41
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JÉSSICA FONTES VELOSO DIAGNÓSTICO MOLECULAR DA INFECÇÃO POR Ehrlichia canis EM CÃES COM UVEÍTE BILATERAL ILHEUS BAHIA 2016

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ... - … · 2001; VIEIRA et al., 2011). Esta bactéria está disseminada por todos os continentes, porém com maior frequência de relatos nos

  • Upload
    vucong

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

JÉSSICA FONTES VELOSO

DIAGNÓSTICO MOLECULAR DA INFECÇÃO POR Ehrlichia canis EM

CÃES COM UVEÍTE BILATERAL

ILHEUS – BAHIA

2016

I

JÉSSICA FONTES VELOSO

DIAGNÓSTICO MOLECULAR DA INFECÇÃO POR Ehrlichia canis EM

CÃES COM UVEÍTE BILATERAL

Dissertação apresentada à

Universidade Estadual de Santa Cruz,

como parte das exigências para

obtenção do título de Mestre em Ciência

Animal.

Área de concentração: Clínica e

Sanidade Animal

Orientadora: Profa. Dra. Renata

Santiago Alberto Carlos

ILHÉUS – BAHIA

2016

V443 Veloso, Jéssica Fontes. Diagnóstico molecular da infecção por Ehrlichia canis em cães com uveíte bilateral / Jéssica Fontes Veloso. – Ilhéus, BA: UESC, 2016. ix, 39 f. : il.; anexo. Orientadora: Renata Santiago Alberto Carlos. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa de Pós-graduação em Ciência Animal. Inclui referências.

1. Oftalmologia veterinária. 2. Cão – Doenças. 3. Glaucoma. 4.Uveíte. 5. Rickettsia. 6. Olhos – Infla-mação. l. Título.

CDD 636.08977

II

III

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais como retorno ao amor e o suporte

incondicional os quais recebo todos os dias da minha vida!

IV

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, pois sem Ele nada somos e nunca

seríamos. Aos meus pais, meus grandes parceiros, agradeço por todo o amor,

suporte, incentivo e admiração. Vocês são meus maiores exemplos! Ao meu

irmão, meu namorado e toda a minha família e amigos, agradeço a presença dos

presentes e a saudade dos ausentes. Vocês são os responsáveis pelos meus

melhores momentos de descontração. Aos funcionários, que aqui venho

descrever com nomes: Givaldo, Silvina e Fabiana! Meu eterno agradecimento!!

Sem vocês minhas coletas não teriam sido completas, minhas consultas não

teriam sido corretamente realizadas e meus materiais de laboratório jamais

teriam sido tão bem cuidados e autoclavados! Foram quesito fundamental para

que este projeto acontecesse. A todos os meus mestres professores, agradeço

cada conhecimento dividido. Em especial a minha orientadora, mais que

orientadora, muito obrigada por tudo! Especialmente pela confiança, puxadas de

orelha e toda a orientação. Aos colegas de sala de aula e aos parceiros dos

laboratórios de Genética Animal e Virologia Animal, obrigada pelas dicas e por

tornarem manhãs e tardes mais curtas e divertidas. A UESC, minha eterna Casa.

Obrigada por possibilitar mais um momento de realização! Agradeço também a

Profa. Arianne Oriá e sua equipe, Deusdete e Ana Cláudia, pelas considerações,

auxilio e pela disponibilidade de tempo para me ajudar. A FAPESB e

CAPES/CNPQ agradeço pelo suporte financeiro. E, por fim, agradeço aos

amores da minha vida, os animais, principalmente ao meu filhote Pax. Faço isso

com muita satisfação por e para vocês!

V

DIAGNÓSTICO MOLECULAR DA INFECÇÃO POR Ehrlichia canis EM

CÃES COM UVEÍTE BILATERAL

RESUMO

A Erliquiose Monocítica Canina (EMC) é uma doença causada pela bactéria

Ehrlichia canis, que é transmitida através da picada do carrapato Rhipicephalus

sanguineus durante o repasto sanguíneo. A espécie E. canis tem alta prevalência

em âmbito mundial e nacional, causando altas taxas de morbidade e mortalidade

em cães domésticos. Dentre suas variadas manifestações clínicas, as alterações

oftálmicas são consideradas de grande importância, pois podem causar cegueira

permanente e ainda podem ser a única manifestação clínica da doença

sistêmica. Objetivou-se realizar nested-PCR para diagnosticar infecção por E.

canis em cães portadores de uveíte bilateral provenientes da casuística do

Hospital Veterinário da Universidade Estadual de Santa Cruz. Para tal, 66 cães

com uveíte bilateral foram submetidos a semiotécnica oftálmica e coleta de

amostra de sangue, de onde foi extraído o DNA para realização do diagnóstico

molecular. Foram positivos no teste 35 (53%) cães, sendo que 82,6% dos olhos

destes animais possuíam iridociclite, uveíte posterior ou panuveíte, enquanto

17,4% apresentavam glaucoma secundário.

Palavras-chave: Glaucoma. Uveíte infecciosa. Rickettsia. Nested-PCR. Olho.

VI

MOLECULAR DIAGNOSES OF Ehrlichia canis INFECTION IN DOGS WITH

BILATERAL UVEITIS

ABSTRACT

Canine Monocytic Ehrlichiosis (CME) is a disease caused by Ehrlichia canis,

transmitted through the bite of the tick Rhipicephalus sanguineus during blood

feeding. The species E. canis has a high national and worldwide prevalence,

causing high rates of morbidity and mortality in domestic dogs. Among variaty of

clinical manifestations in dogs, the ophthalmic diseases are considered of high

relevance, as they can cause permanent blindness and can even be the only

clinical manifestation of the infection. The objective of this study was to perform

nested-PCR to diagnose infection caused by E. canis in dogs with bilateral uveitis

from the casuistry of the Veterinary Hospital of the State University of Santa Cruz.

For this purpose, 66 dogs with bilateral uveitis were submmited to ophthalmic

semiotechnique and had a blood sample collected for DNA extraction for

molecular diagnosis. Were positive by PCR 35 (53%) dogs. In addition, 82.6% of

the eyes of these animals had iridocyclitis, uveitis or panuveitis, while 17.4% had

secondary glaucoma.

Keywords: Glaucoma. Infectious uveitis. Rickettsia. Nested-PCR. Eye.

VII

LISTA DE FIGURAS

Figura Página

01

Imagem fotográfica da revelação do Gel na eletroforese,

apresentando o marcador molecular sinalizado com a seta

vermelha a banda 389pb, o controle positivo (C+), 13

amostras do estudo e o controle negativo (C-) ........................

25

02

Olho de cão com uveíte, apresentando: quemose de

conjuntiva (seta azul), injeção episcleral (seta verde),

neovascularização corneana (seta amarela), edema de

córnea (seta branca) e secreção purulenta (seta preta) ..........

26

03

Imagens fotográficas demonstrando: (A) e (B) teste de Olho

de cão com glaucoma secundário a uveíte, apresentando:

vasos episclerais ingurgitados (seta verde),

neovascularização corneana (seta amarela), fratura de

membrana descemet (seta branca), edema corneano difuso

(seta azul) e secreção purulenta (seta preta) .......................... 27

VIII

LISTA DE ABREVIATURAS

CCS – Ceratoconjuntivite Seca

ELISA – Ensaio de Imunoadsorção enzimática

EMC – Erliquiose Monocítica Canina

PCR – Reação em Cadeia da Polimerase

PIO – Pressão Intraocular

RIFI – Imunofluorescência Indireta

IX

SUMÁRIO

Página

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 10

2 OBJETIVOS .............................................................................................. 12

2.1 Geral ................................................................................................... 12

2.2 Específicos ......................................................................................... 12

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................... 13

3.1 Erliquiose Canina .................................................................................. 13

3.1.1 Agente Etiológico ........................................................................... 13

3.1.2Histórico e Epidemiologia da Erliquiose Canina ........................... 13

3.1.3Transmissão ..................................................................................... 15

3.1.4 Patogenia da infecção .................................................................... 15

3.1.5Técnicas de Diagnóstico ................................................................. 16

3.2 Oftalmologia .......................................................................................... 17

3.2.1 Anatomia do trato uveal ................................................................. 17

3.3 Alterações Oftálmicas na Erliquiose ................................................... 18

3.3.1 Epidemiologia ................................................................................. 18

3.3.2 Patogenia ......................................................................................... 19

4 MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................... 21

4.1 Considerações Éticas ....................................................................... 21

4.2 Animais ............................................................................................... 21

4.3 Coleta de dados e anamnese ............................................................ 22

4.4 Semiotécnica oftálmica ..................................................................... 22

4.5 Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) ......................................... 22

4.5.1 Obtenção de Amostras Biológicas ........................................... 22

4.5.2 Extração de DNA e Quantificação ............................................. 23

4.5.3 Seleção dos primers e amplificação do DNA ........................... 23

4.5.4 Eletroforese do DNA em Gel de Agarose ................................. 24

4.6 Análise dos dados ................................................................................ 24

5 RESULTADOS .......................................................................................... 25

6 DISCUSSÃO ............................................................................................. 28

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 30

REFERÊNCIAS................................................................................................ 31

ANEXO 1 – Ficha de Oftalmologia ................................................................... 37

10

1 INTRODUÇÃO

A Erliquiose Monocítica Canina (EMC) é uma grave doença que acomete

cães de todas as idades e sem predileção por sexo. É causada por bactérias

intracelulares obrigatórias pertencentes ao gênero Ehrlichia, espécie E. canis e

é transmitida para o cão doméstico através do vetor artrópode, o carrapato

Rhipicephalus sanguineus, durante seu repasto sanguíneo (DUMLER et al.,

2001; VIEIRA et al., 2011).

Esta bactéria está disseminada por todos os continentes, porém com maior

frequência de relatos nos países de clima temperado, tropical e subtropical

(ALMOSNY; MASSARD, 2002). Mundialmente, incluindo no Brasil, a prevalência

da EMC é elevada (DAGNONE et al., 2003; LABARTHE et al., 2003;

RODRIGUEZ-VIVAS et al., 2005) sendo, no estado da Bahia, descritas

prevalências de 7,8% (CARVALHO et al., 2008), 11% (CARLOS et al., 2011), e

25,6% (GUEDES et al., 2015) por nested-PCR da população canina.

Os sinais clínicos apresentados pelos animais são inespecíficos (CASTRO

et al., 2004; NAKAGHI et al., 2008), bem como as alterações laboratoriais que

podem ser encontradas, entretanto, com isto é possível apenas fornecer

diagnóstico presuntivo da doença (CODNER et al., 1985; HARRUS et al., 1997;

NEER; HARRUS, 2006; BORIN et al., 2009). Quando não diagnosticados

precocemente e tratados, frequentemente os animais vem a óbito devido às

complicações hematológicas associadas a infecções secundárias (MOREIRA et

al., 2003).

Lesões oculares são achados comuns na infecção natural ou experimental

por E. canis variando de 15 a 100% de prevalência (HARRUS et al., 1997).

Apesar de ainda não bem elucidada a etiopatogenia da EMC sabe-se que é

possível encontrar anticorpos anti-E.canis no trato uveal (SILVA, 2006), bem

como o DNA da bactéria em amostras esfoliadas da conjuntiva (WALSER-

REINHARDT et al., 2012). Dentre as anormalidades oculares associadas com a

infecção estão uveíte anterior, posterior e panuveíte (PANCIERA et al., 2001;

MASSA et al., 2002; KOMNENOU et al., 2007; ORIÁ et al., 2008) e o glaucoma

secundário a uveíte (ORIÁ et al., 2008).

O diagnóstico da erliquiose pode ser feito através de esfregaço sanguíneo,

sorologia por Imunofluorescência indireta (RIFI) ou por Ensaio de

11

Imunoadsorção Enzimática (ELISA) e técnicas moleculares como a Reação em

Cadeia da Polimerase (PCR) (ALMOSNY; MASSARD, 2002; HARRUS et al.,

2002), a qual pode detectar o DNA do agente nos tecidos e sangue (TROY;

FORRESTER, 1990). Essa técnica facilita o diagnóstico e auxilia na classificação

taxonômica além de permitir a detecção precoce da infecção e da espécie

infectante. Dentre as principais vantagens em relação aos métodos sorológicos

estão a não ocorrência de reações cruzadas, e a possibilidade de definir que a

infecção é aguda e não se trata de exposição prévia (IQBAL et al., 1994; WEN

et al., 1997; DAGNONE et al., 2001).

A uveíte é a alteração oftálmica mais descrita como consequência da EMC,

ainda assim, no Brasil, apesar de existirem estudos de prevalência da infecção

por E. canis através de testes moleculares, não há estudos de prevalência da

doença oftálmica nestes cães positivos. Visto que a uveíte quando não

diagnosticada ou tratada inadequadamente pode levar consequências graves

como cegueira nos cães acometidos, são imprescindíveis estudos de

prevalência desta alteração oftálmica em cães positivos na nested-PCR para E.

canis. Até então, estudos no Brasil e no mundo sobre a correlação entre EMC e

alterações oftálmicas têm sido realizados apenas com diagnóstico sorológico da

infecção, não possuindo relatos de uso de exame molecular nesses inquéritos

epidemiológicos.

12

2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Realizar nested-PCR para diagnóstico da infecção por E. canis em cães

portadores de uveíte bilateral provenientes da casuística do Hospital Veterinário

da Universidade Estadual de Santa Cruz (HOSPVET-UESC).

2.2 Específicos

– Avaliar prevalência de infecção por E. canis em cães com uveíte bilateral

atendidos no HOPVET-UESC no intervalo de um ano.

– Identificar e descrever processos secundários a uveíte bilateral nos cães

positivos para E. canis em cães positivos na nested-PCR.

13

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Erliquiose Canina

3.1.1 Agente Etiológico

A Ehrlichia canis é uma bactéria gram-negativa, pertencente a ordem

Rickettsiales, família Anaplasmataceae e gênero Ehrlichia. Existe descrição

demais quatro espécies dentro deste gênero: E. chaffeensis, E. ewingii, E. muris

e E. ruminantium, entretanto, até então, somente a E. canis foi isolada em cães

no Brasil. Esta bactéria intracelular obrigatória infecta células hematopoiéticas

maduras ou imaturas, preferencialmente do sistema fagocitário mononuclear,

como monócitos e macrófagos (DUMLER et al., 2001) e se distribui

preferencialmente para órgãos como fígado, baço e linfonodos (STILES, 2000).

3.1.2 Histórico e Epidemiologia da Erliquiose Canina

A primeira descrição da erliquiose ocorreu em um cão da raça Pastor

Alemão na Argélia, sendo denominada Rickettsia canis por Donatien e

Lestoguard em 1935 e, posteriormente reclassificada por Mashkovsky como

Ehrlichia canis em 1945. A doença somente tornou-se preocupante quando 300

cães da Armada Americana, em ação na guerra do Vietnã na década de 60,

desenvolveram uma desordem hemorrágica fatal, denominada na época

Pancitopenia Tropical Canina. Sua característica era de apresentar sinais

inespecíficos como debilidade, epistaxe, leucopenia e anemia, sendo conhecida

como a maior epizootia da época (ALMOSNY; MASSARD, 2002; MACHADO,

2004; SAITO, 2009; SILVA et al., 2010).

Atualmente a doença apresenta distribuição cosmopolita, com maior

prevalência em regiões de clima tropical e subtropical, e leva a extensiva

morbidade e mortalidade dos animais acometidos (RIKIHISA, 1999). Segundo

Costa et al. (1973) o primeiro relato brasileiro de erliquiose canina ocorreu em

Belo Horizonte – Minas Gerais. Labarthe et al. em 2003 descreveram que no

Brasil, aproximadamente 20% dos cães atendidos em clínicas veterinárias e

hospitais do Sudeste, Sul, Centro Oeste e Nordeste foram diagnosticados com

esta doença.

Através da sorologia, as prevalências encontradas em diversas áreas do

território brasileiro foram: 42,5% dos cães do Centro Oeste (SILVA et al., 2010),

14

36% no Norte do Brasil (AGUIAR et al., 2007), 4,8% no Sul do Brasil (SAITO et

al., 2008) e, no Nordeste do país percentuais de 35,6% e 32,7% foram

encontrados na Bahia (SOUZA et al., 2010; GUEDES et al., 2015) e 69,4% na

Paraíba (TANIKAWA et al., 2013). Entretanto, as prevalências da infecção

diagnosticadas através da nested-PCR apontam: 21% de positivos no Paraná

(DAGNONE et al., 2003), 30,9% em São Paulo (BULLA et al., 2004), 15% no Rio

de Janeiro (MACIEIRA, 2005) e, na região Sul Baiana são descritas prevalências

de 7,8% (CARVALHO et al., 2008), 11% (CARLOS et al., 2011), e 25,6%

(GUEDES et al., 2015) da população canina estudada.

Segundo alguns autores, não há justificativa para a diferença na

prevalência da EMC entre as diferentes regiões do país, uma vez que o vetor

está disseminado em todas estas regiões, tanto em áreas urbanas quanto rurais

(LABRUNA; PEREIRA, 2001; DANTAS-TORRES et al., 2006). Porém, Sainz e

colaboradores (2015) relatam que carrapatos não toleram temperaturas abaixo

de 6ºC e, portanto, por se reproduzirem em maior intensidade em temperaturas

mais altas, eles disseminam mais a doença a partir da estação da primavera, se

prolongando até o outono, em algumas regiões brasileiras. Este é um fator

estudado para se compreender a diferença das prevalências de EMC relatadas

pelo território brasileiro. Visto que, a região Sul do país possui inverno com

temperaturas mais rigorosas, enquanto regiões do Norte e Nordeste a possuem

de forma mais amenas, garantindo transmissão do patógeno por todas as

estações do ano, mesmo que em maior intensidade na primavera e verão que

no outono e inverno.

Outro fato que deve ser levado em conta para avaliação epidemiológica é

a técnica diagnóstica utilizada. A pesquisa direta apesar de elevada

especificidade apresenta baixa sensibilidade nos resultados pois necessita de

visualização da mórula nos leucócitos, a qual é mais facilmente visualizada na

fase aguda da infecção (GUEDES et al., 2015). Os testes sorológicos por não

distinguirem infecção de exposição prévia podem apresentar resultados falso

positivos. Por outro lado, os exames moleculares, que são considerados como

técnicas de maior acurácia, podem apresentar resultados falso negativos quando

realizados a partir de amostra de sangue periférico uma vez que na fase crônica

da doença o patógeno está concentrado em macrófagos do baço (HARRUS et

al., 1998, 2004).

15

De qualquer forma, a casuística crescente torna esta infecção uma das

mais importantes doenças transmissíveis da clínica médica de pequenos

animais, principalmente pela disseminação do carrapato em território nacional

(AGUIAR, 2006).

3.1.3Transmissão

A transmissão horizontal de E. canis se dá através de diferentes espécies

de carrapatos, entretanto, esse hemoparasito usualmente é transmitido pelo

carrapato Rhipicephalus sanguineus no momento do repasto sanguíneo (COHN,

2003). A transmissão se dá por via transestadial, não havendo relatos da

transmissão do microrganismo por via transovariana no carrapato, de modo que

sua infecção se dá por ingestão de leucócitos circulantes infectados através do

repasto sanguíneo em cães na fase aguda da doença. Nas larvas e ninfas do

carrapato a E. canis se multiplica nas células epiteliais do intestino, hemócitos e

células das glândulas salivares, o que garante a manutenção da infecção do

vetor até sua fase adulta. (LEWIS et al., 1977; HARRUS et al., 1997; MACHADO,

2004; MORAES-FILHO, 2013). Uma vez inoculada, a bactéria penetra nas

células mononucleares, se multiplica nos fagolissomos celulares, se

desenvolvendo em corpúsculos iniciais e mórula (SANTARÉM, 2003).

3.1.4 Patogenia da infecção

A EMC é considerada uma doença multissistêmica de sintomatologia

complexa, variando a intensidade dos sinais clínicos conforme as fases: aguda,

subclínica ou crônica. O período de incubação é de oito a 20 dias, e a fase aguda

se inicia uma a três semanas após a infecção, durando de duas semanas a um

mês. Durante esta fase, há elevada replicação do microrganismo nas células do

sistema fagocitário mononuclear de linfonodos, baço e medula óssea, onde

também ocorre o deslocamento das células infectadas para as margens dos

pequenos vasos, o que causa vasculite. Esta fase é caracterizada pela presença

de alterações como anemia e trombocitopenia devido a destruição das plaquetas

pela grande estimulação do sistema imunológico e do processo inflamatório,

além da alteração da cascata de coagulação (HARRUS et al., 1997).

A fase subclínica pode acontecer durante seis a nove semanas, podendo

persistir por até cinco anos com o microrganismo na circulação sanguínea. Nesta

16

fase, sendo que nesta fase a característica mais frequente são os elevados

títulos de anticorpos. Nesta fase as alterações sintomatológicas e hematológicas

são semelhantes às da fase aguda, porém mais discretas (SANTARÉM, 2003).

Já a fase crônica, é caracterizada pela presença do microrganismo

intracelular e por maior envolvimento da medula óssea, o que justifica alterações

como pancitopenia, além de sangramentos espontâneos e infecção secundária.

A diferenciação das três fases da doença nos animais naturalmente infectados

pela E. canis é difícil devido à similaridade das alterações clínicas e laboratoriais

apresentadas (HARRUS et al., 1997; SANTARÉM, 2003; MOREIRA et al., 2003).

Os sinais clínicos são inespecíficos e envolvem depressão, anorexia,

pirexia, hepatoesplenomegalia, linfadenopatia, distúrbios cardiorrespiratórios,

alterações oculares, hemorragias na forma de petéquias e equimoses na pele e

nas mucosas e epistaxe (CASTRO et al., 2004; NAKAGHI et al., 2008). As

alterações laboratoriais incluem anemia, trombocitopenia, leucopenia ou

leucocitose, aumento das imunoglobulinas no sangue (NEER; HARRUS, 2006;

BORIN et al., 2009) e desenvolvimento de pancitopenia severa no estágio

crônico (CODNER et al., 1985; HARRUS et al., 1997).

3.1.5Técnicas de Diagnóstico

O diagnóstico da erliquiose canina se dá por meio de associação das

características clinico-epidemiológicas com o histórico do animal e resultados de

exames citológicos, hematológicos, bioquímicos, sorológicos e/ou moleculares.

No histórico é importante identificar se o animal reside ou esteve em regiões

endêmicas e se houve contato prévio com o carrapato.

O exame citológico é o método direto de diagnóstico mais utilizado, sendo

realizado a partir do esfregaço de sangue periférico proveniente da ponta da

orelha (ALMOSNY; MASSARD, 2002). Este exame possui a desvantagem de

apresentar frequentemente resultados falso negativos, uma vez que a

visualização das mórulas no citoplasma de células mononucleares depende da

carga parasitária e da experiência do examinador (HARRYS et al, 1997).

Os testes sorológicos têm sido bastante empregados para pesquisa de

anticorpos anti-E.canis. Porém, apresentam a desvantagem de não

diferenciarem a doença clínica da exposição prévia, o que pode resultar em falso

positivos, uma vez que a predominância de formação de anticorpos ocorre na

17

fase subclínica da doença. Os testes mais utilizados atualmente são a Reação

de Imunofluorescência Indireta (RIFI) e o Dot Elisa (OLIVEIRA et al., 2000;

SILVA, 2001; NAKAGHI, 2004; ORIÁ, 2008). Oriá e colaboradores em 2008

utilizou o RIFI e Dot Elisa para diagnosticar cães com suspeita de EMC. A RIFI

determinou frequência de 66,67% positivos enquanto o Dot Elisa de 86,27%,

mostrando-se mais sensível além de possuir outras vantagens como baixo custo,

rapidez e a facilidade de execução.

Para minimizar as desvantagens dos testes sorológicos, desenvolveram-se

técnicas moleculares, as quais possuem maior sensibilidade e especificidade no

diagnóstico da EMC, por amplificarem o material genômico (DNA) da bactéria

(AGUIAR, 2006). A mais utilizada é a Nested Reação em Cadeia pela Polimerase

(nested-PCR) que se baseia na síntese enzimática de milhões de cópias de uma

parte da fita de DNA alvo. Através das duas etapas de amplificação, essa técnica

possibilita a identificação da espécie de Ehrlichia. Com a nested-PCR é possível

detectar o agente nos primeiros dias da infecção, mesmo antes da formação de

mórulas ou de soro conversão. A desvantagem é que com a cronicidade da

doença há redução da carga parasitária, o que pode decorrer um resultado

subestimado, sendo, portanto, mais eficaz na detecção do agente durante a

infecção ativa (LA SCOLA; RAOULT, 1997; ALVES et al., 2002; NAKAGHI et al.,

2004; MACIEIRA et al., 2005, AGUIAR, 2006).

3.2 Oftalmologia

3.2.1 Anatomia do trato uveal

A túnica média, vascular ou trato uveal se localiza entre a túnica fibrosa e

a retina, sendo a estrutura vascularizada, pigmentada e inervada. É formada pela

íris, corpo ciliar e coróide, promovendo a nutrição do olho (MILLER, 2008;

HENDRIX, 2013). A úvea anterior contempla a íris e o corpo ciliar, enquanto que

a úvea posterior, contempla a coróide. A rica vascularização e a

imunosensibilidade do trato uveal anterior faz com que esta estrutura seja mais

acometida por processos inflamatórios (HENDRIX, 2013).

A íris possui uma abertura central (pupila) que funciona como um diafragma

regulando a entrada de luz em direção à retina. Essa estrutura é responsável por

dividir através da pupila o espaço entra a córnea e a íris e entre a íris e a lente,

denominando assim câmara anterior e posterior, respectivamente. A região de

18

encontro entre a margem ciliar da íris e a córnea é denominada de ângulo

iridocorneano, que é responsável por drenar a maior porção do humor aquoso

produzido pelo corpo ciliar (HERRERA, 2008; MILLER, 2008; SAMUELSON,

2013).

O corpo ciliar é localizado posteriormente a íris. No epitélio pigmentado

desta estrutura é produzido e secretado o humor aquoso, substância

responsável por nutrir, bem como remover metabólitos da lente anterior, da

superfície interna da íris e da córnea posterior. Existe uma barreira

hematoaquosa que possui um papel importante clinicamente sobre a aparência

do humor aquoso, ela normalmente impede a entrada de proteínas de alto peso

molecular para o meio intraocular. Em algumas alterações clinicas pode haver

turbidez desse aquoso, o que reflete mudanças na barreira e aumento de níveis

proteicos (SAMUELSON, 2013). O humor aquoso é um liquido incolor que além

de desempenhar papel importante na manutenção da PIO, participa da refração

da luz (MILLER, 2008).

A coróide é a estrutura que compõe o trato uveal posterior, sua função é

vascularização externa da retina além de participar dos processos de defesa

imunitária do olho. É composto por tecido vascular que se une aos corpos ciliares

e que recobre a retina com sua face anterior, por isso as relações fisiológicas e

anatômicas entre ela e a retina são estreitas (HERRERA, 2008; SAMUELSON,

2013).

3.3Alterações Oftálmicas na Erliquiose

3.3.1 Epidemiologia

É notável a frequência de alterações oftálmicas em cães infectados

naturalmente ou experimentalmente com Ehrlichia canis. As mais comuns são:

uveíte anterior e panuveíte (MARTIN, 1999; PANCIERA et al., 2001; MASSA et

al., 2002; KOMNENOU et al., 2007; ORIÁ et al., 2008; MILLER, 2008), glaucoma

secundário a uveíte (ORIÁ et al., 2008) e neurite óptica (MARTIN, 1999; STILES,

2000; LEIVA et al., 2005). Os sinais oftálmicos mais observados são: secreção

ocular (KOMNENOU et al., 2007; ORIÁ et al., 2008), ingurgitamento e

tortuosidade dos vasos retinianos, descolamento de retina precipitados

ceráticos, flare, rubeosis iridis, miose persistente, sinéquias, edema de córnea,

hifema, congestão de vasos episclerais, (LEIVA et al., 2005; ORIÁ et al., 2008).

19

Oriá e colaboradores em 2008 realizaram investigação sorológica por

Imunofluorescência Indireta (RIFI) e por Dot-Blot ELISA (DBELIA) para E. canis

em 51 cães portadores de uveíte e encontraram elevada prevalência, de 66,67%

e 86,27%, respectivamente.

Em estudo realizado em Raleigh, capital do estado Carolina do Norte –

Estados Unidos da América (EUA) foram analisadas as causas de 102 casos de

uveíte em cães e, as doenças infectocontagiosas foram responsáveis por 17,6%

dos casos (n=18). A E. canis foi confirmada sorologicamente em sete casos,

sendo a maior causa de uveíte dentre as doenças infectocontagiosas (MASSA

et al., 2002).

Komnenou et al. (2007) avaliaram 90 cães que apresentavam alterações

oftálmicas como queixa principal e eram positivos para E. canis através do dot-

ELISA. Em 30% desses animais os problemas oftálmicos foram os únicos sinais

clínicos identificados. Todos apresentaram uveíte uni ou bilateral, e em alguns

animais houve associação com ulceração corneana, esclerite necrótica, baixa

produção de lágrima e celulite orbital primária.

3.3.2 Patogenia

Parte das alterações oftálmicas apresentadas em doenças sistêmicas

advém de doenças virais, bacterianas, micóticas, fúngicas, protozoárias e

parasitárias (HENDRIX, 2013). O bulbo do olho possui propriedades imunes

peculiares e por isso pode ser conhecido como um órgão imunoprevilegiado, ou

seja, um órgão com pouca probabilidade de desencadear uma resposta imune a

células estranhas. Portanto, para que não haja lesões de cunho irreversível, com

destruição dos tecidos do olho e perda de visão, a resposta imunológica deve

ser baixa e controlada. Entretanto, mesmo tendo esta característica, processos

inflamatórios são muito frequentes em estruturas internas do bulbo ocular,

principalmente no trato uveal (SILVA, 2006). Justamente devido a sua

característica de ser altamente vascularizado e imunossensível, o trato uveal é

uma estrutura bastante acometida pelo processo inflamatório instalado durante

a infecção pela bactéria intracelular E. canis (BISTNER, 1994).

A uveíte é a alteração inflamatória das estruturas do trato uveal, que pode

ser diferenciada em anterior, posterior ou panuveíte, quando: a íris e o corpo

ciliar são acometidos, quando apenas a coróide está inflamada e quando as três

20

estruturas apresentam sinais inflamatórios, respectivamente (HENDRIX,

2013).Semelhante a qualquer inflamação, a uveíte consiste em três eventos

básicos: aumento do aporte sanguíneo; aumento da permeabilidade vascular; e,

migração de leucócitos para o tecido afetado (DALMA-WEISZHAUSZ; DALMA,

2002). A manifestação oftálmica mais comum relacionada a EMC é a uveíte, que

está associada principalmente com vasculite e a hemorragia ocular de uma ou

diversas estruturas oculares (MARTIN; STILES, 1998).

A elucidação da etiologia da uveíte no cão pode ser difícil (HENDRIX,

2013). A reação inflamatória do trato uveal consequente da infecção por E. canis

é causada pela resposta imune mediada principalmente por células (resposta

celular). O patógeno induz lesão ocular devido à alta presença de diversos tipos

celulares em resposta a liberação de citocinas pró inflamatórias, que promovem

a quimiotaxia (BISTNER, 1994; SILVA, 2006), ocorrendo migração de linfócitos

T e B dos linfonodos regionais para a úvea (REARDON; PIERCE, 1981; SILVA,

2006).

A função dos imunocomplexos na uveíte se dá devido ao depósito destes

em vasos sanguíneos locais, promovendo aumento da permeabilidade vascular

e desequilíbrio das barreiras oculares. Dessa forma, o influxo de células

inflamatórias mononucleares no bulbo ocular acentua as lesões intraoculares,

preferencialmente nas estruturas do trato uveal (HARRUS et al., 2001;

HENDRIX, 2013). A inflamação de estruturas intraoculares também é acentuada

devido a ativação da cascata do ácido aracdônico associado à lesão de

membranas celulares, que aumentam as concentrações de prostaglandinas e

dos leucotrienos. As prostaglandinas são consideradas mediadores importantes

nestas inflamações, porquanto causam miose, hiperemia, alteram a

permeabilidade vascular, rompem a junção entre as células do epitélio não

pigmentado do corpo ciliar e alteram a PIO (BISTNER, 1994). Da mesma forma

ocorre com os leucotrienos, que parecem ter maior atividade de quimiotaxia

celular comparativamente às prostaglandinas, sendo mais um mecanismo de

migração celular na uveíte (HENDRIX, 2013).

A presença de infiltrado inflamatório mononuclear é a lesão histopatológica

frequentemente encontrada em diversos órgãos de cães infectados por E. canis.

Em estudos, pesquisadores têm confirmado a presença deste infiltrado em

estruturas do bulbo do olho, como: limbo, corpo ciliar, ângulo iridocorneano, íris,

21

coróide e retina. Por isso, sugere-se que essas lesões oculares não são

resultantes da ação direta do agente, mas sim de mecanismos imunopatológicos

(ELLET et al., 1973; ORIÁ, 2001; PANCIERA et al., 2001; SILVA, 2006).

Para as alterações oculares hemorrágicas, os mecanismos até então

compreendidos são: 1) através da trombocitopenia severa, alteração muito

frequente nos cães afetados (FRANK; BREITSCHWERDT, 1999); 2) devido à

liberação, por monócitos infectados, de fatores de inibição da migração

plaquetária, que alteram a hemodinâmica reduzindo o fator 3 da cascata de

coagulação, bem como reduzindo o poder de aderência das plaquetas ao

endotélio vascular lesado (HARRUS et al., 1996; FRANK; BREITSCHWERDT,

1999); 3) em resposta ao aumento da concentração de gamaglobulina sérica

(gamopatia monoclonal) que leva a hiperviscosidade sérica, e por consequência

exacerba a tendência a sangramento por interferir fisicamente nas plaquetas e

nos fatores de coagulação sanguínea, por também causar injúrias no endotélio

vascular sanguíneo e estase venosa (THOMPSON, 1995; HARRUS et al, 1998).

As alterações oculares consequentes da hiperviscosidade incluem

dilatação dos vasos sanguíneos da retina e tortuosidade, sangramento em

câmara anterior e posterior e descolamento de retina (MARTIN; STILES, 1998).

A presença de glaucoma em cães com EMC está associado aos casos de uveíte

crônica não tratada corretamente, que pode causar acúmulo de debris celulares

do processo inflamatório no ângulo iridocorneano e obstruir a rede trabecular

durante o fluxo de absorção do humor aquoso (HENDRIX, 2013).

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Considerações Éticas

Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da

Universidade Estadual de Santa Cruz (protocolo 025/2013), bem como

seguiram-se as normas da Associação para Pesquisa em Visão e Oftalmologia

(ARVO).

4.2 Animais

Fizeram parte desse estudo 66 cães provenientes da casuística de

atendimentos oftálmicos do Hospital Veterinário da Universidade Estadual de

22

Santa Cruz (HOSPVET/UESC), no período de agosto/2014 a agosto/2015,

portadores de uveíte bilateral, exceto um animal anoftálmico unilateral.

4.3 Coleta de dados e anamnese

Ao iniciar a consulta, foi realizada resenha, anamnese e semiotécnica

oftálmica rotineira. Os achados foram descritos em ficha apropriada (Anexo 1).

4.4 Semiotécnica oftálmica

O exame geral dos olhos foi iniciado com observação dos anexos

oftálmicos, simetria dos olhos, posicionamento na órbita e testes de ameaça,

movimento e obstáculos. Ato contínuo, com o auxílio de lanterna de luz amarela

avaliou-se reflexo pupilar direto e consensual (RPLD e RPLC, respectivamente).

O teste de Schirmer foi realizado com uso de tiras padronizadas

(Ophthalmos®), precedido por tonometria de rebote para aferição da pressão

intraocular (PIO) (TONOVET Icare®) calibrado para mensuração em cães com

desvio padrão ≤ 1,0. Estruturas como pálpebras, conjuntiva, esclera, pupila e íris

foram avaliadas com o biomicroscópio munido de lâmpada em fenda (Vision

Classe II BL IIIB / YZ30T Ramos Mejia®).

Avaliação do segmento posterior do bulbo do olho foi consignada com

utilização prévia de uma gota de colírio midriático a base de Tropicamida 1%

(Mydriacyl®), bilateralmente e que fora repetido após10 minutos para atingir

completa midríase, quando necessário. O Segmento posterior foi avaliado com

auxílio de oftalmoscópio indireto binocular (OSF 1.0 Eyetec®) e lente de

magnificação 20D (Eyetec®) seguido por oftalmoscópio direto Panoptic

(WelchAllyn®).

A integridade da córnea foi avaliada com o teste da fluoresceína

(fluoresceína strips – Ophthalmos®) e solução fisiológica estéril.

4.5 Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)

4.5.1 Obtenção de Amostras Biológicas

Após a avaliação oftálmica, foram coletados 4ml de sangue por punção de

veia cefálica ou jugular. O sangue coletado foi acondicionado em tubo com o

23

anticoagulante EDTA e posteriormente armazenado em freezer à temperatura

de – 20ºC até a realização da PCR.

4.5.2 Extração de DNA e Quantificação

A extração do DNA foi realizada a partir das amostras de sangue total com

o Kit Easy-DNA (Invitrogen®) conforme técnica descrita pelo fabricante

(Protocolo 2 do manual).

Os extraídos de DNA foram quantificados através do espectrofotômetro

NanoDrop® 2000 e armazenados em freezer a temperatura de – 20ºC.

4.5.3 Seleção dos primers e amplificação do DNA

Para a primeira etapa de amplificação do DNA foram selecionados os

primers ECC (5-AGAACGAACGCTGGCGGCAAGC-3) e ECB (5-

CGTATTACCGCGGCTGCTGGCA-3), que amplificam parte do gene 16S rRNA

de Ehrlichia spp. Posteriormente, para identificação da espécie Ehrlichia canis,

foram utilizados os primers ECAN (5-

CAATTATTTATAGCCTCTGGCTATAGGA-3) e HE3 (5-

TATAGGTACCGTCATTATCTTCCCTAT-3), seguindo metodologia descrita por

Murphy et al. (1998).

Para o MIX da PCR foram utilizados 5µL de DNA purificado, 0.4mM de cada

primer (ECC e ECB), 200mM de cada dNTP, 5mM de MgCl2, 1.6x de buffer para

PCR (Invitrogen®) e 2,5U de Taq DNA polimerase (Invitrogen®), obtendo um

volume total final de 25 µL. A programação utilizada no termociclador

AppliedBiosystems® ProFlex™ PCR System para identificação da sequência

genética do gênero Ehrlichia spp consistiu da desnaturação por 3 min a 94°C,

seguida de 35 ciclos de desnaturação a 94°C por 1 min, anelamento a 68°C por

2 min, e, por fim, extensão a 72°C por 2 min. Foi utilizado para a nested-PCR

1µL do amplicon resultante da primeira reação de PCR e: 0.2mM de cada

primer(ECAN5 e HE3),200mM de cada dNTP, 5mM de MgCl2, 1.6x de buffer

para PCR (Invitrogen®) e 2,5U de Taq DNA polimerase (Invitrogen®), com

obtenção de volume total final de 25 µL. A programação do termociclador para a

segunda reação consistiu de desnaturação por 3 min a 94°C, seguida de 35

24

ciclos de desnaturação a 94°C por 1 min, anelamento a 58°C por 2 min, e

extensão a 72°C por 1 min e 30s (CARLOS et al., 2011).

O controle positivo utilizado foi sangue de cão positivo para Ehrlichia canis

previamente confirmado por sequenciamento (GUEDES et al., 2015). Água

ultrapura foi utilizada como controle negativo.

4.5.4 Eletroforese do DNA em Gel de Agarose

Os produtos da PCR foram submetidos à eletroforese em Gel de Agarose

a 2% corado com SYBR®green (1µL/10mL) em tampão de corrida (Ultrapure™

TAE Buffer Gibgo®) 50X diluído. A eletroforese foi realizada a 75v/150mA

durante 40 minutos. Para determinar o produto da amplificação, foi consignado

marcador molecular 1 kb Plus DNA Ladder (Invitrogen®), sendo os resultados

visibilizados e analisados por transiluminador de luz ultravioleta (LPIX Loccus

Biotecnologia®).

4.6Análise dos dados

Os dados foram avaliados de forma descritiva.

25

5 RESULTADOS

Dos 66 animais com uveíte bilateral, 35 (53%) foram positivos para E. canis

através da nested-PCR (figura 01). Dos 69 olhos dos animais positivos,

57(82,6%) olhos possuíam iridociclite, uveíte posterior ou panuveíte, enquanto

12 (17,4%) apresentavam glaucoma secundário.

Figura 01. Imagem fotográfica da revelação do Gel na eletroforese, apresentando o

marcador molecular sinalizado com a seta vermelha a banda 389pb, o controle positivo (C+), 13 amostras do estudo e o controle negativo (C-).

Fonte: Arquivo Pessoal.

Dentre os sinais oftálmicos que foram visibilizados nos animais com apenas

uveíte, arrolam-se: secreção purulenta, fotofobia, blefaroespasmo, quemose,

hiperemia conjuntival, injeção de vasos episclerais; neovascularização, ulcera e

edema de córnea, miose persistente e redução (CCS) ou aumento (epífora) da

produção lacrimal. Todos os animais com uveíte (figura 02) exibiram mais de 2

sinais concomitantes, além da redução da PIO.

26

Figura 02– Olho de cão com uveíte, apresentando: quemose de conjuntiva (seta azul),

injeção episcleral (seta verde), neovascularização corneana (seta amarela), edema de córnea (seta branca) e secreção purulenta (seta preta).

Fonte: Arquivo Pessoal.

Dentre os sinais oftálmicos que foram visibilizados nos animais que

apresentaram glaucoma secundário, citam-se: secreção purulenta, buftalmia,

hiperemia conjuntival, vasos episclerais ingurgitados, neovascularização,

pigmentação, ulcera e edema de córnea, fratura de descement, midríase

irresponsiva ou com reflexos diminuídos, além de redução da produção lacrimal

(CCS). Todos os animais com glaucoma secundário a uveíte (figura 03) exibiram

mais de 2 sinais concomitantes, além de pressão intraocular elevada ou

próximos dos limites máximos de normalidade para a espécie.

27

Figura 03 – Olho de cão com glaucoma secundário a uveíte, apresentando: vasos

episclerais ingurgitados (seta verde), neovascularização corneana (seta amarela), fratura de membrana descemet (seta branca), edema corneano difuso (seta azul) e secreção purulenta (seta preta).

Fonte: Arquivo Pessoal.

28

6 DISCUSSÃO

No presente estudo o critério de inclusão estabelecido foi de animais

diagnosticados com uveíte bilateral, uma vez que esta é a apresentação mais

relatada da enfermidade ocular quando da presença de infecção por E. canis

(LEIVA et al., 2005; KOMNENOU et al., 2007).

Trabalhos relacionados a prevalência da E. canis na população canina

avaliada por nested-PCR em regiões do Sul da Bahia, demonstram incidência

de 7,8% (CARVALHO et al., 2008), 11% (CARLOS et al., 2011) e 25,6%

(GUEDES et al., 2015). Diferentemente destes estudos, no presente trabalho

foram submetidos a diagnóstico molecular apenas amostras de cães com uveíte

bilateral e encontrado valor mais elevado de prevalência, correspondente a 53%

dos animais avaliados. Este valor se aproxima dos encontrados por Oriá e

colaboradores (2008), que encontraram 66,67% de positividade por teste

imunofluorescência indireta (RIFI). Estes mesmos autores também encontraram

88,27% de positividade através do ensaio imunoenzimático (ELISA).

A diferença dos percentuais relatados e encontrados neste estudo pode ser

explicado porquanto a técnica molecular apesar de garantir maior sensibilidade

quando a doença está na fase aguda, garantindo que os animais positivos estão

cursando com EMC, ela pode não identificar pacientes com a doença na fase

crônica devido à baixa carga parasitária circulante. Os testes sorológicos não

distinguem entre pré exposição e infecção ativa, o que comumente determina

prevalências mais altas em estudos, nem sempre indicando que o animal está

com a doença em curso (MASSA et al., 2002; KOMNENOU et al., 2007; ORIÁ et

al., 2008; GUEDES et al., 2015).

Os sinais oftálmicos visibilizados nos animais do presente estudo, como

blefaroespasmo, fotofobia, epífora, edema corneano e miose persistente já

haviam sido descritos por outros autores em animais com EMC (KOMNENOU et

al., 2007; ORIÁ et al., 2008). E, além desses, a presença de secreção purulenta

e injeção episcleral também já foram descritos (ORIÁ et al., 2008).

De acordo com Oriá e colaboradores (2008) o glaucoma secundário pode

ocorrer em cães com uveíte devido a EMC em decorrência de obstrução da rede

trabecular pelo aumento da celularidade em câmara anterior ou por formação de

sinéquias que obstruem a drenagem adequada do humor aquoso. Dentre os

29

casos de glaucoma secundário diagnosticados no presente estudo, alguns

animais apresentaram valores de PIO dentro da normalidade. Tal achado pode

ser decorrente da intensificação da drenagem do humor aquoso pela via uveo-

escleral e/ou pela redução de sua produção pelo corpo ciliar inflamado. Com a

cronicidade da enfermidade essa via de compensação tende a se desequilibrar

a tal ponto que a PIO ultrapassa os valores de normalidade (ORIÁ et al., 2004;

PLUMMER et al., 2013).

30

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O teste nested-PCR foi considerado satisfatório para o diagnóstico dos

animais infectados por E. canis, garantindo, nestes animais, a presença do

agente circulante em seu organismo. Essa técnica garante alta especificidade

em relação à espécie infectante, o que favorece o diagnóstico diferencial quando

há dúvida. É uma técnica relativamente rápida, de resultados confiáveis, mas

que necessita de equipamentos próprios e de alto valor para implantação.

Esse estudo confirma que a maioria dos animais diagnosticados com uveíte

bilateral são positivos para infecção por E. canis, sendo essa doença infecciosa

necessária para compor o diagnóstico diferencial dessa alteração oftálmica.

31

REFERÊNCIAS

AGUIAR, D. M. Aspectos epidemiológicos da erliquiose canina no Brasil. 2006. 95f. Tese (Doutorado em Medicina Veterinária). - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (USP) - São Paulo.

AGUIAR, D.M., CAVALCANTE, G.T., PINTER, A., GENNARI, S.M., CAMARGO, L.M.A., LABRUNA, M.B. Prevalence of Ehrlichia canis (Rickettsiales: Anaplasmataceae) in dogs and Rhipicephalus sanguineus (Acari: Ixodidae) ticks from Brazil. Journal of Medical Entomology, v. 44, 126–132, 2007.

ALMOSNY, N.R.P.; MASSARD, C.L. 2002. Erliquiose em pequenos animais domésticos e como zoonose. In: ALMOSNY, N.R.P. Hemoparasitoses em pequenos animais domésticos e como zoonoses. LF livros: Rio de Janeiro, p. 13-56.

ALVES, L.M.; CHAVES, N.S.T.; LINHARES, G.F.C.; CORREA, W.G.; MARTINS, A.P.; MENDONÇA, A.C. Comparação das técnicas da reação em cadeia da polimerase (PCR) e do esfregaço sanguíneo para o diagnóstico de Ehrlichia canis. In: Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, 29, Gramado. Anais...Gramado, 2002.

BISTNER, S. Allergic - and Immunologic - Mediated Diseases of the Eye and Adnexae. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 24, n. 4, p. 711-734, 1994.

BORIN, S.; CRIVELENTI, L.Z; FERREIRA, F.A. Aspectos epidemiológicos, clínicos e hematológicos de 251 cães portadores de mórula de Ehrlichia spp. naturalmente infectados. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.61, p.566-571, 2009.

BULLA, C.; KIOMI, T. R.; PESSOA, A. J. J.; APARECIDATRINCA, L.; SOUZA, L. R.; WIEDMEYER, C.E. The relationship between the degree of thrombocytopenia and infection with Ehrlichia canis in an endemic area. Veterinary Research, v. 35, n. 1, pp. 141-146, 2004.

CARLOS, R.S.A.; CARVALHO, F.S.; WENCESLAU, A.A.; ALMOSNY, N.R.P.; ALBUQUERQUE, G.R. Risk Factors and clinical disorders of canine ehrlichiosis in the South of Bahia, Brazil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária,

v. 20, n. 3, p. 210-214, 2011.

CARVALHO, F.S. WENCESLAU, A.A.; CARLOS, R.S.A; ALBUQUERQUE, G.R. Epidemiologic and molecular study of Ehrlichia canis in dogs in Bahia, Brazil. Genetics and Molecular Research, v. 7, p. 657-662, 2008.

CASTRO, M., MACHADO, R., AQUINO, L., ALESSI, A., COSTA, M.T. Experimental acute canine monocytic ehrlichiosis: clinicopathological and immunopathological findings. Veterinary Parasitology. v. 119, p. 73–86, 2004.

CODNER, E.C.; ROBERTS, R.E.; AINSWORTH, A.G. Atypical findings in 16 cases of canine ehrlichiosis. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 186, p. 166-169, 1985.

COHN, L.A. Ehrlichiosis and related infections. The Veterinary Clinics – Small Animal Practice, v.33, p.863-884, 2003.

32

COSTA, J.O.; SILVA, M.; BATISTA Jr, J.A.; GUIMARÃES, M.P. Ehrlichia canis infection in dogs in Belo Horizonte – Brazil. Arquivos da Escola de Veterinária da Universidade de Minas Gerais, v. 25, p. 199-200, 1973.

DAGNONE, A.S.; MORAIS, H.S.A.; VIDOTTO, M.C.; JOJIMA, F.S.; VIDOTTO, O. Ehrlichiosis in anemic, thrombocytopenic, or tick-infested dogs from a hospital population in South Brazil. Veterinary Parasitology, v. 117, p. 285-290, 2003.

DAGNONE, A.S.; MORAIS, H.S.A.; VIDOTTO, O. Erliquiose nos animais e no homem. Semina: Ciências Agrárias, v. 22, p. 191-201, 2001.

DALMA-WEISZHAUSZ, J; DALMA, A. The uvea in ocular trauma. Ophthalmology Clinics of North America, v. 15 n. 2, pp.205–213, 2002.

DANTAS-TORRES, F.; FIGUEIREDO, L. A.; BRANDÃO-FILHO, S. P. Rhipicephalus sanguineus (Acari: Ixodidae), the brown dog tick, parasitizing humans in Brazil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.

39, n. 1, p. 64-67, 2006.

DUMLER, J.S.; BARBET, A.F.; BEKKER, C.P.; DASCH, G.A.; PALMER, G.H.; RAY, S.C.; RIKIHISA, Y.; RURANGIRWA, F.R. Reorganization of genera in the families Rickettsiaceae and Anaplasmataceae in the order Rickettsiales: unification of some species of Ehrlichia with Anaplasma, Cowdria with Ehrlichia and Ehrlichia with Neorickettsia, descriptions of six new species combinations and designation of Ehrlichia equi and “HGE agent‟ as subjective synonyms of Ehrlichia phagocytophila. International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology, v. 51, p. 2145-2165, 2001.

ELLET, E.W.; PLAYTER, R.F.; PIERCE; K.R. Retinal lesions associated with induced canine ehrlichiosis: a preliminary report. Journal of the American Animal Hospital Association, v. 9, p. 214-218, 1973.

FRANK, J.R.; BREITSCHWERDT, E.B. A retrospective study of ehrlichiosis in 62 dogs from North Carolina and Virginia. Journal of Veterinary Internal Medicine,

v. 13, p. 194-201, 1999.

GUEDES, P. E. B.; OLIVEIRA, T. N. A.; CARVALHO, F. S.; CARLOS, R. S. A.; ALBUQUERQUE, G. R.; MUNHOZ, A. D.; WENCESLAU, A. A.; SILVA, F. L. Canine ehrlichiosis: prevalence and epidemiology in northeast Brazil. Brazilian Journal Veterinary Parasitology, v. 24, n. 3, p. 115-121, 2015.

HARRUS, S.; ALLEMAN, A.R.; BARK, H.; MAHAN, S.M.; WANER, T. Comparison of three enzyme-linked immunosorbant assays with the indirect immunofluorescent antibody test for the diagnosis of canine infection with Ehrlichia canis. Veterinary Microbiology, v. 86, p. 361-368, 2002.

HARRUS, S.; DAY, M. J.; WANER, T.; BARK, H. Presence of immune-complexes, and absence of antinuclear antibodies, in sera of dogs naturally and infected with Ehrlichia canis. Veterinary Microbiology, v. 83, n. 4, p. 343-349,

2001.

HARRUS, S.; KASS, P.H.; KLEMENT, E.; WANER, T. Canine monocytic ehrlichiosis: a retrospective study of 100 cases, and an epidemiological investigation of prognostic indicators of the disease. Veterinary Record, v. 141, n. 14, p. 360-363, 1997.

33

HARRUS, S.; OFRI, R.; AIZENBERG, I.; WANER, T. Acute blindness associated with monoclonal gammopathy induced by Ehrlichia canis infection. Veterinary Microbiology, v. 78, n. 2, p. 155-160, 1998.

HARRUS, S.; WANER, T.; ELDOR, A.; ZWANG, E.; BARK, H. Platelet dysfunction associated with experimental acute canine ehrlichiosis. The Veterinary Record, v. 139, n. 12, p. 290-293, 1996.

HENDRIX, D V. H. 2013. Disease and surgery of the canine anterior uvea. In: GELATT, K. N; GILGER, B. C.; KERN, T. J. Veterinary Ophthalmology, 5 Ed,

John Wiley & Sons, Inc: Oxford, UK, pp.1146-1198.

HERRERA, D. H. 2008. Oftalmologia clínica em animais de companhia, 1Ed., São Paulo: MedVet, 300p.

IQBAL, Z.; CHAICHANASIRIWITHAYA, W.; RIKIHISA, Y. Comparison of PCR with other tests for early diagnosis of canine ehrlichiosis. Journal of Clinical Microbiology, v. 32, p. 1658-1662, 1994.

KOMNENOU, A.A; MYLONAKIS, M.E.; KOUTI, V. TENDOMA, L.; LEONTIDES, L.; SKOUNTZOU, E.; DESSIRIS, A.; KOUTINAS, A.F.; OFRI, R. Ocular manifestations of natural canine monocytic ehrlichiosis (Ehrlichia canis): a retrospective study of 90 cases. Veterinary Ophthalmology, v. 10, n. 3, p. 137-

142, 2007.

LA SCOLA, B.; RAOULT, D. Laboratory diagnosis of rickettsiosis: current approach to diagnosis of old and new rickettsial disease. Journal of Clinical Microbiology, v. 35, p. 2715-2727, 1997.

LABARTHE, N.; PEREIRA, M.C.; BARBARINI, O.; McKEE, W.; COIMBRA, C.A.; HOSKINS, J. Serologic Prevalence of Dirofilaria immitis, Ehrlichia canis, and Borrelia burgdorferi Infections in Brazil. Veterinary Therapeutics, v. 4, p. 67-75,

2003.

LABRUNA, M. B.; PEREIRA, M. C. Carrapato em cães no Brasil. Clínica Veterinária, v. 6, n. 30, p. 24-32, 2001.

LEIVA, M.; NARANJO, C.; PEÑA, M.T. Ocular signs of canine monocytic ehrlichiosis: a retrospective study in dogs from Barcelona, Spain. Veterinary Ophthalmology, v. 8, n. 6, p. 387-393, 2005.

LEWIS, G. E.; RISTIC, M.; SMITH, R. D.; LINCOLN, T.; STEPHENSON, E. H. The brown dog tick Rhipicephalus sanguineus and the dog as experimental hosts of Ehrlichia canis. American Journal of Veterinary Research, v. 38, p.1953-1955, 1977.

MACHADO, R. Z. Erliquiose Canina. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 13, p.53-57, 2004.

MACIEIRA, D. B.; MESSICK, J.B.; CERQUEIRA, A, M.; LINHARES, G. F. C.; FREIRE, I. M. A.; ALMEIDA, N. K. O; ALMOSNY, N. R. P. Prevalence of Ehrlichia canis infection in thrombocytopenic dogs from Rio de Janeiro, Brazil. Veterinary Clinical Pathology, v. 34, n. 1, pp. 44-48, 2005.

MARTIN, C. L.; STILES, J. 1998. Ocular infection. In: GREENE, C. E. Infectious diseases of dog and cat. 2 Ed. Philadelphia: W.B. Saunders, p. 658-671.

34

MASSA, K.L.; GILGER, B.C.; MILLER, T.L.; DAVIDSON, M.G. Causes of uveitis in dogs: 102 cases (1989-2000). Veterinary Ophthalmology, v. 5, n. 2, p. 93-98, 2002.

MILLER, P. E. 2008. Miller, Uvea. In: MAGGS, D. J.; MILLER, P.E.; OFRI, R. Slatter's Fundamentals of Veterinary Ophthalmology, 4 Ed., Elsevier Saunders: Philadelphia, USA, pp. 217–225.

MORAES-FILHO, J. Competência vetorial de carrapatos do grupo Rhipicephalus sanguineus do Brasil, Argentina e Uruguai para a transmissão da bactéria Ehrlichia canis, agente etiológico da erliquiose monocítica canina. 2013. 59f. Tese (Doutorado em Medicina Veterinária

Preventiva e Saúde Animal. Área de concentração: Epidemiologia Experimental Aplicada às Zoonoses). Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo – USP, São Paulo – SP.

MOREIRA, S.M.; BASTOS, C.V.; ARAÚJO, R.B.; SANTOS, M.; PASSOS, L.M.F. Retrospective study (1998-2001) on canine ehrlichiosis in Belo Horizonte, MG, Brazil. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.55, p. 141-147, 2003.

MURPHY, G.L.; EWING S.A.; WHITWORTH, L.C; FOX, J.C.; KOCAN, A.A. A molecular and serologic survey of Ehrlichia canis, E. chaffeensis and E. ewingii in dogs and ticks from Oklahoma. Veterinary Parasitology, v. 79, n. 4, p. 325-339, 1998.

NAKAGHI, A. C. H. Estudo comparativo entre métodos de diagnostico direto e indireto de Ehrlichia canis em cães com suspeita clínica de erliquiose. 2004. 63f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária – Área de concentração: Patologia Animal) - FCAV/UNESP, Jaboticabal –SP.

NAKAGHI, A., MACHADO, R., COSTA, M.T., ANDRÉ, M.R., BALDANI, C. Canine ehrlichiosis: clinical, hematological, serological and molecular aspects. Ciência Rural. v. 38, p. 766–770, 2008.

NEER, T.M.; HARRUS, S. 2006. Canine monocytotropic ehrlichiosis and neorickettsiosis (E. canis, E. chaffeensis, E. ruminatium, N. sennetsu and N. risticii infection). In: Infectious Diseases of the Dog and Cat. St. Louis, USA:

Saunders Elsevier, p. 203–217.

OLIVEIRA, D.; NISHIMORI, C.T.; COSTA, M.T.; MACHADO, R.Z.; CASTRO, M.B. Detecção de anticorpos anti-Ehrlichia canis em cães naturalmente infectados, através do “DOT-ELISA”. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.09, n.1, p.1-6, 2000.

ORIÁ, A. P.; DÓREA NETO, F. A.; MACHADO, R. Z.; SANTANA, A. E.; GUERRA, J. L.; SILVA, V.L.D.; LAUS, J.L. Ophthalmic, hematologic, serologic and histologic findings in dogs with suspected Ehrlichia canis infection. Veterinary Ophthalmology, v. 15, n. 2, p. 94-97, 2008.

ORIÁ, A. P.; PEREIRA, P. M.; LAUS, J. L. Uveitis in dogs infected with Ehrlichia canis. Ciência Rural, v. 34, n. 4, p.1289-1295, 2004.

PANCIERA, R.J.; EWING, S.A.; CONFER, A.W. Ocular histopathology of ehrlichial infections in the dog. Veterinary Pathology, v. 38, p. 43-46, 2001.

35

PLUMMER, C. E.; REGNIER, A.; GELATT, K. N. 2013. The canine glaucomas. In: GELATT, K. N; GILGER, B. C.; KERN, T. J. Veterinary Ophthalmology, 5 Ed., John Wiley & Sons, Inc: Oxford, UK, pp. 1050-1145.

REARDON, M. J.; PIERCE, R. K. Acute experimental canine ehrlichiosis. I. Sequential reaction of de hemic and lymphoreticular system. Veterinary Pathology, v. 18, n. 1. P. 48-61, 1981.

RIKIHISA, Y. Clinical and biological aspects of infection caused by Ehrlichia chaffeensis. Microbes and Infection. v.1, p. 367-376. 1999.

RODRIGUEZ-VIVAS, R.I.; ALBORNOZ, R.E.F.; BOLIO, G.M.E. Ehrlichia canis in dogs in Yucatan, México: seroprevalence, prevalence of infection and associated factors. Veterinary Parasitology, v. 127, p. 75-79, 2005.

SAINZ, Á.; ROURA, X.; MIRÓ, G.; ESTRADA-PEÑA, A.; KOHN, B.; HARRUS, S.; SOLANO-GALLEGO, L. Guideline for veterinary practitioners on canine ehrlichiosis and anaplasmosis in Europe. Parasites & Vectors, 8, 75. 2015.

SAITO, T. B. Estudo da erliquiose em cães expostos a carrapatos Rhipicephalus sanguineus experimentalmente infectados. 2009. 127 f. Tese

(Doutorado) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.

SAITO, T. B.; CUNHA-FILHO, N. A.; PACHECO, R. C.; FERREIRA, F.; PAPPEN, F. G.; FARIAS, N. A.; LARSSON, C. E.; LABRUNA, M. B. Canine Infection by Rickettsiae and Ehrlichiae in Southern Brazil. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v. 70, n. 1, p. 102-108, 2008.

SAMUELSON, D. A. 2013. Disease and surgery of the canine anterior uvea. In: GELATT, K. N; GILGER, B. C.; KERN, T. J. Veterinary Ophthalmology, 5 Ed., John Wiley & Sons, Inc: Oxford, UK, pp. 39-170.

SANTARÉM, V.A. Achados epidemiológicos, clínicos e hematológicos e comparação de técnicas para diagnóstico de Ehrlichia canis. 2003. 127f. Tese (Doutorado). - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho”, Botucatu.

SILVA, J. N.; ALMEIDA, A. B. P. F.; SORTE, E. C. B.; FREITAS, A. G.; SANTOS, L. G. F.; AGUIAR, D. M.; SOUSA, V. R. F. Seroprevalence anti-Ehrlichia canis antibodies in dogs of Cuiabá, Mato Grosso. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, Jaboticabal, v.19, n.2, p.108-111, 2010.

SILVA, V. L. D. Alguns aspectos da imunopatogenia da uveíte na erliquiose canina de ocorrência natural e experimental: avaliação anatomopatológica e imunoistoquímica. 2006. 145f. (Doutorado em Patologia Veterinária Experimental e Comparada) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo.

SILVA, V. L. D. Avaliação das alterações hematológicas e dos aspectos citológicos e histopatológicos da medula óssea na erliquiose canina aguda: estudo experimental. 2001. 102 F. (Mestrado em Patologia Veterinária Experimental e Comparada) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo.

36

SOUZA, B. M. P. S.; LEAL, D. C.; BARBOZA, D. C. P. M.; UZÊDA, R. S.; ALCÂNTARA, A. C.; FERREIRA, F.; LABRUNA, M. B.; GONDIM, L. F. P.; FRANKE, C. R. Prevalência da infecção por Ehrlichia spp. em cães e carrapatos no Nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, Jaboticabal, v.19, n.2, p.89-93, 2010.

STILES, J. Canine rickettsial infections. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 30, p. 1135-1149, 2000.

TANIKAWA, A.; LABRUNA, M. B.; COSTA, A.; AGUIAR, D. M.; JUSTINIANO, S. V.; MENDES, R. S.; MELO, A. L.; ALVES, C. J.; AZEVEDO, S. S. Ehrlichia canis in dogs in a semiarid region of Northeastern Brazil: Serology, molecular detection and associated factors. Research in Veterinary Science, v. 94, n. 3, 474-477, 2013.

THOMPSON, J. P. 1995. Immunological disease. In: Textbook of Veterinary Internal Medicine. 4ª Ed., Philadelphia: W.B. Saunders.

TROY, G.C.; FORRESTER, S.D. 1990. Canine Ehrlichiosis. In: Infectious Diseases of the Dog and Cat, Philadelphia, W. B. Saunders Company, p. 404-418.

VIEIRA, R.F.C.; BIONDO, A.W.; GUIMARÃES, A.M.S.; SANTOS, A.P.; SANTOS, R.P.; DUTRA, L.H.; DINIZ, P.P.V.P.; MORAIS, H.A.; MESSICK, J.B.; LABRUNA, M.B.; VIDOTTO, O. Ehrlichiosis in Brazil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 20, p. 01-12, 2011.

WALSER-REINHARDT, L.; SCHAARSCHMIDT-KIENER, D.; FORSTER, J. L.; SPIESS, B. M. Direct detection of Ehrlichia canis by PCR in the conjunctiva of a dog with bilateral anterior uveitis. Schweizer Archivfür Tierheilkunde, v. 154, n. 4, p. 149-152, 2012.

WEN, B.; RIKIHISA, Y.; MOTT, J.M.; GREENE, R.; KIM, H.Y.; ZHI, N.; COUTO, G.C.; UNVER, A.; BARTSCH, R. Comparison of nested PCR with immunofluorescent-antibody assay for detection of Ehrlichia canis infection in dogs treated with doxycycline. Journal of Clinical Microbiology, v. 35, p. 1852-

1855, 1997.

37

ANEXO 1 – Ficha de Oftalmologia

38

39