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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS DE ASSIS CADERNO DE RESUMOS E PROGRAMAÇÃO Biblioteca - Vieira da Silva - 1949 X SEL SEMINÁRIO DE ESTUDOS LITERÁRIOS ‘‘CULTURA E REPRESENTAÇÃO’’ 8 e 9 de novembro de 2010 Programa de Pós-graduação em Letras UNESP/Assis AGÊNCIAS FINANCIADORAS: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Faculdade de Ciências e Letras de Assis Av. Dom Antônio, 2100 - CEP 19.806-900 - Assis/SP Tel.: (18) 3302-5800 - Fax: (18) 3302-5804 www.assis.unesp.br

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTAFACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS DE ASSIS

CADERNO DE RESUMOS

E PROGRAMAÇÃO

Biblioteca - Vieira da Silva - 1949

X SELSEMINÁRIO DE ESTUDOS LITERÁRIOS

‘‘CULTURA E REPRESENTAÇÃO’’

8 e 9 de novembro de 2010Programa de Pós-graduação em Letras

UNESP/Assis

AGÊNCIAS FINANCIADORAS:

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

Faculdade de Ciências e Letras de Assis

Av. Dom Antônio, 2100 - CEP 19.806-900 - Assis/SPTel.: (18) 3302-5800 - Fax: (18) 3302-5804

www.assis.unesp.br

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Biblioteca - Vieira da Silva - 1949

X SELSEMINÁRIO DE ESTUDOS LITERÁRIOS

‘‘CULTURA E REPRESENTAÇÃO’’

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTAFACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS DE ASSIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS

8 e 9 de novembro de 2010www.assis.unesp.br/sel

e-mail: [email protected]

ASSIS2010

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA ‘

ReitorHerman Jacobus Cornelis Voorwald

Vice-ReitorJulio Cezar Durigan

FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS DE ASSIS

DiretorMário Sérgio Vasconcelos

Vice-DiretorIvan Esperança Rocha

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS

CoordenadoraCleide Antonia Rapucci

Vice-CoordenadorÁlvaro Santos Simões Junior

MEMBROS DO CONSELHO DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS

Ana Maria Domingues de OliveiraAntonio Roberto Esteves

Benedito AntunesCarlos Eduardo Mendes de Moraes

Maria Lídia Lichtscheidl MarettiJoão Luís Cardoso Tápias Ceccantini

X SEL - SEMINÁRIO DE ESTUDOS LITERÁRIOS‘‘Cultura e Representação’’

COMISSÃO ORGANIZADORA

CoordenaçãoCleide Antonia Rapucci

Vice-Coordenação Ana Maria Carlos

Maria Lídia Lichtscheidl MarettiRosane Gazolla Alves Feitosa

Equipe de ApoioEsequiel Gomes da Silva - Doutorando UNESP/Assis

Jaison Luis Crestani - Doutorando UNESP/AssisKatia Rodrigues Mello Miranda - Doutoranda UNESP/Assis

Davi Siqueira Santos - Mestrando UNESP/AssisFrederico Helou Doca de Andrade - Mestrando UNESP/Assis

Kátia Isidoro de Oliveira - Mestranda UNESP/AssisMeriele Miranda de Souza - Mestranda UNESP/Assis

Rebeca Alves - Mestranda UNESP/AssisFlávia Giulia Andriolo Pinati - Graduanda UNESP/Assis

Marcos Francisco D’andrea - Secretário da Seção de Pós-Graduação

Projeto gráfico e diagramaçãoFrederico Helou Doca de Andrade - Mestrando UNESP/Assis

‘JÚLIO DE MESQUITA FILHO’’ SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 8Cleide Antonia Rapucci ........................................................................................................................... 8Ana Maria Carlos .................................................................................................................................... 8

PROGRAMAÇÃO GERAL ............................................................................................................... 9PROGRAMAÇÃO DAS SESSÕES DE COMUNICAÇÃO ................................................................ 10

RESUMOS DAS CONFERÊNCIAS .................................................................................................. 31Sandra Margarida Nitrini (USP) ............................................................................................................. 33Lúcia Osana Zolin (UEM) ...................................................................................................................... 31Marlise Vaz Bridi ( USP/MACKENZIE/SP) ............................................................................................ 32Arnaldo Franco Jr. (UNESP - São José do Rio Preto) ............................................................................ 31Márcia Valéria Zamboni Gobbi (UNESP - Araraquara) .......................................................................... 32Sandra Guardini Teixeira Vasconcelos (Doutora - USP) ....................................................................... 32Maria Adélia Menegazzo ( UFMS) ........................................................................................................ 32Antonio Dimas ( USP) ........................................................................................................................... 31

RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES ................................................................................................. 33

.................................................................................... 33...................................................................... 33

......................................................................... 34.................................................................. 34

.................................................................................. 34....................................................................... 35

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.................................................................................................... 36..................................................... 36

...................................................................... 37................................... 37

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............................................... 38............................................................................ 38

................................................................. 39............................................ 39

......................................................................... 40.............................................................................. 40............................................................................. 40

................... 41..............................................................41

......................................................... 41.................................................................... 42

................................ 42..................................................................................... 43

............................. 43.............................................................. 43

....................................................................................... 44....................................................................... 44

.................................................................................... 45............................................................................ 45

Adenize Aparecida Franco (Doutoranda – USP) Adriana Carvalho Conde (Doutoranda – UNESP – Assis) Adriana Dusilek (Doutoranda – UNESP/Assis – CNPq) Adriana Giarola Ferraz Figueiredo (Doutoranda – UEL/PR) Adriana Lopes de Araujo (Mestranda – UEM/PR) Adriana Marcon (Graduanda - UNESP/Assis - FAPESP) Adriano Loureiro (Graduado – UNESP – Assis) Adson Cristiano Bozzi Ramatis Lima (Doutor – UEM/PR) Aldilene Lopes de Morais (UFPA/PA) Alessandra da Silva Carneiro (Mestranda – USP – CAPES/PROEX) Alessandra Fabrícia Conde da Silva (Mestre – UFPA/PA) Alessandra Navarro Fernandes (Doutoranda – UEL/PR – Fundação Araucária) Aline Cristina de Oliveira (Mestranda - UNESP/Assis – CAPES) Alita Tortello Caiuby (Mestranda - UNICAMP – CAPES) Amable Daiane Custódio Ribeiro (Graduanda – UNESP/Assis – CNPq) Ana Claudia Freitas Pantoja (Doutoranda – UEL/PR) Ana Maria Carlos (Doutora – USP – Docente UNESP/Assis) Ana Maria de Moura Schäffer (Doutora – Unicamp – Docente UNASP/SP) Ana Maria Lange Gomes (Graduanda - UNESP/Assis) Ana Paula dos Santos Martins (Doutoranda – USP) Ana Paula Foloni Gamba (Doutora – UNESP/Assis) Ana Paula Franco Nobile Brandileone (Doutora UNESP/Assis – Docente UNIFADRA /SP) André da Costa Lopes (Mestrando – UNESP/Assis - FAPESP) André Ferreira Gomes de Carvalho (Mestrando – USP – CAPES) Andrea Carina Pilipposian (Mestranda – MACKENZIE/SP Andressa Cristina de Oliveira (Pós-doutoranda – UNESP/Araraquara – FAPESP) Angela Simone Ronqui (Mestranda – UEL/PR) Antonio Roberto Esteves (Livre-docente – UNESP/Assis – Docente UNESP/Assis) Ariadne Maria de Mendonça Chaves (Mestranda – UFSJ/MG) Ariane Carvalho (Mestranda – UNESP/Assis) Arilson Silva de Oliveira (Doutorando – USP – FAPESP) Áureo Joaquim Camargo (Mestre – UFMS/MS) Beatriz Simonaio Birelli (Mestranda - UNESP/ Assis)

AGÊNCIAS FINANCIADORAS:

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Bento Matias Gonzaga Filho (Mestrando – UNEMAT/MT) Bernardo Antonio Gasparotto (Mestrando – UNIOESTE/PR – CAPES) .............................. 46Bianca Campello Rodrigues Costa (Mestranda – UFPE/PE – CAPES) ............................... 47Brenda Carlos de Andrade (Doutoranda – UFPE/PE) .......................................................... 47Brigitte Monique Hervot (Doutora – UNESP/Assis) ............................................................... 47Bruna Carolina de Almeida Pinto (Graduanda – IC – UNESP/Assis – FAPESP) ................ 48Bruna Otani Ribeiro (Graduanda – UNIOESTE/PR) ............................................................. 48Bruno Guirado (Doutorando – UNESP/Assis) ....................................................................... 49Bruno Miranda Santos (Graduando – UNESP/Assis) ........................................................... 49Bruno Tomaz Custódio dos Reis (Graduando – UNESP/Assis) ........................................... 49Camila Akemi Abe (Graduanda – UNESP/Assis) .................................................................. 50Camila Gouveia Prates de Paiva (Graduanda – UEL/PR) .................................................... 50Camila Soares López (Mestranda – UNESP/Assis – FAPESP) ........................................... 50Carla Alves de Carvalho Yahn (Mestranda – UNESP/Assis) ................................................ 51Carla Caroline Oliveira dos Santos (Especialização – UNESP/Assis) ................................. 51Carla Drielly dos Santos Teixeira (UNESP/Assis) ................................................................. 51Carlos Eduardo dos Santos Zago (Mestrando – UNESP/Assis) .......................................... 52Carlos Felipe da Silva dos Santos (Graduando – UNESP/Assis) ........................................ 52Carmem Lúcia Foltran (Doutoranda – USP) ......................................................................... 52Célia Cristina de Azevedo Ask – (Doutoranda – Unesp/Assis) ............................................. 53Cínthia Renata Gatto Silva (Mestranda – UEL/PR – CAPES) .............................................. 53Clara Miguel Asperti Nogueira (Doutoranda – Unesp/Assis) ................................................ 54Clauber Ribeiro Cruz (Graduando – UNESP/Assis) ............................................................. 54Clayton Alexandre Zocarato (Especialização – UNICEP) ..................................................... 54Cleber José de Oliveira (Graduado – UFGD/MS) ................................................................. 55Cleia da Rocha Sumiya (Mestranda – UEL/PR) ................................................................... 55Cleide Antonia Rapucci – (Doutora UNESP/Assis - Docente FCL/UNESP/Assis) ............... 55Cleomar Pinheiro Sotta (Graduando - UNESP /Assis – FAPESP) ....................................... 56Daniela Mantarro Callipo (Doutora – USP – Docente UNESP/Assis) .................................. 56Daniela Maria Nazaré da Silva Cândido (Mestranda – UEL/PR) .......................................... 56Danielle dos Santos Corpas (Doutora – UFRJ/RJ – Docente UFRJ/RJ) ............................. 57Davi Siqueira Santos (Mestrando – UNESP/Assis - FAPESP) ............................................. 57Débora de Freitas Ramos Apolinário (Especialista - UERJ-FFP) ......................................... 57Deivid Aparecido Costruba (Mestrando em História – UNESP/Assis – CAPES) ................. 58Delvanir Lopes (Doutorando - UNESP/Assis – FAPESP) ..................................................... 58Denise Regina de Sales (Doutoranda – USP – CAPES) ...................................................... 58Denize Helena Lazarin (Mestre – UFSM/RS – Docente UNICENTRO/PR) ......................... 59Diego Andrade Ferreira (Graduando – UNESP/Assis) ......................................................... 59Dilma Beatriz Rocha Juliano (Doutora – UFSC/SC – Docente UNISUL/SC) ....................... 59Dirceu Magri (Doutorando – USP – CNPq) ........................................................................... 60Douglas Valeriano Pompeu (Mestrando – USP – FAPESP) ................................................. 60Elaine Carneiro Domingues Sant'Anna (Mestre – UFSC/SC) .............................................. 61Eliana Mirian Ferreira Nunes (Mestranda – UFOP/MG) ....................................................... 61Eliane Aparecida Galvão Ribeiro Ferreira (Doutora UNESP/Assis – Docente FEMA) ........ 61Elias Vidal Filho (Graduando – UNESP/Assis – FAPESP) ................................................... 62Elisa dos Santos Prado (Mestranda - Unesp/Assis) ............................................................. 62Elisabeth Batista (Doutora – USP – docente – UNEMAT/MT) .............................................. 62Ellen Elsie Silva Nascimento (Mestranda – USP – CNPq) ................................................... 63Emília Amaral (Pós-doutoranda – USP – FAPESP) .............................................................. 63Enéias Farias Tavares (Doutorando – UFSM - CAPES) ....................................................... 64Eric Tiago Minervino (Graduando - UNESP/Assis) ............................................................... 64Esequiel Gomes da Silva (Doutorando - UNESP/Assis) ............................................................64Ewerton de Sá Kaviski (Mestrando – UFPR/PR – CNPq) .................................................... 64Fabiana Miraz de Freitas Grecco (Mestranda – UNESP/Assis – CAPES) ........................... 65Fabiano Rodrigo da Silva Santos (Doutor – UNESP/Araraquara) ........................................ 65Felipe Pupo Pereira Protta (Mestrando – MACKENZIE/SP) ................................................ 65Fernanda Almeida Lima (Doutoranda – UFRJ - CNPq) ........................................................ 66

................................................... 46 Fernanda Oliveira Cunha (Graduada - UNESP/Assis) Flávia Andrea Rodrigues Benfatti (Doutoranda – USP – CAPES) ................................................ 67Flávia Giúlia Andriolo Pinati (Graduanda – UNESP/Assis – FAPESP) ......................................... 67Flávia Heloísa Unbehaum Ferraz (Mestranda – UEL/PR – CAPES) ............................................ 67Flávia Lourenço (Graduanda – UNESP/Assis) .............................................................................. 68Francisco Claudio Alves Marques (Doutor – USP) ........................................................................ 68Frederico Helou Doca de Andrade (Mestrando – UNESP/Assis – FAPESP) ............................... 68Gabriela Kvacek Betella (Pós-doutora – USP – Docente UNESP/Assis) ..................................... 69Geraldo Lucindo Neto (Graduando – UNESP/Assis) ..................................................................... 69Gilmei Francisco Fleck (Doutor – UNESP/Assis – Docente UNIOESTE/PR) ............................... 70Giovana Bleyer Ferreira dos Santos (Doutoranda – UFSC/SC) .................................................... 70Gisele Pereira de Oliveira (Doutoranda – UNESP/Assis) .............................................................. 44Glaucia Regina Fernandes de Oliveira (Graduanda – UNESP/Assis – FAPESP) ........................ 71Gustavo Fujarra Carmona (Mestrando – UEL/PR – CAPES) ........................................................ 71Héder Junior dos Santos (Mestrando – UNESP/Assis) ................................................................. 71Helena Aparecida de Carvalho (Mestranda – UFSJ/MG) .............................................................. 72Heloisa Helou Doca (Doutora – UNESP/Assis – Docente UNIMAR) ............................................ 72Heloiza Brambatti Granjeiro (Mestranda – UNESP/Assis - FAPESP) ........................................... 41Helton Marques (Mestrando – UNESP/Assis) ................................................................................ 72Henrique Sergio Silva Corrêa (Mestrando – UNESP/Assis – FAPESP) ....................................... 73Hérica Aparecida Jorge da Cunha Pinheiro (Mestranda – UNEMAT/MT – CAPES) .................... 73Iara Christina Silva Barroca (Doutoranda – PUC/MG – Docente UFV/MG) .................................. 73

Ingrid Leutwiler Peres Faustino (Graduanda – UNESP/Assis) ...................................................... 74Isabel Cristina Domingues Aguiar (Doutoranda – UNESP/Assis) ................................................. 74Isis Milreu (Doutoranda – UNESP/Assis – Docente UFCG/PB) .................................................... 74Jacicarla Souza da Silva (Doutoranda – UNESP/Assis – Docente UNIOESTE/PR) .................... 75Jaison Luís Crestani (Doutorando – UNESP/Assis – FAPESP) .................................................... 75Jane Pinheiro de Freitas (Doutoranda – USP – CAPES) .............................................................. 75Jaqueline Garcia Ferreira (Graduanda – UNESP- Assis) .............................................................. 76Jeovani Lemes de Oliveira (Mestrando – UNEMAT/MT) ............................................................... 76Jéssica Sayuri Mori Kanno (Graduada em História – UNESP/Assis) ........................................... 77João José Bosco Pereira (UFSJD/MG) .......................................................................................... 77Jorge Augusto da Silva Lopes (Doutor – UNESP/Assis) ............................................................... 77José Matheus Tavares dos Santos (Graduando – UNESP/Assis) ................................................ 78José Mauricio Rodrigues Lima (Graduando - UNESP/Assis) ........................................................ 78José Sérgio Custódio (Mestrando – UEL/PR – CNPq) ............................................................... 79Júlia de Carvalho Almeida Oliveira (Mestranda – MACKENZIE/SP) ............................................. 79Juliana Casarotti Ferreira (Doutoranda – UNESP/Assis – CAPES) .............................................. 79Juliana da Silva Passos (Doutoranda – UFPR/PR – CAPES) ....................................................... 80Juliana Figueiredo Tokita (Mestranda – UNESP/IBILCE - CAPES) .............................................. 80Jussara de Oliveira Rodrigues (Mestranda – USP) .......................................................................... 80Karina Uehara (Graduanda – UNESP/Assis – FAPESP) .............................................................. 80Karine Aragão dos Santos Freitas (Mestranda – UFF/RJ) ............................................................ 81Kátia Isidoro de Oliveira (Mestranda – UNESP/Assis – FAPESP) ................................................ 81Katia Rodrigues Mello Miranda (Doutoranda – UNESP/Assis – CAPES) ..................................... 82Katrym Aline Bordinhão dos Santos (Mestranda – UFPR/PR) ...................................................... 82Kelly Cristina Marques (Mestranda – PUC/SP) ............................................................................. 82Laércio Rios Guimarães (Mestrando – MACKENZIE/SP) ............................................................. 82Laeticia Jensen Eble (Mestranda – UnB/DF) ................................................................................. 83Larissa do Socorro Martins Leal (Graduanda – UFPA/PA) ............................................................ 83Larissa Satico Ribeiro Higa (Mestranda – UNICAMP) ................................................................... 83Leonardo Dallacqua de Carvalho (Graduando História – UNESP/Assis – IC/FAPESP) .............. 84Letícia de Souza Gonçalves (Doutoranda – UNESP/Assis) .......................................................... 84Lígia Rodrigues Balista (Mestranda – UNICAMP) ......................................................................... 85Lilian Barbosa (Mestranda – UNESP/Assis – FAPESP) ................................................................ 85

.................................................................. 66

Inês Cardin Bressan (Doutoranda - UNESP/Assis - Docente FACED/PR) ...................................... 73

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Lilian Yuri Yoshimoto (Mestranda – UNESP/Araraquara – CAPES) Linda Catarina Gualda (Doutoranda – UNESP/Assis) .......................................................... 86Luana Aparecida de Almeida (Mestranda - Unesp/Assis) ..................................................... 86Luciana Alberto Nascimento (Mestranda – UNEMAT/MT) .................................................... 86Luciana Cristina Corrêa (Pós-doutora – UFMG/MG) ............................................................ 87Luciana Mendonça (Mestranda – UNESP/Assis) .................................................................. 87Luciane dos Santos (Doutoranda - UEL/PR) ......................................................................... 88Luciene Cândia (Mestranda - UNEMAT/Tangará da Serra/MT – CAPES) ........................... 88Luciene Fontão (Doutoranda – UFSC/SC) ............................................................................ 88Luís Fernando Campos D'Arcadia (Mestrando – UNESP/Assis - FAPESP) ........................ 41Maira Angélica Pandolfi (Doutora – UNESP/Assis) ............................................................... 88Maíra Yelena Bernardes Malta (Graduanda – UEL/PR) ....................................................... 89Mara Regina Pacheco (Mestranda – UFGD/MS) .................................................................. 89Marcela Ernesto dos Santos (Doutoranda – UNESP/Assis) ................................................. 90Marcelo Cizaurre Guirau (Doutorando – USP – CNPq) ........................................................ 90Márcia Eliza Pires (Doutoranda – UNESP/Assis) ................................................................. 90Marcio Roberto Pereira (Pós-doutor UNESP/Araraquara – Docente UNESP/Assis) .......... 91Maria Ana Bernardo Nascimento (Mestranda – UNESP/Assis) ........................................... 91Maria Clara Gonçalves (Mestranda – UNESP/Assis - CAPES) ............................................ 91Maria de Fatima Alves de Oliveira Marcari (Doutora – UNESP/Assis) ................................. 92Maria do Rosário Abreu e Sousa (Doutoranda – MACKENZIE/SP) ..................................... 92Maria Elvira Lemos da Silva (Mestre – USP) ........................................................................ 93Maria Josele Bucco Coelho (Mestre – UNESP/Assis – Docente UFPR/PR) ....................... 93Maria Lídia Lichtscheidl Maretti (Doutora UNESP/Assis – Docente UNESP/Assis) ............ 93Mariana Mansano Casoni (Graduada - UNESP/Assis) ......................................................... 45 Mariana Sbaraini Cordeiro (Doutoranda – UEL/PR – Docente UNICENTRO/PR) .............. 94Mariely Grigoletto Tessaroli (Mestranda – UEL) .................................................................... 94Mariléia Gärtner (Doutora – UNESP/Assis – Docente UNICENTRO/PR) ............................ 95Marina Stuchi (Especialização – UEL/PR) ............................................................................ 95Marta Célia Feitosa Bezerra (Doutoranda – UFPB/PB – Docente IFPB/PB) ....................... 96Maurílio Mendes da Silva (Mestrando – UNESP/Assis – CAPES) ....................................... 96Meriele Miranda de Souza (Mestranda - UNESP/Assis - FAPESP) ..................................... 96Miguel Heitor Braga Vieira (Doutorando – UEL/PR) ............................................................. 97Monique Lipe Moretti (Graduanda – UNESP/Assis) ............................................................. 97Nahinã de Almeida Rosa Barbosa (Mestranda – MACKENZIE/SP) ..................................... 98Naiara Alberti Moreno (Graduanda – UNESP/Assis – CNPq/IC) ......................................... 98Natalia de Fátima Monteiro (Graduanda – FIO/Ourinhos) .................................................... 98Natalia Helena Wiechmann (Mestranda - UNESP/Araraquara – CAPES) .......................... 99Nathali Ramos Moura (Mestranda – UFRJ/RJ – CAPES) .................................................... 99Nathalia de Campos Dalio (Mestranda – UNESP/Assis – CNPq) ........................................ 99 Nefatalin Gonçalves Neto (Mestrando – USP) .................................................................... 100Nilce Camila de Carvalho (Mestre – UEL/PR) ..................................................................... 100Patrícia Aparecida Gonçalves de Faria (Graduanda UNESP/Assis – PIBIC/CNPq) ......... 100Patrícia Fabro Barbosa (Mestranda – UFPR/PR – REUNI) ................................................ 100Patricia Munhoz (Mestre – UNESP/Assis) .......................................................................... 101Paulo César Andrade da Silva (Doutor – UNESP/Assis – Docente UNESP/Assis) ........... 101 Paulo de Tarso Cabrini Júnior (Doutorando – UNESP/Assis – CAPES) ............................ 101Paulo Fernando Zaganin Rosa (Mestre UNESP/Assis – Docente FRAN/CEETEPS) ....... 102Priscila Costa Domingues (Graduanda – UNESP/Assis – FAPESP) ................................. 102Rafael Miranda Porto Alegre (Graduando – UNESP/Assis) ............................................... 102Raffaella Andréa Fernandez (Mestre – UNESP/Assis) ....................................................... 103Rebeca Alves (Mestranda – UNESP/Assis – FAPESP) ...................................................... 103Regina Célia dos Santos Alves (Doutora – UNESP/Assis – Docente UEL/PR) ................. 104Regina do Socorro Portela (Mestranda – UFPR/PR) .......................................................... 104Renan Fornaziero de Oliveira (Graduando UNESP/Assis – FAPESP) .............................. 98

..................................... 85 Renata Lopes Araujo (Doutoranda – USP) Renato Oliveira Rocha (Graduando – UNESP/Assis) ................................................................ 105Ricardo Augusto de Lima (Graduando – UEL/PR) ...................................................................... 105Ricardo Gomes da Silva (Mestrando – UEL/PR – CNPq) .......................................................... 105Ricardo Magalhães Bulhões (Doutor – UNESP/Assis – Docente UFMS/MS) .............................. 61 Ricardo Meirelles (Doutor – USP – Docente UNIFASC/GO) ....................................................... 106Ricardo Sorgon Pires (Graduando – História – UNESP/Assis – IC – CNPq) ............................. 106Rita de Cássia Lamino de Araújo (Mestranda – UNESP/Assis – CAPES) ................................. 106Robert Thomas Georg Würmli (Graduando – UNIOESTE/PR – Fundação Araucária) .............. 107Rodirlei Silva Assis (Pós-doutorando – UNESP/Assis) ................................................................ 107Rogério Silva Pereira (UFGD/MS) ................................................................................................ 108Rosa Lúcia Miguel Fontes (Mestranda – UFMG/MG) .................................................................. 108Rosane Gazolla Alves Feitosa (Pós-doutora – USP – Docente UNESP/Assis) ......................... 108Rubens da Cunha (Mestrando – UFSC/SC) ................................................................................ 109Rubens Pereira dos Santos (Doutor – USP – Docente UNESP/Assis) ....................................... 109Sandra Aparecida Ferreira (Doutora - UNESP/Assis) ................................................................. 109Sandro Viana Essencio (Mestrando – UNESP/Assis) ................................................................. 109Sara Ferreira Marcenes Pozzato (Mestranda – UFSJ/MG) ...................................................... 110Senise Camargo Lima Yazlle (Doutora – UNESP/Assis – Docente UNIP) ................................. 110Sérgio Henrique Rocha Batista (Mestrando - UNESP/Assis) ...................................................... 110Sidnei Xavier dos Santos (Mestrando – USP) .............................................................................. 110Solange de Almeida Grossi (Doutoranda – USP – CAPES) ........................................................ 111Sonia Aparecida Vido Pascolati (Doutora – UEL/PR) .................................................................. 111Sonia Maria Alves de Queiroz (Mestranda – USP) ....................................................................... 111Stanis David Lacowicz (Mestrando – UNESP/Assis – CAPES) .................................................. 112Suzane Reis da Costa (UFPA/PA) .................................................................................................. 36Synailla Nayara da Silva (Graduanda – UFGD/MS) .................................................................... 112 Talita Annunciato Rodrigues (Mestranda – UNESP/Assis – FAPESP) ........................................ 113Tamiris Batista Leite (Mestranda - UNESP/ IBILCE - FAPESP) .................................................. 113Tchiago Inague Rodrigues (Mestrando – UNESP/Assis) ............................................................. 113Telma Maciel da Silva (Doutora – UNESP/Assis) ........................................................................ 113Tereza Cristina Bulla (Mestranda – FFLCH/USP) ........................................................................ 114Thaís Daniela Sant'Ana e Pereira (Mestranda – UNESP/Assis) ................................................. 114Thaís Nascimento do Vale (Mestranda – UNESP/Assis) ............................................................. 114Thiago Gonçalves Souza (Mestrando - UFPA/PA) ....................................................................... 115Tiago Guilherme Pinheiro (Doutorando – USP – FAPESP) ......................................................... 115Valdemir Boranelli (Doutorando – MACKENZIE/SP) ................................................................... 115Vera Vilma Fernandes Leite (Mestranda – UNIOESTE/PR) ........................................................ 116Victor Figueiredo Souza Vasconcellos (Mestrando – UFRJ/RJ) .................................................. 116Vitor Celso Salvador (Mestrando – UNESP/Assis – CAPES) ...................................................... 117Vizette Priscila Seidel (Graduada – UNESP/Assis) ..................................................................... 117Volmir Cardoso Pereira (Doutorando – UEL/PR) ......................................................................... 118Wanessa Regina Paiva da Silva (Mestranda – UFPA/PA – FAPESPA) ...................................... 118Wellington Ricardo Fioruci (Doutor UNESP/Assis – Docente UTFPR/Pato Branco/PR) ............ 118Willian André (Mestrando – UEL/PR – CAPES) ........................................................................... 119Wilma dos Santos Coqueiro (Mestre – FECILCAM) .................................................................... 119Wilson José Flores Junior (Doutorando – UFRJ/RJ – CNPq) ..................................................... 119

................................................................................. 104

AGRADECIMENTOS:

STELA DAL’WAFLORICULTURA

H O2Água Mineral e Gás

IEVASAInstituto de Estudos Vernáculos ‘‘Antonio Soares Amora’’

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APRESENTAÇÃO

Criado em 1991, o Seminário de Estudos Literários (SEL) é um evento

promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Faculdade de Ciências e

Letras de Assis (Universidade Estadual Paulista) com o objetivo de propiciar aos

pesquisadores e, principalmente, aos discentes do programa, formação

complementar e atualização bibliográfica e teórico-metodológica mediante o contato

com renomados especialistas da área. Em suas edições anteriores, o SEL contou

com a presença de pesquisadores importantes como, por exemplo, Heloísa Buarque

de Holanda, Óscar Lopes, Antônio Soares Amora, Antonio Dimas, João Luís Lafetá,

João Alexandre Barbosa, Tânia Franco Carvalhal, Haroldo de Campos, Marlyse

Meyer e Isabel Lustosa.Em sua décima edição, o SEL apresenta o tema geral “CULTURA E

REPRESENTAÇÃO” com a finalidade de propiciar reflexão teórica e metodológica

sobre os processos de representação literária, investigando as noções de texto,

cultura e representação como suporte para a pesquisa do texto literário.Outro objetivo importante do evento é fomentar a troca de experiências de

docentes e discentes do Programa de Pós-Graduação em Letras com pesquisadores

de outras Instituições de Ensino Superior e de centros de pesquisa. Cabe também

ressaltar que o evento contribui para o fortalecimento da linha de pesquisa

POÉTICAS DO TEXTO LITERÁRIO: CULTURA E REPRESENTAÇÃO, que tem

como objetivo levar o aluno a refletir sobre as práticas culturais contemporâneas a

partir da discussão do cânone como construção discursiva na sua interface com

outros saberes e outros fazeres artísticos.A realização do X Seminário de Estudos Literários: ‘‘Cultura e

Representação’’ somente tornou-se possível graças ao trabalho dedicado de

docentes, alunos e funcionários e ao apoio da Seção de Pós-graduação, do

Departamento de Letras Modernas, da Faculdade de Ciências e Letras de Assis, do

Instituto de Estudos Vernáculos ‘‘Antônio Soares Amora’’ (IEVASA), da Coordenação

de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e da Fundação de

Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Assis, 8 de novembro de 2010

Cleide Antonia RapucciAna Maria Carlos

PROGRAMAÇÃO GERAL

8 de novembro de 2010

8h - Credenciamento (Saguão do Prédio I - LETRAS)

8h30min - Solenidade de Abertura (Salão de Atos)

- Dr. Mário Sérgio Vasconcelos - Diretor da FCL

- Dra. Cleide Antonia Rapucci - Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Letras e Coordenadora do X SEL

- Dra. Ana Maria Carlos - Vice-coordenadora do X SEL

9h - 10h30min - Conferência de Abertura (Salão de Atos)

- Dra. Sandra Margarida Nitrini (USP)‘‘Intertextualidade (da memória à singularidade da obra literária)’’

13h30min - 18h - Simpósios Temáticos: Sessões de Comunicação (Salas de aula)

20h - 22h - Mesa-redonda 1 - Salão de AtosModeradora: Dra. Rosane Gazolla Alves Feitosa

- Dra. Lúcia Osana Zolin (UEM) - ‘‘Reflexões sobre a crítica feminista’’

- Dra. Marlise Vaz Bridi (USP) - ‘‘Tendências da ficção de autoria feminina na literatura portuguesa contemporânea’’

- Dr. Arnaldo Franco Jr. (UNESP - São José do Rio Preto) - ‘‘Linguagem, sexo, gênero e poder nos primeiros contos de Clarice Lispector’’

9 de novembro de 2010

8h30min - 10h30min - Mesa-redonda 2 - Salão de AtosModeradora: Dra. Maria Lídia Lichtscheidl Maretti

- Dra. Márcia Valéria Zamboni Gobbi (UNESP - Araraquara) - ‘‘Manual de Pintura e Caligrafia e a construção do espaço da escrita’’

- Dra. Sandra Guardini Teixeira Vasconcelos (USP) - ‘‘Romances em trânsito: contribuições inglesas na formação do romance brasileiro’’

- Dra. Maria Adélia Menegazzo (UFMS) - ‘‘Arquivos pelo avesso - fotografia e narrativa na obra de Rosângela Rennó’’

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13h30min - 18h - Simpósios Temáticos: Sessões de Comunicação (Salas de Aula)

20h - 21h30min - Conferência de Encerramento (Salão de Atos)

- Dr. Antonio Dimas (USP) - ‘literária: marginália, epistolografia e periodismo’’

21h30min - Apresentação musical

PROGRAMAÇÃO DAS SESSÕES DE COMUNICAÇÃO

E DOS SIMPÓSIOS TEMÁTICOS

8 de novembro de 2010

SIMPÓSIO 1-A - ‘‘LITERATURA E MULHER: REPRESENTAÇÃO E AUTORIA’’ (COORDENADORA: DRA. CLEIDE ANTONIA RAPUCCI)

13h30min - 15h30min - Sala da Videoconferência

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 1 (COORDENADORA: DRA. CLEIDE ANTONIA RAPUCCI)

1) Talita Annunciato Rodrigues (Mestranda – UNESP/Assis – FAPESP) - ‘‘As voltas de Eva: o mito da criação e a recriação em The Magic Toyshop, de Angela Carter’’

2) Marcela Ernesto dos Santos (Doutoranda – UNESP/Assis) - ‘‘A segregação racial em I know why de caged bird sings, de Maya Angelou’’

3) Carmem Lúcia Foltran (Doutoranda – USP) - ‘‘Os limites da narrativa e da ideologia em The Awakening, de Kate Chopin: a mulher em busca da individualidade’’

4) Thaís Daniela Sant'Ana e Pereira (Mestranda – UNESP/Assis) - ‘‘Sob o signo da pós-modernidade: uma leitura queer da obra The Wives of Bath, de Susan Swan’’

5) Cleide Antonia Rapucci – (Docente FCL/UNESP/Assis) - ‘‘Praga de mãe ou estratégia de resistência? - uma leitura do conto Girl, de Jamaica Kincaid’’

16h - 18hSESSÃO DE COMUNICAÇÕES 2 (COORDENADORA: MS. LETÍCIA DE SOUZA GONÇALVES)

1) Letícia de Souza Gonçalves (Doutoranda – UNESP/Assis) - ‘‘Desconstruir para construir: a representação dos gêneros nas narrativas mansfieldianas’’

2) Eric Tiago Minervino (Graduando - UNESP/Assis) - ‘‘Anne Elliot: a personagem feminina de Persuasion, de Jane Austen’’

‘Linhas auxiliares da historiografia

3) Célia Cristina de Azevedo Ask – (Doutoranda – Unesp/Assis) - nos contos de Muriel Spark - breves comentários’’

4) Natalia Helena Wiechmann (Mestranda - UNESP/Araraquara – CAPES) - ‘‘Relações entre a construção imagética de I died for Beauty – but was scarce, de Emily Dickinson, e a autoria feminina’’

5) Nahinã de Almeida Rosa Barbosa (Mestranda – MACKENZIE/SP) - ‘‘Os olhos e os botões: a presença do grotesco feminino em Coraline, de Neil Gaiman’’

9 de novembro de 201013h30min - 15h30min - Sala da Videoconferência

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 3 (COORDENADORA: MS. ADRIANA CARVALHO CONDE)

1) Adriana Carvalho Conde (Doutoranda – UNESP – Assis) - ‘‘Fallen Woman: as personagens prostitutas na Tenement Fiction norte-americana do século XIX’’

2) Linda Catarina Gualda (Doutoranda – UNESP/Assis) - ‘‘Literatura e cinema: o conflito de culturas em Os Europeus’’

3) Jorge Augusto da Silva Lopes (Doutor – UNESP/Assis) - ‘‘Esboços para retratos de mulheres e homens em Dublinenses’’

4) Juliana Figueiredo Tokita (Mestranda – UNESP/IBILCE - CAPES) - ‘‘A mulher na mitologia e dramaturgia irlandesa: o feminino no Mito de Deirdre, em peças de John M. Synge e Vincent Woods’’

5) Denize Helena Lazarin (Mestre – UFSM/RS – Docente UNICENTRO/PR) - ‘‘Culpas e desculpas: um estudo narratológico-comparativo em Lolita, de Vladimir Nabokov e Presença de Anita, de Mario Donato’’

16h - 18hSESSÃO DE COMUNICAÇÕES 4 (COORDENADORA: DRA. ELISABETH BATISTA)

1) Alessandra Fabrícia Conde da Silva (Mestre – UFPA/PA) - ‘‘E vedes como vos quero loar, mia senhor: o escárnio amoroso de João Garcia de Guilhade’’

2) Juliana da Silva Passos (Doutoranda – UFPR/PR – CAPES) - ‘‘Evas e Marias: a representação da mulher em Dorotéia, de Nelson Rodrigues’’

3) Elisabeth Batista (Doutora – USP – docente – UNEMAT/MT) - ‘‘Poéticas do corpo feminino: representação e identidade em transição’’

4) Camila Gouveia Prates de Paiva (Graduanda – UEL/PR) - ‘‘Algumas das mulheres de Machado de Assis’’

5) Patrícia Munhoz (Mestre – UNESP/Assis) - ‘‘A mulher sob o olhar de pícaros e malandros’’

6) Carla Caroline Oliveira dos Santos (Especialização – UNESP/Assis) - ‘‘O caminho da enforcada’’

‘‘As mulheres

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SIMPÓSIO 1-B - ‘‘LITERATURA E MULHER: REPRESENTAÇÃO E AUTORIA’’ (COORDENADORA: MS. JACICARLA SOUZA DA SILVA)

8 de novembro de 201013h30min - 15h30min - Sala 3 - Prédio 1 (LETRAS)

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 1

1) Aldilene Lopes de Morais (UFPA/PA) e Suzane Reis da Costa (UFPA/PA) - ‘‘A misoginia medieval na Demanda do Santo Graal e nas cantigas de amor portuguesas de Torneol’’

2) Larissa do Socorro Martins Leal (Graduanda – UFPA/PA) - ‘‘A face das madres no período medieval’’

3) Mariana Sbaraini Cordeiro (Doutoranda – UEL/PR – Docente UNICENTRO/PR) - ‘‘Enigmas de Medea - as mães desviantes da literatura brasileira’’

4) José Matheus Tavares dos Santos (Graduando – UNESP/Assis) - ‘‘A rebeldia nua em Judith Teixeira’’

5) Karina Uehara (Graduanda – UNESP/Assis – FAPESP) - ‘‘Uma nova autoria feminina chamada Adília Lopes: (re)velando os animais em Obra’’

16h - 18hSESSÃO DE COMUNICAÇÕES 2

1) Ricardo Augusto de Lima (Graduando – UEL/PR) - ‘‘Moças e raparigas: a dor do amor em Inês Pedrosa e Cintia Moscovich’’

2) Brigitte Monique Hervot (Doutora – UNESP/Assis) - ‘‘A voz feminina em Maupassant’’

3) Luciana Alberto Nascimento (Mestranda – UNEMAT/MT) - ‘‘Voz feminina contemporânea: uma leitura da subalternidade em Paulina Chiaziane’’

4) Jéssica Sayuri Mori Kanno (Graduada em História – UNESP/Assis) - ‘‘A representação da mulher chinesa na obra As Boas Mulheres da China, de Xinran’’

5) Raffaella Andréa Fernandez (Mestre – UNESP/Assis) - ‘‘Vozes dissonantes na processualidade da reinvenção do eu em Quarto de Despejo’’

9 de novembro de 201013h30min - 15h30min - Sala 3 - Prédio 1 (LETRAS)

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 3

1) Adriano Loureiro (Graduado – UNESP – Assis) - ‘‘O imaginário no conto Tarciso, de Dinah Silveira de Queiroz’’

2) Ana Maria de Moura Schäffer (Doutora – Unicamp – Docente UNASP Engenheiro Coelho/SP) - ‘‘Construindo (des)igualdades de gênero pela tradução’’

3) Luciene Fontão (Doutoranda – UFSC/SC) - ‘‘Nos passos de Antonieta: escrever uma vida’’

4) Francisco Claudio Alves Marques (Doutor – USP) - ‘‘As cartas de Maria Messina a Alessio di Giovanni, Giovanni Verga e Enrico Bemporad’’

5) Jacicarla Souza da Silva (Doutoranda – UNESP/Assis – Docente UNIOESTE/PR) - ‘‘A produção epistolar de autoria feminina: as correspondências entre Gabriela Mistral e Victoria Ocampo’’

16h - 18hSESSÃO DE COMUNICAÇÕES 4

1) Ariadne Maria de Mendonça Chaves (Mestranda – UFSJ/MG) - ‘‘Gerada em um seio masculino’’

2) Daniela Maria Nazaré da Silva Cândido (Mestranda – UEL/PR) - ‘‘A representação da mulher nos enredos de fotonovelas da década de 60'’

3) Regina do Socorro Portela (Mestranda – UFPR/PR) - ‘‘A infância feminina em Lygia Bojunga’’

4) Senise Camargo Lima Yazlle (Doutora – UNESP/Assis – Docente UNIP) - ‘‘Um encontro entre personagem/criança e o leitor nas narrativas infantis de Ana Maria Machado’’

SIMPÓSIO 1-C - ‘‘LITERATURA E MULHER: REPRESENTAÇÃO E AUTORIA’’ (COORDENADORA: DRA. ANA MARIA DOMINGUES)

8 de novembro de 201013h30min - 15h30min - Sala 2 - Prédio 1 (LETRAS)

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 1

1) Adriana Lopes de Araujo (Mestranda – UEM/PR) - ‘‘Construção de personagens femininas em Solidão Calcinada, de Bárbara Lia’’

2) Ana Paula dos Santos Martins (Doutoranda – USP) - ‘‘A atriz e suas máscaras: mulher, teatro e representação em As Horas Nuas'’

3) Angela Simone Ronqui (Mestranda – UEL/PR) - ‘‘A representação da violência contra a mulher em alguns contos de Marina Colasanti’’

4) Wilma dos Santos Coqueiro (Mestre – FECILCAM) - ‘‘A representação dos conflitos femininos pós-modernos em contos de Sônia Coutinho’’

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16h - 18hSESSÃO DE COMUNICAÇÕES 2

1) Adriana Giarola Ferraz Figueiredo (Doutoranda – UEL/PR) - ‘‘O surrealismo e a literatura: Água Viva, de Clarice Lispector e a escrita automática’’

2) Gustavo Fujarra Carmona (Mestrando – UEL/PR – CAPES) - ‘‘A construção da identidade em Clarice Lispector'’

3) Jane Pinheiro de Freitas (Doutoranda – USP – CAPES) - ‘‘Feminino transgressor em Clarice Lispector’’

4) Tereza Cristina Bulla (Mestranda – FFLCH/USP) - ‘‘Uma aprendizagem prazerosa em Clarice Lispector’’

5) Jeovani Lemes de Oliveira (Mestrando – UNEMAT/MT) - ‘‘O haicai sob olhares femininos: Alice Ruiz e Marli Walker Giachini’’

9 de novembro de 201013h30min - 15h30min - Sala 2 - Prédio 1 (LETRAS)

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 3

1) Carlos Eduardo dos Santos Zago (Mestrando – UNESP/Assis) - ‘‘Hilda com H’’

2) Cleia da Rocha Sumiya (Mestranda – UEL/PR) - ‘‘Marcas do pensamento filosófico em A Obscena Senhora D.'’

3) Willian André (Mestrando – UEL/PR – CAPES) - ‘‘Representações do imaginário cristão na prosa hilstiana: sobre o insólito e o estigma na novela ‘O Oco’ ’’

4) Nathali Ramos Moura (Mestranda – UFRJ/RJ – CAPES) - ‘‘A simbologia do sótão em As Parceiras, de Lya Luft’’

5) Iara Christina Silva Barroca (Doutoranda – PUC/MG – Docente UFV/MG) - ‘‘A condição feminina: premissa para a trajetória literária de Lya Luft’’

16h - 18h - SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 4

1) Delvanir Lopes (Doutorando - UNESP/Assis – FAPESP) - ‘‘O fazer poético em Solombra: possibilidade de comunicação’’

2) Márcia Eliza Pires (Doutoranda – UNESP/Assis) - ‘‘Cecília Meireles e o fenômeno da interlocução - o pronome Tu'’

3) Deivid Aparecido Costruba (Mestrando em História – UNESP/Assis – CAPES) - ‘‘Júlia Lopes de Almeida e a instrução feminina pela palavra: o caso do Livro das Donas e Donzelas (1906)’’

4) Amable Daiane Custódio Ribeiro (Graduanda – UNESP/Assis – CNPq)

‘‘A dupla ponta de uma lança: Patrícia Galvão e a similaridade estilística em dois gêneros distintos’’

5) Larissa Satico Ribeiro Higa (Mestranda – UNICAMP) - ‘‘Uma leitura de Parque Industrial e A Famosa Revista, de Patrícia Galvão’’

SIMPÓSIO 2-A - ‘‘LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA PORTUGUESA’’ (COORDENADOR: DR. RUBENS PEREIRA DOS SANTOS)

8 de novembro de 201013h30min - 15h30min - Sala 11 - Prédio da PSICOLOGIA

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 1

1) Glaucia Regina Fernandes de Oliveira (Graduanda – UNESP/Assis – FAPESP) - ‘‘Língua, identidade e resistência em Almoço de Confraternização e Núpcias Adiadas’’

2) Ana Maria Lange Gomes (Graduanda - UNESP/Assis) - ‘‘O papel das ideias e do póstumo nas obras O Testamento do Senhor Napomuceno e Memórias Póstumas de Brás Cubas’’

3) Lilian Barbosa (Mestranda – UNESP/Assis – FAPESP) - ‘‘A oralidade em Luuanda e em Histórias de Alexandre’’

4) Bruna Carolina de Almeida Pinto (Graduanda – IC – UNESP/Assis – FAPESP) - ‘‘Cultura e representação regional nos contos da revista Claridade’’

5) Fabiana Miraz de Freitas Grecco (Mestranda – UNESP/Assis – CAPES) - ‘‘Eugênio Tavares: o amor em língua portuguesa e em língua cabo-verdiana’’

16h - 18hSESSÃO DE COMUNICAÇÕES 2

1) Rubens Pereira dos Santos (Doutor – USP – Docente UNESP/Assis) - ‘‘As literaturas nacionais e o processo de construção de identidades: as literaturas africanas de língua portuguesa’’

2) Carla Alves de Carvalho Yahn (Mestranda – UNESP/Assis) - ‘‘Cultura e representação na roda de Capoeira Angola’’

3) Sonia Maria Alves de Queiroz (Mestranda – USP) - ‘‘Os Valores Morais do Arquipélago no conto O Suicídio de Quina, de Camila Mont-Rond’’

4) Jussara de Oliveira Rodrigues (Mestranda – USP) - ‘‘Cotidiano Feminino descrito por Ivone Ramos e Orlanda Amarílis’’

5) Monique Lipe Moretti (Graduanda – UNESP/Assis) - ‘‘A figura do pícaro na obra João Vêncio: os seus amores’’

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SIMPÓSIO 2-B - ‘‘LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA PORTUGUESA’’ (COORDENADOR: DR. MÁRCIO ROBERTO PEREIRA)

9 de novembro de 201013h30min - 15h30min - Sala 4 - Prédio 1 (LETRAS)

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 1

1) Bruno Tomaz Custódio dos Reis (Graduando – UNESP/Assis) - ‘‘O Mayombe de Sem Medo, a busca de uma identidade no exílio’’

2) Paulo César Andrade da Silva (Doutor – UNESP/Assis – Docente UNESP/Assis) - ‘‘Corpo lavrado: a poesia telúrica de Ana Paula Tavares’’

3) Clauber Ribeiro Cruz (Graduando – UNESP/Assis) - ‘‘Um estudo sobre espaço e exílio na obra Portagem, de Orlando Mendes’’

4) Heloisa Helou Doca (Doutora – UNESP/Assis – Docente UNIMAR) - ‘‘Niketche: dançando com a disseminação da cultura’’

5) Marcio Roberto Pereira (Pós-doutor – UNESP/Araraquara – Docente UNESP/Assis) - ‘‘A subjetividade do exílio (sobre o Jamaica Zarpou, de Manuel Lopes)’’

16h - 18hSESSÃO DE COMUNICAÇÕES 2

1) Sara Ferreira Marcenes Pozzato (Mestranda – UFSJ/MG) - ‘‘Luandino Vieira (em) contra cena’’

2) Hérica Aparecida Jorge da Cunha Pinheiro (Mestranda – UNEMAT/MT – CAPES) - ‘‘Manoel de Barros e Ondjaki: palavras lúdicas, identidades culturais’’

3) Geraldo Lucindo Neto (Graduando – UNESP/Assis) - ‘‘Mia Couto em sua varanda: redefinições de uma nova identidade cultural’’

SIMPÓSIO 3-A - ‘‘NARRATIVAS DE EXTRAÇÃO HISTÓRICA’’ (COORDENADOR: DR. ANTONIO ROBERTO ESTEVES)

8 de novembro de 201013h30min - 15h30min - Sala 8 - CENTRAL DE SALAS DE AULA (HISTÓRIA)

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 1

1) Antonio Roberto Esteves (Livre-docente – UNESP/Assis – Docente UNESP/Assis) - ‘‘Outras caras do poder: uma leitura de Amar a un hombre feo, de Maria Rosa Lojo’’

2) Gabriela Kvacek Betella (Pós-doutora – USP – Docente UNESP/Assis) - ‘‘Para que serve o passado: Cronache di Poveri Amanti e a crônica da história’’

3) Maira Angélica Pandolfi (Doutora – UNESP/Assis) - ‘‘Releitura do cânone romântico por Álvaro Cardoso Gomes’’

4) Thaís Nascimento do Vale (Mestranda – UNESP/Assis) - ‘‘Imagens da Espanha republicana nas Aguafuertes Asturianas (1935), de Roberto Arlt’’

16h - 18hSESSÃO DE COMUNICAÇÕES 2

1) Ana Claudia Freitas Pantoja (Doutoranda – UEL/PR) - ‘‘A poesia visual no discurso ficcional histórico: o caso de Nós que aqui estamos por vós esperamos’’

2) Denise Regina de Sales (Doutoranda – USP – CAPES) - ‘‘A ilha de Tchékhov’’

3) Adson Cristiano Bozzi Ramatis Lima (Doutor – UEM/PR) - ‘‘Sartre nos Estados Unidos da América (1945-46): uma apresentação’’

4) Karine Aragão dos Santos Freitas (Mestranda – UFF/RJ) - ‘‘Carta, testemunho e história: as relações possíveis’’

9 de novembro de 201013h30min - 15h30min - Sala 7 - CENTRAL DE SALAS DE AULA (HISTÓRIA)

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 3

1) Mariléia Gärtner (Doutora – UNESP/Assis – Docente UNICENTRO/PR) - ‘‘As Cinzas da Feiticeira: entre a literatura e a história’’

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2) Tiago Guilherme Pinheiro (Doutorando – USP – FAPESP) - ‘ruínas: El Tercer Reich, de Roberto Bolaño’’

3) Marcelo Cizaurre Guirau (Doutorando – USP – CNPq) - ‘‘O ‘arquiteto da história’ e o forjador de ‘documentos falsos’: o romancista como historiador segundo John dos Passos e E. L. Doctorow’’

4) Stanis David Lacowicz (Mestrando – UNESP/Assis – CAPES) - ‘‘A Ilha do Pavão: o Brasil colonial reapresentado pelo romance histórico brasileiro contemporâneo’’

16h - 18hSESSÃO DE COMUNICAÇÕES 4

1) Nilce Camila de Carvalho (Mestre – UEL/PR) - ‘‘Dioguinho: o mítico representante da sociedade e do banditismo caipira’’

2) Luciane dos Santos (Doutoranda - UEL/PR) - ‘‘O Punho, de Bernardo Santareno em meio à Revolução dos Cravos’’

3) Eliana Mirian Ferreira Nunes (Mestranda – UFOP/MG - CAPES) - ‘‘Os Novos - retrato de uma geração’’

4) Helena Aparecida de Carvalho (Mestranda – UFSJ/MG) - ‘‘Identidade e memória cultural no jornal Suaçuí em foco’’

SIMPÓSIO 3-B - ‘‘NARRATIVAS DE EXTRAÇÃO HISTÓRICA’’ (COORDENADOR: DR. GILMEI FRANCISCO FLECK)

8 de novembro de 201013h30min - 15h30min - Sala 9 - CENTRAL DE SALAS DE AULA (HISTÓRIA)

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 1

1) Gilmei Francisco Fleck (Doutor – UNESP/Assis – Docente UNIOESTE/PR) - ‘‘Romance histórico contemporâneo de mediação: El Conquistador (2006), de Federico Andahazi’’

2) Bernardo Antonio Gasparotto (Mestrando – UNIOESTE/PR – CAPES) - ‘‘Carta del fin del mundo (1998): a mediação como elemento facilitador para o diálogo entre povos hispânicos’’

3) Robert Thomas Georg Würmli (Graduando – UNIOESTE/PR – Fundação Araucária) - ‘‘O romance histórico e suas modalidades: termos operacionais de teoria literária e suas funcionalidades em análises de produções híbridas’’

4) Davi Siqueira Santos (Mestrando – UNESP/Assis - FAPESP) - ‘‘Ensaiando identidades latino-americanas: aproximações entre Ariel (1900) e A América Latina: males de origem (1905)’’

16h - 18hSESSÃO DE COMUNICAÇÕES 2

‘Os jogos e as 1) Bruna Otani Ribeiro (Graduanda – UNIOESTE/PR) - ‘de Inés de Suárez em Inés del Alma Mía (2006) e em Ay Mama Inés (Crónica Testemonial) (1993)’’

2) Cleber José de Oliveira (PG – UFGD/MS) - ‘‘Fronteiras da literatura brasileira contemporânea: modernismo e contemporaneidade na crônica de Rubem Braga e Arnaldo Jabor’’

3) Douglas Valeriano Pompeu (Mestrando – USP – FAPESP) - ‘‘Escrever história, memória e ficção em Austerlitz’’

4) Brenda Carlos de Andrade (Doutoranda – UFPE/PE) - ‘‘Entre relato, confissão e história: a inundação do rio Mapocho em Santiago, por Sor Tadea de San Joaquín’’

9 de novembro de 201013h30min - 15h30min - Sala 9 - CENTRAL DE SALAS DE AULA (HISTÓRIA)

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 3

1) Flávia Andrea Rodrigues Benfatti (Doutoranda – USP – CAPES) - ‘‘Criticismo e sexualidade: uma leitura de Tropic of Capricorn, de Henry Miller’’

2) Carla Drielly dos Santos Teixeira (UNESP/Assis) - ‘‘Autoritarismo revisitado: análise histórica da representação do poder na obra O Outono do Patriarca, de Gabriel García Márquez’’

3) Maria Josele Bucco Coelho (Mestre – UNESP/Assis – Docente UFPR/PR) - ‘‘Las trampas de los maldito: la representación de lo femenino en la ficción histórica contemporánea en Chile’’

4) Rogério Silva Pereira (UFGD/MS) - ‘‘Fronteiras da literatura brasileira contemporânea: O que é isso companheiro, entre o público e o privado’’

16h - 18hSESSÃO DE COMUNICAÇÕES 4

1) Solange de Almeida Grossi (Doutoranda – USP – CAPES) - ‘‘Considerações sobre o romance The Remains of the Day, de Kazuo Ishiguro’’

2) Ricardo Sorgon Pires (Graduando – História – UNESP/Assis – IC – CNPq) - ‘‘A construção do outro: a representação dos etíopes na obra História da Etiópia, do jesuíta Pero Pais (1620)’’

3) Wanessa Regina Paiva da Silva (Mestranda – UFPA/PA – FAPESPA) - ‘‘Memórias de um romance: do individual ao coletivo em Menino de Engenho’’

SIMPÓSIO 3-C - ‘‘NARRATIVAS DE EXTRAÇÃO HISTÓRICA’’ (COORDENADORA: DRA. MARIA DE FATIMA ALVES DE OLIVEIRA MARCARI)

8 de novembro de 201013h30min - 15h30min - Sala 10 - CENTRAL DE SALAS DE AULA (HISTÓRIA)

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 1

‘Representações ficcionais

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1) Maria de Fatima Alves de Oliveira Marcari (Doutora – UNESP/Assis) - ‘‘Crônica do desencanto: El pianista, de Manuel Vazquez Montalbán’’

2) Rodirlei Silva Assis (Pós-doutorando – UNESP/Assis) - ‘‘O Brasil dos portugueses: uma leitura de Rio das Flores (2007), de Miguel Sousa Tavares’’

3) Maíra Yelena Bernardes Malta (Graduanda – UEL/PR) - ‘‘Lima Barreto e o futebol’’

4) Áureo Joaquim Camargo (Mestre – UFMS/MS - Docente FEOCRUZ/SP) - ‘‘Da invectiva à ironia em Lima Barreto’’

16h - 18hSESSÃO DE COMUNICAÇÕES 2

1) Luciana Cristina Corrêa (Pós-doutora – UFMG/MG) - ‘‘Os lambões de João Antônio, uma (des)construção histórica do mito getulista’’

2) Cínthia Renata Gatto Silva (Mestranda – UEL/PR – CAPES) - ‘‘As relações entre ficção e história no teatro de José Saramago’’

3) Clayton Alexandre Zocarato (Especialização – UNICEP) - ‘‘A questão do espaço histórico em O Cortiço, de Aluísio Azevedo’’

4) Ingrid Leutwiler Peres Faustino (Graduanda – UNESP/Assis) - ‘‘A reescrição da história na metaficção historiográfica: um estudo de Boca do Inferno, de Ana Miranda’’

9 de novembro de 201013h30min - 15h30min - Sala 10 - CENTRAL DE SALAS DE AULA (HISTÓRIA)

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 3

1) Mara Regina Pacheco (Mestranda – UFGD/MS) - ‘‘Hélio Serejo e sua narrativa de cunho histórico’’

2) Maria do Rosário Abreu e Sousa (Doutoranda – MACKENZIE/SP) - ‘‘Os leitores escrevem a Guimarães Rosa’’

3) Miguel Heitor Braga Vieira (Doutorando – UEL/PR) - ‘‘Uma crônica exemplar de Lima Barreto’’

SIMPÓSIO 4 - ‘‘NARRATIVAS DE LÍNGUA PORTUGUESA’’ (COORDENADORA: DRA. ROSANE GAZOLLA ALVES FEITOSA)

8 de novembro de 201013h30min - 15h30min - Sala 12 - Prédio 1 (LETRAS)

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 1

1) Regina Célia dos Santos Alves (Doutora – UNESP/Assis – Docente UEL/PR) - ‘‘Ladeiras do espaço e da memória’’

2) Inês Cardin Bressan (Doutoranda - UNESP/Assis - Docente FACED/PR) - ‘correspondência de Fradique, de Eça de Queiroz e O enigma das cartas inéditas de Eça de Queiroz, de José Antonio Marcos: uma leitura intertextual’’

3) Valdemir Boranelli (Doutorando – MACKENZIE/SP) - ‘‘O fantástico muriliano: entre o mito literário e a polimetáfora’’

4) Lígia Rodrigues Balista (Mestranda – UNICAMP) - ‘‘A caminhada em dois autos: viagem, vida e morte em Gil Vicente e João Cabral de Melo Neto’’

5) Juliana Casarotti Ferreira (Doutoranda – UNESP/Assis – CAPES) - ‘‘O início da história do Jornal de Letras, Artes e Idéias - JL : o exemplar número 1'’

16h - 18hSESSÃO DE COMUNICAÇÕES 2

1) Rita de Cássia Lamino de Araújo (Mestranda – UNESP/Assis – CAPES) - ‘‘Crônicas de D. João da Câmara na Gazeta de Notícias: um elo entre Brasil e Portugal’’

2) Vitor Celso Salvador (Mestrando – UNESP/Assis – CAPES) - ‘‘O enfoque de crônicas no periódico A Notícia: uma comparação entre a ‘Crônica Literária’, de Medeiros e Albuquerque e o ‘Registro’, de Olavo Bilac’’

3) Maurílio Mendes da Silva (Mestrando – UNESP/Assis – CAPES) - ‘‘Na contramão da lusofobia: As sextilhas de Frei Antão como índice de reconhecimento de uma identidade brasileira e americana plural’’

4) Henrique Sergio Silva Corrêa (Mestrando – UNESP/Assis – FAPESP) - ‘‘Análise do texto ‘Cada raça tem um calino’, de Lima Barreto’’

5) Bruno Guirado (Doutorando – UNESP/Assis) - ‘‘A insurreição de Ressurreição’’

6) Rosane Gazolla Alves Feitosa (Pós-doutora – USP – Docente UNESP/Assis) - ‘‘Espaço literário queirosiano e Camões/cronotopo’’

9 de novembro de 201013h30min - 15h30min - Sala 12 - Prédio 1 (LETRAS)

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 3

1) Arilson Silva de Oliveira (Doutorando – USP – FAPESP) e Gisele Pereira de Oliveira (Doutoranda – UNESP/Assis) - ‘‘O existencialismo em Bichos, de Miguel Torga’’

2) Luciene Cândia (Mestranda - UNEMAT/Tangará da Serra/MT – CAPES) - ‘‘Caio Fernando Abreu: inquietude, tensão e epifania’’

3) Bento Matias Gonzaga Filho (Mestrando – UNEMAT/MT) - ‘‘A palidez dos ratos e o amarelo manga: reflexões sobre o tempo em Os Ratos e Amarelo Manga’’

4) Vera Vilma Fernandes Leite (Mestranda – UNIOESTE/PR) - ‘‘A trajetória do vampiro e o mal-estar amoroso em Dalton Trevisan’’

‘A

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5) Laeticia Jensen Eble (Mestranda – UnB/DF) - ‘‘A propósito de literatura e artes plásticas: a periferia anônima de Goeldi e Ruffato’’

16h - 18hSESSÃO DE COMUNICAÇÕES 4

1) Ana Paula Foloni Gamba (Doutora – UNESP/Assis) - ‘‘cegueira: José Saramago na trilha da tradição luciânica’’

2) Thiago Gonçalves Souza (Mestrando - UFPA/PA) - ‘‘Notas para uma leitura de Marajó, Antimärchen, de Dalcídio Jurandir’’

3) Camila Akemi Abe (Graduanda – UNESP/Assis – PIBIC/CNPq) - ‘‘Narrativas de Língua Portuguesa: o caráter (de)formativo das fábulas infantis’’

4) Patrícia Aparecida Gonçalves de Faria (Graduanda – UNESP/Assis – PIBIC/CNPq) - ‘‘Meditação: a tensão entre a liberdade de escrita e o contexto histórico’’

5) Adriana Dusilek (Doutoranda – UNESP/Assis – CNPq) - ‘‘Memórias em desalinho: apontamentos sobre Leite derramado’’

6) Luciana Mendonça (Mestranda – UNESP/Assis) - ‘‘A ralé em cena: elementos de teatralidade na prosa de Marcelino Freire’’

SIMPÓSIO 5 - ‘‘PARÁBOLA COMO GÊNERO LITERÁRIO’’ (COORDENADOR: DR. MARCO ANTÔNIO DOMINGUES SANT’ANNA)

8 de novembro de 201013h30min - 15h30min - Sala 9 - Prédio da PSICOLOGIA

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 1

1) Maria Ana Bernardo Nascimento (Mestranda – UNESP/Assis) - ‘‘Fortuna crítica da relação intertextual do conto ‘A volta do marido pródigo’, de Guimarães Rosa, com a parábola ‘O filho pródigo’ ’’

2) Flávia Lourenço (Graduanda – UNESP/Assis) - ‘‘O diálogo entre o romance Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar e a parábola do ‘Filho Pródigo’ ’’

3) Laércio Rios Guimarães (Mestrando – MACKENZIE/SP) - ‘‘Revelação e ocultamento nas parábolas do reino em Mateus capítulo 13'’

4) Diego Andrade Ferreira (Graduando – UNESP/Assis) - ‘‘Intertextualidade entre as parábolas ‘Cajueiro’ e ‘Semeador’ ’’

9 de novembro de 201016h - 18h - Sala 3 - Prédio da PSICOLOGIA

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 2

1) Rafael Miranda Porto Alegre (Graduando – UNESP/Assis) - ‘‘Produção filosófica e as parábolas modernas no discurso de Friedrich Nietzsche’’

Ensaio sobre a

2) João José Bosco Pereira (UFSJD/MG) - ‘‘O vestígio da parábola nas Histórias de mãe, em Sebastião Bemfica Milagre e em Moacyr Scliar’’

3) Elaine Carneiro Domingues Sant'Anna (Mestre – UFSC/SC) - ‘‘O Leão, a feiticeira e o guarda-roupa, de C. S. Lewis: uma parábola cristã’’

SIMPÓSIO 6 - ‘‘PRESENÇA DA LITERATURA FRANCESA NO BRASIL’’ (COORDENADORA: DRA. DANIELA MANTARRO CALLIPO)

8 de novembro de 201013h30min - 15h30min - Mini-anfiteatro da HISTÓRIA

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 1 - ‘‘PRESENÇA FRANCESA NA POESIA DO SÉCULO XIX’’ (COORDENADORA: MESTRANDA CAMILA SOARES LÓPEZ)

1) Camila Soares López (Mestranda – UNESP/Assis – FAPESP) - ‘‘Um estudo de epígrafes: Cruz e Sousa e Félix Arvers’’

2) Andressa Cristina de Oliveira (Pós-doutoranda – UNESP/Araraquara – FAPESP) - ‘‘A influência de Jules Laforgue na Literatura Brasileira’’

3) Natalia de Fátima Monteiro (Graduanda – FIO/Ourinhos) e Renan Fornaziero de Oliveira (Graduando - UNESP/Assis – FAPESP) - ‘‘Em direção ao além: a busca da plenitude em Charles Baudelaire e Alphonsus de Guimaraens’’

4) Ricardo Meirelles (Doutor – USP – Docente UNIFASC/GO) - ‘‘Les Fleurs du Mal no Brasil: flanando pela história da recepção e da tradução dos poemas de Charles Baudelaire’’

16h - 18hSESSÃO DE COMUNICAÇÕES 2 - ‘‘PRESENÇA FRANCESA NA PROSA DO SÉCULO XIX’’

(COORDENADORA: MESTRANDA MERIELE MIRANDA DE SOUZA)

1) Meriele Miranda de Souza (Mestranda - UNESP/Assis - FAPESP) - ‘‘A Roça Revolucionária de Raul Pompéia’’

2) Aline Cristina de Oliveira (Mestranda - UNESP/Assis – CAPES) - ‘‘O Futuro (1862-1863): um projeto jornalístico luso-brasileiro em tempos de francofilia’’

3) Ariane Carvalho (Mestranda – UNESP/Assis) - ‘‘Presença do Naturalismo Francês no romance epistolar O Marido da Adúltera, de Lúcio de Mendonça’’

4) Bruno Miranda Santos (Graduando – UNESP/Assis) - ‘‘A França em cena no Brasil fin-de-siècle: uma análise da presença de Sarah Bernhardt nas crônicas de Arthur Azevedo’’

5) Esequiel Gomes da Silva (Doutorando - UNESP/Assis) - ‘‘Representações de Sarah Bernhardt no Diário de Notícias e no ‘De Palanque’, de Artur Azevedo (1886)’’

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5) Giovana Bleyer Ferreira dos Santos (Doutoranda – UFSC/SC) - ‘‘A representação dos ideais de Rousseau como um possível diálogo entre as personagens Virginie, de Paul et Virginie e Peri, de O Guarani’’

6) Marina Stuchi (Especialização – UEL/PR) - ‘‘O Teatro Realista no Brasil: relações entre Alexandre Dumas Filho e José de Alencar’’

9 de novembro de 201013h30min às 15h30min - Mini-anfiteatro de HISTÓRIA

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 3 - ‘‘PRESENÇA FRANCESA NA PROSA DO SÉCULO XIX’’ (COORDENADORA: DRA. DANIELA MANTARRO CALLIPO)

1) Dirceu Magri (Doutorando – USP – CNPq) - ‘‘A presença de Voltaire nas crônicas machadianas’’

2) Maria Elvira Lemos da Silva (Mestre – USP) - ‘‘A representação do arrivismo social nos romances Le Rouge et le Noir, de Stendhal e A mão e a luva, de Machado de Assis’’

3) Fernanda Oliveira Cunha (Graduada - UNESP/Assis) - ‘‘Fabulosas crônicas: La Fontaine nas crônicas de Machado de Assis’’

4) Ricardo Gomes da Silva (Mestrando – UEL/PR – CNPq) - ‘‘Quais livros de literatura francesa liam os personagens nos romances de Machado de Assis’’

5) Vizette Priscila Seidel (Graduada – UNESP/Assis) - ‘‘A presença francesa em ‘Linha Reta e Linha Curva’, de Machado de Assis’’

6) Daniela Mantarro Callipo (Doutora – USP – Docente UNESP/Assis) - ‘‘Presença de Bernardin de Saint-Pierre e Prévost em Helena, de Machado de Assis’’

16h às 18hSESSÃO DE COMUNICAÇÕES 4 - ‘‘PRESENÇA FRANCESA NO SÉCULO XX’’

(COORDENADORA: MESTRANDA BEATRIZ SIMONAIO BIRELLI)

1) Alessandra Navarro Fernandes (Doutoranda – UEL/PR – Fundação Araucária) - ‘‘Caminhos para a Morte: a finitude em comum’’

2) Mariana Mansano Casoni (Graduada - UNESP/Assis) e Beatriz Simonaio Birelli (Mestranda - UNESP/Assis) - ‘‘A contribuição de citações de autores franceses na obra O amanuense Belmiro, de Cyro dos Anjos’’

3) Sonia Aparecida Vido Pascolati (Doutora – UEL/PR) - ‘‘Ausência de Jean Anouilh no Brasil’’

4) Beatriz Simonaio Birelli (Mestranda - UNESP/Assis) - ‘‘Marcas francesas em ‘Brasil-Argentina’, de Mário de Andrade’’

SIMPÓSIO 7 - ‘‘PROCEDIMENTOS INTERTEXTUAIS NA PÓS-MODERNIDADE’’ (COORDENADORA: DRA. ANA MARIA CARLOS)

8 de novembro de 2010

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 1-A - ‘‘INTERTEXTUALIDADE E MODERNIDADE’’ (COORDENADOR: MS. JAISON LUÍS CRESTANI)

13h30min - 15h30min - Sala 9 - Prédio 1 (LETRAS)

1) Jaison Luís Crestani (Doutorando – UNESP/Assis – FAPESP) - ‘‘Aprender e imitar: Machado de Assis e a digestão literária da obra de Plutarco’’

2) Eliane Aparecida Galvão Ribeiro Ferreira (Doutora – UNESP/Assis – Docente FEMA/Assis) e Ricardo Magalhães Bulhões (Doutor – UNESP/Assis – Docente UFMS/MS) - ‘‘A dialogia na produção contemporânea: uma análise da obra O alienista em cordel, de Rouxinol do Rinaré’’

3) Marta Célia Feitosa Bezerra (Doutoranda – UFPB/PB – Docente IFPB/PB) - ‘‘Do heroísmo da vida moderna ou a liquidez do sujeito: uma leitura de Satalep, de Vítor Ramil’’

4) Renata Lopes Araujo (Doutoranda – USP) - ‘‘André Gide e Georges Perec: os diálogos potenciais’’

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 1-B - ‘‘RELEITURAS CINEMATOGRÁFICAS’’ (COORDENADOR: DR. WELLINGTON RICARDO FIORUCI)

13h30min - 15h30min - Sala 10 - Prédio 1 (LETRAS)

1) Wellington Ricardo Fioruci (Doutor – UNESP/Assis – Docente UTFPR/Pato Branco/PR) - ‘‘Ressonâncias literárias na sétima arte: Plata quemada’’

2) Paulo Fernando Zaganin Rosa (Mestre – UNESP/Assis – Docente FRAN/CEETEPS) - ‘‘Algumas considerações sobre a adaptação do romance O nome da rosa para o cinema’’

3) Nathalia de Campos Dalio (Mestranda – UNESP/Assis – CNPq) - ‘‘O Hamlet de Shakespeare e Almereyda: uma releitura pós-moderna’’

4) Tamiris Batista Leite (Mestranda - UNESP/ IBILCE - FAPESP) - ‘‘O cinema dialogando com a literatura: Paulo Thiago e a produção roseana’’

5) Tchiago Inague Rodrigues (Mestrando – UNESP/Assis) - ‘‘A dama do lotação: a intertextualidade entre o fílmico e o literário’’

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6) Flávia Giúlia Andriolo Pinati (Graduanda – UNESP/Assis – FAPESP) - ‘‘O romance Lavoura arcaica e sua tradução intersemiótica’’

16h - 18h - Sala 9 - Prédio 1 (LETRAS)

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 2 - ‘‘INTERTEXTUALIDADE E INTERDISCURSIVIDADE’’ (COORDENADORA: MS. KATIA RODRIGUES MELLO MIRANDA)

1) Emília Amaral (Pós-doutoranda – USP – FAPESP) - ‘‘Les bienveillantes, de Jonathan Littell: romance e suite; história e mito; representação e realidade’’

2) Katia Rodrigues Mello Miranda (Doutoranda – UNESP/Assis – CAPES) - ‘‘O hibridismo textual em Como agua para chocolate: novela de entregas mensuales, con recetas, amores y remedios caseros (1980), de Laura Esquivel’’

3) Andrea Carina Pilipposian (Mestranda – MACKENZIE/SP) - ‘‘ ‘Casa tomada’: entre o fantástico e o intertextual’’

4) Adriana Marcon (Graduanda - UNESP/Assis - FAPESP) - ‘‘Aspectos intertextuais do discurso saramaguiano’’

5) Cleomar Pinheiro Sotta (Graduando - UNESP /Assis – FAPESP) - ‘‘De mãos dadas: literatura e pintura em Ensaio sobre a cegueira’’

9 de novembro de 2010

13h30min - 15h30min - Sala 9 - Prédio 1 (LETRAS)

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 3 - ‘‘INTERTEXTUALIDADE E MEMÓRIA LITERÁRIA’’ (COORDENADORA: DRA. ANA MARIA CARLOS)

1) Ana Maria Carlos (Doutora – USP – Docente UNESP/Assis) - ‘‘Umberto Eco e a busca da memória individual’’

2) Telma Maciel da Silva (Doutora – UNESP/Assis) - ‘‘Gonçalo Tavares e a metamorfose do autor’’

3) Kátia Isidoro de Oliveira (Mestranda – UNESP/Assis – FAPESP) - ‘‘A representação do pós-apocalíptico: um estudo sobre a intertextualidade em Heroes and villains, de Angela Carter’’

4) Frederico Helou Doca de Andrade (Mestrando – UNESP/Assis – FAPESP) - ‘‘Um Prometeu carnavalizado: ironia e intertextualidade em 'O prazer enfim partilhado', de Marina Colasanti’’

5) Héder Junior dos Santos (Mestrando – UNESP/Assis) - ‘‘Carnavalização, paródia e transtextualidade no conto ‘O santo que não acreditava em Deus’, de João Ubaldo Ribeiro’’

16h - 18h - Sala 9 - Prédio 1 (LETRAS)

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 4 - ‘‘INTERTEXTUALIDADE NA LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA’’ (COORDENADORA: MS. ISIS MILREU)

1) Isis Milreu (Doutoranda – UNESP/Assis – Docente UFCG/PB) - ‘‘O labirinto intertextual em A última viagem de Borges’’

2) Felipe Pupo Pereira Protta (Mestrando – MACKENZIE/SP) - ‘‘Pós-modernidade em Caetano Veloso: identidade e intertextualidade’’

3) Rubens da Cunha (Mestrando – UFSC/SC) - ‘‘Estar sendo. Ter sido.: uma despedida intertextual’’

4) Elias Vidal Filho (Graduando – UNESP/Assis – FAPESP) - ‘‘ ‘O pirotécnico Zacarias’ como reescritura do Livro de Jó’’

5) Renato Oliveira Rocha (Graduando – UNESP/Assis) - ‘‘O Xangô de Baker Street – Trâmites de personagens e personalidades’’

SIMPÓSIO 8 - ‘‘RELEITURAS DO CÂNONE’’ (COORDENADORA: DRA. MARIA LÍDIA LICHTSCHEIDL MARETTI)

8 de novembro de 201013h30min - 15h30min - Sala 11 - Prédio 1 (LETRAS)

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 1

1) Isabel Cristina Domingues Aguiar (Doutoranda – UNESP/Assis) - ‘‘A Crítica Literária Brasileira: alguns apontamentos’’

2) Bianca Campello Rodrigues Costa (Mestranda – UFPE/PE – CAPES) ‘‘História da Literatura — uma história das conveniências’’

3) José Sérgio Custódio (Mestrando – UEL/PR – CNPq) - ‘‘Para que serve o cânone literário? Aspectos e confrontos do discurso teórico contemporâneo’’

4) Fernanda Almeida Lima (Doutoranda – UFRJ - CNPq) - ‘‘O campo literário francês de 1830 e a trajetória singular de um pequeno romântico, Pétrus Borel (1809-1859)’’

5) André da Costa Lopes (Mestrando – UNESP/Assis - FAPESP), Heloiza Brambatti Granjeiro (Mestranda – UNESP/Assis - FAPESP) e Luís Fernando Campos D'Arcadia (Mestrando – UNESP/Assis - FAPESP) - ‘‘O cânone e o Barroco luso-brasileiro: o lugar de Antônio da Fonseca Soares’’

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6) Enéias Farias Tavares (Doutorando – UFSM/RS - CAPES) - ‘Illuminated Books de William Blake: Ut pictura poesis e os limites entre poesia e pintura’’

16h - 18hSESSÃO DE COMUNICAÇÕES 2

1) André Ferreira Gomes de Carvalho (Mestrando – USP – CAPES) - ‘‘Impasses Críticos em J. D. Salinger — um problema de indivíduos ou da sociedade?’’

2) Mariely Grigoletto Tessaroli (Mestranda – UEL) - ‘‘Práticas de leitura e validação de objetos culturais: repensando as fotonovelas’’

3) Dilma Beatriz Rocha Juliano (Doutora – UFSC/SC – Docente UNISUL/SC) - ‘‘Velocidade e avidez: tópicos que ainda permitem um cânone?’’

4) Maria Lídia Lichtscheidl Maretti (Doutora – UNESP/Assis – Docente UNESP/Assis) - ‘‘Às voltas com a questão da canonização literária: o caso do Visconde de Taunay’’

5) Fabiano Rodrigo da Silva Santos (Doutor – UNESP/Araraquara) - ‘‘O galope infernal rumo à modernidade’’

6) Clara Miguel Asperti Nogueira (Doutoranda – Unesp/Assis) - ‘‘Lima Barreto e a crítica: a configuração do campo intelectual brasileiro a partir da publicação de Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909)’’

9 de novembro de 201013h30min - 15h30min - Sala 11 - Prédio 1 (LETRAS)

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 3

1) Paulo de Tarso Cabrini Júnior (Doutorando – UNESP/Assis – CAPES) - ‘‘Camilo Pessanha e o Fin de Siècle’’

2) Lilian Yuri Yoshimoto (Mestranda – UNESP/Araraquara – CAPES) - ‘‘Tristan Corbière: um simbolista ou um moderno?’’

3) Priscila Costa Domingues (Graduanda – UNESP/Assis – FAPESP) - ‘‘Erudito e popular: um rompimento de fronteiras literárias’’

4) Jaqueline Garcia Ferreira (Graduanda – UNESP - Assis) - ‘‘A tragédia nietzschiana na peça moderna Anjo Negro, de Nelson Rodrigues, e seu valor no cânone nacional’’

5) Luana Aparecida de Almeida (Mestranda - Unesp/Assis) - ‘‘O Marquês de Sade e sua relação com o cânone’’

6) Maria Clara Gonçalves (Mestranda – UNESP/Assis - CAPES) - ‘‘Novos olhares para velhas questões: considerações sobre o teatro de Qorpo-Santo’’

‘Os 16h - 18hSESSÃO DE COMUNICAÇÕES 4

1) Ana Paula Franco Nobile Brandileone (Doutora – UNESP/Assis – Docente UNIFADRA – Dracena/SP) - ‘‘Cornélio Pena: em busca de uma ‘história’ ’’

2) Alita Tortello Caiuby (Mestranda - UNICAMP – CAPES) - ‘‘U gaso du poeta, Barbiere i giurnaliste Juó Bananére’’

3) Júlia de Carvalho Almeida Oliveira (Mestranda – MACKENZIE/SP) - ‘‘Noite na taverna e Noite estrelada: um diálogo intersemiótico’’

4) Alessandra da Silva Carneiro (Mestranda – USP – CAPES/PROEX) - ‘‘ ‘Fenômenos lítero-sociais do triunfo de um Artista’: o caso Sousândrade’’

5) Elisa dos Santos Prado (Mestranda - Unesp/Assis) - ‘‘As edições não póstumas de Inocência (Visconde de Taunay, 1843-1899): primeiras reflexões teóricas’’

6) Sidnei Xavier dos Santos (Mestrando – USP) - ‘‘O conto esquecido pelo Modernismo: ‘Tílburi de Praça’, de Raul Pompéia’’

SIMPÓSIO 9 - ‘‘ROMANCE E PROBLEMATIZAÇÃO CULTURAL’’ (COORDENADOR: DR. ODIL JOSÉ DE OLIVEIRA FILHO)

8 de novembro de 201013h30min - 15h30min - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 1

1) Wilson José Flores Junior (Doutorando – UFRJ/RJ – CNPq) - ‘‘Memória e paralisia: afinidades entre Cortázar e W.G. Sebald’’

2) Adenize Aparecida Franco (Doutoranda – USP) - ‘‘Longe de Manaus, de Francisco José Viegas: categorias da ficção portuguesa contemporânea’’

3) Sérgio Henrique Rocha Batista (Mestrando - UNESP/Assis) - ‘‘O desatar dos nós’’

4) Carlos Felipe da Silva dos Santos (Graduando – UNESP/Assis) - ‘‘De olhos vendados: reflexão e aproximação entre José Saramago e Ítalo Calvino’’

5) Sandra Aparecida Ferreira (Doutora - UNESP/Assis) - ‘‘Resolução de múltiplo contraste (acerca de Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago)’’

6) Nefatalin Gonçalves Neto (Mestrando – USP) - ‘‘O homem duplicado’’

16h - 18hSESSÃO DE COMUNICAÇÕES 2

1) Ellen Elsie Silva Nascimento (Mestranda – USP – CNPq) - ‘‘Romance necessário: estética e intenção do romance epistolar no século XVIII pelo olhar de Rousseau’’

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1) Rosa Lúcia Miguel Fontes (Mestranda – UFMG/MG) - ‘gênero da modernidade’’

2) Danielle dos Santos Corpas (Doutora – UFRJ/RJ – Docente UFRJ/RJ) - ‘‘A cultura do romance vista daqui’’

3) Ewerton de Sá Kaviski (Mestrando – UFPR/PR – CNPq) - ‘‘O romance à moda da casa: o controle ideológico no Brasil oitocentista’’

4) Victor Figueiredo Souza Vasconcellos (Mestrando – UFRJ/RJ) - ‘‘Romance marginal e a dupla ambiguidade’’

5) Kelly Cristina Marques (Mestranda – PUC/SP) - ‘‘A negação da literatura em Cordilheira, de Daniel Galera’’

9 de novembro de 201013h30min - 15h30min - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 3

1) Débora de Freitas Ramos Apolinário (Especialista - UERJ-FFP) - ‘‘Vestígios antropofágicos na escrita machadiana: uma leitura do romance Dom Casmurro’’

2) Leonardo Dallacqua de Carvalho (Graduando – História – UNESP/Assis – IC/FAPESP) - ‘‘A obra literária como fonte para a pesquisa histórica: uma análise entre o real e o ficcional acerca da representação do candomblé no romance Jubiabá, de Jorge Amado’’

3) Naiara Alberti Moreno (Graduanda – UNESP/Assis – CNPq/IC) - ‘‘O coronel da narrativa: a manipulação do narrador em O Coronel e o Lobisomem’’

4) Helton Marques (Mestrando – UNESP/Assis) - ‘‘A infância e a violência no contexto da família patriarcal brasileira e sua representação em Infância, de Graciliano Ramos e Menino de engenho, de José Lins do Rego’’

5) Synailla Nayara da Silva (Graduanda – UFGD/MS) - ‘‘A subjetividade e a interioridade no romance As meninas, de Lygia Fagundes Telles’’

6) Patrícia Fabro Barbosa (Mestranda – UFPR/PR – REUNI) - ‘‘De Paulo Afonso ao fim: Sargento Getúlio e o trajeto entre os desdobramentos de dois mundos’’

16h - 18hSESSÃO DE COMUNICAÇÕES 4

1) José Mauricio Rodrigues Lima (Graduando - UNESP/Assis) - ‘‘Representações do trabalho no romance A maçã no escuro, de Clarice Lispector’’

2) Sandro Viana Essencio (Mestrando – UNESP/Assis) - ‘‘A prosa de Chico Buarque em Fazenda Modelo’’

‘O romance como 3) Flávia Heloísa Unbehaum Ferraz (Mestranda – UEL/PR – CAPES) - ‘do corpo: um romance de transição’’

4) Rebeca Alves (Mestranda – UNESP/Assis – FAPESP) - ‘‘A problematização cultural em O Selvagem da Ópera (1994), de Rubem Fonseca’’

5) Volmir Cardoso Pereira (Doutorando – UEL/PR) - ‘‘A aventura fáustica em Subsolo Infinito: a reconstrução do mito em meio à cultura de massa’’

6) Katrym Aline Bordinhão dos Santos (Mestranda – UFPR/PR) - ‘‘O nacionalismo no romance Dois Irmãos, de Milton Hatoum’’

RESUMOS DAS CONFERÊNCIAS

Linhas auxiliares da historiografia literária: marginalia, epistolografia e periodismo

Prof. Dr. Antonio Dimas (Livre-docente USP - Docente USP)

Com essa palestra, pretendo continuar minha cruzada junto aos alunos de Letras no sentido de despertar-lhes o gosto pela documentação periférica e/ou primária, tendo em vista a revitalização da história literária brasileira.

Linguagem, sexo, gênero e poder nos primeiros contos de Clarice Lispector

Prof. Dr. Arnaldo Franco Júnior (Pós-doutor - Université Paris VIII - Docente UNESP/S. José Rio Preto)

Os primeiros contos escritos por Clarice Lispector já apresentam elementos temáticos e formais que singularizarão a sua poética. Dentre tais elementos, destacam-se, por exemplo, a perquirição sobre o lugar da mulher na ordem sociocultural, a abordagem das tensas relações entre o poder-saber e as posições de sexo e/ou de gênero que caracterizam a experiência feminina, a construção de uma relativa cumplicidade entre as instâncias do narrador e das personagens protagonistas - aspectos, estes, que abordaremos na leitura da contística inaugural da escritora.

Reflexões sobre a crítica literária feminista

Profª. Dra. Lúcia Osana Zolin (Pós-doutora UFRJ/RJ - Docente UEM)

As discussões que envolvem o tema “Mulher e Literatura” já é uma realidade consolidada no meio acadêmico brasileiro: muitas são as obras publicadas sobre o assunto, os encontros científicos que reúnem pesquisadores/as do tema, as dissertações e as teses que se ocupam em pensar as relações de gênero e em analisar suas representações no universo literário, à luz de teorias interessadas em debater e questionar o primado de valores ideológicos dominantes sobre a diferença. Considerando esse interesse, bem como as pesquisas que venho desenvolvendo nos últimos anos, na Universidade Estadual de Maringá, nossa proposta é a de tecer algumas considerações sobre os estudos de gênero, mais especificamente sobre a crítica literária feminista, entendida como um modo de ler a literatura, confessadamente empenhado, que concorre para com a visibilidade da literatura de autoria feminina, por tanto tempo silenciada em nome das "altas literaturas" integrantes do cânone ocidental.

‘A fúria

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Manual de Pintura e Caligrafia e a construção do espaço da escrita

Profª. Dra. Márcia Valéria Zamboni Gobbi (Livre-docente UNESP/Araraquara - Docente UNESP/Araraquara))

O romance Manual de Pintura e Caligrafia (1977), de José Saramago, inaugura um procedimento que será constante na obra do escritor português: o de tratar da construção do romance no próprio romance. Ao incorporar ao discurso ficcional a explicação da obra, Saramago não só atualiza a vertente ensaística associada à tradição do romance enquanto gênero como permite que a partir dele se proponham questões sobre o processo da escrita e sobre a relação da criação artística com o contexto em que se produz – questões, enfim, fundamentalmente ligadas à natureza da representação literária. É a partir dessas ancoragens teóricas que pretendemos contribuir para uma reflexão sobre o tema do evento - “Cultura e representação”.

Arquivos pelo avesso – fotografia e narrativa na obra de Rosângela Rennó

Profª. Dra. Maria Adélia Menegazzo (Pós-doutora USP - Docente UFMS/MS)

É próprio das práticas artísticas contemporâneas investir na desarticulação do discurso da História da Arte, ironizando suas pretensões de originalidade, verdade ou símbolo da realidade, marcas da chamada arte erudita. Uma dessas práticas reside na apropriação, trazendo para a obra de arte novas formas de questionamento do realismo histórico, a começar pela autoria. Aplicada à fotografia, a questão vai mais além, possibilitando compreender o reaproveitamento de imagens como uma estratégia do auteur como crítico, no sentido em que ele recicla ou revitaliza informação consumida. Com esses referenciais, voltamo-nos para a obra da artista brasileira Rosângela Rennó O arquivo universal e outros arquivos, indagando sobre a possibilidade de as narrativas ali apresentadas, ao cumprirem a função indicial das fotografias, chegando, inclusive, a substituí-las.

Tendências da ficção de autoria feminina na literatura portuguesa contemporânea

Profª. Dra. Marlise Vaz Bridi (Doutora USP - Docente MACKENZIE/SP e USP)

Ao considerarmos as principais tendências da ficção portuguesa das últimas décadas, além de verificarmos a forte e crescente produção de autoria feminina, é possível verificar como o grupo de obras de ficção escritas por mulheres imprime singularidade aos principais temas e procedimentos literários contemporâneos. Através do estudo de algumas das principais escritoras de Portugal – como Agustina Bessa-Luiz, Maria Teresa Horta, Lídia Jorge e Teolinda Gersão – poderemos delinear as principais vertentes dessa produção que, presentemente, frutifica na escrita de uma nova geração de escritoras e, desta forma, apresentar um conciso panorama da ficção de autoria feminina na literatura portuguesa contemporânea.

Romances em trânsito: contribuições inglesas na formação do romance brasileiro

Profª. Dra. Sandra Guardini Teixeira Vasconcelos (Pós-doutora Universidade de Cambridge - Docente USP)

Não há quem conteste a forte presença da literatura francesa no Brasil do século XIX. Entretanto, nem só de civilização francesa viveu o Brasil. Romances ingleses também aportaram em terras fluminenses ao longo do século XIX e, encontrando um novo circuito de circulação formado pelas várias livrarias que se foram abrindo e pelos gabinetes de leitura e bibliotecas que se foram fundando, chegaram às mãos do público leitor. O objetivo dessa apresentação é discutir a circulação dessas leituras inglesas no Brasil e estabelecer algumas aproximações entre o romance inglês e a formação do romance brasileiro, por meio das possíveis apropriações do romance histórico scottiano por José de Alencar.

Intertextualidade (da memória à singularidade da obra literária)

Profª. Dra. Sandra Margarida Nitrini (Livre-docente USP - Docente USP)

Parte-se de uma revisita ao conceito de intertextualidade, ressaltando-se, de modo especial, seu papel articulador da memória da literatura, tecida na interioridade de obras específicas. Para ilustrar esta ideia da intertextualidade como memória da literatura, analisar-se-ão romances de José de Alencar e de Osman Lins, autores distantes no tempo e com projetos literários distintos, com o intuito de se salientar a operacionalidade da intertextualidade na busca de uma identidade, tanto no âmbito de um projeto literário nacional, sem excluir o pessoal, o que ocorre com nosso autor do século XIX, quanto no caso de nosso autor do século XX.

RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES

‘‘Longe de Manaus, de Francisco José Viegas: categorias da ficção portuguesa contemporânea’’

Adenize Aparecida Franco (Doutoranda – USP)8 de novembro de 2010 (13h30min às 15h30min - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA)

Este trabalho procura discutir algumas categorias da ficção romanesca da literatura portuguesa contemporânea através de um breve estudo da obra Longe de Manaus, de Francisco José Viegas. O romance, publicado em 2005, explora as categorias de tempo e espaço dentro das determinações pós-modernas, ou seja, evidencia as diluições de fronteiras e memória. Aliada a um projeto de romance policial, a narrativa inscreve-se dentro das produções que dialogam com o gênero popular do século XIX e, desse modo, caracteriza-se, conforme afirma Tânia Pellegrini, como uma “ficção em trânsito”.

‘‘Fallen Woman: as personagens prostitutas na Tenement Fiction Norte-americana do século XIX’’

Adriana Carvalho Conde (Doutoranda – UNESP/Assis)

9 de novembro de 2010 (13h30min às 15h30min - Sala da Videoconferência)

A presença de personagens prostitutas na literatura tornou-se expressiva, especialmente no século XIX, em diferentes perspectivas. A ficção sobre a mulher pobre, trabalhadora e moradora de cortiços foi tratada de maneira a problematizar as relações desta em um ambiente selvagem e degradante, neste caso, na cidade de Nova York, em pleno desenvolvimento industrial. Apesar de se tratar de personagens protagonistas, a representação da mulher prostituta na Tenement Fiction norte-americana acentua o aspecto frágil e ingênuo das personagens, apresentando-as como se fossem intelectual e moralmente inferiores, incapazes de se tornarem emancipadas. As personagens ocupam duas margens: tanto por serem mulheres, quanto por serem prostitutas. Importa-nos analisar as representações dessas mulheres marginais na literatura social da Nova York do século XIX, bem como esclarecer estereótipos femininos criados por meio de Cora Strang do romance de Edgar Fawcett, The Evil That Men Do (1889) e Maggie Johnson de Maggie: a girl of the streets (1893), obra de Stephen Crane. Procuramos apontar e desmistificar a percepção e a representação destas pelos autores naturalistas, tendo em vista que nas novelas da Tenement Fiction, as personagens femininas, que se tornam prostitutas, protagonizam histórias de degradação moral e física, indicando uma aparente fragilidade da mulher em relação ao meio social em que vive e em relação aos outros, reiterando estereótipos difundidos historicamente, que serviram para oprimir e excluir a mulher na sociedade.

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Adriana Dusilek (Doutoranda – UNESP/Assis – CNPq)9 de novembro de 2010 [16h às 18h - Sala 12 - Prédio 1 (LETRAS)]

O objetivo deste trabalho é discutir o processo de construção da narrativa de Leite Derramado, de Chico Buarque. Tal narrativa reflete uma das imagens mais recuperadas pelo narrador ao lembrar de sua esposa, e que também é o título da obra, o leite derramado. Auxiliado ainda pelo tom de oralidade, esse derrame põe à mostra o embaralhamento das memórias do narrador, resultando num trabalho original e linguisticamente bem construído.

‘‘O surrealismo e a literatura: Água Viva, de Clarice Lispector e a escritura automática’’

Adriana Giarola Ferraz Figueiredo (Doutoranda – UEL/PR)8 de novembro de 2010 [16h às 18h - Sala 2 - Prédio 1 (LETRAS)]

Abordar os aspectos vanguardistas na literatura consiste não apenas em desenvolver teorias acerca do campo literário. Mais que isso, de acordo com Ernesto Sampaio, trata-se de uma incursão pela possibilidade de “um efeito social da arte nos dias de hoje” (In: BÜRGER, 1993, p. 7), assim sendo, a verificação da relação da arte com os aspectos vitais da existência humana (a práxis-vital) e, concomitantemente, do estatuto artístico. No Brasil, as manifestações surrealistas também se fizeram presentes, extrapolando todo o seu contingente revolucionário e formador de um espírito literário inovador. O Modernismo, tendência vanguardista que rescinde com os modelos rigorosos e caminha para uma criação mais livre, é uma reação às escolas artísticas do passado, que começa a se desenvolver no país na Semana de Arte Moderna de 1922. A arte transforma-se na experiência do “eu”, acontece um monólogo interior e uma ruptura com a realidade. Há uma volta à origem, porque não há controle sobre o acaso. E é nesse ponto que Clarice Lispector apresenta-se como foco de análise e de estudo. Em 1973, a autora publica a obra Água Viva, romance que contempla um dos problemas centrais da escrita clariceana: a questão da fronteira da personalidade com a fronteira da linguagem. Nas obras de Clarice Lispector, o que acontece não é mais um simples entendimento do texto como algo acabado e esgotado quando analisado diante de determinado aspecto do mundo ou do ser humano. Clarice vai além. Seu discurso literário proporciona ao leitor a possibilidade de criar o mundo dentro de um texto.

‘‘Construção de personagens femininas em Solidão Calcinada, de Bárbara Lia’’

Adriana Lopes de Araujo (Mestranda – UEM/PR)8 de novembro de 2010 [13h30min às 15h30min - Sala 2 - Prédio 1 (LETRAS)]

Nossa proposta é tecer considerações acerca das personagens femininas que integram a obra Solidão calcinada, da autora paranaense Bárbara Lia, a fim de evidenciar como tais personagens são construídas e representadas ao longo da narrativa, se reduplicam, questionam ou ironizam as relações de gênero. Em vista disso é que o estudo se insere no âmbito dos estudos de gênero e da Teoria Crítica Feminista. Importa salientar, ainda, que a análise refere-se a um primeiro momento do projeto de pesquisa intitulado ‘‘A personagem na literatura de autoria feminina paranaense contemporânea’’, coordenado pela Profª. Dra. Lúcia Osana Zolin e com o apoio da Fundação Araucária. O projeto objetiva um estudo acerca da personagem que compõe a prosa de ficção contemporânea (publicada a partir dos anos 1970), de autoria feminina, no Paraná para, posteriormente, organizar um banco de dados a ser disponibilizado com vistas a pesquisas futuras mais específicas.

‘Memórias em desalinho: apontamentos sobre Leite derramado’’ ‘ Aspectos intertextuais do discurso saramaguiano’’

Adriana Marcon (Graduanda - UNESP/Assis - FAPESP)8 de novembro de 2010 [16h às 18h - Sala 9 - Prédio 1 (LETRAS)]

Este trabalho consiste na verificação dos elementos intertextuais em algumas obras selecionadas do escritor português José Saramago, a exemplo dos romances O Evangelho segundo Jesus Cristo e As Pequenas Memórias, uma vez que o processo intertextual – junto à contradição, desafio e ironia – mostra-se uma das características mais marcantes do discurso saramaguiano. A reflexão é orientada pelo pressuposto de que a intertextualidade, nas manifestações literárias ditas pós-modernas, é vista como uma “manifestação formal de um desejo de reduzir a distância entre o passado e o presente do leitor, reescrevendo o passado dentro de um novo contexto (...)” (HUTCHEON, 1991, p.157). Surge, assim, uma arte literária fragmentária, composta pelo diálogo intertextual e pela noção de impossibilidade, de sentimento de enigma, articulados com o fantástico, numa voz múltipla que se desdobra e que parece caminhar em amplos círculos que envolvem o individual, social, nacional e, finalmente, o universal. Em razão disso, a comunicação proposta tem por objetivo mostrar que, a partir da atenção à presença de textos já consagrados, mas reelaborados, é possível ir um passo além na direção de articular os saberes de um Saramago leitor e autor com o imaginário ocidental, ponto de partida para a produção de novos sentidos nas narrativas saramaguianas.

‘‘O imaginário no conto ‘Tarciso’, de Dinah Silveira de Queiroz’’

Adriano Loureiro (Graduado – UNESP/Assis)9 de novembro de 2010 [13h30min às 15h30min - Sala 3 - Prédio 1 (LETRAS)]

A pretensão deste trabalho é analisar o conto “Tarciso”, da autora Dinah Silveira de Queiroz, para demonstrar elementos que possam justificar a “classificação” da obra como exemplar da corrente dita “realismo imaginário” e, dentro dessa perspectiva, exaltar o nome da artista como uma das pioneiras do gênero na literatura brasileira. Atreladas a isso, estão também as intenções de divulgar a escrita de autoria feminina e de defendê-la como digna representante da qualidade artística, confirmando a legitimidade dos movimentos feministas contra o patriarcado que sempre regeu a tradição literária no Brasil.

‘‘Sartre nos Estados Unidos da América (1945-46): uma apresentação’’

Adson Cristiano Bozzi Ramatis Lima (Doutor – UEM/PR)8 de novembro de 2010 [16h às 18h - Sala 8 - CENTRAL DE SALAS DE AULA (HISTÓRIA)]

O filósofo francês Jean-Paul Sartre realizou duas viagens aos Estados Unidos da América, a primeira no início de 1945 e a segunda em 1946. O filósofo francês foi pela primeira vez a este país na condição de correspondente de guerra, a convite de Albert Camus que, na época, era diretor adjunto do jornal Le Combat. Na segunda viagem, Sartre foi como conferencista e esteve baseado, sobretudo, na cidade de Nova York. A partir destas viagens, Sartre escreveu muitos textos sobre os Estados Unidos da América, narrando ao público leitor francês a sociedade norte-americana. Destes inúmeros textos, apenas seis foram remanejados, fundidos e posteriormente republicados, em 1949, na coletânea Situations III. Estes textos, que têm como título ‘‘Individualisme et inconformisme aux États-Unis e Villes d'Amérique’’, podem ser compreendidos como “narrativas de viagem”, e Sartre todo o tempo dialogou com este gênero literário, comentando os seus topoi habituais, como o espanto, o exotisme e o dépaysement. Estes artigos são importantes literária e historicamente pela aversão política que o filósofo francês viria a desenvolver em relação às políticas empreendidas pelos diversos governos deste país. Ora, em 1945 e 1946 Sartre ainda não era o ativista político engajado em diversos movimentos de esquerda, e que fazia da própria escritura uma forma de atuação política. Caberia lembrar, ainda, que no ano de 1965 o filósofo francês recusou um convite para proferir uma série de palestras no país norte-americano; em 20 anos não apenas Sar t re hav ia mudado, mas o p rópr io mundo – e a

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imagem internacional da “América” – havia se alterado radicalmente. Neste artigo, descreveremos as duas viagens e apresentaremos os textos de Sartre escritos sobre o país norte-americano, colocando-os no seu contexto literário e histórico.

‘ A misoginia medieval na Demanda do Santo Graal e nas cantigas de amor portuguesas de Torneol’’

Aldilene Lopes de Morais (UFPA/PA)Suzane Reis da Costa (UFPA/PA)

8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 3 - Prédio 1 (LETRAS)

Sabe-se que a Idade Média foi marcada predominantemente pelo discurso masculino, como já enfocou Georges Duby (1988, p. 6). Tudo o que se construiu a respeito da mulher, só se conhece sobre a óptica misógina, tendo em vista que nesse período as vozes que ecoam estão centralizadas em um discurso antifeminista. O presente trabalho tem como pretensão discutir como as mulheres no período da Idade Média assumiam responsabilidade relevante, ainda que segundo a visão misógina elas apresentassem fragilidade de corpo e espírito. Sabe-se, no entanto, que elas se mostraram eficazes quanto à manutenção da sociedade medieval. Mesmo de forma contida, as mulheres estavam presentes na criação dos filhos e na propagação e conservação da vida religiosa, como explicita Suzanne Wemple (1990, p. 227-265). Para auxiliar a compreensão do que se escreveu sobre a mulher, faz-se necessário recorrer aos estudos de Howard Bloch e Georges Duby, que reconhecem o caráter misógino que corou o pensamento medieval. No entanto, não devemos apreender esta ideia como verdade absoluta, pois Duby afirma que nessa época houve, a despeito da superioridade masculina, uma promoção da mulher. Tomaremos como textos de análise algumas passagens de A demanda do Santo Graal, assim como também algumas cantigas de amor portuguesas de Torneol. O trabalho desenvolveu-se à luz dos estudos de Suzanne Wemple, R. Howard Bloch e Georges Duby, Márcia Mongelli, Heitor Megale entre outros, recorrendo, ainda, a obras como A demanda de Santa Graal (cópia galego-portuguesa do século XV) – cuja edição é de Irene Freire Nunes (1995) – e algumas cantigas de amor portuguesas de Torneol.

‘‘ ‘Fenômenos lítero-sociais do triunfo de um artista’: o caso Sousândrade’’

Alessandra da Silva Carneiro (Mestranda – USP – CAPES/PROEX)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 11 - Prédio 1 (LETRAS)

O intento desta comunicação é discutir as possíveis razões da tardia (e ainda tímida) inclusão do poeta Sousândrade (1832-1902) no cânone. ‘’O Guesa’’, poema longo considerado a grande obra do escritor maranhense, embora tenha sido publicado na década de 1880, só foi avaliado em todo o seu mérito na década de sessenta do século posterior, pelos irmãos Augusto e Haroldo de Campos. Em Re-visão de Sousândrade (1964), os referidos autores analisaram os aspectos micro e macro-estéticos da linguagem sousandradina, classificando-a como precursora da poesia moderna. Desde então, é quase consenso que Sousândrade fora relegado do cânone que se começa a forjar no Romantismo, porque sua obra era, sobretudo, estilisticamente avant la lettre. Por outro lado, acreditamos que, além das inovações na forma, as relações que Sousândrade (não) estabeleceu com o Segundo Império foram decisivas para a sua marginalização do rol dos poetas áulicos. Ao identificarmos n'‘‘O Guesa’’ críticas ferrenhas à Monarquia de D. Pedro II por meio do indigenismo, ou seja, a figuração do nativo degradado desde a colonização até o Império, em oposição ao indianismo laudatório, denota o quanto era pertinente ao governo manter o poeta no olvido. Partindo da leitura comparativa da primeira edição dos Primeiros Cantos, de Gonçalves Dias, e d'‘‘O Guesa’’, inferimos que os poetas que viveram sob o mecenato do imperador se dignaram a escrever literatura de acordo com os interesses do Estado-Nação Imperial, seja excluindo o negro, seja dando o índio como extinto e só memorável nos primórdios da (ideia) de nação. Portanto, as relações sócio-políticas que os homens de letras estabeleceram foram decisivas para a sua “coroação”, ou não, enquanto escritores. Desse modo, não era o talento que contava, mas sim os “fenômenos

lítero-sociais” que garantiriam uma vaga no panteão dos autores nacionais, como lucidamente concluiu o crítico Nogueira da Silva, em 1910.

‘‘E vedes como vos quero loar, mia senhor: o escárnio amoroso de João Garcia de Guilhade’’

Alessandra Fabrícia Conde da Silva (Mestre – UFPA/PA)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala da Videoconferência

O objetivo deste trabalho é refletir sobre a temática das cantigas de escárnio de amor que são o hipotexto das cantigas amorosas. Em tais cantigas, o grotesco, o equívoco, a ironia, o obsceno, assim como a prática do desloor podem ser vistos, sobretudo, nas cantigas escarninhas de João Garcia de Guilhade. Com esse escárnio amoroso, a visão posta sobre a mulher é invertida; o discurso do poeta se altera. O panegírico à mulher dá lugar a um contratexto, uma subversão cômica do gênero original. Lapa, Lopes, Alberti, Osório, Corral Díaz, Foucault, Duby, Klapisch-Zuber entre outros, fornecerão a base teórica.

‘‘Caminhos para a morte: a finitude em comum’’

Alessandra Navarro Fernandes (Doutoranda – UEL/PR – Fundação Araucária)9 de novembro de 2010 - 16 às 18h - Mini-anfiteatro de HISTÓRIA

Morrer, uma interrupção do fato cronológico; a continuidade de uma hierarquia também cronológica; o deserto revelado ao homem onde não há vozes e ao mesmo tempo a própria deserção de nossos mundos pessoais. Na crônica “O Estrangeiro”, de Artur Dapieve, o narrador relata suas percepções diante da morte da mãe, acontecimento que o marcou profundamente e que o remeteu à obra O Estrangeiro, de Camus. Através de observações intertextuais sobre a relação do homem com as palavras e com o outro – e do sentimento de “solidão diante do mundo” como ele mesmo afirma, pretende-se analisar as noções existencialistas da ideia da morte contidas no texto. Trata-se de uma consciência aguda (ou antes alegórica) sobre a condição de ser “estrangeiro” para a vida ou para a morte esgarçadas no deslocamento do tempo, da posição de sujeito e mesmo de escritor.

‘‘O Futuro (1862-1863): um projeto jornalístico luso-brasileiro em tempos de francofilia’’

Aline Cristina de Oliveira (Mestranda - UNESP/Assis – CAPES)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Mini-anfiteatro da HISTÓRIA

A atividade da imprensa no Brasil começa com a chegada da família real portuguesa e ganha cada vez mais espaço a partir da independência. É justamente num momento de efervescência da atividade jornalística que surgirá, em 15 de setembro de 1862, o periódico O Futuro, de Faustino Xavier de Novaes, publicado quinzenalmente até 1º de julho de 1863. Conforme sugere o subtítulo – O Futuro: periódico literário – a ideia central do jornal era promover a manutenção das relações literárias entre Brasil e Portugal, defendendo a qualidade dos escritores e servindo como ponte entre as duas nações. Entretanto, a despeito da ideologia do periódico, a História mostra uma forte presença do modo de vida francês na sociedade oitocentista e a imprensa atuará, via de regra, de acordo com esse gosto afrancesado. Assim, a importação do modelo francês de publicação, com ilustrações, figurinos e romances publicados em fatias, garantiu a sobrevivência de muitos jornais contemporâneos d`O Futuro. É inequívoca a importância da imprensa para a vida literária brasileira no século XIX, uma vez que alguns escritores, posteriormente consagrados, se utilizaram do jornal como laboratório de formação. Contudo, a invasão dos romances folhetinescos, produzidos por autores franceses, detinham um lugar privilegiado nas páginas dos jornais em razão da pronta aceitação dessa literatura pelo público leitor. Contrapondo o projeto luso-brasileiro d`O Futuro à inserção francesa na sociedade da época, o presente trabalho levanta a hipótese de ter sido a rejeição ao arquétipo estrangeiro o motivo da efemeridade do periódico.

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Além disso, é possível atestar que nem mesmo O Futuro pôde manter-se completamente alheio a presença francesa no período romântico nacional.

‘‘U gaso du poeta, barbiere i giurnaliste Juó Bananére’’

Alita Tortello Caiuby (Mestranda - UNICAMP – CAPES)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Prédio 1 (LETRAS)

Em 1909, sob a pena do caricaturista Voltolino, nasce Juó Bananére. Somente em 1911, no décimo número da revista O Pirralho, que o estudante da Escola Politécnica, Alexandre Ribeiro Marcondes Machado, decide dar voz e vida à personagem. A fala macarrônica do suposto barbeiro e imigrante, mistura estropiada de português e italiano, faz sucesso nas conversas paulistanas. O autor publicou apenas um livro, La Divina Increnca, mas tem vasta produção literária em inúmeros periódicos, em especial os da cidade de São Paulo. O caráter cômico rendeu, ainda que tardiamente, algumas pesquisas a seu respeito, sendo a maioria sobre sua época de sucesso, quando escrevia na coluna “As cartas d´Abaxo Piques”. Compreendendo a concepção de campo literário de Pierre Bourdieu, acreditamos que esta pesquisa tenha como contribuir para uma nova percepção do trabalho de Bananére. O percurso da crítica em torno do autor mostra divergências e convergências, as quais serão apresentadas nesta comunicação. Otto Maria Carpeaux anuncia, em 1958, que Bananére fazia parte de uma categoria modesta, mas na qual não tinha companheiros. Parece plausível, portanto, discutir sua relação com os autores de seu tempo e com o Movimento Modernista. Mais que isso, talvez por seu caráter anárquico e inclassificável Bananére é, por muito tempo, colocado à margem da cultura paulista.

‘‘A dupla ponta de uma lança: Patrícia Galvão e a similaridade estilística em dois gêneros distintos’’

Amable Daiane Custódio Ribeiro (Graduanda – UNESP/Assis – CNPq)9 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Prédio 1 (LETRAS)

O decênio de 1930 trouxe para as artes e demais meios de comunicação determinados fenômenos sócio-históricos que permitiram ao intelectual ensejar novas concepções de compreensão da realidade e do indivíduo. Nesse ínterim, o envolvimento do escritor com seu meio de vivência alcança vasta dimensão, pois engloba aspectos contextuais que direcionam à formação de uma visão de mundo particular, pautada na expressão de uma linguagem e uma ideologia. Dessa maneira, este trabalho almeja trazer a lume algumas considerações acerca da produção de Patrícia Galvão, mais conhecida como Pagu, em sua fase de maior militância política e social, representada pela coluna ‘‘A Mulher do Povo’’, do jornal O Homem do Povo, de 1931, e Parque Industrial, o romance proletário, publicado em 1933. Haja vista a distinção entre os gêneros, a ser devidamente elucidada por suas características nucleares, percebe-se no discurso galvaniano pontos similares de composição quanto às nuanças estilísticas, além das temáticas, como o tom crítico e denunciador das falácias sociais, a exploração da classe operária marginalizada e a degradação dos valores burgueses. Portanto, a aproximação e comparação de ambas as produções, focalizando-se uma unicidade de elementos narrativos, com destaque ao estilo, promoverá a revitalização de um material histórico, cujos procedimentos técnico-expressivos denotam uma postura autoral diferenciada e participante da complexa dialética entre forma e conteúdo entremeada em sua produção.

‘‘A poesia visual no discurso ficcional histórico: o caso de ‘Nós que aqui estamos por vós esperamos’ ’’

Ana Claudia Freitas Pantoja (Doutoranda – UEL/PR)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h Sala 8 - CENTRAL DE SALAS DE AULA

(HISTÓRIA)

É possível falar em poesia visual de tendência concretista no cinema? Sim, é. O premiado longa-metragem brasileiro “Nós que aqui estamos por vós esperamos”, de Marcelo Masagão,

foi apresentado pela primeira vez ao público em 1999, sob a incomum classificação de “filme-memória” e com uma proposta ambiciosa: contar em 73 minutos a história do século XX. Montada exclusivamente a partir de imagens, legendas e sons – sem locução in off e destituída de diálogos – a obra concretiza boa parte do projeto idealizado por Décio Pignatari, Augusto e Haroldo de Campos, segundo os quais elementos gráficos devem se relacionar com o texto verbal escrito para expandir as possibilidades da palavra. O trabalho de Masagão também faz referência direta aos ideogramas, base de toda teoria do vanguardista russo dos anos 1920-30 Sergei Eisenstein. A somatória do texto verbal (através das legendas) e dos recursos imagéticos institui como protagonista do filme o “homem comum”, anônimo e usualmente esquecido nas retrospectivas grandiloquentes sobre o século XX, estratégia narrativa de valorização do cotidiano que se coaduna com os parâmetros historiográficos hobsbawmianos e da microhistória. Nesta proposição de trabalho para o X SEL, pretende-se delinear as manifestações específicas da poesia visual no filme, verificando em que momentos o casamento entre palavra e imagem permite um tipo de fruição estética singular em se tratando de um discurso ficcional histórico.

‘‘Umberto Eco e a busca da memória individual’’

Ana Maria Carlos (Doutora – USP – Docente UNESP/Assis)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 9 - Prédio 1 (LETRAS)

Como se sabe, desde seu primeiro romance, O nome da rosa, Umberto Eco, para a construção de suas narrativas, utiliza a intertextualidade como procedimento estrutural básico, indicativo de uma literatura feita a partir da própria literatura. Em A misteriosa chama da rainha Loana - romance ilustrado, de 2004, o autor fez uso da intertextualidade com finalidade um pouco diversa. O protagonista do romance, Giambattista Bodoni, conhecido como Yambo pelos amigos, é acometido de uma doença cerebral e perde a memória individual, emotiva, conservando, porém, a memória "de papel", como ele mesmo declara, e que compõe a memória livresca do mundo. No jogo estabelecido pela narrativa, serão os livros lidos pelo protagonista - mas sobretudo as histórias em quadrinhos da juventude e toda uma série de arte popular, como discos antigos e histórias de ficção científica, sistemas de significação identificadores da geração de 1940, a que pertence o protagonista - os intertextos que tentarão fazer coincidir a memória coletiva com aquela individual, a memória das coisas e a memória de si. O objetivo do trabalho é comentar alguns desses intertextos, traços da memória cultural de uma geração, vestígios que se apresentam dispostos como peças de um mosaico que o protagonista deve recompor para encontrar a si mesmo.

‘‘Construindo (des)igualdades de gênero pela tradução’’

Ana Maria de Moura Schäffer (Doutora – Unicamp – Docente UNASP Engenheiro Coelho/SP)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 3 - Prédio 1 (LETRAS)

A comunicação objetiva trazer um recorte de uma pesquisa sobre a relação tradução e gênero no Brasil, cuja investigação foi feita a partir da análise de respostas de tradutoras brasileiras a um questionário enviado por e-mail para duas listas de tradução que circulam no Brasil. Tentou-se identificar na materialidade linguística do dizer e nas formações inconscientes que irrompem desta materialidade, indícios da constituição do imaginário dessas tradutoras sobre o que seja tradução de gênero. As representações de tradução que emergiram da fala das tradutoras apontam, no geral, para os sentidos da luta social vinculada aos movimentos feministas; de modo específico, tais representações são imaginarizadas como expressão de criatividade e autoria, mesclando-se para instituir momentos de identificação aliados à singularidade das tradutoras. Assim, apreende-se que há vestígios de tradução de gênero no dizer sobre tradução, como também emergem desse dizer efeitos de sentido que apontam para uma constituição identitária das tradutoras já inseridas no contexto de um emprego de uma linguagem mais inclusiva de gênero nas traduções por elas praticadas, contribuindo para a construção da igualdade de gênero pela prática de tradução.

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‘'O papel das ideias e do póstumo nas obras O Testamento do Senhor Napomuceno e Memórias Póstumas de Brás Cubas'’

Ana Maria Lange Gomes (Graduanda - UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 11 - Prédio da PSICOLOGIA

Este projeto de pesquisa visa uma análise comparativa entres as obras O testamento do Senhor Napumoceno, de Germano Almeida e Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, destacando o papel das ideias nos romances e a abordagem do póstumo. A análise partirá da função que os pensamentos e novos conceitos advindos do exterior foram abordados no decorrer dos romances através das personagens principais e das discussões que as mesmas suscitam, além de comparar as duas obras pelo caráter póstumo da narrativa. A proposta do trabalho é explorar as ideias lançadas nas obras situando-as no contexto histórico-cultural além da tentativa de entendê-las dentro do próprio romance, levando a uma compreensão do papel que estas exercem nas obras. Também se pretende demonstrar as semelhanças e divergências dos romances na questão do Póstumo. A exploração destes elementos procura nos auxiliar na compreensão da construção das personagens e da própria narrativa, resgatando as peculiaridades das obras e também a universalidade das mesmas. Além disso, através das similaridades das duas obras, e principalmente da abordagem das tendências estrangeiras que invadiam os dois países no período da concepção dos romances e da narrativa póstuma, procura-se aproximar a literatura do Brasil e de Cabo Verde demonstrando a relação existente entre elas.

‘‘A atriz e suas máscaras: mulher, teatro e representação em As Horas Nuas’’

Ana Paula dos Santos Martins (Doutoranda – USP)8 de novembro de 2010 – 13h30min às 15h30min - Sala 2 - Prédio 1 (LETRAS)

Este trabalho busca investigar o jogo de representação no romance As Horas Nuas (1989), de Lygia Fagundes Telles, a partir da construção da protagonista Rosa Ambrósio, uma velha atriz em décadence, bêbada e solitária, que vive apenas na companhia de sua empregada, Dionísia, e do gato dotado de memória, Rahul. A busca de uma identidade própria, como mulher que enfrenta o envelhecimento e as dificuldades de aceitação do fracasso das relações familiares, obriga Rosa a despir-se das inúmeras máscaras que envergara ao longo da vida, processo marcado pelo sofrimento e pela culpa. Na recuperação de seu passado pelo exercício da memória, os papéis femininos outrora desempenhados no teatro por Rosa como atriz – Ofélia, Alaíde, Margarida, Martha, Princesa Kosmonópolis, Amanda - misturam-se ao seu próprio 'repertório' e descortinam a encenação de uma história de sujeição da mulher, suas tentativas de emancipação e a difícil arte de harmonizar a convivência nas esferas pública e privada. Nesse sentido, a poética memorialista/feminista de Lygia Fagundes Telles evoca voluntária ou involuntariamente memórias individuais e coletivas, representações femininas do presente nas quais reverberam as do passado, em permanente diálogo. Os mecanismos de mediação escolhidos pela autora, especialmente as peças de teatro mencionadas pela protagonista, participam da manutenção do jogo da representação em torno de Rosa, numa intensa dialética de exposição e ocultamento, reveladora de sua experiência como mãe, esposa, amante, filha, expressa literariamente.

‘‘Ensaio sobre a cegueira: José Saramago na trilha da tradição luciânica'’

Ana Paula Foloni Gamba (Doutora – UNESP/Assis)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 12 - Prédio 1 (LETRAS)

Esta comunicação tem por objetivo desenvolver uma análise crítica do texto Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago, com a finalidade de identificar possíveis traços da poética de Luciano de Samósata, sírio helenizado do século II d.C., no pensamento artístico-literário desse escritor, que teria adotado uma “postura luciânica” no que diz respeito às técnicas por ele

utilizadas na construção de sua obra. Tais técnicas baseiam-se na mescla de realidade efantasia e na utilização sistemática de um ponto de vista distanciado, que visam à denúncia e à crítica das mazelas e dos vícios humanos universais. Assim, recuperando um cânone “subterrâneo” – a tradição luciânica – Saramago, voltando-se ao clássico, promove um rejuvenescimento de sua própria literatura e da literatura de sua época.

‘‘ 'Cornélio Pena: em busca de uma 'história' '’

Ana Paula Franco Nobile Brandileone (Doutora – UNESP/Assis – Docente UNIFADRA – Dracena/SP)

9 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 11 - Prédio 1 (LETRAS)

Depois de abdicar da carreira de pintor, Cornélio Pena dedicou-se à literatura, publicando quatro romances: Fronteira (1935), Dois romances de Nico Horta (1939), Repouso (1948) e A menina morta (1954). Desde o seu aparecimento no panorama da ficção nacional, o autor se encontra deslocado na história literária brasileira, dado o silêncio que acompanha a sua produção ficcional. O fato de o autor associar o clima de mistério a elementos de sondagem interior e problemas de caráter místico tornou-se não só um desafio para a crítica literária brasileira que, àquela altura da década de 30, tinha o romance social como o mais característico do momento, atingindo então o seu auge, como também trouxe desatino na medida em que o autor inaugura uma tradição do gênero na literatura brasileira. São algumas reflexões em torno da recepção crítica de Fronteira (1935), o que se propõe a apresentar.

''O cânone e o Barroco luso-brasileiro: o lugar de Antônio da Fonseca Soares''

André da Costa Lopes (Mestrando – UNESP/Assis - FAPESP), Heloiza Brambatti Granjeiro (Mestranda – UNESP/Assis - FAPESP) e Luís Fernando Campos D'Arcadia (Mestrando –

UNESP/Assis - FAPESP)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 11 - Prédio 1 (LETRAS)

Antônio da Fonseca Soares (1631-1682), poeta português, mais conhecido como Frei Antônio das Chagas, gozou de grande prestígio entre os letrados de seu tempo. Contemporâneo de nomes como Gregório de Matos Guerra e Padre Antonio Vieira, produziu tanto uma obra profana quanto sacra, praticando os mesmos gêneros literários explorados por esses dois autores. Entretanto, com a passagem do pensamento iluminista e a elaboração das Histórias da Literatura Nacionais, a obra de Fonseca ficou praticamente esquecida nos cancioneiros manuscritos ou em folhas avulsas, nas mãos de bibliófilos ou nos arquivos das bibliotecas portuguesas. Neste trabalho, pretendemos examinar os motivos da inclusão de certos autores do mesmo período no Cânone (ou Cânones) luso-brasileiro e a marginalização de Antônio da Fonseca e outros contemporâneos seus.

‘'Impasses Críticos em J. D. Salinger — um problema de indivíduos ou da sociedade?’’

André Ferreira Gomes de Carvalho (Mestrando – USP – CAPES) - 8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 11 - Prédio 1 (LETRAS)

Este trabalho busca fazer uma reflexão acerca da recepção crítica do romancista norte-americano J. D. Salinger (1919-2010). No primeiro momento, a partir de um corpus de mais de trinta textos, a maioria escrita por críticos norte-americanos no início da década de 1960, apogeu da fase de discussão das obras do escritor, são descritas as linhas gerais dos critérios estéticos (e, muitas vezes, morais) de seus comentadores. Percebe-se, então, o quanto esses critérios — em avaliações que variavam desde a tentativa precoce de canonização do autor, até a rejeição sumária de sua obra — apresentam certas características em comum, refletindo uma tentativa de lidar com as mudanças na sociedade americana nas décadas seguintes à Segunda Guerra Mundial. A mais importante dessas características revela-se na incapacidade de se superar uma dicotomia básica entre Indivíduo e Sociedade, e nos conceitos idealizados de Obra de Arte: ora como expressão privilegiada de um indivíduo especial, ora como tentativa de descrição de uma

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sociedade. Essa revelação é pautada nos textos de intervenção do crítico galês Raymond Williams, que ensaia um método crítico materialista cultural como alternativa para as formas tradicionais de análise estética e social. Num último momento, a partir das considerações de Michael Denning sobre a história americana no pós-guerra, busca-se mostrar como tais maneiras de se avaliar os objetos estéticos encontravam ressonância numa sociedade que presenciava uma “virada cultural” com a disseminação da indústria cultural, que criava uma região “nova” de vida, chamada cultura de massa.

‘‘ ‘Casa tomada’: entre o fantástico e o intertextual’’

Andrea Carina Pilipposian (Mestranda – MACKENZIE/SP)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 9 - Prédio 1 (LETRAS)

O presente trabalho elenca as diversas características que permitem identificar os aspectos fantásticos existentes no conto “Casa tomada”, do autor argentino Julio Cortazar. Além dos conceitos sobre literatura fantástica propostos por Tzvetan Todorov, utilizar-se-á o conceito de dialogismo de Mikhail Bakhtin presente, sobretudo, no livro Introdução ao pensamento de Bakhtin, de José Luiz Fiorin. Realizar-se-á, também, o levantamento de três traços de intertextualidade presentes no conto: a personagem Irene com a personagem Penélope, de Odisséia, de Homero; o casal do conto de Cortázar com o casal adâmico; e as relações dialógicas existentes entre o conto “Casa tomada” e o conto, também fantástico, “A queda da casa de Usher”, de Edgar Allan Poe. Dessa maneira, a partir de um procedimento muito comum em textos da Pós-Modernidade, a intertextualidade, será possível estabelecer uma relação entre aspectos de “Casa Tomada” que dialogam com outros textos e os estudos já realizados sobre o conto, que apontam diferentes interpretações, entre elas, o incesto e uma alegoria ao momento político vivido na Argentina.

‘‘A influência de Jules Laforgue na Literatura Brasileira’’

Andressa Cristina de Oliveira (Pós-doutoranda – UNESP/Araraquara – FAPESP)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Mini-anfiteatro da HISTÓRIA

Jules Laforgue é um poeta simbolista francês, autor das obras Les Complaintes, Le sanglot de la terre, L'imitation de Notre-Dame, la Lune, Des Fleurs de Bonne Volonté, Stéphane Vassiliew e Moralités Légendaires, Também se dedicou à crítica de arte, ao drama, e deixou um notável legado epistolar. De acordo com Wilson (2004), no contexto simbolista francês, Laforgue serviu-se da técnica irônico-pungente, gírio-pomposa, chulo-ingênua. O poeta situou-se fora do círculo exclusivista da linha “sério-estética” do Simbolismo, fazendo parte daquela que seria uma espécie de “prima pobre”, recessiva e desprezada. Ao conceber sua obra, Jules Laforgue usa seu conhecimento de mundo, suas leituras e sua criatividade, com o intuito de criar o novo, no sentido baudelaireano, segundo Friedrich (1991), reunindo gênio poético, inteligência crítica, dissonância, idealidade vazia, fantasia criativa e deformação. Talvez sua maior contribuição tenha sido a maneira original como dessacralizou mitos, fazendo empréstimos nas tradições mais diversas, a fim de encontrar material para fantasias e variações. Também é original a maneira como violou as normas da língua, acrescentando novas estruturas ao seu discurso, como neologismos, palavras-valise, anacronismos e, sobretudo, o emprego da ironia e do humor. Ressaltamos que exerceu grande influência na obra de T.S. Eliot e Ezra Pound. De acordo com Reboul (1974), foi precursor de Toulet, Derême, Apollinaire, Tzara, Max Jacob, Fargue, Aragon, Supervielle, Claude Pichois, Denis Roche, Robert Bréchon, Henri Michaux, Henri Lemaître. No Brasil, influenciou a obra dos poetas simbolistas Pedro Kilkerry e Marcelo Gama e, ainda, de acordo com Faustino (1976), é evidente a influência de Laforgue principalmente no humor de Bandeira e de Drummond. Abordamos, aqui, de maneira breve, os aspectos da obra do francês que estão presentes na obra dos poetas brasileiros mencionados.

Angela Simone Ronqui (Mestranda – UEL/PR)8 de novembro de 2010 – 13h30min às 15h30min - Sala 2 - Prédio 1 (LETRAS)

Marina Colasanti é uma escritora contemporânea de múltiplas facetas, pois encontramos, em sua obra literária, temáticas atuais associadas a mitos, lendas e contos de fadas que, algumas vezes, não possuem um “final feliz” como nas versões adaptadas que conhecemos. Alguns de seus contos e/ou mini-contos expressam uma representação da violência contra as mulheres, seja esta física ou, de acordo com Pierre Bourdieu, “simbólica”. Por isso, faz-se necessária a análise detalhada de alguns de seus contos, tais como: “Por preço de ocasião”, que aborda a temática da mulher como um objeto pertencente ao homem; “Quando já não era mais necessário”, retratando o castigo que a mulher sofre quando ousa fugir do domínio masculino; “Para que ninguém a quisesse”, que aborda o ciúme e o sentimento de posse que o marido tem em relação à esposa, presentes na obra Contos de amor rasgados (1986); além de “A moça tecelã”, em que a protagonista sofre com a autoridade exercida pelo marido, “Um espinho de Marfim”, que aborda o domínio do pai em relação à filha e, finalmente, “Porém igualmente”, símbolo máximo da violência física contra a mulher, presentes em: Um Espinho de Marfim e outras histórias (1999). Busca-se, nesse trabalho, por meio da análise dos contos, verificar a representação dessa violência física e/ou simbólica que, desde os primórdios, a mulher vem sofrendo e como, por meio de sua literatura, Colasanti faz, de certa forma, uma denúncia de certos valores machistas que, há muito tempo, ferem as mulheres.

‘‘Outras caras do poder: uma leitura de Amar a un hombre feo, de Maria Rosa Lojo’’

Antonio Roberto Esteves (Livre-docente – UNESP/Assis – Docente UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 8 - CENTRAL DE SALAS DE AULA

(HISTÓRIA)

Talvez Domingo Faustino Sarmiento (1811-1888) tenha erguido um dos mais sólidos pilares do cânone literário argentino do século XIX, ao tratar em Facundo (1845), da célebre oposição entre civilização e barbárie, que marcaria a cultura argentina. Em defesa da civilização, o escritor-político que chegaria a ser presidente da república, dedicaria boa maior parte de seus esforços. Apesar de ser considerado um dos fundadores do mito da argentina branca e europeizada, Sarmiento tem tido inúmeras vezes a contestação do simplismo de suas ideias. A escritora e crítica literária María Rosa Lojo, ao longo de sua obra, vem se dedicando a ler de maneira crítica não apenas a história da Argentina, mas, nesse contexto, a própria história da literatura argentina. Em sua obra ficcional, composta de narrativas de extração histórica, ela trata de ficcionalizar escritores ou outros atores da história argentina. O relato “Amar a um hombre feo”, que faz parte do livro Amores insólitos de nuestra historia (2001), tem como protagonista o autor de Facundo, que é mostrado por uma faceta duplamente ex-cêntrica. O intelectual e o político dão lugar ao amante, através do relato de uma norte-americana, jovem e bonita, com quem o maduro caudillo argentino tem uma aventura amorosa, fugaz mas intensa. O foco tradicional do relato histórico se inverte e, nas fissuras entre literatura e história, entre vida pública e privada, o leitor entra em contato com uma insólita história de amor envolvendo um dos próceres argentinos e uma bela jovem norte-americana, que empresta seus olhos para relatar esse idílio.

‘‘Gerada em um seio masculino’’

Ariadne Maria de Mendonça Chaves (Mestranda – UFSJ/MG)9 de novembro de 2010 - 16h às18h - Sala 3 - Prédio 1 (LETRAS)

“Gerada em um seio masculino” é a apresentação do projeto de dissertação que está sendo desenvolvido por mim e pela minha orientadora no PROMEL- Programa de Mestrado em Letras da Universidade Federal de São João del-Rei - UFSJ. Pertencente à linha de pesquisa em Literatura e Memória Cultural, o projeto focaliza como objeto a construção da figura de Bárbara Eliodora Guilhermina da Silveira, perpetuada no imaginário sócio-histórico e cultural brasileiro, como a

‘A representação da violência contra a mulher em alguns contos de Marina Colasanti’’

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“Heroína da Inconfidência”, através, principalmente, de textos que ressaltam o seu valor como tal. Essa pesquisa aborda o estudo de gênero e crítica feminista, ao procurar traçar a representação da figura feminina de Bárbara Eliodora, e o de fontes primárias, ao estudar essa mulher a partir de artigos, escritos sobre a mesma, que foram publicados, em especial, no Suplemento Literário do Minas Gerais. Em diversos artigos desse periódico são perceptíveis (des)construções acerca do heroísmo da nice árcade “Barbara Bela”, que a tornam musa e heroína para alguns críticos, como Aureliano Leite, e mera “coadjuvante histórica” para outros, como Rodrigues Lapa. Desse modo, aborda-se o desenvolvimento das seguintes questões: “Como pode a bela Bárbara Eliodora, de musa alcançar o patamar de heroína de um movimento caracteristicamente marcado pela predominância do elemento masculino e que já tinha a sua figura de herói centrada no homem Tiradentes?” “Como pode a nice Bárbara Bela ter sido gerada como heroína em um seio masculino?”

‘‘Presença do Naturalismo Francês no romance epistolar O Marido da Adúltera, de Lúcio de Mendonça’’

Ariane Carvalho (Mestranda – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Mini-anfiteatro da HISTÓRIA

No romance epistolar O marido da adúltera, publicado em 1882 pelo escritor e jornalista Lúcio de Mendonça, encontram-se traços marcantes e inequívocos da teoria naturalista desenvolvida por Émile Zola. Pretende-se verificar de que modo o idealizador da Academia Brasileira de Letras recebeu as ideias do Naturalismo e as inseriu em sua obra, verificando o processo de adaptação executado pelo autor brasileiro. Cabe observar, igualmente, o fato de que Lúcio de Mendonça optou pelo romance epistolar, gênero pouco utilizado no Brasil do século XIX. O trabalho buscará, portanto, analisar de que maneira o autor de O marido da adúltera utilizou-se do naturalismo francês para criar um romance epistolar brasileiro, publicado, originalmente, no periódico Colombo, em forma de folhetim; característica, aliás, que se conserva no momento da publicação do romance em livro, em 1882.

‘‘O existencialismo em Bichos, de Miguel Torga’’

Arilson Silva de Oliveira (Doutorando – USP – FAPESP) e Gisele Pereira de Oliveira (Doutoranda – UNESP/Assis)

9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 12 - Prédio 1 (LETRAS)

Tendo em vista a antologia de contos intitulada Bichos (1940), do autor português Adolfo Correia da Rocha (1907-1995), de pseudônimo Miguel Torga, temos o objetivo de verificar como concepções da linha filosófica existencialista estão presentes em alguns contos através do comportamento e reflexão dos personagens. O livro é constituído de quatorze contos sendo apenas quatro cujos protagonistas são “homens bichos”: Madalena, Ramiro, Sr. Nicolau e o menino Jesus. Os outros têm protagonistas “bichos homens”: o cão Nero, o gato Mago, o jerico Morgado, o sapo Bambo, o galo Tenório, a cigarra Cega-Rega, o pardal Ladino, o melro Farrusco, o touro Miúra e o corvo Vicente. São contos que acionam questões existencialistas, das quais algumas foram selecionadas para comentário neste trabalho: a liberdade, a tomada de decisão, através da “conduta interrogante” e o determinismo. Analisaremos em especial alguns “bichos homens” a partir da perspectiva de que os personagens bichos de Torga existem com uma dimensão humana que lhes é atribuída pela maneira de se expressarem através da reflexão, seguida de uma conclusão, seja apaziguadora, seja de resolução e, assim, de mudança de vida, dentro das limitações impostas por um ambiente natural e um ciclo natural, sujeitos às leis naturais e inevitáveis (determinadas). Estas leis naturais se apresentarão infalíveis, não só sobre o ambiente, mas interiormente, quando a razão perde para o corpo, para os sentidos.

‘'Da invectiva à ironia em Lima Barreto'’

Áureo Joaquim Camargo (Mestre – UFMS/MS - Docente FEOCRUZ/SP)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 10 - CENTRAL DE SALAS DE

AULA (HISTÓRIA)

O trabalho tem como objetivo analisar a construção da sátira nas crônicas “O ideal de Bel-Ami” e “O Oráculo”, de Lima Barreto. Os procedimentos usados pelo escritor para a crítica ao status quo carioca do início do século XX vão do ataque direto, a invectiva, à ironia. Na medida em que o texto passa do ataque direto à ironia, ele perde em caráter documental e ganha caráter ficcional. Como suporte teórico, servirão como base os estudos de teóricos alemães sobre a sátira e o discurso político.

‘‘Marcas francesas em ‘Brasil-Argentina’, de Mário de Andrade’’

Beatriz Simonaio Birelli (Mestranda - UNESP/Assis)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Mini-anfiteatro de HISTÓRIA

O presente trabalho visa analisar a importância da presença francesa na crônica “Brasil-Argentina”, de Mário de Andrade e demonstrar, por meio da alusão ao escritor Victor Marie Hugo, de que modo se deu a irradiação da cultura francesa no Brasil, que se iniciou no século XIX e continuou, diferentemente, no século XX. “Brasil-Argentina” foi publicada no periódico O Estado de São Paulo, em 22 de janeiro de 1939. O cronista, para comentar o jogo clássico de futebol entre Brasil e Argentina, utiliza um discurso irônico, repleto de contradições. A presença francesa se expressa pela referência ao estilo de Victor Marie Hugo (1802 – 1885): “aqueles hugoanos contrastes”. Fazer uma alusão a Victor Hugo para comentar uma partida de futebol parece um despropósito, mas a crônica de Mário de Andrade se aproxima do Prefácio de Cromwell justamente pelos contrastes elencados pelo escritor paulistano – e torcedor de seu time. Primeiramente, um amigo uruguaio vai à casa de um brasileiro torcer pela Argentina; em seguida, o próprio brasileiro desgosta-se com seu time e passa a torcer pelo adversário, contradizendo-se: “Era doloroso, rapazes. Mas era também admirável”. Pode-se inferir, portanto, que Mário de Andrade, além de ter aprovado a entrada da cultura estrangeira, baseou-se nas teorias dos intelectuais franceses. No entanto, não deixou de adequá-las ao contexto brasileiro. Dessa forma, vê-se que o cronista se aproxima do estilo do escritor francês, mas o seu assunto é uma partida de jogo de futebol entre seu país e a Argentina.

‘‘A contribuição de citações de autores franceses na obra O amanuense Belmiro, de Cyro dos Anjos’’

Beatriz Simonaio Birelli (Mestranda - UNESP/Assis) e Mariana Mansano Casoni (Graduada - UNESP/Assis)

9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Mini-anfiteatro de HISTÓRIA

Logo no início do romance O amanuense Belmiro, nota-se a presença de uma epígrafe de Georges Duhamel. Esta epígrafe demonstra a “contribuição” do autor francês para construir uma obra de ficção brasileira, revelando aspectos autobiográficos da obra de Cyro dos Anjos, que se fundamenta na experiência real do escritor. Além deste autor francês outros são citados constantemente, como Marcel Proust e Blaise Pascal. A recorrência de citações ou ideias de escritores franceses, ao longo do romance, ajuda o leitor a compreender melhor o mundo interior do narrador-personagem. Este personagem que se identifica e se fortalece ao demonstrar suas ideias e seus pensamentos sendo compatíveis com os dos grandes escritores. Além disso, esta recorrência revela que a irradiação da cultura francesa no Brasil permanece viva ainda no século XX, após um intenso prestígio no século XIX.

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‘‘A palidez dos ratos e o amarelo manga: reflexões sobre o tempo em Os Ratos e Amarelo Manga’’

Bento Matias Gonzaga Filho (Mestrando – UNEMAT/MT)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 12 - Prédio 1 (LETRAS)

Ao iniciarmos uma incursão analítica no romance Os ratos, de Dyonélio Machado, na interface com o filme Amarelo manga, dirigido por Cláudio Assis, identificamos incontáveis pontos de luzes passíveis de exploração. O que nos captura momentaneamente é a reflexão sobre o tempo nas duas produções, pois é fio condutor determinante nas narrativas. Segundo Bakhtin, o tempo privilegia no espaço o que se define como cronotopo. O cronotopo é a interligação das relações temporais e espaciais artisticamente assimiladas pela literatura e é por meio desse elemento que a materialidade da história se introduz. Esclarecimento se faz necessário no sentido de explicitar que o intuito aqui não é aplicar uma teoria sobre duas produções artísticas, mas sim, partindo do nosso locus enunciativo, entender as perfurações do tempo - o cronotopo - na costura dos acontecimentos, aproximando-o inclusive do texto icônico. No romance Os ratos as ações das personagens se realizam no tempo cronológico ou linear, marcado pela passagem das horas, durante um dia de peregrinação de Naziazeno. O veloz passar das horas é uma preocupação determinante para a personagem, que não pode voltar para casa sem levantar a quantia necessária para a quitação de sua dívida com o leiteiro. Mergulhando fundo no universo de Amarelo manga, a “fauna maravilhosa do fundo do mar da vida”, como diria Fernando Pessoa, entendemo-lo como um agrupamento artístico de vozes à margem das várias esferas sociais. Percebe-se também na sua estruturação textual o mesmo recurso estratégico onde o romance Os Ratos é ancorado, deixando transparecer como o tempo-espaço na sua simbiose com as personagens traz o revestimento dos sentidos. O livro e a película se materializam na abordagem de uma condição humana pulsante que quer significar nas palavras, nas imagens, nas cores, ou na falta delas. A ansiedade, o sentimento de anulação, a angústia do espaço e o mal-estar acompanham as perfurações do tecido da narrativa, onde se fixam os incontáveis hibridismos envolvidos pelas areias do tempo.

‘‘Carta del fin del mundo (1998): a mediação como elemento facilitador para o diálogo entre povos hispânicos’’

Bernardo Antonio Gasparotto (Mestrando – UNIOESTE/PR – CAPES)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 9 - CENTRAL DE SALAS DE

AULA (HISTÓRIA)

O presente trabalho está inserido no contexto das produções literárias da temática da poética do descobrimento, em sua fase contemporânea, sendo a obra Carta del fin del mundo (1998) muito significativa no contexto espanhol. Tem-se como principal objetivo demonstrar que após a escritura da obra Vigilia del Almirante (1992), do paraguaio Augusto Roa Bastos, produção essa que resultou em um trauma na escritura de romances históricos que tinham como temática o descobrimento da América, que abordavam tal momento de forma crítica, tal obra produziu efeitos mesmo na produção espanhola, que com a publicação de Carta del fin del mundo (1998), do espanhol Jose Manuel Fajardo, passou a materializar-se um processo de diálogo entre as literaturas tradicionais do Velho Mundo, em especial espanhola, e as produzidas na América espanhola, fato que permitiu a essas literaturas a criação de uma via de duas mãos no que se refere aos processos de influência, em relação à temática da descoberta da América, na produção de romances históricos, isso se dando especialmente com o surgimento da nova modalidade chamada por Fleck (2008) de romance histórico contemporâneo de mediação. Diante disso o que se percebe é que a obra de Fajardo (1998) pode ser considerada como um marco para a produção de romances históricos na Espanha. Diante do que foi exposto, o presente artigo se propõe a esclarecer e demonstrar como se deu, de maneira mais geral, o processo que acabou de ser mencionado.

‘‘História da Literatura — uma história das conveniências’’

Bianca Campello Rodrigues Costa (Mestranda – UFPE/PE – CAPES)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 11 - Prédio 1 (LETRAS)

Observando-se a história da literatura brasileira tal como é apresentada nos manuais voltados ao ensino/aprendizagem de estudantes do Nível Médio da Educação Básica e do Nível Superior de Ensino, não é difícil constatar inconsistências teóricas que corroem, internamente, a sustentabilidade da memória dos livros perpetuada por estes manuais. Este trabalho tem por objetivo analisar as raízes das inconsistências teóricas destas obras didáticas, bem como observar o impacto de aspectos extraliterários na avaliação, classificação e apreciação das obras por eles referenciadas. Para tanto, observar-se-ão seis exemplares de manuais didáticos voltados para o Nível Médio da Educação Básica e quatro exemplares de manuais didáticos voltados para a Educação de Nível Superior. A escolha dos manuais didáticos da Educação Básica terá fundamento na mais recente apreciação feita pelo Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio (PNLEM). A escolha dos manuais voltados para a Educação Superior, por sua vez, dará prioridade a obras recém-publicadas ou que tenham contínuas reedições/publicações. Nos dois tipos de manuais, deter-nos-emos na observância da linha teórica adotada pelos autores e na correlação desta com o lugar reservado por estes manuais à obra de Monteiro Lobato, como também os fundamentos de sua classificação e apreciação. Por fim, procuraremos apontar caminhos para a superação das inconsistências observadas e questionar as possibilidades de reorientação da metodologia usada na construção da memória do acervo literário nacional.

‘‘Entre relato, confissão e história: a inundação do rio Mapocho em Santiago, por Sor Tadea de San Joaquín’’

Brenda Carlos de Andrade (Doutoranda – UFPE/PE)8 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 9 - CENTRAL DE SALAS DE AULA (HISTÓRIA)

Escrita em 1783, a “Relación que de la inundación que hizo el Río Mapocho de la ciudad de Santiago de Chile” conta o episódio da inundação do rio Mapocho nesse mesmo ano, sobretudo os efeitos nefastos desse desastre para o Convento de Carmen de San Rafael, onde Sor Tadea de San Joaquín, sua autora, professava. O escrito, que pretende dar conta de tais acontecimentos, se realiza por ordem do seu confessor, se instalando num curioso espaço de cruzamento de referências entre o romance, forma medieval que transita pelo lírico e pelo narrativo e que dialoga com as gestas e épicas, o relato histórico e o modelo confessional. A estruturação pelo modelo confessional que se constrói pelas tentativas de criar modelos de exemplaridade através de textos como os epistolários e autobiografias cujo maior modelo para as monjas hispano-americanas foi Santa Teresa. A relação com a história, pelo menos cotidiana, por sua vez, está evidente no próprio conteúdo do texto, a um fato passível de comprovação. Questiona-se, então, como os esquemas discursivos do campo literário, strictu senso, e da tradição conventual contribuem para conformar a peça literária de Sor Tadea em um elemento que vai além do simples relato histórico. Considerando que os romances tendem a transformar os fatos, assim como nas gestas e nas épicas, em algo ligeiramente mais grandioso, e que a condição de produção estava diretamente ligada a fatores monásticos da escritura costumavam remeter a elementos externos ao tempo dos homens, esse trabalho pretende, então, analisar como esses dois traços confluem para formar o relato de caráter histórico dessa monja chilena.

‘‘A voz feminina em Maupassant’’

Brigitte Monique Hervot (Doutora – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 3 - Prédio 1 (LETRAS)

Em boa parte da obra e da vida do escritor francês Guy de Maupassant (1850-1893), a figura feminina ocupa um lugar central. Diversos críticos acusaram-no de ser misógino, e não há como negar que, na maioria dos textos em que a mulher é objeto da narrativa, o narrador é masculino e

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enraizado nas concepções patriarcais de dominação e centralização do poder. A visão conservadora e masculina perpassa os arquétipos literários da mulher fatal, da mulher-vampira ou da bruxa, da andrógina e da prostituta. Porém, esses traços de misoginia, incontestáveis, não dominam a escrita: coexistem ao lado de traços de misantropia próprios de um autor e de uma época. As personagens que representam os tipos sociais de meados do século XIX – camponeses, jornalistas, burgueses, aristocratas, políticos – não escapam a seu olhar crítico. A mulher tampouco. Aliás, ela é quase onipresente. Atento às transformações da sociedade em que vive, Maupassant convive com uma nova mulher que reivindica a igualdade jurídica, o direito ao voto e a equiparação de salários, entre outras coisas, e o escritor, por instantes, deixa a visão misógina de lado para revelar uma mulher multifacetada, misteriosa, e fascinante. Recusando-me a rotular Maupassant, procuro aqui mostrar que o escritor, nem mais nem menos misógino do que a maioria de seus contemporâneos, navega entre concepções conservadoras e concepções feministas que se confrontam no contexto sóciopolítico e literário da época.

‘‘Cultura e representação regional nos contos da revista Claridade’’

Bruna Carolina de Almeida Pinto (Graduanda – IC – UNESP/Assis – FAPESP)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 11 - Prédio da PSICOLOGIA

Este trabalho apresenta considerações realizadas em torno de três contos da revista caboverdiana Claridade: “As férias do Eduardinho” de Manuel Lopes, “Dona Mana” de Baltasar Lopes e “A família de Aniceto Brasão” de Henrique Teixeira de Sousa. Estabelecendo um panorama analítico, esta pesquisa, entre outros aspectos, adentra um ambiente que permeia a representação, a cultura e o engajamento nas narrativas da literatura de Cabo Verde da chamada segunda fase literária iniciada com o impetuoso surgimento da revista citada, a qual significou um importante impulso na produção artística do arquipélago, além de constituir um marco da caboverdianidade, pois está ligada ao processo de emancipação cultural, social e política de sua sociedade. Dessa forma, os contos explicitados estão introjetados entre os números seis e nove da mesma. Os autores são também importantes colaboradores da revista e contribuíram para a formação da consciência nacional e cultural dos caboverdianos através da divulgação de seus trabalhos e de suas ideias. A revista é ainda, de um modo geral, uma importante contribuição para a representação da vida cultural em Cabo Verde, bem como da problematização social do arquipélago.

‘‘Representações ficcionais de Inés de Suárez em Inés del Alma Mía (2006) e em Ay Mama Inés (Crónica Testemonial) (1993)’’

Bruna Otani Ribeiro (Graduanda – UNIOESTE/PR)8 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 9 - CENTRAL DE SALAS DE AULA

(HISTÓRIA)

O presente trabalho pretende fazer um estudo comparativo entre as obras Inés del alma mia, publicada em 2006 pela escritora Isabel Allende e Ay mama Inés (Crónica Testimonial), de Jorge Guzmán, publicada em 1993. Os romances escolhidos como objetos de estudo retratam o período da conquista das terras americanas por colonizadores espanhóis. Buscar-se-á explicitar como ambos os autores retratam o mesmo momento histórico, evidenciando aproximações e distanciamentos existentes no processo de construção das obras. O foco do estudo, porém, está na maneira como é representada a protagonista dos romances históricos selecionados, Inés de Suarez, no contexto de colonização das terras chilenas. Também será discutida a forma como se realizam os contatos entre europeus e nativos. Em ambas as obras, o discurso e as ações do sujeito feminino recebem destaque e os eventos históricos são narrados sob uma perspectiva diferente dos registros oficializados, em que somente homens são considerados bravos conquistadores. Neste sentido, torna-se pertinente refletir sobre a maneira que a literatura tem questionado o passado na contemporaneidade, devido ao fato de reconstruí-lo, dando relevância àqueles que outrora tiveram seu discurso silenciado.

‘‘A insurreição de Ressurreição’’

Bruno Guirado (Doutorando – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 12 - Prédio 1 (LETRAS)

Em 1872, Machado de Assis inicia sua carreira de romancista com a publicação de Ressurreição. Nessa obra, ao desobedecer à deliberação romântica da escrita de romance de costumes, mas sem ter em mãos um outro paradigma de romance, Machado cria uma terceira via romanesca (e, consequentemente, um novo direcionamento para o romance nacional), pautado em sua experiência como dramaturgo e crítico teatral. No prólogo, em que apresenta as linhas norteadoras do livro, podemos identificar a presença dramática nos propósitos de “pôr em ação”, uma epígrafe do dramaturgo inglês Willian Shakespeare, e em seu propósito de tentar “o esboço de uma situação e o contraste de dous caracteres”. O presente trabalho visa demonstrar, na “Advertência” de Ressurreição, os primeiros indícios da procura de Machado por uma nova e menos fechada estética para o romance brasileiro.

‘‘A França em cena no Brasil fin-de-siècle: uma análise da presença de Sarah Bernhardt nas crônicas de Arthur Azevedo’’

Bruno Miranda Santos (Graduando – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Mini-anfiteatro da HISTÓRIA

Arthur Azevedo (1855-1908) foi um importante teatrólogo, contista e, sobretudo, redigia crônicas, gênero literário por meio do qual exercia o papel de crítico teatral em fins do século XIX e início do XX, época de transformação cultural e social da primeira Répulica. Em suas crônicas defendia a constituição e o reconhecimento da classe teatral brasileira, tendo como parâmetro, na maioria das vezes, a arte dramática, as obras literárias e os intérpretes franceses. O presente estudo consiste em fazer um levantamento das crônicas de Arthur Azevedo, publicadas na coluna semanal “O Theatro” do jornal A Notícia, entre setembro de 1894 e outubro de 1908, e, a partir de sua análise, discorrer sobre a presença e a influência que a cultura francesa exerceu na vida teatral e na literatura dramática do Brasil da época, tomando como foco a vinda de Sarah Bernhardt (1844-1923) aos palcos brasileiros. Como se sabe, ela foi um grande ícone da arte dramática mundial. Reconhecida e consagrada internacionalmente, com seu gênio explosivo e suas famosas cenas de morte, Bernhardt aparece com frequência nas crônicas de A. A. como exemplo de atriz ideal, perfeita, como aquela que possui um nível exemplar de atuação e experiência nos palcos que deveria, de certa forma, e segundo o cronista, ser almejado pelas atrizes iniciantes, menos experientes. O trabalho leva em consideração primeiramente obras biográficas e críticas sobre Arthur Azevedo e Sarah Bernhardt, bem como textos que tratam do período histórico e da crônica enquanto gênero. A partir desse pressuposto, propõe-se uma análise das crônicas com o objetivo de nelas verificar de que forma ocorreu a influência cultural da França sobre o Brasil, representada aqui pela figura de Sarah Bernardt, e qual a importância dada a esse assunto pelo cronista Arthur Azevedo.

‘‘O Mayombe de Sem Medo, a busca de uma identidade no exílio’’

Bruno Tomaz Custódio dos Reis (Graduando – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 4 - Prédio 1 (LETRAS)

Mayombe, romance de Pepetela, narra as aventuras vividas por alguns guerrilheiros pela luta da independência de Angola. Este projeto visa o enfoque principal no personagem Sem Medo, o comandante do bando, que é mostrado a partir de vários exílios (existencial, social, psicológico, afetivo, econômico, entre outros) no decorrer da história. Outro ponto importante é a construção da trajetória dos combatentes a partir de dois espaços de conflito: a cidade e a selva. A abordagem das interferências que os combates geram na individualidade de cada personagem redunda, numa narrativa em que os guerrilheiros deixam para trás gradativamente suas individualidades e adotam uma ideologia pautada no coletivismo. Dessa forma, o trabalho aqui proposto demonstra

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como o Mayombe é um elemento atuante na retomada de um mundo perdido cuja aliança subjetiva entre os guerrilheiros e a floresta geram a construção de um futuro de liberdade, paz e igualdade. O exílio é tratado nesta obra como um combustível que gera força aos ideais dos combatentes.

‘‘Narrativas de Língua Portuguesa: o caráter (de)formativo das fábulas infantis’’

Camila Akemi Abe (Graduanda – UNESP/Assis – PIBIC/CNPq)9 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 12 - Prédio 1 (LETRAS)

Ao ler, ouvir ou ver uma fábula, geralmente não imaginamos o caráter valorativo presente nessas breves narrativas. Esses valores estão ou são de alguma forma assimilados por nós, tornando-se um aspecto importante na formação de nossas concepções de mundo e nas escolhas que fazemos. Desse modo, podemos considerar que há um processo educativo através das fábulas infantis, que expõe conteúdos que trazem implicações éticas. Essas questões que, do nosso ponto de vista, são constitutivas das inquietações do caráter formativo infantil atual e precisam ser refletidas, o projeto visa focalizar a estética dessas narrativas problematizando seu caráter moralizante, o despertar da sensibilização moral e a relevância de como elas servem como um material didático de grande riqueza auxiliando na formação ética das crianças.

‘‘Algumas das mulheres de Machado de Assis’’

Camila Gouveia Prates de Paiva (Graduanda – UEL/PR)9 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala da Videoconferência

As mulheres de Machado de Assis geralmente vêm caracterizadas com fortes personalidades – existem algumas exceções, como Maria Luísa do conto “A causa secreta”. Em “Noite de almirante”, encontramos Genoveva, uma moça de vinte anos, esperta e de olhar atrevido – segundo o narrador – por quem Deolindo se apaixona. Tomados pela paixão, ambos fazem juras de amor eterno, mas Deolindo sai em viagem e, ao retornar, descobre que seu objeto de afeição vive numa praia ao lado de outro homem. Cego pela raiva, Deolindo tenta matar Genoveva, mas ela o dissuade e, por alguns instantes, ele crê que a terá de volta, Deolindo diz que a moça lhe jurou amor e que por isso deve ficar com ele. Mas Genoveva explica que no momento do juramento era verdade, mas o tempo foi passando e um outro homem lhe ganhou o coração. Após a recusa de Genoveva, Deolindo ameaça se matar e não o faz. Fazendo com que Genoveva tenha cumprindo sua promessa e ele na verdade não cumpre a sua, que é morrer. Capitu, a personagem principal de Dom Casmurro, é a causa para que Bentinho coloque no papel todas as suas memórias. Desde menina podemos perceber que existe nela um senso de manipulação, que é ela quem domina todas as situações e faz com que Bentinho se apaixone por ela. Em menina conseguia se sair de todas as situações com a maior das destrezas enquanto Bentinho se deixava denunciar, como no capítulo décimo quinto, em que a menina faz inscrições no muro e ambos ficam flertando de mãos dadas por algum tempo, ao serem surpreendidos pelo Pádua, Capitu logo arruma uma desculpa a qual Bentinho não consegue legitimar. Machado criou ainda Virgília, em Memórias póstumas de Brás Cubas, que abandona Brás Cubas, para se casar com Lobo Neves, porque este será ministro mais rápido, e o que ela quer é nome. Esta mesma Virgília que após preterir Brás Cubas o deixa anos mais tarde pensar que foi ele quem a reconquistou.

‘‘Um estudo de epígrafes: Cruz e Sousa e Félix Arvers’’

Camila Soares López (Mestranda – UNESP/Assis – FAPESP)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Mini-anfiteatro da HISTÓRIA

O objetivo deste trabalho é proporcionar reflexões acerca da presença francesa na literatura

brasileira, por meio da análise da recorrência de Cruz e Sousa, em seu poema “Eterno sonho”, aos versos do poeta Félix Arvers. Serão apresentados, ainda, dados referentes à literatura comparada e às relações entre Brasil e França existentes na vida social do século XIX, e também ao papel do periódico Gazeta de Notícias na divulgação da literatura e da cultura francesa.

‘‘Cultura e representação na roda de Capoeira Angola’’

Carla Alves de Carvalho Yahn (Mestranda – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 11 - Prédio da PSICOLOGIA

A Capoeira Angola representa, atualmente, uma das culturas Afro-brasileiras mais significativas no Brasil. Trazida da África, mais especificamente pelos negros da região sul de Angola, desenvolveu-se e se transformou no decorrer de nossa história. Ritual que engloba dança, cânticos e “mandinga” (luta), expressa um pouco a sede de liberdade de criação daqueles que vivenciam seus saberes. Trazendo à tona algumas de suas cantigas, mostrar-se-á como a poética oral emana da voz dos chamados cantadores de Capoeira Angola. Mestres do saber e guardiões da tradição ancestral representam a base fundamental que sustentará os futuros representantes dessa arte popular, seus discípulos e colaboradores. De maneira sintética, abordar-se-ão os caracteres mais elementares dessa Arte Popular Afro-brasileira.

‘‘O caminho da enforcada’’

Carla Caroline Oliveira dos Santos (Especialização – UNESP/Assis)9 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala da Videoconferência

Este projeto resulta de um trabalho de conclusão de curso de Pós graduação Lato Sensu em Língua Portuguesa da Universidade Estadual Paulista Julio Mesquita – UNESP - cujo objetivo foi a transcrição de um manuscrito de autoria de Antonio da Fonseca Soares/ Frei Antonio das Chagas (manuscrito número 392 da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra), cujo título é A huma Dama [...] [enfor]cada por matar o seu f., nos moldes de uma edição interpretativa, segundo preceitos da Crítica Textual Moderna (cf. CAMBRAIA, 2005). Pretendemos, nesse estudo, aproveitar este trabalho de Crítica Textual e, a partir destes resultados, aprofundarmo-nos no conteúdo do poema, que trata do doloroso caminho de uma condenada por matar seu filho até a forca, levando-se em consideração os castigos díspares recebidos por mulheres e homens, o posicionamento do povo, clero e reino do século XVII, no qual o autor deixa explícita sua postura diante de tal injustiça. Levando-se em consideração o momento e as condições em que este poema foi escrito, discutiremos qual era o valor da mulher para o autor Antonio da Fonseca apresentado no poema “Romance Heróico”.

‘‘Autoritarismo revisitado: análise histórica da representação do poder na obra O Outono do Patriarca, de Gabriel García Márquez’’

Carla Drielly dos Santos Teixeira (UNESP/Assis)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 9 - CENTRAL DE SALAS DE AULA

(HISTÓRIA)

Publicado em 1978, O Outono do Patriarca, de Gabriel García Márquez, aborda o poder institucional em sua manifestação autoritária. Ambientado na América Latina, o personagem principal foi inspirado em ditadores latino-americanos, geralmente patrimonialistas. Como todo ditador distante da realidade do seu povo, mal informado e errôneo em suas decisões, o único momento em que o tirano não hesita é quando se trata de afirmar seu poder e o perpetuar, mostrando ao leitor a ganância constante do poder pelo poder. Nesta obra, o autor expõe a solidão da soberania: velho, imemorial, carcomido pelos urubus no outono de sua vida, o Patriarca acaba sendo mais um exemplo do poder cruel e solitário, que retrata a saga de ditadores “agropecuários” que vivem em seus palácios entre vacas e empregadas, sentinelas e ministros, sendo os responsáveis por milhares de vidas e milhares de mortes sem tomar para si tal responsabilidade. O

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presente trabalho tem como objetivo analisar a representação do poder na obra O outono do Patriarca de Gabriel García Márquez, fazendo um paralelo entre a personagem principal da obra e a figura de ditadores latino-americanos que governaram no início do século XX.

‘‘Hilda com H’’

Carlos Eduardo dos Santos Zago (Mestrando – UNESP/Assis)9 de novembro de 2010 – 13h30min às 15h30min - Sala 2 - Prédio 1 (LETRAS)

Pensar a dramaturgia da escritora Hilda Hilst é pensar inovação e pioneirismo. Como afirma Elza Cunha de Vincenzo, em seu livro Um teatro da mulher, Hilda foi uma das primeiras mulheres a se aventurar na composição do drama nacional em fins da década de 60, quando o país passava por uma forte e repressora ditadura militar, sendo de forte importância, portanto, para a literatura nacional e para a voz feminina que não se encontrava em conforto perante o Estado. Suas peças trazem temas como a opressão e a falta de liberdade do sujeito, que se torna nulo pelas pressões do seu meio, impedido de alcançar sua plena evolução espiritual. Para desenvolver seus temas, Hilda cria espaços fechados, repressivos, que remetem à anulação da subjetividade. Esse seria o conjunto de uma óbvia dramaturgia dos anos 60 e 70, mas, suas realizações formais ultrapassam o panfleto temático emergente da época, realizando construções em que o pulso poético se afirma, fugindo das narrações realistas tradicionais. Pensando na representação feminina, creio ser modelar sua segunda peça, O rato no muro (1967), cuja história se passa com freiras enclausuradas em um convento, identificadas por letras de A a I, mais a irmã Superior, figura alegórica que representa o poder ditatorial, opressor e de certa forma fanático-religioso. Dentre as dez mulheres, há um maior destaque para a irmã H (não ao acaso, letra inicial dos nomes da escritora): esta personagem se mostra inquieta e questionadora, resistindo à clausura e à repreensão, derivadas das imposições religiosas e da vida rotineira no convento. A atmosfera monótona e controlada faz com que acontecimentos banais sejam notáveis, como, por exemplo, a aparição de um rato no muro, que ao contrário das religiosas, pode ver o que está além da barreira da clausura. Irmã H, ao tentar, sem sucesso, despertar as outras, põe em relevo o mundo opressor que se mantém, anulando-as continuamente como sujeitos. Temos, portanto, uma autora e sua heroína, que resistem à mudez imposta a elas pelo autoritarismo em todos os seus âmbitos políticos, ideológicos e sociais.

‘‘De olhos vendados: reflexão e aproximação entre José Saramago e Ítalo Calvino’’

Carlos Felipe da Silva dos Santos (Graduando – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA

O século XX foi um século que proporcionou aos leitores e estudiosos de literaturas grandes autores que, por seus temas, tipos de escrita e pensamentos, foram se canonizando e ganhando cada vez mais espaço no gosto do leitor. Autores contemporâneos que em suas obras retratam a sociedade caótica e outros problemas sociais de seu tempo. Recorrendo à Literatura Italiana e à Portuguesa, este trabalho se baseia, basicamente, em dois autores: o brilhante Ítalo Calvino e, indiscutivelmente, o engenhoso José Saramago, por toda sua autêntica e complexa escrita e compreensão do mundo. A ponte feita entre os dois autores se dará pelos romances As Cidades Invisíveis, de Calvino e Ensaio sobre a Cegueira, de Saramago, possibilitando, assim, certa comparação, para que sejam vistos pontos que permitem tal aproximação entre elas.

‘‘Os limites da narrativa e da ideologia em The Awakening, de Kate Chopin: a mulher em busca da individualidade’’

Carmem Lúcia Foltran (Doutoranda – USP)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala da Videoconferência

Escrito e ambientado no final do séc. XIX, The Awakening, de Kate Chopin, é a estória de Edna Pontellier, uma jovem mãe e esposa, que, apaixonando-se por outro homem, passa a desafiar os valores morais fortemente defendidos na alta sociedade de New Orleans, como a submissão ao marido e o papel de mãe que lhe foram impostos. A busca da individualidade, da liberdade financeira e sexual da protagonista fundem-se à tentativa de realização do amor extraconjugal, que, frustradas, levam Edna ao suicídio. Esta busca frustrada carrega em si contradições históricas inerentes à ideologia burguesa, que promete igualdade a todos, quando a realidade social observada então (e agora) é diferente para diferentes indivíduos. Estas contradições se fazem presentes não apenas no tema do romance, mas em sua estrutura formal: a própria estrutura do romance não consegue abarcar a proposta da total liberdade do indivíduo que Edna Pontellier procura, principalmente a liberdade sexual para uma mulher da classe média no sul agrário norte-americano no séc. XIX. A possibilidade histórica do recorte social mostrado no romance não permite tal liberdade, solapando, portanto possibilidade formal da realização de tal busca. Pensando no conceito de totalidade de Hegel para a análise desta obra e de sua protagonista, faz-se necessário o estudo das relações sociais traçadas no romance, sua relação com a História e as implicações estéticas decorrentes desta, como a questão do narrador onisciente e do desenvolvimento da narrativa, os limites desta, bem como a representação da figura feminina no romance, nas personagens de Edna Pontellier e Adèle Ratignolle, exemplo, na obra, de mãe e esposa, e Madame Reiz, musicista pouco sociável.

‘‘As mulheres nos contos de Muriel Spark - breves comentários’’

Célia Cristina de Azevedo Ask – (Doutoranda – Unesp/Assis)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala da Videoconferência

Ao se falar em mulher e literatura, costuma-se mencionar as diversas possibilidades de leitura em que se baseiam pesquisadores e pesquisadoras ao se aventurarem a adentrar um mundo muitas vezes considerado enigmático e misterioso; em alguns casos, até perigoso. Tratar da literatura produzida por mulheres e de obras que se ocupam de apresentar suas vivências, modo de ver o mundo e, consequentemente, de atuar social e culturalmente, suscita questionamentos capazes de revelar o tratamento dado pela sociedade a um grupo que foi tradicionalmente considerado minoritário. Conciliando-se representação e autoria feminina, podemos pensar em obras que se prestam a adentrar o mundo “selvagem” justamente por serem idealizadas por indivíduos que não somente imaginam como seria este mundo, mas que experimentam em sua própria opressão a necessidade e o desejo de autonomia, bem como a capacidade de estabelecer mudanças nos espaços onde atuam. Neste sentido, este trabalho busca observar como as personagens femininas presentes nos contos da escritora Muriel Spark podem oferecer a seus leitores uma visão suficientemente ampla da realidade das mulheres para perceberem o quanto vivências e experiências individuais permitem verificar a dimensão da ação do grupo das mulheres no mundo. Em tempos em que termos como homogeneidade não têm um emprego satisfatório, termos como autonomia configuram-se como mais adequados à descrição da atual situação das mulheres. Em suma, a proposta deste estudo é apresentar a diversidade de vivências e experiências que a autora observou em sua busca por testemunhar e “escrever sobre a vida”, as quais geraram um universo de personagens distintos que compartilham a condição peculiar de serem mulheres.

‘‘As relações entre ficção e história no teatro de José Saramago’’

Cínthia Renata Gatto Silva (Mestranda – UEL/PR – CAPES)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 10 - CENTRAL DE SALAS DE AULA

(HISTÓRIA)

As fronteiras entre História e ficção, de Aristóteles até a contemporaneidade, nunca foram estáveis. Na pós-modernidade, no entanto, o tema assume uma feição diferente: passa-se a encarar a ambas muito mais em suas semelhanças do que em suas diferenças. História e ficção são vistas como discursos, e como tal, portadoras da verdade de alguém, e nunca da Verdade dos fatos. Contudo, nas teorias teatrais, a discussão entre ficção e história conta também com problemas peculiares ao gênero dramático. O drama histórico tradicional teve de rebelar-se contra

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as censuras dos defensores do aristotelismo, que privilegiavam a verossimilhança em detrimento da verdade. Entretanto, o drama histórico contemporâneo não mais procura ser o detentor da verdade, o que nos possibilita a presente discussão: qual transformação é facilmente notada entre o drama histórico tradicional e o drama histórico contemporâneo? Na peça Que farei com este livro?, Saramago retoma o período em que Camões retorna das Índias e se esforça para publicar Os Lusíadas. A figura de Camões é humanizada e é de seu ponto de vista que o enredo é apresentado, contestando, ainda que perpendicularmente, o estatuto de a História ser a única a ter o direito de nos dar uma versão dos fatos. Este artigo pretende, portanto, discutir as transformações sofridas pelo drama histórico de sua origem até a atualidade, por meio da análise da peça de um dos escritores mais respeitados nos dias atuais.

‘‘Lima Barreto e a crítica: a configuração do campo intelectual brasileiro a partir da publicação de Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909)’’

Clara Miguel Asperti Nogueira (Doutoranda – Unesp/Assis)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 11 - Prédio 1 (LETRAS)

Esta comunicação tem por objetivo levantar e analisar a bibliografia crítica sobre o escritor Afonso Henriques de Lima Barreto a partir do momento da publicação, ainda em folhetins, das primeiras páginas do romance de estreia Recordações do escrivão Isaías Caminha. Deste modo, pretende-se inventariar a crítica oficial acerca do trabalho do escritor bem como revelar a imagem que esta crítica, no limiar do século XX, disseminou sobre Lima Barreto. Ponderar sobre a leitura da obra barretiana feita através da crítica literária oficial do século XX é maneira fértil não somente de resgatar o modo de atuação da crítica do período, mas também modo interessante de se revelar os rótulos impostos a Lima Barreto no momento em questão. Para tanto, nossa apresentação se concentrará em analisar textos críticos acerca da obra de Lima Barreto, principalmente, aqueles cujo conteúdo foi publicado na estreia oficial do romance citado.

‘‘Um estudo sobre espaço e exílio na obra Portagem, de Orlando Mendes’’

Clauber Ribeiro Cruz (Graduando – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 – 13h30min às 15h30min - Sala 4 - Prédio 1 (LETRAS)

A partir da ideia de exílio e das relações entre o herói e o seu espaço, esses trabalho busca analisar a obra de Orlando Mendes, Portagem, a partir da trajetória do herói e seu processo de degradação. Nessa perspectiva, busca-se analisar o processo de representação da realidade marcada pelo cruzamento do destino de dois personagens que compõe Portagem: João Xilim e Luísa. Personagens marcadas pela fome e pela miséria, suas trajetórias são marcadas por tentativas de busca de identidade numa África pós-colonial. No meio deste caos, as particularidades dos heróis são dissolvidas, fragmentadas, aglomeradas numa série de sensações existências, uma vez que o vazio pulsante dentro dos seres os fazem deslocarem-se no próprio espaço, a ponto de não se encontrarem, nem mesmo, dentro da sua própria terra. Assim, este espaço torna-se um exílio do “eu”, impedindo-os de sentirem-se pertencentes a sua terra, mesmo sendo ela o berço no qual nasceram. Surge então o “entre-lugar”, isto é, o não pertencimento sobre os espaços em que viveram ou vivem. Eis o exílio humano, eis o espaço no qual vivemos. Eis a vida de João Xilim e Luísa, a qual é transcendida do local para o universal na obra de Orlando Mendes, uma vez que os dramas individuais dos heróis são transcendidos as margens de uma literatura africana para ser expressão de sentimentos que marcam o homem moderno em qualquer espaço em que a opressão e a miséria são reflexos de injustiça social.

‘‘A questão do espaço histórico em O Cortiço, de Aluísio Azevedo’’

Clayton Alexandre Zocarato (Especialização – UNICEP/SP)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 10 - CENTRAL DE SALAS DE AULA

(HISTÓRIA)

A obra O Cortiço, do escritor naturalista Aluisio de Azevedo, apresenta uma similaridade em questões sociológicas e históricas que estão intrinsecamente ligadas ao nosso atual contexto social e geográfico, como a luta travada pelo espaço dentro dos bairros de classe média baixa, tendo como cenário a sociedade carioca no século XIX, estando esta á mercê de uma República jovem, e moldada em princípios paternalistas contendo como um de seus pilares para sua conjectura uma elite agrário-fundiária estando esta muito aquém da realidade do restante da população brasileira. É de fato que a obra possui uma envergadura fictícia, porém não podemos deixar de lado que ela possua eixos que a elevam seu conteúdo para nossa atualidade, como os embates feitos pelos moradores das grandes metrópoles em torno da construção de um lar no alto de encostas e morros, não tendo nenhum tipo de infraestrutura adequada tanto física quanto econômica para erguer suas moradias, ou mesmo um auxilio social ou psicológico que por ventura venham proporcionar algum tipo de alento para suas angústias, estes moradores “ditos” favelados, (conceito chave para uma análise da urbanização das grandes cidades brasileiras) gradativamente herdam dentro da sociedade capitalista o rótulo de marginalizados, não possuindo um parâmetro adequado, que venha possibilitar um abrandamento das disparidades sociais. O significativo progresso das grandes metrópoles brasileiras, contendo como um de seus principais impulsos, o progresso das vias de transporte dentro das complexas redes metropolitanas e a erradicação de doenças infecto-contagiosas.

‘‘Fronteiras da literatura brasileira contemporânea: modernismo e contemporaneidade na crônica de Rubem Braga e Arnaldo Jabor’’

Cleber José de Oliveira (Mestrando – UFGD/MS)8 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 9 - CENTRAL DE SALAS DE AULA (HISTÓRIA)

Este trabalho compara crônicas de Rubem Braga e Arnaldo Jabor, respectivamente, cronistas modernistas e contemporâneos. Assume que seus textos são crônicas de momentos histórico-discursivos diferentes, e de relações de comunicação literárias diferentes – realizando isso à luz de Bakhtin (2002); mostra as especificidades e continuidades desses momentos em um e outro autor, tentando contribuir para uma hipótese geral, a saber: em que medida é possível demarcar fronteiras críticas entre a literatura modernista e a literatura contemporânea?

‘‘Marcas do pensamento filosófico em A obscena Senhora D.’’

Cleia da Rocha Sumiya (Mestranda – UEL/PR)9 de novembro de 2010 – 13h30min às 15h30min - Sala 2 - Prédio 1 (LETRAS)

Este trabalho se propõe a fazer uma análise da obra A obscena senhora D, de Hilda Hilst, buscando apontar as características filosóficas que se apresentam na visão da personagem, no seu confronto com o eu e com o outro. Para isso, adotaremos como ponto de correlação três obras de teor filosófico, O ser e o tempo, de Martin Heidegger, Temor e tremor, de Soren Kierkegaard, e, O mito de Sísifo, de Albert Camus. Esta proposta fundamenta-se na semelhança entre o discurso filosófico presente nas três obras e o posicionamento da personagem e também narradora do romance de Hilda Hilst, a saber, sua introspecção com relação ao mundo cotidiano e pré-estabelecido, seus questionamentos sobre Deus, a morte, a vida, o tempo, sua angústia em relação ao aceitar ou rebelar-se contra a realidade e, enfim a criação de seu “homem absurdo” como forma de reação a toda à transcendência da vida e do mundo.

‘‘Praga de mãe ou estratégia de resistência? - uma leitura do conto ‘Girl’, de Jamaica Kincaid’’

Cleide Antonia Rapucci – (Docente FCL/UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 – 13h30min às 15h30min - Sala da Videoconferência

O conto “Girl”, da autora caribenha Jamaica Kincaid, é tradicionalmente lido como uma lista de conselhos referentes a tarefas domésticas e comportamento, que a mãe dá à filha, numa tentativa

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de transmissão do que ela considera o “papel feminino”. A leitura que se faz do discurso da mãe é, em geral, o da reprodução do texto social da domesticidade e da subserviência da mulher. Minha proposta de leitura é uma análise do discurso da mãe que a revela como um ser ambíguo, fragmentado entre as culturas africana e europeia. É nesse hibridismo cultural que se constrói o discurso de contradições. Há na sua fala, aparentemente monolítica, brechas interessantes, em que podem ser vislumbradas saídas e possibilidades de resistência, de questionamento da autoridade colonial/patriarcal.

‘‘De mãos dadas: literatura e pintura em Ensaio sobre a cegueira’’

Cleomar Pinheiro Sotta (Graduando - UNESP/Assis – FAPESP)8 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 9 - Prédio 1 (LETRAS)

Uma das tendências que se pode observar no que diz respeito aos procedimentos de composição de obras da pós-modernidade são as relações interartes, ou seja, a aproximação das diferentes modalidades artísticas (literatura, pintura, escultura, música, dança, cinema), de modo que elas apareçam conjugadas, uma influenciando a outra. A obra Ensaio sobre a cegueira (1995), de José Saramago, serve-nos de exemplo. O romance narra os conflitos vividos pelas personagens devido ao aparecimento de um estranho tipo de cegueira – branca e contagiosa – que atinge toda a população de uma capital não nomeada, com exceção de uma mulher. Para compor esta inusitada situação, Saramago se vale de inúmeros recursos, entre os quais está a intertextualidade, sobretudo as relações interartísticas. Em algumas passagens da obra, por meio da alusão a quadros de indiscutível valor no cânone ocidental das artes plásticas, estabelece-se um diálogo com a pintura, o qual será analisado nesta comunicação.

‘‘Presença de Bernardin de Saint-Pierre e Prévost em Helena, de Machado de Assis’’

Daniela Mantarro Callipo (Doutora – USP – Docente UNESP/Assis)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Mini-anfiteatro de HISTÓRIA

Em Helena, publicado em 1876, encontram-se alusões a duas importantes obras da literatura francesa: Manon Lescaut e Paul et Virginie. O cotejo desses três romances pode contribuir para a compreensão da prática intertextual realizada por Machado de Assis, ao analisar mais de perto o trabalho executado pelo escritor brasileiro junto a suas fontes. Pretende-se demonstrar que a construção de Helena indica o estabelecimento de um diálogo com Prévost e Bernardin de Saint-Pierre, diálogo este que revela a complexidade e a riqueza da personagem criada pelo romancista fluminense.

‘‘A representação da mulher nos enredos de fotonovelas da década de 60'’

Daniela Maria Nazaré da Silva Cândido (Mestranda – UEL/PR)9 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 3 - Prédio 1 (LETRAS)

A figura da mulher é bem representada nas histórias de fotonovelas. Tendo como foco as produções publicadas na década de 60, observa-se que, nestas publicações, até mesmo a beleza física era padronizada, pois, as personagens são todas brancas, magras e de cabelos finos. Além disso, o comportamento perante a sociedade também é bem determinado, já que, de uma maneira geral, as heroínas esperam o grande amor de suas vidas, conservando a virgindade até o casamento. Por este motivo, não é muito raro, o último quadrinho demonstrar o casal apaixonado, depois de ter enfrentado todos os obstáculos para ficar junto, terminar trocando alianças no altar. Partindo das ideias de Carla Bassanezi, a mulher na década de 50, deveria ser dócil, bem humorada e guardar sua honra mantendo-se virgem até se casar. Deste modo, existe uma relação entre o comportamento das mocinhas das fotonovelas, que tinham todas essas características, e as mulheres que viveram na sociedade do período estudado

pela autora. Neste sentido, torna-se importante o estudo destas revistas levando-se em conta como os enredos de fotonovelas representavam uma sociedade que ainda mantinha os padrões do período dos Anos Dourados.

‘‘A cultura do romance vista daqui’’

Danielle dos Santos Corpas (Doutora – UFRJ/RJ – Docente UFRJ/RJ)8 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA

A cultura do romance (primeiro dos cinco volumes da coleção O romance, organizada por Franco Moretti) pôs em prática, para dar conta do “grande acontecimento cultural” que é “a primeira forma simbólica verdadeiramente mundial”, orientações que o teórico italiano vinha defendendo em escritos anteriores, como “Conjecturas sobre a literatura mundial”, “More conjectures” e A literatura vista de longe. Em “Conjecturas sobre a literatura mundial”, Moretti valeu-se de resultados dos estudos de Antonio Candido e Roberto Schwarz sobre a formação do romance brasileiro ao apresentar sua hipótese referente à formação da “cultura do romance”. Numa crítica a esse artigo (“Literatura mundial e tradição interna”), Luís Bueno chamou atenção para o fato de que a divisão de trabalho intelectual proposta por Moretti para se pensar a “literatura mundial” mantém literaturas periféricas, como a brasileira, em condição ansilar para considerações de ordem teórica: são vistas “de longe”, de ângulo que revalida cânone local e o inscreve no mundial de modo imediato – sem análise estética detalhada, sem comentário de contexto específico, sem posicionamento quanto a leituras em competição... O princípio panorâmico que norteia A cultura do romance é posto em xeque para que se verifique a pertinência de uma sugestão do autor do minucioso Uma história do romance de 30: “inverter o ponto de vista. Ao invés de olhar de longe o que se produz na periferia, olhar a partir da periferia, espiar de fora, do lugar que, na proposta de Moretti, é definido como o longe – o lugar que, no Brasil, ocupamos”.

‘‘Ensaiando identidades latino-americanas: aproximações entre Ariel (1900) e A América Latina: males de origem (1905)’’

Davi Siqueira Santos (Mestrando – UNESP/Assis - FAPESP)8 de novembro de 2010 – 13h30min às 15h30min - Sala 9 - CENTRAL DE SALAS DE

AULA (HISTÓRIA)

Cinco anos distanciam a publicação de Ariel, do uruguaio José Enrique Rodó (1871-1917), de A América Latina: males de origem, do brasileiro Manoel Bomfim (1868-1932). Em ambas as obras têm-se explícito o exercício de pensar as nacionalidades americanas, procedentes de um mesmo processo histórico de colonização ibérica, em seu conjunto extranacional, ou seja, no espaço latino-americano. No entanto, cada autor elegerá formas distintas de representação destas identidades. Enquanto em Ariel, os ensinamentos estão relacionados aos conteúdos interpretativos de um mestre europeizado, simbolizado no personagem Próspero; no parasitismo denunciado por Bomfim, os “personagens” parasitados são valorizados como emblemas de uma complicada, mas necessária tentativa de ruptura com a velha Europa. Observa-se, nas duas obras, que o discurso histórico e factual é entrecortado por elementos ficcionais e observações subjetivas, dando aos textos características singulares. Assim sendo, a presente comunicação visa, ao mesmo tempo, comparar e contrastar estes dois importantes ensaios críticos sobre a cultura e a sociedade latino-americana, levando em consideração as possíveis relações entre os conteúdos históricos e as criações ficcionais presentes nas obras.

‘‘Vestígios antropofágicos na escrita machadiana: uma leitura do romanceDom Casmurro’’

Débora de Freitas Ramos Apolinário (Especialista - UERJ-FFP)9 de novembro de 2010 – 13h30min às 15h30min - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA

A ideia de vestígios antropofágicos no romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, foi objeto da presente análise. A partir dessa percepção, foi possível examinar o diálogo do procedimento

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literário machadiano em comunicação com outras literaturas. E, consequentemente, perceber que já no século XIX a leitura do Outro e de Si comportam uma releitura que não configura uma cópia dos autores estrangeiros, mas uma produção singularizada. A inserção do escritor Machado de Assis no panorama latino-americano se dá por esse aspecto antropofágico de sua escrita que opera pelo “desvio da norma”, caracterizada por uma deformação do modelo. Essa atitude deformativa em Machado, capaz da digestão do seu próprio mosaico cultural junto a outras polifonias a fim de obter um terceiro elemento, conjuga processo identitário a uma poética da alteridade.

‘‘Júlia Lopes de Almeida e a instrução feminina pela palavra: o caso do Livro das donas e donzelas (1906)’’

Deivid Aparecido Costruba (Mestrando em História – UNESP/Assis – CAPES)9 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 2 - Prédio 1 (LETRAS)

No final do século XIX, o Brasil passava por transformações em diversos campos: na política, na economia e na cultura. Depois da abolição da escravidão e posteriormente da proclamação da República, o país defrontou-se com uma profunda crise de valores, consequência do processo de urbanização, industrialização e instauração do recém-adquirido sistema de trabalho livre e assalariado. As mulheres também merecem um destaque nesta conjuntura. Na luta pela emancipação e posteriormente ao direito de voto, buscaram igualar-se aos homens no que se refere ao direito à instrução. Foi sob a égide da Belle Epoque que esses interesses se confrontaram e se intensificaram. Júlia Lopes de Almeida, que viveu as lutas e conquistas das mulheres no cenário nacional, após escrever seu primeiro manual de “ciências domésticas” intitulado Livro das Noivas (1896), escreveu o segundo, Livro das Donas e Donzelas (1906), que diferente do primeiro, intencionava refletir sobre diversos temas como: vestuário feminino, Natal, a importância da água, amuletos, quiromancia, considerações acerca da militante anarquista Emma Goldman e sobre o feminismo, além de citar diversos escritores como Hamlet, Alfred de Vigny e outros. A presente comunicação visa assim, fazer um panorama dos temas discutidos pela escritora Julia Lopes de Almeida (1862-1934) em seu segundo manual de “ciências domésticas”, o Livro das Donas e Donzelas (1906).

‘‘O fazer poético em Solombra: possibilidade de comunicação’’

Delvanir Lopes (Doutorando - UNESP/Assis – FAPESP)9 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 2 - Prédio 1 (LETRAS)

Frequentemente lemos sobre a “impossibilidade da comunicação” ou da “precariedade da palavra” nos artigos e estudos a respeito do fazer poético ceciliano. São constatações que se tornaram quase consensuais. O diálogo parece tornar-se impossível, as palavras são frágeis e imóveis e, por sua vez, levariam à solidão e alheamento do eu-lírico. Contudo, em Solombra, a solidão não é, segundo o nosso entendimento, motivada pela não comunicação com os outros ou com o Tu. Na verdade, a comunicação dá-se numa linguagem diferenciada da comum, ainda presa ao falatório e que nada diz. Assim, neste artigo, demonstraremos a possibilidade de comunicação que há nesta obra de Cecília Meireles e que as “palavras restituídas” são mais valiosas que as que nada dizem. Para completar, discorreremos sobre o fazer poético e o modo como acontece a relação deste com a palavra e com o Ser, com o qual o sujeito lírico dialoga repetidamente em Solombra. O poeta é clarividente e, por isso, mantém uma relação de proximidade com o Ser, podendo, a partir dessa relação, realizar o des-velamento da existência humana.

‘‘A ilha de Tchékhov’’

Denise Regina de Sales (Doutoranda – USP – CAPES)8 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 8 - CENTRAL DE SALAS DE AULA

(HISTÓRIA)

Momento singular na produção literária de Anton Tchékhov (1860-1904), mais conhecido por

dramas, comédias e contos curtos, “A ilha Sacalina” é resultado de um exaustivo trabalho de pesquisa e de penosa viagem ao extremo leste da Rússia, atravessando toda a Sibéria. Nas quase quatrocentas páginas do livro publicado pela primeira vez em 1895, Tchékhov documenta as condições da colônia de degredados e forçados instalada pelo governo tsarista na ilha Sacalina, no Oceano Pacífico. Ao leitor habituado à concisão dos contos do escritor russo, surpreende a riqueza de detalhes estatísticos e bibliográficos, coletados em visitas a quase todos os povoados da colônia, onde Tchékhov percorreu as casas, anotando, em fichas previamente elaboradas, o nome e sobrenome dos moradores, idade, estado civil, classe social, sexo, local de nascimento, tempo de residência na ilha, atividade profissional, grau de instrução e meio de sobrevivência. Ao lado dessa profusão de informações demográficas, a sensibilidade e o rigor estilístico do autor produziram passagens e, às vezes até capítulos inteiros, de narrativas essencialmente literárias, em que o tratamento da linguagem supera o elemento factual. Esse caráter híbrido contribuiu para alimentar uma polêmica que se estende até os dias de hoje – para alguns, a “Ilha Sacalina” não passa de uma reportagem malsucedida, para outros é uma boa investigação e um fracasso literário, e há quem exalte a coragem e o empenho do escritor, assim como o resultado final de todos esses esforços. No Brasil, a obra foi analisada “como texto de fronteira entre jornalismo e literatura, segundo a acepção de Iúri Lotman”, no trabalho do pesquisador Gutemberg Medeiros.

‘‘Culpas e desculpas: um estudo narratológico-comparativo em Lolita, de Vladimir Nabokov e Presença de Anita, de Mario Donato’’

Denize Helena Lazarin (Mestre – UFSM/RS – Docente UNICENTRO/PR)9 de novembro de 2010 – 13h30min às 15h30min - Sala da Videoconferência

Neste artigo, pretendemos estudar os mecanismos narrativos em duas tramas modernistas: o romance norte-americano Lolita (1955), de Vladimir Nabokov, e o brasileiro Presença de Anita (1943), de Mario Donato. Pretendemos desvelar a construção polêmica da figura feminina pelo narrador-protagonista da primeira obra e pelo narrador onisciente da segunda. Assim, promoveremos o cotejo entre as duas obras, considerando a relação psicanalítica de transferência justificada pelos protagonistas, respectivamente Humbert e Eduardo. Nossa hipótese é a de que a justificativa de Eduardo é mais convincente que a de Humbert em função da tipologia narrativa. Para elaboração desta pesquisa, utilizaremos como aporte teórico os estudos sobre o narrador de Friedman (2002), Pouillon (1974), Genette (1995), entre outros.

‘‘Intertextualidade entre as parábolas ‘Cajueiro’ e ‘Semeador’ ’’

Diego Andrade Ferreira (Graduando – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 9 - Prédio da PSICOLOGIA

Este trabalho pretende identificar e analisar os aspectos internos do gênero parabólico, cujo estudo pouco tem sido desenvolvido em pesquisas universitárias, principalmente no que se refere ao estudo da parábola do ‘‘Cajueiro’’, na obra, Luuanda, de José Luandino Vieira. E aproximar a parábola acima citada com a parábola do ‘‘Semeador’’ (8. 4; 15) do Novo Testamento. Realizaremos um estudo objetivando a conciliação num todo explicativo coerente com a noção de uma provável relação intertextual, de modo que possamos comprovar uma relação dialógica entre as parábolas que compõem o corpus do projeto. A intenção dessa aproximação entre uma parábola angolana e uma bíblica fundamenta-se pelo fato de que a constituição do próprio gênero parabólico constitui-se oriunda dos textos neotestamentários, o que leva a que as parábolas bíblicas sejam os melhores exemplos desse gênero.

‘‘Velocidade e avidez: tópicos que ainda permitem um cânone?’’

Dilma Beatriz Rocha Juliano (Doutora – UFSC/SC – Docente UNISUL/SC)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 11 - Prédio 1 (LETRAS)

A transformação técnica do objeto artístico, de seu caráter de culto a embalagem mercadológica,

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proporciona a abertura das comportas da produção e as “artes” se proliferam. E todas as suas manifestações se contagiam e incorporam os ingredientes técnicos da época, de certa forma corporificados na expressão “indústria cultural”: principalmente no descontínuo, na fragmentação e na possibilidade de reprodução. É a indústria que produz, modula, absorve, enfim, regula a produção cultural finissecular, intensificando-se na velocidade da máquina que quer sempre mais, e mais de tudo e não só do bom e do melhor. Nesta comunicação, pretendo trabalhar na perspectiva do fluxo contínuo da produção da indústria cultural que redobra a tarefa crítica de separar o joio do trigo, ou seja, pressupõe uma revisão profunda dos paradigmas utilizados para “elevar” uma obra ao cânone. Ou ainda, proponho-me a refletir se, neste contexto onde o tempo da percepção humana – tanto de criação como de fruição – é suplantado pelo utilitarismo da máquina, é possível sustentar a ideia de cânone.

‘‘A presença de Voltaire nas crônicas machadianas’’

Dirceu Magri (Doutorando – USP – CNPq)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Mini-anfiteatro de HISTÓRIA

As ligações históricas Brasil-França e a onipresença da cultura francesa até quase meados do século XX, sobretudo sua influência na literatura brasileira ao longo do século XIX, tornaram-se imperiosa fonte de estudos sob as mais diversas abordagens. Por outro lado, na segunda metade do XIX, houve a franca expansão do jornal como meio de difusão cultural. Com isso, as produções jornalísticas e literárias se emaranharam a tal ponto que o texto jornalístico, via de regra, mostrava-se abarrotado de imagens literárias. Este artigo tem por objetivo analisar a ocorrência de referências a autores franceses nas crônicas publicadas por Machado de Assis ao longo de sua carreira jornalística. Nessas crônicas, destaca-se a presença de Voltaire. Através da intertextualidade como aporte teórico, procurou-se verificar como elementos como a referência, citação, alusão, etc., se acomodam ao novo texto, alterando sentidos. Verificou-se que, em algumas delas, os elementos intertextuais acomodam-se ao novo texto, em benefício da ironia que o cronista procurava imprimir à situação. Em outras, no entanto, atuam completando, alterando ou ainda modificando inteiramente o novo texto, em processo que, se por um lado demonstra a extensão das leituras do cronista, por outro, redireciona o leitor, descortinando-lhe um novo horizonte intelectual e cultural ao tomar conhecimento da obra citada ou referenciada, ou, para aquele leitor com ela familiarizado, reescrevendo-a.

‘‘Escrever história, memória e ficção em Austerlitz’’

Douglas Valeriano Pompeu (Mestrando – USP – FAPESP)8 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 9 - CENTRAL DE SALAS DE AULA

(HISTÓRIA)

Em 2008, foi publicado no Brasil o último livro do escritor alemão W. G. Sebald, Austerlitz. A tradução veio acompanhada por um pequeno número de resenhas no país, mas a obra continua pouco conhecida e pouco explorada pelas letras brasileiras. W. G. Sebald é responsável por uma obra híbrida e hesitante entre o ensaio, a autobiografia e a ficção. Interessada na representação de uma memória coletiva fundada e estimulada pelo ocorrido durante a segunda guerra mundial, seus quatro livros, que muitas vezes recusam qualquer categorização, são atravessados por fatos históricos, documentos, relatos de viagem, biografemas e pelas próprias memórias do autor, envolvendo o leitor num clima de pseudo-documentário onde a vida do autor se emaranha com seus personagens e narradores, como num jogo sobre as fronteiras do ficcional. Neste jogo, Sebald lança mão de recursos como citações e remissões factuais, desenhos, quadros, fotos, diagramas, mapas, imagens de bilhetes de trem e de anotações, exibindo um inventário de evidências materiais do que está sendo narrado e produzindo uma alteração na experiência da leitura, através dessa parafernália que atravessa o texto. Em apenas quatro livros, Sebald erigiu uma obra exploratória das formas de representação da memória e das propriedades da experiência contemporânea com o passado, entrevendo uma região aduaneira e brumosa dessa experiência - aquela mesma que trata da relação entre vivos e mortos - através da integração de imagens e palavras. Em Austerlitz, já aclamado como sua obra-prima, estes recursos são

levados ao extremo, por exemplo, em digressões tão detalhadas que deixam ao leitor a sensação de participar de um mundo dominado por uma desconcertante contingência e conduzem a narrativa a verdadeiros labirintos dentro de um texto monolítico. Através da apresentação e análise de Austerlitz, a proposta é a de introduzir os problemas levantados pela obra de W. G. Sebald na discussão acerca das relações entre o discurso ficcional e histórico, tema deste simpósio, especialmente acerca das narrativas de extração histórica, seus sub-gêneros e a opacidade dos meios de representação.

‘‘O Leão, a feiticeira e o guarda-roupa, de C. S. Lewis: uma parábola cristã’’

Elaine Carneiro Domingues Sant'Anna (Mestre – UFSC/SC)9 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 3 - Prédio da PSICOLOGIA

Várias abordagens são possíveis ao se pensar a narrativa O leão, a feiticeira e o guarda-roupa, um dos sete volumes da série As Crônicas de Nárnia, de C. S. Lewis: uma história mitológica, um conto de fadas, um texto que remete a temas cristãos. Além dessas possibilidades citadas, a fantasia em foco pode, ainda, ser observada como uma “grande parábola” (GREGGERSEN, 2006). Os vários paralelos bíblicos, sejam formais ou temáticos, apontam para essa possibilidade. Embora Lewis seja bem aberto no que concerne essa questão, ao admitir tal interpretação, dá, também, liberdade para que o leitor possa apreciar sua narrativa, mesmo não estabelecendo os paralelos com textos bíblicos. Esse trabalho, ao observar as intertextualidades bíblicas, as alusões aos mitos no texto em questão, discute as funções didáticas e confrontativas do texto de Lewis. Nessa observação, conclui que, exceto pela extensão, a obra em foco, embora intitulada como uma crônica, preenche os demais requisitos que conceituam o termo parábola como “forma narrativa, curta, alegórica, diferente da fábula e uma forma de épos” (SANT'ANNA).

‘‘Os Novos - retrato de uma geração’’

Eliana Mirian Ferreira Nunes (Mestranda – UFOP/MG - CAPES)9 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 7 - CENTRAL DE SALAS DE AULA (HISTÓRIA)

O presente trabalho visa refletir e tecer algumas considerações sobre o estudo do romance Os novos, de Luiz Vilela, pensando a relação ficção/discurso factual. O romance, lançado em 1971, narra a história de um grupo de amigos, jovens e escritores em processo que vive a angústia pela tentativa de se projetar no mercado editorial brasileiro. Baseado no fato de que a vida do autor fornece elementos possíveis de serem articulados ao romance e através da associação de algumas matérias publicadas no periódico O Suplemento Literário do Minas Gerais, busca-se um diálogo entre os fatos narrados no romance e os acontecimentos da época que perpassam a vida de alguns escritores mineiros que formaram, junto com o autor do livro, um circulo de amizade, que, devido aos propósitos comuns e ao trabalho desenvolvido no periódico O Suplemento Literário do Minas Gerais, constituiu o grupo denominado Geração Suplemento. Além do fato a ser considerado de que o romance inserido no período de repressão oferece elementos e referências reais passíveis de uma articulação entre real e factual.

‘‘A dialogia na produção contemporânea: uma análise da obra O alienista em cordel, de Rouxinol do Rinaré’’

Eliane Aparecida Galvão Ribeiro Ferreira (Doutora – UNESP/Assis – Docente FEMA/Assis) e Ricardo Magalhães Bulhões (Doutor – UNESP/Assis – Docente UFMS/MS)

8 de novembro de 2010 – 13h30min às 15h30min - Sala 9 - Prédio 1 (LETRAS)

Objetiva-se apresentar uma possibilidade de leitura da obra O Alienista em Cordel, adaptada por Rouxinol do Rinaré, na qual se considera o papel da dialogia estabelecida por meio da paráfrase. Para a consecução do objetivo, pretende-se apresentar uma reflexão fundamentada pelos princípios dialógicos bakhtinianos. Constrói-se, neste texto, a hipótese de que a rejeição pelos

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jovens de determinadas obras e certos autores deve-se em parte ao fato de ignorarem o diálogo existente entre textos diferentes de escritores diversos. Parte-se do pressuposto de que a estratégia de Rinaré em parafrasear uma obra canônica, por meio da cultura popular, do cordel, democratiza a cultura.

‘‘ ‘O pirotécnico Zacarias’ como reescritura do Livro de Jó’’

Elias Vidal Filho (Graduando – UNESP/Assis – FAPESP)9 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 9 - Prédio 1 (LETRAS)

O presente trabalho é resultado da pesquisa financiada pela Fapesp, intitulada “Vida e morte em 'O pirotécnico Zacarias', de Murilo Rubião”. Esse conto, publicado em livro homônimo em 1974, apresenta como epígrafe dois versículos do livro (bíblico) de Jó. A epígrafe anuncia grande intertextualidade entre os dois textos, principalmente quanto às discussões filosóficas existencialistas que os pontuam. Este trabalho busca considerar o conto de Rubião como uma reescritura irônica do Livro de Jó. No livro bíblico, após a bancarrota, Jó vive sua segunda glória, mais rico e com mais amigos e filhos. Enquanto no conto, Zacarias vive sua segunda glória depois de morto, isolado da convivência social. Os desfechos mostram a reescritura subversiva e irônica que o conto constitui sobre o livro bíblico, sobretudo a partir da inversão de valores sobre a vida, a morte e a interação social. Essa comunicação pretende levantar o questionamento sobre como a reflexão no conto sobre vida e morte posiciona-se essencialmente na miséria da existência e da existência em sociedade, a despeito de todo pavor pela solidão, pois o melhor momento de Zacarias é depois de “morto”. A discussão filosófica proposta por esse trabalho está fundamentada pelas reflexões de Sartre e de Schopenhauer.

‘‘As edições não póstumas de Inocência (Visconde de Taunay, 1843-1899): primeiras reflexões teóricas’’

Elisa dos Santos Prado (Mestranda - Unesp/Assis)9 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 11 - Prédio 1 (LETRAS)

Considerando o cânone literário como “o corpo de obras (e seus autores) social e institucionalmente consideradas grandes, perenes, comunicando valores humanos essenciais, por isso dignas de serem estudadas e transmitidas de geração em geração”, de acordo com o E-dicionário de termos literários, organizado por Carlos Ceia, almejamos neste trabalho expor nossas primeiras reflexões teóricas e metodológicas referentes à pesquisa em andamento no programa da Pós Graduação em Letras da UNESP de Assis. Nosso objetivo é o de propor uma releitura da obra Inocência (1872), de Alfredo d'Escragnole Taunay (Rio de Janeiro, 1843-1899), nem sempre lembrado dentre os grandes nomes da literatura e algumas vezes apontado como autor de transição. O romance é estudado do ponto de vista filológico, em suas três edições publicadas durante a vida do autor (1872, 1884 e 1896). No meio acadêmico, ainda não se havia ressaltado a necessidade da elaboração de um estudo aprofundado da recepção e das possíveis alterações pelas quais essa obra, tão importante para a nossa literatura tipicamente nacional, possa ter passado após tantas publicações. Além disso, podemos ressaltar o quanto ela foi e continua sendo apreciada pelo público, o que explica a quantidade e a diversidade de edições existentes no país e no mundo, além de abordá-las sob uma perspectiva filológica, o que nos faz levar em consideração as teorias da crítica textual e da crítica genética, as quais nos permitem adotar uma postura científica perante o documento. Cotejando as diferentes edições, objetivamos estudar o processo criativo do autor, desmistificando e valorizando o processo do trabalho artístico, bem como o estabelecimento de uma edição mais confiável do romance em questão, chegando à composição de uma edição crítica.

‘‘Poéticas do corpo feminino: representação e identidade em transição’’

Elisabeth Batista (Doutora – USP – docente – UNEMAT/MT)

9 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala da Videoconferência

Um dos temas que vem à luz no projeto ficcional de Aluísio Azevedo, no âmbito do enredo d'O Cortiço, sua obra naturalista, é a alusão às relações homossexuais, apresentadas no romance como elemento perturbador do equilíbrio familiar ou social. Neste sentido, ao selecionar tal aspecto, tem-se como foco a análise acerca da relação afetiva que se estabelece entre as personagens Pombinha e Leónie, da referida obra, em detrimento ao tardio amadurecimento fisiológico da personagem Pombinha, ao despertar da sexualidade enquanto consciência do corpo e poder feminino. O objetivo desta aproximação é inventariar o funcionamento da representação dessa mulher e caracterizar a abordagem discursiva do ponto de vista do autor homem e relativa aos sentidos do corpo, procurando, através deles, melhor contextualizar e compreender os fundamentos das concepções dominantes no âmbito da representação artística em transição. Nosso eixo temático reporta-se, portanto, à poética de representação do corpo feminino. Um dos focos de interesse é inventariar a situação da mulher em países periféricos, cindidos pela problemática colonial, e, portanto, submetidos a normas e paradigmas muito diferentes dos países centrais. Num universo de Língua Portuguesa marcado pela tradição judaico-cristã, portanto, de formação católica, mas não só, instiga-nos a compreensão dos sentidos configurados na política e na poética dos corpos, encenados em textos literários das literaturas de Língua Portuguesa.

‘‘Romance necessário: estética e intenção do romance epistolar no século XVIII pelo olhar de Rousseau’’

Ellen Elsie Silva Nascimento (Mestranda – USP – CNPq)8 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA

Este trabalho reúne esforços no sentido de analisar o romance La Nouvelle Héloise, considerando as inovações estéticas trazidas por Rousseau em face do período de então (século XVIII) e a relevância representativa da obra acerca da singularidade do pensamento do autor, bem como sua atualidade e fortuna crítica. Aos propósitos deste trabalho, será fundamental entender como o gênero 'romance epistolar' é escolhido por Rousseau a fim de facilitar o estreitamento da narrativa com a experiência do leitor, o que põe em prática o ideal rousseauniano da transparência e imediação - crítica à ideia de representação -, perfazendo o formato requerido a um dos critérios do romance que Rousseau julga necessário, a saber, oferecer um exemplo de virtude e moral a uma sociedade corrompida pelas 'máscaras da civilização'. A liberdade literária que o gênero em questão permite, bem como as inovações estéticas e espírito nefelibata presentes em Rousseau, autoriza-nos também a apontar indícios que relacionam o romance em questão com alguns aspectos da estética romântica.

‘‘Les bienveillantes, de Jonathan Littell: romance e suite; história e mito;representação e realidade’’

Emília Amaral (Pós-doutoranda – USP – FAPESP)8 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 9 - Prédio 1 (LETRAS)

O objetivo deste trabalho é propor uma leitura do romance Les Bienveillantes, de Jonathan Littell, investigando como se articulam e como contribuem com a economia do romance dois de seus procedimentos fundamentais. O primeiro é o foco narrativo em primeira pessoa, marcado pela inversão, já que o autor, de ascendência judaica, incorpora a “persona” de um dos responsáveis pelo genocídio contra os judeus, durante a Segunda Guerra, por meio de um jogo ficcional povoado de mascaramentos e simulações, e assim desloca o foco das vítimas para os executores do mal, com a finalidade de interrogá-lo “desde dentro”. O segundo diz respeito à apropriação que a obra faz de vários gêneros, como a narrativa memorialista, o romance histórico, o romance de tese realista, o romance psicanalítico e a tragédia grega, além de integrar uma pluralidade de vozes e dicções; uma superposição de discursos, colhidos por meio de pesquisas histórias, antropológicas, sociológicas, filosóficas etc.

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‘‘Os Illuminated Books de William Blake: Ut pictura poesis e os limites entre poesia e pintura’’

Enéias Farias Tavares (Doutorando – UFSM/RS - CAPES)8 de novembro de 2010 – 13h30min às 15h30min - Sala 11 - Prédio 1 (LETRAS)

Este trabalho tem por objetivo refletir sobre a discussão Ut pictura poesis, partindo do seminal texto de Lessing dedicado ao grupo Laocoonte e como tal debate pode ter influenciado a arte híbrida de poesia e pintura que William Blake configurou nos seus illuminated books. Estes, produzidos entre 1788 e 1820, são hoje estudados tendo por parâmetro analítico a comunicação sempre problematizante que seu autor estabeleceu entre as diferentes linguagens textuais e visuais de seu tempo. Minha análise partirá das diferentes versões dedicadas ao tema do Laocoonte, que inclui a versão de Blake para o grupo estatuário numa versão em gravura, para posteriormente apresentar o livro do poeta e pintor inglês como uma forma inovadora de reunir os opostos de percepção entre a leitura de textos e a observação de imagens. Para tanto, partirei dos conceitos de linearidade temporal e espacialidade visual abordados por Lessing em seu ensaio, terminologia que será contrastada por Blake em seu livro. Nesse aspecto, a execução textual de Blake no seu Laocoonte demonstra o quanto o registro escrito também possui sua marca e materialidade específica. Uma ideia reforçada pela obrigatoriedade do leitor de girar a gravura para ler suas máximas, que se estendem de cima para baixo, dos lados para o centro e ao redor do grupo central. A pertinência deste trabalho para o simpósio temático no qual se propõe está no fato de Blake e sua obra – sobretudo sua obra no formato em que foi executada – ter levado quase dois séculos para ser reconhecida, estudada e observada por um público mais amplo. Nesse sentido, a releitura tanto do tema do Laocoonte quanto da obra iluminada de Blake, sob a perspectiva do cânone ocidental, é um tópico relevante para a discussão dos limites entre texto e imagem.

‘‘Anne Elliot: a personagem feminina de Persuasion, de Jane Austen’’

Eric Tiago Minervino (Graduando - UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala da Videoconferência

A intenção deste trabalho é analisar a construção da personagem Anne Elliot em Persuasion (1818), de Jane Austen, no mundo doméstico burguês da sociedade inglesa do século XVIII, tendo como ângulo de análise as relações sociais. Para tanto, utilizaremos as premissas da crítica feminista de vertente anglo-americana, bem como dados da própria experiência de vida da autora. Em Persuasion, está presente um determinado quadro social designado pela ordem burguesa na qual a personagem feminina está inserida. Desse modo, será construída a imagem dessa personagem, em face da atitude moral que dela seria esperada pelos padrões sociais e culturais da sociedade inglesa, que é determinada previamente por uma perspectiva de dominação patriarcal.

‘‘Representações de Sarah Bernhardt no Diário de Notícias e no ‘De Palanque’,de Artur Azevedo (1886)

Esequiel Gomes da Silva (Doutorando - UNESP/Assis)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 12 - Prédio 1 (LETRAS)

No primeiro semestre de 1886, o grande acontecimento do meio teatral fluminense foi a visita da atriz Sarah Bernhardt ao Rio de Janeiro. Além de ser a primeira vez que essa artista representava em palco brasileiro, para muitos cidadãos residentes na capital do Império essa turnê significava uma oportunidade para que eles vissem representados, em língua original, dramas como A dama das camélias, de Alexandre Dumas Filho e Fédora, de Victorien Sardou, que no ano anterior já haviam sidos levados à cena em italiano e em português, por Eleonora Duse e Lucinda Simões, respectivamente. Com essa comunicação, interessa-nos mostrar a recepção feita à atriz francesa, a partir das várias notas publicadas no Diário de Notícias e das crônicas de Artur Azevedo, escritas na seção “De palanque” no referido periódico.

‘‘O romance à moda da casa: o controle ideológico no Brasil oitocentista’’

Ewerton de Sá Kaviski (Mestrando – UFPR/PR – CNPq)8 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA

O objetivo dessa comunicação é rastrear algumas “forças locais cerceadoras” que informaram nossa prosa de ficção do período formativo inicial (1843-1881) e fizeram dela, a princípio, instrumento, não de denúncia cultural ou social, mas de consolidação da ideologia da oligarquia rural oitocentista. Trata-se de destacar, na verdade, quais foram os elementos determinantes de um veto ao ficcional – para usar uma expressão de Luiz Costa Lima, cunhada no livro O controle do imaginário (1984) – e que fizeram dele, do romance, uma forma literária bem comportada, obediente ao discurso oficial hegemônico da oligarquia, ao engendrar um controle ideológico, de cunho ético-moralizador, sobre a produção romanesca do Oitocentos brasileiro. Para tanto, recortei, dentro da fatura dos romances, uma recorrência textual

elevada, do ponto de vista dessa comunicação, a um sintoma desse controle – a moralização na forma de injunções da instância narrativa frente à fabulação –; para, então, relacioná-la, num sentido de explicar a recorrência e ao mesmo tempo entendê-la em uma dimensão estética, com a questão da cor local e do tipo de sociabilidade que aqui se desenvolveu, a saber, a prevalência do privado sobre o público. No horizonte desse esforço, cabe ainda destacar, está a inversão do veto e o redimensionamento crítico, de cunho problematizador, da forma romance, realizado por Machado de Assis, e que só foi possível a partir do diálogo da obra machadiana com os romances anteriores e, o que é mais importante destacar, com essas “forças locais cerceadoras”.

‘‘Eugénio Tavares: o amor em língua portuguesa e em língua cabo-verdiana’’

Fabiana Miraz de Freitas Grecco (Mestranda – UNESP/Assis – CAPES)8 de novembro de 2010 – 13h30min às 15h30min - Sala 11 - Prédio da PSICOLOGIA

Em 1932, é publicado o livro Mornas – Cantigas Crioulas, do cabo-verdiano Eugénio Tavares, consagrado como um dos maiores poetas da língua cabo-verdiana do país. Nessa obra, estão publicadas mornas, cantigas populares de Cabo Verde, que representam a alma do povo cabo-verdiano. No entanto, a obra de Eugénio Tavares não se restringe às mornas, mas também, revela-nos um poeta ao gosto camoniano, quando lemos os seus poemas em língua portuguesa. Essa poesia em língua portuguesa baseia-se nos modelos de grandes nomes da Literatura Portuguesa, tendo como principais fontes Camões e João de Deus. Sendo assim, a estética da poesia em língua portuguesa de Eugénio denuncia uma proximidade maior com a poesia portuguesa, ao passo que a morna tavariana é o resultado da mistura das tradições populares e da nascente literatura cabo-verdiana. Nesta comunicação, apresentaremos a poesia de Tavares nos dois idiomas, cabo-verdiano e português, a fim de comparar as suas diferenças e semelhanças, definindo, também, o público para o qual o poeta escrevia, assim, explicando a relação entre a morna e a elite cultural mestiça de Cabo Verde.

‘‘O galope infernal rumo à modernidade’’

Fabiano Rodrigo da Silva Santos (Doutor – UNESP/Araraquara)8 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 11 - Prédio 1 (LETRAS)

O propósito dessa comunicação é tecer considerações sobre os mecanismos que ancoram as baladas fantásticas do Romantismo brasileiro nos postulados da estética romântica e da Modernidade. Para isso, é feita uma breve análise das ligações entre o imaginário romântico, a categoria do fantástico e as fontes onde o Romantismo buscou inspiração – em especial, o imaginário medieval. A balada medieval, ao ser aclimatada ao Romantismo, demonstra uma série de particularidades que atestam a leitura dos leitmotivs desse gênero sob o prisma da estética moderna. Duas baladas românticas brasileiras, “Meu sonho”, de Álvares de Azevedo, e “Galope infernal”, de Bernardo Guimarães, apresentam a perfeita adequação da balada tradicional à estética moderna, transformando os signos fantásticos e macabros típicos desse gênero em alegorias da subjetividade tumultuada, marcas das experiências artísticas que caracterizam o Romantismo, tais como o hibridismo entre gêneros (o lírico encontra-se com o narrativo e o dramático na estrutura das baladas), a ironia e a subversão da tradição clássica (manifestadas na referência direta à cultura popular). Desse modo, as baladas podem ser lidas como gênero propício à observação dos elementos modernos que se insinuam no Romantismo; fenômeno que, como comprovam a obra de Álvares de Azevedo e Bernardo Guimarães, também é perceptível na literatura brasileira.

‘‘Pós-modernidade em Caetano Veloso: identidade e intertextualidade’’

Felipe Pupo Pereira Protta (Mestrando – MACKENZIE/SP)9 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 9 - Prédio 1 (LETRAS)

O presente trabalho tem como centro a obra de um dos mais expressivos artistas da música

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popular brasileira: o cantor / compositor Caetano Veloso. Figura emblemática da cultura brasileira, Caetano Veloso vem atravessando décadas em constante mudança e reinvenção, escapando às classificações e aos modos de interpretação convencionais. Desde o início de sua carreira pode ser notada uma preocupação em romper com a tradição da produção musical brasileira, numa espécie de ataque à autonomia formal da canção. Tanto na posição de compositor quanto na de intérprete, Caetano Veloso se configura, segundo a concepção de Hall (2006), como sujeito pós-moderno, por assumir, em diferentes momentos, as mais diferentes identidades, que são definidas historica e não biologicamente. Assim, tais identidades não se encontram unificadas em um “eu” coerente, mas, ao contrário, estão sendo constantemente deslocadas e multiplicadas. Assim, nas letras, as temáticas abordadas são as mais diversas, tratando desde as questões particulares, inerentes a qualquer ser humano até as mais plurais, refletindo a ideologia de toda uma nação. Por diversas vezes, são estabelecidas relações diretas com outros textos, inclusive literários. Ganharão enfoque, neste trabalho, as questões relativas à identidade e intertextualidade contidas nas letras das canções de Caetano Veloso.

‘‘O campo literário francês de 1830 e a trajetória singular de um pequeno romântico, Pétrus Borel (1809-1859)’’

Fernanda Almeida Lima (Doutoranda – UFRJ - CNPq)8 de novembro de 2010 – 13h30min às 15h30min - Sala 11 - Prédio 1 (LETRAS)

Na França de 1830, uma nova geração de artistas românticos desponta no campo literário (Bourdieu, 2005). Ofuscada pela resplandecência dos “Grandes românticos”, a juventude romântica de 1830 encontra dificuldade de inserção na cena literária da época. Alguns destes jovens investem na força do coletivismo, como instrumento de defesa diante das forças hierárquicas do campo literário, e fundam o Pequeno Cenáculo (1829-1833). O grupo desenvolve uma estética da exacerbação e da transgressão, conhecida como romantismo frenético. O escritor Pétrus Borel, líder do grupo, é um dos mais ousados no investimento e na fidelidade aos postulados do romantismo frenético, apesar da reprovação do público e dos críticos aos excessos do frenesi. Vítima de uma condenação simbólica, tecida pela pluma do crítico burguês Jules Janin, Borel abandona o campo literário francês e parte para a Argélia, em 1846. A trajetória de condenação e fracasso traçada por Pétrus Borel no campo literário, bem como o ostracismo que o vitimara permitem à crítica e à historiografia literária classificá-lo como artista “menor”, inserindo-o na categoria dos pequenos românticos. Entretanto, deve-se destacar a incompatibilidade da importância secundária atribuída a Pétrus Borel por parte de críticos e historiadores da literatura, com relação a apreciações sustentadas por grandes nomes da literatura, como Baudelaire, André Breton e Paul Éluard, que, paralelamente, apontam sua relevância dentro do movimento romântico. Desse modo, o presente trabalho propõe uma discussão acerca da estrutura do campo literário francês do século XIX e o valor da trajetória de Borel, sobretudo considerando o movimento de redescoberta e reabilitação dos pequenos românticos, iniciado pelos surrealistas e que se estende até os dias atuais, e no qual Pétrus Borel figura como representante por excelência do romantismo frenético de 1830 e grande detentor do então valorizado capital de infortúnio.

‘‘Fabulosas crônicas: La Fontaine nas crônicas de Machado de Assis’’

Fernanda Oliveira Cunha (Graduada - UNESP/Assis)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Mini-anfiteatro de HISTÓRIA

Esta comunicação tem por objetivo discutir a presença de La Fontaine nas crônicas machadianas publicadas entre 1861 e 1896 nos jornais cariocas Diário do Rio de Janeiro, O Futuro, Ilustração Brasileira e Gazeta de notícias. Iremos analisar, mais especificamente, a fábula “Le Lièvre et les Grenouilles”, de La Fontaine, citada na crônica de 30 de julho de 1884 de Machado de Assis, publicada na seção “Balas de Estalo”, do jornal carioca Gazeta de Notícias, sob o pseudônimo de Lélio. Tentaremos mostrar de que maneira Machado utilizou o

verso de La Fontaine “car, que faire en un gîte à moins que l´on ne songe?”, inserindo-o no seu discurso e estabelecendo, desse modo, um diálogo intertextual com o mestre das fábulas.

‘‘Criticismo e sexualidade: uma leitura de Tropic of Capricorn, de Henry Miller’’

Flávia Andrea Rodrigues Benfatti (Doutoranda – USP – CAPES)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 9 - CENTRAL DE SALAS DE AULA

(HISTÓRIA)

O presente trabalho aborda como a crítica social e o corpo-prazer constróem a representatividade literária em Tropic of Capricorn, que, por sua vez, operam como criação de um self dissidente dentro do contexto norte-americano do período entre-guerras. No esforço em redescobrir caminhos alternativos para uma existência dissidente dentro da sociedade em que vive, o narrador autobiográfico adota uma postura que demonstra um não comprometimento com modelos pré-estabelecidos. É no interior da representatividade ficcional que o “sujeito” autobiográfico, interpelado pelo contexto histórico e social no qual se insere, rompe com uma postura hegemônica e imperialista da sociedade norte-americana do status quo a fim de assumir o seu próprio self. Nesse sentido, o que se percebe é uma crítica ao capitalismo materialista e à moralidade puritana da nação estadunidense. Por meio de narrativas de memórias do passado e suas reflexões no presente, o narrador constrói suas identidades: ora como crítico do modelo de homogeinização e padronização social proposto pelo establisment norte-americano, ora como um sujeito sexuado que expõe sua intimidade a fim de contrariar os discursos burgueses de preservação da “moral e dos bons costumes”. Com isso, Miller compõe um texto ficcional que permite transgressão tanto formal quanto conteudística. À luz de Bruner (1990, 1993, 2002), Margaret Somers (1994), Foucault (1999) e outros, o narrador autobiográfico (re)ssignifica seu “eu” a partir de narrativas que transgridem a ordem do discurso do status quo questionando as verdades pré-estabelecidas.

‘‘O romance Lavoura arcaica e sua tradução intersemiótica’’

Flávia Giúlia Andriolo Pinati (Graduanda – UNESP/Assis – FAPESP)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 10 - Prédio 1 (LETRAS)

Como é sabido, tradução intersemiótica é a tradução de determinado sistema de signos para outro sistema semiótico, podendo ter sua expressão em diferentes sistemas, circulando entre as diversas expressões artísticas. Entre as traduções desse tipo, encontramos as que partem da linguagem verbal para as artes visuais, como da literatura ao cinema, assunto que tem sido estudado por muitos estudiosos contemporâneos. Partindo dessa ideia é que objetivamos examinar como se dá a transposição do romance Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar (1975) para o filme Lavourarcaica (2001), de Luiz Fernando Carvalho, a fim de verificar como a adaptação fílmica traduziu as reapresentações do tempo trabalhadas pelo romance e assim estabelecer uma correlação entre elas.

‘‘A fúria do corpo: um romance de transição’’

Flávia Heloísa Unbehaum Ferraz (Mestranda – UEL/PR – CAPES)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA

O hábito de narrar histórias e assim trocar experiências acompanha os homens deste a formação da capacidade de se comunicar. Antes de forma predominantemente oral, às vezes ritmada com músicas e com a expressão corporal, este hábito ganhou outras formas de manifestação após a invenção da imprensa no século XV e o aperfeiçoamento da imprensa mecânica no século XVIII. Poemas e romances escritos passaram a ser alguns dos meios pelos quais a experiência vivida ou sonhada era compartilhada com outros ou tão simplesmente percebida por um único leitor na solitária atividade da leitura. Mas os desdobramentos sociais dos séculos XX e XXI, em contrapartida às facilidades surgidas para a atividade escrita, foram calando os homens ou dificultando cada vez mais a capacidade do narrar, como observou Walter Benjamin em seu

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célebre ensaio “O narrador”. Romances de narrativa em primeira pessoa, construídos de forma não linear, ancorados na memória das percepções angustiantes das transformações sociais ou permeados pela violência em suas diferentes formas expressivas são a tônica do nosso tempo. O corpo e a oralidade reaparecem em representações significativas dentro da linguagem escrita. Em 1981, ao lançar o romance A fúria do corpo, o escritor gaúcho João Gilberto Noll desafiou-se a captar o espírito de seu tempo: o fim da repressiva década de 70 e o início de 80, tempo de abertura política e de rápidas transformações culturais. Este trabalho propõe-se a discutir parte desta problemática: o que um romance surgido em uma época de clara transição cultural já prenunciava sobre os desafios da literatura e do escritor da atualidade.

‘‘O diálogo entre o romance Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar e a parábola do ‘Filho Pródigo’ ’’

Flávia Lourenço (Graduanda – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 9 - Prédio da PSICOLOGIA

Entre o romance Lavoura Arcaica (1975), de Raduan Nassar, e a parábola bíblica “O Filho Pródigo”, presente no Evangelho de Lucas, 15;11,32, embora sejam obras distintas entre si, possuem um caráter dialógico, enquanto narrativas, uma vez que a primeira é cheia de fragmentos da segunda. A especificidade do trabalho aqui proposto está em analisar as duas obras como textos literários que são, muito embora o estudo da Bíblia como texto literário ainda encontra-se em passos contidos, principalmente no Brasil, todavia os trabalhos já concluídos até então trazem uma contribuição muito significativa no âmbito acadêmico. O livro O Gênero da parábola, do Dr. Marco Antônio Domingues Sant'Anna,(2010), é o único texto brasileiro a esse respeito e trabalha exaustivamente a literariedade da parábola, e será sustentada pelo trabalho em questão que a parábola do “Filho Pródigo” será analisada como texto literário. A análise feita das obras em questão visa especificamente ao diálogo entre pai e filho nas duas obras. Tanto o do protagonista André em seu retorno para casa, no livro de Raduan Nassar (esse diálogo se encontra no capítulo 25). Quanto o retorno do filho pródigo que, no texto bíblico, se encontra no versículo 21, muito embora se faça necessário, por vezes, a retomada do contexto presente nos dois diálogos. A escolha dos diálogos como forma de estudo se deu não apenas pela falta de trabalhos realizados nesta perspectiva entre as duas obras, mas por entender que esta análise será uma contribuição muito significativa para trabalhos vindouros.

‘‘As cartas de Maria Messina a Alessio di Giovanni, Giovanni Verga eEnrico Bemporad’’

Francisco Claudio Alves Marques (Doutor – USP)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 3 - Prédio 1 (LETRAS)

Quando as mulheres começaram a frequentar os círculos literários italianos do “novecentos”, defrontaram-se com uma mentalidade hostil e preconceituosa da parte de alguns escritores da época. Luigi Capuana, por exemplo, dizia, em 1907, que os homens não precisavam preocupar-se “dell´invadente concorrenza” das mulheres na arte de narrar. Ele acredita que as escritoras existem porque os “intelectuais masculinos” lhes abriram o caminho. Estas, acrescenta, infiltram na arte “um elemento todo particular, a feminilidade”, “como o perfume sutil que exala do cálice das flores”, de modo que “não criarão nada de novo: será uma eterna repetição”. A escritora siciliana tardo-verista Maria Messina está entre aquelas mulheres que enfrentaram toda sorte de preconceito para afirmar-se no mundo dos intelectuais da época, ao lado de Ada Negri, Matilde Serao, Elvira Mancuso, Sibilla Aleramo, dentre outras. A farta correspondência que a escritora mantinha com Di Giovanni, Verga e Bemporad são um atestado das dificuldades encontradas por ela para adentrar o mundo dos homens.

‘‘Um Prometeu carnavalizado: ironia e intertextualidade em 'O prazer enfim partilhado', de Marina Colasanti’’

Frederico Helou Doca de Andrade (Mestrando – UNESP/Assis – FAPESP)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 9 - Prédio 1 (LETRAS)

Neste estudo, propomos analisar como a intertextualidade e a carnavalização, de acordo com os preceitos de Gérard Genette e Mikhail Bakhtin, respectivamente, permeiam o miniconto “O prazer enfim partilhado”, da escritora ítalo-brasileira Marina Colasanti, no livro Contos de amor rasgados, de 1986, uma vez que esse hipertexto estabelece um diálogo com o Mito de Prometeu, presente na obra Teogonia – a origem dos deuses, do poeta grego da Antiguidade Hesíodo. Percebemos que essa “volta em cima do mito”, de acordo com o que a própria autora nos relatou em entrevista realizada em maio de 2010, transcontextualiza a história de Prometeu, trazendo-a a um plano que difere muito daquele proposto pelo hipotexto. Nesse processo, discerniremos a função que o intertexto de Hesíodo tem na micro-narrativa de Colasanti, bem como destacaremos a ironia e a total deturpação da figura mítica de Prometeu, transcontextualizada e ressignificada no miniconto. Em virtude do processo de carnavalização que é operado no texto de partida, nos será possível identificar as características que Bakhtin estabeleceu a partir da obra de François Rabelais e Fiódor Dostoiévski, pois essas percorrem a narrativa de Colasanti, levando o leitor a referendar o “texto de partida” a fim de explorar mais minuciosamente o aparente nonsense em “O prazer enfim partilhado”.

‘‘Para que serve o passado: Cronache di Poveri Amanti e a crônica da história’’

Gabriela Kvacek Betella (Pós-doutora – USP – Docente UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 8 - CENTRAL DE SALAS DE AULA

(HISTÓRIA)

O romance de Vasco Pratolini (1947) volta-se para a história italiana através da recriação do microcosmo florentino dos anos de 1920 e da afirmação do fascismo. Via del Corno toma ares de palco teatral enquanto suas histórias são contadas como crônica, gênero de origens ligadas à historiografia, através do dia após dia dos protagonistas mostrados pela narrativa sob dimensão igualitária e coral. Mantendo laços com uma tradição medieval, Pratolini recorre a expedientes que ultrapassam o caráter contemplativo e assumem o olhar social, além de se aproveitarem sutilmente da memória de infância. O romance é escrito sob os efeitos do movimento intelectual da Resistência, favorecido pelo contexto democrático da república parlamentar e do pluripartidarismo (1946-1948), recusando-se a desmentir seus ideais. O resultado é a representação da gente pura, vitoriosa e, ainda que miserável, cheia de esperanças de futuro. Nesse sentido, o escritor opera uma traição sobre o momento histórico daqueles anos de 1920, em que a ausência de perspectivas coroava a vida política e social. Ao se basear no romance para o roteiro de seu filme, Carlo Lizzani dirige numa época em que os horizontes se fechavam com a restauração de forças conservadoras (1953). Se o romance cumpre uma operação épica de distanciamento importante na trajetória do autor, o filme diminui o foco visionário da narrativa, reduz ao máximo a presença da esperança e abaixa o tom épico, representando o passado a partir da desesperança que passa a contaminar o presente.

‘‘Mia Couto em sua varanda: redefinições de uma nova identidade cultural’’

Geraldo Lucindo Neto (Graduando – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 4 - Prédio 1 (LETRAS)

Diante da história política e cultural de países colonizados por Portugal, encontra-se Moçambique, onde vemos que a miscigenação, gerada pelo intenso contato cultural, criou uma população mestiça que hoje encontra dificuldades para definir sua nova identidade cultural. Assim, a arte literária, como produto de uma sociedade, vem discutir e problematizar essa realidade. No contexto artístico moderno moçambicano, pode-se observar a busca pela redefinição dessa identidade, no qual se destaca o romance A Varanda do Frangipani (1996), de Mia Couto, autor que age como precursor nesta tarefa. Com isso, o estudo da obra faz-se necessário, principalmente pela coerência entre a estética literária e o tema do hibridismo cultural, que é

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tratado no corpus deste projeto, como condicionante do processo de formação dessa identidade cultural, processo esse que vem potencializado por tendências modernas globalizantes.

‘‘Romance histórico contemporâneo de mediação: El Conquistador (2006), de Federico Andahazi’’

Gilmei Francisco Fleck (Doutor – UNESP/Assis – Docente UNIOESTE/PR)8 de novembro de 2010 – 13h30min às 15h30min - Sala 9 - CENTRAL DE SALAS DE

AULA (HISTÓRIA)

Desde seu surgimento, no romantismo europeu, o romance histórico tem passado por uma série de reformulações em sua estrutura de escrita híbrida, assim como nas ideologias que perpassam a sua criação. Em solo latino-americano ganhou, a partir do final da década de 40 do século XX, uma de suas mais expressivas modalidades – o novo romance histórico latino-americano, o qual – na década de 70 – passa a ser uma das mais significativas expressões romanescas dos escritores latino-americanos, conforme afirma Aínsa (1991). Nesse espaço literário, sua evolução como escrita crítica ao longo do período do boom e também no pós-boom chega à constituição daquilo que Hutcheon (1991) definiu como metaficção historiográfica. Na atualidade, contudo, essas formas críticas de releituras do passado, constituídas basicamente por estratégias escriturais altamente desconstrucionistas como a paródia, a carnavalização, a ironia, o pluriperspectivismo, entre outras, têm cedido lugar a uma produção menos experimentalista. Em tais obras, percebe-se um intento de conjunção de características mais tradicionais do gênero, advindas de sua fase inicial, que se combinam com algumas das estratégias presentes nos novos romances históricos e nas metaficções historiográficas, a fim de efetuar, como ocorre nesses modelos, uma leitura crítica do passado pela ficção. Denominamos essa modalidade mais atual de escrita híbrida de história e ficção de Romance Histórico Contemporâneo de Mediação. Objetivamos, neste trabalho, especificar, na obra El Conquistador (2006), de Federico Andahazi, as especificidades dessa modalidade de romance histórico.

‘‘A representação dos ideais de Rousseau como um possível diálogo entre as personagens Virginie, de Paul et Virginie e Peri, de O Guarani’’

Giovana Bleyer Ferreira dos Santos (Doutoranda – UFSC/SC)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Mini-anfiteatro da HISTÓRIA

Paul et Virginie, de Bernardin de Saint-Pierre, teve sua primeira edição publicada no final do século XVIII, em 1788. Retratando mais que uma história de amor entre dois adolescentes, marcada por uma tragédia, o leitor que hoje se aventura a ler Paul et Virginie não se depara somente com uma curiosidade “arqueológica”, despertada pela obra como menciona o estudioso Jean Delabroy. Ele se vê diante de um “fenômeno de sociedade”, pois Saint-Pierre utiliza o espaço de sua obra para exprimir conceitos de valores enunciados por Rousseau, como o “sonho da natureza, de simplicidade e bondade (SAINT-PIERRE, 1998, p.9). Dentro de sua obra, uma das formas que Saint-Pierre encontrou para ilustrar estes preceitos está presente na fala do primeiro narrador, “Se tem tempo, eu lhe peço, conte-me o que sabe dos antigos habitantes destes ermos e acredite que mesmo o homem mais depravado pelos preconceitos do mundo gosta de ouvir falar na felicidade que provém da natureza e da virtude (SAINT-PIERRE, 1986, p.10). No Brasil, deparamo-nos com o romance O Guarani, de José de Alencar, onde encontramos “às formas paradoxais pelas quais uma figura de nítido corte rousseauísta como o bon sauvage acabou compondo o nosso imaginário mais conservador” , (BOSI, 2006, p.176). Desta maneira, embora a situação em que se encontram as personagens Virginie, de Paul et Virginie e o índio “Peri”, de O Guarani sejam diferentes, é possível encontrarmos marcas da ideologia rousseauísta, como a virtude, em ambas, sendo que, no caso de Alencar, essa ideologia foi absorvida configurando uma representação da identidade nacional do Brasil.

‘‘Língua, identidade e resistência em ‘Almoço de Confraternização’ e ‘Núpcias Adiadas’ ’’

Glaucia Regina Fernandes de Oliveira (Graduanda – UNESP/Assis – FAPESP)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 11 - Prédio da PSICOLOGIA

O conto ‘‘A menina Vitória’’ e a crônica ‘‘Núpcias Adiadas’’ são narrativas que compõem o livro Kinaxixe e outras prosas, de Arnaldo Santos. Sob o ponto de vista linguístico, ambos os textos integram o hibridismo da língua portuguesa e da língua quimbundo. Esta segunda chama bastante a atenção do leitor, pois é, de fato, um veículo/instrumento que permite que o leitor faça uma reflexão do sentido que esta língua possui dentro do corpus do texto, sabendo que é um texto escrito, quase todo em português, fica a pergunta: por que o escritor utilizou somente algumas palavras em quimbundo? Qual é impacto que ele quis causar no leitor? E são estes questionamentos que esta comunicação visa responder.

‘‘A construção da identidade em Clarice Lispector’’

Gustavo Fujarra Carmona (Mestrando – UEL/PR – CAPES)8 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 2 - Prédio 1 (LETRAS)

O presente estudo objetiva analisar as fases da construção da identidade feminina presentes no romance A paixão segundo G.H., de Clarice Lispector, derivadas a partir dos embates significativos criados diante da perspectiva psico-filosófica da alteridade. Analisaremos de que forma a autora articula diferentes saberes, mediatizando e permeabilizando territórios díspares, de forma a pôr à prova códigos e realidades pré-fabricados. Para tanto, nos basearemos na teoria freudiana e na crítica nietzcheana da subjetividade, além do suporte das obras de Julia Kristeva e de Homi K. Bhabha a respeito da condição de “estrangeiro” e do “estranhamento”. Focalizaremos nosso estudo na problemática do “eu”, do “ego” e da alteridade enquanto gêneros. Objetivamos, assim, expôr a forma como Clarice Lispector articula, na multiplicidade de suas narrativas, o encontro entre esferas distintas, sejam elas sociais, culturais ou relativas ao gênero, rompendo as fronteiras de significação de mundo, gerando um “entre-lugar” ou uma “entre-realidade”, que permite a subjetivação e renovação de um passado por vezes cristalizado em paradigmas excludentes e a criação de novos signos antes não existentes, que resultam, assim, na fonte de uma rara narrativa.

‘‘Carnavalização, paródia e transtextualidade no conto ‘O santo que não acreditava em Deus’, de João Ubaldo Ribeiro’’

Héder Junior dos Santos (Mestrando – UNESP/Assis)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 9 - Prédio 1 (LETRAS)

Este trabalho dispõe-se a analisar o conto contemporâneo “O santo que não acreditava em Deus”, do Livro de Histórias (1981), de João Ubaldo Ribeiro. Na composição dessa narrativa, é fulcral a recorrência a outros textos e contextos, como os movimentos literários de caráter regionalista (de onde recupera o método composicional e também personagens), além da reficcionalização paródica das Escrituras Sagradas e das ficções Greco-mitológicas, em que se atribui inversamente aos mesmos um caráter profano e rizomático. De tal forma, nossa investigação centra-se em verificar como é que a personagem Caronte, a figura divina, os textos bíblicos, tanto do “Velho Testamento”, quanto do “Novo Testamento”, dentre outros, são retomados e transcontextualizados pelo conto ubaldiano; e tal entrecruzamento textual constante atesta sua vinculação à pós-modernidade literária brasileira. Para isso, partimos das proposições sugeridas por Domício Proença Filho e Zilá Bernd e das reflexões teórico-metodológicas de Gerárd Genette, Flávio R. Kothe, Mikhail Bakhtin, Ingedore Koche e Norma Discini.

‘‘Identidade e memória cultural no jornal Suaçuí em foco’’

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Helena Aparecida de Carvalho (Mestranda – UFSJ/MG)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 7 - CENTRAL DE SALAS DE AULA

(HISTÓRIA)

O contexto pós-moderno em que se encontra a sociedade atual apresenta-nos um sujeito descentrado, em busca da sua memória e da sua identidade cultural. O sujeito que até então era visto como um ser unificado, vê sua identidade há muito estabilizada desfragmentar-se em novas identidades que se “perdem” em uma sociedade em busca de uma memória, de uma identidade que “unifique”, novamente, o sujeito. No âmbito dessas reflexões, a pesquisa em fontes primárias revela-se um dos principais meios de investigação acerca de memória e identidade cultural. Esses arquivos possuem um significativo caráter epistemológico e constituem, portanto, uma fonte singular de investigação memorial. Constatamos, através de pesquisas, que a cidade mineira de São Brás do Suaçuí, localizada a 104 km da capital, apesar de possuir uma significante diversidade cultural, carece de registros de sua história. O que se encontra na cidade são arquivos pessoais pertencentes às famílias suaçuienses. Dentro desse contexto e através de pesquisa, percebemos os textos publicados nas seções “Cidade Cultural” e “Túnel do Tempo”, do jornal Suaçuí em Foco, como importante fonte arquivística para a construção de uma memória e de uma identidade cultural da cidade de São Brás do Suaçuí. Partindo das reflexões de Ricoeur, Halbwachs, Foucault, Hall acerca de identidade, memória e narrativa, a pesquisa objetiva analisar os textos das sessões supracitadas, do jornal Suaçuí em Foco enquanto fonte arquivística de caráter memorialístico e sua relação com a construção de uma identidade e de uma memória cultural da cidade mineira de São Brás do Suaçuí.

‘‘Niketche: dançando com a disseminação da cultura’’

Heloisa Helou Doca (Doutora – UNESP/Assis – Docente UNIMAR)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 4 - Prédio 1 (LETRAS)

Pretendemos, por meio deste estudo, investigar o romance Niketche: uma história de poligamia, da escritora moçambicana Paulina Chiziane, enfocando a disseminação cultural no universo feminino; a voz do subalterno na literatura pós-colonial; as questões relacionadas à diáspora, ao hibridismo e à resistência. Para tanto, recorreremos à noção de local da cultura, cunhada por Homi Bhabha, como também aos preceitos de cultura, tradição e sociedade postulados por Edward Said. Nossas análises abarcarão as reconfigurações sofridas pelos grupos marginais, mais especificamente as mulheres, e em como a tradição sobrevive ao novo formato social.

‘‘A infância e a violência no contexto da família patriarcal brasileira e sua representação em Infância, de Graciliano Ramos e Menino de engenho, de

José Lins do Rego’’

Helton Marques (Mestrando – UNESP/Assis)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA

Graciliano Ramos era um escritor extremamente cuidadoso quanto à forma. Reescrevia seus livros sem cessar, só os dando a público quando estivessem enxutos, livres de quaisquer excessos. E foi justamente com toda essa cautela que Graciliano escreveu o romance Infância, livro de memórias, publicado em 1945, com o propósito de denunciar o encontro da criança com a violência no contexto da família patriarcal brasileira. A partir da reelaboração literária de sua própria experiência, o autor procura refletir sobre a relação do indivíduo com o poder: o menino se acha diante das agruras da Lei, seja ela paterna ou social. A partir da difícil existência da criança no patriarcal sertão nordestino, observa-se o poder manifestando-se em suas formas mais cruéis e opressoras. José Lins do Rego, por sua vez, desenvolveu um estilo espontâneo e natural. Através de uma linguagem de forte e poética oralidade, o narrador de Menino de engenho, livro de estreia, publicado em 1932, reúne as recordações da infância, regida pelo signo da violência, e retrata a situação histórico-social da região nordestina dos

tempos do patriarcado em decadência. Desse modo, o trabalho proposto traçará um paralelo entre essas duas importantes obras da Literatura Brasileira, com o propósito de desenvolver um estudo sobre a representação da infância e da violência no contexto da família patriarcal no Brasil, tendo como principal amparo teórico os livros Casa-grande e Senzala, de Gilberto Freyre, e Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda.

‘‘Análise do texto ‘Cada raça tem um Calino’, de Lima Barreto’’

Henrique Sergio Silva Corrêa (Mestrando – UNESP/Assis – FAPESP)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 12 - Prédio 1 (LETRAS)

O objetivo do trabalho é fazer uma análise do texto “Cada raça tem um Calino”, de Lima Barreto, publicado no hebdomadário A.B.C., em 23 de fevereiro de 1918. O periódico, que fazia parte da “imprensa alternativa” da época e durante sua existência teve certo reconhecimento político e literário, contou com a participação do escritor “pré-modernista” num período que vai de 1916 a 1922. Essa colaboração é composta por grande parte da sátira Os bruzundangas, e de contos, crônicas e artigos, dentre eles o texto analisado. A apreciação será centrada no artifício ficcional utilizado pelo autor para a construção de seu texto. Também será traçada uma relação com outras obras ficcionais em que o escritor utiliza esquema semelhante em sua produção e o caráter humorístico e irônico do escrito.

‘‘Manoel de Barros e Ondjaki: palavras lúdicas, identidades culturais’’

Hérica Aparecida Jorge da Cunha Pinheiro (Mestranda – UNEMAT/MT – CAPES)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 4 - Prédio 1 (LETRAS)

Para Octávio Paz, o poema é um objeto feito da linguagem, ritmos, crenças e obsessões deste ou daquele poeta, desta ou daquela sociedade. Assim, abrem-se possibilidades para reflexões sobre o poema e o papel do poeta enquanto porta-voz da cultura e ideologia de seu país. O brasileiro Manoel de Barros, em sua obra Livro sobre Nada, e o angolano Ondjaki em Materiais para Confecção de um Espanador de Tristezas, fazem poesia pelo meio comum a ambos, a língua portuguesa, e através dela constróem a palavra poética, de acordo com aspectos sócio-culturais denominadores de suas nacionalidades, num processo de criação que busca novas dimensões linguísticas, requerendo uma ilogicidade de sentidos, não na concepção do poema, mas na compreensão, para que esta não seja conceitual, e ultrapasse os limites da lógica, criando uma nova maneira de apreender, em que a capacidade lúdica da palavra é constituída. Na perspectiva dos estudos comparados de solidariedade dos macrossistemas de literatura em língua portuguesa, propostos por Benjamim Abdala Júnior, este trabalho pretende fazer uma análise da ludicidade da linguagem nas obras citadas, não somente do que as identificam, mas principalmente do que as singularizam, do que faz fortalecer a cultura de cada país, pois ao partirem para um exame do processo de criação e reinvenção da linguagem, Manoel de Barros e Ondjaki refletem sobre ela um caráter singular ao inserirem a cultura angolana e brasileira na expressão literária em língua portuguesa, em que tornam originais a forma de ver, sentir, e interpretar, fundando um universo com marcas próprias de sua gente e sua história, com as imagens e expressões de seus respectivos países, suas culturas e suas identidades.

‘‘A correspondência de Fradique, de Eça de Queiroz e O enigma das cartas inéditas de Eça de Queiroz, de José Antonio Marcos: uma leitura intertextual

Inês Cardin Bressan (Doutoranda - UNESP/Assis - Docente FACED/PR)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 12 - Prédio 1 (LETRAS)

A presente comunicação se propõe apresentar uma análise intertextual entre as obras O Enigma das Cartas Inéditas de Eça de Queirós, de José Antonio Marcos e A correspondência de Fradique Mendes, de Eça de Queiroz. Um levantamento preliminar demonstra que há poucas publicações referentes à terceira fase (1888-1900) de Eça de Queiroz, mais especificamente à obra supracitada. Há que se considerar também, que a obra de José Antonio Marcos tem a intertextualidade como foco principal, e a busca destes intertextos , bem como a razão por estarem ali, fazem com que justifique uma pesquisa neste sentido. De caráter bibliográfico, este estudo abrirá espaço para alguns debates, enriquecerá o percurso dos atuais pesquisadores, servindo-lhes de motivação para novos caminhos, e também colaborará para o conhecimento do universo de Fradique Mendes, personagem de uma das obras do último Eça.

‘‘A condição feminina: premissa para a trajetória literária de Lya Luft’’Iara Christina Silva Barroca (Doutoranda – PUC/MG – Docente UFV/MG)

9 de novembro de 2010 – 13h30min às 15h30min - Sala 2 - Prédio 1 (LETRAS)

Este trabalho concentra-se, principalmente, no estudo da escrita de Lya Luft e do universo ficcional constituído por ela em seus romances. O que aqui se pretende analisar é de que modo essa escrita se constitui em um dado espaço ficcional, bem como a maneira pela qual ela corporifica, enquanto discurso, uma linguagem outra, entendida como uma linguagem situada à margem de uma escrita dita convencional. Para o desenvolvimento d e s s e e s t u d o , s e r á o b s e r v a d o o p r i m e i r o r o m a n c e d a

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escritora, na tentativa de trabalhá-lo, também, sob a perspectiva de uma escrita inaugural, uma vez que as temáticas de suas produções subsequentes não se desvincularam dessas tratadas já nesse seu primeiro romance. Além disso, essas temáticas abrem espaço para a representação de vários tipos de tensões entre, por exemplo, feminino / masculino, social / individual, vida / morte e outras, que vão se desenvolvendo no decorrer de cada narrativa. Note-se, também, a importância da memória, enquanto elemento constitutivo dessas narrativas, que privilegiam um universo eminentemente feminino.

‘‘A reescrição da história na metaficção historiográfica: um estudo de Boca do Inferno, de Ana Miranda’’

Ingrid Leutwiler Peres Faustino (Graduanda – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 10 - CENTRAL DE SALAS DE AULA

(HISTÓRIA)

O presente estudo faz uma leitura da obra Boca do Inferno, de Ana Miranda, a partir do conceito de metaficção historiográfica da pesquisadora canadense Linda Hutcheon, em seu livro Poética do Pós-modernismo. Contestando a neutralidade do historicismo pretendida pelo humanismo liberal, a metaficção historiográfica aponta para o perspectivismo implícito no discurso, que é sempre criado a partir de um locus enunciativo e que tem seus focos narrativos selecionados a partir da perspectiva do sujeito da enunciação. A metaficção historiográfica desestabiliza a unidade dos discursos históricos a partir do descentramento enunciativo, que questiona a noção de verdade a partir de outras vozes, outros enfoques, outras verdades, identificando, assim, tanto história quanto ficção como construções linguísticas. Desta maneira, as metaficções historiográficas questionam as verdades monológicas do humanismo liberal, instituindo a possibilidade da pluralidade de representações sobre o passado, fazendo que sejam vistos os sujeitos e acontecimentos elipsados nas narrativas tradicionais. Em Boca do inferno, através de um enfoque tradicionalmente considerado de pouca importância para a formação da cultura brasileira – e até de sua literatura – e da manifestação de vozes múltiplas, incluindo vozes de sujeitos à margem dos centros de poder, encontramos um questionamento acerca da pretensão de verdade do discurso pedagógico, canônico, tradicional sobre a Nação Brasileira.

‘‘A Crítica Literária Brasileira: alguns apontamentos’’

Isabel Cristina Domingues Aguiar (Doutoranda – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 – 13h30min às 15h30min - Sala 11 - Prédio 1 (LETRAS)

Como parte de um amplo projeto de releitura da crítica literária brasileira, a presente comunicação pretende problematizar, através de uma análise comparatista, a percepção do processo de construção da identidade brasileira entre os intelectuais do final do século XIX, sobretudo Sílvio Romero (1815-1914) e Manoel Bomfim (1868-1932), e os novos discursos produzidos nas décadas de vinte e trinta do século subsequente. É evidente a distinção existente entre estes momentos, mas intenta-se aqui apontar para a confluência destes discursos principalmente no debate das relações entre Literatura e História, a noção de modernismo e vanguarda, o papel do intelectual, além da ênfase na miscigenação como a essência da brasilidade encontrada tanto nos críticos oitocentistas como na obra de Paulo Prado (1869-1943) e Mário de Andrade (1893-1945).

‘‘O labirinto intertextual em A última viagem de Borges’’

Isis Milreu (Doutoranda – UNESP/Assis – Docente UFCG/PB)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 9 - Prédio 1 (LETRAS)

Este trabalho pretende analisar as relações intertextuais presentes na narrativa A última viagem de Borges (2005), de Ignácio de Loyola Brandão. Nesta obra, Borges perde a palavra perfeita e organiza uma expedição para reencontrá-la. O grupo que ira acompanhá-lo é

formado por Sherazade, famosa personagem que se salvou através da palavra; Sir Richard Burton, aventureiro inglês e tradutor, entre outros textos, de As Mil e Uma Noites, e Funes, o Memorioso, personagem borgeano que possui uma memória excepcional. Assim, Borges e seus companheiros partem para a Biblioteca de Babel em uma viagem repleta de aventuras e obstáculos. Percebemos que muito mais do que a simples descrição de uma viagem, a obra de Loyola é um mergulho no universo ficcional de Jorge Luis Borges, visto que a narrativa dialoga intensamente com a poética borgeana. Desta maneira, refletiremos sobre como foram construídos os procedimentos intertextuais em A última viagem de Borges.

‘‘A produção epistolar de autoria feminina: as correspondências entre Gabriela Mistral e Victoria Ocampo’’

Jacicarla Souza da Silva (Doutoranda – UNESP/Assis – Docente UNIOESTE/PR)9 de novembro de 2010 – 13h30min às 15h30min - Sala 3 - Prédio 1 (LETRAS)

Figuras como Gabriela Mistral, ganhadora do primeiro Prêmio Nobel de literatura latino-americana, e o de Victoria Ocampo, fundadora da revista Sur, um dos periódicos mais influentes do cenário latino-americano no século XX, demonstram, juntamente com outras grandes personalidades femininas, a importância das mulheres no espaço intelectual da América Latina no século XX. As duas autoras irão nutrir uma amizade que perdurará por mais de 30 anos. Não é de se estranhar que, devido às próprias condições de comunicação daquele período, o contato entre elas será estabelecido de maneira intensa por meio de cartas. Esse forte laço mantido entre as escritoras pode ser observado na publicação Esta América nuestra (2007), organizada por Elizabeth Horan e Doris Meyer, que reúne correspondências trocadas entre Ocampo e Mistral durante o período de 1926 e 1956. Desta forma, esta comunicação pretende trazer à luz algumas discussões em torno da produção epistolar escrita por mulheres, destacando o diálogo entre essas duas grandes figuras femininas, com o intuito de mostrar a importância dessas correspondências para uma compreensão mais ampla de suas obras.

‘‘Aprender e imitar: Machado de Assis e a digestão literária da obra de Plutarco’’

Jaison Luís Crestani (Doutorando – UNESP/Assis – FAPESP)8 de novembro de 2010 – 13h30min às 15h30min - Sala 9 - Prédio 1 (LETRAS)

Na tentativa de desprovincianizar a literatura brasileira, Machado de Assis promove, em seus textos críticos, uma valorização de procedimentos literários empenhados em “desentranhar” mil riquezas novas de formas velhas ou, noutra acepção, em “assimilar para nutrição”. Sob essa perspectiva, a unicidade de cada obra e a originalidade de cada artista encontra-se na natureza das combinações e no modo como estas são concretizadas, numa sequência infinita de transformações possíveis. Priorizando, assim, um modo de invenção pautado na recombinação criativa e inusitada de formas apreendidas do acervo literário universal, Machado apresenta-se como precursor de uma concepção de literatura plenamente afinada às tendências da intertextualidade moderna. Desse modo, articulando os conceitos firmados nos ensaios críticos com as técnicas adotadas no processo de criação ficcional, este trabalho pretende analisar o conto “Uma visita de Alcebíades”, em que se representa uma experiência fantástica empenhada em digerir e recriar de maneira inovadora os episódios da biografia do ateniense “redivivo”, apreendidos “através da luneta de Plutarco”, que narra a história dos cidadãos ilustres da Grécia e da Roma Antiga, no livro Vidas paralelas. Nessa reinvenção, o escritor define metaforicamente as operações essenciais dessa prática literária fundamentada na imitação como meio de criação e renovação artística: aprender com as experiências anteriores, imitar a lição emprestando-lhes as formas e as técnicas, e introduzir modificações à maneira do seu tempo, meio e índole literária.

‘‘O feminino transgressor em Clarice Lispector’’

Jane Pinheiro de Freitas (Doutoranda – USP – CAPES)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 2 - Prédio 1 (LETRAS)

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Uma das ações da literatura é ser um grande espelho social, refletindo os recortes de práticas e costumes de uma sociedade em um determinado momento. Partindo desse pressuposto, justificamos o fato de as transformações ocorridas na construção do papel social da mulher durante os movimentos feministas dos anos 60 serem visíveis em várias obras de escritores da época, entre eles Clarice Lispector. Seja nas teias dos enredos ou nos conflitos vividos pelas personagens da escritora, encontramos o choque entre o desejo de ser livre e as regras impostas ao comportamento da mulher. Simone de Beauvoir, em seu estudo sócio-histórico sobre a construção do sujeito feminino, reúne várias causas e consequências da maneira dependente com que a mulher tem firmado sua identidade passiva. Mas há também em seu ensaio a história de outras que rompendo consigo mesmas demostraram uma postura ativa e transgressora em relacão ao seu papel social. É entre essas duas vertentes, pontuadas na opressão e transgressão, que pretendemos estudar os caminhos da “fuga” das personagens do universo clariceano. Segundo alguns aspectos histórico-sociais enfatizados pela filósofa, a feminilidade está condicionada a um destino que rouba-lhe o direito de ser livre e determinar seu papel na sociedade. O “papel feminino” implica em um confinamento e domesticação atribuídos a uma “vida em relação”, é preciso viver sempre para o marido, para os filhos e para a família e qualquer saída disso é rompimento. Nossa análise tem como objetivo principal buscar no universo das personagens femininas de Lispector os vestígios desta transgressão, e sua relação com o binômio destino/liberdade, centro dos conflitos das personagens clariceanas.

‘‘A tragédia nietzschiana na peça moderna Anjo Negro, de Nelson Rodrigues, e seu valor no cânone nacional’’

Jaqueline Garcia Ferreira (Graduanda – UNESP/Assis)9 de novembro de 2010 – 13h30min às 15h30min - Sala 11 - Prédio 1 (LETRAS)

O presente trabalho pretende analisar a presença do trágico em dois momentos e dois lugares distintos: na obra literária Anjo Negro, de Nelson Rodrigues, e na obra teórico-filosófica O Nascimento da Tragédia, de Friedrich Nietzsche. Busca-se definir os mecanismos estilísticos utilizados pelo dramaturgo brasileiro ao resgatar o sentimento do trágico na composição da obra “desagradável” Anjo Negro, dentro de um contexto moderno, mas que não despreza os elementos clássicos. Outro aspecto que elucidará parte dessa configuração é a presença do herói. Incontestavelmente, este elemento articulado por Sófocles e tido por Aristóteles como um ótimo exemplo, não é possível no momento em que, com a promulgação da modernidade, os interesses passam a ser individuais. Assim, o conflito trágico dos heróis acontece quando estes impõem sua vontade acima do coletivo. Assim, valendo-se da dicotomia apolíneo/dionisíaco e encontrando base nos conceitos da filologia nietzschiana de essência e aparência e dos princípios de vontade e representação de Schopenhauer, notar-se-á como Nelson Rodrigues utiliza os elementos trágicos do herói introduzindo-os em uma peça moderna, cercando os episódios de um clima trágico e armando-os com a força da fatalidade. Também se quer demonstrar como as personagens rodrigueanas trazem um conflito estrutural suficiente para defini-las como trágicas, ainda que com nova configuração. Finalmente pretende-se apresentar a importância da dramaturgia brasileira como forma de leitura canônica e a transposição dos valores clássicos para este gênero pouco pesquisado.

‘‘O haicai sob olhares femininos: Alice Ruiz e Marli Walker Giachini’’

Jeovani Lemes de Oliveira (Mestrando – UNEMAT/MT)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 2 - Prédio 1 (LETRAS)

O haicai, poema tradicional japonês, surgiu como produção satírica, de entretenimento. Como atesta o seu nome. Originalmente, significa ‘‘poema de diversão’’. Na era Edo, com Bashô, Saikaku e outros, é transformado em arte. Como prática dos samurais, foi incorporado a ele o Bushidô, o teor filosófico. Foi com esses dois aspectos, respeitando o princípio do Kigô, as estações do ano, a natureza, a paisagem, o sentimento como temas centrais que o haicai foi incorporado à poesia brasileira. E assim, além de seus aspectos tradicionais, adquiriu o

engajamento social, a introspecção, o erotismo, enfim, temáticas subjacentes à poesia, representativos na poesia brasileira. Diferente da tradição nipônica, na qual o haicai era prática de poetas e samurais, no Brasil o olhar feminino incidiu sobre o haicai. Alice Ruiz, haicaísta reconhecida, e a poetisa mato-grossense Marli Walker Giachini, dão à produção poética a dialética da tradição com a tropicalização, e o vezo do erotismo, das circunstâncias regionais, da introspecção. À esteira de Octavio Paz, observar-se-á que o haicai condensa a tradição e a modernidade, e, acrescentando-se a isto as implicâncias da tropicalização que o poema sofreu, é que se pretende tecer um olhar sobre a produção das poetisas.

‘‘A representação da mulher chinesa na obra As Boas Mulheres da China, de Xinran’’

Jéssica Sayuri Mori Kanno (Graduada em História – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 3 - Prédio 1 (LETRAS)

Partindo do pressuposto da história vista de baixo e da micro-história, procuro refletir por meio da temática de gênero, a representação da condição da mulher na China, utilizando como fonte principal os relatos contidos em As Boas Mulheres da China, da escritora e jornalista Xinran. Nesta obra, a autora nos revela o cotidiano de algumas mulheres chinesas, com as quais conviveu devido à popularidade de seu programa de rádio intitulado Palavras na Brisa Noturna. Neste livro são descritas diversas experiências e situações vividas por mulheres chinesas, de diferentes idades e classes sociais, em relatos coletados pela autora no período de 1989 a 1997. Nele, as narrativas demonstram desde situações mais recentes, próximas a 1997, até relatos que ocorreram durante a Revolução Cultural (1966-1976). Procuro, então, analisar a maneira como as chinesas enxergam não só a sua situação como mulher, mas a sociedade como um todo.

‘‘O vestígio da parábola nas Histórias de mãe, em Sebastião Bemfica Milagre e em Moacyr Scliar’’

João José Bosco Pereira (Especialização UFSJD/MG)9 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 3 - Prédio da PSICOLOGIA

Este resumo elucida as narrativas de História de Mãe, de Sebastião Milagre (1963) e de Moacyr Scliar (2006) como parábola deslocada de seu sentido bíblico. Como deuterocanônicas, contemplam a migração na modernidade. Sua hibridez decorre da alegoria e de interações textuais. Isso é explicitado em Bemjamin (1985), Piglia (1991), Burke (2003), Le Goff (2003) e Thompson (apud HALL, 2003). Os exegetas Paul (1981), Charpentier (1982), Delorme (1982) e Gruen (1984) analisam o contexto da parábola. Enquanto Milagre (1963) tece a haggadah como o narrar o caminho (halakah) da sabedoria, Scliar (apud LAJOLO, 2006, p. 51), à luz do quadro Gestante com livro, de Lasar Segall (1930), narra a história dos pais, que vieram da Rússia em 1917. A cultura e a literatura são espaços de representação, de deslizamento significante da parábola em gêneros variantes.

‘‘Esboços para retratos de mulheres e homens em Dublinenses’’

Jorge Augusto da Silva Lopes (Doutor – UNESP/Assis)9 de novembro de 2010 – 13h30min às 15h30min - Sala da Videoconferência

Disposto a retratar a cidade de Dublin e seus habitantes, Joyce nos oferece em Dublinenses, uma galeria de personagens imersos no ambiente urbano que ele carinhosamente chamava de dear dirty Dublin. Do cotidiano das relações pessoais e familiares, aos sons, cores e cheiros, a presença marcante da morte e da cultura musical de sua época, Joyce apresenta sua versão da cidade. Os homens e mulheres retratados em Dublinenses espelham a experiência humana frente às condições sociais, culturais e políticas que marcaram o final do século XIX, no espaço urbano de Dublin. Recorrendo ao conto ‘‘Eveline’’ como uma porta de entrada ao universo de Dublinenses, buscamos ver como as indecisões de uma jovem de 19 anos, prestes a deixar sua família para

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fugir com um marinheiro, constróem esboços para um quadro com retratos do pai, da mãe, da filha e seu namorado. Esta sintética introdução à obra de James Joyce, uma breve narrativa em que quase nada acontece - começa no final do dia e termina bruscamente no meio da noite - revela as angustias da jovem Eveline no momento da escolha entre seu cotidiano dublinense e uma possível outra vida em um país distante. As referências aos espaços interno e doméstico associados à vida das mulheres e as espaços abertos da cidade e do mundo constituem o plano de fundo em que os retratos de Eveline e seu namorado são esboçados. A partir destas representações podemos avançar por outros contos de Dublinenses e explorar como as escolhas de Joyce representam a mulher e o universo feminino no cotidiano de Dublin.

‘‘A rebeldia nua em Judith Teixeira’’

José Matheus Tavares dos Santos (Graduando – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 – 13h30min às 15h30min - Sala 3 - Prédio 1 (LETRAS)

Embarcando nas novas tendências dos estudos sobre gênero, a atualidade passou a resgatar autores da perdição e do esquecimento eterno. Essa busca contemporânea por preciosidades perdidas nos leva ao encontro da notável e controversa Judith Teixeira. A cultura patriarcal que dominava os campos artístico e literário no modernismo português foi responsável pelo “apagamento” da obra de Judith. O motivo de tal repulsa frente aos trabalhos da poetisa tem uma raiz dupla de preconceito: tanto por se tratar de uma mulher participante, quanto por explicitar a incômoda realidade do desejo sexual feminino; tudo através de um eu-lírico congênere. Essas foram razões suficientes para que, ainda na república portuguesa, mesmo antes da instauração da censura do governo Salazar, sua primeira coletânea de poemas, intitulada Decadência, fosse apreendida pelo Governo Civil de Lisboa, em 1923. Adepta do Decadentismo, a autora se valia do erotismo para revelar o inconformismo artístico perante a sociedade de hegemonia masculina e a condição feminina no meio intelectual. As manifestações eróticas, em suas diversas nuanças, serão observadas no trabalho, através da análise de um poema e a citação a outros, a fim de reforçar o poder desse instrumento estético em oposição a valores vigentes na época de Judith Teixeira e que, em variados graus, se estendem até hoje.

‘‘Representações do trabalho no romance A maçã no escuro, de Clarice Lispector’’

José Mauricio Rodrigues Lima (Graduando - UNESP/Assis)9 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA

A comunicação tem como objetivo verificar e analisar as representações do trabalho no romance A Maçã no Escuro, publicado no ano de 1961, da escritora brasileira Clarice Lispector (1920-1977). O romance narra a história de Martim, personagem principal do livro, que, após cometer um crime, sai em fuga. Narrado em terceira pessoa, acompanhamos a narrativa dessa fuga de Martim a partir do momento em que ele se encontra no hotel do “Alemão” e foge deste com medo de qualquer punição, partindo para um desconhecido lugar no interior do país. Teremos, a partir da fuga do hotel, a narrativa da trajetória da tentativa de escape, na qual Martim rompe com qualquer significação social e tenta se relacionar de maneira individual, tendo-se somente a si próprio como referente único de significação das suas ações. Martim, na sua fuga, chega a um sítio que pertence a Vitória e pede trabalho no local. Analisaremos e verificaremos, na pesquisa, a representação dos momentos em que Martim trabalha nas atividades cotidianas do sítio, como na escavação de um poço, na plantação que há no sítio, nos pequenos afazeres e na colheita. Também verificaremos um momento importante da narrativa, quando o personagem Martim busca representar através da escrita o seu pensamento e, neste momento, falha, pois teria que criar algo; ele só consegue aludir “àquilo” que ele precisa saber e ligá-lo a algum “estado social”. Temos uma representação, neste momento da escrita, de uma obra dentro do romance. Propõe-se, enfim, uma análise mais critica da representação do trabalho e da escrita, devido às poucas considerações feitas pela fortuna crítica do romance sobre esses temas.

‘‘Para que serve o cânone literário? Aspectos e confrontos do discurso teórico contemporâneo’’

José Sérgio Custódio (Mestrando – UEL/PR – CNPq)8 de novembro de 2010 – 13h30min às 15h30min - Sala 11 - Prédio 1 (LETRAS)

O presente estudo pauta-se por questões que não poderiam ser vistas apenas como ambientadas no espaço das discussões acadêmicas e críticas atuais, pois são questões de amplo espectro que envolveriam não somente os especialistas da área, mas também o leitor comum, na medida em que refletem as dúvidas de sempre de todo e qualquer leitor em algum momento de seu envolvimento/encantamento com o universo literário: o que faz com que uma obra literária seja considerada uma grande obra literária? O valor estético é uma qualidade objetiva dos textos literários? Em função de quais critérios se define e se mede a qualidade artística de um texto literário? O que faz com que determinado texto seja considerado um texto literário? Quem define ou quem pode definir o que é a Literatura e, ainda, quem define o que é um texto literário de qualidade? Esta série de questões, que poderia prolongar-se ao infinito, dá uma dimensão do problema aqui analisado, não somente como problema teórico-crítico de fundamental importância, mas também como uma inquietante questão própria da paixão despertada pela Literatura. Podemos ainda, dentro da questão que nos propomos a estudar, perguntar o seguinte: a Literatura pode prescindir de um cânone literário? Qual o valor e a importância do cânone literário? Ou, em suma, para que serve o cânone literário?

‘‘Noite na taverna e Noite estrelada: um diálogo intersemiótico’’

Júlia de Carvalho Almeida Oliveira (Mestranda – MACKENZIE/SP)9 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 11 - Prédio 1 (LETRAS)

O presente trabalho visa apresentar, à luz da concepção bakhtiniana de linguagem, o diálogo intersemiótico entre Noite na Taverna, de Álvares de Azevedo, obra de grande destaque da segunda geração do Romantismo brasileiro, e a tela expressionista Noite Estrelada, de Vincent van Gogh. Examinar-se-ão, por meio da Literatura Comparada, as semelhanças e as diferenças existentes entre os dois textos, a fim de identificar o possível diálogo entre eles. Desse modo, o estudo não se deterá apenas nas semelhanças temáticas entre as obras, mas, também, no posicionamento ideológico de seus autores e na visão de mundo que pode ser observada em suas estruturas. O trabalho proporcionará, então, um exercício de análise entre diferentes sistemas artísticos, em que será possível, além de conhecer as especificidades de cada texto, ressaltar a releitura de uma importante obra de um cânone da Literatura Brasileira. Para tanto, serão utilizados como referencial bibliográfico, além do princípio dialógico bakhtiniano, os estudos, sobretudo, de José Luis Fiorin, Adilson Citelli, Massaud Moisés, e Robert Cumming.

‘‘O início da história do Jornal de Letras, Artes e Idéias - JL : o exemplar número 1’’

Juliana Casarotti Ferreira (Doutoranda – UNESP/Assis – CAPES)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 12 - Prédio 1 (LETRAS)

A presença do periódico português Jornal de Letras, Artes e Ideias como fonte de pesquisa no âmbito dos estudos literários é comprovada pela tradição do periódico no contexto acadêmico, quer por meio dos renomados colaboradores, quer por meio da diversidade de temas abordados. Fundado em 1981, na cidade de Lisboa e dirigido desde o seu início pelo jornalista José Carlos Vasconcelos, assume-se como o “único quinzenário cultural de língua portuguesa”. Esta comunicação pretende verificar alguns aspectos do primeiro exemplar da publicação, tais como capa, colaboradores, seções, propaganda, preço, periodicidade, aspecto gráfico. A partir dessas informações, procuramos traçar um roteiro da identidade editorial construída por esse jornal cultural ao longo de sua história.

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‘‘Evas e Marias: a representação da mulher em Dorotéia, de Nelson Rodrigues’’

Juliana da Silva Passos (Doutoranda – UFPR/PR – CAPES)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala da Videoconferência

Este trabalho é fruto da dissertação de mestrado “Entre Evas e Marias: a representação feminina em Dorotéia, de Nelson Rodrigues”, defendida em 2009 e orientada por Paulo Venturelli. Esta pesquisa propõe-se a investigar a representação da personagem feminina em Dorotéia, peça de Nelson Rodrigues de 1949, tendo como base as modernas teorias de representação, que consideram os diferentes discursos, artísticos ou não, como uma maneira não apenas de refletir o mundo extra-textual, mas também de construir diferentes realidades e intervir no universo pressuposto. A análise da peça e da representação de suas personagens femininas se faz através da investigação do procedimento de carnavalização dos gêneros teatrais cômico e trágico realizado por Nelson Rodrigues e de paralelos com a história brasileira e com os mitos de Eva e Maria, que permeiam nosso imaginário desde o Brasil colonial.

‘‘A mulher na mitologia e dramaturgia irlandesa: o feminino no Mito de Deirdre, em peças de John M. Synge e Vincent Woods’’

Juliana Figueiredo Tokita (Mestranda – UNESP/IBILCE - CAPES)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala da Videoconferência

Esta comunicação se propõe a analisar duas peças, Deirdre of the Sorrows (1920), de John M. Synge e A Cry From Heaven (2005), de Vincent Woods, ambas adaptações para o mito de Deirdre. De origem popular e tradição primordialmente oral, este mito cujo nome de origem é Exile of the Sons of Uisliu narra a trágica história da heroína irlandesa Deirdre. O processo de investigação se estabelecerá a partir da análise comparativa das peças com duas traduções em Inglês para o mito, ou seja, The Exile of the Sons of Uisliu (1969), de Thomas Kinsella e The Exile of the Sons of Usna (2000), de Randy Lee Eickhoff. Nessa progressão, o objetivo será de estudar a personagem principal feminina presente nas narrativas além de determinar se é possível detectar um grau relativo de empowerment (fortalecimento ou empoderamento) nas versões. O embasamento teórico deverá se estabelecer a partir de textos acerca da teoria e crítica literária feminista, focando em questões de gênero, relações de poder/dominação, identidade, entre outras.

‘‘Cotidiano Feminino descrito por Ivone Ramos e Orlanda Amarílis’’

Jussara de Oliveira Rodrigues (Mestranda – USP)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 11 - Prédio da PSICOLOGIA

Por meio da análise da representação do papel social da mulher em Cabo Verde, esta pesquisa identificará as semelhanças ou dessemelhanças no cotidiano das personagens femininas nos contos “Esmola de Merca”, que pertence à coletânea Cais-do Sodré Te Salamansa (Orlanda Amarílis, 1974) e “Sábado Nossa Senhora”, que pertence à obra Vidas Vividas (Ivone Ramos, 1926). Considerando os pressupostos teóricos da hermenêutica do cotidiano, identificaremos as singularidades do cotidiano feminino caboverdiano descrito pelas autoras. Note-se que as descrições de Ivone Ramos, que escreve com os pés fincados na ilha, e as de Orlanda Amarílis, que vive a diáspora, confluem em várias partes no ato de construção da “maneira de ser” das mulheres caboverdianas.

‘‘Uma nova autoria feminina chamada Adília Lopes: (re)velando os animais em Obra’’

Karina Uehara (Graduanda – UNESP/Assis – FAPESP)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 3 - Prédio 1 (LETRAS)

Em 1985, surge na literatura contemporânea portuguesa a poetisa Adília Lopes. O ficcional desta nova poesia já é marcada pela sua Autoria, já que seu nome “real” é Maria José da Silva Viana Fidalgo de Oliveira. Segundo diz em entrevistas, Adília Lopes teria surgido por um concurso literário que exigia um pseudônimo e fora criado por um amigo (cujo nome não menciona). Por um lado, sua poética rompe com a tradição lírica portuguesa, sobretudo quando a Autora opta por construí-la com certos “ares narrativos”. Por outro, ela retoma essa mesma tradição, mas de forma irônica. A partir da leitura de Obra, que reúne sua poesia de 1985 a 2000, percebe-se que há uma constância no uso de animais dentro de sua poética. Assim, este estudo pretende analisar o bestiário de Adília. Para isso, foram selecionados os poemas nos quais estavam presentes figuras animais, a fim de elaborar uma Antologia Comentada. Durante o andamento do projeto, percebe-se que a poetisa usa estes animais de forma consciente. Em muitos poemas eles até parecem ter um papel chave, em que o sentido do texto poético ora é melhor apreendido diante da simbologia animalesca presente, ora está por detrás destes animais. Acredito que estes animais também possam complementar o jogo de velar e revelar do fazer poético de uma Autora que também é (re)velada nas personas Adília e Maria José.

‘‘Carta, testemunho e história: as relações possíveis’’

Karine Aragão dos Santos Freitas (Mestranda – UFF/RJ)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 8 - CENTRAL DE SALAS DE AULA (HISTÓRIA)

O presente trabalho tem por objetivo analisar algumas cartas escritas por Rahel Varnhagen (1771 – 1833) entre os anos de (1800 - 1829), recolhidas por Hannah Arendt no livro que se pretende uma biografia: Rahel Varnhagen - A vida de uma judia alemã na época do Romantismo (1994). Esse estudo se debruçará sobre essas cartas com a pretensão de considerá-las uma importante forma de testemunho - no que se assemelha ao conceito adotado por Agamben (2008), que expõe, a partir de um diálogo epistolar, as limitações e as problemáticas que caracterizavam a vivência do judeu alemão entre o final do século XVIII e início do XIX na Alemanha. Para tal análise, propôs-se, principalmente, uma aproximação entre as teorias de Giorgio Agamben (2008) e Primo Levi (1988) sobre o testemunho; as reflexões de Walter Benjamin (1996) sobre os conceitos de progresso e história; e as observações de Michael Foucault (2006) sobre o processo de escrita de si. Nessa biografia de tônus testemunhal e histórico, estremecem-se as fronteiras entre a ficção, a história e a teoria, uma vez que Arendt não se limita a apenas narrar a vida de Rahel, mas também teoriza sobre o surgimento de importantes conceitos na época, como as noções de Estado e Sujeito. Observa-se, pois, a riqueza das inter-relações possíveis estabelecidas a partir da análise de textos de caráter híbrido.

‘‘A representação do pós-apocalíptico: um estudo sobre a intertextualidade em Heroes and villains, de Angela Carter’’

Kátia Isidoro de Oliveira (Mestranda – UNESP/Assis – FAPESP)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 9 - Prédio 1 (LETRAS)

O objetivo deste artigo é analisar a intertextualidade na obra Heroes and Villains, de Angela Carter, com base em textos da teoria literária e feminista. Dentre as possíveis intertextualidades na obra, podemos destacar Godard, Rousseau, a Bíblia, Lilith, entre outras. Através das vozes e diálogos, encontramos a memória da literatura presente na obra. O tema permite a discussão a cerca da literatura e intertextualidade, e a possível ruptura das personagens com o sistema patriarcal. Através do seu universo pós-apocalíptico, a narrativa critica e contrapõe a ordem social e a condição da mulher na sociedade. Portanto, pretende-se por meio desse artigo refletir como a questão é retratada na ficção carteriana, analisar a relação intertextual na obra e ressaltar como ela colabora para divulgar a crítica sugerida pela autora.

‘‘O hibridismo textual em Como agua para chocolate: novela de entregas mensuales, con recetas, amores y remedios caseros (1980), de Laura Esquivel’’

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Katia Rodrigues Mello Miranda (Doutoranda – UNESP/Assis – CAPES)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 9 - Prédio 1 (LETRAS)

A obra Como agua para chocolate, da autora mexicana Laura Esquivel, possui vários aspectos interessantes, a começar pelo subtítulo – “novela de entregas mensuales, con recetas, amores y remedios caseros” –, que constitui um paratexto bastante revelador sobre a estrutura do romance. A partir do conteúdo de um libro de cocina recebido como herança, a narradora recupera a história familiar e amorosa de sua tia-avó Tita, mexicana que viveu no fim do século XIX/início do XX, autora do libro. A narrativa é marcada pela interdiscursividade e revela a trajetória de uma mulher insubmissa, que, tendo como motivo um amor proibido pela tradição familiar, luta pela ruptura dessa tradição, mesmo vivendo em uma sociedade patriarcal. Tendo em vista tais elementos, o presente trabalho tem por objetivo mostrar como se articulam, na estrutura híbrida do romance, alguns gêneros textuais discursivos comumente dedicados à leitura de mulheres – folhetim, almanaque, caderno de receitas e diário íntimo –, os quais se misturam na construção da narrativa, possibilitando, no âmbito da pós-modernidade, uma leitura crítica do papel da mulher na sociedade patriarcal da primeira metade do século XX.

‘‘O nacionalismo no romance Dois Irmãos, de Milton Hatoum’’

Katrym Aline Bordinhão dos Santos (Mestranda – UFPR/PR)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA

Este trabalho tem como objetivo refletir acerca das diversas conceituações que cercam o termo nacionalismo, tendo em vista que se trata de um tema de diversas abordagens. Para isso, nos utilizaremos de teóricos como Benedict Anderson e Hugo Achugar, bem como outros que trabalham com o tema. Partindo dessas reflexões conceituais, e de suas aproximações, observaremos como o nacionalismo se apresenta no romance do amazonense Milton Hatoum, Dois Irmãos, e influencia diretamente a vida social dos personagens principais.

‘‘A negação da literatura em Cordilheira, de Daniel Galera’’

Kelly Cristina Marques (Mestranda – PUC/SP)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA

Entender o romance contemporâneo sob o viés da desconstrução e da negatividade é a proposta deste trabalho, cujo interesse é analisar de que maneira estes conceitos definidos por Derrida estão impressos na literatura pós-moderna. Uma literatura fluida que se constrói justamente ao tentar se desfazer, se alimenta da não-autoria, do não-narrador, da não-história e, portanto, do não-romance. A tentativa é percorrer este labirinto identificando dialeticamente esta problemática ao perceber as perdas e os ganhos desse novo espaço que toma o romance contemporâneo. Para pensar essa trajetória, será utilizado como objeto literário o romance mais recente de Daniel Galera, chamado Cordilheira, que irá auxiliar neste processo de busca dos procedimentos constitutivos de uma “ideia” de romance nas circunstâncias atuais (século XXI).

‘‘Revelação e ocultamento nas parábolas do reino em Mateus capítulo 13'’

Laércio Rios Guimarães (Mestrando – MACKENZIE/SP)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 9 - Prédio da PSICOLOGIA

O presente trabalho procura apresentar traços estruturais ligados à revelação e ocultamento no gênero parábola, especificamente nas parábolas de Mateus, conhecidas como parábolas do reino. A exposição parte do capítulo treze daquele evangelho que possui seis parábolas que introduzem a ideia, ao repetir a frase “o reino dos céus é semelhante a...”. O objetivo final é contribuir com a formulação de um conceito sobre esta forma literária.

‘‘A propósito de literatura e artes plásticas: a periferia anônima de Goeldi e Ruffato’’

Laeticia Jensen Eble (Mestranda – UnB/DF)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 12 - Prédio 1 (LETRAS)

Esta comunicação é fruto de um trabalho de pesquisa de mestrado que tem por escopo aproximar as xilogravuras de Oswaldo Goeldi e o romance Eles eram muitos cavalos, de Luiz Ruffato, obras de dois artistas que trilharam e trilham um caminho desviante no campo das artes, fazendo uso consciente da sua arte para falar daquele que ficou excluído do projeto de nação, do que ficou à margem. Não constróem sua identidade artística às custas de uma imagem do Brasil “tipo exportação”, mas antes, elegem para si a representação de outra realidade brasileira, diferente das imagens convenientes de país paradisíaco ou de país do futuro. Goeldi e Ruffato dão atenção especial à temática urbana, mais detidamente à representação da periferia. Ao buscar uma linguagem própria, compartilham diversos traços técnicos que têm muito de semelhante, na intenção de singularizar e evidenciar as coisas e pessoas desse universo tradicionalmente omitido, assumindo uma dimensão crítica pungente. Outro ponto de aproximação é a característica intersemiótica, em que a imagem é contaminada pela presença do elemento discursivo e vice-versa. Contudo, mais do que uma simples imagem, o que esses artistas nos entregam vai além da leitura e da visibilidade, encontra-se em outra dimensão: é o espanto, o medo, a violência, a miséria.

‘‘A face das madres no período medieval’’

Larissa do Socorro Martins Leal (Graduanda – UFPA/PA)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 3 - Prédio 1 (LETRAS)

Ramon Llull deixa claro, em seu livro, o Livro da Intenção, que, no casamento, há duas intenções: a primeira, a procriação; e, a segunda, o delito carnal, que era visto pelo filósofo como uma maneira de gerar filhos, e não se devia ter relações sem o objetivo da procriação. A sociedade medieval foi marcada pelo universo masculino; as mulheres; devido a uma posição de submissão, não opinavam na formação das leis; no entanto, eram obrigadas a respeitar uma serie de leis específicas para elas, como o poder de tutela do sexo masculino sobre o feminino que passava de pai para o marido. Na obra História das mulheres, de Georges Duby e Michelle Perrot, podemos analisar que a maternidade na sociedade medieval era a fase mais importante da vida de uma mulher casada. A mãe nobre, nesta época, era vista como uma ‘‘máquina de reprodução’’ e, para isto, seu marido lhe dava uma ama para cada filho, e esta mulher reproduzia; já com a mãe de classe baixa era diferente a situação, por isso, ela tinha um número menor de filhos. Pode-se observar, neste texto, a dificuldade dos partos e a infertilidade de algumas mulheres; estas chegaram até a recorrer a rituais que eram interditados pela igreja. Georges Duby, em Idade média, Idade dos homens nos mostra que, durante o período da Idade Medieva,l começando pelo final do século XI, obtemos relatos vividos por uma mulher tida como heroína e conhecida pelo nome de Ida de Boulogne; esta que foi uma esposa satisfeita e realizou-se em seu casamento, tendo filhos naturais e espirituais. A mãe, tendo influência no processo de aprendizagem da filha, englobando o caráter moral e ético, para que a filha pudesse exercer seu papel na sociedade medieval que era extremamente voltada para o universo masculino. Embasar-nos-emos no texto Entre a guarda a o viço: a madre nas cantigas de amigo galego-portuguesa, de Paulo Roberto Sodré.

‘‘Uma leitura de Parque Industrial e A Famosa Revista, de Patrícia Galvão’’

Larissa Satico Ribeiro Higa (Mestranda – UNICAMP)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 2 - Prédio 1 (LETRAS)

Este trabalho pretende apresentar uma leitura das duas principais obras ficcionais da escritora Patrícia Galvão: Parque Industrial (1933) e A Famosa Revista (1945), esta elaborada em parceria com o jornalista Geraldo Ferraz. O primeiro livro, que se auto-intitula “romance proletário”, aborda

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o tema da exploração dos trabalhadores do bairro paulistano Brás nos anos 30, com enfoque especial à parcela feminina dessa classe social. Pagu, como ficou mais conhecida a escritora, encontra na poética modernista a la Oswald de Andrade e no discurso panfletário os elementos formais centrais para a composição de Parque Industrial. Por sua vez, A Famosa Revista traz à tona, de maneira alegórica, as violências cometidas pelo Partido Comunista Brasileiro contra seus próprios militantes e, em especial, contra as mulheres a ele filiadas. Os traumas dessa experiência da autora estão marcados formalmente no próprio texto, mais hermético e denso que o primeiro. Importante apontar que essa leitura consiste no primeiro momento de um trabalho de mestrado ainda em curso. A dissertação pretende uma comparação final entre as obras, considerando-se aspectos biográficos relativos ao posicionamento da autora, que ajudam a melhor situar, tanto ideológica quanto esteticamente, suas formulações literárias. A dialética relação entre forma e conteúdo, assim como as questões relativas à condição social da mulher, será levada em consideração para essa exposição.

‘‘A obra literária como fonte para a pesquisa histórica: uma análise entre o real e o ficcional acerca da representação do candomblé no romance Jubiabá,

de Jorge Amado’’

Leonardo Dallacqua de Carvalho (Graduando – História – UNESP/Assis – IC/FAPESP)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA

A presente pesquisa busca analisar o uso pelo historiador de uma obra literária como fonte de pesquisa histórica. Os desafios na análise do real e do ficcional a fim de selecionar questões de cunho histórico que contribuem para uma pesquisa. A obra em questão é o romance de Jorge Amado, Jubiabá, que, usada como objeto, evidencia a representação do candomblé no cenário baiano no início dos anos 1930. Jorge Amado sobrepõe a ficção, engendrando aspectos do real e da problemática social, principalmente sobre os momentos de repressão sofridos pelos grupos populares. Através do suporte teórico de Sidney Chalhoub, Paul Ricouer, Eduardo de Assis Duarte, Antônio Cândido e Thomas Khun, é possível entender o entrelaçamento entre história e literatura. Para compreender o candomblé no contexto social da obra, estudamos Raimundo Nina Rodrigues, Artur Ramos, Pierre Verger, Roger Bastide, Édison Carneiro e Reginaldo Prandi, entre outros.

‘‘Desconstruir para construir: a representação dos gêneros nas narrativas mansfieldianas’’

Letícia de Souza Gonçalves (Doutoranda – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala da Videoconferência

Ao fazerem-se existir na literatura, as mulheres manifestaram uma linguagem originada das emoções, peculiarmente constituída de aspirações interiores, que, ao ser situada como ponto de comparação com os escritos de homens, foi denominada como uma escrita às avessas, na contramão da “norma” patriarcal. Assim, a dicotomia público/privado instaurava-se na sociedade, bem como na literatura, acompanhando a dicotomia de gênero masculino/feminino. Atitudes gendradas vigoraram (ou ainda vigoram) na vida de homens e mulheres e, quase sempre, direcionaram comportamentos individuais, ao ponto de mulheres estarem ligadas ao irracional, à natureza, à mente, ao privado e, portanto, à feminilidade e homens ao racional, à cultura, ao público e, assim, à masculinidade. Dessa forma, este trabalho pretende fazer uma análise dos contos “Je ne parle pas français”, “Mr. Reginald Peacock's Day” e “Feuille d'Album”, de Katherine Mansfield, verificando a desconstrução da noção de gênero nas narrativas e a constituição dos personagens dos sexos masculino e feminino. Abordamos a relação entre personagens de ambos os sexos, os distintos focos narrativos e, a partir de tais apontamentos, observamos que a categorização dos gêneros é resultado de desdobramentos sociais. Ao ponderarmos a representação do gênero nas narrativas mansfieldianas, estamos ampliando a questão para as instâncias sociais, uma vez

que a literatura é a representação de perspectivas do real. Tomamos como base teórica o conceito de “exotopia”, de Mikhail Bakhtin, a fim de avaliarmos as identificações ideológicas, a constituição de personagens e analogias entre criador e criatura, e considerações acerca da questão de gênero e da literatura de autoria feminina.

‘‘A caminhada em dois autos: viagem, vida e morte em Gil Vicente eJoão Cabral de Melo Neto’’

Lígia Rodrigues Balista (Mestranda – UNICAMP)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 12 - Prédio 1 (LETRAS)

Abordamos o tema da viagem na literatura de língua portuguesa, com o foco na metáfora da caminhada. Para isso, fazemos uma análise comparativa entre duas obras de autores e épocas distintas. Partimos da análise do Auto da Alma, de Gil Vicente e estudamos como alguns temas e questões relacionados à caminhada da personagem central aparecem em obra posterior, na literatura brasileira: em Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. Refletimos sobre as aproximações e distanciamentos que há na figura do viajante em cada obra, através da análise comparativa das dificuldades e auxílios que eles têm durante o percurso e da relação com a origem e com o destino da jornada. Analisamos, então, como esses aspectos da viagem determinam a identidade do personagem-viajante e a construção de cada obra. Nossa hipótese é de que, apesar de claras aproximações formais e temáticas entre os dois autos, haja afastamentos significativos no tratamento do tema. Observamos que no auto de Gil Vicente, o caminho e o destino estão claramente ligados à ideia de salvação, enquanto no auto de João Cabral de Melo Neto a definição do destino se dá mais pelo negativo (fuga do local de origem): não se pode mais ter a ilusão do destino positivo, claro e garantido, como acontece no primeiro caso. No auto de Gil Vicente há, ainda, garantias: de auxílios no percurso e de chegada ao destino; enquanto em João Cabral não haveria mais garantia alguma que guiasse/assegurasse a viagem. Além disso, em Gil Vicente tudo parece mais dual: as oposições são claras e bem definidas (marcadas pelas personagens do Anjo e do Diabo), enquanto no auto de João Cabral de Melo Neto não identificamos o mesmo procedimento de composição. Refletimos, portanto, sobre a mudança expressiva que ocorre na representação estética desse tema. Estudamos, para isso, as contribuições acerca dos conceitos de progresso e história (em Santo Agostinho, Kant e Walter Benjamin) para embasar a discussão das alterações estéticas no tratamento do tema.

‘‘A oralidade em Luuanda e em Histórias de Alexandre’’

Lilian Barbosa (Mestranda – UNESP/Assis – FAPESP)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 11 - Prédio da PSICOLOGIA

O narrador não está próximo do mundo físico em sua materialidade. Assim entendido, pode-se afirmar que o narrador faz parte da estrutura interna textual, seja o texto escrito ou oral. Desse modo, um narrador oral, como o contador ou um griot, por exemplo, não é narrador todo o tempo. Haja visto que o ato de narrar, sobretudo histórias orais, exige do contador muito de gestualidade, ritmo e ambientação adequados. A experiência é a força motriz que torna possível a elaboração de narrativas, “as ações da experiência estão em baixa e tudo indica que continuarão caindo até que seu valor desapareça de todo” (BENJAMIN, 1996, p. 198). As transformações sociais pelas quais o mundo exterior passou parecem ter exercido influência nesta desvalorização da troca de experiências. O resultado é o desaparecimento não apenas do narrador oral, do contador ligado as tradições culturais do passado, mas para o crítico alemão o texto escrito também tem perdido qualidade e isto se deve ao fato de não haver mais troca de experiências, o que comprometeria a eficiência do narrador. As obras Luuanda, de José Luandino Vieira e Histórias de Alexandre, de Graciliano Ramos forjam um trabalho que alcança justamente valorização da experiência e da tradição.

‘‘Tristan Corbière: um simbolista ou um moderno?’’

Lilian Yuri Yoshimoto (Mestranda – UNESP/Araraquara – CAPES)

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9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 11 - Prédio 1 (LETRAS)

Joachim-Édouard Corbière (1845-1875), mais conhecido como Tristan Corbière, publicou sua única obra, Les amours jaunes, em 1873. Contemporâneo dos grandes paradigmas da modernidade estética do século XIX, Stéphane Mallarmé (1842-1898) e Arthur Rimbaud (1854-1891), possui em sua poética questionamentos comuns a dois dos nomes de maior relevo do período, tais como: a crítica aos padrões cristalizados de arte, os temas relacionados ao decadentismo e a releitura irônica da tradição literária. Corbière foi um dos herdeiros de Charles Baudelaire (1821-1867) e alguns críticos apontam uma estrutura semelhante entre Les amours jaunes e Les fleurs du mal (1857). A obra Les amours jaunes pode ser enquadrada como parte do Simbolismo francês, se consideramos este como um ideal estético cuja gênese se encontra na publicação do livro de Baudelaire e não meramente como uma escola literária rigorosamente datada. Entretanto, tal classificação não abrange de forma totalizante as peculiaridades dos textos. O objetivo dessa comunicação é ressaltar as características modernas presentes na obra de Corbière, inserindo-a no contexto literário ao qual pertence. A atmosfera decadente, as renovações formais, o hermetismo, os paradoxos desconcertantes e o tom realista da obra nos impelem a considerá-la uma representante essencial do período em questão.

‘‘Literatura e cinema: o conflito de culturas em Os Europeus’’

Linda Catarina Gualda (Doutoranda – UNESP/Assis)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala da Videoconferência

The Europeans apresenta um tema muito caro à ficção jamesiana: o choque cultural entre o Novo e o Velho Mundo. Entretanto, a obra inverte o tema internacional por trazer dois europeus para visitar os primos que vivem perto de Boston: Felix Young e sua irmã, a Baronesa Eugenia Munster, esposa de um príncipe alemão. A novela, publicada em 1878 e republicada um ano depois, possui um estilo narrativo intrincado, complexo e pleno de sutilezas psicológicas. A narração apurada e detalhada em primeira pessoa introduz os personagens através da cena doméstica de um ambiente rural. No filme, lançado em 1979, James Ivory quis mostrar, através do comportamento dos protagonistas, um dos grandes equívocos do nosso tempo, aliás, já apontado por Bertold Brecht: o de se procurar, no amor, refúgio para os nossos problemas mais imediatos. Um dos mais importantes temas da obra é a comparação entre a mulher europeia e a americana, enfatizada pelo contraste entre Eugenia e as senhoras Wentworth. A Baronesa Munster é independente, moderna; Gertrude e Charlotte são sugestionáveis pelo pai e encaram o casamento como ascensão social. O objetivo da comunicação é mostrar o conflito de culturas entre os europeus e os americanos a partir da representação do feminino, verificada em particular na expressão de sentimentos e emoções.

‘‘O Marquês de Sade e sua relação com o cânone’’

Luana Aparecida de Almeida (Mestranda - Unesp/Assis)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 11 - Prédio 1 (LETRAS)

É difícil passar pelos textos do Marquês de Sade sem manifestar uma reação diante deles. Atualmente, suas obras têm a sua relevância assinalada; em contrapartida, no momento da sua publicação, e durante algum tempo depois, elas foram relegadas à categoria de "obras menores", e isso devido à censura sofrida por elas, que as classificou como indecorosas e proibidas. Este trabalho pretende, além de discutir os fatores da exclusão do Marquês de Sade e de seus livros do cânone literário, identificar como se deu a legitimação destes.

‘‘Voz feminina contemporânea: uma leitura da subalternidade em Paulina Chiaziane’’

Luciana Alberto Nascimento (Mestranda – UNEMAT/MT)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 3 - Prédio 1 (LETRAS)

Nos mais recentes estudos sobre o sujeito do pós-colonialismo, encontramos Gayatri C. Spivak, autora do famoso ensaio "Can the Subaltern Speak?” (Pode o subalterno falar?), que comunga artefatos teóricos com Said e Bhabha. Spivak, intelectual e diaspórica indiana, neste ensaio trata da possibilidade de fala do sujeito subalterno e ressalta a posição da mulher subalterna como um espaço ainda mais agravado. O sujeito subalterno feminino não pode ser ouvido ou lido, pois, segundo a autora, o subalterno não pode falar. Para esta discussão, tomemos como objeto de análise a obra Niketche: uma história de poligamia, da escritora moçambicana Paulina Chiziane. Nosso objetivo neste artigo é propor uma discussão em torno do complexo debate sobre o lócus enunciativo do sujeito subalterno, mais especificamente da representação deste lugar na visão da mulher e como funciona tal relação tendo como base as relações de poder existentes na vida social contemporânea. Spivak ressalta que o subalterno carece de um representante por sua própria condição de silenciado. Rami, personagem central da obra e narradora, conquista um espaço de enunciação para assegurar um lugar de discurso. A voz desta mulher ecoa como as várias vozes de tantas outras silenciadas. A legitimidade da mulher passa a ser dada por outra pessoa, de um lugar público, lugar de poder. O exame partirá dos seguintes questionamentos: o discurso de poder sustentado pelo argumento de que o subalterno constrói sua alteridade segundo seu lugar periférico sob o olhar do colonizador é pertinente? O sujeito periférico de fato não tem voz? Com os conceitos de hibridismo, culturas múltiplas há espaço para discutir centro e periferia, hegemonia e subalternidade? Conclui-se que a condição de subalternidade é o silêncio. A conquista deste espaço de enunciação assegura o lugar de discurso significativo, privilegiado. Quando uma mulher diz de um lugar de poder, seu discurso é legitimizado e ao falar de um lugar subalterno, Paulina Chiziane dá consciência deliberativa às personagens.

‘‘Os lambões de João Antônio, uma (des)construção histórica do mito getulista’’

Luciana Cristina Corrêa (Pós-doutora – UFMG/MG)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 10 - CENTRAL DE SALAS DE AULA

(HISTÓRIA)

O presente estudo investiga a (des)construção de alguns mitos nacionais históricos, entre eles, o presidente brasileiro Getúlio Vargas, no texto do escritor João Antônio (1937- 1996), intitulado Lambões de Caçarola: Trabalhadores do Brasil (1977). Através da leitura da narrativa vemos que o presidente Vargas é transposto para as páginas do texto através das lembranças de um narrador autobiográfico que rememora de forma paródica o momento getulista e sua repercussão para a população marginalizada da periferia da cidade de São Paulo, local onde o autor passou os anos da infância. Diante dessa premissa, destacamos que o escritor procura, por meio do recurso da paródia, recuperar a memória coletiva brasileira, porém de uma forma peculiar, pois acaba por desconstruir a história oficial, no intuito de instigar nos leitores o questionamento sobre a própria construção da identidade nacional brasileira.

‘‘A ralé em cena: elementos de teatralidade na prosa de Marcelino Freire’’

Luciana Mendonça (Mestranda – UNESP/Assis)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 12 - Prédio 1 (LETRAS)

Marcelino Freire é um autor que vem se destacando, tanto pela abordagem de temas bastante caros à literatura contemporânea (violência, sexo, experiência urbana) quanto pelo apurado tratamento estético que dá à sua obra. O aspecto da obra de Marcelino que será abordado neste trabalho é, embora se trate de uma obra composta exclusivamente por contos, a teatralidade. Em vários de seus textos podemos encontrar alguns elementos próprios do gênero dramático, tais como: a presentificação e a utilização de diálogos e monólogos. Alguns dos contos são construídos somente com diálogos, suprimindo a figura do narrador (da mesma forma como ocorre nos textos teatrais), outros textos apresentam a estrutura de monólogo. Não podemos esquecer que o hibridismo é considerado por alguns críticos como um dos traços marcantes da produção literária contemporânea. O presente trabalho pretende identificar esses elementos, que conferem uma marca híbrida à obra de Marcelino Freire, e fazer uma breve análise de um conto bastante significativo: ‘‘Muribeca’’, de seu primeiro livro, Angu de Sangue.

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‘‘O Punho, de Bernardo Santareno em meio à Revolução dos Cravos’’

Luciane dos Santos (Doutoranda - UEL/PR)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 7 - CENTRAL DE SALAS DE AULA

(HISTÓRIA)

O objetivo deste trabalho é apresentar momentos de veracidade e autenticidade histórica portuguesa, permeados junto à última peça escrita por Bernardo Santareno, O Punho (1980). Tal obra apresenta como tema principal a reforma agrária no Alentejo em meio à Revolução de 25 de abril de 1974. Grandes mudanças ocorreram nesta fase da história portuguesa: muitas classes de trabalhadores, entre eles camponeses, decidiram lutar pela reforma agrária e por condições de vida mais justas. Consequentemente, unido aos trabalhadores havia os partidos que ajudavam na revolução, sendo eles O Partido Comunista Português (PCP) e o Partido Socialista (PD). Assim, para tanto, tal pesquisa foi elaborada basicamente com dados bibliográficos tanto da história quanto da literatura. Logo, a mesma apresentará, através da fala de alguns personagens, a presença da realidade histórica na peça em questão.

‘‘Caio Fernando Abreu: inquietude, tensão e epifania’’

Luciene Cândia (Mestranda - UNEMAT/Tangará da Serra/MT – CAPES)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 12 - Prédio 1 (LETRAS)

Este trabalho foca uma leitura analítica em torno da produção literária do escritor brasileiro Caio Fernando Abreu (1948 – 1996) através de uma coletânea de crônicas interligadas pelas mesmas temáticas. Publicadas inicialmente no jornal O Estado de S. Paulo e depois em livro, Pequenas Epifanias (1996), “Primeira carta para além do muro; Segunda carta para além dos muros; Última carta para além dos muros; Mais uma carta para além dos muros” (21/8/1994, 4/9/1994, 18/9/1994, 24/12/1995, respectivamente) marcam um período da vida do escritor e apresentam temas caros para a sociedade: desde a descoberta do vírus HIV pelo autor, até uma reflexão metafísica sobre a morte. Nas duas primeiras cartas, há um silenciamento do tema central. As crônicas caminham pelo pulsar da palavra, pela linguagem poética, resultando no efeito estético. A linguagem inovadora, desde a primeira carta atende às funções apontadas por Candido (2006), porque, ao mesmo tempo em que procura atingir emocionalmente o leitor, questiona os comportamentos sociais, levando à crítica social. Nas “cartas” há uma ruptura para uma escrita intensa e poética que pulsa pela inquietude, pela tensão, pela epifania. As leituras que permeiam a pesquisa abrangem teóricos e críticos como Antonio Candido (1985), Afrânio Coutinho (1971), Roman Jakobson (2005), Roland Barthes (2006), Umberto Eco (2003), Octávio Paz (1984), Leyla Perrone-Moisés (1993), Edward Said (2009).

‘‘Nos passos de Antonieta: escrever uma vida’’

Luciene Fontão (Doutoranda – UFSC/SC)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 3 - Prédio 1 (LETRAS)

‘‘Nos passos de Antonieta: escrever uma vida’’ propõe mostrar a trajetória de Antonieta de Barros, sua vida e sua obra. Reflete e retrata, dentro do contexto de 1901-1952, a atuação da professora-escritora, mulher e negra, na política e na literatura, vislumbrando seus escritos: crônicas, discursos e projetos de lei, além da influência de suas ideias no pensamento sócio-educacional na Ilha de Santa Catarina do início do século XX. Utiliza-se de fotos, documentos de época, imagens, meio eletrônico e menções em livros e jornais, os vestígios e rastros, para contar os passos de Antonieta. Um resgate histórico-cultural da escrita feminina na Literatura verificando, portanto, a atuação da professora-escritora em todas as instâncias da vida pública.

‘‘Releitura do cânone romântico por Álvaro Cardoso Gomes’’

Maira Angélica Pandolfi (Doutora – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 8 - CENTRAL DE SALAS DE

AULA (HISTÓRIA)

A obra Os rios inumeráveis, de Álvaro Cardoso Gomes, considerada um romain fleuve por Marilene Weinhardt, é composta por nove episódios independentes. Esses nove episódios traçam um painel de cinco séculos da história do Brasil, de 1500 a 1964, enfocando momentos decisivos de nossa história cultural por meio da transmigração da alma do exilado português Fernão Matias Ribeiro, que assume diversos nomes e identidades ao longo da obra. Ao transitar por períodos importantes da história do país, como a Inconfidência Mineira, Canudos, a Revolução de 30 e a ditadura militar, a obra composta por episódios aparentemente independentes em sua estrutura revela uma especial destreza de seu autor que, na opinião de Antônio Roberto Esteves, consegue atar os fios intertextuais oriundos de quase todo o cânone universal. É, portanto, sob a perspectiva de uma releitura do cânone romântico que enfocaremos o episódio intitulado “A queda da Casa de Creek”, subtitulado Noite na Taverna, com a intenção de analisar a releitura que Álvaro Cardoso Gomes realiza de um importante personagem histórico e literário de nossas letras, o escritor Álvares de Azevedo. Essa releitura baseia-se, em nossa opinião, na crítica de Afrânio Peixoto, publicada na Revista Nova, em 1931, cujo mérito é a de ter sido a primeira, na recepção crítica da obra de Álvares de Azevedo, que caracterizou a obra Noite na Taverna de conto fantástico, único em nossas letras, situado entre o horror de Poe e de Hoffmann, e a perversão de Byron e Baudelaire.

‘‘Lima Barreto e o futebol’’

Maíra Yelena Bernardes Malta (Graduanda – UEL/PR - CNPq)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 10 - CENTRAL DE SALAS DE

AULA (HISTÓRIA)

Este artigo tem como objetivo analisar o olhar irônico e crítico de Lima Barreto acerca do futebol. Nas primeiras décadas do século XX, o futebol já se apresentava como uma das mais importantes formas de lazer da época. Lima Barreto, que sempre viu com muitas reservas essa modalidade esportiva, mostra, em várias crônicas sobre o assunto, como o futebol passa a atuar de forma marcante na sociedade carioca, uma vez que uma parcela significativa da população pára de trabalhar, de estudar e mesmo viver para, como dizia o escritor, assistirem a uma partida de homens correndo atrás de uma bola. Para o autor de Policarpo Quaresma, o futebol não é apenas uma diversão, mas uma atividade na qual é possível observar agudos problemas de nossa realidade. Pensando nas questões colocadas, as crônicas que servirão de base para nossa análise serão: “Sobre o Foot-ball”, “Uma Partida de Foot-ball”, “Vantagens do Foot-ball” e “O Nosso Esporte”. Todas foram publicadas na revista Careta no período que o Rio de Janeiro sofria as consequências das mudanças urbanas com o projeto “Bota Abaixo”, do prefeito Francisco Pereira Passos. Percebe-se pela obra de Barreto que ele era um carioca amante de sua cidade, pois a conhecia a fundo. Por isso, em seus escritos não deixou de expor os mais diversos problemas que acreditava serem os responsáveis pelas desigualdades tão gritantes que via em seu contexto.

‘‘Hélio Serejo e sua narrativa de cunho histórico’’

Mara Regina Pacheco (Mestranda – UFGD/MS)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 10 - CENTRAL DE SALAS DE

AULA (HISTÓRIA)

Nas Obras Completas (2008) do escritor sul mato-grossense Hélio Serejo, na tessitura de sua narrativa estão figurados verdadeiros registros históricos do que foi a época da formação do Estado, a constituição do que veio a ser a identidade do povo da região de fronteira Brasil/Paraguai. Ao longo do texto estão cristalizadas informações autênticas que só um conhecedor profundo da cultura ervateira, do folclore, das raízes do que constituiu a história/política/cultural do Mato Grosso do Sul poderia fazer. Além do ficcionista, poeta, cronista, folclorista, percebemos um escritor historiador em Serejo, por ter “visto” e “vivido” a História de perto. Desse modo, objetivamos apresentar a obra de Serejo como um documento valioso que servirá de base de pesquisa hoje e para a posteridade, uma vez que o escritor e sua narrativa proporcionam relatos de um período desprezado da história, que pode ser reconstituído através de suas obras, registrando fatos pouco conhecidos, mas, extremamente necessários para a

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constituição de uma consciência regional. O trabalho do autor retrata também condições sociológicas, econômicas e geográficas da zona de fronteira ocupada pela Companhia Erva Mate Laranjeira, bem como a ação do homem influindo na criação dessa nova paisagem que teve seus protagonistas no fazer histórico dessa época e dessa região. Através de fragmentos da obra de Serejo, exemplificaremos um pouco do resgate da nossa história, por meio do significativo e valioso acervo, fatos, e informações que sua narrativa proporciona, resgatando um período heróico e de grande significado econômico/social para o Estado do Mato Grosso do Sul.

‘‘A segregação racial em I know why de caged bird sings, de Maya Angelou’’

Marcela Ernesto dos Santos (Doutoranda – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala da Videoconferência

Sistematicamente rejeitadas, as afro-descendentes trazem em si não apenas um gênero marginalizado pelo patriarcalismo, mas também uma cor que, na sociedade ocidental, devido ao contexto do passado escravocrata, distingue quem é opressor e quem é oprimido. Nesse sentido, foi resistindo à desfavorável situação explicitada que a escritora negra Maya Angelou inscreveu-se como cidadã, e buscou sobrepujar as adversidades do sexismo e do preconceito racial. Através de sua obra autobiográfica I know why the caged bird sings, Maya relata episódios de dor e racismo que as linhas do tempo não foram capazes de apagar. Destacamos aqui alguns momentos cruciais na infância da escritora, bem como seu progresso rumo à autoaceitação.

‘‘O ‘arquiteto da história’ e o forjador de ‘documentos falsos’: o romancista como historiador segundo John dos Passos e E. L. Doctorow’’

Marcelo Cizaurre Guirau (Doutorando – USP – CNPq)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 7 - CENTRAL DE SALAS DE

AULA (HISTÓRIA)

Os escritores John Roderigo dos Passos e Edgar Lawrence Doctorow estão entre os principais romancistas históricos americanos do século XX. Ambos refletiram sobre o trabalho do romancista que se dedica a temas históricos e sua aproximação com o ofício do historiador. Essas reflexões são importantes para o debate das relações entre ficção e história porque sintetizam posições antagônicas e assimilam concepções da história em dois momentos distintos: os anos 30, na obra de Dos Passos, e os anos 70, na de Doctorow. Nesse trabalho, resumiremos as reflexões dos autores sobre o romance histórico e apontaremos o que as distancia, para, com isso, buscar compreender como essas duas concepções da relação ficção/história estão ligadas ao momento em que foram formuladas. Para esse fim, pensaremos sobre o conceito de narrativa de ficção como “crônica”, formulado pelos autores para suas principais obras: USA (Dos Passos) e Ragtime (Doctorow).

‘‘Cecília Meireles e o fenômeno da interlocução - o pronome tu’’

Márcia Eliza Pires (Doutoranda – UNESP/Assis)9 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 2 - Prédio 1 (LETRAS)

Ao lermos as obras Viagem (1939), Vaga música (1942), Mar absoluto e outros poemas (1945) e Retrato natural (1949), podemos claramente perceber que existe um alguém para o qual Cecília Meireles se direciona. Quando se trata de interlocutores relacionados a fenômenos da natureza, objetos, cidades, animais, entre outras variações, a identificação desse alguém é mais evidente. Se pensarmos na personificação dos aspectos naturais, vem à nossa mente a influência das cantigas trovadorescas. Não podemos deixar de mencionar que a solidão é fator de grande importância para que esse interlocutor seja criado. A voz lírica, estando sozinha, inventa um alguém para compartilhar suas impressões. Na crônica “Conversa com as águas”, Cecília afirma: “Mas quando se tem vontade de conversar, qualquer interlocutor pode servir”

(2003, p.111). O fenômeno da interlocução torna-se mais complexo quando o diálogo é voltado para o pronome tu. Nesses textos, a ambiguidade ganha vulto maior e o caráter polissêmico da metáfora desafia-nos a descobrir qual é a ordem desse interlocutor. Observamos que esse tu enigmático é descrito a partir de seus atributos – sejam eles físicos ou morais. Não há uma menção direta, mas sim uma representação através das qualidades. Notamos também que a metonímia é a figura de linguagem recorrente. Em nosso trabalho, propomos mostrar as variações desse pronome tu a partir da análise de alguns poemas pertencentes às quatro obras mencionadas acima.

‘‘A subjetividade do exílio (sobre o Jamaica Zarpou, de Manuel Lopes)’’

Marcio Roberto Pereira (Pós-doutor – UNESP/Araraquara – Docente UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 4 - Prédio 1 (LETRAS)

A proposta deste trabalho é discutir a construção do narrador-personagem nas narrativas contemporâneas de literatura africana de Língua Portuguesa, mais especificamente a produção narrativa O Jamaica zarpou, de Manuel Lopes, em que a construção do espaço é um elemento primordial para a trajetória do herói. Busca-se relacionar a construção do narrador-personagem a partir de uma “poética do espaço”, que reflete a tentativa de compreensão de um mundo caótico, cuja ambientação torna-se um elemento de diálogo entre a identidade e a representação do real na construção das narrativas. Assim, a relação entre o narrador-personagem e o espaço, nas obras de Manuel Lopes, poderá revelar, por meio de uma linguagem ora marcada pelo simbólico ora pelo compromisso com a realidade, os impasses de heróis que procuram compreender um mundo fragmentado. Tal vinculação entre o “universo” construído pelo escritor aliado a uma estilização formal que dá uma voz única à obra literária faz com que se observe a produção narrativa de Manuel Lopes, foco de interesse desse trabalho, a partir de uma perspectiva que produz um entrelaçamento de valores - sociais, estéticos, históricos - que estabelece uma nova geografia literária.

‘‘Fortuna crítica da relação intertextual do conto ‘A volta do marido pródigo’, de Guimarães Rosa, com a parábola ‘O filho pródigo’ ’’

Maria Ana Bernardo Nascimento (Mestranda – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 9 - Prédio da PSICOLOGIA

O objetivo deste trabalho foi realizar uma apresentação da fortuna crítica sobre a relação intertextual entre o conto “A volta do marido pródigo”, de Guimarães Rosa com a parábola ‘‘O Filho Pródigo’’, pois, ainda que as conclusões a que os estudiosos chegam possam, algumas vezes, serem óbvias, sendo possível tirá-las com uma reflexão mais detida, servem como base para uma trajetória crítica sobre os textos em questão. Além disso, esses estudos não serão apresentados de forma isolada, mas sim a partir de determinados temas sobre os quais diferentes críticos se pronunciam. O diferencial na proposta deste estudo, que pode servir de grande contribuição para as ciências humanas, é propor uma reflexão mais ampla acerca da relevância do estudo da parábola tanto para o seu próprio conhecimento estético literário quanto para a constatação da mesma como referência literária consagrada para tantas obras que se tornaram marcos na literatura brasileira e estrangeira, como é o caso do conto “A volta do marido pródigo”, selecionado neste estudo. O primeiro passo desta pesquisa foi a leitura de diversos ensaios críticos sobre a obra de Guimarães Rosa e sobre o conto em estudo. Assim, a análise será realizada a partir do que já foi escrito por especialistas sobre a produção do escritor mineiro.

‘‘Novos olhares para velhas questões: considerações sobre o teatro de Qorpo-Santo’’

Maria Clara Gonçalves (Mestranda – UNESP/Assis - CAPES)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 11 - Prédio 1 (LETRAS)

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O dramaturgo gaúcho Qorpo-Santo (1829-1883) produziu uma obra tão peculiar que, ainda hoje, gera discussões acaloradas acerca das definições histórico-literárias e categorias estéticas que mais eficientemente ilustrariam as possibilidades e particularidades de seus escritos e, assim, facilitariam seu entendimento. O comediógrafo é definitivamente um dos escritores brasileiros mais incompreensíveis de nossa história literária; como tal, as definições de sua obra transitam entre conceitos e postulados artísticos bastante mais variados – termos como absurdo, surreal, moderno, romântico, estão entre os tantos já aventados como chaves de leitura de seu texto. Havendo, como é de se esperar, discordância quanto a quais dessas definições comportariam seu estilo, já que, aparentemente e em alguma medida, todas seriam perceptíveis nas malhas incertas da obra qorpo-santense. A nossa linha de análise do teatro do dramaturgo gaúcho buscará fugir de alguns lugares-comuns que se tornaram praxe nos estudos sobre sua obra; sendo assim, podemos dizer que não o filiaremos a nenhuma estética e não enfatizaremos os pontos modernos de sua produção. Por isso, optamos por entender a sua obra de uma perspectiva interna, elegendo motivos nela recorrentes para seu entendimento. Propomos um novo olhar crítico para a obra teatral do dramaturgo, considerando a perspectiva dos desdobramentos em dualidades conflitantes que se observam em todas as comédias e comportam muitas das singularidades de sua dramaturgia, de modo que considerações nesse âmbito poderiam servir ao entendimento da produção do autor gaúcho como um todo.

‘‘Crônica do desencanto: El pianista, de Manuel Vazquez Montalbán’’

Maria de Fatima Alves de Oliveira Marcari (Doutora – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 10 - CENTRAL DE SALAS DE

AULA (HISTÓRIA)

Nos últimos trinta anos configurou-se um processo de revisitação do passado espanhol na literatura, que se baseia principalmente na recuperação da memória da ditadura e da Guerra Civil espanhola (1936-1939). Dentre os autores que vêm praticando uma literatura baseada na reivindicação moral da memória histórica, destaca-se Manuel Vázquez Montalbán (1939-2003), escritor que apresenta em suas obras um projeto de interpretação crítica da realidade histórico-social espanhola, contrastando a realidade desmemoriada, eclética, do neoliberalismo, com a memória de personagens marginalizados, oprimidos, que coincidem com a de muitos espanhóis que até a década de setenta tinham sido silenciados. Em El pianista, Vázquez Montalbán elabora uma reflexão moral sobre o oportunismo fundamentado na amnésia promulgada durante a época consensual da transição democrática, narrando a história de um músico que tem sua carreira artística truncada a partir da irrupção da Guerra Civil espanhola. A ação transcorre em três momentos da história: os primeiros anos da década de oitenta em Barcelona, após a vitória socialista nas eleições de 1982; os anos quarenta também em Barcelona, em plena repressão franquista, e na Paris de 1936, nos meses que antecedem à Guerra Civil. A obra constitui uma reflexão ética sobre o papel do artista na sociedade, ao retratar a incursão do protagonista pelos bairros miseráveis da Barcelona dos anos quarenta, ao mesmo tempo em que reivindica a memória dos bairros barceloneses e de seus habitantes.

‘‘Os leitores escrevem a Guimarães Rosa’’

Maria do Rosário Abreu e Sousa (Doutoranda – MACKENZIE/SP)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 10 - CENTRAL DE SALAS DE

AULA (HISTÓRIA)

Este ensaio discute três cartas de leitores que foram enviadas a Guimarães Rosa em maio e junho de 1946, relatando-lhe suas impressões de leitura acerca de seu livro de estreia, Sagarana, publicado em abril do mesmo ano. A análise dessas cartas mostrou que a leitura de Sagarana foi fortemente marcada pelo viés identitário, o que por hipótese, poderia ser atribuído à maneira pela qual esses leitores interpretavam o papel da literatura, relacionando-a ao contexto sócio-histórico da época. Os pressupostos teóricos que balizam

esse estudo são o discurso epistolar – subgênero carta de leitores a escritores –, as teorias literárias que tratam sobre a identidade, e a estética da recepção. A análise comparativa dessas três cartas, relacionando-as à construção da identidade brasileira, e ao peso da literatura na construção dessa identidade aponta em um primeiro momento para duas conclusões. A primeira parece indicar que o forte viés identitário dessas leituras reflete o horizonte de expectativa dos leitores que esperavam que o livro lhes desvelasse um Brasil desconhecido, ou seja, que a literatura legitimasse a identidade brasileira. A segunda refere-se ao modo dessa legitimação, que viabilizar-se-ia pelo reconhecimento da língua brasileira, veiculada no livro de estreia de Guimarães Rosa.

‘‘A representação do arrivismo social nos romances Le Rouge et le Noir, de Stendhal e A mão e a luva, de Machado de Assis’’

Maria Elvira Lemos da Silva (Mestre – USP)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Mini-anfiteatro de HISTÓRIA

O arrivismo social, tema largamente abordado na literatura do século XIX, tem sua grande representação no romance Le rouge et Le noir, de Stendhal. Mesmo que já tenha havido uma ou outra personagem arrivista em alguns romances europeus, é Julien Sorel o primeiro modelo de personagem verdadeiramente engendrada nos acontecimentos históricos e sociais da época em que o romance foi escrito. Esse é o momento em que a burguesia tem consciência plena de seu poder e os romances escritos por Stendhal e Balzac falam à sensibilidade moderna de modo particular e fundamental para este estudo. Escrito quarenta e quatro anos depois de Le rouge et le noir em um contexto muito distinto da França de 1830, a trama de A mão e a luva (1874) se passa no Rio de Janeiro do Segundo Reinado em um período muito significativo em termos de mudanças sociais em progresso no Império. Machado de Assis não engendra a construção da trama e da heroína em fatos históricos específicos como o faz Stendhal. Contudo, a perspectiva histórica, sobretudo a que privilegia a situação da mulher por volta dos anos de 1850 – a narrativa se passa em 1853 – mostra ser preciosa para uma compreensão mais apurada de sua estrutura.

‘‘Las trampas de los maldito: la representación de lo femenino en la ficción histórica contemporánea en Chile’’

Maria Josele Bucco Coelho (Mestre – UNESP/Assis – Docente UFPR/PR)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 9 - CENTRAL DE SALAS DE AULA

(HISTÓRIA)

Según Morales Piña, la novela histórica fue una de las modalidades discursivas que más proliferaron en Chile. Las primeras manifestaciones del género ocurrieron en el siglo XIX – época de los primeros atisbos de una concepción de literatura nacional. Considerando la importancia de esta manifestación literaria, este estudio se propone analizar la incorporación de personajes históricos femeninos en esta dicha modalidad y las implicancias de esta representación para la construcción de un imaginario femenino. El corpus de estudio comprende la novela chilena - Maldita yo entre las mujeres (1991), publicada por Mercedes Valdivieso. Esta obra tiene como protagonista una terrateniente santiaguina del siglo XVII - Catalina de los Ríos y Lispeguer. Se trata de una mujer de origen mestiza, pelirroja y de perfume misterioso, famosa por sus aventuras que se han convertido en anécdotas que se acercan a lo demoníaco. Así, desde la perspectiva de los estudios de género y de la crítica literaria feminista, se buscará comprender las características y desplazamientos de esta representación de lo femenino en el período colonial, señalando cómo se ha reinscrito desde la contemporaneidad.

‘‘Às voltas com a questão da canonização literária: o caso do Visconde de Taunay’’

Maria Lídia Lichtscheidl Maretti (Doutora – UNESP/Assis – Docente UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 11 - Prédio 1 (LETRAS)

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A minha intervenção se propõe, primeiramente, a fazer uma reflexão teórica a respeito da noção de cânone na literatura, bem como de alguns conceitos que lhe são correlatos, tais como os de função poética (Roman Jakobson), de literariedade (Eikhenbaum) e de campo literário (Pierre Bourdieu), além de considerar as reflexões de Terry Eagleton e de Leyla Perrone-Moisés a este respeito. O cânone literário seria, assim, o corpo de obras (e seus autores) social e institucionalmente consideradas "grandes", "geniais", perenes, comunicando valores humanos essenciais, e por isso dignas de serem estudadas e transmitidas de geração em geração. Tal definição é considerada válida quer se trate de um cânone nacional, onde se presume que o “povo” se reconhece nas suas características específicas, quer se trate do cânone universal (de Homero a...), o que significa, de fato, dada a própria origem histórica da categoria literatura, um cânone eurocêntrico ou, quanto muito, ocidental (Harold Bloom e Ítalo Calvino). Desse modo, ao refletir sobre as imposições históricas e culturais concernentes aos processos de canonização literária, de maneira a sugerir que elas são fruto de convenções culturalmente adotadas por membros de comunidades ditas literárias, ou seja, não valem por si mesmas, pretendo demonstrar, com exemplos de inclusão e de exclusão do cânone, como a obra do Visconde de Taunay vem sendo lida ao longo do tempo. Comumente tido como o autor de Inocência (1871), o escritor tem uma obra ficcional bem extensa – outros cinco romances, três livros de contos e quatro peças de teatro – que, contrariamente à sua “obra-prima”, têm despertado relativamente pouco interesse da crítica especializada e das editoras. Por outro lado, o fato mesmo de esta obra “maior” ser lida de forma isolada, sem relações com as que a antecedem ou a sucedem, limita as possibilidades de sua leitura, como eu procurarei demonstrar ao comentar um dos capítulos deste romance.

‘‘Enigmas de Medea - as mães desviantes da literatura brasileira’’

Mariana Sbaraini Cordeiro (Doutoranda – UEL/PR – Docente UNICENTRO/PR)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 3 - Prédio 1 (LETRAS)

Tendo como premissa inicial o mito de Medea – a mãe que se vinga do marido que a traiu, matando seus próprios filhos, a minha proposta é recuperar, dentre as manifestações literárias brasileiras a partir da década de 1980 e escritas por mulheres, aquelas que representam o novo papel da mulher-mãe, mais especificamente nas narrativas curtas. Para a realização desse estudo, tenho buscado compreender como se deu, ao longo da história ocidental, a cristalização da imagem da mulher-mãe oprimida pelos ideias sociais, culturais e religiosos. Leituras de textos críticos sobre o papel da mãe na sociedade; o histórico desse tema; como é retratado esse assunto no âmbito das ciências sócias e até mesmo da psicanálise são de Nancy Chodorow, Simone de Beauvoir, Elizabeth Badinter, Adrianne Rich, Dorothy Dinnerstein, Helene Cixous e Elaine Showalter. Tal compreensão contribui para a desconstrução/reconstrução do arquétipo de mãe. As narrativas curtas dos últimos trinta anos no Brasil têm nomes representativos como Lygia Fagundes Telles, Cecília Prada, Adélia Prado, Nelida Pinõn, Marina Colasanti. A obra A falta, de Lucia Castello Branco, é um primoroso trabalho que reflete a poética da maternidade em diversos contos. O intrigante dele é que as primeiras narrativas abordam a difícil relação entre uma mesma mãe e sua filha, alternado o foco narrativo – ora a filha ora a mãe narra o mesmo fato por olhares díspares. É uma obra que questiona até mesmo a questão do gênero conto, pois a trama é retomada até que haja um desfecho para a situação conflituosa entre as duas. Eles falam de paixão, solidão, realização ou a busca dela. Temas como o ideal feminino, a preocupação de se afirmar enquanto mulher sujeito e a luta da mulher contra o seu destino social são, da mesma forma, recorrentes. Há aquela voz mais libertária que busca romper com a divinização da mulher-mãe, cobrando uma postura condizente com seus anseios. Esses textos demonstram uma maior preocupação com os conflitos de ideologia e a condição da mulher-objeto/abjeto lutando para ser agente de seu destino, sujeito de sua própria história e não mais aquele ser passível de manipulação.

‘‘Práticas de leitura e validação de objetos culturais: repensando as fotonovelas’’

Mariely Grigoletto Tessaroli (Mestranda – UEL)

8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 11 - Prédio 1 (LETRAS)

A construção de uma representação social na literatura está sujeita aos parâmetros das instituições julgadoras que vêm sendo comumente pensadas como avaliadoras das características instrínsecas da obra de arte. São, portanto, os mecanismos de validação de uma obra literária plausíveis quando nos deparamos com as práticas de leitura populares que continuam, apesar de toda estigmatização, voltadas ao consumo da “anti-literatura”. Os enredos publicados em revistas de grande circulação nacional que, apesar de se basearem em romances marcantes na História Literária, obscurecem a construção de personagens complexas e apresentam enredo, estrutura e foco narrativo constantes, são produtos inegáveis da cultura de massa alienante e reprodutora de discursos de dominação social propostos pela teoria da Indústria Cultural. Afirmar que as fotonovelas são ignoradas por críticos e estudiosos da história, da Literatura e das Artes seria a generalização da observação mais cuidadosa de que por mais de meio século limitaram-nas e as mantiveram em um bloco derrisório (des)classificando-as como produtos que servem a um sistema cultural propagandístico, destinados a um público de gosto e cultura duvidosos. Às fotonovelas cabe o papel ideológico sobre o senso comum e a contradição de serem consumidas largamente em estatísticas, quando não deveriam ser admitidas como representação social. Estão aí para não-ser, para apontar aqueles que não possuem discernimento do que é uma boa produção devido a um nível intelectual ordinário. Em a Invenção do Cotidiano, Michel de Certeau direciona sua pesquisa para a sedimentada ideia de “cultura popular”. A interrogação central dá-se sobre as operações dos usuários, as práticas cotidianas que ficam obscurecidas em pesquisas que enfocam o eixo produtor na relação de produção-consumo como influência sobre um sujeito coletivo que simplesmente obedeceria inadvertidamente às imposições do eixo produtor ao invés de enxergar o consumo como prática criadora e independente de autoria ou produção.

‘‘As Cinzas da Feiticeira: entre a literatura e a história’’

Mariléia Gärtner (Doutora – UNESP/Assis – Docente UNICENTRO/PR)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 7 - CENTRAL DE SALAS DE AULA

(HISTÓRIA)

Literatura e história dialogam no romance As Cinzas da Feiticeira (2008), da paranaense Cerize Gomes, permitindo uma (re)leitura da história das mulheres, por meio do desvelamento do jogo intertextual com os processos inquisitoriais descritos por Jules Michelet no clássico A feiticeira, publicado na França em 1862. A narrativa perfaz o caminho da Inquisição desde os legendários tempos dos anos 500 até o século XIX. Vozes de mulheres, que emergem das cinzas das feiticeiras, ecoam na narrativa permitindo rever o sentido da mulher na história.

‘‘O Teatro Realista no Brasil: relações entre Alexandre Dumas Filho e José de Alencar’’

Marina Stuchi (Especialização – UEL/PR)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Mini-anfiteatro da HISTÓRIA

O presente artigo discute a dependência brasileira na área da produção cultural, no século XIX, para com os modelos franceses. São demonstradas as estreitas relações entre a produção francesa e a brasileira no tocante ao teatro realista, entre 1855 e 1865. Primeiramente, é feita uma caracterização do teatro realista francês e, em seguida, uma análise da sua difusão no Brasil. Com isso, é possível problematizar a relação dos modelos produzidos na França e a produção dramática dos escritores brasileiros. O recorte escolhido para demonstrar a influência do modelo do teatro realista francês é a similitude entre a obra de José de Alencar e Alexandre Dumas Filho. Com a análise das peças As asas de um anjo e A dama das camélias é possível vislumbrar os preceitos do teatro realista na peça de Alencar, como a defesa da moral burguesa e a exaltação da importância da instituição família. Porém, apesar de o dramaturgo brasileiro ter como modelo o francês, a obra de Alencar não é apenas uma cópia de forma e conteúdo expressos em Dumas Filho, pois, apesar de incorporar um modelo estrangeiro, não o faz sem refletir, uma vez que o

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adapta conforme o contexto social no qual está inserido, apresentando em sua peça problemas tipicamente brasileiros.

‘‘Do heroísmo da vida moderna ou a liquidez do sujeito: uma leitura de Satalep,de Vítor Ramil’’

Marta Célia Feitosa Bezerra (Doutoranda – UFPB/PB – Docente IFPB/PB)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 9 - Prédio 1 (LETRAS)

O presente trabalho propõe traçar um caminho que permeia a construção do herói, da tradição clássica à vida moderna. Do sujeito amparado e conduzido pelos deuses ao sujeito abandonado e perdido em sua própria subjetividade onde o desejo e a vontade transformam-se em reificações, em produtos do capital. Diante do gigantismo do mundo e de seu poder ameaçador, os indivíduos tornam-se coadjuvantes, incapazes de atitudes revolucionárias, incapazes de verter para a concretude material, ações que ressignifiquem o seu mundo, considerando o ideal de heroísmo clássico. O romance do século XX espelha essa inadequação, na qual o herói empreende uma luta inglória e solitária: primeiramente, consigo próprio e depois com o mundo estranho e inadequado em que vive. Como indivíduo e multidão se confundem na modernidade, a ação heróica não é mais a do sujeito que se destaca em meio aos seus pares pela astúcia, bravura e coragem, a fim de um projeto coletivo. Ergue-se em sua debilidade um homem que faz parte dessa multidão, percebendo-se nela refletido e que luta para manter-se vivo, supremo ato de heroísmo num mundo que lhe é adverso. Embasados pelos conceitos de modernidade de Baudelaire e Walter Benjamin, analisamos a configuração do herói em Satolep, de Vitor Ramil, narrativa que descreve o percurso exterior e interior do sujeito na tentativa de encontrar, através dos elementos da modernidade, aquilo que lhe afigura de humano.

‘‘Na contramão da lusofobia: As sextilhas de Frei Antão como índice de reconhecimento de uma identidade brasileira e americana plural’’

Maurílio Mendes da Silva (Mestrando – UNESP/Assis – CAPES)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 12 - Prédio 1 (LETRAS)

As Sextilhas de Frei Antão sempre representaram para a fortuna crítica de Gonçalves Dias (1823-1864) um desafio à parte; na medida em que, dentro de um contexto de lusofobia reinante do período romântico, ela mais engrandece e aproxima a literatura portuguesa do que propriamente a repudia, fato comum a diversos poetas e escritores do romantismo brasileiro, e verificável até mesmo em outros momentos da obra de Gonçalves Dias. Publicadas juntamente com o volume dos Segundos Cantos (1848), As Sextilhas de Frei Antão, narrativa em versos constituída de seis poemas, recupera o momento do medievo português, adotando formas e um estilo arcaico de escrita. Gonçalves Dias atribuiu, por ocasião da primeira edição dos Segundos Cantos, a autoria das sextilhas a um frade de São Domingo, que supostamente teria vivido e escrito os versos na primeira metade do século XVII. Esta comunicação pretende apresentar a narrativa em versos das Sextilhas, tentando, ao considerar outros aspectos da obra de Gonçalves Dias, reconhecê-la como índice da consciência do poeta, que segundo procuraremos demonstrar, concebia o povo, a nação, e por consequência a literatura brasileira como produto da síntese de raças e de culturas, reconhecendo, assim, no homem brasileiro e americano, uma identidade miscigenada e plural.

‘‘A Roça Revolucionária de Raul Pompéia’’

Meriele Miranda de Souza (Mestranda - UNESP/Assis - FAPESP)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Mini-anfiteatro da HISTÓRIA

Como diria Antonio Candido, a vida cultural brasileira se move entre a dialética do localismo e do cosmopolitismo, ora assimilando valores estrangeiros, principalmente europeus, ora

afirmando sua própria identidade. Segundo o teórico, a assimilação do que vem de fora se dá graças ao sentimento de inferioridade do Brasil, país jovem, em relação aos avançados valores do antigo continente. No entanto, nem sempre os ideais estrangeiros se adequam perfeitamente ao contexto sócio-cultural de nosso país, causando um “desajuste” entre essas ideologias e a vida cultural brasileira. No século XIX, assistimos, no país, ao descompasso entre as ideologias liberais europeias e a situação sócio-econômica do Brasil, ainda baseada num sistema agrário e escravagista. Esse “desajuste” cultural, que marca o século XIX é retratado por Raul Pompéia no conto “14 de julho na roça”. A narrativa retrata a comemoração do “14 de julho”, dia da queda da Bastilha na França, por parte de proprietários rurais e escravistas, denunciando, através da ironia e da crítica social, a incongruência entre o contexto sócio-econômico brasileiro e as ideologias liberais europeias. Assim, por meio desta comunicação, pretendemos esboçar uma pequena análise do conto de Pompéia, tendo em vista, justamente, a denúncia que o autor estabelece em relação à situação brasileira do século XIX.

‘‘Uma crônica exemplar de Lima Barreto’’

Miguel Heitor Braga Vieira (Doutorando – UEL/PR)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 10 - CENTRAL DE SALAS DE

AULA (HISTÓRIA)

“O novo manifesto” é uma crônica de Lima Barreto de 16 de janeiro de 1915, recolhida no volume póstumo Vida Urbana, de 1953. Nesse texto, o autor exterioriza o desejo de se tornar deputado nas eleições daquele ano e assim participar da vida política brasileira, fazendo-se passar por provável candidato. Mas o assume, deliberadamente, não pelo fato de poder ser prestativo, e sim por razões que fogem aos interesses nacionais, pois se fosse útil socialmente levantaria os espíritos dos outros colegas deputados contra si. Adotando esse tom provocativo de se furtar aos problemas da sociedade carioca e nacional, todo o texto se desenvolve na linguagem característica de manifestos. Porém, marcado por um “egoísmo manifesto”. O “candidato” espera receber tão somente os subsídios públicos para poder proporcionar vida decente aos seus familiares, fazendo lembrar os melhores momentos da ironia de Machado de Assis. Verifica-se um forte viés histórico delineado através de um teor satírico que permite pensar a política brasileira de favores da primeira década do século XX. Esse trabalho busca, portanto, analisar a disposição sócio-política em um gênero imediato que visa à permanência, como é o caso do gênero crônica, em geral, e da praticada por Lima Barreto, em particular.

‘‘A figura do pícaro na obra João Vêncio: os seus amores’’

Monique Lipe Moretti (Graduanda – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 11 - Prédio da PSICOLOGIA

Essa comunicação visa analisar “A figura do pícaro na obra João Vêncio: os seus amores”, cujo objetivo central é analisar os elementos que compõem a figura de João Vêncio, protagonista do romance do autor angolano Luandino Vieira. Este livro foi escrito num contexto em que a nação angolana passava por momentos históricos de opressão, os quais foram decisivos para o caminho do País. Tais fatos trouxeram à luz um sentimento de resistência por parte do cidadão angolano e, consequentemente, fizeram com que seus escritores despertassem para um sentimento nacionalista. João Vêncio nos confessa experiências através de memórias, revelam-nos uma série de aventuras e trapaças, por meio de uma longa conversa com seu companheiro de cela, externando, assim, suas fragilidades, frustrações, contradições internas e sua desordem existencial; são esses elementos que o caracterizam como um pícaro. A construção do protagonista faz-se, de acordo com nossa análise, à maneira do gênero picaresco. Sendo assim, levando em conta o diálogo da obra de Luandino com a tradição picaresca, pretendemos demonstrar os elementos que caracterizam o personagem João Vêncio um pícaro.

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‘‘Os olhos e os botões: a presença do grotesco feminino em Coraline,de Neil Gaiman’’

Nahinã de Almeida Rosa Barbosa (Mestranda – MACKENZIE/SP)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala da Videoconferência

Este trabalho pretende analisar, no romance Coraline (2003), do autor britânico Neil Gaiman, a figura da “outra mãe” como representante do grotesco feminino na obra, com base nos conceitos de “grotesco” propostos por Bakhtin, Wolfgang Kaiser, Mary Russo e Muniz Sodré e Raquel Paiva e das descrições feitas pelo autor na narrativa. A partir do momento em que o “outro mundo”, escondido depois do túnel atrás da grande porta da sala de estar é revelado para Coraline, ela também descobre sua “outra mãe”, que se assemelha fisicamente à sua mãe real, “(...) exceto por sua pele ser branca como papel. Exceto por ela ser mais alta e mais magra. Exceto por seus dedos serem muito compridos e eles nunca pararem de se mexer, e por suas unhas vermelho-escuro serem curvadas e afiadas”, e por ter grandes botões negros no lugar dos olhos. Essa descrição cria, na imaginação do leitor, uma figura assustadora e estranha por apresentar características não humanas. Esse estranhamento, que se acentua ao longo da narrativa, desperta sensações de desconforto, pavor, choque e asco, elementos característicos do grotesco.

‘‘O coronel da narrativa: a manipulação do narrador em O Coronel e o Lobisomem’’

Naiara Alberti Moreno (Graduanda – UNESP/Assis – CNPq/IC)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA

O coronel e o lobisomem, romance cuja publicação data de 1964, constitui-se enquanto ápice na carreira de José Cândido de Carvalho (1914-1989), sendo o responsável por sua consagração na literatura brasileira. O rastreamento do foco narrativo desta obra auxilia na compreensão de sua inovação estética, bem como possibilita apreender o aprimoramento estilístico de seu autor. Em vista disso, o presente trabalho busca tecer considerações acerca do narrador-protagonista Ponciano e sua manipulação discursiva, de modo a aclarar aspectos fundamentais da composição estrutural do livro em correspondência a questões de ordem temática. Para tanto, privilegia-se a discussão sobre a infidelidade desse narrador que, para relatar sua própria história, adere à perspectiva da personagem que viveu os fatos (enunciado) em lugar do narrador do tempo presente (momento da enunciação). Averigua-se, portanto, como tal posicionamento do protagonista o favorece, na medida em que o permite negar sua decadência atual, mascarada na insistente reafirmação de um passado em que possuía respeito e poder.

‘‘Em direção ao além: a busca da plenitude em Charles Baudelaire eAlphonsus de Guimaraens’’

Natalia de Fátima Monteiro (Graduanda – FIO/Ourinhos) eRenan Fornaziero de Oliveira (Graduando - UNESP/Assis – FAPESP)

8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Mini-anfiteatro da HISTÓRIA

Desde a publicação de As flores do mal, em 1857, Baudelaire influenciou uma geração de escritores brasileiros, sobretudo aqueles ligados ao movimento simbolista, nos anos finais do século XIX e começo do século XX. Desse modo, podemos identificar pontos de contato entre a produção poética de Baudelaire com a do poeta brasileiro Alphonsus de Guimaraens, poeta da geração simbolista brasileira que, até o advento do modernismo, figurou no cenário literário da época. Essa influência francesa é notada, sobretudo, no que diz respeito à seleção temática e formal nos poemas aqui tomados como objetos de análise: ‘‘L´élévation’’, de Baudelaire, e ‘‘Ismália’’, de Alphonsus, nos quais observamos características estruturais e temáticas que demonstram a insatisfação do eu - lírico face ao mundo terreno e, dessa maneira, como se dá a

busca pelo etéreo, pelo sublime, que é atingido pela transcendência do ser em direção ao ideal, ou seja, a fuga do mundano para o celestial.

‘‘Relações entre a construção imagética de ‘I died for Beauty – but was scarce’,de Emily Dickinson, e a autoria feminina’’

Natalia Helena Wiechmann (Mestranda - UNESP/Araraquara – CAPES)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala da Videoconferência

Este trabalho se propõe a discutir como a construção imagética do poema “I died for Beauty – but was scarce”, de Emily Dikcinson, possibilita uma leitura de seus significados a partir da perspectiva da crítica literária feminista de vertente norte-americana. Para isso, buscamos relacionar o contexto histórico e literário em que a produção poética de Dickinson se insere e destacar a possibilidade do uso do subtexto como estratégia poética de subversão a padrões literários patriarcais. Nesse sentido, examinaremos como a imagem predominante no poema, imagem essa de confinamento, pode se revelar metafórica para a expressão da autoria feminina. Dessa forma, pretendemos explorar os possíveis significados sugeridos pela construção imagética e que, portanto, estão contidos no subtexto do poema. Por uma questão didática, o poema será apresentado com a tradução de Augusto de Campos.

‘‘A simbologia do sótão em As Parceiras, de Lya Luft’’

Nathali Ramos Moura (Mestranda – UFRJ/RJ – CAPES)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 2 - Prédio 1 (LETRAS)

Esta comunicação se propõe a um estudo crítico da imagem do sótão, não somente como um espaço físico do interior da casa, mas, também, como um espaço íntimo e simbólico (“A Casa. Do porão ao sótão. O sentido da cabana.” de Gastón Bachelard) em que situações de ordem individual e social ocorrem. No romance As Parceiras, de Lya Luft, o foco sobre esse espaço revela uma concentração ambígua em que forças de opressão e liberação atuam sobre personagens femininas. Enquanto lugar de opressão, o sótão faz emergir questões de gênero. Estas serão abordadas com base no texto intitulado “A tecnologia do gênero” de Teresa de Lauretis, que fundamenta o sentido do gênero como representação social, nas relações entre os sexos na sociedade patriarcal. Enquanto espaço de liberação, o sótão apresenta-se como ambiente promotor do ato libertário de criação literária.

‘‘O Hamlet de Shakespeare e Almereyda: uma releitura pós-moderna’’

Nathalia de Campos Dalio (Mestranda – UNESP/Assis – CNPq)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 10 - Prédio 1 (LETRAS)

Grande parte dos estudos sobre literatura e cinema estão focados na observação e delimitação das afinidades semióticas entre essas duas modalidades, sendo que uma se baseia na linguagem verbal escrita e a outra trabalha com imagens e sons; o processo de adaptação - transposição de uma obra escrita para uma obra icônica não é, portanto, nada pacífico, nem para quem realiza, nem para quem recebe. Parte do prazer de se deparar com uma adaptação (enquanto obra) é reviver algo já conhecido e ao mesmo tempo descobrir algo de novo. Assim, não se pode julgar uma adaptação por ser infiel à sua fonte, pelo contrário; são mais interessantes as adaptações que recriam, reinventam seu “original”. É isso que faz Michael Almereyda em sua reinterpretação da obra de Shakespeare, Hamlet. Em seu filme, usam-se armas de fogo ao invés de espadas, telefones celulares ao invés de cartas, o cenário é Nova York no ano 2000 e grande parte dos monólogos do príncipe são feitos em vídeos caseiros que ele mesmo produz. Uma das funções da adaptação, segundo Linda Hutcheon, é preservar e oferecer uma sobrevida às histórias, para impedir que caiam no esquecimento; é o que Almereyda faz com sua adaptação. Ao assimilar e transformar o clássico de Shakespeare, ele tanto preserva quanto renova a tragédia do príncipe dinamarquês.

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‘‘O homem duplicado’’

Nefatalin Gonçalves Neto (Mestrando – USP)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA

Alicerçado dentro do contexto de desenvolvimento do romance, mais especificamente na questão de seu posicionamento sempre crítica em relação à cultura, o texto que iremos apresentar busca, em seus entremeios, visitar o tema da duplicidade no universo literário do escritor e prêmio Nobel de literatura José Saramago em seu livro O Homem Duplicado. Propomos uma leitura interpretativa que possibilite entrever as diversas facetas que o romance propõe a seu leitor, dentre elas a questão da identidade (altamente visível a cada linha da narrativa), o seu escopo teórico (alicerçado na poética aristotélica) e, por fim, sua reescrita irônica do mito de Anfitrião. Acreditamos que tais questões, até agora pouco vistas pela crítica em geral, possibilita um caminho que desemboca em um pertinente entendimento da narrativa saramaguiana.

‘‘Dioguinho: o mítico representante da sociedade e do banditismo caipira’’

Nilce Camila de Carvalho (Mestre – UEL/PR)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 7 - CENTRAL DE SALAS DE AULA

(HISTÓRIA)

A opressora “civilização do café”, que teve seu auge no final do século XIX e que foi responsável pelo avanço do capitalismo no sertão paulista, formou não apenas coronéis e trabalhadores rurais, mas também indivíduos oprimidos pela estratificação social vigente. Essa posição social desprivilegiada ocasionou o surgimento de vários bandidos que passaram a atemorizar a população rural. Essa comunicação visa discutir a formação de um mito em torno de um bandoleiro que se aliou aos poderosos senhores do café para servi-los. Dioguinho, como era conhecido, foi o motivo de três narrativas literárias que, além de apresentar seus crimes, sua impunidade e a de seus cúmplices, apresentam as inúmeras lendas que foram transmitidas oralmente pelo povo que o temia e que, de certo modo, o tinha por herói.

‘‘Meditação: a tensão entre a liberdade de escrita e o contexto histórico’’

Patrícia Aparecida Gonçalves de Faria (Graduanda – UNESP/Assis – PIBIC/CNPq)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 12 - Prédio 1 (LETRAS)

É evidente que Gonçalves Dias (1823-1864) sempre foi reconhecido e aclamado pela crítica e pelo público como grande escritor de poesias, principalmente aquelas voltadas para a divulgação da terra e do homem brasileiro, contribuindo assim para a construção e afirmação da literatura nacional. Ao mostrar suas diversas facetas como literato, o escritor maranhense publica entre os anos de 1845 e 1846, o fragmento e prosa Meditação, em que apresenta uma narrativa preocupada com a abolição da escravidão e com a instituição do trabalho livre. Além disso, descreve-nos um Brasil belo e prodigioso, repleto de homens de diversas raças que se encontram à margem da sociedade. Desta forma, a presente comunicação intitulada “Meditação: entre a liberdade de escrita e o contexto histórico” tem por objetivo divulgar esta obra pouco estudada de Gonçalves Dias e analisar a tensão entre o contexto histórico e sua escrita libertária, configurando assim sua maneira de pensar a nação histórica, política e social.

‘‘De Paulo Afonso ao fim: Sargento Getúlio e o trajeto entre os desdobramentos de dois mundos’’

Patrícia Fabro Barbosa (Mestranda – UFPR/PR – REUNI)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA

A análise tem como objetivo a observação das relações entre interioridade e exterioridade presentes no romance Sargento Getúlio (1971), de João Ubaldo Ribeiro, a partir da experiência

do narrador. Em outras palavras, o que se buscará considerar é a maneira como dialogam e entram em conflito o mundo exterior, entendido como social, e o mundo interno do narrador protagonista. Consideraremos, nesse sentido, os desdobramentos desses dois fatores centrais em que se pauta a análise, os quais se duplicam e configuram mundos de tempos históricos distintos, sobrepostos, revelando a viagem de Getúlio enquanto trajeto rumo ao aniquilamento. Aparentemente caótica, a organização estrutural do romance de João Ubaldo Ribeiro, com seus deslocamentos de espaço e tempo, e a linguagem peculiar a partir da qual se dá a narrativa, parece conformar-se à espécie de transmutação sofrida, ao longo do percurso, por seu narrador protagonista, Getúlio. O desequilíbrio entre mundos que, contraditoriamente, dialogam, é internalizado, refletido e materializado na experiência desse narrador. No caso do romance, esse desequilíbrio, cuja amplitude é atingida no epílogo, vai sendo gradativa e crescentemente revelado, mostrando que o conflito interno do narrador é subjacente a fatores do mundo social bifurcado ao qual está submetido. Extrínseco e intrínseco compõem dialeticamente a narrativa, interiorizando dados sociais e subjetivos à estrutura, à fatura da obra: “mundos” que se duplicam, enquanto, externamente, fazem irromper o conflito entre um mundo supostamente civilizado e um mundo de barbárie; internamente, outro duplo, na descoberta, falhada, do “eu”.

‘‘A mulher sob o olhar de pícaros e malandros’’

Patrícia Munhoz (Mestre – UNESP/Assis)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala da Videoconferência

A proposta desse trabalho é analisar o perfil das personagens femininas presentes nas obras Lazarillo de Tormes (anônimo, 1554) e O Falso Mentiroso (2004), de Silviano Santiago, de modo a refletir sobre os aspectos principais de que se valem os narradores para apresentá-las. Na primeira obra, observamos a visão utilitária da mulher na sociedade espanhola do século XVI, já que ela era transformada em objeto que atendia aos fins pragmáticos do pícaro. Na segunda, isso também acontece, embora com forte traço do erotismo como aspecto significante para representar a mulher da segunda metade do século XX, a qual continua atendendo às necessidades, sobretudo sexuais, do homem. Apesar da distância temporal entre a publicação de um e do outro livro, de eles remeterem a sociedades muito diferentes, propomo-nos a refletir sobre como a representação feminina se dá de modo semelhante em ambos, considerando contextos e épocas tão distintas.

‘‘Corpo lavrado: a poesia telúrica de Ana Paula Tavares’’

Paulo César Andrade da Silva (Doutor – UNESP/Assis – Docente UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 4 - Prédio 1 (LETRAS)

Neste trabalho analisaremos de que modo a simbologia da terra e da mulher se articulam na lírica da poeta Ana Paula Tavares. Por serem recorrentes em sua obra, tais motivos ganham uma dimensão estruturadora no universo poético da escritora angolana, pois arquitetam o seu estar no mundo no plano existencial e político. A natureza funciona como espaço de acolhimento, e como espaço da utopia, de quem busca a origem como espaço aprazível, seja Angola, seja o continente africano. A simbiose entre terra e e mulher funciona como papel de elementos formadores e fortalecedores da identidade.

‘‘Camilo Pessanha e o Fin de Siècle’’

Paulo de Tarso Cabrini Júnior (Doutorando – UNESP/Assis – CAPES)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 11 - Prédio 1 (LETRAS)

A proposta desta comunicação é lembrar o poeta português Camilo Pessanha (1867-1926) em suas relações com três personagens da história literária francesa: Paul Verlaine (1844-1896), Arthur Rimbaud (1854-1891) e Stéphane Mallarmé (1842-1898). A sua ligação com esses três

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ícones do fin-de-siécle europeu se dá, não somente por aspectos formais, identificados em sua obra poética ou ensaística, mas, também, pelo trabalho empreendido por Pessanha no sentido de fazer de sua vida uma verdadeira “obra de arte” decadente.

‘‘Algumas considerações sobre a adaptação do romance O nome da rosapara o cinema’’

Paulo Fernando Zaganin Rosa (Mestre – UNESP/Assis – Docente FRAN/CEETEPS)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 10 - Prédio 1 (LETRAS)

Umberto Eco é autor de vários textos teóricos fundamentais para a compreensão da obra de arte contemporânea, tais como Obra aberta (1962), A estrutura ausente (1968) e Lector in fabula (1979). Em 1980, o autor faz a sua primeira experiência como romancista, com a publicação de O nome da rosa (Prêmio Strega 1981), que alcançou um enorme sucesso de vendas. A repercussão do romance foi imediata, o livro fez a volta ao mundo e foi traduzido em mais de 60 línguas, dando origem, em 1986, na Alemanha, a uma transposição cinematográfica, sob a direção de Jean-Jacques Annaud, intitulada Der Name Der Rose, com duração de 130 minutos. Nos propomos com o presente trabalho a tecer algumas considerações a respeito de certos procedimentos utilizados por Annaud durante a adaptação para o cinema do romance de Eco, uma vez que o estudo destas narrativas nos possibilitou observar que ambas trazem à tona uma semântica labiríntica que contempla uma teia de significados alegóricos, capazes de recompor parte da história da humanidade que não está tão distante do tempo atual quanto pensamos. O romance e o filme discutem grandes temas da filosofia europeia, observando que o universo é provido por signos que deveriam nos orientar, mas que, na verdade, nos desorientam; que a aspiração à verdade plena não passa de uma ilusão e, principalmente, que o conhecimento sem alegria torna-se uma banalidade.

‘‘Erudito e popular: um rompimento de fronteiras literárias’’

Priscila Costa Domingues (Graduanda – UNESP/Assis – FAPESP)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 11 - Prédio 1 (LETRAS)

Mesmo estando no meio literário há mais de 40 anos e mesmo existindo inúmeras pesquisas que utilizam seus textos como objeto de estudo, Rubem Fonseca ainda não é aceito por parte da crítica especializada. Isso ocorre, entre outros motivos, pelo fato de que a obra fonsequiana alcança grande sucesso com o público, atingindo altos níveis de vendagem. Diversos livros do autor, incluindo o último (O Seminarista, 2009), ficaram na lista dos mais vendidos, além do sucesso obtido com as adaptações para o cinema e a televisão, que também colaboram para a não aceitação “tácita” do autor no meio acadêmico. Assim, os estudiosos que não “aprovam” Fonseca alegam que o autor está interessado somente no dinheiro, em vender mais livros, não se preocupando com o valor estético do texto. Para confirmar seu ponto de vista, os críticos da obra fonsequiana se valem do fato de que, dentre os livros publicados, há alguns que se ligam ao gênero policial, considerado um gênero menor pelos estudiosos da literatura, ou pela linguagem empregada em suas obras, tida como seca e grosseira, repleta de palavras de baixo calão, o que, às vezes, chega a agredir o leitor. O que estes críticos parecem não perceber é que tanto o uso do gênero policial, como a utilização de uma certa linguagem, fazem parte da poética do escritor. Há um trabalho estético por detrás das escolhas feitas por ele, de modo que é possível notarmos a existência de uma preocupação em criar uma narrativa que atinja diversos públicos leitores, sem nunca descuidar do estético. Diante dessas considerações, o objetivo deste trabalho é demonstrar, através da menção e da análise de alguns textos do autor, que a obra fonsequiana merece um lugar no novo cânone literário brasileiro.

‘‘Produção filosófica e as parábolas modernas no discurso de Friedrich Nietzsche’’

Rafael Miranda Porto Alegre (Graduando – UNESP/Assis)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 3 - Prédio da PSICOLOGIA

A proposta deste trabalho é o estudo das parábolas bíblicas, em conexão com as manifestações do gênero na literatura moderna e contemporânea, que se tem servido amplamente da fonte bíblica. Dentre os autores que se utilizam dessa forma característica de discurso presente na Bíblia, destacam-se os nomes de Sören Kierkegaard, Franz Kafka, Bertolt Brecht e Friedrich Nietzsche, que deixam transparecer nitidamente as marcas da influência bíblica em suas produções artísticas. Com base nesse diálogo intertextual entre a fonte bíblica e a literatura, pretendemos averiguar o modo como os textos “A árvore da montanha”, presente no livro Assim falou Zaratustra (1884), e o “Aforismo 125”, do livro A Gaia Ciência (1881), de Friedrich Nietzsche (1844-1900), apropriam-se das propriedades estruturais do gênero literário da parábola. Nesses textos nietzschianos destacam-se procedimentos formais, temáticos e funcionais característicos do gênero em questão. Como um exemplo dessa apropriação e desse diálogo intertextual, podemos referir à instância da proclamação da “morte de Deus” e a ideia do “super-homem”, presentes nas duas narrativas. Com essas proposições, Nietzsche pretendeu elevar o homem acima de si mesmo, demonstrando que a morte de Deus transparece como resultado do progresso das Luzes, do triunfo da ciência e da racionalidade sobre as sombras da ignorância e da superstição.

‘‘Vozes dissonantes na processualidade da reinvenção do eu em Quarto de Despejo’’

Raffaella Andréa Fernandez (Mestre – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 3 - Prédio 1 (LETRAS)

A presente comunicação resulta de um artigo publicado este ano na revista Rascunhos Culturais, da UFMS, e tem como temática a multiplicidade de vozes que pulsam no discurso produzido pela catadora de lixo Carolina Maria de Jesus em seu best-seller intitulado Quarto de despejo (1960). Por se tratar de um “diário”, a escrita do texto na primeira pessoa do singular presentifica, na capa, o nome que pode assumir posições múltiplas e simultâneas. Desse modo, as três instâncias narrativas confundem o receptor ingênuo que acaba por não questionar o processo de ficcionalização da narrativa, pois o Eu da vida extratextual garante a “verdade” do discurso. No entanto, observa-se nessa narrativa a ocorrência de fraturas na processualidade do Eu, que invoca a persona, isto é, as máscaras de revelação e ocultação da autora, na qual uma personagem foi criada de acordo com os padrões de “boa conduta” dos idos de 1950. Esse fluxo de rupturas pode ser notado, inclusive, na co-autoria do editor e jornalista Audálio Dantas, marcados pelos recortes efetuados nos bastidores da representação da escritora da favela. Porém, não podemos perder de vista a desconstrução que a própria construção da subjetividade impõe, revelando assim uma outra face. Aliado a isso, autora e narradora se desdobram não apenas em personagem, mas também na reprodução de discursos que perpassam seu palmilhar cotidiano, ampliando o entendimento da dinâmica cultural de sua coletividade. Nesse sentido, fica explícita a existência de pontos de vista distintos e coexistentes na confluência de suas inspirações subjetivas.

‘‘A problematização cultural em O Selvagem da Ópera (1994), de Rubem Fonseca’’

Rebeca Alves (Mestranda – UNESP/Assis – FAPESP)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA

Em O selvagem da ópera, Rubem Fonseca atenua o estilo brutalista, característico de sua narrativa, para retratar a vida do compositor Antônio Carlos Gomes, maestro do século XIX que foi estudar na Itália financiado pelo imperador Dom Pedro II. Nesta biografia romanceada, Fonseca, ao tematizar as dificuldades vividas pelo músico – financeiras, existenciais, amorosas, entre outras –, abre espaço para a reflexão sobre questões referentes aos aspectos de identidade, à nacionalidade, às diferenças culturais entre América Latina e Europa, etc. Esta problematização está explicitada no título da obra, uma vez que Carlos Gomes é visto como um selvagem diante de uma arte profundamente erudita. Assim sendo, nesta comunicação pretendemos identificar e analisar esses aspectos abordados no romance, com o intuito de verificar sua importância no contexto da literatura brasileira contemporânea.

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‘‘Ladeiras do espaço e da memória’’

Regina Célia dos Santos Alves (Doutora – UNESP/Assis – Docente UEL/PR)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 12 - Prédio 1 (LETRAS)

José Geraldo Vieira, hoje um nome praticamente esquecido, foi um dos escritores brasileiros mais celebrados e lidos na primeira metade do século XX, desde sua estreia como romancista em 1931 com A mulher que fugiu de Sodoma, sucesso de crítica e público. A produção contínua do autor, desde a estreia, em 1919, com O triste epigrama, coletânea de poemas de tom marcadamente simbolista, passando pelo livro de contos A ronda do deslumbramento (1922), e pelos romances A mulher que fugiu de Sodoma (1931), Território humano (1936), Carta para minha filha em pranto (1946), A quadragésima porta (1943), A ladeira da memória (1950), Terreno Baldio (1961), Paralelo 16: Brasília (1966) e O albatroz (1977)), expressa a extensão considerável de seus escritos e, mais que isso, a continuidade e transformação de um projeto literário levado a cabo por mais de 50 anos. A queda atual no ostracismo, por razões um tanto quanto obscuras, parece-nos não ser suficiente para impôr um interdito e obscurecer a riqueza e a densidade do legado literário deixado por José Geraldo Vieira. Sendo assim, nosso objetivo no presente trabalho é empreender uma leitura de sua obra A ladeira da memória, de 1950, com vistas a observar que a construção de sentido no romance se faz por meio de uma articulação imbricada entre espaço e memória, pois à trajetória espacial percorrida pelo protagonista, Jorge, na tentativa de reviver o passado, corresponde um adentrar em si mesmo, um percorrer as “ladeiras” da própria memória.

‘‘A infância feminina em Lygia Bojunga’’

Regina do Socorro Portela (Mestranda – UFPR/PR)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 3 - Prédio 1 (LETRAS)

A proposta é discutir a representação da personagem feminina infantil nas obras de Lygia Bojunga, especialmente em A Bolsa Amarela (1976), A Cama (1999) e Sapato de Salto (2006) à luz da discussão sobre a crise de identidade na pós-modernidade, contemplada por Stuart Hall, bem como as implicações da fragmentação da identidade no terreno literário, especialmente na construção das personagens. A autora reserva tratamento especial ao personagem criança, desmistificando noções históricas e culturais que temos a respeito desses seres, de modo que se revela pertinente um olhar mais cuidadoso para as obras dessa autora à luz dos estudos culturais e da construção da alteridade.

‘‘André Gide e Georges Perec: os diálogos potenciais’’

Renata Lopes Araujo (Doutoranda – USP)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 9 - Prédio 1 (LETRAS)

Nesse texto, analiso um dos pontos de contato existentes entre as escrituras de dois autores franceses conhecidos pelos questionamentos feitos à literatura em suas obras, André Gide e Georges Perec. O estudo terá como centro o que chamo de poética do falso e algumas de suas facetas presentes em duas obras, Les Faux-monnayeurs e o último texto de Perec, «53 jours». Começarei a análise pelos títulos dos textos, a fim de mostrar que as questões sobre o falso já estão presentes; em seguida, minha atenção se dirige ao conceito de realismo perecquiano e de como um dos pontos-chave de seu livro, a mise en abyme, se mostra falsa ao longo do texto. Isso feito, passarei ao estudo de alguns aspectos do falso presentes nos Faux-monnayeurs: a discussão sobre a perda dos valores depois da Primeira Guerra mundial, o problema da representação no gênero romanesco e a desconfiança criada no leitor pelo próprio narrador. Meu objetivo é o de mostrar como a temática foi retrabalhada por Perec, muito provavelmente a partir da leitura do texto gidiano, embora o primeiro não tenha feito nenhuma alusão em seus escritos.

‘‘O Xangô de Baker Street – Trâmites de personagens e personalidades’’

Renato Oliveira Rocha (Graduando – UNESP/Assis)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 9 - Prédio 1 (LETRAS)

Em seu romance de estreia, numa mistura de História e ficção, Jô Soares critica, de modo sempre bem humorado, a sociedade colonial brasileira do século XIX, que era um arremedo da França. Após o roubo de um violino Stradivarius e pela ocasional presença da atriz francesa Sarah Bernhardt no Brasil, é sugerido pela rainha do talento que o imperador Dom Pedro II convide “o maior detetive do mundo”, Sherlock Holmes, até então desconhecido pelo monarca, para solucionar o caso. Misturando fatos e personagens de romance policial, Jô ressuscita Sherlock e seu fiel escudeiro, o doutor Watson e os põe em contato com personalidades da época do império: Chiquinha Gonzaga, os irmãos Aluisio e Artur Azevedo, entre outros. Holmes, em várias passagens do romance, questiona certos costumes e a obsessão em ser uma colônia tropical europeizada, questionamento semelhante aos que faziam os viajantes estrangeiros em seus relatos. Se Antonio Cândido cunhou Leonardo Pataca como “o primeiro malandro da Literatura Brasileira”, Jô repaginou o pícaro brasileiro encarnado em Sherlock Holmes, afetado pela malandragem dos trópicos, e o detetive aprendeu que os crimes abaixo do Equador não são tão elementares. A questão da identidade nacional, que passa por José de Alencar e Mario de Andrade é retomada por Jô Soares, valendo-se dos inimagináveis encontros entre personagens históricos e fictícios e do humor refinado. No título, o Xangô – orixá do candomblé, que faz parte da cultura afro-brasileira – e a Baker Street, uma rua de Londres – está a mistura do que somos e do que queremos ser. É uma obra que concilia valores do passado e do presente. A intertextualidade se dá pelas observações e críticas de Holmes aos costumes, não só em relação ao século XIX, como também à sociedade brasileira do século XXI, que quer ser inglesa/ americana.

‘‘Moças e raparigas: a dor do amor em Inês Pedrosa e Cintia Moscovich’’

Ricardo Augusto de Lima (Graduando – UEL/PR)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 3 - Prédio 1 (LETRAS)

Como bem se sabe, a influência que a Literatura Portuguesa exerceu sobre a Brasileira é relevante e, ao contrário do que se possa pensar, tal influência não desaparece no século XX. A voz feminina na Literatura Portuguesa, aqui representada pela contemporânea Inês Pedrosa e seu romance Fazes-me falta, exerce influência direta na Literatura Brasileira de autoria feminina, aqui representada pela gaúcha Cintia Moscovich e seu livro Arquitetura do arco-íris. Tal influência pode existir em inúmeros temas; porém, este estudo se prende à temática do amor, talvez a de maior frequência na literatura de autoria feminina e, porque não dizer, na Literatura Universal. Dessa forma, baseado em estudos de Dennis de Rougemont, Anthony Giddens e Michel Foucault, pretende-se mostrar como a dor do amor continua: a) recente na voz do personagem enquanto representante do gênero humano; b) influenciando outras literaturas posteriores; e c) reciclando suas imagens e palavras, mesmo após séculos de escritos sobre essa problemática infinita, que chamamos, talvez erroneamente, de Amor.

‘‘Quais livros de literatura francesa liam os personagens nos romances deMachado de Assis’’

Ricardo Gomes da Silva (Mestrando – UEL/PR – CNPq)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Mini-anfiteatro de HISTÓRIA

A presença de personagens leitores é um importante item a ser observado na composição ficcional machadiana. Em todos os romances de Machado de Assis, há personagens que leem literatura. De acordo com a pesquisa realizada em 2006 por Rodrigo de Avelar Breunig em sua dissertação de Mestrado pela UFRS, dos 207 contos machadianos, em 133 deles há personagens que leem livros ou referências sobre o hábito de leitura dos personagens. Das leituras realizadas pelos

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personagens machadianos, a maior parte é de literatura francesa. O motivo de tal recorrência pode ser pensado pela perspectiva de Laurence Hallewell de que desde os fins do século XVIII o Brasil se inspirava nas práticas e teorias políticas e artísticas da França. Diante disto, nos propomos a realizar algo diferente do ensaio “O que liam os personagens de Machado de Assis” publicado por Magalhães Junior em 1958, onde há um recenseamento genérico e aleatório das leituras dos personagens machadianos. Propomos-nos a levantar, classificar e a traçar perfis de personagens que nos romances machadianos leem especificamente literatura francesa. Isto também com o intuito de aprofundarmos os estudos das relações da literatura francesa com a brasileira.

‘‘Les Fleurs du Mal no Brasil: flanando pela história da recepção e da tradução dos poemas de Charles Baudelaire’’

Ricardo Meirelles (Doutor – USP – Docente UNIFASC/GO)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Mini-anfiteatro da HISTÓRIA

Este trabalho parte da reunião das traduções dos poemas do livro Les Fleurs du mal, do poeta francês Charles Baudelaire, publicadas no Brasil, e procura refletir tanto sobre a relevância e o diálogo dessas traduções dentro da História da Literatura Brasileira, quanto sobre qual é o seu posicionamento em relação à obra francesa. Ao longo de minha dissertação, ‘‘Entre brumas e chuvas: tradução e influência literária’’ (2003), e minha tese, ‘‘Les Fleurs du mal no Brasil: traduções’’ (2010), discuti e considerei o papel da tradução dentro da História da Literatura Brasileira e a sua influência estética, observando atentamente a recepção desses poemas franceses; depois, procurei questionar os métodos da tradução poética e buscar respostas junto a algumas teorias da tradução em discussão, comparando as traduções de vários tradutores ao longo do tempo, sempre levando em conta aspectos linguísticos, históricos e culturais que poderiam se depreender de cada texto. Os poemas do livro escolhido – publicado em Paris, em 1857, verdadeiro marco da literatura ocidental – foram traduzidos por mais de sessenta poetas brasileiros – alguns traduzindo apenas um poema, outros, o livro todo – sendo a tradução brasileira publicada mais antiga datada de 1872. Além do resgate historiográfico promovido, recuperando algumas importantes e significativas leituras dessa obra francesa, comparando suas traduções com outras produzidas ao longo do tempo, vislumbro não uma evolução, mas uma diferenciação entre as abordagens tradutórias, construídas sempre dentro de seu momento estético, histórico e ideológico. Essa diferenciação chama a atenção para as novas possíveis leituras do clássico francês proporcionadas pelas traduções publicadas ao longo do tempo e novas perspectivas sobre os métodos da tradução poética.

‘‘A construção do outro: a representação dos etíopes na obra História da Etiópia, do jesuíta Pero Pais (1620)’’

Ricardo Sorgon Pires (Graduando – História – UNESP/Assis – IC – CNPq)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 9 - CENTRAL DE SALAS DE AULA

(HISTÓRIA)

Esta comunicação visa apresentar uma análise da obra História da Etiópia, escrita pelo jesuíta Pero Pais durante o seu período de estadia como missionário no reino cristão da Etiópia no início do século XVII. A referida obra é uma vasta compilação que abrange os mais diversos temas, tais como: religião, cultura, história, geografia, dentre outros. Cabe ressaltar que o livro foi escrito com o intuito de servir como um "manual" para o processo de "catequização" da Etiópia. A proposta central é identificar o olhar que os jesuítas, e por extensão, que uma parcela dos europeus tinham a respeito da Etiópia no século XVII, considerando, para tanto, a representação criada por Pero Pais, a qual partiu de seus valores, intenções e (pré)conceitos típicos de um homem europeu do século XVI/XVII, católico e jesuíta.

‘‘Crônicas de D. João da Câmara na Gazeta de Notícias: um elo entre Brasil e Portugal’’

Rita de Cássia Lamino de Araújo (Mestranda – UNESP/Assis – CAPES)

8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 12 - Prédio 1 (LETRAS)

O Rio de Janeiro, no fim do século XIX e início do século XX, passou por profundas transformações política, econômica, social e cultural. Neste contexto, a colônia portuguesa desempenhou um grande papel, estando sempre presente de forma ativa nas principais decisões da cidade, através de suas instituições culturais, de benemerência e por meio de atividades sociais, artísticas, políticas e, em especial, jornalísticas. Destaca-se, neste período, o jornal A Gazeta de Notícias, fundada em 1875 por Ferreira de Araújo, que dava destaque às atividades literárias e, entre elas, a crônica que ganhou divulgação e se difundiu no Brasil com a modernização da imprensa se popularizando entre os jornais cariocas. Dentre seus colaboradores estava o dramaturgo e jornalista português D. João da Câmara que durante cinco anos, de 1901 a 1905, enviou de Lisboa crônicas sobre a sociedade e a cultura portuguesa. Estes textos postam-se como uma rica fonte de estudos da cultura portuguesa e sua relação com o Brasil, no início do século XX, pois mostram a tentativa de D. João da Câmara em trazer um pouco de Portugal para o Brasil de modo a estreitar os laços entre os dois países. Com este estudo pretendemos colaborar com a divulgação dos textos jornalísticos de D. João da Câmara e contribuir para a história da literatura luso- brasileira do período.

‘‘O romance histórico e suas modalidades: termos operacionais de teoria literária e suas funcionalidades em análises de produções híbridas’’

Robert Thomas Georg Würmli (Graduando – UNIOESTE/PR – Fundação Araucária)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 9 - CENTRAL DE SALAS DE AULA

(HISTÓRIA)

O presente trabalho procura analisar termos operacionais da teoria literária ligados às interpretações de romances históricos e suas modalidades. Como se sabe, essa forma de narrativa tornou-se um dos modelos mais utilizados de criação literária. No entanto, para que pudessem se difundir, mudanças inevitavelmente tiveram de ocorrer com a estrutura e diegese destas narrativas. Estes romances, que lidam de maneira variada com o texto histórico, desde a simples repetição até o “completo” revisionamento daquilo que é aceito como “factual” pela história, foram caracterizados por meio de diversas terminologias. Por isso, vários termos operacionais foram sendo incorporados à Teoria Literária, para que esta pudesse lidar com a variada gama de romances que surgiam à sua frente. Logo, termos como romance histórico tradicional (Lukács, 1970; Márquez Rodríguez, 1991), novo romance histórico latino-americano (Aínsa 1988-1991; Menton, 1993), metaficção historiográfica (Hutcheon, 1991; Pulgarin, 1995), entre outros, tornaram-se recorrência nos livros de teoria literária. No entanto, ainda há o questionamento acerca da validade destas terminologias, se estas seriam relevantes e necessárias à análise de obras, e até que ponto as terminologias em si teriam sido bem caracterizadas. Dessa forma, e valendo-se dos romances The Memoirs of Christopher Columbus (1987), do autor Stephen Marlowe, e Rede Des Toten Kolumbus am Tag Des Jüngsten Gerichts (1992), do autor Hans Christoph Buch, será mostrado como produções literárias que lidam com a temática do revisionismo histórico e que não foram criadas no universo hispano-americano de produção literária se enquadrariam, tendo em vista os termos operacionais de análise literária disponíveis.

‘‘O Brasil dos portugueses: uma leitura de Rio das Flores (2007),de Miguel Sousa Tavares’’

Rodirlei Silva Assis (Pós-doutorando – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 10 - CENTRAL DE SALAS DE

AULA (HISTÓRIA)

O presente trabalho tem por finalidade estabelecer um diálogo entre as imagens do Brasil e de Portugal presentes no romance Rio das Flores (2007), do português Miguel Sousa Tavares. O enfoque parte do protagonista Diogo, membro da tradicional família Ribeira Flores, que chega ao Brasil em 1936 e procede à sua definição frente ao itinerário imagético português, ao mesmo

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tempo em que busca se definir em um mundo multifacetado. O reporte a Portugal, representado por um oposto ideológico, seu próprio irmão, Pedro, é constante em seu discurso e no discurso de um narrador empático, que o guia em terras tropicais durante o governo de Getúlio Vargas.

‘‘Fronteiras da literatura brasileira contemporânea: O que é isso companheiro, entre o público e o privado’’

Rogério Silva Pereira (Doutor - UFGD/MS)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 9 - CENTRAL DE SALAS DE

AULA (HISTÓRIA)

O que é isso, companheiro?, de Fernando Gabeira, é uma narrativa inaugural do Brasil contemporâneo. Escreve-se na tensão entre a vida pública e a vida privada. Seu narrador critica as práticas políticas da esquerda armada do período do regime militar e insere-se no âmbito das práticas políticas definidas pela vida pública. A narrativa constituída aí pode ser analisada à luz dos conceitos de metáfora (H. White e P. Ricoeur), de confissão (Foucault), de romance (Bakhtin) e de tradução (Benjamin).

‘‘O romance como gênero da modernidade’’

Rosa Lúcia Miguel Fontes (Mestranda – UFMG/MG)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA

O romance é o gênero que destaca a historicidade. Ele transpõe para o universo ficcional a experiência humana. Em seu percurso, ele já foi tido como uma espécie de gênero menor, mas, no século XIX, passa a confrontar os próprios valores que o alimentam. Dessa forma, o romance assume diferentes temáticas e sofre seguidas transformações, constituindo, assim, a forma de expressão da modernidade. Georg Lukács, n'A teoria do romance, descreve um dos acontecimentos mais extraordinários da História Ocidental: o surgimento da civilização grega, que, num curto espaço de dois séculos, explode com uma atividade intelectual influente. Apresentando esse tempo extremamente remoto, o filósofo mostra a completa ausência do estranhamento entre o homem e o mundo, o que imperava era uma dualidade perfeita e integrada, formando uma unidade entre o interior e exterior. As duas grandes epopeias – Ilíada e Odisséia, de Homero – são narrativas cujos temas, formas e configurações Lukács irá estabelecer como um ponto de partida para apresentar a origem do que para nós é hoje o que antes era a epopeia para os gregos: uma das maiores expressões da literatura – o romance moderno. Assim sendo, Lukács mostra as transformações que o romance sofre e como tornou-se a forma estética de nosso tempo. O filósofo, ao fazer a oposição entre epopeia e romance e, especialmente, ao estabelecer como significativa e problemática a experiência individual, põe o romance como o gênero mais representativo da modernidade.

‘‘Espaço literário queirosiano e Camões/cronotópo’’

Rosane Gazolla Alves Feitosa (Pós-doutora – USP – Docente UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 12 - Prédio 1 (LETRAS)

Por meio de alguns espaços emblemáticos na cidade de Lisboa, Eça de Queirós consegue nos mostrar em O Crime do Padre Amaro (OCPA) e em O primo Basílio (PB), aspectos intervencionistas dos intelectuais da Geração de 70. Nestas obras, a personagem obsedante, Portugal, é problematizada em seus aspectos sócio-político-culturais, sob o tema do constitucionalismo e do regime regenerador, e sob a perspectiva das relações temporais e espaciais, o cronotopo, conceituado por Bakhtin como uma “categoria conteudístico-formal” [...], expressão de indissolubilidade de espaço e de tempo [...] em que ocorre a fusão dos indícios espaciais e temporais [...].”(BAKHTIN, 1988:211).

‘‘Estar sendo. Ter sido.: uma despedida intertextual’’

Rubens da Cunha (Mestrando – UFSC/SC)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 9 - Prédio 1 (LETRAS)

Esta comunicação pretende demonstrar que uma das principais características da obra em prosa de Hilda Hilst é o procedimento intertextual que, para além do pastiche e da paródia, entra no fluxo narrativo de forma orgânica, geralmente próximo da memória e da citação implícita e explícita. A comunicação se deterá na análise do livro despedida de Hilda Hilda, Estar Sendo. Ter Sido., cujo procedimento intertextual acontece com força total. Assim, no campo da intertextualidade e pensando o texto como tecido, como fragmentos de referências que o perpassam, ou de acordo com Kristeva, como “um mosaico de citações”, algo que é a “absorção e transformação de outro texto” Estar Sendo. Ter Sido. é a absorção de uma parte considerável da memória leitora de Vittorio, personagem-máscara de Hilda Hilst, que não se escusa de espalhar sobre sua despedida várias referências a outros escritores, trazidos à luz sob o prisma do sarcasmo, do obsceno, geralmente para confirmar a sua própria decrepitude e tecer a sua despedida.

‘‘As literaturas nacionais e o processo de construção de identidades: as literaturas africanas de língua portuguesa’’

Rubens Pereira dos Santos (Doutor – USP – Docente UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 11 - Prédio da PSICOLOGIA

A comunicação que será apresentada no simpósio é fruto de uma reflexão a respeito da reafirmação das identidades nacionais dos cinco países africanos de língua portuguesa. Apoiado em dois teóricos europeus (o português Boaventura Sousa Santos e o espanhol Cláudio Guillén), o trabalho procura estabelecer as interrelações nacionais daqueles países na busca de suas identidades. Partindo do conceito de identidade cultural chega-se ao que denominamos identidade nacional. A partir daí, passaremos a formular algumas considerações a respeito das literaturas de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Moçambique.

‘‘Resolução de múltiplo contraste (acerca de Ensaio sobre a cegueira,de José Saramago)’’

Sandra Aparecida Ferreira (Doutora - UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA

O romance Ensaio sobre a cegueira (1985) constitui narrativa, por um lado, impregnada de desejo metafísico – o qual, conforme Emmanuel Levinas em Totalidade e infinito (2008), “deseja o que está para além de tudo o que pode simplesmente completá-lo”– e, por outro lado, convicta de que os pensamentos e ações humanas são regidos por necessidades materiais, que explicam a sociedade e a história. O propósito desta comunicação é refletir sobre a configuração romanesca do desejo de dominação no reino da cegueira luminosa, em que se destaca a personagem da mulher do médico e seu contínuo esforço para manter, na comunidade anônima, o vínculo entre eu e outrem, por meio do alcance (e dos limites) da linguagem e da bondade. Para tanto, serão explicitados os meandros narrativos instauradores da tensão dialética entre regulação e emancipação, em moldes que dialoguem com pressupostos estabelecidos por Boaventura de Sousa Santos em A crítica da razão indolente (2001).

‘‘A prosa de Chico Buarque em Fazenda Modelo’’

Sandro Viana Essencio (Mestrando – UNESP/Assis)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA

Este trabalho discorre sobre as particularidades da prosa de Chico Buarque em seu primeiro livro, de 1974, Fazenda Modelo, que, segundo o autor, é uma “novela pecuária”. Ao valer-se dos

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recursos da paródia e da sátira no processo de composição da obra, o autor trabalha em dois planos: por um lado, relê Animal Farm (1945), de George Orwell (1903-1950), tomada como referência para a intertextualidade; por outro lado, discute o contexto de forte repressão instaurado pelos dez anos de governo militar no Brasil. A pesquisa apóia-se na fundamentação teórica de Mikhail Bakhtin, bem como nos estudos de Walter Benjamin, Theodor Adorno e Georg Lukács. Esta obra se insere no projeto coerentemente crítico do autor que, mesmo em outros campos da expressão artística e cultural como a música e o teatro, sempre demonstrou uma preocupação política e de desenvolvimento social e subjetivo.

‘‘Luandino Vieira (em) contra cena’’

Sara Ferreira Marcenes Pozzato (Mestranda – UFSJ/MG)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 4 - Prédio 1 (LETRAS)

A presente pesquisa objetiva analisar a escrita de Luandino Vieira, especificamente, a construção do narrador do romance João Vêncio: os seus amores, sob a ótica da teoria do espaço enunciativo, que simulando o espaço físico dos musseques, locais privilegiados na obra de Luandino, articulam a construção/representação da identidade (fragmentada) do narrador – personagem errante. Baseado no acervo da memória, Luandino Vieira levanta questões sobre colonizador/colonizado, língua/pátria, dominação/libertação e cultura local. Dessa maneira retoma a problemática da formação da identidade nacional, calcada na memória coletiva e na oralidade. Possibilita a afirmação da existência de uma poética da voz africana e de sua posição como escritor engajado – intelectual das palavras.

‘‘Um encontro entre personagem/criança e o leitor nas narrativas infantisde Ana Maria Machado’’

Senise Camargo Lima Yazlle (Doutora – UNESP/Assis – Docente UNIP)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 3 - Prédio 1 (LETRAS)

O presente trabalho tem como proposta o estudo do leitor implícito da obra infantil de Ana Maria Machado, mediante os pontos de vista de Iser (1996) e Lima (1979). Faz parte do resultado da tese de doutorado intitulada “Vozes de Criança: o discurso de auto-afirmação na literatura infantil de Ana Maria Machado” (2009), que analisou a representação da criança enquanto personagem na literatura infantil. A estratégia de análise parte da abordagem da criança enquanto personagem em alguns de seus textos mais representativos, em relação aos jogos de linguagem apresentados como “vazios”, para que o leitor possa preenchê-los. Assim sendo, esse leitor se identifica tanto com os jogos linguísticos apresentados na narrativa, quanto com a personagem descrita enquanto ser pensante, reflexivo e inteligente, enfim, como alguém que se auto-afirma em um mundo construído e adaptado por e para adultos. O processo de auto-afirmação da criança é mediado pelos “vazios” no texto, os quais são viabilizados pelos jogos linguísticos capazes de refletir a imagem desse leitor implícito nas narrativas.

‘‘O desatar dos nós’’

Sérgio Henrique Rocha Batista (Mestrando - UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA

O romance O Ano da Morte de Ricardo Reis possui uma série de questões levantadas em seu corpo, mas um final um tanto abrupto. Nesta comunicação, apresentaremos uma visão dos principais conflitos do romance O Ano da Morte de Ricardo Reis, focando o último capítulo e a forma como este pequeno capítulo logra encerrar todo o romance.

‘‘O conto esquecido pelo Modernismo: ‘Tílburi de Praça’, de Raul Pompéia’’

Sidnei Xavier dos Santos (Mestrando – USP)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 11 - Prédio 1 (LETRAS)

A obra em prosa de Raul Pompéia, apesar dos esforços isolados de alguns pesquisadores, que intentam retirar do limbo a maior parte do que o autor escreveu, obnubilada pelo brilho intenso de O Ateneu, ainda carece de um olhar crítico que destaque sua qualidade literária e estética e a recoloque no fluxo da história literária enquanto fonte de criação e influência. Seus contos, publicados em periódicos da época, e reunidos em volume apenas em 1981 pelas mãos de Afrânio Coutinho, estão injustamente relegados ao fosso de algumas antologias esquecidas. “Tílburi de praça”, talvez o mais citado dos contos de Pompéia, o que não lhe significou grande mérito ainda, é uma das muitas peças mágicas que o autor produziu no gênero e que clamam por uma revisão justa e reveladora. Se Graciliano Ramos, na sua altura, o citou como “o conto esquecido pelo Modernismo”, cabe-nos entender que modernidade se esconde nesse texto publicado em 1889 no periódico carioca A Rua. Mais que isso, como enxergá-lo na obra de um autor classificado pela crítica como realista, impressionista, simbolista, naturalista e, até, romântico. É esse o objetivo do estudo.

‘‘Considerações sobre o romance The Remains of the Day, de Kazuo Ishiguro’’

Solange de Almeida Grossi (Doutoranda – USP – CAPES)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 9 - CENTRAL DE SALAS DE AULA (HISTÓRIA)

Narrada em primeira pessoa e ambientada (ainda que sob a forma de flashbacks) entre a I Guerra Mundial e o ano de 1956, a obra The Remains of the Day (Vestígios do dia, 1989), de Kazuo Ishiguro, mescla a vida privada do narrador – o mordomo Stevens – e os acontecimentos históricos que o circundam. A completa adesão do protagonista à ideologia da classe social dominante (à qual ele não pertence), porém, o impede de perceber com clareza as determinações e consequências de tais acontecimentos, tanto na esfera pública quanto na privada.

‘‘Ausência de Jean Anouilh no Brasil’’

Sonia Aparecida Vido Pascolati (Doutora – UEL/PR)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Mini-anfiteatro de HISTÓRIA

Jean Anouilh (1910-1987) é um dramaturgo francês cuja obra apresenta muitas nuances, desde a incorporação de gêneros teatrais considerados “menores”, geralmente ligados ao universo do cômico, até elementos de modernização do drama como ruptura da ilusão teatral, metateatro e autorreflexividade. Apesar de ter escrito mais de 40 peças e atuado no meio teatral de seu país, no Brasil, até onde tenho conhecimento, apenas uma de suas peças foi traduzida para o português – e isso recentemente, em 2009. Trata-se de Antigone, releitura e reescritura do clássico texto sofocliano de mesmo título. Neste trabalho, proponho a discussão da obra de Anouilh como ponto de encontro entre duas fortes influências do moderno teatro mundial: o teatro épico brechtiano e o metateatro pirandelliano. Acredito que a pesquisa acadêmica deve suprir a ausência da obra de Anouilh no Brasil e de estudos sobre ela, assim como perquirir a possível presença de processos utilizados por ele na dramaturgia brasileira do século XX.

‘‘Os Valores Morais do Arquipélago no conto ‘O Suicídio de Quina’,de Camila Mont-Rond’’

Sonia Maria Alves de Queiroz (Mestranda – USP)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 11 - Prédio da PSICOLOGIA

Considerando que há dois modos básicos de se construir o conhecimento – um mais vocacionado para a elaboração teórica, outro para a reflexão sobre a realidade e sua transformação, escolhemos a abordagem da aplicabilidade teórica ao texto literário, como suporte à reflexão sobre os valores morais, segundo a ótica patriarcal da sociedade cabo-verdiana. Sabendo-se que os valores morais e sociais possuem características quase universais, buscaremos evidenciar como o texto literário “O Suicídio de Quina”, da escritora Camila Mont-Rond, pseudônimo de

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Ondina Ferreira, extraído da coletânea Elas Contam..., de 2007, transpõe para a arte ficcional alguns valores culturais dos ilhéus. Isto posto, veremos através do comportamento da personagem frente a mitos e tabus a qual se vê inserida, levando-se em conta a tradição oral do Arquipélago de Cabo Verde. Investigar a cultura cabo-verdiana é navegar em um oceano mesclado pela gênese de seu povo. A oralidade transmitida por seus ancestrais que perdura até os dias atuais, embora alguns destes conceitos estejam dizimados, cedendo espaço para a modernidade globalizante, alguns valores vêm sendo adequados mediante as premissas do povo, todavia, sem desvalorizar sua cultura oral. ‘‘O Suicídio de Quina’’ fala da vivência do arquipélago, recorrendo a um mote que prepara o leitor para o assunto a ser abordado: o mito da virgindade feminina, a ignorância, os preconceitos e a violência do meio, levaram a personagem ao desespero, esta por sua vez, percebe que sua única saída é a morte.

‘‘A Ilha do Pavão: o Brasil colonial reapresentado pelo romance histórico brasileiro contemporâneo’’

Stanis David Lacowicz (Mestrando – UNESP/Assis – CAPES)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 7 - CENTRAL DE SALAS DE

AULA (HISTÓRIA)

Ao construir ficcionalmente uma ilha no recôncavo baiano que se torna cenário de uma série de eventos relativos aos conflitos entre portugueses colonizadores e os indígenas locais, bem como as implicações ideológicas da hibridização das culturas nativas, europeias e africanas, João Ubaldo Ribeiro cria em sua obra O feitiço da ilha do pavão (1997) aquilo que pode ser identificado como micro-cosmo do Brasil colonial. Tal período é retratado pelo escritor a partir de um olhar reflexivo sobre a história brasileira, priorizando o foco sobre a perspectiva dos grupos marginalizados, das personagens “ex-cêntricas”, cujas vozes foram desprezadas pelo registro hegemônico. Isto posto, analisaremos este romance de João Ubaldo Ribeiro segundo as conjecturas do novo romance histórico, a partir das considerações de Menton (1993) e Aínsa (1988-1991), e Esteves (2010), que nos possibilita a compreensão dos romances históricos contemporâneos na produção literária brasileira. Estes romances, especialmente subversores, têm por objetivo justamente a distorção consciente da história e a reorganização de seus signos na forma artístico-literária, viabilizando diferentes perspectivas a serem opostas às imagens cristalizadas do discurso oficial, processo que buscaremos explicitar da composição do referido romance.

‘‘A subjetividade e a interioridade no romance As meninas, de Lygia Fagundes Telles’’

Synailla Nayara da Silva (Graduanda – UFGD/MS)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA

O Romance As meninas, de Lygia Fagundes Telles, fala sobre a vida de três jovens, que, juntas, atravessam vários problemas em meio à ditadura militar; as três amigas colocam seus pontos de vista sobre o período em que estão vivendo e isso nos leva a entrar em seu universo. O romance evidencia as consciências dessas meninas através do fluxo de consciência, em que elas ganham a subjetividade através de uma interiorização (LUKÁCS) intensa que é a base do romance.

‘‘As voltas de Eva: o mito da criação e a recriação em The Magic Toyshop,de Angela Carter’’

Talita Annunciato Rodrigues (Mestranda – UNESP/Assis – FAPESP)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala da Videoconferência

Ao comentar sobre mitos que ainda estão “vivos” em nossa sociedade, Mircea Elíade aponta que estes oferecem modelos para a conduta humana, conferindo, por isso mesmo, significação e valor à existência. Para ela, compreender a estrutura e a função dos mitos nas sociedades tradicionais não significa apenas elucidar uma etapa na história do pensamento

humano, mas também compreender melhor uma categoria dos nossos contemporâneos. Assim, conforme tenta definir a estudiosa, o mito configura-se como uma realidade cultural extremamente complexa, que pode ser abordada e interpretada através de perspectivas múltiplas e complementares. Ao contrário do status de sagrado e exemplar, como era compreendido pelas sociedades arcaicas, para as quais o mito designava uma “história verdadeira”, o conceito de mito enquanto realidade cultural parece dialogar com as obras da escritora inglesa Angela Carter (1940-1992). Ao utilizar-se de mitos presentes em nossa sociedade em suas obras, a autora parece explorar tais imagens a fim de revisá-las, chegando até mesmo a reescrevê-las. Considerados tais aspectos, busca-se, neste trabalho, refletir sobre como tal tema é retratado no segundo romance da autora, The Magic Toyshop, de 1967, e observar como Carter, ao trazer para sua obra textos conhecidos da cultura ocidental, como a história bíblica de Adão e Eva, sugere, enquanto leitora, o questionamento e a releitura crítica dessas narrativas, e propõe, enquanto escritora, a subversão e a possibilidade de recriação das mesmas.

‘‘O cinema dialogando com a literatura: Paulo Thiago e a produção roseana’’

Tamiris Batista Leite (Mestranda - UNESP/ IBILCE - FAPESP)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 10 - Prédio 1 (LETRAS)

No presente texto, parte integrante do projeto de pesquisa de mestrado intitulado ‘‘Guimarães Rosa à luz de uma transposição cinematográfica’’, que está em andamento, objetivamos mostrar os resultados de algumas análises já realizadas. Falaremos brevemente sobre as adaptações das obras de Guimarães Rosa para o cinema, direcionando-nos para obras do cineasta Paulo Thiago, detendo-nos, por fim, em seu filme Sagarana: o duelo (1973). Buscando uma relação de aproximação dos processos com que o escritor e cineasta, na especificidade de suas linguagens, realizam as suas criações, focalizaremos o processo de construção dos personagens no filme. Valer-nos-emos da produção de cineastas nacionais, bem como da filmografia completa de Paulo Thiago e, quanto à metodologia, dos estudos de Robert Stam em sua obra A literatura através do cinema (2008), dos estudos do professor Sérgio Vicente Motta concernentes às relações entre artes (literatura e cinema) e dos estudos do professor Antonio Manoel dos Santos Silva em sua teoria sobre a linguagem cinematográfica.

‘‘A dama do lotação: a intertextualidade entre o fílmico e o literário’’

Tchiago Inague Rodrigues (Mestrando – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 10 - Prédio 1 (LETRAS)

Este artigo tem por escopo analisar as transposições que existem de uma obra literária à fílmica. Para discutir a relação exercida entre estas artes, o trabalho trata da análise de uma tradução intersemiótica. Elegeu-se como objeto de estudo o conto ‘‘A dama do lotação’’, de autoria do escritor e jornalista Nelson Rodrigues. O estudo discorre sobre as personagens, tempo e espaço, a montagem e o modo como este texto foi transposto no filme de Neville de Almeida (1978), que recebeu o título homônimo ao conto.

‘‘Gonçalo Tavares e a metamorfose do autor’’

Telma Maciel da Silva (Doutora – UNESP/Assis)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 9 - Prédio 1 (LETRAS)

Gonçalo Tavares é um dos mais importantes escritores portugueses da nova geração. Nascido em 1970, o jovem autor já soma mais de duas dezenas de livros publicados, que vão da poesia e da narrativa curta - de que são exemplos a coleção “O Bairro” e o volume Biblioteca – até romances mais longos, como o caso de Jerusalém, livro que compõe a tetralogia “O Reino”. Neste trabalho, procurarei discutir um aspecto comum às narrativas do escritor, em especial aos textos curtos, cuja característica que mais chama a atenção é o diálogo com grandes autores da literatura universal.

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Para tanto, abordarei dois volumes intitulados de O sr. Calvino e O sr. Brecht, constantes na coleção “O Bairro”, além do livro Biblioteca, obras estas em que Tavares se utiliza das personas literárias de seus “homenageados” para criar o seu perfil particular de cada um deles. É justamente esta tênue relação entre o nome do autor e a ficção que este nome provoca que será analisado neste trabalho.

‘‘Uma aprendizagem prazerosa em Clarice Lispector’’

Tereza Cristina Bulla (Mestranda – FFLCH/USP)8 de novembro de 2010 – 16h às 18h - Sala 2 - Prédio 1 (LETRAS)

Clarice Lispector é uma autora extremamente intrigante que envolve seus leitores com poderosos laços de uma escrita cuidadosamente trabalhada e preocupada com as imagens e o estilo que quer passar. Uma de suas obras mais belas já criadas é Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres, onde uma mulher – Lóri – está na fase da maior e mais prazerosa descoberta de sua vida (a descoberta do viver e do sentir-se viva, no sentido mais amplo do termo). Através da análise do ritmo e das construções frasais e paragrafais de sua obra, assim como das expressões e sintagmas nela empregados, podemos notar o caminho da aprendizagem e da chegada ao prazer não apenas físico, mas especialmente íntimo da personagem. Quem é Lóri? Como ela é representada e o que significa na obra de Lispector? O que significam suas sensações e suas reflexões? Em que consiste o feminino nessa obra? Quais marcas desse feminino podem ser notadas e auxiliam o leitor, ainda que quase imperceptivelmente, a sentir-se como a personagem e a poder chegar com ela à sua descoberta e, por consequência, ao prazer de tê-la feito? Lispector, através de seu texto bem cuidado, nos faz percorrer um caminho por vezes tortuoso, com certas armadilhas pelo trajeto (como uma pontuação um tanto quanto incomum – por exemplo, a narrativa inicia-se com uma vírgula e termina com dois-pontos), mas que tem por objetivo levar seu leitor à descoberta, seja ela a mesma da personagem, seja a descoberta do prazer da aprendizagem de uma nova leitura.

‘‘Sob o signo da pós-modernidade: uma leitura queer da obra The Wives of Bath,de Susan Swan’’

Thaís Daniela Sant'Ana e Pereira (Mestranda – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala da Videoconferência

Esta proposta de trabalho volta-se para a autoria feminina contemporânea canadense, especificamente na obra da autora Susan Swan. Autoras canadenses têm se debruçado sobre tópicos que envolvem a questão da identidade pós-colonial, na trajetória pessoal de suas personagens, e lançado mão de um discurso que rompe com o mascaramento da heterossexualidade imposta pela sociedade, em via de regra, patriarcal. Em The Wives of Bath, romance publicado em 1993, objetivamos fazer uma leitura queer através da construção de personagens transgressoras identificadas no corpus. Tais construções alternativas de gênero promovem um embate que vislumbrará aspectos da Teoria Queer como forma de criticar a oposição binária heterossexual/homossexual, compreendida como categoria organizadora das relações entre os sujeitos, bem como de suas práticas sociais.

‘‘Imagens da Espanha republicana nas Aguafuertes Asturianas (1935),de Roberto Arlt’’

Thaís Nascimento do Vale (Mestranda – UNESP/Assis)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 8 - CENTRAL DE SALAS DE

AULA (HISTÓRIA)

O argentino Roberto Arlt (1900-1942) ganhou singular notoriedade como jornalista através das publicações de suas águas-fortes, gênero híbrido criado pelo escritor, no jornal El Mundo, a partir de 1928. Tais textos inserem-se no âmbito das narrativas de extração histórica, uma vez

que misturam uma série de tipos de narrativa, tais como a crônica jornalística e a literatura de viagem. No ano de 1935, Arlt é enviado à Espanha como jornalista para acompanhar a tensa situação política que vivia aquele país nos primeiros anos de República. Dentre os textos resultantes dessa viagem, configuram-se as oito Aguafuertes Asturianas, publicadas entre 5 e 13 de novembro de 1935, nas quais Arlt narra os acontecimentos e consequências da Rebelião de outubro de 1934, episódio que, de alguma forma, antecipa a Guerra Civil Española. A chegada de Arlt ao local ocorre oito meses após a rebelião que enfrentou de modo brutal os mineiros daquela região e o governo da recém-instalada República Espanhola. Seus textos trazem uma série de imagens, construídas a partir da memória, de suas percepções e impressões enquanto viageiro. Além de um relato de viagem, trata-se de um panorama psíquico, social, histórico e turístico das cidades por onde passa, cujo teor jornalístico notoriamente dialoga com a arte literária.

‘‘Notas para uma leitura de Marajó, Antimärchen, de Dalcídio Jurandir’’

Thiago Gonçalves Souza (Mestrando - UFPA/PA)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 12 - Prédio 1 (LETRAS)

Dalcídio Jurandir tem sua literatura muitas vezes identificada com a acuidade do registro documental de características antropológicas da região amazônica, tendo assim obscurecido seu trabalho estético na produção de um objeto artístico. Este trabalho se debruça sob o romance Marajó (1941), segundo do autor e no qual frequentemente se aponta aquele pendor para o registro antropológico, propondo, todavia, uma leitura que se esforça por identificar o núcleo da construção estética que sustenta a narrativa, qual seja, a construção de uma Antimärchen que ilustra, através de uma atmosfera de desilusão, fracasso e morte, a crítica social apresentada pela narrativa contra as estruturas de poder desumanas que se perpetuam na sociedade.

‘‘Os jogos e as ruínas: El Tercer Reich, de Roberto Bolaño’’

Tiago Guilherme Pinheiro (Doutorando – USP – FAPESP)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 7 - CENTRAL DE SALAS DE AULA

(HISTÓRIA)

O objetivo desta comunicação é problematizar, a partir da leitura de El Tercer Reich, do escritor chileno Roberto Bolaño, a acepção tão cara à literatura moderna (mas também a certa filosofia do século XX) de jogo, principalmente em sua relação com o ato da escrita e da leitura. Poderíamos citar nessa longa cadeia de autores: Poe, Mallarmé, Borges, Cortázar, Perec – todos precursores explícitos de Bolaño. Interessa-nos, no entanto, a inversão que esse escritor faz dessa figura do jogo: já não se trata mais de expor, subverter ou reformular regras, nem de instaurar uma atividade sem fins, isenta de qualquer instrumentabilidade, mas sim de ver na aceitação do jogo ou de uma certa versão do jogo (aqui um wargame que leva justamente o título do livro) justamente um bloqueio para o desenvolvimento da escritura, de uma espécie de impedimento a qualquer acesso à gramática vigente. Nesse ponto, gostaríamos de focar na relação que existe, nos romances de Bolaño (poderíamos incluir aqui também Estrella Distante e La Literatura Nazi en América) uma relação pactual entre esse tipo de jogo (devemos também nos perguntar se isso também não põe em risco a própria ideia de jogo) e a história autoritária (visível inclusive na apropriação de gêneros como a enciclopédia, o relato, o diário, etc.), o que forçaria, levando em consideração a importância do termo no regime discursivo literário, a nos perguntar sobre a relação que hoje a literatura tem com a manutenção de uma certa ordem de poder (algo insistentemente representado nos livros do autor: basta lembrar da relação Pablo Neruda-Pinochet) que visa não bloquear o jogo, mas em autorizá-lo e a incentivá-lo.

‘‘O fantástico muriliano: entre o mito literário e a polimetáfora’’

Valdemir Boranelli (Doutorando – MACKENZIE/SP)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 12 - Prédio 1 (LETRAS)

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O fantástico de Murilo Rubião demonstra que o imaginário é o real, ou seja, o fantástico alia sua irrealidade primeira a um realismo segundo, a fantasia ultrapassa o real, desafia-o. Desse modo, a fantasia não propõe apenas uma nova realidade, mas também, ultrapassa as representações sistematizadas pela sociedade, criando uma outra forma objetiva de conhecer, perceber e interpretar a realidade. Possui uma lógica própria que é construída a partir da autonomia linguística, que age como polimetáfora, gerando o efeito fantasmagórico na narrativa. Assim, chegamos à conclusão de que o fantástico atua na obra de Murilo como fenômeno da linguagem, atuando como modelador de mundo por meio de sua autonomia mediante um jogo de significantes, o que explora ao máximo a capacidade de configurar mundos dissociados do mundo real. Essa configuração se dá por meio da dialética entre os dois mundos: sobrenatural e empírico, gerando a ambiguidade. Esta, por sua vez, desperta no leitor todo o sentimento aterrorizante que perturba a ordem da lógica. Concluímos que o elemento comum a toda narrativa fantástica, que é preservado como traço definitório do gênero, é a demarcação de uma zona convencional na qual o fantástico é configurado como irrupção, o que enfatiza a oposição natural/sobrenatural, acrescida da concepção de linguagem entre o mito literário e a polimetáfora em percursos figurativos. Estes configuram um discurso em relação ao texto global e atribuem ao fantástico muriliano o valor de fenômeno da linguagem.

‘‘A trajetória do vampiro e o mal-estar amoroso em Dalton Trevisan’’

Vera Vilma Fernandes Leite (Mestranda – UNIOESTE/PR)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 12 - Prédio 1 (LETRAS)

Este artigo tem como objetivo compreender a degradação de Nelsinho, personagem de Dalton Trevisan na obra O Vampiro de Curitiba, através da análise do conto homônimo ao livro e ‘‘A Noite da Paixão’’, além de ‘‘Penélope’’, inserido em Novelas Nada Exemplares, a partir de referências sociológicas que analisam as ideologias individualistas nas sociedades modernas. Considerando a dialética obra-meio, tensão entre a construção de sujeito e sua própria degradação através do fato social. A cada momento, pessoas se unem por algum tipo de laço, assegurando assim a coesão social. Ao desempenhar um papel social, o indivíduo pratica deveres definidos fora dele e de seus atos, no direito e nos costumes, para Durkheim essa conduta ou pensamento “não são apenas exteriores, mas também dotados de um poder imperativo e coercitivo, em virtude do qual se lhe impõem, quer queira ou não”. (2006, p.21). Embora, a priori, o indivíduo aprenda com o meio e esse aprendizado leva a definir sua vida emocional, a vida social não pode ser explicada por fatores puramente psicológicos, no entanto, ambas consistem em maneira de pensar ou de agir. Nelsinho, inserido no meio de apelo sexual, erotismo e excesso de exposição feminina, sai à caça de várias mulheres “guiado pela sedução dos objetos do desejo sexual em oferta”. (BAUMAN, 2004, p.77).

‘‘Romance marginal e a dupla ambiguidade’’

Victor Figueiredo Souza Vasconcellos (Mestrando – UFRJ/RJ)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA

O trabalho em questão pretende evidenciar uma dupla ambiguidade estrutural do romance Manual prático do ódio, do escritor paulista Ferréz. A partir de uma análise diretamente ligada ao material, ao texto, sem, no entanto desconsiderar os elementos externos de sua configuração estrutural, pretende-se evidenciar como a referida obra se encontra em uma zona de interseção bastante singular. Partindo do caráter ambíguo originário do Romance como gênero, notado por Moretti (2009), que configura essa forma de expressão estruturada em uma negociação constante entre cultura popular e cultura erudita, nota-se que a obra referida radicaliza essa troca ao mesmo tempo em que cria uma nova contradição: a obra de Ferréz tem uma busca bastante clara pela conscientização, mas usa diversos recursos formais avançados inventados pelos grandes romances da literatura ocidental. Por isso, a simplificação exigida

pelo discurso verborrágico é, muitas vezes, contrariada. Dessa forma, um descompasso estrutural se mostra. Não é possível um discurso unívoco e fechado se o romance utiliza os mecanismos formais mais avançados do gênero em questão. Assim, a citada segunda ambiguidade, mais comum no romance marginal mais bem construído, é interessante para demonstrar a complexidade dessa forma de expressão moderna que, se articulada com alguns dos recursos diferenciados à disposição, pode apresentar um mundo sem aura, no qual as verdades absolutas perderam sentido, mas a relativização extrema é inócua.

‘‘O enfoque de crônicas no periódico A Notícia: uma comparação entre a ‘Crônica Literária’, de Medeiros e Albuquerque e o ‘Registro’, de Olavo Bilac’’

Vitor Celso Salvador (Mestrando – UNESP/Assis – CAPES)8 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 12 - Prédio 1 (LETRAS)

O vespertino A Notícia começou a circular no Rio de Janeiro no dia 17 de setembro de 1894. Esse jornal foi dirigido por Manuel Jorge de Oliveira Rocha e teve a colaboração de grandes escritores da literatura brasileira, tais como Valentim Magalhães, Raymundo Correa, Visconde de Taunay, Artur Azevedo, Capistrano de Abreu, Coelho Neto, Paulo Barreto, Olavo Bilac e Medeiros e Albuquerque. Nele, além dos tradicionais editoriais e reportagens, os escritores contribuíram também com crônicas, mostrando uma visão do cotidiano com um certo tom humorístico. Desse modo, dois grandes nomes se destacaram escrevendo esse tipo de texto no periódico: o parnasiano Olavo Bilac e o crítico impressionista Medeiros e Albuquerque. Bilac, em seu espaço diário “Registro”, escrevia uma espécie de diário pessoal em que se mostravam sensações vividas, relatos de testemunhas e lembranças; além de demonstrar visível preocupação pelos problemas sociais da época, tanto é que procurava relatá-los, almejando respostas por parte do governo brasileiro da época. Medeiros e Albuquerque, em sua coluna semanal “Crônica literária”, resenhava diversos livros lançados, além de opinar sobre os mais variados assuntos (principalmente os ligados diretamente ao campo da literatura, tais como história e crítica literária), demonstrando também grande importância com as questões sociais do seu tempo. Por ora, a comunicação tem por objetivo mostrar pontos comuns e diferentes envolvendo dois grandes nomes da literatura brasileira, que se destacaram surpreendentemente também escrevendo crônicas.

‘‘A presença francesa em ‘Linha Reta e Linha Curva’, de Machado de Assis’’

Vizette Priscila Seidel (Graduada – UNESP/Assis)9 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Mini-anfiteatro de HISTÓRIA

O presente projeto faz um levantamento da presença francesa explícita no livro Contos Fluminenses, de Machado de Assis; porém, para a apresentação, selecionamos o sexto conto, ‘‘Linha reta e Linha curva’’. Localizamos as fontes citadas pelo escritor brasileiro nesse conto, analisamos como o elemento francês se manifesta, e sugerimos hipóteses para a compreensão do papel que ele desempenha nessa obra machadiana. O estudo dos Contos Fluminenses pretende verificar de que modo Machado de Assis utilizou as marcas francesas na construção de seus textos. Utilizamos as teorias da literatura comparada, a fim de se tentar compreender de que maneira o autor brasileiro utilizou o elemento francês nesse conto. Comparando o conto e o texto francês, ressaltando suas semelhanças e diferenças; ou seja, “confrontando as duas literaturas”, para usar uma expressão de Tânia Franco Carvalhal (CARVALHAL, 1992, p.5). Assim, Machado de Assis reflete em ‘‘Linha reta e linha curva’’ e em todos os outros contos a maciça presença francesa nos costumes, nas ideias e, finalmente, na literatura brasileira. Há um número bastante significativo de marcas francesas nos Contos Fluminenses, marcas estas que desempenham um papel importante na construção do texto machadiano e que devem ser analisadas a fim de acrescentar novos dados à interpretação dos contos do escritor fluminense.

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‘‘A aventura fáustica em Subsolo Infinito: a reconstrução do mito em meioà cultura de massa’’

Volmir Cardoso Pereira (Doutorando – UEL/PR)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA

Subsolo infinito (2000), romance do escritor paulista Nelson de Oliveira, reencena, pelo viés da paródia (pós-moderna?) a aventura fáustica, tendo por cenário a cidade de São Paulo. Destacando, portanto, o universo das grandes metrópoles – tema constante entre os autores da década de 1990 - de forma cômica e insólita, o romance dialoga com a tradição literária ao reencenar o mito de Fausto, mas também propõe um novo olhar sobre ele, na medida em que o exibe travestido de elementos da cultura de massa (videogame, cinema, HQ, etc.), tornando-se uma narrativa híbrida, capaz de transitar por diversas instâncias discursivas e, por isso mesmo, apta a questioná-las e problematizá-las. Conforme tentaremos apontar, Subsolo infinito segue a trilha de uma vertente literária contemporânea (chamada de “pós-moderna” por muitos teóricos) que se pauta pela paródia (usando a definição de Hutcheon) como forma de diálogo com a tradição, sobretudo porque busca reconstruir o mito de Fausto sem excesso de reverência para com o passado e sem o olhar irônico daquele que julga a condição presente como superior, configurando-o em relação à cultura contemporânea e propondo-lhe novas possibilidades de leitura que, firmadas sobre os problemas enfrentados pelo homem contemporâneo, continuam a ser metáforas da condição humana. Por fim, este trabalho busca discutir como o romance em questão expõe o mito fáustico em meio à sociedade de massa contemporânea e que leituras deste mito são possíveis de serem feitas em nosso tempo.

‘‘Memórias de um romance: do individual ao coletivo em Menino de Engenho’’

Wanessa Regina Paiva da Silva (Mestranda – UFPA/PA – FAPESPA)9 de novembro de 2010 - 16h às 18h - Sala 9 - CENTRAL DE SALAS DE AULA

(HISTÓRIA)

Considerando Menino de Engenho (1932), de José Lins do Rego, um romance autobiográfico, a partir da comparação com sua obra memorialista Meus Verdes Anos (1956), e da leitura de textos teóricos sobre estudos autobiográficos, este trabalho propõe pensar o autobiográfico em correspondência com a configuração social, política e cultural em que surgiu, na década de 1930. Dessa forma, procuramos mostrar que a obra, mais do que apresentar reminiscências de uma vida em particular, traz à tona experiências comuns da coletividade intelectual nordestina da época, na qual figuravam nomes como Gilberto Freyre, Graciliano Ramos, Jorge de Lima, entre outros, ressaltando que tais experiências estão no cerne de sua identidade enquanto grupo.

‘‘Ressonâncias literárias na sétima arte: Plata quemada’’

Wellington Ricardo Fioruci (Doutor – UNESP/Assis – Docente UTFPR/Pato Branco/PR)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Sala 10 - Prédio 1 (LETRAS)

O romance Plata quemada (1997), do argentino Ricardo Piglia, insere-se na vertente da pós-modernidade, cuja denominação e delimitação ainda carece de consenso nos círculos teóricos da literatura. Deixando por um momento as diatribes teóricas à parte, a inserção desta obra na poética pós-moderna justifica-se pela experimentação com a linguagem à qual se lança o autor na elaboração do texto. Para tanto, Piglia sobrepõe camadas textuais que vão de uma construção polifônica à literatura mais popular e comercial, perfazendo um movimento simbólico que aproxima a literatura mais sofisticada, dita “elevada”, à “literatura baixa”, abrangendo as temáticas policial e sexual. Em 2000, Marcelo Piñeyro leva às grandes telas, com bastante êxito, uma versão homônima em película do romance de Piglia. Partindo das premissas interssemióticas que tratam do diálogo entre as linguagens literária e cinematográfica, pretende-se analisar de que forma ocorre a trasmutação do texto de um

espaço narrativo ao outro. Nesse sentido, destaca-se o estudo das fronteiras que definem a intersecção entre estas diferentes linguagens narrativas, além da discussão teórica que aborda a poética pós-moderna no cinema. Assim, a partir destas duas obras homônimas, enseja-se uma discussão dialógica acerca dos procedimentos interssemióticos, reverberando, por conseguinte, na observância apurada dos elementos pós-modernos que permeiam a construção de ambos os textos ora sob análise.

‘‘Representações do imaginário cristão na prosa hilstiana: sobre o insólito e o estigma na novela O Oco’’

Willian André (Mestrando – UEL/PR – CAPES)9 de novembro de 2010 – 13h30min às 15h30min - Sala 2 - Prédio 1 (LETRAS)

Este trabalho tem por objetivo traçar uma aproximação entre as histórias das vidas dos santos, relacionadas em compêndios diversos, e uma narrativa brasileira de perspectiva feminina: a novela O oco, de Hilda Hilst. O narrador da novela, um velho sem nome, com as pernas chagadas, começa a ser adorado como santo quando é visto levitando sobre as areias da praia que habita. Caracteriza-se, aí, o insólito – aquilo que causa estranhamento –, como é comum em histórias de vários santos, normalmente relacionados a milagres e situações sobrenaturais. Outra constante nessas histórias é o estigma, a marca que identifica a tentativa de imitação de Cristo e a redenção espiritual. Em muitos casos, essa marca é caracterizada pela reclusão social ou pelas feridas físicas. No velho de O oco, encontramos ambos: ele vive isolado na praia e suas pernas são mutiladas ao ponto de impossibilitar-lhe a caminhada. Todavia, assim como em toda a obra de Hilst, a busca por Deus na novela analisada não se dá de forma amistosa, aproximando-se muito da angústia kierkegaardiana diante do absurdo: crer em Deus é saltar em um abismo que está além da compreensão, deixando todo o universo racional para trás. A indecisão diante desse abismo, entre querer saltar mas não ser capaz de fazê-lo, gera a angústia, e acaba por converter o desejo em negação. Assim, apesar de visto como santo por conta das semelhanças que possui com outros santos, o narrador vive uma relação espinhosa com aquele que almeja alcançar.

‘‘A representação dos conflitos femininos pós-modernos em contos de Sônia Coutinho’’

Wilma dos Santos Coqueiro (Mestre – FECILCAM)8 de novembro de 2010 – 13h30min às 15h30min - Sala 2 - Prédio 1 (LETRAS)

A partir, sobretudo dos anos 70, com o boom da Literatura de autoria feminina, destacam-se no cenário da Literatura Brasileira, ficcionistas como, entre outras, Márcia Denser, Helena Parente Cunha, Lya Luft e Sônia Coutinho, as quais começam a questionar, de forma bastante incisiva, os estereótipos e as imagens construídas sobre a mulher na História e na Literatura. Contudo, apesar de terem escrito uma vasta obra, especialmente romances que representam os conflitos femininos na contemporaneidade, muitas dessas autoras ainda aguardam estudos que contemplem a profundidade, a renovação estilística e a complexidade de suas obras. Desse modo, esse trabalho, que se respalda em teorias sobre o Pós-modernismo e estudos feministas, versa sobre a representação dos conflitos femininos e crises de identidade em uma atmosfera intimista e insólita, marcada pelos moldes patriarcais, temas mapeados nos contos que integram a coletânea O último verão em Copacabana (1985), de Sônia Coutinho.

‘‘Memória e paralisia: afinidades entre Cortázar e W.G. Sebald’’

Wilson José Flores Junior (Doutorando – UFRJ/RJ – CNPq)8 de novembro de 2010 - 13h30min às 15h30min - Mini-anfiteatro da PSICOLOGIA

O cotidiano e as múltiplas formas de alienação que se reproduzem em cada um de seus mínimos interstícios são assuntos que literatura não tem cessado de problematizar. Este trabalho pretende realizar uma leitura comparada de aspectos do conto “Casa tomada”, de Julio Cortázar, e de

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episódios dos romances Austerlitz e Os anéis de Saturno, do escritor alemão W. G. Sebald, a partir de questões relacionadas à memória, à mercantilização da vida, ao esvaziamento de sentido da vida cotidiana, à decadência da experiência, ao trabalho incessante e repetitivo (aproximado de uma pena infernal), bem como à impotência frente à história e à própria vida, produto e reprodutora desse estado de coisas. Seguindo as indicações e ideias de Walter Benjamin na Origem do Drama Barroco Alemão, em seus estudos sobre Kafka e sobre a arte moderna e, principalmente, em sua leitura de Baudelaire, pretende-se analisar os temas e as imagens que percorrem as narrativas, bem como certos procedimentos construtivos que, no caso de W. G. Sebald, parecem regidos por certa apropriação contemporânea da alegoria (a relação entre texto e fotografias, história e ficção; documento e literatura; biografia e romance, entre outros).

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