120
1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL E MEIO AMBIENTE HELLEN ROCHA RAMOS O JORNALISMO AMBIENTAL NA MODERNIDADE: uma análise de conteúdo dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

1

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL E

MEIO AMBIENTE

HELLEN ROCHA RAMOS

O JORNALISMO AMBIENTAL NA MODERNIDADE: uma análise de conteúdo dos jornais Correio da Bahia e A Tarde

ILHÉUS - BAHIA 2008

Page 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

2

HELLEN ROCHA RAMOS

O JORNALISMO AMBIENTAL NA MODERNIDADE: uma análise de conteúdo dos jornais Correio da Bahia e A Tarde

Dissertação apresentada à Universidade Estadual de Santa Cruz, como exigência para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, à Universidade Estadual de Santa Cruz. Área de concentração: Jornalismo Ambiental Orientadora: Prof. Drª. Raquel Maria de Oliveira Co-orientadora: Prof. Drª. Moema Mª Badaró Cartibani Midlej

ILHÉUS-BAHIA 2008

Page 3: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

3

R175 Ramos, Hellen Rocha. O jornalismo ambiental na modernidade: uma análi-

se de conteúdo dos jornais Correio da Bahia e A Tarde / Hellen Rocha Ramos .– Ilhéus, BA: UESC, 2008.

xii, 119f. : il.

Orientadora: Raquel Maria de Oliveira. Dissertação (Mestrado) –- Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa de Pós-graduação em Desenvol- vimento Regional e Meio Ambiente. Inclui bibliografia e apêndice. 1. Meio ambiente. 2. Jornalismo – Aspectos sociais. 4. Comunicação de massa e meio ambiente. I. Título.

CDD 363.7

Page 4: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

4

HELLEN ROCHA RAMOS

O JORNALISMO AMBIENTAL NA MODERNIDADE: uma análise de conteúdo dos

jornais Correio da Bahia e A Tarde

Ilhéus-BA 5/03/2008.

___________________________________ Raquel Mª de Oliveira – DS

UESC/DCA (Orientadora)

___________________________________ Moema Mª Badaró Cartibani Midlej – DS

UESC/DCEC (Co-orientadora)

__________________________________ Prof. Dr. Elis - DS

UESC/ (Examinador Interno)

________________________________ Prof. Dr. Leandro Colling - DS

UFRB (Examinador externo)

Page 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

5

Aos meus fiéis companheiros de

caminhada: meu pai, José Américo, minha

mãe, Hélia (in memoriam), meu namorado,

Gean, e aos grandes e poucos amigos que

sempre estão a postos nos momentos bons

e nos ruins também, dedico.

Page 6: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

6

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que confiaram em minhas propostas de trabalho e,

conseqüentemente, em minha capacidade de levá-las até o fim. Dessa forma, não

poderia deixar de lembrar os nomes do professor Salvador Trevizan, por ter me

recebido nesta casa, por seu incentivo e, hoje, por sua amizade. Ao professor Paulo

Terra, pela sua forma tão compromissada e ética ao me entrevistar durante a seleção

do mestrado. Ao professor Max, pela receptividade, pelas conversas de corredor bem

antes da seleção. E ao jornal A Tarde, nas pessoas de Walter Garrido – assessoria de

projetos especiais – e Ana Helena – assessoria de marketing, pelo apoio à pesquisa, na

doação dos jornais.

À amiga Thereza Raquel, por ter dividido suas experiências no curso até o último

instante. À professora Raquel de Oliveira, que, por confiar em minha capacidade de ir

até o fim, permaneceu ao meu lado e por incentivar meu desenvolvimento na vida

acadêmica. Até aqueles que me confundiram mais do que contribuiram, porque, em

qualquer circustância, boa ou ruim, aprendemos.

Aos meus sinceros colegas que, na troca de informações, sugestões e conversas

amigas, contribuíram para um bom trabalho e bom ambiente de convivência.

À profª Moema Cartibani, que, chegando num período avançado da pesquisa,

tornou-se peça chave para minha segurança enquanto pesquisadora e, assim, trouxe

dinamismo ao trabalho. Pelas conversas e até pela disposição em ouvir meus

desabafos, isso é uma raridade! Agradeço a ela, agora publicamente, por seu

comprimisso e dedicação, mesmo porque disso tudo ela já sabe. A senhora terá minha

eterna admiração!

Ao meu pai, pelo incentivo ao meu crescimento pessoal e profissional, e ao meu

namorado, que já incentiva ao doutorado. A minha mãe (in memoriam), pela inspiração

Page 7: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

7

em acreditar sempre numa vida melhor, e a Zélia, por sua dedicação às pequenas

coisas da vida, mas que são de extrema importância.

A todos aqueles que não foram nomeados aqui, mas que continuarão sendo

lembrados por sua contribuição seja na pesquisa ou na vida, e aos irmãos que

conquistei durante esta trajetória.

Page 8: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

viii

JORNALISMO AMBIENTAL NA MODERNIDADE: uma análise de conteúdo dos

jornais Correio da Bahia e A Tarde

RESUMO

Esta pesquisa consiste na análise de conteúdo dos jornais de circulação estadual Correio da Bahia e A Tarde, estudando as temáticas ambientais, em especial o aquecimento global ante a repercussão do relatório do IPCC (sigla em inglês), Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, em fevereiro de 2007, com recorte temporal de 01 a 28 do citado mês. A pesquisa é contextualizada por teorias relacionadas à sociedade moderna e sua relação com o meio ambiente. O objetivo geral da pesquisa foi avaliar a importância das informações ambientais na imprensa baiana. Especificamente, os objetivos foram fazer uma análise temática, quantificar as matérias sobre aquecimento global (AG), bem como outros assuntos como: biodiesel, transposição do rio São Francisco e cheia do rio São Francisco para fins de comparação; e analisar o conteúdo apresentado nas matérias selecionadas. Valeu-se de uma análise quali-quantitativa, aliando a análise de conteúdo, em seus aspectos quantitativos e qualitativos, associados à abordagem fenomenológica. O trabalho busca caracterizar o jornalismo ambiental baiano, destacando essa especialidade do jornalismo na modernidade, pois, através da divulgação de informações sobre o meio ambiente, pode-se contribuir para que a sociedade tenha consciência de sua própria realidade e, potencialmente, incentivar debates públicos acerca dos rumos e das alternativas para a crise ambiental moderna, que ora vivencia-se. Os resultados da pesquisa apontam para uma importância periférica dada ao tema aquecimento global, em relação aos demais assuntos destacados na pesquisa, e a falta de abordagens diversificadas acerca da questão.

Palavras-chave: Modernidade, Jornalismo; Meio ambiente.

Page 9: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

ix

MODERN ENVIRONMENTAL JOURNALISM: an analysis of Correio da Bahia and A Tarde newspapers content

ABSTRACT

This research consists in an analysis of state circulation newspapers, Correio da Bahia and A Tarde, studying environmental themes, mainly, global heating against the repercussion of IPCC (Inter-governmental Panel of Climates Changes) report, in February 2007 between the 1 to 28 days of the said month. The research is contextualized by theories related to modern society and its relations with the environment. The main objective of the research was evaluate the importance of environmental news on baiana free press. Specifically, the objectives are: make a an thematic analysis, quantify the reports about Global Heating (GH) as well as other subjects: biodiesel, transposition and flood of Sao Francisco River to comparisons endings; and analyze the presented content of the selected news. A content analyze with qualificative and quantitative aspects was made with an association of phenomenological boarding. The work pursuit characterize the environmental baiano journalism, pointing out this particularity of modern newspaper, because through information broadcast about environment it’s possible to contribute with the society knowledge about its own reality and, potentially, encourage public debates around the ways and alternatives of modern environmental crisis, which is lived nowadays. The research’s results point to a peripherical importance given to Global Heating theme, in relation to the others outstanding subjects in the research and the lack of diversified boardings among the Global Heating question. Keywords: modernity, journalism, environment

Page 10: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

x

LISTA DE TABELAS

1 - Produção de textos relacionados aos grupos de palavras-chave dos jornais A Tarde e Correio da Bahia, no período de 01 a 28 de fevereiro de 2007..... 57

2 - Número de textos por grupos de palavras-chave coletados nos jornais Correio da Bahia e A Tarde no período de 01 a 28 de fevereiro de 2007...... 59

3 - Número e percentagens de matérias jornalísticas relacionadas aos variados grupos de palavras-chave................................................................ 61

4 - Número de matérias que mereceram chamada na capa, relacionadas em todos os grupos de palavras-chave................................................................ 64

5 - Grupos de palavras-chave específicos por número de chamadas na capa... 64

6 - Número de matérias originárias de agências de notícias e da redação do jornal e respectivas sucursais......................................................................... 66

7 - Número de matérias por grupo de palavras-chave apenas sobre aquecimento global......................................................................................... 68

8 - Número de matérias sobre aquecimento global que tiveram chamada na capa................................................................................................................. 69

9 - Quantidade de matérias que tiveram chapéu (tema aquecimento global) no Correio da Bahia............................................................................................. 79

10 - Quantidade de matérias que tiveram chapéu (tema aquecimento global) no A Tarde............................................................................................................ 80

Page 11: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

xi

LISTA DE QUADROS

1 - Lista dos grupos de palavras-chave que emergiram do corpus da pesquisa.......................................................................................................... 54

2 - Grupos de palavras-chave relacionados ao tema aquecimento global, discriminando os textos que fizeram menção ao relatório do IPCC................ 68

3 - Co-ocorrências/relações do jornal A Tarde associadas à palavra-chave aquecimento global, IPCC, meio ambiente e mudança climática................... 82

4 - Co-ocorrências/relações do jornal Correio da Bahia associadas à palavra-chave aquecimento global, IPCC, meio ambiente e mudança climática......... 85

5 - Palavras-chave de onde se originou a generalização apresentada nos resultados da pesquisa, jornal Correio da Bahia............................................. 101

6 - Palavras-chave de onde se originou a generalização apresentada nos resultados da pesquisa, jornal A Tarde........................................................... 102

7 - Co-ocorrências de onde se originou a generalização apresentada nos resultados da pesquisa, jornal A Tarde........................................................... 104

8 - Co-ocorrências de onde se originou a generalização apresentada nos resultados da pesquisa, jornal Correio da Bahia............................................. 107

Page 12: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

xii

LISTA DE FIGURAS

1 - Chamada na capa de matéria referente ao aquecimento global do jornal A Tarde. Data: 03/02/2007................................................................................. 70

2 - Chamada na capa de matéria referente ao aquecimento global do jornal A Tarde. Data: 03/02/2007................................................................................. 71

3 - Chamada na capa de matéria referente ao aquecimento global do jornal A Tarde. Data: 04/02/2007................................................................................. 72

4 - Chamada na capa de matéria referente ao aquecimento global do jornal A Tarde. Data: 06/02/2007................................................................................. 73

5 - Chamada na capa de matéria referente ao aquecimento global do jornal A Tarde. Data: 21/02/2007................................................................................. 73

6 - Chamada na capa de duas matérias referentes ao aquecimento global do jornal Correio da Bahia. Data: 03/02/2007..................................................... 74

7 - Chamada na capa de matéria referente ao aquecimento global do jornal Correio da Bahia. Data: 04/02/2007............................................................... 74

8 - Local de produção matérias, em porcentagens, publicadas no Correio da Bahia............................................................................................................... 76

9 - Local de produção matérias, em porcentagens, publicadas no A Tarde.............................................................................................................. 76

Page 13: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

xiii

LISTA DE SIGLAS

AG

Aquecimento global

CB

Correio da Bahia

CEJ (sigla em Inglês)

Centro de Jornalismo Ambiental

IPCC (sigla em Inglês)

Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas

SEJ (sigla em Inglês)

Sociedade de Jornalismo Ambiental

TME

Teoria da Modernização Ecológica

TSR

Teoria da Sociedade de Risco

UNESCO

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul

AP Associated Press

Page 14: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

14

SUMÁRIO

Resumo............................................................................................................ vii

Abstract.......................................................................................................... viii

1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 15

1.1 Objetivo geral.................................................................................................. 19

1.2 Objetivos específicos..................................................................................... 19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................... 20

2.1 A modernidade: uma perspectiva sociológica da relação sociedade-natureza...........................................................................................................

20

2.2 As instituições modernas o que pode definir a complexa modernidade? ................................................................................................

21

2.3 Sociedade-natureza: a crise ambiental........................................................ 25

2.3.1 Desastre ambiental, um parâmetro para análise 29

2.4 Cultura e modernidade.................................................................................. 30

2.5 Reflexões sobre a formação do sujeito moderno....................................... 33

3 JORNALISMO E OPINIÃO PÚBLICA.............................................................

38

3.1 Jornalismo especializado.............................................................................. 40

3.2 O meio ambiente nos meios de comunicação/mídia.................................. 42

3.3 Jornalismo ambiental..................................................................................... 44

3.4 Jornalismo ambiental no Brasil.................................................................... 47

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E TÉCNICAS.................................. 49

4.1 O método auxiliar: análise de conteúdo...................................................... 50

4.2 Universo da pesquisa.................................................................................... 52

4.3 Instrumentos de coleta de dados................................................................. 53

4.4 Procedimentos de análise............................................................................. 53

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................... 56

5.1 Dados gerais................................................................................................... 56

Page 15: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

15

5.2 Conteúdo ambiental e jornais estaduais...................................................... 56

5.2.1 Aquecimento global e imprensa baiana: proximidade, atualidade,

identificação social e universalidade na imprensa baiana................................

59

5.3 Alguns aspectos comparativos do anúncio ambiental na imprensa

baiana: Correio da Bahia e A Tarde..............................................................

60

5.3.1 Escala de importância dos temas..................................................................... 60

5.3.2 Penetração da temática ambiental na primeira página.................................... 63

5.3.3 Regionalização/contextualização de temas ambientais................................... 65

5.4 O conteúdo específico: aquecimento global............................................... 68

5.4.1 Aquecimento global e IPCC: sua importância na imprensa baiana................. 68

5.4.2 Aquecimento global dá manchete? ................................................................. 69

5.4.3 Regionalização/contextualização das matérias: o tema aquecimento global,

precisão e visibilidade......................................................................................

75

5.4.4 Identificação: chapéu, mais uma forma de atrair o leitor.................................. 79

5.4.5 Jornalismo impresso, jornalismo em profundidade: e a Bahia? ...................... 80

5.5 Análise de co-ocorrência nas matérias sobre aquecimento global

relacionadas ao IPCC.....................................................................................

82

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 90

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 96

APÊNDICE A................................................................................................... 101

APÊNDICE B................................................................................................... 104

APÊNDICE C................................................................................................... 110

Page 16: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

16

1 INTRODUÇÃO

A comunicação é um direito humano fundamental, pré-requisito para manutenção

de muitos outros, inclusive o alcance da demanda contemporânea por uma melhor e

mais justa ordem social democrática, que só pode ser atingida através do entendimento

e tolerância alcançados em larga escala pela livre, aberta e equilibrada comunicação

(UNESCO, 1980). No atual contexto, em que o fenômeno da globalização torna as

situações distantes fisicamente conectadas e faz com que complexos processos de

força de mudança atravessem fronteiras, atingindo comunidades e organizações

(GIDDENS, 1999; MCGREW apud HALL, 2004), a sociedade culmina sobre um

constante estado de risco, emergido do estilo de vida moderno, disseminado desde o

século XVII.

A Teoria da Sociedade de Risco (TSR), do sociólogo alemão Ulrich Beck,

destaca o desenvolvimento dos riscos paralelo à manutenção das necessidades

materiais da sociedade moderna e levanta questões sobre a dependência do homem

comum, denominado pelo sociólogo como “ator leigo”, em relação aos técnicos

(conhecedores do tema) para perceberem os riscos a que a sociedade está submetida.

Assim, entende-se a importância que o jornalismo especializado ganha na perspectiva

da sociedade moderna. Nesse mesmo cenário, o jornalista e especialista em gestão

ambiental André Trigueiro (2004) afirma que a parceria entre jornalistas e cientistas

configuraria um serviço de utilidade pública, os cientistas fornecendo as informações e

os jornalistas “traduzindo-as” (grifo nosso) para que o público leigo ao qual se refere

Beck compreenda melhor o que se passa em sua realidade.

São muitos os questionamentos levantados pelo modo de vida moderno, um dos

aspectos mais polêmicos é a crise ambiental e os fatores que a provocam. As questões

ambientais têm conquistado espaços em discussões políticas, econômicas e

tecnológicas. Esse fato se deve ao ecoalarmismo1 disseminado na década de setenta e

1 Alarme ecológico disseminado na década de setenta através de repercussões de descobertas como o buraco na camada de ozônio.

Page 17: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

17

a evolução do debate ambiental até o século XXI, passando por transformações nos

modos de ver e sentir os reflexos da atuação do homem sobre o meio ambiente

(SPAARGAREM; MOL, 2002). Uma dessas transformações pode ser notada através da

percepção de uma nova consciência ecológica, que tem permeado a sociedade desde

que as descobertas científicas notificaram a limitação dos recursos naturais. Outro fator

relevante é que a evolução tecnológica tem levantado questionamentos sobre os riscos

advindos dela, considerando desastres classificados de baixa probabilidade, embora

tenham ocorrido, como o desastre de Chernobyl (SPAARGAREM; MOL, 2003).

Desastres como esses conquistaram a atenção do público, que passou a questionar os

modos como a sociedade tem se relacionado com a natureza, incluindo governos,

empresas estatais e privadas (NASSAR; FIGUEIREDO, 1995; DONAIRE, 1999).

Baseado nessa nova consciência, empresas passaram a preocupar-se com seu

desempenho ambiental percebendo que o uso de tecnologias limpas é vantajoso por

conta da economia que promove, além das vantagens que o mercado financeiro tem

oferecido às empresas com bom desempenho ambiental (OTIENO, 2001).

Uma outra reação ao debate ambiental promovido por esse novo pensamento é

a mobilização da imprensa, que volta seus olhos para as empresas que apresentam um

comportamento não ético em relação ao meio ambiente (DONAIRE, 1999). Essa

postura atende às expectativas dos consumidores em lidar com empresas éticas e ao

interesse jornalístico, que é conseqüência do interesse humano (CANELLA, 2004).

O direito à informação é assegurado pela Constituição Brasileira, em seu quinto

capítulo (BITELLI, 2002; CONSTITUIÇÃO, 1988). Entretanto, Villar (1997) destaca que

raramente a imprensa brasileira trata com profundidade questões ambientais,

abordando-as como discussões de interesse público. As exceções se devem a esforços

pessoais e isolados. Por outro lado, o meio ambiente tem ocupado as manchetes e

ganhado espaço na cobertura diária quando aborda desastres ambientais, assim como

quando um ecologista famoso morre ou quando as pautas tratam das queimadas na

Amazônia, tendo maior recorrência pautas provenientes de agências internacionais.

É necessário aproximar as informações ambientais do grande público sem

banalizar o tema. Por exemplo, um cientista, em uma entrevista, assume a posição de

educador e ao jornalista cabe transformar a informação em notícia. Assim, o jornalismo

Page 18: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

18

ambiental figura como um mediador da informação técnica, tratando os dados para que

estes sejam recebidos de forma inteligível à comunidade.

No entanto, questiona-se se o jornalismo voltado aos temas de meio ambiente

tem contribuído para informar a sociedade sobre questões ambientais. Há espaço

dedicado a temáticas ambientais gerais e específicas? Qual o espaço dedicado às

temáticas ambientais? Como se caracterizam os textos jornalísticos que tratam de

questões ecológicas? Eles são educativos? Informativos? Coloquiais? Factuais? Ou de

atualidades? As matérias jornalísticas ofertam conhecimento ao público sobre como se

precaver quanto a problemas ecológicos diante da ansiedade elevada pelos riscos

presentes na sociedade moderna?

Tais questionamentos são oportunos, dado o período de crise ambiental que ora

se faz sentir. Esta pesquisa volta-se especificamente ao trato da informação ambiental

após a repercussão do Relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças

Climáticas, conhecido também como Relatório do IPCC2 (sigla em inglês), divulgado em

fevereiro de 2007, que apresentou conseqüências e tendências do aquecimento global

em escala mundial.

No período que sucedeu a divulgação desse relatório, esperava-se uma

recorrência mais aprofundada à temática por parte dos meios de comunicação,

especificamente os jornais impressos, que permitem o aprofundamento, a interpretação

e a explicação dos fatos, a fim de que os leitores tivessem acesso às diversas formas

de abordagem sobre o tema, que figuravam nos diversos setores da sociedade,

inclusive o científico, com um tratamento editorial que priorizasse o incentivo ao debate

social, considerando que é um assunto de suma importância, caracterizado como de

abrangência mundial, em que todos serão atingidos, independente de sua localização.

Outrossim, selecionaram-se as publicações impressas dos jornais diários A Tarde e

Correio da Bahia de todo o mês de fevereiro de 2007; tais periódicos foram escolhidos

por serem os de maior circulação no estado da Bahia, dentre aqueles que têm sede no

próprio Estado. Trata-se de um trabalho exploratório sobre a imprensa baiana, que vem

elencar os diversos caminhos que a pesquisa multidisciplinar, envolvendo

principalmente o jornalismo e o meio ambiente, pode seguir, trazendo dados relevantes

2 Intergovernmental Panel on Climate Change

Page 19: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

19

que merecem serem aprofundados. Dessa forma, esclarece-se que não é intenção

deste trabalho esgotar essas discussões, muito ao contrário, o intuito é reunir dados

que ensejem novos questionamentos.

Esta pesquisa utiliza como técnica complementar de análise o método da Análise

de Conteúdo. Tal procedimento demonstrou eficácia por ser utilizado amplamente no

estudo de conteúdos jornalísticos desde o princípio do século XX, tendo em sua prática

a avaliação qualitativa através da análise das ocorrências temáticas e quantificação das

mesmas, inferindo através destes fatores entre outros, o processo de produção dos

textos, ou seja, a prioridade ou não de determinado tema em cada publicação.

Com os resultados do estudo que se apresenta espera-se subsidiar discussões

sobre a importância e atuação do jornalismo frente à crise ambiental e reunir dados que

levem a uma reflexão a respeito da influência das publicações sobre a comunidade e,

conseqüentemente, em suas decisões.

O estudo que se segue constitui-se de cinco seções: a primeira, que trata da

introdução apresentando a idéia geral e alguns conceitos que impulsionaram o

desenvolvimento da pesquisa, tais como as mudanças na sociedade atual associadas

ao meio ambiente. A segunda apresenta a fundamentação teórica que agrega os

conceitos principais embasadores da pesquisa e uma breve história dos mesmos, um

exemplo é o jornalismo ambiental. O método de abordagem utilizado na presente

pesquisa é o fenomenológico, assim, na terceira seção, são explanados o procedimento

metodológico e as técnicas utilizadas. Na quarta seção, apresentam-se os resultados

da pesquisa, bem como a discussão através da citação de pesquisas semelhantes,

além de comparações acerca dos resultados; nesse ponto não só os temas relativos ao

aquecimento global fazem parte do debate, mas também demais dados surgidos

durante a pesquisa, a fim de se fazer um comparativo entre a importância – do ponto de

vista quantitativo – dada aos variados temas ambientais divulgados no mês de fevereiro

de 2007, período explorado pela pesquisa. Na quinta seção, são retomados resultados

e apresentadas as considerações finais acerca da pouca importância dada ao tema

aquecimento global no mês de apresentação do relatório do IPCC.

Page 20: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

20

1.1 Objetivo geral

Avaliar a importância dada ao jornalismo ambiental na imprensa baiana,

priorizando as publicações impressas, em especial as de circulação estadual,

especificamente os jornais diários A Tarde e Correio da Bahia.

1.2 Objetivos específicos

Fazer uma análise temática, quantificando as matérias relacionadas ao

aquecimento global, principal assunto do Relatório do IPCC, e temas ambientais

recorrentes nas publicações do mês selecionado para a avaliação.

Analisar o conteúdo apresentado nas matérias selecionadas.

Page 21: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

21

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A modernidade: uma perspectiva sociológica da relação sociedade-natureza

O termo modernidade remete-se a um estilo, um modo de vida ou organização

social, recortado espaço-temporalmente pela localização de seu princípio na Europa, no

século XVII, e que posteriormente disseminou-se por quase todo o mundo (GIDDENS,

1991).3

Para Touraine (1994), a idéia de modernidade ainda não tem definição aceita

universalmente. E vai além, questionando como chamar de moderna uma sociedade

que se baseia numa revelação divina ou na essência nacional? E, ao contrário de

Giddens (1991), que elenca a mudança, o distanciamento espaço-tempo dentre outros

fatores, como características da modernidade, Alain Touraine (1994, p. 18) afirma que

ela não é só pura mudança, sucessão de fatos, “ela é difusão de produtos da atividade

racional, científica e tecnológica, administrativa”.

São variados os estudos sobre a modernidade, entretanto acredita-se que as

ciências sociais ainda não conseguiram abranger suficientemente os questionamentos

sobre a sociedade e a modernidade. São exemplos disso as previsões positivas dos

sociólogos clássicos Durkheim, Marx e Weber sobre a modernidade. Tais autores não

consideraram a industrialização de guerra, nem acreditavam no desdobramento político

dos regimes totalitários no século XX, que foi marcante, ou o armamento nuclear que

ceifou mais de 100 milhões de vidas, fazendo deste o século das guerras, marcado pelo

maior número de vidas perdidas em guerras na história da humanidade, mesmo

considerando o aumento da população (GIDDENS, 1991).

3 É importante salientar que tal período também é chamado de pós-moderno por outros autores. Um exemplo é Stuart Hall, citado ao longo da pesquisa. Para Alain Touraine, também citado nesta pesquisa, o período é chamado de moderno, isso vem demonstrar de forma simplificada o constante processo de mudança que permeia esse recorte sociológico do tempo, bem como a necessidade de refinamento das discussões acerca desse período. Não é intuito da pesquisa definir a melhor forma de chamar o referido recorte, seja modernidade, pós-modernidade ou modernidade tardia.

Page 22: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

22

Durkheim acreditava que a expansão do industrialismo estabeleceria uma vida

social harmoniosa e gratificante. Marx, embora percebesse a luta de classes como fonte

de problemas fundamentais do sistema capitalista, acreditava no desenvolvimento de

um sistema social mais humano. Weber foi um pouco pessimista, para ele, o progresso

material só poderia ser obtido a custa de uma expansão burocrática que suprimiria a

autonomia individual e a criatividade (GIDDENS, 1991).

Apesar de perceberem que o trabalho industrial moderno traria conseqüências

degradantes, por conta da atividade repetitiva e maçante a que estavam submetidos os

seres humanos, os autores não previram o poder destrutivo do desenvolvimento das

forças de produção em relação ao meio ambiente. Desde aquele período, as questões

ecológicas tradicionalmente ocupavam poucos espaços nas discussões sociológicas.

Ou seja, nenhum deles previu o quão extenso seria o lado sombrio da modernidade

(GIDDENS, 1991).

2.2 As instituições modernas: o que pode definir a complexa modernidade?

Marx defende que a modernidade se baseia no capitalismo, ou seja, que a busca

pelo investimento-lucro-investimento tende a fazer o lucro decair e daí surge a

necessidade de expansão. Para Durkheim, as considerações de Marx tomam posições

marginais, considerando o industrialismo como instituição marcante da modernidade,

pois, ao passo que as necessidades humanas tentam ser sanadas, executa-se uma

exploração industrial da natureza. A concepção de Weber, apresentada por Giddens,

aproxima-se mais das idéias de Durkheim, apesar de denominar o “capitalismo” de

“capitalismo racional”. Weber a afirmava com as mesmas características que Marx, mas

o termo designava algo completamente diferente, pois a racionalização, como na

tecnologia e na organização das atividades humanas, na forma da burocracia, era o

que predominava (GIDDENS, 1991).

Touraine (1994) destaca que a modernidade, segundo a ideologia ocidental,

está estritamente ligada à racionalização. Esta estaria substituindo a idéia de um Deus

no centro social pela ciência, relegando as crenças religiosas para a vida privada.

Page 23: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

23

Entretanto, existem outros fatores que ensejariam uma sociedade moderna, além da

utilização das tecnologias provenientes da ciência, são elas: proteção da atividade

intelectual em relação às propagandas políticas ou crenças religiosas, da

impersonalidade das leis contra o nepotismo, contra o clientelismo e a corrupção; deve

ser assegurado que as administrações públicas não sejam utilizadas como instrumentos

privados, deve haver uma separação entre a vida pública e a privada, bem como as

fortunas devem ser separadas do orçamento do Estado ou das empresas4.

O propósito da racionalização estaria no prazer e nos interesses dos indivíduos,

assim o autor afirma que a história dos progressos e da razão são também da liberdade

e da felicidade, em paralelo à destruição de crenças, costumes e objetos tradicionais.

Em sua forma mais ambiciosa, o projeto da modernidade afirma que “o homem é o que

ele produz”, assim existir encontra-se ligado a produzir, e esta ação torna-se mais

eficiente através da ciência e da tecnologia.

Para Touraine (1994), a ideologia ocidental disseminou a idéia de modernidade

como uma revolução, entretanto a modernização européia diferenciou-se pelo fato de

ter se disseminado na revolução industrial, potencializada por um movimento social. No

caso das idéias ocidentais, a modernidade se confunde com um nascimento dentro da

própria modernização. Ela é produto da ciência, tecnologia e educação, bem assim

suas preocupações giram em torno das políticas públicas de modernização que têm

como objetivo principal possibilitar o caminhar da racionalidade, eliminando

regulamentações, ou defesas impulsionadas pelo espírito de corpo, bem como barreiras

alfandegárias, criando um ambiente tranqüilo do qual empresários necessitam,

formando administradores e técnicos competentes que colaborem com os propósitos da

racionalização.

Então, o que define uma sociedade como moderna? Giddens (1991) discute

sobre várias instituições que definiriam as características da modernidade, essas

discussões são importantes na medida em que tratam de características presentes no

dia-a-dia da formação social, podendo, assim, influenciar em seu cotidiano.

4 Nessas idéias, Touraine (1994) apresenta características próprias de uma sociedade moderna, sem as quais uma sociedade não poderia ser considerada moderna, destacando fatores diferentes da ciência e tecnologia, bem como suas aplicações, os quais são falhos na sociedade brasileira.

Page 24: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

24

Acerca do capitalismo, o supracitado autor define como um sistema em que se

produz mercadorias, baseado na relação entre o trabalho assalariado sem posse da

propriedade e a propriedade privada do capital com tal relação formando o cerne de um

sistema de classes. A empresa capitalista prescinde da produção para mercados

competitivos com os preços servindo de sinal para investidores, produtores e

consumidores.

Sobre o industrialismo, suas discussões destacam como qualidade principal “o

uso de fontes inanimadas de energia material na produção de bens, combinado ao

papel central da maquinaria no processo de produção” (GIDDENS, 1991, p. 61). Nesse

caso, a máquina é definida como um artefato que executa atividades empregando

essas fontes de energia como possibilitadores de suas operações. Na discussão do

autor, o industrialismo implica numa organização social ajustada da produção, com o

objetivo de coordenar a atividade humana, as máquinas e suas aplicações e produções

de matéria-prima e bens. E desmistifica: “o industrialismo não deve ser compreendido

num sentido muito estreito – como sua origem na “Revolução Industrial” nos tenta fazer

crer” (GUIDENS, 1991, p. 62). Não se deve prender a imagem do carvão e da

maquinaria a vapor tão somente, mas também se deve lembrar dos cenários de alta

tecnologia, nos quais a eletricidade é a fonte de energia e os microcircuitos eletrônicos

são os dispositivos mecanizados. O industrialismo afetaria o local de trabalho, mas

também os transportes, as comunicações e a vida doméstica.

Definido isso, o autor discorre acerca das dimensões institucionais da

modernidade, das quais se pode observar o entrelaçamento entre o capitalismo e o

industrialismo. Mas vale ressaltar a presença da natureza nessa discussão, quando

associa o industrialismo ao uso de fontes inanimadas de energia material para manter a

produção.

Assim, fala-se sobre as características institucionais específicas das sociedades

capitalistas. A primeira delas é sua ordem econômica, baseada no mercado competitivo

e expansionista, que acaba por implicar numa insaciável busca por inovações

tecnológicas, que, por conseqüência, torna-se constante e difusa. É importante lembrar

que, para essa expansão e inovações tecnológicas, é inerente o uso de energia. A

segunda é a economia, qualificada como razoavelmente distinta, ou seja, separada de

Page 25: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

25

outras instâncias sociais, especificamente instâncias políticas; dadas as altas taxas de

transformações no campo econômico, o mesmo tem considerável influência sobre

outras instâncias. Em terceiro lugar, a separação da economia e do estado se

fundamenta sobre a superioridade da propriedade privada dos meios de produção.

Nesse sentido, esclarece que a posse do capital está intrinsecamente ligada ao que se

chama de fenômeno da despossessão de propriedade, ou seja, a transformação do

trabalho assalariado em mercadoria – no sistema de classes. E em quarto lugar, fica a

autonomia do estado que se encontra condicionada, ainda que não caracterizada por

um elo forte, pela dependência da acumulação de capital, o qual não controla

fortemente.

Uma infinidade de termos tem povoado as discussões sociais acerca do

momento que se vive. Modernidade, Pós-modernidade, Modernidade Tardia, e que por

muitas vezes tem o intuito de encerrar um momento, marcando o surgimento de um

novo sistema social, utilizando os seguintes significantes: Sociedade da Informação,

Sociedade de Consumo, Sociedade Pós-Industrial. Entretanto, cabe ressaltar que a

maioria dos estudos apresentados sobre tais temas são envolvidos em controvérsias

por, na maioria das vezes, dedicar-se a estudos de questões filosóficas e

epistemológicas e pelo fato de que o campo em que figuram esses estudos, a

sociologia, é muito grande e diversificado. Assim, quaisquer generalizações do ponto de

vista sociológico são questionáveis, o que não é o intuito desse trabalho. Aqui se

destacam os processos que se inserem nesse período delimitado ora como moderno,

ora com pós-moderno, não sendo primordial utilizar o melhor significante para definir-se

o período.

Assim, apesar das visões diferenciadas, provenientes de vários teóricos,

Giddens (1991), após apresentar as diferentes posições de teóricos sociais, sugere,

devido à complexidade do tema que ora é designado como modernidade tardia, ora

como modernidade e, por vezes, pós-modernidade, apesar de designar o mesmo

período histórico, que não se pode definir exclusivamente essa força dominante que

molda esse modo de vida social, mas que a modernidade é multidimensional no que se

refere às suas instituições.

Page 26: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

26

Esse autor afirma que, ao invés de estarmos entrando na pós-modernidade,

como Jean-François Lyotard, em seu livro Condição pós-moderna, estaríamos

alcançando um momento em que se manifestam as conseqüências da modernidade,

tornando-se mais radicalizada e mais universalizada do que antes. Apresenta-se, nas

seções seguintes, o que se entende como demonstrações de conseqüências radicais

da modernidade.

2.3 Sociedade-natureza: a crise ambiental

A concepção de modernidade, às vezes, fez da razão uma ferramenta para os

indivíduos alcançarem o prazer, para se desvencilhar das tradições, das crenças, de

uma visão estreita em prol do progresso, através do conhecimento e da participação

fundada em princípios racionais, ou seja, atender as suas necessidades sem que uma

lógica baseada numa verdade divina viesse a tolher o alcance do “objeto” desejado

(TOURAINE, 1994).

A sociedade moderna é marcada pelo controle que exerce sobre a natureza,

utilizando-se da base de sustentação para atender suas necessidades e, para isso, tem

se desenvolvido sobre um modelo que desconsidera os recursos naturais como força

produtiva (SPAARGAREN; MOL, 2002). Esse conceito se assemelha à idéia de

Durkheim de que o elemento central da modernidade é a ordem industrial, a qual se

desenvolveu para atender as necessidades humanas, explorando industrialmente a

natureza. Entretanto, é importante ressaltar que se assume aqui o caráter

multidimensional da modernidade, não excluindo de suas dimensões o capitalismo,

bem como outros fatores (GIDDENS, 1991).

Entretanto, ao passo que as descobertas científicas alertaram para o caráter

limitado dos recursos naturais, percebendo-se que o desenvolvimento econômico

poderia ser afetado, a sociedade tem elevado suas preocupações sobre o futuro da

base de sustentação sob o aspecto ecológico (TREVIZAN, 1999) e o meio ambiente,

conquistado uma posição mais justa ao lado das instituições política e econômica nas

discussões sociais (SPAARGAREN; MOL, 2002).

Page 27: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

27

A modernidade é representada por uma sociedade que alterou o ambiente

natural; observa-se uma substituição do complexo, orgânico, harmonioso sistema eco-

social, por sistemas simplificados e inorgânicos, aumentando a separação homem-

natureza, distanciando o homem do próprio homem (SPAARGAREN; MOL, 2002). Os

autores destacam ainda que o controle sobre a natureza na cultura ocidental não trouxe

apenas a idéia de separação do homem e da natureza, mas uma divisão da natureza

em natureza intuída, considerada aquela do dia-a-dia, e a natureza científica como

sendo aquela teorizada, ou melhor dizendo, dominada. As alterações no modo de a

sociedade moderna tratar o meio ambiente, influenciando suas decisões sobre sua

relação com o mesmo, coincidem com a emergência da sociedade moderna.

No contexto racionalizador, a sociedade ocidental desenvolveu-se sobre o

domínio da natureza, desconsiderando o caráter limitado de recursos naturais. O ritmo

acelerado de desenvolvimento da sociedade capitalista-industrial culminou na

sobreexploração de recursos naturais, gerando outputs que, com a sobreexploração,

trouxeram problemas ambientais; estes aliados ao caráter espaço-temporal da

modernidade tornaram-se problemas transnacionais, configurando a crise ambiental

(SPAARGAREN; MOL, 2002).

Segundo Giddens, o distanciamento espaço-tempo, na era moderna, é muito

maior do que, em períodos anteriores e eventos sociais locais distantes, são

conectados devido à globalização, cuja existência forma uma rede em toda a superfície

terrestre, conectando diferentes contextos sociais e regiões. Para ele, a globalização é

definida como a intensificação das relações sociais em escala planetária, ligando

localidades longínquas de forma que acontecimentos locais são delineados por eventos

que acontecem a milhas de distância e vice-versa (apud SPAARGAREN; MOL, 2002;

GIDDENS, 1991). Assim, do século XX, emergiram muitas preocupações ambientais,

essas foram impulsionadas pelas descobertas científicas que chamaram a atenção para

o caráter finito dos recursos naturais (SPAARGAREN; MOL, 2002).

Tais preocupações geraram questionamentos que impulsionaram os estudos da

Sociologia Ambiental, uma combinação híbrida de ecologia e sociologia. Esta

subdisciplina, conhecida também por ecologia social, sociologia ecológica, ecologia

humana ou nova ecologia humana direciona seus estudos basicamente em definir

Page 28: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

28

como o desenvolvimento institucional da sociedade está ligado às diversas

manifestações de problemas ambientais (SPAARGAREN; MOL, 2002).

Os estudos referentes às abordagens sociológicas sobre a relação entre meio

ambiente e modernidade já datavam dos anos setenta, com um pequeno grupo de

estudiosos que se proclamavam sociólogos ambientais. O discurso sociológico assume

diversas abordagens, a contra-produtiva, a perspectiva marxista e a dimensão industrial

da modernidade (SPAARGAREN; MOL, 2002).

De abordagens sociológicas relacionadas à crise ambiental, têm emergido várias

discussões. A dimensão ecológica principiou debates acerca das instituições na

sociedade contemporânea. Dessas discussões, destacam-se a Teoria da Modernização

Ecológica (TME) e a Teoria da Sociedade de Risco (TSR), que têm como principal

debate o papel da ciência e tecnologia na crise ambiental.

A Teoria da Modernização Ecológica, defendida inicialmente por Joseph Huber,

agrega também outros teóricos como Arthur P. J. Mol, Gert Spaagaren, Albert Weale,

Maarten A. Hajer e John Dryzek. Propõe uma reviravolta nos modos de produção e

consumo na sociedade moderna através da ciência e tecnologia, em que se acredita

residir o princípio dos problemas ligados à crise ambiental. Apresenta-se como uma

abordagem construtiva que vê com otimismo o papel da ciência e tecnologia como

alternativa para a crise ambiental, na qual, através dos avanços nesses campos, a

sociedade moderna caminharia para o uso de tecnologias limpas, que já se apresenta

como uma alternativa dominante em países industrializados (LENZI, 2003;

SPAARGAREN; MOL, 2002).

A TSR é defendida pelo sociólogo alemão Ulrich Beck, que afirma que, na base

da crise ambiental, encontram-se a ciência e a tecnologia. Sua explanação apresenta

de forma pessimista o desenvolvimento dessas instituições modernas, guiada pela

lógica de que, enquanto as necessidades materiais da sociedade eram sanadas, os

riscos ambientais cresciam paralelamente através dos outputs que eram gerados,

reagindo em escala global (SPAARGAREN; MOL, 2003). O conceito de sociedade de

risco está diretamente ligado ao de globalização: os riscos são democráticos, afetando

nações e classes sociais sem respeitar suas fronteiras (PIMENTEL, 2003). Spaargaren

e Mol citam Beck, que destaca: “Fome é hierárquica, fumaça é democrática” (1993, p.

Page 29: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

29

29). A partir dessa premissa, destaca-se que os problemas ambientais já não podem

ser considerados em escala local, pois as ligações do mundo globalizado facilitam a

disseminação dos problemas ambientais em escala global, envolvendo toda a

sociedade nas discussões sobre a problemática ambiental.

Na TSR, segundo Beck, a ciência e a tecnologia são tão importantes quanto na

TME, entretanto, com valores diametralmente opostos. Para Beck, a ciência e a

tecnologia obtiveram legitimidade social na fase da “simples modernização” por

aliviarem as necessidades materiais da sociedade; tal legitimação passa por pressões

ao final da época da simples modernização, porque, ao passo que aliviava essas

necessidades, contribuíam substancialmente para a criação dos riscos da

modernização. O teórico enfatiza que a orientação da ciência e tecnologia para a

produção material faz com que tais instituições - ciência e tecnologia - tornem-se parte

significante do problema, ou seja, da criação dos riscos dentro da sociedade moderna

(apud SPAARGAREN; MOL, 2003).

Entretanto, pode-se observar que as preocupações levantadas pela TSR

colaboram para manter a sociedade dentro do discurso em busca de alternativas para

sair da crise ambiental em que o mundo se insere hoje, apesar de seu caráter

pessimista da defesa do desmantelamento de instituições da sociedade moderna. Essa

teoria cumpre o papel de manter acesa a preocupação com as reações dos

ecossistemas às intervenções do homem na natureza.

Beck enfatiza o caráter negativo unilateral da ciência e tecnologia, ou seja, de

acordo com as idéias defendidas por esse teórico, torna-se difícil imaginar um outro

papel para essas instituições a não ser o de criadoras de riscos após o fim da simples

modernidade, mesmo ao acenar com a alternativa de novos métodos para a ciência

como a interdisciplinaridade, diferentes relações para a racionalidade científica e social

etc. afirmam que se trata de uma questão muito aberta e enfatizam que a resistência da

sociedade aos riscos foi semeada também pela ciência, a qual é fonte de argumentos

para o movimento ambientalista moderno no que se refere aos novos sistemas de

conversão para os sistemas de produção e de consumo mais limpos. Esses sistemas

de conversão aliam-se às idéias de Huber, referindo-se à reviravolta ecológica,

colaborando para a sociedade moderna ultrapassar as barreiras entre o período da

Page 30: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

30

sociedade industrial para uma organização ecologicamente racional da produção e do

consumo (SPAARGAREN; MOL, 2003).

2.3.1 Desastre ambiental, um parâmetro para análise

A relação população-meio ambiente sofre interferências dos resultados dos

hazards e desastres ambientais, tais como mobilidade e ordenamento espacial da

população. Os referidos temas são objeto de estudo de vários teóricos, dentre os quais

os geógrafos estadunidenses que iniciaram na década de 1920, no caso dos hazards,

bem antes dos apelos acerca da degradação ambiental e melhoria de qualidade de

vida. Essa tradição teórica encontra relação nas teorias da Sociedade de Risco e

Modernização Reflexiva. Apesar disso, não há estudos que façam as dadas teorias

dialogarem. Os autores Marandola e Hogam (2004) buscaram esse diálogo no intuito

de contribuir para o desenvolvimento teórico não isolado. Nesse sentido, faz-se

necessário destacar os conceitos de desastres ambientais e hazards.

Dentro da literatura consultada, observa-se que os hazards são fenômenos

complexos, difíceis de classificar, tais como: tornados, enchentes, ciclones,

deslizamentos, erupções vulcânicas, pragas, epidemias etc. Os mesmos são resultado

de interações físicas e humanas, pois se tratam de fenômenos geológicos e humanos

por referenciarem-se a eventos e reações sociais. Baseando-se em parâmetros

conceituais, os hazards são classificados com base nos processos desencadeadores

geológicos, hidrológicos e meteorológicos (BUTZKE; MATTEDI, 2001). Os estudos

sobre os hazards datam de 1920, mas foi na década de setenta que se passou a

considerar o conceito de hazards como produto das ralações humanas. Dessa forma,

fenômenos naturais que não afetem as atividades humanas não podem ser

considerados hazards (MARANDOLA; HOGAN, 2004; BUTZKE; MATTEDI, 2001).

Em contrapartida, numerosos relatos costumam referenciar os desastres a todo

tipo de infortúnio súbito, inesperado ou extraordinário. Do ponto de vista sociológico, um

desastre está relacionado a um ou uma série de acontecimentos que modificam o modo

rotineiro da sociedade. Esses desastres são provocados por fenômenos naturais ou

Page 31: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

31

criados pelo homem, dos quais se pode destacar: incêndios, terremotos, epidemias,

erupções vulcânicas, contaminações etc. Alguns pesquisadores enfatizam o aspecto

físico dos desastres e outros dão ênfase a aspectos sociais, como duração do impacto,

comparando reações sociais. Em ambos os conceitos de desastre, levam-se em

consideração as ralações entre a sociedade e a natureza, destacando-se as relações

sociais. Considerados como eventos sociais não rotineiros, os desastres ou “desasters”

apresentam quatro dimensões analíticas: eventos, impactos, unidade social e

respostas.

Observa-se que Butzke e Mattedi (2001) tratam de forma diferenciada os

hazards e os desasters. A apresentação de tais abordagens contribui para unificar o

parâmetro utilizado ao se tratar de temas ambientais numa escala interdisciplinar. A

evolução do campo metodológico voltado aos desastres culminou, nos anos setenta,

nesse sentido, na análise dos desastres observa-se: organização social, priorização de

grupos em vez de indivíduos, comportamento coletivo pré-impacto e pós-impacto.

A classificação de um evento em desastre ou harzard é motivada por um

problema prático de gestão de perdas vitais e materiais (MARANDOLA; HOGAN, 2004).

Para Ken J. Gregory, citado por Marandola e Hogan (2004), o estudos dos hazards “é o

despertar para os impactos da ação humana”. A Teoria da Sociedade de Risco, ao

defender o crescimento dos riscos à medida que se fez uso da ciência e tecnologia,

dialoga com os estudos sobre desastres e hazards, pois se volta aos danos causados

pela ação humana, localizando a ciência à tecnologia na base da crise ambiental.

2.4 Cultura e modernidade

As mudanças trazidas pela organização social moderna, além de levantar

questionamentos sobre a relação sociedade-natureza, fizeram emergir também

indagações sobre a identidade do próprio indivíduo dentro da sociedade em face das

mudanças estruturais pelas quais o estilo de vida moderno tem passado.

Uma característica importante para entender o que se passa com a identidade do

sujeito na perspectiva estudada é a mudança. As sociedades modernas são marcadas

Page 32: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

32

por sua constante mudança, diferenciando-se, assim, definitivamente, das sociedades

tradicionais. Marx e Engels (apud HALL, 2004, p. 14) já refletiam sobre ela ao

caracterizarem a modernidade como “o permanente revolucionar da produção, o abalar

ininterrupto de todas as condições sociais, a incerteza e o movimento eternos [...] todas

as relações recém-formadas envelhecem antes de poderem ossificar-se.”

Outra característica marcante da modernidade que interfere na cultura é a

reflexividade, esta se refere à vida social moderna e trata-se da constante prática de

examinar as ações sociais à medida que novas informações são produzidas sobre tais

ações. A reflexividade esteve e está presente em todas as culturas; rotineiramente

analisam-se as práticas sociais à luz de novas informações e, por vezes, modificam-se

tais práticas, mas é na modernidade que a rotina da reflexividade torna-se radical,

aplicando-se a todos os aspectos da vida, incluindo aí as transformações no mundo

material sob a influência da tecnologia. Daí as idéias divididas sobre a tecnologia ou

técnica e ciência, ora relatada em seção anterior. A reflexão sobre os efeitos da

tecnologia sobre a organização social fez perceber pontos negativos antes ignorados,

mais especificamente, sobre a relação sociedade-natureza (GIDDENS, 1991).

A modernidade não é apenas um conjunto de experiências com mudanças

rápidas e contínuas, mas ela é constituída pelo constante ato de refletir sobre as ações

sociais, inclusive as de transformações materiais (tecnologia). Nesse sentido, a

globalização – outro fator da modernidade – amplia a abrangência da reflexividade, pois

a globalização interconecta regiões diferentes e, ou longínquas através dos meios de

comunicação e, assim, movem ondas de transformações sociais que atingem todo o

globo, mesmo que virtualmente (GIDDENS, 1991; HALL, 2004).

Com base nas informações elencadas anteriormente, observam-se tendências

no pensamento sociológico que consideram que a identidade cultural tem sofrido

influências dessa mudança estrutural pela qual a sociedade tem passado nesse fim do

século XX e início do século XXI. Trata-se de uma transformação que se processa no

núcleo do indivíduo moderno, uma crise de identidade, mais uma mudança motivada

pela modernidade (HALL, 2004).

O autor supracitado argumenta que o sujeito, até o iluminismo, considerado

unificado, tem sido fragmentado, surgindo novas e múltiplas identidades. As identidades

Page 33: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

33

antigas (unificadas) estão em declínio e, paralelamente, surgindo o indivíduo moderno.

Sustenta-se que existem três concepções de sujeito: o iluminista, o sociológico e o pós-

moderno. O iluminista é caracterizado como um sujeito individualista, um indivíduo

centrado, “unificado, dotado das capacidades de razão, de consciência e de ação”, seu

centro era formado por um núcleo interno, este se desenvolvia desde o nascimento do

sujeito, entretanto não se modificava essencialmente, permanecendo o mesmo por toda

a vida, seu centro era considerado a sua identidade (HALL, 2004, p. 10).

O sujeito sociológico era o reflexo da crescente complexidade do estilo de vida

moderno, e diferenciava-se do iluminista por não ter um núcleo autônomo e

independente. Este era constituído através das relações com pessoas presentes em

seu redor, estas representavam símbolos, sentidos e valores, ou seja, a cultura do

ambiente que ele habitava; o sujeito sociológico permanece com seu núcleo, sua

essência, embora ele seja constituído e reconstituído pelo diálogo constante com

mundos exteriores e suas identidades. Assim, o sujeito era caracterizado pela interação

entre o eu e a sociedade. Entretanto, são as características do sujeito sociológico que

estão em transformação, esse sujeito unificado e predizível está se fragmentando.

O sujeito pós-moderno não é composto de uma identidade, mas de várias

identidades por vezes contraditórias e mal resolvidas. Constata-se que o sistema de

identificação pelo qual se projetam as identidades culturais dos sujeitos encontra-se

mais provisório, inconstante e problemático e é isso que constitui o sujeito pós-

moderno. Este não possui uma identidade fixa, essencial e constante. Hall (2004) a

chama de “uma celebração móvel”; ela é constituída e reconstituída incessantemente

pelas identidades que as representam ou que as interpelam através dos sistemas

culturais que a rodeiam. A depender do momento o indivíduo assume uma nova

identidade que não é coesa, fazem parte desse processo os sistemas de significações

e representações culturais que ao se multiplicarem fazem com que os sujeitos entrem

em contato com inúmeras identidades, com as quais um sujeito pode se identificar,

mesmo que temporariamente, com cada uma delas.

A identidade cultural pode se basear pela classe, gênero, pela cor da pele e se

modificar de acordo com a identidade cultural externa ora apresentada. Nesse sentido,

o sujeito muda de acordo com o modo como ele é interpelado ou representado, embora

Page 34: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

34

essa identificação não seja automática, entretanto pode tanto ser ganha bem como

perdida, ela tornou-se politizada, por exemplo, quando as pessoas deixam de se

identificar com outra pela cor da pele em comum para identificar-se com as idéias de

um partido ecológico. Quando se trata de preocupar-se com o meio ambiente, a cor da

pele já não se torna preponderante para se filiar ao partido, mas, quando se trata de

preservar a cultura remanescente, identifica-se com o partido comunista, que possui

inclinação para as questões de raça etc. (HALL, 2004).

O conceito de hibridação, que corrobora essa constante mudança da identidade

levantada por Hall (2004), é um conjunto de processos culturais em estruturas e

práticas, que, existindo de forma separada, unem-se para dar lugar a novas práticas,

estruturas e objetos. Tais mudanças e práticas podem ocorrer de modo não planejado

através do intercâmbio econômico ou comunicacional. Os estudos acerca de narrativas

identitárias afirmam que as identidades não devem ser consideradas fixas, ou mesmo

afirmá-las como essencialmente influenciadas por uma etnia ou sendo de uma nação

(CANCLINI, 2003).

2.5 Reflexões sobre a formação do sujeito “moderno”

Hall (2004) afirma que se o conceito de sujeito muda, é porque essa

conceituação tem uma história e, portanto, pode, mais uma vez mudar, bem assim

morrer. É comum dizer que a época moderna inaugurou um individualismo radical, mas

é bom esclarecer que, mesmo na época pré-moderna, o individualismo estava presente,

embora seu conceito seja diverso do conhecido na atualidade. Faz-se necessário dizer

que se tem o intuito de demonstrar quais as idéias norteiam o conceito de sujeito

moderno, inclusive as influências sofridas por ele, portanto não se falará profundamente

em teses contraditórias.

No período entre o Humanismo Renascentista (século XVI) e o Iluminismo

(XVIII), encontram-se vestígios das idéias que formam o sujeito centrado, estável. É

nesse período que surge o sujeito soberano, rompendo as ligações do indivíduo com

apoios centrais. Antes as regras sociais mantinham o homem sob o domínio das

Page 35: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

35

tradições, em que a ordem divina era que guiava o progresso do mundo (HALL, 2004).

Touraine (1994) destaca que, após a modernidade, crenças como a religiosidade

passaram para um plano particular, ou seja, só eram cultivadas dentro dos muros das

casas. O progresso e a racionalização teriam relegado “o divino” ao segundo plano.

A Reforma e o Protestantismo foram responsáveis por propiciarem a libertação

da consciência individual das instituições religiosas da Igreja, baseados pelas idéias de

ser indivisível, que é totalmente unificada em seu interior e jamais pode ser dividida,

além de ser uma entidade singular, distintiva e única.

René Descartes também contribuiu para a concepção de sujeito moderno, sobre

a qual ora refletimos. Matemático, cientista e fundador da geometria analítica e da ótica,

foi extremamente influenciado pela nova ciência do século XVII. A ciência da qual se

fala é aquela que marcou o Renascentismo, deslocando Deus do centro do universo.

Nesse contexto, em que o ceticismo metafísico se fazia constantemente presente,

Descartes posicionou Deus como o “Primeiro Movimentador de toda a criação”,

explicando o resto do mundo através da matemática e da mecânica. Daí surge o sujeito

cartesiano, em que Descartes explica, é formado por “mente” e “matéria”, secularizando

a fala “Penso, logo existo”. Nessa mente, ele localizou o sujeito individual, daí o

conceito de sujeito racional, pensante e centro do conhecimento (HALL, 2004).

O movimento contra o feudalismo também deu uma nova tônica à existência

individual humana, relacionada ao colapso da ordem social, econômica e religiosa

medieval. Tal movimento posicionou o homem “acima e além de seu lugar e sua função

numa rígida sociedade hierárquica”. Esse individualismo pode ser observado na

concepção do “contrato” de Hobbes, em que se considerava a propriedade privada; é a

partir de então que se iniciam as relações econômicas ou comerciais (WILLIAMS, apud

HALL, 2004, p. 28).

As sociedades modernas tornaram-se mais complexas e o Estado-Nação

precisava dar conta das populações que formam a democracia moderna. Assim,

desenvolve-se a economia, a indústria e o capitalismo moderno, baseados nas teorias

clássicas liberais modernas que, por sua vez, se baseava nos direitos e consentimento

individuais. Assim, dentro das máquinas burocráticas e toda a massa que formava a

Page 36: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

36

democracia moderna, o sujeito viu-se mais social, embora bem localizado e definido

dentro dessas estruturas, características próprias do sujeito iluminista.

O Estado-Nação lançou influências sobre o processo de formação do sujeito

moderno através do modelo educacional utilizado, o qual se caracteriza pelo monopólio

da educação que objetiva a homogeneização cultural, o que promoveu uma

mobilização cultural descendente, levando às massas a cultura das elites da qual

resultou uma mobilidade social ascendente, trazendo ao processo uma margem de

manobra pessoal, possibilitando, a milhões de sujeitos (ocidentais), o rompimento com

determinações sociais (LOPES, 2006).

Em sociedades tradicionais e pré-industriais, a identidade do sujeito se construía

com pouca autonomia pessoal, o indivíduo estava submetido a regras ou

determinações socializadoras e a uma cultura fortemente estratificada e codificada. A

ordem social ou casta, a tradição e o costume, o gênero, a normatividade e o controle

social rígido, além de papéis pré-definidos, deixavam pouco espaço para uma auto-

determinação identitária do indivíduo, do qual se esperava estar em conformidade com

às normas (LOPES, 2006).

Ampliando o campo das idéias que fundamentam o sujeito moderno, encontram-

se dois eventos importantes: a “biologização” do indivíduo e o surgimento das novas

ciências sociais. A biologização se dá pela fundamentação racional da natureza

proveniente dos estudos darwinianos, os quais forneceram também uma

fundamentação para o desenvolvimento físico do cérebro, ou a “mente”. As ciências

sociais mantiveram o indivíduo soberano como figura central da economia moderna; o

dualismo de Descartes foi institucionalizado, separando como mente e matéria os

estudos dentro das ciências sociais entre psicologia e as demais; e principalmente a

sociologia, carregando em seu bojo a dualidade sociedade e indivíduo, teorizou sobre

as relações do homem, a integração social e a influência do meio na formação do

sujeito, caracterizando o sujeito sociológico (HALL, 2004).

Este sujeito mais definido e estável emergiu na metade do século XX, período

este em que as ciências sociais fomentavam-se como campo disciplinar. Ao mesmo

tempo se formava o quadro de perturbações do sujeito e sua identidade, seria o

prelúdio do sujeito moderno que se manifestava em movimentos estéticos e individuais,

Page 37: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

37

como, por exemplo, através da literatura, personificado em personagens que

caracterizavam a alienação e o exílio, embora qualificados mesmo em meio a multidões

e a confusão sob a burocracia como “K” em O Processo, de Franz Kafka (HALL, 2004).

Hall (2004), autor que defende a fragmentação das identidades pós-modernas,

esclarece que não é apenas uma desagregação, mas um deslocamento das

identidades na modernidade tardia impulsionado por várias rupturas no pensamento

moderno, dentre elas a reinterpretação dos escritos de Marx, na afirmação de que os

“homens fazem a história, mas apenas sob as condições que lhes são dadas”. Isso

levou a crer que o homem não é o autor da história, mas sim ator em meio às condições

deixadas por outros através de recursos materiais e culturais; nem possuía uma

essência individual, pois não se baseava na essência humana, mas sim em relações

sociais, como os modos de produção, a exploração do trabalho e os circuitos do capital.

Não importa aqui julgar a correta interpretação dos escritos de Marx, entretanto cabe

refletir sobre a revolução que moveu no pensamento da época, primeira metade do

século XX.

Dentre vários descentramentos, destacamos o pensamento de Freud, que deitou

por terra a frase “Penso, logo existo”, de Descartes. Freud defendia que nossas

identidades, sexualidade e desejos são formados por processos psíquicos ocorridos em

nosso inconsciente, suas reflexões sobre amor e ódio dentro das relações familiares

demonstram que o indivíduo está constantemente dividido, esse é um outro traço do

descentramento das identidades na modernidade tardia, ou a segunda metade o século

XX. Assim, fica caracterizada a formação do sujeito pós-moderno, como baseada numa

identidade constantemente em transformação, fragmentada e influenciada pelas

culturas e identidades que a circundam (HALL, 2004).

A cultura midiática, nesse contexto delineado pelo Estado-Nação, trouxe maior

fluidez a essa integração cultural, levando traços mais populares às elites. A esses

somam-se a igualdade de jure, a democracia e a cultura de direitos moderna, além da

técnica e da ciência, da mutabilidade axiológica, da perda de sentidos unificadores, da

relatividade cultural. Assim, uma combinação complexa de fatores políticos,

econômicos, tecnológicos e culturais, processos próprios da modernidade e da

globalização em curso, conduzindo ao enfraquecimento do papel dos Estados-Nação, à

Page 38: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

38

perda de influência de instâncias socializadoras tradicionais, à “crise” das instituições

modernas, ao enfraquecimento da coesão social endógena e dos vínculos comunitários

e sentidos de pertença, e dos mecanismos de controle social (LOPES, 2006). Hall

(2004) também se coaduna a essas idéias ao afirmar que a identidade torna-se uma

celebração móvel através das transformações incentivadas pelas formas pelas quais

“somos” (indivíduos sociais) interpelados/representados pelos sistemas culturais que

nos rodeiam. Assim, à medida que os sistemas de significação e representação cultural

se multiplicam, a sociedade e cada indivíduo entram em contato com uma quantidade

de identidades sem precedentes.

Page 39: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

39

3 JORNALISMO E OPINIÃO PÚBLICA

A sociedade vive um contexto de crise, a crise ambiental, conforme

considerações apregoadas por Spaargarem e Mol (2002; 2003), apresentadas

anteriormente. Tal situação acentua ainda mais a importância do jornalismo ante a

sociedade. A gênese do jornalismo está intimamente ligada ao caos, ao abismo.

Conforme a própria Bíblia registra na primeira frase de seu primeiro livro, Gêneses (1,

1-2): No princípio, era caos. Havia trevas sobre a face do abismo. A palavra caos,

khínein em grego, significa abismo, os gregos faziam relação desta palavra com a

confusão e a desordem em oposição radical às idéias de estabilidade e organização. A

idéia de abismo está relacionada ao desconhecido, a incapacidade de dominar os

fenômenos naturais e ordenar o mundo (PENA, 2005).

De fato, segundo o autor, a impotência de dominar a natureza impulsiona uma

obsessão em dominá-la, ou seja, elucidar o caos, buscando ter previsões convictas que

evitem o abismo, que culminem no desconhecido. O receio pelo desconhecido não vem

só da natureza, mas da geografia – “o que existirá em além-mar” – no espaço sideral,

“haverá vida em outros planetas?” Com base nessas elucubrações, diz-se que a

natureza do jornalismo está no medo. Impulsionado pelo medo do desconhecido, o

homem busca conhecer, aprender, acreditando que pode gerir a vida de uma forma

mais firme e coerente através de uma sensação de segurança para encarar o dia-a-dia

“aterrorizante” do meio ambiente. No entanto, para isso, não basta apenas produzir

cientistas e filósofos ou impulsionar astronautas, navegadores e demais viajantes para

o conhecer, é de extrema relevância que sejam feitos os relatos, que se informem

outros membros da sociedade que também estão em busca de estabilidade e

segurança trazidas pelo conhecimento. A este trabalho de reportar informações, sob

determinadas condições éticas e estéticas, poder-se chamar de jornalismo (PENA,

2005).

Page 40: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

40

O jornalismo é uma atividade social. Nasceu da própria organização societária

que se desenvolveu e se ampliou ao passo que se desenvolviam e se ampliavam os

códigos éticos, as indústrias e as técnicas, tornando-se uma instituição indispensável

para a formação e orientação dos povos – a promoção dos meios tendentes a

assegurar o bem comum. As histórias e as idéias destacadas pelos veículos

jornalísticos têm o “propósito de permitir ao homem um pronunciamento, uma decisão,

de impulsioná-los à ação” (BELTRÃO, 1960).

Para Karam (1997), desde que o homem entrou, em diferentes épocas e

culturas, no espaço e no tempo, num mundo concreto das relações sociais, a ligação

entre o movimento cotidiano e sua abstração/reflexão esteve mediada pela linguagem,

e afirma que vários momentos e circunstâncias sociais e políticas da trajetória humana

são sintetizadas pelas formulações conceituais como: Direito de Expressão, Liberdade

de Informação, Direito de Comunicação, Direito de Informação, Direito à informação,

Direito Social à Informação.

As notícias são a substância do jornalismo; depois de serem conhecidas ou

divulgadas é que os temas a que faz referência podem ser interpretados, comentados

e, ou pesquisados. A notícia pode ser divulgada por diversos veículos: televisão, rádio,

Internet, jornal, dentre tantos outros. O século XX é marcado pela proliferação dos

media (KARAM, 1997).

Embora se proliferem, cada vez mais, veículos ditados pela velocidade, como o

rádio, a televisão e a internet, duros concorrentes da imprensa escrita, o jornalismo

impresso, apesar de não apresentar imagens coloridas e em movimento, ou dar a

notícia no momento em que o fato acontece, continua apresentando vantagens, pois a

televisão, por exemplo, é superficial por natureza, não aprofunda, não possibilita a

recuperação de informações. Em vista disso, tudo que ela apresenta deve ser captado

em toda sua profundidade em horário determinado, o que não é o caso do jornal

impresso, que dá ao leitor a opção de escolher o local e a hora em que consumirá a

notícia; o consumidor pode reler o que não compreendeu numa primeira leitura, obter

textos interpretativos acerca dos acontecimentos e utilizá-los como fonte de pesquisa,

pode encontrar mais pormenores e extensão que em demais veículos (ERBOLATO,

2004).

Page 41: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

41

Para o autor supracitado, os meios de comunicação refletem as transformações

do mundo moderno, através da revolução das comunicações que se apresenta em

ritmo de crescimento e complexidade. Pode-se perceber que o rádio, a tv e satélites

reduziram a distância e o tempo.

Uma das características da modernidade é o desenvolvimento das ciências, bem

como dos novos conhecimentos de forma tão acelerada que nem o mais aplicado dos

homens conseguiria dar conta e versar-se em todos eles. Gasino (2007) cita o poeta

clássico Píndaro, que definiu homem como aquele que esquece, o “esquecedor”, e este

homem acreditava que as máquinas o ajudariam a lembrar, entretanto, a máquina –

aplicação tecnológica da ciência – ampliou o número de informações. O homem

moderno sofre com o estresse informativo, pois é bombardeado por um elevado número

de informações que são disseminadas a todo instante. Nesse contexto, o homem

simples perde-se nas entrelinhas da economia, das ciências e suas invenções e

necessita de orientação. Daí o fato de o jornalismo moderno caracterizar-se por noticiar

os fatos, trazendo à tona explicações e interpretações sobre os mesmos, apresentando

seus antecedentes e suas perspectivas, culminando num objetivo maior, o de colaborar

com o leitor para que este compreenda melhor o que ouve e lê (ERBOLATO, 2004).

3.1 Jornalismo especializado

O jornalismo sempre foi marcado por sua variedade, abrangendo os mais

variados assuntos, guiando-se para satisfazer as necessidades do espírito humano, ou

seja, temas que despertam o interesse humano. Desde o princípio, o jornalista foi

caracterizado por ser aquele profissional que se diferenciava dos demais, como o

poeta, o romancista, o teatrólogo, o biografista, por dever estar onde os fatos

acontecem, diferente destes que procuravam se afastar dos acontecimentos,

trabalhando na solidão. Essa característica se deve ao fato de o jornalista ter de estar

bem informado para poder informar; a variedade de assuntos a cobrir exigia essa

proximidade do jornalista, como ainda exige hoje (BELTRÃO, 1960).

Page 42: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

42

Nos antigos jornais, não existiam as seções, como as colunas que se pode

observar nos diários de hoje; fazia-se uma estranha ligação entre os mais diversos

temas. No século XVI, as técnicas eram pouco avançadas e não se faziam essas

distinções vistas na contemporaneidade. Só em 1836, com o jornalista Émile de

Girardin, na publicação La Presse, surgem as seções. Com o avanço das

comunicações, a facilidade de enviar e receber informações, a fome das sociedades

civilizadas por notícias impôs a especialização jornalística, diminuindo a

responsabilidade do jornalista enciclopédico. Antes a dificuldade estava em transmitir

as informações a longas distâncias, o que resultavam num fluxo de comunicação

reduzido, hoje a dificuldade está em assimilar o grande volume de informações.

Variedade e especialização complementam-se para assim atenderem os fins dessa

atividade (BELTRÃO, 1960).

Juarez Bahia (1990) destaca que o jornalismo especializado é uma necessidade

social, na medida em que é resultado do desenvolvimento das relações sociais, e

discorre sobre a evolução do jornalismo especializado desde 1808, marcado pela

atividade jornalística utilizando-se das crônicas (de costumes) e ensaios (político e

literário); em meados de 1880 a 1930, essas são substituídas pela notícia, que passa a

predominar; e em 1930, ocorre uma reestruturação nos meios de comunicação com

uma inclinação para uma maior especialização. Em meados da década de 60, as

notícias de cunho científico passam a chamar a atenção do interesse público por conta

de a ciência ser vista como integrante dos assuntos da política, economia e cultura. A

partir de então, surge a necessidade dos jornalistas científicos.

A imprensa brasileira ainda possui essa idéia de que o jornalista é especialista

em tudo. Isso se reflete na falta de cursos de especialização voltados aos jornalistas, e

do escasso apoio de proprietários de veículos nesse necessário aperfeiçoamento.

Dessa maneira, o jornalista faz uma matéria sobre energia nuclear hoje, amanhã uma

sobre o urbanismo, em seguida uma entrevista com o ministro das relações exteriores

da Arábia Saudita, correndo todos os riscos de fazer uma colocação equivocada. Isso

diminui significativamente a qualidade da informação (ROSSI, 1980).

Jornais costumam recorrer a um especialista no assunto a ser abordado na

matéria, mas essa é uma fórmula condenada, não só por restringir o campo de atuação

Page 43: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

43

do jornalista, mas principalmente porque o especialista, no geral, escreve de acordo

com seu vocabulário, o que resulta numa comunicação voltada para outros

especialistas e ininteligíveis para o público a que se destina, opondo-se ao trabalho

jornalístico, que é disponibilizar informações sobre determinado assunto aos não

iniciados (ROSSI, 1980).

Mas essa realidade tem se modificado, mesmo que lentamente, segundo Clóvis

Rossi (1980), nos últimos 40 ou 45 anos, com as macroespecializações, como

jornalistas políticos e econômicos começaram a se firmar. Mas ainda está faltando a

microespecialização, até lá, os jornalistas interessados em atender as expectativas na

produção de um tema específico têm como alternativa recorrer aos arquivos sobre o

assunto.

3.2 O meio ambiente nos meios de comunicação/mídia

Tem-se observado em variadas publicações que a sociedade tem demandado, a

cada dia mais, informações sobre o meio ambiente, demanda esta ampliada dia após

dia pela preocupação com o futuro dos recursos naturais e os estudos que avaliam a

sua degradação (DONAIRE, 1999; TACHIZAWA, 2002; SPAARGAREN; MOL, 2002,

2003; RAMOS, 1995).

A crise ambiental publicizada na década de 60, com a divulgação dos primeiros

estudos sobre a limitação dos recursos naturais, instaurou a crescente necessidade de

informações ambientais. Os primórdios da informação ambiental em âmbito nacional

tiveram partida neste mesmo período com a divulgação de pesquisas sobre poluição

em São Paulo, demonstrando os aspectos negativos do desenvolvimento industrial ou

progresso (SOUZA et al., 2004).

A década de 60 guardou avanços tímidos para o movimento ambientalista. Para

Viola e Leis (1998), nesse período, ainda não existia ao menos uma preocupação

marginal por parte da opinião pública sobre o que se refere à problemática

ambientalista; a Conferência Mundial para Desenvolvimento e Meio Ambiente, de

Estocolmo, em 1972, também não gerou um debate amplo, impactando minimamente

Page 44: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

44

os meios de comunicação, embora o tema tenha figurado com maior freqüência na

imprensa internacional, após esse evento.

Para Neither (1998), a década de 70 privilegiou a notícia ambiental. Foi nesse

período que a imprensa passou a cobrir os crescentes protestos de entidades

ambientalistas gaúchas, berço do movimento ambientalista brasileiro. E destaca o

chamado “primeiro ato eco-político do Brasil”, que se refere à notícia que tomou mais de

30 páginas da cobertura local, alcançando nível nacional e internacional de que o

estudante Carlos Dayrell subiu em uma árvore em frente faculdade de direito da

UFRGS para impedir que a mesma fosse cortada para construção de um viaduto pela

prefeitura municipal.

Com a introdução do conceito de desenvolvimento sustentável, inaugurado pelo

Relatório Brundtland, as necessidades das gerações futuras e o compromisso com as

mesmas aumentaram o interesse por informações ambientais.

Ao analisar os movimentos sociais por sua produtividade histórica, ou seja, pelo

seu impacto em valores culturais e instituições sociais, Castells (1999) afirma que o

movimento ambientalista conquistou avançadas posições neste último quarto de século

XX, observando que, nos anos 90, 80% da população norte-americana e mais de dois

terços dos europeus identificavam-se como ambientalistas. Políticos, órgãos

internacionais, empresas, inclusive aquelas responsáveis por grandes índices de

poluição, incluíram a questão ambientalista em suas atividades.

Para o supracitado autor, o crescimento positivo do movimento ambientalista

deve-se ao fato de que o mesmo, mais do que qualquer outra força social, tem

demonstrado “notável capacidade de adaptação às condições de comunicação e

mobilização” necessárias ao novo paradigma tecnológico. Apesar de o movimento

depender de organizações de base, as suas atividades acontecem em função de fatos

que sejam apropriados para divulgação midiática. Ao desenvolverem eventos que

chamam a atenção dos meios de comunicação, os ambientalistas fazem com que sua

mensagem atinja uma audiência superior à contabilizada na base do movimento

ambientalista.

Percebem-se, claramente, atividades ambientalistas globais voltadas

especificamente à cobertura da mídia, como os eventos do Greenpeace. Suas

Page 45: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

45

atividades são orientadas à criação de fatos que sensibilizem a opinião pública com o

intuito de pressionar o poder instituído, não deixando de, no dia-a-dia, manter o

cotidiano da luta ambientalista em âmbito local. Veículos de comunicação, como o

rádio, os jornais locais e os noticiários de TV tornaram-se instrumentos de divulgação

de ambientalistas, ocasionando reclamações de grandes corporações e de políticos de

que é a imprensa, não os ambientalistas, que mantém a mobilização em torno da

temática ambiental (CASTELLS, 1999).

Para este autor, a ligação entre ambientalismo e comunicação é explicada por se

tratar de este ser um movimento que não faz uso de violência na década de 70,

gerando informações passíveis de compor uma boa reportagem e considerando a

necessidade de imagens novas nos noticiários. Outro fator que chamou a atenção da

mídia foram os factóides gerados pelas ações ambientalistas inspiradas na tradicional

tática anarquista francesa de l´action explaire.5

3.3 Jornalismo ambiental

O jornalismo ambiental é uma especialização do jornalismo, com todas as regras

gerais da profissão. Para alguns, as notícias ambientais constituem-se em fazer

jornalismo científico (LIMA, 2007; CALDAS, 2007). Para Roberto Villar, o jornalismo

ambiental e o jornalismo científico têm interesses convergentes, embora com diferenças

marcantes. Este estudioso acredita que os jornalistas científicos (e conseqüentemente

o jornalismo científico) procuram disseminar a “idéia de que a ciência vale

simplesmente por ser ciência, pelo método”. O jornalismo ambiental não desacredita a

ciência, ao contrário, a utiliza em sua prática, muitas vezes, embasando duas teses

sobre ela do ponto de vista do método e a do ponto de vista social. É nesse último

ponto que é marcada a grande diferença entre o jornalismo ambiental e o científico.

Villar acredita que a primeira grande reportagem do jornalismo ambiental foi Hiroshima,

escrita por John Hersey, que narrou a história de sobreviventes da explosão do ano de

5 L´action explaire: um ato espetacular que sensibiliza o imaginário coletivo e provoca debate e fomenta mobilizações, por exemplo auto-sacrifício, uso dos próprios corpos para impedir o corte de árvores para futuras construções, interrupções de cerimônias.

Page 46: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

46

1945, pois considera que tal reportagem tornou-se um grande alerta sobre os riscos

nucleares. Entretanto, o jornalismo científico representar-se-ia, por exemplo, por uma

matéria sobre o funcionamento da bomba atômica (BUENO, 2004). Já para James A.

Shannon, diretor do National of Health, o jornalismo científico, por tratar de temas que

não fazem parte do cotidiano do leitor, deve se caracterizar por textos interpretativos

(AMARAL, 2001).

O marco do pleno desenvolvimento do campo, em âmbito nacional e

internacional, foi a Conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento. A partir de então, sua demanda cresceu devido à

comunidade internacional, que principiou o que se pode chamar hoje de globalização

dos problemas ambientais (LIMA, 2007; VILLAR, 1997).

Diante dos problemas ambientais desvelados no século XX, a sociedade tem

enfrentado críticas situações (decisões difíceis) sobre o meio ambiente e, apesar de

essas decisões serem complexas, ainda assim cidadãos e fazedores de políticas

devem tomá-las e a forma como essas escolhas serão entendidas terão um impacto

maior na política e nas políticas públicas; os meios de comunicação (news media) são

vital para esse processo. A forma de eles analisarem e traduzirem questões ambientais

complicadas pode contribuir para a tomada de decisões mais informadas, mas isso só

acontecerá se jornalistas estiverem bem informados sobre uma ampla gama de

assuntos econômicos, científicos, sociais e políticos. Tal conhecimento não é fácil de se

conseguir (CENTER, 2007).

A reportagem ambiental, conforme missão da Society of Environmental

Journalism (SEJ)6, tem como objetivo aumentar o entendimento das questões

ambientais, para tanto, é necessário possibilitar o aumento da qualidade, precisão e a

visibilidade das mesmas (SEJ, 2007).

Assim, recentemente tem-se observado o crescimento dos estudos

interdisciplinares ou transdisciplinares, integrando assuntos antes estudados

separadamente, como é o caso da ecologia, da conservação dos recursos naturais e da

economia. Atualmente, com a globalização, tais assuntos são dificilmente estudados

em separado, pois agora se pode perceber mais claramente a influência de ações de

6 Sociedade de Jornalismo Ambiental.

Page 47: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

47

uma determinada área em uma outra área. Hoje, tratar de ecologia não se trata de falar

sobre a natureza intocável; trata-se de falar sobre indústria, agricultura, meio ambiente,

pobreza e desenvolvimento, por fim, a sociedade (NEITHER, 1998). As associações

voltadas para o jornalismo ambiental, ou seja, para seu desenvolvimento,

aprimoramento, centros de pesquisa e educação tiveram um expressivo

desenvolvimento na década de 1990 como a CEJ, em 92, e a SEJ, em 90 (VILLAR,

1997; CEJ, 2007; SEJ, 2007).

Entretanto, ainda é necessário que a imprensa perceba seu papel educador na

sociedade, conscientizando-se que muitos que lêem e assistem só possuem este canal

para informar-se, que sua audiência, muitas vezes, não freqüenta escolas, nem tem

acesso a livros e que muitos pais, ao acessarem informações ambientais, poderiam

passar o conhecimento adquirido a seus filhos, evitando que estes não joguem papel

pela janela do carro, potencializando o entupimento dos bueiros em épocas de chuva

(LIMA, 2007).

O jornalismo possui cinco principais funções: política, econômica, educativa e de

entretenimento, assim considerado em países capitalistas, pois em países socialistas a

função educativa eleva-se como principal, sendo considerado um fator do regime e uma

força a favor do regime. Destaca-se a função educativa nas palavras de Pierre Denoyer,

chefe-redator de Selection du Reader´s Digest, ao criticar os mestres do jornalismo,

diretores, redatores-chefes, cronistas populares, pois estes têm responsabilidades com

seu público, no entanto, é lamentável que tão poucos se convençam da mesma. Há que

se observar também a estrutura comercial da imprensa, o que se caracteriza como um

atenuante. Denoyer afirma que se é difícil para um jornal, seja por sugestão ou demais

meios, levar leitores a votar em um ou outro candidato; não é difícil para o veículo

configurar o clima, pois o homem guarda sua decisão, mas as imagens que conduzem

seus pensamentos são trazidas à sua mente e boa parte pelas revistas e jornais que

costuma ler. Assim, é importante perceber que a educação do homem não termina na

escola, ela continua na idade adulta, principalmente através das revistas e jornais

(AMARAL, 2001).

Embora o crescimento expressivo do jornalismo ambiental, considerado uma

tendência irreversível na imprensa mundial, ocorreu um retrocesso da atividade nos

Page 48: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

48

Estados Unidos e no Brasil após a Rio 927, em contrapartida ao seu desenvolvimento

no Leste da Europa. Apesar do retrocesso, e da conseqüente perda de espaço e tempo

na imprensa de alguns países, entidades de jornalistas especializados em meio

ambiente, nesse mesmo período, trabalhavam na formação de profissionais da área, a

fim de melhorar a qualidade das matérias. A primeira instituição voltada para essa

finalidade nasceu na década de 60, na França (VILLAR, 1997).

3.4 Jornalismo ambiental no Brasil

Foi na década de 80, com a descoberta do buraco na camada de ozônio e as

primeiras suposições sobre o aquecimento global aliado às atividades humanas, que

emergiu a nova onda ambientalista. Em reação às preocupações dos países

industrializados, a imprensa brasileira se voltou para os problemas ambientais da

Amazônia.

Foi em agosto de 1989 que se realizou, em São Paulo, o Seminário "A Imprensa

e o Planeta", organizado pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão

e pela Associação Nacional de Jornais. A Federação Nacional dos Jornalistas, três

meses depois, no final de novembro, em Brasília, realizou o encontro mais relevante

para o jornalismo ambiental brasileiro, o Seminário para Jornalistas sobre População e

Meio Ambiente. Compareceram especialistas internacionais, como o francês François

Terrason, especialista em planejamento ecológico e agricultura, a norte-americana

Diane Lowrie, da Global Tomorrow Coalition, a jornalista argentina Patricia Nirimberk,

da Fundação Vida Silvestre, o tcheco Igor Pirek, da Agência de Notícias CTK, o

educador Pierre Weil, da Universidade Holística Internacional, e especialistas

brasileiros, como o repórter Randau Marques, o professor Paulo Nogueira Neto, o físico 7 Eco-92 é o nome mais popular entre os brasileiros dado à Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Cúpula ou Cimeira da Terra e Rio 92. Realizada no Rio de Janeiro, reuniu Ongs e chefes de estado de quase todo o globo sob o objetivo fundamental de conciliar desenvolvimento socioeconômico e conservação dos ecossistemas. Foi durante e após esse evento que o conceito de Desenvolvimento Sustentável se disseminou por todo o globo. Foi na Rio-92 que a convenção da Biodiversidade foi assinada pelos 168 dos 175 países signatários da Agenda 21, em tal convenção, os países comprometiam-se com a conservação da biodiversidade, o uso sustentável dos recursos naturais e a distribuição eqüitativa e justa dos benefícios gerados com a utilização de recursos genéticos (BRASIL, 2008; WIKIPEDIA, 2008).

Page 49: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

49

Luis Pinguelli Rosa, o agrônomo Sebastião Pinheiro e o jornalista Fernando Gabeira

(VILLAR, 1997).

Para o autor acima citado, a imprensa brasileira raramente aborda temáticas

ambientais, a grande imprensa sabe que não pode desmerecer o noticiário ambiental,

principalmente, por uma questão de mercado, portanto abre espaços periféricos para a

notícia ambiental, que apenas destacam-se quando apresenta grandes desastres, e,

salvo as exceções, ocupa postos marginais.

Essa especialidade jornalística apresenta características diversas que, no Brasil,

variam de região para região. A qualidade da notícia está diretamente ligada à

mobilização da sociedade em redor da temática. É sabido que as Organizações Não

Governamentais têm dificuldade em divulgar suas informações em todo o país, mas

nota-se que, onde a atuação dessas entidades é fraca, o noticiário sobre crises

ecológicas é praticamente nulo (VILLAR, 1997).

Como todas as outras especialidades jornalísticas, a reportagem ambiental tem

de ser vendida atendendo o interesse do público, destacando a originalidade, a

linguagem simples, os conceitos científicos, recorrendo a fontes confiáveis e

pesquisando os antecedentes da notícia. O jornalista deve buscar manchetes

interessantes para disputar espaço nos noticiários, diferenciando-se por um trabalho de

qualidade (DUARTE, 2003).

O campo de notícias ambientais tem sido confundido por mídias conservadoras

com marketing verde ou ecopropaganda, tendo seu potencial para despertar

consciências ignorado, o que o coloca como alvo de ações mercadológicas e interesses

políticos. Tais setores da comunicação têm termos, práticas e conceitos distintos, que

se detêm em compromissos de outra ordem (BUENO, 2007).

O objetivo final do jornalismo ambiental é o desenvolvimento sustentável,

considerando-o como a qualidade de vida dos cidadãos e vai além de questões apenas

econômicas. Está ligado ao monopólio dos meios de comunicação que entravam o livre

debate de idéias, incentivando o consumo desenfreado, que, via de regra, traz prejuízos

ao meio ambiente (BUENO, 2007).

Page 50: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

50

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E TÉCNICAS

A fenomenologia é utilizada como método de abordagem da presente pesquisa.

Etimologicamente é a ciência dos fenômenos, que se fundamenta no saber empírico.

Para Kant, o estudo de uma fenomenologia geral caracterizar-se-ia por uma introdução

à metafísica demonstrando os limites entre o mundo sensível e o mundo inteligível

(ZILLES, 1996).

O fenômeno é tudo que se apresenta à consciência de forma intencional, tendo

para esta um significado. A função da fenomenologia8 é estudar a significação das

vivências da consciência. Para Husserl (apud MIDLEJ, 2004), a fenomenologia não

estuda apenas o que é apreendido pela consciência, mas sim o conjunto do ser (objeto)

e o significado que a consciência tem dele, o fenômeno é o conjunto de ambos. Logo,

estudar o significado consciente de um fenômeno é o ponto de partida para a

compreensão dos vários significados ou sentidos que o fenômeno pode ter. Por meio

deste método, busca-se o fundamento certo e evidente do objeto e seus

aparecimentos.

Sobre o pensamento de Edmund Husserl, diz-se que o principal recurso para se

alcançar o conhecimento é a intuição, já que as essências são dadas intuitivamente

(MIDLEJ, 2004). As essências nada mais são que as características apreendidas

quando o fenômeno lhe é apresentado; tais qualidades são fundamentadas por

conceitos que servem de parâmetro para discernir e classificar os fatos. Dessa forma, a

fenomenologia é a ciência das essências, posto que se baseia na intuição (ZILLES,

2006). Bem assim, alia-se a ótica fayrerbendiana em que tudo é válido. Fugindo de uma

racionalidade engessada num método, em busca da melhor percepção do objeto

(FAYERABEND, 1989).

8 Para Husserl, os filósofos devem se guiar pelo mundo interior, ou seja, o transcendental. O transcendente seria o real ou ideal, mas nunca fictício. O autor entende que se deve ir em busca da riqueza que existe no mundo transcendental, o filósofo não necessita do mundo transcendente, ele deve buscar a evidência necessária ou que não deixe dúvidas na subjetividade transcendental por meio da descrição dos fenômenos puros.

Page 51: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

51

Assim, utiliza-se o método fenomenológico para descrever o fenômeno, ou seja,

os textos jornalísticos aliando vivências, desvelando evidências que estão

indissociavelmente presentes na consciência dos produtores da notícia, com o objetivo

de entender a importância e o significado dado às informações ambientais.

O estudo, fundamentado no pensamento de Husserl, utiliza-se da intuição para

compreender e interpretar o mundo que se apresenta intencionalmente à consciência,

caracteriza-se como um conhecimento qualitativo, “uma doação de sentido, enfatizando

a experiência pura do sujeito” (MIDLEJ, 2004, p. 127) .

Sob a visão dos estudos fenomenológicos, a análise de conteúdo também é

reconhecida no aspecto qualitativo. Para a pesquisa fenomenológica, é relevante aquilo

que faz sentido para o sujeito, considerando um evento posto em evidência, como este

é percebido e é expressado através da linguagem, dedica-se ainda aquilo que é

importante no contexto em que a percepção e a expressão acontecem (SILVA et al.,

2004).

4.1 O método auxiliar: análise de conteúdo

A análise de conteúdo é um conjunto de procedimentos metodológicos tais

como: conceituação, codificação, categorização que podem ser utilizados quando se

lança mão deste recurso interpretativo (COREGNATO; MUTTI, 2006). Pode também

ser especificada pela definição que a destaca como um conjunto de técnicas de análise

das comunicações (BARDIN, 2004).

O uso de tais técnicas não dispensa um arcabouço teórico que o acompanhe nas

análises, assim evidencia-se aqui a inspiração na abordagem fenomenológica, que se

apresenta coerente com a proposta da análise de conteúdo qualitativa da presente

pesquisa. Dessa forma, entende-se como essencial tal percurso metodológico que ora

expõe-se. Esse conjunto de técnicas vem sendo utilizado desde longa data em busca

Page 52: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

52

de uma análise de significação. A Hermenêutica9 é uma de suas técnicas mais antigas.

Estudos revelam que, desde 1640, já se fazia análise de conteúdo. Entretanto, esse

método vem sendo recorrente em estudos de comunicações de massa10 desde o

princípio do século XX, com Berelson e Lazarsfeld. Suas contribuições, aliadas a de

outras áreas do conhecimento, refinaram o conceito que, de forma geral, atualmente

enfatiza que este seja o conjunto de técnicas voltado à análise das comunicações,

através de procedimentos ordenados e objetivos de descrição11 do conteúdo das

mensagens, de indicadores (quantitativo ou não) que possibilitem a dedução de

conhecimentos relacionados às condições de produção/recepção (variáveis inferidas)

das mensagens (BARDIN, 2004).

Dessa maneira, tal abordagem tem por objetivo executar “deduções lógicas e

justificadas” relacionadas à origem das mensagens “tomadas em consideração” (o

emissor e seu contexto ou casualmente, os efeitos da mensagem). Comparativamente,

a análise documental visa a representação simplificada para fins de consulta e

conservação, já a análise de conteúdo é o manuseio das mensagens (o conteúdo e o

que ele expressa) objetivando clarificar os indicadores que possibilitem a inferência

sobre uma realidade diferente da encontrada na mensagem (BARDIN, 2004).

9 Hermenêutica: “(gr. Hermeneutike) arte de interpretar o sentido das palavras, das leis, dos textos etc. Especialmente da interpretação dos textos sagrados e dos que têm valor histórico” (SILVA, 1965, p. 730). “A arte de interpretar os textos sagrados ou misteriosos é uma prática muito antiga” (BARDIN, 2004, p. 11). 10Os estudos sobre a imprensa marcaram as primeiras quatro décadas do século XX e frisaram uma tendência da análise de conteúdo, a quantificação e a medida iniciada pela Escola de Jornalismo de Colúmbia que incentiva a multiplicação dos estudos quantitativos dos jornais. Assim, mede-se o inventário das rubricas, o grau de sensacionalismo dos artigos comparando semanários rurais e diários urbanos e desdobra-se o interesse pela medida e pela contagem, considerando superfície das matérias, tamanho dos títulos, localização na página. Em contrapartida com a I Guerra Mundial, aumenta-se o interesse pela análise de conteúdo da propaganda na II Guerra Mundial. Aqui se faz necessário falar da importância de H. Lasswell que, desde 1915, já fazia análises de imprensa e propaganda (BARDIN, 2004). 11

Análise de conteúdo não tem a característica exclusiva de ser o método meramente descritivo como, por exemplo, os inventários de jornais feitos sob as regras desse conceito no princípio do século XX, mas toma-se consciência de que o objetivo do método ou a sua função é a inferência. A inferência deve basear-se em indicadores de freqüência ou em indicadores combinados (análise de co-ocorrências) e, cada vez mais, percebe-se que, a partir dos resultados, é possível retornar às causas e avançar sobre os efeitos das comunicações analisadas (BARDIN, 2004).

Page 53: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

53

Como método de análise qualitativa, dedica-se ao estudo de um fenômeno

complexo, sem tendência à quantificação dos dados, procurando compreender um

fenômeno dentro de um contexto social e cultural (COREGNATO; MUTTI, 2006).

A análise de conteúdo é um método maleável que pode ser utilizado sob

diversas abordagens – quantitativa e, ou qualitativa. A análise qualitativa corresponde a

um processo intuitivo, flexível e passível de adaptações a índices não previstos e ao

desenvolvimento de hipóteses. É importante salientar que a pesquisa qualitativa não

exclui qualquer forma de quantificação, podendo o investigador fazer testes

quantitativos sobre índices a fim de comparar com discursos semelhantes.

4.2 Universo da pesquisa

O universo da pesquisa é composto por publicações de dois jornais de circulação

estadual: Correio da Bahia (CB) e A Tarde, considerados representativos por sua

abrangência em circulação.

O Correio da Bahia foi fundado em 1978 e passou a publicar edição dominical

em 2000, tem circulação estadual e publica 20 mil exemplares de segunda a sexta; 23

mil aos sábados e 25 mil aos domingos. Possui 15 mil assinantes e faz parte da Rede

Bahia, de propriedade da família Magalhães. A Rede é composta por duas rádios, uma

delas leva o nome de Globo FM e uma rede de tv com quatro emissoras que abrangem

todo o estado da Bahia, todas afiliadas da Rede Globo (JORNAL, 2008).

O jornal A Tarde foi fundado em 1912, tem circulação estadual, com tiragem em

dias úteis de 23 mil exemplares (17 mil exemplares na capital e 6 mil no interior). Aos

sábados são produzidos 25 mil exemplares (19 mil para a capital e 6 mil para o interior).

E aos domingos o número sobe para 76,5 mil exemplares (65 mil na capital e 11,5 mil

no interior), além de possuir 28 mil assinantes na capital e no interior (A TARDE, 2008).

O período de análise, de 01 a 28 de fevereiro de 2007, foi definido por este ter

sido o mês em que o relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas foi

divulgado, o qual repercutiu, em variados veículos de comunicação por todo o globo,

conseqüências e tendências do aquecimento global para todo o planeta.

Page 54: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

54

4.3 Instrumentos de coleta de dados

Durante a pesquisa, procedeu-se a leitura dos exemplares dos jornais

selecionados, excetuando-se os cadernos de classificados e esportes. Para

catalogação dos dados, foi utilizado o programa de computador Excel for Windows,

onde dados dos textos como: data da publicação, página, chamada de capa,

caderno/editoria, título, subtítulo, sobretítulo, chapéu12, origem, repórter (quando

assinada) e palavras-chave foram selecionados e inseridos em colunas diferentes,

intituladas com o próprio nome do dado para posteriormente fazer-se a quantificação.

4.4 Procedimentos de análise

Um dos recursos utilizados nesta pesquisa, originário das técnicas da análise de

conteúdo, foi a análise temática, ou seja, quantificar os diversos temas ou itens de

significação presentes numa unidade de codificação, que pode ser uma frase, bem

como o utilizado aqui, os jornais selecionados para fazer parte do corpus13 (BARDIN,

2004).

Embora o tema específico da pesquisa tenha sido decidido a priori –

aquecimento global - para fins de comparação, incluíram-se outras temáticas

ambientais na primeira fase da pesquisa. Assim, selecionaram-se os temas a)

aquecimento global; b) biodiesel; c) transposição do rio São Francisco, d) enchente do

rio São Francisco; e e) São Francisco – Revitalização. A seleção ocorreu por suas

predominâncias nas unidades de pesquisa, ou seja, essas ocorrências demonstraram

maior potência na percepção dos objetos da pesquisa – os jornais. A definição dos

12 Chapéu: Jargão jornalístico que nomeia a identificação localizada logo acima do título ou sobretítulo (FOLHA, 2000). 13 Corpus: é o conjunto de textos selecionados através da leitura flutuante, que é o primeiro contato com os documentos (BARDIN, 2004).

Page 55: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

55

temas foi feita durante a aplicação da leitura flutuante, técnica utilizada na seleção dos

textos para compor o corpus da pesquisa.

O critério de seleção dos textos se deu através da definição de palavras-chave

relacionadas aos temas, ou seja, que emergiram do próprio objeto em análise,

conforme se observa no Quadro 1. De cada matéria, selecionaram-se as palavras que

identificavam os temas principais do texto, encontraram-se variáveis14 diversas

relacionadas ao tema aquecimento global, bem como as demais temáticas. Com a

finalidade de simplificar a apresentação dos dados, generalizaram-se as palavras-

chave, assim, figuram nos grupos de palavras os significantes que foram considerados

para a seleção dos textos. As diferentes co-ocorrências (palavras associadas) foram

eliminadas da representação.

Quadro 1 - Lista dos grupos de palavras-chave que emergiram do corpus da pesquisa

Dessa maneira, os textos que apresentavam uma ou mais das palavras listadas

acima, foram selecionados para fazer parte do corpus da pesquisa. O último grupo de

palavras chave, e) São Francisco – Revitalização, refere-se apenas ao jornal A Tarde,

devido ao volume de matérias relevante, se comparadas às publicadas no jornal

Correio da Bahia.

14 As diversas variáveis de onde emergiram as palavras chaves encontram-se listadas no APENDICE A. 15 PAC: Plano de Aceleração do Crescimento.

Tema Grupos de palavras-chave Aquecimento global – mudança climática - efeito estufa Aquecimento Global Aquecimento global – mudança climática - efeito estufa – IPCC

Biodiesel Biodiesel – biocombustíveis – produção Enchente do Rio São Francisco São Francisco – enchente – cheia

Transposição - São Francisco Transposição - São Francisco – PAC15

Transposição

Revitalização - São Francisco

Page 56: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

56

Durante a análise das publicações, observou-se a localização das matérias, em

editorias específicas, notificando a relevância dada ao fato através de sua localização

na primeira página.

Outro fator que participou das análises, foi o local de produção do texto, na

redação e sucursais do veículo ou se são provenientes de agências de notícias ou

publicações de outros estados. Nessa primeira fase, a ordem de importância é

estabelecida através da quantificação.

Para quantificação, utilizou-se o recurso de Tabela Dinâmica do software Excel

for Windows, dessa forma, fez correlação entre os dados da matéria e o número destes

com chamada de capa, sempre utilizando dois ou três dados para fazer a quantificação.

Os resultados obtidos através desse recurso são apresentados na seção resultados e

discussão.

A aplicação do método também se utilizou da análise de co-ocorrência, ou seja,

observou as unidades (palavras) que se relacionavam com a ocorrência (palavra-

chave). Para esta fase, utilizaram-se apenas os textos selecionados sobre o tema

aquecimento global.

As palavras-chave trazem consigo significações importantes na compreensão

das condições de produção do texto e são consideradas o tronco da análise. As

relações entre ocorrências e co-ocorrências é que dão sentido e determinam as

intenções presentes no texto, que independem do pesquisador.

Extraídas as co-ocorrências, estruturou-se uma grade onde foram diferenciadas

as co-ocorrências entre positivas, negativas e neutras, relacionadas ao tema

aquecimento global, que é o interesse específico da pesquisa, demonstrando como a

temática se apresenta aos leitores, inclusive sob quantificação, as quais levou-se em

consideração a seção 2.3.1 a revisão de literatura – Desastre ambiental, um parâmetro

para análise.

Ao fim, considerar-se-á cada dado, tais como: quantidade e localização das

matérias, identificação etc., para aplicar os conhecimentos e, baseado nos indicadores

de freqüência e indicadores combinados (análise de co-ocorrência), fazer as

inferências, buscando sentido para a compreensão dos elementos de significação. Tais

resultados fundamentam a discussão da pesquisa.

Page 57: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

57

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Dados gerais

O relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas apresentado

em fevereiro de 2007, pela ONU, fez emergir de forma mais drástica a gravidade das

conseqüências do aquecimento global, assim, esperava-se que os debates em meios

impressos se diversificassem, trazendo opiniões variadas.

É importante salientar que nenhum dos teóricos abordados no corpo da pesquisa

problematizou a função do jornalismo ambiental atrelando-o a dados quantitativos.

Assim, essa avaliação não tem caráter definitivo, pois não se encontra respaldo na

literatura para avaliar se a quantidade de matérias de determinado jornal atende às

necessidades funcionais do jornalismo ambiental.

5.2 Conteúdo ambiental e jornais estaduais

Os resultados discutidos apresentam dados comparados a pesquisas afins que

demonstram as diferenças e semelhanças entre veículos análogos – jornais de outros

estados e revistas informativas de circulação nacional.

Assim, das publicações analisadas, emergiram os resultados constantes na

Tabela 1:

Page 58: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

58

Tabela 1 - Produção de textos relacionados aos grupos de palavras-chave dos jornais A Tarde e Correio da Bahia, no período de 01 a 28

de fevereiro de 2007

Jorn

al

Grupos de palavras-chave 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 Total

geral

Aquecimento global - mudança

climática - efeito estufa 2 1 2 4 1 4 1 1 1 2 1 1 21

Aquecimento global - mudança

climática - efeito estufa – IPCC 1 2 1 1 5

Biodiesel - biocombustíveis –

produção 1 1 1 2 1 2 1 2 11

São Francisco - enchente (cheia) 1 1 2 1 1 2 1 1 1 2 4 3 3 4 1 28

São Francisco – Revitalização 2 2

Transposição - São Francisco 1 3 1 1 1 3 3 1 1 1 16

A T

ard

e

Transposição - São Francisco –

PAC 1 1

Total 5 2 4 5 3 7 2 4 4 2 1 1 4 2 3 2 1 2 2 3 9 5 5 5 1 84

Aquecimento global - mudança

climática - efeito estufa 1 1 1 1 1 1 2 8

Aquecimento global - mudança

climática

efeito estufa – IPCC

3 1 4

Biodiesel - biocombustíveis –

produção 1 1 1 3 1 1 1 9

São Francisco - enchente (cheia) 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 1 13

Transposição - São Francisco 1 2 6 1 1 2 3 2 3 3 3 27

Co

rrei

o d

a B

ahia

Transposição - São Francisco –

PAC 1 2 3

Total 2 4 4 3 1 7 3 1 3 2 3 4 2 3 4 6 3 5 4 64

Total geral 5 4 8 9 6 8 9 7 5 5 3 1 7 2 3 6 1 2 4 6 13 11 3 10 9 1 148

Porcentagem 3,38 2,70 5,41 6,08 4,05 5,41 6,08 4,73 3,38 3,38 2,03 0,68 4,73 1,35 2,035 4,05 0,68 1,35 2,70 4,05 8,78 7,43 2,03 6,76 6,08 0,68 100

Page 59: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

59

A partir desses dados, detectou-se que, durante todo o mês de fevereiro, em

apenas dois dias não houve publicação de matérias relacionadas aos grupos de

palavras-chave selecionados pela pesquisa. Isso se deve ao fato de que o período

carnavalesco na Bahia se deu nesses dois dias e, por conta disso, o jornal Correio

da Bahia nem chegou a ser publicado no referido espaço de tempo.

Dos 54 exemplares analisados, 96,29% publicaram textos relacionados às

temáticas ambientais selecionadas pela pesquisa, com média diária do mês de

fevereiro de 5,28 textos.

Observou-se que o número de matérias nos dois jornais estudados foi

superior aos encontrados por Bosquetti (2006) em sua análise de conteúdo do jornal

O popular (Estado de Goiás), que, de 19 de abril de 2005 a 19 de maio de 2005,

apresentou apenas 14 matérias relacionadas a meio ambiente, as quais foram

publicadas em nove edições, pois nove dessas matérias estão reunidas em quatro

edições, reduzindo o campo de exemplares que figuram informações ambientais, ou

seja, apenas 30% dos exemplares analisados pela autora apresentaram algum texto

ambiental. Entretanto, cabe aqui salientar que o trabalho da autora não se ateve à

transdisciplinaridade que o tema meio ambiente está submetido, conforme Neither

assinala (1998), pois se dedicou apenas a matérias de caráter estritamente

ecológico, relacionadas a preservação e, ou conservação da biodiversidade,

excluindo-se aspectos ambientais que sofrem interferência dos campos políticos e

econômicos já explicitados na revisão de literatura e que recentemente têm sido

trabalhados pela subdisciplina Sociologia Ambiental, como outputs provenientes dos

avanços da ciência e tecnologia na contemporaneidade.

É interessante lembrar a pesquisa de Targino (1994), que, ao avaliar revistas

informativas, semanais e de circulação nacional, estudando todas as matérias

concernentes ao meio ambiente, apurou que, de 39 fascículos analisados, apenas

43,59% veicularam alguma informação ambiental, com média mensal de 1,89 textos.

Tais dados parecem animadores, pois a presente pesquisa selecionou temas a

serem estudados de acordo com sua potência, aferida durante a leitura flutuante.

Assim, entende-se que, resguardando as diferenças de formatação das publicações,

houve um avanço na presença de temáticas ambientais em publicações impressas.

Tais dados vêm demonstrar o que Spaargaren e Mol (2002) já discutiam sobre o

avanço do meio ambiente nas discussões sociais modernas que tem conquistado

posição ao lado de instituições como a política e a economia.

Page 60: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

60

5.2.1 Aquecimento global e imprensa baiana: proximidade, atualidade, identificação

social e universalidade na imprensa baiana

Nilson Lage (1989) discute acerca da qualidade técnica do conteúdo

jornalístico e destaca os seguintes critérios de produção jornalística: atualidade,

proximidade, identificação social, intensidade e ineditismo. Relativamente, o tema

ambiental tem todas essas características. Otto Groth, citado por Melo (1994), já

discutia a “totalidade jornalística” de forma semelhante aos critérios de produção

jornalística de Lage (1989). Groth listou a periodicidade, universalidade, atualidade e

a difusão como características do jornalismo. Ambos estão ligados. A periodicidade

e a difusão que se refere à capacidade tecnológica de transmitir os fatos, tornando-

os acessíveis à coletividade (difusão coletiva); a partir de então, a periodicidade

torna-se possível, ou seja, “a capacidade da instituição jornalística de captar e

reproduzir os fatos” (p. 16). A atualidade e a universalidade, por sua vez,

respectivamente estão ligadas pela necessidade de a sociedade tomar

conhecimento dos fatos do mundo (atualidade), para utilizar tais informações de

forma prática na construção de um posicionamento ideológico ou auxiliar numa

decisão para posterior ação e, dessa maneira, não se desvincula das expectativas

da coletividade (universalidade) que se pretende atender/influenciar.

Ao distribuir os textos, reunindo os dados em seus respectivos grupos de

palavras-chave, alcançamos os resultados presentes na Tabela 2.

Tabela 2 - Número de textos por grupos de palavras-chave coletados nos jornais

Correio da Bahia e A Tarde no período de 01 a 28 de fevereiro de 2007

Com base na Tabela 2, observou-se que o tema “transposição do rio São

Francisco” teve maior recorrência na imprensa baiana (29,05%), tomando como

Grupo de palavras-chave Total % Aquecimento global – mudança climática - efeito estufa 29 19,59 Aquecimento global – mudança climática - efeito estufa – IPCC 9 6,08 Biodiesel - biocombustíveis – produção 20 13,51 São Francisco - enchente (cheia) 41 27,70 São Francisco – revitalização 2 1,35 São Francisco – transposição 43 29,05 Transposição - São Francisco – PAC 4 2,70 Total geral 148 100,00

Page 61: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

61

imprensa baiana os maiores jornais baianos em circulação analisados na presente

pesquisa. Tal recorrência se deu de certo por conta da proximidade do tema, as

discussões polêmicas que ainda sucedem o assunto, além do anúncio do PAC -

Plano de Aceleração do Crescimento - divulgando a transposição como um de seus

pontos altos; também por sua atualidade, identificação e universalidade, critérios de

produção jornalística levantados por Lage (1989) e Groth, citado por Melo (1994).

Houve também matérias que exploraram o tema comentando o posicionamento do

governo estadual baiano dentre os demais governos de estados da bacia do São

Francisco, pois este era o único que apoiava a execução do PAC. Os temas que se

seguiram foram: enchente do rio São Francisco (27,70%), em segundo lugar, e

aquecimento global (25,67 %), em terceiro. Os resultados apontam maior

importância dada ao assunto transposição do rio São Francisco, contrariando as

expectativas da pesquisa. Isso é possivelmente em decorrência de

jornalistas/dirigentes dos jornais entenderem que a matéria aquecimento global não

se configura como próxima do público leitor e, logo, não tem identificação social

maior ou igual aos assuntos que o antecederam nesta avaliação. Mais a frente, é

explorado também o ponto de vista político desse resultado.

5.3 Alguns aspectos comparativos do anúncio ambiental na imprensa baiana:

Correio da Bahia e A Tarde

5.3.1 Escala de importância dos temas

Observou-se nos dados apresentados na tabela 3, que o jornal Correio da

Bahia privilegiou o tema transposição do rio São Francisco (42,19%), seguido pelo

tema enchente do rio São Francisco (20,31%). O tema aquecimento global (18,75%)

ocupou o terceiro lugar em escala de importância, seguido da temática biodiesel

(14,06%), quando relacionados ao número de matérias publicadas no período

estudado, bem como aos demais grupos de palavras-chave.

O jornal A Tarde concedeu a segunda posição, na escala de importância, ao

tema aquecimento global, em comparação à dada pelo Correio da Bahia,

representada na Tabela 3, pois este tema ocupou a segunda colocação (25,95%)

Page 62: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

62

entre as temáticas analisadas, logo atrás do tema transposição do rio São Francisco

(19,05%). E, em primeiro lugar, ficou a enchente/cheia do rio São Francisco

(33,33%).

Tabela 3 - Número e percentagens de matérias jornalísticas relacionadas aos variados grupos de palavras-chave

Correio da Bahia A Tarde Grupos de palavras-chave Total % Total % Aquecimento global - mudança climática – efeito estufa 8 12,50 21 25,00 Aquecimento global – mudança climática – efeito estufa – IPCC 4 6,25 5 5.95 Biodiesel - biocombustíveis – produção 9 14,06 11 13,10 São Francisco - enchente/cheia 13 20,31 28 33,33 Transposição - São Francisco 27 42,19 16 19,05 Transposição - São Francisco – PAC 3 4,69 1 1,19 São Francisco – revitalização - - 2 2,38 Total geral 64 100,00 84 100,00

Baseando-se em características do jornalismo discutidas no tópico anterior,

pode-se dizer que, dentre os demais temas, o aquecimento global não é

considerado um assunto com proximidade maior ou igual às discussões acerca do

rio São Francisco para ambos os jornais; acredita-se ser reflexo de uma percepção

errônea disseminada na sociedade que acaba por ser considerado, na figura dos

jornalistas/dirigentes e da própria coletividade, um tema de relevância social de

proporções planetárias menos importante que polêmicas envolvendo o rio São

Francisco, quem apresenta uma proximidade física dos consumidores e produtores

da notícia. Embora o aquecimento global seja associado, com freqüência, a

catástrofes naturais, a enchente do rio São Francisco, em nenhum momento, foi

vinculada ao fenômeno, que também poderia ser reflexo do AG; assim, um

especialista como fonte discutiria o campo das possibilidades, aumentando a

variedade de pontos de vista, empobrecida por interesses políticos, que se comenta

ainda nesta seção.

Nesse sentido, tais resultados vêm corroborar o que afirma o Center of

Journalism Environmental sobre a necessidade de jornalistas mais bem informados,

pois, embora os problemas ambientais tenham se tornado, a cada dia, questões

mais complexas, mesmo assim as decisões referentes a esses temas têm de ser

tomadas, tendo os meios de comunicação responsabilidade em como tais escolhas

Page 63: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

63

serão entendidas pela coletividade. Assim, tais profissionais devem estar preparados

para apresentar os fatos e suas variadas interpretações.

Observa-se a predominância da temática enchente do rio São Francisco na

editoria “Poder”16, dos dados analisados no jornal Correio da Bahia, notadamente

dedicada aos temas políticos; pode-se inferir que a recorrência a este tema voltou-se

a demonstrar ao leitor a lentidão do governo do Estado em atender os desabrigados

pela cheia. É sabido que, no período de análise das unidades, o maior adversário

político do governo do estado era o senador Antonio Carlos Magalhães (ACM), sua

família é proprietária do jornal Correio da Bahia e demais veículos de comunicação

constituintes da Rede Bahia. Tal leitura corrobora o que Bosquetti (2006) comenta

sobre o fato de o domínio da informação estar diretamente ligada ao poder de

intervir e reorientar as atividades humanas e da sociedade com a natureza. Assim, a

editoria “Poder” parece ter tentado demonstrar aos leitores que o governo estadual

não estava preparado para atender às necessidades da população atingida pela

cheia do rio São Francisco. Lembra-se aqui o que Peterson et al., citado por

Bosquetti (2006), afirmaram: as comunicações têm sido usadas por governantes ou

grupos mais poderosos para estabelecer o poder e o controle social, em todas as

sociedades.

Bem assim, o nome da editoria que trata dos assuntos ligados à política no

jornal Correio da Bahia, “poder”, tem uma relação íntima com o que parece ser o

intuito do veículo: interferir e reorientar a opinião do leitor com base nos temas

abordados em suas publicações. Essa realidade lembra que a mídia, em

democracias liberais, assumiu um caráter econômico por se constituir como um

negócio privado, ou seja, que visa aferir benefícios aos proprietários, submetendo-se

a parâmetros comerciais (MOTTA et al., 2006). O ideal seria o contrário, o veículo

trazer benefícios aos leitores, pois os negócios privados têm compromissos de outra

ordem (BUENO, 2007).

A base dessa inferência citada – os dados quantitativos – também faria

sentido se, no caso do jornal A Tarde, não fosse o elevado número de matérias

ambientais (84) e sua distribuição, em certa medida, semelhante entre os temas AG

(26), cheia do rio São Francisco (28) e transposição do rio São Francisco (17).

16 Editoria: Cada equipe ou seção que constituem a Redação do jornal. Cada editoria é responsável pela cobertura de campos temáticos pré-determinados (FOLHA, 2000).

Page 64: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

64

Pode-se observar, a partir desses resultados, a importância relativa do tema

rio São Francisco, no período em análise, tanto no que se refere às matérias sobre a

transposição, quanto às catástrofes naturais como enchentes etc. São contribuições

que podem ter influenciado essa prioridade do Correio da Bahia e uma relevância

considerável no A Tarde o fato de o Rio São Francisco figurar como um tema mais

próximo do imaginário coletivo dos produtores das notícias do que o aquecimento

global; também o fato de o jornal Correio da Bahia ser, atualmente, um jornal de

oposição ao governo estadual, de forte influência política no Estado, e por isso as

matérias relacionadas ao Rio São Francisco figurarem predominantemente na

editoria de política, e serem recorrentes durante todo o mês de fevereiro, procurando

demonstrar a lentidão do governo estadual em atender os municípios atingidos pela

enchente.

Perterson et al., citados por Bosquetti (2006), falam sobre controle social

através das comunicações. Esse controle parece ganhar mais força na modernidade

devido à mudança, característica preponderante da modernidade, esta mais

influenciada pela reflexividade – que é a constante prática de examinar as ações

sociais à luz de novas informações – e que se tornou mais radical na modernidade

(GIDDENS, 1991). Tais informações, que se coadunam às reflexões sobre a

fragmentação do sujeito sociológico (HALL, 2004), reunidas, levam a uma

ponderação sobre a responsabilidade das comunicações, em especial o jornalismo

(objeto desta pesquisa), nas necessárias mudanças institucionais da sociedade

moderna, as quais os sociólogos ambientais defendem (SPAARGAREN; MOL, 2002;

2003). Assim, diante das influências dos sistemas culturais na formação do sujeito

sociológico e, em avanço, essa característica de constante mudança do sujeito

moderno (reflexividade), considera-se que ao sujeito moderno é creditado como uma

celebração móvel. Nesse sentido, entende-se que os sistemas de comunicação têm

responsabilidade nessa mudança por serem disseminadores dos sistemas culturais

de que fala Hall (2004).

5.3.2 Penetração da temática ambiental na primeira página

A manchete é dada ao assunto de maior importância no dia, ou seja, é dada a

principal notícia do dia (FOLHA, 2000). Junta-se a isso o critério de importância

Page 65: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

65

comentado, dentre outros, por Erbolato (2004) que leva à escolha da notícia,

relatando que tal critério está nas mãos do editor. Já a chamada ou chamada de

capa é caracterizada por um texto curto, na primeira página, que remete o leitor para

a cobertura extensiva. Contudo, a pesquisa revelou que as chamadas foram

utilizadas com referência aos temas ambientais, não sendo explorados em

manchete alguma.

Assim, consideraram-se como relevantes para os dirigentes dos jornais as

matérias que obtiveram chamadas na capa. Dessa maneira, apurou-se que, de

forma generalizada, a temática ambiental tem pouca penetração nos interesses

editoriais, pois, contabilizando todas as matérias dos diversos grupos de palavras-

chave no Correio da Bahia, apenas 20,31% mereceram espaço na primeira página,

conforme Tabela 4. Para fins de contabilização, representamos na tabela as

matérias que obtiveram chamadas na capa (Sim) e que não obtiveram (Não). No A

Tarde, apenas 26,19% tiveram chamada na capa. Comparativamente, os temas

enchente do rio São Francisco (Correio da Bahia) e transposição do rio São

Francisco (A Tarde) tiveram espaço privilegiado em detrimento do assunto

aquecimento global, como se pode comprovar na Tabela 5.

Tabela 4 - Número de matérias que mereceram chamada na capa, relacionadas em todos os grupos de palavras-chave

Correio da Bahia A Tarde Chamada na capa Total % Total % Não 51 79,69 62 73,81 Sim 13 20,31 22 26,19 Total geral 64 100,00 84 100,00

Tabela 5 - Grupos de palavras-chave específicos por número de chamadas na capa

A Tarde Correio da

Bahia Grupos de palavras-chave Não Sim total não Sim total Aquecimento global - mudanças climáticas - efeito estufa 16 5 21 5 3 8 Aquecimento global - mudanças climáticas - efeito estufa – IPCC 5 5 3 1 4 Biodiesel - biocombustíveis – produção 11 11 6 3 9 São Francisco - enchente (cheia) 18 10 28 11 2 13 São Francisco – Revitalização 2 2 - - - São Francisco – transposição 10 6 16 22 5 27

Page 66: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

66

A Tarde Correio da

Bahia Grupos de palavras-chave Não Sim total não Sim total Transposição - São Francisco – PAC 1 1 3 3 Total geral 63 21 84 50 14 64

Observam-se as semelhanças percentuais apresentadas na Tabela 4: o título,

a manchete e a chamada são elementos importantes para atrair o leitor para a

leitura da matéria e são elementos que pesam muito na pauta do dia (MONITOR,

2007). Para Jorge Pedro Souza (2001), o título tem a função de chamar a atenção,

tornar a matéria atraente, “agarrar o leitor, antecipar a história sem a esgotar,

anunciar e apresentar a história, organizar graficamente o espaço de um jornal e

ajuda a hierarquizar as peças”. Nesse sentido, a primeira página demonstra a escala

de importância dos temas, sua hierarquia.

Assim, a primeira página dos objetos estudados demonstra que a temática

ambiental ainda deve ser melhor debatida no âmbito da empresa jornalística, a fim

de que seja percebida sua importância para o desenvolvimento social e econômico -

já percebida em países desenvolvidos apresentada nas discussões de Spaargaren e

Mol (2003; 2002), bem como nos estudos de Joseph Huber e Ulrich Beck citados

por Spaargaren e Mol (2003; 2002), a saber Alemanha e Holanda – de maneira que

a temática ambiental seja observada não só do ponto de vista quantitativo, mas

também qualitativo dentro de publicações jornalística baianas, tendo ascensão no

espaço editorial, com chamadas na capa e manchetes e conquistando mais espaços

no interior dos jornais.

5.3.3 Regionalização/contextualização de temas ambientais

O interesse em contextualizar os dados de forma a trabalhar as temáticas

locais pode ser medido pelo número de matérias produzidas na redação ou

sucursais representados na Tabela 5. Destarte, no Correio da Bahia, o número de

matérias provenientes de agências de notícias, especificamente internacionais,

demonstra o compromisso em esclarecer os processos ambientais em escala local.

Assim, à medida que o número de matérias internacionais é maior que aquelas que

tratam de temas locais, considera-se que a temática local é menos valorizada. O

Page 67: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

67

estudo revelou que 21,87% das matérias relacionadas aos temas ambientais

listados nesta pesquisa foram produzidas fora das redações do supracitado jornal,

ou seja, foram produzidas em agências de notícias ou com a colaboração de outro

órgão. No caso do A Tarde, apenas 11,90% das matérias ambientais tiveram origem

fora do jornal.

Tabela 6 - Número de matérias originárias de agências de notícias e da redação do jornal e respectivas sucursais

Bosquetti (2006) apurou, em sua análise, que o número maior de matérias

produzidas por editores jornalísticos (publicações de editores e subeditores do

encarte de O Popular), ou seja, duas manchetes, que equivalem a 12,28%, total

semelhante das agências, em detrimento de matérias provenientes do governo: um,

equivalente a 7,14% e outros (matérias não assinadas) que totalizaram três, com

percentual de 21,42%; parece ser indício de profissionais que se preocupam em

informar problemas de meio biótico e abiótico, dessa maneira, deixando de abordar

aspectos socioeconômicos.

17 Dado que 78,13% dos textos ambientais do Correio da Bahia foram produzidos nas redações e sucursais do veículo, 21,87% dos textos foram produzidos em agências de notícias. 18 Dado que 88,10% dos textos ambientais do A Tarde foram produzidos nas redações e sucursais do veículo, 11,90% dos textos foram produzidos em agências de notícias.

Correio da Bahia A Tarde Origem Total % Total % Agência Estado 1 1,56 - - Agência Estado e Reuter 1 1,19 Agência Globo 2 3,13 - - Agência Globo, Brasília - - 1 1,19 Agências Estado e Brasil - - 1 1,19 Agências Estado e EFE - - 1 1,19 Agência Nacional de Petróleo E Agência Globo 1 1,56 - - Associated Press 1 1,56 - - Cláudio Bandeira e Agências - - 1 1,19 EFE (Agência de Notícias Espanhola) 4 6,25 - - Folhapress 4 6,25 4 4,76 Folhapress, Reuter e redação - - 1 1,19 Publicação simultânea com o Jornal do Brasil 1 1,56 - - Matérias da redação e sucursais 50 78,1317 74 88,1018 Total geral 64 100,00 84 100,00

Page 68: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

68

Trata-se de um dado interessante, entretanto, a pesquisadora atribui aos

editores jornalísticos a preocupação com determinadas questões ambientais, mas é

necessário ressaltar que, antes de manifestar uma preocupação no exemplar de um

jornal, tal preocupação já figura na linha editorial do mesmo. Dessa forma, não se

trata de uma preocupação particular do jornalista, mas do veículo em questão.19

Amaral (1978) frisa o caráter pobre da notícia produzida a poucas mãos,

como ocorre no mercado noticioso global, pois o mercado internacional de agências

de notícias é restrito, formado pela Associated Press (AP) e United Press dos

Estados Unidos, Reuter da Grã-Bretanha, France-Presse da França e TASS da

Rússia. Acrescente-se a estas as agências citadas por Bahia (1990), a Ansa, da

Itália, DPA, da Alemanha, EFE, da Espanha e a Nova China, esta última mais

influente no leste europeu e na Ásia. Entretanto, com base nos dados coletados na

pesquisa, observa-se que as informações de Amaral (1978) continuam atuais,

mormente nos jornais baianos; assim, as agências que figuram pelo mercado

noticioso baiano com matérias que chegam a ser publicadas são: AP, Reuter e

principalmente a EFE. E entre as nacionais, destacaram-se: Agência Globo, Agência

Estado e Folhapress.

Com o mercado de notícias com poucas empresas dominantes, a notícia

vendida ao atacado, como lembra Bahia (1990) e a crítica feita por Amaral (1978),

aplica-se aqui. A mesma notícia produzida por poucas empresas traz “monotonia e

insipidez” ao noticiário, além do preocupante controle sobre informações políticas.

Assim entende-se que, nos jornais baianos, figuram o interesse por temáticas

ambientais, demonstrado pela produção de matérias sobre meio ambiente, ou

relacionados ao mesmo; entretanto, é necessário o aumento na variedade dos

pontos de vista abordados nas mesmas, seja pela introdução de novas empresas

noticiosas no mercado, ou pela recorrência a novas fontes que apresentem

pensamentos variados sobre os temas abordados e até uma variação maior de

temas, pois ainda se faz indispensável a sensibilização da sociedade moderna para

buscar alternativas para a crise ambiental que ora vive-se.

19 Um exemplo de idéias defendidas por uma linha editorial é a da Folha de São Paulo, que, no princípio, era apenas a “Folha da Noite”; seu interesse era atrair leitores das classes média urbana e operária. Depois foi lançado o “Folha da Manhã”, da mesma empresa. Posteriormente, em 1931, os jornais foram vendidos e sua linha editorial foi modificada, seu objetivo era defender os interesses dos agricultores paulistas. Mais a frente, em 1945, o controle acionário da empresa passou às mãos do Jornalista José Nabantino e mudou novamente sua linha editorial, que voltou a defender os interesses da classe média urbana (FOLHA, 2000).

Page 69: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

69

5.4 O conteúdo específico: aquecimento global

Como o foco da pesquisa é a temática aquecimento global (AG), optou-se por

apresentar os resultados em separado, portanto, reuniram-se, nessa seção, os

resultados dos seguintes grupos de palavras-chave:

Quadro 2 - Grupos de palavras-chave relacionados ao tema aquecimento global, discriminando os textos que fizeram menção ao relatório do IPCC.

5.4.1 Aquecimento global e IPCC: sua importância na imprensa baiana

Dos temas ambientais observados pela pesquisa, o aquecimento global teve

12 ocorrências, o que reflete 18,75% do total de ocorrências ambientais, no

montante de 64 analisadas no CB; destas, três relacionaram o tema ao Relatório do

IPCC, o que reflete 4,68%. O A Tarde apresentou 30,95% (26), um número bastante

superior em comparação ao CB; destes, apenas 5,95% (5) relacionaram-se com o

relatório do IPCC, conforme Tabela 3. Em separado, os textos sobre AG

relacionados ao IPCC, no CB, ocuparam apenas 33,33%, no A Tarde apenas

19,23%, conforme Tabela 7:

Tabela 7 - Número de matérias por grupo de palavras-chave apenas sobre aquecimento global

Correio da Bahia A Tarde Grupo de palavras-chave Total % Total % Aquecimento global – mudança climática – efeito estufa 8 66,67 21 80,77 Aquecimento global – mudança climática – efeito estufa – IPCC 4 33,33 5 19,23 Total geral 12 100,00% 26 100,00%

Ao estudar os números apresentados na Tabela 7, percebe-se a

superioridade dos dados referentes ao jornal A Tarde que publicou mais que o dobro

de matérias sobre o assunto em relação aos dados do Correio da Bahia.

Grupos de palavras-chave Aquecimento global – mudança climática – efeito estufa Aquecimento global – mudança climática – efeito estufa – IPCC

Page 70: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

70

Observa-se que os dados divulgados pelo relatório do IPCC não obtiveram

ascensão no espaço editorial, contrariando o que foi feito na imprensa televisiva,

jornalismo considerado superficial por Erbolato (2004) por sua velocidade. Para

Erbolato (2004), o jornalismo impresso possibilita maior profundidade das

informações e interpretação.

5.4.2 Aquecimento global dá manchete?

O Novo Manual da Redação da Folha de São Paulo (2000) define manchete

como o título principal da edição, ou o assunto de mais importância do dia recebe a

manchete da primeira página. Há também a manchete interna, ou seja, o assunto de

maior importância de uma página recebe sua manchete.

Entretanto, não houve manchete para o tema aquecimento global em ambos

os jornais da pesquisa. Assim, dos textos sobre AG do CB, apenas 25% (3),

conforme Tabela 8, mereceram chamada de capa, contra 19,23% (5) do A Tarde.

Tabela 8 - Número de matérias sobre aquecimento global que tiveram chamada na capa

Correio da Bahia A Tarde Chamada na capa Total % Total % Não 9 75,00 21 80,77 Sim 3 25,00 5 19,23 Total geral 12 100,00 26 100,00

Para Sousa (2001), o uso dos diagramas, mapas e formas gráficas de

hierarquizar e sistematizar a informação leva a concluir que foi percebido que os

leitores são mais receptivos se o conteúdo é interessante e a paginação do produto

garante legibilidade e clareza tornando o jornal mais bonito. Assim, elementos como

a manchete e a chamada na capa fazem referência à hierarquização da notícia, o

que é mais importante no dia, ou na edição conforme Rabaça e Barbosa (1978), e é

posicionado como matéria principal através da manchete externa; temas menos

importantes, embora de relevância, recebem chamada na capa, a fim de chamar a

atenção do leitor para matérias internas. Nesse caso, destaca-se que, para os textos

sobre aquecimento global, não houve manchete, em ambos os jornais, notificando-

Page 71: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

71

se apenas chamadas na capa, que, em número percentual, não alcançou nem a

metade dos textos contabilizados na pesquisa. Essa hierarquização demonstrada

pelo posicionamento dos textos avaliados evidencia o grau de importância do tema

aquecimento global nas publicações estudadas. As figuras a seguir demonstram o

espaço dedicado ao tema em tamanho real.

Figura 1 - Chamada na capa de matéria referente ao aquecimento global do jornal A Tarde. Data: 03/02/2007.

90x56mm

760x318mm

Page 72: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

72

Figura 2 - Chamada na capa de matéria referente ao aquecimento global do jornal A

Tarde. Data: 03/02/2007.

30x26mm

760x318mm

Page 73: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

73

Figura 3 - Chamada na capa de texto (tecnicamente considerado artigo editorial)

referente ao aquecimento global do jornal A Tarde. Data: 04/02/2007.

760x318mm

260x55mm

Page 74: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

74

Figura 4 - Chamada na capa de matéria referente ao aquecimento global do jornal A

Tarde. Data: 06/02/2007.

Figura 5 - Chamada na capa de matéria referente ao aquecimento global do jornal A Tarde. Data: 21/02/2007.

760x318mm

39x51mm

760x318mm

52x63mm

Page 75: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

75

Figura 6 - Chamada na capa de duas matérias referente ao aquecimento global do jornal Correio da Bahia. Data: 03/02/2007.

Figura 7 - Chamada na capa de matéria referente ao aquecimento global do jornal Correio da Bahia. Data: 04/02/2007.

760x318mm 85x45mm

760x318mm

56x47mm

Page 76: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

76

Essa seção vem demonstrar, através de mais um fator estudado, que os

jornais baianos ainda necessitam ampliar seu ponto de vista sobre o que é de

interesse da coletividade, ou seja, conhecer de fato o que tem ocorrido no campo

das ciências ambientais, que refletem na qualidade de vida de todos, dado que o

fenômeno de que tratamos caracteriza-se por ser transnacional, sem fronteiras, pois

atingirá a todos, caso não seja contornado, e não tem sido explorado de acordo com

sua gravidade. Ao fazer isso, contribuirá para que a sociedade tenha uma idéia mais

realista de sua própria realidade. Disseminar idéias diferenciadas é importante para

que a população construa sua opinião acerca da crise ambiental que ora vivemos,

mas sem uma diagramação, hierarquização que priorize esse debate tal iniciativa se

anula, pois um texto que não é lido não cumpre a sua função.

5.4.3 Regionalização/contextualização das matérias: o tema aquecimento global,

precisão e visibilidade

O interesse em regionalizar os temas foram observados a partir do local de

produção das matérias – redação e, ou sucursais, ou agência de notícias e, ou

jornais de outras regiões – assim, a presente pesquisa se alia ao fato de que a

notícia local é que chama mais a atenção dos leitores.

A análise sobre a origem das matérias revelou que, no CB, metade (6) dos

textos relacionados ao aquecimento global foi produzida por agências de notícias.

Este número representa 42,85% entre todas (14)20 as matérias analisadas durante a

pesquisa, que foram produzidas fora da redação e sucursais do Correio da Bahia

(observe Tabela 6). Isso quer dizer que um número bastante representativo das

matérias provenientes de agências foi sobre o aquecimento global. Ou seja, esta

temática não figura entre aquelas que merecem matérias contextualizadas e que

devem ser exemplificadas em situações regionais.

20 Tal valor é resultado da subtração do total geral de textos do Correio da Bahia pelo total de textos da redação e sucursais, ou seja, 64-50=14 (total de textos produzidos fora da redação e sucursais).

Page 77: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

77

1 1

4

6

0

2

4

6

8

1

Agências

Agência Estado

Associated Press

EFE

Redação e sucursais

Figura 8 - Local de produção matérias, em porcentagens, publicadas no Correio da Bahia.

Nas análises sobre o A Tarde, observou-se que 19,23% (5) das matérias

sobre AG foram produzidas fora da redação e, ou sucursais. Tal número representa

50% do total de textos (10) dos variados grupos de palavras-chave (Tabela 6)

analisados na supracitada unidade de pesquisa.

1 1 1 1 1

21

0

5

10

15

20

25

1

Agências

Agência Estado eReutersAgência Globo, Brasília

Agências Estado e EFE

Folhapress

Folhapress, Reuters eredaçãoRedação/sucursais

Figura 9 - Local de produção matérias, em porcentagens, publicadas no A Tarde.

Targino (1994), citando Silva, destaca que a emissão de informações deve ter

função didática, oportunizando apreensão de significado, no intuito de provocar

mudanças comportamentais e, apesar de o jornalismo ambiental ser uma

subespecialização do jornalismo, ele assimila funções do jornalismo científico, bem

como suas disfunções. Nos resultados apresentados nesta seção, observa-se uma

das disfunções destacadas pela autora, o “afeganistantismo”, ou seja, o destaque

dado a outras localidades, em detrimento do contexto local.

O próprio Honoré de Balzac, citado Amaral (1978), já questionava o grau de

controle sobre informações políticas que as agências de notícias poderiam ter,

Page 78: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

78

devido ao predomínio de poucas empresas no mercado, a conseqüente pobreza das

notícias e uniformidade das interpretações do material comercializado pelas

mesmas.

Portanto, é preocupante o fato de os jornais mais conhecidos do Estado da

Bahia não priorizarem a produção de notícias sobre aquecimento global,

considerando aspectos regionais, que seriam alcançadas se as mesmas fossem

produzidas localmente, tais resultados levam a crer que existe um ciclo vicioso em

que não se sabe, mas é necessário estudar, se a percepção do tema como um fato

distante demonstrado pelos dados discutidos anteriormente, sobre a escala de

importância dada aos temas estudados, são reflexo da percepção dos jornalistas e

dirigentes que influenciam a coletividade ou das agências amplamente utilizadas

para tratar do tema, ou até da própria comunidade. Isso leva a lembrar o que dizem

algumas conclusões e recomendações do relatório Many Voices, que destaca a

comunicação como um direito humano fundamental, responsável pela manutenção

de muitos outros direitos. Entretanto, o Center of Environmental Journalism (2007)

destaca a necessidade de jornalistas mais bem informados para atender à

sociedade de maneira que a definição de políticas feitas pelos tomadores de decisão

sejam entendidas pelos cidadãos; os meios de comunicação contribuem

possibilitando essa interpretação, pois os media são parte vital desse processo.

Assim, no aspecto origem/contextualização da matéria, a qualidade e

precisão são depostas de sua posição, dentre as características do produto

jornalístico, contrariando o que apregoa a SEJ (2007), Society of Environmental

Journalism sobre a reportagem ambiental. Sua missão seria aumentar o

entendimento das questões ambientais, para tanto, é necessário possibilitar o

aumento da qualidade, precisão e visibilidade dessas questões. Mas o uso prioritário

de matérias provenientes de agências deixa a desejar no caráter precisão e

conseqüentemente visibilidade, pois passa a impressão de que este não é um

problema próximo da comunidade leitora do veículo, pois não exemplifica com fatos

locais, contextualizando, de forma local ou regional, um problema que é global.

Abre-se aqui uma seção para discorrer um pouco sobre essa dualidade entre o

global e o local. Stuart Hall (1994), em seu quinto capítulo, fala de pelo menos uma

“contratendência” acerca do assunto. Ele destaca que, em vista do fato de a

globalização estar homogeneizando as culturas – através dos sistemas culturais dos

quais já se tratou aqui (interferindo na formação do sujeito moderno) –, nesse

Page 79: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

79

sentido, para alguns estudiosos, falar em homogeneização cultural seria o mesmo

que prever o fim da unidade das culturas nacionais. O autor cita Kevin Robin, que

acredita que, apesar da homogeneização, também há uma tendência a uma

fascinação pelo diferente juntamente com a mercantilização da etnia. Dessa forma,

existe, com a interferência do global, um novo interesse pelo local, que, deixando

claro, não se faz referências a velhas identidades. Nesse sentido, está a importância

de tratar temas locais e, ou regionais impulsionado pelo local ou vice-versa. Hall

(1994) afirma ainda que “é improvável que a globalização vá simplesmente destruir

as identidades nacionais” e completa, crendo que é mais plausível se produzir novas

identificações “globais” e novas identificações “locais” (grifos do autor).

Nesse ponto, o desenvolvimento jornalístico brasileiro, especificamente, se

depara com o que Rossi (1980) já discutia: a falta de especializações voltadas aos

jornalistas, que ainda hoje são vistos como enciclopédias ambulantes por parte do

grande público. Embora essa realidade venha se modificando, as

macroespecializações de que fala o autor, em política e economia, já se firmaram,

mas ainda são incipientes especializações de áreas específicas; como alternativa

recorre-se aos arquivos sobre o assunto em questão ou a especialistas que detêm o

conhecimento, tornando a coletividade refém dos especialistas, conforme Beck

destaca em sua Teoria da Sociedade de Risco (apud SPAARGAREN; MOL, 2003).

Nesse sentido, lembra-se uma das disfunções do jornalismo que se pode

encontrar em textos escritos tanto por especialistas/cientistas ou mesmo jornalistas

que não têm o compromisso ético com sua missão na sociedade, a filosofia do time

de casa, destacada por Targino (1994, p. 12), citando Silva: que é a “omissão de

dados julgados nocivos ao progresso de ‘sua’ cidade”, ou de sua pesquisa, bem

como de seus financiadores.

Além do mais, a recorrência restrita a especialistas traz um grande risco.

Geralmente os especialistas escrevem em linguagem própria, sendo inteligível para

outros especialistas, que não é corriqueira para o leitor médio de jornais diários,

tornando a leitura de difícil entendimento para o público a que se destina a

publicação, como lembra Rossi (1980).

Bem assim, destaca-se o que Trigueiro disse e que se coaduna com a missão

da SEJ (2007), relatada anteriormente: é necessário simplificar os temas sem

banalizá-los. Para esse autor, o especialista deve assumir o papel de educador e ao

jornalista cabe transformar a informação em notícia inteligível, configurando o

Page 80: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

80

jornalismo ambiental como um mediador da informação técnica para que a

coletividade possa compreendê-la.

Os resultados dessa seção confirmam o que Villar (1997) afirmou 11 anos

atrás sobre a recorrência a pautas provenientes de agências internacionais, quando

o assunto é meio ambiente. Nesse caso, especificamente, quando o assunto é

aquecimento global, parte considerável das pautas é proveniente de agências de

notícias, considerando os textos em sua totalidade, no Correio da Bahia (50%), ou

aliando textos da redação local, como ocorre no A Tarde (19,23%), que podem ser

observados especificamente nas Figuras 8 e 9, na página 76. Entretanto, cabe

ressaltar que, dentre todas as temáticas abordadas nessa pesquisa, para além do

aquecimento global, figuraram, em sua maioria, textos originários das redações e

sucursais.

5.4.4 Identificação: chapéu, mais uma forma de atrair o leitor

Outro fator observado foi a identificação presente acima do título chamada no

jargão jornalístico de chapéu. Esta identificação adianta dados que podem atrair o

leitor para a leitura da matéria, antes mesmo da apresentação do título. Dentre as

matérias sobre o aquecimento global (12) no CB, apenas 25% (3) tiveram uma

identificação, especificamente falando do aquecimento global, destacou-se apenas

8,33% (1), conforme Tabela 10. Na unidade de análise jornal A Tarde, com 26

textos, houve mais chapéus; 53,84% (14) das matérias apresentaram tal

identificação, que tiveram significantes variados, predominantemente relacionados à

temática ambiental, pois se utilizaram palavras como: aquecimento global, ambiente,

clima, efeito estufa, meio ambiente, totalizando 49,99%. Apenas um dos chapéus –

UFBA – não tinha relação com a temática AG. Especificamente, o chapéu AG (ou

efeito estufa) apresentou-se em 23,08% das matérias, conforme Tabela 10.

Tabela 9 - Quantidade de matérias que tiveram chapéu (tema aquecimento global) no Correio da Bahia

Identificação Total % Aquecimento Global 1 8,33

Câmara 1 8,33 Europa 1 8,33

Page 81: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

81

Identificação Total % Matérias sem chapéu 9 75,00 Total geral 12 100,00

Tabela 10 - Quantidade de matérias que tiveram chapéu (tema aquecimento global) no A Tarde

Identificação Total % Ambiente 2 7,69 Aquecimento global 5 19,23 Clima 2 7,69 Efeito estufa 1 3,85 Meio Ambiente 3 11,54 UFBA 1 3,85 Matérias sem identificação alguma 12 46,15 Total geral 26 100,00

Segundo Sousa (2001), os elementos de design eram prescindíveis antes do

século XX, o que importava era o conteúdo, mas hoje se percebe a importância do

design de imprensa ou infografia para chamar a atenção do leitor para o produto

jornalístico. Ao que parece, o Correio da Bahia encontra-se em desvantagem nessa

escala de evolução no âmbito dos elementos do jornalismo impresso de que fala o

autor. O A Tarde explorou mais o uso do chapéu e relacionou com significantes

conhecidos que faziam referência ao meio ambiente.

5.4.5 Jornalismo impresso, jornalismo em profundidade: e a Bahia?

Diz-se que a morte de jornais e revistas já é anunciada há mais ou menos um

século, entretanto, estudos apontam que a sobrevivência destes veículos está no

fato de os mesmos poderem ofertar uma notícia em profundidade, atentando para os

antecedentes, mapeando o passado dos envolvidos e comparando-o a

acontecimentos semelhantes; dessa forma, compete com a rapidez e a vivacidade

de outros veículos, como a televisão (ERBOLATO, 2004). Segundo a pesquisa

Newspaper Daily Section Readership 2007, solicitada pela Newspaper Association

of América, 83% dos leitores adultos recorrem ao jornal diário em busca de notícias

locais, 56% buscam notícias nacionais/internacionais e 88% buscam principalmente

as notícias da primeira página (NAA, 2007). Uma outra enquete, da Newspaper

Page 82: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

82

Association of America e pela American Society of Newspaper Editors, feita em 1997

apontou que os leitores buscam os jornais quando querem saber informações de

sua comunidade. Para 64% dos leitores, os jornais diários são boas fontes de

notícias, contra 41% que optaram pela televisão, 40%, pelo rádio e 27%, pelas

revistas (SCHARF, 2004).

Apesar disso, no Correio da Bahia, as variadas temáticas ambientais

obtiveram 21,87% (14) de suas matérias produzidas fora da redação e, ou sucursais

(Tabela 6), especificamente, o tema AG, de um total de 12 matérias, 50% (6) foram

produzidas em agências de notícias (Figura 8). Tal resultado aponta que, no caso

das temáticas ambientais, o CB tem atendido às expectativas que os leitores

alimentam ao continuarem a recorrer ao jornalismo impresso, ou seja, a busca por

notícias mais próximas do seu dia-a-dia; entretanto, no caso do tema AG, tal o CB

recorreu a agências de notícias em metade das publicações, volume este que

poderia ter sido superior, seguindo a tendência das demais temáticas emergidas da

leitura flutuante.

Dessa forma, esperava-se que as discussões levantadas pelo relatório do

IPCC fossem tratadas através de acontecimentos locais, seja pelas matérias

veiculadas em mídia televisiva, como queimadas na Mata Atlântica, ou ovos de

tartarugas encontrados cozidos nas praias que servem de berçário para essa

espécie, ou até resultados de pesquisas científicas, bem como o posicionamento de

pesquisadores locais relacionando o tema com realidades estaduais ou nacionais.

Os resultados do A Tarde apontaram que 11,90% (10) de suas matérias

ambientais foram produzidas fora das redações e, ou sucursais do jornal (Tabela 6);

destas, 50,00% (5) se dedicavam ao tema aquecimento global (Figura 9). Desses

dados, aliados aos dados do CB, pode-se perceber que o AG tem uma tendência em

ser considerado menos importante que temáticas difundidas em debates públicos de

caráter econômico, como o biodiesel, que levanta interesses não só nacionais como

internacionais. Nos resultados do A Tarde, das matérias relacionadas ao tema

biodiesel (11), apenas uma foi produzida em agência de notícias. No CB, dos nove

textos sobre biodiesel, quatro foram produzidos fora da redação e sucursais.

Um elemento importante na apresentação da matéria é o título, uma forma de

identificação da matéria antes mesmo da leitura do texto. Dentre os elementos que

mais chamam a atenção do leitor estão gráficos e tabelas (80%); fotos (75%); títulos

(60%); anúncios (54%); chamadas (32%); subtítulos (29%) e textos (25%). Pode-se

Page 83: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

83

observar que, em relação aos elementos textuais, os títulos ocupam o primeiro lugar

entre os que chamam a atenção do leitor (SCHARF, 2004). O resultado da pesquisa

mostrou que, no CB, apenas 25% (3) das matérias sobre AG obtiveram um chapéu

e, destas, 8,33% (1) obtiveram um chapéu que se relacionasse com o tema como

AG, efeito estufa ou mudança climática (Tabela 9). No caso do A Tarde, 53,85% (14)

das matérias sobre AG obtiveram chapéu; destas, apenas 23,08% das identificações

referiam-se ao AG (ou efeito estufa). Logo se observa que um tema, como o AG, de

interesse planetário – inclusive sobre os seus reais causadores – não tem merecido

uma exploração maior de maneira a chamar mais atenção do leitor para o assunto,

aproveitando melhor os elementos infográficos.

É importante salientar que, sobre a questão do aquecimento global, ainda

existem controvérsias, embora esses variados pontos de vista ou modos de

apresentar o tema não sejam discutidos, ou mesmo utilizados nesses jornais diários.

5.5 Análise de co-ocorrência nas matérias sobre aquecimento global relacionadas ao IPCC

Conforme procedimentos metodológicos e técnicas do item 4, foi executada a

análise de co-ocorrências dos textos que faziam referência ao aquecimento global

juntamente com o relatório do IPCC.

Tal análise tem como questão central a reflexão sobre os sentidos em que

são utilizadas as variadas ocorrências das palavras-chave aquecimento global e

IPCC, nos jornais. Dessa maneira, busca-se compreendê-los, através das leituras

dos textos publicados pelos objetos da pesquisa sobre o tema aquecimento global,

bem como dos conceitos utilizados.

Através da análise de conteúdo das matérias publicadas nos jornais

analisados, partindo-se da seleção das palavras-chave, do levantamento de

freqüência com que ocorreram no texto e na identificação das co-ocorrências com

associações positivas e, ou negativas e, ou neutras, montou-se um quadro geral,

que possibilitou a exploração dos resultados. Assim, apresentam-se os dados no

Quadro 3:

Quadro 3 - Co-ocorrências, relações do jornal A Tarde associadas à palavra-chave aquecimento global, IPCC, meio ambiente e mudança climática.

Page 84: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

84

Jornal A Tarde

Unidades de análise

5

Relações Associações

positivas Nº Associações

negativas Nº Associações

neutras Nº

Discussão global

1 Associação física (catástrofes)

9 Comunidade científica

2

Combustíveis fósseis

1 Conseqüências (gravidade)

3

Atividade humana (incentivo/provocado)

2

Conseqüências econômicas

4

Aquecimento global (18)

IPCC 1 Aspectos da produção

agrícola (decréscimo) 2 Comunidade

científica 2

Conseqüências físicas (catástrofes naturais)

5 Termos empregados (fortes)

1

Projeção pessimista 1 Aprovação unanimidade

1

IPCC (11)

Gravidade das conseqüências

1

Causa humana 1 Mudança climática (2) Protesto 1

Homem (danos) 1 Instituição

pública 3

Políticas públicas

1

Meio ambiente (6)

Fundos municipais (recursos financeiros)

1

Através do sentido das palavras nas visões dos objetos da pesquisa,

projetam-se os significados disseminados pelo veículo de comunicação, associados,

por exemplo, aos aspectos físicos negativos, como catástrofes “naturais”, que

também são associadas a atividades humanas. Destaca-se que se apresenta aqui

um quadro geral, no qual associações de caráter conotativo semelhante foram

reunidas em um significante. Os quadros com associações diferenciadas e mais

especificas encontram-se no Apêndice A.

Page 85: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

85

Observa-se que as associações negativas, como se esperava, são

quantitativamente mais representativas que as positivas, assim como as de caráter

neutro em ambos os jornais.

Buscando-se o sentido dessas relações nas visões dos objetos da pesquisa,

põem-se em relevo as relações mais freqüentes das palavras “aquecimento global,

IPCC, mudança climática e meio ambiente”.

Em apreciação, infere-se que o aquecimento global, no jornal A Tarde,

encontra-se associado mormente a catástrofes naturais, configurando as principais

associações negativas, associando ao conceito de desasters já citado. Embora em

número pequeno, a palavra associa-se à ação humana como causadora do

fenômeno, conseqüências locais e gravidade do fenômeno de forma geral.

Relevante número de ocorrências (4) apresenta preocupações do ponto de

vista econômico, como a queda na produção de arroz projetada para o futuro, a

infertilidade do solo, além da produção agropecuária que pode cair devido a abortos

em animais, ocasionando a queda na produção de leite, assim como a produção de

ovos.

A surpresa fica para uma das especificações positivas: as vantagens que o

Brasil levará nesse contexto catastrófico por seu avanço na produção de

biocombustíveis, além de propostas de discussões acerca dos problemas para

propor novas alternativas. O inesperado encontra-se no fato de o jornal demonstrar

a produção como uma alternativa positiva de forma unilateral. Entretanto, é

necessário lembrar que a produção de biocombustíveis, em sua grande maioria,

está ligada à monocultura, incentivando o desmatamento, em especial em áreas já

degradadas. Estas monoculturas, como outros ciclos econômicos como o do café,

da mineração, e da pecuária (YOUNG, 2005), poderão avançar e forçar o aumento

de fronteiras agrícolas, desmatando áreas ainda não estudadas, como ocorre na

Amazônia. Dentre as associações neutras, estão dados históricos sobre

aquecimento global, como o primeiro IPCC, além da comunidade científica que

debate o assunto.

Ao que se refere ao IPCC, existem associações semelhantes às do

aquecimento global, ou seja, estão associadas ao relatório do IPCC as catástrofes

naturais, os prejuízos no campo econômico, bem como a gravidade das

conseqüências do AG. Nas associações neutras, figuram novamente a comunidade

científica e organização relacionada ao clima, além da aprovação por unanimidade

Page 86: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

86

dos termos presentes no relatório do IPCC. Não existem associações positivas

relacionadas ao IPCC nas matérias do A Tarde.

Avaliou-se também a palavra-chave mudança climática, que obteve apenas

duas ocorrências nos cinco textos analisados; associadas a ela encontraram-se

restritamente associações negativas, prioritariamente relativas à ação humana. Uma

peculiaridade encontrada foram as relações estritamente neutras relativas à palavra-

chave meio ambiente, que esteve ligada a instituições sociais e, ou públicas, como

secretarias de governo voltadas a questões do meio ambiente, o que demonstra um

avanço nos debates sobre essa temática, não pendendo apenas para questões

bióticas, como a perda de biodiversidade, mas também político-econômicas como

Spaargaren e Mol já afirmaram (2002, 2003).

No caso do Correio da Bahia, encontra-se uma marcante diferença: as

associações feitas à palavra-chave aquecimento global, que podem ser observadas

no Quadro 4.

Quadro 4 - Co-ocorrências relações do jornal Correio da Bahia associadas à palavra-chave aquecimento global, IPCC, meio ambiente e mudança climática

Correio da Bahia

Unidades de análise:

4

Relações

Associações positivas

Nº Associações negativas

Nº Associações Neutras

Alerta 1 Emissões de gases 5 Resposta imediata 1

Conseqüências (associação física)

3 Desmatamento Amazônia (monitoramento)

1

Causa humana 2 Relatório/Documento IPCC

1

Amazônia (possível conseqüência/afetar)

2

Criação de novo organismo de proteção

1

Brasil (responsável/causa)

1

Países industrializados (causa)

1

Inequívoco 1

Aquecimento global (16)

Evidente 1

Page 87: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

87

Correio da Bahia

Unidades de análise:

4

Relações

Associações positivas

Nº Associações negativas

Nº Associações Neutras

Irreversível 1 Previsões

preocupantes 3 Advertência 1

Aquecimento global Projeções (previsões/desdobramentos dos efeitos do AG)

1

Acusações Presidente (organização)

1

Projeções de altas temperaturas

Preocupação 1

IPCC (9)

Eqüidade crítica Mudança climática (2)

Atividade humana

Organização da ONU (Onue)

1 Espaço físico e biológico

1

Governo mundial

1

Projeções sobre mudanças climáticas

1

Meio ambiente (5)

Encontro internacional

1

Em referência aos dados do jornal do Correio da Bahia, observou-se que o

aquecimento global está principalmente ligado às emissões de gases, essa

associação física, bem como as freqüentes associações negativas às

conseqüências do aquecimento global, novamente referências físicas (aumento de

temperatura, enchentes, chuvas e tempestades), demonstram que ainda é

necessário abranger a percepção dos produtores das notícias para observarem o

caráter transdisciplinar do meio ambiente, assim como os fenômenos ligados ao

mesmo, como já destacou Neither (1998).

Nesse ponto, é interessante fazer um contraponto com os dados do A Tarde,

que já faz associações de caráter econômico aos danos projetados pela mudança

climática, possivelmente por conta de perdas materiais, que interessam a uma

sociedade neoliberal, como a que se vive na contemporaneidade, mas que

demonstram um avanço na visão sobre o meio ambiente, que conquista espaços ao

lado de instituições políticas e econômicas, como já foi observado em países

Page 88: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

88

europeus como a Alemanha e a Holanda (SPAARGAREN; MOL, 2002). A causa

humana também é uma associação negativa relacionada ao fenômeno, considerada

quantitativamente relevante para a pesquisa, dado o número de textos analisados.

A partir da perspectiva das teorias sociológicas abordadas na seção 2,

observa-se a gravidade dos problemas ambientais na modernidade e sua

abrangência. As mudanças potencializadas, pelo que se chama, no campo

sociológico, de TME, já avançam na Europa, rumo a uma organização

ecologicamente racional de produção e consumo. Mas o que é importante observar

é que a globalização e sua influência na escala de problemas ambientais, tornando-

os globais, faz necessário o envolvimento de toda a sociedade moderna nas

discussões sobre a problemática ambiental, como afirma Spaargarem e Mol (2003).

São inegáveis as transformações que o estilo de vida moderno trouxe ao meio

ambiente e às próprias relações entre o homem e seu meio. Para minimizar ou ao

menos reduzir, de forma perceptível, os danos aos recursos naturais, é necessária

uma urgente reforma institucional na sociedade moderna (SPAARGAREN; MOL,

2002), seja no modo de produção ou de consumo.

Os sociólogos ambientais ainda não definiram bem quais as características

institucionais podem ser responsabilizadas pela crise que se vivencia; dentre esses

teóricos, há diferentes pontos de vista acerca destas características. Entretanto, a

SEJ (2007) já postulou o que ainda é incipiente - considerando o conteúdo

jornalístico baiano -, que os jornalistas devem estar mais bem informados para

contribuírem no processo de interpretação das políticas públicas por parte da

coletividade.

Assim, é importante lembrar o que diz o Relatório Many Voices da Unesco

acerca da comunicação, que se resume em um direito humano fundamental,

responsável pela manutenção de tantos outros direitos, pois, sem conhecê-los e a

sua própria realidade, como influenciá-la conscientemente? Como opinar sobre a

cobrança “exorbitante” de impostos sem saber onde, quando e como os recursos

angariados são utilizados? Como se posicionar ante a crise ambiental sem saber

dos riscos e dos interesses envolvidos, se muitos nem têm conhecimento de estar

vivendo uma crise ambiental?

Beltrão (1960, p. 102) destaca o dever do jornalismo de dar à sociedade

maior consistência no conhecimento que esta tem de si mesma, habilitado-a a tomar

decisões frente aos problemas do dia-a-dia. São exemplos levantados por esse

Page 89: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

89

autor de benefícios assinalados à coletividade por campanhas jornalísticas como a

revolução dos hospitais de sangue, iniciada com métodos de higiene até o momento

nunca vistos, através da escrita do primeiro correspondente de guerra, na Criméia,

William Howard Russel, do Times, de Londres; ainda liderada pelo Times, em 1929,

uma campanha que levantou doações para compra de radium para os hospitais

ingleses e, durante a II Guerra Mundial, recebeu e orientou doações que atingiram

altas somas para o fundo da Cruz Vermelha; além da campanha movida contra as

roletas mecânicas nos Estados Unidos, assim como as brasileiras lideradas pelos

Diários Associados como as da viação civil e dos postos de puericultura.

Em meio ao contexto do mês de fevereiro, com a publicação do Relatório do

IPCC e a grande repercussão de suas conclusões, bem como o debate sóciopolítico

e econômico que se seguiu entre diversos atores sociais, o posicionamento dos

países industrializados veiculados pelos telejornais e pela internet, esperava-se um

tratamento editorial que priorizasse a divulgação de opiniões diversificadas com um

agendamento que propiciasse a retroalimentação das discussões na esfera pública

com enquadramentos diferenciados, situando o tema no contexto da

contemporaneidade, reunindo informações referentes ao aquecimento global,

mudanças climáticas e sua influência na vida social, as alternativas propostas para

se resolver a crise ambiental que ora se instala e os posicionamentos divergentes.

Tais questionamentos, impulsionados por esse estudo, visam impelir novos

questionamentos e reflexões acerca do papel dos meios de comunicação na

divulgação de temáticas ambientais na contemporaneidade.

Não se pode esquecer que a característica marcadamente comercial que a

mídia adquiriu fez com que outros fatores avançassem também. Um deles é a

rapidez das rotinas produtivas que depreciam a qualidade da informação,

especificamente a diversidade e a pluralidade de opiniões acerca dos temas

abordados, em especial as questões sociais, que são complexas, e que fazem parte

do interesse público.

As idéias supracitadas de Beltrão (1960), sobre o dever do jornalismo em dar

maior consistência ao conhecimento que a sociedade tem de si mesma, se aliam à

análise feita por Spaargaren e Mol (2003) sobre o papel da Teoria da Sociedade de

Risco (TSR) e a Teoria da Modernização Ecológica (TME), pois, para os autores, a

TSR, com seu discurso apocalíptico, manteria a sociedade alerta e, avalia-se aqui,

sempre em busca de novas informações acerca de sua realidade, dos riscos que

Page 90: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

90

tem corrido em seu dia-a-dia e, conseqüentemente, impelidos ao debate público

sobre os rumos da crise ambiental em que ora se inserem. Os resultados apurados

na análise de co-ocorrências, que predominantemente relacionou o AG a

associações negativas, parece se aliar ao que prega a TSR, apresentando

constantes riscos, tragédias, desastres “naturais”.

Seguindo o raciocínio dos autores e atendendo aos interesses jornalísticos

(interesse humano) de maneira a equilibrar o pensamento negativo de Beck, não

propalando ideias unilateralmente apocalípticas, ou seja, falando apenas de riscos, o

jornalismo deve vir a esclarecer os riscos, seus antecedentes, proceder a

retroalimentação das discussões públicas, bem como ir em busca das novas

alternativas para a crise ambiental, seja no campo das vivências sociais, seja na

produção de novos conhecimentos na academia, como a TME, bem como as novas

invenções inspiradas nesta. Como Bueno (2007) ressalta, o jornalismo ambiental,

como o saber ambiental, não é propriedade de quem possui o monopólio da fala,

mas deve estar ligado ao pluralismo e à diversidade.

Tais discursos, pessimista e otimista, trariam um equilíbrio às discussões ora

iniciadas. E o jornalismo, que se volta a tudo que é de interesse humano, bem

assim, dedica-se a todas as alternativas que tragam qualidade de vida ao homem e

devem se inserir amplamente nesse processo, cumprindo a sua missão, mediando o

diálogo entre os tomadores de decisão e à coletividade, de maneira que esta –

através dos vários pontos de vista e interpretações – decida, conscientemente, o

que deseja para a pós-modernidade ou outra denominação que se venha a dar ao

período posterior ao que se vive agora. Esta missão é defendida pela Society of

Environmental Journalism (2007).

Page 91: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

91

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estilo de vida moderno, atrelado à ideologia de que “você é o que você

produz”, impulsionou a sociedade a um desenvolvimento que se deu sobre a

dominação da natureza. O uso dos recursos naturais renováveis e não renováveis

sem critérios levantou questionamentos sobre a vida das gerações futuras.

O desenvolvimento da sociedade industrial relegou a natureza ao plano

secundário nos projetos de desenvolvimento, elevando a política e a economia ao

status de instituições primordiais para o desenvolvimento.

Questionamentos acerca da relação sociedade e natureza desembocaram na

Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que envolveram

representantes de diversos países debatendo sobre o futuro do planeta. Desta

reunião, disseminou-se o conceito de desenvolvimento sustentável, até então, pouco

conhecido.

Passados 21 anos desde a divulgação do Relatório Brundtland, em 1987, o

conceito de desenvolvimento sustentável é debatido no âmbito das instituições

públicas, privadas e organizações não governamentais, entretanto, com poucas

soluções práticas, quando se considera as proporções continentais do Brasil no

plano nacional; e o fenômeno da globalização, que diminui distâncias no espaço e

no tempo, tornando problemas antes considerados locais em problemas sem

fronteiras, ou seja, globais.

Ainda se debate muito que modelo de desenvolvimento deve estar inserido

nesse conceito. Aquele largamente utilizado, que se baseia na acumulação de

capital, disseminado por quase todo o mudo, ou um que priorizasse a qualidade de

vida. Qual desses modelos é mais conhecido da população? Nenhum. Grande parte

da população não conhece o modelo em que está inserida, apenas faz parte do

processo, como o continente americano fez parte do processo de modernização,

diferente dos europeus, que passaram por uma revolução impulsionada por lutas

sociais.

Ainda é comum ouvir-se dizer: “isso é conversa, a água do mundo não vai

acabar nunca” ou “se cortar, nasce outro, a gente tem mais é que derrubar, porque

Page 92: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

92

precisamos sobreviver” ou “deixar mato crescer pra quê, a gente tem mais é que

produzir”. Embora estudos demonstrem que o meio ambiente tem penetrado nas

discussões institucionais da sociedade, por alguns setores desta terem percebido

sua importância para as gerações futuras, bem como para o contínuo

desenvolvimento econômico, ainda é necessário um amplo debate nas várias

camadas da sociedade a fim de desmistificar a preocupação com o meio ambiente

como um entrave ao “desenvolvimento”. Um exemplo disso é a reação contrária dos

Estados Unidos frente ao Protocolo de Kioto, com vistas a resguardar seu

crescimento industrial.

Os meios de comunicação são parte importante desse processo. A

comunicação é considerada um direito humano fundamental, responsável pela

manutenção de vários outros direitos. Para tanto, é necessário um compromisso

ético maior dos dirigentes e jornalistas que compõem o veículo.

Atualmente o volume de informações é muito superior que a própria

capacidade do homem em absorvê-lo. O homem enganou-se ao achar que a

máquina o ajudaria a selecionar as boas informações. Hoje o número de publicações

especializadas cresce a cada momento. Assim, conhecer sobre sua realidade

tornou-se tarefa complicada na contemporaneidade. Com um grande número de

textos descartáveis, o indivíduo moderno está exposto a um grande volume de

informação diária, informações essas que podem influenciá-lo, dado o seu caráter

mutável dentro da “pós-modernidade”.

Diante da realidade que se vive, configurada desde o século XVII com origem

na Europa de onde de iniciou o que chamamos de modernidade, com todas as suas

características, seja pela mudança que se tornou dominante nesse período e, por

conseqüência, o aumento da reflexividade – capacidade de mudar à luz de novas

informações – ou pela globalização que tornou muitos problemas transnacionais, a

comunicação tem grande responsabilidade nos processos de formação da

identidade do indivíduo moderno.

Nesse contexto, o jornalismo é parte importante do processo através do

agendamento dos temas difundidos na formação social, tão prioritária quanto a

própria discussão desses temas, que, sem um debate amplo na sociedade,

alimentado com pontos de vistas variados, não tem razão de ser, já que vivemos

uma realidade predominantemente, em regime democrata, a fim de que a

coletividade interfira nos rumos tomados pela sociedade, e não os deixem

Page 93: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

93

prevalecer nas mãos de representantes pressionados por lobistas. Para tanto, é

necessário que o jornalismo cumpra sua função social de manter a sociedade

informada sobre os principais assuntos da atualidade, para que os cidadãos possam

atuar em plenitude na vida societária.

O interesse inicial da pesquisa era saber como a imprensa baiana vinha

tratando a notícia ambiental. Assim, a presente pesquisa reuniu esforços na

avaliação do jornalismo ambiental praticado pela imprensa baiana, especificamente,

sua atuação no período em que foi divulgado o relatório do IPCC, que fazia

referência ao aquecimento global. O tema é atual, de interesse global, porém com

identificação social local.

A partir de estudos iniciais, definiu-se o objetivo geral, que se dedicou a

avaliar a importância dada ao jornalismo ambiental na imprensa baiana, priorizando

as publicações impressas, em especial as de circulação estadual, para que se possa

observar a ocorrência de notícias regionais. São elas os jornais diários A Tarde e

Correio da Bahia. Para tanto, os objetivos específicos foram: fazer uma análise

temática, quantificando as matérias relacionadas ao aquecimento global, e temas

ambientais recorrentes nas publicações do mês selecionado para a avaliação;

analisar o conteúdo apresentado nas matérias selecionadas.

Esperava-se que houvesse uma recorrência constante dos objetos da

pesquisa ao tema, dado o apelo social que ele tem em âmbito global, com variados

pontos de vistas acerca do tema, além do interesse em demonstrar a proximidade

do fenômeno através de exemplos locais.

Avaliou-se que, em geral, a temática ambiental vem conquistando campos no

espaço editorial. Resultado interessante foi o fato de os temas transposição do rio

São Francisco e enchente do rio São Francisco serem considerados mais

importantes ao avaliar quantitativamente a ocorrência dos temas; o aquecimento

global ocupou o terceiro plano na escala de importância.

Comparativamente, no jornal A Tarde, a temática ambiental obteve mais

inserção que no Correio da Bahia. Observou-se que, ao tema enchente do rio São

Francisco, foi dada mais importância no jornal A Tarde; e no Correio da Bahia o rio

São Francisco também teve destaque, mas com referência à polêmica proposta de

transposição do mesmo.

Outro fator avaliado foi a escala de importância na avaliação de espaços

editoriais nobres, como a manchete e a chamada na capa, das quais os resultados

Page 94: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

94

apontaram que as temáticas ambientais têm pouca penetração, nos quais o

aquecimento global não mereceu nenhuma manchete externa, ocupando espaços

periféricos da capa, com algumas chamadas relacionadas a outros temas.

O terceiro item observado foi a contextualização da matéria a partir do local

de produção da mesma, ou seja, se foi produzida na redação e, ou sucursais,

entende-se que há um interesse em contextualizá-la, de trazê-la para mais próximo

da realidade do leitor, abordando circunstâncias nacionais.

Assim, observou-se o número de matérias produzidas em agências de

notícias, o que, de forma geral, considerando todas as temáticas ambientais,

demonstrou um interesse em aproximar o tema do leitor, embora, no caso específico

do assunto aquecimento global, ficou claro que o mesmo, no caso do Correio da

Bahia, não tem recebido o devido valor em sua pauta diária, metade de suas

matérias foram produzidas fora da redação; enquanto que, no A Tarde, o tema, além

de ter obtido maior número de matérias, também teve um número maior dessas

produzidas em sua redação, o que demonstra não só o interesse pelo tema como

também um preparo maior dos jornalistas para abordar o assunto, elevando a

qualidade de seu produto jornalístico que acaba por se diferenciar do produto

proveniente de agências, considerado um produto feito em atacado e, logo, com

semelhantes pontos de vista, o que empobrece os textos. Ao que parece, para o

Correio da Bahia, o fenômeno do AG não atinge a Bahia, trata-se de um problema

que ocorre na Europa, pois, em suas páginas, ecoam visões européias do

fenômeno, através de notícias provenientes de agências noticiosas.

A identificação das matérias de maneira a atrair o leitor foi analisada, nesse

sentido quantificou-se o número de chapéus presentes em textos sobre aquecimento

global. Os resultados demonstraram que o Correio da Bahia utiliza muito pouco essa

identificação, deixando de fazer uso dessa ferramenta de atração do leitor para os

temas ambientais. Em contrapartida, o A Tarde, além de usá-las extensivamente, os

significantes utilizados têm predominantemente relação com o tema ambiental

abordado.

Os resultados alcançados nesta pesquisa levam a inferir que, em geral, as

temáticas ambientais, apesar de virem conquistando espaços nas discussões

institucionais, mormente na Europa, ainda têm pouca penetração no espaço editorial

baiano, com ocupação pequena em espaços nobres, e pouca contextualização

temática, não aproximando o leitor do assunto abordado.

Page 95: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

95

Com base nos dados citados acima, entende-se que o processo de tomada

de decisões de forma democrática está comprometido, considerando que a

população necessita de uma ampla discussão sobre o tema em questão, com

acesso a variados pontos de vista e retroalimentação do assunto para que a

sociedade tenha consciência das circunstâncias que a rodeiam.

O jornalismo surgiu da necessidade da sociedade em tomar conhecimento

dos fatos ocorridos em lugares longínquos e desenvolveu-se a partir de então. Hoje,

divulga conhecimento voltado à atualidade de uma sociedade cada vez mais

complexa e mutável. Tal saber volta-se para que os cidadãos cientes da realidade

circundante possam atuar em plenitude da vida societária. Bem assim, o jornalismo

deriva da necessidade de saber para agir de forma adequada alimentados pela

informação, crítica e interpretação dos fatos.

Como já foi dito, os processos comunicacionais são de suma importância para

o processo de manutenção dos direitos humanos e, quando o jornalismo se afasta

das ações que o legitimam, perde sua função social. No caso do jornalismo

ambiental baiano, demonstrou-se que o assunto meio ambiente é abordado embora

pouco explorado, com poucas matérias, bem como sem o debate entre idéias

divergentes, tão comuns entre políticos, empresários e organizações não

governamentais quando o tema é meio ambiente.

Ainda é necessário sensibilizar mais os dirigentes e jornalistas a fim de que o

meio ambiente seja, de fato, percebido com uma força produtiva e, portanto,

necessária para o contínuo “desenvolvimento”, para que, de forma realista e mais

próxima da sociedade capitalista, possa-se trabalhar em prol da sensibilização da

sociedade e impulsioná-la a participar dos debates que, com a participação dela ou

não, definirão os rumos do que um dia terá sido o estilo de vida moderno.

O trabalho ora apresentado é caracterizado por uma pesquisa exploratória

acerca da importância dada à informação ambiental em jornais baianos. A pesquisa,

embora tenha priorizado os aspectos quantitativos da análise de conteúdo,

demonstrando a influência positivista do curso onde fora desenvolvida, utilizou-se de

aspecto qualitativos explorados seja pela análise de co-ocorrência ou pelas

impressões da pesquisadora, permitida pela abordagem metodológica utilizada, a

fenomenologia. Entretanto, tais análises qualitativas foram utilizadas de forma

complementar. Assim, faz-se necessária, ainda, a análise qualitativa do conteúdo

Page 96: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

96

latente nos textos que compõem o corpus da pesquisa, dando prosseguimento à

análise do jornalismo ambiental baiano.

Recomenda-se que novos estudos acerca do jornalismo ambiental dêem

conta de levantar informações sobre a grade curricular dos cursos de jornalismo e a

importância dada aos temas relativos ao meio ambiente, bem como a opinião do

público do jornalismo impresso e dos próprios jornalistas inseridos nesses veículos

sobre a necessidade de informações ambientais e sua veiculação em jornais

impressos.

É importante também analisar o uso de instrumentos comunicacionais, como

a assessoria de imprensa, para sugestão de pautas importantes para a manutenção

da base de sustentação por parte de instituições voltadas à conservação ambiental,

de maneira a influenciar na pauta diária dos jornais impressos, inserindo temas

importantes para o desenvolvimento de um debate amplo, que alia vários pontos de

vista, observando a contribuição das instituições voltadas à conservação ambiental,

como ONGs, associações, movimentos etc., nessa inserção de pontos de vistas

variados no noticiário ambiental.

Page 97: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

97

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

A TARDE. Dados cedidos pela Assessoria de Marketing via e-mail. Em 31-01-2008.

AMARAL, Luiz. Técnica de Jornal e Periódico. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2001. 259 p.

BAHIA, Juarez. Jornal, História e Técnica: as técnicas do jornalismo. São Paulo: Ática, 1990.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa/ Portugal: Edições 70, 2004.

BELTRÃO, Luiz. Iniciação à filosofia do jornalismo. Rio de Janeiro: Agir, 1960.

BITELLI, Marcos Alberto Sant'Anna. Constituição federal: Coletânea de legislação de comunicação social. 5. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. 1438 p.

BONNER, William. A notícia na TV: critério de decisão no telejornalismo In: Manual de Comunicação e Meio Ambiente. São Paulo: Peirópolis, 2004.

BOSQUETTI, Lorrayne de Barros. Análise do conteúdo ambiental de trinta edições do jornal "O popular". III Encontro da ANPPAS, 23 a 26 de maio de 2006. Anais... Brasília: 2006.

BRASIL Escola. Eco 92. Disponível em: http://www.brasilescola.com/geografia/eco-92.htm. Acesso em 03 jan. 2008.

BUENO, Wilson Costa. Jornalismo ambiental: histórias e compromissos. Entrevista Roberto Villar. Disponível em: http://www.agricoma.com.br/rev1entrevistarobertovillar.htm. Acesso em 01 ago. 2007.

BUENO, Wilson da Costa. Comunicação, jornalismo e sustentabilidade: uma leitura crítica. In: Comunicaçao, jornalismo e meio ambiente. Mojoara, 2007. 1999. Disponível em: http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?nitem=321959Acesso em 19 nov. 2007.

CALDAS, Graça. Jornalistas e cientistas: uma relação de parceria. Disponível em: http://www.jornalismocientifico.com.br/ Acesso em 01 ago. 2007.

CANCLINI, Nestor. Introdução à edição de 2001. In: Cultura Híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. Tradução Heloísa P. Cintrão, Ana Regina Lessa;

Page 98: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

98

tradução prefácio à segunda ed. Gêneses. 4. ed. São Paulo: Edusp, 2003.

CANELLAS, Marcelo. O ovo de Colombo. In: Manual de Comunicação e Meio Ambiente. São Paulo: Peirópolis, 2004.

CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. A era da informação: economia, sociedade e cultura. v. 2. Tradução: Klauss Brandini Gerhardt. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

CENTER for Environmental Journalism. CEJ Mission. Disponível em: http://www.colorado.edu/journalism/cej/about_cej/mission.html Acesso em 30 jul. 2007.

CENTRO de Recursos Ambientais. Rumo a um desenvolvimento sustentável: indicadores ambientais. Tradução: Ana Maria S. F. Teles. Salvador, 2002. 242p. Série Caderno de Referência Ambiental.

CONSTITUIÇÃO, Brasileira. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao_Compilado.htm Acesso em 03 nov. 2007.

COREGNATO, Rita C. A.; MUTTI, Regina. Pesquisa qualitativa: análise de discursos versus análise de conteúdo. Texto Contexto Enferm, Florianopólis, out.-dez. 15 (4): 679-684, 2006.

DONAIRE, Denis. Gestão Ambiental na Empresa. São Paulo: Atlas, 1999. 169 p.

DUARTE, Vieira. A mídia impressa e o meio ambiente: um estudo para a prática do jornalismo ambiental. Monografia (Graduação em Comunicação Social). Colegiado de Comunicação Social, Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, 2003.

FAYERABEND, Paul. Contra o método. Francisco Alves. 3 ed. 1989. 488p.

FOLHA de São Paulo. Novo Manual da Redação. São Paulo, 2000.

GAZINO, Wilson. O “esquecedor” e a sociedade da informação. Disponível em: http://www.hottopos.com.br/videtur9/esquece.htm. Acesso em: Acesso em 20 set. 2007.

GIDDENS. Antony. As conseqüências da modernidade. Tradução: Raul Fiker. Ed. São Paulo: Editora da Unesp, 1991. 177 p.

GONÇALVES, Daniel Bertoli. Desenvolvimento sustentável: o desafio da presente geração. Revista Espaço Acadêmico, ago. 2005, n. 51, mensal. Disponível em http://www.espacoacademico.com.br/051/51goncalves.htm. Acesso em 20 set. 2007.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução Tomaz Silva e Guacira Louro. 9 ed. Rio de Janeiro: Ed. DP&A, 2004. 97 p.

Page 99: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

99

JORNAL Correio da Bahia. Rede Bahia. Salvador. 2008. Disponível em: http://www.redebahia.com.br/. Acesso em: 30 jan. 2008.

KARAM, Francisco José. Linguagem Humana, Mediação Jornalística e Direito à informação. In: Jornalismo Ética e Liberdade. São Paulo: Summus, 1997.

LAGE, Nilson. Ideologia e técnica da notícia. Petrópolis: Vozes, 1989. 116 p.

LIMA, Eliana de S. A importância da mídia na conscientização ambiental. Disponível em: http://www.jornalismocientifico.com.br/ Acesso em: 01 ago. 2007.

LOPES, Nelson Artur. Auto-determinação do sujeito Pós-Moderno. A Página da educação n. 155. abr. 2006. Disponível em: http://www.apagina.pt/arquivo/Artigo.asp?ID=4529. Acesso em 05 jan. 2008.

MARANDOLA JR, Eduardo; HOGAN, Daniel Joseph. Natural Hazards: o estudo geográfico dos riscos e perigos. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/asoc/v7n2/24689.pdf. Acesso em 30 mar. 2008.

MATTEDI, Marcos Antônio; BUTZKE, Ivani Cristina. A relação entre o social e o natural nas abordagens de hazards e de desastres. Ambiente & Sociedade, v. VII n. 2. jul./dez. 2004.

MEDINA, Cremilda. A ação das forças autoritárias sobre a informação jornalística. In: Objetividade Jornalística: ética e técnica. Cadernos Intercom. São Paulo: Editora Cortês, 1985.

MELO, José M. Conceito e categorias do jornalismo. In: A opinião no jornalismo brasileiro. Petrópolis: Vozes, 1994. p. 7-34.

MIDLEJ, Moema Mª B. C. Universidade e Região: Territorialidade da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC. Tese (Doutorado). Universidade Federal da Bahia, 2004.

NAA Business Analysis & Research Dept. Newspaper Daily Section Readership 2007. 2007. Disponível em: http://www.naa.org/docs/Research/2007_newspaper_section_readership_daily.pdf. Acesso em: 19 nov. 2007.

NASSAR, Paulo; FIGUEIREDO, Rubens. O que é comunicação empresarial. São Paulo: Brasiliense, 1995. 90 p.

NETHER, Jairo Ivã. Ecojornlismo impresso: análise do jornalismo ambiental em Porto Alegre. Disponível: http://www.jornalismoambiental.jor.br/jornalismoambiental/images/stories/MONOGRFIAS/jairo_iva_nether.pdf. Acesso em 01 ago. 2007. Universidade Luterana do Brasil, Canoas, junho 1998.

OTIENO, Jeff. Nunca foi tão lucrativo investir em meio ambiente. Águaonline,[S.I] setembro 2001. Disponível em: <http://fafitfacic.com.br/curso/apoio/apoio100520064641_377.doc> Acesso em: 20 jun. 2006.

Page 100: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

100

PETERSON, JENSEN e RIVERS. Os meios de comunicação e a sociedade moderna. Rio de Janeiro: Edições GRD, 1966. p. 35-6.

PIMENTEL, Pessoa César. Crise ambiental e Modernidade: da oposição entre natureza e sociedade à multiplicação dos híbridos. Rio de Janeiro: UFRJ/ IP/EICOS, 2003. 88 p.

RABAÇA, Carlos Alberto; BARBOSA, Gustavo. Dicionário de comunicação. Com colaboração de Muniz Sodré. Rio de Janeiro: Ed. Codecri, 1978. 512 p.

RAMOS, Luiz Fernando A. Meio Ambiente e Meios de Comunicação. São Paulo: Annablume, 1995.

ROSSI, Clóvis. O que é jornalismo. São Paulo: Brasiliense, 1980.

SCHARF. Regina. O jornalismo impresso. In: Manual de Comunicação e Meio Ambiente. São Paulo: Peirópolis, 2004.

SILVA, Adalberto Prado e. (Org.) Novo Dicionário Brasileiro ilustrado Vol. II. 3 ed. Melhoramentos, 1965.

SILVA, Cristiane R; GOBBI, Beatriz C.; SIMÃO, Ana A. O uso da análise de conteúdo como ferramenta para a pesquisa qualitativa: descrição e aplicação do método. Organizações rurais industriais, Lavras, v. 7, n. 1, p. 70-81, 2005.

SOCIETY of Enviromental Jornalism. SEJ's vision and mission. Disponível em: http://www.sej.org/about/index1.htm. Acesso em: 30 jul. 07.

SOUSA, Jorge Pedro. Elementos de jornalismo impresso. Porto, 2001. Disponível em: http://bocc.ubi.pt/pag/sousa-jorge-pedro-elementos-de-jornalismo-impresso.pdf. Acesso em 28 jan. 2001.

SOUZA. Anaelson Leandro de; BARRETO. Betânia Maria Vilas Boas; ALBUQUERQUE. Eliana C.P. T. A notícia e o anuncio ambiental: Analisando o Dia Mundial do Meio Ambiente na mídia impressa, 2004. Disponível em: http://reposcom.portcom.intercom.org.br/dspace/bitstream/1904/17862/1/R1823-2.pdf. Acesso em 01 ago. 2007.

SPAARGAREN, Gert; MOL, Arthur P. J. Meio Ambiente, Modernidade e Sociedade de Risco: O horizonte apocalíptico da reforma ambiental. Traduzido por: Salvador Dal Pozzo Trevizan. Ilhéus: Editus, 2003. 63p .

SPAARGAREN, Gert; MOL, Arthur P. J. Sociologia, Meio Ambiente e Modernidade – Modernização ecológica: uma teoria de mudança social (Trad. Salvador D. P. Trevizan). Ilhéus: Editus, 2002.

TACHIZAWA, Takeshy. Gestão Ambiental e Responsabilidade Social Corporativa. São Paulo: Atlas, 2002. 381p.

TARGINO, Maria das Graças. Informação ambiental: uma prioridade nacional? Inf. & Soc., Est, João Pessoa, v. 4, n. 1, p. 38-61, jan./dez. 1994. Disponível em:

Page 101: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

101

http://www.ies.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/view/190/1411. Acesso em: 17 set. 2007.

TAYRA, Flavia. O conceito do desenvolvimento sustentável. Disponível em: http://www.semasa.sp.gov.br/admin/biblioteca/docs/doc/conceitodesenvsustent.doc Acesso em: 20 set. 2007.

TOURAINE, Alain. Crítica da Modernidade. Tradução. Elia Ferreira Edel. 6 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. 410p.

TREVIZAN, Salvador D. P. Sociedade-Natureza: uma concreta e necessária integração. Rio de Janeiro: Papel Virtual, 1999.148 p.

TRIGUEIRO, André. Ambientalistas e jornalistas: uma relação de utilidade pública In: Manual de Comunicação e Meio Ambiente. São Paulo: Peirópolis, 2004.

UNESCO. Many voices, One wold: Conclusions and Recommendations: Introduction and Part I. Paris. 1980. Disponível em: http://www2.hawaii.edu/~rvincent/mcbcon1.htm. Acesso em: 02 nov. 2007.

VILLAR, Roberto. Jornalismo Ambiental: Evolução e Perspectivas. Laboratório Ambiental de jornalismo. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Campo Grande, out de 1997. Disponível em: <http://www.agirazul.com.br/artigos/jorental.htm>Acesso em: 14 set. 2006.

VIOLA, Eduardo J.; LEIS, Héctor R. O ambientalismo multissetorial no Brasil para além da Rio-92: o desafio de uma estratégia globalista viável. In: Meio Ambiente, Desenvolvimento e Cidadania: desafios para as Ciência Sociais. São Paulo: Cortez: Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 1998.

WIKIPEDIA. Eco 92. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/ECO-92. Acesso em 03 jan. 2008.

YOUNG, Carlos Eduardo F. Causas socioeconômicas do desmatamento na Mata Atlântica Brasileira. In: Mata Atlântica: biodiversidade, ameaças e perspectivas. Ed. Carlos Galindo-Leal, Ibsen de G. Câmara. Traduzido por Edma R. Lamas. São Paulo: Fundação SOS Mata Atlântica; Belo Horizonte: Conservation International, 2005. p. 94-118.

ZILLES, Urbano. Introdução. In: A Crise das Ciências Européias e a Fenomenologia Transcendental. Husserl, Edmund, 2006.

Page 102: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

102

APÊNDICE A

Quadro 5. Palavras-chave de onde originou-se a generalização apresentada nos resultados da pesquisa, jornal Correio da Bahia. Generalização de palavras-chave Palavras-chave Total Aquecimento global - mudança climática - efeito estufa Aquecimento global 1 Aquecimento global - catástrofe - impacto - conseqüência 1 Aquecimento global - etanol – exportação 1 Aquecimento global -mudança climática - previsões 1 Efeito estufa - aquecimento global - mudanças climáticas 1 Meio ambiente - mudança climática –ecossistema 1 Mudança climática - efeito estufa – protesto 1

Questão ambiental - transposição - aquecimento global - parlamentares – debates 1

Relatório IPCC - mudanças climáticas – cientistas 1 Aquecimento global - mudança climática - efeito estufa Total 9 Aquecimento global - mudança climática - efeito estufa – IPCC Amazônia - mudanças climáticas - aquecimento global - IPCC 1 Aquecimento global - crise ecológica - IPCC - mudanças climáticas 1 Mudança climática - grandes poluidores - IPCC - 1 Aquecimento global - mudança climática - efeito estufa - IPCC Total 3 Total geral 12

Page 103: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

103

Quadro 6. Palavras-chave de onde originou-se a generalização apresentada nos resultados da pesquisa, jornal A Tarde.

Generalização/ Grupo de palavras-chave que englobe assuntos semelhantes Palavras-chave originais Total Aquecimento global - mudanças climáticas - efeito estufa Amazônia - aquecimento global - desflorestamento – reportagem 1 aquecimento global - holocausto – irreversível 1 Aquecimento - Kyoto – morte 1 Aquecimento - natureza - pessimismo - mudanças climáticas 1 Aquecimento global - agrícola – agropecuária – queimadas 1 Aquecimento global - comemorações - escola politécnico 1 Aquecimento global - ecologistas – riscos 1

Aquecimento global - efeito estufa - Amazônia - transamazônica – EU 1

Aquecimento global - EUA – cientistas 1 Aquecimento global - furacões - mudança climática 1 Aquecimento global - mudança climática - Floresta Amazônica 1 Aquecimento global - mudanças climática – corais 1 Aquecimento global - mudanças climáticas - El Nino 1 Aquecimento global - mudanças climáticas – tornados 1 Aquecimento global - poluição - soluções - educação ambiental 1 Desmatamento - Amazônia - aquecimento global 1 Efeito estufa - combustíveis fósseis – projetos ecológicos 1 EU – meta global - aquecimento global 1

Mudança climática - aquecimento global - impacto Praia do Porto – católicos 1

Mudanças climáticas - políticas globais – aquecimento 1 Palestra - aquecimento global – UFBA 1

Presidência dos EU - aquecimento global - Tratado de Kyoto - temas prioritários 1

Questões ambientais - fórum social - aquecimento global 1 Aquecimento global - mudanças climáticas - efeito 23

Page 104: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

104

Generalização/ Grupo de palavras-chave que englobe assuntos semelhantes Palavras-chave originais Total estufa Total Aquecimento global - mudanças climáticas - efeito estufa - IPCC Aquecimento global - cidades litorâneas - conseqüências – IPCC 1 IPCC - aquecimento global - motores elétricos 1 Mudança climática - feijão – IPCC 1 Aquecimento global - mudanças climáticas - efeito estufa - IPCC Total 3 Total geral 26

Page 105: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

105

APÊNDICE B

Quadro 7. Co-ocorrências de onde se originou a generalização apresentada nos resultados da pesquisa, jornal A Tarde.

A Tarde Relações Associações

positivas Associações negativas Associações

neutras Aquecimento global (2)

Associação física (catástrofes)

Conseqüências locais

Aquecimento global (7)

Furacões, Katrina Atividade humana

(incentivo/provocado)

Aumento tempestades continente americano

OMM - tempestades do passado

Furacões mais fortes Comunidade

científica dividida

Furacões Ação humana Discussão global Aquecimento global (4)

Mudança climática

Produção de arroz Fertilidade do solo

(problema)

Gravidade Doenças nas plantas

(fungos, bactérias)

Aquecimento global (3)

Efeitos em animais (produção de leite e ovos; abortos)

Alterações no clima; aumento de temperatura

Situações climáticas extremas

Discussão global Aquecimento global (1)

Gravidade das conseqüências

Page 106: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

106

A Tarde Relações Associações

positivas Associações negativas Associações

neutras Combustíveis

fósseis

Aquecimento global (1)

IPCC

Tornados, furacões e tempestades

IPCC (2) Pesquisa científica/grupo estudo

Aspectos da produção agrícola (decréscimo)

IPCC (5) Aumento força furacões / ciclones (1970)

Aquecimento global Aumento tempestades

fortes

OMM – Organização Metereológica Mundial

Termos empregados (fortes)

Aprovação unanimidade

IPCC (1) Previsão clima mundial (queda na produção agrícola)

IPCC (1) Projeção pessimista IPCC (1) Gravidade das

conseqüências

IPCC (1) Tornados, furacões e tempestades

Aquecimento global Meio ambiente (6)

Homem (danos)

Instituição estadual (secretaria)

Instituição estadual (Assembléia Legislativa)

Política públicas

Page 107: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

107

A Tarde Relações Associações

positivas Associações negativas Associações

neutras Fundos

municipais (recursos financeiros)

Instituição representativa (secretaria)

Meio ambiente sem ocorrência

Associações

Mudança climática (2)

Causa humana

Protesto

Page 108: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

108

Quadro 8 - Co-ocorrências de onde se originou a generalização apresentada nos resultados da pesquisa, jornal Correio da Bahia

Correio da Bahia

Relações

Associações positivas

Associações negativas

Associações neutras

Emissões de CO2 Aquecimento global (2)

Criação de novo organismo de proteção

Emissões de CO2 Efeito estufa Emissões de

gases

Irreversível

Aquecimento global (3)

Resposta imediata Amazônia Brasil Desmatamentos

Amazônia

Combustíveis fósseis

Países industrializados

Aquecimento global (4)

Floresta Amazônica

Alerta Inequívoco Causa humana Relatório/Documento IPCC Evidente Elevações na

temperatura (física)

Aquecimento global (7)

Causa humana

Page 109: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

109

Correio da Bahia

Relações

Associações positivas

Associações negativas

Associações neutras

Conseqüências (menor número de dias frios, noites mais quentes; ondas de calor letais; enchentes e chuvas pesadas, secas devastadoras e aumento na força de tempestades e furacões)

Emissão de gases (física)

Emissão de gases (física)

Conseqüências (elevação dos mares)

Projeções de altas

temperaturas IPCC (1)

Advertência

Projeções (previsões/desdobramentos dos efeitos do AG)

IPCC (3)

Presidente (organização) Preocupação Aquecimento

global

IPCC (3)

Acusações Visão sombria

meio ambiente

Previsões preocupantes

IPCC (2)

Previsões preocupantes (elevação de temperatura (física))

Eqüidade crítica Mudança climática (2) Atividade humana

Page 110: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

110

Correio da Bahia

Relações

Associações positivas

Associações negativas

Associações neutras

Meio ambiente (2)

Espaço físico e biológico

Organização da ONU (Onue)

Gorverno mundial

Projeções sobre mudanças climáticas

Meio ambiente (3)

Encontro internacional

Page 111: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

111

APÊNDICE C

Lista de textos inseridos no corpus da pesquisa Jornal A Tarde LAURA, Cristina. Rio enche e causa transtornos. A Tarde, Salvador, 01 fev. 2007. Bahia. p. 13. EUA Minimizam aquecimento global. A Tarde, Salvador, 01 fev. 2007. Curtas. p. 14. LULA: "PAC pode ter R$ 1 trilhão. A Tarde, Salvador, 01 fev. 2007. Economia. p. 18 JÚNIOR, Paulo Noqueira Batista. Macroeconomia do PAC. A Tarde, Salvador, 01 fev. 2007. Opinião econômica. p. 18. VERÍSSIMO, Luis Fernando. Conversões. A Tarde, Salvador, 01 fev. 2007.Veríssimo. p. 20. GOMES, JC Teixeira. Fornalha global. A Tarde, Salvador, 02 fev. 2007. JC Teixeira. p. 3. AQUECIMENTO fortalece furacões. A Tarde, Salvador, 02 fev. 2007. Mundo. p. 23. AUMENTO de temperatura afetará a produção agrícola. A Tarde, Salvador, 03 fev. 2007. Especial. p. 21. SILVA, Danniela. Clima no planeta vai subir até 4 graus. A Tarde, Salvador, 03 fev. 2007. Especial. p. 21. TORNADO atinge região da Flórida e deixa 19 mortos. A Tarde, Salvador, 03 fev. 2007. Especial. p. 21. TERRA Ameaçada. A Tarde, Salvador, 03 fev. 2007. Opinião. Editorial. p. 03. SIMÕES, Renato. A morte anunciada. A Tarde, Salvador, 04 fev. 2007.Renato Simões. p. 1. DIVISOR de águas. A Tarde, Salvador, 04 fev. 2007. Opinião. Editorial. p. 3. ANDRADE, Maiza de. Estudos revelam o fundo do mar. A Tarde, Salvador, 04 fev. 2007. Verão 2007. p. 11. JORGE, Gilson. A nova cara da política dos Estados Unidos. A Tarde, Salvador, 04 fev. 2007. Mundo. p. 27.

Page 112: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

112

FLORESTA amazônica pode virar cerrado. A Tarde, Salvador, 04 fev. 2007. Ciência e Saúde. p. 29. MELO, Jair Fernandes de. Aquecimento global na pauta da igreja. A Tarde, Salvador, 05 fev. 2007. Salvador, p. 09. LAURA, Cristina.Juazeiro sofre com chuva e alta do São Francisco. A Tarde, Salvador, 05 fev. 2007. Bahia. p. 10. CURSO de gestão da cadeia de produção. A Tarde, Salvador, 05 fev. 2007. Caderno Rural. p. 02. EFEITO estufa. A Tarde, Salvador, 06 fev. 2007. Espaço do leitor. p. 02. TORREÃO, Luisa. Bahia tem o verão mais quente dos últimos 12 anos. ATarde, Salvador, 06 fev. 2007. Verão 2007. p. 6. BANDEIRA, Cláudio. e Agências. Temperatura cresce 4º até 2100. A Tarde, Salvador, 06 fev. 2007. Verão 2007. p. 6. EUA querem fazer parceria com o Brasil. A Tarde, Salvador, 06 fev. 2007. Economia. p. 16. AMORIM recebe críticas feitas ao Brasil. A Tarde, Salvador, 06 fev. 2007. Últimas notícias. p. 20. FRAGA, Danilo.Dois filhos de São Francisco. A Tarde, Salvador, 06 fev. 2007. Caderno 10. p. 08. REVITALIAZAÇÃO recebe 65 vezes menos. A Tarde, Salvador, 06 fev. 2007. Caderno 10. p. 08. LAURA, Cristina. Lixão contamina rio e prejudica quilombolas. A Tarde, Salvador, 07 fev. 2007. Bahia. p. 12. MACÁRIO, Caio. Cheia avança e ameaça sede de malhada. A Tarde, Salvador, 07 fev. 2007. Bahia. p. 12. BISPO em movimento. A Tarde, Salvador, 08 fev. 2007. Tempo. p. 02. LULA e o rio. A Tarde, Salvador, 08 fev. 2007. Tempo. p. 02. NASCIMENTO, Pedro Brito do. A revitalização do Velho Chico. A Tarde, Salvador, 08 fev. 2007. Opinião. p. 03. MACÁRIO, Caio. Malhada planeja retirar moradores. A Tarde, Salvador, 08 fev. 2007. Bahia. p. 02.

Page 113: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

113

SOUZA, Luiz. Bahia ganha unidade de produção de biodiesel. A Tarde, Salvador, 09 fev. 2007. Economia. p. 19. ESTRADAS em péssimas condições. A Tarde, Salvador, 09 fev. 2007. Economia. p. 19. TALENTO, Baggio. Para ministro, transposição não afeta geração de energia. A Tarde, Salvador, 09 fev. 2007. Economia. p. 19. CAMPOS, Umberto. Municípios da Bahia recebem ajuda federal. A Tarde, Salvador, 09 fev. 2007. Últimas notícias. p. 24. LAURA, Cristina.Emergência em Juazeiro com a enchente do rio. A Tarde, Salvador, 10 fev. 2007. Bahia. p. 11. DEFESA Civil pronta para ser acionada. A Tarde, Salvador, 10 fev. 2007. Bahia. p. 11. CRISTINA Laura Mais de mil pessoas ainda precisam de água. A Tarde, Salvador, 11 fev. 2007. Bahia. p. 15. PRODUÇÃO de biocombustível estimula cultivo de mamona. A Tarde, Salvador, 12 fev. 2007. Suplemento rural. p. 7. AQUECIMENTO global. A Tarde, Salvador, 13 fev. 2007. Espaço do leitor. p. 11. SILVA, Danniela. ANP realiza quinto leião de biodiesel. A Tarde, Salvador, 13 fev. 2007. Economia. p. 17. STEINBRUCH, Benjamim. O que será, será!. A Tarde, Salvador, 13 fev. 2007. Economia. p. 17. LAURA, Cristina. Água de canais sobe e alaga bairros de Juazeiro. A Tarde, Salvador, 13 fev. 2007. Bahia. p. 11. LAURA, Cristina. Chuva amplia cheia no norte. A Tarde, Salvador, 14 fev. 2007. Bahia. p. 13. CARROS trazem propostas mais limpas. A Tarde, Salvador, 14 fev. 2007. Motor. p. 02. PULMÃO do mundo é tema de reportagem. A Tarde, Salvador, 15 fev. 2007. Caderno turismo. p. 03. LAURA, Cristina. Reduzida a vazão de Sobradinho. A Tarde, Salvador, 15 fev. 2007. Bahia. p. 13. MACÁRIO, Caio. Nível da água continua subindo em Malhada. A Tarde, Salvador, 15 fev. 2007. Bahia. p. 13.

Page 114: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

114

TAVARES, Mônica. OLIVEIRA, Eliane. Mudança climática ameaça alimentos. A Tarde, Salvador, 18 fev. 2007. Economia. p. 18. IBAMA vai recorrer para garantir a transposição. A Tarde, Salvador, 18 fev. 2007. p. 21. ENTENDA o caso. A Tarde, Salvador, 18 fev. 2007. p. 21. BIOCOMBUSTÍVEL em debate. A Tarde, Salvador, 19 fev. 2007. Suplemento rural. p. 02. SOUZA, Luiz. Biodiesel dá novo fôlego à Chapada. A Tarde, Salvador, 20 fev. 2007. Economia. p. 18. PRODUTORES e empresários divergem sobre o preço pago pela mamona. A Tarde, Salvador, 20 fev. 2007. Economia. p. 18. PACHECO, Lenilde. Governadores defendem avanço da transposição. A Tarde, Salvador, 21 fev. 2007. p. 36. EU aprova metas ambiciosas de redução de gases poluentes. A Tarde, Salvador, 21 fev. 2007. pg. 36. BISPO ameaça com nova greve. A Tarde, Salvador, 22 fev. 2007. Política. p. 16. TALENTO, Biaggio. Arcebispo desmente Wagner. A Tarde, Salvador, 22 fev. 2007. Política. p. 17. FONSECA, Adilson. Comitê vê ilegalidade no projeto. A Tarde, Salvador, 22 fev. 2007. Política. p. 17. EFEITO estufa. A Tarde, Salvador, 23 fev. 2007. Espaço do leitor. p. 17. JÁ são 4 mil famílias desabrigadas. A Tarde, Salvador, 23 fev. 2007. Salvador. p. 04. FONSECA, Adilson. Cidades ficam isoladas e nível da água sobe. A Tarde, Salvador, 23 fev. 2007. Salvador. p. 05. LAURA, Cristina. Drenagem ameniza situação de morador. A Tarde, Salvador, 23 fev. 2007. Salvador. p. 04. FERNANDES, Jane. e Redação. Previsão é de mais chuvas na cabeceira do Rio São Francisco. A Tarde, Salvador, 23 fev. 2007. Salvador. p. 04. AQUECIMENTO global. A Tarde, Salvador, 23 fev. 2007. p. 08. CAMPOS, Umberto de. Bispo alerta o País contra transposição. A Tarde, Salvador, 23 fev. 2007. Política. p. 12.

Page 115: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

115

ZIMMERMAN, Patrícia. Ministro minimiza impacto e descarta adiamento do projeto. A Tarde, Salvador, 23 fev. 2007. Política. p. 12. ZIMMERMAN, Patrícia. Decisão do governo Lula é "lamentável", diz comitê. A Tarde, Salvador, 23 fev. 2007. Política. p. 12. COSTA, Camila. Como enfrentar poluição e aquecimento global. A Tarde, Salvador, 24 fev. 2007. A Tardinha, p. 4 e 5. FONSECA, Adilson. e Redação População de Malhada sem acesso a serviços de saúde. A Tarde, Salvador, 24 fev. 2007. Salvador. p. 8. FERNANDES, Jane. 4.734 famílias sem abrigo. A Tarde, Salvador, 24 fev. 2007. Salvador. p. 8. HERMES, Miriam. Ibotirama sucumbe à cheia do São Francisco. A Tarde, Salvador, 24 fev. 2007. Salvador. p. 9. BIAGGIO. Talento Souto elogia "lucidez" do bispo. A Tarde, Salvador, 24 fev. 2007. Política. p. 15. FONSECA, Adilson. Cheia causa a terceira morte. A Tarde, Salvador, 26 fev. 2007. Bahia. p. 09. ISOLADO, município de malhada só pode ser alcançado de barco. A Tarde, Salvador, 26 fev. 2007. Bahia. p. 09. PONTE destruída interdita tráfego de veículos entre Barra e Xique - xique. A Tarde, Salvador, 26 fev. 2007. Bahia. p. 09. HERMES, Miriam Protesto contra a transposição. A Tarde, Salvador, 26 fev. 2007. Bahia. p. 09. AULA inaugural. A Tarde, Salvador, 26 fev. 2007. Tempo presente. p. 02. FONSECA, Adilson. Bom Jesus da Lapa tem 8 mil pessoas desabrigadas. A Tarde, Salvador, 27 fev. 2007. Bahia. p. 10. FAMÍLIAS ribeirinhas resistem a deixar as moradias e enfrentam enchente. A Tarde, Salvador, 27 fev. 2007. Bahia. p. 10. CHEGAR aos locais isolados é uma aventura de alto risco. A Tarde, Salvador, 27 fev. 2007. Bahia. p. 10. GOMES, Márcia. Meteorologia indica redução das chuvas. A Tarde, Salvador, 27 fev. 2007. Bahia. p. 11. LAURA, Cristina. Protesto contra transposição. A Tarde, Salvador, 27 fev. 2007. Bahia. p. 11

Page 116: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

116

FONSECA, Adilson. Rio sobe e inunda Ibotirama. A Tarde, Salvador, 28 fev. 2007. Bahia. p. 13

Page 117: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

117

Jornal Correio da Bahia

BAIXA. Correio da Bahia, Salvador, 02 fev. 2007. Poder. p. 02. LUZES apagadas em protesto contra a mudança climática. Correio da Bahia, Salvador, 02 fev. 2007. Exterior. p. 13. BRASIL não está preparado para o efeito. Correio da Bahia, Salvador, 03 fev. 2007. Brasil. p. 06. FARIA, Tales. Relatório da NAE é culpa dos ricos. Correio da Bahia, Salvador, 03 fev. 2007.p. 07. CHIRAC pede “Revolução ecológica” para salvar o planeta. Correio da Bahia, Salvador, 03 fev. 2007. Exterior. p. 10. MUDANÇA climática é obra humana. Correio da Bahia, Salvador, 03 fev. 2007. Exterior. p. 10. TRANSPOSIÇÃO:. Correio da Bahia, Salvador, 04 fev. 2007. p. 06. COSTA, Flávio. Cheia do Rio São Francisco atinge 14 municípios. Correio da Bahia, Salvador, 04 fev. 2007. Aqui Salvador. p. 11. LEITÃO, Miriam. Um Novo Tempo. Correio da Bahia, Salvador, 04 fev. 2007. Índices. p. 15. PAÍSES pedem política ambiental para salvar o planeta. Correio da Bahia, Salvador, 04 fev. 2007. Exterior. p. 18. TORRES, Jony. Inundação pode atingir a sede do município de Medalha. Correio da Bahia, Salvador, 05 fev. 2007. Aqui Salvador. p. 02. CHINA na frente. Correio da Bahia, Salvador, 05 fev. 2007. Índices. p. 6. FÓRUM publica nota contra projeto de Lula. Correio da Bahia, Salvador, 05 fev. 2007. Poder. p. 3. RIBEIRO, Perla. Enchente do Rio São Francisco já prejudica 4,9 mil famílias. Correio da Bahia, Salvador, 06 fev. 2007. Aqui Salvador. p. 02. ENTIDADES ingressam com ação no STF contra transposição. Correio da Bahia, Salvador, 07 fev. 2007. Poder. p. 6. AÉCIO defende a revitalização. Correio da Bahia, Salvador, 07 fev. 2007. Poder. p. 6.

Page 118: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

118

MAPA político. Correio da Bahia, Salvador, 07 fev. 2007. Poder. p. 6. AUTORITARISMO de Lula. Correio da Bahia, Salvador, 07 fev. 2007. Poder. p. 6. BISPO cobra posição do Presidente da República. Correio da Bahia, Salvador, 07 fev. 2007. Poder. p. 6. MANIFESTAÇÃO reúne dois mil na orla de Aracaju. Correio da Bahia, Salvador, 07 fev. 2007. Poder. p. 6. LEITÃO, Miriam. O álcool e a mata. Correio da Bahia, Salvador, 07 fev. 2007. Índices. p. 10. AMARAL, Alan. Unidade industrial será inaugurada neste sábado. Correio da Bahia, Salvador, 08 fev. 2007. Economia. p. 7. AL Gore pede compromisso ambiental. Correio da Bahia, Salvador, 08 fev. 2007. Exterior. p. 10. RIOS, Mariana. Enchente atrapalha início do ano letivo no interior. Correio da Bahia, Salvador, 08 fev. 2007. Aqui Salvador. p. 5. BRITO, Cilene. Polícia conclui relocação de famílias em Malhada. Correio da Bahia, Salvador, 09 fev. 2007. Aqui Salvador. p. 2. BOEING testa bioquerosene brasileiro de aviação. Correio da Bahia, Salvador, 10 fev. 2007. Economia. p. 9. OFERTA de álcool é tema de estudo. Correio da Bahia, Salvador, 10 fev. 2007. Economia. p. 9. LULA inaugura nova usina de biodiesel . Correio da Bahia, Salvador, 10 fev. 2007. Economia. p. 9. WAGNER faz tapa-buracos emergencial para viagem de Lula. Correio da Bahia, Salvador, 11 fev. 2007. Poder. p. 03. PAÍS não está preparado para ampliar exportações de álcool. Correio da Bahia, Salvador, 11 fev. 2007. Economia. p. 15. VÍTIMAS das enchentes. Correio da Bahia, Salvador, 13 fev. 2007. Poder. p. 03. LEITÃO, Miriam. Perder a hora. Correio da Bahia, Salvador, 13 fev. 2007. Índices. p. 10. Agronegócio baiano sofre impactos do aquecimento global. Correio da Bahia, Salvador, 13 fev. 2007 . Suplemento rural. p. 6. MEIO Ambiente passa a dominar debates. Correio da Bahia, Salvador, 18 fev. 2007. Poder. p. 02.

Page 119: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

119

FARRA do governador*. Correio da Bahia, Salvador, 18 fev. 2007. Informe Bahia. p. 03. UM rio que passou*. Correio da Bahia, Salvador, 18 fev. 2007. Brasil. p. 04. LEITÃO, Miriam. Às Marianas. Correio da Bahia, Salvador, 18 fev. 2007. Índices. p. 08. BISPO protesto contra transposição. Correio da Bahia, Salvador, 21 fev. 2007. Índices. p. 12. PAÍS pode produzir 1,3 bilhão de litros. Correio da Bahia, Salvador, 21 fev. 2007. Economia. p. 12. DOM Cappio protesta contra transposição. Correio da Bahia, Salvador, 22 fev. 2007. Poder. p. 02. PROTESTOS recomeçam em Minas Gerais. Correio da Bahia, Salvador, 22 fev. 2007. Poder. p. 02. TORRES, Jony. Nível do Velho Chico sobe sete centímetros em Malhada. Correio da Bahia, Salvador, 22 fev. 2007. Aqui Salvador. p. 05. D. CAPPIO quer barrar projeto de transposição. Correio da Bahia, Salvador, 23 fev. 2007. Poder. p. 02. GOVERNO descarta adiar projeto. Correio da Bahia, Salvador, 23 fev. 2007. Poder. p. 02. PROTESTO em Minhas. Correio da Bahia, Salvador, 23 fev. 2007. Poder. p. 02. BRITO, Cilene. Enchente continua espalhando caos em vários municípios. Correio da Bahia, Salvador, 23 fev. 2007.Aqui Salvador. 02. ONGS combaterão transposição. Correio da Bahia, Salvador, 24 fev. 2007. Poder. p. 02. FRENTE parlamentar vai debater projeto no Congresso. Correio da Bahia, Salvador, 24 fev. 2007. Poder. p. 02. LIMA, Manoel. Wagner e a transposição. Correio da Bahia, Salvador, 24 fev. 2007. Palavra do leitor. p. 03. CHUVAS causam mortes no Piauí e transtornos em todo o país. Correio da Bahia, Salvador, 24 fev. 2007. Brasil. p. 05. DILMA e Marina empacam o PAC. Correio da Bahia, Salvador, 24 fev. 2007. Economia. Informe JB. p. 07.

Page 120: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE … · dos jornais Correio da Bahia e A Tarde ILHÉUS - BAHIA 2008 . 2 ... por sua amizade. Ao professor Paulo Terra, pela sua forma

120

PREJUÍZOS do mau tempo. Correio da Bahia, Salvador, 24 fev. 2007. Aqui Salvador. p. 03 O INTERESSE na transposição. Correio da Bahia, Salvador, 25 fev. 2007. Poder. Informe Bahia. p. 02. CARTA. Correio da Bahia, Salvador, 25 fev. 2007. Poder. Informe Bahia. p. 02 DEPUTADO propõe audiência para debater projeto de Lula. Correio da Bahia, Salvador, 25 fev. 2007. p. 03. FRUSTRAÇÃO geral. Correio da Bahia, Salvador, 26 fev. 2007. Poder. Informe Bahia. p. 02 AUDIÊNCIA. Correio da Bahia, Salvador, 26 fev. 2007. Poder. Informe Bahia. p. 02 SENADOR diz que Wagner está isolado. Correio da Bahia, Salvador, 26 fev. 2007. Poder. p. 02 PASTORAL de pescadores promete protestar em Brasília. Correio da Bahia, Salvador, 26 fev. 2007. Poder. p. 02. RIBEIRO, Perla. Cheia do São Francisco causa quinta morte na Bahia. Correio da Bahia, Salvador, 26 fev. 2007. Aqui Salvador. p. 02. DEPUTADO critica projeto de Lula e defende revitalização do Velho Chico. Correio da Bahia, Salvador, 27 fev. 2007. Poder. p. 04. ENTIDADES vão protestar em Brasília. Correio da Bahia, Salvador, 27 fev. 2007. Poder. p. 04. BRITO, Cilene. Em nome do Velho Chico. Correio da Bahia, Salvador, 27 fev. 2007. Aqui Salvador. p. 1. BRITO, Cilene. Famílias serão retiradas de municípios atingidos pela cheia. Correio da Bahia, Salvador, 27 fev. 2007. Aqui Salvador. p. 3.