao, Histria dos Computadores, os notebooks e as telas interativas,
identificando os conceitos da Fsica Modernas envolvidas nestes instrumentos. A
seguir, as estudantes, orientadas por um professor, participaram de todas as etapas
de construo do sensor por Bluetooth (caneta emissora de infravermelho e controle
de Nintendo Wii) e seu acoplamento ao projetor multimdia, para formar uma tela
interativa de baixo custo, conforme orientao do site .
Usando a tela, elas traaram figuras e trabalharam com programas educativos
(Celestia, Stelarium, Srie Educacional Gcompris Educao Infantil). Aps o
trabalho realizado, as estudantes foram capazes de explicar como funciona a tela
interativa mencionada acima e algumas de suas aplicaes com programas
educativos, durante a II FICiencias (Feira de Inovao das Cincias e Engenharias,
em Foz do Iguau PR, em Novembro de 2013).
A seguir, ser apresentada a fundamentao terica utilizada na presente
dissertao.
3.2 Fundamentao terica
Durante vrios anos fui submetido a um processo de ensino-aprendizagem
comportamentalista, com nfase na resoluo de listas e avaliaes de
aprendizagem atravs de notas em provas tradicionais. O modelo
comportamentalista pode auxiliar na formao e treino do aluno, no entanto, no
permite que o aluno possa fazer relao entre o contedo aprendido e a natureza.
Na presente dissertao, foram desenvolvidos dois produtos (um tutorial e um
caderno pedaggico) com atividades que se baseiam em duas Teorias de
Aprendizagem - a sociointeracionista de Lev Vygotsky e a aprendizagem significativa
de David Ausubel.
Vygotsky enfatizava o processo histrico-social e o papel da linguagem no
desenvolvimento do indivduo. Podemos observar no texto de Prss (2012,p.19),Sua questo central a aquisio de conhecimentos pela interao dosujeito com o meio. O sujeito interativo, pois adquire conhecimentos apartir de relaes intra e interpessoais e de troca com o meio, a partir de umprocesso denominado mediao.
Na prtica, segundo Prss (2012, p.20)
a teoria de Vygotsky aparece nas aulas onde se favorece a interao social,onde os professores falam com as crianas e utilizam a linguagem para
51
expressar aquilo que aprendem, onde se estimula as crianas para queexpressem oralmente e por escrito e nas classes onde se favorece e sevaloriza o dilogo entre os membros do grupo.
A teoria de Vigotsky tambm apresenta o conceito de Zona de
Desenvolvimento Proximal (ZDP), segundo a qual no se pode considerar o
indivduo como um ser isolado do seu meio. O desenvolvimento do indivduo se d
devido as suas interaes com outros indivduos, portadores de mensagens de
cultura. No livro Coleo Educadores do Ministrio da Educao (2010, p.15)
apresentada uma definio de que o individuo geneticamente social: Para Vygotsky, o ser humano se caracteriza por uma sociabilidade primria.A mesma ideia foi expressa por Henri Wallon, de um modo mais categrico:ele [o indivduo] geneticamente social.
Da mesma Coleo Educadores, tambm podemos citar a seguinte
afirmao:Isto significa, simplesmente, que certas categorias de funes mentaissuperiores (ateno voluntria, memria lgica, pensamento verbal econceptual, emoes complexas, etc.) no poderiam emergir e se constituirno processo de desenvolvimento sem o aporte construtivo das interaessociais.
Tambm, essa Coleo descreve a importncia da linguagem na apropriao
da cultura:O papel dos adultos, como representantes da cultura no processo deaquisio da linguagem pela criana e de apropriao por ela d uma parteda cultura a lngua , conduz descrio de um novo tipo de interaoque de importncia capital na teoria de Vygotsky.
Dar significado aprendizagem, para que ela no seja constituda apenas de
conceitos vazios, mas que sejam conceitos capazes de transformar o educando.
Este um dos grandes desafios dos professores. Podemos verificar a importncia
da aprendizagem significativa no texto abaixo:O ensino de Fsica vem deixando de concentrar - se na simplesmemorizao de frmulas ou repetio automatizada de procedimentos, emsituaes artificiais ou extremamente abstratas, ganhando conscincia deque preciso dar-lhe um significado, explicitando seu sentido j nomomento do aprendizado, na prpria escola mdia. (PCN,199?)
Segundo Moreira, Caballero, e Rodrguez, (1997), aprendizagem significativa
o processo atravs do qual uma nova informao (um novo conhecimento)se relaciona de maneira no arbitrria e substantiva (no-literal) estruturacognitiva do aprendiz. no curso da aprendizagem significativa que osignificado lgico do material de aprendizagem se transforma em significadopsicolgico para o sujeito.
52
Para Ausubel, citado por Moreira e Caballero (2016) a aprendizagem
significativa o mecanismo humano, por excelncia, para adquirir e armazenar a
vasta quantidade de ideias e informaes representadas em qualquer campo de
conhecimento.
No captulo a seguir, descrevemos a construo e calibrao da tela
interativa.
53
Captulo 4 CONSTRUO E CALIBRAO DE UMA TELA INTERATIVA COMCONTROLE DE NINTENDO Wii
4.1 Procedimento experimental
Em 2015, o projeto de construo e calibrao da tela interativa de baixo
custo foi apresentado atravs de uma oficina, com atividades tericas e
experimentais, a alunos da rede de Ensino Mdio do Colgio SESI de Jaguariava-
PR. Os participantes da primeira oficina eram 4 alunos, sendo dois meninos e duas
meninas, com 15 anos de idade
Dentro da metodologia do Colgio SESI, no h separao entre os alunos do
primeiro, segundo ou terceiro anos. Porm, alunos do segundo e terceiro ano do
Ensino Mdio cursam paralelamente um curso tcnico. Por isso, apenas alunos
pertencentes ao primeiro ano do Colgio teriam a tarde livre para participar da
oficina de construo da caneta emissora de infravermelho, bem como sua
calibrao com o aplicativo.
A construo da caneta com o LED emissor de infravermelho foi realizada por
4 alunos do Colgio SESI de Jaguariava PR, durante duas tardes, nos dias 01 e
08 de Julho de 2015.
Inicialmente, foi apresentado aos alunos um LED emissor na regio do visvel.
Este foi ligado atravs de uma pilha de 3V, mostrada na Figura 15 abaixo. Atravs de
uma conversa, foi explicado o que significa a sigla LED.
Figura 15: Pilha padro de 3V utilizada para ligar osLEDS durante a motivao da oficina.
54
Em seguida, o primeiro LED foi substitudo por outro, previamente
selecionado. Porm, ao se conectar esse novo LED a pilha, o mesmo no
apresentou emisso de luz. Foi efetuado um pequeno comentrio por parte do
professor, ser que est queimado? As respostas obtidas atravs deste
questionamento foram que sim, o LED deveria estar queimado. Mas o professor fez
um novo comentrio: mas no controle de televiso, quando tem um boto
pressionado para mudar de canal ou modificar o volume, tambm no verificada a
emisso de Luz no visvel. Como explicar isso? A Figura 16 mostra o instante em
que foi discutido com os alunos o que aconteceu com o LED. Neste ponto,
procuram-se situaes cotidianas que eles possam relacionar com algo parecido
com o fenmeno observado. Uma situao semelhante apresentada ocorre com o
controle remoto de TV, e, na maioria das vezes, no levantada pelos alunos. XXX
Figura 16: Oficina de construo da caneta emissora deinfravermelho. Explicando como funciona o LED .
Houve um pequeno debate entre os alunos, at que um dos alunos lembrou
que viu em algum site na internet que, para testar um controle de televiso, bastava
abrir o aplicativo da cmera do celular e apontar o LED do controle para a cmera e
clicar em algum dos botes.
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Com base nisso, foi solicitado que os alunos pegassem seus celulares e
apontassem para o LED. Verificaram que o mesmo estava aceso e que, com a
cmera do celular, podiam observar que seu brilho era bastante forte, e que
apresentava uma cor branca ou roxa, dependendo do aparelho celular. Aps esta
constatao, o professor explicou que o softwares dos celulares substituem a
frequncia emitida pelo infravermelho por uma outra frequncia na regio do visvel.
Neste momento, foi apresentado o espectro eletromagntico e mostrado que tudo o
que conhecemos como luz visvel pertence a uma pequena parte deste espectro.
Existem outras regies, bem numerosas do espectro, que compreendem micro-
ondas, radar, infravermelho, raios X, etc.
Em seguida, os alunos foram motivados a construir um circuito que fosse
capaz de ligar um LED que emitia na regio do visvel, utilizando um protoboard, fios
de conexo, um boto e uma pilha de 1,5V.
Foi discutido o significado de circuito (caminho fechado), e com isso, os
alunos foram desafiados a construir um circuito com os elementos apresentados.
Conforme as dvidas foram surgindo, foram explicadas e os alunos efetuavam a
correo e seguiam na montagem do circuito, como indicado na Figura 17, abaixo.
Figura 17: Circuito constitudo por um LED que emite noamarelo, um boto, fios de conexo e uma pilha de 3V.
Na sequncia, a fim de verificar o aprendizado, o professo