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i UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO TESE DE DOUTORADO TECNOLOGIA E SOCIEDADE: RELAÇÕES DE CAUSALIDADE ENTRE CONCEPÇÕES E ATITUDES DE GRADUANDOS DO ESTADO DE SÃO PAULO Autor: Estéfano Vizconde Veraszto Orientador: Prof. Dr. Dirceu da Silva Campinas, 2009

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

TESE DE DOUTORADO

TECNOLOGIA E SOCIEDADE:

RELAÇÕES DE CAUSALIDADE ENTRE CONCEPÇÕES E

ATITUDES DE GRADUANDOS DO ESTADO DE SÃO PAULO

Autor: Estéfano Vizconde Veraszto

Orientador: Prof. Dr. Dirceu da Silva

Campinas, 2009

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

TESE DE DOUTORADO

TECNOLOGIA E SOCIEDADE:

RELAÇÕES DE CAUSALIDADE ENTRE CONCEPÇÕES E

ATITUDES DE GRADUANDOS DO ESTADO DE SÃO PAULO

Autor: Estéfano Vizconde Veraszto

Orientador: Prof. Dr. Dirceu da Silva

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AGRADECIMENTOS

Todo o trabalho de elaboração desta tese não teria sido possível se não fosse pela

existência, apoio e participação direta ou indireta de muitas pessoas. Talvez a memória possa me

trair e alguns nomes não estarem presentes. Contudo, não posso deixar de apontar meus sinceros

mais agradecimentos:

Ao Prof. Dr. Dirceu da Silva. Mais que um orientador, um grande amigo. Dono de um

caráter ímpar e de uma lucidez inigualável. Se não fosse por você meu amigo, essa pesquisa não

existiria.

Aos professores da banca de qualificação e de defesa, que contribuíram para o

crescimento e o aperfeiçoamento da redação final deste trabalho. Todas as colocações foram

muito pertinentes e contribuíram para a melhoria do texto. Obrigado ao Prof. Dr. Mauro Neves,

Prof. Dr. Sérgio Ferreira do Amaral, Profa. Dra. Elisabete Barolli, Prof. Dr. Tel Amiel, Prof. Dr.

David Bianchini, Prof. Dr. Jomar Barros Filho.

Ao Prof. Dr. Sérgio Ferreira do Amaral, por me proporcionar a experiência de vivenciar

um ano de estudos em terras mediterrâneas. A confiança depositada no meu trabalho em Madrid

não será esquecida jamais.

Ao meu pai, exemplo de vida, exemplo de homem. Esteve sempre do lado, apoiando,

incentivando, compreendendo. Obrigado é uma palavra que deixa a desejar por não conseguir

representar tudo aquilo que realmente sinto. Serei eternamente grato por cada momento da minha

vida. Serei eternamente grato por toda a minha vida. É parte de tudo que eu sou.

À minha mãe (in memorian) por ter me ensinado o valor de ser homem e ter mostrado

que tudo é possível quando se quer com vontade e tem a perseverança sincera.

À Lívia, mulher da minha vida, companheira, amiga. Obrigado pela compreensão, pelo

apoio incondicional. É bom saber que você existe. Pra sempre juntos. Te amo muitão. Nosso filho

ou filha está chegando. Já é amado e com certeza já herdou sua beleza e a manifestará em todos

os aspectos.

À minha irmã, por todo o apoio e amizade ao longo de toda a vida. Não existe melhor

pessoa para compartilhar alegrias e dramas. É mais do que bom ser seu irmão.

Ao Felipe Fernandes Fanchini, amigo, cunhado, companheiro para trocas de idéias.

À Gabriela Vizconde Veraszto Fanchini, que ao longo dos seus três anos, mostrou como

a pureza de um sorriso irradia alegria para dentro da alma. Titio te ama.

Aos amigos e irmãos, Ademar B. de Carvalho Jr., Alex Gonçalves Compri, Fabiano

Ferreira Garcia, Leonardo M. Brito, Clayson Gelain, André Felipe Fernandes, Dênis Domingues

Donadio, Rodrigo Bovolenta, Edmar Allan Pissinati, Carlos Alberto Baratella, Ricardo Scudeler,

Henrique, Adriano Fonseca de Lima, Bruno Brandão Fischer, Páris Bógea, Shaista Lessa Fúrfuro,

Maria Paula, Leila Cristina da Silva, Pelos momentos compartilhados. Pelas alegrias e segredos

divididos. Pelas dores compartidas juntos. Por fazerem parte da minha vida. Não seria eu se não

fossem vocês. Obrigado a todos meus importantes amigos que iluminaram minha vida.

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Aos grandes amigos, Nonato Assis de Miranda, Fernada Oliveira Simon, Jomar Barros

Filho, Fabiano Correa da Silva, Priscila Aparecida Teixeira, Kátia Elaine da Silva. Obrigado pela

ajuda sem igual que me deram. Obrigado pelo apoio ao longo de toda a pesquisa. Sem vocês não

seria possível ter concluído o trabalho.

Aos familiares Magdalena Verasto, Fábio Dias Verasto, Jorge Verasto, João Verasto,

Elaine Dia Verasto, Fernando Dias Verasto, Eliane Dia Verasto, Regina Maura Dias Verasto.

Pela ajuda e torcida sempre amiga. A todos os familiares aqui não citados, também meus

agradecimentos.

Ao apoio recebido de Marcos Antonio, José Antonio Filho, Maria Paula Chiarelli. Sem

esse auxílio, a pesquesia não teria sido aplicada.

Aos professores Dr. Antonio Medina Rivilla (UNED) e Francisco García García

(Universidade Complutense de Madrid) por me acolherem em Madrid e por contribuírem com o

projeto no intercâmbio doutoral.

À Capes, pelo apoio financeiro parcial.

A todas as pessoas que passaram pela minha vida, meus sinceros agradecimentos.

Todas, sem excessão, são parte do que sou hoje.

Estéfano Vizconde Veraszto

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À Lívia, ao meu pai, à minha mãe (in memorian),

à minha irmã e à Gabriela.

Pelo apoio incondicional e por acreditarem sempre.

Por darem sentido à minha existência.

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TECNOLOGIA E SOCIEDADE:

RELAÇÕES DE CASUALIDADE ENTRE CONCEPÇÕES E ATITUDES DE

GRADUANDOS DO ESTADO DE SÃO PAULO

RESUMO

Nos últimos anos o homem vem transformando o meio através da sua ação ao conceber e

desenvolver novas tecnologias. De uma forma recíproca, as tecnologias emergentes modificam a

sociedade, os hábitos e as formas como o homem se relaciona e adquire informações e

conhecimento. Desta forma, este trabalho desenvolve um modelo de pesquisa com o objetivo de

encontrar relações causais entre homem, sociedade, tecnologia e meio. Com esse modelo foi

possível saber como a sociedade pode afetar as concepções que graduandos do estado de São

Paulo têm acerca da tecnologia e também as suas crenças e expectativas em relação ao

desenvolvimento tecnológico e o futuro do planeta. O modelo desenvolvido, bem como todas

suas variações possíveis, foram testados através de Modelagem de Equações Estruturais (SEM)

para mapear relações de causa e efeito entre as dimensões que denominamos de: dimensão social,

concepções de tecnologia e atitudes e expectativas frente ao desenvolvimento tecnológico. A

partir do modelo inicial a hipótese de pesquisa foi elaborada e confirmada estatisticamente. A

análise mostrou que a sociedade exerce uma influência direta nas concepções e atitudes dos

indivíduos pesquisados frente ao desenvolvimento tecnológico. Isso permitiu compreender

melhor o que as pessoas pensam e sabem sobre tecnologia. E essa compreensão gerou subsídios e

uma contribuição inicial para discussões futuras acerca de políticas públicas de educação, visando

uma alfabetização tecnológica significativas, capaz de preparar novas estratégias de ensino que

possibilitem educar cidadãos para uma sociedade plural, democrática e tecnologicamente

avançada.

Palavras-chave: Tecnologia e Sociedade, Concepções de Tecnologia; Atitudes acerca de

Tecnologia, Percepção Pública, Modelagem de Equações Estruturais.

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TECHNOLOGY AND SOCIETY:

CAUSALITY RELATIONS BETWEEN THE CONCEPTIONS AND

ATTITUDES OF THE SÃO PAULO STATE UNDERGRADUATE

STUDENTS

ABSTRACT

In recent years, the man has transformed the way through his action to design and develop new

technologies. In a reciprocal manner, the emerging technologies have changed the society, the

habits and the ways in which the man is connected and acquire information and knowledge. Thus,

this paper develops a model of research with the aim to find causal relationships between man,

society, technology and environment. With this model, it was possible to know how the society

can affect the conceptions that the São Paulo State’students have about the technology as well as

their beliefs and expectations about the technology development and the future of the planet. The

model developed, and all its possible variations, were tested using the Structural Equation

Modeling (SEM) to map the cause and effect relation between the dimensions that we named as:

social dimension, technology and attitudes conceptions and technology development

expectations. From the initial model, the research hypothesis was developed and confirmed

statistically. The analysis showed that the society exercises a direct influence on the conceptions

and attitudes of individuals studied front of technological development. This allowed better

understand what people think and know about technology. That understanding led subsidies and

an initial contribution to future discussions about public policy education to a significant

technological literacy and capable of preparing new teaching strategies that allow citizens to

educate a plural society democratic and technologically advanced.

Key-words: Technology and Society, Ideas about Technology; Attitudes about Technology,

Public Perception, Structural Equation Modeling.

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TECNOLOGÍA Y SOCIEDAD:

RELACIONES DE CASUALIDAD ENTRE LAS CONCEPCIONES Y LAS

ACTITUDES DE LOS ESTUDIANTES UNIVERSITARIOS DEL ESTADO

DE SÃO PAULO

RESUMEN

En los últimos años el hombre ha transformado el entorno a través de su acción para diseñar y

desarrollar nuevas tecnologías. En una manera recíproca, las tecnologías cambian la sociedad, los

hábitos y las formas en que el hombre está conectado y adquirir información y conocimientos.

Por lo tanto, este trabajo desarrolla un modelo de investigación con el fin de encontrar relaciones

causales entre el hombre, la sociedad, la tecnología y el medio ambiente. Con este modelo es

posible saber cómo la sociedad puede afectar a las concepciones que los estudiantes en el estado

de São Paulo tienen sobre la tecnología y también sus creencias y expectativas con respecto a la

evolución y el futuro del planeta. El modelo desarrollado, y todas sus posibles variaciones, se

probaron utilizando los Modelos de Ecuaciones Estructurales (SEM) para trazar las relaciones de

causa y efecto entre las dimensiones fueran llamadas de: dimensión social, concepciones de la

tecnología y actitudes y expectativas hacia el desarrollo tecnológico. Desde el modelo inicial, la

hipótesis de investigación fue desarrollada y confirmada estadísticamente. El análisis mostró que

la sociedad ejerce una influencia directa sobre las concepciones y actitudes de los individuos

estudiados frente del desarrollo tecnológico. Esto permitió comprender mejor el pensamiento y el

conocimiento que tienen las personas acerca de la tecnología. Este entendimiento llevó

subvenciones y una contribución inicial a los futuros debates sobre las políticas públicas de

educación buscando una importante alfabetización tecnológica y capaz de preparar nuevas

estrategias de enseñanza que permitan educar a los ciudadanos para una sociedad plural

democrática y tecnológicamente avanzada.

Palabras-clave: Tecnología y Sociedad, Ideas acerca de Tecnología; Actitudes acerca de la

Tecnología, Percepción del Público, Modelos de Ecuaciones Estructurales.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

Problema de pesquisa .................................................................................................................. 2 Objetivos da pesquisa .................................................................................................................. 2 Diretrizes da pesquisa .................................................................................................................. 3

1. UMA PERSPECTIVA DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE

TECNOLOGIA ......................................................................................................... 7

1.1. A origem do termo tecnologia .............................................................................................. 7 1.2. Nossos primeiros passos ....................................................................................................... 9

2. CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE: BASES HISTÓRICAS E

ESTUDOS SOCIOLÓGICOS ................................................................................ 17

2.1. O início do movimento CTS ............................................................................................... 18 2.2. As duas principais tradições CTS ....................................................................................... 21

2.3. Antecedentes dos estudos CTS ........................................................................................... 24 2.4. Tradição européia ............................................................................................................... 27

2.4.1. A nova sociologia da ciência ....................................................................................... 28 2.4.2. Desvendando o meio onde a tecnologia é produzida (a caixa preta)........................... 29 2.4.3. Pontos de vista pós-modernos ..................................................................................... 30

2.4.4. Da ciência à tecnociência ............................................................................................ 32

2.5. Tradição americana............................................................................................................. 35 2.5.1. As origens e os temas desenvolvidos na tradição americana ...................................... 36

2.6. Uma terceira tradição: o fator econômico .......................................................................... 44

2.6.1. Economia e gestão das C&T ....................................................................................... 45 2.6.2. As microinovações ...................................................................................................... 47

2.6.3. As macroinovações ...................................................................................................... 48 2.6.4. Gestão e política das C&T ........................................................................................... 48

3. AS FACETAS DA TECNOLOGIA: MITOS E REALIDADES ....................... 53

3.1. Concepção intelectualista da tecnologia ............................................................................. 54 3.2. Concepção utilitarista da tecnologia (tecnologia como sinônimo de técnica).................... 55 3.3. Concepção da tecnologia como sinônimo de ciência ......................................................... 56 3.4. Concepção instrumentalista (artefatual) da tecnologia ....................................................... 56

3.5. Concepção de neutralidade da tecnologia .......................................................................... 57 3.6. Concepção do determinismo tecnológico: tecnologia autônoma ....................................... 59 3.7. Concepção de universalidade da tecnologia ....................................................................... 61 3.8. Otimismo e pessimismo tecnológico .................................................................................. 62

3.8.1. Pessimismo tecnológico .............................................................................................. 63

3.8.2. Otimismo tecnológico.................................................................................................. 63 3.9. Sociosistema: um novo conceito de tecnologia .................................................................. 64 3.10. Classificação e categorização das concepções acerca da tecnologia. ............................... 67 3.11. Afinal, o que é tecnologia? ............................................................................................... 69

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4. OS DESAFIOS DA TECNOLOGIA NO CENÁRIO MUNDIAL

CONTEMPORÂNEO ............................................................................................. 77

4.1. Caracterizando os desafios da tecnologia .......................................................................... 77 4.2. As contribuições da c&t no atual cenário globalizado ....................................................... 81

5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA ............................. 91

5.1. Caracterizando a pesquisa .................................................................................................. 91 5.2. Modelos teóricos e hipóteses de pesquisa .......................................................................... 93

5.3. Composição estrutural ........................................................................................................ 96 5.4. Apresentando o modelo ..................................................................................................... 97 5.5. Modelos de medidas......................................................................................................... 101 5.6. Instrumento de pesquisa ................................................................................................... 102

5.7. Metodologia de elaboração dos indicadores do instrumento de pesquisa ....................... 103 5.7.1. Organização da análise .............................................................................................. 104

5.7.2. Codificação ............................................................................................................... 105 5.7.3. Categorização ............................................................................................................ 105

5.8. Estrutura do questionário ................................................................................................. 113

5.9. Modelos completos .......................................................................................................... 116 5.10. Coleta de dados .............................................................................................................. 121

5.11. Processo de amostragem ................................................................................................ 122 5.12. Etapas da análise de dados ............................................................................................. 124

5.12.1. Análise descritiva .................................................................................................... 125

5.12.2. Avaliação individual dos construtos ....................................................................... 125 5.12.3. Unidimensionalidade dos construtos ...................................................................... 126

5.12.4. Confiabilidade dos construtos (CC) ........................................................................ 126 5.12.5. Medidas de ajustamento dos construtos .................................................................. 127

5.12.6. Avaliação do modelo integrado .............................................................................. 129

6. RESULTADOS E ANÁLISES ......................................................................... 131

6.1. Caracterização da amostra ............................................................................................... 131 6.2. Análise de freqüência de respostas aos indicadores ......................................................... 133 6.3. Validade dos construtos ................................................................................................... 141

6.3.1. Unidimensionalidade dos construtos ........................................................................ 141 6.3.2 Confiabilidade ............................................................................................................ 142 6.3.3. Medidas de ajustamento dos modelos ....................................................................... 143 6.3.4. Avaliação do modelo integrado ................................................................................ 149

6.4. Apresentação do modelo ajustado .................................................................................... 150

7. TÉKHNÉ E POLITÉIA: CONSIDERAÇÕES FINAIS E PROJEÇÕES

FUTURAS ............................................................................................................. 153

7.1. A importância da dimensão social como causa do fenômeno ......................................... 154 7.2. As concepções de tecnologia: pontos de vista clássicos do senso comum ...................... 157 7.3. As atitudes frente ao desenvolvimento tecnológico ......................................................... 158

7.4. Perspectivas futuras.......................................................................................................... 159

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 163

APÊNDICE A: UMA BREVE PERSPECTIVA DA HISTÓRIA DA

TECNOLOGIA ..................................................................................................... 185

O NEOLÍTICO E A AURORA DAS CIVILIZAÇÕES ......................................................... 185

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OS GRANDES IMPÉRIOS .................................................................................................... 187 AS TÉCNICAS MEDIEVAIS................................................................................................. 191 TEMPOS MODERNOS .......................................................................................................... 194 OS DOIS ÚLTIMOS SÉCULOS E OS NOSSOS DIAS ........................................................ 199

APÊNDICE B: INSTRUMENTO DE PESQUISA .............................................. 207

APÊNDICE C: Teste de Kolmogorov-Smirnov Gerado pelo SPSS .................... 209

APÊNDICE D: Relatório gerado pelo sistema LISREL®: estimação pelo método

USL com antecedente DSO1 (Dimensão Social 1) .............................................. 211

APÊNDICE E: Relatório gerado pelo sistema LISREL®: estimação pelo método

USL com antecedente DSO2 (Dimensão Social 2) .............................................. 223

APÊNDICE F: Relatório gerado pelo sistema LISREL®: estimação pelo método

USL com antecedente CON1 (Concepções 1) ...................................................... 237

APÊNDICE G: Relatório gerado pelo sistema LISREL®: estimação pelo método

USL com antecedente CON2 (Concepções 1) ...................................................... 249

APÊNDICE H: Relatório gerado pelo sistema LISREL®: estimação pelo método

USL com antecedente ATI1 (Atitudes frente ao desenvolvimento tecnológico 1)261

APÊNDICE I: Relatório gerado pelo sistema LISREL®: estimação pelo método

USL com antecedente ATI2 (Atitudes frente ao desenvolvimento tecnológico 2)273

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INDÍCE DE QUADROS

Quadro 2.1: Diferenças entre as duas tradições ............................................................................. 23 Quadro 3.1: Resumo referenciado das diferentes concepções acerca da tecnologia ..................... 68 Quadro 4.1: Questões ambientais contemporâneas colocas à ciência e à tecnologia .................... 88 Quadro 5.1: Processo de elaboração dos indicadores da pesquisa. ............................................. 105 Quadro 5.2: Indicadores Propostos para cada Dimensão do Estudo ........................................... 112 Quadro 5.3: Questionário aplicado com relações entre variáreis e ordem das assertivas ........... 114 Quadro 6.1: Construtos e respectivos indicadores do Modelo de Medida Ajustado. .................. 150

INDÍCE DE DIAGRAMAS

Diagrama 2.1: A dimensão em cada uma das tradições. ............................................................... 24 Diagrama 5.1: Esquema de construção dos indicadores dos modelos .......................................... 94 Diagrama 5.2: Relação Estrutural do Modelo DSO1: Influência da Sociedade. ........................... 98 Diagrama 5.3: Relação Estrutural do Modelo CON1: Concepções. ............................................. 99 Diagrama 5.4: Relação Estrutural do Modelo ATI1: Atitudes. ..................................................... 99 Diagrama 5.5: Relação Estrutural do Modelo DSO2: Influência sobre a Sociedade .................. 100 Diagrama 5.6: Relação Estrutural do Modelo CON2: Influência nas Concepções ..................... 101 Diagrama 5.7: Relação Estrutural do Modelo ATI2: Influência nas Atitudes ............................ 101 Diagrama 5.7: Modelo DSO1: Influência da Sociedade ............................................................. 118 Diagrama 5.8: Modelo CON1: Concepções. ............................................................................... 118 Diagrama 5.9: Modelo ATI1: Atitudes........................................................................................ 119 Diagrama 5.10: Modelo DSO2: Influência sobre a Sociedade. ................................................... 119 Diagrama 5.11: Modelo CON2: Influências sobre as Concepções ............................................. 120 Diagrama 5.12: Modelo ATI1: Atitudes...................................................................................... 120 Figura 6.1: Diagrama de Caminhos do Modelo Integrado .......................................................... 151

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INDÍCE DE TABELAS

Tabela 6.1: Freqüência de resposta dos estudantes aos indicadores propostos ........................... 134 Tabela 6.2: Índices Residuais Padronizados dos Construtos. ...................................................... 142 Tabela 6.3: Índices Residuais Padronizados dos Construtos. ...................................................... 142 Tabela 6.4: Confiabilidade Composta dos Construtos. ............................................................... 143 Tabela 6.5: Comparação das Medidas de Ajustamento do Modelo Original e os Rivais com o

Método de Máxima Verossimilhança (MLE) .............................................................................. 145 Tabela 6.6: Modelo completo estimado segundo Método MLE ................................................. 149

INDÍCE DE GRÁFICOS

Figura 6.1: Distribuição da amostra por curso. ........................................................................... 131 Figura 6.2: Distribuição da amostra segundo ano de ingresso no curso...................................... 132 Figura 6.3: Distribuição da amostra segundo faixa etária. Fonte: elaborado pelo autor. ............ 133 Gráfico 6.4: Q-Plot dos Resíduos Padronizados para o Modelo DSO ........................................ 146 Gráfico 6.5: Q-Plot dos Resíduos Padronizados para o Modelo CON ....................................... 147 Gráfico 6.6: Q-Plot dos Resíduos Padronizados para o Modelo ATI ......................................... 148

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INTRODUÇÃO

O homem tem modificado constantemente o meio, exigindo a concepção e

desenvolvimento de novas tecnologias e estas, por sua vez, acabam por modificar o homem, suas

atitudes e a sociedade como um todo. Essa demanda por inovações pode ser fruto de bem

intencionadas idéias de melhores condições de vida, ou podem ainda aparecer diante da intenção

de ostentação de fetiches ou até mesmo para a perpetuação de desiguais e hegemônicas condições

de poder (LÉVY, 1993; CARDOSO, 2001; MIRANDA et al, 2007). Assim, diferentes formas de

relação entre sociedade e tecnologia são estabelecidas na busca pelo progresso. Uma preocupação

crescente de integrar ciência e tecnologia (C&T) para o bem estar da sociedade ganha espaço

cada vez maior, principalmente, depois que o último século sentiu uma forte mistura de esperança

e medo ao ver concretizar o sonho do homem de conquistar o espaço ao mesmo tempo em que o

mundo temia pelo seu fim devido aos grandes avanços bélicos-nucleares (LIGUORI, 1997;

GARCÍA DE RÍCART, 1999).

Na tentativa de debater os resultados do progresso, muito se tem falado sobre em

uma formação de cidadãos conscientes e capazes de tomar decisões que envolvam o bem da

coletividade ao mesmo tempo em que estejam preparados para viver em uma sociedade

tecnológica e dinâmica. (KANASHIRO, 2007; VERASZTO, 2007f). Assim, conforme apontam

Gordillo & Galbarte (2002), a primeira condição para se promover a inserção de tecnologias na

educação de uma forma consciente é se estabelecer uma reflexão sobre suas propriedades e

funções educativas.

Para melhor compreender este cenário brevemente exposto até aqui, a pesquisa

buscará por indicadores de como a sociedade pode influenciar as pessoas em suas relações com a

tecnologia, seja refletindo em suas concepções ou em suas atitudes frente ao desenvolvimento

tecnológico. A compreensão destas relações pode angariar bases para muitas discussões,

principalmente fundamentar futuros questionamentos de como as políticas públicas educacionais

poderão permitir uma participação mais efetiva e atuante por parte dos cidadãos em tomadas

decisões que envolvem aspectos tecnológicos.

Assim, considerando que o homem, inserido em uma sociedade, concebe, cria ou

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aperfeiçoa tecnologias, neste trabalho, apresentaremos hipóteses, transformadas futuramente em

modelos, de que essas interações sociais também influenciam na concepção que o indivíduo tem

acerca da tecnologia e estas, demandam diferentes atitudes frente ao desenvolvimento

tecnológico na busca pela sustentabilidade.

PROBLEMA DE PESQUISA

Levando em consideração os aspectos apresentados na introdução, aqui fica

formulado o problema de pesquisa a ser desenvolvido nesta tese: como graduandos do Estado de

São Paulo percebem as relações entre tecnologia e sociedade e se posicionam frente ao

desenvolvimento tecnológico?

OBJETIVOS DA PESQUISA

O objetivo principal desta pesquisa é o de analisar e testar, por Modelagem de

Equações Estruturais (SEM), a aderência de diferentes modelos que relacionam as interações

entre homem x sociedade x meio x tecnologia (concepções e expectativas).

Para que isto se efetive, as seguinte etapas foram cumpridas ao longo deste trabalho:

i. através de revisão bibliográfica, levantar os principais aspectos (ou dimensões) das

atividades tecnológicas, como:

a) indicadores de produção e divulgação tecnológica;

b) a percepção do modelo de sociedade vigente em nossos dias por pessoas dos

mais variados setores da nossa sociedade;

c) indicadores de desafios tecnológicos no atual cenário mundial

contemporâneo;

ii. construir uma escala capaz de gerar modelos que permitam a melhor compreensão

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de como os indivíduos entendem a tecnologia e o que esperam dela nos dias atuais,

levando em consideração a influência de fatores socais como antecedente;

iii. apresentar uma hipótese teórica e desenvolver seu respectivo modelo capaz de

relacionar os pontos abordados nos itens anteriores;

iv. angariar subsídios para discutir sobre políticas públicas de educação científica e

tecnológica e esboçar considerações iniciais acerca de novas formas de políticas

públicas sobre o incentivo à produção tecnológica.

DIRETRIZES DA PESQUISA

Diante das colocações apresentadas anteriormente, nas páginas que seguem, serão

levados em consideração pontos fundamentais como os aspectos culturais em sentido estrito, ou

seja, quem e como se produz tecnologia em nosso meio e em que isso influencia direta ou

indiretamente na alfabetização tecnológica da população, modificando a cultura e as relações

interpessoais e as relações estabelecidas entre meio e sociedade. Apontando quais os

conhecimentos da sociedade acerca de conceitos chaves em tecnologia que estão sendo

divulgados pela mídia, poderemos chegar o mais próximo possível de uma concepção de

tecnologia presente em nossa sociedade (e de como esta entende seu dinâmico processo de

produção). Além disso, também será possível mostrar qual a importância que o indivíduo dá para

a demanda tecnológica e como entede sua participação na tomada de decisões que envolvem

questões que possam a vir gerar novas tecnologias.

De uma forma mais sistemática, os quatro primeiros capítulos fazem uma revisão

história e sociológica da tecnologia e dos seus estudos acadêmicos e a forma como a população

de uma maneira geral entende o desenvolvimento tecnológico e se posiciona frente a questões

relacionadas com o desenvolvimento humano e sustentável. Para isso, faz-se necessário frizar que

a pretensão inicial é a de mostrar como as diversas facetas construídas ao longo da história se

constituiem de diferentes interpretações para o termo tecnologia. Contudo a pretensão não é a de

esgotar todo o conteúdo, já que a história da tecnologia está estreitamente ligada à história do

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homem, e por isso, é bastante complexa e com inúmeras ramificações e sub-prolongamentos. Um

estudo mais abrangente e detalhado seria por demasiado longo fugiria do propósito deste

trabalho. Outro motivo a realização de uma abordagem histórica é o fato de que as inúmeras

concepções divergentes que hoje encontramos, sobre o que venha a ser tecnologia, podem ser

resultado do simples desconhecimento da evolução sócio-cultural do homem.

O capítulo que antecede a conclusão apresentam todo o embasamento metodológico

da pesquisa, bem como a construção, aplicação e análise do instrumento. De maneira mais geral,

estes pontos são explicitados abaixo.

O primeiro capítulo aborda uma revisão história do conceito de tecnologia traçando

parâmetros que o diferenciam do conceito de técnica, além de mostrar uma perspectiva de sua

evolução a partir dos primórdios da humanidade. Essa abordagem é fundamental para que o

conceito principal dessa pesquisa seja situado no tempo, trazendo bases teóricas para toda a

fundamentação apresentada em todo o restante da pesquisa.

O segundo capítulo apresenta uma revisão histórica e sociológica dos estudos

acadêmicos da tecnologia. Apresentando dois pontos de vista distintos: a tradição européia e a

tradição norteamericana, esta abordagem conclui com uma visão recente que permite a unificação

das tradições mostrando que é possível concilia a abrangência teórica, própria da academia

européia, com a praticidade norteamericana, fortalecendo assim as futuras discussões sobre

aplicações sociais e de de políticas públicas da tecnologia.

O terceiro capítulo busca desmistificar o conceito de tecnologia ao apresentar todas

suas formas e variações seja em estudos de especialistas, seja aquelas presentes no senso comum

da população de uma forma geral. Com a pesquisa realizada neste capítulo, fruto de um estudo

que se iniciou em anos anteriores à produção desta tese, é possível levantar subsidios suficientes

para apresentar uma visão própria da tecnologia e do seu processo de desenvolvimento.

Apresentando toda a fundamentação necessária acerca da gênese e estudos sociais

da tecnologia, no capítulo quatro é chegado o momento de questionar se o homem está no

caminho certo e se pode continuar a pensar exclusivamente no desenvolvimento tecnológico

como motor para o desenvolvimento econômico ou deve repensar seus conceitos e passar a

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abordar a possibilidade de desenvolver de uma forma sustentável e que realmente traga

benefícios para toda a sociedade.

Diantes de toda essa fundamentação, é possível então, no capítulo cinco, estruturar o

instrumento de investigação e definir de forma bastante objetiva e direta a hipótese de pesquisa.

Finalizado esse capítulo, toda a metodologia de trabalho e de pesquisa, bem como as diretrizes

básicas do processo de amostragem e de análise será passível de compreensão.

E finalmente, no capítulo 6, toda a análise dos resultados será apresentada de forma

sistemática angariando fontes de discussão para a conclusão da tese.

Com estas etapas concluídas, será possível, após aplicação e análise do instrumento

de pesquisa, fomentar discussões apresentandos os resultados da pesquisa como subsídios para

discussões futuras de políticas públicas de educação. Assim, a intenção é dar suporte e contribuir

para trabalhos vindouros que visem uma educação tecnológica consciente e que tenha como

ponto de partida os maiores déficits de informação predominante no público de maneira

generalizada.

É importante colocar ainda que, ao mesmo tempo que será mostrado um pequeno

recorte de como a sociedade evoluiu, centraremos também nossa atenção em apontar como as

conseqüências do desenvolvimento tecnológico acabaram por fazer surgir teorias sociológicas

distintas na tentativa de compreender as relações entre sociedade e tecnologia.

Considerando que o homem, inserido em uma sociedade, concebe, cria ou

aperfeiçoa tecnologias, para esta pesquisa foram elaboradas hipóteses, embasadas nos

fundamentos teóricos, de que essas interações sociais influenciam na concepção que o indivíduo

tem acerca da tecnologia e estas, por sua vez, demandam diferentes atitudes frente ao

desenvolvimento tecnológico. Como complemento, será levado em consideração ao longo de

toda a investigação que as relações homem x sociedade, não só influenciam as concepções sobre

tecnologia, como também as atitudes dos indivíduos.

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1. UMA PERSPECTIVA DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO

CONCEITO DE TECNOLOGIA

A geração presente, já tendo nascida sob o signo das vertiginosas mudanças que

a tecnologia acarretou, não tem, em geral, a noção de como todo esse processo é

muito recente e que caminhos a humanidade percorreu para chegar à atual

situação. Entretanto, vivemos num mundo que herdamos, resultado de um longo

e complexo processo histórico, que trouxe muitas mudanças à vida do homem.

(CARDOSO, 2001, p. 183).

No intuito de buscar uma melhor compreensão acerca do conceito de tecnologia,

será apresentada uma revisão teórica embasada em perspectivas históricas para auxiliar na

construção do conceito. Para esse feito, a revisão literária está dividida em duas grandes frentes: a

primeira, busca mostrar o surgimento e o desenvolvimento da tecnologia junto com a história do

homem, e a segunda (no capítulo seguinte), procurando mostrar como o conceito fora estudado a

partir do aparecimento do movimento CTS, após a Segunda Grande Guerra Mundial.

É importante ainda salientar que este trabalho prioriza a história do

desenvolvimento tecnológico, bem como seu papel na organização das sociedades, fatos

ocorridos nas sociedades ocidentais a partir do aparecimento dos grandes impérios da

antiguidade.

A escolha da história como ponto de partida pode ser justificada nessa reordenação

das palavras de Comte: [...] é indispensável ter, de início, uma visão geral sobre a marcha

progressiva do espírito humano, considerado que uma concepção qualquer só pode ser bem

conhecida por sua história (COMTE, 1978, p. 3).

1.1. A ORIGEM DO TERMO TECNOLOGIA

Ao iniciar esta breve revisão histórica é preciso frisar que a história do homem

iniciou-se juntamente com a história das técnicas, com a utilização de objetos que foram

transformados em instrumentos diferenciados, evoluindo em complexidade juntamente com o

processo de construção das sociedades humanas (CARDOSO, 2001; ACEVEDO DÍAZ, 2002b;

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VALDÉS et al, 2002; MAIZTEGUI et al, 2002; VERASZTO, 2004, 2008a, b).

Através de um estudo da evolução histórica das técnicas desenvolvidas pelo homem,

colocadas dentro dos contextos sócio-culturais de cada época, é que se pode compreender melhor

a participação ativa do homem e da tecnologia no desenvolvimento e no progresso da sociedade,

enriquecendo assim o conceito que temos a respeito do termo tecnologia (VERASZTO, 2004).

Desta maneira, torna-se notório conhecer que as palavras técnica e tecnologia têm origem comum

na palavra grega techné (ou tékhné) que consistia muito mais em se alterar o mundo de forma

prática do que compreendê-lo. Inicialmente era um processo onde a contemplação científica

praticamente não exercia influências (KNELLER, 1978; VERASZTO, 2004, 2008a, b). Na

técnica, a questão principal é do como transformar, como modificar. O significado original do

termo techné tem sua origem a partir de uma das variáveis de um verbo que significa fabricar,

produzir, construir, dar à luz, o verbo teuchô ou tictein, cujo sentido vem de Homero; e teuchos

significa ferramenta, instrumento (TOLMASQUIM, 1989; LION, 1997). A palavra tecnologia

provém de uma junção do termo tecno, do grego techné, que é saber fazer, e logia, do grego

logus, razão. Portanto, tecnologia significa a razão do saber fazer (RODRIGUES, 2001). Em

outras palavras o estudo da técnica. O estudo da própria atividade do modificar, do transformar,

do agir (VERASZTO, 2004; SIMON et al, 2004a; 2008a, b).

Uma definição exata e precisa da palavra tecnologia fica difícil de ser estabelecida

tendo em vista que ao longo da história o conceito é interpretado de diferentes maneiras, por

diferentes pessoas, embasadas em teorias muitas vezes divergentes e dentro dos mais distintos

contextos sociais (GAMA, 1987). Em diferentes momentos a história da tecnologia vem

registrada junto com a história das técnicas, com a história do trabalho e da produção do ser

humano. Assim, é primordial a tentativa de apresentar um marco divisório para mostrar a tênue

linha que separa a técnica da tecnologia.

É preciso também deixar claro que a História das técnicas e das tecnologias, não

deve ser apenas entendida com uma descrição sucessiva dos artefatos descobertos por artífices e

engenheiros, mas também o encadeamento das grandes circunstâncias sociais que ora favoreciam,

ora prejudicavam o esforço humano em desenvolver seus artefatos e modificar o mundo ao seu

redor, garantindo-lhes assim, melhores condições de vida.

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Desta forma, o desenvolvimento e aprimoramento da técnica, das ciência e

tecnologia, precisa ser compreendido nas suas mais íntimas relações com as influências e

determinações sociais, econômicas, políticas e culturais, tendo em vista que todas estas atividades

não se isolam de qualquer que seja outra atividade humana. Muito pelo contrário, cada uma

dessas atividades só existe se tomaram em conta suas relações com o esforço histórico humano de

criar instrumentos capazes de superar as dificuldades impostas pelas forças naturais (CARDOSO,

2001).

1.2. NOSSOS PRIMEIROS PASSOS

Não importa o quão longe possamos ir ao passado ou o quão distante possamos

voltar no tempo, os vestígios do homem na Terra são evidentes e atestados por utensílios, armas

ou até mesmo pelo resultado da ação do fogo no meio (DUCASSÉ, 1987). Nossos antepassados

primitivos já utilizavam objetos achados na natureza como instrumentos que lhes garantissem

uma extensão do corpo, porém não mostravam nenhuma intenção de modificá-los ou melhorá-

los. O potencial tecnológico do homem estava presente, contudo ainda faltava um lampejo do

intelecto para que mudanças significativas começassem a ser empreendidas (VERASZTO et al,

2008a, b).

Apenas com o Homo erectus é que se teve a pedra talhada e o começo da intenção

de usar um objeto como instrumento e de transformá-lo para melhor se valer dele (VARGAS,

2001). O período Paleolítico, como é chamada a primeira fase da Idade da Pedra, inicia-se com o

aparecimento dos primeiros hominídeos, por volta de 4.000.000 a.C., passando pelos primeiros

vestígios do Homo sapiens, do qual descendemos, em torno de 50.000 a.C. e durando até mais ou

menos 18.000 a.C. O paleolítico caracterizou-se, de maneira geral, pela formação de um grupo

social onde o homem era essencialmente coletor e caçador (CARDOSO, 2001; VERASZTO,

2004, 2008a, b; SIMON et al, 2004a, 2004b).

Há cerca de dois milhões de anos, uma criatura obscura e perdida no tempo o

Australopitecus Africanus, carnívora segundo as evidencias encontradas por Richard Leakey,

após descer das árvores, deparou-se com dois problemas concretos que precisava resolver de

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forma imediata: o primeiro era parte de uma necessidade vital, a questão de sobrevivência, o

segundo problema, era essencialmente de ordem social (ACEVEDO, 1998; GORDILLO, 2001).

Sua necessidade vital estava estritamente relacionada com seu habito alimentar baseado em carne

que precisava ser dilacerada para posterior ingestão, e sua necessidade social baseava-se na

defesa do território.

Estas colocações de Acevedo (1998) são capazes de trazer de imediato à mente a

cena de abertura do filme 2001, Uma Odisséia no Espaço, onde de forma poética-visual, Kubrick

(1968)1 reconfigurou os primórdios da humanidade mostrando uma descoberta colossal: a

concepção da primeira ferramenta, a criação do primeiro utensílio. O hominídeo ao encontrar um

esqueleto de um grande herbívoro, apodera-se de um dos seus maiores ossos e começa a desferir

golpes contra os restos esqueléticos. De maneira conjunta, intelecto e instrumento, técnica e

pensamento, diferenciaram este ser de todos os demais existentes até então. Este nosso

antepassado, ilustrado no filme, associa em seus pensamentos o esqueleto encontrado com o

animal real. Aquele osso nunca mais seria apenas um osso. Seria um poderoso instrumento de

caça e de defesa. Continuando com a recordação do filme, em um instante de deslumbramento, o

hominídeo atira o osso para cima. Aqui novamente o gênio de Kubrick entrou em ação: o osso

girando no céu transformava-se em uma espaçonave que ganhava os confins do universo. Estava

iniciada a odisséia do homem rumo ao progresso e ao desenvolvimento científico e tecnológico

(VERASZTO et at, 2003a, 2003b, 2004, 2008a, b).

Assim surgiu o homem. Somente através do emprego de sua capacidade intelectual

primitiva é que foi capaz de estabelecer relações fundamentais que o auxiliaria a modificar o

meio, empregando uma técnica até então inexistente. O homem surgiu somente no exato

momento em que o pensamento aliou-se à capacidade de transformação. A utilização daquele

primeiro instrumento não só dava início à modificação do meio assim como também iniciava um

processo de modificação do próprio grupo de hominídeos que o descobriram. O homem ainda

não modificara a natureza construindo um novo artefato, mas tão importante quanto isso, o

homem acabava de descobrir uma nova função para um osso recém descoberto. Modificando o

1 FICHA TÉCNICA: 2001: A Space Odissey (2001: Uma Odisséia no Espaço). 1968 - Ficção Científica - 149

minutos; Direção: Stanley Kubrick; Roteiro: Stanley Kubrick e Arthur C. Clarke; Direção de Fotografia: Geoffrey

Unsworth e John Alcott; Montagem: Ray Lovejoy; Elenco: Keir Dullea, Gary Lockwood, William Sylvester,

Leonard Rossiter, Margaret Tyrack, Robert Beatty; Distribuição: Warner Bros.

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papel do osso e resignificando-o, o homem alterava para sempre as relações sociais estabelecidas

a partir de então. Graças a este imenso prolongamento do corpo, nossos antepassados puderam

garantir sua sobrevivência e lutar, sem desvantagem, contra as grandes potencias naturais.

Segundo estudos, é de se crer que o osso tenha sido utilizado em estado bruto desde os primeiros

tempos, apesar de seu aperfeiçoamento sistemático ter ocorrido em tempo mais tardio

(DUCASSÉ, 1987; VERASZTO, 2008a, b).

A técnica2 surgia então, junto com o homem graças a fabricação dos primeiros

instrumentos e a manifestação do intelecto humano na forma de sabedoria. De acordo com a

Antropologia não há homem sem instrumento por mais rudimentares que sejam. Homem sem

técnica seria uma abstração tão grande como técnica sem homem. São entidades que se

autocompletam, de forma que se eliminado uma, a outra também desaparece por completo.

(VARGAS, 1994a; VERASZTO, 2004).

É com o homem que as técnicas iniciam seu desenvolvimento, porque, graças ao seu

cérebro e a sua força, o ser humano não se constitui apenas como um mero repetidor de processos

naturais, muito pelo contrário, torna-se um inovador, um prodigioso inventor de novos

mecanismos, muito diferente daquilo que é concebido pela natureza. O que diferencia o homem

do animal é que o primeiro descobriu que não tem somente o seu corpo como instrumento; muito

pelo contrário, o homem aprende que é capaz de criar extensões inéditas para que seus membros

possam agir no meio de maneira cada vez mais eficiente. O ser humano ao longo do tempo

desenvolveu e aprimorou continuamente uma de suas habilidades mais poderosas: a capacidade

de inventar. Aliada a um magnífico poder intelectual, cérebro e mão, a partir de então, revezariam

em múltiplas e eficientes combinações psíquicas e mecânicas, nervosas e musculares, capazes de

criar artefatos inimagináveis e de assegurar ao homem o domínio e a conquista do espaço e do

tempo (DUCASSÉ, 1987; VERASZTO, 2008a, b).

Inicialmente, a magia parece ter sido a forma primária que o homem encontrou para

cristalizar as suas relações com o mundo natural. Os sacerdotes, possuindo o conhecimento de

2 É importante ressaltar que privilegiamos, de início, o emprego do termo técnica, pelo fato de que os teóricos em

geral concordam que o desenvolvimento de conhecimentos técnicos referentes ao mundo natural não se apoiou,

nesse longo tempo histórico, em uma base teórica, mas de forma primordialmente empírica, só vindo a modificar de

fato com o surgimento da Ciência Moderna (VERASZTO, 2004).

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técnicas que possibilitavam um certo domínio da natureza e da sobrevivência das comunidades,

tornavam-se pessoas com grande status e poder. A técnica era associada à magia e assim o

conhecimento podia ser mantido em segredo e transmitido a poucos através de alguns rituais de

iniciação (CARDOSO, 2001).

O mesmo processo teria um caráter posterior muito parecido quando estes “quase”

homens e mulheres conceberam e produziram a primeira ferramenta de pedra. O acaso talvez os

tenha feito perceber, que duas pedras ao chocarem-se poderiam ser lascadas, dando origem a um

instrumento que viria a substituir o osso em suas investidas de caça. Ferramentas eram moldadas

à base de duros golpes e afiadas por processos de amolação, tudo de maneira muito primitiva e

rudimentar, mas que já mostravam o surgimento de todo o potencial criador demonstrado através

de práticas técnicas e tecnológicas. A força deste invento alcançou tamanha magnitude e

proporção, de forma que durante um milhão de anos mais não sofreu modificações significativas.

Peças e artefatos eram obtidos arrancando grandes lascas nas duas faces opostas de um bloco de

sílex ou de um calhau3 . Essa fabricação dos primeiros instrumentos de pedra lascada já

correspondia a um saber-fazer: uma tecnologia, que desenvolvida pelos nossos antepassados, fez

surgir uma verdadeira "indústria das lâminas", aperfeiçoadas à medida que o tempo ia passando

(VERASZTO et al, 2003b).

Pode-se chamar estes primeiros artefatos de um instrumento tecnológico, pois

representam a organização da comunidade para cumprir um propósito particular: a sobrevivência

poderia ser garantida através da interferência do hominídeo no meio, caçando e defendendo seu

território contra as investidas das feras. Um dos fatores mais determinantes que marcam o

aparecimento de nossos ancestrais primitivos, segundo investigadores, é o uso de ferramentas.

Contudo esta premissa é incompleta, porque não é somente o uso de ferramentas, senão todo o

processo de desenvolvimento, abrangendo a invenção, a concepção e a produção das mesmas,

que consiste no verdadeiro feito. As estratégias e outras formas de organização desenvolvidas por

nossos ancestrais pré-históricos, reafirmam o potencial tecnológico humano (ACEVEDO, 1998;

VERASZTO, 2004).

Não se pode pensar nesses artefatos como produtos do destino. Neles estava

3 Fragmento de rocha dura.

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presente o potencial e a competência humana. E isso deve ser digno do nosso respeito e

admiração. Conforme aponta Acevedo (1998), não havia ali postulados teóricos, nem modelos

explicativos, nem tampouco hipóteses de trabalhos. Somente um problema concreto, um cérebro

de oitocentos centímetros cúbicos, um meio agreste rico em materiais, um conjunto de idéias

baseadas na experiência diária e, a centelha criativa que fez destes quase homens os seres

responsáveis pela onipresença tecnológica.

Não foi somente a concepção de armas e utensílios de pedra lascada que marcaram o

surgimento das técnicas em nossos remotos antepassados. Os vestígios de habitação e os solos

preparados e escavados, encontrados em estudos arqueológicos, mostram a presença de sinais de

fogo. Restos de refeições, carvão de ossos, cinzas de lares primitivos são prova de que o homem

soube dominar o fogo desde os primórdios do seu surgimento. A faísca surgida através dos

golpes em pedras deve ter sido utilizada como fonte primária de fogo. Ou ainda, a fricção entre

materiais como a madeira, resultado das primeiras experiências técnicas, onde o homem

verificava pela primeira vez sua engenhosidade, pôde ter produzido o mesmo resultado. Com o

fogo, o homem foi capaz de cozer alimentos pela primeira vez, assim como garantir mais uma

forma de abrigo em relação às forças naturais. Suas noites tornaram-se aquecidas a partir de

então, e os animais ferozes puderam ser afugentados dos antigos abrigos dos nossos antepassados

(DUCASSÉ, 1987; VERASZTO, 2004).

Enquanto o fogo e os utensílios manualmente desenvolvidos davam ao homem a

chave das transformações materiais, a palavra dava-lhe o domínio interior dos seus atos e do seu

próprio pensamento. Assim, o surgimento da linguagem também deve ser visto como uma das

primeiras técnicas surgidas, ou uma tecnologia intelectual segundo o filósofo francês Pierre Lévy

(1993).

A palavra, rara e excepcional nos tempos primitivos, deve ter sido desenvolvida a

princípio para a transmissão de ordens, evoluindo naturalmente para a análise do trabalho no

espaço, posteriormente para descrever os fatos no tempo, efetivando-se assim como uma

memória coletiva primitiva (VARGAS, 2001; GORDILLO & GALBARTE, 2002). Segundo

Vargas (2001) é a linguagem, com poder simbólico das palavras, que a compreensão, o

conhecimento e o aperfeiçoamento das coisas e eventos percebidos. A linguagem possibilita,

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graças a imagens mentais suscitadas pelas palavras, como símbolos que auxiliaram o homem na

transformação do meio (VERASZTO, 2008a, b).

Segundo afirma Lévy (1993), se o homem construiu outros tempos mais rápidos e

violentos que dos animais e plantas é porque dispõe de um poderoso instrumento de memória e

de propagação de suas representações que é a linguagem. Assim, com estas três grandes

concepções – a pedra lascada, o fogo e a linguaguem – foi que a espécie humana deu um salto

muito grande às invenções e descobertas que hoje fazem parte da nossa história (VERASZTO,

2004).

Contudo, inúmeras transformações históricas se processaram, a princípio de forma

bastante lenta. Os primeiros utensílios de pedra constituem-se nos artefatos mais antigos de que

temos notícias, e se encontram no começo de uma série de produtos desenvolvidos graças ao

esforço e à capacidade criadora e intelectual do ser humano, envolvendo saberes, conhecimentos,

habilidades e competências que não necessitam de existência prévia de conhecimento cientifico

organizado. A tecnologia existia muito antes dos conhecimentos científicos, muito antes que

homens, embasados em teorias pudessem começar o processo de transformação e controle da

natureza. Além de ser mais antiga que a ciência, a tecnologia não auxiliada pela ciência, foi capaz

de inúmeras vezes, criar estruturas e instrumentos complexos. Os nossos ancestrais criadores

tiveram êxito porque a experiência lhes havia ensinado que certos materiais e técnicas produziam

resultados aceitáveis, enquanto que outros não (ACEVEDO, 1998; VERASZTO, 2004, 2008a, b).

Atualmente a produção tecnológica é inerente ao homem. Conforme menciona

Acevedo (1998), o homo faber não pode ser distinguido do homo sapiens. O homem converteu-se

de tal forma em uma criatura pensante devido a sua capacidade de criar. Seria o mesmo que dizer

que o produto fez do homem um ser pensante. No último milhão de anos, o gênero humano

introduziu significativas modificações nos instrumentos, graças à evolução da mão e o

aperfeiçoamento do cérebro. O indivíduo converteu-se em uma criatura biológica e mais refinada

culturalmente. Assim, os produtos do seu talento, com o passar do tempo, foram tornando-se cada

vez mais funcionais e ganhando qualidade. Isso é porova determinante para que possamos

reafirmar e assegurar todo o potencial tecnológico dos nossos antepassados pré-históricos

(ACEVEDO, 1998).

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Não contentes com a pedra lascada nossos longínquos parentes buscaram a

especialização de seu instrumento. Antes destinada a quebrar, esmagar, furar, cortar ou talhar, o

instrumento primitivo foi adaptado à ponta de um longo pedaço de madeira com o objetivo de

obter melhores condições de caça e ataque. Surgiram, assim, as primeiras lanças. O homem

pouco a pouco começou a testar na prática a elasticidade e combinação de materiais, sejam elas

na fabricação de armadilhas destinadas a capturar feras, sejam elas em técnicas de modelagem

que utilizavam barro e água, começando a demonstrar que as técnicas muito auxiliariam não só o

processo produtivo como também a criatividade artística do ser humano (DUCASSÉ, 1987;

VERASZTO, 2008a, b).

Estas primeiras evoluções se deram de forma bastante lenta e demorada. Como já

fora mencionado anteriormente, foram necessários cerca de um milhão de ano para que práticas

mais significativas pudessem ser executadas na remodelagem do meio natural. Fora somente após

estas três grandiosas conquistas (os utensílios de pedra, o fogo e a linguagem) que nossos

antepassados deram-se conta que estavam preparados para construir e modificar de fato

(VERASZTO, 2008a, b).

Hoje em dia a produção tecnológica é característica própria do homem. Este

converteu-se em uma criatura pensante em virtude de sua capacidade de construir e, por sua vez,

o produto fez do homem um ser pensante. Em efeito, ao longo da história, o gênero humano

introduziu significativas modificações nos instrumentos, produtos da evolução da mão e do

aperfeiçoamento do cérebro. O individuo converteu-se em uma criatura biológica e culturalmente

mais refinada, e devido a isso, os produtos de seu talento foram tornando-se cada vez mais

funcionais e ganhando em qualidade, do qual temos evidencias contundentes que permitem

reafirmar a capacidade tecnológica dos homens e mulheres pré-históricos (ACEVEDO, 1998;

VERASZTO, 2008a, b).

O conhecimento histórico do desenvolvimento das técnicas e das tecnologias

produzidas pelo homem desde o começo dos tempos contribui de maneira significativa para que

possamos entender o processo criador da humanidade e, essencialmente, compreendermos

melhor a tecnologia como uma fonte de conhecimentos próprios, em contínua transmutação e

com novos saberes sendo agregados a cada dia, de forma cada vez mais veloz e dinâmica

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(VERASZTO, 2004, 2008a, b).

Finalmente, é importante frisar, que muitas vezes ao se falar em tecnologia a

imagem de produtos mais sofisticados que estão ganhando o mercado neste exato momento

ganham primeiramente a memória. Porém, a tecnologia não consiste somente nisso. É preciso

lembrar que a nossa história tecnológica começou junto com o primeiro homem quando ele

descobriu que era possível modificar a natureza para melhorar as condições de vida de seu grupo.

O homem, ao descobrir que poderia modificar o osso, estabelecendo um novo uso para o mesmo,

dava o passo inicial para a conquista do átomo e do espaço (VERASZTO, 2004, 2008a, b) 4

.

4 Outros detalhes acerca da história da evolução tecnológica do homem e da sociedade podem ser encontrados no

Apêndice A.

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2. CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE: BASES

HISTÓRICAS E ESTUDOS SOCIOLÓGICOS

No último século o mundo passou por profundas modificações resultantes de um

avanço científico e tecnológico sem precedentes na história da humanidade. Graças a esse

desenvolvimento, que aqui é chamado de advento tecnológico, nossa sociedade vê surgir novos

produtos e serviços com uma velocidade espantosa. Um processo iniciado há anos que tem se

acelerado com o passar dos tempos e que supera muito a nossa capacidade de assimilação

(GORDILLO, 2001; VERASZT0, 2004).

É comum vermos produtos que acabaram de sair das prateleiras para as mãos de

usuários e consumidores, serem substituídos por outros mais novos que ganham o mercado com

promessas de melhores recursos. Nossos sistemas de comunicações e de trocas de informações

passam por mudanças freqüentes e as inovações tecnológicas acabam agregando-se

inevitavelmente à cultura da humanidade. Isso nos dá evidências de que novas maneiras de

pensar e de conviver estão sendo constantemente elaboradas em nossa sociedade, modificando as

relações existentes entre os homens, alterando o processo de produção de bens materiais,

reorganizando o trabalho, os nossos processos cognitivos e também a maneira como de vemos,

percebemos e entendemos o mundo ao nosso redor (LÉVY, 1993).

Esse ritmo acelerado imposto pelo desenvolvimento científico e tecnológico, na

busca incessante pelo bem estar do homem, e porque não dizer, pelo conforto material e pela

manutenção do poder, impõe demandas manufaturadas que acabam fazendo parte da rotina

humana, geralmente de maneira automática e impensada. Muitas vezes as relações ocorridas

dentro do contexto social buscam controlar a tecnologia através de práticas políticas e de meios

legais disponíveis, mas isso não é algo tão simples, tendo em vista que a própria tecnologia

influencia os cidadãos na medida em que estes fazem uso da mesma. Como resultado da

aceitação social, ou da imposição mais ou menos sutil de determinadas demandas tecnológicas no

lugar de outras, sociedade e tecnologia acabam tecendo uma intrincada teia de relações onde uma

é afetada pela outra de forma ininterrupta (ACEVEDO DÍAZ, 1996a, 1996b).

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Observando por esse ângulo não fica difícil perceber que tanto ciência quanto

tecnologia não somente tornaram nossa vida mais cômoda (ou mais perigosa, pois depende do

referencial de análise) alteraram nossa percepção da realidade. Máquinas e artefatos contribuindo

muitas vezes para que pessoas acreditem na ciência e tecnologia (C&T) de maneira análoga à fé

que dedicam às religiões ou do mesmo modo como confiam no Estado. A televisão, os jornais, a

internet, noticiam a todo instante as batalhas ganhas graças pelo avanço científico-tecnológico

frente a problemas que pareciam insolúveis a dias atrás. Contudo, também é fácil notar na mídia a

diminuição da diversidade biológica, a fome que mata pessoas em diferentes partes do globo ou

ainda a permanência insistente de algumas enfermidades que driblam o progresso por ainda não

serem curáveis. Desta forma, cresce na sociedade um sentimento ambíguo de confiança e medo,

pois as pessoas passam a temer aquilo que não podem mais deixar de confiar. A ação ou a

inanição do progresso se faz perceber, cada vez com mais intensidade, no nosso dia a dia

(GARCÍA et al, 2000).

Estes motivos já são mais do suficiente para se dizer que o conhecimento

tecnológico é fundamental, pois é faz-se necessário que todo cidadão possa acompanhar de perto

as transformações que se processam diariamente na nossa sociedade e no planeta inteiro.

2.1. O INÍCIO DO MOVIMENTO CTS

Essa rápida contextualização feita acima nos traz à luz uma estória da mitologia

grega que narra a aventura e ousadia de Prometeu5 que roubou o fogo dos deuses para presentear

5 Prometeu avivou a ira de Zeus contra os homens quando dividiu um boi em duas partes e lhe deu as carnes e as

vísceras, mesmo Zeus querendo a segunda parte dada aos homens, que eram os ossos cobertos com banha de animal.

Irado, Zeus castigou os homens ao negar-lhes a força do fogo infatigável, que representa simbolicamente a

inteligência do homem. Porém, a afronta definitiva contra Zeus ocorreu quando Prometeu roubou o brilho do fogo,

reanimando a inteligência do homem. Segundo o próprio Titã, foi a partir de então que os mortais, que antes faziam

tudo sem tino, passaram a construir casas de tijolos e madeira, a compor as letras e a memória, a inventar os números

e conhecer os astros. Assim, Prometeu reconhece que deu de presente aos homens todas as artes. Inconformado, Zeus

armou uma armadilha: mandou Hefesto plasmar uma mulher ideal, fascinante, ao qual os deuses presentearam com

alguns atributos e dons de forma a torná-la irresistível. Esta mulher foi batizada por Hermes como Pandora, (pan =

todos, dora = presente) e foi dada de presente ao atrapalhado Epimeteu, que ingenuamente aceitou a despeito da

advertência de seu irmão Prometeu. A vingança planejada por Zeus contra os homens estava contida numa jarra, que

foi levada como presente de núpcias. Quando Pandora, por curiosidade feminina, abriu a jarra fechando-a

rapidamente, escaparam todas as desgraças e calamidades da humanidade, restando na jarra apenas a esperança.

Quanto a Prometeu, foi castigado e preso por inquebráveis correntes no meio de uma coluna, e uma águia enviada

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os homens. Junto com o fogo, deu a razão e o ensinamento d as artes. Com essas novas dádivas o

homem aprendeu a construir casas, trabalhar a madeira, navegar oceanos e extrair metais

preciosos da terra; inventou e organizou o alfabeto e a formulou teoremas matemáticos. O

conhecimento cresceu a tal ponto que chegou o momento que a humanidade não consegue mais

sobreviver sem as conquistas e os avanços da ciência e da tecnologia. Todavia, não fora somente

o desenvolvimento tecnológico que cresceu. O homem também viu crescer o medo. Talvez o

castigo que Prometeu tenha sofrido por nos dar o fogo de presente não tenha sido em vão, pois

junto com a sabedoria dos deuses nos foi legado também o poder de destruição dos demônios

(GORDILLO, 2001). O homem chegou a tal ponto de conquista científica e tecnológica que hoje,

depois de quase findada a primeira década do século XXI, tem em mãos o poder da vida e da

morte.

Esse avanço científico-tecnológico, tantas vezes descomedido, despertou uma

preocupação de integrar a ciência e tecnologia para o bem estar da sociedade principalmente

depois que o último século sentiu uma mistura de esperança e medo ao ver concretizar o sonho do

homem de ganhar o espaço ao mesmo tempo em que o mundo temia pelo seu fim devido aos

grandes avanços bélicos e nucleares. A apatia da sociedade frente as decisões científicas e

tecnológicas no início do século passado foi modificando ao passo que novas descobertas

começaram a trazer conseqüências impopulares e a mostrar perspectivas desastrosas para o futuro

da humanidade (VERASZTO, 2004).

Passada a fase de otimismo incondicional que seguiu a Segunda Guerra Mundial, a

partir do final da década de 1950 e início de 1960 uma atitude mais crítica e cautelosa começou a

rever as conseqüências do avanço da C&T. Depois que mais de quarenta milhões de mortos

horrizaram o mundo e mostraram o poder que o homem conseguiu graças ao domínio da energia

nuclear, uma manifestação de grupos sociais não poderia deixar de ocorrer (MORIN, 1996;

SANCHO, 1998; RODRIGUES, 2001; CEREZO, 1999; OSORIO M., 2002; BAZZO, 2002a,

2002b; ACEVEDO DÍAZ et al, 2003; GORDILLO, 2001).

Principalmente nos países de língua inglesa, as crises econômicas fizeram soar

comia-lhe o fígado imortal durante o dia e era regenerado todas as noites. Teria sido assim eternamente se não fosse

por intervenção de Herácles, que matou a águia com o consentimento de Zeus (DÓCLUS, 2004).

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alarmes sociais sobre alguns aspectos ecológicos como, por exemplo, os efeitos colaterais de

alguns bactericidas e a guerra do Vietnam. Estes foram alguns dos fatores que propiciaram as

primeiras posturas anti-establishment6, fazendo surgir no âmbito internacional, novas posições e

atitudes frente ao avanço irracional da sociedade moderna (BORREGUERO & RIVAS, 1995).

Devido às fortes crises político-econômicas que assolavam o mundo, pouco a pouco

a crença na neutralidade da ciência e na visão ingênua do desenvolvimento tecnológico, que antes

predominava no cenário social, foi aminguando-se. Fazia-se necessária uma discussão das

implicações políticas e sociais da produção e aplicação dos conhecimentos científicos e

tecnológicos, tanto em âmbito social como dentro das salas de aula (BRASIL, 1996, 1999;

CEREZO, 1999; GORDILLO, 2001). E assim, como forma de questionar de forma consciente os

avanços descomedidos que o mundo via surgir, emergiu em alguns pontos do mundo, em meados

da década de 1970, um movimento que tentou e ainda tenta estabelecer um tripé: A Ciência, a

Tecnologia e a Sociedade (CTS), visando uma integração mais sólida e uma formação mais

crítica dos futuros profissionais assim como buscando obter novas teorias acerca de das

implicações e relações da ciência e tecnologia na sociedade (SILVA et al, 2000).

Duas tradições foram reconhecidas dentro do âmbito CTS: a norte-americana, que

enfatiza mais as conseqüências sociais e prioriza uma ênfase maior na tecnologia, marcada por

fortes quesitos éticos e educacionais; e a européia, que tem a marca inconfundível por centrar

suas investigações em questões que discutem mais a ciência através de referências

antropológicas, sociológicas e psicológicas (BAZZO, 1999 apud LACERDA NETO, 2002).

O movimento educacional promovido pelo enfoque CTS, surgido nos anos 1970

dentro de campi universitários, se estendeu à educação secundária e ganhou muito vigor na

década seguinte através de projetos curriculares: Science For Live and Living e a proposta do

NSTA, nos USA; Views on STS e Science and Technology 11, no Canadá; Siscom e SATIS no

UK; PLON, na Holanda; STS, na Austrália INVESCIT e Projeto Gaia, na Espanha etc. Além de

várias orientações educacionais presentes em muitos documentos internacionais, como é o caso

da UNESCO (1990) (IGLESIA, 1997; SILVA et al, 2000).

6 Anti-establishment é um adjetivo da língua inglesa usado para designar um indivíduo, grupo ou idéia que é contra

as instituições oficiais, sejam elas políticas, econômicas ou sociais, da forma vigente da sociedade. Em português

também se usa a expressão contra a ordem estabelecida.

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A força do movimento CTS se deu através de várias inovações curriculares ao longo

do mundo, seja como uma disciplina, seja como modificações na forma de inserir alguns tópicos

em disciplinas já existentes e estruturadas. Esse movimento incentivou, também, a inclusão de

conteúdos novos ou a transformação integral do currículo, com o principal objetivo de dar aos

alunos uma formação capaz de auxiliar nos mais diferentes processos de tomadas de decisões que

ocorrem no cotidiano, tendo como referência os valores tidos como éticos e morais pela

sociedade (IGLESIA, 1997; REZAEI & KATZ, 1998; SILVA, C. A. D., 1999 et al; CEREZO,

1999; VILCHES e FURIÓ, 1999; SILVA et al, 2000; SEBASTIÁN, 2000; ANGOTTI et al,

2001; ACEVEDO DÍAZ, 1998, 2002a, 2002c; BAZZO, 2002b; LACERDA NETO, 2002;

OSORIO M., 2002; SILVA, C. A. D., 2002; COLOMBO e BAZZO, 2002; CALATAYUD,

2003; VERASZTO, 2004).

Contudo, antes de se adentrar nas implicações educacionais com maior ênfase,

buscaremos detalhar um pouco mais essas duas principais tradições, para então finalizar o

capítulo com a apresentação de uma nova direção que esses estudos vem tomando no âmbito

acadêmico nos últimos anos. Para orientar essa revisão histórca, dentre diversos textos

consultados, esta fundamentação é centrada na obra Ciencia, Tecnología y Sociedad, una

introducción al estúdio social de la ciencia y la tecnología (GARCÍA et al, 2000), pois os autores

GARCÍA, CEREZO & LOPES desenvolvem o assunto de forma detalhada e esclarecedora e bem

parecida com nosso ponto de vista.

2.2. AS DUAS PRINCIPAIS TRADIÇÕES CTS

Segundo García et al (2000) a heterogeneidade dos estudos CTS, onde se pode

encontrar filósofos, historiadores, sociólogos, antropólogos, pedagogos, economistas, físicos, não

se deve unicamente à diversidade de disciplinas que provém os autores, mas sim a interesses

distintos. Esses interesses podem ser divididos em duas frentes principais. Da sigla STS originada

no inglês podemos partir nossa apresentação dois pólos distintos: a tradição européia de Science

and Technology Studies (Estudos sobre Ciência e Tecnologia) e a tradição americana de Science,

Technology and Society (Ciência, Tecnologia e Sociedade).

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Ambas as tradições buscam desmistificar a imagem tradicional de C&T ressaltando

a importância das dimensões social e prática e opondo-se à visão de ciência como forma

autônoma de conhecimento e tecnologia como ciência aplicada. Todavia, enfoques e objetivos

diferentes relacionados à dimensão social proporcionaram o surgimento de características

particulares em cada tradição.

A tradição européia coloca ênfase na forma em que os fatores sociais contribuem à

gênesis e consolidação da C&T. O interesse dessa tradição nascida nas universidades européias é

centrado na descrição de como participam da criação e aceitação das teorias científicas uma

diversidade de fatores econômicos, políticos, culturais. Assim, é uma linha de pensamento

centrada na explicação da origem das teorias científicas e, portanto, na ciência como processo.

Somente depois de um tempo de existência dessa tradição, conforme apontam Pinch & Bijker

(1987), foi que se buscou aplicar esquemas explicativos da ciência na tecnologia. Podemos

apontar que consiste em uma tradição com caráter teórico e descritivo fundamentada em

conceitos originados em argumentos relativistas da nova filosofia da ciência (GARCÍA, 2000).

Por outro lado, a tradição norte-americana enfatiza as conseqüências sociais das

inovações tecnológicas e as influências dos produtos da C&T nas nossas formas de vida e

organização social. Dentro dessa tradição a tecnologia é entendida como produto com capacidade

para influenciar as estruturas e dinâmicas sociais e a ciência não passa de um elemento de

reflexão post hoc, subordinado ao estudo do desenvolvimento tecnológico. Contrapondo com a

tradição européia, fortemente enraizada em marcos teóricos, a tradição americana tem um caráter

muito mais prático e um importante alcance valorativo que faz sentir sua presença em reflexões

éticas e de cunho educacional, destinando especial interesse à democratização dos processos de

tomada de decisões nas políticas tecnológicas e ambientais. Tendo em vista o caráter prático, essa

tradição busca fundamentação teórica em autores como Ortega, Heidegger, Ellul, Habermas, etc,

trazendo seu marco de compreensão estruturado em disciplinas como História da tecnologia,

Teoria da educação, Ética, Ciências Políticas e Filosofia Social.

Abaixo, segundo García et al (2000) segue um resumo dessas duas tradições no

Quadro 3.1 e no Diagrama 3.1, onde se pode perceber as diferenças entre ambas.

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DIFERENÇAS ENTRE AS DUAS TRADIÇÕES

TRADIÇÃO EUROPÉIA TRADIÇÃO AMERICANA

Institucionalização acadêmica na Europa (em suas

origens)

Institucionalização administrativa e acadêmica nos EUA

(em suas origens)

Ênfase nos fatores sociais antecedentes Ênfase nas conseqüências sociais

Atenção à ciência e, de forma secundária, à tecnologia Atenção à tecnologia e, de forma secundária, à ciência

Caráter teórico e descritivo Caráter prático e valorativo

Marco teórico: ciências sociais (Sociologia, Psicologia,

Antropologia, etc). Marco avaliativo: ética, teoria da educação, etc.

Quadro 2.1: Diferenças entre as duas tradições. Fonte: GARCÍA et al, 2000.

É preciso, agora, ressaltar que essa divisão geográfica das tradições CTS obedecem

critérios puramente explicativos, desprovidos de regras que definem essa classificação por

continentes, e como prova disso, poder-se-ia citar inúmeras obras que se caracterizam como

exceções, ou até mesmo, apontar fatores de convergência entre ambas, pelos quais trilham

trabalhos de pesquisas atuais na área. Com essa forma cartesiana de fundamentação teórica será

possível demarcar regiões particulares de interesses, capazes de formar dimensões de análises

distintas que servirão, em linhas futuras, como guia de fundamentação de nosso instrumento de

pesquisa.

Cabe destacar ainda que a configuração dos diferentes enfoques CTS dependem do

âmbito cultural, social e humano que permeia os meios onde são produzidos os estudos sociais

das C&T (Diagrama 2.1). Quando nesse meio se sobressaem teorias políticas ou educacionais,

podemos dizer que existe influência maior da tradição norte-americana. Por outro lado, quando

esse meio se apropria de ferramentas analíticas das ciências sociais, podemos identificá-lo com a

tradição européia. Depois disso colocado é importante frisar que também não devemos deixar de

lado o importante papel que tanto a Economia como as Ciências Políticas têm ganhado nos

últimos anos, somando esforços para a convergência das duas tradições.

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Diagrama 2.1: A dimensão em cada uma das tradições. Fonte: GARCÍA et al, 2000.

De forma mais específica essas colocações serão abordadas em tópicos futuros.

Agora serão apresentados antecedentes dos estudos CTS.

2.3. ANTECEDENTES DOS ESTUDOS CTS

Conforme foi apontado no capítulo anterior, no século XVI, teve início o que pode

ser considerada a primeira grande revolução científica da história, tendo como protagonistas

personagens como Nicolau Copérnico, Galileu Galilei e Francis Bacon entre outros. Esse período

marcou o confronto entre dois conhecimentos de grande influência: o religioso e o científico.

Galileu procurava aproximar os dois através da argumentação (PAGANI & LUCIANI, 1993),

enquanto Bacon priorizava a tentativa de romper com os ideais religiosos e propondo que só o

conhecimento cientificamente comprovado deveria ser aceito. Este seria o início de uma trajetória

ascendente de poder da ciência perante a sociedade e praticamente inabalado até os dias de hoje.

No final do século XIX temos o auge do que podemos denominar de cientificismo.

Numa espécie de retorno aos ideais de Bacon, Auguste Comte encabeça a corrente filosófica

denominada de positivismo. Foi seguindo as propostas de Comte, que a ciência conquistou sua

independência metodológica. Não era mais preciso legitimar o conhecimento científico perante a

igreja, pois este é superior aos ideais clérigos. Na ciência, a busca por conhecimentos ocorre em

sua forma mais bruta, sendo as observações indispensáveis para o seu desenvolvimento.

No início do século XX surgiram os primeiros trabalhos de contraposição à visão

positivista dominante na academia. A principal inquietação se centrava no aspecto acumulativo

da ciência que o anacronismo praticado pelos historiadores da época propiciava. A argumentação

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era de que ao se situar na época do desenvolvimento de determinada lei ou teoria científica não

haveria como se separar esta dos conhecimentos pseudocientíficos ou mesmo das teorias

consideradas posteriormente “erradas” (não aceitas). Ambas advinham dos mesmos métodos e se

consolidavam pelas mesmas razões, não havendo motivos plausíveis para, aos olhos do passado,

diferenciá-las (KUHN, 1982).

Nesse aspecto, a influência de fatores externos à ciência surgiu como resposta para

se determinar as razões para que certas idéias permanecessem aceitas e outras fossem

descartadas. Iniciou-se, assim, uma nova corrente na história das ciências: a externalista.

Pesquisadores como Boris Hessen, John Desmond Bernal e Joseph Needham marcam presença

no II Congresso Internacional de História das Ciências e das Tecnologias em Londres de 1931,

considerado como um marco no surgimento da corrente externalista (ALFONSO-GOLDFARB et

al, 2004; SALDAÑA, 1993). Hessen, por exemplo, proferiu neste congresso a palestra intitulada

As raízes sócio-econômicas dos Principia de Newton na qual, conforme o próprio título já

insinua, propõe que os conteúdos científicos presentes no Principia foram demandados de

necessidades advindas da economia da época, em específico, o transporte por água (marítimo), a

indústria da mineração e a indústria da guerra. Acrescentou também em sua palestra uma análise

da visão filosófica de Newton se referindo aos ideários religiosos vigentes em sua época e local

(HESSEN, 1985).

A influência de Marx nos trabalhos desses historiadores se faz presente ao enfatizar

a questão econômica, em destaque as forças produtivas, acima de todas as outras, como condutor

do desenvolvimento científico e tecnológico (SALDAÑA, 1993). Deve-se enfatizar que, neste

momento, se inicia o processo de influência da sociedade no desenvolvimento científico, ainda

que se centre principalmente em fatores econômicos. Entretanto, estes fatores não incidiam no

conteúdo científico propriamente dito, pois ainda o consideravam como racional e lógico. Ou

seja, assumia-se que o meio na qual se produzia a ciência sofria influência de fatores externos à

comunidade científica, como interesses militares e industriais, porém descartava-se a influência

destes fatores no denominado “núcleo duro” da ciência, o seu conteúdo (FOUREZ, 1995). De

qualquer forma, pode-se considerar que surgia assim uma abertura para que os sociólogos

pudessem estudar o trabalho científico, ou seja, a possibilidade de surgimento da área de estudo

denominada Sociologia da Ciência.

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Tendo contato com historiadores da ciência no início da década de 1930, como

George Sarton, fundador e, por muitos anos, editor da Isis, Robert Merton, importante nome da

sociologia norte-americana, demonstrou interesse pelas relações entre os contextos sociais e sua

influência na produção das idéias, principalmente as científicas. Seus primeiros trabalhos,

publicados entre a década de 30 e 40 do século XX, se aproximaram da sociologia do

conhecimento, avaliando nestes as contribuições de Émile Durkheim e Karl Mannheim

(RESTIVO, 1981; VESSURI, 1991).

Com uma base sociológica formada e com interesse pelas idéias científicas, Merton

direciona seus trabalhos a partir da década de 1940 para a análise da estrutura social da ciência.

Entre os seus trabalhos mais famosos encontra-se Os imperativos sociais da ciência (MERTON,

1974; 1979).

Segundo Bunge (1991), uma das teses de Merton é que a investigação científica tem

características particulares, que a distingue de todas as outras atividades humanas. Mas como é

possível Merton realizar trabalhos em sociologia se considera a ciência uma instituição

autônoma? Nísia Lima (2002) argumenta que nem mesmo Merton acreditava em uma ciência

autônoma. Sua idealização seria uma reposta à crescente hostilidade sofrida pela ciência na época

(MERTON, 1979; LIMA, 2002).

Hostilidade esta que também repercutiu na filosofia da ciência com trabalhos em

prol da racionalidade científica. Um autor com grande impacto nesta área foi Karl Popper que em

seu livro A Lógica da Pesquisa Científica propõe a falseabilidade como critério de demarcação

entre o que é ciência e pseudociência. Popper, bem como os racionalistas da época, se centraram

em justificar o desenvolvimento científico a partir de uma visão lógica e interna à ciência tendo

como foco o conteúdo científico sem interferência de fatores sociais (POPPER, 1975; GIL,

1979).

Com estas rápidas linhas, podemos perceber que os estudos sociais das C&T

começaram a tomar rumos diferentes. Para podermos entender melhor quais foram os caminhos

seguidos, vamos agora às duas tradições dos estudos CTS.

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2.4. TRADIÇÃO EUROPÉIA

O estudo social da ciência, elemento básico da tradição européia, com origem nos

princípios dos anos 1970, nasceu com a intenção de ampliar o alcance e o conteúdo da sociologia

tradicional. De um lado, a sociologia clássica do conhecimento, reunindo autores como Marx,

Durkein, Scheler, Mannheim, etc, havia rejeitado a possibilidade de estender a análise

sociológica ao conhecimento científico. As condições materiais de vida podiam explicar crenças

religiosas e ideologias políticas, mas para esses autores, tais condições não apresentavam

relevância significativa para uma análise explicativa da evolução do conhecimento científico. Por

outro lado, a tradição de investigação que dominava o campo da sociologia da ciência, inspirada

no trabalho de R. K. Merton, não deixava de ser insatisfatória pelo fato de priorizar a comunidade

científica e seus aspectos institucionais, tais como normas éticas, sistemas de remuneração,

status, etc, sem abordar a análise sociológica do conteúdo científico (LAMO DE ESPINOSA et

al, 1994 & WOOLGAR, 1988 apud GARCÍA et al, 2000).

Na sociologia da ciência mertoniana, o conjunto de normas e valores, que deveriam

ser presentes no trabalho de todo bom cientista, completava a visão tradicional de uma ciência

pura que se aproximava necessariamente da verdade (GUGGENHEIM, 1982GARCÍA et al,

2000).

A sociologia da ciência influenciada pelo trabalho de Merton se desenvolveu como

uma sociologia das comunidades científicas e seus sistemas de relações, organização e

recompensa. Assim, os fatores sociais tinham influência certa na seleção dos problemas que

deveriam ser abordados pela ciência. Contudo, o conteúdo das teorias científicas pertencia a outra

esfera, a cognitiva, e a sociologia não tinha nada a dizer a respeito daquilo que fazia parte do

patrimônio da natureza e da lógica. Dessa maneira essa visão começou a ser desafiada na década

de 1970 (VESSURI, 1991, GARCIA et al, 2000; DURÁN & RIECHMANN, 1998 apud

CARRERA, 2001; ACEVEDO DÍAZ, 2002b).

A reação a essa sociologia externa, a partir dos anos 1970, centrou-se em

desenvolver uma autêntica sociologia do conhecimento científico, a partir da qual o conteúdo da

ciência, e não somente seu sistema de organização social, foi objeto de análise sociológica. A

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partir de então, não se pensava na aproximação da verdade, mas também na sua construção,

partindo dos processos sociais da ciência (GARCIA et al, 2000).

2.4.1. A NOVA SOCIOLOGIA DA CIÊNCIA

A primeira tentativa de elaborar uma nova sociologia do conhecimento científico

nasceu na Universidade de Edimburgo. Esses novos estudos não contemplavam a ciência como

um tipo privilegiado de conhecimento que não pudesse ser analisado de forma empírica e

sociológica. Dessa forma, a ciência foi descida do seu pedestal de objetividade e autonomia e a

partir de então, uma diversidade de fatores (políticos, econômicos, sociais, etc.) passaram a ser

empregados na explicação da sua origem, das suas transformações e descobertas e também na

legitimação de suas teorias. Segundo García et al (2000), Barry Barnes, diretor da Unidade de

Estudos sobre Ciência da Universidade de Edimburgo, empreendeu, nos anos 1970, uma crítica à

teoria da imagem racionalista tradicional da atividade científica, embasando-se na filosofia de

Wittgenstein, na antropologia cognitiva de Mary Douglas e nos trabalhos de história e filosofia

da ciência de T. S. Kuhn e M. Hesse.

Todas essas fontes apontavam para o mesmo norte: a revitalização, a

contextualização e a ênfase no caráter convencional de todas as afirmações de conhecimento das

teorias aceitas. A fundamentação teórica que recebeu o nome de Sociologia do Conhecimento

Científico teve como autor mais carismático David Bloor, responsável pelo Programa Forte

(1976-1991), uma declaração pragmática da Escola de Edimburgo, feita com a intenção de

estabelecer uma explicação satisfatória (entenda-se, científica) da natureza e evolução do

conhecimento científico. Não foi um programa complementar a enfoques filosóficos tradicionais,

mas sim um marco explicativo incompatível com as idéias vigentes, pois, tal como é defendido

por Bloor, o Programa Forte implicaria na morte da reflexão epistemológica tradicional,

reivindicando assim, uma análise empírica, onde somente a sociologia fosse capaz de explicar as

peculiaridades do mundo científico (PESTRE, 1996; GARCÍA et al, 2000).

A partir de então, sociólogos empregaram esforços para colocar em prática os

fundamentos de Barnes, enunciados por Bloor, aplicando-os a determinados episódios da história

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da ciência. Posteriormente, o Programa Forte foi implementado de forma prática no Reino Unido,

na Universidade de Bath, em um programa (EPOR – Programa Empírico de Relativismo)

apresentado por Collins, em 1983 e desenvolvido, entre outros, por Pinch, Travis e Harvey, com

um enfoque de estudo das ciências denominado de construtivismo social. Enquanto o enfoque da

Escola de Edimburgo era macro social, explorando conexões causais entre o conteúdo do

conhecimento científico e os fatores sociais, em sentido amplo, o EPOR desenvolvia suas

investigações a partir de uma perspectiva micro social, verificando as “negociações” entre os

cientistas que muitas vezes acabam originando controvérsias particulares (VESSURI, 1991). Para

esse trabalho, Collins (1985-1992, p. 144) estabelece o core set, que é o núcleo de experts

envolvidos em uma controvérsia, e afirma que os interesses sociais são os fundamentos das

táticas de negociações não científicas utilizadas para a produção do conhecimento (COLLINS,

1985-1992 apud GARCÍA et al, 2000).

A dificuldade do trabalho do EPOR apareceu no momento que buscou-se uma

análise da ciência contemporânea a partir de seus fundamentos, pois, segundo o próprio Collins,

eventos passados são mais fáceis. Isso se deve a escassas informações sociológicas recentes sobre

os fatos do cotidiano; a proximidade temporal impede o pesquisador investigar com precisão os

fatores sociais que implicam na produção científica (COLLINS & PINCH, 1993 apud GARCÍA

et al, 2000).

2.4.2. DESVENDANDO O MEIO ONDE A TECNOLOGIA É PRODUZIDA (A CAIXA

PRETA)

A nova sociologia do conhecimento desenvolvida nas universidades de Edimburgo

e Bath é apenas uma das direções de investigação da tradição européia. A evolução dos estudos

sobre ciência estava ligada a uma fundamentação clara: a explicação da produção do

conhecimento a partir do seu contexto social, ou seja, para dar conta da construção teórica da

natureza, o cientista tinha que apelar à sociedade.

Por volta do final dos anos 1970, alguns autores, insatisfeitos com os resultados

obtidos pela linha de investigação descrita anteriormente passaram a argumentar que o famoso

“contexto social” não tinha força explicativa alguma e que não estaria errado sair da própria

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ciência para se explicar a construção social de eventos científicos. Assim, novos enfoques micro

sociais começaram a surgir, e o estudo da prática científica se adentrou nos lugares onde essa

prática era desenvolvida: os laboratórios e também, para a análise, foram apropriados textos

produzidos pelos cientistas. Desta forma, o contexto social em sentido amplo foi substituído pelo

contexto social do laboratório. Essa linha de investigação foi fundamentada em Alfred Shultz e

desenvolvida especialmente por Bruno Latour e Steve Woolgar no livro mais emblemático dessa

corrente: Laboratory Life7 (1979/1986) (RESTIVO, 1981; VESSURI, 1991; GARCÍA et al,

2000; ACEVEDO DÍAZ, 2002b). Esta obra mostra o pesquisador da ciência como um

antropólogo entrando “numa tribo primitiva” (GARCÍA et al, 2000, p. 79) totalmente separada da

realidade física e social. Segundo a visão da Escola de Edimburgo, esse tipo de trabalho não

utiliza interesses e fatores sociais gerais. Os chamados “estudos de laboratório” não podem ter

pretensão explicativa, senão somente a descrição do modo puro de se fazer ciência e de se

produzir tecnologia. Desta forma, o importante agora, seria abrir essa caixa preta onde os

conhecimentos são produzidos e a partir de então, descrever o que existe dentro dela (GARCÍA et

al, 2000).

Assim, o laboratório converteu-se no lugar ideal para essa renovação dos estudos

sobre ciência, porque parecia realmente possível observar todos os passos dos cientistas em seu

habitat natural. É no laboratório onde se produz o conhecimento mediante interconexões de

práticas, equipamentos, técnicas e argumentos persuasivos que auxiliam na construção do mundo

natural e do mundo social. Diante dos nossos olhos, a complexidade da vida de laboratório

contribui para o desaparecimento da fé na objetividade e na neutralidade da ciência. Dessa forma,

pode-se dizer, que a ciência não se diferencia muito da política ou da literatura (GARCÍA et al,

2000, p. 80).

2.4.3. PONTOS DE VISTA PÓS-MODERNOS

Conforme fora apontado, os estudos de laboratórios, desenvolvidos em várias

7 Laboratory Life é o resultado da observação de Bruno Latour da vida e das atividades diárias dos cientistas dentro

de um laboratório de neuroendocrinologia. O texto é uma descrição de como os cientistas codificam, marcam,

manipulam, registram, lêem escrevem, discutem, corrigem, etc. Em sua apresentação ao exterior, simplesmente

descobrem a realidade (GARCÍA et al, 2000, p. 80).

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direções, têm em comum a ênfase na prática da ciência e nos textos produzidos por tal prática,

opondo-se a filosofia tradicional da ciência e à sociologia da ciência que priorizam as teorias

científicas.

Algumas partes do Programa Forte de Bloor têm servido como fonte de inspiração

para novas investigações do estudo do conhecimento. A orientação reflexiva, a partir da análise

de textos científicos e outros tipos de representação (gráficos, diagramas, modelos, fotografias,

programas de computador, etc) busca conhecer os mecanismos retóricos aos quais se recorrem

seus autores para transformar seus interesses em conhecimento e persuadir os demais de que

detém as soluções para os problemas (VESSURI, 1991). Essa linha de investigação tem se

convertido cada vez mais em “desconstrutiva” e relativista enquanto que outra linha busca aplicar

a análise do discurso ao próprio discurso sociológico sobre a ciência. Ao conceber o estudo da

ciência como uma atividade científica, essa atitude era esperada para manter a consistência do

enfoque. Contudo, autores como S. Woolgar (1988 apud GARCÍA et al, 2000) e M. Ashmore

(1989 apud GARCÍA et al, 2000) apontam que da mesma forma que não se pode dizer que a

atividade científica é uma representação real do mundo, tampouco é possível afirmar que a

reflexão sociológica seja uma representação fiel da atividade científica. Não é possível o

pesquisador abster-se de sua bagagem pessoal de crenças e valores para fazer a análise da

atividade científica (GARCÍA et al, 2000). Na tentativa de solucionar esse impasse, Woolgar

propõe sua etnografia reflexiva que consiste diante da impossibilidade de deixar de lado a

representação própria, interrogá-la. Com isso apresenta uma idéia de refletir acerca das

representações instrumentais da ciência.

Por outro lado, a Escola Francesa, ou Teoria da Rede de Atores (Actor-network

Theory) prefere denunciar que as práticas dos sociólogos da ciência não são simétricas, ou seja,

não tratam natureza e sociedade de igual forma, pois colocam a última com fator causal da

primeira, da mesma forma como tratam de forma assimétrica os atores humanos e os atores do

cenário científico-tecnológico. Todas as dicotomias como natureza x sociedade, sujeito x objeto,

humano x não humano, desaparecem na tentativa de superação da ideologia da modernidade

(GARCÍA et al, 2000). Segundo a teoria da rede de atores desenvolvida por Bruno Latour (1987

apud GARCÍA et al, 2000) e Michel Callon (1987), a ciência se define como uma rede cujos nós

são formados tanto por atores humanos como por atores não humanos (instrumentos, chips,

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baterias, enfim, qualquer componente ou dispositivo tecnológico ou objeto físico). (COLOMBO

& BAZZO, 2002). Desta forma, exploram-se as conseqüências analisando como esta rede está

formada e como se mantém. Segundo este enfoque, tanto os desenvolvimentos científicos como

os tecnológicos podem ser analisados em termos de lutas entre diferentes atores para impor sua

definição do problema a ser resolvido (LATOUR, 1986; CALLON, 1987).

Essas orientações pós-modernas têm sido duramente criticadas desde o próprio

campo dos estudos sociais da ciência. A acusação fundamental é a esterilidade desse tipo de

enfoque, pois para os críticos, existe uma clara renuncia em oferecer explicações causais que

impede saber ao certo porque certas afirmações de conhecimento se aceitam como verdadeiras e

outras não. Essa negação da legitimidade de apelar à sociedade poderia converter esse tipo de

estudos sociais da ciência em um exercício acadêmico de salão, insatisfatório como os enfoques

filosóficos racionalistas que criticam e pretendem substituir.

Autores como Collins e Yearley (1992 apud GARCÍA et al, 2000) não acreditavam

que a radicalização dos estudos de laboratório constituía um ponto de apoio seguro e frutífero,

senão apenas mais um caminho para um relativismo conformista e conservador que acabava

repetindo trajetórias conservadoras (GARCÍA et al, 2000).

2.4.4. DA CIÊNCIA À TECNOCIÊNCIA

A tradição européia nos estudos sociais havia começado dando ênfase quase que

exclusiva à investigação científica. Contudo, em meados dos anos 1980, esses estudos, de forma

cada vez mais abrangente, começaram a incorporar a tecnologia em sua análise. O

reconhecimento da impossibilidade e da inutilidade de uma distinção clara, (e um tratamento

diferenciado) entre a ciência e a tecnologia, assim como a crescente transcendência dos assuntos

tecnológicos no mundo contemporâneo, foram os motores desse novo enfoque que reconceituou a

tecnologia como processo social e não mais como ciência aplicada e neutra. A rejeição do

determinismo tecnológico possibilitou a aplicação da análise sociológica também à tecnologia

(GARCÍA et al, 2000; NIINILUOTO, 1997 apud ACEVEDO DÍAZ, 2002b).

Em resposta a essa tendência começaram a proliferar estudos sobre o

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desenvolvimento tecnológico. Entre esses estudos podemos citar Mackenzie (1990 apud

GARCÍA et al, 2000), Collins (1990 apud GARCÍA et al, 2000), Bijker, Hughes & Pinch (1987),

Bijker & Law (1992 apud GARCÍA et al, 2000) e Jasanoff et al (1995 apud GARCÍA et al,

2000). Uma grande quantidade de autores que até então tinham se dedicado à sociologia do

conhecimento científico, passaram agora a incluir diversos episódios tecnológicos em seus

trabalhos (VESSURI, 1991).

Essa nova tendência, segundo GARCÍA et al (2000) aponta, mostra a convergência

das duas tradições. Isso porque autores da academia norte-americana começaram a mostrar

interesse pelas origens sociais da tecnologia e autores europeus, começaram a dar importância

aos instrumentos e técnicas no trato conjunto da ciência e da tecnologia. Como exemplo é

possível citar a teoria da Rede de Atores de Latour & Callon, que mencionava que a ciência não

consiste em teoria pura, assim como a tecnologia também não deveria ser encarada com aplicação

pura. Muito pelo contrario, ambas poderiam ser fundidas no termo tecnociência, como algo vivo

e diferente da nossa percepção comum: a ciência e a tecnologia. Desta forma, ambas passaram a

ser vistas como sendo redes cujos nós eram formados por todo tipo de instrumentos relevantes.

Os produtos da atividade científica, as teorias, não podiam, portanto, continuar sendo encarados

de forma isolada e distante dos instrumentos que participam de sua elaboração (VESSURI, 1991).

Existem diversas tendências do estudo da tecnologia influenciados pelo enfoque

construtivista desenvolvido para o estudo da ciência. O artigo de Trevor Pinch e Wiebe E. Bijker

The Social Construction of Facts and Artefacts: Or How the Sociology of Science and

Technology Might Benefit One Another (1994) é o pioneiro desta convergência de interesses e

métodos entre a sociologia do conhecimento científico e a história da tecnologia. Neste trabalho

os autores apresentam o programa SCOT (Social Construction of Technology) aplicando-o ao

caso da construção da bicicleta. O SCOT foi baseado no EPOR, é um programa com enfoque na

sociologia da tecnologia no qual o processo de desenvolvimento tecnológico se concebe como

um processo de variação e seleção. Se trata de explicar, mediante a construção de modelos

multidirecionais, porque alguns artefatos tecnológicos sobrevivem e outros não. É um processo

de análise que leva em consideração quais são os problemas que cada variação tecnológica

soluciona e, posteriormente, determina-se quais os grupos afetados (grupos sociais relevantes). O

processo de seleção de variações de modelos tecnológicos se caracteriza, desta forma, como um

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processo claramente social, pois sustenta que a história da tecnologia não é produto de nenhuma

necessidade (como aumento da eficácia), e o que é preciso explicar sociologicamente são os fatos

que determinam a sobrevivência de um modelo, dentro de uma série de possibilidades. Assim,

não sendo a sociedade uma entidade abstrata que determina univocamente o comportamento dos

indivíduos mas sim uma entidade composta por seres humanos que, apesar de agirem através das

regras sociais que lhes são impostas, também têm a capacidade de transformá-las através de

comportamentos que nem sempre reproduzem os padrões estabelecidos, fica evidente que os

indivíduos, com suas ações sociais concretas, são agentes responsáveis por mudanças. A partir

desta perspectiva, as transformações, inovações e desenvolvimentos tecnológicos só ocorrem na

medida em que existam agentes sociais (seres humanos, em última instância) que ajam de

maneira a efetivá-los. É evidente que estes seres humanos vivem em sociedade. A tecnologia

depende, pois, da sociedade para a sua existência e o seu desenvolvimento (CARVALHO, 1997;

GARCÍA et al, 2000; COLOMBO & BAZZO, 2002).

Nos enfoques construtivistas aplicados ao estudo tanto da ciência como da

tecnologia, cujo tratamento conjunto se denomina SCOST (Social Construction of Science and

Technology), se analisam as controvérsias científicas e tecnológicas (muitas vezes,

tecnocientíficas) para determinar a variabilidade da interpretação de dados (ciência) ou da

interpretação de desenhos tecnológicos alternativos. O segundo passo consiste em estudar os

mecanismos que impõem a redução das diversidades impondo determinados modelos ou

interpretações. Finalmente, da mesma forma como acontecia com o EPOR, essas informações são

relacionadas com grupos sociais relevantes, interesses profissionais, grupos de classe, etc

(GARCÍA et al, 2000).

A teoria da rede de atores, desenvolvida por Latour e Callon também passou a ser

aplicada à tecnologia. Philip Vergragt (1988 apud GARCÍA et al, 2000) elaborou um modelo de

Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) que reflete interesses e relações de poder entre os diferentes

atores envolvidos no processo tecnológico e, portanto, uma linha de pesquisa não deixa de ser

uma sucessão de decisões a respeito de um conjunto de opções. Entre os diversos momentos onde

as decisões são tomadas entre diferentes opções, existem períodos de continuidade onde os

problemas permanecem inalterados e não resolvidos e, durante os quais os cientistas e os

tecnólogos trabalham para ganhar conhecimento e resolver as anomalias relacionadas com a

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definição do problema dominante. Como resultado de uma decisão entre alternativas, cria-se um

nicho onde cientistas e tecnólogos trabalham seguindo determinadas regras. O conceito de nicho

é muito parecido com o conceito kuhniano de paradigma8, porém inclui definições de possíveis

aplicações, percepção de mercados potenciais e estratégias empresariais e corporativas. Desta

forma, os atores não são somente os cientistas e os tecnólogos, mas também todos os gestores e

todos os responsáveis pelos laboratórios de pesquisa, os engenheiros, os departamentos de

vendas, os diretores de empresa, etc. Assim, uma linha de pesquisa é resultado de um processo de

negociação entre atores, onde cada um dos quais tenta convencer os demais que de sua tese é a

mais apropriada. No momento em que se estabelece uma definição dominante, o problema se

estabiliza e um nicho se estabelece para cientistas e tecnólogos (RESTIVO, 1981;

QUINTANILLA, 2001 apud OSORIO M., 2002). O ambiente externo à atividade científica, tal

como é percebido pelos atores, pode conduzir a períodos críticos nos quais são reabertas as

negociações sobre as diferentes alternativas de definição do problema. Essa linha de investigação

mostra que a atividade científica-tecnológica é configurada por regulamentos administrativos,

demandas de mercado, estratégias entre grupos competidores. A renegociação pode também

determinar o fracasso da linha de pesquisa ou a mudança de organização, de dirigentes, ou

apontar reformulações de estratégias comerciais.

2.5. TRADIÇÃO AMERICANA

Se na tradição européia pudemos encontrar uma diversidade de enfoques, na

tradição americana o cenário é ainda mais heterogêneo. Essa variedade se dá tanto em função das

diferentes áreas de onde provém os autores como pelas perspectivas que adotam. Mesmo assim, o

foco de atenção desta tradição se dá em função da ênfase valorativa e da atenção aos efeitos que o

8 Kuhn sintetiza o desenvolvimento científico e tecnológico em torno da definição das expressões paradigma e

ciência normal. Defende que a ciência não se desenvolve somente por acréscimo de conhecimentos, e sim que

também há momentos de crises e rupturas. As regras epistemológicas e metodológicas implícitas na forma de uma

tradição de pesquisa, definem um paradigma. Assim, a ciência é feita com o intuito de fortalecer o paradigma e

desenvolve por acúmulo de conhecimentos. A crise advém quando perguntas deixam de ser respondidas ou a teoria

não prevê mais de acordo com o experimental observado. Num primeiro momento, tende-se a desprezar essas

inquietações, porém, ao se tornarem mais freqüentes, alguns cientistas utilizam essa crise a fim de determinar novas

regras e repensar problemas e perguntas que não eram abrangidos pelo paradigma em voga. Com o estabelecimento

dessas novas regras, ocorre o surgimento de um novo paradigma e uma revolução científica é concretizada (KUHN,

1982).

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desenvolvimento tecnológico trás à sociedade. A importante dimensão prática dessa tradição fez

com que nos EUA a primeira institucionalização acadêmica dos estudos CTS contribuísse para a

introdução de programas educacionais nos diversos níveis de ensino (MITCHAM &

CUTCLIFFE, 1994 apud GARCÍA et al, 2000).

Dentre alguns autores representativos desta tradição, entre outros, merecem

destaque Albert Borgmann, Stanley Carpenter, Steve Cutcliffe, Paul Durbin, Steven Goldman,

Larry Hickmann, Don Ihde, Melvin Kranzberg, Helen Longino, Carl Mitcham, Dorothy Nelkin,

Kristin Shrader-Frechette, Leonard Waks e Langdon Winner. A preocupação social e política, a

ênfase prática centrada na renovação do processo educacional, a avaliação das tecnologias e a

política científica-tecnologica, são os pontos fortes dessa linha de trabalho. Mesmo tendo os

autores mais conhecidos como tendo origem em sua grande maioria nos EUA, essa tradição

também teve muitos adeptos e trabalhos desenvolvidos em países como México, Venezuela,

Colômbia, Argentina, Costa Rica e Chile.

2.5.1. AS ORIGENS E OS TEMAS DESENVOLVIDOS NA TRADIÇÃO AMERICANA

A tradição americana teve seu berço nos movimentos sociais emergentes do clima

de agitação popular na sociedade norte americana na década de 1970. Os movimentos da contra-

cultura, em favor de tecnologias alternativas e com diversas correntes ecológicas e pacifistas, são

alguns dos antecedentes do interesse da tradição americana pelos estudos das conseqüências

sociais da inovação tecnológica e a defesa de um controle social efetivo sobre a mesma.

O alerta maior sobre os perigos da ciência foi divulgado no livro Silent Spring

(Primavera Silenciosa) de Rachel Carson, publicado em 1962. Nesse livro, Carson especula, de

forma alarmista, sobre o risco do uso indiscriminado de inseticidas, tal como o DDT (VILCHES

et al, 2006). A ciência não poderia se desenvolver sem a supervisão da sociedade, pois os

impactos ambientais conseqüentes poderiam ser desastrosos. A ciência usada para o bem também

poderia ser usada para o mal. A contra-cultura norte americana criticou os valores do American

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way of life9 com suas maravilhas tecnológicas, facilitadoras de tarefas domésticas. Expandiam o

universo crítico para além do aconchego da morada discursando incluso sobre a guerra do

Vietnam que acontecia longe de sua casa (GARCIA et al, 2000; KROLL, 2001).

Os interesses fundamentalmente práticos que se situaram na origem do movimento

CTS nos EUA dirigiram sua atenção principal às conseqüências do desenvolvimento tecnológico,

ao centrar suas preocupações iniciais em questionamentos nascidos da insatisfação popular. A

bomba atômica, responsável pela destruição de cidades japonesas, a proliferação da energia

nuclear, a guerra do Vietnam, os riscos de pesticidas químicos como o DDT, fizeram a sociedade

e posteriormente, a academia, questionar os reais motivos da utilização tecnológica em favor do

serviço da industria armamentista.

Normalmente a tecnologia é tratada como produto, sem preocupação de entender os

fatores que antecedem e condicionam seu processo de construção. Insatisfeitos com essa postura,

os autores da tradição americana procuraram adotar perspectivas que pudessem relacionar a

tecnologia com o seu contexto social.

Nessa tradição, García et al (2000) cita alguns dos temas que ganharam importância

e que podem ser divididos em:

i. História da cultura tecnológica: explora as diferenças entre a tecnologia

contemporânea e as técnicas antigas, tentando estabelecer diferentes períodos de

desenvolvimento tecnológico e mostrando como as direções tomadas pelas

alterações tecnológicas se relacionam com as mudanças sociais. Alguns autores

merecem menção: Lewis Mumford (1934), Ortega & Gasset (1939), Melvin

Kranzberg (1990), Paul Levinson (1985), Lynn White Jr. (1963).

ii. Filosofia geral da tecnologia: abrange os estudos conceituais e epistemológicos

abordando questões como a definição da tecnologia e suas relações com a ciência e

com os critérios de eficácia tecnológica; merece destaque Mitcham (1989, 1994).

9 Estilo de vida americano. É um exemplo de uma modalidade comportamental desenvolvida no século 17 e

praticada até hoje. Se refere a um nacionalismo que se propõe aderir aos princípios de vida, liberdade e a procura da

felicidade (direitos não-alienáveis de todos estadunidenses de acordo com a Declaração de Independência). Pode-se

relacionar o American way (ou American way of life) com o American dream.

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iii. Ética da ciência e da tecnologia: devido aos problemas sociais e as questões éticas

que aparecerem devido ao desenvolvimento científico-tecnologico. Autores

representantes desse tema defendiam que limites deveriam ser impostos ao

desenvolvimento em função de valores humanos que precisavam ser preservados.

Diversas áreas foram motivos para os trabalhos desenvolvidos dentro desse tema:

ética ambiental, ética nuclear, ética biomédica, ética informática, etc.

iv. Autonomia da tecnologia e determinismo tecnológico: constituem-se como um

dos pontos críticos da tradição americana. Autores desse tema discutem se a

tecnologia possui leis de desenvolvimento, inerentes e inevitáveis que ficam fora do

alcance e do controle humano. As discussões partem geralmente da obra de Jacques

Ellul (1954), o mais forte defensor da tese do determinismo tecnológico, para

explorar as possibilidades de liberdade humana no cenário tecnológico global

(HACKMAN, 1985 e WINNER, 1977 apud GARCÍA et al, 2000; ROSE, 2003).

v. Critica política da tecnologia: estudo das relações entre tecnologia e sociedade,

analisando problemas políticos da tecnologia (WINNER, 1983 e ROSZAK, 1986

apud GARCÍA et al, 2000).

vi. Avaliação e controle social: a reflexão política da tecnologia deriva da análise de

modelos de gestão mais apropriados para controlar de modo mais eficaz e legítimo o

desenvolvimento científico-tecnológico. Assim, são comuns propostas para a

democratização da política tecnológica. Nessa frente de estudo pode-se incluir

também reflexões sobre as conseqüências sociais das tecnologias particulares,

investigações sobre riscos e avaliações de tecnologia, etc.

vii. Crítica religiosa da tecnologia: analisa os problemas e as implicações religiosas da

tecnologia. Os autores dessa linha de pesquisa exploram a relação entre tecnologia e

a natureza humana considerada em sua dimensão religiosa (teológica ou moral). A

recuperação da espiritualidade perdida na nossa sociedade tecnológica e a

compatibilidade entre a cultura cristã e a cultura tecnológica são alguns dos temas

abordados por autores dessa área. Enquanto alguns autores apresentam a religião

como uma forma de transcender os problemas provenientes do desenvolvimento

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tecnológico (como Clarke, 1963), a crítica religiosa de Lynn White Jr. (1967), tem

características totalmente distintas. Segundo García et al (2000) White defende que

a cultura cristã, com seu Deus Onipotente, criador do ser humano a sua imagem e

semelhança a quem destinou poder para dominar a natureza, é em grande parte

culpada por muitas das conseqüências indesejáveis do desenvolvimento tecnológico,

como, por exemplo, dos problemas ambientais.

Agora, a atenção será focada em alguns destes temas característicos da tradição

americana, assinalando alguns pontos que convergem para a análise da tradição européia.

Um aspecto fundamental (e muitas vezes crítico) da análise da tecnologia na

tradição americana nasceu com os autores influenciados pelas correntes fenomenológica,

existencialista e pragmatista. Os trabalhos fundamentados por essas bases reconhecem a herança

filosófica de Dewey, Ellul, Heidegger, Marcuse, Ortega, etc., para realizar uma crítica à

interferência da tecnologia nas relações homem-natureza. Esse enfoque, próprio da tradição

americana, transformam a filosofia da tecnologia e os estudos CTS em um campo de trabalho

mais centrado em questões éticas e filosóficas do que em questões empíricas ou científicas.

Os autores norte americanos da tradição fenomenológica-existencialista

fundamentaram-se em Ortega, Gasset e Heidegger. Ortega foi um renomado precursor da

filosofia da tecnologia e sua obra Meditação da Técnica, de 1939 (apud GARCÍA et al, 2000),

recebeu merecido destaque. Para Ortega, o ser humano é “um ser técnico” porque sua vida vai

além das necessidades impostas pela natureza. O homem é capaz de interpretar a natureza, criar e

inventar sua própria vida estabelecendo inter-relações com o meio através do uso de técnicas

colocadas em prática após a elaboração de um plano de ação. Assim, a técnica tem a função de

satisfazer as necessidades humanas, de adaptar o meio ao sujeito (mais do que adaptar o sujeito

ao meio). Contudo, as ilimitadas possibilidades oferecidas pela técnica ocidental moderna (ou a

tecnologia propriamente dita) e a ideologia do progresso associada a ela, acabam atrofiando a

capacidade criativa do ser humano e sua habilidade para elaborar projetos e alcançar metas

(CONILL, 1989 e MITCHAM, 1989 apud GARCÍA et al, 2000).

O enfoque fenomenológico-existencialista de Martin Heidegger, aplicado à reflexão

sobre a tecnologia aparece em uma de suas conferências, intitulada A Pergunta pela Técnica

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(1954 apud GARCÍA et al, 2000), coincide com muitos pontos de Ortega, especialmente com as

características que diferenciam as técnicas antigas das modernas. Aponta que a tecnologia pode

ser melhor definida como técnica científica do que como ciência aplicada e tece críticas à mesma.

Para Heidegger, a tecnologia moderna é uma forma de verdade que implica ações que forçam a

natureza e cujos resultados são artefatos para o consumo sem nenhum valor intrínseco. Assim, a

natureza deixa de ser objeto e converte-se em recurso (DREYFUS, 2003).

Segundo afirma García et al (2000), a tecnologia não é um mero produto da vontade

humana, mas sim, tem a essência, em uma espécia de vontade impessoal que emana da própria

realidade ao encontrar-se esta, aberta à manipulação tecnológica. Assim, Don Ihde (1979 apud

GARCÍA et al, 2000) concorda com Heidegger ao priorizar a técnica sobre a ciência e analisar o

modo como percebemos o mundo através de artefatos tecnológicos, como por exemplo, a

televisão. A experiência humana, incluindo a auto-percepção e a auto-interpretação são

sutilmente transformadas mediante nossa relação com a ciência incorporada nas máquinas

(IHDE, 1983 e 1990 apud GARCÍA et al, 2000). Deste modo, o estudo filosófico da tecnologia é

entendido primeiramente como o desenvolvimento de uma fenomenologia das relações homem-

máquina-mundo. Todas as relações mediada pela tecnologia supõem uma ampliação da

capacidade do homem, contudo, ao mesmo tempo, reduz as perspectivas (como exemplo,

podemos tomar o microscópio que nos permite ver ampliadas muitas características do mundo

pequeno ao mesmo tempo em que reduz drasticamente nosso campo de visão). Essa estrutura

dialética supõe uma crítica tanto do tecno otimismo ingênuo como do tecno pessimismo

catastrofista.

Autores como Paul Durbin e Larry Hickman se enquadram mais na tradição

pragmatista assim como John Dewey, com obras de 1929 (apud GARCÍA et al, 2000), e

considerado por muitos como o autor mais influente dentro do pragmatismo norte americano

(GARCÍA et al, 2000).

Agora, de forma breve, resta comentar do último pioneiro da moderna filosofia da

tecnologia, Jacques Ellul, cuja análise sistemática da técnica tem uma orientação mais

sociológica que filosófica. Ellul, francês cujas obras (O Século XX e Técnica, de 1954 apud

GARCÍA et al, 2000) tiveram grande repercussão nos EUA, defende que o fenômeno técnico

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(tecnologia moderna) tem sete características fundamentais: a racionalidade, a artificialidade, o

autoritarismo da eleição técnica, o auto-crescimento, a indivisibilidade, o universalismo e a

autonomia. Foi precisamente a tese da autonomia da tecnologia, e seu corolário, o determinismo

tecnológico, que despertou maior interesse em pensadores como Langdon Winner. Ellul adota

uma postura profundamente pessimista e acredita que a tecnologia é antropomórfica e os seres

humanos estão completamente condicionados pela civilização tecnológica (STIVEIRS, 2001).

Dessa maneira, Ellul defende a existência de uma ética de não poder, segundo a qual os seres

humanos devem aceitar não desenvolver tudo aquilo que são capazes de realizar, pois somente

desse modo a humanidade poderá libertar-se da escravidão tecnológica e buscar novas atitudes

vitais não determinadas pela tecnologia (GARCÍA et al, 2000; ROSE, 2003).

Winner, em 1977 (apud GARCÍA et al, 2000), desenvolve a idéia sugerida por Ellul

de que o desenvolvimento da tecnologia moderna implica a criação de uma nova forma de vida

política, a política tecnológica. Para Winner, as tecnologias são como formas de vida. Assim,

apresenta uma proposta que para recuperar algumas das características das formas de vida

política tradicionais, inclui a introdução de novas tecnologias cujo desenvolvimento esteja aberto

à participação de todos, pois afirma que estas precisam ser compreensíveis para o público leigo,

flexíveis e que não tenham tendência para criar dependência (WINNER, 1977 apud GARCÍA et

al, 2000).

Outro autor que merece destaque é Ivan Illich. Sua obra, um tanto quanto difícil de

ser classificada, esta fortemente relacionada com os movimentos de crítica social dos anos 1960 e

1970. Illich critica inúmeros aspectos estruturais que definem e determinam nossa cultura

ocidental: a educação, o sistema de saúde, as relações de produção, o sistema de transportes, etc.

Ao conceber todos esses elementos como “tecnologias sociais” que realizam, a partir de

diferentes frentes, a tarefa comum de adaptar o indivíduo ao sistema, a obra de Illich converge

com todas as outras críticas ao determinismo tecnológico. Na obra A Sociedade Desescolarizada,

de 1970 (apud GARCÍA et al, 2000), defende a tese de que a escola é o principal ritual da

sociedade de consumo. A institucionalização dos valores (não só da educação, mas também da

saúde física e mental, o bem estar, etc) conduz o ser humano à degradação e à alienação

(GARCÍA et al, 2000).

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Para abordar de forma adequada os problemas da nossa sociedade tecnológica, Illich

afirma que é necessário uma compreensão apropriada das características e das ferramentas

tecnológicas, bem como sua interação com a natureza e a sociedade. As tecnologias,

denominadas por Illich de ferramentas, passam por estágios de mutação. Primeiro se tornam

produtivas, depois disfuncionais, pois se convertem em fins de si mesmas. Como exemplo

podemos tomar o carro, que no princípio melhorou as possibilidades de mobilidade e

comunicação do ser humano, porém, conforme foi sendo aperfeiçoado, ganhando velocidade e

aerodinâmicas inovadoras, a sociedade foi pouco a pouco convertendo-se em sua escrava. Para

Illich, as tecnologias, para serem usadas de fato em detrimento do bem estar humano, deveria

possuir características parecidas com as propostas por Winner: devem ser escolhidas livremente;

devem representar uma expressão da vida pessoal e não podem ser monopolizadas por nenhum

tipo de elite profissional. Assim, a tecnologia seria capaz de fomentar a criatividade, a autonomia

e a liberdade individual (ILLICH, 1973 e CAYLEY, 1992 apud GARCÍA et al, 2000).

O interesse prático da tradição americana se pode constatar no trabalho de diversos

autores contemporâneos que se dedicam a analisar as conseqüências sociais das tecnologias sem

compromissos com enfoques disciplinares concretos. Nesse sentido podemos citar trabalhos

como de Dorothy Nelkin e Sheila Jasanoff. Nelkin (1992 apud GARCÍA, 2000) desenvolveu

trabalhos sobre as conseqüências sociais da engenharia genética centrando suas investigações no

estudo das controvérsias científicas e tecnológicas. Nelkin não compartilha das visões relativistas

ou construtivistas dos sociólogos do conhecimento científico; a autora busca fazer a distinção

entre conhecimento científico e sua difusão no contexto social amplo, entre a ciência e o uso que

se faz da mesma em processos de tomada de decisões ou no apoio a determinadas opções

políticas. Seu interesse é prático e diretamente relacionado com a ênfase da tradição americana

nas conseqüências sócias do desenvolvimento tecnológico, assumindo unicamente compromissos

epistemológicos necessários para dar conta desse fim.

Outro tema que habitualmente tem ocupado espaço de destaque na tradição

americana é a utilização do conhecimento científico, o papel dos experts no assessoramento

político ou nos tribunais e a imagem da ciência nos meios de comunicação.

A relação dos estudos sociais da C&T nos EUA com movimentos de protesto de

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ampla base social, o ativismo e as preocupações praticas, se torna também evidente na obra de

autoras relacionadas com o movimento feminista. A crítica feminista das C&T, concebida como

uma crítica às diferenças que o sexo impõe a certas tecnologias ou atividades científicas. O

discurso varia desde críticas ao possível fato de que a ciência sempre foi feita por homens até

posturas mais radicais que apontam possibilidades de uma “ciência feminina”, com

características radicalmente distintas da “ciência masculina” (SILVA, E. B., 1998; GARCÍA el

al, 2000; GONZÁLEZ GARCÍA & SEDEÑO, 2002; VARMA, 2002). Para alguns autores, a

própria ciencia ocidental era sexista e construída embasados em pressupostos de dominação

masculina (CLAIR, 1996 apud GONZÁLEZ et al, 2002; GONZÁLEZ et al, 2002). O

pensamento feminista, denominado também como “estudos sobre o gênero” (gender studies), tem

realizado importantes investigações nos estudos sociais das C&T e acabaram estabelecendo uma

ponte com a tradição européia. Não se trata unicamente de uma crítica das implicações sociais de

certas tecnologias como responsáveis pela perpetuação da desigualdade sexual, mas também

busca apontar como os pressupostos fatores de desigualdade contribuem para a produção tanto

dessas tecnologias como de determinadas teorias científicas. Segundo García et al (2000), autoras

como Ruth Bleier, Donna Haraway, Sandra Harding, Ruth Hubbard, Evelyn Fox Keller, Helen

Longino, Margaret Rossiter, Joan Rothschild e Londa Schiebinger são algumas das autoras que

têm tentado mostrar a importância do fator sexo no desenvolvimento científico e tecnológico.

Existe ainda, dentro da tradição americana, um conjunto de autores que centram

suas análises no plano filosófico, porém, não no campo da ética ou na filosofia política, mas sim

na tradicional filosofia da ciência. Todos eles têm contribuído ao que tem sido chamado de

“reação acadêmica” frente à concepção da ciência herdada do empirismo lógico. Como exemplo,

podemos citar Steve Fuller, Ronald Giere, Philip Kitcher, Helen Longino, Joseph Pitt e Kristin

Sharader-Frechette (GARCÍA et al, 2000).

A filosofia da ciência na tradição americana tem seguido, de certo modo, o caminho

inverso ao da tradição européia (da ciência à tecnociência). Neste caso, algumas das

características próprias do estudo da tecnologia na tradição americana passam ao estudo da

ciência, como por exemplo, a influência pragmatista e interesse normativista. Contudo, isso

somente ocorreu quando os estudos sociais da ciência estavam muito desenvolvidos na Europa e

acabaram influenciando os trabalhos nos EUA. Uma tendência comum da filosofia da ciência nos

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EUA é a adesão à naturalização e às idéias de Kuhn da análise empírica da ciência. Essas

características surgem com a intenção de se resolver questões filosóficas sobre o descobrimento,

o desenvolvimento e as justificativas das idéias científicas. Por um lado, existe uma tendência

que propõe explicações baseadas na psicologia e nas teorias de construção cognitiva do

conhecimento nos indivíduos. Por outro lado, enfoque tradicionais em CTS originados na

tradição européia tem defendido a relevância explicativa da sociologia e, entendendo as teorias

como construções sociais, buscam manter teses relativistas (GARCÍA et al, 2000).

Os adeptos do naturalismo sociológico partem da compreensão da ciência como

uma atividade fundamentalmente coletiva e conservam características típicas do estudo da

tecnologia da tradição americana, dando ênfase nos aspectos práticos e valorativos, atenção às

conseqüências do desenvolvimento científico-tecnológico e na tendência do compromisso social.

2.6. UMA TERCEIRA TRADIÇÃO: O FATOR ECONÔMICO

Voltando um pouco no tempo, antes da Segunda Guerra Mundial, a ciência e a

tecnologia concretizaram-se como peça chave para o desenvolvimento econômico e social dos

países do Ocidente. Um alto investimento foi destinado a essas áreas para a formação de equipes

de pesquisa que passaram a buscar o desenvolvimento a longo prazo. Nessa empreitada,

especialistas de diversas áreas se reuniam e o trabalho desenvolvido deu uma ênfase maior à

indústria bélica, culminando na criação das armas nucleares e mísseis de longo alcance. Também

fora preciso estabelecer convênios civis e contratos com empresas para que os projetos não

ficassem tão onerosos para os governos. Assim, ao mesmo tempo em que buscou desenvolver

conhecimentos científicos e habilidades técnicas, os países envolvidos ampliaram a gestão de

diversos aspectos sócio-econômicos privados estabelecidos na parceria rumo ao progresso

(GARCÍA et al, 2000).

Uma das principais características da universidade norte-americana é a grande

capacidade de resposta frente às demandas sociais. Durante os anos 1950 criaram-se

universidades por conta do programa Science, Technology and Public Policy (STPP), para a

formação de profissionais destinados à gestão das C&T, onde recebiam formação plural em

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economia e ciências políticas aplicadas as C&T. Seu foco era alimentar as agências do governo, a

administração e as grandes corporações industriais e organismos (públicos ou privados) de

pesquisa.

Mesmo apresentando a idéia rapidamente é possível perceber que os programas

STPP têm pouca relação com as duas tradições mostradas anteriormente, pois aquelas nasceram

da reação acadêmica e social. Contudo, ao falarmos dessas reações, deixamos um pouco de lado

os fatos que estavam ocorrendo na economia e na política. E esses pólos têm demasiada

importância para não serem abordados, pois estes programas começaram a oferecer uma imagem

das relações CTS diferente da tradicional e, até certo ponto, com algumas características comuns

às duas tradições, contribuindo assim, com algumas renovações na área (GARCÍA et al, 2000).

2.6.1. ECONOMIA E GESTÃO DAS C&T

A economia da tecnologia tem centrado-se, tradicionalmente, no processo de

difusão das tecnologias. Em geral, a tecnologia era vista, como na concepção neoclássica, como

um bem, e as empresas, como consumidores. Para explicar a inovação tecnológica, os

economistas recorriam ao estudo das relações oferta x procura, pesquisa x desenvolvimento e

aumento da produtividade. Dado um conjunto de tecnologias, os empresários selecionariam

aquelas que pudessem proporcionar aumentos dos benefícios. Esse enfoque foi duramente

criticado e nas últimas décadas do século passado muitos economistas (neo-schumpeterianos)

passaram a seguir as idéias de Joseph Schumpeter, considerando a inovação como um dos

problemas econômicos de maior alcance. Para Schumpeter, o empresário inovador não escolhe

uma dentre todas as possibilidades, mas sim amplia o número dessas possibilidades sobre as

quais se pode fazer uma escolha.

Conforme afirma Rocha Neto (1998), o conceito de inovação tecnológica é

essencialmente econômico tendo em vista que compreende a apropriação comercial de

conhecimentos técnico-científicos para o aprimoramento de bens e serviços utilizados pela

sociedade. Avanço científico, novidade, descoberta ou invenção, são termos que não podem ser

tratados como sinônimo de inovação, pois esta última requer a sanção do mercado. Desta forma,

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a inovação compreende a introdução de serviços ou produtos, novos ou modificados, no mercado,

ou ainda a apropriação comercial pioneira de invenções, práticas organizacionais, conhecimentos,

processos ou técnicas de produção. Assim, a inovação pode ter sua base em descobertas técnico-

científicas inteiramente novas, modificando de forma radical práticas sociais e econômicas, ou

podem ser mais brandas ao só aperfeiçoar produtos, serviços ou processos já existentes (ROCHA

NETO, 1998).

Assim, as inovações não se relacionam apenas com questões de ordem técnico-

científica, como também apresentam dimensões de ordem política, econômica e social e cultural.

As múltipas possibilidades de escolha afetam de forma diferenciada o ambiente social e natural,

caracterizando a dimensão política das inovações. A tecnologia, se pensada como uma forma de

poder e de dominação, envolve necessariamente considerações de ordem política. Segundo Rocha

Neto (1998), Schumpeter afirma que o empresário inovador é o agente que introduz no mercado

novos produtos e induz os consumidores a demandá-los, por meio das mais eficientes

combinações. Esses argumentos sugerem relações de interdependência entre todas as dimensões

do processo inovativo, que são complexos e dinâmicos. Dessa forma, essas relações não podem

ser descritas de maneira adequada por modelos lineares, baseados em relações temporais

imutáveis, ou de causalidades simples e diretas, seja com base nas oportunidades ensejadas pelo

progresso técnico-científico, seja a partir da demanda de mercado. Os limites que os modelos

lineares impõem, algumas vezes apresentados na literatura especializada, são evidentes, pois o

processo técnico-econômico revela-se muito mais complexo, compreendendo a interação de

inúmeros fatores que precisam atuar de forma sinérgica para favorecer a introdução de inovações.

Posteriormente, as inovações introduzidas pelo empresário audaz se expandiriam.

Nesse sentido, o autor concebe as alterações tecnológicas como um processo evolutivo no qual se

produzem interações entre diversidade tecnológica e seleção por parte do meio. Nessa

perspectiva, a tecnologia não pode ser concebida como elemento exógeno, e sim endógeno ao

processo econômico tendo em vista que a inovação tecnológica se relaciona de forma cada vez

mais estreita com o desenvolvimento das forças produtivas, com a atividade econômica, com o

mundo do trabalho e com a cultura das sociedades, permitindo uma flexibilidade crescente das

organizações de produção, das formas de consumo e da gestão da atividade econômica e social.

(PEREIRA, 1997; SUTZ, 1998; GARCÍA et al, 2000; ARAGÓN, 2000 apud CARRERA, 2001).

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A pesquisa evolucionista das mudanças tecnológicas é um dos pontos dos estudos

sociais da tecnologia que sofreu impulso mais significativo nas duas últimas décadas do século

anterior, tanto no que se refere a trabalhos empíricos como na elaboração teórica e construção de

modelos. Este trabalho, embasado pelos escritos de García et al (2000), se preocupará a seguir

somente com as características mais significativas da conceitualização da tecnologia pelos

teóricos evolucionistas, comparando-as com outras visões dos estudos sociais das C&T. Como

referência, podemos citar um conjunto básico de economia evolucionista das mudanças

tecnológicas os seguintes autores: Clark & Juma (1987); Coombs, Saviotti & Walsh (1987); Dosi

et al (1988); Fransman (1986); Freeman & Soete (1990).

Segundo Luján López (1993 apud GARCÍA et al, 2000), uma maneira comum de se

explicar os processos do desenvolvimento tecnológico é dividindo as mesmas em duas

categorias: uma gradual, que inclui somente os processo de difusão, e a outra mais abrupta, que

aborda as gerações de variações. A seguir, veremos estas duas categorias.

2.6.2. AS MICROINOVAÇÕES

Segundo García et al (2000) Richard Nelson e Sidney Winter, pioneiros da

economia evolucionista do desenvolvimento tecnológico, não acreditam que os processos de

alterações graduais (ou microinovações) possam ser explicados através da maximização da

ganância dos empresários. Seu enfoque é evolucionista porque emprega conceitos de tentativa e

erro nos procedimentos rotineiros das empresas. Para estes autores, o ambiente de seleção opera

de modo darwiniano: as empresas que prosperam mais são aquelas que têm rotinas mais

adaptáveis, apresentando mudanças graduais e cumulativas. Outros autores como, por exemplo,

Mokyr citado por García et al (2000), propõem que são as tecnologias, e não as empresas, as

unidades de evolução. Na taxonomia das inovações propostas por Christopher Freeman e Carlota

Pérez, as microinovações são contínuas em qualquer indústria ou atividades de serviço e tem sua

intensidade variando de país para país, dependendo da pressão da demanda, de fatores sócio-

culturais, de oportunidades tecnológicas, etc. Assim, não é necessariamente o resultado

deliberado de atividades de P&D, mas sim, melhorias introduzidas por indivíduos relacionados

com o processo de produção ou por consumidores (FREEMAN & PÉREZ, 1988 apud GARCÍA

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el al, 2000; CARRERA, 2001).

2.6.3. AS MACROINOVAÇÕES

Alguns autores, também dentro da escola evolucionista, acabaram indo mais longe

que Nelson & Winter no referente a trajetórias. Giovani Dosi introduziu a noção de “paradigma

tecnológico”, ou seja, uma trajetória tecnológica condicionada por um ambiente de seleção

específico. Um paradigma tecnológico define as necessidades que devem ser satisfeitas, os

princípios científicos e as tecnologias materiais que devem ser utilizadas. Em outras palavras, um

paradigma tecnológico é um modo geral para a solução de problemas tecno-econômicos

empregando-se conhecimento científico disponível (DOSI, 1982 apud GARCÍA et al, 2000);

dessa maneira um paradigma tecnológico define as futuras oportunidades de inovação e alguns

procedimentos básicos para desenvolve-las, concentrando esforços em uma direção escolhida. Ao

utilizar esses conceitos os economistas evolucionistas querem indicar que as “mutações”

tecnológicas oferecidas ao mercado não são aleatórias, pois dependem de intencionalidade e da

canalização de esforços10

.

As possibilidades de integrar as investigações econômicas e sociologias na análise

do desenvolvimento tecnológico são bastante claras. É necessário explicar, desde pontos de vista

sociológico, político, institucional, econômico, etc., e também relacionando com os avanços

científicos e tecnológicos, como se constrói um ambiente de seleção concreta que durante um

longo período de tempo determinará quais inovações terão êxitos e quais não. Isso significa

estudar a interação entre tecnologia e sociedade como um processo co-evolutivo.

2.6.4. GESTÃO E POLÍTICA DAS C&T

A gestão e a formulação de políticas tradicionais se baseavam principalmente na

concepção econômica neoclássica da tecnologia. A translação dessa concepção à gestão e política

10

Os sociólogos do conhecimento, na definição dos paradigmas tecnológicos, se basearam na obra de Thomas Kuhn,

A Estrutura das Revoluções Científicas (1962), que defendia a existência dos fatores epistêmicos como

condicionantes das mudanças científicas.

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científico-tecnológica é um modelo (modelo de osmose11

) onde a ciência básica é condição

necessária e suficiente para a inovação tecnológica que, ao mesmo tempo, conduz ao aumento da

produção, ao crescimento econômico e ao bem estar social. Dada essa explicação do problema, a

política científico-tecnológica deveria consistir no apoio à ciência básica, já que a economia de

mercado livre não dá conta desse requisito. A pesquisa científica não é rentável para os

empresários, mas é socialmente necessária porque desencadeia o surgimento de inovações. Por

isso, os estado deve assumir os encargos econômicos da ciência. Os passos seguintes que

conduzem ao crescimento econômico se consideram automáticos devido ao próprio

funcionamento do mercado (modelo linear de inovação12

), tal como apontam teóricos da

economia neoclássica (BUSH, 1945 e LÓPEZ & FERNÁNDEZ, 1993 apud GARCÍA et al,

2000).

Nathan Rosenberg, conhecido estudioso da tecnologia, afirma que todo mundo sabe

que o modelo linear de inovação está morto (ROSENBERG, 1991 apud GARCÍA et al, 2000).

Na atualidade, poucos analistas de políticas de desenvolvimento de C&T acreditam na idéia de

que a transferência de resultados da investigação básica para a investigação aplicada e por sua

vez, à inovação industrial é um modelo concebível.

Uma rápida busca na história poderá auxiliar na identificação da relação entre as

concepções sobre a conexão entre a pesquisa científica e a inovação tecnológica por um lado, e as

estratégias da política científico-tecnológica por outro. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial

três condições distintas das C&T, que culminaram em diferentes modelos de gestão, que segundo

Beatriz Ruivo, podem ser entendidos com três paradigmas (RUIVO, 1994 apud GARCÍA el al,

2000):

i. O paradigma da ciência como motor do progresso: a mudança tecnológica é

concebida de forma linear e como conseqüência do empurrão da ciência. Nessa fase,

o objetivo era a investigação básica, na versão Big Science. No que se refere à

11

Segundo García et al (2000), o modelo de osmose requer a permeabilidade das membranas CTS somente do centro

até a periferia. Este modelo coincide com o caráter unidirecional da familiar ideologia do progresso: mais ciência =

mais tecnologia = mais riqueza = mais bem estar social.

12 Modelo linear de inovação: um aumento do conhecimento científico é condição suficiente para a inovação

industrial e o crescimento econômico.

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gestão, não se percebe a necessidades de instruções específicas, compatibilizando

assim, o financiamento público com a manutenção da autonomia da comunidade

científica.

ii. O paradigma da ciência como solução de problemas: se caracteriza pela ênfase

no caráter aplicado da pesquisa. Assim como o paradigma anterior compartilha a

noção do modelo linear do desenvolvimento tecnológico, contudo, apresentando um

princípio causal distinto: o empurrão da demanda. A política de C&T tem o objetivo

de estabelecer prioridades relacionadas com o crescimento econômico e a

competitividade. A atuação dos poderes públicos centra-se no estabelecimento de

vínculos entre o sistema de P&D e os agentes produtivos.

iii. O paradigma da ciência como recurso estratégico: conceitua a mudança

tecnológica como resultado da um conjunto de processos, produto da interação entre

diferentes atores sociais e institucionais. A política de C&T leva em conta as

necessidades de longo prazo e as demandas sociais em sentido amplo. Os

instrumentos para tal finalidade são instituições mediadoras que possibilitam um

fluxo comunicativo entre os diferentes âmbitos sociais envolvidos nos processos de

desenvolvimento tecnológico.

Conforme sugere García et al (2000), esse modelo histórico sistemático proposto por

Ruivo destaca os principais pontos da política de C&T, porém não podemos pensá-lo de forma

uniforme em diferentes partes do mundo. Cada país, respeitando suas condições internas, de uma

maneira ou outra trilharam caminhos parecidos. Uma forma de interpretar a evolução da política

de C&T e sua relação com os estudos sociais das C&T deve levar em conta, em primeiro lugar,

que durante o século XX houve uma produção significativa, pública e acadêmica, de C&T. A

concepção dessas atividades como sendo neutras e livres de intervenção externa mudou e passou

a levar em conta a dependência do contexto e da capacidade para induzir mudanças sociais,

políticas e culturais. Em um segundo momento, é preciso considerar que as políticas de C&T

passaram por um processo de socialização, tendo o segundo dos paradigmas como o primeiro

passo no sentido de orientar as C&T rumo ao desenvolvimento econômico e o terceiro paradigma

como orientador da C&T rumo a metas sociais econômicas. Isso leva a entender, que como o

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passar do tempo que os empreendimentos científico-tecnológicos foram sendo orientados

socialmente, na busca por um projeto público (GARCÍA et al, 2000).

Todavia, o processo de socialização das políticas de C&T não foi completo nem

tampouco uniforme. Em suma, quando questionamos as idéias da economia neoclássica, o

modelo de osmose e o modelo linear de inovação, a política e a gestão das C&T devem levar em

conta a grande variedade de fatores que se relacionam com a inovação tecnológica e produtiva.

Desde suas origens, os programas STPP têm ocupado da formação de gestores de C&T. As

mudanças também significam mudanças nos STPP e a convergência entre esses programas e os

CTS é possível e necessária: a gestão das C&T se beneficiaria do conhecimento proporcionado

pelas novas orientações sociais no estudo das C&T e estas, poderiam ter um dimensão prática da

forma como realmente deveria ser.

Abordados as diferentes variações dos estudos CTS, apresentaremos no capítulo

seguinte as particularidades dos diferentes pontos atribuídos à tecnologia.

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3. AS FACETAS DA TECNOLOGIA: MITOS E REALIDADES

Já foi dito, e é sabido, que não é difícil reconhecer a importância que a tecnologia

tem hoje em dia, em todos os âmbitos da nossa sociedade. Basta prestar atenção no nosso redor.

E devido a este fato, é surpreendente verificar que o estudo do fenômeno tecnológico não

suscitou o merecido interesse acadêmico ao longo de tantos anos. Talvez isso se dê graças às

diversas formas como a tecnologia vem sendo interpretada ao redor do mundo que gerou um

clima confuso e obscuro ao redor da sua conceituação.

A diversidade das formas como a tecnologia foi e é desenvolvida e estudada ao

longo dos anos que o homem habita e modifica o mundo só nos faz perceber que a tecnologia

estrutura-se em um campo próprio do conhecimento englobando outros aspectos como o cultural

da sociedade onde se desenvolve e o organizacional (GILBERT, 1992; VERASZTO, 2004).

Vargas (2001) afirma que a tecnologia exige por parte dos seus agentes um profundo

conhecimento de como e por quê seus objetivos são alcançados, além de exigir uma reformulação

de estruturas e metas da sociedade onde se instala. Assim, a tecnologia pode ser vista como um

conjunto de atividades humanas associadas a um intrincado sistema de símbolos, máquinas e

instrumentos, sempre visando a construção de obras e artefatos, segundo métodos e processos

oriundos da ciência moderna (VARGAS, 2001).

Contudo, antes de aprofundar essa reflexão, faz-se importante, nesse momento,

realizarmos uma análise crítica de algumas concepções anacrônicas e distintas da tecnologia.

Não se tratam de teorias bem articuladas sobre a natureza da tecnologia, mas sim imagens

populares arraigadas no público de uma maneira geral, presentes com freqüência em divulgações

científicas e propostas implicitamente por grande número de experts. Assim como García et al

(2000), consideramos que estas imagens, com sua pré-suposição da autonomia e neutralidade das

C&T, tem favorecido uma imagem da evolução tecnológica que mantém o dilema, errôneo, da

eficiência interna x interferência externa, dando lugar a uma determinada concepção da avaliação

tecnológica que sustenta, por sua vez, um modelo tecnocrático de ordem política (ILERBAIG &

LUJÁN LÓPEZ, 1990 e LÓPEZ CEREZO, 1993 apud GARCÍA et al, 2000).

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Através do rápido levantamento histórico apresentado nos dois capítulos

precedentes é possível entender um pouco mais a evolução da tecnologia bem como seus estudos

desenvolvidos pela civilização Ocidental. E por constatar tal diversidade de opiniões e estudos é

que optamos por apresentar um capítulo que não tem a pretensão de esgotar o assunto, mas sim a

de estabelecer requisitos que possam auxiliar no sentido de desmistificar, ou simplesmente

entender melhor, alguns mitos tecnológicos. Somente assim é que podermos partir para pretensa

conceituação própria e para a construção do nosso instrumento de pesquisa.

Abaixo, seguem as concepções, cujos referenciais teóricos, em sua grande maioria,

serão apresentados no Quadro 3.1.

3.1. CONCEPÇÃO INTELECTUALISTA DA TECNOLOGIA

Compreende a tecnologia como um conhecimento prático derivado direta e

exclusivamente do desenvolvimento do conhecimento teórico científico através de processos

progressivos e acumulativos, onde teorias cada vez mais amplas substituem as anteriores. É um

modelo hierárquico, onde a tecnologia é subordinada das ciências (referências no Quadro 3.1).

A concepção da tecnologia como ciência aplicada é muito comum no mundo

acadêmico (referências no Quadro 3.1), como podemos ver em duas passagens selecionadas e

abaixo transcritas:

A tecnologia é considerada a aplicação com finalidades práticas do

conhecimento, das leis e dos princípios científicos (RENNIE, 1987 apud

ACEVEDO DÍAZ, 2002b, p. 7).

A principal ocupação do cientista é encontra o modo de fazer as coisas, enquanto

que do engenheiro consiste em fazer-las (BERNAL, 1964 apud ACEVEDO

DÍAZ, 2002b, p. 1).

Nessa perspectiva a tecnologia é um conhecimento prático (pelo menos desde o final

do século XIX) derivado diretamente da ciência, do conhecimento teórico. As teorias, conjuntos

de enunciados que tratam de explicar, usando argumentos causais, o mundo natural, são

objetivas, racionais e livres de qualquer valor externo à própria ciência. O desenvolvimento do

conhecimento científico se concebe como um processo progressivo e acumulativo, articulado

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através de teorias cada vez mais amplas e precisas que vão substituindo as ciências passadas. As

teorias podem, em alguns casos, ser aplicadas para a obtenção de tecnologias, porém, a ciência

pura não tem relação nenhuma, pelo menos a princípio, com a tecnologia. Todas as teorias

antecedem as tecnologias, de forma que não existe tecnologia sem teoria, mas o inverso pode

acontecer: é concebível a existência de teorias sem tecnologias (GARCÍA et al, 2000).

Um dos autores que merece destaque dentro desse enfoque cognitivo ou

intelectualista é Bunge. Suas ideáis influenciaram em pressupostos filosóficos que reduzem a

mesma a um conjunto de regras deduzidas de leis científicas condicionando assim o

desenvolvimento tecnológico à investigação científica (referências no Quadro 3.1).

Como apontado acima, é um modelo hierárquico, onde muitos costumam associar a

tecnologia como uma mera subordinada das ciências, sendo diversas vezes concebida como uma

simples aplicação do conhecimento científico através da atividade prática, com particular

referencia aos diversos procedimentos para a transformação das matérias-primas em produtos de

uso ou de consumo, chegando até mesmo a defini-la como a ciência da aplicação do

conhecimento para fins práticos. Como o "explicar" e o "teorizar" são, até hoje, envoltos em uma

atmosfera mais coerente e estrutural, a Ciência sempre teve o status quo de campo do saber de

“primeira classe” enquanto a tecnologia ficou restrita a um “nicho” de aplicação e de

conseqüência daquela (ACEVEDO, 1998; LAYTON, 1988).

3.2. CONCEPÇÃO UTILITARISTA DA TECNOLOGIA (TECNOLOGIA

COMO SINÔNIMO DE TÉCNICA)

Considera a tecnologia como sendo sinônimo de técnica. Ou seja, o processo envolvido em

sua elaboração em nada se relaciona com a tecnologia, apenas a sua finalidade e utilização são pontos

levados em consideração (ACEVEDO DÍAZ, 2002b). Um ponto de vista extremamente prático e

aplicado da tecnologia (referências no Quadro 3.1).

Bunge (1972 apud OSORIO M, 2002) salienta que a tecnologia deve ser precisa e

eficiente (mais ou menos como a técnica grega) e não deve preocupar-se em constatar teorias,

pois se isso feito seria demasiado pobre por não apresentar pressupostos robustos que a

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sustentem. Dessa forma, os resultados tecnológicos podem ser considerados mais satisfatórios,

quanto maior a eficiência.

Anteriormente, na revisão histórica, já foi feito menção desta concepção. No mais,

vale ressaltar que, segundo um sentindo elementar, se pode considerar a técnica como um

conjunto de conhecimentos (habilidades e competências) eficazes que o homem desenvolveu ao

longo dos tempos para melhorar sua maneira prática de viver. Contudo, graças ao

desenvolvimento da civilização ocidental, chegou o momento que a dimensão puramente prática

sentiu a necessidade de saber os por quês. Assim, a procura por esclarecimentos uniu a parte

prática com a lógica, dando início histórico ao surgimento da tecnologia (AGAZZI, 2002).

Mesmo tendo origens semelhantes, ambas representam conceitos distintos. Contudo, são

entendidas como sinônimos pelo senso comum, criando uma grande confusão (AGAZZI, 2002;

VERASZTO, 2004).

3.3. CONCEPÇÃO DA TECNOLOGIA COMO SINÔNIMO DE CIÊNCIA

Compreende a tecnologia como Ciência Natural e Matemática, com as mesmas

lógicas e mesmas formas de produção e concepção. Essa é outra associação bastante comum

(referências no Quadro 3.1).

3.4. CONCEPÇÃO INSTRUMENTALISTA (ARTEFATUAL) DA

TECNOLOGIA

Considera a tecnologia como sendo simples ferramentas ou artefatos. É o ponto de

vista mais arraigado em nosso cotidiano e predominante no senso comum. É o mito da máquina

que reina como forma de opinião soberana em nossa sociedade (LION, 1997; PACEY, 1983;

ACEVEDO DÍAZ, 2003a, 2003b; OSORIO M., 2002). È concepção predominante no senso

comum e entende a tecnologia como sendo simples ferramentas ou artefatos construídos para

uma diversidade de tarefas. Sustentar essa imagem significa afirmar que não existe uma diferença

essencial entre os utensílios de pedra da antiguidade e os modernos artefatos tecnológicos

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(GARCÍA et al, 2000, p. 130).

Esse ponto de vista gera grandes confusões por acreditar que a produção tecnológica

consiste apenas nos equipamentos gerados a partir da mesma. Isto pode fazer com que se acredite

que basta saber ligar o equipamento, conhecer as siglas que os fabricantes criam e utilizá-lo, para

ser expert em tecnologia (SILVA et al, 1999). Há ainda uma certa aura de poder pelo uso das

inovações tecnológicas, não apenas entre países, mas também entre pessoas comuns: comprar

algum equipamento novo com mais funções e com mais recursos, que talvez não serão usados,

pode satisfazer certos impulsos fetichistas de consumo e de exercício de uma supremacia, frente

aos seus pares (SILVA et al, 2001). É o mito da máquina e a doutrina do progresso eterno que

ainda reinam como opiniões soberanas em nossa sociedade (referências no Quadro 3.1).

3.5. CONCEPÇÃO DE NEUTRALIDADE DA TECNOLOGIA

Afirma que a tecnologia não é boa nem má. Seu uso é que pode ser inadequado, não o

artefato em si. Considera que os efeitos negativos que uma tecnologia possa vir a trazer para o meio não é

culpa dela, mas sim de uma equivocada política social ou de uma falta de sofisticação que poderia ter sido

empregada na melhor construção desses artefatos. Seria o mesmo que dizer que a tecnologia está isenta de

qualquer tipo de interesse particular tanto em sua concepção e desenvolvimento como nos resultados

finais (referências no Quadro 3.1).

A idéia da neutralidade do conhecimento científico tem sua origem nas próprias

condições de seu surgimento como tal, a partir do século XV, como uma oposição ao

conhecimento (ou pensamento) religioso. Para muitos ciência e religião compartilhariam o

mesmo objetivo: a verdade. A diferença seria que a ciência admite só a autoridade da razão e da

experiência. O Iluminismo foi o primeiro movimento importante que, ao mesmo tempo e não por

acaso, questionou o pensamento religioso e potencializou a idéia da neutralidade. O positivismo,

a partir do final século XVIII, e tendo como base o pensamento de Bacon e Descartes, contribuiu

para reforçá-la. A idéia de que a ciência está livre de valores, que hoje desempenha um

importante papel na compreensão e na imagem pública da tecnociência, está presente, segundo

Koyré (1957 apud DAGNINO, 2007), já nos trabalhos de Galileu. Segundo este autor, a visão de

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Galileu, de que a natureza permanece surda e inexorável aos nossos desejos (p. 270), teria

levado a que se passasse a [...] rejeitar através do pensamento científico todas as considerações

baseadas em conceitos valorativos, tais como perfeição, harmonia, significado e desejo, e

finalmente à desvalorização última do ser, o divórcio do mundo dos valores do mundo dos fatos

(KOYRÉ, 1957 apud DAGNINO, 2007).

Os artefatos tecnológicos podem ser usados de forma boa ou má, mas é o seu uso

que pode ser inadequado, não o artefato em si. Assim, as tecnologias podem ter alguns efeitos

prejudiciais, mas isso não é culpa dela e sim de uma equivocada política social ou uma falta de

sofisticação que poderia ter sido empregada na melhor construção desses artefatos. Seria o

mesmo que dizer que a tecnologia está isenta de qualquer tipo de interesse particular, tanto em

sua concepção e desenvolvimento, como nos resultados finais (CARRERA, 2001; GÓMEZ,

2001; OSORIO M., 2002). Estes são argumentos que determinam a rejeição a qualquer tipo de

idéia que venha a defender o determinismo tecnológico, pois aponta que as opções tecnológicas

nunca são únicas e a flexibilidade das mesmas permite múltiplas formas de aplicação e gestão.

Se considerada como independente de qualquer sistema político ou social, a

tecnologia pode ser transferida de um país a outro sem dificuldade alguma. Essa visão

reducionista da tecnologia impede sua análise crítica e ignora as intenções e interesses sociais,

econômicos e políticos daqueles que a idealizam, financiam e controlam. Sabemos que a

tecnologia não é neutra; um artefato aparentemente inócuo pode estar carregado de interesses

políticos (e/ou outros) (WINNER, 1985 apud OSORIO M., 2002). A tecnologia, longe de ser

neutra, reflete os planos, propósitos e valores da nossa sociedade.

S egundo García, fazer tecnologia é fazer política. E levando em conta que a política

é um assunto de interesse geral, é fundamental que a sociedade tenha oportunidade de decidir que

tipo de tecnologia deseja. Desta forma, manter o discurso que a tecnologia é neutra, favorece a

intervenção de experts que decidem o que é correto baseando-se em uma avaliação objetiva e

impedindo a participação democrática em discussões sobre planejamento e inovação tecnológica

(GARCÍA et al, 2000).

Como exemplo, podemos citar três. Langdon Winner (1986) mostra que as pontes

de Long Island, em New York, foram construídas muito baixas, com apenas três metros de altura.

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Robert Moses, arquiteto da cidade, responsável pela idealização das pontes, assim como de

muitos outros parques e estradas nova iorquinas desde 1920, tinha um propósito claro ao projeta-

las assim. Tratava-se de reservar a orla marítima e as praças aos brancos possuidores de

automóveis. Os ônibus que transportavam pobres e negros, com seus quatro metros de altura, não

eram capazes de passar por debaixo dessas pontes e chegar à orla ou às praças (WINNER, 1986

apud GARCÍA et al, 2000). Um edifício também pode refletir intenções políticas, como inúmeros

projeto de edifícios da Espanha franquista: um pequeno número de vias de acesso, apesar de

dificultar o trânsito em um edifício de público massivo, permite também melhor controle policial

em caso de distúrbios (GARCÍA et al, 2000). Outra história que mostra o caráter político da

tecnologia é a distribuição dos espaços escolares e dos hospitais do século XVIII, que seguiam

uma concepção de desenho comum: eram projetados para gerar disciplina com métodos que

permitiam o controle minucioso por diminuir as forças das operações corporais e por ainda para

garantir espaço apropriado para a vigia constante por parte dos professores, dos guardas ou

médicos. (FOUCAULT, 1978 apud OSORIO M., 2002).

Se as tecnologias são neutras, então não se pode atribuir responsabilidades aos

cientistas quando estas são colocadas em prática e se tivesse que existir algum tipo de

responsabilidade, essa deveria recair sobre quem faz uso da produção tecnológica.

Cientistas, engenheiros, políticos, habitualmente defendem a neutralidade da ciência

e se esconde por detrás de sua autoridade para justificar determinadas ações. A ciência pura, com

seus critérios de racionalidade e objetividade, está fora das influências de qualquer juízo de valor,

prejuízos culturais ou interesses políticos, e não se relaciona sob nenhuma hipótese com os

possíveis usos que se possam fazer dela (GARCÍA et al, 2000). Contudo, conforme já vimos, a

ciência pura não passa de um mito.

3.6. CONCEPÇÃO DO DETERMINISMO TECNOLÓGICO:

TECNOLOGIA AUTÔNOMA

Considera a tecnologia como sendo autônoma, auto-evolutiva, seguindo, de forma

natural, sua própria inércia e lógica de evolução, desprovida do controle dos seres humanos. Um

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dos âmbitos onde essa idéia mais teve influência é a ficção científica. Aceita a idéia de que o

progresso tecnológico segue um caminho fixo e, mesmo que os fatores políticos, econômicos ou

sociais possam exercer alguma influencia, não se pode alterar o poderoso domínio que a

tecnologia impõe à sociedade (referências no Quadro 3.1).

A imagem da tecnologia autônoma e fora do controle humano, desenvolvendo-se

segundo lógica própria, aparece associada a uma concepção determinista das relações entre

tecnologia e sociedade, o progresso tecnológico segue um caminho fixo e, mesmo que fatores

políticos, econômicos ou sociais possam exercer alguma influencia, não se pode alterar o

poderoso domínio que a tecnologia impõe às transformações sociais (referências no Quadro 3.1)

Segundo GARCÍA et al (2000) não há como negar que a tecnologia condiciona o

tipo de sociedade que vivemos e pode influenciar na configuração (e reconfiguração) da forma de

vida moderna. Certas tecnologias são mais adequadas a uma forma de vida do que outras, mas

isso não significa que todas as alterações processadas nas nossas formas de vida sejam pré-

determinadas de forma inevitável pelo desenvolvimento tecnológico. Afirmar isso é

descontextualizar a tecnologia e ignorar as redes de interesses sociais decisivos para a escolha de

uma ou outra tecnologia. Sem dúvida, o desenvolvimento tecnológico terá um impacto social,

poderá alterar nossos padrões de vida e convivência chegando a gerar outros totalmente distintos,

mas esse desenvolvimento é sustentado por uma série de interesses e valores externos e não age

por lógica própria (GARCÍA et al, 2000).

No âmbito da filosofia, o tema da autonomia da tecnologia foi analisado por autores

clássicos como Jacques Ellul (1954), Lewis Munford (1934) e Herbert Marcuse (1954) e trata-se

de um tema clássico da tradição americana.

De acordo com García et al (2000) a autonomia da tecnologia só pode ser defendida

de forma trivial, podendo ser entendida através de uma explicação frankensteineiana com a perda

do controle da invenção pelo inventor a partir do momento que disponibiliza ao público.

Contudo, essa falta de controle por parte do criador, não transforma o produto em algo autônomo,

apenas mostra que seu desenvolvimento integra o sistema produtivo e o comércio. Por outro lado,

dizer que a tecnologia é autônoma pelo simples fato de que o inventor não pode prever todas as

conseqüências de ação que sua invenção pode ocasionar também não é justificável. Uma vez que

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determinada tecnologia ganha o domínio público, sua difusão será resultado de uma série de

decisões e compromissos que não dependem de um único fator. Prever todas as conseqüências

que uma determinada tecnologia pode trazer é tão difícil como prever todos os rumos evolutivos

que uma sociedade pode tomar.

Essa tese de autonomia tecnológica impede uma análise crítica do processo

tecnológico, pois libera engenheiros, cientistas e políticos de suas responsabilidades, abrindo

caminho para o irracionalismo romântico ou para a tecnocracia medíocre. Vendo a tecnologia não

somente como resultado, mas também como processo que inclui fatores sociais, psicológicos,

econômicos, políticos, etc., onde os valores e interesses humanos se fazem presentes, a tese da

tecnologia autônoma perde sua base, sendo refutada.

3.7. CONCEPÇÃO DE UNIVERSALIDADE DA TECNOLOGIA

Entende a tecnologia como sendo algo universal; um mesmo produto, serviço ou

artefato poderia surgir em qualquer local e, conseqüentemente, ser útil em qualquer contexto

(GORDILLO & GALBARTE, 2002). Assim, quase como conseqüência das considerações

anteriores – tecnologia como sinônimo de ciência aplicada à produção de objetos materiais – o

caráter universal das leis científicas leva a uma concepção de que a tecnologia não requer uma

contextualização social, nem tampouco devem ser levados em consideração os caracteres

valorativos, tendo em vista que a tecnologia, como sendo fruto do desenvolvimento científico, é

neutra (GORDILLO & GALBARTE, 2002).

Desta forma, podemos dizer que essa concepção aponta que os resultados obtidos do

desenvolvimento tecnológico são válidos independemente do contexto cultural, político, social ou

econômico do local onde foi gerado. Isso dá a idéia que uma mesma tecnologia não tem seu uso

modificado se inserida em outro contexto (GÓMEZ, 2001).

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3.8. OTIMISMO E PESSIMISMO TECNOLÓGICO

Ciência e tecnologia para o progresso e bem estar da humanidade. O homem será

capaz de garantir a sobrevivência da espécie e do planeta não deixando de usufruir dos recursos

naturais desde que o faça de forma sustentável. Aí estão presentes duas pequenas frases que têm

gerado inúmeras controvérsias em nossa sociedade e cujos embasamentos teóricos já apontamos

em capítulo precedente. Contudo, aqui se faz necessário uma rápida retomada para estabelecer as

duas próximas concepções acerca da tecnologia. Concepções conflitantes e divergentes entre os

otimistas e pessimistas tecnológicos.

Atitudes tecno-catastrofistas e tecno-otimistas podem ser interpretadas de forma

dual. Para o tecno-catastrofista, a ameaça que uma tecnologia autônoma apresenta supõe um final

trágico-apocalíptico para o homem, que no final, será completamente subjugado e dominado. A

única alternativa para uma tecnologia fora de controle é destruí-la para que a sociedade volte a

ser mais humanizada. Para os tecno-otimistas, os poderes causais da tecnologia têm um

significado muito diferente pois podem trazer as melhorias possíveis que o meio e o homem

necessitam para seu bem estar e sobrevivência (referências no Quadro 3.1).

Autores como Gilbert (1995) e Iglesia (1997), buscando uma síntese, mostram que

há três grandes visões tendenciosas da tecnologia:

i. Humana: como uma resposta evolutiva às necessidades humanas;

ii. Titânica: considera-se com o intento de subjugar a natureza e,

iii. Satânica: considera-se social e ambientalmente destrutiva.

Uma outra visão, mas que também aponta para a mesma direção da vista acima, é a

citada por Lion (1997), que separa a tecnologia dos apocalípticos e a tecnologia dos integrados.

Os primeiros sustentam uma postura crítica e acreditam que à medida que tecnologia vai

avançando, as máquinas se tornam cada vez mais sofisticadas, com memórias cada vez mais

extensas, e exigindo cada vez mais conhecimentos para utilizá-las, o que acaba culminando em

um desemprego desenfreado. Já os segundos, os integrados, aderem à idéia de que, se o homem

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quer o progresso, deve incorporar a tecnologia em seu dia-a-dia, pois só assim poderá propiciar o

desenvolvimento de possibilidades e estilos de pensamentos jamais colocados em prática pelo

homem (LION, 1997).

Vejamos alguns breves comentários acerca dessas duas considerações.

3.8.1. PESSIMISMO TECNOLÓGICO

Considera a tecnologia com algo nocivo e pernicioso para a sustentabilidade do

planeta, responsável pela degradação do meio e do alargamento das desigualdades sociais.

Segundo o filósofo alemão Martin Heidegger a técnica é um fenômeno tipicamente moderno,

através da qual o homem é capaz de manipular e violentar a natureza e seus semelhantes

(AGAZZI, 2002), responsável por um progresso tecnológico que é a causa de todos os males da

humanidade, por contribuir para alargar as desigualdades sociais, graças ao acúmulo discrepante

de riquezas e poder. Quem defende esse ponto de vista, afirma que a tendência é piorar sempre

(referências no Quadro 3.1).

Mesmo sabendo que Heidegger se referiu à técnica, podemos transpor esse ponto de

vista para a tecnologia. E utilizando essa visão como norte, muitas pessoas hoje acreditam, ou

defendem a tese, de que o progresso tecnológico será responsável pela extinção da vida na Terra

e/ou a destruição do planeta. (referências no Quadro 3.1)

3.8.2. OTIMISMO TECNOLÓGICO

Vê a tecnologia como uma forma de garantir o progresso e o bem estar social. Francis

Bacon proclavama que com a ciência se poderia instaurar o regnum hominis, que consistia em conhecer a

natureza e aplicar esse conhecimento para sua dominação com a finalidade de melhorias da vida humana.

Os tempos mudaram e esse ponto de vista adaptado. Com o surgimento do conceito de sustentabilidade,

hoje muitos defendem que existem mecanismos capazes de assegurar o desenvolvimento sanando

problemas ambientais, sociais e materiais sem degradar o meio e sem ameaçar a sobrevivência do planeta

(referências no Quadro 3.1).

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3.9. SOCIOSISTEMA: UM NOVO CONCEITO DE TECNOLOGIA

Compreende a tecnologia de uma forma alternativa. Um novo conceito que permite

relacionar a demanda social, a produção tecnológica com a política e economia. Uma forma de

entender o processo de produção tecnológico como um amálgama processos e produtos sociais. O

desenvolvimento de uma tecnologia constitui um processo aberto cujo curso é determinado pela

interação dos diferentes grupos sociais relevantes (dadas as limitações interpretativas impostas

pelas características do artefato em questão e seu meio cultura e econômico de seleção). Em cada

momento de desenvolvimento de um artefato tecnológico, especialmente quando este se

consolida como produto, existe uma carga política concreta (referências no Quadro 3.1).

A renovação conceitual da CTS e as novas perspectivas incorporadas no conjunto

dos estudos sociais da tecnologia refletem mudanças na definição do próprio conceito de

tecnologia.

Como já vimos, o elemento básico da concepção de tradicional de tecnologia era seu

caráter instrumental. Dessa forma a tecnologia era concebida como o resultado da ciência

aplicada e não era estranho acabar identificando-a com artefatos. Nos dias atuais, dentro dos

domínios acadêmicos, existe uma ênfase muito grande em se priorizar o processo que conduz a

geração de resultados e ao desenvolvimento tecnológico. Assim, segundo Pacey (1983) pode-se

falar de duas definições de tecnologia. A primeira, que faz referencia ao aspecto técnico

(conhecimentos, habilidades e técnicas, ferramentas, máquinas e recursos), incluiria as

concepções intelectualista e instrumentalista, enquanto que a segunda incopora, além das

características já mencionadas, os aspectos organizacionais (atividade econômica e industrial,

atividade profissional, usuários e consumidores) e os aspectos culturais (objetivos, valores e

códigos éticos, códigos de comportamento). As mudanças técnicas podem produzir ajustes nos

aspectos culturais e organizacionais, do mesmo modo que as inovações na organização podem

conduzir a mudanças técnicas e culturais. O fenômeno tecnológico pode ser estudado, analisado,

avaliado e administrado em conjunto, ou seja, como uma prática social, tornando explícitos os

valores culturais a ele subjacente. De acordo com as concepções convencionais de tecnologia, as

soluções aos problemas demandados pela sociedade são exclusivamente técnicos. Pacey (1983),

de forma oposta, considera que muitas vezes as soluções que mais se assemelham com os

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desejos e esperanças dos cidadãos dependem de alterações na esfera organizacional.

Outros autores, enfatizando os aspectos sociais sobre os técnicos, têm caracterizado

a tecnologia como forma de organização social (WYNNE, 1983 e SCHIENSTOCK, 1994 apud

GARCÍA et al, 2000). É interessante observar como este tipo de concepção explica a questão da

participação pública. Frente à tradicional imagem instrumentalista da tecnologia (que engloba

agentes e processos sociais), defende-se nestas concepções uma nova imagem de tecnologia

como um complexo interativo de formas de organização social que implica características de

produção e uso de artefatos, assim como a gestão de recursos. Dessa forma, a lógica interna dos

artefatos é substituída, como fator primário relevante da tecnologia, pelo modo que envolve a

interação de diferentes agentes e processos sociais. Assim, priorizam-se os aspectos

organizacionais e culturais sobre os aspectos técnicos (PACEY, 1983).

Uma visão limitada da tecnologia, reduzida a suas características técnicas, tende a

excluir os possíveis usuários da gestão dos processos de P&D e assim, torna-se uma visão

ineficiente, pois é produz a inviabilidade social da tecnologia. Da mesma forma, a exclusão das

pessoas eventualmente afetadas também resulta na ineficiência, pois prepara o terreno para a

resistência social. Assim, a ciência, não somente não é um obstáculo para o desenvolvimento

tecnológico, senão constitui-se como uma necessidade vital para a sua viabilidade, uma vez que

leva-se em conta que o componente social é crucial para qualquer forma de tecnologia

(WYNNER, 2008). Apresentar como opostos “participação externa” e “eficiência interna”, ao

falar de tecnologia, consiste em tecer uma afirmação errônea, pois não consiste em um ponto de

vista bom para a ciência nem tampouco para a democracia. Assim, é interessante desenvolver

uma nova concepção de tecnologia como forma de organização social que envolve diferentes

segmentos sociais, além de opinião especializada e, com freqüência, o uso da produção de

artefatos e a gestão de recursos (GARCÍA et al, 2000).

Essa imagem alternativa da tecnologia permite dar conta da flexibilidade

interpretativa das tecnologias (como processos sociais) e da carga política das tecnologias (como

produtos sociais). O desenvolvimento de uma tecnologia constitui um processo aberto cujo curso

é determinado pela interação dos diferentes grupos sociais relevantes (dadas as limitações

interpretativas impostas pelas características do artefato em questão e seu meio cultura e

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econômico de seleção). Em cada momento de desenvolvimento de um artefato tecnológico,

especialmente quando este se consolida como produto, existe uma carga política concreta. Assim,

Woolgar com relação ao processo não só é incompatível com a carga política do produto

tecnológico, apontada por Winner, como pode-se dizer que ambas se completam mutuamente

(GARCÍA et al, 2000).

As tecnologias, como formas de organização social, que envolvem o uso de artefatos

ou certos modos de gestão de recursos se integram ao meio estabelecendo vínculos de

interdependência funcional com outras tecnologias e diversos tipos de parâmetros sócio-

econômicos e culturais. A tecnologia, portanto, não é autônoma por dois motivos: por um lado

não se desenvolve com autonomia em relação a forças e fatores sociais e, por outro, não é

segregável do sistema que faz parte e sobre o qual atua. A tecnologia, portanto, pertence a um

meio, atua sobre ele, o molda e sofre influências do mesmo. Dessa forma, da mesma forma como

a introdução de novas espécies dentro de um ecossistema, a transferência descomedida de

tecnologias pode resultar no aparecimento de mais impactos negativos para a sociedade (com

perturbações indesejáveis nas áreas sociais e econômicas) do que desejáveis. Contudo, de forma

distinta dos ecossistemas, uma tecnologia desenvolvida em determinado meio, poderia vir a

desestabiliza-lo.

Em se tratando da tecnologia, a elite de experts determinar a ideologia

tecnocientificista para resolver problemas e satisfazer a necessidade coletiva que compõe

determinado sociosistema13

. Mitos sobre a autonomia, a universalidade e o determinismo

tecnológico fazem o resto do trabalho. Assim, a desestabilização se dá com a introdução de

qualuer novo elemento que não leve em consideração o equilíbrio prévio, ou seja, no momento

em que se buscam soluções reducionistas para dados tipos de problemas, sem considerar as

instabilidades que se podem produzir. Desta forma, uma tecnologia que surgiu em um

determinado sociosistema pode desestabilizá-lo, pois estes nem sempre dispõem de mecanismos

efetivos de controle de oscilações. Um exemplo seria a a capacidade de potencializar as

13

Sociosistema é um conceito estabelecido por GARCÍA et al (2000), que faz analogia com o ecossistema. Nesse

conceito, os autores apresentam a idéia de que uma nova tecnologia pode não só desestabilizar meios nas quais ela

não foi gerada (após transferência tecnológica), como, ao contrário do que ocorre no meio ambiente, pode também

desestabilizar o próprio meio onde foi gerada, se não for levado em conta os fatores de equilíbrio sócio-econômicos

existentes antes da introdução da inovação.

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tecnologias concretas que vem contribuindo de forma positiva para determinado setor produtivo

mas que ao mesmo tempo podem trazer graves efeitos sobre outros setores do ambiente

(GARCÍA et al, 2000).

Essa visão é útil para uma compreensão da tecnologia, pois permite enfatizar seus

aspectos organizacionais, descrevendo criticamente processos como de transferência tecnológica

e entrincheiramento tecnológico. Se estabelecermos paralelismos, como propõem García et al

(2000), entre o ecossistema e o sociosistema, poder-se-ia tratar de forma unificada a gestão da

inovação tecnológica e a intervenção ambiental e suas respectivas políticas públicas.

3.10. CLASSIFICAÇÃO E CATEGORIZAÇÃO DAS CONCEPÇÕES

ACERCA DA TECNOLOGIA.

Para a estruturar as dimensões do instrumento de pesquisa que será feito no capítulo

6, partindo de todo o referencial teórico abordado até agora, onde diferentes formas de se

compreender a tecnologia foram apresentados, também foi feita uma análise do VOSTS

(AIKENHEAD & RYAN, 1992), do COCTS (VÁZQUEZ-ALONSO et al, 2006a), dos livros O

que se pensa sobre a ciencia (CANAVARRO, 2000) e Percepção Pública da Ciência (VOGT &

POLINO, 2003) além de pesquisa desenvolvida por Silva e Barros Filho (2001), da breve análise

de concepções de professores do ensino fundamental sobre tecnologia (VERASZTO, 2004), e

também de trabalhos sobre concepções acerca da tecnologia e da participação social no processo

de construção do conhecimento tecnológico (TEWDMAN & KEEVES, 2001; MIRANDA et al,

2005a, 2005b, 2005c, 2006; VERASZTO et al, 2004a, 2004b, 2005d, 2005e, 2007b, 2007f;

VAZQUEZ-ALONSO, 2007).

De forma a sintetizar as concepções apresentadas anteriormente, e como forma de

orientear na construção do questionário, é apresentado o Quadro 3.1 com a interpretação

resumida de cada concepção, juntamente com as respectivas referências.

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CONCEPÇÃO DE

TECNOLOGIA FORMA DE COMPREENSÃO REFERÊNCIAS

INTELECTUALISTA

Compreende a tecnologia como um

conhecimento prático derivado diretamente

do desenvolvimento do conhecimento

científico através de processos progressivos

e acumulativos.

LAYTON, 1988; ACEVEDO, 1998; GARCÍA et

al, 2000; ACEVEDO DÍAZ, 2002a, 2002b;

(BERNAL, 1964; RENNIE, 1987 apud ACEVEDO

DÍAZ, 2002b; (STAUDENMAIER, 1985;

NIINILUOTO, 1997) apud OSORIO M., 2002.

UTILITARISTA

Considera a tecnologia como sendo

sinônimo de técnica. Ou seja, o processo

envolvido em sua elaboração não tem

relação com a tecnologia, apenas a sua

finalidade e utilização.

BUNGE, 1972 e 1986 apud OSORIO M, 2002;

(RENNIE, 1987; MITCHAM, 1989;

SANMARTÍN, 1987, 1990) apud ACEVEDO

DÍAZ, 2002b; AGAZZI, 2002; VERASZTO, 2004.

TECNOLOGIA COMO

SINÔNIMO DE

CIÊNCIA

Encara a tecnologia como sendo Ciência

Natural e Matemática, com as mesmas

lógicas e mesmas formas de produção e

concepção

SANCHO, 1998; JARVIS & RENNIE, 1998;

SILVA e BARROS FILHO, 2001; VALDÉS et al,

2002; HILST, 1994; GORDILLO, 2001;

ACEVEDO DÍAZ, 2002, 2003c, 2003d,

(CASALDERREY, 1986, 1987, 1989; GILBERT,

1992) apud ACEVEDO DÍAZ, 2002.

INSTRUMENTALISTA

(OU ARTEFATUAL)

Considera a tecnologia como sendo simples

ferramentas, artefatos ou produtos,

geralmente sofisticados.

SILVA et al, 1999; GARCÍA et al, 2000; SILVA et

al, 2001; (ELLUL, 1960; QUINTANILLA, 2001)

apud OSORIO M., 2002; LION, 1997; PACEY,

1983;

ACEVEDO DÍAZ, 2003a, 2003b; OSORIO M.,

2002; VERASZTO, 2004.

NEUTRALIDADE

TECNOLÓGICA

Compreende que a tecnologia não é boa

nem má. Seu uso é que pode ser

inadequado, não o artefato em si.

FOUCAULT, 1978 apud OSORIO M., 2002;

WINNER, 1985 e 1986 apud OSORIO M., 2002;

GARCÍA et al, 2000; CARRERA, 2001;

GÓMEZ, 2001; OSORIO M., 2002; DAGNINO,

2007.

DETERMINISMO

TECNOLÓGICO

(TECNOLOGIA

AUTÔNOMA)

Considera a tecnologia como sendo

autônoma, auto-evolutiva, seguindo

naturalmente sua própria inércia e lógica de

evolução, desprovida do controle dos seres

humanos.

(MUMFORD, 1952; GONZÁLEZ et al., 1996)

apud OSORIO M., 2002; (ELLUL, 1954;

TOFFLER 1980; SMITH & MARX, 1994) apud

GARCÍA et al, 2000; CARRERA, 2001;

GÓMEZ, 2001; DAGNINO, 2007.

UNIVERSALIDADE DA

TECNOLOGIA

Entende a tecnologia como sendo algo

universal; um mesmo produto, serviço ou

artefato poderia surgir em qualquer local e ,

consequentemente, ser útil em qualquer

contexto

GÓMEZ, 2001; GORDILLO & GALBARTE,

2002.

PESSIMISMO

TECNOLÓGICO

Considera a tecnologia com algo nocivo e

pernicioso para a sustentabilidade do

planeta, responsável pela degradação do

meio e do alargamento das desigualdades

sociais.

MEADOWS, 1972; BARRET & MORSE, 1977;

ZARTH et al, 1998 apud COLOMBO & BAZZO,

2002; CARRANZA, 2001; HEIDEGGER apud

AGAZZI, 2002; CORAZZA, 2005; CARSON,

apud CORAZZA, 1996, 2004, 2005.

OTIMISMO

TECNOLÓGICO

Compreende a tecnologia como portadora

de mecanismos capazes de assegurar o

desenvolvimento sustentável e sanar

problemas ambientais, sociais e materiais.

HERRERA, 1994; WCEAD, 1987; FORAY &

GRÜBLER, 1996; FREEMAN, 1996;

CARRANZA, 2001; AGAZZI, 2002; ANDRADE,

2004; BIN, 2004; MIRANDA et al 2006b, 2007a,

2007b; VERASZTO et al 2007a, 2007d, 2007e.

SOCIOSISTEMA

Considera que a tecnologia é determinada

pela interação de diferentes grupos através

de relações sociais, políticas, econômicas,

ambientais, culturais, entre outras.

PACEY, 1983; ECHEVERRIA, 1998; SANCHO,

1998; SILVA et al, 2000; BOSCH, 2002;

(HUGHES, 1983; WYNNE, 1983;

QUINTANILLA, 1988, 2001; SUTZ, 1998) apud

OSORIO M, 2002; WYNNE, 1983 e

SCHIENSTOCK, 1994 apud GARCÍA et al, 2000;

GRINSPUN, 2001; ACEVEDO DÍAZ, 2002b;

OSORIO M., 2002; BARROS FILHO et al, 2003;

SIMON et al, 2003; VERASZTO, 2003a, 2003b,

2003c, 2003d, 2004, 2005c.

Quadro 3.1: Resumo referenciado das diferentes concepções acerca da tecnologia. Fonte: elaborado pelo autor.

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69

3.11. AFINAL, O QUE É TECNOLOGIA?

Diante da diversidade de opiniões, uma definição nesse momento seria demasiada

pretensão. O que se busca é apenas mostrar o norte que está sendo seguido dentre ricas e variadas

possibilidades para orientar todo o desenvolvimento do trabalho de pesquisa. Isso é de

fundamental importância para a síntese de idéias e a posterior criação do instrumento de pesquisa,

bem como para conduzir a linha de raciocínio a ser seguida em análises e interpretações futuras.

E ainda, tendo em vista que em nossa sociedade é comum a confusão quando se fala

em tecnologia e sabendo que diversas associações contraditórias são estabelecidas, fica evidente a

necessidade de se tentar buscar uma definição já que o objetivo final é educacional. Em virtude

do não conhecimento do tema ou pelo simples fato que crenças ou formas teóricas distintas de

análises e estudos, a confusão permeia toda a sociedade não se fazendo presente somente no

discurso do senso comum.

Em documentos atuais oficiais, como é o caso dos Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCNs), criados para inspirar a prática das escolas de educação infantil e fundamental,

podemos constatar a tendência de introduzir conceitos e proposições ligados à tecnologia sem

deixar claro o que realmente o conceito significa. Isso foi constatado por Veraszto (2004) nos

PCNs destinados ao Ensino Fundamental. Ainda no âmbito dos documentos, temos o Plano

Nacional de Graduação (BRASIL, 1999), que busca basilar os cursos de graduação no território

nacional, que apresentam a necessidade de uma atenção à formação de novos profissionais frente

ao processo tecnológico, no sentido de capacitá-los para acompanhá-los a não ser apenas um

“pião no tabuleiro social”. Neste documento, em doze páginas, usa-se por dezessete vezes a

palavra tecnologia. Algumas vezes com sentidos equivocados ou incompletos, quando, por

exemplo, fala de educação à distância:

Implantar o acesso a modernas tecnologias criando programas que estimulem o

uso de vídeo-conferências e outras tecnologias, como um passo fundamental no

desenvolvimento do necessário conhecimento do processo pedagógico, essencial

para implantação de centros de ensino a distância (BRASIL, 2001).

Na citação acima fica nítida a confusão existente entre o artefato tecnológico e a

tecnologia. Uma concepção comum, conforme mostramos anteriormente. Aqui existe a idéia de

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que, possuir ou simplesmente fazer uso de um novo equipamento, seja suficiente para fazer os

novos profissionais apoderarem-se do conhecimento que permite o desenvolvimento de novas

soluções. Por exemplo, se alguém procurasse um fabricante de veículos automotivos e propusesse

a compra de tecnologia de um automóvel popular, com toda a certeza não sairia dirigindo um

carro! E muito menos gastaria pouco mais de uma dezena de milhares de reais! Esta confusão,

presente no discurso de muitos, sobretudo na mídia jornalística, tem gerado um distanciamento de

uma discussão mais crítica (SILVA et al, 2000; SILVA & BARROS FILHO, 2001).

Ao invés de tentar obter representações fragmentadas devemos considerar a

tecnologia como um corpo sólido de conhecimentos que vai muito além de servir como uma

simples aplicação de conceitos e teorias científicas, ou do manejo e reconhecimento de modernos

artefatos. Precisamos deixar bem claro que o conhecimento tecnológico tem uma estrutura

bastante ampla e, apesar de formal, a tecnologia não é uma disciplina como qualquer outra que

conhecemos, nem tampouco pode ser estruturada da mesma forma. Como afirma Herschbach

(1995), o conhecimento tecnológico não é algo que pode ser facilmente compilado e categorizado

da mesma forma como o conhecimento científico. A tecnologia poderia ser apresentada como

uma disciplina, mas sabemos que é mais bem qualificada como uma forma de conhecimento, e

por isso adquire formas e elementos específicos da atividade humana. Dessa forma podemos

dizer que o caráter da tecnologia pode ser definido pelo seu uso.

Retomando a revisão já abordada em capítulo anterior, vimos que a tradição

americana buscou identificar e avaliar os efeitos sociais das tecnologias enquanto que a tradição

européia procurou estabelecer os estudos do caráter dos processos de mudanças científicas.

Ambas as tendências tinham ferramentas potenciais práticas que poderiam utilizar de forma

adequada, somente através da soma de esforços. A tradição americana denunciava os impactos da

tecnologia, mas não sabia explicar como poderiam ser evitados com a construção adequada dos

complexos científicos tecnológicos. A tradição européia, por sua vez, oferecia “reconstruções

sociológicas”, mas não sabiam avaliar e sugerir mudanças. A convergência de ambas as tradições

ao processo de desenvolvimento tecnológico, assim como a novas concepções de tecnologia que

levavam em conta as características de organização social, foram passos cruciais para que crítica

social promovida pela tradição americana pudesse ter conseqüências práticas na reorientação,

planejamento e avaliação dos paradigmas científico-tecnológicos.

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Reflexões simples mostram a complementariedade da duas tradições assim como as

importantes conseqüências derivadas da mesma. Se as C&T se constituem como um podruto

social (segundo a tradição européia), de díficil análise como a ciência pura ou a técnica teorizada

e, se os complexos científicos tecnológicos implicam conseqüências sociais (segundo a tradição

norte americana), então deveríamos promover a avaliação e o controle social do desenvolvimento

científico tecnológico como um compromisso democrático básico.

A terceira tradição que mostramos anteriormente, nascida dos programas STPP

(Science, Technology and Public Policy) desempenha também um importante papel no processo

de convergência e na sua aplicação prática. Os programas STPP, que tinham interesse inicial na

formação de especialistas em economia e política científico-tecnológica com enfoques bem mais

tecnocráticos, viram suas propostas básicas sendo questionadas no que diz respeito às relações

entre tecnologia e economia graças ao surgimento de orientações evolucionistas. O

evolucionismo na economia da mudança tecnológica, mantém importantes pontos comuns com o

construtivismo da sociologia: ambos os enfoques descritivos consideram os fatores sociais

(aspectos econômicos, políticos, curriculares) como elementos decisivos no surgimento,

desenvolvimento e consolidação das tecnologias. Traz a morte do modelo linear de inovação e, a

complementariedade de ambas orientações influenciando na formulação e gestão de políticas

científico-tecnológicas.

O desenvolvimento convergente dos enfoques descritivos e valorativos

proporcionados pelas três tradiçôes conduzem, portanto, a uma nova forma de entender a

formulação de políticas de C&T. Recentemente, autores das diferentes tradições começaram a

reconhecer os resultados obtidos por outras tendências integrando-os aos seus discursos. Dessa

convergência nasceram novas orientações e perspectivas que tem contribuido para enriquecer os

estudos sociais das C&T, assim como suas implicações sociais e políticas. Assim, os estudos

sociais das C&T não se reduzem, então, a um mero exercício acadêmico ou a uma nova moda,

mas sim apresenta um interesse prático de criação e implementação de mecanismos democráticos

de participação pública em política de C&T e ambiental que se correspondam de maneira

adequada com o caráter social e político que existe na objetividade, neutralidade e linearidade das

C&T.

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A avaliação de tecnologias e a ação política constituem, portanto, o espaço onde as

tradições podem convergir. É sabido que que muitos obstáculos derivados de certas concepções

limitadoras ou interesses particulares precisam ser superados, mas neste trabalho o que existe é o

interesse de mostrar como diferentes teorias podem auxiliar na construção de um modelo de

avaliação de concepções e na busca por relações de causa e efeito entre essas concepções e as

esperanças depositadas no futuro que de uma forma ou de outra depende das C&T.

Nesse sentido a tecnologia se distingue da ciência também nos seus modos de

avaliação (LACERDA NETO, 2002). O valor da pesquisa e da atividade tecnológica é o da

utilidade e eficácia dos inventos e da eficiência no processo de produção (RODRIGUES, 2001).

Portanto, não é também uma simples invenção. Enquanto um inventor trabalha no mundo de suas

idéias como um artista, o profissional de tecnologia trabalha geralmente em equipe com objetivos

determinados (HILST, 1994; MITCHAN apud RODRIGUES, 2001).

Temos que reconhecer que, atualmente, a tecnologia utiliza métodos sistemáticos de

investigação semelhantes aos da ciência, porém não se limita a tomar emprestadas as idéias para

dar resposta a determinadas necessidades humanas, vai, além disso, combinando teoria com

produção e eficácia, um saber fazer eficiente. Os conceitos das ciências são utilizados na

tecnologia, porém, depois que já se tenha reduzido o nível de abstração de conceitos individuais

(ACEVEDO DÍAZ, 1998). Os conceitos das distintas áreas da ciência se combinam entre si para

cobrir as necessidades dos problemas que solucionam a tecnologia, e redefinem os conceitos

individuais para tratar os contextos da mesma (LAYTON, 1988). Não obstante, da mesma

maneira em que a tecnologia utiliza elementos das ciências, as ciências também se beneficiam

das concepções e criações tecnológicas (VERASZTO, 2005c).

Temos ainda que considerar que a tecnologia é concebida em função de novas

demandas e exigências sociais e acaba modificando todo um conjunto de costumes e valores e

por fim, agrega-se à cultura. E, apesar de fazer parte dos artefatos e dos produtos que nos cercam,

a tecnologia é o conhecimento que está por trás desse artefato, não apenas o resultado e o

produto, mas a concepção e a criação (GRINSPUN, 2001; SILVA et al, 2000; BOSCH, 2002). E

isso envolve muito mais elementos sócio-culturais do que se possa imaginar. Uma forma de ver

isso é nos remetermos a colocações precedentes, onde foi citado que algo que diferencia

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substancialmente a espécie humana do restante dos seres vivos é a sua capacidade para criar

esquemas de ação sistemáticos e representacionais, aperfeiçoá-los, ensiná-los, aprendê-los e

transferi-los para grupos distantes no espaço e no tempo, com o objetivo de avaliar os fatores prós

e os contra, para assim poder tomar decisões de conveniência que irão apontar qual direção se

deve seguir. E isso não se aplica somente à capacidade de desenvolver utensílios, aparelhos,

ferramentas, etc, mas também a capacidade de desenvolver as tecnologias simbólicas (ou

tecnologias da inteligência segundo Lévy, 1993) como a linguagem, a escrita e os mais diferentes

sistemas de representação e de pensamento; tudo isso fazendo parte da potencialidade criadora e

intelectual do homem. Neste sentido podemos dizer que a tecnologia é uma produção

basicamente humana (SANCHO, 1998; BOSCH, 2002).

Não se deve reduzir a tecnologia a nenhuma visão limitante visto que a mesma não é

um ator autônomo, separado da sociedade e da cultura, que seriam apenas entidades passivas

sendo afetadas por uma agente exterior. Muito pelo contrário. Tanto as técnicas como as

tecnologias abrangem de maneira indissolúvel, interações entre pessoas vivas e pensantes, entre

entidades materiais e artificiais e, ainda, entre idéias e representações (LÉVY, 1999). Cada

sociedade cria, recria, pensa, repensa, deseja e age sobre o mundo através da tecnologia e de

outros sistemas simbólicos. A tecnologia é impensável sem admitir a relação entre o homem e a

sociedade (LION, 1997). O desenvolvimento de novas tecnologias,sejam elas produtos, artefatos

ou sistemas de informação e comunicação, constitui um dos fatores-chave para compreender e

explicar todas as transformações que se processam em nossa sociedade (LIGUORI, 1997). E,

desta maneira, podemos dizer que a tecnologia está intrinsecamente associada aos valores

humanos (LAYTON, 1988; SIMON et al, 2003, BARROS FILHO et al, 2003).

Em sua totalidade, a tecnologia abrange não somente os produtos artificiais

fabricados pela humanidade, assim como os processos de produção, envolvendo máquinas e

recursos necessários em um sistema sócio-técnico de fabricação. Além disso, engloba também as

metodologias, as competências, as capacidades e os conhecimentos necessários para realizar

tarefas produtivas, além é claro, do próprio uso dos produtos colocados dentro do contexto sócio-

cultural (ACEVEDO DÍAZ, 1996a, 1996b). Sendo assim, não podemos dizer que a tecnologia

determina a sociedade ou a cultura dos homens. As verdadeiras relações, portanto, não são

criadas entre a tecnologia (que seria da ordem da causa) e a cultura (que sofreria os efeitos), mas

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sim entre um grande número de atores humanos que inventam, produzem, utilizam e interpretam

de diferentes formas as técnicas, tecnologias e também, de ciência. A técnica produzida pelas

ciências transforma a sociedade, mas também, retroativamente, a sociedade tecnologizada

transforma a própria ciência (MORIN, 1996, p. 16). A tecnologia emerge do meio em que está

inserida, carregando consigo projetos, esquemas imaginários, implicações sociais e culturais

bastante variados, fazendo parte inerente da vida do ser humano. A tecnologia, uma vez colocada

à disposição da sociedade ou do mercado, passa a ter seu valor determinado pela forma como vai

ser adquirida e usada, e quem define esse valor (de bem ou de consumo) é a própria sociedade em

desenvolvimento. (MORIN, 1996; LÉVY, 1999; GRINSPUN, 2001; COLOMBO & BAZZO,

2002). Sendo o desenvolvimento um elemento dentro de uma cultura, a tecnologia se torna

produto da sociedade que a cria. Daí o fato de que, ao ser importada, ela pode levar a uma

dominação cultural, pois trás consigo valores de avaliação e eficiência criados em outra

sociedade (CUSTER apud LACERDA NETO, 2002).

Na medida em que muda padrões, a tecnologia também cria novas rotas de

desenvolvimento. Portanto, trabalhar com tecnologia é trabalhar com algo dinâmico. O que hoje é

ponta, amanhã é obsoleto, exigindo novos procedimentos, conceitos e atitudes para inovar. A

tecnologia faz parte do acervo cultural de um povo, por isso existe na forma de conhecimento

acumulado, e por essa mesma razão está em contínua produção. É devido à dinâmica das culturas

que estas se nutrem das contribuições permanentes da comunidade social em espaço, tempo e

condições econômicas, políticas e sociais (LION, 1997; LACERDA NETO, 2002). A tecnologia

em si constitui-se, portanto, como uma forma de conhecimento e todas as tecnologias são

produtos de todas as formas de conhecimento humano produzidas ao longo da história

(VERASZTO et al, 2003a, 2003b, 2003c, 2003d, 2004, 2005c).

Colocadas as diferentes idéias e concepções que se tem acerca da tecnologia ao

redor do mundo, nesta ordem de idéias e não como ponto final senão como ponto de partida na

posterior abordagem do tema educativo, neste trabalho assumimos também a idéia defendida por

Acevedo (1998) em seu artigo, onde este coloca que tecnologia como o conjunto de saberes

inerentes ao desenvolvimento e concepção dos instrumentos (artefatos, sistemas, processos e

ambientes) criados pelo homem através da história para satisfazer suas necessidades e

requerimentos pessoais e coletivos.

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O conhecimento tecnológico é o conhecimento de como fazer, saber fazer e

improvisar soluções, e não apenas um conhecimento generalizado embasado cientificamente.

Para a tecnologia é preciso conhecer aquilo que é necessário para solucionar problemas práticos

(saber fazer para quê), e assim, desenvolver artefatos que serão usados, mas sem deixar de lado

todo o aspecto sócio-cultural em que o problema está inserido (LAYTON, 1988).

Diante de tudo o que abordamos até aqui, podemos concluir este capítulo dizendo

que a tecnologia tem tanto seu aspecto cultural, que inclui metas, valores e códigos éticos,

acredita no progresso e na criatividade humana, assim como possui um aspecto organizacional,

que abrange a economia e as atividades industriais, profissionais, além dos usuários e dos

consumidores (PACEY, 1983 apud LAYTON, 1988). A tecnologia não é uma mercadoria que se

compra e se vende, é um saber que se adquire pela educação teórica e prática, e, principalmente,

pela pesquisa tecnológica (VARGAS, 2001; VERASZTO, 2005c).

Em resumo, este breve panorama sobre as concepções da tecnologia permite

evidenciar alguns pontos recorrentes e talvez imprescindíveis em uma concepção ampla de

tecnologia. Homem, cultura, saberes e necessidades, trabalho e instrumentos, se encontram de

alguma maneira mencionados na concepção da tecnologia, onde a invenção é um fator chave e a

criatividade corresponde a uma atividade tanto individual com social (ACEVEDO, 1998).

Seria plausível afirmar, em um sentido mais amplo, que existem tantas tecnologias

específicas quantos são os tipos de problemas a serem resolvidos, ou mais, se considerarmos que

cada problema apresenta mais de uma solução possível. Como ressalta Grinspun (2001),

poderíamos dizer que a tecnologia abrange um conjunto organizado e sistematizado de diferentes

conhecimentos, científicos, empíricos e intuitivos. Sendo assim, possibilita a reconstrução

constante do espaço das relações humanas (ECHEVERRIA, 1998).

As considerações desse tópico podem ser resumidas apontando que uma ou outra

concepção que existe a respeito da tecnologia é aquela que prioriza o desenvolvimento

tecnológico como sendo fruto interdisciplinar, pois o processo de criação e desenvolvimento da

tecnologia deve ser encarado de maneira sistêmica (ACEVEDO DÍAZ, 2002b; VERASZTO,

2004). Segundo Osorio M. (2002), autores como Hughes (1983), Wynne (1983), Quintanilla

(1988, 2001), Pacey (1983) e Sutz (1998) são refências que seguem essa linha de pensamento.

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4. OS DESAFIOS DA TECNOLOGIA NO CENÁRIO MUNDIAL

CONTEMPORÂNEO

Nesse capítulo a atenção será centrada em dois focos: um geral, abordando diversas

áreas de atuação da tecnologia e outra mais específica, relacionada com a questão ambiental. Essa

última justificada não somente pelo fato de que o as implicações ambientais do desenvolvimento

tecnológico tem sido muito discutidas em nossa atual sociedade, mas também, e principalmente,

pelo fato de que essas mesmas implicações devem ser encaradas de forma séria e colaborativa. A

garantia da sustentabilidade é dever de todos e descobrir como as pessoas pensam a respeito do

assunto, como agem e o que esperam, é fator crucial para o desenvolvimento de novas políticas

públicas de gestão tecnológica, gestão ambiental, gestão educacional e curricular.

A partir do momento que se pretende verificar quais as expectativas em relação aos

desafios que a tecnologia enfrentará nesse novo milênio, priorizando a questão ambiental, faz-se

necessário comentarmos um pouco mais a respeito dessas questões.

4.1. CARACTERIZANDO OS DESAFIOS DA TECNOLOGIA

Muitas vezes o discurso da busca pelo melhor desenvolvimento sócio-econômico e a

procura pelo bem estar da sociedade é deixado de lado e a tecnologia passa então a ser empregada

em detrimento de desejos particulares, seja do estado ou daqueles que dominam o poder. Essa

descaracterização do processo de produção científico-tecnológico acabou por desencadear um

mal estar social e uma reação por parte de diversos setores sociais ao longo da nossa história.

Como foi apontado anteriormente uma visão pessimista tomou conta de vários

setores sociais logo após a Segunda Grande Guerra Mundial. Crises econômicas, crises políticas

surgidas pelos efeitos colaterais da bomba nuclear e dos bactericidas lançados no Vietnam,

abalaram o mundo. Tendo o Clube de Roma14

como um representante importante, os

14

Organização internacional que busca agir como um catalisador de mudanças globais, analisando problemas-chave

da humanidade.

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78

ambientalistas das décadas de 1960 e 1970 detinham o discurso de que o crescimento mundial

estava limitado devido ao acelerado aumento populacional, à deficiência da produção agrícola

(agravante para a fome), a exaustão dos recursos naturais, à destruição do meio ambiente e ao

aumento da produção industrial mundial. Meadows (1972) aponta que esta visão teve uma

notável adesão no período pós-guerra, com questionamentos acerca dos efeitos colaterais do

desenvolvimento tecnológico na sociedade e na economia. Os perigos trazidos pelo avanço

nuclear e pela degradação ambiental generalizada foram fatores chaves para uma retomada do

paradigma malthusiano, cuja idéia central frisava que a saturação do crescimento mundial se

daria em cem anos. (BARTNETT & MORSE, 1977; BORREGUERO & RIVAS, 1995;

CORAZZA, 1996, 2004). E isso ocorre de forma antagonica à sustentabilidade dos processos

planetários e à diversidade ecológica e cultural. A apropriação da natureza como matéria-prima,

coisificando seus recursos e desnaturalizando sua complexidade ecológica, é, segundo Castelnou

(2003), uma simples exploração do capital.

Esses pontos de vista devem ser respeitados e, logicamente, não podem ser

ignorados, pois é sabido que o planeta atravessou, e está atravessando, um período de

crescimento drástico com mudanças fundamentais sendo impostas nos mais variados setores da

sociedade (WCEAD, 1987). A atividade econômica multiplicou-se e a produção industrial

cresceu mais de cinqüenta vezes no último século, sendo o maior salto dado a partir de 1950.

Esse cenário com toda a certeza refletiu (e reflete) em profundos impactos sobre a biosfera, à

medida que o mundo investe em transporte, agricultura, habitação às custas de matérias-primas

de florestas, solos, mares e vias navegáveis. A tecnologia, uma das molas mestras do

crescimento, possibilita a aceleração do consumo dos recursos finitos, podendo engendrar sérios

riscos, como novos tipos de poluição que possam vir a contribuir para alterar os rumos da

evolução da vida no planeta (WCEAD, 1987).

Não bastasse as dificuldades impostas à sociedade, o processo de globalização

também trouxe desafios para a pós-modernidade. Com seus crescentes fluxos econômicos,

tencológicos, comerciais e de pessoas, o processo de globalização tem eliminado barreira espaço-

temporais, acelerando inclusive trocas culturais e genéticas. Esse é um fator que tem sido

determinado pela predominância da racionalidade econômica sobre os demais processos

universais. Desta forma, o conceido de desenvolvimento econômico, segundo Castelnou (2003)

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sobrepõe e induz uma padronização e homogeneização de processos de produção, visando a

eficácia e o consumo, reafirmando o sentido unidimensional do mundo e da vida pelo aumento da

produção e do ganho (CASTELNOU, 2003).

A globalização têm direcionado a modificação e homogeneização de hábitos de

consumo, nivelando de certa forma a cultura em favor de um padrão norte-americano

estereotipado. Segundo Chesnais (1996) aquilo que Marx chamava de fetichismo da mercadoria

se dá agora de uma forma total, ou seja, o trabalho é, mais do que nunca foi em qualquer

momento do passado, uma mercadoria. Mercadoria essa que tem seu valor venal desvalorizado

em função de um progresso técnico (VERASZTO, 2007c).

Citando agora Hobsbawm (1995), algo ainda mais perturbador é a desintegração de

antigos padrões de relacionamento social humano, e com ela, a quebra dos elos entre as gerações.

Um certo individualismo exacerbado predomina em substituição a velhos hábitos e valores que

abre portas para certas inseguranças quanto a novas formas de configurações sociais. Como

aconteceu com a economia, os valores que norteiam o convívio social também adquiriram um

caráter efêmero, transitório e virtual. A revolução tecnológica em curso originou-se e difundiu-se,

não por acaso, em um período histórico da reestruturação global do capitalismo, e assim, a nova

sociedade emergente desse processo de transformação é capitalista e informacional (embora

tenha variações históricas consideráveis em diferentes países). (OCDE, 1992; CASTELLS, 1999;

DUPAS, 1999; POHJOLA, 2002).

Entretanto, nem tudo é tão ruim assim. Para não dizer não falamos das flores, em

hipótese alguma concordamos com uma produção tecnológica desprovida de uma análise ética e

moral que não leve em consideração as reais necessidades da sociedade. Apenas nos atentamos

que o avanço científico-tecnológico pode ser analisado por um ângulo diferente e por isso, porque

não dizer, motivador. Pensando por esse lado sabemos que existe potencial das C&T que podem

auxiliar a reverter certos quadros que atualmente predominam no cenário mundial. Indo um

pouco além é possível também pensar em como o processo de produção de C&T pode ser dado

de forma consciente e socialmente útil. Pois, como afirma um documento da WCEAD15

(1987)

15

World Commiss on Environment and Developement (Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento)

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com a tecnologia existente nos dias atuais se tornou possível fazer bens e informações circularem

com uma rapidez incrível ao longo de todo o planeta; é possível produzir mais alimentos com

menos investimento de recursos; compreender melhor e mais a fundo os sistemas naturais;

estudar e ver a Terra do espaço; reconciliar as atividades humanas com as leis naturais e fazer

com que nossa herança cultural seja capaz de fortalecer nossos interesses econômicos e

imperativos de desenvolvimento (WCEAD, 1987) sem prejudicar o planeta.

Foray & Grübler (1996) mostraram que uma nova idéia frente surgiu para fazer

frente ao discurso dos anos 1960 e 1970. A partir dos anos 1970 iniciaram-se vários

investimentos em tecnologias limpas16

ou alternativas em diversos países em resposta às

demandas do movimento ambientalista. A crise ecológica e energética então vigente exigia

grandes investimentos na busca de alternativas econômicas e tecnológicas. Energia eólica, solar,

combustíveis alternativos ou fórmulas para minimizar emissão de poluentes foram desenvolvidos

com vistas a minorar níveis de degradação ou desperdício de recursos não renováveis

(ANDRADE, 2004).

Neste período surgem diversos autores que defendem que a causa dos problemas

sócio-ambientais repousam nas condições e relações de produção capitalista, que não incorporam

em seu discurso o custo ambiental. Desta forma apontam que o os efeitos danosos para o meio

ambiente provém da atividade industrial e tecnológica e que esses efeitos geram saturação

ecossistêmica, principalmente na forma de poluição atmosférica, hídrica ou resíduos sólidos,

apontando que o uso indiscriminado dos recursos energéticos e a emissão de poluente,

representariam o grande fator desestabilizador do meio ambiente (ANDRADE, 2004). Segundo

Andrade (2004) esses teóricos só são capazes de enxergar o fenômeno técnico a partir dos

resultados ou efeitos visíveis em termos de poluição, desmatamento, impactos, etc., o que não

significa que estejam atentos à realidade técnica em sua contingência e organização internas.

Assim, nas décadas de 1980 e 1990 o debate da questão ambiental se ampliou e as

relações com a tecnologia ganharam novos rumos. Surgiu o Grupo de Bariloche, juntamente com

outras referências mundiais, apontando que o sistema econômico tem mecanismos de auto-

16

Tecnologia limpa é a que resulta em novos produtos ou processos que previnem impactos ambientais, De forma

geral, envolvem produtos que apresentam baixos níveis de impacto ambiental e processos que consomem menos

recursos e emitem menos poluentes (ANDRADE, 2004).

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81

regulação que permitem modificações ou reversão de padrões antes que o sistema atinja o ponto

de colapso (FREEMAN, 1996; ANDRADE, 2004). Na década de 1980, o desenvolvimento

sustentável17

foi definido e estudos visando diminuir a pobreza e amenizar problemas sociais

foram iniciados. (UNEP, 2002). Foi somente nesta década que se pôde perceber o potencial da

tecnologia para solucionar problemas ambientais. Nesse período a questão deixou de ser: crescer

ou não crescer, para ser: crescer como Se por um lado sabia-se que a tecnologia gerou impactos

sem precedentes sobre o meio ambiente, por outro havia o reconhecimento que a mudança

tecnológica poderia ser a chave para solucionar problemas ambientais (LUSTOSA, 1999).

Contudo, foi somente na década de 1990 que os conceitos surgidos nos anos

anteriores foram implementados. O desenvolvimento de um novo padrão tecnológico que fosse

capaz de contribuir para a conservação e recuperação ambiental sustentava-se em dois grandes

grupos de tecnologias: as limpas e as de end-of-pipe18

(EOP). Assim, modificou-se o conceito da

tecnologia viabilizando a crença de que com ela é possível recuperar áreas degradadas e aumentar

a eficiência dos recursos naturais paralelamente ao incremento da produtividade. A tecnologia

passou então a ser vista não como um fator externo, mas como elemento integrante dos processos

de tomada de decisão.

4.2. AS CONTRIBUIÇÕES DA C&T NO ATUAL CENÁRIO

GLOBALIZADO

É sabido que o desenvolvimento sustentável é volátil e requer uma série de políticas

complementares complexas, devido à incerteza da geração e distribuição do conhecimento de

C&T. (FORAY & GRÜBLER, 1996) Além disso, há a falta de instrumentos adequados ou a

inabilidade dos modelos científicos para medir os impactos ambientais. (BENEDICK, 1999).

Segundo LUSTOSA (1999) a relação tecnologia x meio ambiente se dá de forma incerta, sendo

muito difícil prever quais impactos atuais e futuros podem trazer uma inovação tecnológica. A

17

Segundo Corazza (2004) “o desenvolvimento é sustentável se existe a manutenção do bem-estar econômico das

gerações futuras.”

18 Tecnologia EOP (end-of-pipe, final de circuito) é aquela que remedia os impactos ambientais e são adicionadas a

um sistema de produção já existente para minimizar a emissão de poluentes e resíduos (Andrade, 2004).

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geração de novas tecnologias limpas torna-se um desafio. Nesse ponto o fator político deve ser

relevado, pois os objetivos ambientais de curto e longo prazo podem não ser compatíveis, assim

como as políticas vigentes, com atitudes inovadoras.

Considerando esses pontos, Bin (2004) citando Foray & Grübler (1996), aponta

quatro dilemas das questões ambientais referentes ao desenvolvimento de C&T:

i. A distinção entre os objetivos de curto e longo prazo, entre a resolução da situação

atual de poluição e degradação bem como a prevenção de problemas futuros através

do desenvolvimento de tecnologias limpas com vantagens econômicas no uso de

insumos e tratamento dos resíduos;

ii. O dilema entre como ocorre a inovação tecnológica e a regulação ambiental, que

significa mais um risco no processo de inovação ao impor novos padrões.

(ROMEIRO e SALLES-FILHO, 1997, apud BIN, 2004);

iii. O dilema entre a busca por tecnologias alternativas para obter flexibilidade na

resolução de problemas e a tendência dos sistemas tecnológicos de padronização

para redução de custos;

iv. E por fim, a última questão se dá entre a necessidade de criar e difundir tecnologias

ambientalmente saudáveis e a necessidade de diminuir as irreversibilidades que

possam trazer prejuízos ao meio ambiente.

Assim, o desenvolvimento de C&T adaptado às questões ambientais deve saber lidar

com esses desafios e dilemas buscando eficiência e qualidade no desenvolvimento de novos

produtos, processos e/ou serviços, passando não apenas pela conscientização acerca da

problemática ambiental, mas também considerando aspectos legais e econômicos (BIN &

PAULINO, 2004).

A influência das trajetórias tecnológicas pode tanto incentivar quanto restringir as

inovações, graças às forças de estabilidade e inércia (path-dependence e efeitos de lock-in) e

ausência de conhecimento sobre os benefícios que uma trajetória alternativa pode oferecer. Há

todo um contexto institucional que dificulta a evolução e internalização da variável ambiental nas

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trajetórias organizacionais. Assim, a geração e adoção de tecnologias limpas depende não só de

mecanismos coercitivos, mas também de outros fatores como preço e qualidade das inovações;

conhecimento e informação dos possíveis adotantes sobre a disponibilidade de tecnologias, seu

uso e efeitos; riscos incertezas (KEMP, 1997 apud BIN, 2004).

Depois do exposto torna-se possível estabelecer relações entre a citação de FORAY

& GRÜBLER (1996), de que precisamos de mais e não menos tecnologia [...] Precisamos,

acima de tudo, de novos modos de geração e distribuição de conhecimento, regulação flexível,

diversidade tecnológica, assim com aumento da capacidade de observação e aprendizado sobre

impactos ambientais das novas tecnologias (FORAY & GRÜBLER, 1996), com HERRERA

(1994) e com as colocações da WCEAD (1987) que ressaltam que tanto a tecnologia quanto a

organização social podem ser geridas e aprimoradas a fim de proporcionar uma nova era de

crescimento econômico, fazendo com que a humanidade seja capaz de tornar o desenvolvimento

sustentável viável.

A partir da literatura consultada, onde foram analisados artigos e documentos

nacionais e internacionais, foi elaborado um quadro de referências (Quadro 4.1), mostrando os

principais desafios apontados por teóricos, pesquisadores e técnico, como sendo problemas atuais

que o desenvolvimento tecnológico enfrenta a nível global. Pode-se notar também neste quadro

(Quadro 4.1) que a sustentabilidade e preservação do meio ambiente são questões priorizadas no

material analisado. Para complementar o que a literatura aponta como desafios, também foi

buscado estudos sobre as atitudes dos indivíduos perante o desenvolvimento tecnológico

(ACEVEDO DÍAZ et al, 2002d; MIRANDA, 2006; VERASZTO et al, 2007f).

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PONTOS A

SEREM

CONSIDERADOS

PAPEL E DESAFIOS DA C&T REFERÊNCIAS

Desmatamento

(transforma (6 mi

hec/ano de florestas

em terra agrícola de

baixa qualidade)

Chuvas ácidas

(matam florestas e

lagos e danificam

patrimônios

artísticos e

arquitetônicos da

humanidade)

Queima de

combustíveis fósseis

e espalhamento de

CO2 na atmosfera

(aquecimento global)

Liberação de gases

industriais

(destruição da

camada de ozônio)

Poluição de terras

férteis com despejo

de substancias

tóxicas da industria e

agricultura

(compromete a

cadeia alimentar e

deteriora lençóis

freáticos)

Estudos dos ecossistemas naturais, incluindo respostas às

ações humanas e as perturbações naturais.

Estudo de ecossistemas degradados (assim como de neo-

ecossistemas estabilizados) pela ação humana, para

desenvolver técnicas de manutenção ou recuperação; estudo

de interação entre os grandes ecossistemas, seus impactos

regionais e as influencias no uso da terra e dos recursos

hídricos.

Reorientar a tecnologia para o desenvolvimento sustentável.

Ampliar uso de tecnologias anti-poluição.

A proteção e o aumento de sumidouros e reservatórios de

gases de efeito estufa não controlados pelo Protocolo de

Montreal, levando em conta seus compromissos assumidos em

acordos internacionaisrelevantes sobre o meio ambiente.

Promoção de práticas sustentáveis de manejo florestal,

florestamento e reflorestamento.

Especial atenção à questão da água doce […], das variações e

a mudanças do clima, dos oceanos […], da diversidade

biológica, da desertificação, do desmatamento, dos ciclos

biológicos, geológicos e químicos e dos riscos naturais.

Intensificar os nossos esforços coletivos em prol da

administração, conservação e desenvolvimento sustentável de

todos os tipos de florestas.

Intensificar a cooperação para reduzir o número e os efeitos

das catástrofes naturais e das catástrofes provocadas pelo

homem.

Integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas

políticas e programas dos países e inverter a perda de recursos

ambientais.

Rácio entre a área protegida para manter a diversidade

biológica e a superfície terrestre.

Redução dos impactos ambientais nos projetos de geração

termelétrica convencional, a partir de combustíveis fósseis,

melhorando a eficiência e incorporando tecnologias já

disponíveis.

Reduzir emissão de gases poluentes na atmosfera.

Desenvolver técnicas e tecnologias adequadas para redução

das mudanças climáticas e do aquecimento global.

HERRERA, 1994;

WCEAD, 1987;

ONU 1998;

UNESCO, 1999;

BRASIL, 2000;

CARRANZA, 2001;

PNUD, 2001; 2004;

GLENN & GORDON,

2004;

GIL PÉREZ et al, 2006;

OEI, 2005;

MIRANDA et al 2006b,

2007a, 2007b;

VERASZTO et al, 2006,

2007a, 2007d, 2007e;

VILCHES et al, 2006.

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85

Fontes alternativas

de energia

Buscar via energética segura e duradoura.

Auto-suficiência de comunidades rurais; aproveitando

condições naturais locais; desenvolvimento de sistemas

energéticos de pequena escala.

Energia nuclear segura.

A limitação e/ou redução de emissões de metano por meio de

sua recuperação e utilização no tratamento de resíduos, bem

como na produção, no transporte e na distribuição de energia.

O aumento da eficiência energética em setores relevantes da

economia.

A pesquisa, a promoção, o desenvolvimento e o aumento do

uso de formas novas e renováveis de energia, de tecnologias

de seqüestro de dióxido de carbono e de tecnologias

ambientalmente seguras, que sejam avançadas e inovadoras.

Buscar reduzir custos com pesquisa de novos materiais para a

construção.

Priorizar P&D das áreas com maiores problemas econômicos,

sociais, administrativos e de crescimento urbano para baratear

sistemas de água e esgoto, transporte e moradia.

Estímulo do uso de tecnologias de conservação de energia e

redução da intensidade energética, proporcionando

modernização e maior competitividade na indústria,

contribuindo para a melhoria ambiental.

incorporação de novas tecnologias para produção de

eletricidade, a partir de fontes novas e renováveis (biomassa,

solar, eólica e outras), como também baseadas no uso do

carvão em usinas com leito fluidizado e instalações de

turbinas a gás com ciclo combinado, e acompanhar o seu

desenvolvimento.

apoio do desenvolvimento da tecnologia nuclear.

Estímulo à introdução permanente de tecnologias eficientes,

do lado da oferta e da demanda de energia, de forma a reduzir

a necessidade de investimentos e a maior alocação de recursos

para outros setores econômicos e sociais.

HERRERA, 1994;

WCEAD, 1987;

ONU, 1998;

BRASIL, 2000;

GIL PÉREZ et al, 2006;

MIRANDA et al 2006b,

2007a, 2007b;

VERASZTO et al, 2006

2007a, 2007d, 2007e.

Biotecnologia

Desenvolver e ampliar pesquisas de engenharia genética

acerca dos transgênicos.

Desenvolver sistemas sustentáveis de produção de alimentos e

no manejo de recursos naturais renováveis.

Garantir o livre acesso à informação sobre a seqüência do

genoma humano.

HERRERA, 1994;

WCEAD, 1987;

PNUD, 2001;

BERNE, 2003;

MIRANDA et al 2006b,

2007a, 2007b;

VERASZTO et al, 2006,

2007a, 2007d, 2007e.

Microeletrônica e

informática

Educação; sistemas experts para diagnóstico médico;

manipulação agrícola; planejamento e desenvolvimento de

recursos naturais, manejo e administração de sistemas

complexos e diversificados de produção; comercialização e

distribuição.

Pesquisa na área de inteligência artificial sobre controle

humano.

HERRERA, 1994;

WCEAD, 1987;

GLENN & GORDON,

2004;

MIRANDA et al 2006b,

2007a, 2007b;

VERASZTO et al, 2006,

2007a, 2007d, 2007e.

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86

Telemetria

Detecção e avaliação de recursos naturais, monitoramento de

erosão, de plantio, de contaminação, de prognostico de tempo

e antecipação de desastres naturais.

HERRERA, 1994;

WCEAD, 1987;

MIRANDA et al 2006b,

2007a, 2007b;

VERASZTO et al, 2006,

2007a, 2007d, 2007e.

Novas tecnologias da

Informação e

comunicação e

Telecomunicações

Acesso a informação rápida (preços, produtos, meteorologia,

pragas, etc).

Contribuições para educação.

Interconexão descentralizada.

Telediagnóstico de problemas e enfermidades.

Planos de alerta diante de emergências, etc.

Promoção e melhoria do uso da Internet, tanto como

instrumento para a pesquisa quanto para a participação social.

HERRERA, 1994;

WCEAD, 1987;

BRASIL, 2000;

MIRANDA et al 2006b,

2007a, 2007b;

VERASZTO et al, 2006,

2007a, 2007d, 2007e.

Novos materiais e

nanotecnologia

Aproveitamento e melhora de materiais biológicos e minerais

disponíveis localmente para a construção de casas,

ferramentas, caminhos, represas, etc.

Pesquisa e produção em escala nano (escala atômica) de novos

materiais semicondutores, nanocompósitos, biomateriais,

chips, entre outros, utilizados nas mais diferentes áreas (como

a medicina, eletrônica, ciência da computação, física, química,

biologia e engenharia dos materiais).

Busca por materiais não poluentes para aplicações em

artefatos tecnológicos práticos eficientes e de baixo custo.

HERRERA, 1994;

WCEAD, 1987;

BERNE, 2003;

GLENN & GORDON,

2004;

MIRANDA et al 2006b,

2007a, 2007b;

VERASZTO et al, 2006,

2007a, 2007d, 2007e.

Crise mundial da

água

Garantir saneamento básico adequado.

Garantir abastecimento de água justo.

Pôr fim à exploração insustentável dos recursos hídricos,

formulando estratégias de gestão nos planos regional, nacional

e local, capazes de promover um acesso eqüitativo e um

abastecimento adequado.

Apoiar o desenvolvimento e a adoção de tecnologias de

irrigação favoráveis aos pobres.

Introduzir políticas públicas que aliem a sustentabilidade à

equidade no desenvolvimento de recursos hídricos para a

agricultura (PNUD,2006).

O acesso a água potável e saneamento pode reduzir o riscos de

mortalidade infantil e a incidência de doenças e enfermidades.

Tratar a água como um recurso natural precioso e não como

um produto básico que pode ser gasto ilimitadamente e

explorado sem qualquer preocupação pela sustentabilidade

ambiental.

A exploração insustentável de recursos hídricos representa

uma ameaça crescente para o desenvolvimento humano,

produzindo uma dívida ecológica insustentável que será

transferida às gerações futuras.

CORDEIRO NETTO &

TUCCI, 2003;

PNUD,2006.

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Saúde

Melhorar a saúde materna.

Combater o HIV/SIDA, malária e outras doenças endêmicas e

epidêmicas.

Reduzir índices de mortalidade infantil.

Os principais protagonistas deste processo, compreendido pelo

setor privado, deveria desenvolver investigações

interdisciplinares capazes de associar as ciências naturais e as

ciências sociais, para prestar atenção à dimensão humana das

mudanças ambientais mundiais, levando em consideração as

conseqüências para a saúde, e para entender melhor as

condições primordiais para assegurar a sustentabilidade dos

sistemas naturais [...].

Pesquisa e aplicações com células tronco.

Aplicações da engenharia genética graças às pesquisas do

genoma humano para a cura de doenças.

UNESCO, 1999;

PNUD, 2001;

BERNE, 2003;

GLENN & GORDON,

2004.

Agricultura

A promoção de formas sustentáveis de agricultura à luz das

considerações sobre a mudança do clima.

Desenvolvimento de pesquisas em culturas perenes, visando a

estabelecer sistemas de consorciamento apropriados e mais

adequados ao manejo e ao controle de pragas e doenças que

afetam a quase totalidade das culturas perenes.

Identificação dos componentes-chave da diversidade biológica

nos sistemas de produção agrícola responsáveis pela

manutenção dos ciclos e dos processos naturais, com o

monitoramento e a avaliação dos efeitos das diferentes

práticas e tecnologias de produção agrícola naqueles

componentes.

Uso racional e adequado da água na agricultura.

ONU, 1998;

BRASIL, 2000;

GLENN & GORDON,

2004.

Educação

Organização do apoio à geração de conhecimentos de C&T,

na perspectiva da integração entre a pesquisa básica, a

pesquisa aplicada e o desenvolvimento tecnológico e

sustentável.

Adequação da pós-graduação à formação e à conscientização

para o desenvolvimento sustentável, sobretudo mediante a

criação de novos cursos integradores e interdisciplinares.

Melhoria do acesso às referências bibliográficas.

Divulgação de informações referentes aos agrotóxicos, para

fins educativos e de conscientização dos agricultores e da

sociedade.

Ampliação e desenvolvimento de pesquisa para a geração de

novos conhecimentos de manejo sustentável dos

agroecossistemas.

Discutir questões éticas relacionando-as com tecnologia,

questões ambientais, nucleares, armamentos, biotecnologia.

Tecnologia como condição básica para construção de artefatos

e estudos do seu conhecimento.

Enfocar conteúdos referentes ao contexto social no qual os

WCEAD, 1987;

BRASIL, 2000;

BASSANI &

CARVALHO, 2004.

BURSZTYN,

KNECHTEL, 2001,

2004;

AGAZZI, 2002;

COLOMBO & BAZZO,

2002;

ACEVEDO DÍAZ, 1996

apud VERASZTO, 2004;

COSTA FERREIRA,

2004;

GLENN & GORDON,

2004;

IGLESIA, 1997 apud

VERASZTO, 2004.

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88

alunos estão inseridos.

Dar mais importância às questões práticas.

Considerar os impactos tecnológicos na sociedade.

Levar em conta não somente as possibilidades de resolução de

problemas sociotécnicos, mas também considerar as

limitações da Tecnologia.

Buscar a integração, desenvolvendo nos estudantes pontos de

vista cada vez mais abrangentes de questões éticas e de

valores, existentes nas relações CTS.

Inclusão de discussão ética no currículo de C&T

Tratamento do lixo

Desenvolvimento de metodologias de coleta, tratamento e

divulgação de indicadores de C&T e de P&D.

Reduzir, reutilizar e reciclar o lixo.

BRASIL, 2000;

GIL PÉREZ et al, 2006.

Transporte

Atualização da legislação ambiental, nos aspectos de

planejamento, projetos, manutenção e operação de hidrovias,

às práticas nocivas ao ambiente marítimo por parte das

empresas de navegação.

BRASIL, 2000.

Tecnologias Sociais Priorizar orientadas às necessidades básicas e que contribuam

para a redução das desigualdades sociais. VILCHES et al, 2006.

Robótica

Pesquisa e produção de sistemas compostos por máquinas e

partes mecânicas automáticas e controlados por circuitos

integrados com intenção geral de de redução de custos e

aumento de produtividade. Um dos desafios é integração da

automação com a não redução da oferta de empregos.

BERNE, 2003.

Quadro 4.1: Questões ambientais contemporâneas colocas à ciência e à tecnologia. Fonte: elaborado pelo autor.

Se parássemos para continuar listando, várias outras folhas dariam prosseguimento à

tabela acima. Contudo, a intenção aqui é a de mostrar as principais áreas de atuação que as C&T

devem encarar como desafiadoras para este novo milênio procurando abranger os mais variados

campos, mas priorizando as questões ambientais.

Assim, observando os dados do Quadro 4.1 fica evidente que meio ambiente e

desenvolvimento científico e tecnológico não constituem desafios separados. O progresso não se

mantém se a base de recursos materiais se deteriorar, assim como o meio ambiente só poderá ser

protegido se o crescimento considerar as conseqüências de destruição ambiental. Podemos ir

além afirmando que tanto as questões ambientais, como o desenvolvimento da C&T, junto com

fatores políticos, econômicos e sociais, caminham paralelamente de forma indissociável. Fazer

com que a questão ambiental conste nas agendas políticas é item da maior importância no tocante

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à economia e recursos. Em todos os países as preocupações com os recursos ambientais deveriam

nortear os processo de invenção de tecnologias alternativas, de aperfeiçoamento das tradicionais,

e de escolha e/ou adaptação de tecnologias importadas, buscando criar tecnologias que capazes

de produzir bens sociais, como melhor qualidade do ar, produtos mais duráveis, diminuição com

custos externos para controle da poluição e de resíduos. (HERRERA, 1994; WCEAD, 1987;

HEALY, 1995).

Pensando agora um pouco não somente em países como o Brasil, mas também em

todos os países em desenvolvimento, fica necessário ressaltar que a capacidade de inovação

tecnológica precisa ser ampliada, a fim de que esses possam reagir de forma mais eficaz aos

desafios do desenvolvimento sustentável, pois as tecnologias dos países industrializados nem

sempre são adaptáveis aos países menos desenvolvidos. Assim, o desenvolvimento de C&T

frente às questões ambientais pode tornar-se mais eficiente se apoiado por uma política pública

que, dentre outros pontos, volte atenção ao desenvolvimento de mecanismos para articular a

capacidade de investigação básica com a inovação tecnológica, priorizando a investigação básica

dos problemas ambientais.

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91

5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

Neste capítulo será apresentada uma descrição da metodologia da pesquisa, da

elaboração do instrumento e dos procedimentos da coleta de dados, da técnica de amostragem

utilizada, assim como a caracterização da amostra. Também serão apresentadas as etapas de

preparação e tratamento dos dados, a caracterização dos indicadores (quanto à normalidade) e a

purificação do modelo de medida. Finalmente, será desenvolvido uma breve análise descritiva

dos fatores que serão utilizados nos modelos causais.

5.1. CARACTERIZANDO A PESQUISA

Esse trabalho caracteriza-se por ser pesquisa quantitativa. É importante salientar que

a vantagem desse método é o de levantar informações com confiabilidade estatística. De acordo

com Demo (2000), essa modalidade de pesquisa caracteriza-se pelo emprego da quantificação da

coleta de dados e o tratamento destes por meio de técnicas estatísticas simples ou complexas. É

freqüentemente aplicado nos estudos descritivos, naqueles que procuram descobrir e classificar a

relação entre variáveis, bem como naqueles que investigam a relação de causalidade entre

fenômenos.

Ao estabelecer como alternativa para análise a relação entre a sociedade e sua

influência nas concepões e atitudes de alunos de graduação frente ao desenvolvimento

tecnológico, a modelagem de equações estruturais, os procedimentos de análise descritiva e

multivariada denotam condição preliminar à aplicação da técnica.

A opção pela abordagem estatística apóia-se na afirmação de Hair Jr. et al. (2005)

que o modelo de equações estruturais provê um método direto para lidar simultaneamente com

múltiplos relacionamentos de dependência com eficiência estatística, explorando-os de maneira

aprofundada, gerando análise confirmatória, e permitindo a representação de conceitos não

observáveis nesses relacionamentos, verificando inclusive, possíveis erros de mensuração

ocorridos durante o processo estatístico.

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92

Segundo Klem (1995), a Modelagem de Equações Estruturais (Structural Equation

Modeling - SEM), também conhecida por Análise de Estrutura de Covariância,

Modelagem de Variáveis Latentes, Modelagem Causal, e outras denominações que

espelham sua ação principal, pode ser vista como uma extensão da regressão múltipla, se for

considerado que na aplicação da regressão o pesquisador está interessado em prever uma única

variável dependente, enquanto na SEM há mais de uma variável dependente. Verifica-se que a

preocupação nesta técnica é com a ordem das variáveis. Desta forma, enquanto na regressão “X”

influencia “Y”, na SEM “X” influencia Y e Y influencia “Z”. Nota-se, portanto que uma das

características básicas da SEM é que se pode testar uma teoria de ordem causal entre um conjunto

de varáveis. Outra característica importante desta técnica e que se adequa aos propósitos deste

estudo é que oferece ao pesquisador a possibilidade de investigar quão bem as variáveis

preditoras (predictors) explicam a variável dependente (criterion), e também, qual das variáveis

preditoras é a mais importante. De acordo com Maruyama (1998), embora isso possa ocorrer com

o uso da regressão, com o modelo SEM pode ter mais de uma variável dependente em um único

modelo (HAYDUK, 1987; BOLLEN & LONG, 1993; BYRNE, 1998; MARUAYAMA, 1998;

JÖRESKOG & SÖBOM, 1993, 2003; GARSON, 2003; HANCOCK & MUELLER, 2006).

Crowley e Fan (1997) afirmam que o modelo SEM é amplamente usado em estudos

nas áreas de Ciências Sociais e Comportamentais, exatamente por permitir ao pesquisador a

possibilidade de testar hipóteses de relacionamento entre variáveis. Os autores afirmam que a

atratividade dessa técnica é devida em parte pela sua generalidade e flexibilidade.

Verificou-se, portanto que o modelo SEM tem vantagens quando for empregado

adequadamente, pois com o mesmo, é possível testar-se o ajuste dos dados a um determinado

modelo. Por outro lado, devem-se tomar alguns cuidados, tendo em vista que, segundo

MacCallum e Austin (2000), mesmo que o ajuste seja bem aceito, existe a possibilidade de que

outros modelos possam apresentar ajustes igualmente bons ou superiores, motivo pelo qual é

conveniente considerar modelos alternativos também conhecidos como modelos rivais nos

estudos, naturalmente sempre amparados por sólida base teórica no campo de conhecimento do

fenômeno focado (HAYDUK, 1987; BOLLEN & LONG, 1993; BYRNE, 1998;

MARUAYAMA, 1998; GARSON, 2003; HANCOCK & MUELLER, 2006).

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93

5.2. MODELOS TEÓRICOS E HIPÓTESES DE PESQUISA

Levando-se em consideração as características da SEM apresentadas de forma

introdutória anteriormente os modelos de estudo foram construídos tendo como base toda a teoria

apresentada na revisão bibliográfica. A elaboração desse modelo (e de suas respectivas variações)

foi dada em três etapas:

i. Composição do modelo estrutural;

ii. Elaboração da hipótese de pesquisa;

iii. Classificação das variáveis do modelo.

Assim, neste capítulo, será toda a pesquisa teórica feita ao longo do trabalho será

brevemente sintetizada para a elaboração das hipóteses de pesquisa e dos respectivos modelos a

serem testados.

Antes da apresentação do modelo, o Diagrama 5.1 auxilia na apresentação do

referencial teórico e será feito referência ao mesmo ao longo da criação dos modelos.

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94

Diagrama 5.1: Esquema de construção dos indicadores dos modelos. Fonte: elaboração do autor.

Diante de todo o referencial teórico apresentado nos capítulos precedentes, e

resumidos no diagrama 5.2, fica claro que a literatura, por inúmeras vezes proporciona vastas

considerações que indicam que a sociedade gera a demanda por novas tecnologias, e estas, por

sua vez, modificam hábitos, formas de relacionamento e de consumo dos indivíduos que dela

fazem parte (ver referências da Dimensão Social no Diagrama 5.1).

Além disso, toda a evolução histórica e tecnológica do homem, bem como a sua

preocupção em entender e se apropriar melhor das suas descobertas, apresentados de forma

extensa nos capítulos 1 e 2, não deixam margem pra dúvida que homem e tecnologia mutuamente

se modificam. De forma bilateral e constante as transformações processadas por esses dois entes

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95

reflete na sociedade e nos modos de vida das pessoas.

Estas colocações aqui feitas de maneira tão breve, já seria suficiente para a

elaboração de muitas hipóteses de pesquisa. A robustez teórica que apresenta, é capaz de

justificar a existência dos três modelos que esta pesquisa elaborou. Contudo, ainda resta falar das

diferentes formas que a tecnologia é interpretada.

A longo da história a tecnologia foi entendida e estudada de maneira muito distintas.

Sua aceitação e o convite para que fizesse parte do currículo escolar e acadêmico ao redor do

mundo ganhou conotações distintas e muitas vezes conflitantes. Uma tese inteira poderia ser feita

consideração somente os mitos tecnológicos e suas contribuições para seu estudo e para o

desenvolvimento da sociedade, tendo em vista que sua interpretação provém ou de teorias bem

articuladas divulgadas cientificamente por experts em periódicos ou congressos científicos ou de

imagens populares arraigadas no público de uma maneira geral. E por ser tão rica e vasta seria

impossível de definir a contento de todos. Assim, diante de inúmeros maneiras de se entender a

tecnologia, a pretensão de conceituá-la foge das intenções deste trabalho, assim como já foi

apontado no final do capítulo três.

Todavia, é devido a riqueza de entendimento tão grande que a tecnologia

proporciona, conforme vários estudos demonstram (ver referências de Concepções de Tecnologia

no Diagrama 5.1) é possível afirmar que a sua compreensão é base fundamental para que os

indivíduos possam se posicionar diante dos avanços tecnológicos que a sociedade moderna

demanda e também, gerir e gerar novos artefatos ou serviços.

Ainda é importante considerar que durante o percurso da história foi empregado um

discurso aparentemente inofensico de melhorias sociais em detrimento do desenvolvimento

tecnológico e da apropriação dos recursos do planeta. Contudo, esse discuros não deixa

transparecer que o que de fato ocorre é uma agressão ao meio ambiente de uma maneira que pode

condenar a sobrevivencia das espécies e de globo. Contudo, ao longo do tempo essa visão foi

sendo alterada e alguas ramificações sociais começaram a se posicionar contra alguns usos

abusivos de produtos do desenvolvimento tecnológico. Com isso, passaram a surgir

questionamentos sobre os limites humanos e a real necessidade de destruir a natureza para que o

homem possa viver bem.

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96

Com mudança de pensamento, manifestações sociais e posteriormente mudanças

políticas a nível planetário, o desenvolvimento sustentável passou a ser uma necessidade

obrigatória. Mudanças em atitudes das pessoas, seja em relação ao consumo, seja em relação à

preservação do meio, ainda estão muito além do necessário, mas já começaram a mudar e tomar

novos rumos.

O homem precisa viver bem, isto é verdade, mas pode viver bem de uma forma

sustentável e que não ultrapasse os limites dos outros seres vivos do planeta e da apropriação

descomunal dos seus recursos inanimados.

Assim, declarações e documentos, políticas e idéias começaram a deixar

transparecer esse necessidade de mudança, não em relação à poluição desenfreada dada pelas

grandes indústrias, como também mudanças pessoais e de valores (ver referência das Atitudes

frente ao desenvolvimento tecnológico no Diagrama 5.1).

Este breve resumo do referencial teórico adotado ao longo deste trabalho, nos

permite a seguir, definir nossos modelos e hipóteses de pesquisa.

5.3. COMPOSIÇÃO ESTRUTURAL

A construção dos modelos de análise parte do estabelecimento inicial dos construtos

que constituirão o modelo estrutural. Para tanto, baseou-se na definição proposta por Hair Jr et al.

(2005) que o entendem como uma abstração que o pesquisador pode definir em termos

conceituais, mas que não pode ser medida diretamente (por exemplo, através de uma única

resposta que represente o conceito por completo), ou ser medido sem erros. Diante disso, os

construtos são a base para formar o relacionamento causal, uma vez que são a mais pura

representação possível de um conceito, conforme pontua.

Antes de definirmos os constructos é importante frizar que estes são provenientes de

dois momentos distintos e que foram abordados extensamento dos dois capítulos precedentes:

1. Primeiro momento: Pesquisa realizada no capítulo 4 acerca das diferentes

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formas que a tecnologia é estudada pela academia e compreendida pela

população de uma forma geral. Esse capítulo, com a síntese feita no quadro 3.1,

assim como na literatura abordada, fundamenta a criação das assertivas de dois

dos constructos de pesquisa: a Dimensão Social (DSO) e as concepções em

relação à tecnologia (CON);

2. Segundo momento: Pesquisa realizada no capítulo 5 acerca dos desafios da

tecnologia no cenário mundial contemporâneo, onde é apresentada uma série de

questões impostas ao desenvolvimento tecnológico nos dias atuais. Esse capítulo

e todo o seu referencial teórico, são fontes importantes para a construção das

assertivas da terceria dimensão da pesquisa: as atitudes e crenças dos indivíduos

frente ao desenvolvimento tecnológico (ATI).

5.4. APRESENTANDO O MODELO

Tomando como base a revisão feita acima, apresentaremos modelos que relacionam

as concepções (CON) que os indivídos tem acerca da tecnologia, suas atitudes e expectativas

frente ao desenvolvimento tecnológico (ATI) e as influências da dimensão social (DSO)19

. Em

função das recomendações teóricas do método adotado, apresentaremos a seguir quatro modelos

a serem testados nos estudos de modelagem de equações estruturais. Assim, buscaremos modelar

as relações entre os construtos com o menor número de caminhos causais, tomando-se como

variação fundamental o fator antecedente (tratado também como variável independente ou

exógena) nas relações de causalidade (MARUYAMA, 1998; HAIR JR. et al, 2005).

De acordo com especialistas no assunto, as variáveis independentes são também

chamadas de exógenas porque suas causas são externas ao modelo sob análise, e as variáveis

consideradas dependentes são denominadas endógenas, porque suas causas estão relacionadas às

variáveis exógenas ou a outras variáveis internas do sistema. Assim, elegemos alguns modelos e

temos a intenção de testar a aderência aos mesmos.

19

Para a Dimensão Social, estamos considerando a influência da sociedade como um todo e não de grupos

específicos.

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De início escolhemos o modelo DSO1, que se caracteriza por apresentar a dimensão

social (DSO) como antecedente aos fatores concepção (CON) e atitude (ATI). Assim, a

representação gráfica das relações causais entre os construtos, conhecida como diagrama de

caminhos (path diagram) está indicada no Diagrama 5.2.

Diagrama 5.2: Relação Estrutural do Modelo DSO1: Influência da Sociedade. Fonte: Elaborado pelo autor.

De uma maneira geral, este modelo pode ser traduzido na seguinte hipótese:

H1: A dimensão social influencia as concepções de tecnologia dos indivíduos

nela inseridos, proporcionando atitudes favoráveis frente a um desenvolvimento tecnológico

sustentável.

Como segundo modelo a ser testado – denominado CON1 – estabeleceu-se que

crenças (concepções) dos indivíduos são fatores determinantes que regulam as atitudes e

influenciam a sociedade. O diagrama de caminhos para essa hipótese encontra-se representado no

diagrama 5.3 que segue.

DSO: variável independente (exógena).

CON e ATI: variáveis dependentes (endógenas).

DSO

ATI

CON

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99

Diagrama 5.3: Relação Estrutural do Modelo CON1: Concepções. Fonte: Elaborado pelo autor.

De uma forma sintétida, esse modelo é traduzido pela seguinte hipótese:

H2: As concepções que os indivíduos tem acerca da tecnologia influenciam

suas atitudes frente à tecnologia assim como são bases para influencas nos mais diferentes

setores da sociedade.

No terceiro modelo – denominado ATI1 – estabeleceu-se que as atitudes dos

indivíduos modifica a sociedade e influenciam suas concepções acerca da tecnologia. O diagrama

de caminhos para essa hipótese encontra-se representado no diagrama 5.4.

Diagrama 5.4: Relação Estrutural do Modelo ATI1: Atitudes. Fonte: Elaborado pelo autor.

CON

DSO

ATI

CON: variável independente (exógena).

ATI e DSO: variáveis dependentes (endógenas).

ATI: variável independente (exógena).

CON e DSO: variáveis dependentes (endógenas).

ATI

DSO

CON

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De maneira geral, este modelo é resumido pela hipótese que segue:

H3: As atitudes que os indivíduos tem em relação ao desenvolvimento

tecnológico influenciam suas concepções de tecnologia e diferentes segmentos da sociedade.

Foram construídas as relações inversas utilizando os mesmos modelos elaborados

anteriormente com alteração da ordem das variáveis independentes e dependentes. Assim, foram

elaborados outros três modelos que estão representados nos diagramas abaixo (Diagramas 5.5,

5.6 e 5.7).

Diagrama 5.5: Relação Estrutural do Modelo DSO2: Influência sobre a Sociedade. Fonte: Elaborado pelo autor.

Este modelo é traduzido pela seguinte hipótese:

H4: As concepções de tecnologia e as atitudes que os indivíduos tem em relação

ao desenvolvimento tecnológico influenciam a dimensão social.

CON e ATI: variáveis independentes (exógenas).

DSO: variável dependente (exógena).

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Diagrama 5.6: Relação Estrutural do Modelo CON2: Influência nas Concepções. Fonte: Elaborado pelo autor.

Este modelo é representado pela hipótese que segue:

H5: As atitudes que os indivíduos tem em relação ao desenvolvimento

tecnológico e o meio social onde estão inseridos (dimensão social) influenciam suas

concepções de tecnologia.

Diagrama 5.7: Relação Estrutural do Modelo ATI2: Influência nas Atitudes. Fonte: Elaborado pelo autor.

Este modelo é traduzido pela seguinte hipótese:

H6: As concepções de tecnologia e o meio social onde estão inseridos

influenciam as atitudes dos indivíduos em relação ao desenvolvimento tecnológico.

5.5. MODELOS DE MEDIDAS

De acordo com Hair Jr. et al.(2005), não sendo possível a mensuração direta, os

CON e DSO: variáveis independentes (exógenas).

ATI: variável dependente (exógena).

ATI e DSO: variáveis independentes (exógenas).

CON: variável dependente (exógena).

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102

construtos devem ser medidos através de indicadores – também denominados variáveis

manifestas ou valores observados. Neste caso em específico, presume-se que cada indicador

possa ser mensurado pela percepção que os sujeitos têm em relação à tecnologia, suas

percepções, tendo como antecedentes a dimensão social. A determinação desses indicadores foi

amparada em todo levantamento bibliográfico apresentado anteriormente, resumido no esquema

representado no Diagrama 5.1.

5.6. INSTRUMENTO DE PESQUISA

A construção do instrumento de pesquisa para levantamento de dados em pesquisa

quantitativa requer cuidado especial. Parte-se do pressuposto que não basta apenas coletar

respostas sobre questões de interesse, mas sim saber como analisá-las estatisticamente para

validação dos resultados. Portanto, o instrumento de pesquisa neste estudo é considerado como

recurso fundamental para a investigação que se propõe conduzir. Trata-se de veículo que busca

representar, na forma de questões, uma série de considerações teóricas levantadas, julgadas de

relevância, para se testar hipóteses com os dados empíricos. Portanto, ele é crucial, na medida

que as conclusões que serão obtidas estarão apoiadas nas informações resultantes de sua

aplicação. A sua representatividade e a sua validade proporcionarão consistência e credibilidade

para as conclusões da pesquisa.

Rutter (1994) afirma que um questionário deve obedecer a algumas regras básicas

onde sendo que, principalmente, possua uma lógica interna na representação exata dos objetivos e

na estrutura de aplicação, tabulação e interpretação. Estas recomendações são válidas como regra

geral e consistem no primeiro passo para estruturar um questionário de alto nível. No entanto,

para Santos (2007), cada pesquisa possui uma especifidade e uma dose de dificuldade, e por ter

propósitos diferenciados, apresentam expectativas de respostas próprias. Assim, a construção de

questionários, portanto, mais do que ciência é uma arte; depende desde a sua concepção da

habilidade e experiência do pesquisador (SANTOS, 2007).

Foi levando em consideração estes aspectos que o questionário (que será

apresentado no capítulo posterior e o instrumento completo no Apêndice 2) foi estruturado e

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desenvolvido para a coleta de dados. Segundo Selltiz et al (1987), este tipo de questionário

(escala e Likert) apresenta uma série de vantagens, tais como: menor tempo para ser respondido,

questões de mais rápida compreensão e portanto, mais fáceis de se responder, tem caráter

anônimo e evitam viesses do entrevistador.

Além disso, a elaboração de um instrumento para tomada de dados em pesquisa de

natureza quantitativa requer cuidado especial. Isso porque parte do pressuposto que não basta

apenas coletar respostas sobre questões de interesse, mas sim, saber como analisá-las

estatisticamente para a validação dos resultados. É por isso que nesta pesquisa o instrumento de

investigação é considerado como recurso fundamental para a a busca por repostas do problema

proposto na introdução do trabalho.

5.7. METODOLOGIA DE ELABORAÇÃO DOS INDICADORES DO

INSTRUMENTO DE PESQUISA

Toda a revisão literária desenvolvida ao longo dos capítulos anteriores passou por

um processo sistemático de análise e classificação para a construção do instrumento de pesquisa.

As variáveis obtidas resultaram de um processo de análise de conteúdo cuja metodologia será

descrita a seguir.

A partir de artigos, livros, documentos nacionais e internacionais, este trabalho

buscou coletar informações fornecidas em cada texto classificando todas as concepções existentes

sobre tecnologia, bem como quais os desafios da tecnologia no atual cenário global. Também foi

priorizado o levantamento de informações que pudessem classificar os mais diferentes setores da

sociedade. Foi a partir dessas categorizações que os indicadores do trabalho foram desenvolvidos.

Ao optar por uma análise de conteúdo do material teórico, foi levado em

consideração que seria a melhor forma para entender a mensagem transmitida pelos autores, pois

essa abordagem, segundo Bardin (2004) nos permite ir além das aparências do texto, podendo

assim, além de levantar as concepções analisadas e/ou apresentadas pelos autores também obter

concepções ocultas presentes nos textos estudados. Desta forma, a análise de conteúdo enriquece

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a tentativa exploratória, aumentando a propensão às descobertas.

A descrição analítica que a análise de conteúdo proporciona em primeira instância a

utilização de procedimentos sistemáticos de tratamento de informações contidas nas mensagens.

(BARDIN, 2004). Porém, para estruturar a análise de conteúdo em sua totalidade, extrapolando o

conteúdo explícito dos textos, foi necessário encontrar as mensagens implícitas através de

inferências deduzidas de forma lógica e apoiadas pela teoria.

Desta forma, para análise dos dados obtidos a partir dos textos, iremos buscar a

análise de conteúdo seguindo um referencial intrínseco a eles, segundo aspectos da formulação

teórica de Bardin (2004):

5.7.1. ORGANIZAÇÃO DA ANÁLISE

A organização da análise se deu em torno de três pólos distintos e foi apoiada pela

teoria de Bardin (2004):

i. Pré-análise: organização do material coletado e uma leitura flutuante, para obter

uma categorização dos dados obtidos, ou seja, a primeira atividade consiste em

estabelecer contato com os dados coletados permitindo comentar as primeiras

impressões. Pouco a pouco a análise vai tornando-se mais precisa, em função das

hipóteses emergentes e da projeção de teorias adaptadas sobre o material.

ii. A exploração do material (ou descrição analítica): Se as diferentes operações da

pré-análise foram convenientemente concluídas, a fase da análise propriamente dita

não é mais do que a administração sistemática das decisões tomadas. Assim, esta

etapa já começa na anterior e deve conter uma leitura mais cuidadosa para se iniciar

o processo de codificação, classificação, desconto ou enumeração em função de

regras previamente formuladas.

iii. Tratamento dos resultados e interpretação: Inicia-se também paralelamente às

anteriores, mas devem combinar a reflexão, intuição e o embasamento nos dados

empíricos, para estabelecer-se relações sobre o objeto estudado. Desta forma busca-

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105

se resultados a partir de dados brutos, de maneira a se tornarem significativos e

válidos.

5.7.2. CODIFICAÇÃO

Tratar o material significa codificá-lo. Quando a intenção é analisar um conjunto de

dados, é preciso saber como enquadrá-los dentro de um quadro referencial teórico. Portanto, a

codificação corresponde a uma transformação – efetuada segundo regras precisas – dos dados

brutos dos textos por recorte (escolha das unidades), agregação (escolha das categorias) e

enumeração (escolha das regras de contagem) permitindo atingir uma representação do conteúdo,

ou de sua expressão, suscetível de esclarecer acerca das características dos dados coletados

(BARDIN, 2004). Assim, os textos escolhidos foram analisados e codificados a partir do que os

anglo-saxônicos chamam de fishing expeditions, que quer dizer análises exploratórias para ver o

que há. Neste caso, a análise de conteúdo inicia o trabalho a partir do levantamento simples e

bruto de dados contidos implícita ou explicitamente nos textos. E para que obter resultados

eficientes do processo foi necessário estabelecer regras de análise, que estão resumidas no quadro

5.1.

Referências Transcrição

de trechos

Classificação dos indicadores1

Assertivas2

Categorização

das variáveis3

Do autor Que o autor aponta

Explicitas Implícitas Explicitas Implícitas

Quadro 5.1: Processo de elaboração dos indicadores da pesquisa. Fonte: elaborado pelo autor.

1. Para classificar os indicadores foi levado em consideração os três constructos da pesquisa

i. DSO: classificação de diferentes setores sociais

ii. CON: levantamento das concepções de tecnologia

iii. ATI: busca por desafios tecnológicos que a sociedade tem no cenário global contemporâneo

2. Transformação dos indicadores em assertivas para aplicação futura em questionário do tipo Likert.

3. Esta coluna compreende a parte final da nossa análise, descrita no tópico seguinte.

5.7.3. CATEGORIZAÇÃO

Esta etapa do trabalho consiste na distribuição das componentes das mensagens

analisadas em rubricas ou categorias. Esta etapa é um processo de classificação dos dados por

diferenciação e, em seguida, por reagrupamentos em torno de critério previamente, ou não,

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106

estabelecidos.

A categorização é um processo estruturalista e comporta duas etapas:

i. o inventário: isolar os elementos;

ii. a classificação: repartir os elementos, e portanto, procurar ou impor uma certa

organização às mensagens. (BARDIN, 2004)

O critério de categorização foi embasado nos referenciais teóricos e esta estratégia

de ordenação foi adotada para que uma representação simplificada dos dados brutos pudesse ser

catalogada para posteriormente passar por processo de análise.

Com estes elementos descritos acima foi possível sistematizar a classificação das

variáveis e dos indicadores.

No início do trabalho, cerca de 320 indicadores possíveis foram levantados. Em uma

primeira triagem, 244 permaneceram e foram levados para a análise de especialistas.

Participaram do processo de análise teórica e semântica dos indicadores oito

especialista, dentre os quais, quatro são doutores, três são doutorandos em educação e ciências

sociais e um outro, mestre em educação; dentre estes, sete com experiências em pesquisas

quantitativas e já trabalharam com escalas de Likert por inúmeras vezes. Estes especialistas, além

de verificar a teoria o e conteúdo do questionário, também auxiliaram na sua avaliação semântica

e estrutural.

Todas as variáveis foram agrupadas em categorias e transformadas em assertivas

(indicadores) e o resultado final, após um ano de refinamento, é apresentado no Quadro 5.2.

DIMENSÕES INDICADORES REFERÊNCIAS

CONCEPÇÕES DE

TECNOLOGIA

CON 01: Tecnologia é aplicação de leis, teorias e modelos

da Ciência.

LAYTON, 1988; ACEVEDO,

1998; GARCÍA et al, 2000,

ACEVEDO DÍAZ, 2002a,

2002b; (BERNAL, 1964;

RENNIE, 1987 apud ACEVEDO

DÍAZ, 2002b;

(STAUDENMAIER, 1985;

NIINILUOTO, 1997) apud

OSORIO M., 2002

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107

CON 02: A tecnologia não precisa de teorias; precisa

apenas ser prática e eficiente.

BUNGE, 1972 e 1986 apud

OSORIO M, 2002; (RENNIE,

1987; MITCHAM, 1989;

SANMARTÍN, 1987, 1990) apud

ACEVEDO DÍAZ, 2002b;

AGAZZI, 2002; VERASZTO,

2004.

CON 03: A tecnologia explica o mundo à nossa volta.

SANCHO, 1998; JARVIS &

RENNIE, 1998; SILVA e

BARROS FILHO, 2001;

VALDÉS et al, 2002; HILST,

1994; GORDILLO, 2001;

CEVEDO DÍAZ, 2002, 2003c,

2003d, CASALDERREY, 1986,

1987, 1989; GILBERT, 1992)

apud ACEVEDO DÍAZ, 2002.

CON 04: Hoje há tecnologias que podem ser adquiridas

por um preço acessível para muitos, tais como celulares,

aparelhos de som, microcomputadores, etc.

SILVA et al, 1999; GARCÍA et

al, 2000; SILVA et al, 2001;

(ELLUL, 1960; QUINTANILLA,

2001) apud OSORIO M., 2002;

LION, 1997; PACEY, 1983;

ACEVEDO DÍAZ, 2003a,

2003b; OSORIO M., 2002;

VERASZTO, 2004.

CON 05: Tecnologias são ferramentas (ou artefatos)

construídas para auxiliar o homem na resolução de

diferentes tipos de tarefas.

CON 06: A tecnologia não sofre influências da sociedade. FOUCAULT, 1978 apud

OSORIO M., 2002; WINNER,

1985 e 1986 apud OSORIO M.,

2002; GARCÍA et al, 2000;

CARRERA, 2001; GÓMEZ,

2001; OSORIO M., 2002;

DAGNINO, 2007.

CON 07: O uso que fazemos da tecnologia é que

determina se ela é boa ou má.

CON 8: O inventor perde o controle sobre a invenção uma

vez que esta é disponibilizada para o público.

(MUMFORD, 1952;

GONZÁLEZ et al., 1996) apud

OSORIO M., 2002; (ELLUL,

1954; TOFFLER 1980; SMITH

& MARX, 1994) apud GARCÍA

et al, 2000; CARRERA, 2001;

GÓMEZ, 2001; DAGNINO,

2007.

CON 9: Uma nova descoberta tecnológica pode ser útil

em qualquer lugar do planeta. GÓMEZ, 2001; GORDILLO &

GALBARTE, 2002.

CON 10: A tecnologia pode acabar com o planeta. MEADOWS, 1972; BARRET &

MORSE, 1977; ZARTH et al,

1998 apud COLOMBO &

BAZZO, 2002; CARRANZA,

2001; HEIDEGGER apud

AGAZZI, 2002; CORAZZA,

2005; CARSON, apud

CORAZZA, 1996, 2004, 2005.

CON 11: A tecnologia aumenta as desigualdades sócio-

econômicas.

CON 12: A tecnologia ameaça a privacidade das pessoas.

CON 13: Os benefícios proporcionados pelo

desenvolvimento tecnológico são maiores que seus efeitos

negativos.

HERRERA, 1994; WCEAD,

1987; FORAY & GRÜBLER,

1996; FREEMAN, 1996;

CARRANZA, 2001; AGAZZI,

2002; ANDRADE, 2004; BIN,

2004; MIRANDA et al 2006b,

2007a, 2007b, VERASZTO et

al 2007a, 2007d, 2007e.

CON 14: A engenharia genética pode contribuir para a

cura de doenças.

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108

CON 15: Diferentes grupos de interesses determinam a

produção tecnológica a partir de relações sociais, políticas,

econômicas, ambientais, culturais, etc.

PACEY, 1983; ECHEVERRIA,

1998; SANCHO, 1998; SILVA et

al, 2000; BOSCH, 2002;

(HUGHES, 1983; WYNNE,

1983; QUINTANILLA, 1988,

2001; SUTZ, 1998) apud

OSORIO M, 2002; WYNNE,

1983 e SCHIENSTOCK, 1994

apud GARCÍA et al, 2000

GRINSPUN, 2001; ACEVEDO

DÍAZ, 2002b; OSORIO M.,

2002; BARROS FILHO et al,

2003; SIMON et al, 2003,

VERASZTO, 2003a, 2003b,

2003c, 2003d, 2004, 2005c.

DIMENSÃO SOCIAL

DSO 01: O governo não deve influenciar nas decisões de

desenvolvimento tecnológico.

AIKENHEAD & RYAN,

1992; CANAVARRO, 2000;

VOGT & POLINO, 2003;

VÁZQUEZ-ALONSO et al,

2006a

DSO 02: A pesquisa tecnológica desenvolvida por

empresas é direcionada a interesses particulares

hegemônicos visando exclusivamente o lucro.

DSO 03: As decisões e escolhas tecnológicas em nada se

relacionam com códigos de ética e de condutas.

DSO 04: As instituições educacionais e de pesquisa, como

grandes universidades, devem orientar a pesquisa para o

desenvolvimento de novas tecnologias.

DSO 05: Entidades não governamentais (ONG’s) devem

ter voz ativa nas decisões tecnológicas.

DSO 06: Organizações ambientalistas podem impedir ou

interromper o desenvolvimento tecnológico.

DSO 07: Entidades religiosas podem impedir ou

interromper o desenvolvimento tecnológico.

DSO 08: É importante a participação efetiva dos cidadãos

em questões relacionadas a tomadas de decisão

tecnológicas.

DSO 09: Interesses pessoais não influenciam no processo

de criação de tecnologia.

DSO 10: As crenças religiosas não afetam o trabalho de

cientistas e especialistas envolvidos na produção de

tecnologia.

DSO 11: A mídia influencia a produção tecnológica.

DSO 12: As minorias étnicas não têm espaço garantido

para auxiliar na escolha de novas tecnologias.

ATITUDES FRENTE

AO

DESENVOLVIMENT

O TECNOLÓGICO

ATI 01: Utilizo tecnologia para socializar informações.

HERRERA, 1994; WCEAD,

1987; BRASIL, 2000;

MIRANDA et al 2006b,

2007a, 2007b; VERASZTO et

al, 2006, 2007a, 2007d,

2007e.

ATI 02: Não estou apto a opinar sobre tecnologia, pois

decisões desse porte devem ficar a cargo de especialistas. AIKENHEAD & RYAN,

1992; CANAVARRO,

2000; VOGT & POLINO,

2003; VÁZQUEZ-

ATI 03: Escolho uma tecnologia pela sua eficiência.

ATI 04: Escolho uma tecnologia pela sua praticidade.

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109

ATI 05: No momento de compra de novo artefato

tecnológico o custo é o fator determinante para minha

escolha.

ALONSO et al, 2006a;

TEWDMAN & KEEVES,

2001; MIRANDA et al,

2005a, 2005b, 2005c, 2006;

VERASZTO et al, 2004a,

2004b, 2005d, 2005e,

2007b, 2007f; VAZQUEZ-

ALONSO, 2007; BERNE,

2003.

ATI 06: A tecnologia consolida a democratização das

relações entre os seres humanos.

AIKENHEAD & RYAN,

1992; CANAVARRO,

2000; VOGT & POLINO,

2003; VÁZQUEZ-

ALONSO et al, 2006a;

TEWDMAN & KEEVES,

2001; MIRANDA et al,

2005a, 2005b, 2005c, 2006;

VERASZTO et al, 2004a,

2004b, 2005d, 2005e, 2007b,

2007f; VAZQUEZ-ALONSO,

2007

ATI 07: Estou atento às questões relacionadas com

tecnologia que aparecem na mídia.

ATI 08: Sou favorável ao aumento do investimento em

tecnologia mesmo que isso signifique gastar menos em

programas sociais.

AIKENHEAD & RYAN,

1992; CANAVARRO, 2000;

VOGT & POLINO, 2003;

VÁZQUEZ-ALONSO et al,

2006a.

ATI 09: Utilizaria sem questionar a energia nuclear, pois é

uma saída plausível para resolver problemas futuros da

crise energética.

HERRERA, 1994;

WCEAD, 1987; ONU,

1998; BRASIL, 2000; GIL

PÉREZ et al, 2006;

MIRANDA et al 2006b,

2007a, 2007b; VERASZTO

et al, 2006 2007a, 2007d,

2007e.

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110

ATI 10: A preocupação com as futuras gerações deve ser

ponto determinante para direcionar escolhas tecnológicas.

HERRERA, 1994;

WCEAD, 1987; ONU,

1998; UNESCO, 1999;

BRASIL, 2000;

CARRANZA, 2001;

KNECHTEL, 2001;

AGAZZI, 2002;

COLOMBO & BAZZO,

2002; GRÜBLER &

GRITSEVSKYI, 2002;

MEADOWS 2002; BERNE,

2003; CORDEIRO NETTO

& TUCCI, 2003; BASSANI

& CARVALHO, 2004;

BURSZTYN, 2004;

COSTA FERREIRA, 2004;

ACEVEDO DÍAZ, 1996;

GLENN & GORDON,

2004; IGLESIA, 1997 apud

VERASZTO, 2004; OEI,

2005; PNUD, 2001, 2004,

2006; GIL PÉREZ et al,

2006; MIRANDA et al

2006b, 2007a, 2007b;

VERASZTO et al, 2006,

2007a, 2007d, 2007e;

VILCHES et al, 2006

ATI 11: Estou ciente de que minhas escolhas tecnológicas

ajudarão a superar a crise da água no século XXI.

CORDEIRO NETTO &

TUCCI, 2003; PNUD,2006.

ATI 12: Tendo condições financeiras, ao comprar um

celular novo, escolho o que tem mais recursos e funções.

TEWDMAN & KEEVES,

2001; MIRANDA et al,

2005a, 2005b, 2005c, 2006;

VERASZTO et al, 2004a,

2004b, 2005d, 2005e,

2007b, 2007f; VAZQUEZ-

ALONSO, 2007

ATI 13: Com a utilização segura da tecnologia é possível

proteger a natureza da contaminação humana.

HERRERA, 1994; WCEAD,

1987; FORAY & GRÜBLER,

1996; FREEMAN, 1996;

CARRANZA, 2001; AGAZZI,

2002; ANDRADE, 2004; BIN,

2004; MIRANDA et al 2006b,

2007a, 2007b, VERASZTO et

al 2007a, 2007d, 2007e.

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111

ATI 14: Evito utilizar artefatos tecnológicos que

provocam destruição do meio ambiente.

HERRERA, 1994;

WCEAD, 1987; ONU,

1998; UNESCO, 1999;

BRASIL, 2000;

CARRANZA, 2001;

KNECHTEL, 2001;

AGAZZI, 2002;

COLOMBO & BAZZO,

2002; GRÜBLER &

GRITSEVSKYI, 2002;

MEADOWS 2002; BERNE,

2003; CORDEIRO NETTO

& TUCCI, 2003; BASSANI

& CARVALHO, 2004;

BURSZTYN, 2004;

COSTA FERREIRA, 2004;

ACEVEDO DÍAZ, 1996;

GLENN & GORDON,

2004; IGLESIA, 1997 apud

VERASZTO, 2004; OEI,

2005; PNUD, 2001, 2004,

2006; GIL PÉREZ et al,

2006; MIRANDA et al

2006b, 2007a, 2007b;

VERASZTO et al, 2006,

2007a, 2007d, 2007e;

VILCHES et al, 2006

ATI 15: Sei que alimentos transgênicos podem ser a

solução para a fome do mundo.

ONU, 1998; BRASIL, 2000;

GLENN & GORDON,

2004; HERRERA, 1994;

WCEAD, 1987; PNUD,

2001; BERNE, 2003;

MIRANDA et al 2006b,

2007a, 2007b; VERASZTO

et al, 2006, 2007a, 2007d,

2007e.

ATI 16: Não compro móveis que não sejam feitos a partir

de madeira certificada.

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112

ATI 17: Admito exploração da natureza em detrimento do

bem estar da humanidade.

HERRERA, 1994; WCEAD,

1987; ONU, 1998; UNESCO,

1999; BRASIL, 2000;

CARRANZA, 2001;

KNECHTEL, 2001;

AGAZZI, 2002; COLOMBO

& BAZZO, 2002; GRÜBLER

& GRITSEVSKYI, 2002;

MEADOWS 2002; BERNE,

2003; CORDEIRO NETTO &

TUCCI, 2003; BASSANI &

CARVALHO, 2004;

BURSZTYN, 2004; COSTA

FERREIRA, 2004;

ACEVEDO DÍAZ, 1996;

GLENN & GORDON, 2004;

IGLESIA, 1997 apud

VERASZTO, 2004; OEI,

2005; PNUD, 2001, 2004,

2006; GIL PÉREZ et al, 2006;

MIRANDA et al 2006b,

2007a, 2007b; VERASZTO et

al, 2006, 2007a, 2007d,

2007e; VILCHES et al, 2006

Quadro 5.2: Indicadores Propostos para cada Dimensão do Estudo. Fonte: Elaborado pelo autor.

Assim, para a elaboração do instrumento se buscou representar, na forma de

assertivas, uma série de considerações teóricas pesquisadas e julgadas de relevância, para se

testar hipóteses com os dados empíricos. Além do mais, foi o elemento que permitiu apurar o

valor das variáveis, através das constatações individuais sobre as relações entre a sociedade e sua

influência nas concepões e atitudes de alunos de graduação frente ao desenvolvimento

tecnológico. Portanto, ele foi crucial, na medida que as conclusões que foram obtidas estão

apoiadas nas informações resultantes de sua aplicação. Desta forma é possível assegurar que a

sua representatividade e a sua validade proporcionaram consistência e credibilidade para as

conclusões da pesquisa.

É preciso destacar ainda que para a concepção do questionário foram observadas as

recomendações sugeridas por Selltiz et al (1987) que sugerem que um instrumento de pesquisa

quantitativa deve ter as características apontadas abaixo.

i. Ter uma boa apresentação física, de forma a motivar o pesquisado e a mantê-lo

estimulado a responder todas as questões formuladas;

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113

ii. Conter perguntas elaboradas com clareza e objetividade, a fim de se evitar vieses

de entendimento por parte do respondente;

iii. Abordar vários aspectos relacionados à área em investigação, sendo bem dosado

na quantidade e complexidade de questões;

iv. Utilizar linguagem adequada aos respondentes.

5.8. ESTRUTURA DO QUESTIONÁRIO

Abaixo (Quadro 5.3) é apresentando o questionário aplicado (Apêndice B) com

colunas adicionais para facilitar a análise, tendo em vista que as assertivas que representam as

variáveis foram reordenadas de forma aleatória para evitar vises nas respostas dos sujeitos.

Também apontamos as assertivas com sentido negativo que precisam ter sua escala invertida para

a inserção no modelo estatístico.

VARIÁVEIS N ASSERTIVAS OBSERVAÇÃO

ATI 02 1 Não estou apto a opinar sobre tecnologia, pois decisões desse porte devem

ficar a cargo de especialistas. NEGATIVA

CON 02 2 A tecnologia não precisa de teorias; precisa apenas ser prática e eficiente.

ATI 01 3 Utilizo tecnologia para socializar informações.

DSO 01 4 O governo não deve influenciar nas decisões de desenvolvimento

tecnológico. NEGATIVA

CON 03 5 A tecnologia explica o mundo à nossa volta.

CON 01 6 Tecnologia é aplicação de leis, teorias e modelos da Ciência.

ATI 03 7 Escolho uma tecnologia pela sua eficiência.

CON 04 8 Hoje há tecnologias que podem ser adquiridas por um preço acessível para

muitos, tais como celulares, aparelhos de som, microcomputadores, etc.

DSO 04 9 As instituições educacionais e de pesquisa, como grandes universidades,

devem orientar a pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias.

DSO 03 10 As decisões e escolhas tecnológicas em nada se relacionam com códigos

de ética e de condutas. NEGATIVA

DSO 02 11 A pesquisa tecnológica desenvolvida por empresas é direcionada a

interesses particulares hegemônicos visando exclusivamente o lucro.

ATI 04 12 Escolho uma tecnologia pela sua praticidade.

CON 05 13 Tecnologias são ferramentas (ou artefatos) construídas para auxiliar o

homem na resolução de diferentes tipos de tarefas.

DSO 05 14 Entidades não governamentais (ONG’s) devem ter voz ativa nas decisões

tecnológicas.

ATI 05 15 No momento de compra de novo artefato tecnológico o custo é o fator

determinante para minha escolha.

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114

CON 06 16 A tecnologia não sofre influências da sociedade. NEGATIVA

DSO 06 17 Organizações ambientalistas podem impedir ou interromper o

desenvolvimento tecnológico.

ATI 06 18 A tecnologia consolida a democratização das relações entre os seres

humanos.

CON 07 19 O uso que fazemos da tecnologia é que determina se ela é boa ou má.

DSO 07 20 Entidades religiosas podem impedir ou interromper o desenvolvimento

tecnológico.

ATI 07 21 Estou atento às questões relacionadas com tecnologia que aparecem na

mídia.

CON 08 22 O inventor perde o controle sobre a invenção uma vez que esta é

disponibilizada para o público.

DSO 08 23 É importante a participação efetiva dos cidadãos em questões relacionadas

a tomadas de decisão tecnológicas.

ATI 08 24 Sou favorável ao aumento do investimento em tecnologia mesmo que isso

signifique gastar menos em programas sociais. NEGATIVA

CON 09 25 Uma nova descoberta tecnológica pode ser útil em qualquer lugar do

planeta.

DSO 09 26 Interesses pessoais não influenciam no processo de criação de tecnologia. NEGATIVA

ATI 09 27 Utilizaria sem questionar a energia nuclear, pois é uma saída plausível

para resolver problemas futuros da crise energética.

CON 10 28 A tecnologia pode acabar com o planeta.

ATI 17 29 Admito exploração da natureza em detrimento do bem estar da

humanidade. NEGATIVA

DSO 10 30 As crenças religiosas não afetam o trabalho de cientistas e especialistas

envolvidos na produção de tecnologia. NEGATIVA

ATI 10 31 A preocupação com as futuras gerações deve ser ponto determinante para

direcionar escolhas tecnológicas.

CON 11 32 A tecnologia aumenta as desigualdades sócio-econômicas.

ATI 16 33 Não compro móveis que não sejam feitos a partir de madeira certificada.

DSO 11 34 A mídia influencia a produção tecnológica.

ATI 11 35 Estou ciente de que minhas escolhas tecnológicas ajudarão a superar a

crise da água no século XXI.

CON 12 36 A tecnologia ameaça a privacidade das pessoas.

DSO 12 37 As minorias étnicas não têm espaço garantido para auxiliar na escolha de

novas tecnologias. NEGATIVA

ATI 12 38 Tendo condições financeiras, ao comprar um celular novo, escolho o que

tem mais recursos e funções.

CON 13 39 Os benefícios proporcionados pelo desenvolvimento tecnológico são

maiores que seus efeitos negativos.

ATI 13 40 Com a utilização segura da tecnologia é possível proteger a natureza da

contaminação humana.

CON 14 41 A engenharia genética pode contribuir para a cura de doenças.

ATI 14 42 Evito utilizar artefatos tecnológicos que provocam destruição do meio

ambiente.

CON 15 43 Diferentes grupos de interesses determinam a produção tecnológica a

partir de relações sociais, políticas, econômicas, ambientais, culturais, etc.

ATI 15 44 Sei que alimentos transgênicos podem ser a solução para a fome do

mundo.

Quadro 5.3: Questionário aplicado com relações entre variáreis e ordem das assertivas. Fonte: Elaborado pelo autor.

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115

Frente ao exposto, o instrumento de levantamento de dados foi desenhado em três

partes (Apêndice B) sendo cada uma voltada a um objetivo específico da pesquisa, mas

complementares para a consecução do objetivo geral, e com níveis de complexidade crescentes:

i. Primeira etapa: fez-se uma apresentação sucinta do instrumento ao aluno,

esclarecendo os objetivos e a amplitude envolvidos na pesquisa. Procurou-se

estimulá-los ao preenchimento do instrumento com a menção da simplicidade das

perguntas e da curta duração para respondê-las. Exaltou-se a importância da

participação dos mesmos, além de tentar proporcionar-lhes liberdade de expressão

ao eximi-los de se identificarem.

ii. Segunda etapa: foram coletadas informações sobre o perfil dos respondentes:

gênero, idade, curso, ano de ingresso. Embora não se tenha indagado sobre o nome

da instituição, tomou-se o cuidado de separar os instrumentos respondidos com

vistas às análises comparativas.

iii. Terceira etapa: foi solicitado aos participantes que manifestassem seu grau de

concordância com assertivas. Quanto à seqüência das questões no instrumento,

optou-se por um sistema aleatório dos itens através do método randômico. Este

procedimento, segundo Zaragoza Raduá (2003), deve ser adotado em escalas de

atitudes para que estas possam gozar de maior validade. Contudo, tomou-se o

cuidado de construí-la de forma que não aumentasse o esforço mental dos

respondentes.

Escolheu-se a escala ordinal de Likert classificadas como Concordo Plenamente

(CP), ; Concordo (C), Indiferente (I), Discordo (D) e Discordo Plenamente (DP), transformadas

em escalas de 1 a 5 para mensuração futura.

A escala do tipo Likert é considerada uma escala ordinal, pois a origem dos números

que medem é arbitrária e a distância entre os números não são iguais (PASQUALI, 2003). Além

disso, conforme observado por Selltiz et al (1987), a escala mencionada permite a ordenação dos

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116

participantes através da favorabilidade de sua atitude com relação ao item e não mede o quanto o

respondente é favorável ao item questionado. Trata-se de escala que tem sido amplamente

utilizada em pesquisas de natureza quantitativa. Pereira (2004, p.65) a exalta como paradigma da

mensuração qualitativa, sugerindo que seu intenso uso seja proveniente de suas características de

contemplar oposição entre contrários, de reconhecer gradiente, de incluir situação intermediária e

de ter uma relação adequada entre precisão e acurácia da mensuração.

Não obstante, Hair Jr. et al (2005) sugerem a obtenção da validade de conteúdos

que avalia subjetivamente a correspondência entre os itens individuais e o conceito por meio do

julgamento de especialistas, pré-testes com sub-populações ou outros meios.

Para permitir o tratamento estatístico através da Modelagem de Equações Estruturais

(SEM), a escala ordinal adotada foi transformada em escala métrica. Esta adoção encontra

respaldo em muitas pesquisas da área de ciências sociais, não obstante questionamentos de vários

autores (CESAR, 2004). Para a autora, o uso da escala ordinal poderá ser uma das causas de

violação, caso se constate que não está sendo atendida a premissa da técnica SEM de distribuição

normal multivariada dos indicadores. Essa situação poderá exigir ajustes e medidas corretivas

para a aplicação das técnicas planejadas, ou o uso de método alternativo de estimação.

No que se refere à análise ou validação teórica dos itens, Pasquali (2003) afirma que

deve ser de dois tipos: a análise do conteúdo e a análise semântica do teste. Sendo que a análise

do conteúdo do teste deve ser feita por peritos na área, pois o que se pretende é verificar se os

itens realmente descrevem o construto a ser medido.

5.9. MODELOS COMPLETOS

Com a formação dos modelos de medidas e modelos estruturais, componentes

básicos da modelagem de equações estruturais (SEM), foi possível formar os modelos completos

para análise. Pedhazur (1997, p.770) destaca que embora não essencial para a análise numérica,

é muito útil a representação gráfica das relações hipotéticas entre o conjunto de variáveis. Com

base nesta premissa, foram desenhados graficamente os modelos, conforme dispostos nos

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117

diagramas 5.7 a 5.12. Para a elaboração dos mesmos, é importante considerar:

i. As variáveis exógenas (independentes) e exógenas (dependentes) são os construtos

ou variáveis latentes do estudo, e são representados geralmente por elipses

(PEDHAZUR, 1997; LOEHLIN, 1998).

ii. As variáveis manifestas ou indicadores são representadas por retângulos

(PEDHAZUR, 1997).

iii. Ei são os erros de mensuração a que as variáveis manifestas estão sujeitas, uma vez

que o respondente pode ficar incerto sobre como proceder, ou interpretar a questão

de maneira diferente daquela que o pesquisador entende (HAIR JR. et al, 2005).

iv. As setas indicam relações de causalidade entre as variáveis latentes ou efeito das

variáveis nos modelos de medidas (PEDHAZUR, 1997).

v. ρij são os coeficientes de caminho, que indicam quanto variará o fator i para cada

variação unitário do fator j na equação de regressão.

De acordo com Pedhazur (1997), os modelos prevêem, ainda, a existência de

resíduos para representar os efeitos de vaiáveis não incluídas na sua composição. Ainda segundo

o autor, alguns dos pressupostos registrados na literatura para uso da técnica SEM são atendidos

na própria estrutura dos modelos em análise, pois além das relações entre as variáveis serem

lineares, aditivas e causais, o número de indicadores por variável é superior a três, e o número de

parâmetros a serem estimados não é superior ao número de trajetórias ou caminhos (o que

poderia gerar problemas de identificação).

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118

Diagrama 5.7: Modelo DSO1: Influência da Sociedade. Fonte: Elaborado pelo autor.

Diagrama 5.8: Modelo CON1: Concepções. Fonte: Elaborado pelo autor.

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119

Diagrama 5.9: Modelo ATI1: Atitudes. Fonte: Elaborado pelo autor.

Diagrama 5.10: Modelo DSO2: Influência sobre a Sociedade. Fonte: Elaborado pelo autor.

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120

Diagrama 5.11: Modelo CON2: Influências sobre as Concepções. Fonte: Elaborado pelo autor.

Diagrama 5.12: Modelo ATI1: Atitudes. Fonte: Elaborado pelo autor.

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121

5.10. COLETA DE DADOS

Para a coleta de dados existem dois métodos principais aplicados às pesquisas

descritivas (MALHOTRA, 2001): survey e obsevação. Abaixo, segue uma melhor definição de

cada um deles:

i. Survey: método usado para se obter informações com base no questionamento aos

respondentes, geralmente de forma estruturada;

ii. Observação: envolve o registro de padrões de comportamento de pessoas, objetos

e eventos, de maneira sistemática, para se obter informação sobre o fenômeno de

interesse.

A escolha do método se deu em função dos objetivos desta pesquisa, que de maneira

resumida consiste em mensurar como estudantes de graduação entende a influencia da sociedade

em seus conceitos e atitudes frente à tecnologia.

Para essa finalidade o método de observação seria inviável nesse contexto devido a

questões de operacionalização, tempo e custo, uma vez que seria impossível acompanhar uma

amostra de estudantes similar à deste estudo durante todo o curso ou até mesmo um período

letivo para uma tentativa de inferir suas opiniões. Assim, a observação é inviável para a coleta

dos dados que esta pesquisa necessita e a escolha do método survey é a mais indicada.

Assim, as instituições que representaram a unidade amostral foram selecionadas

considerando-se os critérios de serem universidades de natureza pública e privada. A

universidade pública escolhida, localizada no município de Campinas/SP, tem alunos das mais

diferentes regiões do Estado de São Paulo, assim como, outras três outras instituições

particulares. Uma universidade e uma faculdade do município de São Paulo/SP e uma faculdade

do município de Campinas/SP. As outras duas faculdades selecionadas são do interior e recebem

alunos de diferentes regiões do interior do Estado e também foram escolhidas em função do

pesquisador já ter atuado por um grande período em uma delas e estar iniciando atividades em

outra. A diversidade de cursos que as quatro instituições apresentam, também foi fator decidivo

para suas escolhas.

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122

A coleta de dado na instituição pública foi feita diretamente com os alunos de

diferentes cursos e os questionários foram em sua grande maioria passados antes de iniciarem as

aulas dos dia letivos eleitos para a coleta de dados. Foram selecionados alunos dos cursos:

Engenharia Ambiental, Ciência da Computação, Nutrição, Psicologia, Administração com ênfase

em Comércio Exterior, Engenharia Elétrica, Engenharia da Produção, Física, Matemática,

Tecnologia em Gestão Ambiental, Administração, Pedagogia.

Os dados coletados na universidade privada do município de São Paulo foram

coletados mediante autorização do coordenador do curso de Pedagogia e também professor de

turmas dos quatros anos de graduação. Este mesmo professor auxiliou na coleta de trezentos e

oitenta e um questionários. O restante dos dados (de um total de um mil e seiscentos) foram

coletados em duas instituções do interior do Estado de São Paulo, sendo uma delas privada e

outra municipal. Neses dois últimos casos, os dados foram coletados depois da autorização dado

pela coordenação e direção de cada instituição.

De cada instituição foram selecionados para composição da amostra alunos de

diferentes cursos de forma a refletir visões diferenciadas, construídas a partir de influências dos

cursos e da instituição ao longo do período de envolvimento do aluno a mesma.

5.11. PROCESSO DE AMOSTRAGEM

Nesta pesquisa foi adotada a técnica de corte transversal que é amplamente utilizada

e que tem como característica básica a coleta de informações de todas as variáveis de uma

maneira simultânea. Segundo Malhotra (2001) esse método traz como vantagem a de permitir a

obtenção de uma fotografia das variáveis de interesse do estudo em um dado momento no tempo

e a de enfatizar a seleção de uma amostra significativa e representativa da população-alvo.

Contrapõe-se ao método longitudinal, no qual as medidas são obtidas dos mesmos indivíduos em

ocasiões repetidas (MACCALLUM e AUSTIN, 2000).

A quantidade de participantes da pesquisa é um fator crucial nos métodos

estatísticos uma vez que, como observam Hair Jr. et al. (2005) desempenham um importante

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123

papel na estimação e interpretação dos resultados da Modelagem de Equações Estruturais,

fornecendo uma base para a estimação do erro amostral. A questão crítica é determinar quão

grande uma amostra deve ser. MacCallum e Austin (2000) observaram uma ampla diversidade de

tamanhos amostrais nos estudos envolvendo aplicações de Modelagem de Equações Estruturais

(SEM), destacando que não foram incomuns pesquisas usando pequenas amostras (cerca de 18%

usaram menos de 100 indivíduos). Crowley e Fan (1997) indicam que, embora não haja uma

concordância geral quanto ao tamanho amostral, a quantidade de 200 tem sido sugerida em

alguns estudos. Há, naturalmente, que se considerar a complexidade do modelo e o número de

parâmetros a serem estimados.

Hair Jr.et al. apontam que se tratando de modelo SEM:

O tamanho absoluto mínimo da amostra deve ser pelo menos maior do que o

número de covariâncias ou correlações na matriz de dados de entrada. No

entanto, o mais típico é uma proporção mínima de pelo menos cinco

respondentes para cada parâmetro estimado, sendo considerada mais adequada

uma proporção de 10 respondentes por parâmetro. Logo, quando a complexidade

do modelo aumenta, o mesmo acontece com as exigências quanto ao tamanho

amostral (HAIR JR et al, 2005, p.484).

Todavia, os autores acrescentam ainda que quando os dados violam as suposições de

normalidade multivariada, a proporção de respondentes por parâmetros precisa aumentar para

uma razão geralmente aceita de 15. Além do mais, embora alguns procedimentos de estimação

sejam especificamente delineados para lidar com dados não normais, o pesquisador é sempre

encorajado a fornecer suficiente tamanho para permitir que o impacto do erro de amostragem seja

minimizado, especialmente para dados não normais (HAIR JR. et al. 2005).

Partindo-se do pressuposto que a amostra deste estudo é classificada como não

probabilística, visto que a probabilidade de um indivíduo pertencer à amostra não é conhecida

(CHURCHILL JR., 1999 e MALHOTRA, 2001), fundamentou-se nas indicações de Hair Jr. et al

(2005) que estabelecem regra empírica quanto ao tamanho da amostra uma proporção de 15

respondentes para cada assertiva.

Entretanto, nesta pesquesia, inicialmente foram tomados cerca de 1006 dados,

dando uma proporção de quase 23 respondentes por assertiva. Contudo, no software Lisrel foi

adotado procedimento para descarte de questionários que não tenham sido respondidos em sua

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totalidade. Assim, o montante passou para 600 questionários válidos apresentando uma

proporção de quase 14 respondentes por assertiva, o que é um valor bastante considerável

tomando Hair Jr et al (2005) como fundamentação e consideração que o modelo não é completo e

que obteve um bom ajuste no software Lisrel, essa proporção foi mantida.

Os dados foram obtidos utilizando-se de instrumento de pesquisa na forma impressa

que foi distribuído aos sujeitos desta pesquisa para preenchimento cujo tempo aproximado para

obtenção de resposta foi de aproximadamente 15 minutos.

No que se tange à aplicação dos questionários, a mesma deu-se no mês de março de

2009 nos períodos matutino, vespertino e noturno no início ou no término das aulas dependendo

do caso e das orientações do professor da classe.

Da mesma forma como a escolha do universo da pesquisa, a amostragem dos

sujeitos também foi do tipo amostragem por conveniência. Assim, em cada instituição aplicou-se

o questionário nas classes dos cursos mencionados de acordo com a aula oferecida no momento.

Participaram da coleta quatro professores que em geral conversavam com o professor da classe

antes do início das aulas e era então definido o momento para a aplicação do questionário.

5.12. ETAPAS DA ANÁLISE DE DADOS

Seguindo orientações de Hair Jr. et al. (2005), ao findar a coleta, os dados

registrados no questionário impresso foram digitados em uma planilha Excel para, a posteriori,

serem processados por softwares estatísticos específicos para tratamento e auxílio na análise de

dados quantitativos. O SPSS

13.0 para verificação da unidimensionalidade e confiabilidade dos

construtos e o sistema LISREL

8.54, um dos mais tradicionais pacotes estatísticos destinados à

modelagem de equações estruturais, que se popularizou nas pesquisas em ciências sociais

(GARSON, 2004), e que dispõe de recursos adequados aos propósitos desta pesquisa (HAYDUK,

1987; BOLLEN & LONG, 1993; BYRNE, 1998; MARUAYAMA, 1998; JÖRESKOG &

SÖBOM, 1993, 2001, 2003, JÖRESKOG et al 1998; GARSON, 2003; HANCOCK &

MUELLER, 2006).

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125

A codificação foi feita com a linguagem de comando SIMPLIS, disponível no

sistema, que viabilizou a estimação dos parâmetros do modelo através da análise fatorial

confirmatória, segundo diferentes métodos de estimação, e a apuração das respectivas medidas de

ajuste dos modelos.

5.12.1. ANÁLISE DESCRITIVA

Nesta etapa procurou-se explorar o conhecimento preliminar do perfil dos

respondentes. Em seguida procedeu-se a uma análise de freqüência de alternativa de respostas

considerando-se o instrumento validado. O conhecimento da concentração das respostas permitiu

também verificar a posição específica dos alunos respondentes frente a aspectos teóricos de

caráter generalizado e que fazem parte do referencial desta pesquisa e do seu instrumento.

Os resultados auferidos possibilitaram identificar as concepções dos alunos, para

cada um dos fatores como de maior relevância na relação sociedade e concepções e atitudes

frentes à tecnologia.

5.12.2. AVALIAÇÃO INDIVIDUAL DOS CONSTRUTOS

A partir da avaliação individual de cada constructo foi então possível realizar a

validação dos modelos de medidas de cada deles (DSO, CON e ATI) sendo que esta validação foi

feita aplicando-se a Análise Fatorial Confirmatória (Confirmatory Factor Analysis - CFA).

Essa técnica tem o propósito de testar a hipótese de ajuste dos dados empíricos a um

modelo teórico, onde uma estrutura de relação é imposta e confirmada pela análise. Não obstante,

as variáveis não precisam estar relacionadas a todos os fatores comuns. Em especial, como é o

caso desta investigação, cada variável relaciona-se a somente um fator.

Conforme sugerido por Pedhazur (1997), não houve indicadores considerados

referenciais como unidade de medida para seu respectivo construto. Em outras palavras se pode

dizer que não foi assumido previamente que quaisquer indicadores fossem uma medida

perfeitamente confiável e válida da variável que ele presumivelmente mede. Como conseqüência,

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não houve a fixação unitária de nenhum coeficiente no modelo de medidas.

Além disso, a validação dos modelos de medidas de cada construto foi realizada

através de sucessivos ajustes. Desta forma, em cada processo foram verificados os índices de

ajustamento complementado por informações geradas pela opção Índices de Modificação

programada no LISREL®, que aponta quanto se espera que diminua o qui-quadrado se uma

determinada re-estimação acontecesse (JÖRESKOG e SÖRBOM, 1993, 2003).

5.12.3. UNIDIMENSIONALIDADE DOS CONSTRUTOS

De acordo com Hair Jr et al (2005), existem duas condições para garantir a

dimensionalidade. Uma medida deve satisfazer ambas as condições para ser considerada

unidimensional. Essas condições são:

i. Primeira condição: um indicador empírico deve ser significativamente associado

a uma variável subjacente.

ii. Segunda condição: o indicador empírico pode estar associado a apenas uma

variável latente.

Assim, este critério consistiu em verificar se os indicadores estabelecidos

representavam de fato um único construto, posto que a unidimensionalidade é uma premissa para

a confiabilidade do construto.

Para isso, a constatação da unidimensionalidade foi feita observando se cada valor

da matriz de resíduos normalizados do construto era pequeno menor que 2,58, em módulo, a um

nível de significância de 1%, sinalizando se o efeito sobre o ajuste geral do modelo era baixo.

5.12.4. CONFIABILIDADE DOS CONSTRUTOS (CC)

A confiabilidade é uma medida da consistência interna dos indicadores do construto

e da adequacidade das escalas para medi-lo. Neste caso, adotou-se para avaliação medida a

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proposta de Hair Jr. et al. (2005):

Onde:

λj é a carga fatorial padronizada do indicador j,

εj é o erro de mensuração do indicador j, calculado como 1 – confiabilidade do indicador.

Segundo os autores, um valor comumente usado para aceitação da confiabilidade é

0,70, embora esse não seja um padrão absoluto, e valores abaixo de 0,70 têm sido aceitos se a

pesquisa é exploratória em sua natureza.

5.12.5. MEDIDAS DE AJUSTAMENTO DOS CONSTRUTOS

Como medidas de ajustamento foram utilizadas as medidas de adequação absoluto,

que determinam o grau em que o modelo (estrutural e de mensuração) prediz a matriz de

covariância, as medidas de ajuste incrementais, que comparam o modelo proposto ao modelo

nulo, e uma medida de ajustamento parcimonioso, que relaciona o ajuste do modelo ao número

de coeficientes estimados requeridos para atingir este nível de ajuste (HAIR, Jr. et al., 2005).

Abaixo, são expostos os índices de ajuste absoluto utilizados:

i. Qui-quadrado (2

): compara se a matriz verdadeira e a prevista são

estatisticamente diferentes. Valores menores do qui-quadrado resultam em maiores

níveis de significância, ou seja, indicam que a matriz verdadeira não é

estatisticamente diferente da prevista.

ii. Goodness-of-fit (GFI): varia de zero (ajuste nulo) a 1 (ajuste perfeito). Valores

superiores a 0,85 são considerados aceitáveis, mas segundo Hair, Jr. et al. (2005)

não existe um limiar bem definido para este índice.

iii. Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA): é uma medida utilizada

para corrigir a tendência de rejeição da estatística qui-quadrado. São aceitos valores

jj

jCC

2

2

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inferiores a 0,08.

Foram utilizados os seguintes índices de ajustamento incremental, que buscam

comparar o modelo proposto ao nulo:

i. Normed Fit Index (NFI): esta medida varia de 0 a 1 (com valores de aceitação

iguais ou superiores a 0,90), sendo uma comparação entre o valor do qui-quadrado

do modelo proposto e o valor do qui-quadrado do modelo nulo (HAIR, Jr. et al.,

2005).

ii. Tucker-Lewis Index (TLI): também conhecido como nonnormed fit index (NNFI).

Considerado um índice bastante robusto, combina uma medida de parcimônia em

um índice comparativo entre os modelos proposto e nulo, com valores entre 0 e 1,

sendo aceitáveis valores iguais ou superiores a 0,90 (HAIR, Jr. et al., 2005).

iii. Ajusted Goodness-of-Fit Index (AGFI): é uma extensão do GFI ajustado pela

razão dos graus de liberdade do modelo proposto e os graus de liberdade do modelo

nulo. Os valores recomendados estão acima de 0,90.

iv. Comparative Fit Index (CFI): esta medida varia de 0 (ajuste nulo) a 1 (ajuste

perfeito) e deve ser utilizada para comparação de modelos (HAIR Jr. et al., 2005),

com valores de aceitação iguais ou superiores a 0,90.

Utilizou-se o seguinte índice de ajuste parcimonioso:

i. Qui-quadrado sobre graus de liberdade (2/GL): este valor demonstra a

diferença entre as matrizes observada e estimada. Quanto maior o valor do qui-

quadrado em relação aos graus de liberdade, maior será esta diferença, sendo

aceitáveis valores menores que 5, numa medida mais tolerante, mas

preferencialmente menores que 2, que é a medida mais robusta. Por ser sensível à

não-normalidade dos dados, ao número de parâmetros e ao tamanho da amostra,

recomenda-se que este índice seja analisado em conjunto com outros indicadores

(HAIR JR. et al 2005). O critério que o presente estudo adotou, no caso dessa

medida, foi aceitar valores abaixo de cinco (5,0), sendo que o ajuste ideal teria uma

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129

razão unitária (MARUYAMA, 1998).

Estas medidas foram utilizadas como forma de avaliar cada construto e o modelo

integrado, pois um modelo ajustado funciona como referência para a confirmação da validade dos

constructos, em nível individual, e dos relacionamentos entre eles, no que diz respeito ao modelo

estrutural completo.

A partir da avaliação dos índices de ajustamento, o pesquisador deve considerar

potenciais modificações no modelo teórico que está sendo testado, procedendo a sua revisão até

que se alcance um bom ajustamento dos construtos (HAIR JR. et al 2005)..

Todavia, os autores acrescentam que a estimação dos índices de ajustamento

supracitados somente será possível se os constructos em análise apresentarem índices aceitáveis

de mensuração. Dentre os principais problemas, estão a existência de variâncias não-

significativas ou negativas das variáveis de erro o que impossibilitaria rodar o programa e

coeficientes que excedam o valor 1 (um), ou valores de erro muito altos, o que denotaria baixo

poder de explicação da variável indicadora.

Outra questão sugerida na literatura quanto à utilização da análise fatorial

confirmatória é o pressuposto de normalidade dos dados. Para tanto, procedeu-se à análise

univariada, por meio do cálculo dos valores de Kolmogorov-Smirnov (Apêndice 3). Esta análise

indicou que a significância era menor que 0,0001 o que levou à conclusão de que as distribuições

de todas as variáveis não eram normais ao nível de significância de 0,05.

5.12.6. AVALIAÇÃO DO MODELO INTEGRADO

Pretende-se avaliar cada modelo separadamente, ou seja, DSO, CON e ATI com a

intenção de compreender as relações estruturais hipotetizadas. Os ajustes dos modelos estruturais

usarão a análise de regressão múltipla para apurar os efeitos causais entre as variáveis, calculando

os coeficientes de caminho (path coefficients), conforme sugerem (HAIR JR. et al., 2005). Neste

caso, buscou-se avaliar todos os modelos na tentativa de compreender as relações estruturais

hipotetizadas. Os ajustes dos modelos estruturais usaram a análise de regressão múltipla para

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130

apurar os efeitos causais entre as variáveis, calculando os path coefficients ou coeficientes de

caminho.

Para o ajuste optou-se pelo método da Máxima Verossimilhança (Maximum

Likelihood Estimation – MLE), segundo Hair Jr. et al (2005).

Para esses autores haverá comprovação empírica das relações entre os construtos

estabelecidos no modelo se os coeficientes de regressão forem significativos, sendo aceitos

aqueles que apresentarem t-values superiores a 1,96 (nível de significância de 0,05). A análise do

modelo integrado considerará os mesmos índices de ajustamento previstos na avaliação do

Modelo de Medidas.

A análise foi amparada complementarmente pelo gráfico Q-Plot fornecido pelo

LISREL® e que apresenta a distribuição dos resíduos padronizados relativamente a uma linha de

45º do eixo. A proximidade dos pontos a essa linha indica distribuição normal dos resíduos.

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6. RESULTADOS E ANÁLISES

Neste capítulo, além da caracterização da amostra, são apresentados e discutidos os

resultados apurados a partir das técnicas previamente apresentadas, conforme segue.

6.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

Na tentativa de conhecer os participantes, o instrumento de pesquisa fez indagações

sobre gênero, idade, curso e ano de ingresso no curso. Todavia, considerando-se que a

amostragem foi previamente estabelecida por conveniência, conforme já explicado, tendo como

público alvo estudantes universitários de instituições públicas e privadas de diferentes cursos,

segue abaixo uma breve caracterização da amostra.

Dos 1006 questionário aplicados, 600 foram analisados devido ter sido usado a

opção de eliminar questionários com respostas faltantes no software Lisrel. Destes 600 alunos

analisados, 35,6% deles eram do sexo masculino e 64,4%, do sexo feminino.

Quanto à distribuição dos participantes por curso o gráfico 6.1 mostra a

caracterização geral.

Figura 6.1: Distribuição da amostra por curso. Fonte: elaborado pelo autor.

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132

Um aspecto importante da amostra foi selecionar os participantes de acordo com o

ano de ingresso nos cursos. Com os resultados apresentados no Gráfico 6.2, podemos ver que

quase metade da amostra (47,7%) são calouros, ingressantes em 2009. A amostra conta também

com 32,1% de alunos ingressantes em 2008, 13% ingressantes em 2007, 7% ingressante em 2006

e um grupo não representativo 0,2% - em relação ao ano de ingresso - de alunos ingressantes em

2003. Alunos ingressantes nos anos de 2004 e 2005 não aparecem pois foram eliminados pelo

Lisrel devido ao não preenchimento integral do questionário.

Figura 6.2: Distribuição da amostra segundo ano de ingresso no curso. Fonte: elaborado pelo autor.

Por fim, buscou-se traçar um perfil dos participantes quanto à faixa etária e

encontrou-se que a maioria (cerca de 68,7%) está na faixa de 17 a 26 anos e o restante acima dos

27. Isso caracteriza uma amostra jovem. (Gráfico 6.3).

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133

Figura 6.3: Distribuição da amostra segundo faixa etária. Fonte: elaborado pelo autor.

6.2. ANÁLISE DE FREQÜÊNCIA DE RESPOSTAS AOS INDICADORES

Na tentativa de compreender o posicionamento dos participantes acerca dos

indicadores, realizou-se a análise de freqüência dos dados. A Tabela 6.1 apresenta a quantidade

de respostas por quesito, bem como a média, a mediana e o respectivo desvio padrão, obtidos

após aplicação de valores para transformação métrica da escala Likert utilizada na pesquisa.

INDICADOR Ai ASSERTIVAS CP

(1)

C

(2)

I

(3)

D

(4)

DP

(5) Média Mediana

Desvio

Padrão

ATI 01 A3 Utilizo tecnologia para socializar

informações. 209 325 41 15 10 1.8200 2 0.79707

DSO 01 A4

O governo não deve influenciar

nas decisões de desenvolvimento

tecnológico.

39 95 87 255 124 2.4500 2 1.17038

CON 03 A5 A tecnologia explica o mundo à

nossa volta. 149 283 79 77 12 2.2000 2 1.01738

CON 01 A6 Tecnologia é aplicação de leis,

teorias e modelos da Ciência. 106 274 95 111 14 2.4217 2 1.05311

DSO 04 A9

As instituições educacionais e de

pesquisa, como grandes

universidades, devem orientar a

pesquisa para o desenvolvimento

de novas tecnologias.

365 212 16 5 2 1.4450 1 0.62527

DSO 02 A11

A pesquisa tecnológica

desenvolvida por empresas é

direcionada a interesses

91 213 101 167 28 2.7133 2 1.16049

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134

particulares hegemônicos visando

exclusivamente o lucro.

CON 05 A13

Tecnologias são ferramentas (ou

artefatos) construídas para

auxiliar o homem na resolução de

diferentes tipos de tarefas.

255 306 24 14 1 1.6667 2 0.68044

ATI 05 A15

No momento de compra de novo

artefato tecnológico o custo é o

fator determinante para minha

escolha.

98 222 89 151 40 2.6883 2 1.20289

DSO 06 A17

Organizações ambientalistas

podem impedir ou interromper o

desenvolvimento tecnológico.

51 197 109 175 68 3.0200 3 1.18966

ATI 06 A18

A tecnologia consolida a

democratização das relações

entre os seres humanos.

53 263 165 96 23 2.6217 2 0.98156

CON 07 A19

O uso que fazemos da tecnologia

é que determina se ela é boa ou

má.

198 261 50 72 19 2.0883 2 1.08281

ATI 07 A21

Estou atento às questões

relacionadas com tecnologia que

aparecem na mídia.

119 333 105 35 8 2.1333 2 0.84266

DSO 08 A23

É importante a participação

efetiva dos cidadãos em questões

relacionadas a tomadas de

decisão tecnológicas.

138 295 112 49 6 2.1500 2 0.90121

ATI 10 A31

A preocupação com as futuras

gerações deve ser ponto

determinante para direcionar

escolhas tecnológicas.

178 329 62 23 8 1.9233 2 0.81766

ATI 16 A33

Não compro móveis que não

sejam feitos a partir de madeira

certificada.

75 120 217 144 44 2.9367 3 1.10967

ATI 11 A35

Estou ciente de que minhas

escolhas tecnológicas ajudarão a

superar a crise da água no século

XXI.

76 238 161 99 26 2.6017 2 1.04154

ATI 12 A38

Tendo condições financeiras, ao

comprar um celular novo,

escolho o que tem mais recursos

e funções.

191 181 94 105 29 2.3333 2 1.22531

ATI 13 A40

Com a utilização segura da

tecnologia é possível proteger a

natureza da contaminação

humana.

120 269 69 113 29 2.4367 2 1.14667

ATI 15 A44

Sei que alimentos transgênicos

podem ser a solução para a fome

do mundo.

65 140 177 175 43 2.9850 3 1.11663

Tabela 6.1: Freqüência de resposta dos estudantes aos indicadores propostos. Fonte: Pesquisa elaborada pelo autor.

Vamos agora a algumas considerações a partir da análise simples das medidas de

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posição indicadas na Tabela 6.1.

ATI 01: A3: Utilizo tecnologia para socializar informações.

Os valores médio e mediano da assertiva A3 refletem o fundamento apresentado na

literatura do capítulo 4, que aponta que as tecnologias da informação e comunicação tem sido

empregada em escala cada vez maior na sociedade ao longo dos últimos anos (HERRERA,

1994; WCEAD, 1987; BRASIL, 2000; MIRANDA et al 2006b, 2007a, 2007b; VERASZTO et al,

2006, 2007a, 2007d, 2007e).

Tendo em vista que a pesquisa foi realizada com estudantes universitários, o uso das

referidas tecnologias é bastante amplo e difundido, podendo se dar não só em casa, com nas

instituições de estudo, ou por ventura, em locais de trabalho. Isso não pode ser constatado neste

trabalho, mas reflete estudos realizados pelo IBGE (2005) e PNAD (2006, 2007) onde o perfil da

utilização de tecnologias pelos brasileiros é realizado.

Assim, os resultados médio e mediano aparecido nesta assertiva corroboram para

verificar a ampla aceitação e utilização das tecnologias da comunicação e informação para

aprender conteúdos ou manter contato em tempo real ou remoto.

DSO 01: A4: O governo não deve influenciar nas decisões de desenvolvimento

tecnológico.

A assertiva A4 demonstra que os alunos pesquisados não concordam com a

afirmação. Portanto, acreditam que a participação do governo é bastante importante, tendo em

vista os valores médio e mediano apresentados na Tabela 6.1. Essa assertiva mostra uma

descrença dos alunos em relação ao governo. A participação do governo significa uma

participação social. E a participação social significa a existência de um Estado democrático.

Em uma sociedade democrática, o voto é uma das melhores formas de se participar

quando a população é extremamente grande. A eleição de representantes se torna uma saída

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viável.

CON 03: A5: A tecnologia explica o mundo à nossa volta.

Esta reflete a perpetuação que um dos pontos de vista clássicos do senso comum, o

da tecnologia como sinônimo de ciência, ainda está presente em nossa sociedade. Conforma pode

ser verificado pela revisão bibliográfica feita no capítulo 3, e resumida no Quadro 3.1, não

conseguir estabelecer distinção entre tecnologia e ciência é opinião comum manifestada por

muitas pessoas. E os valores médio e mediano desta assertiva demonstram isso.

CON 01: A6: Tecnologia é aplicação de leis, teorias e modelos da Ciência.,

Da mesma maneira que na assertiva anterior, os valores das medidas de posição para

a assertiva A6 também mostram que os graduandos pesquisados apresentam outra visão clássica

do senso comum. O ponto de vista intelectualista da tecnologia, complementa a visão anterior

(assertiva A5). Entender que a tecnologia deriva única e exclusivamente da ciência, não

mostrando interesses que existem em sua concepção pode signficar que realmente os alunos não

distinguem a ciência da tecnologia. Essa visão também é tida como bastante comum e foi

apresentada no capítulo 3, e referenciada no Quadro 3.1.

DSO 04: A9: As instituições educacionais e de pesquisa, como grandes

universidades, devem orientar a pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias.

Ao mesmo tempo em que os graduandos mostram intenção de participar no processo

de tomada de decisão tecnológico, também fica caracterizado que acreditam em grandes centros

de desenvolvimento de ciência. GARCÍA et al (2000) aponta que a fé na ciência era uma das

características principais antes do início dos movimentos CTS. Essa visão ainda permanece

arraigada na população de uma forma mais amena e os valores encontrados para este indicador

demonstram isso.

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137

DSO 02: A11: A pesquisa tecnológica desenvolvida por empresas é

direcionada a interesses particulares hegemônicos visando exclusivamente o lucro.

A produção de grandes empresas sempre visa a manutenção de lucros e a busca por

hegemonia de mercado (CASTELNOU, 2003). A predominância da racionalidade econômica

tem gerados diversos estudos como os que estão apontados no início do capítulo 4. Contudo,

além de ser essa a justificativa para que os valores desta assertiva sejam os apresentados, também

é preciso considerar que estes valores sejam reflexos da percepção que os graduandos têm de que

a maioria das multinacionais se fixa em países em desenvolvimento devido à presença de uma

mão de obra de qualidade e de baixo custo subsidiadas ainda por regalias tributárias, além de não

demonstrarem intenção alguma de contribuir para o desenvolvimento tecnológico local

investindo em pesquisas. O valores médio e mediano dessas assertivas dão bons indícios dessas

colocações.

CON 05: A13: Tecnologias são ferramentas (ou artefatos) construídas para

auxiliar o homem na resolução de diferentes tipos de tarefas.

Uma outra visão sempre presente no senso comum apareceu nesta pesquisa como

peça chave para o entendimento da concepção de tecnologia dos graduandos pesquisados. A

noção de tecnologia instrumentalista (ou artefactual) é bastante comum e conforme aponta a

literatura (Quadro 3.1). A própria própria assertiva reflete de forma direta a idéia de que a

tecnologia é vista como uma simples ferramenta. E os valores médio e mediano mostram que os

indivíduos pesquisados concordam com isso.

ATI 05: A15: No momento de compra de novo artefato tecnológico o custo é o

fator determinante para minha escolha.

Para os estudantes de graduação entrevistados, assim como para a maioria dos

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consumidores, custo e aquisição têm relação direta. Mesmo podendo fazer inferência e estabeler

relações com outras assertivas, uma discussão mais aprofundada destas relações será dada

somente na avaliação do modelo ajustado em páginas adiantes.

ATI 06: A18: A tecnologia consolida a democratização das relações entre os

seres humanos.

É importante destacar que relacionando essas indicações a assertiva A18, existe uma

boa tendência para que os alunos se posicionassem favoravelmente em relação às tecnologias

como forma de democratizar relações.

CON 07: A19: O uso que fazemos da tecnologia é que determina se ela é boa ou

má.

Essa concepção aponta que os estudantes de graduação pesquisados consideram que

a tecnologia é neutra. Conforme aponta a literatura (Quadro 3.1) esse ponto de vista reflete que

não existe uma reflexão apropriada em relação as concepções tecnológicas e ao seu processo de

desenvolvimento, ou seja, a tecnologia não reflete as intenções nem tampouco os interesses dos

grupos desenvolvedores.

ATI 07: A21: Estou atento às questões relacionadas com tecnologia que

aparecem na mídia.

Esta assertiva complementa de forma indireta as colocações feita na assertiva A3.

Tendo em vista que os graduandos pesquisados ao mesmo tempo que utilizam as tecnologias para

socializar informações, também demonstram que as utilizam para acessar informações e

consequentemente, para estar atento às transformações sociais e novidades tecnológicas. Isso

denota a grande importância das TICs e também um bom nível de politização das pessoas

entrevistadas. E essa afirmação pode ser complementada com a análise das próximas assertivas.

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DSO 08: A23: É importante a participação efetiva dos cidadãos em questões

relacionadas a tomadas de decisão tecnológicas.

Os valores médio e mediano calculados para a assertiva A23 dão indícios que os

entrevistados esperam uma participação mais direta em questões estratégicas de desenvolvimento

tecnológico. Um ponto de vista fundamental para refletir o desejo das pessoas pesquisadas em

poder tomar decisão na gênese de novas tecnologias. O plebiscito poderia ser uma saída, ou

ainda, a participação em pesquisas dentro de instituições acadêmicas. Esse ponto será melhor

discutido adianta.

ATI 12: A38: Tendo condições financeiras, ao comprar um celular novo,

escolho o que tem mais recursos e funções.

Esta assertiva é uma atitude que reflete a concepção apresentada na assertiva A13. O

modelo, de forma abrangente, ainda não está sendo analisado, mas os valores médio e mediano

deste indicador dá indícios disto.

Como aponta a assertiva A12, a aquisição de um produto tecnológico de ponta seria

feita, caso os estudantes tivesse recurso suficiente. Isso é óbvio, e mesmo não analisando o

modelo em sua totalidade, algumas inferências podem ser estabelecidas baseadas nas referências

teóricas dos capítulos iniciais que aponta que o cosumo de artefatos tecnológicos de última

geração muitas vezes é feito por pessoas que pensam ser possuidoras de tecnologia. A

diferenciação entre artefato e tecnologia de fato não existe e a sustentação de fetiches é

característica de muitos consumidores. Além disso, a satisfação de uma necessidade pessoal,

dentre inúmeros outros fatores, é ponto que deve ser levado em consideração. Contudo, a análise

do consumo não é objetivo deste trabalho e assim, os resultados desta pesquisa, mais

especificamente desta assertiva, pode ser base para estudos futuros.

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ATI 10: A31: A preocupação com as futuras gerações deve ser ponto

determinante para direcionar escolhas tecnológicas.

ATI 11: A35: Estou ciente de que minhas escolhas tecnológicas ajudarão a

superar a crise da água no século XXI.

ATI 13: A40: Com a utilização segura da tecnologia é possível proteger a

natureza da contaminação humana.

Estas três assertivas, estão agrupadas, única e exclusivamente em função da revisão

bibliográfica do capítulo 4. A literatura apontou os principais desafios para a tecnologia no

cenário global contemporâneo e o resumo pôde ser visto na tabela 4.1. Seguindo as tendências

apontadas pelos trabalhos analisados, assim também foram as opiniões alunos pesquisados. As

médias e medianas dessas assertivas mostram que os graduandos entrevistados têm uma boa

postura ecológica e sustentável. Isso pode ser indício de uma boa politização em relação ao tema

ou de reflexos de uma conscientização global já iniciada há alguns anos e até mesmo da forma

massiva como a mídia vem tratando do assunto. Isso vem ao encontro da assertiva A21, onde os

alunos fazem boa referência da utilização da mídia pra conhecer novas tecnologias.

DSO 06: A17: Organizações ambientalistas podem impedir ou interromper o

desenvolvimento tecnológico.

ATI 16: A33: Não compro móveis que não sejam feitos a partir de madeira

certificada.

ATI 15: A44: Sei que alimentos transgênicos podem ser a solução para a fome

do mundo.

Em relação a essas assertivas os alunos se posicionaram indiferentemente. A média

e a mediana são os valores que comprovam isso. Esses resultados também podem refletir que os

alunos ainda não têm uma opinião formada sobre o assunto. Mesmo assim, foi uma das assertivas

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141

que se ajustaram ao modelo. Isso pode ser indício da preocupação ambiental que os alunos de

graduação pesquisados demonstram em outras assertivas, que foram vistas anteriormente.

6.3. VALIDADE DOS CONSTRUTOS

A validade de construto necessita ser testada sob uma perspectiva estatística

(GARVER & MENTZER, 1999). Com isso, esta avaliação compreende uma série de

propriedades, as quais devem ser satisfeitas para que a validade de construto seja alcançada. Estas

propriedades referem-se a unidimensionalidade, confiabilidade, validade convergente dos

construtos do modelo de mensuração representado pela escala que está sendo analisada. Nestes

termos, a análise fatorial confirmatória foi a técnica empregada para tais análises.

6.3.1. UNIDIMENSIONALIDADE DOS CONSTRUTOS

De acordo com Hair Jr. et al (2005), a unidimensionalidade é demonstrada quando

os indicadores têm ajuste aceitável representando um só construto, além de ser uma suposição

para a confiabilidade do construto.

A unidimensionalidade é verificada após estabelecimento do modelo de mensuração

que, neste caso, consiste das 3 dimensões e seus respectivos indicadores. Por sua vez, é verificada

quando se tem apenas 5% dos resíduos normalizados, excedendo o valor absoluto de referência

de 2,58, ou seja, acima de 2,58 ou abaixo de -2,58. Para tanto, a análise de resíduos normalizados

é estimulada pelo LISREL. O processo de análise ora mencionado orienta sistematicamente

possíveis refinamentos e modificações, assegurando que o construto em questão possua

consistência interna e externa.

Desta forma, a validação dos modelos de medidas de cada construto foi realizada

através de sucessivos ajustes. Em cada processo foram verificados os índices de ajustamento,

complementado por informações geradas pela opção Índices de Modificação programadas no

LISREL®

, que aponta o quanto se espera que diminua o qui-quadrado se uma determinada re-

estimação acontecesse (JÖRESKOG; SÖRBOM, 1993a). Diante disso, foram obtidos os índices

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residuais padronizados apontados na Tabela 6.2 e que podem ser observados nos Apêndices C, D,

E, F, G e H.

Construto Menor Resíduo Padronizado Maior Resíduo Padronizado

DSO1 -2.565 2.972

DSO2 -2.585 3.013

CON1 -2.573 3.014

CON2 -2.585 3.013

ATI1 -2.636 3.028

ATI2 -2.585 3.013

Tabela 6.2: Índices Residuais Padronizados dos Construtos. Fonte: Programa LISREL®.

Conforme se observa, a dimensão DSO1 apresenta resíduo próximo ao valor de

referência, verificando-se, assim, a unidimensionalidade. Por outro lado, as demais dimensões

apresentaram alguns resíduos padronizados pouco mais elevados mas não distantes da referência.

Isso poderia indicar uma pequena fragilidade da propriedade de

unidimensionalidade destas dimensões. Contudo, para tirar dúvidas, foi feita uma análise

minuciosa dos resíduos padronizados de todas as dimensões e verificou-se que a quantidade geral

de resíduos que ultrapassa o valor de 2,58 é muito baixa, conforme pode-se observar na tabela

abaixo (Tabela 6.3):

Construto Percentual de Resíduo Padronizado

DSO1 cerca de 2.4%

DSO2 cerca de 3,0%

CON1 cerca de 3,0%

CON2 Não tem valor de resíduo padronizado superior a 2,58

ATI1 cerca de 3,0% ATI2 cerca de 3,0%

Tabela 6.3: Índices Residuais Padronizados dos Construtos. Fonte: Programa LISREL®.

Esses valores indicam que a unidimensionalidade dos constructos está pouco

comprometida.

6.3.2 CONFIABILIDADE

Conforme apontado no capítulo precedente a confiabilidade do constructo, para cada

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uma das três dimensões (DSO, CON, ATI), foi calculada, segundo Hair et al (1998), pelo método

da Confiabilidade composta.

Hair Jr. et al (2005) afirmam que a confiabilidade é uma medida da consistência

interna dos indicadores do construto descrevendo o grau em que eles indicam o construto latente.

Ademais, um valor comumente usado para aceitação da confiabilidade é 0,70, embora esse não

seja um padrão absoluto, e valores abaixo de 0,70 têm sido aceitos se a pesquisa é exploratória

em sua natureza. Não obstante, Pereira (2004, p.87) afirma que mais importante do que se possa

julgá-lo bom ou ruim é ter uma avaliação de quão bom ele seja [...] considerando-se o intervalo

de valores possíveis (0-1) e a complexidade do fenômeno que se busca medir.

Desta forma, utilizando-se o Lisrel os resultados de cada uma das dimenões estão

apontados na tabela que segue (Tabela 6.4):

Construto Confiabilidade Composta dos

Construtos

Modelos DSO 0,704161

Modelos CON 0,703772

Modelos ATI 0,716902

Tabela 6.4: Confiabilidade Composta dos Construtos. Fonte: Programa Lisrel®.

Conforme se observa, os valores obtidos estão acima do padrão comumente

estabelecido quando calculado para cada um dos construtos. Tal resultado mostra que a escala

validada apresentou valores sem vieses consideráveis e, portanto plenamente aceitáveis. Além do

mais, nota-se que as respostas obtidas pelo índice de Confiabilidade dos Construtos sinalizam que

as medidas realizadas se mostram muito adequadas.

6.3.3. MEDIDAS DE AJUSTAMENTO DOS MODELOS

Hair Jr. et al. (2005) afirmam que avaliar o ajuste geral dos modelos de equações

estruturais não é uma tarefa simples e direta como acontece em outras técnicas multivaridas, tais

como a Regressão Múltipla, a Análise Discriminante ou até mesmo a Análise Conjunta. Isso

acontece porque a Análise de Equações Estruturais não tem um teste estatístico único que melhor

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descreve a força de previsão de um determinado modelo. Desta forma, pesquisadores diversos

desenvolveram algumas medidas que ao serem usadas conjuntamente, servem para avaliar os

resultados sob três perspectivas, ou seja, ajuste geral, ajuste comparativo ao modelo base e

parcimônia do modelo. Ademais, o uso de múltiplos índices é aconselhável, pois fornece

evidência convergente ao ajuste do modelo.

Nesta etapa foram avaliados todos os modelos buscando-se a compreensão das

relações estruturais hipotetizadas.

O procedimento mais comum para estimação desses parâmetros e que geralmente

apresenta maior eficiência seja, de acordo com Hair Jr. et al. (2005) é o método da Máxima

Verossimilhança (Maximum Likelihood Estimation – MLE).

Os resultados obtidos com o método MLE ficaram bem ajustados, considerando-se

os valores indicados na literatura. Neste caso, é até mesmo possível de se afirmar que o modelo

alternativo ATI1 tem melhor ajuste estatístico (Tabela 6.5). Por outro lado, do ponto de vista

teórico, pressupõe-se que o DSO seja mais viável e com isso, procedeu-se outra estimação na

tentativa de corroborar a hipótese. Embora o DSO1 tenha obtido o melhor ajuste, todos eles

foram ajustados, contudo, devido ao valor do teste t, somente o DSO1 atesta as hipóteses de

pesquisa (Tabela 6.6), conforme será apresentado adiante.

Na perspectiva estatística, o qui-quadrado, quando analisado sem relacioná-lo com

os graus de liberdade de cada melo, traz poucas informações. Sendo assim, optou-se pela análise

do qui-quadrado ponderado, cujos valores devem se situar entre 1 e 5 ou ainda entre 1 e 2

(dependendo do nível de exigência do pesquisador). Nestes termos, ao analisar o qui-quadrado

ajustado dos modelos, percebe-se que todos eles encontram-se entre 1 e 2 o que indica um ajuste.

No que se refere ao RMSEA, quanto mais baixos forem os valores obtidos, melhor o

ajuste. Considerando-se que os valores devem se situar abaixo de 0,08, nota-se que todos os

modelos apresentaram índices abaixo de 0,05 o que atende aos padrões mais rigorosos de alguns

autores, como por exemplo HAIR, Jr. et al. (2005) sobre essa medida.

Em relação ao índice absoluto GFI, verifica-se que em todos os modelos foram

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encontrados valores elevados. Todavia, a literatura sinaliza que não existe um valor estabelecido

para aceitação desse índice, mas quanto mais próximo de um, melhor será o ajuste. Também é

importante apontar que os índices NFI, NNFI, CFI e AGFI, obtiveram valore muito próximos em

cada constructo e também apresentaram valores superiores aos de referência, o que da indícios de

um bom resultado.

Indicadores Principais do

Ajuste do Modelo

Valores Obtidos com o Método MLE VALORES DE

REFERÊNCIA DSO1 DSO2 CON1 CON2 ATI1 ATI2

Graus de liberdade 144 143 144 143 144 143 X

Qui-quadrado 218.865 218.131 218.865 218.131 218.16 218.131 X

Chi-quadrado Ponderado

(χ2/GL)

1,52 1,53 1,52 1,52 1,52 1,53 Abaixo de 5,00

Root Mean Square Error of

Approximation (RMSEA) 0.0308 0.0309 0.0308 0.0309 0.0306 0.0309 Entre 0,05 e 0,08

Normed Fit Index (NFI) 0.817 0.818 0.817 0.818 0.818 0.818 Acima de 0,90

Non-Normed Fit Index

(NNFI) 0.913 0.912 0.913 0.912 0.914 0.912 Acima de 0,90

Comparative Fit Index (CFI) 0.927 0.927 0.927 0.927 0.928 0.927 Acima de 0,90

Goodness of Fit Index (GFI) 0.962 0.962 0.962 0.962 0.962 0.962 Acima de 0,90

Adjusted Goodness of Fit

Index (AGFI) 0.95 0.949 0.95 0.949 0.95 0.949 Acima de 0,90

Tabela 6.5: Comparação das Medidas de Ajustamento do Modelo Original e os Rivais com o Método de Máxima

Verossimilhança (MLE). Valores de referência segundo Hair et al (2005). Fonte: elaborado pelo autor.

Foram testados também os modelos com o método de estimação ULS (mínimos

quadrados não-poderados), mas não se obteve ajustes convergentes, isto é, os modelos não

convergem para uma solução, mostrando que o método em questão não pode ser usado.

Para se chegar ao melhor modelo, sem descaracterizar o modelo teórico proposto,

deu-se continuidade ao processo de ajustamento seguindo as orientações do Programa Lisrel 8.51

de serem retirados do modelo, individualmente, os indicadores que apresentavam valores

residuais elevados.

Procedeu-se também à uma verificação dos resíduos. Diante disso, percebeu-se que,

analisando-se os gráficos Q-Plot (Gráficos 6.4, 6.5 e 6.6), nota-se que o modelo DSO1 apresenta

o melhor ajustes, pois possui maior aderência à linha de 45°.

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Método de Estimação MLE

Modelo DSO1

Método de Estimação MLE

Modelo DSO2

Standardized Residuals

Menor resíduo padronizado: -2.585

Maior resíduo padronizado: 3.013

Standardized Residuals

Menor resíduo padronizado: -2.565

Maior resíduo padronizado: 2.972

Gráfico 6.4: Q-Plot dos Resíduos Padronizados para o Modelo DSO. Fonte: Programa LISREL®.

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Método de Estimação MLE

Modelo CON1

Método de Estimação MLE

Modelo CON2

Standardized Residuals

Menor resíduo padronizado: -2.585

Maior resíduo padronizado: 3.013

Standardized Residuals

Menor resíduo padronizado: -2.573

Maior resíduo padronizado: 3.014

Gráfico 6.5: Q-Plot dos Resíduos Padronizados para o Modelo CON. Fonte: Programa LISREL®.

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Método de Estimação MLE

Modelo ATI1

Método de Estimação MLE

Modelo ATI2

Standardized Residuals

Menor resíduo padronizado: -2.636

Maior resíduo padronizado: 3.028

Standardized Residuals

Menor resíduo padronizado: -2.585

Maior resíduo padronizado: 3.013

Gráfico 6.6: Q-Plot dos Resíduos Padronizados para o Modelo ATI. Fonte: Programa LISREL®.

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6.3.4. AVALIAÇÃO DO MODELO INTEGRADO

Vários indicadores foram excluídos na tentativa de se obter o melhor modelo

ajustado resultando de um total de 44, 19 indicadores na escala validada seguindo as orientações

de Hair Jr. et al (2005).

Aplicando a técnica MLE para a estimação do modelo com antecedentes na

dimensão social obteve-se as equações estruturais, t-values dos parâmetros estimados e

respectivos R2, conforme dispostos na Tabela 6.6.

Para a primeira estimativa feita, o modelo DSO2 apresentou valores de t menores

que 1,96, implicando que não existe relação de causalidade.

Contudo, para a estimativa do DSO1, os t-values são superiores a 1,96 a um nível de

significância de 5%. Isso demonstra a contribuição significante dos construtos endógenos

(concepções e atitudes frente ao desenvolvimento tecnológico) para o construto preditor

Dimensão Social (DSO) e temos esse modelo com o mais adequado, satisfazendo a teoria e nossa

hipótese inicial. Isso significa que o modelo que anteve as outras variáveis é o DSO1.

Modelos MÉTODO DE ESTIMAÇÃO MLE

Equações estruturais t-values R2

DSO1 ATI = 1.096*DSO 7.708 1.202

CON = 1.016*DSO 6.220 1.033

DSO2 DSO = 0.116*ATI + 0.764*CON 0.188 e 0.906 0.795

CON1 ATI = 1.109*CON 7.896 1.231

DSO = 0.880*CON 1.288 0.774

CON2 CON = 4.408*ATI - 3.386*DSO 0.271 e -0.208 1.908

ATI1 DSO = 0.889*ATI 1.354 0.791

CON = 1.069*ATI 6.348 1.144

ATI2 ATI = - 0.145*DSO + 1.249*CON -0.151 e 1.327 1.257

Tabela 6.6: Modelo completo estimado segundo Método MLE. Fonte: Programa LISREL®

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150

6.4. APRESENTAÇÃO DO MODELO AJUSTADO

A partir das constatações apresentadas nas seções anteriores, o melhor modelo

ajustado apresentou um número de construtos e indicadores inferiores ao inicial, conforme

demonstrado no Quadro 6.1 e representado graficamente e de forma no Diagrama 6.1.

VARIÁVEIS Variáveis Ai ASSERTIVAS

DIMENSÃO SOCIAL

DSO 01 4 O governo não deve influenciar nas decisões de desenvolvimento

tecnológico.

DSO 02 11 A pesquisa tecnológica desenvolvida por empresas é direcionada a interesses

particulares hegemônicos visando exclusivamente o lucro.

DSO 04 9 As instituições educacionais e de pesquisa, como grandes universidades,

devem orientar a pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias.

DSO 06 17 Organizações ambientalistas podem impedir ou interromper o

desenvolvimento tecnológico.

DSO 08 23 É importante a participação efetiva dos cidadãos em questões relacionadas a

tomadas de decisão tecnológicas.

CONCEPÇÕES DE

TECNOLOGIA

CON 01 6 Tecnologia é aplicação de leis, teorias e modelos da Ciência.

CON 03 5 A tecnologia explica o mundo à nossa volta.

CON 05 13 Tecnologias são ferramentas (ou artefatos) construídas para auxiliar o

homem na resolução de diferentes tipos de tarefas.

CON 07 19 O uso que fazemos da tecnologia é que determina se ela é boa ou má.

ATITUDES FRENTE AO

DESENVOLVI-MENTO

TECNOLÓGICO

ATI 01 3 Utilizo tecnologia para socializar informações.

ATI 05 15 No momento de compra de novo artefato tecnológico o custo é o fator

determinante para minha escolha.

ATI 06 18 A tecnologia consolida a democratização das relações entre os seres

humanos.

ATI07 21 Estou atento às questões relacionadas com tecnologia que aparecem na

mídia.

ATI010 31 A preocupação com as futuras gerações deve ser ponto determinante para

direcionar escolhas tecnológicas.

ATI 11 35 Estou ciente de que minhas escolhas tecnológicas ajudarão a superar a crise

da água no século XXI.

ATI 12 38 Tendo condições financeiras, ao comprar um celular novo, escolho o que tem

mais recursos e funções.

ATI 13 40 Com a utilização segura da tecnologia é possível proteger a natureza da

contaminação humana.

ATI 15 44 Sei que alimentos transgênicos podem ser a solução para a fome do mundo.

ATI 16 33 Não compro móveis que não sejam feitos a partir de madeira certificada.

Quadro 6.1: Construtos e respectivos indicadores do Modelo de Medida Ajustado. Fonte: Elaboração do autor.

A partir dessas constatações, o modelo que melhor ajusta os dados, dentre os

analisados, está sinteticamente representado no Diagrama 6.

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151

Figura 6.1: Diagrama de Caminhos do Modelo Integrado. Fonte: Programa LISREL

®.

Resumindo, pode-se dizer que o modelo final proposto mostrou-se adequado e os

diversos fatores, por sua vez, significativos. Diante disso, constata-se que a dimensão social,

medida pelo construsto DSO, pode ser considerada preditora das atitudes (ATI) e concepções

(CON) relacionadas à tecnologia e que, pelos modelos não ajustados as relações inversas não são

verdadeiras para a amostra consultada.

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153

7. TÉKHNÉ E POLITÉIA: CONSIDERAÇÕES FINAIS E

PROJEÇÕES FUTURAS

Buscando uma compreensão de como elementos da sociedade podem influenciar nas

concepções e atitudes dos indivíduos em relação ao desenvolvimento tecnológico, esta pesquisa

desenvolveu um modelo teórico a partir do qual um instrumento de pesquisa foi elaborado e

aplicado com estudantes de graduação.

De uma maneira mais específica, através de Modelagem de Equações Estruturais

(SEM), o trabalho relacionou três constructos: a dimensão social (DSO – constructo exógeno), as

concepções de tecnologia (CON) e as atitudes frente ao desenvolvimento tecnológico (ATI)

(ambos, constructos exógenos).

Para que o trabalho fosse realizado, uma série de objetivos foram traçados e

cumpridos, partindo de uma extensa revisão bibliográfica sobre como o conceito de tecnologia e

sua definição evoluíram de forma paralela à evolução humana, bem como suas diversas formas

de interpretação e estudos sociológicos. Com essa conceituação teórica e depois de apresentar

uma definição própria de tecnologia, o trabalho mostrou os principais desafios que sociedade

enfrenta no cenário contemporâneo, baseado em estudos e documentos nacionais e internacionais.

Com isso foi possível criar o modelo e testá-lo através de SEM (KLEM, 1995;

CROWLEY & FAN, 1997; MACCALLUM e AUSTIN, 2000; HAIR JR. et al. 2005)

confirmando a unidimensionalidade dos constructos e a confiabilidade das variáveis conforme foi

apresentado ao longo dos últimos dois capítulos. Todo o trabalho culminou na apresentação de

um modelo (DSO1) que teve um bom ajuste e foi capaz de satisfazer a hipótese da pesquisa.

Foi verificado que todos os modelos foram ajustados, mas somente o modelo DSO1

atestou as hipóteses de pesquisa. Isso foi confirma na aplicação do Teste t cujos resultados foram

apresentados na figura 7.1. Entretanto, é importante frisar que este ajuste se deu para a amostra

realizada e pretensões de generalizações maiores poderão ocorrer com uma expansão da amostra.

Para concluir o trabalho ainda resta um objetivo da lista inicial a ser cumprido. E

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154

isto será brevemente desenvolvido neste último capítulo, onde a hipótese confirma será

reapresentada para auxiliar na interpretação do modelo. Desta forma, algumas considerações

serão feitas mostrando que o modelo tem propriedade para trazer subsídios futuros para

discussões de políticas públicas de ensino de tecnologia. E foi pensando nessa perspectiva de

trabalhos futuros que esta pesquisa focou sua amostragem em alunos de graduação, priorizando

futuros profissionais de educação. Desta forma, foi possível compreender melhor como

indivíduos, que nos próximos anos serão especialistas e estarão no mercado de trabalho,

entendem e se relacionam com questões tecnológicas.

7.1. A IMPORTÂNCIA DA DIMENSÃO SOCIAL COMO CAUSA DO

FENÔMENO

As análises apresentadas no capítulo precedente mostraram que a dimensão social

(DSO) foi confirmada como constructo predictor. Desta forma, foi possível verificar que esta

dimensão antecede os outros constructos e suas respectivas variáveis (concepções de tecnologia -

CON e atitudes frente ao desenvolvimento tecnológico - ATI).

A hipótese confirmada pela pesquisa, refletida pelo modelo DSO1, segue

reapresentada, para trazer base para as análises e inferências finais desta pesquisa.

H1: A dimensão social influencia as concepções de tecnologia dos indivíduos

nela inseridos, proporcionando atitudes favoráveis frente a um desenvolvimento tecnológico

sustentável.

A sociedade, no modelo criado, foi representada por distintas variáveis que

representaram setores específicos. Dentre todas as possibilidades, de uma forma abrangente, o

modelo ajustado mostrou que os alunos de graduação pesquisados deram indícios de que o

governo, as instituições educacionais e de pesquisa, e também os cidadãos de uma maneira geral,

são os componentes que melhor representam, ou poderiam representar, a sociedade em processos

de tomada de decisão tecnológica. Tanto para a escolha de novas tecnologias ou para o

desenvolvimento de outras, com esses pontos em comum é possível dizer que os alunos de

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graduação esperam um posicionamento do governo ao mesmo tempo em que se sentem aptos a

participar de uma forma mais ativa.

Para esse modelo social, ainda corrobora o fato de não acreditarem nas empresas

privadas no que tange ao um desenvolvimento tecnológico voltado para o bem estar da sociedade.

Isso fica evidente porque acreditam que essas empresas visam somente lucros e manutenção de

hegemonia de mercado.

Complementando o cenário, a indiferença apresentada em relação às instituições

ambientais não governamentais pode não significar uma falta de opinião, mas sim a tendência de

mostrar que assuntos de sustentabilidade e preservação do planeta devem ser levados em

consideração. Isso fica evidente na análise das atitudes que será feita em parágrafos futuros.

Resumindo essas colocações é possível dizer que governo, população, setores

acadêmicos e educacionais devem reunir esforços para melhores escolhas e decisões

tecnológicas. Essa colocação mostra que todo o levantamento bibliográfico indicado no capítulo

4 está de acordo com o modelo ajustado.

Diante da breve e introdutória interpretação do modelo ajustado no final do capítulo

passado, fica evidente a necessidade de se aliar esforços de todos os setores da sociedade para a

busca de um mundo sustentável, amparado de forma segura por um desenvolvimento tecnológico

consciente.

A sociedade atingiu um grau de desenvolvimento tecnológico de maneira gradual

até um ponto que é capaz de suscitar em diversos segmentos da sociedade perguntas antigas que

intrigam o homem, relacionadas a poder autoridade, ordem, liberdade e justiça.

Na antiguidade, pensava-se que tecnologia e política não tinham relação nenhuma.

Ou de forma mais contundente, a política era nobre e a tecnologia relegada a segundo plano. Em

A República, As leis, Os Estado e outros diálogos, Platão sustenta a posição que a arte de

governar é tékhné. Desta forma, afirma que a política é uma arte, uma área prática com

conhecimento específico e habilidades especiais. Com isso Platão queria desacreditar que a

política pudesse ser deixada na mão de simples aficcionados, com as massas democráticas, mas

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156

também, por outro lado, também afirmava que assim como qualquer outra tékhné, com a política

também era capaz de se produzir trabalhos sólidos e duradouros. Segundo Platão a analogia entre

tecnologia e política funciona em apenas uma direção: a tékhné serve de modelo para a politéia,

mas o inverso não é verdadeiro. Esse desconforto de Platão com a tecnologia se perdurou na

opinião de filósofos e políticos ao longo de muitos anos, ignorando a vida técnica e esperando

que ficasse segregada a algum canto da humanidade. Assim, muitos não perceberam que a

analogia de Platão pudesse se dar de fato em sentido inverso. Que a tékhné de fato pudesse vir a

se converter em política, que as formas de vidas técnicas podiam por si próprias exercer um

importante papel na configuração da sociedade (WINNER, 2008).

Em nossa época, conforma aponta Winner (2008), a tekhné finalmente se converteu

em politéia, pois nossos instrumentos tecnológicos são instituições em desenvolvimento. Existem

muitas características dos sistemas tecnológicos que se podem ver claramente como fenômenos

políticos. Contudo, é também verdade que existem outros fatores além da tecnologia que

influenciam o desenvolvimento.

O levantamento bibliográfico feito ao longo do trabalho caracterizou que a

sociedade tem adotado um sistema sociotécnico após o outro ao longo de sua evolução. Esse fato

responde várias indagações filosóficas e políticas como: O poder deve ser centralizado ou

disperso? Quando se justifica a autoridade nos relacionamentos humanos? Uma sociedade livre

depende da uniformidade ou da diversidade social? Questões como essas, apresentadas por

Winner (2008) mostram a sociedade no último século apresentou respostas expressadas em uma

linguagem instrumental de eficiência e produtividade.

Essas colocações mostram o reflexo da sociedade nas atitudes das pessoas em suas

escolhas tecnológicas e pode-se também dizer, que esse reflexo também está presente em na

maneira como entendem a tecnologia.

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157

7.2. AS CONCEPÇÕES DE TECNOLOGIA: PONTOS DE VISTA

CLÁSSICOS DO SENSO COMUM

Em se tratando das concepções, um dos constructos dependentes, é possível inferir

que os graduandos pesquisados deixam transparecer três aspectos básicos que comumente

aparecem como sendo indicadores do senso comum da interpretação da tecnologia. De forma

mais geral, pode-se dizer que a pesquisa revelou que a tecnologia é entendida pela grande maioria

dos graduandos como sendo intelectualista e sinônimo de ciência bem como sendo

instrumentalista e neutra.

Assim, a pesquisa mostra que entender a tecnologia como um conhecimento prático

derivado do conhecimento teórico científico, ou até mesmo confundi-la com ciência é um forte

indicador.

Isso significa que uma reflexão mais profunda acerca do processo de produção

tecnológico e todos seus reais motivos de concepção não estão presentes na maioria dos

pesquisados. A concepção instrumentalista auxilia nessa conclusão de maneira significativa. Se o

processo não é considerado, resta somente o produto. E a utilização deste produto é de

responsabilidade única e exclusiva de que o adquire, não refletindo assim, os interesses de que o

desenvolve. Essa colocação é sustentada pela visão de tecnologia neutra também presente no

modelo.

De uma forma geral, esses quatro pontos de vista são influencia direta da dimensão

social e da maneira como os alunos de graduação (estudados nesta pesquisa) se posicionam em

relação a esta questão.

Com tudo, um ponto de vista mais sistêmico também pode ser inferido a partir do

momento que os graduandos sustentam a posição que governo, cientistas e especialistas e

população de uma maneira geral devem participar do processo de decisão tecnológico, conforme

foi visto na dimensão social. Contudo, a questão de hegemonia econômica, gera desconfiança em

relação às grandes empresas desenvolvedoras de tecnologia.

De uma forma geral, mesmo o conceito de tecnologia ser um tanto quanto limitado,

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158

a sua dependência direta dos fatores sociais é um bom indicador levanta bons indícios de que os

graduandos esperam que setores influentes da sociedade atuem de forma conjunta no processo de

desenvolvimento tecnológico.

Conforme foi apresentado na revisão literária deste trabalho, durante muitos anos o

milagre tecnológico sustentou a crença de seus admiradores de que qualquer coisa que se criasse

na esfera cultural, material ou instrumental, certamente era compatível com a liberdade, a

democracia e a justiça social. Uma idéia de tecnologia neutra que ainda sobrevive e está presente

na concepção dos estudantes, conforme pôde ser constatado nesta pesquisa.

7.3. AS ATITUDES FRENTE AO DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO

Em relação às atitudes (ATI), o segundo constructo dependente dos antecedentes

sociais (DSO), três pontos são possíveis de identificar de forma mais abrangente: a consciência

da necessidade de assegurar a sustentabilidade do planeta, consumindo tecnologias apropriadas, a

utilização das tecnologias para socializar informações e manter-se informado, a manifestação

prática da concepção instrumentalista.

Tomando novamente como ponto de partida a dimensão social, é possível inferir

que os estudantes pesquisados acreditam que de forma conjunta, governo, instituições de ensino e

pesquisa e a população de uma maneira geral, podem aliar esforços para a busca de um

desenvolvimento sustentável.

Assim, o progresso é possível, se, e somente se, esforços políticos, sociais e

econômicos forem aliados em esforços na busca de um crescimento capaz de preservar os

recursos materiais naturais e assegurar a bem estar das pessoas.

Com uma educação diferenciada, novas políticas públicas educacionais poderão ser

elaboradas no sentido de orientar para um mundo sustentável e que cuja manutenção das formas

de vida e dos recursos inanimados só será possível através de ação conjunta de todos os setores

sociais. Com uma educação tecnológica eficiente se é possível educar para o consumo de uma

forma consciente e não tanto materialista, como apontam algumas atitudes do modelo. Com uma

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159

educação tecnológica consciente e com a utilização de todo potencial educativo e socializante das

tecnologias é possível gerir e gerar de forma gradual um sistema de ensino diferenciado e

participativo.

Conforme se pode verificar, as respostas dos graduandos pesquisados coincidem

com a literatura, especialmente na obra de Winner (2008), e fica possível perceber que existe

disposição em considerar a possibilidade de limitar uma tecnologia se:

i. Sua aplicação ameaça a saúde ou a segurança pública;

ii. Sua utilização ameaça esgotar alguma fonte natural vital;

iii. Degrada a qualidade do meio (água, terra e ar);

iv. Ameaça espécies naturais e territórios virgens que deveriam ser preservados;

v. Sua aplicação causa tensões sociais e esforços exagerados.

Para finalizar é possível estabelecer um contraste com a idéia de consumo que

também apareceu, que reflete que o setor econômico da sociedade, que visa a manutenção de uma

estrutura de competitividade de mercado, também exerce influencia. Mesmo assim, é o modelo

ajustado mostrou que as atitudes (ou intenções) dos graduandos apontam indícios de mudança de

postura em estudantes universitários que mesmo de forma subjetiva, dão indícios que é preciso se

criar um mecanismo social onde os detentores do conhecimento técnico devem se encontrar com

representantes de todos os setores da sociedade, para decidir quais novos sistemas tecnológicos

devem ser adotados desde que não prejudique todo o meio ambiente.

7.4. PERSPECTIVAS FUTURAS

Para finalizar é possível afirmar que o trabalho cumpriu todos seus propósitos e

termina deixando em aberto possibilidades de futuras adequações do modelo, com a intenção de

encontrar escalas cada vez mais adequadas capazes de refletir a opinião pública de uma maneira

mais abrangente. A intenção de trabalhar com uma amostra maior e mais diversificada também é

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160

oportuna e faz parte de perspectivas futuras de investigação que tomará como base todo o

trabalho desenvolvido nesta tese. Somente assim a compreensão de quais setores específicos da

sociedade moldam os conceitos dos indivíduos e influenciam suas atitudes frente ao

desenvolvimento tecnológico pode ser ampliada.

Ao findar o trabalho ficou constatado que os alunos de graduação pesquisados

apresentam uma concepção limitada de tecnologia, e isso, conforme mostrou a pesquisa, é reflexo

da sociedade na qual estão inseridos. Outro ponto a se considerar é o reflexo social nas atitudes

dos indivíduos frente ao desenvolvimento tecnológico. O trabalho mostrou que uma

conscientização sustentável existe, mas também mostrou que algumas variáveis fundamentais do

avanço tecnológico apresentadas no modelo de pesquisa, não aparecem de forma contundente na

forma como os alunos pesquisados se posicionam. Estas duas constatações abrem margem para

uma última colocação importante: a sociedade, de uma forma geral, precisa de uma reeducação

tecnológica, para que os cidadãos nela inseridos, passem a compreender o processo de tomada de

decisão tecnológico de uma forma mais abrangente e sejam capazes de refletir sobre os mais

diferentes aspectos relacionados com o entorno social do qual fazem parte.

A apresentação de uma proposta de educação tecnológica foge aos propósitos deste

trabalho. O último objetivo apresentado na introdução desta pesquisa era o de propor subsídios

para políticas públicas de educação pudessem ser repensadas. E esse objetivo, também foi

cumprido. Todas as avaliações do modelo, levam à constatação que o processo educacional

precisa ser revisto, para que exerça reflexo na sociedade, e por sua vez, na forma como os

indivíduos se relacionam com a tecnologia.

Como base para futuros trabalhos, é importante destacar que a proposta de novas

formas de gestionar a educação levando para o contexto educativo os recursos tecnológicos

considera que se faz necessário ir além da elaboração de novos conteúdos ou currículos escolares.

E também é preciso levar não somente os aparatos, mas também suas linguagens e a

compreensão de seu processo de gênese, desenvolvimento e aplicação para os bancos escolares.

Para isso é preciso buscar uma forma de usar todo o potencial tecnológico como forma de

integrar currículos já existentes e diminuir barreiras sociais, temporais e espaciais.

Em uma sociedade onde o consumo dita as regras, os alunos precisam ser

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161

convencidos de que os conhecimentos que a escola pretende ensinar são importantes. E o

convencimento não é a melhor das estratégias nem um método eficiente de ensino. O aluno não

precisa ser convencido, precisa ser passar por um processo eficaz de aprendizagem que o permita

compreender e atuar em uma sociedade tecnologicamente avançada. O aluno precisa conhecer o

que é a tecnologia, reconhecer problemas reais e pensar em formas de resolvê-los ao mesmo

tempo em que possa compreender como se dá sociologicamente o processo de seu

desenvolvimento. Enfim, o aluno também precisa entender que toda tecnologia tem de forma

implícita uma política que reflete desejos, gostos, necessidades, de quem a idealizou, produziu,

ou do grupo social que a adotou.

Assim, falar em repensar as políticas públicas educacionais é propor a utilização de

conhecimentos tecnológicos na educação. E isso não significa simplesmente em realizar tarefas

para um treinamento ou especialização das novas tecnologias, mas sim em possibilitar aos alunos

bases sólidas que o auxiliem a gerir e gerar, futuramente, as demandas que estão colocadas na

sociedade. Significa a integração do indivíduo na sociedade, bem como na sua formação mais

crítica e mais humana.

Com isso posto, o trabalho atinge todos os seus objetivos e abre perspectivas de

estudos futuros. Assim, importante apontar que, diante da complexidade dos termos envolvidos,

foi possível mapear um recorte da visão de alunos de graduação e descobrir que mesmo tendo

concepções acerca da tecnologia provenientes de um antigo senso comum, também demonstram

evidências de amadurecimento político. E isso transparece no momento que manifestam a

vontade de participar diretamente dos processos de tomada de decisões tecnológicas da sociedade

na qual estão inseridos. Embasado nisso, futuros estudos e propostas de uma educação

tecnológica diferenciada poderão trazer contribuições sólidas para a formação dos indivíduos de

nossa sociedade.

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APÊNDICE A: UMA BREVE PERSPECTIVA DA HISTÓRIA DA

TECNOLOGIA

Complementando a introdução feita no Capítulo 1, neste apêndice seguem algumas

outras informações sobre a evolução da história tecnológica do homem e da sociedade a partir de

um ponto de vista ocidental.

O NEOLÍTICO E A AURORA DAS CIVILIZAÇÕES

Cerca de vinte mil anos antes de nossa era até um período até aproximadamente

4.000 a.C., depois que a última das grandes glaciações terminava com o estabelecimento de um

clima temperado, o homem começou a deixar as cavernas para começar a se estabelecer no

campo. Devido às novas necessidades surgidas, os homens do Neolítico precisavam conceber

artefatos capazes de melhorar a utilização de suas forças musculares e de repartir melhor os

esforços exercidos. As técnicas primitivas foram, então, estendidas e aperfeiçoadas para poderem

ser aplicadas aos novos padrões estabelecidos. Alavancas foram desenvolvidas para auxiliar o

domínio da terra através de técnicas de agricultura também recém concebidas. As antigas

modelagens de barro e de água abriram espaço para o surgimento da cerâmica, graças ao

aquecimento do material argiloso que garantia o seu endurecimento. Pequenas pancadas dadas

pelos nossos ancestrais em seus instrumentos de pedra lascada asseguraram-lhes uma superfície

mais polida, que com o auxílio do fogo para novamente aquecer o material, fizeram surgir os

primeiros fios de corte da história (DUCASSÉ, 1987).

Neste período o homem tornou-se agricultor e pastor, proporcionando assim uma

forma a mais de fonte de alimentação (DERRY & WILLIAMS, 1986). Isso permitiu ao homem

fixar-se em um local determinado, adotando assim o modo de vida sedentário, e com isso, as

primeiras técnicas de construção de casas e de irrigação puderam ser concebidas (GRINSPUN,

2001; VERASZTO, 2004).

A agricultura passou a ser o centro da atividade humana o que acabou

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proporcionando progressos consideráveis das técnicas. No solo eram cultivadas plantas

comestíveis e têxteis. A domesticação de animais era essencial para auxiliar no arado e na

construção de sistemas de irrigação e barragens, assim como a cerâmica era importante para o

preparo e a cozedura de alimentos. Técnicas de fiação e princípios de tecelagem foram também

desenvolvidas garantindo uma vida material mais ampla e mais segura para o homem

(DUCASSÉ, 1987). Em decorrência da agricultura, o homem aprendeu a transportar (surgiram os

primeiros barcos feitos a partir de troncos de árvores), guardar e até mesmo preparar alimentos

sólidos como os grãos ou a farinha. Surgiram, também neste período, as primeiras balanças

(CARDOSO, 2001) e as técnicas de produção do vinho e da cerveja, introduzindo uma

significativa modificação no hábito alimentar humano (VARGAS, 1994a).

À medida que criava o homem mesmo se automodificava (LÉVY, 1993). As

descobertas de novos artefatos implicavam novas relações do homem com o meio. Essas novas

relações, de forma complementar, modificavam o comportamento dos homens em um processo

contínuo. De forma ininterrupta novas necessidades surgiam e cada vez mais a natureza passava

por transformações para se adequar às necessidades humanas.

Sempre em busca de melhores condições de vida, o homem descobriu o metal.

Encontrados, inicialmente em estado bruto na natureza, os metais chamaram a atenção pelo seu

brilho e sua capacidade de conservação e durabilidade. No princípio, utilizados para fins

decorativos, foram ao longo do tempo tendo sua utilização modificada. Através de técnicas de

fundição, era possível utilizar este material resistente na produção de novos artefatos de caça e de

guerra. O cobre foi o primeiro metal a ser empregado pelo homem. Depois o ouro. Os primeiros

luxos que se converteram em necessidade. Mais tarde surgia o bronze, com origem ainda um

pouco incerta, talvez graças à mistura de cobre e estanho. Com o aparecimento do bronze, novos

artefatos, como os punhais, foram produzidos, assim como ferramentas destinadas à carpintaria e

à técnica de cultivo do solo. A cerâmica, recém descoberta, deixava como herança seu molde

permanente para a produção dos artefatos que cada vez mais ganhavam lugar na vida do homem

(DERRY & WILLIAMS, 1986; VERASZTO, 2004).

A humanidade pouco a pouco se via mais apta para continuar demonstrando seu

potencial criador e experimentador. Misturava materiais concebendo novos produtos que eram

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incorporados à sua cultura de maneira irreversível. Novas formas de comunicação e de linguagem

eram também estabelecidas. A escrita e a contagem regular do tempo, que dera início à

cronologia histórica (VARGAS, 1994a), surgiram entre os nossos antepassados como uma nova

forma de desenvolvimento intelectual humano, dando possibilidade ao surgimento de novas

civilizações, onde o conhecimento não mais seria transmitido apenas de forma oral. Agora era

possível deixar registrado em pedras, monumentos e artefatos, um conjunto de signos que

representavam mais um grande salto do desenvolvimento humano (LÉVY, 1993).

OS GRANDES IMPÉRIOS

Passados alguns milhares de anos, despontava o surgimento das grandes civilizações

como um processo estreitamente ligado ao progresso dos trabalhos agrícolas. Através da prática

do cultivo do solo, o homem aprofundou seus conhecimentos e finalmente impôs os princípios da

civilização: o trabalho, a submissão ao ritmo da natureza, a acumulação de riquezas em benefício

de gerações futuras, o desenvolvimento sistematizado das tradições intelectuais e religiosas.

Diante deste novo quadro, os que detinham estas novas tradições, unidos com os detentores do

poder e da riqueza agrupavam-se em cidades alimentadas pelo trabalho contínuo das aldeias.

Estas cidades dirigiriam o comércio, a indústria, a vida social ao longo de todo este período da

história (DUCASSÉ, 1987).

A história registra que no IV milênio a.C. apareceram as primeiras formas de

civilização em grandes vales do Oriente: sumérios, caldeus, babilônicos e assírios na

Mesopotâmia, egípcios no vale do Nilo; aramaicos, fenícios e hebreus ao longo das costas

orientais do Mediterrâneo (CARDOSO, 2001). Civilizações como a egípcia, a persa, a

mesopotâmica, destacaram-se pela construção de verdadeiros colossos arquitetônicos, enquanto,

que ao mesmo tempo aperfeiçoavam as técnicas de tecelagem, de metalurgia e de cerâmica.

Podemos destacar ainda a invenção da roda, como um dos maiores e mais antigos avanços

técnicos do homem, datada de cerca de 3500 a.C (VERASZTO, 2004).

A necessidade de se medir o tempo fez com que o calendário fosse desenvolvido de

forma sistemática, baseado inicialmente nas fases da Lua e depois vinculado às estações do ano,

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como se observa no mais antigo de que se tem conhecimento, criado no Egito em 2800 a.C., com

365 dias. Os egípcios também foram os primeiros a dividir o dia em dois períodos de doze horas.

(CARDOSO, 2001).

Em especial, a metalurgia do ferro despontava como uma novidade extremamente

fértil. Enquanto o restante do mundo ainda lascava pedra, as civilizações do Mediterrâneo

Oriental e da Ásia Ocidental possuíam complicadas e poderosas técnicas da forja do metal, que

posteriormente (por volta de 1.400 a.C.) foram levadas até a Europa proporcionando aos gregos e

romanos uma adaptação e sofisticação de suas armas. Como o ferro requer uma temperatura de

cerca de 1575º C para ser fundido (algo que só aconteceria com as grandes fornalhas da Idade

Média), os povos europeus aprenderiam uma técnica especial para forjar o metal da mesma

maneira que os antigos egípcios: usando a têmpera, que permitia modelar o metal mais facilmente

através de duros golpes desferidos contra os instrumentos altamente aquecidos e, posteriormente

obter um endurecimento do material graças a aplicação da água fria (DERRY & WILLIAMS,

1986). A tapeçaria e o vestuário foram igualmente de calculada magnificência, permitindo aos

antigos povos orientais uma confecção têxtil sem igual até então. Devemos também destacar as

avançadas técnicas da medicina e da anatomia que permitiram com os povos do antigo Egito

conseguissem conservar seus mortos por milênios através dos minuciosos processos de

mumificação.

O desenvolvimento do Oriente refletiu de maneira significativa no modo de vida

ocidental, servindo de base para o aparecimento das grandes civilizações da Europa (DUCASSÉ,

1987). Técnicas chegaram até povoados gregos, modificando consideravelmente as suas relações

com o mundo.

Com o desenvolvimento do conhecimento, uma outra forma de saber surgiu na

civilização grega: a techné, que não se limitava à pura contemplação da realidade. Como já

mencionamos, a techné grega era uma atividade cujo interesse era a resolução de problemas

práticos, guiando os homens em questões vitais, auxiliando-os a curar doenças, construir

instrumentos e edifícios, elaborar máquinas para fins pacíficos ou bélicos, ou ainda, para a

criação de obras de artes, ou na elaboração de atividades exatas como a matemática e o comércio.

Era um conjunto de conhecimentos e habilidades profissionais transmitidos de geração a geração

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sempre como saberes operativos-manuais. Platão ampliava este conceito para os ofícios políticos,

como um saber dirigido aos fins práticos do governo, baseado em virtudes cívicas para as quais,

não só o aprendizado, como também o exercício requeriam uma techné (VARGAS, 1994a). Para

Platão o conceito da techné era entendido de forma bastante ampla, no sentido de habilidade, ou

seja, ter uma matéria para fazer alguma coisa e mais uma razão para fazer (CARDOSO, 2001).

Segundo os gregos a techné tinha uma ampla extensão subordinada a uma série de

conhecimentos adquiridos através da educação. Não havia a necessidade de que esse saber fosse

teórico (embora possa a vir se apoiar em uma teoria), mas era essencial que fosse baseado na

observação direta dos fatos, consistindo assim em um corpo de conhecimentos empíricos de um

objeto ou ação que era útil ao homem. Assim, tal saber só se realizaria como aplicação prática e

não como contemplação.

Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.), que fora aprendiz de Platão, define a techné como

algo que precisa da lógica e do hábito. Entrava em cena o logos (raciocínio) que modificaria para

sempre as simples habilidades de transformar a natureza baseadas em métodos de tentativa e erro

(AGAZZI, 1998). Assim, a techné não dependia exclusivamente de um conhecimento

transmissível, por ser lógico, mas também de um hábito. Com esse conhecimento, a ferramenta se

tornava a extensão do próprio corpo no trabalho. Por exemplo, um carpinteiro adquire um

conhecimento habitual do uso do martelo até esse ser usado como extensão do próprio braço. A

técnica evoluía no sentido de se tornar mais repetitiva possível, podendo ser reproduzida por

quem quer que fosse dado o conhecimento das medidas e das regras de execução (RODRIGUES,

2001).

Aristóteles também distingue a techné da physys, a primeira como um conhecimento

adquirido pela repetição e para resolver problemas práticos, e a segunda feita pela contemplação

e buscando compreender o funcionamento do mundo. Para os gregos antigos, o conhecimento

técnico, apesar de seu constante progresso, ocupava um grau de importância menor. Os

detentores da técnica nunca ocuparam altos escalões na hierarquia social (RODRIGUES, 2001).

A ciência também teria surgido na Grécia antiga, supostamente com Tales de

Mileto, no século IV a.C. (RONAN, 1987). O que a diferencia de outras formas do saber é que se

estabelece como um corpo de conhecimentos estruturais e explicativos e não como uma coleção

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de elementos e fenômenos (NEEDHAM, 1977).

A idéia da ciência pura fez de Atenas a grande escola da precisão e da perfeição,

tanto no domínio das formas como no domínio das idéias. O culto da beleza e da verdade estava

de tal forma atrelada a civilização grega, que inúmeras conquistas e realizações se deram em

virtude deste fato. Foi uma mistura confusa da busca pela resolução de problemas práticos aliada

ao ideal de verdade e beleza que fez a civilização grega buscar a contemplação e precisão dos

eventos naturais. O que os estimulou esta passagem do empirismo à ciência desinteressada foi um

agudo sentimento da dignidade e de valorização do pensamento puro e da importância da

contemplação. Graças a isso, a civilização grega pôde ultrapassar o nível intelectual dos povos

vizinhos e soube aplicar seus primeiros conhecimentos físicos e matemáticos às atividades

industriais. A produção do primeiro azeite que se tem notícia na história, bem como as técnicas

empregadas à arte militar, usando alguns elementos de mecânica, balística e ótica, e ainda, suas

conquistas na área de navegação, como a âncora, fizeram desta civilização a precursora de toda

nossa cultura ocidental. O gênio grego fez nascer o escultor, o oleiro e o artífice. A Grécia antiga

era constituída de uma sociedade de homens que trabalhavam sem cessar, porém cada um a sua

maneira. Isto fez com o trabalho se especializasse e que se os ofícios fossem pouco a pouco

ganhando espaço diferenciado dentro da sociedade (DUCASSÉ, 1987).

Um outro grande império que surgiu foi o império romano, onde podemos destacar,

além das grandiosas construções arquitetônicas, o surgimento das leis, dos princípios de

democracia e de código de honra da medicina, como significativas contribuições tecnológicas

intelectuais para o progresso da humanidade. Assim como os gregos, os romanos não

valorizavam o trabalho manual, separando a direção deste tipo de trabalho da sua execução.

Apesar de possuírem um espírito mais voltado para a prática, os romanos preservaram a herança

cultural grega, sobretudo em suas formulações teóricas (CARDOSO, 2001).

Devemos fazer justiça e estabelecer aqui uma nota citando a relevância das

inovações técnicas das culturas do extremo oriente que muito contribuíram para a formação

futura do povo europeu e, ainda, das civilizações pré-colombianas, que, de forma paralela,

estabeleciam técnicas desenvolvidas de agricultura, domesticação de animais, observações

astronômicas e feitos medicinais e deixaram marcas profundas em todo o mundo, chegando até

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mesmo a modificar alguns hábitos ou a introduzir novos alimentos, como a técnica do cultivo da

batata peruana, transportada para a Europa depois dos grandes descobrimentos (VERASZTO,

2004). Os grandes impérios da América pré-colombiana detinham um saber astronômico e

matemático que chegavam a atingir um patamar de perfeição devido às adequações e

necessidades da vida cotidiana. Havia, também, sem dúvida alguma, uma enorme variedade

técnica no campo da arquitetura, da agricultura e da medicina, e ainda, técnicas apuradas da

metalurgia do ouro, da prata e do cobre (VARGAS, 1989), legados esses que ficaram marcados

em nossa sociedade latina.

AS TÉCNICAS MEDIEVAIS

Desde o fim do século IV até meados do século VI d.C. imensas migrações de povos

acabaram destruindo a homogeneidade do Império Romano. Essas infiltrações sucessivas, muitas

vezes violentas, desestruturaram o quadro administrativo e militar do velho mundo. A Europa

fragmentara-se em pequenas decomposições políticas, onde passou a reinar uma desorganização

administrativa. Durante vários séculos, os povos que Roma tinham conquistado, perderam todo o

brilho da cultura e da capacidade da Antigüidade. O desgaste foi tanto que o homem viu-se

obrigado a retomar o esforço técnico a partir de origens mais humildes e a elevá-lo a um nível

superior. Tal foi o sucesso desta retomada, que o fim deste empreendimento seria marcado pela

Revolução Industrial, um marco do triunfo e do progresso intelectual, técnico, científico e

industrial humano. Este período foi caracterizado pela presença forte e sempre decisiva da Igreja

Católica, onde o ideal místico acabou aliando-se a assuntos práticos, culminando assim em uma

nova colonização agrícola do continente europeu (DUCASSÉ, 1987).

As técnicas elementares foram assim retomadas. O saber consistia unicamente na

doutrina cristã e acabou originando a teologia. A filosofia preocupou-se, na busca do

conhecimento, com a verdade. E o melhor caminho para o homem alcançá-la seria acreditando na

revelação cristã, conforme pregava Santo Agostinho, cujo pensamento dominou até cerca do

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século VII. Mas também a razão, como defendia, Santo Tomás de Aquino, seria um ponto

importante para alcançar a verdade (CARDOSO, 2001).

Diante da necessidade de resolver problemas ligados à sobrevivência das

comunidades feudais ou em conseqüência do aumento da atividade econômica, ocorreu o

desenvolvimento de novas técnicas agrícolas, como a rotação trienal de culturas e o

aperfeiçoamento do arado, proporcionando um aumento da produtividade e da qualidade dos

alimentos.

Entretanto, o grande avanço técnico viria com a emancipação das classes menos

afortunadas do antigo regime feudal. Sobreviveram nas cidades as antigas corporações artesanais,

que continuavam com a tarefa de aprendizagem regular das artes. O sistema educacional, por sua

vez, contemplava as elites hegemônicas e ao artesão incumbia, entre outras, a tarefa de ensinar o

ofício, provocando uma natural hierarquia entre este e seus aprendizes, que passavam quase que

uma vida inteira na ânsia de aprender o “saber fazer” e para aperfeiçoar suas habilidades

profissionais. Os grupos daqueles que exerciam um mesmo ofício se consolidaram e se

desenvolveram segundo novas qualificações profissionais, pois além de manterem em segredo

antigas tradições, começam a conceber novas formas de trabalho (CARDOSO, 2001; HILST,

1994). Corporação de ofício, grêmio e guilda, são palavras usadas para designar as associações

medievais de artesãos ou de comerciantes. Associações essas que eram voluntárias e visavam

garantir o monopólio ou o exercício da profissão ou do ramo do comércio dentro da vida na

cidade, controlando a qualidade e a quantidade de mercadorias produzidas, através de inspeção e

de limitações rigorosas quanto à duração da jornada de trabalho. A profissão e as técnicas eram

aprendidas através da passagem dos conhecimentos de mestres para aprendizes, através de regras

e formas disciplinares rigorosas. O aprendiz era submetido à vigilância, à disciplina e castigos

físicos duros. Toda uma nova classe de trabalhadores começava a se diferenciar e a ganhar

espaço dentro do absoluto regime feudal.

Porém, eram nos moinhos medievais – de origem grega – onde encontramos um

ramo de artesão especial, que conjugava os ofícios de carpinteiro, ferreiro, canteiro20

e pedreiro.

Era um oficial itinerante que projetava, construía, montava e fazia trabalhos de reparação e

20

Operário que lavra a pedra de cantaria (pedra lavrada para construções); escultor de pedra.

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manutenção. Este artesão era o próprio construtor de moinhos: uma espécie de antecessor dos

nossos engenheiros. Um trabalhador de grande prestígio que podia manejar o machado, o martelo

e a plaina com igual habilidade e precisão, sabia tornear, furar ou forjar com a facilidade e

desembaraço de que havia sido educado para esses ofícios e tarefas. Era alguém capaz de traçar e

abrir sulcos com uma precisão sem igual. Além do manejo de ferramentas, o construtor de

moinhos conhecia aritmética e geometria, conhecia agrimensura e sabia calcular as velocidades

das máquinas e os mecanismos de redução necessários ao bom funcionamento dos moinhos.

Tinha ainda a habilidade de desenhar plantas e construir edifícios, dutos e barragens. Um

profissional que, graças a sua diversidade de tarefas, sua individualidade e seu caráter ambulante,

não daria para concebê-lo dentro de uma corporação tal como os carpinteiros, os seleiros e os

demais artesãos. A técnica, auxiliada por conceitos teóricos e formais começava a modificar. O

trabalho também passava por uma reformulação. Novas formas de divisão do trabalho deixavam

de lado os ofícios em que atividades distintas eram exercidas por diversos profissionais, para

agruparem-se em um único profissional, que aliados a vários outros com as mesmas habilidades,

eram capazes de executar as tarefas em um tempo muito mais reduzido. O projeto assumiu

importância cada vez maior e a execução do mesmo cada vez mais fornecia novos instrumentos

de determinação precisa dos esforços e das dimensões das estruturas (VARGAS, 1994a;

VERASZTO et al, 2003b).

Além desta reformulação na divisão do trabalho, o homem deste período conquistou

as forças motoras. A aplicabilidade dos moinhos fora um grande passo rumo à industrialização

que estaria por vir.

A civilização medieval conseguiu aperfeiçoar ao máximo os tratados gregos e

romanos, a princípio na construção dos grandes mosteiros e castelos, depois na estruturação das

cidades. Aliado a isso, o sucesso comercial que surgia graças a modificação de trabalho rural de

parte da população para a confecção de artesanato nas cidades, novamente modificaria a história

e introduziria outros elementos na construção do processo tecnológico. O comércio, que desde o

século VIII tinha sido comprometido pelas invasões dos normandos e dos húngaros, reemergiu

das cinzas. Os artesãos, agrupados em agremiações, começavam a ganhar destaque e influência, e

a rota com o Oriente fora então restabelecida. Começava a despontar na Europa uma grande

influência árabe (DUCASSÉ, 1987).

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As grandes caldeiras, a concepção da bússola e do astrolábio, o leme vertical, as

cartas e as diversas técnicas empregadas na arte de velejar deram um novo rumo à geografia

política do mundo. Com as crises políticas e religiosas que instituiam-se na Europa, os

comerciantes ganhavam poder e riqueza e junto com essa nova distribuição hierárquica surgiam

as primeiras intervenções do capitalismo, ao mesmo tempo em que novas técnicas iam sendo

introduzidas na sociedade.

A invenção do relógio instituiu uma forma precisa e sistemática de controlar o

tempo. O homem nunca mais seria o mesmo. Outro fato também modificaria os rumos da

humanidade: pela primeira vez na história puderam ser impressas trezentas cópias de um mesmo

livro, a Bíblia (CARDOSO, 2001; VERASZTO, 2004). A prensa tipográfica de Gutemberg

permitiu uma disseminação do saber de forma antes impossibilitada devido aos grandes livros

manuscritos terem sido de posse exclusiva da Igreja (DUCASSÉ, 1987).

O terreno estava preparado para uma nova reformulação da vida do ser humano. As

primeiras aquisições mecânicas, o controle sistemático do tempo e surgimento da impressão,

abriam as portas para a modernidade.

TEMPOS MODERNOS

Durante a Renascença, uma efervescência no campo intelectual abalou seriamente, e

mesmo rejeitou, idéias até então vigentes, sejam as baseadas na filosofia antiga ou nos mais

recentes pensamentos medievais. Renascia na Europa a arte e a cultura das civilizações greco-

romanas e ocorria uma transição da economia a base de trocas para uma economia monetária,

acarretando assim, o aumento do comércio, a consolidação do sistema bancário e a expansão do

mundo burguês. O homem tinha adquirido uma nova imagem e uma nova concepção de vida que

modificaria para sempre as relações sócio-econômicas da humanidade (CARDOSO, 2001).

A ciência moderna apareceu por volta do século XVI como uma entidade muito

próxima daquilo que conhecemos hoje em dia. Um saber baseado em teoria e comprovado por

experimentação científica. Desde então, tanto o desenvolvimento quanto a aplicação e uso das

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ciências fizeram-se por uma interação inseparável entre teoria e técnica. Iniciava-se uma

atividade de transformação e dominação do mundo, através da resolução de problemas práticos,

construção de grandes obras, fabricação de novos instrumentos, embasados teórica e

cientificamente, de forma controlada e rigidamente calculada. Instituía-se um saber científico dos

materiais e dos processos de planejamento e construção, manipulando na prática aquilo que o

homem encontrava na natureza. Uma forma de visão que via o mundo como um campo aberto e

pronto para ser amplamente explorado e transformado, um mundo que o homem era capaz de

submeter às suas próprias vontades.

Com isso, começava um processo de transformação cada vez mais acelerado onde

homens e produtos, natural e artificial, misturavam-se automodificando-se. Em pouco tempo, não

seria mais capaz de se perceber uma distinção nítida entre homem e natureza. À medida que o

homem atuava (e ainda atua) a natureza ia instrumentalizando-se e o homem, modificando a si

próprio (VERASZTO, 2004).

Paralelamente, ciência e técnica eram vivenciadas. A ciência com o propósito de

explicação do âmago da natureza, feita por filósofos naturias normalmente próximos das cortes e

do poder político, onde o trabalho físico era visto como inferior (SILVA, C. D. et al, 1999). Já as

técnicas, desenvolvidas de forma empírica pelos artesãos, transmitidas de forma oral e pelo

trabalho subordinado procurando dar conta dos problemas impostos pelo trabalho e pelas

demandas da sociedade (HUBERMANN, 1989).

Neste sentido, a obra do filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626) torna explícita

uma nova mentalidade: a de conhecer metodicamente a natureza para explorá-la em benefício do

próprio homem (RODRIGUES, 2001). A Bacon cabe a honra e a glória de fazer o primeiro e

decisivo auto de existência da filosofia experimental (DUCASSÉ, 1987). Para Bacon, o

conhecimento não se faz pela atividade contemplativa dos homens, mas pela intermediação dos

instrumentos, e os homens que se dedicam à atividade do "conhecer" não são filósofos ou sábios,

mas discípulos que realizam os diversos "encargos e ofícios" (TOLMASQUIM, 1989).

Já Renê Decartes (1596-1650) fundamentou filosoficamente o novo método

científico. Em sua obra O Discurso do Método descreveu que na natureza existem apenas duas

substâncias: o espírito e a matéria, sendo dessa última possível conhecer apenas aquilo que se

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pudesse medir, calcular e passar para linguagem matemática (RODRIGUES, 2001; VERASZTO,

2004). A verdadeira filosofia, tal como ele a concebe, é uma imensa preparação do triunfo da

nossa potencialidade técnica. Uma filosofia prática

[...] pela qual, conhecendo a força e as conseqüências do fogo, da água, do ar,

dos astros, dos céus e de todos os outros corpos que nos cercam tão distintamente

como conhecemos os diversos misteres dos nossos artífices, poderíamos utilizar

de igual modo tudo aquilo para que servem e tornamo-nos assim como que

senhores e possuidores da Natureza (DESCARTES, 2003, p. 60).

Descartes não se contentava em estudar teórica e matematicamente as máquinas.

Sua visão foi generalizada para toda a ciência moderna (DUCASSÉ, 1987).

A experimentação era a palavra de ordem. Citar todos os nomes seria um trabalho

demorado, mas entre tantos, não podemos deixar de ressaltar a importância do gênio de Leonardo

da Vinci (1452-1519), ou mais tarde as visões revolucionárias de Copérnico (1473-1543), Galileu

(1564-1642) e Kepler (1571-1630), que culminaram em uma reformulação completa das Ciências

Naturais, graças ao intelecto incomparável de Sir. Isaac Newton (MOULTON & SCHIFFERS,

1986).

Foi sobretudo da observação das estrelas que vieram as ferramentas intelectuais

indispensáveis para o desenvolvimento da técnica moderna. Pelo abuso desta

última em nossa época, os intelectos criativos como o de Newton são tão poucos

culpados quanto as próprias estrelas em cuja contemplação seu pensamento

ganhou asas (EINSTEIN, 1994).

Copérnico deu o passo principal de substituir a representação do mundo, onde a

Terra e o homem ocupavam posições centrais no cosmo, formulando sua teoria heliocêntrica

(CARDOSO, 2001).

Com Galileu Galilei, partir do século XVII, a ciência tomou um rumo mais terreno

com uma atitude mais técnica e possibilitou-se a interação entre as duas. Galileu converteu um

instrumento de assombro – o telescópio – em um instrumento de navegação e, posteriormente,

em outro de investigação com o qual permitiu fazer os primeiros rascunhos e desenhos da Lua na

história da humanidade. O trabalho de Galileu permitiu associar estreitamente o aspecto teórico

com o pratico através de experimentação. Assim, um produto da tecnologia da época foi a base

para o desenvolvimento da ciência experimental; daqui em diante não haveria mais ciência sem

tecnologia, nem tampouco tecnologia sem ciência (EASLEA, 1977; RODRIGUES, 2001,

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VALDÉS et al, 2002, ACEVEDO DÍAZ, 2002). A instrumentalização da ciência se fez a partir

de dois caminhos básicos: a observação e a comprovação de hipóteses. A partir de então as

verdades sobre o mundo objetivo passaram a ser definidas por instrumentos. As atividades do

"conhecer" e do "fazer" se uniram dando origem a uma forte interdependência (TOLMASQUIM,

1989; VERASZTO, 2004).

Esta modificação chegaria ao auge com um dos maiores nomes científicos de toda

nossa história: Isaac Newton. É sobre os ombros do gigante Newton que todos os avanços

conquistados pelo homem a partir de então se apoiam. Ao formular três leis naturais, o cientista

inglês revolucionou a visão de mundo e a forma de se fazer ciência. Com os poderosos

instrumentos de cálculo matemático desenvolvidos por Newton, a Revolução Científica chegou

ao seu ápice.

Por um longo período de tempo, desde a Antiguidade, a tecnologia, por estar

vinculada às atividades práticas ou de caráter artesanal, fora discriminada pela elite intelectual

como uma atividade inferior, pois era incapaz de teorizar e assim, ficava inabilitada para o busca

do real, do verdadeiro (GORDILLO & GALBARTE, 2002). Assim, na Europa medieval,

enquanto a Ciência era o produto da nobreza e das altas esferas de intelectuais, a tecnologia era

realizada e desenvolvida de forma prática por aqueles que não estavam ligados ao poder político.

Reis e Rainhas cercavam-se de cientistas e artistas, mas não de artesãos.

Sabemos, porém, que em alguns casos há uma “zona cinzenta” entre estes dois

campos do saber. (SILVA et al, 2000; LACERDA NETO, 2002). A exemplo, podemos lembrar

do já mencionado Galileu, que ao desenvolver a luneta, toma emprestado as técnicas dos artesãos

vidreiros, que há muito já produziam lentes na Holanda. Ou ainda, o próprio Tales de Mileto,

tempos antes, que descreve e busca explicações causais para os fenômenos elétricos básicos, mas

estes eram observados como prática quotidiana (KNELLER, 1978; VERASZTO, 2004).

Até as portas da Idade Moderna (século XV), quando as necessidades do capital

reúnem os até então grandes mercadores em companhias privadas, em corporações de capital e

bancos (KINDLER e HILGEMANN, 1985), o que distinguia a ciência da tecnologia era a

sistematização explicativa. Enquanto a primeira só existia devido a teorização, a segunda ficava

ao sabor do empirismo. Nesse período, as necessidades geradas pelas então empresas emergentes

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de construção naval, de transporte terrestre, e do desenvolvimento de equipamentos como a

bomba e a prensa hidráulicas, o torno mecânico e diversos mecanismos para a produção,

começam a criar um conhecimento mais sistematizado, distinguindo-se daqueles dominados por

artesãos e, portanto, desenvolvidos no seio de corporações de ofício.

Temos assim o prelúdio de uma tendência, mesmo que ainda insipiente, quanto às

finalidades que já se delineavam dos dois campos de saber: a ciência tinha o propósito de

explicação do âmago da natureza e a tecnologia carregava em si as necessidades e as demandas

das sociedades, apesar da interdependência de ambas (ACEVEDO, 1998).

A ciência moderna surge para entender a natureza com fim de explorá-la em

benefício do homem, usando o cálculo matemático no objeto estudado e aplicando um método

sistemático e indutivista de pesquisa. O sucesso da ciência na explicação da natureza se repercute

na solução de problemas práticos. Começava-se, então, a perceber que aquilo que era ensinado

aos aprendizes por seus mestres, principalmente através do trabalho, poderia ser realizado pelo

conhecimento e estudo de teorias científicas. Mas a sua aplicação para resolver problemas

técnicos foi por muito tempo mal-sucedida. Cientistas como Leibniz, Huygens e Euler não foram

bem sucedidos em resolver problemas técnicos (VARGAS, 2001; SILVA et al, 2000; LACERDA

NETO, 2002).

Por volta do século XVIII a Ciência ainda não tinha condições de transformar por

completo, como fez mais tarde, as condições da atividade industrial, mas já representava um

papel prático bastante relevante. A técnica antecipou a ciência no ato da elaboração da máquina a

vapor, com uma clareza bastante eficiente, marcando esta realização como um dos mais vivos

exemplos do gênio experimental (DUCASSÉ, 1987).

Da união entre estas duas formas de conhecimento tem início o que se chamou de

técnica moderna. Esta buscou resolver problemas técnicos utilizando um conhecimento prático e,

apenas eventualmente, algum conhecimento científico. Tal união forneceu resultados positivos

como a máquina a vapor de Watt, este um prático de laboratório apenas levemente instruído em

conhecimentos científicos. Demoraria quase cinqüenta anos para Carnot explicar a máquina a

vapor por princípios da termodinâmica (VARGAS, 2001).

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199

A invenção da máquina a vapor, fonte universal de energia motriz aplicável a todos

os trabalhos industriais, marca uma fase decisiva na história das técnicas. A facilidade de

adaptação deste novo produtor de forças, a sua regularidade, a sua independência de

circunstâncias naturais, tais como a correnteza de um rio ou a regularidade do vento, fizeram dela

um elemento essencial para o processo de industrialização que estava em vias de surgir

(DUCASSÉ, 1987).

A técnica noderna formou a base do conhecimento (técnico) necessário para a

Revolução Industrial. A partir de então começou a ocorrer uma separação dos interesses sociais

dos científicos, modificando assim o sistema de produção de bens materiais (VARGAS, 2001;

BOSCH, 2002). Na medida que a mera resolução de problemas práticos por princípios científicos

e matemáticos vai se sistematizando e originando campos de pesquisa, podemos perceber

contornos dessa nova disciplina chamada de Tecnologia.

Saídas das necessidades do trabalho das minas, aplicadas às diversas operações

mecânicas e metalúrgicas e aos transportes, as diversas formas de máquina a

vapor transformaram por completo as condições da indústria moderna. Resultou

daí uma verdadeira revolução industrial, cujas conseqüências se estenderam, no

século XIX, a toda a Europa e a todo o mundo civilizado, mas cuja primeira fase

se desenrolou na Inglaterra (DUCASSÉ, 1987, p. 112).

Com um império colonial recente nas Américas, mercado externo a conquistar, o

momento do espírito moderno se orientava de forma decisiva rumo ao aperfeiçoamento e

utilização completa das técnicas. O acúmulo de capital se deu de forma conseqüente às grandes

explorações impostas pelo novo sistema oriundo do processo de industrialização (DUCASSÉ,

1987).

Graças ao advento da Revolução Industrial nosso mundo iniciou um crescimento

exponencial rumo ao progresso tecnológico. Os séculos subseqüentes foram marcados por uma

série de inovações e conquistas sem precedentes na história da humanidade.

OS DOIS ÚLTIMOS SÉCULOS E OS NOSSOS DIAS

Até o Renascimento, o progresso da tecnologia foi, sobretudo guiado pelas

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necessidades da prática, pela experiência do dia-a-dia, numa palavra: o empirismo. A partir do

século XIX, as ciências e as técnicas já não eram separáveis; agiam e reagiam sobre as outras,

indissociavelmente. Através de trocas comuns e recíprocas, o ideal buscado agora era uma

aceleração contínua das descobertas científicas e dos progressos industriais (DUCASSÉ, 1987).

O impacto marcante das idéias iluministas, que surgiram depois da Revolução

Científica inspiraram transformações econômicas, políticas e sociais em toda a Europa. Os

grandes avanços e sucessos obtidos nas áreas físicas, sociais e matemáticas provocaram uma

mudança radical na tecnologia até então empregada, fazendo com que esta época fosse

denominada século da razão ou século das luzes. O continente europeu, antes

predominantemente agrário viu o comércio se desenvolver, que junto, dava ascensão a uma nova

classe econômica (CARDOSO, 2001; HILST, 1994) que conseguiu construir um grande império

econômico e político: a burguesia chegava ao poder depois de um processo revolucionário

francês muito importante para uma nova orientação do mundo.

Novas máquinas surgidas na Inglaterra substituíam a energia do homem e do animal

pela energia despendida do fogo de maneira contínua. O início da utilização do carvão como

fonte de combustível foi decisivo para este novo processo que despontava no continente europeu.

Este grande fenômeno se deu, não somente em virtude do uso do carvão, mas principalmente

devido às mudanças de atitudes em relação às técnicas observadas na sociedade, implicando a

extensão gradual do uso de máquinas, do emprego de homens, mulheres e crianças em fábricas,

transformando a população rural em uma mão de obra especializada em fabricar produtos

industrializados que ganhariam o mercado para a obtenção de lucros.

Neste mesmo período, sob os ideais revolucionários, a França passava por uma

grande modificação. A total mobilização das forças ligava estritamente os sábios aos esforços

militares e políticos. A fabricação do aço, a fundição de canhões, a produção de salitre, o

tratamento do couro por processos novos, mais rápidos e eficientes que os antigos, podem nos dar

uma idéia desses esforços técnicos e tecnológicos. O químico buscava encontrar produtos

indispensáveis para suprir a falta de materiais que a guerra ocasionava. O bloqueio continental

privando a entrada de açúcar em terras francesas, fez a indústria da transformação encontrar um

equivalente poderoso na beterraba. Do mesmo modo, a técnica da indústria algodoeira, a técnica

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201

da indústria da tecelagem, fizeram nessa época progressos consideráveis. Progressos só

alcançados graças a união dos detentores do saber e das forças industriais em busca de um

objetivo comum. (DUCASSÉ, 1987).

Parece que as demandas da sociedade industrializada propiciavam o

desenvolvimento da tecnologia como um conhecimento metódico e estruturado como a ciência. O

método de pesquisa do conhecimento tecnológico parece não ser tão diferente do científico,

sendo muitas vezes este último motivador do primeiro. Se for verdade que conhecimentos

científicos podem se transformar em desenvolvimentos tecnológicos, por vezes a ordem pode ser

invertida como no caso da concepção da máquina a vapor e do posterior desenvolvimento da

termodinâmica que nos referíamos anteriormente.

O produto industrial era baseado, então, cada vez mais em conhecimentos da

ciência, aplicados por intermédio da tecnologia, que por sua vez voltava seu campo de ação

também para o estudo de novos materiais, novos processos de construção e fabricação, em geral

utilizados na engenharia e na indústria, caracterizando a primeira fase da Revolução Industrial.

Uma segunda fase pode ser considerada como o impacto tecnológico que o progresso teve

diretamente na sociedade (CARDOSO, 2001).

A produção dos bens necessários à vida baseada na máquina mudaria muitos

costumes da sociedade. Eram necessários outros conhecimentos e novos saberes para poder

operar máquinas que cada vez mais ganhavam espaço no cenário mundial. A tecnologia, a partir

do começo do século XIX, foi sendo cada vez mais decisiva também em campos ligados à área

de saúde e biomédica, auxiliando em uma melhor compreensão do corpo humano, o que

possibilitou a produção de vacinas antes inexistentes. A ocupação do espaço foi acelerada e cada

vez mais o meio ambiente foi sendo transformado. O microscópio foi inventado e o mundo

invisível começava a chegar aos sentidos dos homens; uma diversidade abundante de seres nunca

antes vistos revelava para o homem a necessidade de conhecer melhor o planeta.

O desenvolvimento científico e tecnológico experimentado pela humanidade a partir

do século XX produziu conhecimentos a uma velocidade jamais experimentada antes na história.

A estreita união da ciência e da técnica permitiu ao homem, nos séculos XIX e XX, penetrar cada

vez mais intimamente no mecanismo dos fenômenos naturais, dominando fontes, cada vez mais

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eficazes de energia, que para nossos antepassados eram invisíveis e inacessíveis. A era moderna

descobriu energias desconhecidas. Primeiro as fontes artificiais de energia motora substituíram as

naturais. Posteriormente, as turbinas foram construídas marcando de forma significativa o uso

dos recursos hidráulicos. O motor à explosão, que realmente nasceu em 1860, chegou de fato a

ser efetivado, mas com inúmeros aperfeiçoamentos consecutivos que antes não tinham sido

executados. Os dirigíveis popularizam um sonho milenar do homem: ganhar os céus, o que foi

um passo importante para a construção do primeiro avião pelo brasileiro Santos Dumont. Enfim,

o sonho de Ícaro fora concretizado. Além de ganhar os céus, o homem ganhava também as

profundezas dos grandes oceanos. A invenção do submarino permitiu ao homem explorar os

mistérios mais escondidos do mar (DUCASSÉ, 1987).

Foi uma época em o homem trocou o vapor pela eletricidade. Embora os fenômenos

eletrostáticos já tinham sido observados desde a Idade Média, foi preciso esperar a coragem

experimental de Benjamin Franklin, para que os pára-raios pudessem ser desenvolvidos. O

emprego da eletricidade na produção industrial só foi possível graças ao aparecimento de

geradores, fruto de um imprevisto experimental das investigações fisiológicas e elétricas de Luigi

Galvani (1737-1798) e Alessandro Volta (1745-1827). Em seu laboratório, a pilha elétrica ia

permitir o estudo das propriedades físicas e químicas da corrente, ao mesmo tempo em que

nomes ilustres como Ampère (1775-1836), Faraday (1791-1867), Laplace (1749-1827),

estudavam experimentalmente e coordenavam matematicamente as leis de corrente, as

propriedades do magnetismo e ação recíproca das correntes e dos magnetos (DUCASSÉ, 1987;

MOULTON & SCHIFFERS, 1986). Os esforços dos investigadores orientavam-se rumo à

descoberta de aparelhos geradores mais poderosos, que eles tentavam construir através do

aperfeiçoamento da pilha ou através das leis do novo eletromagnetismo sintetizadas e

reformuladas por James Clerk Maxwell (1831-1879) (VERASZTO, 2004).

A luta contra o isolamento e contra a ausência, redução ou supressão dos limites do

espaço e do tempo entre pensamento e vontade das pessoas tem sido desejada desde nossos

antepassados. Mais um sonho que esta época via ser realizado: a invenção do telégrafo e

posteriormente, do telefone, que romperam as barreiras continentais possibilitando o contato

imediato entre pessoas localizadas em distâncias longínquas (DUCASSÉ, 1987).

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203

À medida que se acelerava o processo industrial, a conquista por novas fontes de

energias também crescia. As descobertas da radioatividade e dos Raios X, por nome como Marie

Curie (1867-1934), Roegten (1845-1923), mostraram ao mundo que o invisível escondia

surpresas. Fontes de energia antes inimagináveis agora revolucionavam o mundo, tanto dentro

das academias científicas, quanto no interior das sociedades. Aparelhos de exame radiográfico

contribuíam na medicina, ao mesmo tempo em que novas formas de se entender o mundo eram

teorizadas por grandes gênios como Einstein (1879-1955), Planck (1858-1947), Bohr (1885-

1960), de Broglie (1892-1987) e Schroedinger (1887-1961) entre muitos outros responsáveis pelo

surgimento da Física Moderna que acrescentaria elementos fundamentais às teorias até então

vigente. (MOULTON & SCHIFFERS, 1986; VERASZTO, 2004). A idéia de uma velocidade

limite para a luz que se propagava entre galáxias e as novas concepções atômicas tiveram um

impacto profundo na sociedade, culminando com a descoberta de que era possível controlar o

núcleo do átomo e aproveitar a sua energia. De forma trágica, o mundo assistiu a essa conquista

com a destruição de duas cidades japonesas, devido ao uso indevido do produto tecnológico-

científico por cabeças governantes durante a Segunda Grande Guerra.

Atualmente, em meio à industrialização intensa e à urbanização absurdamente

concentrada, também potenciadas pelos conhecimentos científicos e

tecnológicos, conta-se com a sofisticação da medicina científica das tomografias

computadorizadas e com a enorme difusão da teleinformática. Ao mesmo tempo,

convive-se com ameaças como o buraco na camada de ozônio, a bomba atômica,

a fome, as doenças endêmicas não-controladas e as decorrentes da poluição. A

associação entre Ciência e Tecnologia se amplia, tornando-se mais presente no

cotidiano e modificando, cada vez mais, o próprio mundo (BRASIL, 1999).

Assim, as idéias clássicas precisavam passar por uma reformulação, pois já não

eram mais suficientes para abranger sem conflitos o infinitésimo e o infinito.

Elétrons, por exemplo, consagrados como partículas, comportam-se como ondas

ao atravessarem um cristal. A luz, consagrada como onda, pode se comportar

como partícula. E essa dualidade onda-partícula é um traço universal do mundo

quântico de toda matéria, no âmago cristalino das grandes rochas, na delicada

estrutura da informação genética das células vivas.

No mundo quântico a lógica causal e a relação de identificação espaço/tempo são

outras, não alcançadas pela lógica do senso comum. O desenvolvimento da física

quântica mostrou uma realidade que demanda outras representações.

Essa nova lógica permitirá compreender, pela primeira vez, a enorme

regularidade das propriedades químicas, ópticas, magnéticas e elétricas dos

materiais e desvendar a estrutura microscópica da vida (BRASIL, 1999).

Sob este novo ponto de vista, cada vez ficava mais claro que a realidade observável

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era apenas uma pequena parcela dentro de um contexto muito amplo e em sua quase que

esmagadora totalidade, muito aquém das capacidades sensitivas do ser humano.

A Biologia reflete e abriga os dilemas dessa nova lógica. Explica-se

quanticamente a estrutura infinitesimal, as microscópicas estruturas de

construção dos seres, sua reprodução e seu desenvolvimento. E se debate, com

questões existenciais de grande repercussão filosófica, se a origem da vida é um

acidente, uma casualidade que poderia não ter acontecido ou se, pelo contrário, é

a realização de uma ordem já inscrita na própria constituição da matéria primeva.

A lógica quântica mostra que a intervenção do observador modifica o objeto

observado. O observador interfere no fenômeno, pois a observação é uma

interação. Assim, seria vã a esperança de um conhecimento objetivo do mundo

desprendida de qualquer influência subjetiva. “O que nós chamamos de realidade

não é nada mais que uma síntese humana aproximativa, construída a partir de

observações diversas e de olhares descontínuos”. Essa continua sendo, no

entanto, uma polêmica deste século, pois há ainda quem advogue uma total

objetividade do conhecimento científico (Brasil, 1999).

Assim, os avanços espalharam-se por todos os campos do saber. A humanidade

ganhou o espaço e o conhecimento científico e tecnológico, mais uma vez juntos, permitiram que

foguetes pudessem ser lançados, que satélites fossem colocados em órbita, e que o homem fosse

capaz de pisar um solo fora do nosso planeta. O homem chegou até a Lua, e com ele o sonho de

explorar outros mundos, o que acabou culminando no envio de sondas para os mais longínquos

confins do nosso sistema solar, ou ainda, na construção de poderosos telescópios que

possibilitaram ver além da nossa galáxia.

Ainda não era o bastante. Mais inovações tecnológicas passariam a fazer parte do

espaço social. Os primeiros computadores e as primeiras redes de comunicação que foram

desenvolvidas inicialmente para uso exclusivo das forças armadas norte-americanas. Graças a

uma reação da contra-cultura do Vale do Silício, nos EUA, os computadores pessoais ganharam o

mercado e depois de um curto espaço de tempo, se comparado com todo nosso progresso

humano-tecnológico, popularizaram-se. O acesso ao conhecimento foi ficando cada vez mais

fácil e comunicação entre as pessoas, por mais remotas que sejam as distâncias, tornou-se

possível. A informática ganhava, e continua ganhando cada vez mais espaço. Diferentes ramos,

como a Medicina, a Arqueologia, a Biologia, entre tantas outras, são continuamente beneficiados

pelas novas inovações computacionais.

É assim que hoje vivemos. Cada dia novos produtos, novas descobertas e novas

conquistas. Atualmente, estamos presenciando uma revolução na tecnologia das comunicações

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que torna esta tarefa muito simples, como nunca antes tinha acontecido, graças à Internet. A

informação, modificada constantemente e a todo instante, ganha caráter cada vez mais

entrelaçado onde todos os seres acabam sendo responsáveis por sua disseminação e

transformação, como que em um gigantesco hipertexto (LÉVY, 1993).

Terminamos este capítulo enfatizando aquilo que dissemos em seu início. O

conhecimento histórico do desenvolvimento das técnicas e das tecnologias produzidas pelo

homem desde o começo dos tempos contribui de maneira significativa para que possamos

entender o processo criador da humanidade e, essencialmente, compreendermos melhor a

tecnologia como uma fonte de conhecimentos próprios, em contínua transmutação e com novos

saberes sendo agregados a cada dia, de forma cada vez mais veloz e dinâmica.

Finalmente, é importante frisar, que muitas vezes ao falarmos em tecnologia

pensamos imediatamente dos produtos mais sofisticados que estão ganhando o mercado neste

exato momento. Porém, como pudemos perceber ao longo de todo este capítulo, a tecnologia não

consiste somente nisso. Precisamos lembrar que a nossa história tecnológica começou junto com

o primeiro homem quando ele descobriu que era possível modificar a natureza para melhorar as

condições de vida de seu grupo. O homem, ao descobrir que poderia modificar o osso,

estabelecendo um novo uso para o mesmo, dava o passo inicial para a conquista do átomo e do

espaço.

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APÊNDICE B: INSTRUMENTO DE PESQUISA

Este questionário foi elaborado com a finalidade de levantar indicadores de Ciência e Tecnologia e analisar como estudantes de graduação compreendem e se relacionam com questões que envolvem tecnologia. Sua opinião é muito importante para o nosso estudo e você não precisára se identificar. Nas questões abaixo, assinale com um X a lacuna, que mais está em concordância com o que você pensa ou acredita. As lacunas correspondem a: CP: Concordo Plenamente; C: Concordo; I: Indiferente; D: Discordo; DP: Discordo Plenamente Obrigado pela atenção!

Sexo Fem. Masc. Idade: ________Curso: __________________________ Ano Ingresso no Curso: ____________

QUESTÕES CP C I D DP

Não estou apto a opinar sobre tecnologia, pois decisões desse porte devem ficar a cargo de especialistas.

xxx xxx xxx xxx xxx

A tecnologia não precisa de teorias; precisa apenas ser prática e eficiente.

Utilizo tecnologia para socializar informações.

O governo não deve influenciar nas decisões de desenvolvimento tecnológico.

A tecnologia explica o mundo à nossa volta.

Tecnologia é aplicação de leis, teorias e modelos da Ciência.

Escolho uma tecnologia pela sua eficiência.

Hoje há tecnologias que podem ser adquiridas por um preço acessível para muitos, tais como celulares, aparelhos de som, microcomputadores, etc.

As instituições educacionais e de pesquisa, como grandes universidades, devem orientar a pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias.

As decisões e escolhas tecnológicas em nada se relacionam com códigos de ética e de condutas.

A pesquisa tecnológica desenvolvida por empresas é direcionada a interesses particulares hegemônicos visando exclusivamente o lucro.

Escolho uma tecnologia pela sua praticidade.

Tecnologias são ferramentas (ou artefatos) construídas para auxiliar o homem na resolução de diferentes tipos de tarefas.

Entidades não governamentais (ONG’s) devem ter voz ativa nas decisões tecnológicas.

No momento de compra de novo artefato tecnológico o custo é o fator determinante para minha escolha.

A tecnologia não sofre influências da sociedade.

Organizações ambientalistas podem impedir ou interromper o desenvolvimento tecnológico.

A tecnologia consolida a democratização das relações entre os seres humanos.

O uso que fazemos da tecnologia é que determina se ela é boa ou má.

Entidades religiosas podem impedir ou interromper o desenvolvimento tecnológico.

Estou atento às questões relacionadas com tecnologia que aparecem na mídia.

O inventor perde o controle sobre a invenção uma vez que esta é disponibilizada para o público.

É importante a participação efetiva dos cidadãos em questões relacionadas a tomadas de decisão tecnológicas.

Sou favorável ao aumento do investimento em tecnologia mesmo que isso signifique gastar menos em programas sociais.

Uma nova descoberta tecnológica pode ser útil em qualquer lugar do planeta.

Interesses pessoais não influenciam no processo de criação de tecnologia.

Utilizaria sem questionar a energia nuclear, pois é uma saída plausível para resolver problemas futuros da crise energética.

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A tecnologia pode acabar com o planeta.

Admito exploração da natureza em detrimento do bem estar da humanidade.

As crenças religiosas não afetam o trabalho de cientistas e especialistas envolvidos na produção de tecnologia.

A preocupação com as futuras gerações deve ser ponto determinante para direcionar escolhas tecnológicas.

A tecnologia aumenta as desigualdades sócio-econômicas.

Não compro móveis que não sejam feitos a partir de madeira certificada.

A mídia influencia a produção tecnológica.

Estou ciente de que minhas escolhas tecnológicas ajudarão a superar a crise da água no século XXI.

A tecnologia ameaça a privacidade das pessoas.

As minorias étnicas não têm espaço garantido para auxiliar na escolha de novas tecnologias.

Tendo condições financeiras, ao comprar um celular novo, escolho o que tem mais recursos e funções.

Os benefícios proporcionados pelo desenvolvimento tecnológico são maiores que seus efeitos negativos.

Com a utilização segura da tecnologia é possível proteger a natureza da contaminação humana.

A engenharia genética pode contribuir para a cura de doenças.

Evito utilizar artefatos tecnológicos que provocam destruição do meio ambiente.

Diferentes grupos de interesses determinam a produção tecnológica a partir de relações sociais, políticas, econômicas, ambientais, culturais, etc.

Sei que alimentos transgênicos podem ser a solução para a fome do mundo.

Você poderá utilizar o verso desta folha para fazer considerações acerca da pesquisa, caso julgue prudente.

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APÊNDICE C: Teste de Kolmogorov-Smirnov Gerado pelo SPSS

One-Sample Kolmogorov-Smirnov Test

a Test distribution is Normal. b Calculated from data.

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APÊNDICE D: Relatório gerado pelo sistema LISREL®: estimação

pelo método USL com antecedente DSO1 (Dimensão Social 1)

DATE: 3/26/2009 TIME: 16:15

L I S R E L 8.72

BY

Karl G. Jöreskog and Dag Sörbom

This program is published exclusively by Scientific Software International, Inc.

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Phone: (800)247-6113, (847)675-0720, Fax: (847)675-2140 Copyright by Scientific Software International, Inc., 1981-2005 Use of this program is subject to the terms specified in the

Universal Copyright Convention. Website: www.ssicentral.com

The following lines were read from file C:\Documents and

Settings\DirceudS\Desktop\estefano LISREL\estefano simplis 1.spj:

Observed Variables a1 - a44 Correlation Matrix from file Mestefano Sample Size 600 Latent Variables: ATI DSO CON Relationships: a3 a15 a18 a21 a31 a33 a35 a38 a40 a44=ATI a4 a9 a11 a17 a23=DSO a5 a6 a13 a19=CON CON=DSO ATI=DSO

LET THE ERRORS BETWEEN a6 AND a5 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a44 AND a38 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a40 AND a33 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a40 AND a35 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a35 AND a33 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a11 AND a9 CORRELATE Options: ND=3 RS ME=ML AD=OFF path diagram END OF PROBLEM

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212

6.6in.02in Sample Size = 600

!ESTEFANO

Covariance Matrix

a3 a5 a6 a13 a15 a18

a3 0.383

a5 0.078 0.627

a6 0.076 0.142 0.621

a13 0.074 0.050 0.042 0.345

a15 0.029 0.037 0.040 0.049 0.882

a18 0.012 0.110 0.074 0.070 0.020 0.497 a19 0.066 0.064 0.081 0.118 0.075 0.100 a21 0.086 0.089 0.073 0.072 0.027 0.041 a31 0.037 0.021 0.076 0.044 0.026 0.026 a33 -0.013 -0.061 0.039 -0.023 0.100 0.046 a35 0.053 0.084 0.105 0.027 -0.012 0.083 a38 0.151 0.114 0.056 0.158 0.079 0.099 a40 0.037 0.035 0.095 0.045 0.007 0.038 a44 0.030 0.082 0.123 0.067 0.137 0.051 a4 0.008 0.018 -0.037 0.028 -0.001 0.010 a9 0.076 0.057 0.064 0.095 0.031 0.035 a11 0.037 -0.004 0.060 0.007 0.111 -0.023 a17 -0.008 0.089 0.070 -0.018 0.055 0.030 a23 0.064 0.046 0.051 0.049 0.080 0.072

Covariance Matrix (continued)

a19 a21 a31 a33 a35 a38

a19 0.740

a21 0.102 0.426

a31 0.050 0.035 0.417

a33 0.034 0.057 0.054 2.061

a35 0.078 0.083 0.080 0.162 0.694

a38 0.198 0.192 0.041 -0.063 0.074 1.653 a40 0.133 0.084 0.069 0.192 0.158 0.129 a44 0.108 0.101 0.039 0.072 0.120 0.313 a4 0.002 0.014 0.023 0.066 0.008 0.030 a9 0.075 0.083 0.070 -0.003 0.044 0.116 a11 0.068 0.055 0.035 0.007 0.048 0.115 a17 -0.012 -0.018 0.048 0.028 0.001 0.024 a23 0.055 0.072 0.076 0.119 0.089 0.057

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213

Covariance Matrix (continued)

a40 a44 a4 a9 a11 a17

a40 0.669

a44 0.102 1.460

a4 -0.022 -0.084 0.750

a9 0.080 0.054 0.046 0.447

a11 0.032 0.114 -0.069 -0.020 0.914

a17 0.040 0.020 -0.048 0.006 0.042 0.752 a23 0.022 0.021 0.083 0.077 -0.007 -0.015

Covariance Matrix (continued)

a23

a23 0.568 !ESTEFANO Number of Iterations = 28

LISREL Estimates (Maximum Likelihood) Measurement Equations

a3 = 0.240*ATI, Errorvar.= 0.325 , R² = 0.150 (0.0204) 15.921

a5 = 0.244*CON, Errorvar.= 0.568 , R² = 0.0946 (0.0348) 16.343

a6 = 0.257*CON, Errorvar.= 0.555 , R² = 0.106 (0.0492) (0.0343) 5.228 16.184

a13 = 0.249*CON, Errorvar.= 0.283 , R² = 0.179 (0.0460) (0.0189) 5.405 14.961

a15 = 0.161*ATI, Errorvar.= 0.857 , R² = 0.0294 (0.0491) (0.0501) 3.280 17.084

a18 = 0.205*ATI, Errorvar.= 0.455 , R² = 0.0847

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214

(0.0412) (0.0274) 4.983 16.609

a19 = 0.337*CON, Errorvar.= 0.627 , R² = 0.153 (0.0642) (0.0405) 5.240 15.487

a21 = 0.293*ATI, Errorvar.= 0.340 , R² = 0.201 (0.0455) (0.0223) 6.429 15.262

a31 = 0.180*ATI, Errorvar.= 0.384 , R² = 0.0781 (0.0372) (0.0230) 4.842 16.670

a33 = 0.0708*ATI, Errorvar.= 2.056 , R² = 0.00243 (0.0710) (0.119) 0.996 17.287 a35 = 0.238*ATI, Errorvar.= 0.637 , R² = 0.0816 (0.0485) (0.0383) 4.901 16.615

a38 = 0.476*ATI, Errorvar.= 1.427 , R² = 0.137 (0.0821) (0.0889) 5.796 16.052

a40 = 0.241*ATI, Errorvar.= 0.611 , R² = 0.0868 (0.0481) (0.0369) 5.009 16.566

a44 = 0.282*ATI, Errorvar.= 1.381 , R² = 0.0543 (0.0671) (0.0819) 4.198 16.852

a4 = 0.0416*DSO, Errorvar.= 0.749 , R² = 0.00230 (0.0420) (0.0433) 0.989 17.290

a9 = 0.262*DSO, Errorvar.= 0.378 , R² = 0.154 (0.0321) (0.0239) 8.175 15.831

a11 = 0.142*DSO, Errorvar.= 0.894 , R² = 0.0221 (0.0469) (0.0522) 3.032 17.128

a17 = 0.0466*DSO, Errorvar.= 0.750 , R² = 0.00289 (0.0421) (0.0434) 1.107 17.285

a23 = 0.218*DSO, Errorvar.= 0.520 , R² = 0.0839 (0.0362) (0.0313) 6.033 16.617

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215

Error Covariance for a6 and a5 = 0.0797 (0.0252) 3.165

Error Covariance for a35 and a33 = 0.145 (0.0481) 3.008

Error Covariance for a40 and a33 = 0.175 (0.0474) 3.690

Error Covariance for a40 and a35 = 0.100 (0.0271) 3.694

Error Covariance for a44 and a38 = 0.179 (0.0612) 2.919

Error Covariance for a11 and a9 = -0.058 (0.0250) -2.313

Structural Equations

ATI = 1.096*DSO, Errorvar.= -0.202 , R² = 1.202 (0.142) (0.155) 7.708 -1.305

W_A_R_N_I_N_G : Error variance is negative.

CON = 1.016*DSO, Errorvar.= -0.0328, R² = 1.033 (0.163) (0.169) 6.220 -0.194

W_A_R_N_I_N_G : Error variance is negative.

Correlation Matrix of Independent Variables

DSO 1.000

Covariance Matrix of Latent Variables

ATI CON DSO

ATI 1.000

CON 1.114 1.000

DSO 1.096 1.016 1.000

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216

Goodness of Fit Statistics Degrees of Freedom = 144 Minimum Fit Function Chi-Square = 218.865 (P = 0.000) Normal Theory Weighted Least Squares Chi-Square = 225.728 (P = 0.000) Estimated Non-centrality Parameter (NCP) = 81.728 90 Percent Confidence Interval for NCP = (44.860 ; 126.534)

Minimum Fit Function Value = 0.365 Population Discrepancy Function Value (F0) = 0.136 90 Percent Confidence Interval for F0 = (0.0749 ; 0.211) Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA) = 0.0308 90 Percent Confidence Interval for RMSEA = (0.0228 ; 0.0383) P-Value for Test of Close Fit (RMSEA < 0.05) = 1.00

Expected Cross-Validation Index (ECVI) = 0.530 90 Percent Confidence Interval for ECVI = (0.469 ; 0.605) ECVI for Saturated Model = 0.634 ECVI for Independence Model = 2.059

Chi-Square for Independence Model with 171 Degrees of Freedom = 1195.545 Independence AIC = 1233.545 Model AIC = 317.728 Saturated AIC = 380.000 Independence CAIC = 1336.086 Model CAIC = 565.987 Saturated CAIC = 1405.417

Normed Fit Index (NFI) = 0.817 Non-Normed Fit Index (NNFI) = 0.913 Parsimony Normed Fit Index (PNFI) = 0.688 Comparative Fit Index (CFI) = 0.927 Incremental Fit Index (IFI) = 0.929 Relative Fit Index (RFI) = 0.783

Critical N (CN) = 511.130

Root Mean Square Residual (RMR) = 0.0320 Standardized RMR = 0.0410 Goodness of Fit Index (GFI) = 0.962 Adjusted Goodness of Fit Index (AGFI) = 0.950 Parsimony Goodness of Fit Index (PGFI) = 0.729

!ESTEFANO

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217

Fitted Covariance Matrix

a3 a5 a6 a13 a15 a18

a3 0.383

a5 0.065 0.627

a6 0.069 0.142 0.621

a13 0.066 0.061 0.064 0.345

a15 0.039 0.044 0.046 0.045 0.882

a18 0.049 0.056 0.059 0.057 0.033 0.497 a19 0.090 0.082 0.086 0.084 0.060 0.077 a21 0.070 0.079 0.084 0.081 0.047 0.060 a31 0.043 0.049 0.052 0.050 0.029 0.037 a33 0.017 0.019 0.020 0.020 0.011 0.015 a35 0.057 0.065 0.068 0.066 0.038 0.049 a38 0.114 0.129 0.136 0.132 0.077 0.098 a40 0.058 0.065 0.069 0.067 0.039 0.049 a44 0.068 0.076 0.081 0.078 0.045 0.058 a4 0.011 0.010 0.011 0.011 0.007 0.009 a9 0.069 0.065 0.068 0.066 0.046 0.059 a11 0.037 0.035 0.037 0.036 0.025 0.032 a17 0.012 0.012 0.012 0.012 0.008 0.010 a23 0.057 0.054 0.057 0.055 0.039 0.049

Fitted Covariance Matrix (continued)

a19 a21 a31 a33 a35 a38

a19 0.740

a21 0.110 0.426

a31 0.068 0.053 0.417

a33 0.027 0.021 0.013 2.061

a35 0.089 0.070 0.043 0.162 0.694

a38 0.178 0.139 0.086 0.034 0.113 1.653 a40 0.090 0.071 0.043 0.192 0.158 0.115 a44 0.106 0.082 0.051 0.020 0.067 0.313 a4 0.014 0.013 0.008 0.003 0.011 0.022 a9 0.090 0.084 0.052 0.020 0.068 0.137 a11 0.049 0.046 0.028 0.011 0.037 0.074 a17 0.016 0.015 0.009 0.004 0.012 0.024 a23 0.075 0.070 0.043 0.017 0.057 0.114

Fitted Covariance Matrix (continued)

a40 a44 a4 a9 a11 a17

a40 0.669

a44 0.068 1.460

a4 0.011 0.013 0.750

a9 0.069 0.081 0.011 0.447

a11 0.038 0.044 0.006 -0.020 0.914

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218

a17 0.012 0.014 0.002 0.012 0.007 0.752 a23 0.058 0.067 0.009 0.057 0.031 0.010

Fitted Covariance Matrix (continued)

a23

a23 0.568

Fitted Residuals

a3 a5 a6 a13 a15 a18

a3 0.000

a5 0.013 0.000

a6 0.007 0.000 0.000

a13 0.007 -0.011 -0.022 0.000

a15 -0.010 -0.006 -0.006 0.004 0.000

a18 -0.037 0.055 0.015 0.013 -0.013 0.000 a19 -0.023 -0.018 -0.006 0.035 0.014 0.023 a21 0.016 0.010 -0.011 -0.010 -0.020 -0.019 a31 -0.006 -0.028 0.025 -0.006 -0.003 -0.011 a33 -0.030 -0.080 0.018 -0.043 0.089 0.031 a35 -0.004 0.019 0.037 -0.039 -0.050 0.034 a38 0.037 -0.015 -0.080 0.026 0.002 0.002 a40 -0.021 -0.030 0.026 -0.022 -0.032 -0.011 a44 -0.038 0.006 0.043 -0.011 0.092 -0.007 a4 -0.003 0.008 -0.047 0.018 -0.009 0.001 a9 0.007 -0.008 -0.005 0.029 -0.015 -0.024 a11 -0.001 -0.039 0.022 -0.029 0.086 -0.055 a17 -0.020 0.077 0.058 -0.030 0.046 0.020 a23 0.006 -0.008 -0.006 -0.007 0.041 0.023

Fitted Residuals (continued)

a19 a21 a31 a33 a35 a38

a19 0.000

a21 -0.008 0.000

a31 -0.018 -0.017 0.000

a33 0.008 0.036 0.041 0.000

a35 -0.011 0.014 0.037 0.000 0.000

a38 0.020 0.053 -0.044 -0.096 -0.039 0.000 a40 0.043 0.014 0.025 0.000 0.000 0.015 a44 0.002 0.019 -0.012 0.052 0.053 0.000 a4 -0.012 0.001 0.015 0.063 -0.003 0.009 a9 -0.015 -0.001 0.018 -0.023 -0.025 -0.021 a11 0.020 0.009 0.007 -0.004 0.011 0.041 a17 -0.028 -0.033 0.039 0.025 -0.011 0.000 a23 -0.020 0.002 0.033 0.102 0.032 -0.057

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219

Fitted Residuals (continued)

a40 a44 a4 a9 a11 a17

a40 0.000

a44 0.034 0.000

a4 -0.033 -0.097 0.000

a9 0.011 -0.027 0.035 0.000

a11 -0.005 0.070 -0.075 0.000 0.000

a17 0.027 0.005 -0.050 -0.006 0.035 0.000 a23 -0.036 -0.047 0.074 0.020 -0.038 -0.025

Fitted Residuals (continued)

a23

a23 0.000

Summary Statistics for Fitted Residuals Smallest Fitted Residual = -0.097 Median Fitted Residual = 0.000 Largest Fitted Residual = 0.102

Stemleaf Plot

- 9|76 - 8|00 - 7|5 - 6| - 5|7500 - 4|7743 - 3|9998876332000 - 2|9887554332211000 - 1|9887555322111111100 - 0|988877666666655443331100000000000000000000000000 0|112222456677778899 1|01133444555688899 2|00002335556679 3|1234455567779 4|111336 5|23358 6|3 7|047 8|69 9|2 10|2

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220

Standardized Residuals

a3 a5 a6 a13 a15 a18

a3 - -

a5 0.858 - -

a6 0.470 - - - -

a13 0.692 -0.782 -1.608 - -

a15 -0.463 -0.236 -0.233 0.235 - -

a18 -2.553 2.853 0.798 1.013 -0.525 - - a19 -1.500 -0.843 -0.269 2.583 0.517 1.175 a21 1.365 0.656 -0.741 -0.948 -0.989 -1.330 a31 -0.443 -1.597 1.422 -0.490 -0.140 -0.695 a33 -0.934 -1.888 0.443 -1.516 1.654 0.812 a35 -0.219 0.859 1.671 -2.565 -1.718 1.631 a38 1.478 -0.464 -2.496 1.204 0.053 0.056 a40 -1.253 -1.365 1.177 -1.461 -1.117 -0.544 a44 -1.473 0.171 1.286 -0.477 2.103 -0.233 a4 -0.137 0.289 -1.853 1.005 -0.270 0.034 a9 0.542 -0.491 -0.285 2.573 -0.698 -1.604 a11 -0.026 -1.384 0.813 -1.538 2.465 -2.189 a17 -1.064 2.972 2.278 -1.672 1.431 0.866 a23 0.409 -0.402 -0.290 -0.469 1.586 1.251

Standardized Residuals (continued)

a19 a21 a31 a33 a35 a38

a19 - -

a21 -0.491 - -

a31 -1.009 -1.292 - -

a33 0.176 1.128 1.163 - -

a35 -0.477 0.789 1.899 - - - -

a38 0.593 2.123 -1.566 -1.428 -1.063 - - a40 1.899 0.807 1.328 - - - - 0.415 a44 0.064 0.721 -0.401 0.765 1.444 - - a4 -0.443 0.041 0.691 1.245 -0.110 0.220 a9 -0.863 -0.124 1.279 -0.701 -1.376 -0.810 a11 0.684 0.473 0.283 -0.073 0.366 0.963 a17 -1.059 -1.776 1.848 0.484 -0.396 -0.002 a23 -0.926 0.113 1.919 2.493 1.448 -1.803

Standardized Residuals (continued)

a40 a44 a4 a9 a11 a17

a40 - -

a44 0.950 - -

a4 -1.219 -2.392 - -

a9 0.622 -1.023 1.670 - -

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221

a11 -0.177 1.591 -2.247 - - - -

a17 1.027 0.128 -1.641 -0.285 1.055 - - a23 -1.692 -1.426 2.970 1.188 -1.413 -1.000

Standardized Residuals (continued)

a23

a23 - -

Summary Statistics for Standardized Residuals Smallest Standardized Residual = -2.565 Median Standardized Residual = 0.000 Largest Standardized Residual = 2.972

Stemleaf Plot

- 2|665 - 2|422 - 1|99887776666655555 - 1|444444333211110000 - 0|999988877775555555555 - 0|4444433333222221111100000000000000000000000000000 0|111112222334444 0|555556677777888888999 1|0000011222222333344444 1|56667778999 2|113 2|55669 3|00

Largest Positive Standardized Residuals

Residual for a18 and a5 2.853 Residual for a19 and a13 2.583 Residual for a17 and a5 2.972 Residual for a23 and a4 2.970 !ESTEFANO

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222

Qplot of Standardized Residuals 3.5.......................................................................... . ..

. . .

. . .

. . .

. . .

. . .

. . x .

. . x .

. . x .

. . x .

. . xx .

. . x x .

. . xxxx .

. . * * .

N . . xxx .

o . . *x* .

r . . ** .

m . . *xx .

a . . xx .

l . xxx* .

. xx** .

Q . *xx .

u . xxx .

a . *xx .

n . x* .

t . xx* * .

i . x*x . .

l . xxxx . .

e . *x . .

s . x* . .

. ** . .

. ** . .

. * . .

. xx . .

. x . .

. x . .

. x . .

. x. .

. . .

. . .

. . .

. . .

. . .

-3.5..........................................................................

-3.5 3.5

The Modification Indices Suggest to Add an Error Covariance

Between and Decrease in Chi-Square New Estimate a18 a5 8.2 0.06 a23 a4 8.8 0.08

Time used: 0.125 Seconds

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223

APÊNDICE E: Relatório gerado pelo sistema LISREL®: estimação

pelo método USL com antecedente DSO2 (Dimensão Social 2)

DATE: 3/26/2009 TIME: 16:12

L I S R E L 8.72

BY

Karl G. Jöreskog and Dag Sörbom

This program is published exclusively by Scientific Software International, Inc.

7383 N. Lincoln Avenue, Suite 100 Lincolnwood, IL 60712, U.S.A.

Phone: (800)247-6113, (847)675-0720, Fax: (847)675-2140 Copyright by Scientific Software International, Inc., 1981-2005 Use of this program is subject to the terms specified in the

Universal Copyright Convention. Website: www.ssicentral.com

The following lines were read from file C:\Documents and

Settings\DirceudS\Desktop\estefano LISREL\estefano simplis 1.spj:

Observed Variables a1 - a44 Correlation Matrix from file Mestefano Sample Size 600 Latent Variables: ATI DSO CON Relationships: a3 a15 a18 a21 a31 a33 a35 a38 a40 a44=ATI a4 a9 a11 a17 a23=DSO a5 a6 a13 a19=CON DSO=CON DSO=ATI

LET THE ERRORS BETWEEN a6 AND a5 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a44 AND a38 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a40 AND a33 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a40 AND a35 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a35 AND a33 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a11 AND a9 CORRELATE Options: ND=3 RS ME=ML AD=OFF path diagram END OF PROBLEM

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224

6.6in.02in

Sample Size = 600

!ESTEFANO

Covariance Matrix

a4 a9 a11 a17 a23 a3

a4 0.750

a9 0.046 0.447

a11 -0.069 -0.020 0.914

a17 -0.048 0.006 0.042 0.752

a23 0.083 0.077 -0.007 -0.015 0.568

a3 0.008 0.076 0.037 -0.008 0.064 0.383 a5 0.018 0.057 -0.004 0.089 0.046 0.078 a6 -0.037 0.064 0.060 0.070 0.051 0.076 a13 0.028 0.095 0.007 -0.018 0.049 0.074 a15 -0.001 0.031 0.111 0.055 0.080 0.029 a18 0.010 0.035 -0.023 0.030 0.072 0.012 a19 0.002 0.075 0.068 -0.012 0.055 0.066 a21 0.014 0.083 0.055 -0.018 0.072 0.086 a31 0.023 0.070 0.035 0.048 0.076 0.037 a33 0.066 -0.003 0.007 0.028 0.119 -0.013 a35 0.008 0.044 0.048 0.001 0.089 0.053 a38 0.030 0.116 0.115 0.024 0.057 0.151 a40 -0.022 0.080 0.032 0.040 0.022 0.037 a44 -0.084 0.054 0.114 0.020 0.021 0.030

Covariance Matrix (continued)

a5 a6 a13 a15 a18 a19

a5 0.627

a6 0.142 0.621

a13 0.050 0.042 0.345

a15 0.037 0.040 0.049 0.882

a18 0.110 0.074 0.070 0.020 0.497

a19 0.064 0.081 0.118 0.075 0.100 0.740 a21 0.089 0.073 0.072 0.027 0.041 0.102 a31 0.021 0.076 0.044 0.026 0.026 0.050 a33 -0.061 0.039 -0.023 0.100 0.046 0.034 a35 0.084 0.105 0.027 -0.012 0.083 0.078 a38 0.114 0.056 0.158 0.079 0.099 0.198 a40 0.035 0.095 0.045 0.007 0.038 0.133 a44 0.082 0.123 0.067 0.137 0.051 0.108

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225

Covariance Matrix (continued)

a21 a31 a33 a35 a38 a40

a21 0.426

a31 0.035 0.417

a33 0.057 0.054 2.061

a35 0.083 0.080 0.162 0.694

a38 0.192 0.041 -0.063 0.074 1.653

a40 0.084 0.069 0.192 0.158 0.129 0.669 a44 0.101 0.039 0.072 0.120 0.313 0.102

Covariance Matrix (continued)

a44

a44 1.460 !ESTEFANO Number of Iterations = 46

LISREL Estimates (Maximum Likelihood) Measurement Equations

a4 = 0.0589*DSO, Errorvar.= 0.747 , R² = 0.00463 (0.0433) 17.253

a9 = 0.295*DSO, Errorvar.= 0.360 , R² = 0.195 (0.230) (0.0308) 1.281 11.685

a11 = 0.149*DSO, Errorvar.= 0.892 , R² = 0.0243 (0.126) (0.0528) 1.180 16.902

a17 = 0.0452*DSO, Errorvar.= 0.750 , R² = 0.00272 (0.0573) (0.0434) 0.789 17.275

a23 = 0.241*DSO, Errorvar.= 0.510 , R² = 0.103 (0.190) (0.0331) 1.270 15.419

a3 = 0.240*ATI, Errorvar.= 0.325 , R² = 0.151

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226

(0.0295) (0.0204) 8.134 15.914 a5 = 0.244*CON, Errorvar.= 0.568 , R² = 0.0949 (0.0393) (0.0347) 6.205 16.341

a6 = 0.256*CON, Errorvar.= 0.555 , R² = 0.106 (0.0392) (0.0343) 6.533 16.196

a13 = 0.249*CON, Errorvar.= 0.283 , R² = 0.179 (0.0298) (0.0189) 8.340 14.965

a15 = 0.159*ATI, Errorvar.= 0.857 , R² = 0.0287 (0.0455) (0.0502) 3.495 17.089

a18 = 0.206*ATI, Errorvar.= 0.455 , R² = 0.0854 (0.0339) (0.0274) 6.081 16.599

a19 = 0.337*CON, Errorvar.= 0.627 , R² = 0.153 (0.0431) (0.0405) 7.813 15.485

a21 = 0.293*ATI, Errorvar.= 0.340 , R² = 0.202 (0.0310) (0.0223) 9.449 15.250

a31 = 0.179*ATI, Errorvar.= 0.385 , R² = 0.0769 (0.0311) (0.0231) 5.765 16.678

a33 = 0.0686*ATI, Errorvar.= 2.056 , R² = 0.00228 (0.0706) (0.119) 0.971 17.288

a35 = 0.237*ATI, Errorvar.= 0.637 , R² = 0.0813 (0.0403) (0.0383) 5.897 16.615

a38 = 0.477*ATI, Errorvar.= 1.425 , R² = 0.138 (0.0616) (0.0889) 7.748 16.036

a40 = 0.241*ATI, Errorvar.= 0.611 , R² = 0.0871 (0.0395) (0.0369) 6.110 16.561

a44 = 0.282*ATI, Errorvar.= 1.381 , R² = 0.0543 (0.0589) (0.0820) 4.778 16.849

Error Covariance for a11 and a9 = -0.064

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227

(0.0272) -2.370

Error Covariance for a6 and a5 = 0.0797 (0.0252) 3.168

Error Covariance for a35 and a33 = 0.145 (0.0481) 3.019

Error Covariance for a40 and a33 = 0.175 (0.0474) 3.700

Error Covariance for a40 and a35 = 0.100 (0.0271) 3.694

Error Covariance for a44 and a38 = 0.178 (0.0612) 2.911

Structural Equations

DSO = 0.116*ATI + 0.764*CON, Errorvar.= 0.205 , R² = 0.795 (0.616) (0.843) (0.410) 0.188 0.906 0.499

Correlation Matrix of Independent Variables

ATI CON

ATI 1.000

CON 1.119 1.000

(0.087)

12.885

Covariance Matrix of Latent Variables

DSO ATI CON

DSO 1.000

ATI 0.971 1.000

CON 0.894 1.119 1.000

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228

Goodness of Fit Statistics Degrees of Freedom = 143 Minimum Fit Function Chi-Square = 218.131 (P = 0.000) Normal Theory Weighted Least Squares Chi-Square = 224.929 (P = 0.000) Estimated Non-centrality Parameter (NCP) = 81.929 90 Percent Confidence Interval for NCP = (45.099 ; 126.694)

Minimum Fit Function Value = 0.364 Population Discrepancy Function Value (F0) = 0.137 90 Percent Confidence Interval for F0 = (0.0753 ; 0.212) Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA) = 0.0309 90 Percent Confidence Interval for RMSEA = (0.0229 ; 0.0385) P-Value for Test of Close Fit (RMSEA < 0.05) = 1.00

Expected Cross-Validation Index (ECVI) = 0.532 90 Percent Confidence Interval for ECVI = (0.471 ; 0.607) ECVI for Saturated Model = 0.634 ECVI for Independence Model = 2.059

Chi-Square for Independence Model with 171 Degrees of Freedom = 1195.545 Independence AIC = 1233.545 Model AIC = 318.929 Saturated AIC = 380.000 Independence CAIC = 1336.086 Model CAIC = 572.585 Saturated CAIC = 1405.417

Normed Fit Index (NFI) = 0.818 Non-Normed Fit Index (NNFI) = 0.912 Parsimony Normed Fit Index (PNFI) = 0.684 Comparative Fit Index (CFI) = 0.927 Incremental Fit Index (IFI) = 0.929 Relative Fit Index (RFI) = 0.782

Critical N (CN) = 509.724

Root Mean Square Residual (RMR) = 0.0321 Standardized RMR = 0.0409 Goodness of Fit Index (GFI) = 0.962 Adjusted Goodness of Fit Index (AGFI) = 0.949 Parsimony Goodness of Fit Index (PGFI) = 0.724

!ESTEFANO

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229

Fitted Covariance Matrix

a4 a9 a11 a17 a23 a3

a4 0.751

a9 0.017 0.447

a11 0.009 -0.020 0.914

a17 0.003 0.013 0.007 0.752

a23 0.014 0.071 0.036 0.011 0.568

a3 0.014 0.069 0.035 0.011 0.056 0.383 a5 0.013 0.064 0.032 0.010 0.053 0.066 a6 0.013 0.068 0.034 0.010 0.055 0.069 a13 0.013 0.066 0.033 0.010 0.054 0.067 a15 0.009 0.046 0.023 0.007 0.037 0.038 a18 0.012 0.059 0.030 0.009 0.048 0.049 a19 0.018 0.089 0.045 0.014 0.073 0.091 a21 0.017 0.084 0.042 0.013 0.069 0.070 a31 0.010 0.051 0.026 0.008 0.042 0.043 a33 0.004 0.020 0.010 0.003 0.016 0.016 a35 0.014 0.068 0.034 0.010 0.056 0.057 a38 0.027 0.137 0.069 0.021 0.112 0.115 a40 0.014 0.069 0.035 0.011 0.057 0.058 a44 0.016 0.081 0.041 0.012 0.066 0.068

Fitted Covariance Matrix (continued)

a5 a6 a13 a15 a18 a19

a5 0.627

a6 0.142 0.621

a13 0.061 0.064 0.345

a15 0.043 0.046 0.044 0.882

a18 0.056 0.059 0.057 0.033 0.497

a19 0.082 0.086 0.084 0.060 0.078 0.740 a21 0.080 0.084 0.082 0.047 0.060 0.111 a31 0.049 0.051 0.050 0.028 0.037 0.068 a33 0.019 0.020 0.019 0.011 0.014 0.026 a35 0.065 0.068 0.066 0.038 0.049 0.090 a38 0.130 0.137 0.133 0.076 0.098 0.180 a40 0.066 0.069 0.067 0.038 0.050 0.091 a44 0.077 0.081 0.078 0.045 0.058 0.106

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230

Fitted Covariance Matrix (continued)

a21 a31 a33 a35 a38 a40

a21 0.426

a31 0.052 0.417

a33 0.020 0.012 2.061

a35 0.070 0.043 0.162 0.694

a38 0.140 0.085 0.033 0.113 1.653

a40 0.071 0.043 0.192 0.158 0.115 0.669 a44 0.083 0.050 0.019 0.067 0.313 0.068

Fitted Covariance Matrix (continued)

a44

a44 1.460

Fitted Residuals

a4 a9 a11 a17 a23 a3

a4 0.000

a9 0.028 0.000

a11 -0.078 0.000 0.000

a17 -0.051 -0.007 0.035 0.000

a23 0.069 0.006 -0.043 -0.026 0.000

a3 -0.005 0.007 0.002 -0.018 0.007 0.000 a5 0.005 -0.008 -0.036 0.079 -0.007 0.013 a6 -0.050 -0.004 0.026 0.060 -0.004 0.007 a13 0.015 0.029 -0.027 -0.028 -0.005 0.007 a15 -0.010 -0.014 0.088 0.048 0.043 -0.009 a18 -0.002 -0.024 -0.052 0.021 0.024 -0.038 a19 -0.015 -0.014 0.024 -0.026 -0.018 -0.024 a21 -0.003 -0.001 0.013 -0.031 0.003 0.016 a31 0.013 0.018 0.009 0.041 0.034 -0.006 a33 0.062 -0.023 -0.003 0.025 0.102 -0.029 a35 -0.006 -0.024 0.014 -0.009 0.033 -0.004 a38 0.003 -0.021 0.046 0.003 -0.055 0.037 a40 -0.035 0.011 -0.002 0.029 -0.035 -0.021 a44 -0.101 -0.027 0.073 0.007 -0.045 -0.038

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231

Fitted Residuals (continued)

a5 a6 a13 a15 a18 a19

a5 0.000

a6 0.000 0.000

a13 -0.011 -0.022 0.000

a15 -0.006 -0.006 0.005 0.000

a18 0.054 0.015 0.012 -0.013 0.000

a19 -0.018 -0.005 0.034 0.015 0.022 0.000 a21 0.009 -0.011 -0.010 -0.020 -0.020 -0.008 a31 -0.028 0.025 -0.006 -0.003 -0.011 -0.018 a33 -0.079 0.019 -0.042 0.089 0.032 0.008 a35 0.019 0.037 -0.039 -0.050 0.034 -0.011 a38 -0.016 -0.081 0.025 0.003 0.001 0.018 a40 -0.031 0.025 -0.022 -0.032 -0.011 0.042 a44 0.005 0.043 -0.011 0.092 -0.008 0.002

Fitted Residuals (continued)

a21 a31 a33 a35 a38 a40

a21 0.000

a31 -0.017 0.000

a33 0.037 0.042 0.000

a35 0.014 0.037 0.000 0.000

a38 0.052 -0.044 -0.095 -0.039 0.000

a40 0.013 0.025 0.000 0.000 0.014 0.000 a44 0.018 -0.011 0.053 0.053 0.000 0.034

Fitted Residuals (continued)

a44

a44 0.000

Summary Statistics for Fitted Residuals Smallest Fitted Residual = -0.101 Median Fitted Residual = 0.000 Largest Fitted Residual = 0.102

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232

Stemleaf Plot

-10|1 - 9|5 - 8|1 - 7|98 - 6| - 5|52100 - 4|5432 - 3|9988655211 - 2|98877664443221100 - 1|8888765443111111100 - 0|9988877666665554443332210000000000000000000000000 0|1223333555677777899 1|123333444555688899 2|1244555556899 3|23444457777 4|1223368 5|2334 6|029 7|39 8|89 9|2 10|2

Standardized Residuals

a4 a9 a11 a17 a23 a3

a4 - -

a9 1.483 - -

a11 -2.353 - - - -

a17 -1.669 -0.367 1.057 - -

a23 2.864 0.770 -1.715 -1.063 - -

a3 -0.281 0.558 0.106 -0.959 0.489 - - a5 0.190 -0.460 -1.280 3.013 -0.334 0.832 a6 -1.942 -0.232 0.917 2.326 -0.204 0.462 a13 0.849 2.663 -1.377 -1.549 -0.361 0.662 a15 -0.324 -0.665 2.514 1.465 1.628 -0.442 a18 -0.071 -1.608 -2.092 0.922 1.296 -2.571 a19 -0.568 -0.822 0.810 -0.959 -0.834 -1.542 a21 -0.139 -0.109 0.630 -1.631 0.209 1.358 a31 0.593 1.316 0.378 1.897 1.985 -0.421 a33 1.232 -0.680 -0.052 0.496 2.505 -0.919 a35 -0.209 -1.356 0.457 -0.330 1.505 -0.214 a38 0.078 -0.812 1.076 0.081 -1.739 1.463 a40 -1.318 0.628 -0.083 1.083 -1.636 -1.260 a44 -2.466 -1.014 1.657 0.177 -1.379 -1.475

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233

Standardized Residuals (continued)

a5 a6 a13 a15 a18 a19

a5 - -

a6 - - - -

a13 -0.790 -1.593 - -

a15 -0.228 -0.216 0.253 - -

a18 2.831 0.782 0.979 -0.515 - -

a19 -0.855 -0.262 2.577 0.531 1.141 - - a21 0.620 -0.759 -1.000 -0.965 -1.353 -0.543 a31 -1.596 1.439 -0.479 -0.116 -0.687 -1.005 a33 -1.880 0.457 -1.502 1.662 0.823 0.192 a35 0.847 1.673 -2.585 -1.699 1.626 -0.493 a38 -0.505 -2.525 1.162 0.068 0.032 0.547 a40 -1.392 1.169 -1.494 -1.103 -0.558 1.877 a44 0.156 1.283 -0.495 2.114 -0.241 0.046

Standardized Residuals (continued)

a21 a31 a33 a35 a38 a40

a21 - -

a31 -1.267 - -

a33 1.148 1.176 - -

a35 0.793 1.917 - - - -

a38 2.103 -1.554 -1.416 -1.068 - -

a40 0.797 1.341 - - - - 0.400 - - a44 0.718 -0.388 0.774 1.447 - - 0.948

Standardized Residuals (continued)

a44

a44 - -

Summary Statistics for Standardized Residuals Smallest Standardized Residual = -2.585 Median Standardized Residual = 0.000 Largest Standardized Residual = 3.013

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234

Stemleaf Plot

- 2|6655 - 2|41 - 1|99777766666655555 - 1|4444443333111000000 - 0|9988888777665555555 - 0|44444333332222222111111000000000000000000000000000 0|111122222344 0|555555566666778888888888999 1|01111122223333444 1|555566777999 2|0113 2|556789 3|0

Largest Negative Standardized Residuals

Residual for a35 and a13 -2.585

Largest Positive Standardized Residuals Residual for a23 and a4 2.864 Residual for a5 and a17 3.013 Residual for a13 and a9 2.663 Residual for a18 and a5 2.831 Residual for a19 and a13 2.577 !ESTEFANO

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235

Qplot of Standardized Residuals 3.5.......................................................................... . ..

. . .

. . .

. . .

. . .

. . .

. . x .

. . x .

. . x .

. . x .

. . * .

. . x x .

. . xxxx .

. . * * .

N . . **x .

o . . **x .

r . . *** .

m . .xxxx .

a . . xx .

l . .*x .

. **x*x .

Q . *xx .

u . xxx .

a . xx* .

n . *x .

t . *xx* .

i . *xx. .

l . x* x . .

e . *x . .

s . *x . .

. ** . .

. xx . .

. xx . .

. x x . .

. x . .

. x . .

. x . .

. x. .

. . .

. . .

. . .

. . .

. . .

-3.5..........................................................................

-3.5 3.5

The Modification Indices Suggest to Add an Error Covariance

Between and Decrease in Chi-Square New Estimate a23 a4 8.2 0.08 a18 a5 8.1 0.06

Time used: 0.156 Seconds

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237

APÊNDICE F: Relatório gerado pelo sistema LISREL®: estimação

pelo método USL com antecedente CON1 (Concepções 1)

DATE: 3/26/2009 TIME: 14:24

L I S R E L 8.72

BY

Karl G. Jöreskog and Dag Sörbom

This program is published exclusively by Scientific Software International, Inc.

7383 N. Lincoln Avenue, Suite 100 Lincolnwood, IL 60712, U.S.A.

Phone: (800)247-6113, (847)675-0720, Fax: (847)675-2140 Copyright by Scientific Software International, Inc., 1981-2005 Use of this program is subject to the terms specified in the

Universal Copyright Convention. Website: www.ssicentral.com

The following lines were read from file C:\Documents and

Settings\DirceudS\Desktop\estefano LISREL\estefano simplis 1.spj:

Observed Variables a1 - a44 Correlation Matrix from file Mestefano Sample Size 600 Latent Variables: ATI DSO CON Relationships: a3 a15 a18 a21 a31 a33 a35 a38 a40 a44=ATI a4 a9 a11 a17 a23=DSO a5 a6 a13 a19=CON ATI=CON DSO=CON

LET THE ERRORS BETWEEN a6 AND a5 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a44 AND a38 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a40 AND a33 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a40 AND a35 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a35 AND a33 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a11 AND a9 CORRELATE Options: ND=3 RS ME=ML AD=OFF path diagram END OF PROBLEM 6.6in.02in

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238

Sample Size = 600

!ESTEFANO

Covariance Matrix

a3 a4 a9 a11 a15 a17

a3 0.383

a4 0.008 0.750

a9 0.076 0.046 0.447

a11 0.037 -0.069 -0.020 0.914

a15 0.029 -0.001 0.031 0.111 0.882

a17 -0.008 -0.048 0.006 0.042 0.055 0.752 a18 0.012 0.010 0.035 -0.023 0.020 0.030 a21 0.086 0.014 0.083 0.055 0.027 -0.018 a23 0.064 0.083 0.077 -0.007 0.080 -0.015 a31 0.037 0.023 0.070 0.035 0.026 0.048 a33 -0.013 0.066 -0.003 0.007 0.100 0.028 a35 0.053 0.008 0.044 0.048 -0.012 0.001 a38 0.151 0.030 0.116 0.115 0.079 0.024 a40 0.037 -0.022 0.080 0.032 0.007 0.040 a44 0.030 -0.084 0.054 0.114 0.137 0.020 a5 0.078 0.018 0.057 -0.004 0.037 0.089 a6 0.076 -0.037 0.064 0.060 0.040 0.070 a13 0.074 0.028 0.095 0.007 0.049 -0.018 a19 0.066 0.002 0.075 0.068 0.075 -0.012

Covariance Matrix (continued)

a18 a21 a23 a31 a33 a35

a18 0.497

a21 0.041 0.426

a23 0.072 0.072 0.568

a31 0.026 0.035 0.076 0.417

a33 0.046 0.057 0.119 0.054 2.061

a35 0.083 0.083 0.089 0.080 0.162 0.694 a38 0.099 0.192 0.057 0.041 -0.063 0.074 a40 0.038 0.084 0.022 0.069 0.192 0.158 a44 0.051 0.101 0.021 0.039 0.072 0.120 a5 0.110 0.089 0.046 0.021 -0.061 0.084 a6 0.074 0.073 0.051 0.076 0.039 0.105 a13 0.070 0.072 0.049 0.044 -0.023 0.027 a19 0.100 0.102 0.055 0.050 0.034 0.078

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239

Covariance Matrix (continued)

a38 a40 a44 a5 a6 a13

a38 1.653

a40 0.129 0.669

a44 0.313 0.102 1.460

a5 0.114 0.035 0.082 0.627

a6 0.056 0.095 0.123 0.142 0.621

a13 0.158 0.045 0.067 0.050 0.042 0.345 a19 0.198 0.133 0.108 0.064 0.081 0.118

Covariance Matrix (continued)

a19

a19 0.740 !ESTEFANO Number of Iterations = 38

LISREL Estimates (Maximum Likelihood) Measurement Equations

a3 = 0.240*ATI, Errorvar.= 0.325 , R² = 0.151 (0.0204) 15.913

a4 = 0.0587*DSO, Errorvar.= 0.747 , R² = 0.00460 (0.0433) 17.253

a9 = 0.294*DSO, Errorvar.= 0.360 , R² = 0.194 (0.230) (0.0308) 1.278 11.718

a11 = 0.149*DSO, Errorvar.= 0.892 , R² = 0.0244 (0.127) (0.0528) 1.179 16.900

a15 = 0.159*ATI, Errorvar.= 0.857 , R² = 0.0288 (0.0490) (0.0502) 3.250 17.088

a17 = 0.0450*DSO, Errorvar.= 0.750 , R² = 0.00270 (0.0573) (0.0434)

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240

0.786 17.275

a18 = 0.206*ATI, Errorvar.= 0.455 , R² = 0.0851 (0.0413) (0.0274) 4.987 16.602

a21 = 0.293*ATI, Errorvar.= 0.340 , R² = 0.202 (0.0456) (0.0223) 6.429 15.248

a23 = 0.242*DSO, Errorvar.= 0.510 , R² = 0.103 (0.191) (0.0331) 1.267 15.412

a31 = 0.179*ATI, Errorvar.= 0.384 , R² = 0.0772 (0.0372) (0.0231) 4.820 16.675

a33 = 0.0692*ATI, Errorvar.= 2.056 , R² = 0.00232 (0.0710) (0.119) 0.974 17.288

a35 = 0.237*ATI, Errorvar.= 0.637 , R² = 0.0813 (0.0485) (0.0383) 4.892 16.614

a38 = 0.477*ATI, Errorvar.= 1.425 , R² = 0.138 (0.0822) (0.0889) 5.803 16.037

a40 = 0.241*ATI, Errorvar.= 0.611 , R² = 0.0870 (0.0482) (0.0369) 5.010 16.561

a44 = 0.281*ATI, Errorvar.= 1.381 , R² = 0.0542 (0.0671) (0.0820) 4.192 16.850

a5 = 0.245*CON, Errorvar.= 0.567 , R² = 0.0959 (0.0382) (0.0344) 6.418 16.472

a6 = 0.257*CON, Errorvar.= 0.555 , R² = 0.107 (0.0380) (0.0339) 6.782 16.363

a13 = 0.250*CON, Errorvar.= 0.282 , R² = 0.182 (0.0280) (0.0182) 8.941 15.499

a19 = 0.340*CON, Errorvar.= 0.624 , R² = 0.156 (0.0410) (0.0394) 8.285 15.839

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241

Error Covariance for a11 and a9 = -0.064 (0.0272) -2.373

Error Covariance for a35 and a33 = 0.145 (0.0481) 3.016

Error Covariance for a40 and a33 = 0.175 (0.0474) 3.697

Error Covariance for a40 and a35 = 0.100 (0.0271) 3.694

Error Covariance for a44 and a38 = 0.178 (0.0612) 2.914

Error Covariance for a6 and a5 = 0.0791 (0.0247) 3.209

Structural Equations

ATI = 1.109*CON, Errorvar.= -0.231 , R² = 1.231 (0.140) (0.145) 7.896 -1.595

W_A_R_N_I_N_G : Error variance is negative.

DSO = 0.880*CON, Errorvar.= 0.226 , R² = 0.774 (0.683) (0.420) 1.288 0.539

Correlation Matrix of Independent Variables

CON 1.000

Covariance Matrix of Latent Variables

ATI DSO CON

ATI 1.000

DSO 0.976 1.000

CON 1.109 0.880 1.000

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242

Goodness of Fit Statistics Degrees of Freedom = 144 Minimum Fit Function Chi-Square = 218.160 (P = 0.000) Normal Theory Weighted Least Squares Chi-Square = 225.002 (P = 0.000) Estimated Non-centrality Parameter (NCP) = 81.002 90 Percent Confidence Interval for NCP = (44.232 ; 125.713)

Minimum Fit Function Value = 0.364 Population Discrepancy Function Value (F0) = 0.135 90 Percent Confidence Interval for F0 = (0.0738 ; 0.210) Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA) = 0.0306 90 Percent Confidence Interval for RMSEA = (0.0226 ; 0.0382) P-Value for Test of Close Fit (RMSEA < 0.05) = 1.00

Expected Cross-Validation Index (ECVI) = 0.529 90 Percent Confidence Interval for ECVI = (0.468 ; 0.604) ECVI for Saturated Model = 0.634 ECVI for Independence Model = 2.059

Chi-Square for Independence Model with 171 Degrees of Freedom = 1195.545 Independence AIC = 1233.545 Model AIC = 317.002 Saturated AIC = 380.000 Independence CAIC = 1336.086 Model CAIC = 565.261 Saturated CAIC = 1405.417 Normed Fit Index (NFI) = 0.818 Non-Normed Fit Index (NNFI) = 0.914 Parsimony Normed Fit Index (PNFI) = 0.688 Comparative Fit Index (CFI) = 0.928 Incremental Fit Index (IFI) = 0.929 Relative Fit Index (RFI) = 0.783

Critical N (CN) = 512.778

Root Mean Square Residual (RMR) = 0.0321 Standardized RMR = 0.0409 Goodness of Fit Index (GFI) = 0.962 Adjusted Goodness of Fit Index (AGFI) = 0.950 Parsimony Goodness of Fit Index (PGFI) = 0.729

!ESTEFANO

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243

Fitted Covariance Matrix

a3 a4 a9 a11 a15 a17

a3 0.383

a4 0.014 0.750

a9 0.069 0.017 0.447

a11 0.035 0.009 -0.020 0.914

a15 0.038 0.009 0.046 0.023 0.882

a17 0.011 0.003 0.013 0.007 0.007 0.752 a18 0.049 0.012 0.059 0.030 0.033 0.009 a21 0.070 0.017 0.084 0.043 0.047 0.013 a23 0.057 0.014 0.071 0.036 0.038 0.011 a31 0.043 0.010 0.052 0.026 0.029 0.008 a33 0.017 0.004 0.020 0.010 0.011 0.003 a35 0.057 0.014 0.068 0.035 0.038 0.010 a38 0.115 0.027 0.137 0.070 0.076 0.021 a40 0.058 0.014 0.069 0.035 0.038 0.011 a44 0.068 0.016 0.081 0.041 0.045 0.012 a5 0.065 0.013 0.064 0.032 0.043 0.010 a6 0.069 0.013 0.067 0.034 0.046 0.010 a13 0.067 0.013 0.065 0.033 0.044 0.010 a19 0.091 0.018 0.088 0.045 0.060 0.013

Fitted Covariance Matrix (continued)

a18 a21 a23 a31 a33 a35

a18 0.497

a21 0.060 0.426

a23 0.048 0.069 0.568

a31 0.037 0.053 0.042 0.417

a33 0.014 0.020 0.016 0.012 2.061

a35 0.049 0.070 0.056 0.043 0.162 0.694 a38 0.098 0.140 0.112 0.086 0.033 0.113 a40 0.050 0.071 0.057 0.043 0.192 0.158 a44 0.058 0.082 0.066 0.050 0.019 0.067 a5 0.056 0.080 0.052 0.049 0.019 0.065 a6 0.059 0.084 0.055 0.051 0.020 0.068 a13 0.057 0.081 0.053 0.050 0.019 0.066 a19 0.078 0.111 0.072 0.068 0.026 0.090

Fitted Covariance Matrix (continued)

a38 a40 a44 a5 a6 a13

a38 1.653

a40 0.115 0.669

a44 0.313 0.068 1.460

a5 0.130 0.066 0.077 0.627

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244

a6 0.136 0.069 0.080 0.142 0.621

a13 0.133 0.067 0.078 0.061 0.064 0.345 a19 0.180 0.091 0.106 0.083 0.088 0.085

Fitted Covariance Matrix (continued)

a19

a19 0.740

Fitted Residuals

a3 a4 a9 a11 a15 a17

a3 0.000

a4 -0.005 0.000

a9 0.007 0.029 0.000

a11 0.002 -0.078 0.000 0.000

a15 -0.009 -0.011 -0.014 0.088 0.000

a17 -0.018 -0.051 -0.007 0.035 0.048 0.000 a18 -0.038 -0.002 -0.024 -0.053 -0.013 0.021 a21 0.016 -0.003 -0.002 0.012 -0.020 -0.031 a23 0.007 0.069 0.006 -0.043 0.042 -0.026 a31 -0.006 0.013 0.018 0.008 -0.003 0.041 a33 -0.030 0.062 -0.023 -0.003 0.089 0.025 a35 -0.004 -0.006 -0.024 0.013 -0.050 -0.009 a38 0.037 0.003 -0.021 0.046 0.003 0.003 a40 -0.021 -0.035 0.011 -0.003 -0.032 0.029 a44 -0.038 -0.101 -0.027 0.073 0.092 0.007 a5 0.013 0.005 -0.007 -0.036 -0.006 0.079 a6 0.007 -0.050 -0.003 0.026 -0.006 0.060 a13 0.007 0.015 0.030 -0.026 0.005 -0.028 a19 -0.024 -0.015 -0.013 0.024 0.014 -0.026

Fitted Residuals (continued)

a18 a21 a23 a31 a33 a35

a18 0.000

a21 -0.020 0.000

a23 0.024 0.003 0.000

a31 -0.011 -0.017 0.034 0.000

a33 0.032 0.037 0.102 0.042 0.000

a35 0.034 0.014 0.033 0.037 0.000 0.000 a38 0.001 0.052 -0.056 -0.044 -0.096 -0.039 a40 -0.011 0.013 -0.035 0.025 0.000 0.000 a44 -0.007 0.018 -0.045 -0.011 0.052 0.054 a5 0.054 0.010 -0.006 -0.028 -0.079 0.019 a6 0.015 -0.011 -0.004 0.025 0.019 0.037 a13 0.013 -0.010 -0.005 -0.006 -0.042 -0.039 a19 0.022 -0.008 -0.017 -0.018 0.008 -0.011

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245

Fitted Residuals (continued)

a38 a40 a44 a5 a6 a13

a38 0.000

a40 0.014 0.000

a44 0.000 0.034 0.000

a5 -0.016 -0.030 0.006 0.000

a6 -0.080 0.026 0.043 0.000 0.000

a13 0.025 -0.022 -0.011 -0.012 -0.022 0.000 a19 0.018 0.042 0.002 -0.020 -0.007 0.033

Fitted Residuals (continued)

a19

a19 0.000

Summary Statistics for Fitted Residuals Smallest Fitted Residual = -0.101 Median Fitted Residual = 0.000 Largest Fitted Residual = 0.102

Stemleaf Plot

-10|1 - 9|6 - 8|0 - 7|98 - 6| - 5|63100 - 4|5432 - 3|99886552100 - 2|88766644432211000 - 1|887765433211111110 - 0|9987777666666554433333220000000000000000000000000 0|122333355667777788 1|0123333344455688899 2|124455556699 3|023344457777 4|1222368 5|2244 6|029 7|39 8|89 9|2 10|2

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246

Standardized Residuals

a3 a4 a9 a11 a15 a17

a3 - -

a4 -0.283 - -

a9 0.539 1.485 - -

a11 0.092 -2.353 - - - -

a15 -0.445 -0.325 -0.674 2.509 - -

a17 -0.961 -1.668 -0.361 1.057 1.465 - - a18 -2.565 -0.072 -1.607 -2.100 -0.514 0.923 a21 1.355 -0.142 -0.129 0.613 -0.970 -1.634 a23 0.465 2.866 0.778 -1.723 1.619 -1.062 a31 -0.427 0.591 1.298 0.367 -0.120 1.898 a33 -0.923 1.231 -0.687 -0.056 1.660 0.495 a35 -0.215 -0.210 -1.364 0.447 -1.702 -0.331 a38 1.463 0.077 -0.820 1.064 0.065 0.081 a40 -1.260 -1.320 0.618 -0.093 -1.105 1.084 a44 -1.472 -2.467 -1.017 1.651 2.113 0.177 a5 0.846 0.196 -0.401 -1.267 -0.224 3.014 a6 0.479 -1.930 -0.174 0.922 -0.211 2.328 a13 0.671 0.854 2.584 -1.358 0.253 -1.537 a19 -1.541 -0.561 -0.742 0.810 0.526 -0.951

Standardized Residuals (continued)

a18 a21 a23 a31 a33 a35

a18 - -

a21 -1.347 - -

a23 1.285 0.180 - -

a31 -0.687 -1.275 1.967 - -

a33 0.820 1.142 2.502 1.172 - -

a35 1.630 0.791 1.489 1.913 - - - - a38 0.039 2.103 -1.758 -1.559 -1.420 -1.068 a40 -0.553 0.797 -1.651 1.338 - - - - a44 -0.236 0.720 -1.389 -0.390 0.771 1.449 a5 2.843 0.637 -0.307 -1.589 -1.880 0.857 a6 0.799 -0.735 -0.175 1.444 0.455 1.683 a13 0.993 -0.984 -0.324 -0.478 -1.505 -2.573 a19 1.146 -0.545 -0.799 -1.012 0.186 -0.494

Standardized Residuals (continued)

a38 a40 a44 a5 a6 a13

a38 - -

a40 0.402 - -

a44 - - 0.950 - -

a5 -0.487 -1.378 0.167 - -

a6 -2.500 1.181 1.293 - - - -

a13 1.172 -1.482 -0.484 -0.798 -1.545 - - a19 0.547 1.875 0.048 -0.874 -0.305 2.211

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247

Standardized Residuals (continued)

a19

a19 - -

Summary Statistics for Standardized Residuals Smallest Standardized Residual = -2.573 Median Standardized Residual = 0.000 Largest Standardized Residual = 3.014

Stemleaf Plot

- 2|6655 - 2|41 - 1|99877776666555555 - 1|4444433333111000000 - 0|998887777766555555 - 0|444443333332222222111111000000000000000000000000000 0|1111222223444 0|5555555666677888888889999 1|001111122223333444 1|555566777999 2|01123 2|55689 3|0

Largest Positive Standardized Residuals

Residual for a23 and a4 2.866 Residual for a5 and a17 3.014 Residual for a5 and a18 2.843 Residual for a13 and a9 2.584 !ESTEFANO

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248

Qplot of Standardized Residuals 3.5.......................................................................... . ..

. . .

. . .

. . .

. . .

. . .

. . x .

. . x .

. . x .

. . x .

. . * .

. . xx .

. . xxxx .

. . * * .

N . . **x .

o . . *x* .

r . . *** .

m . .xxxx .

a . . xx .

l . .*x .

. **xx .

Q . *** .

u . xxx .

a . x*x .

n . x* .

t . xx * .

i . xx . .

l . x* x . .

e . *x . .

s . *x . .

. ** . .

. xx . .

. xx . .

. x x . .

. x . .

. x . .

. x . .

. x. .

. . .

. . .

. . .

. . .

. . .

-3.5..........................................................................

-3.5 3.5

The Modification Indices Suggest to Add the

Path to from Decrease in Chi-Square New Estimate a18 DSO 11.0 -0.70

The Modification Indices Suggest to Add an Error Covariance

Between and Decrease in Chi-Square New Estimate a23 a4 8.2 0.08 a5 a18 8.1 0.06

Time used: 0.141 Seconds

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249

APÊNDICE G: Relatório gerado pelo sistema LISREL®: estimação

pelo método USL com antecedente CON2 (Concepções 1)

DATE: 3/26/2009 TIME: 14:21

L I S R E L 8.72

BY

Karl G. Jöreskog and Dag Sörbom

This program is published exclusively by Scientific Software International, Inc.

7383 N. Lincoln Avenue, Suite 100 Lincolnwood, IL 60712, U.S.A.

Phone: (800)247-6113, (847)675-0720, Fax: (847)675-2140 Copyright by Scientific Software International, Inc., 1981-2005 Use of this program is subject to the terms specified in the

Universal Copyright Convention. Website: www.ssicentral.com

The following lines were read from file C:\Documents and

Settings\DirceudS\Desktop\estefano LISREL\estefano simplis 1.spj:

Observed Variables a1 - a44 Correlation Matrix from file Mestefano Sample Size 600 Latent Variables: ATI DSO CON Relationships: a3 a15 a18 a21 a31 a33 a35 a38 a40 a44=ATI a4 a9 a11 a17 a23=DSO a5 a6 a13 a19=CON CON=ATI CON=DSO

LET THE ERRORS BETWEEN a6 AND a5 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a44 AND a38 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a40 AND a33 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a40 AND a35 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a35 AND a33 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a11 AND a9 CORRELATE Options: ND=3 RS ME=ML AD=OFF path diagram END OF PROBLEM 6.6in.02in

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250

Sample Size = 600

!ESTEFANO

Covariance Matrix

a5 a6 a13 a19 a3 a4

a5 0.627

a6 0.142 0.621

a13 0.050 0.042 0.345

a19 0.064 0.081 0.118 0.740

a3 0.078 0.076 0.074 0.066 0.383

a4 0.018 -0.037 0.028 0.002 0.008 0.750 a9 0.057 0.064 0.095 0.075 0.076 0.046 a11 -0.004 0.060 0.007 0.068 0.037 -0.069 a15 0.037 0.040 0.049 0.075 0.029 -0.001 a17 0.089 0.070 -0.018 -0.012 -0.008 -0.048 a18 0.110 0.074 0.070 0.100 0.012 0.010 a21 0.089 0.073 0.072 0.102 0.086 0.014 a23 0.046 0.051 0.049 0.055 0.064 0.083 a31 0.021 0.076 0.044 0.050 0.037 0.023 a33 -0.061 0.039 -0.023 0.034 -0.013 0.066 a35 0.084 0.105 0.027 0.078 0.053 0.008 a38 0.114 0.056 0.158 0.198 0.151 0.030 a40 0.035 0.095 0.045 0.133 0.037 -0.022 a44 0.082 0.123 0.067 0.108 0.030 -0.084

Covariance Matrix (continued)

a9 a11 a15 a17 a18 a21

a9 0.447

a11 -0.020 0.914

a15 0.031 0.111 0.882

a17 0.006 0.042 0.055 0.752

a18 0.035 -0.023 0.020 0.030 0.497

a21 0.083 0.055 0.027 -0.018 0.041 0.426 a23 0.077 -0.007 0.080 -0.015 0.072 0.072 a31 0.070 0.035 0.026 0.048 0.026 0.035 a33 -0.003 0.007 0.100 0.028 0.046 0.057 a35 0.044 0.048 -0.012 0.001 0.083 0.083 a38 0.116 0.115 0.079 0.024 0.099 0.192 a40 0.080 0.032 0.007 0.040 0.038 0.084 a44 0.054 0.114 0.137 0.020 0.051 0.101

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251

Covariance Matrix (continued)

a23 a31 a33 a35 a38 a40

a23 0.568

a31 0.076 0.417

a33 0.119 0.054 2.061

a35 0.089 0.080 0.162 0.694

a38 0.057 0.041 -0.063 0.074 1.653

a40 0.022 0.069 0.192 0.158 0.129 0.669 a44 0.021 0.039 0.072 0.120 0.313 0.102

Covariance Matrix (continued)

a44

a44 1.460 !ESTEFANO Number of Iterations = 52

LISREL Estimates (Maximum Likelihood) Measurement Equations

a5 = 0.244*CON, Errorvar.= 0.568 , R² = 0.0949 (0.0347) 16.341

a6 = 0.256*CON, Errorvar.= 0.555 , R² = 0.106 (0.0490) (0.0343) 5.229 16.196

a13 = 0.249*CON, Errorvar.= 0.283 , R² = 0.179 (0.0459) (0.0189) 5.416 14.965

a19 = 0.337*CON, Errorvar.= 0.627 , R² = 0.153 (0.0642) (0.0405) 5.252 15.485

a3 = 0.240*ATI, Errorvar.= 0.325 , R² = 0.151 (0.0295) (0.0204) 8.134 15.914

a4 = 0.0589*DSO, Errorvar.= 0.747 , R² = 0.00463

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252

(0.0456) (0.0433) 1.292 17.253

a9 = 0.295*DSO, Errorvar.= 0.360 , R² = 0.195 (0.0464) (0.0308) 6.355 11.685

a11 = 0.149*DSO, Errorvar.= 0.892 , R² = 0.0243 (0.0544) (0.0528) 2.740 16.902

a15 = 0.159*ATI, Errorvar.= 0.857 , R² = 0.0287 (0.0455) (0.0502) 3.495 17.089

a17 = 0.0452*DSO, Errorvar.= 0.750 , R² = 0.00272 (0.0456) (0.0434) 0.992 17.275

a18 = 0.206*ATI, Errorvar.= 0.455 , R² = 0.0854 (0.0339) (0.0274) 6.081 16.599

a21 = 0.293*ATI, Errorvar.= 0.340 , R² = 0.202 (0.0310) (0.0223) 9.449 15.250

a23 = 0.241*DSO, Errorvar.= 0.510 , R² = 0.103 (0.0432) (0.0331) 5.584 15.419

a31 = 0.179*ATI, Errorvar.= 0.385 , R² = 0.0769 (0.0311) (0.0231) 5.765 16.678

a33 = 0.0686*ATI, Errorvar.= 2.056 , R² = 0.00228 (0.0706) (0.119) 0.971 17.288

a35 = 0.237*ATI, Errorvar.= 0.637 , R² = 0.0813 (0.0403) (0.0383) 5.897 16.615

a38 = 0.477*ATI, Errorvar.= 1.425 , R² = 0.138 (0.0616) (0.0889) 7.748 16.036

a40 = 0.241*ATI, Errorvar.= 0.611 , R² = 0.0871 (0.0395) (0.0369) 6.110 16.561

a44 = 0.282*ATI, Errorvar.= 1.381 , R² = 0.0543 (0.0589) (0.0820) 4.778 16.849

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253

Error Covariance for a6 and a5 = 0.0797 (0.0252) 3.168

Error Covariance for a11 and a9 = -0.064 (0.0272) -2.370

Error Covariance for a35 and a33 = 0.145 (0.0481) 3.019

Error Covariance for a40 and a33 = 0.175 (0.0474) 3.700

Error Covariance for a40 and a35 = 0.100 (0.0271) 3.694

Error Covariance for a44 and a38 = 0.178 (0.0612) 2.911

Structural Equations

CON = 4.408*ATI - 3.386*DSO, Errorvar.= -0.908 , R² = 1.908 (16.288) (16.305) (3.476) 0.271 -0.208 -0.261

W_A_R_N_I_N_G : Error variance is negative.

Correlation Matrix of Independent Variables

ATI DSO

ATI 1.000

DSO 0.971 1.000

(0.131)

7.415

Covariance Matrix of Latent Variables

CON ATI DSO

CON 1.000

ATI 1.119 1.000

DSO 0.894 0.971 1.000

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254

Goodness of Fit Statistics Degrees of Freedom = 143 Minimum Fit Function Chi-Square = 218.131 (P = 0.000) Normal Theory Weighted Least Squares Chi-Square = 224.929 (P = 0.000) Estimated Non-centrality Parameter (NCP) = 81.929 90 Percent Confidence Interval for NCP = (45.099 ; 126.694)

Minimum Fit Function Value = 0.364 Population Discrepancy Function Value (F0) = 0.137 90 Percent Confidence Interval for F0 = (0.0753 ; 0.212) Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA) = 0.0309 90 Percent Confidence Interval for RMSEA = (0.0229 ; 0.0385) P-Value for Test of Close Fit (RMSEA < 0.05) = 1.00

Expected Cross-Validation Index (ECVI) = 0.532 90 Percent Confidence Interval for ECVI = (0.471 ; 0.607) ECVI for Saturated Model = 0.634 ECVI for Independence Model = 2.059

Chi-Square for Independence Model with 171 Degrees of Freedom = 1195.545 Independence AIC = 1233.545 Model AIC = 318.929 Saturated AIC = 380.000 Independence CAIC = 1336.086 Model CAIC = 572.585 Saturated CAIC = 1405.417

Normed Fit Index (NFI) = 0.818 Non-Normed Fit Index (NNFI) = 0.912 Parsimony Normed Fit Index (PNFI) = 0.684 Comparative Fit Index (CFI) = 0.927 Incremental Fit Index (IFI) = 0.929 Relative Fit Index (RFI) = 0.782

Critical N (CN) = 509.724

Root Mean Square Residual (RMR) = 0.0321 Standardized RMR = 0.0409 Goodness of Fit Index (GFI) = 0.962 Adjusted Goodness of Fit Index (AGFI) = 0.949 Parsimony Goodness of Fit Index (PGFI) = 0.724

!ESTEFANO

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255

Fitted Covariance Matrix

a5 a6 a13 a19 a3 a4

a5 0.627

a6 0.142 0.621

a13 0.061 0.064 0.345

a19 0.082 0.086 0.084 0.740

a3 0.066 0.069 0.067 0.091 0.383

a4 0.013 0.013 0.013 0.018 0.014 0.751 a9 0.064 0.068 0.066 0.089 0.069 0.017 a11 0.032 0.034 0.033 0.045 0.035 0.009 a15 0.043 0.046 0.044 0.060 0.038 0.009 a17 0.010 0.010 0.010 0.014 0.011 0.003 a18 0.056 0.059 0.057 0.078 0.049 0.012 a21 0.080 0.084 0.082 0.111 0.070 0.017 a23 0.053 0.055 0.054 0.073 0.056 0.014 a31 0.049 0.051 0.050 0.068 0.043 0.010 a33 0.019 0.020 0.019 0.026 0.016 0.004 a35 0.065 0.068 0.066 0.090 0.057 0.014 a38 0.130 0.137 0.133 0.180 0.115 0.027 a40 0.066 0.069 0.067 0.091 0.058 0.014 a44 0.077 0.081 0.078 0.106 0.068 0.016

Fitted Covariance Matrix (continued)

a9 a11 a15 a17 a18 a21

a9 0.447

a11 -0.020 0.914

a15 0.046 0.023 0.882

a17 0.013 0.007 0.007 0.752

a18 0.059 0.030 0.033 0.009 0.497

a21 0.084 0.042 0.047 0.013 0.060 0.426 a23 0.071 0.036 0.037 0.011 0.048 0.069 a31 0.051 0.026 0.028 0.008 0.037 0.052 a33 0.020 0.010 0.011 0.003 0.014 0.020 a35 0.068 0.034 0.038 0.010 0.049 0.070 a38 0.137 0.069 0.076 0.021 0.098 0.140 a40 0.069 0.035 0.038 0.011 0.050 0.071 a44 0.081 0.041 0.045 0.012 0.058 0.083

Fitted Covariance Matrix (continued)

a23 a31 a33 a35 a38 a40

a23 0.568

a31 0.042 0.417

a33 0.016 0.012 2.061

a35 0.056 0.043 0.162 0.694

a38 0.112 0.085 0.033 0.113 1.653

a40 0.057 0.043 0.192 0.158 0.115 0.669 a44 0.066 0.050 0.019 0.067 0.313 0.068

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256

Fitted Covariance Matrix (continued)

a44

a44 1.460

Fitted Residuals

a5 a6 a13 a19 a3 a4

a5 0.000

a6 0.000 0.000

a13 -0.011 -0.022 0.000

a19 -0.018 -0.005 0.034 0.000

a3 0.013 0.007 0.007 -0.024 0.000

a4 0.005 -0.050 0.015 -0.015 -0.005 0.000 a9 -0.008 -0.004 0.029 -0.014 0.007 0.028 a11 -0.036 0.026 -0.027 0.024 0.002 -0.078 a15 -0.006 -0.006 0.005 0.015 -0.009 -0.010 a17 0.079 0.060 -0.028 -0.026 -0.018 -0.051 a18 0.054 0.015 0.012 0.022 -0.038 -0.002 a21 0.009 -0.011 -0.010 -0.008 0.016 -0.003 a23 -0.007 -0.004 -0.005 -0.018 0.007 0.069 a31 -0.028 0.025 -0.006 -0.018 -0.006 0.013 a33 -0.079 0.019 -0.042 0.008 -0.029 0.062 a35 0.019 0.037 -0.039 -0.011 -0.004 -0.006 a38 -0.016 -0.081 0.025 0.018 0.037 0.003 a40 -0.031 0.025 -0.022 0.042 -0.021 -0.035 a44 0.005 0.043 -0.011 0.002 -0.038 -0.101

Fitted Residuals (continued)

a9 a11 a15 a17 a18 a21

a9 0.000

a11 0.000 0.000

a15 -0.014 0.088 0.000

a17 -0.007 0.035 0.048 0.000

a18 -0.024 -0.052 -0.013 0.021 0.000

a21 -0.001 0.013 -0.020 -0.031 -0.020 0.000 a23 0.006 -0.043 0.043 -0.026 0.024 0.003 a31 0.018 0.009 -0.003 0.041 -0.011 -0.017 a33 -0.023 -0.003 0.089 0.025 0.032 0.037 a35 -0.024 0.014 -0.050 -0.009 0.034 0.014 a38 -0.021 0.046 0.003 0.003 0.001 0.052 a40 0.011 -0.002 -0.032 0.029 -0.011 0.013 a44 -0.027 0.073 0.092 0.007 -0.008 0.018

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257

Fitted Residuals (continued)

a23 a31 a33 a35 a38 a40

a23 0.000

a31 0.034 0.000

a33 0.102 0.042 0.000

a35 0.033 0.037 0.000 0.000

a38 -0.055 -0.044 -0.095 -0.039 0.000

a40 -0.035 0.025 0.000 0.000 0.014 0.000 a44 -0.045 -0.011 0.053 0.053 0.000 0.034

Fitted Residuals (continued)

a44

a44 0.000

Summary Statistics for Fitted Residuals Smallest Fitted Residual = -0.101 Median Fitted Residual = 0.000 Largest Fitted Residual = 0.102

Stemleaf Plot

-10|1 - 9|5 - 8|1 - 7|98 - 6| - 5|52100 - 4|5432 - 3|9988655211 - 2|98877664443221100 - 1|8888765443111111100 - 0|9988877666665554443332210000000000000000000000000 0|1223333555677777899 1|123333444555688899 2|1244555556899 3|23444457777 4|1223368 5|2334 6|029 7|39 8|89 9|2 10|2

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258

Standardized Residuals

a5 a6 a13 a19 a3 a4

a5 - -

a6 - - - -

a13 -0.790 -1.593 - -

a19 -0.855 -0.262 2.577 - -

a3 0.832 0.462 0.662 -1.542 - -

a4 0.190 -1.942 0.849 -0.568 -0.281 - - a9 -0.460 -0.232 2.663 -0.822 0.558 1.483 a11 -1.280 0.917 -1.377 0.810 0.106 -2.353 a15 -0.228 -0.216 0.253 0.531 -0.442 -0.324 a17 3.013 2.326 -1.549 -0.959 -0.959 -1.669 a18 2.831 0.782 0.979 1.141 -2.571 -0.071 a21 0.620 -0.759 -1.000 -0.543 1.358 -0.139 a23 -0.334 -0.204 -0.361 -0.834 0.489 2.864 a31 -1.596 1.439 -0.479 -1.005 -0.421 0.593 a33 -1.880 0.457 -1.502 0.192 -0.919 1.232 a35 0.847 1.673 -2.585 -0.493 -0.214 -0.209 a38 -0.505 -2.525 1.162 0.547 1.463 0.078 a40 -1.392 1.169 -1.494 1.877 -1.260 -1.318 a44 0.156 1.283 -0.495 0.046 -1.475 -2.466

Standardized Residuals (continued)

a9 a11 a15 a17 a18 a21

a9 - -

a11 - - - -

a15 -0.665 2.514 - -

a17 -0.367 1.057 1.465 - -

a18 -1.608 -2.092 -0.515 0.922 - -

a21 -0.109 0.630 -0.965 -1.631 -1.353 - - a23 0.770 -1.715 1.628 -1.063 1.296 0.209 a31 1.316 0.378 -0.116 1.897 -0.687 -1.267 a33 -0.680 -0.052 1.662 0.496 0.823 1.148 a35 -1.356 0.457 -1.699 -0.330 1.626 0.793 a38 -0.812 1.076 0.068 0.081 0.032 2.103 a40 0.628 -0.083 -1.103 1.083 -0.558 0.797 a44 -1.014 1.657 2.114 0.177 -0.241 0.718

Standardized Residuals (continued)

a23 a31 a33 a35 a38 a40

a23 - -

a31 1.985 - -

a33 2.505 1.176 - -

a35 1.505 1.917 - - - -

a38 -1.739 -1.554 -1.416 -1.068 - -

a40 -1.636 1.341 - - - - 0.400 - - a44 -1.379 -0.388 0.774 1.447 - - 0.948

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259

Standardized Residuals (continued)

a44

a44 - -

Summary Statistics for Standardized Residuals Smallest Standardized Residual = -2.585 Median Standardized Residual = 0.000 Largest Standardized Residual = 3.013

Stemleaf Plot

- 2|6655 - 2|41 - 1|99777766666655555 - 1|4444443333111000000 - 0|9988888777665555555 - 0|44444333332222222111111000000000000000000000000000 0|111122222344 0|555555566666778888888888999 1|01111122223333444 1|555566777999 2|0113 2|556789 3|0

Largest Negative Standardized Residuals

Residual for a35 and a13 -2.585

Largest Positive Standardized Residuals Residual for a19 and a13 2.577 Residual for a9 and a13 2.663 Residual for a17 and a5 3.013 Residual for a18 and a5 2.831 Residual for a23 and a4 2.864 !ESTEFANO

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260

Qplot of Standardized Residuals 3.5.......................................................................... . ..

. . .

. . .

. . .

. . .

. . .

. . x .

. . x .

. . x .

. . x .

. . * .

. . x x .

. . xxxx .

. . * * .

N . . **x .

o . . **x .

r . . *** .

m . .xxxx .

a . . xx .

l . .*x .

. **x*x .

Q . *xx .

u . xxx .

a . xx* .

n . *x .

t . *xx* .

i . *xx. .

l . x* x . .

e . *x . .

s . *x . .

. ** . .

. xx . .

. xx . .

. x x . .

. x . .

. x . .

. x . .

. x. .

. . .

. . .

. . .

. . .

. . .

-3.5..........................................................................

-3.5 3.5

The Modification Indices Suggest to Add the

Path to from Decrease in Chi-Square New Estimate a18 DSO 11.0 -0.72

The Modification Indices Suggest to Add an Error Covariance

Between and Decrease in Chi-Square New Estimate a18 a5 8.1 0.06 a23 a4 8.2 0.08

Time used: 0.141 Seconds

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261

APÊNDICE H: Relatório gerado pelo sistema LISREL®: estimação

pelo método USL com antecedente ATI1 (Atitudes frente ao

desenvolvimento tecnológico 1)

DATE: 3/26/2009 TIME: 14:26

L I S R E L 8.72

BY

Karl G. Jöreskog and Dag Sörbom

This program is published exclusively by Scientific Software International, Inc.

7383 N. Lincoln Avenue, Suite 100 Lincolnwood, IL 60712, U.S.A.

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Universal Copyright Convention. Website: www.ssicentral.com

The following lines were read from file C:\Documents and

Settings\DirceudS\Desktop\estefano LISREL\estefano simplis 1.spj:

Observed Variables a1 - a44 Correlation Matrix from file Mestefano Sample Size 600 Latent Variables: ATI DSO CON Relationships: a3 a15 a18 a21 a31 a33 a35 a38 a40 a44=ATI a4 a9 a11 a17 a23=DSO a5 a6 a13 a19=CON CON=ATI DSO=ATI

LET THE ERRORS BETWEEN a6 AND a5 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a44 AND a38 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a40 AND a33 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a40 AND a35 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a35 AND a33 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a11 AND a9 CORRELATE Options: ND=3 RS ME=ML AD=OFF path diagram END OF PROBLEM 6.6in.02in

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262

Sample Size = 600

!ESTEFANO

Covariance Matrix

a4 a5 a6 a9 a11 a13

a4 0.750

a5 0.018 0.627

a6 -0.037 0.142 0.621

a9 0.046 0.057 0.064 0.447

a11 -0.069 -0.004 0.060 -0.020 0.914

a13 0.028 0.050 0.042 0.095 0.007 0.345 a17 -0.048 0.089 0.070 0.006 0.042 -0.018 a19 0.002 0.064 0.081 0.075 0.068 0.118 a23 0.083 0.046 0.051 0.077 -0.007 0.049 a3 0.008 0.078 0.076 0.076 0.037 0.074 a15 -0.001 0.037 0.040 0.031 0.111 0.049 a18 0.010 0.110 0.074 0.035 -0.023 0.070 a21 0.014 0.089 0.073 0.083 0.055 0.072 a31 0.023 0.021 0.076 0.070 0.035 0.044 a33 0.066 -0.061 0.039 -0.003 0.007 -0.023 a35 0.008 0.084 0.105 0.044 0.048 0.027 a38 0.030 0.114 0.056 0.116 0.115 0.158 a40 -0.022 0.035 0.095 0.080 0.032 0.045 a44 -0.084 0.082 0.123 0.054 0.114 0.067

Covariance Matrix (continued)

a17 a19 a23 a3 a15 a18

a17 0.752

a19 -0.012 0.740

a23 -0.015 0.055 0.568

a3 -0.008 0.066 0.064 0.383

a15 0.055 0.075 0.080 0.029 0.882

a18 0.030 0.100 0.072 0.012 0.020 0.497 a21 -0.018 0.102 0.072 0.086 0.027 0.041 a31 0.048 0.050 0.076 0.037 0.026 0.026 a33 0.028 0.034 0.119 -0.013 0.100 0.046 a35 0.001 0.078 0.089 0.053 -0.012 0.083 a38 0.024 0.198 0.057 0.151 0.079 0.099 a40 0.040 0.133 0.022 0.037 0.007 0.038 a44 0.020 0.108 0.021 0.030 0.137 0.051

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263

Covariance Matrix (continued)

a21 a31 a33 a35 a38 a40

a21 0.426

a31 0.035 0.417

a33 0.057 0.054 2.061

a35 0.083 0.080 0.162 0.694

a38 0.192 0.041 -0.063 0.074 1.653

a40 0.084 0.069 0.192 0.158 0.129 0.669 a44 0.101 0.039 0.072 0.120 0.313 0.102

Covariance Matrix (continued)

a44

a44 1.460 !ESTEFANO Number of Iterations = 47

LISREL Estimates (Maximum Likelihood) Measurement Equations

a4 = 0.0625*DSO, Errorvar.= 0.747 , R² = 0.00520 (0.0433) 17.243

a5 = 0.241*CON, Errorvar.= 0.569 , R² = 0.0929 (0.0348) 16.357

a6 = 0.254*CON, Errorvar.= 0.556 , R² = 0.104 (0.0493) (0.0343) 5.162 16.204

a9 = 0.303*DSO, Errorvar.= 0.355 , R² = 0.206 (0.226) (0.0316) 1.342 11.250

a11 = 0.143*DSO, Errorvar.= 0.893 , R² = 0.0225 (0.118) (0.0528) 1.214 16.911

a13 = 0.252*CON, Errorvar.= 0.281 , R² = 0.184 (0.0469) (0.0189)

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264

5.375 14.838

a17 = 0.0446*DSO, Errorvar.= 0.750 , R² = 0.00265 (0.0565) (0.0434) 0.790 17.274

a19 = 0.336*CON, Errorvar.= 0.627 , R² = 0.152 (0.0648) (0.0405) 5.183 15.485

a23 = 0.239*DSO, Errorvar.= 0.511 , R² = 0.100 (0.180) (0.0330) 1.328 15.487

a3 = 0.244*ATI, Errorvar.= 0.323 , R² = 0.156 (0.0298) (0.0205) 8.178 15.764

a15 = 0.156*ATI, Errorvar.= 0.858 , R² = 0.0274 (0.0464) (0.0503) 3.356 17.073

a18 = 0.205*ATI, Errorvar.= 0.455 , R² = 0.0849 (0.0344) (0.0275) 5.968 16.536

a21 = 0.303*ATI, Errorvar.= 0.334 , R² = 0.215 (0.0312) (0.0223) 9.706 14.990

a31 = 0.178*ATI, Errorvar.= 0.385 , R² = 0.0763 (0.0316) (0.0232) 5.648 16.621

a33 = 0.0708*ATI, Errorvar.= 2.056 , R² = 0.00243 (0.0722) (0.119) 0.981 17.284

a35 = 0.244*ATI, Errorvar.= 0.634 , R² = 0.0860 (0.0409) (0.0384) 5.969 16.495

a38 = 0.496*ATI, Errorvar.= 1.407 , R² = 0.149 (0.0623) (0.0890) 7.960 15.815

a40 = 0.248*ATI, Errorvar.= 0.608 , R² = 0.0917 (0.0401) (0.0370) 6.173 16.438

a44 = 0.292*ATI, Errorvar.= 1.375 , R² = 0.0583 (0.0601) (0.0821) 4.854 16.753

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Error Covariance for a6 and a5 = 0.0808 (0.0252) 3.210 Error Covariance for a11 and a9 = -0.064 (0.0273) -2.346

Error Covariance for a35 and a33 = 0.144 (0.0482) 2.993

Error Covariance for a40 and a33 = 0.174 (0.0475) 3.673

Error Covariance for a40 and a35 = 0.0970 (0.0272) 3.570

Error Covariance for a44 and a38 = 0.168 (0.0613) 2.741

Structural Equations

DSO = 0.889*ATI, Errorvar.= 0.209 , R² = 0.791 (0.657) (0.384) 1.354 0.544

CON = 1.069*ATI, Errorvar.= -0.144 , R² = 1.144 (0.168) (0.160) 6.348 -0.896

W_A_R_N_I_N_G : Error variance is negative.

Correlation Matrix of Independent Variables

ATI 1.000

Covariance Matrix of Latent Variables

DSO CON ATI

DSO 1.000

CON 0.951 1.000

ATI 0.889 1.069 1.000

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Goodness of Fit Statistics Degrees of Freedom = 144 Minimum Fit Function Chi-Square = 220.043 (P = 0.000) Normal Theory Weighted Least Squares Chi-Square = 226.427 (P = 0.000) Estimated Non-centrality Parameter (NCP) = 82.427 90 Percent Confidence Interval for NCP = (45.466 ; 127.325)

Minimum Fit Function Value = 0.367 Population Discrepancy Function Value (F0) = 0.138 90 Percent Confidence Interval for F0 = (0.0759 ; 0.213) Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA) = 0.0309 90 Percent Confidence Interval for RMSEA = (0.0230 ; 0.0384) P-Value for Test of Close Fit (RMSEA < 0.05) = 1.00

Expected Cross-Validation Index (ECVI) = 0.532 90 Percent Confidence Interval for ECVI = (0.470 ; 0.607) ECVI for Saturated Model = 0.634 ECVI for Independence Model = 2.059

Chi-Square for Independence Model with 171 Degrees of Freedom = 1195.545 Independence AIC = 1233.545 Model AIC = 318.427 Saturated AIC = 380.000 Independence CAIC = 1336.086 Model CAIC = 566.686 Saturated CAIC = 1405.417 Normed Fit Index (NFI) = 0.816 Non-Normed Fit Index (NNFI) = 0.912 Parsimony Normed Fit Index (PNFI) = 0.687 Comparative Fit Index (CFI) = 0.926 Incremental Fit Index (IFI) = 0.928 Relative Fit Index (RFI) = 0.781

Critical N (CN) = 508.399

Root Mean Square Residual (RMR) = 0.0322 Standardized RMR = 0.0411 Goodness of Fit Index (GFI) = 0.962 Adjusted Goodness of Fit Index (AGFI) = 0.950 Parsimony Goodness of Fit Index (PGFI) = 0.729

!ESTEFANO

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267

Fitted Covariance Matrix

a4 a5 a6 a9 a11 a13

a4 0.750

a5 0.014 0.627

a6 0.015 0.142 0.621

a9 0.019 0.070 0.073 0.447

a11 0.009 0.033 0.035 -0.020 0.914

a13 0.015 0.061 0.064 0.073 0.034 0.345 a17 0.003 0.010 0.011 0.014 0.006 0.011 a19 0.020 0.081 0.085 0.097 0.046 0.085 a23 0.015 0.055 0.058 0.072 0.034 0.057 a3 0.014 0.063 0.066 0.066 0.031 0.066 a15 0.009 0.040 0.042 0.042 0.020 0.042 a18 0.011 0.053 0.056 0.055 0.026 0.055 a21 0.017 0.078 0.082 0.082 0.039 0.082 a31 0.010 0.046 0.049 0.048 0.023 0.048 a33 0.004 0.018 0.019 0.019 0.009 0.019 a35 0.014 0.063 0.066 0.066 0.031 0.066 a38 0.028 0.128 0.135 0.134 0.063 0.134 a40 0.014 0.064 0.067 0.067 0.032 0.067 a44 0.016 0.075 0.079 0.079 0.037 0.079

Fitted Covariance Matrix (continued)

a17 a19 a23 a3 a15 a18

a17 0.752

a19 0.014 0.740

a23 0.011 0.076 0.568

a3 0.010 0.088 0.052 0.383

a15 0.006 0.056 0.033 0.038 0.882

a18 0.008 0.074 0.044 0.050 0.032 0.497 a21 0.012 0.109 0.064 0.074 0.047 0.062 a31 0.007 0.064 0.038 0.043 0.028 0.037 a33 0.003 0.025 0.015 0.017 0.011 0.015 a35 0.010 0.088 0.052 0.060 0.038 0.050 a38 0.020 0.178 0.105 0.121 0.077 0.102 a40 0.010 0.089 0.053 0.060 0.039 0.051 a44 0.012 0.105 0.062 0.071 0.045 0.060

Fitted Covariance Matrix (continued)

a21 a31 a33 a35 a38 a40

a21 0.426

a31 0.054 0.417

a33 0.021 0.013 2.061

a35 0.074 0.044 0.162 0.694

a38 0.150 0.088 0.035 0.121 1.653

a40 0.075 0.044 0.192 0.158 0.123 0.669 a44 0.088 0.052 0.021 0.071 0.313 0.072

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268

Fitted Covariance Matrix (continued)

a44

a44 1.460

Fitted Residuals

a4 a5 a6 a9 a11 a13

a4 0.000

a5 0.003 0.000

a6 -0.052 0.000 0.000

a9 0.027 -0.013 -0.010 0.000

a11 -0.078 -0.037 0.025 0.000 0.000

a13 0.013 -0.011 -0.022 0.022 -0.028 0.000 a17 -0.051 0.079 0.060 -0.007 0.035 -0.029 a19 -0.018 -0.017 -0.005 -0.022 0.023 0.033 a23 0.068 -0.009 -0.007 0.005 -0.041 -0.009 a3 -0.005 0.015 0.009 0.010 0.006 0.008 a15 -0.010 -0.003 -0.002 -0.011 0.092 0.007 a18 -0.001 0.057 0.018 -0.021 -0.049 0.014 a21 -0.003 0.011 -0.010 0.001 0.017 -0.010 a31 0.013 -0.025 0.028 0.022 0.012 -0.004 a33 0.062 -0.079 0.019 -0.022 -0.002 -0.042 a35 -0.006 0.021 0.039 -0.022 0.017 -0.039 a38 0.003 -0.014 -0.079 -0.018 0.052 0.024 a40 -0.035 -0.029 0.027 0.013 0.001 -0.022 a44 -0.101 0.007 0.044 -0.025 0.077 -0.011

Fitted Residuals (continued)

a17 a19 a23 a3 a15 a18

a17 0.000

a19 -0.027 0.000

a23 -0.026 -0.021 0.000

a3 -0.017 -0.021 0.012 0.000

a15 0.048 0.019 0.047 -0.009 0.000

a18 0.022 0.026 0.029 -0.038 -0.012 0.000 a21 -0.030 -0.006 0.008 0.013 -0.020 -0.022 a31 0.041 -0.014 0.038 -0.006 -0.002 -0.011 a33 0.025 0.009 0.104 -0.030 0.089 0.031 a35 -0.008 -0.009 0.037 -0.006 -0.050 0.033 a38 0.005 0.020 -0.049 0.030 0.002 -0.003 a40 0.030 0.044 -0.031 -0.024 -0.032 -0.013 a44 0.008 0.003 -0.041 -0.042 0.092 -0.009

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269

Fitted Residuals (continued)

a21 a31 a33 a35 a38 a40

a21 0.000

a31 -0.019 0.000

a33 0.036 0.042 0.000

a35 0.009 0.036 0.000 0.000

a38 0.042 -0.047 -0.098 -0.047 0.000

a40 0.009 0.024 0.000 0.000 0.007 0.000 a44 0.013 -0.013 0.051 0.049 0.000 0.030

Fitted Residuals (continued)

a44

a44 0.000

Summary Statistics for Fitted Residuals Smallest Fitted Residual = -0.101 Median Fitted Residual = 0.000 Largest Fitted Residual = 0.104

Stemleaf Plot

-10|1 - 9|8 - 8| - 7|998 - 6| - 5|210 - 4|99772211 - 3|98752100 - 2|998765542222221110 - 1|9887744333211110000 - 0|99999877666655433322210000000000000000000000000 0|1123335567778889999 1|0122333334577899 2|012223445567789 3|000133566789 4|12244789 5|127 6|028 7|79 8|9 9|22 10|4

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270

Standardized Residuals

a4 a5 a6 a9 a11 a13

a4 - -

a5 0.134 - -

a6 -2.029 - - - -

a9 1.432 -0.780 -0.589 - -

a11 -2.357 -1.309 0.905 - - - -

a13 0.767 -0.807 -1.636 1.996 -1.491 - - a17 -1.674 3.028 2.336 -0.384 1.066 -1.634 a19 -0.664 -0.799 -0.220 -1.294 0.790 2.537 a23 2.837 -0.441 -0.328 0.638 -1.640 -0.628 a3 -0.268 0.983 0.613 0.769 0.275 0.752 a15 -0.308 -0.105 -0.091 -0.487 2.584 0.379 a18 -0.055 2.957 0.938 -1.329 -1.919 1.119 a21 -0.140 0.737 -0.639 0.080 0.797 -0.997 a31 0.602 -1.412 1.580 1.502 0.507 -0.324 a33 1.231 -1.856 0.464 -0.655 -0.036 -1.495 a35 -0.207 0.919 1.731 -1.210 0.558 -2.554 a38 0.071 -0.429 -2.446 -0.679 1.194 1.119 a40 -1.307 -1.290 1.240 0.743 0.030 -1.457 a44 -2.459 0.203 1.315 -0.923 1.724 -0.504

Standardized Residuals (continued)

a17 a19 a23 a3 a15 a18

a17 - -

a19 -1.002 - -

a23 -1.052 -1.010 - -

a3 -0.898 -1.332 0.760 - -

a15 1.483 0.671 1.762 -0.434 - -

a18 0.949 1.319 1.511 -2.636 -0.482 - - a21 -1.555 -0.420 0.492 1.079 -1.008 -1.502 a31 1.914 -0.795 2.173 -0.463 -0.084 -0.673 a33 0.500 0.200 2.501 -0.955 1.660 0.815 a35 -0.302 -0.410 1.645 -0.370 -1.717 1.578 a38 0.111 0.598 -1.497 1.229 0.040 -0.084 a40 1.103 1.944 -1.421 -1.427 -1.115 -0.619 a44 0.195 0.087 -1.235 -1.636 2.110 -0.304

Standardized Residuals (continued)

a21 a31 a33 a35 a38 a40

a21 - -

a31 -1.403 - -

a33 1.134 1.169 - -

a35 0.553 1.876 - - - -

a38 1.737 -1.681 -1.475 -1.308 - -

a40 0.558 1.300 - - - - 0.188 - - a44 0.506 -0.446 0.758 1.343 - - 0.838

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271

Standardized Residuals (continued)

a44

a44 - -

Summary Statistics for Standardized Residuals Smallest Standardized Residual = -2.636 Median Standardized Residual = 0.000 Largest Standardized Residual = 3.028

Stemleaf Plot

- 2|665 - 2|440 - 1|9977766666555555 - 1|44443333333221100000 - 0|998888777766665555 - 0|44444444333333221111110000000000000000000000000000 0|11111222234 0|5555566666667778888888889999 1|01111112222233334 1|55566677778999 2|0123 2|5568 3|00

Largest Negative Standardized Residuals

Residual for a18 and a3 -2.636

Largest Positive Standardized Residuals Residual for a17 and a5 3.028 Residual for a23 and a4 2.837 Residual for a15 and a11 2.584 Residual for a18 and a5 2.957 !ESTEFANO

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272

Qplot of Standardized Residuals 3.5.......................................................................... . ..

. . .

. . .

. . .

. . .

. . .

. . x .

. . x .

. . x .

. . x .

. . * .

. . x x .

. . x*x .

. . xx .

N . . *x .

o . . xxx .

r . . *xx .

m . . xx* .

a . . *xx .

l . .*x* .

. xxxx .

Q . xxxx .

u . x** .

a . **. .

n . *x* .

t . ***. .

i . xx . .

l . x*x . .

e . x** . .

s . x . .

. xx . .

. * . .

. xx . .

. x x . .

. x . .

. x . .

. x . .

. x . .

. . .

. . .

. . .

. . .

. . .

-3.5..........................................................................

-3.5 3.5

The Modification Indices Suggest to Add an Error Covariance

Between and Decrease in Chi-Square New Estimate a23 a4 8.0 0.07 a18 a5 8.5 0.06

Time used: 0.125 Seconds

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273

APÊNDICE I: Relatório gerado pelo sistema LISREL®: estimação

pelo método USL com antecedente ATI2 (Atitudes frente ao

desenvolvimento tecnológico 2)

DATE: 3/26/2009 TIME: 16:25

L I S R E L 8.72

BY

Karl G. Jöreskog and Dag Sörbom

This program is published exclusively by Scientific Software International, Inc.

7383 N. Lincoln Avenue, Suite 100 Lincolnwood, IL 60712, U.S.A.

Phone: (800)247-6113, (847)675-0720, Fax: (847)675-2140 Copyright by Scientific Software International, Inc., 1981-2005 Use of this program is subject to the terms specified in the

Universal Copyright Convention. Website: www.ssicentral.com

The following lines were read from file C:\Documents and

Settings\DirceudS\Desktop\estefano LISREL\estefano simplis 1.spj:

Observed Variables a1 - a44 Correlation Matrix from file Mestefano Sample Size 600 Latent Variables: ATI DSO CON Relationships: a3 a15 a18 a21 a31 a33 a35 a38 a40 a44=ATI a4 a9 a11 a17 a23=DSO a5 a6 a13 a19=CON ATI=CON ATI=DSO

LET THE ERRORS BETWEEN a6 AND a5 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a44 AND a38 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a40 AND a33 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a40 AND a35 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a35 AND a33 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a11 AND a9 CORRELATE Options: ND=3 RS ME=ML AD=OFF path diagram END OF PROBLEM 6.6in.02in

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274

Sample Size = 600

!ESTEFANO

Covariance Matrix

a3 a15 a18 a21 a31 a33

a3 0.383

a15 0.029 0.882

a18 0.012 0.020 0.497

a21 0.086 0.027 0.041 0.426

a31 0.037 0.026 0.026 0.035 0.417

a33 -0.013 0.100 0.046 0.057 0.054 2.061 a35 0.053 -0.012 0.083 0.083 0.080 0.162 a38 0.151 0.079 0.099 0.192 0.041 -0.063 a40 0.037 0.007 0.038 0.084 0.069 0.192 a44 0.030 0.137 0.051 0.101 0.039 0.072 a4 0.008 -0.001 0.010 0.014 0.023 0.066 a5 0.078 0.037 0.110 0.089 0.021 -0.061 a6 0.076 0.040 0.074 0.073 0.076 0.039 a9 0.076 0.031 0.035 0.083 0.070 -0.003 a11 0.037 0.111 -0.023 0.055 0.035 0.007 a13 0.074 0.049 0.070 0.072 0.044 -0.023 a17 -0.008 0.055 0.030 -0.018 0.048 0.028 a19 0.066 0.075 0.100 0.102 0.050 0.034 a23 0.064 0.080 0.072 0.072 0.076 0.119

Covariance Matrix (continued)

a35 a38 a40 a44 a4 a5

a35 0.694

a38 0.074 1.653

a40 0.158 0.129 0.669

a44 0.120 0.313 0.102 1.460

a4 0.008 0.030 -0.022 -0.084 0.750

a5 0.084 0.114 0.035 0.082 0.018 0.627 a6 0.105 0.056 0.095 0.123 -0.037 0.142 a9 0.044 0.116 0.080 0.054 0.046 0.057 a11 0.048 0.115 0.032 0.114 -0.069 -0.004 a13 0.027 0.158 0.045 0.067 0.028 0.050 a17 0.001 0.024 0.040 0.020 -0.048 0.089 a19 0.078 0.198 0.133 0.108 0.002 0.064 a23 0.089 0.057 0.022 0.021 0.083 0.046

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275

Covariance Matrix (continued)

a6 a9 a11 a13 a17 a19

a6 0.621

a9 0.064 0.447

a11 0.060 -0.020 0.914

a13 0.042 0.095 0.007 0.345

a17 0.070 0.006 0.042 -0.018 0.752

a19 0.081 0.075 0.068 0.118 -0.012 0.740 a23 0.051 0.077 -0.007 0.049 -0.015 0.055

Covariance Matrix (continued)

a23

a23 0.568 !ESTEFANO Number of Iterations = 27

LISREL Estimates (Maximum Likelihood) Measurement Equations

a3 = 0.240*ATI, Errorvar.= 0.325 , R² = 0.151 (0.0204) 15.914

a15 = 0.159*ATI, Errorvar.= 0.857 , R² = 0.0287 (0.0490) (0.0502) 3.245 17.089

a18 = 0.206*ATI, Errorvar.= 0.455 , R² = 0.0854 (0.0413) (0.0274) 4.993 16.599

a21 = 0.293*ATI, Errorvar.= 0.340 , R² = 0.202 (0.0456) (0.0223) 6.427 15.250

a31 = 0.179*ATI, Errorvar.= 0.385 , R² = 0.0769 (0.0372) (0.0231) 4.813 16.678

a33 = 0.0686*ATI, Errorvar.= 2.056 , R² = 0.00228 (0.0710) (0.119) 0.965 17.288

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276

a35 = 0.237*ATI, Errorvar.= 0.637 , R² = 0.0813 (0.0485) (0.0383) 4.891 16.615

a38 = 0.477*ATI, Errorvar.= 1.425 , R² = 0.138 (0.0822) (0.0889) 5.804 16.036

a40 = 0.241*ATI, Errorvar.= 0.611 , R² = 0.0871 (0.0482) (0.0369) 5.011 16.561

a44 = 0.282*ATI, Errorvar.= 1.381 , R² = 0.0543 (0.0671) (0.0820) 4.195 16.849 a4 = 0.0589*DSO, Errorvar.= 0.747 , R² = 0.00463 (0.0456) (0.0433) 1.292 17.253

a5 = 0.244*CON, Errorvar.= 0.568 , R² = 0.0949 (0.0393) (0.0347) 6.205 16.341

a6 = 0.256*CON, Errorvar.= 0.555 , R² = 0.106 (0.0392) (0.0343) 6.533 16.196

a9 = 0.295*DSO, Errorvar.= 0.360 , R² = 0.195 (0.0464) (0.0308) 6.355 11.685

a11 = 0.149*DSO, Errorvar.= 0.892 , R² = 0.0243 (0.0544) (0.0528) 2.740 16.902

a13 = 0.249*CON, Errorvar.= 0.283 , R² = 0.179 (0.0298) (0.0189) 8.340 14.965

a17 = 0.0452*DSO, Errorvar.= 0.750 , R² = 0.00272 (0.0456) (0.0434) 0.992 17.275

a19 = 0.337*CON, Errorvar.= 0.627 , R² = 0.153 (0.0431) (0.0405) 7.813 15.485

a23 = 0.241*DSO, Errorvar.= 0.510 , R² = 0.103 (0.0432) (0.0331) 5.584 15.419

Error Covariance for a35 and a33 = 0.145 (0.0481) 3.019

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277

Error Covariance for a40 and a33 = 0.175 (0.0474) 3.700

Error Covariance for a40 and a35 = 0.100 (0.0271) 3.694

Error Covariance for a44 and a38 = 0.178 (0.0612) 2.911

Error Covariance for a6 and a5 = 0.0797 (0.0252) 3.168

Error Covariance for a11 and a9 = -0.064 (0.0272) -2.370

Structural Equations

ATI = - 0.145*DSO + 1.249*CON, Errorvar.= -0.257 , R² = 1.257 (0.961) (0.941) (0.234) -0.151 1.327 -1.101

W_A_R_N_I_N_G : Error variance is negative.

Correlation Matrix of Independent Variables

DSO CON

DSO 1.000

CON 0.894 1.000

(0.145)

6.157

Covariance Matrix of Latent Variables

ATI DSO CON

ATI 1.000

DSO 0.971 1.000

CON 1.119 0.894 1.000

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278

Goodness of Fit Statistics Degrees of Freedom = 143 Minimum Fit Function Chi-Square = 218.131 (P = 0.000) Normal Theory Weighted Least Squares Chi-Square = 224.929 (P = 0.000) Estimated Non-centrality Parameter (NCP) = 81.929 90 Percent Confidence Interval for NCP = (45.099 ; 126.694)

Minimum Fit Function Value = 0.364 Population Discrepancy Function Value (F0) = 0.137 90 Percent Confidence Interval for F0 = (0.0753 ; 0.212) Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA) = 0.0309 90 Percent Confidence Interval for RMSEA = (0.0229 ; 0.0385) P-Value for Test of Close Fit (RMSEA < 0.05) = 1.00

Expected Cross-Validation Index (ECVI) = 0.532 90 Percent Confidence Interval for ECVI = (0.471 ; 0.607) ECVI for Saturated Model = 0.634 ECVI for Independence Model = 2.059

Chi-Square for Independence Model with 171 Degrees of Freedom = 1195.545 Independence AIC = 1233.545 Model AIC = 318.929 Saturated AIC = 380.000 Independence CAIC = 1336.086 Model CAIC = 572.585 Saturated CAIC = 1405.417

Normed Fit Index (NFI) = 0.818 Non-Normed Fit Index (NNFI) = 0.912 Parsimony Normed Fit Index (PNFI) = 0.684 Comparative Fit Index (CFI) = 0.927 Incremental Fit Index (IFI) = 0.929 Relative Fit Index (RFI) = 0.782

Critical N (CN) = 509.724

Root Mean Square Residual (RMR) = 0.0321 Standardized RMR = 0.0409 Goodness of Fit Index (GFI) = 0.962 Adjusted Goodness of Fit Index (AGFI) = 0.949 Parsimony Goodness of Fit Index (PGFI) = 0.724

!ESTEFANO

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279

Fitted Covariance Matrix

a3 a15 a18 a21 a31 a33

a3 0.383

a15 0.038 0.882

a18 0.049 0.033 0.497

a21 0.070 0.047 0.060 0.426

a31 0.043 0.028 0.037 0.052 0.417

a33 0.016 0.011 0.014 0.020 0.012 2.061 a35 0.057 0.038 0.049 0.070 0.043 0.162 a38 0.115 0.076 0.098 0.140 0.085 0.033 a40 0.058 0.038 0.050 0.071 0.043 0.192 a44 0.068 0.045 0.058 0.083 0.050 0.019 a4 0.014 0.009 0.012 0.017 0.010 0.004 a5 0.066 0.043 0.056 0.080 0.049 0.019 a6 0.069 0.046 0.059 0.084 0.051 0.020 a9 0.069 0.046 0.059 0.084 0.051 0.020 a11 0.035 0.023 0.030 0.042 0.026 0.010 a13 0.067 0.044 0.057 0.082 0.050 0.019 a17 0.011 0.007 0.009 0.013 0.008 0.003 a19 0.091 0.060 0.078 0.111 0.068 0.026 a23 0.056 0.037 0.048 0.069 0.042 0.016

Fitted Covariance Matrix (continued)

a35 a38 a40 a44 a4 a5

a35 0.694

a38 0.113 1.653

a40 0.158 0.115 0.669

a44 0.067 0.313 0.068 1.460

a4 0.014 0.027 0.014 0.016 0.750

a5 0.065 0.130 0.066 0.077 0.013 0.627 a6 0.068 0.137 0.069 0.081 0.013 0.142 a9 0.068 0.137 0.069 0.081 0.017 0.064 a11 0.034 0.069 0.035 0.041 0.009 0.032 a13 0.066 0.133 0.067 0.078 0.013 0.061 a17 0.010 0.021 0.011 0.012 0.003 0.010 a19 0.090 0.180 0.091 0.106 0.018 0.082 a23 0.056 0.112 0.057 0.066 0.014 0.053

Fitted Covariance Matrix (continued)

a6 a9 a11 a13 a17 a19

a6 0.621

a9 0.068 0.447

a11 0.034 -0.020 0.914

a13 0.064 0.066 0.033 0.345

a17 0.010 0.013 0.007 0.010 0.752

a19 0.086 0.089 0.045 0.084 0.014 0.740 a23 0.055 0.071 0.036 0.054 0.011 0.073

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280

Fitted Covariance Matrix (continued)

a23

a23 0.568

Fitted Residuals

a3 a15 a18 a21 a31 a33

a3 0.000

a15 -0.009 0.000

a18 -0.038 -0.013 0.000

a21 0.016 -0.020 -0.020 0.000

a31 -0.006 -0.003 -0.011 -0.017 0.000

a33 -0.029 0.089 0.032 0.037 0.042 0.000 a35 -0.004 -0.050 0.034 0.014 0.037 0.000 a38 0.037 0.003 0.001 0.052 -0.044 -0.095 a40 -0.021 -0.032 -0.011 0.013 0.025 0.000 a44 -0.038 0.092 -0.008 0.018 -0.011 0.053 a4 -0.005 -0.010 -0.002 -0.003 0.013 0.062 a5 0.013 -0.006 0.054 0.009 -0.028 -0.079 a6 0.007 -0.006 0.015 -0.011 0.025 0.019 a9 0.007 -0.014 -0.024 -0.001 0.018 -0.023 a11 0.002 0.088 -0.052 0.013 0.009 -0.003 a13 0.007 0.005 0.012 -0.010 -0.006 -0.042 a17 -0.018 0.048 0.021 -0.031 0.041 0.025 a19 -0.024 0.015 0.022 -0.008 -0.018 0.008 a23 0.007 0.043 0.024 0.003 0.034 0.102

Fitted Residuals (continued)

a35 a38 a40 a44 a4 a5

a35 0.000

a38 -0.039 0.000

a40 0.000 0.014 0.000

a44 0.053 0.000 0.034 0.000

a4 -0.006 0.003 -0.035 -0.101 0.000

a5 0.019 -0.016 -0.031 0.005 0.005 0.000 a6 0.037 -0.081 0.025 0.043 -0.050 0.000 a9 -0.024 -0.021 0.011 -0.027 0.028 -0.008 a11 0.014 0.046 -0.002 0.073 -0.078 -0.036 a13 -0.039 0.025 -0.022 -0.011 0.015 -0.011 a17 -0.009 0.003 0.029 0.007 -0.051 0.079 a19 -0.011 0.018 0.042 0.002 -0.015 -0.018 a23 0.033 -0.055 -0.035 -0.045 0.069 -0.007

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281

Fitted Residuals (continued)

a6 a9 a11 a13 a17 a19

a6 0.000

a9 -0.004 0.000

a11 0.026 0.000 0.000

a13 -0.022 0.029 -0.027 0.000

a17 0.060 -0.007 0.035 -0.028 0.000

a19 -0.005 -0.014 0.024 0.034 -0.026 0.000 a23 -0.004 0.006 -0.043 -0.005 -0.026 -0.018

Fitted Residuals (continued)

a23

a23 0.000

Summary Statistics for Fitted Residuals Smallest Fitted Residual = -0.101 Median Fitted Residual = 0.000 Largest Fitted Residual = 0.102

Stemleaf Plot

-10|1 - 9|5 - 8|1 - 7|98 - 6| - 5|52100 - 4|5432 - 3|9988655211 - 2|98877664443221100 - 1|8888765443111111100 - 0|9988877666665554443332210000000000000000000000000 0|1223333555677777899 1|123333444555688899 2|1244555556899 3|23444457777 4|1223368 5|2334 6|029 7|39 8|89 9|2 10|2

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282

Standardized Residuals

a3 a15 a18 a21 a31 a33

a3 - -

a15 -0.442 - -

a18 -2.571 -0.515 - -

a21 1.358 -0.965 -1.353 - -

a31 -0.421 -0.116 -0.687 -1.267 - -

a33 -0.919 1.662 0.823 1.148 1.176 - - a35 -0.214 -1.699 1.626 0.793 1.917 - - a38 1.463 0.068 0.032 2.103 -1.554 -1.415 a40 -1.260 -1.103 -0.558 0.797 1.341 - - a44 -1.475 2.114 -0.241 0.718 -0.388 0.774 a4 -0.281 -0.324 -0.071 -0.139 0.593 1.232 a5 0.832 -0.228 2.831 0.620 -1.596 -1.880 a6 0.462 -0.216 0.782 -0.759 1.439 0.457 a9 0.558 -0.665 -1.608 -0.109 1.316 -0.680 a11 0.106 2.514 -2.092 0.630 0.378 -0.052 a13 0.662 0.253 0.979 -1.000 -0.479 -1.502 a17 -0.959 1.465 0.922 -1.631 1.897 0.496 a19 -1.542 0.531 1.141 -0.543 -1.005 0.192 a23 0.489 1.628 1.296 0.209 1.985 2.505

Standardized Residuals (continued)

a35 a38 a40 a44 a4 a5

a35 - -

a38 -1.068 - -

a40 - - 0.400 - -

a44 1.447 - - 0.948 - -

a4 -0.209 0.078 -1.318 -2.466 - -

a5 0.847 -0.505 -1.392 0.156 0.190 - - a6 1.673 -2.525 1.169 1.283 -1.942 - - a9 -1.356 -0.812 0.628 -1.014 1.483 -0.460 a11 0.457 1.076 -0.083 1.657 -2.353 -1.280 a13 -2.585 1.162 -1.494 -0.495 0.849 -0.790 a17 -0.330 0.081 1.083 0.177 -1.669 3.013 a19 -0.493 0.547 1.877 0.046 -0.568 -0.855 a23 1.505 -1.739 -1.636 -1.379 2.864 -0.334

Standardized Residuals (continued)

a6 a9 a11 a13 a17 a19

a6 - -

a9 -0.232 - -

a11 0.917 - - - -

a13 -1.593 2.663 -1.377 - -

a17 2.326 -0.367 1.057 -1.549 - -

a19 -0.262 -0.822 0.810 2.577 -0.959 - - a23 -0.204 0.770 -1.715 -0.361 -1.063 -0.834

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283

Standardized Residuals (continued)

a23

a23 - -

Summary Statistics for Standardized Residuals Smallest Standardized Residual = -2.585 Median Standardized Residual = 0.000 Largest Standardized Residual = 3.013

Stemleaf Plot

- 2|6655 - 2|41 - 1|99777766666655555 - 1|4444443333111000000 - 0|9988888777665555555 - 0|44444333332222222111111000000000000000000000000000 0|111122222344 0|555555566666778888888888999 1|01111122223333444 1|555566777999 2|0113 2|556789 3|0

Largest Negative Standardized Residuals

Residual for a13 and a35 -2.585

Largest Positive Standardized Residuals Residual for a5 and a18 2.831 Residual for a13 and a9 2.663 Residual for a17 and a5 3.013 Residual for a19 and a13 2.577 Residual for a23 and a4 2.864 !ESTEFANO

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284

Qplot of Standardized Residuals 3.5.......................................................................... . ..

. . .

. . .

. . .

. . .

. . .

. . x .

. . x .

. . x .

. . x .

. . * .

. . x x .

. . xxxx .

. . * * .

N . . **x .

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r . . *** .

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a . . xx .

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l . x* x . .

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. xx . .

. x x . .

. x . .

. x . .

. x . .

. x. .

. . .

. . .

. . .

. . .

. . .

-3.5..........................................................................

-3.5 3.5

The Modification Indices Suggest to Add an Error Covariance

Between and Decrease in Chi-Square New Estimate a5 a18 8.1 0.06

a23 a4 8.2 0.08 Time used: 0.125 Seconds