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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA FRANSIELSON DOS SANTOS PEREIRA AS TRANSFORMAÇÕES SOCIOESPACIAS NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA DECORRENTES DAS INTERVENÇÕES DO ESTALEIRO ENSEADA DO PARAGUAÇU NO DISTRITO DE SÃO ROQUE DO PARAGUAÇU EM MARAGOGIPE-BA Salvador 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

FRANSIELSON DOS SANTOS PEREIRA

AS TRANSFORMAÇÕES SOCIOESPACIAS NA ÁREA DE INFLUÊNCIA

DIRETA DECORRENTES DAS INTERVENÇÕES DO ESTALEIRO ENSEADA

DO PARAGUAÇU NO DISTRITO DE SÃO ROQUE DO PARAGUAÇU EM

MARAGOGIPE-BA

Salvador

2014

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FRANSIELSON DOS SANTOS PEREIRA

AS TRANSFORMAÇÕES SOCIOESPACIAS NA ÁREA DE INFLUÊNCIA

DIRETA DECORRENTES DAS INTERVENÇÕES DO ESTALEIRO ENSEADA

DO PARAGUAÇU NO DISTRITO DE SÃO ROQUE DO PARAGUAÇU EM

MARAGOGIPE-BA

Monografia de Conclusão de Curso, sob orientação do Prof. Dr. Marco Antonio Tomasoni, apresentada ao Departamento de Geografia da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Geografia.

Salvador

2014

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_______________________________________________________________ P436 Pereira, Fransielson dos Santos. As transformações socioespaciais na área de influência direta decorrente das intervenções do Estaleiro Enseada do Paraguaçu no Distrito de São Roque do Paraguaçu em Maragogipe-Ba. / Pereira, Fransielson dos Santos Pereira. Salvador, 2014. 69 f. : il. Orientador: Prof. Dr. Marco Antônio Tomasoni. TCC (Graduação em Geografia) - Universidade Federal da Bahia, Instituto de Geociências, 2014. 1. Geografia ambiental - Maragogipe (BA). 2. Estaleiro. 3. Paisagens – proteção. I. Tomasoni, Marco Antônio. II. Universidade Federal da Bahia. Instituto de Geociências. III. Título. CDU: 911. 3:504(813.8) _______________________________________________________________

Elaborada pela Biblioteca do Instituto de Geociências da UFBA.

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FRANSIELSON DOS SANTOS PEREIRA

AS TRANSFORMAÇÕES SOCIOESPACIAS NA ÁREA DE INFLUÊNCIA

DIRETA DECORRENTES DAS INTERVENÇÕES DO ESTALEIRO ENSEADA

DO PARAGUAÇU NO DISTRITO DE SÃO ROQUE DO PARAGUAÇU EM

MARAGOGIPE-BA

Monografia de Conclusão de Curso, sob orientação do Prof. Dr. Marco Antonio Tomasoni, apresentada ao Departamento de Geografia da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Geografia.

APROVADO EM: 12 de Fevereiro de 2014.

Banca examinadora:

_______________________________________________________________

Prof. Dr. Marco Antonio Tomasoni – IGEO/UFBA.

Orientador

_______________________________________________________________

Prof. Dr. Alcides dos Santos Caldas – IGEO/UFBA.

_______________________________________________________________

Prof. Dr. Antônio Puentes Torres – IGEO/UFBA.

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RESUMO

O grande crescimento econômico vivenciado na região Nordeste nas últimas

décadas fragmenta o sistema político econômico ultrapassado, seguindo assim

a vocação nacional para pluralização da produção e modernização dos

parques industriais. Deste modo, o atual quadro socioeconômico das áreas da

intervenção do Estaleiro Enseada do Pararaguaçu- EEP exige das esferas

público-privadas novos panoramas que atendam as mais variadas

transformações espaciais e modificações na paisagem geradas por novas

dinâmicas territoriais advindas desse processo. Para realização deste trabalho

utilizou-se de pesquisa bibliográfica, como também coleta de dados em campo,

representação e análise de gráficos, tabelas e mapas, incluindo registro

fotográfico.

Palavras-chave: Crescimento econômico. transformações espaciais.

dinâmicas territoriais. modificações na paisagem.

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ABSTRACT

The high economic growth experienced in the Northeast in recent decades

fragments the outdated political and economic system, thus following the

national call to pluralization of production and modernization of industrial parks.

This the current socioeconomic situation of the areas of intervention of the

Shipyard Cove Pararaguaçu-EEP requires public-private spheres new vistas

that meet the most varied spatial transformations and changes in the landscape

generated by new territorial dynamics arising from this process. For this study

we used the literature as well as data collection in the field, representation and

analysis of graphs, tables and maps, including photographic record.

Keywords: Dynamic regional. economic growth. spatial transformations.

changes in the landscape.

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Porque necessitais de perseverança,

para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa.

Hebreus 10:36

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a DEUS, que me concedeu capacidades e

oportunidades na vida, para que eu pudesse está apresentando esse

trabalho.

A minha mãe, minha tia e a minha esposa que sempre me apoiaram nas

horas mais difíceis.

Ao meu orientador, o Dr. Marco Tomasoni, que me guiou durante a

realização do trabalho.

À prof.a Denise Magalhães que me iniciou na escolha do ramo profissional.

A todos os professores do Instituto de Geociências, que ao longo do curso,

partilharam os seus conhecimentos e ajudaram em minha formação.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 15

1.1 OBJETIVOS ............................................................................................ 16

1.1.2 Objetivo Geral ........................................................................................ 16

1.1.3 Objetivo Específico ................................................................................. 16

1.2 METODOLOGIA .................................................................................... 17

2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................... 18

2.1 ESPAÇO .................................................................................................. 18

2.2 PAISAGEM .............................................................................................. 20

2.3 TERRITÓRIO ........................................................................................... 22

3 LOCALIZAÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO ............................................... 25

4 CONTEXTO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE MARAGOGIPE .................. 26

5 INDÚSTRIA NAVAL NA BAHIA .................................................................. 28

6 ÁREA DE INTERVENÇÃO DO ESTALEIRO ENSEADA DO PARAGUAÇU –

EEP ............................................................................................................... 31

6.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DO ESTALEIRO ............................................ 31

6.2 VIAS DE ACESSO AO ESTALEIRO ........................................................ 33

6.3 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-AMBIENTAL.............................................. 37

6.4 PRINCIPAIS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS ....................................... 47

7 AÇÕES PÚBLICAS E AS MODIFICAÇÕES SOCIOESPACIAIS

NAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DO ESTALEIRO ENSEADA DO PARAGUAÇU –

EEP ............................................................................................................... 55

7.1 INFRAESTRUTURA ................................................................................ 57

7.2 SERVIÇOS .............................................................................................. 61

7.3 HOTELARIA............................................................................................. 62

8 INDICADORES SOCIOECONÔMICOS E O PERFIL DA POPULAÇÃO

DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DA INTERVENÇÃO DO ESTALEIRO ........... 63

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 72

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 73

ANEXOS .......................................................................................................... 76

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Construção de plataformas em São Roque do Paraguaçu, Maragogipe/BA. .................................................................................................... 28 Figura 2 - Investimentos proporcionados pelo Plano de Aceleração do Crescimento PAC 2 na Bahia. .............................................................................. 29 Figura 3 - Imagem da Localização da área do Estaleiro, no distrito de São Roque do Paraguaçu/BA. ..................................................................................... 31 Figura 4 - Poligonal da RESEX Baía de Iguape (em amarelo) revisada pela Lei nº 12.058 de 13/10/2009 e Poligonal do Estaleiro Enseda do Paraguaçu (em vermelho). ..................................................................................................... 32 Figura 5 - Aspecto da BR 420 trecho entre Maragogipe e São Roque do Paraguaçu. ........................................................................................................... 35 Figura 6 - Sinalização vertical encoberta pela vegetação BR 420 trecho entre Maragogipe e São Roque do Paraguaçu. ............................................................ 36 Figura 7 - Construção da ponte que liga o distrito de São Roque do Paraguaçu a comunidade de Enseada do Paraguaçu. ........................................ 37 Figura 8 - Temperatura Média na estação Salvador para os períodos de 1990 a 2008. ................................................................................................................. 38 Figura 9 - Precipitação Média na estação Salvador para os períodos de 1990 a 2008. ................................................................................................................. 38 Figura 10 - Blocos caídos de arenito silicificado, na margem do canal do Paraguaçu. ...................................................................................................... 41 Figura 11 - Região rebaixada as margens do rio Baetantã (linha amarela). Em segundo plano o relevo colinoso que circunda a área (linha vermelha), São Roque do Paraguaçu-BA................................................................................. ..... 42 Figura 12 - Fisionomia da Cobertura Vegetal da área do Estaleiro, São Roque do Paraguaçu. ...................................................................................................... 44

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Figura 13 - Aspecto do manguezal na área do estuário do Paraguaçu. ............... 46 Figura 14 - Área do estaleiro antes da intervenção do estaleiro. ......................... 48 Figura 15 - Área do estaleiro depois da intervenção do estaleiro. ........................ 48 Figura 16 - Trajeto percorrido pela draga para retirada e depósito de sedimentos no Oceano. Atlântico. ........................................................................ 49 Figura 17 - Vias sem pavimentação na Comunidade de Enseada do Paraguaçu. ........................................................................................................... 51 Figura 18 - Lixo jogado no manguezal, Comunidade de Enseada do Paraguaçu. ........................................................................................................... 52 Figura 19 - A Barquinha de Enseada na Comunidade de Enseada do Paraguaçu, distrito de São Roque do Paraguaçu. ............................................... 53 Figura 20 - Posto de Saúde e Posto Policial na Comunidade de Enseada do Paraguaçu. ........................................................................................................... 54 Figura 21 - Pracinha na Comunidade de Enseada do Paraguaçu. ...................... 55 Figura 22 - Foto oblíqua da cidade de Maragogipe. ............................................. 56 Figura 23 - Terminal Marítimo de Maragogipe – TMM, em Maragogipe. ............. 58 Figura 24 - Cais Distrito de São Roque do Paraguaçu – CSR, Maragogipe/BA. . 59 Figura 25 - Esgoto a céu aberto despejado no rio da cidade de Maragogipe. ..... 61 Figura 26 - Agências Bancárias na cidade de Maragogipe. ................................. 62 Figura 27 - Hotel Maragogipe na cidade de Maragogipe. .................................... 63

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LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Localização do município de Maragogipe-BA. .................................. 25 Mapa 2 - Vias de acesso terrestre ao distrito de São Roque do Paraguaçu-BA. ......................................................................... 34 Mapa 3 - Geologia da área do estaleiro, com sombreamento de relevo. ......... 40 Mapa 4 - Vias de acesso terrestre e marítima a São Roque do Paraguaçu-BA. ......................................................................... 60

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Investimentos no setor de Petróleo e gás na Bahia ....................... 30

Tabela 2 – Estimativa da População da cidade de Maragogipe entre 2011 a

2013. ............................................................................................................... 64

Tabela 3 - Estatísticas do Cadastro Central de Empresas entre 2008 e 2011. 65 Tabela 4 – Produto Interno Bruto Municipal entre 2008 e 2011. ...................... 65

LISTA DE GRÁFICOS

Sede de Maragogipe-BA Gráfico 1 - Quantidade de pessoas por família que trabalham ou está ligado a alguma atividade do estaleiro. ........................ 67 Gráfico 2 - Quais as mudanças mais observadas na cidade com a implantação do estaleiro. ....................................................................... 68 Gráfico 3 - Quais as melhorias na infraestrutura devem serem feitas. ............. 69 São Roque do Paraguaçu e Enseada do Paraguaçu-BA Gráfico 4 - Quais as mudanças mais observadas na área com a implantação do estaleiro. .......................................................... 70 Gráfico 5 - Quais as melhorias na infraestrutura devem serem feitas. ............. 71

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1 INTRODUÇÃO

As zonas costeiras, mais precisamente as áreas estuarinas, têm sido alvo de

intensa especulação econômica, deste modo é de suma importância a

utilização racional dos recursos dos ambientes costeiros dentro de sua

capacidade de suporte. Com os grandes investimentos aplicados na indústria

naval da Bahia, mais precisamente na implantação do Estaleiro Enseada do

Paraguaçu – EEP no distrito de São Roque do Paraguaçu, município de

Maragogipe/BA, a paisagem vem sofrendo constantes alterações resultante do

grande crescimento populacional e da dinamização da economia.

Com este trabalho propõe-se a análise das transformações socioespaciais na

área de influência direta derivada das intervenções da implantação do Estaleiro

Enseada do Paraguaçu - EEP, que localiza-se no distrito de São Roque do

Paraguaçu, no município de Maragogipe/BA, dentro da Zona de Amortecimento

da RESEX, Baía de Iguape. A Reserva Extrativista Marinha da Baía do Iguape

(RESEX Baía de Iguape) foi decretada em 11/08/2000, uma Unidade de

Conservação Federal, que permite o uso por populações extrativistas

tradicionais, para proteger os meios de vida e cultura tradicionais dessas

comunidades através do uso sustentável dos recursos naturais. A principal

área a ser impactada está localizada no estuário do rio Paraguaçu abrangendo

as comunidades dos municípios de Maragogipe, Salinas das Margaridas e o

distrito de São Roque do Paraguaçu pertencente a Maragogipe. O estuário

constitui-se de uma área de transição das águas fluviais do continente em

contato com águas oceânicas. Como as localizações dos estuários são

favoráveis principalmente à produtividade biológica além de ser um grande

atrativo turístico, dispõe de grandes áreas costeiras protegidas, possuindo uma

boa navegabilidade pela própria configuração da baía, sendo assim uma área

bastante peculiar. Segundo Miranda os estuários são áreas de grande

interesse econômico.

Os estuários sempre foram áreas de atração econômica

porque: São locais adequados para a instalação de portos; são

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férteis e podem produzir grandes quantidades de matéria

orgânica; constituem uma via de acesso importante para o

interior do continente; suas águas são renovadas

periodicamente sob a influência da maré (MIRANDA, 2002, p.

28).

Desse modo essas áreas são de suma importância para manutenção dos

serviços ecossistêmicos, por apresentarem grande variedade de espécies de

valor econômico e a própria configuração da baía que é provida de águas

protegidas, sendo assim bastante exploradas pela comunidade local para o uso

sustentável da produção pesqueira e também para indústria naval. Daí está

estabelecido o conflito dos agentes sociais quanto ao uso desse espaço.

1.1 OBJETIVOS

1.1.2 Objetivo Geral

O presente trabalho visa avaliar a influência de atividades econômicas na

transformação da paisagem, na área de influência direta das obras de

implantação do Estaleiro Enseada do Paraguaçu, no distrito de São Roque do

Paraguaçu, município de Maragogipe, causadas por novas dinâmicas de

agentes sociais. E também como cada grupo social trata a questão do uso do

espaço.

1.1.3 Objetivos Específicos

- Avaliar a infraestrutura da cidade Maragogipe e do distrito de São Roque do

Paraguaçu, e se esta comportará adequadamente o aporte do crescimento da

população e as implicações disso no espaço.

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- Caracterizar as grandes obras em atividade na região, dentre elas a

implantação do Estaleiro Enseada do Paraguaçu analisando os principais

impactos causados na paisagem.

- Descrever as ações propostas no Plano Diretor de Desenvolvimento

Municipal - PDDM para o município de Maragogipe, comparando com a

realidade atual.

- Compreender como a implantação do estaleiro está interferindo na realidade

da população do município de Maragogipe.

1.2 METODOLOGIA

Para a compreensão das transformações espaciais é de suma importância a

leitura de bibliografias referentes às categorias norteadoras para a temática e a

interpretação de trabalhos anteriores que se relacionam com a temática

proposta. Posteriormente a partir de interpretações e análises de ações das

políticas governamentais voltadas à questão da temática a ser trabalhada,

contidas nos Programa de Aceleração do Crescimento - PAC na Bahia, Estudo

de Impactos Ambientais/Relatório de Impactos Ambientais Estaleiro Enseada

do Paraguaçu EIA/RIMA – EEP e do Plano Diretor de Desenvolvimento

Municipal PPDM do município de Maragogipe, cruzar com informações das

observações de campo, fazendo uma analogia sobre as ideias propostas pelo

governo e as ações realizadas até o momento.

Utilização de mapas da área para dar subsídio à localização, como também a

apresentação e análise de tabelas de indicadores socioeconômicos para

compreender a influência das novas dinâmicas no padrão atual do município.

Análise dos registros de opiniões descritas em entrevistas aplicadas na cidade

de Maragogipe, distrito de São Roque do Paraguaçu e comunidade de

Enseada do Paraguaçu, para coleta de informações socioeconômicas para

compreender o perfil da população. O universo da amostra escolhido para

aplicações das entrevistas, teve como critério mensurar pessoas em idade

economicamente ativa PEA, investigando sobre questões como atividades

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profissionais, se utilizavam à área do estuário para alguma atividade,

mudanças ocorridas por conta da implantação do estaleiro e sobre como o

poder público trata a questão dessas mudanças, se está cumprindo o papel de

estruturação do espaço para o crescimento das cidades. Foram aplicados 50

entrevistas entre a cidade de Maragogipe, o distrito de São Roque do

Paraguaçu e Enseada do Paraguaçu. A partir destas informações serão

construídos gráficos que mostram as preocupações e expectativas da

população quanto à implantação do estaleiro.

Utilização de recursos fotográficos para representar o atual quadro de mudança

que passa as áreas de influência do estaleiro.

Análise de figuras e tabelas representativas no intuito de comparar e

compreender o padrão atual das populações diante da implantação do

estaleiro.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A pesquisa é fundamentada em categorias muito importantes para o

entendimento de como agentes sociais se apropriam do território modificando-o

e resinificando o espaço. Nesse contexto é fundamental a discursão de

categorias como espaço, paisagem, território e alguns artigos e trabalhos, que

tratam desta questão e como as dinâmicas territoriais influenciam na mudança

da paisagem.

2.1 ESPAÇO

A apropriação e ocupação do espaço é um processo circular que envolve as

dimensões de identificação simbólica e de ação-transformação (Pol, 2002).

Envolve um sentimento de pertinência que possibilita a transformação de

espaços e lugares. Identificação simbólica: processo interativo de

reconhecimento dos grupos se dá pela categorização subjetiva de qualidades

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pessoais e coletivas em comum; Ação-transformação: refere-se às ações

pessoais e sociais sobre o ambiente (Bonfim, 2013).

O espaço é construído a partir das demandas sociais no decorrer de sua

própria história, sendo, dessa forma, uma construção social (SANTOS, 2008).

A forma como cada sociedade se apropria do espaço é determinada pelo modo

de produção que a caracteriza, sendo assim, um produto histórico. Para Santos

(2008), o espaço é a natureza mais a sociedade, sendo que a natureza é

composta pelas coisas, objetos geográficos, naturais e artificiais. As formas

sociais são definidas como processos sociais que se configuram no espaço e

mediante ao trabalho, a sociedade produz e reproduz o espaço, caracterizando

assim em uma sobreposição dos tempos históricos.

De acordo com Santos (1990).

Nenhuma produção, por mais simples que seja, pode ser feita sem

que se disponha de meios de trabalho. A partir dessa primeira

organização social, o homem se vê obrigado para todo o sempre a

prosseguir uma vida em comum, uma existência organizada e

“planificada”. (SANTOS, 1990, pg. 162)

As formas das atividades humanas passam assim a ditar o ritmo da produção

do espaço com a potencialização do desenvolvimento das técnicas e a

apropriação do meio natural se torna cada vez mais predatória.

Segundo Santos (2006)

A história das chamadas relações entre sociedade e natureza é, em

todos os lugares habitados, a da substituição de um meio natural,

dado a uma determinada sociedade, por um meio cada vez mais

artificializado, isto é, sucessivamente instrumentalizado por essa

mesma sociedade. Em cada fração da superfície da terra, o caminho

que vai de uma situação a outra se dá de maneira particular; e a parte

do "natural" e do "artificial" também varia, assim como mudam as

modalidades do seu arranjo.

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20

O espaço deve ser caracterizado como a totalidade em atividade que adquire

concretude no cotidiano da sociedade, quando, através do trabalho, esta

preenche o espaço de sentido. A partir disso, Ab’Saber (1998, p. 30) afirma:

O espaço total é o arranjo e o perfil adquiridos por uma determinada

área em função da organização que lhe foi imposta ao longo dos

tempos. Neste sentido pressupõe um entendimento – na conjuntura

do presente – de todas as implantações cumulativas realizadas por

ações, construções e atividades antrópicas. A gênese do espaço –

considerado de um modo total - envolve uma análise da estrutura

espacial realizada por ações humanas sobre atributos remanescentes

de um espaço herdado da natureza.

Nesse sentido se faz necessário identificar as categorias analíticas que

compõem a totalidade do espaço como “paisagem, a configuração territorial do

trabalho, o espaço produzido ou produtivo, as rugosidades e as formas-

conteúdo”.

2.2 PAISAGEM

Com relação às discussões que envolvem paisagem, observa-se o esforço de

estabelecer tipos e níveis de relacionamento entre a sociedade e a natureza

em um determinado espaço. Assim, a paisagem representa a organização dos

elementos presentes no espaço, refletindo as representações sociais

historicamente construídas. Numa perspectiva clássica, a paisagem era

percebida como a expressão materializada das relações do homem com a

natureza, se limitando ao aspecto visual.

Entretanto, geógrafos como Troll (1950) já consideravam a paisagem como um

conjunto das interações entre a sociedade e o meio. Para ele, esse conjunto

poderia se apresentar sob duas possibilidades de análise: a forma

(configuração) e a funcionalidade (interação de geofatores incluindo a

economia e a cultura). O autor considerava a paisagem além do aspecto

visível, representado pela articulação dos elementos constituintes.

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21

Bertrand (1968) idealizou a paisagem como o resultado da interação dinâmica

entre os elementos físicos, biológicos e sociais sobre uma parte específica do

espaço. Esta interação é instável e acontece de forma dialética, fazendo da

paisagem um conjunto único e indissociável em permanente evolução.

Para Bolós (1992 apud LAGE; PEIXOTO; VIEIRA, 2008), a paisagem é um

conjunto de formas diversas, comuns a um determinado local da superfície

terrestre, distinguindo-se seus aspectos homogêneo e heterogêneo, dando

margem a análise de seus elementos em função de sua forma e magnitude.

Assim, a simples observação da paisagem nos permite verificar a sua

diversidade de elementos e a forma como eles se organizam no espaço, tendo

cada um uma especificidade e, ao mesmo tempo, uma inter-relação que

permite uma visão de conjunto.

Já para Santos (2006, p. 66), “A paisagem é o conjunto de formas que, num

dado momento, exprimem as heranças que representam as sucessivas

relações localizadas entre homem e natureza”. O autor concebe a paisagem,

nesse sentido, como um constituinte do espaço geográfico. Assim sendo

verificamos que a paisagem reflete a intencionalidade da sociedade. Ou ainda,

para Passos (2003, p. 57):

A paisagem se define, isto é, ela se descreve e se explica partindo

das formas, de sua morfologia (no sentido amplo). As formas

resultam de dados do meio ambiente natural ou são as

consequências da intervenção humana imprimindo sua marca sobre o

espaço.

Na Geografia, os estudos da interação sociedade com a natureza foi mais

direcionado aos estudos ambientais em abordagens sistêmicas. Principalmente

na década de 60 do século passado (MENDONÇA, 2001). Período onde se

generalizou a aplicação da Teoria Geossistêmica.

As interações sociais – derivações antropogênicas – escrevem as paisagens

no espaço, sendo possível, nesse sentido, analisar as derivações a partir da

paisagem. De acordo com (CEI, 1987, p. 13) “A noção de derivação implica

necessariamente em graus de alterações, de modificações e de

transformações realizadas na paisagem pelo homem”.

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22

Com esse pensamento compreendemos, que as modificações socioespaciais

na área de influência do estaleiro está ligado diretamente a apropriação do

espaço por um grupo de agentes sociais, aliado ao conhecimento da técnica

em materializar novas formas a serviço de interesses próprios, corroborando

nas transformações da paisagem.

2.3 TERRITÓRIO

O conceito de território é muito utilizado nas ciências humanas com várias

abordagens. Alguns dizem ser uma área delimitada sob posse de algum

indivíduo, na biologia é tido como habitat de um animal, na política é referente

ao Estado Nação, na psicologia ações de indivíduos na defesa de um lugar. Ou

seja, têm vários sentidos para um objetivo em comum, ou ações de um

indivíduo ou de um coletivo para se apropriar de um espaço para afirmar seus

próprios interesses ou crenças. A representação de materialidades sociais no

meio de forças universalizastes resultam em “forma impura” (SANTOS, 1994).

Portanto territorialidade seria o conjunto de ações mediadas pelo poder por

agentes sociais seja ele o Estado, empresas ou indivíduo. O território é tido

como um campo de disputas em um dado espaço então são conceitos

diferentes Segundo Raffestin

É essencial compreender que o espaço é anterior ao território se

forma a partir do espaço, é resultado se uma ação conduzida por um

ator sintagmático (ator que realiza um programa) em qualquer nível.

Ao se aprimorar do espaço, concreta ou abstratamente (por exemplo,

pela representação), o ator ‘territorializa’ o espaço. RAFFESTIN

(1993 p. 143).

Nessa mesma linha, Ribeiro (2009) caracteriza o território como um empenho

para análise de múltiplas abordagens. A partir de novas concepções de

territórios ele diz:

Sob a influência do conjunto das ciências sociais, o território passa da

situação de uma descrição de uma malha espacial (no sentido

jurídico-administrativo) para o estatuto de conceito que busca da

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conta da complexidade da realidade e das construções

socioeconômicas inseridas em um espaço físico. O conceito de

território remete tanto aos aspectos formais (distribuição no espaço

de materiais naturais e construídos, divisões administrativas, políticas

e jurídicas), bem como os aspectos ligados ao sentido das formas (as

ideologias, representações e sistemas de valores) (...) RIBEIRO

(2009 p.26).

Para Geografia, com definições da Sociologia e Filosofia o território vem sendo

encarado como palco do exercício do poder e da cidadania, Santos

afirma:

Vivemos com uma noção de território herdada da Modernidade

incompleta e do seu legado de conceitos, tantas vezes atravessando

os séculos praticamente intocados. É o uso do território, e não o

território em si mesmo, que faz dele objeto da análise social. Trata-se

de uma forma impura, um híbrido, uma noção que, por isso mesmo,

carece de constante revisão histórica. Santos (2001 p. 15).

Para Raffestin (1993), o território é uma produção que envolve uma gama de

relações, sendo por isso, uma produção que se inscreve num campo de poder.

Segundo o autor, a construção territorial se dá através de um conjunto de

tessituras, de nós ou redes e, como não existe, num território, um único ator e

assim uma única representação, este resulta do jogo multilateral dos múltiplos

atores. Diante desse contexto trazendo para temática da pesquisa, o território

se afirma como espaço de constantes mudanças da afirmação de um grupo de

empresas aliadas ao poder tecnológico exercendo sua soberania de poder no

espaço.

Em leituras mais específicas de trabalhos anteriores, Cerqueira (2010) trata da

questão do território e norma: a implantação do polo naval na RESEX Baía do

Iguape do conflito de usos daquele espaço, entre a conservação e do uso

sustentável da exploração de recursos naturais praticados e vivenciados pelas

populações tradicionais da Reserva Extrativista RESEX, Baía do Iguape e a

implantação do Polo Naval, contrariando toda uma lógica construída por anos

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pelas comunidades. Partindo do pressuposto da categoria de análise do

território, que é entendido como significado enquanto espaço usado, vivido

(Santos, 2005). Compreendendo o espaço geográfico a população que vive o

seu cotidiano, nesse sentido partindo da norma jurídica que é um elemento

essencial de regulação do território e da sociedade a fim de compreender o

funcionamento do território.

Já Santos (2012) chama atenção sobre a dinamização da economia do

município de Maragogipe e de municípios vizinhos, no que diz respeito ao

comércio, serviços, infraestrutura, geração de emprego e renda e cursos

técnicos e profissionalizantes, com a reativação do canteiro de obras de São

Roque do Paraguaçu em Maragogipe. Mas lembra que se as obras de

instalações não forem acompanhadas por políticas de incentivo e geração de

emprego para a população da região, não serão representativas de um

desenvolvimento e não atenderão as expectativas dos habitantes dos

municípios envolvidos, no que se refere à melhoria das condições de vida.

O consórcio das empresas do EEP exerce um papel centralizador na

consolidação da produção do polo naval no Recôncavo Baiano, sendo assim o

principal ator social na consolidação da dinamização econômica e social no

momento daquela área.

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3 LOCALIZAÇÃO DAS DE ÁREAS DE ESTUDO

Os locais da pesquisa foram definidos com base onde as transformações

socioespaciais no município de Maragogipe são mais visíveis, decorrentes da

implantação do Estaleiro Enseada do Paraguaçu. Tendo assim como base a

sede do município e o distrito de São Roque do Paraguaçu e a comunidade de

Enseada do Paraguaçu, que se localiza ao lado do empreendimento tornando-

se a mais impactada diretamente. Como representa o mapa 1.

Mapa 1- Localização do município de Maragogipe/BA

Fonte: Base cartográfica SEI, 2008 EIA/RIMA EEP, 2009. Adaptado por Fransielson dos Santos Pereira

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4 CONTEXTO HISTÓRICO DO MUNÍCIPIO DE MARAGOGIPE

O atual nome Maragogipe deriva do grande grupo indígena que dominava a

região os Marag-gyp, antes da chegada dos portugueses atraídos pela

facilidade de acesso de embarcações e fertilidade do solo. A fundação do

município se deu com a chegada do português Bartolomeu Gato em 1566 que

fundou o primeiro núcleo do povoado, e em 1640 ergueu-se uma capela em

homenagem a São Bartolomeu onde mais tarde fora elevada a freguesia com o

nome de São Bartolomeu de Maragogipe. Em 1725 o distrito foi transformado

em vila e posteriormente em 1850 a cidade. O município tem uma população

de 42.815 habitantes e na configuração municipal atual possui a sua sede

municipal Maragogipe e os distritos de Guaí e Guapira denominados

antigamente de Capanema e Caveiras, Nagé, Coqueiros e São Roque do

Paraguaçu, onde este dista 34 km da sede municipal (IBGE, 2010). A

economia local é baseada na produção agrícola, bastante favorecida pela

fertilidade do solo, onde foram desenvolvidas culturas como da cana-de-

açúcar, como principal produto colonial, e fumo nos tabuleiros e utilizado como

moeda de troca para escravos que tinham em sua alimentação basicamente o

cultivo da mandioca e a pesca de subsistência. Com o crescimento da capital

baiana, o recôncavo passou a protagonizar um período de desenvolvimento

com o abastecimento dos grandes engenhos da época. E Maragogipe por ser

um porto fluvial servia como escoadouro dessa produção até a capital. A partir

de instalações de linhas férreas em outros municípios como Cachoeira, Santo

Amaro e Nazaré, Maragogipe foi perdendo seu espaço como entreposto

comercial.

Esse enfraquecimento comercial foi suplantado mais tarde com várias fábricas

de beneficiamento do tabaco e charutos, onde se destaca a primeira fábrica

Manuel Vieira de Melo, e posteriormente em 1873 a Dannemann e a Suerdieck.

Em 1905 essas fábricas se especializaram-se em charutos de alta qualidade

para exportação sendo que os demais charutos eram produzidos

artesanalmente para abastecimento interno. O declínio dessa produção se deu

principalmente por alguns fatores; dentre eles a opção do consumo dos

Estados Unidos de charutos para cigarros, a preferência mundial por charutos

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mais claros encontrados em outras regiões, em detrimento da produção dos

escuros daquela região e a utilização de técnicas rudimentares de produção

que não acompanharam a modernidade culminou na perda de competividade

da Bahia nesse setor. Mais tarde a crise agravou-se com as campanhas anti-

tabaco realizadas mundialmente por questões de saúde-pública, decretando o

fechamento de algumas fábricas na cidade dentre elas a Suerdieck que a partir

de 1965 concentrou suas atividades no município de Cruz das Almas.

Com o fim das instalações das fábricas na cidade em 1990, houve um grande

impacto na economia local definido pelo longo período de estagnação já que

não houve o desenvolvimento de outra atividade. Além disso, o esvaziamento

populacional agravou-se demasiadamente a partir da década de 1950 no

período de industrialização de Salvador e Região Metropolitana, reforçando a

atratividade da capital para a maioria da população jovem do recôncavo em

adquirir melhores oportunidades. Desse modo a configuração territorial se

define na mudança do eixo econômico e da produção agrícola regional do

recôncavo para produção industrial e de bens de produção concentrada na

capital e região metropolitana.

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5 INDÚSTRIA NAVAL NA BAHIA

O setor naval na Bahia vem crescendo muito nos últimos anos com a

reestruturação da indústria baiana. Os setores industriais têm se diversificado

aproveitando os altos investimentos feitos no estado por parte de grandes

empresas e o Governo Federal; após anos sem investimento, consequência da

recessão de 1980 e 1990, a Petrobras reativou seu canteiro de obras em São

Roque do Paraguaçu. Com a descoberta do Pré-Sal na Bacia de campos Rio

de Janeiro a Petrobrás proprietária do Canteiro de obras de São Roque do

Paraguaçu, está fazendo grandes investimentos no setor naval impulsionando

a dinamização da região apostando na construção de plataformas petrolíferas

P59 e P60, a construção de um Dique seco e atualmente a implantação de um

estaleiro para manutenção de embarcações e sondas. A figura 1 abaixo ilustra

a construção de plataformas no canteiro de obras de São roque do Paraguaçu-

BA.

Figura 1 - Construção de plataformas no Canteiro de Obras da Petrobrás em São Roque do Paraguaçu, Maragogipe/BA.

Fonte: Acervo fotográfico pessoal de Fransielson dos Santos Pereira, 2014.

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Todos esses empreendimentos fazem parte do Polo Industrial de Maragogipe

iniciativa junto ao governo federal através do Programa de Aceleração do

Crescimento – PAC que está investindo no setor energético do Estado da

Bahia. Na figura 2, encontram-se representados os investimentos

proporcionados pelo PAC 2 na Bahia.

Figura 2 - Investimentos proporcionados pelo PAC 2 na Bahia.

Fonte: PAC 2 relatório do 7º balanço de Abril, 2013.

A figura acima, representa a espacialização de muitos investimentos ainda em

licitação no estado da Bahia, mostrando o quanto será impactante a

implantação desses empreendimentos mudando toda uma lógica de produção

em várias regiões partindo principalmente, da Região Metropolitana de

Salvador pelo pioneirismo no setor energético e se irradiando pelo recôncavo

baiano e atingindo até outras áreas mais distantes.

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Na tabela 1, é demonstrado o investimento no setor de Petróleo e Gás Natural

setor que cresce exponencialmente e que pretende ser bastante atrativo

mesmo depois do ano de 2014.

Tabela 01 – Investimentos no setor de Petróleo e gás na Bahia

Fonte: PAC 2 relatório do 7º balanço de Abril, 2013.

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6 ÁREA DE INTERVENÇÃO DO ESTALEIRO ENSEADA DO PARAGUAÇU -

EEP

6.1 LOCALIZAÇÃO DO ESTALEIRO

Figura 3 - Imagem da localização da área do Estaleiro, no distrito de São Roque do Paraguaçu/BA

.

Fonte: Google Earth, 2009.

A área onde está sendo instalado o estaleiro é vizinho ao Canteiro de São

Roque de Paraguaçu, operado pela Petrobrás, e as margens do rio Baetantã.

Os limites do terreno estavam originalmente no interior da Reserva Extrativista

Marinha – RESEX Baía de Iguape. Porém, os limites desta unidade de

conservação foram recentemente revisados (Lei nº 12.058 de 13/10/2009),

deixando tanto o canteiro de São Roque de Paraguaçu quanto a área

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pretendida na Ponta do Corujão fora da RESEX, mantendo-se, contudo, na sua

Zona de Amortecimento da RESEX. Como é representado na figura 4.

Figura 4 - Poligonal da RESEX Baía de Iguape (em amarelo) revisada pela Lei nº 12.058 de 13/10/2009 e Poligonal do Estaleiro Enseda do Paraguaçu (em vermelho).

Fonte: Google Earth, 2009.

O estaleiro é um consórcio entre as empresas Odebrecht, OAS

Empreendimentos, UTC Engenharia e recentemente Kawasaki. Abrange uma

área de aproximadamente 1,6 milhão de m² de onde, 370 mil m² é destinado a

Reserva Legal. A obra está orçada em 2,6 bilhões em investimentos (EIA/RIMA

– EEP, 2009). Antes da implantação a área fazia parte da fazenda de um

grande latifundiário da região e segundo relatos de moradores da comunidade

vizinha das obras eram desenvolvidas várias atividades na área como

agricultura, coleta de frutos e principalmente como caminho de deslocamento a

regiões de manguezais para mariscagem.

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6.2 VIAS DE ACESSO AO ESTALEIRO

A BR-420 é a única ligação por terra, entre a cidade de Maragogipe, o distrito

de São Roque do Paraguaçu e Nazaré das Farinhas o percurso é de 36 km e a

distância até a capital Salvador é de 133 km. Essa via é utilizada para o

deslocamento de homens e algumas máquinas até o local das obras, se

encontrando em condições precárias, havendo muitos buracos, faltando

acostamento e falta de sinalização e quando existe, está coberta pela

vegetação ocasionando um aumentando na ocorrência de acidentes e assaltos,

como é representado no mapa 02.

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Mapa 2 - Vias de acesso terrestre ao distrito de São Roque do Paraguaçu-BA.

Fonte: Base cartográfica SEI, 2008 e Consórcio Estaleiro Enseada do Paraguaçu, 2010.

As condições da rodovia BR-420 são tão precárias que em certos trechos a

inexistência da camada de asfalto, confunde-se às vezes com uma estrada de

terra de uma zona rural. Como é representado nas figuras 5 e 6.

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Figura 5 - Aspecto da BR 420 trecho entre Maragogipe e São Roque do Paraguaçu.

Fonte: Acervo pessoal fotográfico Fransielson dos Santos Pereira.

Com o grande fluxo de pessoas e máquinas, que se estabeleceu desde a

implantação do Canteiro de Obras da Petrobrás, em São Soque do Paraguaçu,

em 1976 até a da implantação do estaleiro em 2010, essa rodovia não passa

por uma grande reestruturação apenas obras de recapeamento.

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Figura 6 - Sinalização vertical encoberta pela vegetação BR 420 trecho entre Maragogipe e São Roque do Paraguaçu.

Fonte: Acervo fotográfico pessoal Fransielson dos Santos Pereira.

Essa rodovia foi pavimentada há aproximadamente 8 anos mas com o recente

aumento do fluxo de trânsito, ela não está suportando a capacidade demasiada

de cargas e pessoas. Recentemente o consórcio do Estaleiro Enseada do

Paraguaçu - EEP instalou balsas para transportar seus funcionários de

Maragogipe e demais localidades até o local das obras, medida emergencial

até o projeto do governo do estado de construção de uma ponte ligando os

acessos a BR-420 à localidade de Enseada sobre o rio Baetantã com 525

metros e extensão total de 1,30 km, diminuindo assim, de fato, o fluxo na rodovia

e facilitando o acesso ao estaleiro e outras localidades. Outras vias de acesso

seria pelo ar ou pela água, pelo canal da Foz do rio Paraguaçu ou pelo rio

Baetantã. Na figura 7 é possível visualizar a construção da ponte que liga o

distrito de São Roque do Paraguaçu à área de intervenção do estaleiro.

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Figura 7 - Construção da ponte que liga o distrito de São Roque do Paraguaçu a comunidade de Enseada do Paraguaçu.

Fonte: Google Imagens, 2013.

6.3 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-AMBIENTAL

As condições climáticas presentes na área de intervenção do estaleiro, de

acordo com o Instituto de Nacional de Meteorologia – INMET num período de

18 anos de monitoramento, que compreendem o período entre 1990 a 2008

apresenta um comportamento sazonal. No Verão, que abrange principalmente

os meses de Janeiro, Fevereiro e Março são registradas as maiores médias de

temperatura, já nos meses de Julho e Agosto, correspondem ao período de

Inverno, foram observados os menores médias de temperatura. Na figura 8 é

ilustrado o gráfico de temperatura média, obtida a partir das normais

climatológicas do INMET para a estação de Salvador.

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Figura 8 -Temperatura Média na estação Salvador para os períodos de 1990 a 2008.

Fonte: EIA EEP, 2009. As precipitações médias são equivalentes aos meses das estações do Verão e

do Inverno respectivamente, apresentando médias mais elevadas nos meses

de Dezembro a Janeiro e médias mais baixas nos meses de Abril a Julho.

Como é ilustrado na figura 9:

Figura 9 - Precipitação Média na estação Salvador para os períodos de 1990 a 2008

Fonte: EIA EEP, 2009.

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A umidade relativa do ar segue quase que a mesma dinâmica quando

comparadas com a temperatura e precipitação média, apresentando dois

períodos distintos: o período chuvoso, que vai de Abril a Setembro, com mais

de 78% de umidade e um período mais seco, de Outubro a Março, com menos

de 75%, baixando para o mínimo de 66% nos meses de Outubro a Fevereiro.

Outro fator observado é a relação inversamente proporcional entre a

evaporação e a precipitação, no que relaciona os mínimos de precipitação com

o máximo de evaporação.

Os ventos na Baía de Todos os Santos – BTS seguem um padrão diário de

fortes brisas marinhas de (Leste) durante o dia, e brisas continentais calmas

durante a noite (Norte), atingindo a velocidade média de 3,2 m/s. No período de

inverno a velocidade média é de 4m/s, com a chegada de frentes frias de

ventos de sudeste (SE) apresentando uma maior variação na intensidade das

direções dos ventos. A direção dos ventos locais sofre bastante a influência da

topografia, visto que o relevo circundante ao Canal de São Roque assume a

forma de “canyon”, com escarpas marginais elevadas a cerca de 50 metros.

Dessa forma o padrão de ventos locais não segue a tendência da circulação

dos ventos regionais.

A área da implantação do estaleiro está situada próximo ao limite oeste da

Bacia Sedimentar do Recôncavo, formada primordialmente por três unidades

geológicas básicas seguindo desde a mais antiga até a mais recente. (EIA -

EEP, 2009). Conforme mapa 3.

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Mapa 3 - Geologia da área do estaleiro, com sombreamento de relevo.

Fonte: EIA EEP, 2009.

Na primeira, o período Jurássico é representado pelos arenitos eólicos do

Grupo Brotas (Formação Sergi), esses arenitos são constituídos de grãos de

fração fina a média, bem selecionados e arredondados típicos de origem

eólica, caracterizados por um alto grau de porosidade e permeabilidade, o que

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os torna muito vulneráveis a contaminação do lençol freático, fator que deve

ser levado em consideração com relação à ocupação. As maiores elevações na

área estão representadas por essa unidade alcançando até 200 metros de

altitude estando associado por perfis mais silicificados, conforme atestam os

blocos caídos nas margens do canal do Paraguaçu na figura 10.

Figura 10 - Blocos caídos de arenito silicificado, na margem do canal do Paraguaçu.

Fonte: EIA EEP, 2009.

O período mais recente é no Quaternário, onde há formação de depósitos de

leques aluviais com uma área de ocorrência principalmente na região de

Salinas das Margaridas – BA, encostados aos arenitos da Formação Sergi. A

terceira unidade é representada pelas lamas plásticas, associadas aos

manguezais atuais, com área de influência nas reentrâncias da linha de costa,

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atrás dos pontais arenosos e nas desembocaduras dos pequenos cursos

d’água que ocorrem na região.

Os solos da região são caracterizados por baixo índice de erodibilidade,

entretanto são encontrados Argissolos Amarelo situados em relevo suave

ondulado, ondulado e forte ondulado apresentando susceptibilidade à erosão

de moderada a alta. Já nas áreas mais planas são encontrados os Neossolos

Quartzarênicos e Espodossolos demonstrando alta velocidade de infiltração,

excessivamente drenado sem características de erodibilidade. Esses solos

também apresentam baixa fertilidade, decorrentes da baixa Saturação por

Bases e Saturação com Alumínio.

A geomorfologia da área é definida por colinas sustentadas pelos arenitos da

Formação Sergi com cristas elevadas de níveis mais silicificados. Já na porção

central da área, ocorrem rebaixamentos nas marginais do rio Baetentã. Como é

ilustrado na figura 11.

Figura 11 - Região rebaixada as margens do rio Baetantã. E em segundo plano o relevo colinoso que circunda a área. São Roque do Paraguaçu-BA.

Fonte: EIA EEP, 2009.

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Dentre os processos atuantes no modelado do relevo da área, as regiões mais

rebaixadas vizinhas às colinas, há ocorrência de grandes blocos caídos à

margem do rio Paraguaçu, que são constituídos por arenitos associados às

falésias íngremes nas margens do canal do Paraguaçu, devido ao solapamento

da base das mesmas pelas correntes fluviais. Durante o período de chuvas

intensas é possível observar depósitos de fluxos de detritos agregado às áreas

de maiores declividades, que em condições de exposição pelo desmatamento

favorece o aparecimento de voçorocas ativas em trechos onde o arenito é mais

silicificado de menor permeabilidade.

O clima tem forte influência no padrão da rede de drenagem da região,

apresentando variações de fluxos de vazões ao longo da bacia do Paraguaçu,

que é drenada pelo rio principal o Paraguaçu, que nasce nas proximidades da

localidade de Farinha Molhada, no município de Barra da Estiva, a

aproximadamente 1.200 metros, percorrendo cerca de 500 km até sua foz na

Baía de Todos os Santos. A bacia apresenta grande variedade de

características fisiográficas e geo-ambientais, que inclui a Chapada-

Diamantina, com altitude de 1.200 metros, com domínio de clima semi-árido no

seu trecho médio, e regiões de clima úmido com precipitações de 1.800mm na

região costeira, cobrindo uma área de drenagem de 56.300 km². EIA EEP

(2009). A faixa litorânea da bacia ainda é dividida em três trechos:

o primeiro, baixo curso, possui 16 km de comprimento, compreende desde a

Usina Hidrelétrica de Pedra do Cavalo até a Baía de Iguape, no segundo trecho

a Baía de Iguape; com área de 76,1 km² e por fim o canal do Paraguaçu que

se conecta com a Baía de Todos os Santos - BTS com 18km de comprimento.

A figura 12, ilustra a fisionomia da cobertura vegetal da área do estaleiro:

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Figura 12 - Fisionomia da Cobertura Vegetal da área do Estaleiro, São Roque

do Paraguaçu

Fonte: EIA/RIMA EEP, 2009

A caracterização da fisionomia da cobertura vegetal é definida em sua maioria

pela variação de estágios de floresta ombrófila:

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Estágio inicial que se apresenta como uma fisionomia herbáceo/arbustiva

de porte baixo com altura média inferior a 5 metros.

Estágio inicial a médio tem sua delimitação longe de ser a ideal entre os

diferentes estágios de regeneração das florestas ombrófilas, já que

muitas vezes os fragmentos estudados se encontram em estágios

intermediários de desenvolvimento, o que dificulta a classificação de seu

estágio de regeneração seria basicamente um estágio transicional.

Estágio Médio apresenta fisionomia arbórea e/ou arbustiva predominando

sobre a herbácea, podendo constituir estratos diferenciados; a altura

média é de 5 a 12 metros para as florestas ombrófila densa e estacional

semi - decidual e de 3 a 5 metros para as demais formações florestais.

Cobertura arbórea variando de aberta a fechada, com ocorrência

eventual de indivíduos emergentes.

Mata Paludosa, tipo de floresta que ocupa áreas com solo

permanentemente encharcado com menor diversidade de espécies em

relação às outras florestas.

Mata de Restinga, presentes nas planícies litorâneas apresentando

adaptações às condições salinas e arenosas sob influências de marés

com espécies herbáceas reptantes (que se arrastam, rastejantes), com

sistemas radiculares amplos.

Manguezais, ambientes salgados, zona de solo geralmente arenoso,

ensolarada, desprovida de cobertura vegetal ou abrigando uma

vegetação herbácea. O Apicum como parte do ecossistema manguezal,

ocorre na porção mais interna do manguezal, na interface médio/supra

litoral, raramente em pleno interior do bosque.

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Figura 13 - Aspecto do manguezal na área do estuário do Paraguaçu.

Fonte: Acervo fotográfico pessoal Fransielson dos Santos Pereira, 2014.

Os manguezais são sistemas ecológicos costeiros tropicais, dominados por

espécies vegetais típicas, às quais se associam outros componentes da flora e

da fauna, microscópicos e macroscópicos, adaptados a um substrato

periodicamente inundado pelas marés, com grandes variações de salinidade.

As áreas mais impactadas com a intervenção do estaleiro está justamente nos

ambientes dos manguezais, responsável pela maior parte da produção

econômica daquela área.

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6.4 PRINCIPAIS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS

Segundo a Resolução COMAMA, nº 1/86, art 1°: Impacto Ambiental é definido

por:

Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio

ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das

atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

II - as atividades sociais e econômicas;

III - a biota;

IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

V - a qualidade dos recursos ambientais."

Compreende-se que impacto ambiental é, qualquer alteração no meio ambiente

em um ou mais de seus componentes – provocada por uma ação humana

(Sánches, 2008, p. 28).

Nesse sentido as intervenções do Estaleiro Enseada do Paraguaçu provocam

várias alterações tanto sob o aspecto ambiental como social. No aspecto

ambiental as atividades foram desenvolvidas para a viabilização do

empreendimento, desde a sua fase de implantação causando muitos impactos

às comunidades da região da Baía de Iguape. A paisagem logo foi

transformada, a partir de várias atividades impactantes dentre elas a supressão

da vegetação para consolidação das fundações, sendo necessário o

desmatamento de uma extensa área onde abrigava grande potencial de

biodiversidade vegetal e animal. No comparativo entre as figuras 14 e 15 é

mostrado a área antes e depois da intervenção.

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Figura 14 - Área do estaleiro antes da intervenção do estaleiro

Fonte: Ortofoto CONDER, 2008 e EIA/RIMA EEP, 2009. Figura 15 - Área do estaleiro depois da intervenção

Fonte: Foto Aérea INEMA, 2010.

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Posteriormente foi necessária a dragagem de 1.283.008,86 m³ de sedimento,

em uma área de 229.518,58 m². Este volume foi obtido levando em

consideração a cota final de -10 metros, necessária para aprofundamento do

leito do oceano para atracamento de navios de grande porte, considerando que

a profundidade média da área a ser dragada é de 4,42 m tem-se uma média de

escavação de 5,59 m. (EIA EEP, 2009 p. 246).

Na figura 16, é ilustrado o caminho percorrido pela draga para retirada e

depósito dos sedimentos.

Figura 16 - Trajeto percorrido pela draga para retirada e depósito de sedimentos no Oceano Atlântico.

Fonte: EIA EEP, 2009.

O processo de dragagem segundo estudiosos e relatos de alguns pescadores

causou alguns danos ao ambiente pesqueiro, já que de retirada de sedimentos

do fundo do mar afugentam os peixes e dispersa grandes de agregados de

sedimentos, que furam as redes de arrasto de pescadores acarretando a na

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diminuição dos pescados e o aumento no seu valor, prejudicando assim

algumas famílias que viviam basicamente da pesca e da agricultura de

subsistência.

Essas populações há pouco tempo já sofreram com o fenômeno da “maré-

vermelha”, que se define pela eutrofização de alguns nutrientes na água que

proliferaram um tipo de alga autótrofa que liberam toxinas que são facilmente

absorvidas pelos outros seres vivos, provocando o envenenamento das águas

e ameaçando a sobrevivência de várias espécies. Alguns estudiosos relatam

que a alta concentração de ferro lançadas na água por essas atividades

contribuíram para esses fenômeno.

Dentro da área de influência do estaleiro, há várias comunidades tradicionais

quilombolas e ou ribeirinhas que devolve atividade pesqueira e a agricultura

familiar há séculos naquela região estas são as principais atividades da

população das comunidades. Dentre elas a Comunidade Quilombola de

Enseada do Paraguaçu, que se localiza ao lado das instalações das obras do

estaleiro, caracterizada por uma comunidade simples de baixa escolaridade,

com alguns problemas como saneamento, infraestrutura urbana precária. O

abastecimento de água atende menos da metade da população e segundo

relatos de moradores o lixo e o esgoto são lançados diretamente no

manguezal.

As figuras 17 e 18 apresentam o aspecto da comunidade de Enseada do

Paraguaçu, distrito de São Roque do Paraguaçu.

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Figura 17 - Vias sem pavimentação na Comunidade de Enseada do Paraguaçu.

Fonte: Acervo fotográfico pessoal Fransielson dos Santos Pereira, 2014

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Figura 18 - Lixo jogado no manguezal, Comunidade de Enseada do Paraguaçu

Fonte: Acervo fotográfico pessoal Fransielson dos Santos Pereira, 2014

Existe uma comunidade entre muitas da região do Iguape que preservam

movimentos culturais tradicionais, como o exemplo da Barquinha de Enseada

que recentemente em conjunto com o estaleiro foi promovido o lançamento de

um livro com cânticos. Como ilustra a figura 19.

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Figura 19 - A Barquinha de Enseada na Comunidade de Enseada do Paraguaçu, distrito de São Roque do Paraguaçu

Fonte: Comunidade Beneficente de São Roque do Paraguaçu, 2010 A presença do estaleiro trouxe algumas melhorias à comunidade como a

implementação do posto de saúde, posto policial a reforma da praça e da igreja

sem contar na questão do emprego porque 80 % dos entrevistados em

Enseada o possuem ou mesmo trabalham no estaleiro. As figuras 20 e 21,

mostram algumas melhorias implantadas na região.

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Figura 20 - Posto de Saúde e Posto Policial na Comunidade de Enseada do

Paraguaçu

Fonte: Acervo fotográfico pessoal Fransielson dos Santos Pereira, 2014.

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Figura 21 - Pracinha na Comunidade de Enseada do Paraguaçu.

Fonte: Acervo fotográfico pessoal Fransielson dos Santos Pereira, 2014

7 AÇÕES PÚBLICAS E AS MODIFICAÇÕES SOCIOESPACIAIS NAS ÁREAS

DE INFLUÊNCIA DO ESTALEIRO ENSEADA DO PARAGUAÇU - EEP

As mudanças estruturais vão moldando as novas formas, proporcionadas pelo

firmamento de novos agentes sociais para atender a nova dinâmica vigente no

local. E com a implantação do estaleiro em São Roque do Paraguaçu não é

diferente, a reativação do canteiro de obras de São Roque do Paraguaçu

proporciona um desenvolvimento gradativo, forçando a realização de algumas

obras emergenciais e outras em projeto para serem executadas pelos órgãos

competentes. Na divisão de responsabilidades foram estabelecidas ações a

serem cumpridas: o poder público ficou com a parte do melhoramento da

infraestrutura, planejamento e ordenamento a cidade para as empresas

entrarem com os investimentos e qualificação da mão de obra para geração de

emprego e renda.

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O munícipio de Maragogipe se prontificou a atualizar o Plano de

Desenvolvimento Urbano Municipal PDDM em parceria com a Pontifícia

Universidade Católica - PUC do Rio de Janeiro para guiar suas diretrizes em

virtude das transformações que município vem sofrendo. Veja aspecto da

cidade de Maragogipe, na figura 22.

Figura 22 - Foto oblíqua da cidade de Maragogipe

Fonte: Jornal Grande Bahia.com, 2012.

No PDDM, há uma passagem que estabelece algumas metas a serem

cumpridas em relação ao desenvolvimento do setor industrial do município

como:

Disponibilidade de estruturas portuárias e de serviços logísticos para

transporte náutico de cargas e passageiros entre as bordas leste e

oeste da BTS, estabelecendo conexão com a RMS e desta com o mundo.

Melhor estruturação rodoviária.

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Disponibilidade de sistemas instalados e ou expertise próxima para

serviços de saneamento industrial.

Adensamento da oferta de equipamentos e serviços de apoio

administrativos e financeiros (bancos, contabilidade, manutenções,

segurança, outros).

7.1 INFRAESTRUTURA

A disponibilidade de estruturas portuárias está em processo licitatório

capitaneado pela Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de

Energia, Transportes e Comunicações da Bahia – AGERBA, entidade

vinculada à Secretaria de Infraestrutura, o público realizará a licitação para

Outorga de Concessão de Serviço Público para administração, operação,

manutenção e utilização dos terminais hidroviários, precedida da execução de

obras públicas para a requalificação do Terminal Marítimo da sede de

Maragogipe (TMM), e do Cais no distrito de São Roque (CSR), com

fundamento no art. 5º da Lei 8987/1995, que dispõe sobre o regime de

concessão e permissão da prestação de serviços públicos. Nas figuras 23 e 24,

abaixo estão representados o aspecto do TMM de Maragogipe onde transitam

todos os dias a maioria dos funcionários para o estaleiro e o Cais de São

Roque do Paraguaçu.

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Figura 23 - Terminal Marítimo de Maragogipe – TMM, em Maragogipe

Fonte: Google Maps, 2009.

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Figura 24 - Cais Distrito de São Roque do Paraguaçu – CSR, Maragogipe/BA

Fonte: Google Maps, 2009.

Quanto à reestruturação das vias de acesso alguns projetos têm problemas

contratuais que estagnam o seu procedimento. Como medida emergencial uma

operação tapa buracos será feita na BR-420, pois já há um projeto do governo

federal para reconstrução da via e a pavimentação do trecho da BA-500 e 508

que liga Cruz das Almas a Maragogipe. Quanto às vias fluviais está em projeto

uma integração logística regional de São Roque do Paraguaçu com o entorno

da RMS. Como é representado no mapa 04.

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Mapa 04 - Vias de acesso terrestre e marítima a São Roque do Paraguaçu-

BA.

Fonte: Base cartográfica SEI, 2008 e PDDM, 2011.

O saneamento básico da cidade de Maragogipe ainda está em fase de

implantação. Como na maioria das cidades do Recôncavo Baiano é realizado

pela Embasa com recursos do projeto do Governo Federal. Na figura abaixo,

ilustra o aspecto de um rio que corta a cidade servindo de descarga de

efluentes.

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Figura 25 - Esgoto a céu aberto despejado no rio da cidade de Maragogipe

Fonte: Acervo fotográfico pessoal Fransielson dos Santos Pereira, 2014.

7.2 SERVIÇOS

Com o aumento significativo do fluxo de pessoas na cidade e

consequentemente um maior número de capital circulando dinamizam

principalmente o setor de serviços. Para suprir essa demanda se fez

necessário, na cidade de Maragogipe, a implantação de mais instituições

financeiras ao ponto que segundo o IBGE no ano de 2006 havia apenas 1

agência bancária, o Banco do Brasil. Já em 2012 esse número aumentou para

3 agências com a inclusão da Caixa Econômica Federal e o Banco Bradesco. E

em 2013 o distrito de São Roque ganhou seu primeiro caixa eletrônico da

Caixa Econômica Federal evitando assim que a população se desloque até

Nazaré das Farinhas para efetivação de saques e extratos.

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Figura 26 - Agências Bancárias na cidade de Maragogipe

Fonte: Acervo fotográfico pessoal Fransielson dos Santos Pereira, 2014

7.3 HOTELARIA

O setor de hospedagem e alimentício acompanham também esse crescimento.

Hoje Maragogipe possui 8 pousadas e um hotel de maior porte, que foi

construído mais recentemente e hospeda em sua maioria funcionários do

estaleiro. O distrito de São Roque do Paraguaçu possui 5 pousadas

cadastradas e com previsão de aumento para os próximos anos. Os bares e

restaurantes na cidade de Maragogipe, se encontram em desenvolvimento

mais lento tendo poucas opções, até porque o contingente de pessoas que são

os funcionários do estaleiro fazem suas refeições no próprio refeitório do

estaleiro retornando à cidade apenas a partir das 19:00 horas, quando a balsa

atraca no Cais. Neste sentido a cidade de Maragogipe funciona apenas como

cidade dormitório. Na figura 27, é representado o Hotel Maragogipe que

apresenta um padrão mais alto em relação a outras pousadas da cidade.

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Figura 27 - Hotel Maragogipe na cidade de Maragogipe

Fonte: Acervo fotográfico pessoal Fransielson dos Santos Pereira, 2014.

8 MUDANÇAS NOS INDICADORES SOCIOECONÔMICOS E O PERFIL DA

POPULAÇÃO DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DA INTERVENÇÃO DO

ESTALEIRO

Tanto a cidade de Maragogipe quanto o município refletem bastante a grande

mudança vigente, após ter passado por um longo período de estagnação

econômica, após o período colonial, com o amplo crescimento econômico da

Bahia através do setor industrial naval. Hoje a cidade oferece cursos

profissionalizantes que atraem uma gama de pessoas do próprio município e

de municípios vizinhos, que vêm com o intuito de se especializarem para

posteriormente trabalharem no Estaleiro e em várias outras empresas

secundárias que fornecem matérias-primas. O próprio SENAI, em parceria com

a Petrobrás mantém cursos de solda, caldeiraria, torneiro dentre outros,

gerando emprego e renda para a população o que é refletido nos números.

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Segundo o IBGE a população está crescendo e com ela a expectativa de

emprego e renda, como é exposto nas tabela 2.

Tabela 2 – Estimativa da População da cidade de Maragogipe entre 2011 a

2013.

Estimativa da População 2011

População estimada 42.967 pessoas

Estimativa da População 2013

População estimada 45.740 pessoas

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores

Sociais.

A tabela 2, representa um acréscimo de 10,64% na estimativa da população no

município de Maragogipe num período de 2 anos, o que coincide justamente

com o período após o início das atividades no estaleiro em 2010.

Tabela 3 - Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008 e 2011 Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008

Número de unidades locais 343 Unidades

Pessoal ocupado total 2.190 Pessoas

Pessoal ocupado assalariado 1.929 Pessoas

Salários e outras remunerações 22.325 Mil Reais

Salário médio mensal 1,9 Salários mínimos

Número de empresas atuantes 336 Unidades

Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2011

Número de unidades locais 397 Unidades

Pessoal ocupado total 5.108 Pessoas

Pessoal ocupado assalariado 4.764 Pessoas

Salários e outras remunerações 109.130 Mil Reais

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Salário médio mensal 3,5 Salários mínimos

Número de empresas atuantes 391 Unidades

Fonte: IBGE, Cadastro Central de Empresas 2008 e 2011. Rio de Janeiro:

IBGE, 2013.

Com o atrativo da implantação do estaleiro, outros indicadores também

sofreram modificações num comparativo feito das estatísticas do cadastro

central de empresas para os anos antes do estaleiro (2008) e após estaleiro

(2011) tabela 3, elas mostram que entre esse período o número de unidades

locais teve um acréscimo de 11,57%, seguido pelo número de pessoal ocupado

2,33%. O número de pessoal ocupado assalariado subiu 24,57%, os salários e

outras remunerações tiveram um acréscimo de 48,88% o salário médio mensal

passou de 1,9 para 3,5 salários um acréscimo de 18,42% e o número de

empresas atuantes subiu para 11,63%.

Tabela 04 – Produto Interno Bruto Municipal entre 2008 e 2011

Produto Interno Bruto Municipal - 2008

Valor adicionado bruto da agropecuária 35.907 mil reais

Valor adicionado bruto da indústria 14.495 mil reais

Valor adicionado bruto dos serviços 100.685 mil reais

Produto Interno Bruto Municipal - 2011

Valor adicionado bruto da agropecuária 33.454mil reais

Valor adicionado bruto da indústria 26.309mil reais

Valor adicionado bruto dos serviços 137.214mil reais

Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA.

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O modo de produção do município vem mudando sensivelmente. As pessoas

que antes viviam da agropecuária estão migrando para o setor industrial e de

serviços tornando-se os setores que mais geram emprego e renda ao

município. O rápido crescimento da população é proporcional ao crescimento

das pessoas empregadas nos setores da indústria e serviços aumentando

assim as receitas. O setor de agricultura sofreu um déficit nas receitas de

9,31%, enquanto que o setor de industrial e de serviços respectivamente

tiveram um acréscimo de 18,15% e 13,63%. Sendo assim os responsáveis por

31,78% do PIB municipal. Como mostra a tabela 04.

A opinião das pessoas quanto à geração de emprego e renda com relação à

implantação do estaleiro também foi abordada em algumas perguntas das

entrevistas aplicadas na cidade de Maragogipe. O gráfico 1, mostra a

quantidade de pessoas por família trabalhando ou que estão ligadas a alguma

atividade do estaleiro.

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Gráfico 1 - Quantidade de pessoas por família trabalham ou está ligado a alguma atividade do estaleiro.

Fonte: Pesquisa de campo realizada de 12 a 15 de novembro de 2013 na cidade de Maragogipe, por Fransielson dos Santos Pereira.

Na pesquisa também foram abordadas as mudanças mais observados pelos

moradores da cidade de Maragogipe com a implantação do estaleiro, como

mostra o gráfico 2.

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Gráfico 2 - Quais as mudanças mais observadas na cidade com a implantação do estaleiro.

Fonte: Pesquisa de campo realizada de 12 a 15 de novembro de 2013 na cidade de Maragogipe, por Fransielson dos Santos Pereira.

E o resultado é que 47% dos entrevistados veem mudanças no aumento da

oferta de emprego seguido da dinamização do comércio 33%, aumento

populacional 13% e aumento da violência 7%. Com quase 50% das respostas,

as mudanças no aumento da oferta de emprego estão muito mais latentes

entre os moradores. Com relação à infraestrutura da cidade perante as

mudanças pertinentes, o gráfico 3 representa quais as melhorias devem ser

feitas.

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Gráfico 3 - Quais as melhorias na infraestrutura devem serem feitas.

Fonte: Pesquisa de campo realizada de 12 a 15 de novembro de 2013 na cidade de Maragogipe, por Fransielson dos Santos Pereira.

Com 53% das repostas dos entrevistados o poder público deve realizar o

tratamento do saneamento básico do município que como dito anteriormente,

está em andamento sendo realizado pela Embasa com recursos do Governo

Federal.

A mesma pesquisa foi aplicada no distrito de São Roque do Paraguaçu e na

Comunidade de Enseada obtendo resultados não muito distante do visto na

sede, quando perguntado quais as mudanças mais observadas na área com a

implantação do estaleiro. Como ilustra a figura abaixo.

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Gráfico 4 - Quais as mudanças mais observadas na área com a implantação do estaleiro.

Fonte: Pesquisa de campo realizada de 19 a 21 de novembro de 2013 no distrito de São Roque do Paraguaçu, por Fransielson dos Santos Pereira.

O gráfico 4 aparece mais heterogêneo em relação a sede do município de

Maragogipe, mas a predominância ainda sim está no aumento do emprego

com 40%. Com o fluxo de pessoas para área da implantação do estaleiro

houve um acréscimo no valor da passagem de canoa, passando de 1,00 para

2,50 reais, que parte do distrito de São Roque do Paraguaçu para comunidade

de Enseada nas instalações do estaleiro, num percurso de 30 minutos

aproximadamente. A única alternativa por terra seria, na saída da BR-420

seguir para BA – 001 até o entroncamento da localidade de Jacuruna, seguindo

pela BA- 524 até Salinas das Margaridas em um percurso de 40 km.

Em relação às mudanças mais solicitadas pelos entrevistados, de ações de

infraestrutura por conta do poder público. Estão representadas no gráfico 5.

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Gráfico 5 - Quais as melhorias na infraestrutura devem serem feitas.

Fonte: Pesquisa de campo realizada de 19 a 21 de novembro de 2013 distrito de São Roque do Paraguaçu, por Fransielson dos Santos Pereira.

As melhorias na infraestrutura mais imediatas segundo relatos de moradores

seriam: o saneamento básico com 33%, mas a heterogeneidade do gráfico

representa as instalações precárias de infraestrutura e serviços vividas pela

comunidade de Enseada do Paraguaçu.

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9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É visível o bom momento que vive a região do Recôncavo baiano após um

longo período de falta de investimentos A economia impulsionada pelo setor

industrial naval vai transformando a região em um dos polos mais atrativos da

Bahia que gera emprego e renda, mesmo que com todos os problemas

ambientais gerados na fase de implantação do estaleiro sejam de grandes

proporções, em contra partida há a geração de emprego para muitas famílias.

Mas para alcançar um nível de desenvolvimento social que venha justificar uma

obra dessa magnitude, ainda tem um longo caminho a ser percorrido. O setor

público através de algumas ações principalmente com intervenções na

infraestrutura do município tenta acompanhar as transformações, mas é quase

impossível, pois o crescimento é muito rápido e os processos licitatórios das

obras são muito lentos. Estima-se que mais de 10 mil empregos diretos e

indiretos serão gerados naquela região entre a construção do estaleiro e o polo

industrial de Maragogipe, polarizando assim várias regiões circunvizinhas

chegando até a RMS.

Outra questão a se pensar é com relação ao planos de capacitação para os

funcionários. Será que esse mesmo contingente de trabalhadores ou pelo

menos uma parte deles serão absorvidos pelas empresas para dar

continuidade mesmo no processo operação do estaleiro ou serão demitidos e

voltarão a trabalhar informalmente como uma boa parcela deles e contratarão

pessoas já capacitadas de outras regiões acarretando assim uma nova crise na

economia do Recôncavo Baiano.

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Território e Bahia. Salvador: UFBA, 2003.

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– Ilhéus/ba e suas Repercussões Morfogenéticas. Aprovado em Sessão

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SMITH, Neil. Desenvolvimento Desigual: Natureza, Capital e a Produção

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ANEXOS

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

AS TRASNSFORMAÇÕES SOCIOESPACIAS NA ÁREA DE

INFLUÊNCIA DIRETA DECORRENTE AS INTERVENÇÕES DO

ESTALEIRO ENSEADA DO PARAGUAÇU - DISTRITO DE SÃO

ROQUE DO PARAGUAÇU/BA

ROTEIRO DE ENTREVISTAS Entrevistados: Alguns moradores das cidade de Maragogipe, São Roque do Paraguaçu e comunidade de Enseada do Paraguaçu. Objetivo:

Identificar a relação que os moradores mantêm com a região de implantação do estaleiro. (trabalho, lazer, etc);

Investigar se as propostas descritas no Plano Diretor de Desenvolvimento Municipal – PDDM do município de Maragogipe, pelo poder público estão realmente sendo executadas segundo relatos dos moradores.

Analisar as condições dos moradores perante as mudanças decorrente da implantação do empreendimento e as condições da infraestrutura das cidades.

Perguntas:

1. Nome:

1.1. Idade______________

1.2. Escolaridade ( ) Nunca estudou ( ) 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental ( ) 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental ( ) 1º ao 3º ano do Ensino Médio; ( ) Superior.

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1.3. Você exerce alguma atividade profissional? ( ) Sim; Qual? ( ) Não; 1.4. A quanto tempo você reside neste bairro?

2. DADOS GERAIS

2.1. Quantas pessoas da família trabalham ou está ligado a alguma atividade do estaleiro?

2.2. Você observa algum tipo de mudança que vem ocorrendo com a implantação d estaleiro? ( ) Sim; Qual(is)? Por que essas mudanças vêm acontecendo? Como você acha que estas mudanças podem ser amenizadas? ( ) Não;

2.3. O poder público vem realizando seu papel em relação à Infraestrutura da cidade? ( )SIM; Quais ( )NÃO; Quais