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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA FACULDADE DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS JÚLIA TRUGILIO LOPES CARACTERIZAÇÃO SEMINAL E AVALIAÇÃO DE DIFERENTES PROTOCOLOS DE CRIOPRESERVAÇÃO SOBRE A QUALIDADE ESPERMÁTICA DE CURIMATÃ COMUM (Prochilodus brevis) FORTALEZA 2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

FACULDADE DE VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

JÚLIA TRUGILIO LOPES

CARACTERIZAÇÃO SEMINAL E AVALIAÇÃO DE DIFERENTES

PROTOCOLOS DE CRIOPRESERVAÇÃO SOBRE A QUALIDADE

ESPERMÁTICA DE CURIMATÃ COMUM (Prochilodus brevis)

FORTALEZA

2014

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JÚLIA TRUGILIO LOPES

CARACTERIZAÇÃO SEMINAL E AVALIAÇÃO DE DIFERENTES

PROTOCOLOS DE CRIOPRESERVAÇÃO SOBRE A QUALIDADE

ESPERMÁTICA DE CURIMATÃ COMUM (Prochilodus brevis)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências Veterinárias da Faculdade

de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará,

como requisito parcial para a obtenção do grau de

Mestre em Ciências Veterinárias.

Área de concentração: Reprodução e Sanidade

Animal.

Linha de Pesquisa: Reprodução e Sanidade de

Carnívoros, Onívoros e Aves.

Orientadora: Dra. Carminda Sandra Brito Salmito

Vanderley

FORTALEZA

2014

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AGRADECIMENTOS

À Universidade Estadual do Ceará, que propiciou minha formação acadêmica e me

proporcionou experiências engrandecedoras e momentos memoráveis ao lado de pessoas

incríveis.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de pessoal de Nível Superior (CAPES), pela

bolsa de mestrado concedida.

À Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) pelo apoio financeiro ao estudo em

questão.

Aos professores do Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias por terem

compartilhado seus conhecimentos dentro e fora das salas de aula, contribuindo para o meu

crescimento profissional.

Aos demais funcionários do PPGCV, em especial à querida Adriana, pela paciência

e orientação quanto ao funcionamento do programa.

Ao Dr. José Ferreira Nunes, por ter me aceitado como orientanda no início do

mestrado, por ter me orientado durante a disciplina de Iniciação à docência e por compor a

banca avaliadora da dissertação, contribuindo para que esta fosse melhorada.

Aos demais membros da branca examinadora, Dr. Wladimir Ronald Lobo Farias e

Dr. Marcelo José da Ascensão Feitosa Vieira, por prontamente aceitarem o convite para

participar da banca e pelas considerações feitas durante a defesa, que contribuíram para que a

dissertação fosse melhorada.

À Dra. Gyselle Viana Aguiar por aceitar o convite para ser membro suplente da

banca e por disponibilizar-se a viajar, caso sua presença fosse necessária.

À professora Dra. Sandra Salmito Vanderley, por ter me acompanhado e orientado

desde a graduação, passando pela monitoria e iniciação científica, por ter aberto as portas de

seu laboratório para que eu pudesse crescer pessoal e profissionalmente, minha imensa gratidão.

Ao Dr. José Maurício Maciel Cavalcante pela ajuda com a adequação da estatística

às exigências da revista a qual o artigo foi submetido.

Aos doutorandos do LBRP, Mônica Aline P. Melo Maciel, Liliane Veras Leite e

Francisco Renan A. Linhares, por compartilharem comigo suas experiências e por toda a ajuda

prestada a mim em todas as fases da minha vida científica, em especial à Liliane, que me

acompanhou mais de perto e me permitiu participar assiduamente de todos os seus

experimentos.

5

Aos meus amigos e colegas de mestrado e laboratório Larissa Teixeira Nunes,

Mayara Setúbal Oliveira, Jordana Sampaio Leite e João Paulo Silva Pinheiro, pela amizade e

companheirismo desde a graduação e pela ajuda e parceria em todas as fases do mestrado.

Aos demais colegas de mestrado, em especial ao Arthur Vinícius Lourenço Ferreira,

por compartilharem comigo as adversidades e privilégios de ser um aluno de pós-graduação.

Aos atuais e ex-alunos de iniciação científica do LBRP, Rômulo Roberto Ribeiro

Pinheiro, Maria Eduarda Magalhães de Souza, Priscila Silva de Almeida, Thais Maia Torres,

Yasmim Maia Ferreira e Renata Vieira do Nascimento, pela constante disponibilidade e

disposição para ajudar nos experimentos e pela amizade desenvolvida durante todo o nosso

trajeto juntos. Em especial ao Rômulo, por ter me acompanhado e auxiliado durante todas as

fases do projeto, minha infinita gratidão.

Aos demais componentes do Núcleo Integrado de Biotecnologia, por

compartilharem seus dias comigo, em especial à dona Iraci, pelo carinho e cuidado, e à Henna

Roberta Quinto, pela amizade desenvolvida ao longo desses anos.

Aos meus pais Crisanto Lopes de Oliveira e Joana Marli Trugilio de Almeida, pelo

imenso amor, cuidado e carinho desmedidos doados a mim durante toda a minha vida. Por me

ensinarem o valor do respeito mútuo e do amor-próprio. Por respeitarem e apoiarem minhas

escolhas e por todos os seus esforços e renúncias que me permitiram chegar até aqui.

Às minhas irmãs Letícia Trugilio Lopes e Jade Luz de Oliveira, com quem aprendi

a conviver com as diferenças e a exercitar minha paciência, pelos momentos de descontração e

alegrias vividas dentro e fora de casa.

Aos demais membros das famílias Trugilio de Almeida e Lopes de Oliveira, por

todo o carinho e apoio até aqui.

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RESUMO

Prochilodus brevis é uma espécie de peixe reofílico, oriunda dos estados do Piauí, Ceará e Rio

Grande do Norte, com grande valor econômico e ecológico para a região Nordeste. Apesar

disso, não existem relatos de sua caracterização seminal nem da utilização da criopreservação

como forma de conservação de seus gametas masculinos. Assim, esse estudo teve como

objetivos caracterizar o sêmen de Prochilodus brevis e avaliar os efeitos de diferentes diluidores

e taxas de diluição sobre a cinética e morfologia do sêmen criopreservado. Para tanto, machos

de P. brevis foram induzidos hormonalmente à espermiação. Vinte horas após a indução, o

sêmen foi coletado e mantido em caixa térmica até o processamento das amostras. Para a

caracterização, 40 amostras seminais foram analisadas quanto ao seu volume, concentração

espermática, pH, osmolaridade, motilidade e morfologia. Para a criopreservação seminal, foram

formados dez pools de sêmen compostos por amostras seminais de três animais cada. Cada pool

foi submetido a seis tratamentos compostos pela combinação de uma solução diluente (glicose

5%), duas soluções crioprotetoras (DMSO ou metil glicol) e três taxas de diluição (1:3, 1:6, 1:9

– sêmen:diluidor). Após a diluição, o sêmen foi envasado em palhetas de 0,25 mL e mantido a

aproximadamente 4 ºC até o fim do tempo de equilíbrio. Em seguida, foi congelado em dry

shipper por 15 minutos e, posteriormente, transferidos para botijão de nitrogênio líquido (-196

ºC) onde permaneceram armazenados por no mínimo 15 dias. As palhetas foram descongeladas

em banho-maria, por 30 segundos a 25 ºC. As amostras, in natura e pós-descongeladas, foram

analisadas quanto à sua morfologia e cinética espermática utilizando o CASA. O sêmen de P.

brevis apresentou características semelhantes a outras espécies de Prochilodus, com volume

seminal=1,31 mL; pH=8,21; osmolaridade=276,18 mOsm; concentração=22,26x109 sptz/mL;

Motilidade=95,54%; espermatozoides normais=97,21%. O sêmen congelado com glicose e MG

apresentou resultados significativamente superiores (p<0,05) comparado àquele congelado

utilizando DMSO. As diluições 1:3 e 1:6 apresentaram melhores resultados para glicose + MG,

enquanto 1:9 foi melhor para glicose + DMSO. Portanto, a associação glicose + MG, numa taxa

de diluição de 1:3, é a mais indicada para a criopreservação do sêmen de Prochilodus brevis.

Palavras-chave: Curimatã comum. Congelação. Sêmen. Dimetilsulfóxido. Metil glicol.

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ABSTRACT

Prochilodus brevis is a migrating fish species originating from the states of Piauí, Ceará and

Rio Grande do Norte, with great economic and ecological value for the Northeast region.

Nevertheless, there are no reports of its seminal characterization or use of cryopreservation as

a means to preserve their male gametes. Thus, this study aimed to characterize the semen of

Prochilodus brevis and evaluate the effects of different extenders and dilution rates on the

kinetics and morphology of cryopreserved sperm. Males of P. brevis were hormonally induced

to spermiation and, 20 hours after induction, sperm was collected and kept in cool box until the

sample processing. For sperm characterization, 40 sperm samples were assessed for volume,

sperm concentration, pH, osmolarity, motility and morphology. For semen cryopreservation,

were composed ten pools of semen consisting of three animals samples each. Each pool was

subjected to six treatments composed by the combination of a diluent solution (5% glucose),

two cryoprotectant solution (DMSO or methyl glycol) and three dilution rates (1:3, 1:6, 1:9 –

semen:diluting solution). After dilution, the semen was loaded in 0.25 mL straws and kept at

approximately 4 ° C until the end of the equilibration time. It was then frozen in dry shipper for

15 minutes and then transferred to liquid nitrogen (-196 º C) where were stored for at least 15

days. The straws were thawed in a water bath for 30 seconds at 25 ° C. The samples, fresh and

post-thawed, were analyzed for their morphology and sperm kinetics using the CASA. The

sperm of P. brevis showed similar characteristics to other Prochilodus species, with seminal

volume=1.31 mL; pH=8.21; osmolarity=276.18 mOsm; concentration=22.26x109

spermatozoa/mL; motility=95.54%; normal spermatozoa=97.21%. Sperm cryopreserved in

glucose plus MG presented significant higher results (p<0.05) compared to sperm frozen in

DMSO. The dilution ratios 1:3 and 1:6 yielded better results for glucose + MG, while 1:9 was

the better dilution for glucose + DMSO. In conclusion, the association glucose + MG, in a

dilution ratio of 1:3, is the most indicated for Prochilodus brevis sperm cryopreservation.

Keywords: Common curimatã. Freezing. Sperm. Dimethyl sulfoxide. Methyl glycol.

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Macho adulto de curimatã comum (Prochilodus brevis)...........................................12

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Média ± desvio-padrão do peso e dos parâmetros do sêmen in natura de Prochilodus

brevis.......................................................................................................................................................41

Tabela 2 – Média ± erro-padrão dos parâmetros cinéticos (Porcentagem de espermatozoides móveis –

Motilidade; Velocidade Curvilinear – VCL; Velocidade em Linha Reta – VSL; e Velocidade Média do

Percurso – VAP) e morfológicos (Porcentagem de espermatozoides normais – Morfologia) do sêmen

pós-descongelação de Prochilodus brevis em função do diluidor e taxas de diluição utilizadas..............41

10

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANOVA – Análise de Variância

BTS – Beltsville Thawing Solution

CASA – Análise do Sêmen Assistida por Computador (Computer Assisted Sperm Analyses)

DMSO – Dimetilsulfóxido

EHC – Extrato Hipofisário de Carpa

FSH – Hormônio Folículo Estimulante (Folicle Stimulant Hormone)

GLM – Modelos Lineares Generalizados (General Linear Model)

GnRH – Hormônio Liberador de Gonadotrofinas (Gonadotrophin-Releasing Hormone)

GnRHa – Análogo do hormônio liberador de gonadotrofina (Gonadotrophin-Releasing

Hormone analogue)

hCG – Gonadotrofina Coriônica Humana (human Chorionic Gonadotrophin)

LBRP – Laboratório de Biotecnologia da Reprodução de Peixes

LH – Hormônio Luteinizante (Luteinizing Hormone)

LHRHa – Análogo do hormônio liberador de hormônio luteinizante (Luteinizing Hormone-

Releasing Hormone Analogue)

LIN – Linearidade (Linearity)

MG – Metil glicol

pH – Potencial Hidrogeniônico

SAS - Statistical Analysis System

SCA – Sperm Class Analyser

sGnRHa – Análogo do hormônio liberador de gonadotrofina de salmão (salmon’s

Gonadotrophin-Releasing Hormone analogue)

SNK – Student Newman Keus

STR – Retilinearidade (straightness)

Tab. – Tabela

UECE – Universidade Estadual do Ceará

VAP – Velocidade média do percurso (Average Path Velocity)

VCL – Velocidade Curvilinear (Curvilinear Velocity)

VSL – Velocidade Progressiva Linear (Straight Line Velocity)

11

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12

2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 14

2.1 ESPÉCIE E REPRODUÇÃO .......................................................................................... 14

2.2 TAXONOMIA (FISHWISE, 2013) ................................................................................ 15

2.3 REGULAÇÃO E INDUÇÃO HORMONAL DE TELEÓSTEOS .................................. 15

2.4 O SÊMEN DE TELEÓSTEOS ........................................................................................ 18

2.5 A IMPORTÂNCIA DA CARACTERIZAÇÃO SEMINAL ........................................... 18

2.5.1 Volume ..................................................................................................................... 19

2.5.2 Osmolaridade e pH ................................................................................................... 19

2.5.3 Concentração ............................................................................................................ 20

2.5.4 Morfologia ................................................................................................................ 21

2.6 AVALIAÇÃO DA CINÉTICA ESPERMÁTICA .......................................................... 22

2.7 CRIOPRESERVAÇÃO SEMINAL ................................................................................ 23

2.7.1 Soluções diluidoras .................................................................................................. 23

2.7.2 Taxas de diluição e tempos de equilíbrio ................................................................. 25

3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................ 26

4 HIPÓTESES CIENTÍFICAS ............................................................................................. 27

5 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 28

5.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 28

6 CAPÍTULO 1 ....................................................................................................................... 29

7 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 45

8 PERSPECTIVAS ................................................................................................................. 46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 47

12

1 INTRODUÇÃO

O gênero Prochilodus possui representantes nativos nas principais bacias

hidrográficas sul-americanas e do ponto de vista ecológico é de fundamental importância para

a composição do ecossistema fluvial (TAYLOR et al., 2006).

A curimatã comum (Prochilodus brevis) é um peixe reofílico nativo da região

Nordeste, endêmico nos estados do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, mas que, atualmente,

encontra-se disseminado por todo o Nordeste e parte do Sudeste (DOURADO, 1981).

Com grande valor econômico na região, principalmente no sertão norte-

riograndense (ARAÚJO; GURGEL, 2002), essa espécie tem sido ameaçada pela construção de

reservatórios de água e pela pesca excessiva, principalmente durante o período reprodutivo.

Esses fatores despertam o interesse de pesquisadores pelo estudo da biologia

reprodutiva dessa espécie. Inserido nesse contexto, o estudo das características seminais, como

volume, concentração, pH, osmolaridade, motilidade e morfologia espermáticas, surge como

necessidade básica de conhecimento, uma vez que a determinação dessas características permite

o desenvolvimento e aplicação de tecnologias para o desenvolvimento do cultivo em cativeiro

dessa espécie.

Dentre essas tecnologias, a criopreservação seminal aparece como uma área em

ascensão para a produção em aquicultura e preservação do material genético em programas de

criopreservação (CAROLSFELD et al., 2003).

Para a criopreservação do sêmen faz-se necessária a adição de uma solução

diluidora, composta por diluente(s) e crioprotetor(es), responsáveis por manter a viabilidade da

célula espermática e prevenir as crioinjúrias durante a congelação e descongelação seminal

(SALMITO-VANDERLEY et al., 2012).

Dentre os diluentes que já apresentaram bons resultados, destaca-se a glicose,

facilmente adquirida como uma solução estéril, que pode ser manipulada em campo, sem a

necessidade de estrutura laboratorial complexa (VIVEIROS et al., 2009).

Em relação aos crioprotetores, o dimetilsulfóxido (DMSO) é o agente crioprotetor

utilizado, com sucesso, na criopreservação seminal para a maioria das espécies Characiformes

da América do Sul (CAROLSFELD et al., 2003; VIVEIROS; GODINHO, 2009). Entretanto,

surge como substância crioprotetora alternativa ao DMSO, o metil glicol (MG), já testado com

bons resultados na criopreservação de sêmen de Brycon orbignyanus (MARIA et al., 2006),

Prochilodus lineatus (VIVEIROS et al., 2009), Piaractus mesopotamicus (ORFÃO et al., 2008)

e em Piaractus brachypomus (NASCIMENTO et al., 2010).

13

No processo de criopreservação, as peculiaridades de cada espécie e os diversos

aspectos do protocolo utilizado podem influenciar a qualidade do material descongelado, o que

gera a necessidade de elaboração de protocolos adaptados a cada espécie. Para isso, é necessário

padronizar etapas e parâmetros do processo de congelação (CARNEIRO et al., 2012), dentre

eles a determinação da melhor taxa de diluição (sêmen:diluidor), dos melhores diluentes e

crioprotetores, assim como da melhor combinação entre eles.

Entretanto, poucos estudos existem atualmente contemplando aspectos da biologia

reprodutiva da curimatã comum, principalmente abordando as características de seus gametas

e a aplicação de biotecnologias, como a criopreservação do sêmen.

Dessa forma, devido à situação ecológica, importância econômica e ausência de

estudos que contemplem um protocolo adequado à criopreservação seminal dessa espécie, esse

estudo teve como objetivos caracterizar o sêmen de Prochilodus brevis e avaliar a utilização de

diferentes diluidores e taxas de diluição na criopreservação do sêmen dessa espécie por meio

de análise cinética e morfológica.

14

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 ESPÉCIE E REPRODUÇÃO

Prochilodus brevis (=Prochilodus cearensis) (Figura 1), conhecida popularmente

como curimatã comum, é uma espécie de peixe teleósteo, nativa da região semiárida do Brasil

(ROSA et al., 2005; CHELLAPPA et al., 2009), com origem, sobretudo, nas bacias

hidrográficas cearenses, que atualmente, encontra-se disseminada por todo o Nordeste e parte

do Sudeste do Brasil (DOURADO, 1981).

Figura 1 – Macho adulto de curimatã comum (Prochilodus brevis) – Fonte: LBRP

Considerada uma espécie gregária, a curimatã habita as zonas mais profundas dos

corpos d’água. Na fase jovem, esses peixes alimentam-se de plâncton e, quando adultos,

apresentam regime alimentar do tipo iliófago, com ingestão de animais e vegetais (ARAÚJO,

1998).

Os adultos dessa espécie apresentam, em média, 23 a 30 centímetros de

comprimento; seu peso pode variar entre 215 a 513 gramas (NASCIMENTO et al., 2012).

Embora as fêmeas sejam ligeiramente maiores que os machos, principalmente durante o período

reprodutivo, não se observa dimorfismo sexual para P. brevis (NASCIMENTO et al., 2012;

GURGEL et al., 2012).

Com relação aos seus hábitos reprodutivos, P. brevis é um peixe reofílico, também

conhecido como "peixe de piracema". As espécies com essa característica migram rio acima

durante a estação reprodutiva, que coincide com a estação chuvosa, percorrendo vários

quilômetros até as áreas de reprodução, na cabeceira dos rios (ARAÚJO, 1998; GURGEL et

al., 2012). A curimatã, no entanto, não defende território nem despende cuidados parentais

(ARAÚJO; GURGEL, 2002; NASCIMENTO et al., 2012).

15

Em cativeiro, os peixes reofílicos não reproduzem naturalmente, devido à ausência

de estímulos ambientais e hormonais, desencadeados pela piracema, sendo necessária a indução

hormonal da reprodução. Atualmente, um dos principais agentes indutores da maturação final

e liberação dos gametas, aplicados em reprodução artificial de espécies nativas brasileiras, é o

extrato hipofisário de carpa (EHC) (ZANIBONI FILHO; WEINGARTNER, 2007).

P. brevis apresenta desova anual total e seu período reprodutivo se estende de

dezembro a maio, período correspondente ao período de chuvas na região Nordeste

(NASCIMENTO et al., 2012).

2.2 TAXONOMIA (CASTRO; VARI, 2003)

Reino: Animalia

Filo: Chordata

Classe: Actinopterygii

Ordem: Cypriniformes

Família: Prochilodontidae

Gênero: Prochilodus

Espécie: Prochilodus brevis (=Prochilodus cearensis)

2.3 REGULAÇÃO E INDUÇÃO HORMONAL DE TELEÓSTEOS

Nos peixes, assim como nos mamíferos, o eixo hipotálamo-hipofisário é

responsável por reger todos os eventos endócrinos envolvidos na função gonadal, estimulando-

a ou suprimindo-a quando necessário (ALMEIDA, 2013).

Os peixes teleósteos, em sua maioria, apresentam maturação sexual do tipo sazonal.

Fatores ambientais como temperatura, fotoperíodo, propriedades da água e presença de

alimentos são percebidos pelo organismo, promovendo alterações nas atividades do eixo

hipotálamo-hipofisário que dão início à sua maturidade sexual. Desse modo, esse eixo mantém

um equilíbrio entre as atividades do sistema reprodutivo, as condições ambientais e as

condições fisiológicas do indivíduo (SCHULZ; MIURA, 2002).

16

De maneira simplificada, fatores ambientais estimulam o hipotálamo a secretar

hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), o qual estimula a hipófise a secretar hormônios

gonadotróficos (Hormônio Folículo Estimulante e Hormônio Luteinizante – FSH e LH), ou

gonadotrofinas. Estas atuarão nas gônadas, estimulando-as a sintetizar hormônios esteroides,

ou hormônios sexuais, que promovem a maturação final e a liberação dos gametas (ORFÃO,

2013).

É importante salientar que a influência das gonadotrofinas sobre a gônada varia ao

longo do processo de maturação, fazendo com que a gônada seja mais ou menos receptiva a

elas, cujos efeitos também variam ao longo do desenvolvimento gonadal, atuando na produção

de esteroides distintos. Do mesmo modo, a sensibilidade da gônada a esses esteroides também

se modifica ao longo do processo (HARVEY; CAROLSFELD, 1993; MENDONÇA, 2007).

Quando os peixes estão em condições de vida livre, as mudanças ambientais na

temperatura, pluviosidade e condutividade elétrica e as alterações fisiológicas ocorridas durante

a migração no período reprodutivo estimulam a liberação dos gametas e a fertilização natural.

Porém, quando esses animais estão em condições de cativeiro, muitas vezes, as condições

ambientais não são favoráveis à reprodução, especialmente quando se trata de espécies

migradoras, uma vez que o evento migratório fica impedido. Isso gera a necessidade da

utilização de meios artificiais de indução à reprodução (ORFÃO, 2013).

A reprodução induzida pode ser alcançada de duas maneiras distintas: por

manipulação dos fatores ambientais ou por meio de tratamento hormonal (KOSSOWSKI et al.,

1986; ZANIBONI FILHO; WEINGARTNER, 2007).

No primeiro caso, os fatores ambientais, principalmente temperatura e fotoperíodo,

são controlados artificialmente de modo a simular a passagem das estações do ano e,

consequentemente, a época de acasalamento da espécie em questão. Quando a simulação das

condições ambientais essenciais torna-se inviável, por razões econômicas ou práticas, a indução

hormonal torna-se a melhor alternativa, sendo considerado o único método confiável de

obtenção de gametas, podendo ser feito por meio de injeções intramusculares ou

intraperitoneais ou, mais recentemente, por implantes hormonais (PASSOS NETO, 2010).

Os primeiros trabalhos de indução hormonal à desova de peixes foram

desenvolvidos para peixes reofílicos no início da década de 1930, quando foram obtidos

resultados positivos de indução à maturação final e desova de peixes migradores a partir da

aplicação de hormônios naturais presentes na hipófise de peixes maduros (ZANIBONI FILHO;

WEINGARTNER, 2007), processo conhecido como “hipofisação”. Essa técnica continua

sendo uma das alternativas mais utilizadas para induzir a reprodução de peixes e, embora seja

17

bastante antiga, o mesmo princípio tem sido utilizado para uma grande variedade de peixes com

pouca ou nenhuma modificação devido ao fato de o mecanismo interno que regula a reprodução

ser similar para a maioria das espécies (ROTTMANN et al., 1991a).

Atualmente, na maioria dos laboratórios de reprodução de espécies migradoras,

utiliza-se como protocolo padrão a aplicação do extrato hipofisário de carpa (EHC). O EHC

atua diretamente nas gônadas por meio das gonadotropinas, induzindo a maturação final de

ovócitos e a liberação dos espermatozoides, sem qualquer influência na produção inicial desses

gametas (ORFÃO, 2013).

Nos machos, o EHC aumenta o plasma seminal mediante a hidratação testicular,

facilitando a extrusão dos espermatozoides. Em geral, são administradas doses que variam de

2 a 3 mg.kg-1 aplicada em dose única (ZANIBONI FILHO; WEINGARTNER, 2007).

A utilização do EHC tem como inconvenientes a variabilidade na sua qualidade, a

dificuldade de obtenção, a ação em um nível inferior no eixo hipotálamo-hipofisário-gonadal,

e o risco de transmissão de doenças entre o peixe doador e o receptor (CHATAKONDI et al.,

2011; DUNHAM; ARGUE, 2000). Porém, por se tratar de um produto que atua diretamente e

de forma eficiente nas gônadas, suprindo a quantidade de gonadotrofinas ausentes pelas

condições de cativeiro, ainda é o mais indicado para a reprodução de peixes migradores.

(ORFÃO, 2013).

Atualmente, alguns outros hormônios estão sendo testados nas espécies migradoras,

dentre eles o hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) e a gonadotrofina coriônica

humana (hCG).

Hormônios liberadores de gonadotrofina são hormônios liberados pelo hipotálamo

que agem sobre a hipófise induzindo a liberação de gonadotrofinas que, por sua vez, atuam

sobre as gônadas. Os hormônios mais utilizados para indução de peixes são o análogo do

hormônio liberador de gonadotrofina de salmão (sGnRHa) e o análogo do hormônio liberador

de hormônio luteinizante de mamíferos (LHRHa) (ZOHAR; MYLONAS, 2001). Uma das

vantagens do GnRHa está no fato deste composto atuar nos mais altos níveis do eixo

hipotálamo-hipófise-gônada estimulando o peixe a produzir seu próprio hormônio

gonadotrófico (ROTTMANN et al., 1991b). Apresenta como desvantagem o tempo mais

prolongado de resposta dos peixes (ZOHAR; MYLONAS, 2001) e necessidade de ser

administrado juntamente com bloqueadores de dopamina em algumas espécies (ROTTMANN

et al., 1991b).

A gonadotrofina coriônica humana é um hormônio gonadotrófico com efeito

semelhante ao hormônio luteinizante (LH) que estimula a produção de esteroides nas gônadas

18

A principal vantagem do hCG, assim como dos demais hormônios gonadotróficos, é a de agir

diretamente sobre as gônadas, não sendo necessária a ativação da hipófise. No entanto, esse

hormônio pode desencadear resposta imune nos peixes após longos períodos de tratamento,

sendo imunoneutralizado. Como consequência, doses cada vez maiores são necessárias para

que o tratamento continue a ser efetivo (ZOHAR; MYLONAS, 2001).

2.4 O SÊMEN DE TELEÓSTEOS

A produção espermática dos peixes teleósteos é muito alta, quando comparada à de

mamíferos, devido ao grande número de divisões espermatogoniais (BILLARD, 1990a), e,

também, muito variada entre as espécies. Em algumas espécies, o macho chega a produzir 100

bilhões de espermatozoides/ano/kg do peso corporal ou mais de 1 x 109 espermatozoides/g de

testículo/dia (BILLARD, 1990b).

Ao final da espermatogênese, durante o período em que se encontram armazenados

nos testículos, os espermatozoides encontram-se quiescentes, protegidos pelo plasma seminal

(COSSON et al., 1999). A osmolaridade do plasma seminal dos teleósteos gira em torno de 300

mOsmol/kg e a quiescência é mantida até o momento em que o sêmen entra em contato com

uma solução hipotônica (<300 mOsmol/kg), no caso dos peixes de água doce, ou com uma

solução hipertônica (>300 mOsmol/kg), para os peixes de água salgada (COSSON, 2004).

Após a ativação, na maioria dos peixes de água doce, a motilidade espermática dura,

em média, de 30 a 40 segundos, não sendo relatada na literatura tempo de sobrevivência

superior à uma hora em espécies de fecundação externa (BILLARD; MARCEL; MATEI, 1980;

HINES; YASHOUV, 1971).

Na maioria dos peixes, os espermatozoides não possuem estrutura acrossomal, fato

compensado pela presença de um orifício para a entrada do gameta masculino no ovócito,

denominado micrópila. A micrópila permanece pouco tempo aberta, se fechando em poucos

minutos, ao hidratar-se no momento em que entra em contato com a água (NAKATANI et al.,

2001).

2.5 A IMPORTÂNCIA DA CARACTERIZAÇÃO SEMINAL

As espécies de peixes teleósteos apresentam uma grande variação das

características seminais, assim, a avaliação e descrição dessas características para cada espécie

19

são de grande importância para o desenvolvimento de programas de reprodução artificial. No

entanto, atualmente, menos de 1% de todas as espécies brasileiras de peixe possuem qualquer

descrição sobre sua biologia espermática (VIVEIROS; GODINHO, 2009).

Para a descrição de um perfil espermático, são comumente analisadas as

características físicas do sêmen, tais como volume, taxa e duração da motilidade espermática,

concentração e morfologia, (SOLIS-MURGAS, 2011); assim como pH e osmolaridade. O

conhecimento desses valores permite avaliar a qualidade do sêmen coletado e, assim, otimizar

sua utilização no processo de fertilização artificial (VIVEIROS, 2005).

2.5.1 Volume

O volume seminal é uma característica muito variável entre as diversas espécies e

até mesmo na mesma espécie, uma vez que pode ser influenciado pela estação do ano, clima,

período de repouso sexual e método de coleta (SOLIS-MURGAS, 2011).

O volume também pode variar devido à presença de tratamento hormonal, quando

é observado um aumento significativo no volume seminal (VIEIRA et al., 2011; VIVEIROS;

GODINHO, 2009).

Algumas espécies, como o Brycon orbignyanus, podem liberar um volume

relativamente grande de sêmen (>10 ml), quando comparadas ao Leporinus macrocephalus e

ao Zungaro jahu, cujo sêmen tem sido quase impossível se obter, sendo necessário realizar a

extração dos testículos para coleta intratesticular (VIVEIROS; GODINHO, 2009).

Embora não tenha um valor intrínseco biológico, o volume está diretamente ligado

à quantidade de células fecundantes que o sêmen possa conter (SOLIS-MURGAS, 2011),

remetendo à produção espermática do animal.

2.5.2 Osmolaridade e pH

O conhecimento da osmolaridade média do sêmen de peixes teleósteos é de extrema

importância na reprodução assistida, uma vez que seus espermatozoides permanecem

quiescentes na osmolaridade do plasma seminal, fator crítico aos espermatozoides, que

possuem pouco tempo de motilidade após a ativação (ALAVI; COSSON, 2006).

De acordo com Alavi e Cosson (2006), a variabilidade deste parâmetro está relacionada

com características individuais e espécie-específicas, como nos valores encontrados em

ciprinídeos (254 a 346 mOsm/Kg) e salmonídeos (232 a 322 mOsm/Kg). Para caracídeos, os

20

valores encontrados podem variar entre 313 a 320, como o encontrado para Colossoma

macropomum por Vieira et al. (2011). Já em espécies do gênero Prochilodus observa-se uma

faixa de variação de 286 a 377 mOsm (NASCIMENTO et al., 2012; GONÇALVES et al.,

2013).

O pH extracelular do sêmen de peixes, que em espécies de água doce pode variar de 6,5

a 8,5, é outro fator que controla os parâmetros da motilidade, e seus valores ótimos são

necessários, embora não suficientes, para as condições de ativação espermática. Dessa forma,

alterações do pH seminal de peixes atuam como possível mensageiro celular secundário capaz

de interferir na motilidade espermática de diferentes espécies (TABARES; TARAZONA;

OLIVEIRA, 2005).

2.5.3 Concentração

A concentração espermática expressa a quantidade de espermatozoides por mL de

sêmen (FELIZARDO et al., 2010).

A determinação desta pode ser realizada por meio de diferentes técnicas, tais como

contagem das células em câmaras volumétricas utilizando microscopia, citometria de fluxo,

espectrofotometria e determinação de valores de espermatócritos (ALAVI et al., 2008).

O método básico de determinação da concentração é a contagem das células em

câmaras volumétricas, após a fixação do material seminal. Trata-se de um método barato,

realizado utilizando apenas um microscópio ótico, equipamento disponível na maioria dos

laboratórios, e uma câmara volumétrica, como a Câmara de Neubauer. No entanto, esse tipo de

contagem demanda uma grande quantidade de tempo e pode apresentar variações de resultados

de acordo com o avaliador (FAUVEL; SUQUET; COSSON, 2010), apesar de se tratar de uma

variação aceitável (SUQUET et al., 1992).

Outro método bastante utilizado é o de espectrofotometria, que permite uma análise

mais rápida da concentração espermática por meio da observação da densidade ótica do material

a ser analisado. Todavia, para a utilização do espectrofotômetro como meio de avaliar a

concentração espermática, é necessário que haja estudos prévios que determinem o melhor

comprimento de onda para as análises das amostras e a curva de concentração espermática de

cada espécie, relacionando as contagens realizadas em câmaras volumétricas com os resultados

de densidade ótica obtidos por espectrofotometria (FAUVEL; SUQUET; COSSON, 2010).

Valores de concentração espermática são altamente variáveis entre as espécies

brasileiras de peixes e também podem sofrer variações de acordo com o peso e idade do peixe,

21

a época do ano (SILVA et al., 2009), a frequência de coleta e o volume do ejaculado (SOLIS-

MURGAS, 2011). Em espécies do gênero Prochilodus é possível observar uma variação de

17,37 a 23,40 x 109 (FELIZARDO et al., 2010; VIVEIROS et al., 2010; MARTÍNEZ et al.,

2012; NASCIMENTO et al., 2012; GONÇALVES et al., 2013)

Geralmente, uma baixa concentração espermática é seguida por um aumento no

volume seminal em peixes induzidos hormonalmente, embora este fato não seja observado em

algumas espécies como o B. orbignyanus, P. mesopotamicus e o P. brachypomus (VIVEIROS;

GODINHO, 2009).

2.5.4 Morfologia

A morfologia das células espermáticas é um fator importante na avaliação da

qualidade do sêmen, uma vez que o aumento das patologias espermáticas pode causar redução

da motilidade e do vigor espermático (COSSON et al., 1999).

Dessa forma, a avaliação morfológica dos espermatozoides de peixes pode auxiliar

na caracterização de amostras seminais, fazendo inferência sobre seu potencial fertilizante ou

de amostras congeladas de sêmen e explicando insucessos de reprodutores tidos como aptos

após análises convencionais de motilidade espermática (MILIORINI, 2006).

Alterações morfológicas nos espermatozoides podem ser causadas por diversos

fatores, dentre eles: alterações bruscas de temperatura ou osmolaridade, falhas na

espermatogênese, problemas durante a coleta e manipulação, entre outros.

De modo geral, as morfopatologias espermáticas são divididas em patologias

primárias e patologias secundárias, de acordo com os fatores que possam ter causado as

alterações (KAVAMOTO et al., 1999).

Patologias como flagelo dobrado, cabeça isolada, gota citoplasmática proximal e

distal são oriundas do processo de espermatogênese, em decorrência de causas que acometem

os reprodutores, tais como enfermidades, consanguinidade, deficiência nutricional e estresse

ambiental, sendo conhecidas como patologias primárias ou maiores. Por sua vez, patologias

como flagelo quebrado, enrolado, degenerado, macrocefalia e microcefalia são, geralmente,

associadas à coleta e manipulação do sêmen, e são classificados como patologias secundárias

ou menores (HERMAN; MITCHELL; DOAK, 1994).

Em estudos de criopreservação de sêmen de Characiformes, poucos trabalhos

avaliam a morfologia espermática como critério de definição da qualidade seminal pós-

22

descongelamento, apesar dos processos de criopreservação do sêmen atuarem como agentes

potenciais de alterações da morfologia espermática (MELO-MACIEL et al., 2012).

2.6 AVALIAÇÃO DA CINÉTICA ESPERMÁTICA

A qualidade espermática está diretamente relacionada com a motilidade dos

gametas masculinos, uma vez que esta característica constitui um pré-requisito para a

fertilização dos ovócitos (RURANGWA et al., 2004). Viveiros et al. (2011) relataram que a

taxa de motilidade do sêmen descongelado de dourado (Salminus brasiliensis) revelava o

número de espermatozoides com membranas intactas, demonstrado a íntima relação da

motilidade com a viabilidade espermática e com a capacidade fertilizante do sêmen de peixes.

Geralmente essa avaliação é feita de forma subjetiva, na qual o avaliador deve

estimar uma taxa de espermatozoides móveis numa escala de 0 a 100% (TAITSON et al., 2008).

A técnica convencional, baseada na observação através de microscópio óptico, é utilizada pela

maioria dos laboratórios para realizar análise seminal. Embora sujeita a distintos graus de

imprecisão, devido à subjetividade da avaliação a partir de escalas arbitrárias

(CHAMBEYRON; ZOHAR, 1990), já foi demonstrado que este método é tão confiável quanto

à análise objetiva (VIVEIROS et al., 2010).

Um dos métodos utilizados em análises objetivas da motilidade é o Computer

Assisted Sperm Analysis (CASA), um sistema automático (hardware e software Sperm Class

Analyser -SCA) utilizado para visualizar, digitalizar e analisar imagens sucessivas, gerando

informações precisas e significativas do movimento individual de cada célula e de

subpopulações de células espermáticas (AMANN; KATZ, 2004).

Com o auxílio do programa é possível avaliar a porcentagem de espermatozoides

móveis (ou taxa de motilidade), além da porcentagem de espermatozoides com velocidade

rápida, média ou lenta; assim como analisar as propriedades de trajetória e velocidade dos

espermatozoides, sendo algumas delas:

Velocidade curvilínea (VCL- μm/s), velocidade linear progressiva (VSL- μm/s),

velocidade média da trajetória (VAP- μm/s), retilinearidade (STR - %) e linearidade (LIN - %).

Em Characiformes, o CASA já foi utilizado para analisar a motilidade espermática

pós-descongelamento de pirapitinga (Piaractus brachypomus), piabanha (Brycon insignis),

curimba (Prochilodus lineatus) e tambaqui (Colossoma macropomum), (NASCIMENTO et al.,

2010; MELO, 2010; SHIMODA, 2004; VIVEIROS et al., 2010; LEITE et al., 2011).

23

2.7 CRIOPRESERVAÇÃO SEMINAL

A criopreservação do sêmen consiste na conservação, a longo prazo, dos gametas

por meio de congelamento em nitrogênio líquido.

O primeiro estudo sobre congelamento de sêmen de peixe foi realizado por Blaxter

(1953) com o objetivo de viabilizar o cruzamento de dois “tipos” de arenque (Clupea harengus)

que desovam em épocas diferentes do ano. Além deste primeiro objetivo, o uso de técnicas para

o armazenamento de sêmen de peixes justifica-se por razões ligadas a questões ambientais e

econômicas, uma vez que a utilização e a implantação de bancos genéticos, incluindo o

congelamento de sêmen, constituem soluções potenciais para minimizar perdas decorrentes da

ação do homem sobre os peixes nativos, garantindo a diversidade genética tanto para os

programas de repovoamento, como para a produção comercial (SHIMODA, 2004).

O sêmen congelado pode ser mantido em bancos de sêmen por prazo

indeterminado, o que possibilita o estabelecimento de programas de melhoramento genético

com a utilização de machos selecionados, eliminação do problema de assincronia da atividade

reprodutiva entre machos e fêmeas, redução do número de reprodutores machos mantidos na

estação de piscicultura, com consequente redução dos custos (GODINHO, 2007).

A técnica de congelamento celular pode ser dividida em três etapas: (1) As células

são submetidas a uma solução crioprotetora, que penetra na célula e substitui a maior

quantidade de água intracelular. (2) Posteriormente, a célula deve regular a osmolaridade,

ficando isotônica com o meio extracelular, o que pode causar efeitos tóxicos e impacto osmótico

nas mesmas. (3) Finalmente, diminui-se a temperatura passando pelo ponto de congelamento

da água e da solução crioprotetora (LEZCANO, 2001).

Existem vários utensílios e equipamentos para congelar as amostras de sêmen,

sendo os mais utilizados as caixas térmicas de poliestireno (rampa de congelação), dry shippers,

máquinas de congelação programada e botijões criogênicos, dentro dos quais são introduzidas

palhetas francesas plásticas ou criotubos, cujo volume pode ser de 0,25; 0,5 e 5 mL (SALMITO-

VANDERLEY et al., 2014).

2.7.1 Soluções diluidoras

Para o congelamento do sêmen faz-se necessária a adição de uma solução diluidora,

composta por diluente(s) e crioprotetor(es). O diluidor é responsável por manter a viabilidade

24

da célula espermática e prevenir as crioinjúrias durante a congelação e descongelação seminal

(SALMITO-VANDERLEY et al., 2012).

O diluente, geralmente uma solução rica em sais e/ou carboidratos, promove o

aumento do volume de sêmen, facilitando sua distribuição em doses, e atua como fonte de

energia para o espermatozoide pós-descongelado. As condições mínimas requeridas para um

diluente adequado são: isotonicidade, para que não haja ativação prévia da motilidade

espermática; estabilidade, pois suas características físico-químicas não devem ser alteradas

durante o contato com o sêmen; condutividade térmica elevada, permitindo a rápida

transferência de temperatura do meio externo para os espermatozoides; esterilidade, ou seja,

não devem vincular microrganismos potencialmente nocivos às células espermáticas; e,

finalmente, servir de carreador de crioprotetores (LEGENDRE; BILLARD, 1980).

Já foram testados, com sucesso, como diluentes de sêmen de peixe o BTS –

Beltsville Thawing Solution®) (MURGAS et al., 2007), 5% de glicose (NASCIMENTO et al.,

2010), água de coco in natura (FARIAS et al., 1999), água de coco em pó (VIVEIROS et al.,

2010; LEITE et al., 2011) entre outros.

A glicose destaca-se nesse contexto por tratar-se de uma solução de fácil aquisição,

já testada com sucesso para o sêmen de curimba (Prochilodus lineatus) (VIVEIROS et al.,

2009)

O crioprotetor, por sua vez, tem como função proteger as células espermáticas dos

efeitos deletérios provocados pela criopreservação. Devem possuir baixa toxicidade para as

células e alta solubilidade em água (BATISTA et al., 2006).

Tais crioprotetores podem ser classificados como intracelulares (permeáveis) ou

extracelulares (impermeáveis). Os crioprotetores intracelulares são indispensáveis para o

sucesso da criopreservação, pois atuam desidratando e reduzindo o ponto crioscópio no interior

das células dificultando a formação de cristais de gelo intracelulares que as danificam. Os

crioprotetores extracelulares podem ser ou não adicionados ao meio de congelamento, e

auxiliam na proteção celular recobrindo a superfície da célula e estabilizando a membrana

espermática (WATSON, 1995). Como exemplo de crioprotetores extracelulares, podem ser

citados a gema de ovo e o leite em pó, conhecidos por sua atividade estabilizadora de membrana

(VIVEIROS; GODINHO, 2009).

Entre os crioprotetores mais utilizados na criopreservação do sêmen de peixe

podem ser citados crioprotetores internos como o dimetilsulfóxido (DMSO), glicerol, metanol

e etilenoglicol usados geralmente a uma concentração de 10% (MARIA, 2005). Outra

substância crioprotetora que vem sendo utilizada é o metilglicol, relativamente não tóxico e já

25

foi testado com sucesso na criopreservação de sêmen de piracanjuba, Brycon orbignyanus

(MARIA et al., 2006), curimba, Prochilodus lineatus (VIVEIROS et al., 2009), pacu, Piaractus

mesopotamicus (ORFÃO et al., 2008) e, mais recentemente, em pirapitinga, Piaractus

brachypomus (NASCIMENTO et al., 2010).

Na maioria dos trabalhos, observa-se que a combinação dos dois agentes

(crioprotetores e diluentes) é bastante variável, o que torna muito difícil a tarefa de distinguir

qual é o fator ideal para cada espécie, já que eles atuam de forma distinta.

2.7.2 Taxas de diluição e tempos de equilíbrio

Além da composição do diluidor, outros fatores podem interferir nos resultados

obtidos após a criopreservação seminal. Dentre eles pode-se destacar a taxa de diluição e o

tempo de equilíbrio.

O tempo de equilíbrio consiste no intervalo de tempo decorrido do momento da

adição do crioprotetor ao sêmen até o momento da congelação e é considerado um fator que

exerce grande influência na qualidade do sêmen pós-descongelado (VIVEIROS et al., 2012).

Para sêmen de peixe, os tempos de equilíbrio mais comumente utilizados variam

entre 10 e 20 minutos (BILLARD; ZHANG, 2001).

A taxa de diluição, por sua vez, corresponde à proporção de sêmen em relação à

solução diluidora. De maneira que, durante a adição de diluidores o sêmen pode ser submetido

a diferentes taxas de diluição para verificar a melhor proporção entre diluente e sêmen.

A utilização de diferentes taxas de diluição permite a adaptação da concentração

espermática da amostra congelada aos objetivos práticos da criopreservação, de acordo com a

dose inseminante que se deseja obter (BOZKURT et al., 2005). A taxa de diluição ideal também

pode variar dentro de uma mesma espécie conforme o diluente utilizado para a criopreservação

seminal (LINHARES, 2012).

26

3 JUSTIFICATIVA

O Prochilodus brevis é um peixe que possui grande valor econômico e ecológico

na Região Nordeste do Brasil, entretanto vem sendo ameaçado pela pesca predatória e pela

construção de barragens nos rios, que impedem a sua migração para reprodução no ambiente

natural. Apesar disso, poucos estudos existem atualmente contemplando aspectos de sua

biologia reprodutiva, principalmente abordando as características de seus gametas e a aplicação

de biotecnologias, como a criopreservação do sêmen.

Dessa forma, e por haver grande variação das características seminais entre as

diversas espécies de peixe, esse trabalho justifica-se pela necessidade da descrição dos

parâmetros seminais dessa espécie, informações necessárias para o estabelecimento de sua

produção em aquicultura e para o desenvolvimento de tecnologias que permitam a conservação

e manutenção desse material genético.

Para isto, o desenvolvimento de um protocolo de congelação para o sêmen desta

espécie, testando diferentes soluções criodiluidoras, tempos de equilíbrio e taxas de

descongelação, também se mostra justificável, como alternativa para a manutenção das

populações e utilização de doses seminais criopreservadas na produção em larga escala desse

animal.

27

4 HIPÓTESES CIENTÍFICAS

• As características seminais de P. brevis obedecem aos padrões já registrados

para a família dos Characiformes.

• A qualidade seminal, pós descongelamento, de P. brevis é influenciada pelo

diluidor utilizado e pela taxa de diluição (sêmen:diluidor), havendo interação entre essas duas

variáveis.

28

5 OBJETIVOS

5.1 OBJETIVO GERAL

Caracterizar o sêmen de curimatã comum e avaliar os efeitos de diferentes

diluidores e taxas de diluição na criopreservação do sêmen de Prochilodus brevis.

5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Descrever as características seminais de Prochilodus brevis, mantidos em cativeiro;

• Avaliar o efeito da associação de diferentes crioprotetores à solução de glicose sobre a

qualidade do sêmen criopreservado de P. brevis;

• Comparar o efeito de diferentes diluidores sobre a cinética e a morfologia espermáticas

do sêmen pós-descongelado de P. brevis;

• Avaliar o efeito de diferentes taxas de diluição sobre a cinética e a morfologia

espermática do sêmen criopreservado de P. brevis;

• Verificar a existência de interação entre o diluidor e a taxa de diluição sobre a qualidade

do sêmen pós-descongelado de P. brevis.

29

6 CAPÍTULO 1

Avaliação de diferentes diluidores e taxas de diluição na criopreservação seminal de

Prochilodus brevis

Evaluation of different diluents and dilution ratios on Prochilodus brevis sperm

cryopreservation

Periódico: Revista Brasileira de Reprodução Animal (Submetido em 25 de maio de 2014).

30

Avaliação de diferentes diluidores e taxas de diluição na criopreservação seminal de

Prochilodus brevis

Evaluation of different diluents and dilution ratios on Prochilidus brevis sperm

cryopreservation

J.T. Lopes1; J.P.S. Pinheiro1, L.T. Nunes1, R.R. Ribeiro-Pinheiro2, M.E.M. Souza1, P.S.

de Almeida2, R.V. Nascimento2; C.C. Campello1, C.S.B. Salmito-Vanderley1,2,3

1Faculdade Veterinária, Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, Ceará, Brasil. 2Centro de

Ciências da Saúde, Universidade Estadual do Ceará, Ceará, Brasil.

3Correspondência: Av. Dr. Silas Munguba, 1700, Campus do Itaperi, Fortaleza-CE. CEP:

60714-903Telefone: 3101 9851. Fax: 3101 9840. E-mail: [email protected].

Resumo

Este estudo objetivou caracterizar o sêmen de Prochilodus brevis e avaliar os efeitos de

diferentes diluidores e taxas de diluição sobre a cinética e morfologia do sêmen criopreservado.

Inicialmente, amostras seminais de P. brevis (n=40) foram analisadas quanto ao volume, pH,

osmolaridade, concentração, motilidade e morfologia espermáticas. Para a criopreservação, o

material coletado foi distribuído em dez pools de sêmen (n=10), submetidos a seis tratamentos

compostos pela combinação de glicose 5%, dois crioprotetores (DMSO ou MG) e três taxas de

diluição (1:3, 1:6 ou 1:9 – sêmen:diluidor). As amostras, in natura e pós-descongeladas, foram

analisadas quanto à sua morfologia e cinética espermática utilizando o CASA. O sêmen de P.

brevis apresentou características semelhantes a demais espécies de Prochilodus. O sêmen

congelado com glicose e MG apresentou resultados significativamente superiores (p<0,05)

comparado àquele congelado utilizando DMSO. As diluições 1:3 e 1:6 apresentaram melhores

resultados para glicose + MG, enquanto 1:9 foi melhor para glicose + DMSO. Portanto, a

31

associação glicose + MG, numa taxa de diluição de 1:3, é a mais indicada para a criopreservação

do sêmen de Prochilodus brevis.

Palavras-chave: Curimatã comum. Congelação. Sêmen. Dimetilsulfóxido. Metil glicol.

Abstract

This study aimed to characterize Prochilodus brevis sperm and evaluate the effects of different

diluents and dilution ratios on kinetics and morphology of cryopreserved sperm. Initially, sperm

samples of P. brevis (n = 40) were assessed for volume, pH, osmolality, spermatic

concentration, motility and morphology. For cryopreservation, the collected material was

distributed in ten pools of semen (n=10), submitted to six treatments composed by a

combination of glucose 5% with two cryoprotectants (DMSO or MG) and three dilution ratios

(1:3, 1:6 or 1:9 – sperm:diluent). In natura and post-thawed samples were assessed for

spermatic morphology and kinetics using CASA. The sperm of P. brevis showed similar

characteristics to other Prochilodus species. Sperm cryopreserved in glucose plus MG

presented significant higher results (p<0,05) compared to sperm frozen in DMSO. The dilution

ratios 1:3 and 1:6 yielded better results for glucose + MG, while 1:9 was the better dilution for

glucose + DMSO. In conclusion, the association glucose + MG, in a dilution ratio of 1:3, is the

most indicated for Prochilodus brevis sperm cryopreservation.

Keywords: Common curimatã. Freezing. Sperm. Dimethyl sulfoxide. Methyl glycol.

Introdução

A curimatã comum (Prochilodus brevis) é um peixe reofílico, nativo do nordeste

brasileiro e de grande valor econômico nessa região (Araújo e Gurgel, 2002). Por se tratar de

uma espécie migratória, a curimatã comum tem sido ameaçada pela construção de reservatórios

32

de água, que impedem a sua migração para reprodução no ambiente natural, e pela pesca

excessiva, principalmente durante o período reprodutivo (Nascimento et al., 2012).

Entretanto, poucos estudos existem atualmente contemplando aspectos da biologia

reprodutiva de P. brevis, principalmente abordando as características de seus gametas e a

aplicação de biotecnologias, como a criopreservação do sêmen, uma área em ascensão para a

produção em aquicultura e preservação do material genético de diferentes espécies (Carolsfeld

et al., 2003).

Para a criopreservação do sêmen faz-se necessária a adição de soluções diluidoras,

compostas por diluentes e crioprotetores, responsáveis por manter a viabilidade da célula

espermática e prevenir as crioinjúrias durante a congelação e descongelação seminal (Salmito-

Vanderley et al., 2012).

Dentre os diluentes que já apresentaram bons resultados, destaca-se a glicose, facilmente

adquirida como uma solução estéril, que pode ser manipulada em campo, sem a necessidade de

estrutura laboratorial complexa (Viveiros et al., 2009).

Quanto aos crioprotetores, o dimetilsulfóxido (DMSO) é o agente crioprotetor utilizado,

com sucesso, na criopreservação seminal da maioria das espécies Characiformes sul americanas

(Carolsfeld et al., 2003). Outro crioprotetor, alternativo ao DMSO, é o metil glicol (MG), já

testado com bons resultados na criopreservação de sêmen de Prochilodus lineatus (Viveiros et

al., 2009) e Piaractus brachypomus (Nascimento et al., 2010), entre outros.

No processo de criopreservação, as peculiaridades de cada espécie e os diversos

aspectos do protocolo utilizado podem influenciar a qualidade do sêmen descongelado, o que

gera a necessidade de elaboração de protocolos adaptados a cada espécie. Para isso, é necessário

padronizar etapas e parâmetros do processo de congelação (Carneiro et al., 2012), dentre eles a

determinação da melhor taxa de diluição (sêmen:diluidor), dos melhores diluentes e

crioprotetores, assim como da melhor combinação entre eles.

33

Dessa forma, esse estudo teve como objetivos caracterizar o sêmen de Prochilodus

brevis e avaliar a utilização de diferentes diluidores e taxas de diluição na criopreservação do

sêmen dessa espécie por meio de análise cinética e morfológica.

Material e métodos

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética para o Uso de Animais da UECE com a

seguinte numeração: 12776936-6. O experimento foi realizado no Laboratório de Biotecnologia

da Reprodução de Peixes (LBRP) da Universidade Estadual do Ceará, em Fortaleza, Ceará,

Brasil.

Utilizou-se um total de 55 machos de curimatã comum, pertencentes ao plantel de

reprodutores do LBRP, que foram pesados e induzidos hormonalmente à espermiação, por via

intracelomática, com dose única de extrato hipofisário de carpa comum (Cyprinus carpio)

(EHC) na proporção de 3 mg/Kg de peso animal. Após 18 horas da indução hormonal, os

animais foram sedados com solução à base de óleo de cravo (Eugenol; União Vegetal

Suplementos Nutricionais Ltda), até que fosse evidenciada sua perda de equilíbrio. Atingindo

este estado, o animal foi submetido à coleta de sêmen.

Para a coleta, orifício genital dos machos foi enxuto com papel toalha, a fim de evitar

contaminação por água, sangue, fezes ou urina. A espermiação foi realizada por meio de uma

leve pressão abdominal no sentido anteroposterior, o sêmen foi coletado em tubos graduados

de polietileno e mantido em caixa térmica com gelo, a aproximadamente 4 ºC, até que fosse

analisado e processado.

Foram selecionadas para os experimentos, as amostras não contaminadas e que exibiam

motilidade ≥80%, após a ativação com água do tanque.

Experimento 1:

34

Para a caracterização seminal, foram realizadas quatro coletas, utilizando 10 animais em

cada (n=40). As amostras in natura foram destinadas às seguintes análises:

a) Volume do ejaculado (mL) – aferido por meio de tubos graduados;

b) Osmolaridade seminal – mensurada pela deposição de 100 µL de sêmen de cada

animal em osmômetro digital de refrigeração Peltier (Roebling, Alemanha).

c) pH seminal (0-14) – obtido por meio da utilização de fitas de pH (MERCK-

Alemanha), umedecidas com 10 µL de sêmen de cada animal;

d) Motilidade espermática – expressa pela porcentagem de espermatozoides

móveis, estimada em escala arbitrária de 0 – 100%, por meio de análise em microscopia ótica

(400x), após a ativação de 2 µL de sêmen com 100 µL de água do tanque;

e) Concentração espermática – estimada por meio de contagem das células em

câmara de Neubauer por meio de microscopia ótica (400x), após a fixação destas em solução

de citrato formolizado a 4% na proporção de 1:4000 (sêmen:fixador).

f) Morfologia espermática – analisada por meio da observação de esfregaços de

sêmen corados com rosa bengala (1:10 – corante:sêmen). As leituras foram realizadas com

auxílio de microscópio ótico de contraste de fase (Nikon® H550S, ECLIPSE 50i, Japan). O

exame consistiu na observação da presença de morfoanomalias de cabeça (microcefalia e

macrocefalia) e cauda, de acordo com a classificação usada por (Galo et al., 2011), de 100

espermatozoides por lâmina, duas lâminas por animal.

Experimento 2 - Criopreservação:

Foram realizadas duas coletas, a partir das quais foram formados dez pools de sêmen,

no total, compostos de três animais cada.

Cada pool (n=10) foi submetido a seis tratamentos, resultantes da combinação do

diluente glicose 5% (Fresenius Kabi Brasil Ltda), associado aos crioprotetores DMSO (Vetec

35

Química Fina Ltda, Rio de Janeiro, Brasil) ou metil glicol (Vetec Química Fina Ltda, Rio de

Janeiro, Brasil), ambos a 10%, nas taxas de diluições de 1:3, 1:6 ou 1:9 (sêmen:diluidor).

Cada tratamento foi envasado em duas palhetas francesas de 0,25 mL, totalizando 120

palhetas (10 pools x 6 tratamentos x 2 palhetas replicadas). Após envase, as palhetas foram

vedadas com álcool polivinílico e mantidas sob refrigeração (4 ºC) por 15 minutos. Em seguida,

as palhetas foram congeladas em dry shipper por 15 minutos e, posteriormente, transferidas

para um botijão de nitrogênio líquido a -196 °C. Após 15 dias, o sêmen foi descongelado em

banho-maria a 25 °C por 30 s.

Para as análises das amostras, uma alíquota de cada pool in natura e pós-descongelação

foi fixada para a análise da morfologia espermática. A confecção dos esfregaços foi realizada

utilizando o mesmo procedimento descrito para o experimento 1.

Outra alíquota dos pools foi utilizada para a avaliação da cinética espermática do sêmen

in natura e pós-descongelado. Para tanto, sobre uma câmara de Makler, 1 µL de sêmen foi

homogeneizado com 100 µL de solução ativadora (NaCl 50 mM – 100mOsm), e submetido

imediatamente à análise.

As análises foram realizadas utilizando o sistema de análise seminal auxiliada por

computador (CASA), por meio do software Sperm Class Analyser (SCA, Microptics –

Barcelona - Espanha, versão 3.2). Foram analisados os seguintes parâmetros: percentual de

espermatozoides móveis (Motilidade - %), velocidade curvilinear (VCL - μm/s), velocidade em

linha reta (VSL - μm/s) e velocidade média do percurso (VAP - μm/s).

Análise estatística

Os dados foram inicialmente submetidos aos testes de Shapiro-Wilk e Bartlett para

verificação da normalidade da distribuição dos resíduos e homogeneidade de variâncias entre

os tratamentos, respectivamente. Quando confirmado o atendimento das exigências para

realização da análise de variância (ANOVA), esta foi então executada com auxílio do

36

procedimento GLM do Programa SAS (2002), considerando um delineamento experimental

inteiramente casualizado em arranjo fatorial 2 × 3 (crioprotetores x diluições) e a interação entre

crioprotetor e diluição. Quando algum dos efeitos principais ou interação demonstrou ser

significativa, o teste de Student-Newman-Keuls (SNK) foi aplicado para comparação das

médias. Nos casos em que não houve atendimento das exigências para realização da ANOVA,

mesmo após transformação de dados (logarítmica, radicial ou angular), foi aplicado o teste não

paramétrico de Kruskal-Wallis. Diferenças foram consideradas significativas quando p<0,05 e

os resultados foram apresentados como média ± erro padrão das médias.

Resultados

As características seminais e o peso dos animais utilizados no presente estudo estão

contidos na Tab. 1.

A análise cinética e morfológica das amostras in natura a serem criopreservadas

forneceu os seguintes valores (médias ± desvio padrão): 98,56 ± 0,24% de espermatozoides

móveis; VCL=108,27 ± 6,76 µm/s; VSL=45,80 ± 1,92 µm/s; VAP=84,49 ± 4,65 µm/s; e 94,80

± 0,63% de espermatozoides morfologicamente normais.

Para todos os parâmetros cinéticos avaliados, o sêmen congelado utilizando a glicose

associada ao MG apresentou resultados superiores (p<0,05), quando comparado às amostras

criopreservadas com o DMSO, independentemente da taxa de diluição. Entretanto, não foi

observada diferença (p>0,05) nas taxas de espermatozoides morfologicamente normais, que

variou de 75,95 ± 1,32 a 84,05 ± 2,10% (Tab. 2).

Com relação às taxas de diluição, quando houve diferença entre elas (p<0,05), a

proporção 1:3 tendeu a apresentar os melhores resultados quando o diluidor utilizado foi glicose

+ MG, apesar de não ter havido diferença (p>0,05) entre 1:3 e 1:6. Contudo, quando o sêmen

37

foi congelado utilizando glicose + DMSO, os melhores resultados foram alcançados com a

diluição 1:9 (Tab. 2).

Desse modo, os melhores resultados foram alcançados com a utilização do MG

associado às taxas de diluição 1:3 e 1:6, seja para taxa de motilidade espermática (41,04 ± 6,11

e 43,05 ± 6,75%, respectivamente), VCL (67,65 ± 2,88 e 65,01 ± 1,68 µm/s, respectivamente),

VSL (34,17 ± 2,72 e 32,77 ± 1,11 µm/s, respectivamente) e VAP (53,20 ± 4,18 e 48,72 ± 0,99

µm/s, respectivamente) (Tab. 2).

Além disso, foi observado um efeito significativo da interação entre o diluidor e a taxa

de diluição nos parâmetros VCL (p<0,0142) e VSL (p<0,0015).

Discussão

O presente estudo observou os efeitos de diferentes crioprotetores e taxas de diluição

sobre a qualidade seminal de curimatã comum, analisadas por meio de parâmetros cinéticos e

morfológicos do sêmen pós-descongelado. Inicialmente, buscou-se caracterizar o sêmen in

natura dessa espécie, visando conhecer melhor o material a ser trabalhado, já que as

características do sêmen in natura podem estar relacionadas à qualidade seminal após a

criopreservação. Isso faz com que a avaliação dessas características seja indispensável na rotina

de reprodução artificial de qualquer espécie (Solis-Murgas et al., 2011).

Apesar de não terem sido encontrados na literatura trabalhos descrevendo as

características seminais de P. brevis, foram obtidos, nesse estudo, valores próximos aos

encontrados para outras espécies do gênero Prochilodus, cujos valores estão compreendidos

entre: 254 a 1400 g – peso corporal; 1,05 a 1,09 mL – volume seminal; 286 a 337 mOsm –

osmolaridade seminal; 17,37 a 19,2.109 espermatozoides/mL – concentração espermática; 89 a

99,8% de espermatozoides móveis – motilidade; e aproximadamente 90% de espermatozoides

morfologicamente normais – morfologia (Kavamoto et al., 1999; Felizardo et al., 2010;

38

Viveiros et al., 2010; Martínez et al., 2012; Nascimento et al., 2012; Gonçalves et al., 2013). O

pH seminal também encontrou-se dentro do esperado para peixes de água doce, que varia de

6,5 a 8,5 (Tabares et al., 2005).

Entretanto, deve-se ressaltar que tais características podem ser influenciadas por muitos

fatores, tais como: espécie, estado nutricional, idade e peso do animal, tipo e dosagem da

indução hormonal, clima, período do ano, frequência de coleta, entre outros (Solis-Murgas et

al., 2011).

No tocante aos resultados obtidos a partir do sêmen descongelado, foi evidente o

decréscimo da qualidade seminal em comparação ao sêmen fresco (p<0,05), revelando que,

assim como esperado, o processo de criopreservação provoca danos que afetam o desempenho

das células espermáticas (Martínez e Pardo-Carrasco, 2013).

Com relação à morfologia espermática de peixes, não existem valores de referência pré-

estabelecidos para julgar o material espermático apto ou não à fertilização. Os índices de

anormalidades morfológicas dos espermatozoides descongelados no presente estudo, que

variaram de 15,95 a 24,05%, encontram-se dentro do recomendado para bovinos e equinos

(30%) e apenas pouco acima do recomendado para ovinos e suínos (20%) pelo Colégio

Brasileiro de Reprodução Animal (CBRA, 2013). Os resultados de anormalidade encontrados

na presente pesquisa assemelham-se aos de Felizardo et al. (2010), que variaram de 20,66 a

30,82% para sêmen criopreservado de P. lineatus.

Os valores encontrados para as velocidades (VCL, VSL e VAP) no sêmen pós-

descongelado, independente do tratamento, foram superiores aos obtidos para P. lineatus por

Viveiros et al. (2010), que encontrou VCL=49,1 µm/s; VSL=24,3 µm/s e VAP=36,0 µm/s.

Bons resultados referentes a esses parâmetros são de notável importância, uma vez que existe

uma correlação positiva das velocidades espermáticas com a taxa de fertilização, especialmente

39

da velocidade curvilinear de acordo com os resultados encontrados para P. lineatus e

Colossoma macropomum (Viveiros et al., 2010; Carvalho, 2013).

Com relação aos diluidores utilizados, foi observado que, apesar de o DMSO ser um

crioprotetor amplamente testado e apresentar bons resultados em diversas espécies de

Characiformes (Godinho e Viveiros, 2011), o sêmen criopreservado com DMSO alcançou,

nesse estudo, resultados de motilidade espermática significativamente inferiores quando

comparado ao MG, corroborando com resultados encontrados por outros autores, como por

Viveiros et al. (2009) para P. lineatus, cuja motilidade espermática foi ≥93% e ≤50% para MG

e DMSO, respectivamente; e por Carneiro et al. (2012) para C. macropomum, que apresentou

motilidade espermática de 57% e 23% utilizando MG e DMSO, respectivamente.

Apesar de apresentar toxicidade menor do que alguns crioprotetores, como o glicerol,

já foi relatado que o DMSO apresenta elevada toxicidade e que concentrações ou tempos de

equilíbrio elevados desse crioprotetor podem provocar redução significativa na qualidade do

sêmen de peixes. Assim, o tempo de equilíbrio utilizado após a diluição seminal pode ter sido

demasiado, fazendo com que as células ficassem superexpostas à ação tóxica dos crioprotetores,

ou pode não ter sido suficiente para que o crioprotetor penetrasse adequadamente nas células,

diminuindo sua capacidade protetora (Bedore, 1999). Alguns autores sugerem ainda que o

tempo de equilíbrio é desnecessário (Nascimento et al., 2012).

A diferença estatística entre as taxas de diluição, que evidenciaram a tendência de

melhores resultados utilizando as proporções 1:3 e 1:6 como taxa de diluição para o diluidor

glicose + MG, pode estar relacionada à sensibilidade dos espermatozoides dessa espécie ao

crioprotetor, já que, nessas diluições, as células espermáticas entram em contato com uma

quantidade menor dele. Isso demonstra que os espermatozoides de diferentes espécies

apresentam variados graus de sensibilidade a diferentes crioprotetores (Peñaranda et al., 2009).

40

Além disso, é possível que a interação diluente + crioprotetor tenha sido mais efetiva

entre glicose e MG do que entre glicose e DMSO, assim como o observado por Viveiros et al.

(2009), fazendo com que, mesmo com uma menor proporção sêmen:diluidor, a proteção aos

espermatozoides fosse eficiente. Essa eficiência, no entanto, foi menor quando se utilizou a

associação glicose + DMSO, levando à necessidade de uma maior quantidade de diluidor para

a obtenção de melhores resultados, observados quando se utilizou a diluição 1:9. Tais hipóteses

são reforçadas pela presença de uma forte interação do diluidor com o as taxas de diluição,

observada no presente estudo, em especial nos parâmetros VCL (p<0,0142) e VSL (p<0,0015).

O estado funcional das células descongeladas é resultado de injúrias acumuladas durante

todo o processo de congelação, de modo que os danos celulares de diversos graus de severidade

podem ser induzidos por diferentes mecanismos e variáveis em cada fase da criopreservação

(Medeiros et al., 2002). Além das variáveis testadas nesse estudo, outras podem interferir nos

resultados pós-descongelação, tais como concentração e toxicidade dos crioprotetores

(Peñaranda et al., 2009), a taxa de resfriamento, tempo e método de adição dos crioprotetores,

métodos de envase, condições de congelação, tempo de descongelação, método de análise da

motilidade (Salmito-Vanderley et al., 2012).

A redução de alguns valores encontrados para os parâmetros avaliados nesse estudo,

não se traduzem, necessariamente, em baixa capacidade fertilizante, uma vez que a alta

velocidade individual de alguns espermatozoides dentro de um ejaculado pode ser suficiente

para se obter boas taxas de fertilização (Haugland et al., 2009). Tal fato foi observado no

trabalho de Menezes et al. (2008), que alcançou 76% de taxa de fertilização com 20% de

motilidade espermática de sêmen criopreservado de C. macropomum.

41

Conclusões

O sêmen in natura de Prochilodus brevis possui características que se enquadram no

padrão encontrado para diferentes espécies do gênero Prochilodus. Dentre os tratamentos

empregados nesse estudo, a associação de glicose a 10% de metil glicol, numa taxa de diluição

de 1:3, é a mais indicada para a criopreservação do sêmen de curimatã comum. No entanto,

mais estudos devem ser realizados, visando aprimorar os resultados e encontrar um protocolo

de criopreservação que mais se adeque à espécie.

Agradecimentos

Ao Departamento Nacional de Obras contra as Secas, pelos animais doados; à

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e à Financiadora de Estudos e

Projetos, pelo apoio financeiro.

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44

Tabela 1. Média ± desvio-padrão do peso e dos parâmetros do sêmen in natura de Prochilodus

brevis.

Parâmetro Média ± D.P.

Peso animal (g) 477,68 ± 88,13

Volume seminal (mL) 1,31 ± 0,64

pH 8,21 ± 0,27

Osmolaridade (mOsm) 276,18 ± 23,70

Concentração (x109 sptz/mL) 22,26 ± 9,34

Motilidade total (%) 95,54 ± 3,63

Espermatozoides morfologicamente normais (%) 97,21 ± 1,46

Tabela 2 Média ± erro-padrão dos parâmetros cinéticos (Porcentagem de espermatozoides móveis – Motilidade;

Velocidade Curvilinear – VCL; Velocidade em Linha Reta – VSL; e Velocidade Média do Percurso – VAP) e

morfológicos (Porcentagem de espermatozoides normais – Morfologia) do sêmen pós-descongelação de

Prochilodus brevis em função do diluidor e taxas de diluição utilizadas.

Parâmetro

Diluição

Crioprotetor 1:3 1:6 1:9

Motilidade (%) MG 41,04 ± 6,11Aa 43,05 ± 6,75Aa 41,26 ± 4,51Aa

DMSO 11,36 ± 1,48Bb 13,16 ± 1,73Bb 23,98 ± 2,86Ab

VCL (µm/s) MG 67,65 ± 2,88Aa 65,01 ± 1,68Aba 59,01 ± 2,57Ba

DMSO 35,91 ± 1,45Ab 35,90 ± 0,98Ab 38,53 ± 1,33Ab

VSL (µm/s) MG 34,17 ± 2,72Aa 32,77 ± 1,11Aba 27,78 ± 1,65Ba

DMSO 15,28 ± 2,03Bb 16,41 ± 1,56Bb 22,26 ± 1,62Ab

VAP (µm/s) MG 53,20 ± 4,18Aa 48,72 ± 0,99Aba 44,07 ± 2,17Ba

DMSO 24,50 ± 1,58Bb 25,39 ± 1,26Bb 31,27 ± 1,44Ab

Morfologia (%) MG 80,30 ± 1,05Aa 79,55 ± 1,81Aa 75,95 ± 1,32Aa

DMSO 84,05 ± 2,10Aa 79,70 ± 3,25Aa 78,45 ± 1,88Aa

A, B Letras maiúsculas distintas representam diferenças significativas entre as diluições, dentro de um mesmo

parâmetro (p<0,05) a, b Letras minúsculas distintas representam diferenças significativas entre os diluidores, dentro de um mesmo

parâmetro (p<0,05)

45

7 CONCLUSÕES

O sêmen in natura de Prochilodus brevis possui, assim como esperado,

características físico-químicas que se enquadram no padrão encontrado para diferentes espécies

do gênero Prochilodus.

A associação do diluente glicose (5%) ao crioprotetor metil glicol (10%), numa taxa

de diluição de 1:3, é a mais indicada para a criopreservação do sêmen de curimatã comum, por

apresentar os melhores resultados após o descongelamento seminal.

46

8 PERSPECTIVAS

Usar o conhecimento acerca das características espermáticas de P. brevis para

melhorar seu manejo reprodutivo e subsidiar o desenvolvimento de novas pesquisas sobre a

reprodução dessa espécie.

Aprimorar o protocolo sugerido por meio desse estudo, visando atingir melhores

resultados de cinética e morfologia espermática.

Realizar novas pesquisas, observando outros parâmetros para avaliação da

qualidade seminal como tempo de equilíbrio, duração da motilidade, vitalidade espermática,

integridade do DNA e testes de fertilização, buscando compreender melhor os fatores que

interferem na capacidade fecundante do sêmen descongelado de Prochilodus brevis.

Difundir os resultados dessa pesquisa, com o propósito de possibilitar a adaptação

e utilização da biotecnologia do sêmen para a produção dessa espécie em estações de psicultura.

47

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