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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE CINCIA DA INFORMAO PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIA DA INFORMAO
DOUTORADO EM CINCIA DA INFORMAO
SAMIR ELIAS KALIL LION
A PERSPECTIVA POLTICA: UM ESTUDO SOBRE O PODER
ORGANIZACIONAL EM UNIDADES DE INFORMAO
Salvador
2015
http://www.portal.ufba.br/http://www.portal.ufba.br/
SAMIR ELIAS KALIL LION
A PERSPECTIVA POLTICA: UM ESTUDO SOBRE O PODER
ORGANIZACIONAL EM UNIDADES DE INFORMAO
Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Cincia da
Informao do Programa de Ps-Graduao em Cincia da
Informao da Universidade Federal da Bahia
PPGCI/UFBA como requisito para a obteno de grau de
Doutor em Cincia da Informao.
Orientadora: Profa Dr
a Zeny Duarte de Miranda
Salvador
2015
L763 Lion, Samir Elias Kalil.
A perspectiva poltica: um estudo sobre o poder organizacional em
unidades de informao / Samir Elias Kalil Lion - 2015.
512.f. il.
Tese (Doutorado em Cincia da Informao) Universidade Federal da
Bahia, Instituto de Cincia da Informao, 2015.
Orientadora: Profa Dr
a Zeny Duarte de Miranda.
1. Administrao-unidade de informao. 2. Unidade de
informao- sistema organizacional I. Ttulo.
CDU 005.58
TERMO DE APROVAO
SAMIR ELIAS KALIL LION
A PERSPECTIVA POLTICA: UM ESTUDO SOBRE O PODER
ORGANIZACIONAL EM UNIDADES DE INFORMAO
Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Cincia da Informao do Programa de Ps-
Graduao em Cincia da Informao da Universidade Federal da Bahia PPGCI/UFBA
como requisito para a obteno de grau de Doutor em Cincia da Informao.
___________________________________________
Profa. DRa. Zeny Duarte de Miranda - Orientadora
Universidade Federal da Bahia
___________________________________________
Profa. DR. Cludio Paixo Anastcio de Paula - Membro externo titular
Universidade Federal de Minas Gerais
___________________________________________
Ernani Marques dos Santos - Membro externo titular
Universidade Federal da Bahia
_________________________________________
Egnaldo Barbosa Pellegrino - Membro externo titular
Universidade do Estado da Bahia
_________________________________________
Lidia Maria Batista Brando Toutain - Membro interno titular
Universidade Federal da Bahia
Salvador
2015
AGRADECIMENTOS
Oh Deus! Sou-lhe grato por esta vitria. Pai celeste, tudo se d pela Tua misericrdia, nada existe
seno pela Tua benevolncia. Em rabe, dizemos: ALR U HAKBAR, U LA HILARR IL ALR
(Deus o altssimo, pelo que no existe, no existiu e em nenhum tempo existir outro diante de Ti).
Sou grato a minha moma ( me), mulher forte que criou quatro filhos sem a presena do meu pai
e se doou inteiramente aos filhos, por vezes ou quase sempre, esquecendo-se de si prpria.
Sou grato a meu pai que, mesmo morrendo quando eu tinha 14 anos de idade, soube conduzir seus
filhos na senda reta, deixando consolidado que a famlia vem em primeiro lugar, provendo-os de
carter e equilbrio. Meu pai dizia: justo que voc d mais de si a outros do que a sua famlia?
Desse jeito, como voc pode dizer que ama seu pai, sua me e seus irmos?. Quando Boba ( -
papai) dizia isso para mim, eu no entendia, no era maduro para entender as coisas da vida, porm
quando a experincia vem a gente comea a entender. Boba no queria dizer que no devemos dar
ateno aos outros, pelo contrrio, devemos respeitar todas as pessoas. Ele queria dizer que devemos
ter coerncia nas nossas palavras e aes, ou seja, podemos sustentar que amamos nossa famlia se
damos mais ateno aos outros do que a nosso pai, me e irmos? Boba, esse ensinamento seu a
lanterna da minha existncia. (DEUS manda: honra teu pai e tua me...).
Sou grato a todos os meus irmos (Munir, Nadim e Naim), que de fato so irmos no sentido de
comungarmos o amor fraterno e tambm aos sobrinhos (Mariana, Soussan, Elias, Haifa e Laila). A
vida desagrega os nossos, nos separa, mas essa separao, no corao daqueles que amam sua famlia,
apenas geogrfica. Boba me dava um graveto e dizia quebre e eu quebrava, no entendia aquilo,
era muito fcil quebrar um graveto. Boba me dava dois gravetos e mandava quebr-los, eu obedecia,
ainda era fcil. Deu-me quatro gravetos e ordenou o mesmo, mas no consegui quebrar mesmo
empreendendo toda a minha fora de criana. Ento Boba disse para mim e para meus irmos: juntos
vocs no quebram. Boba, esse seu ensinamento a lanterna de seus filhos. (DEUS manda: primeiro
vai reconciliar-te com teu irmo, e depois volta e apresenta a tua oferta...).
Sou grato a minha namorada Adriana que com amor e carinho suportou as inmeras dificuldades e
ausncias necessrias consecuo do presente trabalho, alm de ser grande incentivadora.
Sou especialmente grato ao Prof. Dr. Joo Carlos Salles Pires da Silva, que gentil e amigavelmente
compareceu minha Qualificao e minha Defesa. Estimado professor, muito obrigado.
Sou grato aos membros da banca: Prof. Dr. Egnaldo Pelegrino, Prof. Dr. Claudio Paixo Anastcio de
Paula, Prof. Dr. Ernani Marques dos Santos, Prof. Dra. Ldia Maria Batista Brando Toutain, Prof
Dra. Maria Teresa Navarro de Britto Matos e Prof Dra. Mnica de Aguiar Mac Allister da Silva. Meu
especial obrigado ao Prof. Dr Jair Sampaio Soares Jnior. Sou grato a toda famlia PPGCI/UFBA que, de alguma forma contribuiu para esta vitria, em especial
Avelino, Karoline e Marilene, amigos e facilitadores.
Sou grato aos professores tanto do PPGCI quanto da Graduao em Arquivologia, graduao minha
em curso, que nos conduzem no caminho do saber, saber construtivo, saber que levamos para toda a
vida.
Sou imensamente grato a minha orientadora, Profa. Dra. Zeny Duarte de Miranda, pessoa amvel,
amiga e fraterna, de fato uma educadora no grande sentido da palavra. Tive uma grande sorte em te ter
como orientadora, querida professora. Obrigado pela confiana!
Sou grato aos meus amigos-irmos: Wagner, Zeca, Antnio Souza, Celi, Marco, Babi, Vagna, Levi,
Snia, Jaqueline, Aidil, Daniel, Carlos (CCI/UFBA), Carlos (PROAD/UFBA), Magno, Paulo Barros,
Luis Sacramento, Jailton, Romria, Derlita, Reijane, Conceio, Valdineia, Adriana (PROAD/UFBA),
Cristiano, Clia Bina, Jeovane, Fabio Cruz, Hosana, Lucio, Louize, Daiane, bem como a todos os
amigos que esqueci de citar. A todos vocs estendo a minha estima, considerao e amor.
Enfim, muito obrigado a todos por esta vitria.
RESUMO
Objetivo Geral - Prope-se analisar o poder organizacional em Unidades de Informao sob
a perspectiva poltica da Administrao.
Objetivos Especficos - Mensura a liderana em unidades de informao, identificando quais
os estilos de funcionamento de liderana organizacional (individualista, afiliativo,
empreendedor ou um estilo de funcionamento de liderana burocrtico). Mensura o poder da
estrutura/cargo/autoridade, identificando quais as bases estruturais de poder (base estrutural
de poder legtimo; de coero; de recompensa; e base estrutural de poder de percia). Mensura
o conflito/retaliao, identificando quais os fatores que podem gerar o conflito/retaliao pelo
no acesso ao poder organizacional (fator de conflito/retaliao afetivo e fator de
conflito/retaliao conativo). Mensura a comunicao/informao entre membros das equipes
de trabalho em Unidades de Informao, identificando a existncia de interdependncia de
tarefas e interdependncia de resultados entre os membros das equipes.
Metodologia - Trata-se de um estudo que apresenta resultados em mais de uma unidade de
informao que so separados sem correlaes entre si. Os contornos foram buscados em
referncias tanto da rea da Cincia da Informao quanto da Cincia da Administrao para
embasar os temas componentes da perspectiva poltica que tem o foco na anlise do poder
organizacional em unidades de informao. Questionrios para a anlise do poder
organizacional foram aplicados a uma amostra de 4 bibliotecarios-chefe das Bibliotecas
Universitrias (BUs) do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal da Bahia
(SIBI/UFBA) e a 4 coordenadores do Arquivo Pblico do Estado da Bahia (APEB), gerando
resultados para cada uma delas. Estes resultados, que so apresentados e discutidos em
separado, apontaram algumas fragilidades tanto no SIBI/UFBA quanto no APEB em relao
ao poder organizacional.
Concluses - Conclui-se para as BUs do SIBI/UFBA que estas possuem um poder mais
centrado no cargo, atravs do exerccio da autoridade, e menos distribudo pelos membros das
equipes de trabalho porque a anlise dos elementos constituintes do poder organizacional
indica um exerccio de poder mais pautado na estrutura/cargo/autoridade do que nos
princpios de liderana, embora haja um significativo potencial para a liderana, com grande
potencial de conflito/retaliao afetivo (alto grau de insatisfao), mas isso no compromete o
alcance de resultados por haver um alto grau de interdependncia de tarefas e resultados pela
existncia de uma comunicao/informao transparente entre os membros das equipes de
trabalho. Conclui-se para o APEB que este possui um poder mais centrado no cargo, atravs
do exerccio da autoridade, e menos distribudo pelos membros das equipes de trabalho. Nesta
instituio, a anlise dos elementos constituintes do poder organizacional indica um exerccio
de poder mais pautado na estrutura/cargo/autoridade do que nos princpios de liderana, com
potenciais conflitos/retaliao de cunho afetivo (insatisfaes latentes) e baixo grau de
alcance de tarefas e resultados pela existncia de uma comunicao restrita da informao
entre membros das equipes de trabalho. Estas fragilidades, mais do que pontos fracos, so
oportunidades de aprimoramento da gesto das unidades de informao estudadas, e isso
que o presente trabalho demonstra, ou seja, que aes de melhoria na liderana, na estrutura
de poder, no conflito organizacional e na comunicao/informao entre os membros das
equipes de trabalho podem, de fato, conduzir a uma maior eficincia na gesto.
Palavras-chave: Biblioteca universitria-Poder Organizacional. Arquivo-Poder
organizacional. Liderana. Estrutura-Cargo-Autoridade. Conflito-
Retaliao. Comunicao e Informao-Equipes de trabalho.
ABSTRACT
General Objective - The overall objective of this thesis is to analyze the organizational power in
Information Units under the political perspective of Management Science.
Specific Objectives - The following specific objectives we have: a) Measure the leadership in
Information Units, identifying the organization's operating styles (individualistic, affiliative,
entrepreneur or a bureaucratic leadership style of functioning); b) Measure the power of structure /
function / authority, identifying the structural bases of power (structural basis of legitimate power,
coercion, reward, and structural basis of skill power); c) Measure the conflict / retaliation, identifying
the factors that may cause the conflict / retaliation for no access to organizational power (affective
conflict factor or conative conflict factor) and d) Measuring the communication / information among
members of work teams in Information Units, identifying the existence of interdependence in the tasks
and interdependence of results between team members.
Methodology - This research is a multiple case study to present results in more than one unit of
information, results that are separated without correlations with each other. The contours were sought
in Information Science and Management Science references to support the policy perspective
component themes that has the focus on the analysis of organizational power in information
units.Questionnaires for the analysis of organizational power were applied to 4 librarians chief of the
University Libraries (BUs) of the Library System of the Federal University of Bahia (SIBI / UFBA)
and to 4 coordinators of the Public Archives of the State of Bahia (APEB), generating results for each
of them. These results, which are presented and discussed separately, pointed out some weaknesses in
the SIBI / UFBA and APEB in relation to organizational power.
Conclusions - It is concluded that the University Libraries of the Federal University of Bahia Library
System (SIBI/UFBA) have an organizational power more focused on the head, through the exercise of
authority, and less distributed by members of work teams because power analysis organizational
indicates a exercise of power more guided to the structure / function / authority than in the principles
of leadership, although SIBI/UFBA has significant potential for leadership, with great potential for
conflicts of affective nature (high degree of dissatisfaction), but it does not compromise the
achievement of results, because there is in the SIBI/UFBA a high degree of interdependence in the
execution of operations and in achieving results because there is a transparent communication and
information among members of work teams. It concludes that the Public Archives of the State of
Bahia (APEB) has a more focused organizational power in head, through the exercise of authority, and
less distributed by members of work teams because the analysis of organizational power indicates the
power of exercise more founded on the structure/function/ authority than in the principles of
leadership, with potential conflicts of affective nature (latent dissatisfaction) and low degree of
execution of operations and in achieving results, because there is in the APEB a restricted
communication of information between members of teams work. These weaknesses, rather than
weaknesses are opportunities for improvement of the management of these information units, and
that's what this paper demonstrates, that improvement actions in the lead, actions to improve the
distribution of positions in the hierarchical structure, improvement actions to resolve organizational
conflicts and actions to improve the communication and information among members of work teams
can actually lead to greater efficiency in working with the information.
Keywords: University library-Organizational Power. Archive-Organizational Power.
Leadership. Structure-Authority. Conflict-Retaliation. Communication and
Information-teams work.
.
LISTA DE ABREVIATURAS
APL
APEB
Arranjo Produtivo Local
Arquivo Pblico do Estado da Bahia
BUs Bibliotecas Universitrias
CI Cincia da Informao
CLT
CONARQ
Consolidao das Leis do Trabalho
Conselho Nacional de Arquivos
EBPS Escala de Bases do Poder do Supervisor
EEFO Escala de Estilos de Funcionamento Organizacional
EIR Escala de Interdependncia de Resultados
EIT Escala de Interdependncia de Tarefas
ENANCIB Encontro Nacional de Pesquisa em Cincia da Informao
ICHUB Instituto de Cultura Hispnica
ICS Instituto de Cincias Sociais
IENA Instituto de Estudos Norte-Americanos
IES Instituies de Ensino Superior
IFES Instituies Federais de Ensino Superior
IFs Institutos Federais
LCP Least Preferred Coworker
MARO Medida de Atitude em relao Retaliao Organizacional
MBE Medicina Baseada em Evidncias
RH Recursos Humanos
SBUFRGS Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul
SCIB Servio de Infomaes Bibliogrficas
SIBI Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal da Bahia
SIC Sistema de Inteligncia Competitiva SNBU Seminrio Nacional de Bibliotecas Universitrias
TCU Tribunal de Contas da Unio
TIC Tecnologias da Informao e Comunicao
LISTA DE FIGURAS, QUADROS E TABELAS
Figura 1 Representao do modelo cognitivo de Ingwersen ________________________ 39
Figura 2 Representao do modelo original de comunicao de Shannon e Weaver _____ 90
Quadro 1 Interfaces estratgicas contemporneas _______________________________ 108
Quadro 2 Viso estratgica ________________________________________________ 110
Quadro 3 Anlise estratgica para as unidades de informao _____________________ 118
Quadro 4 Componentes de anlise estratgica para as unidades de informao ________ 119
Quadro 5 Flexibilidade estrutural ___________________________________________ 130
Quadro 6 Processo produtivo ______________________________________________ 135
Quadro 7 Recursos humanos _______________________________________________ 153
Quadro 8 Cultura na organizao ___________________________________________ 156
Quadro 9 Poder na organizao _____________________________________________ 166
Quadro 10 Perspectivas de anlise organizacional ______________________________ 174
Quadro 11 Limites dos Componentes de Anlise do Poder organizacional ___________ 182
Quadro 12 Limites dos Componentes de Anlise Poltica do Poder organizacional para
Unidades de Informao ____________________________________________________ 276
Quadro 13 Componentes de anlise e unidades de anlise poltica do poder organizacional
para as unidades de informao. ______________________________________________ 278
Quadro 14 Roteiro da aplicao dos questionrios no Sistema de Bibliotecas da
Universidade Federal da Bahia SIBI/UFBA ___________________________________ 339
Quadro 15 Roteiro da aplicao dos questionrios no Arquivo Pblico do Estado da Bahia -
APEB __________________________________________________________________ 339
Quadro 16 Esquema das conexes entre afirmativas e unidades de anlise, e destas com os
componentes de anlise e conduzindo perspectiva poltica. _______________________ 340
Tabela 1 - Distribuio percentual das afirmativas da Escala de Estilo de Funcionamento
Organizacional (EEFO) para mensurar a liderana nas BUs do SIBI/UFBA
________________________________________________________________________347
Tabela 2 - Distribuio percentual das afirmativas da Escala de Estilo de Funcionamento
Organizacional (EEFO) para mensurar a liderana nas coordenaes do Arquivo Pblico do
Estado da BahiaAPEB__ __352
Tabela 3 - Distribuio percentual do Estilo de Funcionamento de Liderana Empreendedor
das BUs do SIBI/UFBA _______________________________________________________________368
Tabela 4- Distribuio percentual do Estilo de Funcionamento de Liderana Afiliativo das
BUs do SIBI/UFBA _______________________________________________________ 371
Tabela 5- Distribuio percentual do Estilo de Funcionamento de Liderana Individualista das
BUs do SIBI/UFBA _______________________________________________________ 373
Tabela 6 - Distribuio percentual do Estilo de Funcionamento de Liderana Burocrtico das
BUs do SIBI/UFBA _______________________________________________________ 376
Tabela 7 - Distribuio percentual do Estilo de Funcionamento de Liderana Afiliativo nas
coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB _____________________ 380
Tabela 8 - Distribuio percentual do Estilo de Funcionamento de Liderana Empreendedor
nas coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB __________________ 383
Tabela 9 - Distribuio percentual do Estilo de Funcionamento de Liderana Burocrtico nas
coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB _____________________ 385
Tabela 10 - Distribuio percentual do Estilo de Funcionamento de Liderana Individualista
nas coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB __________________ 388
Tabela 11 - Distribuio percentual das afirmativas da Escala de Bases do Poder do
Supervisor (EBPS) para mensurar o poder da estrutura/cargo nas BUs do SIBI/UFBA ___ 394
Tabela 12 - Distribuio percentual das afirmativas da Escala de Bases do Poder do
Supervisor (EBPS) para mensurar o poder da estrutura/cargo nas coordenaes do Arquivo
Pblico do Estado da Bahia APEB __________________________________________ 397
Tabela 13 - Distribuio percentual da Base Estrutural de Poder de Percia das BUs do
SIBI/UFBA ______________________________________________________________ 402
Tabela 14 - Distribuio percentual da Base Estrutural de Poder Legitimo das BUs do
SIBI/UFBA ______________________________________________________________ 405
Tabela 15 - Distribuio percentual da Base Estrutural de Poder de Recompensa das BUs do
SIBI/UFBA ______________________________________________________________ 408
Tabela 16 - Distribuio percentual da Base Estrutural de Poder de Coero das BUs do
SIBI/UFBA ______________________________________________________________ 410
Tabela 17 - Distribuio percentual da Base Estrutural de Poder de Percia nas coordenaes
do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB ________________________________ 413
Tabela 18 - Distribuio percentual da Base Estrutural de Poder de Recompensa nas
coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB _____________________ 419
Tabela 19 - Distribuio percentual da Base Estrutural de Poder de Legtimo nas
coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB _____________________ 421
Tabela 20 - Distribuio percentual da Base Estrutural de Poder de Coero nas coordenaes
do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB ________________________________ 423
Tabela 21 - Distribuio percentual das afirmativas da Medida de Atitude em relao
Retaliao Organizacional (MARO) para mensurar o conflito/retaliao nas BUs do
SIBI/UFBA ______________________________________________________________ 427
Tabela 22 - Distribuio percentual das afirmativas da Medida de Atitude em relao
Retaliao Organizacional (MARO) para mensurar o conflito/retaliao nas coordenaes do
Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB ___________________________________ 429
Tabela 23 - Distribuio percentual do Fator de Conflito/Retaliao Afetivo das BUs do
SIBI/UFBA ______________________________________________________________ 436
Tabela 24 - Distribuio percentual do Fator de Conflito/Retaliao Conativo das BUs do
SIBI/UFBA ______________________________________________________________ 438
Tabela 25 - Distribuio percentual do Fator de Conflito/Retaliao Afetivo das coordenaes
do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB ________________________________ 442
Tabela 26 - Distribuio percentual do Fator de Conflito/Retaliao Conativo das
coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB _____________________ 445
Tabela 27 - Distribuio percentual das afirmativas da Escala de Interdependncia de Tarefas
(EIT) e da Escala de Interdependncia de resultados (EIR) da comunicao/informao entre
os membros das equipes de trabalho das BUs do SIBI/UFBA_______________________ 449
Tabela 28 - Distribuio percentual das afirmativas da Escala de Interdependncia de Tarefas
(EIT) e da Escala de Interdependncia de resultados (EIR) da comunicao/informao entre
os membros das equipes de trabalho nas coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da
Bahia APEB ____________________________________________________________ 451
Tabela 29 - Distribuio percentual da Interdependncia de Tarefas entre os membros das
equipes de trabalho das BUs do SIBI/UFBA ____________________________________ 458
Tabela 30 - Distribuio percentual da Interdependncia de Resultados entre os membros das
equipes de trabalho das BUs do SIBI/UFBA ____________________________________ 460
Tabela 31 - Distribuio percentual da Interdependncia de Resultados entre os membros das
equipes de trabalho nas coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB __ 464
Tabela 32 - Distribuio percentual da Interdependncia de Tarefas entre os membros das
equipes de trabalho nas coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB __ 467
Tabela 33- Distribuio percentual dos totais do poder organizacional para as BUs do
SIBI/UFBA ______________________________________________________________ 472
Tabela 34- Distribuio percentual dos totais para os estilos de funcionamento da liderana
das BUs do SIBI/UFBA ____________________________________________________ 473
Tabela 35 - Distribuio percentual dos totais para o Poder da Estrutura Organizacional das
BUs do SIBI/UFBA _______________________________________________________ 475
Tabela 36 - Distribuio percentual dos totais para o Conflito/Retaliao Organizacional das
BUs do SIBI/UFBA _______________________________________________________ 477
Tabela 37 - Distribuio percentual dos totais para a comunicao/informao entre os
membros das equipes de trabalho das BUs do SIBI/UFBA _________________________ 478
Tabela 38- Distribuio percentual dos totais do poder organizacional para as coordenaes
do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB ________________________________ 480
Tabela 39- Distribuio percentual dos totais para os estilos de funcionamento da liderana
das coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB __________________ 481
Tabela 40 - Distribuio percentual dos totais para o Poder da Estrutura Organizacional das
coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB _____________________ 483
Tabela 41 - Distribuio percentual dos totais para o Conflito/Retaliao Organizacional das
coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB _____________________ 485
Tabela 42 - Distribuio percentual dos totais para a comunicao/informao entre os
membros das equipes de trabalho das coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia
APEB __________________________________________________________________ 486
SUMRIO
1 INTRODUO ................................................................................................................... 15
2 REFERENCIAL TERICO .............................................................................................. 22
2.1 INFORMAO E PODER................................................................................................24
2.1.1 Informao ..................................................................................................................... 33
2.1.1.1 Recuperao da informao.......................................................................................... 35
2.1.1.2 Classificao da informao ......................................................................................... 41
2.1.1.3 Unidades de Informao ............................................................................................... 51
2.1.1.3.1 Algumas caracteristicas de Unidades de Informao Pblicas ................................. 57
2.1.2 Poder (poltica)............................... ................................................................................ 62
2.1.2.1 Liderana ...................................................................................................................... 67
2.1.2.2 Estrutura hierrquica de poder: conceito, concepo de Poder, reproduo e uso de
Poder, relao de Poder ............................................................................................................ 71
2.1.2.3 Conflitos de Poder - no acesso ao Poder..................................................................... 78
2.1.2.4 Comunicao e informao (dependncia de tarefas e resultos) .................................. 86
2.1.3 Consideraes parciais .................................................................................................. 94
2.2 PERSPECTIVA POLTICA DENTRO DAS PERSPECTIVAS ANALTICAS DA
ADMINISTRAO E AS PRTICAS GESTORAS EM UNIDADES DE
INFORMAO............................ ........................................................................................... 97
2.2.1 A Perspectiva Estratgica ........................................................................................... 104
2.2.2 A Perspectiva Estrutural............................................................................................. 121
2.2.3 A Perspectiva Tecnolgica .......................................................................................... 131
2.2.4 Gesto de Pessoas e gesto por Competncias na rea da CI .................................. 136
2.2.5 A Perspectiva Humana ................................................................................................ 148
2.2.6 A Perspectiva Cultural ................................................................................................ 154
2.2.7 A Perspectiva Poltica .................................................................................................. 157
2.2.8 Consideraes parciais ................................................................................................ 173
2.3 A PERSPECTIVA POLTICA DA ADMINISTRAO COMO INSTRUMENTO DE
ANLISE DO PODER ORGANIZACIONAL EM UNIDADES DE INFORMAO....... 175
2.3.1 Liderana ...................................................................................................................... 184
2.3.2 Estrutura de poder................... ................................................................................... 221
2.3.3 Conflitos de poder pelo no acesso ao poder ............................................................. 236
2.3.4 Comunicao e informao entre os membros das equipes de trabalho ................ 257
2.3.5 Juntando as partes ....................................................................................................... 276
2.4 UNIDADES DE INFORMAO PESQUISADAS ...................................................... 279
2.4.1 O Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal da Bahia SIBI/UFBA .......... 281
2.4.2 O Arquivo Pblico do Estado da Bahia - APEB ....................................................... 290
3 TRAADO METODOLGICO DA PESQUISA......................................................... 300
3.1 DELINEAMENTO...................... ..................................................................................... 302
3.2 OBJETIVOS................................. .................................................................................... 311
3.2.1 Pergunta de Partida que evidencia o Problema de Pesquisa................................. .. 312
3.2.2 Objetivos Especficos................................. .................................................................. 313
3.2.3 No adoo de Hipteses................................. ............................................................ 314
3.3 UNIVERSO E AMOSTRA........... ................................................................................... 316
3.4 INTRUMENTO DA PESQUISA: O QUESTIONRIO ................................................. 324
3.4.1 Validao da Escala de Estilos de Funcionamento Organizacional
(EEFO)................................................ ................................................................................... 326
3.4.2 Validao da Escala de Bases de Poder do Supervisor
(EBPS).................................................................................................................................... 330
3.4.3 Validao da Medida de Atitude em Relao Retaliao Organizacional
(MARO)............................................. .................................................................................... 332
3.4.4 Validao da Escala de Interdependncia de Tarefas (EIT) e Escala de
Interdepndncia de Resultados (EIR)................................. .............................................. 334
3.4.5 Validade Interna e Validade Externa................................. ....................................... 336
3.5 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS ................................................................... 339
4 APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS .......................................... 345
4.1 LIDERANA................................ ................................................................................... 345
4.1.1 Resultados do poder organizacional pautado na liderana atravs dos estilos de
funcionamento organizacional das bibliotecas universitrias do Sistema de Bibliotecas da
Universidade Federal da Bahia SIBI/UFBA ....................................................................... 347
4.1.2 Resultados do poder organizacional pautado na liderana atravs dos estilos de
funcionamento organizacional do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB ................ 352
4.1.3 Discusso dos resultados ............................................................................................... 357
4.1.4 Os estilos de funcionamento de liderana organizacional das bibliotecas universitrias
do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal da Bahia SIBI/UFBA ........................ 368
4.1.5 Os estilos de funcionamento de liderana organizacional do Arquivo Pblico do Estado
da Bahia APEB .................................................................................................................... 380
4.2 ESTRUTURA DE PODER..................... ......................................................................... 391
4.2.1 Resultados do poder organizacional pautado na estrutura das bibliotecas universitrias
do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal da Bahia SIBI/UFBA ........................ 393
4.2.2 Resultados do poder organizacional pautado na estrutura do Arquivo Pblico do Estado
da Bahia APEB .................................................................................................................... 396
4.2.3 Discusso dos resultados ............................................................................................... 399
4.2.4 As bases estruturais de poder organizacional das bibliotecas universitrias do Sistema de
Bibliotecas da Universidade Federal da Bahia SIBI/UFBA ................................................ 402
4.2.5 As bases estruturais de poder organizacional do Arquivo Pblico do Estado da Bahia
APEB ...................................................................................................................................... 412
4.3 CONFLITOS DE PODER PELO NO ACESSO AO PODER ...................................... 425
4.3.1 Resultados do poder organizacional pautado nos fatores de conflito/retaliao das
bibliotecas universitrias do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal da Bahia
SIBI/UFBA ............................................................................................................................. 427
4.3.2 Resultados do poder organizacional pautado nos fatores de conflito/retaliao do
Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB ....................................................................... 429
4.3.3 Discusso dos resultados ............................................................................................... 431
4.3.4 Fator de conflito/retaliao afetivo e fator de conflito/retaliao conativo das bibliotecas
universitrias do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal da Bahia SIBI/UFBA .. 435
4.3.5 Fator de conflito/retaliao afetivo e fator de conflito/retaliao conativo do Arquivo
Pblico do Estado da Bahia APEB ...................................................................................... 441
4.4 COMUNICAO E INFORMAO NAS EQUIPES DE TRABALHO ..................... 448
4.4.1 Resultados do poder organizacional pautado na comunicao/informao entre os
membros das equipes de trabalho das bibliotecas universitrias do Sistema de Bibliotecas da
Universidade Federal da Bahia SIBI/UFBA ....................................................................... 449
4.4.2 Resultados do poder organizacional pautado na comunicao/informao entre os
membros das equipes de trabalho do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB ............ 451
4.4.3 Discusso dos resultados ............................................................................................... 453
4.4.4 Interdependncia de tarefas e interdependncia de resultados das bibliotecas
universitrias do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal da Bahia SIBI/UFBA .. 458
4.4.5 Interdependncia de tarefas e interdependncia de resultados do Arquivo Pblico do
Estado da Bahia APEB ........................................................................................................ 464
5 ANLISE CONCLUSIVA................................................................................................ 406
5.1 ANLISE CONCLUSIVA RESPOSTA PARA A PERGUNTA DE
PARTIDA/PROBLEMA DE PESQUISA DAS BUs DO SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA SIBI/UFBA........................ ............................ 471
5.1.1 Poder organizacional pautado na liderana atravs dos estilos de funcionamento
organizacional ............................................................. ........................................................... 473
5.1.2 Poder organizacional pautado na estrutura .................................................................... 475
5.1.3 Poder organizacional pautado nos fatores de conflito/retaliao .................................. 477
5.1.4 Poder organizacional pautado na comunicao/informao entre os membros das
equipes de trabalho................................................ ................................................................. 478
5.2 ANLISE CONCLUSIVA - RESPOSTA PARA A PERGUNTA DE
PARTIDA/PROBLEMA DE PESQUISA DO ARQUIVO PBLICO DO ESTADO DA
BAHIA APEB..............................................................................................479
5.2.1 Poder organizacional pautado na liderana atravs dos estilos de funcionamento
organizacional ............................................................. ........................................................... 481
5.2.2 Poder organizacional pautado na estrutura .................................................................... 483
5.2.3 Poder organizacional pautado nos fatores de conflito/retaliao .................................. 485
5.2.4 Poder organizacional pautado na comunicao/informao entre os membros das
equipes de trabalho................................................ ................................................................. 486
6 CONSIDERAES FINAIS............... ............................................................................. 487
6.1 RECOMENDAES E SUGESTES............................................................................ 491
6.2 LIMITAES DA PESQUISA............................... ........................................................ 498
REFERNCIAS.................................................................................................................... 499
APNDICE A (QUESTIONRIO) .................................................................................... 508
15
1 INTRODUO
As organizaes, ao longo de sua existncia, deparam-se com a busca incessante por
novos modelos de gesto que possibilitem melhores condies de trabalho, atentando
inclusive para fatores voltados para a rea de recursos humanos. Estas organizaes visam a
uma maior excelncia nas atividades organizacionais, o que conduz crena de que quanto
melhor a relao homem-trabalho, mais qualidade - incluindo tambm os aspectos
relacionados quantidade ter os resultados da organizao.
Temas como poder, clima organizacional, cultura, envolvimento com o
trabalho, equipes de trabalho, valores, sade e satisfao no trabalho, justia e
identificao organizacional, estilos de funcionamento organizacional etc, tm se colocado
como ferramentas fundamentais neste processo. E tais elementos, no mbito das organizaes,
no podem permanecer dissociados do cotidiano das unidades de informao (arquivos,
bibliotecas, museus, centros de documentao, servios de informao).
Mesmo as percepes do senso comum, corroborado posteriormente pela cincia,
apontam para o fato de que um ambiente de trabalho no-saudvel gera dificuldades de se
manter a produtividade na fora de trabalho. E esta problemtica tambm atinge as unidades
de informao. Principalmente nas unidades pblicas de informao, como as bibliotecas
pblicas, a falta de investimentos e incentivos contribui para uma imagem negativa de
qualquer organismo pblico junto ao cidado. Portanto, a melhoria das condies de trabalho
poderia estimular positivamente seus profissionais, por exemplo, os bibliotecrios e os
servidores das bibliotecas pblicas, no desempenho das suas atividades e na consequente
melhoria dessa imagem. Alis, a melhoria das condies de trabalho, em todas as dimenses,
sempre bem-vinda em qualquer tipo de organizao.
Em unidades de informao (arquivos, bibliotecas, museus etc.), o atendimento as
necessidades do usurio, o desenvolvimento/tratamento eficiente da documentao, colees e
acervo, bem como a plena disseminao da informao so resultados esperados pela prpria
organizao e pelo usurio. Para tanto, faz-se necessrio promover aes permanentes
voltadas para constante aperfeioamento da relao homem-trabalho-ambiente. Pois, segundo
Barbalho (2012), reunir, organizar e disponibilizar irrestritamente a informao registrada de
modo a contribuir para a gerao de indivduos conscientes e crticos, a funo destas
16
instituies culturais, cujo carter democrtico de dar acesso ao conhecimento, caracteriza sua
ao social. Tomando como exemplo a unidade de informao bibliotecria (alm da arquivstica e
museolgica), a autora afirma que uma cidadela do saber, abrigando em seu espao informaes
registradas sob os mais variados suportes, possibilitando a fruio do saber, o prazer da leitura, o
usufruto da cidadania, a aprendizagem duradoura, o desenvolvimento cultural e o crescimento
intelectual do indivduo.
E isso pode ser estendido para todos os espaos que trabalham com a informao, pois,
como organismos partcipes da vida social, contribuem para a construo da memria coletiva
de modo a oferecer ao cidado um lcus de conhecimento e cultura.
Assim a unidade de informao
[...] necessita: a) Reconhecer sua intencionalidade poltica e social que a
torna fundamental para a construo e manuteno de uma sociedade
saudvel, equilibrada e dinmica; b) Possuir um acervo que responda s
demandas informacionais, bem como meios para mant-lo atualizado; c)
Estabelecer os mecanismos para sua organizao e sistematizao de forma a
ser um sistema articulado da representao do conhecimento; d) Conhecer
sua comunidade de usurios, reais ou potenciais, de modo a contemplar suas
necessidades; e e) Ter um espao, fsico ou virtual, para expor seu acervo,
atender a seus usurios e desenvolver suas atividades. (BARBALHO, 2012,
p.9).
Com base na afirmao acima, a investigao acerca das questes do poder
organizacional em unidades de informao poder contribuir para uma reflexo sobre as aes
de melhoria na perspectiva poltica dos recursos humanos desse tipo de organizao, e qui
no quadro do funcionalismo pblico. De igual modo, na forma como as pessoas percebem as
situaes ou a maneira com as quais os seus esforos pessoais e profissionais podem
modificar o seu ambiente de trabalho, principalmente no que tange: aos estilos de
funcionamento de liderana organizacional, s bases estruturais de poder organizacional, aos
fatores de conflito/retaliao pelo no acesso ao poder e dependncia de tarefas e resultados
entre os membros de equipes de trabalho.
Em uma pesquisa, Lion (2010) investigou a eficincia estratgica do Sistema de
Bibliotecas da Universidade Federal da Bahia - SIBI/UFBA, a partir da percepo dos seus
servidores, coletando dados junto a uma amostra de 34 (trinta e quatro) bibliotecrios-chefes e
o Diretor do SIBI/UFBA. Ali foram descritas seis perspectivas da Cincia da Administrao
para a anlise organizacional (Perspectiva Estratgica, Perspectiva Estrutural, Perspectiva
Tecnolgica, Perspectiva Humana, Perspectiva Cultural e Perspectiva Politica). Destas o autor
desenvolveu a perspectiva estratgica aplicada ao SIBI/UFBA, de modo que as demais
perspectivas careceriam de serem pesquisadas em unidades de informao.
17
Dentro dessa perspectiva estratgica da Administrao aplicada a unidades de
informao (neste caso o SIBI/UFBA), o autor mensurou, entre outros, a atitude de aliar
estrategicamente do Sistema, que so as interrelaes entre as bibliotecas do sistema. Cujos
dados tem uma forte interface com a rea de recursos humanos - RH.
A atitude de aliar estrategicamente significa cooptar os diversos saberes dispersos
nos setores da biblioteca ou nas bibliotecas do SIBI/UFBA para obter cooperao. Nesse
sentido, a pesquisa identificou sinais de precariedade das relaes humanas no que tange s
interaes verticais e horizontais.
[...] os dados indicam que para 11,8% dos respondentes, todas as bibliotecas
tm participao ativa no conselho gestor do SIBI/UFBA, [...] S 8,8% dos
respondentes concordam que existe grande cooperao entre as bibliotecas
do SIBI/UFBA, [...] A existncia de grande cooperao entre as bibliotecas
do SIBI e a biblioteca central (ou de forma equivalente, o SIBI/UFBA)
encontra concordncia em 35,3% dos bibliotecrios-chefe, [...] Para 32,4%
dos bibliotecrios-chefe, so freqentes as reunies do gestor do SIBI/UFBA
e as bibliotecas setoriais, [...] E, a existncia de total interao entre as
bibliotecas do SIBI/UFBA encontra concordncia em 14,7% dos
bibliotecrios-chefe. (LION, 2010, p.83).
O outro significado de aliar estrategicamente, dentro da perspectiva estratgica da
administrao aplicada a unidades de informao na pesquisa de Lion, refere-se construo
de parcerias mltiplas entre os setores da biblioteca e nas bibliotecas do Sistema para obter
cooperao construindo parcerias e compartilhando experincias exitosas. Onde a pesquisa
tambm sinaliza certa precariedade nas relaes humanas.
[...] os dados indicam que para 35,3% dos bibliotecrios-chefe, todas as
bibliotecas trabalham comprometidas com a misso do SIBI/UFBA, [...]
Quanto a construo de parcerias entre os setores da biblioteca ser uma
prtica comum, s 20,6% dos respondentes concordam totalmente, [...] A
construo de parcerias entre as bibliotecas do SIBI/UFBA como sendo uma
prtica comum encontra concordncia em 20,6% dos bibliotecrios-chefe,
[...] S 2,9% dos respondentes concordam que as bibliotecas adotam como
prtica comum reunies para troca de experincias, [...] E, 14,7% dos
respondentes concordam que as bibliotecas compartilham seus
procedimentos e experincias com as demais bibliotecas. (LION, 2010,
p.85).
Estes dados justificam a presente pesquisa e corroboram a importncia de polticas
de Recursos Humanos para unidades de informao (incluindo o SIBI/UFBA). As
perspectivas que tm conexo com os recursos humanos so a perspectiva humana, cultural e
18
poltica. Decidiu-se, pois, como limitao do tema, pesquisar a perspectiva poltica da
administrao em unidades de informao, que tem conexo com o poder organizacional.
Isso se constitui em um primeiro delineamento desta tese, ou um primeiro recorte
epistemolgico. Para completar tal recorte houve um segundo delineamento, que foi atingido
com os limites epistemolgicos dados pelos autores, ao longo da construo do marco terico,
que trazem as seguintes bases para esta tese.
Na seo 2.1, os entendimentos entre a informao e o poder, discutiu amplamente
estes nexos e suas possveis causalidades para subsidiar a anlise do poder organizacional em
unidades de informao, levando concluso de que informao conhecimento, e
conhecimento poder, pois uma informao desprovida de sentido meramente um dado,
algo que existe no real, mas no o transforma. S quando o ser cognocente apodera-se desse
dado que ele o transforma em conhecimento, num processo simblico de infinitas
ressignifices que caracterizam o ser humano como tal. Este ser se junta a outros iguais para
formar a trama social, que lhe identitria, e da estabelecer relaes de classe e dominao,
bem como de contingncias e organizacionais. A informao, portanto, preexiste, existe e
ps-existe, ora como ela prpria, ora como poder e ora como conhecimento. Se a informao
conhecimento e o conhecimento poder, ento a informao poder. Ou seja, a assimetria
da informao em ambientes organizacionais, bem como o ambiente externo, um elemento
que gera incerteza: quem for capaz de diminuir a incerteza ter mais informaes e
consequentemente mais poder. Ou seja, as organizaes atuam em um ambiente incerto,
portanto a capacidade de controlar tal incerteza representa uma fonte potencial de poder. Por
conseguinte, a informao adentra os seres sociais transformando-os e se transformando em
conhecimento. Este, aliando-se a habilidades e atitudes, produz competncias, que podem ser
pessoais ou organizacionais.
Na seo 2.2, os entendimentos entre as perspectivas da administrao e as prticas
gestoras em unidades de informao, destacou que a perspectiva poltica, junto com a
perspectiva cultural e humana, forma a gesto de pessoas nas organizaes. Isso possibilitou
encontrar um nexo causal entre essas prticas gestoras e as perspectivas da administrao
(Perspectiva Estratgica, Perspectiva Estrutural, Perspectiva Tecnolgica, Perspectiva
Humana, Perspectiva Cultural e Perspectiva Poltica), sob a tica da Cincia da Informao e
da Cincia da Administrao, levando concluses para a construo de conceitos-chave
entre as perspectivas da administrao e as prticas gestoras em unidades de informao.
Na seo 2.3, os entendimentos da perspectiva poltica da administrao
possibilitaram a construo de um esquema terico para viabilizar a anlise do poder
19
organizacional em unidades de informao que, para ser atingido, teria de mensurar e
identificar os seguintes elementos: Liderana (estilos de funcionamento da liderana
organizacional); Estrutura de Poder (poder centrado na autoridade do cargo); Conflitos de
Poder (retaliao pelo no acesso ao poder); e dependncia de tarefas e resultados, que est na
comunicao e informao entre os membros das equipes de trabalho, no sentido de haver
uma alta ou baixa interrelao (dependncia) de tarefas e resultados entre seus membros.
A Escala de Estilos de Funcionamento Organizacional (EEFO) foi usada nesta tese
para mensurar a liderana em Unidades de Informao e identificar os estilos de
funcionamento de liderana organizacional. Isso auxiliou a alcanar o primeiro objetivo
especfico: Mensurar a liderana em Unidades de Informao, identificando qual, ou quais, o
(s) estilo (s) de funcionamento de liderana organizacional, a saber - estilo de funcionamento
de liderana individualista; estilo de funcionamento de liderana afiliativo; estilo de
funcionamento de liderana empreendedor; e estilo de funcionamento de liderana
burocrtico.
Vrios podem ser aqueles que assumem posies de lideres em unidades de
informao, podem ser arquivista-chefe, bibliotecrio-chefe, muselogo-chefe, chefe de
atendimento, chefe do arquivo circulante ou protocolo, chefe do servio de referncia, curador
etc. Mas nesta tese no se avalia to somente os lideres, mas sim, a equipe (lideres e
liderados), levando identificao dos estilos de funcionamento coletivamente aceitos, estilos
estes que so esculpidos dentro da cultura organizacional. Ou seja, atravs da Escala de
Estilos de Funcionamento Organizacional (EEFO), acredita-se que possvel identificar os
estilos de funcionamento coletivamente aceitos nas unidades de informao pesquisadas e dai
construir uma anlise dos estilos de liderana (e no dos lideres somente). Isso porque o
funcionamento organizacional supe formas coletivas de pensar, agir e sentir a organizao,
presentes nas equipes de trabalho; e que prova disso a prpria existncia da organizao,
isto , se arquivos, bibliotecas e museus abrem suas portas todos os dias, significa que os
chefes emitem ordens que so aceitas pelos subordinados dentro de uma negociao constante
das dimenses aceitveis, significa portanto que h um exerccio constante de distribuio do
poder centrado no cargo. Dito de outra forma, nesta tese, a liderana se constitui em um
processo social que usa os recursos dos liderados e no somente a centralizao dos recursos
de poder, que originalmente est na autoridade do cargo, ou em atitudes dos chefes para forar
a obedincia dos seus subordinados (como por exemplo, contraposio ao no poder de
outros, valorizao de interesses coincidentes, comunicao e informaes restritivas).
20
A Escala de Bases de Poder do Supervisor (EBPS) foi usada nesta tese para mensurar
o poder da estrutura/cargo em Unidades de Informao e identificar as bases de poder
organizacional. Isso ajudou no alcance do segundo objetivo especfico: Mensurar o poder da
estrutura/cargo em Unidades de Informao, identificando qual, ou quais, a (s) base (s)
estrutural de poder, a saber - base estrutural de poder legtimo; base estrutural de poder de
coero; base estrutural de poder de recompensa; e base estrutural de poder de percia.
No mbito desta tese, entende-se que gerentes de unidades de informao que
utilizam a autoridade que o cargo a eles confere, esto usando o poder na perspectiva da
cultura organizacional, ou seja, o poder que aceito, ratificado ou retificado pelo coletivo.
Isto , atravs da Escala de Bases do Poder do Supervisor (EBPS), possvel identificar as
bases sobre as quais se assentam a autoridade que coletivamente aceita nos arquivos,
bibliotecas e museus, indo alm do poder centrado no chefe. Isso porque o funcionamento
organizacional supe formas coletivas de sentir, pensar e agir a organizao, presentes nas
equipes de trabalho; e que prova disso a prpria existncia da organizao, pois se a unidade
de informao abre suas portas todos os dias, significa que os chefes exercem na verdade a
autoridade que aceita pelos subordinados dentro de uma negociao constante das
dimenses aceitveis, significa, portanto que h um exerccio constante de distribuio do
poder centrado no cargo. Dito de outra forma, a Escala de Bases do Poder do Supervisor
(EBPS), apesar de trazer o nome supervisor em sua nomenclatura, estuda as relaes entre
supervisor e supervisionados e no somente o supervisor, isso porque se baseia no modelo de
French e Raven, de 1959, que estuda o poder em uma perspectiva social e o prprio Martins
(2008), autor da EBPS, assevera que as relaes entre chefes e subordinados so relaes
sociais, porque, segundo Clegg e Hardy (2001, p.266), a aceitao da estrutura como arena
poltica deriva da literatura da psicologia social, desenvolvida por Emerson (1962) e que [...]
exemplos incluem French e Raven (1968). Portanto, nesta tese acredita-se que a EBPS capta
a autoridade que o cargo possui, esta autoridade se constitui em um processo social que usa o
equilbrio entre a aceitao dos subordinados e os recursos de poder do cargo, os cargos por
sua vez se constituem em um design formal da organizao que a estrutura hierrquica.
Logo a EBPS permite analisar o poder da organizao pautado na estrutura hierrquica.
A Medida de Atitude em relao Retaliao Organizacional (MARO) foi usada
nesta pesquisa para mensurar o conflito/retaliao em Unidades de Informao e identificar os
fatores de conflito/retaliao organizacional. Isso possibilitou alcanar o terceiro objetivo
especfico: Mensurar o conflito/retaliao em Unidades de Informao, identificando qual, ou
quais, o (s) fator (s) que pode gerar o conflito/retaliao pelo no acesso ao poder
21
organizacional, a saber - fator de conflito/retaliao afetivo e fator de conflito/retaliao
conativo.
A Escala de Interdependncia de Tarefas (EIT) e a Escala de Interdependncia de
Resultados (EIR) foram usadas aqui para mensurar a comunicao/informao entre membros
das equipes de trabalho em Unidades de Informao e identificar a interdependncia de
tarefas e a interdependncia de resultados entre os membros das equipes. . Isso viabilizou
alcanar o ltimo e quarto objetivo especfico desta tese: Mensurar a
comunicao/informao entre membros das equipes de trabalho em Unidades de Informao,
identificando a existncia de interdependncia de tarefas e interdependncia de resultados
entre os membros das equipes.
Estas bases permitiram a construo do marco terico desta tese para atingir um
objetivo, qual seja: analisar o poder organizacional em Unidades de Informao sob a
perspectiva poltica da Administrao. Para nortear este objetivo mais geral comum se
colocar o tema em forma de pergunta de partida, pois assim fica mais claro direcionar a
pesquisa, no sentido de responder a esta pergunta inicial. Assim, os resultados desta tese
buscaram respostas para a seguinte pergunta de partida que evidencia o problema de
pesquisa: A anlise dos elementos constituintes do poder organizacional (liderana,
poder da estrutura/cargo/autoridade, conflitos/retaliao e comunicao/informao
entre membros das equipes de trabalho) nas unidades de informao pesquisadas
indicam um poder centrado no cargo, atravs do exerccio da autoridade, ou
distribudo pelos membros das equipes de trabalho?
Essa pergunta foi usada para nortear o objetivo geral, que analisar o poder
organizacional em unidades de informao sob a perspectiva poltica da Administrao. Para
alcanar o objetivo geral foram utilizados os quatro objetivos especficos j discorridos.
Para atingir os objetivos especficos e, por conseguinte, o objetivo geral, auxiliando
nas respostas pergunta de partida, foi utilizado um questionrio, aplicado junto s unidades
de informao pesquisadas, que tiveram como amostra: 4 bibliotecrios-chefe das BUs do
SIBI/UFBA e 4 coordenadores das 5 coordenaes existentes no APEB.
Para apresentar detalhadamente o processo de pesquisa, as reflexes e a construo
terica, na sequncia a esta introduo o leitor encontrar o referencial terico desenvolvido e
a apresentao da metodologia adotada e as consideraes finais alcanadas a partir da
apresentao e discusso dos resultados.
22
2 REFERENCIAL TERICO
O intuito do presente captulo consubstanciar todos os entendimentos necessrios
que deram suporte a consecuo da presente tese. Para tal foi dividido em quatro sesses, que
so: 2.1 informao e poder; 2.2 a perspectiva poltica dentro das perspectivas analticas da
administrao e as prticas gestoras em unidades de informao; 2.3 tomando a perspectiva
poltica da administrao como elemento para a anlise do poder organizacional em unidades
de informao; e a ltima seo, 2.4 as unidades de informao pesquisadas.
As Unidades de Informao (Arquivos, Bibliotecas, Museus, Centros de
Documentao, Servios de Informao) so sobremaneira importantes para o
desenvolvimento de toda a sociedade e isso fica mais premente quando esto ligadas aos
ambientes de produo do saber, como o caso das Universidades e Governos. Tais
organizaes que trabalham com a informao, possuem grande responsabilidade para com o
usurio e para com a comunidade que a cerca. Nesse sentido, estudar o poder organizacional
em unidades de informao assume um papel fundamental.
Em sntese, do presente captulo se conclui que a anlise do poder organizacional
pautado na liderana, em unidades de informao, deve ser entendida como um processo
social que usa os recursos dos liderados, e no somente a centralizao dos recursos de poder
(poder da autoridade do cargo, contraposio ao no poder de outros, valorizao de
interesses coincidentes, comunicao e informaes restritivas). Tendo como unidades de
anlise os estilos de funcionamento de liderana organizacional, que so: estilo de
funcionamento de liderana individualista (baseado na liderana do trao pessoal), estilo de
funcionamento de liderana afiliativo (baseado na abordagem do estilo ou liderana
comportamental), estilo de funcionamento de liderana empreendedor (baseado na liderana
situacional/contingencial), e estilo de funcionamento de liderana burocrtico (baseado na
liderana transacional).
Se conclui tambm que a anlise do poder organizacional pautado na estrutura de
poder, em unidades de informao, deve ser entendida como o que tem na autoridade do
cargo uma fonte importante, mas tambm como um poder distribudo pelas equipes de
trabalho (que conduz a uma reproduo e uso mais equitativo do poder, gerando uma relao
e viso positiva de poder). Tendo como unidades de anlise as bases estruturais de poder
23
organizacional, que so: base estrutural de poder legtimo (baseado no poder legtimo), base
estrutural de poder de coero (baseado no poder de coero), base estrutural de poder de
recompensa (baseado no poder de recompensa), e base estrutural de poder de percia (baseado
no poder de percia).
De igual modo, deste captulo se conclui que a anlise do poder organizacional
pautado nos conflitos de poder, em unidades de informao, deve ser entendida como
distribuio dos recursos de poder no sentido de solucionar, ou minimizar, atitudes e desejos
de conflitos e retaliaes para com a unidade de informao (atravs da participao como
forma de integrar recursos polticos e gerar maior autonomia de gesto), evitando, assim,
disputas, diretas ou veladas, pela ocupao de posies na estrutura formal (disputas por
cargos e chefias) onde s so valorizados os interesses coincidentes. Tendo como unidades de
anlise os fatores de retaliao pelo no acesso ao poder organizacional, que so: fator de
conflito/retaliao afetivo (baseado na atitude de retaliao afetivo) e fator de
conflito/retaliao conativo (baseado na atitude de retaliao conativo).
Por ltimo, este captulo traz a concluso de que a anlise do poder organizacional
pautado na comunicao e informao, em unidades de informao, deve ser entendida no
sentido de que se a comunicao/informao for transparente e intensa entre os membros das
equipes de trabalho, haver um alto grau de dependncia de tarefas e um alto grau de
resultados alcanados, afastando-se de um baixo grau de consecuo dos objetivos da
organizao devido a uma m formao de equipes pela existncia de uma comunicao
restrita da informao. Tendo como unidades de anlise a dependncia entre os membros das
equipes de trabalho, que so: dependncia de tarefas (baseado na interdependncia de tarefas)
e dependncia de resultados (baseado na interdependncia de resultados).
24
2.1 INFORMAO E PODER
Neste primeiro pargrafo apresentamos a sntese deste sub-item. Nesta seo so
buscados os entendimentos entre a informao e o poder, discutindo amplamente estes nexos
e suas possveis causalidades para subsidiar a anlise do poder organizacional em unidades de
informao, levando concluso de que informao conhecimento, e conhecimento
poder, pois uma informao desprovida de sentido meramente um dado, algo que existe no
real, mas no o transforma. S quando o ser cognocente apodera-se desse dado que ele o
transforma em conhecimento, num processo simblico de infinitas ressignifices que
caracterizam o ser humano como tal. Este ser se junta a outros iguais para formar a trama
social, que lhe identitria, e da estabelecer relaes de classe e dominao, bem como de
contingncias e organizacionais. A informao, portanto, preexiste, existe e ps-existe, ora
como ela prpria, ora como poder e ora como conhecimento. Se a informao
conhecimento e o conhecimento poder, ento a informao poder. Ou seja, a assimetria da
informao em ambientes organizacionais, bem como o ambiente externo, um elemento que
gera incerteza: quem for capaz de diminuir a incerteza ter mais informaes e
consequentemente mais poder. Ou seja, as organizaes atuam em um ambiente incerto,
portanto a capacidade de controlar tal incerteza representa uma fonte potencial de poder. Por
conseguinte, a informao adentra os seres sociais transformando-os e se transformando em
conhecimento. Este, aliando-se a habilidades e atitudes, produz competncias, que podem ser
pessoais ou organizacionais.
Informao o objeto da Cincia da Informao CI. Segundo Lima (2003), essa
rea nasceu formalmente em 1962, em uma reunio do Georgia Institute of Tecnology, da
necessidade de se dar conta do grande volume informacional surgido a partir da revoluo
tcnico-cientifica posterior II Guerra Mundial, onde as reas do conhecimento humano
passaram a demandar um nvel de organizao da informao. Desde ento muitos so os
conceitos para a CI.
Borko (1968) alerta que a CI a disciplina que investiga as propriedades e o
comportamento informacional, as foras que governam os fluxos de informao e os
significados do processamento da informao, visando a acessibilidade e a usabilidade. A CI
est ligada ao corpo de conhecimentos relativos origem, coleta, organizao, armazenagem,
recuperao, interpretao, transmisso e uso da informao. Ela tem, prossegue o autor, tanto
25
um componente de cincia pura, atravs de pesquisa dos fundamentos, sem atentar para sua
aplicao, quanto um componente de cincia aplicada, ao desenvolver produtos e servios.
Isso significa dizer que, partindo-se de Borko, dever haver, por parte da CI, uma
preocupao com a origem, organizao, tratamento, armazenamento da informao para sua
posterior recuperao, transformao e uso pelo usurio. Incluindo-se as pesquisas: tanto em
sistemas naturais como artificiais, em sistemas de programao e informao, em mediao
entre humanos, em registros fsicos de valor histrico, entre outros. Para tal, j se percebe a
natura interdisciplinar da CI, que para dar conta do seu trabalho com a informao requer
relacionamentos com reas como a matemtica, lgica, lingustica, psicologia, comunicao,
artes grficas, biblioteconomia, arquivologia, museologia e, aquilo que est no mbito da
presente pesquisa, com a Administrao.
Em 1980, Foskett afirmava que a CI uma disciplina que surge de uma fertilizao
cruzada de ideias que incluem a velha arte da biblioteconomia, a nova arte da computao, as
artes dos novos meios de comunicao e aquelas cincias como psicologia e lingustica que,
em sua forma moderna, tm a ver diretamente com todos os problemas da comunicao a
transformao do conhecimento organizado. Ou seja, com o decorrer do tempo entre Borko e
Foskett, tornou-se mais claro a natureza interdisciplinar da CI, provando que ela tem a
informao como essncia, interpenetrando-se e se interconectando com os ramos do
conhecimento humano que produzem informao e que portanto necessitam prementemente
da organizao dessa informao. A partir de Foskett possvel inferir que h uma forte
correlao entre informao e conhecimento, num sentido, e conhecimento e informao, em
outro sentido.
Em 1996, Saracevic apontou que a CI um campo dedicado s questes cientficas e
prtica profissional voltada para os problemas da efetiva comunicao do conhecimento e de
seus registros entre os seres humanos, no contexto social, institucional ou individual do uso e
das necessidades de informao. No tratamento destas questes so consideradas de particular
interesse as vantagens das modernas tecnologias informacionais.
De Foskett at Saracevic h um reforo para a interconexo entre informao e
conhecimento, transparecendo que nos anos de 1990 a percepo da importncia das novas
tecnologias para o a rea da CI j estava bastante clara. A partir de Saracevic possvel
vislumbrar o aparecimento do usurio como plo importante no trabalho com a informao,
pois o autor traz uma dimenso social para o uso da informao, alm de tangenciar o
profissional da informao e citar o termo necessidades informacionais.
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Barreto (2007) salienta que o conhecimento, destino da informao, organizado em
estruturas mentais por meio das quais um sujeito assimila a coisa informao. Conhecer
um ato de interpretao individual, uma apropriao do objeto informao pelas estruturas
mentais de cada sujeito. Estruturas mentais no so pr-formatadas, no sentido de serem
programadas nos genes. As estruturas mentais so construdas pelo sujeito sensvel, que
percebe o meio. A gerao do conhecimento uma reconstruo das estruturas mentais do
indivduo realizado atravs da sua competncia cognitiva, ou seja, uma modificao em seu
estoque mental de saber acumulado, resultante de uma interao com uma forma de
informao. Esta reconstruo pode alterar o estado de conhecimento do indivduo, ou porque
aumenta seu estoque de saber acumulado, ou porque sedimenta o saber j estocado, ou porque
reformula o saber anteriormente estocado. Ou seja, a partir de Barreto possvel verificar o
usurio como um dos protagonistas da CI, pois de nada adianta organizar a informao sem
que ela possa ser recuperada, e quem recupera a informao o usurio que a usar, dentro da
sua estrutura cognitiva, para atender a alguma necessidade informacional.
Outra inferncia que se faz a partir de Barreto, e que reforado por Almeida Jnior
(2009), : se a informao capaz de ou aumentar o estoque de saber acumulado do usurio,
ou de sedimentar o seu saber j estocado, ou de reformular o saber anteriormente estocado,
porque o usurio est em um estado de incerteza. Ou, conforme Ingwersen e Belkin, em um
estado anmalo de conhecimento. Dito de outra forma: o usurio percebe uma lacuna
informacional em sua estrutura mental que no pode ser preenchida pelas suas lembranas,
experincias e nem pela sua capacidade de deduo, da ele dispara o processo mental de
busca pela informao, que ocorrer fora da sua mente.
Bellotto (1998) acrescenta, em relao informao, que a informao arquivstica
tem a especificidade de ter um cunho jurdico-administrativo, alm de ser relativa ao
funcionamento das organizaes e entidades. E apresenta, em geral, outras formas com que a
informao se apresenta: a) a informao jornalstica, que a da mdia em geral, b) a
informao tcnico-cientifica, que trabalha e registra o conhecimento humano e c) a
informao sociocultural, que trabalha e registra os aspectos relativos a cultura, sociedade e
vida das pessoas.
[A informao] pode ser vislumbrada em vrios nveis, a saber: linearmente
entre emissor/autor e receptor/usurio; conflituosamente entre emissor/autor
e receptor/usurio (envolve questionamentos e comumente processos de
dominao do primeiro sobre o segundo); da relao entre dados e
informao; da mensagem concebida para a informao (construo de
sentidos ou compreenso de um fenmeno); da informao para o
conhecimento. Historicamente, em especial a partir da dcada de 1960, a
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informao tem sido concebida em termos poltico-institucionais
(representaes de cunho governamental em esfera federal, estadual,
municipal, parceria pblica e/ou privada de natureza nacional-internacional)
e poltico-cientficos (elaborao de polticas/programas/modelos de
informao de carter pblico e privado). (SILVA; GOMES, 2013, p.7-8).
A informao, para Bellotto, pode assumir ainda algumas acepes: pode ser
considerada tudo o que o receptor recolhe, ou se apercebe, antes que nele se verifique
qualquer processo intelectual, segundo Desantes Guanter (1987); pode ser o conhecimento
escrito/gravado sob forma escrita, impressa, numrica, oral ou audiovisual, segundo Le
Coadic (1996), ou a ao e o efeito de comunicar dados, segundo Veja de Deza (1996); pode
ser coisa ou objeto mais do que processo ou conhecimento, conforme Buckland (1991), ou,
segundo Lopes (1996), a informao pode ser qualquer atribuio do pensamento humano
sobre a natureza e a sociedade, desde que verbalizada ou registrada. Dentro das inmeras
acepes e especificidades que tem a informao, Bellotto traz um importante entendimento
sobre o objeto da Cincia da Informao.
Em qualquer destas abordagens apercebemo-nos de que a informao
necessita de um veculo, de um suporte para ser transferida, para ser
registrada e conhecida posteriormente sua produo. A informao seria,
portanto, uma substncia, uma matria que passa pelo processo de
comunicao para chegar a um receptor e os seus pblicos de interesse. [...]
na vastssima rea da informao/comunicao/documentao definem-se
campos especficos marcados pela diversidade da informao quanto sua
natureza, seu armazenamento, sua disseminao e seus pblicos de interesse.
(BELLOTTO, 1998, p.22).
Repare-se que esse importante entendimento de Bellotto encontra amparo em Borko,
Foskett, Saracevic e Barreto. E tem a ver, de forma visceral, com a organizao da informao
para sua posterior recuperao, pois, como dito, de nada adianta organizar uma informao
que no pode ser recuperada. Da a necessidade de se dar ateno para a natureza,
armazenamento e disseminao da informao para que possa haver a recuperao da
informao pelos seus pblicos de interesse, ou seja, como salienta Smit (2004), para que
ocorra o milagre da CI.
Isso porque, segundo Silva (2002), o oceano de informaes pelo qual navega a
humanidade pode apresentar um saber organizado medida que os contedos atendam ao
pblico no que este demandar, no que lhe faz sentido, afinal, a possibilidade de mudana de
site, de canal ou de dial d ao indivduo moderno a prpria escolha da construo do saber.
A partir de Bellotto, Borko, Foskett e Saracevic se pode inferir que a organizao da
informao condio indispensvel para sua posterior recuperao, pois de nada adianta
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organizar uma informao que no pode ser recuperada. E a partir de Barreto e Almeida
Junior se pode inferir que o ser cognocente (usurio) busca a informao movido por um
estado de incerteza.
A busca pela informao a partir de um estado de incerteza tambm ocorre no
ambiente organizacional (incluindo as unidades de informao enquanto organizaes).
Trabalhadores em seu ambiente laboral lidam basicamente com fluxos informacionais nos
seus processos de trabalhos, portanto lidam com incertezas, incompletudes de conhecimento,
assimetria de informaes. Com isso, possvel prever que, no ambiente laboral, aquele que
detm informao, aquele que tem conhecimento, aquele que detm algum nvel de poder.
De modo que, em maior ou menor nvel, nas organizaes, informao, conhecimento e poder
so quase sinnimos.
A informao enquanto poder (ou o poder da informao) est na sua materialidade.
Nesse sentido, Frohmann (2008) traz o exemplo dos registros psiquitricos. Estes so
produzidos e disponibilizados em instituies psiquitricas, cujas rotinas e processos
adicionam peso e massa aos registros. Conforme os registros se movem entre os
departamentos da instituio, eles disparam eventos que os faro migrar para instituies
legais. Por isso, os registros so admitidos em procedimentos e processos judiciais, nos quais
tm repercusses importantes. Um registro psiquitrico autenticado legalmente, prossegue o
autor, tem mais peso e impacto do que aquele que ainda no migrou para a arena legal. E at
estes possuem alguma importncia simplesmente por estarem sujeitos a uma divulgao legal.
Para Frohmann, alm do carter pblico e social da informao, o seu conceito de
materialidade muito mais rico, porque muito do carter pblico e social da informao
depende da sua materialidade. O autor expressa que sem a ateno materialidade, grande
parte das consideraes sociais, culturais, polticas e ticas, to importantes para os estudos da
informao, se perdem. O conceito de materialidade da informao consegue, pois, conciliar o
conceito de informao com os estudos das prticas pblicas e sociais, ou seja, uma ponte
que liga a informao e as prticas pblicas e sociais. Tal conceito importante quando se
deseja investigar o que fazem os sistemas de informao que so materializaes dos eventos
cognitivos das mentes dos membros das equipes laborais.
[...] conceito de informao num sentido imaterial, presente numa mente,
implica a limitao dos estudos dos efeitos dos regimes de informao a
investigaes de mudanas na conscincia individual. De acordo com esse
modo de pensar, os efeitos sociais e pblicos dos sistemas de informao
tornam-se refns da questo de quantos indivduos so afetados. Se a
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conscincia de muitas pessoas se modifica, ento, de acordo com essa forma
de pensar, um fenmeno social aconteceu. (FROHMANN, 2008, p.21).
Essa imaterialidade da informao ainda latente na psiqu do ser cognocente, apesar
de importante, insuficiente para dar conta, mensurar ou perceber os aspectos pblicos,
polticos, organizacionais e sociais da informao. De modo que na materialidade que reside
um dos poderes da informao, quando esta se materializa que se pode perceber as
incertezas e incompletudes da mente que levaram busca da informao, para que a sua
transformao possa preencher alguma necessidade de uso nos espaos da vida, sejam eles
pblicos ou organizacionais, pois todos so espaos construdos socialmente.
O autor denomina essa imaterialidade de conceito mentalista da informao, que
aquele no qual a informao concebida como algo que est presente na mente em estado de
compreenso (seja essa proveniente da leitura de um documento, da leitura de mundo ou de
outros meios) que privilegia os estudos da informao focados nos indivduos como agentes
de atividades e prticas do interesse dos estudos da informao.
Para Frohmann a abordagem mentalista, que se correlaciona imaterialidade da
informao, insuficiente porque os indivduos no so os agentes primrios dos aspectos
sociais, polticos, pblicos, econmicos e culturais e organizacionais da informao, o que
torna necessrio uma abordagem materializada para explicar a informao nesses aspectos.
Tal materialidade encontrada tambm em Buckland (1991), que enuncia a informao em
trs nveis: a informao como `coisa`, a informao como `processo` e a informao como
`conhecimento`. A informao-como-coisa atribuda aos objetos materializada e, portanto,
possui a qualidade de conhecimento comunicado, algo que informa, podendo ser
materializada, por exemplo, nos documentos. (FERREIRA; ALMEIDA JNIOR, 2013,
p.160).
A materialidade da informao, ou a coisificao da informao, o momento em
que ela sai do ambiente intimo de significao e ressignificao do sujeito (sua mente) e,
ganhando a liberdade que prpria do pensar, adentra em outras mentes para dar continuidade
a esse ciclo infinito de construo de saberes, pois uma informao desprovida de sentido
meramente um dado, algo que existe no real, mas no o transforma. A materialidade da
informao pode ser considerada, pois, como a manifestao do saber que construdo
coletivamente.
No sentido de a informao enquanto poder (ou o poder da informao) se manifesta
na sua materialidade, outro autor referenciado Foucault. Segundo Junior e Elias (2011), ao
considerarmos a filosofia de Michel Foucault e sua intensa reflexo sobre a questo do poder
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e seus instrumentos (aparelhos, dispositivos e discurso) nos diversos contextos sociais, torna-
se evidente e anloga a questo da constituio e acumulao de acervos documentais
orgnicos numa perspectiva de assegurar a materialidade de um discurso na constituio de
um poder.
Os instrumentos so o registro do discurso, uma forma de ligar mentes, desejos,
significados, paixes etc., uma forma de materializar o pensado, de transmiti-lo, no s aos
contemporneos, mas tambm aos que no vivem mais.
Foucault (2007) esclarece, ainda, o papel definidor das ideologias nas
prticas discursivas [...]. Vale ressaltar que as prticas discursivas so vistas
pelo autor como intrnsecas ao saber [...]. Outro ponto fundamental de
influncia da ideologia a formao dos objetos [aparelhos, dispositivos,
documentos] - o autor lembra que os objetos a que se direcionam o discurso
e o prprio ato de se produzir discurso sobre determinado objeto so fruto de
um conjunto de relaes determinadas. (ZILLER; CARDOSO, 2008, p.2).
As prticas discursivas esto no mbito dos estudos da anlise do discurso. Segundo
Fontanella et al. (2008), os tericos da Anlise do Discurso defendem que se l na fala de um
indivduo o discurso do grupo e o seu prprio discurso. Discurso mais no sentido da forma
original pela qual esse discurso mais amplo foi assimilado e organizado pelo indivduo, do
que no sentido de ter sido construdo fora de um contexto histrico e interacional,
independente das condies de sua produo e das determinaes histricas e sociais de sua
formao.
Aquilo que se percebe como individualizaes da fala, segundo os autores, seriam
diferenas nas nuances que a linguagem adquire ao ser assimilada s vivncias pessoais e aos
contornos que o enunciado adquire, determinados pelas condies imediatas da enunciao.
Onde se diz, de onde se diz e para quem se diz definem para o sujeito o que pode, o que deve
e como pode ser dito naquele momento e situao. Mas as possibilidades de um indivduo
dizer so limitadas pelo tempo e espao social a que pertence, o que o leva a ser identificado
como pertencente a um determinado grupo.
Assim as prticas discursivas se relacionam com a materialidade da informao, as
semelhanas destas indicaro, na perspectiva social, o discurso do grupo, da formao social
qual pertence o sujeito, e na perspectiva psicanaltica indicaro estruturas do aparelho
psquico mais universais ou gerais. Mas as diferenas marcaro as vivncias pessoais e as
condies imediatas de produo da fala e, com sua materialidade, o registro da informao.
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Junior e Elias destacam, em relao materialidade da informao, que uma das
primeiras anlises feitas por Foucault sobre a construo e funo dos arquivos e documentos
foi no livro Arqueologia do Saber, publicado em 1969, onde se dedica ao estudo da utilizao
e propriedade do arquivo segundo sua viso terica a partir de metodologias de pesquisa
utilizadas em obras anteriores. Onde, tambm, para chegar s definies sobre o arquivo,
apresenta uma construo que inicialmente baseia-se na construo do signo e da palavra, a
partir dessa anlise gradativa vai identificando as funes, construes e utilizaes do
arquivo e do documento, que so materialidades da informao.
A abordagem de Foucault acerca dessa materialidade (o arquivo), no sentido da
construo dos saberes, sugere-a como dispositivo de afirmao/construo desses saberes,
relativizando a questo do documento como um monumento repleto de intenes, e portanto
de poder. Nessa viso, Foucault traz o documento (registro, matria) como sendo um
instrumento historicizado e que, portanto, uma representao de uma ideia forjada de um
fato/legado ocorrido verdadeiro no passado, ento o historiador teria o papel de transform-lo
(trabalhando a informao), oferecendo-lhe uma elaborao (matria), um estatuto (registro).
A partir desta perspectiva o registro/materialidade (arquivo), at ento rgido e custodial,
perde sua pureza e imutabilidade e passa se tornar algo malevel, que se transforma
conforme a manipulao (materializao de mais informaes). (JUNIOR; ELIAS, 2011).
A partir de Frohmann, Buckland e Foucault, e mais especificamente de Bellotto e
Frohmann, pode-se inferir que, alm da incerteza (estado anmalo do conhecimento), a
materialidade da informao a transforma em poder. Dito de outra forma, a incerteza gera a
materialidade e necessita dela para preencher outras incertezas numa dialtica infinita, isto ,
o ser cognocente apodera-se do dado e o transforma em conhecimento, num processo
simblico de infinitas ressignifices que caracterizam o ser humano como tal.
Arajo e Melo (2007) acrescentam que as reflexes de Bourdieu (1977) nos levam a
considerar que o fenmeno informacional (gerao, tratamento, acesso, recepo e uso) um
fenmeno cuja natureza se expressa atravs de poderes. Assim, a expresso informao
poder pode e deve ser refletida em termos mais crticos, no sentido de que o poder da
informao tambm um poder simblico estruturado a partir de construes coletivas, que
so capitais culturais manifestados nos campos socais por meio do capital simblico, da
competncia lingustica e do discurso. Silva e Morigi (2008, p.5-6) reforam que
Bourdieu (1989) analisa os sistemas simblicos [...] quando afirma: Sabe-se
que os indivduos e os grupos investem nas lutas de classificao todo o seu
ser social, tudo o que define a ideia que eles tm deles prprios, todo o
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impensado pelo qual eles se constituem como ns por oposio a eles aos
outros a ao qual esto ligados por uma adeso quase corporal. isto que
explica a fora mobilizadora excepcional de tudo o que toca identidade
(BOURDIEU, 1989, p.124).
Silveira (2000) concorda com Arajo e Melo (2007) quando afirma que o