51
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PÓS-GRADUAÇÃO DE CIÊNCIA ANIMAL NOS TRÓPICOS MESTRADO AVALIAÇÃO DE FELINOS DOMÉSTICOS COMO FATOR DE RISCO A INFECÇÃO POR TOXOPLASMA GONDII EM SALVADOR, BAHIA, BRASIL MARINA BEZERRA DE ANDRADE SALVADOR BAHIA AGOSTO/2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PÓS-GRADUAÇÃO DE CIÊNCIA ANIMAL NOS TRÓPICOS

MESTRADO

AVALIAÇÃO DE FELINOS DOMÉSTICOS COMO FATOR DE RISCO A INFECÇÃO POR TOXOPLASMA GONDII EM

SALVADOR, BAHIA, BRASIL

MARINA BEZERRA DE ANDRADE

SALVADOR – BAHIA

AGOSTO/2017

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

i

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PÓS-GRADUAÇÃO DE CIÊNCIA ANIMAL NOS TRÓPICOS

AVALIAÇÃO DE FELINOS DOMÉSTICOS COMO FATOR DE

RISCO A INFECÇÃO POR TOXOPLASMA GONDII EM

SALVADOR, BAHIA, BRASIL

MARINA BEZERRA DE ANDRADE

Mestrado

SALVADOR – BAHIA

AGOSTO/2017

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

ii

MARINA BEZERRA DE ANDRADE

AVALIAÇÃO DE FELINOS DOMÉSTICOS COMO FATOR DE

RISCO A INFECÇÃO POR TOXOPLASMA GONDII EM

SALVADOR, BAHIA, BRASIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

de Ciência Animal nos Trópicos da Universidade Federal

da Bahia, como requisito parcial para a obtenção do título

de Mestre em Ciência Animal nos Trópicos.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Portela

Coorientador: Profa. Dra. Fernanda Washington de Mendonça Lima

SALVADOR-BA

AGOSTO-2017

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

iii

Sistema de Biblioteca – SIBI/UFBA

Andrade, Marina Bezerra de.

Avaliação de felinos domésticos como fator de risco a infecção por Toxoplasma gondii em Salvador,

Bahia, Brasil.- Salvador, 2017. 49 p. : il.

Orientador: Ricardo Wagner Dias Portela.

Coorientadora: Fernanda Washington de Mendonça Lima.

Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) - Escola de

Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal da Bahia, 2017.

1.Zoonoses – Salvador (BA). 2. Doenças Transmissíveis por Alimentos (DTA). 3. Gato. 4. Toxoplasmose - Salvador (BA). I. Portela, Ricardo Wagner Dias. II. Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia. Universidade Federal da Bahia. Título.

CDU – 616.993

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

iv

MARINA BEZERRA DE ANDRADE

AVALIAÇÃO DE FELINOS DOMÉSTICOS COMO FATOR DE RISCO A

INFECÇÃO POR TOXOPLASMA GONDII EM SALVADOR, BAHIA, BRASIL

Dissertação defendida e aprovada pela Comissão Examinadora em 31 de Agosto de

2017.

Comissão Examinadora:

_______________________________ Dra. Fernanda W. de Mendonça Lima

UFBA

Presidente da Banca

________________________________ Dra. Stella Maria Barrouin Melo

UFBA

________________________________

Dr. Thiago Campanharo Bahiense

UFBA

________________________________ Dra. Geyanna Dolores Lopes Nunes

UFS

SALVADOR-BA

AGOSTO - 2017

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

iv

"Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós; deixam um

pouco de si, levam um pouco de nós"

Antoine de Saint-Exupèry

“Sou realmente um homem quando meus sentimentos, pensamentos e atos

têm uma única finalidade: a comunidade e seu progresso.”

Albert Einstein

Este trabalho é dedicado a todos os pacientes

felinos, aos apoiadores por defender esta espécie

mal compreendida, principalmente no nosso país, e a

todos que apoiaram e acreditaram que seria possível!

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

v

AGRADECIMENTOS

À minha eterna orientadora profa. Dra. Fernanda pela dedicação inexorável

durante todo o nosso trabalho.

Ao prof. Dr. Ricardo por ter me adotado como orientanda e acolhido nosso

trabalho já em andamento.

À equipe da Felina Veterinária e Dra. Ilka e Dra. Mariana, Érica e Everton, e

estagiários.

Toda equipe do HOSPMEV (CCPA, CMPA e LAC), Silvinho e Marília da

recepção... sempre me ajudando a “catar” gatos!

Aos laboratórios VetinLab, LACTFAR, SIDI e LDPA. Em especial à Elenice

“Berê”, MSc. Maria Virgínia, Dr. Daniel e os estagiários do SIDI; Prof. Dr. Pita, Dr.

Rogério e Dr. Gideão, pós-graduandos e estagiários do LDPA.

Ao Dr. Aroldo Carneiro, ex-professor e atualmente médico veterinário da

Secretaria Municipal de Saúde, Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Salvador.

Aos amigos e médicos veterinários, que contribuíram na construção do trabalho:

“Buba”, “Binha”, “21”, “João do CAFA”, e Paulo Bahiano.

Agradeço o apoio financeiro da CAPES, e apoios técnicos e de execução do SIDI e

LDPA.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

vi

LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 1 – Distribuição geográfica da soroprevalência para IgG anti-T. gondii

em gatos domésticos, como relatada por alguns estudos científicos.

08

Tabela 2 – Distribuição geográfica da soroprevalência para IgG anti-T. gondii

em humanos, como relatada por alguns trabalhos científicos.

12

Tabela 3 – Relatos científicos que avaliaram fatores de risco para infecção

com T. gondii.

14

Tabela 4 – Frequência de soropositividade da população total de pessoas

incluídas nesse estudo, independentemente de terem ou não gatos,

e correlação com variáveis relativas a hábitos alimentares, sexo,

idade.

21

Tabela 5 - Frequência de soropositividade e desconhecimento sobre a

infecção por Toxoplasma gondii.

22

Tabela 6 – Correlação da soropositividade para presença de IgG anti-T.

gondii em humanos que criam gatos com fatores relacionados à

criação dos mesmos.

25

Tabela 7 – Resultado dos responsáveis e a relação com o tempo de criação com

gatos.

26

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

vii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Página

Figura 1 – Fluxograma da frequência da soropositividade dos humanos. 19

Figura 2 – Fluxograma da frequência da soropositividade dos gatos dos

quais os proprietários responderam questionários e se

submeteram à coleta de sangue.

20

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

viii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides

CDPK calcium-dependent protein kinase

CMIA Imunoensaio de Micropartículas por Quimioluminescência

DTA Doença de Transmissão Alimentar

ELISA Enzyme-linked immunosorbent assay/ Ensaio de Imunoabsorção Enzimática

FIV Vírus da Imunodeficiência Felina

FeLV Vírus da Leucemia Felina

HAI/ IH Hemoaglutinação Indireta

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IgG Imunoglobulina do tipo G

IgA Imunoglobulina do tipo A

IgM Imunoglobulina do tipo M

IGRA Interferon-gamma Release Assay

LAT Técnica de Aglutinação em Látex

MAD Método de Aglutinação Direta

MAT Técnica de Aglutinação Modificada

MS Ministério da Saúde

OIE Organização Internacional de Epizootias/World Organization for Animal Health

OMS Organização Mundial da Saúde

PCR Polymerase Chain Reaction

RIFI/ IFI/ IFAT Reação de Imunofluorescência Indireta

RN recém-nascido

SIDA/ HIV Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

SIDI Serviço de Imunologia de Doenças Infecciosas

SNC Sistema Nervoso Central

SRD Sem Raça Definida

SRS SAG1 Related Sequence, proteína de superfície

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

ix

SUMÁRIO

Avaliação de felinos domésticos como fator de risco a infecção por Toxoplasma

gondii em Salvador, Bahia, Brasil

Página

Resumo 01

Abstract 02

Introdução 03

Objetivos 04

Hipótese 04

Revisão de Literatura

1 O protozoário Toxoplasma gondii 05

2 Epidemiologia da infecção por T.gondii

2.1 Gato doméstico 07

2.1.1 Fatores de risco para a infecção por T.gondii em gatos 09

2.2 Humanos 10

2.2.1 Fatores de risco para a infecção por T.gondii em humanos 12

3 Diagnóstico laboratorial da infecção por T.gondii 13

Materiais e Métodos 16

Resultados e Discussão 19

Conclusão 27

Considerações Finais 27

Referências Bibliográficas 28

Apêndices 37

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

1

Avaliação de felinos domésticos como fator de risco a infecção por

Toxoplasma gondii em Salvador, Bahia, Brasil

RESUMO

A toxoplasmose é uma protozoonose cosmopolita, causada pelo Toxoplasma gondii e

acomete aves e mamíferos, dentre estes o homem, e o gato doméstico que é o hospedeiro

definitivo. Por sua grande importância na saúde pública, nas medicinas humana e

veterinária têm-se realizado diversas pesquisas voltadas para seu diagnóstico, controle e

prevenção. Como existem relatos controversos na literatura científica sobre a

importância ou não da criação de gatos como fator de risco para a infecção por este

protozoário, o presente estudo teve como objetivo avaliar a criação de felinos

domésticos como fator de risco para infecção por Toxoplasma gondii em humanos na

cidade de Salvador, estado da Bahia, assim também como avaliar outros potenciais

fatores de risco para aquisição da infecção. Como principal ferramenta de pesquisa

aplicou-se sorologia por ELISA para detecção de anticorpos específicos da classe IgM e

IgG em um grupo de 104 humanos, sendo metade destes proprietários de gatos e a outra

metade não proprietários, como grupo controle. Dentre os felinos, 70 animais foram

testados através das técnicas de HAI e RIFI. Os resultados da sorologia foram então

confrontados com as respostas dos questionários aplicados aos humanos e se procedeu a

uma análise estatística para verificar possíveis associações. Nenhum gato foi positivo

nos testes sorológicos. Não houve correlação estatisticamente significativa para o fato

de se possuir gato ou não e a soropositividade para T. gondii em humanos (p=0,091).

Dentre os fatores de risco com correlação significativa, foram verificados os seguintes

hábitos: consumo de verduras cruas sem lavar (p=0,002), consumo de frutas sem lavar

(p=0,003), e preparo de alimento com água não tratada (p=0,009), bem como ofertar

outro alimento que não ração comercial ao gato de estimação (p=0,001). Como

conclusão, podemos afirmar que no ambiente doméstico não há influência do fato de se

criarem gatos na soroprevalência para T. gondii na população estudada da cidade de

Salvador, e que hábitos de higiene, principalmente alimentar, influenciam diretamente

na exposição ao protozoário.

Palavras chaves: fatores de risco, Felis catus, toxoplasmose, zoonose.

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

2

Evaluation of domestic cat ownership as a risk factor to human infection with

Toxoplasma gondii in Salvador, Bahia, Brazil

ABSTRACT

Toxoplasmosis is a worldwide-distributed protozoan zoonosis, caused by Toxoplasma

gondii and affects birds and mammals, including humans, and the domestic cat is the

definitive host. As an important disease in the public health, it is highly investigated in

both human and veterinary medicine fields. Researchers are being conducted worldwide

on the development of diagnosis assays and toxoplasmosis control and prevention

measures. As there are conflicting data on the role of cat ownership as a risk factor to

the human infection with the protozoa, the aim of the present study was to evaluate pet

cats as risk factor to Toxoplasma gondii infection in humans from Salvador city, Brazil,

and also evaluate other potential risk factors. ELISA was performed to detect specific

IgM and IgG in a group of 104 humans, being half of them cat owners, and also IHA

and IFAT were used to test 70 cats owned by these 52 people. The serological results

were correlated with epidemiological data collected through a questionnaire applied to

the humans screened in this study through statistical tests. None of the cats was positive

in the serological assays. There was no significant statistic correlation between the fact

of having a cat or not and the T. gondii infection in humans (p=0,091). The following

habits have been significantly correlated as risk factors: consumption of raw vegetables

without proper washing (p=0,002), consumption of fruits without previous washing

(p=0,003), food prepared with non-treated water (p=0,009), as well as offering to cats

non-commercial food (p=0,001). With these results, it can be concluded that cat

ownership has no influence in the infection by T. gondii in the studied population from

Salvador city, and that hygiene habits, mainly food consumption preventive measures,

have influence in the infection with the protozoa.

Keywords: risk factors, Felis catus, toxoplasmosis, zoonosis

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

3

INTRODUÇÃO

Os gatos podem ser importantes fontes de infecção de diferentes agentes

zoonóticos, tais como vírus da raiva, Toxoplasma gondii, larva migrans cutânea, e

também os agentes etiológicos da peste bubônica, da tularemia e do tifo (GERHOLD &

JESSUP, 2013). A transmissão para humanos do protozoário Toxoplasma gondii é a

mais estudada dentre elas e tem gerado questionamentos a respeito do papel do felino

na epidemiologia desta infecção em áreas urbanas e rurais (DATTOLI et al., 2011).

Para o gato doméstico adquirir a infecção, devem ser avaliados alguns fatores

que podem ser decisivos, tais como: hábitos de caça, ingestão de carne crua, ou o acesso

à rua, terra ou areia contaminadas (OPSTEEGH et al., 2012). A soroprevalência para

infecção por T. gondii em felinos no mundo varia de 0% a 90% (AKHTARDANESH et

al., 2010) e considera-se que a prevalência média esteja entre 30 e 40% (RAHIMI et al.,

2015).

Além do contato com fezes contaminadas de felinos, as principais fontes de

infecção por T. gondii para humanos são pela ingestão de carnes e verduras

contaminadas por solo e água onde gatos infectados e liberando os parasitos nas fezes

defecaram recentemente, ou por ingestão de carnes e seus subprodutos crus ou mal

passados contendo cistos teciduais, bem como pela ingestão de leite contaminado e seus

derivados não pasteurizados (JONES, PARISE & FIORE, 2014). Há ainda risco de

transmissão de oocistos ao alimento através de insetos vetores carreadores, tais como

moscas e baratas (HILL & DUBEY, 2002).

Estudos apontam que um terço da população mundial possui anticorpos para T.

gondii, variando de 10 a 80% a depender do país e região analisados (ROBERT-

GANGNEUX, 2014). Entre humanos, há polêmicas sobre a maior chance de infecção

para humanos de diferentes sexos (ENGROFF et al., 2014), e a presença do gato no

convívio doméstico é também questionada quanto ao real risco da transmissão pelo

contato com estes animais (JUNG et al., 2017). Sendo assim, o presente estudo teve

como objetivo avaliar a criação de felinos domésticos como fator de risco para infecção

por Toxoplasma gondii para seus proprietários na cidade de Salvador, estado da Bahia,

Brasil.

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

4

OBJETIVOS

Geral:

Avaliar se o convívio com felinos domésticos pode ser um fator de risco para infecção

por Toxoplasma gondii para seus proprietários, na cidade de Salvador, estado da Bahia,

Brasil.

Específicos:

- Detectar imunoglobulinas anti-T. gondii em gatos e nos seus respectivos responsáveis;

- Verificar a associação da soropositividade em humanos com as condições relatadas

nos questionários aplicados.

HIPÓTESE

O convívio com o gato doméstico não é fator de risco para infecção por T. gondii em

seus proprietários, na cidade de Salvador, Bahia, Brasil.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

5

REVISÃO DE LITERATURA

1 O protozoário Toxoplasma gondii

Toxoplasma gondii é um protozoário pertencente ao Filo Apicomplexa, Classe

Coccidia, Ordem Eucoccidiorida, Família Sarcocystidae, Subfamília Toxoplasmatinae.

Dentro desta Subfamília, além do Gênero Toxoplasma, também há os Gêneros

Hammondia, Besnoitia e Neospora, os quais podem ser fonte de reação-cruzada em

ensaios sorológicos (SCHARES et al., 2016).

T. gondii é parasito intracelular obrigatório, que possui complexo apical na

extremidade afilada dos taquizoítos, esporozoítos e bradizoítos. Este complexo é

composto por um conjunto de estruturas responsáveis pela penetração na célula do

hospedeiro, que contêm organelas secretórias especializadas, tais como roptrias e

micronemas, e de elementos do citoesqueleto, como os anéis polares e o conóide

(DUBEY, 2009). Pertence ao Filo Apicomplexa por possuir apicoplasto, uma organela

essencial para a sobrevivência e multiplicação do protozoário (SU et al., 2012).

O protozoário apresenta três formas infectantes: taquizoíto, uma forma clássica

de multiplicação rápida na doença aguda, presente no sangue e secreções, tais como o

leite; bradizoíto, forma latente mais encontrada em infecções crônicas dentro de cistos

teciduais presentes em tecidos e órgãos; e esporozoíto, contido dentro do oocisto,

liberados nas fezes de felídeos infectados. O oocisto não é infectante logo após liberado

no ambiente, ou seja, ainda não está esporulado nas fezes. Sob aerobiose por 1 a 5 dias,

ocorrerá a esporulação, com a formação no seu interior de dois esporocistos, cada um

com quatro esporozoítos. Após ingestão do oocisto infectante pelo hospedeiro

intermediário, o parasito leva de 5 a 21 dias para colonizar tecidos (LAPPIN et al.,

2015), sendo a infecção de hospedeiros intermediários um reflexo da contaminação

ambiental de uma região (ENGROFF et al., 2014).

A viabilidade do oocisto no ambiente depende da temperatura e umidade do

ambiente onde foi liberado, e é necessária exposição ao oxigênio por no mínimo 24

horas para ocorrer esporulação e se tornar infectante por mais de um ano (CERRO et al.,

2014). Em anaerobiose, o oocisto não esporula mesmo após 30 dias, sendo sensível a

cozimento acima de 60o C por um minuto, assim perdendo o potencial infectante

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

6

(JONES & DUBEY et al., 2012). Porém, o oocisto é resistente a congelamento a -21o C

e por 28 dias no ambiente, ao contrário de bradizoítos, que perdem a infectividade

quando a temperatura interna da carne congelada chega a -12o C. Uma vez que os

oocistos podem sobreviver por mais de um ano, se mantendo viáveis, a presença de

gatos é considerando um fator desencadeante do ciclo epidemiológico, tornando difícil

o controle ambiental deste parasito (LAPPIN et al., 2015).

A contaminação por oocistos na pastagem é a principal via de transmissão para

animais de produção no setor agropecuário extensivo, e altas taxas de prevalência da

infecção pelo protozoário em rebanhos brasileiros podem complicar a situação do Brasil

como potencial exportador de produtos destes animais para o consumo (DATTOLI et

al., 2011). Sendo a infecção aguda e grave por T. gondii considerada uma Doença de

Transmissão por Alimentos (DTA), deve-se evitar o consumo de carnes cruas ou mal

passadas, ou mesmo conservadas sem congelamento, os quais podem manter a

infectividade do parasito (ROSSI et al., 2014).

O T. gondii é considerado um parasita eficiente por raramente causar doença

clínica, ser facilmente transmitido, e conseguir subverter as barreiras do organismo dos

hospedeiros (MURRAY, 2011). Segundo Morlon-Guyot e colaboradores (2014), esta

eficiência só é possível por mecanismos de escape do T. gondii, tais como interação de

antígenos de superfície e fatores secretórios de virulência (proteínas SRS e CDPK) com

o sistema imune do hospedeiro, que podem levar a um estado de tolerização do

hospedeiro por culminar na sobrevivência intracelular de taquizoítos e possibilitar a

formação de cisto tecidual.

As roptrias são capazes de subverter os mecanismos de sinalização da ativação

de células dendríticas, e assim o parasita consegue ser carreado por elas e evitar a morte

por resposta imune inata; esse mecanismo funciona como estratégia de disseminação

para chegar ao estágio latente em órgãos e tecidos do hospedeiro. Também, após a

ingestão, seja de esporozoítos ou bradizoítos, o protozoário utiliza estratégias para

debelar as barreiras imunes do intestino (MURRAY, 2011).

Existe uma estrutura clonal das cepas de T. gondii, sendo reconhecidos três

genótipos principais, I, II e III, os quais podem ser diferenciados através de ensaios

moleculares de restrição e sequenciamento, e que também apresentam graus variáveis

de patogenia em modelo murino (CAN et al., 2014; MCLEOD et al., 2012; SILVA et

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

7

al., 2014). A linhagem mais comum encontrada em humanos é o tipo II e suas variantes,

denominadas atípicas, que apresentam perfis de mistura entre os genótipos, sendo essa

linhagem considerada cistogênica para camundongos, com grau de patogenicidade

menor que a tipo I (MURRAY, 2011). O genótipo tipo I é o mais patogênico para

camundongos, com potencial de causar em humanos a toxoplasmose congênita (TC) e

suas consequências ao feto, tais como neuropatia, retinopatia e morte fetal (MCLEOD

et al., 2012). Um estudo realizado no Brasil por Vallochi e colaboradores (2005)

demonstrou que o tipo I foi responsável pela maior parte de casos de patologias

oculares em humanos. O tipo III é o menos patogênico para camundongos, e no Irã foi

descrito como associado a abortamentos em mulheres (ABDOLI et al., 2017). Em outro

trabalho realizado no Brasil por Silva et al. (2014), ao estudar crianças recém-nascidas

com TC, os tipos I e III foram descritos como mais virulentos que o tipo II.

Alguns genótipos incomuns já foram encontrados em alguns países, com

destaque para o Brasil (MCLEOD et al., 2012; SILVA et al., 2014). Existe uma

diversidade notável nas estirpes encontradas na América do Sul, evidenciando

recombinação sexual dos genótipos, enquanto que na América do Norte e na Europa

predominam genótipos clonais sem recombinação entre eles (SU et al., 2012). Estes

achados justificam situações em que pode ocorrer a reinfecção em humanos

imunocompetentes por ingestão de produtos cárneos contendo T. gondii com

background genético diferente (ELBEZ-RUBINSTEIN et al., 2009), e de acordo com

experimento nos Estados Unidos, o mesmo pode ocorrer em gatos (JENSEN et al.,

2015).

2 Epidemiologia da infecção por T. gondii

2.1 Gato doméstico

Os resultados encontrados por diversos autores mostram uma frequência da

infecção pelo protozoário em felinos que varia de 0% a 90% no mundo

(AKHTARDANESH et al., 2010; HADDADZADEH et al., 2006), e pode-se dizer que a

média da prevalência da infecção por T. gondii está entre 30 e 40% dos gatos (RAHIMI

et al., 2015). Vale ressaltar que os gatos soronegativos para IgG anti-T. gondii podem

estar na fase hiperaguda da infecção ou realmente nunca tiveram contato com o

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

8

parasito (ARAÚJO et al., 2011). Neste último caso, seriam animais suscetíveis à primo-

infecção os quais, após este evento, eliminariam oocistos no ambiente. Sendo assim, é

ainda mais importante orientar o proprietário na adoção de medidas que reduzam a

possibilidade de infecção do seu animal por T. gondii, como mantê-lo dentro de casa,

fornecer alimentos seguros e apropriados, fornecer água tratada, dentre outros

(RAHIMI et al., 2015). São listados na Tabela 1 alguns trabalhos que mostraram a

detecção de anticorpos anti-T. gondii em gatos domésticos.

Tabela 1 - Distribuição geográfica da soroprevalência para IgG anti-T. gondii em

gatos domésticos, como relatada por alguns estudos científicos.

Local Amostras

(n)

Característica

dos animais

Prevalência

(%) Técnica Referência

Brasil

Bahia 201; 30 Domiciliados; Errantes 21,4; 23,3 RIFI Munhoz et al. (2017)

Fernando de

Noronha

348; 247

Domiciliados; Errantes

71,26; 54,74

RIFI Magalhães et al.

(2016)

Maranhão 200 Errantes 34,0 RIFI Braga et al. (2012)

Pará 32 Domiciliados 0,0 ELISA Meneses et al. (2011)

Paraná 282 Domiciliados 16,3 RIFI Cruz et al. (2011)

Pernambuco

35

Rurais errantes

25,7

RIFI Arraes-Santos et al.

(2016)

Rio Grande do Sul 245 Domiciliados; Errantes 39,2; 47,11 HAI e RIFI Pinto et al. (2009)

Santa Catarina 300 Domiciliados 14,33 RIFI Rosa et al. (2010)

São Paulo 70 Total urbanos e rurais 15,7 RIFI Coelho et al. (2011)

Outros Países

China 145 Errantes 17,2 ELISA Wang et al. (2012)

Coréia

80;72 Domiciliados;

Errantes

0,0; 11,0

ELISA

Lee et al. (2010)

Estados Unidos

12.628

Domiciliados doentes

28,6 ELISA Vollaire, Radecki &

Lappin (2005)

Irã

70; 70 Domiciliados;

Errantes

34,2; 44,2

MAT Akhtardanesh et al.

(2010)

Holanda

450

Domiciliados

18,2

ELISA Opsteegh et al.

(2012)

México 150 Rurais errantes 9,3 MAT Dubey et al. (2009)

México

105

Domiciliados

21

MAT Alvarado-Esquivel et

al. (2009b)

Peru 154 Domiciliados 11,0 HAI Cerro et al. (2014)

Tailândia

348

Domiciliados

10,1

MAT Sukhumavasi et al.

(2012)

Legenda: ELISA, Ensaio de Imunoabsorção Enzimática; HAI, Hemaglutinação Indireta; MAT, Técnica

de Aglutinação Modificada; RIFI, Reação de Imunofluorescência Indireta.

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

9

O gato soropositivo e na fase crônica da infecção tem como benefício para o

convívio humano a não eliminação de oocistos em suas fezes, o que só acontece nas

primeiras semanas após a primo-infecção, semelhante à reação imunológica vacinal

(LAPPIN et al., 2015). A reativação, mesmo em gatos imunocomprometidos, é

insignificante no tocante a uma nova fase de eliminação de oocistos no ambiente

(CERRO et al., 2014), assim como não eliminam oocistos quando gatos positivos se

reinfectam com ingestão de presa ou carne crua contendo cistos de T. gondii de

genótipos diferentes da primo-infecção, justificando as variações genéticas (JENSEN et

al., 2015; SU et al., 2012).

2.1.1 Fatores de risco para infecção por T. gondii em gatos

Para o gato doméstico adquirir a infecção, devem ser avaliados alguns fatores

que podem influenciar na soropositividade, tais como idade, hábito de caça com

ingestão de presa infectada, ou ingestão de carne crua de animal infectado oferecida

pelo responsável, ou o acesso à rua, terra e areia contaminada (OPSTEEGH et al., 2012).

As aves têm mostrado importância como reflexo da contaminação ambiental, bem como

na infecção de felídeos que habitualmente caçam esses animais (MILLAR et al., 2008).

O gato jovem, entre a 6ª e 14ª semanas de vida, tem alta atividade de caça que pode

facilitar a primo-infecção e, após o período de incubação de 5 a 20 dias e durante a

parasitemia, começa a eliminar oocistos. Após esse período, o gato cessa a eliminação

de oocistos nas fezes (CERRO et al., 2014).

Em trabalho realizado em gatos domésticos, observou-se uma menor

associação da criação do animal de companhia com o risco de adquirir a infecção

quando sob cuidados de um proprietário (FAKHFAKH et al., 2013); mas em outro

estudo, curiosamente, gatos com acesso à rua e com hábitos alimentares peculiares não

foram, necessariamente, mais soropositivos (MUNHOZ et al., 2017). No entanto, em

revisão sistemática durante 38 anos sobre fatores de risco para adquirir a infecção por T.

gondii no Irã, Rahimi et al. (2015) afirmam que há maior soropositividade em gatos

machos, juvenis e de rua.

Há uma constante associação de prevalência com a idade, pois quanto maior a

idade maior a chance de adquirir a infecção, por isso gatos jovens normalmente

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

10

apresentam frequência de soropositividade menor que adultos (PINTO et al., 2009), e

em relação à procedência, pois gatos de área rural demonstraram ter soropositividade

maior do que gatos de área urbana devido à exposição aos diversos fatores de risco

(ARRAES-SANTOS et al., 2016; COELHO et al., 2011). Também, segundo Opsteegh

et al. (2012), não foi encontrada associação com gênero, raça, status reprodutivo ou

status vacinal. Com a restrição de acesso ao ambiente contaminado ou caça de animais

infectados, juntamente com cuidados dentro de casa com alimento comercial exclusivo

ao invés de ofertar carne crua, o gato domiciliado pode não ter soropositividade

(MENESES et al., 2011); porém, outro estudo detectou que podem existir variações de

soropositividade independentemente dos animais serem errantes, domiciliados, ou

terem acesso à rua (AKHTARDANESH et al., 2010; LEE et al., 2010; PINTO et al.,

2009).

2.2 Humanos

Estudos apontam que cerca de um terço da população mundial possui

anticorpos para T. gondii, variando de 10 a 80% entre países de acordo com seus

diversos fatores de influência (ROBERT-GANGNEUX, 2014). Uma listagem de alguns

estudos epidemiológicos sobre a infecção com o protozoário em humanos pode ser vista

na Tabela 2.

Em pacientes humanos, a soropositividade para IgG anti-T. gondii pode estar

associada a idade, como já visto que crianças têm frequência de soropositividade menor

que idosos (DATOLLI et al., 2011; ENGROFF et al., 2014), e, no entanto, independe da

procedência, indígena, rural ou urbana (ALVARADO-ESQUIVEL et al., 2011;

ARAÚJO et al., 2011; BORGUEZAN et al., 2014). Segundo Engroff et al. (2014), a

associação de soropositividade da população estudada com gênero ou com o fato de ter

gato em casa sugere relação com o estilo de vida, hábitos de comer alimentos crus ou

mal cozidos, ou jardinagem sem luva e falta de higienização das mãos.

Sabendo que há transmissão transplacentária quando a mulher adquire pela

primeira vez a infecção por T. gondii durante a gestação, esta então é considerada

população de risco, com prováveis consequências graves para o feto, tais como morte

fetal ou comprometimento no desenvolvimento do recém-nascido; porém, a mulher

soropositiva antes da gestação tem riscos de abortamentos próximos ao zero

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

11

(BITTENCOURT et al., 2012). O leite materno é também fonte de transmissão do

protozoário, uma vez que o recém-nascido pode apresentar soropositividade para

toxoplasmose humana logo após o nascimento (HILL & DUBEY, 2002), sendo

coerentes então cuidados perinatais, tais como a mãe evitar comer carnes cruas ou mal

passadas, ingerir água filtrada, recolher as fezes do gato infectado, e lavar as mãos,

frutas e verduras (JONES, PARISE & FIORE, 2014).

Segundo Jones & Dubey (2012) a infecção por T. gondii é a mais comum em

todo o mundo, sendo considerada a infecção alimentar aguda a segunda maior causa de

morte e quarta causa de hospitalização nos E.U.A., quando consideradas somente as

DTA. Ainda assim, segundo o Ministério da Saúde e a Secretaria de Vigilância em

Saúde do Brasil, a toxoplasmose não está na lista de Doenças Negligenciadas ou mesmo

na lista de doenças de notificação obrigatória no Brasil (BRASIL, 2008).

Segundo o Ministério da Saúde (2015), o Brasil não possui nenhum programa

de diagnóstico da infecção por T. gondii em animais de produção, em gatos ou em

humanos. Há o registro de quatro surtos no Brasil que datam dos anos de 2002, 2006,

2011 e 2014, sendo um deles considerado o maior do mundo, comprometendo a saúde

de 426 pessoas no estado do Paraná (DUBEY et al., 2012). Ainda em 2015, houve um

surto no período de janeiro e fevereiro em São Marcus, estado do Rio Grande do Sul,

com 154 casos divulgados pela Secretaria de Saúde local, sendo confirmada a

associação com o consumo de carne crua ou mal passada, com diagnóstico clínico de

coriorretinite toxoplásmica na população humana (BRASIL, 2015).

Desde 1978 existe um programa nacional de prevenção da toxoplasmose

congênita na França, sendo os dados de prevalência utilizados para sistemas de

monitoramento e controle da infecção na Europa (VILLARD et al., 2016). O estado do

Rio Grande do Sul estabeleceu que a toxoplasmose é uma doença de notificação

obrigatória desde 1998, por perceber a necessidade do acompanhamento da infecção

pelo T. gondii. A população ganhou assim, além do acompanhamento constante,

tratamento gratuito pelo SUS (BITTENCOURT et al., 2012). No restante do país, além

de não ser uma doença de notificação obrigatória, só foi adotada a avaliação do

atendimento pré-natal a partir de 2011.

.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

12

Tabela 2 - Distribuição geográfica da soroprevalência para IgG anti-T. gondii em

humanos, como relatada por alguns trabalhos científicos.

Local Amostras

(n)

Característica Prevalência

(%)

Técnica Referência

Brasil

Bahia 82 HIV positivos 77,3 ELISA e RIFI Nunes et al. (2004)

Bahia 1217 Crianças 17,5 ELISA Dattoli et al. (2011)

Mato Grosso do Sul 256 Indígenas 26,17 RIFI e ELISA Borguezan et al. (2014)

Paraná 422 Gestantes 56,6 ELISA e CMIA Bittencourt et al. (2012)

Paraná 98 Rurais 84,7 MAD Araújo et al. (2011)

Rio Grande do Sul 599 Idosos 88,0 ELISA Engroff et al. (2014)

Outros países

Espanha 1627 Gestantes 92,2 ELISA Ramos et al. (2011)

Estados Unidos 7.072 > 6 anos 13,2 ELISA Jones et al. (2014)

Líbia 300; 300 Psiquiátricos;

Controles

50,3 ; 33,0 ELISA Elsaid et al. (2014)

México 439 Gestantes rurais 8,2 ELISA Alvarado- Esquivel et al. (2009a)

México 61; 203; 168 Encanadores;

Construtores;

Jardineiros

6,6 ; 8,4 ; 6,0 ELISA Alvarado- Esquivel et al. (2010)

México 974 Urbanos 6,1 ELISA Alvarado- Esquivel et al. (2011)

Nigéria 216 Gestantes 31,5 CMIA Uttah et al. (2013)

Legenda: ELISA, Ensaio de Imunoabsorção Enzimática; HAI, Hemaglutinação Indireta; MAD, Método

de Aglutinação Direta; CMIA, Imunoensaio de Quimioluminescência de Micropartículas, Método Ensaio

Imunoenzimático Indireto; RIFI, Reação de Imunofluorescência Indireta.

2.2.1 Fatores de risco para infecção por T. gondii em humanos

Existem autores que associam a maior prevalência da infecção por Toxoplasma

gondii em humanos ao contato com gatos, como pode ser visto na Tabela 3. No

entanto, outros autores afirmam que não há associação com pessoas que têm contato

com gato como fator de risco (ALVARADO-ESQUIVEL et al., 2009a;

CHANDRASENA et al., 2016; FAKHFAKH et al., 2013; FLATT & SHETTY, 2012;

FU et al., 2014; GELAYE et al., 2015; HOFHUIS et al., 2011; JUNG et al., 2017;

KAMANI et al., 2009; KOLBEKOVA et al., 2007; QUADROS et al., 2015; YOBI et

al., 2014), mostrando como mais importantes outros hábitos humanos (MAATEN et al.,

2016; WEI et al., 2016). Os fatores de risco para humanos que convivem com o gato

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

13

domiciliado infectado seriam: não realizar limpeza diária da caixa de areia, realizar

jardinagem sem luva em áreas que o gato tem acesso para defecar, e ter contato das

fezes ou do solo contaminado com a boca, segundo já listado por alguns autores,

inclusive no estado da Bahia (CERRO et al., 2014; DATTOLI et al., 2011). Em revisão

sistemática, foi visto que hábitos de acariciar o pelo ou o contato diretamente com o

gato domiciliado não são fatores de risco para a infecção ao seu responsável

(FAKHFAKH et al., 2013).

O risco de adquirir a infecção através da ingestão de alimentos crus ou mal

cozidos, tanto para humanos quanto para gatos, existe devido à contaminação ambiental

com oocisto contendo esporozoitos esporulados, sendo então o manejo de pastagens a

melhor prevenção em animais de produção (ROSSI et al., 2014). Como medida

preventiva a campo, devem-se manter outros animais, incluindo gatos, longe da

pastagem, estábulo e fontes de alimento dos animais de produção, e as fazendas

deveriam estar incluídas nos programas de qualidade e segurança alimentar. O

monitoramento de animais soropositivos deveria ser realizado em abatedouros com

sistema de descontaminação após o abate (T. gondii-free), que inclui procedimentos tais

como o congelamento, irradiação ou alta pressão (KIJLSTRA & JONGERT, 2008).

3 Diagnóstico sorológico da infecção por T. gondii

Os testes sorológicos detectam anticorpos específicos através de imunoensaios

que, a depender da técnica utilizada e do tempo de exposição do hospedeiro, podem

detectar diferentes classes de imunoglobulinas (ENGROFF et al., 2014). Para auxiliar

na escolha do teste, é importante levar em consideração a epidemiologia da espécie a

ser estudada, a localização geográfica e suas determinantes ambientais, auxiliando na

escolha da amostra, da técnica e na interpretação dos dados obtidos (DATTOLI et al.,

2011). Portanto os resultados obtidos devem ser comparados com estudos cujas

influências determinadas sejam semelhantes, bem como os pontos de corte (cut-offs)

devem ser criteriosamente avaliados (SUKHUMAVASI et al., 2012).

Segundo Millar et al. (2008), podem ser utilizadas várias técnicas com objetivo

de detectar anticorpos específicos anti-T. gondii, tais como Ensaio de Imunoabsorção

Enzimática (ELISA), Hemoaglutinação Indireta (HAI), e Reação de

Imunofluorescência Indireta (RIFI).

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

14

Tabela 3 – Relatos científicos que avaliaram fatores de risco para infecção

com T. gondii.

Referência Local Amostras

(n)

Perfil Prevalência

(%)

Técnica Fatores de risco*

Wilking et al. (2016) Alemanha 6564 Adultos 55,0 ELISA Contato com gato

Dattoli et al. (2011) Brasil 1217 Crianças 17,5 ELISA Contato com gato

Sroka et al. (2010) Brasil 963 Gestantes 68,6 CMIA Contato com gato

Spalding et al. (2005) Brasil 2126 Gestantes 74,5 RIFI Contato com gato

Zhang et al. (2016) China 520;

303;

217

Coreanos;

Manchus;

Mongois

16,54;

13,86;

20,73

ELISA Contato com gato; consumo de

carne mal passada; consumo de

alimentos lavados com água não

tratada

Abamecha & Awel

(2016)

Etiópia 232 Gestantes 85,3 ELISA Contato com gato; consumo de

carne crua ou mal passada

Hofhuis et al. (2011) Holanda 1031 >20 anos 35,0 ELISA Contato com gato; consumo de

carne mal passada; consumo de

frutas ou verduras cruas ou

lavadas com água não tratada

Flatt & Shetty (2012) Inglaterra 2610 Gestantes 17,32 ELISA Consumo de carne crua ou mal

passada; consumo de leite cru

Alvarado- Esquivel et

al. (2010)

México 61 ; 203 ;

168

Encanadores;

Construtores;

Jardineiros

6,6;

8,4;

6,0

ELISA Contato com gato; consumo de

frutas ou verduras cruas ou

lavadas com água não tratada

Alvarado- Esquivel et

al. (2011)

México 974 Urbanos 6,1 ELISA Consumo de carne crua ou mal

passada

Uttah et al. (2013) Nigéria 216 Gestantes 31,5 CMIA Contato com gato

Kamani et al. (2009) Nigéria 180 Adultos 23,9 ELISA Consumo de carne crua ou mal

passada; consumo de frutas ou

verduras cruas ou lavadas com

água não tratada

Said et al. (2017) Reino

Unido

55 Adultos 50,9 ELISA Consumo de carne crua ou mal

passada

Flegr (2017) República

Tcheca

1443;

422

Mulheres;

Homens

30,1 ; 20,1 ELISA e

CFT

Consumo de frutas ou verduras

cruas ou lavadas com água não

tratada

Fakhfakh et al. (2013) Tunísia 2351 Gestantes 47,7 ELISA Consumo de carne crua ou mal

passada; consumo de frutas ou

verduras cruas ou lavadas com

água não tratada

Legenda: ELISA, Ensaio de Imunoabsorção Enzimática; CFT, Complement-Fixation Test; CMIA,

Imunoensaio de Quimioluminescência de Micropartículas; RIFI, Reação de Imunofluorescência Indireta.

*Associação significativa com p < 0,05.

O teste de HAI tem demonstrado ser útil em triagem de diagnóstico, por ser

um método fácil, realiza várias amostras por placa, e rápido, com resultados em apenas,

no máximo 2 horas (PINTO et al., 2009). É um teste citado pela Organização

Internacional de Epizootias (OIE) para o diagnóstico da toxoplasmose em gatos (OIE,

2008), apesar de apresentar sensibilidade menor que os imunoensaios primários.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

15

A técnica de RIFI, por ser sensível e segura por utilizar antígeno inativo, pode

ser utilizada para detecção de imunoglobulinas G e M, e se tornou a técnica mais

difundida e utilizada como padrão-ouro no diagnóstico da infecção por T. gondii em

gatos. No entanto, seu custo se torna elevado quando comparado a outras técnicas, por

sua utilização depender de equipamento especial, conjugado específico para a espécie

felina, além de não poder ser automatizado e ter variação de resultados de acordo com o

observador, dependendo de equipe treinada (CERRO et al., 2014).

O método ELISA está entre os de maior aceitação para avaliar anticorpos anti-

T. gondii em nível de rebanho, com o princípio de utilizar antígeno solúvel de 1ª, 2ª ou

3ª geração adsorvido a poços de microtitulação em placas de ELISA, para reagir com o

anticorpo da amostra e ser revelado com o anticorpo anti-imunoglobulina conjugado à

enzima. Dentre as vantagens, é um método relativamente rápido, permite análise de

grande número de amostras testadas ao mesmo tempo, bem como tem reprodutibilidade

em sistema automatizado. Por essas razões é amplamente utilizado no diagnóstico da

infecção em laboratórios de análises clínicas para humanos. Como desvantagem,

necessita de conjugado espécie-específico, deve-se proceder à padronização da técnica e

necessita de equipamento especial para leitura dos resultados, encarecendo seu custo

(BITTENCOURT et al., 2012; BORGUEZAN et al., 2014; DATTOLI et al., 2011;

ENGROFF et al., 2014; OPSTEEGH et al., 2012).

A resposta imune humoral de anticorpos IgM anti-T. gondii em humanos é

detectável a partir de uma semana de infecção, tendo declínio após 1 a 3 meses de

infecção. Por outro lado, anticorpos IgG específicos são detectáveis após 2 semanas,

com picos em 3 meses, e com redução lenta de IgG após 1,5 ano, podendo permanecer

detectável até a morte do indivíduo (VILLARD et al., 2016), sendo assim, a utilização

da técnica de ELISA ou outro imunoensaio primário se torna ideal para a realização

simultânea de ambos anticorpos (BITTENCOURT et al., 2012).

Segundo experimento em 30 gatos negativos para FIV, FeLV e Toxoplasma

gondii, com inoculação experimental oral de bradizoítos de T.gondii, IgG, foi detectado

após 28 dias em alguns dos gatos, mas detectável em 29 dos gatos após 84 dias de

infecção (LAPPIN et al., 2015). Em outro estudo, se conseguiu detectar IgM após 10 a

14 dias de infecção, com declínio após 18 dias de infecção, e IgG foi detectada após 14

dias de infecção, com aumento contínuo até 30 dias após a infecção. (YIN et al., 2015).

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

16

MATERIAIS E MÉTODOS

1 População de estudo e aplicação do questionário

Humanos participantes que conduziam seus felinos domésticos a clínicas

veterinárias da cidade de Salvador eram entrevistados à medida que chegavam ao

atendimento veterinário e aceitavam participar. Os participantes que não possuíam gatos

eram entrevistados à medida que chegavam ao Serviço de Imunologia de Doenças

Infecciosas da Faculdade de Farmácia da UFBA para realizar exames, e eram

questionados se tinham interesse em participar e se não possuíam gato em casa. Os

humanos que concordaram em fazer parte do estudo foram entrevistados utilizando um

questionário estruturado (Apêndice A). Como critério de inclusão, pessoas que nunca

criaram gatos participaram do grupo controle.

As amostras foram divididas em dois grupos: proprietários e não proprietários

de gatos. Foram convidados 130 proprietários de 151 gatos, no entanto apenas 52

pessoas deste grupo participaram efetivamente, os quais possuíam o total de 70 gatos. O

número amostral do grupo controle, ou seja, não proprietário, foi de 52 pessoas, as

quais foram submetidas também à coleta de sangue. Todas as pessoas assinaram o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice B) aceitando

participar do projeto. Os proprietários dos gatos receberam um flyer informativo

(Apêndice C), bem como oritentação sobre medidas preventivas para não adquirir a

infecção por Toxoplasma gondii.

De acordo com as respostas dadas nos questionários e na análise dos animais

no momento da coleta, foram analisadas as seguintes variáveis: gênero, idade, origem

(rua ou gatil), status reprodutivo, raça, acesso a terra, acesso à rua, contato com outros

gatos, compartilhamento de caixa de areia, e dieta alimentar. As análises dos hábitos

humanos foram realizadas avaliando a influência das seguintes variáveis: gênero e

características de procedimentos de segurança alimentar. E foram obtidas informações

aplicáveis apenas aos proprietários, tais como limpeza da caixa de areia (meio,

frequência) e há quantos anos tem contato com gatos dentro de casa.

2 Obtenção de amostras

As coletas de amostras de soros dos 70 gatos, obtidas por conveniência, foram

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

17

realizadas entre os períodos de 01 de março a 01 de abril de 2015, em clínica particular

especializada em felinos na cidade de Salvador, e no Hospital Veterinário Prof. Renato

de Medeiros Neto da Universidade Federal da Bahia (HOSPMEV/ UFBA), de 01 de

março a 01 de outubro de 2016, em Salvador, Bahia.

As coletas de amostras dos 52 proprietários de gatos e 52 não proprietários

foram realizadas no mesmo período em laboratório clínico humano localizado na

Faculdade de Farmácia (LACTFAR/ UFBA), no campus da UFBA de Ondina.

Profissionais da saúde humana auxiliaram no presente trabalho na obtenção de amostras

humanas, desde a coleta à análise laboratorial, bem como profissionais da saúde animal

auxiliaram desde a coleta à análise laboratorial.

3 Questões éticas

Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de

Medicina – Parecer no. 1.574.698, para a coleta em humanos, como consta na

Plataforma Brasil. A parte que versa sobre a coleta em felinos foi aprovada pelo Comitê

de Ética no Uso de Animais da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da

Universidade Federal da Bahia - Pareceres no. 03/2015 e no. 51/2015.

4 Sorologia das amostras de felinos

Como recomendado pela OIE para diagnóstico da toxoplasmose em animais,

foram realizados dois ensaios sorológicos distintos para diagnóstico final. Foram então

escolhidos os ensaios de HAI e RIFI, realizados no LDPA.

A técnica de Hemaglutinação Indireta (HAI) foi realizada utilizando kit

comercial e segundo descrição do fabricante (Imuno-HAI TOXOPLASMOSE®,

WIENER). Esta técnica foi utilizada para detecção de IgG dos gatos do presente estudo,

usando o cut-off sugerido pelo fabricante de 1:32. Inicialmente as amostras foram

diluídas e adicionadas aos poços da placa. Depois foram adicionadas hemácias de aves

sensibilizadas com antígeno e aguardou-se o tempo para ocorrer a reação e poder fazer a

análise de cada paciente na placa específica de hemaglutinação. O ensaio relata, em sua

bula, ter sensibilidade de 100% e especificidade de 99,3%.

A Imunofluorescência Indireta foi realizada de acordo com o descrito

anteriormente por Miller et al. (2002). Os soros foram adicionados às lâminas contendo

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

18

o antígeno (taquizoíto total fixado da cepa RH tipo I de T. gondii, cultivo realizado no

LDPA). Em cada lâmina, foram incluídos os soros controles, positivo e negativo,

oriundos de experimento prévio (banco de soros do LDPA/UFBA). Foi utilizado o

conjugado fluorescente (anti-IgG de gato conjugado com isotiocianato de fluoresceína -

SIGMA®) na diluição de 1:400. As amostras, em diluição inicial de 1:16 (cut-off)

foram avaliadas em microscópio de fluorescência, em aumento de 1.000 vezes.

5 Sorologia das amostras de humanos

As amostras humanas foram testadas no SIDI para a detecção de IgG e IgM

anti-T. gondii com kits comerciais de ELISA (RADIM Diagnostics®), seguindo

recomendações do fabricante, em aparelho de automação para análise laboratorial e

leitura das amostras (Alisei®, Vyttra Diagnósticos). O cut-off considerado para IgG foi

de 11,0 UI/µL de índice de reatividade, e para IgM sendo considerado reagente ou não,

como sugerido pelo fabricante. O ensaio relata, em sua bula, que possui 97,1% de

sensibilidade e 99,1% de especificidade.

6 Análises estatísticas

Com o auxílio do software Microsoft Excel©, foi feita a elaboração de tabelas

através dos dados de sorologia obtidos. Os dados de sorologia e sua associação com as

respostas dos questionários foram submetidos a análises pelos testes de Qui-Quadrado

de Pearson e de Odds Ratio, utilizando-se o software estatístico SPSS® (versão 21.0 for

Windows). As correlações foram consideradas como estatisticamente significativas

quando p < 0,05.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

19

Critérios de Inclusão LACTFAR + Questionário

ELISA ELISA Proprietários Não proprietários

IgG IgM IgG IgM

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A presença do gato no convívio doméstico é questionada com relação ao real

risco da transmissão do Toxoplasma gondii pelo contato com estes animais domésticos

(JUNG et al., 2017). Devido a essa polêmica, se a criação de gato é ou não fator de risco

para infecção humana, este estudo verificou a correlação em animais e proprietários da

cidade de Salvador. Este estudo não apenas inclui somente ensaios sorológicos em

humanos, como também nos felinos domésticos que conviviam no mesmo ambiente que

as pessoas, diferencial dos demais estudos referentes à sorologia desta infecção.

1 Resultados sorológicos

Foram incluídos neste estudo homens e mulheres, de idades variáveis, e

nenhuma pessoa apresentou soropositividade para IgM, portanto nenhum dos

envolvidos no estudo demonstrava infecção recente. Por outro lado, 46,15% (48/104)

foram soropositivos para IgG independente da criação de gato ou não, sendo esta

frequência bem próxima dos resultados encontrados por Fakhfakh et al. (2013) na

Tunísia, com 47,7% de soropositividade dentre as 2.351 gestantes, e de Wilking et al.

(2016) na Alemanha, com 55% de 6.564 adultos sendo soropositivos. Com relação aos

proprietários de gatos, foram coletadas amostras de sangue de 52 pessoas e de seus 70

gatos domiciliados, e destes foram soropositivas para IgG 20 pessoas (40,38%). O

grupo de pessoas que não possuíam gatos foi constituído por 52 pessoas, e destas 28

(53,84%) foram soropositivas para IgG. Esses resultados estão dispostos na Figura 1.

Figura 1 - Fluxograma da frequência da soropositividade dos humanos.

Resultados 20+ 32- 0+ 52- 28+ 24- 0+ 52-

Frequências 40,38% 0,0% 53,84% 0,0%

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

20

Dos 70 gatos cujos proprietários concordaram em responder os questionários, nenhum

apresentou sorologia positiva para IgG específica anti-T. gondii em nenhum dos dois testes

utilizados neste estudo, como disposto na Figura 2. Em outros estudos, gatos

domiciliados também tiveram soropositividade de 0,0% no Brasil e na Coréia, sendo

que a soronegatividade exclui estes gatos como fonte de infecção para a infecção

humana neste momento em especial (LEE et al., 2010; MENESES et al., 2011).

Figura 2 - Fluxograma da frequência da soropositividade dos gatos dos quais os

proprietários responderam questionários e se submeteram à coleta de

sangue.

Critérios de Inclusão Felina e HOSPMEV

HAI

RIFI

IgG IgG

Resultados 0+ 70- 0+ 70-

Frequências 0,0% 0,0%

O animal de companhia, quando sob cuidado de um proprietário, tem reduzido

o risco de adquirir a infecção por T.gondii (CERRO et al., 2014; MENESES et al.,

2011; MUNHOZ et al., 2017; OPSTEEGH et al., 2012), justificando a soronegatividade

na população de gatos do presente estudo, onde 54,28% tinham idade acima de um ano

(38/70), 60,0% eram adotados de rua (42/70), 65,71% sem raça definida (46/70),

28,57% não castrados (20/70), 14,28% têm acesso a terra (10/70), 10,0% têm acesso a

rua (7/70), e 34,28% compartilham a caixa de areia com outros gatos da casa (24/70).

Deve-se levar em consideração também que gatos de um ambiente urbano têm menos

acesso a fontes de infecção, principalmente pelo meio urbano se caracterizar por mais

pessoas morando em apartamentos do que em casas, o que limita o contato desses

felídeos com presas e terra contaminada.

2 Análise de fatores de risco na população humana total estudada

Observamos, como um resultado principal deste trabalho, que não houve

associação entre a soropositividade e a presença do gato em ambiente domiciliar

[p=0,091, OR (IC 95%) = 1,451 (0,940–2,241)], demonstrado na Tabela 4. E tal

situação também foi vista por outros autores (ALVARADO-ESQUIVEL et al., 2009a;

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

21

CHANDRASENA et al., 2016; FAKHFAKH et al., 2013; FLATT & SHETTY, 2012;

FU et al., 2014; GELAYE et al., 2015; JUNG et al., 2017; KAMANI et al., 2009;

KOLBEKOVA et al., 2007; QUADROS et al., 2015; YOBI et al., 2012). Mas também

há relatos científicos nos quais essa correlação foi evidenciada (ABAMECHA &

AWEL, 2016; ALVARADO-ESQUIVEL et al., 2010; DATTOLI et al., 2011;

HOFHUIS et al.,2011; SPALDING et al., 2005; SROKA et al., 2010; UTTAH et al.,

2013; WILKING et al., 2016; ZHANG et al., 2016). No entanto, quando analisamos o

fato de que os gatos deste estudo que eram criados por pessoas que responderam aos

questionários foram soronegativos para IgG anti-T. gondii em ambos os testes utilizados

neste estudo, podemos aferir que estes gatos não representavam fontes de transmissão

para a infecção da população humana. Também deve ser mencionado que o presente

estudo considerou proprietários que levavam seus gatos em clínicas veterinárias, o que

demonstra preocupação e cuidado com seus animais, e por isso essas pessoas podem

possuir cuidados maiores com seus animais que evitam a exposição a fatores de risco

para a infecção por T. gondii em felinos.

Tabela 4 - Frequência de soropositividade da população total de pessoas incluídas nesse

estudo, independentemente de terem ou não gatos, e correlação com variáveis

relativas a hábitos alimentares, sexo e idade. (Continua)

IgG positivo

n (%)

OR (IC 95%) p

Cria gatos

Não† (n=52) 28 (53,8)

Sim (n=52) 20 (38,4) 1,451 (0,940 - 2,241) 0,091

Consumo de carne crua1

Não (n=91) 38 (41,7)

Sim (n=13) 10 (76,9) 0,778 (0,465 – 1,302) 0,379

Consumo de carne mal passada1

Não (n=44) 17 (38,6)

Sim (n=60) 31 (51,6) 0,743 (0,464 – 1,189) 0,200

Consumo de leite in natura1

Não (n=54) 26 (48,1)

Sim (n=50) 22 (44,0) 0,951 (0,616 – 1,467) 0,821

Consumo de verduras cruas sem lavar1

Não (n=39) 12 (30,7)

Sim (n=65) 36 (55,3) 1,764 (1,226 – 2,537) 0,002*

Consumo de frutas sem lavar1

Não (n=52) 19 (36,5)

Sim (n=52) 29 (55,7) 1,809 (1,174 – 2,786) 0,003*

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

22

Tabela 4 - Frequência de soropositividade da população total de pessoas incluídas nesse

estudo, independentemente de terem ou não gatos, e correlação com variáveis

relativas a hábitos alimentares, criação ou não de gatos, sexo e idade. (Continuação)

IgG positivo

n (%)

OR (IC 95%) p

Consumo de água1

Água filtrada (n=79) 28 (35,4)

Água não filtrada (n=25) 20 (80,0) 0,881 (0,570 – 1,362) 0,574

Preparo alimentar 1, 2

Água tratada (n=70) 17 (24,2)

Água não tratada (n=34) 31 (91,1) 1,823 (1,231 – 2,697) 0,009*

Idade (anos)

0 – 20 (n=11) 0 (0) .

21 – 40 (n=43) 17 (39,5) 1,625 (1,268 – 2,083) 0,014*

41 a 60 (n=39) 22 (56,4) 2,615 (1,706 – 4,009) 0,001*

61 a 80 (n=11) 9 (81,8) 3,677 (1,397 – 9,624) 0,001*

Gênero

Masculino (n=13) 8 (61,5)

Feminino (n=91) 40 (43,9) 1,097 (0,636 – 1,894) 0,746

Legenda: 1 Alguma vez durante toda a vida. 2 Água tratada - com sanitizantes ou filtrada; água não

tratada - água diretamente da torneira. † Nunca criou gato na vida. *Associação estatisticamente

significativa no teste de Qui-quadrado de Pearson (p < 0,05).

O desconhecimento da toxoplasmose em si pode ser um fator de risco para ter

contato com o protozoário (ROSSI et al., 2014), no entanto, menos da metade dos

humanos soropositivos (41,67%) conheciam pelo menos um tópico sobre a doença

(risco, transmissão ou prevenção), como simplificado na Tabela 5. Dentre os

proprietários, apenas 15,38% (8/52) não tinha conhecimento de algum tópico, e destes

20,00% (4/20) eram soropositivos, contra não proprietários com ausência de

conhecimento eram 82,69% (43/52) e destes 85,71% (24/28) soropositivos, sendo,

portanto o conhecimento mais presente na população proprietária de gatos e que leva

seu animal ao centro de atendimento especializado.

Tabela 5 – Frequência de soropositividade e desconhecimento sobre a infecção por

Toxoplasma gondii.

Proprietários

n/total (%)

Não proprietários

n/total (%)

Total

n/total (%)

Desconhecimento 8/52 (15,38%) 43/52 (82,69%) 51/104 (59,34%)

Soropositivos com desconhecimento

4/20 (20,00%) 24/28 (85,71%) 28/48 (58,33%)

Apesar de já ter sido relatado que não existe predisposição de idade para

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

23

adquirir a infecção (ENGROFF et al., 2014), há uma maior exposição ao agente ao

longo da vida, com maior risco temporal de adquirir a infecção.

Da população total, mesmo tendo maioria do sexo feminino atendido no

laboratório conveniado e participando do estudo, 40 (83,33%) mulheres e 08 (16,66%)

homens soropositivos, não houve associação entre soropositividade e sexo das pessoas

incluídas e testadas nesse ensaio [p=0,746; OR (IC 95%) = 1,097 (0,636–1,894)], o

mesmo foi encontrado por Engroff e colaboradores (2014).

Os hábitos alimentares da população total demonstraram maior importância na

infecção por T. gondii, tais como consumir verduras cruas sem lavar [p=0,002; OR (IC

95%) = 1,764 (1,226 – 2,537)], consumir frutas sem lavar [p=0,003; OR (IC 95%) =

1,809 (1,174 – 2,786)], e o preparo de alimentos com água não tratada [p=0,009; OR

(IC 95%) = 1,823 (1,231 – 2,697)], como pode ser visto na Tabela 5. Esses fatores de

risco também já foram descritos por Alvarado-Esquivel et al. (2010) no México,

Fakhfakh et al. (2013) na Tunísia, Flegr (2017) na República Tcheca, Hofhuis et al.

(2011) na Holanda, Kamani et al. (2009) na Nigéria e Zhang et al. (2016) na China.

É reconhecido que a água é um veículo de diversos patógenos, portanto bons

hábitos de higiene evitam a infecção também por T. gondii. Wilking et al. (2016)

descrevem que o hábito vegetariano reduziu o risco de adquirir a infecção por T. gondii,

no entanto ainda existe este risco. O fato de não ser perguntado neste estudo sobre a

água utilizada para o preparo do alimento pode ter interferido diferenciando dos

resultados dos demais trabalhos e do nosso trabalho especificamente, já que o nosso

demonstra fatores de risco relacionados ao preparo inadequado de produtos não

cárneos. O consumo de carne crua ou mal passada é um fator de risco comum que já

visto por Abamecha & Awel (2016) na Etiópia, Flatt & Shetty na Inglaterra (2012) e

Hofhuis et al. (2010) na Holanda. No entanto, no presente estudo, não houve associação

estatística em relação ao consumo de carne crua ou mal passada com a soropositividade,

assim como revelaram estudos por Flegr (2016) e Uttah et al. (2013). Talvez esse fato se

deva à pouca tradição de consumo de carne suína e de pequenos ruminantes na capital

baiana, o que é mais comum no interior (ARAÚJO et al., 2011; BITTENCOURT et al.,

2012; ENGROFF et al., 2014), e também pelo fato de que o acesso à carne comercial é

maior para carnes fiscalizadas pelo SIF (Sistema de Inspeção Federal), o que já não

acontece em um meio rural, onde pode-se ter acesso a carnes não fiscalizadas. Também

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

24

existe maior tradição de consumo de carnes bovinas, que não estão tão relacionadas à

transmissão do parasito segundo Said e colaboradores (2017).

Muito embora seja relatado que o consumo de leite in natura, ou seja, ingestão

do leite cru sem processamento, seja um fator de risco para adquirir a infecção por T.

gondii (FLATT & SHETTY, 2012), nem o presente estudo nem outros autores

encontraram associação com o consumo de leite cru como fator de risco (ABAMECHA

& AWEL, 2016; ALVARADO-ESQUIVEL et al., 2010; SAID et al., 2016), ou mesmo

outros estudos nem incluíram essa pergunta específica (DATTOLI et al., 2011;

KAMANI et al., 2009; WILKING et al., 2016; ZHANG et al., 2016). Talvez também

nesse momento deve-se considerar o fato de que a população urbana da cidade de

Salvador tem acesso a leite comercial já pasteurizado, o que já não aconteceria em um

ambiente rural, onde o acesso a leite sem pasteurização é mais fácil, e por isso esse leite

sem tratamento pode servir de fonte de infecção.

3 Análise de fatores de risco relacionados à criação do gato

De fato, quando analisamos os hábitos e características de criação de gatos, a

única variável que apresentou associação estatística foi o consumo de outros alimentos

que não somente ração [p=0,001; OR (IC 95%) = 3,444 (1,580 – 7,511)], demonstrado

na Tabela 6, e achados semelhantes foram encontrados por Abamecha & Awel (2016),

Hofhuis et al. (2011) e Zhang et al. (2016). O fato de o gato predar pequenos roedores e

outros animais infectados com cistos teciduais de T. gondii é reconhecido como uma

fonte de infecção importante para os felinos, sendo bem similar ao oferecimento de

carne crua, mesmo que processada, para os animais (ABAMECHA & AWEL, 2016). No

presente estudo, não houve associação estatisticamente significativa com relação ao

gênero do gato, idade, raça, origem de obtenção, status reprodutivo, acesso a terra,

acesso a rua, contato com outros gatos da casa, contato com gatos de rua, ter ou não

caixa de areia, compartilhar esta com outros gatos da casa, limpeza diária da caixa, ou

utilização de pá na coleta das fezes, ou tempo de criação de gatos (este último detalhado

na Tabela 7), e estes achados estão em desacordo com autores que apontam estes

fatores de risco para adquirir a infecção por este protozoário (ARRAES-SANTOS et al.,

2016; COELHO et al., 2011; RAHIMI et al., 2015).

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

25

Tabela 6 – Correlação da soropositividade para presença de IgG anti-T. gondii em

humanos que criam gatos com fatores relacionados à criação dos mesmos.

Fatores gatos IgG positivo

n (%) OR (IC 95%) p

Gênero1

Fêmea (n=27) 9 (33,3)

Macho (n=31) 11 (35,4) 1,320 (0,660 – 2,369) 0,430

Idade gato (anos) 1

< 1 (n=20) 8 (40,0)

1 a > 10 (n=38) 12 (31,5) 0,794 (0,399 – 1,581) 0,519

Raça 1

Definida (n=12) 3 (25,0) .

SRD (n=46) 17 (36,9) 1,349 (0,489 – 3,274) 0,541

Origem de obtenção1

Compra (n=16) 6 (37,5)

Adoção (n=42) 14 (33,3) 0,860 (0,413 – 1,791) 0,963

Status reprodutivo 1

Castrado (n=38) 12 (31,5)

Não castrado (n=20) 8 (40,0) 2,000 (1,057 – 3,783) 0,48 Acesso à terra

Não (n=42) 16 (38,0)

Sim (n=10) 4 (40,0) 0,750 (0,306 – 1,841) 0,510 Acesso à rua

Não (n=45) 9 (20,0)

Sim (n=7) 5 (71,4) 1,049 (0,502 – 2,192) 0,899 Contato com outros gatos

Não (n=19) 6 (31,5)

Sim (n=33) 14 (42,4) 1,133 (0,530 – 2,425) 0,744 Possui contato

Dentro de casa (n=27) 16 (59,2)

Rua (n=6) 4 (66,6) 1,917 (0,961 – 3,823) 0,131 Alimentação

Só ração (n=31) 6 (19,3)

Outros alimentos (n=21) 14 (66,6) 3,444 (1,580 – 7,511) 0,001* Caixa de areia

Não (n=4) 1 (25,0)

Sim (n=48) 19 (39,5) 1,241 (0,674 – 2,286) 0,565 Compartilhamento de caixa

Não (n=24) 11 (45,8)

Sim (n=24) 8 (33,3) 0,727 (0,356 – 1,485) 0,376 Limpeza da caixa

Diária (n=46) 17 (36,9)

Não diária (n=2) 2 (100,0) 1,294 (0,454 – 3,692) 0,656 Meio da limpeza

Pá (n=42) 17 (40,4)

Outros (n=6) 2 (33,3) 1,294 (0,564 – 3,282) 0,575

Legenda: SRD (Sem Raça Definida). 1Um mesmo proprietário pode ter mais de um gato participante.

*Associação estatisticamente significativa no teste de no teste de Qui-quadrado de Pearson (p < 0,05).

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

26

Tabela 7 – Resultado dos responsáveis e a relação com o tempo de criação com gatos.

Tempo de criação com gatos (anos)

Responsáveis 0 a 10 11 a 20 21 a 30 31 a 40 41 a 50 51 a 60 Total

IgG + 9 6 2 2 0 1 20

IgG - 25 3 1 3 0 0 32

Total 34 9 3 5 0 1 52

Mesmo pessoas que já criavam gatos, desde meses a 50 anos, foram

soronegativas para a infecção por T.gondii, excluindo a criação de gato como problema

da população no presente estudo. Com a domesticação e cuidados com hábitos

alimentares, há consequentemente uma restrição de acesso ao ambiente contaminado ou

caça de animais infectados, e o gato domiciliado pode então não ter soropositividade

(FAKHFAKH et al., 2013; MENESES et al., 2011). E como visto em revisão

sistemática, hábitos de acariciar o pelo ou o contato diretamente com o gato domiciliado

não são fatores de risco para a infecção do responsável (FAKHFAKH et al., 2013).

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

27

CONCLUSÃO

Com relação à soropositividade para anticorpos específicos anti-T. gondii em

uma amostra de população humana de Salvador, não encontramos correlação estatística

significativa com o fato de a pessoa criar ou não gatos. De uma população de 70 gatos

pertencentes a 52 pessoas, nenhum deles apresentou soropositividade nos ensaios

utilizados. Os fatores de risco mais importantes para a infecção por T. gondii na

população humana foram consumir verduras cruas ou frutas sem lavar, preparar

alimentos com água não tratada, e o hábito de criação de gatos mais associado com a

infecção pelo protozoário foi o oferecimento de outros alimentos que não a ração

comercial.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os hábitos alimentares estão mais associados com a infecção com T. gondii em um

fragmento da população de Salvador do que a criação de gato em si, necessitando-se investigar

quais fontes de infecção estão relacionadas com a transmissão do protozoário no ambiente

urbano. Embora exista uma vasta literatura sobre a sorologia de gatos domésticos sobre

toxoplasmose, a nossa compreensão sobre a real importância da presença do gato na

toxoplasmose humana é superficial. Em termos gerais, os cuidados devem estar

voltados para o preparo de frutas e verduras e produtos de origem animal.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABAMECHA, F. & AWEL, H. (2016) Seroprevalence and risk factors of Toxoplasma

gondii infection in pregnant women following antenatal care at Mizan Aman General

Hospital, Bench Maji Zone (BMZ), Ethiopia. BMC Infectious Diseases, 16, n. 1, p.

460-468.

ABDOLI, A., DALIMI, A., SOLTANGHORAEE, H., & GHAFFARIFAR, F. (2017)

Molecular detection and genotypic characterization of Toxoplasma gondii in

paraffin- embedded fetoplacental tissues of women with recurrent spontaneous

abortion. International Journal of Fertility & Sterility, v. 10, n. 4, p. 327-332.

AKHTARDANESH, B., ZIAALI, N., SHARIFI, H., & REZAEI, S. (2010) Feline

immunodeficiency virus, feline leukemia virus and Toxoplasma gondii in stray and

household cats in Kerman–Iran: Seroprevalence and correlation with clinical and

laboratory findings. Research in veterinary science, v. 89, n. 2, p. 306-310.

ALVARADO-ESQUIVEL, C., TORRES-CASTORENA, A., LIESENFELD, O.,

GARCÍA-LÓPEZ, C.R., ESTRADA-MARTÍNEZ, S., SIFUENTES-ÁLVAREZ, A.,

MARSAL-HERNÁNDEZ, J.F., ESQUIVEL-CRUZ, R., SANDOVAL-HERRERA, F.,

CASTAÑEDA, J.A. & DUBEY, J.P. (2009a) Seroepidemiology of Toxoplasma gondii

infection in pregnant women in rural Durango, Mexico. Journal of parasitology, v. 95,

n. 2, p. 271-274.

ALVARADO-ESQUIVEL, C., LIESENFELD, O., HERRERA-FLORES, R. G., RAMÍREZ-SÁNCHEZ, B. E., GONZÁLEZ-HERRERA, A., MARTÍNEZ-GARCÍA,

S. A., & DUBEY, J. P. (2009b) Seroprevalence of Toxoplasma gondii antibodies in cats

from Durango City, Mexico. Journal of parasitology, v. 93, n. 5, p. 1214-1216.

ALVARADO-ESQUIVEL, C., LIESENFELD, O., MÁRQUEZ-CONDE, J. A.,

ESTRADA-MARTÍNEZ, S., & DUBEY, J. P. (2010) Seroepidemiology of infection

with Toxoplasma gondii in workers occupationally exposed to water, sewage, and soil

in Durango, Mexico. Journal of Parasitology, v. 96, n. 5, p. 847-850.

ALVARADO-ESQUIVEL, C., ESTRADA-MARTÍNEZ, S., PIZARRO-

VILLALOBOS, H., ARCE-QUIÑONES, M., LIESENFELD, O., & DUBEY, J.P.

(2011) Seroepidemiology of Toxoplasma gondii infection in general population in a

northern Mexican city. The Journal of parasitology, v. 97, n. 1, p. 40-43.

ARAÚJO, D.A.D., SILVA, A.V.D., ZANETTE, D.F., SILVA, D.R.D., CORREA,

N.A.B., VESLASQUEZ, L.G., & PINTO NETO, A. (2011) Investigação dos fatores

associados à infecção pelo Toxoplasma gondii em cães e seres humanos de Porto

Figueira, PR. Veterinária e Zootecnia, v. 18, n. 1, p. 98-111.

ARRAES-SANTOS, A.I., ARAÚJO, A.C., GUIMARÃES, M.F., SANTOS, J.R.,

PENA, H.F.J., GENNARI, S.M., AZEVEDO, S.S., LABRUNA, M.B., HORTA, M.C.

(2016) Seroprevalence of anti-Toxoplasma gondii and anti-Neospora caninum

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

29

antibodies in domestic mammals from two distinct regions in the semi-arid region of

Northeastern Brazil. Veterinary Parasitology: Regional Studies and Reports, v. 5, p.

14-18.

BITTENCOURT, L.H.F.D.B., LOPES-MORI, F.M.R., MITSUKA-BREGANÓ, R.,

VALENTIM-ZABOTT, M., FREIRE, R.L., PINTO, S.B., & NAVARRO, I.T. (2012)

Soroepidemiologia da toxoplasmose em gestantes a partir da implantação do Programa

de Vigilância da Toxoplasmose Adquirida e Congênita em municípios da região oeste

do Paraná. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 34, n. 2, p. 63-68.

BORGUEZAN, C., SANCHES, F.G., MADEIRA DE OLIVEIRA, J.T., NORBERG,

P.R.B.M., URIARTE, M.A.A., & NORBERG, A.N. (2014) Seroprevalencia de

anticuerpos anti-Toxoplasma gondii en indígenas de la etnia Terena, Mato Grosso do

Sul, Brasil. Revista Cubana de Medicina Tropical, v. 66, n. 1, p. 48-57.

BRAGA, M.D.S.C.D., ANDRÉ, M.R., JUSI, M.M.G., FRESCHI, C.R., TEIXEIRA,

M.C.A., & MACHADO, R.Z. (2012) Occurrence of anti-Toxoplasma gondii and anti-

Neospora caninum antibodies in cats with outdoor access in São Luís, Maranhão,

Brazil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 21, n. 2, p. 107- 111.

BRASIL, Ministério da Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças

Transmissíveis (DVDT). Relatórios de Investigações de Surtos e Boletins

Eletrônicos da SVS/MS, 2015.

BRASIL, Secretaria de Vigilância em Saúde. Doenças Negligenciadas. Brasília, 2008,

p. 37. Disponível em: http://www.senado.leg.br/comissoes/cas/ap/

AP_20080604_Doencas_Negligenciadas.pdf

CAN, H., DÖŞKAYA, M., AJZENBERG, D., ÖZDEMIR, H. G., CANER, A., İZ, S.

G., DÖŞKAYA, A. D., ATALAY, E., ÇETINKAYA Ç., ÜRGEN, S., KARAÇALI, S.,

ÜN, C., DARDÉ, M.-L., GÜRÜZ, Y. (2014) Genetic characterization of Toxoplasma

gondii isolates and toxoplasmosis seroprevalence in stray cats of Izmir, Turkey. PloS

One, v. 9, n. 8, e104930.

CERRO, L., RUBIO, A., PINEDO, R., MENDES-DE-ALMEIDA, F., BRENER, B., &

LABARTHE, N. (2014) Seroprevalence of Toxoplasma gondii in cats (Felis catus,

Linnaeus 1758) living in Lima, Peru. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária,

v. 23, n. 1, p. 90-93.

CHANDRASENA, N., HERATH, R., RUPASINGHE, N., SAMARASINGHE, B.,

SAMARANAYAKE, H., KASTURIRIRATNE, A., & DE SILVA, N. R. (2016)

Toxoplasmosis awareness, seroprevalence and risk behavior among pregnant women in

the Gampaha district, Sri Lanka. Pathogens and Global Health, v. 110, n. 2, p. 62-67.

COELHO, W. M. D., DO AMARANTE, A. F. T., DE CARVALHO APOLINÁRIO, J.,

COELHO, N. M. D., DE LIMA, V. M. F., PERRI, S. H. V., & BRESCIANI, K. D. S.

(2011) Seroepidemiology of Toxoplasma gondii, Neospora caninum, and Leishmania

spp. infections and risk factors for cats from Brazil. Parasitology research, v. 109, n. 4,

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

30

p. 1009-1013.

CRUZ, M. D. A., ULLMANN, L. S., MONTAÑO, P. Y., HOFFMANN, J. L.,

LANGONI, H., & BIONDO, A. W. (2011) Seroprevalence of Toxoplasma gondii

infection in cats from Curitiba, Paraná, Brazil. Revista Brasileira de Parasitologia

Veterinária, v. 20, n. 3, p. 256-258.

DATTOLI, V.C., VEIGA, R.V., CUNHA, S.S., PONTES-DE- CARVALHO, L.,

BARRETO, M.L., & ALCANTARA-NEVES, N.M. (2011) Oocyst ingestion as an

important transmission route of Toxoplasma gondii in Brazilian urban children.

Journal of Parasitology, v. 97, n. 6, p.1080-1084.

DUBEY, J.P. (2009) The history of Toxoplasma gondii — the first 100 years. Journal

of Eukaryotic Microbiology, v. 55, n. 6, p. 467-475.

DUBEY, J. P., VELMURUGAN, G. V., ALVARADO-ESQUIVEL, C., ALVARADO-

ESQUIVEL, D., RODRÍGUEZ-PEÑA, S., MARTÍNEZ-GARCÍA, S., GONZÁLEZ-

HERRERA, A., FERREIRA, L.R., KWOK, O.C.H. & SU, C. (2009) Isolation of

Toxoplasma gondii from animals in Durango, Mexico. (Online) Journal of

Parasitology, v. 95, n. 2, p. 319-322.

DUBEY, J. P., LAGO, E. G., GENNARI, S. M., SU, C., & JONES, J. L. (2012)

Toxoplasmosis in humans and animals in Brazil: high prevalence, high burden of

disease, and epidemiology. Parasitology, v. 139, n. 11, p. 1375-1424.

ELBEZ-RUBINSTEIN, A., AJZENBERG, D., DARDÉ, M. L., COHEN, R.,

DUMÈTRE, A., YERA, H., GONDON, E., JANAUD, J.-C., & THULLIEZ, P.

(2009) Congenital toxoplasmosis and reinfection during pregnancy: case report, strain

characterization, experimental model of reinfection, and review. The Journal of

Infectious Diseases, v. 199, n. 2, p. 280-285.

ELSAID, M. M., AZBEDAH, A. G., DIA EDDIN, E. & ALKOUT, A. (2014) The

prevalence of Toxoplasma gondii infection in psychiatric patients in Tripoli, Libya.

Journal of American Science, v. 10, n. 5, p. 135-140.

ENGROFF, P., ELY, L.S., GUISELLI, S.R., GOULARTE, F.H., GOMES, I., VIEGAS,

K., & DE CARLI, G.A. (2014) Seroepidemiology of Toxoplasma gondii in elderly

individuals treated under the Family Health Strategy, Porto Alegre, Rio Grande do Sul,

Brazil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, n. 8, p. 3385-3393.

FAKHFAKH, N., KALLEL, K., ENNIGRO, S., KAOUECH, E., BELHADJ, S. &

CHAKER, E. (2013) Risk factors for Toxoplasma gondii and immune status of

pregnant women: cause and effect?. La Tunisie Medicale, v. 91, n. 3, p. 188-190.

FLATT, A. & SHETTY, N. (2012) Seroprevalence and risk factors for toxoplasmosis

among antenatal women in London: a re-examination of risk in an ethnically diverse

population. The European Journal of Public Health, v. 23, n. 4, p. 648-652.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

31

FLEGR, J. (2017) Predictors of Toxoplasma gondii infection in Czech and Slovak

populations: the possible role of cat-related injuries and risky sexual behavior in the

parasite transmission. Epidemiology & Infection, v. 145, n. 7, p. 1351-1362.

FU, C. J., CHUANG, T. W., LIN, H. S., WU, C. H., LIU, Y. C., LANGINLUR, M. K.,

LU, M.-Y., HSIAO, W. W.-W. & FAN, C. K. (2014) Toxoplasma gondii

infection: seroprevalence and associated risk factors among primary school children

in the capital area of the Republic of the Marshall Islands. Japanese journal of

infectious diseases, v. 67, n. 5, p. 405-410.

GELAYE, W., KEBEDE, T., & HAILU, A. (2015) High prevalence of anti- toxoplasma

antibodies and absence of Toxoplasma gondii infection risk factors among pregnant

women attending routine antenatal care in two Hospitals of Addis Ababa,

Ethiopia. International Journal of Infectious Diseases, v. 34, p. 41-45.

GERHOLD, R.W & JESSUP, D.A. (2013) Zoonotic diseases associated with free-

roaming cats. Zoonoses Public Health, v. 60, n. 3, p. 189-95.

HADDADZADEH, H. R., KHAZRAIINIA, P., ASLANI, M., REZAEIAN, M.,

JAMSHIDI, S., TAHERI, M., & BAHONAR, A. (2006). Seroprevalence of

Toxoplasma gondii infection in stray and household cats in Tehran. Veterinary

Parasitology, v. 138, n. 3, p. 211-216.

HILL, D. & DUBEY, J.P. (2002) Toxoplasma gondii: transmission, diagnosis and

prevention. Clin Microbiol Infect, v. 8, n. 10, p. 634–640.

HOFHUIS, A., VAN PELT, W., VAN DUYNHOVEN, Y. T. H. P., NIJHUIS, D. M.,

MOLLEMA, L., VAN DER KLIS, F. R. M., HAVELAAR, A. H. & KORTBEEK, M.

(2011) Decreased prevalence and age-specific risk factors for Toxoplasma gondii IgG

antibodies in The Netherlands between 1995/1996 and 2006/2007. Epidemiology &

Infection, v. 139, n. 4, p. 530-538.

JENSEN K.D.C., CAMEJO A., MELO M.B., CORDEIRO C., JULIEN L.,

GROTENBREG G.M., FRICKEL E., PLOEGH H.L., YOUNG L., SAEIJ J.P.J. (2015)

Toxoplasma gondii superinfection and virulence during secondary infection correlate

with the exact ROP5/ROP18 allelic combination. MBio (American Society for

Microbiology), v. 6, n. 2, p. 1-15.

JONES, J.L. & DUBEY, J.P. (2012) Foodborne toxoplasmosis. Clinical Infectious

Diseases, v. 55, n. 6, p. 845-851.

JONES, J. L., PARISE, M. E., & FIORE, A. E. (2014) Neglected parasitic infections in

the United States: toxoplasmosis. The American journal of tropical medicine and

hygiene, v. 90, n. 5, p. 794-799.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

32

JONES, J.L., KRUSZON-MORAN, D., RIVERA, H.N., PRICE, C., WILKINS, P.P.

(2014) Toxoplasma gondii Seroprevalence in the United States 2009–2010 and

Comparison with the Past Two Decades. The American Journal of Tropical

Medicine and Hygiene, v. 90, n. 6, p. 1135 – 1139.

JUNG, B. K., SONG, H., LEE, S. E., KIM, M. J., CHO, J., SHIN, E. H., & CHAI, J. Y.

(2017) Seroprevalence and Risk Factors of Toxoplasma gondii Infection among Cat

Sitters in Korea. The Korean Journal of Parasitology, v. 55, n. 2, p. 203-206.

KAMANI, J., MANI, A.U., EGWU, G.O., & KUMSHE, H. A. (2009) Seroprevalence

of human infection with Toxoplasma gondii and the associated risk factors, in

Maiduguri, Borno state, Nigeria. Annals of Tropical Medicine & Parasitology, v.

103, n. 4, p. 317-321.

KIJLSTRA, A., & JONGERT, E. (2008) Control of the risk of human toxoplasmosis

transmitted by meat. International Journal for Parasitology, v. 38, n. 12, p. 1359-

1370.

KOLBEKOVA, P., KOURBATOVA, E., NOVOTNA, M., KODYM, P., & FLEGR, J.

(2007) New and old risk‐factors for Toxoplasma gondii infection: prospective

cross‐sectional study among military personnel in the Czech Republic. Clinical

Microbiology and Infection, v. 13, n. 10, p. 1012-1017.

LAPPIN, M. R., VANLARE, K. A., SEEWALD, W., ROYCROFT, L. M., SCORZA,

A. V., KING, S. & ROBERTS, E. S. (2015) Effect of oral administration of

cyclosporine on Toxoplasma gondii infection status of cats. American journal of

veterinary research, v. 76, n. 4, p. 351-357.

LEE, S.-E., KIM, J.-Y., KIM, Y.-A., CHO, S.-H., AHN, H.-J., WOO, H.-M., LEE, W.-

J., & NAM, H.-W. (2010) Prevalence of Toxoplasma gondii Infection in Stray and

Household Cats in Regions of Seoul, Korea. Korean Journal of Parasitology, v. 48, n.

3, p. 267-270.

MAATEN, T. S.-V., TURNER, D., TILBURG, J.V., & VAARTEN, J. (2016) Benefits

and Risks for People and Livestock of Keeping Companion Animals: Searching for a

Healthy Balance. Journal of Comparative Pathology, v. 155, p. 8-17.

MAGALHÃES, F.J.R., RIBEIRO-ANDRADE, M., SOUZA, F.M., LIMA, F.C.D.F.,

BIONDO, A.W., VIDOTTO, O., NAVARRO, I.T. & MOTA, R.A. (2016)

Seroprevalence and spatial distribution of Toxoplasma gondii infection in cats, dogs,

pigs and equines of the Fernando de Noronha Island, Brazil. Parasitology

International, v. 66, n. 2, p. 43-46.

MCLEOD, R., BOYER, K.M., LEE, D., MUI, E., WROBLEWSKI, K., KARRISON,

T., NOBLE, A.G., WITHERS, S., SWISHER, C.N., HEYDEMANN, P.T., SAUTTER,

M., BABIARZ, J., RABIAH, P., MEIER, P., & GRIGG, M.E. (2012) Prematurity and

severity are associated with Toxoplasma gondii alleles (NCCCTS, 1981-2009). Clinical

Infectious Diseases, v. 54, n. 11, p. 1595-1605.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

33

MENESES, A.M.C., NEGRÃO, K.A., MIRANDA, C.F., BASTOS, R.K.G., DE

SOUZA, N.F., DOS SANTOS KURODA, R. B., MORAES, C.C.G. DE, & BENIGNO,

R.N.M. (2011) Ensaio imunoenzimático indireto para detecção de anticorpos IgG anti-

Toxoplasma gondii em gatos na cidade de Belém do Pará, Brasil. Revista de Ciências

Agrárias/Amazonian Journal of Agricultural and Environmental Sciences, v. 52, n.

1, p. 99-105.

MILLAR, P.R., SOBREIRO, L.G., BONNA, I.C.F., & AMENDOEIRA, M.R.R. (2008)

A importância dos animais de produção na infecção por Toxoplasma gondii no Brasil.

Semina: Ciências Agrárias, v. 29, n. 3, p. 693-706.

MILLER, M. A., GARDNER, I. A., PACKHAM, A., MAZET, J. K., HANNI, K. D.,

JESSUP, D., ESTES, J., JAMESON, R., DODD, E., BARR, B. C., GULLAND, F. M.,

LOWENSTINE, L. J. & CONRAD, P. A. (2002) Evaluation of an indirect fluorescent

antibody test (IFAT) for demonstration of antibodies to Toxoplasma gondii in the sea

otter (Enhydra lutris). Journal of Parasitology, v. 88, n. 3, p. 594-599.

MORLON-GUYOT, J., BERRY, L., CHEN, C.-T., GUBBELS, M.-J., LEBRUN, M. &

DAHER, W. (2014) The Toxoplasma gondii calcium-dependent protein kinase 7 is

involved in early steps of parasite division and is crucial for parasite survival. (Online)

Cellular Microbiology, v. 16, p. 95–114.

MUNHOZ, A.D., HAGE, S.B., CRUZ, R.D.S., CALAZANS, A.P.F., SILVA, F.L.,

ALBUQUERQUE, G.R., LACERDA, L.C. (2017) Toxoplasmosis in cats in

northeastern Brazil: Frequency, associated factors and coinfection with Neospora

caninum, feline immunodeficiency virus and feline leukemia virus. Veterinary

Parasitology: Regional Studies and Reports, p. 35-38.

MURRAY, P. J. (2011) Macrophages as a battleground for toxoplasma pathogenesis.

Cell host & microbe, v. 9, n. 6, p. 445-447.

NUNES, C.D.L.X., GONÇALVES, L.A., SILVA, P.T. & BINA, J.C. (2004)

Características clinicoepidemiológicas de um grupo de mulheres com HIV/AIDS em

Salvador-Bahia. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 37, n. 6, p.

436-440.

OIE, Organização Internacional de Epizootias/ World Organisation for Animal Health,

Terrestrial Manual, Cap. 2.9.10 – Toxoplasmosis, 2008, p. 1284-1293. Disponível

em: https://web.oie.int/eng/normes/MMANUAL/2008/pdf/2.09.10_TOXO.pdf

OPSTEEGH, M., HAVEMAN, R., SWART, A. N., MENSINK-BEEREPOOT, E.,

HOFHUIS, A., LANGELAAR, M. F. M., & VAN DER GIESSEN, J. W. B. (2012)

Seroprevalence and risk factors for Toxoplasma gondii infection in domestic cats in The

Netherlands. Preventive veterinary medicine, v. 104, n. 3, p. 317-326.

PINTO, L.D., ARAUJO, F.A.P.D., STOBBE, N.S. & MARQUES, S.M.T. (2009)

Soroepidemiologia de Toxoplasma gondii em gatos domiciliados atendidos em clínicas

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

34

particulares de Porto Alegre, RS, Brasil. Ciência Rural, v. 39, n. 8, p. 2464- 2469.

QUADROS, R. M. D., ROCHA, G. C. D., ROMAGNA, G., OLIVEIRA, J. P. D.,

RIBEIRO, D. M., & MARQUES, S. M. T. (2015) Toxoplasma gondii

seropositivity and risk factors in pregnant women followed up by the Family Health

Strategy. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 48, n. 3, p. 338-

342.

RAHIMI, M. T., DARYANI, A., SARVI, S., SHOKRI, A., AHMADPOUR, E.,

TESHNIZI, S. H., MIZANI, A. & SHARIF, M. (2015) Cats and Toxoplasma gondii: a

systematic review and meta-analysis in Iran: review article. Onderstepoort Journal of

Veterinary Research, v. 82, n. 1, p. 1-10.

RAMOS, J. M., MILLA, A., RODRÍGUEZ, J. C., PADILLA, S., MASIÁ, M. &

GUTIÉRREZ, F. (2011) Seroprevalence of Toxoplasma gondii infection among

immigrant and native pregnant women in Eastern Spain. Parasitology research, v. 109,

n. 5, p. 1447-1452.

ROBERT-GANGNEUX, F. (2014) It is not only the cat that did it: How to prevent and

treat congenital toxoplasmosis. Journal of Infection, v. 68, p. 125-133.

ROSA, L. D., MOURA, A. B. D., TREVISANI, N., MEDEIROS, A. P., SARTOR, A.

A., SOUZA, A. P. D., & BELLATO, V. (2010) Toxoplasma gondii antibodies on

domiciled cats from Lages municipality, Santa Catarina State, Brazil. Revista

Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 19, n. 4, p. 268-269.

ROSSI, G.A.M., HOPPE, E.G.L., MARTINS, A.M.C.V. & PRATA, L.F. (2014)

Zoonoses parasitárias veiculadas por alimentos de origem animal: revisão sobre a

situação no Brasil. Arquivos do Instituto Biológico, v. 81, n. 3, p. 290-298.

ROSSI, G. A. M., HOPPE, E. G. L., MARTINS, A. M. C. V., & PRATA, L. F. (2014)

Foodborne parasitic zoonosis: a review of the situation in Brazil. Arquivos do Instituto

Biológico, v. 81, n. 3, p. 290-298.

SAID, B., HALSBY, K.D., O'CONNOR, C. M., FRANCIS, J., HEWITT, K.,

VERLANDER, N. Q., GUY, E., & MORGAN, D. (2017) Risk factors for acute

toxoplasmosis in England and Wales. Epidemiology & Infection, v. 145, n. 1, p. 23-

29.

SCHARES, G., ZILLER, M., HERRMANN, D.C., GLOBOKAR, M.V., PANTCHEV,

N., CONRATHS, F.J. (2016) Seasonality in the proportions of domestic cats shedding

Toxoplasma gondii or Hammondia hammondi oocysts is associated with climatic

factors. International Journal for Parasitology, v. 46, n. 4, p. 263-273.

SILVA, L. A., ANDRADE, R. O., CARNEIRO, A. C. A., & VITOR, R. W. (2014)

Overlapping Toxoplasma gondii genotypes circulating in domestic animals and humans

in southeastern Brazil. PloS one, v. 9, n. 2, e90237.

SPALDING, S. M., AMENDOEIRA, M. R. R., KLEIN, C. H. & RIBEIRO, L. C.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

35

(2005) Serological screening and toxoplasmosis exposure factors among pregnant

women in South of Brazil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.

38, n. 2, p. 173-177.

SROKA, S., BARTELHEIMER, N., WINTER, A., HEUKELBACH, J., ARIZA, L.,

RIBEIRO, H., & LIESENFELD, O. (2010) Prevalence and risk factors of

toxoplasmosis among pregnant women in Fortaleza, Northeastern Brazil. The

American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v. 83, n. 3, p. 528-533.

SU, C., KHAN, A., ZHOU, P., MAJUMDAR, D., AJZENBERG, D., DARDÉ, M. L.,

ZHU, X.Q., AJIOKA, J.W., ROSENTHAL, B.M., DUBEY, J.P., &

SIBLEY, L. D. (2012) Globally diverse Toxoplasma gondii isolates comprise six major

clades originating from a small number of distinct ancestral lineages. Proceedings of

the National Academy of Sciences, v. 109, n. 15, p. 5844-5849.

SUKHUMAVASI, W., BELLOSA, M.L., LUCIO-FORSTER, A., LIOTTA, J.L., LEE,

A.C., PORNMINGMAS, P., CHUNGPIVAT, S., MOHAMMED, H.O., LORENTZEN,

L., DUBEY, J.P. & BOWMAN, D.D. (2012) Serological survey of Toxoplasma gondii,

Dirofilaria immitis, Feline Immunodeficiency Virus (FIV) and Feline Leukemia Virus

(FeLV) infections in pet cats in Bangkok and vicinities, Thailand. Veterinary

parasitology, v. 188, n. 1, p. 25-30.

UTTAH, E. C., AJANG, R., OGBECHE, J., ETTA, H., & ETIM, L. (2013)

Comparative Seroprevalence and Risk Factors of Toxoplasmosis among Three

Subgroups in Nigeria. Journal of Natural Sciences Research, v. 3, n. 8, p. 23-28.

VALLOCHI, A. L., MUCCIOLI, C., MARTINS, M. C., SILVEIRA, C., BELFORT,

R., & RIZZO, L. V. (2005) The genotype of Toxoplasma gondii strains causing ocular

toxoplasmosis in humans in Brazil. American Journal of Ophthalmology, v. 139, n. 2,

p. 350-351.

VILLARD, O., CIMON, B., L’OLLIVIER, C., FRICKER-HIDALGO, H.,

GODINEAU, N., HOUZE, S., PARIS, L., PELLOUX, H., VILLENA, I. &

CANDOLFI, E. (2016) Serological diagnosis of Toxoplasma gondii infection:

recommendations from the French National Reference Center for

Toxoplasmosis. Diagnostic Microbiology and Infectious Disease, v. 84, n.1, p. 22-33.

VOLLAIRE, M.R., RADECKI, S.V., & LAPPIN, M.R. (2005) Seroprevalence

of Toxoplasma gondii antibodies in clinically ill cats in the United States. American

Journal of Veterinary Research, v. 66, n. 5, p. 874-877.

WANG, Q., JIANG, W., CHEN, Y.-J., LIU, C.-Y., SHI, J.-L. & LI, X.- T. (2012)

Prevalence of Toxoplasma gondii antibodies, circulating antigens and DNA in stray cats

in Shanghai, China. (Online) Parasites and Vectors, v. 5, n. 190.

WEI, H.-X., HE, C., YANG, P.-L., LINDSAY, D.S., & PENG, H.-J. (2016)

Relationship Between Cat Contact and Infection by Toxoplasma gondii in

Humans: A Meta-Analysis. Comparative Parasitology, v. 83, n. 1, p. 11-19.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

36

WILKING, H., THAMM, M., STARK, K., AEBISCHER, T., & SEEBER, F. (2016)

Prevalence, incidence estimations, and risk factors of Toxoplasma gondii infection

in Germany: a representative, cross-sectional, serological study. Scientific reports, v.

6.

YIN, Q., EL-ASHRAM, S., LIU, X.-Y. & SUO, X. (2015) Early detection of

Toxoplasma gondii-infected cats by interferon-gamma release assay. Experimental

Parasitology, v. 157, p. 145-149.

YOBI, D., VAN GEERTRUYDEN, J. P., PIARROUX, R., JACQUELINE, F., &

TSHINDELE, P. L. (2012) High prevalence of toxoplasmosis and risk factors in

Pregnant women in Kinshasa, Democratic Republic of Congo. International Journal

of Infectious Diseases, v. 16, e179.

ZHANG, X. X., ZHAO, Q., SHI, C. W., YANG, W. T., JIANG, Y. L., WEI, Z. T.,

WANG, C.-F. & YANG, G. L. (2016) Seroprevalence and associated risk factors

of Toxoplasma gondii infection in the Korean, Manchu, Mongol and Han ethnic groups

in eastern and northeastern China. Epidemiology & Infection, v. 144, n. 9, p. 2018-

2024.

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

37

APÊNDICES

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

38

APÊNDICE A – Ficha de dados contendo informações dos envolvidos no projeto e

fatores de risco para a toxoplasmose humana e felina.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

39

APÊNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) acordado pelos

responsáveis que participaram do projeto.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides CDPK calcium-dependent protein kinase ... veterinária têm-se realizado

40

APÊNDICE C - Informativo contendo informações sobre toxoplasmose e entregue aos

responsáveis sob forma de livreto.