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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS CAMPUS DE BOTUCATU HIDROMETRIA MEDIÇÃO DE VAZÃO MARIO CARLOS AYRES Seminário apresentado à Faculdade de Ciências Agronômicas do Campus de Botucatu, UNESP, como parte da avaliação da disciplina de Pequenas Centrais Hidrelétricas, sob responsabilidade do prof. Dr. Nelson Miguel Teixeira. Botucatu, SP Novembro, 2001

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS

CAMPUS DE BOTUCATU

HIDROMETRIA – MEDIÇÃO DE VAZÃO

MARIO CARLOS AYRES

Seminário apresentado à Faculdade de

Ciências Agronômicas do Campus de

Botucatu, UNESP, como parte da

avaliação da disciplina de Pequenas

Centrais Hidrelétricas, sob

responsabilidade do prof. Dr. Nelson

Miguel Teixeira.

Botucatu, SP

Novembro, 2001

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 01

2. ÁGUAS SUPERFICIAIS .................................................................................................. 03

2.1. Nível de Água ............................................................................................................ 03

2.2. Hidrografa ................................................................................................................. 04

2.3. Componentes de Fluxo .............................................................................................. 04

3. MEDIDA DE VAZÃO...................................................................................................... 06

3.1. Raio Hidráulico e Declividade ................................................................................... 06

3.2. Métodos de Medida ................................................................................................... 07

3.3. Integração de Descarga .............................................................................................. 07

3.4. Estimativa de Vazão por Manning -Chezy ................................................................. 08

3.5. Estações de Medição .................................................................................................. 08

3.6. Registros de Vazão .................................................................................................... 08

4. TERMINOLOGIA DE RUNOFF ...................................................................................... 09

4.1. Classificação dos Componentes de Fluxo ................................................................... 09

4.1. Classificação dos Componentes de Armazenamento .................................................. 11

5. MEDIÇÃO DE VAZÃO ................................................................................................... 13

5.1. Método do Vertedor ................................................................................................... 14

5.2. Método Gravimétrico e Volumétrico.......................................................................... 18

5.3. Método da Diluição Química ..................................................................................... 19

5.3.1. Processo por Integração ...................................................................................... 20

5.3.2. Processo por Injeção a Vazio Constante ............................................................. 22

5.4. Método das Calhas Venturimétricas ........................................................................... 24

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5.4.1. Método das Calhas Venturimétricas do Tipo Ressalto Hidráulico ....................... 24

5.4.2. Método das Calhas Venturimétricas do Tipo Parshal .......................................... 26

5.5. Método dos Flutuadores ............................................................................................. 30

5.6. Método do Molinete .................................................................................................. 32

5.6.1. Método das Velocidades Pontuais ...................................................................... 39

5.6.1.1. Um Ponto ................................................................................................... 40

5.6.1.2. Dois Pontos ................................................................................................ 40

5.6.1.3. Três Pontos ................................................................................................. 41

5.6.1.4. Cinco Pontos............................................................................................... 43

5.6.2. Método da Integração Continua .......................................................................... 45

6. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 46

7. BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................. 48

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1. INTRODUÇÃO

Existem vários métodos para medição de vazão! Veremos a seguir!

2. ÁGUAS SUPERFICIAIS.

Pequena fração da água total que constitui boa parte da água utilizável pelo homem.

Vários campos do conhecimento tratam da água na superfície em função de seu uso como Engenharia Hidráulica,

Engenharia Sanitária, Limnologia, Engenharia Agrícola, etc.

Medição da água superficial consiste basicamente de: (1) medição da

profundidade e área de escoamento de rios, canais e reservatórios, e (2) medição de vazão em rios,

reservatórios e pequenos canais.

2.1. Nível de água

A forma mais simples de se medir vazão num canal é medir a altura (nível)

acima de uma determinada referência. Normalmente as palavras cheias (dentro do curso d‘água) e

inundação (transbordamento) estão relacionadas ao nível d‘água atingido. Estacas pintadas ou

escalas verticais (vistas a partir de pontes ou bancos de areia) podem ser usadas para medir o nível.

As vezes, o nível máximo deixa marcas que permitem sua identificação. Estimativas de altura de

inundações recentes podem muitas vezes serem obtidas de marcas em pontes e árvores (sobretudo

nas partes contra corrente). Galhos finos e arbustos não são confiáveis porque sua altura poder variar

sob efeito das correntes.

Instrumentos baseados em mecanismo de relojoaria são usados para

registrar o nível d‘água ao longo do tempo. Os mais recentes usam mecanismos de conversão

analógico-digital de forma que o nível é gravado em gráficos e posteriormente transferidos para fitas

magnéticas. O nível d‘água, ou carga hidráulica (h) é parte da informação necessária para calcular a

vazão (Q) de um curso d‘água em volume por unidades de tempo (L3T

-1).

2.2. Hidrógrafa

É a representação gráfica da variação da vazão (Q) ou da carga (h) ao

longo do tempo (minutos, horas, dias). Da análise das hidrógrafas computa-se volume total,

distribuição sazonal de vazão, fluxo diário, fluxo de pico, fluxo mínimo e a freqüência de vários fluxos

críticos. Entretanto, poucas hidrógrafas são de forma tão regular.

2.3. Componentes de fluxo

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Os componentes de fluxo variam com a intensidade e duração dos eventos

de chuva e com a umidade antecedente. A separação entre fluxo de base (escoamento básico) e

escoamento superficial direto depende do julgamento do hidrólogo (que é arbitrário porque a fonte de

água não é revelada na hidrógrafa).

A resposta hidrológica refere-se a forma como o escoamento superficial responde à

chuva que o produziu. Uma maneira de expressá-la quantitativamente e dividir a vazão pela chuva:

Chuvas menores que 25,4 mm produzem poucos danos de forma que em

geral a resposta hidrológica média é computado apenas para chuvas superiores a 25,2 mm. Podemos

dizer que, dentro de uma bacia, a resposta média varia dentro de limites fisiográficos. Na média, no

leste dos USA, a resposta média é 0,20, isto é, em torno de 20% de uma chuva típica transforma-se

em escoamento superficial. A resposta varia com a declividade, textura e profundidade do solo, e a

ocorrência de camadas de impedimento. A resposta hidrológica é controlada mais pela geologia que

pelo uso da terra. Podem ocorrer flutuações diurnas na vazão de rios (sobretudo os pequenos) em

função da evapotranspiração pela vegetação.

3. MEDIDA DE VAZÃO

Bernoulli demonstrou que o fluxo volumétrico em canais é dado por:

unidades: L3T

-1

Não é simples de se medir velocidade média num curso d’água. A velocidade é

máxima na superfície no meio do canal e no fundo do rio a velocidade é nula devido a fricção. O raio hidráulico

de um rio é definido como a razão entre a secção transversal (A) e o perímetro de contato com a água no fundo do

rio (perímetro molhado, Wp).

3.1. Raio Hidráulico e Declividade

Raio hidráulico e declividade definem a capacidade de um canal aberto de

conduzir água em diferentes estágios. Canais de fundo muito irregular (maior perímetro molhado)

freqüentemente requerem maior área transversal A que canais lisos em forma de U, para a mesma

vazão Q. As velocidades maiores (em torno de 6 m/s) são medidas em grandes rios próximo de sua

foz. A velocidade média de cursos de montanha é menor que 0,5 m/s.

3.2. Métodos de Medida.

Para um fluxo constante (steady state), escolhe-se uma parte reta do rio de

20 a 30 m na qual o fluxo pode ser considerado uniforme, isto é, a secção de fluxo a montante e a

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jusante é igual àquela que queremos medir. Como Q e h são relacionados num canal estável. O

produto aumenta à medida que o nível se eleva e decresce à medida que o nível diminui, de forma

que há um único valor de Q para cada h.

Exemplo: Determinar a vazão Q do curso d‘água usando os dados abaixo:

Distância (m) Profundidade (m)

Medida a (da profundidade)

Velocidade (m/s)

Secção transversal

Vazão (m3/s)

2,0 0 - - - -

2,4 0,5 0,6 0,3 0,6 0,18

4,0 1,0 0,2 & 0,8 (1,0+0,2)/2 1,8 1,17

6,0 1,4 0,2 & 0,8 (1,3+0,4)/2 2,1 1,78

7,0 0,4 0,6 0,2 0,5 0,10

7,7 0 - - - -

Q = 3,23 m3/s

Considera-se uma boa medida por este método se o erro estiver entre 5 e

10 %, e excelente se menor que 5%. Num riacho, um método prático (de precisão pobre com erros

entre 20 e 25%) é medir a velocidade de deslocamento de um ―galhinho‖ no meio do riacho e

multiplicar por 0,75 (regra) para se obter a velocidade média e medir a seção com uma trena.

3.3. Integração de Descarga

Se o nível é medido de forma contínua (registro contínuo) tem-se a

representação gráfica da variação de h com o tempo. Q é medido para vários valores de h produzindo

uma curva de calibração Q x h a partir da qual pode se gerar a hidrógrafa de vazão. Deposição e atrito

no fundo faz com que a curva de calibração precise ser atualizada freqüentemente.

3.4. Estimativa de vazão por Manning-Chezy

Um método amplamente usado para estimar vazão de rios, em particular

pico de vazão a partir das marcas de cheia, é a fórmula de Manning-Chezy onde Q é a vazão em

m3/s, A é a secção transversal em m

2, r é o raio hidráulico em m, s é o gradiente de declividade

(adimensional ou m/m) e n é o fator de rugosidade de Manning em unidades TL-1/3

. Este fator varia de

0,02 em canais lisos a 0,15 para canais bastante rugosos com fundo cheio de raízes e vegetação. Em

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geral estes valores são em encontrados em tabelas de manuais de Hidráulica. A fórmula de Manning-

Chezy não é exata, mas produz resultados muito melhores que uma simples inspeção visual no local.

3.5. Estações de medição

Em experimentos hidrológicos em que se necessita alta precisão na medida

de vazão são construídas seções controladas para a medida de vazão, denominadas vertedouro, em

que erros na relação Q x h são minimizados

3.6. Registros de vazão

São sumários editados de descarga de uma estação de medição em

períodos de tempo de horas, dias, meses, estações do ano.

Ano água (water-year) é um calendário diferente do ano juliano.

Normalmente começa no inicio da estação chuvosa do ano.

4. TERMINOLOGIA DE RUNOFF

Runoff refere-se a todos os processos que culminam com fluxo no canal

perene de 1a ordem de uma dada bacia. A palavra Runoff não discrimina os vários processos ou

timing da água coletada numa bacia, de forma que uma terminologia mais precisa deve ser usada

para descrever os componentes do fluxo de água no canal de drenagem.

4.1. Classificação dos componentes de fluxo

É óbvio que nem toda a precipitação escoa imediatamente para fora de

uma dada bacia. Parte da água escoa muito rapidamente, parte é armazenada temporariamente e

outra fração nunca escoa para fora sendo re-evaporada para a atmosfera ou percolada para aqüíferos

subterrâneos profundos. Os seguintes termos são usados para classificar e descrever o processo

complexo de runoff.

Precipitação no canal (Cp) é a fração da chuva que cai diretamente no

canal de drenagem da bacia. Normalmente a área recebendo Cp é da ordem de 1 % da área total da

bacia, mas, em caso de períodos prolongados de chuva, a área que recebe a chuva diretamente pode

chegar a ser considerável devido a expansão do canal principal para dentro de canais intermitentes e

efêmeros da bacia.

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Escoamento lateral no solo (Rs) é a fração da vazão derivada da

precipitação que não infiltra na superfície mineral do solo (correndo sobre a superfície para o canal

mais próximo sem infiltração alguma).

Escoamento superficial (Cp+Rs). A distinção importante é que

escoamento superficial não infiltra.

Escoamento subsuperficial (Ri). Refere-se a parte da vazão do canal

que vem de fontes subsuperficiais, mas que atinge o canal tão rapidamente que compõe a hidrógrafa

causada por dado evento de chuva. Existe uma incerteza na separação entre fluxo de base e fluxo

subsuperficial, mas o maior componente da vazão derivada de chuva em áreas de florestas começa

com fluxo subsuperficial.

Deflúvio (Qs = Cp + Rs + Ri) é o termo usado com maior freqüência

em Hidrologia para descrever as características de produção de inundação de bacias hidrográficas.

Escoamento básico (Rg) é o efluxo de água dos aqüíferos

subterrâneos (regularmente alimentados pela percolação de água no regolito) para o canal. Em áreas

de floresta de terra firme e bem drenadas, aproximadamente 85% do volume de água recebido pela

drenagem é escoamento básico. No leste dos EUA, em torno de 70% é escoamento básico e 30% é

deflúvio.

Vazão do canal (Q) é a taxa de descarga de um dado canal natural

obtida numa estação de medição. É a soma de todos os termos acima:

Vazamento profundo de uma bacia (L) refere-se a perda de água em

falhas profundas (ou cavernas, rios subterrâneos) não computadas em uma estação de medição da

vazão de saída de água da bacia.

Fluxo abaixo do leito do canal (U) é também fluxo não medido que

ocorre em sedimentos de vales e material carreado e depositado no fundo.

Coleta de Água (WY) de uma bacia é a água total coletada num dado

período de tempo. É igual a diferença entre a precipitação total e a soma da evapotranspiração e da

variação de armazenamento:

4.2. Classificação dos componentes de armazenamento

Todos os componentes de vazão são pelo menos temporariamente

armazenados na bacia

Armazenamento por interceptação. É a água retida na parte aérea da

vegetação (chega a 1,5 mm em florestas de coníferas). Seu efeito no deflúvio é pequeno (ou

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desprezível), exceto em situações de chuva fraca quando a vegetação que cobre cursos d‘água

intercepta até 50% da precipitação de canal.

Armazenamento por retenção na superfície é o filme fino de água que

molha a superfície do solo antes de começar a ocorrer fluxo superficial (em geral menor que 0,5 mm).

Apenas em situações em que a velocidade da infiltração é muito baixa, é que este termo significa uma

subtração significativa do deflúvio. Quando a infiltração é maior que a precipitação, este termo não

precisa ser levado em conta.

Armazenamento por detenção na superfície é a água retida pela

resistência da superfície (rugosidade) ao fluxo lateral (em declive), permitindo que a maior parte da

água se infiltre.

Armazenamento por retenção na superfície do solo de florestas é a

precipitação retida na liteira, húmus e matéria orgânica em fermentação, que representa, em geral,

uma perda por interceptação.

Armazenamento por detenção na superfície do solo de florestas

representa uma redução substancial no deflúvio porque retém a maior parte de pancadas de chuva

para infiltração posterior. Este é um dos maiores benefícios hidrológicos da floresta (do ponto de vista

da prevenção de enchentes).

Armazenamento em depressões é a água que fica empossada em

depressões, terraços de contenção (curvas de nível).

Umidade do Solo pode ser separada em água detida (pequenos

períodos) e água retida na manta de solo. Quando a zona de aeração é profunda, o estoque de água

na manta de solo desempenha papel muito importante na quantificação e ―timing‖ tanto de deflúvio

quanto de escoamento básico.

Água subterrânea pode permanecer na bacia durante anos, mas em

zonas saturadas ao longo dos cursos d‘água, pode descarregar rapidamente como vazão.

Estoque do canal é a água contida no canal num dado instante,

variando bastante durante e após as chuvas, e seu efeito sobre a hidrógrafa de pontos a jusante é

dominante.

Em resumo, dois conjuntos de fatores controlam a hidrógrafa de uma bacia: fatores

físicos (morfologia e propriedades físicas dos solos) e meteorológicos (total de chuva por evento, intensidade de

chuva (cm/hr), duração da chuva (horas, dias, semanas), distribuição da chuva na bacia e temperatura (regiões de

alta latitude).

5. MEDIÇÃO DE VAZÃO

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Para fazermos a medição de vazão de um curso de água é necessário que

tenhamos o conhecimento das Normas Brasileiras que a regem. NB-288 da ABNT [6] divide os

métodos de medida de vazão em:

a) Métodos próprios para grandes vazões: mancha salgada (Allen); pressão-

tempo (Gibson); molinetes e diluição.

b) Métodos próprios para pequenas vazões. Podem ser usados os descritos

em a (se as dimensões permitirem) ou ainda: vertedor; métodos gravimétrico e volumétrico; tela

móvel; e medidor de pressão diferencial.

c) Dependendo de acordo entre as partes interessadas, podem ser usados

outros métodos, ainda não normalizados, como: o termodinâmico, o dos flutuadores e o das calhas

venturimétricas. Existem ainda outros métodos de medição de vazão.

Descrevemos aqui, de forma sucinta, alguns dos métodos citados, que ser-

vem para a medição de vazão em canais abertos.

5.1. Método do Vertedor

A definição de vertedor é bastante ampla mas podemos dizer que é toda

abertura sobre a qual um líquido escoa.

Os vertedores são de ampla aplicação mas, em geral, só permitem leituras

em obras já concluídas. Ou seja, é difícil estudar a vazão de um curso

de água pelo processo dos vertedores se não existir no mesmo uma represa já construída, a não ser em pequenos

cursos de água.

Q=1,84.b.h 1+0,26 (b .h )²v v

v

c3/2

L(h +x)

hv = altura da lâmina vertente

x= altura da válvula em

relação ao fundo do canal

L = largura do canal

b = largura do vertedor

bc = largura da veia contraída

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Figura 1. Esquema de um Vertedor. Planta, Corte Longitudinal e Corte Transversal.

A Figura 1, apresenta um esquema de um vertedor retangular com as principais

denominações de suas partes ou grandezas. O vertedor mostrado nesta figura apresenta contração da lâmina

vertente. Essa contração pode ser, basicamente, unilateral ou bilateral (como na figura); o vertedor pode, também,

não apresentar contração.

No que diz respeito a medição, existe uma relação entre a carga do

vertedor (hv) e a vazão (Q). Podemos ter uma curva de aferição que relacione essas grandezas ou

utilizar as equações apresentadas na literatura técnica. Entre essas equações, destacamos a de

Francis, para vertedores retangulares:

Para se determinar a vazão (Q) por meio dessa fórmula é necessário ter-

mos as dimensões físicas do vertedor (b, L, x), a largura da veia contraída (bc) e a carga (hv). O valor

de bc é dado, aproximadamente, por:

bc = b (para vertedor sem contração)

bc = b — 0,1.hv (para vertedor com contração unilateral)

bc = b — O,2.hv (para vertedor com contração bilateral)

O valor de hv tem que ser lido, pois está relacionado diretamente com a

vazão. Portanto a precisão da leitura de hv influência fortemente o resultado. Logo, são necessários

certos cuidados, como, por exemplo, evitar que a leitura seja próxima do vertedor para não sofrer

influência do abaixamento superficial. É recomendável uma distância de 1,80 a 5,00 m a montante.

Deve, também, haver passagem de ar por baixo da lâmina vertente para que não haja alteração na

característica da mesma, como aderência à parede, o que acarretará alteração no valor do coeficiente

de vazão. Convém existir, a montante, um canal regulador do fluxo e, se possível, a medição deve ser

feita num poço de leitura, na lateral do curso, que é um poço com comunicação com o canal.

Estamos, dessa forma, lendo o mesmo valor hv, só atenuando as turbulências que afetam as

medidas. A Figura 2 mostra um esquema para uma medição correta de hv.

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Figura 2. Esquema para obter uma leitura correta de hv.

O emprego ou não de contração (uni ou bilateral) depende da vazão. A medida

que temos valores menores de vazão devemos utilizar as contrações e, para valores muito baixos de vazão, existe

um tipo especial de vertedor: o triangular. Para.esses, a fórmula de Francis não pode ser empregada, embora

existam fórmulas típicas na literatura técnica. Além dos vertedores retangulares e triangulares, existe ainda o

trapezoidal, para vazões intermediárias.

23

HH20L8381Q ,,

Os vertedouros retangulares (Figura 1) são empregados para vazões

próximas a 1 m3

/s., ou seja, quando torna-se difícil o uso do vertedouro triangular dada a grande

carga H.

Os vertedouros triangulares (Figura 3) são muito utilizados para medir-se

pequenos caudais até 300 L / s, em face a pequena variação dos coeficientes de descarga em relação

a variação da carga H.

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Figura 3. Vertedouro tipo Thompson (entalhe de 90 º)

Da mesma forma que para os vertedouros retangulares pode-se se

deduzir a relação carga H e vazão Q apenas fazendo:

L=2.h. tg

o que conduz ao seguinte resultado fundamental

25

w Hg2tgC15

8Q

Na prática de medições de vazão com vertedouros triangulares adota-se o

ângulo de entalhe 2 = 90 de forma que o coeficiente Cw .tg aproxime-se de 0.59 para vertedouros

sem soleira.

Desta maneira, para este vertedouros adota-se a fórmula de Thompson:

25

H41Q ,

Outro tipo de vertedouro bastante utilizado (Figura 4) é o trapezoidal ou de

Cipollétti.

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Figura 4. Vertedor trapezoidal tipo Cipolleti

Este pesquisador procurou determinar um vertedouro trapezoidal que

compensasse o decréscimo de vazão devido as contrações. Assim a inclinação das faces foi

estabelecidas de modo que a descarga através das partes ‗triangulares‖ do vertedor correspondesse

ao decréscimo de descarga devido as contrações laterais com a vantagem de evitar a correção dos

cálculos. Para estas condições o taludi lateral resulta uma proporção de 1:4. Logo a fórmula da vazão

Q em função de H fica:

23

HL8381Q ,

5.2. Método Gravimétrico e Volumétrico

Consiste em desviar o curso para um reservatório conhecido e, depois de

um tempo medido, verificar o acréscimo de volume. Dai, obtém-se a vazão média.

Em laboratório, isso é feito, comumente, utilizando uma balança e

verificando a variação de massa do reservatório. Como é conhecida a relação massa volume do

fluido, calculamos a vazão:

m2 – m1

Q = .(t2 — t1)

em que Q é a vazão medida; , a massa especifica do fluido: m2, a

massa final; m1, a massa inicial; t2, o tempo final; e t1, o tempo inicial.

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A Figura 5, mostra um esquema utilizado em laboratório. Este processo

pode ser de grande precisão, dependendo de sua execução, mas é limitado a poucas aplicações,

quase sempre em instalações de ensaios.

Figura 5. Esquema utilizado em laboratório para medição de vazão pelo

método Gravimétrico.

5.3. Método da Diluição Química

Este método é muito usado pelos europeus para medição de vazão em

pequenos rios de montanha e os norte-americanos usam este método para o cálculo de vazão de

turbinas hidráulicas.

Consiste em lançar no curso de água em estudo uma vazão constante de

uma solução que não seja encontrada em grande quantidade nessas águas e, a jusante, medir a

concentração dessa solução comparando-a com a concentração natural do curso. Este método deve

ser utilizado em águas turbulentas para garantir uma boa dissolução da substância, evitando, assim,

um ―mascaramento‖ do processo. É comum utilizar-se uma solução de cloreto de sódio por ser

inofensiva à ecologia.

Para calcularmos a vazão utilizamos as seguintes fórmulas:

Q = qS .N1 - N2 (Quando a substância no curso de água existe de forma considerável)

N2 - N0

Q = qS .(N1 - 1) (Quando a substância no curso de água não existe de forma considerável)

N2

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em que qS é a vazão constante da solução; N0, a concentração inicial da

substância no curso de água; N1, a concentração da solução lançada no curso; e N2 a concentração

final da substância no curso de água.

É importante dizer que a medição de qs deve ser feita com muito critério,

pois afetará diretamente o valor calculado da vazão. Também as amostras de água para se medir a

concentração devem ser retiradas de vários pontos distribuídos na seção, a montante e a jusante.

Qualquer que seja a solução salina ou traçador empregado, pode-se

distinguir dois processos de medição de vazão por diluição química:

5.3.1. Processo por Integracão

Neste processo injeta-se em uma secção A1 do curso d‘água um volume

conhecido da solução salina traçadora à concentração C1. Na secção A2 do curso d‘água, situada

suficientemente a jusante do ponto de injecção, colhe-se amostras durante todo o tempo de

passagem da nuvem salina.

Observando-se este processo, considera-se dA uma superfície elementar

da sessão A na qual passa uma vazão dQ, e se tp é o tempo de passagem da nuvem salina nesta

secção dA, C2 a concentração no instante t no elemento de superfície e desde que o regime do curso

d‘água seja permanente e que a concentração seja dada por:

V

mC

onde: m = massa de sal; V = volume da solução.

A massa de sal que atravessa o elemento dA durante o tempo tp será:

tp

0

2 dtdQCm ..

tp

0

2 dtCdQm ..

Supondo que tp

0

dt. . seja independente da posição do elemento da na

secção, pode-se escrever:

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tp

0

2 dtCQm ..

A massa de sal injetada m é V. C1 e supondo-se que haja conservação de

massa entre as secções A1 de injecção e a A2, de coleta, tem-se:

tp

0

2

1

dtC

CVQ

.

.

Partindo-se do princípio que C2 seja a concentração média de uma amostra

global, obtida pela coleta de amostras na secção dA de vazão dQ durante o tempo tp, a expressão.

pode ser escrita:

tpC

CVQ

2

1

.

.

5.3.2. Processo por injecão a vazio constante:

Este método é o mais frequentemente empregado em virtude de sua maior

precisão. O processo consiste no seguinte:

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Figura 6. Esquema geral do processo.

Injeta-se no curso d‘água uma solução salina a concentração C1 durante

um determinado tempo, a vazão constante q, para se obter na secção A de coleta de amostras,

situada a jusante, uma concentração homogênea C2, durante um certo intervalo de tempo. Na Figura 6

ilustra um esquema geral do processo.

No emprego deste processo, como do precedente, necessário observar

certas condições:

a) O curso d‘água deve-se apresentar em regime permanente durante

todo o tempo de medição;

b) Haja conservação da massa de sal injectado;

c) A concentração C2 seja a mesma em todos os pontos da secção de

coleta de amostras;

Desta maneira, a equação do processo pode ser escrita da seguinte forma:

V a z ã o m á s s i c a d e s a l d e i n j e c t a d o =

V a z ã o m á s s i c a d e s a l n a s e c ç ã o d e c o l e t a

ou ainda: 21 CQqCq ).(.

Reagrupando:

212 CqCqCQ ...

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Como q . C2 Q . C2, a equação simplifica-se a:

2

1

C

CqQ

.

Dentre os produtos que tem sido utilizados como traçadores citam-se os seguintes:

Cloreto de Sódio (NaC1);

Nitrito de Sódio (NaNO2);

Sulfato de Manganês (MnSO4);

Rhodamina(C10H21ClO3N2);

Bicromato de Sódio (Na2Cr2H7O);

Os produtos a serem empregados como traçadores devem apresentar

certas qualidades essenciais, como grande solubilidade na água. boa estabilidade química em

solução com água poluídas, presença nula ou apenas pequenos traços nas águas naturais, preço

reduzido, toxidade nula para seres vivos às concentrações utilizadas e análise química fácil.

Desaconselha-se o uso de elementos químicos radioativos como traçadores, que embora apresentem

maior precisão, causa uma série de problemas.

Assim sendo, um dos produto químicos mais utilizados como traçador é o

Bicromato de Sódio, que praticamente substitui ao Cloreto de Sódio em razão da quantidade

empregada ser menor e a análise laboratorial mais simples.

Para a injecção da solução salina a vazão constante, pode-se utilizar de

diversos processos. Um dos mais precisos é utilizado pelo Escritório Federal de Economia Hidráulica

da Suíça. São calibrados para vazões de injecção q de 0,03 a 0,06 L/s. A vazão q é, evidentemente

influenciada pela viscosidade da solução que, por sua vez, é afectada pela concentração e pela

temperatura. A equação que rege a vazão q neste dispositivo é dada por:

hg2aCq d ....

onde: q = vazão de injecção; a = área de abertura do diafragma; h = altura de queda; Cd = coeficiente de descarga do diafragma;

5.4. Método das Calhas Venturimétricas

As calhas venturimétricas são medidores usados para médias e pequenas vazões e

se assemelham, na construção, aos medidores Venturi para tubulações. No entanto, o princípio é bastante

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diferente, só sendo necessária a leitura do nível de água em um ponto, enquanto nos medidores de tubulações é

necessário que seja medida a pressão em dois pontos: na entrada e no estrangulamento, podendo-se também ler a

diferença diretamente.

As calhas venturimétricas são, basicamente, de dois tipos: as de ressalto

hidráulico e as do tipo Parshall.

5.4.1. Método de Calha Venturimétrica do Tipo de Ressalto Hidráulico

A Figura 7 mostra um esquema do primeiro tipo de Ressalto Hidráulico. As

dimensões desses canais são de tal maneira a ocorrer escoamento torrencial, quando, normalmente,

H1 1,25.H3.

Figura 7. Esquema de uma calha venturimétrica do tipo de Ressalto

Hidráulico.

Neste caso, a vazão é dada pela seguinte fórmula:

em que b é a largura do canal de entrada; H1; o nível de água na entrada;

g, a aceleração da gravidade; K, o coeficiente adimensional de vazão (de 0,55 a 0,65); e a, o

coeficiente de atrito na parede do canal (≈ 0,95).

O outro tipo de medidor venturimétrico para canais abertos é o do tipo

Parshall. Uma diferença de construção, fácil de ver, entre este medidor e o anterior é o fundo da

Q=K. . 2.g.H .b.Ha 11

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calha, o qual, neste caso, apresenta uma depressão. O principio de funcionamento e a fórmula para

se medir a vazão deste medidor são os mesmos do medidor de ressalto hidráulico.

As calhas venturimétricas associam diversas vantagens dos vertedores,

acrescentando o fato de não apresentarem regiões propícias ao acúmulo de resíduos.

5.4.2. Método da Calha Venturimétrica do Tipo Parshall

Este medidor é aplicado a condutos livres, é constituído de secções

distintas de forma a se criar um regime crítico na descarga. E dotado de uma secção convergente em

nível, uma secção divergente em aclive. conforme a Figura 8. Estes medidores assemelhem-se aos

medidores Venturi em tubulações, no entanto, o princípio é bastante diferente, só sendo necessária a

leitura do nível da água em um ponto, enquanto os medidores de tubulações é necessário que seja

medida a pressão em dois pontos.

Figura 8. Planta e vista de uma calha tipo Parshall

Podem ser construídos de madeira, chapas metálicas e alvenaria, sendo

um medidor bastante preciso, desde que as medidas sejam rigorosamente obedecidas. Na tabela

abaixo encontra-se os limites de aplicação em função da abertura W, através do qual observa-se que

o mesmo pode abranger grande faixa de vazão.

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W CAPACIDADE (l/s)

polegadas MIN. MÀX.

3 0,85 53,8

6 1,52 110,4

9 22,9 251,9

1 30,5 455,6

1,5 45,7 696,2

2 61 936,7

3 91,5 1426,3

4 122 1921,5

5 152,5 2422

6 183 2429

7 213 3440

8 244 3950

10 305 5660

Tabela. Limites de aplicação para Medidores Parshall com escoamento

livre.

A equação para o cálculo da vazão deste medidor resulta de estudos

experimentais e tem a seguinte forma:

n

aHKQ .

onde: Q = vazão em m

3

K e n = coeficientes experimentais dados na tabela abaixo; n

aH carga

em m.

W/(pol) K n

3 0,176 1,547

6 0,381 1,58

9 0,535 1,53

1 0,69 1,522

1,5 1,054 1,538

2 1,426 1,55

3 2,182 1,566

4 2,935 1,578

5 3,728 1,587

6 4,515 1,595

7 5,306 1,601

8 6,101 1,606 Fonte: Penn Metter Co.

Tabela.Valores dos coeficientes K e n para escoamento livre.

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O escoamento através deste medidor pode ocorrer sob duas condições

distintas:

a) escoamento sem submergência ou escoamento livre;

b) escoamento com submergência ou afogado;

No primeiro caso, a descarga se dá como nos vertedouros, não afetando a

lâmina vertente, enquanto que no caso afogado a lâmina à jusante é suficientemente alta para

retardar a razão de vazão.

Para empregar-se um medidor afogado foi criado uma grandeza chamada

razão de submergência, r, dado pela por:

a

b

H

Hr

Assim, é considerado escoamento livre quando o valor dessa relação for

inferior aos limites da tabela abaixo, em função da abertura W do medidor.

W RAZÃO DE SUBMERGÊNCIA

1 a 3 pol. 0,5

6 a 9 pol. 0,6

1 a 8 pés 0,7

10 pés 0,8 Tabela. Valores limites para razão de submergência r.

Nos casos de submergência, ou seja, onde r ultrapassa os limites já

apontados, deve-se medir além da carga Ha, a carga Hb e aplicar a redução de velocidade causada

pelo afogamento à equação. Esta redução de velocidade vr e o coeficientes de correção f1 podem ser

extraídos do ábaco da Figura 9 e da tabela a seguir, respectivamente. Desta forma, escreve-se a

equação corrigida abaixo:

.. vrHKQ n

a 1

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Figura 9. Ábaco para determinação da velocidade vr.

Tabela. Coeficiente f1 para calhas Parshall maiores que 1 pé

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Tabela. Dimensões padronizadas de medidores tipo Parshall

5.5. Método dos Flutuadores

As formas e os tipos dos flutuadores são os mais variados. Normalmente,

porém, são esféricos, ecos e de metal. Têm por finalidade medir a velocidade de um filete da

superfície. Para isso cronometramos o tempo para a esfera percorrer uma distância conhecida e,

assim, calculamos a velocidade. Para medirmos a velocidade de filetes abaixo da superfície, devemos

utilizar uma esfera auxiliar que não flutue sozinha mas que, presa à primeira esfera, forme um

conjunto flutuante. Este conjunto apresenta uma velocidade que é, aproximadamente, a média

aritmética das velocidades dos filetes da superfície e interno. Conhecendo a velocidade do filete da

superfície podemos calcular a outra.

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Figura 10. Esquema de aplicação do método do flutuadores: Q=vazão;

cp=velocidade de um filete abaixo da superfície; cs= velocidade do filete da superfície na mesma

seção de cp; cm= velocidade do conjunto corpo flutuante-corpo submerso; L=distância conhecida.

Baseado no que foi

dito. Podemos formular:

cm = cs + cp ou cp = 2.cm - cs. 2

Outro método utilizando flutuadores é o método do Flutuador Integrante

mostrado na Figura 11.

Figura 11. Método do flutuador integrante

A técnica utilizada, neste caso, é a de cronometrar o tempo entre o instante

em que se puxa o cordão (para soltar a bola) e o do aparecimento da bola na superfície. Medimos a

distância L entre o ponto de aparecimento e a vara. A relação entre essa distancia e o tempo

cronometrado é a velocidade média da seção.

5.6. Método do Molinete

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Os molinetes são os mais aperfeiçoados equipamentos utilizados na

determinação da velocidade de escoamento de um curso d‘água. O método de avaliação da vazão

pelo molinete é amplamente utilizado pelos setores responsáveis por serviços hidrométricos, ou ainda

em laboratórios de pesquisa ligados à área, dada a sua grande precisão. Em condições favoráveis, o

erro na determinação da vazão é da ordem de 2 a 3%.

Esse equipamento é, hoje em dia, o mais difundido para a medição de va-

zão (velocidade) devido a sua versatilidade e precisão. Consiste, basicamente, em uma hélice cuja

rotação é proporcional à velocidade do líquido. Geralmente, a hélice é ligada a um sistema de

engrenagens que, a cada 5, 10, 20 ou 30 voltas, atua num contato elétrico. Isso permite ao operador,

na superfície, saber a velocidade do filete que está sendo analisado.

A Figura 12 mostra, segundo a NB-288 da ABNT [6], vários tipos de moli-

nete.

Os molinetes apresentam uma equação característica:

c = a + b.n

Em que c é a velocidade; n, a rotação da hélice, em rotação por segundo; e as

constantes a e b relacionam essas grandezas. Os valores de a e b podem mudar conforme a zona em que

trabalhamos, e são dependentes do intervalo de tempo (t) entre dois sinais, sendo que a escala a ser selecionada

depende, também de t.

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Figura 12. Vários tipos de Molinete.

a = Molinete Stoppani utilizado em seções irregulares; b = Molinete Ott:

recomendado para utilização em águas limpas; c = Molinete Ott de pás enviesadas: Também para

águas limpas; d = Molinete Dumas – Heyrpic; e = Micro Molinete Ott; f = Molinete Amsler de pás com

arestas enviesadas; g = Molinete Ott tipo F, para escoamento obliquo em torno de 20º; h = Molinete

Ott tipo A, para escoamento obliquo em torno de 45º. Os tipos de a à f são para escoamentos

predominantemente axiais.

Assim, a Tabela

abaixo apresenta os parâmetros de um molinete

em função das escalas (10, 20 e 40).

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Como já foi dito, os processos descritos neste item e no anterior medem a:

velocidade dos filetes, e não a vazão, como se pretende. Temos então que realizar um trabalho

gráfico e/ou analítico para atingir o objetivo final.

Em primeiro lugar, é necessário que a seção molhada do rio tenha sido

vasculhada em muitos pontos para que tenhamos precisão. Esses pontos devem ser tomados, se

possível, em verticais distanciadas igualmente. Nessas verticais tomamos pontos, de preferência,

também distanciados igualmente. A Figura 13 mostra os pontos tomados em uma seção e as várias

seções verticais do rio.

Figura 13. Pontos medidos em uma seção molhada de um curso de água.

Figura 14. Perfil de velocidade da seção VI da Figura 13.

Sabendo que as velocidades dos filetes em contato com o leito não

existem, podemos levantar, para cada seção, um perfil de velocidade. Por exemplo para a seção

vertical VI da Figura 13, o perfil é dado na Figura 14.

A vazão será a integral da velocidade na área da seção molhada.

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Da primeira integral temos a função que relaciona a área do perfil de

velocidade, indicada na Figura 13, com a distância a margem de referencia. Essa função pode ser

obtida graficamente, integrando os perfis de velocidade e marcando os resultados em função da

distância à margem. A Figura 15 mostra, para a seção estudada, este gráfico sendo A a área dos

perfis de velocidade.

Figura 15. Gráfico das áreas dos perfis da velocidade em função da

distância à margem de referência.

O cálculo dos valores de A pode ser feito ―planimetrando‖ os perfis, ou

fazendo-os em papel milimetrado, para assim calcular a área.

Finalmente, a segunda integral, que pode ser escrita como é área contida

entre a curva da Figura 14 e o eixo y. Essa área, que pode ser obtida pelos processos já descritos, dá,

numericamente, o valor procurado da vazão.

EXEMPLO: Um canal, mostrado na Figura 16a e 16b, foi vasculhado por

um molinete, obtendo-se a velocidade em seis pontos de cada uma das oito seções verticais em que

foi dividida a seção molhada de medida. Pede-se a vazão do canal.

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Figura 16. Canal do exemplo de aplicação: a) Planta e b)Corte Transversal.

Solução: De posse das medidas nos pontos, levantamos os perfis da velocidade. O

perfil da seção central é mostrado na figura 17.

Figura 17. Perfil de velocidade da seção central do canal da Figura 16.

A área desse perfil é de 1.200 mm2. Multiplicando pelas escalas dos eixos

horizontal e vertical, encontramos a área em m2/s.

-escala do eixo horizontal — 1 [mm ] - 0,01 [m/s]

-escala do eixo vertical — 1 [mm] - 0,05 [m]

-logo: área do perfil 1.200x0,01x0,05 = 0,6 [m2/s]

Fazendo esses cálculos para as demais seções, podemos levantar o

gráfico apresentado na Figura 16.

A área contida entre a curva e o eixo horizontal, na Figura 16, é de 1.900

mm2.

-escala do eixo horizontal — 1 [mm] - 0,05 [m]

-escala do eixo vertical — 1 [mm] - 0,02 [m2/s]

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Teremos então: área abaixo da curva = 1.900x0,05x0,02 = 1,9 [m3/s], ou

vazão = 1,9 [m3/s].

Figura 18. Gráfico das áreas dos perfis em função da distância à margem

para o caso exemplo.

É interessante observar que a curva da figura apresenta seu valor máximo

mais próximo da margem esquerda. Isso ocorre em virtude da curva existente no canal pouco antes

da seção de medição.

Todos os molinetes podem ser reunidos em suas classes, segundo a posição de seu

eixo de rotação:

1. molinetes de eixo vertical ou diferenciais;

2. molinetes de eixo horizontal ou de ação direta;

O molinete de eixo horizontal é o mais empregado. Na Figura 19 tem-se o

esquema de molinete com sistema de registro.

Para cada molinete existe uma curva característica de calibração,

geralmente dada na forma de uma ou mais equações do tipo:

bnaV .

onde: V= velocidade do fluxo em m/s;

n = número de rotações da hélice por segundo;

a = coeficiente, indicando o passo real da hélice em m;

b = coeficiente que corresponde à velocidade de atrito em m/s;

A calibração do aparelho é feito em laboratórios especializados, onde o

molinete a ser calibrado é fixado em um carro próprio, que se movimenta, a velocidade constante

sobre um tanque contendo água em repouso. Assim, o carro é deslocado a várias velocidades, e para

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cada uma delas tem-se um número de rotações correspondente.

FFiigguurraa 1199.. VViissttaa iinntteerrnnaa ddee uumm mmiiccrroommoolliinneettee

O método de medição de velocidade da água através do molinete consiste

na imersão deste no curso d‘água por meio de hastes ou cabos e o registro dado pela hélice durante

um intervalo de tempo nunca inferior à 40 segundos. Pode-se assim, deduzir a velocidade da corrente

no ponto de medida através da curva de calibração do aparelho.

No emprego deste método, deve-se escolher um trecho do curso d‘água

que se apresente relativamente reto e com corrente normalizada. Em uma secção transversal de um

referido trecho marca-se um certo número de verticais, determinando-se a velocidade média em cada

uma delas.

Existem dois processos básicos para se calcular a velocidade média de

cada vertical:

5.6.1.Método das Velocidades Pontuais:

Este método baseia-se na medição da velocidade em vários pontos da

vertical situados a diferentes profundidades. Neste método, as medições podem ser feitas com:

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5.6.1.1. Um Ponto.

Consiste na determinação da velocidade no ponto localizado a 60% da

profundidade total, a partir da superfície, tomando-a como sendo a velocidade média na vertical, conforme

elucidado pelo perfil transversal de velocidade. Desta forma:

60m VV .

onde: V0.6 =

velocidade no ponto a 60% da profundidade;

A medição em um ponto é indicada, geralmente, para cursos d‘ água com

profundidade compreendida entre 0,10 e 0,75 m.

5.6.1.2. Dois Pontos

As observações são feitas em cada vertical nas posições de 20 e 80% da

profundidade total da vertical a partir da superfície, ou seja, .0,2.p e 0,8.p.

FFiigguurraa2200..EEssqquueemmaa ppaarraa mmeeddiiççããoo ddee vveelloocciiddaaddee ppeelloo mmééttooddoo ddooss ddooiiss ppoonnttoo..

Os estudos no perfil de velocidade de um curso d‘água levou à velocidade

média em cada uma das verticais, dada pela expressão:

8020m VVV ,,

onde: Vm = velocidade média na vertical;

V 0.2 = velocidade no ponto a 20% da profundidade;

V0.8 = velocidade no ponto a 80% da profundidade;

Este procedimento deve ser aplicado somente no caso de caudal com

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profundidade superior a 0,75 metros.

5.6.1.3. Três Pontos

Quando as velocidades na vertical são distribuídas anormalmente ou ainda

se a velocidade a O,8.p é seriamente afetada por turbulências produzidas pelo fundo do leito do curso

d‘água, a velocidade média é definida pela expressão:

2

VV2VV

806020

m

,,,

De posse da velocidade média de cada filete, efetua o cálculo da área de

cada filete e calcula-se a vazão.

Figura 21. Pontos medidos em uma seção molhada de um curso d‘água.

Desta forma:

1m1 AVQ . 2

lpA 2

1

.

mV = velocidade média na vertical segundo os 03 métodos já citados;

2m2 AVQ . 2

lppA 21

2

.

. .

nmn AVQ . 2

lpA n

n

.

Portanto a vazão do curso d‘água será:

n21 QQQQ ...

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Outro processo para se determinar a vazão, considerado mais preciso, é

tomar a velocidade média de uma secção como sendo a média entre as velocidades médias de duas

verticais, e a secção de escoamento, a área compreendida entre as duas referidas verticais, conforme

Figura 21.

Figura 22. Esquema para medição e cálculo da vazão pelo método das

médias das velocidades médias.

Matematicamente obtém-se:

1m1 AVQ . 2

dpA 22

1

.

Vm1 = velocidade média entre a média da vertical 1 e a média da vertical 2;

22m2 AVQ . 2

dppA 332

2

.

Vm2 = velocidade média entre a média da vertical 2 e a média da vertical 3.

nmn AVQ .

E assim obtém-se a vazão do curso d’água:

n21 QQQQ ...

5.6.1.4. Cinco Pontos

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Este método é muito empregado na Europa, principalmente na Suíça pelo

Escritório Federal de Economia Hidráulica (OFEH).

Deve ser observado, no entanto, que este processo é normalmente

empregado na determinação de vazão de grandes caudais, para os quais recomenda-se a

observação dos seguintes números de verticais em função da largura do curso d‘água.

Tabela. Números de verticais em função da largura do curso d’água

O método consiste em medir a velocidade em 5 pontos determinados da

vertical, localizados a profundidade definida conforme Figura 23.

O ponto 1, onde observa-se a velocidade v1 situa-se logo abaixo da

superfície livre, de tal modo que a hélice do molinete fique rente a superfície da água, sendo o ponto 5

distante do fundo de uma altura h, de aproximadamente de l0 a 15cm, a fim de se evitar choques com

pedras ou mesmo, penetrar em irregularidade do leito que possam danificar o aparelho.

FFiigguurraa 2233.. PPoollííggoonnoo ddee vveelloocciiddaaddeess

Essa distância entre os pontos 1 e 5, designada por a, a Figura 20, é

dividida em duas partes iguais a a/2, e cada uma delas subdivididas em duas outras partes com

valores iguais a 0,2 e 0,3 de a.

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Através deste procedimento, obtém-se os polígonos de velocidade para

cada vertical envolvida e a conseqüência superficial espacial, conforme mostra a Figura 23.

Deste modo, a vazão será dada por uma integral da velocidade na área da

Secção molhada:

x

0

p

0

dxVdpQ .

Da primeira integral p

0

Vdp tem-se a função que relaciona a área do

perfil de velocidade com distância à margem de referência. A Segunda integral pode ser escrita como

x

0dxA. é a área contida no perímetro molhado.

Este processo de integração pode ser obtido graficamente ou

numericamente através de um computador digital.

Figura 24. Superfície espacial, obtida em função dos polígonos de velocidade de

cada vertical.

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5.6.2. Método da Integracão Contínua

Este processo consiste no deslocamento a velocidade constante do

molinete na vertical. A integração é feita continuamente por processo numérico semelhante ao

anterior.

6. CONCLUSÃO

A importância dos novos métodos desenvolvidos com o uso de

equipamentos modernos utilizando tecnologias avançadas, como seja o caso da telemetria ou o de

computadores, técnicas para medições de níveis e de direção de correntes. Alguns métodos não-

utilizados no Brasil sobre medição da vazão devem ser usadas, apesar de essas novas metodologias

já serem de uso regular em alguns países, não são conhecidas aqui.

Em locais remotos não há facilidades adequadas para medições. Às vezes,

mesmo locais com regulares facilidades podem estar inundados ou inacessíveis durante enchentes,

ou mesmo apresentar muito tráfego de embarcações. Outros locais, como aqueles em condições de

escoamento não-permanente, exigem que as medições sejam efetuadas com rapidez. É o caso, por

exemplo, no baixo curso dos rios, em condições de efeitos de maré, no qual as medições têm de ser

feitas com rapidez e continuamente para o conhecimento do regime local. Também em locais sob

efeito de remanso de reservatório, onde o estabelecimento da relação cota/descarga não é possível

de maneira biunívoca, ou mesmo em cursos d‘água largos, ou em estuários, onde os métodos

convencionais de medição da descarga são impraticáveis ou envolvem procedimentos custosos e

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tediosos. Em outros locais, as condições de medições não são favoráveis, como seja o caso onde se

tenha muita poluição, sendo o manuseio de equipamentos um problema para a saúde.

Os métodos de uso de técnicas denominadas ultra-sônica e

eletromagnética permitem medições de vazão a cada 15 minutos, ou em menor tempo, para registro

local ou para transmissão a um sistema central de recepção computacional. Usa equipamentos fixos.

O método do molinete é o mais aperfeiçoado equipamento em uso no Brasil

para determinação da velocidade de escoamento de um curso de água, devido a sua versatilidade e

precisão, sendo que o erro na determinação da vazão é muito baixo. A divulgação de outros métodos

usados internacionalmente poderão contribuir para o desenvolvimento e rapidez na medição de

vazão.

7. BIBLIOGRAFIA

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Edgard Blucher, 1982, 2v.

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LIMA, W.P., 1989. Função hidrológica da mata ciliar. Simpósio sobre Mata Ciliar. Fundação Cargill: 25-42p.

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NEVES, E. T., Curso de Hidraulica, 6ª ed., Porto Alegre, Globo, 1979, 577 p.

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PINTO, N. L. S., Hidrologia Básica, 4ª ed., São Paulo, Edgard Blucher, 1990, 278 p.

SARDINHA, A. M., MACEDO, S. W., Hidráulica Florestal, Vila Real, Instituto Universitário de Tras os Montes

e Alto Douro, 1981, 378 p.