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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS CAMPUS POÇOS DE CALDAS PATRÍCIA DA SILVA COSTA SANTOS COMPÓSITOS BASEADOS EM CARVÃO DE PET E LAMA VERMELHA COMO CATALISADORES PARA A REMOÇÃO DE CONTAMINANTES ORGÂNICOS EM ÁGUA Poços de Caldas /MG 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS · A lama vermelha é constituída por partículas muito finas (cerca de 95% < 44 µm) dispersas em um meio altamente alcalino (pH ≥ 10), contendo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

CAMPUS POÇOS DE CALDAS

PATRÍCIA DA SILVA COSTA SANTOS

COMPÓSITOS BASEADOS EM CARVÃO DE PET E LAMA VERMELHA COMO

CATALISADORES PARA A REMOÇÃO DE CONTAMINANTES ORGÂNICOS EM

ÁGUA

Poços de Caldas /MG

2015

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PATRÍCIA DA SILVA COSTA SANTOS

COMPÓSITOS BASEADOS EM CARVÃO DE PET E LAMA VERMELHA COMO

CATALISADORES PARA A REMOÇÃO DE CONTAMINANTES ORGÂNICOS EM

ÁGUA

Poços de Caldas/MG

2015

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado como parte dos requisitos para

obtenção do título de Engenheiro Químico

pela Universidade Federal de Alfenas,

Campus de Poços de Caldas – MG.

Orientadora: Cínthia Soares de Castro.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por mais esta conquista.

Á minha família pelo apoio, confiança e incentivo.

Á professora orientadora Cinthia Soares de Castro, por seus ensinamentos, dedicação,

paciência e confiança depositada na elaboração deste trabalho.

A Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL) pela oportunidade de desenvolvimento

oferecida.

Ao departamento de Engenharia Química da Universidade Federal de São Carlos

(UFSCAR) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) pelas caracterizações dos

materiais.

Á minha amiga Natálya pela ajuda, paciência e incentivo.

Á banca examinadora pela atenção.

A todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização do trabalho.

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RESUMO

A reciclagem de garrafa PET (Poli-tereftalato de etileno) gera um resíduo de pó polimérico e a

indústria de alumínio gera uma mistura de óxidos chamada lama vermelha contendo uma

elevada quantidade de hidróxido de sódio e óxido de ferro. Neste estudo, foram preparados

materiais compósitos baseados em carvão/óxido de ferro a partir do resíduo PET e lama

vermelha (LV) por meio da mistura física (10, 15 e 20% em massa de PET em pó/lama

vermelha), seguido por um tratamento térmico a 400°C, sob atmosfera de ar. As análises de

Difratometria de raios X (DRX) das amostras calcinadas revelaram que a hematita (α – Fe2O3)

é a principal fase formada a partir da lama vermelha. As análises de redução à temperatura

programada (TPR) mostraram que as espécies de Fe3+ presentes nos compósitos sofreram

redução a Fe2+ em menor temperatura que a lama vermelha pura. Este resultado indica que o

óxido de ferro no compósito de LV/PET poderia apresentar uma maior atividade nos processos

catalíticos do tipo Fenton em comparação a lama vermelha original. De fato, os testes catalíticos

revelaram que os compósitos apresentaram maior capacidade de remoção do corante azul de

metileno (AM) em água que a lama vermelha pura, apresentando cerca de 90% de remoção

após 24 h de reação. A estabilidade dos compósitos no meio reacional foi confirmada após

quatro ciclos de reuso dos materiais em diferentes bateladas. Os resultados sugerem que o

carvão de PET depositado sobre o óxido de ferro proveniente da lama vermelha promove a pré-

concentração do corante na superfície do sólido por adsorção, facilitando a reação de oxidação

do corante com os átomos de ferro e o H2O2 na superfície do catalisador.

Palavras-chave: PET; lama vermelha; compósitos; processo Fenton; oxidação de corante.

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ABSTRACT

Poly(ethylene terephthalate) (PET) bottle recycling generates a polymeric powder waste and

the aluminum industry generates a mixture of oxides called red mud containing a high amount

of sodium hydroxide and iron oxide. In this study, we obtained a composite based on

carbon/iron oxide from red mud and PET wastes by mechanical mixture (10, 15 and 20 wt.%

of PET powder/red mud) followed by a controlled thermal treatment at 400°C under air. XRD

analyses revealed that the α-Fe2O3 is the main phase formed from red mud. TPR analyzes

showed that the iron oxide present in the composites undergoes reduction at lower temperature

to form Fe2+ species present in Fe3O4. This result indicates that the iron oxide in the composite

can exhibit greater reactivity in the catalytic processes compared to the original red mud. In

fact, catalytic tests showed that the composites presented higher capacity to remove methylene

blue dye (MB), presenting about 90% of removal after 24 h of reaction. The stability of the

composites was confirmed after four reuse cycles. The results seem to indicate that PET carbon

deposited over the iron oxide from red mud promotes adsorption of the contaminant allowing

its contact with the iron atoms and their consequent reaction.

Keywords: PET; red mud; composites; Fenton process; dye oxidation.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Fluxograma do Processo Bayer. ............................................................................... 13

Figura 2- Estrutura química do politereftalato de etileno (PET). ............................................. 16

Figura 3- (A) Flakes de garrafas, (B) Resíduo de PET em pó gerados durante a moagem das

garrafas. .................................................................................................................................... 18

Figura 4- Representação estrutural do azul de metileno. .......................................................... 19

Figura 5- Análises TG da lama vermelha (a) e pó PET (b) sob atmosfera de ar. ..................... 23

Figura 6- Analises TG (A) e perfis DTG da lama vermelha calcinada e dos compósitos LV/PET

sob atmosfera de ar (B). ............................................................................................................ 24

Figura 7- Difratogramas de raios X da lama vermelha calcinada e compósitos LV/PET. ....... 25

Figura 8- Perfis da redução a temperatura programada (TPR) da lama vermelha calcinada e dos

compósitos LV/PET. ................................................................................................................ 26

Figura 9- Espectros EDS da lama vermelha calcinada (A) e LV-PET-15 (B) e micrografias

MEV das imagens à esquerda (C-G). ....................................................................................... 28

Figura 10- Testes catalíticos para oxidação do AM na presença de compósitos LV/PET (10 mg

de catalisador e 0,1 mL de H2O2). ............................................................................................ 29

Figura 11- Perfil de redução a temperatura programada (TPR) para LV/PET -15 antes e depois

da reação de oxidação do AM. ................................................................................................. 30

Figura 12- Remoção do azul de metileno pelo processo de adsorção e oxidação na presença de

LV/PET-15. .............................................................................................................................. 31

Figura 13- Ilustração esquemática das etapas envolvidas na oxidação do corante sobre os

compósitos LV/PET. ................................................................................................................ 32

Figura 14- Ciclos de uso para o catalisador LV/PET-15. ......................................................... 32

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10

2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 11

2.1. Objetivo geral ............................................................................................................... 11

2.2. Objetivos específicos .................................................................................................... 11

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 12

3.1. Lama Vermelha ............................................................................................................ 12

3.1.1. Processo Bayer ....................................................................................................... 13

3.1.2. Disposição e impactos ambientais da lama vermelha ........................................ 14

3.1.3. Aplicações alternativas para lama vermelha ...................................................... 15

3.1.4. Lama vermelha como catalisador no tratamento de efluentes ......................... 15

3.2. Politereftalato de etileno (PET) .................................................................................. 16

3.2.1. Reciclagem ............................................................................................................. 17

3.2.2. Produção de carvão a partir de resíduos pó PET .............................................. 19

3.3. Contaminante orgânico: azul de metileno ................................................................. 19

3.4. Compósitos baseados em carvão de PET e lama vermelha ..................................... 20

4. MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................................. 21

4.1. Metodologia .................................................................................................................. 21

4.1.1. Síntese dos compósitos de carvão de PET/lama vermelha ................................ 21

4.1.2. Caracterização dos compósitos de carvão de PET/lama vermelha .................. 21

4.1.3. Avaliação catalítica ............................................................................................... 21

4.1.4. Testes de adsorção ................................................................................................. 22

4.1.5. Testes de estabilidade ............................................................................................ 22

5. RESULTADOS E DISCUSÃO .......................................................................................... 23

5.1. Caracterização dos materiais ...................................................................................... 23

5.2. Testes de oxidação catalítica ....................................................................................... 28

5.3. Estabilidade catalítica .................................................................................................. 32

6. CONCLUSÃO..................................................................................................................... 33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 34

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1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento urbano e industrial sem planejamento resulta em níveis crescentes de

poluição e degradação ambiental comprometendo a qualidade do ar, das águas e a saúde

humana. Dessa forma, encontrar alternativas para os destinos dados aos resíduos urbanos e

industriais, atendendo as questões técnicas, econômicas, sociais e ambientais tem sido um

grande desafio à comunidade científica.

O alumínio é um metal amplamente utilizado devido às suas excelentes características,

tais como leveza, resistência mecânica, resistência à corrosão e condutividade elétrica. Para a

produção deste metal é realizada a extração da alumina (Al2O3) a partir do minério de bauxita,

pelo processo Bayer. No entanto, durante a etapa de clarificação, observa-se a formação de um

resíduo insolúvel altamente alcalino que é separado da parte de interesse líquida1,2.

Esse resíduo insolúvel, denominado lama vermelha, por apresentar quantidades

significativas de soda cáustica (NaOH) e outros agentes químicos é disposto em lagoas

projetadas, exigindo cuidado permanente de manutenção. Além disso, estima-se que a

quantidade de lama vermelha obtida durante o processo de extração varia entre 0,3 e 2,5

toneladas a cada tonelada de alumina produzida, tornando o gerenciamento deste resíduo

industrial responsável pelos elevados custos apresentados pelas indústrias de refino de

bauxita3,4.

Por outro lado, existe também uma grande preocupação quanto ao destino dado aos

resíduos sólidos urbanos, principalmente os provenientes do PET (Politereftalato de etileno),

um dos termoplásticos mais produzidos no mundo5. Entre estes resíduos, pode-se destacar o

resíduo de PET em pó gerado durante o processo de reciclagem das garrafas, mais

especificamente na etapa de moagem para produção dos flakes.

Tendo em vista a grande quantidade de lama vermelha e PET em pó gerados e suas

potenciais propriedades catalíticas e adsorventes, torna-se interessante o desenvolvimento de

novas tecnologias que permitam a utilização simultânea destes resíduos. Sendo assim, o

presente trabalho teve como objetivo o processamento simultâneo destes resíduos industriais

para a produção de catalisadores na oxidação de contaminantes orgânicos em recursos hídricos,

trazendo benefícios econômicos e ambientais.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho foi sintetizar e caracterizar compósitos baseados em

carvão, gerado a partir de resíduos de PET e lama vermelha, para utilização como catalisadores

heterogêneos na oxidação de compostos orgânicos em meio aquoso.

2.2. Objetivos específicos

Os objetivos específicos foram:

Síntese dos compósitos de carvão de PET/lama vermelha em diferentes proporções em

massa;

Caracterização dos catalisadores utilizando diferentes técnicas físico-químicas:

difratometria de raios X (DRX), redução à temperatura programada de H2 (TPR) e análise

termogravimétrica em atmosfera de ar (TG);

Avaliação catalítica na reação de oxidação do contaminante orgânico azul de metileno

em meio aquoso, na presença de H2O2, através do processo tipo Fenton heterogêneo.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Lama Vermelha

Lama vermelha é a designação dada ao resíduo insolúvel de coloração avermelhada

gerado durante a etapa de clarificação do processo Bayer na indústria de beneficiamento da

bauxita para produção de alumina (Al2O3) 4.

A bauxita é um minério proveniente das regiões tropicais e subtropicais por ação do

intemperismo sobre rochas aluminossilicáticas. Os principais constituintes deste minério são a

boehmita [γ- AlO(OH)], diásporo [α-AlO(OH)] e gibbsita [γ-Al(OH)3], em proporções que

variam com a localização geográfica, sendo que o minério com maior teor de gibbsita apresenta

maior interesse comercial6.

A composição química da lama vermelha varia de acordo com a qualidade da jazida de

bauxita e da técnica empregada no processo Bayer. Em cada planta industrial são geradas, de

acordo com a qualidade da bauxita (teor de alumínio presente), em torno de 0,3 a 2,5 toneladas

de lama vermelha para cada tonelada de alumina produzida3,4.

A lama vermelha é constituída por partículas muito finas (cerca de 95% < 44 µm)

dispersas em um meio altamente alcalino (pH ≥ 10), contendo óxidos metálicos insolúveis, tais

como ferro, alumínio, silício, sódio, cálcio, titânio e outros elementos em menor quantidade (K,

Cr, V, Mg, P, Cu, Mn, Pb, e Zn)2,4.

Tabela 1 - Composição típica da lama vermelha.

Composição Porcentagem

Fe2O3 30-60%

Al2O3 10-20%

SiO2 3-50%

Na2O 2-10%

CaO 2-8%

TiO2 traço -25%

Fonte: The International Aluminium Institute 7.

De acordo com a Tabela 1, o óxido de ferro III (Fe2O3) é o principal constituinte,

correspondendo a cerca de 30 a 60% da massa do resíduo, devendo a isto a coloração

avermelhada característica da lama vermelha8.

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Quanto à composição mineralógica, são encontradas na lama vermelha fases cristalinas

de hematita (α- Fe2O3), goethita (FeOOH), hidróxido de ferro (Fe (OH)3), magnetita (Fe3O4),

rutilo (TiO2), diásporo (AlO(OH)), gibbsita (Al (OH)3), caulinita (Al2Si2O5(OH)4), quartzo

(SiO2), calcita (CaCO3), entre outras4,8.

3.1.1. Processo Bayer

O processo Bayer, desenvolvido e patenteado por Karl Josef Bayer em 1888, é utilizado

nas refinarias para transformação da bauxita em alumina (Al2O3). A Figura 1 mostra um

fluxograma simplificado deste processo composto por quatro etapas principais, começando pela

digestão da bauxita, seguido da clarificação, precipitação e calcinação, onde a alumina é

finalmente obtida2.

Figura 1- Fluxograma do Processo Bayer.

Fonte: (SILVA FILHO, 2006)2.

Após a extração, a bauxita em seu estado natural passa pelo processo de moagem para

adequação granulométrica e, em seguida, inicia-se o processo de digestão. Na etapa de digestão

as espécies que contem alumínio (gibbsita, boehmita e diásporo) são dissolvidas em solução de

hidróxido de sódio (NaOH), formando uma fase sólida (resíduo insolúvel) e um licor verde com

alto teor de hidróxido de alumínio2,4.

Na clarificação, uma das etapas mais importantes do processo, é feita a separação do licor,

rico em alumínio, e dos sólidos insolúveis por decantação. Nesta etapa, o resíduo insolúvel

passa por um processo de filtragem e posterior lavagem para recuperação do hidróxido de sódio

(NaOH) que é reutilizado no processo de digestão 2,4. Após a lavagem, o resíduo insolúvel de

coloração avermelhada, denominado de lama vermelha, é drenado para áreas de disposição

externas a indústria2.

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O licor verde é, então, separado e levado para tanques de cristalização para precipitação

do hidróxido de alumínio [Al(OH)3]. Após a etapa de precipitação, o hidróxido de alumino é,

então, calcinado a alta temperatura (1000°C) para obtenção de cristais de alumina puros

(Al2O3), de aspecto branco e arenoso2.

3.1.2. Disposição e impactos ambientais da lama vermelha

Devido à sua natureza altamente alcalina e a grande quantidade gerada anualmente, a

lama vermelha se apresenta como um passivo ambiental devido aos riscos de contaminação do

meio ambiente e aos custos elevados associados ao seu manuseio e disposição2.

Entre os métodos de disposição da lama vermelha, tem-se a forma convencional,

denominada como método úmido, devido a quantidade de água em excesso que segue com o

material sólido para a disposição. No método úmido, a lama vermelha é disposta em grandes

reservatórios previamente impermeabilizados para evitar a contaminação do solo e do lençol

freático, no qual o material sólido sedimenta e o sobrenadante alcalino é recirculado para a

fábrica. Sendo assim, os custos associados a essa forma de disposição são altos, a vida útil das

áreas de disposição é menor, entre 4 a 7 anos, e sua reabilitação é lenta, havendo ainda a

possibilidade de rompimento dos reservatórios, representando um potencial de impacto elevado

sobre o meio ambiente2.

Uma alternativa ao método úmido, que necessita de grandes áreas de disposição, em torno

de 40 a 80 hectares, tem-se o método seco, no qual as áreas de disposição são menores, pois a

lama vermelha é disposta com um teor de sólidos mais elevado, resultando num menor volume

de resíduo devido à textura mais pastosa2.

Quanto aos métodos de disposição a seco, o mais comum é o “dry-stacking”, em que a

lama vermelha é disposta progressivamente em áreas divididas de leitos de secagem, permitindo

uma diminuição da umidade através da evaporação e da drenagem. Outro método usado é o

“tailing” espessado, no qual a lama é colocada no ponto central da área de disposição formando

um monte cônico, dispensando a necessidade de barragens ou diques, além de facilitar a

reabilitação da área2.

A disposição da lama vermelha em um corpo hídrico receptor, como rios, lagos e oceanos,

conhecido como “off-shore disposal”, devido às diversas desvantagens ambientais associadas,

somente é utilizada em locais cujas áreas para disposição são escassas2.

Portanto, a disposição inadequada da lama vermelha pode causar diversos problemas,

como contaminação do solo, das águas subterrâneas e de superfície por NaOH, ferro, alumínio

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ou outro agente químico, formação de nuvens de poeira alcalina pela lama seca causando

impactos visual sobre áreas extensas, além do risco de contato direto com animais, plantas e

seres humanos2,4.

3.1.3. Aplicações alternativas para lama vermelha

Diversas tecnologias voltadas para o aproveitamento da lama vermelha como matéria-

prima têm sido desenvolvidas com a finalidade de encontrar alternativas mais seguras que

possibilitem a redução do volume de resíduo encaminhado para a disposição final.

Nos últimos anos foram realizados estudos utilizando lama vermelha: na construção civil

como material para recobrimento de aterros e pavimentação, na indústria cerâmica para

revestimentos cerâmicos (porcelana, vítricos e eletroporcelanas) e confecção de tijolos, telhas

e isolantes, no tratamento de superfície para proteção do aço contra corrosão e na melhoria das

características termoplásticas de polímeros, na agricultura como corretivo para solos ácidos, no

enriquecimento de solos pobres em ferro e na mobilização de metais pesados em solos

contaminados, na área ambiental para tratamento de efluentes líquidos e solos contaminados

por metais pesados, fosforo e nitrogênio, e na indústria química como adsorvente para a

remoção de metais pesados, ânions e pigmentos têxteis e na atividade catalítica para remoção

de enxofre em querosene, hidrogenação do antraceno, degradação de compostos orgânicos

voláteis e degradação de organoclorados2,9.

3.1.4. Lama vermelha como catalisador no tratamento de efluentes

Muitos compostos orgânicos são considerados potenciais contaminantes de águas

naturais, pois alteram suas características químicas e físicas. No entanto, a destruição ou

remoção desses compostos em efluentes industriais com elevada carga de contaminantes

orgânicos e compostos recalcitrantes representa um sério problema ao setor produtivo, que

busca tratamentos de baixo custo, eficientes e que atendam à legislação e aos padrões

ambientais vigentes4,10.

Os processos oxidativos avançados (POAs) se baseiam na geração de espécies altamente

reativas, como radicais hidroxila, com alto potencial de oxidação, para oxidar de maneira não

seletiva uma grande variedade de compostos orgânicos em solução. Os mecanismos de geração

de radicais hidroxila podem ocorrer por meio de diversos sistemas POA, dentre eles destacam-

se a fotocatálise, ozonólise, processos Fenton homogêneo e heterogêneo10.

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No sistema Fenton clássico, a reação entre peróxido de hidrogênio e sais ferrosos resultam

nos radicais hidroxila, representando um dos sistemas mais ativos para a oxidação de compostos

orgânicos, incluindo corantes têxteis4,10.

Sendo assim, visando reduzir os impactos ambientais provenientes da disposição

inadequada da lama vermelha, e, baseado na elevada porcentagem de óxido de ferro presente

nesse resíduo, esse material pode ser utilizado em conjunto com peróxido de hidrogênio para a

degradação de poluentes orgânicos em água, por meio do processo Fenton heterogêneo10.

O sistema tipo Fenton heterogêneo tem como característica o uso do ferro na forma de

um catalisador sólido, que pode ser suportado em outro material ou então na forma de óxidos

pouco solúveis, no qual a reação química ocorre na interface entre as fases dos

reagentes/catalisadores, permitindo a regeneração e recuperação ao final do catalisador11. A

geração de radicais hidroxila e peroxila catalisada por óxidos de ferro pode ser descrita pelas

Equações (1) e (2), nas quais óxidos contendo fases de ferro reduzidas são mais ativos na

geração de hidroxila (Eq. 1)4.

Fe+2 + H2O2 ↔ Fe+3 + OH− + HO ∙ (1)

Fe+3 + H2O2 ↔ Fe+2 + HOO ∙ + H+ (2)

3.2. Politereftalato de etileno (PET)

O politereftalato de etileno (PET) é um polímero termoplástico produzido pela reação de

condensação entre os monômeros etileno glicol e o ácido tereftálico11.

Figura 2-Estrutura química do politereftalato de etileno (PET).

Fonte: (MENDA, 2011)12.

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Com estrutura parcialmente alifática e aromática (Figura 2), o PET apresenta inúmeras

propriedades (Tabela 2), tais como baixa densidade, transparência, facilidade de moldagem,

elevada resistência mecânica, térmica e química11.

Tabela 2 - Propriedades do polímero PET.

Características do PET Valores

Massa molecular 15.000 - 42.000 g/mol

Densidade 1,33 - 1,45 g/cm3

Índice de refração 1,65 - 1,66

Temperatura de Fusão 250 - 270° C

Temperatura de Transição Vítrea 70 - 74°C

Fonte: Montenegro et al, 200013.

O baixo custo produtivo aliado às propriedades favoráveis tornou o PET um dos

termoplásticos mais produzidos no mundo com aplicações nas mais diversas áreas, como na

fabricação de fibras têxteis, embalagens e polímeros de engenharia5,11.

No Brasil, a produção de PET corresponde a 9% em massa da produção total de

polímeros, gerando em média 20% em massa da fração dos polímeros presentes em resíduos

sólidos urbanos (RSU). Isto se deve ao fato de 71% do PET, no Brasil, ser utilizado na indústria

de embalagens5.

3.2.1. Reciclagem

Nos últimos anos, os polímeros, em especial o politereftalato de etileno (PET), têm

aumentado sua participação na composição dos resíduos sólidos urbanos (RSU). Devido à

grande quantidade e variedade de suas aplicações e ao seu tempo de degradação relativamente

longo, eles passaram a ocupar boa parte do volume dos aterros em razão do seu descarte de

forma inadequada5.

Entretanto, existem métodos alternativos de disposição final do PET como a incineração

e a reciclagem. Dentre eles, a incineração pode provocar graves problemas de poluição

atmosférica, sendo a alternativa menos recomendável. Já a reciclagem tem sido considerada

como uma solução promissora para o tratamento deste resíduo inorgânico, uma vez que reduz

o volume do lixo, a poluição e permite que o material usado volte para o ciclo produtivo14.

A reciclagem de polímeros pode ser classificada em três categorias: primária, secundária

e terciária. A reciclagem primária (pré-consumo) e a reciclagem secundária (pós-consumo) são

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conhecidas como reciclagem mecânica. Na reciclagem terciária conhecida como reciclagem

química, os polímeros são convertidos por processos termoquímicos (pirólise, conversão

catalítica) em matérias-primas, podendo originar novamente resinas virgens ou outras

substâncias de interesse para a indústria (gases e óleos combustíveis)5,14.

No Brasil, a principal reciclagem praticada é a mecânica. Nesse processo, o PET passa

pelas seguintes etapas: 1) separação dos resíduos poliméricos, 2) moagem, 3) lavagem, 4)

secagem e 5) reprocessamento, finalizando com a transformação do polímero em produto

acabado15.

Na primeira etapa (separação) os resíduos são selecionados manualmente ou de forma

automatizada e separados das possíveis impurezas presentes, como vidro, papel, metal ou outros

polímeros. Uma vez separados, os resíduos de PET são moídos em moinhos de facas rotativas

formando os “flakes”, com a granulometria requerida pelo reciclador (Figura 3-A)14,15.

Figura 3- (A) Flakes de garrafas, (B) Resíduo de PET em pó gerados durante a moagem das

garrafas.

Fonte: Do autor.

A granulometria dos “flakes” obtidos é um fator importante, pois permite uma fusão

uniforme e uma melhor acomodação do material no equipamento de processamento, como a

extrusora ou injetora. No entanto, a presença de pó proveniente da moagem (Figura 3-B) é

inconveniente, pois faz com que a fusão ocorra mais rapidamente, atrapalhando o escoamento

do material nos equipamentos de processo15.

Após a moagem, os flakes são transportados para a lavagem em tanques contendo água

ou solução de detergente aquecido. Depois do enxágue, o material é então seco por processo

mecânico e/ou térmico. Após a secagem, de acordo com a aplicação final, são colocados

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aditivos como antioxidantes, plastificantes, cargas de reforço, agentes de acoplamento etc., para

formulação dos polímeros que serão reprocessados para obtenção de novos produtos15.

3.2.2. Produção de carvão a partir de resíduos pó PET

O carvão ativado (CA) é um material adsorvente, com grande área superficial, que

apresenta uma estrutura porosa interna bem desenvolvida, largamente utilizado no tratamento

de água, no controle da emissão de poluentes e na purificação e armazenamento de gases, como

catalisadores e suportes catalíticos17. Praticamente todos os materiais que possuem alto teor de

carbono, como madeira, bambu, quitosana, etc, podem ser convertidos em carvão ativado16.

Considerando que, durante o processo de reciclagem do PET, na etapa de moagem, tem-

se a formação de grande quantidade de resíduo pó PET, alguns trabalhos na literatura

demonstram a viabilidade de produção de carvão ativado a partir deste resíduo

polimérico17,18,19, visto que este precursor contém uma elevada porcentagem de carbono, em

torno de 62,5% em massa17.

3.3. Contaminante orgânico: azul de metileno

O azul de metileno (Figura 4) é um corante básico, orgânico, aromático, heterocíclico,

solúvel em água ou álcool20.

Figura 4- Representação estrutural do azul de metileno.

Fonte: (POGGERE et al., 2011)21.

O azul de metileno é um corante pouco tóxico, que absorve intensamente na região UV-

visível (𝜆𝑚𝑎𝑥 = 665 𝑛𝑚)e, quando solúvel em água, produz cátions coloridos em solução

sendo por isso denominado, de corante catiônico22.

É um corante proveniente de processos industriais, como a fabricação de papéis e

indústrias têxteis, tornando-se um resíduo poluente industrial difícil de ser tratado devido à sua

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característica catiônica e alta reatividade21. Esse composto tem sido amplamente utilizado como

molécula modelo em estudos de adsorção e oxidação para a remoção de contaminantes

orgânicos em meio aquoso22.

3.4. Compósitos baseados em carvão de PET e lama vermelha

O sistema Fenton heterogêneo tem como característica a utilização de catalisadores

baseado em óxidos de ferro para a geração de radicais hidroxila, que são espécies altamente

reativas e oxidantes. De 30% a 60% da composição da lama vermelha é óxido de ferro III

(Fe2O3).

Por outro lado, o resíduo em pó polimérico gerado durante a reciclagem da garrafa PET

apresenta cerca de 65% em massa de carbono, podendo formar uma matriz de carvão com

características adsorventes quando calcinado em altas temperaturas.

Portanto, o processamento simultâneo destes resíduos industriais – lama vermelha e pó

PET – resulta em compósitos com propriedades catalíticas e adsorventes contendo os óxidos

presentes na lama vermelha e a matriz carbonácea presente no PET.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

Os resíduos de PET foram fornecidos por uma empresa produtora do polímero e a lama

vermelha obtida de uma mineradora localizada na cidade de Poços de Caldas –MG.

4.1. Metodologia

4.1.1. Síntese dos compósitos de carvão de PET/lama vermelha

Os compósitos foram preparados pela mistura física dos resíduos em diferentes

proporções em massa (10, 15 e 20%) de resíduo PET em pó/lama vermelha, seguidos de

calcinação em mufla à temperatura de 400°C por 1 h, sob atmosfera de ar.

4.1.2. Caracterização dos compósitos de carvão de PET/lama vermelha

Os compósitos obtidos foram caracterizados no Departamento de Engenharia Química da

UFSCAR e no Departamento de Química da UFMG. A Fisissorção de nitrogênio a 77K foi

utilizada para a determinação da área específica, (Quantachrome, NOVA – 1200), calculada

pelo método BET. Os materiais foram também caracterizados por Difratometria de raios X

(DRX) em um Espectrômetro Shimadzu usando a radiação Kα do Cu ( = 1,5406 Å). As fases

cristalinas foram identificadas usando a base de dados Powder Diffraction File (PDF) (JCPDS,

International Centre for Diffraction Data). A estabilidade térmica dos resíduos foi estudada por

Análise Termogravimétrica (TG, Shimadzu DTG-60AH) em atmosfera de N2 (fluxo de gás de

30 cm3 min-1), com uma taxa de aquecimento de 10°C.min-1. Os experimentos de redução à

temperatura programada (TPR-H2) foram realizados num equipamento CHEMBET 3000, sob

fluxo de 80 mL min-1 de uma mistura de H2 (5%)/ N2 com taxa de aquecimento de10ºC.min-1.

A morfologia dos catalisadores foi estudada por Microscopia eletrônica de varredura e a

composição elementar por espectroscopia de energia dispersiva de raios X (MEV- EDS) em

um microscópio Philips XL-30 FEG.

4.1.3. Avaliação catalítica

A avaliação catalítica dos compósitos de carvão de PET/lama vermelha foi feita através

de testes de oxidação em reatores em batelada de 20 mL de capacidade volumétrica, sob

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22

agitação magnética. Foram utilizados 10 mg de catalisador, 9,9 mL de solução do composto

orgânico azul de metileno, na concentração de 10 mg L-1 e 0,1 mL de solução de peróxido de

hidrogênio (H2O2 50%, v/v)23.

Foram realizadas cinéticas de oxidação de azul de metileno. Os ensaios foram realizados

avaliando-se os tempos de reação de 15, 30, 45, 60, 75 e 90 min. Após a reação, a mistura

reacional foi centrifugada com rotação de 3000 rpm por 10 min para a separação do catalisador

da parte líquida (composto orgânico oxidado).

A absorbância das soluções sobrenadantes foi analisada por espectroscopia de UV-

visível, no comprimento de onda de 665 nm23.

4.1.4. Testes de adsorção

Os testes de adsorção foram realizados em reatores em batelada de 20 mL de capacidade

volumétrica contendo 10 mg de catalisador e 9,9 mL de solução do composto orgânico azul de

metileno (10 mg L-1). Após 15, 30, 45, 60, 75 e 90 min de reação, a mistura reacional foi

centrifugada e a absorbância das soluções sobrenadantes foi analisada por espectroscopia de

UV-visível, no comprimento de onda de 665 nm.

4.1.5. Testes de estabilidade

A estabilidade do catalisador (15% de resíduo PET em pó/lama vermelha) foi avaliada

por meio de ciclos de reuso. Inicialmente foram utilizados reatores em batelada contendo 200

mg de catalisador para 198 mL de solução de composto orgânico azul de metileno na

concentração de 10 mg L-1 e 2 mL de solução de peróxido de hidrogênio (H2O2 50%, v/v). Após

24 h de reação, a solução de azul de metileno (AM) foi analisada por espectroscopia de UV-vis

e o catalisador recuperado por filtração a vácuo foi seco em estufa a temperatura de 60 a 80°C

para reutilização em ciclos posteriores. A estabilidade do catalisador foi então analisada através

da repetição por três vezes consecutivas da reação de oxidação, mantendo as mesmas

proporções de catalisador, solução de AM e H2O2.

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5. RESULTADOS E DISCUSÃO

5.1. Caracterização dos materiais

A área específica BET da lama vermelha foi de 7 m2/g e do pó PET foi inferior a 2 m2/g.

A estabilidade térmica dos resíduos foi investigada por análise TG, sob atmosfera de ar (Fig.

1). Para a lama vermelha (Fig. 5-a), ocorreu uma perda de massa total de cerca de 28% e é

possível observar duas regiões definidas de perda de massa: a primeira a uma temperatura

inferior a 100°C, pode ser atribuída a água fisicamente adsorvida, e a segunda, entre 250-300°C,

pode ser atribuída a decomposição da gibbsita para produzir alumina [2 Al(OH)3 Al2O3 + 3

H2O]24. Neste último intervalo de temperatura, também é possível ocorrer a perda de água

adsorvida quimicamente ou a decomposição da goethita para produzir hematita [2 FeOOH

Fe2O3 + H2O]25.

Figura 5-Análises TG da lama vermelha (a) e pó PET (b) sob atmosfera de ar.

Fonte: Do autor.

No caso do PET em pó (Fig. 5-b), o perfil de TG mostrou uma perda de massa abrupta

após 350°C. Como esperado, esta amostra foi totalmente decomposta a alta temperatura

(>500°C) e o teor de cinzas foi bastante baixo (cerca de 1,0%), uma vez que o polímero de PET

é essencialmente composto por matéria orgânica.

Além disso, é possível observar, no caso da lama vermelha (Fig.5-a), que, a temperaturas

superiores a 400°C, ocorre uma perda de massa insignificante (1%), e corresponde à

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temperatura inicial de decomposição do PET (Fig. 5-b). Deste modo, a temperatura de 400°C

foi utilizada para a calcinação dos materiais LV/PET, a fim de obter compósitos contendo os

óxidos presentes na lama vermelha e um material carbonáceo gerado a partir do PET.

A estabilidade térmica da LV calcinada e dos compósitos LV/PET também foram

investigadas por TG/DTG. Os resultados são apresentados na Figura 6.

Figura 6-Analises TG (A) e perfis DTG da lama vermelha calcinada e dos compósitos

LV/PET sob atmosfera de ar (B).

Fonte: Do autor.

A partir do termograma da Fig. 6-A é possível observar que a perda de massa foi inferior

a 10% para todos os compósitos. Isso indica que, durante a calcinação dos compósitos a 400°C,

houve uma perda significativa de massa. A perda de massa atribuída à água adsorvida

(temperatura inferior a 200°C) é pequena. Além disso, a adição de PET na lama vermelha afeta

claramente a estabilidade térmica dos compósitos. Todos os compósitos mostraram uma perda

de massa mais elevada do que a lama vermelha (Fig. 6-A) e esta foi causada provavelmente

pela decomposição de material carbonáceo presente no PET. Como esperado, a perda de massa

total aumentou gradualmente à medida que a quantidade de PET aumentou nos compósitos.

A derivada da perda de massa indica a temperatura em que a perda de massa foi mais

evidente na curva TG. As curvas de DTG (Fig. 6-B) revelaram que um grande número de

transformações ocorre durante a decomposição térmica dos compósitos. As curvas DTG

mostram que, mesmo após a calcinação a 400°C/1h, os materiais ainda continham uma

determinada quantidade de gibbsita [Al(OH)3] e/ou goethita [FeO(OH)], evidenciada pelo pico

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próximo a 250°C, claramente observado para a LV. Este pico foi menos evidente para os

compósitos (LV/PET-10, LV/PET-15 e LV/PET-20). Isso ocorre possivelmente devido a

cobertura parcial da lama vermelha pelo carvão de PET. A decomposição do carvão de PET

ocorreu provavelmente a 520°C para os compósitos. A decomposição do carvão de PET nos

compósitos LV/PET (Fig. 6-B) ocorreu a uma temperatura mais elevada que o PET puro (ver

Fig. 1-B, 450°C), e isto indica uma forte interação entre o carvão de PET e a lama vermelha

nos compósitos.

O difratograma de raios X da lama vermelha calcinada apresentado na Figura 7 revelou

que o material é composto por uma mistura complexa de fases contendo, principalmente, Fe2O3

[85-0599], SiO2 [81-0065], óxido misto de titânio e sódio [Na4Ti5O12, 37-0273], gibbsita [Al

(OH)3, 29-0041], sodalita, [85-2065]. Vale ressaltar que a goethita (FeOOH), normalmente

presente na lama vermelha23,25, não foi detectada na lama vermelha calcinada, provavelmente

devido a decomposição térmica da goethita para produzir hematita. Os compósitos de LV/PET

contêm os mesmos óxidos presentes na LV calcinada, com exceção da gibbsita que não foi

detectada nos compósitos, o que está de acordo com os resultados obtidos por TG. Os resultados

de DRX estão de acordo com a literatura24,26, embora a composição da lama vermelha possa ser

diferente, dependendo da localização geográfica da bauxita.

Além disso, a decomposição do PET provavelmente levou à formação de uma matriz de

carbono amorfo nos compósitos que não foi detectada por DRX, mas evidenciada por TG.

Figura 7-Difratogramas de raios X da lama vermelha calcinada e compósitos LV/PET.

Fonte: Do autor.

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26

A redutibilidade das amostras em atmosfera de H2 foi estudada por TPR. A Figura 8

fornece os perfis de redução dos materiais.

Figura 8-Perfis da redução a temperatura programada (TPR) da lama vermelha calcinada e

dos compósitos LV/PET.

Fonte: Do autor.

Os resultados da TPR revelaram que todos os materiais são compostos principalmente

por espécies de Fe3+, uma vez que os perfis TPR mostraram um pico no intervalo de temperatura

de 400-600°C que corresponde a redução da hematita para produzir magnetita (Eq.3). A uma

temperatura mais elevada, 600-900°C, a magnetita é continuamente reduzida para ferro

metálico (Eq. 4 e Eq. 5) 27,28.

3 Fe2O3 + H2→ 2 Fe3O4 + H2O (3)

Fe3O4 + H2→ 3 FeO + H2O (4)

FeO + H2 → Fe0 + H2O (5)

É importante mencionar que o estado de oxidação das espécies de ferro (Fe3+ ou Fe2+)

afeta consideravelmente a atividade catalítica na reação do tipo Fenton29,30. Além disso, a

adição do PET na lama vermelha influenciou os perfis de TPR reduzindo as temperaturas de

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redução quando comparadas com a lama vermelha pura. Esse deslocamento da temperatura de

redução (indicado pela linha pontilhada na Fig. 8) foi mais evidente para o pico de redução de

Fe3+ para Fe2+ (400-600°C). A presença de carvão de PET nos compósitos provavelmente

causou uma melhor adsorção de moléculas de H2, facilitando a redução do Fe3+ na superfície30.

Como a decomposição do peróxido de hidrogênio (H2O2) envolve a transferência de elétrons

do óxido de ferro, a facilidade de redução do ferro presente nos compósitos pode melhorar a

atividade catalítica no sistema Fenton.

A análise elementar dos catalisadores foi realizada por EDS. Os resultados obtidos para

a lama vermelha calcinada (Fig. 9-A) e LV/PET-15 (Fig. 9-B) revelaram que as amostras são

compostas principalmente por Fe, Al, Si, Ca, Ti, Na, C e O, de acordo com a composição da

lama vermelha3,27,32,33,34. Importante mencionar que a análise EDS é qualitativa e que a

composição da lama vermelha depende fortemente do minério original e da eficiência de

extração da alumina33,35. O sinal observado para a amostra de Au deve-se ao fato da amostra

ser revestida com ouro para a análise MEV/EDS. Para o compósito LV/PET-15, o sinal de

carbono aumenta devido a adição de PET na lama vermelha. O mapeamento químico para

LV/PET-15 é apresentado nas Figs. 9-E a 9-G e revela que a dispersão do carvão de PET

ocorreu de forma eficiente com uma boa distribuição em todo o compósito (Fig. 9-E). Além

disso, é importante ressaltar que o carbono não cobriu totalmente a superfície da lama vermelha

(regiões de cor cinza ainda são notadas). Assim, os átomos de ferro (Fe) apresentado com pico

mais intenso na Fig. 9-B, permanecem mais expostos (Fig. 9-G) para reação com o peróxido de

hidrogênio e o corante AM.

A morfologia dos catalisadores foi estudada por MEV. A Figura 9 compara as

micrografias da lama vermelha calcinada (Fig. 9-C) e LV/PET-15 (Fig. 9-D) mostrando

partículas de formas irregulares de tamanhos diferentes, para ambos os catalisadores. Nenhum

efeito relevante foi observado na morfologia da LV/PET-15 pela adição de PET comparado

com a lama vermelha calcinada.

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Figura 9-Espectros EDS da lama vermelha calcinada (A) e LV-PET-15 (B) e micrografias

MEV das imagens à esquerda (C-G).

Fonte: Do autor.

5.2. Testes de oxidação catalítica

Os compósitos LV/PET foram avaliados como catalisadores na oxidação do composto

orgânico azul de metileno (AM). A Figura 10 mostra o perfil de remoção do AM em água na

presença de lama vermelha calcinada (LV) e dos compósitos LV/PET.

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Figura 10-Testes catalíticos para oxidação do AM na presença de compósitos LV/PET (10 mg

de catalisador e 0,1 mL de H2O2).

Fonte: Do autor.

Em um curto tempo de reação (até 1,4 h), todos os catalisadores apresentaram baixa

remoção de AM (<40%). Vale ressaltar que a lama vermelha calcinada também foi capaz de

remover o AM da solução. A baixa atividade observada em curtos tempos de reação para todos

os catalisadores pode ser explicada pelo fato da lama vermelha ser composta principalmente

por espécies de Fe3+, que são substancialmente menos ativas para o processo Fenton em relação

às espécies Fe2+ 29,30. A reação de Fe3+ com H2O2 é lenta e gera o radical (OOH), que apresenta

baixa atividade para reações de oxidação (Eq. 6). Por outro lado, o Fe2+ produzido na Eq. 4 pode

reagir com outra molécula de H2O2, de acordo com a Eq. 7, e gerar o radical hidroxila (OH),

que é uma espécie altamente oxidante, capaz de atacar o contaminante orgânico AM em

solução29,30.

Fe+3 + H2O2 ⇄ Fe+2 + HOO• + H+ (6)

Fe+2 + H2O2 ⇄ Fe+3 + HO• + HO− (7)

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Essas espécies de Fe2+ são significativamente mais ativas para o processo Fenton29,30.

Consequentemente, em tempos de reação mais longos (por exemplo 24 h de reação), a atividade

catalítica aumentou expressivamente para todos os catalisadores (Fig. 10). Para confirmar a

hipótese de redução de ferro durante a reação de oxidação, foram feitas análises de TPR (Fig.

11) do LV/PET-15 antes e após sua utilização como catalisador (recuperado após 24 h). Os

resultados da TPR mostraram que, após a reação, uma quantidade menor da espécie Fe3+ está

presente no catalisador utilizado, devido a redução do ferro durante a reação com H2O2 no

processo Fenton (Fig. 11).

Figura 11-Perfil de redução a temperatura programada (TPR) para LV/PET -15 antes e depois

da reação de oxidação do AM.

Fonte: Do autor.

Além disso, pode ser claramente observado a partir da Fig. 10 que, após 24 h de reação,

a LV/PET-15 apresentou a maior remoção de AM. Este resultado está provavelmente

relacionado com o fato deste catalisador apresentar maior quantidade de espécies redutíveis de

Fe3+ (observadas pela maior área sob a curva nos perfis de TPR, Fig. 8) e que são mais

facilmente reduzidas que a LV, indicadas pela linha pontilhada mostrando uma menor

temperatura de redução na análise de TPR (Fig. 8). Portanto, esta amostra provavelmente reagiu

com H2O2 para produzir uma maior quantidade de espécies altamente ativas de Fe2+ que os

outros catalisadores, resultando em uma a maior atividade.

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Além disso, é conhecido a partir da literatura que a lama vermelha é capaz de adsorver

compostos orgânicos e inorgânicos da água3,26,34,36,37,38. Assim, é importante investigar se a

remoção do AM da água na presença dos compósitos LV/PET ocorre apenas por adsorção,

oxidação ou envolve ambos os processos. A Fig. 12 apresenta a remoção do AM da solução

através dos processos de adsorção, ou seja, sem a adição de H2O2 à mistura reacional, e, por

oxidação, com a adição de H2O2. Os resultados mostram que ambos os processos contribuem

para remoção do AM. No entanto, a adição de H2O2 à solução aumenta consideravelmente a

remoção do AM, o que indica que o corante está sendo oxidado.

Figura 12- Remoção do azul de metileno pelo processo de adsorção e oxidação na presença de

LV/PET-15.

Fonte: Do autor.

Os resultados obtidos nesse trabalho sugerem que o corante sofre uma pré-concentração

através do processo de adsorção, facilitando o processo de oxidação na presença do agente

oxidante. A presença do carvão proveniente da decomposição do PET parece promover a

concentração do corante AM na superfície do compósito através do processo de adsorção. O

processo de adsorção também pode ocorrer com o H2O2, o que facilitaria a redução do ferro e

a geração do radical hidroxila (OH) na superfície do catalisador. A adsorção simultânea do

corante orgânico e do H2O2 ocorre principalmente nos materiais contendo PET, devido a

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formação de espécies carbonáceas nos materiais depois do tratamento térmico. A Figura 13

ilustra as duas etapas da reação de oxidação do corante sobre os compósitos LV/PET.

Figura 13- Ilustração esquemática das etapas envolvidas na oxidação do corante sobre os

compósitos LV/PET.

Fonte: Do autor.

5.3. Estabilidade catalítica

A estabilidade dos catalisadores foi investigada por meio de ciclos de reuso. A Figura 14

apresenta os ciclos em batelada de reuso para LV/PET-15 e revelou que a atividade é mantida

pelo menos até o quarto ciclo.

Figura 14- Ciclos de uso para o catalisador LV/PET-15.

Fonte: Do autor.

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6. CONCLUSÃO

Os compósitos LV/PET revelaram ser ativos para oxidação do corante orgânico azul de

metileno. Os compósitos LV/PET são compostos principalmente por uma mistura de óxidos

presentes na lama vermelha e uma matriz de carvão obtido a partir do PET. O LV/PET-15

apresentou uma maior remoção do AM em solução, cerca de 90% após 24h de reação, devido

a maior quantidade de Fe3+, facilmente reduzido a Fe2+. Os catalisadores LV/PET se mostraram

estáveis durante a reação, podendo ser utilizado por, pelo menos, 4 ciclos de reação.

Contudo, vale a pena ressaltar que, sob as condições de síntese apresentada neste trabalho,

foram obtidos compósitos constituídos de carvão não ativo de PET/LV, e que estes

apresentaram resultados significativos na remoção do AM, espera-se, então, que os compósitos

constituídos de carvão ativado de PET/LV sejam ainda mais eficazes para a remoção dos

contaminantes orgânicos. Ainda, o teste de estabilidade realizado para o compósito LV/PET-

15 foi feito em pequena escala e apresentou algumas dificuldades na recuperação do catalisador

constituído por partículas muito finas, então espera-se que, com a utilização de maiores

quantidades de reagente e com a aplicação de um método mais eficaz de recuperação, o

catalisador apresente estabilidade durante mais ciclos reacionais.

Portanto, pode-se concluir que a utilização de resíduos sólidos industriais, tais como PET

em pó e lama vermelha como catalisadores para tratamento de águas residuais, pode contribuir

para a redução da poluição ambiental, minimizando problemas com o descarte de resíduos

sólidos e facilitando o tratamento de resíduos líquidos.

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34

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