155
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA COLEGIADO DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA ANTÔNIO SOUZA PEREIRA DOS SANTOS A PESQUISA EM TURISMO NA PÓS-GRADUAÇÃO DE GEOGRAFIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA: análise das dissertações de mestrado no período 1997-2015. SALVADOR 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

  • Upload
    dotuyen

  • View
    217

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

COLEGIADO DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

ANTÔNIO SOUZA PEREIRA DOS SANTOS

A PESQUISA EM TURISMO NA PÓS-GRADUAÇÃO DE GEOGRAFIA

DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA: análise das dissertações de

mestrado no período 1997-2015.

SALVADOR

2016

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

ANTÔNIO SOUZA PEREIRA DOS SANTOS

A PESQUISA EM TURISMO NA PÓS-GRADUAÇÃO DE GEOGRAFIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA: análise das dissertações de

mestrado no período 1997-2015.

SALVADOR

2016

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em

Geografia como requisito parcial para

obtenção do grau de Bacharel em Geografia

pela Universidade Federal da Bahia.

Orientador: Prof. Dr. Wendel Henrique

Baumgartner.

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

TERMO DE APROVAÇÃO

ANTÔNIO SOUZA PEREIRA DOS SANTOS

A PESQUISA EM TURISMO NA PÓS-GRADUAÇÃO DE GEOGRAFIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA: análise das dissertações de

mestrado no período 1997-2015.

APROVADO em 10 de outubro de 2016.

Banca Examinadora:

_________________________________

Prof. Wendel Henrique Baumgartner

Doutor em Geografia

Universidade Federal da Bahia

__________________________________

Profª. Ariadna da Silva Bandeira Mestre em Geografia

Universidade do Estado Bahia

__________________________________

Prof. Shanti Nitya Marengo

Doutor em Geografia

Universidade Federal da Bahia

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Graduação em

Geografia, como requisito parcial para

obtenção do grau de Bacharel em Geografia

pela Universidade Federal da Bahia.

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Maria e Antônio;

Às minhas irmãs, Graziela e Priscila;

À minha avó, Maria José;

À minha tia Ana;

E, principalmente, aos meus sobrinhos, Paulo Ricardo, Thainara, Thainá, Júlia e Juliana:

que lhes sirva de inspiração.

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

AGRADECIMENTOS

A Deus sempre cabe os primeiros agradecimentos, pois Dele recebemos a dádiva da vida

para, no decorrer da mesma, cumprir os objetivos, planos e metas traçados, assim como os

sonhos que resistiram à passagem da infância e da adolescência.

Aos meus Guias e Anjos de Luz, que sei que me acompanham desde sempre nos estudos.

Obrigado por atenderem aos meus pedidos por iluminação, paciência e inspiração, para dar

conta de todas as atividades acadêmicas.

Aos meus pais. Em especial e principalmente à minha mãe, Maria das Graças, por ter me

permitido estudar desde sempre, sacrificando-se por mim ao longo dos anos, e por, à sua

maneira, demonstrar seus orgulho e estímulo à minha caminhada.

Ao meu orientador, querido Professor Wendel, por ter aceitado o desafio de orientar alguém

por vezes tão ansioso e inquieto. Obrigado pelas dicas durante a construção deste trabalho e

também pelas aulas durante o curso de Geografia – as quais, sem puxa-saquismo, estão entre

as mais maravilhosas que já tive. És um modelo de profissional a se tentar seguir.

Sinto-me bastante à vontade para agradecer à Banca. Nela estão profissionais e pessoas

maravilhosas, que me inspiram bastante e tenho certeza que contribuirão mais que

significativamente para o meu trabalho. À professora Ariadna, minha pró preferida do curso

de Turismo e Hotelaria da UNEB; e ao professor Shanti, um grande e valioso companheiro

dos momentos passados no CITEPLAN, meus mais sinceros agradecimentos.

À Tábata, que contribuiu com a leitura do meu trabalho, ainda na fase de elaboração, e o

apoio e motivação sempre dados. Também, a Dirce, secretária do POSGEO, por me ajudar

com o acesso às dissertações.

Ao Ângelo, pela ajuda e suporte ao longo da minha formação acadêmica, desde os tempos da

UNEB.

Por fim, a todas as pessoas, entre familiares, parentes, amigos e colegas de curso (da UNEB e

da UFBA) que me mandaram/mandam boas energias e me desejaram/desejam sucesso na

minha busca pessoal e profissional.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

EPÍGRAFE

“A Geografia é a ciência do espaço e o turismo concretiza-se nos espaços geográficos”.

Luzia Neide Coriolano & Sylvio Bandeira Silva, 2005.

“(...) outra questão que se põe à universidade é a de superação da dicotomia

ensino/pesquisa. Há necessidade de transformar desde a sala de aula dos cursos de

graduação em locais de pesquisa, e que ela não fique reservada apenas à pós-graduação

(...)”

Ivani Catarina A. Fazenda, 1995

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

RESUMO

Este trabalho volta-se para a pesquisa em turismo na Pós-Graduação de Geografia da UFBA,

no período 1997-2015. Considera, para tanto, 14 dissertações de mestrado (de um total de

254), nas quais o “Turismo é Tema Central”. Objetiva-se analisar os aspectos que

caracterizam as pesquisas empreendidas, a partir da natureza temática das mesmas; elencar os

aspectos metodológicos empregados nos estudos (métodos e técnicas); e identificar o

referencial teórico comum que as embasou, tanto geográfico quanto turístico. Ao fim deste,

constata-se que a pesquisa em turismo é pouco representativa na Pós-Graduação em

Geografia da UFBA, com uma diversidade de assuntos que não dão unidade ao conjunto das

dissertações analisadas. De modo geral, o não uso/menção de um Método de Abordagem; a

não-especificação direta de um Método de Procedimento; e a utilização das pesquisas

bibliográfica e documental, da observação, do questionário, do formulário e da entrevista,

como as principais Técnicas, caracterizam o conjunto dos trabalhos – complementadas pelas

análises. Os Métodos de Procedimento especificados (Histórico-geográfico, Comparativo,

Estudo de Caso e Estatístico) apontam para a não exclusividade no uso de um método. Os

referenciais teóricos utilizados – os “Referenciais Comuns” – são majoritariamente

geográficos a turísticos, prevalecendo o discurso autoral. Os destaques entre os referenciais da

Geografia são Milton Santos e Adyr A. B. Rodrigues e, entre os do Turismo, constam apenas

Dóris V. M. Ruschmann e Mário Carlos Beni. Como uma das contribuições, espera-se que

este trabalho contribua tanto para a Geografia quanto para o Turismo, como mais uma

evidência da proximidade que estas duas áreas possuem.

Palavras-chave: Pesquisa em Turismo. Pós-Graduação em Geografia. Universidade Federal

da Bahia.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

ABSTRACT

This work is directed to the tourism research in UFBA’s Geography’s postgraduation, in the

period of 1997-2015. Therefore, It considers fourteen dissertations of master’s degree (a total

of 254), in what the “Tourism is central topic”. The aim is to analyse the aspects that

characterize the undertaken researches, starting of their thematic character; to inscribe the

methodological aspects used in studies (methods and technics); and to identify the theoretical

reference in common that based them, as geographic as touristic. At the end, it finds out that

the tourism research is little figurative in the UFBA’s Geography’s postgraduation, with a

diversity of topics that don't give uniformity to the group of analyzed dissertations. Generally,

the non use of a Approach Method; the absence of direct specification of a Procedure Method;

and the use of bibliographic and documentary researches, of the observation, of the

questionnaire, of the formulary and of the interview, like the main technics, that characterize

the group the researches – supplemented by analysis. The specified procedure methods

(Historical/Geographical, Comparative, Case Study and Statistical) point to the non

exclusiveness in the use of a method. The theoretical references that were used – “the

common references” – are mostly more geographics than touristics, prevaling the authorial

discourse. The prominences of geographic references are Milton Santos and Adyr A. B.

Rodrigues, and of tourism, are reported only Dóris V. M. Ruschmann and Mário Carlos Beni.

It’s expected that the research contributes to the Geography and Tourism, evidencing the

proximity between the both areas.

Keywords: Tourism Research. Geography’s Postgraduation. Federal University of Bahia.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Áreas Geográficas de apoio à Geografia do Turismo. p. 62

Figura 2: Distribuição dos Trabalhos por Grupo, no Período 1997-2015. p. 67

Figura 3: Quantitativo dos Trabalhos no Período 1997-2015. p. 68

Figura 4: Zonas Turísticas do Estado da Bahia. p. 155

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Trabalhos Voltados para a Pesquisa Científica em Turismo no Brasil. p. 24

Quadro 2: Definições de Turismo Utilizadas por Alguns Autores. p. 40

Quadro 3: Multi/Interdisciplinaridade do Turismo, Segundo Alguns Autores. p. 50

Quadro 4: As abordagens do Turismo nas Obras Resultantes do Evento Internacional “Sol e

Praia”, em 1995. p. 53

Quadro 5: O Turismo nas Linhas de Pesquisa do POSGEO. p. 65

Quadro 6: Dissertações Desenvolvidas no POSGEO, Presentes na Pesquisa de Castro (2006).

p. 71

Quadro 7: Assuntos Gerais Contidos nos Títulos das Dissertações. p. 74

Quadro 8: Palavras-chave Segundo Grupos Gerais de Assuntos. p. 76

Quadro 9: Níveis/Abordagens de Estudos das Dissertações e suas Referências Espaciais.

p. 80

Quadro 10: Locais focados nos estudos realizados. p. 82

Quadro 11: Métodos de Abordagem e sua Utilização nas Dissertações Analisadas. p. 85

Quadro 12: Classificação das Dissertações Quanto à Especificação do(s) Método(s) de

Procedimento(s) p. 87

Quadro 12.1: Métodos de Procedimentos Especificados Diretamente nas Dissertações. p. 88

Quadro 13: Relação de Métodos de Abordagem e Métodos de Procedimentos Utilizados nas

Dissertações. p. 90

Quadro 14: Referenciais Teóricos Comuns às Dissertações Analisadas. p. 102

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Quantitativo de Trabalhos no Período 1997-2015. p. 66

Tabela 2: Tabela 2 – Quantitativo de Defesas de Dissertações por Períodos. p. 68 Tabela 3: Defesas de Dissertações Voltadas para o Turismo no Período 1997-2015. p. 69

Tabela 4: Palavras-Chaves Encontradas nas Dissertações. p. 75

Tabela 5: Referenciais Teóricos mais Utilizados por Dissertação. p. 95

Tabela 5.1: Principal Referencial Teórico por Dissertação Analisada. p. 100

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AGB – Associação dos Geógrafos Brasileiros

APA – Área de Proteção Ambiental

BAHIATURSA – Empresa de Turismo da Bahia

BTS – Baía de Todos os Santos

CAR – Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional

CBG – Congresso Brasileiro de Geógrafos

CEI – Centro de Estatísticas e Informações

CEPRAM – Conselho Estadual do Meio Ambiente

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

CONDER – Companhia de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Salvador

CRA – Centro de Recursos Naturais

EMBRATUR – Empresa Brasileira de Turismo

ENG – Encontro Nacional de Geógrafos

ENGA – Encontros Nacionais de Geografia Agrária

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IUOTO – International Union of Official Travel Organizations

NEHMA – Núcleo de Estudos Hidrológicos e do Meio Ambiente

OMT – Organização Mundial do Turismo

PDITS – Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável

PNT – Plano Nacional de Turismo

POSGEO – Pós Graduação de Geografia

PRODETUR/NE – Programa de Desenvolvimento do Turismo/Nordeste

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SECTI – Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação

SEI – Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia

SEPLAN – Secretaria de Planejamento

SEPLANTEC – Secretaria de Planejamento, Ciência e Tecnologia

SISTUR – Sistema de Turismo

TERNOPAR – Turismo e Excursionismo Rural no Norte do Paraná

TI – Territórios de Identidade

UFBA – Universidade Federal da Bahia

UIOOT – União Internacional de Organizações Oficiais de Viagens

ZT – Zonas Turísticas

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 14

2 TERMOS DE REFERÊNCIA CONCEITUAL 22

2.1 ESTADO DA ARTE 22

2.2 REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL 34 2.2.1 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONCEITO/DEFINIÇÃO DE

TURISMO 34

2.2.2 O CARÁTER DISCIPLINAR DO TURISMO: MULTIDISCIPLINARIDADE E

INTERDISCIPLINARIDADE 48

2.2.3 A GEOGRAFIA DO TURISMO 51

3 A PESQUISA EM TURISMO NA PÓS GRADUAÇÃO EM

GEOGRAFIA DA UFBA: DISSERTAÇÕES ENTRE 1997 E 2015 64

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO UNIVERSO DAS DISSERTAÇÕES 69

3.2 A NATUREZA TEMÁTICA DAS DISSERTAÇÕES 72 3.2.1 OS ASSUNTOS GERAIS 73

3.2.2 OS ASSUNTOS ESPECÍFICOS (OU A ESPECIFICIDADE DO OBJETO) 77

3.3 OS ASPECTOS METODOLÓGICOS DAS DISSERTAÇÕES 84 3.3.1 OS MÉTODOS DE ABORDAGEM 84

3.3.2 OS MÉTODOS DE PROCEDIMENTO 86

3.3.3 AS TÉCNICAS DE PESQUISA 91

3.4 O REFERENCIAL TEÓRICO UTILIZADO NAS DISSERTAÇÕES 93

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 108

REFERÊNCIAS 115

APENDICE A – QUADRO DE PROFESSORES DO POSGEO 124

APENDICE B – ESTRUTURA CURRICULAR DO MESTRADO 125

APENDICE C – GRUPOS/LABORATÓRIOS DE PESQUISA DE

GEOGRAFIA 126

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

APÊNDICE D – FICHAS-RESUMO DAS DISSERTAÇÕES ONDE O

TURISMO ESTÁ EXPLÍCITO 127

APENDICE E – FICHAS-RESUMO DAS 14 DISSERTAÇÕES

ANALISADAS 147

ANEXO A – MAPA DOS TERRITÓRIOS DE IDENTIDADE 154

ANEXO B – MAPA DAS ZONAS TURÍSTICAS BAIANAS 155

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

1 INTRODUÇÃO

O Turismo1 possui história e antecedentes históricos

2, que podem ser encontrados

em diversos autores como Barreto (1995), Urry (1996), Beni (1998), Rejowski (1996),

Montejano (2001), Oliveira (2002), Coriolano e Silva (2005), Coriolano (2007), Andrade

(2008), Panosso Netto (2013) e Pakman (2014). Numa síntese geral e simplificada, esses

autores escrevem sobre as viagens e deslocamentos realizados pelos primeiros homens até o

Grand Tour inglês; do início da organização das excursões turísticas; do início do processo de

conceituação do termo e a sua evolução; e das pesquisas científicas sobre o Turismo em

diversas áreas, como por exemplo, a Geografia.

No que se refere à pesquisa científica em turismo, Rejowski (1996) situa o seu

desenvolvimento no pós-Segunda Guerra Mundial3, trazendo os estudos que o antecedem e o

acompanham, bem como adentrando no processo de cientificidade que o caracterizou ao

longo do período. Este primeiro momento, segundo a autora, se dá em âmbito internacional –

no qual ela apresenta um conjunto de fatores que justificaram o surgimento e o

desenvolvimento da pesquisa em Turismo (sob o viés multidisciplinar), principalmente na

Europa e nos Estados Unidos.

Portanto, o turismo, uma prática antiga, só aparece como área científica de estudos

recentemente, e sua evolução foi notável, levando-se em conta o curto período de

sua ocorrência. Mesmo considerando que importantes bases de seu estudo foram

assentadas antes da Segunda Guerra Mundial, seu desenvolvimento científico só

ocorreu após a mesma.

1 Neste trabalho, diferenciar-se-á o Turismo como área do conhecimento do turismo como atividade, pela

inicial, respectivamente, maiúscula e minúscula. Reconhece-se difícil, nalguns momentos, fazer tal distinção. 2 Faz-se referência, com isso, ao fato de o histórico do turismo ser abordado principalmente em função da

evolução do seu conceito/definição (principal e correlatos) e da organização das viagens que acabariam por

conformá-lo, cujos deslocamentos iniciais são, inclusive, a ele anteriores. Entretanto, existem outras abordagens

históricas de setores/elementos que estão inseridos na área geral do turismo: histórico da Organização Mundial

do Turismo (OMT), da Hotelaria e dos Meios de Hospedagem, do Agenciamento (agências e operadoras de

viagens), da Pesquisa em Turismo e Hotelaria; assim como de outros que a eles se relaciona, por exemplo, dos

Transportes e da Alimentação. 3 Segundo Lima e Silva (2004, p. 11) “A massificação desta atividade [o turismo] veio, de acordo com a

formação e a sedimentação da própria sociedade de consumo de massa, se desenvolvendo a partir dos anos 30

[do século XX] e, mais fortemente, com a estruturação do Estado do bem-estar social nos EUA e na Europa

Ocidental, depois da Segunda Guerra Mundial. Agrega-se a essa reorganização do mundo, a expansão do uso de

inovações tecnológicas, a mundialização das empresas hegemônicas apoiadas pelo capital financeiro, viabilidade

do mundo com o uso dos meios midiáticos e explosão do consumo pelas classes média e alta, mesmo em países

do Terceiro Mundo. A adoção de inovações nos meios de transporte e outros meios de comunicação contribuiria

para elevar o fluxo de pessoas e informações entre os lugares. Investidores eram atraídos para valorizar – com

equipamentos, infra-estrutura e serviços – ambientes favoráveis ao lazer, comumente potencializados pelas

belezas naturais e pela riqueza da história humana”.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

A evolução do estudo do turismo, compreensivelmente, estimula esforços em

pesquisa e ensino, de forma análoga ao processo de ‘cientificidade’ já ocorrido em

outras disciplinas mais antigas das ciências humanas e sociais, como a antropologia,

geografia, sociologia e economia (REJOWSKI, 1996, p. 17).

Em âmbito nacional, Rejowski (1996) afirma que os estudos científicos do

turismo iniciam-se na década de 1970, apontando os diversos aspectos que contribuíram para

a sua continuidade no ambiente acadêmico brasileiro. O contexto era o seguinte:

Nessa época, no Brasil, assim como em outros países, existia toda uma expectativa e

credibilidade sobre o turismo como uma das ‘chaves que abririam as portas’ do

desenvolvimento econômico. Isso em função do boom do turismo massivo e a

conseqüente movimentação e circulação de capital, cuja importância econômica já

era reconhecida em todo o mundo4. Informações eram veiculadas tanto em meios de

comunicação especializados (revistas e boletins técnico-científicos), quanto em

meios de comunicação de massa (jornais, diários, programas de rádio e televisão),

divulgando os aspectos positivos do turismo em toda a sua plenitude.

Empresários, políticos e estudiosos brasileiros passaram a se interessar por turismo

(Ibid., p. 59).

Os trabalhos e estudos existentes no Brasil, apontados pela autora em sua tese5 e

noutros textos de sua autoria, assim como nalgumas outras referências aqui utilizadas,

evidenciam as muitas áreas do conhecimento que estudaram o turismo – entre elas a

Geografia. Tais estudos realizados por esta ciência são importantes pelo fato de denotarem a

relação espacial intrínseca entre ambas. Também, por contribuírem para o avanço da

sistematização dos conhecimentos em Turismo e na denominada Geografia do Turismo –

inclusive para a própria Geografia –, fortalecendo a discussão teórica destas áreas.

É, nessa perspectiva de contribuição teórica, que este trabalho, cujo título e tema é

A pesquisa em Turismo na Pós-Graduação de Geografia da Universidade Federal da Bahia:

análise das dissertações de mestrado no período 1997-2015, é pensado. Com um foco

disciplinar definido, o geográfico, entende-se por natureza temática os temas que foram

4 Em Jafari (2005, p. 40-1) encontra-se o mesmo destaque. Ele diz que: “El rápido y estable crecimiento del

turismo desde la Segunda Guerra Mundial y especialmente en las última décadas, ha atraído mucha atención

tanto sobre el fenómeno como sobre la propia industria”. O autor continua dizendo que uma análise da literatura

informa bastante sobre o crescimento e a popularidade do Turismo – realizando tal análise a partir das quatro

plataformas que vão agrupar o conjunto dos estudos e perspectivas desenvolvidos durante esses anos. A

plataforma que segundo o autor vai defender “Lo bueno del turismo” é a Apologética, ou, segundo Rejowski

(1996), a Plataforma de Defesa ou Advocatícia. 5 No estudo consta que os primeiros trabalhos voltados para o Turismo, no Estado da Bahia, se deram na Escola

de Administração da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador: a primeira foi a dissertação de

mestrado de Jorge Antônio Santos Silva, sobre “O desempenho do turismo em Salvador na década de 80: a

relevância da ação do Estado”, em 1991; o outro foi a dissertação de mestrado de Guilherme Marback Neto,

sobre o “Turismo de eventos – o caso do Centro de Convenções da Bahia”, em 1992. No que se refere à presença

da Geografia nos trabalhos encontrados, a autora afirma que esta figura entre as principais disciplinas que

originaram os estudos (com 9 trabalhos num total de 55), iniciados na década de 1970 e cujas áreas de maior

interesse foram Espaço e Turismo e Turismo e Meio Ambiente.

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

discutidos nestes trabalhos, sejam estes “puramente” turísticos ou associados a

temas/conteúdos geográficos. O recorte temporal presente no título refere-se ao ano de

publicação da primeira dissertação de mestrado da Pós-Graduação de Geografia (POSGEO)

da UFBA, até o ano anterior à finalização deste trabalho. Trata-se de uma proposta de estudo

cujo tema atende às quatro viabilidades propostas por Barros e Lehfeld (1986, p. 27 apud

DENCKER, 1998, p. 61): técnica (em função dos métodos e técnicas indicados de acordo

com a tipologia de pesquisa); política (relevância do tema em função da realidade

emergencial, relações com pesquisas existentes e contribuição para a solução de problemas);

lógica (em função do quadro conceitual que embasa a pesquisa) e financeira (considerando os

gastos que todas as pesquisas demandam).

Tendo em vista o viés disciplinar dos trabalhos, a questão que procura-se

responder é: qual é a natureza temática e os aspectos metodológicos que caracterizam a

pesquisa em Turismo na Pós-Graduação de Geografia da Universidade Federal da Bahia, no

período 1997-2015? Para tanto, cabe voltar as atenções, quando do tratamento de cada

dissertação, para o título e resumo das mesmas e a metodologia utilizada por cada

pesquisador. E, no que se refere à metodologia, serão considerados apenas os Métodos de

Abordagem que os embasam, os Métodos de Procedimento empregados e as Técnicas

utilizadas. Adicionar-se-á a identificação do referencial teórico que os mesmos utilizaram

para fundamentar as pesquisas desenvolvidas.

Foram definidos objetivos para serem alcançados com a elaboração deste trabalho,

a fim de se responder ao problema apresentado. Como objetivo geral, busca-se analisar os

aspectos que caracterizam a pesquisa em Turismo nas dissertações de mestrado desenvolvidas

na Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal da Bahia, no período 1997-2015.

Esses aspectos são os temas que foram pesquisados, os Métodos de Abordagem e

Procedimento utilizados, as Técnicas empregadas e os Referenciais Teóricos que as

fundamentaram. Os objetivos específicos são:

Caracterizar as dissertações encontradas quanto à natureza temática das

pesquisas desenvolvidas, no que se refere aos assuntos gerais e específicos (ou especificidade

do objeto) das mesmas.

Elencar os aspectos metodológicos empregados nos estudos realizados, no que

se refere aos Métodos de Abordagem, de Procedimento e às Técnicas.

Identificar o referencial teórico comum dos pesquisadores, tanto geográfico

quanto turístico, denominado “Referenciais Comuns”.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Para o tratamento da metodologia a ser empregada, este trabalho apóia-se em

Pádua (2004), Gil (2009) e Marconi e Lakatos (1999; 2010). De acordo com Pádua (2004, p.

38) “o desenvolvimento da pesquisa envolve quatro momentos marcantes; cada um com seus

desdobramentos e especificidades”. São estes momentos: o Planejamento do Projeto de

Pesquisa (que se compõe de vários outros momentos, desde a seleção do tema até a

apresentação do referido projeto); a Coleta de Dados (que volta-se para a reunião dos dados

pertinentes ao problema identificado); a Análise dos Dados (que se caracteriza pela análise,

classificação e interpretação das informações coletadas anteriormente); e a Elaboração Escrita

(com redação final e posterior apresentação).

Escolhido o tema a ser pesquisado, procedeu-se com o levantamento bibliográfico

inicial. Primeiramente, a pesquisa voltou-se apenas para a reunião das dissertações defendidas

no período 1997-2015, agrupando-as em 3 classificações específicas e de modo a separar, ao

fim desta, aqueles que realmente interessam aos propósitos deste trabalho. Estes

agrupamentos foram definidos seguindo procedimento existente em Rejowski (1996). A

autora também propõe esta separação dos trabalhos encontrados – mas não destaca um

terceiro agrupamento, como aqui foi feito. Os grupos foram os seguintes:

1) O Turismo é Tema Central: dissertações nas quais o Turismo figura no título

do trabalho.

2) O Turismo está Explícito: dissertações nas quais o Turismo não aparece no

título, mas figura no resumo, palavras-chave, sumário e/ou ao longo do texto do trabalho.

3) O Turismo não é Tema: dissertações com outras temáticas que não a turística.

Sobre as duas primeiras classificações, cabem esclarecimentos mais. No que se

refere ao primeiro grupo, embora o “rótulo” principal seja o Turismo, considerou-se também

aquelas dissertações em cujos títulos estivessem presentes os termos/palavras e expressões

(sozinhos ou associados aos adjetivos “turístico” ou “hoteleiro”): Hotelaria, Meios de

Hospedagem e/ou Estabelecimentos Hoteleiros, Agências e/ou Operadoras de Viagens,

Viagem(ns), Roteiros Turísticos, Cartografia e/ou Mapas Turísticos, Perfil dos Visitantes

(Turistas, Excursionistas, etc.), Segmentação Turística, Ensino/Educação Turísticos entre

outros. Rejowski (1996) considerou para tanto termos referentes a turismo, turista, hotelaria

ou agência de viagem, citando dois exemplos que atendiam a esse critério6.

6 “Estudo exploratório sobre sistemas de controle gerencial em empresas hoteleiras no Brasil”, dissertação de

mestrado de Acácio Lima, de 1990; e “Formulação de um programa de marketing de turismo social para o

trabalhador”, tese de doutorado de Humberto Baptistella Filho, são os exemplos utilizados pela autora.

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

No que se refere ao segundo grupo, prestou-se atenção a palavras/termos e

expressões que, presentes nos títulos, sugerissem e/ou indicassem uma relação com o Turismo

ou quaisquer dos outros acima mencionados, levando assim ao surgimento do mesmo em

algumas das partes dos trabalhos mencionadas anteriormente. Foram alguns dos encontrados:

Marketing Territorial, Mapeamento, Zoneamento e Regionalização, Percepção e Paisagem,

Patrimônio Cultural, Cidade de Cachoeira, Cidade de Salvador, Baía de Pontal (Ilhéus),

Unidades de Conservação e Unidades Ambientais, Litoral e Orla Oceânica, Recôncavo,

Fortificações, Pelourinho, Geografia e Literatura, Políticas e Planejamento Estadual,

Municipal ou Urbanos, Reformas Urbanas em Espaços/Locais/Áreas Turísticos, Cidade de

Amargosa, Romarias, Transportes Aéreos entre outros. Diferentemente da já mencionada

autora, estes termos foram fornecidos como uma explicação para a “suspeita” sobre os

trabalhos que se “encaixassem” no segundo grupo. Ela fala dos mesmos termos supracitados

não sendo encontrados no título, mas no conteúdo e no decorrer do texto – citando também

dois exemplos para esse grupo7.

Em ambos os casos, aumenta-se a gama de trabalhos a serem contemplados,

tornando este mais fundamentado em sua análise e diminuindo, assim, a chance de alguma

dissertação não ser contemplada. Além disso, alguns títulos das dissertações do segundo

grupo remetem a cidades, áreas, locais, espaços ou pontos turísticos; a alguns temas que

podem se associar ao turismo, a depender do contexto – como as que falam da Literatura ou

das categorias geográficas no contexto das cidades ou espaços da atividade turística entre

outros.

Visando cumprir os prazos, a opção foi por trabalhar apenas com as dissertações

do primeiro grupo: elas são 14 (5,5%) de um total de 254 dissertações, a primeira defendida

em 1998 e a última em 2010. Observou-se que, nesse período, houve anos em que não se teve

dissertações voltadas para a temática do Turismo. Numa tentativa de explicação para a

ausência de trabalhos, supõe-se a falta de interesse dos autores pelo tema – visto que o mesmo

tem a ver inicialmente com a escolha do indivíduo, e, pode manter relação com a área de

formação ou o tema pesquisado quando da graduação. Outro aspecto a se considerar seria o

fato do Turismo, embora presente nas Linhas de Pesquisa, não ser uma área de estudos

geográficos que caracteriza e “dá identidade” ao POSGEO, como são os estudos de Geografia

Urbana ou Geografia Agrária, por exemplo.

7 “A muralha que cerca o mar – Uma modalidade de uso do solo urbano”, dissertação de mestrado de Odette C.

de Lima Seabra, de 1979; e “Memória de uma comunidade que se transforma: de localidade agrícola-pesqueira a

balneário”, dissertação de mestrado de Mara C. de Souza Lago, de 1983, são os exemplos dados pela autora.

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

O trabalho abarca a totalidade do grupo de dissertações que foi identificado na

pesquisa/levantamento inicial, portanto, não possui amostra. Quanto aos métodos, que para

Gil (2009) proporcionam as bases lógicas da investigação, e para Marconi e Lakatos (1999;

2010) são tidos como Métodos de Abordagem, este trabalho não se aproxima de nenhum

pelos autores listados e, desse modo, não existe justificativa em utilizar-se de um deles como

fundamentação. No que se refere aos métodos que indicam os meios técnicos da investigação

(GIL, 2009) ou Métodos de Procedimento (MARCONI; LAKATOS, 1999; 2010), este

trabalho utilizará o Método Monográfico.

No que se refere às técnicas, segundo Marconi e Lakatos (1999), a que será

utilizada neste trabalho será a Documentação Indireta, a partir de Pesquisa Bibliográfica8, em

Fontes Secundárias do tipo Publicações – estas encontradas nas bibliotecas da UFBA (Escola

de Administração, Central, Faculdade de Educação e Instituto de Geociências) e da

Universidade do Estado da Bahia; na Secretaria da POSGEO, localizada no Instituto de

Geociências (onde também foram encontradas e consultadas as dissertações aqui analisadas);

e na Internet (em sites como o da POSGEO, de eventos, de revistas e em materiais nela

disponibilizados).

O nível de pesquisa deste trabalho, segundo Gil (2009) é Exploratório

(principalmente) e Descritivo. Por possuir natureza analítica, caracteriza-se de duas formas

concomitantes. Primeiro, como uma “monografia de análise teórica”, a qual, segundo

Tachizawa e Mendes (2006, p. 45) “[...] evidencia uma simples organização coerente de

ideias, originadas de bibliografia de autores consagrados que escreveram sobre o tema

escolhido pelo aluno, [...] a partir de fontes exclusivamente bibliográficas, e que avance o

atual estado da arte no assunto”. Segundo, como uma “monografia de análise teórico-

empírica”, a qual pode ser “uma simples análise interpretativa de dados primários em torno de

um tema, com apoio bibliográfico”, entendendo-se os dados primários como as “[...]

informações obtidas diretamente no campo ou origem dos eventos pesquisados” (Ibid., p. 53).

As informações colhidas poderão ser representadas em forma de quadros, tabelas e gráficos,

facilitando assim a compreensão daquelas.

Quanto à justificativa para a realização deste trabalho, o primeiro aspecto a se

destacar é o interesse pessoal como ponto de partida. Explicando, este trabalho surgiu de

necessidade e inquietação pessoais de preenchimento de lacunas, provenientes após o término

8 A Pesquisa Bibliográfica configura o segundo momento do levantamento bibliográfico inicial sinalizado,

diferenciando-se daquele, por visar encontrar trabalhos que já tenham sido desenvolvidos com a mesma temática

aqui proposta, e para a construção do referencial teórico-conceitual do mesmo.

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

da primeira graduação (o Bacharelado em Turismo e Hotelaria, entre os anos de 2006-2010).

As deficiências teórico-conceituais e inquietações da graduação anterior, por vezes deixadas

de lado (face a nova realidade no curso de Geografia), levaram à retomada das leituras – o que

culmina com a proposta deste trabalho.

O contato com alguns autores desconhecidos (do Turismo e da Geografia) e a

revisita a outros lidos anteriormente forneceu pistas do que empreender como pesquisa.

Porém, foi na obra de Rejowski (1996) que o caminho a seguir tornou-se evidente –

representando, desta forma, a possibilidade de unir ambas as graduações num só ponto: eis o

“casamento” da Geografia com o Turismo, e vice-versa, que fundamenta a realização deste

trabalho.

Quanto às contribuições que este trabalho possa dar, considera-se que estas sejam:

primeiro, servir de subsídio a outros que estudem a produção científica da Pós-Graduação em

Geografia desde o seu início (pois este contempla esta escala temporal, subtraindo dela

aqueles trabalhos que interessam à questão formulada e aos objetivos traçados); segundo, e

ainda na escala do curso de Geografia, este é o único trabalho na graduação e na Pós com este

recorte temático, visando abranger a totalidade sobre ele existente até então9.

Terceiro, e último, a justificativa para escolha dos trabalhos da Pós-Graduação,

não incluindo os da Graduação, se dá em função da importância dos primeiros em nível de

pesquisa e contribuição teórico-conceitual, bem como, para não comprometer o cumprimento

deste trabalho – dando assim condições à sua realização. Como afirma Rejowski (2009, p. 4):

Considera-se que a produção científica relevante emerge nas dissertações e teses, e

momentaneamente e/ou posteriormente a estas, em outros veículos de comunicação

científica (REJOWSKI e OLIVEIRA, 2008). Assim estudar a produção científica

decorrente das pesquisas turísticas possibilita compreender tanto o conhecimento em

geral nelas produzido, quanto as suas particularidades.

Contudo, foram escolhidas apenas as dissertações pelo fato do Programa de

Mestrado ter pouco mais de duas décadas de existência, o que permite uma análise do

conhecimento produzido ao longo desse período – o que não é possível com as teses, que só

tinham até então uma turma produzida, com os trabalhos publicados até dezembro de 2015.

9 Alguns trabalhos no Programa de Pós-Graduação identificados e que propõem algo nesse sentido, são os de

Neves (2010), cujo título é “Estudo da produção do conhecimento na ciência geográfica brasileira a partir dos

anais dos Encontros Nacionais de Geografia Agrária (ENGA)”; e o de Sousa (2015), cujo título é o “Percurso

historiográfico do campo disciplinar geográfico na Bahia e em São Paulo: contribuições da Universidade Federal

da Bahia e da Universidade de São Paulo” – o primeiro uma dissertação e o segundo uma tese.

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Além da Introdução, das Referências e dos Apêndices e Anexos, o trabalho está

estruturado em três partes. A primeira, denominada Termos de Referência Conceitual

(Capítulo 2), de caráter teórico, traz o conjunto dos referenciais que fundamentaram este

trabalho. Inicialmente, isto é feito no subtópico Estado da Arte (Capítulo 2.1), que trata das

obras existentes sobre a temática aqui desenvolvida, e, em seguida, no subtópico Referencial

Teórico-Conceitual (Capítulo 2.2). Este último traz os autores, ideias e discussões a partir de

três abordagens previamente definidas10

: inicia-se com Algumas considerações acerca do

conceito e definição do Turismo; parte, em seguida, para uma abordagem do Caráter

Disciplinar do Turismo; e finaliza com o entendimento da Geografia do Turismo. Toda esta

primeira parte foi construída em momento anterior ao contato com as dissertações analisadas

– contidas na segunda parte do trabalho.

A segunda parte (Capítulo 3), de caráter empírico, analisa as 14 dissertações

encontradas e cujas pesquisas voltaram-se especificamente para o turismo. Nesta, denominada

A Pesquisa em Turismo na Pós-Graduação em Geografia da UFBA: dissertações entre 1997 e

2015, além de uma breve apresentação do Programa de Mestrado em Geografia da referida

instituição, há a análise geral feita do conjunto das 254 dissertações defendidas no período

considerado. Este capítulo subdivide-se em quatro outros tópicos: Caracterização Geral do

Universo (Capítulo 3.1), com a caracterização das 14 dissertações voltadas ao Tema do

Turismo; A Natureza Temática geral e específica das dissertações (Capítulo 3.2), onde são

evidenciados também os locais enfocados nas pesquisas; Os Aspectos Metodológicos das

Dissertações (Capítulo 3.3), no qual se elenca os Métodos de Abordagem e Procedimentos

empregados e as Técnicas de Pesquisa utilizadas pelos pesquisadores; e o Referencial Teórico

Utilizado (Capítulo 3.4), onde se identificam os autores geográficos e turísticos comuns às

dissertações analisadas.

Após as análises empreendidas no Capítulo 3, fazem-se as Considerações Finais

do Trabalho (Capítulo 4), dando uma perspectiva geral dos resultados obtidos e se o problema

de pesquisa foi resolvido e os objetivos propostos, alcançados.

10

Todo o referencial teórico-conceitual (e por extensão este primeiro momento do trabalho) estrutura-se em

torno do turismo, daí os títulos dados a cada uma das abordagens do Capítulo 2.2.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

2 TERMOS DE REFERÊNCIA CONCEITUAL

Nesta parte, é composto o corpo teórico-conceitual que sustenta este trabalho.

Para tanto, levou-se em conta a identificação e breve abordagem da produção científica acerca

do que se discute, da mesma forma que a utilização de alguns autores e conceitos que

fundamentam esse texto. Ambos foram construídos antes da consulta às dissertações – por

decisão baseada em leituras também realizadas anteriormente e tendo o Turismo como eixo

estruturador.

No que se refere ao Estado da Arte, foram considerados o conjunto de trabalhos

que versam sobre a pesquisa científica em turismo e aqueles outros cuja abordagem da

pesquisa é estritamente geográfica – aos quais adicionam-se, de forma a complementar à

análise, as obras que contribuem numa perspectiva metodológica. Isto foi decidido pelo fato

de que, já sabido o tema a ser proposto e posteriormente pesquisado, seria preciso consultar

outros que também tivessem realizado a pesquisa em turismo (dentro das três perspectivas

acima mencionadas), para evitar repetição de propostas e aproveitar metodologias

desenvolvidas.

Para o Referencial Teórico-Conceitual, o tema a ser pesquisado e as leituras que

foram realizadas levaram a considerar “abordagens-chave” que julgou-se cumprirem o papel

de fundamentação deste trabalho. Tem relação superficial, ou quase nenhuma relação, com os

conteúdos teóricos desenvolvidos nas dissertações estudadas, porque não é objetivo deste

trabalho discuti-los e/ou tentar trazer um panorama geral dos mesmos. Desta forma,

considerou-se válido tratar do caráter disciplinar do Turismo, da Geografia do Turismo e

trazer uma abordagem a respeito do conceito que envolve a área do conhecimento e a

atividade, por acreditar que estão relacionados à proposta deste trabalho – mesmo que

independentes da discussão tratada nas dissertações.

2.1 ESTADO DA ARTE

Os trabalhos encontrados são de abrangência nacional e em língua portuguesa,

visto que as dificuldades impostas pelo idioma estrangeiro impedem a análise da provável

contribuição que estes dariam ao propósito deste texto. Entretanto, a menção/conhecimento e

o acesso (principalmente às ideias) ao que foi produzido internacionalmente, no que se refere

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

à pesquisa em turismo, são possíveis através de Rejowski (1996) e Schlüter (2003). Segundo

Lima e Rejowski (2009, p. 4):

Os estudos sobre essa temática em Turismo, tendo como objeto as dissertações e/ou

teses, parecem ter um marco inicial com o estudo de Jafari y Aaser (1988), que

analisaram um conjunto de 157 teses de doutorado sobre Turismo produzidas nos

Estados Unidos entre 1951 e 1987, como importante indicador da evolução do

conhecimento científico. Esse estudo deu origem e estimulou diversas pesquisas em

vários países, como as de Hall (1991) na Austrália, de Baum (1998) no Reino Unido

e de Boterill, Gaven e Dale (2002) no Reino Unido e Escócia.

Quanto aos trabalhos do primeiro grupo, estes se caracterizam por analisar e

estudar a produção científica em turismo no Brasil a partir dos diversos trabalhos publicados

sobre o tema – os quais revelam as diversas áreas do conhecimento que o fizeram. Fornecem,

dessa forma, dados quantitativos e as respectivas análises dos mesmos. Entre os trabalhos

encontrados estão os de Rejowski (1994; 1996; 2010); Rejowski e Solha (2000); Rejowski e

Oliveira (2008); Lima e Rejowski (2009); e Widmer, Melo e Neri (2012).

Destaca-se, desta forma, a contribuição dos dois trabalhos de Mirian Rejowski11

os quais, análogo ao pioneirismo de Jafar Jafari e Dean Aaser nos Estados Unidos, foram os

primeiros no estudo da pesquisa da produção científica em turismo no Brasil – e por esse

motivo figuram em todas as outras referências citadas. Da tese de doutorado surge um livro

(REJOWSKI, 1996) e da tese de livre-docência origina-se um artigo – ou um dos artigos, não

se sabe – (REJOWSKI; SOLHA, 2000), ambos aqui utilizados. Além destas, tem-se um

conjunto de outras publicações que dão continuidade à pesquisa iniciada pela autora, sozinha

ou em parceria – já que a produção e pesquisa não param e faz-se necessário a constante

atualização dos dados e informações, relativos às dissertações e/ou teses publicadas. Como

destacam Lima e Rejowski (2009, p. 4-5):

Especificamente no Brasil, os estudos sobre a produção científica em Turismo

começaram a ser realizados na década de 1990, com o desenvolvimento de duas

pesquisas acadêmicas. A primeira, uma tese de doutorado, tratou da configuração e

sistematização documental de 55 dissertações e teses no período de 1975 a 1992

[...]. A segunda, uma tese de livre-docência [...], analisou um conjunto de 102

dissertações e teses no período de 1971 a 1995, e discutiu a opinião de

pesquisadores e profissionais sobre a pesquisa turística.

A seguir, o Quadro 1 apresenta todos os trabalhos mencionados neste primeiro grupo,

destacando os autores/anos de publicação, o título e a importância dos mesmos.

11

São eles a tese de doutorado, cujo título é: “Pesquisa Acadêmica em Turismo no Brasil (1975-1992):

configuração e sistematização documental”, do ano de 1993; e a tese de livre-docência, cujo título é: “Realidade

Turística nas Pesquisas Científicas – Visão de Pesquisadores e Profissionais”, do ano de 1997.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Quadro 1 – Trabalhos voltados para a pesquisa científica em turismo no Brasil. Autores/Ano

de publicação Título Importância do trabalho

REJOWSKI

(1994)

Pesquisa em Turismo nas

universidades brasileiras

Artigo que resulta da tese de doutorado da autora, trata-

se de um estudo sobre a pesquisa acadêmica em turismo

(dissertações e teses), produzidas em instituições de

ensino superior no Brasil, objetivando levantamento,

sistematização e análise. Descreve e analisa o conjunto

de 55 teses e dissertações em Turismo produzidas entre

1975 e 1992, identificando suas principais características

e recomendando ações para o seu desenvolvimento.

REJOWSKI

(1996)

Turismo e pesquisa

científica: pensamento

internacional X situação

brasileira

Livro resultante da tese de doutorado da autora,

apresenta as considerações metodológicas e principais

resultados da pesquisa sobre parte da produção científica

em turismo no Brasil, a partir das 55 dissertações e teses

apresentadas e defendidas em universidades e institutos

isolados no período 1975-1992. Antecipa, em relação à

analise dos trabalhos encontrados, uma discussão teórica

na qual passa do pensamento internacional sobre a

disciplina turismo à sua situação no Brasil, a partir da

compreensão da evolução, dinâmica, natureza,

dificuldades e tendências, à época identificadas. Embora

remeta-se ao Brasil, em apenas 7 estados foram

desenvolvidas pesquisas voltadas ao turismo: Bahia,

Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, São Paulo,

Rio Grande do Sul e Santa Catarina – com destaque para

o Estado de São Paulo, cujas universidades concentram a

maioria dos estudos.

REJOWSKI;

SOLHA (2000)

Pesquisa turística no Brasil

da óptica dos pesquisadores

Artigo oriundo de estudos realizados no período 1995-

1997, apresenta os resultados de pesquisa de opinião

realizada junto a autores de teses em turismo em São

Paulo, Rio de Janeiro e Salvador (num total de 42

pesquisadores nas três cidades), enfocando a realidade e

as necessidades da pesquisa turística no Brasil. Neste

estudo caracterizou-se os autores das teses, verificando o

engajamento passado e atual, deles, na pesquisa turística;

levantou-se os interesses, facilidades e dificuldades que

interferiram no processo de construção das teses; e, por

fim, identificou-se e classificou-se os temas prioritários

de pesquisa no Brasil, levando-se em consideração a

realidade brasileira e as tendências do turismo mundial.

REJOWSKI;

OLIVEIRA

(2008)

Teses em Turismo no Brasil:

Categoria Temática

“Desenvolvimento do

Turismo”

Pesquisa exploratória, de caráter documental, sobre a

produção científica em Turismo no Brasil,

especificamente das teses acadêmicas da categoria

Desenvolvimento do Turismo. Apresenta considerações

sobre estudos da produção científica em Turismo e sobre

significados do termo desenvolvimento na literatura

científica. Caracteriza as teses acadêmicas produzidas no

Brasil de 1975 a 2005, e analisa em particular a categoria

desenvolvimento do turismo a partir de instituições

produtoras, locais de estudo e temas.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

LIMA;

REJOWSKI

(2009)

Produção acadêmica em

Turismo e Hotelaria no

Brasil: análise da Categoria

“Ensino Superior”

Pesquisa exploratório-descritiva, de caráter documental,

que trata da produção acadêmica sobre o ensino superior

em turismo e hotelaria no Brasil, no contexto de cursos

de bacharelado, com o objetivo de mapear e analisar as

dissertações e teses produzidas no Brasil a partir de 45

pesquisas realizadas entre 2000 e 2008. Mapeia e analisa

as teses e dissertações encontradas e finaliza destacando

os principais resultados, o caráter preliminar da pesquisa

e as recomendações sobre estudos futuros.

REJOWSKI

(2010)

Caracterização da produção

científica sobre Turismo no

Brasil – Estudo documental

das teses de doutorado (1990

a 2005)

Estudo de caráter documental que descreve e explica as

particularidades de 139 teses acadêmicas produzidas

entre 1990 e 2005, no Brasil. Após análise do conteúdo

dos documentos e na síntese de estudos anteriores

realizados, bem como da descrição da metodologia

utilizada, caracteriza essa produção em termos de

distribuição temporal e por orientador, e de instituições e

áreas de estudo produtoras. Os estados identificados

como produtores de estudos voltados ao turismo foram:

São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Sergipe,

Pará, Paraná, Paraíba, Natal e Bahia, além do Distrito

Federal – sendo que o Estado de São Paulo continuou a

concentrar a maioria dos estudos.

WIDMER;

MELO; NERI

(2012)

A produção científica em

Turismo no Estado de

Pernambuco: dissertações de

mestrado

Teve como principal objetivo conhecer a produção

científica relacionada a Turismo desenvolvida através

das dissertações de Mestrado defendidas nos programas

de pós-graduação stricto sensu de Pernambuco. Com os

procedimentos utilizados, identificou-se seus autores,

orientadores e programas responsáveis pela realização

dessas pesquisas e as dissertações identificadas também

tiveram seus conteúdos analisados quanto à temática,

visando conhecer os assuntos mais pesquisados dentre

elas.

Elaboração: SANTOS, 2016.

Fonte: Autores citados na primeira coluna.

A presença maciça de Rejowski no quadro acima significa que a contribuição

desta autora é que mais foi disponibilizada na Internet. É provável que existam outros

trabalhos, de outras áreas do conhecimento, com essa mesma intenção. Entretanto, o conjunto

dos trabalhos acima reúne os estudos dessas outras áreas do conhecimento, inclusive a

Geográfica – logo, esse fato se torna justificado, visto que também se tratam de estudos

continuados.

No que se refere ao segundo grupo de trabalhos, cuja abordagem do estudo é

estritamente geográfica e voltada para a temática do Turismo (seja em graduação ou pós), só

foram encontrados dois trabalhos durante a fase de pesquisa – O que não significa existir

apenas eles. O primeiro é uma tese de doutorado, realizada por Castro (2006). Na busca de

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

conhecer o lugar que tem o turismo no contexto da pesquisa geográfica, a autora reúne

contribuições que forneçam suporte teórico e prático aos professores envolvidos com a

formação de geógrafos nos cursos de licenciatura e bacharelado no Brasil. A tese está dividida

em 4 partes.

Antes de adentrar nas quatro partes em que divide seu trabalho, a autora coloca os

referenciais teórico-metodológicos e procedimentos que fundamentaram sua pesquisa,

mencionando aspectos que contextualizam a evolução da atividade, como aparece em alguns

autores já mencionados na Introdução. Nesta parte, significativa é a afirmação dela, de que a

produção do conhecimento sobre a abordagem geográfica do turismo teve raízes e

desenvolvimento nas influências epistemológicas que permeiam a produção do próprio

conhecimento geográfico. Menciona quando os estudos do turismo sob abordagem geográfica

se iniciam no Brasil e espacializa, segundo períodos específicos, a produção científica neste

ramo do conhecimento. Quanto ao conjunto das dissertações e teses analisados em seu estudo,

ela afirma:

No universo de 162 dissertações e teses [...] é possível depreender através de títulos,

palavras-chave e resumos, um conhecimento urdido num complexo construto

epistemológico que incorpora abordagens pluriparadigmáticas, invasões e migrações

conceituais interdisciplinares, análise hologramática, análise climatológica, análise

sociogeográfica, análise etnográfica, avaliação multidimensional, estatística Student,

análise ambiental envolvendo geoprocessamento e Sistema de Informação

Geográfica. Assim se delineia a caminhada: geógrafos, com seus olhares

epistêmicos, matizados de multiparadigmas, ressignificam a geograficidade do

fenômeno turístico com novas leituras sobre territórios, paisagens e lugares, no

processo de apreensão da dualidade que perpassa a realidade espacial, onde esse

fenômeno se expressa. Ou seja, tecem análises acerca das políticas de turismo

responsáveis pela inserção de novas espacialidades configuradas na urbanização

turística e de novas territorialidade incorporadas no tecido social que conforma o

turismo urbano, rural, de litoral, de montanha, de áreas protegidas (CASTRO, 2006,

p. 21).

A autora refere-se, nesta passagem, a alguns dos elementos componentes de um

trabalho científico (neste trabalho, utilizado para analisar as dissertações pesquisadas).

Destaca as análises como principal procedimento adotado nos trabalhos por ela estudados e

fala dos multirreferenciais12

utilizados pelos pesquisadores, além das diversas abordagens

12

Essa abordagem multirreferencial, segundo a autora, existe desde a década de 1980 e corresponde a uma

flexibilização entre as fronteiras disciplinares, numa religação de saberes. Ela toma por base Edgar Morin – o

qual fala em “invasões e migrações interdisciplinares” e “circulação de conceitos”, remetendo a uma das

abordagens que será realizada mais a frente, na segunda parte deste Capítulo. Castro (2006, p.19, grifos da autora

e nossos) afirma que: “As expressões ‘invasões e migrações interdisciplinares’ e ‘circulação de conceitos’ são

tomadas de empréstimo de Morin (2000, p. 7), é aqui usada para significar rupturas entre fronteiras

disciplinares, invasão de um problema de uma disciplina para outra, circulação de conceitos que está na base

do construto da produção do conhecimento da Abordagem Geográfica do Turismo. Esses conceitos ajudam os

geógrafos no processo de apreensão desse fenômeno híbrido, polissêmico, impreciso que é o turismo.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

temáticas envolvendo também os diversos tipos de incidências espaciais do turismo.

Continuando, ela diz que (CASTRO, 2006, p. 21-22, grifos nossos):

A partir da análise e tematização dos dados referentes ao universo de nossa pesquisa,

reconhecemos, em seu construto conceitual, quatro grupos que se distinguem quanto

a conceitos que: (I) imprimem identidade ao pensamento geográfico revisitados

sob a ótica do turismo (produção do espaço, território, territorialidade,

espacialidade, paisagem, lugar, região, relação sociedade e natureza e fronteira); (II)

conceitos que evidenciam tendência pluriparadigmática do pensamento

geográfico atual (ordenamento territorial, zoneamento, gestão ambiental,

planejamento espacial, globalização, território-rede, sociedade de consumo,

trabalho, especulação imobiliária, segregação espacial, políticas públicas); (III)

conceitos que indicam a construção processual na área de interceção da

Geografia com o Turismo (impactos socioambientais, núcleo de periferia urbana,

infra-estrutura turística, turismo com base local, urbanização turística, segunda

residência); e (IV) conceitos resultantes de invasões e migrações

interdisciplinares (impactos socioambientais, impactos espaciais, políticas públicas

de turismo, sustentabilidade, cultura, patrimônio, ecologia, recreação, lazer, turismo

de massa, marketing turístico, produto turístico, capacidade de carga, representações

simbólicas, potencial-diagnóstico de atratividades, processo histórico, economia do

turismo).

O que é mencionado na passagem acima contempla os trabalhos aqui analisados –

e, de certa forma, o segundo grupo de trabalhos, conforme divisão estabelecida. Uma breve

leitura dos elementos Título, Resumo e Palavras-chave (salientados noutra passagem da

mesma autora), reafirma esses quatro grupos de construto conceitual por ela identificados. E,

considerando que o dito dá uma visão geral dos trabalhos pesquisados, as quatro partes que

conformam a tese tratam do seguinte:

I – na primeira parte, adentra no conhecimento do turismo e do turista, tecendo tal

abordagem sob a ótica geográfica. Num primeiro momento, na relação turismo como prática

social e como atividade humana; em seguida, via revisão das categorias analíticas do espaço

(território, lugar e paisagem) na perspectiva da Geografia do Turismo; por fim, apresentando

as contribuições metodológicas preliminares na abordagem geográfica do turismo.

II – na segunda parte a autora analisa e discute, a partir de um “Tour

Epistemológico” 13

, a produção do conhecimento na área de interseção da Geografia com o

Turismo, que se convencionou denominar abordagem geográfica do turismo. Promove essa

análise e discussão a partir de três tópicos, baseados nas 3 grandes mudanças no pensamento

geográfico (tendo por base Paul Claval): nas raízes epistemológicas e influências clássicas,

quantitativo-pragmáticas e críticas.

13

Expressão tomada de Calizzo (1991, p. 22 apud CASTRO, 2006, p. 62), que faz referência a um passeio a todo

um corpo/conjunto de conhecimentos que tem por objeto o conhecimento científico produzido numa

determinada área ou ciência.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

III – na terceira parte a finalidade é aproximar as abordagens geográficas do

turismo, a partir da análise da produção acadêmicas de teses e dissertações em programas de

pós-graduação em geografia de universidades brasileiras, no período 1975-200514

.

Inicialmente, são apresentados todos os 162 trabalhos encontrados no período referido. Feito

isto, num primeiro momento, a autora apresenta a produção de vanguarda brasileira nas

abordagens geográficas do turismo (de 1975 a 1993 – coincidindo com o período analisado

por Rejowski (1996)). No momento seguinte, analisa a produção acadêmica nos trinta anos

abarcados pelo período. Por fim, no terceiro, tendo por base os mesmos trinta anos, aproxima

os olhares epistêmicos dos nossos geógrafos em suas contribuições e tendências – bem como

na identificação das categorias e aportes geográficos utilizados por tais pesquisadores.

IV – a quarta parte do trabalho trata das possibilidades e perspectivas da inserção

da abordagem geográfica do turismo nos currículos dos cursos de graduação em geografia.

Assim, num primeiro momento, ela afirma que a educação é um dos temas componentes na

produção do conhecimento brasileiro na abordagem geográfica do turismo, segundo

revelaram os trabalhos pesquisados. No momento seguinte, trata da formação do geógrafo

como central na abordagem empreendida nesta parte, contextualizando-a na experiência com

alunos da graduação em geografia da Universidade de São Paulo. Por fim, no terceiro

momento, traz um desafio aos professores que atuam nos cursos de formação de geógrafos –

que seria a construção de um programa na área de interseção da Geografia com o Turismo. A

questão que a autora utiliza como norte para a discussão é: “Que contribuições análises de

programas multinacionais podem oferecer à construção dos cotidianos educativos da

formação do geógrafo brasileiro” (CASTRO, 2006, p. 232).

O segundo é um trabalho em nível de graduação, realizado por Galvão Filho

(2005)15

, que analisa os trabalhos apresentados em dois eventos de abrangência nacional – o

VI Congresso Brasileiro de Geógrafos (CBG) e o XIII Encontro Nacional de Geógrafos

(ENG), ambos promovidos pela Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB). A monografia

está divida em 4 partes, sobre as quais discorrer-se-á a seguir.

Inicia com uma breve história do Turismo no pensamento geográfico e de

algumas leituras atuais que a Geografia fez do mesmo, para, em seguida, entrar no campo das

14

O trabalho de Rejowski (1996) contempla parte da pesquisa realizada por esta autora, já que compreendeu o

período 1975-1992. Ela menciona que a pesquisa anterior deixou escapar um trabalho (acrescentando no por ela

realizado), mas ressalta que tal situação é comum em trabalhos com tal finalidade e que, ainda assim, não é

garantia de que tenha abarcado a totalidade de trabalhos existentes. 15

Este trabalho, pela sua natureza de pesquisa e constituição teórico-conceitual, acaba por conectar-se aos

trabalhos realizados por Rejowski (1996) e Castro (2006).

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

críticas que a Geografia do Turismo recebeu. Por fim, reflete sobre a Geografia e Turismo a

partir do exemplo prático de uma experiência realizada em pequenos municípios – O Projeto

Turismo e Excursionismo Rural no Norte do Paraná (TERNOPAR), que ocorre na Universidade

Estadual de Londrina.

Na primeira parte o autor aborda o turismo nos estudos geográficos brasileiros,

que ele afirma ser polêmica e a ela se refere já na introdução do trabalho:

Ao privilegiar diferentes vertentes para os estudos geográficos, do outro lado,

surgem contrárias visões acerca destes mesmos estudos, o que não deixa de ser

normal e desejável, considerando o processo do conhecimento científico, sendo

então necessárias pesquisas sobre como tem ocorrido a produção e a crítica destes

novos objetos da Geografia. Seja pelas abordagens geográficas que enxergam o

turismo como possibilidade para o desenvolvimento local ou ainda geógrafos que

estudam a atividade turística e sua relação com patrimônios históricos e

arquitetônicos, entre outras visões que neste presente trabalho iremos expor, o fato é

que a Geografia mais uma vez se depara com uma polêmica (2005, p. 6-7).

As polêmicas são necessárias porque acirram o debate que as engendraram,

contribuindo significativamente para o seu avanço – pois envolvem os pesquisadores e

estudiosos engajados –, e fortalecendo consequentemente a ciência à qual estão relacionadas.

Enquanto alguns geógrafos defendem a existência e importância da Geografia do Turismo,

outros questionam, para além desta, a existência do próprio Turismo enquanto curso de nível

superior, desconsiderando assim as transformações que se sucedem em função da atividade e

a sua relação elementar com a Geografia. Completa o acima dito o próprio Galvão Filho, ao

afirmar que:

Se for aceitável que qualquer conceito, categoria, técnica, método ou ainda

paradigma seja, em seu início, visto com desconfiança ou, ainda, que ignorem os

trabalhos realizados, podemos afirmar que com o estudo do turismo na Geografia

não poderia ser diferente. Não poderíamos esperar outra reação, senão a de

confronto de idéias e de compreensões (2005, p. 10).

Uma contribuição que aparece nesta parte do trabalho são os dois quadros onde

encontram-se, parcialmente, alguns trabalhos geográficos sobre o turismo feitos no Brasil e

exterior. Observa-se, por exemplo, que enquanto o primeiro trabalho de Geografia do Turismo

no Brasil data de 197616

, no exterior data de 190517

– este último, inclusive, do autor

responsável por cunhar o nome pelo qual a área da geografia dedicada aos estudos do turismo

tem hoje.

16

Tese de livre-docência de Kleber Moisés Borges de Assis, cujo título é “O turismo interno no Brasil”, também

identificado por Rejowski (1996) em seu estudo. 17

O autor não disponibiliza o título do trabalho de Stradner no quadro por ele elaborado. Entretanto, em

Rejowski (1996) o título é “O Turismo” (do alemão “Der Fremdenverkehr”) e em Castro (2006, p. 17) o termo

mostrado é “Fremdenverkehrsgeographie” (geografia do turismo).

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Na segunda parte, discute as características dos dois eventos que figuram no título

do trabalho, assim como o papel da AGB na formação da geografia brasileira. A principal

contribuição desta parte é a presença das fichas-resumo contendo todos os trabalhos

publicados sobre Geografia do Turismo nos dois eventos, permitindo assim uma consulta

rápida a algumas informações sobre aqueles. A terceira parte aprofunda a análise dos

trabalhos pelo autor, onde ele se volta para as instituições pesquisadoras, os locais estudados e

a natureza/nível dos trabalhos apresentados nos eventos citados. Uma visão geral destes

trabalhos, associadas a uma perspectiva espacial do território brasileiro, encontra-se na

seguinte passagem:

O que encontramos a seguir [...] é a mostra dos estudos geográficos sobre o turismo

nacional, manifestado de maneira multifacetada, seja pelas diversidades dos meios

naturais ou dos grupos sociais encontradas em nosso país, diferenças essas refletidas

em disparidades no uso do território. Assim, o turismo toma dimensão nacional, mas

ao mesmo tempo possui grandes particularidades locais, o que configura um desafio

às políticas públicas destinadas ao setor. Temos então dinamismo das áreas turísticas

nacionais, sendo que locais conhecidos historicamente como de destacado uso

turístico têm dado lugar a novos locais escolhidos pelos visitantes.

Essa nova função do espaço geográfico foi motivo de pesquisas apresentadas nos

dois eventos que esta monografia analisa. Contou com vasto número de instituições,

níveis diferenciados de pesquisa e com boa variedade de locais estudados,

apontando uma Geografia preocupada em estudar o turismo e possibilitando-nos

realizar assim um panorama da geografia do turismo em território nacional

(GALVÃO FILHO, 2005, p. 77-78, grifos do autor).

No que se refere aos resultados, unindo-se os dados dos dois eventos, a UFBA

aparece com 4 trabalhos publicados, compondo uma das 13 instituições de ensino superior

nordestinas que também participaram dos mesmos. Dos 41 locais estudados na Região

Nordeste, 8 referem-se à Bahia (o Estado, Paulo Afonso e Salvador, com 2 trabalhos cada, e

Porto Seguro e Cachoeira, com 1 trabalho cada).

Por fim, na quarta parte, o autor propõe aumentar a gama de análise acerca dos

trabalhos investigados, para além do feito na terceira parte do seu trabalho. Para isso, admite

dois indicadores principais para a separação dos trabalhos: “o enfoque dado e de acordo com a

natureza do espaço estudado, que denominamos de classificação da área” (GALVÃO FILHO,

2005, p. 110), optando também por mencionar as pesquisas que se utilizaram do

geoprocessamento. São, estas últimas, segundo o autor, estudos preocupados em novas

metodologias e recursos para análises em geografia do turismo.

Quanto ao grupo de trabalhos complementares aos dois primeiros, que trazem

contribuições no âmbito metodológico, citam-se os de Sakata (2002), Schluter (2003) e

Dencker (1998). O trabalho de Marici Sakata, que objetivou contribuir para os estudos da

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

teoria e prática de métodos de investigação aplicados à pesquisa em Turismo, é uma

dissertação de mestrado onde a autora discutiu e analisou as tendências e limitações que

caracterizavam a pesquisa nesta área. Inicialmente ela analisa e compara autores entre si,

visando compreender os diversos métodos de pesquisa existentes. Em seguida verifica, com

mestres e doutores formados por Programas Strictu Senso no Brasil, as influências, limitações

e considerações daqueles sobre o processo de pesquisa – evidenciando, posteriormente, os

resultados alcançados depois de analisados os 121 trabalhos.

Sobre a pesquisa em turismo, um dos subtópicos do embasamento teórico do

trabalho, ela afirma que:

A pesquisa em Turismo passa a fazer parte de um campo multidisciplinar e é

influenciada, assim como também influencia áreas da sociologia, economia,

administração, psicologia e geografia entre tantas outras.

Embora a literatura não seja vasta como em outras áreas do conhecimento, existem

obras de qualidade sobre a Pesquisa em Turismo no Brasil. Porém, ainda é grande a

carência quando comparado com a literatura de outros países. Tal carência, ao

mesmo tempo que gera novas oportunidades de pesquisa, prejudica o

aprofundamento das pesquisas em andamento (SAKATA, 2002, p. 14).

Na citação, visualiza-se a menção que a autora faz da relação com outras

disciplinas científicas característica do Turismo, que será discutida no próximo tópico deste

trabalho. Tal relação é recíproca, pois, ao mesmo tempo em que este se vê influenciado por

aquelas, o contrário também acontece. Também, visualizam-se os impactos de uma pesquisa

que, embora saiba-se que avança constantemente no cenário nacional, tem problemas e

deficiências, por exemplo, se comparada à pesquisa desenvolvida noutros países – gerando

assim uma conseqüência concomitantemente estimulante e limitante.

Sobre os resultados oriundos das análises dos trabalhos pesquisados, eles são

apresentados em dois momentos: no primeiro, a partir da análise metodológica das

dissertações e teses; no segundo, valendo-se da pesquisa com os autores dos referidos

trabalhos. Identificou-se que o primeiro trabalho analisado pela autora é de 1990 e o último de

2002 – fazendo-se menções comparativas com os trabalhos de Mirian Rejowski,

anteriormente apresentados neste trabalho, indicando assim crescimento no número de

pesquisas voltadas para o tema.

Em sua obra sobre metodologia da pesquisa em turismo e hotelaria, Schlüter

(2003) inicia abordando as técnicas de pesquisa científicas, colocando de modo geral os

principais aspectos do método científico – e aplicando-os à área do Turismo em todos os

processos e passos existentes nos livros de metodologia científica. Posteriormente, traz a

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

pesquisa científica aplicada, voltada às necessidades das empresas prestadoras de serviços

turísticos e dos organismos oficiais de nível nacional, provincial (estadual) e municipal.

A autora aborda a pesquisa em turismo a partir de três pontos: a aplicabilidade do

método científico ao turismo, o enfoque de diferentes disciplinas e a pesquisa em turismo no

Mercosul. No que se refere ao primeiro ponto, afirma que:

Apesar dos numerosos estudos realizados, falta muito para conhecer sobre o

fenômeno turístico. Por esse motivo, os estudos que se limitam a descrever o

fenômeno são ainda de grande utilidade e constituem a base de trabalhos futuros que

pretendam estabelecer relações causais entre variáveis (SCHLÜTER, 2003, p. 31).

Ainda neste ponto e valendo-se de Gunn (1994 apud SCHLÜTER, 2003, p. 31),

escreve que as funções da pesquisa em turismo podem ser agrupadas em sete objetivos:

descrever, relevar, comprovar, predizer, prognosticar, modelar e simular. Sobre o segundo

ponto, as contribuições desta autora aparecem mais no tópico seguinte deste trabalho, onde se

aborda, como já mencionado, a multidisciplinaridade e interdisciplinaridade do/no Turismo.

Sobre o terceiro ponto, toma como referência primordial, para os estudos em turismo na

América Latina, o trabalho de Jafar Jafari e Dean Aaser – também destacado por Lima e

Rejowski (2009). Dá importância, como sendo um dos mais completos, o estudo realizado por

Rejowski (1996) – uma das referências por ela utilizada.

Assim como a autora anterior, Ada de Freitas Maneti Dencker traz em seu livro os

métodos e as técnicas de pesquisa em Turismo, lembrando também os manuais de

metodologia científica. A obra traz, em sua estruturação, capítulos que abordam aspectos

próprios da metodologia científica em si e que servem a todas as áreas do conhecimento;

àqueles capítulos, intercalados, outros específicos de uma metodologia e técnica voltadas ao

turismo, nos níveis teórico e prático. Mencionando a Organização Mundial do Turismo (1995,

p. 5 apud DENCKER, 1998, p. 24), define a metodologia turística como o ‘conjunto de

métodos empíricos experimentais, seus procedimentos, técnicas e táticas para ter um

conhecimento científico, técnico ou prático dos fatos turísticos’.

Ainda sobre a questão do método em turismo, afirma:

A questão do método em turismo segue a dinâmica das ciências nas quais o turismo

é objeto de estudo. Muitas são as disciplinas que tratam da questão do turismo e

temos que admitir que ainda hoje o turismo não se constitui em um corpo de

conhecimentos independente, com dinâmica própria (Ibid., p. 27).

Faz referencia ao afirmado acima o fato de que, ao se entrar em livrarias e

verificar o que existe na estante de turismo, o que se encontra são guias, mapas e/ou

informações para o turista em geral, sendo que o seu conteúdo encontra-se espalhado pelas

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

prateleiras de outras áreas. Mesmo esta afirmação sendo correta, deve-se considerar que não

se tratam de livrarias acadêmicas as mencionadas pela autora – nas quais certamente o

Turismo é contemplado em diversas áreas.

Mantendo a relação com as disciplinar vista na citação, Dencker (1998) passa a

uma breve abordagem da multidisciplinaridade em turismo, os problemas dela advindos e os

paradigmas que orientam a investigação na área. Após mencionar alguns órgãos

governamentais como fontes de publicações na área, finaliza refletindo sobre a metodologia

de investigação em turismo.

A investigação em turismo tem se concentrado nos países anglo-saxões e em alguns

países europeus. Essa investigação se processa dentro dos paradigmas dominantes

nesses países e são, em função da carência de pesquisa em outras regiões,

importados pelos países onde não se realizam pesquisas. Como resultado dessa

conduta, temos o desenvolvimento de uma espécie de colonialismo metodológico

que dificulta a reflexão, forçando a uma adequação aos paradigmas oriundos de

outras culturas.

Sem a investigação, torna-se impossível a transmissão de conhecimentos inovadores

e, como consequência, uma educação de qualidade. O que se verifica é a

reprodução de paradigmas e conteúdos, havendo uma importação de ideias

defasadas no tempo e que resultam em uma relação de dependência entre os

produtores de conhecimento e os consumidores (DENCKER, 1998, p. 38-9, grifos

nossos).

Menções parecidas ao dito pela autora (com alguns destaques dados) podem ser

verificadas nas críticas aos trabalhos sobre Turismo feitas por Ouriques (2003 apud

GALVÃO FILHO, 2005, p. 12, 23-24, grifos do autor).

Esse trabalho [...] sistematizou a produção por intermédio da separação entre grupos

de autores [quatro linhas de pesquisa]18

, e considerou para a crítica os mais

importantes trabalhos sobre o tema no Brasil. A tese entende o turismo como uma

construção capitalista para tornar o lazer e o ócio mercadorias para consumo. Essa

transformação, segundo o autor, gerou territórios turísticos de reprodução dos

interesses de grandes capitais, sendo assim usada como expressão de fetichismo e

aumentando a dependência dos países pobres aos ricos.

A atividade turística é a faceta estética do colonialismo. É esta a definição de

Ouriques (2003) em sua tese intitulada A produção do turismo no Brasil: fetichismo

e dependência, defendendo que, no Brasil, existe uma espécie de colonização do

pensamento em relação ao turismo, o que faz com que nossos lugares visitados

reflitam essa dependência e certa ilusão de que a atividade possa trazer benefícios à

população local.

Para o autor, os trabalhos sobre turismo, em sua maioria, e por mais diferentes que

pareçam, são hegemônicos quando abordam a questão porque estariam enxergando

o turismo como um caminho para o desenvolvimento sustentável (que seria

incompatível na atual sociedade capitalista), além de defenderem o planejamento

18

São as quatro linhas onde os autores foram enquadrados: a Economicista e Liberal; a Corrente do

Planejamento; a “Pós-moderna” (que trata da segmentação das ofertas de tipos de turismo); e a “Corrente

Crítica” (que o autor disse ser a única que considera os aspectos maléficos do turismo).

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

como garantia de uma atividade mais justa socialmente. Segundo o trabalho, este

enfoque é prejudicial já que não estimula o confronto de idéias e não permite

analisar o tema em sua total complexidade.

Ressalta-se que toda a abordagem trazida até aqui, sobre as referências utilizadas,

foram breves. Mesmo assim, estes trabalhos, para além da contribuição teórica, contribuem

também no modo como os dados e informações encontrados podem ser desenvolvidos neste

texto, seja na análise dos conteúdos, seja na forma de apresentação daqueles – via tabelas,

quadros, gráficos, fichas-resumo etc. Adianta-se, também, que é certo que não se conseguiu

encontrar todos os trabalhos existentes sobre a pesquisa em turismo – tanto as gerais quanto

as especificamente geográficas, além daquelas de contribuição metodológica. Diante disto,

passa-se ao referencial teórico-conceitual que fundamenta este trabalho e que conclui esse

primeiro momento do mesmo, retomando alguns dos autores já mencionados.

2.2 REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL

As leituras para o estabelecimento do referencial teórico-conceitual deste trabalho,

como já afirmado, foram realizadas antes do contato com as dissertações. Nos autores lidos,

procurou-se reunir ideias e abordagens acerca de três tópicos que foram julgados válidos para

o que pretende esta parte. Inicia abordando algumas considerações a respeito do conceito de

Turismo19

; em seguida, aborda o caráter disciplinar do Turismo, nas perspectivas da multi e

interdisciplinaridade. Finaliza esta parte do trabalho com autores cujas ideias e discussões

estão voltadas para a Geografia do Turismo.

2.2.1 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONCEITO/DEFINIÇÃO DE

TURISMO

Grande parte dos textos e obras que falam sobre o conceito e a definição do

turismo o faz, inicialmente, a partir da dificuldade que envolve esta tarefa. De modo geral,

referem-se ao fato deste ser “jovem” como área de conhecimento (embora alguns autores

rebatam esse aspecto de novidade e juventude que se atrela ao Turismo). E, ao mesmo tempo

que destacam positivamente a sua inconteste multidisciplinaridade, elencam-na como um dos

fatores para a dificuldade assinalada. Essa realidade ainda suscita diversos debates em torno

19

O texto de Marujo (2013), que reflete sobre as abordagens qualitativa e quantitativa na pesquisa em Turismo,

toca em muitos dos aspectos tratados ao longo deste Capítulo.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

do turismo (em publicações, no meio acadêmico, em eventos, nas organizações) nos âmbitos

teórico e prático. Sobre isso, a Organização Mundial do Turismo afirma que:

Existe um amplo debate acadêmico sobre o que é exatamente o turismo, que

elementos o compõem e quem deve ser considerado o turista, o que originou

múltiplas definições, cada uma delas destacando diferentes aspectos da mesma

atividade. Nesse sentido, cabe afirmar que não existe definição correta ou incorreta,

uma vez que todas contribuem de alguma maneira para aprofundar o entendimento

do turismo (2001, p. 35).

A importância desta citação é o fato de ela afirmar que não existem definições

certas ou erradas a respeito do turismo, pois todas, de certa forma, contribuem para a sua

compreensão. Entretanto, num contexto ainda insistente de

transformação/consolidação/afirmação deste em/como ciência (sob “as unicidades” do

conceito, do objeto e de um conhecimento sistematizado e de um método definido), essas

contribuições todas não se integram – a não ser que o pesquisador se proponha a promover a

dita interdisciplinaridade em seu trabalho, seja solitário ou com pesquisadores de outras áreas.

Para a Organização Mundial do Turismo...

Devido à relativa juventude do turismo como atividade socioeconômica em geral e a

seu complexo caráter multidisciplinar (o turismo engloba uma grande variedade de

setores econômicos e disciplinas acadêmicas), há uma ausência de definições

conceituais claras que delimitem a atividade turística e a distingam de outros setores

(2001, p. 35).

Ainda sobre esta questão da “juventude” do turismo e se este é ou não uma

ciência, traz-se Guilherme Lohmann e Alexandre Panosso Netto. Entretanto, este aspecto é

tratado por eles noutra perspectiva, avançando assim na contribuição do mesmo.

O estudo do turismo, se comparado ao de outras ciências como filosofia, história,

química e matemática, por exemplo, é recente. Esse é um dos motivos pelos quais

muitos estudiosos e pesquisadores de outras áreas criticam-nos ao afirmarem que as

pesquisas produzidas em turismo são superficiais, pouco científicas e dispensáveis.

Em parte esses críticos têm razão, pois, repetidas vezes, nos deparamos com livros,

teses e artigos de turismo meramente descritivos e que pouco acrescentam para o

campo científico. Em geral, estes trabalhos carecem de um embasamento teórico-

conceitual, além de apresentarem uma deficiência na parte analítica dos resultados

alcançados.

Muitos acadêmicos em turismo se deixam levar por esses críticos, considerando que

não existe um corpo teórico suficiente que embase o estudo do turismo. Isso não é

verdade e pode ser notado nos ótimos trabalhos teóricos existentes, ainda que muitas

vezes se encontrem dispersos e fragmentados, mesmo na literatura estrangeira

(LOHMANN; PANOSSO NETTO, 2008, p. 13).

Os autores falam dessa juventude dos estudos turísticos na comparação com os de

outras disciplinas há bem mais tempo consolidadas, sendo dos pesquisadores e cientistas

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

dessas disciplinas os principais ataques e críticas ao Turismo – referendadas por

pesquisadores da própria área, inclusive. Há uma razão que sustente tais críticas, que segundo

os mesmos é a característica majoritariamente descritiva dos trabalhos existentes, mas que ela

não justifica o excessivo descrédito que parte, também, dos próprios acadêmicos da área –

pois existem, publicados e conhecidos, trabalhos de qualidade. Outra razão para isso, acredita-

se, estaria na recente busca, considerando os estudos iniciais sobre o Turismo, pela construção

de uma epistemologia turística (estudo do conhecimento, teoria do conhecimento) que

sustente filosoficamente tais estudos, fornecendo assim uma base mais que firme para os

mesmos.

Epistemologia do turismo é um assunto que ganhou importância nos estudos

turísticos somente na década de 1990. Isso se deve ao fato de que, em sua maioria,

os investigadores da área estavam mais interessados em questões práticas da

atividade, como gestão, planejamento e políticas públicas, entre outros. A

epistemologia nasceu da filosofia; entretanto, a maioria dos filósofos não se

interessa pelos estudos turísticos, pois, [...] eles estão preocupados com outros temas

mais importantes que o turismo. Daí origina-se também a relativa escassez de

publicações sobre esse assunto20

(LOHMANN; PANOSSO NETTO, 2008, p. 19).

Estes autores falam em Epistemologia do Turismo21

, na qual não se adentrará

mais pra não alongar a discussão, a qual pode ser acessada direto na obra. No que se refere ao

outro aspecto, a discussão sobre o turismo ser ou não ciência, ele diz que a mesma também se

encontra no campo da Epistemologia – e que existem três correntes a respeito deste tema:

A primeira diz que o turismo não é uma ciência, mas está trilhando o caminho para

tornar-se uma, pois está passando pelas mesmas fases de outras ciências que

surgiram no início do século XX, tais como a Antropologia e a Etnografia. A

segunda corrente diz que o turismo não é e nunca será uma ciência, pois se constitui

apenas de uma atividade humana, e é auxiliado pelas ciências em seus estudos. A

argumentação deste grupo diz que os estudos turísticos não possuem um objeto de

pesquisa claro e definido, nem um método de estudo particular, o que o inviabiliza

de se tornar uma ciência. O terceiro grupo de pesquisadores diz que o turismo é uma

ciência por possuir um corpo teórico maduro e relativamente grande; todavia, esses

pesquisadores ainda não conseguiram comprovar esta afirmação por meio de seus

estudos (LOHMANN; PANOSSO NETTO, 2008, p. 23).

20

As obras elencadas na parte voltada ao estado da arte enquadram-se neste estudo do conhecimento produzido

em turismo, algumas delas apontando o percurso feito em âmbito internacional. 21

Destacam-se algumas das perguntas levantadas pela epistemologia do turismo, colocadas pelos autores, as

quais evidenciam a seriedade com que esta deve lidar, com os problemas propostos, ao questionar os alicerces

teóricos e as questões fundamentais sobre o conhecimento de determinado assunto: “[...] O que se pode conhecer

em turismo? Como é produzido o conhecimento em turismo? O conhecimento em turismo é possível? Pode o

conhecimento produzido em turismo ser verdadeiro? Como se dá a apreensão do conhecimento em turismo pelo

sujeito pensante? Por que se conhecem algumas coisas em turismo e outras, não? Até onde vai o campo de

estudos em turismo? Quais são os limites do conhecimento produzido em turismo?” (LOHMANN; PANOSSO

NETTO, 2008, p. 19).

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Diante do exposto na citação acima, sugere-se a investigação dessas três correntes

na atualidade, a partir da leitura de textos e trabalhos diversos, numa tentativa de perceber

qual delas ganhou mais força (em especial a primeira e terceira correntes), para não mais se

fazer e/ou adotar afirmações generalistas e superficiais.

Segundo Schlüter (2003), para os que não têm relação com os estudos do turismo,

este é comumente associado a viagens e prazer, afirmando também que...

O problema surge quando se tenta conceituar o turismo. A maioria dos

especialistas22

, entre os quais podem-se citar Andrade, Beni, Rejowski e Jiménez

Guzmán, fazem referência ao conceito de turismo, mas no final apresentam uma

evolução histórica das definições operacionais do conceito (Ibid., p. 60).

Não se afastando muito do acima colocado, Elbio Pakman, tratando da

interdependência que existe entre objeto, definição e ciência, voltada para o turismo, diz:

Uma ciência, para existir como tal, precisa de um objeto bem delimitado. A

definição do objeto é parte constitutiva e deve preceder a teorização científica, que

se vê limitada na ausência daquele. As discussões correntes em torno da multi-,

pluri- e trans-disciplinaridade do turismo enquanto ciência em formação, ou ainda,

enquanto obstáculo para atingir o estatuto de ciência, revestem-se de alcance restrito

na medida em que contornam a questão essencial de responder à pergunta

fundamental: o que é o turismo? Afirmar que o mesmo pode ser abordado de

diversos pontos de vista, com diferentes interesses e metodologias, não resolve o

ponto crucial de esclarecer o que ele é. A confusão conceitual na área do Turismo é

grande, e parece distante o momento em que se disporá de conceitos básicos,

consensuais e de ampla aceitação (PAKMAN, 2014, p. 2, grifos do autor).

O autor fala da dificuldade que todo pesquisador tem, inicialmente, ao empreender

os estudos sobre o turismo. Trata-se da explicação, para si e para os outros, do seu conceito –

o que justifica, de certa forma, o uso de diversas citações pelos pesquisadores em seus

trabalhos. Continuando, escreve que embora sejam importantes os subsídios dados pelas

diversas disciplinas aos estudos turísticos, elas

[...] não necessariamente suprimem nem suplantam a requerida discussão

metodológica em torno do que elas podem aportar para o esclarecimento da essência

do que é turismo. Noutras palavras, nada suplanta o debate em torno da possível e

necessária formação do conceito de turismo, e por conseguinte, para a constituição

do Turismo como ciência (PAKMAN, 2014, p. 3).

Ele Destaca, por fim, alguns autores que, na percepção dele, têm enveredado na

discussão metodológico-conceitual do turismo, entre os quais cita Luis Fernández Fúster,

Manoel Figuerola Palomo, Muñoz de Escalona, Victor T. C. Middleton, Marc Sölter, Margarita

Barretto e Alexandre Panosso Netto (os dois últimos em âmbito nacional e utilizados neste texto).

22

Os três primeiros são referências deste trabalho.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Diante destas considerações mais gerais a respeito do Turismo, que de certa forma

não se encerra, traz-se algumas definições do mesmo a partir de alguns autores. Entretanto,

não se adentrará nessa abordagem das definições com profundidade, resgatando sua evolução

desde as primeiras de caráter puramente econômico até as atuais, com propostas que se dizem

mais holísticas e integradas. Busca-se, apenas, informar da sua existência de modo compilado,

o que é reconhecido ser, antecipadamente, incompleta. De antemão, inicia-se com José

Vicente de Andrade:

Antes de qualquer disposição teórica a respeito do turismo, do turista, dos recursos

humanos e dos equipamentos considerados turísticos, deve-se estabelecer o seguinte

princípio: o homem, o espaço, e o tempo constituem os três pré-requisitos para

qualquer reflexão equilibrada a respeito do fenômeno, cuja anatomia conjuntural e

sintônica compõe-se de modo compulsório, porque sem sua tríplice existência e sua

permanente concorrência não há possibilidade alguma de existir, lógica e

ontologicamente, qualquer manifestação do fenômeno turístico (ANDRADE, 2008,

p. 12, grifos do autor).

Na consideração desta tríade encontram-se aspectos que remetem, por exemplo, à

dimensão multi/interdisciplinar do turismo, haja vista que o homem (na condição de turista),

além de ser um dos agentes do acontecer da atividade, leva à organização dela e é foco de

disciplinas como Antropologia, Sociologia e Psicologia. É no espaço que o turismo acontece,

o mesmo que ele consome e comercializa (com base nos elementos paisagísticos e locais e nas

estratégias de comunicação). E o tempo, influente na duração dos deslocamentos e nas

permanências, e no qual se inclui elementos como o sistema de transportes, o aparato técnico

e os fixos presentes nos locais. Daí a indissociabilidade ressaltada pelo autor, que

complementa:

O homem é o autor do ato de viajar, que encerra em si, necessariamente, o elemento

físico primeiro que diferencia as quantificações e as distinções entre o espaço em

que se situa e todos os demais espaços diversos daquele em que em ato ocupa e do

qual precisa sair para que possa dar existência ao fenômeno viagem. Finalmente,

sempre que se movimenta, o homem o faz no espaço e, para deslocar-se, mesmo que

em medida física de aparências insignificantes, consome ou utiliza determinada

quantidade de tempo, que é o elemento determinante de qualquer ato que o ser vivo

pratique ou sofra, tanto consciente como inconscientemente (ANDRADE, 2008, p.

12, grifos do autor).

Segundo Soneiro (1991, p. 17): “La mayor parte de los tratadistas del turismo

hacen en sus definiciones referencias al viaje como un elemento sine qua non; al placer de

recorrer un lugar distinto del que se vive habitualmente. Pocas veces precisan, sin embargo, el

alcance temporal o espacial del desplazamiento”. Para evitar confusões nos sentidos das

palavras Ócio, Recreio e Turismo, ele apresenta, com base em Boniface e Cooper (1987 apud

SONEIRO, p. 17-18), o que cada uma significa – sendo que o turismo “[...] representa

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

solamente una de esas actividades recreativas; pero también desplazamientos no estrictamente

vinculados con el recreo – convenciones, ferias, congresos, negocios, etc.” [...] (Ibid., p. 18).

Desta forma, o Quadro 2 mostra uma compilação geral das definições de turismo

mais encontradas em algumas obras. Na primeira coluna estão organizados os autores-

referência que são mais encontrados e utilizados por aqueles autores relacionados na terceira

coluna (que são obras voltadas exclusivamente ao estudo/abordagem do Turismo). A

apropriação destes conceitos é feita, nas obras, de diversas formas, por exemplo, para mostrar

uma evolução temporal da definição do mesmo ou as tendências de definição existentes.

Retornando à primeira coluna, alguns autores-referência destacam-se por mais de

uma aparição, porque utilizados por autores distintos e/ou também pelo fato de seus conceitos

iniciais propostos terem passado por alguma reformulação. Os que são utilizados uma vez

revelam-se também importantes, se se considerar aquele autor que o mencionou em sua obra.

Assim, destacam-se, entre os autores-referência mais utilizados, a Organização Mundial do

Turismo, Herman Von Schulard, Walter Hunziker e Kurt Krapf, Luiz Fernandez Fuster,

Alister Mathieson e Geoffrey Wall e Robert Glüskmann. Deu-se destaque a José Vicente de

Andrade por tratar-se de um autor utilizado neste trabalho.

Na segunda coluna do quadro visualizam-se as definições de turismo dos autores

listados na primeira coluna, a partir do uso que os autores listados na terceira coluna delas

fizeram. Alguns pontos devem ser destacados e, também, explicados. Uma observação atenta

aos anos de divulgação das definições, pelos autores destas, evidenciará a já mencionada

evolução que o conceito passou ao longo do tempo, saindo de aspectos notadamente

econômicos (reflexo da área científica dos primeiros a fazê-lo) para tentativas mais holísticas

de entendimento da atividade. Desse modo, o quadro não foi organizado por ordem do ano em

que a citação foi apresentada e nem os autores que as fizeram também se encontram

“organizados”. Apenas a OMT foi colocada no início, devido a um fator que será mais adiante

explicado. Na verdade, a única organização evidente é que as definições associadas à OMT

são todas institucionais e as demais, autorais.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Quadro 2 – Definições de Turismo utilizadas por alguns autores.

Autor-

referência Definição de turismo empregada

Autor(es)

que usam

tais

definições

D I

E N

F S

I T

N I

I T

Ç U

Õ C

E I

S O

N

A

I

S

Organização

Mundial do

Turismo –

UIOOT

(ONU) (1963)

‘Atividade desenvolvida por uma pessoa que visita um país diferente

daquele de sua residência habitual, com fins distintos do de exercer

uma ocupação remunerada, e por um período de tempo de pelo

menos 24 horas’.

Pakman

(2014)

Organização

Mundial do

Turismo

(ONU/OCDE-

OECD/CST-

2008) (S.d)

‘O turismo é um fenômeno social, cultural e econômico, que envolve

o movimento de pessoas para lugares fora de seu local de residência

habitual.

Pakman

(2014)

Organização

Mundial do

Turismo

(ONU/IRTS-

2008) (S.d)

‘O turismo é um fenômeno social, cultural e econômico, que envolve

o movimento de pessoas para lugares fora do seu local de residência

habitual, geralmente por prazer.’

Pakman

(2014)

Organização

Mundial do

Turismo

‘... o deslocamento para fora do local de residência por período

superior a 24 horas e inferior a 60 dias motivado por razões não-

econômicas’ (S.d).

Ignarra

(2003)

‘... o turismo engloba as atividades das pessoas que viajam e

permanecem em lugares fora de seu ambiente usual durante não mais

de um ano consecutivo, por prazer, negócios ou outros fins’ (1994).

Ignarra

(2003)

‘Compreende as atividades de pessoas em viagem e sua permanência

nos lugares fora de sua residência habitual por não mais do que um

ano consecutivo por lazer, negócios e outros propósitos não

relacionados ao exercício de uma atividade remunerada no local

visitado’ (1991?)

Panosso

Netto

(2013)

‘O turismo compreende as atividades realizadas pelas pessoas

durante suas viagens a e estadias em lugares diferentes de seu entorno

habitual, por um período de tempo consecutivo inferior a um ano,

tendo em vista lazer, negócios ou outros motivos’ (1991).

Pakman

(2014)

‘O turismo compreende as atividades realizadas pelas pessoas

durante suas viagens a e estadias em lugares diferentes de seu entorno

habitual, por um período de tempo consecutivo inferior a um ano,

tendo em vista lazer, negócios ou outros motivos não relacionados

ao exercício de uma atividade remunerada no lugar visitado’

(1999).

Pakman

(2014)

Herman Von

Schulard

‘... a soma das operações, especialmente as de natureza econômica,

diretamente relacionadas com a entrada, a permanência e o

deslocamento de estrangeiros para dentro e para fora de um país,

cidade ou região’ (1910).

Ignarra

(2003);

Beni

(1998);

Andrade

(2008)

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

D

E

F

I

N

I

Ç

Õ

E

S

‘turismo é o conjunto de todos os processos, principalmente

econômicos, que se relacionam diretamente com a chegada, a

permanência e a partida de estrangeiros para dentro e para fora de um

país, região ou estado’ (1911).

Panosso

Netto

(2013)

Arthur

Bormann

(1931)

‘... o conjunto de viagens que tem por objetivo o prazer ou motivos

comerciais, profissionais ou outros análogos, durante os quais é

temporária sua ausência da residência habitual. As viagens realizadas

para locomover-se ao local de trabalho não constituem em turismo’.

Ignarra

(2003);

Andrade

(2003);

Barreto

(1995)

Walter

Hunziker e

Kurt Krapf

‘... o conjunto das inter-relações e dos fenômenos que se produzem

como conseqüências das viagens e das estadas de forasteiros, sempre

que delas não resultem um assentamento permanente nem que eles se

vinculem a alguma atividade produtiva’ (1940).

Ignarra

(2003);

Andrade

(2003)

‘Turismo é o conjunto das relações e fenômenos decorrentes das

viagens e estadas de forasteiros, desde que não vinculados a alguma

atividade produtiva nem como residência permanente no destino’

(1942).

Panosso

Netto

(2013)

‘A soma dos fenômenos e das relações resultantes da viagem e da

permanência de não-residentes, na medida em que não leva à

residência permanente e não está relacionada a nenhuma atividade

remuneratória’ (1942).

Beni

(1998)

‘Turismo é o conjunto das relações e dos fenômenos produzidos pelo

deslocamento e permanência de pessoas fora do seu local de

domicílio, sempre que ditos deslocamentos e permanência não

estejam motivados por uma atividade lucrativa’ (1942).

Barreto

(1995)

Robert

McIntosh

(1977)

‘Turismo pode ser definido como a ciência, a arte e a atividade de

atrair e transportar visitantes, alojá-los e cortesmente satisfazer suas

necessidades e desejos’.

Ignarra

(2003);

Beni

(1998)

Jafar Jafari

(S.d.)

‘É o estudo do homem longe de seu local de residência, da indústria

que satisfaz suas necessidades, e dos impactos que ambos, ele e a

indústria, geram sobre os ambientes físico, econômico e sociocultural

da área receptora’.

Ignarra

(2003);

Panosso

Netto

(2013);

Beni

(1998);

Theobald

(2001)

‘Turismo é, de um lado, o conjunto de turistas; de outro, os

fenômenos e as relações que essa massa produz em conseqüência de

suas viagens’ (1974).

Ignarra

(2003)

‘por um lado, conjunto de turistas, que cada vez mais são numerosos;

por outro, são os fenômenos e relações que esta massa produz em

conseqüência de suas viagens. Turismo é todo o equipamento

Panosso

Netto

(2013)

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

A

U

T

O

R

A

I

S

Luiz

Fernández

Fuster

receptor de hotéis, agências de viagens, transportes, espetáculos,

guias, intérpretes etc. [...] Turismo são as organizações privadas ou

públicas que surgem para fomentar a infraestrutura e a expansão do

núcleo’ (1971).

‘Turismo é, de um lado, conjunto de turistas; do outro, os fenômenos

e as relações que esta massa produz em conseqüência de suas

viagens. Turismo é todo o equipamento receptor de hotéis, agências

de viagens, transportes, espetáculos, guias-intérpretes que o núcleo

deve habilitar para atender às correntes (...). Turismo é o conjunto das

organizações privadas ou públicas que surgem para fomentar a

infraestrutura e a expansão do núcleo, as campanhas de propaganda

(...). Também, são os efeitos negativos ou positivos que se produzem

nas populações receptoras’ (1972).

Barreto

(1995)

Oscar de La

Torre (1992)

‘O turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento

voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que,

fundamentalmente por motivos de recreação, descanso, cultura ou

saúde, saem de seu local de residência habitual para outro, no qual

não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando

múltiplas inter-relações de natureza social, econômica e cultural’.

Ignarra

(2003);

Barreto

(1995)

José Vicente

de Andrade

(1998)

‘Turismo é o conjunto de serviços que tem por objetivo o

planejamento, a promoção e a execução de viagens, e os serviços de

recepção, hospedagem e atendimento aos indivíduos e aos grupos,

fora de suas residências habituais’.

Ignarra

(2003)

Alister

Mathieson e

Geoffrey Wall

‘… o movimento temporário de pessoas para locais de destinos

externos a seus lugares de trabalho e moradia, as atividades exercidas

durante a permanência desses viajantes nos locais de destino,

incluindo os negócios realizados e as facilidades, os equipamentos e

os serviços criados, decorrentes das necessidades dos viajantes’

(1990).

Ignarra

(2003)

‘turismo é o deslocamento temporário de pessoas de seus locais

normais de trabalho e residência para determinados destinos, as

atividades empreendidas durante suas estadas em tais destinos e as

instalações criadas para atender a suas necessidades’ (1982).

Theobald

(2001)

McIntosh,

Goeldner e

Ritchie (2000)

‘... a soma dos fenômenos e relações que surgem da interação de

turistas, empresas prestadoras de serviços, governos e comunidades

receptivas no processo de atrair e alojar estes visitantes’.

Ignarra

(2003)

F. Muñoz de

Escalona

(1993)

‘Turismo es todo plan de desplazamiento de ida y vuelta cualquier

que sea la motivación , la distancia recorrida y la duración temporal’.

Ignarra

(2003)

Eduard Guyer-

Freuler (1905)

‘em sentido moderno, um fenômeno de nosso tempo que se explica

pela necessidade crescente de descanso e mudança de ares, pela

aparição e desenvolvimento do gosto pela beleza da paisagem, pela

satisfação e bem-estar que se obtém da natureza virgem, mas, muito

especialmente, pelas crescentes relações entre povos diferentes, pelo

Panosso

Netto

(2013)

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

aumento de empresas que dão lugar ao desenvolvimento do

comércio, da indústria e das profissões e pelo aperfeiçoamento dos

meios de transporte’.

Wahab (1977)

‘uma atividade humana intencional que serve como meio de

comunicação e como elo da interação entre povos, tanto dentro de um

mesmo país como fora dos limites geográficos dos países. Envolve o

deslocamento temporário de pessoas para outra região, país ou

continente, visando à satisfação de necessidades outras que não o

exercício de uma função remunerada. Para o país receptor, o turismo

é uma indústria cujos produtos são consumidos no local, formando

exportações invisíveis’.

Panosso

Netto

(2013)

Brasil (2008)

Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se turismo as atividades

realizadas por pessoas físicas durante viagens e estadas em lugares

diferentes do seu entorno habitual, por um período inferior a 1 (um)

ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras. Parágrafo único. As

viagens e estadas de que trata o caput deste artigo devem gerar

movimentação econômica, trabalho, emprego, renda e receitas

públicas, constituindo-se instrumento de desenvolvimento econômico

e social, promoção e diversidade cultural e preservação da

biodiversidade.

Panosso

Netto

(2013)

Departamento

Australiano de

Turismo e

Recreação

(1975)

‘Turismo é uma importante indústria nacionalmente identificável.

Compreende um amplo corte transversal de atividades componentes,

incluindo a provisão de transporte, alojamento, recreação,

alimentação e serviços afins’.

Beni

(1998)

Ansett Airlines

of Australia

(1977)

‘Turismo refere-se à provisão de transporte, alojamento, recreação,

alimentação e serviços relacionados para viajantes domésticos e do

exterior. Compreende a viagem para todos os propósitos, desde

recreação até negócios’.

Beni

(1998)

Raymundo

Cuervo (1967)

‘O turismo é um conjunto bem definido de relações, serviços e

instalações que se geram em virtude de certos deslocamentos

humanos’.

Lohmann,

Panosso

Netto

(2008)

Robert

Glüksmann e

Willi

Benscheidt

(1929)

‘o turismo é uma ocupação de espaço por pessoas que afluem a

determinada localidade, onde não possuem residência fixa’.

Andrade

(2003)

Robert

Glüksmann

‘a soma das relações que se estabelecem entre as pessoas que se

encontram de passagem por determinada localidade, e as que nela

habitam’ (1935?).

Andrade

(2003)

‘Turismo é a soma das relações existentes entre pessoas que se

encontram temporariamente num lugar e os naturais desse local’

(1939).

Barreto

(1995)

Schwink

(1930)

‘o movimento de pessoas que abandonam, temporariamente, o local

de sua residência permanente, levadas por algum motivo relacionado

Andrade

(2003);

Barreto

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Elaboração: SANTOS, 2015.

Fonte: Autores da última coluna.

No olhar continuado nas definições, em algumas delas o termo turismo não está

presente, falando-se em viagens ou deslocamento de pessoas, de forasteiros. Interessante é

que o turismo é, essencialmente, um “conjunto” (nalgumas vezes, “soma”): de turistas, de

viagens, de atividades, de operações, de processos, de relações e inter-relações e fenômenos,

de serviços, de princípios. E é/compreende/engloba movimento ou deslocamento de pessoas,

as atividades humanas realizadas, um fenômeno social-cultural-econômico (ora só social, ora

sócio-cultural, ora apenas econômico) e uma indústria. Percebe-se que algumas definições

centram-se na ideia da viagem por algum motivo (essencialmente lazer), que não têm fins

lucrativos ou remuneratórios, e que atende a uma duração temporal definida; outras ampliam

essa percepção, envolvendo também aspectos voltados ao planejamento, aos impactos

causados e das relações estabelecidas entre outras.

Cabe ressaltar que há, na leitura dos conceitos, a presença da Economia, da

Geografia e da Sociologia (traços da Estatística e da Psicologia encontram-se presentes

com o corpo, o espírito ou a profissão’.

(1995)

O. Morgenroth

(1929)

‘tráfego de pessoas que, temporariamente, afastam-se de seu local

fixo de residência para deter-se em outra localidade, com o objetivo

de satisfazer desejos de natureza diversa, unicamente como

consumidores de bens econômicos e culturais’.

Andrade

(2003)

Mathiot (S.d.)

‘Turismo é o conjunto de princípios que regulam as viagens de prazer

ou de utilidade, tanto no que diz respeito à ação pessoal dos viajantes

ou turistas como no que se refere à ação daqueles que se ocupam em

recebê-los e facilitam seus deslocamentos’.

Andrade

(2003)

Josef Stradner

(S.d)

‘Tráfego de viajantes de luxo (aqueles que têm condução própria)

que se detêm num local fora do seu lugar fixo de residência e com

sua presença naquele país não perseguem nenhum propósito

econômico, mas buscam a satisfação de uma necessidade de luxo.

Barreto

(1995)

Benscheidt

(S.d)

‘O conjunto de relações pacíficas e esporádicas entre viajantes que

visitam um local por motivos não-profissionais e os naturais deste

lugar’.

Barreto

(1995)

Burkart e

Medlik (1974)

‘O turismo é um amálgama de fenômenos e relações, fenômenos

estes que surgem por causa do movimento de pessoas e sua

permanência em vários destinos. Há no turismo um elemento

dinâmico – a viagem – e um elemento estático – a estada’.

Barreto

(1995)

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

também, comportando elementos de caráter estrutural e organizacional da atividade). As

contribuições das duas últimas destacadas (Geografia e Sociologia) são as responsáveis por

ampliar as possibilidades de uma melhor compreensão do turismo – para além do seu aspecto

economicista e estatístico.

Por fim, a quantidade de definições existentes em um mesmo autor revela um

aspecto preocupante: o entendimento dos autores que as utilizaram a partir das traduções de

sua língua original pode ocasionar problemas de compreensão para os pesquisadores,

estudantes e leitores de língua portuguesa23

. Tratam-se, numa leitura repetitiva, dos mesmos

conceitos, dificultados pela compreensão do autor ao traduzi-lo e ao ano-referência dado

(geralmente, são de autores europeus – principalmente alemães, franceses e ingleses – e norte-

americanos), como se observa em Walter Hunziker e Kurt Krapf e Luiz Fernández Fuster.

Na maioria das definições que foram formuladas ao longo do tempo, o termo que

permite uma aproximação geográfica é o “deslocamento” (pois este se dá pelo/no espaço

geográfico), com as ideias associadas de movimento e/ou tráfego – as quais ganharam, por

conseguinte o sentido de viagem. Entretanto, salienta Barreto (1995, p. 13):

[...] viagem não é a mesma coisa que turismo. O turismo inclui a viagem apenas

como uma parte, havendo muitas viagens que não são de turismo. Por exemplo, as

viagens de negócios, viagens de estudo, viagens para visitar parentes em ocasiões

especiais, como doença ou morte, podem ser, mais que um prazer, compromissos

sociais. Observa-se, sim, que pessoas que viajam por motivos alheios ao turismo,

utilizam os mesmos serviços que o turista, e muitas vezes, acumulam as obrigações

com a prática do turismo.

Quem aborda esse aspecto mencionado por Barreto (1995) é Cruz (2003), cuja

explicação para essa relação sinonímica entre turismo e viagem decorre da definição

empregada pela OMT (que embora tenha o viés puramente institucional e voltado para as

estatísticas do setor, como visto anteriormente), é utilizada por muitos acadêmicos e

pesquisadores. “Conforme se pode abstrair da definição da OMT, todo tipo de viagem é

considerado, hoje, turismo, independente da motivação do seu deslocamento [...] [, ou seja,]

[...] que viagem e turismo são hoje sinônimos” (Ibid., p. 4). Disto resultam as segmentações

do setor e um conjunto outro de problemas e questionamentos que ela traz em sua abordagem.

No que se refere às definições elaboradas pela OMT, cabem duas considerações.

A primeira é que, embora sejam todas desta entidade, eles referem-se a momentos distintos da

história da mesma – partindo de sua denominação como União Internacional de Organizações

Oficiais de Viagens (UIOOT, ou na sua sigla em inglês, IUOTO – International Union of

23

Rejowski (1996) fala das dificuldades relativas aos estudos e pesquisa turísticos

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Official Travel Organizations) à que se conhece hoje. A segunda é que as definições

elaboradas por esta instituição têm outro fim, distinto do comumente utilizado por alguns

autores conhecidos e estudantes que se iniciam nos estudos do turismo.

Ao escrever sobre as definições de turismo feitas pela OMT ao longo de sua

história, Pakman (2014) contribui duplamente para a história do pensamento turístico (como

está posto no título do seu artigo). Primeiro, por trazer os aspectos históricos relativos ao

surgimento e institucionalização da entidade, assim como a importância que ela adquiriu no

cenário internacional como principal órgão da atividade turística. A segunda, e mais

importante, vai discutir o uso de suas definições, pelos pesquisadores e estudantes, para fins

acadêmicos, científicos e teóricos – quando estas voltam-se para fins estatísticos, técnicos e

operacionais. Salienta o autor que, por ser a Teoria do Turismo ainda embrionária, recorre-se

ao posicionamento de instituições ou autores reconhecidos, sendo estes, a partir do

“argumento de autoridade” (Ibid., p. 3), o referencial teórico-conceitual para a definição mais

aceitável do turismo – e uma destas autoridades é justamente a OMT, sobre o que ele coloca

em seu texto. Com o referido autor, sobre o uso equivocado ou errôneo da definição de

Turismo da OMT, concorda Panosso Netto (2013, p. 30). Para este último:

A definição da OMT tem um viés econômico e mostra uma preocupação com

questões políticas, técnicas, estatísticas, comerciais e normativas, não abordando os

aspectos conceituais mais ligados aos diferentes tipos de turistas, com suas culturas

e formação social característicos. Sua definição é adotada por dezenas de países e de

organismos e vem moldando a compreensão ‘oficial’ de turismo [...].

Finalizando as contribuições de Pakman a este trabalho, o autor conclui:

Por outro lado, certamente não há – e quem sabe nunca haverá – consenso dos

especialistas em relação à definição de turismo. Entretanto, esta realidade não

justifica a prática de argüir as definições da OMT como sendo os parâmetros

conceituais aos quais os cientistas sociais deveriam se ater. O paradoxal é que tal

demanda não parte de tecnocratas nem de estatísticos, mas dos próprios estudiosos e

acadêmicos do turismo.

O turismo, conceitualmente, pode ser abordado de perspectivas e disciplinas

diferentes. O resultado óbvio: diferentes definições, aparentemente representando

um problema, no entanto nada há de errado com essa multiplicidade. O errado não é

formular definições diferentes, até mesmo porque existem abordagens e focos

diversos, e sim pretender que as definições assim obtidas sejam absolutizadas. Nas

Ciências Sociais, onde pluralismo metodológico é uma constante, deve-se conviver

com esta pluralidade, com a diferença. Assim, estas considerações sugerem a

necessidade de direcionar esforços para delimitar a essência do turismo e permitir a

consequente construção da ciência do turismo (19-20).

Jafar Jafari, sobre o futuro que esperava o turismo como disciplina científica,

escreveu:

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

El proceso acumulativo de construcción – ladrillo a ladrillo – de los cimientos

científicos del turismo continuará. Como en el pasado, las ciencias sociales

contribuirán decisivamente a su formación y solidifación. Otros campos

relacionados con el estudio del turismo ayudarán también a definir y refinar las áreas

comunes con el estudio del turismo. Puesto que mantiene relaciones con diversos

fenómenos y puesto su estudio utiliza teorías y métodos de otras disciplinas, el

turismo está llamado a asumir un papel realmente interdisciplinar en el mundo

académico. Sobre estas bases, sus propias teorías y métodos emergentes serán

tomadas a préstamo por las mismas disciplinas que con aterioridad contribuyeron

generosamente a la creación de sus bases científicas. Más aún, la investigación

turística será usada con creciente intensidad por las publicaciones científicas de otras

disciplinas para ilustrar sus propias referencias. Así há de suceder porque el turismo

tiene perspectivas propias y únicas que ofrecer, tanto más cuanto que vaya

crecientemente convirtiéndose en una actividad que la gente pueda entender

fácilmente (por la creciente comprensión de su papel en la sociedad y en la

economia). Mas aún, todo indica que muchos estudiantes que se graduarán en

diversos campos teóricos bien estabelecidos, así como en el propio del turismo

continuarán defendiendo un número creciente de tesis doctorales sobre dimensiones

viejas y nuevas del fenômeno (JAFARI, 2005, p. 50-51).

A citação fala da afirmação do Turismo como disciplina científica, sem abandonar

seu caráter multi e interdisciplinar. O principal destaque, segundo o autor, é que este, que

antes servia-se das disciplinas mais tradicionais, passará a servi-las, tanto teórica quanto

metodologicamente – incluindo-se aí as publicações da área que passarão a compor a lista de

referências dos trabalhos de outras áreas. Por fim, não se pode deixar de mencionar que a

atividade seguirá seu percurso buscando dar conta das novas demandas que surgirem, sem,

entretanto, deixar de estudar as que são mais antigas.

Não era pretensão, portanto, resgatar o surgimento e evolução da definição de

turismo e os diversos contextos que contribuíram para as adaptações que estes foram

realizando ao longo do tempo (inclusive dos seus termos elementares, a exemplo do de

turista). Este papel já foi realizado por variados autores (alguns presentes na terceira coluna

do Quadro 4) e pela OMT (esta última na posição de órgão regulador da atividade a nível

mundial) em suas publicações. Existem contribuições mais ao entendimento do Turismo, as

quais servem não só para cientistas e pesquisadores da área, mas também para os que o

planejam em âmbito estatal/governamental e empresarial. Entretanto, fez-se o recorte pelo

aspecto teórico, tentando trazer contribuições que não ficassem restritas apenas ao uso de uma

ou outra definição, ampliando assim a discussão a respeito do Turismo.

Dá-se continuidade a esta parte do trabalho, tratando-se de um aspecto que

caracteriza o Turismo tanto quanto área acadêmica e como atividade – e que também está

presente na Geografia: a questão disciplinar, envolvendo a multi e a interdisciplinaridade.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

2.2.2 O CARÁTER DISCIPLINAR DO TURISMO: MULTIDISCIPLINARIDADE E

INTERDISCIPLINARIDADE

O caráter disciplinar do Turismo é evidente entre aqueles que o estudam, o que

Rejowski (1996) trata como a “questão da disciplinaridade”. Segundo a autora, tal tratamento

é necessário diante do interesse que diversas disciplinas despertaram, ao longo do tempo, pelo

turismo no meio acadêmico (podendo ser estudado por várias delas concomitantemente, por

apenas uma ou por uma nova disciplina). Também, em função das divergências existentes

quanto ao marco teórico que formaria a base daquele como área acadêmica – no que se refere

aos conceitos/termos mais comuns que caracterizam essa disciplinaridade.

Existe atualmente uma preocupação em definir algumas tendências do ensino e da

pesquisa, tanto na área de turismo como em outras, que podem ser restringidas a três

conceitos básicos: pluridisciplinaridade ou multidisciplinaridade,

interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. Tais conceitos podem ser explicados

mediante uma gradação na esfera de coordenação e cooperação entre as disciplinas

(REJOWKSI, 1996, p. 21, grifos da autora).

Ela destaca que os termos multi e interdisciplinar são usados

intercambiavelmente, como se fossem sinônimos – embora apenas pareçam semelhantes24

. É

a partir daí que ela inicia a distinção destes conceitos. Neste trabalho optou-se, contudo, em

usar a concepção de Ivani Catarina A. Fazenda, que contribui para o que se está a discutir.

A partir da análise de algumas contribuições ao conceito de interdisciplinaridade do

ensino feitas por alguns peritos no assunto [...], conclui que existe atualmente uma

preocupação em definir a terminologia adotada, embora ela se baseie em diferentes

pressupostos. Posto que a terminologia adotada é bastante vasta, a tendência mais

acentuada e restringir-se a quatro conceitos básicos: pluri, multi, inter e

transdisciplinaridade [...].

Assim sendo, em âmbito de pluri ou multidisciplinaridade, ter-se-ia uma atitude de

justaposição de conteúdos de disciplinas heterogêneas ou a integração de

conteúdos numa mesma disciplina. Em termos de interdisciplinaridade, ter-se-ia

uma relação de reciprocidade, de mutualidade, ou, melhor dizendo, um regime de

co-propriedade, de interação, que irá possibilitar o diálogo entre os interessados,

dependendo basicamente de uma atitude cuja tônica primeira será o estabelecimento

de uma intersubjetividade (FAZENDA, 1995, p. 30-1, grifos nossos).

Para Coriolano (1998), a interdisciplinaridade do turismo decorre do fato dele ser

um fenômeno geográfico, econômico, cultural ou social que, desenvolvendo-se de forma

complexa, causa impactos ora positivos, ora negativos. Outro aspecto que contribui são as

24

Santos (1978), ao tratar de uma nova interdisciplinaridade a ser construída na Geografia, contribui não

somente para o entendimento daquela dentro da referida ciência. Contribui também para a forma como se

compreende a interdisciplinaridade e multidisciplinaridade nas outras ciências – e que pode-se aplicar, num

primeiro momento, ao Turismo. Segundo o autor, “Quando se fala em multidisciplinaridade se está dizendo que

o estudo de um fenômeno supõe uma colaboração multilateral de diversas disciplinas, mas isso não é por si só

uma garantia de integração entre elas, o que somente seria atingível através da interdisciplinaridade, isto é, por

meio de uma imbricação entre disciplinas diversas ao redor de um mesmo objetivo de estudo” (Ibid., p. 104).

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

múltiplas interfaces que possui: com a cultura, com o meio ambiente, com as cidades, com o

campo, com a educação e com o espaço, o tempo e a técnica25

. Sob o enfoque interdisciplinar

do turismo, afirma Ignarra (2003, p. 10-11):

O turismo, na verdade, carrega todos os elementos da sociedade, razão pela qual as

pesquisas no campo do turismo tendem a ser interdisciplinares. O turismo cultural

exige pesquisas antropológicas e o comportamento dos turistas, pesquisas

sociológicas; as questões de vistos para turistas têm relação com as ciências

políticas. A regulamentação do controle de qualidade dos produtos turísticos e a

intervenção do turismo no meio ambiente têm desenvolvido o direito no turismo.

Se a multi e a interdisciplinaridade do Turismo é evidente no que se refere às

outras áreas do conhecimento, Sales (2010, p. 279-280) ressalta essa conexão com a

Geografia (ciência de mesmo caráter multi/interdisciplinar), destacando a importância do

caráter epistemológico conflituoso desta última contribuir nos estudos daquele:

Assim, o turismo representa um elo entre diversas ciências, entre essas conexões

está a geografia, que tem uma história epistemológica conflitante, por estar entre as

ciências naturais, humanas e sociais. Esse conflito epistemológico, que define sua

base teórico-metodológica, é pertinente ao turismo, pois possibilita uma discussão

profunda na construção do seu referencial, categorias de análises, objeto de estudo,

conceitos-chave, técnicas de pesquisa entre outros fundamentos.

Em Beni (1998), o Turismo é visto na perspectiva de um sistema aberto, com suas

características influenciadas por fatores a ele externos, mas vistos de forma relacionada e

contextualizada. E justamente por ser um sistema, é que o autor identifica a existência de uma

multi/interdisciplinaridade, já que várias podem ser as áreas a estudá-lo segundo a abordagem

sistêmica26

– “[...] abordagem [essa que] facilita estudos multidisciplinares de aspectos

particulares do Turismo, possibilitando assim a realização de análises interdisciplinares a

partir de várias perspectivas com ponto de referência comum” (Ibid., p. 43).

Alfredo Ascanio propôs a disciplina “Ciência Social das Viagens”, mantendo a

perspectiva interdisciplinar dos estudos turísticos (ao alimentar-se dos estudos sobre o

fenômeno realizados por outras disciplinas), mas, aspirando ser mais geral e abrangente que o

mero estudo interdisciplinar. Segundo o autor a disciplina alcançaria tal objetivo, pois...

25

Algo similar encontra-se em Montejano (2001, p. 26), o qual afirma que “el fenómeno turístico tiene una

incidencia de primer orden em la vida económica de las sociedades [...]; [...] tiene tambien una incidencia en

las relaciones sociales entre los turistas de los países emissores y los ciudadanos de los países receptores [...].

Em El campo de la cultura, el turismo aporta el crecimiento cultural de los pueblos. El turismo, debido a estas

vinculaciones, se convierte en una disciplina técnico-científica que está estrechamente relacionada con otras

disciplinas y saberes científicos, dándole un vínculo interdisciplinar y multidisciplinar”. A mesma ideia está

presente na Apresentação do livro organizado por Lima (1998). 26

Segundo Ignarra (2003, p. 11) “o que é realmente necessário para o estudo do turismo é o enfoque sistêmico.

Trata-se da pesquisa que trabalha com grupos de elementos inter-relacionados para formar um todo unificado e

organizado para se atingir um conjunto de objetivos”.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Por um lado deveria referir-se a todo tipo de viagens e aos diversos contextos que

lhe correspondem e, por outro, deveria ocupar-se dos procedimentos mais teóricos,

descritivos e aplicados. Assim, a análise mais geral das viagens traçaria um paralelo

com a evolução da análise da viagem turística pelas disciplinas que a estudaram. Isto

representa a continuação consciente de uma tendência de estudar de maneira

interdisciplinar o comportamento de quem viaja e dos anfitriões, bem como a

relação destes sujeitos, o espaço geográfico e o contexto (ASCANIO, 1997, p. 188

apud SCHLÜTER, 2003, p. 34).

E embora seja o/um estudo transdisciplinar o verdadeiro objetivo a ser perseguido,

inclusive nos estudos do Turismo, Rejowski alerta que “[...] existem muitos obstáculos a essa

abordagem e, com isso, tem-se adotado um modelo de multidisciplinaridade ou

interdisciplinaridade mais facilmente adaptado às estruturas institucionais existentes, mas nem

por isso isentos de dificuldades” (1996, p. 23, grifos da autora).

Considerando-se esse caráter disciplinar do Turismo (multi e inter), o Quadro 3

mostra quais são os focos de abordagem das principais disciplinas a estudá-lo, segundo alguns

autores.

Quadro 3 – Multi/Interdisciplinaridade do Turismo, segundo alguns autores. Rejowski (1998) Dencker (1998) Montejano (2001) Schlüter (2003)

Economia

Sociologia

Psicologia

Geografia

Antropologia

Outras Disciplinas

Psicologia

Antropologia

Sociologia

Economia

Administração

Geografia

Direito

Educação

Estatística

Novas Tecnologias

Ecologia

Política

Relações Internacionais

Direito

Economia e Estatística

Psicologia

Sociologia e Antropologia

História

Geografia, Arquitetura,

Urbanismo e Meio Ambiente

Periódicos e Literatura

Medicina

Marketing, Publicidade e

Relações Públicas

Religião

Antropologia

Ciências Políticas

Ecologia

Economia

Geografia

Psicologia

Sociologia

Elaboração: SANTOS, 2015.

Fonte: Autores constantes no quadro.

O quadro foi organizado segundo a ordem de publicação das referidas obras.

Observa-se que Montejano (2001) e Dencker (1998) são os que elencam uma maior

quantidade de disciplinas com as quais o Turismo se relaciona, mas existem aquelas comuns a

todos eles: Economia, Sociologia, Antropologia, Psicologia e Geografia. Rejowski (1996), no

que denomina como “outras disciplinas”, relaciona algumas daquelas mencionadas pelos

outros autores, compondo “[...] uma lista parcial de fontes usuais de conceitos, teorias e

ideias” (Ibid., p. 20) da seguinte forma: áreas mais especializadas de estudo (história e

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

ciências políticas); áreas profissionalizantes de estudo (direito, arquitetura e administração); e

disciplinas das ciências exatas e naturais (medicina etc.). Cabe ressaltar que embora

Montejano traga a Geografia acompanhada de outras disciplinas, apenas ela é trabalhada em

seu livro.

No caso da Geografia, à exceção de Dencker, que traz a relação daquela com o

Turismo na simples “análise a partir da perspectiva do espaço: fluxos, redes de transportes,

entorno ambiental” (1998, p. 30)27

, Rejowski (1998), Schlüter (2003) e Montejano (2001) dão

contribuições mais significativas. As duas primeiras, inclusive, partem de um referencial

comum (o autor Douglas Pearce28

). O terceiro é o único a ilustrar como as diferentes áreas

geográficas contribuem para o estudo do turismo (utilizando-se de exemplos aplicados à

realidade espanhola e, por vezes, de outras regiões do globo). São estas áreas: Geopolítica y la

Geoestrategia (e seus diversos fatores que influenciam nas correntes turísticas); Geografía

Humana; Geografía Económica; Geografía Física; e Geografia de los Hechos Históricos,

Artísticos y Culturales.

Veio-se, até o presente momento, trazendo as contribuições das duas primeiras

abordagens a este trabalho. E sendo a Geografia uma das disciplinas mais antigas a estudar o

turismo29

, a partir daqui adentra-se na terceira abordagem que o fundamenta, que é a da

Geografia do Turismo.

2.2.3 A GEOGRAFIA DO TURISMO

De acordo com Rejowski (1996, p. 19, grifos da autora), a Geografia “é uma das

poucas disciplinas em que o turismo tem sido reconhecido como área de interesse e, como tal,

27

O mesmo enfoque geográfico proposto por Luiz Ignarra, como um dos vários métodos de se enfocar o

turismo: “o interesse dos geógrafos no turismo está na forma em que o espaço turístico é ocupado, nos tipos de

deslocamentos e no impacto do meio ambiente. De todas as ciências, a geografia é a que mais se interessou pela

análise do fenômeno turístico” (IGNARRA, 2003, p. 10). 28

Cada autora utiliza alguns autores, em nível internacional, para falar da relação disciplinar entre Turismo e

Geografia. A obra que ambas mencionam, do referido autor, é: PEARCE, Douglas. Desarrollo Turístico: su

planificación y ubicación geográfica. México, Trillas, 1988. 29

Segundo as fontes utilizadas por Rejowski (1996), os primeiros trabalhos sobre o tema turismo, na literatura,

são do início da década de 1870, majoritariamente tratando de geografia e economia; além disso, situa na virada

do século XIX para o século XX o surgimento dos primeiros estudos alemães com enfoque geográfico.

Coriolano e Silva (2005, p. 99-100) afirmam que “As primeiras publicações geográficas sobre o turismo

surgiram na Europa [e que na] [...] França, surgiram as primeiras produções geográficas apresentando modelos

de análise espacial do turismo [...]”, com destaque para os trabalhos de Walter Christaller (o qual destaca a

perspectiva locacional do turismo) junto aos do americano Edward Ullman (que valoriza o meio ambiente, em

especial o clima, como fator locacional). Mais contribuições ao entendimento da importância de Walter

Christaller encontram-se em Rodrigues (2001b), Silva (2001) e Soneiro (1991).

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

vem sendo estudado sob a denominação de geografia do turismo, geografia turística,

geografia da recreação ou geografia recreacional”.

Dentre os trabalhos encontrados, dois tem por título principal “Turismo e

Geografia”. O primeiro deles é o dos autores Luzia Neide Coriolano e Sylvio Bandeira Silva,

cuja importância é assinalada por Luiz Cruz Lima na apresentação da obra por aqueles escrita:

No campo da Geografia, o turismo tem sido valorizado por inúmeros pesquisadores.

Os autores deste livro se somam ao conjunto de geógrafos respeitados que oferecem

uma visão mais amplificada e, sobretudo crítica do fenômeno turístico. Outra

contribuição enriquecedora no trabalho [...] encontra-se nas mais de uma centena de

título da bibliografia, demonstração da seriedade que tiveram em navegar em obras

de real expressão da literatura e fontes documentais. Ler o livro Turismo e

Geografia: abordagens críticas completa o entendimento do que é esta atividade no

olhar do geógrafo, ampliando o conhecimento do seu valor no processo da história

do mundo moderno (CORIOLANO; SILVA, 2005, p. 8-9-10, grifos do autor).

São variadas as menções à Geografia do Turismo e a Turismo e Geografia feitas

por estes autores, apoiadas num amplo referencial de pesquisa e que na obra são

detalhadamente discutidas. A primeira a se destacar circunscreve-se no âmbito acadêmico,

onde...

A geografia do Turismo é uma disciplina necessária tanto ao Curso de Geografia

quanto ao Curso de Turismo. Na Geografia, desenvolve-se um potencial de pesquisa

voltado para a análise dos espaços geográficos transformados em espaços turísticos.

No Turismo, é dada uma base de conceitos geográficos que permite compreender e

explicar a evolução desta atividade no tempo e no espaço. O Espaço e o Turismo são

explicados à luz dos conceitos (CORIOLANO; SILVA, 2005, p. 11).

E completa, posteriormente, que:

Explicar o turismo implica estudar o espaço geográfico, pois os turistas viajam para

conhecer lugares, havendo, portanto, uma relação estreita entre a Geografia e o

Turismo. O turismo materializa-se de forma contundente na lógica de diferenciação

geográfica dos lugares e regiões. Tornou-se, assim, importante aos geógrafos para a

compreensão do desenvolvimento regional. O caráter geográfico do turismo

manifesta-se de forma tão evidente no espaço que precisa ser estudado seja por suas

evidências empíricas, seja por suas normas, regras e modelos que regem as relações

do turismo com o território (Ibid., p. 12-19).

Todas essas contribuições concentram-se apenas na primeira parte do livro,

introdutória às outras abordagens subseqüentes. Ao longo do texto, a conexão entre as áreas é

ratificada, tendo como ponto de partida as reflexões sobre a própria ciência geográfica.

Seguem abordando o turismo e o lazer na modernidade (no contexto da sociedade industrial e

a concepção teórica do que é o turismo, distinguindo-o do lazer); e trazem a necessária

relação entre Turismo e Geografia, que conclui a obra.

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

O segundo trabalho une-se a outras duas publicações. São obras que reúnem um

conjunto de autores que discutiram o turismo sob o viés geográfico (e seus diversos temas),

assim como a de outras áreas do conhecimento (como Arquitetura, História, Sociologia etc.),

por ocasião do evento internacional “Sol e Território” realizado em 199530

. A primeira,

destacada pelo seu título principal, é a que foi organizada por Rodrigues (2001a). Esta reúne

geógrafos (nacionais e estrangeiros) preocupados na reflexão e debate sobre os processos

pelos quais o turismo vinha produzindo, organizando e consumindo espaços – sob duas

grandes perspectivas: uma reflexivo-teórica e outra focalizando realidades regionais. A

segunda, organizada por Lemos (2001), debruça-se sobre os problemas e os impactos

espaciais da relação Turismo e Meio Ambiente. E a terceira, organizada por Yázigi, Carlos e

Cruz (2002), traz textos que voltam-se para as interfaces do lugar, da cultura, da paisagem e

do planejamento.

Como forma de apresentar uma visão geral destas obras, já que referentes às

discussões travadas no mesmo evento, construiu-se o Quadro 4, no qual se visualiza as

abordagens de cada uma delas.

Quadro 4 – As abordagens do Turismo nas Obras Resultantes do Evento Internacional “Sol e Praia”,

em 1995. Autor(es)

/ano Título Abordagens

Rodrigues

(2001a)

Turismo e Geografia:

Reflexões Teóricas e

Enfoques Regionais

1. Aportes Teórico-Metodológicos à Geografia do Turismo

2. Turismo como Vetor de Desenvolvimento

3. Turismo: Modelo de Sol e Praia

4. Turismo e Lazer: Fenômenos Essencialmente Urbanos

Lemos (2001) Turismo: Impactos

Socioambientais

1. Turismo, Meio Ambiente e Impactos Sociais

2. Turismo em Áreas Protegidas

3. Impactos Socioculturais do Turismo

4. Políticas de Turismo

5. Turismo: Representações e Tendências

Yázigi;

Carlos; Cruz

(2002)

Turismo: Espaço,

Paisagem e Cultura

1. Espaço, Lugar e Percepção

2. Patrimônio e Cultura

3. Paisagem

4. Planejamento

Elaboração: SANTOS, 2015.

Fonte: Autores da primeira coluna.

30

Evento organizado pelo Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da

Universidade de São Paulo, entre os dias 16 e 22 de julho do referido ano.

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Na obra em destaque (a primeira do Quadro 4), encontram-se os textos da própria

organizadora do livro e os de outros quatro autores, entre eles Daniel Nicolás (2001) e Remy

Knafou (2001), todos na abordagem inicial. Do texto da primeira realça-se, inicialmente,

alguns questionamentos e concepções sobre o turismo e que atestam a sua complexidade:

Afinal, o que é o turismo além de um fluxo de pessoas? O que é o turismo além de

uma atividade econômica? É certamente um fenômeno complexo, designado por

distintas expressões: uma instituição social, uma prática social, uma frente pioneira,

um processo civilizatório, um sistema de valores, um estilo de vida – um produtor,

consumidor e organizador de espaços –, uma ‘indústria’, um comércio, uma rede

imbricada e aprimorada de serviços (RODRIGUES, 2001b, p. 17-18).

Sem entrar na discussão conceitual e de definição do que é o turismo, realizada

anteriormente, tais ideias podem ser encontradas em diversos autores, revelando seus pontos

de partida da análise/estudo/compreensão do que este representa. Quanto aos questionamentos

que iniciam a citação, de fato o turismo é muito mais que um fluxo de pessoas – visto que o

fluxo é também de imagens, de capital, de informações. E no que se refere à sua concepção

enquanto atividade econômica, há quem o caracterize como pertencente ao setor industrial

(uma “indústria limpa”) e quem o caracterize como pertencente ao setor de serviços. Sobre

esta complexidade dita por Rodrigues (2001b), Noémi Marujo escreveu:

O turismo é um fenómeno social onde, na sua complexidade se condensam uma

série de aspectos da sociedade e da cultura. Pode ser percebido também como um

fenómeno comunicacional que fomenta o diálogo entre os diferentes actores do

turismo, entendido como um factor cultural que favorece o encontro entre diferentes

culturas, conhecido como um fenómeno económico que gera desenvolvimento ou,

ainda, como um fenómeno geográfico que envolve o movimento de pessoas de um

lugar para outro provocando impactos sobre o ambiente humano e natural.

O turismo é complexo, talvez o tema mais complexo da ciência social (Smith, 2010).

A complexidade e abrangência do fenómeno turístico fazem com que ele seja

estudado de acordo com a visão dos diferentes autores e, por isso, o seu objecto de

estudo acaba por ser alvo de uma multiplicidade de abordagens que vão desde, entre

outras, à Antropologia, à Sociologia, à Geografia, à Economia, à Psicologia e à

História (MARUJO, 2013, p. 2).

É essa diversidade de elementos compondo o turismo (fenômeno de diversas

naturezas) que confere ao mesmo a complexidade destacada pelas autoras, cuja uma das

marcas é a multidisciplinaridade – na qual a Geografia se faz presente. Ainda no contexto dos

desafios para os estudiosos do turismo, Rodrigues (2001b) indaga se “cabe pensar a turislogia

como disciplina acadêmica?”, dentro de uma necessidade propagada por autores de que é

preciso se repensar o Turismo para defini-lo como disciplina acadêmica31

. A sua

sistematização como corpo de conhecimento ocorre no interior de disciplinas já consolidadas,

31

Em Rejowski (1996) essas questões também aparecem.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

entretanto, sem a visão de conjunto entre elas. Alcança, complementando esse primeiro

momento, caracterizado como de “reflexão mais aprofundada do turismo no âmbito

acadêmico”, a ideia de que o mesmo não pode ser definido por fronteiras euclidianas – visto

que, revestido de tríplice aspecto com incidências territoriais (Áreas de Dispersão, Fluxos e

Núcleos Receptores), um de seus elementos básicos, a demanda, lhe é externo.

Daniel Hiernaux Nicolás dedica-se a analisar a possibilidade de uma verdadeira

geografia turística, baseadas em suas abordagens sobre o turismo e o espaço – que são

sociogeográficas. Segundo o autor, não faltam “Geografias do Turismo”, explicando cada

uma por ele identificada.

No han faltado geografías del turismo: las más vergonzantes son las que solamente

se dedican a la enumeración de sitios y atractivos, en una total confusión con el

papel de la guía. Son desgraciadamente las que se usan en las escuelas de turismo;

nos abstendremos de citar las referencias, tanto para evitar que se compren como

para eludir la ira de escribanos del género.

Otras geografías padecen del pecado economicista, sumamente crítico en estos

tiempos: geografía de los sitios, de la demanda, de los ingresos, si bien todos estos

elementos son partes evidentes de uma geografía del turismo, no pueden constituirse

en su centro y único tema. Sin embargo son las pocas obras disponibles que rebasan

la categoría de listados.

Finalmente es en la obra de filósofos, de sociólogos o de antropólogos que hemos

encontrado los elementos más ricos que apuntan hacia una geografía del turismo. Es

también bastante significativo que um libro sobre turismo y ciudades que se prepara

en el mundo anglosajón y en el cual se me han convidado a escribir, se origina en el

interes de urbanistas y no de geógrafos por el tema turístico, aunque algunos han

sido invitados a participar (Thrift, Harvey) (NICOLÁS, 2001, p. 50).

No primeiro momento observa-se uma crítica do autor àqueles trabalhos e

publicações que se preocupam apenas em inventariar (ou elencar) os recursos turísticos

existentes, de modo que estes subsidiem a elaboração de mapas, roteiros e guias – trabalhos

estes que fornecem informações pontuais (geralmente históricas) e sem uma preocupação

mais profunda e contextual sobre os mesmos32

. No segundo momento a crítica volta-se para

as Geografias do Turismo puramente econômicas, embora o autor reconheça que os elementos

32

Algo similar aparece em Carlos Henrique da Silva, quando usa o mesmo autor aqui mencionado para falar de

um conjunto de trabalho que, abordando a Geografia do Turismo, na verdade apenas reduzem a grandeza que a

atividade possui e seus reais efeitos no espaço geográfico. Destacou o autor: “Vale lembrar, conforme Hiernaux

Nicolas (1996) que o que não falta no meio das pesquisas sobre turismo em geral são temas referentes à

geografia do turismo, porém não fazem mais do que elencar os atributos naturais ou físicos de uma dada região

ou, quando não passam a enumerar uma série de atrativos e lugares com certa atratividade, indicando a visitação,

formando um verdadeiro guia turístico. Essa dita geografia do turismo está completamente fora de cogitação em

estudos sobre a real contribuição geográfica no turismo. São estudos tradicionais, provavelmente realizados por

não geógrafos, que não sabem a dimensão da ciência geográfica. Por esta razão, algumas pesquisas acabaram

considerando apenas parte das características da relação existente entre espaço geográfico e turismo e não a sua

plenitude. Foram, na maior parte das vezes, realizadas a partir da euforia criada pelo rápido crescimento desta

atividade nos últimos tempos” (SILVA, 2012, p. 50).

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

presentes nelas são parte integrante, porém não centrais, dos estudos turísticos. Finaliza

afirmando, com referência aos dois primeiros momentos, que algumas obras fogem àqueles

dois grupos listados, mesmo estando inseridas em seu conjunto.

A existência de uma geografia do turismo verdadeira, para Nicolás, está nas

ciências sociais (humanas), por isso que ela é sociogeográfica – nos trabalhos de filósofos,

sociólogos ou antropólogos. Não deixa de ser geográfica porque é espacial e territorial, mas

conta a contribuição das ciências mencionadas. Sobre o livro mencionado, destaca o autor que

o interesse em sua elaboração parte de urbanistas e não de geógrafos (embora alguns deles

tenham sido convidados a compor o mesmo).

O que o autor escreve significa, em seu entendimento, “[...] una primera

invitación a la redacción de esta geografía” (NICOLÁS, 2001, p. 51), a qual pontua-se com

alguns aspectos finais, ainda baseada nas ideias dele: uma geografia do turismo deveria, por

princípio, basear-se nas contribuições de outras disciplinas, sem temer perder o seu sentido

geográfico. Esta fusão de disciplinas possibilitaria a compreensão de outros temas ou tópicos

que devem compor os estudos geográficos do turismo, por exemplo, o imaginário, as práticas

sociais, os padrões de consumo e as formas e imagens, sem deixar de fora a contribuição da

Economia (NICOLÁS, 2001).

Knafou (2001)33

, tendo por base o Território, objetiva em seu texto rebater

algumas ideias prontas e frequentemente falsas, assim como julgamentos sumários acerca do

Turismo, forjados por todos aqueles que em algum momento são/tornam-se turistas

(incluindo-se entre eles os cientistas). Propõe, nesse sentido, uma abordagem científica do

mesmo. O texto está estruturado em três eixos, onde o primeiro rebate as ideias e os outros

dois visam, complementados pelo que lhe é anterior, propor esta cientificidade.

1 – Reflexões sobre a origem das ideias prontas sobre o turismo. Aqui o autor

discute, como salientado por ele, numa breve alusão a um tema rico, um conjunto de quatro

grandes afirmações e seus rebatimentos: “Tudo está em tudo”(o que vai, por conseqüência,

originar o caráter polissêmico da palavra turismo e as possíveis confusões a que sua análise

pode levar); Entre a sub e a superavaliação do papel do turismo (que, de acordo com o autor,

varia em função de quem o avalia e em função das razões que o conforma); O turista,

desrespeitado, criticado, desprezado, mas explorado (de onde resulta uma espécie de

33

Este mesmo autor e a abordagem que segue no texto dele aparecem em Cruz (2003). Ao discutir “O turismo

no espaço – O espaço do turismo”, a autora traz os três agentes de turistificação dos lugares, no contexto das

lógicas que movem a apropriação dos espaços pelos diferentes atores sociais. São duas, entre as três existentes,

relações entre turismo e território: (1) Territórios sem turismo e (2) Turismo sem território. Ressalva-se que o

texto de Remy Knafou, utilizado pela autora, é do ano de 1996, enquanto aqui se utiliza uma publicação de 2001.

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

turistofobia34

que, fundada numa recusa de teor elitista em dividir alguns lugares e práticas

com outras pessoas, justifica os ataques àqueles que visitam os locais turísticos). Esta

realidade de ataque ao visitante se apega também à ideia de que “[...] é em seu nome [do

turista] que se destrói o meio ambiente” (KNAFOU, 2001, p. 65), encabeçada por argumentos

recobertos por esta temática ambiental35

. A quarta é a de “Um campo de pesquisa dominado

pela visão econômica” (que justificaria a natureza ainda mal conhecida do que seja turismo).

2 – As três fontes de turistificação dos lugares. Neste momento o autor traz as

três maiores fontes da criação da atividade turística, bem como de sua turistificação: São os

turistas que estão na origem do turismo (uma fonte fundamentalmente histórica de criação

desses lugares, já que surgem a partir das práticas dessas pessoas); O mercado é a segunda

fonte de criação dos lugares turísticos (a principal nos dias atuais, cuja origem desses locais

reside na concepção e colocação dos produtos turísticos); e A terceira fonte: planejadores e

promotores “territoriais” (que diferente das outras fontes, caracterizadas por serem fracas ou

desigualmente territorializadas como criadoras de locais turísticos, é mais ou menos bem

territorializada e fundamentalmente, independente da escala da iniciativa, ligada a um lugar).

3 – Três tipos de relação entre turismo e território. O autor propõe três

situações que permitem analisar as relações existentes na dimensão territorial do turismo:

Podem existir territórios sem turismo (mesmo se considerando a intensa turistificação do

espaço mundial, dentro do contexto de globalização das atividades capitalistas, dos avanços

técnicos – transportes, por exemplo – e da difusão de algumas ideias como a da

“acessibilidade do/ao espaço mundial”); Pode existir também um turismo sem território (ou

seja, territórios não apropriados pelos turistas); e Podem, enfim, existir territórios turísticos

(ou seja, territórios inventados e produzidos pelos turistas, mais ou menos retomados pelos

operadores turísticos e planejadores, implicando não só em planejamento de espaços, mas de

toda a sociedade).

Com isso, o autor conclui:

Se nos lembrarmos que não há turismo sem turistas; se recusarmos as ideias prontas;

se recusarmos o domínio exclusivo do mercado sobre esta atividade humana que é

um importante meio de desabrochamento do indivíduo e se tentarmos colocar um

34

Segundo Urbain (1991 apud KNAFOU, 2001, p. 63). 35

Os argumentos são três: “Antes era melhor”, que incide sobre as transformações advindas da chegada da

atividade turística; “O ar de saturação”, que incide sobre a ideia de que o turismo de massa é sinônimo de

grandes concentrações em espaços limitados, trazendo consigo o argumento científico da “capacidade de carga”

e a noção esfumaçada de “desenvolvimento sustentável”; e, por fim, “O ar de racionalidade econômica”, que

alimenta a ideia de que o turismo devora a paisagem, o recurso que consome (tornando-se antropófago). Existe

uma quarta argumentação (dupla, segundo o autor, porque é funcional e moral) que afirma que lugares muitos

urbanizados espantariam os turistas, denominada “A prova da crise” (KNAFOU, 2001).

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

pouco de ordem num fenômeno multiforme, teremos então feito um pouco de

progresso. É nisto que nossa abordagem [porque feita no seio de uma equipe]

pretende ser científica (KNAFOU, 2001, p. 73).

Sales (2010), ao relacionar Geografia com Turismo, parte da primeira

considerando a diversidade de temas que o estudo da ciência geográfica envolve,

contemplando a relação sociedade-natureza. Afirma que a configuração epistemológica da

Geografia (os debates e construções das categorias analíticas de estudo, conceitos-chave,

metodologias de pesquisa, teorias e aplicações) resulta da proximidade (diálogo) com outras

ciências ou áreas do conhecimento.

O mesmo ressalta, ainda, que essa associação da Geografia com outras ciências

remonta à fundação desta como ciência moderna, no século XIX. Também, que a trama de

questões que conjugam o espaço geográfico remete, concomitantemente, à busca noutras

ciências por fundamentos e metodologias de suporte à/na construção epistemológica desta – e

na contribuição para construção e transformação de outras ciências que dela se aproximem em

assuntos teóricos e práticos. Neste momento é feita a relação com o Turismo, pois, segundo o

autor, ao estudar as formas, organização e impacto desta atividade no contexto social,

ambiental e econômico, este remete à geografia algumas noções e estratégias no uso do

território, utilização da paisagem, bem como questões relativas às políticas públicas e

privadas turísticas e a sua relação com o espaço. Complementando:

O turismo como atividade dinâmica representa um agente que interfere na

construção do espaço geográfico, estando ligado com o objeto de estudo da

geografia (relação sociedade-natureza), além de estar intrinsecamente conectado à

categoria de espaço geográfico, pois alguns elementos conceituais como a paisagem,

território e lugar são usados como produtos ou atrativos para a realização da

atividade turística (SALES, 2010, p. 279).

Em seu texto, Sales discute algumas teorias e conceitos pertinentes à geografia, os

quais, segundo ele, vêm sendo trabalhados na Geografia do Turismo (tendo por base os

conceitos de Território e Paisagem). Discorre sobre temas do turismo e a aplicação das

teorias/conceitos por ele destacados, buscando promover a interdisciplinaridade. A abordagem

sistêmica é destacada pelo autor como importante para as ciências (em especial a geografia) e

o turismo:

A complementaridade entre as ciências e o turismo enriquece cada vez mais o

discurso teórico-metodológico para essa área do conhecimento. Dessa forma, a

abordagem sistêmica [dentre as quais se destaca o Sistema de Turismo – SISTUR –

de Mário Carlos Beni] como enfoque metodológico desenvolve inúmeras relações

entre o objeto de estudo das ciências e as categorias e conceitos que podem ser

analisados conjuntamente (SALES, 2010, p. 283).

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Em “Aproximación a la Geografia del Turismo”, Javier Soneiro traz

contribuições aos aspectos teóricos e conceituais desta área da Geografia, abordando também

a relação do turismo com a mobilidade espacial e os impactos espaciais deste provenientes. E

como não poderia faltar, os fatores da atividade turística (naturais e humanos) e os processos e

tipologias de desenvolvimento turístico. No início dos anos 1990, ele escrevia:

Del turismo individual, en diligencia o en tren, minoritário, estacional, atraído por

espacios enclavados, con un fuerte gradiente social respecto de la población de las

zonas receptoras, un turismo de contemplación del espacio, hemos pasado a un

turismo de masas que sacraliza el automóvil como símbolo del viaje; un turismo

pluriestacional, o incluso de fin de semana, diversificado espacio-temporalmente,

atraído por espacios abiertos, con un alto grado de homogeneidad socio-espacial

respecto de las zonas receptoras; un turismo, en suma, ávido consumidor del

espacio.

Como em otras ramas de la geografía humana, el estúdio espacial de las actividades

turísticas ha pasado progresivamente de un tratamiento descriptivo a outro

explicativo [...]; de una fase meramente idiográfica a otra que pone el énfasis enla

búsqueda de leyes generales en orden a estabelecer una teoría del espacio turístico

(SONEIRO, 1991, p. 21).

Nesta passagem o autor refere-se à Transição Turística36

, que indica um conjunto

de mudanças, entre as quais no tipo de uso de transportes para a realização das viagens, na

quantidade de pessoas a realizá-lo, no alcance dos espaços visitados e de um aspecto muito

importante: de contemplador do espaço, a atividade passa a consumi-lo. A transformação

também se dá no campo científico, mais teórico-conceitual (como evidenciado na segunda

parte da citação), na qual Soneiro contribui de modo a trazer a evolução da Geografia do

Turismo inserida na sucessão paradigmática da própria Geografia Humana. Passa, desta

forma, por algumas escolas do pensamento geográfico e evoca alguns dos seus representantes

mais emblemáticos. São alguns pontos de cada uma das apresentadas pelo autor:

Pues bien, aunque modesto y limitado, ha de decirse que el interés de los geógrafos

por el turismo es bastante antiguo: ciento cincuenta años ha casi que Kohl (1841)

llamaba la atención sobre la fuerza transformadora del médio que tenían los

desplazamientos de personas hacia un lugar determinado. Reclus, precursor de tantas

otras vías metodológico-conceptuales, habría asumido ya la consideración espacial

del entonces todavía turismo incipiente [...].

Para la geografía clásica, desde el determinismo ambientalista al posibilismo

historicista francés y la tradición corológica alemana, el objeto de estúdio se centra

en las influencias que los factores físicos y antropogeográficos tienen sobre la

aparición y desarrollo de turismo [...].

36

Termo cunhado por Chadefaud (1987 apud SONEIRO, 1991, p. 21), de modo análogo à Transição

Populacional, para indicar um conjunto de transformações que ocorrem na atividade, evidenciando uma mudança

de fase do mesmo.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

La geografía neopositivista, como es sobradamente conocido, desplaza el objeto de

estúdio a la búsqueda de las regularidades existentes en la distribución de ciertos

fenómenos espaciales. El turismo y el recreo fueron un inmediato campo de pruebas

para el neopositivismo [...] (SONEIRO, 1991, p. 22-3).

Foram, até aqui, trabalhos onde a Geografia e o Turismo (Geografia do Turismo)

aparecem explicitados em seus títulos, o que levou a abordá-los e averiguar suas contribuições

para esta área (mesmo não fazendo de forma profunda). Entretanto, não se encontra neles a

definição do que esta seja de fato, embora a ela se refiram constantemente: “ao estudar o

turismo, a Geografia abre mais um campo para análises e pesquisas – a Geografia do Turismo

– fazendo-se necessário produzir (e) ou ampliar sua base conceitual” (CORIOLANO; SILVA,

2005, p. 20).

Os autores que trazem em seus textos, para além da contribuição sobre a

Geografia do Turismo, uma definição da mesma, são Rita de Cássia Ariza da Cruz e Jordi

Montaner Montejano (aos quais acrescentou-se as contribuições de alguns outros autores)37

. A

primeira, definindo a Geografia do Turismo, afirma que “[...] é uma expressão que se refere à

dimensão socioespacial da prática social do turismo, e isto sim pode interessar às mais

diversas áreas do conhecimento” (CRUZ, 2003)38

, não limitando-se apenas a uma abordagem

científica do mesmo pela ciência geográfica. Nesta definição, percebe-se o

componente/dimensão social, da mesma forma que na sociogeografia de Nicolás (2001), e a

conexão minimamente multidisciplinar que ela contém.

A autora diz que, ao mesmo tempo em que o interesse da Geografia pelo Turismo

não é mais tão recente, também não se configura mais a escassez de trabalhos realizados por

geógrafos sobre o fenômeno turístico. Além disso, o tempo existente entre os trabalhos

iniciais em Geografia do Turismo e os mais atuais serviu para uma maturação das análises

empreendidas, a qual se deu concomitante ao crescimento da importância da atividade e

ocasionando a formação de uma base sólida no escopo da ciência geográfica.

37

Analisando, em um dos capítulos de sua tese, a produção do conhecimento na área de interseção da Geografia

com o Turismo, denominada de abordagem geográfica do turismo, Castro (2006, p. 62) afirma que: “Há, no

entanto, que distinguirmos entre geografia do turismo e geografia turística. A primeira toma a dimensão espacial

do fenômeno turismo como objeto de reflexão. Como outros fenômenos de dimensão espacial, o turismo

enriquece e ‘irriga’ as reflexões geográficas. A geografia turística, segundo Rodrigues (2000), cuida de informar

a base geográfica dos lugares e recursos turísticos, ‘desconsiderando as relações sociedade-natureza, que

constituem a base da geografia social’(p. 94)”. Tal diferenciação é importante, pois demonstra um nível de real

de preocupação com o estudo realizado. Ainda mais neste trabalho, cuja menção é à Geografia do Turismo – e

não à Geografia Turística, a partir do acima colocado. 38

Presente na Introdução do livro desta autora. Complementando-a, traz-se Luiz Cruz Lima – que na introdução

do livro por ele organizado, destaca as contribuições que os pesquisadores e professores de diversas áreas têm

dado em suas análises da atividade turística. Na perspectiva geográfica, ele afirma que: “Para os geógrafos, o

turismo é um fenômeno eminentemente espacial, pois sua razão de ser, é uma viagem a um lugar ou a diferentes

lugares, os lugares assim se especializam em função dos serviços turísticos que geram uma ocupação turística ou

que se ‘turistificam’, tornando o turismo uma prática social” (LIMA, 1998, p. 7).

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

E este interesse surge, conforme a autora, de uma característica intrínseca do

turismo, a qual permite aos geógrafos compreendê-lo. Tratar-se da única prática social a

consumir de forma elementar o espaço (CRUZ, 2003), consumo este fundado também na

apropriação do território por diversos agentes, na venda/mercantilização da paisagem e na

promoção do lugar. Em sua obra, ela parte inicialmente dos aspectos conceituais e dos aportes

teóricos e metodológicos referentes à Geografia do Turismo e, posteriormente, traça um

panorama de uma geografia turística no Brasil, que apresenta um contexto socioespacial

bastante diverso dos pontos de vista natural, cultural e socioeconômico.

Jordi Montejano, em seu livro, dedica dois capítulos à Geografia do Turismo.

Segundo o autor esta se converteu...

[...] en una especialidad de las ciencias geográficas que se dedica a estudiar

científicamente las zonas de la tierra – espacios turísticos – donde se desarolla por

sus recursos naturales y humanos – clima, playas, paisaje, historia, recursos de aguas

minero-medicionales, antropologia, etc. – uma serie de actividades encaminadas a

cubrir el tiempo libre o de ocio dedicado al turismo a las cuales se dirigen los flujos

o corrientes turísticas (MONTEJANO, 2001, p. 231).

Eis acima o que seria a definição de Geografia do Turismo para Montejano. Trata-

se de uma especialidade/área da Geografia (como o são as outras áreas conhecidas e

desenvolvidas há mais tempo) que procura abarcar toda a extensão do planeta em que a

atividade esteja presente ou almeje instalar-se. Nela estão contemplados os elementos

geográficos que comumente são transformados (ou o são naturalmente) em recursos/atrativos

turísticos, e refere-se a um conjunto de atividades que, partindo do indivíduo, deem conta de

cobrir o tempo livre (de desobrigação das atividades laborais) ou de ócio em um local por ele

selecionado.

No primeiro capítulo, o autor relaciona um conjunto de descrições que a

Geografia do Turismo estabelece com diversas temáticas geográficas – que podem, inclusive,

orientar estudos e pesquisas dentro da área e correlacionada a outras. São elas:

a) Los espacios geográficos que poseen recursos turísticos.

b) Los espacios geográficos que poseen infraestructuras y servicios turísticos

apoyados en la economia y el marketing, la arquitectura, la ecología, el urbanismo,

la demografía, la psicosociología, etc.

c) Los espacios geográficos con posibilidades de crear usos y actividades turísticas.

d) La distribución de las corrientes turísticas en las distintas zonas turísticas, en

cuanto a la demanda dentro de la estructura del mercado turístico.

e) La distribución de la oferta turística desde el punto de vista espacial en relación

con la estructura del mercado turístico (MONTEJANO, 2001, p. 231).

Ainda neste capítulo, o autor destaca o apoio que a Geografia do Turismo recebe

de outros ramos geográficos (conforme mencionado momentos antes neste trabalho), os quais

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

se encontram na Figura 1. Por ser uma parte conceitual do livro, aborda, também: a) os fluxos

e centros turísticos, seus fatores humanos, naturais e técnicos e os tipos de espaços turísticos39

existentes; b) o conceito de núcleo turístico (emissores e receptores) e suas classes; c) as

grandes áreas de atração turística internacional, as quais divide, segundo quantitativo de

turistas internacionais, em “Mayores, Secundarias e Menores”; d) os “itinerarios” (destinos

e/ou roteiros) turísticos, que ele apresenta alguns tipos (segundo o meio de transporte, o

tempo de duração, a base geográfica – se em montanhas, praia, serras etc. –, culturais,

religiosos, de valor artístico e de acordo com o alojamento).

Figura 1: Áreas Geográficas de apoio à Geografia do Turismo.

Elaboração: SANTOS, 2015.

No segundo capítulo, Montejano enfoca a “planificación”, conceituando e

caracterizando-a na sua relação com a infraestrutura e o “acondicionamento” do território:

“La planificación del espacio turístico consiste, pues, en ordenar y acondicionar el territorio

que tiene posibilidades de desarrollo turístico basado em una infraestructura y en unos

recursos turísticos para atender a la corriente turística que se desplaza hacia el” (Ibid., p.

39

São eles: Espacios de influencia heliotrópica y talasotrópica (sol e praia desencadeiam as correntes); Espacios

naturales o de montaña; Espacios culturales; Espacios antropológicos (onde se desenvolvem atividades

relacionadas a artesanato, gastronomia e folclore); e Espacios urbanos.

Geopolítica y Geoestrategia

[...] estudia cientificamente las

relaciones existentes entre el médio

geográfico, de uma parte, y la

estructura socioeconômica y la

evolución política del país, de outra.

Geografía Humana

[...] estudia cientificamente el

movimiento demográfico de los

espacios o medios geográficos.

Geografia do

Turismo

Geografía Económica

[...] estudia cientificamente los

espacios geográficos desde el punto de

vista de sus recursos econômicos

naturales industriales y de servicios.

Geografía Física

[...] estudia cientificamente los

elementos físicos o naturales de los

espacios geográficos de la tierra. De

esta espacialidad, [...] aprovecha el

estúdio de los recursos naturales.

Geografía de los Hechos Históricos,

Artísticos y Culturales

[...] que son también um factor

fundamental para el turismo cultural y

antropológico.

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

239)40

. Fala também da ordenação do município turístico e estabelece a relação de áreas vista

no Quadro 2 (na abordagem sobre a disciplinaridade do turismo), ao destacar os impactos do

turismo sobre o urbanismo, a arquitetura e a ecologia (natureza e meio ambiente).

Finalizando, para Douglas Pearce (1988) “a geografia do turismo ocupa-se,

essencialmente (mas não exclusivamente) da expressão espacial das relações e dos fenômenos

derivados das viagens de curta duração, sendo seis os seus principais tópicos de estudo” ou

“seis amplas áreas compondo a geografia do turismo”: 1) os padrões de distribuição espacial

da oferta; 2) os padrões de distribuição espacial da demanda; 3) a geografia dos centros de

férias; 4) os movimentos e fluxos turísticos; 5) o impacto do turismo; 6) os modelos de

desenvolvimento do espaço turístico (apud REJOWSKI, 1996, p. 19; SCHLÜTER, 2003, p.

45-46, respectivamente).

Em linhas gerais, diante do exposto até aqui, a Geografia do Turismo deve dar

conta dos aspectos teóricos, práticos e metodológicos (com suas aplicações diversas) que

envolvem a natureza geográfica do turismo na sua relação com todos os atributos

conformadores do espaço e, consequentemente, de um território. Pois, de acordo com Silva

(2012, p. 49):

A abordagem geográfica do turismo liga-se a aplicação dos métodos, técnicas e

teorias da geografia para a compreensão do fenômeno do turismo. Nesta perspectiva,

o que emerge é uma leitura geográfica do turismo, levando em consideração os

atributos naturais, físicos, sociais, econômicos, culturais e políticos do espaço que,

em interação, conformam um território com características únicas voltadas para o

turismo. O turismo representa apenas uma parcela das várias que compõem o espaço

geográfico.

Com essa abordagem, finaliza-se a fundamentação teórico-conceitual do trabalho.

A seguir, parte-se para a análise das dissertações encontradas, inicialmente numa visão geral

do conjunto dos trabalhos produzidos ao longo desses 23 anos de existência do POSGEO.

Posteriormente, foca-se naquelas que realmente importam ao problema que se quer responder

e aos objetivos a serem alcançados.

3 A PESQUISA EM TURISMO NA PÓS-GRADUAÇÃO EM

GEOGRAFIA DA UFBA: DISSERTAÇÕES ENTRE 1997 E 2015

O Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFBA completou 23 anos em

2016 – considerando-se a data de sua instalação, com o Mestrado, no ano de 1993 – e cujas

40

Segundo Vera (1997 apud SCHLÜTER, 2003, p. 46), planificação (planejamento) e gestão do território

turístico constituem a vertente operacional da Geografia do Turismo, destacando assim a importância da atuação

destes neste setor.

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

atividades (seleção dos candidatos, matrícula e oferecimento de disciplinas) iniciaram-se em

1994, com as primeiras dissertações defendidas em 1997. Possui um corpo docente

constituído de 28 professores (21 Permanentes, todos com doutorado; 4 Colaboradores, todos

com doutorado; e 3 Associados, dois com doutorado e um em doutoramento)41

. A estrutura

curricular está dividida em 3 Atividades Obrigatórias, 3 Disciplinas Obrigatórias e 21

Disciplinas Optativas (estas últimas divididas em 9 Gerais, 6 da Linha Análise Urbana e

Regional e 6 da Linha Estudos Ambientais e Análise do Território)42

. São 8

Grupos/Laboratórios de Pesquisa que compõem a Infraestrutura da Pós-Graduação em

Geografia (Apêndice C), apoiados por outros laboratórios (que servem também a todos os

cursos do Instituto de Geociências) e contando com o apoio do Núcleo de Estudos

Hidrológicos e do Meio Ambiente (NEHMA).

Duas são as suas Linhas de Pesquisa, às quais os candidatos submetem seus

projetos e, partir daí, desenvolvem suas pesquisas e as apresentam quando concluídas.

Procurou-se, a fim de sanar dúvidas próprias, algum entendimento do que estas significam.

Desse modo, Ribeiro et al. (2014), no art. 4º do Capítulo II, afirmam que “as linhas de

pesquisa representam temas aglutinadores de estudos científicos que se fundamentam em

tradição investigativa, de onde se originam projetos cujos resultados guardam afinidades entre

si”. Complementando com Borges-Andrade, ao buscar o conceito de Linha de Pesquisa, ele

diz que:

Desse modo, para definir uma linha de pesquisa, poderíamos adotar o conceito de

um traço imaginário que:

. determina o rumo, ou o que será investigado num dado contexto ou realidade;

. limita as fronteiras do campo específico do conhecimento em que deverá ser

inserido o estudo;

. oferece orientação teórica aos que farão a busca; e

. estabelece os procedimentos que serão considerados adequados nesse processo

(2003, p. 164, grifos do autor).

Como consta no site do POSGEO...

As dissertações de mestrado concluídas estão ligadas aos temas de pesquisa

referenciados a seguir: A) Estudos e pesquisas objetivando a análise e caracterização

do meio ambiente urbano, regional e rural, com vistas ao ordenamento e gestão

territorial, com destaque para as subáreas temáticas turismo e meio Ambiente,

clima urbano, estudos de impactos ambientais, análise de bacias hidrográficas,

cartografia e geoprocessamento ambiental. B) Estudos e pesquisas visando ao

entendimento, caracterização e classificação dos processos de urbanização e

regionalização do espaço geográfico com ênfase no território baiano, priorizando

problemas teórico-metodológicos da Geografia, a organização do espaço rural, o

41

Ver Apêndice A. 42

Ver Apêndice B.

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

planejamento urbano-regional, turismo e organização do espaço, cartografia e

geoprocessamento urbano-regional (grifos nossos).

Nesse sentido, ao observar as Linhas de Pesquisa do POSGEO, nota-se que o

Turismo é contemplado em ambas (Quadro 5) – um aspecto que, a priori, indicaria a presença

de estudos geográficos voltados para o mesmo e que foi comprovado quando da busca por tais

estudos. Entretanto, esse entendimento das Linhas de Pesquisa do POSGEO deve ser

relativizado, visto que, dentro da existência delas, as possibilidades de desenvolvimento de

pesquisa são mais recentes – não sendo possível, num primeiro momento, por exemplo,

classificar as dissertações (especialmente as mais antigas) dentro de alguma.

Quadro 5 – O Turismo nas Linhas de Pesquisa do POSGEO

Elaboração: SANTOS, 2016.

Fonte: POSGEO.

Antes de proceder à caracterização da totalidade dos trabalhos analisados, fez-se

uma rápida avaliação do universo onde estes se inserem – ou seja, do conjunto das

dissertações produzidas ao longo desses 22 anos do Programa de Mestrado em Geografia.

Nesse sentido, a Tabela 1, que mostra o acima dito, foi elaborada.

Tabela 1 – Quantitativo de Trabalhos no Período 1997-2015.

Análise Urbana e Regional Estudos Ambientais e Análise do Território

Problemas Teórico-Metodológicos da Geografia

Organização do Espaço Urbano

Organização do Espaço Rural

Organização do Espaço Regional

Cartografia e Análise do Espaço Urbano e

Regional

Planejamento Urbano e Regional

Turismo e Organização do Espaço

Problemas Teórico-Metodológicos da Geografia

Estudos de Impacto Ambiental

Cartografia e Geoprocessamento Ambiental

Análise Socioambiental

Climatologia Geográfica

Análise de Bacias Hidrográficas

Recursos Naturais e Gestão Ambiental

Planejamento Territorial

Turismo e Meio Ambiente

Anos O Turismo nos Trabalhos

Total É Tema Central Está Explícito Não é Tema

2015 0 3 13 16

2014 0 1 20 21

2013 0 3 16 19

2012 0 2 19 21

2011 0 2 7 9

2010 1 2 16 19

2009 0 1 16 17

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Elaboração: SANTOS, 2016.

Fonte: Dissertações Pesquisadas.

Como já mencionado na Introdução deste trabalho, foram contabilizadas até 2015

254 dissertações de mestrado defendidas no POSGEO. Com uma média de 13 trabalhos por

ano, verifica-se que a produção máxima de trabalhos foi em 2007 (25 no total); uma grande

produção, mais recente, em 2012 e 2014 (21 trabalhos em cada ano); produção média em

2001 e 2006 (13 trabalhos em cada ano); pequena produção em 1998 e 2003 (5 e 3 trabalhos,

respectivamente); e produção mínima em 1997 (2 trabalhos, apenas). Essa produção mínima

poderia ser explicada, a princípio, por se tratar dos primeiros trabalhos finalizados do

Programa, os quais referem-se à primeira turma de ingressos.

Dois gráficos auxiliam a tabela acima: o primeiro mostra a distribuição da

quantidade de trabalhos, a partir dos grupos nos quais foram classificados; o segundo, a

distribuição do total dos trabalhos ao longo do período considerado. No que se refere ao

primeiro gráfico (Figura 2), o grupo, onde o “Turismo Não é Tema” das dissertações,

apresenta sempre a maior quantidade de trabalhos, mesmo nos anos em que a produção geral

é pequena.

2008 1 1 12 14

2007 1 7 17 25

2006 1 5 7 13

2005 1 0 11 12

2004 3 2 9 14

2003 0 0 3 3

2002 1 3 11 15

2001 2 2 9 13

2000 0 2 5 7

1999 2 0 7 9

1998 1 2 2 5

1997 0 0 2 2

Total 14 38 202 254

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Figura 2: Distribuição dos Trabalhos por Grupo, no Período 1997-2015.

Elaboração: SANTOS, 2015.

Fonte: Dissertações Pesquisadas.

Já no segundo gráfico (Figura 3), a distribuição dos trabalhos ao longo do período

estudado, percebe-se que a quantidade é, no geral, crescente. Entretanto, tem-se anos de

significativa queda na quantidade de trabalhos defendidos (2003 e 2011), e outros onde a

queda não é tão significativa (2000, 2005, 2013 e 2015) . O máximo de defesas observado é

em 2007, fazendo com que o gráfico, neste ano, adquira uma inversão se considerados os anos

em que ocorre queda no número de defesas. O aumento geral na produção de dissertações

pode ser justificado pelo número também crescente de ingressos no Mestrado em Geografia, a

partir duma maior concessão de bolsas – estas, decorrentes do aumento do número de

professores no Programa.

Total de Trabalhos Apresentados por Grupo,

no Período 1997-2015

0 5 10 15 20 25

1997199819992000200120022003200420052006200720082009201020112012201320142015

Tema Central Explícito no Trabalho Não é Tema

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Figura 3: Quantitativo dos Trabalhos no Período 1997-2015.

Elaboração: SANTOS, 2015.

Fonte: Dissertações Pesquisadas.

Pode-se identificar três períodos dentro do período considerado neste trabalho

(entre as décadas de 1990, 2000 e 2010). O primeiro deles (1997-1999, mais curto em função

da criação do POSGEO e também das primeiras defesas) tem um total de 16 dissertações

defendidas; o segundo (2000-2009, uma década completa) tem um total de 133 dissertações

defendidas; e o terceiro (2010-2015, em curso) apresenta um total de 105 dissertações já

defendidas. Esses números ratificam o crescimento do número de trabalhos concluídos, visto

que, se mantida a média de defesas dos últimos seis anos (17 por ano), ao fim de 2019 serão

170 dissertações defendidas – 37 a mais que na década anterior. O acima dito pode ser

visualizado na Tabela 2.

Tabela 2 – Quantitativo de Defesas de Dissertações por Períodos.

Períodos Defesas 1997-1999 16

2000-2009 133

2010-2015* 105

Total 254

Elaboração: SANTOS, 2016.

Fonte: Dissertações Pesquisadas.

* Período em andamento.

Quantitativo de trabalhos no Período 1997-2015

0

5

10

15

20

25

30

1997 1998 1999 2000 200120022003 20042005200620072008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Total de Trabalhos

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Quanto ao grupo de dissertações onde o Turismo está explícito, este não foi

inserido na análise do trabalho porque dificultaria o alcance dos objetivos traçados. Nesse

sentido, no Apêndice D, colocou-se todas as dissertações neste grupo constantes, adaptando-

se o modelo de ficha-resumo utilizado por Galvão Filho (2005) em seu trabalho. A partir

daqui, esta pesquisa volta-se para as dissertações onde o Turismo é Tema Central, as quais são

objeto deste trabalho, procurando obter a resposta ao problema levantado e averiguar se os

objetivos traçados foram alcançados.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO UNIVERSO GERAL DAS DISSERTAÇÕES

O conjunto das dissertações43

analisadas neste trabalho é um total de 14, o que

representa 5,5% das 254 dissertações defendidas no período considerado, conforme Tabela 3.

A distribuição da produção de trabalhos voltados para o Turismo é baixa, considerando-se

inclusive os valores percentuais mais elevados – como o de 22,2% do total de dissertações do

ano de 1999, equivalente de dois trabalhos.

Tabela 3 – Defesas de dissertações Voltadas para o Turismo no Período 1997-2015.

Elaboração: SANTOS, 2015.

Fonte: Dissertações Pesquisadas.

43

Para fazer referência às dissertações aqui analisadas, serão usados também os termos “Estudos”, “Pesquisas” e

“Trabalhos”.

Ano Turismo é Tema Central dos

Trabalhos (%) do total

2015 0 -

2014 0 -

2013 0 -

2012 0 -

2011 0 -

2010 1 5,3

2009 0 -

2008 1 7,1

2007 1 4

2006 1 7,7

2005 1 8,3

2004 3 21,4

2003 0 -

2002 1 6,7

2001 2 15,4

2000 0 -

1999 2 22,2

1998 1 20

1997 0 -

Total 14 5,5

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

A produção máxima é de 3 trabalhos em 2004 e em dois anos foram defendidos 2

trabalhos (1999 e 2001). Destacam-se mesmo a quantidade de anos em que nenhum trabalho

foi defendido (9 totais) e com defesa de apenas um trabalho (7 no total). Visualiza-se um

recorte do período para apenas uma dissertação defendida, 2005-2008, e outro, mais atual,

para nenhuma dissertação defendida, 2011-2015. Retomando-se os períodos da Tabela 2, tem-

se a seguinte distribuição: 3 dissertações entre 1997-1999; 10 dissertações entre 2000-2009; e

1 dissertação até o presente momento, entre 2010-2015.

A primeira dissertação onde o Turismo é Tema Central foi de 1998 e a última em

2010. Somente entre os anos de 1997 e 2001, 23 dissertações receberam o conceito

“Aprovado com Distinção” – dentre as quais 3 foram de trabalhos cujo Turismo é Tema

Central (Fichas-Resumo 3, 4 e 5). No Apêndice E constam todas as Fichas-Resumo das

dissertações a serem analisadas, organizadas por data de defesa (da mais antiga para a mais

recente).

Relacionando as Fichas-Resumo constantes no referido apêndice, com a forma de

apresentação dos 162 trabalhos estudados por Castro (2006), pode-se elencar algumas

similaridades no tratamento dos elementos constituintes dos trabalhos destacados – e também,

alguns pontos diferentes. Quanto aos elementos constituintes dos trabalhos, a referida autora

destacou: (1) Autor(a)/Título/Nível do Trabalho/Local e Programa de Pós-Graduação/Ano de

Publicação e número de páginas; (2) Orientador(a); (3) Palavras-chave; (4) Resumo44

; e (5) o

Referencial segundo a corrente do pensamento geográfica.

O único elemento que não foi colocado nas fichas deste trabalho foi o item 5.

Quanto ao item 1, à exceção do número de páginas, que não consta nas fichas, os outros todos

foram demonstrados no curso desta parte do trabalho. A organização das dissertações, no

trabalho de Castro (2006) é feita da mais antiga para a mais recente (as quais são numeradas

segundo esta ordem), e os grupos formados têm como referência o ano de publicação das

mesmas. Dito isto, tem-se o Quadro 6, onde os trabalhos relacionados pela referida autora são

aqui identificados a partir das Fichas-Resumo.

44

O resumo existente na apresentação dos trabalhos é feito pela própria autora (em alguns nem aparece tal

resumo), enquanto, neste trabalho, é a íntegra do que consta nos trabalhos.

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Quadro 6 – Dissertações Desenvolvidas no POSGEO, Presentes na Pesquisa de Castro (2006). Numeração em

Castro (2006) Autor(a)/Título/ano

Ficha-resumo

de Referência

41 LEONY, Ângela. Turismo em área periférica protegida: o caso de

Lençóis e arreadores, Chapada Diamantina, 2000. 4

51 ANDRADE, Jorge Luís de. Turismo e reestruturação espacial: o

exemplo da região de Valença, 2001. 5

66 BANDEIRA, Ariadna da Silva. A política de turismo na Bahia e a

reprodução do espaço litorâneo – o exemplo de Itacaré, 2002. 6

92

SOUZA, Luciana Cristina Teixeira de. Morro de São Paulo/Cairu-Bahia:

uma decodificação da paisagem através dos diferentes olhares dos

agentes socioespaciais do lugar, 2002.

7*

110 SILVA, Anaildes Tatiane Pinho da. A produção do espaço turístico da

Baía de Todos os Santos e entorno, 2003. 8

113 SILVA, Joilson Cruz da. Ecoturismo e sustentabilidade: uma perspectiva

de desenvolvimento local na Região da Baía de Camamu, 2003. 7

118 BOMSUCESSO, Frederico Naason Soares. Produção e consumo do

turismo em Salvador: uma análise da sustentabilidade turística, 2004. 9

Elaboração: SANTOS, 2016.

Fonte: CASTRO, 2006.

* A dissertação pertence ao grupo de trabalhos onde o Turismo está Explícito (Apêndice D).

Como já afirmado no Estado da Arte (Capítulo 2.1), o período compreendido na

tese de Castro (2006) é 1975-2005 – o que deixa evidente que as dissertações defendidas no

POSGEO após aquele ano não apareceriam neste quadro. As Fichas-Resumo que

correspondem a esse grupo não abarcado são a 11 (de 2006), a 12 (de 2007), a 13 (de 2008) e

a 14 (de 2010). No que se refere aos trabalhos contemplados, a dissertação em destaque (*)

não pertence ao grupo de dissertações neste trabalho analisadas – pois o Turismo, conforme

definido na Introdução, não é o Tema Central da mesma. E, ainda considerando-se o período

abarcado pela citada pesquisa, não foram contempladas 4 dissertações – uma de 1998 (Ficha

1), duas de 1999 (Fichas 2 e 3) e uma de 2005 (Ficha 10). Diante deste fato, a autora

deixou/teria deixado45

de fora de sua tese, no que se refere aos estudos realizados e

defendidos no POSGEO, essas 4 dissertações mais 10 outras pertencentes ao grupo onde o

Turismo está Explícito46

.

A visualização inicial das Fichas-Resumo antecipa alguns dos aspectos que serão

tratados a seguir, em cada um dos subtópicos. Rejowski (1996) é uma das principais

referências utilizadas, visto que esta autora traz uma série de análises sobre os trabalhos que

foram identificados em seu estudo. Em conjunto com a mencionada autora, autores ligados à

metodologia do trabalho científico reforçam as análises empreendidas.

45

Como a própria autora destacou, esta seria uma possibilidade, dada a finalidade do trabalho. 46

Fichas-Resumo 1 a 11, incluindo-se a destacada no Quadro 6 (ver Apêndice D).

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

3.2 A NATUREZA TEMÁTICA DAS DISSERTAÇÕES

“A escolha do tema define a área de interesse a ser pesquisada” (PÁDUA, 2004,

p. 39). De acordo com Asti Vera (1976, p. 97 apud MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 26) ‘é

uma dificuldade, ainda sem solução, que é mister determinar com precisão, para intentar, em

seguida, seu exame, avaliação crítica e solução’. Sendo o assunto que se deseja provar ou

desenvolver, tal escolha implica considerar fatores internos e externos:

Os internos consistem em:

a) selecionar um assunto de acordo com as inclinações, as aptidões e as tendências

de quem se propõe a elaborar um trabalho científico;

b) optar por um assunto compatível com as qualificações pessoais, em termos de

background da formação universitária e pós-graduada;

c) encontrar um objeto que mereça ser investigado cientificamente e tenha condições

de ser formulado e delimitado em função da pesquisa.

Os externos requerem:

a) a disponibilidade do tempo para realizar a pesquisa completa e aprofundada;

b) a existência de obras pertinentes ao assunto em número suficiente para o estudo

global do tema;

c) a possibilidade de consultar especialistas da área, para uma orientação tanto na

escolha quanto na análise e interpretação da documentação específica (Ibid., p. 26-

27).

Sendo mais freqüente a opção de livre escolha do assunto pelo pesquisador (pois

às vezes esta pode dar-se em função da determinação ou sugestão do orientador), as fontes

para o mesmo devem originar-se da experiência pessoal ou profissional, de estudos e leituras,

da observação, da descoberta de discrepâncias entre os trabalhos ou da analogia com temas de

estudo de outras disciplinas ou áreas científicas47

.

Assim, superado este momento inicial, recorre-se à delimitação do tema, o qual,

“Dotado necessariamente de um sujeito e de um objeto, [...] passa por um processo de

especificação. O processo de delimitação do tema48

só é dado por concluído quando se faz a

sua limitação geográfica e espacial, com vistas na realização da pesquisa” (MARCONI,

LAKATOS, 2010, p. 201). Complementam o dito, referindo-se ao sujeito e objeto

mencionados, Tachizawa e Mendes (2006, p. 30-31, grifos dos autores):

Inicialmente, é preciso distinguir sujeito e o objeto de uma questão. O sujeito é o

universo de referência. O objetivo de seu estudo é conhecê-lo ou agir sobre ele.

47

Segundo Pádua (2004) alguns critérios considerados na escolha do tema são: área de especialização do autor,

lacunas na formação profissional, a relevância do estudo de determinado assunto para a área de atuação do

pesquisador, a reelaboração de aspectos teóricos ou práticos de determinada área, e a aplicabilidade do mesmo,

por exemplo, para a solução de problemas concretos. 48

Tachizawa e Mendes (2006) falam em “demarcar os limites do assunto”, fixando assim sua extensão e

delineando uma melhor compreensão do tema.

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Como sujeito pode-se considerar ainda o assunto que pode dar ensejo ou lugar a

alguma coisa.

O objeto é o tema propriamente dito. No sentido gramatical é o complemento que

integra a significação do verbo. Consiste no que se quer saber ou fazer a respeito do

sujeito. É o conteúdo do trabalho.

Posteriormente, é necessário fixar a extensão do sujeito e do objeto. Fixar a

extensão do sujeito significa determinar o número ou a categoria de indivíduos ou

casos a que o estudo pode se referir. Assim, determinar a extensão do sujeito é fixar

o seu ‘universo de referência’. Fixar a extensão do objeto é selecionar os setores,

áreas ou tópicos do assunto que serão focalizados, de forma preferencial em relação

a outros.

Aspectos como o sujeito e o objeto acima destacados, o método de procedimento

adotado, a escala de abrangência empreendida na pesquisa e a natureza ou conteúdo temático

podem ser identificados nos títulos dos trabalhos, daí a importância dos mesmos. Segundo

Tachizawa e Mendes (2006), surgem após a delimitação da extensão do tema e, a partir dele,

distinguem-se o título geral e o título técnico (ou subtítulo) – o qual especifica a temática

abordada. Evidentemente que o título, sozinho, nem sempre dá conta de revelar o conteúdo

temático do trabalho – e nesse sentido é preciso recorrer às discussões feitas pelos autores.

No que se refere à natureza temática, serão distinguidos no conjunto das

dissertações os assuntos gerais e os assuntos específicos (ou a especificidade do objeto).

3.2.1 OS ASSUNTOS GERAIS

Em Rejowski (1996)49

, o que se faz nesta parte é contemplado no tópico “Análise

por conteúdo disciplinar e temático”. Considerando-se que o termo “Turismo” está associado

a todos os assuntos das pesquisas analisadas, a seguir são evidenciados os assuntos gerais50

identificados a partir do título das dissertações – complementados por consulta aos resumos

das mesmas (ver Quadro 7).

49

Segundo a autora “Os temas preferidos de pesquisa em turismo foram dois: planejamento turístico (7) e

turismo litorâneo (7). Outros assuntos de grande interesse (5 e 6) foram hotelaria, espaço e turismo e turismo e

economia. Assuntos com médio interesse (3 e 4) foram turismo e percepção, agências de viagem, marketing

turístico, turismo e administração pública e turismo e meio ambiente. Os assuntos com pouco interesse (2)

foram teoria do turismo e turismo e propaganda. Os demais assuntos figuram como interesse mínimo de

pesquisa” (Ibid., p. 98, grifos da autora). Os números indicados nos parênteses são as quantidade de dissertações

e teses desenvolvidas. 50

Alguns dos assuntos presentes no Quadro 7 são, especificamente, Teorias ou Conceitos da Geografia, como

por exemplo, a Produção do Espaço.

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Quadro 7 – Assuntos Gerais Contidos nos Títulos das Dissertações.

Assuntos Ficha-Resumo de

Referência Assuntos

Ficha-Resumo de

Referência

Lógica e Gestão do Território 1 Produção do Espaço 8, 11 e 13

Alterações Socioambientais 2 Produção do Turismo 9

Desenvolvimento

Local/Regional 3 e 7 Consumo do Turismo 9

Áreas Protegidas/Áreas

Periféricas 4 Migrações 10

Reestruturação Espacial 5 Dinâmica Urbana 10

Política do Turismo 6 Meios de Hospedagem 12

Espaço Litorâneo 6 Distribuição Espacial 12

Ecoturismo 7 Legislação (Direito Ambiental) 13

Sustentabilidade 7 e 9 Transformações Espaciais 14

Elaboração: SANTOS, 2016.

Fonte: Dissertações Pesquisadas.

O quadro mostra uma diversificação de assuntos, entretanto, estes se encontram

majoritariamente restritos às dissertações – ou seja, em sua maioria são muito voltados aos

trabalhos que os estudaram/analisaram, aparecendo apenas neles. Inclusive, têm-se assuntos

diferentes identificados num só trabalho, o que já caracteriza a associação que o autor fez

entre os mesmos. Exemplos disso são as Políticas do Turismo voltadas aos Espaços

Litorâneos (Ficha 6); a Distribuição Espacial dos Meios de Hospedagem (Ficha 12) e as

Migrações em um contexto de Dinâmica Urbana (Ficha 10).

Os assuntos gerais em destaque são o de Produção do Espaço, Desenvolvimento

Local/Regional e Sustentabilidade. Ressalta-se que o Espaço geográfico51

e suas Categorias

de Análise (à exceção da Paisagem) aparecem nitidamente nos títulos, ora como centrais ou

relacionadas a outros termos. Por fim, foi elaborada a Tabela 4, com as palavras-chave

constantes nas dissertações52

. Tais palavras representam uma espécie de “elo” entre os

assuntos gerais já destacados e aos assuntos específicos e os locais estudados – num total de

48 palavras e 67 menções no total das dissertações. Não muito diferente do que afirmou-se a

respeito dos assuntos gerais, muitas palavras-chave possuem apenas uma menção (que se

refere ao trabalho onde elas se encontram). As que tem apenas uma menção no conjunto das

dissertações são a maioria da referida tabela, seguidas das que tem duas menções. A palavra

51

Na distribuição dos assuntos gerais por disciplinas nas quais foram desenvolvidas as pesquisas, Rejowski

(1996, p. 102, grifos da autora), constatou que “Em geografia, os assuntos de maior interesse foram espaço e

turismo e turismo e meio ambiente, com cinco pesquisas desenvolvidas. Assinala-se, no primeiro caso,

preocupação maior com o estudo do espaço, referindo-se principalmente à formação/transformação de núcleos

que vêm sofrendo ação do turismo; no segundo caso, tal preocupação refere-se à problemática do impacto

ambiental”. 52

A construção deste quadro se deu a partir da presença das palavras-chaves nas Fichas-Resumo. Note-se que a

primeira Ficha mencionada (na terceira coluna da tabela) é sempre a que a referida palavra aprece inicialmente

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Turismo, sozinha, possui 9 menções e Desenvolvimento Local e Produção do Espaço têm

ambas 3 menções.

Tabela 4 – Palavras-Chave Encontradas nas Dissertações.

Palavras-Chave Menções nas

Dissertações (nº)

Fichas-Resumo de

Referência

Turismo 9 2, 3, 4, 5, 6, 10, 11,

13 e 14

Desenvolvimento Local 3 3, 7 e 9

Produção do Espaço 3 11, 13 e 14

Contradição 2 1 e 14

Área Periférica 2 4 e 10

Chapada Diamantina 2 4 e 11

Ecoturismo 2 4 e 11

Lençóis 2 4 e 11

Produção 2 9 e 12

Sustentabilidade 2 7 e 9

Ecologismo 1 1

Gestão do Território 1 1

Conflito 1 1

Alterações Ambientais 1 2

Apropriação do Espaço 1 2

Oferta Turística 1 3

Conservação 1 3

Atores Sociais 1 3

Área Protegida 1 4

Brasil 1 4

Centralidade 1 4

Valença 1 5

Espaço Geográfico 1 5

Região 1 5

Reestruturação Espacial 1 5

Política de Turismo 1 6

Estratégia 1 6

Repercussões Socioambientais 1 6

Itacaré 1 6

Turismo Ecológico 1 7

Baía de Camamu 1 7

Configuração Territorial 1 8

Planejamento 1 8

Articulação 1 8

Consumo 1 9

Espaço 1 9

Território 1 9

Imigrantes 1 10

Meios de Hospedagem 1 12

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Palavras-Chaves Menções nas

Dissertações (nº)

Fichas-Resumo de

Referência

Salvador 1 12

Paisagem Urbana 1 12

Distribuição/Organização Espacial

1 12

Direito Ambiental 1 13

Megaprojeto 1 13

APA Litoral Norte 1 13

Imbassaí 1 13

População Local 1 14

Cairu 1 14

Total: 48 Total: 67 -

Elaboração: SANTOS, 2016.

Fonte: Dissertações Pesquisadas.

Surpreende a palavra-chave Turismo aparecer em apenas 9 das 14 dissertações.

Acreditamos que a menção no título seja superior (mais importante) à presença nas palavras-

chaves, o que explicaria esse fato. Entretanto, na Ficha 7 aparece o Turismo Ecológico

(segmento da atividade) e na Ficha 12, Meios de Hospedagem (componente importante da

atividade). As palavras-chave Chapada Diamantina, Ecoturismo e Lençóis referem-se a dois

trabalhos distintos (Fichas 4 e 11).

A observação das palavras-chaves indica, a princípio, que elas podem ser

agrupadas em assuntos mais amplos, de forma a se alcançar uma visão mais geral do

conjunto. Nesse sentido, elaborou-se o Quadro 8.

Quadro 8 – Palavras-chave por Grupos Gerais de Assuntos.

Grupos Gerais Palavras-Chaves Fichas-Resumo

de Referência

GRUPO A: Turismo,

seus Segmentos e

Correlatos

Turismo, Oferta Turística, Ecoturismo, Política de Turismo,

Turismo Ecológico, Meios de Hospedagem, Megaprojetos,

Planejamento, Produção, Consumo.

2, 3, 4, 5, 6, 7,

8, 9, 10, 11, 12,

13 e 14

GRUPO B: Conceito

e Categorias

Geográficos e

Correlatos

Gestão do Território, Apropriação do Espaço,

Desenvolvimento Local, Área Periférica, Atores Sociais,

Centralidade, Espaço Geográfico, Região, Reestruturação

Espacial, Configuração Territorial, Espaço, Território,

Imigrantes, Produção do Espaço, Paisagem Urbana,

Distribuição/Organização Espacial, População Local.

1, 2, 3, 4, 5, 7,

8, 9, 10, 11, 12,

13 e 14

GRUPO C: Cidades,

Municípios, Espaços,

Locais e Áreas

Lençóis, Valença, Itacaré, Salvador, Imbassaí, Cairu, Brasil,

Chapada Diamantina, Baía de Camamu.

4, 5, 6, 7, 11,

12, 13 e 14

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Elaboração: SANTOS, 2016.

Fonte: Dissertações Pesquisadas.

Dos cinco grupos elaborados, os Grupos A e B possuem palavras em 13 das 14

Fichas-Resumo. Para o primeiro grupo, a explicação se dá em função da palavra Turismo ser

mencionada em 9 delas; para o segundo grupo, a explicação é o fato deste contar com a maior

parte das palavras-chave elencadas, compreensível devido as dissertações serem defendidas

no POSGEO. No Grupo E encontram-se as palavras cuja ideia ou sentido servem, segundo

avaliou-se, a mais de um grupo – daí serem multirreferenciais. O Grupo C será ampliado na

abordagem seguinte, sobre os assuntos específicos. O que se nota no Grupo D é que as

palavras-chave estão relacionadas, principalmente, às dissertações mais antigas.

3.2.2 OS ASSUNTOS ESPECÍFICOS (OU A ESPECIFICIDADE DO OBJETO)

A especificidade do objeto é tratada por Rejowski (1996) na mesma parte que a

dos assuntos gerais. Segundo a autora (Ibid., p. 102-103, grifos da autora):

[...] as pesquisas foram separadas entre as que enfocam o turismo no Brasil em

geral, turismo em núcleos e regiões do Brasil, turismo no Brasil e em outros países,

e turismo em geral [...]. a produção máxima (39) é sobre turismo em núcleos e

regiões do Brasil, média produção (dez) sobre turismo no Brasil em geral, pequena

produção (quatro) sobre turismo em geral e produção mínima (duas) sobre turismo

no Brasil e em outros países.

Tal classificação se deveu ao fato da abrangência nacional dos estudos da autora,

conforme mencionado no Quadro 1 (Capítulo 2.1) deste trabalho. Disto ela concluiu que a

“[...] grande profusão de estudos regionais e principalmente locais aparece de certa forma

isolada de um contexto do turismo nacional e, mais afastada, ainda, do que está ocorrendo no

panorama internacional”, destacando que a maior parte dos locais estudados era de núcleos

localizados no litoral, reafirmando a preferência dos estudos no assunto turismo litorâneo

(REJOWSKI, 1996, p. 103).

As dissertações aqui analisadas revelam estudos desenvolvidos em contexto

estadual, porém compreendendo, algumas delas, que o entendimento das incidências de seus

GRUPO D: Meio

Ambiente e

Correlatos

Ecologismo, Alterações Ambientais, Conservação, Área

Protegida, Sustentabilidade, Direito Ambiental.

1, 2, 3, 4, 7, 9 e

13

GRUPO E: Palavras

“Multi-referenciais”

Conflito, Contradição, APA Litoral Norte, Articulação,

Estratégias, Repercussões Socioambientais.

1, 6, 8, 13 e 14

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

estudos está conectado às escalas nacional e global53

. Isso é perceptível, por exemplo, nos

trabalhos que trazem os agentes hegemônicos/econômicos que comandam o processo de

instalação da atividade em alguns locais, a partir de modelos contraditórios conflitantes com a

realidade desses lugares (Fichas 1 e 2); do turismo como promotor de desenvolvimento e

reestruturador da dinâmica local/regional (Fichas 3, 7 e 9); deste associado a políticas e

projetos de nível estadual, regional e federal (Fichas 5 e 6); e das transformações sócio-

espaciais-ambientais causadas pela atividade (Fichas 2 e 14) entre outros. Claro que tais

exemplos mencionados não implicam em abordagens únicas, pois estão todas elas conectadas

e entrelaçadas – como os Quadros 7 e 8 mostram.

E mesmo se tratando de Bahia, somente uma das dissertações (Ficha 6) volta-se

diretamente para as estratégias da política governamental estadual desenvolvidas para

atividade, pontuando espacialmente a aplicação das mesmas. Outras citam a ação do Estado

no sentido de viabilizar a atividade turística num determinado lugar ou região do mesmo

(Fichas 5 e 13). As demais mencionam as Regiões54

no sentido geográfico ou Zonas/Regiões

Turísticas; de Municípios ou Cidades e/ou suas regiões de influência; e Locais e seu entorno

imediato – novamente, alertando para o fato destas abordagens serem múltiplas. Diante disto,

numa tentativa de enquadramento e especificação dos estudos realizados, segundo a o nível de

abrangência, tem-se o seguinte resultado:

Estudos de Nível/Abrangência Regional ou Zonal – O foco dos estudos neste

nível de abrangência é a Região. Considera-se, para tanto, que pode referir-se ao conceito

geográfico de Região55

ou de Região/Zona Turística56

, identificados nas dissertações.

53

Até por que alguns dos locais estudados têm visibilidade turística nacional e internacional, como Salvador,

Porto Seguro e a Chapada Diamantina. 54

A atual divisão regional adotada pelo Estado, desde 2006, é feita por Territórios de Ident idade – antes tendo

por base as Regiões Econômicas. São 27 Territórios no total: Irecê, Velho Chico, Chapada Diamantina, Sisal,

Litoral Sul, Baixo Sul, Extremo Sul, Médio Sudoeste da Bahia, Vale do Jiquiriçá, Sertão do São Francisco, Bacia

do Rio Grande, Bacia do Rio Paramirim, Sertão Produtivo, Piemonte do Paraguaçu, Bacia do Jacuípe, Piemonte

da Diamantina, Semiárido Nordeste II, Litoral Norte e Agreste Baiano, Portal do Sertão, Vitória da Conquista,

Recôncavo, Médio Rio de Contas, Bacia do Rio Corrente, Itaparica, Piemonte Norte do Itapicuru, Metropolitano

de Salvador e Costa do Descobrimento. O acesso às publicações relacionadas aos TI pode ser feito no site da SEI

– Perfil dos Territórios de Identidade do Estado da Bahia e Estatísticas dos Municípios Baianos (SEI, S.d). Uma

breve abordagem destes territórios pode ser vista no site da Secretaria do Planejamento (BAHIA, S.d.). Como

exemplo de discussão a respeito, tem-se o artigo de Blatt e Gondim (2013). No Anexo A tem-se o mapa dos TI

baianos. 55

A Região é uma das categorias que permitem o estudo da totalidade que é o Espaço Geográfico. Tendo como

ponto de partida a Região, para a compreensão deste Espaço Geográfico, ela é considerada como a área que

agrupa um conjunto de elementos naturais, culturais, sociais, humanos e históricos comuns, os quais a

individualizam em relação às outras áreas próximas. Segundo Corrêa (1986, p. 22, grifos do autor), trata-se de

um conceito complexo e dos mais tradicionais em geografia, “[...] ligado à noção fundamental de diferenciação

de área, quer dizer, à aceitação da ideia de que a superfície da Terra é constituída por áreas diferentes entre si”.

Para mais detalhes em torno da definição e entendimento do conceito de Região, consultar Gomes (2014),

Haesbaert (2010), Lencioni (2009), entre outros.

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Estudos de Nível/Abrangência Urbano/Municipal – o foco dos estudos neste

nível de abrangência é a área urbana ou municipal como um todo (incluídos aí os casos que

abarcam as regiões de influência57

destas cidades ou municípios).

Estudos de Nível/Abrangência Local e entorno – foco nos estudos com

incidências locais, nos quais se incluem aqueles que consideram os entornos imediatos dos

mesmos. Ressaltamos que o “local” refere-se pontualmente ao lugar estudado, que vai da

escala de um povoado à de uma baía.

Desta forma elaborou-se o Quadro 9, que apresenta de forma geral a classificação

acima apresentada. Foram acrescentadas ao mesmo a identificação das Zonas Turísticas (ZT)

e dos Territórios de Identidade (TI) onde tais locais se encontram, permitindo assim uma

maior compreensão das incidências espaciais dos estudos realizados.

56

As Zonas Turísticas não correspondem às Regiões Geográficas. As Regiões do Turismo representam a

distribuição dos componentes que a ele servem e se baseiam nos aspectos da paisagem – espacializando a

atividade. No II inciso do art. 3 da Lei Estadual de Turismo da Bahia, consta a seguinte definição para

Zona/Região Turística: “território formado pelo conjunto de municípios turísticos ou de interesse turístico, com

afinidades culturais ou naturais suficientes para possibilitar o planejamento e organização integrada, oferta de

produtos turísticos mais competitivos nos diferentes mercados” (BAHIA, 2014). Segundo Cláudia Novaes

Machado, com a instituição das zonas turísticas, “[...] produziu-se um novo paradigma para a geografia turística,

[as quais foram] definidas a partir de aspectos como atratividade efetiva e potencial, natural e cultural, presente

no espaço geográfico da Bahia” (MACHADO, 2008, p. 73). Ainda de acordo com a autora, foi durante o

PRODETUR/Bahia ou PRODETUR I, em 1992, vinculado ao PRODETUR/NE, que se instituiu as primeiras 7

zonas turísticas (6 no litoral e 1 no interior): Baía de Todos os Santos, as Costas do Cacau, do Dendê, do

Descobrimento, das Baleias e dos Coqueiros e a Chapada Diamantina. No PRODETUR II, novas áreas seriam

contempladas como zonas turísticas, todas no interior: Caminhos do Oeste e Vale do São Francisco

(MACHADO, 2008). A partir deste entendimento, o Estado da Bahia conta com 13 Zonas Turísticas. Seis delas

são litorâneas: Baía de Todos os Santos, Costa dos Coqueiros, Costa das Baleias, Costa do Cacau, Costa do

Dendê e Costa do Descobrimento. As outras sete são interioranas: Caminhos do Oeste, Caminhos do Sertão,

Caminhos do Sudoeste, Chapada Diamantina, Lagos e Cânions do São Francisco e Caminhos do Jiquiriçá. No

Anexo B tem-se o mapa das Zonas Turísticas baianas. 57

Regiões de Influência referem-se à conformação de uma rede urbana e seus níveis hierárquicos, onde uma

cidade exerce a função de centralidade em relação a outras a partir da intensidade das ligações entre elas. Sobre

Regiões de Influência das Cidades, ver o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2008).

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Quadro 9 – Níveis/Abordagens de Estudos das Dissertações e suas Referencias Espaciais.

Nível de

Estudos

Fichas-Resumo

de Referência

Área Zonas Turísticas Território de Identidade

Litoral Interior

Regional ou

Zonal Ficha 3 X Chapada Diamantina Piemonte da Diamantina

Urbano/

Municipal

Ficha 5 X Costa do Dendê Baixo Sul

Ficha 6 X Costa do Cacau Litoral Sul

Ficha 9 X Baía de Todos os Santos Metropolitano de Salvador

Ficha 10 X Costa do Descobrimento Costa do Descobrimento

Ficha 11 X Chapada Diamantina Chapada Diamantina

Ficha 12 X Baía de Todos os Santos Metropolitano de Salvador

Ficha 14 X Costa do Dendê Baixo Sul

Local e

Entorno

Ficha 1 X Costa dos Coqueiros Litoral Norte e Agreste

Baiano

Ficha 2 X Costa dos Coqueiros Litoral Norte e Agreste

Baiano

Ficha 4 X Chapada Diamantina Chapada Diamantina

Ficha 7 X Costa do Dendê Litoral Sul/Baixo Sul

Ficha 8 X Baía de Todos os Santos Recôncavo

Ficha 13 X Costa dos Coqueiros Litoral Norte e Agreste

Baiano

Elaboração: SANTOS, 2016.

Fonte: Dissertações Pesquisadas.

A partir do Quadro 9 infere-se que as dissertações voltaram-se principalmente

para temas com abrangência urbana/municipal, seguidos daqueles com abrangência local e

entrono. Como as fichas estão organizadas por ordem de publicação (da mais antiga para a

mais atual), nota-se que os estudos mais recentes concentram-se no segundo nível de

abordagem, ao passo que os mais antigos encontram-se nos outros dois níveis. Isso pode fazer

referência aos aspectos que são levados em conta para a escolha do tema a ser estudado e dos

procedimentos e métodos adotados nas pesquisas – contextualizados numa determinada

época.

São estudos principalmente relacionados ao litoral baiano, para o qual foram

pensadas e desenvolvidas as primeiras políticas, projetos e programas turísticos no Estado58

.

Embora tenha ocorrido a interiorização da atividade, a partir da criação de novas zonas

turísticas, o interior conta apenas com 3 estudos – dois antigos e um mais recente. Além disso,

58

Sobre isto e mais aspectos relacionados à institucionalização da atividade turística na Bahia, ver Queiroz

(2002). Em Cruz (1998) pode-se ampliar o entendimento desta concentração litorânea dos estudos voltados ao

turismo, nos níveis regional (nordestino) e nacional. Essa concentração envolve aspectos histórico-geográficos

resultantes da ocupação do território brasileiro – que vai apresentar uma população vivendo principalmente em

cidades, as maiores localizadas numa faixa estreita próxima ao mar ou onde a ocupação foi favorecida, e onde

incidem também as principais modalidades de turismo praticadas no Brasil e no mundo (litorânea e de massa,

respectivamente). E tais modalidades necessitam de infra-estruturas turística e de suporte (esta última, segundo a

autora, equivalente a infra-estrutura urbana). No caso da Região Nordeste, outra relação estabelecida é a das

políticas de turismo que possibilitaram a (re)construção do espaço litorâneo voltado à atividade (notadamente

sob a supremacia da Hotelaria), com participação ativa dos governos estaduais – entre os quais se inclui o

baiano.

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

todos os três possuem a mesma contextualização espacial: a região que compreende a

Chapada Diamantina.

Quanto às Zonas Turísticas (ZT), os locais estudados encontram-se em 6 das 13

existentes. São elas a Baía de Todos os Santos (BTS), as Costas do Dendê e dos Coqueiros e a

Chapada Diamantina (com 3 trabalhos cada) e as Costas do Cacau e do Descobrimento (com

1 trabalho cada). O que poderia justificar a preferência pelas quatro primeiras Zonas seriam a

proximidade e acesso fácil às informações e locais estudados (no caso das três primeiras) e ao

interesse em se estudar esta conhecida região turística do interior do Estado.

Dos 27 Territórios de Identidade (TI) existentes, apenas oito concentram os locais

estudados nas dissertações. São eles: os TI Litoral Norte e Agreste Baiano e Baixo Sul (com 3

trabalhos cada), os TI Metropolitano de Salvador, Chapada Diamantina e Litoral Sul (com 2

trabalhos cada) e os TI Costa do Descobrimento, Piemonte da Diamantina e do Recôncavo

(com um 1 trabalho cada). Os TI identificados mostram incidências espaciais dos locais

estudados que precisam ser exemplificadas, se os considerarmos na relação com as ZT. O

primeiro exemplo é a área que compreende Chapada Diamantina agregar uma só ZT e dois TI

– isso porque o Piemonte da Diamantina é o local de estudo de uma das dissertações. O

segundo exemplo é a BTS, que aparece como ZT em três estudos, mas como TI só se

configura em apenas um. A explicação para isso é que Salvador é local estudado em duas

dissertações e a BTS em apenas uma – daí a distinção quando considerados os TI.

O terceiro exemplo envolve a ZT Costa do Dendê, dos quais dois estudos

enquadram-se no TI Baixo Sul e um enquadra-se concomitantemente neste último território

citado mais o TI Litoral Sul. Isto se explica pelo fato de o estudo da Baía de Camamu

considerar os municípios de seu entorno – dos quais a maioria encontra-se no primeiro TI

(Baixo Sul) e apenas um, Maraú, localizar-se no último (Litoral Sul). O quarto exemplo é que

os locais estudados na ZT Costa dos Coqueiros mantém a mesma relação com o TI Litoral

Norte e Agreste Baiano. Por fim, como quinto exemplo, Somente Porto Seguro é o local

estudado cuja denominação é comum à ZT e ao TI: Costa do Descobrimento. De qualquer

forma, tanto as ZT quanto os TI são majoritariamente litorâneos, o que corrobora a afirmação

feita por Rejowski (1996).

Quanto aos locais focados nestes estudos, tem-se o Quadro 10, no qual são

contabilizados mediante sua presença nos Títulos. Um título pode trazer um lugar integrado a

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

outro lugar, por exemplo, em nível regional ou zonal. Ou pode, em alguns casos, abarcar

distritos59

e povoados60

neles existentes – conforme se visualiza nos Resumos.

Quadro 10 - Locais focados nos estudos realizados. Local Especificado Menções (nº) Fichas-Resumo de Referência

Chapada Diamantina 2 3, 4

Lençóis 2 4, 11

Salvador 2 9, 12

Praia do Forte 1 1

Imbassaí 1 2

Porto Sauípe 1 2

Valença 1 5

Itacaré 1 6

Baía de Camamu 1 7

Baía de Todos os Santos 1 8

Porto Seguro 1 10

Reserva Imbassaí 1 13

APA Litoral Norte 1 13

Cairu 1 14

Elaboração: Antônio dos SANTOS, 2016.

Fonte: Dissertações Pesquisadas.

Tais menções, como já afirmado, referem-se ao que consta nos Títulos das

dissertações. Da leitura de alguns pode-se visualizar o nível de abrangência dos estudos, se

local ou regional ou zonal, assim como a que espaço do Estado se referem – por exemplo, a

maioria voltam-se para o litoral e, mais especificamente, pra um determinado setor deste.

Assim, a Chapada Diamantina, Lençóis e Salvador destacam-se por terem duas menções cada

um. Entretanto valem explicações para alguns dos locais especificados no quadro, inclusive os

acima citados:

1 – Imbassaí e Porto Sauípe são os povoados61

utilizados como referência na área

do Litoral Norte do Estado, a partir das transformações socioambientais ocorridas na mesma

em função do turismo. O primeiro reaparece no estudo do empreendimento hoteleiro-turístico

que leva seu nome, em conjunto com outros que estão no seu entorno.

59

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (S.d), distritos “São as unidades administrativas dos

municípios. Têm sua criação norteadas pelas Leis Orgânicas dos Municípios”. 60

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (S.d) o povoado é uma “Localidade que tem a

característica definidora de Aglomerado Rural Isolado e possui pelo menos 1 (um) estabelecimento comercial de

bens de consumo freqüente e 2 (dois) dos seguintes serviços ou equipamentos: 1 (um) estabelecimento de ensino

de 1º grau em funcionamento regular, 1 (um) posto de saúde com atendimento regular e 1 (um) templo religioso

de qualquer credo. Corresponde a um aglomerado sem caráter privado ou empresarial ou que não está vinculado

a um único proprietário do solo, cujos moradores exercem atividades econômicas quer primárias, terciárias ou,

mesmo secundárias, na própria localidade ou fora dela”. 61

Embora a autora da Ficha-Resumo 2 defina ambos como povoados, tratam-se, na verdade, de vilas.

Diferentemente da definição de povoado (conforme nota de rodapé 60), o Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (S.d) define aquela como “localidade com o mesmo nome do Distrito a que pertence (sede distrital) e

onde está sediada a autoridade distrital, excluídos os distritos da sede municipal”. Em resumo, vila é a zona

urbana no distrito que não é sede.

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

2 – A Chapada Diamantina, com duas menções, aparece inicialmente a partir da

Denominação Piemonte da Chapada Diamantina, a nível de região e numa perspectiva de

desenvolvimento local/regional no contexto estadual. Na segunda menção, aparece como a

área de abrangência mais ampla do principal local estudado e dos arredores do mesmo.

3 – Lençóis possui duas menções. Na primeira é tratado em nível de cidade e

contempla arredores da mesma (os quais são Mucugê e o Vale do Capão), tendo a Chapada

Diamantina como contexto espacial mais amplo. Na segunda é tratado em nível municipal,

com o mesmo contexto espacial, trazendo como abordagem o espaço produzido pela atividade

turística.

4 – Valença é tratada a nível regional, a partir da reestruturação espacial

decorrente do turismo. Nesse sentido, contempla o município de Valença, Cairú, Taperoá,

Nilo Peçanha, Ituberá, Igrapiúna e Camamu, localizados no Litoral Sul baiano.

5 – Duas são as baías focadas nas dissertações. A primeira, a Baía de Camamu,

contempla os municípios de Camamu, Igrapiúna, Ituberá e Maraú, numa perspectiva de

desenvolvimento integrado desta área. A BTS é estudada a partir da configuração territorial

do espaço turístico que envolve todos os seus municípios.

6 – A capital do Estado, Salvador, tem estudo local em ambas as dissertações, mas

conectado a dinâmicas que se dão em outras escalas. Na primeira, volta-se para a

sustentabilidade turística a partir do consumo e produção turísticos que caracterizam-na e, na

segunda, foca na distribuição espacial dos meios de hospedagem ao longo da história da

cidade.

7 – O Reserva Imbassaí é um complexo turístico-hoteleiro que contempla

Imbassaí mais as localidades de Barro Branco e Sucuiu62

, contextualizados espacialmente na

Área de Proteção Ambiental (APA) Litoral Norte.

Assim, tem-se que são locais que se encontram em ZT e TI majoritariamente

litorâneos – ambos poucos, tanto as zonas quanto os territórios, se considerados a totalidade

existente de cada um. Corroboram, desta forma, as afirmações feitas por Rejowski (1996)

sobre a incidência espacial dos estudos do tema Turismo.

62

O Título do trabalho induz ao equívoco de se considerar o objeto de estudo como uma Unidade de

Conservação. Entretanto, no Resumo, já se percebe que se trata de um Empreendimento. Ainda assim, na

dissertação, Imbassaí, Sucuiu e Barro Branco são tratados como distritos.

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

3.3 OS ASPECTOS METODOLÓGICOS DAS DISSERTAÇÕES

Segundo Marconi e Lakatos (2010, p. 204, grifos das autoras) “A especificação da

metodologia da pesquisa é a que abrange maior número dos itens, pois responde, a um só

tempo, às questões como?, com quê?, onde?, quando?”. A natureza temática dos trabalhos,

tendo como referência principal os títulos daqueles (e complementados pelos resumos), de

antemão, dava indicativos dos métodos e/ou técnicas empregados – os quais foram

selecionados tendo em vista alguns aspectos. Como afirmam as autoras antes mencionadas:

Os métodos e as técnicas a serem empregados na pesquisa científica podem ser

selecionados desde a proposição do problema, da formulação das hipóteses e da

delimitação do universo ou da amostra. Nas investigações em geral, nunca se utiliza

apenas um método ou uma técnica, e nem somente aqueles que se conhece, mas

todos que forem necessários ou apropriados para determinado caso. Na maioria das

vezes, há uma combinação de dois ou mais deles, usados concomitantemente

(MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 147).

Neste tópico, identifica-se o conjunto dos aspectos que se referem à metodologia

empregada pelos autores para realizar as pesquisas, dividindo-os segundo os Métodos de

Abordagem, os Métodos de Procedimento e as Técnicas.

3.3.1 OS MÉTODOS DE ABORDAGEM

Já foi indicado, na Introdução deste trabalho, a que se referem os Métodos de

Abordagem segundo Marconi e Lakatos (1999, 2010) e Gil (2012). Diferenciando os métodos

de abordagem dos demais métodos, Marconi e Lakatos (2010) explicam que os primeiros são

mais amplos e referem-se a um nível de abstração mais elevado dos fenômenos da natureza e

da sociedade. Afirma e complementa este pensamento Gil (2012, p. 9):

Estes métodos esclarecem acerca dos procedimentos lógicos que deverão ser

seguidos nos processo de investigação científica dos fatos da natureza e da

sociedade. São, pois, métodos desenvolvidos a partir de um elevado grau de

abstração, que possibilitam ao pesquisador decidir acerca do alcance de sua

investigação, das regras de explicação dos fatos e da validade de suas

generalizações. Cada um deles vincula-se a uma das correntes filosóficas que se

propõem a explicar como se processa o conhecimento da realidade

São cinco os Métodos de Abordagem existentes, todos discutidos em suas

características pelos autores acima mencionados. No Quadro 11 reuniu-se uma breve

descrição desses métodos para, em seguida, relacioná-los às dissertações que os utilizaram a

partir da identificação das Fichas-Resumo.

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Quadro 11 – Métodos de Abordagem e sua Utilização nas Dissertações Analisadas.

Métodos de Abordagem* Fichas-Resumo

de Referência

Dedutivo: partindo das teorias e leis, na maioria das vezes prediz a ocorrência dos

fenômenos particulares. Relaciona-se ao Racionalismo. -

Indutivo: a aproximação dos fenômenos caminha geralmente para planos cada vez

mais abrangentes, indo das constatações mais particulares às leis e teorias (conexão

ascendente). Relaciona ao Empirismo.

7

Hipotético-Dedutivo: inicia-se pela percepção de uma lacuna nos conhecimentos,

acerca da qual formula hipóteses e, pelo processo de inferência dedutiva, testa a

predição da ocorrência de fenômenos abrangido pela hipótese. Relaciona-se ao

Neopositivismo.

2

Dialético: penetra o mundo dos fenômenos através de sua ação recíproca, da

contradição inerente ao fenômeno e da mudança dialética que ocorre na natureza e na

sociedade. Relaciona-se ao Materialismo Dialético.

13

Fenomenológico: preocupa-se em mostrar e esclarecer o que é dado pelo fenômeno.

Não procura explicar mediante leis, tampouco deduzir com base em princípios, mas

considera imediatamente o que está presente na consciência dos sujeitos. Relaciona-

se à Fenomenologia.

-

Sem referência e/ou menção

1, 3, 4, 5, 6, 8,

9, 10, 11, 12 e

14

Elaboração: SANTOS, 2016.

*Fonte: Gil (2012); Marconi e Lakatos (2010).

A maioria das dissertações não deixa claro o uso ou não-uso de um Método de

Abordagem. Dois dos métodos não foram mencionados ou utilizados (o Dedutivo e o

Fenomenológico), enquanto que os outros três foram mencionados, cada um, em uma

dissertação. Percebe-se que tanto os trabalhos mais antigos quanto os mais recentes não

mencionam/usam um Método de Abordagem.

Sobre este aspecto último, foram pensadas algumas causas prováveis. Os autores

não conseguiram adequar as pesquisas desenvolvidas a uma das abordagens existentes – o que

explica o não uso/menção de uma delas em seu texto. Que essa menção/uso de uma das

abordagens implica que a metodologia descrita e os referenciais teóricos utilizados obedeçam

às ideias daqueles, o que pode gerar uma crítica severa caso tal correlação não se estabeleça.

Que alguns dos trabalhos, por envolverem muitas dimensões do campo teórico, podem se vir

encurralados ao afirmar uma construção teórica baseada numa abordagem – sendo que o texto

possui elementos que apontam para outras abordagens que não a utilizada ou para

complementares. E, por fim, que justamente pela metodologia adotada e os referenciais

teóricos utilizados se tivesse “pistas”, quando da leitura, de qual abordagem foi utilizada –

mesmo que não se tenha mencionado diretamente qual.

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

3.3.2 OS MÉTODOS DE PROCEDIMENTO

Da mesma forma que feito com os Métodos de Abordagem, foi indicado na

Introdução deste trabalho os Métodos de Procedimentos aqui utilizados, tendo com referencial

os autores já utilizados anteriormente. De acordo com Gil (2012, p. 15):

Estes métodos têm por objetivo proporcionar ao investigador os meios técnicos para

garantir a objetividade e a precisão no estudo dos fatos sociais. Mais

especificamente, visam fornecer a orientação necessária à realização da pesquisa

social, sobretudo no referente à obtenção, processamento e validação dos dados

pertinentes à problemática que está sendo investigada.

Pressupondo uma atitude concreta em relação a um fenômeno e estando limitadas

a um domínio particular (MARCONI; LAKATOS, 2010), vários são os métodos que podem

ser utilizados nas ciências sociais. Em conformidade, afirmam os autores mencionados que

nem sempre um método é adotado rigorosa ou exclusivamente numa investigação – sendo,

frequentemente, combinados dois ou mais deles. Os autores elencam os principais Métodos de

Procedimento utilizados nas ciências sociais e humanas. Marconi e Lakatos (2010) citam:

histórico, comparativo, monográfico ou estudo de caso, estatístico, tipológico, funcionalista e

estruturalista. Gil (2012) elenca os seguintes: experimental, observacional, comparativo,

estatístico, clínico e monográfico.

Nota-se que existem métodos de procedimento comuns aos autores, entretanto, as

diferenças existentes impõem uma dificuldade de construção de um quadro – como feito para

os Métodos de Abordagem. Mantendo relação com Rejowski (1996), o que aqui se aborda

encontra-se no tópico “Análise por tipo de estudo” do estudo realizado pela autora – a qual

afirmou:

A análise por tipo de estudo revelou ser a tarefa mais árdua do trabalho. A princípio

tentou-se aplicar uma das várias classificações metodológicas usuais nas ciências

humanas e sociais. Mera ilusão! Das cinco classificações metodológicas testadas,

nenhuma se revelou adequada ao conjunto dos documentos analisados. Optou-se,

então, pela criação de uma tipologia baseada na definição dos próprios autores das

dissertações e teses, cujos termos foram agrupados em nove categorias63

.

Cada categoria foi conceituada em função do conjunto de trabalhos que representa,

não sendo aplicada a conjuntos de outros tipos de documentos ou trabalhos de outras

áreas. Poderá contribuir, no entanto, como procedimento metodológico para estudos

semelhantes, ou, ainda, ser adaptada a conjuntos de publicações ou documentos

turísticos (Ibid., p. 105).

63

Foram as categorias: Análises, Estudos de caso, Modelos, Programa, Classificações, Estudos compreensivos,

Inventários, Estudos históricos e Estudos Normativos.

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Tendo por base o afirmado e ressalvado pela autora (em nível de dificuldades

encontradas e contribuição metodológica), elaborarou-se um quadro a partir da consulta e

identificação dos procedimentos adotados e indicados pelos autores das dissertações.

Entretanto, a leitura da metodologia ou procedimentos metodológicos descritos nas

dissertações levou à proposição de dois grupos – no que se refere aos Métodos de

Procedimento adotados nos trabalhos:

1 – Especificação Direta: grupo de dissertações que mencionam diretamente o

Método de Procedimento adotado no trabalho e/ou outros a ele complementares.

2 – Não-especificação: grupo de dissertações que não especificam o Método de

Procedimento adotado no trabalho, embora, nalguns deles, tenha-se a impressão de que

aqueles possam ser identificados.

Disto pensou-se um quadro (Quadro 12) que permite a visualização desta

classificação, identificando as Fichas-Resumo nos grupos acima referidos. Neste, observa-se

que, diferentemente dos Métodos de Abordagem, existe um quase equilíbrio entre os autores

que especificam o uso de um Método de Procedimento e aqueles que não o fizeram – 6 e 8

trabalhos, respectivamente. Predominam as dissertações mais recentes no primeiro grupo e as

mais antigas no segundo grupo.

Quadro 12 – Classificação das Dissertações quanto à especificação do(s) Método(s) de

Procedimento(s). Indicação do Método de Procedimento Fichas-Resumo de Referência

Especificado Diretamente 2, 7, 10, 11, 13 e 14

Não-especificado 1, 3, 4, 5, 6, 8, 9 e 12

Elaboração: SANTOS, 2016.

Fonte: Dissertações Pesquisadas.

Para evitar problemas de identificação indevida dos Métodos de Procedimento,

levando-se em conta equivocada e errônea interpretação do que consta nas descrições

metodológicas dos trabalhos, o Quadro 12.1 foi elaborado tendo por base os métodos

especificados diretamente nas dissertações analisadas. Neste quadro, inicialmente, é dada uma

ideia do que é o procedimento adotado e, em seguida, o identifica nas Fichas-resumo. Vale

lembrar que, embora tais métodos sejam especificados, muitos deles não são explicados

nalguns trabalhos. Posteriormente, está relacionado um conjunto de menções a procedimentos

diversos, conforme consta nas dissertações do segundo grupo – e que, de certa forma, também

figuram nas dissertações deste grupo.

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Quadro 12.1 – Métodos de Procedimentos Especificados Diretamente nas Dissertações.

Métodos de Procedimento* Fichas-Resumo

de Referência

Estudo de Caso: enfoca um caso (numa região, cidade, local, instituição, grupo etc.).

Normalmente diagnostica o problema indicando soluções. 7, 11 e14

Monográfico: partindo do princípio de que qualquer caso que se estude em

profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros ou até de todos os

casos semelhantes, consiste no estudo de determinados indivíduos, profissões,

condições, instituições, grupos ou comunidades, coma finalidade de se obter

generalizações64

.

2

Histórico (Geográfico): parte do princípio de que as atuais formas de vida social, as

instituições e os costumes têm origem no passado, é importante pesquisar suas raízes,

para compreender sua natureza e função. Consiste em investigar acontecimentos,

processos e instituições do passado para verificar a sua influência na sociedade de

hoje.

2, 10, 11 e 13

Classificatório: elabora sistemas classificatórios de elementos de um todo

(classificações ambiental, da demanda, tipologia). 11

Estatístico: fundamenta-se na aplicação da teoria estatística da probabilidade e

constitui importante auxílio para a investigação em ciências sociais. Significa

redução de fenômenos sociológicos, políticos, econômicos etc. a termos quantitativos

e a manipulação estatística, que permite comprovar as relações dos fenômenos entre

si, e obter generalizações sobre sua natureza, ocorrência ou significado.

10, 11 e 13

Cartográfico: consiste em uso e elaboração de mapas para subsidiar as diversas

análises realizadas nos trabalhos, bem como, espacializar os dados e informações

coletados durante a pesquisa.

10, 13

Comparativo: procede pela investigação de indivíduos, classes, fenômenos ou fatos,

com vistas a ressaltar/explicar/verificar as diferenças e similaridades entre eles. É

usado tanto para comparações de grupos no presente, no passado, ou entre os

existentes e os do passado, quanto entre sociedades de iguais ou diferentes estágios

de desenvolvimento.

2, 10, 13 e 14

Funcionalista65

: estuda a sociedade do ponto de vista da função de suas unidades,

isto é, como um sistema organizado de atividades. 2

Elaboração: SANTOS, 2016.

*Fonte: Gil (2012); Marconi e Lakatos (2010); Rejowski (1996).

Como mencionado pelos referidos autores da área de metodologia, os Métodos de

Procedimento dificilmente são usados com exclusividade, já que as pesquisas exigem um

dinamismo e complementaridade de ações para o alcance dos objetivos traçados e a resposta

ao problema formulado. Lembrando-se de que os contidos no quadro acima serem os

mencionados pelos autores das dissertações, apenas o trabalho identificado pela Ficha 7

menciona um Método de Procedimento (o que não significa dizer que apenas um tenha sido

utilizado no mesmo); em seguida, vem o trabalho da Ficha 14, que menciona dois métodos. O

da Ficha 2 menciona três e, por fim, os das Fichas 10, 11 e 13 mencionam quatro, cada um.

64

Os Métodos Estudo de caso e Monográfico parecem ser os mesmos, segundo o dito nas definições de ambos.

Entretanto, optamos por manter a separação, considerado a forma como foram mencionados nas dissertações e,

também, pelo fato dos autores da área metodológica mencionarem mais o Monográfico – embora Marconi e

Lakatos (2010, p. 205) falarem em “monográfico ou estudo de caso”. 65

Em Gil (2012), o Método Funcionalista é tratado como um “Quadro de Referência”. Em Marconi e Lakatos

(2010), como um Método de Procedimento.

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Os Métodos Monográfico, Classificatório e Funcionalista foram mencionados

apenas uma vez no conjunto dos métodos identificados nas dissertações – sendo que o

primeiro e o último referem-se ao mesmo trabalho. Entretanto, estes mesmos trabalhos

recorreram a outros métodos em suas pesquisas, compondo, desta forma, os mais utilizados –

o Histórico e o Comparativo (em quatro dissertações, cada um). O “Geográfico” representa

uma associação ao Método Histórico, feita por um dos trabalhos, da mesma forma que outras

associações foram feitas, noutros trabalhos, como “Estatístico-Cartográfico”. Seguem-se aos

mais mencionados o Estudo de Caso e o Estatístico (com três trabalhos, cada) e, por fim, o

Cartográfico. Este último é reforçado pelas técnicas empregadas e com o tratamento dos

dados colhidos durante as pesquisas, gerando mapas, por exemplo.

As dissertações do segundo grupo mencionam uma série de procedimentos

adotados, mas que não foram especificados diretamente como um dos métodos listados

anteriormente. Além disso, algumas dissertações trouxeram “novos” procedimentos – assim

considerados por não constarem entre os autores da área metodológica utilizados. Nesta

listagem, reuniu-se os identificados em ambos os grupos, principalmente daquele cujas

dissertações não especificaram um/o Método (ou os Métodos) de Procedimento:

Análises (qualitativa, bibliográfica, estrutural, documental, comparativas, de

modelo, histórica, de perfil, local);

Caracterização;

Estudos (de caso);

Modelos;

Inventários;

Abordagem Locacional66

;

Observação Histórico-Sistemática67

;

Metodologia descritivo-explicativa-analítica68

.

As análises são mencionadas em praticamente todos os trabalhos, em alguns deles

com um maior detalhamento de seu uso. Aparece somente como Análise, mas também, e

principalmente, associada a um ou mais dos termos elencados. Os outros procedimentos

listados são mencionados em algumas dissertações, relacionando-se intimamente à temática

que pesquisam e dando indicações do que se gerar com os dados e informações coletadas.

Exemplo disso são os Modelos e Inventários – que remetem à proposição de um modelo, ao

66

Ficou-se em dúvida se referente a Método de Abordagem ou de Procedimento (referente à Ficha-Resumo 4). 67

Método de Investigação, segundo o autor (Ficha-Resumo 7). 68

Conforme o autor (Ficha-Resumo 12).

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

final da pesquisa e a uma caracterização/análise da potencialidade turística do lugar estudado,

respectivamente. Quanto aos três últimos mencionados, são muito específicos das dissertações

nas quais se encontram, logo, a compreensão deles é melhor no contexto das pesquisas às

quais se referem. Correlacionando o visto anteriormente com o estudo feito por Rejowski

(1996, p. 105, grifos da autora), a autora relatou o seguinte resultado:

A produção máxima (23) é de análises, seguida de grande produção (11) de estudos

de caso, média produção (quatro e sete) de modelos e programas, pequena produção

(duas e três) de classificações, inventários e estudos compreensivos, e produção

mínima (uma) de estudos históricos e normativos [...]. As análises e os estudos de

caso concentram 61,8% da produção total de teses e dissertações em turismo, contra

38,2% dos outros sete tipos de estudo.

Ela destacou a preocupação dos pesquisadores, à época, com as variadas análises

do turismo – relacionando-os, por exemplo, a modismos nos estudos científicos ou por se

tratarem de estudos comuns na graduação. Destacou também que a principal análise

empregada era a comparativa. No que se refere à distribuição por disciplinas, segundo a

autora:

Distribuindo os tipos de estudo pelas três principais disciplinas produtoras de teses

[...], nota-se na comunicação uma preferência pelas análises de vários tipos,

seguidas pelos estudos de caso; na administração, uma preferência clara também

pelas análises; na geografia, uma preferência pelos estudos de caso, seguidos pelas

análises. Não apresentam grande variação, portanto, da distribuição geral, podendo-

se perceber apenas um interesse comum em análises comparativas (REJOWSKI,

1996, p. 106, grifos da autora).

Um último quadro (Quadro 13) relaciona os Métodos de Abordagem e

Procedimento utilizados pelos autores das dissertações. Toma-se como ponto de partida a

Ficha-Resumo, para, em seguida, identificar os referidos métodos por elas utilizados.

Quadro 13 – Relação de Métodos de Abordagem e Métodos de Procedimentos Utilizados nas

Dissertações. Fichas-Resumo

de Referência Métodos de Abordagem Método de Procedimento

1 Sem referência e/ou menção Não especificado

2 Hipotético-Dedutivo Monográfico, Histórico (Geográfico), Comparativo,

Funcionalista

3 Sem referência e/ou menção Não especificado

4 Sem referência e/ou menção Não especificado

5 Sem referência e/ou menção Não especificado

6 Sem referência e/ou menção Não especificado

7 Indutivo Estudo de Caso

8 Sem referência e/ou menção Não especificado

9 Sem referência e/ou menção Não especificado

10 Sem referência e/ou menção Histórico (Geográfico), Estatístico, Cartográfico,

Comparativo

11 Sem referência e/ou menção Estudo de Caso, Histórico (Geográfico),

Classificatório, Estatístico

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

12 Sem referência e/ou menção Não especificado

13 Dialético Histórico (Geográfico), Estatístico, Cartográfico,

Comparativo

14 Sem referência e/ou menção Estudo de Caso, Comparativo

Elaboração: SANTOS, 2016.

Fonte: Dissertações Pesquisadas.

Nota-se, com este quadro, que oito dissertações não referenciaram e/ou

mencionaram um Método de Abordagem, ao mesmo tempo em que não especificaram

diretamente o/um Método de Procedimento. É um dado muito importante, visto que se tratam

de dissertações e, como acreditamos, tais métodos deveriam ficar claramente estabelecidos e

identificados na descrição da metodologia dos trabalhos – inclusive o não uso de nenhum

deles. Ainda, percebe-se que três dissertações evidenciam ambos os métodos – em duas delas,

mais de um Método de Procedimento. Por fim, três trabalhos onde não há referência e/ou

menção ao Método de Abordagem, mas com a especificação do Método de Procedimento.

3.3.3 AS TÉCNICAS DE PESQUISA

Segundo Marconi e Lakatos, as técnicas69

, “Consideradas como um conjunto de

preceitos ou processos de que se serve uma ciência, são, também, a habilidade para usar esses

preceitos ou normas, na obtenção de seus propósitos. Correspondem, portanto, à parte

prática de coleta de dados” (2010, p. 205, grifos nossos). São responsáveis por viabilizar,

em conjunto com os Métodos de Procedimento, o alcance dos objetivos traçados e a resolução

do problema de pesquisa – mantendo aquela relação assinalada pelas referidas autoras logo no

início deste tópico.

Alguns aspectos, comuns aos trabalhos aqui analisados, foram identificados. O

primeiro a se destacar seria a referência que os pesquisadores fazem à descrição das etapas de

pesquisa (ou roteiro metodológico) – sendo que tal descrição, em alguns trabalhos, é bem

mais detalhada e rigorosa que noutros. É fato que a realização dos trabalhos aqui analisados

envolveu uma pesquisa de gabinete70

(mais voltada para a reunião bibliográfica e documental

69

Gil (2012, p. 15) observa que “Alguns autores ampliam consideravelmente o elencos desses métodos

[experimental, observacional, comparativo, estatístico, clínico e monográfico], incluindo aí o método do

questionário, da entrevista, dos testes e muitos outros. Esta postura implica considerar como método, também, os

procedimentos específicos de coleta de dados”, o que gera um contraste entre o entendimento do que seja um ou

outro – o método e a técnica. Optou-se por manter a separação, evitando assim mais complicações que as

possivelmente existentes, no que se refere à identificação de ambos nas dissertações. 70

Técnica de Documentação Indireta que envolve o levantamento de dados nas mais variadas fontes (primárias

e/ou secundárias), a partir das pesquisas documental e bibliográfica, segundo Marconi e Lakatos (2010; 1999).

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

pertinente ao tema estudado) e uma pesquisa de campo71

(mais voltada à aplicabilidade das

técnicas e dos instrumentos escolhidos).

No que se refere à pesquisa de gabinete, incluem-se nela os diversos

levantamentos realizados pelos pesquisadores (bibliográfico, documental e até mesmo

cartográfico). Geralmente, compõem uma primeira fase destes trabalhos que se relaciona à

construção do referencial teórico-conceitual e da fundamentação metodológica. Já a pesquisa

de campo contempla, concomitantemente, os procedimentos (tanto no sentido do Método

empregado quanto das ações tomadas) e as técnicas de coleta de dados – estas últimas,

principalmente. Estão relacionadas a uma segunda fase da realização dos trabalhos e repetem-

se em períodos planejados pelos pesquisadores. Alguns destes pesquisadores, ampliando os

procedimentos adotados em seus trabalhos, realizaram visitas técnicas ou participaram de

encontros/eventos, em todos os casos, objetivando colher mais informações para compor o

conjunto das informações obtidas72

.

Nesse sentido, lista-se abaixo o conjunto das técnicas empregadas pelos autores

em suas dissertações, para, em seguida, enquadrá-las segundo o que abordam Marconi e

Lakatos (2010; 1999) sobre as Técnicas de Pesquisa.

Observação;

Sondagem (inicial);

Registro Fotográfico;

Questionários;

Entrevistas/Registro de depoimentos orais;

Técnicas Cartográficas (mapeamento, georreferenciamento e zoneamento);

Formulários;

Análise de Conteúdo;

Grades de Observação.

São estas as principais técnicas utilizadas pelos autores das dissertações e que por

eles foram mencionadas na descrição da metodologia. Na descrição das técnicas empregadas

encontrou-se o mesmo problema em tratá-las, de fato, como tal, ou como procedimento ou

tratamento de dados e informações – principalmente no que se refere ao que generalizou-se

71

Técnica de Documentação Direta que envolve, geralmente, o levantamento de dados no próprio local onde os

fenômenos ocorrem, segundo Marconi e Lakatos (2010; 1999). 72

Após as duas primeiras fases, parte-se para a finalização dos trabalhos, com a análise dos dados e informações

coletados – e nas quais são indicados e mostrados, pelos autores, os produtos gerados a partir do tratamento

daqueles dados e informações.

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

como “Técnicas Cartográficas”. O que de fato é representativo de todas as dissertações

analisadas é o uso das seguintes técnicas: observação, questionário, formulário e entrevista.

Do enquadramento metodológico, segundo as autoras antes mencionadas,

constatou-se que, no que se refere ao tipo de documentação, as técnicas são tanto Direta

quanto Indireta – nas diversas pesquisas e levantamentos mencionados pelos autores das

dissertações, nas mais diversas fontes. No que se refere ao tipo de observação, as técnicas

contemplam tanto a Direta Intensiva – nas diversas formas de observação,

entrevistas/registros de depoimentos orais –, quanto a Direta Extensiva – nos questionários e

formulários aplicados e nas análises de conteúdo realizadas.

3.4 O REFERENCIAL TEÓRICO UTILIZADO NAS DISSERTAÇÕES

Inicia-se esta parte destacando que, em certos resumos, já se evidenciam os

referenciais teóricos utilizados como fundamentação das pesquisas realizadas –

autores/instituições/organismos e/ou conceitos geográficos e de outras áreas (Fichas-Resumo

2, 4, 9, 11, 12 e 13). Outro destaque a ser feito é que, dentre as Fichas citadas, três delas

mencionam a Geografia do Turismo (4, 9 e 11). Tal menção é usada como base para a

fundamentação do trabalho, ressaltando seu caráter multidisciplinar e como um estudo

realizado sob a perspectiva desta área. As palavras-chave dão, da mesma forma que os

resumos, indicativos desses referenciais teóricos utilizados – os quais são geográficos,

turísticos e de outras áreas.

Para identificar o referencial teórico utilizado pelos pesquisadores, tanto turístico

quanto geográfico, e que aqui denominou-se “Referenciais Comuns”, adotou-se alguns

procedimentos: o primeiro deles foi relacionar todas as referências de cada uma das

dissertações. Nessa etapa, já que são muitas as fontes, foram considerados apenas os autores

de livros e artigos e publicações (monografias, dissertações e teses, impressos e na Internet) e

instituições e/ou organismos oficiais, deixando de fora artigos de jornais locais e outros

semelhantes. Isso acarretou uma diminuição do quantitativo das referências de cada um dos

14 trabalhos, mas, sem minimizar a importância dos que não foram mantidos, os utilizados

são bastante representativos para o que se pretende nesta parte.

O segundo momento já é o de representação dos autores/instituições/organismos

mais comuns – por trabalho e no conjunto geral –, que será feita a seguir. De antemão, são

textos majoritariamente em língua portuguesa, mas encontram-se também textos em inglês,

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

francês e espanhol. Grande parte deles é de autores reconhecidos em ambas as áreas

mencionadas e na área metodológica – tanto geral quanto turística.

Para identificar os autores que mais se destacam por dissertação, foi elaborada

uma tabela geral composta por outras 14 internas. Tendo por base o procedimento

anteriormente descrito, a referida tabela mostra aqueles autores/instituições/organismos que

possuem mais obras/textos utilizados por ordem quantitativa de menções nas referências das

dissertações. A primeira coluna da tabela aponta o número de menções; a segunda coluna

identifica os autores/instituições/organismos associados à quantidade daquelas; e a terceira

mostra o total da associação entre as duas primeiras colunas. Ressalta-se que os totais em cada

tabela interna é sempre maior que o indicado – visto que, por exemplo, se se tem 7 autores

com duas menções, serão na verdade 14 obras/textos distintos. Diante disto, optou-se por

manter apenas a identificação do total de autores por menção.

Um total de 886 referenciais foi considerado para a identificação do referencial

teórico por dissertação – assim como para o conjunto das mesmas, os “Referenciais Comuns”.

O trabalho com mais referenciais considerados foi o da Ficha-Resumo 2, com 89

autores/instituições/organismos. O que teve o menor quantitativo foi o da Ficha-Resumo 12,

com 42 autores/instituições/organismos.

Todas as Fichas-Resumo contém um quantitativo maior de

autores/instituições/organismos com apenas uma menção. No que identificou-se como

“Diversos”, encontram-se autores conhecidos da Geografia e do Turismo – embora não se

possa visualizá-los. Alguns deles, inclusive, aparecem noutros trabalhos com mais de uma

menção. Em seguida, à exceção das Fichas-Resumo 11 e 14, todas as outras apresentam

autores/instituições/organismos com duas obras/textos no conjunto das referências – ou seja, 2

menções.

Cabem alguns destaques quanto a alguns referenciais existentes na Tabela 5. No

que se refere aos autores, procurou-se identificá-los com a maior precisão possível dos nomes,

considerando-se as dificuldades para relacioná-los. No que se refere a Brasil e Bahia, ambos

congregam um conjunto de ministérios, secretarias, documentos, leis, decretos, programas etc.

– em seus níveis, respectivamente, federal e estadual. O Centro de Estatísticas e Informações

(CEI) é a denominação anterior para a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da

Bahia (SEI), e a contagem foi feita considerando-se ambos. A Companhia de

Desenvolvimento da Região Metropolitana de Salvador (CONDER), segundo consta nos

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

trabalhos, também teve o nome modificado73

. Instituições e Organismos (incluindo as

anteriormente citadas) serão representados por suas respectivas siglas: Empresa de Turismo

da Bahia74

(BAHIATURSA); Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR)75

; o Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); a OMT; Companhia de Desenvolvimento e

Ação Regional (CAR); Centro de Recursos Naturais (CRA); e o Serviço Brasileiro de Apoio

às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE).

Tudo o afirmado acima pode ser visualizado na Tabela 5, que, como já afirmado,

possui 14 tabelas internas.

Tabela 5 – Referenciais Teóricos mais Utilizados por Dissertação.

73

Atual Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia. 74

Atual Superintendência de Fomento ao Turismo do Estado da Bahia. 75

Atual Instituto Brasileiro de Turismo.

FICHA-RESUMO 1

Nº de

Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total

7 Berta Koiffmann BECKER 1

3 Milton SANTOS 1

2

Rodolfo BERTONCELO

Roberto Lobato CORRÊA

Antônio Carlos Robert MORAES

BAHIA

4

1 Diversos 44

Total 50

FICHA-RESUMO 2

Nº de

Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total

4 CEI

Milton SANTOS 2

3

Antônio Carlos Sant’ana DIEGUES

BAHIA

Berta Koiffmann BECKER

IBGE

Adyr Apparecida. Balastreri RORDRIGUES

Dóris Van Meene RUSCHMANN

Sylvio Carlos Bandeira de Melo e SILVA

7

2

Manuel Correia de ANDRADE

BAHIATURSA

Robert C. BOULLÓN

CONDER

Creuza Santos LAGE

Sérgio MOLINA

Carlos Augusto Figueiredo MONTEIRO

Antônio Carlos Robert MORAES

Daniel Hiernaux NICOLÁS

9

1 Diversos 71

Total 89

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Tabela 5 – Referenciais Teóricos mais Utilizados por Dissertação.

(Continuação)

76

Autora da dissertação à qual a Ficha se refere. 77

Autora da dissertação à qual a Ficha se refere.

FICHA-RESUMO 3

Nº de

Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total

20 BAHIA 1

10 Carmélia Ana Amaral SOUSA76

1

3 John A. VEVERKA 1

2

BRASIL

Elizabeth BOO

Arturo CROSBY

EMBRATUR

IBGE

Sérgio MOLINA

OMT

Sylvio Carlos Bandeira de Melo e SILVA

Marcus SUAREZ

9

1 Diversos 52

Total 64 FICHA-RESUMO 4

Nº de

Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total

3

BAHIATURSA

Adyr Apparecida. Balastreri RORDRIGUES

Milton SANTOS 3

2

Elizabeth BOO

CAR

Roy FUNCH

Angela LEONY77

Dóris Van Meene RUSCHMANN

SEI

Sylvio Carlos Bandeira de Melo e SILVA

Yi-Fu TUAN

8

1 Diversos 37

Total 48

FICHA-RESUMO 5

Nº de

Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total

10 Milton SANTOS 1

7 BAHIA 1

5 SEI 1

4

Ana Fani Alessandri CARLOS

Adyr Apparecida. Balastreri RORDRIGUES

Sylvio Carlos Bandeira de Melo e SILVA

3

3 Roberto Lobato CORRÊA 1

2

Georges BENKO

Paulo César da Costa GOMES

Octávio IANNI

Otto Ohl WEILLER

Arlete Moysés RODRIGUES

Marcelo José Lopes de SOUZA

6

1 Diversos 49

Total 62

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Tabela 5 – Referenciais Teóricos mais Utilizados por Dissertação.

(Continuação)

78

Autora e orientadora da dissertação à qual a Ficha se refere.

FICHA-RESUMO 6

Nº de

Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total

8 BAHIA

BAHIATURSA 2

6 EMBRATUR 1

5 IBGE

CEI/SEI 2

4 Adyr Apparecida. Balastreri RORDRIGUES

Milton SANTOS 2

2

Ariadna da Silva BANDEIRA/Creuza Santos LAGE78

Mário Carlos BENI

CRA

Roberto Lobato CORRÊA

Luzia Neide Menezes Teixeira CORIOLANO

Rita de Cássia Ariza da CRUZ

S. J. R. de OLIVEIRA/ A. P. de OLIVEIRA

Maria das Graças de Menezes Venâncio PAIVA

Lúcia Maria Aquino QUEIROZ

SEBRAE

10

1 Diversos 65

Total 82

FICHA-RESUMO 7

Nº de

Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total

9 BAHIA 1

5 SEI 1

4 Adyr Apparecida. Balastreri RORDRIGUES 1

3 IBGE 1

2

BANCO DO NORDESTE

BRASIL

Ana Fani Alessandri CARLOS

Luzia Neide Menezes Teixeira CORIOLANO

Augusto FRANCO

Sylvio Carlos Bandeira de Melo e SILVA

6

1 Diversos 70

Total 80

FICHA-RESUMO 8

Nº de

Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total

7 BAHIA 1

4 Adyr Apparecida. Balastreri RORDRIGUES

Arlete Moysés RODRIGUES 2

2

BAHIATURSA

CENTRO NÁUTICO DA BAHIA

CRA

Creuza Santos LAGE

Sylvio Carlos Bandeira de Melo e SILVA

5

1 Diversos 36

Total 44

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Tabela 5 – Referenciais Teóricos mais Utilizados por Dissertação.

(Continuação)

FICHA-RESUMO 9

Nº de

Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total

5 John SWARBROOKE 1

3 BAHIATURSA

Milton SANTOS 2

2

Luzia Neide Menezes Teixeira CORIOLANO

Paulo GAUDENZI

Adyr Apparecida. Balastreri RORDRIGUES

Dóris Van Meene RUSCHMANN

4

1 Diversos 55

Total 62 FICHA-RESUMO 10

Nº de

Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total

7 Milton SANTOS 1

6 Ana Fani Alessandri CARLOS 1

4 BAHIA

Sylvio Carlos Bandeira de Melo e SILVA 2

2

CEI/SEI

Roberto Lobato CORRÊA

Henri LEFEBVRE

Ermínia MARICATO

Arlete Moysés RODRIGUES

Maria Encarnação Beltrão SPÓSITO

6

1 Diversos 64

Total 74 FICHA-RESUMO 11

Nº de

Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total

8 Milton SANTOS 1

3

BAHIATURSA

Adyr Apparecida. Balastreri RORDRIGUES

Sylvio Carlos Bandeira de Melo e SILVA

3

2 Dóris Van Meene RUSCHMANN 1

1 Diversos 54

Total 59

FICHA-RESUMO 12

Nº de

Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total

4 Milton SANTOS 1

3 Lúcia Maria Aquino de QUEIROZ

Eduardo YÁZIGI 2

2

ALMANAK DO ESTADO DA BAHIA

BAHIA

Ana Fani Alessandri CARLOS

Adyr Apparecida. Balastreri RORDRIGUES

Luis Gonzaga Godói TRIGO

Pedro de Almeida VASCONCELOS

Pierre VERGER

7

1 Diversos 32

Total 42

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Tabela 5 – Referenciais Teóricos mais Utilizados por Dissertação.

(Continuação)

Elaboração: SANTOS, 2016.

Fonte: Dissertações Pesquisadas.

Da tabela acima, infere-se que os referenciais teóricos mais utilizados são aqueles

com maior menção nos trabalhos. Desta forma, a partir dela, criou-se a Tabela 5.1, que mostra

os principais referenciais teóricos por dissertação analisada. Esta foi organizada segundo o

número de menções, nas Fichas-Resumo, daqueles que encontram-se listados na primeira

coluna da mesma. Quando o número de menções é igual, lista-se primeiramente o mais antigo

(identificado pela numeração da Ficha ao qual está relacionado). Algumas Fichas-Resumo,

percebe-se, têm mais de um Autores/Instituições/Organismos com mesmo número de

menções.

FICHA-RESUMO 13

Nº de

Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total

12 BRASIL 1

7 BAHIA 1

3

Luzia Neide Menezes Teixeira CORIOLANO

Adyr Apparecida. Balastreri RORDRIGUES

Milton SANTOS 3

2

Rita de Cássia Ariza da CRUZ

Talden Queiroz FARIAS

David HARVEY

Sylvio Carlos Bandeira de Melo e SILVA

4

1 Diversos 56

Total 65

FICHA-RESUMO 14

Nº de

Menções Autor(a)/Instituição/Organismo Total

4

BRASIL

IBGE

Henri LEFEBVRE 3

3

BAHIA

Manuel CASTELLS

Rogério HAESBAERT

David HARVEY

OMT

Milton SANTOS

6

2 Reinaldo DIAS

Wendel HENRIQUE Baumgartner 2

1 Diversos 54

Total 65

Total Geral 886

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Tabela 5.1 – Principal Referencial Teórico por Dissertação Analisada.

Elaboração: SANTOS, 2016.

Fonte: Dissertações Pesquisadas.

Os referenciais constantes na tabela acima representam 12,2% dos referenciais

considerados no conjunto dos trabalhos. Nesta destaca-se Milton Santos, presente em 6

Fichas-Resumo. Bahia aparece em 4, ao passo que BAHIATURSA e Brasil em 2 Fichas-

Resumo. Na outra “ponta”, aparecem Berta Becker, a CEI, John Swarbrooke, o IBGE, Adyr

Balastreri Rodrigues e Henri Lefevbre – com apenas uma presença. Só há um referencial da

Geografia do Turismo (Adyr A. Balastreri Rodrigues), outros de outras áreas da Geografia

(Milton Santos, Berta K. Becker e Henry Lefevbre), um do Turismo (John Swarbrooke) e o

discurso oficial (CEI, Bahia, Brasil, BAHIATURSA e IBGE).

Uma visualização atenta ao conjunto das dissertações permite notar um amplo

referencial teórico baseado em autores da Geografia e do Turismo – inclusive de escritos

sobre a interseção de ambas as áreas. Entretanto, a maioria destes referenciais possui poucas

menções se consideradas os 14 trabalhos analisados, o que já evidencia, na perspectiva deste

trabalho, que são poucos aqueles que fundamentaram o conjunto das pesquisas desenvolvidas.

Os que foram vistos até aqui dão indicativos de quais seriam os “Referenciais Comuns” – que

não é completo, porque estão entre os “Diversos” aqueles que só aparecem uma vez, mas

fazem-se presentes ao longo das dissertações.

Autores/Instituições/Organismos Ficha-Resumo de

Referência

Nº de

Menções

BAHIA 3 20

BRASIL 13 12

Milton SANTOS 5 10

BAHIA 7 9

BAHIA

BAHIATURSA 6 8

Milton SANTOS 11 8

Berta Koiffmann BECKER 1 7

BAHIA 8 7

Milton SANTOS 10 7

John SWARBROOKE 9 5

CEI

Milton SANTOS 2 4

Milton SANTOS 12 4

BRASIL

IBGE

Henri LEFEVBRE

14 4

BAHIATURSA

Adyr Apparecida. Balastreri RORDRIGUES

Milton SANTOS

4 3

Total 108

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Assim, para a identificação dos autores/instituições/organismos considerados

“Referenciais Comuns” ao conjunto das 14 dissertações, levou-se em conta aqueles que

estivessem em, no mínimo, oito dos trabalhos analisados – o que representa a maioria

simples. Diante disto foi elaborado o Quadro 14, que reúne os 10 referenciais identificados

depois de vistas todas as referências de cada um dos 14 trabalhos aqui analisados – na

primeira coluna do referido quadro. São 7 referenciais autorais (Roberto Lobato Corrêa,

Antônio Carlos Robert Moraes, Adyr A. Balastreri Rodrigues, Dóris Ruschmann, Milton

Santos, Mário Carlos Beni e Ana Fani A. Carlos), 2 referenciais de esfera governamental

(Bahia e Brasil) e 1 referencial institucional (BAHIATURSA). Estes três últimos representam

o discurso oficial.

Relacionando-se os referenciais por dissertação encontrados (Tabela 5.1), àqueles

denominados “Referenciais Comuns” ao conjunto das 14 dissertações (Quadro 14), nota-se

que: 1) dos que constam na referida tabela, apenas 5 estão no referido quadro. Destes – Milton

Santos, Bahia, Brasil, BAHIATURSA e Adyr A. Balastreri Rodrigues –, o primeiro é o que

tem mais menções e, a última, apenas uma. 2) Entre os que tem apenas uma menção, Adyr A.

Balastreri Rodrigues é a única que é “Referencial Comum” ao conjunto das dissertações. 3)

Entre os cinco anteriormente mencionados, 3 são representantes do discurso oficial e dois são

autorais. 4) os outros cinco “Referenciais Comuns” – Roberto Lobato Corrêa, Antônio Carlos

Robert Moraes, Dóris V. M. Ruschmann, Mário Carlos Beni e Ana Fani Alessandri Carlos –,

não foram os principais referenciais nas dissertações em que estão presentes.

A duas últimas colunas do quadro mostram, respectivamente, a quantidade de

menções de cada “referencial” em Fichas-Resumos e em quais delas isso ocorreu. O destaque

vai para Adyr Apparecida Balastreri Rodrigues – comum a todas as dissertações, ou seja, nas

14 aqui analisadas. Milton Santos consta em 13 dos 14 trabalhos (ausente apenas na Ficha-

Resumo 7) e depois Bahia, com 11 menções. A estes, seguem-se Dóris V. M. Ruschmann,

Mário Carlos Beni e Brasil (10 menções cada um), BAHIATURSA (9 menções) e Roberto

Lobato Corrêa, Antônio Carlos Robert Moraes e Ana Fani A. Carlos (8 menções cada um).

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Quadro 14 – Referenciais Teóricos Comuns às Dissertações Analisadas.

Referencial Identificação Menções nas

Dissertações

Fichas-Resumo

de referência

BAHIA

7 anos que mudaram a Bahia.

A estratégia turística da Bahia 1991-2005.

APA Itacaré/Serra Grande: plano de manejo.

Assembleia Legislativa da Bahia: Constituição

do Estado.

BAHIATURSA 30 anos.

Cadastramento de áreas para conservação

ambiental.

Cadastro de Unidades de Conservação do

Estado da Bahia.

CAR.

Câmara Técnica de Biodiversidade, Unidades

de Conservação e Áreas Protegidas.

Conselho Estadual do Meio Ambiente

(CEPRAM).

Constituição do Estado da Bahia

Decreto n. 1046/1992.

Departamento de Estradas de Rodagem da

Bahia.

Diagnóstico dos municípios: Piemonte da

Diamantina.

Diário Oficial do Estado da Bahia.

Dimensões estratégicas da Bahiatursa.

Dinâmica sócio-demográfica da Bahia: 1980-

2000.

Diretoria de Cultura e Divulgação do Estado

da Bahia.

Estratégia turística da Bahia: 1991-2001.

Fortalecimento Institucional – Relatório do

Prodetur79

-Bahia.

Guia de Ecoturismo.

Índice de Desenvolvimento Econômico-Social

dos municípios.

Informações básicas dos municípios baianos.

Linha Verde: nova via, novo

desenvolvimento.

Oportunidades de Investimentos.

Pesquisa de demanda turística.

Plano de Desenvolvimento Integrado do

Turismo Sustentável (PDITS)

Plano de Trabalho do Desenvolvimento

Institucional.

Plano Plurianual 1996-1999.

Plano Plurianual 2000-2003.

Programa de Desenvolvimento Turístico da

Bahia.

Relatório da Oficina do Plano Nacional de

Turismo (PNT) em Morro do Chapéu.

Relatório do I Seminário de Turismo da

Chapada Norte.

Resolução n. 1.040 do CEPRAM.

Resolução n. 3.650 do CEPRAM.

Resolução n. 3.817 do CEPRAM.

11

1, 2, 3, 5, 6, 7,

8, 10, 12, 13 e

14

79

Programa de Desenvolvimento do Turismo.

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Resolução n. 3.847 do CEPRAM.

Roteiros ecoturísticos da Bahia.

Secretaria da Agricultura.

Secretaria da Indústria, Comércio e

Mineração.

Secretaria da Indústria, Comércio e Turismo.

Secretaria de Cultura e Turismo (do Estado da

Bahia).

Secretaria de Planejamento, Ciência e

Tecnologia (SEPLANTEC80

).

Secretaria de Energia, Transporte e Comércio.

Sistema de Investimentos Públicos em áreas

turísticas

Subespecialização Regional da Chapada

Diamantina.

Roberto Lobato

CORRÊA

Corporação e espaço: uma nota.

O espaço urbano.

Região e organização espacial.

Territorialidade e corporação: um exemplo.

Trajetórias geográficas.

8 1, 2, 5, 6, 10,

12, 13 e 14

Antônio Carlos Robert

MORAES

Contribuições para a gestão da zona costeira

do Brasil: elementos para uma geografia do

litoral brasileiro.

Geografia: pequena história crítica.

Ideologias Geográficas.

Meio Ambiente e Ciências Humanas.

8 1, 2, 4, 5, 6, 9,

10 e 13

Adyr Apparecida

Balastreri

RODRIGUES

A produção e o consumo do espaço para o

turismo: a problemática ambiental.

Desafios para os estudiosos do turismo.

Geografia do Turismo: novos desafios.

Geografia e turismo: notas introdutórias.

Percalços do planejamento turístico: o

Prodetur-NE81

.

Turismo e desenvolvimento local.

Turismo e espaço.

Turismo e espaço: rumo a um conhecimento

transdisciplinar.

Turismo e Geografia: reflexões teóricas e

enfoques regionais.

Turismo e meio ambiente: reflexões e

propostas.

Turismo e territorialidades plurais: lógicas

excludentes ou solidariedade organizacional.

Turismo, modernidade, globalização.

Turismo rural no Brasil: ensaio de uma

tipologia.

14 Todas

Impactos ambientais do turismo ecológico no 10

1, 2, 4, 5, 6, 7,

8, 9, 11 e 13

80

Originaram-se dela a Secretaria do Planejamento (SEPLAN) e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação

(SECTI). 81

Programa de Desenvolvimento do Turismo – Nordeste.

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Dóris Van Meene

RUSCHMANN

Brasil.

Marketing turístico: um enfoque promocional.

Planejamento e meio de hospedagem turístico:

a proteção do meio ambiente.

Planejamento e organização territorial do

turismo.

Turismo e planejamento sustentável: a

proteção do meio ambiente.

Turismo no Brasil: análises e tendências.

Milton SANTOS

A natureza do espaço.

A rede urbana do Recôncavo.

A urbanização brasileira.

Da totalidade ao lugar.

Espaço e método.

Espaço e sociedade.

Estudos sobre Geogrfia.

Metamorfoses do espaço habitado.

O Centro da cidade de Salvador

O espaço do cidadão.

O retorno do território.

Pensando o espaço do homem.

Por uma economia política da cidade.

Por uma Geografia nova: da crítica da

Geografia a uma Geografia crítica.

Por uma outra globalização.

Técnica, espaço e tempo: globalização e meio

técnico-científico-informacional.

Tendências da urbanização brasileira no fim

do século XX.

Território e sociedade: entrevista com Milton

Santos.

Zona do Cacau: introdução ao estudo

geográfico.

13

1, 2, 3, 4, 5, 6,

8, 9, 10, 11, 12,

13 e 14

BAHIATURSA

A estratégia turística da Bahia

BAHIATURSA: 30 anos (1968-1998).

Cadastro de meios de hospedagem.

Costa do Dendê.

Costa dos Coqueiros: Linha Verde.

Estratégia turística da Bahia: 1991-2005.

Indicadores básico do turismo baiano.

O desempenho do turismo baiano

Plano de desenvolvimento turístico da

Chapada Diamantina: Circuito do Diamante.

Plano de desenvolvimento turístico da

Chapada Diamantina: Circuito do Ouro.

Plano de Manejo APA Marimbus-Iraquara.

PRODETUR.

Programa de Desenvolvimento Turístico da

Chapada Diamantina.

Programa de Desenvolvimento Turístico do

Estado da Bahia.

Proposta de zoneamento: apresentação

preliminar.

9 1, 2, 4, 5, 6, 8,

9, 11 e 14

2, 3, 5, 6, 8, 9,

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Mário Carlos BENI

Análise do desempenho institucional do

turismo na administração pública.

Análise Estrutural do Turismo.

Estudo do turismo face à moderna Teoria dos

Sistemas.

Política e planejamento do turismo no Brasil.

10

11, 12, 13 e 14

BRASIL

Câmara dos Deputados: Agenda 21.

Comissão Executiva do Plano da Lavoura

Cacaueira.

Constituição da República Federativa do

Brasil.

Decreto Lei n. 9.760/1946.

Decreto n. 91.655. Criação do Parque

Nacional da Chapada Diamantina.

Lei Federal n. 9.985/2000.

Lei n. 4.771/1965.

Lei n. 6.938/1981.

Lei n. 7.347/1985.

Lei n. 7.661/1988.

Lei n. 9.985/2000.

Lei n. 11.428/2006.

Ministério da Educação e Cultura.

Ministério da Indústria, do Comércio de do

Turismo.

Ministério das Cidades: Estatuto da Cidade.

Novo Código Civil: Lei n. 10.406/2003.

Plano Nacional de Turismo 2007-2011.

Portal da Transparência.

Qualidade ambiental da Baía de Todos os

Santos.

Resolução n. 01 do Conselho Nacional do

Meio Ambiente (CONAMA).

Resolução n. 10 do CONAMA.

Resolução n. 341 do CONAMA.

Resolução n. 369 do CONAMA.

10

3, 4, 5, 6, 7, 8,

9, 10, 13 e 14

Ana Fani Alessandri

CARLOS

A cidade de São Paulo.

A (re)produção do espaço urbano.

As contradições do espaço.

Meio ambiente urbano e o discurso ecológico.

“Novas” contradições do espaço.

Novos caminhos da Geografia.

O consumo do espaço.

O lugar no/do mundo.

O turismo e a produção do espaço.

O turismo e a produção do não-lugar.

Repensando a geografia urbana: uma nova

perspectiva se abre.

8 4, 5, 7, 8, 10,

12, 13 e 14

Elaboração: SANTOS, 2016.

Fonte: Dissertações Pesquisadas.

No que se refere à área acadêmica dos “Referenciais Comuns” autorais, tem-se 5

geógrafos – 4 de formação (Adyr A. Balastreri Rodrigues, Roberto Lobato Corrêa, Antônio

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Carlos Robert Moraes e Ana Fani A. Carlos) e 1 por titulação (Milton Santos, cuja formação

inicial é em Direito) –, 1 das Ciências Jurídicas (Mário Carlos Beni) e uma Turismóloga de

formação (Dóris Ruschmann). A coluna central do quadro identifica as obras/textos (autorais)

e documentos, leis, planos, programas, publicações etc. (governamental e institucional),

dando-nos uma dimensão do que foi utilizado pelos autores das dissertações para fundamentar

seus trabalhos.

Percebe-se que os geógrafos, a maioria dos “Referenciais Comuns”, são utilizados

de forma dupla: uma, na abordagem geográfica do turismo – a partir do espaço,

principalmente, mas também do território, do planejamento, entre outros conceitos e temas

correlatos, evidentes no uso de Adyr A. Balastreri Rodrigues, por exemplo. A outra, como

fundamentação das discussões no âmbito do turismo – evidentes, por exemplo, no uso maciço

de Milton Santos e de Roberto Lobato Corrêa. No caso dos autores fundamentalmente da área

turística, destaca-se entre as obras utilizadas aquelas voltadas ao planejamento e sua interface

com outros aspectos de importância, por exemplo, os ambientais (vistos em Dóris

Ruschmann); e o de turismo numa perspectiva sistêmica (de Mário Carlos Beni).

Para além desta contribuição dupla, cabe lembrar que os geógrafos presentes no

quadro atuam em áreas específicas da Geografia – o que ajuda a compreender, também, a

presença deles nos trabalhos analisados e em que aspectos teóricos eles se aproximam em

suas abordagens. Desta forma, Roberto Lobato Corrêa contribui para os estudos sobre o

Urbano; Antônio Carlos Robert Moraes contribui para a História do Pensamento Geográfico;

Adyr Apparecida Balastreri Rodrigues tem contribuição para a Geografia do Turismo; Milton

Santos contribui para o Espaço, numa perspectiva, concomitantemente, Urbana e Teórica; e

Ana Fani Alessandri Carlos contribui para os estudos do Espaço Intraurbano.

Bahia, Brasil e BAHIATURSA representam o complemento dos autores

supracitados, entendidos como o discurso oficial. Bahia, como referencial, serve de apoio

tanto à área geográfica quanto turística, o mesmo válido para Brasil. Um exemplo que integra

ambos é o PRODETUR, pensado tanto em nível nacional, mas também regional

(PRODETUR-NE) e estadual (PRODETUR-BA). O terceiro está voltado somente para o

turismo na Bahia. Há um problema na relação Bahia/BAHIATURSA, visto que alguns

autores misturaram ambos os referenciais em seus trabalhos – por exemplo, referenciando o

segundo como se fosse o primeiro. A isto se adiciona o caso da SEI, que nalguns trabalhos é

referenciada como o primeiro. Este fato gerou alguns problemas na elaboração final do

referido quadro, o que pode ter acarretado em alguma identificação errada dos mesmos.

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Deste modo, não surpreende que os geógrafos sejam majoritários no conjunto dos

“Referenciais Comuns” das 14 dissertações aqui analisadas. A presença deles contempla

também o lado turístico (que tem autores conhecidos no Brasil e que escrevem sobre o tema

em suas diversas dimensões82

), abordando diretamente o tema e sendo utilizados na

compreensão e estudo do mesmo. Este fato já estava sinalizado quando da abordagem dos

Assuntos Gerais, conforme as discussões em torno dos Quadros 7 e 8 e da Tabela 4. Por fim,

salienta-se que são da Geografia as três autoras que não compuseram os “Referenciais

Comuns” das dissertações – por não terem atingido o mínimo de 8 menções entre as 14. Com

apenas 7 menções, elas são: Rita de Cássia Ariza da Cruz, Arlete Moysés Rodrigues e Luzia

Neide Menezes Teixeira Coriolano – a primeira e a última utilizadas neste trabalho com

abordagens da Geografia do Turismo (Capítulo 2.2.3).

Com a identificação dos “Referenciais Comuns” às dissertações, finaliza-se esta

segunda parte da monografia – que envolveu, também, a compreensão do universo de 14

pesquisas direcionadas ao Turismo (Turismo é Tema), num total de 254 trabalhos, e a sua

posterior e específica caracterização. De caracterização, também, da natureza temática das

pesquisas desenvolvidas e de elencar os procedimentos metodológicos empregados nas

mesmas (no que se refere a Métodos de Abordagem e de Procedimento e às Técnicas). Passa-

se às considerações finais, que encerra a proposta de contribuição teórica desta pesquisa e

averigua se o problema foi respondido e os objetivos alcançados.

82

Como já afirmado, existem muitos mais autores, tanto de Turismo quanto de Geografia, nas referências das

dissertações. Alguns deles, quando não visualizados distintamente nas tabelas internas da Tabela 5, é porque

estão inclusos entre os “Diversos” – apenas uma obra utilizada.

Page 109: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em um trabalho desta natureza não se pode falar em conclusão, por isso, a opção

foi trazer as considerações finais acerca do que fora pesquisado e encontrado. Até porque,

tendo o ano de 2015 como o limite do período estudado, no decorrer do presente ano de 2016

(e até o final dele) já foram defendidas algumas dissertações. Além disso, relembrando que o

período 2010-2019 ainda está em curso, a continuidade deste estudo ou trabalhos

complementares a este ainda poderão ser desenvolvidos. A caracterização geral do conjunto

das dissertações será feita considerando o equilíbrio dos elementos analisados e/ou a partir da

maioria simples (mais de sete trabalhos), e as considerações a serem apresentadas referem-se

a todos os elementos descritos na Introdução desta monografia – Título/Tema, Problema e

Objetivos Geral e Específicos –, assim como a aspectos relacionados à construção da mesma.

Deste modo, A Pesquisa em Turismo na Pós-Graduação de Geografia da

Universidade Federal da Bahia, no período compreendido entre 1997-2015, se mostra pouco

representativa no Programa de Mestrado – observado o fato de que a produção de dissertações

no POSGEO é, no geral, crescente. Tal afirmação resulta do baixo percentual de estudos

voltados estritamente para a temática do Turismo – evidenciado a partir das 14 dissertações

onde este é Tema Central –, representando apenas 5,5% de um total de 254 trabalhos. Um

aspecto que reforça tal realidade é que se sobressaem os anos nos quais não foram defendidas

dissertações voltadas diretamente para o Turismo, assim como de anos em que apenas uma

defesa foi realizada – ao mesmo tempo em que a produção máxima de trabalhos sobre o

mesmo foi de apenas três.

O fato de não existir, no Programa de Mestrado, uma clara menção à Geografia do

Turismo, pode contribuir para a baixa representatividade acima mostrada. Estes trabalhos

voltados para o Turismo inserem-se nas duas Linhas de Pesquisa do Programa, uma,

abordando-o na sua relação com a organização do espaço, e a outra, na sua relação com o

meio ambiente. São, dessa forma, estudos de Geografia do Turismo por estarem preocupados,

conforme as Linhas de Pesquisa, com as implicações espaço-territoriais e ambientais da

atividade. Não se pôde mostrar, em decorrência da proposta deste trabalho, semelhanças e

diferenças (em virtude das Linhas às quais estão ligados) entre os conteúdos das dissertações

analisadas.

Claro, ressalta-se, o acima dito refere-se aos trabalhos que foram diretamente

analisados nesta pesquisa – pois existe o segundo grupo de dissertações, onde o Turismo está

Page 110: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Explícito, cujo quantitativo de publicações é mais que duas vezes superior. Neste caso, o

turismo aparece como componente dos temas pesquisados, por sua relevância e pela relação

que estabelece com os mesmos (algumas mais fortes, outras nem tanto), mas não são centrais

neste trabalho. Contribuiria, sobremaneira, de forma quantitativa, para a constatação acima

referida da pesquisa em Turismo no POSGEO, se se pudesse comparar o conjunto das 14

pesquisas (de Geografia do Turismo) com as das outras áreas da ciência geográfica – Urbana,

Regional, Geografia Histórica, Agrária, Geomorfologia, Teoria da Geografia, Climatologia

etc. Entretanto, tal comparação não foi possível de ser realizada.

No que se refere ao problema de pesquisa, procurou-se responder à seguinte

questão: qual é a natureza temática e os aspectos metodológicos que caracterizam a pesquisa

em Turismo na Pós-Graduação de Geografia da Universidade Federal da Bahia, no período

1997-2015? Desdobrando essa questão em duas partes, faz-se uma correlação com os

Objetivos a serem alcançados. Assim, quanto à Natureza Temática que caracteriza a pesquisa

em Turismo (relacionando-se com o primeiro Objetivo Específico), são identificados os

assuntos gerais e os específicos (ou especificidade do objeto).

Quanto aos primeiros, nota-se uma diversidade de assuntos, os quais não

conformam algo comum (unidade) ao conjunto das dissertações analisadas – visto que estão

muito mais voltados à pesquisa empreendida. O principal assunto geral, Produção do Espaço,

é comum a apenas três dissertações – o qual é reforçado quando consideradas as principais

palavras-chave componentes dos trabalhos (Produção do Espaço, Desenvolvimento Local e

Turismo).

O caráter geográfico e turístico dos assuntos gerais é ratificado tanto pela

Produção do Espaço (que carrega consigo o conceito principal da Geografia e as categorias de

análise desta ciência), quanto pelo Turismo (a palavra-chave que caracteriza o conjunto das

14 dissertações), os quais, juntos, configuram os dois principais grupos de palavras-chaves

contidas nas abordagens das pesquisas. No que se refere aos assuntos específicos (ou

especificidade do objeto), os estudos voltaram-se para território baiano, com certo equilíbrio

entre os níveis/abrangência urbano/municipal e local, e são caracterizados pela concentração:

têm incidência principalmente litorânea e agregam poucos Territórios de Identidade e Zonas

Turísticas. Os locais focados, evidentemente, comprovam a preferência litorânea já atestada e

não são tão diversificados.

Essa preferência pelas áreas litorâneas – e no interior, pela Chapada Diamantina –,

nos estudos desenvolvidos, não ampliam a possibilidade de um maior conhecimento e acesso

Page 111: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

ao que a atividade turística gera e provoca em outros espaços do estado. Levando-se em

consideração a existência de outras zonas turísticas, pensadas principalmente a partir das

particularidades e potencialidades de desenvolvimento e planejamento do turismo, julga-se

válido que se produzam estudos voltados para aquelas – e, ao manter-se com as já

tradicionalmente estudadas, que se revelem novos aspectos engendrados pela atividade ou as

transformações decorrentes nos antigos. Indo além de estudos cuja tônica é o levantamento de

potenciais recursos e atrativos, a ideia é que eles voltem-se para as implicações espaciais

decorrentes da atividade, identificando os contextos nos quais se inserem/inseriram;

relacionando com as diversas escalas de análise e os agentes envolvidos; e também, sem

deixar de ser um trabalho de Geografia do Turismo, na medida do possível, dialogando com

outras áreas do conhecimento.

Ressalva importante a ser feita, diante do afirmado, é que outras áreas,

municipalidades e cidades do estado já foram estudadas no POSGEO. Entretanto, por tais

dissertações pertencerem ao grupo onde “O Turismo está Explícito”, o peso da abordagem do

turismo é maior ou menor em relação ao tema pesquisado. Assim, sugere-se, inclusive

resgatando e ampliando trabalhos do mencionado grupo, que Zonas Turísticas como os Lagos

e Canyons do São Francisco, Vale do São Francisco, Caminhos do Oeste e Caminhos do

Sertão sejam alvos de estudos sob a perspectiva turística. Além da compreensão das

dinâmicas que envolvem a atividade nestes espaços, tais pesquisas podem ser desenvolvidas,

por exemplo, no contexto das cidades médias e pequenas neles existentes, e pelo fato de as 3

primeiras Zonas estarem no limite com outros estados – o que pode ser profícuo para o que se

pretender investigar.

A segunda parte do desdobramento do Problema de pesquisa volta-se para os

Aspectos Metodológicos, que, relacionados ao segundo Objetivo Específico, levam em

consideração os Métodos de Abordagem e de Procedimento empregados e as Técnicas

utilizadas nas dissertações. São, de modo geral, trabalhos caracterizados pelo não uso/menção

de um Método de Abordagem e a não-especificação direta de um Método de Procedimento,

cujas principais técnicas utilizadas foram as pesquisas bibliográfica e documental, a

observação, o questionário, o formulário e a entrevista. As análises figuram entre os

procedimentos mais mencionados no conjunto das dissertações, complementando aqueles que

são mais conhecidos.

O não uso/menção de um Método de Abordagem pode ser um indicativo da

dificuldade que os pesquisadores tinham e têm de associar os estudos a um deles. Como

Page 112: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

alternativa dupla, o fizeram/fazem para fugir de críticas quanto ao uso inadequado de algum

destes métodos, ou deixando a cargo do leitor uma provável identificação dos mesmos – tendo

por base os referenciais teóricos utilizados e os objetivos e problemas que os envolve. Quanto

aos Métodos de Procedimento, embora se tenha uma não-especificação direta como

característica, não se pode deixar de mencionar que os especificados (Histórico-geográfico e

Comparativo, primeiramente, e Estudo de Caso e Estatístico, em seguida) apontam para o que

se lê nos manuais de metodologia – a não exclusividade no uso de um método. Quanto às

técnicas, por fim, são trabalhos que de modo geral mostram as etapas que caracterizam a sua

elaboração (de gabinete e de campo) e, pela diversidade das que foram utilizadas, são

enquadradas tanto como de Documentação Direta e Indireta e Observação Direta Intensiva e

Extensiva.

Quanto à identificação dos referenciais teóricos utilizados, eles são

majoritariamente geográficos a turísticos. Os “Referenciais Comuns”, como foram

denominados, são principalmente autorais – e os outros, que compõem as esferas

governamental e institucional, conformam o discurso oficial. Sendo geográficos, estes

referenciais cumprem duas funções para os trabalhos em que foram utilizados: primeiramente,

pelas abordagens do tema turístico a partir da perspectiva geográfica, onde o espaço é o

principal conceito utilizado. Depois, pelo fato de através de suas ideias ser possível realizar

abordagens sobre o Turismo – por exemplo, para se falar em produção do espaço turístico, é

preciso se pensar nos agentes que estão envolvidos na mesma, nas intencionalidades com as

quais essa produção é pensada e posta em prática e nas contradições que são inerentes a esse

processo.

Destacam-se entre os referenciais geográficos Milton Santos e Adyr A. Balastreri

Rodrigues – o primeiro por fundamentar muitos dos estudos sobre o Turismo, principalmente

sob a perspectiva espacial, e a segunda por sustentar os estudos voltados à Geografia do

Turismo. Não é por acaso que o primeiro é utilizado em 13 das 14 dissertações e a segunda,

em todas elas. Tais destaques merecem alguns questionamentos, que se complementam e

contribuem para pensar até que ponto os autores das dissertações têm conhecimento do que

está a fundamentar, de maneira geral, os seus trabalhos. O primeiro questionamento seria o

porquê de apenas um autor da Geografia do Turismo ser um “Referencial Comum” ao

conjunto dos trabalhos? O segundo, por que, entre estes Referenciais, está Milton Santos – um

crítico, entre alguns dos existentes, da Geografia do Turismo? Isto revela que este

desconhecimento seria, também, por parte dos orientadores à época dos estudos? E, se se

Page 113: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

poderia relativizar o fato acima relatado, levando-se em conta que, em função da possível

influência das Linhas de Pesquisa, favorece-se o uso de um conjunto de autores voltados às

temáticas estudadas?

Entre os referenciais turísticos, tem-se Dóris V. M. Ruschmann, única entre os

citados com graduação na área e cujos temas têm uma inclinação ambiental, e Mário Carlos

Beni – cuja contribuição mais destacada é a da abordagem do turismo na perspectiva da

Teoria Geral dos Sistemas, onde aquele configura-se como um sistema aberto. Os referenciais

governamentais e institucionais também são importantes, pois neles se encontram

documentos, planos, programas etc. que são cruciais para o estudo de alguns dos temas

pesquisados nas dissertações – ao mesmo tempo que sustentam os autores tanto geográficos

quanto turísticos. Quanto ao discurso oficial, este é bastante utilizado se reparado o quadro

onde constam os “Referenciais Comuns” – e, diante disto, é preciso que se tenha um cuidado

com a sua excessiva utilização. Evita-se que, de maneira equivocada, e como relatado nos

estudos a respeito da definição do Turismo, que o institucional/governamental ocupe o que

deve ser feito a partir do âmbito acadêmico-científico.

Para contemplar, conjuntamente, os aspectos relacionados aos Métodos (de

Abordagem e de Procedimento) e ao Referencial Teórico utilizado (sobretudo os

“Referenciais Comuns”), ampliando-se, assim, a análise aqui empreendida, seria válida a

realização de entrevistas. Valendo-se de tal procedimento, buscar-se-ia entender o porquê da

existência de dissertações de mestrado que não usam/mencionam um Método de Abordagem

e não especificam os Métodos de Procedimento adotados. Também, qual o motivo de um

autor, crítico da Geografia do Turismo, ser um dos “Referenciais Comuns” ao conjunto das

dissertações, da mesma forma que, apenas uma autora é, entre os referenciais encontrados, da

referida área da Geografia. As entrevistas seriam direcionadas à Coordenação do POSGEO,

aos professores da disciplina de Metodologia e a ex-alunos do Programa (em especial, àqueles

onde os aspectos acima mencionados estão presentes). Entretanto, em função do tempo para a

preparação e execução do roteiro; da busca pelos possíveis entrevistados e da disponibilidade

dos mesmos; e para o tratamento e análise das informações coletadas e sua posterior

utilização neste texto, optou-se por manter as considerações aos aspectos observados no nível

em que se encontram.

Alguns dos autores utilizados como fundamentação teórica deste trabalho

contribuíram bastante, não só para o tratamento, organização e apresentação das informações

encontradas quando do levantamento das dissertações, mas também para uma mudança de

Page 114: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

pensamento no que se refere a algumas ideias e conceitos nele discutidos. No que se refere ao

primeiro aspecto, outra possibilidade de contribuição ao tratamento das informações advindas

das dissertações seria a tese de doutorado de Castro (2006) – que identificou quatro grupos de

construto conceitual a partir da análise e tematização dos trabalhos por ela estudados.

Entretanto, por ter sido encontrado quase na finalização desta pesquisa, não pôde ser inserida

como procedimento, da mesma forma que foi feito com Rejowski (1996) e Galvão Filho

(2005) – a primeira, utilizada para propor os grupos de onde foram identificadas as 14

dissertações aqui analisadas; e o segundo, utilizado para a elaboração das Fichas-Resumo.

Quanto ao segundo aspecto, há de se destacar a contribuição teórica de alguns

autores no que se refere à relação da Geografia com o Turismo (a qual precisa de maior leitura

e aprofundamento). Na distinção trazida por Castro (2006), apoiando-se também em Adyr

Balastreri Rodrigues, entre Geografia do Turismo e Geografia Turística – o que leva à

convicção de que os elementos analisados nas dissertações configuram trabalhos de Geografia

do Turismo, porque preocupados com as implicações espaciais e ambientais da atividade. E,

também, nas contribuições de Pakman (2012).

O contato com este último autor permitiu que se repensasse o posicionamento

adotado no uso da OMT como referencial para determinação conceitual, em nível de estudos

teóricos e acadêmicos, do que seja turismo – prática iniciada e adotada nas leituras ainda na

graduação de Turismo e Hotelaria, a partir de alguns autores que também o fizeram em seus

textos. Os argumentos dele sobre o fato de se usar, errônea e/ou equivocadamente, a definição

deste órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) para satisfazer algo que deve ser

realizado em âmbito acadêmico, são esclarecedoras e ajudam numa mudança de atitude. Vale

dizer, por fim, que os referenciais encontrados, no que se refere à abordagem do turismo

numa perspectiva exclusivamente Geográfica, não são tidos como únicos. É bem provável que

outros existam, mas, por não terem sido disponibilizados na Internet, não foram utilizados.

Além das dificuldades naturais que envolveram a construção deste trabalho,

outros elementos dificultadores devem ser mencionados. Inicialmente, o levantamento das

dissertações existentes no POSGEO e a posterior identificação e utilização das que serviriam

ao propósito do trabalho. Não pelo quantitativo em si, mas pelas restrições ao acesso à sala

onde elas se encontram (na secretaria do Programa) – algumas compreensíveis, outras nem

tanto – agravadas pela inexistência de exemplares na biblioteca do IGEO ou Central.

Inclusive, uma das dissertações só foi conseguida com o autor da mesma, já que não tem um

exemplar dela em nenhuma das bibliotecas e na mencionada secretaria. O horário de

Page 115: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

funcionamento da secretaria do POSGEO foi um grande empecilho ao andamento da

pesquisa.

Outro elemento dificultador foram os problemas encontrados nas dissertações

analisadas (principalmente no que se refere ao rigor normativo): desatenção quanto aos

esclarecimentos e diferenciação entre Métodos de Procedimentos e Técnicas e o uso de outros

sem uma maior explicação do que são – apenas mencionando-os; erros na formatação das

referências por eles utilizadas, dificultando, por exemplo, a identificação dos autores;

sumários extensos em algumas dissertações e com mais de um parágrafo, tornando mais

exaustiva a transcrição dos mesmos para as Fichas-Resumo.

Ao fim de todas essas considerações, (re)afirma-se que o problema de pesquisa foi

satisfatoriamente respondido e que os objetivos, tanto geral quanto específicos, foram

alcançados. Que fica para estudos posteriores, como possibilidade, a já mencionada

comparação da produção em Geografia do Turismo com as das outras áreas da Geografia –

algumas das quais muito mais representativas do próprio POSGEO. Que, espera-se,

realmente, que este trabalho contribua tanto para a Geografia quanto para o Turismo, como

mais uma evidência da proximidade que estas duas áreas possuem. Que possa servir de

referência e apoio a outros trabalhos, de ambas as áreas. E, finalmente, por não ser conclusiva,

que há a possibilidade de que esta pesquisa continue nos níveis acadêmicos superiores

(mestrado e doutorado), especificamente voltada para o Turismo – contemplando assim os

estudos desenvolvidos em outras áreas do conhecimento (incluindo a aqui trabalhada), tanto

em nível municipal quanto em nível estadual.

Page 116: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

REFERÊNCIAS

Livros e Trabalhos Acadêmicos, Impressos e em Meio Eletrônico

ANDRADE, José Vicente de. Turismo: fundamentos e dimensões. 8 ed. 9 reimpr. São Paulo:

Ática, 2008.

BARRETO, Margarita. Manual de iniciação ao estudo do turismo. 10 ed. Campinas, SP:

Papirus, 1995.

BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo. São Paulo: Editora SENAC São Paulo,

1998.

CASTRO, Nair Apparecida Ribeiro de. O lugar do turismo na ciência geográfica:

contribuições teórico-metodológicas à ação educativa. São Paulo: USP, 2006. 311 f. Tese

(Doutorado em Geografia) – Programa de Pós-Gradução em Geografia Física, do

Departamento de Geografia, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas,

Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. Disponível em:

<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8135/tde-17072007-110513/pt-br.php>. Acesso

em: 24 maio 2016.

CORIOLANO, Luzia Neide Menezes Teixeira; SILVA, Sylvio C. Bandeira de Mello e.

Turismo e Geografia: abordagens críticas. Fortaleza: Ed. UECE, 2005. Disponível em:

<http://pag.so/a/AGV/Turismo-e-Geografia-Abordagens-Criticas---Luzia-Neide-M-T-

Coriolano--Sylvio-C-B-de-M-e-Silva>. Acesso em: 20 nov. 2015.

CORRÊA, Roberto Lobato. Região e organização espacial. São Paulo: Ática, 1986.

CRUZ, Rita de Cássia Ariza da. Introdução à geografia do turismo. 2 ed. São Paulo: Roca,

2003.

DENCKER, Ada de Freitas Maneti. Métodos e técnicas de pesquisa em turismo. 2 ed. São

Paulo: Futura, 1998.

FAZENDA, Ivani Catarina A. Interdisciplinaridade: um projeto em parceria. 3 ed. São

Paulo: Edições Loyola, 1995.

Page 117: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

GALVÃO FILHO, Carlos Eduardo Pontes. A Geografia estudando o Turismo: uma análise

dos trabalhos apresentados em dois eventos geográficos nacionais, 2005. 134 f. Monografia

(Graduação em Geografia) – Universidade Estadual de Londrina. Disponível em:

<http://www.uel.br/projetos/ternopar/pages/arquivos/tcc%20Galvao.pdf>. Acesso em: 10 jan.

2016.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6 ed. 2 reimpr. São Paulo:

Atlas, 2009.

HAESBAERT, Rogério. Regional-global: dilemas da região e da regionalização na geografia

contemporânea. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.

IGNARRA, Luiz Renato. Fundamentos do turismo. 2 ed. rev. e ampl. São Paulo: Pioneira

Thonson Learning, 2003.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Regiões de

Influência das Cidades 2007. IBGE: Rio de Janeiro, 2008.

LEMOS, Amalia Ines G. de. Turismo: impactos socioambientais. 3 ed. São Paulo: Hucitec,

2001.

LENCIONI, Sandra. Região e geografia. São Paulo: EDUSP, 2009.

LIMA, Luiz Cruz; SILVA, Ângela Maria Falcão da. O local globalizado pelo turismo: Jeri e

Canoa no final do século XX. Fortaleza: EDUECE, 2004.

LOHMANN, Guilherme; PANOSSO NETTO, Alexandre. Teoria do turismo: conceitos,

modelos e sistemas. São Paulo: Aleph, 2008.

MACHADO, Cláudia Novaes. Turismo, Direito Ambiental e conflitos na produção do

espaço: o caso da Reserva Imbassaí e seu entorno, na APA Litoral Norte da Bahia. Salvador:

UFBA, 2008. 136 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Programa de Pós-Graduação em

Geografia, do Departamento de Geografia, no Instituto de Geociências, Universidade Federal

da Bahia, Salvador, 2008. Disponível em: <http://www.posgeo.ufba.br/RESUMOS.htm>.

Acesso em: 28 ago. 2016.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia

científica. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2010.

Page 118: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

______. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e

técnicas de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados. 4 ed. São Paulo: Atlas,

1999.

MONTEJANO, Jordi Montaner. Estructura del mercado turístico. 2 ed. actual. Madrid:

Editorial Sintesis, 2001.

NEVES, Karina Fernanda Travagim Viturino. Estudo da produção do conhecimento na

ciência geográfica brasileira a partir dos anais dos Encontros Nacionais de Geografia

Agrária (ENGA). Salvador: UFBA, 2010. 298 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) –

Programa de Pós-Graduação em Geografia, do Departamento de Geografia, no Instituto de

Geociências, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2010.

OLIVEIRA, Luciano Amaral. Turismo para gays e lésbicas: uma viagem reflexiva. São

Paulo: Roca, 2002.

PÁDUA, Elisabete Matallo Marchesini de. Metodologia da pesquisa: abordagem teórico-

prática. 16 ed. rev. e atual. Campinas, SP: Papirus, 2004.

PANOSSO NETTO, Alexandre. O que é turismo. 1 reimpr. São Paulo: Brasiliense, 2013.

QUEIROZ, Lúcia Aquino de. Turismo na Bahia: estratégias para o desenvolvimento.

Salvador: Secretaria da Cultura e Turismo, 2002.

REJOWSKI, Mirian. Turismo e Pesquisa Científica: pensamento internacional X situação

brasileira. 2 ed. Campinas, SP: Papirus, 1996.

RODRIGUES, Adyr A. B. Turismo e Geografia: reflexões teóricas e enfoques regionais. 3

ed. São Paulo: Hucitec, 2001a.

SAKATA, M. C. G., Tendências metodológicas da pesquisa acadêmica em turismo, 2002.

107f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação: Turismo e Lazer) – Escola de

Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002. Disponível em:

<http://www.tecsi.fea.usp.br/equipetecnologiainformacao/MSakata2.htm>. Acesso em: 08

jan. 2016.

SANTOS, Milton. Por uma nova geografia: da crítica da geografia a uma geografia crítica.

São Paulo: Hucitec; EDUSP, 1978.

Page 119: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

SCHLÜTER, Regina G. Metodologia da pesquisa em turismo e hotelaria. trad. Tereza

Jardini. São Paulo: Aleph, 2003.

SONEIRO, Javier Callizo. Aproximación a la geografía del turismo. Madrid: Editorial

Sintesis, 1991.

SOUSA, André Nunes de. Percurso historiográfico do campo disciplinar geográfico na

Bahia e em São Paulo: contribuições da Universidade Federal da Bahia e da Universidade de

São Paulo. Salvador: UFBA, 2015. 237f. Tese (Doutorado em Geografia) – Programa de Pós-

Graduação em Geografia, do Departamento de Geografia, no Instituto de Geociências,

Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015.

TACHIZAWA, Takeshy; MENDES, Gildásio. Como fazer monografia na prática. 12 ed.

Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.

URRY, John. O olhar do turista: lazer e viagens nas sociedades contemporâneas. trad.

Carlos Eugênio Marcondes de Moura. São Paulo: Studio Nobel; SESC, 1996.

YÁZIGI, Eduardo; CARLOS, Ana Fani Alessandri; CRUZ, Rita de Cássia Ariza da.

Turismo: espaço, paisagem e cultura. 3 ed. São Paulo: Hucitec, 2002.

Textos/Artigos em Livros Organizados, Revistas Científicas e Eventos, Impressos e em

Meio Eletrônico.

BLATT, Nadir; GONDIM, Patrícia Santos Cardoso. Territórios de Identidade no Estado da

Bahia: uma análise da regionalização implantada pela estrutura governamental na perspectiva

do desenvolvimento local e regional. In: Colóquio Baiano Espaços, Tempos E

Representações: Abordagens Históricas E Geográficas, Vitória da Conquista, vol. 1, n. 1

(2013). Disponível em: <http://periodicos.uesb.br/index.php/coloquiobaiano/issue/view/141>.

Acesso em: 21 ago. 2016, p. 1-19.

BORGES-ANDRADE, Jairo Eduardo. Em busca do conceito de linha de pesquisa. Rev.

Adm. Contemp., Curitiba , v. 7, n. 2, p. 157-170, abr.-jun. 2003. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552003000200009>.

Acesso em: 26 maio 2016.

CORIOLANO, Luzia Neide M. T. A utopia da sustentabilidade no turismo. In:

CORIOLANO, Luzia Neide M. T; VASCONCELOS, Fábio Perdigão. O Turismo e a

relação sociedade-natureza: realidade, conflitos e resistências. Fortaleza: EdUECE, 2007, p.

314-26.

Page 120: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

______. Apresentação. In: ______. (org.). Turismo com ética. Fortaleza: UECE, 1998, p. 7-

13.

GOMES, Paulo Cesar da Costa. O conceito de região e sua discussão. In: CASTRO, Iná

Elias; GOMES, Paulo Cesar da Costa; CORRÊA, Roberto Lobato (orgs.). Geografia:

conceitos e temas. 16 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014.

CRUZ, Rita de Cássia Ariza da. Geografia do turismo no Brasil: uma abordagem centrada na

Região Nordeste. In: LIMA, Luiz Cruz (org). Da cidade ao campo: a diversidade do saber-

fazer turístico. Fortaleza: UECE, 1998, p. 340-355.

JAFARI, Jafar. El turismo como disciplina científica. Política y Sociedad, Norteamérica, v.

42, n. 1, sep. 2005, p. 39-56. Disponible en:

<http://revistas.ucm.es/index.php/POSO/article/view/POSO0505130039A/22996>. Fecha de

acceso: 20 jan. 2016.

KNAFOU, Remy. Turismo e território: por uma abordagem científica do turismo. In:

RODRIGUES, Adyr A. B. (org.). Turismo e Geografia: reflexões teóricas e enfoques

regionais. 3 ed. São Paulo: Hucitec, 2001, p. 62-74.

LIMA, Juliana Ribeiro de; REJOWSKI, Mirian. Produção Acadêmica em Turismo e

Hotelaria no Brasil Análise da Categoria “Ensino Superior”. In: SEMINÁRIO DA

ASSOCIAÇÃO NACIONAL PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM TURISMO

(ANPTUR), 6., 2009, Conteúdo da Conferência. São Paulo. Disponível em:

<http://www.anptur.org.br/ocs/index.php/seminario/2009/paper/viewFile/181/159>. Acesso

em: 08 jan. 2016.

LIMA, Luiz Cruz. Apresentação. In: ______ (org). Da cidade ao campo: a diversidade do

saber-fazer turístico. Fortaleza: UECE, 1998.

MARUJO, Noémi. A pesquisa em turismo: reflexões sobre as abordagens qualitativa e

quantitativa. Turydes – Revista de Investigación em Turismo y Desarrollo Local, v. 6, n.

14, jun-jul 2013, p. 1-16. Disponível em: <http://www.eumed.net/rev/turydes/14/pesquisa-

turismo.pdf>. Acesso em: 07 jul. 2016.

NICOLÁS, Daniel Hiernaux. Elementos para un analisis sociogeografico del turismo. In:

RODRIGUES, Adyr A. B. (org.). Turismo e Geografia: reflexões teóricas e enfoques

regionais. 3 ed. São Paulo: Hucitec, 2001, p. 39-54.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO. Turismo: conceito e definições. In: ______.

Introdução ao turismo. dir. e red. Amparo Sancho. trad. Dolores Martin Rodriguez Corner.

Page 121: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

São Paulo: Roca, 2001.

PAKMAN, Elbio Troccoli. Sobre as definições de turismo da OMT: uma contribuição à

História do Pensamento Turístico SEMINÁRIO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL

PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM TURISMO (ANPTUR), 11., Ceará, 2014. Anais...

Disponível em: <http://www.anptur.org.br/anptur/anais/v.10/Anais/DFP1/034.pdf>. Acesso

em: 10 jan. 2016.

REJOWSKI, Mirian. Caracterização da produção científica sobre Turismo no Brasil – Estudo

documental das teses de doutorado (1990 a 2005). In: SEMINÁRIO DA ASSOCIAÇÃO

NACIONAL PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM TURISMO (ANPTUR), 7., 2010,

Conteúdo da Conferência. São Paulo. Disponível em:

<http://www.anptur.org.br/novo_portal/anais_anptur/anais_2010/arquivos/caracterizacao_da_

producao_cientifica_sobre.pdf>. Acesso em: 08 jan. 2016.

REJOWSKI, Mirian. Pesquisa em Turismo nas universidades brasileiras. Revista Turismo

em Análise, Brasil, v. 5, n. 1, p. 49-66, maio 1994. ISSN 1984-4867. Disponível em:

<http://www.revistas.usp.br/rta/article/view/63139/65929>. Acesso em: 08 jan. 2016.

REJOWSKI, Mirian; OLIVEIRA, Jurandir Chaves de. Teses em Turismo no Brasil: Categoria

Temática “Desenvolvimento do Turismo”. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS

DA COMUNICAÇÃO, 31., Natal, 2008. Anais... Disponível em:

<http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2008/resumos/R3-1166-2.pdf>. Acesso em: 08

jan. 2016.

REJOWSKI, Mirian; SOLHA, Karina Toledo. Pesquisa turística no Brasil da óptica dos

pesquisadores. In: LAGE, Beatriz Helena Gelas; MILONE, Paulo Cesar. Turismo: teoria e

prática. São Paulo: Atlas, 2000, p. 281-297.

RODRIGUES, Adyr A. B. Desafios para os estudiosos do turismo. In: ______(org.). Turismo

e Geografia: reflexões teóricas e enfoques regionais. 3 ed. São Paulo: Hucitec, 2001b, p. 17-

32.

______. Geografia e turismo – reflexões preliminares. In: ______. Turismo e espaço: rumo a

um conhecimento transdisciplinar. 2 ed. São Paulo: Hucitec, 1999, p. 37-60.

SALES, Elias Júnior Câmara Gomes. A teoria geográfica nos estudos do turismo: elementos

teórico-metodológicos. In. GODOY, Paulo R. Teixeira de (org.). História do pensamento

geográfico e epistemologia em geografia. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010, p. 277-89.

Disponível em: <http://www.geoplan.net.br/material_didatico_pesquisa_geografica.php>.

Acesso em: 18 nov. 2015.

Page 122: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

SILVA, Carlos Henrique Costa da. O turismo e a produção do espaço: perfil geográfico de

uma prática socioespacial. Geografia Ensino & Pesquisa, vol. 16, n. 2, maio/ ago. 2012.

Disponível em: <http://cascavel.ufsm.br/revistas/ojs-

2.2.2/index.php/geografia/article/viewFile/7334/4373>. Acesso em: 15 dez. 2015.

SILVA, Sylvio Bandeira de Mello e. Geografia, turismo e crescimento: o exemplo do Estado

da Bahia. In: RODRIGUES, Adyr A. B. (org.). Turismo e Geografia: reflexões teóricas e

enfoques regionais. 3 ed. São Paulo: Hucitec, 2001, p. 122-43.

THEOBALD, William F. Significado, âmbito e dimensão do turismo. In: ______ (org.).

Turismo Global. trad. por Anna Maria Capovilla, Maria Cristina Guimarães Cupertino, João

Ricardo Barros Penteado. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2001, p. 27-44.

WIDMER, Gloria Maria; MELO, Ana Julia de Souza; NERI, Airon Marcel da Silva. A

produção científica em Turismo no Estado de Pernambuco: dissertações de mestrado. In:

CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE INVESTIGAÇÃO TURÍSTICA, 5., São Paulo,

2012. Artigos... Disponível em:

<http://gtci.com.br/congressos/congresso/2012/pdf/eixo8/Widmer_Melo_Neri.pdf>. Acesso

em: 08 jan. 2016.

Textos/Informações Disponíveis na Internet.

BAHIA. Diário Oficial. Lei nº 12.933 de 09 de janeiro de 2014. Institui a Política Estadual

de Turismo, o Sistema Estadual de Turismo, e dá outras providências. Salvador: EGBA, 2014.

Disponível em: <http://dovirtual.ba.gov.br/egba/reader2/>. Acesso em: 22 ago. 2016.

BAHIA. Secretaria de Planejamento (SEPLAN). Territórios de Identidade. S.d. Disponível

em: <http://www.seplan.ba.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=17>. Acesso

em: 21 ago. 2016.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Noções básicas de

cartografia. S.d. Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/cartografia/manual_nocoes/elementos_representa

cao.html>. Acesso em: 05 maio 2016.

PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

(POSGEO). Sobre a Pós-Graduação em Geografia. Disponível em:

<http://www.posgeo.ufba.br/index.html>. Acesso em: 05 jul. 2016.

RIBEIRO, Anália Keila Rodrigues et al. Regulamento geral dos grupos de pesquisa do

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco. 2014. Disponível

Page 123: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

em: <http://www.ifpe.edu.br/campus/recife/pesquisa/grupos-de-pesquisa/regulamento-geral-

dos-grupos-de-pesquisa-do-ifpe.pdf>. Acesso em: 24 maio 2016.

SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA (SEI).

Publicações. S.d. Disponível em:

<http://www.sei.ba.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=72&Itemid=48

5>. Acesso em: 21 ago. 2016.

Page 124: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

APENDICE A – QUADRO DE PROFESSORES DO POSGEO

PROFESSORES PERMANENTES

Alcides dos Santos Caldas

Alisson Duarte Diniz

Angelo S. Perret Serpa

Antônio Ângelo Martins da Fonseca

Antonio Puentes Torres

Catherine Prost

Cristóvão de C. da Trindade de Brito

Dária Maria Cardoso Nascimento

Emanuel Fernando Reis de Jesus

Gilberto Corso Pereira

Gilca Garcia de Oliveira

Gisele Mara Hadlich

Guiomar Inez Germani

José Antônio Lobo dos Santos

Junia Kacenelenbogen Guimarães

Marco Antônio Tomasoni

Maria Auxiliadora da Silva

Noeli Pertile

Pedro de Almeida Vasconcelos

Vitor de Athayde Couto

Wendel Henrique Baumgartner

PROFESSORES COLABORADORES

Barbara-Christine Nentwig Silva

Creuza Santos Lage

Júlio César de Sá da Rocha

Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva

PROF. PESQUISADORES ASSOCIADOS

Clímaco César Siqueira Dias

Heraldo Peixoto da Silva

Neyde Maria Santos Gonçalves

Page 125: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

APENDICE B – ESTRUTURA CURRICULAR DO MESTRADO

ATIVIDADES OBRIGATÓRIAS

Tirocínio Docente

Pesquisa Orientada

Dissertação

DISCIPLINAS OBRIGATÓRIAS

Teoria e Método em Geografia

Seminários de Pesquisa Orientada

DISCIPLINAS OPTATIVAS GERAIS

Técnicas da Pesquisa em Geografia

Cartografia Temática: concepção e análise de mapas

Ensino de Geografia

Fenomenologia da Paisagem

Geopolítica Brasileira e Ordenamento do Território

Implicações das redes técnicas na constituição do território brasileiro

O Espaço Geográfico na Literatura

Planejamento Territorial

Tópicos Especiais: a depender do Planejamento Acadêmico Semestral

Técnicas da Pesquisa em Geografia

DISCIPLINAS OPTATIVAS: LINHA ANÁLISE URBANA E REGIONAL

Organização do Espaço Regional

Organização do Espaço Rural

Organização do Espaço de Salvador e sua Área Metropolitana

Produção do Espaço. Leituras Geográficas

Tópicos Especiais: a depender do Planejamento Acadêmico Semestral

DISCIPLINAS OPTATIVAS: LINHA ESTUDOS AMBIENTAIS E ANÁLISE DO

TERRITÓRIO

Organização do Espaço Regional

Organização do Espaço Rural

Organização do Espaço de Salvador e sua Área Metropolitana

Produção do Espaço. Leituras Geográficas

Tópicos Especiais: a depender do Planejamento Acadêmico Semestral

Organização do Espaço Regional

Page 126: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

APENDICE C – GRUPOS/LABORATÓRIOS DE PESQUISA DE

GEOGRAFIA

Laboratório de Estudos Ambientais e Gestão do Território (LEAGET)

Laboratório de Análise Urbano-Regional (NUAGEO)

Laboratório de Geografia dos Assentamentos Rurais (GEOGRAFAR)

Laboratório de Geografia Urbana e Regional (GEUR)

Laboratório de Produção do Espaço Urbano (PEU)

Laboratório Estado, Desenvolvimento e Território (LESTE)

Laboratório de Cartografia (LACAR)

Laboratório do Núcleo de Estudos Regionais e Agrários (NERA)

Page 127: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

APÊNDICE D – FICHAS-RESUMO DAS DISSERTAÇÕES ONDE O

TURISMO ESTÁ EXPLÍCITO

Título: Recôncavo de Camamu: identidade regional e perspectivas. Ano: 1998 1

Autora: Lorisa Maria Pinto AZEVEDO Orientador: Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva

Resumo: A dissertação intitulada Recôncavo de Camamu: Identidade Regional e Perspectivas busca construir

um referencial acadêmico para conhecimento mais aprofundado da região. Para tanto, estuda a

evolução e organização espacial, analisa a dinâmica regional presente e avalia as tendências que se

esboçam para ressaltar a problemática atual e encaminhamentos possíveis.

Para efeito do estudo, considerou-se como Recôncavo de Camamu a região constituída pelos

municípios de Camamu, Igrapiúna, Ituberá e Maraú, municípios esses banhados pelas águas da baía

homônima.

A dissertação é estruturada em quatro capítulos, além da Introdução e Conclusão. Inicialmente,

abordam-se fundamentos teóricos e metodológicos para embasamento do estudo (Capítulo 2). Toda a

caracterização regional correspondente ao entorno da Baía de Camamu é objeto do Capítulo 3, ao

qual se segue com destaque proposital, a análise da dinâmica regional presente (Capítulo 4). Com

base em tais subsídios é que se conceberam possíveis saídas, com alternativas de encaminhamento

para a questão regional.

Palavras-Chave: Região. Identidade Regional. Dinâmica Regional.

O Turismo na dissertação: Menção no Capítulo 3.1, 4.6 e principalmente no Capítulo 5.

Título: Qualidade e gestão ambiental na Bacia do Jaguaribe – Bahia. Ano: 1999 2

Autor: Ruy Muricy de ABREU Orientadora: Creuza Santos Lage

Resumo:

Esta pesquisa tem como objetivos básicos o estabelecimento da qualidade ambiental e a conseqüente

indicação de propostas para a gestão ambiental da Bacia do Jaguaribe, que se encontra localizada no

município de Salvador-Ba. Assim sendo, nos utilizamos de pressupostos oriundos da Teoria Geral dos

Sistemas, bem como dos conceitos dela decorrentes, encontrados nas abordagens geossistêmica e

ecodinâmica relacionando-os à qualidade de vida urbana. O presente trabalho está organizado em três

eixos principais, a saber: 1) um diagnóstico ambiental, em que são considerados, separadamente, os

aspectos biofísicos (potencial geoecológico) e aqueles de natureza sócio-econômica (sócio-

espacialidade); 2) uma etapa de análise ambiental, em que são realizadas integrações entre as

variáveis biofísicas e antrópicas culminando com o estabelecimento da qualidade ambiental da bacia

de estudo; 3) o estabelecimento de um zoneamento ambiental e conseqüentes propostas de gestão do

meio ambiente. O estudo revelou um preocupante estado de degradação dos recursos ambientais da

Bacia do Jaguaribe com tendência de agravamento futuro, caso não sejam realizadas as intervenções

necessárias. Apesar da identificação de questões relacionadas a conjunturas mais amplas vivenciadas

pelo País, como a falta de moradia para camadas mais pobres, desemprego, exclusão social da maioria

da população, entre outras, que trazem rebatimentos nos planos regionais e municipais, podemos

enumerar os seguintes problemas ambientais na área de estudo: intenso processo de favelização;

supressão indiscriminada da cobertura vegetal e suas repercussões no complexo geoecológico;

poluição dos recursos hídricos (fluviais e marinhos), devido a falta de saneamento básico; degradação

ambiental causada pela operação do lixão de Canabrava; ocupação ou intervenção antrópica em áreas

de preservação ambiental (dunas, mangues, margens de rios, etc.); carência de infra-estrutura urbana e

social, entre outros. Desta forma, o modelo sistêmico adotado na pesquisa favoreceu uma visão de

conjunto necessária à hierarquização e à espacialização dos problemas ambientais, permitindo a

identificação de estratégias necessárias à gestão ambiental da referida área.

Palavras-Chave: Bacia Hidrográfica. Qualidade Ambiental. Meio Ambiente.

O Turismo na dissertação: Menção no Tópico 2.2.2.2 e Capítulo 4.1.

Page 128: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Título: O Centro Histórico de Salvador e os discursos para montagem dos

cenários. Ano: 2000 3

Autora: Tania Regina Braga dos SANTOS Orientadora: Maria Auxiliadora da Silva

Resumo:

A trama dos discursos pretéritos e atuais que contribuíram para a requalificação sócio-espacial do

Centro Histórico da cidade do Salvador-Bahia, é o tema abordado nessa Dissertação de Mestrado.

Para chegar-se a um veredicto sobre as questões suscitadas, analisou-se os discursos que contribuíram

para a estigmatização e conseqüente expropriação dos moradores, além de também, buscar respostas

no recentíssimo discurso da apropriação do espaço pela atividade econômica do turismo. Levando-se

em conta a importância crucial da requalificação sócio-espacial do Centro Histórico para a

dinamização da economia baiana, a pesquisa ainda explicita as imbricações da reforma do ponto de

vista social, econômico e político, a partir do momento em que, considera as transformações como

reflexos de elucubrações aprioristicamente condicionadas na dimensão mental dos seus planejadores.

Palavras-Chave: Discursos Sócio-espaciais. Centro Histórico da Cidade do Salvador-Bahia.

Requalificação Sócio-espacial.

O Turismo na dissertação: No Resumo, menção no Tópico 3.2.2, abordagem no Capítulo 4.

Título: Cidade Alta em alta? Circuitos e cenários das dinâmicas comerciais no

Centro Velho de Salvador. Ano: 2000 4

Autora: Noora Maria HEINONEN Orientador: Pedro de Almeida Vasconcelos

Resumo:

O presente trabalho pretende analisar os circuitos e cenários das dinâmicas comerciais atuais da

Cidade Alta de Salvador, antiga zona comercial “nobre” que, após várias fases sucessivas de

desenvolvimento nas últimas décadas, ainda hoje constitui a zona comercial mais densa da cidade. No

nível prático, nosso objetivo é caracterizar as dinâmicas atuais do comércio varejista da área a partir

de três fatores interligados na formação das dinâmicas: organização das empresas; características

pessoais e profissionais dos comerciantes; percepções e opiniões dos mesmos. No nível teórico,

pretendemos discutir a validade das teorias dualistas das economias urbanas do Terceiro Mundo,

através dos resultados empíricos deste caso específico de uma área total, a Cidade Alta, que engloba

dentro de si estruturas comerciais a priori modernas – shopping centers – e tradicionais – as ruas

comerciais. Enfim, para reforçar o caráter pragmático da pesquisa, nosso objetivo é refletir sobre s

dificuldades e, por outro lado, as potencialidades da área.

A dissertação está estruturada em seis capítulos, além da introdução e da conclusão. Os dois primeiros

capítulos trazem discussões críticas, fundadas numa revisão da literatura, a primeira sendo teórica e a

segunda histórica e funcional. Os últimos quatro capítulos baseiam-se nos resultados da pesquisa de

campo, realizada em três etapas: mapeamento das atividades da área; levantamento das características

organizacionais das empresas comerciais; entrevistas com responsáveis das empresas comerciais.

As análises revelam uma Cidade Alta bastante heterogênea em todos os aspectos e internamente

hierarquizada. Os shopping centers e a Avenida Sete de Setembro representam a maior intensidade

das atividades e concentram as empresas de grande porte que servem de elo entre os espaços

comerciais. Apesar desta semelhança estrutural entre os shopping centers e certos trechos do

comércio de rua, os padrões locacionais e as estratégias das pequenas empresas, assim como as

características dos comerciantes traduzem uma dissociação dos espaços. A predominância das

pequenas empresas, a heterogeneidade quantitativa dos estabelecimentos, os problemas de infra-

estrutura e de segurança e a falta de dinamismo dos comerciantes de rua destacam-se como as

fraquezas da Cidade Alta. Por outro lado, o resgate da história, o leque extremamente variado de

atividades comerciais e serviços, e a localização num ponto de convergência dos transportes e na

proximidade de áreas turísticas deverão constituir as bases para o desenvolvimento futuro da área.

Palavras-Chave: Comércio Varejista. Área Central. Salvador da Bahia. Teorias Dualistas.

O Turismo na dissertação: no Resumo, menções em tópicos dos Capítulos e Tópico no Capítulo 6.2.

Page 129: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Título: Ilhéus, o porto e a crise regional. Ano: 2001 5

Autor: Paulo Rodrigues do SANTOS Orientador: Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva

Resumo:

Esta pesquisa volta-se para analisar as relações porto-cidade-região com o objetivo de elucidar os

fatores determinantes para a crise do porto de Ilhéus e busca avaliar sua condição, no contexto da

crise regional, de servir como fator de revitalização da economia local/regional. Combinou-se a

pesquisa quantitativa e qualitativa em Geografia com a articulação dos métodos procedimentais

histórico, estatístico, comparativo e cartográfico. A perspectiva de conceber o espaço como uma

estrutura é o princípio metodológico básico de ordenação do trabalho. A coleta quantitativa de dados

foi realizada junto à sede da Codeba em Salvador, no Centro de Documentação e no setor de

Estatística dessa instituição. Dados foram também obtidos juntos à Ceplac em Ilhéus. Os dados

qualitativos foram levantados a partir da aplicação de técnicas de trabalho de campo, como a

observação em Geografia, e a realização de entrevistas abertas e semi-estruturadas, com segmentos da

comunidade portuária de Ilhéus, com moradores de áreas impactadas pelo implemento do porto e de

áreas impactadas por operações portuárias. Pessoas de diversos segmentos da sociedade local foram

entrevistadas em função de temas como a lavoura cacaueira, o turismo, a crise regional, o bi-pólo

Ilhéus-Itabuna. A análise dos dados obtidos na pesquisa demonstrou ser a crise do porto de Ilhéus, no

que diz respeito à relação porto-cidade, decorrente de sua configuração a um modelo portuário

solidário ao regime de acumulação do Fordismo Periférico e, no que se refere à sua condição de fixo,

á sobre-determinação da crise do Sistema Portuário Nacional. Explicitou-se, no decorrer da análise, a

conformação regional ao modelo de Desenvolvimento a Qualquer Custo com graves conseqüências,

em nível local e regional, em termos ambientais, e a presença de contrições pontuais ao

desenvolvimento econômico e social regional: aspectos básicos de uma transição na economia

regional de um modelo econômico monocultor para uma estruturação mais complexa desta economia

que remete à necessidade regional de se auto-organizar em prol da endogeneização do controle do

processo econômico regional.

Palavras-Chave: Porto. Desenvolvimento. Globalização. Governança. Crise Regional. Impactos

Ambientais.

O Turismo na dissertação: No Resumo, menções nos Capítulos 5.2, 5.3 e 6.3 (principalmente este

último).

Título: Estudos de custos e benefícios em projetos ambientais sustentáveis nos

municípios que delimitam o Parque Nacional da Chapada Diamantina Ano: 2001 6

Autora: Delza Rodrigues de CARVALHO Orientadora: Creuza Santos Lage

Resumo:

A análise convencional de custo-benefício tradicionalmente considera, na avaliação de projetos,

apenas um único objetivo, o desenvolvimento econômico. Geralmente, os benefícios e custos são

avaliados através de valores de mercado. Para o processo de tomada de decisão, muito pouca

informação é tomada a respeito dos impactos ambientais, sociais, efeitos secundários e conseqüências

distributivas de projetos de desenvolvimento.

A nova proposta para a análise de custo-benefício representa um movimento na direção do enfoque

multiobjetivo. Este trabalho resume e discute esta nova abordagem, enfatizando as alternativas para a

avaliação de efeitos intangíveis (qualidade ambiental), benefício secundários (especialmente na área

de desenvolvimento regional) e impactos distributivos (sobretudo na área social), nos municípios

localizados na área do Parque Nacional da Chapada Diamantina.

Como resultado, o processo de tomada de decisão se torna mais amplo e transparente, embora

continue ainda subjetivo, facilitando a análise de troca entre objetivos diferentes e usualmente

conflitantes.

Palavras-Chave: Avaliação de Projetos. Análise de Custo-benefício. Qualidade Ambiental.

Desenvolvimento Regional. Efeitos Sociais.

Page 130: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

O Turismo na dissertação: Tópicos nos Capítulos 2, 3 e 4.

Título: Morro de São Paulo/Cairu-Bahia: uma decodificação da paisagem

através dos diferentes olhares dos agentes socioespaciais do lugar. Ano: 2002 7

Autora: Luciana Cristina Teixeira de SOUZA Orientador (a): Angelo Szaniecki Perret Serpa

Resumo:

O presente estudo propõe analisar em que nível se dá a apreensão da comunidade do povoado de

Morro de São Paulo em relação aos impactos ou transformações observadas no local a partir da

inserção do turismo no lugar, partindo da problemática que a percepção espacial não ocorre de forma

isolada do contexto de uma atividade globalizada como é o turismo, ao contrário, esta passa a ser re-

qualificada para o atendimento da reprodução social daquela atividade. Para tanto, buscamos um

cruzamento teórico-metodológico para a interpretação dos processos observados a priori no objeto de

estudo, onde procuramos estabelecer mediatizações entre as correntes fenomenológica e a dialética,

relativizando-as na discussão de alguns dos seus conceitos. A paisagem, aqui, foi a categoria de

análise eleita por conter um potencial comunicativo para além da sua percepção visual ou das formas

e objetos, cujos resultados alcançados, revelaram-se extremamente interessantes, culminando com a

construção de uma metodologia qualitativa, através da qual tentamos superar a análise parcial do fato

geográfico sem cair nos extremos do determinismo histórico ou do idealismo fenomenológico. O

turismo revela-se como fenômeno multifacetado e não meramente como atividade econômica

potencialmente forte, como é visto comumente pelos órgãos de planejamento público e pelos setores

privados. Desta forma, constatamos que se torna necessário re-avaliar o modelo de desenvolvimento

turístico implantado e refletir sobre uma outra racionalidade baseada nos princípios de

desenvolvimento humano, levando em conta não só a percepção e os anseios da população local,

como também a sua conseqüente participação nas tomadas de decisão locais.

Palavras-Chave: Turismo. Percepção. Território. Espaço Vivido.

O Turismo na dissertação: No Resumo e nas Palavras-Chave, e nos Capítulos, especialmente no

Capítulo 3 e tópicos no Capítulo 4.5

Título: Itaparica, do auge à decadência: trajetória da primeira estância

hidromineral do Brasil. Ano: 2002 8

Autor: Edno Alves SANTANA Orientadora: Bárbara Christine Nentwig Silva

Resumo:

Este trabalho foi feito com o objetivo de analisar o processo de ascensão e degradação sócio-

econômica do município de Itaparica desde os primeiros instantes da sua colonização até os dias

atuais, buscando demonstrar como as autoridades públicas federal, estadual e municipal,

comportaram-se nos diversos momentos abordados. Levando-se em conta que mesmo nos momentos

importantes do ponto de vista turístico ou mesmo residencial, a população mais carente nunca teve o

atendimento das autoridades ditas competentes, através de políticas públicas eficientes e voltadas para

atender exclusivamente à mesma por não exercerem poder de pressão diante dos governantes. Por

outro lado, procuramos demonstrar mais claramente que a ocupação do espaço dito urbano pelo Poder

Local, é uma assertiva contraditória tendo em vista que presenciamos atividades rurais em diversas

partes do município. Assim, o descaso com os menos favorecidos sempre foi uma marca na evolução

política, econômica e sócio-espacial do município.

Palavras-Chave: Políticas Públicas. Exclusão Social. Espaço Urbano. Espaço Rural. Organização

Sócio-espacial. Turismo.

O Turismo na dissertação: no Resumo, nas Palavras-chave e abordagem no Capítulo 5

Título: Carnaval de Salvador: mercantilização e produção de espaços de

segregação, exclusão e conflito. Ano: 2002 9

Page 131: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Autor: Clímaco Cesar Siqueira DIAS Orientadora: Maria Auxiliadora da Silva

Resumo:

O carnaval moderno de Salvador sucede ao entrudo no final do século XIX, adotando, de início,

modelos importados dos carnavais europeus. Entretanto, mesmo nessa fase, já conseguia imprimir sua

marca através das entidades que vinham à rua trazendo motivos africanos e que, mais tarde, seriam

conhecidas como Afoxés.

Ao longo do século XX, o carnaval foi incorporando as mais variadas manifestações culturais do

lugar, embora isso sempre tivesse sido motivo de intensas disputas de classes e de etnias. Por isso, é

possível afirmar que a festa, mesmo expressando as mais legítimas representações dos habitantes da

cidade, sempre foi um palco de intensos conflitos que resultavam em exclusões e segregações,

principalmente da população pobre e negra. A depender de fatores políticos, econômicos e de

apropriação das técnicas, no carnaval sempre se alternaram momentos em que esses conflitos se

davam com maior ou menor intensidade.

Esta pesquisa tem como objeto de análise o período que abrange desde meados da década de 1980 até

o momento atual, tendo essa escolha devido-se, basicamente, ao fato de que é nesse período que se

aguçam vários conflitos decorrentes do crescimento exponencial da festa e da sua crescente

transformação em espaço mercantil.

A definição do turismo como prioridade governamental e a expansão dos espetáculos urbanos como

forças econômicas e simbólicas de uma conjuntura denominada pós-moderna, foram também

decisivos para que o carnaval de Salvador se transformasse num dos maiores espetáculos do mundo.

Entretanto, essa transformação foi acompanhada de uma lógica que impeliu à exclusão muitos

segmentos da população, de forma muito mais intensa do que no passado, pelo fato de os grupos

econômicos ligados à produção cultural, os segmentos ligados ao trade turístico e o poder público

estadual e municipal terem se tornado os principais produtores desse espaço, adotando um modelo

homogeneizador que fragmentou o espaço carnavalesco de tal forma, que a própria dimensão da festa

e a sua pluralidade estão definitivamente ameaçadas.

Palavras-Chave: não possui.

O Turismo na dissertação: No Resumo, menções no “Capítulo 1”, abordagem no “Capítulo 2”,

menção em tópico do “Capítulo 3” e no “Capítulo 4”.

Título: Natureza, significados e impactos das romarias de Bom Jesus da Lapa-

Bahia. Ano: 2004 10

Autor: Jânio Roque Barros de CASTRO Orientador: Angelo Szaniecki Perret Serpa

Resumo:

No presente trabalho, objetiva-se analisar sob a ótica da Geografia da Religião os significados das

Romarias e seus impactos no espaço urbano de Bom Jesus da Lapa, a partir da atuação e vivência dos

romeiros, dos moradores envolvidos com o fenômeno religioso e dos comerciantes. Os santuários se

constituem em lugares especiais para os crentes católicos que se deslocam para estes espaços

devocionais para se sentirem mais perto de Deus e ao mesmo tempo procurarem solucionar problemas

da vida cotidiana, constituindo-se assim em lugares de busca, chegada e transcendência, diferindo

portanto dos espaços profanos. As cidades-santuário são consideradas unidades urbanas cuja dinâmica

é impulsionada direta ou indiretamente por romeiros que, apesar de serem atores sociais do tempo

efêmero, são os principais agentes modeladores e dinamizadores. Os conceitos de espaço sagrado e

lugar sagrado norteiam o enfoque geográfico adotado para análise da expressão espacial do fenômeno

religioso na cidade em estudo, notadamente no tempo sagrado das grandes festividades religiosas.

Para a consignação dos objetivos propostos procurou-se trabalhar com dados primários, secundários,

trabalhos de campo e entrevistas utilizando as contribuições da metodologia qualitativa. Buscou-se

fazer uma leitura do perfil sócio-econômico dos romeiros que visitam, periodicamente, a cidade de

Bom Jesus da Lapa em busca das grutas situadas no morro consideradas lugares sagrados, bem como

entender as práticas religiosas desses peregrinos e os principais impactos do sagrado no arranjo

espacial da área urbana, que teve a sua gênese ligada às peregrinações ao Santuário para onde

convergem milhares de religiosos há mais de três séculos. O estudo comprovou a existência de duas

Page 132: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

cidades: uma tranqüila, que pouco se diferencia de outras unidades urbanas do interior baiano, e outra

fervilhante, durantes as Romarias quando milhares de crentes se alojam na área urbana para visitar os

seus lugares sagrados de devoção, dinamizando o comércio local.

Palavras-Chave: Espaço Sagrado. Lugar Sagrado. Romarias. Tempo Sagrado. Romeiros.

O Turismo na dissertação: menções nos Capítulos 3, 4, 5 e 6.

Título: Organização socioespacial e transformações socioeconômicas do Núcleo

JK/Mata de São João/Camaçari/Bahia. Ano: 2004 11

Autora: Antônia Eloísa BRASIL Orientador: Angelo Szaniecki Perret Serpa

Resumo:

Este trabalho realiza um estudo geográfico da produção do Núcleo JK, situado a nordeste da cidade

de Mata de São João, nas proximidades de Salvador, Bahia, local de cultivos de verduras, frutas e

flores. Tem como objetivo, o estudo da sua organização socioespacial, ressaltando-se os aspectos das

interações internas e com os espaços do entorno. Enquanto área de produção agropecuária, faz uma

avaliação das alterações observadas desde sua fundação até a atualidade. Discute alguns fatos

anteriores à sua formação, destacando aqueles que contribuíram para a evolução de uma estrutura

agrária improdutiva. Analisa também os motivos que levaram o governo do Estado a intervir,

desapropriando terras e criando uma colônia constituída de pequenos estabelecimentos, voltados

principalmente para a produção agrícola. Dentro do tema busca fundamentação teórica no conceito de

território e termos derivados, tais como territorialidade, desterritorialidade e reterritorialidade.

Caracteriza o objeto e apresenta as questões da pesquisa, referindo-se ao conceito de espaço e

operacionalizando os de redes técnicas e sociais localmente identificadas. No entendimento do

processo de ocupação, aborda a formação do território, remetendo-se ao fenômeno das migrações para

focalizar as transformações contextualizadas histórica, política e socialmente, até as ocupações

recentes com os novos proprietários. Realiza um estudo da organização e das interações

socioespaciais do Núcleo JK com os espaços da cidade de Salvador e sua região, bem como com os

espaços de turismo do Litoral Norte. Chega à conclusão de que o NJK, apesar de espaço descontínuo

da Região Metropolitana de Salvador (RMS), dela é complementar por sua produção agropecuária.

Mas, ao mesmo tempo, encontra-se desarticulado e à margem dos recursos investidos no crescimento

econômico do setor turístico. Dessa forma, se reproduzem velas contradições da produção do espaço

social, engendradas pelos agentes governamentais e empresariais, cuja retórica se prende ao “discurso

da preservação ambiental”, indiferente ao fato de que a exclusão de muitos leva à regressão das

condições de vida da sociedade como um todo, sobretudo entre as camadas mais pobres e indefesas

das populações locais.

Palavras-Chave: Organização Socioespacial. Interações Socioespaciais. Território. Espaço. Redes

Técnicas e Sociais. Migrações.

O Turismo na dissertação: No Resumo e abordagem no Capítulo 5.5.

Título: Mudanças sócio-ambientais e desenvolvimento em Monte Gordo e

Guarajuba/Município de Camaçari-Bahia. Ano: 2006 12

Autora: Perpétua Maria Carvalho BRANDÃO Orientadora: Bárbara Christine Nentwig Silva

Resumo:

Este trabalho identifica as mudanças socioeconômicas e ambientais da vila da comunidade tradicional

pesqueira e agrícola de Monte Gordo, nos últimos 35 anos, relacionadas à urbanização de Guarajuba e

sua transformação como área de recreação, lazer e turismo, confrontando-as com as ideias de

desenvolvimento conforme as várias dimensões do de desenvolvimento implantado na região.

Contextualiza o município de Camaçari, o distrito e a vila de Monte Gordo, e a localidade de

Guarajuba, sob o ponto de vista histórico da ocupação, socioeconômico, dos aspectos culturais e

ambientais, e explica as inter-relações existentes e os impactos que atingem as duas áreas e suas

populações. Aborda os projetos de desenvolvimento local e a busca da comunidade de Monte Gordo

Page 133: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

por sua inserção no mercado de lazer e turismo. Em seguida, lista alguns dos empreendimentos

imobiliários, novas indústrias e projetos turísticos implantados ou em implantação na área, a partir

dos quais é delineada uma prognose sobre alguns dos impactos que esses investimentos estão

provocando local e regionalmente.

Palavras-Chave: Mudanças Socioeconômicas. Meio Ambiente. Desenvolvimento. Comunidade

Tradicional. Monte Gordo. Guarajuba. Ocupação. Segunda Residência. Lazer. Veraneio. Turismo.

O Turismo na dissertação: No Resumo e nas Palavras-Chave, menções nos Capítulos e abordagem

nos Capítulos 2.3 e 2.4,

Título: O Recôncavo Baiano e o seu funcionamento técnico. Ano: 2006 13

Autora: Márcia Virgínia Pinto BOMFIM Orientador: Rubens Toledo Júnior

Resumo:

O presente estudo buscou uma interpretação das implicações da modernização no Recôncavo baiano a

partir do processo de difusão dos meios geográficos na região, com ênfase nos anos a partir de 1950,

período marcado pelo surgimento e expansão do meio técnico-científico-informacional. A região do

Recôncavo foi historicamente muito importante para se iniciar e sistematizar estudos referentes à

divisão espacial da produção brasileira.

Parte-se da genealogia da formação do território do Recôncavo, com ênfase nas sucessivas

implantações de redes técnicas, associadas a diferentes períodos históricos. Os diversos tipos de redes

técnicas se expandiram e ganharam ou perderam importância na medida em que se mudava a

configuração territorial da região estudada. Estas configurações também são condicionadas pela

presença ou pelas funcionalidades das diversas redes.

Como se objetiva a compreensão do Recôncavo à luz de um instrumental teórico atualizado, se fez

uso das teorias recentemente elaboradas por Milton Santos, que é autor de um clássico estudo sobre a

rede urbana que ora analisamos. A rede urbana tem suas funcionalidades sustentadas pelas infra-

estruturas, também chamadas de redes técnicas.

As redes, entendidas como constituintes do espaço geográfico, uma instância social que possui papel

ativo e condicionante sobre as demais instâncias. Para a compreensão do uso do território do

Recôncavo, analisamos sua evolução durante diversos períodos históricos, que resultou na presente

configuração e permitiu entender seu funcionamento atual, suas especificidades, diferenciações e

desigualdades

Palavras-Chave: Rede Técnica. Rede Urbana. Meio-Técnico-Científico-Informacional.

O Turismo na dissertação: Menções no Capítulo 3.1 e 3.3.

Título: Análise socioambiental do município de Morro do Chapéu-BA baseada

em geotecnologias. Ano: 2006 14

Autora: Jocimara Souza Britto LOBÃO Orientadora: Bárbara Christine Nentwig Silva

Resumo:

Este trabalho apresenta um estudo de caso do município de Morro do Chapéu-BA onde realiza-se

uma análise socioambiental, considerando-se variáveis bio-físicas e sociais. Fundamentado nos

princípios da ecodinâmica e da Teoria Geral dos Sistemas, a fim de se obter uma visão holística,

modelou-se à vulnerabilidade natural à erosão e o processo de antropização, com a finalidade de

compreender e quantificar a evolução da vulnerabilidade ambiental, caracterizar o quadro

socioambiental para o município, bem como tabular cenários de tendência e o cenário ideal para caa

um dos dezessete geossistemas delimitados. A metodologia aplicada baseou-se em modelagens

realizadas com geotecnologias, utilizando-se as técnicas de processamento digital de imagens

LANDSAT ETM+, Sistemas de Informação Geográficas (SIG); análises multiespectrais (IMP –

Inferência Média Ponderada) e de apoio à decisão (AHP – Análise de processos hierárquicos).

Obteve-se como principais produtos: um banco de dados organizado em arquitetura de SIG; a

quantificação do processo de evolução da vulnerabilidade ambiental; o mapeamento da antropização

Page 134: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

do município; de distribuição de renda média familiar; a delimitação geossistêmica e sua

caracterização socioambiental; e, a proposição de cenários. Estes resultados além de diagnosticar e

analisar o quadro socioambiental no município, fundamentam a discussão da atuação dos três setores

sociais, e se propõem a subsidiar ações de planejamento e gestão local.

Palavras-Chave: Socioambiental. Geossistema. Geotecnologias. Vulnerabilidade Ambiental.

Antropização. Morro do Chapéu.

O Turismo na dissertação: Menções no Capítulo 5.1 e 5.2.

Título: Ações de planejamento urbano na Península de Itapagipe-Salvador/BA:

uma análise a partir da Geografia Humanístico-Cultural. Ano: 2006 15

Autora: Isabela Santos ALBUQUERQUE Orientadora: Creuza Santos Lage

Resumo:

Este trabalho analisa algumas ações do Planejamento Urbano concebidas para uma área expressiva da

Cidade de Salvador/BA: a Península de Itapagipe, através da percepção da população local,

considerando experiências e expectativas dos indivíduos acerca do seu espaço vivido. Elementos

marcantes e as principais imagens que as pessoas possuem do lugar em que vivem e da Península de

Itapagipe também são aspectos evidenciados. O referencial teórico-conceitual parte dos pressupostos

da Geografia Humanística, Cultural e da Fenomenologia, fundamentais para os trabalhos sobre

percepção ambiental. A metodologia característica de pesquisas qualitativas fundamentou-se no

estudo bibliográfico e documental; observação não-estruturada; participação de reuniões

institucionais ocorridas na área em foco; aplicação de questionários e mapas mentais; além da

realização de entrevistas com moradores representativos e técnicos planejadores. A análise proposta

possibilitou compreender a lógica das ações de planejamento concebidas, permitindo afirmar o caráter

pontual e concentrado das mesmas em bairros que possuem potencialidades, como: localização ao

longo da borda litorânea, beleza paisagística, patrimônio arquitetônico, dentre outras, capazes de

estimular o desenvolvimento da atividade turística. Além disso, constatou-se que a população não

vem sendo inserida efetivamente no processo de discussão acerca das intervenções pensadas.

Palavras-Chave: Planejamento Urbano. Península de Itapagipe. Percepção. Espaço Vivido. Imagem

Ambiental.

O Turismo na dissertação: No Resumo, menções em tópicos do Capítulos (principalmente nos

últimos).

Título: Análise socioambiental de Valença-BA. Ano: 2006 16

Autora: Cláudia Pereira de SOUSA Orientadora: Neyde Maria Santos Gonçalves

Resumo: A pesquisa tem como área de estudo o município de Valença-BA, com o objetivo de compreender a

dinâmica da paisagem e as configurações socioambientais existentes na atualidade. em um segmento

temporal de 2000 a 2005. A concepção teórico-metodológica foi embasada na Teoria Geral dos

Sistemas de Bertalanffy (1968), possibilitando a associação dos modelos de Bertrand – Geossistêmico

– (1971), Tricart – Ecodinâmico – (1974) e Monteiro – Derivações Antropogênicas – (1978), que

foram subsidiadas pelas categorias analíticas de Santos (1985), forma, função, processo e estrutura,

(1958). A utilização dos procedimentos e técnicas de geoprocessamento permitiu a elaboração do

mapa de suscetibilidade à erosão, obtendo-se assim a classificação das onze unidades de paisagem a

partir da inter-relação entre as variáveis geoecológicas (litoestrutura, compartimentação

geomorfológica, rede hidrográfica, pluviosidade, solos, cobertura vegetal, uso e ocupação do solo)

associados às variáveis socioeconômicas do Censo Demográfico do IBGE, 2000 (saneamento, renda e

escolaridade, bem como as observações de campo). Processadas estatisticamente, tornou-se analisar

os diversos graus de derivações antropogênicas intermunicipais, ratificando a inter-relação existente

entre a sociedade e a natureza, a partir da identificação de três geossistemas e seis geofácies em

diferentes estágios de evolução. Os resultados da pesquisa apontam para um processo de seletividade

Page 135: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

socioespacial manifestado entre os distritos que compõem o município e problemas de ordem

socioambiental indicativos da necessidade de diretrizes que norteiem o planejamento municipal.

Palavras-Chave: Geografia Socioambiental. Derivações Antropogênicas. Geossistemas. Valença-

BA. Geoprocessamento.

O Turismo na dissertação: Tópicos no Capítulo 4.2 e 4.3.

Título: As implicações sócio-espaciais das romarias no espaço urbano e

regional de Milagres-BA. Ano: 2007 17

Autor: Wedmo Teixeira ROSA Orientador: Rubens Toledo Júnior

Resumo:

Práticas religiosas como as peregrinações/romarias indicam experiências humanas repletas de

significados, com nítida dimensão espacial, além de contribuir para a organização do espaço e

modificar a paisagem, ainda mais quando essas práticas sociais envolvem lugares com histórias de

milagres e aparições de Santos ou da Virgem Maria. Esse é o caso de Milagres, situado no extremo

oeste da Região do Recôncavo Sul e na Região Natural do Semi-Árido baiano, entre as cidades de

Feira de Santana e Jequié, ás margens da BR-116, que, apesar da dependência econômica em relação

a essa rodovia, é um centro de convergência de romeiros, com dimensão local e regional no Estado da

Bahia, com fluxo periódico de devotos que buscam lugares sagrados para manifestarem sua fé, o que

faz com que a cidade tenha uma significativa função religiosa. Este trabalho tem como objetivo

principal analisar, com base em uma abordagem cultural da Geografia, a dimensão espacial do

fenômeno religioso das romarias/peregrinações, a partir da vivência do sagrado, além de tentar

compreender até que ponto estas práticas devocionais repercutem na região e influenciam na dinâmica

urbana de Milagres – BA. Para a realização desta pesquisa utilizou-se aqui um arcabouço

metodológico que contou com o levantamento bibliográfico e documental, trabalho direto no campo,

a fim de vivenciar e conhecer melhor o fenômeno estudado, entrevista e análise dos dados coletados.

No período de romarias, Milagres se transforma, a dinâmica urbana ganha uma nova orientação, com

intenso fluxo de romeiros e visitantes, que se estende durante o primeiro semestre de cada ano e

adquire força nas festas religiosas, quando se (re)organiza o espaço e se altera o cotidiano urbano,

(re)criando formas e (re)funcionalizando-as para atender o visitante. No período sem romarias,

notadamente no segundo semestre do ano, o cotidiano da cidade é muito parecido com o de outros

núcleos urbanos da Bahia, voltando-se então para o tempo comum. As festas e práticas religiosas

como as romarias são manifestações culturais que ocorrem na área urbana e/ou rural num tempo

sagrado, num tempo que, para o homem religioso, é qualitativamente diferente do tempo cotidiano,

que tem valor significativo e consegue aproximar o homem comum de um campo de força divino,

imprimindo ao lugar das festas uma dinâmica diferente daquela praticada nos dias comuns, tornando-

o simbolicamente importante para os visitantes. O estudo da espacialidade do sagrado, das festas

religiosas, da vivência e práticas religiosas dos romeiros, trata do estudo de práticas sociais, da

importância dos lugares e símbolos sagrados e da experiência das pessoas com o espaço.

Palavras-Chave: Espaço Sagrado. Práticas Religiosas. Romarias. Geografia Cultural.

O Turismo na dissertação: No Resumo, Tópico no Capítulo 1, menções nos Capítulos seguintes

(especialmente no Capítulo 5.2).

Título: A Região de Amargosa: transformações e dinâmica atual (recuperando

uma contribuição de Milton Santos). Ano: 2007 18

Autor: Robson Oliveira LINS Orientador: Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva

Resumo:

A Região de Amargosa no Estado da Bahia, outrora de grande importância e dinamismo, vem

sofrendo transformações sociais, econômicas e políticas ao longo do século XX. A finalidade deste

estudo consiste no entendimento das questões atuais e pretéritas que permeiam a região de Amargosa

e como esta se enquadra diante de uma nova realidade nas mudanças na forma de produzir

Page 136: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

principalmente, e nas relações no território baiano e brasileiro. Para tanto, o presente estudo toma

como base o trabalho realizado pela equipe do Laboratório de Geomorfologia e Estudos Regionais,

coordenado pelo professor Milton Santos, no ano de 1963, neste mesmo estudo o professor classificou

a região de Amargosa como uma “ilha de inércia”. Portanto, este estudo não procura somente fazer

um resgate histórico-bibliográfico, mas também consiste em uma nova análise de uma importante

porção do território baiano, até então pouco estudada, através de um estudo regional integrado, aliado

a um conjunto de informações relacionado à estrutura organizacional e funcional do espaço

geográfico, buscando particularizar a dinâmica inovativa que permeia esta região.

Palavras-Chave: Desequilíbrios Regionais. Produção do Espaço Regional. Cartografia.

O Turismo na dissertação: Tópicos no Capítulo 5.

Título: O meio natural na organização produtiva da população pesqueira

tradicional do município de Canavieiras/BA. Ano: 2007 19

Autor: Ricardo Augusto Souza MACHADO Orientadora: Bárbara Christine Nentwig Silva

Resumo:

A prática extrativista ainda mantém um papel fundamental na economia informal de diversos

municípios localizados no estado da Bahia. Esse contingente de trabalhadores informais é formado,

em sua grande maioria, por pessoas de baixa ou nenhuma escolaridade, dependentes das condições

naturais e da manutenção da qualidade de ecossistemas diversos. No contexto atual, essa atividade

encontra-se ameaçada pelo crescimento das cidades, pela expansão agrícola e pela implantação de

infra-estruturas e equipamentos, como estradas, barragens e complexos hoteleiros. Em todo o litoral

do Bahia, um número aproximado de 100.000 pessoas sobrevivem exclusivamente do extrativismo

realizado em áreas de manguezais e no seu entorno, sendo este um dos ecossistemas mais importantes

e mais ameaçados. Partindo dessa perspectiva, os objetivos centrais deste trabalho se concentram na

análise da organização produtiva da população pesqueira tradicional do município de Canavieiras,

suas relações com o ecossistema de manguezal e a determinação da importância da pesca para o

quadro sócio-econômico-ambiental do município. Durante mais de um século, Canavieiras se

destacou como um dos principais pólos produtores de cacau do Estado da Bahia, e, com o declínio

dessa atividade, vem buscando nas duas últimas décadas novas alternativas de desenvolvimento.

Contudo, as atividades desenvolvidas com o apoio de políticas públicas, principalmente as fazendas

de camarão e aquelas ligadas ao turismo, como barracas de praia, restaurantes, pousadas e hotéis, não

têm conseguido absorver uma parcela significativa da população economicamente ativa, além de

causarem impactos ambientais, especialmente ao ecossistema manguezal. Estes impactos influem

diretamente no trabalho diário da população local, que se vale dos recursos encontrados nos mangues,

no estuário e nas proximidades da costa, tendo ainda a concorrência predatória de embarcações

provenientes de outros municípios e até de outros estados do Brasil. O principal problema desta

concorrência é a utilização de métodos de captura com pouca seletividade, o que contribui para a

diminuição dos estoques naturais de pescado e a conseqüente diminuição do número de capturas e da

renda das famílias locais. Apesar de se configurar como um setor importante para o município,

aferido pelo número de pessoas que a têm como atividade principal ou complementar, a pesca

artesanal não dispõe de um plano de desenvolvimento integrado, que atue sobre a atividade como

setor de importância estratégica, tanto do ponto de vista econômico quanto da conservação da

biodiversidade local. Além disso, cumpre a função social de geração de emprego e renda.

Ambientalmente, o município se destaca por possuir uma das maiores áreas contínuas de manguezais

do estado, permeando 44 km de litoral, em uma área aproximada de 254 km², onde vivem 82% da

população, cerca de 29.000 habitantes.

Palavras-Chave: Pesca Artesanal. População Tradicional. Manguezal. Organização Produtiva.

Canavieiras.

O Turismo na dissertação: No Resumo, menções nos Capítulos 2.2, 2.3, 3.6 e 3.9.

Page 137: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Título: “Revitalização” da área do Comércio em Salvador-BA: a construção de

consensos sobre requalificação de áreas centrais urbanas. Ano: 2007 20

Autora: Jacileda Cerqueira SANTOS Orientador: Angelo Szaniecki Perret Serpa

Resumo:

A cidade constitui-se num fenômeno geográfico que, na medida em que é produzido pela sociedade,

tem a capacidade de refletir as características a ela inerentes, além dos processos espaciais

estruturadores provindos das relações ali existentes. O tema “requalificação de áreas centrais urbanas”

começou a ser discutido pela Geografia a partir da década de 1990, apear de já existirem

contribuições de outras disciplinas desde a década 1960 – quando se tornou uma tendência do

planejamento urbano. A aceleração do processo de expansão urbana da cidade do Salvador, a partir da

década de 1960, levou o lugar onde, até então, se desenvolveram atividades portuárias e

administrativo-financeiras a perder parte de suas funções para outras áreas da cidade e, com o

propósito de recuperar a dinâmica perdida, deu-se início a um processo que objetiva sua

requalificação. Sendo assim, o presente estudo analisa a importância da área central antiga de

Salvador para sua dinâmica espacial da cidade, bem como sua relevância econômica e cultural,

procurando compreender o mundo de ideias que gira em torno dos processos de requalificação de

áreas centrais urbanas, na medida em que, cada vez mais, há um direcionamento, em todo o mundo,

em função do retorno às antigas estruturas do espaço urbano que passam a ser consumidas, material e

ideologicamente, num contexto em que novos enfoques são dados à cidade e seus sub-espaços.

Palavras-Chave: Requalificação. Áreas Centrais Urbanas. Planejamento Urbano. Organização do

Espaço.

O Turismo na dissertação: Menções nos Capítulos, principalmente no Capítulo 4.

Título: Geografia e literatura: um elo entre o presente e o passado. Ano: 2007 21

Linha de Pesquisa:

Autora: Heloísa Araújo de ARAÚJO Orientadora: Maria Auxiliadora da Silva

Resumo:

A investigação da cidade do Salvador, a partir da Geografia e da Literatura, permite o recorte de

imagens produzidas em determinados tempos e contextos, realizando-se, assim, e neste trabalho, uma

análise do espaço do Pelourinho, como lugar de memórias, nas obras Suor e Jubiabá do escritor

baiano Jorge Amado, na década de 1930 e, hoje, durante o processo de requalificação, na história de

vida dos atuais moradores. Os estudos culturais vêm inaugurar um novo pensar e olhar sobre a

cidade... Correlacionou-se o olhar crítico e poético da cidade, captado por Jorge Amado, através da

apropriação do espaço percebido e sentido por ele, pois suas experiências semeiam memórias e

representações sobre este espaço. Investigou-se o espaço vivido pelos moradores da 7ª Etapa da

Requalificação, contrapondo o debate sobre o planejamento urbano, onde só nesta etapa puderam

participar. Diante do objetivo proposto, optou-se por uma metodologia de caráter qualitativo, sob a

forma documental, bibliográfica e de campo, pois parte-se do pressuposto que o lugar de memória é

aquele experienciado: dando àqueles sentimentos e significados. Os caminhos percorridos pelos

personagens da obra Suor coincidem com os da 1ª etapa de requalificação do CHS, e em Jubiabá,

com os da 4ª etapa, unindo passado e presente no cotidiano do Pelourinho. Com o estudo dessas

obras, conclui-se que não há uma única cidade: elas são múltiplas. Repensar as práticas de

requalificação, nas quais os desejos e os sonhos dos moradores são conhecidos, elevaria o homem à

condição de sujeito nesse processo. Trouxe-se uma dimensão multifacetada do Pelourinho e dos

sujeitos que o freqüentavam. Apresentou-se uma reflexão sobre a importância do lugar e do modo

com ele é percebido pelos moradores, turistas nacionais e estrangeiros e pelos órgãos públicos. Esta

pesquisa, ao percorrer os caminhos da interdisciplinaridade, visa a contribuir com o desenvolvimento

de outras tantas na linha da Geografia Humanística, bem como convidar os planejadores urbanos a

“vivenciarem” os lugares nos quais farão as intervenções. Experienciou-se, aqui, também, um

instigante e apaixonante novo desafio: a Geografia na Literatura.

Palavras-Chave: Geografia. Literatura. Pelourinho.

Page 138: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

O Turismo na dissertação: No Resumo, menções nos Capítulos, com Tópicos nos Capítulos 2 e 3.

Título: A vegetação não transformação da paisagem do Dique do Tororó Ano: 2007 22

Autor: Estênio Enrique Ribeiro de OLIVEIRA Orientadora: Neyde Maria Santos Gonçalves

Resumo:

Esta dissertação visou refletir o processo de transformação da Paisagem do Dique do Tororó, espaço

de valor significativo para a história da cidade. O olhar se voltou, principalmente, para o tratamento

dispensado à vegetação ao longo do processo histórico. O recorte temporal da pesquisa compreendeu

o início do século XIX até o ano de 1998, ocasião em que foi realizado o último projeto de

requalificação da área. Para o entendimento dessas transformações, utilizou-se o conceito de

paisagem da Geografia Cultural, bem como as categorias de análise do espaço propostas pelo prof.

Milton Santos – estrutura, processo, função e forma. As pesquisas teóricas fora realizadas, na maioria

das vezes, em A Tarde, um dos maiores e mais antigo jornais do país. Ao longo do trabalho buscou-se

explicitar como se realizou o processo de inserção da vegetação no espaço público brasileiro, bem

como todo o potencial ecológico e biológico inerentes à vegetação a ser utilizada no espaço público

das cidades contemporâneas. A pesquisa buscou também, identificar a problemática da arborização

urbana. Outro ponto abordado voltou-se para o caso específico do uso da vegetação no espaço público

da Cidade do Salvador. Por último, algumas considerações foram abordadas visando chamar atenção

para o uso racional e/ou a inserção e manutenção do verde nas cidades contemporâneas. O trabalho de

campo foi realizado através de visitas sistemáticas ao espaço recortado da cidade no período de junho

a dezembro de 2006. Tal trabalho constituiu na aplicação de questionários, realização de entrevistas,

bem como leitura direta da paisagem.

Palavras-Chave: Paisagem Urbana. Vegetação Urbana. Espaços Públicos.

O Turismo na dissertação: Menções nos Capítulos 4 e 5.

Título: Apropriação da natureza e produção do espaço no Município de

Belmonte-Bahia. Ano: 2007 23

Autor: André Pereira dos SANTOS Orientadora: Bárbara Christine Nentwig Silva

Resumo:

O presente trabalho apresenta uma caracterização dos geossistemas que compõem o território dos

municípios de Belmonte e Canavieiras através do processo de apropriação da natureza e produção do

espaço geográfico. O referencial teórico de Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro foi utilizado para

a identificação dos geossistemas e para a compreensão do processo de apropriação da natureza. O

estudo da produção do espaço geográfico teve como base a teoria Lefebvreana contida na obra de Ana

Fani Alessandri Carlos. O trabalho se concretizou através de pesquisa histórica, levantamento de

campo e cartográfico. Seus principais resultados consistem na identificação de quatro geossistemas

primitivos e nove derivados, a identificação de períodos distintos de produção do espaço e diferentes

padrões de derivação da paisagem. Por fim, mostra que, o atual estado dos geossistemas denuncia a

existência de diferentes padrões de derivação antropogênica, configurando um processo de

fragmentação espacial, a e a importância do Estado como indutor destes padrões.

Palavras-Chave: Geossistemas. Produção do Espaço. Derivações Antropogênicas.

O Turismo na dissertação: Menções nos Capítulos 3 e 4. Tópico no Capítulo 5.

Título: Políticas territoriais do Estado da Bahia: regionalização e planejamento. Ano: 2008 24

Autor: Éder Júnior Cruz de SOUZA Orientador: Rubens Toledo Júnior

Resumo:

O presente trabalho visa realizar uma análise sobre a lógica utilizada pelo governo do estado da Bahia

na formulação de suas políticas territoriais e de suas regionalizações desde a década de 1950 até os

dias atuais, procurando analisar também os principais rebatimentos espaciais de tais políticas. Para

Page 139: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

tanto optamos por realizar uma revisão bibliográfica sobre as regionalizações mais importantes nesse

períodos: Regiões Administrativas; Regiões Econômicas; Eixos Estaduais de Desenvolvimento e

Territórios de Identidade buscando vislumbrar tais regionalizações e políticas territoriais a partir dos

debates da Geografia sobre Território e sobre desenvolvimento. Por entendermos que a compreensão

sobre as políticas estaduais baianas perpassa pelo contexto nacional e internacional realizamos

também estudos sobre as visões preponderantes sobre planejamento; desenvolvimento territorial e

atuação estatal nesse período. Por fim, é realizada análise sobre as atuais políticas territoriais

nacionais, especialmente aquelas que versam sobre a Bahia, e suas congêneres estaduais a fim de

entendermos quais as principais perspectivas.

Palavras-Chave: Planejamento Regional – Bahia. Políticas Públicas – Bahia. Administração Pública

– Bahia.

O Turismo na dissertação: Menções nos Capítulos 3.2 e 4.1.

Título: Interesses na produção do espaço no litoral norte da Bahia:

Massarandupió e seu entorno. Ano: 2009 25

Autora: Maria de Lourdes Costa SOUZA Orientadora: Guiomar Inez Germani

Resumo:

Esta dissertação analisa a produção do espaço geográfico na porção costeira do Litoral Norte da

Bahia, materializada na complexidade do processo de ocupação da localidade de Massarandupió e seu

entorno, observando os diversos interesses que convivem e se conflitam dando forma e função a esse

espaço, em diferentes períodos, nas últimas quatro décadas, e em múltiplas escalas. A pesquisa se

desenvolve, na perspectiva da geografia como ciência social e crítica, por meio da análise

bibliográfica sobre o tema e sobre o referencial teórico metodológico adotado, bem como da

observação direta em campo, que conta com a realização de entrevistas, de oficinas de trabalho e da

aplicação de formulários entre os moradores. A questão central estudada – compreender como os

diversos interesses atuam historicamente no processo de produção do espaço, na localidade de

Massarandupió e seu entorno, nas últimas quatro décadas – requer tomar em consideração a

complexidade das condições objetivas e subjetivas e o caráter dialético na organização dos diversos

elementos do espaço. Espaço é entendido como resultado da inter-relação sociedade natureza através

do processo produtivo; contém história de processos anteriores e dinâmicas atuais internas

(horizontalidades) e externas (verticalidades), que se processam de forma desigual e contraditória, e

manifestam-se em termos de forma, função, estrutura e processo. Verifica-se que a ocupação dessa

faixa costeira é marcada por intervenções de processos exógenos, empreendidos pelo governo e pelo

capital, que provocam a valorização do espaço e fazem parte da dinâmica de integração ao processo

internacional de renovação da acumulação capitalista. São considerados ícones desse processo a

atividade imobiliária para fins de veraneio ou para especulação; a ocupação de terras para o

reflorestamento homogêneo e o turismo, bem como a ação e reação dos moradores antigos. Nesse

processo, “velhos” e “novos” interesses se relacionam de maneira conflituosa ou, mais raramente, de

maneira complementar. O meio de vida da população antiga e a natureza se transformam e o espaço

se (re)produz.

Palavras-Chave: Produção do Espaço. Interesses. Litoral. Verticalidades/Horizontalidades.

Conflitos.

O Turismo na dissertação: No Resumo, abordagem no Capítulo 3 (especialmente Capítulo 3.4) e no

Capítulo 4.

Título: A cidade do século XVII e o urbano de hoje: Salvador e as poesias de

Gregório de Mattos em suas permanências e rugosidades na atualidade. Ano: 2010 26

Autora: Luana Dall Agnol RIBEIRO Orientadora: Maria Auxiliadora da Silva

Resumo:

A presente pesquisa tem por objetivo a análise da Cidade da Bahia do século XVII a partir do estudo

Page 140: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

das obras de Gregório de Mattos, buscando identificar as principais permanências e rugosidades

presentes no espaço urbano da Salvador atual. Para atingir esse objetivo foram pensadas as

articulações possíveis entre a ciência geográfica e a Literatura, sendo ambas leituras da realidade. A

categoria de análise escolhida para esse fim foi o Lugar que, por sua vez, nos permite entender as

principais relações sociais, econômicas, culturais (dentre outras) que foram estabelecidas durante o

século XVII e como as mesmas foram modificadas obtendo-se a configuração atual. Entender como a

Geografia e a Literatura podem se complementar para a efetuação da análise espacial também é

colocado aqui como objetivo, a fim de promover novas interpretações interdisciplinares sobre a

realidade que nos cerca. Identificar também os principais agentes de transformação do espaço urbano

é fundamental para se compreender quais os interesses e objetivos que foram traçados para a Cidade

da Bahia. Também, é importante identificá-los, hoje, para compreender as articulações que envolvem

o urbano soteropolitano da atualidade. Assim sendo, para se entender a estrutura espacial urbana de

Salvador de hoje é imprescindível voltar a sua origem.

Palavras-Chave: Geografia. Literatura. Espaço Urbano. Salvador.

O Turismo na dissertação: Menções em tópicos do Capítulo 5.2 e no Capítulo 5.3.

Título: Orla oceânica de Salvador: um mar de representações. Ano: 2010 27

Linha de Pesquisa:

Autor: Andre Nunes de SOUSA Orientador: Angelo Szaniecki Perret Serpa

Resumo:

A relação entre homem e natureza é uma relação historicamente marcada por processos de

redefinições ideológicas, através das quais sistemas valorativos são forjados na/pela produção e

comunicação humanas, direcionando acessos físicos e simbólicos diferenciados aos objetos/recursos

geográficos. O presente trabalho volta suas atenções para a análise dos espaços litorâneos urbanos,

especificamente a orla urbana de Salvador, para demonstrar que, na atualidade, a produção de uma

imagem espetacular do litoral soteropolitano é levada a cabo por uma volumosa promoção

publicitária alimentada e difundida pelo Estado e instituições privadas, acompanhando um fluxo

global que trabalha ideologicamente paisagens escolhidas para difundir ideias de mundo

hegemônicas. A base teórico-metodológica foi trabalhada em dois momentos complementares,

iniciados pelo estudo das contradições inerentes ao processo de produção capitalista do espaço

urbano, apoiados nos autores alinhados com o materialismo histórico, seguido de uma leitura

fenomênica do homem e das coisas do mundo, capaz de nos aproximar dos anseios subjetivos dos

grupos relevantes para esta pesquisa. As representações empreendidas pelos grupos estudados

funcionaram como elo na análise das relações entre o trabalho ideológico e a produção do espaço,

mas, possibilitando também a análise das “leituras” que subvertem o discurso hegemonicamente

intencionado e expresso nas paisagens tomadas com “texto”.

Palavras-Chave: Espaços Litorâneos. Paisagens. Representações.

O Turismo na dissertação: Menções no Capítulo 2, Tópico no Capítulo 3.

Título: Gentrification no Parque Histórico do Pelourinho, Salvador-BA. Ano: 2011 28

Autor: Daniel de Albuquerque Ribeiro Orientador: Pedro de Almeida Vasconcelos

Resumo:

Gentrification é um processo urbano que ocorre em bairros históricos comumente centrais. Estando

associado às transformações desencadeadas em um momento posterior à década de 1930, o mesmo

implica a substituição de uma população de baixo poder aquisitivo por outra mais abastada. Essas

características agregam a este objeto de estudo um tipo específico de recorte espacial, temporal e

social. A presente análise sobre o processo no município de Salvador recai no Parque Histórico do

Pelourinho, que abrange três bairros tradicionais da cidade: Maciel, Carmo e Santo Antônio Além do

Carmo. Tanto o tema quanto a área de pesquisa são objetos de extrema riqueza e complexidade e,

também por esse motivo, possuem conexões com todas as escalas geográficas. Sendo assim,

Page 141: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Gentrification no Parque Histórico do Pelourinho, busca traçar um fio lógico que interliga os

fenômenos ocorridos localmente com os grandes eventos mundiais. Para as questões locais, procurou-

se observar detalhes que passam pela esfera do cotidiano, da pesquisa de casa em casa e até mesmo

dos pequenos acontecimentos. Para as questões globais, traçou-se um paralelo dos fatos históricos de

repercussão e seu desdobramento no lugar em questão.

Palavras-Chave: Gentrification. Parque Histórico do Pelourinho. Salvador. Globalização.

O Turismo na dissertação: Menções nos Capítulos e Tópico no Capítulo 3.

Título: A paisagem urbana de Cachoeira-BA: diferentes olhares e interfaces Ano: 2011 29

Autora: Adriana Santos BITTENCOURT Orientador: Wendel Henrique Bawngartner

Resumo:

A paisagem urbana é repleta de significações e experiências sociais. Ela evoca memórias e reúne uma

rede de símbolos culturais. Nesta dissertação, propomos analisar Cachoeira – uma cidade tombada

pelo seu conjunto paisagístico em 1971 e com amplos programas de preservação. O foco de análise

constituiu-se a partir das diferentes leituras que os sujeitos sociais possuem dessa paisagem e desse

patrimônio e os usos que lhe são atribuídos na contemporaneidade. Consideramos que a análise

conjunta do par paisagem e patrimônio oferece um instigante aporte teórico-metodológico para o

tratamento analítico do tema proposto, que pôde inclusive elucidar as especificidades de tais

processos na cidade em questão. Partimos do entendimento de que as diferentes culturas produzem

diferentes paisagens e que tais paisagens em Cachoeira passam pelo processo de fetichização, visto a

presença de elementos valorados pelo novo nicho de consumo: o cultural. Desse modo, buscamos

identificar como as diferentes paisagens e patrimônios são redimensionados e por vezes transmutados

à condição de produto para consumo. Nesta perspectiva, são enfatizadas algumas estratégias de

mercantilização e turistificação dos símbolos engendrados pelos diferentes entes governamentais.

Como procedimento metodológico, além da pesquisa bibliográfica, documental e entrevistas, optamos

pela utilização dos mapas mentais dada a possibilidade de elucidar as representações que os diferentes

sujeitos sociais possuem. A pesquisa evidenciou como a composição lúdica e real da paisagem urbana

de Cachoeira participa efetivamente na criação de uma imagem da cidade e como determinados

elementos da paisagem da cidade condensam memórias, valores e significados para os distintos

grupos sociais entrevistados.

Palavras-Chave: Culturas. Paisagem Urbana. Patrimônio. Cachoeira.

O Turismo na dissertação: No Resumo, menções nos Capítulos e Tópicos no Capitulo 3.

Título: O papel das fortificações no espaço urbano de Salvador. Ano: 2012 30

Autor: Marco Antônio dos SANTOS Orientadora: Creuza Santos Lage

Resumo:

Este trabalho tem por objetivo analisar o papel das fortificações de Salvador na produção do espaço

urbano e sua relevância socioespacial na contemporaneidade. A hipótese é que as fortificações de

Salvador são marcos da produção do espaço urbano, com repercussões na sua configuração espacial,

que evidenciam formas cujas funções mudaram ao longo do tempo e que, por outro lado, facilitam a

compreensão dos processos socioespaciais que lhes permitem a permanência como rugosidades.

Foram identificados e caracterizados o processo de ocupação do espaço brasileiro no século XVI; o

processo de fortificação da cidade de Salvador através das transformações e permanências entre os

séculos XVI ao XXI; as políticas públicas direcionadas à conservação das fortificações urbanas. Para

o estudo das transformações, utilizaram-se as categorias de análise propostas por Milton Santos –

forma, processo, função e estrutura. Mapas, iconografias, material colhido em trabalho de campo,

além de inúmeras literaturas foram utilizados como fonte deste estudo, que se fez na perspectiva da

Geografia Histórica. Em virtude dos fatores analisados, concluiu-se que as fortificações contribuíram

para a configuração da gênese da cidade de Salvador e que as diversas funções desempenhadas por

elas serviram de fortalecimento para a sua existência na contemporaneidade.

Page 142: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Palavras-Chave: Produção do Espaço. Geografia Histórica. Fortificações.

O Turismo na dissertação: Menções no Capítulo 4.

Título: Reativação do Canteiro de São Roque do Paraguaçu e suas implicações

territoriais nos municípios de Maragogipe e Nazaré, no Recôncavo Baiano. Ano: 2012 31

Autor: Carlos Eduardo Lima dos SANTOS Orientador: Alcides dos Santos Caldas

Resumo: No atual contexto de retomada e reestruturação da indústria naval no Brasil, a Petrobras investe

consideravelmente em pesquisas e na construção de embarcações e de plataformas, buscando atender

às novas demandas da cadeia produtiva do setor petrolífero e de combustíveis e consolidar a sua

liderança no processo de exploração e comercialização do petróleo, gás natural e seus derivados. Para

isso, novos espaços de produção são necessários, o que explica a modernização de canteiros e

estaleiros já existentes e a implantação de novos projetos no setor. Na Bahia, esses processos tornam-

se evidentes com os empreendimentos localizados no município de Maragogipe, onde houve a

reativação do Canteiro de obras da Petrobras, localizado no distrito de São Roque do Paraguaçu, e

atualmente ocorre a construção do Estaleiro Naval, de iniciativa de empreiteiras particulares,

localizado no povoado de Enseada do Paraguaçu. Os projetos desenvolvidos nesses espaços da

produção naval e de plataformas já promovem dinamização econômica e mobiliza os agentes sociais

presentes nesses territórios. O presente estudo tem como objetivo analisar e compreender o processo

de reativação do Canteiro de São Roque do Paraguaçu e suas implicações na dinâmica territorial do

distrito de São Roque e dos municípios de Maragogipe e Nazaré. Alguns procedimentos foram

essenciais para a realização deste estudo, como a pesquisa bibliográfica, a coleta de dados em campo

e instituições como prefeituras municipais e a Petrobras e a análise de documentos, destacadamente o

Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e a Agenda 21 Local de São Roque do Paraguaçu. As

obras do canteiro promovem significativas implicações espaciais e territoriais no município onde o

canteiro está instalado e nos municípios circunvizinhos, já que movimentam o comércio, os

estabelecimentos de hospedagem e alimentação, geram empregos, criam uma demanda de cursos

técnicos e profissionalizantes e induzem um processo de urbanização acelerada e a periferização,

além de contribuir para a especulação fundiária e imobiliária. A expansão das atividades e a

consolidação de um pólo naval na Bahia vêm acarretar, desta forma, rearranjos no espaço regional e

outras transformações de maior visibilidade no espaço e no território em questão.

Palavras-Chave: Território. Indústria Naval e Offshore. Petrobras. Canteiro de São Roque.

O Turismo na dissertação: Menção no Tópico 6.2.2.

Título: Políticas ambientais nas unidades de conservação do litoral baiano: a

Reserva Extrativista Marinha de Corumbau. Ano: 2013 32

Autora: Soraia Monteiro AFONSO Orientadora: Catherine Prost

Resumo:

As políticas públicas traduzem a necessidade de se pensar o espaço a partir das demandas sociais, por

isso suas diretrizes devem nortear a ação do Estado para que os recursos públicos sejam aplicados

adequadamente para toda sociedade. A política pública nasce de um conflito social e ao vivermos em

um espaço dialético e contraditório compreendemos que a luta social é necessária para que as

políticas públicas sejam legitimadoras, eficazes e, sobretudo atendam as demandas coletivas.

Pensamos que as mediações sociais buscam o mínimo consenso entre os diferentes agentes sociais,

desta maneira os resultados e benefícios destas ações devem atender grande parte da sociedade. As

políticas públicas ambientais estão assentadas na precaução e prevenção de eventos futuros, em

decorrência da ascensão da ecologia na agenda política dos estados no último quarto do século XX e

da pressão dos movimentos sociais. Contudo não é de hoje que as unidades de conservação de uso

sustentável, em especial as reservas extrativistas marinhas, enfrentam as ações engendradas pelos

agentes do capital hegemônico, que ao impor suas lógicas econômicas resume o espaço como

mercadoria. O tempo revela a omissão do Estado e do poder público e a presença de um Estado

Page 143: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

mínimo oculta a diversidade das relações sociais e espaciais, além de revelar um conflito latente que

se instaura no espaço e sobre o território. O espaço por sua vez é produzido, apropriado e re-

produzido por diferentes lógicas, que muitas vezes nos revelam surpresas, decepções, frustrações e

quem sabe esperança. O trabalho aqui desenvolvido traduz a importância de políticas públicas

ambientais para o planejamento e gestão das reservas extrativistas marinhas, de modo que as mesmas

não sejam precedentes para especulação imobiliária, valorização ou desvalorização do território.

Apesar de toda contradição contida no espaço, as reservas extrativistas marinhas podem ser um

espaço de esperança.

Palavras-Chave: Políticas Públicas. Estado. Tempo. Espaço. Reserva Extrativista Marinha.

O Turismo na dissertação: Menções no Capítulo 2.5 e Capítulo 3.

Título: As intervenções socioespaciais na Baía de Pontal – Ilhéus/BA e suas

repercussões morfogenéticas. Ano: 2013 33

Autor: Emilson Batista da SILVA Orientadora: Creuza Santos Lage

Resumo:

O presente estudo trata da temática da relação sociedade-natureza, tendo em vista as repercussões

oriundas das atividades humanas nos processos naturais. Nessa ótica, o objetivo da pesquisa foi

analisar as modificações decorrentes das intervenções sócioespaciais no processo morfogenético do

estuário da Baía de Pontal-Ilhéus/BA, avaliando as causas e conseqüências para a população local. O

espaço temporal adotado foi a partir da década de 70 do século XX até o ano de 2012. A abordagem

da pesquisa foi qualitativa, tomando como norteamento metodológico os conceitos de espaço,

paisagem e indicadores ambientais, além do Modelo Analítico Pressão-Estado-Resposta (PER). Nesse

modelo as pressões são as intervenções sociais através das atividades produtivas; o Estado são as

características atuais do ambiente; e as respostas são os projetos e ações visando amenizar as

pressões. Verificou-se que as intervenções sócioespaciais na Baía do Pontal originam-se da

construção do Porto de Ilhéus na porção norte, na degradação existente nas bacias dos rios tributários

(rios Cachoeira, Santana e Itacanoeira) e do processo de ocupação do entorno da Baía. Essas pressões

causaram alterações na dinâmica de circulação do estuário, levando-o a apresentar um Estado, em que

houve progradação da praia, intensificação no processo de assoreamento do espaço, propensão à

formação de mangues e comprometimento da qualidade da água, devido ao lançamento de esgotos.

As respostas encontradas foram: o Núcleo de Bacias Hidrográficas, sediado na UESC, o Projeto Orla,

o Projeto Sustenta Cidade, alguns Decretos municipais, a construção de uma Bacia de Capitação e

Tratamento de Esgoto e o Plano Diretor de Ilhéus no ano de 2000. Verificamos que essas respostas,

embora sejam pertinentes, não tem produzido resultados efetivos, demandando mais estudos com

recortes maiores, sobretudo porque a sociedade local vem depositando no turismo a revitalização

econômica da região depois da queda da lavoura cacaueira.

Palavras-Chave: Pressão-Estado-Resposta. Intervenções Sócioespaciais. Baía de Pontal.

O Turismo na dissertação: No Resumo, menção nos Tópicos 3.2.2 e 4.1.4 e no Capítulo 4.2.

Título: Aspectos socioespaciais da Cidade de Salvador na Primeira República: o

governo de J. J. Seabra. Ano: 2013 34

Autora: Adriana Maria Lage SILVA Orientadora: Maria Auxiliadora da Silva

Resumo:

Esta pesquisa analisa as reformas urbanas do governo de Joaquim José Seabra (1912-1916) na cidade

do Salvador, suas repercussões no espaço urbano daquela época, na dinâmica urbana atual e na

memória da cidade. A fundamentação teórico-metodológica do trabalho encontrou nos conceitos de

organização do espaço urbano, paisagem urbana, rugosidades e memória da cidade o

encaminhamento necessário para permitir a inserção desta dissertação na geografia histórica urbana e

no pensar a cidade do Salvador numa perspectiva histórica e processual. Desse modo os estudos de

SANTOS (1958/2002), CORRÊA (1989), PINHEIRO (2002) e VASCONCELOS (2002) e ABREU

Page 144: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

(2001), entre outros, ofereceram o suporte para análise e interpretação dos fatos, processos e agentes

sociais envolvidos. A pesquisa historiográfica, as entrevistas e as observações de campo completaram

o quadro metodológico do trabalho. A partir das análises efetuadas, caracterizou-se o cenário político

de conflito que permeou as reformas urbanas encetadas, identificou-se o papel do estado e das classes

abastadas como agentes sociais relevantes e as repercussões das heranças dessas reformas na memória

da cidade. Considera-se finalmente que os motores dos processos de mudança no período de governo

estudado foram a ideologia política, econômica e social reinante, e as relações entre os agentes

sociais; que a aliança política entre governos federal e estadual foi decisiva e, esteve na base do

desenvolvimento de Salvador neste período e que as reformas empreendidas são marcos na memória

da cidade.

Palavras-Chave: Organização do Espaço Urbano. Memória da Cidade. Processos e Formas

Espaciais. Fixos. Transformações e Permanências.

O Turismo na dissertação: Menções no Capítulo 4.2.

Título: A produção do espaço urbano em Cachoeira/Bahia: patrimônio cultural

no contexto dos espaços concebidos, percebidos e vividos. Ano: 2014 35

Autora: Lívia Fraga CELESTINO Orientador: Wendel Henrique Baumgartner

Resumo:

As discussões sobre as ações de preservação do patrimônio cultural nos espaços urbanos

constituem-se em um profícuo campo de investigação de pesquisa pelos desdobramentos sociais,

culturais, políticos e econômicos, pelas dinâmicas, articulações e conflitos entre os agentes

produtores do espaço. Esta pesquisa busca compreender o processo de produção do espaço

contemporâneo a partir do patrimônio cultural na cidade de Cachoeira-Ba. Será analisado como o

espaço urbano cachoeirano é produzido no contexto das ações que envolvem o campo

patrimonial com enfoque para a relação entre o espaço concebido, percebido e vivido. Nessa

perspectiva serão enfatizadas as intervenções urbanas ligadas a preservação do patrimônio

cultural com destaque para o tombamento da cidade histórica, realizado pelo IPHAN em 1971; a

aplicação das normas de preservação; os objetivos, ações e o desenvolvimento das atuais políticas

de preservação patrimonial, bem como o planejamento urbano através do Plano Diretor. Além da

investigação de como o espaço de Cachoeira é concebido principalmente pelo Estado e órgãos de

preservação patrimonial a pesquisa ainda propõe-se analisar como este patrimônio cultural é

percebido e vivido pelos cachoeiranos destacando as compreensões, vivências e os usos do

patrimônio cultural. Para elucidar os objetivos da pesquisa este trabalho está fundamentado em

um referencial teórico atrelado ao estudo de documentos, análise de programas, planos e projetos

relacionados ao patrimônio cultural de Cachoeira, acervo jornalístico local e entrevistas com

gestores públicos e técnicos ligados aos órgãos de preservação patrimonial, além da pesquisa de

campo baseada em entrevistas qualitativas com moradores, uso de enquete e o desenvolvimento

de um grupo focal. A análise sobre a produção do espaço em Cachoeira revela que as ações de

patrimonialização promovido pelo espaço concebido almeja a normatização do espaço

patrimonial e busca principalmente inserir a cidade histórica nos circuitos turístico via

patrimônio, contudo a análise ainda revela outras interfaces, articulações e conflitos entre os

espaços percebidos e espaços vividos.

Palavras-Chave: Produção do Espaço Urbano. Patrimônio Cultural. Cachoeira-BA.

O Turismo na dissertação: No Resumo, menções nos Capítulos 1, 2, 3.3, 3.4 (especialmente,

abordagem no Tópico 3.4.1) e 5.

Título: O poeta, a cidade e o desassossego: percepção espacial e paisagem na

prosa poética de Fernando Pessoa. Ano: 2015 36

Autora: Thalita Xavier Garrido MIRANDA Orientadora: Maria Auxiliadora da Silva

Page 145: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Resumo:

Desde a renovação da Geografia Cultural na década de 1970, a relação entre geografia e arte tem se

estreitado e esse diálogo vem se reafirmando como uma possibilidade legítima de discussão e análise

sob o viés do olhar geográfico. Dentro desse contexto a literatura aparece como fonte de informações

preciosas para geógrafos interessados em aprofundar a investigação da relação entre sujeito e espaço

geográfico. Além de possibilitar ao leitor uma ampliação da experiência de mundo, algumas obras

literárias permitem uma reflexão sobre a percepção espacial como experiência sensorial múltipla.

Esse é o caso do Livro do desassossego, de Fernando Pessoa. O grande poeta português passou a

maior parte da vida inspirado pela cidade de Lisboa, tendo sido sua obra profundamente marcada pela

vivência desse espaço urbano. Na sua combinação de palavras, os sintomas da modernidade saltam

aos olhos do leitor através da descrição do cotidiano da cidade e de paisagens compostas por cheiros,

cores e sons percebidos pelo poeta. Neste trabalho, busca-se interpretar de que maneira a dimensão

espacial é ilustrada na prosa poética do Livro do desassossego. A proposta é ampliar o diálogo entre

geografia e literatura com uma abordagem fenomenológica, além de reforçar a importância de

considerar o aspecto subjetivo da realidade em estudos que pretendem analisar espaços urbanos

através da percepção de seus habitantes.

Palavras-Chave: Fernando Pessoa. Geografia. Literatura. Paisagem.

O Turismo na dissertação: Menção no Capítulo 2.1, no Tópico 4.6.1, e abordagem no Capítulo 5.3.

Título: O marketing territorial nas indicações geográficas: um estudo da

denominação de origem Vale dos Vinhedos. Ano: 2015 37

Autor: Marcel Azevedo Batista D’ALXENDARIA Orientador: Alcides dos Santos Caldas

Resumo:

As empresas, tanto as públicas como as privadas, estão constantemente em busca de estratégias que

auxiliem no desenvolvimento dos municípios, das regiões e do Estado. Tais estratégias pautam-se na

elaboração de alternativas mercadológicas para inserção e sobrevivência das empresas nos mercados

altamente competitivos. Elementos da natureza como rios e cachoeiras, bem como produtos, serviços,

festas, gastronomia e outros elementos culturais, podem remeter à lembrança de um local.

Champagne na França destaca-se pela produção de vinhos; O Rio grande do Sul destaca-se pela

produção de vinhos. A construção histórica do produto, a tradição em produzi-lo e o saber fazer, neste

caso relacionados à produção de vinho, fazem parte de um referencial no cotidiano dos moradores do

município de Bento Gonçalves – RS. O Vale dos Vinhedos corresponde a uma área situada na região

da Serra Gaúcha, que pode ser denominada como território dos vinhos, onde estão inseridos parte dos

municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul. Em 25 de setembro de 2012, o Vale

dos Vinhedos obteve o registro de Denominação de Origem (DO). A DO encontra-se localizada nos

municípios de Bento Gonçalves (61,07%), Garibaldi (33,49%) e Monte Belo do Sul (5,44%).

Empresas privadas e o poder público, cada um com graus diferentes de influência, passam a explorar

esses elementos singulares e deles se apropriar, utilizando-os, algumas vezes, como um diferencial

competitivo no mercado. Regiões, territórios, lugares buscam na atual fase do capitalismo diferenciar-

se uma das outras. Desse modo, o saber fazer,a singularidade e as tradições históricas agregam valor

ao produto final e se tornam fatores determinantes em uma promoção territorial. Este referido

trabalho tem como objetivo geral analisar a Denominação de Origem Vale dos Vinhedos, na área que

compreende Bento Gonçalves, por meio do composto de marketing territorial (produto, preço, praça e

promoção). O saber fazer perpassa os métodos de elaboração, insere-se em uma construção histórica

do lugar, na vocação do território em produzir algo e gera um sentimento de pertencimento por parte

da população. Esses elementos fazem parte da construção do valor de um bem, e a ferramenta do

marketing territorial torna-se um elemento para a promoção do território. As paisagens das vinícolas

são usadas como cartão postal, elemento na divulgação em panfletos. Outros fomentadores do

território, como donos de estabelecimentos, criam elementos para enaltecer a imagem do município

de Bento Gonçalves como a capital do vinho. Elementos como igreja em formato de vinho, placas de

sinalização com os dizeres de “região da uva”, servem de base para a promoção do território.

Palavras-Chave: Denominação de Origem. Marketing Territorial. Saber Fazer. Singularidade.

Page 146: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

O Turismo na dissertação: Menção nos Capítulos 2.1, 2.3, Capítulo 4 (especialmente com

abordagem no Capítulo 4.7).

Título: Mapeamento de unidades ambientais e evolução do uso da terra na

Bacia do Rio Punhaí Litoral Norte (BA). Ano: 2015 38

Autor: Ricardo Acácio de ALMEIDA Orientador: Alisson Duarte Diniz

Resumo:

Este trabalho teve como principal objetivo mapear as unidades ambientais e estudar a evolução do uso

e ocupação da terra na bacia do Rio Punhaí, no litoral norte da Bahia. Para se alcançar os objetivos

propostos foram realizadas interpretação de imagens de satélite, ortofotos e fotografias aéreas dos

anos 1959, 1993 e 2011. Além disto, foram realizados trabalhos de campo para aferição dos mapas

preliminares, atualização das informações de uso da terra e caracterização dos solos e relevo. Assim,

com a utilização do conceito de Landsystem, sete unidades ambientais foram criadas: UAm1 -

Planícies e Terraços com Neossolos Quartzarênicos. Ocupação Urbana; UAm2 - Planícies e Terraços

com Neossolos Quartzarênicos. Extração de Areia; UAm3 – Colinas Suavemente Convexas,

Conectadas aos Terraços e Planícies. Neossolos Quartzarênicos/Espodossolos. Extração de Areia;

UAm4 - Topos Planos a Ligeiramente Ondulados com Vertentes Suavemente Convexas. Latossolos

Vermelho-Amarelos com presença de petroplíntita. Uso Agrícola; UAm5 - Colinas Convexas com

Topos Convexos em Relevo Suave Ondulado a Ondulado. Latossolos Vermelho-Amarelos.

Vegetação de Mata Secundaria; UAm6 - Colinas Convexas com Topos Convexos em Relevo

Ondulado a Forte Ondulado. Latossolos Vermelho-Amarelos. Vegetação de Mata Secundária; UAm7

- Colinas Convexas com Topos Largos, Planos a Suavemente Ondulados e Alongados. Vales mais

Encaixados com Mata de Galeria. Latossolos Vermelho-Amarelos. Silvicultura e Pecuária Extensiva.

A partir da interpretação dos mapas produzidos, observou-se uma intensa urbanização na bacia do rio

Punhaí, especialmente a partir da década de 1970. Tal urbanização foi de jusante, próximo ao distrito

de Barra de Pojuca, para montante da bacia, na direção do distrito de Monte Gordo. Assim, as

unidades ambientais que apresentaram as maiores transformações entre as décadas analisadas, assim

como os maiores impactos negativos frente à urbanização, foram as de relevo plano e suavemente

ondulado, principalmente em áreas com solos arenosos (Neossolos Quartzarênicos).

Palavras-Chave: Litoral Norte da Bahia. Unidades Ambientais. Uso e Ocupação da Terra. Impactos

Ambientais.

O Turismo na dissertação: Menção no Capítulo 6.7.

Page 147: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

APENDICE E – FICHAS-RESUMO DAS 14 DISSERTAÇÕES

ANALISADAS

Título: Em busca do paraíso: a (eco)lógica, a gestão do território e o turismo

em Praia do Forte.

Data:

16/12/1998 1

Autora: Lirandina GOMES SOBRINHO Orientadora: Regina Celeste de Almeida Souza

Resumo:

Este estudo propõe analisar o modelo de gestão territorial implantado em Praia do Forte, que tem

como pressupostos básicos a preservação e a conservação dos recursos naturais, a parceria e a

cooperação entre todos os agentes envolvidos no processo do desenvolvimento. Baseado no discurso

ecologista e na auto-sustentabilidade, esse modelo de gestão mostra-se, num primeiro momento,

contraditório e ambíguo. Sendo assim, busca-se analisar as contradições entre aquilo que é proposto,

pelos agentes econômicos e a prática efetiva do referido modelo, observando a sua materialização na

produção e organização do espaço e a conseqüente relação com a gestão do território. Dada a

complexidade do tema, a construção dessa pesquisa e apreensão dos processos foi possível através de

análise da matriz discursiva e das relações sociais entre os diversos agentes, da análise do zoneamento

ecológico-econômico e da carta de uso e ocupação do solo, do levantamento e análise dos diversos

acordos e convênios firmados entre os agentes hegemônicos e da análise do modelo de

desenvolvimento turístico. Os modelos turísticos propostos, na prática, mostraram-se incompatíveis e

conflitantes. A forma de inserção da comunidade ao projeto e os benefícios gerados pela atividade

turística não correspondem ao discurso promovido pelos agentes hegemônicos. Na realidade, quem,

efetivamente, usufrui dos benefícios são os empresários e os novos habitantes. Constatou-se que, o

discurso ecologista é utilizado, ideologicamente, pelos agentes hegemônicos como marketing e forma

de atrair investidores no qual a natureza e os recursos naturais são transformados de um lado em

elemento mítico e sacralizado e, do outro, em mercadoria que pode ser consumida de forma direta e

indireta.

Palavras-Chave: Ecologismo. Gestão do Território. Conflito. Contradição.

Título: Alterações socioambientais resultantes do turismo: o exemplo de

Imbassaí e Porto Sauípe – Litoral da Bahia. Data:

12/05/1999 2

Autora: Ednice de Oliveira FONTES Orientadora: Creuza Santos Lage

Resumo:

Esta pesquisa tem como objetivos principais analisar o comprometimento e as transformações sócio-

ambientais da área do Litoral Norte da Bahia, com base no novo ciclo de desenvolvimento sócio-

econômico e cultural resultante do turismo tomando-se como exemplo os povoados de Imbassaí e

Porto Sauípe. As diretrizes que nortearam o desenvolvimento do presente trabalho, fundamentam-se

no modelo de análise ambiental, proposto por Monteiro (1976) e nas análises sobre apropriação do

espaço aplicada por Casseti (1991). O trabalho foi construído em quatro etapas: 1) levantamento de

documentação e informações a respeito do tema e da área de estudo em questão; 2) integração entre as

variáveis básicas, visando a obtenção de uma lógica sistematizada para o trabalho; 3) análise do

Complexo Turístico de Sauípe, o primeiro do gênero na América Latina e dos impactos que estão

sendo gerados com a sua implantação; 4) a elaboração de dois mapas, um que expressa a qualidade

ambiental atual do trecho entre Imbassaí e Porto Sauípe o outro é uma redefinição do zoneamento

ecológico-econômico realizado pela Conder (1992), finalizando com um corpo de sugestões

necessárias para que o desenvolvimento dessa área possa vir a ocorrer nos moldes do

Desenvolvimento Sustentável. Esta pesquisa revelou uma enorme complexidade de conflitos

institucionais, uma superposição entre as funções exercidas pelos órgãos ambientalistas responsáveis

pela fiscalização e cumprimento da legislação ambiental vigente no Estado, deixando clara a

necessidade da continuação de pesquisas nessa área de estudo em diferentes escalas.

Page 148: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Palavras-Chave: Alterações Ambientais. Turismo. Apropriação do Espaço.

Título: Piemonte da Chapada Diamantina: turismo e desenvolvimento

local/regional.

Data:

10/12/1999 3

Autora: Carmélia Ana Amaral de SOUSA Orientador: Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva

Resumo:

Esta pesquisa trata inicialmente das possibilidades que o turismo pode proporcionar ao

desenvolvimento local/regional no Estado da Bahia. Na primeira etapa, identifica-se o potencial

turístico da região, define-se a qualidade da oferta turística e analisam-se as possíveis ações

estratégicas para o turismo relacionado com o desenvolvimento local. Na segunda etapa, estuda-se o

papel e as ações dos atores sociais e as repercussões sobre o turismo e o desenvolvimento

local/regional. Na terceira etapa, amplia-se a discussão sobre turismo e desenvolvimento, concluindo-

se com a sugestão de um modelo turístico para o Piemonte da Chapada Diamantina.

Palavras-Chave: Turismo. Oferta Turística. Conservação. Atores Sociais. Desenvolvimento Local.

Título: Turismo em área periférica protegida: o caso de Lençóis e arredores,

Chapada Diamantina. Data:

12/02/2001 4

Autora: Angela LEONY Orientador: Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva

Resumo: Esse trabalho trata do estudo da dinâmica espacial de uma região turística periférica e protegida,

localizada na Chapada Diamantina – estado da Bahia. Ao delimitar a área, optou-se pela cidade de

Lençóis e arredores. Hoje, importante e crescente pólo turístico, conhecido internacionalmente.

Iniciando com um levantamento bibliográfico, esse trabalho fundamenta-se na Geografia do Turismo

bem como nos conceitos de percepção da paisagem, centralidade, proteção legal e Ecoturismo,

complementados por dados de pesquisas feitas diretamente em estruturas turística do Brasil e na

Europa. Depois é feita uma contextualização da estrutura espacial da região considerada a base da sua

vocação turística, levantando, em seguida, os programa e projetos que levaram à implantação do

turismo local, como o Circuito do Ouro e do Diamante, este último de forma mais detalhada por

contemplar a cidade de Lençóis e arredores. Em seguida, identificam-se e mapeiam-se as áreas de

maior visitação turística notando-se que o entorno de Mucugê e o Vale do Capão surgem como novos

subcentros e vetores de crescimento do turismo regional. Continuando, descreve-se e localiza-se a

atual infraestrutura turística da cidade de Lençóis, bem como se definem os principais agentes do

turismo local, sendo eles os proprietários de negócios turísticos, os moradores, os representantes do

poder público, os membros de ONG’s e os turistas. A seguir, traçam-se seus perfis utilizando para

isso questionários e entrevistas que, após análise dos dados, trás informações relevantes como a

diferença no conceito de Ecoturismo entre os turistas brasileiros e estrangeiros. Os primeiros

entendem o Ecoturismo como uma mera visitação à natureza com alguns cuidados ambientais e

considera a visita a Lençóis como tal. Por outro lado, os estrangeiros vinculam a posturas

ecologicamente corretas, não identificando em Lençóis esse estilo de turismo. Como fruto da análise

desses e de outros resultados do trabalho conclui-se que o Ecoturismo, apesar das divergências

conceituais, pode ser um valioso instrumento para a melhoria da qualidade ambiental e de vida das

comunidade locais, e, se for implantado de forma planejada e participativa, com orientação clara e

objetiva, pode ser uma opção ecologicamente correra e economicamente viável para áreas turísticas,

periférica e protegidas, principalmente em um país, como o Brasil, de enorme potencial ambiental e

cultural e características socioeconômicas peculiares.

Palavras-Chave: Área Protegida. Área Periférica. Brasil. Centralidade. Chapada

Diamantina. Ecoturismo. Lençóis. Turismo.

Page 149: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Título: Turismo e reestruturação espacial: o exemplo da Região de Valença. Data:

20/12/2001 5

Autor: Jorge Luis de ANDRADE Orientador: Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva

Resumo:

Com o aprofundamento do processo de globalização, o turismo se impõe como uma das principais

forças transformadoras do espaço geográfico no âmbito mundial. No Brasil, essa atividade tem

promovido um amplo processo de reestruturação espacial, sobretudo no litoral onde estão

concentrados os principais atrativos. Nesse contexto, os governos federal e estadual têm

desempenhado um papel primordial. Na Bahia, os espaços litorâneos e a Chapada Diamantina

experimentam inúmeras transformações com o desenvolvimento das atividades turísticas,

especialmente durante a década de 1990, quando da implementação do Programa de

Desenvolvimento Turístico do Estado da Bahia – PRODETUR/BA. Na presente dissertação, analisa-

se as transformações produzidas pelo turismo na região de Valença que compreende os municípios de

Valença, Cairu, Taperoá, Nulo Peçanha, Ituberá, Igrapiúna e Camamu, no Litoral Sul da Bahia. Para

tanto, considera-se como pressuposto a ideia de que o turismo, nacional e internacional, constitui-se

num dos mecanismos responsáveis pela reestruturação da dinâmica local e regional. Nessa

perspectiva, evidenciam-se as transformações físico-espaciais, econômicas, demográficas,

socioculturais e ambientais resultantes da expansão do turismo na região de Valença, a partir da

década de 1980.

Palavras-Chave: Valença. Turismo. Espaço Geográfico. Região. Reestruturação Espacial.

Título: A política do turismo na Bahia e a apropriação do espaço litorâneo:

exemplo de Itacaré. Data:

24/04/2002 6

Autora: Ariadna da Silva BANDEIRA Orientadora: Creuza Santos Lage

Resumo:

A importância da atividade do turismo e de suas políticas públicas direcionadas para o setor já são

reconhecidas mundialmente. No Brasil, o turismo tornou-se mais expressivo a partir da década de

1990, com a ampliação dos fluxos turísticos nacional e internacional. Nesse período, foi sistematizada

a Política Nacional de Turismo, para assegurar o desenvolvimento desse setor de atividade. Na Bahia,

a política de turismo apropriou-se do discurso da sustentabilidade e se materializou a partir da

implementação de programas e projetos que contemplaram aspectos relativos às questões ambientais.

Esta dissertação objetiva analisar as estratégias da política governamental para a atividade do turismo

no Estado da Bahia e suas repercussões socioambientais no município de Itacaré, localizado na Zona

Turística Costa do Cacau. Nessa perspectiva, constatou-se que o Governo da Bahia atuou em Itacaré

como “indutor” do processo de desenvolvimento turístico, criando infra-estruturas e delegando à

iniciativa privada a função de ordenamento do território. Como resultado, os diferentes segmentos da

população local se beneficiaram de forma desigual das oportunidades decorrentes da atividade do

turismo.

Palavras-Chave: Política de Turismo. Estratégias. Turismo. Repercussões Socioambientais. Itacaré.

Título: Ecoturismo e sustentabilidade: uma perspectiva de desenvolvimento

local na Região da Baía de Camamu. Data:

29/03/2004 7

Autor: Joilson Cruz da SILVA Orientador: Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva

Resumo:

O turismo ecológico tem se apresentado para os municípios de Camamu, Igrapiúna, Ituberá e Maraú -

situados no entorno da baía de Camamu - como uma alternativa para o desenvolvimento integrado da

região. O turismo é hoje considerado a única opção de crescimento econômico, capaz de possibilitar

um desenvolvimento alicerçado em uma sustentabilidade econômica, cultural e sócio-ambiental para

a região e suas diferentes localidades. A população local dessas comunidades envolvidas pode vir a

beneficiar-se deste processo de desenvolvimento, uma vez que devidamente organizada pode intervir

Page 150: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

83

Ruschmann, conforme consta nas referências deste autor.

no modelo de gestão governamental, buscando, com isto, priorizar e atender os seus anseios e

reivindicações mais prementes. O desenvolvimento sustentável se apresenta como um paradigma

importante para a região, que tem convivido ao longo do tempo com atividades econômicas que

provocam um alto impacto ambiental, como a extração mineral de bauxita e ilmenita e a futura

exploração de petróleo e gás na baía de Camamu, atividades estas que podem colocar em risco o

desenvolvimento de atividades econômicas já arraigadas na cultura da comunidade local, como a

pesca, coleta de mariscos e caranguejos, além de impedir a expansão do ecoturismo e do turismo

náutico nas paradisíacas localidades do entorno da baía de Camamu e da península de Maraú

Palavras-Chave: Turismo Ecológico. Desenvolvimento Local. Baía de Camamu. Sustentabilidade.

Título: A produção do espaço turístico da Baía de Todos os Santos e

entorno. Data:

31/03/2004

8

Autora: Anaildes Tatiane Pinho da SILVA Orientador (a): Neyde Maria Santos Gonçalves

Resumo:

Este estudo trata da configuração territorial do espaço turístico da Baía de Todos os Santos e entorno,

(BTSe), a partir da análise dos fixos e fluxos produzidos ou consumidos pelo turismo. nesta análise,

observou-se a configuração territorial em duas dimensões: a produzida por planos e projetos turísticos

do poder público e a do espaço do empírico produzido pelos profissionais do turismo.

A pesquisa observou que a proposta anunciada é sempre a de contribuir para a integração dos

municípios, reforçando a economia local e a identidade existente às cidades do Recôncavo, para

promoção de um turismo responsável e sustentável, entretanto, esta integração não é observada na

configuração existente, inexistindo cuidados quanto as possibilidades de complementaridades entre

seus sub-espaços e suas diversas atividades, mostrando-se, assim ambíguo e contraditório, atendendo

a interesses individualizados de seus municípios e agentes.

Palavras-Chave: Configuração Territorial. Planejamento. Articulação.

Título: Produção e consumo do turismo em Salvador: uma análise da

sustentabilidade turística. Data:

23/04/2004

9

Autor: Frederico Naasson Bomsucesso SOARES Orientadora: Creuza Santos Lage

Resumo:

Esta pesquisa analisa a produção e o consumo turístico de Salvador, e a caracterização da sua

sustentabilidade, com base nas infra-estruturas, nos atrativos, nas facilidades e nas acessibilidades. A

sustentabilidade será vista de maneira objetiva através das fontes de informações que irão nortear o

planejamento e o marketing de um destino, bem como o estudo do comportamento do consumidor. A

determinação de colocar a atividade turística como mercadoria, como todas as demais, remete aos

estudos de modo de produção capitalista que destrói as próprias condições de produção, no intuito de

torná-las “mais consumíveis”. Portanto, mais uma vez a sustentabilidade turística fica implícita na

manutenção e guarda da natureza, dos impactos que possam ocorrer, das estratégias de marketing e na

resposta de um consumo rendoso.

Para tanto se tomou como base teórico-metodológica os estudos sobre rede de Castells e Santos que

explicam aspectos importantes da produção e consumo dos espaços pelo turismo e as reflexões de

Ruschamann83

e Rodrigues, sobre a sustentabilidade sócio-ambientais dessa atividade. Outros autores

contribuíram na reflexão teórica dada o caráter multidisciplinar da Geografia do Turismo.

A cidade do Salvador atua como pólo importante no setor da atividade turística no Brasil, e revela um

turismo com enorme complexidade cujos conflitos entre os espaços produtivos e as políticas adotadas,

evidenciam certo consumo, com vistas na sustentabilidade turística, deixando clara a necessidade de

continuação deste estudo para um melhor desenvolvimento da atividade turística na Bahia e

consequentemente para Salvador.

Palavras-Chave: Produção. Consumo. Sustentabilidade. Espaço. Território. Desenvolvimento Local.

Page 151: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Título: Migrantes em Porto Seguro-Bahia: atraídos e excluídos em um

contexto de dinâmica urbana turística.

Data:

08/08/2005 10

Autora: Aleselma Silva PEREIRA Orientador: Sylvio Bandeira de Mello e Silva

Resumo:

Analisar a atual configuração da cidade de Porto Seguro, com um enfoque específico sobre a atuação

dos migrantes, residentes na área periférica da cidade, no processo de produção da atual realidade

urbana é o que se propõe neste trabalho. Foi desenvolvido, a priori, um levantamento da história da

geografia urbana, contextualizada em outros recortes espaciais como a região Extremo Sul. A

atividade turística – um elemento propulsor da dinâmicas recentes – foi focada, discutida e

relacionada com as transformações do cenário urbano com a alteração do quadro demográfico e

espacial. A pesquisa de campo realizada entre 2001 e 2004 resultou em uma gama de dados sobre a

periferia da cidade, com destaque para as características da população migrante. Dados secundários

subsidiaram a análise, corroborando os resultados obtidos na pesquisa direta e ampliando a

possibilidade de uma leitura mais profunda sobre aspectos como a pobreza urbana e o nível da

qualidade de vida dos imigrantes. A cartografia temática produzida constitui-se em um diferencial,

pois há esta lacuna nos trabalhos acadêmicos e técnicos produzidos sobre Porto Seguro. Os mapas

temáticos subsidiaram as análises dos resultados e são instrumentos relevantes para a visualização da

geografia da pobreza, da distribuição incoerente dos equipamentos públicos urbanos, da segregação

espacial e de outros detalhes do espaço vivido dos migrantes. Concluiu-se que a atividade turística

promoveu o crescimento econômico do município transformando-o em um pólo do turismo regional.

Contudo, o rápido desenvolvimento da atividade e a incapacidade da mesma de ser distribuitiva de

renda, mantiveram a elevada concentração de renda que acentua o quadro de desigualdades sociais. A

irrisória redução da pobreza nos últimos dez anos é revelada por aspectos concretos como a paisagem

e a renda mensal dos trabalhadores migrantes. O cenário constatado exige a busca de alternativas para

que o turismo favoreça a minimização dos desequilíbrios sócio-espaciais em Porto Seguro.

Palavras-Chave: Imigrantes. Turismo. Área Periférica.

Título: Do diamante ao turismo: o espaço produzido no Município de

Lençóis. Data:

26/06/2006 11

Autora: Líliam Margarida Andrade dos SANTOS Orientadora: Creuza Santos Lage

Resumo:

Essa pesquisa trata da análise do espaço produzido pelo turismo no município de Lençóis, pólo

turístico conhecido internacionalmente, localizado na Chapada Diamantina, estado da Bahia, sob a

ótica da Geografia do Turismo. Esse trabalho fundamenta-se no modelo do Sistema de Turismo,

Sistur, criado por Beni em 1997, a partir da Teoria Geral dos Sistemas. O modelo referencial é

utilizado para o estudo de caso, permitindo a análise do turismo de Lençóis. Os conceitos de forma e

função de Santos (1992) e de Ecoturismo definido pela Embratur e Ministério do Meio Ambiente

(1994), são utilizados para identificação do turismo em sua espacialidade e completam a base teórico-

conceitual do trabalho. Os resultados obtidos ao longo de dois anos de análises documentais e

trabalho em campo demonstram que a atividade turística em Lençóis produziu e reproduziu um novo

espaço que substituiu o garimpo, dentro de um ciclo que já se esgotava naturalmente. A atividade

turística em Lençóis desenvolveu-se de fora para dentro, de acordo com as políticas públicas traçadas

para a região. A instalação do turismo abriu novas perspectivas e atraiu pequenos investidores que

reaquecem a economia local. Em sua maioria pessoas de outras regiões e mesmo países em busca de

uma vida alternativa. A partir daí surge uma dinâmica desigual provocada pela mudança abrupta da

sua atividade econômica tradicional: “do diamante ao turismo” onde, à comunidade tradicional, não

foi ofertada a possibilidade de inserção na atividade econômica, a não ser em opções de subemprego

da mão de obra desqualificada e despreparada para assumir novos postos, em um mercado de trabalho

informal que mais se identifica pela falta de ordenamento e sustentabilidade.

Palavras-Chave: Turismo. Ecoturismo. Produção do Espaço. Chapada Diamantina. Lençóis.

Page 152: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Título: Os meios de hospedagem em Salvador: distribuição espacial ao

longo de sua história. Data:

28/03/2007

12

Autor: Luis Cláudio Requião da SILVA Orientador: Pedro de Almeida Vasconcelos

Resumo: O presente estudo propõe analisar a distribuição e organização espacial dos meios de hospedagem no

espaço urbano da cidade de Salvador, assim como os agentes intervenientes neste processo. Buscou-

se a partir desta análise um maior entendimento da dinâmica urbana relacionada a este segmento,

associado ao cosmopolitismo característico desta urbis e aos efeitos na sua paisagem urbana. Para

tanto, a metodologia aplicada foi a pesquisa bibliográfica e documental, utilizando como principais

recursos, fotografias antigas e atuais, além de cartogramas de distribuição dos meios de hospedagem,

confeccionados a partir de base de dados oficiais do órgão competente e de pesquisa de campo.

Teoricamente associou-se o objeto de estudo a conceitos da ciência geográfica capazes de expressar a

essência dos fenômenos de forma mais fidedigna possível, contribuindo para o avanço qualitativo na

interpretação do real. Foram utilizados conceitos e categorias relacionados entre si, tais como

paisagem urbana, agentes, forma, função, estrutura e processo, além de produção e organização

espacial. Constatou-se que os meios de hospedagem sempre tiveram presença marcante na paisagem

urbana desta cidade, associado à evolução do fenômeno do comércio em todos os níveis escalares.

Percebeu-se que a partir da década de 1970, o fenômeno do turismo, alicerçado por intervenções do

poder público nos níveis federal, estadual e municipal, contribuiu intensamente para a evolução e

permanência do patrimônio arquitetônico, através de equipamentos de hospedagem que ajudaram a

preservar, requalificar e revitalizar determinadas áreas da cidade, principalmente no centro histórico e

adjacências.

Palavras-Chave: Meios de Hospedagem. Salvador. Paisagem Urbana. Produção. Distribuição e

Organização Espacial.

Título: Turismo, direito ambiental e conflitos na produção do espaço: o caso

da Reserva Imbassaí e seu entorno, na APA Litoral Norte da Bahia.

Data:

29/10/2008 13

Autora: Cláudia Novaes MACHADO Orientadora: Neyde Maria Santos Gonçalves

Resumo:

Esta pesquisa apresenta um estudo de caso referente ao Complexo Turístico-Hoteleiro Reserva

Imbassaí e seu entorno – Imbassaí, Barro Branco e Sucuiu – na Área de Proteção Ambiental Litoral

Norte do Estado da Bahia considerando a aplicação do Direito Ambiental na produção do espaço para

o turismo. A fundamentação teórico-conceitual foi embasada nas categorias geográficas de análise

forma, função, estrutura e processo – Santos (1985), turismo – Rodrigues (1997), produção do espaço

– Harvey (2005) e Direito Ambiental – Machado (2006). O turismo como principal atividade

econômica do Litoral Norte foi fomentado pelo Estado, devido à alocação de infra-estrutura, com o

objetivo de transformar a área em um pólo turístico de complexidade nacional e internacional, através

da atração de megaprojetos hoteleiros. Em 1992 foi criada a Área de Proteção Ambiental – APA

Litoral Norte pelo Decreto Estadual nº 1.406, com a finalidade de harmonizar o desenvolvimento

socioeconômico com os atributos ambientais, a qual é regulada pela Lei nº 9.985/2000 que criou o

Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC e estabelece o uso do espaço territorial

especialmente protegido. Contudo, os conflitos são notórios na legislação ambiental que regula a

produção socioespacial da área estudada. As leis não se coadunam nas três esferas de poder

responsáveis pela gestão do território, bem como os interesses dos agentes envolvidos na produção do

espaço. Desta forma, a produção territorial é bastante paradoxal, uma vez que os agentes

hegemônicos utilizam o discurso da sustentabilidade ambiental e, na práxis, o que se observa é a

exclusão da população tradicional e a degradação dos recursos naturais. Os resultados obtidos nesta

análise se propõem a subsidiar ações de planejamento e gestão territorial local.

Palavras-Chave: Produção do Espaço. Direito Ambiental. Turismo. Conflitos. Megaprojeto. APA

Page 153: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

Litoral Norte. Imbassaí.

Título: Turismo e transformações socioespaciais: o caso do Município de

Cairú - Bahia.

Data:

19/07/2010 14

Autora: Daniela Araújo VIRGENS Orientadora: Catherine Prost

Resumo:

A presente dissertação tem o objetivo de discutir questões que envolvem a atividade turística

enquanto modo de produção capitalista e as transformações decorrentes de sua introdução em um

município com economia antes baseada na pesca e na agricultura. Em muitos casos, a falta de

planejamento e a exploração de forma indevida da atividade, têm beneficiado as iniciativas que, por

natureza, privilegiam o lucro. Para análise desta temática, propõe-se como metodologia um estudo de

caso do município de Cairu – Bahia, mais famoso pelos distritos de Morro de São Paulo e Boipeba.

Foram aplicados formulários e/ou realizadas entrevistas com os seguintes segmentos: população local,

líderes de associações e igrejas, empresários do turismo e setor público. A escolha do tema se justifica

pelo fato de que os gestores públicos propõem à geração de emprego e distribuição de renda a partir

da inserção da atividade turística. Mas será que na prática são os moradores locais que colhem os

frutos dos investimentos na atividade? As localidades turísticas acabam se transformando numa

reprodução dos desejos dos centros emissores de turistas a partir da produção do espaço não em

função da população local, mas com a finalidade de criar áreas que atendam ás expectativas dos

turistas. Considerando esta lógica, observa-se que há uma contradição entre o discurso político que

coloca o turismo como a solução para o problema da pobreza e a real situação em que vive parte da

população. Ao longo da pesquisa, foi constatado que as áreas do município onde o turismo se

desenvolve, são as que possuem uma dinâmica espacial mais acelerada e também onde é possível

observar uma explosão urbana. A inserção capitalista promovida por meio de um discurso

desenvolvimentista de geração de emprego e renda mascara uma realidade na qual poucos têm acesso

aos benefícios da inserção da atividade e ratifica uma realidade na qual os moradores locais são mero

expectadores de um crescimento sem qualquer tipo de planejamento. A população local que deveria

ser a principal beneficiária sofre com as consequências da falta de capacitação e da especulação

imobiliária, ficando cada vez mais, à margem do processo.

Palavras-Chave: Turismo. População Local. Contradição. Produção do Espaço. Cairu.

Page 154: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

ANEXO A – MAPA DOS TERRITÓRIOS DE IDENTIDADE

Page 155: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … Souza.pdf · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em ... Por fim, a todas as pessoas, entre familiares,

ANEXO B – ZONAS TURÍSTICAS DO ESTADO DA BAHIA

Figura 4: Zonas Turísticas do Estado da Bahia.

Fonte: BAHIA (Secretaria de Desenvolvimento Econômico) (S.d).