40
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS CAMPUS DE PATOS EDNEIDE LEITE LOPES IMPACTOS ANTRÓPICOS NO TRECHO URBANO DO RIO PIANCÓ, ITAPORANGA-PB PATOS PB 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO … · FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO CSRT DA UFCG ... A conscientização acerca do uso dos recursos naturais juntamente

  • Upload
    buiminh

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL

UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

CAMPUS DE PATOS

EDNEIDE LEITE LOPES

IMPACTOS ANTRÓPICOS NO TRECHO URBANO DO RIO PIANCÓ,

ITAPORANGA-PB

PATOS – PB

2016

EDNEIDE LEITE LOPES

IMPACTOS ANTRÓPICOS NO TRECHO URBANO DO RIO PIANCÓ,

ITAPORANGA-PB

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da

Universidade Federal de Campina Grande, em

cumprimento à exigência para obtenção do grau de

Licenciado em Ciências Biológicas.

Orientador (a): Prof. Dr. Veneziano Guedes Sousa

Rêgo.

PATOS – PB2016

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO CSRT DA UFCG

L864i

Lopes, Edneide Leite Impactos antrópicos no trecho urbano do Rio Piancó, Itaporanga-PB /

Edneide Leite Lopes – Patos, 2016.

39f.: il. color.

Trabalho de Conclusão de Curso (Ciências Biológicas) – Universidade

Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, 2016.

"Orientação: Prof. Dr. Veneziano Guedes de Sousa Rêgo”

Referências.

1. Deterioração. 2. Educação ambiental. 3. Avaliação de impactos ambientais. I. Título.

CDU 37:664

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, fonte inesgotável de sabedoria, amor e justiça, Pai piedoso e

adorável, pela presença constante na minha vida; que a ele se direcione todas as ciências, artes

e verdades superiores.

A Nicefóro Leite e Maria Irene, que sempre mim apoiaram para realização dos meus

sonhos, que me guiaram pelos caminhos corretos, me ensinaram a fazer as melhores escolhas,

me mostraram que a honestidade e a perseverança são essenciais à vida, e que devemos

sempre lutar pelo que queremos. A eles devo a pessoa que me tornei, sou extremamente feliz

e tenho muito orgulho por chamá-los de pai e mãe.

A Lazaro Leite, pela mão companheira e as palavras de carinho destinadas, por

acreditar que sempre vai da certo e confiar em mim.

Aos meus irmãos e irmãs, presentes de Deus, pelo companheirismo, pela dedicação,

por me aceitar, por me ajudar, por me acalmar quando muitas vezes o desespero e o desanimo

falou mais alto.

Ao Padre Djacy Brasileiro pela irmandade adquirida e por partilha dessa vitória junto

a mim.

A todos os professores do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas pela

paciência, dedicação e ensinamentos disponibilizados nas aulas, cada um de forma especial

contribuiu para a conclusão desse trabalho e consequentemente para minha formação

profissional e pessoal.

A meu orientador , pelos ensinamentos, Veneziano Guedes pela dedicação e paciência

disponibilizados na realização desse trabalho.

“Diga-me e eu esqueço. Ensina-me e eu lembro. Envolva-me e eu

aprendo!”

Confúcio

Sumário 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 11

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................... 12

2.1 Desenvolvimento e sustentabilidade ........................................................................... 12

2.2. Legislação ambiental ................................................................................................. 13

2.2.1 Lei da Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA – nº. 6.938 de 17/01/1981. . 13

2.2.2 Política Nacional Educação Ambiental – Lei nº 9.795/1999 ................................. 14

2.2.3 Lei da Politica Nacional de Recursos Hídricos. – nº 9.433 de 08/01/1997 ............ 15

2.3 Educação ambiental e cidadania ................................................................................. 17

2.4 Avaliação Impactos Ambiental ................................................................................... 19

2.5 Conceituando Bacias hidrográficas ............................................................................ 20

3 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 21

3.1 Localização da área de estudo..................................................................................... 21

3.2 Metodologia da pesquisa ............................................................................................ 22

4 RESULTADOS E DISCURSÕES ..................................................................................... 23

4.1 Caracterização da área de estudo ................................................................................ 23

4.2 Impactos antrópicos no Rio Itaporanga ....................................................................... 24

4.2.1 Resíduos Sólidos ................................................................................................. 24

4.2.2 Lançamento de afluentes...................................................................................... 26

4.2.3 Exploração pecuária e construção prediais .......................................................... 30

4.2.4 Supressão da mata ciliar ...................................................................................... 32

4.2.5 Erosões marcantes e extração de areia.................................................................. 33

4.2.6 Plantações nas margens do Rio ............................................................................ 34

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 35

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 36

LISTA DE SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

DNOCS - Departamento Nacional Contra as Secas

EA- Educação Ambiental

PNEA - Politica Nacional de Educação Ambiental

PNMA - Politica Nacional do Meio Ambiente

PNRS- Política Nacional de Resíduos Sólidos

SUS – Sistema Único de Saúde

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1- Visualização Da Bacia do Rio Piancó.................................................................22

FIGURA 2- O trecho urbano do rio em estudo ......................................................................24

FIGURA 3- Via de acesso para os conjuntos habitacionais e acumulo de resíduos...............25

FIGURA 4- Pneus descartados no leito do rio e garrafas de vidros e PET dispostos nas

margens do rio.........................................................................................................................26

FIGURA 5- Resíduos sólidos de construções civis com matérias perigosos..........................26

FIGURA 6- Canal Xique-Xique direcionando afluentes domésticos.....................................28

FIGURA 7- Residências próximas ao Canal..........................................................................28

FIGURA 8- Visualização da lagoa de tratamento de esgotos................................................29

FIGURA 9- Lançamento de afluentes a céu aberto................................................................29

FIGURA 10- Processo de eutrofização..................................................................................30

FIGURA 11- Crescimento populacional de Macrofitas.........................................................31

FIGURA 12- Construção de estábulos e pocilgas nas margens do rio...................................32

FIGURA 13- Empreendimento comercial e construção de edifícios nas margens do rio......32

FIGURA 14- Ausência da mata ciliar.....................................................................................32

FIGURA 15- Erosões marcantes e formação de caminhos no leito do Rio...........................32

FIGURA 16- Plantações nas margens do rio..........................................................................34

IMPACTOS ANTRÓPICOS NO TRECHO URBANO DO RIO PIANCÓ,

ITAPORANGA/PB

Resumo

A água é um recurso indispensável para a sobrevivência de todos os seres vivos, contudo, é

frequente a deterioração de ecossistemas aquáticos margeados por centros urbanos, sendo

alvos de efeitos negativos decorrentes das fortes pressões antrópicas exercidas nos cursos

d’águas, estando profundamente ligadas ao contínuo processo de urbanização e a falta de

consciência ecológica da população local. O presente trabalho teve como objetivo central

analisar os impactos antrópicos causados no Rio Piancó nos domínios da cidade de

Itaporanga-PB e contribuir para o fortalecimento da consciência ecológica da população local.

A Metodologia usada neste referido estudo consiste na identificação qualitativa dos impactos

antrópicos, através da visita in loco, registro de imagens fotográficas e de satélite obtidas pelo

Google Heart (2013), além de uma ampla contextualização com referências bibliográficas

específicas.

Palavras-chave: Deterioração. Educação Ambiental. Avaliação de Impactos Ambientais

IMPACTS ANTHROPIC IN STRETCH URBAN PIANCÓ RIVER, ITAPORANGA /

PB

Abstract

Water is an indispensable resource for the survival of all living beings, however, and frequent

deterioration of aquatic ecosystems bordered by urban centers being targets of negative

effects of the strong anthropic pressures in the courses of waters, being deeply linked to

continuous process of urbanization and the lack of ecological awareness of the local

population. This work was mainly aimed to analyze anthropogenic impacts in Rio Piancó in

the areas of the city of Itaporanga-Pb and contribute to the strengthening of ecological

awareness of the local population. The methodology used in this study is that the qualitative

identification of human impacts, through the on-site visit, photographic images and record

satellite obtained by Google Heart (2013), plus a wide context with specific references. On

the results, it is concluded that the Piancó River in the stretch that cuts through the city

Itaporanga, lies with its damaged resources due to anthropogenic interference. Thus, it was

proposed mitigation measures, try as the main instrument Environmental Education actions

for the sustainability of the river and surroundings.

Key words: Deterioration. Environmental education. Environment impact evaluation

11

1 INTRODUÇÃO

No mundo os crescentes conflitos ocasionados pelo acesso e uso insustentável dos recursos

naturais tem preocupado a sociedade, passando a ser um importante objeto de estudo nestes últimos

anos. A forma de planejamento e o gerenciamento clamam por um modelo de “desenvolvimento

sustentável” rumo à qualidade de vida da atual e das futuras gerações, neste sentido ampliam-se os

esforços quando o que esta em jogo é a manutenção dos recursos hídricos.

No Brasil existe uma realidade em que o saneamento esta limitada e geralmente é drenado

para as redes hídricas nativas. Na Cidade de Itaporanga, Estado da Paraíba essa realidade não é

diferente em que se observa no rio que “corta” a cidade enorme magnitude de impactos antrópicos.

Pondera-se que a escassez e a destruição dos recursos hídricos principalmente em pequenos

municípios interferem diretamente no modelo particular de “desenvolvimento” e no bem estar da

população o que demanda critica, reflexão e práxis social.

A conscientização acerca do uso dos recursos naturais juntamente com a análise dos

impactos ambientais causados em diversos pontos da terra, especialmente os que afetam os recursos

hídricos, devem prevalecer como fator primordial de interesse social e econômico de toda a

sociedade, não restringindo a obrigação apenas a indivíduos abnegados que lutam por uma causa

comum (BRASIL, 1998).

Na cidade de Itaporanga a disposição de resíduos sólidos e a existência de canais de esgotos

domissanitários (galeria de esgoto) aparentam responder pela principal forma de degradação do Rio

Piancó. As modificações nos ecossistemas do rio pela ação humana são evidenciadas tanto no

âmbito rural como no urbano o que demanda intervenção para favorecer a revitalização das

paisagens naturais.

Neste caso, tratar das problemáticas que agridem o meio ambiente e os recursos hídricos são

questão de sobrevivência e é nesta agenda que se justifica a presente pesquisa como contribuição à

Gestão Ambiental. Consoante a isto, surge à necessidade de expor a problemática dos impactos

antrópicos nos domínios do rio em questão, objetivando uma intervenção urgente para evitar o nível

deterioração sobre os recursos naturais do sistema.

Diante da situação exposta, urge-se praticas educativas que propicie a comunidade construir

comportamentos para atuarem positivamente no espaço socioambiental comprometido.

Neste contexto a presente proposta de estudo teve como objetivo principal avaliar os

impactos antrópicos no trecho urbano do Rio Piancó, Itaporanga/PB e contribuir com o

fortalecimento da consciência ecológica local.

12

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Desenvolvimento e sustentabilidade

De acordo com Santos (1993), no Brasil, o crescimento da economia industrial como o

surriar da vida urbano criou uma desenfreada camada de desenvolvimento, em relação às práticas

de planejamento urbano, de uma forma que essas cidades se desenvolvem com velocidade superior

ao ato de organizar e sistematizar a cidade, o que ocasiona um crescimento desordenado.

Adaptar uma perspectiva inovadora no planejamento do atual modelo de desenvolvimento,

em um mundo os crescentes conflitos ocasionados pelo acesso e uso insustentável dos recursos

naturais tem preocupado a sociedade, passando a ser um importante objeto de estudo nestes últimos

anos. A forma de planejamento e o gerenciamento clamam por um modelo de “desenvolvimento

sustentável” rumo à qualidade de vida da atual e das futuras gerações, neste sentido ampliam-se os

esforços quando o que esta em jogo é a manutenção dos recursos hídricos (SACHS, 1986, p. 46).

Ainda na concepção de Sachs (1986) “a temática adotada é possível”. Para o mesmo cada

esfera seja ela social ou politica, deve criar subsídios para resolver problemas particulares de forma

que não afete a vida ecológica, levando de forma constante os aspectos sustentáveis para atender as

necessidades humanas.

Contudo, observa Melo e Souza, “... Parece ser algo inexplicável, como pode haver

desenvolvimento [...], não é projeto desenvolvimento, se não existir uma visão equilibrada de

sustentabilidade ”(MELLO E SOUZA, 2000, p. 89).

Contudo, a estratégia do desenvolvimento sustentável garante promover a harmonia entre os

seres humanos versus humanidade e a natureza. (CMDMA, 1992, p. 46). Assim, afirma Edis

Milaré: (2001,P.43)

Compatibilizar meio ambiente e desenvolvimento significa considerar os problemas

ambientais dentro de um processo contínuo de planejamento, atendendo-se adequadamente

às exigências de ambos e observando-se as suas inter-relações particulares a cada contexto

sociocultural, político, econômico e ecológico, dentro de uma dimensão tempo/espaço.

É consideravelmente efetiva a relação de dependência entre o homem e a natureza, no

entanto essa contabilização é assegurada, desde que o desenvolvimento desejado não afete de forma

negativa o meio natural. Neste sentido, observa Edis Milaré:

[...] é importante considerar que a pobreza o subconsumo forçado, é algo intolerável que

deve ser eliminado como umas das tarefas mais urgentes da humanidade. A pobreza, a

exclusão social e o desemprego devem ser tratados como problemas planetários, tanto

quanto a chuva ácida, o efeito estufa, a depleção da camada de ozônio e o entulho espacial

que se acumula ano a ano. Questões como essas estão no cerne das novas concepções de

sustentabilidade. (MILARÉ, 2001, p. 43)

13

A Concretização por um desenvolvimento sustentável está diretamente ligado aos problemas

sociais que afetam a humanidade, e portanto devem ser considerados (Godard, 1997a, p.116).

Necessitamos de técnicas e experimentos douradores, programas de crescimento econômico

sustentável, que envolva capital, natureza, politica ao mesmo tempo (VIOLOA, 1995, p: 140). É

preciso que homem se encontre como um integrante da própria natureza para que possa haver o

equilíbrio desejado (CAPRA, 1996).

Diante da realidade em que facilmente visualizamos, encontramos um alto consumismo

ligado ou quadro crescente de degradação ambiental. Entretanto e indispensável a compreensão dos

caminhos que levam a insuficiência dos recursos naturais (JOCOBI, 2004).

2.2. Legislação ambiental

2.2.1 Lei da Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA – nº. 6.938 de 17/01/1981.

No decorrer dos anos 70, o Brasil começou a se preocupar com leis jurídicas que

assegurassem a preservação do meio ambiente (CARVALHO, 2003, p. 98).

Teixeira (2006) afirma que, “a partir de 1970, em face à enorme devastação dos recursos

naturais não renováveis e o comprometimento do habitat do homem, a preocupação com o

ecossistema equilibrado despertou o interesse de juristas brasileiros. O ambiente passou a ser objeto

de debates e de proteção legislativa”.

O meio ambiente é “um conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física,

química e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1999).

A PNMA é uma das leis mais importantes que asseguram a proteção do meio ambiente.

Contudo está lei interfere e protegem de forma objetiva as mudanças na manutenção do equilíbrio

ecológico, demostrando em seus artigos que o meio ambiente é de caráter público devendo estar

acessível a todas as pessoas sem distinção, mais que para garantir seu uso para as futuras gerações

deve ser devidamente protegido (CARVALHO, 2003).

Sendo assim, a PNMA tem como estratégias de atuação regulamentar as várias ações que

norteiam o meio ambiente, para que haja preservação, melhoria e recuperação da qualidade

ambiental, tornando favorável a vida, assegurando à população condições propícias para seu

desenvolvimento social e econômico, esses objetivos para serem atingidos, devem ser orientados

por princípios, fundamentais na busca da proteção ambiental, conforme descritos na lei (BRASIL,

1999).

14

Segundo Sirvinskas (2005) a lei em questão definiu conceitos básicos como o de meio

ambiente, de degradação e de poluição e determinou os objetivos, diretrizes e instrumentos, além de

ter adotado a teoria da responsabilidade.

A política ambiental determina atividades e instrumentos econômicos que possam incentivar

de forma produtiva ações concretam que viabilizem a sustentabilidade dos recursos (RICARDO

2003).

As estratégias que visam combater as atividades antrópicas, provocadas pelo homem, é

também um dos motivos de preocupação da politica ambiental e como toda política tem sua

finalidade para sua existência, seja esta uma fundamentação teórica, ou baseada em metas e

instrumentos, estabelecendo penalidades para os infratores que desrespeitam normas da lei. Neste

contexto buscam-se subsídios nas ações econômicos, de forma que a interação estabelecida

influencia as diversas políticas, como as econômicas e industrias. (LUSTOSA, 2003).

De acordo com Sirvinskas (2005) a Política Nacional do Meio Ambiente têm o objetivo de

relacionar de forma efetiva as políticas públicas de meio ambiente com outras de caráter

econômico. O seu desempenho consiste em preservar, atuando no melhoramento e recuperação do

meio. Significa estabelecer metas que, deixem intocados os recursos ambientais (ANTUNES,

2000).

A PNMA orienta de forma estruturada SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente) e

CONAMA (Coordenação Nacional do Meio Ambiente), instrumentos de gestão e regulamentação,

o CONAMA é responsável pelas denuncias e opiniões da coletividade que assegurem de alguma

forma a preservação do meio, e o SISNAMA, composto de órgãos e instituições de diversos níveis

do Poder Público, elabora normas e padrões supletivos e complementares (BRASIL, 1999).

Contudo, percebe-se a grande influencia que a Politica Nacional legitimou no Brasil um

modelo de gestão abrangendo não só aspectos ambientais, mais acima de tudo fazendo com que a

dignidade humana seja resgatada, uma vez que certos valores voltados para uma sociedade desigual

e consumista não são compreendidos em relações de mercado, porém são reconhecidos

juridicamente a partir da instituição normativa (PIVA, 2000).

2.2.2 Política Nacional Educação Ambiental – Lei nº 9.795/1999

A Educação Ambiental apresenta-se como instrumento essencial para reversão do cenário de

devastação no qual se encontra o meio ambiente. Com a função de sensibilizar a coletividade sobre

15

os impactos ambientais causados pelo homem, construindo cidadãos mais críticos e conscientes

(JACOBI, 2003).

Neste aspecto, foi instituída a Lei 9795/99, na qual estabelece a Política Nacional de

Educação Ambiental- PNEA, disponde no seu Art. 1º sobre o conceito de educação ambiental.

Segundo Brasil (1999) “entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos

quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e

competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,

essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”.

Desta forma, a Educação Ambiental emerge como uma ferramenta promissora para uma

efetiva mudança na percepção social. Abreu e Morais (2009) pondera que a Educação Ambiental

pode ser indicada como um dos possíveis instrumentos interdisciplinar capaz de capacitar e ao

mesmo tempo sensibilizar a população em geral acerca dos problemas ambientais, nos quais se

deparam a humanidade atualmente.

Assim, como devidamente expressa na PNEA a educação ambiental deve ser apresentada

no âmbito escolar em todos os níveis de ensino de forma transversal, sendo um fator essencial e

permanente nas grades curriculares da educação nacional, de caráter formal e não formal, e sempre

presente de forma participativa e ativa nas rotinas pedagógicas (BRASIL, 1999).

Neste sentido, levando em consideração a forma no qual sociedade contemporânea esta

organizada, podemos dizer que os princípios da educação ambiental enfatizados dentro do espaço

escolar é de suma importância, uma vez que que a escola tem o papel não só de passar

conhecimentos, mais também tem a função de formar cidadãos críticos e conscientes. Silva e Leite

(2008) externam que não haverá sustentabilidade, na ausência de Educação Ambiental e sem

mudanças nos contextos educacionais predominantes na sociedade atual.

2.2.3 Lei da Politica Nacional de Recursos Hídricos. – nº 9.433 de 08/01/1997

A coordenação dos usos dos recursos hídricos, direcionados à sua otimização em

decorrência do aumento da produção industrial e crescimento populacional, na terceira fase, a água

disponível tornou-se escassa, provocando conflitos entre os usuários e impondo a necessidade da

elaboração de mecanismos de planejamento (SOARES, 2006, p. 2).

Procurando organizar o acesso e compatibilizar as distintas formas de uso dos recursos

hídricos, além de controlar sua qualidade, ao redor do mundo, inúmeros modelos de gestão foram

16

sendo implementados, provocando reformas nos ambientes institucionais de administração da água

(FRANK, 2007).

Sob esta perspectiva, originaram-se as políticas de gerenciamento e controle do setor,

visando disciplinar e equacionar a situação de relativa escassez, impondo o uso adequado e a

otimização através de procedimentos integrados de planejamento e administração (SETTI, 1996,

p.57).

Com a criação da Lei das Águas, conforme menciona Pinhatti (1998, p. 29), surgi técnicas

inovadoras de financiamento, quem auxiliam de forma representativa na administração dos recursos

hídricos e na criação de planos de ação.

Sendo assim, a referida lei adota como plano de ação a bacia hidrográfica para o

gerenciamento do recurso água, passando [...] a ser o espaço preferencial para a gestão dos recursos

hídricos, diferentemente das demais políticas públicas, que são implantadas nas divisões

administrativas tradicionais (União, Estados e Municípios) (FRANK, 2011, p. 17).

A Lei Federal n. 9.433/97 denominada “Lei de Águas” estabelecida pelo artigo 21 da

constituição Federal de 1988, criando Política Nacional de Recursos Hídricos que comanda o

Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH), atuando de forma

descentralizada sobre as questões hídricas e seus princípios e fundamentos.

Segundo Jacobi, o uso da água passa a ser gerenciada de acordo com três elementos, são

eles: a gestão descentralizada por bacias hidrográficas, à gestão integrada e a gestão participativa

(JACOBI, 2010, p. 73). A Lei das águas retrata as seguintes alterações.

[...] substituindo práticas profundamente arraigadas de planejamento tecnocrático e

autoritário, devolvendo o poder para as instituições descentralizadas de bacia, o que

demanda um processo de negociação entre os diversos agentes públicos, usuários e

sociedade civil organizada.

Neste sentido, a Lei das Águas adota um caráter participativo e sistematizado tendo como

critérios de desenvolvimento e atuação a bacia hidrográfica. Os fundamentos da Política Nacional

dos Recursos Hídricos estão no artigo 1º da Lei n. 9.433/97:

I – reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real

valor;

II – incentivar a racionalização do uso da água;

III – obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções

previstos nos planos de recursos hídricos.

A apropriação da água de forma pública foi ratificado pela Lei n. 9.433/97, que passa a ser

considerada como um recurso disponível, porém de uso limitado e de grande interesse econômico

(FRANK, 2011, p. 27).

17

Segundo ainda Frank (2011) a lei em questão exerce princípios morais “[...] priorizando a

vida, em todas as suas formas para as atividades econômicas, impondo que em períodos de

escassez, outros usos (outorgas) sejam suspensos, privilegiando o consumo humano e de animais”.

Outro ponto primordial da Lei das Águas é que seus princípios éticos, estão voltados para as

diversas formas de utilização da água, tendo como objetivo a sustentabilidade ambiental. Assim é

impossível não reconhecer que todas as formas de vidas dependem das interações que exercem

sobre o meio ambiente e que os processos ecológicos mantêm o planeta capacitado a sustentar a

vida (FARIAS, 2005, p. 37).

Neste contexto, a bacia hidrográfica é adotada pela Lei das Águas com o objetivo de

viabilizar a sobrevivência na esfera ecossistêmica. Essa adoção é gerenciada por órgãos

deliberativos e consultivos chamados Comitês de Bacias Hidrográficas. Neste contexto, porque as

bacias hidrográficas se configuram como o fator primordial de atuação da Lei das Águas?

Para Frank (2011, p.17) são três razões:

a) As bacias são as principais formas terrestres dentro do ciclo hidrológico, já que captam e

concentram a água que provém das precipitações

b) No espaço da bacia interatuam e interdependem os recursos naturais não renováveis e

bióticos (flora e fauna) num processo permanente e dinâmico.

c) No território das bacias se inter-relacionam também os sistemas socioeconômicos,

formados pelos usuários da bacia, sejam habitantes ou interventores externos da mesma,

cada grupo com seus interesses.

Da forma como estar estabelecido, fica claro dizer que o Plano Nacional de Recursos

Hídricos atua sobre uma perspectiva ecossistêmica de valor sustentável. Uma relação conflituosa

entre desenvolvimento econômico e o meio ambiente. Essa ligação estabelece limites que resguarda

a forma sistêmica as diversas formas de utilização do recurso água, com ênfase para o

gerenciamento igualitário voltado para a contemporaneidade (CTPNRH, 2007, p. 1).

2.3 Educação Ambiental e cidadania

Zuenir Ventura em “Cidade Partida” (SANTOS, et al., 2003), mostra a modernização e

urbanização determinando sobre dois conceitos, o da “cidade legal” e “cidade informal”. O conceito

apresentado por Zuenir identifica as características sociais e estruturais com base na divisão

territorial. A “cidade informal” apresenta uma população marcada pela carência de empregos,

marginalizada, com pouca infraestrutura urbana, sem moradias adequadas e muitas vezes esquecida

pelo poder publico. A “cidade legal” é identificada como a região privilegiada, onde as pessoas

possuem um poder aquisitivo estruturado, com boas moradias e mais informação, o poder público

18

tem maior acessibilidade e administração sobre seu território e consequentemente oferece maior

infraestrutura.

A sociedade organizada encontra-se cada vez mais preocupa com o desequilíbrio ambiental

e os sucessivos sinais de reação da natureza; com base isso, acredita-se que a educação é um meio

de extrema importância na formação de indivíduos autônomos, críticos e atuantes, capaz de exercer

sua cidadania e conscientes perante suas próprias ações no meio ambiente (Loureiro, 2006).

Para Jacobi (2003) A postura de dependência e de falta de responsabilidade da população

decorre principalmente da desinformação, da falta de consciência ambiental e de um déficit de

práticas comunitárias baseadas na participação e no envolvimento dos cidadãos. Nesse sentido, a

educação ambiental se faz um instrumento importantíssimo para superar o atual declínio ambiental

vivido por nossa sociedade.

Ainda segundo Loureiro (2006), a Educação Ambiental é vista hoje como uma possibilidade

de transformação ativa da realidade e das condições da qualidade de vida, por meio da

conscientização advinda da prática social reflexiva. Sabe-se que não se pode falar em

sustentabilidade, sem que antes se faça acontecer mudança quanto nossa forma de pensar, isto é,

precisa-se buscar uma nova forma de inter-relação, fortemente afetiva com o ambiente e seus

recursos. É necessária a formação de consciência crítica e reflexiva em relação a problemática

apontada em todos os seus parâmetros: sociais, ecológicos, éticos econômicos e políticos.

A Agenda 21 brasileira tem como premissa social, o desenvolvimento humano, com enfoque

na melhoria da qualidade de vida, abrangendo o crescimento econômico e conservação ambiental,

buscando combater a equidade socioambiental. Para isso, faz-se eficientemente necessário

incorporar iniciativas de Educação Ambiental com fundamento de equilíbrio e respeito a

sustentabilidade, levando em conta necessidade da população, sua cultura, e seu modo de vida.

Destaca-se também a importância de realizar campanhas, caminhadas, movimentos informativos e

de conscientização da população sobre os temas da gestão dos recursos naturais e do

desenvolvimento sustentável.

De acordo com Magnoli (2005) dentre 1994 a 2004 a taxa de contaminação dos rios, lagos

brasileiros foi multiplicada por cinco. O descarte de resíduos tóxicos resultantes das atividades

industriais e agroindustriais, mostra-se como a principal causa da contaminação desses recursos,

seguida ainda, pelo despejo de esgotos, e contaminação pelos lixões a céu aberto, que poluem os

lençóis freáticos.

Segundo os dados da Sociedade Brasileira de Infectologia, em torno de 65% das internações

hospitalares do Sistema Único de Saúde – SUS, são consequências de doenças transmitidas através

da água que muitas vezes não é devidamente tratada.

19

A educação ambiental é uma pedagogia de ação. Não é suficiente ser um cidadão consciente

do declínio ambiental, e não se colocar de forma, crítico, ativo e participativo. O procedimento dos

cidadãos em relação ao seu meio ambiente é indissociável do aprendizado da cidadania. (Loureiro,

2006).

2.4 Avaliação Impactos Ambientais

Segundo Ferrari Jr. (2004), na sociedade capitalista em que vivemos as relações do homem

com a natureza, vem sendo alvo de importantes discussões e refletida por vários autores, isso

devido as consequências, dessa relação conflituosa. O planejamento das cidades acabou por

valorizar a obra física e a ordenação do território, mas desconsiderou a construção da cidadania de

grande parte de seus habitantes. Diante desse panorama de degradação ambiental, é perceptível a

irracionalidade humana, onde o mesmo, usa suas habilidades para destruir seu próprio habitat,

ignorando os danos de seus atos, que muitas vezes, chegam a ser irreparáveis ao meio ambiente.

No que diz respeito a essa degradação ambiental, segundo o que Consta na Resolução do

CONAMA- Conselho Nacional do Meio Ambiente, nº 001 de 1986, pode-se caracterizar como

ações antrópicas todo e qualquer dano prejudicial a meio ambiente, causado por intervenção

humana. Conceituando como impacto ambiental: Qualquer alteração das propriedades físicas,

químicas ou biológica no meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia

resultante das atividades humanas, que direta ou indiretamente afetem:

I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

II - as atividades sociais e econômicas;

III - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

IV - a qualidade dos recursos ambientais.

Ainda sobre a Resolução CONAMA nº 001, fica evidente que a lei não coloca somente o ser

humano como promotor da degradação ambiental, podendo ate mesmo ser causado por um

fenômeno natural, como uma descarga elétrica que atinge um determinado local, ocasionado assim

queimadas. Deixado claro que, a degradação ambiental fundamenta-se em um impacto ambiental

negativo.

Como revela Mota (1995), as atividades rurais insustentáveis provocam modificações nos

recursos hídricos. Os desmatamentos, os movimentos de terra e a poluição resultante do uso de

pesticidas e fertilizantes são exemplos de alterações ambientais que podem ocorrer no meio rural.

Assim, o controle da quantidade e qualidade dos recursos hídricos depende do disciplinamento do

20

uso e ocupação do solo na bacia hidrográfica, os quais devem ser feitos de modo a provocarem

alterações compatíveis com os mananciais, em função dos seus usos.

A inviabilidade do processo, estar em adequar as necessidades do homem contemporâneo

com o que o meio natural pode oferecer, sem causar nenhum desequilíbrio em suas reservas. Os

Parâmetros Curriculares Nacionais apontam que para a efetiva preservação do meio ambiente:

Valores e compreensão só não bastam. É preciso que as pessoas saibam como atuar, como adequar

prática e valores, uma vez que o ambiente é também uma construção humana, sujeito a

determinações de ordem não apenas naturais, mas também sociais. (BRASIL, 1997. p.201).

2.5 Conceituando bacias hidrográficas

A bacia hidrográfica é considerada mundialmente como uma eficiente unidade para

preservação e administração dos recursos disponíveis no meio (FERRETTI, 2003). Sendo

constituída de uma rede de drenagem cujas aguas se unem até encontrar um leito único ou exutório

(SILVEIRA, 2000).

Os meios de gerenciamento das bacias hidrográficas esta vinculada na lei Política Nacional

de Recursos Hídricos sob a administração do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos

Hídricos (BRASIL, 1997).

Segundo MONTEIRO (2003) a bacia hidrográfica apresenta características definidas, tais

como área, forma, tipo de drenagem, tipos de solo e rocha, formas e extensões de relevo, variação e

dimensão das classes de declividade, uso e ocupação do solo “[...] Assim a partir dos elementos que

constituem uma bacia hidrográfica é possível verificar diagnosticando as interferências humanas de

forma articulada e integrada” (VITTE e GUERRA, 2004).

Em sincronia com o conceito de Bacia hidrográfica, define-se micro bacia como sendo uma

pequena área sensível às elevadas taxas pluviométricas, delimitada por córregos em direção a um

rio principal, onde às diferenças exercidas pelo uso do solo não é modificada pela rede de

drenagem. Segundo tal definição Bigon e Reis Fernandes (2010) ressalta que a área de uma micro

bacia pode variar de pouco menos de 1 hectare até 40 ou mais.

Segundo o Igam (2008) a sub bacia hidrográfica é definida de forma mais simples, como

sendo parte de uma bacia hidrográfica de um rio maior, correspondente a um de seus afluentes ou

tributário. Por exemplo, o Rio São Francisco apresenta diferentes sub-bacias, entre essas a Sub-

bacia do Rio Verde Grande, Sub-bacia do Rio Paracatu, Sub-bacia do Rio das Velhas.

21

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Localização da área de estudo

A área do presente estudo pertence a Micro bacia Hidrográfica do Rio Piancó, que fica

totalmente inserida na mesorregião do Sertão Paraibano (Latitudes Sul 6 º 43’52’’ e 7 º 50’28’’

Longitude Oeste de 37º 27’ 56 e 38º 42’ 56”).

Na cidade de Itaporanga esta registrada sob as coordenadas geográficas Latitudes Sul

7°18’11.88” “e longitude Oeste 38° 8'21.62", ponto de elevação de 287 metros.

Segundo o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piancó (ano) este rio nasce na Serra de

Piancó no Estado da Paraíba e desemboca próximo à cidade de Macau no Rio Grande do Norte

abrangendo uma Área de aproximadamente 9.242,76 km² distribuída entre 102 municípios do

Estado da Paraíba e 45 municípios do Rio Grande do Norte, onde vivem aproximadamente

1.552.000 mil habitantes (Figura 01).

Figura 1: Imagem da Bacia do Rio Piancó adaptada com circulo e flecha para identificar trecho da cidade de

Itaporanga/PB

Fonte: Bacia Piranhas-Açu Piancó. Disponível em: http://www.cbhpiancopiranhasacu.org.br/Docs/Bacia_Piranhas-

A%C3%A7u_Piancomapaout2012.jpg

A perenidade de seu fluxo na Paraíba é assegurada pelo reservatório de regularização

Sistema Coremas – Mãe d’Água, com a finalidade de perenizar o rio Piancó e proporcionar um

fluxo regular de água para o açude de Armando Ribeiro Gonsalves no Estado do Rio Grande do

Norte, construído pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS).

22

3.2 Metodologia da pesquisa

A proposta para o estudo de “impactos antrópicos no trecho urbano do Rio Piancó,

Itaporanga/PB” teve como objetivo avaliar os principais impactos no Rio Piancó e contribuir com o

fortalecimento da consciência ecológica local. Para esta etapa se teve dois focos principais de

análise (a) caracterização da área de estudo e (b) diagnóstico e prognóstico dos agravos.

Para a pesquisa utilizou-se vários métodos de procedimento embasados em pesquisas

bibliográficas da realidade em estudo.

Para a caracterização da área de estudo (etapa a) foram trabalhadas imagens de satélite a

partir da ferramenta Google Earth 2013 para melhor identificar o espaço geográfico e as

coordenadas. Foi gerado um texto técnico de características da área de estudo e uma imagem de

satélite adaptada para identificar a macropaisagem.

Para o diagnóstico e prognóstico dos agravos (b) foram consideradas informações da etapa

(a). Foram realizadas semanalmente visitas in loco para na área de estudo, seus atores, elementos do

rio e entorno. Foram percorridos quatro quilômetros do trecho do rio contornado por urbanização.

Durante as visitas foi utilizada a observação participante para identificar os principais impactos no

rio. Os impactos foram listados para garantir memória do que era mais presente na área. Em

paralelo fez-se os registros de imagens digitais para facilitar o diagnóstico dos resultados.

Para cada impacto foi gerado um diagnóstico da realidade mais imediata. Foram realizados

prognósticos para cada diagnóstico, baseado na analise dados usados na identificação da área e

referências bibliográficas atinentes a leis que vigoram sobre a preservação do meio ambiente, tais

como a Educação Ambiental, Recursos Hídricos e meio ambiente.

Como materiais foram utilizados basicamente caderno de campo, câmara digital

(Smartphone LG Joy H222 com Câmera de 5.0 Megapixels).

23

4 RESULTADOS E DISCURSÕES

A estratégia metodológica permitiu verificar forte magnitude de impactos na ambiência

urbana do Rio Piancó em Itaporanga/PB.

4.1 Caracterização da área de estudo

Foi verificado que a área de estudo apresenta clima semiárido.

A Cidade de Itaporanga no Alto Sertão da Paraíba possui clima semiárido com precipitação

e temperatura equivalentes a 821 mm e 24°C, respectivamente (Lima, 2004).

Por meio de informações do IBGE (2010) observou-se que Itaporanga possui densidade

demográfica de 49,55 hab./km2 e numero de habitante equivalente a 24.505 habitantes.

A Cidade de Itaporanga/PB possui uma área de aproximadamente 467,10 km². O município

limita-se ao Sul com Boa Ventura; Diamante e Pedra Branca; a Oeste São Jose de Caiana; a Norte

Aguiar e Igaracy; a Nordeste Piancó e a Leste Santana dos Garrotes (IBGE, 2010).

O trecho é envolvido por urbanizações. As fronteiras estabelecidas no trecho em estudo tem

ao Norte, a 361- BR e o Conjunto Miguel Morato, na jusante ao Sul as fabricas têxteis da cidade

situada no Bairro Xique-Xique, ao Leste os conjuntos habitacionais, Chagas Soares, Balduino de

Carvalho e Vila Mocó, ao Oeste a Rua da Várgea e Canal Xique-Xique ( FIGURA 02)

Figura 02. Imagem do Google Earth 2013 adaptada tracejado em azul para identificar o trecho urbano do rio em estudo

com setas vermelhas para identificar: “A” riacho do Cantinho, “B” conjuntos habitacionais, Chagas Soares, Vila Mocó

e Balduíno de Carvalho, “C” a cidade de Itaporanga e “D” Rua da Várzea e o Canal.

Fonte: Google Earth, 2013.

A

B

C

D

24

Com o auxilio de imagens de satélites foi possível verificar que o trecho em análise interliga

a cidade de Itaporanga aos conjuntos habitacionais, ao riacho do Cantinho e a BR 361. Outro fato

que pode ser observado constatou acentuada interferência antrópica sobre a cobertura vegetal que

resguarda vegetação peculiar da mata ciliar do tipo hiperxerófita com destaque reduzido para as

espécies de marmeleiro (Croton sonderianus), jurema preta (Mimosa tenuiflora), pereiro

(Aspidosperma pyrifolium),e catingueira (Caesalpinia pyramidalis), juazeiro (Zizyphu joazeiro),

oiticica (Licania rígida), mata-fome (Acacia obliquifolia) e outras .

Observou-se que o relevo de Itaporanga apresenta partes altas e baixas e planas onde

serpenteia o rio.

O relevo característico de Itaporanga varia de plano o montanhoso em diferentes locais.

(SOUSA, 2007).

4.2 Impactos antrópicos no Rio Itaporanga

4.2.1 Resíduos Sólidos

Foi verificado no local de estudo excessiva presença de resíduos sólidos de origem

domiciliar, devido a influencia de dois fatores principais: O trecho em questão se torna uma via de

fácil acesso (que liga a cidade a um conjunto habitacional nos períodos de estiagem) e a

insuficiência da coleta seletiva.

Contata-se de maneira frequentemente o deslocamento de pessoas e veículos, que transitam

pelo rio, como via mais próxima para três bairros periféricos. Durante esse trajeto as pessoas

descartam de forma inconsequente vários tipos de dejetos que contribuem para a contaminação do

solo e da água.

Figura 3: A- Via de acesso para os conjuntos habitacionais, B- Acumulo de resíduos.

B B

25

Fonte: Pesquisa Aplicada, 2016.

Outro ponto a ser citado é a insuficiência da coleta de resíduo nos Conjuntos Habitacionais

situados próximos do rio, nessas localidades lixo doméstico é recolhido semanalmente pelos

caminhões da prefeitura. Segundos alguns moradores as atividade de coleta do lixo não suprem as

necessidades dos Bairros em questão, com isso os moradores passam descartar os dejetos nas

margens do rio.

A associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2004) define Resíduos sólidos “como

elementos provenientes de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial,

agrícola, de serviços e de varrição sendo inviáveis o seu lançamento na rede pública de esgotos ou

corpos de água, o que exige soluções técnicas e economicamente viáveis para a intervenção”.

Neste contexto, verifica-se que grande parte dos resíduos observados são compostos

principalmente de garrafas de vidro e pet, móveis usados e pneus descartados. Essa forma de

degradação é considerada como poluição pontual, uma vez que o foco poluente é facilmente

identificado e visualizado de maneira concentrada na área de estudo.

Figura 4: Pneus descartados no leito do Rio (A) e garrafas de vidros e PET dispostos nas margens do Rio (B).

Fonte aplicada, 2016.

Outro agravo encontrado foi à disposição de matérias de construção civis em quantidades

elevadas, o que também caracteriza um do tipo poluição pontual. Assim estar estabelecido no Art.

4º da resolução Conama nº 307, de 5 de Julho de 2002 que “ os resíduos provenientes de construção

civil não poderão ser dispostos em aterros de resíduos domiciliares, em áreas de "bota fora", em

encostas, corpos d`água, lotes vagos e em áreas protegidas por Lei ”( BRASIL, 2002).

Em Itaporanga como em tantos outros municípios não existem áreas especificas para o

acolhimento dos resíduos oriundos de origem civil, sendo dispostos no corpo hídrico em estudo.

Esta realidade se agrava com a disposição de entulhos indústrias associados a materiais

considerados perigosos como: vidros, latas de tintas, lâmpadas fluorescentes e outros. Esses objetos

quando dispostos inadequadamente no meio ambiente liberam substâncias tóxicas que levam a

B A

T

26

contaminação do solo, de águas superficiais e subterrâneas e do ar, acarretando danos ao meio

ambiente e a saúde humana.

Figura 5: Resíduos sólidos oriundos de construções civis com matérias perigosos.

Fonte: Pesquisa Aplicada, 2016.

De acordo com a lei 12.305/2010, o art. 6° que rege a Política Nacional de Resíduos Sólidos,

os mesmo devem preferencialmente ser reutilizáveis ou recicláveis como fonte econômica e de

valor social, gerando renda e trabalho para promover a cidadania (BRASIL, 2010)

Todavia são necessárias ações educativas de conscientização a comunidade sobre a

disposição adequada dos resíduos sólidos; práticas efetivas de coleta seletiva especialmente nos

conjuntos habitacionais da região, sendo direcionadas posteriormente a reciclagem ou

reaproveitamento dos materiais possíveis. O manejo adequado dos resíduos é uma importante

estratégia de preservação do meio ambiente, assim como de promoção e proteção da saúde.

4.2.2 Lançamento de afluentes

O CONAMA estabelece que afluentes é o termo usado para caracterizar os despejos líquidos

provenientes de diversas atividades ou processos podendo se advindos de esgotos sanitários:

denominação genérica para despejos líquidos residenciais, comerciais, águas de infiltração na rede

coletora, os quais podem conter parcela de efluentes industriais e efluentes domésticos( BRASIL,

2002).

Verificou-se que um dos principais problemas ligados à poluição do Rio Piancó é a

precariedade do sistema de esgotamento sanitário do município. A expansão demográfica acelerada,

ritmando-se com a falta de estrutura no tratamento adequado de esgotos para a referida cidade.

Todavia, o que se percebe é que a infraestrutura não acompanhou o processo continuo de

desenvolvimento, o que dificulta ainda mais a resolução do problema.

B A

27

Durante as visitas in loco se pode evidenciar que há variados pontos de lançamento de

afluentes não tratados em grande, medias e pequenas proporções lançados, a céu aberto por valas no

solo ou pelo canal Xique-Xique (oriundo de um bairro nobre da cidade). O mesmo constitui uma

rede não interligada construída inicialmente com o objetivo de levar as águas fluviais, direcionados

ao Rio Piancó, como forma de evitar possíveis alagamentos nas ruas da cidade. Entretanto, devido

ao aumento do fluxo populacional, o canal passou a ser um dos maiores redes de esgoto a céu

aberto da região contribuindo para a deterioração dos recursos do Rio Piancó (Figura 6).

Figura 6: (A e B) Canal Xique-Xique direcionando afluentes domesticos para o Rio Piancó.

Fonte: Pesquisa Aplicada, 2016.

É perceptível a fedentina advinda da precariedade do Canal Xique –Xique, sentida

principalmente pelas as pessoas que residem nas proximidades. Tal realidade é propicia pra a

disseminação de doenças ocasionadas por roedores, insetos e contaminação pelo contato com água.

Figura 6: (A e B) Canal Xique-Xique próximos a residências.

Fonte: Pesquisa Aplicada, 2016

A rede própria de afluentes foi construída boa parte na década de 80 e recobre somente a

parte central da cidade, o mesmo é direcionado para uma lagoa de tratamento situada a apenas 120

metros das margens do rio, logo depois de supostamente tratado, é lançado diretamente no Rio

Piancó. O que se percebe é a ineficiência no monitoramento por parte da empresa responsável, no

A B

A

B A

28

caso, a Gagepa (Companhia de Água e Esgotos da Paraíba) uma vez que, é frequente as

interrupções da rede advindas pelos entupimentos (Figura 8).

Figura 8:Mosaico de imagem vinculando a visualização da lagoa de tratamento (A) e a referida lagoa (B) in loco.

Fonte Google Earth, 2016

Fonte: Pesquisa Aplicada, 2016.

Segundo a CAGEPA, o sistema de saneamento básico é oferecido para apenas 60% da

população, os 40% restantes tem seus dejetos lançados de forma direta no Rio Piancó.

Os conjuntos habitacionais e as novas residências posteriormente construídas em relação a

rede de esgoto, não despõem de um sistema sanitário adequado. Uma vez que, por não terem a

assistência devida, os afluentes passam a ser lançados a céu aberto em valas no solo, construídas

pelos próprios moradores e muitas vezes pela própria prefeitura local, em uma tentativa

inconsequente de amenizar a situação.

Figura 09: Lançamento de afluentes a céu aberto (A) e Valas que direcionam os afluentes ao Rio Piancó (B).

Fonte: Pesquisa Aplicada, 2016.

Com relação a contaminação da água do rio, é facilmente identificada em decorrência do

odor produzido pelo excesso de afluentes depositados. Observou-se que a água no perímetro em

analise é turva esverdeada o que caracteriza o processo de eutrofização que é intensificado pelas as

ações antrópicas em corpos aquáticos.

B A B

B A

29

Figura 10: (A e B) Processo de eutrofização, caracterizado pela qualidade da água de cor turva esverdeada

Fonte: Pesquisa Aplicada, 2016.

De acordo com Esteves (1988) eutrofização é caracterizada pelo acúmulo de compostos

orgânicas proveniente do lançamento de afluentes (domésticos e industriais) especialmente pela

concentração elevada de Fósforo (P) e o Nitrogênio (N), presentes nos corpos aquáticos, o que

contribui para o aumento do fluxo populacional de plantas aquáticas e de algas.

A eutrofização traz consequências negativas aos corpos aquáticos como: Anaerobiose,

reduzindo a demanda de oxigênio na agua, mortandade da biodiversidade de plantas e animais

existentes, acumulo de substâncias tóxicas, complicações e elevados custos para a inversão do

processo, trazendo malefícios para os seres humanos que inadvertidamente venham a consumir ou a

ficarem expostos à água poluída.

Neste contexto, é necessária ações educativas que promovam conhecimento de causa sobre

eutrofização, um fenômeno natural intensificado pela antropização, para que aja aprimoramento de

técnicas para preservação e melhoria da qualidade de vida dos corpos aquáticos.

Observa-se a proliferação acentuada de Macrofitas (Typha domingensis) plantas aquáticas

enraizadas, com folhas submersas. A associação de macrofitas com rios e lagos vulnerável as

pressões antrópicas, resulta da necessidade por cargas excessivas de nutrientes para o seu

desenvolvimento. Dessa forma, se mostram intimamente ligada ao metabolismo dos ecossistemas

aquáticos, exercendo o papel de bioendicadores da qualidade da água. Fatores como baixa

turbulência, abundância de nutrientes, ausência de predadores de espécies competidoras, ambientes

aquáticos rasos e com clima propicio para seu desenvolvimento (clima tropical) favorece o fluxo o

crescimento populacional de macrofitas (FIGURA 11).

Figura 11 : (A e B) Crescimento populacional de plantas conhecidas como Macrofilas

A B

30

Fonte: Pesquisa Aplicada, 2016.

Diante do fluxo de compostos a mineralizar, o potencial de decomposição é reduzido

alterando o equilíbrio ecológico dos ecossistemas, o resultado dessas alterações interfere no

desenvolvimento natural do habitat e na destruição da flora e da fauna que nele estão inseridas.

. As consequências citadas decorrentes do lançamento de afluentes denuncia a insuficiência

ou falta de saneamento básico do município em questão. Contudo, esta ausência organizacional

influencia diretamente nas questões relacionadas à saúde pública e a qualidade de vida de toda a

população.

A Lei 11.445 de 5 de janeiro de 2007, que rege sobre o Saneamento Básico, estabelece em

suas diretrizes a universalização do acesso abrangendo a zona urbana e a zona rural dos municípios.

O acesso igualitário aos serviços proporciona índices favoráveis de desenvolvimento urbano de uma

cidade.

Para o prognóstico podemos estabelecer ações educativas que vinculem a população e

órgãos competentes do município como forma de aumentar o nível de consciência ecológica da

população local, acerca dos problemas ocasionadas pelo lançamento de afluentes não tratados nas

margens dos rios. É necessária politicas publicas inovadores que viabilizem ações de infraestrutura

do Município em questão, como Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), permitindo o

tratamento dessas águas.

4.2.3 Exploração pecuária e construção prediais

Verifica-se de forma intensa a exploração agropecuária nas margens do Rio Piancó, essa

utilização colabora efetivamente com deterioração do ecossistema local, sendo comum encontrar

estábulos e pocilgas nos entornos do Rio. Essa extensiva prática produz substâncias que poluem os

corpos de águas e também o solo interferindo na sua biota (Figura 12).

B A

31

Figura 12: Construção de estábulos (A) e pocilgas nas margens do rio (B).

Fonte: Pesquisa Aplicada, 2016.

Segundo FARIAS (2006) a criação de animais domésticos bem como a presença de

estábulos, pocilgas e granjas é considerada poluidora, pois seus detritos podem conter

microrganismos patogênicos que contribuem para a poluição da água que entra em contato com os

mesmos, modificando sua qualidade, inclusive contribuindo para uma elevada Demanda

Bioquímica de Oxigênio – DBO, causando um aumento dos sólidos suspensos nas águas

contaminadas com estes resíduos.

É possível verificar residências, empreendimentos comerciais e construções prediais nas

proximidades das margens do Rio provocando descontinuidade da paisagem natural, as mesmas são

fontes expressivas na geração de resíduos sólidos e líquidos lançados diretamente no leito do Rio

Piancó. Os empreendimentos comerciais devem manter uma distancia de 500 metros em relação aos

rios, porém, a realidade observada contradiz o que a lei estabelece (CONAMA, 2002). A ocupação

indevida suprime a vegetação nativa que deveria ocupar o seu espaço natural o que favorece o

assoreamento e a inundações das mesmas em épocas de chuva.

Figura 13: Empreendimento comercial (A) e construção de edifícios nas margens do Rio (B).

Fonte: Pesquisa Aplicada, 2016.

A A B

A B

32

Para o prognostico da realidade denunciada sugere - se ações educativas de conscientização

da população sobre os problemas decorrentes da ilegalidade da ocupação da área, assim desposta

em lei, pra afim reduzir os impactos que causam a deterioração do Rio, bem como os fatores ligados

a segurança e bem estar da população, bem como o tratamento dos efluentes animais e fossa séptica.

4.2.4 Supressão da mata ciliar

No trecho em analise encontra-se desnudo, com relação a vegetação peculiar da mata ciliar,

apresentando baixa concentração de espécies nativas, não se configurando as áreas de preservação

permanente. A supressão da mata ciliar é acelerada devido às pressões antrópicas estabelecidas no

local (Figura 14).

Figuras 14: (A e B) Ausência da mata ciliar.

Fonte: Pesquisa Aplicada, 2016.

De acordo com a Lei 12.651/2012 a preservação da vegetação nativa deve ser base de

interesse social: “As atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, tais

como prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de invasoras e

proteção de plantios com espécies nativas”.

A presença da mata ciliar tem por finalidade a proteção do solo e da água auxiliando no

equilíbrio ecológico do local, reduzindo os efeitos da erosão, assoreamento e da contaminação dos

corpos de água. Sendo assim, é imprescindível a sua preservação, uma vez que os problemas

decorrentes da sua degradação trazem prejuízos não só para o ecossistema local mais para toda a

população que de forma direta estão inseridas nele.

Para o prognostico sugere-se ações educativas dirigidas a coletividade com todos os atores

sócias, objetivando a redução das consequências geradas pela descaracterização da mata ciliar no

corpo hídrico local, cuja participação impulsione alternativas atinentes ao equilíbrio ecológico dos

recursos dispostos no solo e na água por meio do reflorestamento de origem peculiar da região.

A B

33

4.2.5 Erosões marcantes e extração de areia

A extração de areia é realizada de forma excessiva se intensificando nos período de

estiagem devido a caráter temporário do Rio Piancó. É possível verificar escassez desse recurso em

algumas localidades do rio o que favorece a busca por novas áreas de exploração.

Os impactos negativos ocasionados pela extração de areia são diversos, entre eles podemos

citar: a turbidez ocasionada pelo aumento das partículas em suspensão, contaminação dos corpos de

água decorrentes uso de máquinas usadas na extração (graxas, óleos, lubrificantes), mudança na

formação da galha original pelo uso de maquinarias, interferência na velocidade e no percurso da

água do rio, supressão da vegetação e entre outros. Lelles et al. (2005) “reconhece estes como

impactos negativos; porém destaca alguns impactos positivos, necessitando de uma investigação

mais específica para se avaliar a viabilidade ambiental dessa ação, como o deslocamento de

partículas pela água”.

No tocante a erosões marcantes, foram verificados espaços abertos (sem vegetação) na área,

em decorrência da formação de estradas dentro próprio rio, causadas pelo deslocamento de pessoas

e meios de transporte, principalmente em tempos de estiagem, provocando processos erosivos,

desagregação do solo e exclusão da vegetação nativa (FIGURA 15).

Figura 15: Erosões marcantes (A) e formação de caminhos no leito do Rio (B).

Fonte: Pesquisa Aplicada, 2016.

Contudo, medidas de fiscalização para o controle e ações socioeducativas de conscientização

da população em geral, a respeito dos problemas ocasionados pela prática exploratória da retirada

de areia, a construção indevida de estradas nas áreas de preservação permanente, é de suma

importância para a redução da deterioração e aumento da qualidade de vida local.

A B

34

4.2.6 Plantações nas margens do Rio

Verifica-se nos entornos do rio exploração do solo pelo plantio de cana- de –açúcar e capim.

A agricultura nas margens de rios ligada à utilização de defensivos agrícolas foi verificada in loco,

como forma de amenizar os prejuízos advindos de pragas. Essa prática constante compromete o

equilíbrio do ecossistema local, sobre tudo os corpos hídricos (FIGURA 16).

A exploração agropecuária intensiva com a utilização de fertilizantes e agrotóxicos causa a

contaminação da agua e do solo, alterando de forma negativa a biota existente nas áreas afetadas

(ANVISA, 2012). Esses agravos representam a necessidade de inovar as práticas agrícolas adotadas

no decorrer dos últimos anos, uma vez que o cenário atual busca a produção contínua associada aos

benefícios econômicos da produtividade.

Sugere-se ações de educação ambiental como forma reduzir os efeitos decorrentes de tal

prática exploratória, com a capacitação dos agricultores da área, promovendo o esclarecimento

sobre a importância do agroecológico para conservar o meio ambiente, e dos riscos advindos da

utilização excessiva de agrotóxicos próximos a corpos de água, para assim evitar a destruição das

formas de vidas local, intensificando a fiscalização da área.

Figura 16: (A e B) Plantações na margem do rio

Fonte: Pesquisa Aplicada, 2016.

Um recurso hídrico antropizado estende esse impacto ao longo da área geográfica de sua

drenagem, que é a bacia hidrográfica (SOUSA, 2010).

B A B

35

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trecho do Rio Piancó em estudo esta envolvido por urbanizações, existindo forte

interferência antrópica sobre a mata nativa que compões a vegetação ciliar.

O rio em questão acolhe cargas excessivas de resíduos sólidos e líquidos. Sendo intensa a

deterioração pelo lançamento de afluentes não tratados, em virtude da precariedade do sistema de

esgotamento sanitário do município. O canal Xique-Xique se configura como o pivô dessa situação.

As consequências geradas influenciam diretamente nas questões relacionadas à saúde pública e a

qualidade de vida da população e dos seres vivos existentes no local.

A qualidade da água se encontra comprometida, sendo facilmente identificada em

decorrência do odor produzido pelo excesso de afluentes depositados. As consequências oriundas

da antropização local aceleram processos naturais como eutrofização e o aumento populacional de

plantas conhecidas como macrofilas, sendo persistentes no trecho em análise.

É notório nas margens do rio, empreendimentos comercias e construções prediais que

provocam a descontinuidade da paisagem natural. A exploração pecuária é frequente, tendo como

ação degradativa produção de substâncias que poluem os corpos de águas e igualmente o solo

interferindo na sua biota.

A extração de areia é persistente no local, sendo constatada a escassez desse recurso em

algumas localidades do rio. Espaços desnudos (sem vegetação) são verificados, em decorrência da

formação de caminhos, provocando a exclusão da vegetação nativa da área.

Os entornos do rio são explorados pela agricultura. A utilização de defensivos agrícolas,

fertilizantes e agrotóxicos associados a essa prática, causa a contaminação da agua e do solo,

alterando negativamente a biota existente na área.

Como alternativas para a redução da poluição do corpo hídrico local, sugere-se nesse estudo

ações técnicas de gerenciamento adequado, bem como expõe, a necessidade de ações educativas na

região, para que desperte na população e órgãos competentes do município uma consciência

ecológica voltada para o uso sustentável dos recursos disponíveis no referido trecho que corta o

município de Itaporanga. Diante da importância e complexidade do tema exposto, espera-se que

novos trabalhos pertinentes ao assunto sejam realizados e que sirvam de base na busca por uma

sociedade ecologicamente consciente.

36

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, I. G.; ABREU, B. S.; MORAIS, P.S.A. Educação Ambiental e sustentabilidade: João

Pessoa: Editora Universitária da UFCG, 2008.

ANA – Agência Nacional de Águas. Disponível em http://hidroweb.ana.gov.br/, acessado em

08/08/2016

ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. 4ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000, p. 6

ANVISA. Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos. Gerência-Geral de Toxicologia.

Agencia Nacional de Vigilância Sanitário. Relatório de Atividades, 2012.

BRASIL, 1999. Política Nacional de Educação Ambiental, Lei 9.795/1999. Diário Oficial da

República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 27 abr. 1999. Disponível em:

www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9795.htm>. Acesso em: 21 jan.2016.

BRASIL. Agência Nacional de Águas. Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do Rio

Piranhas-Açu. Brasília: ANA, 2014.

BRASIL. Lei n. 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Disponível em:

<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1997/lei-9433-8-janeiro-1997-374778-norma-pl.html>.

Acesso em: 11 agos.2016

BIGON,J.D; REIS FERNANDES.L.F. analises física da microbacia hidrográfica do córrego

barão de ipetinga: Socorro-SP.In.I congresso brasileiro de gestão brasileiro de gestão ambiental

2010.

CAPRA, Fritjof. A Teia da Vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São

Paulo: Cultrix, 1996

CARNEIRO, Ricardo. Direito ambiental: uma abordagem econômica. Rio de Janeiro: Forense,

2003, p. 98. LUSTOSA, Maria Cecília Junqueira, CANÉPA, Eugênio Miguel e

COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro

comum. 2. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1992.

DELMANTO, Fabio Machado de Almeida (coords). Rio de Janeiro: Renovar, 2005, p. 91-93.

FARIAS, P. J. L. Água: bem jurídico econômico ou ecológico? Brasília, DF: Brasília Jurídica,

2005

FERNANDEZ-VITORA, V.C. Guia Metodológica para la Evaluación de Impacto Ambiental.

Mundi-prensa, Madrid, 3ª. Ed, 2000

FLORENCE, C. (Org.) Faces do Trópico Úmido: conceitos e novas questões sobre

FRANK, B. Módulo 3: Legislação de Recursos Hídricos. In: Capacitação para Comitês de Bacia

Hidrográficas do Estado de Santa Catarina. 2011. No prelo

37

FRANK, B.; SCHULT, S. A complexidade da gestão de recursos hídricos e a experiência

profissional dos membros de organismos de bacia hidrográfica: uma análise com base na

pesquisa Marca D’Agua. In: XVIISIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS

(ABRH), São Paulo, 2007. Anais

GADOTTI, Moacir. A Terra é a casa do homem. Revista Educação. São Paulo: Segmento. abr.

1999.

GODARD, Olivier. O desenvolvimento sustentável: paisagem intelectual. In: Edna Castro,

Google (Image DigitalGlobe Europa Technologies Image 2006 TerraMetrics), Google Earht.

Disponível em: <http://www.google.com.br>. Acesso em: Outubro de 2016.

IBGE. Censo Demográfico e Contagem da População. Disponível em:

<http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/protabl.asp?z=cd&o=7&i=P> Acesso em: 20 agosto.

2016.

IGAM, glossário de termos relacionados a gestão de recursos hídricos. Belo Horizonte: IGAM

2008.

JACOBI, Pedro Roberto. Aprendizagem social, desenvolvimento de plataformas de múltiplos

atores e governança da água no Brasil. Revista Inter. Interdisc. INTERthesis, Florianópolis, v. 7,

n. 1, p. 69-95, jan.-agost. 2016

JACOBI. P. Educação Ambiental, Cidadania e Sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa, n. 118,

março/ 2003.

LIMA, C. A. G. “Análise e sugestões para diretrizes de uso das disponibilidades hídricas

superficiais da bacia hidrográfica do rio Piancó, situada no estado da Paraíba”. Tese de

Doutorado, Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, Brasil, 2004.

LOUREIRO, C.F.B. Trajetória e fundamentos da educação ambiental. São Paulo: cortez, 2006

MAGNOLI, DEMETRIO,ARAUJO, REGINA, A construção do mundo: geografia geral do

Brasil. I ed. São Paulo: Moderna 2005.

MELLO E SOUZA, Nelson. Educação ambiental: dilemas da prática contemporânea. Rio de

Janeiro: Thex, 2000.

MILARÉ, Edis. Direito do ambiente. 3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p. 395

38

MOURA, E. M. Avaliação da disponibilidade hídrica e da demanda hídrica do trecho do rio

Piranhas-Açú entre os açudes Coremas-Mãe D’água e Armando Ribeiro Gonçalves.

Dissertação (mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, 2007.

SACHS, I. Ecodesenvolvimento, crescer sem destruir. São Paulo 1986

SANTOS, M.A. Urbanização brasileira. São Paulo; Hucitec

SANTILLI, J. Aspectos jurídicos da Política Nacional de Recursos Hídricos. Série Grandes

Eventos – Meio Ambiente, 2007. Disponível em:

<http://www.estig.ipbeja.pt/~ac_direito/Santilli.pdf >. Acesso em: 12 agost. 2016.

PIVA, Rui. Bem ambiental. São Paulo: Max Limonad, 2000.

SILVA, M. M. P.; LEITE, V. D. Estratégias para realização de Educação Ambiental em escolas

do Ensino Fundamental. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, v. 20, jan/jun.

2008.

SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de direito ambiental. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 59.

SOUSA, R. F. de. Terras agrícolas e o processo de desertificação em municípios do semiárido

paraibano. 2007. 180p: il. Tese (Doutorado Engenharia Agrícola) - Universidade Federal de

Campina. Grande, Centro de Tecnologia e Recursos Naturais. Campina Grande, 2007.

SOUSA RÊGO, V.G. Diagnóstico e prognóstico socioeconômico e ambiental das nascentes do

Riacho das Piabas (PB) – Dissertação (Mestrado em Recursos Naturais) – Universidade Federal de

Campina Grande, Centro de Tecnologia e Recursos Naturais – Campina Grande, 2010.125 p.

TEIXEIRA, Orci Paulino Bretanha. O direito ao meio ambiente: ecologicamente equilibrado

como direito fundamental. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006, p. 50.

VIOLA, Eduardo J.; LEIS, Hector . Dilemas Socioambientais e Desenvolvimento Sustentável.

Campinas: Unicamp, 1995. desenvolvimento e meio ambiente. - Belém:Cejup: UFPA-NAEA,

1997.

39

YOUNG, Carlos Eduardo Frickmann. Política ambiental. MAY, Peter H., LUSTOSA, Maria

Cecília Junqueira e VINHA, Valéria da (orgs). Economia do meio ambiente: teoria e prática. Rio de

Janeiro, Elsevier, 2003, p. 135.