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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS CAMPUS DE BOTUCATU “COMPLEXO DE PERCEVEJOS DA SOJA: REFLEXOS SOBRE A PRODUTIVIDADE DE GENÓTIPOS E DETERMINAÇÃO DOS TIPOS DE RESISTÊNCIA A Euschistus heros (FABRICIUS) (HEMIPTERA: PENTATOMIDAE)” EFRAIN DE SANTANA SOUZA Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP Câmpus de Botucatu, para obtenção do título de Doutor em Agronomia (Proteção de Plantas) BOTUCATU-SP Outubro - 2013

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA … · 4.4 Danos associados ao complexo de percevejos da soja ... anos de ensaio a campo ... e percentagem de redução de

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS

CAMPUS DE BOTUCATU

“COMPLEXO DE PERCEVEJOS DA SOJA: REFLEXOS SOBRE A

PRODUTIVIDADE DE GENÓTIPOS E DETERMINAÇÃO DOS TIPOS

DE RESISTÊNCIA A Euschistus heros (FABRICIUS) (HEMIPTERA:

PENTATOMIDAE)”

EFRAIN DE SANTANA SOUZA

Tese apresentada à Faculdade de Ciências

Agronômicas da UNESP – Câmpus de

Botucatu, para obtenção do título de Doutor em

Agronomia (Proteção de Plantas)

BOTUCATU-SP

Outubro - 2013

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS

CÂMPUS DE BOTUCATU

“COMPLEXO DE PERCEVEJOS DA SOJA: REFLEXOS SOBRE A

PRODUTIVIDADE DE GENÓTIPOS E DETERMINAÇÃO DOS

TIPOS DE RESISTÊNCIA A Euschistus heros (FABRICIUS)

(HEMIPTERA: PENTATOMIDAE)”

EFRAIN DE SANTANA SOUZA

Orientador: Prof. Dr. Edson Luiz Lopes Baldin

Co-orientador: Dr. André Luiz Lourenção

Tese apresentada à Faculdade de Ciências

Agronômicas da UNESP – Câmpus de

Botucatu, para obtenção do título de

Doutor em Agronomia (Proteção de

Plantas)

BOTUCATU-SP

Outubro - 2013

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO – SERVIÇO TÉCNICO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - UNESP - FCA - LAGEADO - BOTUCATU (SP) Souza, Efrain de Santana, 1984- S731c Complexo de percevejos da soja: reflexos sobre a produ-

tividade de genótipos e determinação dos tipos de resistên-cia a Euschistus heros (Fabricius) (Hemiptera: Pentatomi

dae)/ Efrain de Santana Souza. – Botucatu : [s.n.], 2013 xiii, 106 f. : ils. color., grafs., tabs., fots. color. Tese (Doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Fa- culdade de Ciências Agronômicas, Botucatu, 2013 Orientador: Edson Luiz Lopes Baldin Coorientador: André Luiz Lourenção Inclui bibliografia 1. Soja - Resistência a insetos. 2. Glycine max. 3. An-

tibiose. 4. Antixenose. 5. Percevejo. I. Baldin, Edson Luiz Lopes. II. Lourenção, André Luiz. III. Universidade Esta-dual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Campus de Botuca-tu). Faculdade de Ciências Agronômicas. IV. Título.

II

BIBLIOGRAFIA DO AUTOR

EFRAIN DE SANTANA SOUZA, filho de Wanderley Rodrigues de Souza e

Maria Aparecida de Santana Souza, nasceu em General Salgado – SP, no dia 10 de

fevereiro de 1984.

Cursou o ensino fundamental na cidade natal e o ensino médio em Jales - SP,

onde também obteve o título de Técnico em Agricultura pelo Centro Paula Souza

(CETEPS) no ano de 2001.

No primeiro semestre do ano de 2003, ingressou no curso de Agronomia na

Universidade Camilo Castelo Branco, Campus de Fernandópolis. Nesse período, foi

bolsista de Iniciação Científica pela FAPESP e graduou-se em janeiro de 2007.

Iniciou o curso de Mestrado em Agronomia, área de concentração em Proteção

de Plantas, em agosto de 2007, na Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade

Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus de Botucatu, obtendo o título de

Mestre em fevereiro de 2010. Em março do mesmo ano, iniciou o curso de Doutorado

em Agronomia na mesma área e instituição.

III

A DEUS, fonte de toda a sabedoria, equilíbrio e amor,

...OFEREÇO

À minha família,

WANDERLEY RODRIGUES DE SOUZA (pai)

MARIA AP. DE SANTANA SOUZA (mãe)

GABRIEL DE SANTANA SOUZA (irmão),

Pelo dom da vida, pelo apoio e amor incondicional.

...DEDICO

Aos meus Avós,

ARMINDO

ENELZIRA

MOISÉS “in memorian”

INÊS,

Pelos incentivos e ensinamentos durante meus dias de vida,

...HOMENAGEIO

À minha namorada,

CAROLINE GERALDI PIEROZZI,

Pelos momentos juntos e pelo auxílio direto no desenvolvimento deste trabalho,

...DIVIDO

IV

Ao Dr. EDSON LUIZ LOPES BALDIN,

O eterno professor de Agronomia que me ensinou sempre alguma lição em cada

conversa, despertando meu interesse na área acadêmica. Minha eterna gratidão Baldin,

pelo ensino, orientação e amizade.

Se deres um peixe a um homem faminto, vai alimentá-lo por um dia. Se o ensinares a

pescar, vai alimentá-lo toda a vida.

Lao-Tsé

V

AGRADECIMENTOS

À Faculdade de Ciências Agronômicas – UNESP, Campus de Botucatu, por ter

oferecido condições para a realização deste trabalho.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela

concessão da bolsa.

Aos Professores da FCA, em especial aos do Departamento de Proteção Vegetal da

FCA/UNESP, pelos ensinamentos transmitidos;

Ao meu co-orientador Dr. André Luiz Lourenção, do IAC de Campinas (Setor de

Entomologia), pelas sugestões e conhecimentos transmitidos durante o desenvolvimento

deste estudo;

À técnica Neide Zério do Laboratório de Biologia de Insetos da ESALQ-USP, pelos

ovos de E. heros e pelas informações que auxiliaram na metodologia de criação;

Ao doutorando em Estatística Lucas Santana da Cunha, pelo auxílio nas análises;

À Dra. Ana Carolina Firmino pela ajuda na obtenção das imagens de microscopia

eletrônica;

Aos estagiários e pós-graduandos do Departamento de Proteção Vegetal vinculados ao

Laboratório de Resistência de Plantas a Insetos e Plantas Inseticidas (LARESPI);

Ao meu amigo MSc. José Paulo Gonçalves Franco da Silva com quem tive o prazer de

trabalhar e desenvolver este trabalho;

Ao técnico laboratorial Sr. Domingos Paulossi, pela amizade e suporte em alguns

ensaios;

VI

Às funcionárias da Seção de Pós-Graduação da FCA/UNESP pela simpatia e

consideração com que sempre me atenderam;

Aos bons amigos que adquiri e cultivei durante minha permanência em Botucatu:

Maurício Andrião, Thaíse Dias, Renato Boreli, Ricardo Fujihara, Estelita Gourgel, Luiz

Panutti, José Paulo e Vinícius Canassa;

Aos insetos, animais fantásticos que frequentemente ensinam e estimulam a curiosidade

dos seres humanos.

VII

SUMÁRIO

Páginas

Lista de tabelas ............................................................................................. IX

Lista de figuras.................................................................................................. XII

1 Resumo.......................................................................................... 1

2 Summary......................................................................................... 3

3 Introdução........................................................................................ 5

4 Revisão de literatura....................................................................... 8

4.1 Cultura da soja.......................................................................... 8

4.2 Características do complexo de percevejos.............................. 9

4.3 Aspectos bioecológicos de Euschistus heros (Fabricius)........ 11

4.4 Danos associados ao complexo de percevejos da soja............. 13

4.5 Métodos de controle para o complexo de percevejos da soja..... 14

5 Material e Métodos.......................................................................... 20

5.1 Genótipos da soja utilizados..................................................... 20

5.2 Obtenção dos genótipos............................................................ 21

5.3 Criação estoque de E. heros........................................................ 23

5.4 Ensaios a campo....................................................................... 24

5.5 Ensaios em laboratório............................................................. 28

5.5.1 Atratividade e preferência alimentar........................... 28

5.5.2 Quantificação e comprimento de tricomas em vagens.... 30

5.5.3 Determinação da dureza das vagens............................. 31

5.5.4 Antibiose...................................................................... 32

5.6 Análises Estatísticas................................................................. 34

6 Resultados e Discussão................................................................... 35

6.1 Ensaios a campo....................................................................... 35

6.1.1 Flutuação populacional de percevejos pentatomídeos.... 35

6.1.2 Ocorrência de espécies de percevejos pentatomídeos...... 37

6.1.3 Atratividade, retenção foliar, produtividade e danos

ocasionados por percevejos pentatomídeos em

genótipos da soja.........................................................

38

6.1.3.1 Ciclo Precoce.................................................... 38

6.1.3.2 Ciclo Semiprecoce.................................................. 48

VIII

6.1.3.3 Ciclo Tardio............................................................ 57

6.2 Ensaios em laboratório......................................................... 66

6.2.1 Determinação de atratividade de Euschistus heros em

testes com chance de escolha....................................... 66

6.2.2 Determinação do número de picadas e tempo de

consumo de Euschistus heros em diferentes genótipos

de soja...................................................................... 68

6.2.3 Dureza, quantificação e comprimento de tricomas em

vagens R5/R6 de diferentes genótipos........................ 71

6.2.4 Avaliação de antibiose.................................................. 76

7 Conclusões............................................................................... 87

8 Referências bibliográficas........................................................... 89

Apêndices................................................................................................. 105

IX

LISTA DE TABELAS

Páginas

Tabela 1. Genealogia dos genótipos de soja de ciclos precoce, semiprecoce e

tardio utilizados no trabalho............................................................................... 21

Tabela 2. Número médio (±EP) de percevejos pentatomídeos (E. heros, P.

guildinii, N. viridula, E. meditabunda e Dichelops spp.) por pano de batida

obtidos em plantas de seis genótipos de soja de ciclo precoce durante dois

anos de ensaio a campo............................................................................. 40

Tabela 3. Retenção foliar média (±EP) ocasionada pelo ataque de percevejos

em seis genótipos de soja de ciclo precoce....................................................... 41

Tabela 4. Produtividade média (kg/ha-1

) (±EP) e percentagem de redução de

produção de seis genótipos de soja de ciclo precoce em parcelas infestadas e

não infestadas por percevejos.................................................................... 46

Tabela 5. Escore médio de dano nos grãos de seis genótipos de soja de

ciclo precoce em ensaios de campo, causados por percevejos

pentatomídeos........................................................................................ 47

Tabela 6. Número médio (±EP) de percevejos pentatomídeos (E. heros, P.

guildinii, N. viridula, E. meditabunda e Dichelops spp.) por pano de batita

obtido em plantas de seis genótipos de soja de ciclo semiprecoce durante dois

anos de ensaio a campo............................................................................ 49

Tabela 7. Retenção foliar média (±EP) ocasionada pelo ataque de percevejos

em seis genótipos de soja de ciclo semiprecoce........................................... 50

Tabela 8. Produtividade média (kg/ha-1

) (±EP) e percentagem de redução de

produção de seis genótipos de soja de ciclo semiprecoce em parcelas

infestadas e não infestadas por percevejos....................................................... 53

Tabela 9. Escores médios de dano nos grãos de seis genótipos de soja de

ciclo semiprecoce em ensaios de campo........................................................... 56

Tabela 10. Número médio (±EP) de percevejos pentatomídeos (E. heros, P.

guildinii, N. viridula, E. meditabunda e Dichelops spp.) por pano de batita

obtido em plantas de cinco genótipos se soja de ciclo tardio durante dois anos

de ensaio a campo...................................................................................... 59

Tabela 11. Retenção foliar média (±EP) ocasionada pelo ataque de

percevejos em cinco genótipos de soja de ciclo tardio...................................... 60

X

Tabela 12. Produtividade média (kg/ha-1

) (±EP) e percentagem de redução de

produção de cinco genótipos de soja de ciclo tardio em parcelas infestadas e

não infestadas com percevejos............................................................................ 62

Tabela 13. Escores médios de dano nos grãos causados por percevejos em

cinco genótipos de soja de ciclo tardio, em ensaios de campo.......................... 65

Tabela 14. Número médio (±EP) de adultos de Euschistus heros atraídos por

vagens R5/R6 de seis genótipos de soja de ciclo precoce, aos 15, 30, 45, 60,

120 e 180 minutos após a liberação (T= 26 2ºC, U.R.= 65 10% e

fotoperíodo=14h)............................................................................................... 66

Tabela 15. Número médio (±EP) de adultos de Euschistus heros atraídos por

vagens R5/R6 de seis genótipos de soja de ciclo semiprecoce, aos 15, 30, 45,

60, 120 e 180 minutos após a liberação dos insetos........................................... 67

Tabela 16. Número médio (±EP) de adultos de Euschistus heros atraídos por

vagens R5/R6 de cinco genótipos de soja de ciclo tardio, aos 15, 30, 45, 60,

120 e 180 minutos após a liberação dos insetos................................................ 68

Tabela 17. Número médio de picadas e tempo de picada por picada (±EP) de

adultos de Euschistus heros em vagens R5/R6 de seis genótipos de soja de

ciclo precoce...................................................................................................... 69

Tabela 18. Número médio de picadas e tempo de picada por picada (±EP) de

adultos de Euschistus heros em vagens R5/R6 de seis genótipos de soja de

ciclo semiprecoce............................................................................................... 70

Tabela 19. Número médio de picadas e tempo de picada por picada (±EP) de

adultos de Euschistus heros em vagens R5/R6 de cinco genótipos de soja de

ciclo tardio........................................................................................................... 71

Tabela 20. Densidade média de tricomas, comprimento de tricomas e dureza

de vagem (±EP)1 de seis genótipos de soja de ciclo precoce............................. 72

Tabela 21. Densidade média de tricomas, comprimento de tricoma e dureza

de vagem (±EP)1 de seis genótipos de soja de ciclo semiprecoce.................... 74

Tabela 22. Densidade média de tricomas, comprimento de tricoma e dureza

de vagem (±EP)1 de cinco genótipos de soja de ciclo tardio........................... 75

Tabela 23. Período médio (dias ± EP) de duração de ínstares ninfais e fase

ninfal total (dias ± EP) de Euschistus heros em 17 genótipos de soja (T= 26

2ºC, U.R.= 65 10% e fotoperíodo=14h)..........................................................

79

XI

Tabela 24. Longevidade média (dias ± EP) e peso de adultos recém-

emergidos (mg ± EP) de Euschistus heros obtidos em 17 genótipos de soja

(T= 26 2ºC, U.R.= 65 10% e fotoperíodo=14h).......................................... 84

Tabela 25. Viabilidade de ovos (± EP) de Euschistus heros confinados em 17

genótipos de soja (T= 26 2ºC, U.R.= 65 10% e

fotoperíodo=14h)............................................................................................... 85

XII

LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 1. A - Área semeada com os genótipos de soja para a multiplicação de

sementes; B - sementes colhidas, selecionadas e acondicionadas

hermeticamente.................................................................................................. 22

Figura 2. A - Gaiola de criação de adultos de E. heros e placas contendo

ovos; B - vista interna da gaiola de criação; C - ninfas buscando água em

algodão embebido. (T= 26 2ºC, U.R.= 65 10% e fotoperíodo=14 h).......... 23

Figura 3. A - Vista geral da área experimental do primeiro ensaio realizado

em 2011-2012; B - área do segundo ensaio realizado em 2012-2013................ 25

Figura 4. A - Planta entrando em estádio reprodutivo R2; B - avaliação

populacional de percevejos pentatomídeos (E. heros, P. guildinii, N. viridula, E.

meditabunda e Dichelops spp.) com pano de batida........................................... 27

Figura 5. A - Colheita de quatro metros lineares centrais das parcelas; B -

Classificação do nível de dano nos grãos dos diferentes genótipos.................... 27

Figura 6. A - Percevejos mantidos sob jejum de 24 h; B - Vista geral de uma

arena; C - Adulto de E. heros se alimentando em vagem; D - Testes em

execução. (T=26 2ºC, U.R.=6510% e fotoperíodo=14h)................................ 29

Figura 7. A - Imagem dos tricomas de vagem obtida por microscopia

eletrônica; B - medição do comprimento dos tricomas pelo software EDN-2... 31

Figura 8. A - Placa de Petri contendo vagem e duas ninfas de E. heros; B -

Genótipo cultivado em casa-de-vegetação para o fornecimento de vagens; C -

Vista geral de parte do ensaio de antibiose. (T=262ºC, U.R.=6510% e

fotoperíodo=14h)............................................................................................... 33

Figura 9. Flutuação populacional de percevejos pentatomídeos (E. heros, P.

guildinii, N. viridula, E. meditabunda e Dichelops spp.) nos ensaios com os

diferentes genótipos de soja de ciclos precoce, semiprecoce e tardio................ 36

Figura 10. Ocorrência (%) de percevejos pentatomídeos (E. heros, P.

guildinii, N. viridula, E. meditabunda e Dichelops spp.) registrados em

ensaios de campo com soja................................................................................. 37

Figura 11. Número de grãos danificados por pentatomídeos de acordo com

quatro classes de danos em seis genótipos de soja de ciclo precoce em ensaios

de campo. Botucatu-SP, 2011-2012 e 2012-2013. A = grãos sem danos

XIII

visíveis; B = grãos com puncturas, mas sem deformação; C = grãos com

punctura e com deformação; D = grãos totalmente deformados.......................

46

Figura 12. Número de grãos danificados por pentatomídeos de acordo com

quatro classes de danos em seis genótipos de soja de ciclo semiprecoce em

ensaios de campo. Botucatu-SP, 2011-2012 e 2012-2013. A = grãos sem

danos visíveis; B = grãos com puncturas, mas sem deformação; C = grãos

com punctura e com deformação; D = grãos totalmente deformados................ 55

Figura 13. Número de grãos danificados por pentatomídeos de acordo com

quatro classes de danos em cinco genótipos de soja de ciclo tardio em ensaios

de campo. Botucatu-SP, 2011-2012 e 2012-2013. A = grãos sem danos

visíveis; B = grãos com puncturas, mas sem deformação; C = grãos com

punctura e com deformação; D = grãos totalmente deformados....................... 64

Figura 14. Correlação entre densidade de tricomas e atratividade de adultos

de Euschistus heros, e dureza de vagem, em teste com chance de escolha em

seis genótipos de soja de ciclo precoce.............................................................. 73

Figura 15. Correlação entre densidade de tricomas e atratividade de adultos

de Euschistus heros, e dureza de vagem, em teste com chance de escolha em

seis genótipos de soja de ciclo semiprecoce....................................................... 74

Figura 16. Correlação entre densidade de tricomas e atratividade de adultos

de Euschistus heros, e dureza de vagem, em teste com chance de escolha em

seis genótipos de soja de ciclo tardio.................................................................

75

Figura 17. Mortalidade (%) nos diferentes estádios ninfais e emergência de

adultos de Euschistus heros confinados em seis genótipos de soja de ciclo

precoce.......................................................................................................... 80

Figura 18. Mortalidade (%) nos diferentes estádios ninfais e emergência de

adultos de Euschistus heros confinados em seis genótipos de soja de ciclo

semiprecoce........................................................................................................ 81

Figura 19. Mortalidade (%) nos diferentes estádios ninfais e emergência de

adultos de E. heros confinados em cinco genótipos de soja de ciclo tardio....... 82

Figura 20. Ninfas de quinto ínstar de Euschistus heros que morreram presas à

exúvia no momento da ecdise................................................................ 82

Figura 21. Viabilidade ninfal (% ± EP) de Euschistus heros obtida em 17

genótipos de soja (T= 26 2ºC, U.R.= 65 10% e fotoperíodo=14h)............. 83

1

1 RESUMO

A soja, Glycine max (L.) Merrill, apresenta muitas espécies de

insetos, sendo os percevejos pentatomídeos classificados em pragas primárias, responsáveis

por reduções no rendimento e na qualidade das sementes de soja. Pela alta ocorrência e

elevados danos ocasionados, destacam-se dentro do complexo as espécies Nezara viridula

(Linneaus, 1758), Piezodorus guildinii (Westwood, 1837), Euschistus heros (Fabricius,

1798), Dichelops sp. e Edessa meditabunda (Fabricius, 1794). Considerando-se a carência de

métodos de controle eficientes e menos agresssivos ao ambiente, este trabalho avaliou 17

genótipos de soja, pertencentes a três grupos de maturação frente ao ataque do complexo de

percevejos em duas safras, estudando-se ainda possíveis mecanismos de resistência destes

genótipos em laboratório sobre o percevejo de maior ocorrência, E. heros. Nesse sentido, foi

avaliada a campo: infestação, retenção foliar, produtividade e os danos ocasionados nos

genótipos. Em laboratório, também foram avaliadas a preferência alimentar, características

físicas e morfológicas das vagens e aspectos biológicos de E. heros. Os genótipos de ciclo

precoce PI 171451 e PI 229358 foram menos atrativos e danificados pelo complexo de

percevejos, sendo que PI 171451 também revelou baixa retenção foliar e elevada

produtividade, juntamente com ‘IAC 17’. A alta densidade de tricomas de ‘IAC 17’ influencia

o comportamento de E. heros. Dentre os genótipos semiprecoces, PI 227687 e IAC 74-2832

foram menos infestados, sendo que PI 227687 apresentou baixa retenção foliar, e juntamente

com ‘IAC 100’ e IAC 78-2318 manteve boa produtividade sob ataque de percevejos,

indicando tolerância. PI 227687 e ‘IAC 100’ foram os menos danificados, reafirmando

2

antixenose e/ou tolerância. As linhagens tardias PI 274453 e PI 274454 foram menos

infestadas e danificadas por percevejos, apresentando ainda baixa retenção foliar, indicando

tolerância e/ou antixenose para alimentação. Vagens de PI 274454 também foram pouco

atrativas a E. heros em laboratório. L1-1-01, ‘IAC 100’, ‘IAC 23’ e ‘Coodetec 208’

prolongaram o desenvolvimento ninfal, indicando a ocorrência de antibiose e/ou antixenose,

sendo que PI 274454, ‘IAC 19’, PI 227687 e PI 229358 causaram elevada mortalidade ninfal,

também indicando antibiose e/ou antixenose. Em PI 274453 e PI 227687 houve redução no

peso de adultos e na viabilidade de ovos.

Palavras-chave: resistência de plantas a insetos; percevejo-marrom; antixenose; antibiose.

3

SOYBEAN STINK BUGS: REFLECTIONS ON THE PRODUCTIVITY OF

GENOTYPES AND DETERMINATION OF THE TYPES OF RESISTANCE ON

Euschistus heros (FABRICIUS) (HEMIPTERA: PENTATOMIDAE). Botucatu, 2013. 106

p. Tese (Doutorado em Agronomia/Proteção de Plantas). Faculdade de Ciências

Agronômicas. Universidade Estadual Paulista.

Author: EFRAIN DE SANTANA SOUZA

Adviser: EDSON LUIZ LOPES BALDIN

Co-adviser: ANDRÉ LUIZ LOURENÇÃO

2 SUMMARY

Soybean, Glycine max (L.) Merrill, has many species of insects,

stink bugs being classified into primary pests, responsible for reductions in yield and

quality of soybean seeds. For high frequency and high damage occasioned, stand out

within the complex species Nezara viridula (Linneaus, 1758), Piezodorus guildinii

(Westwood, 1837), Euschistus heros (Fabricius, 1798), Dichelops sp. and Edessa

meditabunda (Fabricius, 1794). Considering the lack of efficient control methods and less

agresssive for the environment, this study evaluated 17 genotypes belonging to different

maturity groups were against the attacks of the stink bug complex in two seasons, and the

possible mechanisms of resistance of these genotypes in the laboratory against the bug that

occurred most E. heros. Accordingly, were evaluated infestation in the field: infestation,

leaf retention, productivity and damage caused in genotypes. In laboratory, were also

evaluated feeding preference, physical and morphological characteristics of the pods and

biological aspects of E. heros. The genotypes of early cycle PI 171451 and PI 229358 were

less attractive and damaged by stink bug complex, and PI 171451 also showed high

productivity and low leaf retention, along with 'IAC 17'. The high density of trichomes in

‘IAC 17' likely to influence the behavior of E. heros. Among semiearly genotypes, PI

227687 and IAC 74-2832 were less infested, and PI 227687 showed low leaf retention,

where together with ‘IAC 100’ and IAC 78-2318, maintained good yield under attack by

stink bugs, indicating tolerance. PI 227687 and 'IAC 100' were the least damaged,

reaffirming antixenosis and/or tolerance. In late genotypes, the lines PI 274453 and PI

274454 were less damaged and infested by stink bugs, yet having low leaf retention,

indicating tolerance and/or antixenosis for feeding. Pods of PI 274454 were also

4

unattractive to E. heros in laboratory. L1 -1-01, ‘IAC 100’, ‘IAC 23' and 'Coodetec 208'

prolonged the nymphal development, indicating antibiosis and/or antixenosis, and PI

274454, 'IAC 19', PI 227687 and PI 229358 caused high nymphal mortality, also indicating

antibiosis and/or antixenosis. PI 274453 and PI 227687 provoked significantly reduced at

the weight of adults and eggs viability.

Keywords: host plant resistance; neotropical brown stink bug; nonpreference; antibiosis.

5

3 INTRODUÇÃO

O cultivo comercial da soja [Glycine max (L.) Merrill] no Brasil

revolucionou a prática da agricultura no país, tanto pela abertura de novas fronteiras

agrícolas, como pela ampla possibilidade de uso de diferentes métodos de controle de

pragas (HOFFMANN-CAMPO; CORRÊA-FERREIRA; MOSCARDI, 2012). A soja se

destaca por ser uma fonte alimentar saudável disponível em muitos produtos e ao mesmo

tempo gerar energia renovável, na forma de biodiesel (PRADO, 2007). Segundo projeções

do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e da Companhia Nacional do

Abastecimento (CONAB, 2013), na safra de 2013/14, o Brasil produzirá 84 milhões de

toneladas, correspondentes ao cultivo de mais de 28 milhões de hectares, mantendo o país

como o quarto maior consumidor de soja e o segundo maior produtor mundial,

permanecendo atrás somente dos EUA (AGRIANUAL, 2013). Trata-se da principal

atividade agrícola do Brasil, respondendo pela geração de cerca de cinco milhões de

empregos diretos e indiretos (ROESSING; LAZZAROTTO, 2004).

Durante o processo de produção, alguns fatores implicam na

redução da produtividade dessa leguminosa ou limitam a expansão para novas áreas,

destacando-se entre esses fatores, as intempéries climáticas, plantas invasoras, doenças e

pragas. Embora as pragas tenham suas populações reduzidas por predadores, parasitoides e

entomopatógenos, elas frequentemente atingem níveis populacionais elevados, causando

perdas significativas e necessitando serem manejadas (EMBRAPA, 2011).

Na soja, são muitas as espécies de insetos e suas populações, sendo

os nocivos classificados em pragas primárias e secundárias, de acordo com a frequência em

que ocorrem e com o nível de dano que podem acarretar à cultura (MIYASAKA, 1982).

6

No primeiro grupo, são relacionados os percevejos fitófagos,

responsáveis por reduções no rendimento e na qualidade das sementes de soja, em

consequência do hábito alimentar na vagem e por se serem vetores de patógenos como o

fungo Nematospora coryli (Pegliom, 1901), que ocasiona a deterioração das sementes

(PANIZZI; SLANSKY, 1985; BELORTE et al., 2003; DEGRANDE; VIVAN, 2010).

Ainda sobre os danos decorrentes da alimentação do complexo de percevejos sobre as

vagens, somam-se o enrugamento e deformação dos grãos, a redução na germinação e no

vigor das sementes, alterações no teor de óleo e proteína, além de também ocasionar

retenção foliar, conhecida no Brasil como “soja-louca” (PANIZZI; SLANSKY JÚNIOR,

1985; COSTA; BORGES; VILELA, 1998; CORSO; GAZZONI, 1998; CORRÊA-

FERREIRA; PANIZZI, 1999). Por esses motivos alguns autores (TURNIPSEED;

SULLIVAN, 1976; KOGAN, 1976; LUSTOSA et al., 1999; BELORTE et al., 2003),

classificam os pentatomídeos como as pragas mais importantes na cultura da soja.

Pela alta ocorrência e elevados danos ocasionados às lavouras

brasileiras de soja, destacam-se as espécies Nezara viridula (Linneaus, 1758), Piezodorus

guildinii (Westwood, 1837), Euschistus heros (Fabricius, 1798) Dichelops sp. e Edessa

meditabunda (Fabricius, 1794) (JENSEN; NEWSON, 1972; GALLO et al., 2002; SOSA-

GÓMEZ; SILVA, 2010), sendo que a flutuação populacional de cada espécie e a

severidade dos danos estão relacionados respectivamente com a temperatura e o estádio

fenológico das plantas (SILVA; CORRÊA-FERREIRA; SOSA-GÓMEZ, 2006;

BELORTE et al., 2003).

Entre os percevejos, E. heros é o que ocorre com maior frequência

nas regiões produtoras de soja do Brasil. Sua ocorrência aumentou consideravelmente após

o avanço da cultura para o Centro-Oeste, provavelmente se adaptando melhor às elevadas

temperaturas dessa região (FERNANDES; CORRÊA; BORTOLI, 1990; CIVIDANES;

PARRA, 1994; CORRÊA-FERREIRA et al., 2010).

Para o manejo do complexo de percevejos da soja, recorre-se

geralmente ao uso de inseticidas sintéticos (DEGRANDE; VIVAN, 2010), que embora

muito eficazes e recomendados, frequentemente ocasionam problemas como desequilíbrio

ambiental, intoxicação humana, resíduos em alimentos e eliminação de inimigos naturais

(BYRNE et al., 2003). Além disso, alguns autores (PRABHAKER; COUDRIET; MEYER-

DRIK, 1985; STANSLY; SCHUSTER, 1992; SOSA-GÓMEZ; CORSO; MORALES,

2001; HART; PIMENTEL, 2002; SILVA et al., 2009) ressaltam que aplicações sucessivas

de um mesmo produto químico favorecem rápida seleção de indivíduos resistentes. Esse

7

fato foi estudado e relatado em diversos trabalhos de Sosa-Gómez et al. (2005, 2009,

2010), que descrevem a ocorrência de elevada resistência do percevejo E. heros a grupos

de inseticidas em algumas regiões brasileiras. Segundo Corrêa-Ferreira e Moscardi (1996),

para o manejo de percevejos, são usados anualmente no Brasil quatro milhões de litros de

inseticidas sintéticos.

O uso de genótipos resistentes às pragas pode ser uma alternativa

sinérgica, redutiva ou até mesmo substitutiva aos inseticidas nas culturas (KOGAN, 1989;

KEA; TURNIPSEED; CARNER, 1978; PANDA, 1979; SMITH, 2005), apresentando

ainda vantagens como acessibilidade; compatibilidade com o controle biológico, sem a

exigência de conhecimento prévio; redução nos custos de cultivo; controle das populações

das pragas a níveis que não causem danos econômicos sem interferência no ecossistema,

tornando a cultura mais lucrativa para o agricultor (PAINTER, 1951; ROSSETTO et al.,

1981; KOGAN, 1989; LARA, 1991, PANDA; KHUSH, 1995; SMITH, 2005).

Em função do potencial de danos que o complexo de percevejos

ocasiona à cultura da soja, aliado à necessidade do desenvolvimento de métodos menos

agressivos ao ambiente, realizou-se este trabalho, objetivando avaliar a possível resistência

de genótipos de soja de diferentes grupos de maturação sob ataque do complexo de

percevejos da soja a campo. Ensaios de laboratório também foram realizados com E. heros

a fim de caracterizar diferentes mecanismos de resistência ao inseto.

8

4 REVISÃO DE LITERATURA

4.1 Cultura da soja

A soja [Glycine max L. (Merrill)] é uma leguminosa exótica no

Brasil, tendo como centro de origem o leste da China, onde foi domesticada no século XI

a.C. e introduzida posteriormente em outras regiões do Oriente. Registros antigos reportam

que essa leguminosa representa a base alimentar do povo chinês há mais de 5.000 anos

(CÂMARA, 1998).

O germoplasma de soja possui grande diversidade quanto ao ciclo,

variando de 70 dias para as mais precoces até 200 dias para as mais tardias (BORÉM,

1999; SEDIYAMA, 2009). O ciclo total da planta pode ser dividido em duas fases:

vegetativa (emergência da plântula até a abertura das primeiras flores) e reprodutiva (início

da floração até a maturação). Van Schaik e Probst (1958), citado por Borém (1999), uma

planta pode emitir até 800 flores, porém a taxa de fertilização varia de 13 a 57 %,

dependendo do genótipo e das condições ambientais.

No Brasil, essa planta foi introduzida no ano de 1882 por Gustavo

Dutra no Estado da Bahia (VERNETTI, 1983; SEDIYAMA; PEREIRA; SEDIYAMA,

1985), chegando ao Estado de São Paulo em 1891 para testes como planta forrageira no

Instituto Agronômico de Campinas (MYASAKA; MEDINA, 1981). A partir de 1941

iniciou-se o cultivo comercial no sul do país, chegando o Estado do Paraná a produzir

60.000 toneladas de grãos na década de 60 (VERNETTI, 1983; KASTLER; QUEIROZ;

TERASAWA, 1981). Na década seguinte, a cultura evoluiu nos estados produtores,

expandindo-se também para os estados do Centro-Oeste do país (BORÉM, 1999).

9

A soja é considerada uma commodity nacional, e apresenta-se como

uma das principais fontes de proteína e óleo vegetal do mundo para nutrição humana e

animal, sendo rica em vitaminas do complexo B, potássio, zinco, dentre outros minerais

(SHAW; CHIN; PAN, 1995; MORAIS; SILVA, 1996). Além da importância nutricional, a

planta ainda possui inúmeras utilizações, tais como adubação verde, fabricação de tintas,

fibras, adesivos, tecidos e cosméticos (CÂMARA, 1998).

Mundialmente, destacam-se no ranking de produção de soja os

Estados Unidos, o Brasil e a Argentina, que juntos respondem por aproximadamente 80%

da produção mundial deste grão. No Brasil, os Estados de Mato Grosso, Paraná, Goiás e

Rio Grande do Sul são os maiores produtores, respondendo por 38,82; 16,49; 12,43 e

9,83% respectivamente, da produção nacional (CONAB, 2013, AGRIANUAL, 2013).

Com relação à área ocupada pela cultura no Brasil, na última safra

(2012/13), o país cultivou 27,72 milhões de hectares, passando a produzir 81,46 milhões de

toneladas devido ao incremento de 10 % de área cultivada em relação à safra anterior. As

razões que alavancaram a cultura estão relacionadas ao elevado nível das cotações da

oleaginosa no mercado internacional, suas repercussões no mercado interno e ao bom

desempenho da comercialização realizada de forma antecipada, que na última safra atingiu

níveis recordes (CONAB, 2013; AGRIANUAL, 2013). Sob condições normais de

semeadura, a produtividade média de soja na safra 2012/13 foi de 2.935 kg/ha, havendo

um acréscimo de 11,4 % em relação à safra anterior (IBGE, 2013).

4.2 Características do complexo de percevejos da soja

Os percevejos das vagens e sementes da soja são fitófagos

pertencentes à família Pentatomidae. Segundo Gillot (2005), trata-se de uma das maiores

famílias dentro da subordem Heteroptera, com mais de 5.000 espécies descritas. A maioria

dos pentatomídeos apresenta coloração distinta, podendo ser marrom, esverdeada ou muito

colorida (CARVER; GROSS; WOODWARD, 1991).

Dentre as principais características morfológicas presentes nos

pentatomídeos, destacam-se as antenas com cinco segmentos e escutelo grande e

triangular, porém menor que o cório e não atinge o ápice do abdome e tíbia, podendo ainda

ter ou não espinhos. Esses percevejos normalmente medem mais de 7 mm e são castanho-

acinzentado, verdes, mas com muitas espécies coloridas e brilhantes. Apesar de a maioria

10

destes percevejos ser fitófaga, existem algumas espécies predadoras (BORROR; WHITE,

1970; CARVER; GROSS; WOODWARD, 1991).

Segundo Costa Lima (1940), os pentatomídeos geralmente passam

por cinco estádios ninfais antes de atingirem a fase adulta, sendo ápteros nos dois

primeiros ínstares e apresentando tecas alares nos três ínstares seguintes. Ainda, segundo o

mesmo autor, neste grupo os insetos passam a ter três artículos tarsais na fase adulta,

diferindo das ninfas que apresentam somente dois. Após a eclosão, as ninfas ficam

agregadas, permanecendo sobre o córion e não se alimentam durante o primeiro ínstar.

Provavelmente, o agrupamento é uma tática contra dessecação (SILVA, 2013). Para o

percevejo N. viridula, a agregação ninfal também diminui o tempo de desenvolvimento e a

mortalidade dos indivíduos (LOCKWOOD; STORY, 1986).

Quando as ninfas de pentatomídeos atingem o segundo ínstar,

começam a se dispersar entre as plantas de soja, porém, esta dispesão limita-se a distâncias

relativamente pequenas (PANIZZI; BUENO; SILVA, 2012). A dispersão ninfal foi

descrita por Panizzi et al. (1980), que estudando ninfas de N. viridula e P. guildinii,

observaram até 12 m do ponto inicial em áreas de cultivo de soja. Estes autores relataram

ainda que, as ninfas se deslocam mais no sentido longitudinal do que no transversal das

linhas de plantio, sendo as de quarto e quinto ínstares capazes de percorrer maiores

distâncias. No complexo de percevejos da soja, a dispersão dos adultos para outras áreas,

ocorre geralmente antes que a cultura complete a maturação, sendo comum a dispersão a

partir da senescência das plantas (CORRÊA-FERREIRA; PANIZZI, 1999; PANIZZI;

BUENO; SILVA, 2012).

Durante as últimas safras, tem-se observado um número crescente

de percevejos nas lavouras de soja, principalmente nos cultivos mais tardios

(DEGRANDE; VIVAN, 2009). Segundo estes autores, em certos casos, a população

desses pentatomídeos supera mais de doze vezes o nível de ação definido para estas pragas.

Em termos de abundância de espécies, registros da safra de soja 2001/2002 em Balsas-MA,

revelaram que 89 % dos pentatomídeos coletados a campo pertenciam à espécie E. heros

(PANIZZI, 2002). Mais recentemente, em Londrina-PR, na safra 2007/08, 84 % do total

dos percevejos também foram dessa espécie (CORRÊA-FERREIRA; MACHADO;

HOFFMANN-CAMPO, 2010). Há grande dispersão deste percevejo pelo território

brasileiro com predominância sobre as demais espécies (CIVIDANES; PARRA, 1994;

DEGRANDE; VIVAN, 2010, CORRÊA-FERREIRA; MACHADO; HOFFMANN-

CAMPO, 2010), o que revela a necessidade de maiores estudos, visando aprofundar os

11

conhecimentos sobre sua biologia e comportamento, a fim de disponibilizar ferramentas

mais eficientes de manejo.

4.3 Aspectos bioecológicos de Euschistus heros (Fabricius)

O percevejo E. heros (Hemiptera: Pentatomidae), vulgarmente

descrito no Brasil como “percevejo-marrom”, é apontado como umas das mais importantes

pragas da soja, recebendo atenção destacada em função dos danos e perdas que ocasiona à

esta cultura (RAMIRO, 1982; KISHINO; ALVES, 1992; GALLO et al., 2002). Vários

estudos de ocorrência e aspectos biológicos foram realizados com esta espécie (COSTA

LIMA, 1940; VILLAS BÔAS; PANIZZI, 1980; BORGES et al., 1998; COSTA;

BORGES; VILELA, 1998; MOURÃO; PANIZZI, 2000), revelando grande expansão deste

percevejo nas lavouras de soja do país nos últimos anos (PANIZZI; ROSSI, 1991;

PANIZZI; BUERNO; SILVA, 2012).

Quanto às características morfológicas de E. heros, os adultos

apresentam coloração marrom-escura ou avermelhada e possuem dois prolongamentos

laterais no protórax em forma de espinhos pontiagudos, o que facilita a identificação.

Medem aproximadamente 13 mm de comprimento (11 a 15 mm) e possuem uma mancha

branca típica em forma de “meia-lua” na extremidade do escutelo. Os ovos podem ser

amarelos, verde-claros ou beges e são normalmente depositados em massas de 6 a 15

unidades, dispostas em duas ou três fileiras paralelas. As formas imaturas passam por cinco

estádios ninfais, os quais apresentam coloração marrom suave uniforme. Ninfas de

primeiro ínstar apresentam hábito gregário, permanecendo agrupadas em colônias sobre os

córions dos ovos e não causando danos à cultura, passando a sugar os grãos de soja

somente no terceiro ínstar (COSTA; BORGES; VILELA, 1998; MOURÃO; PANIZZI,

2000; GALLO et al., 2002; DEGRANDE; VIVAN, 2009).

Segundo Costa et al. (1998), o período médio de incubação dos

ovos para a espécie E. heros é de 7,1 dias. As fêmeas que acasalam mais de uma vez

colocam uma maior quantidade de ovos. A longevidade média dos adultos é de 116 dias e

o desempenho reprodutivo das fêmeas varia conforme o tipo de alimento ingerido e a

constância alimentar durante a fase ninfal (VILLAS-BÔAS; PANIZZI, 1980; PINTO;

PANIZZI, 1994).

12

O primeiro registro desse percevejo em soja no Brasil foi feito por

Williams et al. (1973) no Estado de São Paulo na década de 70. Posteriormente, a espécie

dispersou-se para outras áreas de soja, como Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso

(KISHINO; ALVES, 1992), São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná (PANIZZI;

SLANSKY, 1985) e Rio Grande do Sul (PEREIRA; SALVADORI, 2008), sendo também

registrado recentemente, pela primeira vez na Argentina (SALUSO et al., 2011).

O aumento da ocorrência dessa espécie no país parece estar

relacionado à uma melhor adaptação do inseto às regiões de temperaturas mais elevadas,

constituindo-se atualmente num grande problema na região central do Brasil (PANIZZI;

SLANSKY, 1985; FERNANDES; CORRÊA; BORTOLI, 1990; CIVIDANES; PARRA,

1994). Em adição, Corrêa-Ferreira et al. (2010), estudando parâmetros bioecológicos dessa

espécie, constataram que as altas densidades populacionais, inclusive na fase vegetativa da

soja, estão também relacionadas com as práticas inadequadas de manejo, principalmente

pelo uso abusivo e errôneo de agrotóxicos.

O percevejo-marrom é um pentatomídeo nativo da América

Tropical, que apesar de polífago é pouco conhecido em relação às suas plantas

hospedeiras, sendo considerado o menos polífago em relação aos demais percevejos do

complexo (PANIZZI; SLANSKY, 1985; DEGRANDE; VIVAN, 2010). De acordo com

Panizzi (1997), E. heros produz duas ou três gerações em leguminosas durante os meses de

primavera-verão, e quando a soja é colhida, no final do verão, podem eventualmente se

alimentar da planta daninha carrapicho-de-carneiro, Acanthospermum hispidium (DC.),

dispersando-se posteriormente para abrigos, sob folhas caídas e restos de cultura no solo,

permanecendo em diapausa até o próximo verão. Quando em diapausa, geralmente

apresentam os órgãos reprodutivos ainda imaturos com os espinhos pronotais menos

desenvolvidos e coloração do corpo marrom-escura, diferente dos maduros sexualmente,

que são marrom-avermelhados (MOURÃO; PANIZZI, 2000). Nesse período, de

aproximadamente sete meses, o percevejo não se alimenta, sobrevivendo das reservas

lipídicas armazenadas anteriormente (HOFFMANN-CAMPO et al., 2000).

Além da soja, E. heros alimenta-se de diversas espécies de

Brassicaceae, Compositae, Euphorbiaceae, Leguminosae e Solanaceae (LINK, 1979;

CORRÊA-FERREIRA; PANIZZI, 1982; LINK; GRAZIA, 1987; PINTO; PANIZZI,

1994). Como hospedeiros alternativos para este percevejo, alguns autores (MOURÃO;

PANIZZI, 2000; DEGRANDE; VIVAN, 2009; PANIZZI, 2003) também relataram as

plantas amendoim-bravo (Pterogyne nitens Tul.), algodoeiro (Gossypium hirsutum L.),

13

ligustro (Ligustrum sp.), mamona (Ricinus communis L.), feijão (Phaseolus vulgaris L.),

ervilha (Pisum sativum L.) e alfafa (Medicago sativa L.). Frequentemente, o percevejo-

marrom também tem sido relatado na cultura do milho (Zea mays L.), causando injúrias de

diferentes intensidades em plântulas ou em espigas (ROSA-GOMES, 2010). No Estado de

Mato Grosso do Sul, a espécie vem atacando e comprometendo plantações de algodão

(Gossypium hirsutum L.) (SORIA; DEGRANDE; PANIZZI, 2010).

Devido ao hábito sugador, esse percevejo afeta irreversivelmente as

sementes, grãos e hastes de soja, constituindo-se atualmente como uma das principais e

mais abundantes pragas da cultura no Brasil (CIVIDANES; PARRA, 1994; SOSA-

GÓMEZ; OMOTO, 2012). Segundo Soria et al. (2010), o aumento populacional e o ataque

desta espécie em soja, tornaram-se mais frequentes principalmente em áreas cultivadas

anteriormente com algodão-Bt, provavelmente devido à redução na quantidade de

inseticidas aplicados para o controle de pragas do algodoeiro.

4.4 Danos associados ao complexo de percevejos da soja

Ao atingir a fase reprodutiva ou na transição entre as fases

vegetativa e reprodutiva, geralmente surgem na cultura da soja os percevejos fitófagos da

família Pentatomidae (HOFFMANN-CAMPO et al., 2000). Dentro desse grupo destacam-

se um complexo de espécies, reconhecidos em ordem decrescente de importância

econômica e de ocorrência: o percevejo-marrom E. heros, o percevejo-verde-pequeno

P.guildinii, o percevejo-verde N. viridula e os percevejos-barriga-verde (Dichelops spp.).

Embora as espécies Chinavia sp. e E. meditabunda tenham aumentado consideravelmente

sua ocorrência nas lavouras de soja, ainda são consideradas de menor expressão

(PANIZZI; SLANSKY, 1985; VILLAS BÔAS et al., 1985; GALLO et al., 2002;

CORRÊA-FERREIRA; KRZYZANOWSKI; MINAMI, 2009; DEGRANDE; VIVAN,

2009, PANIZZI; BUENO; SILVA, 2012; SOSA-GÓMEZ; OMOTO, 2012).

Estes percevejos são sugadores que se alimentam durante todo o

período reprodutivo das plantas, tendo o pico populacional concentrado entre março e abril

(CORRÊA et al., 1977; CORRÊA-FERREIRA; PANIZZI, 1982; PANIZZI; SLANSKY,

1985). À medida que a soja amadurece, torna-se menos atrativa e adequada para a

alimentação e reprodução desses percevejos, ocorrendo então uma dispersão para as

cultivares tardias e/ou hospedeiros alternativos (CORRÊA-FERREIRA; PANIZZI, 1999;

14

PANIZZI; ROSSI, 1991; PANIZZI; NIVA 1994). Alguns autores (CIVIDANES; PARRA,

1994; MAGRINI et al., 1996) afirmam que é comum a variação populacional de espécies

de percevejos de região para região e de ano para ano, e essa variação está diretamente

relacionada com a cultivar semeada e com as condições climáticas locais.

Segundo Basso (2009), os percevejos podem sugar várias estruturas

da planta, mas se concentram nas vagens. Degrande e Vivan (2009) afirmam que o ataque

desses pentatomídeos às vagens pode ocasionar perdas superiores a 30 %, uma vez que as

mesmas tornam-se chochas (sem formação de grãos), secam e escurecem. Em ataques

intensos, as sementes podem perder mais de 50 % do poder germinativo, com redução de

vigor e alterações nos teores de óleo e proteínas, comprometendo a qualidade e o valor

final dos grãos e sementes (RAMIRO; MASSARIOL, 1977; VILLAS BOAS et al., 1990;

GALLO et al., 2002;). Como sinal visual do ataque de percevejos, observam-se puncturas

nos grãos e manchas escuras em áreas esbranquiçadas nas vagens, derivadas de espaços de

ar produzidos quando os insetos ingerem os conteúdos celulares (MINER, 1966; SOSA-

GÓMEZ et al., 2010).

Além dos danos diretos, a alimentação desses percevejos nas

vagens, favorece a transmissão do fungo Nematospora coryli (Peglio, 1901), causador da

doença “mancha-de-levedura” ou “mancha-fermento” (CORSO, 1984; GAZZONI;

YORINIORI, 1995; HORI, 2000). Também como dano secundário, durante a alimentação

ocorre a injeção de toxinas, frequentemente relacionadas ao distúrbio fisiológico conhecido

como “soja-louca” e caracterizado pela retenção anormal de folhas, maturação irregular de

vagens e presença de hastes verdes, obrigando o produtor recorrer a dessecantes para a

posterior colheita (VICENTINI; JIMENEZ, 1977; GALILEO; HEINRICHS, 1978; SOSA-

GÓMEZ; MOSCARDI, 1995; GALLO et al., 2002; DEGRANDE; VIVAN, 2010).

4.5 Métodos de controle para o complexo de percevejos da soja

Em função da ampla expansão da cultura da soja no Brasil e dentro

do que preconiza o Programa de Manejo Integrado de Pragas da soja, as decisões são

baseadas no nível de ataque, no número de insetos e no estádio de desenvolvimento da

soja, sendo as amostragens realizadas semanalmente utilizando-se o pano-de-batida, uma

vez que a simples observação visual sobre as plantas não permite dimensionar a população

real de percevejos presentes nas lavouras (DEGRANDE; VIVAN, 2009; PANIZZI;

BUENO; SILVA, 2012).

15

Durante a Reunião da Comissão de Soja em 2007, estabeleceu-se

um novo nível de ação para os percevejos da soja, iniciando-se o controle quando

observada uma média igual ou superior a dois percevejos adultos ou ninfas com mais de

0,5 cm por metro. Essa recomendação é reduzida pela metade em lavouras destinadas à

produção de sementes (EMBRAPA, 2011; CORRÊA-FERREIRA, 2012).

Dentre as táticas de controle recomendadas para as pragas da soja,

o método químico é o mais utilizado e tem trazido reconhecidos benefícios à cultura ao

longo dos anos, principalmente pela redução populacional de insetos-praga. De acordo

com informações do Ministério da Agricultura (AGROFIT, 2013), os principais inseticidas

registrados para o controle do complexo de percevejos da soja são: acefato, ciproconazol,

cipermetrina, beta-ciflutrina, imidacloprido, lambda-cialotrina, tiametoxam, parationa-

metílica, bifentrina, zeta-cipermetrina, malation, esfenvalerato, fenitrotiona, clorpirifós e

carbosulfano, com uso associado ou isolado desses ingredientes ativos dependendo da

formulação.

Entretanto, o uso abusivo de inseticidas de amplo espectro em

mistura com herbicidas, ou por ocasião das aplicações de fungicidas (“aproveitamento de

operações”), tem ocasionado grande desequilíbrio ambiental em algumas regiões, com

graves problemas relacionados a pragas. Como exemplo disso, observam-se a elevação dos

níveis populacionais das principais pragas e a mudança de status de insetos de importância

secundária, que sob condições especiais causam danos que justificam medidas de controle.

Somados a isso, a elevada ocorrência de populações do complexo de percevejos na fase

inicial do desenvolvimento da cultura, aliada à falta de conhecimentos por parte de

técnicos e produtores sobre os possíveis danos, leva ao uso inadequado de produtos

químicos sintéticos, fechando um ciclo de práticas inadequadas (CORRÊA-FERREIRA,

2005; EMBRAPA, 2010; ALEXANDRE, 2010; ROGGIA, 2010).

Dos problemas decorrentes do mau uso de inseticidas químicos

(ROSSETTO et al., 1984; PRABHAKER; COUDRIET; MEYER-DRIK, 1985; ELBERT;

NAUEN, 2000; BYRNE et al., 2003; AHMAD et al., 2002; BAUR et al., 2010), tem

destaque os desequilíbrios no ambiente, eliminação de insetos benéficos e frequentes

intoxicações ao homem, além da seleção de indivíduos resistentes.

No Brasil, alguns estudos foram realizados e constataram a

resistência de percevejos a inseticidas, sendo a espécie E. heros aquela que mais

apresentou-se resistência até o momento (SOSA-GÓMEZ; CORSO; MORALES, 2001;

SOSA-GÓMEZ; SILVA, 2010). A ineficiência de controle do percevejo-marrom na soja

16

utilizando inseticidas começou a ser detectada na década de 1990; porém, na época, as

falhas de controle foram atribuídas a problemas de formulação do endosulfam, um dos

inseticidas mais usados no período (SOSA GÓMEZ; OMOTO, 2012). Segundo os mesmos

autores, nos dias atuais, produtos como endosulfam foram retirados do mercado, restando

os piretroides e os neonicotinoides como os mais viáveis para o manejo de percevejos.

Algumas alternativas para a obtenção de melhores resultados no

manejo químico dos percevejos da soja foram divulgadas. Como exemplo cita-se o uso do

controle químico somente nas bordas da lavoura em início de infestação, sem aplicação na

área total, reduzindo os custos de produção. Outra alternativa é a adição de sal de cozinha

(0,5 % v/v) na calda inseticida, pois o sal age como arrestante sobre os percevejos. No

entanto, essa prática é polêmica, uma vez que o sal desencadeia reações de ferrugem nos

equipamentos de aplicação (CORSO, 1989; CORSO, 1990; NIVA; PANIZZI, 1996;

SOSA-GÓMEZ; OMOTO, 2012).

Com relação ao uso de agentes de controle biológico no manejo de

percevejos, existem exemplos de sucesso no país, onde os entomopatógenos, predadores e

principalmente os parasitoides de ovos têm sido relatados com frequência no campo

(BUENO et al., 2012). Ragsdale et al. (1981) e Thomazini e Gravena (1994) citaram o

percevejo Geocoris punctipes (Say, 1832) como um importante predador de ovos e ninfas

de percevejos pragas da soja. Esse gênero se caracteriza pela presença de olhos

proeminentes, que os levam a ser conhecidos como big-eyed bugs, sendo um predador de

ocorrência comum em todas as regiões produtoras de soja do Brasil (BUENO et al., 2012;

CIVIDANES; BARBOSA, 2001).

Medeiros et al. (1997) relataram vários agentes biológicos que

atuam no controle de ovos de pentatomídeos, com destaque para os parasitoides Trissolcus

basalis (Wollaston) e Telenomus podisi (Ashmead). Corrêa-Ferreira e Moscardi (1995)

reportaram 20 espécies de quatro famílias de micro-himenópteros parasitando ovos de

pentatomídeos em campos de soja, oito delas encontradas sobre ovos de E. heros, sendo

eles: Trissolcus basalis, Ttrissolcus brochymenae (Ashmead), Trissolcus urichi

(Crawford), Trissolcus sp., Telenomus podisi (Ashmead), Gryon obesum (Masner),

Ooencyrtus sp. e Neorileya ashmeadi (Crawford), com percentagem média de parasitismo

de 60 % na safra de 1989/1990 e de 59 % na de 1990/1991. Telenomus podisi é a espécie

mais comum de ocorrência no Brasil, associada ao percevejo sugador de sementes mais

abundante E. heros, seu principal hospedeiro (GODOY et al., 2005, 2007)

17

Como parasitoides de percevejos adultos, existem algumas espécies

representantes da família Tachinidae e alguns micro-himenópteros, podendo-se citar

Trichopoda giacomellii (Blanchard, 1966) parasitando principalmente N. viridula e o

encirtídeo Hexacladia smithii (Ashmead, 1891) (Hemiptera: Encyrtidae) parasitando E.

heros (CORRÊA-FERREIRA; PANIZZI, 1999; BUENO et al., 2012).

Segundo Corrêa-Ferreira e Panizzi (1999), o controle microbiano

exercido pelos fungos entomopatogênicos Beauveria bassiana (Vuill) e Metarhizium

anisopliae (Metsch) também contribuem para reduzir as populações de percevejos. No

entanto, a ocorrência desses fungos é baixa (controle de 0,5 % da população),

especialmente devido à resistência apresentada pelos percevejos à infecção e à necessidade

de condições climáticas favoráveis à sua multiplicação em campo (MOSCARDI, et al.,

1988). Sosa-Gómez et al. (1997) relataram que esta baixa infecção em condições naturais

se deve, entre outros fatores, à composição dos feromônios liberados pelos percevejos, que

são ricos em aldeídos [(E)-2-decenal] de ação fungistática, principalmente sobre M.

anisopliae.

Também como prática alternativa para o controle de pragas nas

lavouras, o uso de materiais resistentes pode ser uma estratégia valiosa (PAINTER, 1951;

KOGAN, 1986; LARA, 1991; SMITH, 2005). Dentre as principais vantagens desse

método sobre os demais, destacam-se o não acúmulo de resíduos nos alimentos e a não

poluição do ambiente, o benefício aos agricultores, a atuação contra qualquer nível de

infestação da praga, a não interferência em outras práticas agrícolas como a colheita (sem

carência), sendo de fácil acesso ao agricultor, a redução das populações de insetos-praga a

níveis que não causam danos econômicos, a não alteração do equilíbrio do

agroecossistema, a facilidaede de utilização, a compatibilidade com os demais métodos de

controle, a não exigência de conhecimentos específicos do agricultor, além de não onerar o

custo de produção (VENDRAMIM, 1990; LARA, 1991).

A resistência é classificada em três tipos: antixenose ou não-

preferência, antibiose e tolerância, sendo que esses fenômenos podem envolver alterações

comportamentais ou biológicas do inseto e, em outros casos, uma reação da própria planta,

que em nada afeta o inseto. A resistência por antixenose ocorre quando há uma alteração

no comportamento do inseto durante a seleção do hospedeiro, causada pela presença de

compostos aleloquímicos ou características morfológicas da planta, tornando-a menos

favorável à alimentação, abrigo e/ou oviposição pelos insetos. A antibiose é expressa por

um conjunto de caracteres da planta que afetam negativamente a biologia dos insetos que a

18

utilizaram como alimento. Geralmente, as causas da antibiose estão relacionadas à

produção de aleloquímicos pelas plantas, em que durante a alimentação, os insetos podem

ser afetados das seguntes formas: redução no potencial reprodutivo; elevada mortalidade

da fase imatura; baixa emergência de adultos; redução no tamanho e peso dos indivíduos;

alteração da longevidade, oviposição, mortalidade, fecundidade, entre outros. A tolerância

ocorre quando o genótipo mantém as características produtivas (quantitativa e

qualitativamente) sob o ataque da praga, sem afetar o comportamento ou a biologia da

mesma (PANDA, 1979; AUCLAIR, 1989; LARA, 1991; PANDA; SMITH, 2005;

VENDRAMIM; GUZZO, 2009).

Na cultura da soja, o uso de genótipos resistentes a insetos em

programas de melhoramento ganhou força após a identificação de três introduções (PI-

171451, PI-227687 e PI-229358), portadoras de resistência ao besouro-mexicano

Epilachna varivestis (Mulsant, 1850), nos EUA (DUYN; TURNIPSEED; MAXWELL,

1971). Posteriormente, foi observada resistência desses genótipos também contra

Helicoverpa zea (Boodie, 1850), Cerotoma trifurcata (Forster, 1771) (CLARK et al.,

1972), Plathypena scabra (Fabricius, 1798), Epicauta spp. e Trichoplusia ni (Hübner,

1803) (LUEDDERS; DICKERSON, 1977).

No Brasil, programas de melhoramento de soja têm sido realizados

há alguns anos pelo Instituto Agronômico de Campinas, SP (IAC), buscando a

incorporação de fatores de resistência, principalmente para insetos sugadores e

desfolhadores (MIRANDA; LOURENÇÃO, 2002). Nesses programas, linhagens como PI-

171451, PI-227687, PI-229358, PI-274453 e PI-274454 vêm sendo utilizadas como

genitores resistentes, pois manifestam resistência múltipla (KOGAN, 1989; MIRANDA;

LOURENÇÃO 2002). Outros materiais derivados dessas linhagens também foram

utilizados como fonte de genitores resistentes, como IAC 73-228, IAC 78-2318

(MIRANDA et al., 1979; LOURENÇÃO; MIRANDA, 1987) e D72-9601 (REZENDE;

MIRANDA; MASCARENHAS, 1980).

Em trabalho visando avaliar a resistência de diferentes genótipos de

soja sob ataque de percevejos, Rossetto et al. (1986) observaram que o genótipo ‘IAC-

80/4228’ apresentou tolerância em comparação com outros 35 genótipos. Entre possíveis

fatores associados à resistência de soja aos percevejos, Rossetto et al. (1995) citaram que

no caso da cultivar resistente ‘IAC-100’, pelo menos cinco fatores de resistência estão

envolvidos, sendo eles: menor período de enchimento de vagens; maior número de

sementes; aborto de vagens danificadas e substituição por novas vagens; senescência

19

normal com queda das folhas na maturação; e resistência à levedura N. coryli transmitida

por E. heros. Segundo Lourenção et al. (1997), as cultivares ‘IAC 100’ e ‘IAC 17’ são um

marco no melhoramento de soja no Brasil quanto à resistência a insetos, sendo os

primeiros materiais liberados para esta finalidade.

Avaliando a resistência de oito genótipos de soja à percevejos da

soja, Lourenção et al. (1987) constataram que, entre dez genótipos, as linhagens IAC 73-

228 e IAC-78-2318 foram os mais resistentes em condições de campo, após dois anos de

safra. Miranda et al. (2003) verificaram que a cultivar ‘IAC 24’ também apresenta

resistência a insetos nocivos da soja, com melhor desempenho agronômico em relação aos

demais genótipos testados. Fugi et al. (2005) ratificaram as características dessa cultivar e

também da ‘IAC 17’ ao verificarem antibiose para Anticarsia gemmatalis (Hübner,1818).

Recentemente, com a finalidade de avaliar as linhagens mais

produtivas e com maior resistência a danos causados pelo complexo de percevejos,

Lourenção et al. (2010) conduziram experimentos por duas safras consecutivas e

constataram que as linhagens IAC 98-4540, IAC 98-4576, IAC 98-3123, IAC 98-4136 e as

cultivares ‘IAC 18’ e IAC 98-4136 foram os genótipos mais promissores.

As pesquisas realizadas até o momento são de grande importância e

têm contribuído para os programas de melhoramento de soja, não só visando à obtenção de

genótipos com resistência ao complexo de percevejos, mas também para insetos

desfolhadores. Entretanto, considerando-se a importância crescente do complexo de

percevejos e em especial de E. heros nas lavouras de soja, estudos específicos são

necessários, visando ampliar o conhecimento sobre as interações deste inseto com a cultura

da soja. Em adição, a seleção de genótipos resistentes pode representar uma ferramenta

adicional para o manejo dessa praga nas lavouras.

Com base nisso, o presente trabalho avaliou a possível resistência

de genótipos de soja de diferentes grupos de maturação sob ataque do complexo de

percevejos da soja a campo. Ensaios de laboratório também foram realizados com E. heros

a fim de caracterizar diferentes mecanismos de resistência sobre o inseto.

20

5 MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho foi realizado em condições de campo, na

Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPE) e nos Laboratórios de Resistência de

Plantas a Insetos e Plantas Inseticidas (LARESPI) do Departamento de Proteção Vegetal,

da FCA-UNESP, Campus de Botucatu-SP, entre os anos de 2010 a 2013.

5.1 Genótipos de soja utilizados

Para a execução do trabalho, foram utilizados 17 genótipos de soja

(Tabela 1), divididos em três grupos de maturação (precoce, semiprecoce e tardio).

As cultivares ‘IAC 17’, ‘IAC 19’ e ‘IAC 24’, foram selecionadas

por apresentarem antixenose e antibiose para mosca-branca e lagartas desfolhadoras

(VALLE; LOURENÇÃO, 2002; VALLE et al., 2012) e para o percevejo-verde N. viridula

(LOURENÇÃO et al., 2000; MIRANDA et al., 2003). A cultivar ‘IAC 100’ foi incluída

por ser resistente a vários insetos, incluindo N. viridula (McPHERSON; BUSS;

ROBERTS, 2007). L1-1-01 é derivado deste material e portanto é possível que tenha

herdado estas características de resistência. As linhagens PI 171451, PI 229358, PI 227687,

PI 274453 e PI 274454 demonstraram resistência a vários insetos (VAN DUYN;

TURNIPSEED; MAXWELL, 1971, 1972; TURNIPSEED, 1977; KOGAN, 1989). As

linhagens D75-10169, IAC 78-2318 e IAC 74-2832 são derivados de PI 229358 e PI

274454 (MIRANDA et al., 1979; LOURENÇÃO; MIRANDA, 1987; KILEN;

21

LAMBERT, 1993). ‘Conquista’ e ‘ Coodetec 208’ são cultivares amplamente cultivadas

no Brasil, sendo incluídos como padrões de suscetibilidade.

Tabela 1. Genealogia dos genótipos de soja de ciclos precoce, semiprecoce e tardio

utilizados no trabalho.

Ciclo Genótipo Genealogia

Precoce

‘IAC-17’ D72-9601-1 x ‘IAC-8’

‘IAC-23’ ‘BR-6’ x IAC-83-23

PI-171451 Japão

PI-229358 Tóquio, Japão

D 75-10169 ‘Govan’ x (F4 ‘Bragg’ x PI 229358)

‘Coodetec-208’ OC-4 x ‘Williams 20’

Semiprecoce

‘IAC 18’ D72-9601 x ‘IAC-8’

‘IAC 24’ IAC80-1177 x IAC83-288

‘IAC 100’ 'IAC-12' x IAC-78-2318

IAC 74-2832 ‘Hill’ x PI 274454

IAC 78-2318 D72-96-1 x IAC 73-227

PI 227687 Okinawa, Japão

Tardio

‘IAC 19’ D72-9601-1 x ‘IAC-8’

PI 274453 Okinawa, Japão

PI 274454 Okinawa, Japão

L 1-1-01 ‘BR-6’ x ‘IAC-100’

‘Conquista’ Lo76-44842

x ‘Numbaíra’

5.2 Obtenção dos genótipos

Os genótipos foram fornecidos pelo Dr. André Luiz Lourenção do

Instituto Agronômico (IAC), Campinas, SP. Devido à baixa quantidade de sementes de

alguns materiais, foi necessário multiplicá-los a campo, visando obter quantidades

suficientes para todos os testes propostos (Figura 1A). A área de multiplicação de sementes

classifica-se como Latossolo Vermelho Distroférrico, segundo levantamento detalhado

22

realizado por Carvalho et al., (1983) e pelo Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos

(EMBRAPA, 2006). Cerca de 50 dias antes da semeadura, fez-se a correção da acidez do

solo com utilização de calcário dolomítico no momento do preparo do solo, seguido por

aração e gradagem. A adubação foi realizada durante a semeadura, utilizando a fórmula

20-20-20 na base de 300 kg ha-1

, de acordo com análise de fertilidade do solo e as

recomendações para a cultura da soja (RAIJ; CANTARELLA; QUAGGIO, 1997).

Antes da semeadura, as sementes foram inoculadas com

Bradyrhizobium japonicum (Kirchner, 1896), na dosagem de 0,4 mL do produto comercial

(Masterfix L) para cada 100 g de semente, recebendo também tratamentos com fungicida

Vitavax-Thiram 200 SC (carboxina e tiram) e inseticida Cropstar (imidacloprid e

tiodicarbe) nas doses de 300 e 500 mL/100 kg de semente, respectivamente. Quando

necessário, as plantas foram irrigadas via aspersão. Realizaram-se também pulverizações

alternadas com os inseticidas Engeo Pleno (tiametoxam e lambda-cialotrina) e Akito (beta-

cipermetrina) e os fungicidas Ópera (piraclostrobina e epoxiconazol) e Priori Xtra

(azoxistrobina e ciproconazol) recomendados para a cultura, objetivando a proteção das

plantas de eventuais ataques de pragas e doenças.

As sementes foram colhidas manualmente quando apresentavam

umidade próxima a 14 % (Instrução Normativa n° 11 de 15/05/2007), sendo

posteriormente limpas, selecionadas, embaladas hermeticamente e acondicionadas em

câmara fria para posterior uso nos ensaios (Figura 1B).

Figura 1. A - Área semeada com os genótipos de soja para a multiplicação de sementes; B -

sementes colhidas, selecionadas e acondicionadas hermeticamente.

A B

23

5.3 Criação estoque de E. heros

Para início da criação de E. heros em laboratório, seguiu-se a

metodologia proposta por Silva et al. (2007), com T= 26 2ºC, U.R.= 65 10% e

fotoperíodo=14 h, obtendo-se massas de ovos junto ao Laboratório de Biologia de Insetos

da ESALQ/USP, Piracicaba, SP. Os ovos foram acondicionados em placas de Petri (6 cm

de diâmetro) contendo papel filtro ao fundo e uma pequena porção de algodão embebido

com água destilada, conforme proposto por Costa et al. (1998). Após a eclosão, as ninfas

foram mantidas na placa até atingirem o segundo ínstar, sendo posteriormente liberadas em

recipientes plásticos (40 x 22 x 14 cm) forrados com papel filtro ao fundo. Para a

alimentação, utilizou-se-se vagens de feijão (Phaseolus vulgaris L.) e amendoim (Arachis

hypogaea L.), mantendo-se também um recipiente plástico (50 mL) contendo algodão e

água destilada ao fundo, servindo como fonte de água e auxiliando na manutenção da

umidade do recipiente. Visando evitar a fuga, foi aplicada vaselina sólida na borda superior

do recipiente, acoplando-se também uma tampa adaptada com tecido voil, permitindo a

aeração (Figura 2).

Figura 2. A - Gaiola de criação de adultos de E. heros e placas contendo ovos; B - vista

interna da gaiola de criação; C - ninfas buscando água em algodão embebido.

(T= 26 2ºC, U.R.= 65 10% e fotoperíodo=14 h).

Visando favorecer e concentrar as posturas, foram adicionados

quatro pedaços de tecido de algodão cru no interior de cada gaiola de criação. As posturas

A B C

24

foram diariamente recolhidas, a fim de evitar o consumo dos ovos pelos próprios

percevejos, o que segundo Panizzi (1990), ocorre com frequência em criações

laboratoriais. Estes ovos foram separados do tecido e acondicionados em placas de Petri,

conforme citado anteriormente (Figura 2). A manutenção da criação foi feita a cada três

dias, conforme descrito por Souza (2010), colocando os insetos em gaiolas limpas com

alimento novo e água destilada, evitando-se assim, a proliferação de microrganismos.

Periodicamente, adultos de E. heros foram coletados em áreas

cultivadas com soja, com o auxílio de um pano de batida (1 m x 0,5 m) e introduzidos nas

gaiolas, visando manter o vigor da criação e evitar a degeneração resultante da seleção e

cruzamento entre irmãos. Durante as coletas a campo, optou-se por áreas cultivadas com

genótipos diferentes dos utilizados neste trabalho, a fim de se evitar o condicionamento

pré-imaginal (LARA, 1991). As coletas foram feitas em sua maioria no período da manhã,

até as 9:00h e no final da tarde após as 16:00h, evitando-se o sol forte, uma vez que,

segundo Panizzi (1990), na presença deste, os percevejos ficam menos expostos.

5.4 Ensaios a campo

Foram realizados dois ensaios de campo visando avaliar a

atratividade e colonização do complexo de percevejos sobre diferentes genótipos de soja

em condições normais de cultivo, a fim de caracterizar a possível ocorrência de resistência.

O primeiro ensaio foi realizado no ano agrícola 2011/2012 em uma

área experimental localizada a 22º82’48’’S e 48º42’80’’O, com altitude aproximada de 720

m. O segundo ensaio (2012/2013) foi instalado a 22°50’39’’S e 48°25’28’’O com altitude

de 780 m, sendo ambas as áreas pertencentes à Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão

(FEPE) da FCA/UNESP, Campus de Botucatu, SP.

As áreas receberam preparo prévio, 20 dias antes da semeadura,

com dessecação via pulverização de herbicida Roundup WG (glifosato), sendo as parcelas

semeadas em sistema de plantio direto. A fertilização foi realizada no momento da

semeadura, baseada em análises de fertilidade de solo realizadas pelo Departamento de

Solos da FCA/UNESP (Anexos 1 e 2) e recomendações para a cultura da soja (RAIJ;

CANTARELLA; QUAGGIO, 1997).

Em cada um dos ensaios, uma área de aproximadamente 8.000 m2

foi dividida em três talhões e cada um deles abrigou um grupo de soja (precoce,

25

semiprecoce e tardio). Para correlacionar os genótipos com os danos ocasionados pelos

percevejos e os reflexos na produtividade, foram semeados quatro repetições de cada

material sem controle de percevejos, e outras quatro repetições onde foi realizado o

controle quando detectado o nível de ação (DEGRANDE; VIVAN, 2010, EMBRAPA,

2011). Ao todo foram instaladas 68 parcelas sem aplicação de inseticidas e 68 parcelas por

ensaio onde se realizaram aplicações, sendo as parcelas distribuídas em delineamento de

blocos casualizados (Figura 3).

As parcelas possuíam 6,75 m2 cada, contendo quatro linhas de

plantio espaçadas em 0,45 m (Figura 3). As dimensões foram 1,35 x 5,0 m e o

espaçamento entre as bordas das parcelas de 1,5 m, tanto frontal quanto lateralmente. Os

blocos tratados foram espaçados em dez metros daqueles onde não houve aplicações de

inseticidas, evitando o possível efeito de deriva das pulverizações nas parcelas não

tratadas.

Figura 3. A - Vista geral da área experimental do primeiro ensaio realizado em 2011-

2012; B - área do segundo ensaio realizado em 2012-2013.

Antes da semeadura, as sementes dos diferentes genótipos foram

tratadas com fungicida (Vitavax-Thiram 200 SC – carboxina e tiram) e inseticida (Cropstar

– imidacloprid e tiodicarbe) na dose de 300 mL e 500 mL para 100 kg de semente,

respectivamente. Posteriormente, estas sementes também foram inoculadas com B.

japonicum, na dose de 200 mL do produto comercial (Masterfix L) para cada 50 kg de

sementes, sendo homogeneizadas e secas à sombra. As sementes foram distribuídas

A B

26

manualmente na densidade de 20 sementes por metro linear e após 14 dias da emergência,

foi realizado o desbaste manual, mantendo-se uma densidade média de 16 plantas por

metro linear.

Quando os percevejos atingiam o nível de ação nas parcelas que

seriam tratadas (média de um percevejo por metro linear) era realizado o controle com

pulverizações de inseticida à base de lambda-cialotrina + thiamethoxam (Engeo Pleno) na

dose de 200 mL para 200 L de calda ha-1

. As aplicações foram realizadas com um

pulverizador costal elétrico modelo Ft-16 Yamaho, com capacidade para 16 L e bico

cônico regulável. As amostragens foram realizadas no momento das avaliações,

verificando-se a necessidade ou não do controle. Para o primeiro ensaio (2011/2012),

foram necessárias três aplicações nos genótipos de ciclo precoce e quatro nos demais, a

partir do início do florescimento da soja até a fase de colheita. Já para o segundo ensaio

(2012/2013) realizaram-se três aplicações para todos os genótipos.

Quando as plantas atingiram o período reprodutivo,

especificamente próximo ao estádio R2 (florescimento pleno), iniciaram-se as avaliações

semanais (sempre ao final da tarde) da infestação dos percevejos E. heros, P. guildinii, N.

viridula, E. meditabunda e Dichelops spp. nos genótipos de soja (Figura 4). Para as

avaliações foi utilizado um pano de batida padrão para soja, medindo 1m de comprimento

e 0,5m de largura, sustentado lateralmente por hastes de madeira (CORRÊA-FERREIRA;

PAVÃO, 2005). O pano de batida era cuidadosamente posicionado entre as linhas de

plantio, sobre o qual, na sequência, as plantas eram inclinadas e sacudidas alternadamente

(CORRÊA-FERREIRA; PANIZZI, 1999). Por meio desse método, foram amostrados dois

pontos por parcela sempre nas linhas centrais, contabilizando-se o número total de

percevejos (ninfas maiores de 0,5 cm e adultos) presentes no pano (Figura 4).

Foram realizadas avaliações semanais nas parcelas de cada grupo

de soja, totalizando oito avaliações. Após o término do período de avaliações, as plantas

das parcelas passaram a ser monitoradas quanto ao teor de umidade dos grãos com o

auxílio de uma caneca (modelo Multigrain), e quando estes apresentavam índices próximos

a 14%, foram colhidos manualmente quatro metros lineares das linhas centrais (Figura 5),

a fim de obter a produtividade média (kg.ha-1

) e nível de retenção foliar (%).

No momento da colheita, também foi avaliada a porcentagem de

retenção foliar e hastes verdes para posterior correlação com a presença dos percevejos.

Essa porcentagem foi obtida por meio de uma média por parcela da estimativa visual de

dois avaliadores (LOURENÇÃO et al., 2010).

27

Figura 4. A - Planta entrando em estádio reprodutivo R2; B - avaliação populacional de

percevejos pentatomídeos (E. heros, P. guildinii, N. viridula, E. meditabunda e

Dichelops spp.) com pano de batida.

A produtividade média dos genótipos cultivados nos dois ensaios

foi obtida por pesagem dos grãos em balança analítica modelo Marte AY 220 (0,0001g)

em laboratório. Para determinação desse parâmetro, adotou-se um arranjo fatorial (6 x 2

para os genótipos precoces e semiprecoces e 5 x 2 para os tardios) em delineamento de

blocos casualizados, com quatro repetições para as parcelas controladas e quatro para as

não controladas.

Figura 5. A - Colheita de quatro metros lineares centrais das parcelas; B - Classificação do

nível de dano nos grãos dos diferentes genótipos.

A classificação do nível de dano nos grãos foi determinada com

base na classificação proposta por JENSEN e NEWSON (1972), representada pelos níveis

A B

A B

28

1: grãos sem danos visíveis; 2: grãos com puncturas; 3: grãos com puncturas e com

deformação, e 4: grãos totalmente deformados. A classificação ocorreu retirando-se

amostras de 50 grãos de cada parcela, os quais foram classificados em seguida de acordo

com seus respectivos níveis de dano (Figura 5). Os dados obtidos foram analisados por

comparação de classe de dano e por uma abordagem de análise de dados categóricos

considerando os genótipos como uma variável nominal e a classe de dano como uma

variável ordinal. Para levar em conta o grau de dano sofrido pela semente, foram atribuídos

escores de 0 a 3, na ordem crescente aos danos causados pelos percevejos, ou seja, A = 0,

B = 1, C = 2, D = 3. Uma estatística Escore Médio que se aproxima de um Qui-quadrado

foi utilizada para verificar se há associação entre os genótipos e a classe de dano e qual(is)

genótipo(s) dentre os analisados classificam-se como mais resistentes ao ataque dos

percevejos.

5.5 Ensaios em laboratório

No laboratório (T= 26 2ºC, U.R.= 65 10% e fotoperíodo=14 h),

foram realizados testes apenas com o percevejo E. heros, visto ser a espécie de maior

predominância, com base nas avaliações de campo.

5.5.1 Atratividade e preferência alimentar

Para identificar os genótipos de soja menos atrativos e consumidos

por E. heros, foram realizados ensaios de atratividade e preferência alimentar com chance

de escolha, utilizando-se vagens verdes dos diferentes genótipos, analisados dentro de cada

grupo (precoce, semiprecoce e tardio). As vagens utilizadas foram coletadas de plantas

oriundas de casa de vegetação apresentando estágio fenológico R5, conforme descrição

proposta por Fehr e Caviness (1977). Os percevejos utilizados eram provenientes da

própria criação, tendo passado para o estágio adulto em no máximo 24 horas e

posteriomente mantidos em jejum por mais 24 horas antes do início dos ensaios (Figura 6).

Para esses testes, foram utilizadas arenas redondas de PVC (30 cm

de diâmetro x 8 cm de altura) forradas na base com papel filtro sobre isopor, onde foram

apoiadas duas vagens de cada genótipo e distribuídas equidistantemente ao acaso. Antes da

29

liberação dos percevejos, foi aplicada uma camada de vaselina sólida nas bordas superiores

da arena, evitando a fuga dos insetos. Liberaram-se posteriormente, no centro da arena,

dois percevejos adultos por genótipo (Figura 6).

Figura 6. A - Percevejos mantidos sob jejum de 24 h; B - Vista geral de uma arena; C

- Adulto de E. heros se alimentando em vagem; D - Testes em execução.

(T=26 2ºC, U.R.=6510% e fotoperíodo=14h).

Durante as avaliações anotou-se o número de insetos presentes em

cada genótipo aos 15, 30, 45, 60, 120 e 180 minutos após a liberação. Simultaneamente,

também foi observado o consumo dos percevejos sobre as vagens dos genótipos,

contabilizando-se o número e o tempo de picadas para alimentação, sendo possível calcular

esses valores ao final do ensaio (Figura 6). Para a determinação do número de picadas nas

vagens, realizou-se contagem a olho nu, conforme descrito por Rossetto et al. (1981) e

Souza (2010). O tempo de picada foi determinado com o auxílio de cronômetros digitais,

acionando-os ao início da alimentação de cada inseto e cessando a marcação quando o

percevejo retirava o estilete da vagem. Os ensaios foram gravados caso alguma repetição

A B

C D

30

necessitasse ser reavaliada. O registro foi feito por uma câmera digital modelo Sony

CyberShot W510 suspensa por tripé de alumínio e acoplada a uma placa de captura de

vídeo (EasyCap 2.0), sendo as filmagens armazenadas em um HD externo de computador.

Esses ensaios seguiram um delineamento experimental de blocos

casualizados, com dez repetições para cada grupo de maturação de soja estudada (precoce,

semiprecoce e tardio).

5.5.2 Quantificação e comprimento de tricomas em vagens

Para correlacionar a densidade e o comprimento dos tricomas das

vagens dos diferentes genótipos com a preferência alimentar de E. heros foi realizada

inicialmente a contagem do número de tricomas presentes em 0,25 cm2, baseando-se na

metodologia utilizada por Souza (2010) e Paron e Lara (2005). Para a contagem, foram

coletadas ao acaso, vagens em estágio fenológico R5 nos diferentes genótipos cultivados

de casa de vegetação. Essas vagens foram submetidas à observação em um

estereomicroscópio (Nikon SMZ-685) onde sobre o primeiro grão (região próxima ao

pedicelo) foi posicionado um delimitador de papel milimetrado, anotando-se

posteriormente o número total de tricomas (unciformes e aciculares) observados na área

delimitada. Escolheu-se o primeiro grão, próximo ao pedicelo da vagem pelo fato de ser a

região de maior preferência alimentar da espécie E. heros, segundo observações de Panizzi

et al. (1995).

Para a medição do comprimento dos tricomas, vagens também em

estádio R5 foram coletadas e enviadas ao Centro de Microscopia Eletrônica da Esalq-USP,

onde foram processadas e fotografadas num microscópio eletrônico de varredura modelo

Zeiss LEO435-VP. As melhores imagens obtidas foram analisadas no Laboratório de

Resistência de Plantas a Insetos e Plantas Inseticidas (LARESPI) do Departamento de

Produção Vegetal da FCA-UNESP, usando-se o software EDN-2 na medição dos tricomas

(Figura 7). Foram contabilizados os tricomas/0,25 cm2

em dez vagens de cada genótipo de

soja e medidos 20 tricomas em cada genótipo. Para análise, cada observação representou

uma repetição, seguindo um delineamento inteiramente casualizado.

31

Figura 7. A - Imagem dos tricomas de vagem obtida por

microscopia eletrônica; B - medição do

comprimento dos tricomas através do software

EDN-2.

5.5.3 Determinação da dureza das vagens

Para correlacionar a dureza das vagens dos genótipos de soja com o

consumo alimentar de E. heros foram realizadas medições de dureza da casca dessas

vagens, simulando a dificuldade do percevejo em atingir o grão. Estas medições foram

feitas em texturômetro, modelo CT3 Texture Analyzer, calibrado para penetração de 10

mm e velocidade de 2,0 mm seg-1

, utilizando-se o ponteiro TA 9/1000.

A

B

32

As avaliações foram padronizadas em vagens provenientes de

plantas em estádio fenológico R5, testando-se sempre a resistência de penetração do

primeiro grão da vagem (próximo ao pedicelo). Os resultados das medições foram

expressos em grama-força por centímetro quadrado (gf/cm2), e representam a força

máxima requerida para que uma parte do ponteiro penetrasse na polpa da vagem,

simulando a real situação em que o inseto encontra ao inserir seu aparelho bucal na vagem.

Avaliaram-se dez vagens de cada genótipo, sendo que, para análise, cada vagem

representou uma repetição em delineamento inteiramente casualizado.

5.5.4 Antibiose

O desempenho biológico do percevejo E. heros em diferentes

genótipos de soja foi avaliado em laboratório (T= 26 2ºC, U.R.= 65 10% e

fotoperíodo=14 h), baseado em metodologias descritas (COSTA; BORGES; VILELA,

1998; PIUBELLI et al., 2003). Durante o ensaio foram avaliados os seguintes parâmetros

biológicos:

a) Período de duração dos estádios ninfais (N2, N3, N4 e N5) e duração ninfal;

b) Viabilidade dos instares ninfais e do período nilfal;

c) Peso de adultos, com no máximo 24 h de idade;

d) Longevidade dos adultos;

e) Viabilidade de ovos.

Para iniciar o ensaio de antibiose, foram coletadas da criação em

laboratório massas de ovos recém ovipositados (com até 24h). Esses ovos foram

confinados em um recipiente forrado com papel filtro na base e algodão umidecido com

água destidada, visando suprir a necessidade hídrica das ninfas que mais tarde surgiriam.

Após a eclosão e no momento que atingiram o estádio N2, as ninfas foram acondicionadas

aos pares em placas de Petri (9 cm), também revestidas ao fundo com papel filtro, um

bastonete de algodão umedecido e uma vagem em fase de desenvolvimento R5/R6 de um

dos genótipos avaliados (Figura 8). Cada placa representou uma repetição, totalizando 25

repetições por genótipo, em delineamento inteiramente casualisado.

33

Figura 8. A - Placa de Petri contendo vagem e duas ninfas de E. heros; B - Genótipo

cultivado em casa-de-vegetação para o fornecimento de vagens; C - Vista

geral de parte do ensaio de antibiose. (T=262ºC, U.R.=6510% e

fotoperíodo=14h).

A opção por se iniciar o ensaio com ninfas de percevejo a partir do

segundo ínstar é justificada pela observação de elevada taxa de mortalidade natural com

ninfas de primeiro ínstar, fato que poderia comprometer a obtenção dos resultados. Outro

fator que também justifica a escolha das ninfas de segundo ínstar, deve-se ao hábito

gregário, característico das ninfas de primeiro ínstar de percevejos da família Pentatomidae

(GALLO et al., 2002; PANIZZI; SILVA, 2009).

A cada dois dias, realizou-se a troca das vagens e a porção de

algodão foi novamente umedecida, conforme a necessidade aparente ou trocada quando

necessário. A cada cinco dias, era trocado o papel filtro do fundo, pois frequentemente

estes ficavam com muitas excreções. Exúvias e insetos mortos foram retirados no

momento das avaliações, com auxílio de uma pinça metálica. Diariamente, as placas eram

inspecionadas, sempre ao final da tarde, avaliando-se o desenvolvimento biológico dos

insetos.

Ao atingir a fase adulta, dez insetos de cada genótipo foram

transferidos para placas de Petri (3 cm de diâmetro) e pesados individualmente em uma

balança analítica modelo Marte AY220 (0,0001g). Após a pesagem, os adultos foram

devolvidos para as placas onde se desenvolveram, visando acompanhar o desenvolvimento

e determinar a longevidade dos adultos em cada genótipo. O acompanhamento do peso de

adultos foi realizado somente nos genótipos que propiciaram essa fase, já que alguns

materiais não permitiram o completo desenvolvimento ninfal. Ao final das avaliações,

A C B

34

obteve-se uma média dos parâmetros biológicos obtidos com os indivíduos acondicionados

nas placas/genótipos.

Paralelamente, para a obtenção dos parâmetros de viabilidade de

ovos dos percevejos confinados aos diferentes genótipos, aproximadamente 120 ovos de

um dia de idade foram acondicionados em arenas plásticas (8 L, com 22 cm de diâmetro e

20 cm de altura), recobertas com tecido voil e tendo a superfície inferior revestida com

papel filtro e um bastão de algodão umidecido, apoiando dez vagens no estádio R5 dos

diferentres genótipos. A limpeza e troca de vagens era feita a cada dois dias, retirando as

exúvias, insetos mortos e vagens velhas que eram substituídas por outras recém-colhidas.

Quando os percevejos atingiram a fase adulta, foram adicionadas tiras de tecido de algodão

cru nas arenas para concentrar e estimular a oviposição. Todos os ovos depositados eram

retirados, contados e acondicionados em placas de 3 mm (idênticas às usadas para

pesagem), onde esperou-se a eclosão, obtendo-se os dados referentes à viabilidade de ovos.

Nesta etapa, foram selecionadas somente oito placas (oviposições) por genótipo,

correspondendo a oito repetições.

5.6 Análises estatísticas

Para todos os testes de hipóteses foi adotado um nível de

significância de 5%. Os dados obtidos foram submetidos ao teste F da análise de variância

em que se verificaram as pressuposições do teste pela normalidade dos erros, através do

teste de Shapiro-Wilk e a homogeneidade de variâncias pelo teste de Levene.

Para as análises onde houve significância do teste F, procedeu-se o

teste de comparação múltipla de Tukey, para distinguir as diferenças.

Nas análises de danos, utilizou-se uma abordagem de dados

categóricos, considerando genótipo como uma variável nominal e classe de dano como

uma variável ordinal, realizando uma análise de Escore Médio para apontar os genótipos

mais resistentes em relação às classes de dano.

Para auxiliar na obtenção das análises, utilizou-se o software

estatístico R-2.15.0.

35

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 Ensaios a campo

6.1.1 Flutuação populacional de percevejos pentatomídeos

No gráfico referente à flutuação populacional dos percevejos nos

dois anos agrícolas (2011-2012 e 2012-2013), verifica-se que em ambos os ensaios a

população atingiu o nível de dano econômico (NDE), que segundo Hoffmann-Campo et al.

(2000), é de quatro percevejos adultos ou ninfas com mais de 0,5 cm por batida de pano

(Figura 9). As espécies consideradas foram E. heros, P. guildinii, N. viridula, E.

meditabunda e Dichelops spp., sendo o NDE atingido na segunda avaliação (29/02) nos

materiais de ciclo precoce e na terceira avaliação (07/03) para os materiais de ciclo

semiprecoce e tardio no ensaio de 2011-2012 (Figura 9). Esse comportamento de

colonização já era esperado, uma vez que os materiais de ciclo precoce iniciaram a fase

reprodutiva com maior antecedência, atraindo os percevejos.

36

Figura 9. Flutuação populacional de percevejos pentatomídeos (E. heros,

P. guildinii, N. viridula, E. meditabunda e Dichelops spp.) nos

ensaios com os diferentes genótipos de soja de ciclos precoce,

semiprecoce e tardio.

No segundo ensaio (2012-2013), nota-se menor ocorrência

populacional de percevejos, quando comparado com o ensaio anterior (Tabela 10). O NDE

foi atingido somente após a sexta avaliação (01/03) em todos os materiais de diferentes

ciclos.

De modo geral, as avaliações populacionais de percevejos fitófagos

da soja ocorreram em períodos diferentes nos dois ensaios, iniciando-se em fevereiro na

safra de 2011-2012 e em janeiro na safra de 2012-2013. A antecipação do plantio na safra

2012-2013 permitiu que os genótipos entrassem no período reprodutivo quando as

populações de percevejos ainda estavam baixas (primeiras avaliações), pois segundo

37

Correia-Ferreira e Panizzi (1999), o pico populacional de pentatomídeos da soja concentra-

se entre os meses de março a abril, estando em crescimento nos meses de janeiro e

fevereiro. Isso sugere que a antecipação do plantio favorece uma assincronia fenológica

(LARA, 1991), reduzindo a necessidade de manejo dos percevejos.

6.1.2 Ocorrência de espécies de percevejos pentatomídeos

Com relação às espécies de percevejos encontrados nos ensaios,

observou-se predominância de E. heros, representando 42 e 34 % do total de espécies de

insetos registrados no primeiro e segundo ensaios respectivamente (Figura 10).

42%

29%

22%

4% 3%

34%

24%

29%

7% 6%

E. heros P. guildinii N. viridula Dichelops spp. E. meditabunda

% d

e p

erce

vejo

s

2011-2012

2012-2013

Figura 10. Ocorrência (%) de percevejos pentatomídeos (E. heros, P. guildinii,

N. viridula, E. meditabunda e Dichelops spp.) registrados em ensaios

de campo com soja.

As espécies P. guildinii e N. viridula ocorreram praticamente na

mesma proporção nos dois ensaios. A ocorrência de P. guildinii foi de 29 % no primeiro

ensaio e de 24 % no segundo; para N. viridula, a ocorrência foi de 22 e 29 % no primeiro e

segundo ensaio, respectivamente. Os percevejos Dichelops spp. e E. meditabunda foram os

que menos incidiram, com médias abaixo de 10 % em ambos os ensaios (Figura 10).

ssp.

38

Ramiro et al. (1988), realizando um levantamento de pragas em

quatro cultivares e duas linhagens de soja, já haviam relatado os percevejos E. heros e P.

guildinii como os mais abundantes no campo. Lourenção et al. (2010) reportaram que 58 %

de toda a população de pentatomídeos registrados em ensaio a campo em Assis-SP no ano

agrícola 2003-2004 eram E. heros. Estas observações corroboram os relatos na literatura,

de que as espécies E. heros, P. guildinii e N. viridula são as mais abundantes na cultura da

soja. Em razão desta elevada ocorrência e pelos danos que acometem, estas continuam a se

destacar como as principais espécies do complexo de percevejos da soja (PANIZZI;

SLANSKY JUNIOR, 1985; HOFFMANN-CAMPO et al., 2000; GALLO et al., 2002;

SOSA-GÓMEZ et al., 2010).

6.1.3 Atratividade, retenção foliar, produtividade e danos ocasionados

por percevejos pentatomídeos em genótipos de soja

6.1.3.1 Ciclo Precoce

As médias obtidas revelaram uma grande variação na ocorrência

destes percevejos nos genótipos ao longo das avaliações (Tabela 2).

No ensaio da safra 2011-2012, observou-se, já na primeira

avaliação dos genótipos precoces (22/fev.), preferência dos percevejos pela cultivar

‘Coodetec 208’, que diferiu dos demais tratamentos, apresentando uma média de dez

insetos/batida de pano. Na avaliação seguinte, verificou-se aumento geral nas médias de

percevejos por batida de pano em todos os genótipos, com destaque para ‘Coodetec 208’

que novamente se revelou o mais atrativo, diferindo de PI 171451, o menos atrativo no

período. Entre a terceira e quinta avaliações, não foi detectada diferença entre os materiais

de soja. Na sexta avaliação, observou-se menor média de percevejos em ‘IAC 23’ (5,6), PI

171451 (5,6) e ‘Coodetec 208’ (3,0). Na sétima avaliação não houve diferença entre os

genótipos. Já na última avaliação (12/abr.), ‘Coodetec 208’ foi o menos atrativo entre os

demais (Tabela 2).

As médias gerais de infestação de percevejos nos diferentes

genótipos de ciclo precoce durante o primeiro ensaio (2011-2012) mostram não haver

diferença entre os tratamentos, embora estes tenham apresentado médias acima do NDE

(quatro percevejos) (Tabela 2).

39

No segundo ensaio de atratividade, realizado no ano agrícola de

2012-2013 (Tabela 2), não houve diferença entre os genótipos na primeira avaliação

(25/jan.), sendo também possível verificar menor ocorrência de percevejos em relação ao

ano anterior. Na segunda e terceira avaliações, ‘Coodetec 208’ se revelou o mais atrativo,

diferindo dos demais genótipos. Na sexta avaliação (01/mar), os genótipos voltaram a

diferir, com destaque para PI 229358 (1,5) e D75-10169 (0,7) que foram os menos

atrativos, diferindo de ‘Coodetec 208’.

Considerando-se todas as avaliações do ensaio de 2012-2013, os

genótipos ‘IAC 17’, PI 171451, PI 229358 e D75-10169 foram os menos infestados pelos

percevejos fitófagos, enquanto que ‘Coodetec 208’ revelou-se o mais atrativo.

De modo geral, observa-se maior média de percevejos nas

avaliações do primeiro ensaio, revelando maior ocorrência populacional desses

pentatomídeos naquele ano agrícola (2011-2012) (Tabela 2). Porém, deve-se considerar

que as avaliações no primeiro ensaio iniciaram-se em fevereiro, enquanto que as do

segundo ensaio tiveram início em janeiro, onde as populações de percevejos ainda estavam

baixas (Figura 9).

Nos dois ensaios, as populações dos pentatomídeos começaram a

aumentar a partir do mês de março. Isso provavelmente está correlacionado com o período

em que as vagens normalmente se encontravam (R5/R6), favorecendo a alimentação dos

percevejos. Essas observações corroboram os dados de Costa e Link (1974) e Corrêa-

Ferreira e Panizzi (1999), que reportaram maior concentração de pentatomídeos da soja

nos meses de março e abril. Segundo os mesmos autores, após esse período, as populações

tendem a cair, principalmente pela senescência das plantas e dispersão pós a colheita.

Os resultados obtidos com as linhagens PI 171451 e PI 229358

corroboram os dados de Rossetto et al. (1986), que já reportaram estes materiais como

detentores de resistência a percevejos. Acredita-se que a possível presença de voláteis

indesejáveis nas vagens/folhas, possa estar associada à menor colonização dos percevejos

nestes genótipos.

‘Coodetec 208’ mostrou elevada suscetibilidade aos percevejos da

soja, confirmando os resultados obtidos por Lourenção et al. (2004), que compararam em

campo essa cultivar com outros genótipos de soja de ciclo precoce para resistência a

percevejos.

40

Tabela 2. Número médio (±EP) de percevejos pentatomídeos (E. heros, P. guildinii, N. viridula, E. meditabunda e Dichelops spp.) por pano

de batida obtidos em plantas de seis genótipos de soja de ciclo precoce durante dois anos de ensaio a campo. Botucatu-SP, 2011-

2012 e 2012-2013.

N° médio de insetos (2011 / 2012)1

Genótipo Avaliação 01 Avaliação 02 Avaliação 03 Avaliação 04 Avaliação 05 Avaliação 06 Avaliação 07 Avaliação 08 Média 22 fev. 28 fev. 07 mar. 14 mar. 22 mar. 29 mar. 05 abr 12 abr.

‘IAC 17’ 4,0 ± 1,2 b 4,0 ± 1,3 ab 6,8 ± 1,2 8,6 ± 1,7 8,6 ± 2,1 11,4 ± 1,7 a 6,2 ± 1,6 9,0 ± 1,1 a 7,3 ± 0,2

‘IAC 23’ 2,4 ± 0,7 b 5,6 ± 1,1 ab 10,4 ± 1,7 10,6 ± 1,7 6,8 ± 1,1 5,6 ± 1,0 b 4,6 ± 1,1 5,4 ± 0,9 ab 6,4 ± 0,6

PI 171451 2,4 ± 0,7 b 1,4 ± 0,4 b 6,0 ± 0,9 5,2 ± 1,8 5,4 ± 1,4 5,6 ± 0,5 b 4,2 ± 1,1 5,2 ± 0,6 ab 4,4 ± 0,5

PI 229358 1,0 ± 0,7 b 2,8 ± 1,2 ab 7,4 ± 1,0 8,8 ± 2,9 7,4 ± 2,2 8,2 ± 1,0 ab 3,6 ± 0,5 6,4 ± 0,5 ab 5,6 ± 0,2

D75-10169 2,2 ± 0,6 b 4,4 ± 0,7 ab 8,6 ± 1,9 9,6 ± 1,5 6,8 ± 1,6 6,4 ± 2,0 ab 6,2 ± 2,2 6,8 ± 2,1 ab 6,3 ± 1,1

‘Coodetec 208’ 10,0 ± 1,6 a 6,6 ± 1,1 a 12,2 ± 1,7 9,0 ± 2,2 4,2 ± 1,2 3,0 ± 0,7 b 3,2 ± 0,7 3,4 ± 0,5 b 6,4 ± 0,8

P <0,001 0,019 0,054 0,559 0,512 0,002 0,478 0,038 0,060

N° médio de insetos (2012 / 2013)1

Genótipo Avaliação 01 Avaliação 02 Avaliação 03 Avaliação 04 Avaliação 05 Avaliação 06 Avaliação 07 Avaliação 08 Média 25 jan. 01 fev. 08 fev. 15 fev. 22 fev. 01 mar. 08 mar. 15 mar.

‘IAC 17’ 0,7 ± 0,5 1,0 ± 1,0 b 0,0 ± 0,0 b 0,2 ± 0,2 0,2 ± 0,2 3,0 ± 0,7 ab 4,2 ± 1,3 4,7 ± 2,4 1,7 ± 0,3 b

‘IAC 23’ 1,0 ± 0,6 0,7 ± 0,2 b 1,2 ± 0,6 ab 0,5 ± 0,5 0,5 ± 0,5 6,5 ± 1,7 ab 4,5 ± 0,6 8,2 ± 4,1 2,9 ± 0,3 ab

PI 171451 0,0 ± 0,0 0,2 ± 0,2 b 0,0 ± 0,0 b 1,0 ± 0,6 1,0 ± 0,6 2,7 ± 1,5 ab 3,5 ± 1,0 3,0 ± 1,5 1,4 ± 0,3 b

PI 229358 0,2 ± 0,2 0,0 ± 0,0 b 1,0 ± 0,5 b 0,2 ± 0,2 0,2 ± 0,2 1,5 ± 0,5 b 4,7 ± 1,5 5,7 ± 2,9 1,7 ± 0,2 b

D75-10169 0,5 ± 0,5 0,5 ± 0,3 b 0,0 ± 0,0 b 0,2 ± 0,2 0,2 ± 0,2 0,7 ± 0,8 b 2,2 ± 0,5 7,0 ± 3,5 1,4 ± 0,2 b

‘Coodetec 208’ 1,2 ± 0,6 4,0 ± 0,9 a 2,7 ± 1,4 a 1,2 ± 0,5 1,0 ± 0,4 9,0 ± 3,0 a 6,5 ± 2,4 6,7 ± 3,4 4,0 ± 0,3 a

P 0,428 0,001 <0,001 0,370 0,522 0,013 0,423 0,493 <0,001

1/Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey (α = 0,05). Dados originais.

41

Apesar de a cultivar ‘IAC 17’ ter se revelado como atrativa em

algumas avaliações no primeiro ensaio (2011-2012), a literatura descreve esta cultivar

como portadora de resistência do tipo tolerância (LOURENÇÃO et al., 2002;

LOURENÇÃO et al., 2004; LOURENÇÃO et al., 2010).

Os dados referentes à retenção foliar ocasionada pelos percevejos

nos genótipos de ciclo precoce revelaram menor média na linhagem PI 171451 (13,75%),

diferindo dos genótipos ‘IAC 17’ (60,5%), ‘IAC 23’ (75%), ‘Coodetec 208’ (70%) e D75-

10169. Já a linhagem PI 229358 apresentou média de retenção intermediária (47,50%), não

diferindo dos demais genótipos (Tabela 3).

Tabela 3. Retenção foliar média (±EP) ocasionada pelo ataque de

percevejos em seis genótipos de soja de ciclo precoce.

Botucatu, 2011-2012 e 2012-2013.

Genótipo Retenção (%)1

PI 171451 13,75 ± 3,61 b

PI 229358 47,50 ± 16,52 ab

‘IAC 17’ 60,50 ± 5,20 a

‘Coodetec 208’ 70,00 ± 10,00 a

‘IAC 23’ 75,00 ± 8,66 a

D75-10169 78,75 ± 4,27 a

P <0,001

1/Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de

Tukey (α = 0,05). Dados originais.

A retenção foliar apresentada pelas plantas pode ser decorrente do

ataque de algumas espécies de percevejos, onde as plantas tendem a florescer novamente e

produzir novas vagens, o que dificulta a colheita pelo retardamento da senescência das

plantas (ROSSETTO et al., 1986). Para este distúrbio fisiológico, também é comum a

denominação “soja-louca” (LUSTOSA et al. 1999).

Os dados obtidos nas avaliações de retenção foliar (Tabela 3) para

a cultivar ‘IAC 17’ contrastam com os obtidos em outros trabalhos realizados

anteriormente, que a classificam como resistente ao ataque de percevejos por apresentar

baixa retenção foliar. Lourenção et al. (2000), estudando esta cultivar, observaram uma

42

retenção foliar média de 7,1%, em relação a outros genótipos, e em estudo semelhante,

Fernandes et al. (1994) constataram uma retenção foliar média de 20,87 %. No presente

trabalho, levanta-se a hipótese de que este cultivar tenha apresentado alta retenção foliar

decorrente da elevada ocorrência de percevejos no primeiro ensaio, colocando em questão

a capacidade da expressão da resistência sob elevados níveis populacionais de percevejos.

No entanto, para confirmar esta hipótese, serão necessários estudos complementeares que

revelem essa limitação do cultivar ‘IAC 17’. A baixa retenção foliar (Tabela 3) observada

na linhagem PI 171451 (13,75%) confirma os resultados obtidos por Rossetto et al. (1986)

com este material que relatam uma retenção foliar média de 14,3% para essa linhagem,

comparando-a dentro de um grupo de 35 genótipos.

Quanto à produtividade dos genótipos de ciclo precoce, nota-se que

o uso de inseticidas possibilitou maior produtividade em todos os genótipos nos dois

ensaios, em relação às parcelas infestadas por percevejos (Tabela 4). No primeiro ensaio

(2011-2012), sob condições controladas, ‘Coodetec 208’ e ‘IAC 23’ foram os mais

produtivos, com produções médias de 3.708 e 3.609 kg ha-1

respectivamente, diferindo de

PI 229358, com produtividade média de 2.550 kg ha-1

(Tabela 4). O mesmo

comportamento de ‘Coodetec 208’ e ‘IAC 23’ foi observado no segundo ensaio (2012-

2013), apresentando-se novamente como os mais produtivos em condições controladas

(3.522 e 3.486 kg ha-1

respectivamente) e diferindo de PI 229358 e PI 171451 (Tabela 4).

Quando avaliada a produtividade dos genótipos nas parcelas

infestadas, observa-se que a presença dos percevejos reduziu as produtividades em todos

os materiais nos dois ensaios (Tabela 4). Essa redução foi mais acentuada para D75-10169

(91 %) e ‘Coodetec 208’ (86 %) no primeiro ensaio (2011-2012) e ‘Coodetec 208’ (79 %)

no segundo ensaio. Nas mesmas condições, os genótipos ‘IAC 17’ e PI 171451 foram mais

produtivos entre os tratamentos, com produtividades de 1.808 e 1.708 kg ha-1

(primeiro

ensaio) com redução na produtividade de 47 % e 38 % respectivamente. No segundo

ensaio esses genótipos se comportaram de modo semelhante ao primeiro, sendo a média de

‘IAC 17’ igual a 1.711 kg ha-1

e PI 171451 igual a 1.909 kg ha-1

, com reduções de 49 % e

33 % respectivamente. As baixas médias de redução na produtividade (%) em PI 171451

observada nos dois ensaios sugerem tolerância nesta linhagem ao ataque de percevejos

(Tabela 4).

43

Tabela 4. Produtividade média (kg/ha-1

) (±EP) e percentagem de redução de produção de seis genótipos de soja de ciclo

precoce em parcelas infestadas e não infestadas por percevejos. Botucatu, 2011-2012 e 2012-2013.

1/Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey (α = 0,05). Dados originais.

Genótipo

Produtividade (kg/ha-1

)

Ensaio de 2011 - 2012 Ensaio de 2012 - 2013

Controle1 Infestada

1 % Redução Controle

1 Infestada

1 % Redução

‘IAC 17’ 3.417 ± 138 abA 1.808 ± 372 aB 47 3.376 ± 103 abA 1.711 ± 86 aB 49

‘IAC 23’ 3.609 ± 161 aA 914 ± 134 abB 75 3.486 ± 67 aA 1.076 ± 161 bB 69

PI 171451 2.796 ± 165 abA 1.708 ± 266 aB 38 2.872 ± 173 bcA 1.909 ± 186 aB 33

PI 229358 2.550 ± 163 bA 896 ± 164 abB 65 2.575 ± 171 cA 1.014 ± 84 bB 60

D75-10169 3.260 ± 357 abA 297 ± 23 bB 91 2.986 ± 225 abcA 1.014 ± 41 bB 66

‘Coodetec 208’ 3.708 ± 242 aA 523 ± 25 bB 86 3.522 ± 193 aA 737 ± 74 bB 79

P <0,001 --- <0,001 ---

44

As médias de produtividade apresentadas pela linhagem PI 171451

nos dois ensaios sob condições de infestação, se aproximam da produtividade obtida por

Rossetto et al. (1986), que avaliando este material frente ao ataque de percevejos, obteve

produtivade média de 1.895 kg ha-1

. É possível que a baixa infestação de percevejos em PI

171451 (Tabela 2) tenha promovido maior produtividade, caracterizando a expressão de

resistência por não-preferência.

Em trabalho de campo, Lourenção et al. (2002) verificaram que a

cultivar ‘IAC 17’ foi a mais produtiva em relação aos demais genótipos testados, com uma

média de produção igual a 1.733 kg ha-1

no município de Ribeirão Preto, SP. Este resultado

é semelhante aos do presente estudo, onde ‘IAC 17’, sob infestação, apresentou

produtividade média de 1.808 e 1.711 kg ha-1

nos ensaios de 2011-2012 e 2012-2013,

respectivamente (Tabela 4).

De acordo com os resultados desses ensaios, também se conclui

que ‘Coodetec 208’ é altamente produtiva; porém, em condições de infestação por

pentatomídeos, a cultivar demonstra alta suscetibilidade, comprometendo sua

produtividade (Tabela 4). Diante disso, sugere-se a escolha dessa cultivar quando for

possível a antecipação de plantio, possibilitando a colheita no começo do mês de fevereiro,

período este em que a população de percevejos geralmente se encontra abaixo do nível de

dano econômico (NDE), conforme descrito por Correia-Ferreira e Panizzi (1999).

Analisando-se os danos ocasionados nos grãos em decorrência da

alimentação dos percevejos, observa-se que no primeiro ensaio (2011-2012), PI 171451 e

D75-10169 apresentaram as maiores médias de grãos classificados na categoria A (grãos

sem danos visíveis), enquanto que os demais genótipos não possuíram classificação dentro

dessa categoria (Figura 11). Neste mesmo ensaio, PI 171451 também se destacou ao

apresentar a maior quantidade de grãos na categoria B (com puncturas, mas sem

deformação), indicando resistência. Ainda no primeiro ensaio, a linhagem D75-10169

apresentou o maior número de grãos classificados na categoria D, revelando alta

suscetibilidade de seus grãos ao ataque do complexo de percevejos (Figura 11).

No segundo ensaio (2012-2013), novamente PI 171451 e D75-

10169 se revelaram com o maior número de grãos classificados na categoria A (Figura 11).

A linhagem PI 229358 também apresentou grande quantidade de grãos nessa categoria.

Esses dados vêm confirmar a resistência dos grãos ao ataque dos percevejos da linhagem

PI 171451 e corroboram as observações de Rossetto et al. (1986), que estudando diferentes

45

genótipos de soja frente ao ataque de percevejos, também descreveram as linhagens PI

171451 e PI 229358 apresentando as maiores médias de grãos nas categorias A e B.

Com base na classificação dos danos em diferentes classes,

observa-se maior quantidade de sementes classificadas nas categorias A e B no segundo

ensaio (Figura 11). Este fato pode ser explicado pela menor ocorrência populacional de

percevejos no segundo ano agrícola (Figura 9), onde a população se manteve abaixo do

nível de dano econômico na maioria das avaliações.

46

0,00 1,50

20,75

27,75

IAC-17

A

B

C

D

0,00 3,25

21,2525,50

IAC-23

A

B

C

D

2,75

16,5

28,5

2,25

PI-171451

A

B

C

D

0,00 1,50

16,25

32,25

PI-229358

A

B

C

D

2,75

4,753,00

39,50

D75-10169

A

B

C

D

0,00 0,75

29,75

19,50

Coodetec 208

A

B

C

D

3,00

11,50

12,75

22,75

IAC-17

A

B

C

D

3,25

21,50

11,50

13,75

IAC-23

A

B

C

D

16,50

18,75

8,75

6,00

PI-171451

A

B

C

D

9,50

19,00

13,25

8,25

PI-229358

A

B

C

D

11,00

10,25

11,50

17,25

D75-10169

A

B

C

D

2,00

9,25

16,00

22,75

Coodetec 208

A

B

C

D Figura 11. Número de grãos danificados por pentatomídeos de acordo com

quatro classes de danos em seis genótipos de soja de ciclo precoce

em ensaios de campo. Botucatu-SP, 2011-2012 e 2012-2013. A =

grãos sem danos visíveis; B = grãos com puncturas, mas sem

deformação; C = grãos com punctura e com deformação; D =

grãos totalmente deformados.

Ensaio 2011-2012

Ensaio 2012-2013

47

Observando-se os dados de danos nos grãos dos genótipos de ciclo

precoce (Tabela 5), a linhagem PI 171451 apresenta o menor escore médio de dano nos

dois ensaios (1,60 e 1,08), confirmando-se como material resistente aos danos de

percevejos.

No segundo ensaio, observa-se também comportamento de

resistência da linhagem PI 229358, apresentando baixo escore de dano em grãos (1,40) e

também se apresentando como pouco danificada (Tabela 5). Porém, esse comportamento é

questionável, uma vez que no primeiro ensaio, sob maior infestação, esse genótipo

apresentou o maior escore médio de danos (2,61).

Tabela 5. Escore médio de dano nos grãos de seis genótipos de soja de ciclo precoce

em ensaios de campo, causados por percevejos pentatomídeos. Botucatu-SP,

2011-2012 e 2012-2013.

Genótipo Escore médio

-1

Ensaio 2011-2012 Ensaio 2012-2013

PI 229358 2,61 a 1,40 c

D75-10169 2,58 ab 1,70 bc

‘IAC 17’ 2,52 ab 2,10 a

‘IAC 23’ 2,44 ab 1,71 b

‘Coodetec 208’ 2,37 b 2,19 a

PI 171451 1,60 c 1,08 d

P <0,001 <0,001

1/Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste Qui-Quadrado (α = 0,05).

Dados transformados em escores médios.

A reduzida quantidade de danos nos grãos de PI 171451 e PI

229358 frente ao ataque do complexo de percevejos também foi relatado por

Suwanpornskul e Khadkao (1996) na Tailândia, que descreveram essas linhagens com as

menores porcentagens de vagens danificadas, classificando-as como resistentes aos

percevejos N. viridula, Riptortus spp. e Piezodorus hybneri. As linhagens PI 171451 e PI

229358 também foram descritas por Kogan (1989) como fontes de resistência a insetos

mastigadores, sendo que Rossetto et al. (1986) também verificaram que essas linhagens

foram pouco danificadas pelo complexo de percevejos da soja.

48

6.1.3.2 Ciclo Semiprecoce

Em relação à infestação dos genótipos de ciclo semiprecoce

(Tabela 6), observou-se a ausência de diferença entre os tratamentos nas três primeiras

avaliações (22/fev. a 07/mar.) do primeiro ensaio. Os dados da quarta (14/mar.) e quinta

(22/mar.) avaliações revelam que os genótipos PI 227687, ‘IAC 24’, IAC 74-2832 e IAC

78-2318 foram menos atrativos, apresentando as menores médias de percevejos. Na sexta

avaliação (29/mar.) novamente não houve diferença entre os genótipos. Nas duas últimas

avaliações (05/abr. e 12/abr.), a linhagem PI 227687 voltou a se destacar com baixa

colonização, diferindo principalmente da cultivar ‘IAC 24’, que foi a mais atrativa (Tabela

6). De acordo com a média geral do primeiro ensaio, PI 227687 e IAC 74-2832 foram os

menos atrativos (2,3 e 3,2 respectivamente), sugerindo a ocorrência de antixenose.

No segundo ensaio (2012-2013), verificou-se menor população de

percevejos a campo (Figura 9) em comparação com o primeiro. Não houve diferença de

colonização nos genótipos nas duas primeiras avaliações (25/jan. e 01/fev.). Na terceira e

quarta avaliações (08/fev. e 15/fev.) os genótipos com as menores médias de percevejos

foram ‘IAC 24’ e ‘IAC 100’, diferindo de ‘IAC 18’, que novamente se apresentou como o

mais suscetível aos pentatomídeos. Entre a quinta e a sétima avaliações, não houve

diferença entre os genótipos e na oitava avaliação a linhagem PI 227687 apresentou

ausência de infestação, confirmando a ocorrência de resistência por não-preferência

(Tabela 6).

De modo geral, analisando a atratividade nos dois ensaios, nota-se

a maior preferência dos percevejos pelas cultivares ‘IAC 18’ e ‘IAC 24’, que se revelam

altamente atrativas. De maneira oposta, a linhagem PI 227687 se apresentou pouco

atrativa, revelando-se portadora de resistência do tipo não-preferência aos pentatomídeos

(Tabela 6).

Analisando-se a atratividade dos percevejos na linhagem PI

227687, nota-se certa variação durante as avaliações nos dois ensaios (Tabela 6), havendo

uma redução dos valores médios com o passar do tempo. Este fato pode ser explicado

considerando-se a produção de flavonoides após injúrias ocasionadas pelos percevejos,

conferindo resistência induzida a este genótipo. Piubelli et al. (2003), estudando a

produção de flavonóides em genótipos de soja sob o ataque de percevejos, constataram que

PI 227687 foi o que mais produziu daidzina e genisteína após a infestação, aumentando

assim a resistência dessa cultivar.

49

Tabela 6. Número médio (±EP) de percevejos pentatomídeos (E. heros, P. guildinii, N. viridula, E. meditabunda e Dichelops spp.) por pano

de batita obtido em plantas de seis genótipos de soja de ciclo semiprecoce durante dois anos de ensaio a campo. Botucatu-SP,

2011-2012 e 2012-2013.

N° médio de insetos (2011 / 2012)1

Genótipo Avaliação 01 Avaliação 02 Avaliação 03 Avaliação 04 Avaliação 05 Avaliação 06 Avaliação 07 Avaliação 08 Média 22 fev. 28 fev. 07 mar. 14 mar. 22 mar. 29 mar. 05 abr 12 abr.

‘IAC 18’ 2,6 ± 0,5 a 1,6 ± 0,2 7,2 ± 1,7 10,8 ± 2,7 a 6,6 ± 0,8 ab 7,2 ± 1,4 6,2 ± 1,6 b 6,8 ± 3,0 ab 6,2 ± 0,8 a

‘IAC 24’ 1,2 ± 0,2 ab 1,6 ± 0,2 6,2 ± 1,7 6,6 ± 2,5 ab 4,4 ± 1,1 b 7,8 ± 1,1 12,8 ± 1,5 a 10,4 ± 4,7 a 6,4 ± 0,6 a

‘IAC 100’ 1,2 ± 0,4 ab 1,2 ± 0,5 6,2 ± 0,9 9,8 ± 1,3 ab 10,8 ± 1,4 a 6,8 ± 1,7 4,4 ± 1,5 ab 6,0 ± 2,7 ab 5,6 ± 0,3 a

IAC 74-2832 1,4 ± 0,5 ab 0,6 ± 0,2 3,0 ± 1,1 5,2 ± 1,0 ab 2,8 ± 0,7 b 5,0 ± 0,6 5,0 ± 1,1 ab 5,4 ± 2,4 ab 3,2 ± 0,4 b

IAC 78-2318 0,4 ± 0,2 b 1,8 ± 0,7 2,6 ± 0,9 6,0 ± 1,3 ab 3,6 ± 0,5 b 5,2 ± 1,2 7,8 ± 1,2 ab 6,8 ± 3,0 ab 4,2 ± 0,2 ab

PI 227687 0,6 ± 0,2 b 0,8 ± 0,4 5,4 ± 1,6 3,0 ± 0,7 b 5,4 ± 1,5 b 3,4 ± 1,8 0,0 ± 0,0 c 1,8 ± 0,8 c 2,3 ± 0,2 b

P 0,005 0,304 0,139 0,041 <0,001 0,239 <0,001 <0,001 <0,001

N° médio de insetos (2012 / 2013)1

Genótipo Avaliação 01 Avaliação 02 Avaliação 03 Avaliação 04 Avaliação 05 Avaliação 06 Avaliação 07 Avaliação 08 Média 25 jan. 01 fev. 08 fev. 15 fev. 22 fev. 01 mar. 08 mar. 15 mar.

‘IAC 18’ 0,2 ± 0,1 0,5 ± 0,3 1,2 ± 0,2 a 1,4 ± 0,4 a 2,7 ± 0,9 5,5 ± 1,3 6,5 ± 1,4 3,0 ± 1,5 ab 2,6 ± 0,9

‘IAC 24’ 0,5 ± 0,2 0,2 ± 0,2 0,0 ± 0,0 b 0,2 ± 0,2 b 3,5 ± 0,9 3,5 ± 0,5 4,7 ± 1,4 3,0 ± 1,5 ab 1,9 ± 0,7

‘IAC 100’ 0,0 ± 0,0 0,2 ± 0,2 0,0 ± 0,0 b 0,0 ± 0,0 b 2,2 ± 0,6 5,7 ± 0,9 6,5 ± 1,3 6,2 ± 3,1 a 2,6 ± 0,9

IAC 74-2832 0,7 ± 0,4 1,2 ± 0,2 0,2 ± 0,2 ab 0,3 ± 0,2 ab 1,2 ± 0,5 2,0 ± 0,7 2,2 ± 0,9 2,7 ± 1,4 ab 1,3 ± 0,5

IAC 78-2318 0,0 ± 0,0 0,5 ± 0,3 0,5 ± 0,5 ab 0,4 ± 0,3 ab 1,0 ± 0,4 2,7 ± 0,2 3,7 ± 0,9 5,0 ± 2,5 a 1,7 ± 0,6

PI 227687 1,5 ± 0,8 0,7 ± 0,2 0,5 ± 0,3 ab 0,5 ± 0,3 ab 1,5 ± 0,6 2,7 ± 1,8 7,2 ± 1,0 0,0 ± 0,0 b 1,8 ± 0,7

P 0,072 0,121 0,046 0,045 0,114 0,094 0,057 0,009 0,067

1/Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si pelo Teste de Tukey (α = 0,05). Dados originais.

50

Os autores quantificaram a concentração de daidzina, que variou de

75 a 352,1 µg/g em plantas sem injúrias e injuriadas respectivamente, e genisteína variando

de 41,7 a 142,4 µg/g. Ramiro et al. (1988), estudando o ataque do complexo de percevejos

da soja, constataram baixas populações no genótipo IAC 78-2318, classificando-o como

resistente. Porém, esses autores fizeram a comparação com genótipos não estudados neste

trabalho, onde a linhagem PI 227687 se revelou mais resistente (Tabela 6). Estas

observações realçam a relatividade nos estudos de resistência de plantas, implicando

sempre na comparação entre genótipos (PAINTER, 1951; LARA, 1991).

Sabe-se que a constituição fitoquímica das plantas está intimamente

ligada à atratividade ou deterrência alimentar das pragas, sendo a quantidade de nitrogênio,

carboidratos solúveis, ácidos orgânicos e fitoesteroides variáveis de acordo com o genótipo

e a fase de desenvolvimento das plantas (TESTER, 1977; KOGAN, 1986). Em PI 227687,

Van Duyn et al. (1971) e Tester (1977) demonstraram que o teor total de nitrogênio e os

açúcares redutores foram consideravelmente menores quando comparados com variedades

comerciais, cuminando na resistência deste material frente a insetos-praga. Essa

constituição química de PI 227687 pode explicar a alta deterrência obtida com este

material nos ensaios a campo.

As menores médias de retenção foliar dentre os genótipos de ciclo

semiprecoce foram obtidas em PI 227687 (5,00 %) e ‘IAC 24’ (17,50 %), diferindo de

‘IAC 18’ (78,75 %), IAC 78-2318 (70,00 %), ‘IAC 100’ (47,50 %) e IAC 74-2832 (37,50

%) que apresentaram altas taxas de retenção (Tabela 7).

Tabela 7. Retenção foliar média (±EP) ocasionada pelo ataque de

percevejos em seis genótipos de soja de ciclo

semiprecoce. Botucatu, 2011-2012 e 2012-2013.

Genótipo Retenção (%)1

PI 227687 5,00 ± 0,00 e

‘IAC 24’ 17,50 ± 4,79 de

IAC 74-2832 37,50 ± 6,61 cd

‘IAC 100’ 47,50 ± 8,78 bc

IAC 78-2318 70,00 ± 7,07 ab

‘IAC 18’ 78,75 ± 8,00 a

P <0,001

1/Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste de

Tukey (α = 0,05). Dados originais.

51

Essas observações (Tabela 7) sugerem que a linhagem PI 227687

apresenta resistência ao ataque de pentatomídeos, confirmando os relatos de Rossetto et al.

(1986), que também apontaram essa linhagem como portadora de resistência por apresentar

ausência de retenção foliar em suas plantas. Essa característica possivelmente esteja

relacionada a baixa alimentação nesta linhagem, refletindo consequentemente na baixa

retenção foliar apresentada. Esses resultados sugerem a expressão de resistência do tipo

não-preferência para alimentação.

A alta retenção foliar apresentada pela cultivar ‘IAC 18’ neste

trabalho (Tabela 7) já foi documentada anteriormente por outros autores, como Lourenção

et al. (2000), que estimaram retenção foliar de aproximadamente 30 % nesta cultivar na

região de Ribeirão Preto-SP, em áreas onde não se realizou o controle de percevejos.

A cultivar ‘IAC 100’ se comportou de forma intermediária em

relação à retenção foliar (Tabela 7). Em estudos semelhantes, Godoi et al. (2002) avaliaram

a resistência de diferentes populações de soja obtidas a partir de cruzamentos entre alguns

genótipos, dentre eles ‘IAC 100’, constatando que as populações derivadas dessa cultivar

apresentaram menores valores médios de retenção foliar, sendo superiores quanto à essa

característica em relação aos demais tratamentos testados. Baixos índices de retenção foliar

para ‘IAC 100’ também foram reportados por outros autores (LOURENÇÃO et al., 2002;

LOURENÇÃO et al., 2004; LUSTOSA et al., 1999), em comparação a outros genótipos de

soja.

Analisando-se os dados de produtividade dos genótipos de ciclo

semiprecoce, novamente verifica-se que o controle dos percevejos com inseticidas resulta

em maior produtividade, havendo diferença no cultivo com condições controladas

(aplicação de inseticidas) e infestadas por percevejos (sem aplicação) (Tabela 8).

No primeiro ensaio (2011-2012), as parcelas controladas de ‘IAC

18’ e ‘IAC 24’ foram as mais produtivas, atingindo produções médias de 3.555 e 2.900 kg

ha-1

, respectivamente, e diferindo de PI 227687, com produtividade média de 1.264 kg ha-1

(Tabela 8). O mesmo comportamento foi observado no segundo ensaio (2012-2013) para

‘IAC 18’, apresentando-se novamente como a mais produtiva em áreas tratadas (4.206 kg

ha-1

), diferindo de PI 227687, IAC 78-2318, ‘IAC 100’ e ‘IAC 24’.

Quanto à produtividade nas parcelas infestadas, a presença dos

percevejos afetou a produtividade para a maioria dos genótipos nos dois ensaios. Porém,

no primeiro ensaio, ‘IAC 100’ e IAC 782318 tiveram médias de produção semelhantes,

52

independentemente da presença dos insetos, indicando a ocorrência de tolerância (Tabela

8). Apesar de PI 227687 apresentar a menor média de produtividade, esta linhagem

também revela uma baixa redução (18%) devido a presença dos percevejos. A tolerância

apresentada por estes genótipos não se manteve no segundo ensaio (2012-2013), porém,

estes foram os que novamente apresentaram as menores porcentagens de redução pelo

ataque dos percevejos (menos de 30 %). Em estudo semelhante, em que se avaliaram oito

genótipos de soja, as linhagens IAC 78-2318, IAC 73-228 e IAC 78-3258 revelaram

produtividades acima de 2.000 kg ha-1

, diferindo dos demais materiais sob infestação de

percevejos (LOURENÇÃO; MIRANDA; NAGAI, 1987). Os resultados da presente

pesquisa corroboram os dados de Lourenção et al. (1997), que também verificaram boa

produtividade de IAC 78-2318 em estudos conduzidos a campo.

Estudos envolvendo ‘IAC 18’ já mostraram estabilidade e a

elevada capacidade produtiva deste cultivar (RAMIRO et al., 2003; LOURENÇÃO et al.,

2010; LOURENÇÃO et al., 2000; SILVA, 2013b). Lourenção et al. (2010), avaliando

vários genótipos frente ao ataque de lagartas desfolhadoras e percevejos da soja, relataram

que apesar de a cultivar ‘IAC 18’ apresentar elevado índice de retenção foliar, este material

manteve-se produtivo mesmo na presença de percevejos, assim como no presente estudo.

Estes autores sugeriram ‘IAC 18’ como portador de resistência do tipo tolerância. No

entanto, esta hipótese torna-se duvidosa, uma vez que os autores não realizaram

comparações de produtividade entre áreas infestadas e manejadas com inseticidas, como no

presente estudo.

A tolerância apresentada pelo cultivar ‘IAC 100’ no primeiro

ensaio condiz com os frequentes relatos na literatura sobre a resistência deste cultivar.

Rossetto et al. (1995), discutindo a resistência de ‘IAC 100’, relataram vários mecanismos

de compensação sob o ataque de percevejos, sendo eles: menor período de enchimento de

vagens; maior número de sementes; rejeição de vagens novas danificadas e substituição

por novas vagens; senescência normal com queda de folhas na maturação e resistência à

levedura N. coryli transmitida por pentatomídeos. Estas características conferem tolerância

ao complexo de percevejos, de origem poligênica e aditiva (SOUZA e TOLEDO, 1995).

Pelos dados de atratividade e produtividade, obtidos neste trabalho, a tolerância dessa

cultivar está provavelmente ligada à capacidade de substituição de vagens novas

danificadas, visto que ‘IAC 100’ sofreu infestação intermediária nos dois ensaios a campo

(Tabelas 6 e 8).

53

Tabela 8. Produtividade média (kg/ha-1

) (±EP) e percentagem de redução de produção de seis genótipos de soja de ciclo

semiprecoce em parcelas infestadas e não infestadas por percevejos. Botucatu, 2011-2012 e 2012-2013.

1/Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si pelo Teste de Tukey (α = 0,05). Dados

originais.

Genótipo

Produtividade (kg/ha-1

)

Ensaio de 2011 - 2012 Ensaio de 2012 - 2013

Controle1 Infestada

1 % Redução Controle

1 Infestada

1 % Redução

‘IAC 18’ 3.555 ± 92 aA 2.208 ± 526 aB 43 4.206 ± 151 aA 1.797 ± 201 abB 57

‘IAC 24’ 2.900 ± 503 aA 1.415 ± 291 aB 51 3.527 ± 58 bA 1.216 ± 78 cB 65

‘IAC 100’ 2.379 ± 167 abA 2.247 ± 227 aA 05 2.962 ± 183 cA 2.086 ± 134 aB 29

IAC 74-2832 2.484 ± 210 abA 1.167 ± 245 aB 53 3.720 ± 88 abA 1.468 ± 167 bcB 60

IAC 78-2318 2.298 ± 281 abA 2.239 ± 258 aA 02 2.597 ± 36 cA 1.972 ± 58 abB 24

PI 227687 1.264 ± 95 bA 1.032 ± 47 aA 18 1.741 ± 51 dA 1.292 ± 40 cB 25

P 0,012 --- <0,001 ---

54

Ainda com relação à cultivar ‘IAC 100’, estudos recentes com 65

genótipos de soja (todas com parentesco com esse material), foram conduzidos na busca

por materiais resistentes a N. viridula. Após avaliação do número de insetos por metro,

peso de grãos e danos causados pelos insetos, os autores identificaram quatro linhagens

promissoras, na qual a genealogia consiste de cruzamentos entre ‘IAC 100’ e ‘Hutcheson’

ou ‘IAC 100’ e V71-370, passíveis de uso no melhoramento contra percevejos

(McPHERSON; BUSS; ROBERTS, 2007).

Quanto aos danos ocasionados nos grãos, no primeiro ensaio

(2011-2012) a linhagem PI 227687 apresentou a maior média de grãos nas categorias A e

B (Figura 12), revelando novamente resistência. Ainda no primeiro ensaio, dentre os

genótipos que apresentaram mais grãos na categoria C, destacam-se ‘IAC 100’, seguido

por ‘IAC 18’, IAC 78-2318 e IAC 74-2832. ‘IAC 24’ foi o mais danificado.

No segundo ensaio (2012-2013), PI 227687 novamente apresenta

maior número de grãos nas categorias A e B, seguido por ‘IAC 100’ (Figura 12). ‘IAC 24’

repetiu as características de suscetibilidade, tendo seus grãos classificados em sua maioria

na classe D.

Lourenção et al. (1987), ao classificar os grãos danificados por

percevejos em diferentes genótipos, verificaram que IAC 78-2318 teve a menor quantidade

de grãos nas classes C e D; já neste trabalho, este material mostrou comportamento

intermediário. Trabalhos realizados (LOURENÇÃO et al., 1997) com ‘IAC 100’

destacaram o baixo índice de dano ocasionado pelos percevejos nas vagens deste material,

fortalecendo a hipótese de resistência desta cultivar contra os percevejos da soja.

Analisando a classe de danos nos grãos de um modo geral, verifica-

se que PI 227687 e ‘IAC-100’ apresentam poucos danos visuais nos grãos, indicando

resistência frente ao ataque dos percevejos.

55

0,25 3,25

26,25

20,25

IAC-18

A

B

C

D

0,00 0,00

6,00

44,00

IAC-24

A

B

C

D

0,25

7,25

37,25

5,25

IAC-100

A

B

C

D

0,50 3,50

20,2525,75

IAC-74-2832

A

B

C

D

1,50

12,50

24,75

11,25

IAC-782318

A

B

C

D

6,5

16,524,75

2,25

PI-227687

A

B

C

D

3,25

19,25

14,00

13,50

IAC-18

A

B

C

D

1,50

6,75

9,50

32,25

IAC-24

A

B

C

D

12,00

24,25

9,00

4,75

IAC-100

A

B

C

D

4,50

13,25

12,25

20,00

IAC-74-2832

A

B

C

D

5,75

17,00

13,50

13,75

IAC-782318

A

B

C

D

18,50

20,75

7,75

3,00

PI-227687

A

B

C

D

Figura 12. Número de grãos danificados por pentatomídeos de acordo com

quatro classes de danos em seis genótipos de soja de ciclo

semiprecoce em ensaios de campo. Botucatu-SP, 2011-2012 e

2012-2013. A = grãos sem danos visíveis; B = grãos com

puncturas, mas sem deformação; C = grãos com punctura e com

deformação; D = grãos totalmente deformados.

Ensaio 2011-2012

Ensaio 2011-2012

56

A análise de danos nos grãos dos genótipos de ciclo semiprecoce

revela que a linhagem PI 227687 apresenta o menor escore médio nos dois ensaios (1,455 e

0,905), diferindo dos demais genótipos e confirmando sua resistência contra os percevejos

(Tabela 9).

Tabela 9. Escores médios de dano nos grãos de seis genótipos de soja de ciclo

semiprecoce em ensaios de campo. Botucatu-SP, 2011-2012 e 2012-2013.

Genótipo Escore médio

1

Ensaio 2011-2012 Ensaio 2012-2013

‘IAC 24’ 2,88 a 2,45 a

IAC 74-2832 2,42 b 1,95 b

‘IAC 18’ 2,33 b 1,75 b

‘IAC 100’ 1,95 c 1,13 c

IAC 78-2318 1,91 c 1,70 b

PI 227687 1,45 d 0,90 c

P <0,001 <0,001

1/Escores médios seguidos pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste Qui-Quadrado (α

= 0,05).

A característica de produzir grãos pequenos em grandes

quantidades favorece genótipos pela capacidade de “diluição de danos” por percevejos,

sendo esse comportamento considerado um dos componentes de resistência da soja a esses

sugadores (ROSSETTO; LARA, 1991; PINHEIRO, 1993; GAZZONI, 1998). Somado a

isto, alguns genótipos considerados resistentes ainda apresentam elevado número de

vagens por planta, possibilitando maior produção de grãos livres de danos (MIRANDA et

al., 1979; LINK; ESTEFANEL, 1982; LOURENÇÃO; ROSSETTO; MIRANDA, 1985).

Segundo Suwanpornskul e Khadkao (1996), este comportamento de diluição de danos é

expresso por vários genótipos comprovadamente resistentes, dentre eles PI 227687. No

presente trabalho, a linhagem PI 227687 teve as menores médias de infestação (Tabela 6) e

danos (Tabela 9), apresentando características de resistência por diluição de danos (grande

quantidade de vagens e grãos diminutos). Esses dados confirmam os resultados obtidos por

Rossetto et al. (1986), que também relataram baixo percentual de dano em vagens desta

linhagem. A menor infestação a campo em PI 227687 (Tabela 6) também sugere a

ocorrência de antixenose e/ou antibiose, visto que este genótipo produz grandes

57

quantidades de flavonoides após sofrer injúrias ocasionadas por percevejos (PIUBELLI et

al., 2003).

Com base no baixo escore médio de danos nos grãos, a cultivar

‘IAC 100’ revela-se resistente, com médias de 1,95 no primeiro ensaio e 1,13 no segundo,

diferindo dos demais genótipos (Tabela 9). McPherson et al. (2007) também obtiveram

baixas taxas de danos em sementes de ‘IAC 100’ ocasionadas por percevejos durante

quatro anos de ensaios a campo. Estes autores atribuíram o fato à presença de resistência

do tipo tolerância à alimentação do complexo de percevejos. Pinheiro et al. (2005),

utilizando diversos genótipos em cruzamentos para estudar a herança de características de

resistência a insetos, concluíram que ‘IAC 100’ apresenta a melhor capacidade geral de

combinação, apresentando resistência principalmente quanto ao rendimento e danos nos

grãos. Estes autores sugerem o uso deste cultivar como genitor em programas de

melhoramento contra insetos. Ainda pela Tabela 13, observa-se o maior escore médio de

danos no cultivar ‘IAC 24’, confirmando sua elevada suscetibilidade aos danos dos

percevejos.

Em geral, os dados dos genótipos de ciclo semiprecoce obtidos em

dois anos de ensaios a campo, revelam que os genótipos PI 227687, IAC 78-2318 e ‘IAC

100’ apresentam características de resistência a percevejos, com baixa redução de

produtividade sob ataque e também com menores quantidades de grãos danificados. A

linhagem PI 227687 também apresenta menor atratividade e baixa retenção foliar,

características desejáveis em genótipos de soja (KOGAN, 1989).

6.1.3.3 Ciclo Tardio

Analisando-se a infestação dos percevejos nos genótipos de ciclo

tardio, notam-se elevadas médias de percevejos no primeiro ensaio (2011-2012), superando

na maioria das vezes o nível de dano econômico (Tabela 10). Na primeira avaliação

(22/fev.), a linhagem PI 274454 não apresentou insetos, diferindo de ‘IAC 19’. Na segunda

avaliação não foram verificadas diferenças entre os genótipos. Na terceira (07/mar.) e

quarta (14/mar.) avaliações, PI 274453 e PI 274454 foram as menos atrativas, enquanto

que na quinta avaliação (22/mar.) destacou-se PI 274453. Na sexta avaliação (29/mar.) não

se verificou diferença nas médias dos genótipos, porém estas foram superiores ao nível de

dano econômico (quatro/percevejos por batida de pano), exceto para a linhagem PI

264453, com média de 2,2 percevejos/pano. Na sétima (05/abr.) e oitava (12/abr.)

58

avaliações, verificou-se o mesmo padrão das amostragens anteriores, sendo ‘IAC 19’ e L1-

1-01 altamente atrativas, diferindo das PI’s. Neste ensaio, a cultivar ‘Conquista’ apresentou

infestação intermediária durante as avaliações (Tabela 10).

As médias gerais de atratividade do primeiro ensaio confirmam a

maior preferência dos percevejos em se alimentar no cultivar ‘IAC 19’ (8,0) e L1-1-01

(6,6), e menor preferência para as linhagens PI 274453 (1,4) e PI 274454 (3,6) (Tabela 10).

Para o segundo ensaio (2012-2013), verificaram-se menóres médias

de percevejos em relação ao primeiro ensaio. Não se constatou diferença entre os materiais

até a sexta avaliação (01/mar.) (Tabela 10). Esse fato se explica pela baixa ocorrência

populacional de percevejos nesse ensaio até 1º de março, atingindo níveis de dano

econômico somente a partir desta data (Figura 9). Na sétima avaliação (8/abr.), as

linhagens PI 274453 e PI 274454 se mostram pouco atrativas, apresentando médias de 2,6

e 2,7 percevejos por batida de pano, diferindo do cultivar ‘Conquista’ que apresentou

média de 11 percevejos. Na última avaliação (15/mar.), PI 274453 (1,0) se apresenta

novamente como o menos atrativo, diferindo de L1-1-01 (9,7).

No segundo ensaio, as maiores médias foram registradas nas

últimas avaliações, momento em que as plantas detinham as vagens sob enchimento de

grãos (R5) ou com grãos completamente cheios (R6), sendo que neste período ainda

coincide com os meses de maior ocorrência populacional de percevejos, realçando as

observações de Costa e Link (1974), Corrêa-Ferreira e Panizzi (1999) e Corrêa-Ferreira et

al. (2009), que descrevem a maior concentração de pentatomídeos nos meses de março a

abril na cultura da soja.

Considerando-se as médias de atratividade dos ensaios nos dois

anos agrícolas, verifica-se que PI 274453 e PI 274454 foram os menos atrativos ao

complexo de percevejos, indicando menor preferência dos insetos por estas linhagens. Em

contrapartida, a cultivar ‘IAC 19’ foi a mais atrativa, demonstrando maior suscetibilidade

ao ataque desses pentatomídeos (Tabela 10). Recentemente, Silva (2013b), estudando o

comportamento de diferentes genótipos de soja a P. guildinii, também detectou baixa

atratividade a campo das linhagens PI 274453 e PI 274454. As médias intermediárias de

atratividade do cultivar ‘Conquista’, obtidas nestes ensaios, corroboram os estudos de

Lourenção et al. (2010), que comprovaram certo nível de suscetibilidade ao ataque de

percevejos nesta cultivar.

59

Tabela 10. Número médio (±EP) de percevejos pentatomídeos (E. heros, P. guildinii, N. viridula, E. meditabunda e Dichelops spp.) por pano

de batita obtido em plantas de cinco genótipos se soja de ciclo tardio durante dois anos de ensaio a campo. Botucatu-SP, 2011-

2012 e 2012-2013.

Número médio de insetos (2011 / 2012)1

Genótipo Avaliação 01 Avaliação 02 Avaliação 03 Avaliação 04 Avaliação 05 Avaliação 06 Avaliação 07 Avaliação 08 Média 22 fev. 28 fev. 07 mar. 14 mar. 22 mar. 29 mar. 05 abr 12 abr.

‘IAC 19’ 2,2 ± 0,4 a 2,8 ± 1,1 12,8 ± 2,7 a 13,2 ± 2,8 a 7,6 ± 1,3 a 8,6 ± 1,7 8,0 ± 0,8 a 9,2 ± 4,1 a 8,0 ± 0,7 a

PI 274453 1,4 ± 0,5 ab 1, 2 ± 0,2 1,3 ± 0,3 c 1,0 ± 0,4 c 1,6 ± 0,4 b 2,2 ± 0,6 1,4 ± 0,2 c 1,6 ± 0,7 c 1,4 ± 0,2 c

PI 274454 0,0 ± 0,0 b 0,8 ± 0,4 4,4 ± 0,7 b 3,2 ± 1,2 bc 6,0 ± 1,1 ab 6,4 ± 1,7 3,6 ± 0,4 bc 4,0 ± 1,87 bc 3,6 ± 0,3 bc

L1-1-01 1,6 ± 0,5 ab 1,6 ± 0,5 7,0 ± 0,6 ab 14,4 ± 1,7 a 6,8 ± 0,7 a 8,6 ± 1,7 6,6 ± 0,4 a 7,6 ± 3,4 a 6,6 ± 0,3 a

‘Conquista’ 0,6 ± 0,2 ab 1,6 ± 0,4 6,8 ± 0,9 ab 11,8 ± 3,0 ab 5,6 ± 1,5 ab 6,6 ± 2,2 5,6 ± 1,0 ab 6,6 ± 3,0 ab 5,6 ± 0,8 ab

P 0,004 0,210 <0,001 <0,001 0,008 0,076 <0,001 <0,001 <0,001

Número médio de insetos (2012 / 2013)1

Genótipo Avaliação 01 Avaliação 02 Avaliação 03 Avaliação 04 Avaliação 05 Avaliação 06 Avaliação 07 Avaliação 08 Média 25 jan. 01 fev. 08 fev. 15 fev. 22 fev. 01 mar. 08 mar. 15 mar.

‘IAC 19’ 0,5 ± 0,3 0,2 ± 0,2 0,0 ± 0,0 0,7 ± 0,5 0,4 ± 0,2 2,5 ± 1,0 6,5 ± 1,3 ab 5,5 ± 2,8 ab 2,0 ± 0,7

PI 274453 0,0 ± 0,0 2,0 ± 0,9 0,6 ± 0,6 2,0 ± 0,5 1,5 ± 0,6 4,0 ± 1,3 2,6 ± 0,8 b 1,0 ± 0,5 b 1,7 ± 0,6

PI 274454 1,2 ± 0,5 0,7 ± 0,8 1,2 ± 0,8 1,7 ± 0,8 1,2 ± 0,8 1,2 ± 0,6 2,7 ± 0,9 b 5,5 ± 2,8 ab 2,0 ± 0,7

L1-1-01 0,0 ± 0,0 1,0 ± 0,7 0,2 ± 0,2 0,2 ± 0,2 0,6 ± 0,4 4,5 ± 1,3 8,5 ± 1,6 ab 9,7 ± 4,9 a 3,0 ± 1,1

‘Conquista’ 1,0 ± 0,4 0,2 ± 0,2 0,5 ± 0,5 0,5 ± 0,3 0,7 ± 0,2 5,5 ± 1,4 11,0 ± 2,2 a 2,7 ± 1,4 b 2,7 ± 1,0

P 0,057 0,356 0,464 0,108 0,122 0,138 0,005 0,013 0,197

1/Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey (α = 0,05). Dados originais.

60

Os dados referentes à retenção foliar média dos genótipos de ciclo

tardio revelam maior retenção nas cultivares ‘IAC 19’ e ‘Conquista’, com 88,75 %,

diferindo das PI’s (274453 e 274454), que apresentaram retenções médias de 60 e 50 %

respectivamente (Tabela 11). Rossetto et al. (1986) também verificaram resistência em

seus estudos na linhagem PI 274454, a qual se caracterizou por apresenta baixa retenção

foliar em comparação com outros genótipos. Segundo Panizzi et al. (1986), as linhagens

PI’s foram introduzidas em diversos programas de melhoramento para repassarem essas

características de resistência a insetos-praga. Piubelli et al. (2003) destacam esta

característica de resistência de PI 274454 como sendo uma resistência induzida,

principalmente pela produção de daidzina e genisteína após o ataque dos insetos. Nota-se

também que as linhagens PI 274453 e PI 27445 foram pouco atrativas (Tabela 10),

indicando a ocorrência de não-preferência.

Tabela 11. Retenção foliar média (±EP) ocasionada pelo ataque de

percevejos em cinco genótipos de soja de ciclo tardio.

Botucatu, 2011-2012 e 2012-2013.

Genótipo Retenção (%)1

PI 274454 50,00 ± 5,40 b

PI 274453 60,00 ± 4,56 b

L1-1-01 70,00 ± 7,07 ab

Conquista 88,75 ± 3,15 a

IAC 19 88,75 ± 6,25 a

P <0,001

1/Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste de

Tukey (α = 0,05). Dados originais

Lourenção et al. (1985) também relataram a expressão de

resistência do tipo não-preferência nas linhagens PI 274453 e PI 274454, quando avaliaram

o comportamento desses genótipos frente ao ataque da desfolhadora Omiodes indicata

(Fabricius), verificando desfolhas na ordem de 4,6 e 4,1 % respectivamente e diferindo dos

demais genótipos testados, principalmente da cultivar ‘Paraná’, que apresentou 61,5 % de

desfolha.

61

Quanto à elevada média de retenção foliar apresentada pela cultivar

‘IAC 19’ (Tabela 11), os dados confirmam as conclusões de Lourenção et al. (1999), que

estudando o comportamento de diversos genótipos de ciclo tardio sob ataque de

percevejos, descreveram este material com o pior desempenho, com média de retenção

foliar de 42,5 %.

Os dados de produtividade dos genótipos de ciclo tardio em dois

ensaios a campo sob infestação de percevejos e em ambiente controlado, encontram-se na

Tabela 12. No primeiro ensaio (2011-2012), o genótipo L1-1-01 apresentou a maior média

de produtividade sob manejo de percevejos, seguido por ‘IAC 19’, PI 274453 e

‘Conquista’, diferindo de PI 274454, que apresentou média de 3.040 kg ha-1

. Quando não

realizado o manejo de percevejos, todos os genótipos apresentaram redução de

produtividade acima de 90 % (Tabela 12).

Já no segundo ensaio (2012-2013), o genótipo mais produtivo em

condições de controle de percevejos foi a cultivar ‘IAC 19’, com média de 3.829 kg ha-1

,

diferindo de PI 274454 (2.917 kg ha-1

), PI 274453 (3.212 kg ha-1

) e ‘Conquista’ (3.204 kg

ha-1

). Assim como no primeiro ensaio, sob infestação, todos os genótipos apresentaram

significante redução de produtividade, sem indicativo de tolerância (Tabela 12).

Observando-se a produtividade sob infestação de percevejos

pentatomídeos nos dois ensaios, notam-se menores médias no primeiro ensaio, com as

maiores porcentagens de redução em todos os genótipos (Tabela 12). Este fato está

provavelmente relacionado à maior ocorrência de percevejos no primeiro ensaio (Figura 9),

onde os níveis populacionais se mantiveram bem acima do nível de dano econômico

durante quase toda a fase reprodutiva dos genótipos.

62

Tabela 12. Produtividade média (kg/ha-1

) (±EP) e percentagem de redução de produção de cinco genótipos de soja de

ciclo tardio em parcelas infestadas e não infestadas com percevejos. Botucatu, 2011-2012 e 2012-2013.

1/Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si pelo Teste de Tukey (α = 0,05). Dados

originais.

Genótipo

Produtividade (kg/ha-1

)

Ensaio de 2011 - 2012 Ensaio de 2012 - 2013

Controle1 Infestada

1 % Redução Controle

1 Infestada

1 % Redução

‘IAC 19’ 3.943 ± 301 abA 146 ± 18 abB 96 3.829 ± 100 aA 837 ± 202 bcB 70

PI 274453 3.653 ± 97 abA 367 ± 25 abB 90 3.212 ± 115 bcA 1.331 ± 59 abB 58

PI 274454 3.040 ± 48 bA 232 ± 40 bB 92 2.917 ± 52 cA 1.157 ± 77 abB 60

L1-1-01 4.057 ± 161 aA 308 ± 23 aB 92 3.634 ± 193 abA 1.762 ± 186 aB 51

‘Conquista’ 3.430 ± 348 abA 214 ± 36 abB 93 3.204 ± 116 bcA 484 ± 244 cB 84

P 0,040 --- <0,001 ---

63

Neste trabalho, a produtividade obtida no primeiro ensaio sob

condições controladas, com a linhagem PI 274453 (3.653 kg ha-1

) se aproxima da relatada

por Rossetto et al. (1986) na safra de 1983-1984, que foi de 3.675 kg ha-1

. Porém no

trabalho desses autores, não foi realizado qualquer tipo de manejo visando o controle de

percevejos. Apesar de esses autores não expressarem no trabalho a população de percevjos,

acredita-se na ocorrência de uma população muito abaixo do nível de controle (2

percevejos/batida de pano). De modo geral, ‘IAC 19’ e L1-1-01, se revelam como os

genótipos de ciclo tardio com maior capacidade produtiva, observando-se no cultivar ‘IAC

19’ maior estabilidade na comparação entre os dois anos (Tabela 12).

Considerando-se as classes de danos nos grãos dos genótipos de

ciclo tardio (Figura 13), no primeiro ensaio (2011-2012) verificou-se maior quantidade de

grãos comerciáveis (categorias A e B) nas linhagens PI 274453, PI 274453, PI 274454 e

nas cultivares ‘Conquista’ e ‘IAC-19’. Já os grãos de PI 274454 e L1-1-01 apresentam-se

predominantemente como não comerciáveis (categorias C e D), indicando maior

suscetibilidade aos percevejos em relação aos demais genótipos (Figura 13).

64

4,25

7,25

9,7528,75

IAC-19

A

B

C

D

12,50

17,00

13,25

7,25

PI-274453

A

B

C

D

7,50

16,7518,25

7,50

PI-274454

A

B

C

D

0,000,00 0,25

49,75

L1-1-01

A

B

C

D

4,50

8,00

13,25

24,25

Conquista

A

B

C

D

1,75

10,75

13,50

24,00

IAC-19

A

B

C

D

23,50

21,00

3,252,25

PI-274453

A

B

C

D

7,75

26,00

12,25

4,00

PI-274454

A

B

C

D

1,50

10,50

11,25

26,75

L1-1-01

A

B

C

D

1,25

4,50

11,75

32,50

Conquista

A

B

C

D

Figura 13. Número de grãos danificados por pentatomídeos de acordo com

quatro classes de danos em cinco genótipos de soja de ciclo tardio

em ensaios de campo. Botucatu-SP, 2011-2012 e 2012-2013. A =

grãos sem danos visíveis; B = grãos com puncturas, mas sem

deformação; C = grãos com punctura e com deformação; D = grãos

totalmente deformados.

Ensaio 2011-2012

Ensaio 2012-2013

65

Para o segundo ensaio (2012-2013), novamente verificou-se o bom

desempenho das linhagens PI 274453 e PI 274454, com grãos classificados em maioria nas

classes A e B (Figura 13), sugerindo resistência ao ataque dos percevejos sugadores.

Quanto ao escore médio de danos apresentados pelos diferentes

genótipos de ciclo tardio (Tabela 13), as linhagens PI 274453 e PI 274454 apresentaram as

menores médias de danos. A melhor qualidade dos grãos dessas linhagens em relação às

demais cultivares pode estar relacionada ao menor número de injúrias decorrentes da

alimentação dos pentatomídeos, sugerindo novamente a ocorrência de antixenose (Tabela 10).

‘IAC 19’ e L1-1-01 apresentaram os maiores escores, confirmando sua suscetibilidade

(Tabela 13).

Tabela 13. Escores médios de dano nos grãos causados por percevejos em cinco genótipos

de soja de ciclo tardio, em ensaios de campo. Botucatu-SP, 2011-2012 e 2012-

2013.

Genótipo Escore médio

1

Ensaio 2011-2012 Ensaio 2012-2013

PI 274453 1,30 d 0,68 d

PI 274454 1,83 c 1,25 c

‘IAC 19’ 2,26 b 2,19 b

‘Conquista’ 2,14 b 2,51 a

L1-1-01 2,99 a 2,26 ab

P <0,001 <0,001

1/Escores médios seguidos pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste Qui-Quadrado (α =

0,05).

Genótipos de soja com a capacidade de produzir grãos pequenos são

geralmente mais resistentes, por possuírem um elevado número de grãos livres dos danos

causados pelos percevejos (LINK; ESTEFANEL, 1982; PANIZZI et al., 1986; GODOI et al.,

2002). Neste estudo, isso foi verificado nas linhagens PI 274454 e PI 274453, confirmando a

resistência ao complexo de percevejos.

Cabe destacar que, durante a execução dos ensaios a campo,

observou-se que PI 274453 foi o genótipo tardio que mais demorou a atingir o estágio

reprodutivo, apresentando vagens novas quando os demais genótipos já apresentavam vagens

66

entre R5 e R6. Nestas circunstâncias, a resistência deste material pode ser questionada, uma

vez que pode ter ocorrido uma evasão dos percevejos, devido à ausência de vagens verdes no

período de maior infestação.

6.2. Ensaios em laboratório

6.2.1. Determinação de atratividade de Euschistus heros em testes com

chance de escolha

Os dados de atratividade obtidos em diferentes períodos de avaliação

(15, 30, 45, 60, 120 e 180 minutos) não revelaram diferença entre os genótipos de ciclo

precoce em todas as avaliações (Tabela 14), com médias de adultos atraídos variando de 1,0

(‘IAC 17’) a 1,5 (PI 229358).

Tabela 14. Número médio (±EP) de adultos de Euschistus heros atraídos por vagens R5/R6 de

seis genótipos de soja de ciclo precoce, aos 15, 30, 45, 60, 120 e 180 minutos após a

liberação (T= 26 2ºC, U.R.= 65 10% e fotoperíodo=14h). Botucatu-SP, 2013.

Genótipo Número de adultos de E. heros/2 vagens

1

15 min 30 min 45 min 60 min 120 min 180 min Média

‘IAC 17’ 0,7 ± 0,4 0,8 ± 0,3 1,0 ± 0,5 1,1 ± 0,4 1,4 ± 0,5 1,6 ± 0,6 1,0 ± 0,5

‘IAC 23’ 0,9 ± 0,3 1,4 ± 0,4 1,4 ± 0,5 0,9 ± 0,3 2,0 ± 0,4 1,3 ± 0,4 1,3 ± 0,4

PI 171451 1,1 ± 0,4 1,1 ± 0,4 1,2 ± 0,6 1,1 ± 0,4 1,1 ± 0,4 1,2 ± 0,3 1,1 ± 0,4

PI 229358 1,1 ± 0,5 1,7 ± 0,6 1,7 ± 0,8 1,8 ± 0,5 1,2 ± 0,4 1,4 ± 0,3 1,5 ± 0,5

D75-10169 1,1 ± 0,3 1,1 ± 0,5 1,3 ± 0,8 1,3 ± 0,4 1,2 ± 0,4 1,4 ± 0,6 1,2 ± 0,5

‘Coodetec 208’ 1,0 ± 0,3 1,1 ± 0,5 0,9 ± 0,6 1,3 ± 0,4 1,3 ± 0,4 1,0 ± 0,5 1,1 ± 0,4

P 0,889 0,827 0,730 0,580 0,604 0,946 0,917

1/Dados originais.

A atratividade de E. heros avaliada em laboratório foi menor quando

comparada à obtida a campo ao complexo de percevejos (Tabela 2). No entanto, acredita-se

que a explicação mais plausível para esta diferença de atratividade seja a formação e acúmulo

67

de fitoalexinas em plantas que sofreram prévia herbivoria no campo, ocasionando

repelência/deterrência e ainda podendo intoxicar insetos-praga (SUTHERLAND et al., 1980;

KOGAN e PAXTON, 1983).

Quanto à atratividade com chance de escolha nos genótipos de ciclo

semiprecoce, também não se observou diferenças entre os tratamentos (Tabela 15).

Novamente, as mesmas hipóteses são levantadas, uma vez que as vagens usadas neste ensaio

também se encontravam em fase de transição entre R5 e R6 e também foram colhidas de

plantas que não sofreram nenhuma injúria prévia (casa-de-vegetação).

Tabela 15. Número médio (±EP) de adultos de Euschistus heros atraídos por vagens R5/R6

de seis genótipos de soja de ciclo semiprecoce, aos 15, 30, 45, 60, 120 e 180

minutos após a liberação dos insetos. Botucatu-SP, 2013.

Genótipo Número de adultos de E. heros/2 vagens

1

15 min 30 min 45 min 60 min 120 min 180 min Média

‘IAC 18’ 0,9 ± 0,3 1,1 ± 0,4 1,5 ± 0,6 2,2 ± 0,8 1,8 ± 0,5 1,7 ± 0,4 1,5 ± 0,5

‘IAC 24’ 1,1 ± 0,3 1,2 ± 0,4 1,5 ± 0,6 2,1 ± 0,5 1,8 ± 0,6 1,9 ± 0,5 1,6 ± 0,4

‘IAC 100’ 0,5 ± 0,3 0,7 ± 0,3 0,5 ± 0,2 0,6 ± 0,3 1,1 ± 0,4 1,0 ± 0,6 0,7 ± 0,3

IAC 74-2832 1,2 ± 0,5 0,8 ± 0,2 1,3 ± 0,6 1,1 ± 0,3 1,7 ± 0,3 1,5 ± 0,5 1,3 ± 0,4

IAC 78-2318 1,4 ± 0,5 1,4 ± 0,6 1,3 ± 0,8 1,0 ± 0,4 1,1 ± 0,4 1,1 ± 0,5 1,2 ± 0,5

PI 227687 0,5 ± 0,2 0,5 ± 0,2 0,5 ± 0,3 0,9 ± 0,3 1,0 ± 0,4 1,5 ± 0,6 0,8 ± 0,3

P 0,659 0,842 0,277 0,113 0,657 0,757 0,370

1/ Dados originais.

Nos ensaios de atratividade com vagens de ciclo tardio, observaram-se

diferenças em todos os períodos avaliados, exceto aos 60 minutos (Tabela 16).

Aos 15 minutos após a liberação dos insetos, a linhagem PI 274454 se

mostrou menos atrativa aos percevejos, diferindo de PI 274453, que apresentou a maior

média. Neste período, os genótipos ‘IAC 19’, ‘Conquista’ e L1-1-01 se apresentaram

mediamente atrativos. Nas avaliações de 30 e 45 minutos, novamente PI 274454 foi o menos

atrativo, com médias de 0,6 e 0,4 percevejos, respectivamente. Aos 60 minutos, não houve

diferença entre os tratamentos. Aos 120 e 180 minutos, PI 274454 se revela como o menos

atrativo e PI 274453 como o mais atrativo (Tabela 16).

68

Tabela 16. Número médio (±EP) de adultos de Euschistus heros atraídos por vagens R5/R6

de cinco genótipos de soja de ciclo tardio, aos 15, 30, 45, 60, 120 e 180 minutos

após a liberação dos insetos. Botucatu-SP, 2013.

Genótipo Número de adultos de E. heros/2 vagens

1

15 min 30 min 45 min 60 min 120 min 180 min Média

‘IAC 19’ 1,3 ± 0,4 ab 1,9 ± 0,5 ab 2,2± 0,7 a 1,9 ± 0,6 1,8 ± 0,7 a 1,9 ± 0,6 ab 1,6 ± 0,7 a

PI 274453 2,5 ± 0,7 a 2,7 ± 0,7 a 2,7± 0,6 a 2,5 ± 0,7 2,5 ± 0,6 a 2,5 ± 0,7 a 2,6 ± 0,8 a

PI 274454 0,6 ± 0,2 b 0,6 ± 0,2 b 0,4± 0,2 b 0,4 ± 0,2 0,2 ± 0,1 b 0,6 ± 0,3 b 0,5 ± 0,2 b

L1-1-01 0,7 ± 0,2 ab 0,9 ± 0,3 ab 1,2± 0,3 ab 1,2 ± 0,4 1,1 ± 0,2 ab 0,8 ± 0,2 ab 1,0 ± 0,3 ab

‘Conquista’ 1,2 ± 0,4 ab 1,4 ± 0,3 ab 1,6± 0,3 ab 1,4 ± 0,4 1,9 ± 0,4 a 2,5 ± 0,5 ab 1,8 ± 0,3 a

P 0,035 0,025 0,008 0,105 0,001 0,037 0,002

1/Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey (α = 0,05).

Dados originais; para análise foram transformados em (x+0,5)1/2

.

Quanto à média geral das avaliações, conclui-se que a linhagem PI

274454 apresentou-se menos atrativa aos adultos de E. heros, sugerindo resistência do tipo

antixenose. Por outro lado, a linhagem PI 274453 revela elevada atratividade, contrariando as

médias obtidas a campo com o complexo de pentatomídeos (Tabela 10). Acredita-se que essa

diferença tenha se manifestado pelo fato das vagens não terem sofrido ataque, limitando a

produção de flavonoides, que caracterizam a resistência induzida neste material. Piubelli et al.

(2003) já haviam realçado esta habilidade em PI 274453, que após ataque, produz elevados

teores de daidzina e genisteína.

Neste sentido, seria interessante a realização de ensaios de atratividade

com vagens colhidas de plantas não atacadas e atacadas previamente, objetivando confirmar

as suspeitas sobre a indução de resistência nos materiais.

6.2.2 Determinação do número de picadas e tempo de consumo de E. heros

em diferentes genótipos de soja

Os resultados do número médio de picadas para alimentação e tempo

médio de alimentação em cada picada não revelaram diferenças entre as médias dos

genótipos de ciclo precoce (Tabela 17).

36

69

Tabela 17. Número médio de picadas e tempo de picada por

picada (±EP) de adultos de Euschistus heros em

vagens R5/R6 de seis genótipos de soja de ciclo

precoce. Botucatu-SP, 2013

Genótipo N° de picadas1 Tempo / picada (min)

1

PI-171451 4,7 ± 1,3 12,0 ± 3,6

‘IAC-17’ 4,9 ± 1,3 4,5 ± 1,9

‘Coodetec 208’ 5,0 ± 0,9 4,2 ± 0,7

‘IAC-23’ 6,5 ± 1,0 4,8 ± 1,5

D-75-10169 7,0 ± 2,3 4,2 ± 1,7

PI-229358 7,0 ± 2,0 27,0 ± 14,2

P 0,855 0,077

1/ Dados originais.

Em função da atratividade apresentada pelos genótipos de ciclo

precoce a campo (Tabela 2), havia a expectativa de um comportamento semelhante neste

teste. Silva (2013b), avaliando estes mesmos genótipos frente ao consumo de P. guildinii,

também não observou-se diferenças, sugerindo observações por um período maior, o que

talvez permita detectar diferenças significativas entre os materiais.

Vale destacar que, mesmo na ausência de diferença entre as médias de

consumo, PI 229358 apresentou média de sete picadas com duração de 27 minutos por picada,

tendendo a ser mais consumida. Para os genótipos menos consumidos, é possível que estes

apresentem compostos impalatáveis, resultando num comportamento supressante e inibidor da

alimentação, características da não-preferência alimentar (LARA, 1991). Souza (2010),

avaliando a alimentação de N. viridula em diferentes genótipos de soja, observou baixo

consumo na cultivar ‘IAC 17’, sugerindo a presença de compostos ligados à palatabilidade.

No presente trabalho, também se verificou baixo consumo de E. heros nessa cultivar (Tabela

17).

Quanto ao consumo nos genótipos de ciclo semiprecoce, novamente

não se detectaram diferenças quanto ao número de picadas e tempo médio por picada (Tabela

18), constatando-se novamente diferenças entre os resultados de campo e laboratório (Tabela

6) conforme discutido para os materiais de ciclo precoce. Apesar das médias de consumo de

E. heros em PI 227687 não diferir daquelas dos demais genótipos (Tabela 18), esta linhagem

70

se mostrou pouco consumida por N. viridula quando comparada dentro de um grupo de dez

materiais (SOUZA et al., 2012). Estes autores relataram um baixo número de picadas neste

material, que indicou a falta de estímulos para o percevejo-verde iniciar sua alimentação.

Neste sentido, pode-se inferir que os genótipos de soja podem afetar distintamente as

diferentes espécies de percevejos.

Tabela 18. Número médio de picadas e tempo de picada por

picada (±EP) de adultos de Euschistus heros em

vagens R5/R6 de seis genótipos de soja de ciclo

semiprecoce. Botucatu-SP, 2013.

Genótipo N° de picadas1

Tempo / picada (min)1

PI 227687 2,9 ± 0,8 10,7 ± 3,2

IAC 78-2318 3,1 ± 1,1 5,2 ± 1,6

‘IAC 100’ 3,5 ± 0,8 5,8 ± 1,3

IAC 74-2832 5,2 ± 1,3 8,2 ± 2,7

‘IAC 24’ 5,3 ± 1,9 19,3 ± 15,0

‘IAC 18’ 6,5 ± 1,7 8,2 ± 2,7

P 0,362 0,064

1/ Dados originais.

Também não foram observadas diferenças nas médias de alimentação

nos genótipos de ciclo tardio (Tabela 19), onde havia a expectativa de que os genótipos menos

atrativos a campo (PI 274453 e PI 274454) (Tabela 10) também fossem os menos consumidos

em laboratório.

Analisando os testes de número e tempo médio de picada de modo

geral (Tabelas 17, 18 e 19), associa-se a ausência de diferença entre as médias com fatores

comentados anteriormente, como a não produção de resistência induzida nas plantas, visto

que só foram utilizadas vagens de plantas não atacadas previamente. Para confirmar esta

hipótese, seriam necessárias avaliações em plantas, possibilitando a produção de metabólitos

secundários após o ataque dos percevejos o que consequentemente refletirá na alteração do

consumo destes insetos. No entanto, ensaios deste tipo se tornariam difíceis de avaliar

visualmente, uma vez que os percevejos ficam menos visíveis nas plantas.

71

Tabela 19. Número médio de picadas e tempo de picada por

picada (±EP) de adultos de Euschistus heros em

vagens R5/R6 de cinco genótipos de soja de ciclo

tardio. Botucatu-SP, 2013.

Genótipo N° de picadas1

Tempo / picada (min)1

PI 274454 3,3 ± 1,4 9,1 ± 2,5

L1-1-01 5,0 ± 0,9 5,4 ± 0,7

‘Conquista’ 5,3 ± 0,8 8,1 ± 1,2

‘IAC 19’ 6,4 ± 1,8 8,4 ± 1,1

PI 274453 8,1 ± 1,9 12,6 ± 4,2

P 0,181 0,306

1/ Dados originais.

Outro fato que também pode justificar a ausência de diferença entre as

médias de consumo, foi o tempo de observação (180 minutos). É possível que um tempo

maior de observações permita a distinção e caracterização dos genótipos quanto à preferência

alimentar do percevejo.

6.2.3 Dureza, quantificação e comprimento de tricomas em vagens de

diferentes genótipos

Com relação às características morfológicas das vagens verdes dos

genótipos de ciclo precoce (Tabela 20), a cultivar ‘IAC-17’ destacou-se com a maior média de

tricomas (109,8/0,25cm2), seguido de ‘Coodetec 208’ (96,2/0,25cm

2). PI-171451 e PI-229358

apresentaram as menores densidades, com 58,6 e 64,3 tricomas/0,25 cm2, respectivamente.

Até o momento, não foram publicados trabalhos relacionando

aspectos de tricomas com a preferência alimentar de percevejos, sendo proposto neste

trabalho a hipótese de uma correlação negativa entre esses fatores. Inicialmente, pela baixa

atratividade aos percevejos obtida a campo nos genótipos PI-171451, PI-229358, D75-10169

e ‘IAC 17’ (Tabela 2), acreditou-se na presença de grande quantidade de tricomas nestes

materiais, o que só foi constatado em ‘IAC 17’ (Tabela 20). Sendo assim, associa-se essa

característica morfológica à menor preferência dos percevejos por infestar ‘IAC 17’, não se

36

72

acreditando, porém, que esta seja a única característica envolvida na interação inseto-

hospedeiro.

Tabela 20. Densidade média de tricomas, comprimento de tricomas e dureza de vagem

(±EP)1 de seis genótipos de soja de ciclo precoce. Botucatu-SP, 2013.

Genótipo Densidade (0,25 cm2)

1 Comprimento (mm)

1 Dureza (g.f/cm

2)

1

PI 171451 58,6 ± 5,20 c 1,58 ± 0,1 272,0 ± 13,4 bc

PI 229358 64,3 ± 4,44 c 1,64 ± 0,1 233,2 ± 8,9 c

‘IAC 23’ 69,2 ± 6,51 bc 1,51 ± 0,1 302,6 ± 11,0 b

D75-10169 84,6 ± 5,55 abc 1,70 ± 0,1 283,6 ± 18,2 bc

‘Coodetec 208’ 96,2 ± 7,83 ab 1,93 ± 0,1 366,0 ± 10,5 a

‘IAC 17’ 109,8 ± 12,80 a 1,81 ± 0,1 276,8 ± 14,5 bc

P <0,001 0,058 <0,001

1/Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey (P<0,05).

Dados originais.

O comprimento médio dos tricomas não diferiu entre os genótipos de

ciclo precoce, sendo as médias variando de 1,51 a 1,93 mm (Tabela 20). Nesse caso, conclui-

se que essas características são irrelevantes para a seleção hospedeira de adultos de E. heros

quando comparadas entre esses materiais.

A análise da dureza de vagens de soja precoce revelou maior

resistência à penetração no cultivar ‘Coodetec 208’, que diferiu dos demais genótipos (Tabela

20), e opostamente, a linhagem PI 229358 apresentou a menor média de dureza (233,2

g.f/cm2). A elevada dureza de ‘Coodetec 208’ e a maior atratividade de percevejos a campo

nessa cultivar rejeitam a hipótese de que a rigidez da epiderme das vagens influencie

percevejos adultos na seleção alimentar entre os genótipos de ciclo precoce avaliados (Tabela

17).

De acordo com Vendramim e Guzzo (2009), a não preferência

alimentar de insetos por plantas com epiderme mais rígida está diretamente relacionado com a

deposição de sílica ou lignina, que atuam como fatores de resistência a insetos em diversas

plantas cultivadas. No entanto, pelo porte do aparelho bucal bem desenvolvido dos adultos de

E. heros, descarta-se esta possibilidade nos presentes genótipos. Talvez, a maior rigidez

apresentada pela cultivar ‘Coodetec 208’ tenha influência sobre ninfas, inibindo ou limitando

a alimentação nas vagens; no entanto, isso não foi objeto de investigação do presente trabalho.

73

Figura 14. Correlação entre densidade de tricomas e atratividade de adultos de Euschistus

heros, e dureza de vagem, em teste com chance de escolha em seis genótipos de

soja de ciclo precoce.

Quanto à densidade de tricomas nos genótipos de soja de ciclo

semiprecoce, a cultivar ‘IAC 100’ foi a que apresentou a maior média, seguida por IAC 78-

2318 (Tabela 21). Os genótipos ‘IAC 18’ e IAC 74-2818 se destacaram como os de menor

densidade de tricomas, com menos de 98 estruturas em 25 mm2

de vagem.

Considerando-se o baixo número de tricomas na cultivar ‘IAC 18’,

juntamente com a elevada preferência dos percevejos em testes de atratividade a campo

(Tabela 6), existe uma relação negativa entre a densidade de tricomas e a preferência

alimentar. Porém, a alta densidade de tricomas em ‘IAC 100’ não inibiu a atratividade a

campo dos percevejos (Tabela 6). Neste sentido, coloca-se em dúvida novamente a influência

da densidade de tricomas de vagens sobre a seleção hospedeira de adultos de E. heros.

Quanto ao tamanho dos tricomas, também não se observou diferença

entre os genótipos de ciclo semiprecoce (Tabela 21). Nestes genótipos, o tamanho variou de

0,86 a 1,01 mm, valores inferiores quando comparados aos de ciclo precoce (Tabela 20). As

análises de dureza das vagens dos genótipos de ciclo semiprecoce revelam que o genótipo PI

227687 possui a maior resistência à penetração, diferindo dos demais (Tabela 21). É possível

que a elevada resistência à penetração em PI 227687 (434,0 g.f/cm2) pelos percevejos

represente uma barreira física à penetração dos estiletes, como parte dos mecanismos de

resistência deste genótipo.

74

Tabela 21. Densidade média de tricomas, comprimento de tricoma e dureza de vagem

(±EP)1 de seis genótipos de soja de ciclo semiprecoce. Botucatu-SP, 2013.

Genótipo Densidade (0,25 cm2)

1 Comprimento (mm)

1 Dureza (g.f/cm

2)

1

IAC 74-2832 91,0 ± 9,67 d 0,94 ± 0,06 323,6 ± 10,42 b

‘IAC 18’ 97,2 ± 10,40 d 0,95 ± 0,09 303,8 ± 14,94 b

‘IAC 24’ 113,7 ± 3,92 cd 0,91 ± 0,06 308,6 ± 14,24 b

PI 227687 130,6 ± 5,38 c 0,86 ± 0,04 434,0 ± 20,81 a

IAC 78-2318 173,5 ± 5,51 b 1,01 ± 0,05 338,3 ± 16,18 b

‘IAC 100’ 216,3 ± 10,03 a 0,96 ± 0,05 305,8 ± 21,19 b

P <0,001 0,699 <0,001

1/Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey (P<0,05).

Dados originais.

y = -0,0053x + 1,908R² = 0,498

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

50 100 150 200 250

Den

sid

ad

e d

e E

. h

ero

s

Densidade de tricomas (25mm²)

y = -0,0037x + 2,4225R² = 0,2544

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

280 330 380 430 480

Densi

dad

e d

e E

. hero

s

Textura de vagem (g.f/cm²)

Figura 15. Correlação entre densidade de tricomas e atratividade de adultos de Euschistus

heros, e dureza de vagem, em teste com chance de escolha em seis genótipos de

soja de ciclo semiprecoce.

As avaliações morfológicas das vagens dos genótipos tardios mostrou

diferença entre o número de tricomas nos materiais (Tabela 22), sendo L1-1-01 e PI 274453

(191,5 e 162,7 unidades, respectivamente) os genótipos detentores das maiores médias,

diferindo de PI 227454, ‘Conquista’ e ‘IAC 19’, com 84,3, 96,6 e 103,4 estruturas presentes

por 25 mm2.

Apesar dessa diferença, é pouco provável que o elevado número de

tricomas em L1-1-01 e PI 274453 afete negativamente a escolha pelos percevejos, visto que o

genótipo L1-1-01 foi muito infestado a campo (Tabela 10).

75

Tabela 22. Densidade média de tricomas, comprimento de tricoma e dureza de vagem

(±EP)1 de cinco genótipos de soja de ciclo tardio. Botucatu-SP, 2013.

Genótipo Densidade (0,25 cm2)

1 Comprimento (mm)

1 Dureza (g.f/cm

2)

1

PI 274454 84,3 ± 5,29 b 1,00 ± 0,06 381,4 ± 11,67 a

‘Conquista’ 96,6 ± 3,70 b 1,21 ± 0,10 276,0 ± 24,05 b

‘IAC 19’ 103,4 ± 7,88 b 1,39 ± 0,16 374,0 ± 22,03 a

PI 274453 162,7± 6,20 a 1,13 ± 0,11 316,4 ± 18,29 ab

L1-1-01 191,5 ± 14,41 a 1,00 ± 0,08 385,5 ± 14,24 a

P <0,001 0,054 <0,001

1 Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey (P<0,05).

Dados originais.

Quanto ao comprimento dos tricomas de vagens de soja de ciclo

tardio, também se verificam ausências de diferenças, com médias entre 1,00 e 1,39 mm

(Tabela 22). Os dados de dureza de vagens desses materiais apresentaram diferença

significativa, revelando menor média na cultivar ‘Conquista’ (Tabela 22). Esta baixa dureza

pode estar envolvida na suscetibilidade desta cultivar ao ataque de percevejos.

y = 0,0044x + 0,9411R² = 0,0654

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

50 100 150 200

Densi

dad

e d

e E

. hero

s

Densidade de tricomas (25mm²)

y = -0,0113x + 5,4177R² = 0,4676

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

230 280 330 380 430

Densi

dad

e d

e E

. hero

s

Textura de vagem (g.f/cm²)

Figura 16. Correlação entre densidade de tricomas e atratividade de adultos de Euschistus

heros, e dureza de vagem, em teste com chance de escolha em seis genótipos de

soja de ciclo tardio.

Em geral, acredita-se que as características morfológicas e físicas das

vagens de soja possam influenciar a seleção hospedeira de percevejos adultos, porém não

76

podem ser consideradas isoladamente como características que conferem resistência. É

possível que estas características atuem diferentemente sobre os genótipos de soja.

Na literatura, são poucos os trabalhos disponíveis sobre resistência

vinculados a características de vagens a sugadores, sendo mais comuns trabalhos com insetos

de menor porte, que geralmente apresentam maiores mudanças de comportamento frente a

estas características. Neste sentido, Valle e Lourenção (2002) demonstraram a correlação

positiva entre densidade de tricomas e atratividade e/ou oviposição de B. tabaci biótipo B, que

observaram elevadas médias de ovos/cm2 em genótipos com altas densidades de tricomas em

folhas, influenciando a permanência e oviposição do inseto. Em algodão e tomate também

foram observadas essas mesmas associações frente ao mesmo inseto (BERLINGER, 1986;

BUTTER; VIR, 1989; HEINZ; ZALOM, 1995).

As influências morfológicas e químicas das plantas também se

associam a outros parâmetros biológicos das pragas, afetando a atividade alimentar por

possuírem no tegumento da semente altos teores de lignina, o que garante sua proteção contra

herbívoros (BOESEWINKEL; BOUMAN, 1995). Segundo Panizzi e Silva (2009), o espaço

de ar entre a parede das vagens e as sementes também influencia de forma negativa a

alimentação de percevejos, entretanto este aspecto não foi investigado no presente trabalho.

Enfim, também deve-se considerar que as características morfológicas

avaliadas no presente trabalho poderiam se manifestar de forma mais contundente sobre

ninfas, que pelo menor porte, provavelmente se apresentariam mais suscetíveis.

6.2.4 Avaliação de antibiose

Para avaliar os parâmetros biológicos de E. heros confinados nos

diferentes genótipos, foram utilizadas ninfas a partir do segundo estádio, uma vez que as de

primeiro não se alimentam e são mais sensíveis à manipulação (OLIVERIA; PANIZZI,

2003). Apesar de não utilizar as ninfas de primeiro estádio nos bioensaios, verificou-se média

de duração de 3,1 dias nesta fase, sendo um valor muito próximo dos 3,3 dias observados por

Mourão e Panizzi (2000). Já o período médio de incubação observado foi de 6,4 dias, também

semelhante ao relatado por Villas Bôas e Panizzi (1980), de 6,8 e Mourão e Panizzi (2000), de

6,1 dias. Para o cálculo da duração de período ninfal, foi somada a média de 3,1 dias,

referente ao primeiro ínstar.

77

Os dados referentes à duração de cada ínstar e período ninfal de E.

heros, encontram-se na Tabela 23. No segundo ínstar, destacaram-se os genótipos ‘IAC 100’

e L1-1-01 por prolongarem o período de desenvolvimento nessa fase, com médias de 6,55 e

6,24 dias, respectivamente. De forma contrária, ‘IAC 18’ (3,19 dias) e as linhagens PI 274453

(3,34 dias) e PI 274454 (3,38 dias) apresentaram as menores médias de duração nesse estádio.

Avaliando o tempo de duração ninfal sob diferentes fotoperíodos,

Mourão e Panizzi (2000) concluíram que ninfas de segundo ínstar alimentadas com o cultivar

‘Paraná’ permaneceram neste ínstar por 6,5 dias quando submetidas a um fotoperíodo diário

de 10 horas, e 4,7 dias sob 14 horas, indicando que a velocidade do desenvolvimento ninfal

pode estar relacionada ao fotoperíodo. No presente trabalho, foi padronizado um fotoperíodo

de 14 horas diárias, sendo a duração de cada ínstar um reflexo apenas da alimentação nos

diferentes genótipos.

Quanto à duração do terceiro ínstar, observou-se que ‘IAC 19’ (9,88

dias), ‘Coodetec 208’ (9,0 dias), ‘Conquista’ (8,93 dias) e L1-1-01 (8,52 dias) foram os

genótipos que mais prolongaram a fase. Contrariamente, PI 274454 (3,55 dias), ‘IAC 17’

(4,21 dias), ‘IAC 24’ (4,79 dias), PI 274453 (4,48 dias), ‘IAC 18’ (4,37 dias) e mostraram-se

mais adequados às ninfas, permitindo um desenvolvimento mais rápido (Tabela 23).

Discutindo a duração do terceiro ínstar ninfal de E. heros, Pinto e Panizzi (1994) relataram

uma média de 4,7 dias em condições de fotoperíodo de 14 horas de luz. Este dado se encontra

muito próximo das médias apresentadas pelos genótipos mais favoráveis às ninfas.

Para o quarto ínstar ninfal, a linhagem PI 274453 apresentou a maior

média de duração (8,25 dias), seguida por ‘IAC 100’ (7,95 dias), PI 227687 (7,82 dias) e ‘IAC

23’ (7,79 dias) e diferindo da maioria dos materiais, principalmente de PI 274454, com média

de 4,57 dias (Tabela 23). No último ínstar, não foram verificadas diferenças entre os

tratamentos e as médias variaram de 6 a 11,50 dias. Nesta fase, não constam os dados da

linhagem PI 274454 que ocasionou 100% de mortalidade ainda no estádio N4 (Tabela 23).

Esta observação indica a ocorrência de elevado nível de antibiose nesta linhagem, conforme já

relatado para outros percevejos (PIUBELLI et al. 2003; ROSSETTO; LOURENÇÃO, 1981).

Em geral, a duração da última fase ninfal foi maior em relação às fases

anteriores, independentemente do genótipo utilizado como hospedeiro. Esta maior duração é

comum em pentatomídeos, visto que neste ínstar ocorrem muitas mudanças fisiológicas antes

de os insetos atingirem a fase adulta, além da maior quantidade de nutrientes necessários para

78

a realização da ecdise e formação de um adulto com bom potencial reprodutivo (VILLAS

BÔAS; PANIZZI, 1980; BIEHLER; McPHERSON, 1982; PANIZZI; PANIZZI, 1991).

Analisando-se o período ninfal total, observou-se grande variação

entre os genótipos, com médias variando de 24,10 a 34,18 dias (Tabela 23). Comparando as

médias de período ninfal característico de E. heros obtidos com aquela relatada por Costa et

al. (1998), alguns genótipos favoreceram o desenvolvimento ninfal, enquanto que outros

retardaram. Ninfas confinadas a L1-1-01, ‘IAC 100’, ‘IAC 23’ e ‘Coodetec 208’ prolongaram

o desenvolvimento do inseto, com médias de 34,48; 34,20; 31,27 e 30,80 dias

respectivamente, sugerindo a ocorrência de antibiose e/ou não preferência para alimentação.

PI 227687 (24,10 dias), ‘IAC 18’ (25,88 dias), ‘IAC 24’ (23,37 dias), IAC 78-2318 (26,60

dias), ‘IAC 17’ (23,77 dias), PI 274453 (26,98 dias) D75-10169 (27,33 dias) e IAC 74-2832

(27,54 dias) destacaram-se como os mais favoráveis, revelando suscetibilidade ao

desenvolvimento do percevejo. Não foi possível calcular a duração do período ninfal dos

insetos confinados em PI 274454, uma vez que no quarto ínstar, este genótipo já havia

provocado a morte de todas as ninfas (Tabela 23).

Vários fatores das plantas podem colaborar para o prolongamento do

período pós-embrionário de insetos em soja, com destaque para as características

morfológicas, compostos antinutricionais e baixo teor de proteínas, forçando o inseto a

permanecer por um período maior no estágio imaturo (CALHOUN; FUNDERBURK;

TEARE, 1988; LARA, 1991; PANIZZI, 1991).

Apesar de análises de constituição química não terem sido realizadas

nesse estudo, essa investigação seria interessante, objetivando a identificação de fatores de

resistência que atuam nesses genótipos frente ao ataque de E. heros.

Em função do prolongamento ninfal, a cultivar ‘IAC-100’ revela-se

portadora de resistência do tipo antibiose. Além da presença de posíveis fatores químicos e/ou

antinutricionais que caracterizam este tipo de resistência, é possível também a presença de

fatores morfológicos, uma vez que este material apresentou a maior densidade de tricomas

(Tabela 21). Esta elevada pilosidade, apesar de aparentemente não influenciar na alimentação

de adultos, provavelmente atua como barreira física aos primeiros estádios iniciais (segundo e

terceiro ínstares), os quais, devido ao menor porte, podem ter maior dificuldade na

alimentação.

79

Tabela 23. Período médio (dias ± EP) de duração de ínstares ninfais e fase ninfal total (dias ± EP) de Euschistus heros em 17 genótipos de

soja (T= 26 2ºC, U.R.= 65 10% e fotoperíodo=14h). Botucatu-SP, 2013.

Genótipo Duração (dias)1,2

N2 N3 N4 N5 Período Ninfal*

L1-1- 01 (n=29) 6,24 ± 0,67 a (n=23) 8,52 ± 0,65 ab (n=18) 6,22 ± 0,57 cde (n=10) 10,60 ± 1,33 (n=10) 34,38 ± 1,78 a

‘IAC 100’ (n=29) 6,55 ± 0,11 a (n=29) 7,50 ± 0,28 bc (n=22) 7,95 ± 0,15 ab (n=7) 9,10 ± 0,87 (n=7) 34,20 ± 1,20 a

‘IAC 23’ (n=30) 3,30 ± 0,11 de (n=29) 6,03 ± 0,27 cd (n=28) 7,79 ± 0,16 ab (n=6) 11,00 ± 1,13 (n=6) 31,27 ± 1,30 a

‘Coodetec 208’ (n=23) 5,17 ± 0,41 abc (n=13) 9,00 ± 0,53 ab (n=11) 5,27 ± 0,47 ef (n=9) 9,67 ± 0,44 (n=9) 30,80 ± 1,12 a

PI 229358 (n=49) 3,53 ± 0,11 de (n=27) 6,07 ± 0,41 cd (n=23) 7,74 ± 0,21 abc (n=2) 11,50 ± 0,50 (n=1) 30,10 ± 1,00 ab

PI 171451 (n=24) 5,71 ± 0,66 ab (n=17) 7,24 ± 0,55 bc (n=16) 7,31 ± 0,44 abcd (n=7) 9,86 ± 1,12 (n=7) 29,96 ± 1,39 ab

‘Conquista’ (n=27) 4,26 ± 0,18 bcde (n=14) 8,93 ± 0,66 ab (n=14) 6,14 ± 0,42 de (n=8) 9,00 ± 1,68 (n=8) 29,48 ± 1,69 ab

‘IAC 19’ (n=23) 4,48 ± 0,24 bcde (n=8) 9,88 ± 0,59 a (n=6) 6,67 ± 1,17 bcde (n=1) 8,00 ± 0,00 (n=1) 29,10 ± 0,00 ab

IAC 74 -2832 (n=23) 4,43 ± 0,22 bcde (n=23) 6,09 ± 0,30 cd (n=22) 6,64 ± 0,22 bcde (n=16) 7,06 ± 0,54 (n=16) 27,54 ± 0,88 b

D75-10169 (n=28) 4,21 ± 0,35 bcde (n=26) 5,88 ± 0,39 cd (n=20) 7,40 ± 0,22 abcd (n=8) 7,63 ± 0,50 (n=8) 27,33 ± 1.01 b

PI 274453 (n=29) 3,34 ± 0,18 e (n=21) 4,48 ± 0,19 de (n=16) 8,25 ± 0,30 a (n=8) 8,63 ± 0,78 (n=8) 26,98 ± 0,64 b

‘IAC 17’ (n=29) 3,30 ± 0,18 de (n=29) 4,21 ± 0,28 de (n=28) 7,86 ± 0,17 ab (n=18) 8,17 ± 0,20 (n=18) 23,77 ± 0,33 b

IAC 78 -2318 (n=30) 3,93 ± 0,19 cde (n=28) 5,71 ± 0,22 cde (n=21) 7,67 ± 0,27 abcd (n=6) 6,50 ± 0,72 (n=6) 26,60 ± 0,67 b

‘IAC 24’ (n=29) 3,38 ± 0,09 de (n=29) 4,79 ± 0,12 de (n=27) 7,59 ± 0,10 abcd (n=11) 8,00 ± 0,71 (n=11) 23,37 ± 0,71 b

‘IAC 18’ (n=27) 3,19 ± 0,23 e (n=27) 4,37 ± 0,37 de (n=27) 7,78 ± 0,19 abc (n=18) 7,83 ± 1,13 (n=18) 25,88 ± 0,57 b

PI 227687 (n=48) 4,77 ± 0,26 abcd (n=23) 6,30 ± 0,31 cd (n=11) 7,82 ± 0,18 ab (n=1) 6,00 ± 0,00 (n=1) 24,10 ± 0,00 b

PI 274454 (n=32) 3,38 ± 0,10 de (n=20) 3,55 ± 0,19 e (n=7) 4,57 ± 0,43 f --- ---

P <0,001 <0,001 <0,001 0,007 < 000,1

1/Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo Teste de LSD (P<0,05). Dados originais;

2/n= número de insetos avaliados;

*Somado à média do primeiro ístar (N1=3,1).

80

A linhagem PI 227687 portadora de resistência múltipla a insetos da

soja (VAN DUYN; TURNIPSEED; MAXWELL, 1971; CLARK et al., 1972; SMITH, 1985;

BEACH; TODD, 1988), não prolongou a fase imatura do inseto neste estudo (24,10 dias).

Recentemente, Silva (2013b) também observou a mesma característica desta linhagem,

relatando o não prolongamento da fase ninfal em estudos de antibiose com P. guildinii. Estes

resultados envolvendo ninfas de percevejos também se assemelham aos obtidos por Lima e

Lara (2004), constatando desenvolvimento favorável de B. tabaci biótipo B nesta linhagem.

No entanto, a hipótese de suscetibilidade de PI 227687 ao desenvolvimento de E. heros não se

sustenta em função da elevada mortalidade ninfal, onde apenas 3 % dos indivíduos atingiram

a fase adulta (Figura 18). Piubelli et al. (2003), também relataram alta mortalidade ninfal em

percevejos que se alimentaram nesta linhagem, porém, no trabalho desses autores, a espécie

em questão era N. viridula. Autores como Carrão-Panizzi e Kitamura (1995) e Piubelli (2000)

também relataram a alta concentração de isoflavonas nesta linhagem associada com a elevada

mortalidade de N. viridula em comparação com outros genótipos.

3,3 0,0 3,3

33,360,0

IAC - 17

0,0

6,7

10,0

63,3

20,0

IAC - 23

20,0

23,3

3,3

30,0

23,3

PI - 171451

3,3

10,0

10,0

70,0

6,7

PI - 229358

6,76,7

20,0

40,0

26,7

D75 - 10169

23,3

33,36,7

6,7

30,0

Coodetec 208

10,0

43,3

0,0

20,0

26,7

Conquista

Ínstar 2 Ínstar 3 Ínstar 4 Ínstar 5 Emergência de adultos

Figura 17. Mortalidade (%) nos diferentes estádios ninfais e

emergência de adultos de Euschistus heros confinados

em seis genótipos de soja de ciclo precoce.

81

Outros genótipos que também merecem destaque são ‘IAC 19’ e PI

229358, que apesar de não diferirem dos demais genótipos quanto ao prolongamento ninfal

(Tabela 23), ocasionaram 96,7 e 93,3 % de mortalidade na fase jovem dos percevejos,

sugerindo antibiose (Figuras 18 e 20). Os índices de mortalidade ninfal provocados pelos

genótipos ‘IAC 17’ (Figura 17), PI 274453 (Figura 19), ‘IAC 18’ e ‘IAC 74-2832 (Tabela 19)

foram mais baixos em relação aos demais, permitindo emergências de adultos superiores a

50%.

Durante as avaliações de biologia, observou-se que os genótipos ‘IAC

23’ e PI 229358 além de prolongarem o quinto ínstar ninfal (Tabela 23), também ocasionaram

a maior taxa mortalidade nesta fase (Figura 17). Verificou-se que as ninfas de quinto ínstar

morreram em sua grande maioria no momento da ecdise, ficando presas à exúvia (Figura 20).

10,00,0

0,0

30,060,0

IAC - 18

0,0 0,0

6,9

55,2

37,9

IAC - 24

0,0 0,0

24,1

51,7

24,1

IAC - 100

23,3

0,03,3

20,0

53,3

IAC - 74 - 2832

0,0

6,7

23,3

50,0

20,0

IAC - 782318

7

17

40

33

3

PI - 227687

10,0

43,3

0,0

20,0

26,7

Conquista

Ínstar 2 Ínstar 3 Ínstar 4 Ínstar 5 Emergência de adultos

Figura 18. Mortalidade (%) nos diferentes estádios ninfais e

emergência de adultos de Euschistus heros confinados

em seis genótipos de soja de ciclo semiprecoce.

82

23,3

50,0

10,0

13,3

3,3

IAC - 19

10,0

6,7

10,0

20,0

53,3

PI - 274453

33,3

0,0

43,3

23,3

0,0

PI - 274454

3,3

20,0

16,7

26,7

33,3

L1 - 1 - 01

10,0

43,3

0,0

20,0

26,7

Conquista

10,0

43,3

0,0

20,0

26,7

Conquista

Ínstar 2 Ínstar 3 Ínstar 4 Ínstar 5 Emergência de adultos

Figura 19. Mortalidade (%) nos diferentes estádios ninfais e

emergência de adultos de Euschistus heros confinados

em cinco genótipos de soja de ciclo tardio.

Figura 20. Ninfas de quinto ínstar de Euschistus heros que morreram presas à

exúvia no momento da ecdise.

83

Os dados de viabilidade ninfal (Figura 21) revelam que, com exceção

de PI 274454, houve emergência de adultos em todos os materiais. Observa-se que os

genótipos ‘IAC 19’, PI-227687 e PI 229358 proporcionaram porcentagens menores que 10 %,

indicando a ocorrência de elevado nível de antibiose e/ou não-preferência para alimentação.

Possivelmente, as causas desta resistência estão associadas à existência de compostos

antinutricionais e/ou presença de compostos secundários, que afetam o desenvolvimento

ninfal.

ef ef

def

cde cde

cd cd

c

c c c

c

bc

ab

a a

0

10

20

30

40

50

60

70

Via

bili

dad

e N

infa

l (%

)

f

Figura 21. Viabilidade ninfal (% ± EP) de Euschistus heros obtida em 17

genótipos de soja (T= 26 2ºC, U.R.= 65 10% e

fotoperíodo=14h).

Quanto ao peso médio de adultos recém-emergidos, observou-se

grande variação entre os insetos desenvolvidos nos diferentes materiais (40,80 mg a 73,42 g)

(Tabela 24). PI 227687 foi o material que mais desfavoreceu o ganho de peso dos insetos,

seguido por PI 274453, com médias de 40,80 mg e 49,67 mg, respectivamente. Por outro lado,

PI 229358, ‘Coodetec 208’, ‘IAC 100’, ‘IAC 23’, PI 171 451, IAC 74-2832, IAC 78-2318 e

‘Conquista’, proporcionaram maiores ganhos de peso, sendo as médias, muito próximas das

apresentadas por Meneguim et al. (1989) (67 mg) e Pinto e Panizzi (1994) (68 mg) em

estudos de biologia de E. heros.

84

Tabela 24. Longevidade média (dias ± EP) e peso de adultos recém-emergidos (mg ± EP) de

Euschistus heros obtidos em 17 genótipos de soja (T= 26 2ºC, U.R.= 65 10% e

fotoperíodo=14h). Botucatu-SP, 2013.

Genótipo Ciclo Peso (mg)1,2

Longevidade (dias)¹

PI 229358 Precoce (n=6) 73,52 ± 2,32 a (n=6) 8,17 ± 2,89

‘Coodetec 208’ Precoce (n=9) 73,28 ± 1,74 a (n=9) 21,00 ± 2,97

‘IAC 100’ Semiprecoce (n=10) 72,87 ± 2,20 a (n=7) 17,71 ± 3,25

‘IAC 23’ Precoce (n=6) 72,20 ± 1,67 a (n=6) 10,00 ± 2,85

PI 171451 Precoce (n=7) 71,99 ± 3,13 a (n=7) 11,43 ± 2,16

IAC 74-2832 Semiprecoce (n=10) 71,61 ± 2,25 a (n=16) 20,69 ± 3,03

IAC 78-2318 Semiprecoce (n=6) 70,58 ± 3,18 a (n=6) 12,50 ± 3,12

‘Conquista’ Tardio (n=8) 69,96 ± 2,04 a (n=8) 12,38 ± 1,08

D75-10169 Precoce (n=8) 67,29 ± 3,02 ab (n=8) 17,38 ± 5,37

‘IAC 18’ Semiprecoce (n=10) 66,45 ± 3,55 ab (n=18) 16,56 ± 1,59

L1-1-01 Tardio (n=10) 66,21 ± 1,50 ab (n=10) 10,30 ± 1,86

‘IAC 24’ Semiprecoce (n=10) 64,15 ± 2,28 ab (n=11) 20,18 ± 3,30

‘IAC 19’ Tardio (n=1) 59,60 ± 0,00 ab (n=1) 12,00 ± 0,00

‘IAC 17’ Precoce (n=10) 59,06 ± 3,19 abc (n=18) 12,6 ± 2,22

PI 274453 Tardio (n=8) 49,67 ± 3,78 bc (n=8) 6,71 ± 1,51

PI 227687 Semiprecoce (n=1) 40,80 ± 0,00 c (n=1) 9,00 ± 0,00

PI 274454 Tardio * *

P --- <0,001 0,058

1/Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo Teste de Fisher (P<0,05).

Dados originais; 2/n= número de insetos avaliados.

Piubelli et al. (2003), comparando o desempenho do percevejo N.

viridula em quatro genótipos de soja, também observaram baixo peso em adultos alimentados

em PI 227687, demonstrando que os percevejos acumulam menos lipídeos quando

alimentados nesta linhagem, sendo classificada pelos autores como inadequada ao

desenvolvimento de percevejos por apresentar efeitos deletérios. Panizzi et al. (1989)

demonstraram que, na falta de lipídeos nos alimentos, percevejos utilizam reservas

nutricionais acumuladas durante a fase ninfal, apresentando menor peso quando adultos.

Neste sentido, o baixo peso de insetos que se desenvolveram

alimentando-se em PI 227687 neste trabalho, reforça a expressão de resistência do tipo

85

antibiose neste material, tornando-o interessante para os programas de melhoramento de soja.

Nota-se que apesar dos diferentes genótipos influenciarem no peso dos adultos, não ocorreram

diferenças entre as médias de longevidade (Tabela 24), que variaram de 6,71 a 21,00 dias.

Quanto à viabilidade de ovos de insetos desenvolvidos nos diferentes

genótipos, observaram-se variações entre 65 e 95 % (Tabela 25), sendo as linhagens PI

274453 e PI 227687 as que afetaram negativamente essa viabilidade (65 e 71 %,

respectivamente).

Tabela 25. Viabilidade de ovos (± EP) de Euschistus heros

confinados em 17 genótipos de soja (T= 26 2ºC,

U.R.= 65 10% e fotoperíodo=14h). Botucatu-SP,

2013.

1/Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo

Teste de LSD (P<0,05). Dados originais.

Genótipo

Ciclo Viabilidade (%)1

‘IAC 24’ Semiprecoce 95,0 ± 3,0 a

‘IAC 19’ Tardio 93,0 ± 3,0 a

IAC 74-2832 Semiprecoce 93,0 ± 4,0 a

‘IAC 23’ Precoce 92,0 ± 0,4 a

D75-10169 Precoce 91,0 ± 0,4 ab

IAC 78-2318 Semiprecoce 91,0 ± 4,0 ab

PI 274454 Tardio 91,0 ± 4,0 ab

PI 171451 Precoce 90,0 ± 4,0 ab

‘IAC 17’ Precoce 89,0 ± 4,0 ab

PI 229358 Precoce 89,0 ± 4,0 ab

L1-1-01 Tardio 88,0 ± 4,0 ab

‘Coodetec 208’ Precoce 85,0 ± 5,0 abc

‘IAC 18’ Semiprecoce 83,0 ± 5,0 abc

‘IAC 100’ Semiprecoce 81,0 ± 4,0 abc

‘Conquista’ Tardio 75,0 ± 7,0 bc

PI 227687 Semiprecoce 71,0 ± 6,0 c

PI 274453 Tardio 65,0 ± 1,2 c

P --- 0,003

86

Neste trabalho, estas linhagens já haviam se mostrado inadequadas à

alimentação de E. heros, ocasionando elevada mortalidade ninfal e baixo peso de insetos

(Tabelas 23 e 24), revelando-se resistentes.

87

7 CONCLUSÕES

Dentre os genótipos de ciclo precoce:

- Os genótipos PI 171451 e PI 229358 são menos atrativos ao complexo de percevejos em

condições de campo;

- PI 171451 apresenta baixa retenção foliar decorrente do ataque de pentatomídeos;

- PI 171451 e ‘IAC 17’ apresentam as maiores produtividades sob condições de infestações

em campo;

- Em campo, os grãos de PI 171451 e PI 229358 são menos danificados pelos percevejos;

- A alta densidade de tricomas em vagens de ‘IAC 17’ parece influenciar o comportamento

de E. heros;

Dentre os genótipos de ciclo semiprecoce:

- PI 227687 e IAC 74-2832 são menos infestados pelo complexo de percevejos em

condições de campo;

- PI 227687 apresenta baixa retenção foliar decorrente do ataque de pentatomídeos;

- PI 227687, ‘IAC 100’ e IAC 78-2318 mantêm os mesmos índices de produção em

parcelas infestadas e não infestadas em campo;

- PI 227687 e ‘IAC 100’ são os menos danificados pelos percevejos;

- PI 227687 possui a maior dureza de vagens;

88

Dentre os genótipos de ciclo tardio:

- As linhagens PI 274453 e PI 274454 são menos infestadas pelo complexo de percevejos

em campo, apresentando também baixa retenção foliar;

- Vagens de PI 274454 são menos atrativas em laboratório;

- Todos os genótipos apresentaram maiores produtividades sob condições controladas;

- As linhagens PI 274453 e PI 274454 são menos danificadas por percevejos;

Em relação aos ensaios de antibiose:

- L1-1-01, ‘IAC 100’, ‘IAC 23’ e ‘Coodetec 208’ prolongam o período de

desenvolvimento ninfal de E. heros;

- PI 274454, ‘IAC 19’, PI 227687 e PI 229358 causam elevada mortalidade ninfal;

- PI 274453 e PI 227687 ocasionam redução no peso de adultos e na viabilidade de ovos de E.

heros.

89

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v.9, 105-113 p.

105

APÊNDICES

APÊNDICE 1

APÊNDICE 2

LABORATÓRIO DE FERTILIDADE DO SOLO

# RESULTADOS DE ANÁLISE DE SOLO #

INTERESSADO: Efrain de Santana Souza / Prof. Edson Luiz Lopes Baldin ANO: 2011

PROCEDÊNCIA: Área 17 - Fazenda Pesquisa

AMOSTRA (S) pH M.O. Presina Al3+

H+Al K Ca Mg SB CTC V% S

Labor. Int. CaCl2 g/dm3 mg/dm

3

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ mmolc/dm

3 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ mg/dm

3

UG 84 1 4,9 28 28 1 42 3,8 27 17 48 90 53 30

AMOSTRA (S) BORO COBRE FERRO MANGANÊS ZINCO

Labor. Int. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

mg/dm3 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

UG 84 1 0,36 12,6 15 31,3 1,6

106

APÊNDICE 3

LABORATÓRIO DE FERTILIDADE DO SOLO

# RESULTADOS DE ANÁLISE DE SOLO #

INTERESSADO: Efrain de Santana Souza / Prof. Edson Luiz Lopes Baldin ANO: 2012

PROCEDÊNCIA: Área Experimental Didática do Dep. Agricultura

AMOSTRA (S) pH M.O. Presina Al3+

H+Al K Ca Mg SB CTC V% S

Labor. Int. CaCl2 g/dm3 mg/dm

3

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ mmolc/dm

3 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ mg/dm

3

GT 79 1 4,7 20 35 --- 43 3,3 31 12 46 89 52 ---

APÊNDICE 4

LABORATÓRIO DE FÍSICA DE SOLO

# RESULTADOS DE ANÁLISE DE SOLO #

INTERESSADO: Prof. Edson Luiz Lopes Baldin / Efrain Santana Souza

PROCEDÊNCIA: Depto. Proteção de Plantas

Amostra(s) Areia

Argila Silte Umid. Textura Balão Vol. Torrão Imp.

Grossa Fina Total Densidade (g/cm3)

Labor. Int. (g/Kg) (%) do Solo Partículas Solo

1 1 ---- ---- 162 607 231 ---- Muito Arg. ---- ----

AMOSTRA (S) BORO COBRE FERRO MANGANÊS ZINCO

Labor. Int. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

mg/dm3 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

GT 79 1 0,17 9,5 43 60,7 2,5