54
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA CECOP 3 RUTE SANTANA DOS SANTOS SILVA ATUAÇÃO DO/A COORDENADOR/A PEDAGÓGICO/A NAS ESCOLAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL E SEUS IMPACTOS NA PRÁTICA DOCENTE Salvador 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

  • Upload
    others

  • View
    6

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3

RUTE SANTANA DOS SANTOS SILVA

ATUAÇÃO DO/A COORDENADOR/A PEDAGÓGICO/A NAS

ESCOLAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL E SEUS IMPACTOS NA

PRÁTICA DOCENTE

Salvador

2015

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

RUTE SANTANA DOS SANTOS SILVA

ATUAÇÃO DO/A COORDENADOR/A PEDAGÓGICO/A NAS

ESCOLAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL E SEUS IMPACTOS NA

PRÁTICA DOCENTE

Projeto Vivencial apresentado ao Programa Nacional

Escola de Gestores da Educação Básica Pública,

Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia,

como requisito para a obtenção do grau de Especialista em

Coordenação Pedagógica.

Orientador: Prof. Francineide Bárbara Silveira do

Nascimento

Salvador

2015

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

RUTE SANTANA DOS SANTOS SILVA

ATUAÇÃO DO/A COORDENADOR/A PEDAGÓGICO/A NAS

ESCOLAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL E SEUS IMPACTOS NA

PRÁTICA DOCENTE

Projeto Vivencial apresentado como requisito para a obtenção do grau de Especialista em

Coordenação Pedagógica pelo Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de

Educação, Universidade Federal da Bahia.

Aprovado em janeiro de 2016.

Banca Examinadora

Primeiro Avaliador. ____________________________________________________

Segundo Avaliador. ___________________________________________________

Terceiro Avaliador. ____________________________________________________

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

Dedico este trabalho a todos que contribuirão para a sua realização.

A Deus cujo nome é Jeová que possibilitou-me forças além do normal para chegar ao fim

desta caminhada com louvor.

A meu esposo Adenivaldo pelo apoio e amor incondicional para efetivação de minhas

conquistas.

A minha filha Karen por se tornar minha eterna companheira nos períodos de escrita desse

TCC e por ser a pessoinha que mais amo.

A minha amiga Nilca por enfrentar comigo todos aos desafios enfrentados nessa caminhada.

A minha tutora Maria pelo grande desempenho, dando-nos orientações necessárias a

assistência a todos os cursistas.

A minha professora Francineide que com toda paciência contribuiu para o meu crescimento

intelectual.

A todos os professores e professoras do curso Cecop 3 que ao longo desta caminhada nos

orientaram na construção de novos saberes e experiências.

A todos os coordenadores das escolas de educação infantil que participaram desta pesquisa.

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

AGRADECIMENTOS

A Deus, por me permitir mais esta conquista.

A meus familiares, pelo apoio neste momento. A todos, meu muito obrigado.

A minha orientadora, Profra. Francineide Bárbara Silveira do Nascimento, pela paciência e

competência ao me auxiliar nesta jornada.

À Faculdade de Educação da UFBa e ao Programa Escola de Gestores, por levarem a cabo

esta iniciativa que beneficia tantos Coordenadores Pedagógicos como eu.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

A teoria sem a prática vira ‘verbalismo’, assim como a

prática sem teoria, vira ativismo. No entanto, quando se

une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação

criadora e modificadora da realidade.

(Paulo Freire)

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

SILVA Rute Santana dos Santos. Atuação/a do Coordenador/a Pedagógico/a nas escolas

de Educação Infantil e seus impactos na prática docente. 2015. Projeto Vivencial

(Especialização) – Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de Educação,

Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015.

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo analisar a atuação dos/as coordenadores/as

pedagógicos/as nas escolas de Educação Infantil em Salinas da Margarida e seus impactos na

prática docente. Justifica-se a partir do pressuposto que somente através de um saber técnico

especializado é que esse profissional promoverá uma prática docente mais significativa,

mediante ações desenvolvidas e bem articuladas no ambiente escolar. Ele deve instigar no

professor a criticidade, o compromisso com sua profissão e a reflexão permanente sobre sua

prática de modo a proporcionar mudanças significativas no processo de ensino a

aprendizagem. Sendo assim, buscou-se refletir sobre desafios, conflitos e dificuldades

enfrentados por esse agente na sua prática, analisando as suas reais atribuições e de que

forma estes organizam seu trabalho no cotidiano escolar, tanto de forma material quanto

simbólica. Para melhor compreender o fenômeno optou-se pela aplicação de questionários

com a participação de 10 coordenadores pedagógicos e de observação do cotidiano desse

profissional no ambiente escolar, através de visitas às unidades escolares. Espera-se portanto

que os resultados aqui apresentados baseados em pressupostos teóricos que se dedicaram ao

estudo a análise da atuação desse profissional nos oportunizem entendimento mais amplos e

contribuam para a construção de novos conhecimentos e novos conceitos que garantam uma

atuação em coordenação pedagógica mais coerente e significativa.

Palavras Chaves: coordenador pedagógico, educação infantil, prática docente.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1 Formação do coordenador................................................ 34

Gráfico 2 Escolha para exercer a função ....................................... 36

Gráfico 3

Gráfico 4

Quando 1

Criar situações formativas..................................................43

Dificuldade na Atuação ......................................................46

Demonstrativo das ações da proposta de intervenção.......49

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Atividades exercidas pelos coordenadores na escola .... 37

Tabela 2 Atribuições que acreditam fazerem parte da função ........ 39

Tabela 3 Organização das reuniões planejamento............................. 41

Tabela 4 Propostas diante dos resultados de aprendizagem .......... 45

Tabela 5 Especificação das dificuldades ......................................... 47

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CECOP Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica

CP Coordenador Pedagógico

DCNEI Diretrizes Curriculares para Educação Infantil

FAIBRA Faculdade Integrada do Brasil

IEI Instituição de Educação Infantil

LDB

PCN

Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Parâmetros Curriculares Nacionais

PNAIC Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa

PROGESTÃO Programa de Aperfeiçoamento para Gestores Escolares a Distancia

RCNEI Referencias Curriculares Nacionais para Educação Infantil

TAC Termo de Ajustamento de Conduta

PME Plano Municipal de Educação

UCSAL Universidade Católica de Salvador

UFBA Universidade Federal da Bahia

UNEB Universidade do Estado da Bahia

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................. 12

1 MEMORIAL.................................................................................................. 15

1.1 VIDA ACADÊMICA....................................................................................... 16

1.2 VIDA PROFISSIONAL.................................................................................. 17

1.3 EXPECTATIVAS........................................................................................... 19

2

2.1

2.2

REVISÃO DE LITERATURA........................................................................

A ESCOLA, O/A COORDENADOR/A PDAGÓGICO/A E A QUESTÃO TÉCNIA ....................................................................................................... PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:COMO O/A COORDENADOR/A PEDAGÓGICO/A DEVE DESENVOLVER SUAS AÇÕES? .....................................................................................................

20

20

24

3 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO: ARTICULAR, MEDIAR E FORMAR PARA

TRANSFORMAR A PRÁTICA DOCENTE........................................................

29

3.1 METODOLOGIA............................................................................................ 30

3.2

3.3

3.4

CARACTERIZAÇÃO DAS UNIDADES DE ESCOLARES DE EDUCAÇÃO INFANTIL................................................................................. APLICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE PESQUISAS E ANÁLISES DE DADOS .........................................................................................................

CRONOGRAMAS DE AÇÕES .....................................................................

32

34

49

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 49

REFERÊNCIAS............................................................................................. 54

APÊNDICE.................................................................................................... 54

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

12

INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos muitos estudos têm demonstrado como o Coordenador Pedagógico CP) vem

desempenhado o seu papel nos ambientes escolares. Essas pesquisas comprovam o quanto a

figura desse profissional favorece os processos de ensino e aprendizagem dos educandos, a partir

de uma atuação articuladora, formadora e transformadora. No entanto, pesquisas também

mostram que, apesar de ser um elemento central na escola, responsável pela formação de sua

equipe de professores, e consequentemente pela eficácia da prática, o coordenador pedagógico

vem perdendo a sua verdadeira identidade, o que tem dificultado em muito o desenvolvimento

de ações que contribuam de forma mais significativa para melhoria do processo de ensino e

aprendizagem.

Para além desses aspectos deve-se considerar também a dimensão relacional com sua equipe, a

promoção da formação continuada não somente de seus professores mas também dele mesmo,

os processos avaliativos, a relação com as famílias, as necessidades individuais de sua equipe e

dos alunos, elaboração dos planos de ações para superação de dificuldades que possam surgir

nesse percurso, preparação de reuniões de planejamento eficazes e estabelecimento de relações

entre a teria e a prática do professor. Segundo Almeida (2001) a atuação mediadora e

transformadora do/a coordenador/a nesse sentido se dá essencialmente pelas análises, reflexões,

troca de saberes que este fará com seu grupo de professores, articulada através dos processos de

formação continuada, observação da prática docente e finalmente, pela avaliação e auto

avaliação permanente, não somente de sua equipe, mas sobretudo, de sua própria prática. E para

o desempenho eficaz dessas atribuições exige-se desse profissional mais qualificação e constante

aprimoramento técnico pedagógico.

Sendo assim, o tema desta pesquisa foi escolhido com base nas experiências como professora

coordenadora pedagógica da educação infantil e por entender que a figura do coordenador/a

pedagógico/a é de fundamental importância para a eficácia do processo de

ensino/aprendizagem. As atribuições dos coordenares pedagógicos não se limitam apenas em

organizar e comparecer às reuniões de planejamento como figurante. É preciso que exerçam

liderança, conhecimento teórico e que articule esses momentos de modo a ressignificar a prática

docente e consequentemente o processo de ensino e aprendizagem. No entanto, esse

profissional assume a função sem formação específica na área, e nesse sentido, as questões

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

13

pedagógicas quase sempre não são consideradas nas reuniões de planejamento. No município

de Salinas da Margarida os coordenadores que atuam na educação infantil não possuem

formação especifica na área. Além disso, costuma-se dar atenção apenas anos iniciais do ensino

fundamental, visto que esses alunos/as fazem parte do ciclo de alfabetização e letramento. A

busca por profissionais qualificados para atuar nesse nível de ensino é bastante grande,

sobretudo de bons coordenadores. No entanto para as creches e pré-escolas não há uma

preocupação. Um professor que possui um pouco de experiência é escolhido para exercer tal

função, não existe um critério para essas escolhas com base nas capacidades específicas desse

profissional, muito menos uma preocupação em quem vai assumir esta função tão importante,

tendo em vista a clientela em que este vai atuar. Esse procedimento é comum no município.

Sem qualificação técnica para orientar o seu corpo docente e ao mesmo tempo realizando tarefas

que não dizem respeito ás suas reais atribuições conclui-se que as questões de mais importância

na escola não devem ser consideradas, especialmente àquelas que dizem respeito às mediações

das práticas pedagógicas decorrentes do processo de ensino/ aprendizagem na educação infantil.

É preciso competência técnica no sentido de saber fazer, promovendo direcionamentos

contextualizados na mediação professor/aluno/aprendizagem de forma significativa, tanto para

os alunos quanto para os professores (Lima 2007).

Com base no exposto o presente trabalho tem como objetivo principal analisar a atuação do/a

coordenador/a pedagógico/a nas escolas de educação infantil e os impactos na prática docente.

Dada a importância dessa pesquisa, pretende descrever de que maneira o trabalho do/a

coordenador/a pedagógico/a tem contribuído para a melhoria da prática docente, pontuando-se

os aspectos relevantes que tratam da organização do seu trabalho nas escolas de Educação

Infantil, identificando assim como estes têm desenvolvido seus planos de ações de forma que

possibilite seu corpo docente superar as dificuldades nos processos de ensino e aprendizagem.

Pretende também analisar se estes/as articulam-se para promoção da formação continuada dos

professores levando em consideração às necessidades decorrentes do ato de ensinar e aprender,

e assim obter-se uma compreensão mais ampla com relação à atuação desses profissionais nas

escolas de Educação Infantil.

As análises aqui apresentadas estão embasadas em alguns teóricos que pesquisam e analisam a

atuação do coordenador pedagógico na escola enquanto agente mediador e transformador da

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

14

prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

sobre os fundamentos necessários para uma atuação mais significativa no trabalho de

coordenação, em múltiplos olhares no ambiente escolar, as ações e atitudes do coordenador

necessárias/a para a mudança na prática docente. André (2006) argumenta sobre a necessidade

do coordenador desenvolver múltiplos saberes no contexto escolar na sua relação com sua equipe

objetivando solucionar e superar os desafios no cotidiano escolar. Proença (2012) que discute a

importância da formação continuada de professores trazendo como base as experiências de

outras realidades, fazendo-nos refletir sobre o trabalho do coordenador/a frente a realidade

“multifacetada” e desafiadora da instituição escolar. As contribuições de Lima (2007) que vai

nos dar esclarecimentos sobre o papel e as intervenções do CP frente à formação continuada de

professores, a partir de suas vivencias no cotidiano na escola, entre outros.

Sendo assim, as contribuições teóricas aqui apresentadas constituem-se como instrumentos

norteadores para o desenvolvimento de todas as análises relacionadas ao tema dessa

investigação, ligados ao eixo da pesquisa.

Para apresentação dos resultados da pesquisa optou-se pela aplicação de alguns instrumentos de

coleta de dados, por se tratar de uma pesquisa exploratória de natureza qualitativa. Basicamente

a coleta de dados/informações acerca do objeto a ser analisado, foi realizada a partir de seleção

teórico bibliográfica tomando por base o que já foi publicado em relação ao tema permitindo

uma visão mais ampla sobre a problemática em questão, de modo que se passa delinear

abordagem futuras. Em seguida foi aplicado questionários estruturadas aos/as coordenadores/as

que atuam na da Educação Infantil para se chegar a uma resposta mais precisa, bem como

conhecer sobre atitudes, sentimentos e valores subjacentes ao comportamento dos sujeitos.

Tornou-se também pertinente o método de observação do objeto a ser analisado, com o objetivo

de obter-se experiências diretas com o fenômeno estudado e possibilidades de recorrer aos

conhecimentos e experiências pessoais como suporte no processo de investigação, o que

permitirá ao pesquisador chegar mais perto da perspectiva dos sujeitos ali envolvidos, além de

descobertas de novos aspectos do problema.

O presente trabalho está divido em três capítulos. O primeiro capítulo apresentará a minha

história de vida profissional e acadêmica bem como as minhas expectativas frente ao trabalho

enquanto coordenadora pedagógica.

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

15

O segundo capítulo diz respeito às contribuições de autores referendados, possibilitando uma

visão mais ampla sobre a problemática aqui discutida, na perspectiva de se compreender desvios

e/ou atuação mais acertada acerca do trabalho do/a coordenador/a pedagógico/a e de que forma

deve desenvolver seu planejamento nas escolas de Educação Infantil.

O terceiro capítulo apresenta os resultados das análises dos questionários e observações

realizadas durante o desenvolvimento do projeto, aliado ao diálogo com os autores que tratam

do tema, seguido da estruturara da proposta de intervenção com base no problema aqui elencado.

E nas considerações finais, serão pontuadas as impressões resultantes das análises e observações

debruçadas sobre objeto da pesquisa.

Portanto, a investigação da atuação da prática do/a coordenador/a no contexto escolar na

Educação infantil se configura como um trabalho indispensável e inacabado, tendo em vista os

desafios que este profissional vem enfrentado no exercício de sua função, sobretudo pela falta

de formação técnica em áreas especificas, especialmente no contexto educacional da

contemporaneidade em constates transformações. Os resultados aqui apresentados devem servir

de reflexões possibilitando os agentes envolvidos aprimorar ações de intervenções que tragam

resultados positivos objetivando a promoção de uma prática docente mais eficaz e

consequentemente uma aprendizagem mais significativa.

1.MEMORIAL

Este memorial apresenta algumas de minhas dificuldades e conquistas oportunizando aos

leitores/as um pouco de minhas experiências nos corredores da vida, da escola, na academia e da

profissão.

Eu me chamo Rute Santana dos Santos Silva, nasci no dia 21 de abril de 1971 na cidade de

Salvador-BA. Sou a segunda filha de quatro irmãos. Tenho 44 anos, sou casada e tenho uma filha

de nove anos. Fui criada em uma família pobre e por isso, desde cedo todos nós tínhamos que

trabalhar muito para ajudar no sustento da família.

Lembro-me muito claramente que para entrar na escola (escola de freiras), tive que me submeter a

um teste de leitura. No dia marcado para o teste minha mãe me acompanhou e esse dia foi

horrível. A inspetora pediu para eu ler algumas palavras listadas em um livro específico de

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

16

Língua Portuguesa, que infelizmente não conseguir ler as palavras indicadas por ela e minha mãe

até tentou me ajudar, mas a inspetora foi logo dizendo que eu precisava ler sozinha, e

consequentemente não alcancei a tão esperada vaga na referida escola.

Minhas tentativas foram um fracasso e pude ver a vergonha e a decepção de minha mãe diante

da minha impossibilidade de ler corretamente. Então ela me matriculou em outra escola. Era uma

escola de pequeno porte, onde as professoras não eram formadas e possuíam uma experiência

um tanto quanto rudimentar em se tratando de uma escola particular. Nesse período estava apenas

com seis anos de idade. Nela vivenciei as mais terríveis experiências que uma criança pôde

passar. Ali tinha de tudo que uma criança pudesse abominar em uma escola.

Os anos se passaram até eu concluir o magistério. Minha experiência foi boa, apesar das

dificuldades financeiras. Conseguir terminar o curso em dezembro 1989, mas não exerci a

profissão por muito anos, o que me fez trabalhar em outros setores fora minha cidade.

1.1 VIDA ACADÊMICA

De 1994 a 1995 participei do curso para Aperfeiçoamento para Dirigentes da Rede Municipal

através do Projeto Nordeste promovido pela Universidade Católica de Salvador (UCSAL). Este

curso me proporcionou mais competência técnica para atuar como gestora de uma escola de

Educação Fundamental.

Alguns anos depois, em 2000, fui aprovada no curso de Pedagogia pela Universidade do Estado

da Bahia (UNEB). Apesar das dificuldades não desistir, pois cursar uma Faculdade em minha

própria cidade era um sonho que se tornara realidade. Na academia, aprendi que é você quem

promove a sua qualificação. Se não estivermos comprometidos com a nossa profissão de nada

adianta visto que, nossos mestres apenas indica o caminho, mas você quem deve percorrê-lo.

Alguns anos mais tarde, em 2010 fui aprovada na Plataforma Freire pela Universidade Estado da

Bahia (UNEB) em História. Foi mais uma experiência bastante significativa, pois as aulas eram

bem específicas e a maioria das disciplinas sempre nos trazia à tona a história da Educação no

Brasil sobre vários aspectos. Certamente nenhum professor poderia deixar de buscar nos anais

da história da educação no Brasil conhecimentos necessários como parte integrante do seu

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

17

processo de formação acadêmica. No meu estágio lecionei em uma escola de 2º grau mantida

pela Prefeitura Municipal de Salinas da Margarida em uma turma de 2º ano.

Em 2014 cursei o Programa de Capacitação de Gestores Escolares a Distância (PROGESTÃO)

O curso certamente ampliou minhas concepções acerca das reais funções e ações de cada membro

que compõe a equipe gestora, sobretudo a atuação pedagógica do coordenador em sua unidade

de ensino.

Em 2014 ingressei no curso de pós graduação em Gestão escolar e Coordenação Pedagógica pela

Faculdade Integrada do Brasil (FAIBRA). O curso contemplou conhecimentos acerca das

competências necessárias para o exercício da função de coordenação pedagógica. Nesse mesmo

período surgiu a oportunidade de fazer Especialização em Coordenação Pedagógica (CECOP 3)

pela Universidade do Estado da Bahia (UFBA). Por se tratar de uma Universidade renomada e

de um curso que eu almejava muito, certamente não poderia perder essas grande e única

oportunidade acadêmica.

1.2 VIDA PROFISSIONAL

Em 1992, como minha primeira experiência profissional fui convidada para exercer a função

gestora de uma escola de pequeno porte durante 04 (quatro) anos. Não tínhamos ainda um

coordenador, pois naquela época ainda não havia se instituído no plano de carreira essa

obrigatoriedade. Todas as ações da escola e atividades pedagógicas eram elaboradas por mim

juntamente com as professoras. Por exercer uma função dupla nem sempre conseguia realizar

um trabalho eficaz. Os professores ainda marginalizavam a figura do coordenador, e por isso

havia muita resistência para se planejar antecipadamente as ações a serem desenvolvidas.

Lembro-me que fazíamos reuniões para avaliação do rendimento das turmas e eu me revezava

com outra professora para melhorar o rendimento dos alunos com maiores dificuldades de

aprendizagem em turno oposto. Infelizmente tive que ser exonerada do cargo e fiquei

desempregada por aproximadamente quatro anos.

Após a conclusão do curso de Pedagogia, em 2003, fui escolhida pelo coordenador geral para

exercer a função de Professora Orientadora Pedagógica do curso subsequente de Pedagogia em

meu município. Essa experiência foi bastante positiva, pois o contado direto e de forma constante

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

18

com vários mestres me incentivou a nunca perder de vista os meus ideais oferecendo-me

subsídios para ampliação de conhecimentos no campo da educação, bem como me aprimorar

cada vez mais em minha profissão. A partir daí comecei a ter um olhar mais reflexivo sobre

minha prática pedagógica lembrando-me sempre das palavras de Farias (2009):

A formação configura-se como uma atividade humana inteligente, de caráter processual

e dinâmico, que reclama ações complexas e não lineares. Nesse sentido trata-se de um

processo no qual o professor deve ser envolvido de modo ativo, precisando

continuamente desenvolver atitudes de questionamento, reflexão, experimentação e

interação que fomentem a mudança. (FARIAS 2009, p.77).

Meus professores sem dúvida desempenharam um papel de fundamental importância para a

minha evolução como professora e para o aprimoramento de minha prática. Comecei a ampliar

o meu repertório com leituras relacionadas ao fazer pedagógico, visto que, tinha muita vontade

de aprender e de compreender os processos mais eficazes no ensino aprendizagem.

Paralelo a função de coordenadora do Curso de Pedagogia, fiz em 2006 a seleção pública para o

cargo de professora nível I em meu município, passando em 2º lugar. A partir de então comecei

a lecionar em uma turma de 1º ano das séries inicias do Fundamental. Essa experiência me fez

compreender que ser professora é mais do que apenas uma simples função é se perceber

mediadora do processo de aprendizagem. É se perceber também aprendiz, alguém que cria,

recria, testa e atesta inúmeras possibilidades de aprendizagem adquiridas em todas as esferas do

conhecimento, respeitando os saberes e a cultura dos alunos e proporcionando assim a melhoria

do ensino.

Em 2012, comecei então a lecionar a disciplina História em uma escola de Ensino Médio durante

um ano. Essa experiência também me fez aprimorar a minha prática, pois exigia muita

perseverança, conhecimento técnico especializado e dinamismo nas aulas, visto que a clientela

de alunos era diversificada.

No final de 2013, assumi a coordenação pedagógica de duas escolas de pequeno porte. Nessa

época ainda possuía pouca experiência na área, mas encarei o desafio. O trabalho era bastante

complexo, pois as realidades dessas escolas eram bastante diferentes.

No ano de 2014 recebi o convite do então prefeito de Salinas para assumir a Secretaria Municipal

de Educação, desafio que relutei muito em aceitar porque não achava que estava preparada para

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

19

assumir tamanha responsabilidade. Depois de alguns ajustes e muita conversa, para a minha

derrota resolvi aceitar o cargo em setembro de 2013.

A secretaria de educação para mim foi o pedestal mais alto que pude alcançar em meu município,

porém foi à experiência mais espinhosa e dolorosa que já vivi. Eu sempre procurei realizar meu

trabalho de forma comprometida e com responsabilidade procurando dar o melhor de mim e o

melhor para a educação de meu município. Eu vislumbrava melhores escolas em se tratando de

estrutura física, melhores professores, coordenadores e pessoal de apoio qualificado para atender

melhor as crianças.

Nos primeiros seis meses achei que poderia realizar tal façanha, visto que só precisávamos

intensificar as ações. Tínhamos as verbas oriundas não só dos recursos vinculados e da

participação dos municípios, além de outras. Infelizmente a questão política sobrepõe às questões

de mais importância, em que os interesses partidários vão conduzindo a tomada de decisões.

Enquanto secretária de educação vivenciei momentos de grandes embates porque sempre

acreditei que quanto todos se juntam, querem e lutam pelo mesmo ideal a gente consegue muita

coisa. Mas o leitor desse memorial pode estar dizendo: “Mas querer que as coisas aconteçam

dessa forma é uma grande utopia”. Sim! Pensar assim foi utopia, mas eu pensei e tentei. Se for

utopia querer sempre o melhor para seus alunos, trabalhar sempre com o senso de dever comprido

com responsabilidade e compromisso, eu quero estar sempre iludida.

Diante da impossibilidade de conduzir com autonomia a secretaria de educação decidir em maio

de 2015 renunciar ao cargo. E essa foi a decisão mais acertada que tomei em toda minha vida.

No entanto, ali também adquirir muita experiência e para não perder de vista as minhas “ilusões”

aceitei trabalhar na função de Coordenadora Geral de Educação Infantil em junho de 2015,

oferecida a mim, pelo então novo secretário de educação. Desde então venho conduzindo o meu

trabalho com foco na formação de coordenadores pedagógicos locais bem como na orientação e

acompanhamento das práxis pedagógica dos professores que atuam na modalidade creche e pré-

escola.

1.3 EXPECTATIVAS

Ao refletir sobre as experiências escolares, profissionais, acadêmicas e a minha prática

pedagógica, minhas expectativas foram bastante positivas. Certamente depois do CECOP, pude

refletir melhor em minha prática, não somente enquanto professora, mas especialmente como

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

20

coordenadora pedagógica. Os conhecimentos adquiridos me ajudaram a aperfeiçoar o meu

trabalho com base em um saber técnico, construído a partir de muita leitura, observação da

prática de meus mestres, humildade de querer aprender sempre, determinação, compromisso e

responsabilidade. Hoje com mais experiência e com novas oportunidades de abarcar

conhecimentos, não consigo pensar a minha vida sem o meu trabalho enquanto coordenadora

pedagógica. Certamente depois de muito aprendizado, as minhas expectativas estão

concentradas no aprimoramento de minha prática e dos profissionais com quem trabalho. O

CECOP me proporcionou um maior aprimoramento profissional e intelectual, atributos essências

para os educadores que como eu, nunca perderam a esperança de transformar a nossa educação

para que esta se torne mais humana e igualitária para todos.

2.0 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 A ESCOLA, O/A COORDENADOR/A PEDAGÓGICO/A E A QUESTÃO

TÉCNICA

Ao assumir a função coordenador/a pedagógico/a em uma escola, é preciso que esse

profissional reconheça que tal tarefa será marcada por inúmeros desafios. No entanto uma vez

que assume a função a sua atuação deve evidenciar que este profissional possui acima de tudo

competência técnica para que possa ser capaz de introduzir inovações de modo atender às

necessidades pedagógicas de seu corpo docente. Nesse sentido Orsolon (2001) diz:

O coordenador medeia o saber, o saber fazer, o saber ser e o saber agir do professor.

Essa atividade mediadora se dá na direção da transformação quando o coordenador

considera o saber, as experiências, os interesses e o modo de trabalhar do professor,

bem como cria condições para questionar essa prática e disponibiliza recursos para

modifica-la, com a introdução de uma proposta curricular inovadora e a formação

continuada voltada para o desenvolvimento de suas múltiplas dimensões. (ORSOLON, 2001, p. 22).

Aqui, a autora aponta as reais atribuições no trabalho do coordenador/a pedagógico/a no

cotidiano escolar. O coordenador deve compreender que seu trabalho, para se tornar significativo

junto a seu grupo, precisa ser desenvolvido através de um conhecimento sobre o saber fazer, que

pressupõe a apropriação de conhecimento técnico e específico sobre diversas dimensões e áreas

afins. É ter criatividade, criar mecanismos para resolver situações, ou seja, é a competência de

saber fazer algo acontecer. Compreende ações e conhecimentos que possibilitem auxiliar o/a

professor/a melhorar a sua prática pedagógica. A autora também afirma que o saber ser e o saber

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

21

agir também caminham juntos nessa mesma perspectiva, propiciando condições para que haja

sincronia no trabalho conjunto do/a coordenador/a e do professor/a. Nesse sentido é preciso

possuir entendimento sobre as teorias educacionais e aliá-las ao processo educativo com vista na

formação do professor e saber relacionar esses atributos com as capacidades dos professores para

desenvolver em sala de aula os conhecimentos que contribuem para o desenvolvimento dos

educandos, desencadeando assim movimentos de transformação da realidade. Franco diz que o

coordenador é de fundamental importância para produzir a “articulação crítica entre professores

e seu contexto, entre teoria educacional e prática educativa, entre o ser e o fazer educativo, num

processo que seja ao mesmo tempo, formativo e emancipador, crítico e compromissado.”

(FRANCO, 2008, p. 120).

A questão dos saberes ou técnica diz respeito ao conjunto de habilidades e competências que

os membros que compõem a escola devem apresentar para a promoção da aprendizagem nesse

ambiente. Na Educação Infantil, os professores trabalham com uma clientela bastante

específica. Do ponto de vista teórico quanto das orientações metodológicas é preciso que estes

estejam preparados de maneira que possam contribuir para uma ação pedagógica sistemática

conhecida e aplicada por todos. A atuação do coordenador nesse sentido é a de gerenciar e

coordenar as ações de cunho pedagógico, supervisionando a prática do professor com vista no

processo de ensino e aprendizagem, permanência e o sucesso do aluno.

Se é função do/a coordenador/a articular as ações que dizem respeito à formação do corpo

docente, acredita-se então que esse profissional tenha condições de fazê-lo. A escola passa a

ser um local onde as apropriações de conhecimentos ocorrem de forma contínua provocando

processos dinâmicos de mudanças, especialmente no que diz respeito às problemáticas que têm

distanciado o saber e o saber agir do professor frente ás dificuldades de aprendizagens de seu

grupo de alunos.

Infelizmente o/a coordenador/a vem exercendo atribuições que não correspondem com suas

reais funções na escola. O dia a dia desse profissional está rodeado de atividades burocráticas e

administrativas tais como decorador, porteiro, secretário escolar, etc. Ele está o tempo todo

preocupado com tudo e tenta fazer tudo na escola menos realizar os seus trabalhos enquanto

coordenador/a. As questões relacionadas ao planejamento, as ações para superação das

dificuldades pedagógicas dos professores, a articulação a elaboração do projeto Pedagógico da

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

22

escola, a construção das diretrizes curriculares, elaboração, acompanhamento, avaliação dos

projetos desenvolvidos, o planejamento das ações para o aperfeiçoamento de seus professores,

são apenas algumas das suas atribuições. Miziara (2014) faz correlações a esses aspectos com

base em suas pesquisas quando afirma que o “destino” do coordenador vem sendo atropelados

com as mais diversas atividades e encargos, sobretudo as atividades burocráticas, organização

de projetos para atender a comunidade atendimentos aos alunos, entre outras. Nesse sentido

Franco afirma que:

Nesta direção me pergunto: qual é o pedagógico que deve ser coordenado? Seguindo

as argumentações feitas, coordenar o pedagógico será instaurar, incentivar, produzir

constantemente um processo reflexivo, prudente, sobre todas as ações da escola, com

vistas à produção de transformações nas práticas cotidianas. Esse processo reflexivo

deverá abranger todo o coletivo da escola, especialmente os professores e toda a

equipe de gestão, e se repercutir por todo ambiente escolar. (FRANCO, 2008 p. 128)

Com base na afirmativa do autor coordenar o/a pedagógico/a quer dizer que aquele que

coordena deve “instaurar, incentivar, produzir” de forma continua os processos de

reflexão todas as ações desenvolvidas no ambiente escolar tendo como objetivo a produção de

mudanças das práticas cotidianas, cuja participação não deve ser de forma isolada, mas sim com

a participação de todos que ali estão inseridos.

Com base nas realidade das escolas de Educação Infantil do município de Salinas da Margarida

o trabalho da maioria dos/as/ coordenadores/as se resume em controlar a indisciplina dos

alunos; selecionar as atividades didáticas e imprimi-las para o professor; dar aulas de reforço

aos alunos com maior dificuldades de aprendizagem, substituir o professor quando este precisa

se ausentar da sala, ajudar a distribuir a merenda dos alunos, arrumar a escola em época de

festividades, controlar a ida dos alunos ao banheiro, entre outros. Foi observado que é muito

raro os/as coordenadores/as observarem as aulas dos professores em sala de aula para que

possam, com base nessas observações e da reflexão coletiva, contribuir de forma significativa

para as mudanças na prática docente.

Clementi (2001) diz que a importância de conhecer como ocorrem as aulas nas salas de aula,

especialmente nos processos de interação professor/aluno/conhecimento. Julga essa prática

relevante, pois permite ao coordenador/a o reconhecimento das mudanças que tanto alunos

quanto professores devem ou não fazer.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

23

Esse profissional deve estar capacitado para atender de forma eficaz às necessidades de sua

equipe, promovendo a todo o momento condições que conduzam às significativas mudanças no

dia a dia do professor em sala de aula. Miziara (2014) afirma que o trabalho do coordenador/a

pedagógico/a precisa se caracterizar como uma função mediadora no sentido de que suas ações

devem ser expressas pela “relação dialética entre teoria e prática”, ou seja, ele precisa possuir

conhecimentos teóricos especializados que favoreçam o aprimoramento da prática pedagogia

docente em que a prática dialogue com o que este discursa.

A escola enquanto espaço de apropriação de saberes historicamente construídos e decorrentes

das interações ali proporcionados faz com que os agentes que fazem parte dessa grande

engrenagem busquem ou pelo menos queiram buscar conhecimentos para o aprimoramento de

seu trabalho, quer seja, quer como professor, quer como supervisor educacional ou como

gestor. O fato é que diante de tantas transformações que a educação sofre a cada instante, seria

quase impossível não buscar o aprimoramento de habilidades necessárias para se efetivar um

trabalho consistente e que de fato atenda as reais necessidades de todos os envolvidos nesse

processo. A figura do coordenador nesse momento surge como aquele que na escola possui

habilidades para auxiliar de maneira positiva a manutenção das práticas docentes, práticas essas,

que qualifiquem o grupo docente.

O trabalho do professor CP concebido nesse contexto como alguém que propicia no âmbito

escolar um conjunto ações e métodos legítimos para cada nível de ensino, levando em

consideração as necessidades dos docentes a respeito da prática bem como a organização de

momentos para orientação e discussão a respeito dessas práticas, permitindo que sua equipe

explicite também suas opiniões, sugestões e críticas que impliquem em benefícios para todos,

sobretudo para os educandos. Clementi afirma:

A função formadora, do coordenador precisa programar as ações que viabilizam a

formação do grupo para qualificação continuada desses sujeitos, consequentemente,

conduzindo mudanças dentro da sala de aula e na dinâmica da escola, produzindo

impacto bastante produtivo e atingindo as necessidades presentes. (CLEMENTI,

2003, p.126).

A função formadora do coordenador/a pedagógico/a se dá através do processo de mediação no

sentido de poder fazer com que o professor tenha consciência do seu trabalho, reconhecendo suas

limitações e potencialidades no ato de ensinar. Deve propor e incentivar práticas curriculares

na perspectiva da ação e reflexão fazendo com que o professor reveja novas formas de conceber

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

24

o ato de ensinar e as possibilidades de aprendizagens dos educandos. Diante dessa perspectiva

o professor reconhece a necessidade de buscar e deixar-se formar, tendo na figura do

coordenador/a, um elemento que através da relação harmoniosa, pode contribuir para que o

trabalho cotidiano em sala de aula se torne mais eficaz e prazeroso, sobretudo nas reuniões de

formações.

A rotina dos coordenadores de educação infantil no munício de Salinas retrata muito bem essa

realidade. Estão a todo momento atarefados com rotinas diárias que interferem no seu real

trabalho distanciando-os de ações que promovam os processos de formação continuada.

Verificou-se por meio de observações que todos os/os coordenadores/os da rede municipal de

ensino que atuam na modalidade indicada nunca proporcionaram momentos para as formações

de corpo docente. Afirmam não terem conhecimentos específicos para conduzirem esse tipo de

ação dentro da escola ou que não dispõem de tempo para realiza-las.

Portanto, para atuar como coordenador/a pedagógico/a é necessário que este profissional tenha

formação técnica, conheça o universo educacional, conheça sua equipe de professores/as e sua

clientela de alunos, perceba as potencialidades de todos envolvidos nesse processo, as

dificuldades que seu grupo possui, a dinâmica das relações e dos processos de transformações

pelos quais a educação sofre e vem sofrendo ao longo da nossa história. É preciso também que

o coordenador busque a sua própria formação adquirindo aprofundamento teórico tão

necessários aos processos de mudança e transformação da prática docente.

2.2 PLANEJAMENTOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: COMO O/A COORDENADOR/A

PEDAGÓGICO/A DEVE DESENVOLVER SUAS AÇÕES?

Já se sabe que para realizar um trabalho significativo na instituição de ensino, o/a coordenador/a

precisa do acúmulo das competências necessárias para desempenhar seu trabalho de forma

abrangente. Como um profissional que exerce liderança em sua unidade de ensino, o CP precisa

desenvolver planos de ações que contribuam para superar as dificuldades pedagógicas do corpo

docente. As dificuldades dos professores geralmente compreendem a transposição da teoria em

prática, visto que, em alguns casos não conseguem elaborar planos eficazes e colocá-los em

prática. Mas como qualificar os professores se o/a coordenador/a não possui conhecimentos e

habilidades necessários para o exercício de suas funções na escola?

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

25

O coordenador não precisa saber tudo relacionado as concepções e teorias que determinam a

eficácia no ensino, mas é necessário conhecimento no que se refere as práticas pedagógicas nas

etapas ensino da qual atua. No caso do/a coordenador/a que exerce essa função nas escolas de

educação infantil (alunos de 1 e 5 anos) é conveniente um conhecimento sobre os processos de

alfabetização e letramento; que tipo de projetos devem ser desenvolvidos levando em

consideração a faixa etária; tipologia de registros; os processos avaliativos (HOFFMANN

2012), entre outros. Sobre o significado de alfabetizar e letrar na educação infantil

(BRANDÃO, 2011).

Brandão (2011) afirma que até os anos sessenta predominava-se um discurso de que a

aprendizagem de leitura e escrita era resultado de um “amadurecimento” de certas habilidades

por parte do aluno que só ocorria em torno dos seis ou sete anos de idade. O que se pensava

sobre os processos de alfabetização e letramento era que antes dessa faixa etária a criança não

estaria preparada ou não teria nenhum interesse em ler e escrever e que qualquer tentativa para

alfabetizá-las antes disso, eram vistas como práticas prejudiciais ao seu desenvolvimento. Então

as práticas pedagógicas eram elaboradas evitando-se qualquer contato direto com a leitura e

escrita. As professoras concentravam suas atividades aos chamados pré-requisitos para

aprender a ler e escrever tais como: habilidades de coordenação viso-motora, memória visual e

auditiva, orientação espacial, articulação adequada de palavras, certo grau de atenção e

concentração. Com essa estratégia as crianças eram incentivadas a memorizar as associações

som-grafia. Essas práticas justificavam a manutenção do pré-escolar, isolando o trabalho

propriamente dito da linguagem oral e escrita. Logo após, bem depois, é que começariam os

exercícios de cópia e reconhecimento de letras e famílias silábicas, sob a concepção de que a

leitura e a escrita correspondiam à aquisição de um código de transcrição do escrito para o oral

e vice-versa.

Existem alguns princípios sobre os processos de aprendizagem considerados centrais para a

eficácia da prática docente, listados por Grosbaum (2001) que se constituem instrumentos

facilitadores para a promoção da aprendizagem: Consideração pela história de vida dos alunos;

autoconhecimento dos alunos; aprendizagem significativa e relevante para o aluno de modo que

possa articular com conhecimentos anteriores; o aluno precisa ser informado sobre o que vai

ser ensinado; elogios sempre; promoção de experiências; repetição para retenção;

reconhecimentos dos erros; reconhecimento das capacidades cognitivas; aprender a aprender.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

26

Nesse sentido as propostas pedagógicas nas instituições de Educação Infantil devem valorizar

o direito das crianças e seu pleno desenvolvimento garantindo a elas a apropriação de

habilidades e competências para viver em sociedade. Todo o planejamento deve estar voltado

para a perspectiva garantindo os processos de articulação do conhecimento das crianças,

cabendo ao coordenador/a pedagógico/a da educação infantil não perder isso de vista quando

se pretende promover uma educação comprometida e de qualidade. As Diretrizes Curriculares

Nacionais para a Educação Infantil dizem que as propostas pedagógicas dessas instituições

devem ter como objetivo principal a garantia do acesso aos procedimentos de apropriação e

articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens. (DCNEI, 2010).

Além disso é necessário conhecimentos específicos sobre as concepções norteadoras, princípios

e formas de organização pedagógica com base na articulação entre os fundamentos teóricos e o

contexto sócio-histórico e cultural (currículo); definição dos objetivos e conteúdos pedagógicos

da Instituição de Educação Infantil (IEI) com base nos Diretrizes Curriculares Nacionais para

Educação Infantil, que orientam a organização de todos os elementos da prática de cuidar e

educar. Faria (2012) comenta que a estrutura do currículo na educação infantil deve ser

organizada, objetivando a mediação entre o brincar, cuidar e educar, e que devem se

organizados pelos profissionais das unidades de educação infantil, sob a perspectiva da

formação humana.

As discussões no entorno do fazer pedagógico devem ser uma constate nas reuniões de

planejamento cujo objetivo principal é o de pensar em modelos mais acertados nos processos

de aprendizagem. É através do diálogo aberto, que se expressam realidades e se promove a

compreensão da realidade. Não se deve também esquecer que quando todos trabalham por um

objetivo comum todos as relações ficam mais tolerantes, tanto na relação professor/a

coordenador/a tanto na relação coordenador/a direção e coordenador/a discentes. Realizar essas

ações de intervenção dentro da própria escola, como forma de dar mais originalidade ao

trabalho realizado, atendendo as reais necessidades da instituição e humanizando as práticas

pedagógicas, o coordenador promove à valorização dos profissionais de educação da unidade

de ensino.

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

27

É no planejamento das propostas pedagógicas na educação infantil que o coordenador

oportuniza sua equipe pensar e discutir o conjunto de saberes necessários para a organização

metodológica da prática docente e configurações inovadoras para desenvolver o trabalho de

cuidar e educar as crianças. O/a coordenador/a e a equipe constrói o currículo a fim de viabilizar

o planejamento articulando as suas ações permitindo que seus professores reflitam sobre as

melhores formas de organizar o seu trabalho, ao mesmo tempo em que possibilita a socialização

dos saberes dos sujeitos na instituição de ensino. Miziara comenta que a ausência do

planejamento, trabalho sem foco, descompromisso com o trabalho coletivo ocasiona impactos

negativos na atuação do professor que exerce a função de CP. (Miziara, 2014).

Proença (2012) afirma que é no planejamento que se deve elaborar, pensar ações na tentativa

de desenvolver conhecimentos sistematizados cujo objetivo e garantir a eficácia das ações que

devem ser realizadas de forma conjunta. O planejamento precisa ter intencionalidade

pedagógica, ou seja, no ato de planejar, o coordenador deve acompanhar o planejamento,

avaliado o desempenho da prática de sua equipe e propondo mecanismos para superar as

dificuldades.

A ação pedagógica do/coordenador/a é de primordial importância, pois promove intervenções

importantes para a aquisição de habilidades e competências tão necessários ao crescimento

intelectual dos educandos. Sendo um agente articulador de significativas mudanças, o trabalho

do/a coordenador/a deve contribuir assim para a formação de valores, procedimentos e atitudes

com vistas na boa atuação dos professores. A mobilização de seu trabalho, enquanto sujeito

mediador da formação continuada de sua equipe e do processo de planejamento vai possibilitar

organizar e promover novos saberes e novas transformações na atuação do professor.

Se o coordenador não buscar entendimento teórico pratico, se ele não compreende os processos

de aquisição de leitura e escrita em um contexto funcional e significativo para as crianças, bem

como a promoção de práticas interativas onde as crianças possam construir sua identidade

pessoal e coletiva, através da observação e experiências, jamais poderá articular as suas ações

para que se efetivar as significativas mudanças no ambiente escolar. Segundo Franco (2008)

cabe ao/a coordenador/a atuar como interlocutor interpretativo das teorias implícitas nas práxis

e mediar os processos de transformação emancipadora.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

28

A realidade mostra que os coordenadores não possuem formação teórica na educação infantil e

não domina os conteúdos das diferentes áreas, o que tem dificultado o seu trabalho junto aos

docentes. Na convivência diária com os professores é importante que o CP observe o seu

professor para lhe oferecer a ajuda necessária, pois na escola passa conviver com diferentes

sentimentos, necessidades e perfis. Sobre essa questão Almeida confirma:

Observando e ouvindo o professor em sua atuação, é possível diagnosticar suas

necessidades sentir suas angustias, e oferecer a ele a ajuda de que precisa naquele

momento, o que pode ser feitos por indicação de ações e de leituras, intermediações

na troca de experiências, encaminhamentos diversos. Ou seja, é essencial que a fala

do coordenador pedagógico carregue um conteúdo de reconhecimento e

conhecimento- reconhecimento do ponto de vista do professor, de seus problemas,

lacunas, recursos, mas também do conhecimento, da oferta de subsídios para a

atuação. (ALMEIDA 2001, p. 74).

Na Educação Infantil, Faria (2008) afirma que as metodologias devem ser organizadas por estes

possibilitando às crianças vivenciar experiências através de sua realidade. Apesar de ser papel

do professor adquirir conhecimentos teóricos para melhor desenvolver a práxis pedagógica e

importante também que o/a coordenador/a pedagógico/a se aproprie desses conhecimentos

teóricos, visto que faz parte de sua função articular e subsidiar a prática docente na perspectiva

de redirecionar o trabalho do professor para transformação.

Considero que um dos grandes problemas que pode dificultar aos coordenadores

pedagógicos perceberem-se capazes da construção de um trabalho eficiente e

produtivo na escola seja a falta de sua formação inicial para o exercício desta atuação

Os atuais coordenadores dessa rede de ensino, com raras exceções, não foram

formados para tal atuação. (FRANCO, 2008 p. 119-120).

É fato que todos os coordenadores da educação infantil reconhecem a necessidade de

aprimorem a sua prática. Reconhecem que precisam de qualificação. No entanto, diante de

tantas demandas estes não têm tempo para investir e buscar de forma contínua a sua própria

formação. Pontuam que a secretaria municipal de educação deveriam promover a formação

continuada. Todos os coordenadores locais que atuam nas escolas da rede foram escolhidos

através de indicação política. Isso pode prejudicar a dinâmica dos processos de mediação,

intervenção, e orientação, reflexão e diálogo bilateral na convivência professor/coordenador.

Vez por outra, a prática do/a coordenador/a é arbitrária, por que ele compreende que se foi

indicado para o cargo, não importa como age ou como conduza o seu trabalho, este está

garantido. Dessa forma os dilemas e desafios do professor não são apreciados. Proença (2012)

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

29

comenta que é imprescindível o diálogo para a promoção de uma prática mais reflexiva na

perspectiva educativa favorecendo a produção de novos conhecimentos no ambiente escolar.

Na maioria dos casos, no trabalho CP não havia nenhuma abordagem mais reflexiva sobre a

prática do professor, nenhuma sugestão de propostas de intervenção para melhorar o

desenvolvimento das habilidades e competências dos alunos com base nos RCNEI (1998).

Quando indagado às coordenadoras locais sobre a sua pauta de organização para a realização

das reuniões de planejamento, algumas alegaram ter esquecido ou que não houve tempo hábil

para fazê-la. Esses aspectos foram percebidos durante seis meses de observação.

Diante do exposto percebe-se o quanto é importante o trabalho do CP na escola. Esse

profissional enfrenta diversas dificuldades no exercício de sua função. Mas não podemos deixar

de considerar que para se promover uma prática docente inovada e eficaz o/a coordenador/a

deve acima de tudo possuir conhecimentos e habilidades necessários para desenvolver um

trabalho onde todos possam contribuir para que o processo de aprendizagem dos educandos se

conceba de forma responsável e comprometida. Se os agentes ali envolvidos: professor,

coordenador/a pedagógico/a, direção e demais funcionários da escola não se engajam com

objetivos compartilhados, certamente a aprendizagem ficará comprometida.

As análises em torno da atuação do coordenador/a pedagógico/a se concentraram nas escolas

de educação infantil no município de Salinas da Margarida-BA. Para possibilitar singularizar o

objeto de estudos foi realizada a aplicação de questionários aos/as coordenadores/as que

possuem formação em Licenciatura Plena em Pedagogia, e observações do objeto que

possibilitou compreender a dinâmica do trabalho dos/as coordenadores/as, e como os/as

coordenadores/as têm conduzido o seu trabalho junto a sua equipe de trabalho. Nas escolas

eles possui uma carga horária de 20 horas atuando assim nos dois turnos (diurno) de

funcionamento de forma intercalada. E as professoras, todos formadas em Pedagogia. Franco

(2008) afirma a ação pedagógica deve ser conduzida de forma prudente integrando ações com

clareza através de processos de reflexão constate abrangendo todo o coletivo da escola,

construindo assim a autonomia profissional. Sendo assim, espera-se que a investigação se

desdobre em atitudes de reflexão e tomada de ação por toda a equipe que compõe a comunidade

escolar com vista em uma prática emancipatória com objetivo de “produzir transformações nas

práticas cotidianas” e qualificar o ensino.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

30

3.0 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

A presente Proposta de Intervenção (PI) é fruto de uma produção científica relacionada ao eixo

temático 09 que trata das “Relações, dimensões e formas de atuação da coordenação pedagógica

no ambiente escolar”, do Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Coordenação pedagógica

CECOP 3, polo Cruz das Almas-BA.

O Projeto Vivencial tem como objetivo principal a promoção de intervenções pedagógicas no

ambiente escolar possibilitando mudanças dos sujeitos ali envolvidos a partir de ações de cunho

formativo, onde todos possam compartilhar não só com a troca de saberes e experiências, mas

também a construção de conhecimentos específicos para que se efetivem mudanças inovadoras

na prática docente.

Esta proposta de intervenção tem como título: “Formar para transformar a prática docente”. As

escolas escolhidas para a realização dessa investigação ficam localizadas no município de

Salinas da Margarida -BA. Todas são mantidas pela prefeitura municipal e possui clientela entre

um a cinco anos de idade, subdivididas em oito creches, quatro e pré-escolas e funcionam em

dois turnos.

A proposta de intervenção aqui apresentada reflete as experiências vivenciadas e

conhecimentos adquiridos no curso acima citado.

3.1 METODOLOGIA

A pesquisa aqui se presta à realização das ações integradoras que nos levará a uma análise

reflexiva das redes que fazem parte desse processo com efetiva participação dos sujeitos

envolvidos, especialmente do pesquisador objetivando transformar a realidade existente, e

favorecer assim a apropriação de novos conhecimentos a serem adquiridos pelos grupos

participantes, e do mesmo modo, a socialização dos resultados. Nesse contexto entende-se que

a pesquisa–ação-participativa, é caracterizada como uma pesquisa pedagógica que cientificiza

a prática educativa com vistas à continua formação de todos os sujeitos. Por isso optou-se pela

participação dos envolvidos implicados no problema. (Thiollent, 1986).

Promover reflexões sobre as reais atribuições do coordenador pedagógico nas IEI com base nos

referenciais e nas diretrizes que fundamentam o trabalho nessa etapa de ensino, através de formação

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

31

continuada constitui o objetivo principal do presente projeto. O projeto de intervenção se justifica na

medida em que deverá contribuir para a melhoria das relações interpessoais na instituição de

ensino, possibilitando aos coordenadores pedagógicos repensar a sua prática tomando como

referência o seu próprio trabalho na unidade de ensino. Ao pesar nessa perspectiva é

fundamental importância que os coordenadores reflitam sobre suas práticas e sobre o

desenvolvimento de seu trabalho na unidade de ensino da qual atua, tendo assim a oportunidade

de se realizar possíveis mudanças para que se efetive um trabalho mais eficaz.

A partir do tema aqui apresentado foram aplacados questionários sistemáticos enquanto

técnicas de coleta de dados, que se faz necessários para estabelecermos relações de

comunicação com os grupos investigados, contribuindo para diagnosticarmos o problema.

Esses questionários serão aplicados com toda a equipe de coordenadores/as. Com posse desses

questionários já respondidos partir-se-á para a análise de dados desses instrumentos. Em

seguida pretende-se elaborar a proposta de intervenção, o que ajudará o grupo a perceber suas

posturas e práticas na articulação e mediação junto ao seu grupo de professores, bem como

redirecionamento de ações potencializadas possibilitando-os equacionar o problema a partir do

processo de pensar, agir, refletir e avaliar suas ações. (Thiollent, 1986).

Essas reflexões devem estar embasadas nas teorias sobre as práticas pedagógicas a fim de

subsidiar a compreensão sobre o significado de cuidar e educar com base nos eixos temáticos e

nas habilidades e competências descritas nos RCNEI com vista no pleno desenvolvimento dos

educandos. O objetivo da aplicação da proposta de intervenção é orientá-los/as sobre os

melhores métodos e estratégias de ensino para subsidiar os professores desenvolverem com

mais perfeição a sua prática pedagógica na educação infantil.

Posteriormente realizar-se-á apresentação de seminários de avaliação dessas ações para

sistematização dos resultados. Nesses seminários os coordenadores devem trazer os resultados

de seu trabalho nas escolas, após a aplicação das orientações recebidas nos períodos de

formação. Segue abaixo roteiro das ações:

a) Diagnostico situacional da equipe de coordenadores/as pedagógicos/as que atuam na

educação infantil a partir de aplicação de formulários;

b) Construção do PI;

c) Seleção e preparação do referencial teórico conceitual;

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

32

d) Encontro de formação com os/as coordenadores/as pedagógica com base nas suas

necessidades e dificuldades (seis encontros);

e) Visitas de observação nas escolas;

f) Apresentação de seminário avaliativo para sistematização dos resultados.

3.2 CARACTERIZAÇÕES DAS UNIDADES DE ENSINO DA MODALIDADE

EDUCAÇÃO INFANTIL

A Secretaria Municipal de Educação de Salinas da Margarida oferta Educação Básica

nas seguintes etapas: Educação Infantil (creche e pré-escola) e Ensino Fundamental (anos

iniciais e finais). Das 23 (vinte e três) escolas do município, 12 (doze) ofertam a Educação

Infantil. Sendo que são oito creches que atende crianças de um três anos e quatro ofertam pré-

escolas que atendem crianças de quatro a cinco, a saber: Creche Valdelice Santos Pereira,

Cantinho do Saber e Creche Helena Silva de Queiroz; Creche Edvaldo Gomes de Assis; Creche

Casa de Nazaré Creche Casa de Belém, Tio Reizinho, e escola Sementinha do Saber II. A

escola Sementinha do Saber I, Creche Criança Feliz. A Escola Dr. José de Figueiredo e a Creche

Sementes da Alegria. Todas são mantidas pelos recursos do PDDE e da parceria com a

Prefeitura Municipal.

As escolas que atendem a pré-escola possuem diretores e vice diretores formados em Pedagogia

e secretários escolares e as creches possuem somente diretores e secretários escolares, por não

possuir acima de 50 (cinquenta) alunos para justificar a presença de vices diretores. Em duas

creches, a Edvaldo Gomes de Assis e a Valdelice Pereira Santos, as diretoras é quem exercem

a função dupla: diretoras e coordenadoras pedagógicas. Nenhuma escola possui sala de

informática nem quadra de esportes. As instalações não atendem as reais necessidades das

crianças visto que, estas na maioria dos casos, ficam amontoadas na mesma sala sem levar em

consideração a faixa etária. Crianças de creche ficam junto com alunos da pré-escola, e na

mesma turma com alunos dos anos iniciais Ensino Fundamental. O ideal seria que para cada

idade os alunos estudassem em seus respectivos espaços. Isso contrapõe o que reza os

Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), enquanto indicativo de qualidade. O documento

declara que para crianças de zero a dois anos a turma deve ser composta de seis a oito alunos

para cada docente, para crianças de três anos e acima de quatro, de quinze a vinte crianças

respectivamente e apenas um docente. (PCN, 2001). Um fator que compromete os

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

33

agrupamentos por série e por ano tem a ver com a localização das comunidades. Por exemplo,

na comunidade de nome Baiuca, fica distante da sede e os membros da associação de moradores

não desejam que seus filhos venham estudar na sede, o que resulta em se colocar na única creche

da localidade alunos de todas etapas.

Recentemente o quadro de funcionários foi reduzido. Para cumprir a lei de responsabilidade

fiscal através um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) o prefeito municipal baixou decreto

rescindindo o contrato de servidores temporários. Isso impactou de forma bastante negativa na

dinâmica dos trabalhos, sobretudo nas creches. Com o pessoal reduzido as professoras foram

solicitadas a juntar as turmas que pertenciam as professoras contratadas, fim de assegurar os

duzentos dias letivos. Certamente não tem como desenvolver um trabalho pautado nos

parâmetros de qualidade, pois até mesmos diretoras e coordenadoras pedagógicas tiveram que

assumir salas para não se dispensar alunos.

As dozes escolas citadas possuem coordenadores pedagógicos, somente as creches, destas

apenas a Edvaldo Gomes de Assis e a Valdelice Santos Pereira, as próprias diretores também

são coordenadoras. Um fato positivo é que os doze coordenadores/as possuem curso em

Pedagogia e nesse sentido a Secretaria Municipal cumpre o que reza o Estatuto do Magistério.

Porém nenhum deles possuem formação especifica em Educação Infantil para que possam

desenvolver suas respectivas funções nas unidades de ensino, e apenas uma delas já possui

alguma experiência na área.

Todas as professoras efetivas e contratadas são formadas em Pedagogia. Esse é um fator

bastante positivo, pois as escolas têm seguido o que determina as leis vigentes do país

sobretudo a Lei de Diretrizes e Bases (LDB). O que se tem observado aqui em nossa realidade

é que os professores com mais idade e com mais anos de serviços prestados ficam meio que

acomodados para realizar atividades que demandam mais disposição e movimentação junto às

crianças. Sem dúvida se faz necessário pessoas com mais disposição para atuar com essa

clientela.

Quanto à estrutura física das creches, são bons prédios, apesar de não possuírem salas

suficientes paras as/os estudantes. Estas são amplas com área externa, banheiros para meninos

e meninas, cozinhas amplas. Sala da diretoria, brinquedoteca, parquinho, ar condicionados na

maioria delas, e recentemente todas receberam pelo programa Brasil Carinhoso de Governo

Federal quatorze berços, para atendimento de crianças com menos de 01 (um) ano. Essa

iniciativa atende a meta 01 do Plano Municipal de Educação (PME) do município, que deve

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

34

garantir às escolas de Educação Infantil equipamentos adequados às necessidades de locomoção

e melhor atendimento das crianças de zero a cinco anos. (PME, 2014).

Nenhuma escola possui estrutura para atendimento de crianças portadoras de necessidades

educacionais especiais. Tanto na sede quanto nos distritos os alunos são atendidos pelo

programa Caminho da Escola, estes utilizam o transporte escolar dentro da área de cobertura.

Os alunos menores, que não podem deslocam para casa sozinhos e que moram em ruas mais

distantes de suas escolas utilizam o ônibus sem que os pais precisem vir pegá-los na escola.

As escolas concebem que e gestão é democrática pois as ações ocorrem de forma coletiva e

participativa, afirmam que todos inclusive às famílias, participam das questões financeiras,

administrativas e pedagógicas, e que todos têm a oportunidade de dialogar, opinar, sugerir

ideias, e avaliar as ações que promovam o bom desempenho dos alunos.

3.3 APLICAÇÕES DOS INSTRUMENTOS DE PESQUISA E ANÁLISE DE DADOS

Os questionários foram aplicados a dez coordenadores que atuam nas Instituições de Educação

Infantil. Vejamos abaixo o resultado das análises dos questionários aplicados;

A questão 01 que se refere a formação específica para atuação como coordenador/a

pedagógico/a:

Gráfico 01- Formação do coordenador

Fonte: Questionário aplicado aos coordenadores/2015

Conforme o gráfico acima apresenta, nenhum/a coordenador/a possui experiência na área de

coordenação pedagógica, mas possuem a primeira graduação em Pedagogia. Essa realidade é

muito comum para os professores que exercem essa função em nosso município.

Nesse sentido Clementi (2001) que a falta de formação específica interfere na prática do/a

coordenador/a. Segundo a autora, por não haver uma preocupação na escolha do coordenador/a

NÃO

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

35

pedagógico/a, a qualidade do trabalho desse profissional é deficiente e contribui para que não

haja melhorias na qualidade de formação dos professores que atuam na escola.

Atualmente apenas uma das coordenadoras está concluindo o curso de Pós graduação em gestão

e Coordenação Pedagógica. Mas isso se dá, muito mais por uma iniciativa pessoal do que pela

iniciativa dos órgãos governamentais e até mesmo pela própria instituição de ensino. Mas uma

vez, Clementi (2001) afirma que na maioria dos casos o próprio indivíduo é que busca a sua

própria qualificação tendo em vista às necessidades e dificuldades, ao exercerem a função. Não

há investimento das próprias escolas. No entanto, através de observações foi possível constatar

no trabalho dessa coordenadora, que não houve mudanças significativas na dinâmica de seu

trabalho na escola. Os professores ainda reclamam da ausência da assistência técnica

qualificada. Clementi afirma:

A responsabilidade da pedagogia que está sendo desenvolvida na escola é também de

responsabilidade do coordenador que, objetivamente, junto com os professores, a

transforma em pratica. A falta de formação adequada desse profissional, a falta de

respaldo por parte das instituições particulares e públicas e a desmotivação fazem que

não se realizem momentos de reflexões fundamentais aos educadores para a vivência

dessa escola que a sociedade exige. (Clementi, 2001 p. 65).

É preciso também reconhecer que este profissional é ao mesmo tempo, um educador em

formação, pois ainda não possui habilidades especificas satisfatórias e conhecimentos mais

ampliados para melhor atuação. Clementi (2001) afirma que o próprio coordenador deve

revalorizar-se enquanto profissional comprometido com a instituição e com a sociedade não

podendo se isentar de ou até mesmo se “acomodar diante das dificuldades impostas pelos

sistemas”. Ele pode tomar consciência de suas funções através da sua formação continuada. A

formação continuada em áreas específicas ou sobre temas e aspectos e dimensões do cotidiano

na escola, possibilita /a coordenador/a pedagógico/a melhorar a sua atuação, intervir nos

momentos certos, nas práticas pedagógicas não inovadoras e propor reflexões dessa prática

elaborando planos de ações para resoluções dos problemas existentes.

A questão 02, se refere a escolha para exercer a função de coordenador/a pedagógico/a:

Gráfico 02 – Escolha para exercer a função

(Continua)

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

36

(continuação)

Fonte: Questionário aplicado aos coordenadores/2015

Conforme o resultado percebe-se que todos/as coordenadores/as, assim como os cargos de

diretores e vice diretores no município são escolhidos por indicação política partidária. Ao

longo dos anos quem assume a função de o/a coordenador/a pedagógico/a é simplesmente um

professor escolhido por aqueles que tomam a dianteira da Secretaria Municipal de Educação e

neste caso, o/a Secretário/a de Educação sob a influência política partidária. Se esse profissional

vai exercer suas reais funções na escola, fica a segundo plano como algo de pouca importância

para o bom desempenho das instituições. Não se pensa nos perfis, nos ritmos pessoais de cada

coordenador e das instituições em que este profissional vai trabalhar. Clementi (2001) afirma

que acima de tudo é necessário um “saber técnico especializado” para o exercício da função

Diante do exposto reconhece-se a necessidade das instituições governamentais em nosso

município realizarem concurso públicos para os cargos de coordenação pedagógica em áreas

especificas, tanto para atuarem na modalidade infantil quanto na modalidade fundamental. A

nossa realidade revela que não havendo seleção pública qualquer profissional pode exercer tal

função. Isso implica em um saber não técnico e falta de compromisso social e político. O que

se tem visto é que as questões políticas partidárias ainda vêm exercendo influencia em manter

esse ou aquele profissional no cargo.

“Segundo os supervisores e demais agentes escolares pesquisados, os concursos são

necessários e precisam continuar, pois representam uma conquista que precisa ser

preservada”. Nas palavras do autor supracitado (2008, p. 155), o concurso é, portanto,

“...? a forma mais justa de provê-los [os cargos de professor, de coordenador

pedagógico, de diretor e de supervisor escolar] no serviço público”, embora, nesse

processo, seja preciso ter em vista que “...? as datas de realização desses concursos,

bem como o ingresso, precisam ser planejados de modo a se evitar as constantes

alterações no quadro da educação ...?” (Vieira, 2008, p. 155). (Miziara, 2014, p. 618).

Dos coordenadores que assumiram a função por indicação apenas três não são do município.

No entanto houve inúmeros apelos para que estes profissionais fossem retirados de suas

INDICAÇÃO

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

37

respectivas funções. A própria comunidade escolar pontua que se esses profissionais não

“votaram para a atual gestão, não devem ter cargos na Secretaria Municipal de Educação”. Não

se leva em consideração a atuação desses profissionais em suas respectivas unidades de ensino.

A questão 03, se refere às atividades exercidas pelos coordenadores nas escolas de Educação

Infantil:

TABELA 01 - Atividades exercidas pelos coordenadores na escola

Respostas Coordenadores

Coordenar as reuniões pedagógicas; Desenvolver projetos pedagógicos; Observação dos diários; Acompanhamentos dos planos;

04

Organizar eventos e festas 02 Orientar os procedimentos de avaliação 01

Reuniões com os pais 01

Elaboração de atividades para os alunos 01

Mediar conflitos 01

Desenvolver atividades administrativas 01

Outras respostas 08

Fonte: Questionário aplicado aos coordenadores/2015

Conforme a tabela, três coordenadores responderam que, entre suas atividades exercidas na

escola está a de observar e orientar o preenchimento dos diários de classe. Essa prática é comum

no município. Os coordenadores sempre foram orientados a examinarem diariamente os diários

dos professores para evitar erros ou rasuras. Esse tem sido uma das atribuições mais importantes

para o coordenador/a pedagógica/a, especialmente ao final do ano letivo quando são feitas as

inspeções nas escolas pelos profissionais da Secretaria Municipal de Educação.

Apenas quatro coordenadores responderam que realizam o acompanhamento dos planos diários

e as sequencias didáticas. Esse acompanhamento é feito uma vez por mês quando são realizadas

as reuniões de planejamento e em algumas escolas são realizadas reuniões intercaladas às do

planejamento mensal. No entanto foi observado que os planos diários e as sequencias didáticas

estavam sem nexo entre os eixos temáticos e que não estavam em consonância com os objetivos,

com as habilidades bem como as propostas de atividades. Isso pode demonstrar que a falta de

habilidade e competência técnica por parte dos coordenadores impede que as orientações quanto

às elaborações das sequências e planos de aulas sejam realizadas com o devido

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

38

acompanhamento e orientações apropriadas para que o professor melhore suas aulas inovando

assim a sua prática.

Além de todas as atribuições citadas, uma coordenadora relatou que entre as atividades

exercidas por ela estão as administrativas. Afirma que mesmo tendo consciência de não fazer

parte de sua função precisa desenvolver e dar conta dos afazeres burocráticos e administrativos.

Ela comenta: “...também as atividades administrativas, sendo que as atividades citadas (as

administrativas) não é a atribuição do coordenador, mas para um bom andamento muitas vezes

é preciso essa intervenção do coordenador.” Nesse sentido Miziara (2014) declara:

Ele sempre fica à disposição dos diretores e dos professores, exercendo funções

alheias ao seu papel prescrito. Também é evidenciado nessas pesquisas que, sem um

norte definido para suas ações, por mais que esse profissional se esforce para atender

às diversas demandas do trabalho pedagógico, pouco contribui para um processo

educacional transformador. (Miziara, 2014, p. 613).

Todos os coordenadores da educação infantil têm consciência que as questões administrativas

não fazem parte de suas atribuições dentro da escola. No entanto essa pratica ainda é exercida

por todos. Embora apenas uma coordenadora relatou de forma específica que realiza trabalhos

burocráticos. As observações nas escolas demonstraram que entre estas atividades exercidas

pelos/as coordenador/as está o preenchimento dos diários escolares, realização de matrículas,

emissão de transferências, atestados, conferencia de material e merenda escolar, reuniões de

diversas, etc.

Placco (2015) declara que diante de tantas atribuições a eles delegadas, os coordenadores/as

passam a assumi-las com sentimento de pertença, ou seja, eles acabam internalizando todas

essas funções alheais ao seu trabalho, como se estas fossem suas, ou como fazendo de fato,

parte de seu trabalho na escola. Contudo, fica evidente que diante de tantas demandas que não

são suas, seu tempo fica bastante reduzido para o acompanhamento dos professores e ficando

as questões pedagógicas relegadas a segundo plano. Placco (2015, p. 14) diz que “o

acompanhamento do planejamento, sua execução e avaliação – tarefas potencialmente

formativas – são postergadas ou anuladas e outras funções predominantemente relacionadas as

relações interpessoais ou administrativas, são priorizadas.”

As reuniões com os pais, pontuada por dois coordenadores/as, se forem realizadas com

finalidades pedagógicas, e estreitar as relações família e escola o/a coordenador/a cumpre aí a

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

39

sua função. No entanto para essa pergunta não houve especificação, não podemos realizar uma

análise mais precisa. Porém é importante ressaltar que ao observar essas reuniões, grande parte

dos coordenadores no município ficam responsáveis em organizar e ministrar as reuniões de

pais e mestres. E nelas os/as coordenadores/as tem a função de relatar aos pais as atividades da

escola, no que se refere as datas comemorativas, o que os pais vão contribuir, relata-se sobre

comportamentos inadequados de alunos, horário de entrada e saída, etc. A questões pedagógicas

sobre o desenvolvimento dos alunos, perfis das turmas, habilidades apreendidas, geralmente

nem são sinalizadas nas reuniões. Franco (2001) existem dois grandes problemas de seria

complexidade na realização das reuniões. Quase nunca são discutidos os problemas

relacionados às questões de aprendizagens que só são discutias no encerramento do bimestre. E

o que para mim é o mais grave: nas reuniões a escola repassa para os pais as suas dificuldades,

lamentações, dilemas e queixas. O autor comenta:

Nesse contexto, as reuniões de conselho de classe e as reuniões de pais e mestres

acabam sendo utilizadas para reclamações e transferências de responsabilidade,

postura que não ajuda a superar as dificuldades e, em muitos momentos, acirra ainda

mais os conflitos com a classe, e agora também com os pais de alunos, (Franco 2001

p, 94).

Supervisionar, absorver informações, criando assim possibilidades de aprendizagens mútuas e

melhores perspectivas do professor atuar melhor em sala de aula é papel do coordenador. Ele

deve acompanhar a ação do professor de modo que este possa refletir criticamente a sua prática

provocando mudanças a partir dos interesses e questionamentos ali suscitados. Nesse sentido o

coordenador torna-se um agente de transformação a partir da realidade que se lhe apresenta.

A questão 04, se refere as atribuições que os/as coordenadores/as acreditam fazer parte de sua

função na escola:

TABELA 02 - Atribuições que acreditam fazerem parte de sua função

(continua)

Respostas % Coordenadores

Elaboração da proposta

pedagógica;

Dar suporte pedagógico ao

professor e ajuda-lo a refletir nas

suas práticas;

Orientar e acompanhar o

planejamento e os resultados das

avaliações;

04

Colaborar na interação família

escola.

01

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

40

Formar a equipe com base nos nas

teorias e diretrizes da educação.

02

Gerenciar, coordenar e

supervisionar todas as atividades

relacionadas ao processo de ensino

e aprendizagem visando a

permanecia do aluno com sucesso

na escola

01

Não respondeu 02

Outras respostas 08

Fonte: Questionário aplicado aos coordenadores/2015

A maioria do/as coordenador/as acredita que todas as afirmativas acima fazem parte de suas

atribuições. Quatro acredita que apenas parte dessas afirmativas diz respeito às suas atribuições.

Ao serem solicitados para que listassem essas atribuições, o que se percebe é que nem todos

relataram corretamente as reais atribuições de um/a coordenador/a na escola. Mas chama a

atenção para as respostas de quatro coordenadores. Estes sinalizam dos aspectos importantes

na sua atuação: “a elaboração da proposta pedagógica. “Dar suporte pedagógico ao professor

e ajuda-lo a refletir nas suas práticas.” E ainda dois desses sinalizarem que tem a função

de “formar a equipe com bases nas teorias e diretrizes da educação”. Mais um, ainda

afirma “Gerenciar, coordenar e supervisionar todas as atividades relacionadas ao processo

de ensino e aprendizagem visando a permanecia do aluno com sucesso na escola.” Essas ações

tornam-se necessárias, pois refletem que o trabalho da coordenação pedagógica está pautado no

compromisso com a função social da escola, capaz de produzir e reproduzir conhecimentos

dentro de um contexto histórico e cultural. Ele precisa conhecer e aplicar as teorias referentes

os parâmetros curriculares para a educação infantil e elaborar de suas propostas pedagógicas

frente a realidade socioeconômica da escola, a partir da realidade educacional de seus alunos,

bem como nas necessidades pedagógicas de sua equipe de professores. A partir daí Cruz (2014)

afirma que:

Nesse sentido, cabe ao coordenador de escola desenvolver ações voltadas para o

fortalecimento dos aspectos pedagógicos como formação continuada, direção,

coordenação, acompanhamento de aprendizagens dos educandos e articulação e

avaliação do projeto-político pedagógico a fim de garantir uma qualidade e uma

eficácia no processo educativo, contudo todas essas práticas, por parte do

coordenador, devem se proceder de forma reflexiva sobre as suas próprias ações, pois

é viável que o mesmo seja um profissional comunicativo, autônomo de

conhecimentos, compreensivo, além de tudo tenha uma visão estratégica de equipe.

(CRUZ, 2014, p. 15).

Foi pertinente quando um coordenador afirmou que tenta colaborar na interação família e

escola. A parceria que a escola deve promover com as famílias é de fundamental importância

(continuação)

(continuação)

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

41

para fortalecer o processo de aprendizagem das crianças, especialmente na educação infantil,

pois e nessa etapa que a criança precisa se sentir protegida e amada. Ambas instituições tem a

função de desenvolver a criança em sentido mental, psicomotor, afetivo e social promovendo

assim a formação do caráter, tão essencial para a vida em sociedade. No entanto as pesquisas

demonstram que a instituição familiar vem perdendo ao longo dos anos a sua verdadeira função

na formação e no desenvolvimento pleno de seus filhos por diversos fatores que não vamos

aprofunda-los agora. Mas cabe a escola fortalecer os vínculos de parceria com as famílias para

tentar recuperar o que já há muito foi perdido: a consciência de sua função social na vida de

seus filhos. As famílias precisam ter consciência que quanto mais se aproxima da escola mais

possibilidade de melhorias na aprendizagem de seus filhos elas podem ter. O coordenador

ciente de todos esses entraves e das más consequências que uma família ausente pode ocasionar

no processo de aprendizagem de seus filhos e consequentemente no seu comportamento social

na escola, deve pensar em ações que aproximem esses laços de parceria. Franco (2001) diz que

a escola deve buscar alternativas para estabelecer uma relação de respeito mútuo e democrática

com os pais.

A questão 5, que se refere a organização das reuniões de planejamento com foco na

educação infantil:

TABELA 03 - Organização das reuniões de planejamento

Respostas % Coordenadores

São discutidas as falhas e o que

pode ser ajustado com os

professores

1

São discutidas as falhas e o que

pode ser ajustado com os

professores

1

São organizadas em momentos de

pré-planejamento mediante visitas

nas salas

1

Outras respostas 8

Fonte: Questionário aplicado aos coordenadores/2015

Conforme observado na tabela apenas um respondeu assim: “são discutidos os pontos

percebidos como falhas e os que não foram bem trabalhados são abordados nas reuniões de

coordenação. As professoras são ouvidas para se identificar o que está dando certo e o que

precisa ser ajustado.”. Nenhum coordenador relatou que na organização das reuniões de

planejamento são discutidas pautas ou temáticas direcionadas às práticas pedagógicas na

educação infantil, dinâmicas de trabalho, orientações sobre o currículo, propostas pedagógicas,

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

42

planos de trabalhos específicos para crianças com necessidades especiais na educação infantil,

avaliação na educação infantil. Segundo Referenciais Curriculares para Educação infantil

(RCNEI, 1998), educar na educação infantil significa que o professor deve propiciar situações

de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada que possam contribuir

para o desenvolvimento das capacidades infantis. O documento ainda declara que através de

uma relação de confiança e respeito e do acesso aos conhecimentos mais ampliados sobre a

realidade social e cultural as crianças podem ser auxiliadas a desenvolver suas capacidades

cognitivas, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, contribuindo assim para a formação de

crianças mais felizes e saudáveis. Essas concepções acerca da aprendizagem de crianças na

educação infantil devem e precisam ser abordadas nas reuniões de coordenação e planejamento.

Elas devem fazer parte das pautas dessas reuniões. Miziara (2014) esclarece a deficiência da

formação inicial dos coordenadores pedagógicos, o que interfere em uma atuação mais

significativa, pois o que se percebe é um distanciamento entre o que se prega e o que se realiza

de fato nas escolas enquanto prática:

Outro dado evidenciado pelas pesquisas é a deficiência da formação inicial dos

coordenadores no que tange a aspectos metodológicos, planejamento, gestão escolar,

conhecimento das teorias pedagógicas, avaliação educacional e da aprendizagem,

currículo e formulações de políticas públicas, ou seja, há um divórcio entre teoria e

prática. (Miziara, 2014 p. 614).

No entanto apenas uma coordenadora relata fazer as visitas de observações em sala de aula,

algo de extrema importância para o desenvolvimento de seu trabalho. Ela comenta: “É

organizado momentos de pré-planejamento onde em visitação de sala de aula verifica-se

alguma dificuldade...” Nesse sentido Clementi (2001 p. 57), diz que “a pratica de assistir as

aulas permite ao coordenador o reconhecimento das mudanças pelas quais passam ou não o

professor e aluno. Estar em sala de aula, observando seu cotidiano, parece ser uma de suas

atividades fundamentais.” Segundo a autora a prática de assistir as aulas do professor ajuda o/a

coordenador/a em suas análises, reflexões e projeções para se corrigir possíveis falhas. Os

coordenadores afirmam que realizar visitas periódicas em sala de aula para observar de perto o

trabalho do professor junto a seus alunos é difícil, pois os professores não aceitam esse

procedimento, e na maioria dos casos até impedem que o coordenador o faça. Diante de tanta

resistência, os coordenadores não fazem das visitas de observação uma prática comum e

necessária para promover o pleno desenvolvimento de seu trabalho.

A Questão 06, que se refere à criação de situações formativas;

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

43

Gráfico 4 – Criar situações formativas

Fonte: Questionário aplicado aos coordenadores/2015

A formação continuada tanto dos professores quanto dos coordenadores pedagógicos tem sido

um desafio constante nas unidades de ensino. Promover a sua própria formação e a de sua

equipe de professores raramente é promovida. A participação dos professores nos processos

formativos nunca acontece. Não há nenhum direcionamento ou momentos planejados para se

promover momentos de reflexões sobre as práticas pedagógicas, consideradas inadequadas que

dificultam a aprendizagem, com vistas às mudanças necessárias em sala de aula com o objetivo

de se construir atitudes mais acertadas, autônomas e participativas.

Apesar de todas as escolas possuírem coordenadores verificou-se por meio de observações que

todos os/as coordenadoras/as da rede municipal de ensino que atuam nessa etapa indicada nunca

proporcionaram momentos para as formações do corpo docente. Afirmam não terem

conhecimentos específicos para conduzirem esse tipo de ação dentro da escola ou que não

dispõem de tempo para realiza-las.

Foi providenciado nas reuniões de planejamento, formações para o corpo docente de quatro

escolas municipais. Constatou-se que as professoras muito embora insatisfeitas com a ocasião,

reconheceram que o momento foi proveitoso. Alguns comentários: “eu não queria vir para o

planejamento, mas acabei gostando de suas orientações”; “O planejamento foi muito bom,

gostei, principalmente por ter nos esclarecido como elaborar uma sequência didática”; “muito

Obrigado por nos tirar as dúvidas, volte sempre”. A gente não queria mais trabalhar com

projeto, sentimos falta dos conteúdos, mas você tirou as nossas dúvidas com relação ao

trabalho com projeto, Obrigado.”

Na questão sete, conforme demonstrado no gráfico acima, uma coordenadora pontuou o

seguinte sobre criações de situações formativas na modalidade infantil: “não, mesmo por que,

o tempo não dá”. Surge então a pergunta: Por que o tempo não dá? Logo se percebe que as

SIM

NÃO

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

44

demandas desempenhadas pelos coordenadores/as estão além de suas reais funções, sufocando

esse profissional, visto que, uma de suas primordiais atribuições é a de promover as formações

continuadas dos professores. Cinco coordenadores também responderam que não, e não

sinalizaram o porquê. Miziara (2014) apud Fernandes(2007) declara:

Nota-se no exposto por Fernandes (2007) algumas causas que tornam inócuas as ações

formativas na escola, como a restrita compreensão teórica dessas propostas e as

intermitências em sua realização. Ademais, a falta de espaço, não apenas físico, mas

também temporal, interfere na atuação deste segmento. Nesse aspecto, é evidente a

falta de identidade do coordenador nas instituições escolares. (Miziara, 2014 p. 615).

Dos oito coordenadores, apenas dois responderam que sim. Observe seus comentários: “Sim

sempre trazendo materiais e fonte como livros, artigos e outros que possam sanar alguma

dificuldade, ou até situações cotidianas que possam ser discutidas no grupo que embasada

teoricamente possa ajudar o grupo.”; “Sim diante das dificuldades apresentadas ou

percebidas, são criadas situações para abordamos junto ao grupo algumas situações de

aprendizado, exemplo das sequencias didáticas, planos de aula, e como trabalhar projeto.” ,

Mesmo afirmando promover as formações em suas unidades de ensino, esses dois

coordenadores distorcem o sentido de formar com suas respostas. Formar não significa trazer

“livros ou artigos” na esperança de que os professores modifiquem suas práticas no instalar de

dedos. Formar não significar abordar situações de aprendizagem apenas. Segundo Placco

(2015) o sentido de formar deve superar a sedução de modelar uma única forma, mas favorecer

uma postura diante de múltiplas ações que tem sido desenvolvida na formação dos

professores. Forma-se então a partir de dimensões diferenciadas, sob várias direções através

de movimentos indagativos com intenção de obter repostas as inquietações. A autora enumera

as dimensões possíveis no ato de formação continuada:

a) Dimensão técnico-cientifica; diz respeito aos conhecimentos técnicos-científicos por área

de atuação, mas garantido a “flexibilidade para possíveis mudanças no campo conceitual de

forma Inter e transdisciplinar.”

b) Dimensão da formação continuada; diz respeito a motivação ao interesse busca continua

de novos saberes e novas informações e questionamento em relação a sus área de conhecimento.

c) Dimensão do trabalho coletivo e da construção coletiva do projeto pedagógico; diz

respeito ao trabalho coletivo, onde todos na escola devem participar com vista na “formação do

aluno e do cidadão”.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

45

d) Dimensão dos saberes para ensinar; diz respeito aos conhecimentos produzidos pelo

professor, conhecer a finalidade e a utilidade dos procedimentos didáticos, os aspectos afetivos

e emocionais e objetivos educacionais.

e) Dimensão critico reflexiva; diz respeito ao desenvolvimento metacognitivo, ou seja,

conhecimento cognitivo pessoal e sua autorregularão. Perceber-se e perceber suas ações, avalia-

las e modifica-las.

f) Dimensão avaliativa; diz respeito a capacidade de saber avaliar as suas práticas

desenvolvendo habilidades de coleta e análise de dados, levantamento de hipóteses sobre esses

dados criação de condições para encaminhamentos de soluções em relação aos problemas

existentes.

Além dessas dimensões descritas por Placco deve-se acrescentar mais duas dimensões: a

dimensão das relações interpessoais no ambiente escolar, que diz respeito à capacidade de

se relacionar com todos promovendo a mediação de conflitos para o bom andamento de todas

as ações desenvolvidas na escola. E a dimensão de parceria entre a família /escola/

comunidade, que diz respeito ao desenvolvimento de estratégias que facilitem construção

coletiva de saberes e experiências e ajuda mútua, percebendo a como um espaço onde todos

aqueles que dela participam se beneficiam. Diante do exposto Miziara resume os processos de

formação da seguinte forma:

Do mesmo modo, nos projetos de formação que partem de iniciativas dos

coordenadores, para atender às necessidades e demandas dos professores, parece não

haver união entre o dito e o realizado. Além disso, o uso simplista dos conceitos

teóricos que poderiam iluminar a prática docente perpetua o bordão, muito

conveniente, de que a teoria não dá respostas à prática. Há, portanto, um hiato entre o

que se entende por esse conceito de formação continuada e o que se vivencia na rotina

escolar. (Miziara, 2014 p 614).

Questão 07, que se refere às atitudes propostas a partir das dificuldades de aprendizagem:

TABELA 04 - Propostas diante dos resultados de aprendizagem

Respostas % Coordenadores

Criando e revendo estratégias para

superação das dificuldades 04

Momentos de reflexão da prática 02 Desenvolver projetos e aulas

diferenciadas 02

Outras respostas 08 Fonte: Questionário aplicado aos coordenadores/2015

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

46

De acordo com a tabela acima as atitudes propostas junto aos professores diante dos resultados

de aprendizagem são bastante amplas. Embora quatro coordenadoras responderam que criam e

reveem as estratégias para superar as dificuldades, e duas afirmarem que desenvolvem projetos

e aulas diferenciadas, foi observado nas visitas, nos momentos de planejamento que nenhuma

delas discute ou reveem estratégias de melhoria da prática pedagógica. As reuniões são apenas

momentos para se confeccionar as sequencias didáticas de cada mês. Clementi (2001) afirma

que na atualidade a escola não deve estar sujeita a conteúdos formais, tornando-se necessário

um coordenador consciente de seu papel na escola e consciente também das mudanças no papel

que desempenha. O coordenador deve desenvolver seu trabalho em parceria com a escola, com

o professor e com a sociedade.

Foi observado que houve o desenvolvimento de projetos, não com intencionalidade de se buscar

mecanismos para a superação das dificuldades de aprendizagem dos alunos, mas sim, como

uma exigência do Programa de Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), visto que nesta escola

se trabalha com a modalidade do ensino fundamental I, além da pré-escola. Ainda percebe-se a

dificuldade de se elaborar projetos interdisciplinares, por não haver uma compreensão de sua

aplicabilidade e importância para o processo de aprendizagem dos alunos, sem falar na própria

estruturação do projeto.

A Questão 08, que se refere sobre se os/as coordenadores/as possuem dificuldades que

interferem na atuação:

Gráfico 04 – Dificuldade na atuação

Fonte: Questionário aplicado aos coordenadores/2015

Conforme gráfico, cinco coordenadores afirmaram possuir alguma dificuldade que interfere no

seu trabalho, dois afirmaram não ter nenhuma dificuldade e um respondeu, as vezes. No entanto

parece que a pergunta não foi muito bem compreendida por estes, ou preferiram não responder

o que se pediu. Nesse sentido devemos considerar que certamente é muito difícil falar de nossas

limitações, nossa falta de domínio técnico, especialmente na área da qual atuamos, e sendo

SIM

NÃO

AS VEZES

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

47

assim, se trona mais cômodo atribuir ao outro as nossas derrotas, ou aquilo que não deu certo.

Porém seria muito digno reconhecer as nossas limitações pois assim ficaria mais fácil

encontramos as respostas, buscamos os caminhos mais acertados. As respostas a seguir

justificam essas afirmativas:

A Questão 09, que se refere à especificação das dificuldades dos coordenadores/as:

TABELA 5- Especificação das dificuldades

Respostas % Coordenadores

Desenvolvimento das sequencia

didáticas e sugestões de atividades 01

Relacionamento 02 Falta de Experiência pela questão

de tempo na educação infantil 01

Não respondeu 02 Outras respostas 08

Fonte: Questionário aplicado aos coordenadores/2015

Ao ser analisadas as respostas dessa pergunta percebeu-se o quanto é difícil falar sobre nossas

limitações. Os/as coordenadores/as atribuíram essas dificuldades a fatores externos tais como

falta de apoio das família, tempo e falta de recursos. Apenas uma coordenadora reconheceu não

ter habilidade em “desenvolver as sequencias didáticas e sugerir atividades para os

professores”. Sobre isso Clementi (2001, p. 64) diz que o coordenador não deve perder o credito

de seus professores. Para que isso não aconteça é necessário acima de tudo “liderança,

organização, dinamismo, além do saber técnico especializado”. Segundo a autora se o/a

coordenador/a não possuir atributos para mediar o trabalho do professor poder surgir dúvidas

quanto à necessidade ou não da existência de um coordenador na escola. Mas é preciso também

entender que esse profissional também está em formação. A mesma autora afirma ainda que

através da formação inicial e continuada o coordenador pode desenvolver a “consciência de sua

função.” Quando isso acontece ele desenvolve suas funções com mais clareza, com mais tato,

e cada vez mais vai aprender a valorizá-la e consequentemente irá adquirir o respeito de sua

equipe.

Duas coordenadoras, ambas, atuando na creche responderam ter dificuldade de relacionamento

quando não respeitam suas opiniões. As relações interpessoais constituem um fator

imprescindível para a boa atuação do/a coordenador/a pedagógico/a. A maioria dos

coordenadores relatam que antes de assumirem a função na escola, tinham uma boa relação

com os professores. Porém ao assumirem a função, as relações não ficaram tão amistosas. Veja

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

48

um relato: “Pró antes, todas as professoras brincavam, sorriam, várias vezes, nos pegávamos

contado piadas juntas e dávamos muitas gargalhadas. Costumávamos trocar ideias sobre as

atividades e sequencias didáticas. Hoje a coisa mudou. Todas as minhas colegas viraram

minhas inimigas. Agora não posso dar opinião sobre a prática e quando trago sugestões ou

metodologias diferenciadas, elas simplesmente ignoram.” (Relato de uma coordenadora que

atua na creche).

Visto que a principal função do coordenador é a de articular o grupo e professor, levando-os a

definir seus objetivos pedagógicos para melhor atuação em sala de aula, é imprescindível que

haja coesão na sua atuação no sentido de desenvolver habilidades nos planos: saber olhar, saber

ouvir e saber falar. Lima (2007) declara:

Confunde a atribuição de seu papel profissional com imposições normativas, bem

como democracia, autoridade e autoritarismo, ficando sem norte e não raras vezes

com um sentimento de perda de identidade profissional intra-escola. Há que se buscar,

portanto, um outro olhar acerca da relevância do trabalho do coordenador pedagógico

na escola, mediado pelo equilíbrio de suas atribuições como um dos eixos

imprescindíveis às práticas pedagógicas sistematizadas onde cada um e todos se

tornam corresponsáveis pelo processo ensino-aprendizagem. (Lima, 2007 p. 81)

Uma coordenadora que atua na Creche relatou: “o tempo. E algumas dificuldades do pouco

tempo de experiência na educação infantil.” É evidente que a falta de experiência atrelada ao

tempo tem dificultado em muito a boa atuação dos/as coordenadores/as pedagógicos/as. O

tempo de serviço promove o aprimoramento da prática possibilitando assim um trabalho menos

lacunado. As experiências decorrentes dos anos realizando um determinado ofício faz do

aprendiz um mestre. Sem sombra de dúvidas em toda ocupação um fator de grande importância

são os anos que o indivíduo passa realizando aquela mesma função até chagar a plenitude

desejada. Dessa forma vai adquirindo conhecimentos técnicos e teóricos necessários para se

compreender os saberes.

Com base no exposto pretende-se elaborar um projeto de intervenção deve ser desenvolvido a

partir da ação coletiva de todos os envolvidos através dos princípios de gestão democrática e se

fundamenta na pesquisa- ação, onde a relação dialética favorece a sua aplicabilidade. Quando

os sujeitos ao refletem sobre a sua própria pratica, buscam caminhos e novos conhecimentos

para redireciona-la sob uma nova perspectiva, isso provoca mudanças positivas na prática

docente. Baseado nessa afirmativa segue abaixo as ações da proposta de intervenção que devem

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

49

ser desenvolvidas a partir da participação coletiva objetivando equacionar a problemática em

questão:

3.4 CRONOGRAMA DE AÇÕES

QUADRO 01 – Demonstrativo das ações da proposta de intervenção

Fonte: Elaboração da autora/2015

4.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A atuação do coordenador/a pedagógico/a deve ser vista enquanto prática facilitadora e

transformadora na escola, considerando as seguintes dimensões: teórico cientifica; dos

saberes para ensinar; do trabalho coletivo; da articulação critico reflexiva; das concepções

sobre os processos de avaliação; e da formação continuada. (Placco 2015). As dimensões

Descrições das

ações

Responsáveis

e participantes

Meses 2015/2016

NO

VE

MB

RO

20

15

DE

ZE

MB

RO

20

15

JA

NE

IRO

20

16

FE

VE

RE

IRO

20

16

MA

O

20

16

AB

RI

20

16

MA

IO

20

16

JU

NH

O

20

16

AG

OS

TO

20

16

Diagnostico

situacional da

equipe de

coordenadores/

as locais

Coordenadora

Pesquisadora

e coordenadores

locais

x

Construção

do PI

Coordenadora

pesquisadora

x

Escolha do

referencial

teórico

conceitual

Coordenadora

pesquisadora x x

Encontro de

formação com

as

coordenadoras

pedagógicas

Coordenadora

pesquisadora e

Coordenadores

locais

x x x x x x

Visitas de

observação nas

unidades

escolares

Coordenadora

pesquisadora

x x x x x x

Apresentação

de Seminário

para avaliação

dos resultados

Coordenadora

pesquisadora

e

Coordenadores

locais

x

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

50

decorrentes da parceria com a comunidade e das relações interpessoais também devem ser

consideradas.

Com base nesses pressupostos o presente projeto foi construído a partir da necessidade de se

compreender a atuação do/a coordenador/a pedagógico/a nas escolas de educação infantil do

município de Salinas da Margarida e seus impactos na prática docente, partido do pressuposto

que este profissional deve possuir qualificação técnica para atuar nessa modalidade de ensino.

A formação técnica especializada no trabalho dos coordenadores pedagógico em educação

infantil proporciona um saber sistematizado e promove uma atuação mais significativa e eficaz.

No entanto, após a análise dos questionários aplicados foi possível constatar que estes ainda

enfrentam muitos desafios na realização de suas funções, pois não possuem experiência teórica

ou técnica sobre as práticas pedagógicas na educação infantil, o que dificulta o desempenho

de suas reais funções nessa modalidade de ensino de modo a subsidiar a prática docente. Os

coordenadores não conseguem articular bem as reuniões de planejamento tomando como

parâmetro as suas necessidades pedagógicas.

Os/as coordenadores/as ainda realizam atividades que não dizem respeito as suas atribuições,

além de não possuírem entendimento claro sobre o deve realizar na escola. As análises

demonstraram que os coordenadores parecem demonstrar algum conhecimento sobre as suas

reais atribuições. De forme bem específica os coordenadores nº,05, 08, 09 e 10 pontuaram

atribuições que realmente dizem respeito ao papel do coordenador na escola. Porém na prática

elas não são efetuadas. Se o discurso não dialoga com a prática é possível que estes não tenham

habilidades técnica para realiza-las. (Almeida e Placco 2001) Ao realizam e se envolverem

em atividades puramente burocráticas, deixam de lado suas reais atribuições, e isso tem

comprometido a qualidade do ensino. Visto que falta-lhes tempo, não é possível desenvolver

ações articuladas e eficazes. (TORRES, 2001).

Nesse sentido deve ser promovido a todos os coordenadores que atuam na educação infantil

várias formações através da elaboração e aplicação do projeto vivencial (PI) cujo objetivo é

orientá-los/as sobre os pressupostos teóricos acerca das reais atribuições enquanto

coordenadores/as pedagógicos/as, a luz dos autores supracitados nesse TCC, sobre as

concepções acerca das práticas pedagógicas e concepções relacionadas ao cuidar, brincar e

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

51

educar na educação infantil (RCNEI, 1998). O que se espera com a aplicação do referido projeto

é que, ao refletirem sobre o seu trabalho, (anteriormente) fragmentado, sem coerência

conhecimento e teórico prático, estes passam desenvolver uma prática mais eficaz, para

subsidiar melhor o trabalho com seus professores e consequentemente trazer significativas

mudanças no ato de ensinar e aprender.

Portanto o estudo do tema e as contribuições aqui apresentadas, embora podendo trazer

resultados satisfatórios para os agentes aqui envolvidos, servem apenas para contribuir em

equacionar um minúsculo problema nas escolas de educação infantil no município de Salinas

da Margarida. No entanto, poderá proporcionar estudos mais amplos e aprofundados,

instigando os possíveis leitores desse trabalho instaurar questionamentos futuros sobre o

objeto da pesquisa e assim favorecer outras investigações.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Laurinda Ramalho de, PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza (org). O

Coordenador pedagógico e o espaço de mudança, São Paulo, Edições Loyola, 2001.

ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de; VIEIRA, Marili M. da Silva. O coordenador

pedagógico e a questão dos saberes. In: ALMEIDA, Laurinda Ramalho de (Org.); PLACCO,

Vera Maria Nigro de Souza (Org.). O coordenador pedagógico e questões da

contemporaneidade. São Paulo Loyola, 2006.

BAHIA, Secretaria Municipal de Educação. Plano Municipal de Educação. Salinas da

Margarida, 2014, 130 p.

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.

Referencial curricular nacional para a educação infantil / Ministério da Educação e do

Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1998. 3v.: il.

BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares

nacionais para a educação infantil /Secretaria de Educação Básica. – Brasília: MEC, SEB,

2010.

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.

Parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 2001.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

52

BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi; ROSA, Ester Calland: organização. Ler e escrever na

educação infantil 2 ed.- Belo Horizonte: Autentica editora, 2011.

CLEMENTI, Nilba. A voz dos outros e a nossa voz. In.:ALMEIDA, Laurinda R.

PLACCO,Vera Maria N. de S. O coordenador pedagógico e o espaço de mudança. São Paulo:

Edições Loyola, 2003.

CRUZ, Maira M. O.; CASTRO, Selma B. D.; LIMA, Ana C. R. E. Caminhos da

Coordenação Pedagógica: uma análise histórica. Disponível em: <http://goo.gl/j1bulF>.

Acesso em: 10 mar. 2015. Loyola, 2001.

FARIA, Vitoria Líbia Barreto de. Currículo na educação infantil: diálogo com os demais

elementos da proposta pedagógica, 2ª ed., [ ver. e ampl. ], São Paulo: Ática, 2012. Disponível

em:<https://goo.gl/1mNqTx>. Acesso em: 15 mar. 2015.

FARIAS, Isabel Maria Sabino de. et al. Fundamentos da prática docente: elementos quase

invisíveis. In: Didática e docência: aprendendo a profissão. Brasil: Lider livro, 2009.

FRANCO, Maria Amélia Santoro. Coordenação Pedagógica: uma práxis em busca de sua

identidade. Revista Múltiplas Leituras, São Paulo, v.1, n. 1, p. 117-131, jan./jun. 2008.

FRANCO, Francisco Carlos, professor coordenador de turma- Perspectivas de atuação.

In.:ALMEIDA, Laurinda R. PLACCO,Vera Maria N. de S. O coordenador pedagógico e o

espaço de mudança. São Paulo: Edições Loyola, 2001.

GROSBAUM, Marta Wolak: Progestão: Como promover o sucesso da aprendizagem do

aluno e sua permanência na escola? modulo IV Marta Wolak Grosbaum , Claudia leme

Ferreira Davis; coordenação geral Magda Aglaê de Medeiros Machado. Brasília: CONSED -

Conselho nacional de Secretários de Educação, 2001.

HOFFMANN, Jussara. A avaliação e Educação Infantil: Um olhar sensível e reflexivo sobre

a criança/ Jussara Hoffmann- Porto Alegre: Mediação. 2012 (edição atualizada e ampliada)

152 p.

PROENÇA, Heloísa Helena Dias Martins. Formação de professores na escola básica:

desafio do cotidiano na atuação da professora-coordenadora N023jan./jun. 2012 -

Proença, Heloísa Helena Dias Martins - p. 56-65 RESGATE - vol. XX,

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

53

PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza, ALMEIDA, Laurinda Ramalho de, organizadoras:

O coordenador pedagógico no espaço de mudança: articulador, formador, e transformador

– São Paulo: Edições Loyola, 2015.

ORSOLON, Luzia Angelita Marino. O Coordenador/ Formador como um dos agentes de

transformação da/ escola. In.:ALMEIDA, Laurinda R., PLACCO, Vera Maria N. de S. O

coordenador pedagógico e o espaço de mudança. São Paulo: Edições Loyola, 2001

LIMA, Paulo Gomes; SANTOS, Sandra Mendes dos Santos. O Coordenador Pedagógico na

educação básica: desafios e perspectivas. Educere et Educare: Revista de Educação,

Cascavel-PR, v. 2, n. 4, p. 77-90, jul./dez. 2007. Disponível em: <http://goo.gl/jEQY33>.

Acesso em: 12 mar. 2015.

MIZIARA, Leni Aparecida Souto; RIBEIRO, Ricardo; BEZERRA, Giovani Ferreira. O que

revelam as pesquisas sobre a atuação do coordenador pedagógico. Revista Brasileira de

Estudos Pedagógicos, Brasília-DF, v. 95, n. 241, p. 609-635, set./dez. 2014. Disponível

em:<http://goo.gl/XkUI4d>. Acesso em: 13 jun. 2015.

OLIVEIRA, S. B. Gestão democrática e a construção do projeto político pedagógico: um

desafio para intervenção. Londrina, PR: UEL, 2007. Disponível em: <http://goo.gl/43aT93>.

Acesso em: 20 jan. 2015

THIOLLENT, Michel, 1947, Metodologia da pesquisa-ação 1 Michel Thiollent. - São Paulo:

Cortez: Autores Associados, 1986. (Coleção temas básicos de pesquisa-ação).

TORRES, Suzana Rodrigues. Reuniões pedagógicas: espaços de encontro entre coordenadores

e professores ou exigências burocrática In.:ALMEIDA, Laurinda R. PLACCO,Vera Maria N.

de S. O coordenador pedagógico e o espaço de mudança. São Paulo: Edições Loyola, 2001.

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/...prática docente. Entre eles estão as contribuições de Almeida e Placco (2011) que discorrem

54

APÊNDICE A – Modelo de Questionário Aplicado

Nome do participante ________________________________________________

1- Você possui formação específica na área de coordenação pedagógica?

( ) sim ( ) não

2- Como foi escolhida para exercer a função de coordenadora pedagógica?

( ) seleção publica ( ) promoção por mérito

( ) indicação ( ) outros

3- Quais as atividades são exercidas por você na escola?

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

4- Que atribuições você acredita fazerem parte de sua função?

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

5- Como é organizada as reuniões de planejamento com foco na educação infantil?

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

6- Você costuma criar situações formativas para os professores que contemplam a educação infantil?

__________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

7- Diante dos resultados de aprendizagem quais atitudes são propostas junto às professoras?

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

8- Você possui alguma dificuldade que interfere na sua atuação enquanto coordenador/a pedagógico/a?

( )sim ( ) não ( )as vezes

9- Qual(ais): ________________________________________________________________________

________________________________________________________________________