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Universidade Federal da Bahia Escola Politécnica Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental Urbana NEILA LIMA BRANCO AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO E O CONFORTO TÉRMICO NOS ESPAÇOS LIVRES DE SALVADOR/BA Salvador - Bahia 2014

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Universidade Federal da Bahia Escola Politécnica

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental Urbana

NEILA LIMA BRANCO

AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO E O CONFORTO TÉRMICO NOS ESPAÇOS LIVRES DE

SALVADOR/BA

Salvador - Bahia 2014

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NEILA LIMA BRANCO

AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO E O CONFORTO TÉRMICO NOS ESPAÇOS LIVRES DE

SALVADOR/BA

Salvador - Bahia 2014

Projeto de Pesquisa apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental Urbana, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção de crédito na disciplina Projeto de Pesquisa. Orientadora: Profa Dra. Rita Dione Araújo Cunha Co-Orientadores: Dra. Telma Cortês Quadros Andrade Dr Sandro Fábio César

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo estudar os usos dos espaços abertos e o conforto

térmico nos centros urbanos, através do estudo de caso da Praça Nova República no

bairro de Tancredo Neves e os espaços abertos do Campus I- UNEB no bairro do

Cabula, ambos localizados na área do Miolo da cidade de Salvador. Destacando-se a

importância de pesquisas com os usuários de espaços livres públicos, em função do

aumento da densidade e da verticalização que vem ocorrendo na cidade.

O estudo se propõe a realizar a Avaliação Pós-Ocupação (APO) e o Conforto Térmico,

através de observações de campo, medições das variáveis ambientais, entrevistas e

questionários, para levantar a percepção, as formas de apropriação e o entendimento das

relações existente entre os usuários e os espaços livres. O estudo também pretende

analisar de que forma os padrões de ocupação urbana resultante de ocupações

espontâneas interfere no conforto térmico da população, podendo influenciar na

utilização dos seus espaços públicos, mostrando a importância dos espaços abertos e do

ordenamento territorial para a qualidade ambiental urbana da cidade.

Palavras-chaves: APO; conforto térmico; espaços livres; praças; clima urbano.

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APRESENTAÇÃO

Este estudo está inserido na linha de pesquisa Produção e Gestão do Ambiente

Construído do Mestrado em Engenharia Ambiental Urbana e está sendo orientado pela

Dra. Rita Dione de Araújo Cunha e co-orientado por Dr. Sandro Fábio César Lemos e

Dra.Telma Cortês Quadros Andrade. Este trabalho se propõe a analisar as questões da

qualidade ambiental urbana relativa aos espaços livres e aos processos urbanísticos do

uso e apropriações do solo na área do Miolo da cidade de Salvador. Tem como premissa

o ambiente natural e construído, suas relações e interações. Como estudo de caso foram

escolhidos espaços livres nos bairros Tancredo Neves e Cabula, visto que estes bairros

apresentam processos urbanísticos semelhantes, com grandes áreas de ocupação

desordenada, especialmente as encosta e fundos de vale, deficiência de infra-estrutura

pública e população predominante de classe média e baixa. São poucos os espaços

públicos com arborização e equipamentos voltados para o lazer e práticas esportivas,

além da reduzida acessibilidade da população aos serviços e equipamentos urbanos,

devido as condições de conservação, dimensões inadequadas e apropriação indevida das

calçadas pelo comércio informal.

Este trabalho faz parte de um estudo maior que analisa as inter-relações entre clima

urbano, considerando espaços abertos, e a percepção da população quanto à qualidade

do espaço construído. Os resultados obtidos serão comparados com cidades que

apresentem realidades semelhantes, buscando-se obter generalizações que impliquem

em alternativas para a melhoria de vida da população.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Localização geográfica da cidade de Salvador. 37

Figura 2. Anemograma da velocidade dos ventos para a cidade de Salvador.

35

Figura 3. Anemograma da freqüência dos ventos da cidade de Salvador. 35

Figura 4. Mapa das regiões administrativa da cidade 37

Figura 5. Imagem do bairro do Beirú/ Tancredo Neves. 39

Figura 6. Imagem da Praça Nova República e acessos. 41

Figura 7. Foto da pista de Skate, Parque infantil e Quadra de esportes.

42

Figura 8. Croqui dos estudos para o projeto da Praça Nova República da Arquiteta Virginia Helena.

42

Figura 9 Acesso principal (Rua Pernambuco), entrada da praça e acesso lateral, pela Rua Betel.

43

Figura 10 Estrutura física da Praça Nova República ( sem escala) 43

Figura 11 Mapa de atividades Matinais Semanais e Finais de Semana (sem escala)

45

Figura 12 Mapa de atividades Matinais Semanais e Finais de Semana (sem escala)

46

Figura 13 Mapa das Faixas Etárias da Praça (sem escala)

47

Figura 14 Figura 14 Mapa dos conflitos da Praça

48

Figura 15 Imagem do bairro do Cabula e da área de estudo (UNEB). 49

Figura 16. Mapas da Evolução Demográfica (1940-2000) da cidade. PDDU Salvador(2000)/ PLANDURB, 1976.

51

Figura 17. Imagem do Campi I- Cabula (UNEB). 52

Figura 18. Imagem aérea da vegetação do Campus da UNEB. 52

Figura 19. Estrutura física da UNEB- Salvador (sem escala)

53

Figura 20. Espaço de espera e convivência em frente a Reitoria UNEB 54

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Figura 21. Atividades realizadas no campi da UNEB- Salvador ( sem escala)

54

Figura 22. Atividades realizadas no campi da UNEB- Salvador ( sem escala) 55

Figura 23. Atividades realizadas no campi da UNEB- Salvador ( sem escala) 57

Figura 24. Atividades realizadas no campi da UNEB- Salvador ( sem escala) 56

Figura 25. Atividades físicas realizadas de segunda á sábado (gisnástica, caminhada e futebol)..

58

Figura 26. Lanchonetes dos prédios de aula.

58

Figura 27. Área do gramado utilizada como espaço de lazer e convivência.. 59

Figura 28. Lanchonetes dos prédios de aula e espaços de convivência. 59

Figura 29. Mapa das Faixas Etárias da UNEB (sem escala)

60

Figura 30. Campanhas realizadas pela UNEB na área do estacionamento 61

Figura 31. Mapa dos conflitos da UNEB (sem escala)

61

Figura 32. Estação Meteorológica, console e termômetro de globo cinza conectado ao HOBO.

59

Figura 33. Ponto de medição selecionado na 11ª Delegacia próximo a Praça Nova República.

69

Figura 34. Ponto de medição selecionado no estacionamento da UNEB.

69

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Valores de Clo para roupa, masculina e feminina.

Tabela 2. Conflitos existentes.

Tabela 3. Quatro de campanhas da Etapa 1.

Tabela 4. Variáveis individuais coletadas na aplicação dos questionários.

Tabela 5. Variáveis ambientais.

Tabela 6. Escalas de classificação do PET (°C).

Tabela 7. População Residente por Faixa Etária (Habitantes).

Tabela 8.

Tabela 9.

Quantitativo de opiniões na Praça Nova República

Quantitativo de opiniões na UNEB.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABS (Ha) Área Bruta por habitante

APA Área de Preservação Ambiental

APO Avaliação Pós-Ocupação

APRN Área de Preservação de Recursos Naturais

ASHRAE American Society of Heating. Refrigerating and Air-Conditioning

COHAB Cia Municipal de Habitação

CONDER Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia

EaD Ensino a Distância

EPUCS Escritório do Plano de Urbanismo da Cidade de Salvador

EUA Estados Unidos da América

ESDI European Security Defense Initiative

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INOCOOP- Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais

INMET Instituto Nacional de Meteororogia

ISB Sociedade Internacional de Biometeorologia

IPMA Instituto Português do Mar e da Atmosfera

ISO International Organization for Standardization

LACAM Laboratório de Conforto térmico da UFBA

LABCON Laboratório de Conforto da UFMG

LabEEE Laboratório de Conforto da UFSC

LOUS Lei de Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo

NUTAU-USP Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo

ONU Organização das Nações Unidas

PDDU Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Salvador

PET Physiological Temperature Equivalent

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PLANDURB Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano

PNR Praça Nova República

PRONASCI Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania

RA Região Administrativa

RT Temperatura Resultante

SAVAM Sistema de Áreas Verdes

SETRABES Secretaria de Estado de trabalho e Renda

SICAR Sistema de cadastramento de Acesso Remoto de Salvador

SM Salário Mínimo

SMA Superintendência do Meio Ambiente de Salvador

SUDESB Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia

Tar Temperatura do Ar

Trm Temperatura Radiante Média

UATI

UFBA

Universidade Aberta a Terceira Idade

Universidade Federal da bahia

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

UNEB Universidade do Estado da Bahia

URBIS Habitação e Urbanização da Bahia S.A

UNIFACS Universidade Salvador

UR Umidade Relativa do Ar

USP Universidade de São Paulo

V Velocidade do ar

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SUMÁRIO

RESUMO 3

APRESENTAÇÃO 4

LISTA DE FIGURAS 5

LISTA DE TABELAS 7

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 8

1. INTRODUÇÃO 11

1.1 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA 12

1.2 OBJETIVOS 14

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 15

2.1 CIDADES SUSTENTÁVEIS E QUALIDADE DE VIDA 15

2.2. ESPAÇOS LIVRES, ESPAÇOS ABERTOS E ÁREAS VERDES 19

2.2.1 As Praças 21

3. A APO DO ESPAÇO CONSTRUÍDO 22

3.1 HISTÓRICO DA AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO- APO 22

3.2 AS VARIÁVEIS DO AMBIENTE CONSTRUÍDO 24

4.0 AVALIAÇÃO DE DESENPENHO TÉRMICO DO ESPAÇO CONSTRUÍDO

26

4.1 O CONFORTO TÉRMICO 26

4.2 AS VARIÁVEIS DO CONFORTO TÉRMICO 27

4.3 ÍNDICES DE CONFORTO TÉRMICO 32

4.3.1 O Índice Physiological Temperature Equivalent – PET (°C) 34

4.3.2 O Índice UTCI- Universal Thermal Climate Index 34

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5. A CIDADE DE SALVADOR 36

5.1 AS ÁREAS DE ESTUDO 40

5.2.1 O bairro de Tancredo Neves/ Beirú 41

5.2.2 O bairro do Cabula 46

5.2.3 A UNEB- Universidade do Estado da Bahia 49

6. METODOLOGIA 50

7. CRONOGRAMA 57

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 58

9. ANEXOS 62

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1. INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, os centros urbanos têm crescido aceleradamente. Segundo a ONU-

Organização das Nações Unidas (2008). “Até 2008, 3,3 bilhões dos 6,6 bilhões de seres

humanos viverão em áreas urbanizadas, chegando a 5 bilhões em 2030”. Acompanhar

este processo tem-se tornado um grade desafio, visto que, as cidades, entendidas como o

produto da ação do homem e o espaço de habitar ou de passagem, necessita de um

ambiente estruturado para a realização das suas atividades, sejam estas exercidas nos

espaços fechados ou abertos, públicos ou privados. O processo crescente de urbanização

tem como uma das suas conseqüências alterações no clima local, com a destruição das

áreas verdes, aumento da massa construída, da quantidade de veículos movidos a

combustíveis fosseis, que interferem de forma negativa na qualidade dos espaços

urbanos, seja pela geração de gases poluentes na atmosfera.

Esta questão nem sempre tem sido contemplada no processo de ocupação do solo

urbano, conjuntamente com o acelerado aumento da densidade populacional, que indica

uma forte tendência negativa de manutenção da qualidade de vida nas cidades

(Conferência sobre Assentamentos Humanos do Habitat II em 1996- Istambul).

Em geral, o processo de expansão territorial e crescimento populacional têm refletido

nos ambientes naturais, com a redução de espaços abertos especialmente com cobertura

vegetal. O foco do trabalho é o estudo de duas praças na cidade de Salvador, visto que o

crescimento urbano da cidade tem resultado em alterações microclimáticas, que ainda

são pouco conhecidas, especialmente nas camadas junto ao solo, com impactos nas

sensações de desconforto para a população e consumo energético. Desta forma, “os

urbanistas e arquitetos precisam avaliar como diferentes soluções de projeto podem

interferir nas condições de conforto térmico e no comportamento de utilização dos

espaços públicos urbanos” (ASSIS, 2005 apud ANDRADE, 2013, p.5), contribuindo

para a melhoria da qualidade desses espaços.

O estudo dos espaços abertos envolve as características geomorfológicas, construtivas,

instalações (equipamentos e mobiliário urbano), tipos de superfícies (naturais ou

artificiais), entorno, usos e formas de apropriação pelos usuários. A relação entre o

histórico do lugar, significados, interações sociais, apropriações do espaço construído,

conforto térmico e a satisfação dos usuários.

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A escolha das áreas deve-se primeiramente a sua localização geográfica, no Miolo da

cidade, em bairros periféricos. Esta região apresenta processos de urbanização

semelhantes, predominantemente com ocupação informal, reduzida quantidade de

espaços públicos e arborização urbana e deficiência na infra-estrutura pública.

Além da necessidade de estudar a qualidade do espaço construído sob a ótica do

usuário, contemplando o seu desempenho técnico, funcional, comportamental e o

conforto térmico.

1.1 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

A maioria dos trabalhos de pesquisa na área de APO e de Conforto Térmico são

realizados em ambientes fechados. Nos ambientes abertos os estudos estão sujeitos a

maiores interferências em relação às variáveis climáticas, físicas e comportamentais,

dificultando o controle e previsibilidade.

Ainda assim, mesmo com a imprevisibilidade das variáveis ambientais e subjetividade,

que indicam as sensações térmicas percebidas pelas pessoas em relação aos espaços

abertos, os estudos vêm se aprimorando. Inicialmente modelos aplicados em países de

clima temperado, como em cidades Norte Americanas e européias são aprimorados para

cidades de clima tropical e equatorial, adequando-se aos diferentes contextos

econômicos, sociais e culturais.

A relevância de pesquisas relacionadas ao desenho urbano e clima, nas regiões de clima

tropical, deve-se a uma rica variedade climática e por estas cidades apresentarem

processos de urbanizações não planejados, ainda em processos de expansão territorial

urbano desordenado e acelerado crescimento populacional concentrado em áreas

urbanas.

Atualmente menos de 20% do número de estudos publicados internacionalmente são

desenvolvidos nessas regiões, sendo recomendadas novas pesquisas para o

desenvolvimento de modelos climatológicos voltados para essa realidade e que

possibilitam melhores condições de vida dessas populações. (ROTH, 2007, p.02)

O interesse na escolha do tema deve-se também a valorização dos espaços abertos de

uso público nas cidades contemporâneas, com foco na melhoria da qualidade ambiental

urbana. A partir do século XX, movimentos internacionais de planejamento urbano,

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como Novo Urbanismo (1993) e Expansão Urbana (Smart Growth ou Crescimento

Inteligente) que surge no fim dos anos 1990 criam princípios mais equilibrados

economicamente, socialmente e politicamente, buscando a qualidade de vida dos

habitantes, com criação de áreas verdes, como parques, praças, bosques em

contraposição a expansão territorial voltada para os interesses econômicos, o uso

exacerbado do carro e infra-estrutura viária a segregação social dos espaços urbanos.

O novo contexto americano de cidades compactas imprime uma valorização do

indivíduo, com a criação de espaços urbanos na escala das pessoas, com espaços com

maior qualidade e o retorno a valorização do verde, como as praças, calçadas

arborizadas, ruas exclusivas para pedestres e redução de áreas de estacionamento no

centro das cidades, cria-se espaços atrativos, que devem ser confortáveis termicamente e

projetados de acordo com o clima de cada cidade, sendo considerado autores relevantes

com a canadense Jane Jacobs (2003), “que pioneiramente anunciou os potenciais da

diversidade urbana” (LEITE, 2012, p.06), Kevin Lynch (1960) traz um novo olhar

sobre a cidade, com a ideia de imagem coletiva a partir dos atributos urbanos: percursos,

limites, distritos, nós e marcos referenciais, que auxiliam na leitura que as pessoas

fazem dos espaços urbanos, através dos seus significados e sentidos subjetivos relativo

aos lugares, “valores que formarão sua avaliação ambiental e o conduzirão,

conseqüentemente, a ações e comportamentos no ambiente, formando, assim, um

completo processo de cognição ambiental” (LEITE, ibidem p.59)

Pensar a qualidade urbana passa também pelas questões do Clima Urbano, do conforto

ambiental no espaço construído. Pesquisas nesta área indicam que as formas de

ocupação e uso do solo interferem diretamente no balanço energético, com elevação das

temperaturas, formação de ilhas de calor e redução da qualidade do ar atmosférico. O

desenvolvimento e o progresso reduziram as áreas naturais e arborizadas (terrenos

vagos) para dar espaço a novas edificações, complexos viários e estacionamentos,

conseqüentemente contribuindo para uma maior impermeabilização dos solos, aumento

da densidade, verticalização modificando o microclima da cidade.

Para avaliar o desempenho técnico, funcional e comportamental dos espaços públicos, a

APO é aplicada por abranger desde o estudo da morfologia do espaço, do mobiliário,

dos equipamentos, da infra-estrutura e do conforto ambiental, a partir das formas de

apropriação dos usuários do espaço. Sendo relevante a realização de pesquisas para o

desenvolvimento de novas metodologias para levantamento e processamento dos dados

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de forma a desenvolver diretrizes de projetação e melhorias, para a adequação dos

espaços as necessidades reais dos seus usuários.

1.2 OBJETIVOS

Objetivo geral

Avaliar a satisfação de usuários de espaços livres em áreas urbanas que se consolidaram

a partir da ocupação espontânea.

Objetivos específicos

- Estudar a morfologia dos bairros Tancredo Neves e Cabula, e estabelecer critérios

para análise do clima urbano;

- Avaliar o desempenho técnico, funcional e comportamental dos espaços escolhidos

através de APO;

- Proceder a um ensaio experimental a partir das variáveis de conforto térmico

(temperatura do ar, temperatura radiante, umidade e velocidade do ar) e as variáveis

comportamentais (vestimenta, atividade, gênero e idade,) para identificar a satisfação

dos usuários nos espaços escolhidos;

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A fundamentação teórica deste trabalho tem como base os estudos na área de APO e

Conforto Térmico na área urbana, apresentado os conceitos de espaços abertos, áreas

verdes, espaços livres públicos, conforto térmico e padrões de ocupação urbana

2.1 CIDADES SUSTENTÁVEIS E QUALIDADE DE VIDA

Ao longo da história da humanidade sempre vivemos em cidades. Atualmente mais de

50% da população mundial vivem em áreas urbanas, sendo este século considerado

como o das grandes concentrações humanas, conhecidas como mega cidades. Hoje

encontramos cidades com mais de 10 milhões de habitantes, o que torna maior o desafio

de conciliar os interesses econômicos e ambientais, como a qualidade de vida urbana.

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Dessa grande transformação espacial, surge a necessidade de novos conceitos, como o

de desenvolvimento sustentável, originário do Relatório Brundtland– Nosso Futuro

Comum (1987), que significa que se “deve satisfazer as necessidades presentes, sem

comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.

Desenvolvido pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU,

na tentativa de integrar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental,

muito antes da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano

(Estocolmo). (LEITE, ibidem, p.29)

O Relatório Brundtland traz importantes contribuições para uma nova corrente de

pensamento, repercutindo na Rio-92 com a participação de 71 países, com a assinatura

da Agenda 21, que indica a necessidade de incorporação dos direitos ao

desenvolvimento, à construção de um ambiente saudável e debate sobre o tema de

Cidades Sustentáveis. (VIANA, BATISTA, 200? , p.4). Porém desde a década de 70,

existiram debates sobre sustentabilidade, como o Habitat I(1976) e Habitat II (1996)-

Istambul, porém as cidades só ganham destaque a partir da Agenda 21 (71 países).

A Agenda 21 representa o compromisso, que os entes da federação de cada país

participante tinham que cumprir. No seu capítulo 28, destaca-se o papel do

desenvolvimento sustentável e da qualidade de vida, abordando o papel da ocupação do

espaço urbano, as questões sociais e a necessidade de recriar as cidades como centros de

criatividade econômica e social.

Todos estes movimentos inserem o “discurso ambiental no tratamento das questões

urbanas, seja por iniciativa de atores sociais da cidade que incorporam a temática do

meio ambiente (...), seja pela própria trajetória de urbanização crescente da carteira

ambiental dos projetos do Banco Mundial” (ASCELRAD, 1999, p.04). Nesse momento

as cidades passam pelo processo de expansão territorial e crescimento demográfico,

com a ocupação de áreas naturais ou então livres, revelando o frágil equilíbrio entre as

funções urbanas e o desenvolvimento.

Crescem as demandas por energia (combustíveis fósseis), recursos naturais e terra,

como também aumentam à produção de resíduos, a degradação do ambiente (água, solo

e ar), a supressão e redução da cobertura vegetal nas áreas urbanas os conflitos sociais,

interferindo na qualidade de vida nas cidades.

Em várias cidades brasileiras, o modelo de gestão pública do espaço contribuiu para

ilegalidade urbana, promovendo a exclusão social e o acesso a terra, com a explosão das

periferias e o enfraquecimento da base de legitimidade dos responsáveis pelas políticas

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urbanas e pela ausência do poder público na gestão do espaço urbano, como resposta a

cidade (as pessoas) procura suas próprias alternativas para o problema de moradia,

trabalho e deslocamentos, mesmo que custe a degradação ambiental, com a ocupação

de áreas verdes de preservação ambiental, contribuindo para a redução da cobertura

vegetal nas cidades. Segundo Leite (ibidem, p.21), “a população mundial que vive em

favelas cresce a uma taxa de 25% ao ano; 31,6% da população mundial, quase 1 bilhão

de pessoas, vivem em favelas”, em 2030, a ONU projeta que 100 milhões de pessoas

viveram em favelas.

Enquanto a sustentabilidade urbana começa a ser discutida em 1972, na Conferência das

Nações Unidas sobre o ambiente, sendo discutidos padrões de urbanização sustentável

através do planejamento e da gestão de assentamentos humanos, pela primeira vez no

âmbito mundial, as dinâmicas urbanas da exclusão social do acesso a cidade planejada

(formal) continuam nas cidades brasileiras, que adota um modelo insustentável de

desenvolvimento, que vem de mostrando cada vez mais ineficiente.

No contexto mundial, a ONU cria o Centro para Assentamentos Humanos, a partir da

reunião de Estocolmo, para atuar nas questões urbanas e rurais, conceituando Cidades

Sustentáveis como cidades onde há a integração entre desenvolvimento econômico,

social e físico, como um o uso dos recursos naturais de forma equilibrada. “A Cidade

Sustentável mantém uma segurança duradoura de riscos ambientais que podem ameaçar

conquistas do desenvolvimento (permitindo apenas para risco aceitável).”

(PAVANELLO, CHRISTOFOLETI, AZEVEDO, 2013, p.10)

Este conceito requer uma nova lógica de funcionamento, gestão e crescimento em

oposição a todo um pensamento e ações que prevaleceu no século XX, que primou pela

ideia de “expansão com esgotamento” (LEITE, 2012).

A sustentabilidade está apoiada em três pilares: ambiental, econômico e social, porém

ainda não está formado um conceito de sustentabilidade urbana. Segundo Menegat e

Almeida (2004) são muitas as metas ambientais, sociais, econômicas, políticas e

culturais, a atingir pelas agências internacionais e governos, onde o que se tem

realmente, são apenas alguns exemplos ou tentativas de sustentabilidade bem sucedidas.

Para Leite e Tello (2010) há uma relação entre os seus três pilares da sustentabilidade.

Socialmente a vida nas cidades e no campo segue a lógica urbana que “domina todas as

cadeias da” produção, e essa, por sua vez, afetam o desenvolvimento das populações

urbanas (LEITE, TELLO, 2010 apud LEITE, 2012, p.30), em que o consumo

pressionando a cadeia produtiva e cada vez mais a necessidade de recursos naturais,

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conseqüentemente o aumento da produção de resíduos sólidos e líquidos e a poluição

atmosférica, impactando na qualidade do ar gerando problemas respiratórios, além das

limitações de mobilidade em função do padrão de transporte motorizado individual, que

associado a hábitos de alimentação de produtos processados induzem a problemas de

saúde, como a obesidade.

Economicamente as cidades geram renda superior as áreas rurais, como uma maior

segregação espacial e social, além da diferenciação do acesso aos serviços públicos. O

aumento da densidade e da expansão territorial desordenada afeta o uso do solo,

comprometendo as questões ambientais, desde a impermeabilização do solo, ocupação

de áreas naturais e poluição do ar, do solo e das águas, contribuindo com as mudanças

climáticas, intensificação dos fenômenos naturais, como enchentes e inundações, e a

formação das ilhas de calor, pela elevação das temperaturas do ar.

Paul Krugman (1991), defende a linha de pensamento focada na economia das cidades

sustentáveis, com o conceito da interação, com o uso eficiente dos recursos naturais

para obtenção dos objetivos da sociedade, com planejamento público e privado, com a

promoção de uma cidade mais justa e sustentável para a sociedade. (LEITE, 2012, p.31)

Menegat e Almeida (2006) reforçam que a ideia de cidade sustentável e a qualidade de

vida, com a necessidade de proteção e ampliação das áreas verdes, inclusive nas áreas

de baixa renda. A qualidade ambiental urbana está associado a redução dos riscos

ambientais.

As áreas verdes são consideradas como um importante indicador de qualidade de vida

ambiental, pois contribui para o equilíbrio do clima local, a preservação da fauna e

flora, a redução dos poluentes atmosféricos e material particulado, reduzindo os índices

de CO2 e o dióxido de carbono (Romero, 2001 e Haney et al., 1997). O equilíbrio

ambiental do espaço urbano reduz as alterações climáticas, promovendo a melhoria de

vida.

A presença da vegetação no espaço urbano funciona como um filtro impedindo que a

radiação solar incida diretamente nas superfícies natural ou construída, promovendo o

sombreamento e a redução das temperaturas nas camadas mais próximas do sólido, pois

as plantas dependem da radiação solar para a sua respiração. (GOMES, AMORIM,

2003 apud GOES, 2013).

A cobertura vegetal também auxilia no sistema de drenagem e permeabilidade dos

solos, visto que as copas das árvores reduzem o tempo de contato das águas

provenientes da chuva com o solo (natural ou artificial), auxiliando no sistema de

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escoamento e a drenagem urbana, visto que, a vegetação funciona como um redutor de

velocidade do fluxo das águas, reduzindo os riscos de alagamentos, enchentes e

deslizamentos.

Em relação aos efeitos psicológicos, a vegetação estimula a realização da prática de

atividades físicas, como a caminhada pela presença de áreas sombreadas, reduzindo a

incidência de problemas de saúde física e mental (Wolf, 2009 apud GOES, 2013), além

de permitir o contato com elementos naturais, da flora e fauna (aves, répteis e insetos).

Portanto, não existe um modelo para o desenvolvimento sustentável em função das

particularidades de cada cidade. Documento recentes de 2012, como o PNUMA de

(ONU-HABITAT, 2012a) e ONUBR (“O futuro que querermos”) destacam como

caminho para sustentabilidade: o usos misto do solo e a elevada densidade, evitando

grandes deslocamentos, reduzindo a segregação espacial, com a convivência de várias

classes sociais no mesmo espaço, com acesso a mesma infra-estrutura pública, além da

redução do custo operacional de manutenção de serviços de água, esgoto e energia,

coleta de lixo, segurança, saúde, educação e transporte público, devido aos menores

deslocamentos.

2.2 ESPAÇOS LIVRES, ESPAÇOS ABERTOS E ÁREAS VERDES

Não existe um consenso em relação ao conceito de espaços abertos, espaços livres,

áreas verdes e arborização urbana, sendo utilizados muitas vezes vários termos com o

mesmo objetivo, dependendo das diferentes áreas do conhecimento (BARGES,

MATIAS, 2011, p.173). A palavra espaço também apresenta várias definições, podendo

ser confundido com termos disciplinares, como território, paisagem e lugar.

(TRINDADE, 2006, p.16).

Entende-se espaço livre como todo espaço aberto, que não é fechado, ou seja, o espaço

não ocupado por uma edificação que se destina ao abrigo das atividades humanas.

Nucci e Buccheri Filho (2006) definem espaço livre como áreas verdes que contenham

no mínimo 70% de área permeável e cobertura vegetal, excluindo as áreas arborizadas

das ruas, rotatórias e canteiros.

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Para Macedo (1995) no contexto urbano, “os espaços livres podem ser praças, ruas,

largos, quintais, parques, jardins terrenos baldios, corredores externos, vilas, vielas e

outros”, podendo ser privados ou públicos, classifica-os como:

- Espaços Verdes: corresponde a área urbana coberta de vegetação e que tenha valor

social,

- Área Verde: qualquer área com presença de vegetação;

- Áreas de Lazer: espaços livres destinados ao lazer ativo e/ou lazer passivo, como a

contemplação da natureza, a alimentação (piqueniques). Enquanto o lazer ativo

corresponde as atividades físicas de esportes, corridas, brincadeiras infantis, dentre

outros;

- Área de Circulação: são a maior parte dos espaços livres de edificação de

propriedade pública, correspondendo ao sistema viário no espaço urbano e parte do

sistema privado de espaços, como as vias de condomínios e vilas.

Marcedo (1995) também qualifica esses espaços conforme os tipos de adequação do

mesmo, como:

- Adequação física: refere-se aos materiais utilizados e ao estado de conservação;

- Adequação funcional: está associado a conformação morfológica e dimensional que

permite a utilização para esta ou aquela finalidade;

- Adequação ambiental: investiga a salubridade do local para o desempenho das mais

diversas atividades, como presença de insolação, ventilação, umidade, qualidade e

permeabilidade do solo e subsolo, rugosidade e estabilidade de pavimentações, declives

e aclives.

- Adequação estética: está associada a capacidade de atração das pessoas por

características naturais (montanha, mar) ou memória, monumento.

Em relação ao acesso e a responsabilidade, pode ser público ou privado, Hertzberger

(1996) diferencia a área pública como acessível a todos, independente do momento e de

responsabilidade coletiva, diferenciando-se da área privada, que tem acesso restrito as

pessoas que são responsáveis por elas. Além da característica de exposição da

intimidade.

O espaço público permite a mistura social, as diferenças e os interesses distintos, sendo

“o lugar físico orienta as práticas, guia os comportamentos, e estes por sua vez

reafirmam o estatuto público desse espaço” (TRINDADE apud GOMES, 2002, P.163-

164). Desta forma, existem diferentes formas de apropriação pelas pessoas, como os

usos e significados estão associados a sua aceitação social.

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A durabilidade e a estabilidade do espaço público devem-se a elevada atratividade e

utilização do espaço, contrapondo-se a obsolescência (TRINDADE apud CUNHA,

2002, p. 44). Porém existem outros fatores que podem influenciar os usos e as

apropriações desses espaços, como o clima.

O estudo do clima urbano pode ser estudado em relação as interferências causadas pelo

aumento da temperatura do ar, umidade e ventilação, conjuntamente com o

desempenhos dos espaços públicos, visto que esses espaços, a exemplo das praças, são

importantes elementos do tecido urbano, que permitem a convivência social e possuem

significado próprio em função do contexto urbano e das suas características locais,

contribuem para a melhoria da qualidade ambiental urbana e abarcam muitas vezes o

verde urbano, pela presença de arborização (ASSIS, 2005; LEITE, 2012).

Estudo desenvolvido em espaços livres de cidades de clima tropical brasileiras tem

auxiliado na análise do desempenho térmico desses espaços e no entendimento das

formas de apropriação em função não apenas dos equipamentos, mobiliário ou infra-

estrutura, mas das condições ambientais. ALUCCI, MONTEIRO (2012), LABAKI et. al

(2012), MARTINI (2013), além de ressaltar a importância desses espaços para a

qualidade de vida da população.

2.2.1 As Praças

A palavra praça é derivada do latim platea, que significa espaço amplo ou rua

larga- tem sentidos amplos e variados, como o de lugar ou posição, além de ser

também um verbo ˝colocar (ALEX, 2008, p.23).

As praças são espaços livres que fazem parte do desenho urbano da cidade. Para

LYNCH (1999), esses espaços são importantes, por ser foco de atividade e estarem no

localizado muitas vezes no coração de alguma área com forte atividade urbana, podendo

ser uma área pavimentada, encerrada por estruturas de edifícios ou rodeada por ruas ou

em contato com estas. Nesse espaço os veículos não têm acesso, pois a sua função

principal é o lazer, o descanso, a contemplação da natureza ou atividades lúdicas.

Quanto ao uso, as praças, como os parques e ruas são públicas, ou seja, acessíveis a

todos, democrática, da exposição e da experimentação da vida pública, porém existe na

cidade contemporânea os espaços públicos plurifuncionais, como as praças dos cafés ou

de alimentação e uma vida pública nas mídias, como os meio de comunicação

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interativa, e em lugares como shopping malls, mercado de pulgas, festivais, praias e

eventos esportivos (BRILL, 1989 apud ALEX, 2008, p.21).

Segundo ROMERO (2001) as praças podem desempenhar diferentes papeis, sendo

subdivididas em praças urbanas devido ao seu tamanho e funções, considerando desde

paradas de espera para ônibus, passagem externa entre dois blocos de prédios e até uma

porção alargada do passeio, o que denominaram de praça de rua (pequena porção do

espaço livre público imediatamente subjacente ao passeio usada por breves períodos

para sentar, esperar, observar). Estes espaços interferem no comportamento humano,

nas suas experiências corporais, sensoriais, sociais e de convívio coletivo, possibilitando

as trocas e as vivências, através da integração do espaço físico, construído, como

também contribuem para o equilíbrio térmico do microclima da cidade, sendo para Alex

(2008) o centro social do tecido urbano.

No caso Brasil está territorialmente distribuído na região tropical, com elevada

exposição a radiação solar, o que torna as temperaturas elevadas a maior parte do ano, o

que se faz necessário a existência de praças arborizadas, como também os outros

espaços públicos abertos de uso coletivo, como os passeios, largos, parques, calçadões,

como o planejamento e o desenho desses espaços considerando as variáveis climáticas

locais, contribuindo para a redução do stresse térmico e a poluição ambiental. Segundo

Mascaró (2004) é fundamental entender a relevância das áreas abertas e de uso coletivo,

como as praças para a manutenção da qualidade ambiental da cidade.

Em muitas cidades a ausência desses espaços está associado ao modo de vida, formação

cultural e interesse dos gestores públicos. Vivemos numa sociedade que cada vez mais

valoriza a esfera privada sobre a pública, em que, quando as praças existem são

desarticuladas da malha urbana, sem sentido, não correspondendo aos interesses

coletivos, o que leva a necessidade de adaptação de uso dos seus espaços pelos usuários

do espaço (ALEX, ibidem, p.24).

3. A APO DO ESPAÇO CONSTRUÍDO

3.1 HISTÓRICO DA AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO – APO

A APO representa a opinião do usuário em relação ao espaço construindo, avaliando o

seu desempenho ambiental. Um dos seus objetivos é medir a intensidade com que o

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projeto satisfaz as funções para os quais se propõe, atendendo as necessidades,

expectativas e percepções dos usuários. Outro objetivo é definir recomendações que

minimizem os problemas identificados pela avaliação do espaço, possibilitando a

melhoria dos projetos futuros contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos

usuários. (REIS; LAY, 1994, p.29-31)

A APO do projeto surge nos EUA entre as décadas de 40 e 50, entre os psicólogos

Barker e Wright e seus seguidores com uma abordagem global. Inicialmente analisa os

cenários comportamentais e depois os ambientais. Nos anos seguintes, entre 60 e 70,

intensifica-se a produção de pesquisas na área, estimuladas pela Associação de Pesquisa

em Projeto Ambiental- EDRA e a publicação da primeira revista na área (Environment

and Behavior) e com uma abordagem de investigação mais setorizada, com

pesquisadores analisando desde questões específicas e isoladas. A partir dos anos 70, os

arquitetos realizam os primeiros estudos em Relações Ambiente Comportamento-

RACs, destacando-se Christopher Alexander (cria da linguagem de padrões) e Henry

Sanoff e Christopher Jones, voltados para metodologia de projeto, e Clara Cooper

Marcus (paisagista) e J. Zeisel (arquiteto) considerados pioneiro em APO, com o estudo

de edificações educacionais de 3° grau e em ambientes públicos.

Nesta mesma década, o arquiteto Oscar Newmana estuda as relações existentes entre

algumas concepções arquitetônicas e urbanísticas que geram elevada densidade, como

os conjuntos habitacionais de grande porte, que geram comportamentos destrutivos,

como atos de vandalismo, pinchações e comportamentos agressivos. Entre as décadas

de 70 e 80 há uma emergência e maior valorização das pesquisas de APO.

Posteriormente E. Zube estuda a percepção visual de paisagens naturais e M.

Southworth a percepção ambiental a partir de mapas cognitivos e num meio urbano

definido. Desenvolve-se a psicologia ambiental. Na década de 80, a APO é aplicada a

hospitais, penitenciárias, correios, dentre outras instituições ganhando repercução

internacionalmente (América Latina, África, Ásia, Canadá, Europa, Austrália. Em 1988

e 1993, realizam-se APOs interdisciplinares com apoio do psicólogo ambiental R.

Wener, tornando-se referencias por avaliar a interação entre o ambiente construído e os

comportamentos agressivos e a criminalidade, a exemplo dos estudos de Oscar

Newman. Nesta década até os anos 90, têm-se uma revisão e redirecionamento dos

métodos e aplicações, como os estudos mais sistematizados e holísticos para difusão dos

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conhecimentos, contrapondo-se ao estudo de caso aplicados pelos países

industrializados. (ORNSTEIN, 1992, p.33)

Na America Latina, o México é o país com maior concentração de estudos em APO,

com destaque para Serafim Mercado e colaborador Urbina-Soria da Escola de

psicologia Autônoma do México, que enfatizam a qualidade de vida das pessoas em

função do stresse provocado pelo ambiente construído.

No Brasil os primeiros estudos de APO em ambiente e comportamento tiveram

diferentes enfoques dentro da mesma temática, como na área de psicologia, sociologia,

antropologia, desenho ambiental, como também em psicologia ecológica, psicologia

arquitetônica, entre outros.

Desde 1984, a USP realiza estudos na área, posteriormente direcionados para o

NUTAU/USP.Depois as Universidades Federais do Rio Grande do Sul e de

Pernambuco iniciam as primeiras pesquisas em APO. (ibidem, p.37) O primeiro estudo

brasileiro na área foi de1967, sendo publicado apenas em 1975 pelo IPT.

Na década de 90, a FAUUSP através da disciplina de pós-graduação desenvolve mais

trabalhos na área, porém Ornstein (ibidem, p.38) afirma que tivemos uma defasagem de

33 anos, em relação aos estudos americanos do 1º Programa de Ensino e Pesquisa

Norte-Americano, no Brooklyn College (1958).

A APO é uma avaliação de desempenho a partir da ótica do usuário, podendo ser do

tipo: técnico-funcional, comportamental, construtiva e de Conforto Ambiental. Está

última engloba desde os materiais e técnicas construtivas ao conforto ambiental,

envolvendo desde o conforto térmico (temperatura, ventilação, a iluminação natural e

artificial), o conforto acústico e a conservação de energia. Este método se aplica tanto a

espaços fechados como abertos.

Para a avaliação térmica de espaços abertos uma das contribuições são os estudos na

área de calibração dos índices de conforto térmico urbano através das medições de

campo, visto que ainda existem no Brasil poucos estudos que analisem a qualidade

físico-ambiental dos espaços. (Monteiro e Alucci, 2010, p.01)

3.2 AS VARIÁVEIS DO AMBIENTE CONSTRUÍDO

As variáveis de APO em ambientes construídos podem ser ajustadas ou modificadas em

função do estudo desenvolvido. Para sistematizar a programação da APO, Tarcício e

Dias (1994) sugerem a categorização dos elementos de desempenho, que engloba várias

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avaliações, com ênfases diferenciadas de acordo com os objetivos específicos do estudo,

sendo os elementos técnicos, funcionais e comportamentais, os mais avaliados

frequentemente.

Para a avaliação ambiental de um espaço construído devem ser realizadas medições

através da avaliação física (levantamento/ medições). Na avaliação comportamental

utilizar questionários e entrevistas para a coleta de dados, além das observações ¨que

expressem o nível de satisfação dos usuários a respeito da sensação de conforto

ambiental por eles percebida (ibidem, p. 30).

Avaliação Técnico-Construtiva e o conforto ambiental

A avaliação Técnico-Construtiva auxilia na análise da relação do usuário como o

espaço, pela interpretação do ponto de vista comportamental. A avaliação técnica é

realizada através de entrevistas e questionários, ou outros métodos que busquem as

variáveis psico-comportamentais. Segundo Orstein (ibidem, p.56), as opiniões,

sensações, julgamentos dos valores dos usuários podem ser em relação aos materiais e

técnicas construtivas e ao conforto ambiental.

Em relação aos materiais e técnicas construtivas tem-se: solos e fundações, estruturas,

cobertura, alvenaria, impermeabilização e drenagem das águas pluviais, revestimentos,

pinturas, acabamentos, divisórias leves, alvenaria, forros, segurança contra incêndio,

vidraçaria, instalações de luz, água, esgoto e telefonia e paisagismo.

Quanto ao Conforto Térmico tem-se: ventilação natural e artificial, conservação de

energia, conforto acústico, térmico e lumínico.

Avaliação Técnico-funcional

A avaliação Técnico-Funcional analisa o projeto arquitetônico proposto e o construído.

O pesquisado avalia o desempenho funcional dos espaços em relação ao planejamento,

programa do projeto, áreas mínimas, armazenamento, circulação internas, fluxos de

trabalho, áreas de lazer e descanso, flexibilização dos espaços, potencial para mudanças

e/ou ampliação, adequação dos equipamentos especiais, mobiliário fixo e móveis;

sinalização e orientação interno/ externa, circulação externa de pedestres e veículos, em

relação aos passeios, estacionamentos, carga e descarga. (ORNSTEIN, ibidem, p.57)

Avaliação Comportamental

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A Avaliação Comportamental é considerada como a variável básica da APO,

abrangendo diferentes tipos de usuários e faixas de renda. O objetivo é levantar as

opiniões e depoimentos dos usuários isolados ou em grupo em relação ao espaço,

analisando aspectos culturais e psicosociais.

Para esta avaliação não existe um método específico, o objetivo é fazer com que o

usuário exponha as suas opiniões de forma adequada em relação ao ambiente

construído, e que as respostas possam ser comparadas com a avaliação do pesquisador.

Esta avaliação tem com subvariáveis questões em relação ao território, privacidade,

proximidade, interação, escala humana e adequação de uso, identidade cultural,

comunicação, codificação ambiental, densidade populacional, hierarquia dominante,

atratividade ou dispersão, dentre outras. (ORNSTEIN, ibidem, p. 62).

Avaliação Técnico- Estética

Esta avaliação analisa as formas, volumes, a “beleza”, os estilos e a percepção

ambiental, do ponto de vista do usuário e do observador. A sua dificuldade de aplicação

deve-se a dificuldade de percepção entre as questões básicas de funcionalidade, técnico-

construtiva e econômica e a avaliação estética, que abrange a cor/ pigmentação,

texturas, massas, volumetria, ritmo, formas e padrões, idade aparente, cobertura, efeitos

lumínicos e dimensões estéticas.

Técnico-Econômica

Esta avaliação se refere aos índices econômicos da produção (projeto e da construção) e

dos usos (uso, operação e manutenção), a fim de mensurar a eficiência do espaço

construído, englobando relação custo x benefício, variação de m² construído, custos de

construção em função das dimensões do projeto ou dos equipamentos (elevadores e

escadas), custo x manutenção em função do uso ou de intervenções para melhoria de

usabilidade da edificação.

4.0 AVALIAÇÃO DE DESENPENHO TÉRMICO DO ESPAÇO CONSTRUÍDO

4.1 O CONFORTO TÉRMICO

O conforto térmico estuda a relação entre o clima e de que forma o meio interfere na

percepção de conforto humano, estando associada a fatores fisiológicos e psicológicos,

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que variam de cada pessoa promovendo diferentes sensações de conforto térmico, nas

mesmas condições climáticas.

O “Conforto Térmico è a condição da mente que expressa satisfação com o ambiente

térmico”. ASHRAER (2003).

Essa percepção de satisfação depende dos mecanismos de termo-regulação do corpo

humano para manter o seu equilíbrio, ou seja, o objetivo é manter a temperatura interna

do corpo aproximadamente em 37°C.

Os mecanismos podem ser fisiológicos, como o suor, os batimentos cardíacos, a

vasodilatação e vasoconstricção; como os mecanismos comportamentais, a exemplo do

sono, tiritar, prostração ou redução da capacidade produtiva. (ROMERO, 1988, p.48)

Como o corpo humano está sempre em contato com o meio ocorrem as trocas térmicas,

(radiação, condução, convecção e evaporação), estando a sua intensidade relacionadas

as variáveis ambientais, como a temperatura do ar, umidade, o movimento do ar e a

radiação interferem constantemente nesse equilíbrio e na percepção térmica das

pessoas.

De acordo com Romero (1998) deve-se não só estudar o sistema termo-regulador, mas

também as vestimentas, edificações e o seu entorno; e para quantificar as influencias do

ambiente e o conforto percebido pelo corpo humano foram criados índices ou escalas de

conforto térmico, inicialmente desenvolvidos para climas temperados e posteriormente

para os climas tropicais, mais próximos da realidade das cidades que estão localizadas

nas baixas latitudes, entre os trópico de câncer e capricórnio.

Quanto ao espaço urbano o clima interfere diretamente na escala local, modificando a

temperatura do ar, umidade relativa do ar e a ventilação, produzindo efeitos indesejáveis

que impactam diretamente na funcionalidade das cidades e na qualidade de vida de seus

habitantes, como exemplo são cada vez mais freqüentes e com maiores intensidades

problemas como enchentes, inundações, deslizamentos, como problemas de saúde

(problemas alérgicos e respiratórios). A forma de apropriação do solo, com aumento das

densidades populacionais e da verticalizações, a substituição das superfícies naturais por

artificiais, provocando uma maior impermeabilização do solo, conjuntamente com a

redução das áreas com cobertura vegetal em função da expansão territorial planejada

(formal) e invasões, tem contribuído para mudanças no clima local, causando anomalias

como as ilhas de calor.

O estudo do clima urbano estuda diretamente essas relações, entre as variáveis

ambientais e o espaço urbano.

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4.2 AS VARIÁVEIS DO CONFORTO TÉRMICO

As variáveis do conforto térmico são dividas em variáveis ambientais e variáveis

pessoais. A primeira é medida com instrumentos de meteorologia, correspondendo a

temperatura do ar, umidade relativa do ar, velocidade do vento e Temperatura radiante

média. As variáveis pessoais são de dois tipos: variáveis individuais e subjetivas.

As variáveis individuais são altura, gênero, peso, atividade metabólica e vestimenta e as

variáveis subjetivas, que podem parcialmente ou integralmente ser acrescentadas á

variáveis individuais, em função do interesse da pesquisa, entendidas como as

percepção ou preferências térmicas, sendo influenciada por hábitos alimentares, estado

emocional e de saúde. (ISO 7726/ 1998)

Para Ayoade (2001) a temperatura fisiológica varia de pessoa para pessoa e depende da

temperatura do ar e da taxa de perda de calor gerada pelo organismo. A temperatura

percebida depende das características físicas das pessoas, como o peso, vestuário,

atividade realizada, estado de saúde, idade, gênero, estado emocional, grau de

aclimatação da pessoa ao clima local.

Sendo as variáveis ambientais de conforto térmico:

Temperatura do ar (Tar):

A temperatura do ar é a variável mais fácil de ser medida, através do termômetro,

indicada em °C. Esta variável resulta do balanço energético entre a atmosfera e a

superfície terrestre, variando em função do horário e do lugar.

A temperatura permite a troca de calor por convecção entre a pessoa e o meio ambiente,

auxiliando na obtenção do equilíbrio térmico do corpo humano, com a perda ou ganho

de calor.

A temperatura varia em função da incidência solar, da altura angular do sol, do tipo de

superfície natural ou artificial, da localização do ambiente de referência em relação aos

corpos hídricos, o relevo, os ventos predominantes e as correntes oceânicas. (AYOADE,

2001), podendo ser medida através de um termômetro.

Temperatura radiante média (Trm)

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A temperatura radiante media é mensurada em °C sendo definida como as trocas

radioativas entre o ambiente e o homem, ou seja, os efeitos térmicos a que o homem

esta sujeito no ambiente real (heterogêneo) ou ideal (homogêneo). (ISO 7726/ 1998)

Para determinação do balanço energético humano e análise do conforto térmico, a Trm é

a variável mais importante, influenciando os índices de conforto térmico, índices

termofisiológicos ou biometeorológicos. (MAYER, 1993 apud MATZARAKIS, 2002)

Podendo ser mensurada pelo termômetro de globo negro, radiômetro de duas esferas,

sensor esférico ou elipsoidal a temperatura do ar constante, em função das temperaturas

radiante plana determinada nas seis direções ao redor do individuo (MARTINI, 2013,

p.37). Sendo a Trm dependente da temperatura do globo, temperatura do ar e velocidade

do ar, segundo a ISO 7726/1998.

O equipamento de medição da Trm é o termômetro de globo, no formato esférico oco

em cobre, na cor preta, com 15cm de diâmetro e espessura de 0,4mm, com o bulbo do

termômetro localizado no meio da esfera. Podem ser utilizados globos de diâmetro

menores, tendo a vantagem de resposta mais rápida. (HIRASHIMA, 2010, p. 86)

A equação 4 da ISO 7726/ 1998 é utilizada para o calculo, considera a convecção

forçada e o globo de 15cm de diâmetro. Sendo a equação 4:

tr = Temperatura radiante média, em °C

tg = Temperatura do globo, em °C

va = Velocidade do ar, em m/s

ta= Temperatura do ar, em °C

Existe também o termômetro de globo cinza de 40mm desenvolvido inicialmente para

ambientes internos, sendo adaptado para medições em ambientes externos atendendo as

diferentes condições de mudança de radiação externa a que estão expostos e as

demandas por respostas mais rápidas. (HIRASHIMA apud NICOPOULOU, 2001, p.

87). A ISO 7726 ressalta que a utilização de termômetros de globo de diâmetros

menores implica na redução da precisão da medição da Trm, visto que maiores são os

efeitos da temperatura do ar e da velocidade do ar, além de que os valores obtidos são

aproximados, em função da forma esférica do globo representar a forma humana. Para o

cálculo aplica-se a equação 5, da referida ISO.

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tr = Temperatura radiante média, em °C

tg = Temperatura do globo, em °C

va = Velocidade do ar, em m/s

ta= Temperatura do ar, em °C

g= Emissividade do globo, adimensional

D= Diâmetro do globo, em m.

Esta é considerada como equação geral para ambientes externos. Sendo utilizada para a

pesquisa, o termômetro de globo com diâmetro do termômetro de globo de 0,04m, na

cor cinza claro, conectado ao HOBO da ONSET, modelo U12-012. O globo cinza foi

desenvolvido para a pesquisa, conforme Anexo A, sendo adaptado para substituir o

globo negro de cobre de 0,15m (indicado para ambientes internos).

Umidade Relativa do ar (UR)

A umidade do ar é indicada em porcentagem e representa a relação entre a quantidade

de vapor d´água contida no ar e a quantidade máxima que pode conter de vapor d´água,

mantida a temperatura, sendo medida pelo psicômetro. (LAMBERTS, 1997, p.37)

A umidade influencia as trocas térmicas entre o indivíduo e o ambiente, sendo a troca

por evaporação mais facilitada pela baixa umidade, pois o ar rapidamente absorve a

umidade da pele ocasionando o seu resfriamento, além da menor temperatura do ar, pois

existe uma relação entre umidade, ventos e temperatura do ar. (COELHO, 2007;

MARTINI, 2013, p.37)

Velocidade do ar (V)

O vento é resultado do movimento do ar na superfície terrestre, pela diferença de

pressão do ar. O vento é deslocado sempre da área de maior pressão, onde o ar é mais

denso (zonas mais frias), para as de menor pressão, onde o ar é mais leve (zonas

quentes). (LAMBERTS, ibidem, p.38)

A percepção do vento pelo indivíduo deve-se a sua velocidade e a capacidade de troca

de calor como o exterior. (MASCARÓ, 2009 apud MARTINI, 2013, p.38)

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O vento é medido através do anemômetro, que possuem pás que giram em função do

vento. Enquanto a biruta é utilizada para identificar a direção do vento. A escala de

Beaufort que determina a força do vento, em escalas de 0(calmaria) até 12 (furacão)

As variáveis pessoais são:

Vestimenta (clo)

As trocas térmicas entre o homem e o ambiente são realizadas através da pele, podendo

ser por convecção, radiação ou condução, sendo a vestimenta considerada uma barreira

para a realização dessas trocas térmicas.

O tipo de tecido, trama ou espessura e dimensões podem facilitar ou não as trocas de

calor com o meio, podendo inclusive proteger o indivíduo da desidratação, protegendo

da desidratação, por manter a umidade proveniente do suor próximo ao corpo a

exemplo dos nômades do deserto, que apesar da exposição intensa ao sol, cobre toda a

pele com roupas para evitar a insolação e a desidratação.

A unidade da vestimenta é o clo, do inglês clothing. Uma unidade de clo corresponde a

uma resistência térmica de 0,15°C m²/W de uma vestimenta leve (ISO 9920/ 2007).

A TABELA 1- Valores de Clo para roupa, masculina e feminina.

CLO Roupa Masculina Roupa Feminina

0,05 Roupa de banho/ piscina, chinelo Roupa de banho/ piscina, chinelo

0,15 Bermuda e Chinelo Biquini e Canga, chinelo

0,19 Short, camiseta e chinelo Shorte ou saia e camiseta, vestido curto

e sandália

0,25 Bermuda, camiseta e sapato

fechado

Bermuda ou sai longa e camiseta, ou

vestido longo, e sapato fechado

0,31 Camisa manga curta, bermuda e

sapato fechado

Camisa manga curta, bermuda e sapato

fechado, ou vestido longo de tecido mais

grosso e pesado

0,50 Camisa manga curta, calça jeans e

sapato fechado

Camisa manga comprida, calça jeans e

sapato fechado

0,69 Camisa manga comprida, calça

jeans e sapato fechado

Camisa manga comprida, calça jeans e

sapato fechado

0,79 Camisa manga comprida, calça Camisa manga comprida de frio, calça

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jeans e sapato fechado jeans e sapato fechado

0,99 Terno ou blusa de frio mais grossa Roupa de frio (2 camisas de mangas

compridas) ou blusas mais grossa

1,4 Roupa de frio, cachecol e

sobretudo (em frio intenso)

Roupa de frio, cachecol e sobretudo (em

frio intenso)

FONTE: Norma ISO 9920/ 2007.

Atividade Metabólica:

A atividade metabólica é indica em W (Watts) e representa quantidade de energia

produzida pelo movimento humano ou atividade física desenvolvida. Cada atividade

física corporal realizada gera energia. De acordo com a ISO 8996 (2004) tem-se as

atividades metabólicas e a energia produzida, sendo:

- Sentado ou calmo (115W), parado, em pé (125W), trabalho manual leve, escrevendo,

caminhada casual, andando a menos de 2,5 m/s (180W); trabalho médio manual ou

caminhada a mais de 2,5 m/s (295W); trabalho intenso com material pesado,

concretando ou caminhada com velocidade entre 5,5 m/s a 7 m/s (415w) e trabalho

intenso, subindo rampa ou ladeira, correndo a mais de 7 m/s (520W).

4.3 INDICES DE CONFORTO TÉRMICO

Os estudos para criação de índices de conforto térmico são recentes, sendo os primeiros

estudos empíricos datadas de 1923, com Houghten e Yaglou, que estabelece o Índice de

ET- Temperatura Efetiva. Em 1932, Vernon e Warner estabelece o Índice de Nova

Temperatura Efetiva. Na década de 40, Missenard(1948) cria o RT- Temperatura

Resultante e em 1947, P, McAriel propõe o índice de Taxa de Suor previsto para quatro

horas, buscando prever o stresse térmico provocado pelo ambiente no indivíduo. Nas

décadas seguintes, os estudos de Yaglou (1957), sobre a temperatura de globo e de

bulbo úmido (WBGT), basearão em 1989 a ISO 7243 e em 1978 a NR 15.

No modelo analítico, os primeiros estudos são de Siple e Passel, de 1945 (citado por

Williamson, 2003), que cria o WCI- Índice de Temperatura Resfriada pelo Vento. Em

1960, tem-se o EC- Índice Equatorial de Conforto de Webb e posteriormente o HSI-

Índice de Estresse Térmico por calor de Belding e Hatch (1955), Humidex de Masterton

e Richardson (1979), o ITS- Índice de Stresse Térmico de Givone (1969).

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Em 1967, Gagge cria o SET- Nova Temperatura Efetiva Padrão que utiliza o balanço

térmico, sendo o cálculo das trocas térmica através de modelo teórico e os valores dados

são em temperatura equivalente de sensação térmica.

O KMM- Modelo climático de Michel, de Jendritzky et al. também adota o balanço

térmico como referência das tocas entre o ambiente externo e o corpo humano. Este

modelo é adaptado para o ambiente externo e também foi utilizado por Jendritzky para

as mesmas escalas de valor de PMV- Voto Médio Preditivo e o PPD de Fanger (1970).

Em 1992, Domingues desenvolve o critério para níveis de sudação em espaços abertos

da Expo de Sevilla, em 1995, o COMFA- Fórmula de Conforto de Brown e Gillespie

adota o balanço térmico, com um nó e escala de valor simplificado. Ainda neste mesmo

ano, Aroztegui cria o Tne- Temperatura Neutra Exterior que segue o modelo adaptativo

de Humphreys (1975), que objetiva a adaptação do indivíduo ao clima, mas também

adaptado para espaços climatizados ou naturalmente ventilados (De Dear et al., 1997

apud Monteiro e Alucci, 2010, p.04).

No século XXI, destaca-se os estudos para condições específicas, como o TS- Índice de

Sensação Térmica com base nos trabalhos empíricos de Givoni e Noguchi (2000), com

experimentos da Fujita em um parque japones, na cidade de Yokorama. Em 2002,

Bluestein e Osczevski a partir de experimentos definem o NWCT- Nova Temperatura

Resfriada pelo vento, que se aplica apenas para temperatura do ar inferiores a 10°C e

ventos com velocidade superiores a 4,8 Km/h.

Neste mesmo século as pesquisas que desenvolveram modelos analíticos universais são:

Em 1998- MENEX de Blazejczyk, modelo de um só nó, que determina o HL- Índice de

Carga Térmica, o R´- Estímulo em função da radiação solar, o PhS- Esforço

Fisiológico, SP- Suor Aparente e são analisados conjuntamente para avaliar a sensação

térmica e fisiológica das pessoas;

Em 1999, o MEMI- Modelo de Munique de Hoppe, com dois nós, que analisa as trocas

termofisiológicas, através do PET- Temperatura Equivalente Fisiológica, que determina

um índice de temperatura equivalente à sensação térmica da pessoa, sem depender de

escala predefinidas, como muitos outros índices utilizados no século XX;

Em 2000, o Modelo OUT-SET da Temperatura Efetiva Padrão Externa, de Pickup e De

Dear, que se baseia nos trabalhos de Gagge (1967), para definição do modelo próprio

OUT-MRT;

Em 2003 é feita a revisão do Modelo de Michael (KMM) de Jenddritzky, que se baseia

em matzarakis (2000), onde a radiação e considerada a partir de um modelo específico,

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descartando o PMV e cria o PT- Índice de Nova Temperatura Percebida, baseado em

Gagge (1986). Este novo modelo é adaptado ao PMV de Fanger (1970), para avaliar

ambientes internos condicionados artificialmente, mas que também pode ser utilizado

para representar a sensação térmica em ambientes externos. Os trabalhos de Gagge

contribuem para as pesquisas de Hoppe (1999), Pickup e De Dear (1999) e Jendritzky

(2003);

Em 2006, a Ação COST 730, da Sociedade Internacional de Biometeorologia- ISB cria

o UTCI- Índice Termoclimático Universal, com recursos da União Europeia (2006).

Este índice tem dez escalas, com base a Temperatura Equivalente e combinação das

variáveis ambientais.

Monteiro e Alucci (2001) concluem que as pesquisas na área de conforto térmico

indicam duas direções, uma que segue os modelos analíticos universais

termofisiológicos e outra de calibrações específicas que representem a aclimação e

adaptação dos indivíduos ao ambiente estudado. Os autores destacam a necessidade de

desenvolvimento de modelos transversais, que considerem a adaptação e aclimatação

aos processos fisiológicos e térmicos, mas também que contemplem a calibração das

preferências térmicas em espaços abertos.

4.3.1 O Índice Physiological Temperature Equivalent – PET (°C)

O índice Physiological Temperature Equivalent foi criado por Hoppe e Mayer em 1987.

Podendo ser aplicado a lugares abertos ou fechados, considerando a atividade

metabólica de 80W e a vestimenta, com resistência térmica de 0,9 clo, com temperatura

interna do corpo e da pele iguais, em condições de avaliação.

A temperatura do ar é igual a temperatura radiante média (Ta= Trm), a velocidade do

vento é de 0,1 m/s, a pressão de vapor de 12 hPa (hectopascal), aproximadamente

equivalente a uma umidade relativa do ar de 50% e temperatura do ar de 20°C.

(HOPPE, 1999)

Para o seu calculo, as constantes são a atividade metabólica e a vestimenta e a partir das

variáveis ambientais (temperatura do ar, umidade relativa do ar, temperatura radiante

média e velocidade do vento), tem-se o efeito real percebido pelo indivíduo. (HOPPE,

1999 apud SOUZA, 2011)

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5. A CIDADE DE SALVADOR

Salvador é a capital do estado da Bahia, localizada na latitude 12°58’16’’ S e longitude

38°30’39’’W. Sua Região Metropolitana- RMS abrange 10 municípios, com área total

de 2.186,61 km², população de 2.675.656 habitantes e densidade bruta de 8.802,21

hab/Km² (IBGE, 2010).

FIGURA 1- Localização geográfica da cidade de Salvador. Fonte:Imagem adaptada do IBGE,2013

A cidade apresenta o formato peninsular, sendo banhada pelo Oceano Atlântico a leste e

sul e pela sua orientação geográfica é bastante favorecida pelos ventos alísios sudeste.

Segundo Nery (1997) a cidade apresenta três fachadas continentais: sudeste, sul e oeste

(voltada para a Baía de Todos os Santos).

A cidade tem clima tropical quente e úmido, com duas estações verão e inverno. As

temperaturas do ar médias anuais são de 25, 2°C, umidade relativa do ar anual de 80,8%

e velocidade média do ar de 3,1 m/s. Devido a sua localização geográfica, entre o

Oceano Atlântico e a Baía de Todos os Santos a cidade apresenta baixa amplitude

térmica, elevada umidade do ar diurna e noturna, sendo as temperaturas mais amenas

durante o período da noite. (INMET, 1931-1960)

De acordo com o anemograma o vento predominante da cidade é sudeste, devido a sua

maior constância ao longo do ano e velocidades de até 6 m/s, na primavera e verão. O

vento leste é mais freqüente no verão e primavera com velocidade de até 7 m/s, o vento

nordeste apresenta velocidades de até 5 m/s e o vento Sul é mais freqüente no outono e

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inverno, a partir de abril à julho, no período das chuvas de inverno, com velocidade de

até 5 m/s. Segundo Peixoto (1968 apud GOES, 2013, p.28), os alísios e as brisas

marinhas atenuam “o carácter tórrido do clima soteropolitano, à medida que a posição e

a orientação das casas lhes permitem. Isto quer dizer que no interior da cidade, os

fundos de uma boa parte dos vales são quentes.”, destacando que o tipo e material das

habitações, contribuem para compensar o calor, com também pode agravá-lo.

FIGURA 2- Anemograma de velocidade dos ventos para a cidade de Salvador. Fonte: Imagem produzida pelo programa SOL-AR, Labee (2005)

FIGURA 3- Anemograma da freqüência dos ventos da cidade de Salvador. Fonte: Imagem produzida pelo programa SOL-AR Labee (2005)

Os índices pluviométricos anuais são de 1750 a 2000m, sendo o máximo de

pluviosidade no Outono (mais freqüentemente) ou no Inverno, sendo os meses de Abril-

Maio-Junho, os mais chuvosos. Não há estação seca, sendo o mínimo de pluviosidade

na primavera ou no verão.

A geomorfologia da cidade apresenta três divisões morfológicas: a Faixa da Orla da

Baía de Todos os Santos (BTS), o Planalto (região do Miolo) e a Faixa Litorânea

voltada para o Oceano Atlântico, com uma área de planície com 22Km de extensão e

2,5 Km de profundidade.

Esta morfologia interfere criando microclimas, dependendo da topografia, superfícies

naturais e construídas, presença de água (rios, lagoas, bacias) e cobertura vegetal.

Sendo a região do Planalto a mais alta da cidade delimitada com relevo acidentado

(cumeadas, encostas íngremes e vales) e delimitada entre a falha geológicas do

Iguatemi, com cotas que variam de 60m à 100m de altitude e com diversas bacias que

drenam a região (Peixoto, 1968 apud GOES 2013, p. ). Dentre as bacias destaca-se a do

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Camaragibe (37 km²); do Cobre (17 km²); do Ipitanga (59 km²); do Jaguaribe (58 km²);

do Lucaia (18 km²); e do Pituaçu (28 km²) (SMA, 2006, p.12).

A Faixa da BTS é limitada por uma falha geológica com cerca de 70m que divide a

cidade em Alta (Miolo) e Baixa, criando uma barreira para o ventos sudeste

(refrescantes) oriundo do Oceano Atlântico (Fachada Litorânea), contribuindo para a

ausência de ventos nessa região. Estas áreas são apenas favorecidas pelas brisas

marinhas da BTS (direção Noroeste), que não são freqüentes o ano todo. (Figura 3)

A vegetação da cidade é formada por remanescente de Mata Atlântica, Restinga e

Manguezal. Parte dessa vegetação está nas 12 APRN- Área de Proteção de Recursos

Naturais, como a do Manguezal do Rio Passa Vaca, Vale do Cascão e Cachoeirinha

(Cabula, Narandiba e Saboeiro), Pituaçu, Vales da Mata Escura e do Rio da Prata, Mata

dos Oitis, São Marcos, Jaguaribe, Bacias do Cobre e Paraguari, Aratu. Lagoa dos

Pássaros e nas regiões de Dunas (Dunas de Armação e da Bolandeira), além das áreas

de APAs- Áreas de Preservação Ambiental como a APA da Bacia do Cobre/ São

Bartolomeu (Parques de Pirajá, a Represa do Cobre e o Parque de São Bartolomeu) e as

APAs do Joanes/ Ipitanga e da Baía de Todos os Santos. (PDDU, 2010).

Devido ao processo de expansão urbana, uso e ocupação do solo irregular (invasões) e

posteriormente a consolidação dessas ocupações, especialmente pela população de

menor renda, tem-se a supressão das áreas verdes da cidade de valor ambiental, como as

vegetações de encostas e fundos de vales, que auxiliam na drenagem e escoamento

natural das águas das chuvas, preservação das nascente e manutenção dos mananciais,

agravado os problemas ambientais, como alagamento, deslizamentos e contaminação

dos recursos naturais, interferindo no microclima da cidade.

De acordo com as Normais Climatológicas de Salvador para as médias de temperatura

do ar, em intervalos de 30 minutos, entre 1931-1961 e de 1961-1990, a partir das

estações meteorológicas, nota-se um aumento de um pouco mais de 0,5 °C da

temperatura do ar, para 2/3 do ano. (SOUZA, 2010, p.37)

5.2 AS ÁREAS DE ESTUDO

Para o estudo escolheu-se duas áreas da cidade de Salvador, na mesma região do Miolo,

que abrange os bairros do Cabula, Tancredo Neves, Pau da Lima e Cajazeiras, que

apresentam características morfológicas e de uso e ocupação do solo semelhantes.

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Esta área é ocupada a partir da expansão da cidade estimulada pelo poder público, com

a implantação de infra-estrutura pública através do Decreto 2.181/68, da Reforma

Urbana do Município. Surgem bairros na área do Miolo da cidade, como o Cabula

(década 40), Pernambues, Mussurunga, Cajazeiras, no espaço onde havia área verde

(Vasconcelos, 2002, apud Mendes, 2006, p. 146).

As áreas de estudo são o Campus-I da UNEB, localizadas no Cabula (RA XII) e a Praça

Nova República do bairro de Tancredo Neves (RA XIII). As áreas estudadas pertencem

a bairros adjacentes.

FIGURA 4- Mapa das regiões administrativa da cidade Fonte: PDDU- Mapa de Unidades Espaciais de Análise. Prancha 02

5.2.1 O bairro de Tancredo Neves/ Beirú

O nome do bairro Tancredo Neves/ Beirú é de origem ioruba que se refere ao nome

escravo africano Gbeiru nascido na Nigéria em Oió, que foi comprado por um membro

da família Garcia D´Ávila para a Fazenda Campo Seco (1820) e depois ganha parte da

fazenda (1945) e cria o quilombo.

Em 1910, as terras do quilombo são vendidas a Miguel Arcanjo, que cria um terreiro de

candomblé onde seria a sede da fazenda (Fazenda Beiru) e “em 1912 nasce a Nação de

Miolo

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Amburaxó, que em seus princípios mantiveram toda uma arkhé permeada pelas

tradições africanas” (CORREIA, 2010, p.12). A localidade recebe o nome de Gbeiru em

homenagem ao ex-escravo. Segundo o Escritório de Campo da SUDESB/SETRABES-

Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia/ Secretaria do Trabalho e Bem-

Estar Social, o bairro Beiru surge na segunda metade do século XIX, quando ali existia

um terreiro de candomblé, que com a morte do pai de santo as terras são vendidas ao

senhor Francisco Oliveira. Estas terras são novamente vendidas por seus cinco filhos

após a sua morte. Parte da área da fazenda é desmembrada formando o bairro de

Arenoso e o Terreiro Miguel Arcanjó perde sua identidade com a retirada das árvores

sagradas dos cultos amburaxós para construção do posto médico do bairro. (CORREIA,

2010, p.12)

Na segunda metade do século XX percebe-se um aumento da densidade do bairro,

segundo o IBGE, entre 1970 e 1980, o crescimento populacional foi de 823,1%, sendo

respectivamente: 2.600 habitantes e 497 domicílios para 24.000 habitantes e 4.970

domicílios, com uma taxa anual de crescimento populacional de aproximadamente de

25% a.a. Dentre os diversos fatores que contribuíram para a ocupação do Beirú destaca-

se a grande oferta de terras baratas para a época, atraindo pessoas de baixa renda, que

até então viviam de aluguel em outras áreas da cidade ou que estavam migrando para a

capital do Estado, e não tinham onde morar. O bairro tornava-se um atrativo para o

acesso a terra, possibilitando o sonho da casa própria.

Quanto a distribuição populacional do bairro tem-se que 46,3% é oriunda da região do

Recôncavo, 11,3% de Feira de Santana, 8,7% de outros estados e 16,2% de outros

bairros de Salvador. Sendo que 67,7% desses migrantes já residiam na cidade a pelo

menos 10 anos, e viviam de aluguel. Esta população possui baixo grau de instrução não

conseguindo ser absorvida pelo mercado de trabalho, vivendo do mercado informal

(biscates), de acordo com a SETRABES (1983) a renda média é de 2 a 3SM (Salário

Mínimo).

Em 12 de março de 1976, o Decreto Estadual n°25.144 do Governo do Estado,

desapropria a área de 5.500.000m² (contida em Narandiba) para a construção de

equipamentos públicos, como o Centro de Recuperação de Menores, que só se

concretiza em 20 de novembro de 1979. Estas ações desestimulam ações do mercado

imobiliário, contribuindo para a ocupação dos terrenos públicos pelas invasões,

especialmente das áreas de encosta, fundos de vales e brejos. Surgem as invasões, como

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a Santa Bárbara, conhecida também como o Sítio Harmonia, que posteriormente se

consolida.

FIGURA 5- Imagem do bairro do Beirú/ Tancredo Neves Fonte: SANTOS, et.al.Caminho das Águas, 2010

Segundo uma pesquisa realizada pela UFBA- Universidade Federal da Bahia (1983)

identificou que 11,25% dos entrevistados declararam ter ido para o bairro pela

possibilidade de invasão para construção de casas.

Em 02/06/2005, através de plebiscito, modificou-se o nome do bairro, em homenagem

ao falecido ex-presidente da República Tancredo Neves, que passa a nomear o bairro.

A ocupação da área ocorreu com a implantação do quilombo Gbeiru, através da doação

das terras por uma antiga família residente no local. Posteriormente, na década de 50, a

área foi gradativamente sendo ocupada por conjuntos habitacionais da URBIS

(COHAB) e invasões, especialmente nas áreas de vales e encostas.

Quanto a densidade bruta de 2000 para 2010 passou de 29.571,13 hab/Km² para

31.469,30 hab/Km², sendo a população residente de 47.375 para 50.416 habitantes.

41,15%s das famílias são chefiadas por mulheres, com faixa de renda de 1 a 2 SM.

Quanto a escolaridade, para o tempo de estudo entre 4 a 7 anos, 30,09% são mulheres e

34,56% homens.

Limite do bairro do Beirú/ Tancredo Neves Praça Nova República (área de estudo)

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O Bairro pertence a RA XII, que tem como limites físicos os bairros de Engomadeira,

Narandiba, Sussuarana e Cabula VI. Quanto a topografia, o bairro apresenta cotas mais

altas (60m e 70m) e mais baixas (0m e10m), com desníveis de até 60m de altura. O

sistema viário acompanha a topografia com as vias principais ao longo das cumeadas

(Rua Direita de Tancredo Neves que se bifurca entre a Rua Pernambuco e a Rua Bahia;

e parte da Rua Manoel Rufino) e as vias secundárias geralmente perpendiculares a esta.

A densidade é elevada e a população é de baixa renda (IBGE 2010). Quanto ao uso e

ocupação do solo, nas vias principais ocorre o uso comercial e residencial, e nas áreas

de encosta e vale de uso predominante residencial. (PDDU, 2010).

Em relação aos espaços abertos e cobertura vegetal, o bairro não possui muitos espaços

verdes e áreas destinadas as atividades de lazer e práticas esportivas, devido ao seu

processo de ocupação e a ausência de planejamento urbano. O bairro possui alguns

campos de terra de futebol e quadras poliesportivas, que são utilizados pelos moradores.

Em relação as praças do bairro pelo levantamento de campo só foi identificado uma

pequena praça, em frente ao antigo Teatro (desativado) e a Praça Nova República criada

em 2010. Porem o bairro possui quadras poliesportivas, na maioria dentro das escolas

públicas e campos de futebol de terra, bastante utilizados pelos moradores.

A Praça estudada foi projetada pela Arquiteta Virgínia Helena da CONDER-

Companhia de Desenvolvimento Urbano a partir do Projeto Praças da Juventude do

PRONASCI- Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania, do Ministério

da Justiça e a CONDER-, visando a melhoria da segurança pública, visto que, o bairro

apresentava elevados índices de criminalidade e pouca opções de lazer e esportes para

os jovens. Dentre as ações do projeto, foi também construído a Casa Pronasci para

prestar atendimento gratuito de serviços públicos a população, como dar apoio aos

Projetos de Proteção de Jovens em Território Vulnerável e Mulheres da Paz, também

pertencentes ao programa, reforma das quadras de esportes das escolas públicas e

projeto de reforma do antigo anfoteatro (Arenoso), que previa espaço para atividades de

capoeira, dança, música e artes, além do funcionamento de aula de informática para os

jovens inscritos no projeto.

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Figura 7- Praça Nova República e edificações do entorno da Praça em 2010. Fonte: CONDER, 2010

A Praça Nova República possui área total de 2.595,25 m² e fica localizada entre a 11ª

Delegacia de Polícia (Rua Betel) e o Posto de Saúde (a frente), o que impede a sua

visualização pela rua principal (Rua Pernambuco). No local existia anteriormente

apenas uma quadra poliesportiva e com base na solicitação da Associação de Moradores

do Bairro, entrevistas com os gestores públicos da Secretaria de Segurança Pública,

CONDER, representantes das escolas estaduais do bairro e moradores, o projeto

potencializou o lazer e as práticas esportivas, sendo reformada a quadra poliesportiva e

construído um parque infantil e uma quadra de skate.

FIGURA 7- Vegetação e espaços de lazer da praça (pista de Skate, Parque infantil e Quadra de esportes). Fonte: Acervo próprio (out/ 2013)

Centro de Saúde

Acesso secundário pelo estacionamento da Delegacia e Rua Betel

Acesso principal

principal Rua Pernambuco

11ª Delegacia

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FIGURA 8- Croqui dos estudos para o projeto da Praça Nova República da Arquiteta Virginia Helena. Fonte: Acervo da Arquiteta Virgínia Helena 2010

A praça apresenta pouca vegetação, sendo a maior parte das suas superfícies

pavimentada (piso em concreto). Existe uma arvore na área de convivência próximo ao

parque infantil e uma árvore no centro da pista de skate, que não são suficientes para

sombrear todos os espaços, dificultando a permanência das crianças e jovens na maior

parte dos horários diurnos, devido a intensa radiação solar.

Apesar de a vegetação original ter sido mantida pelo projeto não houve plantio de novas

árvores, sendo que a maior parte da vegetação arbórea está localizada na frente do

Centro de Saúde (área ocupada pelos ambulantes).

FIGURA 9- Acesso principal (Rua Pernambuco), entrada da praça e acesso lateral pela Rua Betel. Fonte: Acervo próprio (out/ 2013)

Quanto ao mobiliário da praça os bancos são fixos e curvos (concreto) e estão

localizados próximo aos dois parques infantis existentes. No acesso principal da Praça

existe um espaço elevado sem proteção do sol, com uma pequena área de convivência

com três mesas fixas e bancos, onde ficam os jovens eventualmente. A iluminação é

deficiente, com algumas lâmpadas queimadas e não tem sido substituída. A praça não

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dispõe de lixeiras, que foram removidas por desgaste ou depredação ao longo dos anos,

sendo encontrado nos canteiros ao longo do acesso lixo, como papel e latas de bebida,

além do mau cheiro proveniente de urina, ao longo do passeio da Associação de

Moradores.

Figura 10 Estrutura física da Praça Nova República ( sem escala) Elaboração: Neila Branco, 2014

Quanto a manutenção limpeza diária, tanto a quadra de esporte como a pista de skate,

são variadas diariamente por moradores que retirando as folhas da árvore e o lixo

acumulado, que dificultam as práticas esportivas. Outro problema identificado é a

ausência de cercamento na área do parque infantil, que impediria o acesso de animais

(especialmente cachorros) e a contaminação da areia.

Em relação a apropriação dos espaços existe uma predominância de uso pelos

moradores do entorno e estudantes das escolas públicas do entorno (Escola Estadual

Zumbi dos Palmares, Escola Estadual Professor Edvaldo Fernades), pelo período

matutino, especialmente a partir das 10h.

Entre as 8h e 10h crianças (7 à 11 anos) e adolescente (15 à 16 anos) jogam futebol na

quadra de esporte e as vezes pequeno grupo de jovens (3 a 4 pessoas) praticam

skatismo. Pela tarde, após as 16h, a pista de skate é mais utilizada pelos adolescentes

(geralmente grupos de 3 à 7 jovens), sendo também adaptado passeio frontal da pista

para realização de manobras esportivas. Os parques infantis existem poucos brinquedos

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e as gangorras estão danificadas pelo uso ou exposição as intempéries, sendo utilizado

por algumas crianças (no máximo 3), sendo o parque próximo a Rua Pernambuco

utilizado pelos filhos dos comerciantes/ ambulantes que ficam instalados aia principal.

O outro parque infantil é mais utilizado pela tarde, sendo as crianças acompanhados dos

país (3 à 5 crianças entre 4 à 7 anos).

Figura 11 Mapa de atividades Matinais Semanais e Finais de Semana (sem escala) Elaboração: Neila Branco, 2014

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Não foi percebido a presença de muitos idosos na praça, apenas pelo início da manhã,

grupos de testemunhas de Jeová devido a Centro das Testemunhas de Jeová ficar

localizado na Rua Betel e eventualmente pela tarde acompanhando as crianças. Os

idosos ficam em frente a Rua Pernambuco diariamente, entre a Associação de

Moradores e os ambulantes, adaptando o banco de concreto da praça para a prática de

dominó, especialmente pela manhã e tarde.

A noite ocorre um esvaziamento completo da praça e a Rua Pernambuco passa a ser o

foco das atividades de entretenimento, com a instalação de barracas de bebidas e

comida, quando os comerciantes/ ambulantes desmontam as mesas de frutas e verduras.

Figura 12 Mapa de atividades Matinais Semanais e Finais de Semana (sem escala) Elaboração: Neila Branco, 2014

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Figura 13 Mapa das Faixas Etárias da Praça (sem escala) Elaboração: Neila Branco, 2014

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As instituições públicas, como o Centro de Saúde, Associação de Moradores,

conjuntamente com o forte comércio local ( mercadinhos e ambulantes) geram um pólo

de movimentação constante ao longo da Rua Pernambuco, em que a Praça não está

inserida, apesar do bairro não dispor de muitos espaços de convivência, esporte e lazer

Apesar da praça não apresenta desníveis ou obstáculos físicos que impossibilitem o

acesso de qualquer pessoas, existe um conflito entre os carros e o pedestre em ambos os

acessos, que ficam estacionados de forma irregular. Pela rua principal, carros de carreto

e pequenos caminhões de transporte de alimentos ficam estacionados (próximo a

Associação de Moradores) e na Rua Betel os funcionários do Centro de Saúde

estacionam irregularmente na área que permite o acesso da praça. Outro conflito

identificado é a presença constante de ambulantes e barracas de bebidas no passeio

impedindo a passagem dos pedestres, além da qualidade da pavimentação que necessita

de reparos. Percebe-se a ocupação da área de jardim também pelos ambulantes, tanto

durante o dia como a noite, quando os comerciantes de frutas, verduras e roupas

desarmam as barracas e novas estruturas são montadas para o comércio de bebida e

comida. Apesar da intensa movimentação de pessoas e venda de produtos o local é

limpo pelos comerciantes, porém o lixo é depositado no início da Rua Betel, na entrada

de veículos e ambulância do Centro de Saúde do bairro.

Figura 14 Mapa dos conflitos da Praça Elaboração: Neila Lima Branco, 2014

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5.2.2 O bairro do Cabula

O nome do bairro é originário do termo africano quicongo Kabula, que está vinculado a

um ritmo religioso muito dançado, tocado e cantado, segundo o etnólogo Valdeloir

Rego (SANTOS et al. 1998), mas existe outra versão. Segundo Fernandes (2003), o

bairro:

“tienen su origen em el idionma Bantú, hablado em uma región

que se extirnde entre los países Congo- Angola. De acordo com

Y. Castro el término significa mistério, culto (religioso), secreto,

escondido y, probabelmente há sido atribuído al sitio, para

destacar la existencia de vários quilombos los cualesm a su vez,

promocionaron el Candomblé, tan famoso em el Cabula.”

(FERNANDES, 2003, p.165)

Os bairros do Cabula e Tancredo Neves fazem parte da área da Macrounidade 02-

Miolo da cidade (PDDU 2008), sendo o Cabula/ Pernambués (RA XI), Tancredo Neves/

São Gonçalo (RA XII), Pau da Lima (RA XIII) e Cajazeiras (RA XIV). O Cabula

representa 3% correspondendo a 998,55 ABS (Ha) e o bairro de Tancredo Neves 5,01%

, 1.551,27 ABS (Ha) respectivamente.

O bairro está localizado nas cotas mais elevadas, entre 60m à 100m nas áreas de

cumeada e cotas de 20 m, nas áreas de vale. Esta região é limitada a norte por Ipitanga

(RA x-b), a oeste pela BR324 e a leste pela Avenida Luiza Vianna Filho (Paralela), via

que se conecta a Avenida Antônio Carlos Magalhães e a Avenida Tancredo Neves

(atual centro financeiro da cidade) e a importantes Centros Comerciais, como o

Shopping Iguatemi e Salvador Shopping.

Quanto a densidade territorial o Cabula tem 134 hab/Ha e Tancredo Neves 120 hab/Ha,

sendo consideradas dentro da “faixa de 50 a 150 hab/Ha por região, com base na

população estimada para 1998” (FERREIRA et al. 2009, p. 73).

Segundo o IBGE de 2000 à 2010, a densidade bruta do bairro passou de 5.655,46 para

6.941,08 hab/Km², crescimento semelhante ao bairro de Tancredo Neves que passou de

29.571,13 para 31.469,30 hab/Km². Enquanto a população residente foi de 19.448 para

23.869 habitantes.

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O perfil social é de 42,90% dos domicílios do bairro são chefiados por mulheres, com

renda entre 2 à 3 SM. Quanto a escolaridade 15,67% das mulheres tem entre 4 a 7 anos

e os homens são 13,84% . (IBGE 2010)

FIGURA 15- Imagem do bairro do Cabula e da área de estudo (UNEB) Fonte: SANTOS, et.al.Caminho das Águas, 2010

A ocupação territorial das terras que compreendem atualmente o bairro Cabula, data do

século XVI, pertencentes ao Conde Castanheira, Antônio Ataíde, através de doação.

Posteriormente estas terras foram arrendadas pelo senhor Natal Cascão, que construiu a

Capela Nossa Senhora do Resgate, atualmente Igreja de Assunção, que contribuiu para

o surgimento de um pequeno povoado no entorno que originaria o bairro futuramente.

A região até as primeiras décadas do século XX apresentava uma ocupação rarefeita e

uma extensiva cobertura vegetal, devido a grande quantidade de chácaras e fazendas de

laranjas, que entram em decadência em 1940 devido a uma praga, contribuindo

posteriormente para a venda das fazendas e a sua divisão em lotes menores. (SANTOS

el al. 2010, p. 210)

A ocupação territorial do Cabula ocorre a partir da década de 50 e 60 (século XX), com

a construção de conjuntos habitacionais e a abertura da Avenida Silveira Martins (1965-

Limite do bairro do Cabula

Campus I- UNEB (área de estudo)

19BC

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1966), principal via do bairro, estimulados pelo processo de expansão periférica da

cidade, construção de infra-estrutura urbana, como o Hospital Roberto Santos (1979),

UNEB (1983), Colégio Polivalente do Cabula, Colégio Estadual Roberto Santos, Escola

Estadual Visconde de Itaparica, Supermercado Bom Preço, do antigo grupo Pães

Mendonça e bancos. O bairro possui também a Fonte Santo Antônio do Cabula,

utilizada para consumo dos moradores do bairro.

A URBIS- Habitação e Urbanização do Estado da Bahia S/A e o INOCOOP- Instituto

de Orientação às Cooperativas Habitacionais foram responsáveis pela construção dos

conjuntos habitacionais do bairro do Cabula, sendo o Doron, construídos pela URBIS,

um dos maiores, com 1.288 unidades. Entre 1973 e 1983 é construído em etapas os

conjuntos Cabula I a X. No período entre 1976 e 2000, mais 34 conjuntos habitacionais/

condomínios são construídos, correspondendo a 9935 unidades residenciais, voltados

para a classe média e baixa (3 e 5 SM para os conjuntos da URBIS e de 5 a 10 SM para

os da INOCOOP). (FERNANDES et al. ibidem, p. 14) e a partir da década de 80

intensificam-se as invasões nos terrenos vazios próximos aos conjuntos habitacionais,

áreas já consolidadas. Após o ano 2000, percebe-se uma modificação no padrão

construtivo, com o crescimento do mercado imobiliário da cidade e novas edificações

com gabaritos maiores (24 pavimentos), com diversos itens de lazer, para faixas de

renda maiores (de 10 a 15SM) segundo a ADEMI/BA. A paisagem urbana do bairro é

modificada com pelo processo de verticalização das edificações, pois os conjuntos

habitacionais são 4 pavimentos, além da redução das áreas com cobertura vegetal e da

permeabilidade dos solos, com o processo de expansão imobiliária.

Figura 16- Mapas da Evolução Demográfica (1940-2000) da cidade. PDDU Salvador(2000)/ PLANDURB, 1976. Fonte: SIM/ Prefeitura Municipal de Salvador

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A região do Cabula atualmente apresenta-se consolidada, com ocupação territorial de

90,48%, com 0,78% de área disponível (vazios urbanos) e 2,59% de área não ocupada

em relação ao total do município, porém com 31,71% de áreas livres devido a Reserva

do 19° Batalhão de Caçadores do Exército, que compõem a APRN da cidade e preserva

a nascente do Rio Cascão, fauna e flora do ecossistema originário de Mata Atlântica,

contribuindo para a qualidade ambiental do bairro e da cidade.

5.2.3 A UNEB- Universidade do Estado da Bahia

A UNEB foi criada em 1983 e é mantida pelo governo do Estado. A estrutura da

instituição está distribuída em 24 campi, 29 departamentos, abrangendo 23 municípios

de médio e grande porte, totalizando a oferta de 150 cursos de graduação e pós-

graduação, presenciais e a distância (EaD).

FIGURA 17- Imagem do Campi I- Cabula (UNEB) Fonte: Googlemaps, 2013 A Campus I- Salvador, localizado no bairro do Cabula é a sede da instituição, com 4

departamentos. O terreno da Universidade distribuído entre as cotas de 80m e 60 m,

sendo seus limites a Avenida Silveira Martins (principal acesso), Estrada das Barreiras e

Cabula IV (limites laterais) e o bairro Engomadeira (limite posterior).

Portaria

Figuras 18- Imagem aérea da vegetação do Campus da UNEB e Figura 14- Imagem do acesso de carros do Campus- UNEB. Fonte: UNEB, 2013 e acervo pessoal (2013)

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No campus existe uma vegetação arbórea de grande porte especialmente nas

proximidades dos acessos, nas proximidades da Reitoria, Teatro, estacionamento e Setor

administrativo, como mangueiras, coqueiros, palmeiras, jaqueiras, jambeiros, jaqueiras,

amendoeiras, flamboyans e aroeiras, além das áreas cobertas com grama natural.

]

Figura 20 Estrutura física da UNEB- Salvador ( sem escala) Elaboração: Neila Branco, 2014

Quanto aos espaços voltados para o lazer, esporte e convivência, que se assemelham a

praças a UNEB possui a em frente a Reitoria uma pequena praça sombreada, com oito

bancos e lixeiras de coleta seletiva. Em frente a biblioteca também existe um espaço

adaptado com dois bancos de concreto e 2 banco de madeira, um tablado e grande toldo.

Neste local os alunos se reúnem quando há eventos (eleição do Diretório Estudantes),

calourada ou para estudo. O prédio de aulas de saúde (próximo a biblioteca) existe uma

lanchonete também com dois toldos menores, onde são colocadas mesas (4) e cadeiras

de PVC, sendo bastante utilizado no horário de almoço, sendo observado que alguns

alunos levam marmita e fazem a refeição no espaço da lanchonete, por ausência de

refeitório na universidade. Durante a noite e pela manhã o movimento é menor.

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Figura 20 Espaço de espera e convivência em frente a Reitoria UNEB Elaboração: Neila Branco, 2014 Os edifícios de aula de Humanidades e Ciências da Terra possuem lanchonetes com

área coberta, sendo o horário de maior movimento a partir das 11h e a noite a partir das

17h. A UNEB funciona de segunda à sexta, porém no sábado a universidade funciona

até as 12h e não existe expediente adminstrativo, apenas atividades de docência (aulas e

seminários) e as lanchonetes também funcionam. No domingo o campus é fechado, não

sendo permitido o acesso de visitantes, alunos ou funcionários, exceto a segurança.

No estacionamento lateral a Reitoria existe uma lanchonete, que também serve refeições

e possui uma área maior coberta com um toldo, as mesas e cadeiras também são em

PVC. Este espaço é mais utilizado pelos funcionários (próximo ao setor administrativo)

e pelos alunos do outros prédio de aulas de saúde, que fica nas proximidades.

A quadra de esporte é utilizada para ginástica com os idosos da Universidade Aberta à

Terceira Idade (UATI) duas vezes por semana pela manhã (7 às 8h). Muitos deles

também praticam caminhada no campi pelo período da manhã (6h às 9h). Dentre dos

entrevistados os adultos e idosos que caminham são originários do próprio bairro ou do

entorno (Engomadeira, Saboeiro, Narandiba e São Gonçalo), essas pessoas vem

andando ou de ônibus.

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Figura 22 Atividades realizadas no campi da UNEB- Salvador ( sem escala) Elaboração: Neila Branco, 2014.

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Figura 23 Atividades realizadas no campi da UNEB- Salvador ( sem escala) Elaboração: Neila Branco, 2014

A quadra também é utilizada para eventos (festa de São João, reuniões e posse da diretoria).

A tarde não foi identificada atividades físicas, só a partir das 17h às 20h os

adolescentes se reúnem para joga basquete ou futebol (alunos e visitantes). No sábado

pela manhã a quadra é utilizada para jogar futebol pelos moradores do entorno (7 às

11h).

A área do gramado funciona como um grande espaço de lazer, com alguns bancos (2) ao

longo do caminho de acesso (piso em concreto) muitos alunos, visitantes adultos e

idosos se reúnem para conversar, estudar, relaxar, namorar, tocar música ( violão) e

fazer pequenos lanches (piquenique) ou beber. Sendo o movimento maior pela tarde e

início da noite(17h às 19h), quando os alunos estão saindo da aula ou aguardando o

início das aulas do turno noturno. Nas proximidades há um pequeno quiosque coberto

com um toldo, que é mais utilizado para conversar, jogar dominó, estudar e namorar

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(16h às 18h). Geralmente no início da noite os alunos do curso de extensão (inglês) se

reúnem para conversar ou estudar.

Figura 23 Atividades realizadas no campi da UNEB- Salvador ( sem escala) Elaboração: Neila Branco, 2014

Na área mais distante da universidade, no prédio da pós-graduação (cota mais baixa)

existe uma lanchonete e um espaço aberto descoberto semelhante a uma praça, mas

devido a localização mais afastada, o movimento nesses espaços.

A lanchonete não possui passeio e é a área onde são colocada as mesas e cadeiras (PVC)

é adaptada com um toldo e não é pavimentada. No período de chuvas o espaço é

desconfortável devido a infraestrutura existente.

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Figura 25 Atividades físicas realizadas de segunda á sábado (gisnástica, caminhada e futebol). Elaboração: Neila Branco, 2014

Figura 26 Lanchonetes dos prédios de aula. Elaboração: Neila Branco, 2014

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Figura 27 Área do gramado utilizada como espaço de lazer e convivência. Elaboração: Neila Branco, 2014

Figura 28 Lanchonetes dos prédios de aula e espaços de convivência. Elaboração: Neila Branco, 2014.

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Figura 29 Mapa das Faixas Etárias da UNEB (sem escala) Elaboração: Neila Branco, 2014

Em relação aos conflitos, nota-se a presença de muitos carros estacionados em áreas que

dificultam o acesso dos pedestres a alguns prédios de aulas, como a utilização da quadra

de esporte para ginástica e o gramado como espaço de lazer, sem iluminação adequada e

mobiliário (bancos e mesas). Nos dois acessos da universidade nota-se também um

conflito entre o veículo e os pedestres, com cruzamentos constantes, especialmente na

portaria de pedestres que fica próxima ao ponto de ônibus e possui um maior

movimento de alunos, visitantes e funcionários.

Como o papel da universidade é atender também a comunidade do entorno e a

sociedade a UNEB realiza algumas campanhas de saúde e eventos sociais, como a

campanha contra o Cancêr de Mama (Outubro Rosa), Doe Sangue (Hemoba), Feira de

Artesanato do Instituto Maua, dentre outras. Esses eventos acontecem na área próxima a

entrada da universidade no estacionamento ou próximo a Reitoria e o Teatro.

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Figura 30 Campanhas realizadas pela UNEB na área do estacionamento Elaboração: Neila Branco, 2013

Figura 31 Mapa dos conflitos da UNEB (sem escala) Elaboração: Neila Branco, 2014

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Tabela 2- Conflitos existentes. Espaços Localização e

Referência Ambientais Físico Funcionais Usos e

Comportamentais Quadra de esporte

Próxima ao Teatro e a portaria de veículos

Sem arquibancada, sanitário ou vestiários próximos Necessidade de manutenção do piso ( pintura), traves e alambrado

Funções diversas (ginástica matinal), futebol e basquete Ausência de arquibancada ou local para quardar equipamentos das atividades esportivas

Pouco uso pela tarde 12 às 16h Desvio e adaptação de usodo espaço para ginástica e eventos, com improvisação do tablado e som para as aulas de ginástica e festas. Pouca apropriação pelos adultos e adolescentes.

Espaço Aberto

Em frente ao prédio de aulas da pós graduação.

Exposto ao sol e a chuva. Necessidade de manutenção do piso. Iluminação irregular. Sem mobiliário.

Muito afastado das outras edificações e com acesso por escada ou pista de veículos (poucos passeios) Material com elevada absorção de calor Espaço não atrativo, sem vegetação e sombreamento

Pouco uso. sem permanência do usuário(circulam).

Lanchonete da pós graduação

Próximo ao prédio de aulas da pós graduação.

Iluminação irregular. Pouca proteção da chuva e sol. Espaço adaptado sem passeio.

Mobiliário desconfortável Cobertura improvisada (toldo).

Pouco uso e distante dos outros prédios de aula, não sendo espaço de passagem. Adaptação do espaço (sob o gramado) sem passeio e rampas para cadeirantes.

Espaço aberto da Biblioteca

Em frente ao prédio de aulas da biblioteca

Iluminação irregular. Pouco mobiliário.

Material bancos (concreto e madeira) e mesas oganizados aleatoriamente. Funções não previstas. Quantidade de mobiliário adequado ao estudo e leitura.

Improvisação.

Espaço de espera em frente a Reitoria

Ao lado da portaria de pedestres e próximo ao ponto de ônibus.

Sem coberturas conectando aos outros prédios. Exposta a chuva e sombreada. Presença de cachorros (dois).

Funções não previstas (venda de mingau pela manhã aos estudantes e funcionários) Próxima via de veículos.

Espaço adaptado não previsto no projeto original.

Espaço gramado e caminhos aos prédios de aula

Próximo a quadra de esportes que interliga os prédios de aulas.

Iluminação irregular. Exposto ao sol e a chuva. Necessidade de corrimão em

Falta de cobertura e corrimão ao longo de todo o caminho. Mobiliário pouco x demanda (pessoas ficam no gramado ou

Adaptação de uso dos toros de madeira como bancos.

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alguns trechos (declividade)

sentado nos toros de madeira.

Estacionamento posterior ao prédio da reitoria

Próximo a entrada da UATI

Iluminação irregular. Exposto ao sol e a chuva. Manutenção do piso (piso natural irregular)

Falta de cobertura. Sem pavimentação e delimitação das vagas. Sem sinalização.

Espaço adaptado para estacionamento.

Lanchonetes Instaladas nos prédios de aula ou próximos a estes.

Trechos dos espaços para as mesas exposto ao sol e chuva. Sem banheiro próximo. Mobiliário desconfortável.

Mobiliário desconfortável (quando o mobiliário fixo). Dimensões do espaço insuficiente para a demanda.

Desvio de uso Algumas pessoas trazem o lanche ou refeição de casa). Público conversando e não consumindo.

Quiosque Próximo ao gramado e ao prédio de aulas de Ciências da Terra

Pouco Ilimunado Parte do espaço exposto ao sol e chuva. Manutenção do piso ( irregular)

Dimensões do espaço insuficiente para a demanda. Mobiliário desconfortável (concreto). Próximo a passagem de veículos (segurança)

Espaço adaptado com toldo.

Elaboração: Neila Lima Branco, 2014.

6. METODOLOGIA

Este item abrange a metodologia e técnicas do trabalho, que segue uma abordagem

qualitativa e quantitativa, através da pesquisa exploratória, com pesquisa de campo e

utilização de instrumentos de medição meteorológica.

Neste trabalho foi feito inicialmente a pesquisa bibliográfica e documental, com a

consulta aos acervos das bibliotecas da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da

UFBA, UNIFACS e UNEB, como nos órgão públicos da PMS e CONDER. Além do

levantamento de fotos, imagens e mapas, periódicos, revistas e artigos técnicos nas

áreas de APO, espaços abertos, praças, conforto térmico e clima urbano.

1- Para estudar a morfologia dos bairros Tancredo Neves e Cabula, e estabelecer

critérios para escolha de áreas para proceder um estudo de caso, foi realizado o estudo

de campo, levantamento de arquivos como textos, mapas, imagens aéreas e projetos

existes, para a produção de dados e mapas, analisando a topografia, uso e ocupação do

solo, gabarito, vegetação, superfícies do solo e infra-estrutura urbana.

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Analisar qualitativamente os mapas produzidos para identificar as semelhanças

morfológicas dos bairros, com identificação das duas áreas para a pesquisa de APO e

Conforto Térmico.

2- Para a APO adota-se a abordagem quantitativa (levantamento físico e questionário) e

qualitativa, com o levantamento utilização dos métodos de avaliação de Observação

Direta e o de Entrevista Semi-estruturada.

A Observação Direta será utilizada para a avaliação visual do espaço construído, sendo

utilizada a Observação Comportamental e a Traços Físicos.

A Observação de Comportamento analisará as relações entre os usuários e o espaço,

interações, atividades exercidas, intensidade e regularidade de comportamentos,

restrições de usos ou usos não planejados (inadequados ou adaptados), dentre outros

comportamentos que venham a existir. Auxiliando a produção dos mapas

comportamentais, que objetivam registrar o local em que os acontecimentos ocorrem

com maior constância.

A Observação de Traços Físicos será para identificar vestígios de comportamentos ou

atividades, a fim de entender as condições atuais do espaço, suas formas de utilização e

se o projeto atende as necessidades a que se propôs.

Também para essas observações serão feitos registros fotográficos, mapas

comportamentais, anotações, diagramas e o que ocorrer durante a observação.

Realizada as entrevistas-piloto fez-se os ajustes para definição do modelo final do

questionário, para coleta de dados fechados e abertos.

O questionário (objetivo), com enfoque qualitativo, está sendo aplicada com os usuários

dos espaços em relação a sua percepção quanto a manutenção, conservação,

disponibilidade de uso, conforto e funcionalidade, como também busca identificar o

perfil do usuário (grau de instrução, freqüência e período de uso do espaço, ocupação,

atividades desenvolvidas no período de folga, dentre outras).

A entrevista esta sendo aplicadas com pessoas chaves, autores do projeto, instituições

mantenedoras, estudantes e a população do entorno para registrar a opinião dos

usuários.

O levantamento físico levantou a infraestrutura existente, como bancos, brinquedos,

estacionamento, lixeiras, equipamentos esportivos e de lazer, quiosque de serviços,

postes de iluminação, vagas de estacionamento, sanitários, dentre outros.

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A partir dos dados observados em campo, questionários e entrevistas estão sendo

identificadas as características dos espaços estudados e a percepção dos usuários, para a

elaboração de proposições de (re)planejamento ou de gestão.

3- Para proceder ao ensaio experimental de conforto térmico, está sendo realizada a

pesquisa de campo, que compreende as etapas 1 e 2, que acontecem consecutivamente.

Etapa 1- medição das variáveis ambientais (temperatura do ar, umidade do ar,

temperatura radiante média e velocidade do ar) com os instrumentos meteorológicos,

nos pontos de medição pré-definidos de acordo com as campanhas indicadas.

Pesquisa de Campo

Etapa 1- Pesquisa de campo dividida em campanhas, conforme a Tabela 3.

TABELA 3- Quatro de campanhas da Etapa 1.

Campanha Período Horário de medição UNEB PNR

1 maio (outono) 7:30h às 19:00h 13 à 15/05/2014 23 à 25/05/2014

2 junho (inverno) 7:00h às 19:00h 16 e 17/06/2014 Cancelada (chuva)

3 julho (inverno) 7:00h às 19:00h 19 à 21/07/2014 23 à 25/07/2014

4 Setembro

(primavera)

7:00h às 19:00h 15 à 17/09/2014 19 à 21/09/2014

Fonte: Produzido pela autora (2013).

Etapa 2- Pesquisa exploratória para aplicação dos questionários (1, 2 e 3), com o apoio

de voluntários, que serão treinados. Os questionários serão utilizados para o

levantamento das variáveis comportamentais dos usuários dos dois espaços livres

escolhidos para a pesquisa.

Universo da pesquisa

O universo da pesquisa compreende:

a) moradores de Salvador há mais de um ano, pertencente a todas a faixas etárias

(padrão adotado de acordo com as faixas etárias do IBGE para contagem da

população), visto que a população dos bairros estudados esta envelhecendo;

b) indivíduos aclimatados, estando em ambiente natural há mais de 15 minutos e

que não estivesse ou trabalhe mais de 8 h/dia no ar condicionado;

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c) não pode ser entrevistado indivíduos que estão com gripe, febre ou resfriado e

que consumirão bebida alcoólica ou comida pesada (alimentos gordurosos ou

apimentados) a menos de uma hora;

d) as mulheres não podem está grávidas ou na menopausa, pois apresentam

alterações no metabolismo;

As opiniões da população pesquisada em relação as sensações térmicas foram

coletadas pelos questionário 02 e 03, como o levantamento das informações

pessoais, correspondente as variáveis individuais (altura em metros, peso em Kg,

gênero, idade em anos, atividade metabólica em Watts e vestimenta em clo) para

o cálculo dos índices de conforto térmico de cada entrevistado.

Nas campanhas realizadas em cada área de estudo foi avaliada as opiniões

térmicas predominantes dos entrevistados, de acordo com à escala da Norma

ISSO 7730 (2005).

Tabela 4- Variáveis individuais coletadas na aplicação dos questionários.

Sensação e Preferência Térmicas:

Percepção das sensação momentânea e preferência térmica

Gênero: Feminino ou Masculino

Idade (anos): Menores de 20 anos

Entre 20 e 59 anos

Maiores de 60 anos

Altura (m): Altura do indivíduo entrevistado

Peso Aproximado (Kg): Peso do indivíduo entrevistado

Atividade Metabólica (W) um

pouco antes da abordagem:

Segundo a Norma ISSO 8996(2004)

Vestimenta (clo): Barreira as trocas térmicas, segundo a Norma

ISSO 9920 (2007)

Os dados meteorológicos de cada área foram medidos simultaneamente a

aplicação dos questionários, pelo período de 7:30 às 20:00h ininterruptamente,

abrangendo o maior número de horas possíveis do dia, em diferentes situações

(dia e noite) permitindo identificar os fatores ambientais que interferem nas

características termohigrométricas dos indivíduos das áreas estudadas.

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67

TABELA 5- Variáveis ambientais.

Temperatura do Ar Tar (°C)

Umidade Relativa do ar Ur (%)

Velocidade do vento Vv (m/s)

Direção do vento N, S, E, W, NE,NW,SE,SW

Temperatura do globo cinza (diâmetro 0,04mm)

Tg(°C)

Temperatura Radiante Média, calculada de acordo com a Norma ISSO 7726 (1998)

Trm (°C)

Fonte: Matzarakis e Mayer (2000)

Os dados medidos durante as campanhas pela Estação Vantage Pro2TM

instalada a 80m do nível do mar serão comparados com os dados da Estação

Meteorológica de Ondina (altitude de 51,40m do nível do mar) como referência

na análise e representação das influências do ambiente construído na escala das

atividades humanas (microclima). Sendo contemplada as recomendações do

INMET nas medições de campo, em relação a observação dos dias

representativos das características sazonais, considerando os dados divulgados

das variáveis ambientais durantes os 15 dias anteriores e posteriores, e as

Normais Climatológicas (séries 1931-1960 e 1961-1990) do site do INMET.

Instrumentos de medição

Para as medições de Campo os instrumentos foram disponibilizados pelo Laboratório de

Energia do SENAI/ CIMATEC (Estação Metorológica e termômetro de globo cinza),

LABCON- Laboratório de Conforto da UFMG (Hobos) e o Laboratório de Mecatrônica

da UNIFACS (Termômetros de globo cinza).

A Estação Meteorológica Vantage Pro2TM wireless é equipada com sensores sem fio

alimentados por células solares e console com autonomia de distância de até 300m, que

pode utilizar baterias ou alimentação 12 Volts (Fig.13), com o HOBO conectados a

estação e um termômetro de Globo. Todos os equipamentos estão dispostos em um

tripés na altura de 1,50m do piso, sendo a estação instalada com antecedência de no

mínimo um dia de início de cada campanha, sempre na mesma coordenada geográfica.

Sendo as campanhas realizadas em dias consecutivos. Sendo adotado os dias de semana

para o Campi I-UNEB, devido ao período de funcionamento da instituição, enquanto na

Praça Nova República (PNR) foi escolhidos os finais de semana, quando a

movimentação no entorno da praça é maior.

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Especificação da Estação Meteorológica

-Medidor de Temperatura Interna de 0° a 60 °C (±0,5%) e Externa de -40° a 65,5 °C

(±0,5%), com resolução de 0,1 °C, com armazenagem de dados em memória

temperatura mínima e máxima.

-Sensores remotos de Precipitação: Diária de 0 a 9999 mm (±4%), Mensal ou anual de 0

a 19.999 mm (±4%), com resolução de 0,2 mm (acima de 2.000 mm, arredondamento

para 1 mm);

- Sensor de Umidade relativa do ar Interna (10% a 90%, ±5 %) e Externa (1% a 100%,

±3%), com armazenagem em memória umidade relativa mínima e máxima;

- Anemômetro, com Velocidade (78,2 m/s, ±5%) e Direção do vento (1° 10°, 16

indicações segundo Rosa dos Ventos, ±7°)

- Sensação térmica de -79° a 54°C (±1°C);

- Pressão Barométrica (valor absoluto e gráfico da variação nas últimas 24 horas), 18"

a 33,50" Hg 0,01 Hg (±0,03"Hg);

-Relógio 12 ou 24 horas, Alarme data e hora.

- Kit software de programação e leitura dos dados e registrador para armazenamento

dos dados da Estação Meteorológica, com apresentação dos dados dos sensores em

gráficos e relatórios. Opção de programação de intervalo de leitura dos sensores para o

registrador: 1, 5, 10, 15, 30, 60 ou 120 minutos. Armazenagem até 6 meses de dados

sem necessidade de fazer download, podendo este ser automático ou manual.

Possibilidade de exportar dados para planilha eletrônica, banco de dados ou programas

de texto. Deve ser fornecido com CD de instalação, registrador de dados, interface

(Cabo USB - 2 m) e manual.

Fonte: Davisnet, 201 Figura 31- Estação Meteorológica, console e termômetro de globo cinza conectado ao HOBO.

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Pontos de medição e de observação direta

A estação de medição está sendo instalada em cada área de acordo com as campanhas,

sendo uma delas no pátio da 11ª Delegacia de Tancredo Neves (referente a PNR) e a

outra no jardim próximo a Reitoria da UNEB, conforme o Quadro de Campanhas da

Etapa 1.

A instalação da estação foi com no mínimo um dia antecedência da pesquisa de campo,

seguindo as orientações das medições serem com 30 minutos de antecedência, para

permitir os ajustes necessários dos equipamentos e monitoramentos, sendo considerados

na pesquisa os dados referentes ao horário do nascer do sol (entre 7:00 e 7:30h) até às

20:00h.

Figura 33- Ponto de medição selecionado na 11ª Delegacia próximo a Praça Nova República. Fonte da imagem: GOOGLE MAPS, (2014). Fonte: Imagem adaptada pela autora para composição da figura, 2013.

Figura 34- Ponto de medição selecionado no estacionamento da UNEB. Fonte da imagem: GOOGLE MAPS, (2014). Fonte: Imagem adaptada pela autora para composição da figura, 2013.

Questionários de Conforto Térmico

Para a pesquisa de Conforto Térmico foi aplicado 3 questionários, com modelos

distintos, sendo:

PONTO DE MEDIÇÃO

PONTO DE MEDIÇÃO

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a) Questionário 1- com perguntas eliminatórias, para selecionar a amostra supondo que

o usuário está aclimatado ao clima da cidade, sofrendo menos interferência dos

condicionantes ambientais.

b) Questionário 2- Coleta de dados com perguntas referentes a sensação térmica e

preferência térmica, conhecimento e distinção das variáveis ambientais, conforme a

Norma ISO 10551 (1995), que define 3 escalas de julgamento subjetivo de ambientes

em relação as sensações térmicas: escala de percepção, escala de avaliação e a escala de

preferência.

c) Questionário 3- Coleta de dados observacionais, sem a participação direta do

entrevistado, como no momento da entrevista se o entrevistado está ao sol ou a sombra,

sentado ou em pé parado, a vestimenta (quantificação do clo).

Medições de campo das variáveis ambientais a ser definido os pontos fixos para registro

com intervalos de 30 minutos cada, com uma estações meteorológicas instalada a

sombra, para medição das variáveis ambientais.

4- Para avaliar a satisfação de usuários de espaços livres em áreas planejadas que se

consolidaram a partir da ocupação espontânea, quanto ao conforto térmico será aplicado

dois índices o Physiological Temperature Equivalent -PET (°C) e o Universal Thermal

Climate Index – UTCI (°C). Os dados obtidos a partir das medições de campo e dos

questionários serão processados por programas computacionais.

Os valores calculados pelos índices serão posteriormente classificados, o PET segundo

Matzarakis & Bas (2000) (tabela 2) e o UTCI, segundo a Ação Cost 730 (2004) da ISB-

Sociedade Internacional de Biometeorologia, Comission 6. (tabela 3

TABELA 6- Escalas de classificação do PET (°C).

PET Grau de estresse fisiológico Percepção térmica

≤4°C Estresse por frio extremo Muito frio (MF)

4°C<PET≤ 8°C Estresse por frio forte Frio(F)

8°C<PET≤13°C Estresse por frio moderado Frio moderado(FM)

13°C<PET≤18°C Estresse por frio leve Levemente frio(LF)

18ºC < PET ≤ 23ºC Sem estresse Confortável

23ºC < PET ≤ 29ºC Estresse por calor leve Levemente quente

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29ºC < PET ≤ 35ºC Estresse por calor moderado Calor moderado

35ºC < PET ≤ 41ºC Estresse por calor forte Quente

> 41ºC Estresse por calor extremo Muito quente

Fonte: Matzarakis & Bas (2000)

Após a classificação serão realizadas as análises quanto a percepção dos usuários dos

espaços em relação ao stresse térmico, com identificação dos seus respectivos horários

do dia, a fim de orientar possíveis intervenções projetuais.

5- Para comparar os resultados obtidos com estudos em cidades que apresentem

realidades semelhantes, será realizado um levantamento bibliográfico, em livros,

periódicos, dissertações e teses referente a cidades brasileiras, com abordagem de

estudo de caso de áreas abertas, a fim de buscar uma aproximação entre diferentes

cidades e o estudo do clima urbano em regiões de clima tropical.

7. CÁLCULO DA AMOSTRA DOS QUESTIONÁRIOS

O cálculo da amostra utilizou a equação de Amostra Sistemática descrita por Barbetta

(1994), conforme a Equação 5:

N= N.no/ N=no

Sendo:

N- tamanho ( número de elementos) da população;

n- tamanho (número de elementos) da amostra;

no – uma primeira aproximação do tamanho da amostra;

Eo² - erro amostral tolerável.

No cálculo da amostra considerou-se a população residente com mais de 15 anos de

idade dos bairros de Tancredo Neves e Cabula. Sendo a população residente de Beiru/

Tancredo Neves 224.409 hab. e do Cabula 378.090 habitantes, segundo o Censo do

IBGE (2010), representada pela Equação 6.

no=1/ 0,03² ( sendo 0,33 é o percentual de tolerância do erro da amostra).

no= 1.111

De acordo com a população total dos bairros de 74.285 habitantes, tem-se:

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n= 378.090 x 1.111/ 378.090 + 1.111; n= 1.107,74

A amostra foi definida com 1.095 questionários válidos, considerando um erro amostral

de 3%, por ser tolerável visto Salvador é a terceira cidade méis populosa do país. Sendo

o nível de confiança de 95%, conforme a Equação 7:

Nível de confiança= n/N ( Eq. 7)

Tabela 7- População Residente por Faixa Etária (Habitantes).

Idade 15-19 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 70-79 80 ou + RA XI - Cabula 11.888 32.447 29.653 21.371 13.963 7.456 3.193 1.317 RA XII - Tancredo Neves 18.866 47.055 42.083 28.928 19.921 9.363 3.404 1.319 Total por faixa etária

30.754 79.502 71.736 50.299 33.884 16.819 6.597 2.636

Total 30.754 235.421 26.052

Fonte: IBGE (2010)

8. ETAPAS DE EXECUÇÃO

8.1 CAMPANHAS

Duas campanhas foram realizadas em três e dois dias consecutivos conforme o

cronograma, das 7:30 às 20:00h. Posteriormente foi feita a tabulação dos dados com o

cuidado de indicar a data da campanha e o horário da aplicação de cada questionário.

8.1.1 Análise dos dados coletados em campo

Os dados da pesquisa de campo foram tabulados em planilhas, sendo uma planilha com

as variáveis ambientais: Temperatura do ar (Tar °C), Umidade relativa do ar (UR, %),

Velocidade do vento (Vv) e temperatura radiante média (Trm °C) e outra com as

variáveis individuais e parâmetros subjetivos dos entrevistados. Para calcular os índices

criou-se uma planilha ordenada em colunas separadas com extensão em .txt (texto) de

dados de entrada no software RayMan ® v.1.2 (2000), cedido para pesquisa acadêmica

por um dos seus autores prof. Andrea Matzarakis, através de contato por correio

eletrônico.

A seqüência da planilha .txt consta nessa sequencia de Data (dia/mês/ano), Dia do ano,

Hora local (h), Temperatura do ar (Tar °C), Umidade relativa do ar (UR, %),

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Velocidade do vento (Vv), Nebulosidade (oitavas) e Temperatura radiante média (°C).

conforme orientação do RayMan ® v.1.2. As planilhas formatadas utilizadas para o

cálculo do índice PET (°C) e PMV (admensional) encontram-se no ANEXO do

trabalho.

Na janela principal do software foi informado como dados de entrada as coordenadas

geográficas locais , com o referencial Norte (para a latitude) e Leste (para longitude),

Altitude (m), Fuso-horário (UTC+h). Salva a tabela a planilha .txt no Input (Datafile)

insere-se os dados pessoais de cada entrevistado: Altura (m), Peso (Kg), Idade (anos),

Gênero (Masculino ou Feminino) e dados de vestimenta (clo) e atividade (W). As

coordenadas geográficas seguem orientação do 4° DISME/ INMET, sendo latitude 13°S

(referencial adotado no RayMan foi 90°-13°S= -77°N) e longitude 38°30´O (referencial

adotado no RayMan foi 180°-38°30´O= -141°30`L). (SOUZA, 2010)

8.1.2 Dados da Campanha 1

A Campanha 1 totalizou 489 questionários, sendo na PNR com 224 entrevistas (191

válidos e 33 inválidos) e a UNEB 265 entrevistados (215 válidos e 50 inválidos), entre

7:00h às 20:00h.

Levantamento dos dados da PNR

Quanto ao gênero na C1-PNR tem-se 117 feminino e 73 masculinos e na amostra de

questionários válidos (190) a maioria dos entrevistados tem entre 20 à 59 anos (146),

seguido de 29 entrevistados com idade maior do que 60 anos e 16 entrevistados com

menos de 19 anos.

Gráficos 1- C1PNR-Gênero em % válidos e faixa e número de questionários válidos por faixa etária.

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74

Em relação a C1- UNEB tem-se em relação ao gênero: 138 feminino e 77 masculino e

na amostra de questionários válidos (215) a maioria dos entrevistados tem entre 20 à 59

anos (158), seguido de 35 entrevistados com idade maior do que 60 anos e 22

entrevistados com menos de 19 anos.

Gráficos 2- C1UNEB-Gênero em % válidos e faixa e número de questionários válidos por faixa etária.

Considerando as categorias de sensação térmica analisando o relato dos questionários

válidos da C1 em relação a sensação de conforto e desconforto térmico (questionário 2/

questão 5) nas área estudada, nota-se que em ambas as áreas a maioria dos entrevistados

estão em conforto térmico no mês de maio.

Tabela 8- Quantitativo de opiniões na Praça Nova República

PNR

Preferência térmica (Como você gostaria de estar se sentindo agora?)

Total Mais quente Como está Mais frio

Sensação térmica

momentânea

Calor 2 48 30 80 Conforto 5 83 16 104 Frio 2 2 3 7

Total 9 133 49 191

Tabela 9- Quantitativo de opiniões na Praça Nova República

UNEB

Preferência térmica (Como você gostaria de estar se sentindo agora?)

Total Mais quente Como está Mais frio

Sensação térmica

momentânea

Calor 90 10 21 121 Conforto 3 69 4 76 Frio 7 10 1 18

Total 100 89 26 215

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75

Considerando que as áreas de estudos estão na mesma altitude (80m) no Miolo de

Salvador, mas com padrões de uso e ocupação do solo distintos, sendo o bairro de

Tancredo Neves comparativamente em relação ao Cabula com uma densidade

construída maior e uma menor cobertura vegetal, nota-se que a maioria dos

entrevistados da PNR está se sentido confortável (104) contra 76. Ressalta-se a

dificuldade de aplicação das entrevistas em Tancredo Neves, com muitas recusas em

participar, baixa percepção e entendimento do que seja conforto térmico e baixo grau de

instrução.

9. CRONOGRAMA

O cronograma das atividades deste projeto prevê a realização da pesquisa por um

período de 16 meses.

Atividade 2013 2014

8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Revisão

Bibliográfica

Montagem de

questionários e

entrevistas

Delimitação da

área de estudo e

definição dos

pontos de

medição

Disciplinas

obrigatórias

Atividades de

campo

Aplicação de

questionários e

entrevistas

Análise e

interpretação

Page 76: Universidade Federal da Bahia Escola Politécnica Programa ...¡rio_Anexos_Neila_11072014... 3 RESUMO Este trabalho tem como objetivo estudar os usos dos espaços abertos e o conforto

76

dos dados

Resultados da

pesquisa e

produção do

texto da

dissertação

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXO 1 OFÍCIOS

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Salvador, 13 de junho de 2014

A GERAD­ Gerência Administrativa

Solicito apoio desta instituição autorizando o acesso da equipe de pesquisa ao Campus

da UNEB­ Cabula durante os dias 16 à 18 de junho de 2014, para monitoramento da

estação meteorológica do CIMATEC instalada temporariamente na frente do prédio da

Reitoria, como também autorização para retirada da referida estação após o dia

término da pesquisa, no dia 20 de junho de 2014.

A pesquisa está sendo desenvolvida pelo Mestrado em Engenharia Ambiental Urbana­

MEAU/UFBA na área de Clima Urbano, pela equipe:

Profa Neila Lima Branco – coordenadora

Jaqueline Manuele Ferreira Lima ­ estudante de Arquitetura e Urbanismo UNIFACS

Carmélia Nunes Carilo Cavalcante – aluna do curso de Urbanismo UNEB

Leonardo Viana Lula Machado– aluno de Enegenharia Mecânica Área 1

Atenciosamente,

Neila Lima Branco MEAU­UFBA [email protected]

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ANEXO 2 DADOS ESTAÇÃO METEOROLÓGICA E HOBO

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