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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
COLEGIADO DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
ANTÔNIO SOUZA PEREIRA DOS SANTOS
A PESQUISA EM TURISMO NA PÓS-GRADUAÇÃO DE GEOGRAFIA
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA: análise das dissertações de
mestrado no período 1997-2015.
SALVADOR
2016
ANTÔNIO SOUZA PEREIRA DOS SANTOS
A PESQUISA EM TURISMO NA PÓS-GRADUAÇÃO DE GEOGRAFIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA: análise das dissertações de
mestrado no período 1997-2015.
SALVADOR
2016
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em
Geografia como requisito parcial para
obtenção do grau de Bacharel em Geografia
pela Universidade Federal da Bahia.
Orientador: Prof. Dr. Wendel Henrique
Baumgartner.
TERMO DE APROVAÇÃO
ANTÔNIO SOUZA PEREIRA DOS SANTOS
A PESQUISA EM TURISMO NA PÓS-GRADUAÇÃO DE GEOGRAFIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA: análise das dissertações de
mestrado no período 1997-2015.
APROVADO em 10 de outubro de 2016.
Banca Examinadora:
_________________________________
Prof. Wendel Henrique Baumgartner
Doutor em Geografia
Universidade Federal da Bahia
__________________________________
Profª. Ariadna da Silva Bandeira Mestre em Geografia
Universidade do Estado Bahia
__________________________________
Prof. Shanti Nitya Marengo
Doutor em Geografia
Universidade Federal da Bahia
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Graduação em
Geografia, como requisito parcial para
obtenção do grau de Bacharel em Geografia
pela Universidade Federal da Bahia.
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Maria e Antônio;
Às minhas irmãs, Graziela e Priscila;
À minha avó, Maria José;
À minha tia Ana;
E, principalmente, aos meus sobrinhos, Paulo Ricardo, Thainara, Thainá, Júlia e Juliana:
que lhes sirva de inspiração.
AGRADECIMENTOS
A Deus sempre cabe os primeiros agradecimentos, pois Dele recebemos a dádiva da vida
para, no decorrer da mesma, cumprir os objetivos, planos e metas traçados, assim como os
sonhos que resistiram à passagem da infância e da adolescência.
Aos meus Guias e Anjos de Luz, que sei que me acompanham desde sempre nos estudos.
Obrigado por atenderem aos meus pedidos por iluminação, paciência e inspiração, para dar
conta de todas as atividades acadêmicas.
Aos meus pais. Em especial e principalmente à minha mãe, Maria das Graças, por ter me
permitido estudar desde sempre, sacrificando-se por mim ao longo dos anos, e por, à sua
maneira, demonstrar seus orgulho e estímulo à minha caminhada.
Ao meu orientador, querido Professor Wendel, por ter aceitado o desafio de orientar alguém
por vezes tão ansioso e inquieto. Obrigado pelas dicas durante a construção deste trabalho e
também pelas aulas durante o curso de Geografia – as quais, sem puxa-saquismo, estão entre
as mais maravilhosas que já tive. És um modelo de profissional a se tentar seguir.
Sinto-me bastante à vontade para agradecer à Banca. Nela estão profissionais e pessoas
maravilhosas, que me inspiram bastante e tenho certeza que contribuirão mais que
significativamente para o meu trabalho. À professora Ariadna, minha pró preferida do curso
de Turismo e Hotelaria da UNEB; e ao professor Shanti, um grande e valioso companheiro
dos momentos passados no CITEPLAN, meus mais sinceros agradecimentos.
À Tábata, que contribuiu com a leitura do meu trabalho, ainda na fase de elaboração, e o
apoio e motivação sempre dados. Também, a Dirce, secretária do POSGEO, por me ajudar
com o acesso às dissertações.
Ao Ângelo, pela ajuda e suporte ao longo da minha formação acadêmica, desde os tempos da
UNEB.
Por fim, a todas as pessoas, entre familiares, parentes, amigos e colegas de curso (da UNEB e
da UFBA) que me mandaram/mandam boas energias e me desejaram/desejam sucesso na
minha busca pessoal e profissional.
EPÍGRAFE
“A Geografia é a ciência do espaço e o turismo concretiza-se nos espaços geográficos”.
Luzia Neide Coriolano & Sylvio Bandeira Silva, 2005.
“(...) outra questão que se põe à universidade é a de superação da dicotomia
ensino/pesquisa. Há necessidade de transformar desde a sala de aula dos cursos de
graduação em locais de pesquisa, e que ela não fique reservada apenas à pós-graduação
(...)”
Ivani Catarina A. Fazenda, 1995
RESUMO
Este trabalho volta-se para a pesquisa em turismo na Pós-Graduação de Geografia da UFBA,
no período 1997-2015. Considera, para tanto, 14 dissertações de mestrado (de um total de
254), nas quais o “Turismo é Tema Central”. Objetiva-se analisar os aspectos que
caracterizam as pesquisas empreendidas, a partir da natureza temática das mesmas; elencar os
aspectos metodológicos empregados nos estudos (métodos e técnicas); e identificar o
referencial teórico comum que as embasou, tanto geográfico quanto turístico. Ao fim deste,
constata-se que a pesquisa em turismo é pouco representativa na Pós-Graduação em
Geografia da UFBA, com uma diversidade de assuntos que não dão unidade ao conjunto das
dissertações analisadas. De modo geral, o não uso/menção de um Método de Abordagem; a
não-especificação direta de um Método de Procedimento; e a utilização das pesquisas
bibliográfica e documental, da observação, do questionário, do formulário e da entrevista,
como as principais Técnicas, caracterizam o conjunto dos trabalhos – complementadas pelas
análises. Os Métodos de Procedimento especificados (Histórico-geográfico, Comparativo,
Estudo de Caso e Estatístico) apontam para a não exclusividade no uso de um método. Os
referenciais teóricos utilizados – os “Referenciais Comuns” – são majoritariamente
geográficos a turísticos, prevalecendo o discurso autoral. Os destaques entre os referenciais da
Geografia são Milton Santos e Adyr A. B. Rodrigues e, entre os do Turismo, constam apenas
Dóris V. M. Ruschmann e Mário Carlos Beni. Como uma das contribuições, espera-se que
este trabalho contribua tanto para a Geografia quanto para o Turismo, como mais uma
evidência da proximidade que estas duas áreas possuem.
Palavras-chave: Pesquisa em Turismo. Pós-Graduação em Geografia. Universidade Federal
da Bahia.
ABSTRACT
This work is directed to the tourism research in UFBA’s Geography’s postgraduation, in the
period of 1997-2015. Therefore, It considers fourteen dissertations of master’s degree (a total
of 254), in what the “Tourism is central topic”. The aim is to analyse the aspects that
characterize the undertaken researches, starting of their thematic character; to inscribe the
methodological aspects used in studies (methods and technics); and to identify the theoretical
reference in common that based them, as geographic as touristic. At the end, it finds out that
the tourism research is little figurative in the UFBA’s Geography’s postgraduation, with a
diversity of topics that don't give uniformity to the group of analyzed dissertations. Generally,
the non use of a Approach Method; the absence of direct specification of a Procedure Method;
and the use of bibliographic and documentary researches, of the observation, of the
questionnaire, of the formulary and of the interview, like the main technics, that characterize
the group the researches – supplemented by analysis. The specified procedure methods
(Historical/Geographical, Comparative, Case Study and Statistical) point to the non
exclusiveness in the use of a method. The theoretical references that were used – “the
common references” – are mostly more geographics than touristics, prevaling the authorial
discourse. The prominences of geographic references are Milton Santos and Adyr A. B.
Rodrigues, and of tourism, are reported only Dóris V. M. Ruschmann and Mário Carlos Beni.
It’s expected that the research contributes to the Geography and Tourism, evidencing the
proximity between the both areas.
Keywords: Tourism Research. Geography’s Postgraduation. Federal University of Bahia.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Áreas Geográficas de apoio à Geografia do Turismo. p. 62
Figura 2: Distribuição dos Trabalhos por Grupo, no Período 1997-2015. p. 67
Figura 3: Quantitativo dos Trabalhos no Período 1997-2015. p. 68
Figura 4: Zonas Turísticas do Estado da Bahia. p. 155
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Trabalhos Voltados para a Pesquisa Científica em Turismo no Brasil. p. 24
Quadro 2: Definições de Turismo Utilizadas por Alguns Autores. p. 40
Quadro 3: Multi/Interdisciplinaridade do Turismo, Segundo Alguns Autores. p. 50
Quadro 4: As abordagens do Turismo nas Obras Resultantes do Evento Internacional “Sol e
Praia”, em 1995. p. 53
Quadro 5: O Turismo nas Linhas de Pesquisa do POSGEO. p. 65
Quadro 6: Dissertações Desenvolvidas no POSGEO, Presentes na Pesquisa de Castro (2006).
p. 71
Quadro 7: Assuntos Gerais Contidos nos Títulos das Dissertações. p. 74
Quadro 8: Palavras-chave Segundo Grupos Gerais de Assuntos. p. 76
Quadro 9: Níveis/Abordagens de Estudos das Dissertações e suas Referências Espaciais.
p. 80
Quadro 10: Locais focados nos estudos realizados. p. 82
Quadro 11: Métodos de Abordagem e sua Utilização nas Dissertações Analisadas. p. 85
Quadro 12: Classificação das Dissertações Quanto à Especificação do(s) Método(s) de
Procedimento(s) p. 87
Quadro 12.1: Métodos de Procedimentos Especificados Diretamente nas Dissertações. p. 88
Quadro 13: Relação de Métodos de Abordagem e Métodos de Procedimentos Utilizados nas
Dissertações. p. 90
Quadro 14: Referenciais Teóricos Comuns às Dissertações Analisadas. p. 102
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Quantitativo de Trabalhos no Período 1997-2015. p. 66
Tabela 2: Tabela 2 – Quantitativo de Defesas de Dissertações por Períodos. p. 68 Tabela 3: Defesas de Dissertações Voltadas para o Turismo no Período 1997-2015. p. 69
Tabela 4: Palavras-Chaves Encontradas nas Dissertações. p. 75
Tabela 5: Referenciais Teóricos mais Utilizados por Dissertação. p. 95
Tabela 5.1: Principal Referencial Teórico por Dissertação Analisada. p. 100
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AGB – Associação dos Geógrafos Brasileiros
APA – Área de Proteção Ambiental
BAHIATURSA – Empresa de Turismo da Bahia
BTS – Baía de Todos os Santos
CAR – Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional
CBG – Congresso Brasileiro de Geógrafos
CEI – Centro de Estatísticas e Informações
CEPRAM – Conselho Estadual do Meio Ambiente
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
CONDER – Companhia de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Salvador
CRA – Centro de Recursos Naturais
EMBRATUR – Empresa Brasileira de Turismo
ENG – Encontro Nacional de Geógrafos
ENGA – Encontros Nacionais de Geografia Agrária
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IUOTO – International Union of Official Travel Organizations
NEHMA – Núcleo de Estudos Hidrológicos e do Meio Ambiente
OMT – Organização Mundial do Turismo
PDITS – Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável
PNT – Plano Nacional de Turismo
POSGEO – Pós Graduação de Geografia
PRODETUR/NE – Programa de Desenvolvimento do Turismo/Nordeste
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SECTI – Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação
SEI – Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia
SEPLAN – Secretaria de Planejamento
SEPLANTEC – Secretaria de Planejamento, Ciência e Tecnologia
SISTUR – Sistema de Turismo
TERNOPAR – Turismo e Excursionismo Rural no Norte do Paraná
TI – Territórios de Identidade
UFBA – Universidade Federal da Bahia
UIOOT – União Internacional de Organizações Oficiais de Viagens
ZT – Zonas Turísticas
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 14
2 TERMOS DE REFERÊNCIA CONCEITUAL 22
2.1 ESTADO DA ARTE 22
2.2 REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL 34 2.2.1 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONCEITO/DEFINIÇÃO DE
TURISMO 34
2.2.2 O CARÁTER DISCIPLINAR DO TURISMO: MULTIDISCIPLINARIDADE E
INTERDISCIPLINARIDADE 48
2.2.3 A GEOGRAFIA DO TURISMO 51
3 A PESQUISA EM TURISMO NA PÓS GRADUAÇÃO EM
GEOGRAFIA DA UFBA: DISSERTAÇÕES ENTRE 1997 E 2015 64
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO UNIVERSO DAS DISSERTAÇÕES 69
3.2 A NATUREZA TEMÁTICA DAS DISSERTAÇÕES 72 3.2.1 OS ASSUNTOS GERAIS 73
3.2.2 OS ASSUNTOS ESPECÍFICOS (OU A ESPECIFICIDADE DO OBJETO) 77
3.3 OS ASPECTOS METODOLÓGICOS DAS DISSERTAÇÕES 84 3.3.1 OS MÉTODOS DE ABORDAGEM 84
3.3.2 OS MÉTODOS DE PROCEDIMENTO 86
3.3.3 AS TÉCNICAS DE PESQUISA 91
3.4 O REFERENCIAL TEÓRICO UTILIZADO NAS DISSERTAÇÕES 93
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 108
REFERÊNCIAS 115
APENDICE A – QUADRO DE PROFESSORES DO POSGEO 124
APENDICE B – ESTRUTURA CURRICULAR DO MESTRADO 125
APENDICE C – GRUPOS/LABORATÓRIOS DE PESQUISA DE
GEOGRAFIA 126
APÊNDICE D – FICHAS-RESUMO DAS DISSERTAÇÕES ONDE O
TURISMO ESTÁ EXPLÍCITO 127
APENDICE E – FICHAS-RESUMO DAS 14 DISSERTAÇÕES
ANALISADAS 147
ANEXO A – MAPA DOS TERRITÓRIOS DE IDENTIDADE 154
ANEXO B – MAPA DAS ZONAS TURÍSTICAS BAIANAS 155
1 INTRODUÇÃO
O Turismo1 possui história e antecedentes históricos
2, que podem ser encontrados
em diversos autores como Barreto (1995), Urry (1996), Beni (1998), Rejowski (1996),
Montejano (2001), Oliveira (2002), Coriolano e Silva (2005), Coriolano (2007), Andrade
(2008), Panosso Netto (2013) e Pakman (2014). Numa síntese geral e simplificada, esses
autores escrevem sobre as viagens e deslocamentos realizados pelos primeiros homens até o
Grand Tour inglês; do início da organização das excursões turísticas; do início do processo de
conceituação do termo e a sua evolução; e das pesquisas científicas sobre o Turismo em
diversas áreas, como por exemplo, a Geografia.
No que se refere à pesquisa científica em turismo, Rejowski (1996) situa o seu
desenvolvimento no pós-Segunda Guerra Mundial3, trazendo os estudos que o antecedem e o
acompanham, bem como adentrando no processo de cientificidade que o caracterizou ao
longo do período. Este primeiro momento, segundo a autora, se dá em âmbito internacional –
no qual ela apresenta um conjunto de fatores que justificaram o surgimento e o
desenvolvimento da pesquisa em Turismo (sob o viés multidisciplinar), principalmente na
Europa e nos Estados Unidos.
Portanto, o turismo, uma prática antiga, só aparece como área científica de estudos
recentemente, e sua evolução foi notável, levando-se em conta o curto período de
sua ocorrência. Mesmo considerando que importantes bases de seu estudo foram
assentadas antes da Segunda Guerra Mundial, seu desenvolvimento científico só
ocorreu após a mesma.
1 Neste trabalho, diferenciar-se-á o Turismo como área do conhecimento do turismo como atividade, pela
inicial, respectivamente, maiúscula e minúscula. Reconhece-se difícil, nalguns momentos, fazer tal distinção. 2 Faz-se referência, com isso, ao fato de o histórico do turismo ser abordado principalmente em função da
evolução do seu conceito/definição (principal e correlatos) e da organização das viagens que acabariam por
conformá-lo, cujos deslocamentos iniciais são, inclusive, a ele anteriores. Entretanto, existem outras abordagens
históricas de setores/elementos que estão inseridos na área geral do turismo: histórico da Organização Mundial
do Turismo (OMT), da Hotelaria e dos Meios de Hospedagem, do Agenciamento (agências e operadoras de
viagens), da Pesquisa em Turismo e Hotelaria; assim como de outros que a eles se relaciona, por exemplo, dos
Transportes e da Alimentação. 3 Segundo Lima e Silva (2004, p. 11) “A massificação desta atividade [o turismo] veio, de acordo com a
formação e a sedimentação da própria sociedade de consumo de massa, se desenvolvendo a partir dos anos 30
[do século XX] e, mais fortemente, com a estruturação do Estado do bem-estar social nos EUA e na Europa
Ocidental, depois da Segunda Guerra Mundial. Agrega-se a essa reorganização do mundo, a expansão do uso de
inovações tecnológicas, a mundialização das empresas hegemônicas apoiadas pelo capital financeiro, viabilidade
do mundo com o uso dos meios midiáticos e explosão do consumo pelas classes média e alta, mesmo em países
do Terceiro Mundo. A adoção de inovações nos meios de transporte e outros meios de comunicação contribuiria
para elevar o fluxo de pessoas e informações entre os lugares. Investidores eram atraídos para valorizar – com
equipamentos, infra-estrutura e serviços – ambientes favoráveis ao lazer, comumente potencializados pelas
belezas naturais e pela riqueza da história humana”.
A evolução do estudo do turismo, compreensivelmente, estimula esforços em
pesquisa e ensino, de forma análoga ao processo de ‘cientificidade’ já ocorrido em
outras disciplinas mais antigas das ciências humanas e sociais, como a antropologia,
geografia, sociologia e economia (REJOWSKI, 1996, p. 17).
Em âmbito nacional, Rejowski (1996) afirma que os estudos científicos do
turismo iniciam-se na década de 1970, apontando os diversos aspectos que contribuíram para
a sua continuidade no ambiente acadêmico brasileiro. O contexto era o seguinte:
Nessa época, no Brasil, assim como em outros países, existia toda uma expectativa e
credibilidade sobre o turismo como uma das ‘chaves que abririam as portas’ do
desenvolvimento econômico. Isso em função do boom do turismo massivo e a
conseqüente movimentação e circulação de capital, cuja importância econômica já
era reconhecida em todo o mundo4. Informações eram veiculadas tanto em meios de
comunicação especializados (revistas e boletins técnico-científicos), quanto em
meios de comunicação de massa (jornais, diários, programas de rádio e televisão),
divulgando os aspectos positivos do turismo em toda a sua plenitude.
Empresários, políticos e estudiosos brasileiros passaram a se interessar por turismo
(Ibid., p. 59).
Os trabalhos e estudos existentes no Brasil, apontados pela autora em sua tese5 e
noutros textos de sua autoria, assim como nalgumas outras referências aqui utilizadas,
evidenciam as muitas áreas do conhecimento que estudaram o turismo – entre elas a
Geografia. Tais estudos realizados por esta ciência são importantes pelo fato de denotarem a
relação espacial intrínseca entre ambas. Também, por contribuírem para o avanço da
sistematização dos conhecimentos em Turismo e na denominada Geografia do Turismo –
inclusive para a própria Geografia –, fortalecendo a discussão teórica destas áreas.
É, nessa perspectiva de contribuição teórica, que este trabalho, cujo título e tema é
A pesquisa em Turismo na Pós-Graduação de Geografia da Universidade Federal da Bahia:
análise das dissertações de mestrado no período 1997-2015, é pensado. Com um foco
disciplinar definido, o geográfico, entende-se por natureza temática os temas que foram
4 Em Jafari (2005, p. 40-1) encontra-se o mesmo destaque. Ele diz que: “El rápido y estable crecimiento del
turismo desde la Segunda Guerra Mundial y especialmente en las última décadas, ha atraído mucha atención
tanto sobre el fenómeno como sobre la propia industria”. O autor continua dizendo que uma análise da literatura
informa bastante sobre o crescimento e a popularidade do Turismo – realizando tal análise a partir das quatro
plataformas que vão agrupar o conjunto dos estudos e perspectivas desenvolvidos durante esses anos. A
plataforma que segundo o autor vai defender “Lo bueno del turismo” é a Apologética, ou, segundo Rejowski
(1996), a Plataforma de Defesa ou Advocatícia. 5 No estudo consta que os primeiros trabalhos voltados para o Turismo, no Estado da Bahia, se deram na Escola
de Administração da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador: a primeira foi a dissertação de
mestrado de Jorge Antônio Santos Silva, sobre “O desempenho do turismo em Salvador na década de 80: a
relevância da ação do Estado”, em 1991; o outro foi a dissertação de mestrado de Guilherme Marback Neto,
sobre o “Turismo de eventos – o caso do Centro de Convenções da Bahia”, em 1992. No que se refere à presença
da Geografia nos trabalhos encontrados, a autora afirma que esta figura entre as principais disciplinas que
originaram os estudos (com 9 trabalhos num total de 55), iniciados na década de 1970 e cujas áreas de maior
interesse foram Espaço e Turismo e Turismo e Meio Ambiente.
discutidos nestes trabalhos, sejam estes “puramente” turísticos ou associados a
temas/conteúdos geográficos. O recorte temporal presente no título refere-se ao ano de
publicação da primeira dissertação de mestrado da Pós-Graduação de Geografia (POSGEO)
da UFBA, até o ano anterior à finalização deste trabalho. Trata-se de uma proposta de estudo
cujo tema atende às quatro viabilidades propostas por Barros e Lehfeld (1986, p. 27 apud
DENCKER, 1998, p. 61): técnica (em função dos métodos e técnicas indicados de acordo
com a tipologia de pesquisa); política (relevância do tema em função da realidade
emergencial, relações com pesquisas existentes e contribuição para a solução de problemas);
lógica (em função do quadro conceitual que embasa a pesquisa) e financeira (considerando os
gastos que todas as pesquisas demandam).
Tendo em vista o viés disciplinar dos trabalhos, a questão que procura-se
responder é: qual é a natureza temática e os aspectos metodológicos que caracterizam a
pesquisa em Turismo na Pós-Graduação de Geografia da Universidade Federal da Bahia, no
período 1997-2015? Para tanto, cabe voltar as atenções, quando do tratamento de cada
dissertação, para o título e resumo das mesmas e a metodologia utilizada por cada
pesquisador. E, no que se refere à metodologia, serão considerados apenas os Métodos de
Abordagem que os embasam, os Métodos de Procedimento empregados e as Técnicas
utilizadas. Adicionar-se-á a identificação do referencial teórico que os mesmos utilizaram
para fundamentar as pesquisas desenvolvidas.
Foram definidos objetivos para serem alcançados com a elaboração deste trabalho,
a fim de se responder ao problema apresentado. Como objetivo geral, busca-se analisar os
aspectos que caracterizam a pesquisa em Turismo nas dissertações de mestrado desenvolvidas
na Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal da Bahia, no período 1997-2015.
Esses aspectos são os temas que foram pesquisados, os Métodos de Abordagem e
Procedimento utilizados, as Técnicas empregadas e os Referenciais Teóricos que as
fundamentaram. Os objetivos específicos são:
Caracterizar as dissertações encontradas quanto à natureza temática das
pesquisas desenvolvidas, no que se refere aos assuntos gerais e específicos (ou especificidade
do objeto) das mesmas.
Elencar os aspectos metodológicos empregados nos estudos realizados, no que
se refere aos Métodos de Abordagem, de Procedimento e às Técnicas.
Identificar o referencial teórico comum dos pesquisadores, tanto geográfico
quanto turístico, denominado “Referenciais Comuns”.
Para o tratamento da metodologia a ser empregada, este trabalho apóia-se em
Pádua (2004), Gil (2009) e Marconi e Lakatos (1999; 2010). De acordo com Pádua (2004, p.
38) “o desenvolvimento da pesquisa envolve quatro momentos marcantes; cada um com seus
desdobramentos e especificidades”. São estes momentos: o Planejamento do Projeto de
Pesquisa (que se compõe de vários outros momentos, desde a seleção do tema até a
apresentação do referido projeto); a Coleta de Dados (que volta-se para a reunião dos dados
pertinentes ao problema identificado); a Análise dos Dados (que se caracteriza pela análise,
classificação e interpretação das informações coletadas anteriormente); e a Elaboração Escrita
(com redação final e posterior apresentação).
Escolhido o tema a ser pesquisado, procedeu-se com o levantamento bibliográfico
inicial. Primeiramente, a pesquisa voltou-se apenas para a reunião das dissertações defendidas
no período 1997-2015, agrupando-as em 3 classificações específicas e de modo a separar, ao
fim desta, aqueles que realmente interessam aos propósitos deste trabalho. Estes
agrupamentos foram definidos seguindo procedimento existente em Rejowski (1996). A
autora também propõe esta separação dos trabalhos encontrados – mas não destaca um
terceiro agrupamento, como aqui foi feito. Os grupos foram os seguintes:
1) O Turismo é Tema Central: dissertações nas quais o Turismo figura no título
do trabalho.
2) O Turismo está Explícito: dissertações nas quais o Turismo não aparece no
título, mas figura no resumo, palavras-chave, sumário e/ou ao longo do texto do trabalho.
3) O Turismo não é Tema: dissertações com outras temáticas que não a turística.
Sobre as duas primeiras classificações, cabem esclarecimentos mais. No que se
refere ao primeiro grupo, embora o “rótulo” principal seja o Turismo, considerou-se também
aquelas dissertações em cujos títulos estivessem presentes os termos/palavras e expressões
(sozinhos ou associados aos adjetivos “turístico” ou “hoteleiro”): Hotelaria, Meios de
Hospedagem e/ou Estabelecimentos Hoteleiros, Agências e/ou Operadoras de Viagens,
Viagem(ns), Roteiros Turísticos, Cartografia e/ou Mapas Turísticos, Perfil dos Visitantes
(Turistas, Excursionistas, etc.), Segmentação Turística, Ensino/Educação Turísticos entre
outros. Rejowski (1996) considerou para tanto termos referentes a turismo, turista, hotelaria
ou agência de viagem, citando dois exemplos que atendiam a esse critério6.
6 “Estudo exploratório sobre sistemas de controle gerencial em empresas hoteleiras no Brasil”, dissertação de
mestrado de Acácio Lima, de 1990; e “Formulação de um programa de marketing de turismo social para o
trabalhador”, tese de doutorado de Humberto Baptistella Filho, são os exemplos utilizados pela autora.
No que se refere ao segundo grupo, prestou-se atenção a palavras/termos e
expressões que, presentes nos títulos, sugerissem e/ou indicassem uma relação com o Turismo
ou quaisquer dos outros acima mencionados, levando assim ao surgimento do mesmo em
algumas das partes dos trabalhos mencionadas anteriormente. Foram alguns dos encontrados:
Marketing Territorial, Mapeamento, Zoneamento e Regionalização, Percepção e Paisagem,
Patrimônio Cultural, Cidade de Cachoeira, Cidade de Salvador, Baía de Pontal (Ilhéus),
Unidades de Conservação e Unidades Ambientais, Litoral e Orla Oceânica, Recôncavo,
Fortificações, Pelourinho, Geografia e Literatura, Políticas e Planejamento Estadual,
Municipal ou Urbanos, Reformas Urbanas em Espaços/Locais/Áreas Turísticos, Cidade de
Amargosa, Romarias, Transportes Aéreos entre outros. Diferentemente da já mencionada
autora, estes termos foram fornecidos como uma explicação para a “suspeita” sobre os
trabalhos que se “encaixassem” no segundo grupo. Ela fala dos mesmos termos supracitados
não sendo encontrados no título, mas no conteúdo e no decorrer do texto – citando também
dois exemplos para esse grupo7.
Em ambos os casos, aumenta-se a gama de trabalhos a serem contemplados,
tornando este mais fundamentado em sua análise e diminuindo, assim, a chance de alguma
dissertação não ser contemplada. Além disso, alguns títulos das dissertações do segundo
grupo remetem a cidades, áreas, locais, espaços ou pontos turísticos; a alguns temas que
podem se associar ao turismo, a depender do contexto – como as que falam da Literatura ou
das categorias geográficas no contexto das cidades ou espaços da atividade turística entre
outros.
Visando cumprir os prazos, a opção foi por trabalhar apenas com as dissertações
do primeiro grupo: elas são 14 (5,5%) de um total de 254 dissertações, a primeira defendida
em 1998 e a última em 2010. Observou-se que, nesse período, houve anos em que não se teve
dissertações voltadas para a temática do Turismo. Numa tentativa de explicação para a
ausência de trabalhos, supõe-se a falta de interesse dos autores pelo tema – visto que o mesmo
tem a ver inicialmente com a escolha do indivíduo, e, pode manter relação com a área de
formação ou o tema pesquisado quando da graduação. Outro aspecto a se considerar seria o
fato do Turismo, embora presente nas Linhas de Pesquisa, não ser uma área de estudos
geográficos que caracteriza e “dá identidade” ao POSGEO, como são os estudos de Geografia
Urbana ou Geografia Agrária, por exemplo.
7 “A muralha que cerca o mar – Uma modalidade de uso do solo urbano”, dissertação de mestrado de Odette C.
de Lima Seabra, de 1979; e “Memória de uma comunidade que se transforma: de localidade agrícola-pesqueira a
balneário”, dissertação de mestrado de Mara C. de Souza Lago, de 1983, são os exemplos dados pela autora.
O trabalho abarca a totalidade do grupo de dissertações que foi identificado na
pesquisa/levantamento inicial, portanto, não possui amostra. Quanto aos métodos, que para
Gil (2009) proporcionam as bases lógicas da investigação, e para Marconi e Lakatos (1999;
2010) são tidos como Métodos de Abordagem, este trabalho não se aproxima de nenhum
pelos autores listados e, desse modo, não existe justificativa em utilizar-se de um deles como
fundamentação. No que se refere aos métodos que indicam os meios técnicos da investigação
(GIL, 2009) ou Métodos de Procedimento (MARCONI; LAKATOS, 1999; 2010), este
trabalho utilizará o Método Monográfico.
No que se refere às técnicas, segundo Marconi e Lakatos (1999), a que será
utilizada neste trabalho será a Documentação Indireta, a partir de Pesquisa Bibliográfica8, em
Fontes Secundárias do tipo Publicações – estas encontradas nas bibliotecas da UFBA (Escola
de Administração, Central, Faculdade de Educação e Instituto de Geociências) e da
Universidade do Estado da Bahia; na Secretaria da POSGEO, localizada no Instituto de
Geociências (onde também foram encontradas e consultadas as dissertações aqui analisadas);
e na Internet (em sites como o da POSGEO, de eventos, de revistas e em materiais nela
disponibilizados).
O nível de pesquisa deste trabalho, segundo Gil (2009) é Exploratório
(principalmente) e Descritivo. Por possuir natureza analítica, caracteriza-se de duas formas
concomitantes. Primeiro, como uma “monografia de análise teórica”, a qual, segundo
Tachizawa e Mendes (2006, p. 45) “[...] evidencia uma simples organização coerente de
ideias, originadas de bibliografia de autores consagrados que escreveram sobre o tema
escolhido pelo aluno, [...] a partir de fontes exclusivamente bibliográficas, e que avance o
atual estado da arte no assunto”. Segundo, como uma “monografia de análise teórico-
empírica”, a qual pode ser “uma simples análise interpretativa de dados primários em torno de
um tema, com apoio bibliográfico”, entendendo-se os dados primários como as “[...]
informações obtidas diretamente no campo ou origem dos eventos pesquisados” (Ibid., p. 53).
As informações colhidas poderão ser representadas em forma de quadros, tabelas e gráficos,
facilitando assim a compreensão daquelas.
Quanto à justificativa para a realização deste trabalho, o primeiro aspecto a se
destacar é o interesse pessoal como ponto de partida. Explicando, este trabalho surgiu de
necessidade e inquietação pessoais de preenchimento de lacunas, provenientes após o término
8 A Pesquisa Bibliográfica configura o segundo momento do levantamento bibliográfico inicial sinalizado,
diferenciando-se daquele, por visar encontrar trabalhos que já tenham sido desenvolvidos com a mesma temática
aqui proposta, e para a construção do referencial teórico-conceitual do mesmo.
da primeira graduação (o Bacharelado em Turismo e Hotelaria, entre os anos de 2006-2010).
As deficiências teórico-conceituais e inquietações da graduação anterior, por vezes deixadas
de lado (face a nova realidade no curso de Geografia), levaram à retomada das leituras – o que
culmina com a proposta deste trabalho.
O contato com alguns autores desconhecidos (do Turismo e da Geografia) e a
revisita a outros lidos anteriormente forneceu pistas do que empreender como pesquisa.
Porém, foi na obra de Rejowski (1996) que o caminho a seguir tornou-se evidente –
representando, desta forma, a possibilidade de unir ambas as graduações num só ponto: eis o
“casamento” da Geografia com o Turismo, e vice-versa, que fundamenta a realização deste
trabalho.
Quanto às contribuições que este trabalho possa dar, considera-se que estas sejam:
primeiro, servir de subsídio a outros que estudem a produção científica da Pós-Graduação em
Geografia desde o seu início (pois este contempla esta escala temporal, subtraindo dela
aqueles trabalhos que interessam à questão formulada e aos objetivos traçados); segundo, e
ainda na escala do curso de Geografia, este é o único trabalho na graduação e na Pós com este
recorte temático, visando abranger a totalidade sobre ele existente até então9.
Terceiro, e último, a justificativa para escolha dos trabalhos da Pós-Graduação,
não incluindo os da Graduação, se dá em função da importância dos primeiros em nível de
pesquisa e contribuição teórico-conceitual, bem como, para não comprometer o cumprimento
deste trabalho – dando assim condições à sua realização. Como afirma Rejowski (2009, p. 4):
Considera-se que a produção científica relevante emerge nas dissertações e teses, e
momentaneamente e/ou posteriormente a estas, em outros veículos de comunicação
científica (REJOWSKI e OLIVEIRA, 2008). Assim estudar a produção científica
decorrente das pesquisas turísticas possibilita compreender tanto o conhecimento em
geral nelas produzido, quanto as suas particularidades.
Contudo, foram escolhidas apenas as dissertações pelo fato do Programa de
Mestrado ter pouco mais de duas décadas de existência, o que permite uma análise do
conhecimento produzido ao longo desse período – o que não é possível com as teses, que só
tinham até então uma turma produzida, com os trabalhos publicados até dezembro de 2015.
9 Alguns trabalhos no Programa de Pós-Graduação identificados e que propõem algo nesse sentido, são os de
Neves (2010), cujo título é “Estudo da produção do conhecimento na ciência geográfica brasileira a partir dos
anais dos Encontros Nacionais de Geografia Agrária (ENGA)”; e o de Sousa (2015), cujo título é o “Percurso
historiográfico do campo disciplinar geográfico na Bahia e em São Paulo: contribuições da Universidade Federal
da Bahia e da Universidade de São Paulo” – o primeiro uma dissertação e o segundo uma tese.
Além da Introdução, das Referências e dos Apêndices e Anexos, o trabalho está
estruturado em três partes. A primeira, denominada Termos de Referência Conceitual
(Capítulo 2), de caráter teórico, traz o conjunto dos referenciais que fundamentaram este
trabalho. Inicialmente, isto é feito no subtópico Estado da Arte (Capítulo 2.1), que trata das
obras existentes sobre a temática aqui desenvolvida, e, em seguida, no subtópico Referencial
Teórico-Conceitual (Capítulo 2.2). Este último traz os autores, ideias e discussões a partir de
três abordagens previamente definidas10
: inicia-se com Algumas considerações acerca do
conceito e definição do Turismo; parte, em seguida, para uma abordagem do Caráter
Disciplinar do Turismo; e finaliza com o entendimento da Geografia do Turismo. Toda esta
primeira parte foi construída em momento anterior ao contato com as dissertações analisadas
– contidas na segunda parte do trabalho.
A segunda parte (Capítulo 3), de caráter empírico, analisa as 14 dissertações
encontradas e cujas pesquisas voltaram-se especificamente para o turismo. Nesta, denominada
A Pesquisa em Turismo na Pós-Graduação em Geografia da UFBA: dissertações entre 1997 e
2015, além de uma breve apresentação do Programa de Mestrado em Geografia da referida
instituição, há a análise geral feita do conjunto das 254 dissertações defendidas no período
considerado. Este capítulo subdivide-se em quatro outros tópicos: Caracterização Geral do
Universo (Capítulo 3.1), com a caracterização das 14 dissertações voltadas ao Tema do
Turismo; A Natureza Temática geral e específica das dissertações (Capítulo 3.2), onde são
evidenciados também os locais enfocados nas pesquisas; Os Aspectos Metodológicos das
Dissertações (Capítulo 3.3), no qual se elenca os Métodos de Abordagem e Procedimentos
empregados e as Técnicas de Pesquisa utilizadas pelos pesquisadores; e o Referencial Teórico
Utilizado (Capítulo 3.4), onde se identificam os autores geográficos e turísticos comuns às
dissertações analisadas.
Após as análises empreendidas no Capítulo 3, fazem-se as Considerações Finais
do Trabalho (Capítulo 4), dando uma perspectiva geral dos resultados obtidos e se o problema
de pesquisa foi resolvido e os objetivos propostos, alcançados.
10
Todo o referencial teórico-conceitual (e por extensão este primeiro momento do trabalho) estrutura-se em
torno do turismo, daí os títulos dados a cada uma das abordagens do Capítulo 2.2.
2 TERMOS DE REFERÊNCIA CONCEITUAL
Nesta parte, é composto o corpo teórico-conceitual que sustenta este trabalho.
Para tanto, levou-se em conta a identificação e breve abordagem da produção científica acerca
do que se discute, da mesma forma que a utilização de alguns autores e conceitos que
fundamentam esse texto. Ambos foram construídos antes da consulta às dissertações – por
decisão baseada em leituras também realizadas anteriormente e tendo o Turismo como eixo
estruturador.
No que se refere ao Estado da Arte, foram considerados o conjunto de trabalhos
que versam sobre a pesquisa científica em turismo e aqueles outros cuja abordagem da
pesquisa é estritamente geográfica – aos quais adicionam-se, de forma a complementar à
análise, as obras que contribuem numa perspectiva metodológica. Isto foi decidido pelo fato
de que, já sabido o tema a ser proposto e posteriormente pesquisado, seria preciso consultar
outros que também tivessem realizado a pesquisa em turismo (dentro das três perspectivas
acima mencionadas), para evitar repetição de propostas e aproveitar metodologias
desenvolvidas.
Para o Referencial Teórico-Conceitual, o tema a ser pesquisado e as leituras que
foram realizadas levaram a considerar “abordagens-chave” que julgou-se cumprirem o papel
de fundamentação deste trabalho. Tem relação superficial, ou quase nenhuma relação, com os
conteúdos teóricos desenvolvidos nas dissertações estudadas, porque não é objetivo deste
trabalho discuti-los e/ou tentar trazer um panorama geral dos mesmos. Desta forma,
considerou-se válido tratar do caráter disciplinar do Turismo, da Geografia do Turismo e
trazer uma abordagem a respeito do conceito que envolve a área do conhecimento e a
atividade, por acreditar que estão relacionados à proposta deste trabalho – mesmo que
independentes da discussão tratada nas dissertações.
2.1 ESTADO DA ARTE
Os trabalhos encontrados são de abrangência nacional e em língua portuguesa,
visto que as dificuldades impostas pelo idioma estrangeiro impedem a análise da provável
contribuição que estes dariam ao propósito deste texto. Entretanto, a menção/conhecimento e
o acesso (principalmente às ideias) ao que foi produzido internacionalmente, no que se refere
à pesquisa em turismo, são possíveis através de Rejowski (1996) e Schlüter (2003). Segundo
Lima e Rejowski (2009, p. 4):
Os estudos sobre essa temática em Turismo, tendo como objeto as dissertações e/ou
teses, parecem ter um marco inicial com o estudo de Jafari y Aaser (1988), que
analisaram um conjunto de 157 teses de doutorado sobre Turismo produzidas nos
Estados Unidos entre 1951 e 1987, como importante indicador da evolução do
conhecimento científico. Esse estudo deu origem e estimulou diversas pesquisas em
vários países, como as de Hall (1991) na Austrália, de Baum (1998) no Reino Unido
e de Boterill, Gaven e Dale (2002) no Reino Unido e Escócia.
Quanto aos trabalhos do primeiro grupo, estes se caracterizam por analisar e
estudar a produção científica em turismo no Brasil a partir dos diversos trabalhos publicados
sobre o tema – os quais revelam as diversas áreas do conhecimento que o fizeram. Fornecem,
dessa forma, dados quantitativos e as respectivas análises dos mesmos. Entre os trabalhos
encontrados estão os de Rejowski (1994; 1996; 2010); Rejowski e Solha (2000); Rejowski e
Oliveira (2008); Lima e Rejowski (2009); e Widmer, Melo e Neri (2012).
Destaca-se, desta forma, a contribuição dos dois trabalhos de Mirian Rejowski11
os quais, análogo ao pioneirismo de Jafar Jafari e Dean Aaser nos Estados Unidos, foram os
primeiros no estudo da pesquisa da produção científica em turismo no Brasil – e por esse
motivo figuram em todas as outras referências citadas. Da tese de doutorado surge um livro
(REJOWSKI, 1996) e da tese de livre-docência origina-se um artigo – ou um dos artigos, não
se sabe – (REJOWSKI; SOLHA, 2000), ambos aqui utilizados. Além destas, tem-se um
conjunto de outras publicações que dão continuidade à pesquisa iniciada pela autora, sozinha
ou em parceria – já que a produção e pesquisa não param e faz-se necessário a constante
atualização dos dados e informações, relativos às dissertações e/ou teses publicadas. Como
destacam Lima e Rejowski (2009, p. 4-5):
Especificamente no Brasil, os estudos sobre a produção científica em Turismo
começaram a ser realizados na década de 1990, com o desenvolvimento de duas
pesquisas acadêmicas. A primeira, uma tese de doutorado, tratou da configuração e
sistematização documental de 55 dissertações e teses no período de 1975 a 1992
[...]. A segunda, uma tese de livre-docência [...], analisou um conjunto de 102
dissertações e teses no período de 1971 a 1995, e discutiu a opinião de
pesquisadores e profissionais sobre a pesquisa turística.
A seguir, o Quadro 1 apresenta todos os trabalhos mencionados neste primeiro grupo,
destacando os autores/anos de publicação, o título e a importância dos mesmos.
11
São eles a tese de doutorado, cujo título é: “Pesquisa Acadêmica em Turismo no Brasil (1975-1992):
configuração e sistematização documental”, do ano de 1993; e a tese de livre-docência, cujo título é: “Realidade
Turística nas Pesquisas Científicas – Visão de Pesquisadores e Profissionais”, do ano de 1997.
Quadro 1 – Trabalhos voltados para a pesquisa científica em turismo no Brasil. Autores/Ano
de publicação Título Importância do trabalho
REJOWSKI
(1994)
Pesquisa em Turismo nas
universidades brasileiras
Artigo que resulta da tese de doutorado da autora, trata-
se de um estudo sobre a pesquisa acadêmica em turismo
(dissertações e teses), produzidas em instituições de
ensino superior no Brasil, objetivando levantamento,
sistematização e análise. Descreve e analisa o conjunto
de 55 teses e dissertações em Turismo produzidas entre
1975 e 1992, identificando suas principais características
e recomendando ações para o seu desenvolvimento.
REJOWSKI
(1996)
Turismo e pesquisa
científica: pensamento
internacional X situação
brasileira
Livro resultante da tese de doutorado da autora,
apresenta as considerações metodológicas e principais
resultados da pesquisa sobre parte da produção científica
em turismo no Brasil, a partir das 55 dissertações e teses
apresentadas e defendidas em universidades e institutos
isolados no período 1975-1992. Antecipa, em relação à
analise dos trabalhos encontrados, uma discussão teórica
na qual passa do pensamento internacional sobre a
disciplina turismo à sua situação no Brasil, a partir da
compreensão da evolução, dinâmica, natureza,
dificuldades e tendências, à época identificadas. Embora
remeta-se ao Brasil, em apenas 7 estados foram
desenvolvidas pesquisas voltadas ao turismo: Bahia,
Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, São Paulo,
Rio Grande do Sul e Santa Catarina – com destaque para
o Estado de São Paulo, cujas universidades concentram a
maioria dos estudos.
REJOWSKI;
SOLHA (2000)
Pesquisa turística no Brasil
da óptica dos pesquisadores
Artigo oriundo de estudos realizados no período 1995-
1997, apresenta os resultados de pesquisa de opinião
realizada junto a autores de teses em turismo em São
Paulo, Rio de Janeiro e Salvador (num total de 42
pesquisadores nas três cidades), enfocando a realidade e
as necessidades da pesquisa turística no Brasil. Neste
estudo caracterizou-se os autores das teses, verificando o
engajamento passado e atual, deles, na pesquisa turística;
levantou-se os interesses, facilidades e dificuldades que
interferiram no processo de construção das teses; e, por
fim, identificou-se e classificou-se os temas prioritários
de pesquisa no Brasil, levando-se em consideração a
realidade brasileira e as tendências do turismo mundial.
REJOWSKI;
OLIVEIRA
(2008)
Teses em Turismo no Brasil:
Categoria Temática
“Desenvolvimento do
Turismo”
Pesquisa exploratória, de caráter documental, sobre a
produção científica em Turismo no Brasil,
especificamente das teses acadêmicas da categoria
Desenvolvimento do Turismo. Apresenta considerações
sobre estudos da produção científica em Turismo e sobre
significados do termo desenvolvimento na literatura
científica. Caracteriza as teses acadêmicas produzidas no
Brasil de 1975 a 2005, e analisa em particular a categoria
desenvolvimento do turismo a partir de instituições
produtoras, locais de estudo e temas.
LIMA;
REJOWSKI
(2009)
Produção acadêmica em
Turismo e Hotelaria no
Brasil: análise da Categoria
“Ensino Superior”
Pesquisa exploratório-descritiva, de caráter documental,
que trata da produção acadêmica sobre o ensino superior
em turismo e hotelaria no Brasil, no contexto de cursos
de bacharelado, com o objetivo de mapear e analisar as
dissertações e teses produzidas no Brasil a partir de 45
pesquisas realizadas entre 2000 e 2008. Mapeia e analisa
as teses e dissertações encontradas e finaliza destacando
os principais resultados, o caráter preliminar da pesquisa
e as recomendações sobre estudos futuros.
REJOWSKI
(2010)
Caracterização da produção
científica sobre Turismo no
Brasil – Estudo documental
das teses de doutorado (1990
a 2005)
Estudo de caráter documental que descreve e explica as
particularidades de 139 teses acadêmicas produzidas
entre 1990 e 2005, no Brasil. Após análise do conteúdo
dos documentos e na síntese de estudos anteriores
realizados, bem como da descrição da metodologia
utilizada, caracteriza essa produção em termos de
distribuição temporal e por orientador, e de instituições e
áreas de estudo produtoras. Os estados identificados
como produtores de estudos voltados ao turismo foram:
São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Sergipe,
Pará, Paraná, Paraíba, Natal e Bahia, além do Distrito
Federal – sendo que o Estado de São Paulo continuou a
concentrar a maioria dos estudos.
WIDMER;
MELO; NERI
(2012)
A produção científica em
Turismo no Estado de
Pernambuco: dissertações de
mestrado
Teve como principal objetivo conhecer a produção
científica relacionada a Turismo desenvolvida através
das dissertações de Mestrado defendidas nos programas
de pós-graduação stricto sensu de Pernambuco. Com os
procedimentos utilizados, identificou-se seus autores,
orientadores e programas responsáveis pela realização
dessas pesquisas e as dissertações identificadas também
tiveram seus conteúdos analisados quanto à temática,
visando conhecer os assuntos mais pesquisados dentre
elas.
Elaboração: SANTOS, 2016.
Fonte: Autores citados na primeira coluna.
A presença maciça de Rejowski no quadro acima significa que a contribuição
desta autora é que mais foi disponibilizada na Internet. É provável que existam outros
trabalhos, de outras áreas do conhecimento, com essa mesma intenção. Entretanto, o conjunto
dos trabalhos acima reúne os estudos dessas outras áreas do conhecimento, inclusive a
Geográfica – logo, esse fato se torna justificado, visto que também se tratam de estudos
continuados.
No que se refere ao segundo grupo de trabalhos, cuja abordagem do estudo é
estritamente geográfica e voltada para a temática do Turismo (seja em graduação ou pós), só
foram encontrados dois trabalhos durante a fase de pesquisa – O que não significa existir
apenas eles. O primeiro é uma tese de doutorado, realizada por Castro (2006). Na busca de
conhecer o lugar que tem o turismo no contexto da pesquisa geográfica, a autora reúne
contribuições que forneçam suporte teórico e prático aos professores envolvidos com a
formação de geógrafos nos cursos de licenciatura e bacharelado no Brasil. A tese está dividida
em 4 partes.
Antes de adentrar nas quatro partes em que divide seu trabalho, a autora coloca os
referenciais teórico-metodológicos e procedimentos que fundamentaram sua pesquisa,
mencionando aspectos que contextualizam a evolução da atividade, como aparece em alguns
autores já mencionados na Introdução. Nesta parte, significativa é a afirmação dela, de que a
produção do conhecimento sobre a abordagem geográfica do turismo teve raízes e
desenvolvimento nas influências epistemológicas que permeiam a produção do próprio
conhecimento geográfico. Menciona quando os estudos do turismo sob abordagem geográfica
se iniciam no Brasil e espacializa, segundo períodos específicos, a produção científica neste
ramo do conhecimento. Quanto ao conjunto das dissertações e teses analisados em seu estudo,
ela afirma:
No universo de 162 dissertações e teses [...] é possível depreender através de títulos,
palavras-chave e resumos, um conhecimento urdido num complexo construto
epistemológico que incorpora abordagens pluriparadigmáticas, invasões e migrações
conceituais interdisciplinares, análise hologramática, análise climatológica, análise
sociogeográfica, análise etnográfica, avaliação multidimensional, estatística Student,
análise ambiental envolvendo geoprocessamento e Sistema de Informação
Geográfica. Assim se delineia a caminhada: geógrafos, com seus olhares
epistêmicos, matizados de multiparadigmas, ressignificam a geograficidade do
fenômeno turístico com novas leituras sobre territórios, paisagens e lugares, no
processo de apreensão da dualidade que perpassa a realidade espacial, onde esse
fenômeno se expressa. Ou seja, tecem análises acerca das políticas de turismo
responsáveis pela inserção de novas espacialidades configuradas na urbanização
turística e de novas territorialidade incorporadas no tecido social que conforma o
turismo urbano, rural, de litoral, de montanha, de áreas protegidas (CASTRO, 2006,
p. 21).
A autora refere-se, nesta passagem, a alguns dos elementos componentes de um
trabalho científico (neste trabalho, utilizado para analisar as dissertações pesquisadas).
Destaca as análises como principal procedimento adotado nos trabalhos por ela estudados e
fala dos multirreferenciais12
utilizados pelos pesquisadores, além das diversas abordagens
12
Essa abordagem multirreferencial, segundo a autora, existe desde a década de 1980 e corresponde a uma
flexibilização entre as fronteiras disciplinares, numa religação de saberes. Ela toma por base Edgar Morin – o
qual fala em “invasões e migrações interdisciplinares” e “circulação de conceitos”, remetendo a uma das
abordagens que será realizada mais a frente, na segunda parte deste Capítulo. Castro (2006, p.19, grifos da autora
e nossos) afirma que: “As expressões ‘invasões e migrações interdisciplinares’ e ‘circulação de conceitos’ são
tomadas de empréstimo de Morin (2000, p. 7), é aqui usada para significar rupturas entre fronteiras
disciplinares, invasão de um problema de uma disciplina para outra, circulação de conceitos que está na base
do construto da produção do conhecimento da Abordagem Geográfica do Turismo. Esses conceitos ajudam os
geógrafos no processo de apreensão desse fenômeno híbrido, polissêmico, impreciso que é o turismo.
temáticas envolvendo também os diversos tipos de incidências espaciais do turismo.
Continuando, ela diz que (CASTRO, 2006, p. 21-22, grifos nossos):
A partir da análise e tematização dos dados referentes ao universo de nossa pesquisa,
reconhecemos, em seu construto conceitual, quatro grupos que se distinguem quanto
a conceitos que: (I) imprimem identidade ao pensamento geográfico revisitados
sob a ótica do turismo (produção do espaço, território, territorialidade,
espacialidade, paisagem, lugar, região, relação sociedade e natureza e fronteira); (II)
conceitos que evidenciam tendência pluriparadigmática do pensamento
geográfico atual (ordenamento territorial, zoneamento, gestão ambiental,
planejamento espacial, globalização, território-rede, sociedade de consumo,
trabalho, especulação imobiliária, segregação espacial, políticas públicas); (III)
conceitos que indicam a construção processual na área de interceção da
Geografia com o Turismo (impactos socioambientais, núcleo de periferia urbana,
infra-estrutura turística, turismo com base local, urbanização turística, segunda
residência); e (IV) conceitos resultantes de invasões e migrações
interdisciplinares (impactos socioambientais, impactos espaciais, políticas públicas
de turismo, sustentabilidade, cultura, patrimônio, ecologia, recreação, lazer, turismo
de massa, marketing turístico, produto turístico, capacidade de carga, representações
simbólicas, potencial-diagnóstico de atratividades, processo histórico, economia do
turismo).
O que é mencionado na passagem acima contempla os trabalhos aqui analisados –
e, de certa forma, o segundo grupo de trabalhos, conforme divisão estabelecida. Uma breve
leitura dos elementos Título, Resumo e Palavras-chave (salientados noutra passagem da
mesma autora), reafirma esses quatro grupos de construto conceitual por ela identificados. E,
considerando que o dito dá uma visão geral dos trabalhos pesquisados, as quatro partes que
conformam a tese tratam do seguinte:
I – na primeira parte, adentra no conhecimento do turismo e do turista, tecendo tal
abordagem sob a ótica geográfica. Num primeiro momento, na relação turismo como prática
social e como atividade humana; em seguida, via revisão das categorias analíticas do espaço
(território, lugar e paisagem) na perspectiva da Geografia do Turismo; por fim, apresentando
as contribuições metodológicas preliminares na abordagem geográfica do turismo.
II – na segunda parte a autora analisa e discute, a partir de um “Tour
Epistemológico” 13
, a produção do conhecimento na área de interseção da Geografia com o
Turismo, que se convencionou denominar abordagem geográfica do turismo. Promove essa
análise e discussão a partir de três tópicos, baseados nas 3 grandes mudanças no pensamento
geográfico (tendo por base Paul Claval): nas raízes epistemológicas e influências clássicas,
quantitativo-pragmáticas e críticas.
13
Expressão tomada de Calizzo (1991, p. 22 apud CASTRO, 2006, p. 62), que faz referência a um passeio a todo
um corpo/conjunto de conhecimentos que tem por objeto o conhecimento científico produzido numa
determinada área ou ciência.
III – na terceira parte a finalidade é aproximar as abordagens geográficas do
turismo, a partir da análise da produção acadêmicas de teses e dissertações em programas de
pós-graduação em geografia de universidades brasileiras, no período 1975-200514
.
Inicialmente, são apresentados todos os 162 trabalhos encontrados no período referido. Feito
isto, num primeiro momento, a autora apresenta a produção de vanguarda brasileira nas
abordagens geográficas do turismo (de 1975 a 1993 – coincidindo com o período analisado
por Rejowski (1996)). No momento seguinte, analisa a produção acadêmica nos trinta anos
abarcados pelo período. Por fim, no terceiro, tendo por base os mesmos trinta anos, aproxima
os olhares epistêmicos dos nossos geógrafos em suas contribuições e tendências – bem como
na identificação das categorias e aportes geográficos utilizados por tais pesquisadores.
IV – a quarta parte do trabalho trata das possibilidades e perspectivas da inserção
da abordagem geográfica do turismo nos currículos dos cursos de graduação em geografia.
Assim, num primeiro momento, ela afirma que a educação é um dos temas componentes na
produção do conhecimento brasileiro na abordagem geográfica do turismo, segundo
revelaram os trabalhos pesquisados. No momento seguinte, trata da formação do geógrafo
como central na abordagem empreendida nesta parte, contextualizando-a na experiência com
alunos da graduação em geografia da Universidade de São Paulo. Por fim, no terceiro
momento, traz um desafio aos professores que atuam nos cursos de formação de geógrafos –
que seria a construção de um programa na área de interseção da Geografia com o Turismo. A
questão que a autora utiliza como norte para a discussão é: “Que contribuições análises de
programas multinacionais podem oferecer à construção dos cotidianos educativos da
formação do geógrafo brasileiro” (CASTRO, 2006, p. 232).
O segundo é um trabalho em nível de graduação, realizado por Galvão Filho
(2005)15
, que analisa os trabalhos apresentados em dois eventos de abrangência nacional – o
VI Congresso Brasileiro de Geógrafos (CBG) e o XIII Encontro Nacional de Geógrafos
(ENG), ambos promovidos pela Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB). A monografia
está divida em 4 partes, sobre as quais discorrer-se-á a seguir.
Inicia com uma breve história do Turismo no pensamento geográfico e de
algumas leituras atuais que a Geografia fez do mesmo, para, em seguida, entrar no campo das
14
O trabalho de Rejowski (1996) contempla parte da pesquisa realizada por esta autora, já que compreendeu o
período 1975-1992. Ela menciona que a pesquisa anterior deixou escapar um trabalho (acrescentando no por ela
realizado), mas ressalta que tal situação é comum em trabalhos com tal finalidade e que, ainda assim, não é
garantia de que tenha abarcado a totalidade de trabalhos existentes. 15
Este trabalho, pela sua natureza de pesquisa e constituição teórico-conceitual, acaba por conectar-se aos
trabalhos realizados por Rejowski (1996) e Castro (2006).
críticas que a Geografia do Turismo recebeu. Por fim, reflete sobre a Geografia e Turismo a
partir do exemplo prático de uma experiência realizada em pequenos municípios – O Projeto
Turismo e Excursionismo Rural no Norte do Paraná (TERNOPAR), que ocorre na Universidade
Estadual de Londrina.
Na primeira parte o autor aborda o turismo nos estudos geográficos brasileiros,
que ele afirma ser polêmica e a ela se refere já na introdução do trabalho:
Ao privilegiar diferentes vertentes para os estudos geográficos, do outro lado,
surgem contrárias visões acerca destes mesmos estudos, o que não deixa de ser
normal e desejável, considerando o processo do conhecimento científico, sendo
então necessárias pesquisas sobre como tem ocorrido a produção e a crítica destes
novos objetos da Geografia. Seja pelas abordagens geográficas que enxergam o
turismo como possibilidade para o desenvolvimento local ou ainda geógrafos que
estudam a atividade turística e sua relação com patrimônios históricos e
arquitetônicos, entre outras visões que neste presente trabalho iremos expor, o fato é
que a Geografia mais uma vez se depara com uma polêmica (2005, p. 6-7).
As polêmicas são necessárias porque acirram o debate que as engendraram,
contribuindo significativamente para o seu avanço – pois envolvem os pesquisadores e
estudiosos engajados –, e fortalecendo consequentemente a ciência à qual estão relacionadas.
Enquanto alguns geógrafos defendem a existência e importância da Geografia do Turismo,
outros questionam, para além desta, a existência do próprio Turismo enquanto curso de nível
superior, desconsiderando assim as transformações que se sucedem em função da atividade e
a sua relação elementar com a Geografia. Completa o acima dito o próprio Galvão Filho, ao
afirmar que:
Se for aceitável que qualquer conceito, categoria, técnica, método ou ainda
paradigma seja, em seu início, visto com desconfiança ou, ainda, que ignorem os
trabalhos realizados, podemos afirmar que com o estudo do turismo na Geografia
não poderia ser diferente. Não poderíamos esperar outra reação, senão a de
confronto de idéias e de compreensões (2005, p. 10).
Uma contribuição que aparece nesta parte do trabalho são os dois quadros onde
encontram-se, parcialmente, alguns trabalhos geográficos sobre o turismo feitos no Brasil e
exterior. Observa-se, por exemplo, que enquanto o primeiro trabalho de Geografia do Turismo
no Brasil data de 197616
, no exterior data de 190517
– este último, inclusive, do autor
responsável por cunhar o nome pelo qual a área da geografia dedicada aos estudos do turismo
tem hoje.
16
Tese de livre-docência de Kleber Moisés Borges de Assis, cujo título é “O turismo interno no Brasil”, também
identificado por Rejowski (1996) em seu estudo. 17
O autor não disponibiliza o título do trabalho de Stradner no quadro por ele elaborado. Entretanto, em
Rejowski (1996) o título é “O Turismo” (do alemão “Der Fremdenverkehr”) e em Castro (2006, p. 17) o termo
mostrado é “Fremdenverkehrsgeographie” (geografia do turismo).
Na segunda parte, discute as características dos dois eventos que figuram no título
do trabalho, assim como o papel da AGB na formação da geografia brasileira. A principal
contribuição desta parte é a presença das fichas-resumo contendo todos os trabalhos
publicados sobre Geografia do Turismo nos dois eventos, permitindo assim uma consulta
rápida a algumas informações sobre aqueles. A terceira parte aprofunda a análise dos
trabalhos pelo autor, onde ele se volta para as instituições pesquisadoras, os locais estudados e
a natureza/nível dos trabalhos apresentados nos eventos citados. Uma visão geral destes
trabalhos, associadas a uma perspectiva espacial do território brasileiro, encontra-se na
seguinte passagem:
O que encontramos a seguir [...] é a mostra dos estudos geográficos sobre o turismo
nacional, manifestado de maneira multifacetada, seja pelas diversidades dos meios
naturais ou dos grupos sociais encontradas em nosso país, diferenças essas refletidas
em disparidades no uso do território. Assim, o turismo toma dimensão nacional, mas
ao mesmo tempo possui grandes particularidades locais, o que configura um desafio
às políticas públicas destinadas ao setor. Temos então dinamismo das áreas turísticas
nacionais, sendo que locais conhecidos historicamente como de destacado uso
turístico têm dado lugar a novos locais escolhidos pelos visitantes.
Essa nova função do espaço geográfico foi motivo de pesquisas apresentadas nos
dois eventos que esta monografia analisa. Contou com vasto número de instituições,
níveis diferenciados de pesquisa e com boa variedade de locais estudados,
apontando uma Geografia preocupada em estudar o turismo e possibilitando-nos
realizar assim um panorama da geografia do turismo em território nacional
(GALVÃO FILHO, 2005, p. 77-78, grifos do autor).
No que se refere aos resultados, unindo-se os dados dos dois eventos, a UFBA
aparece com 4 trabalhos publicados, compondo uma das 13 instituições de ensino superior
nordestinas que também participaram dos mesmos. Dos 41 locais estudados na Região
Nordeste, 8 referem-se à Bahia (o Estado, Paulo Afonso e Salvador, com 2 trabalhos cada, e
Porto Seguro e Cachoeira, com 1 trabalho cada).
Por fim, na quarta parte, o autor propõe aumentar a gama de análise acerca dos
trabalhos investigados, para além do feito na terceira parte do seu trabalho. Para isso, admite
dois indicadores principais para a separação dos trabalhos: “o enfoque dado e de acordo com a
natureza do espaço estudado, que denominamos de classificação da área” (GALVÃO FILHO,
2005, p. 110), optando também por mencionar as pesquisas que se utilizaram do
geoprocessamento. São, estas últimas, segundo o autor, estudos preocupados em novas
metodologias e recursos para análises em geografia do turismo.
Quanto ao grupo de trabalhos complementares aos dois primeiros, que trazem
contribuições no âmbito metodológico, citam-se os de Sakata (2002), Schluter (2003) e
Dencker (1998). O trabalho de Marici Sakata, que objetivou contribuir para os estudos da
teoria e prática de métodos de investigação aplicados à pesquisa em Turismo, é uma
dissertação de mestrado onde a autora discutiu e analisou as tendências e limitações que
caracterizavam a pesquisa nesta área. Inicialmente ela analisa e compara autores entre si,
visando compreender os diversos métodos de pesquisa existentes. Em seguida verifica, com
mestres e doutores formados por Programas Strictu Senso no Brasil, as influências, limitações
e considerações daqueles sobre o processo de pesquisa – evidenciando, posteriormente, os
resultados alcançados depois de analisados os 121 trabalhos.
Sobre a pesquisa em turismo, um dos subtópicos do embasamento teórico do
trabalho, ela afirma que:
A pesquisa em Turismo passa a fazer parte de um campo multidisciplinar e é
influenciada, assim como também influencia áreas da sociologia, economia,
administração, psicologia e geografia entre tantas outras.
Embora a literatura não seja vasta como em outras áreas do conhecimento, existem
obras de qualidade sobre a Pesquisa em Turismo no Brasil. Porém, ainda é grande a
carência quando comparado com a literatura de outros países. Tal carência, ao
mesmo tempo que gera novas oportunidades de pesquisa, prejudica o
aprofundamento das pesquisas em andamento (SAKATA, 2002, p. 14).
Na citação, visualiza-se a menção que a autora faz da relação com outras
disciplinas científicas característica do Turismo, que será discutida no próximo tópico deste
trabalho. Tal relação é recíproca, pois, ao mesmo tempo em que este se vê influenciado por
aquelas, o contrário também acontece. Também, visualizam-se os impactos de uma pesquisa
que, embora saiba-se que avança constantemente no cenário nacional, tem problemas e
deficiências, por exemplo, se comparada à pesquisa desenvolvida noutros países – gerando
assim uma conseqüência concomitantemente estimulante e limitante.
Sobre os resultados oriundos das análises dos trabalhos pesquisados, eles são
apresentados em dois momentos: no primeiro, a partir da análise metodológica das
dissertações e teses; no segundo, valendo-se da pesquisa com os autores dos referidos
trabalhos. Identificou-se que o primeiro trabalho analisado pela autora é de 1990 e o último de
2002 – fazendo-se menções comparativas com os trabalhos de Mirian Rejowski,
anteriormente apresentados neste trabalho, indicando assim crescimento no número de
pesquisas voltadas para o tema.
Em sua obra sobre metodologia da pesquisa em turismo e hotelaria, Schlüter
(2003) inicia abordando as técnicas de pesquisa científicas, colocando de modo geral os
principais aspectos do método científico – e aplicando-os à área do Turismo em todos os
processos e passos existentes nos livros de metodologia científica. Posteriormente, traz a
pesquisa científica aplicada, voltada às necessidades das empresas prestadoras de serviços
turísticos e dos organismos oficiais de nível nacional, provincial (estadual) e municipal.
A autora aborda a pesquisa em turismo a partir de três pontos: a aplicabilidade do
método científico ao turismo, o enfoque de diferentes disciplinas e a pesquisa em turismo no
Mercosul. No que se refere ao primeiro ponto, afirma que:
Apesar dos numerosos estudos realizados, falta muito para conhecer sobre o
fenômeno turístico. Por esse motivo, os estudos que se limitam a descrever o
fenômeno são ainda de grande utilidade e constituem a base de trabalhos futuros que
pretendam estabelecer relações causais entre variáveis (SCHLÜTER, 2003, p. 31).
Ainda neste ponto e valendo-se de Gunn (1994 apud SCHLÜTER, 2003, p. 31),
escreve que as funções da pesquisa em turismo podem ser agrupadas em sete objetivos:
descrever, relevar, comprovar, predizer, prognosticar, modelar e simular. Sobre o segundo
ponto, as contribuições desta autora aparecem mais no tópico seguinte deste trabalho, onde se
aborda, como já mencionado, a multidisciplinaridade e interdisciplinaridade do/no Turismo.
Sobre o terceiro ponto, toma como referência primordial, para os estudos em turismo na
América Latina, o trabalho de Jafar Jafari e Dean Aaser – também destacado por Lima e
Rejowski (2009). Dá importância, como sendo um dos mais completos, o estudo realizado por
Rejowski (1996) – uma das referências por ela utilizada.
Assim como a autora anterior, Ada de Freitas Maneti Dencker traz em seu livro os
métodos e as técnicas de pesquisa em Turismo, lembrando também os manuais de
metodologia científica. A obra traz, em sua estruturação, capítulos que abordam aspectos
próprios da metodologia científica em si e que servem a todas as áreas do conhecimento;
àqueles capítulos, intercalados, outros específicos de uma metodologia e técnica voltadas ao
turismo, nos níveis teórico e prático. Mencionando a Organização Mundial do Turismo (1995,
p. 5 apud DENCKER, 1998, p. 24), define a metodologia turística como o ‘conjunto de
métodos empíricos experimentais, seus procedimentos, técnicas e táticas para ter um
conhecimento científico, técnico ou prático dos fatos turísticos’.
Ainda sobre a questão do método em turismo, afirma:
A questão do método em turismo segue a dinâmica das ciências nas quais o turismo
é objeto de estudo. Muitas são as disciplinas que tratam da questão do turismo e
temos que admitir que ainda hoje o turismo não se constitui em um corpo de
conhecimentos independente, com dinâmica própria (Ibid., p. 27).
Faz referencia ao afirmado acima o fato de que, ao se entrar em livrarias e
verificar o que existe na estante de turismo, o que se encontra são guias, mapas e/ou
informações para o turista em geral, sendo que o seu conteúdo encontra-se espalhado pelas
prateleiras de outras áreas. Mesmo esta afirmação sendo correta, deve-se considerar que não
se tratam de livrarias acadêmicas as mencionadas pela autora – nas quais certamente o
Turismo é contemplado em diversas áreas.
Mantendo a relação com as disciplinar vista na citação, Dencker (1998) passa a
uma breve abordagem da multidisciplinaridade em turismo, os problemas dela advindos e os
paradigmas que orientam a investigação na área. Após mencionar alguns órgãos
governamentais como fontes de publicações na área, finaliza refletindo sobre a metodologia
de investigação em turismo.
A investigação em turismo tem se concentrado nos países anglo-saxões e em alguns
países europeus. Essa investigação se processa dentro dos paradigmas dominantes
nesses países e são, em função da carência de pesquisa em outras regiões,
importados pelos países onde não se realizam pesquisas. Como resultado dessa
conduta, temos o desenvolvimento de uma espécie de colonialismo metodológico
que dificulta a reflexão, forçando a uma adequação aos paradigmas oriundos de
outras culturas.
Sem a investigação, torna-se impossível a transmissão de conhecimentos inovadores
e, como consequência, uma educação de qualidade. O que se verifica é a
reprodução de paradigmas e conteúdos, havendo uma importação de ideias
defasadas no tempo e que resultam em uma relação de dependência entre os
produtores de conhecimento e os consumidores (DENCKER, 1998, p. 38-9, grifos
nossos).
Menções parecidas ao dito pela autora (com alguns destaques dados) podem ser
verificadas nas críticas aos trabalhos sobre Turismo feitas por Ouriques (2003 apud
GALVÃO FILHO, 2005, p. 12, 23-24, grifos do autor).
Esse trabalho [...] sistematizou a produção por intermédio da separação entre grupos
de autores [quatro linhas de pesquisa]18
, e considerou para a crítica os mais
importantes trabalhos sobre o tema no Brasil. A tese entende o turismo como uma
construção capitalista para tornar o lazer e o ócio mercadorias para consumo. Essa
transformação, segundo o autor, gerou territórios turísticos de reprodução dos
interesses de grandes capitais, sendo assim usada como expressão de fetichismo e
aumentando a dependência dos países pobres aos ricos.
A atividade turística é a faceta estética do colonialismo. É esta a definição de
Ouriques (2003) em sua tese intitulada A produção do turismo no Brasil: fetichismo
e dependência, defendendo que, no Brasil, existe uma espécie de colonização do
pensamento em relação ao turismo, o que faz com que nossos lugares visitados
reflitam essa dependência e certa ilusão de que a atividade possa trazer benefícios à
população local.
Para o autor, os trabalhos sobre turismo, em sua maioria, e por mais diferentes que
pareçam, são hegemônicos quando abordam a questão porque estariam enxergando
o turismo como um caminho para o desenvolvimento sustentável (que seria
incompatível na atual sociedade capitalista), além de defenderem o planejamento
18
São as quatro linhas onde os autores foram enquadrados: a Economicista e Liberal; a Corrente do
Planejamento; a “Pós-moderna” (que trata da segmentação das ofertas de tipos de turismo); e a “Corrente
Crítica” (que o autor disse ser a única que considera os aspectos maléficos do turismo).
como garantia de uma atividade mais justa socialmente. Segundo o trabalho, este
enfoque é prejudicial já que não estimula o confronto de idéias e não permite
analisar o tema em sua total complexidade.
Ressalta-se que toda a abordagem trazida até aqui, sobre as referências utilizadas,
foram breves. Mesmo assim, estes trabalhos, para além da contribuição teórica, contribuem
também no modo como os dados e informações encontrados podem ser desenvolvidos neste
texto, seja na análise dos conteúdos, seja na forma de apresentação daqueles – via tabelas,
quadros, gráficos, fichas-resumo etc. Adianta-se, também, que é certo que não se conseguiu
encontrar todos os trabalhos existentes sobre a pesquisa em turismo – tanto as gerais quanto
as especificamente geográficas, além daquelas de contribuição metodológica. Diante disto,
passa-se ao referencial teórico-conceitual que fundamenta este trabalho e que conclui esse
primeiro momento do mesmo, retomando alguns dos autores já mencionados.
2.2 REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL
As leituras para o estabelecimento do referencial teórico-conceitual deste trabalho,
como já afirmado, foram realizadas antes do contato com as dissertações. Nos autores lidos,
procurou-se reunir ideias e abordagens acerca de três tópicos que foram julgados válidos para
o que pretende esta parte. Inicia abordando algumas considerações a respeito do conceito de
Turismo19
; em seguida, aborda o caráter disciplinar do Turismo, nas perspectivas da multi e
interdisciplinaridade. Finaliza esta parte do trabalho com autores cujas ideias e discussões
estão voltadas para a Geografia do Turismo.
2.2.1 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONCEITO/DEFINIÇÃO DE
TURISMO
Grande parte dos textos e obras que falam sobre o conceito e a definição do
turismo o faz, inicialmente, a partir da dificuldade que envolve esta tarefa. De modo geral,
referem-se ao fato deste ser “jovem” como área de conhecimento (embora alguns autores
rebatam esse aspecto de novidade e juventude que se atrela ao Turismo). E, ao mesmo tempo
que destacam positivamente a sua inconteste multidisciplinaridade, elencam-na como um dos
fatores para a dificuldade assinalada. Essa realidade ainda suscita diversos debates em torno
19
O texto de Marujo (2013), que reflete sobre as abordagens qualitativa e quantitativa na pesquisa em Turismo,
toca em muitos dos aspectos tratados ao longo deste Capítulo.
do turismo (em publicações, no meio acadêmico, em eventos, nas organizações) nos âmbitos
teórico e prático. Sobre isso, a Organização Mundial do Turismo afirma que:
Existe um amplo debate acadêmico sobre o que é exatamente o turismo, que
elementos o compõem e quem deve ser considerado o turista, o que originou
múltiplas definições, cada uma delas destacando diferentes aspectos da mesma
atividade. Nesse sentido, cabe afirmar que não existe definição correta ou incorreta,
uma vez que todas contribuem de alguma maneira para aprofundar o entendimento
do turismo (2001, p. 35).
A importância desta citação é o fato de ela afirmar que não existem definições
certas ou erradas a respeito do turismo, pois todas, de certa forma, contribuem para a sua
compreensão. Entretanto, num contexto ainda insistente de
transformação/consolidação/afirmação deste em/como ciência (sob “as unicidades” do
conceito, do objeto e de um conhecimento sistematizado e de um método definido), essas
contribuições todas não se integram – a não ser que o pesquisador se proponha a promover a
dita interdisciplinaridade em seu trabalho, seja solitário ou com pesquisadores de outras áreas.
Para a Organização Mundial do Turismo...
Devido à relativa juventude do turismo como atividade socioeconômica em geral e a
seu complexo caráter multidisciplinar (o turismo engloba uma grande variedade de
setores econômicos e disciplinas acadêmicas), há uma ausência de definições
conceituais claras que delimitem a atividade turística e a distingam de outros setores
(2001, p. 35).
Ainda sobre esta questão da “juventude” do turismo e se este é ou não uma
ciência, traz-se Guilherme Lohmann e Alexandre Panosso Netto. Entretanto, este aspecto é
tratado por eles noutra perspectiva, avançando assim na contribuição do mesmo.
O estudo do turismo, se comparado ao de outras ciências como filosofia, história,
química e matemática, por exemplo, é recente. Esse é um dos motivos pelos quais
muitos estudiosos e pesquisadores de outras áreas criticam-nos ao afirmarem que as
pesquisas produzidas em turismo são superficiais, pouco científicas e dispensáveis.
Em parte esses críticos têm razão, pois, repetidas vezes, nos deparamos com livros,
teses e artigos de turismo meramente descritivos e que pouco acrescentam para o
campo científico. Em geral, estes trabalhos carecem de um embasamento teórico-
conceitual, além de apresentarem uma deficiência na parte analítica dos resultados
alcançados.
Muitos acadêmicos em turismo se deixam levar por esses críticos, considerando que
não existe um corpo teórico suficiente que embase o estudo do turismo. Isso não é
verdade e pode ser notado nos ótimos trabalhos teóricos existentes, ainda que muitas
vezes se encontrem dispersos e fragmentados, mesmo na literatura estrangeira
(LOHMANN; PANOSSO NETTO, 2008, p. 13).
Os autores falam dessa juventude dos estudos turísticos na comparação com os de
outras disciplinas há bem mais tempo consolidadas, sendo dos pesquisadores e cientistas
dessas disciplinas os principais ataques e críticas ao Turismo – referendadas por
pesquisadores da própria área, inclusive. Há uma razão que sustente tais críticas, que segundo
os mesmos é a característica majoritariamente descritiva dos trabalhos existentes, mas que ela
não justifica o excessivo descrédito que parte, também, dos próprios acadêmicos da área –
pois existem, publicados e conhecidos, trabalhos de qualidade. Outra razão para isso, acredita-
se, estaria na recente busca, considerando os estudos iniciais sobre o Turismo, pela construção
de uma epistemologia turística (estudo do conhecimento, teoria do conhecimento) que
sustente filosoficamente tais estudos, fornecendo assim uma base mais que firme para os
mesmos.
Epistemologia do turismo é um assunto que ganhou importância nos estudos
turísticos somente na década de 1990. Isso se deve ao fato de que, em sua maioria,
os investigadores da área estavam mais interessados em questões práticas da
atividade, como gestão, planejamento e políticas públicas, entre outros. A
epistemologia nasceu da filosofia; entretanto, a maioria dos filósofos não se
interessa pelos estudos turísticos, pois, [...] eles estão preocupados com outros temas
mais importantes que o turismo. Daí origina-se também a relativa escassez de
publicações sobre esse assunto20
(LOHMANN; PANOSSO NETTO, 2008, p. 19).
Estes autores falam em Epistemologia do Turismo21
, na qual não se adentrará
mais pra não alongar a discussão, a qual pode ser acessada direto na obra. No que se refere ao
outro aspecto, a discussão sobre o turismo ser ou não ciência, ele diz que a mesma também se
encontra no campo da Epistemologia – e que existem três correntes a respeito deste tema:
A primeira diz que o turismo não é uma ciência, mas está trilhando o caminho para
tornar-se uma, pois está passando pelas mesmas fases de outras ciências que
surgiram no início do século XX, tais como a Antropologia e a Etnografia. A
segunda corrente diz que o turismo não é e nunca será uma ciência, pois se constitui
apenas de uma atividade humana, e é auxiliado pelas ciências em seus estudos. A
argumentação deste grupo diz que os estudos turísticos não possuem um objeto de
pesquisa claro e definido, nem um método de estudo particular, o que o inviabiliza
de se tornar uma ciência. O terceiro grupo de pesquisadores diz que o turismo é uma
ciência por possuir um corpo teórico maduro e relativamente grande; todavia, esses
pesquisadores ainda não conseguiram comprovar esta afirmação por meio de seus
estudos (LOHMANN; PANOSSO NETTO, 2008, p. 23).
20
As obras elencadas na parte voltada ao estado da arte enquadram-se neste estudo do conhecimento produzido
em turismo, algumas delas apontando o percurso feito em âmbito internacional. 21
Destacam-se algumas das perguntas levantadas pela epistemologia do turismo, colocadas pelos autores, as
quais evidenciam a seriedade com que esta deve lidar, com os problemas propostos, ao questionar os alicerces
teóricos e as questões fundamentais sobre o conhecimento de determinado assunto: “[...] O que se pode conhecer
em turismo? Como é produzido o conhecimento em turismo? O conhecimento em turismo é possível? Pode o
conhecimento produzido em turismo ser verdadeiro? Como se dá a apreensão do conhecimento em turismo pelo
sujeito pensante? Por que se conhecem algumas coisas em turismo e outras, não? Até onde vai o campo de
estudos em turismo? Quais são os limites do conhecimento produzido em turismo?” (LOHMANN; PANOSSO
NETTO, 2008, p. 19).
Diante do exposto na citação acima, sugere-se a investigação dessas três correntes
na atualidade, a partir da leitura de textos e trabalhos diversos, numa tentativa de perceber
qual delas ganhou mais força (em especial a primeira e terceira correntes), para não mais se
fazer e/ou adotar afirmações generalistas e superficiais.
Segundo Schlüter (2003), para os que não têm relação com os estudos do turismo,
este é comumente associado a viagens e prazer, afirmando também que...
O problema surge quando se tenta conceituar o turismo. A maioria dos
especialistas22
, entre os quais podem-se citar Andrade, Beni, Rejowski e Jiménez
Guzmán, fazem referência ao conceito de turismo, mas no final apresentam uma
evolução histórica das definições operacionais do conceito (Ibid., p. 60).
Não se afastando muito do acima colocado, Elbio Pakman, tratando da
interdependência que existe entre objeto, definição e ciência, voltada para o turismo, diz:
Uma ciência, para existir como tal, precisa de um objeto bem delimitado. A
definição do objeto é parte constitutiva e deve preceder a teorização científica, que
se vê limitada na ausência daquele. As discussões correntes em torno da multi-,
pluri- e trans-disciplinaridade do turismo enquanto ciência em formação, ou ainda,
enquanto obstáculo para atingir o estatuto de ciência, revestem-se de alcance restrito
na medida em que contornam a questão essencial de responder à pergunta
fundamental: o que é o turismo? Afirmar que o mesmo pode ser abordado de
diversos pontos de vista, com diferentes interesses e metodologias, não resolve o
ponto crucial de esclarecer o que ele é. A confusão conceitual na área do Turismo é
grande, e parece distante o momento em que se disporá de conceitos básicos,
consensuais e de ampla aceitação (PAKMAN, 2014, p. 2, grifos do autor).
O autor fala da dificuldade que todo pesquisador tem, inicialmente, ao empreender
os estudos sobre o turismo. Trata-se da explicação, para si e para os outros, do seu conceito –
o que justifica, de certa forma, o uso de diversas citações pelos pesquisadores em seus
trabalhos. Continuando, escreve que embora sejam importantes os subsídios dados pelas
diversas disciplinas aos estudos turísticos, elas
[...] não necessariamente suprimem nem suplantam a requerida discussão
metodológica em torno do que elas podem aportar para o esclarecimento da essência
do que é turismo. Noutras palavras, nada suplanta o debate em torno da possível e
necessária formação do conceito de turismo, e por conseguinte, para a constituição
do Turismo como ciência (PAKMAN, 2014, p. 3).
Ele Destaca, por fim, alguns autores que, na percepção dele, têm enveredado na
discussão metodológico-conceitual do turismo, entre os quais cita Luis Fernández Fúster,
Manoel Figuerola Palomo, Muñoz de Escalona, Victor T. C. Middleton, Marc Sölter, Margarita
Barretto e Alexandre Panosso Netto (os dois últimos em âmbito nacional e utilizados neste texto).
22
Os três primeiros são referências deste trabalho.
Diante destas considerações mais gerais a respeito do Turismo, que de certa forma
não se encerra, traz-se algumas definições do mesmo a partir de alguns autores. Entretanto,
não se adentrará nessa abordagem das definições com profundidade, resgatando sua evolução
desde as primeiras de caráter puramente econômico até as atuais, com propostas que se dizem
mais holísticas e integradas. Busca-se, apenas, informar da sua existência de modo compilado,
o que é reconhecido ser, antecipadamente, incompleta. De antemão, inicia-se com José
Vicente de Andrade:
Antes de qualquer disposição teórica a respeito do turismo, do turista, dos recursos
humanos e dos equipamentos considerados turísticos, deve-se estabelecer o seguinte
princípio: o homem, o espaço, e o tempo constituem os três pré-requisitos para
qualquer reflexão equilibrada a respeito do fenômeno, cuja anatomia conjuntural e
sintônica compõe-se de modo compulsório, porque sem sua tríplice existência e sua
permanente concorrência não há possibilidade alguma de existir, lógica e
ontologicamente, qualquer manifestação do fenômeno turístico (ANDRADE, 2008,
p. 12, grifos do autor).
Na consideração desta tríade encontram-se aspectos que remetem, por exemplo, à
dimensão multi/interdisciplinar do turismo, haja vista que o homem (na condição de turista),
além de ser um dos agentes do acontecer da atividade, leva à organização dela e é foco de
disciplinas como Antropologia, Sociologia e Psicologia. É no espaço que o turismo acontece,
o mesmo que ele consome e comercializa (com base nos elementos paisagísticos e locais e nas
estratégias de comunicação). E o tempo, influente na duração dos deslocamentos e nas
permanências, e no qual se inclui elementos como o sistema de transportes, o aparato técnico
e os fixos presentes nos locais. Daí a indissociabilidade ressaltada pelo autor, que
complementa:
O homem é o autor do ato de viajar, que encerra em si, necessariamente, o elemento
físico primeiro que diferencia as quantificações e as distinções entre o espaço em
que se situa e todos os demais espaços diversos daquele em que em ato ocupa e do
qual precisa sair para que possa dar existência ao fenômeno viagem. Finalmente,
sempre que se movimenta, o homem o faz no espaço e, para deslocar-se, mesmo que
em medida física de aparências insignificantes, consome ou utiliza determinada
quantidade de tempo, que é o elemento determinante de qualquer ato que o ser vivo
pratique ou sofra, tanto consciente como inconscientemente (ANDRADE, 2008, p.
12, grifos do autor).
Segundo Soneiro (1991, p. 17): “La mayor parte de los tratadistas del turismo
hacen en sus definiciones referencias al viaje como un elemento sine qua non; al placer de
recorrer un lugar distinto del que se vive habitualmente. Pocas veces precisan, sin embargo, el
alcance temporal o espacial del desplazamiento”. Para evitar confusões nos sentidos das
palavras Ócio, Recreio e Turismo, ele apresenta, com base em Boniface e Cooper (1987 apud
SONEIRO, p. 17-18), o que cada uma significa – sendo que o turismo “[...] representa
solamente una de esas actividades recreativas; pero también desplazamientos no estrictamente
vinculados con el recreo – convenciones, ferias, congresos, negocios, etc.” [...] (Ibid., p. 18).
Desta forma, o Quadro 2 mostra uma compilação geral das definições de turismo
mais encontradas em algumas obras. Na primeira coluna estão organizados os autores-
referência que são mais encontrados e utilizados por aqueles autores relacionados na terceira
coluna (que são obras voltadas exclusivamente ao estudo/abordagem do Turismo). A
apropriação destes conceitos é feita, nas obras, de diversas formas, por exemplo, para mostrar
uma evolução temporal da definição do mesmo ou as tendências de definição existentes.
Retornando à primeira coluna, alguns autores-referência destacam-se por mais de
uma aparição, porque utilizados por autores distintos e/ou também pelo fato de seus conceitos
iniciais propostos terem passado por alguma reformulação. Os que são utilizados uma vez
revelam-se também importantes, se se considerar aquele autor que o mencionou em sua obra.
Assim, destacam-se, entre os autores-referência mais utilizados, a Organização Mundial do
Turismo, Herman Von Schulard, Walter Hunziker e Kurt Krapf, Luiz Fernandez Fuster,
Alister Mathieson e Geoffrey Wall e Robert Glüskmann. Deu-se destaque a José Vicente de
Andrade por tratar-se de um autor utilizado neste trabalho.
Na segunda coluna do quadro visualizam-se as definições de turismo dos autores
listados na primeira coluna, a partir do uso que os autores listados na terceira coluna delas
fizeram. Alguns pontos devem ser destacados e, também, explicados. Uma observação atenta
aos anos de divulgação das definições, pelos autores destas, evidenciará a já mencionada
evolução que o conceito passou ao longo do tempo, saindo de aspectos notadamente
econômicos (reflexo da área científica dos primeiros a fazê-lo) para tentativas mais holísticas
de entendimento da atividade. Desse modo, o quadro não foi organizado por ordem do ano em
que a citação foi apresentada e nem os autores que as fizeram também se encontram
“organizados”. Apenas a OMT foi colocada no início, devido a um fator que será mais adiante
explicado. Na verdade, a única organização evidente é que as definições associadas à OMT
são todas institucionais e as demais, autorais.
Quadro 2 – Definições de Turismo utilizadas por alguns autores.
Autor-
referência Definição de turismo empregada
Autor(es)
que usam
tais
definições
D I
E N
F S
I T
N I
I T
Ç U
Õ C
E I
S O
N
A
I
S
Organização
Mundial do
Turismo –
UIOOT
(ONU) (1963)
‘Atividade desenvolvida por uma pessoa que visita um país diferente
daquele de sua residência habitual, com fins distintos do de exercer
uma ocupação remunerada, e por um período de tempo de pelo
menos 24 horas’.
Pakman
(2014)
Organização
Mundial do
Turismo
(ONU/OCDE-
OECD/CST-
2008) (S.d)
‘O turismo é um fenômeno social, cultural e econômico, que envolve
o movimento de pessoas para lugares fora de seu local de residência
habitual.
Pakman
(2014)
Organização
Mundial do
Turismo
(ONU/IRTS-
2008) (S.d)
‘O turismo é um fenômeno social, cultural e econômico, que envolve
o movimento de pessoas para lugares fora do seu local de residência
habitual, geralmente por prazer.’
Pakman
(2014)
Organização
Mundial do
Turismo
‘... o deslocamento para fora do local de residência por período
superior a 24 horas e inferior a 60 dias motivado por razões não-
econômicas’ (S.d).
Ignarra
(2003)
‘... o turismo engloba as atividades das pessoas que viajam e
permanecem em lugares fora de seu ambiente usual durante não mais
de um ano consecutivo, por prazer, negócios ou outros fins’ (1994).
Ignarra
(2003)
‘Compreende as atividades de pessoas em viagem e sua permanência
nos lugares fora de sua residência habitual por não mais do que um
ano consecutivo por lazer, negócios e outros propósitos não
relacionados ao exercício de uma atividade remunerada no local
visitado’ (1991?)
Panosso
Netto
(2013)
‘O turismo compreende as atividades realizadas pelas pessoas
durante suas viagens a e estadias em lugares diferentes de seu entorno
habitual, por um período de tempo consecutivo inferior a um ano,
tendo em vista lazer, negócios ou outros motivos’ (1991).
Pakman
(2014)
‘O turismo compreende as atividades realizadas pelas pessoas
durante suas viagens a e estadias em lugares diferentes de seu entorno
habitual, por um período de tempo consecutivo inferior a um ano,
tendo em vista lazer, negócios ou outros motivos não relacionados
ao exercício de uma atividade remunerada no lugar visitado’
(1999).
Pakman
(2014)
Herman Von
Schulard
‘... a soma das operações, especialmente as de natureza econômica,
diretamente relacionadas com a entrada, a permanência e o
deslocamento de estrangeiros para dentro e para fora de um país,
cidade ou região’ (1910).
Ignarra
(2003);
Beni
(1998);
Andrade
(2008)
D
E
F
I
N
I
Ç
Õ
E
S
‘turismo é o conjunto de todos os processos, principalmente
econômicos, que se relacionam diretamente com a chegada, a
permanência e a partida de estrangeiros para dentro e para fora de um
país, região ou estado’ (1911).
Panosso
Netto
(2013)
Arthur
Bormann
(1931)
‘... o conjunto de viagens que tem por objetivo o prazer ou motivos
comerciais, profissionais ou outros análogos, durante os quais é
temporária sua ausência da residência habitual. As viagens realizadas
para locomover-se ao local de trabalho não constituem em turismo’.
Ignarra
(2003);
Andrade
(2003);
Barreto
(1995)
Walter
Hunziker e
Kurt Krapf
‘... o conjunto das inter-relações e dos fenômenos que se produzem
como conseqüências das viagens e das estadas de forasteiros, sempre
que delas não resultem um assentamento permanente nem que eles se
vinculem a alguma atividade produtiva’ (1940).
Ignarra
(2003);
Andrade
(2003)
‘Turismo é o conjunto das relações e fenômenos decorrentes das
viagens e estadas de forasteiros, desde que não vinculados a alguma
atividade produtiva nem como residência permanente no destino’
(1942).
Panosso
Netto
(2013)
‘A soma dos fenômenos e das relações resultantes da viagem e da
permanência de não-residentes, na medida em que não leva à
residência permanente e não está relacionada a nenhuma atividade
remuneratória’ (1942).
Beni
(1998)
‘Turismo é o conjunto das relações e dos fenômenos produzidos pelo
deslocamento e permanência de pessoas fora do seu local de
domicílio, sempre que ditos deslocamentos e permanência não
estejam motivados por uma atividade lucrativa’ (1942).
Barreto
(1995)
Robert
McIntosh
(1977)
‘Turismo pode ser definido como a ciência, a arte e a atividade de
atrair e transportar visitantes, alojá-los e cortesmente satisfazer suas
necessidades e desejos’.
Ignarra
(2003);
Beni
(1998)
Jafar Jafari
(S.d.)
‘É o estudo do homem longe de seu local de residência, da indústria
que satisfaz suas necessidades, e dos impactos que ambos, ele e a
indústria, geram sobre os ambientes físico, econômico e sociocultural
da área receptora’.
Ignarra
(2003);
Panosso
Netto
(2013);
Beni
(1998);
Theobald
(2001)
‘Turismo é, de um lado, o conjunto de turistas; de outro, os
fenômenos e as relações que essa massa produz em conseqüência de
suas viagens’ (1974).
Ignarra
(2003)
‘por um lado, conjunto de turistas, que cada vez mais são numerosos;
por outro, são os fenômenos e relações que esta massa produz em
conseqüência de suas viagens. Turismo é todo o equipamento
Panosso
Netto
(2013)
A
U
T
O
R
A
I
S
Luiz
Fernández
Fuster
receptor de hotéis, agências de viagens, transportes, espetáculos,
guias, intérpretes etc. [...] Turismo são as organizações privadas ou
públicas que surgem para fomentar a infraestrutura e a expansão do
núcleo’ (1971).
‘Turismo é, de um lado, conjunto de turistas; do outro, os fenômenos
e as relações que esta massa produz em conseqüência de suas
viagens. Turismo é todo o equipamento receptor de hotéis, agências
de viagens, transportes, espetáculos, guias-intérpretes que o núcleo
deve habilitar para atender às correntes (...). Turismo é o conjunto das
organizações privadas ou públicas que surgem para fomentar a
infraestrutura e a expansão do núcleo, as campanhas de propaganda
(...). Também, são os efeitos negativos ou positivos que se produzem
nas populações receptoras’ (1972).
Barreto
(1995)
Oscar de La
Torre (1992)
‘O turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento
voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que,
fundamentalmente por motivos de recreação, descanso, cultura ou
saúde, saem de seu local de residência habitual para outro, no qual
não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando
múltiplas inter-relações de natureza social, econômica e cultural’.
Ignarra
(2003);
Barreto
(1995)
José Vicente
de Andrade
(1998)
‘Turismo é o conjunto de serviços que tem por objetivo o
planejamento, a promoção e a execução de viagens, e os serviços de
recepção, hospedagem e atendimento aos indivíduos e aos grupos,
fora de suas residências habituais’.
Ignarra
(2003)
Alister
Mathieson e
Geoffrey Wall
‘… o movimento temporário de pessoas para locais de destinos
externos a seus lugares de trabalho e moradia, as atividades exercidas
durante a permanência desses viajantes nos locais de destino,
incluindo os negócios realizados e as facilidades, os equipamentos e
os serviços criados, decorrentes das necessidades dos viajantes’
(1990).
Ignarra
(2003)
‘turismo é o deslocamento temporário de pessoas de seus locais
normais de trabalho e residência para determinados destinos, as
atividades empreendidas durante suas estadas em tais destinos e as
instalações criadas para atender a suas necessidades’ (1982).
Theobald
(2001)
McIntosh,
Goeldner e
Ritchie (2000)
‘... a soma dos fenômenos e relações que surgem da interação de
turistas, empresas prestadoras de serviços, governos e comunidades
receptivas no processo de atrair e alojar estes visitantes’.
Ignarra
(2003)
F. Muñoz de
Escalona
(1993)
‘Turismo es todo plan de desplazamiento de ida y vuelta cualquier
que sea la motivación , la distancia recorrida y la duración temporal’.
Ignarra
(2003)
Eduard Guyer-
Freuler (1905)
‘em sentido moderno, um fenômeno de nosso tempo que se explica
pela necessidade crescente de descanso e mudança de ares, pela
aparição e desenvolvimento do gosto pela beleza da paisagem, pela
satisfação e bem-estar que se obtém da natureza virgem, mas, muito
especialmente, pelas crescentes relações entre povos diferentes, pelo
Panosso
Netto
(2013)
aumento de empresas que dão lugar ao desenvolvimento do
comércio, da indústria e das profissões e pelo aperfeiçoamento dos
meios de transporte’.
Wahab (1977)
‘uma atividade humana intencional que serve como meio de
comunicação e como elo da interação entre povos, tanto dentro de um
mesmo país como fora dos limites geográficos dos países. Envolve o
deslocamento temporário de pessoas para outra região, país ou
continente, visando à satisfação de necessidades outras que não o
exercício de uma função remunerada. Para o país receptor, o turismo
é uma indústria cujos produtos são consumidos no local, formando
exportações invisíveis’.
Panosso
Netto
(2013)
Brasil (2008)
Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se turismo as atividades
realizadas por pessoas físicas durante viagens e estadas em lugares
diferentes do seu entorno habitual, por um período inferior a 1 (um)
ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras. Parágrafo único. As
viagens e estadas de que trata o caput deste artigo devem gerar
movimentação econômica, trabalho, emprego, renda e receitas
públicas, constituindo-se instrumento de desenvolvimento econômico
e social, promoção e diversidade cultural e preservação da
biodiversidade.
Panosso
Netto
(2013)
Departamento
Australiano de
Turismo e
Recreação
(1975)
‘Turismo é uma importante indústria nacionalmente identificável.
Compreende um amplo corte transversal de atividades componentes,
incluindo a provisão de transporte, alojamento, recreação,
alimentação e serviços afins’.
Beni
(1998)
Ansett Airlines
of Australia
(1977)
‘Turismo refere-se à provisão de transporte, alojamento, recreação,
alimentação e serviços relacionados para viajantes domésticos e do
exterior. Compreende a viagem para todos os propósitos, desde
recreação até negócios’.
Beni
(1998)
Raymundo
Cuervo (1967)
‘O turismo é um conjunto bem definido de relações, serviços e
instalações que se geram em virtude de certos deslocamentos
humanos’.
Lohmann,
Panosso
Netto
(2008)
Robert
Glüksmann e
Willi
Benscheidt
(1929)
‘o turismo é uma ocupação de espaço por pessoas que afluem a
determinada localidade, onde não possuem residência fixa’.
Andrade
(2003)
Robert
Glüksmann
‘a soma das relações que se estabelecem entre as pessoas que se
encontram de passagem por determinada localidade, e as que nela
habitam’ (1935?).
Andrade
(2003)
‘Turismo é a soma das relações existentes entre pessoas que se
encontram temporariamente num lugar e os naturais desse local’
(1939).
Barreto
(1995)
Schwink
(1930)
‘o movimento de pessoas que abandonam, temporariamente, o local
de sua residência permanente, levadas por algum motivo relacionado
Andrade
(2003);
Barreto
Elaboração: SANTOS, 2015.
Fonte: Autores da última coluna.
No olhar continuado nas definições, em algumas delas o termo turismo não está
presente, falando-se em viagens ou deslocamento de pessoas, de forasteiros. Interessante é
que o turismo é, essencialmente, um “conjunto” (nalgumas vezes, “soma”): de turistas, de
viagens, de atividades, de operações, de processos, de relações e inter-relações e fenômenos,
de serviços, de princípios. E é/compreende/engloba movimento ou deslocamento de pessoas,
as atividades humanas realizadas, um fenômeno social-cultural-econômico (ora só social, ora
sócio-cultural, ora apenas econômico) e uma indústria. Percebe-se que algumas definições
centram-se na ideia da viagem por algum motivo (essencialmente lazer), que não têm fins
lucrativos ou remuneratórios, e que atende a uma duração temporal definida; outras ampliam
essa percepção, envolvendo também aspectos voltados ao planejamento, aos impactos
causados e das relações estabelecidas entre outras.
Cabe ressaltar que há, na leitura dos conceitos, a presença da Economia, da
Geografia e da Sociologia (traços da Estatística e da Psicologia encontram-se presentes
com o corpo, o espírito ou a profissão’.
(1995)
O. Morgenroth
(1929)
‘tráfego de pessoas que, temporariamente, afastam-se de seu local
fixo de residência para deter-se em outra localidade, com o objetivo
de satisfazer desejos de natureza diversa, unicamente como
consumidores de bens econômicos e culturais’.
Andrade
(2003)
Mathiot (S.d.)
‘Turismo é o conjunto de princípios que regulam as viagens de prazer
ou de utilidade, tanto no que diz respeito à ação pessoal dos viajantes
ou turistas como no que se refere à ação daqueles que se ocupam em
recebê-los e facilitam seus deslocamentos’.
Andrade
(2003)
Josef Stradner
(S.d)
‘Tráfego de viajantes de luxo (aqueles que têm condução própria)
que se detêm num local fora do seu lugar fixo de residência e com
sua presença naquele país não perseguem nenhum propósito
econômico, mas buscam a satisfação de uma necessidade de luxo.
Barreto
(1995)
Benscheidt
(S.d)
‘O conjunto de relações pacíficas e esporádicas entre viajantes que
visitam um local por motivos não-profissionais e os naturais deste
lugar’.
Barreto
(1995)
Burkart e
Medlik (1974)
‘O turismo é um amálgama de fenômenos e relações, fenômenos
estes que surgem por causa do movimento de pessoas e sua
permanência em vários destinos. Há no turismo um elemento
dinâmico – a viagem – e um elemento estático – a estada’.
Barreto
(1995)
também, comportando elementos de caráter estrutural e organizacional da atividade). As
contribuições das duas últimas destacadas (Geografia e Sociologia) são as responsáveis por
ampliar as possibilidades de uma melhor compreensão do turismo – para além do seu aspecto
economicista e estatístico.
Por fim, a quantidade de definições existentes em um mesmo autor revela um
aspecto preocupante: o entendimento dos autores que as utilizaram a partir das traduções de
sua língua original pode ocasionar problemas de compreensão para os pesquisadores,
estudantes e leitores de língua portuguesa23
. Tratam-se, numa leitura repetitiva, dos mesmos
conceitos, dificultados pela compreensão do autor ao traduzi-lo e ao ano-referência dado
(geralmente, são de autores europeus – principalmente alemães, franceses e ingleses – e norte-
americanos), como se observa em Walter Hunziker e Kurt Krapf e Luiz Fernández Fuster.
Na maioria das definições que foram formuladas ao longo do tempo, o termo que
permite uma aproximação geográfica é o “deslocamento” (pois este se dá pelo/no espaço
geográfico), com as ideias associadas de movimento e/ou tráfego – as quais ganharam, por
conseguinte o sentido de viagem. Entretanto, salienta Barreto (1995, p. 13):
[...] viagem não é a mesma coisa que turismo. O turismo inclui a viagem apenas
como uma parte, havendo muitas viagens que não são de turismo. Por exemplo, as
viagens de negócios, viagens de estudo, viagens para visitar parentes em ocasiões
especiais, como doença ou morte, podem ser, mais que um prazer, compromissos
sociais. Observa-se, sim, que pessoas que viajam por motivos alheios ao turismo,
utilizam os mesmos serviços que o turista, e muitas vezes, acumulam as obrigações
com a prática do turismo.
Quem aborda esse aspecto mencionado por Barreto (1995) é Cruz (2003), cuja
explicação para essa relação sinonímica entre turismo e viagem decorre da definição
empregada pela OMT (que embora tenha o viés puramente institucional e voltado para as
estatísticas do setor, como visto anteriormente), é utilizada por muitos acadêmicos e
pesquisadores. “Conforme se pode abstrair da definição da OMT, todo tipo de viagem é
considerado, hoje, turismo, independente da motivação do seu deslocamento [...] [, ou seja,]
[...] que viagem e turismo são hoje sinônimos” (Ibid., p. 4). Disto resultam as segmentações
do setor e um conjunto outro de problemas e questionamentos que ela traz em sua abordagem.
No que se refere às definições elaboradas pela OMT, cabem duas considerações.
A primeira é que, embora sejam todas desta entidade, eles referem-se a momentos distintos da
história da mesma – partindo de sua denominação como União Internacional de Organizações
Oficiais de Viagens (UIOOT, ou na sua sigla em inglês, IUOTO – International Union of
23
Rejowski (1996) fala das dificuldades relativas aos estudos e pesquisa turísticos
Official Travel Organizations) à que se conhece hoje. A segunda é que as definições
elaboradas por esta instituição têm outro fim, distinto do comumente utilizado por alguns
autores conhecidos e estudantes que se iniciam nos estudos do turismo.
Ao escrever sobre as definições de turismo feitas pela OMT ao longo de sua
história, Pakman (2014) contribui duplamente para a história do pensamento turístico (como
está posto no título do seu artigo). Primeiro, por trazer os aspectos históricos relativos ao
surgimento e institucionalização da entidade, assim como a importância que ela adquiriu no
cenário internacional como principal órgão da atividade turística. A segunda, e mais
importante, vai discutir o uso de suas definições, pelos pesquisadores e estudantes, para fins
acadêmicos, científicos e teóricos – quando estas voltam-se para fins estatísticos, técnicos e
operacionais. Salienta o autor que, por ser a Teoria do Turismo ainda embrionária, recorre-se
ao posicionamento de instituições ou autores reconhecidos, sendo estes, a partir do
“argumento de autoridade” (Ibid., p. 3), o referencial teórico-conceitual para a definição mais
aceitável do turismo – e uma destas autoridades é justamente a OMT, sobre o que ele coloca
em seu texto. Com o referido autor, sobre o uso equivocado ou errôneo da definição de
Turismo da OMT, concorda Panosso Netto (2013, p. 30). Para este último:
A definição da OMT tem um viés econômico e mostra uma preocupação com
questões políticas, técnicas, estatísticas, comerciais e normativas, não abordando os
aspectos conceituais mais ligados aos diferentes tipos de turistas, com suas culturas
e formação social característicos. Sua definição é adotada por dezenas de países e de
organismos e vem moldando a compreensão ‘oficial’ de turismo [...].
Finalizando as contribuições de Pakman a este trabalho, o autor conclui:
Por outro lado, certamente não há – e quem sabe nunca haverá – consenso dos
especialistas em relação à definição de turismo. Entretanto, esta realidade não
justifica a prática de argüir as definições da OMT como sendo os parâmetros
conceituais aos quais os cientistas sociais deveriam se ater. O paradoxal é que tal
demanda não parte de tecnocratas nem de estatísticos, mas dos próprios estudiosos e
acadêmicos do turismo.
O turismo, conceitualmente, pode ser abordado de perspectivas e disciplinas
diferentes. O resultado óbvio: diferentes definições, aparentemente representando
um problema, no entanto nada há de errado com essa multiplicidade. O errado não é
formular definições diferentes, até mesmo porque existem abordagens e focos
diversos, e sim pretender que as definições assim obtidas sejam absolutizadas. Nas
Ciências Sociais, onde pluralismo metodológico é uma constante, deve-se conviver
com esta pluralidade, com a diferença. Assim, estas considerações sugerem a
necessidade de direcionar esforços para delimitar a essência do turismo e permitir a
consequente construção da ciência do turismo (19-20).
Jafar Jafari, sobre o futuro que esperava o turismo como disciplina científica,
escreveu:
El proceso acumulativo de construcción – ladrillo a ladrillo – de los cimientos
científicos del turismo continuará. Como en el pasado, las ciencias sociales
contribuirán decisivamente a su formación y solidifación. Otros campos
relacionados con el estudio del turismo ayudarán también a definir y refinar las áreas
comunes con el estudio del turismo. Puesto que mantiene relaciones con diversos
fenómenos y puesto su estudio utiliza teorías y métodos de otras disciplinas, el
turismo está llamado a asumir un papel realmente interdisciplinar en el mundo
académico. Sobre estas bases, sus propias teorías y métodos emergentes serán
tomadas a préstamo por las mismas disciplinas que con aterioridad contribuyeron
generosamente a la creación de sus bases científicas. Más aún, la investigación
turística será usada con creciente intensidad por las publicaciones científicas de otras
disciplinas para ilustrar sus propias referencias. Así há de suceder porque el turismo
tiene perspectivas propias y únicas que ofrecer, tanto más cuanto que vaya
crecientemente convirtiéndose en una actividad que la gente pueda entender
fácilmente (por la creciente comprensión de su papel en la sociedad y en la
economia). Mas aún, todo indica que muchos estudiantes que se graduarán en
diversos campos teóricos bien estabelecidos, así como en el propio del turismo
continuarán defendiendo un número creciente de tesis doctorales sobre dimensiones
viejas y nuevas del fenômeno (JAFARI, 2005, p. 50-51).
A citação fala da afirmação do Turismo como disciplina científica, sem abandonar
seu caráter multi e interdisciplinar. O principal destaque, segundo o autor, é que este, que
antes servia-se das disciplinas mais tradicionais, passará a servi-las, tanto teórica quanto
metodologicamente – incluindo-se aí as publicações da área que passarão a compor a lista de
referências dos trabalhos de outras áreas. Por fim, não se pode deixar de mencionar que a
atividade seguirá seu percurso buscando dar conta das novas demandas que surgirem, sem,
entretanto, deixar de estudar as que são mais antigas.
Não era pretensão, portanto, resgatar o surgimento e evolução da definição de
turismo e os diversos contextos que contribuíram para as adaptações que estes foram
realizando ao longo do tempo (inclusive dos seus termos elementares, a exemplo do de
turista). Este papel já foi realizado por variados autores (alguns presentes na terceira coluna
do Quadro 4) e pela OMT (esta última na posição de órgão regulador da atividade a nível
mundial) em suas publicações. Existem contribuições mais ao entendimento do Turismo, as
quais servem não só para cientistas e pesquisadores da área, mas também para os que o
planejam em âmbito estatal/governamental e empresarial. Entretanto, fez-se o recorte pelo
aspecto teórico, tentando trazer contribuições que não ficassem restritas apenas ao uso de uma
ou outra definição, ampliando assim a discussão a respeito do Turismo.
Dá-se continuidade a esta parte do trabalho, tratando-se de um aspecto que
caracteriza o Turismo tanto quanto área acadêmica e como atividade – e que também está
presente na Geografia: a questão disciplinar, envolvendo a multi e a interdisciplinaridade.
2.2.2 O CARÁTER DISCIPLINAR DO TURISMO: MULTIDISCIPLINARIDADE E
INTERDISCIPLINARIDADE
O caráter disciplinar do Turismo é evidente entre aqueles que o estudam, o que
Rejowski (1996) trata como a “questão da disciplinaridade”. Segundo a autora, tal tratamento
é necessário diante do interesse que diversas disciplinas despertaram, ao longo do tempo, pelo
turismo no meio acadêmico (podendo ser estudado por várias delas concomitantemente, por
apenas uma ou por uma nova disciplina). Também, em função das divergências existentes
quanto ao marco teórico que formaria a base daquele como área acadêmica – no que se refere
aos conceitos/termos mais comuns que caracterizam essa disciplinaridade.
Existe atualmente uma preocupação em definir algumas tendências do ensino e da
pesquisa, tanto na área de turismo como em outras, que podem ser restringidas a três
conceitos básicos: pluridisciplinaridade ou multidisciplinaridade,
interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. Tais conceitos podem ser explicados
mediante uma gradação na esfera de coordenação e cooperação entre as disciplinas
(REJOWKSI, 1996, p. 21, grifos da autora).
Ela destaca que os termos multi e interdisciplinar são usados
intercambiavelmente, como se fossem sinônimos – embora apenas pareçam semelhantes24
. É
a partir daí que ela inicia a distinção destes conceitos. Neste trabalho optou-se, contudo, em
usar a concepção de Ivani Catarina A. Fazenda, que contribui para o que se está a discutir.
A partir da análise de algumas contribuições ao conceito de interdisciplinaridade do
ensino feitas por alguns peritos no assunto [...], conclui que existe atualmente uma
preocupação em definir a terminologia adotada, embora ela se baseie em diferentes
pressupostos. Posto que a terminologia adotada é bastante vasta, a tendência mais
acentuada e restringir-se a quatro conceitos básicos: pluri, multi, inter e
transdisciplinaridade [...].
Assim sendo, em âmbito de pluri ou multidisciplinaridade, ter-se-ia uma atitude de
justaposição de conteúdos de disciplinas heterogêneas ou a integração de
conteúdos numa mesma disciplina. Em termos de interdisciplinaridade, ter-se-ia
uma relação de reciprocidade, de mutualidade, ou, melhor dizendo, um regime de
co-propriedade, de interação, que irá possibilitar o diálogo entre os interessados,
dependendo basicamente de uma atitude cuja tônica primeira será o estabelecimento
de uma intersubjetividade (FAZENDA, 1995, p. 30-1, grifos nossos).
Para Coriolano (1998), a interdisciplinaridade do turismo decorre do fato dele ser
um fenômeno geográfico, econômico, cultural ou social que, desenvolvendo-se de forma
complexa, causa impactos ora positivos, ora negativos. Outro aspecto que contribui são as
24
Santos (1978), ao tratar de uma nova interdisciplinaridade a ser construída na Geografia, contribui não
somente para o entendimento daquela dentro da referida ciência. Contribui também para a forma como se
compreende a interdisciplinaridade e multidisciplinaridade nas outras ciências – e que pode-se aplicar, num
primeiro momento, ao Turismo. Segundo o autor, “Quando se fala em multidisciplinaridade se está dizendo que
o estudo de um fenômeno supõe uma colaboração multilateral de diversas disciplinas, mas isso não é por si só
uma garantia de integração entre elas, o que somente seria atingível através da interdisciplinaridade, isto é, por
meio de uma imbricação entre disciplinas diversas ao redor de um mesmo objetivo de estudo” (Ibid., p. 104).
múltiplas interfaces que possui: com a cultura, com o meio ambiente, com as cidades, com o
campo, com a educação e com o espaço, o tempo e a técnica25
. Sob o enfoque interdisciplinar
do turismo, afirma Ignarra (2003, p. 10-11):
O turismo, na verdade, carrega todos os elementos da sociedade, razão pela qual as
pesquisas no campo do turismo tendem a ser interdisciplinares. O turismo cultural
exige pesquisas antropológicas e o comportamento dos turistas, pesquisas
sociológicas; as questões de vistos para turistas têm relação com as ciências
políticas. A regulamentação do controle de qualidade dos produtos turísticos e a
intervenção do turismo no meio ambiente têm desenvolvido o direito no turismo.
Se a multi e a interdisciplinaridade do Turismo é evidente no que se refere às
outras áreas do conhecimento, Sales (2010, p. 279-280) ressalta essa conexão com a
Geografia (ciência de mesmo caráter multi/interdisciplinar), destacando a importância do
caráter epistemológico conflituoso desta última contribuir nos estudos daquele:
Assim, o turismo representa um elo entre diversas ciências, entre essas conexões
está a geografia, que tem uma história epistemológica conflitante, por estar entre as
ciências naturais, humanas e sociais. Esse conflito epistemológico, que define sua
base teórico-metodológica, é pertinente ao turismo, pois possibilita uma discussão
profunda na construção do seu referencial, categorias de análises, objeto de estudo,
conceitos-chave, técnicas de pesquisa entre outros fundamentos.
Em Beni (1998), o Turismo é visto na perspectiva de um sistema aberto, com suas
características influenciadas por fatores a ele externos, mas vistos de forma relacionada e
contextualizada. E justamente por ser um sistema, é que o autor identifica a existência de uma
multi/interdisciplinaridade, já que várias podem ser as áreas a estudá-lo segundo a abordagem
sistêmica26
– “[...] abordagem [essa que] facilita estudos multidisciplinares de aspectos
particulares do Turismo, possibilitando assim a realização de análises interdisciplinares a
partir de várias perspectivas com ponto de referência comum” (Ibid., p. 43).
Alfredo Ascanio propôs a disciplina “Ciência Social das Viagens”, mantendo a
perspectiva interdisciplinar dos estudos turísticos (ao alimentar-se dos estudos sobre o
fenômeno realizados por outras disciplinas), mas, aspirando ser mais geral e abrangente que o
mero estudo interdisciplinar. Segundo o autor a disciplina alcançaria tal objetivo, pois...
25
Algo similar encontra-se em Montejano (2001, p. 26), o qual afirma que “el fenómeno turístico tiene una
incidencia de primer orden em la vida económica de las sociedades [...]; [...] tiene tambien una incidencia en
las relaciones sociales entre los turistas de los países emissores y los ciudadanos de los países receptores [...].
Em El campo de la cultura, el turismo aporta el crecimiento cultural de los pueblos. El turismo, debido a estas
vinculaciones, se convierte en una disciplina técnico-científica que está estrechamente relacionada con otras
disciplinas y saberes científicos, dándole un vínculo interdisciplinar y multidisciplinar”. A mesma ideia está
presente na Apresentação do livro organizado por Lima (1998). 26
Segundo Ignarra (2003, p. 11) “o que é realmente necessário para o estudo do turismo é o enfoque sistêmico.
Trata-se da pesquisa que trabalha com grupos de elementos inter-relacionados para formar um todo unificado e
organizado para se atingir um conjunto de objetivos”.
Por um lado deveria referir-se a todo tipo de viagens e aos diversos contextos que
lhe correspondem e, por outro, deveria ocupar-se dos procedimentos mais teóricos,
descritivos e aplicados. Assim, a análise mais geral das viagens traçaria um paralelo
com a evolução da análise da viagem turística pelas disciplinas que a estudaram. Isto
representa a continuação consciente de uma tendência de estudar de maneira
interdisciplinar o comportamento de quem viaja e dos anfitriões, bem como a
relação destes sujeitos, o espaço geográfico e o contexto (ASCANIO, 1997, p. 188
apud SCHLÜTER, 2003, p. 34).
E embora seja o/um estudo transdisciplinar o verdadeiro objetivo a ser perseguido,
inclusive nos estudos do Turismo, Rejowski alerta que “[...] existem muitos obstáculos a essa
abordagem e, com isso, tem-se adotado um modelo de multidisciplinaridade ou
interdisciplinaridade mais facilmente adaptado às estruturas institucionais existentes, mas nem
por isso isentos de dificuldades” (1996, p. 23, grifos da autora).
Considerando-se esse caráter disciplinar do Turismo (multi e inter), o Quadro 3
mostra quais são os focos de abordagem das principais disciplinas a estudá-lo, segundo alguns
autores.
Quadro 3 – Multi/Interdisciplinaridade do Turismo, segundo alguns autores. Rejowski (1998) Dencker (1998) Montejano (2001) Schlüter (2003)
Economia
Sociologia
Psicologia
Geografia
Antropologia
Outras Disciplinas
Psicologia
Antropologia
Sociologia
Economia
Administração
Geografia
Direito
Educação
Estatística
Novas Tecnologias
Ecologia
Política
Relações Internacionais
Direito
Economia e Estatística
Psicologia
Sociologia e Antropologia
História
Geografia, Arquitetura,
Urbanismo e Meio Ambiente
Periódicos e Literatura
Medicina
Marketing, Publicidade e
Relações Públicas
Religião
Antropologia
Ciências Políticas
Ecologia
Economia
Geografia
Psicologia
Sociologia
Elaboração: SANTOS, 2015.
Fonte: Autores constantes no quadro.
O quadro foi organizado segundo a ordem de publicação das referidas obras.
Observa-se que Montejano (2001) e Dencker (1998) são os que elencam uma maior
quantidade de disciplinas com as quais o Turismo se relaciona, mas existem aquelas comuns a
todos eles: Economia, Sociologia, Antropologia, Psicologia e Geografia. Rejowski (1996), no
que denomina como “outras disciplinas”, relaciona algumas daquelas mencionadas pelos
outros autores, compondo “[...] uma lista parcial de fontes usuais de conceitos, teorias e
ideias” (Ibid., p. 20) da seguinte forma: áreas mais especializadas de estudo (história e
ciências políticas); áreas profissionalizantes de estudo (direito, arquitetura e administração); e
disciplinas das ciências exatas e naturais (medicina etc.). Cabe ressaltar que embora
Montejano traga a Geografia acompanhada de outras disciplinas, apenas ela é trabalhada em
seu livro.
No caso da Geografia, à exceção de Dencker, que traz a relação daquela com o
Turismo na simples “análise a partir da perspectiva do espaço: fluxos, redes de transportes,
entorno ambiental” (1998, p. 30)27
, Rejowski (1998), Schlüter (2003) e Montejano (2001) dão
contribuições mais significativas. As duas primeiras, inclusive, partem de um referencial
comum (o autor Douglas Pearce28
). O terceiro é o único a ilustrar como as diferentes áreas
geográficas contribuem para o estudo do turismo (utilizando-se de exemplos aplicados à
realidade espanhola e, por vezes, de outras regiões do globo). São estas áreas: Geopolítica y la
Geoestrategia (e seus diversos fatores que influenciam nas correntes turísticas); Geografía
Humana; Geografía Económica; Geografía Física; e Geografia de los Hechos Históricos,
Artísticos y Culturales.
Veio-se, até o presente momento, trazendo as contribuições das duas primeiras
abordagens a este trabalho. E sendo a Geografia uma das disciplinas mais antigas a estudar o
turismo29
, a partir daqui adentra-se na terceira abordagem que o fundamenta, que é a da
Geografia do Turismo.
2.2.3 A GEOGRAFIA DO TURISMO
De acordo com Rejowski (1996, p. 19, grifos da autora), a Geografia “é uma das
poucas disciplinas em que o turismo tem sido reconhecido como área de interesse e, como tal,
27
O mesmo enfoque geográfico proposto por Luiz Ignarra, como um dos vários métodos de se enfocar o
turismo: “o interesse dos geógrafos no turismo está na forma em que o espaço turístico é ocupado, nos tipos de
deslocamentos e no impacto do meio ambiente. De todas as ciências, a geografia é a que mais se interessou pela
análise do fenômeno turístico” (IGNARRA, 2003, p. 10). 28
Cada autora utiliza alguns autores, em nível internacional, para falar da relação disciplinar entre Turismo e
Geografia. A obra que ambas mencionam, do referido autor, é: PEARCE, Douglas. Desarrollo Turístico: su
planificación y ubicación geográfica. México, Trillas, 1988. 29
Segundo as fontes utilizadas por Rejowski (1996), os primeiros trabalhos sobre o tema turismo, na literatura,
são do início da década de 1870, majoritariamente tratando de geografia e economia; além disso, situa na virada
do século XIX para o século XX o surgimento dos primeiros estudos alemães com enfoque geográfico.
Coriolano e Silva (2005, p. 99-100) afirmam que “As primeiras publicações geográficas sobre o turismo
surgiram na Europa [e que na] [...] França, surgiram as primeiras produções geográficas apresentando modelos
de análise espacial do turismo [...]”, com destaque para os trabalhos de Walter Christaller (o qual destaca a
perspectiva locacional do turismo) junto aos do americano Edward Ullman (que valoriza o meio ambiente, em
especial o clima, como fator locacional). Mais contribuições ao entendimento da importância de Walter
Christaller encontram-se em Rodrigues (2001b), Silva (2001) e Soneiro (1991).
vem sendo estudado sob a denominação de geografia do turismo, geografia turística,
geografia da recreação ou geografia recreacional”.
Dentre os trabalhos encontrados, dois tem por título principal “Turismo e
Geografia”. O primeiro deles é o dos autores Luzia Neide Coriolano e Sylvio Bandeira Silva,
cuja importância é assinalada por Luiz Cruz Lima na apresentação da obra por aqueles escrita:
No campo da Geografia, o turismo tem sido valorizado por inúmeros pesquisadores.
Os autores deste livro se somam ao conjunto de geógrafos respeitados que oferecem
uma visão mais amplificada e, sobretudo crítica do fenômeno turístico. Outra
contribuição enriquecedora no trabalho [...] encontra-se nas mais de uma centena de
título da bibliografia, demonstração da seriedade que tiveram em navegar em obras
de real expressão da literatura e fontes documentais. Ler o livro Turismo e
Geografia: abordagens críticas completa o entendimento do que é esta atividade no
olhar do geógrafo, ampliando o conhecimento do seu valor no processo da história
do mundo moderno (CORIOLANO; SILVA, 2005, p. 8-9-10, grifos do autor).
São variadas as menções à Geografia do Turismo e a Turismo e Geografia feitas
por estes autores, apoiadas num amplo referencial de pesquisa e que na obra são
detalhadamente discutidas. A primeira a se destacar circunscreve-se no âmbito acadêmico,
onde...
A geografia do Turismo é uma disciplina necessária tanto ao Curso de Geografia
quanto ao Curso de Turismo. Na Geografia, desenvolve-se um potencial de pesquisa
voltado para a análise dos espaços geográficos transformados em espaços turísticos.
No Turismo, é dada uma base de conceitos geográficos que permite compreender e
explicar a evolução desta atividade no tempo e no espaço. O Espaço e o Turismo são
explicados à luz dos conceitos (CORIOLANO; SILVA, 2005, p. 11).
E completa, posteriormente, que:
Explicar o turismo implica estudar o espaço geográfico, pois os turistas viajam para
conhecer lugares, havendo, portanto, uma relação estreita entre a Geografia e o
Turismo. O turismo materializa-se de forma contundente na lógica de diferenciação
geográfica dos lugares e regiões. Tornou-se, assim, importante aos geógrafos para a
compreensão do desenvolvimento regional. O caráter geográfico do turismo
manifesta-se de forma tão evidente no espaço que precisa ser estudado seja por suas
evidências empíricas, seja por suas normas, regras e modelos que regem as relações
do turismo com o território (Ibid., p. 12-19).
Todas essas contribuições concentram-se apenas na primeira parte do livro,
introdutória às outras abordagens subseqüentes. Ao longo do texto, a conexão entre as áreas é
ratificada, tendo como ponto de partida as reflexões sobre a própria ciência geográfica.
Seguem abordando o turismo e o lazer na modernidade (no contexto da sociedade industrial e
a concepção teórica do que é o turismo, distinguindo-o do lazer); e trazem a necessária
relação entre Turismo e Geografia, que conclui a obra.
O segundo trabalho une-se a outras duas publicações. São obras que reúnem um
conjunto de autores que discutiram o turismo sob o viés geográfico (e seus diversos temas),
assim como a de outras áreas do conhecimento (como Arquitetura, História, Sociologia etc.),
por ocasião do evento internacional “Sol e Território” realizado em 199530
. A primeira,
destacada pelo seu título principal, é a que foi organizada por Rodrigues (2001a). Esta reúne
geógrafos (nacionais e estrangeiros) preocupados na reflexão e debate sobre os processos
pelos quais o turismo vinha produzindo, organizando e consumindo espaços – sob duas
grandes perspectivas: uma reflexivo-teórica e outra focalizando realidades regionais. A
segunda, organizada por Lemos (2001), debruça-se sobre os problemas e os impactos
espaciais da relação Turismo e Meio Ambiente. E a terceira, organizada por Yázigi, Carlos e
Cruz (2002), traz textos que voltam-se para as interfaces do lugar, da cultura, da paisagem e
do planejamento.
Como forma de apresentar uma visão geral destas obras, já que referentes às
discussões travadas no mesmo evento, construiu-se o Quadro 4, no qual se visualiza as
abordagens de cada uma delas.
Quadro 4 – As abordagens do Turismo nas Obras Resultantes do Evento Internacional “Sol e Praia”,
em 1995. Autor(es)
/ano Título Abordagens
Rodrigues
(2001a)
Turismo e Geografia:
Reflexões Teóricas e
Enfoques Regionais
1. Aportes Teórico-Metodológicos à Geografia do Turismo
2. Turismo como Vetor de Desenvolvimento
3. Turismo: Modelo de Sol e Praia
4. Turismo e Lazer: Fenômenos Essencialmente Urbanos
Lemos (2001) Turismo: Impactos
Socioambientais
1. Turismo, Meio Ambiente e Impactos Sociais
2. Turismo em Áreas Protegidas
3. Impactos Socioculturais do Turismo
4. Políticas de Turismo
5. Turismo: Representações e Tendências
Yázigi;
Carlos; Cruz
(2002)
Turismo: Espaço,
Paisagem e Cultura
1. Espaço, Lugar e Percepção
2. Patrimônio e Cultura
3. Paisagem
4. Planejamento
Elaboração: SANTOS, 2015.
Fonte: Autores da primeira coluna.
30
Evento organizado pelo Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo, entre os dias 16 e 22 de julho do referido ano.
Na obra em destaque (a primeira do Quadro 4), encontram-se os textos da própria
organizadora do livro e os de outros quatro autores, entre eles Daniel Nicolás (2001) e Remy
Knafou (2001), todos na abordagem inicial. Do texto da primeira realça-se, inicialmente,
alguns questionamentos e concepções sobre o turismo e que atestam a sua complexidade:
Afinal, o que é o turismo além de um fluxo de pessoas? O que é o turismo além de
uma atividade econômica? É certamente um fenômeno complexo, designado por
distintas expressões: uma instituição social, uma prática social, uma frente pioneira,
um processo civilizatório, um sistema de valores, um estilo de vida – um produtor,
consumidor e organizador de espaços –, uma ‘indústria’, um comércio, uma rede
imbricada e aprimorada de serviços (RODRIGUES, 2001b, p. 17-18).
Sem entrar na discussão conceitual e de definição do que é o turismo, realizada
anteriormente, tais ideias podem ser encontradas em diversos autores, revelando seus pontos
de partida da análise/estudo/compreensão do que este representa. Quanto aos questionamentos
que iniciam a citação, de fato o turismo é muito mais que um fluxo de pessoas – visto que o
fluxo é também de imagens, de capital, de informações. E no que se refere à sua concepção
enquanto atividade econômica, há quem o caracterize como pertencente ao setor industrial
(uma “indústria limpa”) e quem o caracterize como pertencente ao setor de serviços. Sobre
esta complexidade dita por Rodrigues (2001b), Noémi Marujo escreveu:
O turismo é um fenómeno social onde, na sua complexidade se condensam uma
série de aspectos da sociedade e da cultura. Pode ser percebido também como um
fenómeno comunicacional que fomenta o diálogo entre os diferentes actores do
turismo, entendido como um factor cultural que favorece o encontro entre diferentes
culturas, conhecido como um fenómeno económico que gera desenvolvimento ou,
ainda, como um fenómeno geográfico que envolve o movimento de pessoas de um
lugar para outro provocando impactos sobre o ambiente humano e natural.
O turismo é complexo, talvez o tema mais complexo da ciência social (Smith, 2010).
A complexidade e abrangência do fenómeno turístico fazem com que ele seja
estudado de acordo com a visão dos diferentes autores e, por isso, o seu objecto de
estudo acaba por ser alvo de uma multiplicidade de abordagens que vão desde, entre
outras, à Antropologia, à Sociologia, à Geografia, à Economia, à Psicologia e à
História (MARUJO, 2013, p. 2).
É essa diversidade de elementos compondo o turismo (fenômeno de diversas
naturezas) que confere ao mesmo a complexidade destacada pelas autoras, cuja uma das
marcas é a multidisciplinaridade – na qual a Geografia se faz presente. Ainda no contexto dos
desafios para os estudiosos do turismo, Rodrigues (2001b) indaga se “cabe pensar a turislogia
como disciplina acadêmica?”, dentro de uma necessidade propagada por autores de que é
preciso se repensar o Turismo para defini-lo como disciplina acadêmica31
. A sua
sistematização como corpo de conhecimento ocorre no interior de disciplinas já consolidadas,
31
Em Rejowski (1996) essas questões também aparecem.
entretanto, sem a visão de conjunto entre elas. Alcança, complementando esse primeiro
momento, caracterizado como de “reflexão mais aprofundada do turismo no âmbito
acadêmico”, a ideia de que o mesmo não pode ser definido por fronteiras euclidianas – visto
que, revestido de tríplice aspecto com incidências territoriais (Áreas de Dispersão, Fluxos e
Núcleos Receptores), um de seus elementos básicos, a demanda, lhe é externo.
Daniel Hiernaux Nicolás dedica-se a analisar a possibilidade de uma verdadeira
geografia turística, baseadas em suas abordagens sobre o turismo e o espaço – que são
sociogeográficas. Segundo o autor, não faltam “Geografias do Turismo”, explicando cada
uma por ele identificada.
No han faltado geografías del turismo: las más vergonzantes son las que solamente
se dedican a la enumeración de sitios y atractivos, en una total confusión con el
papel de la guía. Son desgraciadamente las que se usan en las escuelas de turismo;
nos abstendremos de citar las referencias, tanto para evitar que se compren como
para eludir la ira de escribanos del género.
Otras geografías padecen del pecado economicista, sumamente crítico en estos
tiempos: geografía de los sitios, de la demanda, de los ingresos, si bien todos estos
elementos son partes evidentes de uma geografía del turismo, no pueden constituirse
en su centro y único tema. Sin embargo son las pocas obras disponibles que rebasan
la categoría de listados.
Finalmente es en la obra de filósofos, de sociólogos o de antropólogos que hemos
encontrado los elementos más ricos que apuntan hacia una geografía del turismo. Es
también bastante significativo que um libro sobre turismo y ciudades que se prepara
en el mundo anglosajón y en el cual se me han convidado a escribir, se origina en el
interes de urbanistas y no de geógrafos por el tema turístico, aunque algunos han
sido invitados a participar (Thrift, Harvey) (NICOLÁS, 2001, p. 50).
No primeiro momento observa-se uma crítica do autor àqueles trabalhos e
publicações que se preocupam apenas em inventariar (ou elencar) os recursos turísticos
existentes, de modo que estes subsidiem a elaboração de mapas, roteiros e guias – trabalhos
estes que fornecem informações pontuais (geralmente históricas) e sem uma preocupação
mais profunda e contextual sobre os mesmos32
. No segundo momento a crítica volta-se para
as Geografias do Turismo puramente econômicas, embora o autor reconheça que os elementos
32
Algo similar aparece em Carlos Henrique da Silva, quando usa o mesmo autor aqui mencionado para falar de
um conjunto de trabalho que, abordando a Geografia do Turismo, na verdade apenas reduzem a grandeza que a
atividade possui e seus reais efeitos no espaço geográfico. Destacou o autor: “Vale lembrar, conforme Hiernaux
Nicolas (1996) que o que não falta no meio das pesquisas sobre turismo em geral são temas referentes à
geografia do turismo, porém não fazem mais do que elencar os atributos naturais ou físicos de uma dada região
ou, quando não passam a enumerar uma série de atrativos e lugares com certa atratividade, indicando a visitação,
formando um verdadeiro guia turístico. Essa dita geografia do turismo está completamente fora de cogitação em
estudos sobre a real contribuição geográfica no turismo. São estudos tradicionais, provavelmente realizados por
não geógrafos, que não sabem a dimensão da ciência geográfica. Por esta razão, algumas pesquisas acabaram
considerando apenas parte das características da relação existente entre espaço geográfico e turismo e não a sua
plenitude. Foram, na maior parte das vezes, realizadas a partir da euforia criada pelo rápido crescimento desta
atividade nos últimos tempos” (SILVA, 2012, p. 50).
presentes nelas são parte integrante, porém não centrais, dos estudos turísticos. Finaliza
afirmando, com referência aos dois primeiros momentos, que algumas obras fogem àqueles
dois grupos listados, mesmo estando inseridas em seu conjunto.
A existência de uma geografia do turismo verdadeira, para Nicolás, está nas
ciências sociais (humanas), por isso que ela é sociogeográfica – nos trabalhos de filósofos,
sociólogos ou antropólogos. Não deixa de ser geográfica porque é espacial e territorial, mas
conta a contribuição das ciências mencionadas. Sobre o livro mencionado, destaca o autor que
o interesse em sua elaboração parte de urbanistas e não de geógrafos (embora alguns deles
tenham sido convidados a compor o mesmo).
O que o autor escreve significa, em seu entendimento, “[...] una primera
invitación a la redacción de esta geografía” (NICOLÁS, 2001, p. 51), a qual pontua-se com
alguns aspectos finais, ainda baseada nas ideias dele: uma geografia do turismo deveria, por
princípio, basear-se nas contribuições de outras disciplinas, sem temer perder o seu sentido
geográfico. Esta fusão de disciplinas possibilitaria a compreensão de outros temas ou tópicos
que devem compor os estudos geográficos do turismo, por exemplo, o imaginário, as práticas
sociais, os padrões de consumo e as formas e imagens, sem deixar de fora a contribuição da
Economia (NICOLÁS, 2001).
Knafou (2001)33
, tendo por base o Território, objetiva em seu texto rebater
algumas ideias prontas e frequentemente falsas, assim como julgamentos sumários acerca do
Turismo, forjados por todos aqueles que em algum momento são/tornam-se turistas
(incluindo-se entre eles os cientistas). Propõe, nesse sentido, uma abordagem científica do
mesmo. O texto está estruturado em três eixos, onde o primeiro rebate as ideias e os outros
dois visam, complementados pelo que lhe é anterior, propor esta cientificidade.
1 – Reflexões sobre a origem das ideias prontas sobre o turismo. Aqui o autor
discute, como salientado por ele, numa breve alusão a um tema rico, um conjunto de quatro
grandes afirmações e seus rebatimentos: “Tudo está em tudo”(o que vai, por conseqüência,
originar o caráter polissêmico da palavra turismo e as possíveis confusões a que sua análise
pode levar); Entre a sub e a superavaliação do papel do turismo (que, de acordo com o autor,
varia em função de quem o avalia e em função das razões que o conforma); O turista,
desrespeitado, criticado, desprezado, mas explorado (de onde resulta uma espécie de
33
Este mesmo autor e a abordagem que segue no texto dele aparecem em Cruz (2003). Ao discutir “O turismo
no espaço – O espaço do turismo”, a autora traz os três agentes de turistificação dos lugares, no contexto das
lógicas que movem a apropriação dos espaços pelos diferentes atores sociais. São duas, entre as três existentes,
relações entre turismo e território: (1) Territórios sem turismo e (2) Turismo sem território. Ressalva-se que o
texto de Remy Knafou, utilizado pela autora, é do ano de 1996, enquanto aqui se utiliza uma publicação de 2001.
turistofobia34
que, fundada numa recusa de teor elitista em dividir alguns lugares e práticas
com outras pessoas, justifica os ataques àqueles que visitam os locais turísticos). Esta
realidade de ataque ao visitante se apega também à ideia de que “[...] é em seu nome [do
turista] que se destrói o meio ambiente” (KNAFOU, 2001, p. 65), encabeçada por argumentos
recobertos por esta temática ambiental35
. A quarta é a de “Um campo de pesquisa dominado
pela visão econômica” (que justificaria a natureza ainda mal conhecida do que seja turismo).
2 – As três fontes de turistificação dos lugares. Neste momento o autor traz as
três maiores fontes da criação da atividade turística, bem como de sua turistificação: São os
turistas que estão na origem do turismo (uma fonte fundamentalmente histórica de criação
desses lugares, já que surgem a partir das práticas dessas pessoas); O mercado é a segunda
fonte de criação dos lugares turísticos (a principal nos dias atuais, cuja origem desses locais
reside na concepção e colocação dos produtos turísticos); e A terceira fonte: planejadores e
promotores “territoriais” (que diferente das outras fontes, caracterizadas por serem fracas ou
desigualmente territorializadas como criadoras de locais turísticos, é mais ou menos bem
territorializada e fundamentalmente, independente da escala da iniciativa, ligada a um lugar).
3 – Três tipos de relação entre turismo e território. O autor propõe três
situações que permitem analisar as relações existentes na dimensão territorial do turismo:
Podem existir territórios sem turismo (mesmo se considerando a intensa turistificação do
espaço mundial, dentro do contexto de globalização das atividades capitalistas, dos avanços
técnicos – transportes, por exemplo – e da difusão de algumas ideias como a da
“acessibilidade do/ao espaço mundial”); Pode existir também um turismo sem território (ou
seja, territórios não apropriados pelos turistas); e Podem, enfim, existir territórios turísticos
(ou seja, territórios inventados e produzidos pelos turistas, mais ou menos retomados pelos
operadores turísticos e planejadores, implicando não só em planejamento de espaços, mas de
toda a sociedade).
Com isso, o autor conclui:
Se nos lembrarmos que não há turismo sem turistas; se recusarmos as ideias prontas;
se recusarmos o domínio exclusivo do mercado sobre esta atividade humana que é
um importante meio de desabrochamento do indivíduo e se tentarmos colocar um
34
Segundo Urbain (1991 apud KNAFOU, 2001, p. 63). 35
Os argumentos são três: “Antes era melhor”, que incide sobre as transformações advindas da chegada da
atividade turística; “O ar de saturação”, que incide sobre a ideia de que o turismo de massa é sinônimo de
grandes concentrações em espaços limitados, trazendo consigo o argumento científico da “capacidade de carga”
e a noção esfumaçada de “desenvolvimento sustentável”; e, por fim, “O ar de racionalidade econômica”, que
alimenta a ideia de que o turismo devora a paisagem, o recurso que consome (tornando-se antropófago). Existe
uma quarta argumentação (dupla, segundo o autor, porque é funcional e moral) que afirma que lugares muitos
urbanizados espantariam os turistas, denominada “A prova da crise” (KNAFOU, 2001).
pouco de ordem num fenômeno multiforme, teremos então feito um pouco de
progresso. É nisto que nossa abordagem [porque feita no seio de uma equipe]
pretende ser científica (KNAFOU, 2001, p. 73).
Sales (2010), ao relacionar Geografia com Turismo, parte da primeira
considerando a diversidade de temas que o estudo da ciência geográfica envolve,
contemplando a relação sociedade-natureza. Afirma que a configuração epistemológica da
Geografia (os debates e construções das categorias analíticas de estudo, conceitos-chave,
metodologias de pesquisa, teorias e aplicações) resulta da proximidade (diálogo) com outras
ciências ou áreas do conhecimento.
O mesmo ressalta, ainda, que essa associação da Geografia com outras ciências
remonta à fundação desta como ciência moderna, no século XIX. Também, que a trama de
questões que conjugam o espaço geográfico remete, concomitantemente, à busca noutras
ciências por fundamentos e metodologias de suporte à/na construção epistemológica desta – e
na contribuição para construção e transformação de outras ciências que dela se aproximem em
assuntos teóricos e práticos. Neste momento é feita a relação com o Turismo, pois, segundo o
autor, ao estudar as formas, organização e impacto desta atividade no contexto social,
ambiental e econômico, este remete à geografia algumas noções e estratégias no uso do
território, utilização da paisagem, bem como questões relativas às políticas públicas e
privadas turísticas e a sua relação com o espaço. Complementando:
O turismo como atividade dinâmica representa um agente que interfere na
construção do espaço geográfico, estando ligado com o objeto de estudo da
geografia (relação sociedade-natureza), além de estar intrinsecamente conectado à
categoria de espaço geográfico, pois alguns elementos conceituais como a paisagem,
território e lugar são usados como produtos ou atrativos para a realização da
atividade turística (SALES, 2010, p. 279).
Em seu texto, Sales discute algumas teorias e conceitos pertinentes à geografia, os
quais, segundo ele, vêm sendo trabalhados na Geografia do Turismo (tendo por base os
conceitos de Território e Paisagem). Discorre sobre temas do turismo e a aplicação das
teorias/conceitos por ele destacados, buscando promover a interdisciplinaridade. A abordagem
sistêmica é destacada pelo autor como importante para as ciências (em especial a geografia) e
o turismo:
A complementaridade entre as ciências e o turismo enriquece cada vez mais o
discurso teórico-metodológico para essa área do conhecimento. Dessa forma, a
abordagem sistêmica [dentre as quais se destaca o Sistema de Turismo – SISTUR –
de Mário Carlos Beni] como enfoque metodológico desenvolve inúmeras relações
entre o objeto de estudo das ciências e as categorias e conceitos que podem ser
analisados conjuntamente (SALES, 2010, p. 283).
Em “Aproximación a la Geografia del Turismo”, Javier Soneiro traz
contribuições aos aspectos teóricos e conceituais desta área da Geografia, abordando também
a relação do turismo com a mobilidade espacial e os impactos espaciais deste provenientes. E
como não poderia faltar, os fatores da atividade turística (naturais e humanos) e os processos e
tipologias de desenvolvimento turístico. No início dos anos 1990, ele escrevia:
Del turismo individual, en diligencia o en tren, minoritário, estacional, atraído por
espacios enclavados, con un fuerte gradiente social respecto de la población de las
zonas receptoras, un turismo de contemplación del espacio, hemos pasado a un
turismo de masas que sacraliza el automóvil como símbolo del viaje; un turismo
pluriestacional, o incluso de fin de semana, diversificado espacio-temporalmente,
atraído por espacios abiertos, con un alto grado de homogeneidad socio-espacial
respecto de las zonas receptoras; un turismo, en suma, ávido consumidor del
espacio.
Como em otras ramas de la geografía humana, el estúdio espacial de las actividades
turísticas ha pasado progresivamente de un tratamiento descriptivo a outro
explicativo [...]; de una fase meramente idiográfica a otra que pone el énfasis enla
búsqueda de leyes generales en orden a estabelecer una teoría del espacio turístico
(SONEIRO, 1991, p. 21).
Nesta passagem o autor refere-se à Transição Turística36
, que indica um conjunto
de mudanças, entre as quais no tipo de uso de transportes para a realização das viagens, na
quantidade de pessoas a realizá-lo, no alcance dos espaços visitados e de um aspecto muito
importante: de contemplador do espaço, a atividade passa a consumi-lo. A transformação
também se dá no campo científico, mais teórico-conceitual (como evidenciado na segunda
parte da citação), na qual Soneiro contribui de modo a trazer a evolução da Geografia do
Turismo inserida na sucessão paradigmática da própria Geografia Humana. Passa, desta
forma, por algumas escolas do pensamento geográfico e evoca alguns dos seus representantes
mais emblemáticos. São alguns pontos de cada uma das apresentadas pelo autor:
Pues bien, aunque modesto y limitado, ha de decirse que el interés de los geógrafos
por el turismo es bastante antiguo: ciento cincuenta años ha casi que Kohl (1841)
llamaba la atención sobre la fuerza transformadora del médio que tenían los
desplazamientos de personas hacia un lugar determinado. Reclus, precursor de tantas
otras vías metodológico-conceptuales, habría asumido ya la consideración espacial
del entonces todavía turismo incipiente [...].
Para la geografía clásica, desde el determinismo ambientalista al posibilismo
historicista francés y la tradición corológica alemana, el objeto de estúdio se centra
en las influencias que los factores físicos y antropogeográficos tienen sobre la
aparición y desarrollo de turismo [...].
36
Termo cunhado por Chadefaud (1987 apud SONEIRO, 1991, p. 21), de modo análogo à Transição
Populacional, para indicar um conjunto de transformações que ocorrem na atividade, evidenciando uma mudança
de fase do mesmo.
La geografía neopositivista, como es sobradamente conocido, desplaza el objeto de
estúdio a la búsqueda de las regularidades existentes en la distribución de ciertos
fenómenos espaciales. El turismo y el recreo fueron un inmediato campo de pruebas
para el neopositivismo [...] (SONEIRO, 1991, p. 22-3).
Foram, até aqui, trabalhos onde a Geografia e o Turismo (Geografia do Turismo)
aparecem explicitados em seus títulos, o que levou a abordá-los e averiguar suas contribuições
para esta área (mesmo não fazendo de forma profunda). Entretanto, não se encontra neles a
definição do que esta seja de fato, embora a ela se refiram constantemente: “ao estudar o
turismo, a Geografia abre mais um campo para análises e pesquisas – a Geografia do Turismo
– fazendo-se necessário produzir (e) ou ampliar sua base conceitual” (CORIOLANO; SILVA,
2005, p. 20).
Os autores que trazem em seus textos, para além da contribuição sobre a
Geografia do Turismo, uma definição da mesma, são Rita de Cássia Ariza da Cruz e Jordi
Montaner Montejano (aos quais acrescentou-se as contribuições de alguns outros autores)37
. A
primeira, definindo a Geografia do Turismo, afirma que “[...] é uma expressão que se refere à
dimensão socioespacial da prática social do turismo, e isto sim pode interessar às mais
diversas áreas do conhecimento” (CRUZ, 2003)38
, não limitando-se apenas a uma abordagem
científica do mesmo pela ciência geográfica. Nesta definição, percebe-se o
componente/dimensão social, da mesma forma que na sociogeografia de Nicolás (2001), e a
conexão minimamente multidisciplinar que ela contém.
A autora diz que, ao mesmo tempo em que o interesse da Geografia pelo Turismo
não é mais tão recente, também não se configura mais a escassez de trabalhos realizados por
geógrafos sobre o fenômeno turístico. Além disso, o tempo existente entre os trabalhos
iniciais em Geografia do Turismo e os mais atuais serviu para uma maturação das análises
empreendidas, a qual se deu concomitante ao crescimento da importância da atividade e
ocasionando a formação de uma base sólida no escopo da ciência geográfica.
37
Analisando, em um dos capítulos de sua tese, a produção do conhecimento na área de interseção da Geografia
com o Turismo, denominada de abordagem geográfica do turismo, Castro (2006, p. 62) afirma que: “Há, no
entanto, que distinguirmos entre geografia do turismo e geografia turística. A primeira toma a dimensão espacial
do fenômeno turismo como objeto de reflexão. Como outros fenômenos de dimensão espacial, o turismo
enriquece e ‘irriga’ as reflexões geográficas. A geografia turística, segundo Rodrigues (2000), cuida de informar
a base geográfica dos lugares e recursos turísticos, ‘desconsiderando as relações sociedade-natureza, que
constituem a base da geografia social’(p. 94)”. Tal diferenciação é importante, pois demonstra um nível de real
de preocupação com o estudo realizado. Ainda mais neste trabalho, cuja menção é à Geografia do Turismo – e
não à Geografia Turística, a partir do acima colocado. 38
Presente na Introdução do livro desta autora. Complementando-a, traz-se Luiz Cruz Lima – que na introdução
do livro por ele organizado, destaca as contribuições que os pesquisadores e professores de diversas áreas têm
dado em suas análises da atividade turística. Na perspectiva geográfica, ele afirma que: “Para os geógrafos, o
turismo é um fenômeno eminentemente espacial, pois sua razão de ser, é uma viagem a um lugar ou a diferentes
lugares, os lugares assim se especializam em função dos serviços turísticos que geram uma ocupação turística ou
que se ‘turistificam’, tornando o turismo uma prática social” (LIMA, 1998, p. 7).
E este interesse surge, conforme a autora, de uma característica intrínseca do
turismo, a qual permite aos geógrafos compreendê-lo. Tratar-se da única prática social a
consumir de forma elementar o espaço (CRUZ, 2003), consumo este fundado também na
apropriação do território por diversos agentes, na venda/mercantilização da paisagem e na
promoção do lugar. Em sua obra, ela parte inicialmente dos aspectos conceituais e dos aportes
teóricos e metodológicos referentes à Geografia do Turismo e, posteriormente, traça um
panorama de uma geografia turística no Brasil, que apresenta um contexto socioespacial
bastante diverso dos pontos de vista natural, cultural e socioeconômico.
Jordi Montejano, em seu livro, dedica dois capítulos à Geografia do Turismo.
Segundo o autor esta se converteu...
[...] en una especialidad de las ciencias geográficas que se dedica a estudiar
científicamente las zonas de la tierra – espacios turísticos – donde se desarolla por
sus recursos naturales y humanos – clima, playas, paisaje, historia, recursos de aguas
minero-medicionales, antropologia, etc. – uma serie de actividades encaminadas a
cubrir el tiempo libre o de ocio dedicado al turismo a las cuales se dirigen los flujos
o corrientes turísticas (MONTEJANO, 2001, p. 231).
Eis acima o que seria a definição de Geografia do Turismo para Montejano. Trata-
se de uma especialidade/área da Geografia (como o são as outras áreas conhecidas e
desenvolvidas há mais tempo) que procura abarcar toda a extensão do planeta em que a
atividade esteja presente ou almeje instalar-se. Nela estão contemplados os elementos
geográficos que comumente são transformados (ou o são naturalmente) em recursos/atrativos
turísticos, e refere-se a um conjunto de atividades que, partindo do indivíduo, deem conta de
cobrir o tempo livre (de desobrigação das atividades laborais) ou de ócio em um local por ele
selecionado.
No primeiro capítulo, o autor relaciona um conjunto de descrições que a
Geografia do Turismo estabelece com diversas temáticas geográficas – que podem, inclusive,
orientar estudos e pesquisas dentro da área e correlacionada a outras. São elas:
a) Los espacios geográficos que poseen recursos turísticos.
b) Los espacios geográficos que poseen infraestructuras y servicios turísticos
apoyados en la economia y el marketing, la arquitectura, la ecología, el urbanismo,
la demografía, la psicosociología, etc.
c) Los espacios geográficos con posibilidades de crear usos y actividades turísticas.
d) La distribución de las corrientes turísticas en las distintas zonas turísticas, en
cuanto a la demanda dentro de la estructura del mercado turístico.
e) La distribución de la oferta turística desde el punto de vista espacial en relación
con la estructura del mercado turístico (MONTEJANO, 2001, p. 231).
Ainda neste capítulo, o autor destaca o apoio que a Geografia do Turismo recebe
de outros ramos geográficos (conforme mencionado momentos antes neste trabalho), os quais
se encontram na Figura 1. Por ser uma parte conceitual do livro, aborda, também: a) os fluxos
e centros turísticos, seus fatores humanos, naturais e técnicos e os tipos de espaços turísticos39
existentes; b) o conceito de núcleo turístico (emissores e receptores) e suas classes; c) as
grandes áreas de atração turística internacional, as quais divide, segundo quantitativo de
turistas internacionais, em “Mayores, Secundarias e Menores”; d) os “itinerarios” (destinos
e/ou roteiros) turísticos, que ele apresenta alguns tipos (segundo o meio de transporte, o
tempo de duração, a base geográfica – se em montanhas, praia, serras etc. –, culturais,
religiosos, de valor artístico e de acordo com o alojamento).
Figura 1: Áreas Geográficas de apoio à Geografia do Turismo.
Elaboração: SANTOS, 2015.
No segundo capítulo, Montejano enfoca a “planificación”, conceituando e
caracterizando-a na sua relação com a infraestrutura e o “acondicionamento” do território:
“La planificación del espacio turístico consiste, pues, en ordenar y acondicionar el territorio
que tiene posibilidades de desarrollo turístico basado em una infraestructura y en unos
recursos turísticos para atender a la corriente turística que se desplaza hacia el” (Ibid., p.
39
São eles: Espacios de influencia heliotrópica y talasotrópica (sol e praia desencadeiam as correntes); Espacios
naturales o de montaña; Espacios culturales; Espacios antropológicos (onde se desenvolvem atividades
relacionadas a artesanato, gastronomia e folclore); e Espacios urbanos.
Geopolítica y Geoestrategia
[...] estudia cientificamente las
relaciones existentes entre el médio
geográfico, de uma parte, y la
estructura socioeconômica y la
evolución política del país, de outra.
Geografía Humana
[...] estudia cientificamente el
movimiento demográfico de los
espacios o medios geográficos.
Geografia do
Turismo
Geografía Económica
[...] estudia cientificamente los
espacios geográficos desde el punto de
vista de sus recursos econômicos
naturales industriales y de servicios.
Geografía Física
[...] estudia cientificamente los
elementos físicos o naturales de los
espacios geográficos de la tierra. De
esta espacialidad, [...] aprovecha el
estúdio de los recursos naturales.
Geografía de los Hechos Históricos,
Artísticos y Culturales
[...] que son también um factor
fundamental para el turismo cultural y
antropológico.
239)40
. Fala também da ordenação do município turístico e estabelece a relação de áreas vista
no Quadro 2 (na abordagem sobre a disciplinaridade do turismo), ao destacar os impactos do
turismo sobre o urbanismo, a arquitetura e a ecologia (natureza e meio ambiente).
Finalizando, para Douglas Pearce (1988) “a geografia do turismo ocupa-se,
essencialmente (mas não exclusivamente) da expressão espacial das relações e dos fenômenos
derivados das viagens de curta duração, sendo seis os seus principais tópicos de estudo” ou
“seis amplas áreas compondo a geografia do turismo”: 1) os padrões de distribuição espacial
da oferta; 2) os padrões de distribuição espacial da demanda; 3) a geografia dos centros de
férias; 4) os movimentos e fluxos turísticos; 5) o impacto do turismo; 6) os modelos de
desenvolvimento do espaço turístico (apud REJOWSKI, 1996, p. 19; SCHLÜTER, 2003, p.
45-46, respectivamente).
Em linhas gerais, diante do exposto até aqui, a Geografia do Turismo deve dar
conta dos aspectos teóricos, práticos e metodológicos (com suas aplicações diversas) que
envolvem a natureza geográfica do turismo na sua relação com todos os atributos
conformadores do espaço e, consequentemente, de um território. Pois, de acordo com Silva
(2012, p. 49):
A abordagem geográfica do turismo liga-se a aplicação dos métodos, técnicas e
teorias da geografia para a compreensão do fenômeno do turismo. Nesta perspectiva,
o que emerge é uma leitura geográfica do turismo, levando em consideração os
atributos naturais, físicos, sociais, econômicos, culturais e políticos do espaço que,
em interação, conformam um território com características únicas voltadas para o
turismo. O turismo representa apenas uma parcela das várias que compõem o espaço
geográfico.
Com essa abordagem, finaliza-se a fundamentação teórico-conceitual do trabalho.
A seguir, parte-se para a análise das dissertações encontradas, inicialmente numa visão geral
do conjunto dos trabalhos produzidos ao longo desses 23 anos de existência do POSGEO.
Posteriormente, foca-se naquelas que realmente importam ao problema que se quer responder
e aos objetivos a serem alcançados.
3 A PESQUISA EM TURISMO NA PÓS-GRADUAÇÃO EM
GEOGRAFIA DA UFBA: DISSERTAÇÕES ENTRE 1997 E 2015
O Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFBA completou 23 anos em
2016 – considerando-se a data de sua instalação, com o Mestrado, no ano de 1993 – e cujas
40
Segundo Vera (1997 apud SCHLÜTER, 2003, p. 46), planificação (planejamento) e gestão do território
turístico constituem a vertente operacional da Geografia do Turismo, destacando assim a importância da atuação
destes neste setor.
atividades (seleção dos candidatos, matrícula e oferecimento de disciplinas) iniciaram-se em
1994, com as primeiras dissertações defendidas em 1997. Possui um corpo docente
constituído de 28 professores (21 Permanentes, todos com doutorado; 4 Colaboradores, todos
com doutorado; e 3 Associados, dois com doutorado e um em doutoramento)41
. A estrutura
curricular está dividida em 3 Atividades Obrigatórias, 3 Disciplinas Obrigatórias e 21
Disciplinas Optativas (estas últimas divididas em 9 Gerais, 6 da Linha Análise Urbana e
Regional e 6 da Linha Estudos Ambientais e Análise do Território)42
. São 8
Grupos/Laboratórios de Pesquisa que compõem a Infraestrutura da Pós-Graduação em
Geografia (Apêndice C), apoiados por outros laboratórios (que servem também a todos os
cursos do Instituto de Geociências) e contando com o apoio do Núcleo de Estudos
Hidrológicos e do Meio Ambiente (NEHMA).
Duas são as suas Linhas de Pesquisa, às quais os candidatos submetem seus
projetos e, partir daí, desenvolvem suas pesquisas e as apresentam quando concluídas.
Procurou-se, a fim de sanar dúvidas próprias, algum entendimento do que estas significam.
Desse modo, Ribeiro et al. (2014), no art. 4º do Capítulo II, afirmam que “as linhas de
pesquisa representam temas aglutinadores de estudos científicos que se fundamentam em
tradição investigativa, de onde se originam projetos cujos resultados guardam afinidades entre
si”. Complementando com Borges-Andrade, ao buscar o conceito de Linha de Pesquisa, ele
diz que:
Desse modo, para definir uma linha de pesquisa, poderíamos adotar o conceito de
um traço imaginário que:
. determina o rumo, ou o que será investigado num dado contexto ou realidade;
. limita as fronteiras do campo específico do conhecimento em que deverá ser
inserido o estudo;
. oferece orientação teórica aos que farão a busca; e
. estabelece os procedimentos que serão considerados adequados nesse processo
(2003, p. 164, grifos do autor).
Como consta no site do POSGEO...
As dissertações de mestrado concluídas estão ligadas aos temas de pesquisa
referenciados a seguir: A) Estudos e pesquisas objetivando a análise e caracterização
do meio ambiente urbano, regional e rural, com vistas ao ordenamento e gestão
territorial, com destaque para as subáreas temáticas turismo e meio Ambiente,
clima urbano, estudos de impactos ambientais, análise de bacias hidrográficas,
cartografia e geoprocessamento ambiental. B) Estudos e pesquisas visando ao
entendimento, caracterização e classificação dos processos de urbanização e
regionalização do espaço geográfico com ênfase no território baiano, priorizando
problemas teórico-metodológicos da Geografia, a organização do espaço rural, o
41
Ver Apêndice A. 42
Ver Apêndice B.
planejamento urbano-regional, turismo e organização do espaço, cartografia e
geoprocessamento urbano-regional (grifos nossos).
Nesse sentido, ao observar as Linhas de Pesquisa do POSGEO, nota-se que o
Turismo é contemplado em ambas (Quadro 5) – um aspecto que, a priori, indicaria a presença
de estudos geográficos voltados para o mesmo e que foi comprovado quando da busca por tais
estudos. Entretanto, esse entendimento das Linhas de Pesquisa do POSGEO deve ser
relativizado, visto que, dentro da existência delas, as possibilidades de desenvolvimento de
pesquisa são mais recentes – não sendo possível, num primeiro momento, por exemplo,
classificar as dissertações (especialmente as mais antigas) dentro de alguma.
Quadro 5 – O Turismo nas Linhas de Pesquisa do POSGEO
Elaboração: SANTOS, 2016.
Fonte: POSGEO.
Antes de proceder à caracterização da totalidade dos trabalhos analisados, fez-se
uma rápida avaliação do universo onde estes se inserem – ou seja, do conjunto das
dissertações produzidas ao longo desses 22 anos do Programa de Mestrado em Geografia.
Nesse sentido, a Tabela 1, que mostra o acima dito, foi elaborada.
Tabela 1 – Quantitativo de Trabalhos no Período 1997-2015.
Análise Urbana e Regional Estudos Ambientais e Análise do Território
Problemas Teórico-Metodológicos da Geografia
Organização do Espaço Urbano
Organização do Espaço Rural
Organização do Espaço Regional
Cartografia e Análise do Espaço Urbano e
Regional
Planejamento Urbano e Regional
Turismo e Organização do Espaço
Problemas Teórico-Metodológicos da Geografia
Estudos de Impacto Ambiental
Cartografia e Geoprocessamento Ambiental
Análise Socioambiental
Climatologia Geográfica
Análise de Bacias Hidrográficas
Recursos Naturais e Gestão Ambiental
Planejamento Territorial
Turismo e Meio Ambiente
Anos O Turismo nos Trabalhos
Total É Tema Central Está Explícito Não é Tema
2015 0 3 13 16
2014 0 1 20 21
2013 0 3 16 19
2012 0 2 19 21
2011 0 2 7 9
2010 1 2 16 19
2009 0 1 16 17
Elaboração: SANTOS, 2016.
Fonte: Dissertações Pesquisadas.
Como já mencionado na Introdução deste trabalho, foram contabilizadas até 2015
254 dissertações de mestrado defendidas no POSGEO. Com uma média de 13 trabalhos por
ano, verifica-se que a produção máxima de trabalhos foi em 2007 (25 no total); uma grande
produção, mais recente, em 2012 e 2014 (21 trabalhos em cada ano); produção média em
2001 e 2006 (13 trabalhos em cada ano); pequena produção em 1998 e 2003 (5 e 3 trabalhos,
respectivamente); e produção mínima em 1997 (2 trabalhos, apenas). Essa produção mínima
poderia ser explicada, a princípio, por se tratar dos primeiros trabalhos finalizados do
Programa, os quais referem-se à primeira turma de ingressos.
Dois gráficos auxiliam a tabela acima: o primeiro mostra a distribuição da
quantidade de trabalhos, a partir dos grupos nos quais foram classificados; o segundo, a
distribuição do total dos trabalhos ao longo do período considerado. No que se refere ao
primeiro gráfico (Figura 2), o grupo, onde o “Turismo Não é Tema” das dissertações,
apresenta sempre a maior quantidade de trabalhos, mesmo nos anos em que a produção geral
é pequena.
2008 1 1 12 14
2007 1 7 17 25
2006 1 5 7 13
2005 1 0 11 12
2004 3 2 9 14
2003 0 0 3 3
2002 1 3 11 15
2001 2 2 9 13
2000 0 2 5 7
1999 2 0 7 9
1998 1 2 2 5
1997 0 0 2 2
Total 14 38 202 254
Figura 2: Distribuição dos Trabalhos por Grupo, no Período 1997-2015.
Elaboração: SANTOS, 2015.
Fonte: Dissertações Pesquisadas.
Já no segundo gráfico (Figura 3), a distribuição dos trabalhos ao longo do período
estudado, percebe-se que a quantidade é, no geral, crescente. Entretanto, tem-se anos de
significativa queda na quantidade de trabalhos defendidos (2003 e 2011), e outros onde a
queda não é tão significativa (2000, 2005, 2013 e 2015) . O máximo de defesas observado é
em 2007, fazendo com que o gráfico, neste ano, adquira uma inversão se considerados os anos
em que ocorre queda no número de defesas. O aumento geral na produção de dissertações
pode ser justificado pelo número também crescente de ingressos no Mestrado em Geografia, a
partir duma maior concessão de bolsas – estas, decorrentes do aumento do número de
professores no Programa.
Total de Trabalhos Apresentados por Grupo,
no Período 1997-2015
0 5 10 15 20 25
1997199819992000200120022003200420052006200720082009201020112012201320142015
Tema Central Explícito no Trabalho Não é Tema
Figura 3: Quantitativo dos Trabalhos no Período 1997-2015.
Elaboração: SANTOS, 2015.
Fonte: Dissertações Pesquisadas.
Pode-se identificar três períodos dentro do período considerado neste trabalho
(entre as décadas de 1990, 2000 e 2010). O primeiro deles (1997-1999, mais curto em função
da criação do POSGEO e também das primeiras defesas) tem um total de 16 dissertações
defendidas; o segundo (2000-2009, uma década completa) tem um total de 133 dissertações
defendidas; e o terceiro (2010-2015, em curso) apresenta um total de 105 dissertações já
defendidas. Esses números ratificam o crescimento do número de trabalhos concluídos, visto
que, se mantida a média de defesas dos últimos seis anos (17 por ano), ao fim de 2019 serão
170 dissertações defendidas – 37 a mais que na década anterior. O acima dito pode ser
visualizado na Tabela 2.
Tabela 2 – Quantitativo de Defesas de Dissertações por Períodos.
Períodos Defesas 1997-1999 16
2000-2009 133
2010-2015* 105
Total 254
Elaboração: SANTOS, 2016.
Fonte: Dissertações Pesquisadas.
* Período em andamento.
Quantitativo de trabalhos no Período 1997-2015
0
5
10
15
20
25
30
1997 1998 1999 2000 200120022003 20042005200620072008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Total de Trabalhos
Quanto ao grupo de dissertações onde o Turismo está explícito, este não foi
inserido na análise do trabalho porque dificultaria o alcance dos objetivos traçados. Nesse
sentido, no Apêndice D, colocou-se todas as dissertações neste grupo constantes, adaptando-
se o modelo de ficha-resumo utilizado por Galvão Filho (2005) em seu trabalho. A partir
daqui, esta pesquisa volta-se para as dissertações onde o Turismo é Tema Central, as quais são
objeto deste trabalho, procurando obter a resposta ao problema levantado e averiguar se os
objetivos traçados foram alcançados.
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO UNIVERSO GERAL DAS DISSERTAÇÕES
O conjunto das dissertações43
analisadas neste trabalho é um total de 14, o que
representa 5,5% das 254 dissertações defendidas no período considerado, conforme Tabela 3.
A distribuição da produção de trabalhos voltados para o Turismo é baixa, considerando-se
inclusive os valores percentuais mais elevados – como o de 22,2% do total de dissertações do
ano de 1999, equivalente de dois trabalhos.
Tabela 3 – Defesas de dissertações Voltadas para o Turismo no Período 1997-2015.
Elaboração: SANTOS, 2015.
Fonte: Dissertações Pesquisadas.
43
Para fazer referência às dissertações aqui analisadas, serão usados também os termos “Estudos”, “Pesquisas” e
“Trabalhos”.
Ano Turismo é Tema Central dos
Trabalhos (%) do total
2015 0 -
2014 0 -
2013 0 -
2012 0 -
2011 0 -
2010 1 5,3
2009 0 -
2008 1 7,1
2007 1 4
2006 1 7,7
2005 1 8,3
2004 3 21,4
2003 0 -
2002 1 6,7
2001 2 15,4
2000 0 -
1999 2 22,2
1998 1 20
1997 0 -
Total 14 5,5
A produção máxima é de 3 trabalhos em 2004 e em dois anos foram defendidos 2
trabalhos (1999 e 2001). Destacam-se mesmo a quantidade de anos em que nenhum trabalho
foi defendido (9 totais) e com defesa de apenas um trabalho (7 no total). Visualiza-se um
recorte do período para apenas uma dissertação defendida, 2005-2008, e outro, mais atual,
para nenhuma dissertação defendida, 2011-2015. Retomando-se os períodos da Tabela 2, tem-
se a seguinte distribuição: 3 dissertações entre 1997-1999; 10 dissertações entre 2000-2009; e
1 dissertação até o presente momento, entre 2010-2015.
A primeira dissertação onde o Turismo é Tema Central foi de 1998 e a última em
2010. Somente entre os anos de 1997 e 2001, 23 dissertações receberam o conceito
“Aprovado com Distinção” – dentre as quais 3 foram de trabalhos cujo Turismo é Tema
Central (Fichas-Resumo 3, 4 e 5). No Apêndice E constam todas as Fichas-Resumo das
dissertações a serem analisadas, organizadas por data de defesa (da mais antiga para a mais
recente).
Relacionando as Fichas-Resumo constantes no referido apêndice, com a forma de
apresentação dos 162 trabalhos estudados por Castro (2006), pode-se elencar algumas
similaridades no tratamento dos elementos constituintes dos trabalhos destacados – e também,
alguns pontos diferentes. Quanto aos elementos constituintes dos trabalhos, a referida autora
destacou: (1) Autor(a)/Título/Nível do Trabalho/Local e Programa de Pós-Graduação/Ano de
Publicação e número de páginas; (2) Orientador(a); (3) Palavras-chave; (4) Resumo44
; e (5) o
Referencial segundo a corrente do pensamento geográfica.
O único elemento que não foi colocado nas fichas deste trabalho foi o item 5.
Quanto ao item 1, à exceção do número de páginas, que não consta nas fichas, os outros todos
foram demonstrados no curso desta parte do trabalho. A organização das dissertações, no
trabalho de Castro (2006) é feita da mais antiga para a mais recente (as quais são numeradas
segundo esta ordem), e os grupos formados têm como referência o ano de publicação das
mesmas. Dito isto, tem-se o Quadro 6, onde os trabalhos relacionados pela referida autora são
aqui identificados a partir das Fichas-Resumo.
44
O resumo existente na apresentação dos trabalhos é feito pela própria autora (em alguns nem aparece tal
resumo), enquanto, neste trabalho, é a íntegra do que consta nos trabalhos.
Quadro 6 – Dissertações Desenvolvidas no POSGEO, Presentes na Pesquisa de Castro (2006). Numeração em
Castro (2006) Autor(a)/Título/ano
Ficha-resumo
de Referência
41 LEONY, Ângela. Turismo em área periférica protegida: o caso de
Lençóis e arreadores, Chapada Diamantina, 2000. 4
51 ANDRADE, Jorge Luís de. Turismo e reestruturação espacial: o
exemplo da região de Valença, 2001. 5
66 BANDEIRA, Ariadna da Silva. A política de turismo na Bahia e a
reprodução do espaço litorâneo – o exemplo de Itacaré, 2002. 6
92
SOUZA, Luciana Cristina Teixeira de. Morro de São Paulo/Cairu-Bahia:
uma decodificação da paisagem através dos diferentes olhares dos
agentes socioespaciais do lugar, 2002.
7*
110 SILVA, Anaildes Tatiane Pinho da. A produção do espaço turístico da
Baía de Todos os Santos e entorno, 2003. 8
113 SILVA, Joilson Cruz da. Ecoturismo e sustentabilidade: uma perspectiva
de desenvolvimento local na Região da Baía de Camamu, 2003. 7
118 BOMSUCESSO, Frederico Naason Soares. Produção e consumo do
turismo em Salvador: uma análise da sustentabilidade turística, 2004. 9
Elaboração: SANTOS, 2016.
Fonte: CASTRO, 2006.
* A dissertação pertence ao grupo de trabalhos onde o Turismo está Explícito (Apêndice D).
Como já afirmado no Estado da Arte (Capítulo 2.1), o período compreendido na
tese de Castro (2006) é 1975-2005 – o que deixa evidente que as dissertações defendidas no
POSGEO após aquele ano não apareceriam neste quadro. As Fichas-Resumo que
correspondem a esse grupo não abarcado são a 11 (de 2006), a 12 (de 2007), a 13 (de 2008) e
a 14 (de 2010). No que se refere aos trabalhos contemplados, a dissertação em destaque (*)
não pertence ao grupo de dissertações neste trabalho analisadas – pois o Turismo, conforme
definido na Introdução, não é o Tema Central da mesma. E, ainda considerando-se o período
abarcado pela citada pesquisa, não foram contempladas 4 dissertações – uma de 1998 (Ficha
1), duas de 1999 (Fichas 2 e 3) e uma de 2005 (Ficha 10). Diante deste fato, a autora
deixou/teria deixado45
de fora de sua tese, no que se refere aos estudos realizados e
defendidos no POSGEO, essas 4 dissertações mais 10 outras pertencentes ao grupo onde o
Turismo está Explícito46
.
A visualização inicial das Fichas-Resumo antecipa alguns dos aspectos que serão
tratados a seguir, em cada um dos subtópicos. Rejowski (1996) é uma das principais
referências utilizadas, visto que esta autora traz uma série de análises sobre os trabalhos que
foram identificados em seu estudo. Em conjunto com a mencionada autora, autores ligados à
metodologia do trabalho científico reforçam as análises empreendidas.
45
Como a própria autora destacou, esta seria uma possibilidade, dada a finalidade do trabalho. 46
Fichas-Resumo 1 a 11, incluindo-se a destacada no Quadro 6 (ver Apêndice D).
3.2 A NATUREZA TEMÁTICA DAS DISSERTAÇÕES
“A escolha do tema define a área de interesse a ser pesquisada” (PÁDUA, 2004,
p. 39). De acordo com Asti Vera (1976, p. 97 apud MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 26) ‘é
uma dificuldade, ainda sem solução, que é mister determinar com precisão, para intentar, em
seguida, seu exame, avaliação crítica e solução’. Sendo o assunto que se deseja provar ou
desenvolver, tal escolha implica considerar fatores internos e externos:
Os internos consistem em:
a) selecionar um assunto de acordo com as inclinações, as aptidões e as tendências
de quem se propõe a elaborar um trabalho científico;
b) optar por um assunto compatível com as qualificações pessoais, em termos de
background da formação universitária e pós-graduada;
c) encontrar um objeto que mereça ser investigado cientificamente e tenha condições
de ser formulado e delimitado em função da pesquisa.
Os externos requerem:
a) a disponibilidade do tempo para realizar a pesquisa completa e aprofundada;
b) a existência de obras pertinentes ao assunto em número suficiente para o estudo
global do tema;
c) a possibilidade de consultar especialistas da área, para uma orientação tanto na
escolha quanto na análise e interpretação da documentação específica (Ibid., p. 26-
27).
Sendo mais freqüente a opção de livre escolha do assunto pelo pesquisador (pois
às vezes esta pode dar-se em função da determinação ou sugestão do orientador), as fontes
para o mesmo devem originar-se da experiência pessoal ou profissional, de estudos e leituras,
da observação, da descoberta de discrepâncias entre os trabalhos ou da analogia com temas de
estudo de outras disciplinas ou áreas científicas47
.
Assim, superado este momento inicial, recorre-se à delimitação do tema, o qual,
“Dotado necessariamente de um sujeito e de um objeto, [...] passa por um processo de
especificação. O processo de delimitação do tema48
só é dado por concluído quando se faz a
sua limitação geográfica e espacial, com vistas na realização da pesquisa” (MARCONI,
LAKATOS, 2010, p. 201). Complementam o dito, referindo-se ao sujeito e objeto
mencionados, Tachizawa e Mendes (2006, p. 30-31, grifos dos autores):
Inicialmente, é preciso distinguir sujeito e o objeto de uma questão. O sujeito é o
universo de referência. O objetivo de seu estudo é conhecê-lo ou agir sobre ele.
47
Segundo Pádua (2004) alguns critérios considerados na escolha do tema são: área de especialização do autor,
lacunas na formação profissional, a relevância do estudo de determinado assunto para a área de atuação do
pesquisador, a reelaboração de aspectos teóricos ou práticos de determinada área, e a aplicabilidade do mesmo,
por exemplo, para a solução de problemas concretos. 48
Tachizawa e Mendes (2006) falam em “demarcar os limites do assunto”, fixando assim sua extensão e
delineando uma melhor compreensão do tema.
Como sujeito pode-se considerar ainda o assunto que pode dar ensejo ou lugar a
alguma coisa.
O objeto é o tema propriamente dito. No sentido gramatical é o complemento que
integra a significação do verbo. Consiste no que se quer saber ou fazer a respeito do
sujeito. É o conteúdo do trabalho.
Posteriormente, é necessário fixar a extensão do sujeito e do objeto. Fixar a
extensão do sujeito significa determinar o número ou a categoria de indivíduos ou
casos a que o estudo pode se referir. Assim, determinar a extensão do sujeito é fixar
o seu ‘universo de referência’. Fixar a extensão do objeto é selecionar os setores,
áreas ou tópicos do assunto que serão focalizados, de forma preferencial em relação
a outros.
Aspectos como o sujeito e o objeto acima destacados, o método de procedimento
adotado, a escala de abrangência empreendida na pesquisa e a natureza ou conteúdo temático
podem ser identificados nos títulos dos trabalhos, daí a importância dos mesmos. Segundo
Tachizawa e Mendes (2006), surgem após a delimitação da extensão do tema e, a partir dele,
distinguem-se o título geral e o título técnico (ou subtítulo) – o qual especifica a temática
abordada. Evidentemente que o título, sozinho, nem sempre dá conta de revelar o conteúdo
temático do trabalho – e nesse sentido é preciso recorrer às discussões feitas pelos autores.
No que se refere à natureza temática, serão distinguidos no conjunto das
dissertações os assuntos gerais e os assuntos específicos (ou a especificidade do objeto).
3.2.1 OS ASSUNTOS GERAIS
Em Rejowski (1996)49
, o que se faz nesta parte é contemplado no tópico “Análise
por conteúdo disciplinar e temático”. Considerando-se que o termo “Turismo” está associado
a todos os assuntos das pesquisas analisadas, a seguir são evidenciados os assuntos gerais50
identificados a partir do título das dissertações – complementados por consulta aos resumos
das mesmas (ver Quadro 7).
49
Segundo a autora “Os temas preferidos de pesquisa em turismo foram dois: planejamento turístico (7) e
turismo litorâneo (7). Outros assuntos de grande interesse (5 e 6) foram hotelaria, espaço e turismo e turismo e
economia. Assuntos com médio interesse (3 e 4) foram turismo e percepção, agências de viagem, marketing
turístico, turismo e administração pública e turismo e meio ambiente. Os assuntos com pouco interesse (2)
foram teoria do turismo e turismo e propaganda. Os demais assuntos figuram como interesse mínimo de
pesquisa” (Ibid., p. 98, grifos da autora). Os números indicados nos parênteses são as quantidade de dissertações
e teses desenvolvidas. 50
Alguns dos assuntos presentes no Quadro 7 são, especificamente, Teorias ou Conceitos da Geografia, como
por exemplo, a Produção do Espaço.
Quadro 7 – Assuntos Gerais Contidos nos Títulos das Dissertações.
Assuntos Ficha-Resumo de
Referência Assuntos
Ficha-Resumo de
Referência
Lógica e Gestão do Território 1 Produção do Espaço 8, 11 e 13
Alterações Socioambientais 2 Produção do Turismo 9
Desenvolvimento
Local/Regional 3 e 7 Consumo do Turismo 9
Áreas Protegidas/Áreas
Periféricas 4 Migrações 10
Reestruturação Espacial 5 Dinâmica Urbana 10
Política do Turismo 6 Meios de Hospedagem 12
Espaço Litorâneo 6 Distribuição Espacial 12
Ecoturismo 7 Legislação (Direito Ambiental) 13
Sustentabilidade 7 e 9 Transformações Espaciais 14
Elaboração: SANTOS, 2016.
Fonte: Dissertações Pesquisadas.
O quadro mostra uma diversificação de assuntos, entretanto, estes se encontram
majoritariamente restritos às dissertações – ou seja, em sua maioria são muito voltados aos
trabalhos que os estudaram/analisaram, aparecendo apenas neles. Inclusive, têm-se assuntos
diferentes identificados num só trabalho, o que já caracteriza a associação que o autor fez
entre os mesmos. Exemplos disso são as Políticas do Turismo voltadas aos Espaços
Litorâneos (Ficha 6); a Distribuição Espacial dos Meios de Hospedagem (Ficha 12) e as
Migrações em um contexto de Dinâmica Urbana (Ficha 10).
Os assuntos gerais em destaque são o de Produção do Espaço, Desenvolvimento
Local/Regional e Sustentabilidade. Ressalta-se que o Espaço geográfico51
e suas Categorias
de Análise (à exceção da Paisagem) aparecem nitidamente nos títulos, ora como centrais ou
relacionadas a outros termos. Por fim, foi elaborada a Tabela 4, com as palavras-chave
constantes nas dissertações52
. Tais palavras representam uma espécie de “elo” entre os
assuntos gerais já destacados e aos assuntos específicos e os locais estudados – num total de
48 palavras e 67 menções no total das dissertações. Não muito diferente do que afirmou-se a
respeito dos assuntos gerais, muitas palavras-chave possuem apenas uma menção (que se
refere ao trabalho onde elas se encontram). As que tem apenas uma menção no conjunto das
dissertações são a maioria da referida tabela, seguidas das que tem duas menções. A palavra
51
Na distribuição dos assuntos gerais por disciplinas nas quais foram desenvolvidas as pesquisas, Rejowski
(1996, p. 102, grifos da autora), constatou que “Em geografia, os assuntos de maior interesse foram espaço e
turismo e turismo e meio ambiente, com cinco pesquisas desenvolvidas. Assinala-se, no primeiro caso,
preocupação maior com o estudo do espaço, referindo-se principalmente à formação/transformação de núcleos
que vêm sofrendo ação do turismo; no segundo caso, tal preocupação refere-se à problemática do impacto
ambiental”. 52
A construção deste quadro se deu a partir da presença das palavras-chaves nas Fichas-Resumo. Note-se que a
primeira Ficha mencionada (na terceira coluna da tabela) é sempre a que a referida palavra aprece inicialmente
Turismo, sozinha, possui 9 menções e Desenvolvimento Local e Produção do Espaço têm
ambas 3 menções.
Tabela 4 – Palavras-Chave Encontradas nas Dissertações.
Palavras-Chave Menções nas
Dissertações (nº)
Fichas-Resumo de
Referência
Turismo 9 2, 3, 4, 5, 6, 10, 11,
13 e 14
Desenvolvimento Local 3 3, 7 e 9
Produção do Espaço 3 11, 13 e 14
Contradição 2 1 e 14
Área Periférica 2 4 e 10
Chapada Diamantina 2 4 e 11
Ecoturismo 2 4 e 11
Lençóis 2 4 e 11
Produção 2 9 e 12
Sustentabilidade 2 7 e 9
Ecologismo 1 1
Gestão do Território 1 1
Conflito 1 1
Alterações Ambientais 1 2
Apropriação do Espaço 1 2
Oferta Turística 1 3
Conservação 1 3
Atores Sociais 1 3
Área Protegida 1 4
Brasil 1 4
Centralidade 1 4
Valença 1 5
Espaço Geográfico 1 5
Região 1 5
Reestruturação Espacial 1 5
Política de Turismo 1 6
Estratégia 1 6
Repercussões Socioambientais 1 6
Itacaré 1 6
Turismo Ecológico 1 7
Baía de Camamu 1 7
Configuração Territorial 1 8
Planejamento 1 8
Articulação 1 8
Consumo 1 9
Espaço 1 9
Território 1 9
Imigrantes 1 10
Meios de Hospedagem 1 12
Palavras-Chaves Menções nas
Dissertações (nº)
Fichas-Resumo de
Referência
Salvador 1 12
Paisagem Urbana 1 12
Distribuição/Organização Espacial
1 12
Direito Ambiental 1 13
Megaprojeto 1 13
APA Litoral Norte 1 13
Imbassaí 1 13
População Local 1 14
Cairu 1 14
Total: 48 Total: 67 -
Elaboração: SANTOS, 2016.
Fonte: Dissertações Pesquisadas.
Surpreende a palavra-chave Turismo aparecer em apenas 9 das 14 dissertações.
Acreditamos que a menção no título seja superior (mais importante) à presença nas palavras-
chaves, o que explicaria esse fato. Entretanto, na Ficha 7 aparece o Turismo Ecológico
(segmento da atividade) e na Ficha 12, Meios de Hospedagem (componente importante da
atividade). As palavras-chave Chapada Diamantina, Ecoturismo e Lençóis referem-se a dois
trabalhos distintos (Fichas 4 e 11).
A observação das palavras-chaves indica, a princípio, que elas podem ser
agrupadas em assuntos mais amplos, de forma a se alcançar uma visão mais geral do
conjunto. Nesse sentido, elaborou-se o Quadro 8.
Quadro 8 – Palavras-chave por Grupos Gerais de Assuntos.
Grupos Gerais Palavras-Chaves Fichas-Resumo
de Referência
GRUPO A: Turismo,
seus Segmentos e
Correlatos
Turismo, Oferta Turística, Ecoturismo, Política de Turismo,
Turismo Ecológico, Meios de Hospedagem, Megaprojetos,
Planejamento, Produção, Consumo.
2, 3, 4, 5, 6, 7,
8, 9, 10, 11, 12,
13 e 14
GRUPO B: Conceito
e Categorias
Geográficos e
Correlatos
Gestão do Território, Apropriação do Espaço,
Desenvolvimento Local, Área Periférica, Atores Sociais,
Centralidade, Espaço Geográfico, Região, Reestruturação
Espacial, Configuração Territorial, Espaço, Território,
Imigrantes, Produção do Espaço, Paisagem Urbana,
Distribuição/Organização Espacial, População Local.
1, 2, 3, 4, 5, 7,
8, 9, 10, 11, 12,
13 e 14
GRUPO C: Cidades,
Municípios, Espaços,
Locais e Áreas
Lençóis, Valença, Itacaré, Salvador, Imbassaí, Cairu, Brasil,
Chapada Diamantina, Baía de Camamu.
4, 5, 6, 7, 11,
12, 13 e 14
Elaboração: SANTOS, 2016.
Fonte: Dissertações Pesquisadas.
Dos cinco grupos elaborados, os Grupos A e B possuem palavras em 13 das 14
Fichas-Resumo. Para o primeiro grupo, a explicação se dá em função da palavra Turismo ser
mencionada em 9 delas; para o segundo grupo, a explicação é o fato deste contar com a maior
parte das palavras-chave elencadas, compreensível devido as dissertações serem defendidas
no POSGEO. No Grupo E encontram-se as palavras cuja ideia ou sentido servem, segundo
avaliou-se, a mais de um grupo – daí serem multirreferenciais. O Grupo C será ampliado na
abordagem seguinte, sobre os assuntos específicos. O que se nota no Grupo D é que as
palavras-chave estão relacionadas, principalmente, às dissertações mais antigas.
3.2.2 OS ASSUNTOS ESPECÍFICOS (OU A ESPECIFICIDADE DO OBJETO)
A especificidade do objeto é tratada por Rejowski (1996) na mesma parte que a
dos assuntos gerais. Segundo a autora (Ibid., p. 102-103, grifos da autora):
[...] as pesquisas foram separadas entre as que enfocam o turismo no Brasil em
geral, turismo em núcleos e regiões do Brasil, turismo no Brasil e em outros países,
e turismo em geral [...]. a produção máxima (39) é sobre turismo em núcleos e
regiões do Brasil, média produção (dez) sobre turismo no Brasil em geral, pequena
produção (quatro) sobre turismo em geral e produção mínima (duas) sobre turismo
no Brasil e em outros países.
Tal classificação se deveu ao fato da abrangência nacional dos estudos da autora,
conforme mencionado no Quadro 1 (Capítulo 2.1) deste trabalho. Disto ela concluiu que a
“[...] grande profusão de estudos regionais e principalmente locais aparece de certa forma
isolada de um contexto do turismo nacional e, mais afastada, ainda, do que está ocorrendo no
panorama internacional”, destacando que a maior parte dos locais estudados era de núcleos
localizados no litoral, reafirmando a preferência dos estudos no assunto turismo litorâneo
(REJOWSKI, 1996, p. 103).
As dissertações aqui analisadas revelam estudos desenvolvidos em contexto
estadual, porém compreendendo, algumas delas, que o entendimento das incidências de seus
GRUPO D: Meio
Ambiente e
Correlatos
Ecologismo, Alterações Ambientais, Conservação, Área
Protegida, Sustentabilidade, Direito Ambiental.
1, 2, 3, 4, 7, 9 e
13
GRUPO E: Palavras
“Multi-referenciais”
Conflito, Contradição, APA Litoral Norte, Articulação,
Estratégias, Repercussões Socioambientais.
1, 6, 8, 13 e 14
estudos está conectado às escalas nacional e global53
. Isso é perceptível, por exemplo, nos
trabalhos que trazem os agentes hegemônicos/econômicos que comandam o processo de
instalação da atividade em alguns locais, a partir de modelos contraditórios conflitantes com a
realidade desses lugares (Fichas 1 e 2); do turismo como promotor de desenvolvimento e
reestruturador da dinâmica local/regional (Fichas 3, 7 e 9); deste associado a políticas e
projetos de nível estadual, regional e federal (Fichas 5 e 6); e das transformações sócio-
espaciais-ambientais causadas pela atividade (Fichas 2 e 14) entre outros. Claro que tais
exemplos mencionados não implicam em abordagens únicas, pois estão todas elas conectadas
e entrelaçadas – como os Quadros 7 e 8 mostram.
E mesmo se tratando de Bahia, somente uma das dissertações (Ficha 6) volta-se
diretamente para as estratégias da política governamental estadual desenvolvidas para
atividade, pontuando espacialmente a aplicação das mesmas. Outras citam a ação do Estado
no sentido de viabilizar a atividade turística num determinado lugar ou região do mesmo
(Fichas 5 e 13). As demais mencionam as Regiões54
no sentido geográfico ou Zonas/Regiões
Turísticas; de Municípios ou Cidades e/ou suas regiões de influência; e Locais e seu entorno
imediato – novamente, alertando para o fato destas abordagens serem múltiplas. Diante disto,
numa tentativa de enquadramento e especificação dos estudos realizados, segundo a o nível de
abrangência, tem-se o seguinte resultado:
Estudos de Nível/Abrangência Regional ou Zonal – O foco dos estudos neste
nível de abrangência é a Região. Considera-se, para tanto, que pode referir-se ao conceito
geográfico de Região55
ou de Região/Zona Turística56
, identificados nas dissertações.
53
Até por que alguns dos locais estudados têm visibilidade turística nacional e internacional, como Salvador,
Porto Seguro e a Chapada Diamantina. 54
A atual divisão regional adotada pelo Estado, desde 2006, é feita por Territórios de Ident idade – antes tendo
por base as Regiões Econômicas. São 27 Territórios no total: Irecê, Velho Chico, Chapada Diamantina, Sisal,
Litoral Sul, Baixo Sul, Extremo Sul, Médio Sudoeste da Bahia, Vale do Jiquiriçá, Sertão do São Francisco, Bacia
do Rio Grande, Bacia do Rio Paramirim, Sertão Produtivo, Piemonte do Paraguaçu, Bacia do Jacuípe, Piemonte
da Diamantina, Semiárido Nordeste II, Litoral Norte e Agreste Baiano, Portal do Sertão, Vitória da Conquista,
Recôncavo, Médio Rio de Contas, Bacia do Rio Corrente, Itaparica, Piemonte Norte do Itapicuru, Metropolitano
de Salvador e Costa do Descobrimento. O acesso às publicações relacionadas aos TI pode ser feito no site da SEI
– Perfil dos Territórios de Identidade do Estado da Bahia e Estatísticas dos Municípios Baianos (SEI, S.d). Uma
breve abordagem destes territórios pode ser vista no site da Secretaria do Planejamento (BAHIA, S.d.). Como
exemplo de discussão a respeito, tem-se o artigo de Blatt e Gondim (2013). No Anexo A tem-se o mapa dos TI
baianos. 55
A Região é uma das categorias que permitem o estudo da totalidade que é o Espaço Geográfico. Tendo como
ponto de partida a Região, para a compreensão deste Espaço Geográfico, ela é considerada como a área que
agrupa um conjunto de elementos naturais, culturais, sociais, humanos e históricos comuns, os quais a
individualizam em relação às outras áreas próximas. Segundo Corrêa (1986, p. 22, grifos do autor), trata-se de
um conceito complexo e dos mais tradicionais em geografia, “[...] ligado à noção fundamental de diferenciação
de área, quer dizer, à aceitação da ideia de que a superfície da Terra é constituída por áreas diferentes entre si”.
Para mais detalhes em torno da definição e entendimento do conceito de Região, consultar Gomes (2014),
Haesbaert (2010), Lencioni (2009), entre outros.
Estudos de Nível/Abrangência Urbano/Municipal – o foco dos estudos neste
nível de abrangência é a área urbana ou municipal como um todo (incluídos aí os casos que
abarcam as regiões de influência57
destas cidades ou municípios).
Estudos de Nível/Abrangência Local e entorno – foco nos estudos com
incidências locais, nos quais se incluem aqueles que consideram os entornos imediatos dos
mesmos. Ressaltamos que o “local” refere-se pontualmente ao lugar estudado, que vai da
escala de um povoado à de uma baía.
Desta forma elaborou-se o Quadro 9, que apresenta de forma geral a classificação
acima apresentada. Foram acrescentadas ao mesmo a identificação das Zonas Turísticas (ZT)
e dos Territórios de Identidade (TI) onde tais locais se encontram, permitindo assim uma
maior compreensão das incidências espaciais dos estudos realizados.
56
As Zonas Turísticas não correspondem às Regiões Geográficas. As Regiões do Turismo representam a
distribuição dos componentes que a ele servem e se baseiam nos aspectos da paisagem – espacializando a
atividade. No II inciso do art. 3 da Lei Estadual de Turismo da Bahia, consta a seguinte definição para
Zona/Região Turística: “território formado pelo conjunto de municípios turísticos ou de interesse turístico, com
afinidades culturais ou naturais suficientes para possibilitar o planejamento e organização integrada, oferta de
produtos turísticos mais competitivos nos diferentes mercados” (BAHIA, 2014). Segundo Cláudia Novaes
Machado, com a instituição das zonas turísticas, “[...] produziu-se um novo paradigma para a geografia turística,
[as quais foram] definidas a partir de aspectos como atratividade efetiva e potencial, natural e cultural, presente
no espaço geográfico da Bahia” (MACHADO, 2008, p. 73). Ainda de acordo com a autora, foi durante o
PRODETUR/Bahia ou PRODETUR I, em 1992, vinculado ao PRODETUR/NE, que se instituiu as primeiras 7
zonas turísticas (6 no litoral e 1 no interior): Baía de Todos os Santos, as Costas do Cacau, do Dendê, do
Descobrimento, das Baleias e dos Coqueiros e a Chapada Diamantina. No PRODETUR II, novas áreas seriam
contempladas como zonas turísticas, todas no interior: Caminhos do Oeste e Vale do São Francisco
(MACHADO, 2008). A partir deste entendimento, o Estado da Bahia conta com 13 Zonas Turísticas. Seis delas
são litorâneas: Baía de Todos os Santos, Costa dos Coqueiros, Costa das Baleias, Costa do Cacau, Costa do
Dendê e Costa do Descobrimento. As outras sete são interioranas: Caminhos do Oeste, Caminhos do Sertão,
Caminhos do Sudoeste, Chapada Diamantina, Lagos e Cânions do São Francisco e Caminhos do Jiquiriçá. No
Anexo B tem-se o mapa das Zonas Turísticas baianas. 57
Regiões de Influência referem-se à conformação de uma rede urbana e seus níveis hierárquicos, onde uma
cidade exerce a função de centralidade em relação a outras a partir da intensidade das ligações entre elas. Sobre
Regiões de Influência das Cidades, ver o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2008).
Quadro 9 – Níveis/Abordagens de Estudos das Dissertações e suas Referencias Espaciais.
Nível de
Estudos
Fichas-Resumo
de Referência
Área Zonas Turísticas Território de Identidade
Litoral Interior
Regional ou
Zonal Ficha 3 X Chapada Diamantina Piemonte da Diamantina
Urbano/
Municipal
Ficha 5 X Costa do Dendê Baixo Sul
Ficha 6 X Costa do Cacau Litoral Sul
Ficha 9 X Baía de Todos os Santos Metropolitano de Salvador
Ficha 10 X Costa do Descobrimento Costa do Descobrimento
Ficha 11 X Chapada Diamantina Chapada Diamantina
Ficha 12 X Baía de Todos os Santos Metropolitano de Salvador
Ficha 14 X Costa do Dendê Baixo Sul
Local e
Entorno
Ficha 1 X Costa dos Coqueiros Litoral Norte e Agreste
Baiano
Ficha 2 X Costa dos Coqueiros Litoral Norte e Agreste
Baiano
Ficha 4 X Chapada Diamantina Chapada Diamantina
Ficha 7 X Costa do Dendê Litoral Sul/Baixo Sul
Ficha 8 X Baía de Todos os Santos Recôncavo
Ficha 13 X Costa dos Coqueiros Litoral Norte e Agreste
Baiano
Elaboração: SANTOS, 2016.
Fonte: Dissertações Pesquisadas.
A partir do Quadro 9 infere-se que as dissertações voltaram-se principalmente
para temas com abrangência urbana/municipal, seguidos daqueles com abrangência local e
entrono. Como as fichas estão organizadas por ordem de publicação (da mais antiga para a
mais atual), nota-se que os estudos mais recentes concentram-se no segundo nível de
abordagem, ao passo que os mais antigos encontram-se nos outros dois níveis. Isso pode fazer
referência aos aspectos que são levados em conta para a escolha do tema a ser estudado e dos
procedimentos e métodos adotados nas pesquisas – contextualizados numa determinada
época.
São estudos principalmente relacionados ao litoral baiano, para o qual foram
pensadas e desenvolvidas as primeiras políticas, projetos e programas turísticos no Estado58
.
Embora tenha ocorrido a interiorização da atividade, a partir da criação de novas zonas
turísticas, o interior conta apenas com 3 estudos – dois antigos e um mais recente. Além disso,
58
Sobre isto e mais aspectos relacionados à institucionalização da atividade turística na Bahia, ver Queiroz
(2002). Em Cruz (1998) pode-se ampliar o entendimento desta concentração litorânea dos estudos voltados ao
turismo, nos níveis regional (nordestino) e nacional. Essa concentração envolve aspectos histórico-geográficos
resultantes da ocupação do território brasileiro – que vai apresentar uma população vivendo principalmente em
cidades, as maiores localizadas numa faixa estreita próxima ao mar ou onde a ocupação foi favorecida, e onde
incidem também as principais modalidades de turismo praticadas no Brasil e no mundo (litorânea e de massa,
respectivamente). E tais modalidades necessitam de infra-estruturas turística e de suporte (esta última, segundo a
autora, equivalente a infra-estrutura urbana). No caso da Região Nordeste, outra relação estabelecida é a das
políticas de turismo que possibilitaram a (re)construção do espaço litorâneo voltado à atividade (notadamente
sob a supremacia da Hotelaria), com participação ativa dos governos estaduais – entre os quais se inclui o
baiano.
todos os três possuem a mesma contextualização espacial: a região que compreende a
Chapada Diamantina.
Quanto às Zonas Turísticas (ZT), os locais estudados encontram-se em 6 das 13
existentes. São elas a Baía de Todos os Santos (BTS), as Costas do Dendê e dos Coqueiros e a
Chapada Diamantina (com 3 trabalhos cada) e as Costas do Cacau e do Descobrimento (com
1 trabalho cada). O que poderia justificar a preferência pelas quatro primeiras Zonas seriam a
proximidade e acesso fácil às informações e locais estudados (no caso das três primeiras) e ao
interesse em se estudar esta conhecida região turística do interior do Estado.
Dos 27 Territórios de Identidade (TI) existentes, apenas oito concentram os locais
estudados nas dissertações. São eles: os TI Litoral Norte e Agreste Baiano e Baixo Sul (com 3
trabalhos cada), os TI Metropolitano de Salvador, Chapada Diamantina e Litoral Sul (com 2
trabalhos cada) e os TI Costa do Descobrimento, Piemonte da Diamantina e do Recôncavo
(com um 1 trabalho cada). Os TI identificados mostram incidências espaciais dos locais
estudados que precisam ser exemplificadas, se os considerarmos na relação com as ZT. O
primeiro exemplo é a área que compreende Chapada Diamantina agregar uma só ZT e dois TI
– isso porque o Piemonte da Diamantina é o local de estudo de uma das dissertações. O
segundo exemplo é a BTS, que aparece como ZT em três estudos, mas como TI só se
configura em apenas um. A explicação para isso é que Salvador é local estudado em duas
dissertações e a BTS em apenas uma – daí a distinção quando considerados os TI.
O terceiro exemplo envolve a ZT Costa do Dendê, dos quais dois estudos
enquadram-se no TI Baixo Sul e um enquadra-se concomitantemente neste último território
citado mais o TI Litoral Sul. Isto se explica pelo fato de o estudo da Baía de Camamu
considerar os municípios de seu entorno – dos quais a maioria encontra-se no primeiro TI
(Baixo Sul) e apenas um, Maraú, localizar-se no último (Litoral Sul). O quarto exemplo é que
os locais estudados na ZT Costa dos Coqueiros mantém a mesma relação com o TI Litoral
Norte e Agreste Baiano. Por fim, como quinto exemplo, Somente Porto Seguro é o local
estudado cuja denominação é comum à ZT e ao TI: Costa do Descobrimento. De qualquer
forma, tanto as ZT quanto os TI são majoritariamente litorâneos, o que corrobora a afirmação
feita por Rejowski (1996).
Quanto aos locais focados nestes estudos, tem-se o Quadro 10, no qual são
contabilizados mediante sua presença nos Títulos. Um título pode trazer um lugar integrado a
outro lugar, por exemplo, em nível regional ou zonal. Ou pode, em alguns casos, abarcar
distritos59
e povoados60
neles existentes – conforme se visualiza nos Resumos.
Quadro 10 - Locais focados nos estudos realizados. Local Especificado Menções (nº) Fichas-Resumo de Referência
Chapada Diamantina 2 3, 4
Lençóis 2 4, 11
Salvador 2 9, 12
Praia do Forte 1 1
Imbassaí 1 2
Porto Sauípe 1 2
Valença 1 5
Itacaré 1 6
Baía de Camamu 1 7
Baía de Todos os Santos 1 8
Porto Seguro 1 10
Reserva Imbassaí 1 13
APA Litoral Norte 1 13
Cairu 1 14
Elaboração: Antônio dos SANTOS, 2016.
Fonte: Dissertações Pesquisadas.
Tais menções, como já afirmado, referem-se ao que consta nos Títulos das
dissertações. Da leitura de alguns pode-se visualizar o nível de abrangência dos estudos, se
local ou regional ou zonal, assim como a que espaço do Estado se referem – por exemplo, a
maioria voltam-se para o litoral e, mais especificamente, pra um determinado setor deste.
Assim, a Chapada Diamantina, Lençóis e Salvador destacam-se por terem duas menções cada
um. Entretanto valem explicações para alguns dos locais especificados no quadro, inclusive os
acima citados:
1 – Imbassaí e Porto Sauípe são os povoados61
utilizados como referência na área
do Litoral Norte do Estado, a partir das transformações socioambientais ocorridas na mesma
em função do turismo. O primeiro reaparece no estudo do empreendimento hoteleiro-turístico
que leva seu nome, em conjunto com outros que estão no seu entorno.
59
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (S.d), distritos “São as unidades administrativas dos
municípios. Têm sua criação norteadas pelas Leis Orgânicas dos Municípios”. 60
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (S.d) o povoado é uma “Localidade que tem a
característica definidora de Aglomerado Rural Isolado e possui pelo menos 1 (um) estabelecimento comercial de
bens de consumo freqüente e 2 (dois) dos seguintes serviços ou equipamentos: 1 (um) estabelecimento de ensino
de 1º grau em funcionamento regular, 1 (um) posto de saúde com atendimento regular e 1 (um) templo religioso
de qualquer credo. Corresponde a um aglomerado sem caráter privado ou empresarial ou que não está vinculado
a um único proprietário do solo, cujos moradores exercem atividades econômicas quer primárias, terciárias ou,
mesmo secundárias, na própria localidade ou fora dela”. 61
Embora a autora da Ficha-Resumo 2 defina ambos como povoados, tratam-se, na verdade, de vilas.
Diferentemente da definição de povoado (conforme nota de rodapé 60), o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (S.d) define aquela como “localidade com o mesmo nome do Distrito a que pertence (sede distrital) e
onde está sediada a autoridade distrital, excluídos os distritos da sede municipal”. Em resumo, vila é a zona
urbana no distrito que não é sede.
2 – A Chapada Diamantina, com duas menções, aparece inicialmente a partir da
Denominação Piemonte da Chapada Diamantina, a nível de região e numa perspectiva de
desenvolvimento local/regional no contexto estadual. Na segunda menção, aparece como a
área de abrangência mais ampla do principal local estudado e dos arredores do mesmo.
3 – Lençóis possui duas menções. Na primeira é tratado em nível de cidade e
contempla arredores da mesma (os quais são Mucugê e o Vale do Capão), tendo a Chapada
Diamantina como contexto espacial mais amplo. Na segunda é tratado em nível municipal,
com o mesmo contexto espacial, trazendo como abordagem o espaço produzido pela atividade
turística.
4 – Valença é tratada a nível regional, a partir da reestruturação espacial
decorrente do turismo. Nesse sentido, contempla o município de Valença, Cairú, Taperoá,
Nilo Peçanha, Ituberá, Igrapiúna e Camamu, localizados no Litoral Sul baiano.
5 – Duas são as baías focadas nas dissertações. A primeira, a Baía de Camamu,
contempla os municípios de Camamu, Igrapiúna, Ituberá e Maraú, numa perspectiva de
desenvolvimento integrado desta área. A BTS é estudada a partir da configuração territorial
do espaço turístico que envolve todos os seus municípios.
6 – A capital do Estado, Salvador, tem estudo local em ambas as dissertações, mas
conectado a dinâmicas que se dão em outras escalas. Na primeira, volta-se para a
sustentabilidade turística a partir do consumo e produção turísticos que caracterizam-na e, na
segunda, foca na distribuição espacial dos meios de hospedagem ao longo da história da
cidade.
7 – O Reserva Imbassaí é um complexo turístico-hoteleiro que contempla
Imbassaí mais as localidades de Barro Branco e Sucuiu62
, contextualizados espacialmente na
Área de Proteção Ambiental (APA) Litoral Norte.
Assim, tem-se que são locais que se encontram em ZT e TI majoritariamente
litorâneos – ambos poucos, tanto as zonas quanto os territórios, se considerados a totalidade
existente de cada um. Corroboram, desta forma, as afirmações feitas por Rejowski (1996)
sobre a incidência espacial dos estudos do tema Turismo.
62
O Título do trabalho induz ao equívoco de se considerar o objeto de estudo como uma Unidade de
Conservação. Entretanto, no Resumo, já se percebe que se trata de um Empreendimento. Ainda assim, na
dissertação, Imbassaí, Sucuiu e Barro Branco são tratados como distritos.
3.3 OS ASPECTOS METODOLÓGICOS DAS DISSERTAÇÕES
Segundo Marconi e Lakatos (2010, p. 204, grifos das autoras) “A especificação da
metodologia da pesquisa é a que abrange maior número dos itens, pois responde, a um só
tempo, às questões como?, com quê?, onde?, quando?”. A natureza temática dos trabalhos,
tendo como referência principal os títulos daqueles (e complementados pelos resumos), de
antemão, dava indicativos dos métodos e/ou técnicas empregados – os quais foram
selecionados tendo em vista alguns aspectos. Como afirmam as autoras antes mencionadas:
Os métodos e as técnicas a serem empregados na pesquisa científica podem ser
selecionados desde a proposição do problema, da formulação das hipóteses e da
delimitação do universo ou da amostra. Nas investigações em geral, nunca se utiliza
apenas um método ou uma técnica, e nem somente aqueles que se conhece, mas
todos que forem necessários ou apropriados para determinado caso. Na maioria das
vezes, há uma combinação de dois ou mais deles, usados concomitantemente
(MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 147).
Neste tópico, identifica-se o conjunto dos aspectos que se referem à metodologia
empregada pelos autores para realizar as pesquisas, dividindo-os segundo os Métodos de
Abordagem, os Métodos de Procedimento e as Técnicas.
3.3.1 OS MÉTODOS DE ABORDAGEM
Já foi indicado, na Introdução deste trabalho, a que se referem os Métodos de
Abordagem segundo Marconi e Lakatos (1999, 2010) e Gil (2012). Diferenciando os métodos
de abordagem dos demais métodos, Marconi e Lakatos (2010) explicam que os primeiros são
mais amplos e referem-se a um nível de abstração mais elevado dos fenômenos da natureza e
da sociedade. Afirma e complementa este pensamento Gil (2012, p. 9):
Estes métodos esclarecem acerca dos procedimentos lógicos que deverão ser
seguidos nos processo de investigação científica dos fatos da natureza e da
sociedade. São, pois, métodos desenvolvidos a partir de um elevado grau de
abstração, que possibilitam ao pesquisador decidir acerca do alcance de sua
investigação, das regras de explicação dos fatos e da validade de suas
generalizações. Cada um deles vincula-se a uma das correntes filosóficas que se
propõem a explicar como se processa o conhecimento da realidade
São cinco os Métodos de Abordagem existentes, todos discutidos em suas
características pelos autores acima mencionados. No Quadro 11 reuniu-se uma breve
descrição desses métodos para, em seguida, relacioná-los às dissertações que os utilizaram a
partir da identificação das Fichas-Resumo.
Quadro 11 – Métodos de Abordagem e sua Utilização nas Dissertações Analisadas.
Métodos de Abordagem* Fichas-Resumo
de Referência
Dedutivo: partindo das teorias e leis, na maioria das vezes prediz a ocorrência dos
fenômenos particulares. Relaciona-se ao Racionalismo. -
Indutivo: a aproximação dos fenômenos caminha geralmente para planos cada vez
mais abrangentes, indo das constatações mais particulares às leis e teorias (conexão
ascendente). Relaciona ao Empirismo.
7
Hipotético-Dedutivo: inicia-se pela percepção de uma lacuna nos conhecimentos,
acerca da qual formula hipóteses e, pelo processo de inferência dedutiva, testa a
predição da ocorrência de fenômenos abrangido pela hipótese. Relaciona-se ao
Neopositivismo.
2
Dialético: penetra o mundo dos fenômenos através de sua ação recíproca, da
contradição inerente ao fenômeno e da mudança dialética que ocorre na natureza e na
sociedade. Relaciona-se ao Materialismo Dialético.
13
Fenomenológico: preocupa-se em mostrar e esclarecer o que é dado pelo fenômeno.
Não procura explicar mediante leis, tampouco deduzir com base em princípios, mas
considera imediatamente o que está presente na consciência dos sujeitos. Relaciona-
se à Fenomenologia.
-
Sem referência e/ou menção
1, 3, 4, 5, 6, 8,
9, 10, 11, 12 e
14
Elaboração: SANTOS, 2016.
*Fonte: Gil (2012); Marconi e Lakatos (2010).
A maioria das dissertações não deixa claro o uso ou não-uso de um Método de
Abordagem. Dois dos métodos não foram mencionados ou utilizados (o Dedutivo e o
Fenomenológico), enquanto que os outros três foram mencionados, cada um, em uma
dissertação. Percebe-se que tanto os trabalhos mais antigos quanto os mais recentes não
mencionam/usam um Método de Abordagem.
Sobre este aspecto último, foram pensadas algumas causas prováveis. Os autores
não conseguiram adequar as pesquisas desenvolvidas a uma das abordagens existentes – o que
explica o não uso/menção de uma delas em seu texto. Que essa menção/uso de uma das
abordagens implica que a metodologia descrita e os referenciais teóricos utilizados obedeçam
às ideias daqueles, o que pode gerar uma crítica severa caso tal correlação não se estabeleça.
Que alguns dos trabalhos, por envolverem muitas dimensões do campo teórico, podem se vir
encurralados ao afirmar uma construção teórica baseada numa abordagem – sendo que o texto
possui elementos que apontam para outras abordagens que não a utilizada ou para
complementares. E, por fim, que justamente pela metodologia adotada e os referenciais
teóricos utilizados se tivesse “pistas”, quando da leitura, de qual abordagem foi utilizada –
mesmo que não se tenha mencionado diretamente qual.
3.3.2 OS MÉTODOS DE PROCEDIMENTO
Da mesma forma que feito com os Métodos de Abordagem, foi indicado na
Introdução deste trabalho os Métodos de Procedimentos aqui utilizados, tendo com referencial
os autores já utilizados anteriormente. De acordo com Gil (2012, p. 15):
Estes métodos têm por objetivo proporcionar ao investigador os meios técnicos para
garantir a objetividade e a precisão no estudo dos fatos sociais. Mais
especificamente, visam fornecer a orientação necessária à realização da pesquisa
social, sobretudo no referente à obtenção, processamento e validação dos dados
pertinentes à problemática que está sendo investigada.
Pressupondo uma atitude concreta em relação a um fenômeno e estando limitadas
a um domínio particular (MARCONI; LAKATOS, 2010), vários são os métodos que podem
ser utilizados nas ciências sociais. Em conformidade, afirmam os autores mencionados que
nem sempre um método é adotado rigorosa ou exclusivamente numa investigação – sendo,
frequentemente, combinados dois ou mais deles. Os autores elencam os principais Métodos de
Procedimento utilizados nas ciências sociais e humanas. Marconi e Lakatos (2010) citam:
histórico, comparativo, monográfico ou estudo de caso, estatístico, tipológico, funcionalista e
estruturalista. Gil (2012) elenca os seguintes: experimental, observacional, comparativo,
estatístico, clínico e monográfico.
Nota-se que existem métodos de procedimento comuns aos autores, entretanto, as
diferenças existentes impõem uma dificuldade de construção de um quadro – como feito para
os Métodos de Abordagem. Mantendo relação com Rejowski (1996), o que aqui se aborda
encontra-se no tópico “Análise por tipo de estudo” do estudo realizado pela autora – a qual
afirmou:
A análise por tipo de estudo revelou ser a tarefa mais árdua do trabalho. A princípio
tentou-se aplicar uma das várias classificações metodológicas usuais nas ciências
humanas e sociais. Mera ilusão! Das cinco classificações metodológicas testadas,
nenhuma se revelou adequada ao conjunto dos documentos analisados. Optou-se,
então, pela criação de uma tipologia baseada na definição dos próprios autores das
dissertações e teses, cujos termos foram agrupados em nove categorias63
.
Cada categoria foi conceituada em função do conjunto de trabalhos que representa,
não sendo aplicada a conjuntos de outros tipos de documentos ou trabalhos de outras
áreas. Poderá contribuir, no entanto, como procedimento metodológico para estudos
semelhantes, ou, ainda, ser adaptada a conjuntos de publicações ou documentos
turísticos (Ibid., p. 105).
63
Foram as categorias: Análises, Estudos de caso, Modelos, Programa, Classificações, Estudos compreensivos,
Inventários, Estudos históricos e Estudos Normativos.
Tendo por base o afirmado e ressalvado pela autora (em nível de dificuldades
encontradas e contribuição metodológica), elaborarou-se um quadro a partir da consulta e
identificação dos procedimentos adotados e indicados pelos autores das dissertações.
Entretanto, a leitura da metodologia ou procedimentos metodológicos descritos nas
dissertações levou à proposição de dois grupos – no que se refere aos Métodos de
Procedimento adotados nos trabalhos:
1 – Especificação Direta: grupo de dissertações que mencionam diretamente o
Método de Procedimento adotado no trabalho e/ou outros a ele complementares.
2 – Não-especificação: grupo de dissertações que não especificam o Método de
Procedimento adotado no trabalho, embora, nalguns deles, tenha-se a impressão de que
aqueles possam ser identificados.
Disto pensou-se um quadro (Quadro 12) que permite a visualização desta
classificação, identificando as Fichas-Resumo nos grupos acima referidos. Neste, observa-se
que, diferentemente dos Métodos de Abordagem, existe um quase equilíbrio entre os autores
que especificam o uso de um Método de Procedimento e aqueles que não o fizeram – 6 e 8
trabalhos, respectivamente. Predominam as dissertações mais recentes no primeiro grupo e as
mais antigas no segundo grupo.
Quadro 12 – Classificação das Dissertações quanto à especificação do(s) Método(s) de
Procedimento(s). Indicação do Método de Procedimento Fichas-Resumo de Referência
Especificado Diretamente 2, 7, 10, 11, 13 e 14
Não-especificado 1, 3, 4, 5, 6, 8, 9 e 12
Elaboração: SANTOS, 2016.
Fonte: Dissertações Pesquisadas.
Para evitar problemas de identificação indevida dos Métodos de Procedimento,
levando-se em conta equivocada e errônea interpretação do que consta nas descrições
metodológicas dos trabalhos, o Quadro 12.1 foi elaborado tendo por base os métodos
especificados diretamente nas dissertações analisadas. Neste quadro, inicialmente, é dada uma
ideia do que é o procedimento adotado e, em seguida, o identifica nas Fichas-resumo. Vale
lembrar que, embora tais métodos sejam especificados, muitos deles não são explicados
nalguns trabalhos. Posteriormente, está relacionado um conjunto de menções a procedimentos
diversos, conforme consta nas dissertações do segundo grupo – e que, de certa forma, também
figuram nas dissertações deste grupo.
Quadro 12.1 – Métodos de Procedimentos Especificados Diretamente nas Dissertações.
Métodos de Procedimento* Fichas-Resumo
de Referência
Estudo de Caso: enfoca um caso (numa região, cidade, local, instituição, grupo etc.).
Normalmente diagnostica o problema indicando soluções. 7, 11 e14
Monográfico: partindo do princípio de que qualquer caso que se estude em
profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros ou até de todos os
casos semelhantes, consiste no estudo de determinados indivíduos, profissões,
condições, instituições, grupos ou comunidades, coma finalidade de se obter
generalizações64
.
2
Histórico (Geográfico): parte do princípio de que as atuais formas de vida social, as
instituições e os costumes têm origem no passado, é importante pesquisar suas raízes,
para compreender sua natureza e função. Consiste em investigar acontecimentos,
processos e instituições do passado para verificar a sua influência na sociedade de
hoje.
2, 10, 11 e 13
Classificatório: elabora sistemas classificatórios de elementos de um todo
(classificações ambiental, da demanda, tipologia). 11
Estatístico: fundamenta-se na aplicação da teoria estatística da probabilidade e
constitui importante auxílio para a investigação em ciências sociais. Significa
redução de fenômenos sociológicos, políticos, econômicos etc. a termos quantitativos
e a manipulação estatística, que permite comprovar as relações dos fenômenos entre
si, e obter generalizações sobre sua natureza, ocorrência ou significado.
10, 11 e 13
Cartográfico: consiste em uso e elaboração de mapas para subsidiar as diversas
análises realizadas nos trabalhos, bem como, espacializar os dados e informações
coletados durante a pesquisa.
10, 13
Comparativo: procede pela investigação de indivíduos, classes, fenômenos ou fatos,
com vistas a ressaltar/explicar/verificar as diferenças e similaridades entre eles. É
usado tanto para comparações de grupos no presente, no passado, ou entre os
existentes e os do passado, quanto entre sociedades de iguais ou diferentes estágios
de desenvolvimento.
2, 10, 13 e 14
Funcionalista65
: estuda a sociedade do ponto de vista da função de suas unidades,
isto é, como um sistema organizado de atividades. 2
Elaboração: SANTOS, 2016.
*Fonte: Gil (2012); Marconi e Lakatos (2010); Rejowski (1996).
Como mencionado pelos referidos autores da área de metodologia, os Métodos de
Procedimento dificilmente são usados com exclusividade, já que as pesquisas exigem um
dinamismo e complementaridade de ações para o alcance dos objetivos traçados e a resposta
ao problema formulado. Lembrando-se de que os contidos no quadro acima serem os
mencionados pelos autores das dissertações, apenas o trabalho identificado pela Ficha 7
menciona um Método de Procedimento (o que não significa dizer que apenas um tenha sido
utilizado no mesmo); em seguida, vem o trabalho da Ficha 14, que menciona dois métodos. O
da Ficha 2 menciona três e, por fim, os das Fichas 10, 11 e 13 mencionam quatro, cada um.
64
Os Métodos Estudo de caso e Monográfico parecem ser os mesmos, segundo o dito nas definições de ambos.
Entretanto, optamos por manter a separação, considerado a forma como foram mencionados nas dissertações e,
também, pelo fato dos autores da área metodológica mencionarem mais o Monográfico – embora Marconi e
Lakatos (2010, p. 205) falarem em “monográfico ou estudo de caso”. 65
Em Gil (2012), o Método Funcionalista é tratado como um “Quadro de Referência”. Em Marconi e Lakatos
(2010), como um Método de Procedimento.
Os Métodos Monográfico, Classificatório e Funcionalista foram mencionados
apenas uma vez no conjunto dos métodos identificados nas dissertações – sendo que o
primeiro e o último referem-se ao mesmo trabalho. Entretanto, estes mesmos trabalhos
recorreram a outros métodos em suas pesquisas, compondo, desta forma, os mais utilizados –
o Histórico e o Comparativo (em quatro dissertações, cada um). O “Geográfico” representa
uma associação ao Método Histórico, feita por um dos trabalhos, da mesma forma que outras
associações foram feitas, noutros trabalhos, como “Estatístico-Cartográfico”. Seguem-se aos
mais mencionados o Estudo de Caso e o Estatístico (com três trabalhos, cada) e, por fim, o
Cartográfico. Este último é reforçado pelas técnicas empregadas e com o tratamento dos
dados colhidos durante as pesquisas, gerando mapas, por exemplo.
As dissertações do segundo grupo mencionam uma série de procedimentos
adotados, mas que não foram especificados diretamente como um dos métodos listados
anteriormente. Além disso, algumas dissertações trouxeram “novos” procedimentos – assim
considerados por não constarem entre os autores da área metodológica utilizados. Nesta
listagem, reuniu-se os identificados em ambos os grupos, principalmente daquele cujas
dissertações não especificaram um/o Método (ou os Métodos) de Procedimento:
Análises (qualitativa, bibliográfica, estrutural, documental, comparativas, de
modelo, histórica, de perfil, local);
Caracterização;
Estudos (de caso);
Modelos;
Inventários;
Abordagem Locacional66
;
Observação Histórico-Sistemática67
;
Metodologia descritivo-explicativa-analítica68
.
As análises são mencionadas em praticamente todos os trabalhos, em alguns deles
com um maior detalhamento de seu uso. Aparece somente como Análise, mas também, e
principalmente, associada a um ou mais dos termos elencados. Os outros procedimentos
listados são mencionados em algumas dissertações, relacionando-se intimamente à temática
que pesquisam e dando indicações do que se gerar com os dados e informações coletadas.
Exemplo disso são os Modelos e Inventários – que remetem à proposição de um modelo, ao
66
Ficou-se em dúvida se referente a Método de Abordagem ou de Procedimento (referente à Ficha-Resumo 4). 67
Método de Investigação, segundo o autor (Ficha-Resumo 7). 68
Conforme o autor (Ficha-Resumo 12).
final da pesquisa e a uma caracterização/análise da potencialidade turística do lugar estudado,
respectivamente. Quanto aos três últimos mencionados, são muito específicos das dissertações
nas quais se encontram, logo, a compreensão deles é melhor no contexto das pesquisas às
quais se referem. Correlacionando o visto anteriormente com o estudo feito por Rejowski
(1996, p. 105, grifos da autora), a autora relatou o seguinte resultado:
A produção máxima (23) é de análises, seguida de grande produção (11) de estudos
de caso, média produção (quatro e sete) de modelos e programas, pequena produção
(duas e três) de classificações, inventários e estudos compreensivos, e produção
mínima (uma) de estudos históricos e normativos [...]. As análises e os estudos de
caso concentram 61,8% da produção total de teses e dissertações em turismo, contra
38,2% dos outros sete tipos de estudo.
Ela destacou a preocupação dos pesquisadores, à época, com as variadas análises
do turismo – relacionando-os, por exemplo, a modismos nos estudos científicos ou por se
tratarem de estudos comuns na graduação. Destacou também que a principal análise
empregada era a comparativa. No que se refere à distribuição por disciplinas, segundo a
autora:
Distribuindo os tipos de estudo pelas três principais disciplinas produtoras de teses
[...], nota-se na comunicação uma preferência pelas análises de vários tipos,
seguidas pelos estudos de caso; na administração, uma preferência clara também
pelas análises; na geografia, uma preferência pelos estudos de caso, seguidos pelas
análises. Não apresentam grande variação, portanto, da distribuição geral, podendo-
se perceber apenas um interesse comum em análises comparativas (REJOWSKI,
1996, p. 106, grifos da autora).
Um último quadro (Quadro 13) relaciona os Métodos de Abordagem e
Procedimento utilizados pelos autores das dissertações. Toma-se como ponto de partida a
Ficha-Resumo, para, em seguida, identificar os referidos métodos por elas utilizados.
Quadro 13 – Relação de Métodos de Abordagem e Métodos de Procedimentos Utilizados nas
Dissertações. Fichas-Resumo
de Referência Métodos de Abordagem Método de Procedimento
1 Sem referência e/ou menção Não especificado
2 Hipotético-Dedutivo Monográfico, Histórico (Geográfico), Comparativo,
Funcionalista
3 Sem referência e/ou menção Não especificado
4 Sem referência e/ou menção Não especificado
5 Sem referência e/ou menção Não especificado
6 Sem referência e/ou menção Não especificado
7 Indutivo Estudo de Caso
8 Sem referência e/ou menção Não especificado
9 Sem referência e/ou menção Não especificado
10 Sem referência e/ou menção Histórico (Geográfico), Estatístico, Cartográfico,
Comparativo
11 Sem referência e/ou menção Estudo de Caso, Histórico (Geográfico),
Classificatório, Estatístico
12 Sem referência e/ou menção Não especificado
13 Dialético Histórico (Geográfico), Estatístico, Cartográfico,
Comparativo
14 Sem referência e/ou menção Estudo de Caso, Comparativo
Elaboração: SANTOS, 2016.
Fonte: Dissertações Pesquisadas.
Nota-se, com este quadro, que oito dissertações não referenciaram e/ou
mencionaram um Método de Abordagem, ao mesmo tempo em que não especificaram
diretamente o/um Método de Procedimento. É um dado muito importante, visto que se tratam
de dissertações e, como acreditamos, tais métodos deveriam ficar claramente estabelecidos e
identificados na descrição da metodologia dos trabalhos – inclusive o não uso de nenhum
deles. Ainda, percebe-se que três dissertações evidenciam ambos os métodos – em duas delas,
mais de um Método de Procedimento. Por fim, três trabalhos onde não há referência e/ou
menção ao Método de Abordagem, mas com a especificação do Método de Procedimento.
3.3.3 AS TÉCNICAS DE PESQUISA
Segundo Marconi e Lakatos, as técnicas69
, “Consideradas como um conjunto de
preceitos ou processos de que se serve uma ciência, são, também, a habilidade para usar esses
preceitos ou normas, na obtenção de seus propósitos. Correspondem, portanto, à parte
prática de coleta de dados” (2010, p. 205, grifos nossos). São responsáveis por viabilizar,
em conjunto com os Métodos de Procedimento, o alcance dos objetivos traçados e a resolução
do problema de pesquisa – mantendo aquela relação assinalada pelas referidas autoras logo no
início deste tópico.
Alguns aspectos, comuns aos trabalhos aqui analisados, foram identificados. O
primeiro a se destacar seria a referência que os pesquisadores fazem à descrição das etapas de
pesquisa (ou roteiro metodológico) – sendo que tal descrição, em alguns trabalhos, é bem
mais detalhada e rigorosa que noutros. É fato que a realização dos trabalhos aqui analisados
envolveu uma pesquisa de gabinete70
(mais voltada para a reunião bibliográfica e documental
69
Gil (2012, p. 15) observa que “Alguns autores ampliam consideravelmente o elencos desses métodos
[experimental, observacional, comparativo, estatístico, clínico e monográfico], incluindo aí o método do
questionário, da entrevista, dos testes e muitos outros. Esta postura implica considerar como método, também, os
procedimentos específicos de coleta de dados”, o que gera um contraste entre o entendimento do que seja um ou
outro – o método e a técnica. Optou-se por manter a separação, evitando assim mais complicações que as
possivelmente existentes, no que se refere à identificação de ambos nas dissertações. 70
Técnica de Documentação Indireta que envolve o levantamento de dados nas mais variadas fontes (primárias
e/ou secundárias), a partir das pesquisas documental e bibliográfica, segundo Marconi e Lakatos (2010; 1999).
pertinente ao tema estudado) e uma pesquisa de campo71
(mais voltada à aplicabilidade das
técnicas e dos instrumentos escolhidos).
No que se refere à pesquisa de gabinete, incluem-se nela os diversos
levantamentos realizados pelos pesquisadores (bibliográfico, documental e até mesmo
cartográfico). Geralmente, compõem uma primeira fase destes trabalhos que se relaciona à
construção do referencial teórico-conceitual e da fundamentação metodológica. Já a pesquisa
de campo contempla, concomitantemente, os procedimentos (tanto no sentido do Método
empregado quanto das ações tomadas) e as técnicas de coleta de dados – estas últimas,
principalmente. Estão relacionadas a uma segunda fase da realização dos trabalhos e repetem-
se em períodos planejados pelos pesquisadores. Alguns destes pesquisadores, ampliando os
procedimentos adotados em seus trabalhos, realizaram visitas técnicas ou participaram de
encontros/eventos, em todos os casos, objetivando colher mais informações para compor o
conjunto das informações obtidas72
.
Nesse sentido, lista-se abaixo o conjunto das técnicas empregadas pelos autores
em suas dissertações, para, em seguida, enquadrá-las segundo o que abordam Marconi e
Lakatos (2010; 1999) sobre as Técnicas de Pesquisa.
Observação;
Sondagem (inicial);
Registro Fotográfico;
Questionários;
Entrevistas/Registro de depoimentos orais;
Técnicas Cartográficas (mapeamento, georreferenciamento e zoneamento);
Formulários;
Análise de Conteúdo;
Grades de Observação.
São estas as principais técnicas utilizadas pelos autores das dissertações e que por
eles foram mencionadas na descrição da metodologia. Na descrição das técnicas empregadas
encontrou-se o mesmo problema em tratá-las, de fato, como tal, ou como procedimento ou
tratamento de dados e informações – principalmente no que se refere ao que generalizou-se
71
Técnica de Documentação Direta que envolve, geralmente, o levantamento de dados no próprio local onde os
fenômenos ocorrem, segundo Marconi e Lakatos (2010; 1999). 72
Após as duas primeiras fases, parte-se para a finalização dos trabalhos, com a análise dos dados e informações
coletados – e nas quais são indicados e mostrados, pelos autores, os produtos gerados a partir do tratamento
daqueles dados e informações.
como “Técnicas Cartográficas”. O que de fato é representativo de todas as dissertações
analisadas é o uso das seguintes técnicas: observação, questionário, formulário e entrevista.
Do enquadramento metodológico, segundo as autoras antes mencionadas,
constatou-se que, no que se refere ao tipo de documentação, as técnicas são tanto Direta
quanto Indireta – nas diversas pesquisas e levantamentos mencionados pelos autores das
dissertações, nas mais diversas fontes. No que se refere ao tipo de observação, as técnicas
contemplam tanto a Direta Intensiva – nas diversas formas de observação,
entrevistas/registros de depoimentos orais –, quanto a Direta Extensiva – nos questionários e
formulários aplicados e nas análises de conteúdo realizadas.
3.4 O REFERENCIAL TEÓRICO UTILIZADO NAS DISSERTAÇÕES
Inicia-se esta parte destacando que, em certos resumos, já se evidenciam os
referenciais teóricos utilizados como fundamentação das pesquisas realizadas –
autores/instituições/organismos e/ou conceitos geográficos e de outras áreas (Fichas-Resumo
2, 4, 9, 11, 12 e 13). Outro destaque a ser feito é que, dentre as Fichas citadas, três delas
mencionam a Geografia do Turismo (4, 9 e 11). Tal menção é usada como base para a
fundamentação do trabalho, ressaltando seu caráter multidisciplinar e como um estudo
realizado sob a perspectiva desta área. As palavras-chave dão, da mesma forma que os
resumos, indicativos desses referenciais teóricos utilizados – os quais são geográficos,
turísticos e de outras áreas.
Para identificar o referencial teórico utilizado pelos pesquisadores, tanto turístico
quanto geográfico, e que aqui denominou-se “Referenciais Comuns”, adotou-se alguns
procedimentos: o primeiro deles foi relacionar todas as referências de cada uma das
dissertações. Nessa etapa, já que são muitas as fontes, foram considerados apenas os autores
de livros e artigos e publicações (monografias, dissertações e teses, impressos e na Internet) e
instituições e/ou organismos oficiais, deixando de fora artigos de jornais locais e outros
semelhantes. Isso acarretou uma diminuição do quantitativo das referências de cada um dos
14 trabalhos, mas, sem minimizar a importância dos que não foram mantidos, os utilizados
são bastante representativos para o que se pretende nesta parte.
O segundo momento já é o de representação dos autores/instituições/organismos
mais comuns – por trabalho e no conjunto geral –, que será feita a seguir. De antemão, são
textos majoritariamente em língua portuguesa, mas encontram-se também textos em inglês,
francês e espanhol. Grande parte deles é de autores reconhecidos em ambas as áreas
mencionadas e na área metodológica – tanto geral quanto turística.
Para identificar os autores que mais se destacam por dissertação, foi elaborada
uma tabela geral composta por outras 14 internas. Tendo por base o procedimento
anteriormente descrito, a referida tabela mostra aqueles autores/instituições/organismos que
possuem mais obras/textos utilizados por ordem quantitativa de menções nas referências das
dissertações. A primeira coluna da tabela aponta o número de menções; a segunda coluna
identifica os autores/instituições/organismos associados à quantidade daquelas; e a terceira
mostra o total da associação entre as duas primeiras colunas. Ressalta-se que os totais em cada
tabela interna é sempre maior que o indicado – visto que, por exemplo, se se tem 7 autores
com duas menções, serão na verdade 14 obras/textos distintos. Diante disto, optou-se por
manter apenas a identificação do total de autores por menção.
Um total de 886 referenciais foi considerado para a identificação do referencial
teórico por dissertação – assim como para o conjunto das mesmas, os “Referenciais Comuns”.
O trabalho com mais referenciais considerados foi o da Ficha-Resumo 2, com 89
autores/instituições/organismos. O que teve o menor quantitativo foi o da Ficha-Resumo 12,
com 42 autores/instituições/organismos.
Todas as Fichas-Resumo contém um quantitativo maior de
autores/instituições/organismos com apenas uma menção. No que identificou-se como
“Diversos”, encontram-se autores conhecidos da Geografia e do Turismo – embora não se
possa visualizá-los. Alguns deles, inclusive, aparecem noutros trabalhos com mais de uma
menção. Em seguida, à exceção das Fichas-Resumo 11 e 14, todas as outras apresentam
autores/instituições/organismos com duas obras/textos no conjunto das referências – ou seja, 2
menções.
Cabem alguns destaques quanto a alguns referenciais existentes na Tabela 5. No
que se refere aos autores, procurou-se identificá-los com a maior precisão possível dos nomes,
considerando-se as dificuldades para relacioná-los. No que se refere a Brasil e Bahia, ambos
congregam um conjunto de ministérios, secretarias, documentos, leis, decretos, programas etc.
– em seus níveis, respectivamente, federal e estadual. O Centro de Estatísticas e Informações
(CEI) é a denominação anterior para a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da
Bahia (SEI), e a contagem foi feita considerando-se ambos. A Companhia de
Desenvolvimento da Região Metropolitana de Salvador (CONDER), segundo consta nos
trabalhos, também teve o nome modificado73
. Instituições e Organismos (incluindo as
anteriormente citadas) serão representados por suas respectivas siglas: Empresa de Turismo
da Bahia74
(BAHIATURSA); Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR)75
; o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); a OMT; Companhia de Desenvolvimento e
Ação Regional (CAR); Centro de Recursos Naturais (CRA); e o Serviço Brasileiro de Apoio
às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE).
Tudo o afirmado acima pode ser visualizado na Tabela 5, que, como já afirmado,
possui 14 tabelas internas.
Tabela 5 – Referenciais Teóricos mais Utilizados por Dissertação.
73
Atual Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia. 74
Atual Superintendência de Fomento ao Turismo do Estado da Bahia. 75
Atual Instituto Brasileiro de Turismo.
FICHA-RESUMO 1
Nº de
Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total
7 Berta Koiffmann BECKER 1
3 Milton SANTOS 1
2
Rodolfo BERTONCELO
Roberto Lobato CORRÊA
Antônio Carlos Robert MORAES
BAHIA
4
1 Diversos 44
Total 50
FICHA-RESUMO 2
Nº de
Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total
4 CEI
Milton SANTOS 2
3
Antônio Carlos Sant’ana DIEGUES
BAHIA
Berta Koiffmann BECKER
IBGE
Adyr Apparecida. Balastreri RORDRIGUES
Dóris Van Meene RUSCHMANN
Sylvio Carlos Bandeira de Melo e SILVA
7
2
Manuel Correia de ANDRADE
BAHIATURSA
Robert C. BOULLÓN
CONDER
Creuza Santos LAGE
Sérgio MOLINA
Carlos Augusto Figueiredo MONTEIRO
Antônio Carlos Robert MORAES
Daniel Hiernaux NICOLÁS
9
1 Diversos 71
Total 89
Tabela 5 – Referenciais Teóricos mais Utilizados por Dissertação.
(Continuação)
76
Autora da dissertação à qual a Ficha se refere. 77
Autora da dissertação à qual a Ficha se refere.
FICHA-RESUMO 3
Nº de
Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total
20 BAHIA 1
10 Carmélia Ana Amaral SOUSA76
1
3 John A. VEVERKA 1
2
BRASIL
Elizabeth BOO
Arturo CROSBY
EMBRATUR
IBGE
Sérgio MOLINA
OMT
Sylvio Carlos Bandeira de Melo e SILVA
Marcus SUAREZ
9
1 Diversos 52
Total 64 FICHA-RESUMO 4
Nº de
Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total
3
BAHIATURSA
Adyr Apparecida. Balastreri RORDRIGUES
Milton SANTOS 3
2
Elizabeth BOO
CAR
Roy FUNCH
Angela LEONY77
Dóris Van Meene RUSCHMANN
SEI
Sylvio Carlos Bandeira de Melo e SILVA
Yi-Fu TUAN
8
1 Diversos 37
Total 48
FICHA-RESUMO 5
Nº de
Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total
10 Milton SANTOS 1
7 BAHIA 1
5 SEI 1
4
Ana Fani Alessandri CARLOS
Adyr Apparecida. Balastreri RORDRIGUES
Sylvio Carlos Bandeira de Melo e SILVA
3
3 Roberto Lobato CORRÊA 1
2
Georges BENKO
Paulo César da Costa GOMES
Octávio IANNI
Otto Ohl WEILLER
Arlete Moysés RODRIGUES
Marcelo José Lopes de SOUZA
6
1 Diversos 49
Total 62
Tabela 5 – Referenciais Teóricos mais Utilizados por Dissertação.
(Continuação)
78
Autora e orientadora da dissertação à qual a Ficha se refere.
FICHA-RESUMO 6
Nº de
Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total
8 BAHIA
BAHIATURSA 2
6 EMBRATUR 1
5 IBGE
CEI/SEI 2
4 Adyr Apparecida. Balastreri RORDRIGUES
Milton SANTOS 2
2
Ariadna da Silva BANDEIRA/Creuza Santos LAGE78
Mário Carlos BENI
CRA
Roberto Lobato CORRÊA
Luzia Neide Menezes Teixeira CORIOLANO
Rita de Cássia Ariza da CRUZ
S. J. R. de OLIVEIRA/ A. P. de OLIVEIRA
Maria das Graças de Menezes Venâncio PAIVA
Lúcia Maria Aquino QUEIROZ
SEBRAE
10
1 Diversos 65
Total 82
FICHA-RESUMO 7
Nº de
Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total
9 BAHIA 1
5 SEI 1
4 Adyr Apparecida. Balastreri RORDRIGUES 1
3 IBGE 1
2
BANCO DO NORDESTE
BRASIL
Ana Fani Alessandri CARLOS
Luzia Neide Menezes Teixeira CORIOLANO
Augusto FRANCO
Sylvio Carlos Bandeira de Melo e SILVA
6
1 Diversos 70
Total 80
FICHA-RESUMO 8
Nº de
Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total
7 BAHIA 1
4 Adyr Apparecida. Balastreri RORDRIGUES
Arlete Moysés RODRIGUES 2
2
BAHIATURSA
CENTRO NÁUTICO DA BAHIA
CRA
Creuza Santos LAGE
Sylvio Carlos Bandeira de Melo e SILVA
5
1 Diversos 36
Total 44
Tabela 5 – Referenciais Teóricos mais Utilizados por Dissertação.
(Continuação)
FICHA-RESUMO 9
Nº de
Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total
5 John SWARBROOKE 1
3 BAHIATURSA
Milton SANTOS 2
2
Luzia Neide Menezes Teixeira CORIOLANO
Paulo GAUDENZI
Adyr Apparecida. Balastreri RORDRIGUES
Dóris Van Meene RUSCHMANN
4
1 Diversos 55
Total 62 FICHA-RESUMO 10
Nº de
Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total
7 Milton SANTOS 1
6 Ana Fani Alessandri CARLOS 1
4 BAHIA
Sylvio Carlos Bandeira de Melo e SILVA 2
2
CEI/SEI
Roberto Lobato CORRÊA
Henri LEFEBVRE
Ermínia MARICATO
Arlete Moysés RODRIGUES
Maria Encarnação Beltrão SPÓSITO
6
1 Diversos 64
Total 74 FICHA-RESUMO 11
Nº de
Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total
8 Milton SANTOS 1
3
BAHIATURSA
Adyr Apparecida. Balastreri RORDRIGUES
Sylvio Carlos Bandeira de Melo e SILVA
3
2 Dóris Van Meene RUSCHMANN 1
1 Diversos 54
Total 59
FICHA-RESUMO 12
Nº de
Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total
4 Milton SANTOS 1
3 Lúcia Maria Aquino de QUEIROZ
Eduardo YÁZIGI 2
2
ALMANAK DO ESTADO DA BAHIA
BAHIA
Ana Fani Alessandri CARLOS
Adyr Apparecida. Balastreri RORDRIGUES
Luis Gonzaga Godói TRIGO
Pedro de Almeida VASCONCELOS
Pierre VERGER
7
1 Diversos 32
Total 42
Tabela 5 – Referenciais Teóricos mais Utilizados por Dissertação.
(Continuação)
Elaboração: SANTOS, 2016.
Fonte: Dissertações Pesquisadas.
Da tabela acima, infere-se que os referenciais teóricos mais utilizados são aqueles
com maior menção nos trabalhos. Desta forma, a partir dela, criou-se a Tabela 5.1, que mostra
os principais referenciais teóricos por dissertação analisada. Esta foi organizada segundo o
número de menções, nas Fichas-Resumo, daqueles que encontram-se listados na primeira
coluna da mesma. Quando o número de menções é igual, lista-se primeiramente o mais antigo
(identificado pela numeração da Ficha ao qual está relacionado). Algumas Fichas-Resumo,
percebe-se, têm mais de um Autores/Instituições/Organismos com mesmo número de
menções.
FICHA-RESUMO 13
Nº de
Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total
12 BRASIL 1
7 BAHIA 1
3
Luzia Neide Menezes Teixeira CORIOLANO
Adyr Apparecida. Balastreri RORDRIGUES
Milton SANTOS 3
2
Rita de Cássia Ariza da CRUZ
Talden Queiroz FARIAS
David HARVEY
Sylvio Carlos Bandeira de Melo e SILVA
4
1 Diversos 56
Total 65
FICHA-RESUMO 14
Nº de
Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total
4
BRASIL
IBGE
Henri LEFEBVRE 3
3
BAHIA
Manuel CASTELLS
Rogério HAESBAERT
David HARVEY
OMT
Milton SANTOS
6
2 Reinaldo DIAS
Wendel HENRIQUE Baumgartner 2
1 Diversos 54
Total 65
Total Geral 886
Tabela 5.1 – Principal Referencial Teórico por Dissertação Analisada.
Elaboração: SANTOS, 2016.
Fonte: Dissertações Pesquisadas.
Os referenciais constantes na tabela acima representam 12,2% dos referenciais
considerados no conjunto dos trabalhos. Nesta destaca-se Milton Santos, presente em 6
Fichas-Resumo. Bahia aparece em 4, ao passo que BAHIATURSA e Brasil em 2 Fichas-
Resumo. Na outra “ponta”, aparecem Berta Becker, a CEI, John Swarbrooke, o IBGE, Adyr
Balastreri Rodrigues e Henri Lefevbre – com apenas uma presença. Só há um referencial da
Geografia do Turismo (Adyr A. Balastreri Rodrigues), outros de outras áreas da Geografia
(Milton Santos, Berta K. Becker e Henry Lefevbre), um do Turismo (John Swarbrooke) e o
discurso oficial (CEI, Bahia, Brasil, BAHIATURSA e IBGE).
Uma visualização atenta ao conjunto das dissertações permite notar um amplo
referencial teórico baseado em autores da Geografia e do Turismo – inclusive de escritos
sobre a interseção de ambas as áreas. Entretanto, a maioria destes referenciais possui poucas
menções se consideradas os 14 trabalhos analisados, o que já evidencia, na perspectiva deste
trabalho, que são poucos aqueles que fundamentaram o conjunto das pesquisas desenvolvidas.
Os que foram vistos até aqui dão indicativos de quais seriam os “Referenciais Comuns” – que
não é completo, porque estão entre os “Diversos” aqueles que só aparecem uma vez, mas
fazem-se presentes ao longo das dissertações.
Autores/Instituições/Organismos Ficha-Resumo de
Referência
Nº de
Menções
BAHIA 3 20
BRASIL 13 12
Milton SANTOS 5 10
BAHIA 7 9
BAHIA
BAHIATURSA 6 8
Milton SANTOS 11 8
Berta Koiffmann BECKER 1 7
BAHIA 8 7
Milton SANTOS 10 7
John SWARBROOKE 9 5
CEI
Milton SANTOS 2 4
Milton SANTOS 12 4
BRASIL
IBGE
Henri LEFEVBRE
14 4
BAHIATURSA
Adyr Apparecida. Balastreri RORDRIGUES
Milton SANTOS
4 3
Total 108
Assim, para a identificação dos autores/instituições/organismos considerados
“Referenciais Comuns” ao conjunto das 14 dissertações, levou-se em conta aqueles que
estivessem em, no mínimo, oito dos trabalhos analisados – o que representa a maioria
simples. Diante disto foi elaborado o Quadro 14, que reúne os 10 referenciais identificados
depois de vistas todas as referências de cada um dos 14 trabalhos aqui analisados – na
primeira coluna do referido quadro. São 7 referenciais autorais (Roberto Lobato Corrêa,
Antônio Carlos Robert Moraes, Adyr A. Balastreri Rodrigues, Dóris Ruschmann, Milton
Santos, Mário Carlos Beni e Ana Fani A. Carlos), 2 referenciais de esfera governamental
(Bahia e Brasil) e 1 referencial institucional (BAHIATURSA). Estes três últimos representam
o discurso oficial.
Relacionando-se os referenciais por dissertação encontrados (Tabela 5.1), àqueles
denominados “Referenciais Comuns” ao conjunto das 14 dissertações (Quadro 14), nota-se
que: 1) dos que constam na referida tabela, apenas 5 estão no referido quadro. Destes – Milton
Santos, Bahia, Brasil, BAHIATURSA e Adyr A. Balastreri Rodrigues –, o primeiro é o que
tem mais menções e, a última, apenas uma. 2) Entre os que tem apenas uma menção, Adyr A.
Balastreri Rodrigues é a única que é “Referencial Comum” ao conjunto das dissertações. 3)
Entre os cinco anteriormente mencionados, 3 são representantes do discurso oficial e dois são
autorais. 4) os outros cinco “Referenciais Comuns” – Roberto Lobato Corrêa, Antônio Carlos
Robert Moraes, Dóris V. M. Ruschmann, Mário Carlos Beni e Ana Fani Alessandri Carlos –,
não foram os principais referenciais nas dissertações em que estão presentes.
A duas últimas colunas do quadro mostram, respectivamente, a quantidade de
menções de cada “referencial” em Fichas-Resumos e em quais delas isso ocorreu. O destaque
vai para Adyr Apparecida Balastreri Rodrigues – comum a todas as dissertações, ou seja, nas
14 aqui analisadas. Milton Santos consta em 13 dos 14 trabalhos (ausente apenas na Ficha-
Resumo 7) e depois Bahia, com 11 menções. A estes, seguem-se Dóris V. M. Ruschmann,
Mário Carlos Beni e Brasil (10 menções cada um), BAHIATURSA (9 menções) e Roberto
Lobato Corrêa, Antônio Carlos Robert Moraes e Ana Fani A. Carlos (8 menções cada um).
Quadro 14 – Referenciais Teóricos Comuns às Dissertações Analisadas.
Referencial Identificação Menções nas
Dissertações
Fichas-Resumo
de referência
BAHIA
7 anos que mudaram a Bahia.
A estratégia turística da Bahia 1991-2005.
APA Itacaré/Serra Grande: plano de manejo.
Assembleia Legislativa da Bahia: Constituição
do Estado.
BAHIATURSA 30 anos.
Cadastramento de áreas para conservação
ambiental.
Cadastro de Unidades de Conservação do
Estado da Bahia.
CAR.
Câmara Técnica de Biodiversidade, Unidades
de Conservação e Áreas Protegidas.
Conselho Estadual do Meio Ambiente
(CEPRAM).
Constituição do Estado da Bahia
Decreto n. 1046/1992.
Departamento de Estradas de Rodagem da
Bahia.
Diagnóstico dos municípios: Piemonte da
Diamantina.
Diário Oficial do Estado da Bahia.
Dimensões estratégicas da Bahiatursa.
Dinâmica sócio-demográfica da Bahia: 1980-
2000.
Diretoria de Cultura e Divulgação do Estado
da Bahia.
Estratégia turística da Bahia: 1991-2001.
Fortalecimento Institucional – Relatório do
Prodetur79
-Bahia.
Guia de Ecoturismo.
Índice de Desenvolvimento Econômico-Social
dos municípios.
Informações básicas dos municípios baianos.
Linha Verde: nova via, novo
desenvolvimento.
Oportunidades de Investimentos.
Pesquisa de demanda turística.
Plano de Desenvolvimento Integrado do
Turismo Sustentável (PDITS)
Plano de Trabalho do Desenvolvimento
Institucional.
Plano Plurianual 1996-1999.
Plano Plurianual 2000-2003.
Programa de Desenvolvimento Turístico da
Bahia.
Relatório da Oficina do Plano Nacional de
Turismo (PNT) em Morro do Chapéu.
Relatório do I Seminário de Turismo da
Chapada Norte.
Resolução n. 1.040 do CEPRAM.
Resolução n. 3.650 do CEPRAM.
Resolução n. 3.817 do CEPRAM.
11
1, 2, 3, 5, 6, 7,
8, 10, 12, 13 e
14
79
Programa de Desenvolvimento do Turismo.
Resolução n. 3.847 do CEPRAM.
Roteiros ecoturísticos da Bahia.
Secretaria da Agricultura.
Secretaria da Indústria, Comércio e
Mineração.
Secretaria da Indústria, Comércio e Turismo.
Secretaria de Cultura e Turismo (do Estado da
Bahia).
Secretaria de Planejamento, Ciência e
Tecnologia (SEPLANTEC80
).
Secretaria de Energia, Transporte e Comércio.
Sistema de Investimentos Públicos em áreas
turísticas
Subespecialização Regional da Chapada
Diamantina.
Roberto Lobato
CORRÊA
Corporação e espaço: uma nota.
O espaço urbano.
Região e organização espacial.
Territorialidade e corporação: um exemplo.
Trajetórias geográficas.
8 1, 2, 5, 6, 10,
12, 13 e 14
Antônio Carlos Robert
MORAES
Contribuições para a gestão da zona costeira
do Brasil: elementos para uma geografia do
litoral brasileiro.
Geografia: pequena história crítica.
Ideologias Geográficas.
Meio Ambiente e Ciências Humanas.
8 1, 2, 4, 5, 6, 9,
10 e 13
Adyr Apparecida
Balastreri
RODRIGUES
A produção e o consumo do espaço para o
turismo: a problemática ambiental.
Desafios para os estudiosos do turismo.
Geografia do Turismo: novos desafios.
Geografia e turismo: notas introdutórias.
Percalços do planejamento turístico: o
Prodetur-NE81
.
Turismo e desenvolvimento local.
Turismo e espaço.
Turismo e espaço: rumo a um conhecimento
transdisciplinar.
Turismo e Geografia: reflexões teóricas e
enfoques regionais.
Turismo e meio ambiente: reflexões e
propostas.
Turismo e territorialidades plurais: lógicas
excludentes ou solidariedade organizacional.
Turismo, modernidade, globalização.
Turismo rural no Brasil: ensaio de uma
tipologia.
14 Todas
Impactos ambientais do turismo ecológico no 10
1, 2, 4, 5, 6, 7,
8, 9, 11 e 13
80
Originaram-se dela a Secretaria do Planejamento (SEPLAN) e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação
(SECTI). 81
Programa de Desenvolvimento do Turismo – Nordeste.
Dóris Van Meene
RUSCHMANN
Brasil.
Marketing turístico: um enfoque promocional.
Planejamento e meio de hospedagem turístico:
a proteção do meio ambiente.
Planejamento e organização territorial do
turismo.
Turismo e planejamento sustentável: a
proteção do meio ambiente.
Turismo no Brasil: análises e tendências.
Milton SANTOS
A natureza do espaço.
A rede urbana do Recôncavo.
A urbanização brasileira.
Da totalidade ao lugar.
Espaço e método.
Espaço e sociedade.
Estudos sobre Geogrfia.
Metamorfoses do espaço habitado.
O Centro da cidade de Salvador
O espaço do cidadão.
O retorno do território.
Pensando o espaço do homem.
Por uma economia política da cidade.
Por uma Geografia nova: da crítica da
Geografia a uma Geografia crítica.
Por uma outra globalização.
Técnica, espaço e tempo: globalização e meio
técnico-científico-informacional.
Tendências da urbanização brasileira no fim
do século XX.
Território e sociedade: entrevista com Milton
Santos.
Zona do Cacau: introdução ao estudo
geográfico.
13
1, 2, 3, 4, 5, 6,
8, 9, 10, 11, 12,
13 e 14
BAHIATURSA
A estratégia turística da Bahia
BAHIATURSA: 30 anos (1968-1998).
Cadastro de meios de hospedagem.
Costa do Dendê.
Costa dos Coqueiros: Linha Verde.
Estratégia turística da Bahia: 1991-2005.
Indicadores básico do turismo baiano.
O desempenho do turismo baiano
Plano de desenvolvimento turístico da
Chapada Diamantina: Circuito do Diamante.
Plano de desenvolvimento turístico da
Chapada Diamantina: Circuito do Ouro.
Plano de Manejo APA Marimbus-Iraquara.
PRODETUR.
Programa de Desenvolvimento Turístico da
Chapada Diamantina.
Programa de Desenvolvimento Turístico do
Estado da Bahia.
Proposta de zoneamento: apresentação
preliminar.
9 1, 2, 4, 5, 6, 8,
9, 11 e 14
2, 3, 5, 6, 8, 9,
Mário Carlos BENI
Análise do desempenho institucional do
turismo na administração pública.
Análise Estrutural do Turismo.
Estudo do turismo face à moderna Teoria dos
Sistemas.
Política e planejamento do turismo no Brasil.
10
11, 12, 13 e 14
BRASIL
Câmara dos Deputados: Agenda 21.
Comissão Executiva do Plano da Lavoura
Cacaueira.
Constituição da República Federativa do
Brasil.
Decreto Lei n. 9.760/1946.
Decreto n. 91.655. Criação do Parque
Nacional da Chapada Diamantina.
Lei Federal n. 9.985/2000.
Lei n. 4.771/1965.
Lei n. 6.938/1981.
Lei n. 7.347/1985.
Lei n. 7.661/1988.
Lei n. 9.985/2000.
Lei n. 11.428/2006.
Ministério da Educação e Cultura.
Ministério da Indústria, do Comércio de do
Turismo.
Ministério das Cidades: Estatuto da Cidade.
Novo Código Civil: Lei n. 10.406/2003.
Plano Nacional de Turismo 2007-2011.
Portal da Transparência.
Qualidade ambiental da Baía de Todos os
Santos.
Resolução n. 01 do Conselho Nacional do
Meio Ambiente (CONAMA).
Resolução n. 10 do CONAMA.
Resolução n. 341 do CONAMA.
Resolução n. 369 do CONAMA.
10
3, 4, 5, 6, 7, 8,
9, 10, 13 e 14
Ana Fani Alessandri
CARLOS
A cidade de São Paulo.
A (re)produção do espaço urbano.
As contradições do espaço.
Meio ambiente urbano e o discurso ecológico.
“Novas” contradições do espaço.
Novos caminhos da Geografia.
O consumo do espaço.
O lugar no/do mundo.
O turismo e a produção do espaço.
O turismo e a produção do não-lugar.
Repensando a geografia urbana: uma nova
perspectiva se abre.
8 4, 5, 7, 8, 10,
12, 13 e 14
Elaboração: SANTOS, 2016.
Fonte: Dissertações Pesquisadas.
No que se refere à área acadêmica dos “Referenciais Comuns” autorais, tem-se 5
geógrafos – 4 de formação (Adyr A. Balastreri Rodrigues, Roberto Lobato Corrêa, Antônio
Carlos Robert Moraes e Ana Fani A. Carlos) e 1 por titulação (Milton Santos, cuja formação
inicial é em Direito) –, 1 das Ciências Jurídicas (Mário Carlos Beni) e uma Turismóloga de
formação (Dóris Ruschmann). A coluna central do quadro identifica as obras/textos (autorais)
e documentos, leis, planos, programas, publicações etc. (governamental e institucional),
dando-nos uma dimensão do que foi utilizado pelos autores das dissertações para fundamentar
seus trabalhos.
Percebe-se que os geógrafos, a maioria dos “Referenciais Comuns”, são utilizados
de forma dupla: uma, na abordagem geográfica do turismo – a partir do espaço,
principalmente, mas também do território, do planejamento, entre outros conceitos e temas
correlatos, evidentes no uso de Adyr A. Balastreri Rodrigues, por exemplo. A outra, como
fundamentação das discussões no âmbito do turismo – evidentes, por exemplo, no uso maciço
de Milton Santos e de Roberto Lobato Corrêa. No caso dos autores fundamentalmente da área
turística, destaca-se entre as obras utilizadas aquelas voltadas ao planejamento e sua interface
com outros aspectos de importância, por exemplo, os ambientais (vistos em Dóris
Ruschmann); e o de turismo numa perspectiva sistêmica (de Mário Carlos Beni).
Para além desta contribuição dupla, cabe lembrar que os geógrafos presentes no
quadro atuam em áreas específicas da Geografia – o que ajuda a compreender, também, a
presença deles nos trabalhos analisados e em que aspectos teóricos eles se aproximam em
suas abordagens. Desta forma, Roberto Lobato Corrêa contribui para os estudos sobre o
Urbano; Antônio Carlos Robert Moraes contribui para a História do Pensamento Geográfico;
Adyr Apparecida Balastreri Rodrigues tem contribuição para a Geografia do Turismo; Milton
Santos contribui para o Espaço, numa perspectiva, concomitantemente, Urbana e Teórica; e
Ana Fani Alessandri Carlos contribui para os estudos do Espaço Intraurbano.
Bahia, Brasil e BAHIATURSA representam o complemento dos autores
supracitados, entendidos como o discurso oficial. Bahia, como referencial, serve de apoio
tanto à área geográfica quanto turística, o mesmo válido para Brasil. Um exemplo que integra
ambos é o PRODETUR, pensado tanto em nível nacional, mas também regional
(PRODETUR-NE) e estadual (PRODETUR-BA). O terceiro está voltado somente para o
turismo na Bahia. Há um problema na relação Bahia/BAHIATURSA, visto que alguns
autores misturaram ambos os referenciais em seus trabalhos – por exemplo, referenciando o
segundo como se fosse o primeiro. A isto se adiciona o caso da SEI, que nalguns trabalhos é
referenciada como o primeiro. Este fato gerou alguns problemas na elaboração final do
referido quadro, o que pode ter acarretado em alguma identificação errada dos mesmos.
Deste modo, não surpreende que os geógrafos sejam majoritários no conjunto dos
“Referenciais Comuns” das 14 dissertações aqui analisadas. A presença deles contempla
também o lado turístico (que tem autores conhecidos no Brasil e que escrevem sobre o tema
em suas diversas dimensões82
), abordando diretamente o tema e sendo utilizados na
compreensão e estudo do mesmo. Este fato já estava sinalizado quando da abordagem dos
Assuntos Gerais, conforme as discussões em torno dos Quadros 7 e 8 e da Tabela 4. Por fim,
salienta-se que são da Geografia as três autoras que não compuseram os “Referenciais
Comuns” das dissertações – por não terem atingido o mínimo de 8 menções entre as 14. Com
apenas 7 menções, elas são: Rita de Cássia Ariza da Cruz, Arlete Moysés Rodrigues e Luzia
Neide Menezes Teixeira Coriolano – a primeira e a última utilizadas neste trabalho com
abordagens da Geografia do Turismo (Capítulo 2.2.3).
Com a identificação dos “Referenciais Comuns” às dissertações, finaliza-se esta
segunda parte da monografia – que envolveu, também, a compreensão do universo de 14
pesquisas direcionadas ao Turismo (Turismo é Tema), num total de 254 trabalhos, e a sua
posterior e específica caracterização. De caracterização, também, da natureza temática das
pesquisas desenvolvidas e de elencar os procedimentos metodológicos empregados nas
mesmas (no que se refere a Métodos de Abordagem e de Procedimento e às Técnicas). Passa-
se às considerações finais, que encerra a proposta de contribuição teórica desta pesquisa e
averigua se o problema foi respondido e os objetivos alcançados.
82
Como já afirmado, existem muitos mais autores, tanto de Turismo quanto de Geografia, nas referências das
dissertações. Alguns deles, quando não visualizados distintamente nas tabelas internas da Tabela 5, é porque
estão inclusos entre os “Diversos” – apenas uma obra utilizada.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em um trabalho desta natureza não se pode falar em conclusão, por isso, a opção
foi trazer as considerações finais acerca do que fora pesquisado e encontrado. Até porque,
tendo o ano de 2015 como o limite do período estudado, no decorrer do presente ano de 2016
(e até o final dele) já foram defendidas algumas dissertações. Além disso, relembrando que o
período 2010-2019 ainda está em curso, a continuidade deste estudo ou trabalhos
complementares a este ainda poderão ser desenvolvidos. A caracterização geral do conjunto
das dissertações será feita considerando o equilíbrio dos elementos analisados e/ou a partir da
maioria simples (mais de sete trabalhos), e as considerações a serem apresentadas referem-se
a todos os elementos descritos na Introdução desta monografia – Título/Tema, Problema e
Objetivos Geral e Específicos –, assim como a aspectos relacionados à construção da mesma.
Deste modo, A Pesquisa em Turismo na Pós-Graduação de Geografia da
Universidade Federal da Bahia, no período compreendido entre 1997-2015, se mostra pouco
representativa no Programa de Mestrado – observado o fato de que a produção de dissertações
no POSGEO é, no geral, crescente. Tal afirmação resulta do baixo percentual de estudos
voltados estritamente para a temática do Turismo – evidenciado a partir das 14 dissertações
onde este é Tema Central –, representando apenas 5,5% de um total de 254 trabalhos. Um
aspecto que reforça tal realidade é que se sobressaem os anos nos quais não foram defendidas
dissertações voltadas diretamente para o Turismo, assim como de anos em que apenas uma
defesa foi realizada – ao mesmo tempo em que a produção máxima de trabalhos sobre o
mesmo foi de apenas três.
O fato de não existir, no Programa de Mestrado, uma clara menção à Geografia do
Turismo, pode contribuir para a baixa representatividade acima mostrada. Estes trabalhos
voltados para o Turismo inserem-se nas duas Linhas de Pesquisa do Programa, uma,
abordando-o na sua relação com a organização do espaço, e a outra, na sua relação com o
meio ambiente. São, dessa forma, estudos de Geografia do Turismo por estarem preocupados,
conforme as Linhas de Pesquisa, com as implicações espaço-territoriais e ambientais da
atividade. Não se pôde mostrar, em decorrência da proposta deste trabalho, semelhanças e
diferenças (em virtude das Linhas às quais estão ligados) entre os conteúdos das dissertações
analisadas.
Claro, ressalta-se, o acima dito refere-se aos trabalhos que foram diretamente
analisados nesta pesquisa – pois existe o segundo grupo de dissertações, onde o Turismo está
Explícito, cujo quantitativo de publicações é mais que duas vezes superior. Neste caso, o
turismo aparece como componente dos temas pesquisados, por sua relevância e pela relação
que estabelece com os mesmos (algumas mais fortes, outras nem tanto), mas não são centrais
neste trabalho. Contribuiria, sobremaneira, de forma quantitativa, para a constatação acima
referida da pesquisa em Turismo no POSGEO, se se pudesse comparar o conjunto das 14
pesquisas (de Geografia do Turismo) com as das outras áreas da ciência geográfica – Urbana,
Regional, Geografia Histórica, Agrária, Geomorfologia, Teoria da Geografia, Climatologia
etc. Entretanto, tal comparação não foi possível de ser realizada.
No que se refere ao problema de pesquisa, procurou-se responder à seguinte
questão: qual é a natureza temática e os aspectos metodológicos que caracterizam a pesquisa
em Turismo na Pós-Graduação de Geografia da Universidade Federal da Bahia, no período
1997-2015? Desdobrando essa questão em duas partes, faz-se uma correlação com os
Objetivos a serem alcançados. Assim, quanto à Natureza Temática que caracteriza a pesquisa
em Turismo (relacionando-se com o primeiro Objetivo Específico), são identificados os
assuntos gerais e os específicos (ou especificidade do objeto).
Quanto aos primeiros, nota-se uma diversidade de assuntos, os quais não
conformam algo comum (unidade) ao conjunto das dissertações analisadas – visto que estão
muito mais voltados à pesquisa empreendida. O principal assunto geral, Produção do Espaço,
é comum a apenas três dissertações – o qual é reforçado quando consideradas as principais
palavras-chave componentes dos trabalhos (Produção do Espaço, Desenvolvimento Local e
Turismo).
O caráter geográfico e turístico dos assuntos gerais é ratificado tanto pela
Produção do Espaço (que carrega consigo o conceito principal da Geografia e as categorias de
análise desta ciência), quanto pelo Turismo (a palavra-chave que caracteriza o conjunto das
14 dissertações), os quais, juntos, configuram os dois principais grupos de palavras-chaves
contidas nas abordagens das pesquisas. No que se refere aos assuntos específicos (ou
especificidade do objeto), os estudos voltaram-se para território baiano, com certo equilíbrio
entre os níveis/abrangência urbano/municipal e local, e são caracterizados pela concentração:
têm incidência principalmente litorânea e agregam poucos Territórios de Identidade e Zonas
Turísticas. Os locais focados, evidentemente, comprovam a preferência litorânea já atestada e
não são tão diversificados.
Essa preferência pelas áreas litorâneas – e no interior, pela Chapada Diamantina –,
nos estudos desenvolvidos, não ampliam a possibilidade de um maior conhecimento e acesso
ao que a atividade turística gera e provoca em outros espaços do estado. Levando-se em
consideração a existência de outras zonas turísticas, pensadas principalmente a partir das
particularidades e potencialidades de desenvolvimento e planejamento do turismo, julga-se
válido que se produzam estudos voltados para aquelas – e, ao manter-se com as já
tradicionalmente estudadas, que se revelem novos aspectos engendrados pela atividade ou as
transformações decorrentes nos antigos. Indo além de estudos cuja tônica é o levantamento de
potenciais recursos e atrativos, a ideia é que eles voltem-se para as implicações espaciais
decorrentes da atividade, identificando os contextos nos quais se inserem/inseriram;
relacionando com as diversas escalas de análise e os agentes envolvidos; e também, sem
deixar de ser um trabalho de Geografia do Turismo, na medida do possível, dialogando com
outras áreas do conhecimento.
Ressalva importante a ser feita, diante do afirmado, é que outras áreas,
municipalidades e cidades do estado já foram estudadas no POSGEO. Entretanto, por tais
dissertações pertencerem ao grupo onde “O Turismo está Explícito”, o peso da abordagem do
turismo é maior ou menor em relação ao tema pesquisado. Assim, sugere-se, inclusive
resgatando e ampliando trabalhos do mencionado grupo, que Zonas Turísticas como os Lagos
e Canyons do São Francisco, Vale do São Francisco, Caminhos do Oeste e Caminhos do
Sertão sejam alvos de estudos sob a perspectiva turística. Além da compreensão das
dinâmicas que envolvem a atividade nestes espaços, tais pesquisas podem ser desenvolvidas,
por exemplo, no contexto das cidades médias e pequenas neles existentes, e pelo fato de as 3
primeiras Zonas estarem no limite com outros estados – o que pode ser profícuo para o que se
pretender investigar.
A segunda parte do desdobramento do Problema de pesquisa volta-se para os
Aspectos Metodológicos, que, relacionados ao segundo Objetivo Específico, levam em
consideração os Métodos de Abordagem e de Procedimento empregados e as Técnicas
utilizadas nas dissertações. São, de modo geral, trabalhos caracterizados pelo não uso/menção
de um Método de Abordagem e a não-especificação direta de um Método de Procedimento,
cujas principais técnicas utilizadas foram as pesquisas bibliográfica e documental, a
observação, o questionário, o formulário e a entrevista. As análises figuram entre os
procedimentos mais mencionados no conjunto das dissertações, complementando aqueles que
são mais conhecidos.
O não uso/menção de um Método de Abordagem pode ser um indicativo da
dificuldade que os pesquisadores tinham e têm de associar os estudos a um deles. Como
alternativa dupla, o fizeram/fazem para fugir de críticas quanto ao uso inadequado de algum
destes métodos, ou deixando a cargo do leitor uma provável identificação dos mesmos – tendo
por base os referenciais teóricos utilizados e os objetivos e problemas que os envolve. Quanto
aos Métodos de Procedimento, embora se tenha uma não-especificação direta como
característica, não se pode deixar de mencionar que os especificados (Histórico-geográfico e
Comparativo, primeiramente, e Estudo de Caso e Estatístico, em seguida) apontam para o que
se lê nos manuais de metodologia – a não exclusividade no uso de um método. Quanto às
técnicas, por fim, são trabalhos que de modo geral mostram as etapas que caracterizam a sua
elaboração (de gabinete e de campo) e, pela diversidade das que foram utilizadas, são
enquadradas tanto como de Documentação Direta e Indireta e Observação Direta Intensiva e
Extensiva.
Quanto à identificação dos referenciais teóricos utilizados, eles são
majoritariamente geográficos a turísticos. Os “Referenciais Comuns”, como foram
denominados, são principalmente autorais – e os outros, que compõem as esferas
governamental e institucional, conformam o discurso oficial. Sendo geográficos, estes
referenciais cumprem duas funções para os trabalhos em que foram utilizados: primeiramente,
pelas abordagens do tema turístico a partir da perspectiva geográfica, onde o espaço é o
principal conceito utilizado. Depois, pelo fato de através de suas ideias ser possível realizar
abordagens sobre o Turismo – por exemplo, para se falar em produção do espaço turístico, é
preciso se pensar nos agentes que estão envolvidos na mesma, nas intencionalidades com as
quais essa produção é pensada e posta em prática e nas contradições que são inerentes a esse
processo.
Destacam-se entre os referenciais geográficos Milton Santos e Adyr A. Balastreri
Rodrigues – o primeiro por fundamentar muitos dos estudos sobre o Turismo, principalmente
sob a perspectiva espacial, e a segunda por sustentar os estudos voltados à Geografia do
Turismo. Não é por acaso que o primeiro é utilizado em 13 das 14 dissertações e a segunda,
em todas elas. Tais destaques merecem alguns questionamentos, que se complementam e
contribuem para pensar até que ponto os autores das dissertações têm conhecimento do que
está a fundamentar, de maneira geral, os seus trabalhos. O primeiro questionamento seria o
porquê de apenas um autor da Geografia do Turismo ser um “Referencial Comum” ao
conjunto dos trabalhos? O segundo, por que, entre estes Referenciais, está Milton Santos – um
crítico, entre alguns dos existentes, da Geografia do Turismo? Isto revela que este
desconhecimento seria, também, por parte dos orientadores à época dos estudos? E, se se
poderia relativizar o fato acima relatado, levando-se em conta que, em função da possível
influência das Linhas de Pesquisa, favorece-se o uso de um conjunto de autores voltados às
temáticas estudadas?
Entre os referenciais turísticos, tem-se Dóris V. M. Ruschmann, única entre os
citados com graduação na área e cujos temas têm uma inclinação ambiental, e Mário Carlos
Beni – cuja contribuição mais destacada é a da abordagem do turismo na perspectiva da
Teoria Geral dos Sistemas, onde aquele configura-se como um sistema aberto. Os referenciais
governamentais e institucionais também são importantes, pois neles se encontram
documentos, planos, programas etc. que são cruciais para o estudo de alguns dos temas
pesquisados nas dissertações – ao mesmo tempo que sustentam os autores tanto geográficos
quanto turísticos. Quanto ao discurso oficial, este é bastante utilizado se reparado o quadro
onde constam os “Referenciais Comuns” – e, diante disto, é preciso que se tenha um cuidado
com a sua excessiva utilização. Evita-se que, de maneira equivocada, e como relatado nos
estudos a respeito da definição do Turismo, que o institucional/governamental ocupe o que
deve ser feito a partir do âmbito acadêmico-científico.
Para contemplar, conjuntamente, os aspectos relacionados aos Métodos (de
Abordagem e de Procedimento) e ao Referencial Teórico utilizado (sobretudo os
“Referenciais Comuns”), ampliando-se, assim, a análise aqui empreendida, seria válida a
realização de entrevistas. Valendo-se de tal procedimento, buscar-se-ia entender o porquê da
existência de dissertações de mestrado que não usam/mencionam um Método de Abordagem
e não especificam os Métodos de Procedimento adotados. Também, qual o motivo de um
autor, crítico da Geografia do Turismo, ser um dos “Referenciais Comuns” ao conjunto das
dissertações, da mesma forma que, apenas uma autora é, entre os referenciais encontrados, da
referida área da Geografia. As entrevistas seriam direcionadas à Coordenação do POSGEO,
aos professores da disciplina de Metodologia e a ex-alunos do Programa (em especial, àqueles
onde os aspectos acima mencionados estão presentes). Entretanto, em função do tempo para a
preparação e execução do roteiro; da busca pelos possíveis entrevistados e da disponibilidade
dos mesmos; e para o tratamento e análise das informações coletadas e sua posterior
utilização neste texto, optou-se por manter as considerações aos aspectos observados no nível
em que se encontram.
Alguns dos autores utilizados como fundamentação teórica deste trabalho
contribuíram bastante, não só para o tratamento, organização e apresentação das informações
encontradas quando do levantamento das dissertações, mas também para uma mudança de
pensamento no que se refere a algumas ideias e conceitos nele discutidos. No que se refere ao
primeiro aspecto, outra possibilidade de contribuição ao tratamento das informações advindas
das dissertações seria a tese de doutorado de Castro (2006) – que identificou quatro grupos de
construto conceitual a partir da análise e tematização dos trabalhos por ela estudados.
Entretanto, por ter sido encontrado quase na finalização desta pesquisa, não pôde ser inserida
como procedimento, da mesma forma que foi feito com Rejowski (1996) e Galvão Filho
(2005) – a primeira, utilizada para propor os grupos de onde foram identificadas as 14
dissertações aqui analisadas; e o segundo, utilizado para a elaboração das Fichas-Resumo.
Quanto ao segundo aspecto, há de se destacar a contribuição teórica de alguns
autores no que se refere à relação da Geografia com o Turismo (a qual precisa de maior leitura
e aprofundamento). Na distinção trazida por Castro (2006), apoiando-se também em Adyr
Balastreri Rodrigues, entre Geografia do Turismo e Geografia Turística – o que leva à
convicção de que os elementos analisados nas dissertações configuram trabalhos de Geografia
do Turismo, porque preocupados com as implicações espaciais e ambientais da atividade. E,
também, nas contribuições de Pakman (2012).
O contato com este último autor permitiu que se repensasse o posicionamento
adotado no uso da OMT como referencial para determinação conceitual, em nível de estudos
teóricos e acadêmicos, do que seja turismo – prática iniciada e adotada nas leituras ainda na
graduação de Turismo e Hotelaria, a partir de alguns autores que também o fizeram em seus
textos. Os argumentos dele sobre o fato de se usar, errônea e/ou equivocadamente, a definição
deste órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) para satisfazer algo que deve ser
realizado em âmbito acadêmico, são esclarecedoras e ajudam numa mudança de atitude. Vale
dizer, por fim, que os referenciais encontrados, no que se refere à abordagem do turismo
numa perspectiva exclusivamente Geográfica, não são tidos como únicos. É bem provável que
outros existam, mas, por não terem sido disponibilizados na Internet, não foram utilizados.
Além das dificuldades naturais que envolveram a construção deste trabalho,
outros elementos dificultadores devem ser mencionados. Inicialmente, o levantamento das
dissertações existentes no POSGEO e a posterior identificação e utilização das que serviriam
ao propósito do trabalho. Não pelo quantitativo em si, mas pelas restrições ao acesso à sala
onde elas se encontram (na secretaria do Programa) – algumas compreensíveis, outras nem
tanto – agravadas pela inexistência de exemplares na biblioteca do IGEO ou Central.
Inclusive, uma das dissertações só foi conseguida com o autor da mesma, já que não tem um
exemplar dela em nenhuma das bibliotecas e na mencionada secretaria. O horário de
funcionamento da secretaria do POSGEO foi um grande empecilho ao andamento da
pesquisa.
Outro elemento dificultador foram os problemas encontrados nas dissertações
analisadas (principalmente no que se refere ao rigor normativo): desatenção quanto aos
esclarecimentos e diferenciação entre Métodos de Procedimentos e Técnicas e o uso de outros
sem uma maior explicação do que são – apenas mencionando-os; erros na formatação das
referências por eles utilizadas, dificultando, por exemplo, a identificação dos autores;
sumários extensos em algumas dissertações e com mais de um parágrafo, tornando mais
exaustiva a transcrição dos mesmos para as Fichas-Resumo.
Ao fim de todas essas considerações, (re)afirma-se que o problema de pesquisa foi
satisfatoriamente respondido e que os objetivos, tanto geral quanto específicos, foram
alcançados. Que fica para estudos posteriores, como possibilidade, a já mencionada
comparação da produção em Geografia do Turismo com as das outras áreas da Geografia –
algumas das quais muito mais representativas do próprio POSGEO. Que, espera-se,
realmente, que este trabalho contribua tanto para a Geografia quanto para o Turismo, como
mais uma evidência da proximidade que estas duas áreas possuem. Que possa servir de
referência e apoio a outros trabalhos, de ambas as áreas. E, finalmente, por não ser conclusiva,
que há a possibilidade de que esta pesquisa continue nos níveis acadêmicos superiores
(mestrado e doutorado), especificamente voltada para o Turismo – contemplando assim os
estudos desenvolvidos em outras áreas do conhecimento (incluindo a aqui trabalhada), tanto
em nível municipal quanto em nível estadual.
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APENDICE A – QUADRO DE PROFESSORES DO POSGEO
PROFESSORES PERMANENTES
Alcides dos Santos Caldas
Alisson Duarte Diniz
Angelo S. Perret Serpa
Antônio Ângelo Martins da Fonseca
Antonio Puentes Torres
Catherine Prost
Cristóvão de C. da Trindade de Brito
Dária Maria Cardoso Nascimento
Emanuel Fernando Reis de Jesus
Gilberto Corso Pereira
Gilca Garcia de Oliveira
Gisele Mara Hadlich
Guiomar Inez Germani
José Antônio Lobo dos Santos
Junia Kacenelenbogen Guimarães
Marco Antônio Tomasoni
Maria Auxiliadora da Silva
Noeli Pertile
Pedro de Almeida Vasconcelos
Vitor de Athayde Couto
Wendel Henrique Baumgartner
PROFESSORES COLABORADORES
Barbara-Christine Nentwig Silva
Creuza Santos Lage
Júlio César de Sá da Rocha
Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva
PROF. PESQUISADORES ASSOCIADOS
Clímaco César Siqueira Dias
Heraldo Peixoto da Silva
Neyde Maria Santos Gonçalves
APENDICE B – ESTRUTURA CURRICULAR DO MESTRADO
ATIVIDADES OBRIGATÓRIAS
Tirocínio Docente
Pesquisa Orientada
Dissertação
DISCIPLINAS OBRIGATÓRIAS
Teoria e Método em Geografia
Seminários de Pesquisa Orientada
DISCIPLINAS OPTATIVAS GERAIS
Técnicas da Pesquisa em Geografia
Cartografia Temática: concepção e análise de mapas
Ensino de Geografia
Fenomenologia da Paisagem
Geopolítica Brasileira e Ordenamento do Território
Implicações das redes técnicas na constituição do território brasileiro
O Espaço Geográfico na Literatura
Planejamento Territorial
Tópicos Especiais: a depender do Planejamento Acadêmico Semestral
Técnicas da Pesquisa em Geografia
DISCIPLINAS OPTATIVAS: LINHA ANÁLISE URBANA E REGIONAL
Organização do Espaço Regional
Organização do Espaço Rural
Organização do Espaço de Salvador e sua Área Metropolitana
Produção do Espaço. Leituras Geográficas
Tópicos Especiais: a depender do Planejamento Acadêmico Semestral
DISCIPLINAS OPTATIVAS: LINHA ESTUDOS AMBIENTAIS E ANÁLISE DO
TERRITÓRIO
Organização do Espaço Regional
Organização do Espaço Rural
Organização do Espaço de Salvador e sua Área Metropolitana
Produção do Espaço. Leituras Geográficas
Tópicos Especiais: a depender do Planejamento Acadêmico Semestral
Organização do Espaço Regional
APENDICE C – GRUPOS/LABORATÓRIOS DE PESQUISA DE
GEOGRAFIA
Laboratório de Estudos Ambientais e Gestão do Território (LEAGET)
Laboratório de Análise Urbano-Regional (NUAGEO)
Laboratório de Geografia dos Assentamentos Rurais (GEOGRAFAR)
Laboratório de Geografia Urbana e Regional (GEUR)
Laboratório de Produção do Espaço Urbano (PEU)
Laboratório Estado, Desenvolvimento e Território (LESTE)
Laboratório de Cartografia (LACAR)
Laboratório do Núcleo de Estudos Regionais e Agrários (NERA)
APÊNDICE D – FICHAS-RESUMO DAS DISSERTAÇÕES ONDE O
TURISMO ESTÁ EXPLÍCITO
Título: Recôncavo de Camamu: identidade regional e perspectivas. Ano: 1998 1
Autora: Lorisa Maria Pinto AZEVEDO Orientador: Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva
Resumo: A dissertação intitulada Recôncavo de Camamu: Identidade Regional e Perspectivas busca construir
um referencial acadêmico para conhecimento mais aprofundado da região. Para tanto, estuda a
evolução e organização espacial, analisa a dinâmica regional presente e avalia as tendências que se
esboçam para ressaltar a problemática atual e encaminhamentos possíveis.
Para efeito do estudo, considerou-se como Recôncavo de Camamu a região constituída pelos
municípios de Camamu, Igrapiúna, Ituberá e Maraú, municípios esses banhados pelas águas da baía
homônima.
A dissertação é estruturada em quatro capítulos, além da Introdução e Conclusão. Inicialmente,
abordam-se fundamentos teóricos e metodológicos para embasamento do estudo (Capítulo 2). Toda a
caracterização regional correspondente ao entorno da Baía de Camamu é objeto do Capítulo 3, ao
qual se segue com destaque proposital, a análise da dinâmica regional presente (Capítulo 4). Com
base em tais subsídios é que se conceberam possíveis saídas, com alternativas de encaminhamento
para a questão regional.
Palavras-Chave: Região. Identidade Regional. Dinâmica Regional.
O Turismo na dissertação: Menção no Capítulo 3.1, 4.6 e principalmente no Capítulo 5.
Título: Qualidade e gestão ambiental na Bacia do Jaguaribe – Bahia. Ano: 1999 2
Autor: Ruy Muricy de ABREU Orientadora: Creuza Santos Lage
Resumo:
Esta pesquisa tem como objetivos básicos o estabelecimento da qualidade ambiental e a conseqüente
indicação de propostas para a gestão ambiental da Bacia do Jaguaribe, que se encontra localizada no
município de Salvador-Ba. Assim sendo, nos utilizamos de pressupostos oriundos da Teoria Geral dos
Sistemas, bem como dos conceitos dela decorrentes, encontrados nas abordagens geossistêmica e
ecodinâmica relacionando-os à qualidade de vida urbana. O presente trabalho está organizado em três
eixos principais, a saber: 1) um diagnóstico ambiental, em que são considerados, separadamente, os
aspectos biofísicos (potencial geoecológico) e aqueles de natureza sócio-econômica (sócio-
espacialidade); 2) uma etapa de análise ambiental, em que são realizadas integrações entre as
variáveis biofísicas e antrópicas culminando com o estabelecimento da qualidade ambiental da bacia
de estudo; 3) o estabelecimento de um zoneamento ambiental e conseqüentes propostas de gestão do
meio ambiente. O estudo revelou um preocupante estado de degradação dos recursos ambientais da
Bacia do Jaguaribe com tendência de agravamento futuro, caso não sejam realizadas as intervenções
necessárias. Apesar da identificação de questões relacionadas a conjunturas mais amplas vivenciadas
pelo País, como a falta de moradia para camadas mais pobres, desemprego, exclusão social da maioria
da população, entre outras, que trazem rebatimentos nos planos regionais e municipais, podemos
enumerar os seguintes problemas ambientais na área de estudo: intenso processo de favelização;
supressão indiscriminada da cobertura vegetal e suas repercussões no complexo geoecológico;
poluição dos recursos hídricos (fluviais e marinhos), devido a falta de saneamento básico; degradação
ambiental causada pela operação do lixão de Canabrava; ocupação ou intervenção antrópica em áreas
de preservação ambiental (dunas, mangues, margens de rios, etc.); carência de infra-estrutura urbana e
social, entre outros. Desta forma, o modelo sistêmico adotado na pesquisa favoreceu uma visão de
conjunto necessária à hierarquização e à espacialização dos problemas ambientais, permitindo a
identificação de estratégias necessárias à gestão ambiental da referida área.
Palavras-Chave: Bacia Hidrográfica. Qualidade Ambiental. Meio Ambiente.
O Turismo na dissertação: Menção no Tópico 2.2.2.2 e Capítulo 4.1.
Título: O Centro Histórico de Salvador e os discursos para montagem dos
cenários. Ano: 2000 3
Autora: Tania Regina Braga dos SANTOS Orientadora: Maria Auxiliadora da Silva
Resumo:
A trama dos discursos pretéritos e atuais que contribuíram para a requalificação sócio-espacial do
Centro Histórico da cidade do Salvador-Bahia, é o tema abordado nessa Dissertação de Mestrado.
Para chegar-se a um veredicto sobre as questões suscitadas, analisou-se os discursos que contribuíram
para a estigmatização e conseqüente expropriação dos moradores, além de também, buscar respostas
no recentíssimo discurso da apropriação do espaço pela atividade econômica do turismo. Levando-se
em conta a importância crucial da requalificação sócio-espacial do Centro Histórico para a
dinamização da economia baiana, a pesquisa ainda explicita as imbricações da reforma do ponto de
vista social, econômico e político, a partir do momento em que, considera as transformações como
reflexos de elucubrações aprioristicamente condicionadas na dimensão mental dos seus planejadores.
Palavras-Chave: Discursos Sócio-espaciais. Centro Histórico da Cidade do Salvador-Bahia.
Requalificação Sócio-espacial.
O Turismo na dissertação: No Resumo, menção no Tópico 3.2.2, abordagem no Capítulo 4.
Título: Cidade Alta em alta? Circuitos e cenários das dinâmicas comerciais no
Centro Velho de Salvador. Ano: 2000 4
Autora: Noora Maria HEINONEN Orientador: Pedro de Almeida Vasconcelos
Resumo:
O presente trabalho pretende analisar os circuitos e cenários das dinâmicas comerciais atuais da
Cidade Alta de Salvador, antiga zona comercial “nobre” que, após várias fases sucessivas de
desenvolvimento nas últimas décadas, ainda hoje constitui a zona comercial mais densa da cidade. No
nível prático, nosso objetivo é caracterizar as dinâmicas atuais do comércio varejista da área a partir
de três fatores interligados na formação das dinâmicas: organização das empresas; características
pessoais e profissionais dos comerciantes; percepções e opiniões dos mesmos. No nível teórico,
pretendemos discutir a validade das teorias dualistas das economias urbanas do Terceiro Mundo,
através dos resultados empíricos deste caso específico de uma área total, a Cidade Alta, que engloba
dentro de si estruturas comerciais a priori modernas – shopping centers – e tradicionais – as ruas
comerciais. Enfim, para reforçar o caráter pragmático da pesquisa, nosso objetivo é refletir sobre s
dificuldades e, por outro lado, as potencialidades da área.
A dissertação está estruturada em seis capítulos, além da introdução e da conclusão. Os dois primeiros
capítulos trazem discussões críticas, fundadas numa revisão da literatura, a primeira sendo teórica e a
segunda histórica e funcional. Os últimos quatro capítulos baseiam-se nos resultados da pesquisa de
campo, realizada em três etapas: mapeamento das atividades da área; levantamento das características
organizacionais das empresas comerciais; entrevistas com responsáveis das empresas comerciais.
As análises revelam uma Cidade Alta bastante heterogênea em todos os aspectos e internamente
hierarquizada. Os shopping centers e a Avenida Sete de Setembro representam a maior intensidade
das atividades e concentram as empresas de grande porte que servem de elo entre os espaços
comerciais. Apesar desta semelhança estrutural entre os shopping centers e certos trechos do
comércio de rua, os padrões locacionais e as estratégias das pequenas empresas, assim como as
características dos comerciantes traduzem uma dissociação dos espaços. A predominância das
pequenas empresas, a heterogeneidade quantitativa dos estabelecimentos, os problemas de infra-
estrutura e de segurança e a falta de dinamismo dos comerciantes de rua destacam-se como as
fraquezas da Cidade Alta. Por outro lado, o resgate da história, o leque extremamente variado de
atividades comerciais e serviços, e a localização num ponto de convergência dos transportes e na
proximidade de áreas turísticas deverão constituir as bases para o desenvolvimento futuro da área.
Palavras-Chave: Comércio Varejista. Área Central. Salvador da Bahia. Teorias Dualistas.
O Turismo na dissertação: no Resumo, menções em tópicos dos Capítulos e Tópico no Capítulo 6.2.
Título: Ilhéus, o porto e a crise regional. Ano: 2001 5
Autor: Paulo Rodrigues do SANTOS Orientador: Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva
Resumo:
Esta pesquisa volta-se para analisar as relações porto-cidade-região com o objetivo de elucidar os
fatores determinantes para a crise do porto de Ilhéus e busca avaliar sua condição, no contexto da
crise regional, de servir como fator de revitalização da economia local/regional. Combinou-se a
pesquisa quantitativa e qualitativa em Geografia com a articulação dos métodos procedimentais
histórico, estatístico, comparativo e cartográfico. A perspectiva de conceber o espaço como uma
estrutura é o princípio metodológico básico de ordenação do trabalho. A coleta quantitativa de dados
foi realizada junto à sede da Codeba em Salvador, no Centro de Documentação e no setor de
Estatística dessa instituição. Dados foram também obtidos juntos à Ceplac em Ilhéus. Os dados
qualitativos foram levantados a partir da aplicação de técnicas de trabalho de campo, como a
observação em Geografia, e a realização de entrevistas abertas e semi-estruturadas, com segmentos da
comunidade portuária de Ilhéus, com moradores de áreas impactadas pelo implemento do porto e de
áreas impactadas por operações portuárias. Pessoas de diversos segmentos da sociedade local foram
entrevistadas em função de temas como a lavoura cacaueira, o turismo, a crise regional, o bi-pólo
Ilhéus-Itabuna. A análise dos dados obtidos na pesquisa demonstrou ser a crise do porto de Ilhéus, no
que diz respeito à relação porto-cidade, decorrente de sua configuração a um modelo portuário
solidário ao regime de acumulação do Fordismo Periférico e, no que se refere à sua condição de fixo,
á sobre-determinação da crise do Sistema Portuário Nacional. Explicitou-se, no decorrer da análise, a
conformação regional ao modelo de Desenvolvimento a Qualquer Custo com graves conseqüências,
em nível local e regional, em termos ambientais, e a presença de contrições pontuais ao
desenvolvimento econômico e social regional: aspectos básicos de uma transição na economia
regional de um modelo econômico monocultor para uma estruturação mais complexa desta economia
que remete à necessidade regional de se auto-organizar em prol da endogeneização do controle do
processo econômico regional.
Palavras-Chave: Porto. Desenvolvimento. Globalização. Governança. Crise Regional. Impactos
Ambientais.
O Turismo na dissertação: No Resumo, menções nos Capítulos 5.2, 5.3 e 6.3 (principalmente este
último).
Título: Estudos de custos e benefícios em projetos ambientais sustentáveis nos
municípios que delimitam o Parque Nacional da Chapada Diamantina Ano: 2001 6
Autora: Delza Rodrigues de CARVALHO Orientadora: Creuza Santos Lage
Resumo:
A análise convencional de custo-benefício tradicionalmente considera, na avaliação de projetos,
apenas um único objetivo, o desenvolvimento econômico. Geralmente, os benefícios e custos são
avaliados através de valores de mercado. Para o processo de tomada de decisão, muito pouca
informação é tomada a respeito dos impactos ambientais, sociais, efeitos secundários e conseqüências
distributivas de projetos de desenvolvimento.
A nova proposta para a análise de custo-benefício representa um movimento na direção do enfoque
multiobjetivo. Este trabalho resume e discute esta nova abordagem, enfatizando as alternativas para a
avaliação de efeitos intangíveis (qualidade ambiental), benefício secundários (especialmente na área
de desenvolvimento regional) e impactos distributivos (sobretudo na área social), nos municípios
localizados na área do Parque Nacional da Chapada Diamantina.
Como resultado, o processo de tomada de decisão se torna mais amplo e transparente, embora
continue ainda subjetivo, facilitando a análise de troca entre objetivos diferentes e usualmente
conflitantes.
Palavras-Chave: Avaliação de Projetos. Análise de Custo-benefício. Qualidade Ambiental.
Desenvolvimento Regional. Efeitos Sociais.
O Turismo na dissertação: Tópicos nos Capítulos 2, 3 e 4.
Título: Morro de São Paulo/Cairu-Bahia: uma decodificação da paisagem
através dos diferentes olhares dos agentes socioespaciais do lugar. Ano: 2002 7
Autora: Luciana Cristina Teixeira de SOUZA Orientador (a): Angelo Szaniecki Perret Serpa
Resumo:
O presente estudo propõe analisar em que nível se dá a apreensão da comunidade do povoado de
Morro de São Paulo em relação aos impactos ou transformações observadas no local a partir da
inserção do turismo no lugar, partindo da problemática que a percepção espacial não ocorre de forma
isolada do contexto de uma atividade globalizada como é o turismo, ao contrário, esta passa a ser re-
qualificada para o atendimento da reprodução social daquela atividade. Para tanto, buscamos um
cruzamento teórico-metodológico para a interpretação dos processos observados a priori no objeto de
estudo, onde procuramos estabelecer mediatizações entre as correntes fenomenológica e a dialética,
relativizando-as na discussão de alguns dos seus conceitos. A paisagem, aqui, foi a categoria de
análise eleita por conter um potencial comunicativo para além da sua percepção visual ou das formas
e objetos, cujos resultados alcançados, revelaram-se extremamente interessantes, culminando com a
construção de uma metodologia qualitativa, através da qual tentamos superar a análise parcial do fato
geográfico sem cair nos extremos do determinismo histórico ou do idealismo fenomenológico. O
turismo revela-se como fenômeno multifacetado e não meramente como atividade econômica
potencialmente forte, como é visto comumente pelos órgãos de planejamento público e pelos setores
privados. Desta forma, constatamos que se torna necessário re-avaliar o modelo de desenvolvimento
turístico implantado e refletir sobre uma outra racionalidade baseada nos princípios de
desenvolvimento humano, levando em conta não só a percepção e os anseios da população local,
como também a sua conseqüente participação nas tomadas de decisão locais.
Palavras-Chave: Turismo. Percepção. Território. Espaço Vivido.
O Turismo na dissertação: No Resumo e nas Palavras-Chave, e nos Capítulos, especialmente no
Capítulo 3 e tópicos no Capítulo 4.5
Título: Itaparica, do auge à decadência: trajetória da primeira estância
hidromineral do Brasil. Ano: 2002 8
Autor: Edno Alves SANTANA Orientadora: Bárbara Christine Nentwig Silva
Resumo:
Este trabalho foi feito com o objetivo de analisar o processo de ascensão e degradação sócio-
econômica do município de Itaparica desde os primeiros instantes da sua colonização até os dias
atuais, buscando demonstrar como as autoridades públicas federal, estadual e municipal,
comportaram-se nos diversos momentos abordados. Levando-se em conta que mesmo nos momentos
importantes do ponto de vista turístico ou mesmo residencial, a população mais carente nunca teve o
atendimento das autoridades ditas competentes, através de políticas públicas eficientes e voltadas para
atender exclusivamente à mesma por não exercerem poder de pressão diante dos governantes. Por
outro lado, procuramos demonstrar mais claramente que a ocupação do espaço dito urbano pelo Poder
Local, é uma assertiva contraditória tendo em vista que presenciamos atividades rurais em diversas
partes do município. Assim, o descaso com os menos favorecidos sempre foi uma marca na evolução
política, econômica e sócio-espacial do município.
Palavras-Chave: Políticas Públicas. Exclusão Social. Espaço Urbano. Espaço Rural. Organização
Sócio-espacial. Turismo.
O Turismo na dissertação: no Resumo, nas Palavras-chave e abordagem no Capítulo 5
Título: Carnaval de Salvador: mercantilização e produção de espaços de
segregação, exclusão e conflito. Ano: 2002 9
Autor: Clímaco Cesar Siqueira DIAS Orientadora: Maria Auxiliadora da Silva
Resumo:
O carnaval moderno de Salvador sucede ao entrudo no final do século XIX, adotando, de início,
modelos importados dos carnavais europeus. Entretanto, mesmo nessa fase, já conseguia imprimir sua
marca através das entidades que vinham à rua trazendo motivos africanos e que, mais tarde, seriam
conhecidas como Afoxés.
Ao longo do século XX, o carnaval foi incorporando as mais variadas manifestações culturais do
lugar, embora isso sempre tivesse sido motivo de intensas disputas de classes e de etnias. Por isso, é
possível afirmar que a festa, mesmo expressando as mais legítimas representações dos habitantes da
cidade, sempre foi um palco de intensos conflitos que resultavam em exclusões e segregações,
principalmente da população pobre e negra. A depender de fatores políticos, econômicos e de
apropriação das técnicas, no carnaval sempre se alternaram momentos em que esses conflitos se
davam com maior ou menor intensidade.
Esta pesquisa tem como objeto de análise o período que abrange desde meados da década de 1980 até
o momento atual, tendo essa escolha devido-se, basicamente, ao fato de que é nesse período que se
aguçam vários conflitos decorrentes do crescimento exponencial da festa e da sua crescente
transformação em espaço mercantil.
A definição do turismo como prioridade governamental e a expansão dos espetáculos urbanos como
forças econômicas e simbólicas de uma conjuntura denominada pós-moderna, foram também
decisivos para que o carnaval de Salvador se transformasse num dos maiores espetáculos do mundo.
Entretanto, essa transformação foi acompanhada de uma lógica que impeliu à exclusão muitos
segmentos da população, de forma muito mais intensa do que no passado, pelo fato de os grupos
econômicos ligados à produção cultural, os segmentos ligados ao trade turístico e o poder público
estadual e municipal terem se tornado os principais produtores desse espaço, adotando um modelo
homogeneizador que fragmentou o espaço carnavalesco de tal forma, que a própria dimensão da festa
e a sua pluralidade estão definitivamente ameaçadas.
Palavras-Chave: não possui.
O Turismo na dissertação: No Resumo, menções no “Capítulo 1”, abordagem no “Capítulo 2”,
menção em tópico do “Capítulo 3” e no “Capítulo 4”.
Título: Natureza, significados e impactos das romarias de Bom Jesus da Lapa-
Bahia. Ano: 2004 10
Autor: Jânio Roque Barros de CASTRO Orientador: Angelo Szaniecki Perret Serpa
Resumo:
No presente trabalho, objetiva-se analisar sob a ótica da Geografia da Religião os significados das
Romarias e seus impactos no espaço urbano de Bom Jesus da Lapa, a partir da atuação e vivência dos
romeiros, dos moradores envolvidos com o fenômeno religioso e dos comerciantes. Os santuários se
constituem em lugares especiais para os crentes católicos que se deslocam para estes espaços
devocionais para se sentirem mais perto de Deus e ao mesmo tempo procurarem solucionar problemas
da vida cotidiana, constituindo-se assim em lugares de busca, chegada e transcendência, diferindo
portanto dos espaços profanos. As cidades-santuário são consideradas unidades urbanas cuja dinâmica
é impulsionada direta ou indiretamente por romeiros que, apesar de serem atores sociais do tempo
efêmero, são os principais agentes modeladores e dinamizadores. Os conceitos de espaço sagrado e
lugar sagrado norteiam o enfoque geográfico adotado para análise da expressão espacial do fenômeno
religioso na cidade em estudo, notadamente no tempo sagrado das grandes festividades religiosas.
Para a consignação dos objetivos propostos procurou-se trabalhar com dados primários, secundários,
trabalhos de campo e entrevistas utilizando as contribuições da metodologia qualitativa. Buscou-se
fazer uma leitura do perfil sócio-econômico dos romeiros que visitam, periodicamente, a cidade de
Bom Jesus da Lapa em busca das grutas situadas no morro consideradas lugares sagrados, bem como
entender as práticas religiosas desses peregrinos e os principais impactos do sagrado no arranjo
espacial da área urbana, que teve a sua gênese ligada às peregrinações ao Santuário para onde
convergem milhares de religiosos há mais de três séculos. O estudo comprovou a existência de duas
cidades: uma tranqüila, que pouco se diferencia de outras unidades urbanas do interior baiano, e outra
fervilhante, durantes as Romarias quando milhares de crentes se alojam na área urbana para visitar os
seus lugares sagrados de devoção, dinamizando o comércio local.
Palavras-Chave: Espaço Sagrado. Lugar Sagrado. Romarias. Tempo Sagrado. Romeiros.
O Turismo na dissertação: menções nos Capítulos 3, 4, 5 e 6.
Título: Organização socioespacial e transformações socioeconômicas do Núcleo
JK/Mata de São João/Camaçari/Bahia. Ano: 2004 11
Autora: Antônia Eloísa BRASIL Orientador: Angelo Szaniecki Perret Serpa
Resumo:
Este trabalho realiza um estudo geográfico da produção do Núcleo JK, situado a nordeste da cidade
de Mata de São João, nas proximidades de Salvador, Bahia, local de cultivos de verduras, frutas e
flores. Tem como objetivo, o estudo da sua organização socioespacial, ressaltando-se os aspectos das
interações internas e com os espaços do entorno. Enquanto área de produção agropecuária, faz uma
avaliação das alterações observadas desde sua fundação até a atualidade. Discute alguns fatos
anteriores à sua formação, destacando aqueles que contribuíram para a evolução de uma estrutura
agrária improdutiva. Analisa também os motivos que levaram o governo do Estado a intervir,
desapropriando terras e criando uma colônia constituída de pequenos estabelecimentos, voltados
principalmente para a produção agrícola. Dentro do tema busca fundamentação teórica no conceito de
território e termos derivados, tais como territorialidade, desterritorialidade e reterritorialidade.
Caracteriza o objeto e apresenta as questões da pesquisa, referindo-se ao conceito de espaço e
operacionalizando os de redes técnicas e sociais localmente identificadas. No entendimento do
processo de ocupação, aborda a formação do território, remetendo-se ao fenômeno das migrações para
focalizar as transformações contextualizadas histórica, política e socialmente, até as ocupações
recentes com os novos proprietários. Realiza um estudo da organização e das interações
socioespaciais do Núcleo JK com os espaços da cidade de Salvador e sua região, bem como com os
espaços de turismo do Litoral Norte. Chega à conclusão de que o NJK, apesar de espaço descontínuo
da Região Metropolitana de Salvador (RMS), dela é complementar por sua produção agropecuária.
Mas, ao mesmo tempo, encontra-se desarticulado e à margem dos recursos investidos no crescimento
econômico do setor turístico. Dessa forma, se reproduzem velas contradições da produção do espaço
social, engendradas pelos agentes governamentais e empresariais, cuja retórica se prende ao “discurso
da preservação ambiental”, indiferente ao fato de que a exclusão de muitos leva à regressão das
condições de vida da sociedade como um todo, sobretudo entre as camadas mais pobres e indefesas
das populações locais.
Palavras-Chave: Organização Socioespacial. Interações Socioespaciais. Território. Espaço. Redes
Técnicas e Sociais. Migrações.
O Turismo na dissertação: No Resumo e abordagem no Capítulo 5.5.
Título: Mudanças sócio-ambientais e desenvolvimento em Monte Gordo e
Guarajuba/Município de Camaçari-Bahia. Ano: 2006 12
Autora: Perpétua Maria Carvalho BRANDÃO Orientadora: Bárbara Christine Nentwig Silva
Resumo:
Este trabalho identifica as mudanças socioeconômicas e ambientais da vila da comunidade tradicional
pesqueira e agrícola de Monte Gordo, nos últimos 35 anos, relacionadas à urbanização de Guarajuba e
sua transformação como área de recreação, lazer e turismo, confrontando-as com as ideias de
desenvolvimento conforme as várias dimensões do de desenvolvimento implantado na região.
Contextualiza o município de Camaçari, o distrito e a vila de Monte Gordo, e a localidade de
Guarajuba, sob o ponto de vista histórico da ocupação, socioeconômico, dos aspectos culturais e
ambientais, e explica as inter-relações existentes e os impactos que atingem as duas áreas e suas
populações. Aborda os projetos de desenvolvimento local e a busca da comunidade de Monte Gordo
por sua inserção no mercado de lazer e turismo. Em seguida, lista alguns dos empreendimentos
imobiliários, novas indústrias e projetos turísticos implantados ou em implantação na área, a partir
dos quais é delineada uma prognose sobre alguns dos impactos que esses investimentos estão
provocando local e regionalmente.
Palavras-Chave: Mudanças Socioeconômicas. Meio Ambiente. Desenvolvimento. Comunidade
Tradicional. Monte Gordo. Guarajuba. Ocupação. Segunda Residência. Lazer. Veraneio. Turismo.
O Turismo na dissertação: No Resumo e nas Palavras-Chave, menções nos Capítulos e abordagem
nos Capítulos 2.3 e 2.4,
Título: O Recôncavo Baiano e o seu funcionamento técnico. Ano: 2006 13
Autora: Márcia Virgínia Pinto BOMFIM Orientador: Rubens Toledo Júnior
Resumo:
O presente estudo buscou uma interpretação das implicações da modernização no Recôncavo baiano a
partir do processo de difusão dos meios geográficos na região, com ênfase nos anos a partir de 1950,
período marcado pelo surgimento e expansão do meio técnico-científico-informacional. A região do
Recôncavo foi historicamente muito importante para se iniciar e sistematizar estudos referentes à
divisão espacial da produção brasileira.
Parte-se da genealogia da formação do território do Recôncavo, com ênfase nas sucessivas
implantações de redes técnicas, associadas a diferentes períodos históricos. Os diversos tipos de redes
técnicas se expandiram e ganharam ou perderam importância na medida em que se mudava a
configuração territorial da região estudada. Estas configurações também são condicionadas pela
presença ou pelas funcionalidades das diversas redes.
Como se objetiva a compreensão do Recôncavo à luz de um instrumental teórico atualizado, se fez
uso das teorias recentemente elaboradas por Milton Santos, que é autor de um clássico estudo sobre a
rede urbana que ora analisamos. A rede urbana tem suas funcionalidades sustentadas pelas infra-
estruturas, também chamadas de redes técnicas.
As redes, entendidas como constituintes do espaço geográfico, uma instância social que possui papel
ativo e condicionante sobre as demais instâncias. Para a compreensão do uso do território do
Recôncavo, analisamos sua evolução durante diversos períodos históricos, que resultou na presente
configuração e permitiu entender seu funcionamento atual, suas especificidades, diferenciações e
desigualdades
Palavras-Chave: Rede Técnica. Rede Urbana. Meio-Técnico-Científico-Informacional.
O Turismo na dissertação: Menções no Capítulo 3.1 e 3.3.
Título: Análise socioambiental do município de Morro do Chapéu-BA baseada
em geotecnologias. Ano: 2006 14
Autora: Jocimara Souza Britto LOBÃO Orientadora: Bárbara Christine Nentwig Silva
Resumo:
Este trabalho apresenta um estudo de caso do município de Morro do Chapéu-BA onde realiza-se
uma análise socioambiental, considerando-se variáveis bio-físicas e sociais. Fundamentado nos
princípios da ecodinâmica e da Teoria Geral dos Sistemas, a fim de se obter uma visão holística,
modelou-se à vulnerabilidade natural à erosão e o processo de antropização, com a finalidade de
compreender e quantificar a evolução da vulnerabilidade ambiental, caracterizar o quadro
socioambiental para o município, bem como tabular cenários de tendência e o cenário ideal para caa
um dos dezessete geossistemas delimitados. A metodologia aplicada baseou-se em modelagens
realizadas com geotecnologias, utilizando-se as técnicas de processamento digital de imagens
LANDSAT ETM+, Sistemas de Informação Geográficas (SIG); análises multiespectrais (IMP –
Inferência Média Ponderada) e de apoio à decisão (AHP – Análise de processos hierárquicos).
Obteve-se como principais produtos: um banco de dados organizado em arquitetura de SIG; a
quantificação do processo de evolução da vulnerabilidade ambiental; o mapeamento da antropização
do município; de distribuição de renda média familiar; a delimitação geossistêmica e sua
caracterização socioambiental; e, a proposição de cenários. Estes resultados além de diagnosticar e
analisar o quadro socioambiental no município, fundamentam a discussão da atuação dos três setores
sociais, e se propõem a subsidiar ações de planejamento e gestão local.
Palavras-Chave: Socioambiental. Geossistema. Geotecnologias. Vulnerabilidade Ambiental.
Antropização. Morro do Chapéu.
O Turismo na dissertação: Menções no Capítulo 5.1 e 5.2.
Título: Ações de planejamento urbano na Península de Itapagipe-Salvador/BA:
uma análise a partir da Geografia Humanístico-Cultural. Ano: 2006 15
Autora: Isabela Santos ALBUQUERQUE Orientadora: Creuza Santos Lage
Resumo:
Este trabalho analisa algumas ações do Planejamento Urbano concebidas para uma área expressiva da
Cidade de Salvador/BA: a Península de Itapagipe, através da percepção da população local,
considerando experiências e expectativas dos indivíduos acerca do seu espaço vivido. Elementos
marcantes e as principais imagens que as pessoas possuem do lugar em que vivem e da Península de
Itapagipe também são aspectos evidenciados. O referencial teórico-conceitual parte dos pressupostos
da Geografia Humanística, Cultural e da Fenomenologia, fundamentais para os trabalhos sobre
percepção ambiental. A metodologia característica de pesquisas qualitativas fundamentou-se no
estudo bibliográfico e documental; observação não-estruturada; participação de reuniões
institucionais ocorridas na área em foco; aplicação de questionários e mapas mentais; além da
realização de entrevistas com moradores representativos e técnicos planejadores. A análise proposta
possibilitou compreender a lógica das ações de planejamento concebidas, permitindo afirmar o caráter
pontual e concentrado das mesmas em bairros que possuem potencialidades, como: localização ao
longo da borda litorânea, beleza paisagística, patrimônio arquitetônico, dentre outras, capazes de
estimular o desenvolvimento da atividade turística. Além disso, constatou-se que a população não
vem sendo inserida efetivamente no processo de discussão acerca das intervenções pensadas.
Palavras-Chave: Planejamento Urbano. Península de Itapagipe. Percepção. Espaço Vivido. Imagem
Ambiental.
O Turismo na dissertação: No Resumo, menções em tópicos do Capítulos (principalmente nos
últimos).
Título: Análise socioambiental de Valença-BA. Ano: 2006 16
Autora: Cláudia Pereira de SOUSA Orientadora: Neyde Maria Santos Gonçalves
Resumo: A pesquisa tem como área de estudo o município de Valença-BA, com o objetivo de compreender a
dinâmica da paisagem e as configurações socioambientais existentes na atualidade. em um segmento
temporal de 2000 a 2005. A concepção teórico-metodológica foi embasada na Teoria Geral dos
Sistemas de Bertalanffy (1968), possibilitando a associação dos modelos de Bertrand – Geossistêmico
– (1971), Tricart – Ecodinâmico – (1974) e Monteiro – Derivações Antropogênicas – (1978), que
foram subsidiadas pelas categorias analíticas de Santos (1985), forma, função, processo e estrutura,
(1958). A utilização dos procedimentos e técnicas de geoprocessamento permitiu a elaboração do
mapa de suscetibilidade à erosão, obtendo-se assim a classificação das onze unidades de paisagem a
partir da inter-relação entre as variáveis geoecológicas (litoestrutura, compartimentação
geomorfológica, rede hidrográfica, pluviosidade, solos, cobertura vegetal, uso e ocupação do solo)
associados às variáveis socioeconômicas do Censo Demográfico do IBGE, 2000 (saneamento, renda e
escolaridade, bem como as observações de campo). Processadas estatisticamente, tornou-se analisar
os diversos graus de derivações antropogênicas intermunicipais, ratificando a inter-relação existente
entre a sociedade e a natureza, a partir da identificação de três geossistemas e seis geofácies em
diferentes estágios de evolução. Os resultados da pesquisa apontam para um processo de seletividade
socioespacial manifestado entre os distritos que compõem o município e problemas de ordem
socioambiental indicativos da necessidade de diretrizes que norteiem o planejamento municipal.
Palavras-Chave: Geografia Socioambiental. Derivações Antropogênicas. Geossistemas. Valença-
BA. Geoprocessamento.
O Turismo na dissertação: Tópicos no Capítulo 4.2 e 4.3.
Título: As implicações sócio-espaciais das romarias no espaço urbano e
regional de Milagres-BA. Ano: 2007 17
Autor: Wedmo Teixeira ROSA Orientador: Rubens Toledo Júnior
Resumo:
Práticas religiosas como as peregrinações/romarias indicam experiências humanas repletas de
significados, com nítida dimensão espacial, além de contribuir para a organização do espaço e
modificar a paisagem, ainda mais quando essas práticas sociais envolvem lugares com histórias de
milagres e aparições de Santos ou da Virgem Maria. Esse é o caso de Milagres, situado no extremo
oeste da Região do Recôncavo Sul e na Região Natural do Semi-Árido baiano, entre as cidades de
Feira de Santana e Jequié, ás margens da BR-116, que, apesar da dependência econômica em relação
a essa rodovia, é um centro de convergência de romeiros, com dimensão local e regional no Estado da
Bahia, com fluxo periódico de devotos que buscam lugares sagrados para manifestarem sua fé, o que
faz com que a cidade tenha uma significativa função religiosa. Este trabalho tem como objetivo
principal analisar, com base em uma abordagem cultural da Geografia, a dimensão espacial do
fenômeno religioso das romarias/peregrinações, a partir da vivência do sagrado, além de tentar
compreender até que ponto estas práticas devocionais repercutem na região e influenciam na dinâmica
urbana de Milagres – BA. Para a realização desta pesquisa utilizou-se aqui um arcabouço
metodológico que contou com o levantamento bibliográfico e documental, trabalho direto no campo,
a fim de vivenciar e conhecer melhor o fenômeno estudado, entrevista e análise dos dados coletados.
No período de romarias, Milagres se transforma, a dinâmica urbana ganha uma nova orientação, com
intenso fluxo de romeiros e visitantes, que se estende durante o primeiro semestre de cada ano e
adquire força nas festas religiosas, quando se (re)organiza o espaço e se altera o cotidiano urbano,
(re)criando formas e (re)funcionalizando-as para atender o visitante. No período sem romarias,
notadamente no segundo semestre do ano, o cotidiano da cidade é muito parecido com o de outros
núcleos urbanos da Bahia, voltando-se então para o tempo comum. As festas e práticas religiosas
como as romarias são manifestações culturais que ocorrem na área urbana e/ou rural num tempo
sagrado, num tempo que, para o homem religioso, é qualitativamente diferente do tempo cotidiano,
que tem valor significativo e consegue aproximar o homem comum de um campo de força divino,
imprimindo ao lugar das festas uma dinâmica diferente daquela praticada nos dias comuns, tornando-
o simbolicamente importante para os visitantes. O estudo da espacialidade do sagrado, das festas
religiosas, da vivência e práticas religiosas dos romeiros, trata do estudo de práticas sociais, da
importância dos lugares e símbolos sagrados e da experiência das pessoas com o espaço.
Palavras-Chave: Espaço Sagrado. Práticas Religiosas. Romarias. Geografia Cultural.
O Turismo na dissertação: No Resumo, Tópico no Capítulo 1, menções nos Capítulos seguintes
(especialmente no Capítulo 5.2).
Título: A Região de Amargosa: transformações e dinâmica atual (recuperando
uma contribuição de Milton Santos). Ano: 2007 18
Autor: Robson Oliveira LINS Orientador: Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva
Resumo:
A Região de Amargosa no Estado da Bahia, outrora de grande importância e dinamismo, vem
sofrendo transformações sociais, econômicas e políticas ao longo do século XX. A finalidade deste
estudo consiste no entendimento das questões atuais e pretéritas que permeiam a região de Amargosa
e como esta se enquadra diante de uma nova realidade nas mudanças na forma de produzir
principalmente, e nas relações no território baiano e brasileiro. Para tanto, o presente estudo toma
como base o trabalho realizado pela equipe do Laboratório de Geomorfologia e Estudos Regionais,
coordenado pelo professor Milton Santos, no ano de 1963, neste mesmo estudo o professor classificou
a região de Amargosa como uma “ilha de inércia”. Portanto, este estudo não procura somente fazer
um resgate histórico-bibliográfico, mas também consiste em uma nova análise de uma importante
porção do território baiano, até então pouco estudada, através de um estudo regional integrado, aliado
a um conjunto de informações relacionado à estrutura organizacional e funcional do espaço
geográfico, buscando particularizar a dinâmica inovativa que permeia esta região.
Palavras-Chave: Desequilíbrios Regionais. Produção do Espaço Regional. Cartografia.
O Turismo na dissertação: Tópicos no Capítulo 5.
Título: O meio natural na organização produtiva da população pesqueira
tradicional do município de Canavieiras/BA. Ano: 2007 19
Autor: Ricardo Augusto Souza MACHADO Orientadora: Bárbara Christine Nentwig Silva
Resumo:
A prática extrativista ainda mantém um papel fundamental na economia informal de diversos
municípios localizados no estado da Bahia. Esse contingente de trabalhadores informais é formado,
em sua grande maioria, por pessoas de baixa ou nenhuma escolaridade, dependentes das condições
naturais e da manutenção da qualidade de ecossistemas diversos. No contexto atual, essa atividade
encontra-se ameaçada pelo crescimento das cidades, pela expansão agrícola e pela implantação de
infra-estruturas e equipamentos, como estradas, barragens e complexos hoteleiros. Em todo o litoral
do Bahia, um número aproximado de 100.000 pessoas sobrevivem exclusivamente do extrativismo
realizado em áreas de manguezais e no seu entorno, sendo este um dos ecossistemas mais importantes
e mais ameaçados. Partindo dessa perspectiva, os objetivos centrais deste trabalho se concentram na
análise da organização produtiva da população pesqueira tradicional do município de Canavieiras,
suas relações com o ecossistema de manguezal e a determinação da importância da pesca para o
quadro sócio-econômico-ambiental do município. Durante mais de um século, Canavieiras se
destacou como um dos principais pólos produtores de cacau do Estado da Bahia, e, com o declínio
dessa atividade, vem buscando nas duas últimas décadas novas alternativas de desenvolvimento.
Contudo, as atividades desenvolvidas com o apoio de políticas públicas, principalmente as fazendas
de camarão e aquelas ligadas ao turismo, como barracas de praia, restaurantes, pousadas e hotéis, não
têm conseguido absorver uma parcela significativa da população economicamente ativa, além de
causarem impactos ambientais, especialmente ao ecossistema manguezal. Estes impactos influem
diretamente no trabalho diário da população local, que se vale dos recursos encontrados nos mangues,
no estuário e nas proximidades da costa, tendo ainda a concorrência predatória de embarcações
provenientes de outros municípios e até de outros estados do Brasil. O principal problema desta
concorrência é a utilização de métodos de captura com pouca seletividade, o que contribui para a
diminuição dos estoques naturais de pescado e a conseqüente diminuição do número de capturas e da
renda das famílias locais. Apesar de se configurar como um setor importante para o município,
aferido pelo número de pessoas que a têm como atividade principal ou complementar, a pesca
artesanal não dispõe de um plano de desenvolvimento integrado, que atue sobre a atividade como
setor de importância estratégica, tanto do ponto de vista econômico quanto da conservação da
biodiversidade local. Além disso, cumpre a função social de geração de emprego e renda.
Ambientalmente, o município se destaca por possuir uma das maiores áreas contínuas de manguezais
do estado, permeando 44 km de litoral, em uma área aproximada de 254 km², onde vivem 82% da
população, cerca de 29.000 habitantes.
Palavras-Chave: Pesca Artesanal. População Tradicional. Manguezal. Organização Produtiva.
Canavieiras.
O Turismo na dissertação: No Resumo, menções nos Capítulos 2.2, 2.3, 3.6 e 3.9.
Título: “Revitalização” da área do Comércio em Salvador-BA: a construção de
consensos sobre requalificação de áreas centrais urbanas. Ano: 2007 20
Autora: Jacileda Cerqueira SANTOS Orientador: Angelo Szaniecki Perret Serpa
Resumo:
A cidade constitui-se num fenômeno geográfico que, na medida em que é produzido pela sociedade,
tem a capacidade de refletir as características a ela inerentes, além dos processos espaciais
estruturadores provindos das relações ali existentes. O tema “requalificação de áreas centrais urbanas”
começou a ser discutido pela Geografia a partir da década de 1990, apear de já existirem
contribuições de outras disciplinas desde a década 1960 – quando se tornou uma tendência do
planejamento urbano. A aceleração do processo de expansão urbana da cidade do Salvador, a partir da
década de 1960, levou o lugar onde, até então, se desenvolveram atividades portuárias e
administrativo-financeiras a perder parte de suas funções para outras áreas da cidade e, com o
propósito de recuperar a dinâmica perdida, deu-se início a um processo que objetiva sua
requalificação. Sendo assim, o presente estudo analisa a importância da área central antiga de
Salvador para sua dinâmica espacial da cidade, bem como sua relevância econômica e cultural,
procurando compreender o mundo de ideias que gira em torno dos processos de requalificação de
áreas centrais urbanas, na medida em que, cada vez mais, há um direcionamento, em todo o mundo,
em função do retorno às antigas estruturas do espaço urbano que passam a ser consumidas, material e
ideologicamente, num contexto em que novos enfoques são dados à cidade e seus sub-espaços.
Palavras-Chave: Requalificação. Áreas Centrais Urbanas. Planejamento Urbano. Organização do
Espaço.
O Turismo na dissertação: Menções nos Capítulos, principalmente no Capítulo 4.
Título: Geografia e literatura: um elo entre o presente e o passado. Ano: 2007 21
Linha de Pesquisa:
Autora: Heloísa Araújo de ARAÚJO Orientadora: Maria Auxiliadora da Silva
Resumo:
A investigação da cidade do Salvador, a partir da Geografia e da Literatura, permite o recorte de
imagens produzidas em determinados tempos e contextos, realizando-se, assim, e neste trabalho, uma
análise do espaço do Pelourinho, como lugar de memórias, nas obras Suor e Jubiabá do escritor
baiano Jorge Amado, na década de 1930 e, hoje, durante o processo de requalificação, na história de
vida dos atuais moradores. Os estudos culturais vêm inaugurar um novo pensar e olhar sobre a
cidade... Correlacionou-se o olhar crítico e poético da cidade, captado por Jorge Amado, através da
apropriação do espaço percebido e sentido por ele, pois suas experiências semeiam memórias e
representações sobre este espaço. Investigou-se o espaço vivido pelos moradores da 7ª Etapa da
Requalificação, contrapondo o debate sobre o planejamento urbano, onde só nesta etapa puderam
participar. Diante do objetivo proposto, optou-se por uma metodologia de caráter qualitativo, sob a
forma documental, bibliográfica e de campo, pois parte-se do pressuposto que o lugar de memória é
aquele experienciado: dando àqueles sentimentos e significados. Os caminhos percorridos pelos
personagens da obra Suor coincidem com os da 1ª etapa de requalificação do CHS, e em Jubiabá,
com os da 4ª etapa, unindo passado e presente no cotidiano do Pelourinho. Com o estudo dessas
obras, conclui-se que não há uma única cidade: elas são múltiplas. Repensar as práticas de
requalificação, nas quais os desejos e os sonhos dos moradores são conhecidos, elevaria o homem à
condição de sujeito nesse processo. Trouxe-se uma dimensão multifacetada do Pelourinho e dos
sujeitos que o freqüentavam. Apresentou-se uma reflexão sobre a importância do lugar e do modo
com ele é percebido pelos moradores, turistas nacionais e estrangeiros e pelos órgãos públicos. Esta
pesquisa, ao percorrer os caminhos da interdisciplinaridade, visa a contribuir com o desenvolvimento
de outras tantas na linha da Geografia Humanística, bem como convidar os planejadores urbanos a
“vivenciarem” os lugares nos quais farão as intervenções. Experienciou-se, aqui, também, um
instigante e apaixonante novo desafio: a Geografia na Literatura.
Palavras-Chave: Geografia. Literatura. Pelourinho.
O Turismo na dissertação: No Resumo, menções nos Capítulos, com Tópicos nos Capítulos 2 e 3.
Título: A vegetação não transformação da paisagem do Dique do Tororó Ano: 2007 22
Autor: Estênio Enrique Ribeiro de OLIVEIRA Orientadora: Neyde Maria Santos Gonçalves
Resumo:
Esta dissertação visou refletir o processo de transformação da Paisagem do Dique do Tororó, espaço
de valor significativo para a história da cidade. O olhar se voltou, principalmente, para o tratamento
dispensado à vegetação ao longo do processo histórico. O recorte temporal da pesquisa compreendeu
o início do século XIX até o ano de 1998, ocasião em que foi realizado o último projeto de
requalificação da área. Para o entendimento dessas transformações, utilizou-se o conceito de
paisagem da Geografia Cultural, bem como as categorias de análise do espaço propostas pelo prof.
Milton Santos – estrutura, processo, função e forma. As pesquisas teóricas fora realizadas, na maioria
das vezes, em A Tarde, um dos maiores e mais antigo jornais do país. Ao longo do trabalho buscou-se
explicitar como se realizou o processo de inserção da vegetação no espaço público brasileiro, bem
como todo o potencial ecológico e biológico inerentes à vegetação a ser utilizada no espaço público
das cidades contemporâneas. A pesquisa buscou também, identificar a problemática da arborização
urbana. Outro ponto abordado voltou-se para o caso específico do uso da vegetação no espaço público
da Cidade do Salvador. Por último, algumas considerações foram abordadas visando chamar atenção
para o uso racional e/ou a inserção e manutenção do verde nas cidades contemporâneas. O trabalho de
campo foi realizado através de visitas sistemáticas ao espaço recortado da cidade no período de junho
a dezembro de 2006. Tal trabalho constituiu na aplicação de questionários, realização de entrevistas,
bem como leitura direta da paisagem.
Palavras-Chave: Paisagem Urbana. Vegetação Urbana. Espaços Públicos.
O Turismo na dissertação: Menções nos Capítulos 4 e 5.
Título: Apropriação da natureza e produção do espaço no Município de
Belmonte-Bahia. Ano: 2007 23
Autor: André Pereira dos SANTOS Orientadora: Bárbara Christine Nentwig Silva
Resumo:
O presente trabalho apresenta uma caracterização dos geossistemas que compõem o território dos
municípios de Belmonte e Canavieiras através do processo de apropriação da natureza e produção do
espaço geográfico. O referencial teórico de Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro foi utilizado para
a identificação dos geossistemas e para a compreensão do processo de apropriação da natureza. O
estudo da produção do espaço geográfico teve como base a teoria Lefebvreana contida na obra de Ana
Fani Alessandri Carlos. O trabalho se concretizou através de pesquisa histórica, levantamento de
campo e cartográfico. Seus principais resultados consistem na identificação de quatro geossistemas
primitivos e nove derivados, a identificação de períodos distintos de produção do espaço e diferentes
padrões de derivação da paisagem. Por fim, mostra que, o atual estado dos geossistemas denuncia a
existência de diferentes padrões de derivação antropogênica, configurando um processo de
fragmentação espacial, a e a importância do Estado como indutor destes padrões.
Palavras-Chave: Geossistemas. Produção do Espaço. Derivações Antropogênicas.
O Turismo na dissertação: Menções nos Capítulos 3 e 4. Tópico no Capítulo 5.
Título: Políticas territoriais do Estado da Bahia: regionalização e planejamento. Ano: 2008 24
Autor: Éder Júnior Cruz de SOUZA Orientador: Rubens Toledo Júnior
Resumo:
O presente trabalho visa realizar uma análise sobre a lógica utilizada pelo governo do estado da Bahia
na formulação de suas políticas territoriais e de suas regionalizações desde a década de 1950 até os
dias atuais, procurando analisar também os principais rebatimentos espaciais de tais políticas. Para
tanto optamos por realizar uma revisão bibliográfica sobre as regionalizações mais importantes nesse
períodos: Regiões Administrativas; Regiões Econômicas; Eixos Estaduais de Desenvolvimento e
Territórios de Identidade buscando vislumbrar tais regionalizações e políticas territoriais a partir dos
debates da Geografia sobre Território e sobre desenvolvimento. Por entendermos que a compreensão
sobre as políticas estaduais baianas perpassa pelo contexto nacional e internacional realizamos
também estudos sobre as visões preponderantes sobre planejamento; desenvolvimento territorial e
atuação estatal nesse período. Por fim, é realizada análise sobre as atuais políticas territoriais
nacionais, especialmente aquelas que versam sobre a Bahia, e suas congêneres estaduais a fim de
entendermos quais as principais perspectivas.
Palavras-Chave: Planejamento Regional – Bahia. Políticas Públicas – Bahia. Administração Pública
– Bahia.
O Turismo na dissertação: Menções nos Capítulos 3.2 e 4.1.
Título: Interesses na produção do espaço no litoral norte da Bahia:
Massarandupió e seu entorno. Ano: 2009 25
Autora: Maria de Lourdes Costa SOUZA Orientadora: Guiomar Inez Germani
Resumo:
Esta dissertação analisa a produção do espaço geográfico na porção costeira do Litoral Norte da
Bahia, materializada na complexidade do processo de ocupação da localidade de Massarandupió e seu
entorno, observando os diversos interesses que convivem e se conflitam dando forma e função a esse
espaço, em diferentes períodos, nas últimas quatro décadas, e em múltiplas escalas. A pesquisa se
desenvolve, na perspectiva da geografia como ciência social e crítica, por meio da análise
bibliográfica sobre o tema e sobre o referencial teórico metodológico adotado, bem como da
observação direta em campo, que conta com a realização de entrevistas, de oficinas de trabalho e da
aplicação de formulários entre os moradores. A questão central estudada – compreender como os
diversos interesses atuam historicamente no processo de produção do espaço, na localidade de
Massarandupió e seu entorno, nas últimas quatro décadas – requer tomar em consideração a
complexidade das condições objetivas e subjetivas e o caráter dialético na organização dos diversos
elementos do espaço. Espaço é entendido como resultado da inter-relação sociedade natureza através
do processo produtivo; contém história de processos anteriores e dinâmicas atuais internas
(horizontalidades) e externas (verticalidades), que se processam de forma desigual e contraditória, e
manifestam-se em termos de forma, função, estrutura e processo. Verifica-se que a ocupação dessa
faixa costeira é marcada por intervenções de processos exógenos, empreendidos pelo governo e pelo
capital, que provocam a valorização do espaço e fazem parte da dinâmica de integração ao processo
internacional de renovação da acumulação capitalista. São considerados ícones desse processo a
atividade imobiliária para fins de veraneio ou para especulação; a ocupação de terras para o
reflorestamento homogêneo e o turismo, bem como a ação e reação dos moradores antigos. Nesse
processo, “velhos” e “novos” interesses se relacionam de maneira conflituosa ou, mais raramente, de
maneira complementar. O meio de vida da população antiga e a natureza se transformam e o espaço
se (re)produz.
Palavras-Chave: Produção do Espaço. Interesses. Litoral. Verticalidades/Horizontalidades.
Conflitos.
O Turismo na dissertação: No Resumo, abordagem no Capítulo 3 (especialmente Capítulo 3.4) e no
Capítulo 4.
Título: A cidade do século XVII e o urbano de hoje: Salvador e as poesias de
Gregório de Mattos em suas permanências e rugosidades na atualidade. Ano: 2010 26
Autora: Luana Dall Agnol RIBEIRO Orientadora: Maria Auxiliadora da Silva
Resumo:
A presente pesquisa tem por objetivo a análise da Cidade da Bahia do século XVII a partir do estudo
das obras de Gregório de Mattos, buscando identificar as principais permanências e rugosidades
presentes no espaço urbano da Salvador atual. Para atingir esse objetivo foram pensadas as
articulações possíveis entre a ciência geográfica e a Literatura, sendo ambas leituras da realidade. A
categoria de análise escolhida para esse fim foi o Lugar que, por sua vez, nos permite entender as
principais relações sociais, econômicas, culturais (dentre outras) que foram estabelecidas durante o
século XVII e como as mesmas foram modificadas obtendo-se a configuração atual. Entender como a
Geografia e a Literatura podem se complementar para a efetuação da análise espacial também é
colocado aqui como objetivo, a fim de promover novas interpretações interdisciplinares sobre a
realidade que nos cerca. Identificar também os principais agentes de transformação do espaço urbano
é fundamental para se compreender quais os interesses e objetivos que foram traçados para a Cidade
da Bahia. Também, é importante identificá-los, hoje, para compreender as articulações que envolvem
o urbano soteropolitano da atualidade. Assim sendo, para se entender a estrutura espacial urbana de
Salvador de hoje é imprescindível voltar a sua origem.
Palavras-Chave: Geografia. Literatura. Espaço Urbano. Salvador.
O Turismo na dissertação: Menções em tópicos do Capítulo 5.2 e no Capítulo 5.3.
Título: Orla oceânica de Salvador: um mar de representações. Ano: 2010 27
Linha de Pesquisa:
Autor: Andre Nunes de SOUSA Orientador: Angelo Szaniecki Perret Serpa
Resumo:
A relação entre homem e natureza é uma relação historicamente marcada por processos de
redefinições ideológicas, através das quais sistemas valorativos são forjados na/pela produção e
comunicação humanas, direcionando acessos físicos e simbólicos diferenciados aos objetos/recursos
geográficos. O presente trabalho volta suas atenções para a análise dos espaços litorâneos urbanos,
especificamente a orla urbana de Salvador, para demonstrar que, na atualidade, a produção de uma
imagem espetacular do litoral soteropolitano é levada a cabo por uma volumosa promoção
publicitária alimentada e difundida pelo Estado e instituições privadas, acompanhando um fluxo
global que trabalha ideologicamente paisagens escolhidas para difundir ideias de mundo
hegemônicas. A base teórico-metodológica foi trabalhada em dois momentos complementares,
iniciados pelo estudo das contradições inerentes ao processo de produção capitalista do espaço
urbano, apoiados nos autores alinhados com o materialismo histórico, seguido de uma leitura
fenomênica do homem e das coisas do mundo, capaz de nos aproximar dos anseios subjetivos dos
grupos relevantes para esta pesquisa. As representações empreendidas pelos grupos estudados
funcionaram como elo na análise das relações entre o trabalho ideológico e a produção do espaço,
mas, possibilitando também a análise das “leituras” que subvertem o discurso hegemonicamente
intencionado e expresso nas paisagens tomadas com “texto”.
Palavras-Chave: Espaços Litorâneos. Paisagens. Representações.
O Turismo na dissertação: Menções no Capítulo 2, Tópico no Capítulo 3.
Título: Gentrification no Parque Histórico do Pelourinho, Salvador-BA. Ano: 2011 28
Autor: Daniel de Albuquerque Ribeiro Orientador: Pedro de Almeida Vasconcelos
Resumo:
Gentrification é um processo urbano que ocorre em bairros históricos comumente centrais. Estando
associado às transformações desencadeadas em um momento posterior à década de 1930, o mesmo
implica a substituição de uma população de baixo poder aquisitivo por outra mais abastada. Essas
características agregam a este objeto de estudo um tipo específico de recorte espacial, temporal e
social. A presente análise sobre o processo no município de Salvador recai no Parque Histórico do
Pelourinho, que abrange três bairros tradicionais da cidade: Maciel, Carmo e Santo Antônio Além do
Carmo. Tanto o tema quanto a área de pesquisa são objetos de extrema riqueza e complexidade e,
também por esse motivo, possuem conexões com todas as escalas geográficas. Sendo assim,
Gentrification no Parque Histórico do Pelourinho, busca traçar um fio lógico que interliga os
fenômenos ocorridos localmente com os grandes eventos mundiais. Para as questões locais, procurou-
se observar detalhes que passam pela esfera do cotidiano, da pesquisa de casa em casa e até mesmo
dos pequenos acontecimentos. Para as questões globais, traçou-se um paralelo dos fatos históricos de
repercussão e seu desdobramento no lugar em questão.
Palavras-Chave: Gentrification. Parque Histórico do Pelourinho. Salvador. Globalização.
O Turismo na dissertação: Menções nos Capítulos e Tópico no Capítulo 3.
Título: A paisagem urbana de Cachoeira-BA: diferentes olhares e interfaces Ano: 2011 29
Autora: Adriana Santos BITTENCOURT Orientador: Wendel Henrique Bawngartner
Resumo:
A paisagem urbana é repleta de significações e experiências sociais. Ela evoca memórias e reúne uma
rede de símbolos culturais. Nesta dissertação, propomos analisar Cachoeira – uma cidade tombada
pelo seu conjunto paisagístico em 1971 e com amplos programas de preservação. O foco de análise
constituiu-se a partir das diferentes leituras que os sujeitos sociais possuem dessa paisagem e desse
patrimônio e os usos que lhe são atribuídos na contemporaneidade. Consideramos que a análise
conjunta do par paisagem e patrimônio oferece um instigante aporte teórico-metodológico para o
tratamento analítico do tema proposto, que pôde inclusive elucidar as especificidades de tais
processos na cidade em questão. Partimos do entendimento de que as diferentes culturas produzem
diferentes paisagens e que tais paisagens em Cachoeira passam pelo processo de fetichização, visto a
presença de elementos valorados pelo novo nicho de consumo: o cultural. Desse modo, buscamos
identificar como as diferentes paisagens e patrimônios são redimensionados e por vezes transmutados
à condição de produto para consumo. Nesta perspectiva, são enfatizadas algumas estratégias de
mercantilização e turistificação dos símbolos engendrados pelos diferentes entes governamentais.
Como procedimento metodológico, além da pesquisa bibliográfica, documental e entrevistas, optamos
pela utilização dos mapas mentais dada a possibilidade de elucidar as representações que os diferentes
sujeitos sociais possuem. A pesquisa evidenciou como a composição lúdica e real da paisagem urbana
de Cachoeira participa efetivamente na criação de uma imagem da cidade e como determinados
elementos da paisagem da cidade condensam memórias, valores e significados para os distintos
grupos sociais entrevistados.
Palavras-Chave: Culturas. Paisagem Urbana. Patrimônio. Cachoeira.
O Turismo na dissertação: No Resumo, menções nos Capítulos e Tópicos no Capitulo 3.
Título: O papel das fortificações no espaço urbano de Salvador. Ano: 2012 30
Autor: Marco Antônio dos SANTOS Orientadora: Creuza Santos Lage
Resumo:
Este trabalho tem por objetivo analisar o papel das fortificações de Salvador na produção do espaço
urbano e sua relevância socioespacial na contemporaneidade. A hipótese é que as fortificações de
Salvador são marcos da produção do espaço urbano, com repercussões na sua configuração espacial,
que evidenciam formas cujas funções mudaram ao longo do tempo e que, por outro lado, facilitam a
compreensão dos processos socioespaciais que lhes permitem a permanência como rugosidades.
Foram identificados e caracterizados o processo de ocupação do espaço brasileiro no século XVI; o
processo de fortificação da cidade de Salvador através das transformações e permanências entre os
séculos XVI ao XXI; as políticas públicas direcionadas à conservação das fortificações urbanas. Para
o estudo das transformações, utilizaram-se as categorias de análise propostas por Milton Santos –
forma, processo, função e estrutura. Mapas, iconografias, material colhido em trabalho de campo,
além de inúmeras literaturas foram utilizados como fonte deste estudo, que se fez na perspectiva da
Geografia Histórica. Em virtude dos fatores analisados, concluiu-se que as fortificações contribuíram
para a configuração da gênese da cidade de Salvador e que as diversas funções desempenhadas por
elas serviram de fortalecimento para a sua existência na contemporaneidade.
Palavras-Chave: Produção do Espaço. Geografia Histórica. Fortificações.
O Turismo na dissertação: Menções no Capítulo 4.
Título: Reativação do Canteiro de São Roque do Paraguaçu e suas implicações
territoriais nos municípios de Maragogipe e Nazaré, no Recôncavo Baiano. Ano: 2012 31
Autor: Carlos Eduardo Lima dos SANTOS Orientador: Alcides dos Santos Caldas
Resumo: No atual contexto de retomada e reestruturação da indústria naval no Brasil, a Petrobras investe
consideravelmente em pesquisas e na construção de embarcações e de plataformas, buscando atender
às novas demandas da cadeia produtiva do setor petrolífero e de combustíveis e consolidar a sua
liderança no processo de exploração e comercialização do petróleo, gás natural e seus derivados. Para
isso, novos espaços de produção são necessários, o que explica a modernização de canteiros e
estaleiros já existentes e a implantação de novos projetos no setor. Na Bahia, esses processos tornam-
se evidentes com os empreendimentos localizados no município de Maragogipe, onde houve a
reativação do Canteiro de obras da Petrobras, localizado no distrito de São Roque do Paraguaçu, e
atualmente ocorre a construção do Estaleiro Naval, de iniciativa de empreiteiras particulares,
localizado no povoado de Enseada do Paraguaçu. Os projetos desenvolvidos nesses espaços da
produção naval e de plataformas já promovem dinamização econômica e mobiliza os agentes sociais
presentes nesses territórios. O presente estudo tem como objetivo analisar e compreender o processo
de reativação do Canteiro de São Roque do Paraguaçu e suas implicações na dinâmica territorial do
distrito de São Roque e dos municípios de Maragogipe e Nazaré. Alguns procedimentos foram
essenciais para a realização deste estudo, como a pesquisa bibliográfica, a coleta de dados em campo
e instituições como prefeituras municipais e a Petrobras e a análise de documentos, destacadamente o
Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e a Agenda 21 Local de São Roque do Paraguaçu. As
obras do canteiro promovem significativas implicações espaciais e territoriais no município onde o
canteiro está instalado e nos municípios circunvizinhos, já que movimentam o comércio, os
estabelecimentos de hospedagem e alimentação, geram empregos, criam uma demanda de cursos
técnicos e profissionalizantes e induzem um processo de urbanização acelerada e a periferização,
além de contribuir para a especulação fundiária e imobiliária. A expansão das atividades e a
consolidação de um pólo naval na Bahia vêm acarretar, desta forma, rearranjos no espaço regional e
outras transformações de maior visibilidade no espaço e no território em questão.
Palavras-Chave: Território. Indústria Naval e Offshore. Petrobras. Canteiro de São Roque.
O Turismo na dissertação: Menção no Tópico 6.2.2.
Título: Políticas ambientais nas unidades de conservação do litoral baiano: a
Reserva Extrativista Marinha de Corumbau. Ano: 2013 32
Autora: Soraia Monteiro AFONSO Orientadora: Catherine Prost
Resumo:
As políticas públicas traduzem a necessidade de se pensar o espaço a partir das demandas sociais, por
isso suas diretrizes devem nortear a ação do Estado para que os recursos públicos sejam aplicados
adequadamente para toda sociedade. A política pública nasce de um conflito social e ao vivermos em
um espaço dialético e contraditório compreendemos que a luta social é necessária para que as
políticas públicas sejam legitimadoras, eficazes e, sobretudo atendam as demandas coletivas.
Pensamos que as mediações sociais buscam o mínimo consenso entre os diferentes agentes sociais,
desta maneira os resultados e benefícios destas ações devem atender grande parte da sociedade. As
políticas públicas ambientais estão assentadas na precaução e prevenção de eventos futuros, em
decorrência da ascensão da ecologia na agenda política dos estados no último quarto do século XX e
da pressão dos movimentos sociais. Contudo não é de hoje que as unidades de conservação de uso
sustentável, em especial as reservas extrativistas marinhas, enfrentam as ações engendradas pelos
agentes do capital hegemônico, que ao impor suas lógicas econômicas resume o espaço como
mercadoria. O tempo revela a omissão do Estado e do poder público e a presença de um Estado
mínimo oculta a diversidade das relações sociais e espaciais, além de revelar um conflito latente que
se instaura no espaço e sobre o território. O espaço por sua vez é produzido, apropriado e re-
produzido por diferentes lógicas, que muitas vezes nos revelam surpresas, decepções, frustrações e
quem sabe esperança. O trabalho aqui desenvolvido traduz a importância de políticas públicas
ambientais para o planejamento e gestão das reservas extrativistas marinhas, de modo que as mesmas
não sejam precedentes para especulação imobiliária, valorização ou desvalorização do território.
Apesar de toda contradição contida no espaço, as reservas extrativistas marinhas podem ser um
espaço de esperança.
Palavras-Chave: Políticas Públicas. Estado. Tempo. Espaço. Reserva Extrativista Marinha.
O Turismo na dissertação: Menções no Capítulo 2.5 e Capítulo 3.
Título: As intervenções socioespaciais na Baía de Pontal – Ilhéus/BA e suas
repercussões morfogenéticas. Ano: 2013 33
Autor: Emilson Batista da SILVA Orientadora: Creuza Santos Lage
Resumo:
O presente estudo trata da temática da relação sociedade-natureza, tendo em vista as repercussões
oriundas das atividades humanas nos processos naturais. Nessa ótica, o objetivo da pesquisa foi
analisar as modificações decorrentes das intervenções sócioespaciais no processo morfogenético do
estuário da Baía de Pontal-Ilhéus/BA, avaliando as causas e conseqüências para a população local. O
espaço temporal adotado foi a partir da década de 70 do século XX até o ano de 2012. A abordagem
da pesquisa foi qualitativa, tomando como norteamento metodológico os conceitos de espaço,
paisagem e indicadores ambientais, além do Modelo Analítico Pressão-Estado-Resposta (PER). Nesse
modelo as pressões são as intervenções sociais através das atividades produtivas; o Estado são as
características atuais do ambiente; e as respostas são os projetos e ações visando amenizar as
pressões. Verificou-se que as intervenções sócioespaciais na Baía do Pontal originam-se da
construção do Porto de Ilhéus na porção norte, na degradação existente nas bacias dos rios tributários
(rios Cachoeira, Santana e Itacanoeira) e do processo de ocupação do entorno da Baía. Essas pressões
causaram alterações na dinâmica de circulação do estuário, levando-o a apresentar um Estado, em que
houve progradação da praia, intensificação no processo de assoreamento do espaço, propensão à
formação de mangues e comprometimento da qualidade da água, devido ao lançamento de esgotos.
As respostas encontradas foram: o Núcleo de Bacias Hidrográficas, sediado na UESC, o Projeto Orla,
o Projeto Sustenta Cidade, alguns Decretos municipais, a construção de uma Bacia de Capitação e
Tratamento de Esgoto e o Plano Diretor de Ilhéus no ano de 2000. Verificamos que essas respostas,
embora sejam pertinentes, não tem produzido resultados efetivos, demandando mais estudos com
recortes maiores, sobretudo porque a sociedade local vem depositando no turismo a revitalização
econômica da região depois da queda da lavoura cacaueira.
Palavras-Chave: Pressão-Estado-Resposta. Intervenções Sócioespaciais. Baía de Pontal.
O Turismo na dissertação: No Resumo, menção nos Tópicos 3.2.2 e 4.1.4 e no Capítulo 4.2.
Título: Aspectos socioespaciais da Cidade de Salvador na Primeira República: o
governo de J. J. Seabra. Ano: 2013 34
Autora: Adriana Maria Lage SILVA Orientadora: Maria Auxiliadora da Silva
Resumo:
Esta pesquisa analisa as reformas urbanas do governo de Joaquim José Seabra (1912-1916) na cidade
do Salvador, suas repercussões no espaço urbano daquela época, na dinâmica urbana atual e na
memória da cidade. A fundamentação teórico-metodológica do trabalho encontrou nos conceitos de
organização do espaço urbano, paisagem urbana, rugosidades e memória da cidade o
encaminhamento necessário para permitir a inserção desta dissertação na geografia histórica urbana e
no pensar a cidade do Salvador numa perspectiva histórica e processual. Desse modo os estudos de
SANTOS (1958/2002), CORRÊA (1989), PINHEIRO (2002) e VASCONCELOS (2002) e ABREU
(2001), entre outros, ofereceram o suporte para análise e interpretação dos fatos, processos e agentes
sociais envolvidos. A pesquisa historiográfica, as entrevistas e as observações de campo completaram
o quadro metodológico do trabalho. A partir das análises efetuadas, caracterizou-se o cenário político
de conflito que permeou as reformas urbanas encetadas, identificou-se o papel do estado e das classes
abastadas como agentes sociais relevantes e as repercussões das heranças dessas reformas na memória
da cidade. Considera-se finalmente que os motores dos processos de mudança no período de governo
estudado foram a ideologia política, econômica e social reinante, e as relações entre os agentes
sociais; que a aliança política entre governos federal e estadual foi decisiva e, esteve na base do
desenvolvimento de Salvador neste período e que as reformas empreendidas são marcos na memória
da cidade.
Palavras-Chave: Organização do Espaço Urbano. Memória da Cidade. Processos e Formas
Espaciais. Fixos. Transformações e Permanências.
O Turismo na dissertação: Menções no Capítulo 4.2.
Título: A produção do espaço urbano em Cachoeira/Bahia: patrimônio cultural
no contexto dos espaços concebidos, percebidos e vividos. Ano: 2014 35
Autora: Lívia Fraga CELESTINO Orientador: Wendel Henrique Baumgartner
Resumo:
As discussões sobre as ações de preservação do patrimônio cultural nos espaços urbanos
constituem-se em um profícuo campo de investigação de pesquisa pelos desdobramentos sociais,
culturais, políticos e econômicos, pelas dinâmicas, articulações e conflitos entre os agentes
produtores do espaço. Esta pesquisa busca compreender o processo de produção do espaço
contemporâneo a partir do patrimônio cultural na cidade de Cachoeira-Ba. Será analisado como o
espaço urbano cachoeirano é produzido no contexto das ações que envolvem o campo
patrimonial com enfoque para a relação entre o espaço concebido, percebido e vivido. Nessa
perspectiva serão enfatizadas as intervenções urbanas ligadas a preservação do patrimônio
cultural com destaque para o tombamento da cidade histórica, realizado pelo IPHAN em 1971; a
aplicação das normas de preservação; os objetivos, ações e o desenvolvimento das atuais políticas
de preservação patrimonial, bem como o planejamento urbano através do Plano Diretor. Além da
investigação de como o espaço de Cachoeira é concebido principalmente pelo Estado e órgãos de
preservação patrimonial a pesquisa ainda propõe-se analisar como este patrimônio cultural é
percebido e vivido pelos cachoeiranos destacando as compreensões, vivências e os usos do
patrimônio cultural. Para elucidar os objetivos da pesquisa este trabalho está fundamentado em
um referencial teórico atrelado ao estudo de documentos, análise de programas, planos e projetos
relacionados ao patrimônio cultural de Cachoeira, acervo jornalístico local e entrevistas com
gestores públicos e técnicos ligados aos órgãos de preservação patrimonial, além da pesquisa de
campo baseada em entrevistas qualitativas com moradores, uso de enquete e o desenvolvimento
de um grupo focal. A análise sobre a produção do espaço em Cachoeira revela que as ações de
patrimonialização promovido pelo espaço concebido almeja a normatização do espaço
patrimonial e busca principalmente inserir a cidade histórica nos circuitos turístico via
patrimônio, contudo a análise ainda revela outras interfaces, articulações e conflitos entre os
espaços percebidos e espaços vividos.
Palavras-Chave: Produção do Espaço Urbano. Patrimônio Cultural. Cachoeira-BA.
O Turismo na dissertação: No Resumo, menções nos Capítulos 1, 2, 3.3, 3.4 (especialmente,
abordagem no Tópico 3.4.1) e 5.
Título: O poeta, a cidade e o desassossego: percepção espacial e paisagem na
prosa poética de Fernando Pessoa. Ano: 2015 36
Autora: Thalita Xavier Garrido MIRANDA Orientadora: Maria Auxiliadora da Silva
Resumo:
Desde a renovação da Geografia Cultural na década de 1970, a relação entre geografia e arte tem se
estreitado e esse diálogo vem se reafirmando como uma possibilidade legítima de discussão e análise
sob o viés do olhar geográfico. Dentro desse contexto a literatura aparece como fonte de informações
preciosas para geógrafos interessados em aprofundar a investigação da relação entre sujeito e espaço
geográfico. Além de possibilitar ao leitor uma ampliação da experiência de mundo, algumas obras
literárias permitem uma reflexão sobre a percepção espacial como experiência sensorial múltipla.
Esse é o caso do Livro do desassossego, de Fernando Pessoa. O grande poeta português passou a
maior parte da vida inspirado pela cidade de Lisboa, tendo sido sua obra profundamente marcada pela
vivência desse espaço urbano. Na sua combinação de palavras, os sintomas da modernidade saltam
aos olhos do leitor através da descrição do cotidiano da cidade e de paisagens compostas por cheiros,
cores e sons percebidos pelo poeta. Neste trabalho, busca-se interpretar de que maneira a dimensão
espacial é ilustrada na prosa poética do Livro do desassossego. A proposta é ampliar o diálogo entre
geografia e literatura com uma abordagem fenomenológica, além de reforçar a importância de
considerar o aspecto subjetivo da realidade em estudos que pretendem analisar espaços urbanos
através da percepção de seus habitantes.
Palavras-Chave: Fernando Pessoa. Geografia. Literatura. Paisagem.
O Turismo na dissertação: Menção no Capítulo 2.1, no Tópico 4.6.1, e abordagem no Capítulo 5.3.
Título: O marketing territorial nas indicações geográficas: um estudo da
denominação de origem Vale dos Vinhedos. Ano: 2015 37
Autor: Marcel Azevedo Batista D’ALXENDARIA Orientador: Alcides dos Santos Caldas
Resumo:
As empresas, tanto as públicas como as privadas, estão constantemente em busca de estratégias que
auxiliem no desenvolvimento dos municípios, das regiões e do Estado. Tais estratégias pautam-se na
elaboração de alternativas mercadológicas para inserção e sobrevivência das empresas nos mercados
altamente competitivos. Elementos da natureza como rios e cachoeiras, bem como produtos, serviços,
festas, gastronomia e outros elementos culturais, podem remeter à lembrança de um local.
Champagne na França destaca-se pela produção de vinhos; O Rio grande do Sul destaca-se pela
produção de vinhos. A construção histórica do produto, a tradição em produzi-lo e o saber fazer, neste
caso relacionados à produção de vinho, fazem parte de um referencial no cotidiano dos moradores do
município de Bento Gonçalves – RS. O Vale dos Vinhedos corresponde a uma área situada na região
da Serra Gaúcha, que pode ser denominada como território dos vinhos, onde estão inseridos parte dos
municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul. Em 25 de setembro de 2012, o Vale
dos Vinhedos obteve o registro de Denominação de Origem (DO). A DO encontra-se localizada nos
municípios de Bento Gonçalves (61,07%), Garibaldi (33,49%) e Monte Belo do Sul (5,44%).
Empresas privadas e o poder público, cada um com graus diferentes de influência, passam a explorar
esses elementos singulares e deles se apropriar, utilizando-os, algumas vezes, como um diferencial
competitivo no mercado. Regiões, territórios, lugares buscam na atual fase do capitalismo diferenciar-
se uma das outras. Desse modo, o saber fazer,a singularidade e as tradições históricas agregam valor
ao produto final e se tornam fatores determinantes em uma promoção territorial. Este referido
trabalho tem como objetivo geral analisar a Denominação de Origem Vale dos Vinhedos, na área que
compreende Bento Gonçalves, por meio do composto de marketing territorial (produto, preço, praça e
promoção). O saber fazer perpassa os métodos de elaboração, insere-se em uma construção histórica
do lugar, na vocação do território em produzir algo e gera um sentimento de pertencimento por parte
da população. Esses elementos fazem parte da construção do valor de um bem, e a ferramenta do
marketing territorial torna-se um elemento para a promoção do território. As paisagens das vinícolas
são usadas como cartão postal, elemento na divulgação em panfletos. Outros fomentadores do
território, como donos de estabelecimentos, criam elementos para enaltecer a imagem do município
de Bento Gonçalves como a capital do vinho. Elementos como igreja em formato de vinho, placas de
sinalização com os dizeres de “região da uva”, servem de base para a promoção do território.
Palavras-Chave: Denominação de Origem. Marketing Territorial. Saber Fazer. Singularidade.
O Turismo na dissertação: Menção nos Capítulos 2.1, 2.3, Capítulo 4 (especialmente com
abordagem no Capítulo 4.7).
Título: Mapeamento de unidades ambientais e evolução do uso da terra na
Bacia do Rio Punhaí Litoral Norte (BA). Ano: 2015 38
Autor: Ricardo Acácio de ALMEIDA Orientador: Alisson Duarte Diniz
Resumo:
Este trabalho teve como principal objetivo mapear as unidades ambientais e estudar a evolução do uso
e ocupação da terra na bacia do Rio Punhaí, no litoral norte da Bahia. Para se alcançar os objetivos
propostos foram realizadas interpretação de imagens de satélite, ortofotos e fotografias aéreas dos
anos 1959, 1993 e 2011. Além disto, foram realizados trabalhos de campo para aferição dos mapas
preliminares, atualização das informações de uso da terra e caracterização dos solos e relevo. Assim,
com a utilização do conceito de Landsystem, sete unidades ambientais foram criadas: UAm1 -
Planícies e Terraços com Neossolos Quartzarênicos. Ocupação Urbana; UAm2 - Planícies e Terraços
com Neossolos Quartzarênicos. Extração de Areia; UAm3 – Colinas Suavemente Convexas,
Conectadas aos Terraços e Planícies. Neossolos Quartzarênicos/Espodossolos. Extração de Areia;
UAm4 - Topos Planos a Ligeiramente Ondulados com Vertentes Suavemente Convexas. Latossolos
Vermelho-Amarelos com presença de petroplíntita. Uso Agrícola; UAm5 - Colinas Convexas com
Topos Convexos em Relevo Suave Ondulado a Ondulado. Latossolos Vermelho-Amarelos.
Vegetação de Mata Secundaria; UAm6 - Colinas Convexas com Topos Convexos em Relevo
Ondulado a Forte Ondulado. Latossolos Vermelho-Amarelos. Vegetação de Mata Secundária; UAm7
- Colinas Convexas com Topos Largos, Planos a Suavemente Ondulados e Alongados. Vales mais
Encaixados com Mata de Galeria. Latossolos Vermelho-Amarelos. Silvicultura e Pecuária Extensiva.
A partir da interpretação dos mapas produzidos, observou-se uma intensa urbanização na bacia do rio
Punhaí, especialmente a partir da década de 1970. Tal urbanização foi de jusante, próximo ao distrito
de Barra de Pojuca, para montante da bacia, na direção do distrito de Monte Gordo. Assim, as
unidades ambientais que apresentaram as maiores transformações entre as décadas analisadas, assim
como os maiores impactos negativos frente à urbanização, foram as de relevo plano e suavemente
ondulado, principalmente em áreas com solos arenosos (Neossolos Quartzarênicos).
Palavras-Chave: Litoral Norte da Bahia. Unidades Ambientais. Uso e Ocupação da Terra. Impactos
Ambientais.
O Turismo na dissertação: Menção no Capítulo 6.7.
APENDICE E – FICHAS-RESUMO DAS 14 DISSERTAÇÕES
ANALISADAS
Título: Em busca do paraíso: a (eco)lógica, a gestão do território e o turismo
em Praia do Forte.
Data:
16/12/1998 1
Autora: Lirandina GOMES SOBRINHO Orientadora: Regina Celeste de Almeida Souza
Resumo:
Este estudo propõe analisar o modelo de gestão territorial implantado em Praia do Forte, que tem
como pressupostos básicos a preservação e a conservação dos recursos naturais, a parceria e a
cooperação entre todos os agentes envolvidos no processo do desenvolvimento. Baseado no discurso
ecologista e na auto-sustentabilidade, esse modelo de gestão mostra-se, num primeiro momento,
contraditório e ambíguo. Sendo assim, busca-se analisar as contradições entre aquilo que é proposto,
pelos agentes econômicos e a prática efetiva do referido modelo, observando a sua materialização na
produção e organização do espaço e a conseqüente relação com a gestão do território. Dada a
complexidade do tema, a construção dessa pesquisa e apreensão dos processos foi possível através de
análise da matriz discursiva e das relações sociais entre os diversos agentes, da análise do zoneamento
ecológico-econômico e da carta de uso e ocupação do solo, do levantamento e análise dos diversos
acordos e convênios firmados entre os agentes hegemônicos e da análise do modelo de
desenvolvimento turístico. Os modelos turísticos propostos, na prática, mostraram-se incompatíveis e
conflitantes. A forma de inserção da comunidade ao projeto e os benefícios gerados pela atividade
turística não correspondem ao discurso promovido pelos agentes hegemônicos. Na realidade, quem,
efetivamente, usufrui dos benefícios são os empresários e os novos habitantes. Constatou-se que, o
discurso ecologista é utilizado, ideologicamente, pelos agentes hegemônicos como marketing e forma
de atrair investidores no qual a natureza e os recursos naturais são transformados de um lado em
elemento mítico e sacralizado e, do outro, em mercadoria que pode ser consumida de forma direta e
indireta.
Palavras-Chave: Ecologismo. Gestão do Território. Conflito. Contradição.
Título: Alterações socioambientais resultantes do turismo: o exemplo de
Imbassaí e Porto Sauípe – Litoral da Bahia. Data:
12/05/1999 2
Autora: Ednice de Oliveira FONTES Orientadora: Creuza Santos Lage
Resumo:
Esta pesquisa tem como objetivos principais analisar o comprometimento e as transformações sócio-
ambientais da área do Litoral Norte da Bahia, com base no novo ciclo de desenvolvimento sócio-
econômico e cultural resultante do turismo tomando-se como exemplo os povoados de Imbassaí e
Porto Sauípe. As diretrizes que nortearam o desenvolvimento do presente trabalho, fundamentam-se
no modelo de análise ambiental, proposto por Monteiro (1976) e nas análises sobre apropriação do
espaço aplicada por Casseti (1991). O trabalho foi construído em quatro etapas: 1) levantamento de
documentação e informações a respeito do tema e da área de estudo em questão; 2) integração entre as
variáveis básicas, visando a obtenção de uma lógica sistematizada para o trabalho; 3) análise do
Complexo Turístico de Sauípe, o primeiro do gênero na América Latina e dos impactos que estão
sendo gerados com a sua implantação; 4) a elaboração de dois mapas, um que expressa a qualidade
ambiental atual do trecho entre Imbassaí e Porto Sauípe o outro é uma redefinição do zoneamento
ecológico-econômico realizado pela Conder (1992), finalizando com um corpo de sugestões
necessárias para que o desenvolvimento dessa área possa vir a ocorrer nos moldes do
Desenvolvimento Sustentável. Esta pesquisa revelou uma enorme complexidade de conflitos
institucionais, uma superposição entre as funções exercidas pelos órgãos ambientalistas responsáveis
pela fiscalização e cumprimento da legislação ambiental vigente no Estado, deixando clara a
necessidade da continuação de pesquisas nessa área de estudo em diferentes escalas.
Palavras-Chave: Alterações Ambientais. Turismo. Apropriação do Espaço.
Título: Piemonte da Chapada Diamantina: turismo e desenvolvimento
local/regional.
Data:
10/12/1999 3
Autora: Carmélia Ana Amaral de SOUSA Orientador: Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva
Resumo:
Esta pesquisa trata inicialmente das possibilidades que o turismo pode proporcionar ao
desenvolvimento local/regional no Estado da Bahia. Na primeira etapa, identifica-se o potencial
turístico da região, define-se a qualidade da oferta turística e analisam-se as possíveis ações
estratégicas para o turismo relacionado com o desenvolvimento local. Na segunda etapa, estuda-se o
papel e as ações dos atores sociais e as repercussões sobre o turismo e o desenvolvimento
local/regional. Na terceira etapa, amplia-se a discussão sobre turismo e desenvolvimento, concluindo-
se com a sugestão de um modelo turístico para o Piemonte da Chapada Diamantina.
Palavras-Chave: Turismo. Oferta Turística. Conservação. Atores Sociais. Desenvolvimento Local.
Título: Turismo em área periférica protegida: o caso de Lençóis e arredores,
Chapada Diamantina. Data:
12/02/2001 4
Autora: Angela LEONY Orientador: Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva
Resumo: Esse trabalho trata do estudo da dinâmica espacial de uma região turística periférica e protegida,
localizada na Chapada Diamantina – estado da Bahia. Ao delimitar a área, optou-se pela cidade de
Lençóis e arredores. Hoje, importante e crescente pólo turístico, conhecido internacionalmente.
Iniciando com um levantamento bibliográfico, esse trabalho fundamenta-se na Geografia do Turismo
bem como nos conceitos de percepção da paisagem, centralidade, proteção legal e Ecoturismo,
complementados por dados de pesquisas feitas diretamente em estruturas turística do Brasil e na
Europa. Depois é feita uma contextualização da estrutura espacial da região considerada a base da sua
vocação turística, levantando, em seguida, os programa e projetos que levaram à implantação do
turismo local, como o Circuito do Ouro e do Diamante, este último de forma mais detalhada por
contemplar a cidade de Lençóis e arredores. Em seguida, identificam-se e mapeiam-se as áreas de
maior visitação turística notando-se que o entorno de Mucugê e o Vale do Capão surgem como novos
subcentros e vetores de crescimento do turismo regional. Continuando, descreve-se e localiza-se a
atual infraestrutura turística da cidade de Lençóis, bem como se definem os principais agentes do
turismo local, sendo eles os proprietários de negócios turísticos, os moradores, os representantes do
poder público, os membros de ONG’s e os turistas. A seguir, traçam-se seus perfis utilizando para
isso questionários e entrevistas que, após análise dos dados, trás informações relevantes como a
diferença no conceito de Ecoturismo entre os turistas brasileiros e estrangeiros. Os primeiros
entendem o Ecoturismo como uma mera visitação à natureza com alguns cuidados ambientais e
considera a visita a Lençóis como tal. Por outro lado, os estrangeiros vinculam a posturas
ecologicamente corretas, não identificando em Lençóis esse estilo de turismo. Como fruto da análise
desses e de outros resultados do trabalho conclui-se que o Ecoturismo, apesar das divergências
conceituais, pode ser um valioso instrumento para a melhoria da qualidade ambiental e de vida das
comunidade locais, e, se for implantado de forma planejada e participativa, com orientação clara e
objetiva, pode ser uma opção ecologicamente correra e economicamente viável para áreas turísticas,
periférica e protegidas, principalmente em um país, como o Brasil, de enorme potencial ambiental e
cultural e características socioeconômicas peculiares.
Palavras-Chave: Área Protegida. Área Periférica. Brasil. Centralidade. Chapada
Diamantina. Ecoturismo. Lençóis. Turismo.
Título: Turismo e reestruturação espacial: o exemplo da Região de Valença. Data:
20/12/2001 5
Autor: Jorge Luis de ANDRADE Orientador: Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva
Resumo:
Com o aprofundamento do processo de globalização, o turismo se impõe como uma das principais
forças transformadoras do espaço geográfico no âmbito mundial. No Brasil, essa atividade tem
promovido um amplo processo de reestruturação espacial, sobretudo no litoral onde estão
concentrados os principais atrativos. Nesse contexto, os governos federal e estadual têm
desempenhado um papel primordial. Na Bahia, os espaços litorâneos e a Chapada Diamantina
experimentam inúmeras transformações com o desenvolvimento das atividades turísticas,
especialmente durante a década de 1990, quando da implementação do Programa de
Desenvolvimento Turístico do Estado da Bahia – PRODETUR/BA. Na presente dissertação, analisa-
se as transformações produzidas pelo turismo na região de Valença que compreende os municípios de
Valença, Cairu, Taperoá, Nulo Peçanha, Ituberá, Igrapiúna e Camamu, no Litoral Sul da Bahia. Para
tanto, considera-se como pressuposto a ideia de que o turismo, nacional e internacional, constitui-se
num dos mecanismos responsáveis pela reestruturação da dinâmica local e regional. Nessa
perspectiva, evidenciam-se as transformações físico-espaciais, econômicas, demográficas,
socioculturais e ambientais resultantes da expansão do turismo na região de Valença, a partir da
década de 1980.
Palavras-Chave: Valença. Turismo. Espaço Geográfico. Região. Reestruturação Espacial.
Título: A política do turismo na Bahia e a apropriação do espaço litorâneo:
exemplo de Itacaré. Data:
24/04/2002 6
Autora: Ariadna da Silva BANDEIRA Orientadora: Creuza Santos Lage
Resumo:
A importância da atividade do turismo e de suas políticas públicas direcionadas para o setor já são
reconhecidas mundialmente. No Brasil, o turismo tornou-se mais expressivo a partir da década de
1990, com a ampliação dos fluxos turísticos nacional e internacional. Nesse período, foi sistematizada
a Política Nacional de Turismo, para assegurar o desenvolvimento desse setor de atividade. Na Bahia,
a política de turismo apropriou-se do discurso da sustentabilidade e se materializou a partir da
implementação de programas e projetos que contemplaram aspectos relativos às questões ambientais.
Esta dissertação objetiva analisar as estratégias da política governamental para a atividade do turismo
no Estado da Bahia e suas repercussões socioambientais no município de Itacaré, localizado na Zona
Turística Costa do Cacau. Nessa perspectiva, constatou-se que o Governo da Bahia atuou em Itacaré
como “indutor” do processo de desenvolvimento turístico, criando infra-estruturas e delegando à
iniciativa privada a função de ordenamento do território. Como resultado, os diferentes segmentos da
população local se beneficiaram de forma desigual das oportunidades decorrentes da atividade do
turismo.
Palavras-Chave: Política de Turismo. Estratégias. Turismo. Repercussões Socioambientais. Itacaré.
Título: Ecoturismo e sustentabilidade: uma perspectiva de desenvolvimento
local na Região da Baía de Camamu. Data:
29/03/2004 7
Autor: Joilson Cruz da SILVA Orientador: Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva
Resumo:
O turismo ecológico tem se apresentado para os municípios de Camamu, Igrapiúna, Ituberá e Maraú -
situados no entorno da baía de Camamu - como uma alternativa para o desenvolvimento integrado da
região. O turismo é hoje considerado a única opção de crescimento econômico, capaz de possibilitar
um desenvolvimento alicerçado em uma sustentabilidade econômica, cultural e sócio-ambiental para
a região e suas diferentes localidades. A população local dessas comunidades envolvidas pode vir a
beneficiar-se deste processo de desenvolvimento, uma vez que devidamente organizada pode intervir
83
Ruschmann, conforme consta nas referências deste autor.
no modelo de gestão governamental, buscando, com isto, priorizar e atender os seus anseios e
reivindicações mais prementes. O desenvolvimento sustentável se apresenta como um paradigma
importante para a região, que tem convivido ao longo do tempo com atividades econômicas que
provocam um alto impacto ambiental, como a extração mineral de bauxita e ilmenita e a futura
exploração de petróleo e gás na baía de Camamu, atividades estas que podem colocar em risco o
desenvolvimento de atividades econômicas já arraigadas na cultura da comunidade local, como a
pesca, coleta de mariscos e caranguejos, além de impedir a expansão do ecoturismo e do turismo
náutico nas paradisíacas localidades do entorno da baía de Camamu e da península de Maraú
Palavras-Chave: Turismo Ecológico. Desenvolvimento Local. Baía de Camamu. Sustentabilidade.
Título: A produção do espaço turístico da Baía de Todos os Santos e
entorno. Data:
31/03/2004
8
Autora: Anaildes Tatiane Pinho da SILVA Orientador (a): Neyde Maria Santos Gonçalves
Resumo:
Este estudo trata da configuração territorial do espaço turístico da Baía de Todos os Santos e entorno,
(BTSe), a partir da análise dos fixos e fluxos produzidos ou consumidos pelo turismo. nesta análise,
observou-se a configuração territorial em duas dimensões: a produzida por planos e projetos turísticos
do poder público e a do espaço do empírico produzido pelos profissionais do turismo.
A pesquisa observou que a proposta anunciada é sempre a de contribuir para a integração dos
municípios, reforçando a economia local e a identidade existente às cidades do Recôncavo, para
promoção de um turismo responsável e sustentável, entretanto, esta integração não é observada na
configuração existente, inexistindo cuidados quanto as possibilidades de complementaridades entre
seus sub-espaços e suas diversas atividades, mostrando-se, assim ambíguo e contraditório, atendendo
a interesses individualizados de seus municípios e agentes.
Palavras-Chave: Configuração Territorial. Planejamento. Articulação.
Título: Produção e consumo do turismo em Salvador: uma análise da
sustentabilidade turística. Data:
23/04/2004
9
Autor: Frederico Naasson Bomsucesso SOARES Orientadora: Creuza Santos Lage
Resumo:
Esta pesquisa analisa a produção e o consumo turístico de Salvador, e a caracterização da sua
sustentabilidade, com base nas infra-estruturas, nos atrativos, nas facilidades e nas acessibilidades. A
sustentabilidade será vista de maneira objetiva através das fontes de informações que irão nortear o
planejamento e o marketing de um destino, bem como o estudo do comportamento do consumidor. A
determinação de colocar a atividade turística como mercadoria, como todas as demais, remete aos
estudos de modo de produção capitalista que destrói as próprias condições de produção, no intuito de
torná-las “mais consumíveis”. Portanto, mais uma vez a sustentabilidade turística fica implícita na
manutenção e guarda da natureza, dos impactos que possam ocorrer, das estratégias de marketing e na
resposta de um consumo rendoso.
Para tanto se tomou como base teórico-metodológica os estudos sobre rede de Castells e Santos que
explicam aspectos importantes da produção e consumo dos espaços pelo turismo e as reflexões de
Ruschamann83
e Rodrigues, sobre a sustentabilidade sócio-ambientais dessa atividade. Outros autores
contribuíram na reflexão teórica dada o caráter multidisciplinar da Geografia do Turismo.
A cidade do Salvador atua como pólo importante no setor da atividade turística no Brasil, e revela um
turismo com enorme complexidade cujos conflitos entre os espaços produtivos e as políticas adotadas,
evidenciam certo consumo, com vistas na sustentabilidade turística, deixando clara a necessidade de
continuação deste estudo para um melhor desenvolvimento da atividade turística na Bahia e
consequentemente para Salvador.
Palavras-Chave: Produção. Consumo. Sustentabilidade. Espaço. Território. Desenvolvimento Local.
Título: Migrantes em Porto Seguro-Bahia: atraídos e excluídos em um
contexto de dinâmica urbana turística.
Data:
08/08/2005 10
Autora: Aleselma Silva PEREIRA Orientador: Sylvio Bandeira de Mello e Silva
Resumo:
Analisar a atual configuração da cidade de Porto Seguro, com um enfoque específico sobre a atuação
dos migrantes, residentes na área periférica da cidade, no processo de produção da atual realidade
urbana é o que se propõe neste trabalho. Foi desenvolvido, a priori, um levantamento da história da
geografia urbana, contextualizada em outros recortes espaciais como a região Extremo Sul. A
atividade turística – um elemento propulsor da dinâmicas recentes – foi focada, discutida e
relacionada com as transformações do cenário urbano com a alteração do quadro demográfico e
espacial. A pesquisa de campo realizada entre 2001 e 2004 resultou em uma gama de dados sobre a
periferia da cidade, com destaque para as características da população migrante. Dados secundários
subsidiaram a análise, corroborando os resultados obtidos na pesquisa direta e ampliando a
possibilidade de uma leitura mais profunda sobre aspectos como a pobreza urbana e o nível da
qualidade de vida dos imigrantes. A cartografia temática produzida constitui-se em um diferencial,
pois há esta lacuna nos trabalhos acadêmicos e técnicos produzidos sobre Porto Seguro. Os mapas
temáticos subsidiaram as análises dos resultados e são instrumentos relevantes para a visualização da
geografia da pobreza, da distribuição incoerente dos equipamentos públicos urbanos, da segregação
espacial e de outros detalhes do espaço vivido dos migrantes. Concluiu-se que a atividade turística
promoveu o crescimento econômico do município transformando-o em um pólo do turismo regional.
Contudo, o rápido desenvolvimento da atividade e a incapacidade da mesma de ser distribuitiva de
renda, mantiveram a elevada concentração de renda que acentua o quadro de desigualdades sociais. A
irrisória redução da pobreza nos últimos dez anos é revelada por aspectos concretos como a paisagem
e a renda mensal dos trabalhadores migrantes. O cenário constatado exige a busca de alternativas para
que o turismo favoreça a minimização dos desequilíbrios sócio-espaciais em Porto Seguro.
Palavras-Chave: Imigrantes. Turismo. Área Periférica.
Título: Do diamante ao turismo: o espaço produzido no Município de
Lençóis. Data:
26/06/2006 11
Autora: Líliam Margarida Andrade dos SANTOS Orientadora: Creuza Santos Lage
Resumo:
Essa pesquisa trata da análise do espaço produzido pelo turismo no município de Lençóis, pólo
turístico conhecido internacionalmente, localizado na Chapada Diamantina, estado da Bahia, sob a
ótica da Geografia do Turismo. Esse trabalho fundamenta-se no modelo do Sistema de Turismo,
Sistur, criado por Beni em 1997, a partir da Teoria Geral dos Sistemas. O modelo referencial é
utilizado para o estudo de caso, permitindo a análise do turismo de Lençóis. Os conceitos de forma e
função de Santos (1992) e de Ecoturismo definido pela Embratur e Ministério do Meio Ambiente
(1994), são utilizados para identificação do turismo em sua espacialidade e completam a base teórico-
conceitual do trabalho. Os resultados obtidos ao longo de dois anos de análises documentais e
trabalho em campo demonstram que a atividade turística em Lençóis produziu e reproduziu um novo
espaço que substituiu o garimpo, dentro de um ciclo que já se esgotava naturalmente. A atividade
turística em Lençóis desenvolveu-se de fora para dentro, de acordo com as políticas públicas traçadas
para a região. A instalação do turismo abriu novas perspectivas e atraiu pequenos investidores que
reaquecem a economia local. Em sua maioria pessoas de outras regiões e mesmo países em busca de
uma vida alternativa. A partir daí surge uma dinâmica desigual provocada pela mudança abrupta da
sua atividade econômica tradicional: “do diamante ao turismo” onde, à comunidade tradicional, não
foi ofertada a possibilidade de inserção na atividade econômica, a não ser em opções de subemprego
da mão de obra desqualificada e despreparada para assumir novos postos, em um mercado de trabalho
informal que mais se identifica pela falta de ordenamento e sustentabilidade.
Palavras-Chave: Turismo. Ecoturismo. Produção do Espaço. Chapada Diamantina. Lençóis.
Título: Os meios de hospedagem em Salvador: distribuição espacial ao
longo de sua história. Data:
28/03/2007
12
Autor: Luis Cláudio Requião da SILVA Orientador: Pedro de Almeida Vasconcelos
Resumo: O presente estudo propõe analisar a distribuição e organização espacial dos meios de hospedagem no
espaço urbano da cidade de Salvador, assim como os agentes intervenientes neste processo. Buscou-
se a partir desta análise um maior entendimento da dinâmica urbana relacionada a este segmento,
associado ao cosmopolitismo característico desta urbis e aos efeitos na sua paisagem urbana. Para
tanto, a metodologia aplicada foi a pesquisa bibliográfica e documental, utilizando como principais
recursos, fotografias antigas e atuais, além de cartogramas de distribuição dos meios de hospedagem,
confeccionados a partir de base de dados oficiais do órgão competente e de pesquisa de campo.
Teoricamente associou-se o objeto de estudo a conceitos da ciência geográfica capazes de expressar a
essência dos fenômenos de forma mais fidedigna possível, contribuindo para o avanço qualitativo na
interpretação do real. Foram utilizados conceitos e categorias relacionados entre si, tais como
paisagem urbana, agentes, forma, função, estrutura e processo, além de produção e organização
espacial. Constatou-se que os meios de hospedagem sempre tiveram presença marcante na paisagem
urbana desta cidade, associado à evolução do fenômeno do comércio em todos os níveis escalares.
Percebeu-se que a partir da década de 1970, o fenômeno do turismo, alicerçado por intervenções do
poder público nos níveis federal, estadual e municipal, contribuiu intensamente para a evolução e
permanência do patrimônio arquitetônico, através de equipamentos de hospedagem que ajudaram a
preservar, requalificar e revitalizar determinadas áreas da cidade, principalmente no centro histórico e
adjacências.
Palavras-Chave: Meios de Hospedagem. Salvador. Paisagem Urbana. Produção. Distribuição e
Organização Espacial.
Título: Turismo, direito ambiental e conflitos na produção do espaço: o caso
da Reserva Imbassaí e seu entorno, na APA Litoral Norte da Bahia.
Data:
29/10/2008 13
Autora: Cláudia Novaes MACHADO Orientadora: Neyde Maria Santos Gonçalves
Resumo:
Esta pesquisa apresenta um estudo de caso referente ao Complexo Turístico-Hoteleiro Reserva
Imbassaí e seu entorno – Imbassaí, Barro Branco e Sucuiu – na Área de Proteção Ambiental Litoral
Norte do Estado da Bahia considerando a aplicação do Direito Ambiental na produção do espaço para
o turismo. A fundamentação teórico-conceitual foi embasada nas categorias geográficas de análise
forma, função, estrutura e processo – Santos (1985), turismo – Rodrigues (1997), produção do espaço
– Harvey (2005) e Direito Ambiental – Machado (2006). O turismo como principal atividade
econômica do Litoral Norte foi fomentado pelo Estado, devido à alocação de infra-estrutura, com o
objetivo de transformar a área em um pólo turístico de complexidade nacional e internacional, através
da atração de megaprojetos hoteleiros. Em 1992 foi criada a Área de Proteção Ambiental – APA
Litoral Norte pelo Decreto Estadual nº 1.406, com a finalidade de harmonizar o desenvolvimento
socioeconômico com os atributos ambientais, a qual é regulada pela Lei nº 9.985/2000 que criou o
Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC e estabelece o uso do espaço territorial
especialmente protegido. Contudo, os conflitos são notórios na legislação ambiental que regula a
produção socioespacial da área estudada. As leis não se coadunam nas três esferas de poder
responsáveis pela gestão do território, bem como os interesses dos agentes envolvidos na produção do
espaço. Desta forma, a produção territorial é bastante paradoxal, uma vez que os agentes
hegemônicos utilizam o discurso da sustentabilidade ambiental e, na práxis, o que se observa é a
exclusão da população tradicional e a degradação dos recursos naturais. Os resultados obtidos nesta
análise se propõem a subsidiar ações de planejamento e gestão territorial local.
Palavras-Chave: Produção do Espaço. Direito Ambiental. Turismo. Conflitos. Megaprojeto. APA
Litoral Norte. Imbassaí.
Título: Turismo e transformações socioespaciais: o caso do Município de
Cairú - Bahia.
Data:
19/07/2010 14
Autora: Daniela Araújo VIRGENS Orientadora: Catherine Prost
Resumo:
A presente dissertação tem o objetivo de discutir questões que envolvem a atividade turística
enquanto modo de produção capitalista e as transformações decorrentes de sua introdução em um
município com economia antes baseada na pesca e na agricultura. Em muitos casos, a falta de
planejamento e a exploração de forma indevida da atividade, têm beneficiado as iniciativas que, por
natureza, privilegiam o lucro. Para análise desta temática, propõe-se como metodologia um estudo de
caso do município de Cairu – Bahia, mais famoso pelos distritos de Morro de São Paulo e Boipeba.
Foram aplicados formulários e/ou realizadas entrevistas com os seguintes segmentos: população local,
líderes de associações e igrejas, empresários do turismo e setor público. A escolha do tema se justifica
pelo fato de que os gestores públicos propõem à geração de emprego e distribuição de renda a partir
da inserção da atividade turística. Mas será que na prática são os moradores locais que colhem os
frutos dos investimentos na atividade? As localidades turísticas acabam se transformando numa
reprodução dos desejos dos centros emissores de turistas a partir da produção do espaço não em
função da população local, mas com a finalidade de criar áreas que atendam ás expectativas dos
turistas. Considerando esta lógica, observa-se que há uma contradição entre o discurso político que
coloca o turismo como a solução para o problema da pobreza e a real situação em que vive parte da
população. Ao longo da pesquisa, foi constatado que as áreas do município onde o turismo se
desenvolve, são as que possuem uma dinâmica espacial mais acelerada e também onde é possível
observar uma explosão urbana. A inserção capitalista promovida por meio de um discurso
desenvolvimentista de geração de emprego e renda mascara uma realidade na qual poucos têm acesso
aos benefícios da inserção da atividade e ratifica uma realidade na qual os moradores locais são mero
expectadores de um crescimento sem qualquer tipo de planejamento. A população local que deveria
ser a principal beneficiária sofre com as consequências da falta de capacitação e da especulação
imobiliária, ficando cada vez mais, à margem do processo.
Palavras-Chave: Turismo. População Local. Contradição. Produção do Espaço. Cairu.
ANEXO A – MAPA DOS TERRITÓRIOS DE IDENTIDADE
ANEXO B – ZONAS TURÍSTICAS DO ESTADO DA BAHIA
Figura 4: Zonas Turísticas do Estado da Bahia.
Fonte: BAHIA (Secretaria de Desenvolvimento Econômico) (S.d).