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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS, E ARTES CAMPUSI JOÃO PESSOA - PB PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA E ENSINO/MPLE SILVANA MARIA SAMPAIO CAMURÇA O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA PRODUÇÃO TEXTUAL NO AMBIENTE VIRTUAL: POSSIBILIDADES PARA OS MULTILETRAMENTOS JOÃO PESSOA 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS, E ARTES

CAMPUSI – JOÃO PESSOA - PB PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA E ENSINO/MPLE

SILVANA MARIA SAMPAIO CAMURÇA

O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA PRODUÇÃO TEXTUAL NO AMBIENTE VIRTUAL: POSSIBILIDADES PARA OS

MULTILETRAMENTOS

JOÃO PESSOA 2014

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SILVANA MARIA SAMPAIO CAMURÇA

O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA PRODUÇÃO TEXTUAL NO AMBIENTE VIRTUAL: POSSIBILIDADES PARA OS

MULTILETRAMENTOS

Dissertação apresentada como exigência para obtenção do Título de Mestre em Linguística e Ensino pelo Programa de Pós-Graduação – Mestrado Profissional em Linguística e Ensino da Universidade Federal da Paraíba.

Orientador: Prof. Dr. João Wandemberg Gonçalves Maciel

Co-orientadora: Profª. Drª. Marineuma de Oliveira Costa Cavalcanti

JOÃO PESSOA 2014

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C211p Camurça, Silvana Maria Sampaio. O processo ensino-aprendizagem da leitura e da produção textual no ambiente virtual: possibilidades para o multiletramentos./ Silvana Maria Sampaio Camurça. - João Pessoa, 2014. 92f. : il.

Orientador: Dr. João Wandemberg Gonçalves Maciel Co-Orientadora: Drª Marineuma Oliveira Costa Cavalcanti Dissertação (Mestrado) - UFPB/MPLE 1. Linguística. 2. Leitura e escrita. 3. Multiletramentos. 4. Ensino a distância.

UFPB/BC CDU: 801(043)

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SILVANA MARIA SAMPAIO CAMURÇA

O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA PRODUÇÃO TEXTUAL NO AMBIENTE VIRTUAL: POSSIBILIDADES PARA OS

MULTILETRAMENTOS

Dissertação apresentada como exigência para obtenção do Título de Mestre em Linguística e Ensino pelo Programa de Pós-Graduação – Mestrado Profissional em Linguística e Ensino da Universidade Federal da Paraíba.

Aprovado em:____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. João Wandemberg Gonçalves Maciel - UFPB/MPLE/PROFLETRAS Orientador

Profª Drª Marineuma de Oliveira Costa Cavalcanti - UFPB/PROFLETRAS Co-Orientadora

Prof.ª Drª Eliane Ferraz Alves - UFPB/ MPLE Examinadora

Prof.ª Drª Carla Alecsandra de Melo Bonifácio –UFPB/ PROFLETRAS Examinadora

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Dedico este trabalho ao meu pai (in memoriam), Dr. Maurício Camurça e a minha mãe, Dona Amélia Camurça por terem me ensinado valores éticos e de justiça social que tanto me ajudaram durante o meu desenvolvimento como pessoa e como educadora, e que contribuíram na construção, proposta e idealização deste trabalho.

Dedico.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos os meus alunos que participaram, direta e indiretamente,

para a efetivação desse estudo dissertativo, colaborando durante todas as

atividades desenvolvidas, favorecendo a elaboração das minhas observações

necessárias sobre o processo ensino-aprendizagem que se desenvolvia.

A minha vice-diretora educacional, professora Cristine Vieira, que incentivou

o uso do Ambiente Virtual de Aprendizagem como recurso pedagógico, e confiou na

minha proposta pedagógica, deixando-me conduzir os trabalhos na sala virtual.

Ao diretor do Colégio Marista Pio X, Prof. Aloirmar da Silva, que reconheceu

como experiência exitosa o uso da EAD como um prolongamento da sala de aula

presencial e incentivou-me a relatar essa experiência descrita nesse estudo.

Ao laboratorista do colégio, João Neto, que com muita dedicação e

competência, preparou o designer do ambiente virtual de aprendizagem.

Ao meu orientador professor João Wandemberg G. Maciel e à minha Co-

orientadora Marineuma Cavalcanti, que com muita competência e praticidade,

mostraram-me os caminhos possíveis que deveriam ser trilhados para um bom

resultado do trabalho.

A meu esposo e filhos, pela compreensão da minha ausência nos bons

momentos que passaram juntos, e que eu não pude estar presente, devido ao tempo

que me dedicava a este trabalho.

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Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que – fazer esse encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino, continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade [...].

(Paulo Freire)

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RESUMO

A partir da necessidade de tornar o ensino de Língua Portuguesa mais próximo do contexto de leitura e de escrita em que se encontram atualmente os alunos da referida pesquisa, tornando-os mais proficientes na competência leitora e escritora. O objetivo geral desse estudo dissertativo é refletir sobre uma proposta de ensino para a leitura e a escrita nas aulas de Língua Portuguesa, a partir do uso de um ambiente virtual de aprendizagem - AVA, que são softwares auxiliares na montagem de cursos acessíveis pela Internet, utilizados na Educação a Distância, e elaborados para ajudar os professores no gerenciamento de conteúdos para seus alunos. As estratégias de ensino estabelecidas são inseridas em um contexto de letramento crítico, e o ambiente virtual é um prolongamento da sala de aula presencial, que através de suas atividades, promovem os multiletramentos no contexto da leitura e da produção textual, utilizando diferentes textos multissemióticos, que circulam na Internet. Para isso, o presente trabalho discute o que vem a serem os multiletramentos segundo Rojo (2012), e a proposta de ensino da língua baseado nos estudos de Bakhtin (1986), Vygotsky (1984), Bronckart (1999), Dolz & Schneuwly (2004) e Marcuschi (2008), levando-nos a uma reflexão sobre sua importância, para formar, durante o processo de escolarização, leitores e escritores proficientes, usando essas estratégias como forma de transposição didática para os desenvolvimentos das aulas de Língua Portuguesa na educação básica e, em especial, do 5º ano do Ensino Fundamental do Colégio Marista Pio X – João Pessoa PB, utilizando como sala de aula virtual o Ambiente Virtual de Aprendizagem MOODLE, hospedado em seu provedor, no ano de 2013. Os resultados apontaram que o ambiente virtual aproximou os estudantes, cada vez mais, da realidade das práticas de leitura e de escrita presentes na web e utilizadas diariamente por eles, fazendo-os interagirem e construírem seus textos com mais interesse e motivação em uma sala de aula virtual do que em uma sala de aula presencial.

Palavras-chave: Ensino a distância. Multiletramentos. Leitura e escrita.

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ABSTRACT

From the necessity of making the teaching of Portuguese language the closest to context that students are nowadays concerning reading and writing making them more proficient in the reading and writing competence. The overall aim of this paper is to reflect about a proposal of teaching reading and writing in Portuguese through the use of Virtual Learning Environment (AVA) which are auxiliary software programs that help set up courses that are accessible through internet in Distant Learning (EAD) and designed to help teachers manage content for their students. The teaching strategies are inserted in a critical literacy context and the virtual environment is an extension of the traditional classroom. Through activities multiliteracies are promoted by using different multisemiotic texts that circulate in the internet. Thus, this article discusses what multiliteracies are according to Rojo(2012) as well as the language teaching proposal based on the studies of Bakhtin (1986), Vygotsky (1984), Bronckart (1999), Dolz & Schneuwly (2004) and Marcuschi (2008) leading us to reflect on their importance to form, during the schooling process, proficient readers and writers using these strategies as a way of didactic transposition in lesson planning of Portuguese classes in Basic Education, specially, fifth grade students of Colégio Marista Pio X in João Pessoa, using as virtual classroom the MOODLE Virtual Learning Environment, hosted in its provider in the year of 2013. Results have shown that the virtual environment made students closer to the reading and writing practices that are present on the web and that are daily used by them making them interact and build their texts with more interest and motivation in a virtual classroom than in the real classroom.

Key words: Distant Learning, Multiliteracies, Reading and Writing

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LISTA DE SIGLAS

ALPT - Ambiente de Leitura e Produção Textual

AVA - Ambiente Virtual de Aprendizagem

CCHLA - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes.

EAD - Educação à distância

ISD - Interacionismo Sociodiscursivo

LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC - Ministério da Educação e Cultura

MOODLE - Modular Object – Oriented Dynamic Learning Environment

(Objeto Orientado para Ambiente Dinâmico de Aprendizagem Modular)

PCNs - Parâmetros Curriculares Nacionais

PROINFO - Programa Nacional de Formação Continuada em Tecnologia Educacional

TICs - Tecnologia da Informação e Comunicação

UFPB - Universidade Federal da Paraíba

ZDP - Zona de Desenvolvimento Potencial

ZDR - Zona de Desenvolvimento Real

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01 - Esquema da sequência didática............................................................ 23

FIGURA 02 - A Rede de Aprendizagem na Educação Virtual...................................... 30

FIGURA 03 - Designer gráfico utilizado para o ALPT..................................................

49

FIGURA 04 - Explicação para o convite de conhecer o ambiente virtual e para a primeira postagem..................................................................................

50

FIGURA 05 - Interação dos estudantes no Fórum de Boas-vindas............................. 51

FIGURA 06 - Divisão dos módulos na página do ALPT............................................... 55 FIGURA 07 - Explicação da professora sobre o Fórum Compartilhando e Conhecimentos....................................................................................

55

FIGURA 08 - Fórum Compartilhando Conhecimentos................................................. 56 FIGURA 09 - Troca de arquivos para correção e reescrita de textos..........................

57

FIGURA 10 - Reescrita de forma virtual utilizando ferramenta revisão do Word........ 58 FIGURA 11 - Primeira orientação para participação no Fórum de Discussão sobre a temática da história do Menino Nito.......................................................

59

FIGURA 12 - Segunda orientação para participação no Fórum de Discussão Menino Nito..........................................................................................................

60

FIGURA 13 - Capa do livro O menino Nito e sites com outras versões em outros suportes...................................................................................................

60

FIGURA 14 - Participação de alunos no fórum Menino Nito......................................... 61 FIGURA 15 - Participação de alunos no fórum Menino Nito. ....................................... 62 FIGURA 16 - Atividades desenvolvidas no Módulo III.................................................. 64 FIGURA 17 - Texto coletivo construído com a ferramenta wiki.................................... 65 FIGURA 18 - Produção de textos híbridos realizado pelos alunos.............................. 67 FIGURA 19 - Produção de textos híbridos realizados pelos alunos............................ 67 FIGURA 20 - Orientações para participação................................................................ 68 FIGURA 21 - Fórum Mostra de Conhecimento com os links para o trabalho em grupo de cada equipe formada...............................................................

69

FIGURA 22 - Colaboração da professora no Fórum Mostra de Conhecimento........... 69 FIGURA 23 - Continuação da colaboração da professora........................................... 70 FIGURA 24 - Exemplo de interação entre os componentes de um grupo na construção de uma produção de texto híbrido.......................................

70

FIGURA 25 - Culminância do projeto da Mostra de Conhecimentos “A comunidade ao Longo dos tempo”

71

FIGURA 26 - Exemplo de correção do gênero textual notícia, realizado no espaço do Fórum.................................................................................................

71

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 01 - Sexo dos sujeitos participantes da pesquisa.......................................

38

GRÁFICO 02 - Idade dos sujeitos participantes da pesquisa...................................... 38 GRÁFICO 03 - Distribuição dos alunos por idade de ingresso em escolas.................

39

GRÁFICO 04 - Distribuição dos alunos por frequência em outro tipo de escola......... 39 GRÁFICO 05 - Distribuição por tipo de computador que o aluno possui..................... 41 GRÁFICO 06 - Distribuição por atividades realizadas com o auxílio do computador... 42 GRÁFICO 07 - Distribuição por tipo de mídias portáteis utilizadas.............................. 44 GRÁFICO 08 - Distribuição por tipo de uso com mídias móveis.................................. 45 GRÁFICO 09 - Distribuição por suportes utilizados para leituras................................. 47 GRÁFICO 10 - Distribuição por preferência de suportes utilizados para escrita.......... 48 GRÁFICO 11 - Dificuldades por quantidade de dificuldades no uso do AVA.............. 72 GRÁFICO 12 - Distribuição por tipos de dificuldades no uso do AVA......................... 73 GRÁFICO 13 - Distribuição por tipo de computador utilizado para acessar o AVA..... 74 GRÁFICO 14 - Distribuição por tipo de navegador para realização das atividades no AVA......................................................................................................

75

GRÁFICO 15 - Distribuição por dificuldades ao acessar as atividades no AVA.......... 76 GRÁFICO 16 - Distribuição por produções textuais que tiveram mais dificuldades.... 77

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 01 - Curso concluído ou abandonado..........................................................

40

QUADRO 02 - Gosto pela leitura................................................................................. 40 QUADRO 03 - Tipo de gênero textual preferido para leitura........................................

41

QUADRO 04 - Facilidade em usar mídias móveis....................................................... 47 QUADRO 05 - O que achou sobre a experiência da utilização de um AVA nas aulas de Língua Portuguesa...........................................................................

80

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................... 14

1 O SOCIOINTERACIONISMO COMO CONCEPÇÃO DE ENSINO- APRENDIZAGEM......................................................................................................

19

1.1Conceituando alfabetização, letramento digital e multiletramentos..................... 24

2 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO A SERVIÇO DA LEITURA E DA ESCRITA........................................................................................

29

2.1 O MOODLE como ambiente virtual motivador da aprendizagem colaborativa no processo do ensino da leitura e da produção textual..............................................

31

3 CAMINHOS METODOLÓGICOS.............................................................................. 35 3.1 Caracterização da pesquisa................................................................................... 35 3.2 Universo e amostra................................................................................................. 37 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS......................................................... 38 4.1 Perfil dos sujeitos da pesquisa................................................................................ 38 4.2 Nível de letramento................................................................................................. 40 4.3 A experiência com a sala de aula virtual................................................................. 48 4.4 Dificuldades encontradas no uso da plataforma moodle....................................... 72 4.5 Aprendizado durante as atividades na sala virtual................................................ 77 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................... 81 REFERÊNCIAS APÊNDICE

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INTRODUÇÃO

Meu interesse em relação ao processo de ensino-aprendizagem da leitura e

da produção textual é recente. Desde que iniciei o magistério em turmas de Ensino

Fundamental I e II, deparo-me com reflexões acerca de como tornar meus alunos

mais proficientes em leitura e escrita, o que me faz perceber que é necessário inserir

novas estratégias para esse aprendizado.

Refletindo sobre esse contexto, inquieta-me, como professora de Língua

Portuguesa, desafiar o uso de novas metodologias para ensinar meus alunos a ler e

a escrever de forma mais competente, levando-os a desenvolver novos letramentos,

quando leem e escrevem, tornando-os protagonistas no processo de aprendizado e

autores de suas produções. Para enfrentar esse desafio, sou levada a questionar

que leituras e escritas nossos estudantes utilizam em seu dia a dia, visto o

envolvimento deles no mundo virtual.

Com o advento da Internet, percebemos, cada vez mais, nossos alunos

fazerem uso de práticas sociais, quando leem e escrevem em plataformas virtuais.

Cabe, então, a nós, professores, propor estratégias contextualizadas e significativas

que colaborem para o ensino desse aprendizado, de forma crítica e reflexiva,

utilizando, para isso, transposições didáticas que se utilizem de conteúdos em que

estejam inseridos diferentes gêneros textuais digitais presentes na web. Fugir dessa

realidade é deixar de seguir um caminho que não tem mais volta: o mundo

globalizado, interligado em redes.

Meu contato com as tecnologias iniciou-se com a necessidade de me inserir

como letrada digital no contexto do meu trabalho, diante da obrigação cotidiana

exigida pela escola, ou seja, o uso de diários on-line, planejamentos via e-mail,

digitação e envio de provas para a coordenação, uso de aulas informatizadas, aulas

em lousas eletrônicas, pesquisas em Internet, para o enriquecimento de aulas etc.

Nesse contexto, fui me tornando uma professora digitalmente letrada, ao ponto de

ser formadora do Programa Nacional de Tecnologia Educacional – (doravante

PROINFO), proposto pelo MEC, para formação continuada de professores,

especialistas e gestores das escolas públicas, com o uso das Tecnologias da

Informação e Comunicação – (doravante TIC).

Vivenciando todas essas experiências voltadas para o uso das TIC no

processo de ensino-aprendizagem, iniciei reflexões acerca do uso de tecnologias

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digitais nas aulas de Língua Portuguesa e comecei a repensar minhas atividades em

sala de aula, em relação às estratégias de ensino da leitura e da escrita, com uso de

mídias digitais. Questionava-me sempre se o uso que estava fazendo do aparato

tecnológico contemporâneo levava meus alunos a letrarem-se digitalmente ou se

estavam apenas fazendo uso dessas tecnologias em um processo de alfabetização

digital.

Pensando por esse viés, iniciei novas estratégias nas aulas de Língua

Portuguesa, nas quais os alunos pudessem tornar-se protagonistas do processo de

aprendizado da leitura e da escrita inseridas em um contexto, também digital. Foi

então que comecei a utilizar as ferramentas das mídias digitais, como Internet,

celulares, câmaras fotográficas e filmadoras, como recurso para desenvolverem

atividades de leitura e de produção textual, utilizando não somente os gêneros

textuais na cultura do papel, como também, na cultura digital existentes no aparelho

tecnológico contemporâneo.

Para isso, foi necessário repensar concepções de ensino com que iria

trabalhar e, dentre as concepções existentes, deparei-me com a corrente linguística

sociointeracionista, fundamentada nos constructos teóricos de Vygotsky (1984) e

Bakhtin (2000,2004), que veem a linguagem como forma de interação social

resultante de uma construção coletiva de processos de interação entre sujeitos.

Segundo Bakhtin (2000), a língua deve ser entendida e estudada em enunciados

concretos.

Durante esse processo reflexivo, fui desenvolvendo atividades em sala de

aula inseridas em um processo de letramento crítico, no qual os alunos entravam em

contato com diversos de gêneros textuais, tanto impressos como na tela do

computador, e desenvolviam leituras, compreensão e interpretação textual, debates

e discussões sobre o que era lido, além de produções textuais a partir dos gêneros

trabalhados. Com essas mudanças, comecei a observar um melhor aprendizado em

relação à leitura crítica e reflexiva, como também à produção textual mais elaborada.

Experienciando essas novas estratégias de ensino, vi-me diante de uma nova

proposta mais ainda desafiadora: a de trabalhar, no ano letivo seguinte, com três

turmas do Ensino Fundamental do 5º ano, turmas essas em que ministro aula de

forma presencial, e que agora iria trabalhar, também, on-line.

A partir da necessidade de tornar o ensino de Língua Portuguesa mais

próximo do contexto de leitura e de escrita em que se encontram atualmente os

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meus alunos, tornando-os mais proficientes na competência leitora e escritora,

proponho como objetivo geral desse estudo dissertativo refletir sobre uma proposta

de ensino para a leitura e a escrita nas aulas de Língua Portuguesa utilizando os

gêneros textuais relato pessoal, texto de opinião e notícia e gêneros emergentes na

web, a partir do uso de um ambiente virtual de aprendizagem (doravante AVA), que

são softwares auxiliares na montagem de cursos acessíveis pela Internet, utilizado

na Educação a Distância (doravante EAD), e elaborado para ajudar os

professoresno gerenciamento de conteúdos para seus alunos.

Através desse desafio, elaborei objetivos específicos para serem alcançados

nessa nova empreitada:

a) Averiguar se o letramento na cibercultura conduz a um estado ou a uma

condição diferente da que conduzem as práticas de leitura/escrita na

cultura do papel;

b) Investigar se as ferramentas tecnológicas e as atividades no ciberespaço

atendem às necessidades de interatividade do aluno com as temáticas de

estudo inseridas numa proposta sociointeracionista de ensino;

c) Avaliar o desenvolvimento dos alunos na produção textual, a partir de

estratégias planejadas para tal modalidade, o que me leva a outro desafio;

d) Propor através da educação à distância, estratégias de ensino da leitura e

da produção textual para alunos de 5º ano, utilizando a Educação a

Distância- (doravante EAD), como um prolongamento da sala de aula,

promovendo assim os multiletramentos.

e) Comparar os resultados alcançados com os dados coletados e que

benefícios às atividades desenvolvidas possibilitaram para a melhoria da

leitura e da escrita.

Minha experiência até então com EAD tinha sido como formadora do

PROINFO INTEGRADO, utilizando o sistema operacional Linux Educacional, com o

qual também tive experiência como aluna dos três cursos do PROINFO, e de alguns

cursos de extensão que utilizavam esse mesmo sistema operacional. Outras

experiências com EAD tive com a plataforma Object-Oriented Dynamics Learning

Environment (doravante MOODLE), na qual fiz cursos de extensão, uma

graduação e participei de formações continuadas.

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A plataforma com a qual desenvolvo atualmente as aulas de leitura e de

produção textual que serão o objeto de estudo dessa pesquisa é a MOODLE. Com

esse instrumento aprendi a desenvolver um novo tipo de docência: a virtual.

Baseada nessas reflexões e nas experiências vivenciadas e relatadas

inicialmente, é que este presente estudo se reporta a alguns elementos

fundamentais para o entendimento do ensino da leitura e da produção textual à

distância, como forma de tornar os nossos alunos multiletrados, tanto na cultura do

papel como na cultura digital.

Para isso, discorremos, inicialmente, sobre a concepção de ensino-

aprendizagem sociointeracionista e sobre a proposta de ensino da produção textual

à luz do Interacionismo Sociodiscursivo – (doravante ISD), os conceitos de

alfabetização, letramento digital e de multiletramentos, e o ensino na EAD.

Para tanto, desenvolvemos uma pesquisa com os 47 alunos do 5º ano do

Colégio Marista Pio X - João Pessoa, durante três meses, na qual mostramos o perfil

dos alunos e em que nível de letramento digital e de Multiletramentos eles se

encontram, que dificuldades foram detectadas no início com os primeiros contatos

com a EAD e como se encontram no final dessas atividades e que benefícios às

atividades desenvolvidas na sala virtual possibilitariam para a melhoria da leitura e

da produção textual.

No capítulo 1 desse estudo, consta uma fundamentação teórica acerca do

surgimento do sociointeracionismo, a partir da teoria da cognição de Vygotsky

(1984) e do dialogismo de Bakhtin (2000, 2004), com o objetivo de fundamentar as

práticas desenvolvidas no estudo em tela. Visito, também, a proposta de ensino da

produção textual à luz do ISD de Bronckart (1999) e das sequências didáticas de

Dolz & Schneuwly (2004), como forma de didatização do processo de produção

textual. Conceituo o que vem a ser alfabetização digital, letramento digital e

multiletramentos, fundamentados em Soares (2002), Rojo (2012), Buzzato (2013),

Ribeiro (2012), Kleiman (2005), Coscarelli (2011) e Ferreiro (2013), diferenciando

esses conceitos e suas abrangências no contexto do processo de ensino da leitura e

da produção textual.

No capítulo 2, abordo a EAD como elemento facilitador das possibilidades de

usar atividades síncronas e assíncronas na plataforma MOODLE, possibilitando uma

interação constante entre os alunos e professor no desenvolvimento da leitura e da

escrita, pautada em uma abordagem sociointeracionista do ensino da língua, bem

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como as mudanças na forma de ensinar a distância. Abordo também o uso das TIC

se da Internet como forma de motivação e de aproximação da realidade dos alunos,

além do desenvolvimento dos multiletramentos proporcionado por esse ambiente.

Para isso, visito Lèvy (1993), Moran (2002), Buzato (2013), Pallof & Pratt (2004),

Ribeiro (2012), e outros.

No capítulo 3, caracterizo a pesquisa seu universo e amostra, identificando as

características da escola e os sujeitos envolvidos bem como o tempo utilizado para o

desenvolvimento do estudo.

No capítulo 4, apresento os resultados da proposta em tela que tomei como

procedimentos metodológicos a aplicação de questionários e a avaliação qualitativa

e quantitativa envolvendo os 47 alunos participantes da experiência, sujeitos dessa

pesquisa.

Para tanto, procedemos a uma análise de dados coletados em instrumentos

de pesquisa aplicados em forma de questionários e de análise de observação

participante, durante todo o período investigativo, no desenvolvimento da leitura e da

escrita a distância.

Concluo apresentando reflexões no sentido de dar visibilidade a questões

pertinentes ao uso da EAD como instrumento e espaço de AVA e de

desenvolvimento dos multiletramentos, tão necessários para a formação de leitores

e de escritores mais proficientes.

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1 O SOCIOINTERACIONISMO COMO CONCEPÇÃO DE ENSINO- APRENDIZAGEM PARA O ENSINO DA LÍNGUA

As novas transformações conceituais voltadas para as práticas escolares do

ensino da leitura e da produção textual têm modificado a maneira de ver a

linguagem. Inicialmente, ela era entendida como apenas a expressão do

pensamento, sustentada pela tradição gramatical grega até a Idade Moderna, sendo

rompida apenas no século XX por Saussure (1969), passando, então, a ser vista

como um instrumento de comunicação, envolvendo um interlocutor e uma

mensagem que precisa ser entendida, na qual a língua é um código e escrever seria

o exercício de combinar palavras e frases para formar um texto. Assim, o ensino

precisava focar prioritariamente as estruturas – os substantivos, os verbos, os

pronomes, etc. – que compõem a língua e seus usos corretos.

As pesquisas, nesse contexto, avançaram, e teóricos como Bakhtin (1895-

1975) apresentaram uma nova concepção de linguagem, a enunciativo-discursiva,

que considera o discurso uma prática social e uma forma de interação, sendo essa a

o local onde sujeitos dialogam. O diálogo passa a ser o tema caracterizador da

linguagem se efetivando na interação verbal entre sujeitos falantes, e os textos

utilizados, anteriormente e posteriormente por esses sujeitos, ganham diferentes

sentidos conforme o contexto.

Dessa forma, a relação interpessoal, o contexto de produção dos textos, as

diferentes situações de comunicação, os gêneros textuais, a interpretação e a

intenção de quem os produzem passaram a serem peças-chave. A expressão não

era mais vista como uma representação da realidade, mas o resultado das intenções

de quem a produziu e o impacto que terá no receptor. O aluno passou a ser visto

como sujeito ativo, e não um reprodutor de modelos, e atuante - em vez de ser

passivo no momento de ler e escutar.

Bakhtin (2000), no contexto de sua concepção de linguagem enunciativo-

discursiva, elabora o conceito de dialogismo como sendo o mecanismo de

interação, muito comum na polifonia, processo no qual um texto revela a existência

de outras vozes, em seu interior, as quais lhe causam inspiração ou algum influxo.

Bakhtin (1984, p.98) ressalta que “toda enunciação, mesmo na forma imobilizada da

escrita, é uma resposta a alguma coisa e é constituída como tal.” Para esse

estudioso, não há linguagem neutra, não há linguagem única, e assim se funda o

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dialogismo. Segundo Bakhtim (1986) o dialogismo são todas as relações que

envolvem o processo de interação da linguagem, só que estas estão sempre

subordinadas aos sistemas ideológicos constitutivos e à ideologia do cotidiano.

As ideias de Bakhtin (1986) ganharam suporte para pesquisas que têm em

comum as concepções de aprendizagem sociointeracionista. Estas pesquisas

consideram o conhecimento como sendo elaborado pelo sujeito, e não só

transmitido pelo mestre. Entre os principais estudiosos estão Vygotsky (1984) - que

mostrou a importância da interação social e das trocas de saberes entre as crianças

em sua teoria da cognição.

Para Vygotsky (1984), o mestre é o mediador da aprendizagem propondo

para seus aprendizes atividades de interação entre eles que venham a elaborar o

conhecimento de forma interativa e coletiva, ou seja, a interação se dá primeiro,

para, depois, acontecer à construção do conhecimento. Para esse pesquisador,

cujas ideias tiveram grande influência para o surgimento da concepção pedagógica

sociointeracionista, o essencial é o homem em interação com a realidade.

Um dos princípios básicos da teoria da cognição de Vygotsky (1984) é a Zona

de Desenvolvimento Proximal–(doravante ZPD), na qual ele defende que todo

sujeito aprende em sua Zona de Desenvolvimento Real- (doravante ZPR), aquilo

que ele consegue já fazer e entender sozinho, porém, visto que o aprendizado é de

natureza social e que o sujeito aprende na interação com o outro, a Zona de

Desenvolvimento Potencial - doravante ZDP) seria a etapa em que a criança

desenvolve o seu conhecimento intelectual, a partir da interação com

intelectualidade daqueles que a cercam.

Esse conceito é primordial para professores que trabalham na proposta

sociointeracionista de linguagem, visto que essa dinâmica compreende que o

discurso do outro causa modificações na forma de pensar e de agir, interferindo no

modo como a elaboração e apropriação do conhecimento se consolidam.

A linguagem, nessa perspectiva, é essencialmente social, vista como um

sistema de símbolos construídos socialmente, sendo, portanto, dialógica e

interacional. O ensino da linguagem, numa perspectiva interacionista, enfatiza o

diálogo, o debate, a troca de ideias e a participação, propondo, para isso, atividades

diversificadas, uma vez que a ZPD varia de aluno para aluno. Nesse contexto,

podemos afirmar que os estudos de Vygotsky e de Bakhtin mudaram os rumos do

ensino da língua, deixando de vê-la como uma forma estrutural e passando a

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entendê-la como uma forma funcional, construída através de interpretações do meio

social e cultural.

A partir dos estudos de Vygotsky e Bakktin, os Parâmetros Curriculares

Nacionais- (doravante PCN) se baseiam nessas teorias e passam a utilizar os

fundamentos sobre gêneros textuais de Bakhtin (1984) que os define como sendo

tipos relativamente estáveis de enunciados, para propor o ensino de Português

pautado nos gêneros textuais. Segundo Fiorin (2006), Bakhtin não teorizou sobre

gênero, levando em conta suas características, estruturas e propriedades formais,

mas deu importância à construção dos enunciados na visão de como a função

desses acontece no processo de interação.

A proposta para o ensino da língua, tendo como fio condutor os gêneros

textuais, é enfatizada nesse estudo dissertativo na perspectiva bakhtiniana, pautada

pela perspectiva sociointeracionista da Escola de Genebra, representada por Dolz &

Schneuwly (2004) e pelo ISD de Bronckart (1999).

Sobre essa proposta de ensino, Marcuschi (2008, p. 153) nos explica que o

ISD possui uma perspectiva:

[...] interacionista e sociodiscursiva de caráter psicolinguístico e atenção didática voltada para a língua materna (Bronckart, Dolz, Schneuwly): com vinculação psicológica (influência de Bakhtin e Vygotsky) estão preocupados em particular com o ensino dos gêneros na língua materna. Preocupação maior com o ensino fundamental e tanto com a oralidade como a escrita. A perspectiva geral é de caráter psicolinguístico ligado ao sociointeracionismo.

Dando prosseguimento à proposta de ensino da língua enfatizada aqui,

Marcurshi (2008, p. 155) define gênero textual como textos encontrados em

situações concretas de uso, presentes em nosso cotidiano que apresentam padrões:

[...] sociocomunicativos característicos definidos por composições funcionais,

objetivos enunciativos e estilos concretamente realizados na integração de forças

históricas, sociais, institucionais e técnicas.

Esses gêneros são encontrados no nosso dia a dia, como bate-papo, nas

redes sociais, mediados pelos recursos tecnológicos midiáticos, contrato de imóvel,

atas de reuniões, editorial, anúncio publicitário, telefonemas, notícias, conversação

espontânea, romance, etc.

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O ISD proposto por Bronckart (1999) compreende que o ensino pautado a

partir do gênero textual considera que a escrita de um texto reflete as escolhas

linguístico-discursivas de um agente-produtor, em que este, apoiando-se nas

experiências dos mundos formais (físico-social e subjetivo), materializa,

linguisticamente, uma ação psicológica, a qual corresponde ao desejo desse agente

em interagir por meio da linguagem, sendo então uma ação socialmente situada.

Sendo assim, O ISD entende as ações humanas como sendo determinadas pela

dimensão social, comungando com a psicologia sociointeracional de Vygotsky.

Nesse contexto de interação, encontram-se as ações da linguagem

constituídas através da comunicação entre indivíduos, sendo parte essencial de uma

atividade sociodiscursiva.

Bronckart (1999 p. 138) assevera que as atividades:

[...] de linguagem são diversificadas, porque suas propriedades dependem também de opções assumidas pelas formações sociais [...] Essas formações determinam a ação de linguagem e, por consequência, a sua realização verbal em forma de textos.

Os textos materializados que circulam em nossa sociedade, dependendo das

diferentes atividades e situações de linguagem, diversificam-se em gêneros e em

diferentes formações Sociodiscursivo, possibilitando variedades de discursos. Sendo

assim, os diferentes gêneros textuais estão em nossa volta com diferentes funções,

formatos e tipos textuais (narrativo, dissertativo, descrito, injutivo), os quais os

usuários da língua os utilizam, em diferentes contextos de seu cotidiano.

Pensando por esse viés, os estudiosos Dolz & Schneuwly (2004, p. 51)

afirmam que, na escola, o domínio da produção da linguagem se realiza,

intencionalmente ou não, com a utilização dos gêneros textuais, pois eles são “o

instrumento de mediação de toda estratégia de ensino e o material de trabalho,

necessário e inesgotável, para o ensino da textualidade”.

O modelo didático proposto por esses pesquisadores para o estudo com

gêneros textuais públicos da oralidade e da escrita no ensino fundamental é

chamado de sequências didáticas, definidas por eles como “um conjunto de

atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero

textual ora ou escrito” (2004, p.97).

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A sugestão desse modelo didático serve para elaborar e organizar a proposta

de produção textual e consiste em trabalhar com situações concretas de fala e de

escrita, nas quais, a partir do contato com diferentes gêneros textuais, os alunos

passem a conhecer suas características e suas funções para, então, ser produtor de

diferentes gêneros em diferentes contextos de seu dia a dia.

Para tanto, esse modelo é organizado em módulos, que se iniciam com uma

apresentação da situação motivando o aluno a conhecer determinado gênero,

fazendo com que entre em contato, através da leitura, com exemplares desse

modelo, trabalhando, simultaneamente, a leitura, a compreensão e as características

do mesmo, para só então produzir um texto inicial, pautado no que foi pedido na

apresentação. A partir daí, iniciam-se os módulos que poderão ser em quantidades

variadas, dependendo da necessidade, dificuldades e perfil da turma, com os quais

o aluno refletirá sobre a sua escrita inicial, tendo como suporte explicações e aulas,

mediadas pelo professor, como forma de fazer entender o que precisa consertar em

seu texto, a fim de atender a proposta pedida.

Durante esses módulos, o professor irá definir o planejamento de aulas de

análise linguística, para sanar dificuldades apresentadas nas produções dos alunos

como: dificuldades ortográficas, concordância nominal verbal (substantivos e

adjetivos, substantivos e verbos, coesão e coerência e argumentação), oferecendo-

lhes subsídios necessários para superá-las. E, por fim, procede a uma produção

final, na qual o aluno deverá ser capaz de sanar todas as dificuldades encontradas

em seu texto e reelaborá-lo, tornando-o mais autônomo e competente em suas

produções, aumentando sua proficiência escritora nas possíveis atividades que terá

necessidade de fazer em seu cotidiano. Abaixo, podemos visualizar o esquema da

sequência didática proposta para o ensino da produção textual.

FIGURA 01- Esquema da sequência didática Fonte: Marcurshi (2008, p. 214).

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Marcurshi (2008) ressalta que o trabalho com módulos valoriza a produção do

aluno, pois permite que se dê atenção específica aos problemas encontrados nas

produções de cada um, durante o acompanhamento individual no processo de

avaliação.

Observei que os estudiosos citados acima comungam com as ideias

presentes na elaboração do conceito de letramento proposto por Soares (2003) e

Kleiman (2005) que veem o letramento como as práticas de leitura e escrita que

circulam no nosso dia a dia sendo utilizados nesse contexto os diferentes gêneros

textuais para as diferentes situações que ocorrem em nosso cotidiano.

1.1 Conceituando alfabetização digital, letramento digital e multiletramentos.

A Sociedade da Informação considera que, para um sujeito acessar a

informação em um meio digital e saber fazer uso dela, é preciso desenvolver

algumas habilidades e competências necessárias, chamadas de letramento digital.

Para entender melhor o que realmente vem a ser letramento digital, retomei

os conceitos de alfabetização e letramento, alfabetização digital, para, então,

chegarmos ao letramento digital.

Soares (2002) considera que o letramento tem um caráter social de uma

prática de leitura e /ou escrita de um indivíduo ou grupo inserido em uma sociedade.

Sendo assim, afirmam que os eventos de letramento acontecem em um estado ou

condição em que os sujeitos praticam, de forma competente, a leitura e a escrita em

diferentes contextos, usos e práticas sociais. E esse estado está significado na

própria palavra, em seu sufixo mento, que acrescenta aos substantivos, formados a

partir de verbos, o sentido de estado resultante de uma ação. (SOARES, 2002).

Diferentemente de letramento, Soares (2003) entende que o conceito de

alfabetização é restrito, refere-se apenas ao aprender/ensinar a ler e a escrever,

sem fazer uso da leitura e da escrita em práticas sociais e está inserido no contexto

da escola, ao contrário do letramento que está relacionado ao cotidiano de usos de

práticas sociais de leitura e escrita.

Comungando com Soares (2002), Kleiman (2005) acrescenta, ao conceito de

letramento, toda e qualquer abrangência no processo de desenvolvimento e o uso

dos sistemas da escrita nas sociedades, incluindo as transformações nas práticas

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letradas, tanto dentro como fora da escola, e as tecnologias na escrita. Afirma ainda

que um evento de letramento é um evento colaborativo, pois implica a participação

de outros sujeitos que, por sua vez, possuem outros saberes que são mobilizados, à

medida que os objetivos e interesses surgem, durante o processo de interação dos

sujeitos envolvidos.

Nesse contexto, não se pode mais pensar em uma única forma de letramento.

Hoje já se falam, em letramento matemático, letramento cartográfico, letramento

digital etc., podendo, com certeza, coexistirem muitos outros letramentos, quando se

trata das várias formas de leituras e de escrita (leitura verbal, não verbal, simbólica,

de sinais, etc.) existentes no mundo contemporâneo.

Soares (2003) reconhece a chegada desses novos letramentos gerando

novas práticas de leitura e de escrita, inclusive os eventos de letramento na internet,

conceituando o letramento digital como sendo a apropriação das tecnologias digitais

e o uso de práticas sociais de leitura e de escrita na tela digital.

Diante do exposto posso compreender que, da mesma forma que a

alfabetização e o letramento se diferenciam na cultura do papel, no meio digital, a

alfabetização digital, também, se diferencia do letramento digital. Ser alfabetizado

digitalmente implica em dominar o acesso aos diferentes ambientes virtuais e

possuir habilidades para localizar, baixar aplicativos, saber navegar, etc., não

incluindo o uso competente da leitura e da escrita nesse ambiente, em diferentes

práticas sociais de seu cotidiano.

Buzato (2013) acrescenta que, para ser letrado digitalmente, é necessário que

o sujeito que faz uso do espaço virtual desenvolva quatro habilidades além daquelas

necessárias ao letramento no papel.

Sendo assim, cita o uso do design como sendo uma das quatro habilidades

que desenvolve várias habilidades, no qual o sujeito necessita dominar ferramentas

de softwares profissionais para utilizar construções bastante elaboradas, nas quais

estão envolvidas diferentes desenvolvimentos, entre eles o uso de lógicas de

estruturação da informação impostas pelos construtores de aplicativos.

A leitura durante a navegação é outra habilidade que requer diversas

aprendizagens em relação a estratégias de leitura, pois os elementos linguísticos

presentes na tela se organizam de forma não linear. O exemplo disso tem o

hipertexto, em que o leitor passa a ser coautor do texto, definindo que caminho dará

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a sua leitura, escolhendo a ordem de links que irá ler ou não ler, tornando-o mais

autônomo, na forma de ler e escolher sequências de leitura.

A terceira habilidade é a investigação na rede, pesquisar via Internet. Sendo

esse meio um ambiente polifônico, as investigações são infinitas, tendo resultados

diversos, desde textos escritos como áudios e vídeos até “chatbots” que, conversa

com o usuário, dando infinitas possibilidades de escolha para quem investiga. Por

último, temos a habilidade de colaboração, a qual grupos vão aprender juntos, na

troca, na interação, usando para isso ferramentas síncronas (como chat) e

assíncronas (como fóruns, e-mails, blogs, etc.), escolhendo as ferramentas mais

adequadas ao tipo de atividade colaborativa. Essa colaboração é comum no ensino

à distância, o que torna o aluno cada vez mais autônomo, escolhendo formas e

horários de estudo e de leitura.

Diante de tantas possibilidades e novas competências a serem

desenvolvidas, saber usar essas ferramentas, como facilitadoras no processo de

letramento digital e construção de novos saberes e conhecimentos, é o desafio

maior para o uso competente desses recursos tecnológicos.

No que se refere ao contexto de alfabetização digital, Ferreiro (2013) trouxe-

me reflexões sobre em que cenário se encontra as escolas no processo de

alfabetização digital, visto que alfabetizar digitalmente requer uma infraestrutura

tecnológica permanente na escola de acesso e de atualização de seus

computadores para que alunos e professores se atualizem, constantemente, e não

apenas colocar salas de computadores que se tornam rapidamente desatualizados e

sucateados e com pessoal despreparado para fazer manutenção dos mesmos.

Acrescenta, ainda, em suas reflexões, que ao citar a expressão alfabetização

digital está se referindo, simplesmente, a alfabetização no sentido amplo, aquela

em que torna leitores críticos, questionadores dos textos que lhes são dados, tanto

no papel quanto na tela digital, leitores e produtores da língua escrita inteligentes,

alertas e críticos (FEREIRO, 2013). A alfabetização digital não é um saber fazer

meramente tecnológico; é uma tarefa alfabetizadora, um desafio para professores,

tanto na cultura do papel, como sempre foi, como na era da internet.

Outro ponto importante, quando se fala em alfabetização e em letramento

digital nas escolas, é a questão da inclusão digital, ou seja; disponibilizar

computadores para uso dos alunos é o primeiro passo para incluí-los digitalmente.

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Coscarelli (2011) ressalta que para tornar nossos alunos usuários e

familiarizados com os recursos do computador, é necessário que eles vivenciem

atividades que usem a informática e não terem aulas de informática. Segundo

Coscarelli (2011, p. 40) “isso não significa ser expert em informática, mas

familiarizar-se com os recursos básicos necessários à utilização dessa tecnologia”. A

autora ainda acrescenta que independentemente do uso ou não do computador, é

necessário que o professor tenha claro a sua concepção de ensino, pois é dela que

dependerá um letramento crítico, reflexivo e questionador de seus alunos, tornando-

os mais proficientes na leitura e na escrita.

Retomando ao que já foi citado sobre letramento nesse estudo, não posso

mais me referir, a apenas um único tipo de letramento, pois encontramos, em nosso

cotidiano, diferentes tipos de textos híbridos, que misturam escrita, imagem, som,

movimento, cores, e, para entendê-los e interpretá-los, é preciso ser multiletrados.

Rojo (2012) preceitua o conceito de multiletramentos, diferentemente do

conceito de letramentos (múltiplos), o qual engloba a variedade das práticas

letradas, valorizadas ou não nas sociedades em geral, apontando para dois tipos

específicos presentes nas sociedades urbanas contemporâneas: a multiplicidade

cultural das populações e a multiplicidade semiótica de constituição dos textos, por

meio dos quais ela se informa e se comunica. Fiquei nesse estudo dissertativo

apenas com o segundo tipo de multiletramentos, ou seja, a multiplicidade semiótica.

Os multiletramentos, no que se refere à multiplicidade de linguagens,

englobam todos os letramentos de textos compostos de muitas linguagens

(semioses) que exigem capacidades e práticas de compreensão e produção de uma

delas para fazer significar. Os letramentos, no plural, porque não posso mais

considerar um único letramento (letramento na cultura do papel ou digital), tornam-

se, então, multiletramentos. Hoje, já percebo que os novos textos que requerem

novos letramentos não são mais de caráter multi, mas hiper: hipertextos,

hipermídias. Diante do exposto, pude perceber que o conceito de letramento digital e

de multiletramentos, muitas vezes confundidos ou considerados sinônimos, diferem

em suas abrangências, considerado, dessa forma, o letramento digital inserido nos

multiletramentos, fazendo parte deste.

Acerca dos letramentos na web, acatados, nesse contexto, como

multiletramentos, Snyder (2002, p.30) diz que:

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Em um mundo eletronicamente mediado, ser letrado tem a ver com a competência de como as diferentes modalidades semióticas são combinadas de forma complexa para criar significado. As pessoas precisam aprender a construir sentido em relação aos sistemas de ícones presentes nas telas de computador – com todas as combinações de signos, símbolos, imagens, palavras e sons.

No contexto dos multiletramentos na escola, o desafio maior é efetivá-lo de

forma eficaz durante o processo ensino – aprendizagem das práticas de leitura e de

escrita de nossos alunos.

Para tanto, no próximo capítulo, irei discorrer sobre o uso das TIC inseridas

no processo de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita em um AVA.

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2 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO A SERVIÇO DA LEITURA E DA ESCRITA

Vivemos em uma sociedade globalizada, sociedade da informação cercada

de mídias por todos os lados, cada vez mais presentes no cotidiano do ser humano,

uma vez que ampliaram seu alcance e ganharam novos formatos mais atraentes e

envolventes.

Ao trazer esse entendimento para o campo da educação, observei que é

fundamental a escola estar inserida no contexto da modernidade, não

desconsiderando a onipresença desses meios e estabelecendo parâmetros para o

desenvolvimento de uma prática educacional frente a essas tecnologias.

Nessa perspectiva, cabe à escola integrar a cultura tecnológica ao espaço

educacional da sala de aula, estendendo o ensino da leitura e da escrita a diferentes

formas de linguagens com as quais os alunos podem produzir textos sonoros,

imagéticos, escritos, hipertextos e textos multissemióticos que fogem aos seus

portões.

As novas TIC nos têm dado oportunidade de experimentar, em sala de aula,

infinitas formas de leituras e escritas utilizando textos híbridos nos quais pudemos

mesclar som, imagem, movimento e texto verbal escrito ou falado. Os datas shows

com aulas em vídeos, gravadas, em Power point; utilização de ferramentas em

celulares, para gravar, fotografar, filmar, oportunizam o aluno a produzir seus

próprios textos, cabendo ao professor ser o mediador do processo, transpondo,

didaticamente, as atividades que desenvolverão as habilidades e competências

necessárias para que se leia e se produza um texto com escrita mais, elaborada,

capaz de tornar nosso aluno proficiente na leitura e na escrita daquilo que lhe é

exposto e daquilo que lhe é proposto a produzir.

Buzato (2013) ressalta que a “compreensão textual é uma atividade interativa

altamente complexa de produção de sentidos, pois trabalha com elementos

linguísticos presentes na superfície textual e na sua organização” e que essa

compreensão textual é dificultada com o efeito complexificador da mediação

tecnológica, durante a navegação em rede.

Nesse contexto, Lévy (1993) ressalta que as formas de elaboração de

conhecimento das sociedades humanas estão sempre atreladas a alguma

tecnologia. Sendo assim, o computador, os celulares (que têm função de

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computador também) são artefatos tecnológicos, que, se bem utilizados, constroem

conhecimento, e não apenas informam, além de possibilitarem uma diversidade

enorme de aplicações, sendo utilizado dentro e fora da escola, havendo, portanto,

possibilidades de se criar uma sala de aula virtual mediada pelo próprio professor da

disciplina presencial.

Dessa forma, o professor poderá, não só no presencial, mas também em um

ambiente virtual de aprendizagem, desenvolver aulas, como um prolongamento da

sala de aula, que propicie ao aluno interagir com seus pares virtualmente, tornando

o imaginário presencial, também em virtual.

A ilustração abaixo representa a interação professor, alunos, colegas e

tecnologias em um ambiente virtual de aprendizagem.

FIGURA 02 - A Rede de Aprendizagem na Educação Virtual. Fonte: Pallof &Pratt (2004).

Pallof & Pratt (2004) idealizou as relações da rede de aprendizagem em uma

sala de aula virtual, conforme a figura acima (fig.2), na qual as interações dos

participantes dessa rede interagem, simultaneamente e reciprocamente, num

feedback constante, em que se é construído conhecimento numa aprendizagem

colaborativa constante.

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Essas relações da rede de aprendizagem idealizada por Pallof (2004) nos

remete à concepção de aprendizagem de Vygotsky (1984), já citada anteriormente

nesse texto, na qual o aluno aprende em sua ZDR e, na interação com outros

(professor e/ou colegas mais capazes,) se apropria de seu conhecimento intelectual

na ZDP, desenvolvendo seu conhecimento, a partir da interação com o

conhecimento mais elaborado de seus pares. Sendo assim, a leitura se desenvolve

através da troca de ideias, do diálogo e da interação, sendo essencialmente um

processo social.

O MOODLE, sendo o AVA utilizado nessa pesquisa, é um espaço em que

essa interação, troca de ideias e diálogo acontecem de forma virtual.

2.1O MOODLE como ambiente virtual motivador da aprendizagem colaborativa no processo do ensino da leitura e da produção textual

Um novo cenário na Educação se expande, diante do crescente aumento da

capacidade de tráfego dos elementos multimídias nas redes de computadores, pela

disseminação e popularização da Internet, facilitada pelos modernos

microcomputadores de bolso, os celulares, e pelos AVA, que tornam cada vez mais

atraente o mundo da EAD. Citamos, então, MOODLE1 como exemplo de AVA que

tem sido utilizado por muitas universidades e para formação continuada em

instituições privadas e públicas para o ensino a distância, tanto de forma

semipresencial, quanto totalmente à distância. Segundo Linden (2009, p.303):

[...] A concepção e o desenvolvimento do MOODLE são guiados por uma filosofia sócio construtivista de pensar o processo de educação aprendizagem. Isto é, considera que as pessoas constroem ativamente novos conhecimentos, a partir de conhecimentos prévios, à medida que interagem com seu ambiente e com os demais participantes. A interação torna-se particularmente eficaz quando possibilita a construção do conhecimento de forma colaborativa.

A estrutura pedagógica em que se baseia o MOODLE é o Construtivismo

Social adotado pelo seu criador, Martin Dougianas, sendo portando, um AVA voltado

para a aprendizagem. A ênfase do ambiente está em compartilhar ideias e engajar

os alunos na construção do conhecimento, e não apenas em distribuir informação. A

1O MOODLE foi criado por Martin Dougiamas profissional de informática com formação em

Pedagogia. Sua primeira versão foi lançada no dia 20 de agosto de 2002 e em 2014 já existe a versão 2.6.

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visão da aprendizagem é vista como um processo social em que a construção do

conhecimento se efetiva em grupos, sendo, portanto, conforme Paulino (2012) “um

processo de negociação de significados, em uma cultura de símbolos e artefatos

compartilhados”. A diferença entre AVA, centrados em ferramentas como sendo a

interface estruturada em um modelo conteudista e o ambiente MOODLE, é que este

coloca as ferramentas em uma interface que faz da aprendizagem a tarefa central,

focando o trabalho em ferramentas para discussão e compartilhamento de

experiências.

A sala de aula virtual, na plataforma MOODLE, propicia, além da

aprendizagem colaborativa, a escrita e a leitura de diferentes gêneros textuais

existentes, tanto na cultura do papel como na cultura da web, pois englobam

ferramentas que compartilham textos híbridos, ou não, em espaços interativos como

fóruns, chats, blogs, wikis e biblioteca virtual, tutoriais e material didático-

pedagógico, como auxiliadores para as atividades, tendo cada uma dessas

ferramentas uma utilidade específica, fazendo com que o aluno, ao utilizá-la,

compreenda a função de cada texto existente nelas. Nessas experiências, eles vão

tecendo seu texto para cada atividade proposta, em função do que lhes é proposto

para escrever. Nesse sentido, Ribeiro (2012, p.67) entende:

Que a escrita não é um dom, que é dado de presente a algumas pessoas, mas como trabalho; como execução que não chega pronta, mas dependem da dedicação, esforço e conhecimento. A edição do texto, ou seja, as operações que fazemos para ele chegara uma versão considerada satisfatória é parte fundamental do processo de produção.

Ainda para Ribeiro (2012), as discussões sobre reescritas de textos em

aulas de língua materna vêm tomando novos rumos nos últimos anos, devido ao

aparecimento de novas tecnologias da comunicação e informação. A dúvida maior,

que pesquisadores encontram, é a de como proceder, nas aulas de língua materna,

tarefas e ferramentas novas, sem forçar seus usos, mas tornando explícitos os

objetivos e a motivação do uso de tal ou qual ferramenta.

A retextualização, reescrita ou refração de textos, como preferem alguns

estudiosos, processo necessário à produção textual, ganha, cada vez mais, novos

adeptos do uso da produção textual on-line, pois a possibilidade de acompanhar o

“raciocínio” do escritor oferece melhores alternativas e escolhas para melhoria do

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texto, indicadas pelo mediador do processo. Outro fator que nos chama a atenção,

também citado por Ribeiro (2012), é o uso da multimodalidade2, pois, se antes era

necessário apenas à organização da folha de papel e da letra legível, atualmente a

produção de um texto requer todo um planejamento gráfico que vai desde a escolha

do corpo e fonte de letras à configuração de toda a página, inclusive a escolha do

melhor editor de texto e a inclusão de outras linguagens, como imagens de

desenhos, fotos ou links.

Os AVA, como Comunidades Virtuais de Aprendizagem, através de suas

ferramentas, propiciam uma sala de aula virtual em que a leitura e a escrita estejam

embasadas no contexto da multimodalidade.

Sendo assim, podemos afirmar que, no AVA - Moodle, o aluno, através de

uma senha cadastrada, tem acesso a inúmeros materiais especificados em links

que, ao acessá-los, leva-os a diferentes leituras e atividades de escrita

multissemiótica, sendo sempre orientados e mediados pelo professor da disciplina.

Para Pallof & Pratt (2004), o Ambiente Virtual de Aprendizagem é definido a

partir do envolvimento com a aprendizagem colaborativa e na prática reflexiva

implícita na aprendizagem transformadora. E assevera que esse ambiente é

caracterizado pelos seguintes resultados: interação ativa, aprendizagem

colaborativa, significados construídos socialmente, compartilhamento de recursos

entre os alunos e expressões de apoio e estímulos trocadas entre eles.

Segundo Moran (2013), a educação a Distância é uma educação em que

professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente e que a

mediação tecnológica está presente em todo o processo de ensino - aprendizagem.

Nesse contexto, é comum encontrarmos na literatura os termos: presencial, para

designar o ensino da forma tradicional, em que professores e alunos se encontram

face a face; semipresencial, conhecida também como aprendizagem híbrida ou

“blendedlearning”, na qual as atividades acontecem tanto na sala de aula quanto a

distância; e o ensino a distância ou virtual ou on-line, em que pode ter ou não

momentos presenciais, mas predomina com professores e alunos separados

fisicamente, no espaço e no tempo.

Nesse estudo dissertativo, utilizamos o ensino semipresencial, sendo eu a

professora da sala presencial do ensino regular e a mediadora na sala virtual.

2 Uso de diversas modalidades semióticas no design de um produto ou evento semiótico. (KRESS;

VAN LEEUWEN, 2006, P. 20)

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34

Diante do exposto, vi a necessidade de me apropriar de um novo tipo de

docência, a virtual, e o aluno desenvolver habilidades para um novo tipo de

aprendizagem: a virtual, colaborativa e autônoma.

Dando prosseguimento a esse estudo dissertativo, no próximo capítulo

especifico os caminhos metodológicos que tracei para a coleta de dados, aplicação

das atividades que iriam dar suporte a analise e interpretação dos dados bem como

a escolha do método e da técnica utilizada.

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35

3 CAMINHOS METODOLÓGICOS

Pensar na adoção da metodologia de pesquisa para realização de um

trabalho implica pensar nos procedimentos e no conjunto de técnicas que nortearão

o caminho a ser percorrido pelo pesquisador.

Na perspectiva de Minayo (2000, p.16), “a metodologia é o caminho do

pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade”. Nesse contexto, a

metodologia deve ser entendida como uma sequência de métodos e técnicas

científicas a serem executadas ao longo da pesquisa, de forma que atenda aos

objetivos inicialmente propostos e, ao mesmo tempo, atenda a critérios como menor

custo, rapidez, eficácia e confiabilidade de informação.

3.1Caracterização da pesquisa

O presente estudo dissertativo teve, quanto à abordagem, uma pesquisa

qualitativa-quantitativa, pois tivemos necessidades de quantificarem números

informações e escolhas dos sujeitos da pesquisa para classificá-las e analisá-las;

qualitativa porque utilizamos como fonte de pesquisa o ambiente natural da sala de

aula presencial e a virtual, analisando e interpretando os dados de forma indutiva.

Nesse contexto desenvolvi uma pesquisa utilizando-me do processo

etnográfico, seguindo a técnica da observação participante e uso de questionários,

porque eu fazia parte do universo dos sujeitos pesquisados, pois sou professora

deles e os leciono diariamente, mantendo uma interação constante, tanto presencial

quanto a distância, na sala virtual, caracterizando uma investigação por um período

longo e de intensas interações entre a pesquisadora e os sujeitos pesquisados.

Segundo Gil (2010, p.145), é considerado como pré-requisito para a

etnografia “a presença campo, em convívio com os informantes durante algum

tempo. Trata-se, portanto de um processo longo”. Esse pré-requisito é atendido

neste estudo, pois teve duração de 90 dias ininterruptos.

A escola é vista como uma comunidade onde se aprende e se ensina, tendo

sua cultura própria, nesse processo do ensinar e do aprender. Sendo assim, a

investigação de como esses sujeitos, participantes dessa cultura escolar, aprendem

o que lhes é ensinado, está inserida em modalidades etnográficas de coleta de

dados em uma pesquisa.

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36

Estudos etnográficos comprovam que não é suficiente fazer apenas

perguntas, é necessário observar, constantemente, o que os sujeitos participantes

da pesquisa fazem o que eles utilizam no seu fazer diário e como interagem entre si.

Segundo Gil (2010), o processo etnográfico tem como características um

pesquisador partícipe do universo da pesquisa, o qual deve manter uma interação

prolongada e cotidiana com os sujeitos investigados, envolvendo-se com eles, em

uma visão holística e sociocultural, no ambiente em que as ações dos sujeitos

acontecem. É necessária, durante esse processo investigativo, uma observação

densa e detalhada, tendo como foco a fala e a interpretação dos sujeitos

participantes.

Ressalto, ainda, que a experiência desenvolvida na plataforma MOODLE me

deu condição de observar os participantes o tempo todo, pois esse tipo de

ferramenta virtual fornecia os dados através de relatórios de atividades nos quais

podíamos identificar, data, hora e atividade em que eles estavam participando,

sendo possível conversarmos sobre as atividades, orientando-os, tirando dúvidas,

ou seja, eu e meus alunos interagíamos constantemente, e toda essa interação

podia ser observada, ficando registrada nas páginas da sala virtual.

A coleta dos dados foi feita mediante aplicação do primeiro questionário e

anotações necessárias para a análise dos dados, finalizando com o segundo e

último questionário, que foi aplicado ao término da investigação.

A construção dos dados se desenvolveu a partir da técnica de narrativas,

utilizando para isso a minha constante observação participante com as atividades

desenvolvidas e os registros de reflexões acerca do que estava sendo observado.

Essas narrativas se transformaram em um olhar para a minha própria prática.

Segundo Zabalza (2004 p. 44), o sujeito, ao narrar-se, reflete a sua própria

prática, pois:

O próprio fato de escrever, de escrever sobre a própria prática, leva o professor a aprender por sua narração. Ao narrar sua experiência recente não só a constrói linguisticamente como discurso prático e como atividade profissional. Quer dizer, a narração se transforma em reflexão.

A análise dos dados coletados foi feita mediante a minha observação

participante para com nossos sujeitos da pesquisa, nossos alunos.

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37

Os instrumentos utilizados, além da observação, foram dois questionários: um

aplicado no início da pesquisa, com a finalidade de traçar o perfil dos pesquisados, e

o segundo, ao término da pesquisa, a fim de detectar dificuldade no uso da

plataforma MOODLE e avaliar o aprendizado através das atividades propostas.

Durante toda a pesquisa observei a participação dos sujeitos pesquisados,

fazendo as devidas anotações e arquivando exemplos práticos para posterior

análise qualitativa dos dados coletados.

3.2 Universo e amostra

A presente investigação foi iniciada a partir do momento em que foi

inaugurada, com aula presencial, a sala virtual intitulada: Ambiente de Leitura e

Produção Textual (doravante ALPT), utilizando a plataforma MOODLE, no dia

19/08/2013, para os 105 alunos das três turmas dos 5º anos da disciplina de Língua

Portuguesa, com faixa etária média de 10 anos, do Colégio Marista Pio X,

pertencente à rede particular de ensino, existente há 87 anos, com ensino na

Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, totalizando, nos três turnos,

aproximadamente 1.600 alunos, situado no centro da cidade de João Pessoa – PB.

Porém, apenas 47 participaram da pesquisa, pois, sendo menores de idade,

precisaram da autorização de seus pais/ou responsáveis. Os demais continuaram

participando das atividades do ALPT, pois, independentemente da pesquisa

realizada, os conteúdos e atividades desenvolvidos na aula de Língua Portuguesa

do 5º ano faziam parte do plano de curso da série em estudo.

Iniciei a coleta de dados da pesquisa com a aplicação do questionário nº 1

para os 47 sujeitos envolvidos na pesquisa, com o objetivo de traçar seus perfis, em

relação aos dados de escolaridade, pessoais e de nível de letramento digital, a fim

de prepararmos atividades em espaços de tempo que viessem a ser executadas por

eles.

Para a efetivação da pesquisa foram aplicados questionários e desenvolvidas

atividades no ALPT, cuja coleta e análise dos dados estão mostradas no capítulo a

seguir.

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38

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Na ciência, o pesquisador precisa ter em mente os passos a serem seguidas,

as fontes a serem pesquisadas, o campo de pesquisa a ser explorado, o tempo e o

espaço necessário para que cada etapa seja cumprida.

Neste capítulo são apresentados os dados da pesquisa, os quais são

analisados a partir dos objetivos propostos e, de maneira bem particular, vão

assumindo contornos próprios.

4.1 Perfil dos sujeitos da pesquisa

GRÁFICO 01 – Sexo dos sujeitos participantes da pesquisa Fonte: Primária

Não houve predominância de sexo dos estudantes pesquisados, sendo quase

igual o número relativo ao sexo masculino e feminino.

GRÁFICO 02 – Idade dos sujeitos participantes da pesquisa. Fonte: Primária.

51% 49%

Sexo

Masculino

Feminico

4%

89%

7%

Idade

9 anos

10 anos

11 anos

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39

A idade predominante de 10 anos é explicada pelo fato de ser esta a faixa

etária própria desta série, indicando que o grupo mantém a faixa etária indicada para

a turma.

GRÁFICO 03 - Distribuição dos alunos por idade de ingresso em escolas Fonte: Primária

Observei que, na modernidade, o mais comum é que se coloquem os filhos

em escolas a partir dos 02 aos 03 anos, o que se comprova nas respostas

apresentadas. Isso me leva a refletir que ingressar mais cedo na escola promove a

interação com colegas e o processo de letramento se efetiva desde a tenra idade, no

meio de poder aquisitivo mais elevado, visto que os alunos estudavam em escolas

particulares conceituadas na cidade.

GRÁFICO 04 – Distribuição dos alunos por frequência em outro tipo de escola Fonte: Primária

2%

47%

31%

7% 11%

2% 1 ano

2 anos

3 anos

4 anos

5 anos

6 anos

32%

68%

Frequenta outras escolas fora a do ensino regular

Não

Sim - cursos de Inglês

Idade de ingresso em escolas

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40

Com esses dados numéricos pude observar que grandes partes dos alunos

de escolas particulares já iniciam a partir dos 10 anos, ou talvez até antes, o estudo

de outra língua, nesse caso a língua inglesa.

QUADRO 01 - Curso concluído ou abandonado

Outro curso concluído ou abandonado

Os 47 participantes já fizeram outro curso ou abandonaram com duração média entre 06 meses a 02 anos. Foram citados os cursos Kumon, ballet, teatro e instrumento musical, como violão ou violino. Constatei que as escolhas de ballet, teatro e/ou instrumento musical podem ter sido escolhas facilitadas pela comodidade de se ter dentro da própria escola um Centro de Arte e Cultura que oferece cursos como teatro, dança e instrumentos musicais. Concluímos que os sujeitos da pesquisa tinham experiência com atividades que envolviam as artes: dança, teatro e música nos fazendo deduzir que provavelmente interagiam em grupo nessas atividades.

Fonte: Primária

A seguir darei prosseguimento à análise dos dados em relação ao nível de

letramento dos alunos observados através de questionário aplicado e das atividades

desenvolvidas no ALPT.

4.2 Nível de letramento

QUADRO 02 - Gosto pela leitura

Gosto pela leitura

Todos os pesquisados responderam que gostavam de ler. Acredito que o Projeto Cântaro das Letras, projeto existente há 04 anos na escola com o objetivo de incentivar a leitura e a produção textual, tenha contribuído para a unanimidade das respostas. Os alunos leem um livro por semana utilizando “o tapete da leitura” em que escolhem um livro para ler e produzem texto desenvolvendo atividades escritas ou orais como apresentação teatral (cântaro encenado), contação de história, elaboração de vídeos, etc.

Fonte: Primária

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41

QUADRO 03 - Tipo de gênero textual preferido para leitura

Gêneros textuais preferidos para leitura

45 pesquisados indicaram algum tipo de gênero literário como histórias de ação, aventura, terror, suspense, HQ, apenas 02 responderam notícias e reportagens. Entendi que o projeto de leitura citado na análise da resposta 03, relatada no quadro 02, também tenha contribuído para a maioria ter escolhido gêneros literários, pois são esses que são oferecidos para a leitura semanal. Quanto aos dois que responderam com o gênero notícias e reportagem acredito que o motivo da escolha desses gêneros tenha sido a atividade que estava sendo desenvolvida, na época da aplicação desse questionário, e que essa dupla de estudantes desenvolveu um excelente trabalho textual com os gêneros notícia e reportagem tendo como tema os acontecimentos da escola e que foram muito elogiados. Refleti então que a motivação por escolhas de leituras estão intrinsecamente ligadas ao contexto da aprendizagem significativa. Ou seja, o que torna significativo durante o processo de ensino-aprendizagem para o aluno.

Fonte: Primária

O gráfico a seguir caracteriza o tipo de computador que os sujeitos da

pesquisa possuíam e/ou utilizavam para realizarem as atividades desenvolvidas.

GRÁFICO 05 – Distribuição por tipo de computador que o aluno possui Fonte: Primária

2%

24%

30% 21%

23%

Tipo de computador que possuem

Não possui computador Apenas PC

Apenas notebook PC e notebook

Outros

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42

A classe social dos sujeitos envolvidos nessa pesquisa explica os dados

coletados. Muitos possuem computadores portáteis, ficando o resultado dividido

entre notebooks e PC. A opção outros inclui smarphones, tabletes e ipad. Acredito

que o único aluno que respondeu negativamente, afirmando que não possuía um

computador, utiliza, provavelmente algum existente em sua casa.

GRÁFICO 06 – Distribuição por atividades realizadas com o auxílio do computador Fonte: Primária

Observei que a pesquisa na internet e o acesso ao youtube é quase

totalidade entre os 47 envolvidos na pesquisa, indicando certo nível de letramento

digital, visto que pesquisar na internet requer um grau de letramento digital mais

direcionado a de certas habilidades para a navegação em rede. (BUZATO, 2013).

3

42

39

14 14

27

40

22

10

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Atividades realizadas com auxílio do computador

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43

Em terceiro lugar, observei o uso em redes sociais (39) que não é novidade

para mim, basta observarmos ao nosso redor em todos os espaços de nossa

sociedade. Lembro aqui, que esses espaços são indicados, por seus criadores, para

maiores de 18 anos.

Porém, constatamos ao nosso redor milhares de crianças que acessam e

participam dessas redes sociais, postando diariamente imagens, textos e opiniões

que, na maioria das vezes, não estão bem orientadas para tal uso e acabam se

envolvendo em conflitos no relacionamento na rede, sendo, muitas vezes, vítimas ou

autoras de ciberbullyng, com envolvimentos, não só entre seus pares, mas com

adultos também.

A quarta colocação ficou para assistir a filmes e vídeos, visto que na escola

se indica muito um ou outro filme e vídeo para realização de atividades escolares.

Hoje já se encontram bons filmes e vídeos no youtube, não é necessário mais locá-

los ou comprá-los.

Em quinto lugar, observei que 22 alunos responderam que utilizam

computadores para digitação de textos, entendendo aqui que consideram textos,

escritas longas e não bate-papos. Acredito que essas respostas estão relacionadas

à digitação de trabalhos escolares, visto que, geralmente, na entrega de trabalhos,

quase a metade da turma (22) têm preferência por textos digitados e não escritos à

mão. Isso me leva a constatar que um bom número de alunos já está familiarizado

com editores de texto, comprovando outra habilidade desenvolvida por quase

metade dos alunos pesquisados.

Baixar programa (14) ficou na sexta colocação, comprovando um bom nível

de letramento digital por parte de quase um terço dos pesquisados, indicando que

mais da metade dos investigados não baixam programas, provavelmente porque

não aprenderam fazer essa atividade.

Empatando com baixar programa, o uso do e-mail fica também em sexto lugar

apesar de muitos afirmarem que esse gênero será extinto, pelas facilidades de

mensagem rápidas, como Watsapp, mensagens inbox no facebook, o e-mail ainda é

muito utilizado para envio de mensagens mais formais de aluno para professor, visto

que na instituição em que eles estudam há um e-mail institucional através do quais

pais e alunos podem se comunicar, em eventuais situações que necessite o uso

desse suporte/gênero.

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Em sétimo lugar (10), o uso do apresentador de slides, que é muito utilizado

por alunos para apresentação de trabalhos e pesquisas. Ressaltamos aqui que

geralmente esses trabalhos são em grupo de três ou quatro, e um da equipe, que

domina melhor o software, é que se encarregada da elaboração da apresentação,

ficando os outros com outras funções. Isso explica um número menor que domina e

o utiliza.

Em último, ficou a leitura de e-books. Acredito que o incentivo à leitura de

livros, em papel, feita pelo projeto de leitura da escola tenha determinado o tão

pouco uso do suporte digital.

O gráfico abaixo identifica as mídias portáteis utilizadas pelos alunos.

GRÁFICO 07 – Distribuição por tipo de mídias portáteis utilizadas Fonte: Primária.

Constatei que dos 47 sujeitos pesquisados, apenas um, não possui nenhum

desses aparelhos, fazendo-me refletir que o acesso ao uso das mídias portáteis é

bastante comum entre crianças dessa faixa etária e de nível social mais elevado,

15%

11%

30% 9%

13%

6%

7% 7%

2%

Uso de mídias portáteis

IpaidSmartphonesTabletsCelulares com internetTablet e smartphoneIpaid e smartphoneIpaid e celular com internetTablet , ipaid e celular com internetNão possui nenhum desses aparelhos

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45

tendo, provavelmente, todos eles, acesso fácil à Internet como espaço virtual,

oferecendo textos multissemióticos de diferentes lugares do planeta e de diferentes

produtores, com valores, culturas e conteúdos diversificados.

Fez-me, então, refletir que não é o acesso a esses espaços virtuais,

oferecidos por essas mídias portáteis, que tenho de me preocupar em oferecê-los, e

sim, como esse acesso pode ser transformado em espaço, não apenas de acúmulo

de informação e sim de construção de conhecimentos, oportunizando meus alunos a

serem protagonistas dessa construção.

GRÁFICO 08 - Distribuição por tipo de uso com mídias móveis Fonte: Primária.

11

19

12

17

34 37

14 16

31

41

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Que usos fazem das mídias móveis que possuem

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46

Quanto ao uso que fazem dos dispositivos móveis, percebemos, que acessar

a internet (41) está em primeiro lugar, é o mais comum. Especifico que a escolha ao

acesso à internet não estava implícito ao uso de mensagens, e isso foi explicado na

hora da aplicação do questionário, e que o aluno podia escolher mais de uma opção.

Em segundo lugar, veio o uso de fotografar (37). Hoje a fotografia, através

desses aparelhos, é comum, pois não se usa a revelação em papel. Expõem-nas em

redes sociais ou guardam-nas em seu próprio aparelho ou computador, não sendo

necessário pagar para vê-las digitalmente, existindo até porta-retratos digitais aonde

centenas de fotos vão sendo passadas automaticamente. Em terceiro lugar (34),

bem próximo da fotografia, ficou o uso de filmar, pois todos esses aparelhos tanto

fotografam quanto filmam. Em quarto lugar, ficou o uso da calculadora (31). Esse

resultado é devido ao estudante, dessa pesquisa, utilizarem-na em muitas atividades

envolvendo cálculos matemáticos, como forma de checar resultados, e em algumas

aulas da disciplina matemática, eles também, aprenderam a calcular porcentagem

através da calculadora.

Em quinto lugar vieram às mensagens através do aplicativo gratuito Watsapp

(27) que pode ser baixado em aparelhos como ipad e smartphones, pois é gratuito.

Em sexto lugar, ficou a opção enviar mensagens (19) sem ser através do Watsapp.

Em sétimo, o uso de enviar fotos (16) e arquivos em anexo. Essa quantidade

explicou um pouco de dificuldade por parte de alguns alunos, quando tiveram de

anexar arquivos no ALPT.

Assemelhou-se à quantidade do envio de fotos, o envio de mensagens

fonadas e/ou arquivos (14) em anexo, pois esses dois itens possuíam a

especificação que optava por arquivos em anexo. Em nono lugar, ficou o uso do

Skype (11) que, mesmo sendo gratuito para mensagens com texto ou vídeo, não faz

parte das preferências da maioria das crianças no seu dia a dia. Acredito que devido

a um grau maior de complexidade de uso do aplicativo, como ter senha e usuário.

Por último, ficaram as leituras, visto que foi especificado aos estudantes que

esse item correspondia às leituras de textos mais longos, e não apenas de bate-

papo e ou mensagens, comprovando a não preferência deles por leituras longas

com esses aparelhos.

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47

QUADRO 04 - Facilidade em usar mídias móveis

Fonte: Primária

GRÁFICO 09 - Distribuição por suportes utilizados para leituras Fonte: Primária

As respostas ficaram quase divididas meio a meio entre aqueles que leem

apenas em suporte de papel e aqueles que leem tanto em suportes de papel quanto

na tela do computador. Porém a preferência maior foi em suporte de papel.

Observei que (4), menos de 10%, leem apenas na tela do computador. Isso

se explica por fazerem parte de um universo de estudantes que frequentam uma

escola presencial do ensino regular (Fundamental I) e que diariamente leem os livros

didáticos e atividades do caderno ou em folhas xerografadas.

20

14

4

9

0

5

10

15

20

25

Livros e revistas -suporte papel

Livros e revistas -suporte papel e

leituras na internet

Apenas leituras nainternet

Livros -suportepapel e leituras na

internet

Suportes usados para leituras

Facilidade em usar PC, notebook e mídias móveis.

Dos alunos pesquisados (44), ou seja, 94% responderam que não possuem dificuldade em utilizar um computador, diferenciando apenas ao tipo de computador utilizado. Isso explica que, à medida que vão tendo contato com os mais modernos e móveis, como notebook, tablets, smartphones, etc., vão se familiarizando com seus aplicativos e configurações, pois quem domina um PC ou notebook já se apropriou da linguagem da informática e da web, tendo mais facilidade de se apropriar de outras mais específicas nos inúmeros dispositivos eletrônicos de competitividade.

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Constato, dessa forma, que apesar de a maioria ler em suporte de papel,

aproximadamente 77% (36) dos pesquisados já estão familiarizados com leituras na

tela de computador.

GRÁFICO 10 - Distribuição por preferência de suportes utilizados para escrita Fonte: Primária.

Constatei que os que responderam que utilizam mais a tela do computador

(66%), também escrevem diariamente no papel, pois têm atividades diárias

escolares (livro e /ou caderno). Isso comprova o aumento da escolha em escritas na

cultura digital do que na cultura do papel, indicando-nos uma tendência para a

geração nativa digital.

4.3 A experiência com a sala de aula virtual

Finalizada a aplicação do questionário 01, que teve como objetivo identificar o

perfil dos estudantes iniciei a experiência com a sala virtual. Para tanto, foi realizada,

primeiramente, uma aula presencial no auditório da escola, com uso da Internet e

data show para que explicássemos o acesso e a visualização da página de nosso

novo ambiente virtual de aprendizagem.

Como forma de facilitar a identificação para o acesso ao site do AVA, foi

confeccionado, antecipadamente, na gráfica da escola, etiquetas contendo o nome

de cada aluno, usuário (número de matrícula) e a senha inicial, que era o nome

marista em minúsculo.

Dando prosseguimento, à medida que os alunos se apropriavam do passo a

passo ao acesso à página, ia explicando os links onde eles visualizavam os módulos

34%

66%

Preferência do suporte para escrever

Papel Tela digital

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de atividades, os fóruns de tira-dúvidas, de notícias e a biblioteca, sendo-lhes

informados sobre cada função dos links do ambiente virtual de aprendizagem.

Alguns alunos se aventuraram em experimentar o acesso com acertos e

erros, e logo os mais experientes em navegação virtual, iam lhes tirando as dúvidas,

sem, sequer, precisarmos de lhes dar ajuda. Ressalto aqui o conceito de

aprendizagem colaborativa e de letramento digital efetivando-se na práxis da

aprendizagem em uma sala on-line, e o desenvolvimento da compreensão dos

conceitos, dos espaços e suas funções sendo apropriados pelos estudantes.

Finalizada a aula presencial instrucional, voltamos à sala de aula e anotamos

na agenda a primeira atividade a ser desenvolvida no nosso ambiente de

aprendizagem intitulado ALPT. Essas anotações também estariam sendo

informadas no ALPT, no link Fórum de Notícias- que funcionava como a agenda de

atividades. Abaixo, podemos observar o designer utilizado para o ALPT criado pelo

laboratorista do colégio a pedido nosso.

FIGURA 03 - Designer gráfico utilizado para o ALPT Fonte: piox.ai.marista.edu.br

Os alunos perceberam, a partir desse primeiro encontro, que teriam de

consultar diariamente duas agendas: a da escola, adquirida desde o início do ano

letivo e que teriam atividades de outras disciplinas, também, e o Fórum de Notícias

com atividades do ALPT.

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Como toda sala de aula, o professor precisa de um contrato didático, contrato

esse que é elaborado junto à turma para o desenvolvimento diário das atividades.

No ALPT, como eu não poderíamos estar on-line 24h e que a maioria das

atividades, se desenvolveria de forma assíncrona era necessária à criação de

algumas regras de uso do referido espaço de aprendizagem, visto que a maioria era

acostumada a acessar comunidades virtuais e precisavam compreender o novo

espaço escolar era uma comunidade virtual de aprendizagem, com regras e limites

para o uso.

Dessa forma, expus as NETIQUETAS3 – regras para o ALPT, possibilitando

aos alunos a construção, de forma coletiva, das regras e das punições para as

possíveis infrações cometidas.

Nesse momento, pude observar que os alunos tinham acesso

simultaneamente a vários tipos de gêneros textuais que circulam em nosso dia a dia,

tanto na cultura do papel como na tela do computador: a agenda, o Fórum de

Notícia, os textos instrucionais, listas, leis e regras e que alguns deles poderiam ser

construídos coletivamente. O letramento ia acontecendo na medida em que se

compreendia a função de cada texto lido e produzido.

Os alunos, inicialmente, precisavam familiarizar-se com o espaço do ALPT.

FIGURA 04 - Explicação para o convite de conhecer o ambiente virtual e para a primeira postagem. Fonte: piox.ai.marista.edu.br.

3Junção de duas palavras: etiqueta que significa conjunto de normas de condutas sociais, e o termo

inglês net que significa rede- que tem como significado o conjunto de regras de condutas recomendadas para o uso em espaços na web principalmente em bate-papo e discussões.

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Para isso, a primeira atividade foi conhecer o ambiente e acessar alguns links

iniciais necessários, como a construção do Perfil de Estudante, a leitura das

etiquetas e produzir a sua colaboração, e o texto resposta às nossas boas-vindas.

Ressalto algumas postagens de alunos no Fórum de Boas-Vindas, no qual

pudemos perceber a motivação causada pelo novo Ambiente Virtual de

Aprendizagem nos remetendo ao que afirmava Ribeiro (2012, p. 19):

[...] as invenções tecnológicas surgem de necessidades? Ou constroem necessidades?[...] Usávamos giz e lousa para darmos nossas aulas, mas e agora? Computadores, projetores, softwares, animações hipermídias, tantas opções... O projetor por si só não faz minha aula melhorar. É necessária a outra.

FIGURA 05 - Interação dos estudantes no Fórum de Boas-vindas Fonte: piox. ai.marista.edu.br

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Analisando a postagem dos alunos na figura 05, percebi o quanto ficou

motivado em participar dessas novas atividades de Língua Portuguesa - LP,

ressaltando que esse aluno pouco escrevia, falava, lia e participava das aulas de LP,

nos passando a ideia de aluno desinteressado nos estudos e que não interagia com

colegas.

Para minha surpresa, o estudante demonstrou que era capaz de produzir

seus próprios textos, e o fez em várias outras atividades no ALPT. E em todas as

postagens, era visível a vontade de participar dessa atividade, comprovando a

importância de planejamentos que atendam ao contexto em que se insere o aluno,

tornando a aprendizagem mais significativa para ele.

As atividades que se seguiram eram relacionadas aos conteúdos que faziam

parte do plano de aula da disciplina de Língua Portuguesa dos 5º anos do Colégio

Marista Pio X. O planejamento era desenvolvido com estratégias e atividades para a

sala de aula presencial, em que todos já estavam acostumados para,

posteriormente, dependendo da necessidade, darmos continuidade no ALPT.

Após os alunos se familiarizarem com o ambiente da sala virtual, navegarem

por ele, acessando links, conhecendo ambientes, construíram o seu perfil de

estudante, deixando claro para eles que não estávamos em uma comunidade virtual

qualquer, mas em um espaço de sala de aula, por isso deveriam selecionar fotos do

perfil e produzir um texto que fornecesse a sua identificação de estudante. As

atividades eram introduzidas, geralmente, em um intervalo de uma semana, não

seguindo um tempo rígido, pois tinham que conciliaras atividades presenciais de

Língua Portuguesa e a das outras disciplinas que só se desenvolviam de maneira

presencial.

As atividades do ALPT foram planejadas para serem desenvolvidas em três

módulos, obedecendo aos conteúdos que iam sendo dado em sala de aula.

O primeiro Módulo, intitulado Conhecendo o ALPT e construção do Meu Perfil

de estudante, teve como objetivo o estudante familiarizar-se com o ambiente,

desenvolvendo habilidades iniciais necessárias para a realização das próximas

atividades.

Consistia em três atividades que eram duas de produção textual: participar de

um Fórum de Boas-Vindas, dando sua opinião sobre as atividades no ALPT, e a

descrição de seu Perfil de estudante (texto descritivo informativo). Para tanto, foi

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pedido, na atividade 01, que acessassem o Fórum de Boas-Vindas e iniciassem uma

postagem, podendo comentar a postagem de até dois de seus colegas.

Percebi, nesse momento, que o letramento digital ia acontecendo à medida

que os estudantes começavam a apreender as habilidades de uso do ambiente,

como por exemplo, dar boas-vindas, em um fórum on-line, compreendendo a função

desse tipo de gênero textual próprio de comunidades de aprendizagem. Ao mesmo

tempo, iam aprendendo que, nesse tipo de fórum, não deveriam abrir novos tópicos,

e sim clicar na palavra responder do meu texto inicial, pois o objetivo desse espaço

era que todas as postagens fossem vistas por todos os participantes em um mesmo

local.

Na atividade 02, indiquei que navegassem, durante uma semana, visitando a

biblioteca para ver as postagens de aulas e conteúdos vistos no presencial, e trocar

sua senha (habilidade de aprender a trocar a senha e de como fazer quando a

esquecer), acessassem o Fórum de Notícias, compreendendo que, nesse fórum,

quem escrevia era a professora-mediadora do ambiente e que eles apenas se

informavam de avisos e das atividades a serem realizadas.

Deveriam acessar, também, o Fórum de Tira-Dúvidas, para aprender a postar

perguntas sobre alguma dúvida que, por ventura, viesse a surgir, e por último,

deveriam acessar o link Glossário, para postarem palavras que iam sendo escritas

com grafias erradas e/ou palavras cujos significados desconheciam.

O uso da ferramenta Glossário fez com aprendessem que determinadas

palavras poderiam ter diversos significados, dependendo do contexto em que era

utilizada, tendo alguns uma quantidade de contribuições bastante significativas

nessa atividade, sendo considerados pelos colegas os campeões de postagens no

glossário.

Na atividade 03, pedi que construíssem um pequeno texto descritivo sobre o

seu perfil de estudante e que fosse escrito em primeira pessoal, pois estavam

descrevendo a si mesmos e que inserissem uma foto de rosto sua. Foi uma

atividade bastante desafiadora, pois muitos, inicialmente, não conseguiam postar

sua foto, porque a mesma deveria possuir uma resolução que fosse compatível com

o ambiente virtual, então tiveram de aprender o processo para diminuir a resolução

de fotos para que pudessem inserir a sua no seu perfil, acontecendo, dessa forma,

uma verdadeira aprendizagem colaborativa, na qual os mais habilidosos nesse

assunto ajudavam os colegas lhes ensinado como fazer.

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Encerrado o Módulo I, que durou em torno de uma semana, tendo a

participação de todos em espaços e tempos determinados por eles fora do horário

da escola.

Percebíamos que certa autonomia, por parte dos estudantes, ia se

concretizando, a partir do momento que não lhes era cobrado um horário de início e

término para as atividades, ficando eles com a responsabilidade de organizar seus

horários da melhor forma possível para que tivessem suas atividades cumpridas.

Observávamos que os horários eram diversos e que, para a mesma atividade,

muitas vezes eram acessadas mais de duas vezes em dias e em horários diferentes

para realizá-la. Isso podia ser constatado através dos relatórios dos alunos, que são

gerados pela plataforma MOODLE, à medida que o estudante acessa tal link ou para

realizar tal atividade, ficava gravado o tempo que ele gastava, a quantidade de

vezes que acessou e quais links acessava mais.

Segundo Pallof & Pratt (2004), o aluno virtual aprende a desenvolver

autonomia, pois ele se torna o organizador de seu tempo, definindo por onde

começar e os caminhos a trilhar para chegar a seu destino. Ao acessar o conteúdo,

inúmeras vezes, está buscando, de fato, o que mais lhe desperta interesse. Essas

atitudes realizadas por ações pedagógicas, vão sendo utilizadas por professores que

atuam nesses espaços como “provocadores cognitivos”.

Percebíamos, também, que, com essa autonomia, alguns estudantes faziam e

refaziam seus textos, após postá-los nos ambientes, visto que possuíam um

determinado tempo para editá-los e o postarem definitivamente, corroborando,

dessa forma, com o pensamento de Ribeiro (2012 p.67), quando afirma que

“entende-se a escrita não como um dom, mas como trabalho; como uma execução

que não chega pronta, mas depende de dedicação e esforço e conhecimento” e que

as operações que fazemos, para chegar à versão final de um texto, fazem parte do

processo de produção textual.

As imagens a seguir indicam como era feita a divisão de Módulos e atividades

a serem realizadas pelos alunos no ALPT.

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FIGURA 06 - Divisão dos módulos na página do ALPT Fonte: piox. ai.marista.edu.br

Na figura 06, podemos observar a divisão de módulos de atividades a serem

desenvolvidas.

As figuras 07 e 08 a seguir indicam a explicação da atividade a ser realizada e

exemplos de respostas dos alunos respectivamente.

FIGURA 07 - Explicação da professora sobre o Fórum Compartilhando Conhecimentos Fonte: piox.ai.marista.edu.br

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FIGURA 08 - Fórum Compartilhando Conhecimento Fonte: piox. ai.marista.edu.br

Nas figuras 07 e 08 aparece um Fórum intitulado Compartilhando

Conhecimentos, inserido no ALPT, a pedido de alguns alunos durante as aulas

presenciais, que sugeriram um espaço de compartilhamento de leituras

interessantes, realizadas por eles, que pudessem ser compartilhadas com indicação

de onde encontrá-las, oportunizando os seus pares, experienciar essas leituras e

comentá-las.

Refletimos com essa atitude que a sala virtual era realmente uma comunidade

de aprendizagem colaborativa, em que sugestões de criação de atividades poderiam

ser acatadas, refletidas e executadas, a partir de sugestão de alunos, como esse

citado acima, e que os multiletramentos iam acontecendo simultaneamente com

acesso a textos multimodais, com mesclagem de som imagem, animação e texto.

Deu-se início a um novo projeto de leitura: o das leituras na tela, indicadas pelos

colegas e também pela professora, que se posicionou com suas indicações nesse

espaço, e não apenas leituras dos livros do Projeto Cântaro, citado anteriormente.

As setas nos links na figura 06indicam espaços que não estavam

programados nos módulos planejados, mas foram criados a partir da necessidade

de se compartilhar construções coletivas e trabalhos em grupo, como foi o caso dos

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trabalhos da Mostra de Conhecimentos que foi todo construído no ALPT e que

relataremos mais adiante.

Encerramos o Módulo I e iniciamos o Módulo II, com o gênero textual relato

pessoal, o qual teve como estratégia de ensino a sequência didática sugerida pelos

estudiosos Dolz & Schneuwly (2004), através da modularização do ensino da

produção textual de gêneros textuais, citada no capítulo 1. Toda a estratégia foi

desenvolvida em sala de aula presencial, ficando apenas a produção do gênero na

sala virtual, se efetivando, dessa forma, o ALPT como um prolongamento da sala de

aula regular.

Foi pedido como primeira atividade do Módulo II um relato pessoal, intitulado

Minha vida de estudante, o estudante deveria seguir as orientações dadas no

ALPT, tendo como atividade a produção do texto, a digitação e o envio do mesmo

em arquivo anexo.

Em seguida, o texto seria corrigido e colocado nele algumas observações

para a sua refracção. Ressalto aqui que a ênfase maior na correção era a

obediência às características do gênero textual (em que contexto, ou seja, em que

situação foi escrito, produzido, determinado texto? Para quem ele foi escrito, isto é,

quem serão as pessoas mais interessadas em lê-lo? Quem o escreveu? Quais as

intenções, os objetivos, que levaram o emissor (quem o escreveu) a produzi-lo?), a

ortografia, a concordância verbal, a clareza, a coerência e a coesão textual. Após a

correção da professora, era reenviado novamente para o aluno, no mesmo espaço

da atividade 01, para que ele reenviasse corrigido, no espaço da atividade 02.

FIGURA 09 – Troca de arquivos para correção e reescrita de textos Fonte: piox. ai.marista.edu.br

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FIGURA 10 – Reescrita de forma virtual utilizando a ferramenta de revisão do Word Fonte: Primária

Os estudantes gostaram muito de fazer a correção e a refracção das suas

produções em um editor de texto, pois afirmavam que não dava muito trabalho, pois

não tinham que passar a limpo várias vezes e ficar apagando o tempo todo.

Na figura 10, vemos um exemplo de um dos textos corrigidos com as nossas

observações. Eles corrigiam, acrescentavam e/ou retiravam partes de seus textos,

reelaboravam e reenviavam-nos através do link da atividade 02. Tudo isso ia

acontecendo paulatinamente, à medida que se desenvolviam outras atividades na

sala presencial corrigiam-se os textos, enviando-os e reenviando-os, estipulando um

prazo bastante longo, para que desse tempo de todos participarem e de termos

tempo suficiente para corrigi-los. Ressalto aqui que nem todos os alunos refaziam

seus textos após a correção, visto ser essa uma dificuldade que precisa ser

trabalhada, independentemente de ser na cultura do papel ou na cultura digital, mas

que é uma atividade primordial no desenvolvimento da produção textual na escola.

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A segunda atividade do Módulo II foi uma leitura de um vídeo intitulado O

Menino Nito, no qual era trabalhada a temática acerca de gênero. O vídeo

empolgou e abriu espaço no fórum para discussões bastante salutares sobre valores

preconceituosos de comportamentos próprios de menina e de menino. A temática se

aproximou muito do que eles estavam vivenciando na escola.

As figuras a seguir identificam como eram feitas as orientações e as

postagens nos dois fóruns sobre a leitura, a interpretação e a opinião sobre a

temática do livro Menino Nito.

FIGURA 11 – Primeira orientação para participação no Fórum de Discussão sobre a temática da história do Menino Nito. Fonte: Primária.

Nas figuras 11 e 12, pudemos ver a orientação para participação nos dois

fóruns sobre a leitura do Menino Nito (esse livro também disponível em brochura na

sala de aula foi lido por eles, após essa discussão). O vídeo e as discussões no

Fórum motivaram-nos a lerem a história de Nito.

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FIGURA 12 - Segunda orientação para participação no Fórum de Discussão Menino Nito Fonte: Primária

FIGURA 13 - Capa do livro O menino Nito e sites com outras versões em outros suportes Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=4SRVwnAepVchttp://www.youtube.com/watch?v=1lU-w_iq45M

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A figura 13 mostra a capa do livro e os links oferecidos aos alunos no ALPT.

Percebi que os conceitos formados em nossa sociedade podem ser

modificados a partir de leituras e discussões na escola, tornando o processo de

leitura e de escrita em letramento crítico daquilo que se lê e vivencia em seu

cotidiano. Ressalto ainda que a motivação para a leitura e para a escrita está

relacionada às “provocações cognitivas” mediadas pelo professor de uma sala de

aula, independente de ser presencial ou não, e que, se a temática motivacional

estiver fazendo parte do universo dos sujeitos envolvidos, torna-se mais significativa

para eles, comprovando-se isso, nas atividades desenvolvidas no ALPT.

FIGURA 14 - Participação de alunos no fórum Menino Nito Fonte: piox. ai.marista.edu.br

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FIGURA 15 - Participação de alunos no Fórum Menino Nito Fonte: piox. ai.marista.edu.br.

Nas figuras 14 e 15, observo opiniões no Fórum de Discussão, após a leitura

do Menino Nito e pude constatar as argumentações sendo elaboradas a partir de

impressões do cotidiano de cada um.

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O posicionamento dos estudantes é construído a partir das leituras realizadas,

discordando ou concordando sobre o que escrevem seus colegas e do que

vivenciam dentro e fora da escola. Dessa forma, desconstroem conceitos sobre o

que lhes é imposto, de forma preconceituosa, pela sociedade e vão elaborando seu

pensamento crítico diante do que leem.

É importante refletimos, quando trabalhamos com o letramento crítico, que

uma das funções elementares da escola é promover a leitura e a produção textual

voltada para um trabalho linguístico que produza uma postura crítica e reflexiva,

diante do que leem e do escrevem. Sendo assim, Rojo (2009 p.112) afirma que o

letramento crítico, inserido na “pedagogia dos multiletramentos”, “forma sujeitos

capazes de lidar com textos e discursos naturalizados, neutralizados, de maneira a

perceber seus valores, suas intenções, suas estratégias, seus efeitos de sentido”.

Dando continuidade às atividades desenvolvidas no ALPT, prossegui com o

último módulo, intitulado: Gênero textual: Texto de Opinião e Notícia.

Iniciamos o Módulo III com um Fórum de discussão cuja temática foi

inicialmente desenvolvida em sala presencial, onde trabalhamos o gênero textual

oral: debate regrado, a partir da temática: Crianças devem levar o celular para a

sala de aula? Sim ou não? Por quê?

As estratégias utilizadas para o ensino desse gênero também seguiu a

sequência didática de Dolz&Schneuwly (2004), em que os estudantes tiveram,

primeiramente, um contato com uma transcrição de um debate regrado presente em

seus livros didáticos, listaram as características desse gênero e, em seguida,

organizaram um debate em sala de aula, elegendo representantes de cada grupo

com participação baseada nas regras, estabelecidas. A mediação do debate oral

ficou sob a minha responsabilidade.

Dando continuidade às atividades sobre essa temática, propomos a

construção de um texto, utilizando a ferramenta wiki do Moodle, própria para

construção coletiva de textos, na qual iniciávamos com pequeno trecho e os

estudantes, de forma assíncrona, iam dando continuidade ao texto.

A figura 16 mostra as atividades desenvolvidas no Módulo III, em que

podemos perceber que, inicialmente, tivemos um Fórum de Discussão

assemelhando-se ao debate regrado oral, realizado na sala presencial, mas se

diferenciando quanto ao modo de participação, sendo aberta a todos os desejosos a

participar.

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FIGURA 16 – Atividades desenvolvidas no Módulo III Fonte: piox. ai.marista.edu.br.

Observei, ao término da participação do debate regrado, que tiveram maiores

subsídios para elaborarem suas argumentações, pois havia experienciado, de forma

oral, o desenvolvimento e elaboração de opiniões e argumentações sobre o tema.

Essa atividade nos remeteu a Marcurshi (2008 p.217) que afirma “a oralidade não se

separa da escrita como se fosse dois domínios dicotômicos”, possuindo uma visão

de língua “como um conjunto de práticas sociais”, vendo os gêneros textuais nessa

mesma linha.

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FIGURA 17 – Texto coletivo construído com a ferramenta WIKI Fonte: Primária

A figura 17 exemplifica um dos textos coletivos produzidos com a ferramenta

WIKI. Os textos foram construídos coletivamente, e constatei que uma boa parte dos

alunos teve dificuldades em dar sua colaboração, visto que a ferramenta WIKI

provocou certo grau de dificuldade na tessitura de um texto coletivo, pois tinham que

observar o que o colega anterior havia postado e ler toda a parte do texto já

elaborada para dar continuidade à produção textual coletiva.

Percebi que misturavam a primeira pessoa com terceira pessoa, repetiam

argumentações já citadas, como fazer alusão ao uso da cola provocado pelo uso do

celular, além de não ter a coerência e coesão ideais. A faixa etária de 10 anos, ainda

está aquém de elaborar um texto argumentativo coerente e coeso. Foram levados

para a sala de aula presencial, os textos produzidos e seguindo o caráter modular da

sequência didática, sentaram-se em duplas. Seguindo a minha orientação, quanto à

reelaboração textual, (foi colocado no quadro o que cada dupla tinha de observar e

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reelaborar), foram reescrevendo o texto, sanando irregularidades textuais

detectadas nele, seguindo ao que é indicado na modularização da reescrita textual

proposta pelos teóricos Dolz&Schneuwly (2004, p. 53) que asseveram:

A definição dos objetivos de uma sequência didática deve adaptar-se às capacidades e às dificuldades dos alunos “envolvidos nela”, pois trata-se sobretudo, de promover mudanças associadas a uma situação específica.

Nesse sentido, o gênero textual passa a ser um objeto de ensino

aprendizagem, e não apenas um instrumento de comunicação e interação.

O trabalho de refracção textual poderia, também, ter sido realizado no ALPT,

porém tínhamos pouco tempo para concluirmos esse conteúdo e dei preferência a

refracção presencial, pois auxiliava em torno de 16 duplas por sala, durante duas

horas/aula, a corrigirem o texto, tornando-o mais coerente e coeso.

O que mais me chamou a atenção durante essa atividade de escrita foi o fato

de os alunos estarem escrevendo sobre uma mídia digital, o celular, utilizando outra

mídia o computador. Outro ponto que me levou a reflexões foi que iniciei o texto com

esse trecho: As tecnologias da informação e comunicação estão presentes no

dia a dia das pessoas e essas parecem não saber viver mais sem elas,

inclusive as crianças, que utilizam os seus potentes celulares para diversas

atividades, como: enviar mensagens escritas e fonadas, filmar, fotografar,

utilizar bate-papo, etc. E o uso do celular na sala de aula como fica? Com o

objetivo de provocá-los a se posicionarem diante de inúmeras possibilidades

pedagógicas como o uso do celular, mas os estudantes não compreenderam a

intenção, ficando presos ao regimento interno da escola, que proibia o uso do celular

em sala de aula.

Com a finalidade de provocar o uso do celular como ferramenta pedagógica

na disciplina de Língua Portuguesa, desenvolvemos uma atividade intitulada

“Videoliteratura,” em que os estudantes teriam que produzir um vídeo que contasse

uma história lida, utilizando as ferramentas do celular, e ao término da atividade,

postariam seu vídeo no link “Compartilhando Conhecimentos” do ALPT.

Nas figuras18 e19, temos exemplos dessa produção textual híbrida, para a

qual utilizaram gravação de voz e fotografia com uso do celular. A criação de textos

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multimodais com uso de som, imagem e texto se desenvolvia entre os estudantes

como atividades de Língua Portuguesa.

FIGURA 18 - Produção de textos híbridos realizado pelos alunos Fonte: Primária

FIGURA 19 – Produção de textos híbridos realizado pelos alunos II Fonte: Primária

Segundo Rojo (2009), ao incentivar os alunos a utilizarem os textos híbridos

em suas produções, estará favorecendo um novo tipo de letramento, diferente da

tradição escolar, que promove novos sentidos: o letramento mulissemiótico.

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A última atividade no ALPT não fez parte de nenhum dos módulos

programados para o referido ambiente de aprendizagem. Surgiu da necessidade de

desenvolvermos um trabalho de pesquisa interdisciplinar envolvendo as disciplinas

de História, Língua Portuguesa e Arte, para ser apresentado na Mostra de

Conhecimentos da escola, intitulado “A comunicação ao longo dos séculos”, e que

teria como parte do trabalho, um texto coletivo por grupo que resumisse toda a

pesquisa realizada.

FIGURA 20 - Orientações para participação nos grupos Fonte: piox. ai.marista.edu.br

Foi aberto para isso um fórum extra, intitulado “Fórum Mostra de

Conhecimentos”, com um texto introdutório sobre como proceder para participar do

evento escolar.

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FIGURA 21- Fórum Mostra de Conhecimento com os links para o trabalho em grupo de cada equipe formada Fonte: piox. ai.marista.edu.br

Podemos constatar que os textos coletivos de cada grupo eram

desenvolvidos no fórum específico (fig.21) e os demais fóruns eram os espaços

onde as discussões e a troca de arquivos acontecia para a elaboração do trabalho a

ser apresentado.

FIGURA 22 - Colaboração da professora no Fórum Mostra de Conhecimentos Fonte: piox. ai.marista.edu.br

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FIGURA 23- Continuação da colaboração da professora Fonte: piox. ai.marista.edu.br

FIGURA 24- Exemplo de interação entre os componentes de um grupo na construção de uma produção de texto híbrido Fonte: piox.ai.marista.edu.br

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Os exemplos de como a construção colaborativa iam acontecendo, e de como

íamos orientando-os, estão nas figuras 22, 23 e 24.

FIGURA 25 – Culminância do Projeto da Mostra de Conhecimentos “A comunicação ao Longo dos Tempos” Fonte: Primária

Apresentamos, de forma presencial, o resultado das pesquisas realizadas,

bem como a exposição dos nove textos coletivos desenvolvidos e corrigidos de

forma colaborativa nesse ambiente.

FIGURA 26 - Exemplo de correção do gênero textual notícia, realizado no espaço do Fórum. Fonte: piox.ai.marista.edu.br.

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Finalizamos as atividades do ALPT com a produção textual do gênero notícia,

que tinha como tema a Mostra de Conhecimentos 2013 do Colégio Marista Pio X.

Esse gênero textual estava sendo desenvolvido, na sala presencial, como o último

conteúdo do ano letivo, seguindo a sequência didática já utilizada em outras

produções textuais. A correção do gênero notícia foi feita em fórum aberto para esse

fim.

Ao término das atividades no ALPT, aplicamos o segundo e último

questionário, com o objetivo de detectar dificuldade no uso da plataforma MOODLE

e avaliar o aprendizado através das atividades propostas. Para tanto, fizemos a

análise das respostas coletadas que segue abaixo:

4.4 Dificuldades encontradas no uso da plataforma MOODLE

GRÁFICO 11 - Dificuldades por quantidades de dificuldades no uso do AVA Fonte: Primária

Dos alunos pesquisados, 18% não apresentaram dificuldade alguma nas

atividades, 55% apresentaram dificuldades apenas em um tipo de uso de uma

atividade. Isso comprova um bom nível de letramento digital no que se refere ao

aprendizado para o uso do ambiente virtual sem dificuldade, comprovando-se o

resultado do primeiro questionário quando os alunos estavam acostumados a usar a

Internet.

17%

53%

17%

9% 4%

Dificuldades x facilidades no uso do AVA

Não tiveram dificuldades

Tiveram apenas 1 dificuldade

Tiveram 2 dificuldades

Tiveram 3 dificuldades

Tiveram mais de 3dificuldades

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Apenas 18% dos alunos apresentaram dificuldades em utilizar dois tipos de

atividades diferentes, 9% ao utilizar três atividades e 4% marcou dificuldade para 04

atividades.

GRÁFICO12 - Distribuição por tipos de dificuldades no uso do AVA Fonte: Primária

Concluí que acessar ambientes on-line não é dificuldade para os alunos

desse estudo, pois o uso da Internet lhes é familiar.

Como o ALPT era novo para eles, até se familiarizarem, provavelmente,

tiveram algumas dificuldades em localizar as atividades, fazendo parte dessa

habilidade, o reconhecimento de uma página de um curso a distância na plataforma

MOODLE.

Quanto aos estudantes que tiveram dificuldades em acessar o wiki,

acreditamos que foi, provavelmente, a incompatibilidade com o navegador utilizado

1

5

8

6

12

4

19

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Acessar oambiente

Localizar asatividades

Postaratividadesnos fóruns

Enviararquivosanexos

Utilizar owiki

Construir seuperfil

Postarimagem, link

ou vídeo

Tipos de dificuldades no uso do AVA

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por eles, pois quando usávamos o navegador Google Chrome, não eram

visualizados certos ícones de links para as postagens.

Quanto às outras atividades, acreditamos que ainda estavam aprendendo

certas habilidades de postagem como: anexar arquivos, anexar link e vídeos, pois

eram novas para eles, não eram acostumados utilizarem-nas no ambiente.

GRÁFICO 13 - Distribuição por tipo de computador utilizado para acessar o AVA Fonte: Primária

Observando o gráfico, percebemos que laptop, notebook e PC eram os mais

utilizados para acessarem o AVA, não causando, aos que utilizavam esses

aparelhos para acessá-lo, nenhum problema na visualização de todas as

informações presentes no ambiente virtual

44

13

8

0 0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Laptop-notebook-PC Tablet Smartphone outros

Tipo de computador utilizado para acessar o AVA

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Os dados do gráfico me levam a concluir o porquê de alguns apresentarem

dificuldades em utilizar determinadas ferramentas em algumas atividades, pois

apenas os laptop, notebooks e PC eram compatíveis com algumas ferramentas da

versão do MOODLE utilizada.

GRÁFICO 14 - Distribuição por tipo de navegador utilizado para a realização das atividades no AVA

Fonte: Primária

O navegador mais utilizado pelos alunos foi Chrome, apesar de em algumas

atividades, como a postagem em fóruns e o texto coletivo com a ferramenta wiki,

não visualizarem a barra de ferramentas para trocar o tamanho do corpo ou cor da

fonte.

Os que utilizaram o Firefox, provavelmente não tiveram dificuldade em

visualização de ferramentas, pois era o navegador mais compatível com a versão do

MOODLE utilizada.

Já os que utilizaram a Internet Explorer, provavelmente, assim como o

Firefox, não tiveram dificuldade, também na visualizam de ferramentas, pois, apesar

de não ser o navegador mais compatível, não se teve problemas com ele durante a

navegação no AVA.

Os dados do gráfico 14 justificam algumas dificuldades no desenvolvimento

de algumas atividades propostas que veremos na análise dos dados a seguir.

67%

20%

11%

2%

Navegador utilizado para as atividades no AVA

Chrome

Internet Explorer

Firefox

Outros

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GRÁFICO 15 – Distribuição por dificuldades ao acessar as atividades no AVA Fonte: Primária

Constatei 17 dificuldades como sendo as maiores relacionadas às caixas de

texto e a barra de ferramentas que não abriam e isso provavelmente eram devido ao

uso do tipo do navegador.

11 alunos apresentaram dificuldades com vídeos que não eram visualizados,

pois tinham que executar download de programas em seus computadores para os

mesmos serem executados, e provavelmente desconheciam esse processo ou não

dominavam essa habilidade.

Quanto aos arquivos que não abriam e/ou atividades não visualizadas,

provavelmente estavam utilizando aparelhos como tablets e smartphones os quais

não tinham navegadores compatíveis ou não possuíam aplicativos para usar

corretamente o AVA.

36%

23%

9%

9%

23%

Dificuldades quando acessam as atividades

Caixas de texto e barra deferramentas que não eramvisualizadas

Vídeos que não eram executados

Arquivos que não abriam

Atividades que não eram visualizadas

Não tiveram dificuldades

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4.5 Aprendizado durante as atividades na sala virtual

GRÁFICO 16 – Distribuição por produções textuais que apresentaram mais dificuldades Fonte: Primária

Os que apresentaram dificuldades para elaborarem a atividade de produção

textual: relatos pessoais justificaram da seguinte forma:

“Porque eu estava tentando fazer pelo Ipad;

“Porque exigia se dedicar mais para fazer um bom trabalho”

“Porque meu aparelho não tinha editor de texto”;

“Porque tem que se dedicar mais”;

“Porque tinha de escrever mais”.

Percebi que dois deles justificaram suas dificuldades devido ao tipo de

aparelho que utilizaram para a elaboração do texto, pois nesses aparelhos não

possuíam o referido editor. Os outros três se justificaram quanto à dificuldade de ter

que se dedicar mais à elaboração da produção textual, pois requeria uma maior

20%

5%

16%

11%

4%

11%

24%

9%

Produções textuais que apresentaram maior dificuldade

Não tiveram dificuldades

Tiveram dificuldades em todas

Construção do Perfil

Utilizar o glossário

Fóruns de Discussão

Relato Pessoal

Texto coletivo no wiki

Notícia

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quantidade de linhas, indicando-me uma dificuldade quanto à elaboração de textos

com uma maior extensão.

A dificuldade em relação à elaboração do glossário foi justificada com as

seguintes falas:

a) “Porque toda vez que acessava, não sabia como responder”;

b) “Porque eu não sabia utilizar o glossário”;

c) “Pois não entendo como fazer. E também achei a estrutura diferente das

outras atividades”;

d) “Porque o arquivo não aparecia” “porque às vezes a parecia palavras que

eu nunca escrevi e aparecia que estava errada”.

As dificuldades relatadas em relação à elaboração do glossário ficaram entre

justificativas que explicavam não saber acessar a ferramenta e não saber elaborar

um Glossário. Há apenas uma justificativa que afirma não reconhecer o erro na

palavra que escrevia ou talvez o erro na palavra do outro, por isso não sabia

consertá-la; a dificuldade desse estudante era na ortografia, e não na elaboração do

glossário.

As dificuldades em relação à escrita nos fóruns de discussão não foram

justificadas, nos levando a refletir que provavelmente o obstáculo estivesse na falta

de saber argumentar, visto que nesse espaço se exigia opiniões com justificativas

obrigando certo nível de argumentação por parte do aluno, dificuldade essa que

também foi identificada nas escolhas não justificadas em relação ao fórum de

discussão como a dificuldade sentida nas atividades.

Em relação à produção escrita do perfil de cada um, justificaram com as

seguintes respostas:

a) “Porque precisa colocar foto e pra mim foi difícil”;

b) “Não consegui terminar de construir meu perfil”;

c) “Porque eu tentei várias vezes e não consegui”,

d) “Eu não sabia o que colocar”.

Observei que as justificativas estavam relacionadas à dificuldade em inserir a

foto, e outros em dizer que tentaram várias vezes e não conseguiram, deixando

claro que o problema estava no domínio da ferramenta, e não na elaboração do

texto.

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Já outros justificaram que não sabiam o que escrever e que não conseguiram

terminar, nos fazendo entender que suas dificuldades estavam em escrever sobre

eles mesmos.

A elaboração de uma notícia levou aos alunos que sentiram dificuldades

justificarem da seguinte forma:

a) “Porque eu tive bastante dificuldade de acessar”;

b) “Pois é muito complicado e difícil de elaborar uma notícia”;

c) “Pois é um gênero meio complicado”;

d) “Porque eu entrava e não aparecia nada e não deu pra fazer”.

As respostas foram justificadas com o fato de acharem complicados e difíceis

escrever esse gênero e as outras justificativas se deteve ao acesso à página.

As dificuldades, com a elaboração do texto coletivo utilizando a ferramenta

wiki, foram as seguintes:

a) “Eu não conseguia fazer o texto coletivo com as pessoas”;

b) “Não achava as outras falas para continuar”;

c) “Não consegui utilizá-lo, porque não conseguia entrar”;

d) “Achei muito complicado”;

e) “Porque toda vez que eu entrava não aparecia minha parte”;

f) “Porque eu não estava conseguindo entrar, pois os colegas respondiam

como se fosse um fórum”;

g) “Havia poucas informações para muitas pessoas, por isso ficou repetitivo”.

Quanto à elaboração do texto coletivo wiki, as justificativas ficaram divididas

entre não conseguir utilizar a ferramenta e o fato de não conseguir visualizar suas

partes ou as dos outros. Há duas justificativas que criticaram o fato de haver muita

gente para pouco assunto, e concordei com ele, pois ficou repetitivo por não

saberem mais o que dizer sem fugir do assunto, e que muitos escreviam como se

estivesse escrevendo em outro gênero como um fórum, concordando ou

discordando das escritas anteriores. Fez-me perceber que o aluno já estava

compreendendo a diferença entre escrever em um fórum de discussão e uma

produção coletiva sobre um determinado assunto.

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Concluí que o texto coletivo foi uma elaboração difícil para eles, pois se

tratava de um texto argumentativo e que os alunos não possuíam muito domínio e

prática para escrevê-lo.

Apenas 5% dos alunos marcaram a opção que indicava ter dificuldade em

todas as produções textuais, mas não a justificaram, e nem perguntaram como fazê-

las em nenhuma das duas salas: presencial e virtual, não deixando claro que tinham

dúvidas.

QUADRO 05 - O que achou sobre a experiência da utilização de um AVA nas aulas de Língua Portuguesa

Colaborativa, pois contribuiu de grande forma para o ensino- aprendizagem da disciplina de Língua Portuguesa.

41

Permitiu maior interação entre professores e alunos. 12

Facilitou o ensino aprendizagem, considerando que os materiais utilizados nas aulas ficavam disponíveis para downloads.

19

Não contribuiu em nada paro o ensino-aprendizagem.

0

Outros 0

Fonte: Primária

O quadro demonstra que os estudantes participantes acharam a experiência

no ALPT colaborativa e que havia contribuído para o ensino de Língua Portuguesa,

visto que a maioria deles participou das atividades de forma efetiva, como pude

comprovar no relato da experiência.

Ofereci cinco alternativas para respostas, porém, os participantes se

alternaram entre as três primeiras, deixando claro que concordavam que houve

contribuição para o aprendizado deles. Nenhum deles escolheu a última alternativa,

não contribuir em nada para o ensino – aprendizagem, e nem especificou opinião

diferente das oferecidas.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo iniciou-se a partir de minhas reflexões sobre a necessidade de se

inserir novas metodologias de ensino da leitura e da produção textual nas aulas de

Língua Portuguesa, diante da realidade percebida e do contexto atual em que meus

alunos se encontravam: o acesso diário à internet, utilizando leituras e escrita num

mundo virtual.

Para propor novas metodologias, mediadas por artefatos tecnológicos em um

AVA, foi necessário conhecer o perfil dos sujeitos dessa experiência, para que, em

seguida propusesse as atividades no ambiente virtual de aprendizagem.

Percebi, durante a experiência relatada nesse estudo dissertativo, a

viabilidade de um uso de um AVA como prolongamento de sala de aula presencial,

promovendo não só o desenvolvimento da leitura e da escrita como também o

aprendizado de multiletramentos, efetivando-se, dessa maneira, um dos objetivos

iniciais propostos que era promover os multiletramentos no contexto da leitura e da

escrita no ensino a distância.

Nos contextos onde foram realizadas as atividades, pude perceber o

letramento crítico dos alunos, quando desenvolviam seus pontos de vista sobre

leituras em que lhes eram oferecidas, promovendo uma interação constante,

efetivando-se a aprendizagem colaborativa, em que seus pares se ajudam

mutuamente, sendo efetivado então outros dois objetivos: propor estratégias para

um letramento crítico e a proposta de aprendizagem pautada na concepção

sociointeracionista.

Constatei um maior envolvimento dos alunos durante as atividades propostas

nas aulas de Língua Portuguesa, por estarem utilizando ferramentas em um espaço

virtual em que eles já tinham familiaridade em relação à linguagem utilizada na web,

e porque as temáticas eram desenvolvidas, inicialmente, na sala presencial e

concluídas na sala virtual, fazendo-os com que utilizassem os computadores em

casa, não apenas para entretenimento, mas também, agora, para fazerem suas

tarefas de casa, produzir textos e realizarem leituras com comentários e discussões

em fóruns. Tendo dessa forma uma participação muito maior na sala virtual do que

na sala presencial, que possuía seu tempo limitado ao horário da aula. E no AVA, ao

contrário, eles o acessavam quantas vezes quisessem, escolhendo os melhores

horários para estudarem.

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Enfatizo que, nessa experiência, a minha prática foi inserida na Pedagogia

dos Multiletramentos, propiciando não apenas práticas do letramento,

fundamentadas no uso da tecnologia da escrita e da cultura do papel, mas usando

concomitantemente o uso de tecnologias digitais, utilizando, dessa forma, novos

gêneros textuais emergentes nos meios digitais.

Dessa forma, o professor que desejar trabalhar com artefatos tecnológicos na

web, deve estar preparado para saber usar essas novas ferramentas, de modo

crítico, oferecendo ao seu estudante possibilidades de pensar e refletir, diante de

inúmeros textos que lhes chegam, diariamente, através da Internet e de outras

diferentes mídias, sabendo transformar informação em conhecimento, contribuindo

para um ensino mais emancipatório, transformador e libertador de ideologias

manipuladoras, presentes na sociedade de consumo e da informação existentes nos

diferentes textos lidos por nossos estudantes, os quais transformam os sujeitos em

objetos e o pensamento e os comportamentos das pessoas tornam-se

uniformizados, levando os sujeitos a uma alienação que propicia a dominação

daqueles que fazem a sociedade mais desigual.

Cabem, então, a nós, professores, aperfeiçoarmo-nos em transposições

didáticas para o ensino da leitura e da produção textual nos ambientes virtuais de

aprendizagem, contribuindo para a efetivação das competências leitoras e escritoras

no contexto dos multiletramentos existentes na escola e em nossa sociedade, o que

nos faz sair da posição de professor conteúdo, moldado por um espaço limitado e se

lançar na posição de professor interface, buscando informações para transformar em

conhecimento, ou seja, o universo escolar torna-se ilimitado, o que possibilita a troca

de conhecimento entre os atores, tornando-os eternos aprendentes.

O presente estudo oportunizou-me a possibilidade de ampliação e

entendimento sobre o uso de Ambientes Virtuais de Aprendizagem como

prolongamento do ensino presencial para o processo ensino-aprendizagem da

escrita e da produção textual, nas aulas de Língua Portuguesa, processo esse

inserido em uma proposta da Pedagogia dos Multiletramentos em que se utiliza uma

concepção de ensino de Língua sociointeracionista, levando-me a refletir sobre a

importância dos diferentes letramentos que essa proposta oportunizou aos meus

alunos, além de refletir sobre a necessidade de trabalhar uma aprendizagem que

seja significativa no contexto escolar em que esses estão inseridos.

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Espero ainda, que esse estudo venha a contribuir e servir de subsídios para

aqueles que trabalham com educação, em escolas e, principalmente para aqueles

que lecionam Língua Portuguesa na Educação Básica.

Ressalto ainda, que o estudo aqui apresentado não tem a intenção de

finalizar reflexões, mas sim, de abrir espaços para novas formas de se ensinar e de

se aprender as competências leitoras e escritoras necessárias na formação de um

cidadão.

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REFERÊNCIAS

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VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984. ZABALZA, M.A. Diários de aula: um instrumento de pesquisa e desenvolvimento profissional. Porto Alegre: Artmed, 2004.

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APÊNDICE

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Universidade Federal da Paraíba – UFPB

Campus – I- JOÃO PESSOA CENTRO CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS e ARTES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA E ENSINO/MPLE

Esta pesquisa acerca do Processo ensino-aprendizagem da Leitura e da Produção textual na EAD: possibilidades para os multiletramentos será desenvolvida por Silvana Maria Sampaio Camurça, aluna do Curso de Pós-Graduação do Mestrado Profissional em Linguística e Ensino da Universidade Federal da Paraíba, sob a orientação do Prof. Dr. João Wandemberg Gonçalves Maciel. Os objetivos da pesquisa são investigar as formas pelas quais o aluno está se apropriando das tecnologias digitais de leitura/escrita através do ciberespaço e refletir sobre uma proposta de ensino de leitura e de produção textual inseridos em um contexto de letramento crítico na escola, a partir do uso de um Ambiente Virtual de Aprendizagem- AVA, utilizando a Educação a Distância - EAD como prolongamento da sala de aula presencial, propondo esse tipo de ensino como uma viabilidade para inserir os multiletramentos na escola; averiguar se o letramento na cibercultura conduz a um estado ou a uma condição diferente da que conduzem as práticas de leitura/escrita na cultura do papel; investigar se as ferramentas tecnológicas e as atividades no ciberespaço atendem às necessidades de interatividade do aluno com as temáticas de estudo inseridas numa proposta sociointeracionista de ensino. Solicitamos a sua colaboração no sentido de responder o questionário proposto para tal fim, como também sua autorização para apresentar os resultados deste estudo em eventos da área de linguística e publicar em revista científica. Por ocasião da publicação dos resultados, seu nome será mantido em sigilo, uma vez que no próprio questionário, objeto de estudo, não haverá identificação do participante. Informamos que essa pesquisa não oferece riscos, previsíveis, para a sua saúde. Esclarecemos que sua participação no estudo é voluntária e, portanto, não é obrigado a fornecer as informações e/ou colaborar com as atividades solicitadas pelo Pesquisador. Caso decida não participar do estudo, ou resolver a qualquer momento desistir do mesmo, não sofrerá nenhum dano, nem haverá modificação na assistência que vem recebendo na Instituição (se for o caso). Os pesquisadores estarão a sua disposição para qualquer esclarecimento que considere necessário em qualquer etapa da pesquisa. Diante do exposto, declaro que fui devidamente esclarecido e dou o meu consentimento para participar da pesquisa e para publicação dos resultados. Estou ciente que receberei uma cópia desse documento. ______________________________________

Assinatura do Participante da Pesquisa / Responsável Legal

______________________________________

Assinatura da Testemunha

Contato com o Pesquisador Responsável: Silvana Maria Sampaio Camurça – Colégio Marista Pio X - 40092700/88130251 Caso necessite de informações complementares sobre o presente estudo, favor ligar para Prof. Dr. João Wandemberg Gonçalves Maciel, coordenador da pesquisa. Endereço (Setor de Trabalho): Universidade Federal da Paraíba - Campus IV (Departamento de Letras) Telefones: (83) 88203048

Atenciosamente,

_________________________________________ Assinatura do Pesquisador Responsável

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES

CAMPUS I – JOÃO PESSOA- PB PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA E ENSINO/MPLE

INSTRUMENTO DE PESQUISA – QUESTIONÁRIO 1 A – DADOS PESSOAIS: 1. Sexo:___________________________________Idade: ________________

B – DADOS DE ESCOLARIDADE:

1. Com quantos anos começou a estudar?_____________________________

2.Frequenta outras escolas e/ou cursos fora essa escola em que você estuda?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3. Que outros cursos já fizeram e já foi concluído ou abandonado? Durou quanto tempo? ___________________________________________________________________

__________________________________________________________________

C –DADOS SOBRE O NÍVEL DE LETRAMENTO DIGITAL

1. Gosta de ler? _____________________

2. Quais gêneros textuais?___________________________________

3. Possui computador? SIM ( ) NÃO ( ) Qual tipo? ( ) PC

( ) Notebook

( ) outros __________________________________________________

4. Que tipo de atividades costuma realizar com auxílio do computador?

( ) leituras de e-books

( ) pesquisar na internet

( ) usar redes sociais

( ) enviar e-mail

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( ) baixar programas

( ) assistir a filmes ou vídeos

( ) acessar o youtube

( ) digitar textos

( )usar o apresentador de slides

5. Possui tablete ( )ipad ( )smatphone( ) ou celular com internet ( )? Que uso faz deles? ( ) leituras

( ) envia mensagens de texto

( ) usa o Skype

( ) usa o whatsapp

( ) filma

( ) fotografa

( ) envia mensagens fonadas ou com vídeo

( ) envia fotos e ou arquivos anexos

( ) usa a calculadora

( ) acessa a internet

6. Sente facilidade em utilizar alguns desses instrumentos listados na pergunta 3? Quais? ___________________________________________________________________

7. Quando lê, usa que suportes para as suas leituras?

( ) livros

( ) revista

( ) internet

( ) outros: __________________________________________________

8. Quando escreve fora da escola, qual o suporte mais utilizado?

( ) papel

( ) tela digital

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES

CAMPUS I – JOÃO PESSOA- PB PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA E ENSINO/MPLE

INSTRUMENTO DE PESQUISA – QUESTIONÁRIO 2

A- DADOS SOBRE AS DIFICULDADES ENCONTRADAS NO USO DA

PLATAFORMA MOODLE

1. Quais dificuldades encontraram ao utilizar o nosso Ambiente de Leitura e de Produção Textual? ( ) acessar o ambiente

( ) localizar os locais de atividades

( ) postar atividades nos fóruns

( ) enviar arquivos anexos

( ) utilizar o wiki

( ) participar do chat

( )construir seu perfil

( ) postar imagem, link e/ou vídeo

2. Para acessar o nosso Ambiente de Leitura e de Produção textual você utilizou: ( ) laptop – notebook- computador

( ) tablet

( ) smartphone

( ) outros___________________________________

3. Qual o navegador que vocêutilizava para realizar as atividades?

( ) Firefox

( ) Chrome

( ) Internet Explorer

( ) outros____________________________________________________

4. Quais as maiores dificuldades encontradas quando acessava as atividades

( ) Não conseguia visualizá-las. Quais?______________________________

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( ) Arquivos que não abriam. Quais?_________________________________

( ) Caixas de texto e barra de ferramentas que não apreciam.

( ) Vídeos que não eram executados.

B. DADOS SOBRE O APRENDIZADO DURANTE AS ATIVIDADES NA SALA VIRTUAL 1. Qual(is) produção(ões) textual(is) você sentiu mais dificuldade de fazer? Por quê? ( )Construção do Perfil

( ) Utilizar o glossário

( ) Fóruns de Discussão

( ) Produção textual do Relato Pessoal

( ) Correção e reescrita do relato

( ) Texto coletivo – wiki

( ) Chat

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________

2. O que você achou da experiência do Ambiente de Leitura e de Produção Textual. ( )Colaborativa, pois contribuiu de grande forma para o ensino aprendizagem da

disciplina de Língua Portuguesa;

( ) Permitiu maior interação entre professores e alunos;

( ) Facilitou o ensino/aprendizagem, considerando que os materiais utilizados nas

aulas ficavam disponíveis para downloads;

( ) Não contribuiu em nada para o ensino/aprendizagem.

( ) outros _____________________________________________________

João Pessoa, _____/_____________/_____