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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO GEOLOGIA
MARCUS VINICIUS COSTA ALMEIDA JUNIOR
MAPEAMENTO GEOAMBIENTAL DA ZONA COSTEIRA DA REGIÃO ENTRE A FOZ DO RIO POJUCA E A PRAIA DE
IMBASSAÍ, MATA DE SÃO JOÃO - BAHIA
SALVADOR 2011
MARCUS VINICIUS COSTA ALMEIDA JUNIOR
MAPEAMENTO GEOAMBIENTAL DA ZONA COSTEIRA DA REGIÃO ENTRE A FOZ DO RIO POJUCA E A PRAIA DE
IMBASSAÍ, MATA DE SÃO JOÃO - BAHIA
Monografia apresentada ao Curso de Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia. Orientador: Profº. Drº. José Angelo S. Araujo dos Anjos
SALVADOR 2011
TERMO DE APROVAÇÃO
MARCUS VINICIUS COSTA ALMEIDA JUNIOR
Salvador, 18/11/2011
MAPEAMENTO GEOAMBIENTAL DA ZONA COSTEIRA DA REGIÃO ENTRE A FOZ DO RIO POJUCA E A PRAIA DE
IMBASSAÍ, MATA DE SÃO JOÃO - BAHIA
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca
examinadora:
BANCA EXAMINADORA ______________________________________________________________
Profº. Drº. José Angelo S. Araujo dos Anjos – IGEO/UFBA – Orrientador ______________________________________________________________
Profº. Flavio José Sampaio – IGEO/UFBA ______________________________________________________________
Profº. Antonio Marcos S. Pereira – IFBA
AGRADECIMENTOS
Acima de tudo e de todos, agradeço aos meus pais, Marcus Vinicius Costa
Almeida e Ilena Ceres Rodrigues Brasileiro, pelo apoio e confiança irrestritos dados
a mim, sempre acreditando e estimulando-me nas minhas idéias, algumas vezes
malucas, noutras nem tanto. Amo vocês!
Agradeço a uma pessoa especial que surgiu na minha vida, minha namorada
Monica. Muito obrigado pelo apoio, pelas palavras de confiança e de conforto, por
ter suportado todo meu estresse e agonia durante meu último ano de curso, por ter
ouvido minhas idéias loucas e, por vezes, até dado apoio a elas. Muito obrigado
pelas ameaças psicológicas quando eu pensava em jogar tudo pra cima, fazendo
com que eu voltasse ao foco. Muito obrigado pelas discussões geológicas e pelo
auxílio na confecção dessa monografia. Muito obrigado pela companhia! Muito
obrigado por tudo! Eu te amo!
Meu agradecimento ao professor e orientador José Angelo por ter confiado em
mim e na minha idéia proposta para essa monografia, seguindo em frente e sempre
acreditando na capacidade de elaboração desse produto final.
Agradeço aos professores do curso de Geologia pelo conhecimento transmitido
e pelas conversas sempre proveitosas. Muito obrigado a Abílio, Amalvina, Lamarck,
Flávio Sampaio, Angela, Simone, Geraldo Marcelo, Felix, Vilton e Maria José.
Às amizades que construí ao longo do curso, amizades que irão perdurar e
com quem posso sempre contar: Ítala, Xuxu, Mário, Substância, Cipri, Goiaba,
Carlos, Paulão, Paulo Lopes, Lucas Souza.
Um agradecimento especial aos já citados Substância, Xuxu, Goiaba e Paulo
Lopes, além do meu tio Angelo, por terem me auxiliado ao longo dessa monografia,
seja em campo, seja em escritório. Muito obrigado de coração!
Infelizmente, minha memória não é das melhores, esse é último item da
monografia que estou escrevendo e minha mente está cansada. Aqueles que não
foram citados sintam-se também imensamente agradecidos.
Por fim e não menos importante dedico esse trabalho a meu tio Marco Tullio,
pelo exemplo de pessoa e profissional e por ter me ensinado a viver. Sua estrela
brilha sempre mais. Te amo!
RESUMO O presente trabalho tem como objetivo apresentar os dados da análise e avaliação
ambiental da área de estudo, na escala 1:25.000, a partir do mapeamento
geoambiental realizado na região compreendida entre a foz do rio Pojuca e a praia
de Imbassaí, situada entre as coordenadas 602.000 e 616.000 mE e 8606.000 e
8624.000 mN, com área aproximada de 100km², distando 60km da cidade do
Salvador. O clima predominante é o quente-úmido com precipitação média anual
oscilando entre 1.600 a 1.800 mm. A principal bacia hidrográfica da região é a do
Rio Pojuca, sendo o rio homônimo presente na área de estudo, além de, na parte
nordeste, a presença do rio Imbassaí. Metodologicamente o trabalho consistiu em
levantamento bibliográfico, trabalhos de fotointerpretação, confecção de mapas
preliminares, saídas de campo e análise, avaliação e elaboração dos mapas e textos
finais. Foram identificadas oito (8) unidades geoambientais, da I a VIII, levando-se
em consideração a geologia, padrões de relevo, cobertura vegetal, uso e ocupação
do solo, hidrografia/hidrogeologia e aspectos voltados à parte ambiental, tais como
riscos, danos e impactos ambientais, além de vulnerabilidade ambiental. Por fim,
foram realizadas recomendações com base na avaliação geoambiental feita na área
de estudo, a fim de preservar, conservar e promover a utilização racional dos
recursos naturais existentes na região.
ABSTRACT
This paper aims to present the data analysis and environmental assessment of the
study area, the scale 1:25,000 from the geoenvironmental mapping conducted in the
region between the Pojuca’s river mouth and Imbassaí’s beach, located between
coordinates 602000 mE and 616,000 and 8606,000 and 8624,000 mN, with an
approximate area of 100km², outlying 60km from the city of Salvador. The climate is
hot and humid with average annual rainfall ranging from 1,600 to 1,800 mm. The
main basin is the region of Rio Pojuca, this being the namesake river in the study
area, and in the northeast Imbassaí the presence of the river. Methodologically, the
work consisted of literature, works, photo-interpretation, preparation of preliminary
maps, field trips and analysis, evaluation and preparation of final maps and texts. We
identified eight (8) geoenvironmental units, from I to VIII, taking into account the
geology, relief patterns, vegetation, land use and soil, hydrology / hydrogeology and
aspects related to the environmental, such as scratches, damages and
environmental impacts, and environmental vulnerability. Finally, recommendations
were made based on geo-environmental assessment made in the study area in order
to preserve, conserve and promote the rational use of natural resources in the
region.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 10 2 LOCALIZAÇÃO E ACESSO 12 3 OBJETIVOS 13 3.1 Objetivos Específicos 13 4 JUSTIFICATIVA 14 5 METODOLOGIA 15 6 TRABALHOS ANTERIORES 19 7 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS 20 7.1 Clima 20 7.2 Hidrografia 21 7.3 Solos 21 7.4 Geomorfologia 22 7.5 Cobertura Vegetal 25 7.6 Uso e Ocupação do Solo 27 7.7 Aspectos Ambientais do Litoral Norte 28 7.8 Áreas de Preservação Permanente 29 8 CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL 31 8.1 Cráton do São Francisco e o Embasamento Cristal ino 31 8.2 Bacia do Recôncavo 32 8.3 Grupo Barreiras 33 8.4 Coberturas Sedimentares Quaternárias 34 9 UNIDADES GEOAMBIENTAIS 39 9.1 Unidade Geoambiental I 40 9.2 Unidade Geoambiental II 43 9.3 Unidade Geoambiental III 50 9.4 Unidade Geoambiental IV 52 9.5 Unidade Geoambiental V 55 9.6 Unidade Geoambiental VI 59 9.7 Unidade Geoambiental VII 61 9.8 Unidade Geoambiental VIII 62 10 CONSIDERAÇÕES FINAIS 64 11 REFERÊNCIAS 65 ANEXO I – MAPA GEOLÓGICO DA ÁREA DE ESTUDO 68 ANEXO II – MAPA DE COBERTURA VEGETAL, USO E OCUPAÇÃ O DO SOLO E ÁREAS PROTEGIDAS 69 ANEXO III – MAPA DAS UNIDADES GEOAMBIENTAIS 70
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Mapa de Situação. Fonte: Wikipédia, 2010. 12
Figura 2 – Mapa de Localização da Área de Estudo. 12
Figura 3 - Mosaico das fotografias aéreas centrais, com delimitação da área de estudo em vermelho. 16
Figura 4 - Modelo Digital do Terreno da Área de Estudo. 17
Figura 5 – Fluxograma da metodologia aplicada ao trabalho. 18
Figura 6 - Mapa Climático do Litoral Norte do Estado da Bahia, modificado de IBGE (2005). 20
Figura 7 - Mapa Pedológico Regional. Em vermelho a área de estudo. 22
Figura 8 - Geomorfologia Regional. Em vermelho, a área de estudo. 25
Figura 9 - Mapa Regional da Cobertura Vegetal. Em vermelho a área de estudo. 27
Figura 10 - Mapa Geológico Regional. Circundada em vermelha a área de estudo. 37
Figura 11 – Bloco Diagrama Esquemático do Litoral Norte da Bahia (CONDER, 1993). 38
Figura 12 – Mapa de Localização evidenciando a inserção completa da área de estudo na APA do Litoral Norte. 40
LISTA DE FOTOGRAFIAS
Foto 1 - Vista do embasamento em forma de lajedo. Coord UTM WGS84.: 604451 / 8608312 41
Foto 2 – Aparência Mosqueada evidenciando alteração do embasamento cristalino. Coord. UTM WGS84: 604217 / 8612212. 41
Foto 3 - Aparência Mosqueada evidenciando alteração do embasamento cristalino. Coord. UTM WGS84: 612020 / 8618832. 42
Foto 4 – Ocorrência de minerais feldspáticos no manto de alteração do embasamento cristalino. Coord. UTM WGS84: 612020 / 8618832. 42
Foto 5 – Preservação de estruturas primárias (linhas pretas) no manto de alteração do embasamento cristalino. Coord. UTM WGS84: 611663 / 8618236. 42
Foto 6 – Ocorrência de veios de quartzo truncando o embasamento, atualmente alterado. Coord. UTM WGS84: 611663 / 8618236. 43
Foto 7 – Embasamento cristalino situado às margens da foz do Rio Imbassaí. Coord. UTM WGS84: 613026 / 8618442. 43
Foto 8 – Pequeno corte de estrada no Grupo Barreiras, próximo ao Castelo Garcia D’Ávila, bastante arenoso e estado intermediário de intemperização. Coord. UTM WGS84: 605426 / 8609239 45
Foto 9 – Grupo Barreiras, material argiloso. Coord. UTM WGS84: 606517 / 8611771. 46
Foto 10 – Despejo irregular de lixo doméstico, na beira de estrada vicinal não pavimentada, sobre a U.G. II. Coord. UTM WGS84: 606206 / 8611930. 46
Foto 11 – Evidência de crosta laterítica sobre o Grupo Barreiras. Coord. UTM WGS84: 605919 / 8611917 46
Foto 12 – Processos provenientes da retirada da cobertura vegetal NA U.G. II. (1) transporte de sedimentos, (2) processo erosivo, (3) despejo inadequado de lixo doméstico. Coord. UTM WGS84: 612474 / 8619648. 47
Foto 13 – Processos erosivos na U.G. II provocando, além dos danos ambientais, danos materiais. Coord. UTM WGS84: 612474 / 8619648. 47
Foto 14 – Obra de engenharia para canalização das águas pluviais mal feita, evidenciando rompimento da calha de concreto. Coord. UTM WGS84: 612474 / 8619648. 48
Foto 15 – Fase conglomerática (fluxo de detritos) do Grupo Barreiras. Coord. UTM WGS84: 612216 / 8619158. 48
Foto 16 – Evidência de estratificações cruzadas nos sedimentos do Grupo Barreiras. Coord. UTM WGS84: 611237 / 8619173. 49
Foto 17 – Evidência de retirada da cobertura vegetal da U.G. II, acarretando transporte de sedimentos no sentido do curso d’água, promovendo o seu assoreamento. Coord. UTM WGS84: 612474 / 8619648. 49
Foto 18 – Processo erosivo em estágio avançado na fração argilosa do Grupo Barreiras (U.G. II). Coord. UTM WGS84: 612474 / 8619648. 49
Foto 19 – (A) Embasamento cristalino alterado, (B) Fácies argilosa do Grupo Barreiras (U.G. II), (C) Fácies conglomerática do Grupo Barreiras (U.G. II), (D) Solo. Evidência de variados graus de processo erosivo, dependente da composição da unidade. Coord. UTM WGS84: 612474 / 8619648 50
Foto 20 – Evidência do mal selecionamento típico dos Leques Aluviais. Coord. UTM WGS84: 606755 / 8610726. 51
Foto 21 – Processo erosivo provocado pela retirada da cobertura vegetal na U.G. III. Coord. UTM WGS84: 606887 / 8612330. 51
Foto 22 – Fácies típica dos depósitos de leques aluviais. Coord. UTM WGS84: 606887 / 8612330. 52
Foto 23 – Linha vermelha separando os TM Holocênicos (branco-amarelados) dos TM Pleistocênicos (branco). Coord. UTM WGS84: 613760 / 8620520. 53
Foto 24 – Evidência da presença de conchas de organismos, comum nos TM Holocênicos. Coord. UTM WGS84: 613760 / 8620520. 54
Foto 25 – Visão geral da U.G. IV, com presença de coqueirais (ação antrópica), e extração de areia, circundado em preto. Coord. UTM WGS84: 613648 / 8620262. 54
Foto 26 – Contato da U.G. IV com a U.G. V (circundado em vermelho). Coord. UTM WGS84: 612715 / 8617965. 54
Foto 27 – Área urbanizada sobre os TM Pleistocênicos da U.G. IV. Coord. UTM WGS84: 613138 / 8618537. 55
Foto 28 – Contato do Grupo Barreiras (U.G. II) com o TM Pleistocênico (U.G. IV), estando o primeiro abaixo da linha vermelha e o segundo acima. Coord. UTM WGS84: 612431 / 8618365. 55
Foto 29 – Contato da U.G. V com a U.G. II. Coord. UTM WGS84: 612 741 / 8618742. 57
Foto 30 – Aspecto paisagístico da U.G. V, beleza natural ainda com cobertura vegetal natural. Coord. UTM WGS84: 612741 / 8618742. 57
Foto 31 – Evidência de construção sobre as dunas da U.G. V. Coord. UTM WGS84: 612 741 / 8618742 58
Foto 32 - Cordão de Duna, fora da escala de mapeamento. Coord. UTM WGS84: 612477 / 8617079. 58
Foto 33 – Visão Panorâmica da Lagoa de Jauara, nas proximidades de Imbassaí, tendo ao fundo o Grupo Barreiras (U.G. II). Beleza Paisagística da região. Coord. UTM WGS84: 611498 / 8616794. 58
Foto 34 – Vista da U.G. VI. Coord. UTM WGS84: 606689 / 8609591. 60
Foto 35 – U.G. VI em contato com U.G. II ao fundo. Coord. UTM WGS84: 607801 / 8613920. 60
Foto 36 – Evidência de matéria orgânica nos sedimentos da U.G. VI. Coord. UTM WGS84: 607801 / 8613920. 60
Foto 37 – Visão geral da praia de Imbassaí, com visada para o norte, evidenciando a beleza paisagística da mesma. Coord. UTM WGS84: 613496 / 8618888. 61
Foto 38 – Ocupação urbana na beira da praia e às margens do rio Imbassaí. Coord. UTM WGS84: 613153 / 8618561. 62
Foto 39 – Recifes de corais existentes em Praia do Forte. Coord. UTM WGS84: 607624 / 8609134 63
10
1 INTRODUÇÃO
Os termos “zona costeira” e “ambiente costeiro” são comumente usados na
literatura das ciências ambientais e resultam numa variedade de interpretações. Em
termos gerais, pode-se dizer que a zona costeira é um sistema ambiental complexo
formado na área de interação direta entre componentes da geosfera (continente),
hidrosfera (oceanos e águas doces) e atmosfera, estendendo-se desde a planície
costeira até a borda da plataforma continental (MARRONI & ASMUS, 2005). Da
interação destes compartimentos resulta uma variada gama de ambientes dotados
não só de alta relevância ecológica como também de elevado potencial de recursos
e usos.
De acordo com o relatório do Banco Mundial (UNEP, 1996), nos dias atuais
mais de 60% da população mundial vive numa faixa de 60 quilômetros a partir da
linha de costa. Isto significa que cerca de dois terços da população mundial habita a
zona litorânea, resultando em uma alta concentração de atividades industriais e
metrópoles de grande porte (MORAES,1999).
O aumento notável da concentração populacional ao longo da zona costeira
tem trazido como consequência uma série de problemas, conflitos e riscos
ambientais, derivados das variadas atividades antrópicas que nela são exercidas,
tais como turismo, exploração de recursos vivos e minerais, transporte, agropecuária
e outros de menor expressão.
Esses usos e ocupações, consequentemente, geram diversos tipos de
degradação ao meio ambiente, tornando esta porção do continente área prioritária
para implantação de políticas ambientais de conservação, a partir de estudos
aprofundados sobre os ecossistemas e seus substratos associados (MORAES,
1999).
Assim sendo, características geoambientais representam os elementos
naturais que compõem o meio físico, tais quais a fisiografia, a geologia, a
geomorfologia, a pedologia e os aspectos climáticos que, conjuntamente, trarão o
entendimento da estruturação e organização do espaço físico.
As pesquisas desenvolvidas para o planejamento geoambiental requerem a
caracterização dos geoambientes citados acima com a definição de suas
potencialidades e fragilidades. A partir dessa caracterização, mapas geoambientais
11
podem ser elaborados com o propósito de avaliar esses riscos e impactos sobre o
meio físico, bem como avaliar e diagnosticar áreas necessitadas de recuperação e
monitoramento ambiental de acordo com a vulnerabilidade de cada região.
Essa integração de dados de relevo, litologia, vegetação e uso dos solos e das
águas fornecem informações sobre os ambientes geológicos em que se formaram
os terrenos e quais as suas potencialidades naturais e limitações face ao uso e
ocupação das terras.
Como resultado desse mapeamento ambiental, unidades geoambientais são
delimitadas, levando-se em consideração similaridades com relação aos aspectos
físicos e bióticos, além de aspectos relacionados aos riscos, impactos, danos e
vulnerabilidade ambiental (MORAES, 1999).
Cada unidade geoambiental apresenta características próprias associadas aos
aspectos citados acima; características estas que requerem planos de manejo e
cuidados diferenciados, haja vista as particularidades apresentadas pelas diferentes
unidades geoambientais.
Como exemplo, temos no litoral norte da Bahia as regiões de Praia do Forte e
Imbassaí, localizadas no município de Mata de São João, consideradas pólos
turísticos costeiros, em uma área predominantemente inserida em zonas úmidas (ou
depósitos flúvio lagunares), cordões litorâneos e vegetação de restinga.
O crescimento econômico e turístico acelerado que esta região presenciou
trouxe, junto com o desenvolvimento, impactos ao meio ambiente causados pelo uso
desordenado do meio biofísico da área. Procurando minimizar esses impactos,
fazem-se necessários estudos ambientais dos aspectos físicos e bióticos da área a
fim de buscar medidas que proporcionem o equilíbrio na relação Homem versus
Natureza, reduzindo, assim, os problemas ambientais ocorrentes na região.
12
2 LOCALIZAÇÃO E ACESSO
A região de estudo está situada no litoral norte do estado da Bahia (Figura 1),
no município de Mata de São João, distante 60 km da cidade do Salvador e perfaz
um total de aproximadamente 100 km², situada entre as coordenadas 602.000 e
616.000 mE e 8606.000 e 8624.000 mN.
O principal acesso é realizado através da BA-099 ou Linha Verde, que liga os
estados da Bahia e Sergipe (Figura 2). O acesso internamente é feito através de
estradas pavimentadas, não pavimentadas e trilhas, a partir da BA-099.
Figura 1 – Mapa de Situação. Fonte: Wikipédia, 2010.
Figura 2 – Mapa de Localização da Área de Estudo.
13
3 OBJETIVOS
Mapear, em escala de semi-detalhe, a zona costeira entre a foz do rio Pojuca e
a praia de Imbassaí, Mata de São João – BA, a fim de avaliar aspectos biofísicos da
área com o intuito de gerar um Mapa Geoambiental aplicado ao planejamento para
fins de múltiplos usos. Tais aspectos são: a geologia, o relevo, a pedologia, a
hidrografia, a hidrogeologia, o uso do solo, a cobertura vegetal e as áreas
protegidas.
3.1 Objetivos Específicos
• Mapear as diferentes unidades geológicas, os padrões de relevo, o uso do
solo e a cobertura vegetal na escala de semi-detalhe 1:25.000;
• Identificar e mapear as áreas protegidas pela legislação e suas implicações
ambientais; e
• Delimitar as diferentes unidades geoambientais, avaliar a vulnerabilidade e
as implicações ambientais na área de estudo.
14
4 JUSTIFICATIVA
A área estudada é, atualmente, um dos maiores pólos turísticos do litoral norte
do estado da Bahia. Em virtude disso, nota-se, o rápido crescimento econômico e
populacional na região, na sua maioria de maneira desordenada, sem levar em
consideração medidas que busquem o equilíbrio Homem x Natureza acarretando,
consequentemente, impactos ambientais diversos.
Além disso, vale ressaltar que a área encontra-se situada dentro de um grande
ecossistema úmido e frágil, constituído por cordões litorâneos, sistema de dunas,
zonas úmidas e outras coberturas sedimentares, vulnerável a impactos ambientais.
O projeto justifica-se justamente por buscar identificar e delimitar as diferentes
unidades geoambientais existentes na área de estudo e suas fragilidades
ambientais, buscando sugerir medidas que diminuam os impactos existentes na
região, causados pela intensa antropização recente.
15
5 METODOLOGIA
Em virtude da importância de mapeamentos geoambientais e da crescente
ocupação urbana no litoral norte da Bahia, definiu-se e delimitou-se a necessidade
de se realizar um mapeamento de semi-detalhe na região entre Praia do Forte e
Imbassaí, dois dos pólos turísticos importantes da região.
Após a definição da pesquisa e da área de mapeamento, buscou-se o
levantamento da literatura existente, por meio da pesquisa bibliográfica, tanto sobre
os aspectos gerais da área de estudo como também com relação a informações que
serviram de apoio à pesquisa além da cartografia já existente. Foram consultadas
informações acerca dos aspectos fisiográficos (geologia, relevo, clima,
hidrografia/hidrogeologia, cobertura vegetal, uso e ocupação do solo e áreas
protegidas), bem como aspectos mais específicos relacionados ao
geoprocessamento, sensoriamento remoto e informações geoambientais, com o
intuito de integrar esses dados para a realização do mapeamento geoambiental.
O passo seguinte foi obter dezoito (18) fotografias aéreas junto ao órgão
estadual CONDER (Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia),
na escala 1:25.000, datadas do ano de 1993 e que englobassem toda a área de
estudo, sendo dessas 18, 10 fotografias áreas centrais, segundo Figura 3. Além
destas, foram utilizadas imagens IKONOS de acervo próprio do ano 2007, bem
como as folhas topográficas Praia do Forte SD-24-X-A-VI-1 e Açu da Torre SD-24-X-
A-V-2-NE, ambas na escala 1:25:000.
Com esse material foram confeccionados mapas preliminares, na escala
1:50.000, através das técnicas de fotoestereoscopia, contendo geologia, padrões de
relevo, rede drenagem, hidrografia, cobertura vegetal, uso e ocupação do solo e
aspectos ambientais, além de um Modelo Digital de Terreno (MDT) (Figura 4), este
último muito útil para análise dos padrões de relevo da área de estudo. Os
parâmetros analisados para a elaboração desses mapas preliminares foram:
planimetria da área de estudo, redes de drenagem, estradas – pavimentadas
e não pavimentadas –, localidades, zonas homólogas, cor, dissecação do relevo
e textura.
16
Figura 3 - Mosaico das fotografias aéreas centrais, com delimitação da área de estudo em vermelho.
17
Figura 4 - Modelo Digital do Terreno da Área de Estudo.
Confeccionados os mapas preliminares, os mesmos foram digitalizados
utilizando o software ArcGis 9.3 e, em seguida, foram realizadas visitas a campo, em
um total de quatro (dias), nas datas 23/10, 24/10, 05/11 e 06/11/2011, para o
reconhecimento da área de estudo, delimitação das unidades preliminarmente
identificadas e obtenção de acervo fotográfico.
No retorno do campo, foram realizadas as devidas correções nos mapas
preliminares (Anexos I e II), bem como a organização das informações obtidas em
campo.
Em seguida foram avaliadas as informações, analisados os resultados e, por
fim, elaborado o mapa geoambiental da área de estudo (Anexo III) e o texto final
referente ao mapeamento realizado.
18
Figura 5 – Fluxograma da metodologia aplicada ao trabalho.
19
6 TRABALHOS ANTERIORES
Neste capítulo são listadas as principais bibliografias no que diz respeito à
caracterização da área de estudo e do seu entorno, bem como conceitos e
definições que nortearam a elaboração do trabalho, como por exemplo unidades
geoambientais, riscos, impactos e danos ambientais e vulnerabilidade ambiental.
• BARBOSA & DOMINGUEZ, 1996, em “Mapa Geológico do Estado da
Bahia, escala 1:1.000.000 – Mapa e Texto Explicativ o”, descreve as principais
unidades estratigráficas encontradas ao longo da zona costeira do Estado da Bahia,
bem como a sequência evolutiva da respectiva zona.
• DOMINGUEZ, J.M.L. et al., 1996, em “Atlas Geo-Ambiental da Zona
Costeira do Litoral do Estado da Bahia ”, identifica e caracteriza as principais
unidades geoambientais da região do Conde e descreve a evolução paleogeográfica
dos depósitos sedimentares do Quaternário costeiro do Estado da Bahia.
• DOMINGUEZ, J.M.L. et al., 1996, em “Litoral Norte do Estado da Bahia –
Evolução Costeira e Problemas Ambientais ”, descreve a geologia, geomorfologia,
clima e a evolução geológico-geomorfológica da zona costeira.
• MARTIN, L. et al., 1980, em “Mapa Geológico do Quaternário do Estado
da Bahia, escala 1:250.000 – Mapa Explicativo ”, sumário sobre os aspectos da
região costeira da Bahia, caracterizando os depósitos Quaternários continentais e
marinhos do Estado.
• CONDER, 1993, em “Área de Proteção Ambiental – Litoral Norte. Plano
de Manejo ”, relatório técnico que buscou avaliar os aspectos referentes ao uso e
ocupação do espaço, tomando como base as potencialidades dos seus
ecossistemas diversos, humanos e naturais.
20
7 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS
7.1 Clima
O Litoral Norte do Estado da Bahia, localizado na zona intertropical, pode ser
caracterizado como de clima quente-úmido, de relativa homogeneidade
apresentando médias térmicas elevadas e altos índices pluviométricos (SEMARH,
2003) (Figura 6).
A chuva é bem distribuída ao longo do ano, com maior quantidade entre os
meses de março a julho. O volume das chuvas nessa época representa cerca de
70% do total anual. Com exceção de alguns anos, com seca mais acentuada, o
volume total anual de chuvas oscila entre 1.600 e 1.800 mm. A partir de agosto,
diminuem em intensidade e freqüência e o período entre outubro e fevereiro é
denominado como período seco (SEMARH, 2003).
De acordo com Lyrio (1996) apud SEMARH (2003) o Litoral Norte apresenta
variações mensais e anuais de temperatura de 23 a 25ºC, com amplitudes térmicas
entre 3 e 6ºC. Os valores de insolação de umidade relativa do ar são superiores a
70%. Os ventos dominantes são de Sudeste (SE), registrando ainda no verão ventos
de Leste (E) e Nordeste (NE).
Figura 6 - Mapa Climático do Litoral Norte do Estado da Bahia, modificado de IBGE (2005).
21
7.2 Hidrografia
A área de estudo está inserida na bacia hidrográfica do rio Pojuca que,
segundo SEMARH (2005), abrange fragmentos de Feira de Santana, além dos
municípios de Irará, Conceição de Maria, Terra Nova, Teodoro Sampaio,
Alagoinhas, Catú, Pojuca, Mata de São João e Camaçari, possuindo cerca de 4.341
km², com percurso de aproximadamente 200 km.
O rio Pojuca nasce no município de Santa Bárbara, na Serra da Mombaça, e
sua desembocadura é no Oceano Atlântico, constituindo o divisor natural dos
municípios de Mata de São João e Camaçari.
7.3 Solos
Os diferentes solos são formados através de processos pedogenéticos
controlados por diversos fatores, tais como rocha fonte, clima e tempo.
Segundo Silva et al. (1981), os solos que ocorrem no litoral norte do estado da
Bahia são podzólico vermelho-amarelo, glei húmico, areias quartzosas, areias
quartzosas marinhas, e solos Indiscriminados de mangue (Figura 7).
a) Podzólico Vermelho-Amarelo: São desenvolvidos predominantemente de
sedimentos argilo-arenosos e areno-argilosos e estão ao Grupo Barreiras, que
recobrem as rochas do Pré-Cambriano. Apresentam-se distribuídos desde o relevo
plano até os montanhosos. Possui baixa fertilidade devido a baixa capacidade de
troca de cátion (CTC) das argilas e elevada concentração de alumínio.
b) Glei Húmico: Compreendem solos hidromórficos, mal drenados e pouco
profundos. As características morfológicas são o resultado da influência do excesso
de umidade durante o ano todo. São desenvolvidos de sedimentos do Holoceno,
como por exemplo depósitos flúvio-lagunares, sendo constituído de sedimentos
argilosos e argilo-arenosos de granulometria variada.
c) Areias Quartzosas: Compreendem solos não hidromórficos, profundos a
muito profundos, excessivamente drenados e essencialmente quartzosos.
Apresentando baixa fertilidade natural, não dispondo praticamente de nenhuma
reserva de minerais primários que liberem nutrientes para as plantas, e forte a
moderadamente ácidos, sendo assim pouco utilizados na agricultura. São
22
desenvolvidos principalmente de arenitos referidos ao Cretáceo e sedimentos areno-
quartzosos do Grupo Barreiras ou do Holoceno.
d) Areias Quartzosas Marinhas: Suas características químicas e físicas
praticamente são as mesmas das areias quartzosas. Situam-se nos terrenos da
baixada litorânea, constituindo uma estreita faixa paralela à orla marítima. São solos
desenvolvidos exclusivamente de sedimentos areno-quartzosos não consolidados,
de origem marinha, referidos ao Holoceno, apresenta-se em relevo plano, suave
ondulado e ondulado.
Figura 7 - Mapa Pedológico Regional. Em vermelho a área de estudo.
7.4 Geomorfologia
Segundo Nunes et al. (1981), a geomorfologia no litoral norte da Bahia é
caracterizada por quatro domínios, descritos a seguir e visualizadas na figura 8.
(i) Domínio dos Planaltos Cristalinos: Representado pelas regiões dos
planaltos rebaixados e unidades de Tabuleiros Pré-Litorâneos, correspondentes ao
23
embasamento cristalino, o qual apresenta um modelado de dissecação homogênea,
independente do controle estrutural.
A sua geologia remonta a ciclos orogenéticos muito antigos, com rochas de
elevado grau de metamorfismo e nítido alinhamento do relevo, seguindo direções
preferenciais e áreas de rochas granitizadas removimentadas, incluindo faixas
marginais incorporadas do Cráton do São Francisco.
As unidades de Tabuleiros Pré-Litorâneos compreendem os relevos
dissecados instalados sobre a dorsal ocidental da Fossa Oceânica e se encontram
topograficamente rebaixadas em relação à unidade de Tabuleiros Costeiros e
superior aos relevos situados a leste.
O relevo dessa unidade é bastante uniforme, caracterizado como “mares de
morros”, com vertentes convexas e côncavo-convexas e topos abaulados,
englobando colinas da cidade do Salvador. Estes morros apresentam-se
profundamente escavados pela drenagem, que é do tipo dendrítica.
(ii) Domínio das Bacias e Coberturas Sedimentares: Esse domínio abrange
áreas de coberturas metassedimentares pré-cambrianas e sedimentos paleozóicos e
mesozóicos de disposição horizontal ou sub-horizontal. É representado pela Região
do Recôncavo, que por sua vez possui a unidade Tabuleiros do Recôncavo. Estes
se apresentam, em sua maior parte, dissecados, com um modelado do tipo
diferencial por causa da erosão causada pelo tectonismo, estando, assim, recoberta
por uma camada de alteração espessa, sendo constituído de arenitos, folhelhos,
siltitos e calcários da Fm. São Sebastião, das Fms. Candeias e Itaparica, que
compõem o Grupo Santo Amaro, e areias e argilas da Fm. Marizal, incluindo
manchas pontuais do Grupo Barreiras. Já a oeste ocorrem arenitos, folhelhos e
calcários jurássicos do Grupo Brotas, constituídos pelas Fms. Sergi e Aliança.
O relevo encontra-se retalhado em interflúvios pequenos, de modo geral
convexizados, com ocorrência de residuais de topo tabular, o qual sempre limitados
por ressaltos ou pequenas escarpas, predominando encostas côncavo-convexas.
(iii) Domínio dos Planaltos Inumados: A unidade dos Tabuleiros Costeiros faz
parte do Domínio de Planaltos Inumados, que está representado pela Região dos
Baixos Planaltos, abrangendo relevos desenvolvidos sobre áreas de depósitos
continentais cenozóicos, que recobrem e mascaram feições estruturais típicas de
outros domínios.
24
Em geral, os topos tabulares coincidem com os sedimentos cenozóicos do
Grupo Barreiras, correspondendo a um tabuleiro submetido à dissecação intensa e
uniforme, sendo, assim, caracterizada como modelado de dissecação homogênea,
com ocorrência de ravinamentos, principalmente em cortes de estrada e em locais
onde houve desmatamento da vegetação nativa; e
(iv) Domínio dos Depósitos Sedimentares: Esse domínio compreende
sedimentos do Quaternário, pouco ou não consolidados, cuja região geomorfológica
é representada pelas Planícies Litorâneas, que englobam modelados de origem
marinha, fluviomarinha, coluvial e eólica, traduzindo as etapas de evolução do litoral
e dos cursos inferiores dos rios.
Esse domínio compreende as unidades de Depósitos de Leques Aluviais
Coalescentes, de Terraços Marinhos Pleistocênicos e Holocênicos, Eólicos, Flúvio-
Lagunares, Aluvionares, além dos Depósitos Litorâneos Costeiros Indiferenciados e
os Arenitos de Praia.
Contêm somente modelados de acumulação formados por materiais
arenosos, argilosos ou cascalheiros, influenciados pelas enchentes e marés e pela
existência ou não de vegetação nativa.
Essas unidades se estendem por uma faixa estreita que ocupa quase todo o
litoral do estado da Bahia. Por vezes penetram mais para o interior e em outros
locais desaparecem, quando os relevos de Tabulares Costeiros chegam até o mar.
Os depósitos de leques aluviais podem ser considerados como uma zona de
transição entre a região dos Baixos Planaltos, Tabuleiros Costeiros e a Região de
Planícies Litorâneas. Esta unidade pode aparecer com pequenas elevações
isoladas, o que pode indicar que são remanescentes de depósitos mais extensos
que foram retrabalhados por rios e pelo mar durante as duas últimas transgressões
marinhas.
25
Figura 8 - Geomorfologia Regional. Em vermelho, a área de estudo.
26
7.5 Cobertura Vegetal
O Litoral Norte da Bahia é caracterizado por uma grande diversidade de
sistemas fitogeográficos, fortemente relacionados a fatores como condições
climáticas da região, com temperatura média em torno de 25°C, altas taxas de
precipitação (com períodos secos que não ultrapassam dois meses) e,
principalmente, ao tipo de solo/substrato geológico (BRAZÃO & ARAÚJO, 1981).
Vale lembrar que fatores antrópicos, tais como desmatamento, plantio e moradia
também exercem influência sobre os sistemas fitogeográficos.
De acordo com Brazão & Araújo (1981), o Litoral Norte da Bahia é
caracterizado por quatro sistemas fitogeográficos descritos a seguir e visualizáveis
na figura 9.
(i) Floresta Ombrófila Densa (Mata Atlântica): É dividida em três unidades e
está associada ao estado da sua atual cobertura vegetal. (I) Floresta em estágio
inicial de regeneração, compreendendo a cobertura vegetal de fisionomia arbustivo-
herbácea, com troncos de até cinco metros; (II) Floresta em estágio médio de
regeneração, com cobertura vegetal arbórea e troncos de até dez metros; (III)
Floresta em estágio elevado de regeneração, com cobertura vegetal
dominantemente arbórea e troncos acima de doze metros.
(ii) Área de Vegetação Pioneira: Correspondem a terrenos instáveis devido à
constante reciclagem dos solos, por meio de processos de sedimentação aluvial e
marítima, em planícies fluviais e ao redor de depressões aluvionares. Pode ser
subdividida em:
a) Áreas de Influência Marinha: Ocorrem revestindo as praias, dunas e os
cordões litorâneos;
b) Áreas de Influência Fluviomarinha: Ocorrem ao longo dos cursos dos rios
que sofrem constante influência marinha;
c) Áreas de Influência Fluvial: Correspondem às áreas permanentemente
inundadas por intermédio da influência aluvial.
(iii) Vegetação de Mata Ciliar: Ocorre nas margens de rios e mananciais,
evitando assoreamentos e erosões. Justamente por essa característica de proteção,
as matas ciliares são consideradas, por legislação, áreas de proteção ambiental
permanente, pois além de assoreamento e erosão, controlam a manutenção da
qualidade da água em microbacias.
27
(iv) Vegetação de Restinga: Normalmente estão associadas a coberturas
mais recentes como planícies aluviais, terraços marinhos e dunas. Sua fisionomia
variada está diretamente relacionada ao solo arenoso onde ela se encontra.
Figura 9 - Mapa Regional da Cobertura Vegetal. Em vermelho a área de estudo.
7.6 Uso e Ocupação do Solo
O uso e a ocupação do solo são todos os tipos de transformações feitas pelo
homem em uma determinada área da superfície terrestre, causando modificações
que podem ser permanentes ou temporárias.
Segundo o PDITS (2007), a população ao longo do litoral norte da Bahia se
encontra desigualmente distribuída, tendo uma distribuição rarefeita, localizada em
pequenos povoados. Esses povoados, geralmente estão localizados a uma distância
28
média de 4 km do mar, ao longo dos rios, mostrando a ligação dessa população com
a pesca artesanal e atividades extrativistas diversas. O acesso e a presença
localizada de solos férteis, como fatores favoráveis à economia de subsistência e
artesanal, são determinantes para o porte e o desenvolvimento das povoações.
Outros fatores são a estrutura fundiária e os obstáculos naturais. Paisagisticamente
predominam grandes espaços de pastagem, reflorestamentos ou matas
remanescentes dominando o horizonte.
No município de Mata de São João, Praia do Forte firma-se como destino
turístico, vivenciando rápido crescimento do comércio, da mesma forma, em
Imbassaí. Esse crescimento resulta em uma ocupação desordenada, com a
intervenção em cordões de dunas e margens de rios, comprometendo a qualidade
dos lençóis subterrâneos e dos rios PDITS (2007).
Ainda em Mata de São João, encontram-se também alguns povoados
situados numa faixa não maior que 4 Km de distância do mar, onde se destacam
Açu da Torre, Campinas e Malhadas, cuja expansão está diretamente relacionada
com a implantação da BA 099 e com os investimentos públicos e privados na orla de
Praia do Forte. Estes povoados encontram-se próximos entre si, localizados à
margem do antigo sistema viário, que foi seccionado pela nova Estrada do Coco e
estão num rápido processo de urbanização desordenada PDITS (2007).
7.7 Aspectos Ambientais do Litoral Norte
A Área de Proteção Ambiental do Litoral Norte – APA Litoral Norte – foi criada
em 17 de março de 1992, a partir do Decreto nº 1.046, abrangendo áreas das
planícies marinha e flúviomarinha dos municípios de Jandaíra, Conde, Esplanada,
Entre Rios e Mata de São João.
Compreende uma faixa litorânea com 10 km de largura e 142 km de
extensão, ao longo da Linha Verde, totalizando 142.000 ha, sendo a segunda maior
do estado.
Sua criação foi idealizada com o intuito de conservar e preservar
remanescentes da Mata Atlântica, bem como manguezais, áreas estuarinas,
restingas, dunas e lagoas. Outro fator preponderante para a sua idealização foi a
construção da BA-099 (Linha Verde), que acelerou o processo de desenvolvimento e
ocupação da região, ora de maneira desordenada.
29
A APA do Litoral Norte do Estado da Bahia apresenta uma rica variedade de
ecossistemas e paisagens naturais, em que se destacam: remanescentes de Mata
Atlântica, restingas, dunas, praias, recifes coralíneos, áreas úmidas (brejos e lagoas)
e manguezais em seis estuários. Os 10 importantes ecossistemas da APA Litoral
Norte do Estado da Bahia:
• Manguezal do estuário do Rio Real
• Sistema de áreas úmidas, brejo e manguezal, com sabaquis no Rio Itapicuru
• Remanescentes de Mata Atlântica em Bu e Bonito, associadas ao Rio
Inhambupe
• Brejo do Curió, associado ao rio Inhambupe
• Sistema de dunas e lagoas de Subaúma
• Mata de restinga arbóreo-arbustiva de Subaúma
• Sistema de restingas e dunas de Massarandupió
• Sistema de restinga e dunas de Santo Antonio
• Remanescentes de Mata Atlântica em Sapiranga e Camarujipe
• Recifes de corais da Praia do Forte
Em Mata de São João, encontram-se a reservas particulares da Sapiranga com
447 hectares que reúne expressivo remanescente de restinga arbórea e a reserva
particular de Camurujipe, atualmente a maior reserva contínua de Mata Atlântica do
Estado da Bahia, com seus 1329 hectares PDITS (2007).
7.8 Áreas de Preservação Permanente
São espaços, tanto de domínio público quanto de domínio privado, que limitam
constitucionalmente o direito de propriedade, levando-se em conta, sempre, a
função ambiental da propriedade. (Art. 170, VI da CR/88). No entanto, é
desnecessária a desapropriação da área de preservação permanente, pois a mesma
não inviabiliza totalmente o exercício do direito de propriedade. A Resolução
CONAMA 302 de 20/03/2002 estabeleceu que a APP tem a “função ambiental de
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a
biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem
estar das populações humanas”. Não é considerada uma unidade de conservação,
pois seu objetivo não é proteger a diversidade biológica, nem os cenários naturais,
mas sim proteger a vida humana, através de controles destes parâmetros
30
ambientais. São consideradas APP mata ciliar na beira de canais, riachos, rios,
lagoas ou lagos, assim como a vegetação natural em encostas muito acentuadas,
dunas, restinga, manguezal e outros ecossistemas ameaçados; as faixas de domínio
das estradas; as faixas marginais aos depósitos flúvio lagunares e eólicos.
31
8 CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL
Segundo Martin et al. (1980), o Litoral Norte do estado da Bahia engloba a
faixa litorânea entre Salvador e o rio Real (limite estadual BA/SE) e apresenta quatro
domínios geocronológicos: Pré-Cambriano (Cráton do São Franciscos e
Embasamento Cristalino), Juro-Cretáceo (Bacia do Recôncavo), Terciário (Grupo
Barreiras) e Quaternário (Coberturas Sedimentares Quaternárias), descritos a seguir
e mostrados nas figuras 10 e 11.
8.1 Cráton do São Francisco e o Embasamento Cristal ino
A unidade geotectônica correspondente ao Cráton do São Francisco (CSF) foi
delimitada primeiramente por Almeida (1977). Constitui grande parte dos terrenos
metamórficos do Estado da Bahia, cuja evolução tectônica cessou no final do
Paleoproterozóico, estando presente também nos estados de Minas gerais, Goiás,
Pernambuco e Sergipe. O CSF é truncado por dois riftes, um orientado segundo a
direção N-S e denominado Aulacógeno do Paramirim por Pedrosa-Soares et al.
(2001) e o outro do Cretáceo, orientado segundo a direção NNE-SSW que, de
acordo com Magnavita (1992), deu origem à bacia do Recôncavo-Tucano-Jatobá
durante a fragmentação de Gondwana.
As rochas metamórficas da fácies granulito-anfibolito se estendem da região
de Itabuna-Ilhéus ao sul, até a região de Curaçá ao norte do Estado da Bahia,
representando raízes de um orógeno de orientação N10° e de idade
paleoproterozoica, correspondente à macro-unidade tectônica do Orógeno Itabuna-
Salvador-Curaçá (BARBOSA & SABATÉ, 2002).
Ao sul do bloco Arqueano de Serrinha, passando sob a Bacia do Recôncavo e
orientadas a aproximadamente N45°, ocorrem as rocha s de médio a alto grau
metamórfico que embasam as cidades de Salvador e Esplanada, adentrando o
Estado de Sergipe (BARBOSA & DOMINGUEZ, 1996), formando o chamado
Orógeno Salvador-Esplanada, que constitui a macro-unidade tectônica de mesmo
nome.
No Litoral Norte do Estado da Bahia as rochas do embasamento são
encontradas aflorando ao longo dos vales dos principais rios da região, onde o clima
32
quente e úmido favorece aos processos pedogenéticos, capazes de gerar espessas
camadas intemperizadas.
Na região de Mata de São João são encontrados ortognaisses da fácies
anfibolito, por vezes migmatizados. São granitos, granodioritos, tonalitos ou
trondhjemitos apresentando como minerais máficos principais a hornblenda e a
biotita. Estas litologias são consideradas como do Arqueano e/ou Proterozóico
Inferior, já que os dados radiométricos Rb/Sr variam de 2,0 até 2,9 Ga. Estão em
geral migmatizadas, embora, na maioria delas, seja difícil separar os processos de
remobilização metamórfica dos processos plutônicos que as geraram (BARBOSA &
DOMINGUEZ, 1996).
8.2 Bacia do Recôncavo
Segundo Magnavita (1992) a formação dessa bacia teve início no Cretáceo
Inferior com a evolução do rifte do Recôncavo-Tucano-Jatobá, tendo sido
depositados o Grupo Santo Amaro (Formações Itaparica, Água Grande e Candeias);
a Formação Salvador; o Grupo Ilhas (Formações Marfim, Taquipe e Pojuca);
Formações São Sebastião, Marizal e Sabiá.
(i) Grupo Santo Amaro: Foram depositados no Cretáceo Inferior. Na base
tem-se a Fm. Itaparica e no topo a Fm. Candeias que apresentam depósitos
lacustrinos e fluviais que são separados por uma paraconformidade dos sedimentos
eólicos e fluviais referente à Fm. Água Grande e dos folhelhos lacustres de tom
escuro, localizados na base da Fm. Candeias pertencente ao Mb. Tauá (BARBOSA
& DOMINGUEZ, 1996).
(ii) Formação Salvador: É composta por depósitos de leques deltáicos do
Cretáceo oriundos da borda do rift, gerando turbiditos formados por conglomerados
que, segundo Ghignone (1972), o aparecimento destes conglomerados indicam
uma fase do tectonismo pulsativo nas bordas falhadas desta formação e
depositados numa forma espessa de cunha próximo às margens principais,
marcando a fase sin-rift.
(iii) Grupo Ilhas: É formado pela Fm. Marfim, Fm. Taquipe e Fm. Pojuca, da
base para o topo, durante o Cretáceo. A Fm. Marfim é composta de arenitos finos a
sílticos com matriz argilosa de cor cinza-claro a esverdeado. Já a Fm. Taquipe é
constituída por folhelho cinza apresentando estratificação paralela e contendo
33
alguns níveis de marga castanha. Por fim, aparecem intercalações de arenitos,
folhelhos, siltitos e calcários referentes à Fm. Pojuca (BARBOSA & DOMINGUEZ,
1996).
(iv) Formação São Sebastião: Datado do Cretáceo, é composta por arenitos
grossos a finos, que variam as cores da base (Mb. Paciência) para o topo (Mb. Rio
Joanes), são friáveis, feldspáticos e intercalados com variadas cores de argilas
siltosas (BARBOSA & DOMINGUEZ, 1996).
(v) Formação Marizal: Também do Cretáceo, é formado por arenitos e
conglomerados, sendo que os conglomerados contidos na base são médios a
grossos, com matriz arenosa e podendo ser maciços ou estratificados. Já os
arenitos são finos a grossos, quartzosos apresentando-se maciços ou com
estratificações cruzadas de grande porte, de pequeno porte, de baixo ângulo ou
laminação horizontal. Ainda ocorrem siltitos, folhelhos e calcários (BARBOSA &
DOMINGUEZ, 1996).
(vi) Formação Sabiá: É uma cobertura terciária que de acordo com Viana et
al. (1971) é composta por folhelhos as vezes siltosos que apresentam intercalações
de arenitos finos a sílticos, bastante micáceo e fossilífero. E com base em
associações de foraminíferos, esta formação foi datada do Mioceno por Petri (1972).
8.3 Grupo Barreiras
O Grupo Barreiras é a principal cobertura sedimentar do Terciário depositada
durante a época do Plioceno Inferior ao Superior, chegando à idade entre 3 a 5 Ma
(SUGUIO et al., 1986) e que foi controlada por oscilações dos períodos climáticos
que se caracterizavam ora por um clima árido em níveis oceânicos baixos, e ora por
um clima úmido quando o nível estava muito alto (BIGARELLA & ANDRADE, 1964).
Esse Grupo ocorre em praticamente toda a costa brasileira chegando a outros
países da margem leste da América do Sul e localiza-se separado ou adjacente à
linha de costa pelas coberturas quaternárias. É composto por sedimentos não a
pouco consolidados, apresentando duas unidades sedimentares que se referem a
ambientes deposicionais distintos. A base flúvio-lacustre é composta por areias finas
a grossas e argilas variegadas. Já o topo de fluxo de detritos é um arenito grosso a
conglomerático com matriz caulinítica e com baixo selecionamento. Estas unidades
são separadas por uma discordância erosiva e podem se apresentar maciças ou
34
com estratificações cruzadas acanalada e planar, e laminação plano-paralela.
(VILAS BOAS et al., 2001).
O Grupo Barreiras repousa discordantemente sobre as rochas das bacias
sedimentares mesozóicas e do embasamento cristalino. Na porção litorânea do
Município, são cobertos por sedimentos Quaternários, aflorando em áreas mais
altas. A espessura do grupo raramente ultrapassa os sessenta metros (VIANA et al.,
1971).
8.4 Coberturas Sedimentares Quaternárias
Segundo Barbosa & Dominguez (1996) as unidades do Quaternário revestem-
se de especial importância especial importância, tendo em vista a existência da Área
de Proteção Ambiental (APA) do Litoral Norte, onde o Quaternário é a idade
preponderante entre as ocorrências litológicas. Nesta região, os sedimentos
arenosos de idade Quaternária, ocorrem recobrindo rochas Pré-Cambrianas e
sedimentos Terciários do Grupo Barreiras. Em planta, estes terrenos mais antigos
apresentam-se como “ilhas” circundadas pelo Quaternário. Pode-se esperar que, na
interface entre estas unidades em profundidade (sedimentos arenosos recobrindo
terrenos mais argilosos), ocorram níveis de água subterrânea, dada a diferença de
permeabilidade entre elas. Os principais tipos de depósitos quaternários são:
i. Depósitos de Leques Aluviais: São considerados sedimentos continentais,
localizados no sopé de elevações e provenientes da erosão do regolito e do Grupo
Barreiras, que passaram por diversas situações climáticas diferentes das atuais, com
clima semi-árido, chuvas esparsas e violentas, para serem depositados (VILAS
BOAS et al., 1979, 1985). Esses depósitos são constituídos de areias média a
grossa, mal selecionadas e angulosas, compostas por quartzo e feldspato alterados,
contendo grânulos e seixos tanto organizados em lentes como dispersos
aleatoriamente (MARTIN et al., 1980). Essa unidade é anterior ao máximo da
Penúltima Transgressão, podendo ser encontrados, geralmente, entre quinze e vinte
metros acima do nível do mar atual. Seu contato inferior é erosivo com o Grupo
Barreiras e o contato superior, também erosivo, se dá com os Depósitos Eólicos e
com os Depósitos de Terraços Marinhos Pleistocênicos (BARBOSA & DOMINGUEZ,
1996).
35
ii. Terraços Marinhos Pleistocênicos: Segundo Martin et al (1980) e Barbosa &
Dominguez (1996) essa unidade geológica foi depositada durante o evento
regressivo da Penúltima Transgressão, apresentando composição de média a
grossa, quase que totalmente quartzosa, de coloração branca na superfície e a partir
de dois metros de profundidade, marrom a preta. Apresentam estratificações
cruzada acanalada e planar na base, tubos de fósseis na composição, e atingem
cotas de 6 a 10 metros acima do nível do mar atual.
iii. Terraços Marinhos Holocênicos: São constituídos por depósitos de areias
maciças quartzosas e fragmentos de conchas com granulometria variando de fina a
média. Esses sedimentos ocorrem nas porções externas da planície litorânea, logo
após o cordão duna. Apresentam, de maneira geral, forma tabular alongada, com
altitudes variando de 0,5 a 4 metros, decrescendo em relação ao nível do mar atual.
Apresentam estruturas sedimentares, como estratificações de baixo ângulo, bem
preservadas e de semelhante composição mineralógica que os depósitos de
terraços marinhos pleistocênicos (BARBOSA & DOMINGUEZ, 1996).
iv. Depósitos Eólicos: De acordo com Barbosa & Dominguez (1996), esses
depósitos se restringem à região de Salvador até o extremo norte do Estado da
Bahia, sendo apresentadas em três tipos, segundo as características morfoscópicas
das areias e as relações com os demais depósitos quaternários: dunas internas,
dunas externas, cordão duna. As primeiras e as segundas apresentam tanto
colorações ocres quanto brancas, enquanto que as últimas são amareladas e,
também, mais atuais. Segundo Martin et al (1980), de maneira geral se caracterizam
por areias de granulometria média a fina, composição quartzosa, bem selecionadas
e arredondamento associado à área fonte dos grãos.
v. Depósitos Flúvio-Lagunares: Tendo sido formados desde o início da Última
Transgressão até o atual, esses depósitos são encontrados próximos à costa, nas
zonas baixas que margeiam os rios. Essa unidade, segundo RAMSAR (1971), está
classificada como áreas transicionais entre os sistemas aquático e terrestre, onde o
nível do lençol freático está próximo à superfície do terreno ou onde o terreno é
coberto por águas rasas. Os sedimentos são tipicamente argilo-siltosos, de cor cinza
a preta, ricos em matéria orgânica e contendo conchas marinhas e lagunares. No
Litoral Norte do Estado da Bahia, são identificados três subtipos dessa unidade
geológica: mangues, pântanos e brejos.
36
vi. Depósitos Aluvionares: Compostos pelos sedimentos que estão sofrendo
transporte pelos rios, sendo depositados nas suas margens e ou descarregados na
foz do rio.
vii. Faixa de Praia Atual: Unidade geológica que ocorre numa faixa estreita,
paralela à costa, ao longo de todo o litoral do Estado da Bahia. Apresentam
sedimentos constituídos, predominantemente, de areias quartzosas,
subarredondadas a subangulosas com tendência a angulares e apresentando, de
maneira geral, estratificações de baixo ângulo. Ainda podem apresentar fragmentos
de rocha, minerais pesados, grãos de feldspatos e algumas placas de mica
(BARBOSA & DOMINGUEZ, 1996).
viii. Arenitos de Praia: São localizados desde a região do litoral norte da Bahia
até a costa da cidade de Porto Seguro no estremo sul. Apresentam dois ou três
patamares de arenitos que estão paralelos ou subparalelos à linha de costa, têm
diversos comprimentos, larguras e espessuras, e podem ser encontrados do limite
da preamar até a direção da costa-afora. Quanto à composição, apresentam areias
quartzosas de média a grossa e biodetritos cimentados por carbonato de cálcio.
Podem ser encontradas estratificações plano-paralela, cruzadas simples, cruzada
acanalada e marcas onduladas às vezes no topo. Em alguns casos estes arenitos
servem de substrato para associações de recifes de corais (BARBOSA &
DOMINGUEZ, 1996).
37
Figura 10 - Mapa Geológico Regional. Circundada em vermelha a área de estudo.
38
Figura 11 – Bloco Diagrama Esquemático do Litoral Norte da Bahia (CONDER, 1993).
39
9 UNIDADES GEOAMBIENTAIS
A partir das análises feitas durante as campanhas de mapeamento e trabalhos
posteriores de escritório, a área de estudo foi dividida em oito (8) unidades
geoambientais ou U.G.’s (I a VIII), levando-se em consideração os aspectos físicos e
bióticos (geologia, relevo, recursos hídricos, uso e ocupação do solo e cobertura
vegetal) e os aspectos ambientais relacionados ao grau de vulnerabilidade
ambiental, avaliado a partir dos conceitos de riscos, impactos e danos ambientais,
conforme consta no Mapa Geoambiental, na escala 1:50.000, no Anexo III.
Pode-se definir como risco ambiental a probabilidade do ambiente entrar em
desequilíbrio em virtude de um perigo passível de promover tal ação. Quando a
probabilidade dá lugar à ação imediata, caracteriza-se o impacto ambiental, que é
quando ocorre alterações das propriedades ou condições do ambiente, até então
equilibrado podendo, entretanto, retornar ao seu estado natural por homeostasia1.
Caso o impacto ambiental evolua a tal ponto não ser mais possível o retorno à
condição natural por si só, é constatado dano ambiental, onde só é possível
remediar o problema com ajuda de ações preventivas realizadas pelo ser humano.
Por vulnerabilidade ambiental entende-se a fragilidade do meio ambiente a
determinadas ações do ser humano, podendo apresentar variados graus a depender
das condicionantes analisadas e impostas tanto pelo meio físico-biótico, como pelo
próprio ser humano.
De maneira geral a avaliação, a diagnose e o diagnóstico das unidades
geoambientais apresentam grande valia no planejamento de políticas públicas de
uso e ocupação do solo. Isso permite um maior e melhor aproveitamento para a
agropecuária, ocupação urbana, preservação de fauna e flora e prevenção de
desastres, buscando a redução dos impactos ambientais com o intuito de não
permitir a evolução destes para o dano ambiental, tornando-se, assim, mais difícil a
recuperação.
Vale ressaltar que toda a área de estudo encontra-se inserida na Área de
Proteção Ambiental do Litoral Norte (Figura 12), já citada anteriormente.
1 Homeostasia: Capacidade de um sistema aberto tem de recuperar o equilíbrio a partir de reguladores próprios, por si só.
40
Figura 12 – Mapa de Localização evidenciando a inserção completa da área de estudo na APA do Litoral Norte.
9.1 Unidade Geoambiental I
A U.G. I corresponde às rochas do embasamento cristalino (Fotos 1 e 7), de
idade Arqueana, que faz parte do Cráton do São Francisco, o qual é composto por
rochas graníticas gnáissicas, por vezes migmatizadas, ricas em minerais silicáticos
ricos em Al, encontradas às margens dos rios Pojuca e Imbassaí; por vezes próximo
à linha de costa, com cotas variando de 5 a 20 metros, perfazendo 0,2% da área de
estudo.
Há ocorrência também de afloramentos evidenciando graus variados de
alteração do embasamento (Foto 2), principalmente em contato com o Grupo
Barreiras. Essa alteração é caracterizada pela aparência mosqueada do
embasamento (Foto 3), além de preservação de estruturas primárias do mesmo
(Foto 5).
O relevo predominante dessa U.G. é de colinas ou rampas dissecadas pelas
drenagens, sendo muito comum seu afloramento na forma de lajedos. Em virtude do
clima quente e úmido da região, o solo proveniente dessa U.G. tende a ser espesso,
rico em argilo-minerais e, consequentemente, sujeito a deslizamentos, movimentos
de massa e processos erosivos.
Apresenta um padrão de drenagem dendrítico a paralelo em virtude do
constante contato com o Grupo Barreiras, onde a acumulação de água se dá
principalmente nas zonas de fraturas do embasamento. Hidrogeologicamente pode
ser considerado como um aqüífero de média potencialidade, do tipo fissural, com
41
recarga por águas pluviais e infiltração lateral proveniente dos rios e cursos d’água
da região.
Apresenta ocupação humana moderada, devido à dificuldade de acesso às
áreas aflorantes dessa unidade, além do fato de estarem geralmente associadas às
margens dos rios.
Por suas características reológicas, a U.G. I apresenta características
geotécnicas que favorecem a uma boa estabilidade às fundações. Além disso, pela
sua localização ao longo das drenagens, possibilita o crescimento de mata ciliar, a
qual, atualmente, encontra-se em grau avançado de degradação.
Está sujeita também a modificações produzidas pelo aporte de material
transportado das encostas, através de processos de escoamento laminar sendo,
assim, susceptível a processos erosivos e de assoreamento de drenagens.
Foto 1 - Vista do embasamento em forma de lajedo. Coord UTM WGS84.: 604451 / 8608312
Foto 2 – Aparência Mosqueada evidenciando alteração do embasamento cristalino. Coord. UTM WGS84: 604217 / 8612212.
42
Foto 3 - Aparência Mosqueada evidenciando alteração do embasamento cristalino. Coord. UTM WGS84: 612020 / 8618832.
Foto 4 – Ocorrência de minerais feldspáticos no manto de alteração do embasamento cristalino. Coord. UTM WGS84: 612020 /
8618832.
Foto 5 – Preservação de estruturas primárias (linhas pretas) no manto de alteração do embasamento cristalino. Coord. UTM
WGS84: 611663 / 8618236.
43
Foto 6 – Ocorrência de veios de quartzo truncando o embasamento, atualmente alterado. Coord. UTM WGS84: 611663 /
8618236.
Foto 7 – Embasamento cristalino situado às margens da foz do Rio Imbassaí. Coord. UTM WGS84: 613026 / 8618442.
9.2 Unidade Geoambiental II
Esta U.G. corresponde às áreas de ocorrência do Grupo Barreiras (Foto 8), de
idade Terciária, correspondendo a 55% da área de estudo, estando localizada na
parte mais interna da região, representada por sedimentos terrígenos, tendo como
vegetação natural predominante a Mata Atlântica, estando contida nessa unidade
geoambiental a Reserva Ecológica de Sapiranga.
O Grupo Barreiras apresenta-se como uma extensa faixa contínua de
sedimentos pouco consolidados onde são visíveis claramente dois ambientes
pretéritos de deposição, sendo a base de origem fluvial (Foto 9) e o topo
44
representado por um evento de fluxo de detritos (Foto 15). A base é composta por
areias finas e lentes de argilas de natureza caolinítica, em virtude da presença dos
argilo-minerais provenientes do embasamento cristalino, com presença de
estratificações cruzadas (Foto 16); e o topo é composto por arenito grosso a
conglomerático, mal selecionados, com variados graus de maturidade textural
apresentando, ainda, níveis de argila parcialmente endurecidas.
Apresenta padrão de drenagem dendrítico e, por vezes, paralelo, com água de
boa qualidade sendo captadas a partir de poços tubulares e cisternas para uso
doméstico e para a agropecuária. Apresenta bom potencial hidrogeológico
condicionado por fatores como litologia; altos valores de porosidade e
permeabilidade, relacionados à estrutura planar sub-horizontal dessa unidade; além
de um lençol freático com relativa profundidade, estando sua recarga vinculada às
águas pluviais.
O relevo é representado pelo domínio dos tabuleiros costeiros, sendo
caracterizados por superfícies com topos planos a convexos (morros e colinas), com
cotas variando de 20 a 80 metros e em contato com o embasamento cristalino,
dunas externas ou terraços marinhos.
O solo proveniente dessa unidade geoambiental é do tipo podzólico vermelho
amarelo, rico em argilo-minerais e sílica, o que o caracteriza como sendo de baixa
fertilidade. Há ocorrência, ainda, de um manto laterítico evidenciando a presença de
argilo-minerais ricos em Fe e Al (Foto 11).
Do ponto de vista paisagístico, a sua disposição topograficamente mais
elevada que as demais unidades permite o vislumbramento quase que total da
planície flúvio-marinha apresentando, assim, alta relevância nesse quesito.
É a unidade geoambiental onde se concentra a grande parte das instalações
residenciais, além de áreas para atividades agropastoris.
A ocupação urbana em grande extensão trouxe uma série de fatores passíveis
de gerarem impactos ao meio ambiente, tais quais pavimentação de ruas,
construção de residências, redes de água e esgotamento sanitário, pontes, redes de
alta tensão e atividades agropastoris nas regiões mais afastadas dos centros
urbanos (Foto 10).
Por conta dessa grande ocupação urbana, é a U.G. que apresenta maior grau
de susceptibilidade à erosão, apresentando variados graus ao longo da área de
estudo em virtude, primeiro da própria morfologia da mesma e segundo pela
45
catalização dos processos naturais pelo Homem. A intensificação desses processos
erosivos gera um processo de escoamento difuso e desordenado provocando
movimentação e deslizamento de massas, o que acarreta impactos ambientais e
físicos à região (Fotos 12, 13, 14, 17, 18 e 19).
Isso ocorre pela falta de conhecimento acerca do substrato geológico que
compõe essa U.G. Por apresentar dois níveis distintos de deposição sedimentar,
planos de manejo distintos devem ser implantados a depender de qual substrato
busca-se a recuperação. Manejos em áreas com granulometria marcadamente areia
difere daqueles para áreas que apresentam uma maior quantidade de material
argiloso. O que ocorre é a utilização generalizada de um determinado manejo para
qualquer tipo de terreno, provocando impactos positivos em um tipo de terreno e
negativos (intensificação de processos erosivos) em outro.
Um ponto positivo é a revegetação dos taludes que colabora para a
estabilização dos mesmos, evitando e/ou amenizando os processos erosivos
ocorrentes na área. Sendo assim, não apresenta maiores problemas do ponto de
vista geotécnico, uma vez que os impactos ambientais sejam mitigados
corretamente.
Essa U.G. apresenta também baixa vulnerabilidade a cargas poluentes
capazes de infiltrar no subsolo, haja vista ser composta por sedimentos argilosos e
arenosos, capazes de filtrar o material despejado sobre essa unidade.
Foto 8 – Pequeno corte de estrada no Grupo Barreiras, próximo ao Castelo Garcia D’Ávila, bastante arenoso e estado
intermediário de intemperização. Coord. UTM WGS84: 605426 / 8609239
46
Foto 9 – Grupo Barreiras, material argiloso. Coord. UTM WGS84: 606517 / 8611771.
Foto 10 – Despejo irregular de lixo doméstico, na beira de estrada vicinal não pavimentada, sobre a U.G. II. Coord. UTM
WGS84: 606206 / 8611930.
Foto 11 – Evidência de crosta laterítica sobre o Grupo Barreiras. Coord. UTM WGS84: 605919 / 8611917
47
Foto 12 – Processos provenientes da retirada da cobertura vegetal NA U.G. II. (1) transporte de sedimentos, (2) processo
erosivo, (3) despejo inadequado de lixo doméstico. Coord. UTM WGS84: 612474 / 8619648.
Foto 13 – Processos erosivos na U.G. II provocando, além dos danos ambientais, danos materiais. Coord. UTM WGS84:
612474 / 8619648.
48
Foto 14 – Obra de engenharia para canalização das águas pluviais mal feita, evidenciando rompimento da calha de concreto.
Coord. UTM WGS84: 612474 / 8619648.
Foto 15 – Fase conglomerática (fluxo de detritos) do Grupo Barreiras. Coord. UTM WGS84: 612216 / 8619158.
49
Foto 16 – Evidência de estratificações cruzadas nos sedimentos do Grupo Barreiras. Coord. UTM WGS84: 611237 / 8619173.
Foto 17 – Evidência de retirada da cobertura vegetal da U.G. II, acarretando transporte de sedimentos no sentido do curso
d’água, promovendo o seu assoreamento. Coord. UTM WGS84: 612474 / 8619648.
Foto 18 – Processo erosivo em estágio avançado na fração argilosa do Grupo Barreiras (U.G. II). Coord. UTM WGS84: 612474
/ 8619648.
50
Foto 19 – (A) Embasamento cristalino alterado, (B) Fácies argilosa do Grupo Barreiras (U.G. II), (C) Fácies conglomerática do Grupo Barreiras (U.G. II), (D) Solo. Evidência de variados graus de processo erosivo, dependente da composição da unidade.
Coord. UTM WGS84: 612474 / 8619648
9.3 Unidade Geoambiental III
Unidade representada pelos Leques Aluviais, correspondendo a 5% da área de
estudo, localizada preferencialmente no sopé das elevações constituídas pelo Grupo
Barreiras (U.G. II), em cotas que variam de 10 a 40 metros. São compostos por
depósitos de sedimentos arenosos mal selecionados quase que integralmente
compostos por areias quartzosas, de coloração ocre-amarelada, dispostos de
maneira caótica, com granulometria variando de fina à grossa, além também de
conter seixos lateríticos retrabalhados do Grupo Barreiras (Fotos 20 e 22). O solo
proveniente dessa unidade é pouco desenvolvido e de baixa fertilidade, contendo
grandes quantidades de material silicoso e menores quantidades de argilo-minerais,
caracterizados por serem profundos e excessivamente drenados.
Sobre esses solos se desenvolvem vegetações de pequeno a médio porte,
sendo predominante a vegetação de restinga arbustiva e, em menor proporção,
resquícios de Mata Atlântica.
Apresenta padrão de drenagem dendrítico, similar ao da U.G. II, com água de
boa qualidade utilizada para fins domésticos e agropastoris, sendo a captação
realizada por poços tubulares e cisternas. Apresenta características semelhantes à
U.G. II diferindo no fato de que, por apresentar mal selecionamento granulométrico,
51
promovendo boas porosidade e permeabilidade, apresenta alta vulnerabilidade de
contaminação do aqüífero.
Geomorfologicamente é representada por áreas de morros e colinas
suavemente ondulados, apresentando susceptibilidade à erosão sob a forma de
ravinas e voçorocas, principalmente onde houve a retirada da cobertura vegetal.
Em virtude do mal selecionamento associado a essa U.G., é conferida uma boa
capacidade de absorção de fluidos servindo, assim, como distribuidor de águas
pluviais para as regiões topograficamente mais baixas.
Apresenta ocupação humana moderada, com a existência de aglomerados
populacionais e propriedades rurais o que, da mesma forma que a U.G. II, propicia o
aparecimento de danos ao meio físico, principalmente processos erosivos de
variados graus de evolução (sulcos, ravinas ou voçorocas) (Foto 21).
Foto 20 – Evidência do mal selecionamento típico dos Leques Aluviais. Coord. UTM WGS84: 606755 / 8610726.
Foto 21 – Processo erosivo provocado pela retirada da cobertura vegetal na U.G. III. Coord. UTM WGS84: 606887 / 8612330.
52
Foto 22 – Fácies típica dos depósitos de leques aluviais. Coord. UTM WGS84: 606887 / 8612330.
9.4 Unidade Geoambiental IV
Esta unidade é representada pelos depósitos de terraços marinhos, perfazendo
20% da área de estudo, sendo subdivididos em terraços marinhos pleistocênicos e
terraços marinhos holocênicos, ambos de deposição originalmente marinha (Fotos
23, 25, 26 e 28).
• Os terraços marinhos pleistocênicos (TMP) ocorrem sob formas tabulares,
com cotas variando de 5 a 8 metros, paralelos à linha de praia. São constituídos por
sedimentos inconsolidados de cor branca, com granulometria variando de média a
grossa, grãos angulosos a sub-angulosos, compostos basicamente de material
quartzoso sem presença de compostos biogênicos (Foto 24).
• Os terraços marinhos holocênicos (TMH), assim como os pleistocênicos,
ocorrem sob formas tabulares e planas, com cotas variando de 0,5 a 5 metros,
também paralelos à linha de costa, constituídos de sedimentos inconsolidados de
coloração amarelo esbranquiçada, com granulometria variando de fina a média,
basicamente quartzosa e com a presença de material biogênico.
Apresentam solo composto basicamente de areias quartzosas sendo, assim,
caracterizado como um neossolo quartzarênico pobre e pouco profundo. Nesse tipo
de solo caracteriza-se como vegetação predominante a restinga, apresentando
espécimes arbustivas adaptadas às características locais.
As formas tabulares e planas dos terraços marinhos favorecem a ocupação
ordenada da unidade, sendo o local mais apropriado da planície quaternária para
53
ocupação humana, evidenciado na Praia do Forte, Imbassaí e no complexo turístico
Iberostar (Foto 27).
De maneira geral, ambos os terraços representam áreas em potencial para
acumulação de águas subterrâneas em virtude dos altos valores de permeabilidade
e porosidade provenientes da granulometria composicional dessa unidade. Em
virtude da maior proximidade da faixa de praia, o lençol freático encontra-se muito
próximo à superfície, principalmente nos TMH, constituindo, por vezes, corpos
d’água aflorantes, como por exemplo a Lagoa Jauara, nas proximidades de
Imbassaí.
Essa proximidade do lençol com a superfície o torna extremamente vulnerável
à contaminação do manancial subterrâneo por efluentes provenientes de fossas
sépticas e despejo irregular de lixo urbano e industrial.
Outro problema que afeta essa unidade é a retirada da cobertura vegetal
original para a implantação de grandes áreas de plantio de coqueirais, sem estudos
de impacto ambiental. Sem a devida avaliação, essa retirada tende a gerar
desequilíbrio ambiental, acarretando mudanças no que diz respeito à capacidade de
contaminação dos ambienteis superficiais e de sub-superfície da unidade.
Foto 23 – Linha vermelha separando os TM Holocênicos (branco-amarelados) dos TM Pleistocênicos (branco). Coord. UTM
WGS84: 613760 / 8620520.
54
Foto 24 – Evidência da presença de conchas de organismos, comum nos TM Holocênicos. Coord. UTM WGS84: 613760 /
8620520.
Foto 25 – Visão geral da U.G. IV, com presença de coqueirais (ação antrópica), e extração de areia, circundado em preto.
Coord. UTM WGS84: 613648 / 8620262.
Foto 26 – Contato da U.G. IV com a U.G. V (circundado em vermelho). Coord. UTM WGS84: 612715 / 8617965.
55
Foto 27 – Área urbanizada sobre os TM Pleistocênicos da U.G. IV. Coord. UTM WGS84: 613138 / 8618537.
Foto 28 – Contato do Grupo Barreiras (U.G. II) com o TM Pleistocênico (U.G. IV), estando o primeiro abaixo da linha vermelha
e o segundo acima. Coord. UTM WGS84: 612431 / 8618365.
9.5 Unidade Geoambiental V
Unidade representada pelos depósitos eólicos arenosos ou dunas,
correspondendo a 8% da área de estudo. São áreas de preservação permanente ou
reservas ecológicas com base em leis federais e estaduais.
Durante o mapeamento, três gerações de dunas foram distinguidas e são
descritas abaixo em ordem crescente de vulnerabilidade apresentando, de maneira
geral, relevo ondulado a suavemente ondulado.
i. Dunas Internas: Correspondem a depósitos arenosos paralelos à linha de
costa, com cotas variando de 5 a 40 metros, superpondo nas cotas mais elevadas o
56
Grupo Barreiras (Foto 29). São constituídos de material quartzoso, de granulometria
média a grossa, ora maturo ora imaturo texturalmente, de coloração
predominantemente branca, caracterizando o solo como neossolo quartzarênico. Na
região próxima à Imbassaí, essas dunas encontram-se associadas a corpos d’água,
servindo de alimentador subterrâneo para os mesmos, como é o caso da Lagoa da
Jauara (Foto 33).
A cobertura vegetal natural é representada pela restinga arbustiva a qual, em
algumas localidades, já se encontra em estágio avançado de retirada para fins de
construções residenciais ocorrendo, inclusive, loteamento de áreas de dunas
internas já com algumas evidências de ocupação humana (Foto 31).
Essas ações tendem a expor os sedimentos à ação eólica, ocasionando
desequilíbrio do sistema eólico e conseqüente reativação da movimentação dessas
dunas, além de serem potencialmente vulneráveis a cargas poluentes, em virtude da
composição sedimentar.
Do ponto de vista paisagístico, tem grande importância, haja vista ser a
paisagem inicial de quebra da monotonia do Grupo Barreiras, na direção das
planícies flúvio-marinhas, além de servirem como pontos de orientação utilizados
pela comunidade pesqueira local e, por fim, pela sua beleza cênica (Foto 30).
ii. Dunas externas: Correspondem a depósitos arenosos, também paralelos à
linha de costa, situados na parte inferior das dunas internas, em contato com os
terraços marinhos holocênicos. Apresenta granulometria variando de fina a média,
com grãos bem arredondados e coloração branca, com cotas variando de 3 a 6
metros com vegetação natural do tipo restinga arbustiva.
São áreas que não apresentam ocupação humana representativa, estando
assim preservadas a vegetação natural do tipo restinga arbustiva. Em contrapartida,
são áreas que apresentam porosidade e permeabilidade elevadas, tornando-as
vulneráveis aos riscos de infiltração de cargas poluidoras geradas pela ocupação
sem controle adequado.
iii. Cordão de dunas: Correspondem a estreitos e alongados depósitos
arenosos em contato direto com a faixa de praia, sendo considerado o depósito
continental mais próximo do mar, com cotas que não excedem os 3 metros. É
composto, assim como as outras gerações de dunas, de material quartzoso, muito
semelhante àquela encontrada nos depósitos sedimentares de praias atuais,
57
podendo conter ainda componentes biodetríticos, apresentando cobertura vegetal
natural do tipo restinga arbustiva (Foto 32).
Os cordões de dunas, em virtude da sua largura não ultrapassar os 10 metros,
não fazem parte dos mapas mostrados nos Anexos I e III, estando, assim, fora da
escala (1:50.000).
Ambientalmente são importantes por se caracterizarem como a primeira
barreira de proteção contra a ação eólica à retaguarda da mesma, além de também
servirem como estabilizadores de perfis praiais. Sua remoção e/ou degradação
afetaria todo o equilíbrio dinâmico da região promovendo processos erosivos de alto
grau capazes de gerar danos materiais e ecológicos.
Foto 29 – Contato da U.G. V com a U.G. II. Coord. UTM WGS84: 612 741 / 8618742.
Foto 30 – Aspecto paisagístico da U.G. V, beleza natural ainda com cobertura vegetal natural. Coord. UTM WGS84: 612741 /
8618742.
58
Foto 31 – Evidência de construção sobre as dunas da U.G. V. Coord. UTM WGS84: 612 741 / 8618742
Foto 32 - Cordão de Duna, fora da escala de mapeamento. Coord. UTM WGS84: 612477 / 8617079.
Foto 33 – Visão Panorâmica da Lagoa de Jauara, nas proximidades de Imbassaí, tendo ao fundo o Grupo Barreiras (U.G. II).
Beleza Paisagística da região. Coord. UTM WGS84: 611498 / 8616794.
59
9.6 Unidade Geoambiental VI
Unidade representada pelos depósitos flúvio-lagunares (mangues, brejos e
pântanos) e aluvionares, correspondendo a 10% da área de estudo (Fotos 34 e 35).
Os depósitos aluvionares, por estarem inseridos como pequenas porções ao
longo dos depósitos flúvio-lagunares, encontram-se fora da escala do mapeamento,
podendo apenas serem visualizados em campo.
São caracterizados por serem regiões mais baixas, geralmente margeando os
rios e drenagens que cortam a área de estudo, compostos de areias finas e siltes
argilosos com presença marcante de matéria orgânica, sendo considerados como
ambiente de transição entre ambientes terrestres e aquáticos (Foto 36).
Constitui solos hidromórficos do tipo gleissolo, com águas de má qualidade, em
virtude da presença marcante de matéria orgânica, sendo hidrogeologicamente
caracterizado como uma zona de afloramento do nível freático das unidades
adjacentes.
Esses depósitos funcionam como elemento regulador dos influxos de água
doce que chegam aos estuários promovendo condições físico-químicas ideais para a
sobrevivência e permanência de espécies dependentes dessas zonas.
São áreas protegidas por lei, principalmente os manguezais, sendo proibido
qualquer tipo de desenvolvimento ou degradação nessas regiões, haja vista sua
importância para o ecossistema na cadeia alimentar marinha, além de serem refúgio
e berçário de inúmeras espécies de animais.
O uso das áreas dessa U.G. é permitido apenas para as comunidades locais
que, historicamente, são dependentes destas. Mesmo assim, o uso é controlado e
monitorado a fim de evitar degradação dos sistemas flúvio-lagunares e conseqüente
desequilíbrio ambiental.
60
Foto 34 – Vista da U.G. VI. Coord. UTM WGS84: 606689 / 8609591.
Foto 35 – U.G. VI em contato com U.G. II ao fundo. Coord. UTM WGS84: 607801 / 8613920.
Foto 36 – Evidência de matéria orgânica nos sedimentos da U.G. VI. Coord. UTM WGS84: 607801 / 8613920.
61
9.7 Unidade Geoambiental VII
U.G. caracterizada pelos sedimentos das praias atuais, constituindo 0,8% da
área de estudo, sendo composto por material quartzoso em sua maioria, de
granulometria variando de fina a grossa, e relevo plano a suavemente inclinado na
direção do mar (Foto 37).
Está inserida na área de proteção da marinha do Brasil, composta por
sedimentos inconsolidados, de granulometria fina a grossa e que estão
constantemente sendo retrabalhados, por ação eólica e, principalmente por
influência marinha, seja pela subida e descida da maré, seja pelas correntes de
deriva litorânea.
Na área de estudo a presença dos cordões de dunas e de bancos de arenitos –
em Imbassaí – e recifes de corais – em Praia do Forte – auxiliam na proteção da
faixa de praia. Isso permite o equilíbrio da mesma, evitando a ocorrência de
processos erosivos e eventos de remoção em excesso de sedimentos por ação das
correntes de deriva.
São áreas utilizadas para recreação e importantes pelo seu valor paisagístico,
mas em contrapartida são extremamente vulneráveis à poluição, seja na superfície –
por conta da utilização da mesma pelo Homem –, seja em subsuperfície, por
contaminação penetrativa, por conta da alta porosidade e permeabilidade da U.G
(Foto 38).
Por ser área de desova de tartarugas marinhas, o acesso à praia deve ser
controlado e monitorado, para que não afete o equilíbrio ambiental da região.
Foto 37 – Visão geral da praia de Imbassaí, com visada para o norte, evidenciando a beleza paisagística da mesma. Coord.
UTM WGS84: 613496 / 8618888.
62
Foto 38 – Ocupação urbana na beira da praia e às margens do rio Imbassaí. Coord. UTM WGS84: 613153 / 8618561.
9.8 Unidade Geoambiental VIII
Representada pelos bancos de recifes de coral na Praia do Forte e pelos
bancos de arenitos na praia de Imbassaí, constituindo 2% da área de estudo. Os
primeiros são compostos de material carbonático, biodetrítico, enquanto que os
segundos são constituídos de corpos rochosos compostos de material quartzoso e
fragmentos de conchas, cimentados e resistentes (Foto 39).
Os componentes dessa unidade estão localizados na faixa inter-maré e tem a
função de criar uma barreira natural de proteção à praia contra ações das ondas e
marés, além de, secundariamente, protegerem também depósitos sedimentares
próximos às praias, como os cordões de dunas e os terraços marinhos holocênicos.
A degradação desses componentes geraria um imenso desequilíbrio ambiental,
ocasionando destruição de praias e processos erosivos intensos, acarretando
impactos e danos ambientais e materiais.
63
Foto 39 – Recifes de corais existentes em Praia do Forte. Coord. UTM WGS84: 607624 / 8609134
64
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização desse mapeamento geoambiental permitiu a identificação e
delimitação das diferentes unidades geoambientais presentes na área de estudo,
tomando como informações base a geologia, relevo, cobertura vegetal, uso e
ocupação do solo.
Percebeu-se a ausência de um planejamento técnico efetivo e racional, que
tem comprometido o equilíbrio ambiental da área de estudo, proporcionando regiões
inviáveis economicamente para o uso e ocupação do solo ou, uso e ocupação
inadequados, por meio da intensificação dos processos erosivos e outros impactos
ambientais, tais quais retirada de cobertura vegetal, desmatamento de mata ciliar,
assoreamento de leitos de rios, poluição de lençóis freáticos.
Para que haja um manejo adequado das unidades geoambientais
identificadas, faz-se necessária políticas públicas socioambientais no qual haja
parceria entre gestores, empreendedores e comunidade, com o simples intuito de
gerir e explorar da maneira mais racional possível os recursos naturais existentes na
área estudada.
Outro ponto relevante que foi analisado e avaliado é a necessidade de obras
de engenharia que levem em consideração os aspectos de cada unidade
geoambiental, a fim de minimizar os processos erosivos ocorrentes na área de
estudo, bem como outros impactos e danos ambientais; tais quais, poluição de solos
e águas superficiais. Para tanto, os mapas temáticos gerados poderão dar suporte
aos gestores públicos, empreendedores e usuários diversos a tomarem decisões,
levando em consideração os aspectos geoambientais da área, em prol da
manutenção do equilíbrio ambiental da região.
65
11 REFERÊNCIAS
ALMEIDA, F. F. M. O Cráton do São Francisco . Revista Brasileira de Geociências, vol. 7,
p.349-364, 1977.
BARBOSA, J. S. F. & DOMINGUEZ, J. M. L. Geologia da Bahia : texto explicativo para o
mapa geológico ao milionésimo. SGM. Convênio CBPM/UFBA/SGM/FAPEX. Salvador,
1996.
BARBOSA, J. S. F., SABATÉ, P. Geological features and the Paleoproterozoic collis ion
of four Archean crustal segments of the São Francis co Craton, Bahia, Brazil. A
synthesis . Anais Academia Brasileira de Ciências, vol. 74(2), p.343-359, 2002.
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ANEXO I - MAPA GEOLÓGICO DA ÁREA DE ESTUDO
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RiosBA-099Estrada PavimentadaEstrada não PavimentadaTrilha
Lagoa
Conveções Cartográficas
Área Urbanizada
1:50.0000 1.000 2.000 3.000 4.000500
MetrosEscala
PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATORDATUM HORIZONTAL: WGS84
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAInstituto de GeociênciasCurso de Geologia
GEO-A76 - Trabalho Final de Graduação IIAutor: Marcus Vinicius Costa Almeida JuniorOrientador: Profº Drº. José Angelo S. Araujo dos Anjos
Banco de Arenito
Depósitos Flúvio Lagunares
Dunas Externas
Dunas Internas
Embasamento Cristalino
Faixa de Praia Atual
Grupo Barreiras
Leques Aluviais
Recifes de Corais
Terraços Marinhos Holocênicos
Terraços Marinhos Pleistocênicos
Unidades GeológicasCaracterizada pelos sedimentos das praias atuais, sendo composto por material quartzoso, em sua maioria, de granulometria variando de fina a grossa, subarrendondadosa subangulosos, e relevo plano a suavemente inclinado na direção do mar.
Caracterizados por serem regiões mais baixas, geralmente margeando os rios e drenagens que cortam a área de estudo, compostos de areias finas e siltes argilosos com presençamarcante de matéria orgânica, sendo considerados como ambiente de transição entre ambientes terrestres e aquáticos.
Correspondem a depósitos arenosos, paralelos à linha de costa, em contato com os terraços marinhos holocênicos. Apresenta granulometria variando de fina a média, com grãosbem arredondados e coloração branca, com cotas variando de 3 a 6 metros.
Correspondem a depósitos arenosos paralelos à linha de costa, com cotas variando de 5 a 40 metros, superpondo nas cotas mais elevadas o Grupo Barreiras. São constituídosde material quartzoso, de granulometria média a grossa, ora maturo ora imaturo texturalmente, de coloração predominantemente branca.
Ocorrem sob formas tabulares e planas, com cotas variando de 0,5 a 5 metros, paralelos à linha de costa, constituídos de sedimentos inconsolidados de coloração amareloesbranquiçada, com granulometria variando de fina a média, basicamente quartzosa e com a presença de material biogênico.
Ocorrem sob formas tabulares, com cotas variando de 5 a 8 metros, paralelos à linha de praia. São constituídos por sedimentos inconsolidados de cor branca, com granulometriavariando de média a grossa, grãos angulosos a sub-angulosos, compostos basicamente de material quartzoso sem presença de compostos biogênicos.
Compostos por depósitos de sedimentos arenosos mal selecionados quase que integralmente compostos por areias quartzosas, de coloração ocre-amarelada, dispostos de maneira caótica,com granulometria variando de fina à grossa, além também de conter seixos lateríticos retrabalhados do Grupo Barreiras.
Apresentam areias quartzosas de média a grossa e biodetritos cimentados por carbonato de cálcio. Podem ser encontradas estratificações plano-paralela, cruzadas simples,cruzada acanalada e marcas onduladas às vezes no topo.
Compostos de material carbonático e biodetrítico, cimentado por sedimentos e/ou precipitado químico.
Constituído de sedimentos pouco consolidados onde são visíveis claramente dois ambientes pretéritos de deposição. A base, de origem fluvial, composta por areias finas elentes de argilas de natureza caolinítica, em virtude da presença dos argilo-minerais provenientes do embasamento cristalino, com presença de estratificações cruzadas.O topo, representado por um evento de fluxo de detritos, composto por arenito grosso a conglomerático, mal selecionados, com variados graus de maturidade texturalapresentando, ainda, níveis de argila parcialmente endurecidas.
Composto por rochas graníticas gnáissicas, por vezes migmatizadas, de idade arqueana, ricas em minerais silicáticos ricos em Al, encontradas às margens dos rios Pojucae Imbassaí, por vezes próximo à linha de costa. Faz parte do Cráton do São Francisco.
Oceano Atlântico
Praia do Forte
Rio Pojuca
Imbassaí
Fontes:Folhas Topográficas da SUDENE de Praia do Forte SD-24-X-A-VI-1 e Açu da Torre SD-24-X-A-V-2-NE, ambas na escala 1:25:000;
Fotografias Aéreas sequenciadas e numeradas de 009 a 017 e 374 a 382, da CONDER (1993), escala 1:25.000;Projeto RADAMBRASIL, vol. 24 - Salvador (1981), escala 1:100.000;
Trabalhos de Campo.
Rio Imbassaí
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ANEXO II - MAPA DE COBERTURA VEGETAL, USO E OCUPAÇÃO DO SOLO E ÁREAS PROTEGIDAS
Praia do Forte
Imbassaí
Rio Imbassaí
Rio Pojuca
Oceano Atlântico
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAInstituto de GeociênciasCurso de Geologia
GEO-A76 - Trabalho Final de Graduação IIAutor: Marcus Vinicius Costa Almeida JuniorOrientador: Profº Drº. José Angelo S. Araujo dos Anjos
1:50.0000 1.100 2.200 3.300 4.400550
MetrosEscala
PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATORDATUM HORIZONTAL: WGS84
Manguezais/Brejos
Mata AtlânticaRestinga
Área Antropizada/DegradadaÁrea não vegetada
Unidades de Cobertura Vegetal, Uso e Ocupação do Solo
Fontes:Folhas Topográficas da SUDENE de Praia do Forte SD-24-X-A-VI-1 e Açu da Torre SD-24-X-A-V-2-NE, ambas na escala 1:25:000;
Fotografias Aéreas sequenciadas e numeradas de 009 a 017 e 374 a 382, da CONDER (1993), escala 1:25.000;Projeto RADAMBRASIL, vol. 24 - Salvador (1981), escala 1:100.000;
Trabalhos de Campo.
Banco de ArenitoRecifes de Corais
Faixa de DomínioAPP dos rios
_̂ Pontos VisitadosRios
BA-099Estrada PavimentadaEstrada não PavimentadaTrilha
Lagoa
Conveções Cartográficas
Área Urbanizada
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603000,000000
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ANEXO III - MAPA DAS UNIDADES GEOAMBIENTAIS DA ÁREA DE ESTUDO
Praia do Forte
Imbassaí
Rio Imbassaí
Rio Pojuca
Oceano Atlântico
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAInstituto de GeociênciasCurso de Geologia
GEO-A76 - Trabalho Final de Graduação IIAutor: Marcus Vinicius Costa Almeida JuniorOrientador: Profº Drº. José Angelo S. Araujo dos Anjos
1:50.0000 1.000 2.000 3.000 4.000500
MetrosEscala
PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATORDATUM HORIZONTAL: WGS84
Conveções Cartográficas
_̂ Pontos VisitadosRios
BA-099Estrada PavimentadaEstrada não PavimentadaTrilha
Lagoa
Área Antropizada/DegradadaÁrea UrbanizadaAPP dos riosFaixa de Domínio
Unidades Geoambientais
Fontes:Folhas Topográficas da SUDENE de Praia do Forte SD-24-X-A-VI-1 e Açu da Torre SD-24-X-A-V-2-NE, ambas na escala 1:25:000;
Fotografias Aéreas sequenciadas e numeradas de 009 a 017 e 374 a 382, da CONDER (1993), escala 1:25.000;Projeto RADAMBRASIL, vol. 24 - Salvador (1981), escala 1:100.000;
Trabalhos de Campo.