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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ ROSANE RODRIGUES COSTA A CONTRA-REFERÊNCIA E A CONTINUIDADE DO CUIDADO DOS PACIENTES HIPERTENSOS A PARTIR DO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE TERESÓPOLIS COSTANTINO OTTAVIANO RIO DE JANEIRO 2009

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

ROSANE RODRIGUES COSTA

A CONTRA-REFERÊNCIA E A CONTINUIDADE DO CUIDADO DOS PACIENTES HIPERTENSOS A PARTIR DO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA DO HOSPITAL DAS

CLÍNICAS DE TERESÓPOLIS COSTANTINO OTTAVIANO

RIO DE JANEIRO

2009

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ROSANE RODRIGUES COSTA

A CONTRA-REFERÊNCIA E A CONTINUIDADE DO CUIDADO DOS PACIENTES HIPERTENSOS A PARTIR DO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA DO HOSPITAL DAS

CLÍNICAS DE TERESÓPOLIS COSTANTINO OTTAVIANO

Dissertação apresentada à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Saúde da Família. Orientador Prof. Dr. Hésio Cordeiro.

RIO DE JANEIRO

2009

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ROSANE RODRIGUES COSTA

A CONTRA-REFERÊNCIA E A CONTINUIDADE DO CUIDADO DOS PACIENTES HIPERTENSOS A PARTIR DO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA DO HOSPITAL DAS

CLÍNICAS DE TERESÓPOLIS COSTANTINO OTTAVIANO

Dissertação apresentada à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Saúde da Família.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Hésio Cordeiro Universidade Estácio de Sá

Prof. Dr. Carlos Gonçalves Serra Universidade Estácio de Sá

Prof. Dr. Rodrigo Siqueira Batista Centro Universitário Serra dos Órgãos

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Aos meus filhos Hugo e Clara pelo

desafio de participar da construção de um futuro menos desigual.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais Carlos e Josefina, pelo apoio e estímulo nessa longa jornada desde os

tempos da faculdade e pelo suporte presencial que permitiu mais esta realização.

Ao meu marido José Roberto, pela cumplicidade em todos os momentos e por tornar

as viagens ao Rio para o Mestrado, uma possibilidade agradável de reflexão das nossas vidas.

Aos meus filhos Hugo e Clara, pelo estímulo, carinho e compreensão pela da falta de

tempo para as nossas brincadeiras e conversas.

Ao querido Prof. Dr. Hésio Cordeiro, por quem tenho profundo respeito, admiração e

o privilégio de estar sendo orientada por um homem que fez a história da saúde e do

movimento sanitário neste país.

Ao Centro Universitário Serra dos Órgãos, pelo apoio e concessão da bolsa de estudos,

que em muito ajudou a realização do Mestrado.

Ao Prof. Vicente Madeira, Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão, quem primeiro me

estimulou a realizar a inscrição para este Curso.

A Direção do Hospital das Clínicas Costantino Ottaviano, em especial ao Diretor

Geral Nestor Vidal, que me convidou a ocupar o cargo como Diretora de Integração Ensino-

Assistencial e que com certeza, me possibilitou uma grande oportunidade enquanto

profissional da saúde a viver este grande desafio.

Aos estudantes do 5º período do Curso de Graduação em Medicina, Bernardo

Scotelaro e Lucas Assis Luz pela disponibilidade e apoio na realização dos grupos focais no

hospital e pelo ensinamento como facilitadores neste processo.

Ao Enfermeiro Patrick Barizão, profissional que atua fazendo a diferença nas equipes

do acolhimento do hospital e que possibilitou a realização das entrevistas com os usuários.

Aos profissionais de saúde do Hospital das Clínicas Costantino Ottaviano e das

Unidades Básicas de Saúde da Família que participaram deste estudo e contribuíram para a

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identificação dos obstáculos a continuidade do cuidado.

Aos usuários do Sistema Único de Saúde, meu muito obrigado especial, espero

contribuir de forma efetiva para produzir mudanças na qualidade da assistência integral.

Aos docentes e aos companheiros de turma do Mestrado quero deixar registrado que

os temas discutidos, os trabalhos em grupo foram um grande aprendizado e um resgate da

minha vida profissional enquanto Sanitarista.

A Aline, secretária do Mestrado, pela dedicação, apoio e a sempre lembrança dos

prazos para a defesa da dissertação.

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“Hoje, na crise do projeto humano, sentimos a falta clamorosa de

cuidado em toda parte. Suas ressonâncias negativas se mostram pela má

qualidade de vida, pela penalização da maioria empobrecida da

humanidade, pela degradação ecológica e pela exploração exacerbada

da violência. Que o cuidado aflore em todos os âmbitos, que penetre na

atmosfera humana e que prevaleça em todas as relações! O cuidado

salvará a vida, fará justiça ao empobrecido e resgatará a Terra como

pátria e mátria de todos”.

Leonardo Boff

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RESUMO

Desde o início da implantação do SUS, vários problemas se colocaram para sua

operacionalização. As mudanças no modelo assistencial aconteceram por conta de dois novos

programas – Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e Programa de Saúde da

Família (PSF) que alteraram a forma de organização dos serviços. Com o objetivo de

promover a extensão de cobertura do SUS, além de se estabelecer como uma nova estratégia

de desenvolvimento. Vale ressaltar que o princípio da hierarquização, que norteia este estudo,

e trata da organização dos serviços de saúde, aponta, que estes precisam estar organizados em

níveis de complexidade crescente, com tecnologia adequada para cada nível, aumentando a

resolutividade. É fundamental que haja fluxos de referência e contra-referência claros e

funcionando para que o acesso seja garantido a todos. Faz-se necessário ressaltar que as

condições de acesso da população às ações e serviços de saúde dependem de fatores

importantes, como proximidade das unidades dos diferentes níveis de complexidade,

adequação da oferta em relação ao número de habitantes e suas necessidades de saúde. O

presente estudo tem como objetivo, identificar os obstáculos à integralidade do cuidado dos

pacientes hipertensos a partir do Hospital das Clínicas Costantino Ottaviano.É um estudo de

natureza qualitativa, e utilizou como meio, o estudo de caso através de grupo focal e

entrevista semi-estruturada com as equipes dos profissionais e usuários do sistema único de

saúde. Nos resultados, chama atenção na identificação dos obstáculos à integralidade do

cuidado, a marcante diferença na análise dos grupos focais entre as equipes do hospital e as do

Programa de Saúde da Família. No hospital o foco principal apontado foi à desorganização da

rede de serviços do município, enquanto nas equipes de saúde da família os obstáculos

identificados têm como foco principal às condições sócio-econômicas da população. Outros

fatores relevantes são a sobrecarga da emergência, o desconhecimento da complexidade da

rede de serviços e o desabastecimento da farmácia básica do município.

Palavras – chave: Integralidade. Contra-referência. Humanização. Cuidado.

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ABSTRACT

From its beginnings SUS – Brazil’s public health care system – has faced several problems

concerning its operationalization. The changes in the health care model came about on

account of two new programs — Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) and

Programa de Saúde da Família – the community health agents and the family health programs,

responsible, both, for altering the way of organizing services. The purpose was to promote the

expansion of SUS besides establishing a new developmental strategy. The principle of

hierarchyzation which orients this study and concerns the organization of health services

points that services must be organized in levels of increasing complexity, with the adequate

technology, thus augmenting their resolutive capability. It is fundamental that there be referral

and counter-referral flows clear and operational , to guarantee the population’s access to the

services. One should emphasize that the conditions of access to health care actions and

services depend on important factors , like the nearness to the Units of diverse complexity

levels, as well as the adequacy of the offer of services to the number of inhabitants and their

health care needs.The present study has the purpose of identifying the obstacles to the

integrality of the hypertensive patient care at the Hospital das Clínicas Constantino

Ottaviano. It is a qualitative study, by means of case studies, making use of focal groups and

semi-structured interviews, with both health professionals and patients users of SUS . The

results of the focal group analyses evidence a remarkable difference between the hospital

teams and the teams of the family health program – Programa de Saúde da Família –

concerning the identification of obstacles to the integrality of care. At the hospital, the main

focus pointed was the disorganization in the municipal net of services, while the teams of

family health identified the obstacle focus on the socio- economic conditions of the

population. Other relevant factors are the overburden of the emergency; lack of knowledge

about the complexity of the net of services and the lack of supplies in the basic pharmacy of

the municipality.

Keywords – Integrality . Counter- referral. Humanization. Care.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Categoria - Valorização do instrumento de referência e contra-referência 64

Quadro 2 – Categoria - Cuidados integrais em saúde (hábitos de vida e medicalização) 66

Quadro 3 – Categoria - Conhecimento da complexidade da rede do SUS 69

Quadro 4 - Categoria – Obstáculos à integralidade do cuidado 71

Quadro 5 - Categoria – Dificuldade de acesso ao Serviço de Saúde 73

Quadro 6 - Categoria - Intervenção do Agente Comunitário de Saúde 74

Quadro 7 - Categoria – Cuidados integrais a saúde 75

Quadro 8 - Categoria – Obstáculos à integralidade do cuidado 76

Quadro 9 - Categoria – Acessibilidade ao Serviço de Saúde 77

Quadro 10 - Categoria - Cuidados Integrais em Saúde - medicalização e hábitos de vida 78

Quadro 11 - Categoria - Obstáculos à integralidade do cuidado 79

Quadro 12 - Análise final dos resultados relativos aos quatro grupos focais realizados

com as equipes dos profissionais do HCTCO e UBSF

80

Quadro 13 - Análise final dos resultados relativos aos três grupos focais realizados com

os pacientes hipertensos das UBSF.

81

Quadro 14 - Análise final dos resultados relativos as entrevistas semi-estruturadas

realizados com os pacientes hipertensos no HCTCO.

82

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LISTA DE SIGLAS

AIS – Ações Integradas de Saúde.

APS – Atenção Primária a Saúde.

CF 88 - Constituição Federal de 1988.

CONASEMS – Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde.

CONASP – Conselho Consultivo de Administração de Saúde Previdenciária.

CONASS – Conselho Nacional de Secretários de Saúde.

CNS – Conferência Nacional de Saúde.

CTI – Centro de Terapia Intensiva.

DATASUS – Departamento de Informática do SUS.

DST – Doença Sexualmente Transmissível.

ESF – Equipes de Saúde da Família.

FESO – Fundação Educacional Serra dos Órgãos.

HA – Hipertensão Arterial.

HCTCO – Hospital das Clínicas de Teresópolis Costantino Ottaviano.

MEC – Ministério da Educação e Cultura.

MS – Ministério da Saúde.

NOB-96 – Norma Operacional Básica de 1996

OMS – Organização Mundial de Saúde.

PA – Pressão Arterial

PACS – Programa de Agentes Comunitários de Saúde

PAS - Pressão Arterial Sístólica

PNH – Programa Nacional de Humanização.

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PNHAH – Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar.

PREV-SAÚDE – Programa de Extensão das Ações Através dos Serviços Básicos.

PS – Pronto Socorro.

PSF – Programa de Saúde da Família.

RJ – Rio de Janeiro.

SAS - Secretaria de Assistência a Saúde

SBC – Sociedade Brasileira de Cardiologia

SISVAN – Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional.

SMS – Secretaria Municipal de Saúde.

SUDS – Sistema Único e Descentralizado de Saúde.

SUS – Sistema Único de Saúde.

UBSF – Unidade Básica de Saúde da Família.

UNIFESO – Centro Universitário Serra dos Órgãos

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SUMÁRIO

1– Introdução............................................................................................................... 16

2– Fundamentação Teórica................................................................................. 19

2.1– O Sistema Único de Saúde (SUS) – a relevância do princípio da

hierarquização...................................................................................................

19

2.2- Refletindo sobre a integralidade, a continuidade do cuidado e a proposta de

humanização das emergências..............

26

2.3– A operacionalização da integralidade – no contexto da Hipertensão Arterial 35

3- A relação entre atenção básica e atenção em média e alta complexidade.

4- O processo de trabalho no PSF e suas relações

5- A rede de serviços no Município de Teresópolis – o Programa de Saúde da

Família, seu contexto, desafios e contradições e a relevância do hospital escola e sua

responsabilidade social.....................................................................................

40

45

49

5.1 – A rede básica...................................................................................................... 49

5.2 – O Programa de Saúde da Família em Teresópolis..................... 49

5.3 – A rede secundária............................................................................................ 50

5.4 – Unidades hospitalares................................................................................. 50

5.4.1 – A importância do hospital escola na rede................................. 50

5.4.2 - O hospital de ensino, o acolhimento na emergência e a contra-

referência.................................................................................................

51

6– Questão Norteadora........................................................................................ 54

7 – Objetivos.................................................................................................................. 55

7.1 – Objetivo geral.................................................................................................. 55

7.2 - Objetivos específicos.................................................................................... 55

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8 – Método....................................................................................................................... 56

8.1 -População de estudo........................................................................................ 57

8.2 – Aspectos Éticos....................................................................................... 58

8.3 – Cenário de pesquisa 58

8.4 – Trabalho de campo......................................................................................... 58

8.4.1 - Instrumento de coleta............................................................................. 59

8. 5 - Análise e discussão dos resultados................................... 61

8.5.1 - Construção das categorias a partir das falas dos grupos focais das equipes do

HCTCO e UBSF.

62

8.5.2 - Construção das categorias a partir das falas dos grupos focais dos pacientes

hipertensos nas UBSFs.

8.5.3 - Construção das categorias a partir das entrevistas semi – estruturadas no

HCTCO

9 – Considerações finais

Referências..................................................................................................................

72

77

83

87

APÊNDICE I - Roteiro para realização do grupo focal com as equipe do

acolhimento, do pronto socorro e das UBSFs .

APÊNDICE II. - Roteiro para realização do grupo focal com os pacientes

hipertensos nas UBSFs

APÊNCICE III - Roteiro da entrevista semi–estruturada realizada no Setor de

Emergência do HCTCO

APÊNDICE IV-Transcrição dos grupos focais e das entrevistas semi-estruturadas

93

95

97

99

ANEXO I - Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde

anexo ii – BOLETIM DE ATENDIMENTO MÉDICO DO PRONTO SOCORRO

122

124

ANEXO III – Instrumentos de Referência e Contra-Referência 125

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ANEXO IV - Unidades Básicas de Saúde da Família

ANEXO V – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

126

127

ANEXO VI - Memorando de Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa do

UNIFESO

128

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1 – INTRODUÇÃO

Abordar o tema da contra-referência e da integralidade através da continuidade do

cuidado, a partir do hospital, é instigante e motivador, uma vez que pode nos permitir

construir a linha de cuidado necessário a cada paciente, tendo clareza que a integralidade é

uma tarefa da rede de serviços.

Pretendo identificar quais são os obstáculos dos mecanismos de articulação com a rede

de serviços do município, no que diz respeito ao fluxo de pacientes que chegam ao hospital

pelo Pronto - Socorro (PS).

Como Diretora de Integração Ensino-Assistência, cargo que ocupo desde outubro de

2007 no Hospital das Clínicas de Teresópolis Costantino Ottaviano (HCTCO), vários

questionamentos tenho feito em relação a reinversão do fluxo dos pacientes atendidos no

acolhimento do setor de emergência.

Diante do relato das equipes do acolhimento e do Pronto Socorro, em que a maioria

dos nossos atendimentos é realizado sem referências, entendendo que o hospital é co-

responsável, pelo projeto terapêutico do indivíduo, o foco desse estudo será a

operacionalização da integralidade através da continuidade do cuidado, tendo o hospital,

também como porta de entrada.

Os atendimentos realizados no setor de emergência nos permitem discutir a

responsabilidade do destino e da atenção do indivíduo que é contra-referenciado.

Acredito ser possível apesar dos inúmeros obstáculos, avaliar a conexão do hospital

com a rede de serviço, tendo como foco a integralidade através da continuidade do cuidado

desses usuários, a partir do ângulo do hospital.

Ao longo da dissertação abordarei conceitos importantes que serão objeto de análise

deste estudo como integralidade do cuidado, enfocando seus sentidos e a sua

operacionalização, o cuidado, humanização, acolhimento, referência e contra-referência, os

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níveis de complexidade. É importante destacar a escassez de literatura sobre a contra-referência

a partir do hospital.

Cecílio (2003), com um olhar a partir do hospital, define que a integralidade do

paciente teria como ponto de partida o esforço de uma abordagem completa, holística, portanto

integral, de acordo com suas necessidades, durante certo período de sua vida. Afirma,

entretanto, que isso não seria suficiente, porque ela precisa ser compreendida e problematizada

a partir de dois ângulos: um que tem como referência o atendimento no ambiente hospitalar,

onde o cuidado é produto de vários pequenos cuidados parciais, e o outro, tendo a integralidade

como referência à articulação do hospital com os demais serviços de saúde, que irão nortear o

presente estudo.

Porém, para conseguir operacionalizar a integralidade, optei por focar esta dissertação

nos pacientes adultos, com diagnóstico de Hipertensão Arterial Sistêmica, o que se justifica a

partir da dimensão epidemiológica dessa entidade no cenário nacional e no município de

Teresópolis.

Nas sessões seguintes será desenvolvido um breve histórico do Sistema Único de Saúde

(SUS) com o propósito de contextualizar a referência e a contra-referência como organização

do serviço de saúde, gestão e diretriz constitucional. Como o presente estudo discutirá a contra-

referência a partir do acolhimento do setor de emergência do hospital torna-se pertinente

contextualizar o acolhimento como um projeto de melhoria da assistência na emergência.

O conceito fisiopatológico da hipertensão arterial sistêmica, a dimensão epidemiológica

compreendendo os dados estatísticos no Brasil e no município de Teresópolis, e a relevância do

Programa HiperDia do Ministério da Saúde também serão abordados ao longo desta

dissertação.

A rede de serviços do município de Teresópolis será apresentada, assim como os fluxos

formais de referência e contra-referência. A logística e a atuação da central de marcação de

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consultas para o nível secundário serão também abordadas. Além destes aspectos será incluído

o Programa de Saúde da Família (PSF) em Teresópolis, suas diretrizes, relevância, os

principais benefícios para o município e alguns de seus desafios e contradições. Sua cobertura

atual e possível expansão, a importância enquanto cenário de ensino-aprendizagem para os

cursos da área da saúde (medicina, enfermagem, odontologia, fisioterapia e futuramente

farmácia) do Centro Universitário Serra dos Órgãos (UNIFESO) serão igualmente

contemplados neste estudo.

Cabe ressaltar a importância do Hospital das Clínicas Costantino Ottaviano como

Hospital Escola, seu nível de complexidade, capacidade instalada e contexto político que será

cenário para esta dissertação; a adesão ao Programa Nacional de Humanização e a proposta de

organização e implantação do projeto de acolhimento no setor de Emergência em 2005, que

acabou por iniciar sua reestruturação ao longo do segundo semestre de 2008, assim como a

contra-referência a partir deste setor foram considerados marcos fundamentais. Posteriormente

far-se-á uma discussão a respeito dos conceitos e entendimentos do que é acolhimento.

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2– FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1- O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) – A RELEVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA

HIERARQUIZAÇÃO

A necessidade de mudança no modelo de atenção à saúde no fim da década de 70, que

era excludente, com acesso não-universal e privilegiava a expansão dos serviços privados, foi

justificada pela crise fiscal junto à crise do estado autoritário. Neste momento já se iniciava o

avanço das lutas democráticas no País e a participação popular no movimento pela Reforma

Sanitária. As transformações no sistema de saúde ocorridas nesta época, sob a ótica do

usuário, indicavam a inoperância do sistema previdenciário e a baixa eficiência dos serviços

públicos (CORDEIRO, 2005, PUSTAI, 2006).

Em 1980, o governo realiza a 7a Conferência Nacional de Saúde (CNS) e lança o

Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde (PREV-Saúde), que não é implantado por

falta de força política, assim como o Conselho Consultivo da Administração de Saúde

Previdenciária (CONASP), com o objetivo de racionalizar os gastos em função da crise fiscal

e universalizar os cuidados primários, além da extensão da cobertura e também a melhoria das

condições sanitárias da população (BRASIL, 1980; MENDES, 1994).

A necessidade de transformações no setor saúde culmina com proposta pelo CONASP

da construção do Plano de Racionalização Ambulatorial, que acabou por levar à formulação

das Ações Integradas de Saúde (AIS) criadas em 1983, com influência de setores vinculados a

Reforma Sanitária com o objetivo de integrar as políticas de saúde e de mostrar que um novo

modelo assistencial era possível e contava com o apoio e participação da sociedade (PUSTAI,

2006).

Neste mesmo contexto, a 8a Conferência Nacional de Saúde (CNS), realizada em

Brasília em 1986, vem influenciar, dois processos que se iniciaram em 1987: a implantação

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do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS) no executivo e a elaboração da

nova Constituição no legislativo (MENDES, 1994).

A elaboração da Constituição de 1988 assegurou a todos os cidadãos brasileiros ou

residentes no País o direito à saúde. Esse direito é garantido pelo Poder Público nas esferas

federal, estadual e municipal, por meio de políticas voltadas para diminuir o risco de doenças

e que possibilitem a implementação de ações e serviços de promoção, proteção e recuperação

(BRASIL, 1988).

O início dos anos 90 foi marcado por um novo arcabouço jurídico, composto pelas

Constituições Federal e Estadual, pelas Leis Orgânicas Municipais e pelas Leis 8080 e 8142

(MENDES, 1994).

Finalmente o Sistema Único de Saúde (SUS) é implantado a partir da Constituição e

de sua regulamentação com a Lei Orgânica da Saúde 8080 de setembro de 1990, que

determinaria um modelo de atenção à saúde estruturado a partir de um sistema hierarquizado

nos níveis de atenção primária, secundária e terciária e ainda em processo de gestão

descentralizado nas três esferas do governo: municipal, estadual e federal. A Lei 8080 em

conjunto com outras leis contemplaria as principais diretrizes do SUS (BRASIL, 1988).

O texto da Constituição de 1988, no Art. 198 define que “As ações e serviços públicos

de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único,

organizado de acordo com as seguintes diretrizes”:

I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos

serviços assistenciais;

III - participação da comunidade.

Dentre as leis que estruturam o SUS a Lei 8080 no Art. 7º define que as ações e

serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o

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Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no

art. 198 da Constituição Federal, obedecendo a princípios, e destacamos a fim de

contextualizar este estudo, respectivamente os itens I e II “universalidade de acesso aos

serviços de saúde em todos os níveis de assistência; e a integralidade de assistência, entendida

como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais

e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema”.

Em 1990 foi ainda sancionada a Lei Federal 8142 que definiu a participação da

comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde. Foi introduzido, assim, o controle social

por meio de conferências e conselhos de saúde com participação paritária entre usuários e

gestores, prestadores de serviço e profissionais de saúde, permitindo a presença de novos

atores que passariam gradualmente a ter maior influência na política de saúde (BRASIL,

1990).

Ainda na década de noventa, a implantação do SUS no Brasil representou avanços nos

campos da legislação, da universalização da atenção e da ampliação do controle social que em

conjunto à nova ordem mundial, facilitaram a criação de um cenário favorável à promoção de

mudanças no modelo de atenção à saúde (PUSTAI, 2006).

Entretanto, segundo Vianna e Dal Poz (2005), desde o início da implantação do SUS,

vários problemas se colocaram para sua operacionalização, dos quais se destacam: o

financiamento das ações de saúde; a definição clara de funções para os três níveis

governamentais (federal, estadual e municipal); as formas de articulação público/privado no

novo modelo de organização dos serviços; e a resistência do antigo modelo assistencial –

baseado na doença e em ações curativas individuais – a uma mudança mais substantiva nas

práticas assistenciais.

Os mesmos autores apontaram ainda, para a crise que o País atravessava na política

econômica. A proposta de ajuste fiscal adotada pelo Brasil repercutiu negativamente no

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financiamento destinado à saúde, tendo em vista que o gasto público nessa área decresceu no

início da década de 90 e só se recuperou em 1995/96.

Esse contexto afetou de forma bastante aguda a demanda e a oferta de saúde, e passou

a ser denominado, nos anos 90, de crise da saúde, que é uma das razões mais fortes para o

início, a partir de 1995, da reforma da reforma da saúde no Brasil (VIANNA E DAL POZ,

2005).

Os autores acima consideram ainda que as mudanças no modelo assistencial operadas

dentro do SUS aconteceram por conta de dois novos programas – Programa de Agentes

Comunitários de Saúde (PACS) e Programa de Saúde da Família (PSF) que alteraram a

alocação de recursos e formas de remuneração das ações de saúde, assim como a forma de

organização dos serviços.

Pode-se afirmar, então, que o Programa de Saúde da Família foi formulado num

período em que não havia nenhuma proposta nova e efetiva para o sistema de saúde nas três

esferas de governo. O sucesso do Programa dos Agentes Comunitários de Saúde – e o próprio

avanço das formas descentralizadas da política de saúde funcionaram como pré-requisitos

essenciais para a formulação do PSF. Sendo assim, em 1994, foi criado o PSF com o objetivo

de promover a extensão de cobertura do SUS além de se estabelecer como uma nova

estratégia de desenvolvimento.

O PSF se consolidou, segundo os mesmos autores, quando da elaboração da NOB-96,

que aprofunda seu caráter inovador e explicita uma nova fórmula de cooperação para a

operação da política de saúde, envolvendo municípios, pólos, secretarias estaduais e o nível

central do Ministério da Saúde. Esses são os elementos facilitadores da implementação do

PSF.

A Portaria n. º 1886/GM de 18 de dezembro de 1997 aprovou as Normas e Diretrizes do

Programa de Agentes Comunitários de Saúde e do Programa de Saúde da Família e dentre as

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responsabilidades estabelecidas para o município está a de garantir a inserção das unidades de

saúde da família na rede de serviços de saúde, garantindo referência e contra-referência aos

serviços de apoio diagnóstico, especialidades ambulatoriais, urgências/emergências e

internação hospitalar.

Em 2006 a Portaria 648 aprovou a Política Nacional de Atenção Básica e estabeleceu a

revisão de diretrizes e normas para organização da Atenção Básica para o PSF e o PACS. Esta

levou em consideração a transformação do PSF em uma estratégia de abrangência nacional,

que demonstrava a necessidade de adequação de suas normas, assim como de seus princípios

e diretrizes propostas nos Pactos pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão, em virtude da

experiência acumulada nos diversos estados e municípios brasileiros. Esta portaria deixava

claro ainda que entre outros, no capítulo I, os itens VI e VII descritos abaixo, são necessários

à realização das ações de Atenção Básica nos municípios e no Distrito Federal:

VI - equipamentos e materiais adequados ao elenco de ações propostas, de forma a

garantir a resolutividade da Atenção Básica;

VII - garantia dos fluxos de referência e contra-referência aos serviços especializados,

de apoio diagnóstico e terapêutico, ambulatorial e hospitalar.

Diante do exposto vale ressaltar o princípio da hierarquização, que norteia este estudo,

e trata da organização dos serviços de saúde, aponta que estes precisam estar organizados em

níveis de complexidade crescente, com tecnologia adequada para cada nível, aumentando a

resolutividade. Pustai (2006) refere que é fundamental que haja fluxos de referência e contra-

referência claros e funcionando para que o acesso seja garantido a todos, mas respeitando a

prioridade do usuário ao atendimento especializado.

Conceitualmente e de forma consensual a referência é a estratégia de encaminhar

usuários para serviços de maior complexidade, previamente acordados, visando complementar

a resolubilidade da unidade de saúde de origem. Enquanto a contra-referência é o ato formal

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de encaminhamento do usuário à unidade de saúde que o referiu, após resolução da causa da

referência. Esta contra-referência deve sempre ser acompanhada das informações necessárias

ao seguimento do usuário na unidade de procedência.

Uma mudança radical do modelo de atenção à saúde envolve não apenas priorizar a

atenção primária e retirar do centro do modelo o papel do hospital e das especialidades, mas,

principalmente, concentrar-se no usuário-cidadão como um ser humano integral, abandonando

a fragmentação do cuidado que transforma as pessoas em órgãos, sistemas ou pedaços de

gente doentes. A humanização do cuidado, que envolve desde o respeito na recepção e no

atendimento, ao conforto dos ambientes dos serviços de saúde, deve orientar todas as

intervenções (JULIANI, C.M, CM; CIAMPONE, M.H.T, 1999).

Segundo Serra e Rodrigues (2007) faz-se necessário ressaltar que as condições de

acesso da população às ações e serviços de saúde dependem de fatores importantes como

proximidade das unidades dos diferentes níveis de complexidade, dimensionamento adequado

da oferta em relação ao número de habitantes e suas necessidades de saúde. Apontam ainda

como um elemento crítico para a garantia do acesso, o direito da população à informação

sobre os serviços disponíveis, seus horários e como ter acesso aos procedimentos

especializados. Isto demanda, transparência de cada nível de atenção e das unidades e serviços

ofertados a fim de facilitar sua identificação pelos usuários.

As equipes devem refletir sobre as questões apontadas acima e estarem comprometidas

dentro de suas possibilidades, com o resultado de suas ações no cuidado das pessoas. A Carta

dos Direitos dos Usuários da Saúde deve ser amplamente divulgada e sua implantação

acompanhada pelos órgãos gestores e de controle social, visando à sua avaliação e eventuais

aprimoramentos (ANEXO I).

Para ampliar o acesso e garantir a cobertura de ações e cuidados à saúde, é necessário

expandir e organizar redes de serviços de saúde articuladas. As unidades básicas, acolhedoras,

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de qualidade e resolutivas nas suas ações integrais, preventivas e curativas, baseadas nas

necessidades e demandas da população, devem articular-se aos demais níveis do sistema local

de saúde com garantias de referência e contra-referência (JULIANI, C. M, C.M; CIAMPONE,

M.H.T, 1999).

As mesmas autoras apontam que nesse sentido, é imprescindível: articular atividades

de saúde coletiva com ações de assistência clínica nos serviços de atenção básica e estabelecer

esses serviços como porta de entrada dos sistemas locais de saúde; equipar e expandir os

serviços de urgência, emergência e de referência; implantar centrais de marcação de

consultas, exames e internação, e por fim utilizar o Cartão SUS como instrumento de garantia

de acesso e atendimento (JULIANI, C. M, C. M; CIAMPONE, M.H.T, 1999).

Pela relevância do contexto acima explicitado não poderia aqui deixar de conceituar e

discutir o termo equidade. Segundo Campos (2006) foram encontrados dois principais

sentidos para o conceito de eqüidade: um genérico e equivalente ao de justiça e igualdade; e o

segundo, mais específico, pelo qual eqüidade se refere à capacidade de estabelecer julgamento

e tratamento conforme a singularidade de cada situação. O primeiro sentido tem predominado

ao se relacionar eqüidade e políticas sociais em que se enfatiza justiça social e tem como

objetivo diminuir as desigualdades, no sentido mais vago o termo se confunde com o próprio

significado da palavra justiça. Os termos se equivaleriam, seriam sinônimos, e indicariam a

preocupação em se estabelecer regras justas para a organização social.

No entanto, vários pensadores atribuem um outro significado mais específico a esse

conceito. Para Aristóteles a eqüidade era uma virtude que permitiria adequar a generalidade

das leis a situações concretas. Seria o exercício vivo da justiça; a única forma de contar-se

com uma justiça realmente justa.

Bobbio (2000 – p: 311 apud CAMPOS, 2006) afirma que: “Eqüidade é a adaptação

de uma norma ao caso singular, que não permite uma perfeita equiparação aos casos

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previstos”. Este autor comenta que a “desigualdade de tratamento corresponde a um

reconhecimento da desigualdade de situação”.

No fundo, a eqüidade abordada de forma mais especifica ressalta que a construção da

justiça e da igualdade implica no reconhecimento das diferenças e no tratamento dessas

diferenças de forma distinta, ainda que sempre guardando uma referência às normas

genéricas. Significa tratar desigualmente os desiguais, investindo mais onde a carência é

maior.

Campos (2006, p.25) afirma que:

Nesse entendimento, o conceito de eqüidade tem uma forte dependência de outros

conceitos ou valores no caso, a universalidade do conhecimento ou da lei, a

integralidade de ofertas possíveis - O sentido forte de eqüidade é exatamente esse a

cada um segundo sua necessidade – e vem sendo considerado um modo utópico para

gerir a vida, particularmente depois da falência global das experiências que se

classificavam comunistas. Essa possibilidade passou a ser vista como alguma coisa a

ser considerada somente em algum futuro paraíso terrestre. A prática desse conceito

seria sempre algo para o futuro, um pouco como a distribuição de renda, sempre

haveria argumentos racionais que justificaria o seu adiamento.

2.2 - REFLETINDO SOBRE A INTEGRALIDADE, A CONTINUIDADE DO

CUIDADO E A PROPOSTA DE HUMANIZAÇÃO DAS EMERGÊNCIAS.

Para que se possa entender a integralidade através da continuidade do cuidado, torna-se

pertinente apresentar alguns dos seus conceitos e inicialmente refletir sobre o cuidado.

A importância do cuidar na saúde em seus diversos níveis é ressaltada por Deslandes

(2008) como o desenvolvimento de atitudes e espaços de encontro, de exercício de uma

sabedoria prática para a saúde, apoiados na tecnologia, mas sem deixar-se resumir a ela.

Aponta a relevância da responsabilidade para o cuidado, desde a construção de vínculos, da

garantia do controle social, da gestão dos serviços. Coloca que cada profissional de saúde,

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equipe, gestor deva se questionar acerca do por que, como e quanto se responsabilizam pela

felicidade dos que são cuidados por eles.

Segundo Boff (1999) o cuidado não se opõe ao trabalho, mas lhe confere uma

tonalidade diferente, se complementam. Juntos constituem a integralidade da experiência

humana.

A integralidade em um sentido mais amplo deve ser entendida como um conjunto de

valores que se relacionam a um ideal de uma sociedade mais justa e mais solidária (CECÌLIO,

1997).

Franco (2003) aponta que a integralidade começa pela organização dos processos de

trabalho na atenção básica, com a assistência multiprofissional, acolhimento e vinculação da

clientela. A produção do cuidado é vista de forma sistêmica e integrada aos demais níveis

assistenciais.

O conceito de integralidade remete, obrigatoriamente, segundo Hartz e

Contandriopoulos (2004), ao de integração de serviços por meio de redes assistenciais.

Afirmam que teoricamente, integração significa coordenação e cooperação entre os serviços

assistenciais para a criação de um autêntico sistema de saúde.

Os autores acima apontam que no Brasil, a integralidade da atenção é um dos seus

pilares de construção, baseada na importância das ações de promoção; garantia de atenção nos

três níveis de complexidade; articulação das ações de prevenção, promoção e recuperação e

por ultimo, abordagem integral dos indivíduos e das famílias.

A integralidade pode ser entendida ainda como a capacidade da equipe de saúde em

resolver ou organizar os serviços dirigidos ao paciente com o intuito de solucionar as suas

necessidades (TAKEDA, 2004, CONASS, 2007 p.37).

Neste contexto, Novaes (1990), ressalta que já em 1920, o médico inglês, Bertrand

Dawson propôs a reestruturação dos serviços de saúde, que seria assegurada em função das

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necessidades da comunidade e que tal organização seria indispensável por razões de

eficiência, custo, benefício do público e da profissão médica. Refere ainda que à medida que

se amplia o saber e aumenta à complexidade, o custo do tratamento se eleva e menos pessoas

podem pagar por esses serviços.

O relatório Dawson apontava que a medicina preventiva e curativa não deveriam ser

separadas e propunha uma formação médica generalista tanto para o indivíduo como para a

comunidade. Já nesta época sugeria a regionalização dos serviços como forma de coordenar

os aspectos preventivos e terapêuticos numa área específica, assim como a organização dos

serviços em níveis de complexidade diferentes e que esse trabalho fosse coordenado e

realizado em equipes. O enfoque é a interação com a população, com o sistema de saúde e na

alocação dos recursos disponíveis (NOVAES, 1990).

As propostas de Dawson são à base dos sistemas públicos de saúde de acesso

universal, uma das idéias centrais do relatório e que os serviços de saúde devem possuir um

centro primário de saúde para uma população definida, que ofereça ações preventivas e

curativas realizadas por médicos e enfermeiros generalistas, mas que também as unidades de

saúde tenham tamanhos e complexidades diferentes e funcionem de forma integrada com

vínculos entre si para o encaminhamento de pacientes.Dawson coloca no centro do sistema de

saúde a unidade de nível secundário vinculado ao nível primário, aos serviços suplementares,

ao terciário e ao serviço de atenção domiciliar (RODRIGUES; SANTOS, 2009).

A Conferência Internacional de Alma–Ata, em 1978, proclamou que a atenção

primária de saúde seria o meio pelo qual se alcançaria o objetivo de fornecer “Saúde para

todos no ano 2000”, por meio de métodos e técnicas práticas, cientificamente válidas,

socialmente aceitáveis, universalmente acessíveis ao indivíduo, à família e à comunidade,

com plena participação desta própria comunidade (NOVAES, 1990).

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Serra (2003), assinala que a Declaração de Alma-Ata representou o alicerce para a

sustentação política dos entendimentos de integralidade e continuidade do cuidado,

relacionando sua efetivação a acessibilidade dos serviços de apoio, de distintos níveis de

complexidade, expressando a idéia de referência e que a atenção primária corresponde ao

primeiro nível de atenção de um sistema integrado.

Independentemente da avaliação científica, da estrutura da atenção primária, após oito

anos da declaração de Alma–Ata, na inauguração do “Comitê Técnico sobre o papel dos

hospitais como referência à atenção primária” da Organização Mundial de Saúde (OMS), foi

apontada a necessidade de integração dos hospitais com outros serviços de saúde da

comunidade, como solução para evitar a fragmentação dos serviços locais. A primeira

manifestação nesta década, da necessidade da incorporação desses estabelecimentos nos

programas de atenção primária foi em 1981 na Conferência de Karachi (OMS, 1985 apud

NOVAES, 1990).

Nesta Conferência, o Diretor-Geral da OMS reafirmou que “um sistema de saúde

baseado na atenção primária, não pode ser realizado, desenvolvido, funcionar e simplesmente

não pode existir sem uma rede de hospitais...” (Aga Khan Foundation,1981 apud NOVAES,

1990, p.27).

A XII Conferência Nacional de Saúde contemplou o conceito de integralidade, como o

de oferecer ao usuário todos os serviços necessários ao atendimento às suas necessidades,

sejam eles a atenção básica, apoio diagnóstico, procedimentos de média e alta complexidade,

atenção à urgência e emergência, serviços especializados e internação hospitalar (FRANCO,

2003).

É importante registrar que a Atenção Primária a Saúde (APS) é a porta de entrada ao

sistema de saúde e o local responsável pela organização do cuidado à saúde ao longo do tempo.

Um serviço é porta de entrada quando a população e a equipe o identificam como o

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primeiro recurso de saúde a ser buscado quando há uma necessidade. O acesso é fácil e

disponível; se não o for, a procura será adiada podendo alterar o prognóstico do indivíduo

(Starfield, 2004 apud CONASS 2007, p.37).

A APS é considerada a mais adequada porta de entrada ao sistema de saúde para todas

as demandas, o fato das unidades de saúde estar próximas ao local de moradia das pessoas cria

vínculo com a população e a responsabilidade pelo território da área adscrita. Starfield afirma

que a APS tem capacidade de responder a 85% das necessidades em saúde prestando serviços

preventivos, curativos, reabilitadores, e de promoção à saúde (STARFIELD, 1994).

Nela os serviços de saúde se organizam com a estratégia da integração de todos os

serviços em consonância com as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) e as necessidades

de saúde da população. Tem como objetivo, um sistema de saúde que valorize a equidade, a

co-responsabilidade, a solidariedade e um conceito amplo de saúde.

Dentro deste conceito ampliado, os serviços de emergência não se caracterizam como

um nível de atenção à saúde porque não respondem a um conjunto de necessidades da

população e não deveriam ser considerados como porta de entrada (Brasil 2006, Takeda, 2004

apud CONASS 2007, p.41).

Este é um dos desafios dos serviços de emergência e da rede de saúde como um todo,

que são utilizados de forma indevida pela população e não contemplam a integralidade da

atenção e a longitudinalidade do cuidado (CONASS, 2007, p.41).

Segundo Franco (2003), a longitudinalidade, é fruto de um grande pacto que deve ser

estabelecido entre todos os envolvidos no controle dos serviços e nos recursos assistenciais.

Neste pacto o centro é o usuário e o trabalho é integrado. Aponta que é necessário operar

mudanças na produção do cuidado, a partir da rede básica até a atenção hospitalar.

O mesmo autor afirma que esta construção se produz a partir da vontade política, de

recursos materiais, de capacidade de interlocução, negociação. O cuidado com o usuário deverá

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pautar toda a organização dos serviços de saúde. Aponta, ainda, que a equipe da Unidade

Básica de Saúde da Família é quem deve ser gestora do projeto terapêutico além de

acompanhar e garantir acesso aos outros níveis de assistência, assegurar a contra-referência no

sentido de dar continuidade aos cuidados ao usuário e estabelecer a manutenção do vínculo

com as mesmas.

Para que as Equipes de Saúde da Família (ESF) consigam exercer seu papel integrador

e dar continuidade à linha de cuidado diante de uma área adscrita, se faz necessário estar

integrada à rede de serviços. É de fundamental importância que haja organização da referência

e contra-referência, do fluxo dos usuários aos serviços especializados, de apoio diagnóstico,

ambulatorial, e hospitalar. A rede de serviços deverá ser mapeada, o sistema de comunicação

tem que ser efetivo e atuante e o sistema de regulação tanto para consulta ambulatorial como

para internação hospitalar deverá priorizar os critérios clínicos para sua realização. Sem esse

efetivo sistema funcionando de forma harmônica, a ameaça de fragmentação dos sistemas de

saúde começa a se tornar real na maioria dos municípios brasileiros (FRANCO, 2003).

O mesmo autor aponta que o PSF vem como proposta inovadora de reorientação do

modelo vigente, buscando a integração na rede de serviços, mas que só será garantida se o

trabalho das equipes estiver incorporado efetivamente às características da APS, como a porta

de entrada, longitudinalidade, integralidade da atenção, e a coordenação deste fluxo centrado

nas UBSFs. Para atingir tal desempenho das equipes, deve-se investir na qualificação dos

profissionais, na qualidade do trabalho, no reconhecimento por parte dos gestores e da

população impedindo assim a fragmentação do sistema.

Para Cecílio, (1997), os serviços de urgência e emergência também se configuram

como porta de entrada do sistema, contrariando o que foi dito anteriormente. Sabemos que um

grande número de consultas eletivas são atendidas nesses serviços, porque o primeiro contato é

garantido, mas os usuários que realmente apresentam problemas caracterizados como urgência

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e emergência , muitas vezes aguardam horas seu atendimento em função de consultas eletivas

no pronto-socorro.

Diante desta situação, faz-se necessário abordar a proposta de reestruturação do

acolhimento no Pronto Socorro, que garantiria a entrada das urgências e emergências,

atendendo ainda as consultas eletivas e contra-referenciando-as, como aponta o Programa

Nacional de Humanização. Por outro lado não se pode evitar a chegada do usuário por

demanda espontânea, mas com esta proposta garantir-se-ia a acolhida do mesmo, resultando aí

na melhora na qualidade da saúde da população (CONASS, 2007).

Em consonância com os princípios e diretrizes do SUS, o Ministério da Saúde lançou o

QUALISUS como projeto de melhoria da assistência nas emergências como uma iniciativa

nascida a partir do resultado de pesquisa realizada em 2003, pelo Ministério da Saúde, em

parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), o qual revelou que as

filas nas emergências dos hospitais, o longo tempo de espera para a realização de exames e

cirurgias e a incapacidade das unidades de saúde de acolherem os pacientes são queixas

freqüentes entre os usuários do SUS.

De acordo com a pesquisa, concluída no final de 2003, mais de 90% da população

brasileira é usuária de alguma forma do SUS. O QUALISUS é uma política direcionada a

melhoria do atendimento nas emergências e tem como pontos centrais: a redução das filas e o

tempo de espera através da implantação das equipes de acolhimento; realização da

classificação de risco; garantia do fluxo no atendimento; garantia do direito de informação ao

usuário; reconhecimento pelo usuário de todos os seus cuidadores; reorganização do processo

de trabalho no hospital; gestão participativa; educação permanente, e a conexão com a rede de

serviços no município (ANEXO II e III).

Nesta perspectiva, a humanização deve ser vista como uma política transversal que atua

interferindo na dinâmica do atendimento ao usuário assim como nos processos de trabalho. Os

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eixos centrais compreendem a alteração das relações interpessoais e do mundo do trabalho, a

comunicação e a identificação das necessidades social (PNHAH, 2004).

Nesta orientação, o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar

(PNHAH) aponta para três grandes áreas: o acolhimento e atendimento aos usuários; o trabalho

dos profissionais, e a lógica da gestão e gerência (MS, 2004).

A inversão da porta de entrada do usuário do SUS, aliada a dificuldade de acesso aos

serviços de saúde, e o grande tempo de espera para atendimento, resulta na formação de

grandes filas nas emergências, sendo muitos desses atendimentos de resolutividade

ambulatorial.

Faz-se necessário, portanto abordar o acolhimento na emergência, mas é importante

fazer um contraponto entre o que se entende por triagem e por acolhimento.

Segundo Friedrich (1988), o termo triagem surgiu na França e significa a maneira de

escalonar os procedimentos cirúrgicos realizados por médicos militares nas frentes de batalha.

É uma classificação qualitativa utilizada em situações de desastre, catástrofe ou guerra, como

critério de acesso a recursos escassos.

Nos períodos de guerra, os feridos eram divididos em 3 grupos, de acordo com o nível

de gravidade e possibilidade de sobrevivência (Friedrich, 1988):

* aqueles que estão além da possibilidade de ajuda;

* aqueles que morrerão se não tiverem tratamento imediato;

* aqueles que sobreviverão sem tratamento imediato.

A escolha é diretamente proporcional à escassez de recursos e inversamente

proporcional à gravidade dos pacientes. Desta forma, os pacientes que mais necessitam de

cuidados são algumas vezes deixados de lado para atenderem, mais rapidamente, outros em

melhor estado, que apresentam melhor prognóstico. Isto visa possibilitar o rápido retorno

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destes pacientes às suas atividades militares. Este raciocínio é feito com base no critério de

salvabilidade (Friedrich, 1988).

Friedrich (1988) classifica este procedimento como sendo cruel, talvez imoral, mas

reconhecido como necessário. Assegura que tanto os critérios de salvabilidade como o de

gravidade utilizam uma base utilitarista para a sua justificativa. É muito difícil para os

profissionais habituados a utilizar o critério de gravidade adotar o critério de salvabilidade em

situações de catástrofe, pois gera um grande desconforto não atender a um pedido de socorro

de alguém em situação crítica.

Com base nos critérios apontados, historicamente a triagem tem um caráter de

exclusão, o que a difere do acolhimento que expressa uma ação de aproximação, ou ainda: uma

atitude de inclusão.

É exatamente nesse sentido de ação, de “estar com”, ou “estar perto de”, que o

acolhimento é uma das diretrizes de maior relevância da Política Nacional de Humanização do

SUS. O acolhimento, portanto, é uma das diretrizes que contribui para alterar a situação que

encontramos na porta de entrada do Pronto Socorro (Cartilha do PNH/MS, 2004).

Segundo Franco, Bueno e Merhy (1999, p.347), o acolhimento propõe inverter a lógica

de organização e funcionamento do serviço de saúde, partindo dos seguintes princípios:

[...] (1) Atender a todas as pessoas que procuram os serviços de saúde,

garantindo a acessibilidade universal. Assim, o serviço de saúde assume

sua função precípua, a de acolher, escutar e dar uma resposta positiva,

capaz de resolver os problemas de saúde da população.

(2) Reorganizar o processo de trabalho, a fim de que este desloque seu eixo

central do médico para uma equipe multiprofissional – equipe de

acolhimento – que se encarrega da escuta do usuário, comprometendo-se a

resolver seu problema de saúde.

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(3) Qualificar a relação trabalhador-usuário, que deve dar-se por

parâmetros humanitários, de solidariedade e cidadania[...]

A Cartilha da PNH faz uma reflexão do quanto é difícil admitir, que parece ter ficado

difícil exercer e afirmar o acolhimento em nossas práticas cotidianas. Coloca que estamos

vivendo um processo de “anestesia” de nossa escuta e de produção de indiferença diante do

outro. Aponta que temos como um dos nossos desafios reativar nossos encontros, nossa

capacidade de cuidar ou estar atento para acolher. Temos visto que, apesar dos avanços e das

conquistas do SUS, já nos seus vinte anos de existência, ainda existem grandes lacunas nos

modelos de atenção e gestão dos serviços no que se refere ao acesso e a operacionalização da

integralidade e ao modo como o usuário é acolhido nos serviços de saúde.

2.3 – A OPERACIONALIZAÇÃO DA INTEGRALIDADE NO CONTEXTO DA

HIPERTENSÃO ARTERIAL

O objeto de estudo deste trabalho é a contra-referência e a integralidade do cuidado a

partir do hospital, entretanto, a proposta do estudo como já foi citada, não é apenas refletir

sobre seus sentidos, mas, sobretudo avaliar a sua operacionalização. Para tanto optei por

avaliar as equipes da emergência e das UBSFs, assim como os pacientes hipertensos de áreas

adscritas do PSF que procuram atendimento no Pronto Socorro do HCTCO e os que

participam dos grupos de hipertensos nas UBSFs.

A escolha da Hipertensão Arterial enquanto entidade nosológica se deve à sua

representação, dimensão, importância, impacto social e econômico, e como agravo à saúde no

Brasil e no município de Teresópolis.

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) representa um importante problema de saúde

pública, como tem mostrado os estudos epidemiológicos. Estima-se que entre 15 e 20% da

população brasileira adulta é hipertensa. Apresentam como principais fatores de risco para

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aparecimento da doença: a idade, o sexo, a etnia, a obesidade, os fatores socioeconômicos, o

sal e o sedentarismo.

Define-se hipertensão como Pressão Arterial Sistólica (PAS) maior ou igual a 140

mmHg, Pressão Arterial Diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg, em duas ou mais

aferições, com no mínimo de dois meses de intervalo, ou necessidade de utilização de

medicação anti-hipertensiva. A pressão sistólica está relacionada ao débito cardíaco e a

pressão diastólica mede a resistência periférica, e qualquer alteração em um ou outro, ou

ainda em ambos, interfere na manutenção dos níveis pressóricos normais.

A HAS é um importante fator de risco para morbidade e mortalidade cardiovasculares.

A presença de níveis pressóricos elevados está claramente associada a aumentos na incidência

de acidente vascular cerebral, principalmente isquêmico, mas também hemorrágico; doença

cardíaca coronariana (infarto do miocárdio, angina de peito), de insuficiência cardíaca, de

insuficiência renal (segunda maior causa de insuficiência renal terminal) e de insuficiência

vascular periférica.

Pela definição atual, a HAS está presente em indivíduos adultos (com mais de 18 anos

de idade) se as cifras de pressão arterial (PA) forem iguais ou superiores a 90 mmHg de

pressão diastólica e igual ou superiores a 140 mmHg de pressão sistólica.

A HAS é dividida em Primária ou Essencial, ocorre em 90% dos casos e não apresenta

uma causa definida; a Secundária ocorre em 10% dos casos de HAS e apresenta uma

patologia de base, usualmente renal ou endócrina.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC (2006) aborda a Hipertensão Arterial como

um agravo que eleva o custo médico-social, principalmente pelas suas complicações, como as

doenças cérebro-vascular, arterial coronariana e vascular de extremidades, além da

insuficiência cardíaca e da insuficiência renal crônica.

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A história revela que desde a década de 60, as doenças cardiovasculares superaram as

outras causas de morte, sendo responsáveis atualmente por 27% dos óbitos. Houve aumento do

risco de morte por estas doenças de 1980 a 1984, seguido de queda até 1996. Diferentemente

do quadro norte-americano, que mostrou redução de 60% na mortalidade por doença cérebro-

vascular e 53% por doença arterial coronariana, no Brasil a redução verificada foi de 20% e

13%, respectivamente (SBC, 2006).

Em função desta realidade, são estabelecidos programas de controle em todo o país, com

importante trabalho nas Unidades Básicas de Saúde da Família traçando estratégias de atuação

neste sentido (MION, J.R., MACHADO, C. A, 2002).

A estratégia prioriza as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. Com base

em manuais editados pelo Ministério da Saúde, o programa oferece grande ajuda na detecção

precoce da hipertensão arterial realizando medidas regulares da pressão arterial, assim como,

prevenindo e controlando outras doenças crônicas. Com o acesso dos profissionais de saúde às

famílias de hipertensos há o favorecimento nos esforços de prevenção, incentivando tanto os

portadores da doença como a seus familiares a adotarem hábitos de vida saudáveis e

controlando, corrigindo e evitando maiores complicações (MANO, PIERIN, 2005).

Segundo dados do DATASUS, as doenças cardiovasculares são responsáveis por

1.150.000 internações/ano, com um custo aproximado de 475 milhões de reais, sendo que

nestes números não estão inclusos os gastos com procedimentos de alta complexidade.

Portanto, a identificação precoce dos casos e o vínculo entre os portadores de HA e as

unidades básicas de saúde são elementos imprescindíveis para o sucesso do controle deste

agravo. O acompanhamento e o controle da hipertensão arterial no âmbito da atenção básica

poderão evitar o surgimento e a progressão das complicações, reduzindo o número de

internações hospitalares, bem como a mortalidade devido a esses agravos (SBC, 2006).

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O Ministério da Saúde, com o propósito de reduzir a morbimortalidade associada a HA,

assumiu o compromisso de executar ações em parceria com estados, municípios e Sociedade

Brasileiras de Cardiologia, Hipertensão, Nefrologia, Federações Nacionais de Portadores de

Hipertensão arterial, CONASS e CONASEMS para apoiar a reorganização da rede de saúde,

com melhoria da atenção aos portadores dessa patologia através do Plano de Reorganização da

Atenção à Hipertensão Arterial (SBC, 2006).

Nesta perspectiva, muitas ações estão sendo desenvolvidas no país. Uma delas é a

disponibilização para estados e municípios de um sistema informatizado que permite o

cadastramento de portadores, o seu acompanhamento.

A partir dos dados obtidos por este sistema, poderão ser definidos o perfil

epidemiológico desta população, e o conseqüente desencadeamento de estratégias de saúde

pública que levarão à modificação do quadro atual, à melhoria da qualidade de vida dessas

pessoas e à redução do custo social.

O Sistema informatizado de cadastramento e acompanhamento dos portadores de HA,

denominado como Sistema HiperDia se destina ao cadastramento e acompanhamento de

portadores de hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus atendidos na rede ambulatorial do

Sistema Único de Saúde é uma ferramenta útil para profissionais da rede básica e para gestores

do SUS no enfrentamento destas doenças. Tem por objetivo permitir o monitoramento dos

pacientes cadastrados no Plano Nacional de Reorganização da Atenção a Hipertensão Arterial e

ao Diabetes Mellitus e gerar informações para aquisição, dispensação e distribuição de

medicamentos de forma regular e sistemática a todos os pacientes cadastrados pelo HiperDia.

No município de Teresópolis os dados apontam que a população adulta (20 – 80 anos

ou mais) é de 97.891mil habitantes em 2007, a população coberta pelo PSF é de

aproximadamente 32% no município, o que corresponde a uma população adulta de

31.325mil habitantes e a prevalência de hipertensão em 2007 segundo fonte da divisão de

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planejamento da SMS do RJ é de 2832mil habitantes o que corresponde a 9,04% da

população coberta pelo PSF (SMS-RJ, Divisão de Planejamento, 2007).

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3– A RELAÇÃO ENTRE ATENÇÃO BÁSICA E ATENÇÃO EM MÉDIA E ALTA

COMPLEXIDADE.

A figura de uma pirâmide tem sido usada para representar o modelo tecno-assistencial

que foi pensado com a implantação do SUS. Representa a possibilidade de um fluxo ordenado

de pacientes, realizado através dos mecanismos de referência e contra-referência, de forma

que as necessidades de assistência das pessoas fossem trabalhadas nos espaços tecnológicos

adequados (CECÌLIO, 1997).

O mesmo autor aponta que na base da pirâmide, estaria localizado as unidades básicas

de saúde, responsáveis pela atenção primária atendendo a populações adscritas as suas áreas

de cobertura, seria a verdadeira “porta de entrada” para os níveis superiores de maior

complexidade tecnológica do sistema de saúde .Na parte intermediária da pirâmide estariam

localizados os serviços de atenção secundária, os serviços ambulatoriais com suas

especialidades clínicas e cirúrgicas, o conjunto de serviços de apoio diagnóstico e terapêutico,

alguns serviços de atendimento de urgência. O topo da pirâmide, finalmente, estaria ocupado

pelos serviços hospitalares de maior complexidade.

Na prática o que tem acontecido com todos aqueles que têm atuado no setor saúde ou

precisado se utilizar dele nos últimos anos, ainda segundo Cecílio (1997) é que anda bastante

difícil visualizar qualquer coisa que, de fato, se aproxime da imagem projetada da pirâmide.

A “porta de entrada” principal ainda continua sendo os hospitais, públicos ou privados,

através dos seus serviços de urgência/emergência e dos seus ambulatórios. O acesso aos

serviços especializados é bastante difícil, com base nesta realidade o mesmo autor propõe um

“arredondamento” da pirâmide, que leve a organizar o sistema de saúde como um círculo.

Esta forma de pensar o sistema de saúde é, em primeiro lugar, relativizar a concepção

de hierarquização dos serviços, com fluxos verticais, em ambos os sentidos, nos moldes que a

figura da pirâmide induz. O círculo se associa com a idéia de movimento, de múltiplas

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alternativas de entrada e saída. Ele não hierarquiza, ele abre possibilidades de entrada, no

sentido de serem espaços de acolhimento e reconhecimento dos grupos mais vulneráveis da

população (CECÌLIO, 1997).

Com base no modelo da pirâmide a Portaria do Ministério da Saúde n. 648/2006, que

aprovou a Política Nacional de Atenção Básica, estabelece a revisão de diretrizes e normas

para a organização do Programa Saúde da Família (PSF) e do Programa Agentes

Comunitários de Saúde (PACS), e define, no capítulo I, desta forma a atenção básica em

saúde:

A atenção básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito

individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção

de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde.

É desenvolvida por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias, democráticas

e participativas, sob forma de trabalho em equipe, e dirigidas a populações de

territórios bem delimitados, pelas quais assume a responsabilidade sanitária,

considerando a dinamicidade existente no território em que vivem essas populações.

Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade, que devem resolver

os problemas de saúde de maior freqüência e relevância em seu território.

É o contato preferencial dos usuários com os sistemas de saúde. Orienta-se pelos

princípios da universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cuidado, do

vínculo da continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da

equidade e da participação social (...).

A atenção básica tem a Saúde da Família como estratégia prioritária para sua

organização de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde.

Portanto, a atenção básica é entendida como o primeiro nível da atenção à saúde no

SUS (contato preferencial dos usuários), que se orienta por todos os princípios do sistema,

inclusive a integralidade, mas emprega tecnologia de baixa densidade que inclui um gama de

procedimentos mais simples e baratos, capazes de atender à maior parte dos problemas

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comuns de saúde da comunidade, embora sua organização, seu desenvolvimento e sua

aplicação possam demandar estudos de alta complexidade (CONASS, 2007, livro 9).

De fato, na mesma portaria, quando é descrita a infra-estrutura necessária para a

atenção básica, destaca-se a unidade básica de saúde, com ou sem saúde da família, com

equipe multiprofissional composta por médico, enfermeiro, cirurgião. Os insumos e

equipamentos devem ser aqueles necessários para o atendimento das prioridades definidas

para a saúde local, com a “garantia dos fluxos de referência e contra-referência aos serviços

especializados, de apoio diagnóstico e terapêutico, ambulatorial e hospitalar” (CONASS,

2007, livro9).

Assim, fica claro que, embora a atenção básica em saúde seja entendida como a base

orientadora do sistema, a porta de entrada preferencial, com visão ampla e integral da

assistência à saúde para sua população adscrita, os procedimentos realizados diretamente em

seus serviços, não esgotam as necessidades dos pacientes do SUS.

Como se viu, as redes de serviços de saúde serão eficazes à medida que os fluxos para

a média e alta complexidade estejam bem definidos e integrados. Tal relevância é apontada

pela Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) do Ministério da Saúde (MS) que define média e

alta complexidade em saúde da seguinte maneira: 1) a média complexidade ambulatorial é

composta por ações e serviços que visam atender os principais problemas e agravos de saúde

da população, cuja complexidade da assistência na prática clínica demande a disponibilidade

de profissionais especializados e a utilização de recursos tecnológicos, para o apoio

diagnóstico e tratamento; 2) a alta complexidade é definida como um conjunto de

procedimentos que, no contexto do SUS, envolve alta tecnologia e alto custo, objetivando

propiciar à população acesso a serviços qualificados, integrando-os aos demais níveis de

atenção à saúde (atenção básica e de média complexidade).

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A citação dessas definições tem o objetivo de demonstrar as dificuldades que essas

áreas de atenção representam para os gestores do SUS: sua visão foi desde sempre

fragmentária, um conjunto de procedimentos relacionados nas tradicionais “tabelas de

procedimentos do sistema”, ambulatorial ou hospitalar, ou seja, são os procedimentos que

“não cabem” nas unidades básicas de saúde e na atenção primária em saúde, pelos custos ou

densidade tecnológica envolvida.

Há que se salientar, ainda, que o MS utiliza freqüentemente em suas normas o

conceito de “redes de alta complexidade”, é importante a ressalva que não há como conformar

redes de atenção à saúde apenas com serviços de alta complexidade.

A literatura aborda redes como organizações sistêmicas que desenvolvem um enfoque

sistemático e planejado para atender às necessidades dos eventos agudos e crônicos,

manifestados no decorrer do ciclo de vida de uma condição ou doença, provendo intervenções

de promoção da saúde, de prevenção das doenças ou danos, de contenção do risco evolutivo,

de tratamento, de reabilitação, de manutenção e de suporte individual e familiar para o

autocuidado, por meio de um conjunto integrado de pontos de atenção à saúde, que presta

uma atenção contínua à população – no lugar certo, com o custo certo e a qualidade certa que

se responsabiliza pelos resultados sanitários e econômicos relativos a essa população

(MENDES, 2005).

Na maior parte dos estados, esses procedimentos foram historicamente contratados/

conveniados junto aos serviços de saúde, sejam privados com fins lucrativos, sejam

filantrópicos ou universitários, conforme a oferta dos prestadores, e seu acesso para a

população sempre dependeu da procura espontânea e voluntária dos pacientes.

Esta situação dificulta enormemente a alocação racional de serviços e equipamentos de

saúde, criando desigualdades regionais, até hoje ainda não resolvidas pelo SUS. Os serviços

de especialidade e a atenção hospitalar de média complexidade tornaram-se, freqüentemente,

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a verdadeira porta de entrada do sistema, atendendo diretamente grande parte da demanda que

deveria ser atendida na rede básica, perdendo-se tanto a qualidade no atendimento primário

quanto no acesso da população aos tratamentos especializados (quando verdadeiramente

necessários), representando, além disso, ampliação ineficiente dos gastos do SUS (CONASS,

2007, livro 9).

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4 - O PROCESSO DE TRABALHO NO PSF E SUAS RELAÇÕES

As unidades de saúde da família se caracterizam como porta de entrada do sistema

único de saúde, o que significa que a partir deste ponto a clientela terá acesso a serviços de

média e alta complexidade. As equipes são responsáveis pelo projeto terapêutico do usuário

garantindo a melhor assistência e resolutividade (FRANCO, MERHY, 1999).

Para um modelo assistencial centrado no usuário, propõe-se um processo de trabalho

multiprofissional e determinado por tecnologias leves - que são as de relacionamento entre

profissional da saúde e paciente, e leve–duras - que são as decorrentes de uso de saberes bem

estruturados como a Clínica, combinado a "produção do cuidado", entendido enquanto ações

de Acolhimento, Vínculo, Autonomização e Resolução (MERHY, 1995).

Para que essa nova prática se concretize, faz-se necessária a presença de um

profissional com visão sistêmica e integral do indivíduo, família e comunidade, capaz de atuar

com criatividade e senso crítico, mediante uma prática humanizada, competente e resolutiva,

que envolva ações de promoção, de proteção específica, assistencial e de reabilitação. Deve ser

ainda capaz de planejar, organizar, desenvolver e avaliar ações que respondam às reais

necessidades da comunidade, articulando os diversos setores envolvidos na promoção da

saúde. Para tanto, deve realizar uma permanente interação com a comunidade, no sentido de

mobilizá-la, estimular sua participação e envolvê-la nas atividades. Entretanto, os sistemas de

saúde não dispõem, hoje, de um número satisfatório de profissionais qualificados com esse

novo perfil (DAB, 2000).

Franco e Magalhães Jr. (2002), apontam dificuldades na organização do processo de

trabalho na atenção primária, principalmente no que diz respeito aos encaminhamentos dos

usuários. Destaca que parte deles não esgota os recursos disponíveis assistenciais nas unidades

básicas de saúde o que dificulta a resolutividade ao nível secundário. Essa forma de realizar o

trabalho segundo o autor demonstra falta de solidariedade, ou de comprometimento com o

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serviço e de responsabilização no cuidado ao usuário.

O grande desafio é a reorganização dos processos de trabalho na rede básica que surge

como a principal questão para colocá-los operando de forma centrada no usuário e suas

necessidades. No atual modo de produção de saúde para o cuidado ao usuário, o uso de

tecnologias duras (máquinas e instrumentos) prevalece em detrimento de tecnologias leve-

duras e leves. Um processo de trabalho centrado nas tecnologias leves e leve-duras é a

condição para que o serviço produza o cuidado (MERHY, 1995).

Há uma idéia que a linha do cuidado é fruto de um grande pacto que deve ser realizado

entre todos os atores que controlam serviços e recursos assistenciais. Merhy (1995), descreve

ainda que a estratégia da saúde da família tem a missão de dar continuidade aos cuidados do

usuário.

Este pacto é um projeto político em que a rede tem capacidade de interlocução entre os

níveis assistenciais que garanta: disponibilidade de recursos, fluxos que facilite o caminhar na

rede, garantia de referência segura e de contra-referência para as unidades básicas de saúde da

família.

Deve-se ressaltar que a maior parte dos problemas de saúde pode ser resolvida neste

nível de assistência. Ao priorizar a atenção básica, o PSF não faz uma opção econômica pelo

mais barato, nem técnica pela simplificação, nem política por qualquer forma de exclusão. A

tecnologia é bom que se reafirme, é uma conquista que o setor saúde entende como

fundamental para o sistema, mas que vem sendo utilizada de forma excludente, deixando de

fora boa parcela da população. O PSF não é uma peça isolada do sistema de saúde, mas um

componente articulado com todos os níveis. Dessa forma, pelo melhor conhecimento da

clientela e pelo acompanhamento detalhado dos casos, o programa permite ordenar os

encaminhamentos e racionalizar o uso da tecnologia e dos recursos terapêuticos mais caros

(MS, DAB ACESSO EM 26/02/08).

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Franco e Merhy (1999) afirmam que há um erro estratégico na implantação do PSF que

é a demanda espontânea não atendida pelas equipes. Apontam que a população continua

recorrendo aos serviços de saúde em situações de sofrimentos e angústias e não havendo um

esquema para atendê-la e responder de forma satisfatória aos seus problemas, vão para as

unidades de Pronto atendimento e Pronto Socorro.

Cabe ressaltar que se houvesse a possibilidade de organizar o acolhimento dos usuários

nas UBSFs, possivelmente seria um caminho para minimizar os reflexos da demanda

espontânea que é reprimida na porta da Unidade muitas vezes por sobrecarga de trabalho das

equipes. Outra possibilidade é a ampliação da cobertura do PSF, garantidas a resolutividade e a

qualidade do serviço prestado.

Outra abordagem feita pelos mesmos autores são os questionamentos sobre as visitas

domiciliares que os mesmos chamam de compulsórias, indicando dois tipos de problemas

muito graves: o primeiro que é a otimização dos recursos humanos, não deveria ser

recomendado que profissionais façam visitas domiciliares sem indicação explícita para elas,

com exceção dos agentes comunitários que tem como função específica a vigilância a saúde

que devem percorrer sempre o território; e o segundo em que os autores refletem o quanto a

mesma pode significar uma intromissão na vida das pessoas.

Outra colocação relevante é a limitação ideológica de quem trabalha e por desconhecer

os princípios do programa acaba mantendo a dinâmica do trabalho médico centrado, operando

na produção de procedimentos e não na produção do cuidado. Faz-se necessário uma ação que

reorganize o trabalho da equipe, oficinas e capacitações poderiam ser potentes instrumentos na

discussão dos princípios do programa (FRANCO, BUENO e MERHY, 1999).

Os autores sustentam que para remodelar a assistência à saúde, o PSF deve modificar os

processos de trabalho, fazendo-os operar de forma "tecnologias leves dependentes", mesmo

que para a produção do cuidado seja necessário o uso das outras tecnologias.

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Portanto, pode-se concluir segundo Franco e Merhy (1999) que:

[...] a implantação do PSF por si só não significa que o modelo assistencial esteja

sendo modificado. Pode haver PSF’s médico centrado assim como outros usuários

centrados, isso vai depender de conseguir reciclar a forma de produzir o cuidado em

saúde e dizem respeito aos diversos modos de agir dos profissionais em relação entre si

e com os usuários.

A adesão ou a rejeição ao Programa de Saúde da Família deve considerar que da forma

como o PSF está estruturado pelo Ministério da Saúde, não lhe dá a possibilidade de se tornar

de fato um dispositivo para a mudança, como é o objetivo do programa, de acordo com o MS.

Sendo assim tudo indica que o Programa precisa se reciclar para incorporar potência

transformadora, assumindo uma configuração diferente (FRANCO, BUENO e MERHY,

1999).

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5 - A REDE DE SERVIÇOS NO MUNICÍPIO DE TERESÓPOLIS – O PROGRAMA

DE SAÚDE DA FAMÍLIA, A RELEVÂNCIA DO HOSPITAL ESCOLA E SUA

RESPONSABILIDADE SOCIAL.

A rede de serviços é entendida como uma rede de cuidados progressivos à saúde, de

acordo com os princípios da integralidade, da eqüidade e da universalidade, seguindo as

diretrizes da hierarquização e da regionalização dos serviços de saúde preconizados pelo SUS

(HARTZ E CONTANDRIOPOULOS, 2004).

A seguir será abordada a configuração da rede de serviços em Teresópolis:

5.1 - A Rede Básica

São quatro unidades básicas, sendo duas no eixo Estrada Rio – Bahia e duas no eixo

Teresópolis - Friburgo: Pessegueiros, Volta do Pião, Bonsucesso e Vieira, funcionam nas

Unidades os Programas de: Imunização, Pré-Natal, Diabetes, Hipertensão, ações

descentralizadas de Tuberculose e Hanseníase, Saúde da Mulher (exames citopatológicos),

Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN). Há ainda três unidades móveis que

percorrem o interior.

5.2 - O Programa de Saúde da Família em Teresópolis

No município de Teresópolis o PSF foi implantado em agosto de 1999, é administrado

em conjunto pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e pelo Centro Universitário Serra dos

Órgãos (UNIFESO). A população coberta pelo Programa em janeiro de 2008 representava

cerca de 32% dos seus 152.860 habitantes. O Programa conta com 16 equipes e cada uma é

composta por 01 médico, 01 enfermeiro, em média de 04 a 06 agentes comunitários e duas

unidades contam com saúde bucal. Todas se constituem em cenários de ensino-aprendizagem

para os alunos de Medicina, Enfermagem e Odontologia e futuramente para o curso de

Farmácia e Fisioterapia (DATASUS, IBGE, 2006).

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As equipes desenvolvem uma série de atividades, dentro e fora das unidades, para

promover, prevenir e dar assistência à saúde da população a ela adscrita. As consultas são em

geral agendadas, mas também se atende à demanda espontânea (ANEXO IV).

5.3 - A Rede Secundária

É constituída por oito unidades, sendo que duas atuam com os mesmos programas

das Unidades Básicas, dois Centros Odontológicos, Divisão de Saúde Mental, Departamento

de Higiene e Saúde Coletiva, Divisão de Epidemiologia: Programa de Tuberculose, Programa

de Hanseníase, Programa de AIDS, DST's, Terapias Alternativas e o Hemonúcleo Municipal.

5.4 - Unidades Hospitalares

São três Unidades Hospitalares: Hospital de Ensino - Hospital das Clínicas de

Teresópolis Costantino Ottaviano, Beneficência Portuguesa de Teresópolis, Hospital São José

Associação Congregação Santa Catarina.

5.4.1 - A Importância do Hospital Escola na rede

Faz-se necessário ressaltar o Hospital das Clínicas de Teresópolis Costantino

Ottaviano pela sua responsabilidade social na rede de serviços de Teresópolis.

O Hospital das Clínicas de Teresópolis Costantino Ottaviano nasceu em 1972, a

partir de um convênio firmado entre a Prefeitura e a Fundação Educacional Serra dos Órgãos -

FESO conjugando-se interesse de ambas as partes, tendo em vista a insuficiente receita

orçamentária para atender de forma satisfatória às necessidades da população, aos

investimentos e à manutenção do Hospital Municipal e por sua vez a Faculdade de Medicina

exigia a existência de um hospital como campus para o ensino médico. Criado o Hospital de

Ensino passa a ser administrado pela FESO.

Ao longo desses anos o HCTCO cresceu, e hoje é reconhecido como hospital de

referência para diversos municípios. Como hospital de ensino e credenciado pelo SUS, é

cenário de prática para os alunos das áreas da saúde do UNIFESO.

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Constitui-se em peça fundamental na organização do sistema de saúde local. Sendo

o único na cidade com atendimento 24h de emergência, quanto à infra-estrutura, é composto

por 200 leitos, sendo 182 destinados ao SUS e 18 para convênios e particulares.

Contempla os seguintes serviços: Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, Clínica

Médica que abrange a Cardiologia, a Pneumologia e as Doenças infecciosas e Parastárias ,

temos ainda a Ortopedia, Cirurgia Geral, Neurocirurgia, Bucomaxilo, Unidade Intermediária

Neonatal e Centro de Tratamento Intensivo de adultos. Ambulatórios especializados e gerais e

serviços de apoio diagnóstico. Realiza procedimentos de média e alta complexidade e é

referência para Traumatologia, Oftalmologia, Gestação de Alto Risco, Doenças Infecciosas e

Parasitárias e Terapia Renal Substitutiva.

Suporta ainda um número expressivo de politraumatizados oriundos da BR 116, em

seu trecho privatizado entre Rio de Janeiro e Além Paraíba.

Contribui com benefícios para o sistema de saúde local, por ser formador de recursos

humanos, proporcionando um diferencial de qualidade tanto para a assistência quanto para os

profissionais de saúde.

5.4.2 - O Hospital de Ensino, o acolhimento na emergência e a contra-referência.

Os Hospitais de Ensino são aqueles certificados pela Portaria Interministerial MEC/MS

nº 1.000, de 15 de abril de 2004. Podem ser definidos como uma instituição hospitalar geral ou

especializada que presta assistência à saúde da população, desenvolve atividades de

capacitação de recursos humanos e serve de campo para a prática de atividades curriculares na

área da saúde. São instituições estratégicas para o Sistema Único de Saúde desempenhando

papel preponderante junto à comunidade, tanto em relação à assistência, ensino e pesquisa

(Diário Oficial da União 2004).

Segundo Cecílio e Feuerwerker (2007), apontam a complexidade da organização

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hospitalar e o seu lugar crítico na prestação de serviços. No que tange a formação em saúde os

autores apontam que o Hospital necessita de profissionais adequadamente capacitados para

atuar na construção de competências e habilidades dos profissionais de saúde, porque é um

espaço privilegiado de aprendizagem.

Como uma organização complexa, há expectativas de gestores e usuários no que se

refere à qualidade, integralidade, eficiência e custos e também em relação ao seu papel

formador diante das mudanças curriculares (Cecílio e Feuerwerker 2007).

Segundo Cecílio, (2003), o grande desafio dos gestores é conseguir coordenar um

conjunto diversificado, especializado e fragmentado que resulte em um cuidado coordenado,

eficaz e de qualidade. E a integralidade do cuidado só pode ser obtida em rede, pois a linha do

cuidado atravessa inúmeros serviços de saúde. O hospital é peça fundamental para cada

indivíduo obter a integralidade. Portanto o desafio é criar maneiras de conectar o hospital de

forma mais adequada a rede de serviços.

Não dá para pensar a integralidade a partir do hospital sem imaginar uma auto-

suficiência ou sua desresponsabilização no momento da alta. O momento da alta deve ser

pensado como um momento privilegiado para se produzir à continuidade do tratamento em

outro serviço, com outro nível de complexidade, não apenas cumprindo um papel burocrático

de quem realiza a contra-referência.

Devemos repensar as noções de rede de serviços e o melhor caminho para essa

articulação (Cecílio, 1997 e 2001).

Segundo Campos (1994), os hospitais podem ser um espaço para realização

profissional, para o exercício da criatividade, um local prazeroso, desconstruindo a imagem

negativa, impessoal fragmentada, sem vínculo com usuários e familiares, sem integração com

rede, essa realidade pode ser alterada segundo Rollo (2002 apud MERHY 2002, p. 321) tendo

em vista que os hospitais são importantes para garantir a equidade, a integralidade da

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assistência e a defesa da vida.

Para que possamos enfrentar essa situação algumas propostas devem ser consideradas,

como criar espaços que garantam a problematização, a escuta de usuários e a negociação entre

gestores e trabalhadores e uma maior e efetiva integração com a rede.

È extremamente relevante à reestruturação do projeto de acolhimento no setor de

Emergência. Que pode de forma contundente melhorar a resolutividade na assistência

realizada, seguindo critérios de risco e não de forma impessoal ou por ordem de chegada.

Diante das colocações apresentadas, o Projeto do Acolhimento na Emergência que teve

início em 2005, tinha como um dos seus objetivos a organização do trabalho e a integração

com a rede de serviço do município e a qualidade nos atendimentos das urgências e

emergências no pronto socorro.

As equipes foram capacitadas e naquele momento optaram pelo critério de risco

representado por números. Na prática o funcionamento como preconizado não durou muito

tempo, talvez por três motivos importantes, primeiro pela rotatividade das equipes,

configurando a não fixação dos profissionais, pela falta de percepção dos profissionais em

entender o projeto e pela não garantia de parceria com a rede de serviços na contra-referência.

É evidente a relevância da reestruturação do acolhimento no pronto socorro. Entendo

que é árduo o trabalho, principalmente no que se refere à nova capacitação e motivação das

equipes de plantão para fazer funcionar este projeto e a dificuldade ainda existente no que diz

respeito à garantia da continuidade do cuidado na atenção básica com a presença de obstáculos

no sistema de referência e contra-referência.

Faz-se necessário uma articulação urgente com a rede de serviços do município, via

unidades básicas de saúde da família e a central de marcação de consultas para unidades

secundárias.

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6 – QUESTÃO NORTEADORA

Quais são os obstáculos à integralidade do cuidado dos pacientes hipertensos

admitidos no serviço de emergência do HCTCO, tendo em vista a articulação com as UBSF-

via contra-referência?

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7 – OBJETIVOS

7.1 – OBJETIVO GERAL

Identificar os obstáculos que interferem na contra-referência dos pacientes com

Hipertensão Arterial Sistêmica, maiores de dezoito anos, referenciados ou não pelas equipes do

PSF, atendidos no Pronto Socorro do Hospital das Clínicas de Teresópolis Costantino

Ottaviano, para as unidades do PSF, visando à garantia do acompanhamento e a qualidade da

atenção integral.

7.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1- Identificar o local de origem e analisar junto às equipes a forma de referência e contra-

referencia do usuário com HAS ao Pronto Socorro, acerca das informações para o

atendimento e as recomendações para a continuidade do cuidado do paciente;

2- Verificar junto ao paciente, se no instrumento de contra-referência constam

informações e recomendações pertinentes, a partir dos protocolos existentes com base

no Consenso da Hipertensão Arterial;

3- Analisar a operacionalização da integralidade através da continuidade do cuidado;

4- Identificar os obstáculos à integralidade do cuidado presentes no HCTCO / UBSF.

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8– MÉTODO

Para alcançar os objetivos propostos foi realizada pesquisa de natureza qualitativa. A

opção por esta metodologia se deu pelo fato desta, conceitualmente, se caracterizar a

abordagem qualitativa como a tentativa de compreensão detalhada dos significados e

características situacionais apresentadas pelos entrevistados (RICHARDSON, 1999).

A pesquisa utilizou como meio o estudo de caso, que segundo Stake (1994, apud

ANDRÉ 2005, p. 23) é caracterizado como um tipo de conhecimento, não é uma escolha

metodológica, mas uma escolha do objeto a ser estudado, o importante é o conhecimento

derivado do caso, é o que se aprende ao estudar o caso, é mais concreto, porque encontra eco,

é mais contextualizado, mais voltado para a interpretação do leitor.

André (2005) ressalta que quatro características são essenciais para o estudo de caso

qualitativo: a particularidade, pois é adequado para investigar problemas práticos, questões

que emergem do dia-a-dia. A descrição significa que o produto final é uma descrição

completa e literal da situação investigada. A heurística significa que os estudos de caso

iluminam a compreensão do leitor sobre o fenômeno estudado e por último a indução que em

grande parte os estudos se baseiam na lógica indutiva, na descoberta de novos conceitos, na

compreensão.

Stake (1995, apud ANDRÉ, 2005, p. 19) distingue três tipos de estudo de caso:

1- Estudo de caso intrínseco, quando o pesquisador tem um interesse particular no

caso;

2-Estudo de caso instrumental, o interesse do pesquisador pode ser uma questão que

um caso particular vai ajudar a elucidar;

3--Estudo de caso coletivo, quando o pesquisador não se concentra num só caso, mas

em vários, o interesse não está naqueles objetos estudados e sim na qualidade revelada pelo

estudo.

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André (2005), aponta outras classificações para o estudo de caso:

1-Estudo de caso etnográfico, um único caso é estudado em profundidade pela

observação participante, chama atenção para a compreensão dos atores do caso;

2-Estudo de caso avaliativo, um único caso ou um conjunto de casos é estudado em

profundidade com o propósito de fornecer aos que tomam decisão informações que os

auxiliem a julgar o mérito ou o valor de políticas, programas ou instituições.

Dentre os tipos de estudo de caso apresentados, esta pesquisa se identifica como o

estudo de caso intrínseco.

As técnicas de coleta de dados neste estudo de caso foram: entrevista, grupo focal,

gravações, mas não são as técnicas que definem o tipo de estudo, e sim o conhecimento que

dele resulta.

8.1 - POPULAÇÃO DE ESTUDO

Minayo (1999) define que uma amostra ideal é a que for capaz de refletir a totalidade

nas suas múltiplas dimensões. Um dos critérios básicos para amostragem é definir com clareza

o grupo social mais relevante para as entrevistas. A preocupação se dá com o aprofundamento

e a abrangência da compreensão seja de um grupo social, de uma organização, de uma

instituição, de uma política ou de uma representação. Portanto, segundo Minayo (1999, p.102)

a amostragem qualitativa:

[...] privilegia os sujeitos sociais que o pesquisador pretende conhecer;

considera-os em número suficiente para permitir uma certa reincidência

das informações e esforça-se para que a escolha do local e do grupo de

observação e informação contenha o conjunto das experiências e

expressões que se pretende objetivar com a pesquisa.

Faz-se necessário caracterizar a população de estudo:

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1- Nove pacientes hipertensos, maiores de dezoito anos, cadastrados nas Unidades

Básicas de Saúde da Família, atendidos no setor de acolhimento da emergência do HCTCO,

de segunda a sexta-feira, nos plantões diurnos até as 17:00h, que ficaram ou não em

observação; o critério do número de entrevistados foi o da repetição das informações.

2- Os pacientes que freqüentavam os grupos de hipertensos das unidades de saúde da

família selecionadas para o presente estudo Rosário, Beira linha, Meudon I e Meudon II;

3- As equipes plantonistas envolvidas no acolhimento e no setor de emergência do

HCTCO;

4- As equipes das unidades de saúde da família do Rosário, Meudon I e II, e Beira

Linha que tiveram como critérios de inclusão, o tempo que atuam juntas,em média nove

anos, a menor rotatividade e o maior vínculo com as comunidades.

8.2 – ASPECTOS ÉTICOS

Todos os participantes do estudo firmaram um termo de consentimento livre e

esclarecido (ANEXO V), conforme as normas que regulamentam as pesquisas em seres

humanos, pela resolução n 196/96, do Conselho Nacional de Saúde.

8.3 - CENÁRIO DA PESQUISA

Serviram de cenários, o Setor de Acolhimento e o Serviço de Emergência do Hospital

das Clínicas de Teresópolis Costantino Ottaviano e as Unidades Básicas de Saúde da Família

do Rosário, Beira Linha, Meudon I e Meudon II.

8.4 - TRABALHO DE CAMPO

Segundo Minayo (1999, p.105) na pesquisa qualitativa, o campo corresponde à

abrangência do recorte teórico com o objeto de investigação. A pesquisa social trabalha com

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gente, com atores sociais em relação, com grupos específicos. Esses sujeitos de investigação

são construídos teoricamente enquanto componentes do objeto de estudo. No campo fazem

parte de uma relação de interação social com o pesquisador.

Minayo refere ainda que o trabalho de campo constitui-se numa etapa essencial da

pesquisa qualitativa, assim como a relação entre o pesquisador e os sujeitos pesquisados.

8.4.1 - Instrumento de Coleta

Trabalhamos com duas técnicas de coleta de dados: o grupo focal e a entrevista

semi–estruturada.

Segundo Gatti (2005) o grupo focal pode ser definido como um conjunto de pessoas

selecionadas e reunidas por pesquisadores para discutir e comentar um tema, que é o objeto da

pesquisa, a partir de sua experiência pessoal.

A mesma autora aborda que na condução do grupo focal, é importante que o

moderador da discussão deve cuidar para que o grupo desenvolva a comunicação sem

interferências indevidas como intervenções afirmativas ou negativas, afirmações particulares,

conclusões de forma direta. O moderador deverá fazer encaminhamentos que facilitem as

trocas para manter os objetivos do grupo. A ênfase recai sobre a interação dentro do grupo e

não em perguntas e respostas entre moderador e membros do grupo. Há interesse no que as

pessoas pensam e porque pensam desta forma sobre o tema. A pesquisa com grupos focais

tem como objetivo captar, a partir das trocas realizadas no grupo, conceitos, sentimentos,

atitudes, reações que não seria possível com outros métodos.

Gatti (2005) relata ainda que os grupos focais podem ser empregados em processos de

pesquisa social ou em processos de avaliação, especialmente as de impacto, o mais usual é

utilizar vários grupos focais para uma mesma investigação.

A adesão para participar do grupo focal deve ser voluntária. O convite deve ser

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motivador, os participantes devem estar sensibilizados e atraídos pela atividade.

Na presente pesquisa, o grupo focal foi utilizado para as equipes de profissionais do

HCTCO, das UBSF e também para os usuários que fazem parte dos grupos de hipertensos nas

UBSF.

Em relação ao moderador do grupo optei por não ser a pesquisadora principal no

hospital tendo em vista o cargo que ocupo, poderia constranger alguns participantes por

desconhecimento de algum tema ou por julgar que suas atitudes estariam sendo avaliadas.

Por essas razões dois estudantes do quinto período da Medicina assumiram essa

função após orientação do funcionamento do grupo focal. Como estudam com metodologias

ativas de ensino e aprendizagem e atuam em tutorias em pequenos grupos, com a presença de

um facilitador, entendi que este seria um ganho, por já terem esta vivência. Já nas UBSF os

grupos focais tanto das equipes, quanto dos grupos de hipertensos, foram realizados pela

pesquisadora principal, nos horários sugeridos pelas equipes.

Para os usuários do hospital, optei pela entrevista semi-estruturada por entender que

seria um dificultador a reunião de pacientes para o grupo focal, tendo em vista que ao serem

liberados, anseiam pela saída do hospital e não seria fácil convidá-los a aguardar para reunir

mais pessoas para participar de um grupo neste momento. Nas entrevistas semi-estruturadas,

contei com a colaboração do Enfermeiro da equipe de acolhimento, que por trabalhar como

diarista, facilitou a aplicação da entrevista e pôde me avisar quando identificava o paciente

que estaria disposto a participar.

A entrevista semi-estruturada combina perguntas fechadas e abertas e por sua vez a

entrevista é um componente do trabalho de campo, é uma situação de interação, o pesquisador

obtém as informações da fala dos atores sociais e estas podem ser afetadas pela relação com o

entrevistador. O entrevistado pode abordar o tema proposto, sem condições prefixadas pelo

pesquisador, apesar de partir de um roteiro elaborado, exige a interação direta entre o

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pesquisador e os atores sociais e suas qualidades em destacar de forma abrangente as questões

que deverão ser abordadas (Minayo, 1999 p.122).

Parga Nina (1983) define a entrevista semi-estruturada como uma conversa com

finalidade, onde existe um roteiro que norteia, guia, mas não cerceia a fala dos entrevistados.

Algumas qualidades da entrevista na prática foram relevantes: 1- O entrevistador ser

alguém da confiança do entrevistado; 2 – Deixar claro o interesse da pesquisa e que

contribuição pode trazer para o indivíduo e para a comunidade; 3 – A explicação dos motivos

da pesquisa de uma forma simples e clara; 4 - Justificar o porque o escolheu como

entrevistado; 5 - Garantir o anonimato e 6 - Traçar uma conversa inicial para aquecer a

entrevista.

A riqueza da entrevista como instrumento de coleta de informações é o espaço de

fala, que pode revelar as condições estruturais e de valores de grupos determinados. Neste

trabalho o roteiro de entrevista encontra-se no Apêndice I.

Realizamos o estudo piloto tanto no grupo focal como na entrevista semi-estruturada,

que identificou possíveis entraves e ajudou na determinação da logística do estudo, assim

como, possibilitou o treinamento da equipe em campo.

8.5 – ANÀLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Para o processo de análise do material é importante retomar os objetivos do estudo. Em

primeiro lugar deve-se organizar o material colhido, detalhado, as anotações devem ser o mais

fiel possível. A análise é um processo de elaboração, de procura de caminhos. No caso do

grupo focal, a experiência do moderador na facilitação dos grupos contribuiu de maneira

relevante, pois a sua memória, o clima do grupo, das discussões, contém informações preciosas

tanto sobre o tratamento do tema como para as interpretações.

Nas pesquisas sociais não existe um modelo único e acabado de análise de dados para

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os grupos focais. Fez-se a opção por proceder à transcrição das falas destacando as diferenças

entre as opiniões e elaborar categorias a partir das falas. Teve-se o cuidado de ressaltar o que

foi realmente relevante para o grupo. Nessa análise, tanto as opiniões que foram maioria como

as que ficaram em minoria também foram exploradas.

Realizou-se a revisão dos objetivos específicos e dos temas utilizados nos grupos focais

e o roteiro de perguntas que foi construído para alcançá-los.

Quanto a análise do material das entrevistas semi-estruturadas buscou-se alcançar três

objetivos: - ultrapassar a incerteza: será que a minha leitura da entrevista é válida? – como

compreender o conteúdo do que foi dito, dos seus significados? - e a integração do que está

inserido nas mensagens.

Ainda segundo Minayo (1999, p.199) a análise de conteúdo é um termo designado

para o tratamento dos dados e é a expressão mais comumente usada na pesquisa qualitativa. A

técnica utilizada será a análise temática, segundo Bardin (1979 p.105):

“O tema é a unidade de significação que se liberta naturalmente de um texto analisado

segundo critérios relativos à teoria que serve de guia a leitura”. Esta técnica consiste em

descobrir os núcleos do sentido, cuja contagem da freqüência de significações definem o

caráter do discurso.

8.5.1. Construção das categorias a partir das falas dos grupos focais das equipes do

HCTCO e UBSF.

Tema – Referência e contra-referência

1 - Como você recebe e encaminha o paciente para estabelecer o plano de cuidado?

Categoria: Valorização do instrumento de referência e contra-referência (quadro1).

Os grupos focais realizados com as equipes do hospital revelam que estas não utilizam

o instrumento próprio de referência e contra-referência, usam o receituário, alegam a falta de

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tempo para o preenchimento, por sobrecarga de trabalho e também relatam que as referências

usualmente são mal preenchidas.

Apontam os mecanismos informais de contra-referência, esta fala revela o que muitas

vezes acontece: “encaminho de mim pra mim’’. Entendem ainda que a referência deveria

considerar a proximidade da residência, o desejo do paciente, pois muitas vezes ele não se

sente acolhido pela equipe da sua área adscrita e mesmo assim não pode fazer seu tratamento

em outra unidade. Esta falta de vínculo, parece sugerir que essa seja uma das justificativas que

o faz retornar ao pronto socorro.

Apontam a necessidade de ampliação da cobertura do PSF que hoje é de 30% e ainda a

dificuldade de agendamento para os especialistas.

As equipes das UBSF trabalham com referência protocolada com instrumento próprio,

para os níveis de atenção básica e secundária, com exceção do HCTCO, para o qual

receberam a seguinte orientação : “para o HCT pode ser feito no receituário, o instrumento

próprio é só para a rede”,conforme verificou-se na fala das equipes, o que determina a

percepção do Hospital pelas equipes como uma unidade fora da rede de serviços.

Todos os relatos das equipes das UBSFs apontam a falta de resposta na contra-

referência ou mesmo o seu não envio, os pacientes relatam às equipes que muitos médicos do

hospital, mas principalmente os especialistas por vezes rasgam as referências. A lista de

espera para atenção secundaria é percebida como um problema, com demora de até dois

meses para efetuar o agendamento.

Quanto ao trabalho com grupos de hipertensos é claro para todos que favorece a

adesão ao tratamento, os pacientes são mais comprometidos, não faltam aos grupos e não

desejam sair para abrir vagas a novos participantes.

Discutiram a pouca autonomia das equipes em relação à solicitação de exames, como

exemplo a necessidade de realização de um ecocardiograma, uma ultra-sonografia

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transvaginal, dosagem hormonal, só podem ser solicitados pelos especialistas, a equipe do

saúde da família, entende que a necessidade do método de investigação pode ser avaliado pelo

médico da UBSF, por ter competência para tal.

Categoria

Grupo focal Equipes HCTCO

Grupo focal Equipes UBSF

Exemplos de expressões/idéias Baixa valorização Alta Valorização

Valorização

do

instrumento

de

referência e

contra-

referência

“Antigamente se fazia a contra-referência no

receituário e agora é que está sendo usado o

instrumento próprio”;

“Não temos o hábito de preencher o formulário de

contra-referência”;

‘‘O movimento é alto e não permite o

preenchimento’’;

“O instrumento de referência enviado não relata a

história, vem só encaminhando ao HCT”;

“Nós também encaminhamos em receituário”;

“Encaminho de mim pra mim”;

“Encaminho para o posto mais perto da residência

porque a proximidade deve ser considerada”;

“Acho que nós consideramos pouco a vontade do

paciente, às vezes ele não gosta do posto que fica

perto da sua residência então é melhor ele

estabelecer vínculo mesmo que seja em um posto

mais distante”;

“Ele deve procurar a unidade onde é cadastrado,

porém temos áreas que não tem cobertura, enquanto

isso bem próximo a sua residência já tem uma área

sobrecarrega, e aí eles buscam o HCT e retornam

outras vezes porque não conseguem agendar

consulta”.

“Em caso de referência para o especialista

encaminhamos com o instrumento próprio

preenchido”;

“Mas para o HCT mandamos em receituário

comum. Foi orientado que o instrumento de

referência fosse utilizado somente para a rede e não

para a FESO”;

“No início nós mandávamos, mas ninguém

respondia e aí paramos”;

“Na urgência, chamamos a ambulância e o paciente

vai com acompanhante ou com alguém da equipe

com bilhete do médico”;

“A referência é toda protocolada, só encaminhamos

com instrumento preenchido, mas os pacientes

falam que quem recebe, nem olha, às vezes até

rasgam, e não mandam a resposta”;

“Às vezes chegam com pico hipertensivo, nós

medicamos e encaminhamos ao HCT, sempre vai

com referência, mas não podemos encaminhar com

o carimbo da enfermeira, só do médico. E

raramente retornam com a contra-referência do PS

porque dizem que não tem tempo para preencher”.

Quadro 1 - Categoria – Valorização do instrumento de referência e contra-referência

Após a análise dos resultados é imperativo pontuar algumas colocações.Percebe-se que

na prática não encontramos um sistema de saúde harmonioso que contribua para o bom

funcionamento da rede. Como aponta Merhy (2003) a integralidade do cuidado só pode ser

obtida em rede. Um dos papéis do hospital é contribuir para a continuidade do cuidado

fazendo uma adequada contra-referência após o atendimento.

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Outro ponto importante é admitir que mesmo que haja a expansão da rede básica, o

serviço de emergência continuará sendo uma porta de entrada para o sistema de saúde.

O que nos leva a reportar a reestruturação do acolhimento que, foi sendo organizada ao

longo de 2008 no HCTCO. Seria vital a organização do acolhimento também nas UBSFs na

proposta de acolher a demanda espontânea.

Tema: Orientação para o cuidado. 2 - Quais são as medidas que você entende e recomenda para que o paciente hipertenso deva

ter para seu cuidado?

Categoria: Cuidados integrais em saúde (hábitos de vida e medicalização) (quadro 2).

Em relação as equipes do hospital, como foi apontado na análise anterior, mais uma

vez a dificuldade de orientar os pacientes em relação aos cuidados integrais é atrelada a

sobrecarga de trabalho.

As equipes são sensíveis a dificuldade financeira dos pacientes e medicam de acordo

com a padronização da rede, evitam prescrever anti-hipertensivos que tenham alto custo e

após tratar a fase aguda da doença recomendam a manutenção do tratamento e o retorno à

unidade de origem ou a mais próxima da residência.

Ressentem-se pelo fato da sobrecarga de trabalho dificultar o melhor relacionamento,

como nesta fala: “ é uma pena... mas às vezes já é difícil examinar, quanto mais enfatizar as

medidas preventivas “. E limitam-se a abordar, mas não de forma aprofundada, a restrição do

sal, gordura e fumo.

As equipes das UBSFs fazem orientação nos grupos de hipertensos quanto ao hábito

alimentar, prática de exercícios assim como ao abandono do fumo.Percebem que o trabalho

em grupo aumenta a adesão, pelas trocas de experiências e pelas histórias e problemas

comuns. Associam o bom desempenho dos grupos a redução das idas destes pacientes ao P S.

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Afirmam que apesar das orientações, os usuários são apegados a medicalização.

Muitas vezes o analfabetismo dificulta a compreensão quanto a posologia dos remédios.

Entendem que a pobreza é um entrave a reeducação alimentar, porque apesar dos

preços acessíveis dos legumes e verduras, estes têm que ser comprados com maior freqüência

devido à dificuldade na sua conservação, além de aumentar o número de refeições, pois uma

hora depois já estão com fome, os pacientes referem que não tem “sustância”. Na verdade só

mudam a ingesta de sal e gordura.

Os exercícios são dificultados pela localização das moradias, os pacientes já são mais

idosos e quando moram no alto do morro, não descem para realizar atividade física, assim

como para comprar legumes e verduras.

Categoria

Grupo focal Equipes HCTCO

Grupo focal Equipes UBSF

Exemplos de expressões/idéias

Dificuldade para orientar Preconizam a orientação

Cuidados

Integrais

a

Saúde

Medicalização

e

Hábitos

de vida

“O acolhimento questiona se faz acompa-

nhamento ou não, se usa medicação”;

“Quando o paciente é liberado não ajustamos a dose,

solicitamos que retorne a Unidade de origem”;

“Se ele não usa nada a gente medica pra casa”;

“Perguntamos sobre outras abordagens terapêuticas,

mas a demanda não permite que a orientação quanto

à dieta, exercício seja feita”;

“Parar para orientar é inviável, agente não é enfático

nas medidas preventivas, mas não é o suporte

principal”;

“È uma pena, mas às vezes já é difícil examinar

quanto mais enfatizar isso”;

“A equipe orienta cuidados de dieta, tomada da

medicação e intervalo de consultas”;

“O ditado é certo, água mole em pedra dura tanto

bate até que fura”;

“A equipe orienta quanto à alimentação com

prática de exercício, agora começamos dança

sênior”;

“Sabemos que os pacientes acham importantes as

orientações, mas não fazem em casa”;

“Apesar das atividades de promoção ainda são

muito apegados a medicalização”;

Quadro 2 - Categoria – Cuidados integrais a saúde

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Categoria

Grupo focal Equipes HCTCO

Grupo focal Equipes UBSF

Exemplos de expressões/idéias Cuidados

Integrais

a

Saúde

Medicalização

e

Hábitos

de vida

Dificuldade para orientar “Aproveitamos o momento para orientar os pacientes

quanto à maneira correta de se realizar o

tratamento”;

“Orientamos que realizem tratamento não

medicamentoso também, como dieta”;

“Temos a preocupação de receitar medicamentos

oferecidos pela rede”;

“Fazemos orientação dietética, medicamentosa e

orientamos ao acompanhamento ambulatorial”;

“Às vezes ele vem só para conseguir o medicamento,

não consegue marcar consulta e não tem condições

financeiras para comprar”;

“Quando há falta da medicação na rede percebe-se o

aumento do número de atendimentos”;

Preconizam a orientação “Orientamos quanto a prática de exercícios,

iniciamos jogos na quadra da igreja, queimado,

futebol, mas muitos não querem participar,é como

a caminhada foi parando ao longo do tempo. Eles

só querem consulta, receita e mostrar exames. Até

as receitas prontas não vem buscar”;

“A gente esperava mais pelo trabalho que a gente

faz, às vezes desanima”.

Quadro 2 - Categoria – Cuidados integrais a saúde - continuação

Tema: Rede de serviços de saúde do município.

3 - Conhece os serviços de saúde que fazem parte da rede do SUS no município de

Teresópolis? Pedir para descrever.

Categoria: Conhecimento da complexidade da rede do SUS (quadro 3).

É percebido na maioria das equipes do hospital o desconhecimento da hierarquização

do sistema, mas ao mesmo tempo os grupos referem conhecer a rede do SUS. Identificam a

atenção primária como sendo o PSF e atribuem a falta de expansão e a baixa resolutividade de

algumas unidades as causas da sobrecarga da emergência.

Apontam também a falta de boa vontade de alguns profissionais na qualidade do

atendimento, dificultando a adequada contra-referência.

Defendem também a ampliação da rede secundária, tendo em vista a oferta reduzida

de consultas que não atende as reais necessidades dos usuários, assim como a valorização do

profissional com a melhoria das condições gerais de trabalho, melhores salários, e exigência

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por parte dos gestores do cumprimento da carga horária que segundo os relatos acabam por

não cumpri-las pelos motivos supracitados.

As equipes das UBSFs referem a mesma dificuldade de agendamento para o nível

secundário,citando como exemplo o sistema de marcação de consultas pelo telefone,

conhecido como “ 0800 “, pois oferece um único dia de agendamento para especialidade.Os

pacientes acabam por passar o dia no telefone para conseguir uma consulta. Algumas

especialidades são marcadas através da Divisão do PSF, onde as equipes enviam os

formulários com a necessidade do agendamento, mas segundo relatos demora tanto que o

paciente as vezes esquece o dia da consulta.

Uma das unidades era, até dezembro gerida pela FESO, e segundo esta equipe as

referências para as especialidades, não existentes na rede, eram para o ambulatório do

HCTCO, mais uma vez o hospital é percebido como fora da rede. Assim como a marcação

dos exames, no máximo em quinze dias estava tudo resolvido, o paciente não gastava tempo,

nem dinheiro para nada, só o dinheiro de passagem no dia da consulta ou do exame.

Segundo o relato da equipe, como funciona no mesmo local há vinte cinco anos,

primeiro como unidade básica e há dez anos como PSF, referem que esta comunidade prefere

os especialistas, “detesta o PSF”. A mesma equipe refere que muitos pacientes não sabem

muito bem qual é a competência do agente comunitário.

Percebe-se que a realidade do município não está pautada nas demandas do usuário, os

serviços ofertados estão aquém das necessidades da população.

Considera-se ainda a limitação do conhecimento da complexidade do sistema, por

parte das equipes, um problema que merece atenção por parte da gestão, porque tende a

reduzir a capacidade de intervenção das equipes no momento que desconhecem o sistema em

que atuam.

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Categoria Grupo focal Equipes HCTCO Grupo focal Equipes UBSF

Exemplos de expressões/idéias

Conhecimento limitado Conhecimento amplo e crítico

Conhecimento

da

complexidade

da rede do

SUS

“Falta boa vontade dos profissionais, mas eles

têm a compreensão e o conhecimento da rede

do SUS”;

“Não sabem como funciona a rede em

Teresópolis acham que deveria ser assim:

acabou a urgência, o posto dá seqüência”;

“È complicado isso aí, os alunos não

conseguem responder, desconhecem o que é

atenção secundária e a hierarquização da

rede”;

“Conhecemos os setores que fazem parte do

SUS no setor primário tem o PSF”;

“Os postos têm como objetivo a promoção e

prevenção, mas algumas mudanças deveriam

ser feitas, como a ampliação da cobertura do

PSF, melhoria dos salários e das condições de

trabalho”;

“Conhecemos os serviços de saúde, quando encaminhamos, o formulário vai para a Divisão do PSF e a consulta volta marcada”; “O que não tem na rede é encaminhado ao Hospital”; “Conhecemos os serviços de saúde o que tem no nível primário, secundário e terciário, mas a relação com a rede é péssima, o 0800 não funciona”; “As pessoas acabam mentindo o endereço para chegar aqui”; “Encaminham pacientes pra cá, não conhecem o PSF, querem passar o problema pra frente”; “Ainda é complicado o usuário não sabe que aqui não tem especialista. Acham que a enfermeira é a ginecologista”; “Esta unidade funciona há 25 anos, tínhamos muitas especialidades, há 10 anos somos do Saúde da Família, esta comunidade detesta o PSF,reclamam muito, preferem os especialistas”; “Conhecemos como funciona o sistema, mas nosso contato é com o HCT até o momento, porque a partir de dezembro passamos para a gestão da prefeitura e não mais da FESO”; “O paciente também usa o 0800 para marcar consulta, tem um dia para ligar e marcar para uma especialidade é difícil conseguir e marca para um ou dois meses”.

Quadro 3- Categoria – Conhecimento da complexidade da rede do SUS

Tema: Obstáculos à integralidade do cuidado.

4 - Você atende com freqüência os mesmos pacientes, por não controle da hipertensão

arterial?

Como você avalia o resultado e o cumprimento do plano de cuidado? (UBSF)

Categoria: Obstáculos à integralidade do cuidado (quadro 4).

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Os relatos das equipes de plantão mostram que alguns pacientes são conhecidos, e

atribuem ao reconhecimento por parte da população, que apesar da demora o quadro será

resolvido.

Enumeram como obstáculos a baixa cobertura do PSF e a baixa resolutividade da

atenção básica, assim como a necessidade de ampliação da rede secundária.

A falta da medicação padronizada na rede é um elemento de grande dificuldade,

porque leva o paciente a reduzir as doses ou a fracionar o comprimido para aguardar a

aquisição.

A dificuldade de agendamento, principalmente no nível secundário e também o

trabalho do PSF com agenda definida por dia da semana, sobrecarrega a emergência.

Pensam ser importante a conscientização da população quanto à dinâmica do serviço

de saúde.

Em um grupo um participante culpabiliza o paciente (não toma o remédio, não faz a

dieta ,porque querem aposentadoria),mas essa fala não é considerada pelo grupo.

A sobrecarga de trabalho, o número de famílias adscritas é maior do que o preconizado

pelo Ministério da Saúde, chegando em algumas equipes a quase cinqüenta por cento a mais,

a falta de expansão do PSF, faz com que em algumas unidades muitos pacientes fiquem fora

dos grupos e são apontados como fatores que prejudicam o resultado e o cumprimento do

plano de cuidado.

As equipes esperavam melhores resultados pelo trabalho que fazem, atribui ao hábito

cultural, a dificuldade financeira, a pobreza, o analfabetismo como algumas das causas dos

resultados que alcançaram ao longo dos nove anos.

Em um grupo a agente comunitária relata: “Aqui a pobreza é muito grande, tem áreas

muito carentes”. Fui a uma casa com 14 crianças pai e mãe presos, as crianças disseram que já

comeram churrasquinho de rato, como vamos orientar a alimentação?

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Um outro obstáculo é a falta de medicamentos padronizados em muitas unidades, que

estão até um ano sem alguns dos preconizados, a farmácia popular em alguns casos é uma

saída, mas mesmo com preços acessíveis a maioria não tem condições de comprar. O que leva

a redução das doses por economia. Um desrespeito ao usuário.

Categoria Grupo focal com as Equipes do HCTCO Grupo focal com as Equipes das UBSF

Exemplos de expressões/idéias Foco na rede de serviços Foco nas condições sócio-culturais

Obstáculos à

integralidade

do cuidado

“A cobertura do PSF é pequena 30%. Precisa ampliar também a rede secundária, porque os especialistas são poucos e ele tem dificuldade de ser absorvido pela rede”; “Há uma dificuldade efetiva do agendamento para especialidade”; “Há necessidade de ampliar a rede básica e que ela não funciona porque não atende a cobertura necessária”; “A população acha que o posto não resolve o seu problema ela quer resolutividade, mesmo que espere sabe que aqui será atendida”; “O problema é a rede básica”; “O paciente vai marcar consulta e demora até 02 meses pra conseguir o especialista”; “Acho que falta um esclarecimento a população que pode ser feito pelos meios de comunicação dizendo qual o papel do hospital e o do posto”; “A gente atende muito os mesmos pacientes, porque a rede está superlotada”; “Há colegas com dois vínculos que não cumprem a carga horária e não trabalham em nenhum dos dois lugares”; “Quanto mais tempo de casa, no SUS ele tem, mais fácil fica para ele conseguir não desempenhar sua função. Isso é insolúvel”; “Outro ponto é a baixa cobertura, tem que ampliar e torná-la resolutiva, com certeza ampliar a primária e a secundária”;

“Ocorrem dificuldades com pacientes mais idosos, tem muito analfabeto, moram no morro, tem que caminhar até a unidade, isso dificulta o acesso”; “E como pobre vai fazer dieta, a alimentação é um hábito cultural, para eles tem que ter “ sustância “; “A maioria acha que a medicação é o mais importante”; “Aqui a pobreza é muito grande, tem áreas muito carentes”; “Fui a uma casa com 14 crianças pai e mãe presos, as crianças disseram que já comeram churrasquinho de rato, como vamos orientar a alimentação?” “A falta de remédio é um problema estamos sem Metildopa há um ano, sem Enalapril há seis meses”; “Muitas vezes os pacientes cortam o comprimido em quatro para economizar com medo da falta e retorna com os níveis tensionais elevados”; “a dieta é difícil por questões financeiras e culturais. As pessoas podem comprar verduras e legumes, mas depois de 01 hora já estão com fome”;

Quadro 4 - Categoria – Obstáculos à integralidade do cuidado

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Categoria Grupo focal com as Equipes do HCTCO Grupo focal com as Equipes das UBSF

Exemplos de expressões/idéias Foco na rede de serviços Foco nas condições sócio-culturais

Obstáculos à

integralidade

do cuidado

“O paciente quando recebe alta deveria dar continuidade no ambulatório do médico que o acompanhou, mas não, é como se ele estivesse querendo se desfazer do paciente. “A saúde está um caos porque administração pública é ineficaz”.

“O acesso é difícil para quem mora no alto do morro, quanto mais perto da rua principal melhor o nível sócio econômico, quanto mais no alto do morro, mais carente e mais desinformado”.

Quadro 4 - Categoria – Obstáculos à integralidade do cuidado - continuação

8.5.2 - Construção das categorias a partir das falas dos grupos focais dos pacientes

hipertensos nas UBSF.

Tema – Referência e contra-referência

1 - Neste grupo quantos já foram ao PS por pressão alta? Clarear quanto aos sintomas que o

levaram ao PS. Teve dificuldade de marcar consulta na UBSF após ser liberado do PS?

Quanto tempo demorou a conseguir ser atendido na UBSF?

Categoria: Dificuldade de acesso ao Serviço de Saúde (quadro 5).

Os pacientes relatam que após a entrada no grupo de hipertensos, diminuíram as idas ao

PS, quando vão é por complicação hipertensiva.

Apontam que há facilidade de agendamento na unidade, conseguem marcar consulta no

máximo em uma semana, mas se tem um quadro agudo vão a unidade e são medicados, e se

não melhoram, são levados ao HCT, porque o posto de urgência nem sempre tem médico.

Encontram dificuldade para marcar com o especialista quando encaminhado pelo P.S e o 0800

não funciona.

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Categoria

Grupo focal com pacientes hipertensos nas UBSF

Exemplos de expressões e idéias Dificuldade para a rede secundária

Acessibilidade ao Serviço de saúde

“Depois que entramos no grupo não tivemos mais pico hipertensivo como antes, e

as idas ao PS foram diminuindo”;

“Não tem dificuldade para marcar consulta na unidade”;

“Antes quando era um posto comum era pior”;

“O 0800 é muito difícil”;

“O difícil é com o especialista, tem que marcar pelo 0800 e só tem um dia para

ligar”;

“Você fica o dia inteiro no telefone só dá ocupado e quando consegue marca para 2

– 3 meses”;

“Aqui na unidade a gente marca de uma semana para outra”;

Quadro 5 - Categoria – Dificuldade de acesso ao Serviço de Saúde Tema: Continuidade do cuidado 2 - Recebeu visita do Agente Comunitário de Saúde (ACS) após a liberação do Pronto Socorro

para saber sobre o motivo que o levou ao PS e como foi o seu atendimento lá?

Com que freqüência recebe visita do ACS? O que acha sobre essa visita?

Categoria: Intervenção do ACS (quadro 6).

Referem que a visita do ACS nem sempre acontece após as intercorrências, mas gostam

das visitas dos ACS, são regulares. Alguns relatam não receber a visita, apesar de freqüentar o

grupo e de quase não saírem de casa.

Entendem que a visita é para tirar dúvidas, levar remédios, receitas e encaminhamentos,

mas se precisarem sabem que podem vir direto a unidade.

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Categoria

Grupo focal com pacientes hipertensos nas UBSF

Exemplos de expressões/idéias

Limitaçao da intervenção

Intervenção

do

Agente

Comunitário

de Saúde

“O ACS não fez visita após a ida ao pronto socorro”;

“Recebo a visita com regularidade, até toda semana”;

“A visita é ótima, porque se tivessem essas preocupações com a gente eu não teria

infartado, eles tiram dúvidas, levam receita e o encaminhamento”;

“Não recebi visita do ACS e só voltei a UBSF no dia do grupo”;

“Não costumo receber visita dos agentes e não sinto falta, porque caso preciso de

alguma coisa venho ao posto”;

“Fui internada por AVC e depois da alta há um mês, o ACS já foi duas vezes a

minha casa”;

“A frequência da visita passa muitas vezes de um mês, de maneira geral é boa”;

“Perguntam se a gente está bem, levam o remédio da pressão”;

“Apesar de estar em casa nunca recebi visita do agente”;

Quadro 6 – Categoria - Intervenção do Agente Comunitário de Saúde

Tema: Orientação para o cuidado.

3- Recebeu alguma orientação no PS? ( ) sim ( ) não

Caso a resposta seja positiva, quais foram ?

( ) marcar consulta na UBSF

( ) usar a medicação de costume

( ) usar uma medicação nova

Recebeu alguma orientação quanto à mudança no hábito de vida? ( ) sim ( ) não:

( ) dieta ( ) caminhada ( ) redução do sal ( ) redução do açúcar ( ) redução do fumo

( ) redução do álcool

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Categoria: Cuidados integrais em saúde (quadro 7).

Quanto à liberação do pronto socorro alguns foram orientados quanto à alimentação e fumo.

Mantiveram a medicação padronizada em uso e foram orientados a procurar o posto de saúde

para continuar o tratamento.

Referem que a demanda na emergência é muito grande, por isso os médicos resolvem e

liberam, não dá para ficar conversando; reclamam que pacientes de outros municípios são

atendidos no pronto socorro, deixando sem vez os moradores de Teresópolis. Em contrapartida

relatam que quando necessitam de internação é diferente, tudo é bem orientado, todos os

exames são realizados.

Categoria

Grupo focal Com pacientes hipertensos das UBSF

Exemplos de expressões/idéias

Priorização da medicalização e limitação quanto às mudanças nos hábitos de vida

Cuidados Integrais em Saúde Medicalização e Hábitos de vida

“Quando fui ao PS recebi orientação para diminuir o sal e para procurar o posto de saúde para

tratamento da pressão”;

“Mas as mudanças na alimentação e no exercício começaram depois que entrei para o grupo de

hipertenso, foi de forma lenta”;

“A gente só muda o sal e a gordura, não a qualidade dos alimentos”;

“Nós sabemos que é importante, mas não fazemos atividade física”;

“Fui internada por AVC e na alta do hospital sai com tudo explicado, dieta, remédio, não tenho

do que reclamar”;

“Acho o pronto socorro muito confuso eles medicam e querem mandar a gente embora”;

Outro se coloca e opina que “a demanda é muito grande, não dá para ficar conversando, tem

que resolver e liberar”;

“Mas quando interna é diferente todo mundo dá atenção, fiz todos os exames e saí orientado”;

“Quando fui lá falaram da comida e passaram o remédio que tinha no posto”;

“Recebi orientação ao ser liberado do pronto socorro que foi marcar consulta na UBSF, e a

medicação”;

“Quase não orientam quanto às mudanças da comida e exercício”;

“Me pediram para diminuir o fumo”.

Quadro 7 - Categoria – Cuidados integrais a saúde

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Tema: Obstáculos à integralidade do cuidado.

4 - Identificar os obstáculos à integralidade do cuidado presentes no HCTCO / UBSF.

Seguiu as recomendações que recebeu no PS?

Caso a resposta seja negativa, por que não seguiu as orientações recomendadas?

Categoria: Obstáculos à integralidade do cuidado (quadro 8).

Os grupos apontam como problemas à falta de medicação nas unidades que dificulta o

controle da pressão arterial, somado a dificuldade para fazer dieta por questões financeiras,

acabam tendo que fazer mais de uma refeição por dia, as comidas são leves, seguem então a

orientação para a redução do sal.

Encontram dificuldade para marcar com especialistas quando há necessidade, o sistema

de marcação é muito complicado.

Relatam em sua maioria que a medicalização é o que predomina nas orientações.

A falta de marcação de consultas a partir do hospital tanto para o especialista quanto

para as UBSF, dificulta o seguimento principalmente em relação aos especialistas.

Caso ocorra a perda do encaminhamento para o especialista, não se consegue marcar a

consulta.

Categoria Grupo focal com pacientes hipertensos das UBSF Exemplos de expressões/idéias Dificuldades de acesso e de medicamentos

Obstáculos à integralidade do cuidado

“O problema é que falta muito remédio, fica tempo sem ter e aí a gente graças a Deus tem a farmácia popular que é baratinha”; “O problema não é deste posto, é que falta remédio pra todo mundo, os outros postos também não tem”;

“Fazer dieta não é fácil, mas hoje aqui no grupo a gente sabe que tem que comer muita salada, pouco óleo, tirar o sal e também fazer exercício”; “Mas agente não faz, já teve um grupo que fazia, mas hoje não tem mais”; “Eu frequento academia, sou viúva e com a pensão do marido eu posso pagar por isso”; “Mesmo estando em casa o ACS nunca foi lá”; “Difícil é marcar com o especialista”; “Pelo 0800 só tem um dia para ligar, você fica o dia inteiro no telefone só dá ocupado e quando consegue marca é para 2 – 3 meses”; “O pronto socorro atende gente de outros lugares e o pessoal de Teresópolis fica sem vez”; “O sistema de marcação é muito complicado”.

Quadro 8 - Categoria – Obstáculos à integralidade do cuidado

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8.5.3 - Construção das categorias a partir das entrevistas semi – estruturadas no

HCTCO

Tema – Referência e contra-referência

O paciente veio encaminhado da UBSF ou por outro serviço?

Participa do grupo de hipertensos?

Qual o motivo que o trouxe ao Pronto Socorro? Caso seja de área adscrita e não tenha vindo

referenciado, porque não procurou o PSF?

No último mês foi atendido no Pronto Socorro e porque motivo?

No último ano veio ao Pronto Socorro pelo mesmo motivo e ficou em observação em algum

momento?

Categoria: Acessibilidade ao Serviço de Saúde (quadro 9).

Apesar de apenas um terço dos entrevistados não participar dos grupos de hipertensos

nas UBSF, este mesmo número corresponde aos pacientes que vieram referenciados das

unidades. Dois terços procuraram o PS por demanda espontânea. Dois terços dos

entrevistados não procuraram o serviço no último mês e os que o fizeram foram por

complicações hipertensivas. Porém no último ano dois terços procuraram o P.S os motivos

foram variados incluindo a hipertensão arterial na maioria.

Categoria Entrevista semi-estruturada com pacientes hipertensos no HCTCO Exemplos de expressões/idéias Facilidade pela demanda espontânea

Acessibilidade

ao Serviço

de Saúde

“Veio por conta própria sem encaminhamento”;

“Passou mal e veio direto para o pronto socorro”;

“O Posto sempre manda procurar o HCT”;

“Foi encaminhada pelo PSF”;

“O posto de urgência nem sempre tem médico”;

Quadro 9 – Categoria – Acessibilidade ao Serviço de Saúde

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Tema: Orientação para o cuidado.

Ao ser liberado recebeu algum tipo de orientação?

Em caso de resposta afirmativa, a orientação foi dada de forma clara e por escrito?

O que foi orientado? Deixar a resposta aberta, usar o roteiro para sua condução.

( ) marcação de consulta com especialista – teve que marcar ( ) ou foi agendado ( )

( ) marcação de consulta na Unidade Básica de Saúde da Família -teve que marcar ( ) / foi

agendado ( )

( ) recebeu uma receita

( ) orientação quanto a mudança no hábito de vida ( ) outros-descreva

Categoria: Cuidados integrais em saúde (quadro 10).

Na entrevista semi-estruturada no hospital praticamente todos receberam orientação,

principalmente em relação a ingesta de sal, gordura, ao fumo e a prática de exercícios.Não

tiveram orientação quanto à reeducação alimentar no que se refere à alimentação com base nas

verduras e legumes.Apenas um não foi orientado quanto a mudanças no hábito de vida.

Foram orientados a retornar a unidade ou a marcar consulta com especialista, porém

apenas dois tiveram o agendamento realizado a partir do pronto socorro. Foi mantida a

medicação em uso com a padronização da rede.

Categoria Entrevista semi – estruturada com pacientes hipertensos no setor do acolhimento e emergência do HCTCO Exemplos de expressões/idéias Priorização dos encaminhamentos, manutenção da medicação e pouca orientação quanto as mudanças nos hábitos de vida.

Cuidados Integrais em Saúde Medicalização e Hábitos de vida

“A orientação foi em relação a parar de fumar”; “Mandaram marcar consulta com especialista vascular”; “Recebi uma receita e falaram dos exercícios, diminuição do sal e gorduras”. ‘ Falaram sobre os remédios" ; “Não recebi nenhuma informação”; “Fui encaminhada ao cardiologista e ao pneumologista”; “Fui orientado quanto à alimentação e medicamentos”; “Agendaram a consulta com especialista” “Recebi orientação, quanto à fisioterapia, ao uso temperos e ao uso de adoçante”;

Quadro 10– Categoria - Cuidados Integrais em Saúde - medicalização e hábitos de vida

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Tema: Obstáculos à integralidade do cuidado.

Ao ser liberado recebeu algum tipo de orientação?

Em caso de resposta afirmativa, a orientação foi dada de forma clara e por escrito?

O que foi orientado? Deixar a resposta aberta, usar o roteiro para sua condução.

Seguiu as recomendações que recebeu no PS?

Caso a resposta seja negativa, por que não seguiu as orientações recomendadas?

Categoria: Obstáculos à integralidade do cuidado (quadro 11).

Na entrevista praticamente.Não tiveram orientação quanto à reeducação alimentar no que se

refere à alimentação com base nas verduras e legumes.. Foram orientados a retornar a unidade

ou a marcar consulta com especialista, porém apenas dois tiveram o agendamento realizado a

partir do pronto socorro.

Categoria

Entrevista semi – estruturada com pacientes hipertensos no setor do acolhimento e emergência do HCTCO Exemplos de expressões/idéias Restrição no acesso e orientação

Obstáculos a integralidade do cuidado

“Perdi o encaminhamento e não consegui agendar a consulta”;

“Não recebi orientação para continuar o tratamento”;

“Não saí com a consulta marcada, tive que agendar pelo 0800”;

“Mandaram continuar o tratamento na UBSF, mas tive que marcar a consulta”;

“Recebi uma receita e orientação quanto à mudança do sal e gordura”;

Quadro 11 – Categoria - Obstáculos à integralidade do cuidado

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Grupos Focais com as equipes de profissionais do HCTCO e UBSF Sub categorias

Categorias

Concordância Total Concordância Parcial Divergência Total

Valorização do

Instrumento de referência e contra-

referência

HCTCO Identificou-se que três grupos não utilizam o instrumento próprio, usam apenas o receituário citando o local para onde encaminha o paciente. UBSF Todas as quatro equipes valorizam o instrumento e protocolam a referência.

HCTCO Um grupo aponta que agora está utilizando o instrumento próprio e percebe a importância do preenchimento.

Não houve

Cuidados integrais em saúde

HCTCO Os quatro grupos percebem a importância da orientação a saúde não apenas medicamentosa, mas ressentem-se pela dificuldade em realizá-la em função da sobrecarga de trabalho,se preocupam em iniciar ou manter a medicação padronizada da rede de saúde. UBSF Os quatro grupos orientam quanto às mudanças no hábito de vida e a medicação nos gruposdehipertensos,mas sentem-se frustrados com os resultados obtidos.

UBSF Um grupo tem a percepção que a comunidade não conhece o papel do agente, o que muitas vezes limita o cuidado.

Não houve

Conhecimento da complexidade da

rede do SUS

HCTCO Dois grupos desconhecem a rede e a hierarquização do sistema

HCTCO Os outros dois demonstram conhecer a rede de serviços, mas reconhecem a atenção primária apenas como sendo o PSF.

Não houve

Obstáculos à integralidade

HCTCO É unânime o reconhecimento quanto à necessidade em ampliar a cobertura do PSF e a sua resolutividade. Todos os grupos entendem que o nível secundário está estrangulado demonstrado na dificuldade de agendamento para o especialista. Os grupos apontam a falta da medicação padronizada na rede como um obstáculo. Defendem um maior esclarecimento a população sobre o papel do hospital,assim como da atenção básica. UBSF Todos os grupos apontam as questões sócio-culturais como obstáculos aos limites dos resultados alcançados ao longo de nove anos de trabalho , a pobreza, a fome o analfabetismo, o acesso geográfico ,o hábito cultural.

HCTCO Um grupo ressalta a agenda do PSF definida por dia da semana, também como um entrave. UBSF Dois grupos apontam a sobrecarga de trabalho, o número de famílias adscritas, maior do que o preconizado como um obstáculo ao cuidado.

UBSF Não aparece neste tema a organização da rede de serviços. As dificuldades apontadas pelas equipes quando discutem o conhecimento da rede do SUS,não retornam como obstáculos. Remetem-se claramente as questões principalmente sócio-culturais como os maiores entraves que encontram para o cuidado integral

Quadro12 – Análise final dos resultados relativos aos quatro grupos focais realizados com as equipes dos profissionais do HCTCO e UBSF

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Grupos Focais com os pacientes hipertensos das UBSF Sub categorias

Categorias Concordância Total

Concordância Parcial

Divergência Total

Acessibilidade ao Serviço de Saúde

Todos os grupos ressaltam a dificuldade no agendamento pra especialistas. Não apontam dificuldades para agendamento nas unidades básicas. Os grupos relatam que após a entrada nos grupos de hipertensos ,reduziram as idas ao Pronto Socorro.

Não houve

Não houve

Intervenção do Agente comunitário de saúde

Os três grupos demonstram interesse nas visitas dos ACS.

Dois grupos apontam a não regularidade da visita e um o não acompanhamento após alta hospitalar.

Não houve

Cuidados integrais em saúde

Os três grupos apontam que foram orientados no HCTCO quanto a manutenção da medicação em uso. Todos percebem o limite a orientação quanto aos hábitos de vida e atribuem a dificuldade a demanda da emergência. Recebem orientação para procurar a unidade de origem.

Não houve

Não houve

Obstáculos à integralidade do cuidado

È unânime a falta de medicamentos na rede. A dificuldade de reeducar a alimentação que passa pela questão financeira, comidas leves é igual aumentar o número de refeições. Dificuldade no agendamento para as especialidades. Todos os grupos apontam que o sistema de marcação de consultas é muito complicado e que o 0800 não funciona.

Não houve

Não houve

Quadro 13 – Análise final dos resultados relativos aos três grupos focais realizados com os pacientes hipertensos das UBSF.

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Entrevistas semi-estruturadas realizadas com nove pacientes hipertensos no HCTCO. Sub categorias

Categorias Concordância Total

Concordância Parcial

Divergência Total

Acessibilidade ao Serviço de Saúde

Seis entrevistados tiveram acesso à emergência por demanda espontânea. Todos referem dificuldade em agendar consultas com o especialista quando encaminhados pelo PS. A maior parte dos entrevistados,seis, participam dos grupos de hipertensos nas UBSF. No último ano seis entrevistados foram ao PS por complicações hipertensivas.

Não houve

Três entrevistados foram referenciados pelas unidades. Três entrevistados não participam dos grupos

Cuidados integrais em saúde

Oito dos entrevistados receberam orientação quanto a ingesta de sal, gordura, fumo e a prática de exercícios. Manteve-se a medicação em uso de acordo com a padronização da rede. Foram orientados ao retorno a unidade e dois foram encaminhados ao especialista,sendo que um saiu com a consulta agendada.

Um entrevistado não recebeu orientação quanto a mudanças no hábito de vida, mas foi orientado quanto a medicalização.

Não houve

Obstáculos à integralidade do cuidado

Falta de marcação de consultas a partir do hospital para as especialidades e para as unidades dificulta o seguimento principalmente para os especialistas

Não houve

Quadro 14 – Análise final dos resultados relativos as entrevistas semi-estruturadas

realizados com os pacientes hipertensos no HCTCO.

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9 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebe-se a partir da análise dos resultados, que identificado os obstáculos

existentes que limitam a garantia do acompanhamento e a qualidade da atenção integral para

alcançar a continuidade do cuidado, pode-se tirar algumas conclusões.

O primeiro objetivo buscou discutir a referência e contra-referência, no que diz

respeito à hierarquização do sistema e a equidade. O sistema de saúde no município de

Teresópolis encontra-se desorganizado sendo que a atenção básica não cumpre o seu papel

como principal porta de entrada e a baixa cobertura de 32% da população, sem expansão nos

últimos nove anos, limita o acesso do usuário ao sistema.

O problema se torna mais evidente quando se refere ao nível secundário. O número de

consultas em especialidades é insuficiente perante as necessidades da população usuária do

sistema, haja vista os relatos das equipes e pacientes das dificuldades encontradas para o

agendamento com especialistas. O sistema de marcação de consulta conhecido como 0800,

não funciona, a dificuldade para conseguir completar a ligação, um único dia para marcar para

determinada especialidade e a demora na marcação muitas vezes leva ao esquecimento da

consulta.

O hospital por sua vez encontra-se com sua emergência superlotada, não só de

urgência/emergência, mas com casos ambulatoriais, que deveriam estar sendo absorvidos pela

atenção básica, e que são atendidos pela equipe do acolhimento e deveriam ter garantido a

contra-referência para a rede, que, por sua vez, não garante a contra-referência, como

mostrado nos resultados, por falta de conhecimento das equipes da complexidade do SUS,

pela sobrecarga de trabalho, por não valorização do instrumento próprio, que foi elaborado e

implantado no decorrer do ano de 2008, e que tem como objetivo detalhar o motivo do

atendimento, as orientações e o destino do paciente.

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Faz-se necessário valorizar o acolhimento do setor de emergência do HCTCO, essa

porta de entrada só ganha sentido se a entendemos como uma passagem para o acolhimento

nos processos de produção de saúde, como apontado na Cartilha do PNH (2006), é preciso

restabelecer, o princípio da universalidade do acesso e a responsabilização dos serviços pela

saúde dos cidadãos, com a qualificação de escuta, construção de vínculo, garantia do acesso e

resolutividade nos serviços.

Construímos no setor do acolhimento dois instrumentos, com o objetivo de garantir a

continuidade do cuidado, um formulário azul, destinado aos pacientes que buscam o pronto

socorro, mas que na classificação de risco por cores, são classificados pela cor azul,

considerados ambulatoriais, são acolhidos pela equipe, mas podem aguardar atendimento. O

formulário do setor de emergência é branco, está disponível em todas as salas de atendimento

e deveria ser preenchido pelas equipes, mas entendemos que são dificuldades que fazem parte

do processo de reestruturação deste setor (ANEXO III).

Em relação as UBSF, e unanimidade entre as equipes o preenchimento da referência,

mas percebe-se que para o hospital, o uso do formulário próprio não era preconizado pela

gestão, o que nos faz entender que o hospital é percebido como fora da rede, apesar de ser o

único hospital em Teresópolis, que apesar de ser privado e de ensino atende a 100% das

emergências e a aproximadamente 70% das internações do SUS, o que faz dessa postura um

contra senso.

Quanto ao segundo objetivo que pretende verificar junto ao paciente, se no

instrumento de contra-referência constam às informações e recomendações pertinentes, a

partir dos protocolos existentes com base no consenso da Hipertensão Arterial; vale ressaltar

que todas as equipes reconhecem a importância do cuidado integral à saúde, mas por força das

circunstâncias em que se encontram, principalmente pela sobrecarga da emergência não

conseguem ir muito além da medicalização, são sensíveis à dificuldade financeira dos

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pacientes e mantém a preocupação de prescrever os medicamentos padronizados e se

ressentem pela falta de tempo que não permite que façam uma abordagem mais ampla e

profunda.

Faz-se necessário ressaltar que o desconhecimento da rede local e da hierarquização

do sistema também é um grande dificultador para se alcançar à integralidade, será que cabe

questionar o não pertencimento de algumas equipes ao serviço a que estão vinculadas e

também ao sistema de saúde?

Outro ponto fundamental entendido como obstáculo para atingir a integralidade é a

racionalização da oferta de medicamentos, é mais um desrespeito ao cidadão o não

abastecimento da farmácia básica por até um ano, como relatado pelas equipes de saúde da

família, reforçado pelas equipes do hospital e usuários do sistema, que fracionam as doses,

conscientes que estão utilizando subdoses, mas que o fazem na tentativa de estarem bem, por

mais algum tempo, apesar das adversidades.

Chama a atenção no quarto e último objetivo, a identificação dos obstáculos a

integralidade do cuidado, a marcante diferença na abordagem entre as equipes do hospital e as

do Programa de Saúde da Família. No hospital o foco principal apontado foi à desorganização

da rede de serviços do município, a dificuldade de agendamento principalmente para o nível

secundário, a falta de articulação com as unidades de saúde da família, a baixa cobertura e

resolutividade do PSF, a falta de medicação padronizada.

Enquanto nas equipes de saúde da família os obstáculos identificados têm como foco

principal às condições sócio-econômicas da população, a pobreza, a fome, o analfabetismo, a

dificuldade no acesso geográfico para alguns pacientes idosos, o que fala a favor da maior

proximidade do contexto de vida, do mundo real, por estarem literalmente dentro da

comunidade. Estas equipes apontam ainda a sobrecarga de trabalho, porque atuam com um

número de famílias adscritas maior do que o preconizado pelo Ministério da Saúde.

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Como se viu há necessidade de expansão do PSF com resolutividade, há uma grande

dificuldade de acesso da população a consultas especializadas, a sobrecarga do setor de

emergência é uma realidade, assim como a irregularidade de abastecimento da farmácia

básica do município,

Alcançar a integralidade do cuidado pressupõe que se deva promover mudanças nas

práticas dos serviços, que tenha como princípios éticos à defesa e a conquista de uma vida

digna de ser vivida, como disse o poeta cantador Milton Nascimento: “Há que se cuidar do

broto para que a vida nos dê flor e fruto”.

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APÊNDICE I

ROTEIRO PARA REALIZAÇÃO DO GRUPO FOCAL COM AS EQUIPE DO

ACOLHIMENTO, DO PRONTO SOCORRO E DAS UBSFs .

1) Atuação na Equipe:

( ) Médico ( ) Enfermeiro ( ) Assistente Social ( ) Técnico de Enfermagem

( ) Estudante de Medicina ( ) Auxiliar de Enfermagem ( ) Agente comunitário

( ) Recepcionista- UBSF

2) Quais são as medidas que você entende e recomenda que paciente hipertenso que você

atendeu deva ter para seu cuidado?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

3) Como você encaminha e como você recebe este paciente para estabelecer o plano de

cuidado?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

4) Você atende com freqüência, os mesmos pacientes, por não controle da hipertensão?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

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(A pergunta nº 5 somente para a Equipe do PSF)

5) Como você avalia o resultado e o cumprimento do plano de cuidado?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

6) Conhece os serviços que fazem parte da rede do SUS no Município de

Teresópolis?Pedir para descrever.

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

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APÊNDICE II

ROTEIRO PARA REALIZAÇÃO DO GRUPO FOCAL COM OS PACIENTES

HIPERTENSOS NAS UBSFs

1) Neste grupo quantos já foram ao PS por pressão alta? Clarear quanto aos sintomas que o

levaram ao PS.

2) Teve dificuldade de marcar consulta na UBSF após ser liberado do PS?

3) Quanto tempo demorou para conseguir ser atendido na UBSF?

( ) menos de uma semana ( ) uma semana ( ) 15 dias ( ) um mês ou mais

4) Recebeu visita do Agente Comunitário de Saúde (ACS) após a liberação do Pronto Socorro

para saber sobre o motivo que o levou ao PS e como foi o seu atendimento lá?

( ) sim ( )não

5) Com que freqüência recebe visita do ACS?

( ) 15/15 dias ( ) mensal ( ) raramente ( ) nunca ( ) outros-------------------------

O que acha sobre essa visita?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

6) Recebeu alguma orientação no PS? ( ) sim ( ) não

Caso a resposta seja positiva, quais foram?

( ) marcar consulta na UBSF

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( ) usar a medicação de costume

( ) usar uma medicação nova

Recebeu alguma orientação quanto à mudança no hábito de vida? ( ) sim ( ) não:

( ) dieta ( ) caminhada ( ) redução do sal ( ) redução do açúcar ( ) redução do fumo

( ) redução do álcool

7) Seguiu as recomendações que recebeu no PS? ( ) sim ( ) não

Caso a resposta seja negativa responderá a pergunta de número 8.

8) Por que não seguiu as orientações recomendadas?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

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APÊNCICE III

ROTEIRO DA ENTREVISTA SEMI – ESTRUTURADA REALIZADA NO SETOR DE

EMERGÊNCIA DO HCTCO

1)Sexo: masculino___ feminino___

2) Data de nascimento: ________________________

3) UBSF a que pertence: ________________________________

4) O paciente veio encaminhado da UBSF ou por outro serviço?

Descreva________________________________________________________

5) Qual o motivo que o trouxe ao Pronto Socorro? Caso seja de área adscrita e não tenha vindo

referenciado, porque não procurou o PSF?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

6) No último mês foi atendido no Pronto Socorro e porque motivo?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

7) No último ano veio ao Pronto Socorro pelo mesmo motivo e ficou em observação em algum

momento? Se sim, responderá a pergunta de número 8.

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

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8) Ao ser liberado recebeu algum tipo de orientação? ( ) sim ( ) não

Se a resposta for afirmativa responderá a de número 9

9) Em caso de resposta afirmativa, a orientação foi dada de forma clara e por escrito?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

10) O que foi orientado? Deixar a resposta aberta, usar o roteiro para sua condução.

( ) marcação de consulta com especialista – teve que marcar ( ) ou foi agendado ( )

( ) marcação de consulta na Unidade Básica de Saúde da Família - teve que marcar ( ) ou foi

agendado ( )

( ) recebeu uma receita

( ) orientação quanto a mudança no hábito de vida

( ) outros – descreva

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APÊNDICE IV

TRANSCRIÇÃO DOS GRUPOS FOCAIS E DAS ENTREVISTAS SEMI-

ESTRUTURADAS.

EQUIPES DO HCTCO

RETORNO AOS OBJETIVOS ESPECÍFICOS E AO ROTEIRO

1. Identificar o local de origem e analisar junto às equipes a forma de referência e contra-

referência do usuário com HAS ao Pronto Socorro acerca das informações para o atendimento

e as recomendações para a continuidade do cuidado do paciente.

Como você recebe e o encaminha o paciente para estabelecer o plano de cuidado?

EQUIPE DE SEGUNDA-FEIRA HCTCO 2 médicos 7 anos de formados , 01 enfermeiro

com 6 meses de formado e 01 técnico com 2 anos e meio de atuação no PS.

As orientações quanto à referência e contra-referência agora estão sendo ajustadas, o

médico coloca que ”normalmente referencia, mas a contra-referência não chega”. E o outro

colega interrompe e diz que é o contrário e explica o que é referência e contra-referência e

completa dizendo que antigamente se fazia a contra-referência no receituário e agora é que

está sendo usado o instrumento próprio.

EQUIPE DE TERÇA-FEIRA DOIS MÉDICOS COM 12 ANOS DE FORMADOS

ATUANDO 11 E 5 ANOS NO PS, 01 ENFERMEIRO 01 INTERNO DE MEDICINA.

Os pacientes hipertensos que chegam ao pronto socorro vem por demanda espontânea

para receber um tratamento a fim de reduzir os níveis pressóricos. Após atendimento é

liberado para ambulatório, não temos o hábito de preencher o formulário de contra-referência,

nem nós nem o posto, até porque o movimento é alto e não permite o preenchimento e

também porque quando o instrumento de referência é enviado não relata a história, vem só

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encaminhando ao HCT.

EQUIPE DE QUARTA-FEIRA DOIS MÉDICOS COM 30 ANOS DE FORMADOS HÁ

MAIS DE 20 ANOS NO PS UM ENFERMEIRO COM 6 MESES DE FORMADO E 3

INTERNOS DE MEDICINA.

A maior parte vem por meios próprios e quando vem encaminhado não tem papel

próprio e nós também encaminhamos em receituário, o médico relata que como é

cardiologista “encaminha de mim pra mim” e aí consegue resolver uma grande quantidade de

consultas . Como os dois médicos têm muito tempo de formado e também atendem na rede

municipal e são anunciados na rádio local os plantões, são procurados nos plantões por muitos

pacientes, relatam que levam para o plantão uma bolsa cheia de remédios padrão A e que

beneficiam alguns pacientes por muito tempo e tem a preocupação de dar continuidade na

rede.A demanda é grande a gente freia e avisa que não é bem assim.

Encaminho para o posto mais perto da residência porque a proximidade deve ser

considerada e mando para o ambulatório do especialista com um intervalo maior. Acho que

nós consideramos pouco a vontade do paciente, às vezes ele não gosta do posto que fica perto

da sua residência então é melhor ele estabelecer vínculo mesmo que seja em um posto mais

distante.

90% dos pacientes são oligossintomáticos, quando abrem o quadro clínico vem para o

os por uma complicação, ele não faz acompanhamento, vem por aumento da pa, diagnosticada

na farmácia ou por algum parente. O enfermeiro relata que chegou um paciente com queixa

ortopédica e ao ser examinado a PA era 250x150mmHg significa que se tivéssemos olhado só

para o membro inferior do paciente ele teria saído com a PA elevada. Só descobre às vezes no

momento da complicação e às vezes a queixa é vaga, isso mostra que no PS tem que ser

ouvido como um todo.

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ESTUDO PILOTO

EQUIPE DE QUINTA-FEIRA HCTCO 2 médicos plantonista com 7 e 2 anos de

formado, 1 enfermeiro diarista com 06 meses de formado e 1 técnico plantonista com 2

anos e meio de atuação.

A maioria dos pacientes vem direto para o HCTCO sem passar por atendimento de

serviço primário, independente se há cobertura ou não de PSF onde moram.

Quando a referência é feita é de forma errada, sem o instrumento próprio. È rara a

realização de referência para encaminhamento dos pacientes para o HCT, mas quando é feita

é para o paciente com real necessidade.

Nossa equipe também não usa o instrumento certo, encaminha mais no receituário.

EQUIPE DE SEXTA-FEIRA

Relatam que só procuram a rede quando passam mal, são compensados, retornam a

casa, mas não fazem o acompanhamento ou usam a medicação de forma irregular. Vem ao

hospital quando estão descompensados, eles correm do atendimento porque acham que o

médico vai brigar se eles comeram churrasco ou tomaram cerveja, às restrições colocadas

funcionam muitas vezes como uma barreira.

Encaminhamos ao local da sua região ele deve procurar a unidade onde é cadastrado,

porém temos áreas que não tem cobertura, enquanto isso bem próximo a sua residência já tem

uma área sobrecarrega, e aí eles buscam o HCT e retornam outras vezes porque não

conseguem agendar consulta.

2 - Verificar junto ao paciente, se no instrumento de contra-referência constam as informações

e recomendações pertinentes, a partir dos protocolos existentes com base no consenso da

Hipertensão Arterial;

Quais são as medidas que você entende e recomenda para que o paciente hipertenso que

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você atendeu deva ter para seu cuidado?

EQUIPE DE SEGUNDA-FEIRA

O acolhimento identifica o paciente hipertenso e questiona se faz acompanhamento ou

não, se usa medicação ou não e se pertence a UBSF. Se já usa medicação regular mantemos a

mesma. Quando o paciente é liberado não ajustamos a dose, solicitamos que retorne a

Unidade de origem, mas não trocamos a medicação. Se ele não usa nada a gente medica pra

casa.

Perguntamos sobre outras abordagens terapêuticas, mas a demanda não permite que a

orientação quanto à dieta, exercício seja feita, perguntamos mais para o diabético. Parar para

orientar é inviável, agente não é enfático nas medidas preventivas, só quando é muito

explícito você fala, comenta, mas não é o suporte principal. È uma pena, mas às vezes já é

difícil examinar quanto mais enfatizar isso.

EQUIPE DE TERÇA-FEIRA

Primeiro agente avalia faz o tratamento inicial para reduzir a PA. Aproveitamos o

momento para orientar os pacientes quanto à maneira correta de se realizar o tratamento, que

muitas vezes a doença é assintomática, que não se deve tomar o remédio só quando sente

alguma coisa, deve a manter a medicação mesmo quando a PA está normal. Geralmente são

mal orientados, o médico prescreve Captopril de oito em oito horas e o paciente toma 8h da

manhã e 8h da noite. Orientamos que realizem tratamento não medicamentoso também, como

dieta, e temos a preocupação de receitar medicamentos oferecidos pela rede, nossa clientela

em 99% não tem condições de comprar remédios já sai com a receita em duas vias.

EQUIPE DE QUARTA-FEIRA

Fazemos orientação dietética, medicamentosa e orientamos ao acompanhamento

ambulatorial, ele tem hipertensão não pode comprar a medicação, ou a receita perdeu a

validade, às vezes ele vem só para conseguir o medicamento, não consegue marcar consulta e

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não tem condições financeiras para comprar. Preocupam-se em prescrever medicamentos

padronizados na rede, quando há falta da medicação na rede percebe-se o aumento do número

de atendimentos.

PILOTO - EQUIPE DE QUINTA-FEIRA

È questionado se faz tratamento com uso de medicação, qual e que posologia.

Dependendo da situação prescreve-se para casa, além do tratamento para o pico hipertensivo.

Geralmente não se orienta quanto à dieta e /ou exercício físico devido ao alto fluxo de pessoas

atendidas no PS. Foge a regra casos graves com PA muito elevada. Há preocupação de

prescrever remédios disponíveis na rede pública. É discutida com o paciente a necessidade de

fazer determinada conduta e não simplesmente o que o paciente deseja em relação a pedidos

de exame ou prescrição farmacológica.

EQUIPE DE SEXTA-FEIRA

Geralmente tem que fazer uso do que têm na rede, os pacientes não conseguem

comprar outros medicamentos mais caros como Losartan, porque estão desempregados,

ganham pouco e tem que usar o Captopril e Metildopa. Às vezes tem paciente que não cumpre

a dieta ou não faz o acompanhamento.

3. Analisar a operacionalização da integralidade através da continuidade do cuidado;

Conhece os serviços de saúde que fazem parte da rede do SUS no município de

Teresópolis? Pedir para descrever.

EQUIPE DE SEGUNDA-FEIRA

A equipe acha que falta boa vontade dos profissionais, mas que eles têm a

compreensão e o conhecimento da rede do SUS.

EQUIPE DE TERÇA-FEIRA

Não sabem como funciona a rede em Teresópolis acham que deveria ser assim: acabou

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a urgência, o posto dá seqüência, costumam encaminhar para o posto mais próximo a

residência. Acreditam que tem postos nos bairros, não sabem se os ambulatórios de

especialidades são só da FESO ou são da Prefeitura também. Apontam que no RJ tem as UPA

que aqui não tem e como a atenção básica não é resolutiva a população procura não na fase

preventiva e sim na curativa.

EQUIPE DE QUARTA-FEIRA

È complicado isso aí, os alunos são questionados por um dos médicos e não

conseguem responder, desconhecem o que é atenção secundária e a hierarquização da rede,

mas depois os médicos e o enfermeiro definem a hierarquização da rede e mostram que

conhecem os serviços oferecidos.

PILOTO - EQUIPE DE QUINTA-FEIRA

Conhecemos os setores que fazem parte do SUS no setor primário tem o PSF, no

secundário CEMUSA, Bonsucesso e CES e terciário o HCT.

EQUIPE DE SEXTA-FEIRA

Conhecem parcialmente a rede, relatam que os postos têm como objetivo a promoção

e prevenção, mas apontaram que algumas mudanças deveriam ser feitas, como a ampliação da

cobertura do PSF, melhoria dos salários e das condições de trabalho.

4. Identificar os obstáculos à integralidade do cuidado presentes no HCTCO / UBSF

Você atende com freqüência os mesmos pacientes, por não controle da hipertensão?

Como você avalia o resultado e o cumprimento do plano de cuidado? (UBSF)

EQUIPE DE SEGUNDA-FEIRA

Já conhecemos alguns pacientes, ele retorna porque a cobertura do PSF é pequena

30%. Precisa ampliar também a rede secundária, porque os especialistas são poucos e ele tem

dificuldade de ser absorvido pela rede.

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A população acha que o posto não resolve o seu problema, ela não sabe o que é

urgência, emergência, referência, contra referência, ela não tem a menor idéia, ela quer

resolutividade, mesmo que espere sabe que aqui será atendida. Há uma dificuldade efetiva do

agendamento. A equipe entende que há necessidade de ampliar a rede básica e que ela não

funciona porque não atende a cobertura necessária.

EQUIPE DE TERÇA-FEIRA

Muitas vezes os pacientes não tomam a medicação corretamente para economizar no

número de pílulas a serem tomadas por causa da falta de medicamentos na rede. Os pacientes

que retornam diversas vezes, em sua maioria, é por falta de medicamentos ou para trocar

receitas, A maioria dos pacientes já são conhecidos, não conseguem o remédio ou não

conseguem marcar o ambulatório da especialidade e aí fica difícil agente não atender.

O problema é a rede básica, se o posto tivesse como fazer o atendimento da

comunidade do local em que está instalado e resolvesse, seria ótimo, seria mandado para cá só

os pacientes mais graves, o movimento diminuiria e teria mais qualidade. O paciente vai

marcar consulta e demora até 02 meses pra conseguir o especialista. A questão também é

cultural, o paciente sabe que aqui será atendido. Acho que falta um esclarecimento a

população que pode ser feito pelos meios de comunicação dizendo qual o papel do hospital,

do posto.

EQUIPE DE QUARTA-FEIRA

O paciente reclama da falta de médicos, a gente atende muito os mesmos pacientes,

porque a rede está superlotada, há colegas com dois vínculos que não cumprem a carga

horária e não trabalham em nenhum dos dois lugares, estão em cargos de chefia, auditoria,

tem duas matrículas e quanto mais tempo de casa (no SUS) ele tem mais fácil fica para ele

conseguir não desempenhar sua função. Isso é insolúvel. Outro ponto é a baixa cobertura, tem

que ampliar e torná-la resolutiva, com certeza ampliar a primária e a secundária, não sabem se

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é aumentar o número de médicos ou pagar melhor, porque pagam muito mal, faz com que as

pessoas façam seus horários rápidos para ganhar dinheiro em outro lugar e o gestor não

cobra, porque ele não contrata outro.

O concurso público não fixou ninguém, o salário para 20h é de R$750,00 líquido,

ninguém fica. Não interessa dar consulta, é melhor ser perito, auditor de contas, supervisor.

São várias questões apontadas: baixa cobertura – sobrecarga do HCT – o hospital não faz o

encaminhamento adequado – o salário é inadequado – não tem capacitação e não se fixa o

profissional.

Entendem que o paciente quando recebe alta deveria dar continuidade no ambulatório

do médico que o acompanhou, mas não, é como se ele estivesse querendo se desfazer do

paciente.

PILOTO - EQUIPE DE QUINTA-FEIRA

Os pacientes questionam a qualidade do atendimento dos postos de saúde do PSF.

Muitos postos apresentam atendimentos específicos nos dias da semana ( Ex: dia da gestante,

da criança) O que direciona os pacientes ao hospital, já que há certeza do atendimento. Os

pacientes não tem consciência da estruturação da saúde em serviço primário, secundário ou

terciário e nem das funções específicas de cada um.

Muitos pacientes hipertensos não fazem o tratamento para alcançar pico hipertensivo

e faltar ao trabalho ou pedir aposentadoria precoce.

Atendemos com freqüência os mesmos pacientes, uma vez que a rede não funciona

bem. Esses pacientes sobrecarregam o serviço e costumam ser pacientes carentes, afetivo

emocional que precisam de atenção social e psicológica.

A saúde está um caos porque administração pública é ineficaz, uma vez que faltam

médicos, os salários são ruins e a cobertura do PSF ainda é pequena. Uma solução eficaz é

conscientizar a população sobre a dinâmica do serviço de saúde.

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EQUIPE DE SEXTA-FEIRA

Um participante culpabiliza o paciente (não toma o remédio, não faz a dieta, porque

querem a aposentadoria), o médico compara ao alcoólatra, que não consegue se controlar, mas

essa fala não é considerada pelo grupo.

O serviço de saúde está sobrecarregado, dificuldade em conseguir a medicação ou não

tem renovação da receita.

EQUIPES DA UBSF

RETORNO AOS OBJETIVOS ESPECÍFICOS E AO ROTEIRO

1. Identificar o local de origem e analisar junto as equipes a forma de referência e contra-

referencia do usuário com HAS ao Pronto Socorro acerca das informações para o atendimento

e as recomendações para a continuidade do cuidado do paciente;

Como você recebe e o encaminha o paciente para estabelecer o plano de cuidado?

Tema : Referência e contra-referência

EQUIPE DO MEUDON – 9 anos de trabalho, participaram do grupo dois médicos que

já estão na equipe há 9 e 7 anos, dois enfermeiros há 9 e 2 anos, três auxiliares de

enfermagem de 9 anos e uma agente comunitária com 9 anos na equipe.

Quando passam mal vem à unidade e são encaminhados quando não conseguimos

controlar. Em caso de referência para o especialista encaminhamos com o instrumento próprio

preenchido, mas para o HCT mandamos em receituário comum. Foi orientado que o

instrumento de referência fosse utilizado somente para a rede e não para a FESO. No início

nós mandávamos, mas ninguém respondia e aí paramos. Na urgência, chamamos a

ambulância e o paciente vai com acompanhante ou com alguém da equipe com bilhete do

médico.

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EQUIPE DO ROSÁRIO - nove anos de trabalho, participaram um médico, um

enfermeiro, seis agentes comunitários.

Quando a gente vai à casa dos pacientes avisam que passaram mal e são encaminhados

ao Posto, às vezes vem porque não tem acompanhamento.

Aqui na Unidade temos oito grupos de hipertensos, e chegam poucos pacientes novos.

Praticamente todos os nossos pacientes freqüentam o grupo. Quando começamos era através

de cadastro, as famílias passavam a conhecer o PSF e vinham.

A freqüência das consultas é trimestral esse tempo não perpetua a troca de receitas.

A referência é toda protocolada, só encaminhamos com instrumento preenchido, mas

os pacientes falam que quem recebe, nem olha, às vezes até rasgam, e não mandam a resposta.

Acho que os especialistas são menos sensíveis ao que tem na rede, não conversam, só

medicam.

As referências poderiam ser minimizadas caso alguns exames pudessem ser solicitados

pelas equipes como ECO, TC, USG Transvaginal é um absurdo fazer consulta ginecológica e

não poder pedir uma transvaginal.

EQUIPE DA BEIRA LINHA há nove anos como PSF, existe há 25 anos e antes era um

posto de saúde, participaram uma enfermeira, uma técnica de enfermagem, uma

auxiliar, uma recepcionista, e duas agentes comunitárias.

Os pacientes chegam a Unidade por demanda espontânea em sua maioria ou através de

ação que fazemos junto à comunidade, montando tendas ou em igrejas e detectamos os que

devem ser acompanhados.

Temos quatro grupos por mês, um por semana e a maioria dos hipertensos estão fora

do grupo. O ideal é que todos estivessem nos grupos para serem orientados.

Às vezes chegam com pico hipertensivo, nós medicamos e encaminhamos ao

HCT,sempre vai com referência,mas não podemos encaminhar com o carimbo da enfermeira

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,só do médico. E raramente retornam com a contra-referência do PS porque dizem que não tem

tempo para preencher.

2 - Verificar junto ao paciente, se no instrumento de contra-referência consta as informações e

recomendações pertinentes, a partir dos protocolos existentes com base no consenso da

Hipertensão Arterial;

Quais são as medidas que você entende e recomenda para que o paciente hipertenso que

você atendeu deva ter para seu cuidado?

Tema: Orientação para o cuidado.

EQUIPE DO MEUDON

A equipe orienta cuidados de dieta, tomada da medicação e intervalo de consultas.

Diariamente há verificação da PA. Os hipertensos que freqüentam grupos tem maior adesão

ao tratamento, são quatro grupos com duração de uma hora. Não existe grupo de caminhada.

Ao final do ano é dada alta aos pacientes controlados, isso é para abrir novas vagas nos

grupos. O grupo controla mais, e as idas ao Pronto Socorro diminui. Tem paciente que não

quer sair do grupo.

EQUIPE DO ROSÁRIO

O ditado é certo, água mole em pedra dura tanto bate até que fura. A equipe orienta

quanto à alimentação com prática de exercício, agora começamos dança sênior. Sabemos que

os pacientes acham importantes as orientações, mas não fazem em casa. Apesar das atividades

de promoção ainda são muito apegados a medicalização.

A condição financeira dificulta a dieta. Na visita domiciliar tem gente que abre o

armário pra gente vê e não tem nada, eles fazem a palaquinha para tomar café que é uma

mistura de farinha torrada, açúcar e fubá, comem tudo que tem açúcar.

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Quanto aos exercícios o acesso é uma dificuldade para o idoso, muitos moram no alto

do morro, como vão descer para praticar exercício, já tem dificuldade para vir à consulta e

também tem aqueles que têm uma carga de trabalho excessiva.

EQUIPE DA BEIRA LINHA

Orientamos quanto a prática de exercícios, iniciamos jogos na quadra da igreja,

queimado, futebol, mas muitos não querem participar,é como a caminhada foi parando ao

longo do tempo. Eles só querem consulta, receita e mostrar exames. Até as receitas prontas

não vem buscar.

A vida social atrapalha, tem muito idoso que é pobre e ainda tem que trabalhar para

sobreviver e tem muita preocupação. Tem aqueles que usam a doença para ter vantagens,

andar de graça no ônibus, estar em benefício, mantém sem medicação para chegar à perícia e

a pressão estar alta e com isso, vários já fizeram AVC. Não aderem à medicação, gostam de

cerveja, carne de porco... Mas também encontramos pessoas que trazem inovações como

receitas de comidas novas.

3. Analisar a operacionalização da integralidade através da continuidade do cuidado;

Conhece os serviços de saúde que fazem parte da rede do SUS no município de

Teresópolis? Pedir para descrever.

Tema : Rede de serviços de saúde do município.

EQUIPE DO MEUDON

Conhecemos os serviços de saúde, quando encaminhamos, o formulário vai para a

Divisão do PSF e a consulta volta marcada, às vezes demora muito e o paciente esquece o dia

da consulta. A maior dificuldade é a Oftalmologia.

O que não tem na rede é encaminhado ao Hospital.

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EQUIPE DO ROSÁRIO

Conhecemos os serviços de saúde o que tem no nível primário, secundário e terciário,

mas a relação com a rede é péssima, o 0800 não funciona, as pessoas acabam mentindo o

endereço para chegar aqui. Muita gente acha que nós não trabalhamos. Encaminham pacientes

pra cá, não conhecem o PSF, querem passar o problema pra frente. Ainda é complicado o

usuário não sabe que aqui não tem especialista. Acham que a enfermeira é a ginecologista.

EQUIPE DA BEIRA LINHA

Esta unidade funciona há 25 anos, tínhamos muitas especialidades, há 10 anos somos

do Saúde da Família, esta comunidade detesta o PSF,reclamam muito preferem os

especialistas. Conhecemos como funciona o sistema, mas nosso contato é com o HCT até o

momento, porque a partir de dezembro passamos para a gestão da prefeitura e não mais da

FESO. Até agora os exames eram todos levados para o HCT, para autorizar e todos eram

marcados, após uma semana buscávamos e marcava para mais ou menos em quinze dias, o

paciente também usa o 0800 para marcar consulta, tem um dia para ligar e marcar para uma

especialidade é difícil conseguir e marca para um ou dois meses. O paciente não gastava

tempo e dinheiro para nada, só gastava a passagem para fazer o exame. Agora não pode mais

marcar nada no HCT.

4. Identificar os obstáculos à integralidade do cuidado presentes no HCTCO / UBSF

Você atende com freqüência os mesmos pacientes, por não controle da hipertensão?

Como você avalia o resultado e o cumprimento do plano de cuidado? (UBSF)

Tema: Obstáculos à integralidade do cuidado.

EQUIPE DO MEUDON

Os pacientes que estão fora do grupo não vêm com freqüência às consultas. Vêm a

UBSF para trocar receitas e pegar remédio, às vezes ficam seis meses sem vir. Ou vão a

vários especialistas que prescrevem outros remédios e usam medicação dos dois.

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Se ficar três meses sem consulta tem que marcar.

Quanto às mudanças do hábito de vida os pacientes de melhor nível social tem

resultado melhor os outros tem baixa adesão, o mais difícil e a atividade física.

Ocorrem dificuldades com pacientes mais idosos, tem muito analfabeto, moram no

morro, tem que caminhar até a unidade, isso dificulta o acesso e como pobre vai fazer dieta, a

alimentação é um hábito cultural, para eles tem que ter “sustância”. Têm pacientes que

demoram muito para compreender o que é dito. A maioria acha que a medicação é o mais

importante. (ACS) Aqui a pobreza é muito grande, tem áreas muito carentes. Fui a uma casa

com 14 crianças pai e mãe presos, as crianças disseram que já comeram churrasquinho de

rato, como vamos orientar a alimentação?

EQUIPE DO ROSÁRIO

A falta de remédio é um problema estamos sem Metildopa há um ano, sem Enalapril

há seis meses, às vezes para manter a medicação e não ficar trocando, recomendamos a

compra na farmácia popular, mas sabemos que não é o correto.

Muitas vezes os pacientes cortam o comprimido em quatro para economizar com

medo da falta e retorna com os níveis tensionais elevados.

Outro problema é o analfabetismo alguns pacientes não compreendem como tomar a

medicação, explicamos, desenhamos, mas mesmo assim é difícil. Tem muito stress também,

dependem da família ou de um cuidador, quando muda o laboratório dificulta tudo, porque

muda a embalagem, a cor do remédio isso dá um nó.

Como já dissemos a dieta é difícil por questões financeiras e culturais. As pessoas

podem comprar verduras e legumes, mas depois de 01 hora já está com fome, por isso é que

preferem comer algo mais pesado, porque na maioria das vezes só fazem uma refeição. E o

acesso é difícil para quem mora no alto do morro, quanto mais perto da rua principal melhor o

nível sócio econômico quanto mais no alto do morro, mais carente e mais desinformado.

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Temos poucos pacientes novos porque todos estão no grupo de hipertensos

EQUIPE BEIRA LINHA

Tem os pacientes que não saem daqui, quando chove todo mundo fica doente, vem de

manhã e à tarde. Tem uns que vem e ficam, mas quando marcamos atividades não vem

ninguém. Estão mal acostumados, nem passam pela recepção entram pela lateral e vem para a

sala da técnica, pedem para levar resultado de exame em casa, receita, pessoas que passam

aqui na porta, mas acham que esta é função do agente comunitário.

A gente esperava mais pelo trabalho que a gente faz, às vezes desanima. A pobreza

dificulta. Só vão comer o que podem é uma questão de hábito e de falta de dinheiro. Legume

e verdura têm que comprar sempre e não alimenta, o acesso dificulta a conservação e acaba se

gastando mais porque duram poucos dias e você tem que comer mais vezes ao dia.

A falta de remédio também é um problema, há quatro meses não temos metildopa,

Nifedipina e Captopril também faltam. Quando se tem amostra grátis tipo Losartam e

Anodipina eles melhoram muito, mas quando acaba alguns podem manter comprando na

farmácia popular, mas são poucos, os outros economizam o remédio e volta a piorar.

GRUPOS DE HIPERTENSOS DAS UBSF

Revisão dos objetivos específicos e roteiros.

1 - Identificar o local de origem e verificar a forma de referência do usuário com HAS ao

Pronto Socorro. Avaliar o preenchimento do formulário de referência do usuário ao

Pronto socorro do Hospital nos casos de encaminhamento pelas equipes do PSF.

Neste grupo quantos já foram ao PS por pressão alta? Clarear quanto aos sintomas que

o levaram ao PS.

Teve dificuldade de marcar consulta na UBSF após ser liberado do PS?

Quanto tempo demorou a conseguir ser atendido na UBSF?

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( ) menos de uma semana ( ) uma semana ( ) 15 dias ( ) um mês ou mais

2 - Identificar a operacionalização da integralidade através da continuidade do cuidado.

Recebeu visita do Agente Comunitário de Saúde (ACS) após a liberação do Pronto

Socorro para saber sobre o motivo que o levou ao PS e como foi o seu atendimento lá?

( ) sim ( )não

Com que freqüência recebe visita do ACS?

( ) 15/15 dias ( ) mensal ( ) raramente ( ) nunca ( ) outros-------------------------

O que acha sobre essa visita?

3 - Verificar junto ao paciente, se foram feitas no instrumento de contra-referência, as

recomendações pertinentes, a partir dos protocolos existentes, com base no consenso da

Hipertensão Arterial.

Recebeu alguma orientação no PS? ( ) sim ( ) não

Caso a resposta seja positiva, quais foram ?

( ) marcar consulta na UBSF

( ) usar a medicação de costume

( ) usar uma medicação nova

Recebeu alguma orientação quanto à mudança no hábito de vida? ( ) sim ( ) não:

( ) dieta ( ) caminhada ( ) redução do sal ( ) redução do açúcar ( ) redução do fumo

( ) redução do álcool

4 - Identificar os obstáculos à integralidade do cuidado presentes no HCTCO / UBSF.

Seguiu as recomendações que recebeu no PS? ( ) sim ( ) não

Caso a resposta seja negativa, por que não seguiu as orientações recomendadas?

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ESTUDO PILOTO Rosário

Seis participantes no grupo, dos quais três já foram ao pronto socorro por

complicações hipertensivas.. Ao serem liberados, demorou alguns dias para marcar consulta,

no máximo uma semana. O ACS não fez visita após a ida ao pronto socorro. Recebem a visita

com regularidade, até toda semana. Concordam que a visita é ótima, “porque se tivessem

essas preocupações com a gente eu não teria infartado”, eles tiram dúvidas, levam receita e o

encaminhamento.

No P S receberam orientação quanto à consulta, e mantiveram a medicação usada.

Uma participante relata que trabalhava em uma empresa em que a médica não se preocupava

com os funcionários, só com a empresa, eu trabalhava direto, não tinha folga.

UBSF Meudon - seis participantes

Todos estão no grupo há mais de dois anos e todos já foram atendidos no pronto

socorro.

Depois que entraram no grupo não tiveram mais pico hipertensivo como antes, e as

idas ao PS foram diminuindo. Neste ano, por exemplo, nenhum dos que estão aqui foram ao

PS. Os sintomas que os levaram foram dor de cabeça, náuseas vômitos, tonteiras, e um com

dormência no braço e face.

Após a ida ao pronto socorro não receberam visita do ACS e só voltaram a UBSF no

dia do grupo. Os participantes relatam que não costumam receber visita dos agentes e não

sentem falta porque caso necessitem de algo vem a UBSF.

Quando foram ao PS receberam orientação quanto à redução da ingesta de sal e para

procurar o posto de saúde para tratamento da hipertensão. Mas as mudanças no hábito de vida

começaram depois de procurar o grupo de hipertenso, foi de forma lenta e só mudaram a

ingesta de sal e gordura, não a qualidade dos alimentos e não praticam atividade física e todos

fazem uso de mais de um medicamento.

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UBSF Beira Linha - onze participantes

Onze participantes e cinco já foram ao pronto socorro por pico hipertensivo desses,

três foram encaminhados pela UBSF e dois foram por epistaxe e cefaléia.

Não tem dificuldade para marcar consulta na unidade, o difícil é com o especialista,

tem que marcar pelo 0800 e só tem um dia para ligar, você fica o dia inteiro no telefone só dá

ocupado e quando consegue marca para 2 – 3 meses. Aqui na unidade a gente marca de uma

semana para outra. Uma paciente relata que foi internada por AVC e que depois da alta há um

mês o ACS já foi duas vezes a sua casa, relata que quando se sentiu mal, veio à unidade e a

pressão estava muito alta e levaram ao hospital, relata que na liberação do hospital saiu com

tudo explicado, dieta, remédio, não tem do que reclamar.

Outro participante refere que acha o pronto socorro muito confuso eles medicam e

querem mandar a gente embora. Outro se coloca e opina que a demanda é muito grande, não

dá para ficar conversando, tem que resolver e liberar. Mas quando interna é diferente todo

mundo dá atenção fiz todos os exames e saí orientado.

O pronto socorro atende gente de outros lugares e o pessoal de Teresópolis fica sem

vez.

Quando fui lá falaram da comida e passaram o remédio que tinha no posto. O

problema é que falta muito remédio, fica tempo sem ter e aí a gente graças a Deus tem a

farmácia popular que é baratinha. O problema não é deste posto, é que falta pra todo mundo,

os outros postos também não tem.

Fazer dieta não é fácil, mas hoje aqui no grupo a gente sabe que tem que comer muita

salada, pouco óleo, tirar o sal e também fazer exercício, mas agente não faz, já teve um grupo

que fazia, mas hoje não tem mais. Parece que na igreja tem espaço no salão pra isso. Alguns

ainda se motivam a recomeçar e uma participante freqüenta academia, diz que é viúva e a

pensão do marido permite que ela pague por isso.

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Unidade Rosário - sete participantes

Sete participantes dos quais três foram ao pronto socorro várias vezes.

Relatam que não tiveram dificuldade para marcar consulta na unidade, antes quando era um

posto comum era pior e o 0800 é muito difícil. A consulta foi marcada no máximo em dois

dias. O ACS foi a casa após a ida ao PS, a frequência da visita passa muitas vezes de um mês,

de maneira geral é boa. Perguntam se a gente está bem, levam o remédio da pressão, mas um

participante do grupo disse que apesar de estar em casa nunca recebeu visita do agente.

Recebeu orientação ao ser liberado do pronto socorro que foi marcar consulta na

UBSF, e a medicação. Relatam que quase não orientam quanto às mudanças nos hábitos,

apenas a um foi sugerido reduzir o fumo. Todos relataram que só não seguiria as orientações

por dificuldade de acesso ao posto.

ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

RETORNO AOS OBJETIVOS ESPECÍFICOS E AO ROTEIRO

1- Identificar o local de origem e analisar junto às equipes a forma de referência e contra-

referência do usuário com HAS ao Pronto Socorro, acerca das informações para o

atendimento e as recomendações para a continuidade do cuidado do paciente;

UBSF a que pertence:

1. Fonte Santa - sexo M – 70 anos

2. Venda Nova - sexo F – 58anos

3. Venda Nova – sexo M - 58 anos

4. Meudon – sexo F – 81 anos

5. Venda Nova – sexo M – 64 anos

6. Beira Linha – sexo F – 41 anos

7. Rosário – sexo M – 68 anos

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8. Rosário – sexo F – 57 anos

9. Barra do Imbui – sexo F – 56 anos

O paciente veio encaminhado da UBSF ou por outro serviço?

1. O paciente veio por conta própria sem encaminhamento.

2. Passou mal e veio direto para o pronto socorro

3. Não, pois o Posto sempre manda procurar o HCT.

4. Não, veio direto ao Pronto Socorro.

5. Veios por meios próprios sem encaminhamento.

6. Foi encaminhada pelo PSF

7. Veio encaminhado da UBSF Rosário.

8. Veio sem encaminhamento, a filha que trouxe.

9. Veio encaminhada do PSF da Barra.

Participa do grupo de hipertenso da UBSF?

1. Não participa do grupo

2. Participa do grupo as vezes quando é avisado.

3. Participa do grupo de hipertensos.

4. Sim.

5. Não participa do grupo

6. Não participa do grupo

7. Sim participa do grupo.

8. Sim participa do grupo.

9. Sim participa do grupo.

2- Verificar junto ao paciente, se no instrumento de contra-referência consta as informações e

recomendações pertinentes, a partir dos protocolos existentes com base no consenso da

Hipertensão Arterial;

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Qual o motivo que o trouxe ao Pronto Socorro? Caso seja de área adscrita e não tenha

vindo referenciado, porque não procurou o PSF?

1. Veio por fraqueza, tosse e porque nunca consegue marcar consulta na Unidade.

2. Estava com dor no ombro direito aproveitou uma carona porque o filho tinha consulta

marcada no ambulatório do hospital.

3. Veio por febre e dor no corpo. Relata procurar o PSF, porém não atendem, somente

consulta de diabético e hipertensos já marcados para aquele dia no Posto.

4. Veio por febre, tosse e dor de cabeça, foi ao PSF, mas não estavam marcando consulta.

5. Veio por dor no peito, falta de ar e pressão alta

6. Veio por dormência nas pernas e braços, suor frio e dor de cabeça.

7. Veio por Pressão alta.

8. Estava com dor no estômago, não conseguia falar , a pressão estava alta e a filha trouxe

direto.

9. Veio pela hipertensão e também por uma ferida no pé.

No último mês foi atendido no Pronto Socorro e porque motivo?

1. Não veio ao PS no último mês.

2. Não

3. Não

4. Não

5. Esteve pelo mesmo motivo

6. Não

7. Já esteve aqui pelo mesmo motivo.

8. Sim veio por pressão alta, mas foi encaminhada a UBSF do Rosário,não levou receita nem

orientação.

9. Não

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No último ano veio ao Pronto Socorro pelo mesmo motivo e ficou em observação em

algum momento?

1. Nunca ficou em observação.

2. Também não.

3. Esteve sim por causa da pressão, porém foi medicado e liberado.

4. Ficou internada no último ano por Pneumonia.

5. Ficou em observação pelo mesmo motivo

6. Já esteve por desmaio, foi liberada após um dia inteiro em observação.

7. Sim primeiro ficou em observação, mas teve que ser internado.

8. Não

3- Analisar a operacionalização da integralidade através da continuidade do cuidado a partir do

hospital;

Ao ser liberado recebeu algum tipo de orientação? Em caso de resposta afirmativa, a

orientação foi dada de forma clara e por escrito? O que foi orientado? Deixar a resposta

aberta, usar o roteiro para sua condução.

1. Sim recebeu. A orientação foi em relação à suspensão do fumo. Foi orientado a marcar

consulta com especialista vascular, mas perdeu o encaminhamento, foi orientado quanto à

mudança do hábito de fumar e recebeu uma receita.

2. Sim recebeu. Recebeu uma receita e orientação quanto a prática de exercícios, diminuição

de ingesta de sal e gorduras.

3. Sim recebeu.A orientação foi a respeito da prescrição dos remédios. Não recebeu

orientação quanto a mudanças no hábito de vida nem marcação de consulta ambulatorial.

4. Sim recebeu uma receita e foi encaminhada ao especialista. E foi orientado que não podia

beber líquido gelado. Foi encaminhada ao cardiologista e pneumologista.

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5. Sim. Foi orientado quanto à alimentação e medicamentos. Foi agendado consulta com

especialista, recebeu orientação de forma clara e por escrito, receita e a mudanças no hábito de

vida.

6. Não recebeu orientação quanto à mudança do hábito de vida.

7. Sim foi orientado quanto ao controle da hipertensão e do diabetes,onde teria que evitar

alimentos com sal e o abandono do açúcar seguido de acompanhamento.

8. Veio por dor de cabeça e problemas na perna, recebeu orientação, quanto a fisioterapia, ao

uso de condimentos e ao uso de adoçante.

4 - Identificar os obstáculos à integralidade do cuidado presentes no HCTCO / UBSF.

1 Identificar os obstáculos para continuidade do seguimento dos pacientes.

1. Perdeu o encaminhamento e não conseguiu agendar a consulta.

2. Não recebeu orientação quanto à continuidade do tratamento.

3. Foi liberado com consulta agendada para o especialista

4. Não saiu com a consulta marcada teve que agendar pelo 0800.

5. Saiu com consulta agendada com especialista

6. Foi orientada a continuar o tratamento na UBSF, mas teve que marcar sua consulta e foi

encaminhada ao oftalmologista.

7. Foi orientado a marcar consulta com especialista, recebeu uma receita e orientação quanto

à mudança do hábito de vida.

8. Foi orientada a marcar consulta na UBSF do Rosário.

9. Foi orientada a marcar consulta com um angiologista, recebeu receita e orientação quanto

à dieta.

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ANEXO I

CARTA DOS DIREITOS DOS USUÁRIOS DA SAÚDE

Portaria MS nº 675, de 30 de março de 2006.

Primeiro Princípio: Todo cidadão tem direito a ser atendido com ordem e organização.

É garantido a todos o fácil acesso aos postos de saúde, especialmente para portadores de

deficiência, gestantes e idosos.

Segundo Princípio: Todo cidadão tem direito a ter um atendimento com qualidade.

Você tem o direito de receber informações claras sobre o seu estado de saúde.

Seus parentes também têm o direito de receber informações sobre seu estado.

Também tem o direito a anestesia e a remédios para aliviar a dor e o sofrimento quando for

preciso. Toda receita médica deve ser escrita de modo claro e que permita sua leitura.

Terceiro Princípio: Todo cidadão tem direito a um tratamento humanizado e sem

nenhuma discriminação.

Você tem direito a um atendimento sem nenhum preconceito de raça, cor, idade, religião,

orientação sexual, estado de saúde ou nível social.

Os médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde devem ter os nomes bem visíveis no

crachá para que você possa saber identificá-los.

Quem está cuidando de você deve respeitar seu corpo, sua intimidade, sua cultura e religião,

seus segredos, suas emoções e sua segurança.

Quarto Princípio: Todo cidadão deve ter respeitado os seus direitos de paciente.

Você tem direito a pedir para ver seu prontuário sempre que quiser.

Tem também a liberdade de permitir ou recusar qualquer procedimento médico, assumindo a

responsabilidade por isso. E não pode ser submetido a nenhum exame sem saber.

O SUS possui espaços de escuta e participação para receber suas sugestões e críticas, como:

• as Ouvidorias;

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• os Conselhos Gestores e

• os Conselhos de Saúde.

Quinto Princípio: Todo cidadão também tem deveres na hora de buscar atendimento de

saúde.

Você nunca deve mentir ou dar informações erradas sobre seu estado de saúde.

Deve também tratar com respeito os profissionais de saúde.

E ter disponíveis documentos e exames sempre que for pedido.

Sexto Princípio: Todos devem cumprir o que diz a carta dos direitos dos usuários da

saúde.

Os representantes do governo federal, estadual e municipal devem se empenhar para que os

direitos do cidadão sejam respeitados.

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ANEXO II

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ANEXO III

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ANEXO IV

UNIDADES DO PSF NO MUNICÍPIO DE TERESÓPOLIS – 14 Equipes

Unidades Básicas

de Saúde da

Família

Equipes de Saúde

da Família

Nº de famílias

Cadastradas

População

Acompanhada

Araras ª 1 1.590 5.436

Barra do Imbuí ª 1 1.369 4.517

Beira Linha ª 1 936 3.139

Fonte Santa I ª 1 1.097 3.731

Fonte Santa II ª 1 866 2.718

Quinta Lebrão ª 1 1.155 4.034

Granja Florestal ª 1 1.164 4.052

Granja Guarani ª 1 814 2.768

Meudon I ª 1 1.363 4.505

Meudon II ª 1 1.277 3.954

Perpétuo ª 1 581 2.059

Rosário ª 1 1.455 5.077

Vargem Grande b 1 1.230 4.172

Venda Nova b 1 929 3.077

TOTAL 14 15.769 52.980

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Teresópolis – Coordenação de Atenção Básica MAR/2008

Legenda: ªEquipes lotadas na área urbana; bEquipes que atuam na zona rural do município.

Tabela 1: Panorama do PSF em Teresópolis

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ANEXO V

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Projeto: A contra-referência e a Integralidade do cuidado dos pacientes hipertensos a partir do

Hospital

Responsável: Rosane Rodrigues Costa

Eu, ________________________________________________________________,abaixo

assinado, declaro ter pleno conhecimento do que se segue:

1. Objetivo da Pesquisa.

2. Benefícios que possam ser atingidos.

3. Receberei resposta ou esclarecimento a qualquer dúvida acerca de assuntos relacionados

com o objeto da pesquisa.

4. Tenho a liberdade de retirar o meu consentimento a qualquer momento e deixar de

participar do estudo.

5. Obterei informações atualizadas durante o estudo, ainda que isto possa afetar minha

vontade de continuar dele participando.

6. A pesquisa manterá o caráter oficial das informações relacionando-as com a minha

privacidade.

7. Em caso de dúvidas, poderei esclarecê-las através de contato telefônico com o (a)

pesquisador(a) pelos telefones ___________________________.

Rio de Janeiro, _____de ___________________de 20 ____

__________________________ _____________________________

Assinatura do Participante Assinatura do(a) Pesquisador(a)

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